Elemental Assassin 0.6
Jennifer Estep
Esta história tem lugar quando Gin Ê uma adolescente. É contada a partir do ponto de vista de Fletcher Lane, o mentor assassino de Gin, e centra-se no primeiro trabalho solo de Gin como a assassina Aranha.
garota era uma assassina nata. Fria, calma, centrada. Confiante em si mesma e suas habilidades. Como ela malditamente deveria ser. Eu não tinha passado os últimos três anos treinando-a para ser uma florzinha. Como um assassino eu mesmo, como o Homem de Lata, eu tinha matado a minha parcela de caras ruins - por dinheiro, ou vingança, principalmente. Às vezes, porque eles simplesmente precisavam morrer. Mas os anos e as lesões e o sangue começaram a me desgastar, mais ainda desde que um trabalho meu de alguns anos atrás tinha ido tão mal para todos os envolvidos – e um par de pessoas inocentes morreu como resultado. Eventualmente, cada assassino precisava de um aprendiz, um rosto novo e um conjunto limpo de mãos para assumir e fazer o que precisava ser feito – e Gin Blanco era o meu. Eu tinha a apelidado de Aranha, em parte porque isso é o que ela me lembrou da primeira vez que eu a tinha visto encolhida em uma pequena rachadura no beco que corria atrás do Pork Pit, a minha churrascaria no centro de Ashland. Braços finos, pernas longas, rosto magro. Para mim, Gin era uma aranha que veio a vida, cheia de veneno, mas não forte o suficiente para morder de volta quem havia feito mal a ela – ainda. Principalmente, porém, eu chamei Gin de a Aranha por causa das cicatrizes que adornavam suas palmas. Um pequeno círculo rodeado por oito raios finos. Uma runa de aranha. O símbolo de paciência. Gin tinha isso certamente – de sobra. Ela tinha conseguido as cicatrizes após uma particularmente desagradável Elemental de Fogo tê-la torturado, derretendo um medalhão de silverstone no formato da runa nas mãos da pobre garota. Mas Gin tinha vivido para contar, uma das muitas maneiras em que a garota era uma sobrevivente, bem como uma assassina. Agora, eu estava nas sombras negras como carvão do outro lado da rua de uma casa geminada, uma das muitas que se espalhavam por Southtown, a parte de Ashland que era o lar dos oprimidos, sem-sorte e simplesmente perigosos. Com a sua pintura descascada cinza, com a porta coberta de madeira compensada e janelas com grades, a casa tinha um ar desesperado, abandonado. Tudo sobre ela sugeria que ninguém morava mais lá e os degraus conduzindo ao alpendre pendiam como a pele sob o pescoço de uma velha bruxa. O exterior era um disfarce, no entanto, uma fachada enganosa como tantas outras coisas, tantas outras pessoas, usavam na metrópole sul de Ashland. Dentro, eu sabia que a casa ostentava as coisas mais belas que o dinheiro podia comprar. Móveis caros. Porcelana. Espelhos dourados. Camas feitas com lençóis de seda. Até fodidas balas de menta colocadas sobre os travesseiros, nem mais nem menos. Os reparos
dispendiosos tornaram mais fácil para um desprezível gigante sugador-de-alma como Jimmy Fontaine atrair as pessoas ricas que viviam nos elegantes confins de Northtown aqui ao seu disfarçado bordel de drogas e crianças. Jimmy Fontaine era algo de uma história de sucesso em Ashland – um gangster lixo branco que tinha juntado dinheiro suficiente para arrumar um lugar, aumentar a qualidade de suas drogas e comercializar os seus serviços a uma clientela mais rica. Que, por sua vez, elevou seus lucros próprios ainda mais. O jogo de Fontaine era simples. Ele enganchava garotas e garotos adolescentes fugitivos em drogas, então os fazia se prostituir em sua casa geminada, a fim de obter o seu próximo reparo - ou apenas o suficiente de maldita comida para comer pelo dia. E quando ele ficava sem voluntários, Fontaine pegava as crianças da rua para ser a munição em seu moinho sempre moendo. A vítima mais recente do gigante havia sido Violet Wong, uma linda, brilhante, feliz, garota de dezesseis anos, que tinha saído de casa uma noite para ir a uma festa com alguns de seus amigos – uma festa da qual ela nunca chegaria em casa. Uma semana depois, Violet tinha sido encontrada jogada em um beco de Southtown, morta de uma surra cruel. Como se isso não tivesse sido ruim o suficiente, a autópsia revelou que a garota tinha sido brutalizada de uma série de estupros e tinha drogas suficientes em seu sistema para matar uma vaca. Dois dias depois do funeral de Violet, Victor Wong, o pai perturbado da garota, me pediu para descobrir quem era o responsável e fazer algo com ele – permanentemente. Porque isso é o que eu fazia: rastreava pessoas que faziam coisas ruins e os fazia pagar com suas próprias vidas. Eu. Fletcher Lane. O assassino conhecido como o Homem de Lata. Pessoas falavam, do jeito que sempre fizeram em Ashland e o boato tinha rapidamente me levado a Jimmy Fontaine e sua enfeitada casa geminada. Eu passei uma semana fazendo reconhecimento, então outra preparando Gin para isso, seu primeiro trabalho solo como uma assassina, como a Aranha. Agora, tudo o que restava fazer era esperar minha aprendiz chegar e ver o quão bem ela tinha aprendido todas as habilidades mortais que eu ensinei. — Tem certeza que ela está pronta para isso, Fletcher? — uma leve, doce voz sussurrou na escuridão ao meu lado. Eu me virei para olhar para Jolene, Jo-Jo Deveraux, uma das minhas amigas mais antigas e mais queridas. Embora estivéssemos assombrando esse bairro perigoso de Southtown pouco depois da meia-noite, a anã de um metro e meio de altura usava um vestido florido rosa enfeitado com rendas brancas e um par de sandálias combinando rosa. Seu traje teria se encaixado perfeitamente em uma dessas ostentosas festas no jardim de Northtown que ela sempre ia.
Um conjunto de pérolas completava o vestido de Jo-Jo. A luz da lua se inclinava para baixo sobre as pedras, fazendo-as brilhar como dentes enfileirados. Talvez eu devesse ter trazido à irmã de Jo-Jo, Sophia, junto desta noite, em vez de minha amiga anã de meiaidade. Com suas roupas pretas, batom preto e até a alma mais preta, a anã Goth teria se misturado perfeitamente nas sombras comigo. Mas Sophia não tinha o mesmo tipo de magia de cura de Elemental do Ar que JoJo tinha – magia que Gin poderia precisar antes da noite acabar. Esse pode ser o primeiro trabalho solo da Aranha, mas o Homem de Lata ia cuidar da sua aprendiz essa noite. Especialmente desde que eu não tinha conseguido fazer isso antes, quando Gin tinha realmente precisado de mim. — Ela está pronta — eu disse. — Ela está me ajudando nos meus trabalhos por mais de um ano. Inferno, ela praticamente fez os dois últimos ela mesma. Essa menina pode manejar uma faca como ninguém que eu já vi antes. E o sangue não a incomoda em tudo. Isso é importante, você sabe. — Talvez — Jo-Jo murmurou. — Mas você sabe tão bem como eu, Fletcher, que no fundo, Gin é ainda apenas uma garotinha que está sentindo falta de sua família, mesmo que agora faça três anos desde que eles foram assassinados. A anã olhou de volta para mim, suas pupilas parecendo pontos de tinta preta em seus olhos claros, quase sem cor. Não havia julgamento em seu olhar, nenhuma acusação pelo que eu tinha falhado fazer e eu sabia que nunca haveria. Ainda assim, eu me movi nas sombras, embora o movimento não fez nada para aliviar a culpa na minha alma. A verdade é que Gin era um dos muitos pesos pesados que balançavam de um lado para outro, como o lento arco de um ponteiro de relógio circulando meu coração. Girando, girando, girando e nunca parando, nem mesmo para um segundo de trégua. Um longo Cadillac branco desacelerou na rua, parando em frente à casa geminada e um garoto de cerca de vinte anos pulou fora do banco do motorista. Cabelo loiro. Olhos azuis. Pele clara. Belo sorriso. Um corpo de 2 metros de altura, compacto, que o marcava como sendo um meio gigante. O garoto parecia um fodido astro quarterback, até a jaqueta letterman1 inchada que ele usava sobre a sua camiseta branca, calça jeans e tênis caros. Jackson Fontaine, irmão mais novo de Jimmy, que era responsável por passear por jogos de futebol locais, festas e escolas de ensino médio em busca de carne jovem e fresca para as atividades do gigante mais velho. Jackson se apressou em volta para abrir a porta do outro lado do Cadillac. Ele estendeu a mão e ajudou a garota que estava dentro a sair e ficar de pé – Gin Blanco. Esse tipo de jaqueta, tradicionalmente usada pelos estudantes secundaristas e universitários nos Estados Unidos para representar o orgulho pela escola e equipe e também para revelar prêmios pessoais ganhados no atletismo, acadêmicos ou atividades. 1
Meus olhos verdes se fixaram em minha aprendiz. Aos dezesseis anos, Gin ainda era magra e fina, com curvas que não tinham sido totalmente preenchidas ainda, mas você ainda podia ver o espetáculo que ela ia se tornar em mais alguns anos. Ela usava uma camiseta, jeans e tênis assim como Jackson, embora ela tivesse completado sua roupa com um casaco de lã da marinha. Todo o melhor para esconder as facas silverstone que ela tinha enfiado nas mangas – e o sangue que iria respingar sobre ela depois que ela as usasse. Gin tinha puxado seus cabelos castanho chocolate para trás em um rabo de cavalo alto hoje à noite, o que a fez parecer mais jovem, mais suave, inocente, até. Embora eu soubesse que a sua inocência tinha sido queimada na noite em que sua mãe e irmã mais velha foram assassinadas por uma Elemental de Fogo. Jackson disse alguma coisa e riu, fazendo uma piada de algum tipo. Gin riu também, embora o seu sorriso fez pouco para descongelar o gelo que revestia seus olhos cinza. Jackson não notou, no entanto. Os alvos nunca notavam, até que fosse tarde demais. Jackson abriu a porta traseira do carro e alcançou dentro para alguma coisa. Gin se afastou dele e começou a examinar a casa a sua frente. Nós tínhamos passado sobre as fotos e plantas uma dúzia de vezes e eu sabia que Gin estava comparando a casa física com a imagem mental que ela havia formado em sua mente. Marcando todas as entradas e saídas, caso as coisas não saíssem como o planejado. O plano em si era simples. Gin iria atrair o interesse de Jackson ao fazer sua ronda habitual nas festas de fim de semana, dizer a ele que ela era uma fugitiva e o fazer levála de volta para a casa geminada do irmão mais velho de Jimmy. Uma vez dentro, Gin iria matar Jimmy, sair da casa e andar vários quarteirões até o Pork Pit, onde eu estaria esperando por ela. Eu só não tinha contado a minha aprendiz que eu estaria assistindo das sombras para garantir que tudo corresse bem esta noite. Nenhuma razão para ferir o orgulho da garota só porque eu me preocupava com ela como se eu fosse seu verdadeiro pai. Só porque eu não queria admitir que ela estivesse crescendo e começando sozinha como uma assassina, como a Aranha. Ela já era melhor do que eu era com a sua idade. Mais fria. Mais calma. Mais focada. Um dia em breve, ela seria melhor do que eu jamais sonhei em ser. Eu só esperava que eu treiná-la fosse suficiente para compensar por como eu tinha falhado com ela tão miseravelmente antes. Por minha parte nas mortes de sua mãe e irmã mais velha. Por como eu tinha falhado em proteger Gin e o resto de sua família da ira ardente de Mab Monroe. Talvez fossem meus pensamentos escuros ou o foco intenso do meu olhar sobre ela, mas Gin sentiu que não estava tudo como deveria estar. Ela se virou da casa e examinou o resto do bloco, seus olhos cinza espreitando as sombras. Talvez o pavimento rachado debaixo dos meus pés tivesse me traído. Como uma Elemental de Pedra, Gin podia sentir vibrações em qualquer forma que o elemento tomasse ao seu redor, de uma casa de tijolos para uma calçada de
concreto, para uma lápide de granito desgastado. Sentimentos e emoções das pessoas afundavam na pedra ao seu redor ao longo do tempo e Gin poderia ouvir e interpretar essas impressões. Talvez ela pudesse sentir os meus sentimentos mistos de preocupação e orgulho, mesmo agora, ondulando pela calçada em direção a ela. Jackson pescou algo fora da parte traseira do carro e vi um brilho de metal antes de ele enfiar a arma no bolso do casaco. Franzi o cenho. O irmão mais novo embalando uma pistola não fizera parte de meus cálculos esta noite, mas eu não estava muito preocupado. Jackson não era o único aqui hoje à noite com uma arma ou o conhecimento para usá-la. Jackson se moveu para tomar o braço de Gin e começou a conduzi-la para a casa geminada. Depois de um momento, Gin o deixou levá-la a direção que ela queria ir de qualquer maneira. Jackson a acompanhou acima dos degraus cedendo e abriu a porta. Luz dourada do interior da casa se inclinou no rosto de Gin, enfatizando a rigidez de suas feições. O que quer que ela pudesse estar sentindo por dentro, nenhuma emoção cintilou em seus olhos. Nenhuma dúvida sobre o que ela estava aqui a fazer e certamente nenhum medo. Meu coração se encheu de orgulho. Ela era a minha garota, tudo bem. — Eu não posso esperar para apresentá-la ao meu irmão — a voz de Jackson percorreu a rua para onde Jo-Jo e eu estávamos. — Ele vai te amar, Gin. — Claro que ele vai — ela respondeu. — Ele vai me amar até a morte2 — com estas palavras fatídicas, minha aprendiz entrou na casa.
*** A porta mal se fechou atrás de Gin quando Jo-Jo me cutucou no ombro. — Bem? O que você está esperando? — disse a anã. — Dê a volta na parte de trás da casa e fique de olho nela, caso ela entre em apuros. — Sim, senhora — eu disse. Os olhos pálidos de Jo-Jo se estreitaram, mas seus lábios se curvaram em um sorriso, mostrando as linhas de riso no seu rosto. — Você não me provoque, Fletcher Lane. Eu tenho cem anos a mais que você. Sua mamãe nunca te ensinou a respeitar os mais velhos?
2
love to death - sentir afeto extremamente forte por alguém.
— Sim, senhora — eu repeti e me abaixei para fora do caminho antes que JoJo pudesse me espetar com o dedo novamente. Eu deixei a anã para trás, atravessei a rua e entrei no beco que corria ao lado da casa geminada. Lixo revestia a calçada e a constante e fria brisa de outubro enviou mais de uma lata de refrigerante deslizando na parede. O ar cheirava a cerveja azeda e cigarros velhos. Esses tipos de lugares sempre cheiravam o mesmo, como o suor e desespero tão prevalentes no Southtown que embebiam a paisagem. Gostaria de saber se Gin podia sentir os mesmos sentimentos com a sua magia de Elemental de Pedra. Ela provavelmente podia. Às vezes, eu achava melhor ser um ser humano simples e em grande parte ignorante de tais coisas sujas. Levei menos de dois minutos para trabalhar o meu caminho para o lado de trás da casa e subir para o topo de uma lixeira de metal. De lá, eu era capaz de agarrar a saída de incêndio e escalar a frágil escada de ferro até o terceiro andar da casa, algo que eu era capaz de fazer com facilidade, apesar dos meus sessenta e alguns anos. Um velho, Gin frequentemente me chamava, que era o seu próprio termo carinhoso para mim. Talvez eu estivesse com o meu cabelo ralo e ficando branco e rosto enrugado, mas eu ainda era tão rápido como o próprio diabo. Minha posição na saída de incêndio deu-me uma visão clara através de uma janela e no escritório de Jimmy Fontaine. Se havia uma coisa que eu aprendi com todos os meus anos sendo um assassino, sendo o Homem de Lata, foi que ninguém nunca se preocupava em fechar suas cortinas acima do primeiro andar. Fontaine não era exceção, motivo pelo qual eu era capaz de localizá-lo sentado à sua escrivaninha de cromo e vidro. Jimmy Fontaine era um gigante, o que significava que ele tinha cerca de 2,10 metros, com o corpo forte e grosso para combinar com sua estrutura enorme. Ele tinha cabelos loiros e olhos azuis como seu irmão mais novo Jackson, mas a pura maldade em seu olhar torcia sua boa aparência em algo duro e feio. Ele usava um belo terno preto, como se ele fosse um homem de negócios real em vez de um bastardo doente, ganancioso que fazia o seu dinheiro à custa de adolescentes viciados em drogas e forçados à prostituição. Fontaine misturou alguns papeis em torno de sua mesa. Um minuto depois, uma batida soou na porta e Gin entrou, seguida por Jackson. O gigante mais novo fechou a porta atrás deles dois, então discretamente trancou. Os olhos cinzentos de Gin cortam para o lado e eu sabia que ela tinha ouvido o clique da fechadura. Sua mão se contraiu, como se quisesse espalmar a faca silverstone que tinha escondido na manga, mas ela se conteve. Boa menina. Movesse muito cedo e ela corria o risco de perder Jimmy Fontaine. Gin sabia assim como eu que o gigante iria bater nela até a morte com seus punhos se pensasse que ela era qualquer tipo de ameaça para ele. É assim que ele tinha chegado
onde ele estava em primeiro lugar, batendo qualquer oposição e competição que viesse em seu caminho. Fontaine também tinha outros quatro gigantes estacionados por todos os dois andares inferiores da casa, tudo para garantir de que as coisas corressem bem e que nenhum dos adolescentes tentasse escapar. As barras de ferro nas janelas ajudavam com isso também. Mas eu não estava preocupado com Fontaine gritando por ajuda, desde que o gigante tinha deixado seu escritório à prova de som há muito tempo. Ele só não tinha percebido que um dia isso poderia ser a sua morte. — Jimmy, esta é Gin — disse Jackson, levando Gin para frente e fazendo as apresentações. — Gin, este é Jimmy. Jimmy Fontaine se levantou, abotoou o paletó e estendeu a mão para a minha aprendiz. — Gin, é tão bom conhecê-la. Jimmy me falou muito sobre você. Gin apertou a mão do gigante e ela soltou um pequeno bufo de descrença, enquanto ela o fez. — Sério? Acho isso meio difícil de acreditar, já que eu só o conheci tipo, há uma hora. Os olhos azuis de Jimmy se estreitaram em seu tom descrente e ele deu a Jackson um olhar sombrio. Fontaine não era estúpido. Como a maioria dos predadores, ele podia sentir quando outros estavam perto e eu poderia dizer que seu radar já estava sibilando quando se tratava de Gin. Ele largou a mão dela e olhou para ela com desconfiança, mas a minha garota deu-lhe um sorriso cativante e começou a explorar a sala da maneira que qualquer criança curiosa poderia. — Gin é uma fugitiva — explicou Jackson, tentando acalmar as coisas. — Isso é verdade? — Jimmy perguntou, seus olhos azuis travados em Gin. Gin deu de ombros e pegou o que parecia ser um verdadeiro vaso Ming. — Na verdade não. Mas minha família está toda morta e queimada em cinzas, então o que diabos isso importa? Jimmy franziu a testa as suas palavras, mas Gin colocou o vaso para baixo e passou para um quadro pendurado na parede distante. Para um observador casual, ela estava fazendo nada mais do que vagar sem rumo pela sala, mas eu sabia que ela estava fazendo exatamente o que eu tinha a treinado para fazer: examinar a área por armas escondidas, guardas escondidos, ou qualquer outra coisa que possa ser uma ameaça para ela. Jimmy Fontaine observou Gin por mais um minuto, mas quando ela não fez mais nada suspeito ou ameaçador, seu desconforto desapareceu e seus olhos se trancaram em seu traseiro. Além de ser cafetão de garotas e garotos jovens, Fontaine também gosta
de provar da mercadoria ele mesmo. Fontaine saiu de trás de sua mesa, passou por ela e se sentou em um sofá grande branco que tomava a maior parte da parede da direita. Ele deu um tapinha na almofada ao lado dele. — Por que você não vem até aqui? Eu gostaria de conhecê-la melhor. Jackson lhe disse o que fazemos aqui, certo? Como conduzimos uma espécie de casa de recuperação para adolescentes que não se encaixam em nenhum outro lugar. Essa era a linha de besteira que Jackson alimentava para outros adolescentes para leválos para a casa geminada em primeiro lugar. Depois disso, Jimmy, seus homens e suas drogas garantiam que eles não saíssem, até que estivessem todos esgotados – ou mortos. — Claro — Gin gorjeou em uma voz brilhante, mas mais uma vez, seu sorriso não alcançou os olhos. Ela se moveu e se sentou no sofá ao lado de Jimmy. Jackson sentou em uma cadeira em frente a eles. Nenhum dos homens percebeu o braço de Gin cair para o lado dela – ou o pedaço de metal que, de repente brilhou em sua mão direita. — Então — Gin gorjeou nesse tom leve de novo. — É aqui que você estupra todas as garotas que você traz até aqui? Ou você as deixa altas primeiro para que elas não revidem tanto? É aqui onde você estuprou Violeta Wong antes de bater nela até a morte? Ou será que um de seus clientes imundos fez isso por você? Por um momento, a boca de Fontaine caiu aberta e Jackson usava um olhar igualmente atordoado. O irmão mais velho era um pouco mais rápido no gatilho, entretanto, porque sua boca fechou-se e seus olhos se estreitaram. — Como diabos você escura preenchendo seu rosto.
conhece
esse nome?
—
Jimmy rosnou,
raiva
Gin apenas sorriu para ele. — Porque eu fui para o funeral, há algumas semanas. E seu pai queria que eu viesse aqui hoje e dissesse Olá por ele. — Que diabos — Jackson engasgou. Gin escolheu aquele momento para se inclinar para frente, levantar rapidamente sua mão e dirigir a faca silverstone que ela segurava lá profundamente no peito de Jimmy Fontaine. Os olhos do gigante incharam em dor e surpresa e ele abriu a boca para gritar, embora não lhe faria um maldito bem no escritório à prova de som. Mas Gin não lhe deu a chance. Ela pulou em cima do gigante, assim como puxou a faca para fora de seu peito. E então, ela cortou sua garganta com ela.
Ela virou a cabeça e sangue respingou na lateral do seu rosto, revestindo suas feições bonitas como tinta espessa e pegajosa. Os lábios de Gin se apertaram com a sensação, mas ela manteve os olhos abertos e focados em Jackson o tempo todo, já pensando em como remover seu próximo alvo. — Sua puta! — Jackson gritou, correndo para seus pés. — Esta era uma armadilha! Gin se ergueu do sofá e pulou em Jackson, mas o gigante mais novo era rápido demais para ela. Ele recuou, derrubando sua cadeira. Ela aterrissou em seus pés e o gigante recuou o pé e a chutou nas costelas. Gin grunhiu no contato brutal e rolou para trás, longe do gigante enfurecido. Ela surgiu em um agachar baixo, sua faca ainda na sua mão. Jackson olhou para seu irmão um momento e viu o sangue empapando o sofá branco. — Você o matou! Você matou Jimmy, sua puta! Com um rugido, o gigante foi atrás de Gin. Ela tentou se defender, mas ele bateu sua faca para longe. Jackson agarrou o casaco de Gin, levantou-a do chão e socou repetidamente seu estômago. Eu não lembrava de ficar de pé do lado de fora na escada de incêndio, mas de repente, eu estava, com a arma que eu tinha enfiado na parte de baixo das minhas costas, apertada na minha mão direita. Preocupação queimou em minhas veias como fogo rugindo fora de controle. O orgulho da garota que se dane. Eu não ia deixá-la morrer, não como eu tinha sua mãe e irmã mais velha. Gin gemeu, mas ela estendeu a mão e arranhou os olhos de Jackson. O gigante sacudiu para trás, surpreso e Gin conseguiu girar ao redor e fora do seu casaco. Ela tropeçou através da sala e caiu em cima da mesa, arfando por ar. Os olhos dela pousaram em algo em cima do vidro liso e eu vi sua mão serpentear para frente. Atrás dela, Jackson tirou a arma do bolso de sua jaqueta. Pela janela, eu mirei cuidadosamente nele com a minha própria arma. Se ele fizesse um movimento para puxar o gatilho, o menino ia receber uma bala na parte de trás da cabeça. Mas Jackson apenas olhou para sua arma, então sobre seu irmão com a garganta cortada. Raiva torceu o rosto bonito e ele jogou a arma e tirou a jaqueta. Tolo. Jackson estalou as articulações de ambas as mãos. — Hora de morrer, puta — rosnou ele, agarrando o ombro Gin e virando-a de volta na sua direção. E isso foi quando ela o esfaqueou na garganta. O objeto que eu tinha visto Gin espalmar fora da mesa tinha sido um longo e fino abridor de cartas com um brilhante cabo de pérola. Não era tão afiado como uma das suas facas silverstone, mas fez o trabalho, especialmente desde que ela enterrou até o punho na garganta de Jackson.
Jackson tentou gritar, mas tudo o que saiu foi uma série de suspiros sufocados e gorgolejos. Gin puxou a arma improvisada para fora de sua garganta e o empurrou fortemente para longe. O jovem meio-gigante tropeçou em sua cadeira caída e desceu para o chão de costas. Gin não cometeu o mesmo erro que Jackson – ela não hesitou. Ela levantou o abridor de cartas de novo e usou a força de seu corpo inteiro para dirigi-lo bem no fundo em seu peito. Jackson Fontaine não se levantou depois disso. Quando acabou e Jackson estava tão morto quanto seu irmão mais velho, Gin lentamente empurrou-se até seus pés. Ela ficou ali no meio do escritório, balançando para trás e para frente, olhos arregalados, medo e um toque de desgosto enchendo seu rosto com o que tinha acontecido. O que ela tinha acabado de fazer. — Vamos lá, garota — eu sussurrei. — Controle suas emoções. Você pode fazer isso. Isto é o que você nasceu para fazer, o que eu venho te treinando para fazer. Depois de um momento, Gin fechou os olhos e deixou escapar uma respiração trêmula. Quando os abriu novamente, seu olhar cinzento estava afiado e brilhante como o aço, mais uma vez. Agora, ela era a Gin que eu conhecia – a pequena garota com uma vontade de ferro e um coração de pedra que tinha a deixado sobreviver a tantas coisas terríveis. A morte de sua mãe e irmã mais velha, ser torturada por Mab Monroe, viver nas ruas, ser treinada por um assassino como eu. Gin respirou fundo e olhou para os dois corpos. Por um momento, eu me perguntei se ela seria capaz de ir adiante com a parte final do trabalho. Mas seu rosto endureceu e seus lábios se achataram em uma linha fina. Gin andou com cuidado até Jackson Fontaine, inclinou-se e verificou a pulsação, ou a falta dela, em seu pescoço. Só porque alguém parecia morto não significava que ele estava realmente assim. Você sempre tinha que verificar e se certificar. Eu assenti em satisfação. Garota esperta. Ela tinha feito tudo o que eu disse a ela – e mais ainda. Ela fez esse velho mais orgulhoso do que eu pensava ser possível. Eu estava certo quando eu disse a Jo-Jo que Gin estava pronta para isso. A garota era mais do que capaz de fazer trabalhos por conta própria. E em breve, em mais alguns anos, ela seria igual a qualquer assassino trabalhando hoje. E algum dia, talvez um dia mais cedo do que eu percebi, ela estaria pronta para o que eu estava realmente treinando-a: matar Mab Monroe. Quando Gin estava convencida de que os gigantes estavam mortos, ela enxugou as facas sangrentas na ponta do sofá branco e colocou-as de volta em suas mangas. Em seguida, ela foi, destrancou a porta e deixou Jimmy Fontaine e seu irmão mais novo Jackson mortos e resfriando no chão. Ela não olhou para trás.
*** Uma hora mais tarde, Gin abriu a porta da frente do Pork Pit, fazendo o sino badalar. Ela entrou e seus olhos percorreram o interior, deslizando sobre as cabines de vinil azul e rosa, as trilhas de porco combinando no chão e, finalmente, de volta para o balcão onde eu estava sentado lendo uma cópia surrada e velha de To Kill a Mockingbird 3. Parecia uma escolha apropriada, dado o que tinha acontecido esta noite. Além disso, você apenas não poderia errar com os clássicos sulinos. — O trabalho está feito? — eu perguntei, usando um dos cheques do dia para marcar o meu lugar no livro. — Você não devia me perguntar isso — disse ela, um tom levemente ferido em sua voz. — Você sabe que eu não teria voltado a menos que estivesse feito. Eu assenti. — Você está certa. Perdoe-me. Gin acenou de volta. A garota se aproximou e pulou em um dos banquinhos em frente ao balcão. Meus olhos verdes sacudiram para baixo em seu corpo, mas sua jaqueta escura fez um bom trabalho em esconder o sangue que ela havia conseguido quando matara os irmãos Fontaine. Ela tomou o passo extra de fechar o zíper de sua jaqueta também, para cobrir quaisquer manchas que poderiam estar em sua camiseta. E em algum lugar ao longo do caminho, ela parou tempo suficiente para limpar o sangue de seu rosto. No geral, ela cobriu a trilhas bem. — Você se feriu? — eu perguntei, pensando nos socos que eu a tinha visto tomar no escritório. — Você precisa ir ver Jo-Jo hoje à noite e tê-la te curando? Eu havia enviado a anã para casa após Gin ter saído do escritório de Jimmy Fontaine, mas eu disse a Jo-Jo que podíamos estar em seu salão mais tarde, dependendo de como Gin se sentisse sobre as coisas. Gin encolheu os ombros. — Eu acho que minhas costelas estão machucadas, isso é tudo. Não é nada que não possa esperar até de manhã. O que eu realmente gostaria agora é um pouco de comida. Estou morrendo de fome, Fletcher. Eu assenti. 3
O Sol é para Todos, no brasil.
— Eu estou um passo à sua frente aí. Virei-me e recuperei o prato de comida que eu tinha aquecido para ela. Um hambúrguer grosso, suculento, com todos os acessórios, uma pilha de salada de macarrão e uma grande porção de feijões cozidos mergulhados no famoso molho de churrasco do Pork Pit. Todos os favoritos de Gin. Eu empurrei a comida através do balcão para ela e ela imediatamente começou a comer. Eu sabia que ela estava com fome. Eu não a tinha deixado comer a ceia antes de ir encontrar Jackson Fontaine, temendo que ela poderia vomitar antes ou mesmo durante o trabalho. Era sempre melhor fazer um trabalho com o estômago vazio – especialmente a primeira vez que você ia sozinha. Eu a deixei comer metade de sua comida antes de fazer a pergunta inevitável. — Então como foi? Eu observei o rosto dela com cuidado, procurando qualquer sinal de culpa, medo ou repulsa. Até agora, a garota tinha tido tempo para realmente pensar sobre o que ela tinha feito e eu não queria que suas emoções começassem a corroê-la. Mas nenhuma culpa brilhou em seus olhos e nenhuma auto aversão torceu suas feições sérias. Em vez disso, ela se sentou lá no balcão, mastigou sua comida e pensou na minha pergunta. — Foi ok! — Gin finalmente disse. — Eu não acho que fiz muito bem em convencê-los de que era uma fugitiva. Eu estava muito irritada com o que estavam fazendo para realmente desempenhar o papel que você me disse também. Sua autoanálise era certeira. Sua atuação poderia ter usado algum trabalho, mas ela tinha conseguido o trabalho feito no final. E da próxima vez, eu sabia que ela ia fazer um esforço para corrigir seu erro desta noite. Eu só tinha que dizer algo a Gin uma vez e ela fazia isso, sem hesitar e sem fazer perguntas. — Bem, isso não importa muito agora, não é? — eu perguntei. — Os irmãos Fontaine estão mortos e você não está. Eu diria que isso faz da noite um grande sucesso. Eu hesitei, não completamente certo de como dizer o que eu realmente queria – ou como isso poderia soar para uma garota de dezesseis anos de idade, que tinha acabado de matar dois homens. No final, eu decidi sobre a abordagem direta. Eu nunca tinha sido alguém de palavras suaves, não como meu filho, Finnegan. Aquele garoto parecia uma borboleta. — Eu estou orgulhoso de você, Gin. — Realmente? — ela perguntou com uma voz suave e tímida. — Realmente e verdadeiramente, Fletcher? Eu fiz bem esta noite?
Eu assenti. — Realmente e verdadeiramente. Você fez muito bem esta noite, Gin. O que você fez, pelo menos, deu a Victor Wong alguma paz. Isso é tudo que o pobre homem pode esperar neste momento. Ela sorriu e era como se a lua de repente invadisse o Pork Pit, banhando tudo em sua luz suave e prata. Ainda sorrindo, Gin voltou sua atenção de volta para sua comida. Decidi deixá-la comer o resto de sua refeição em paz, então peguei meu livro mais uma vez. Mas eu não conseguia focar nas palavras – ou esconder o sorriso orgulhoso que torceu meus lábios. Oh, sim. A garota era uma assassina nata. E eu ia fazê-la a melhor de todas. Para que pudesse fazer o que precisava ser feito – para si e para sua irmã Bria. Um dia, Gin Blanco iria crescer e matar Mab Monroe. E eu, Fletcher Lane, o Homem de Lata, iria ajudá-la a cada passo do caminho.