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O Pacto com a Aranha


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Elemental Assassin 0.9


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O

policial ia morrer esta noite.

Ele apenas não sabia ainda. Para o detetive Cliff Ingles, este era apenas mais um sábado a noite na metrópole sul de Ashland, e ele estava gastando da maneira que ele fazia em todos seus sábados a noite, mandando bebidas a baixo e olhando com cobiça as quentes prostitutas vampiras de Agressão do Norte, a boate mais popular na cidade. Era apenas antes da meia-noite, e as pessoas lotavam o clube. Homens em ternos de grife, mulheres de saias que mal cobriam suas bundas, todos à procura de seus tipos particulares de veneno. Sangue, bebidas alcoólicas, drogas, sexo, cigarros. Agressão do Norte oferecia tudo isso e mais, desde que você tivesse o dinheiro ou o cartão de crédito para pagar por seu vício particular. Ainda assim, apesar das autênticas massas plebe que me rodeavam, eu tinha que admitir que este clube tinha um decadente estilo sobre isso. Amassadas cortinas de veludo vermelho cobriam as paredes, enquanto o chão era feito de bambu suave e macio. Mas a coisa mais surpreendente no clube era o bar que descia na parede, uma elaborada folha feita inteiramente de gelo. Runas tinham sido esculpidas na escorregadia superfície de gelo. Sóis e estrelas, na maioria, simbolizando vida e alegria. Eu supus que os símbolos eram bem adequados, considerando todas as pessoas que estava se divertindo nas cabines na parte de trás do clube. De qualquer forma eu passei a última hora sentada no bar de gelo, junto com Cliff Ingles. O detetive jogou para baixo seu terceiro uísque esta noite, então se inclinou para frente e murmurou algo no ouvido da garçonete vampira que tinha trazido sua bebida. Os dois estavam no centro do


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enorme bar de gelo, cerca de cinco metros de distância de minha posição ao redor da curva e contra a parede distante. Ingles nunca teria uma pista de que eu estava o observando. Nenhuma razão real o porquê ele teria. Se o detetive tivesse se preocupado em olhar em minha direção, tudo o que ele teria visto era outra mulher bebendo a sua maneira através de uma noite na cidade. Mesmo se o detetive tivesse me notado, mesmo se ele tivesse vindo ou tentado me descobrir, eu teria dito a ele exatamente quem eu era. Gin Blanco. Uma cozinheira em tempo parcial e garçonete no boteco de churrasco Pork Pit no centro de Ashland. Uma Elemental da Pedra e do Gelo. E uma assassina conhecida como Aranha. A mulher que estava indo garantir que Cliff Ingles parasse de respirar antes desta noite acabar. Mas não havia perigo de Ingles me notar. Eu não era o seu tipo. O bastardo preferia forçar-se em jovens, meninas indefesas. E com cinco facas Silverstone escondidas em minha pessoa, eu era qualquer coisa menos impotente. Eu tomei outro gole do meu gin e tônica e estudei meu alvo, comparando o homem na minha frente com a foto que tinha estado no arquivo de informação que meu treinador, Fletcher Lane, tinha me dado quando me contou sobre o golpe. O detetive Cliff Ingles tinha 1,80 de altura, o que significava que ele era uns bons 30cm mais curto que os seguranças gigantes que patrulhavam a boate e mantinham todos na linha. Ainda assim, com mais de 100 quilos, o cara não era pequeno, embora uma vez em bom estado, músculo rígido estava lentamente dando lugar a uma gordura flácida debaixo de seu terno caro da marinha. Com seu espesso cabelo cor de mel, sorriso largo, e queixo quadrado, Ingles não era um homem feio. Mas seus olhos castanhos ficavam um pouco mais estreitos e um pouco mais malvados com cada


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bebida que ele tomava. Agora, ele me lembrava um cabeça-de-cobre1, todo enrolado e pronto para atacar e afundar suas presas venenosas em quem cruzasse seu caminho hoje a noite. Ingles usava seu dourado distintivo de detetive abertamente sobre o cinto de couro ao redor de sua cintura grossa, junto com sua arma, quase como se ser um membro da força policial de Ashland fosse algo para se orgulhar. Eu bufei em minha bebida. Todo mundo sabia que a maioria dos policiais de Ashland era mais suja que gangues de pichação que cobriam alguns edifícios da cidade. Ingles não era exceção. Fletcher tinha desencavado todos os tipos de pedaços de negócios asquerosos em que o detetive estava envolvido. Extorsão, dívida de aposta, forçando prostitutas vampiras a lhe dar brindes na parte de trás de seu sedan público. Inglês era um cara realmente cheio de classe. Mas ele não iria morrer por aqueles pecados em particular. Não, Cliff Ingles estava recebendo minha marca particular de atenção porque ele tinha estuprado uma menina de treze anos de idade, batido nela após o fato, e a deixou para morrer. Ashland era uma cidade violenta, cheia de pessoas más fazendo muitas coisas ruins. Mas Ingles era o mais baixo tipo de escória pelo o que ele fez para essa menina. E eu estava aqui esta noite para garantir que ele nunca tenha a chance de fazer novamente. Pró-fodido-bono2. Normalmente eu não trabalhava por nada. O meu era um conjunto de habilidades extremamente especializadas, e eu gostava de ser paga por isso. Eu ganhava por isso, mesmo se apenas por todo o sangue que eu tinha que lavar de minhas roupas e cabelos após o fato. E como a Aranha, eu obtive muitos pagamentos por matar pessoas. Eu tenho estado no negócio de assassino desde meus treze anos. Agora, chegando aos trinta, eu tinha mais dinheiro guardado do 1

Tipo de cobra. O trabalho pro bono é uma forma de trabalho voluntário que, diferentemente do voluntarismo, implica que a actividade seja exercida com carácter e competências profissionais, não sendo, no entanto, remunerada. 2


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que eu poderia gastar em duas vidas. O que era uma das razões para meu treinador, Fletcher, manter-se reclamando para eu me aposentar. O velho homem queria que eu vivesse o suficiente para realmente gastar e aproveitar meus ganhos ilícitos. Até agora, eu apenas ouvia Fletcher com meio ouvido. Matar pessoas era tudo o que eu sabia como fazer. Que porra eu faria se me aposentasse? Começar a tricotar? Adotar cachorrinhos abandonados? Ficar grávida de algum cara, mudar-me para os subúrbios, tornar-se uma supermãe, e tentar colocar meu passado sangrento atrás de mim? Nenhuma dessas coisas particularmente me atraía. Bem, talvez, os cachorrinhos. Eu sempre fui uma pessoa de cães. Mas o simples fato era que eu gostava do meu trabalho. Claro, era sombrio, um trabalho perigoso. Mas o sangue e os gritos não me incomodavam, e há muito tempo eu desisti de tentar salvar minha própria alma imortal do inferno ardente ao qual eu sabia que estava destinada. Além disso, de vez em quando, eu tinha de cuidar de alguém como Ingles. Ter que fazer a cidade de Ashland apenas um pouco mais segura à minha própria maneira distorcida. Eram as pequenas coisas na vida que me faziam felizes. Um pouco de magia gelada surgiu através do ar, interrompendo minhas reflexões. Olhei para o cara atendendo o bar. Seus olhos brilhavam em um azul-branco na semi-escuridão do clube, como se ele abraçasse seu poder mais uma vez. O Elemental do gelo responsável por manter o bar em uma peça para a noite estava alimentando um pouco sua magia na fria e maciça estrutura. Minha própria lenta magia do gelo respondeu ao familiar fluxo de poder gotejando no bar. Eu era uma Elemental também, com a rara habilidade de usar dois dos quatro elementos, Pedra e Gelo no meu caso, embora minha magia de gelo fosse muito mais fraca que meu poder de pedra. Normalmente, porém, eu não pensava muito sobre minha magia quando eu estava fora em um trabalho. Como a Aranha, eu não usava meus poderes elementais para matar. Era para isso que minhas facas serviam.


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Ainda assim, eu desenrolei minha palma ao redor da minha bebida e encarei a cicatriz embutida em minha carne. Um pequeno círculo rodeado por oito raios finos. Uma runa de aranha. O símbolo da paciência. Minha xará, em mais maneiras do que uma. Uma cicatriz combinando decorando minha outra palma. A runa de aranha tinha sido uma vez um medalhão que eu tinha usado ao redor do meu pescoço como uma criança, até que uma Elemental do Fogo tinha superaquecido o metal e queimado o símbolo na minha palma, marcando-me para sempre na noite em que ela tinha assassinado minha família... — Porco nojento. A garçonete vampira que Cliff Ingles tinha estado sugestionando cuspiu as palavras, em seguida recuou sua mão e deu um tapa no rosto dele, forte. Apesar de que a música enchia o clube, eu ainda ouvi o estalo doloroso de seu golpe no fim do bar. Wow. O que quer que ele tenha dito para ela deve ter sido muito ruim para ela reagir desta maneira. Porque a vampira também era uma prostituta, assim como todas as outras na equipe de garçons. Não havia muitas coisas que você não pudesse fazer na Agressão do Norte, o que me fez pensar exatamente que coisa doente Ingles tinha sugestionado. — Puta! — O detetive rosnou, sua mão descendo para sua arma no cinto, como se ele quisesse puxá-la e engatilhar contra ela. Os olhos escuros da vampira se arregalaram, e ela recuou alguns passos. Mas antes que Ingles pudesse puxar sua arma e revidar, um dos seguranças gigantes cortou através da multidão, ocupando uma posição defensiva em frente a garçonete, protegendo-a de Ingles com quase seus dois metros. A cabeça raspada do gigante brilhou como ônix sob a luz negra do clube. — Há algum problema aqui? — , o gigante resmungou, sua voz de um barítono profundo cortando através da pulsante batida da música.


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Eu tinha visto este gigante em particular ao redor do clube uma ou duas vezes quando eu estive aqui antes. Difícil de esquecer dois metros de sólido músculo. Xavier era seu nome. Ingles encarou o gigante em frente a ele. Seus olhos cortaram a garçonete antes de mover-se de volta para Xavier. A marca da mão da garçonete marcou a bochecha de Ingles como uma letra escarlate, nem mesmo começando a desaparecer. Mas o detetive fez um visível esforço para manter-se em controle. Ele poderia ser um membro da polícia de Ashland, mas Ingles sabia que teria sua bunda chutada se ele continuasse pressionando. Mesmo os policiais não podiam escapar com agressão a mulheres, pelo menos não em público. — Não há problemas, — Ingles cuspiu. — Essa puta não vale a pena. Eu já estava saindo. Xavier assentiu. — Faça isso. Os olhos de Ingles se estreitaram em fendas em seu rosto, mas ele enfiou a mão em seu bolso, tirou um par de notas e as jogou no bar de gelo. Em seguida, o detetive se virou e começou a empurrar seu caminho através da multidão, seguindo para a porta. Mas ao invés de eu imediatamente segui-lo, meus olhos cinza deslizaram sobre a cena, passando das três profundas pessoas no bar de gelo para aqueles cantando na pista de dança alguma velha canção de The Pretenders. Procurando problema, procurando por qualquer coisa fora do lugar, qualquer um que estivesse tomando um interesse particular por meu alvo ou por mim. Eu tenho sido uma assassina por quase vinte anos agora, e não tinha sobrevivido por tanto tempo por ser desleixada. Uma vez que ele teve certeza que Ingles estava realmente partindo, Xavier voltou-se para a garçonete, e os dois começaram a conversar. Para ele, o detetive era apenas mais um cliente repugnante que eles tiveram de chutar para a rua. Isso acontecia, mesmo aqui em Agressão do Norte, onde muito pouco era fora dos limites. Mas ninguém mostrou qualquer interesse no detetive Cliff Ingles ou de maneira mais importante em mim.


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O que significava que finalmente era hora de fazer minha jogada. Engoli o resto do meu gin, aproveitando a sensação do licor frio deslizando minha garganta antes de iniciar seu lento, doce ardor em meu estômago. Então, paguei minha própria conta, me afastei do bar de gelo, e caminhei para fora do clube, movendo-me cada vez mais em direção a minha presa. A Aranha estava pronta para tecer sua teia para a noite.

*** Era final de julho, e o ar da noite estava espesso com a umidade do jeito que sempre ficava nesta época do ano. Ashland estava localizada no canto montanhoso onde Tennessee, Virginia, e Carolina do Norte se encontravam no coração das Montanhas Apalaches. Noites de verão abafadas faziam parte dos muitos encantos da região. Mesmo aqui na cidade, mais do que alguns vagalumes piscavam dentro e fora na escuridão, seus rápidos poucos piscar combinando com o brilho ardente do vermelho dos cigarros daqueles que estavam fora fumando. Mesmo que fosse depois da meia-noite agora, uma fila de pessoas ainda estava do lado de fora do clube esperando passar pelo gigante que guardava a corda de veludo na frente da entrada. Acima de sua cabeça, um sinal de neon moldado como um coração com uma flecha atravessada brilhava vermelho, depois amarelo, depois laranja. A runa do Agressão do Norte, o símbolo da proprietária da boate, Roslyn Phillips, usado para promover e identificar seu negócio. Afastei-me da entrada do clube, examinando as fileiras de carros estacionados, procurando o detetive Cliff Ingles. Dez...Vinte...nem mesmo me levou trinta segundos para localizá-lo. Porque Ingles não tinha ido longe. O detetive tinha se afastado do estacionamento e agora estava andando para frente e para trás debaixo dos ramos de um salgueiro-chorão que balançavam delicadamente. Um carro preto anônimo estava ao lado da grande árvore. O sedan do


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detetive emitido pela cidade. A placa e a descrição tinham estado no arquivo de informações que Fletcher Lane tinha me dado. O velho homem não era nada se não meticuloso. Olhei para tudo, desde as pessoas ainda em pé na fila, para Ingles, para as pessoas cambaleando para seus carros nos lotes ao lado que ladeavam o clube. Ninguém me deu uma segunda olhada, e ninguém estava sóbrio ou perto o suficiente para o detetive perceber qualquer coisa, especialmente não a sua morte. Perfeito. Eu alisei minha minissaia de couro preto e coloquei um pouco de balanço em meus quadris enquanto me aproximava do detetive. Se eu tivesse vindo ao clube para me divertir, eu teria vestido minha usual roupa jeans, botas e camiseta de manga comprida. Mas esta noite, desde que eu estava saindo na cidade como Aranha, eu estava um pouco disfarçada, apenas no caso de ter de usar minha sedução feminina para atrair Cliff Ingles ao meu lado tempo suficiente para esfaquear o bastardo até a morte. É por isso que para além da minha minissaia de couro, eu também estava ostentando uma camisa de seda vermelha de manga comprida e um par de botas pretas de salto fino que seguiam até minhas coxas. Eu até brinquei com meus cabelos tingindos de loiro para ele ficar com proporções GCT (Grande Cabelo de Tennessee)3. Resumindo, eu parecia uma garota que saiu para ter uma noite para recordar. Ingles Cliff certamente não esqueceria o meu encontro. Eu não me incomodei de andar calmamente, e o afiado estalo dos meus saltos na calçada logo chamou a atenção de Ingles. O detetive olhou em minha direção, mas a raiva quente brilhando em seus olhos castanhos logo se transformou em algo mais sombrio e feio quando ele avaliou as minhas roupas.

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Por todo o Tennessee você pode ver mulheres ultra-religiosas que acreditam que não devem cortar o cabelo. Muitas vezes elas fazem penteados em que o cabelo fica extremamente volumoso, daí o comentário da Gin, ela tinha dado um jeito ao cabelo para fazê-lo ficar mais volumoso.


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Joguei meu cabelo para trás sobre meu ombro para dar mais um rápido olhar para trás, mas ninguém estava olhando em nossa direção. Excelente. Eu finalmente parei quando estava dentro do alcance dos braços de Ingles. Coloquei uma mão em meu quadril e fiz uma pose, deixandoo ter uma boa e longa olhada para e mim e tudo o que tinha para oferecer. — Ei, aí, docinho, — eu arrulhei no meu melhor lento, doce e rouco sotaque do sul. — Tem um isqueiro? Os olhos castanhos de Ingles percorreram meu corpo e voltaram para cima novamente, registrando partes da minha anatomia uma por uma. Seios. Coxas. E o doce lugar entre elas. Ele deve ter gostado do que viu, porque um frio, duro sorriso levantou seus lábios. — Para você querida? É claro, — ele murmurou. O detetive começou a dar tapinhas em seus bolsos do paletó, procurando por seu isqueiro. Enquanto ele estava distraído, eu discretamente deslizei meu braço esquerdo atrás das minhas costas e apalpei uma faca de Silverstone, uma das cinco que eu tinha esta noite. Uma segunda faca estava enfiada na minha outra manga, enquanto uma pequena descansava em minhas costas. Mais duas estavam escondidas no topo das minhas botas ‘foda-me’. Meu usual arsenal de cinco pontos. Nunca saio de casa sem eles. Enquanto Ingles procurava seu isqueiro, meus olhos cinza varreram a área ao redor de nós mais uma vez. Mas a pessoa mais perto estava pelo menos uma centena de metros de distância. E a música vagando fora do clube cobriria qualquer som que o detetive pudesse fazer. Minha mão apertou ao redor do cabo da minha faca. A arma estava fria, dura, sólida contra minha pele. O peso dela me confortava da maneira como sempre fazia.


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Ingles finalmente achou seu isqueiro, acendeu-o e o ergueu para mim. A chama oscilou na escuridão entre nós, um fino farol cuspindo luz. Ingles franziu a testa quando eu não imediatamente operei um cigarro, inclinei para frente, e o deixei dar uma melhor olhada em meus seios. — Ei, — ele estalou. — Você não tem cigarros com você? Porque não estou lhe dando um dos meus. Malditas coisas são muito caras para isso, esses dias. Ele pausou, seus olhos estreitando e seu sorriso ficando muito mais que frio. — A não ser que você queira trocar comigo por outra coisa, querida. Fodê-lo por um cigarro? Prefiro me esfaquear. Sim, Cliff Ingles era uma pessoa realmente com classe. Mas lhe dei meu sorriso mais cativante, mantendo a charada por apenas mais uns segundos. — Não, — eu respondi. — Não tenho cigarros comigo. Tenho algo melhor. Isto. Eu trouxe minha mão por baixo das minhas costas e mostrei-lhe a faca Silverstone. O metal mágico cintilou sombriamente na semiescuridão. Os olhos castanhos de Ingles se arregalaram de surpresa, mas antes que ele pudesse abrir a boca para gritar, meu braço esmurrou para frente, e eu enterrei minha faca de Silverstone em seu coração. Todo o caminho até o cabo. Ingles tragou outra respiração, mas antes que pudesse gritar, eu prendi minha mão livre sobre sua boca, meus dedos cavando em sua pele. Mas o detetive não desistiu. Como ele não podia gritar por ajuda, Ingles me atacou com seus punhos, derramando golpes duros abaixo em meu peito e braços. Os sólidos impactos me fizeram grunhir. Mas eu tinha sido uma assassina por um longo tempo, e eu já tinha tomado


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minha parte de socos de gigantes, anões e vampiros ao longo dos anos, todos eles eram muito mais fortes que o detetive humano na minha frente. Os golpes de Ingles feriam, mas não o suficiente para me fazer largar ou deixar cair minha faca. Ainda assim, balançamos para frente e para trás lá na escuridão debaixo do chorão durante quase um minuto antes do corpo de Ingles começar a ceder do sólido trauma que acabara de receber. Quando senti a luta nele começar a declinar, empurrei-o mais para as sombras, até que suas costas estivessem contra a casca áspera da árvore. Neste momento, lágrimas de dor ou medo ou qualquer coisa caíram pelo rosto gordo de Ingles e respingaram em minha camisa de seda vermelha, juntamente com seu sangue. — Você sabe, — eu disse, torcendo a faca um pouco mais profunda. — É ruim o suficiente você fazer as prostitutas vampiras lhe darem brindes enquanto você está de plantão, supostamente protegendo e servindo o povo de Ashland. Mas estuprar e bater naquela menina como você fez? Aquilo foi doente. Mau. E agora, isto vai ser sua morte, Cliff. Normalmente, eu não era tagarela quando estava matando alguém. Mas o suave murmúrio das minhas palavras ajudaram a cobrir os suspiros abafados do detetive e os arranhões de seus membros agitando-se contra a árvore. Mesmo assim, se qualquer um tivesse sido curioso o suficiente para olhar em nossa direção, ele teria pensado que eu e o detetive estávamos tendo um tempo magnífico transando contra a árvore. Mas apenas um de nós estava sendo fodido hoje à noite, e não era eu. Eu arranquei a faca do peito de Ingles, e mais de seu sangue respingou em minhas roupas. O líquido quente e pegajoso cobriu minha mão, mas eu mal notei. Eu a lavaria mais tarde, do jeito que eu sempre fazia. Neste ponto, a luta e a vida já tinham praticamente desaparecido de Ingles. E o soltei, e o detetive deslizou para o chão macio sob a


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árvore. Sua respiração vinha em tragos rasos e ásperos agora, e eu sabia que ele estaria morto em um minuto. Dois no máximo. Ainda assim, eu me agachei ao lado dele, faca ensanguentada na mão, apenas no caso de ele fazer um esforço desesperado para fazer algo estúpido, como tentar ir para sua arma e atirar em mim. — Quem...inferno...é você?— O detetive arquejou as palavras. — Algumas pessoas me chamam de Aranha, — eu disse em uma suave voz. — Talvez você já tenha ouvido falar de mim. A boca de Ingles torceu. — Fodida...assassina...puta. — Sim, — eu disse em uma voz arrastada. — Essa sou eu. Aquelas foram as últimas palavras que o detetive disse. Quarenta e cinco segundos depois, ele raspou seu último suspiro e ficou imóvel. A cabeça de Ingles pendeu para o lado, seus olhos castanhos encarando o nada. Mas meu trabalho ainda não estava acabado. Porque quando a mãe da menina tinha chego até Fletcher Lane através de vários canais anônimos, quando ela decidiu pedir ajuda para a Aranha, a mãe tinha feito um pedido especifico sobre o que ela queria que fosse feito ao corpo de Ingles após o fato. Não podia culpá-la por isso. Inferno, talvez isso fizesse o próximo bastardo pensar duas vezes sobre as coisas. Ao invés de perder tempo com a fivela do cinto do detetive, eu usei minha faca para cortar através do couro, em seguida suas calças e boxers. O tecido rasgou com um sussurro. E então, usei minha lâmina com sangue enegrecido para cortar a coisa que Ingles tinha mais amado. Quando estava feito, esfreguei minha faca na grama ao redor do corpo e a coloquei de volta na manga. Então, lentamente me levantei e olhei ao redor, meus olhos mais uma vez perscrutando a escuridão. Mas ninguém tinha me notado matando o detetive ou cortando-o após o fato. A cena parecia a mesma de antes. Pessoas ainda esperavam


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na fila para entrar no clube, ainda fumavam, e ainda tropeçavam bêbados para fora de seus carros. Neste ponto, eu deveria estar me movendo através do estacionamento e dando o maldito fora do Dodge antes que alguém tropeçasse sobre o corpo do detetive e desse o inevitável alarme. Mas em vez disso, encontrei-me olhando para Cliff Ingles. Os olhos do detetive estavam agora tão vazios e sem alma como os da garota que ele havia estuprado. Fletcher Lane tinha me mostrado a foto da garota quando me pediu para matar Ingles. A garota tinha um olhar em seus olhos que eu reconheci, uma expressão despedaçada e quebrada de inocência perdida. De tudo perdido. Eu tinha tido o mesmo olhar por meses depois que minha família tinha sido assassinada. Mesmo agora, todos esses anos depois, as vezes eu ainda a vislumbrava sempre que encarava o espelho por um tempo longo demais. Talvez porque eu tinha treze anos, a mesma idade da menina que Ingles havia estuprado, na noite em que minha família havia sido assassinada. Talvez fosse porque em Ashland, havia pessoas que apenas mereciam morrer. Talvez porque Fletcher Lane não me enviou em um trabalho em mais de um mês, e eu estava entediada. Mas eu olhei a garota da foto, e disse a Fletcher que faria o trabalho de graça. O detetive Cliff Ingles tinha quebrado a menina com seus atos horríveis, e eu tinha feito ele pagar esta noite. Talvez sabendo que ele estava morto traria a menina um pouco de paz no final. Talvez não. De qualquer maneira, eu mantive a minha parte do pacto mortal. A Aranha tinha feito seu trabalho esta noite. Eu ajudei na única forma violenta e sangrenta que eu sabia como.


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E agora, era hora de ir para casa e lavar o sangue para fora das minhas roupas mais uma vez. Então, eu pisei sobre o corpo de Ingles e segui em direção a extremidade traseira do estacionamento para as luzes e o barulho em torno da frente da boate. Enquanto eu caminhava debaixo da árvore chorão, uma brisa íngreme agitou os ramos da árvore, e os suaves cachos rastejando beijaram meu rosto de uma maneira gentil como uma mãe demonstrando seu afeto para um filho. Por alguma razão, eu parei e esperei até a brisa e os cachos pararem antes de avançar. Os vagalumes de verão tardio acenderam o caminho enquanto eu pisava na escuridão que me esperava.

Fim


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