Christinne Feehan Jogo Sombrio (Shadow Game)
Caminhantes Fantasmas 1 Digitalização: LibrosLibrosLibros Disponibilização: Denise Ferreira Revisão: Gis Formatação: Gisacb4 PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES
ARGUMENTO: A doutora Lily Whitney foi às instalações de pesquisas dos laboratórios Donovan, a pedido de seu pai para o ajudar em suas investigações, mas, a repentina morte de seu pai a deixa à frente de um estranho experimento centrado nas habilidades psíquicas que parece estar provocando a morte dos sujeitos de investigação. Agora é seu dever e responsabilidade cuidar destes homens que seu pai tanto prejudicou e ensiná-los a viver com suas incomuns habilidades de uma vez e os ajudar a conservar suas vidas.
DEDICATÓRIA: Para meu irmão, Matthew King, muito obrigado por toda ajuda com a investigação necessária para este livro. E para Mackenzie King, por seu sorriso de dinamite e sua ajuda para voltar essas coberturas dos livros na direção correta! Obrigado especial para Cheryl Wilson. Não tenho nem idéia do que faria sem você.
CAPÍTULO 1 O capitão Ryland Miller apoiou a cabeça contra a parede e fechou os olhos com cansaço absoluto. Podia ignorar a dor de cabeça, as facas raiando seu crânio. Podia ignorar a jaula em que estava. Podia ignorar inclusive o fato de que cedo ou tarde, ia cometer um deslize e seus inimigos o matariam. Mas, não podia ignorar a culpa, a raiva e a frustração que ascendia como uma gigantesca onda enquanto seus homens sofriam pelas conseqüências de suas decisões. Kaden! Não posso alcançar Russel Cowlings, você pode? Tinha convencido seus homens a entrar no experimento que acabara com todos eles nas jaulas de laboratório em que agora residiam. Bons homens. Homens leais. Homens que tinham querido servir a seu país e sua gente. Todos tomamos nossa decisão. Kaden respondia a suas emoções, as palavras zumbiram dentro da mente de Ryland. Ninguém conseguiu alcançar Russell. Ryland amaldiçoou brandamente em voz alta enquanto passava uma mão pelo rosto, tentando afastar a dor que lhe provocava o falar telepaticamente com seus homens. O vínculo telepático entre eles se tornou mais forte à medida que todos trabalhavam para desenvolvê-lo, mas somente uns poucos deles podiam mantê-lo por muito tempo. Ryland tinha que proporcionar a ponte, e seu cérebro, com o passar do tempo, se ressentia ante a enormidade de semelhante esforço. Não toquem nas pílulas para dormir que lhes deram. Suspeitem de qualquer medicação. Percorreu com o olhar a pequena pílula branca na beirada de sua mesa. Gostaria de ter uma análise química de seu conteúdo, por que não o tinha escutado Cowlings? Cowlings teria aceitado a pílula para dormir com a esperança de uma breve pausa? Tinha que tirar seus homens dali. Não temos alternativas, devemos tratar esta situação como se estivéssemos atrás das linhas inimigas. Ryland tomou um profundo fôlego, deixando-o escapar lentamente. Já não sentia que tivesse alternativa. Tinha perdido muitos homens. Sua decisão os tacharia de traidores, desertores, mas era a única forma de salvar suas vidas. Tinha que encontrar uma forma de que seus homens escapassem do laboratório. O coronel nos traiu. Não temos mais alternativa que escapar. Solicitem informação e apóiem uns aos outros o melhor que possam. Esperem a minha ordem. Foi consciente da perturbação ao seu redor, às escuras onda de intensa antipatia que raiavam em ódio que precedia ao grupo que se aproximava da jaula em que se encontrava retido. Alguém se aproxima... Ryland cortou bruscamente a comunicação telepática com aqueles de seus homens aos que podia alcançar. Permaneceu imóvel no centro de sua cela, cada sentido flamejando para identificar os indivíduos que se aproximavam. Esta vez era um grupo pequeno: o Dr. Peter Whitney, o Coronel Higgens, e um guarda de segurança. Ao Ryland divertia que Whitney e Higgens insistissem em que um guarda armado os acompanhasse apesar do fato de estar encerrado atrás de grades e uma grossa barreira de cristal Cuidou de manter seus traços inexpressivos enquanto se aproximavam de sua jaula. Ryland levantou a cabeça, seus acesos olhos cinza tão frios como o gelo. Ameaçador. Não tentou ocultar o perigo que representava. Eles o tinham criado, o tinham traído e queria que o
temessem. Havia uma tremenda satisfação em saber que o faziam... E que tinham razões para fazê-lo. O Dr. Peter Whitney liderava o grupinho. Whitney, mentiroso, enganador, fabricante de monstros. Era o criador dos Caminhantes Fantasmas. Criador daquilo em que o Capitão Ryland Miller e seus homens se converteram. Ryland ficou em pé lentamente, um deliberado ondular de músculo, um letal felino estirando-se prazerosamente, desencapando as garras enquanto esperava dentro de sua jaula. Seu olhar gelado tocou os rostos, demorando-se, pondo-os incômodos. Olhos de ultratumba. Olhos de morte. Projetou a imagem deliberadamente, desejando, inclusive necessitando que temessem por suas vidas. O Coronel Higgens afastou o olhar, estudou as câmeras, a segurança, observando com evidente apreensão como a grossa barreira de cristal se abria. Embora Ryland permanecia enjaulado atrás das pesadas grades, Higgens obviamente se sentia intranqüilo sem a barreira, inseguro de quão poderoso Ryland se tornou. Ryland fortaleceu a si mesmo para o assalto aos seus ouvidos, a suas emoções. Ao fluxo de informação indesejada que não poderia controlar. O bombardeio de pensamentos e emoções. A repugnante depravação e avareza que descansava após as máscaras dos que o encaravam. Manteve os traços cuidadosamente inexpressivos, sem deixar escapar nada, não desejando que soubessem o que lhe custava defender sua mente totalmente aberta. — Bom dia, Capitão Miller — Disse Peter Whitney amavelmente — Como vão as coisas esta manhã? Dormiu algo? Ryland o observou sem piscar, tentado a procurar empurrar através das barreiras de Whitney para descobrir o autêntico caráter após a parede que Whitney tinha em sua mente. Que segredos se ocultavam ali? A única pessoa que Ryland precisava entender, ler, estava protegida por alguma barreira natural ou artificial. Nenhum dos outros homens, sequer Kaden conseguiu penetrar na mente do cientista. Não podia conseguir nenhum dado pertinente, defendido Whitney como estava, mas as pesadas ondas de culpabilidade eram sempre emitidas ruidosamente. — Não, não dormi, mas suspeito que já sabe disso. O Dr. Whitney assentiu. — Nenhum de seus homens está tomando sua medicação para dormir. Comprovo que você tampouco. Há uma razão para isso, Capitão Miller? As caóticas emoções do grupo golpeavam Ryland com força, como fazia sempre. Em princípio, costumavam a fazê-lo cair de joelhos, o ruído em sua cabeça era tão alto e exasperante que seu cérebro repelia, castigando-o por suas habilidades antinaturais. Agora, era muito mais disciplinado. OH, a dor ainda estava ali, como milhares de facas atravessando sua cabeça ante a primeira brecha em seu cérebro, mas ocultava sua agonia além da fachada de gelada e ameaçadora calma. Estava, depois de tudo, bem treinado. Os seus nunca revelavam debilidade ante o inimigo. — A autoconservação é sempre uma boa razão — Respondeu, lutando por reprimir as emissões de onda de debilidade e dor das agonizantes emoções. Manteve seus traços totalmente inexpressivos, negando-se a permitir que eles vissem o custo que pagava. — Que demônio significa isso? — Exigiu Higgens? — Do que nos está acusando agora, Miller? A porta do laboratório tinha ficado aberta, incomum para a segurança extrema da
companhia, e uma mulher a atravessou apressadamente. — Sinto chegar tarde; a reunião durou mais do esperado! Neste momento o doloroso assalto de pensamentos e emoções se reduziu, emudecido, deixando Ryland capaz de respirar normalmente. De pensar sem dor. O alívio foi instantâneo e inesperado. Ryland se concentrou nela imediatamente, precavendo-se de que em certa forma estava apanhando as emoções mais intensas e as mantendo a raia, quase como se fosse um ímã para elas. E não era qualquer mulher. Era tão bonita, que roubava seu fôlego. Ryland poderia jurar, quando a olhou, que o chão se ondeou e moveu sob seus pés. Olhou para Peter Whitney, pilhando ao homem estudando suas reações ante a presença da mulher muito atentamente. Ao princípio Ryland se sentiu envergonhado que o apanhassem olhando-a fixamente. Depois compreendeu que Whitney sabia que a mulher tinha alguma aura de habilidade psíquica. Realçava as habilidades de Ryland e esclarecia o lixo de pensamentos e emoções vagas. Whitney sabia o que ela fazia exatamente? O doutor estava esperando uma reação, assim Ryland se negou a lhe dar a satisfação, mantendo sua expressão totalmente em branco. — Capitão Miller, gostaria de apresentar minha filha, Lily Whitney. Doutora Lily Whitney — O olhar de Peter nunca abandonou a expressão de Ryland. — Pedi que se unisse a nós; espero que não se importe. A surpresa não podia ter sido mais completa. A filha de Peter Whitney? Ryland deixou escapar o fôlego com lentidão, encolhendo seus largos ombros informalmente, outro ondular ameaçador. Não se sentia informal. Tudo dentro dele se tranqüilizou. Acalmando-se. Estendendose. Estudou a mulher. Seus olhos eram incríveis, mas precavidos, Inteligente, Informada. Como se o reconhecesse, de alguma forma elementar. Seus olhos eram de um azul surpreendentemente profundo, como o centro de uma limpa e fresca piscina. Um homem podia perder a cabeça, a liberdade em olhos como os dela. Não era muito alta, mas tampouco excessivamente baixa. Tinha uma figura de mulher embutida em um traje verde acinzentado de algum tipo que se ajustava para atrair a atenção sobre cada exuberante curva. Caminhava com uma decidida claudicação, mas quando a examinou em busca de danos, não pôde ver nada que indicasse lesões, acima de tudo isso, no momento em que viu seu rosto, no momento em que ela entrou na habitação, sua alma pareceu procurar a dela. Reconhecer a dela. O fôlego se imobilizou no interior de seu corpo e só pôde queixar-se, olhando-a fixamente. Transpassava-o com o olhar e sabia que a visão não era muito reconfortante. Em seu melhor momento, parecia um guerreiro... No pior, parecia um lutador selvagem. Não havia forma de suavizar sua expressão ou minimizar as cicatrizes de sua cara ou barbear a escura sombra que cobria sua mandíbula teimosa. Era musculoso, com a constituição compacta de um lutador, carregando a maior parte de seu peso na parte superior do corpo, peito e braços, seus amplos ombros. Seu cabelo era espesso e negro, e se frisava quando não o mantinha rente ao crânio. — Capitão Miller — Sua voz era tranqüilizadora, amável, complacente. Sexy. Uma mescla de fumaça e calor que o chamuscou diretamente através do estômago. — Encantada de o conhecer. Meu pai pensou que poderia ser de alguma utilidade na pesquisa. Não tive muito tempo para repassar os dados, mas adorarei tentar ajudar. Nunca antes tinha reagido com tanta força a uma voz. O som pareceu o envolver em lençóis de cetim, esfregando e acariciando sua pele até que se sentiu romper a suar. A imagem foi tão
vívida que por um momento só pôde olhá-la, imaginar seu corpo nu contorcendo-se de prazer abaixo do dele. Em meio de sua luta por sobreviver, sua reação física ante ela resultava chocante. A cor se arrastou para cima pelo pescoço feminino, tilintando delicadamente em suas bochechas. Suas compridas pestanas revoaram e afastou o olhar dele para seu pai. — Esta habitação está muito exposta. Quem realizou o desenho? Para mim seria uma forma muito difícil de viver, inclusive durante um curto período de tempo. — Quer dizer como um rato de laboratório? — Perguntou Ryland brandamente, deliberadamente, não queria que nenhum deles acreditasse que o enganariam trazendo uma mulher — Porque isso é o que sou. O Dr. Whitney tem seus próprios ratos humanos com os quais jogar. O olhar escuro de Lily saltou até sua cara. Uma sobrancelha se arqueou. — Sinto muito, Capitão Miller, estou mal informada, ou você esteve de acordo em oferecerse voluntário para esta missão? — Havia um pequeno desafio em sua voz. — O Capitão Miller se ofereceu voluntário, Lily — Disse Peter Whitney. — Não estava preparado para os brutais resultados, mas eu sim. Estive procurando uma forma de reverter o processo, até agora tudo o que tentei fracassou. — Não acredito que esta seja a forma mais apropriada de dirigir isto — Exclamou o Coronel Higgens. Olhava fixamente ao Peter Whitney, mas suas grossas sobrancelhas se uniam em um cenho de desaprovação. — O Capitão Miller é um soldado e ofereceu-se voluntário para esta missão e devo insistir em que a leve a cabo até sua conclusão. Não precisamos reverter o processo, precisamos aperfeiçoá-lo. Ryland não tinha problemas para ler as emoções do coronel. O homem não queria Lily Whitney em nenhum lugar perto do Ryland ou seus homens. O que queria era levar Ryland além dos laboratórios e lhe dar um tiro. Melhor ainda, disseca-lo para que todos pudessem ver o que ocorria em seu cérebro. O Coronel Higgens tinha medo de Ryland Miller e dos outros homens da unidade paranormal, e tudo o que Higgens temia ele destruía. — Coronel Higgens não creio que compreenda completamente o que estes homens estão passando, o que ocorre a seus cérebros — O Dr. Whitney continuava com o que obviamente era uma discussão largamente estabelecida entre eles — Já perdemos vários homens... — Conheciam os riscos — Replicou Higgens, olhando furiosamente ao Miller — Este é um experimento importante. Necessitamos que estes homens funcionem. A perda de uns poucos, embora trágica, é uma perda aceitável considerando a importância do que estes homens podem fazer. Ryland não olhou Higgens. Manteve seu olhar brilhante fixo em Lily Whitney, mas toda sua mente se estendeu como uma mão. Tomou apoio. Fechando-a como um grilhão. A cabeça de Lily saltou para cima. Deixou escapar um suave protesto entrecortado. Seu olhar desceu até as mãos de Ryland. Observou seus dedos fecharem lentamente como ao redor de uma garganta grossa. Negou com a cabeça, um ligeiro protesto. Higgens tossiu deu um grunhido. Sua boca se abriu amplamente enquanto ofegava em busca de ar. Peter Whitney e o jovem guarda se lançaram para o coronel, tentando abrir o pescoço da camisa, tentando ajuda-lo a respirar. O coronel cambaleou, o cientista o agarrou e o baixou até o chão.
Basta. A voz na mente de Ryland foi suave. A sobrancelha escura de Ryland se arqueou e seu olhar brilhante encontrou ao de Lily. A filha do doutor era definitivamente telepática. Tomava com calma, seu olhar fixo mantinha o seu, sem deixar se intimidar no mais mínimo pelo perigo que emanava dele. Parecia tão fria como o gelo. Está disposto a sacrificar a cada um de meus homens. São dispensáveis. Ele estava igual de tranqüilo, sem aplacar-se nem por um momento. O coronel é um exímio estúpido. Ninguém está disposto a sacrificar aos homens; ninguém os considera dispensáveis; e não vale a pena converter-se em assassino por ele. Ryland deixou escapar o fôlego em um suave e controlado fluxo, limpando seus pulmões, limpando sua mente. Deliberadamente deu as costas ao homem que se contorcia e andou pela cela, abrindo os dedos lentamente. Higgens entrou em um acesso de tosse, as lágrimas alagavam seus olhos. Apontou com um dedo tremente para Ryland. — Tentou me matar, todos viram. Peter Whitney suspirou e se aproximou com passos pesados do outro lado da habitação para estudar o computador. — Estou cansado de tanto melodrama, Coronel. Sempre há um salto nos sensores do computador quando se produz uma emissão de onda de poder. Aqui não há nada absolutamente. Miller está certamente preso em uma jaula; não fez nada absolutamente. Não sei se você está tentando sabotar meu projeto ou tem uma vingança pessoal contra o Capitão Miller. Em qualquer caso, vou escrever ao general e insistir em que envie outra orientação. O Coronel Higgens amaldiçoou de novo. — Não quero voltar a ouvir falar de reverter o processo, Whitney, e sabe o que penso sobre incorporar sua filha à equipe. Não necessitamos outro maldito coração tenro neste projeto, precisamos resultados. — Meu grau de segurança, Coronel Higgens, é do mais alto nível igual a meu compromisso com este projeto. Não tenho os dados necessários neste momento, mas posso assegurar que empenharei nele o tempo que seja necessário até encontrar as respostas necessárias — Inclusive enquanto falava, Lily estudava a tela do computador. Ryland podia ler seus pensamentos. Fosse o que fosse que havia na tela a deixava perplexa por muito que seu pai houvesse dito, mas estava disposta a lhe encobrir. Fingia que estava de acordo. Tão tranqüila e tão fria como sempre. Não podia recordar a última vez que tinha sorrido, mas o impulso estava ali, manteve-se de costas ao grupo, sem estar seguro de poder manter o rosto sério enquanto ela mentia ao coronel. Lily Whitney não tinha nem idéia no que estava se colocando; seu pai tinha lhe dado pouca informação e simplesmente estava medindo. Sua aversão por Higgens, somada ao incomum comportamento de seu pai, a tinha posto firmemente do lado de Ryland no momento. Ele não tinha nem idéia ao que jogava Peter Whitney, mas o homem estava profundamente enterrado na lama. O experimento para realçar a habilidade psíquica e reunir uma unidade de combate tinha sido seu projeto, sua idéia. Peter Whitney tinha sido o homem que persuadiu Ryland que o experimento tinha mérito. De que seria seguro para seus homens e que serviriam
melhor a seu país. Ryland não podia ler ao doutor como podia fazer agora com a maioria dos homens, mas fosse o que fosse o que tramasse Whitney, Ryland se tinha convencido de que não era nada que beneficiaria a ele ou seus homens. A Corporação Donovan fedia a isso. Se havia uma coisa que Ryland sabia com segurança, era que os Donovan procuravam dinheiro e benefício pessoal, não a segurança nacional. — Pode ler o código que seu pai utiliza para suas notas? - Perguntou Higgens à Lily Whitney, perdendo de repente o interesse em Ryland — Jargão se me pergunta. Por que demônio não escreve seu trabalho simplesmente em inglês como um ser humano normal? — Cuspiu a pergunta para Peter Whitney irritadamente. Neste momento, Ryland se voltou, seu olhar cinza pensativo enquanto descansava sobre o coronel. Ali havia algo, algo que não podia captar. Estava removendo-se, contorcendo-se, formulando idéias e crescendo. A mente de Higgens parecia uma ravina negra, retorcida, curvada e subitamente ardilosa. Lily encolheu os ombros. — Cresci lendo seus códigos; é obvio que posso lê-lo. Ryland sentiu a perplexidade crescente dela enquanto cravava seus olhos na combinação de números, símbolos, e letras na tela do computador. — Que demônios estive fazendo em meus arquivos privados, Frank? — Exigiu Peter Whitney, olhando ao coronel. — Quando quiser um relatório, terei os dados organizados e o relatório estará terminado e preparado a tempo, apropriadamente digitado em inglês. Não tem nada que fazer em meu computador seja aqui ou em meu escritório. Minha investigação aproxima muitos projetos que estão em meu computador e você não tem nenhum direito de invadir minha privacidade. Se sua gente se aproximar de meu trabalho, te tirarei do Donovan tão rápido que não saberá o que te golpeou. — Este não é seu projeto pessoal, Peter — Higgens olhou furiosamente a todos. — Também é meu projeto e estou no comando, não me ocultará segredos. Seus informes não têm nenhum sentido. Ryland observou Lily Whitney. Permanecia muito quieta, escutando, absorvendo informação, reunindo impressões, e empapando-se de tudo como uma esponja. Parecia relaxada, mas Ryland era muito consciente de que olhava para seu pai, procurando algum sinal, um indício sobre como dirigir a situação. Whitney não lhe deu nada, sequer a olhou. Lily ocultou sua frustração. Voltou o olhar à tela do computador, deixando aos outros com sua discussão, que claramente vinha de muito antes. — Quero que faça algo com respeito ao Miller — Disse Higgens, atuando como se Ryland não o pudesse ouvir. Para ele já estou morto. Ryland sussurrou as palavras na mente de Lily Whitney. Só quer o melhor para você e seus homens. Está pressionando duro meu pai para seguir adiante com o projeto, não para terminá-lo. Não está satisfeito com os resultados e não se mostra de acordo que seja perigoso para todos vocês. Lily não afastou o olhar do computador nem deu nenhuma outra amostra de estar comunicando-se com ele. Não sabe de você. Higgens não tem nem idéia que é telepática. O conhecimento explodiu sobre ele como a luz de um prisma. Brilhante, colorida e cheia de possibilidades. O Dr. Whitney estava
ocultando as habilidades de sua filha ao coronel. À Corporação Donovan, Ryland sabia que tinha munição. Informação que podia utilizar para negociar com o Dr. Whitney. Algo que podia utilizar para salvar seus homens. Sua labareda de excitação devia estar mostrando-se em sua mente porque Lily se voltou e o avaliou com um frio e pensativo olhar. Peter Whitney franziu o cenho para o Coronel Higgens, claramente exasperado. — Quer que se faça algo? O que significa isso, Frank? O que tem em mente? Uma lobotomia? O Capitão Miller levou ao cabo cada prova que solicitamos. Tem razões pessoais para que te desgoste o capitão? — A voz do Dr. Whitney era um látego de desprezo. — Capitão Miller, se você está tendo uma aventura com a esposa do Coronel Higgens, deveria me revelar essa informação imediatamente. As sobrancelhas escuras de Lily se arquearam. Ryland pôde sentir a repentina diversão na mente dela. Sua risada foi suave e instigante, mas seus traços não revelaram nenhum de seus pensamentos internos. E bem? É um Romeo? Havia algo pacífico e sereno em Lily, algo que se pulverizava pelo ar ao redor deles. Seu segundo no comando, Kaden era assim, acalmava a terrível estática e afinava as freqüências a fim de que estivessem limpas, sintonizadas e dispostas a ser utilizadas por todos os homens, apesar do nível de talento. Certamente um pai não faria experiências com sua própria filha. A idéia o punha doente. — Ria tudo o que queira, Peter — Disse o coronel com desprezo — mas, não rirá quando apresentem demandas contra a Corporação Donovan e o governo dos Estados Unidos depois de seu trabalho incompetente. Ryland ignorou a discussão entre os homens. Nunca havia se sentido tão atraído por uma mulher, por nenhum indivíduo, mas queria que Lily ficasse na habitação. Necessitava que ficasse na habitação. E não queria acreditar que fosse parte da conspiração que ameaçava sua vida. Parecia ignorante, mas seu pai era com segurança um dos que “mexiam os cordões”. Meu pai não é um dos que “mexiam os cordões”. Sua voz foi indignada e ligeiramente arrogante, uma princesa dirigindo-se a um ser inferior. Nem sequer sabe que demônio está acontecendo, assim como sabe o que é ou que não é? Foi mais rude do que pretendia, mas Lily tomou bem, não respondeu, porém franziu o cenho para o monitor. Não falou com seu pai, mas a sentiu mover-se para ele, um leve intercâmbio entre eles. Foi mais sentir que ver, e, Ryland pressentiu que a perplexidade dela era aguda. Seu pai não lhe dava pistas; em vez disso, conduziu ao Coronel Higgens para a porta. — Vem, Lily? — Perguntou o Dr. Whitney, detendo-se justo no vestíbulo. — Quero comprovar algumas coisas aqui, senhor — Disse ela, assinalando ao computador. — E isso dará ao Capitão Miller a oportunidade de me pôr ao dia sobre como encaixa ele nisto. Higgens deu a volta. — Não acredito que seja boa idéia que fique sozinha com ele. É um homem perigoso. Ela parecia tão fria como sempre, sua sobrancelha escura um arco perfeito. Lily inclinou seu aristocrático nariz para o coronel. — Não se assegurou você que as instalações eram seguras, Coronel? O Coronel Higgens amaldiçoou de novo e abandonou a habitação. Quando o pai de Lily se
dispôs a sair do quarto, ela se esclareceu brandamente a garganta. — Acredito que é melhor que discutamos o projeto mais conscienciosamente se quiser que me incorpore a ele, senhor. O Dr. Whitney a olhou, seus traços continuavam impassíveis. — Nos encontraremos no Antonio's para jantar, e podemos repassar tudo depois de comer. Quero que tire suas próprias conclusões. — Apoiadas em... Ryland não ouviu indício de sarcasmo, mas estava na mente dela. Estava zangada com seu pai, mas Ryland não podia ler por que. Essa parte de sua mente estava fechada a ele, oculta depois de uma grossa e alta parede que tinha erguido para mantê-lo fora. — Repassa minhas notas, Lily, e veja o que tira do processo. Possivelmente veja algo que eu não. Quero uma perspectiva nova. O Coronel Higgens poderia ter razão. Pode haver uma forma de continuar sem reverter o que temos feito. — Peter Whitney se negou a enfrentar o olhar direto de sua filha, em vez disso girou para Ryland e perguntou. — Preciso deixar um guarda armado nesta habitação com minha filha, Capitão? Ryland estudou o rosto do homem que tinha aberto as comportas de seu cérebro a tantos estímulos. Não podia detectar maldade, só genuína preocupação. — Não suponho uma ameaça para os inocentes, Dr. Whitney. — Isso é suficiente para mim — Ainda sem olhar a sua filha, o doutor abandonou a habitação fechando a porta do laboratório firmemente. Ryland era tão consciente de Lily que realmente sentiu o fôlego abandonar os pulmões dela em uma lenta exalação quando a porta do laboratório se fechou e o ferrolho se colocou tranqüilamente em seu lugar. Esperou um batimento de coração. Dois. — Tem medo de mim? — perguntou Ryland, pondo a prova sua voz com ela. Saiu mais rouca do que gostaria. Nunca teve muita sorte com as mulheres e Lily Whitney estava fora de seu alcance. Não o olhou, mas continuou cuidadosamente observando os símbolos da tela. — Por que deveria? Não sou o Coronel Higgens. — Inclusive os técnicos de laboratório me têm medo. —Porque quer que tenham e o projeta, realçando deliberadamente seus próprios medos — Sua voz indicava um interesse pela metade de sua conversa, sua mente refletia nos dados da tela. — Quanto tempo leva aqui? Ele se voltou, caminhando até as grades, e agarrando-os. — Trazem-na a bordo e nem sequer sabe quanto tempo estamos, eu e meus homens, encerrados neste buraco infernal? Ela girou a cabeça bruscamente. Mechas de cabelo caíram soltos do apertado coque em sua nuca, balançando ao redor de seu rosto. Inclusive à amortecida luz azul da habitação, seu cabelo era brilhante. — Não sei nada sobre este experimento, Capitão. Nem o mais mínimo dado. Esta é a instalação de mais alta segurança que tem esta corporação e, tenho que esclarecer, que este não é meu campo de experiência. O Dr. Whitney, meu pai, pediu-me uma consulta e aceitei. Tem algum problema com isso?
Ele estudou a beleza clássica de seu rosto. Maçãs do rosto altas, compridas pestanas, uma boca exuberante, as pessoas não podiam ser assim a menos que tivessem nascido ricas e privilegiadas. — Provavelmente tem uma criada mal paga cujo nome nem sequer pode recordar, que recolhe sua roupa quando atira ao chão de sua habitação. Isso ganhou sua completa atenção. Cruzou a distância do computador até a jaula com um passo lento e pausado que atraiu a atenção de Ryland a sua claudicação. Inclusive com a claudicação tinha uma fluída graça. Fazia que cada célula de seu corpo fosse instantaneamente consciente de que ele era um homem e ela uma mulher. Lily inclinou o queixo para ele. — Suponho que o criaram sem maneiras, Capitão Miller. Em realidade não atiro a roupa ao chão do dormitório. Penduro-a no guarda-roupa — Seu olhar o transpassou para pousar brevemente sobre as roupas espalhadas pelo chão. Pela primeira vez que pudesse recordar, Ryland foi envergonhado por uma mulher. Estava comportando-se como um asno. Inclusive seus malditos saltos altos tinham classe. Sexy, mas com classe. Um pequeno sorriso curvou a boca dela. — Está comportando-se como um asno total — Assinalou — mas felizmente para você, estou de humor para perdoar. Nós os elitistas aprendem isso à tenra idade quando põem a colher de prata na boca. Ryland se sentia envergonhado. Podia ter crescido no lado equivocado da cerca no proverbial parque de caravanas, mas sua mãe lhe arrancaria as orelhas por ser tão grosseiro. — Sinto muito, não tenho desculpas. — Não, não tem. Nunca há desculpa para a rudeza — Lily percorreu a distância até sua jaula, realizando um exame pausado da longitude de sua prisão. — Quem desenhou seu cubículo? — Construíram várias jaulas rapidamente quando decidiram que éramos muito poderosos e supúnhamos muito perigo como grupo — Seus homens foram separados e pulverizados por todo o edifício. Sabia o que estava lhes fazendo o isolamento, levavam ao cabo contínuas provas e estudos e o preocupava não poder mantê-los unidos. Já tinha perdido um homem; não ia perder a nenhum mais. As celas tinham sido especialmente desenhadas por medo a represálias. Sabia que o tempo estava acabando. O medo tinha crescido nas últimas semanas. Tinham erguido a grossa barreira de vidro à prova de balas ao redor de sua cela acreditando que isso evitaria que se comunicasse com seus homens. Ofereceu-se voluntário para a missão e tinha convencido aos seus homens para que entrassem no assunto. Agora estavam prisioneiros, sendo estudados, explorados e utilizados para tudo exceto para a premissa original. Vários dos homens tinham morrido e tinham sido dissecados como insetos para "estudar e entender". Ryland tinha que conseguir tirar os outros antes que lhes ocorresse algo mais. Sabia que Higgens tinha em mente terminar com os mais fortes. Ryland estava seguro de que o final chegaria em forma de "acidente", mas definitivamente ocorreria cedo ou tarde se não encontrava uma forma de libertar seus homens. Higgens tinha sua própria agenda, queria utilizar os homens para seu próprio benefício pessoal que não tinha nada a
ver com os militares e o país ao que supunha que serviam. Mas Higgens tinha medo do que não podia controlar. Ryland não perderia seus homens por causa de um traidor. Seus homens eram sua responsabilidade. Foi mais cuidadoso, falando sinceramente esta vez, tentando evitar as acusações, a culpa que colocava diretamente sobre os ombros de seu pai e disfarçava seus pensamentos, se por acaso ela os estava lendo. Essas pestanas eram ridiculamente cumpridas, uma pesada imagem que encontrava fascinante, refreou-se para não ficar olhando, incapaz de comportar-se como nada mais que um completo idiota. Preso como estava como um rato em uma armadilha, com seus homens em perigo, se comportava como um parvo por uma mulher. Uma mulher que muito bem poderia ser sua inimiga. — Seus homens estão todos confinados em jaulas similares? Não me proporcionaram essa informação — Sua voz era estritamente neutra, mas o assunto a desgostava. Podia sentir o ultraje que estava lutando por suprimir. — Não os vi por semanas. Não permitem nos comunicar — Assinalou à tela do computador — Isso é uma constante fonte de irritação para Higgens. É certo que sua gente está tentando romper o código de seu pai, inclusive utilizar o computador, mas não devem ter sido capazes. Realmente pode lê-lo? Ela vacilou brevemente. Foi quase imperceptível, mas sentiu a súbita imobilidade nela e seu olhar de falcão não abandonou a face feminina. — Meu pai sempre escreveu em código. Vejo padrões matemáticos e era uma espécie de jogo quando era pequena. Troca o código com freqüência para me dar algo no que trabalhar. Minha mente...— Duvidou, como se sopesasse as opções cuidadosamente. Estava decidindo quanto de honesta seria com ele. Queria a verdade e silenciosamente desejou que ela a proporcionasse. Lily ficou calada durante um momento mais, com seus grandes olhos fixos nos dele, então sua boca suave se esticou. Seu queixo se elevou em um gesto minúsculo, mas ele observava cada uma de suas expressões, cada matiz, e foi consciente disso, consciente do que lhe constava contar. — Minha mente requer estimulação contínua. Não sei de que outro modo explicar. Sem ter algo complexo com o que trabalhar meto-me em problemas. Captou um brilho de dor em seus olhos, fugaz, mas ali estava. O Dr. Peter Whitney era um dos homens mais ricos do mundo. Todo esse dinheiro poderia ter proporcionado a sua filha uma confiança total, mas não eliminava o fato de que era um fenômeno... Um fenômeno como o era ele. Como o eram seus homens. Aquilo no que seu pai os tinha convertido. Caminhantes Fantasmas, esperando que a morte os derrubasse, quando deveriam ter sido uma equipe de elite defendendo seu país. — Assim me conte, Lily Whitney, se esse código for real, por que o computador não pode decifrá-lo? — Ryland baixou a voz para que qualquer um que estivesse escutando não ouvisse sua pergunta, mas manteve seu brilhante olhar fixo no dela, negando-se a permitir que afastasse a vista. A expressão de Lily não mudou. Parecia tão serena como sempre, Impossivelmente elegante, inclusive no meio do laboratório. Parecia tão fora de seu alcance que lhe doía o coração. — Falei que sempre escreve em código, não que este tivesse algum sentido para mim. Não
tive oportunidade de trabalhar nele ainda. Sua mente estava tão completamente fechada a ele que soube que estava mentindo. Arqueou uma escura sobrancelha para ela. — De verdade? Bom, terá que empregar nisso tempo extra porque ninguém parecer ser capaz de averiguar como seu pai conseguiu para realçar nossas habilidades psíquicas. E asseguro que não podem averiguar como as fazer desaparecer. Ela estendeu o braço, graciosamente, quase casualmente, naturalmente, para apertar a beira de uma mesa de escritório. Os nódulos de sua mão ficaram brancos. — Realçou suas habilidades naturais? — Sua mente começou imediatamente a dar voltas a esse retalho de informação, uma e outra vez como se fosse a peça de um quebra-cabeça e procurasse encaixá-la apropriadamente. — Realmente te trouxe aqui às cegas, verdade? — Desafiou Ryland. — Recebemos ordens de participar de provas especiais... Ela elevou a mão. — A quem solicitou e quem o solicitou? — A maior parte de meus homens pertencem às Forças Especiais. Os homens de várias unidades foram requeridos para levar ao cabo prova de habilidades psíquicas. Havia certos critérios a levar em conta junto com as habilidades. Idade, quantidade e tipo de treinamento de combate, habilidade para trabalhar sob condições de pressão, habilidade para funcionar durante compridos períodos de tempo à margem da cadeia de comando, fatores de lealdade. A lista era interminável, mas bastante surpreendentemente tomou uns poucos. Os militares emitiram um convite especial em busca de voluntários. Pelo que sei as forças da lei fizeram o mesmo. Procuravam um grupo de elite. — E isto faz quanto tempo? — A primeira vez que ouvi falar da idéia faz quase quatro anos, estive aqui nos laboratórios Donovan durante um ano por agora, mas todos os recrutas se converteram em uma unidade, incluindo eu, internados juntos em outras instalações. Pelo que se, sempre nos mantiveram unidos. Queriam que formássemos uma unidade. Fomos treinados em táticas utilizando habilidades psíquicas em combate. A idéia era formar uma força que pudesse entrar e sair sem ser vista. Poderíamos ser utilizados contra postos de drogas, terroristas, inclusive um exército inimigo. Estivemos nisso durante três anos. — Uma idéia descabelada. E de quem é este bebê? — De seu pai. Ocorreu a ele, convenceu aos poderosos de que podia fazer-se, e me convenceu e ao resto dos homens de que faríamos do mundo um lugar melhor — Havia muita amargura na voz de Ryland Miller. — Obviamente algo saiu errado. — A avareza é o que saiu errado. Donovan tem um contrato do governo. Peter Whitney praticamente possui esta companhia. Suponho que simplesmente não tinha suficiente dinheiro com o milhão ou dois de sua conta bancária. Ela esperou durante um longo momento antes de responder. — Duvido que meu pai necessite mais dinheiro, Capitão Miller. A quantidade que entrega às obras de caridade cada ano alimentaria a um estado. Não sabe nada dele, assim que sugiro que
reserve sua opinião até que os fatos estejam demonstrados. E para que saiba, é um trilhão ou dois ou mais. Esta corporação poderia desaparecer amanhã e isso não trocaria seu estilo de vida no mais mínimo — Sua voz não se elevou no mais mínimo, mas ardia com calor e intensidade. Ryland suspirou. O olhar vívido dela não vacilou nem um centímetro. — Não temos contato com nossa gente. Toda comunicação com o exterior deve passar através de seu pai ou do coronel. Não podemos contar o que está ocorrendo conosco absolutamente. Um de meus homens morreu faz um par de meses e mentiram sobre como morreu. Morreu como resultado direto deste experimento e o realçamento de suas habilidades... Seu cérebro não pôde agüentar a sobrecarga, a surra constante. Afirmaram que foi um acidente no campo de treinamento. Foi então quando nos isolaram e separaram, estivemos incomunicáveis a partir desse momento — Ryland a avaliou com olhos escuros e zangados, desafiando-a o chamar mentiroso — Essa não foi a primeira morte, mas por Deus, que será a última! Lily passou uma mão pelo cabelo perfeitamente liso, o primeiro sinal real de agitação. A ação pulverizou grampos e fez que algumas mechas caíssem formando uma nuvem ao redor de seu rosto, ficou calada, deixando que seu cérebro processasse a informação, inclusive apesar de rechaçar as acusações e implicações com respeito a seu pai. — Sabe com exatidão o que matou ao homem de sua unidade? Correm o mesmo perigo o restante de vocês? — Fez a pergunta muito tranqüilamente, sua voz tão baixa que estava quase em sua mente. Ryland respondeu na mesma voz suave, sem dar oportunidade aos guardas invisíveis de escutar as escondidas sua conversação. — Seu cérebro estava totalmente aberto, assaltado por todos e tudo o que entrava em contato com ele. Já não podia fechá-lo. Podemos funcionar juntos como grupo porque um par de meus homens são como você. Atraem o ruído e as emoções cruas as afastando do restante de nós. Então somos poderosos e funcionamos. Mas sem esse ímã... — interrompeu-se e encolheu de ombros — São como partes de cristal ou folhas de barbear atravessando o cérebro, rompeu-se, hemorragia cerebral, ou como quer chamá-lo. Não foi uma visão bonita e te asseguro que não gostei dessa olhada a nosso futuro. Nem a nenhum dos outros homens da unidade. Lily pressionou os dedos sobre as têmporas e durante só um momento, Ryland captou a impressão de uma dor latente. Sua cara se obscureceu, seus olhos cinza se entrecerraram. — Vêem aqui — Sentia uma autêntica reação física à dor dela. Os músculos de seu estômago se retesaram, duros e doloridos. Cada instinto de proteção, cada instinto masculino nele se elevou e o alagou com uma assustadora necessidade de aliviar o desconforto dela. Os enormes olhos azuis imediatamente se voltaram precavidos. — Eu não toco às pessoas. — Porque não quer saber como realmente são por dentro, verdade? Você também o sente — horrorizava-o pensar que seu pai pudesse ter realizado experimentos também com ela. Desde quando é telepática? Mais ainda, não queria pensar em não tocá-la nunca. Não sentir nunca sua pele sob os dedos, sua boca esmagada contra a dele A imagem era tão vívida que quase podia saboreála. Inclusive seu cabelo suplicava ser tocado, uma massa espessa de brilhante seda pedindo simplesmente que seus dedos soltassem o resto das presilhas e o liberasse para sua inspeção. Lily encolheu os ombros informalmente, mas um débil rubor cobriu suas altas maçãs do
rosto. Toda minha vida. E sim, pode ser incômodo conhecer os mais escuros segredos das pessoas, aprendi a viver dentro de certos limites. Possivelmente, meu pai começou a se interessar no fenômeno psíquico porque queria me ajudar. Fosse qual fosse a razão, posso o tranqüilizar, não teve nada que ver obtendo benefícios financeiros. Deixou escapar lentamente o fôlego. — Que terrível para você, perder a qualquer de seus homens. Devem estar muito unidos. Espero encontrar uma forma de ajudar a todos. Ryland sentiu sua sinceridade. Suspeitava de seu pai apesar dos protestos dela. É psíquico o Doutor Whitney? Sabia que estava emitindo suas fantasias sexuais um pouco muito forte, mas ela se mantinha firme, dirigindo a intensidade da química entre eles facilmente. E ele sabia que a química ia em ambas as direções. Sentiu o súbito desejo de fazê-la estremecer realmente, transpassar sua fria fachada por uma vez e ver se ardia fogo sob o gelo. Era um assunto infernal no meio da confusão em que estava. Lily sacudiu a cabeça enquanto lhe respondia. Realizamos muitos experimentos e nos conectamos telepaticamente umas poucas vezes sob condições extremas, mas foram contatos sustentados completamente unilateralmente. Devo ter herdado o talento através de minha mãe. — Quando o toca, pode lê-lo? — Perguntou Ryland com curiosidade em voz baixa. Decidiu que depois de tudo os homens não estavam absolutamente muito longe das cavernas. Sua atração por ela era crua, ardente e além de tudo o que tivesse experimentado. Era incapaz de controlar a reação de seu corpo ante ela. E ela sabia. Ao contrário de Ryland, parecia fria e para nada afetada, enquanto ele se sentia sacudido até seu centro. Ela conduzia a conversação como se ele não estivesse ardendo fora de controle. Como se seu sangue não fervesse e seu corpo não estivesse duro como uma rocha e em desesperada necessidade. Como se nem sequer o tivesse notado. — Raramente. É um desses que tem barreiras naturais. Acredito que é por causa de que crê tão fortemente no talento psíquico, enquanto a maioria das pessoas não o faz. Ser consciente disso todo o tempo, provavelmente erige uma barreira natural. Conheci a muitas pessoas com barreiras de diversos graus. Algumas parecem impossíveis de transpassar e outras são frágeis. E você? Encontrou tais coisas? É um telepata muito forte. — Vêem aqui comigo. O frio olhar azul vagou sobre ele. Despachando-o. — Não creio, Capitão Miller, tenho muito trabalho que fazer. — Covarde — Disse ele brandamente, seu faminto olhar se manteve sobre o rosto. Ela elevou o queixo e dedicou seu arrogante olhar de princesa. — Não tenho tempo para seus joguinhos, Capitão Miller. Seja o que for que está pensando que acontece aqui, não é assim. O olhar de Ryland caiu sobre a boca dela. Tinha uma boca perfeita. — Se o diz. — Foi interessante o conhecer — Disse Lily e lhe deu as costas, afastando-se apressadamente. Tão fria como sempre. Ryland não protestou, em vez disso a observou o abandonar sem um único olhar atrás. Insistiu a olhar atrás, mas ela não o fez. E não voltou a erguer a barreira de vidro ao redor de sua jaula, deixando-o aos guardas.
Capítulo 2 O mar estava enfurecido. As ondas se elevavam, formando cristas de grande altura, borbulhando em um caldeirão de escura raiva. A espuma branca ficava atrás sobre os escarpados quando o mar se retirava, só para voltar, alcançando ondas ainda mais altas. Elevando-se com fome e fúria, com intenção mortal. As águas escuras e insondáveis se dispersavam, um olho escuro procurando. Caçando. Girando-se para ela. Lily se obrigou a despertar, lutando em busca de ar. Ardiam-lhe os pulmões. Pressionou o botão para baixar a janela. Ligeiramente desorientada, disse-se a si mesma que tinha sido um sonho, nada mais que um sonho. O ar frio entrou com rapidez e inalou profundamente. Notou com alívio que estavam quase na casa, já no imóvel. — John, se importaria deter o carro? Gostaria de passear — Conseguiu manter a voz firme, apesar da forma que seu coração palpitava alarmado. Detestava os pesadelos que tão freqüentemente infestavam seu sonho. Lily queria sonhar com o Capitão Ryland Miller, mas, em vez disso sonhava com morte e violência. Com vozes chamando-a, a morte lhe fazendo gestos com um dedo ossudo. O chofer a olhou fixamente através do retrovisor. — Leva saltos altos, Senhorita Lily — observou ele — Está doente? Podia ver sua imagem refletida. Pálida os olhos muito grandes para sua cara, olheiras. Tinha um aspecto infernal. — Não me importa os saltos, John. Necessito exercício — Precisava tirar os restos do pesadelo da cabeça. A sensação opressiva de perigo, de estar sendo perseguida, ainda acelerava o ritmo cardíaco. Lily tentou aparentar normalidade, evitando o olhar de John no espelho. Conhecia-a de toda a vida, e já estava preocupado pelas sombras de seus olhos. Por que tinha que ter esse aspecto tão pálido e pouco interessante quando finalmente conhecia um homem com o qual conectava? Era tão bonito. Tão inteligente. Tão...tudo. Tinha entrado na reunião sem ter nem um pingo de informação e ficou ali olhando como uma parva em vez de parecer o que era, uma mulher de extraordinária inteligência. Provavelmente Miller saía com modelos loiras e magras de peitos grandes, mulheres que ficavam penduradas de cada uma de suas palavras. Lily passou uma mão pela cara, esperando apartar os pesadelos que se negavam a permitir seu descanso. Esperando livrar-se da imagem do Ryland Miller que havia incrustado em seu cérebro. De algum modo se tinha metido profundamente em sua carne e ossos. Vêem aqui comigo. Sua voz lhe tinha sussurrado, atravessando seu corpo, esquentando seu sangue, derretendo
as vísceras. Lily não tinha querido olhá-lo. Tinha sido muito consciente das câmeras. Muito consciente de que não sabia nada de homens. John apareceu pela janela e a estudou durante um comprido momento. — Outra vez não esta dormindo, Senhorita Lily. Lily sorriu enquanto passava uma mão pelo espesso arbusto de cabelo escuro. O chofer reclamava estar ainda nos sessenta, mas ela suspeitava que provavelmente estava nos setenta. Atuava mais como um parente que como um condutor e nunca o poderia ver sob nenhuma outra luz que não fosse a de amada família. —Tem razão — Disse ela — Estou sofrendo esses estranhos sonhos que tenho de vez em quando. Intento jogar um sono durante o dia. Não se preocupe por mim, já ocorreu antes. encolheu-se de ombros com um pequeno gesto indiferente. — Falou com seu pai? — De fato, tinha planejado contar-lhe durante o jantar, mas me deixou plantada outra vez. Acredito que poderia estar em seu laboratório, mas não responde ao telefone. Sabe se já está em casa? — Se estava em casa, teria umas poucas palavras que lhe dizer. Tinha sido imperdoável deixá-la cair na situação com o Miller sem lhe dar a mais mínima indicação do que estava ocorrendo. Esta vez estava furiosa com seu pai. Miller não tinha por que estar preso em uma jaula como um animal. Era um homem, um homem forte e inteligente, leal a seu país, e fosse o que fosse que estivesse passando nos laboratórios Donovan seria melhor que acabasse imediatamente. E o que era essa tolice com o computador e o código de seu pai? Tinha escrito massas de gírias e atuava como se essa confusão fossem notas legítimas de seu trabalho. Não podia oferecer uma consulta sobre o trabalho do Dr. Peter Whitney sem nada do trabalho do Dr. Peter Whitney, fosse ou não seu pai, tinha muito que responder e tinha evitado seu encontro acordado em uma retirada covarde. A impaciência cruzou a cara do chofer. — Esse homem. Necessita um ajudante que caminhe junto a ele e lhe dê patadas a cada momento para que note que realmente vive no mundo real. - O renomado doutor tinha uma longa história de esquecimentos de momentos importantes na vida de sua filha e isso incomodava ao John. O evento nunca importava...aniversários, saídas planejadas, cerimônias de graduação, o Dr. Whitney simplesmente nunca se lembrava. O chofer tinha assistido a cada um dos eventos, vendo como Lily ganhava honra atrás de honra sem um membro da família presente. Era um tema delicado para John Brimslow que seu chefe tratasse a sua filha com tão pouco cuidado. Lily estalou em gargalhadas. — Isso é o que diz de mim quando estou investigando e esquecendo de vir a casa? — Manteve o olhar centrado no botão superior do casaco do John, esperando haver-se convertido em uma perita em ocultar emoções. Estava acostumada às maneiras distraídas de seu pai no que a ela concernia. Seu encontro para jantar nunca tinha sido o bastante importante para ele para que tentasse recordá-lo e normalmente ela teria entendido. Com freqüência também ela se engolfava em um projeto de investigação e esquecia comer ou dormir ou falar com outros. Logo não podia condenar seu pai por ser igual. Mas esta vez iria aplicar-lhe um sermão bem merecido, e ia sentarse e lhe contar tudo o que queria saber sobre o Capitão Miller e seus homens, sem desculpas.
Seu chofer sorriu sem arrepender-se. — É obvio. — Estarei na casa em uns minutos. Diga a Rosa, por favor, de outra forma se preocupará — Lily se afastou do carro com uma pequena saudação, girando para que John não continuasse olhando seu rosto. Sabia que sua cara tinha emagrecido, fazendo que suas maçãs do rosto se sobressaíssem, e não da forma aduladora de uma modelo. Os pesadelos tinham deixado bolsas escuras sob seus olhos e os ombros encurvados. Nunca tinha havido nela muito que ver, com seus olhos muito grandes e sua claudicação, e nunca tinha sido elegantemente magra. Seu corpo era curvilíneo desde curta idade e tinha insistido, sem importar quanto exercício fizesse, fazendo-a verdadeiramente feminina. Nunca antes tinha importado muito seu aspecto, mas agora... Lily fechou os olhos. Ryland Miller. Por que não podia ter parecido assombrosamente atrativa só por uma vez? Ele era tão incrivelmente sexy. Nunca havia se sentido muito atraída pela atitude clássica. Miller não era bonito, era muito terrestre, muito poder cru. Seu corpo inteiro ardia só de pensar nele. E a forma em que a olhava...Ninguém a tinha observado assim antes. Parecia faminto dela. Tirou os saltos e olhou para a casa. Adorava São Francisco, e viver nas colinas com vistas à formosa cidade era um privilegio de que nunca se cansava. O seu era um imóvel antigo, com vários andares de altura e infestada de balcões e terraços, que davam um encanto elegante e romântico. A casa tinha mais cômodos de que ela e seu pai teriam possibilidades de utilizar, mas adorava cada centímetro dela. As paredes eram grossas e os espaços amplos. Seu refúgio. Seu santuário. Deus sabia que necessitava um. O vento soprava brandamente, alvoroçando seu cabelo e acariciando gentilmente seu rosto. A brisa trouxe uma sensação de conforto, depois de um pesadelo, a impressão de perigo normalmente se dissipava depois de uns poucos minutos de passeio, mas esta vez permaneceu, um alarme que se estava voltando aterrador. A noite começava a cair. Levantou o olhar para os céus, observando os fios cinza que giravam até obscurecer-se formando nuvens no alto e flutuando sobre a lua. O crepúsculo era uma suave manta que a envolvia. Látegos de névoa começaram a vagar sobre a grama dos terraços, faixas de brancas enredando-se ao redor de árvores e arbustos. Lily girou em círculos, tomando nota durante o giro da grama imaculada, os arbustos e árvores, as fontes e jardins astutamente colocados para agradar à vista. Os acres que se estendiam diante estavam sempre perfeitamente imaculados sem nenhuma folha ou fibra de erva descuidada, mas detrás da casa, os bosques seguiam sendo selvagens. Sempre lhe tinha parecido que ali existia um equilíbrio com a natureza, uma tranqüilidade e uma sensação de paz. Sua casa lhe dava uma liberdade que não podia encontrar em nenhuma outra parte. Lily sempre tinha sido diferente. Tinha um dom...um talento, chamava-o seu pai. Ela o chamava uma maldição. Podia tocar às pessoas e conhecer seus pensamentos privados. Coisas que não deviam dar a conhecer. Escuros segredos e desejos proibidos. Também tinha outros dons. Sua casa era seu refúgio, um santuário com paredes o suficientemente grossas para protegê-la do assalto das intensas emoções que a bombardeavam noite e dia. Felizmente, Peter Whitney parecia ter barreiras naturais assim não podia lhe ler quando a agasalhava na cama de noite quando era menina. Ainda assim, tinha sido cuidadoso com o contato físico, cuidando de que as barreiras de sua mente se mantivessem firmes quando ela
estava ao redor. E havia posto grande cuidado em encontrar a outros com barreiras naturais para que sua casa sempre fosse um santuário para ela. As pessoas que a tinham cuidado se converteram em sua família e eram pessoas às que podia tocar com segurança. Nunca lhe tinha ocorrido até esse momento perguntar ao Peter Whitney como tinha sabido que as pessoas que contratava eram pessoas que sua incomum filha seria incapaz de ler. Ryland Miller tinha sido algo totalmente inesperado. Poderia ter jurado que a terra se moveu quando pousou pela primeira vez os olhos nele. Tinha dons e talentos por direito próprio. Lily sabia que seu pai o considerava perigoso. Ela mesma sentia que Ryland era perigoso mas não estava segura de que modo. Um pequeno sorriso curvou sua boca. Provavelmente era perigoso para todas as mulheres. Certamente tinha um efeito sobre seu corpo. Tinha que encurralar seu pai e o obrigar a escutá-la por uma vez. Necessitava algumas respostas que somente ele podia lhe dar. A ansiedade se depositou no fundo de seu estômago e Lily pressionou uma mão sobre a parte mediana, surpreendendo-se ante a persistência do ameaçador pressentimento. Sabia que era inútil ignorar uma inquietação contínua tão profundamente incrustada em seus ossos. Com um suave suspiro, Lily se dirigiu decididamente para casa. O caminho que tomou era um estreito, de piçarra azul, que rodeava o labirinto, e atravessava o jardim de chá para uma entrada lateral. Lily pisou nos degraus de piçarra e a terra se moveu agarrou-se ao corrimão lavrado, seus sapatos caíram ao chão quando utilizou ambas as mãos para reafirmar-se, levou um momento registrar que não era um terremoto, mas sim o movimento se parecia muito mais ao que sentiria se estivesse em um bote enquanto este se balançava sobre as ondas do oceano. Ouvia o chapinhar da água contra a madeira, um som oco que ressonava através de sua mente. A visão era tão forte, que Lily podia cheirar o ar do mar, sentir a água salgada salpicando e lhe umedecendo a cara. O estômago se esticou em reação.Os dedos de Lily se apertaram até que os nódulos ficaram brancos. De novo sentiu o balanço das ondas. Elevou o rosto para o céu escurecido e viu as nuvens ameaçadoras girando rápido sobre sua cabeça, dando voltas grosseiramente até que somente o centro esteve claro e escuro e movendo-se implacavelmente, procurando, procurando. Lily retirou as mãos do corrimão e correu para abrir a porta da cozinha. Entrou cambaleando, fechou a porta de repente e se apoiou contra a parede, sua respiração saia em bruscos ofegos. Fechou os olhos e inalou o ar de sua casa, seu santuário, em seus pulmões. Estava segura dentro das grossas paredes a salvo, enquanto não caísse dormida. A cozinha cheirava a pão recém assado. Em qualquer lugar onde olhasse havia brilhantes azulejos e espaços abertos. Lar. Lily golpeou a porta com a palma da mão. — Rosa, aqui cheira maravilhosamente. Fez o jantar? A mulher baixa e gordinha deu a volta, com uma grande faca na mão, e uma cenoura na outra. Seus olhos escuros se abriram com surpresa. — Senhorita Lily! Quase me causa um ataque do coração. Por que não entrou pela porta dianteira como se supõe que deve fazer? Lily riu porque era normal que Rosa chamasse sua atenção e necessitava normalidade. — Por que tenho que entrar pela porta dianteira? — Do que serve uma porta dianteira se ninguém a utilizar? — queixou-se Rosa. Seu olhar tomou nota do rosto pálido de Lily, os olhos fantasmagóricos, e depois baixou até os pés nus e as meias rasgadas — Que demônios tem feito agora? E onde estão seus sapatos?
Lily gesticulou vagamente para a porta. — Ainda não telefonou meu pai? Supõe-se que iria jantar comigo no Antonio's, mas não apareceu. Esperei hora e meia, mas deve tê-lo esquecido. Rosa franziu o cenho. Como sempre, havia só aceitação na voz de Lily, uma amável diversão pelo fato de que seu pai se esqueceu uma vez mais de um encontro com sua filha. Rosa desejou puxar as orelhas ao Dr. Whitney. — Esse homem! Não, não chamou, você comeu? Está ficando fraca, Lily, como uma menina. — Só estou fraca em certos lugares, Rosa — Contradisse Lily. Quando Rosa a olhou encolheu de ombros precipitadamente — Comi todo seu pão... Era pão recém feito, mas nem de perto tão bom como o teu. — Prepararei um prato de verdura fresca e insisto em que coma! Lily sorriu. — Isso soa bem — levantou-se sobre o balcão, ignorando o cenho de Rosa. — Rosa? — Tamborilou um pequeno ritmo nervoso com a unha — Descobri a coisa mais perturbadora sobre mim mesma hoje. Rosa se girou rapidamente para ela. — Perturbadora? — Todo este tempo, estive rodeada por homens vestidos com terno e gravata, homens inteligentes com um currículo que meu pai admiraria, mas nunca me senti atraída por nenhum deles. Não acredito que os tenha notado sequer. A Rosa lhe escapou um sorriso. — Ah...Conheceu a alguém. Sempre esperei que conseguisse tirar o nariz de seus livros o suficiente para conhecer alguém. — Não o conheci exatamente — protegeu-se Lily. A última coisa que precisava era que a governanta repetisse suas estúpidas confidências a seu pai. A tiraria do projeto imediatamente se acreditava que se sentia atraída pelo sujeito. - Somente o vi. Tem uns ombros e parecia... — Não podia dizer "ardente" diante de Rosa. Interrompeu-se em vez de pô-lo em palavras. — Oh, é sexy. Um homem de verdade então. Lily rompeu a rir. Rosa sempre a ajudava a livrar-se de seus demônios. — Meu pai não estaria muito contente de te ouvir dizer isso. — Seu pai não veria uma mulher embora tivesse uma figura perfeita e estivesse nua diante ele. Somente se fixaria nela se pudesse falar em sete idiomas ao mesmo tempo. - Rosa empurrou um prato de verdura e o lançou para as mãos do Lily. — A imagem é muito horrenda para ser contemplada — Disse Lily enquanto se deslizava até o chão — Tenho que passar algum tempo estudando esta noite. - Soprou um beijo a Rosa enquanto a rodeava indo para a porta — Este novo projeto que estou trabalhando me está dando uns quantos problemas. Papai simplesmente o deixou cair em meu colo sem nenhum dado e não tem sentido. — Suspirou — Realmente precisava falar com ele esta noite. — Me fale disso, Lily, possivelmente possa te ajudar. Lily pegou uma maçã quando passava pela fruteira e a acrescentou a seu prato. — Sabe que não posso fazer isso, Rosa, só poria os olhos em branco e de todos os modos me
diria que é tudo muito estúpido. É um projeto para a Corporação Donovan. Rosa pôs os olhos em branco. — Todo esse segredo. Seu pai é como um menino jogando agentes secretos e agora tem a ti fazendo-o também. Lily não pôde evitar sorrir. — Desejaria que fosse um assunto de agentes secretos. É toda papelada e trabalho de laboratório, nada excitante absolutamente. — Com uma pequena saudação desceu pelo amplo e espaçoso vestíbulo, sem olhar para as enormes habitações abertas. A biblioteca era seu santuário favorito e se dirigiu justo para ali. Preferia trabalhar ali que em seu próprio escritório. John Brimslow teria deixado sua maleta sobre o escritório para ela, sabendo justo aonde iria. — Porque sou tão endemoniadamente previsível — Murmurou em voz alta — Só por uma vez gostaria de surpreender a todo mundo. O fogo já estava aceso, graças ao John, e a habitação era cálida e confortável. Lily se deixou cair na poltrona profusamente acolchoada, ignorando a maleta que continha seu computador portátil e o trabalho que trouxe para casa. Se tivesse tido energia teria posto música, mas estava rendida até os ossos. Não podia recordar a última vez que dormiu voluntariamente, sem apreensão, de noite. Em seu sonho, todos os amparos naturais se derrubavam, deixando-a vulnerável e aberta a um ataque. Normalmente, já que sua casa tinha tão grossas paredes, sentiase a salvo em casa. Ultimamente, entretanto... Lily suspirou e permitiu que suas pálpebras caíssem. Estava tão cansada. Pequenas cabeçadas durante o dia e durante as horas de trabalho não bastavam. Sentia-se como se pudesse dormir durante semanas. Lily! Quase ao mesmo tempo ouviu a água, ruidosamente e persistente. Lily se endireitou e olhou ao redor, piscando para enfocar a habitação. Não tinha âncora, nada que a aferrasse a seu mundo, exceto a segurança de seu lar. Estava em território familiar e esperava que isso ajudasse. Fosse o que fosse que espreitava no exterior, enviando ondas de energia para encontrá-la, insistia em alcançá-la. Lily tomou um profundo fôlego e resolutamente abriu sua mente, permitindo que suas paredes protetoras baixassem para poder abraçar o fluxo de informação. As ondas ondeavam e palpitavam. Era ruidoso. Tão ruidoso que pressionou as mãos sobre os ouvidos enquanto forçosamente baixava o som. Cheirou a água salgada. Havia armazéns, desfocados, como se sua visão fosse imprecisa. O fedor do pescado era forte. Não tinha nem idéia de onde estava, mas os armazéns se faziam menores como se estivesse se afastando deles. Revolveu seu estômago. Lily apertou a beira de sua cadeira em busca de apoio, suas pernas pareciam de borracha. Havia movimento, estavam se afastando da beira. Cheirou sangue. E algo mais. Algo familiar. O coração quase deixou de pulsar, depois começou a palpitar alarmado. Papai? Não podia ser. O que estava fazendo ele em um bote sobre o oceano? Se nunca usava bote. Peter Whitney não tinha autênticos poderes telepáticos, mas tinha experimentado com Lily durante anos e algumas vezes tinham conseguido uma débil conexão. Lily alcançou freneticamente a almofada de seu pai, apertando-a entre as mãos para concentrar-se melhor nele. Papai, onde está? Estava em perigo, Sentia as vibrações a seu redor, sentia a violência no ar. Estava ferido.
A cabeça dela, a dele, martelava por causa da terrível ferida. Podia sentir a dor rasgando seu próprio corpo, o corpo dele. Lily respirou profundamente, tentando o alcançar avançando além da dor e surpresa, tentando chegar até ele. Onde está? Preciso te encontrar para poder enviar ajuda. Pode me ouvir? Lily? A voz de seu pai era tão débil, quase diminuta, como se estivesse desmaiando. É muito tarde para isso. Mataram-me. Já perdi muito sangue, me escute Lily, agora depende de você. Tem que fazer o correto. Conto contigo para que faça o correto. Podia sentir seu medo, sua grande determinação apesar da debilidade. Fosse lá o que tentava comunicar era da máxima importância para ele. Lutou por reprimir o pânico e sua necessidade de gritar pedindo ajuda. Lutou por reprimir sua reação de filha e estender todo o poder de sua mente para permanecer em contato me diga que quer que faça, e o farei. Há uma habitação, um laboratório que ninguém conhece. A informação está ali, tudo o que necessita. Faz o correto, Lily. Papai, onde? No Donovan ou aqui? Onde deveria procurar? Tem que encontrá-lo. Tem que se livrar de todos os discos, o disco rígido, toda minha investigação, não permita que encontrem. Nunca devem repetir o experimento. Está tudo ali, Lily. É minha culpa, mas você tem que fazer o correto por mim. Não confie em ninguém, nem sequer em nossa gente. Alguém da casa descobriu o que estava fazendo. Traíram-me. Em nossa casa? Lily estava horrorizada. Sua gente tinha estado com eles desde que era uma menina pequena. Há um traidor em nossa casa? Tomou outro profundo fôlego, arrastando ar a seus pulmões para centrar-se. Papai, diga onde está, não posso ver nada que valha a pena, me deixe enviar ajuda. Os homens estão prisioneiros. Terá que libertá-los. O Capitão Miller e os outros, tira-os dali, Lily. Sinto muito, pequena. Sinto muito. Deveria te haver contado o que fazia desde o começo, mas estava tão envergonhado. Pensava que ao final os resultados sempre justificavam o experimento, mas não tinha você, Lily. Recorda isso, não me odeie. Recorda que não tinha uma família antes que você chegasse. Quero-te, Lily. Encontra às outras e faz o correto, as ajude. O corpo de Lily se sacudiu quando sentiu que seu pai se arrastava pela coberta. Compreendeu que quem quer que o esteja arrastando acreditava que estava inconsciente. Captou um breve vislumbre de um sapato, um punho e um relógio, depois nada absolutamente. Papai! Quem é esse? Quem está te fazendo mal? Lançou a mão como se pudesse o reter ali, o sujeitar. Deter o inevitável. Fez-se o silêncio. Estava conectada: balançada enquanto o bote de balançava, cheirava o ar do mar e sentia a dor retorcendo o corpo de seu pai. Porém, seu sangue tinha ficado sobre a coberta do bote e com ele, a maior parte de sua força. Só ficava uma pequena piscada de vida. Tinha que alcançar as palavras, as imagens em sua mente, para comunicar-se com ela. Donovan. Lily, parte agora. Não pode ficar comigo. Desvanecia-se com rapidez. Lily não podia suportar o deixar partir. Não! Não o deixaria morrer sozinho. Não podia. Sentia a queimadura das cordas em seus pulsos, nos próprios. Ele teve que fechar os olhos. Lily nunca viu a cara do assassino. Mas sentiu o golpe da amurada, a queda livre, o mergulho na água gelada. Rompe a conexão! A ordem foi um rugido. Uma forte diretriz emitida por um homem
poderoso. A voz masculina era tão forte, tão autoritária, que realmente a separou da cena do assassinato de seu pai e a deixou indecisa e só, em meio da biblioteca de sua casa, balançando-se atrás e adiante, um baixo e agudo gemido de pena escapou de sua garganta. Lily obrigou sua mente a recuperar o controle, eliminando todo pânico enquanto se estendia em busca de seu pai. Havia um vazio completo. Um vazio negro. Cambaleou até a chaminé, ajoelhando-se, vomitou no cubo de latão das cinzas. Seu pai estava morto. Jogado, como lixo, no oceano, ainda vivo, arrojado às geladas águas. O que queria dizer que Donovan era responsável? Donovan não era uma pessoa, era uma corporação. Balançou-se atrás e adiante, abraçando-se a si mesma, procurando algum tipo de consolo. Não podia salvar a seu pai, sabia no fundo de seu coração que já estava perdido para ela. Podia ouvir a si mesma chorar, a dor era tão profunda que mal podia suportá-la. Seu instinto foi correr para John Brimslow e Rosa em busca de consolo. Mas não se moveu. Continuou ajoelhada ali junto ao fogo, balançando-se, as lágrimas rodando por sua cara. Lily nunca havia se sentido tão só em toda sua vida. Tinha um dom, mas não tinha sido capaz de salvar a seu próprio pai. Se somente tivesse permitido que o contato se estabelecesse antes. Esteve muito ocupada protegendo a si mesma. Ele tinha sofrido tanta dor, mas suportou e forçou à conexão. Não tinha autêntico talento, mas conseguiu para obter o quase impossível, desejando que lhe prometesse fazer o correto. Sentia-se fria, vazia e assustada. E sozinha. A calidez alagou primeiro sua mente. Uma corrente firme, empurrando através de sua culpa e angústia, moveu-se através de seu corpo, envolvendo ao redor de seu coração. Levou uns minutos reconhecer que não estava sozinha. Algo, alguém, tinha conseguido atravessar as grossas paredes protetoras de sua casa e, em seu estado vulnerável de pena, tinha entrado em sua mente. O toque era poderoso, mais forte que já conheceu, e puramente masculino. E sabia quem era. O Capitão Ryland Miller. Reconheceria seu toque em qualquer parte. Queria deixar-se consolar, aceitar o que estava oferecendo, mas ele tinha odiado a seu pai. Culpava-o pelo encarceramento e morte de seus homens. Era um homem perigoso. Teria algo que ver com o assassinato de seu pai? Lily rompeu a conexão, limpando as lágrimas do rosto, fechando sua mente de repente, escorando a resistência de seus muros tão rapidamente como pôde. Não tinha sido seu pai quem tinha ordenado afastar-se em tom tão dominante. Alguém mais tinha compartilhado o vínculo. Alguém mais tinha ouvido cada palavra que seu pai tinha sussurrado em sua mente. Esse alguém tinha sido o bastante forte para cortar uma conexão que ela tinha mantido, provavelmente salvando-a no processo, já que não tinha uma âncora para sujeitá-la enquanto seu pai morria no mar gelado. Ryland Miller, o mesmo homem que a tinha alagado de calidez e consolo. O prisioneiro apanhado em uma jaula profundamente escondido nos laboratórios Donovan. Deveria ter reconhecido sua voz no momento. Sua arrogante voz exigente. E deveria tê-lo notado no momento em que se intrometeu em sua conexão com seu pai. Até que averiguasse mais sobre o que estava passando, não permitiria contatos telepáticos com ninguém. Sequer com alguém que salvou sua vida. Especialmente não com o Ryland Miller, que tinha seus próprios planos e culpava a seu pai da presente circunstância. Lily estremeceu e pressionou uma mão sobre seu dolorido coração. Tinha que utilizar o cérebro e figurá-lo para o que estava ocorrendo e quem era o responsável pelo assassinato de seu pai. Sua pena era tão
grande que mal podia pensar a causa da dor, mas isso não a ajudaria. A ferida aberta e horrenda devia ser deixada a um lado para dar a seu cérebro espaço para manobrar. Não queria recordar o último intercâmbio acalorado entre seu pai e Ryland Miller, mas era impossível ignorar. Não foi agradável. O Capitão Miller não ameaçou exatamente Peter Whitney, mas ele não tinha que expressá-lo com palavras. Exsudava poder e sua atitude por si era uma ameaça. Resultava óbvio que seu pai queria libertar Miller, mas simplesmente ela não tinha suficiente informação para julgar quem era seu inimigo. O coronel obviamente esteve em desacordo em qualquer que fosse o segredo guardado nos laboratórios Donovan. Resolutamente Lily recostou para trás e olhou fixamente às chamas. Não podia confiar em ninguém da casa ou do trabalho, o que significava que não podia admitir saber da morte de seu pai. Nunca tinha sido muito boa como atriz, mas tinha que se esforçar para atuar um pouco enquanto mantinha a promessa feita ao seu pai. Não tinha provas de que alguém no Donovan fosse culpado. A polícia não acreditaria que teve uma experiência psíquica na qual se conectou com seu pai enquanto este morria. Quais eram suas opções? Ficar em pé foi difícil. Sentia-se como se um grande peso a esmagasse e suas pernas estavam trementes. Tinha que limpar o cubo das cinzas. Não podia haver evidência de que algo incomum tivesse ocorrido. Caminhou até o banheiro mais próximo, agradecendo que houvesse tão poucas pessoas em sua enorme casa. Quem poderia ser o traidor sobre o que seu pai a tinha advertido? Rosa? Querida Rosa? Não podia recordar um tempo em que Rosa não estivesse em sua vida. Sempre ali para consolar, conversar, conversar sobre todas as coisas que uma jovenzinha quisesse falar. Lily nunca sentiu falta da uma mãe porque Rosa sempre esteve ali para ela. Rosa vivia e trabalhava na casa, era completamente dedicada ao Peter e Lily Whitney. Não podia ser Rosa. Lily descartou a possibilidade imediatamente. John Brimslow? Esteve com Peter Whitney inclusive antes que Rosa. Seu trabalho oficial era de chofer, mas só porque insistiu na boina de prato e queria poder tirar os carros e ocupar-se deles enquanto se ocupava também do imóvel. Vivia e trabalhava ali no imóvel Whitney e tinha sido o mais próximo a uma família e um amigo que Peter tivesse além do Lily. A única outra pessoa que residia permanentemente na casa era Arly Baker. Arly tinha uns cinqüenta anos, um homem alto e magro de cabeça arredondada e óculos grossos. Um autêntico cérebro, um sabichão, como orgulhosamente se referia a si mesmo. Mantinha o imóvel em dia ocupando-se em todo tipo de inventos e aparelhos conhecidos pelo homem. Era responsável pela segurança e a eletrônica. Tinha sido o melhor amigo de Lily e seu confidente enquanto crescia, o único que tinha a disposição para discutir cada idéia importante que teve. Tinha lhe ensinado a separar as coisas e depois voltar às unir e a tinha ajudado a reconstruir seu primeiro computador. Arly era mais bem um tio, ou um irmão. Família. Não era possível que fosse Arly. Lily passou as mãos pelo espesso arbusto de cabelo cor marta, fazendo que as presilhas se pulverizassem em todas as direções. Caíram sobre os brilhantes azulejos ficando a seu redor. Lily conteve outro soluço. Tinha o velho Heath, com setenta anos mais ou menos, ainda a cargo dos terrenos, vivendo em sua própria casinha no interior do bosque depois da casa principal. Viveu na propriedade toda a vida, tinha nasceu, se criou ali e se fez cargo das tarefas de seu pai. Era totalmente leal à família e o imóvel.
—Odeio isto Papai — Sussurrou — Odeio tudo isto. Agora tenho que suspeitar que as pessoas a quem amo me estejam traindo. Não tem nenhum sentido — Pela primeira vez desejou poder ler às pessoas da casa. Tentaria, mas em todos os anos que estavam juntos, nunca o tinha feito. Seu pai tinha sido muito cuidadoso ao escolhê-los buscando sua segurança, seu benefício. Assim, poderia viver uma vida tão normal como possível. Devolveu o cubo de cinzas à chaminé, colocando-o várias vezes para assegurar-se de que o punha no lugar correto. Sabia que se comportava como uma paranóica. A quem importaria se tinha movido o cubo três centímetros a um lado ou outro? Estava fazendo coisas corriqueiras para manter sua mente enfocada e ocupada para não gritar e chorar sua pena. O que havia dito seu pai? Queria que lhe prometesse que faria o correto. Que demônios era isso? Tinha sido tão importante para ele, mas não tinha nem idéia do que queria dizer. O que se supunha que tinha que fazer? E o que esteve fazendo ele em seu laboratório privado? E o último desejo do Peter foi que liberasse o Ryland Miller e seus homens. E que demônios queria dizer com encontrar às outras? Que outras? — Lily? — John Brimslow abriu a porta e apareceu a cabeça dentro — Chamei seu pai várias vezes, mas não responde. Rosa tentou na Donovan. Assinou a saída para última hora da tarde. — Havia uma nota preocupada em sua voz — Havia alguma arrecadação de fundos ou algum outro lugar onde seu pai pudesse estar dando um discurso? Lily forçou um cenho pensativo, embora queria estalar de novo em lágrimas e lançar-se a seus braços em busca de consolo. Não se atrevia a olhar diretamente aos olhos. Conhecia-a muito bem. Inclusive com a pobre iluminação, notaria sua cara marcada de lágrimas. Sacudiu a cabeça. — Supunha-se que me encontraria no Antonio's para jantar. Esperei mais de uma hora, mas não se apresentou. Deixei a mensagem habitual ao Antonio se por acaso aparecia, que me rendi e vim a casa, mas nada mais. Disseram se saiu com alguém? Possivelmente saiu para jantar com alguém do laboratório. — Não acredito que Rosa perguntasse isso. — Verificou sua agenda no escritório? — Doía-lhe a garganta, rouca e dolorida. John resmungou. — Por favor, Lily, ninguém pode encontrar nada no escritório de seu pai e se o fizéssemos, não teria muito sentido. Estaria nesse estranho código de taquigrafia com que escreve. Você é a única que pode entender algo. — Irei ver, John. Provavelmente voltou para os laboratórios e simplesmente não se registrou. Chamem a recepção e perguntem se voltou a assinar — sentiu-se orgulhosa de si mesma por soar tão prática. Tão controlada. Não realmente preocupada, a não ser ligeiramente divertida ante as contínuas distrações de seu pai. — E se não, pergunta se saiu com alguém. E poderia fazer que comprovassem se estava com esse ridículo carro que insiste em conduzir. Profundamente em seu interior, ouvia um pranto e sabia que era sua própria voz. O som era aterrador por sua intensidade e não tinha nem idéia de como fazia para estar conversando com o John com tanta naturalidade. Por um momento sentiu a calidez alagando-a de novo. Rodeando-a, acariciando-a. Não havia palavras, mas a sensação era forte. Unidade. Consolo. Suas emoções eram muito fortes e se
resvalavam apesar dos amparos. Enquanto se aproximava da soleira da porta e ao chofer, Lily enroscou deliberadamente o pé no principesco tapete oriental que havia no chão e cambaleou. Agarrou-se à jaqueta do John Brimslow para salvar-se, caindo com força contra ele fazendo que ambos se sacudissem. John a estabilizou, ajudando-a a voltar a ficar em pé. Lily desejava um fluxo de informação para poder estar absolutamente segura de que John era inocente e ter assim um aliado, mas não houve nada absolutamente. A mente do John estava, como sempre inclusive embora tentou lhe ler, protegido contra a intrusão da sua. — Está bem, Lily? — Só estou cansada. Já sabe quão torpe posso ser quando estou cansada. Ou isso ou o tapete oriental de Papai terá que se ir. — Por muito que tentasse, não podia forçar um sorriso. Não queria pensar que John pudesse ter traído ao seu pai. Não queria acreditar que seu pai estivesse no fundo do oceano. A única coisa que lhe permitiu caminhar para o escritório de seu pai foi a calidez que se propagava dentro dela. Ajuda do mesmo desconhecido que podia ter desejado ver morto ao seu pai. Sentou-se diante do escritório de seu pai e estudou fixamente a multidão de papéis e o montão de livros sem vê-los realmente. Aferrava-se a calidez e a coragem que alagava seu corpo procedente dessa inesperada e indesejada fonte. Ryland Miller. Era ele seu inimigo? Se não se protegesse a si mesma tão cuidadosamente, poderia ter averiguado antes que seu pai estava em perigo. Quem quer que planejasse matá-lo tinha que ter estado nessa habitação. Quem quer que o tivesse traído vivia em sua casa. Ryland Miller se deixou cair pesadamente na única cadeira decente que lhe tinham proporcionado. A dor de Lily Whitney o afligia, pesando como uma pedra no meio do peito que apenas o deixava respirar, sua dor era uma faca que atravessava seu coração. Sentiu o suor umedecer sua pele. Como ele, Lily era um realçador, amplificando emoções já o suficientemente poderosas para levantar ondas de energia entre eles. Entre eles as emoções eram quase incontroláveis. Peter Whitney tinha sido sua única esperança. Não tinha acreditado no homem, mas Ryland tinha trabalhado no cientista, empurrando sua mente para convencê-lo em ajudar Ryland a traçar um plano de fuga. Requereu uma tremenda concentração e grande quantidade de sobrecarga conectar todos os homens telepaticamente para que pudessem falar em meio da noite. Agora estavam esperando por ele, esperando que fosse capaz de liberar Lily da terrível pena e culpa. Admirava-a pela forma em que estava tentando agüentar a morte de seu pai. Como poderia não fazê-lo? Não sabia para quem se voltar, em quem confiar, mas sentia sua profunda resolução. Lily. Ryland sacudiu a cabeça. Precisava chegar a ela mais do que necessitava qualquer outra coisa. Queria reconfortá-la, encontrar uma forma de aliviar sua dor, mas estava apanhado em uma jaula com uma equipe esperando seu plano. Com um suspiro, fechou os olhos, centrou-se em si mesmo, e emitiu a primeira mensagem. Kaden, você irá com o primeiro grupo. Teremos que sair todos de primeira ou dobrarão a segurança. Todos devem estar preparados. Ocuparei-me dos computadores e fechamentos eletrônicos. Posso manipular esses...
Capítulo 3 Lily sorriu ausentemente aos guardas como era habitual enquanto atravessava o espaço entre os detectores de metais. Tinha passado pela mesma rotina tantas vezes que por volta de anos tinha deixado de pensar nisso. Agora tudo tinha mudado. O enorme recinto com suas grades altas eletrificadas e bobinas de arame de puas, a multidão de guardas e cães, as filas de feios edifícios de cimento com seus labirintos de habitações subterrâneas, este tinha sido seu segundo lar a maior parte de sua vida. Nunca tinha pensado muito nas medidas de segurança somente parecia rotina. Agora era consciente a cada momento de que alguém tinha assassinado ao seu pai. Alguém com o
qual provavelmente falava a cada dia. Lily percorreu o estreito corredor, levantando uma mão a forma de saudação, sobressaltando-se interiormente quando os guardas armados se apressaram para ela. Meio esperava que a agarrassem e arrastassem até as jaulas subterrâneas. Conteve o fôlego enquanto passavam e a cumprimentavam, quase sem olhá-la. No segundo elevador teclou o código de dez dígitos. As portas se abriram e entrou. O elevador deslizou silenciosamente até os pisos inferiores profundamente ocultos sob a terra. Este era seu mundo, os laboratórios e computadores, os aventais brancos e as equações intermináveis. A rígida segurança, as câmeras, códigos e chaves. Sua vida. Seu mundo, o único que tinha conhecido. Onde antes as rígidas rotinas sempre a tinham reconfortado, agora era muito consciente de estar sendo vigiada. Os laboratórios Donovan foram construídos no sul de São Francisco. O imenso complexo era decepcionantemente inocente à vista com tantos edifícios dentro da alta grade. A maior parte dos laboratórios estava em realidade localizado clandestinamente e altamente guardado. Inclusive quando ia de um departamento a outro, a segurança estava sempre presente. Apesar de seu desejo de permanecer calma, o coração palpitava alarmantemente. Estava entrando totalmente em um jogo de gato e rato com o assassino de seu pai. E ia ver outra vez Ryland Miller. A idéia era quase tão inquietante como voltar para os laboratórios. Não havia forma alguma de ignorar a atração entre eles... via-se intensificada por cada pensamento, cada movimento. Inclinou-se sobre o escaner de retina, encaixando o olho na lente para as pesadas portas que conduziam aos domínios de seu pai. Enquanto entrava no interior do laboratório, agarrou um avental branco de um cabide na parede, abotoando sem perder o passo. Alguém a chamou por seu nome e saudou com a mão como era obrigado, ainda movendo-se rapidamente. — Doutora Whitney? — Um dos técnicos deteve seu decidido avanço. Lily lhe olhou, mantendo sua expressão cuidadosamente em branco.As de onda de simpatia quase a afligiram. — Lamentos tanto, estamos muito preocupados com seu pai. Esperamos que o encontrem muito em breve, soube algo de seu desaparecimento? Lily sacudiu a cabeça. — Nada absolutamente. Se alguém o seqüestrou por dinheiro, não pediram um resgate. O FBI acredita que logo exigirão dinheiro. Não houve nada absolutamente, só silêncio — Estudava cada emoção que procedia do homem. Não era possível que este homem estivesse envolvido no assassinato de seu pai. Estava genuinamente preocupado pela forma em que seu chefe simplesmente se desvaneceu. Gostava e respeitava Peter Whitney. Lily sorriu. — Muito obrigado por sua preocupação. Sei que todo mundo lamenta sua perda. Agora mesmo Lily não podia pensar em seu pai e no muito que sentia sua falta. Não pensaria que estava sozinha e atemorizada. Não podia falar, não se atrevia. Suas emoções eram cruas, muito perto da superfície. Tinha esperado toda a semana, rasgada entre a impaciência e um medo terrível, para solicitar ao presidente da corporação tomar o controle do trabalho de seu pai. Não se tinha atrevido a mostrar-se muito ansiosa e tinha permanecido encerrada em sua casa, ruminando sua perda, angustiando-se em privado, longe inclusive daqueles que chamava família, tudo enquanto planejava cuidadosamente cada um de seus movimentos para encontrar ao
assassino de seu pai. Tinha procurado um laboratório oculto em sua enorme casa, mas havia tantas habitações, ocultas e não ocultas, que parecia uma tarefa impossível. Havia passadiços secretos que conduziam clandestinamente e acima aos apartamentos de cobertura. Tinha revisado meticulosamente as heliografias e planos, mas em vão.Estava longe de encontrar o mundo secreto de seu pai, e esperava que tivesse deixado alguma pista de seu paradeiro em seu escritório no Donovan. Lily percorreu rapidamente as filas de tubos de ensaio e queimadores, atravessando duas habitações repletas de computadores para deter-se em outra habitação. Firmemente pressionou a palma e a gema dos dedos no escaner de traços e se inclinou para pronunciar sua contra-senha, esperando a que um computador invisível analisasse a combinação de seus padrões de voz e mão para verificar sua identidade. Pesada porta se abriu e entrou em outro complexo muito maior. O laboratório tinha um sistema de iluminação apagado, convertendo o mundo em um ambiente tranqüilo e comedido. Estava cheio de plantas e cascatas que gotejavam. O som da água se acrescentava à atmosfera tranqüila que se mantinha todo o tempo no laboratório. De fundo o contínuo ruído do oceano soava em uma fita, ondas estrelando-se e retirando-se contra a borda, acrescentando-se ao consolador ambiente do laboratório. — Como passou a noite? —Perguntou Lily para saudar o técnico de laboratório moreno, que tinha se voltado em sua cadeira quando ela entrou. Conhecia Roger Talbot, o assistente de seu pai, desde há cinco anos. Sempre tinha gostado e respeitado. — Nada bem, Doutora Whitney; outra vez não dormiu. Segue passeando daqui para lá como um animal selvagem. O nível de agressividade e agitação se foi elevando dia a dia durante esta última semana, perguntou por você repetidamente e cessou toda cooperação nas provas. Seu passear me está voltando louco. Lily o imobilizou com um agudo olhar. — Pelo que tenho lido nos informe, sua audição é extremamente aguda, Roger duvido que lhe importe muito sua admissão. Embora não é você o que está preso, verdade? — Sua voz foi baixa, mas carregava um látego de reprimenda. — Sinto muito — Roger se desculpou imediatamente — Tem razão. Não há desculpa para ser tão pouco profissional. Estou deixando que o coronel me afete. O Coronel Higgens esteve extremamente difícil. Sem seu pai ao redor para proporcionar um pouco de amortecimento, estamos todos... — Verei o que posso fazer para o manter longe daqui um tempo — Serenou ela. — Sobre seu pai... — Roger se interrompeu quando ela continuou o olhando. — Deve ser difícil para você — Tentou de novo. Lily estava monitorando suas emoções como fez com o outro técnico. Roger não tinha nem idéia de como podia ter desaparecido seu pai e desejava desesperadamente que seu chefe voltasse. Inclinou o queixo. — Sim, é difícil não saber o que lhe ocorreu. Tome uma pausa, Roger, ganhaste isso. Ficarei aqui um momento. Avisarei quando for. Roger percorreu a habitação com o olhar como se fosse possível que não estivessem sozinhos. Baixou a voz.
— Ele se está fazendo mais forte Doutora Whitney. Ela seguiu seu olhar para o outro lado do laboratório, esperando um batimento de coração, sua mente assimilando a informação. — Por que tem a impressão de que se faz mais forte? Roger esfregou as têmporas. — Simplesmente sei, fica muito quieto quando não está andando; senta-se aí, perfeitamente imóvel, concentrando-se. Os computadores se voltam loucos, saltam os alarmes, todo mundo sobe pelas paredes, mas não é um duende. Sei que é ele. E acredito que possa ser capaz de falar com outros — inclinou-se mais perto ainda — Não só deixou de cooperar com as provas, mas todos outros também o têm feito, supunha-se que não eram capazes de comunicar-se com o cristal grosso e tudo isso, mas é como se tivessem um cérebro coletivo ou algo assim. Nenhum deles está cooperando. — Estão totalmente isolados uns dos outros — Sua mão voou à garganta, seu único sinal de agitação — Esteve aqui encerrado com ele muito tempo. Meu pai te escolheu porque sempre mantém a calma, mas está deixando que os rumores o assustem. — Possivelmente, mas ele está mudando, e não gosto da sensação. Seu pai falta há mais de uma semana Doutora Whitney, e, o Capitão Miller está diferente. Verá o que quero dizer quando o vir. Quando estou junto a ele, sinto-o invencível. Temo deixá-la só com ele. Possivelmente os guardas deveriam estar aqui dentro do laboratório com você. — Isso só o agitaria mais, e sabe que o necessitamos tranqüilo. Quanto mais gente a seu redor, pior fica. Foi treinado nas Forças Especiais, Roger, diria que sempre confiou em si mesmo — Lily esfregou a gema do polegar sobre o lábio inferior — Estou perfeitamente a salvo com ele — Inclusive enquanto o dizia, um estremecimento de medo se arrastou por sua espinha dorsal. Não estava segura de que fosse verdade, mas arrumou para parecer serena, despreocupada. Roger assentiu, reconhecendo a derrota. Recolheu seu casaco, duvidando ante a porta com uma advertência mais. — Peça ajuda se a necessitar, Doutora Whitney. Ela assentiu. — Farei, Roger, obrigado — Lily olhou fixamente a porta fechada durante um minuto completo, permitindo que o fôlego percorresse lentamente seus pulmões, para permitir que a paz da habitação entrasse por seus poros. Todo o laboratório estava sem som, livre de qualquer ruído do exterior, passou a mão pelo rosto e tomou outro profundo fôlego antes de girar resolutamente para a habitação no lado mais afastado do laboratório. O Capitão Ryland Miller estava esperando por ela, passeando daqui para lá como um tigre enjaulado. Sabia que estaria. Soube o momento que ela entrava no complexo. Seus olhos cinza eram turbulentos, furiosos, nuvens tormentosas traíam a violenta emoção que formava redemoinhos sob sua máscara inexpressiva. A força de seu olhar penetrou diretamente atravessando seu corpo até seu coração, mediram um ao outro através do grosso cristal da jaula. O cabelo escuro estava despenteado por haver passado as mãos por ele, mas lhe roubava o fôlego. Ele sabia como a afetava, e utilizava o conhecimento desavergonhadamente. Abre-a. As palavras brilharam tênue em sua mente, sua habilidade para utilizar a telepatia crescia mais forte com cada uso.
O coração começou a palpitar. Obedientemente pressionou a seqüência requerida de botões para ativar o mecanismo. Pesada metade do vidro se deslizou a um lado para deixá-la o olhando fixamente através das grossas grades. Moveu-se com a velocidade de um relâmpago. Isso a surpreendeu, quão rápido era. Tinha pensado que estava a salvo fora de seu alcance, mas a agarrou pelo punho e atirou ela contra as grades. — Deixou-me aqui só como um rato enjaulado — Exclamou ele, com a boca pressionada perto de seu ouvido. Lily não resistiu. — Dificilmente um rato, mais como um tigre de Rojão de luzes. Mas o coração derreteu ante a palavra "só". A idéia dele sozinho em sua jaula de vidro rompia seu coração. Quando continuou olhando-a fixamente suspirou brandamente. — Sabia que não podia voltar aqui sem um convite oficial. Recebi-o esta manhã. Se tivesse tentado antes, teriam suspeitado. Tinham que me pedir isso. Assegurei-me de não mostrar nenhum interesse absolutamente, e não finja que não sabe por que — Elevou a voz, só o suficiente para que chegasse aos gravadores — Estou segura de que deve ter ouvido que meu pai desapareceu. O FBI suspeita jogo sujo. Eu mesma me ocuparei de todos seus projetos e do trabalho aqui e também em casa, temo que meu tempo é ouro. — Deliberadamente levantou o olhar para a câmera para lhe recordar que não estavam sozinhos. — Crê que não sei que estão aí? — Ele vaiou as palavras, a fúria bulia no profundo timbre de sua voz. — Acredita que não sei que me observam comer, dormir e urinar? Deveria ter vindo aqui imediatamente. A sobrancelha dela se elevou. Era toda uma luta manter seu rosto inexpressivo. Seu olhar começou a arder. — Tem sorte que tenha ao menos vindo, Capitão Miller — Fez um supremo esforço por manter a voz suave, apesar de que realmente queria era empreendê-la a golpes com ele — Sabe que meu pai desapareceu. — Baixou a voz inclusive mais — Você está aqui conosco, verdade? Como se atreve a zangar-se comigo! — Por um terrível momento as lágrimas ameaçaram derramando-se e lutou por conte-las. A voz dele mudou completamente, caindo uma oitava para que sussurrasse em sua mente, entrelaçando-os como se estivessem unidos de algum modo. Não pode pensar que tive algo a ver com sua morte. A intimidade de seu tom roubava seu fôlego. Pior ainda, alagava-a de calidez e consolo. Seu polegar deixava uma pequena carícia ao longo do sensível pulso interno. Tentou de novo retirar o braço, um movimento reflexo, de auto-conservação. Os dedos dele se fecharam ao redor de seu pulso como um grilhão. Eram dedos quentes, enormemente fortes, mas ele era muito gentil. — Não lute, Lily, terá a cada guarda do complexo correndo para te salvar. — Havia um fio em sua voz como se não pudesse decidir se ria ante a idéia ou se zangava pela acusação na mente dela. Pode dar ordens à distância, fazer que um ser humano mate a outro? Negou-se a retirar o olhar dele, olhando diretamente aos olhos, lhe respondendo do mesmo modo, revise a mente. Pode fazê-
lo? Ryland não podia afastar o olhar do profundo azul desses olhos, um espelho que refletia sua própria alma. Não estava seguro se queria ver o que ela via. E não estava seguro de poder permitir que ela visse no que se converteu. Havia tanta raiva rugindo nele. A voz imaterial do guarda rangeu através do alto-falante. — Doutora Whitney, precisa de assistência? — Não, obrigado, estou perfeitamente bem. — Lily continuou olhando aos olhos do Ryland Miller, desafiando, acusando, vendo. Os dedos ainda rodeavam seu pulso como um grilhão, mas o polegar acariciava o pulso que pulsava rapidamente, consolando-a. Ele não dizia nada, somente continuava sustentando seu olhar. Diga-me, pode fazê-lo? Você em que crê? Estudou-o durante um longo momento, seu olhar penetrando além da máscara, vendo o predador rondando justo sob a superfície. Acredito que pode. Possivelmente. Possivelmente é possível se a pessoa já estiver cheia de malícia e é capaz de matar, se deseja matar, é possível que possa manipulá-los para que o façam. Senti que você não gostava dele. Acreditava que tinha te metido aqui, que era o responsável pela morte dos homens de sua unidade. Não vou negar isso, mentiria. Mas está me tocando, me leia, Lily. Tive algo que ver com a morte de seu pai? Os olhos azuis dela vagaram por seu rosto, voltando depois para seus brilhantes olhos cinza. E se supõem que devo acreditar que não pode me ocultar sua verdadeira natureza? Vejo somente o que você quer que veja. Não estou derramando lágrimas por sua morte, concederei isso, mas não ordenei a ninguém que o matasse. — Peter Whitney era meu pai e o queria. Eu choro por ele — E o fazia, profundamente em seu interior onde ninguém podia vê-lo, sentia-se sozinha. Abandonada. Vulnerável. O polegar dele acariciou de novo, fez que um calor enroscasse através dela, fazendo errático seu pulso. Teria sido uma bobagem matar ao único homem que podia salvar nossas vidas. Em voz alta murmurou brandamente. — Lamento sua perda, Lily, lamento por você — Sua outra mão se elevou para deslizar pelo cabelo dela, atrasando-se somente o suficiente para roubar o fôlego de seus pulmões. Deixoume sozinho. Não podia te consolar. Sentia-te, Lily, sua pena, mas não podia te consolar. Sabe que estive ali quando ocorreu, sabia a verdade. Nunca houve necessidade de cortar o contato comigo. Necessitava-me, e demônios, Lily, eu te necessitava. Deveria ter falado comigo. Entendo que precisasse te manter afastada, mas deveria ter falado comigo. Não queria reconhecer a implicação de suas palavras. Não necessitava mais complicações em sua vida. Não necessitava ou desejava Ryland Miller. Concentrou-se em recavar informação. Como estava ali conosco? Meu pai não tinha habilidade telepática, como pôde conectar com ele? Como pôde romper minha conexão com ele? Conectei através de você, é obvio. Seu desassossego era tão forte que me tocou, inclusive aqui nesta
prisão desenhada para evitar que toque outras mentes. Seu coração deu um tombo. Sua resposta sugeria uma conexão entre eles. Uma forte conexão. Lutou por entendê-lo. Lily o olhou fixamente durante um comprido momento, medindo seu caminho, tentando ver além de sua máscara até chegar ao homem que havia debaixo. Estudou-o criticamente. Não era particularmente alto, mas tinha amplos ombros e uma constituição musculosa. Seu cabelo era espesso e tão negro que resultava quase azul. Seus olhos frios como gelo, da cor do aço. Desumanos. Penetrantes. Olhos tão frios que ardiam. Sua mandíbula era forte, sua boca uma tentação esculpida. Movia-se com fluída graça, poder e coordenação, um indício de perigo. Para ela era pura magia, tinha sido do momento em que pousou seus olhos nele. E não confiava em algo tão instantâneo e tão forte. Quando o Coronel Higgens esteve aqui antes com meu pai, pôde lê-lo? Está envolvido na morte de meu pai? Cada músculo do corpo de Ryland se esticou sob a inspeção dela. Seu olhar era direto, avaliador, especulativo. Era tão Lily! Estar em sua cabeça dava a vantagem de conhecê-la muito mais intimamente. Seu cérebro processava informação a uma velocidade vertiginosa, mas quando se tratava de um assunto pessoal, era muito mais cautelosa, tomando seu tempo antes de decidirse por um curso de ação. Desejou esmagar esse cabelo de seda entre suas grandes mãos, enterrar seu rosto nas fragrantes mechas e inalá-la. Cheirava a fresco, como um leito de rosas. Seu cabelo reluzia sob as luzes, tão brilhante, inclusive com as luzes azuis, estava cativado. Higgens não mantinha em segredo sua aversão por seu pai. Não estavam de acordo em nada. Posso sentir suas emoções quando difunde cólera, mas nunca se aproxima o bastante para me tocar. E cuida de manter suas posses fora de meu alcance. Não detectei nenhum complô contra seu pai. Os olhos dela eram quase muito grandes para seu rosto, espessas pestanas e incrivelmente azuladas, inesperadas com seu cabelo escuro. E sua boca... Tinha passado muito tempo fantasiando com sua boca. Lily tomou um profundo fôlego e o deixou escapar lentamente. O olhar dele era inesperadamente ardente. Faminto. Devorador. E seus pensamentos se converteram de repente em fantasias eróticas. Tentou ignorá-lo, tentou não deixar que a afetasse. Seu olhar se dirigiu momentaneamente para as câmeras de vigilância. — Estou assumindo o controle da pesquisa. Terá que ser paciente. Não sou meu pai e tenho que voltar para trás para me pôr ao corrente. — Disse em benefício das câmeras, e os olhos onipresentes. — Vou às cegas. — Seu pulso estava esquentando onde o polegar dele a tinha acariciado. — Deixe de me olhar desse modo, isso não ajuda. — caminhou afastando-se da jaula e depois se voltou para o enfrentar quase resolutamente. Ryland observou com interesse como o olhava friamente. Tinha ficado aturdida durante um momento, mas rapidamente se recuperou, voltando para seu frio e fantasmagórico rol de princesa. Desejou sacudi-la de novo. — Não posso evitar o que sinto quando está ao redor — Baixou a voz, um rouco convite a ardente sexo e momentos selvagens. Lily piscou. A cor tingiu suas bochechas, mas sustentou seu olhar firmemente. Tinha que lhe conceder isso. Era valente. Avançou até as grades, aferrou-os com os dedos.
— Alguma vez te incomodou em se perguntar por que estamos tão conectados? Não é natural. Ryland estudou sua expressão durante um longo momento depois cobriu as mãos dela com as próprias. — Dá a sensação de ser natural. Sua voz tinha uma forma de sussurrar sobre a pele como o roçar de uns dedos. O estômago de Lily deu um tombo, seu coração estava fazendo algo curioso que não podia controlar. — Bom! Ninguém sente tanta atração física sem algum tipo de realçamento. — Como sabe? Inclinou o queixo para ele, seus olhos começaram a arder com uma advertência. — Bem? E você? Há sentido este tipo de conexão com alguma mulher que entre na mesma habitação que você? Esse olhar em seus olhos, o fazia desejar atirar-se sobre ela, mesmo através das grades. A urgência de beijá-la era tão forte que se inclinou para ela. Lily se afastou dele com súbito alarme. — Não! — Olhou de novo para a câmera. — Sabe que isto não é real. Pensa com o cérebro, não com outras partes de sua anatomia. Temos que averiguar tudo o que está passando, não só partes do quebra-cabeça. Ela tinha razão. A atração ia além de algo que tivesse experimentado. Beirava a obsessão. Seu corpo estava duro e dolorido e ele era inteligente. Entretanto, não parecia haver muita diferença. Do primeiro momento em que entrou na habitação, tinha virado presa dela. — Você o que acredita que é? — Não sei, mas vou averiguar. Meu pai atuou de forma estranha esse último dia, recorda? Pediu-me que viesse. Estava ocupada e falei que o faria outra tarde, mas ele insistiu, virtualmente me ordenou vir. — Elevou os dedos, fazendo gestos para que se aproximasse dela. Suas vozes eram muito baixas para ser ouvidas por alguém mais, e ambos estavam cuidando de manter os rostos longe das câmeras para que ninguém pudesse ler seus lábios, mas sua linguagem corporal podia trair facilmente. Ryland atendeu sua petição muito lentamente. Lily deu um passo atrás em um intento de permitir uma pausa a ambos. O contato pele contra pele servia para aprofundar a atração física, a química entre eles se enchia de eletricidade, faiscando fazendo que parecesse viva. — Não me contou nada sobre você ou o que estavam fazendo aqui. Entrei na habitação e te vi e... Fez-se um pequeno silêncio enquanto se olhavam. Em um estranho desdobramento de agitação ela passou a mão pelo cabelo. Sua mão tremia, e, ele instantaneamente desejou, necessitou, empurrá-la a seus braços e consolá-la. — A terra se moveu — Terminou ele tranqüilamente — Filho da puta. Lily esteve nos observando juntos. Esse maldito cientista de sangue-frio estava nos observando como dois insetos sob seu microscópio. Ela sacudiu a cabeça negando, mas Ryland pôde ver que estava processando a informação. Não podiam ser as duas coisas. Ou seu pai havia esperado que algo ocorresse entre eles quando entrasse na habitação, ou não. Ryland fechou os olhos momentaneamente contra o vislumbre da
crua dor nela. Era profundo e entristecedor. O que o havia possuído para fazer semelhante acusação? Ela tinha perdido a seu pai, não precisava averiguar quão bastardo era o tipo. Tinha-a esmagado com seu descuidado comentário. — Lily. — Pronunciou seu nome muito brandamente, o sussurro de uma carícia. Uma desculpa. Respirou, fazendo que soasse sensual. Conectando-os intimamente. — Pare! – Espetou, ela, em voz baixa. — Se isto não for real, se estamos sendo manipulados de algum modo em um experimento, temos que sabê-lo. — Possivelmente não seja isso. — Sugeriu Ryland, desejando que fosse real. — Eu te ancoro, isso é tudo. Provavelmente isso seja tudo. Somos diferentes e tenho algum tipo de magnetismo emocional e isso realça... — interrompeu-se, sua mente obviamente tentava encaixar mais peças do quebra-cabeça procurando uma explicação lógica. — Tem que ser isso, Capitão Miller... — Ryland — Interrompeu — Diga meu nome. Teve que tomar fôlego. Ele conseguia converter o mero feito de pronunciar seu nome em algo íntimo. — Ryland — Acrescentou. Como podia não fazê-lo? Sentia-se como se sempre o tivesse conhecido. Como se pertencessem um ao outro — Sentimo-nos atraídos e de algum modo seus dons especiais realçam o que estamos sentindo. Tem que ser isso. É a forma em que cheira. — Está tentando explicar nossa química explosiva chamando-o de realce de feromônio? Isso não tem preço, Lily — Ela inclusive podia fazê-lo rir em meio de tudo isto. Lily Whitney era uma mulher extraordinária e bastante inesperada. — Bem — Ela assinalou — os feromôneos podem lançar sujas armadilhas aos incautos. Ele sacudiu a cabeça. — Acredito que simplesmente nos sentimos atraídos um pelo outro, mas o deixaremos assim se isso te faz sentir melhor. — Seja qual for a razão, Capitão... — um breve sorriso iluminou seus olhos enquanto se corrigia a si mesma — Ryland creio que já temos suficiente sem isso. — Elevou a voz ao nível normal. — Tenho lido todos os informes de meu pai gerados para o coronel. Recebi cópias...mas, não há nenhum dado absolutamente sobre como meu pai conseguiu o que conseguiu. – Olhou-o muito firmemente. Ouviu o que ele me disse. Acreditava que era prisioneiro aqui. Não posso encontrar o laboratório de que falou antes que o assassinassem...Interrompeu-se por um momento, e ele sentiu o aperto nas vizinhanças de seu coração. Necessito a informação que contém nessa habitação se for te ajudar. — Realmente acredita poder encontrar uma forma de reverter o processo quando seu pai não pôde fazê-lo? — Tem que encontrá-la, Lily. Seja o que for que haja aí é importante para nós. Não sei se meus homens vão poder sobreviver lá fora. E se Higgens se sai com a sua alguns de nós estaremos acabados. Tenho o pressentimento de que sou o número um da lista. Lily girou afastando-se dele, temendo que a surpresa pudesse mostrar-se em sua cara. — Não sei se poderei revertê-lo, ou sequer se será necessário, mas considere isto: você e os outros sofreram terríveis efeitos secundários. É possível que um desses efeitos secundários seja a paranóia? — Lily o animou a atuar para a câmera. Se Higgens não podia ser convencido que ela era imparcial e que estava disposta a fazer o que quisesse o coronel, a possibilidade de ser
excluída seria muito real. Encontrarei a habitação, Ryland, mas temos que ganhar um pouco de tempo. Tem que cooperar com algo ou Higgens poderia fazer seu movimento antes que estejamos preparados. Certamente tem um contato no exército ao que eu possa acudir. Tinha o pressentimento de que Ryland poderia ter razão, de que Higgens queria seguir com o experimento e Ryland Miller se interpunha em seu caminho. Não tenho nem idéia em quem confiar. Confiava em Higgens. Ryland passeou por toda a longitude de sua jaula, como se sopesasse a questão, passou ambas as mãos pelos cabelos, atuando para a câmara. — Não tinha considerado isso. O Coronel Higgens sempre nos apoiou, mas quando nos encerrou e separou, senti-me como se... — Deliberadamente se interrompeu. — Como se o tivesse abandonado. Deixado sozinho. Isolado da cadeia de mando. Ryland assentiu. — Todas essas coisas — deixou-se cair pesadamente em uma cadeira e a avaliou com olhos brilhantes e o princípio de um sorriso em sua mente como se zombasse dela. Vocês os ricos não podem atuar melhor, verdade? Admirava a forma fria em que ela representava sua parte, a forma fria em que oferecia pistas e linhas. Com seu cérebro e pensamento rápido, encaixaria perfeitamente em sua equipe. Tem preconceitos contra o dinheiro? Realmente zombava dele. Só porque você tem muito, Isso te coloca completamente fora de meu alcance. Lily ignorou sua resposta, a única certa corda que podia fazer. — Acredito que a paranóia induzida pelo experimento é uma possibilidade que devemos considerar. Ele assentiu. — Quero ver meus homens. Quero saber que estão todos bem. — É um pedido razoável. Verei o que posso fazer. — Agora está tentando me pegar. Estou tentando te fazer rir. Sua pena pesa sobre mim como uma laje. Ryland pressionou uma mão sobre as têmporas. Lily se mostrou instantaneamente contrita. Ela havia sentido as partes de vidro em mais de uma ocasião quando não podia bloquear as emoções fortes. A comunicação telepática era difícil e seu uso prolongado categoricamente doloroso. Aproximou-se da jaula e uma vez mais agarrou as barras. — Sinto muito, Ryland, não posso fazer que a pena por meu pai desapareça. Estou-te fazendo mal, verdade? Seria mais fácil se levantasse a barricada de cristal para te proteger? — Não. — Ele esfregou as têmporas latentes uma última vez enquanto se levantava da cadeira, estirando-se enquanto o fazia, um preguiçoso ondear de músculos que ela não pôde evitar notar. —Estou bem. Passará. - Foi sem pressa até ela, tomando sua mão na dele. A sacudida golpeou a ambos como um relâmpago. Lily esperava ver faíscas voando. — Não vai desaparecer, verdade? Simplesmente nós... — interrompeu-se, incapaz de pensar com clareza com ele tão completamente concentrado nela. Durante o mais breve dos momentos seus dentes relampejaram para ela. — Encaixamos — Proporcionou a palavra — Nós encaixamos. Afastou sua mão para liberá-la. Ryland reteve sua posse, um brilho de diversão masculina
em seus olhos. Deliberadamente levou os nódulos a calidez de sua boca, brincando com a língua sobre eles e entre cada osso por separado. Estremeceu ante o sensual contato. O fogo se estendia e corria sobre sua pele nua cada vez que a língua brincava. Ele elevou a cabeça, seu olhar cruzando com a dela. Tudo em Lily se imobilizou; inclusive seu coração pareceu deixar de pulsar. A diversão nas profundidades de seus olhos tinha desaparecido, sendo substituída por pura posse. Brilhava ali a simples vista para que ela a visse. Um desafio. Uma promessa. O fôlego ficou preso na garganta. A câmera. Recordou, lutando por apartar a mão. Ele a sujeitou. — Qual é sua relação com o Roger? Lançou-lhe a pergunta, tomando-a completamente de surpresa ante o inesperado da mesma. Havia um fio em sua voz, seus olhos brilhavam com uma gelada ameaça. Piscou para ele. — Roger? Que Roger? — Roger, o técnico que ponho tão nervoso que quer aos guardas aqui dentro com suas armas — O mais minúsculo látego de desprezo se escondia em sua voz — Como se isso fosse o ajudar chegado o momento. — O que tem a ver Roger com algo? — Isso é o que estou perguntando. Está completamente louco? Estou tentando te ajudar. Há uma conspiração em grande escala e um assassino anda solto. Roger está completamente fora de questão. — Doutora Whitney? — A voz flutuou através do intercomunicador. — Necessita assistência? — Se necessitar assistência, tio, seria evidente — Espetou Ryland, levantando o olhar para a câmera, desafiando ao observador invisível a revelar a si mesmo. Roger é a questão. Está louco por ti. — Não preciso assistência, obrigado — Lily sorriu para a câmera enquanto apartava a mão do Ryland de um puxão. Acredito que estar nessa jaula finalmente te afetou. Concentrará no que é importante aqui? Isto é importante para mim. — Ryland — Ele não podia ver que a química entre eles tinha que ser artificial? Que estava realçada de algum modo, igual tinham sido as habilidades psíquicas dele? Podia sintonizar muito mais claramente ao redor dela. Obviamente ela era um amplificador. Sinto muito, sei que estou te incomodando, mas isto está piorando. Sinto-me como uma espécie de homem das cavernas, desejando te arrastar pelos cabelos ou algo assim. Honestamente, Lily, dói como o inferno. Simplesmente responde à maldita pergunta e me dê um pouco de tranqüilidade. Lily estudou sua cara. Tinha sofrido. Estava sofrendo. — Por que nada disto tem sentido para mim? — Perguntou brandamente, temendo a resposta. Seu mundo sempre esteve equilibrado, necessitava-o assim. Seu pai era um homem que a protegia do mundo exterior, mas ao mesmo tempo, dava muitas oportunidades de expandir sua mente e buscar conhecimento. Tinha aberto muitas portas. Tinha sido amável, considerado e amoroso. Sabia que Ryland Miller acreditava que seu pai o tinha traído e aos seus homens. Seu pai tinha conduzido um experimento sobre seres humanos e algo tinha ido terrivelmente mal. Ela tinha que averiguar exatamente o que e como tinha ocorrido. A atração entre ela e Ryland estava
ameaçando o bom sentido de ambos. Ela era uma pessoa prática, lógica e séria. Deixava facilmente a um lado a emoção quando se requeria. — Para mim tampouco tem sentido — Demônios, Lily, o ciúmes me estão comendo vivo. É horrendo e incômodo e não gosto muito dele mesmo. Roger é um bom homem, um amigo, mas nunca pousei meus olhos sobre ele fora deste edifício. Nem tenho intenção de fazê-lo. Ryland pressionou a frente contra as grades da jaula, tomando um profundo fôlego para reafirmar seus intestinos revoltos. Havia diminutas gotas de suor sobre sua pele. — Que demônios me está ocorrendo? Sabe? Lily sacudiu a cabeça, sentia comichão nos dedos ante o desejo de afastar os cachos revoltosos que caíam sobre a frente dele. — Averiguarei, Ryland. Tinha te ocorrido alguma vez isto ou a algum dos homens? Ele elevou a cabeça e a olhou e havia uma mescla de turbulência, fúria e desespero. — Kaden é capaz de arrastar as mais furiosas e mais violentas emoções longe do resto de nós para que possamos lhes fazer frente melhor. Acredito que é como você em certa forma. Quando saíamos de patrulha e estava conosco, as coisas ocorriam como a seda e todos os detalhes se voltavam mais claros. Tínhamos mais poder de projeção. Ao menos três dos outros são como ele em diversos graus. Intentávamos manter a um deles com outros todo o tempo no campo de batalha quando estávamos trabalhando. — E o homem que morreu recentemente no treinamento? Ryland sacudiu a cabeça. — Estava sozinho e se meteu entre pessoas equivocadas. Quando chegamos até ele era muito tarde, sua mente tinha desaparecido. Não pôde dirigir a sobrecarga de ruído. Não pudemos silenciá-lo, Lily. Você pode? Sabia que não estava pedindo para si mesmo. Conhecia sua preocupação por seus homens e o admirava por isso. Podia sentir o peso da pesada responsabilidade que quase o esmagava. Com o passar dos anos aprendi a levantar barreiras. Vivo em um ambiente muito controlado. Isso me permite descansar o cérebro e me preparar para o bombardeio do dia seguinte. Acredito que você e os outros poderiam aprender a construir barreiras. Quem te ensinou? Lily encolheu de ombros. Não podia recordar um tempo em que não se protegeu a si mesma. Tinha aprendido a tenra idade. Acredito que por causa de que nasci com isso, minha mente começou a procurar formas de fazer frente. Você não experimentou há tanto tempo. Seu cérebro se viu exposto muito rápido. Não pode agüentá-lo e te proporcionar as barreiras que necessita. — A menos que as barreiras desapareçam por bem. - Disse-o sombriamente, sem preocupar-se com as câmeras. Sentiu o súbito desejo de derrubar as grades, rasgar algo. Tinha que encontrar uma forma de salvar a seus homens. Eram bons homens, cada um deles, dedicados e leais, homens que se sacrificaram por seu país. Homens que tinham acreditado nele e o tinham seguido — Demônios, Lily. Puro pesar brilhou tênue através da tormenta de seus olhos e quase rompeu ao coração de Lily. — Examinarei as fitas de treinamento esta noite. Averiguarei como vai isto, Ryland —
Tranqüilizou-o — Encontrarei a informação que necessitamos para ajudar aos outros. Somente tem que me dar um pouco de tempo. — Honestamente não sei de quanto tempo dispõem meus homens, Lily. Qualquer deles pode vir abaixo. Se perder a algum...Não o vê? Eles acreditaram em mim e me seguiram. Puseram sua fé e confiança em mim e os conduzi a uma armadilha. Ela podia sentir as partes de cristal agora, cortando e perfurando sua própria cabeça. Ele era um homem de ação e o tinham encerrado em uma jaula. Sua frustração e pena a esgotavam. — Ryland, me olhe — Tocou-o, deslizando a mão através das grades para enroscar os dedos ao redor dos dele — Encontrarei as respostas. Confia em mim.Não importa como, encontrarei uma forma de te ajudar e a seus homens. Durante um breve momento a olhou aos olhos, procurando, lendo sua mente, sabendo o que lhe custava abrir-se a si mesma ainda mais a ele. Assentiu, acreditando-a. — Obrigado Lily.
Capítulo 4 O murmúrio de vozes seguia e seguia, uma invasão zumbindo em sua cabeça, voltando-a louca. Cada vez que caía adormecida, as vozes estavam ali, enchendo sua mente, embora não podia captar as palavras. Sabia que havia mais de uma voz, mais de uma pessoa, mas não tinha nem idéia do que se estava dizendo, somente que era uma conspiração sussurrada. Somente que havia grande perigo e um fio de violência nessas vozes. Lily deitava-se em sua enorme cama, olhando fixamente ao teto, escutando o som de seu próprio coração. A suave música que normalmente escutava para ajudar a mascarar os sons não podia bloquear o bastante assim que a tinha desligado fazia momentos com frustração. Outra vez não ia ser capaz de dormir. Nem sequer queria dormir. Não era seguro. As vozes reclamavam, suaves e persuasivas, vozes sussurrando sobre perigos e táticas. Sentou-se entre os grossos travesseiros recostados com na intrincada cabeceira esculpida de sua cama. De onde provinham? Táticas implicavam treinamento, possivelmente inclusive militares. Estava ouvindo Ryland e seus homens utilizando suas habilidades telepáticas para planejar uma fuga? Era possível? Estavam à milhas de sua casa, profundamente submersos, com um vidro grosso rodeando suas jaulas. Suas próprias paredes eram grosas. Estavam tão conectados que de algum modo sintonizava com sua freqüência? Como uma freqüência de rádio, uma banda de som, a banda exata? — O que fez, Papai? — Perguntou em voz alta. Só podia sentar-se ali no meio do conforto de seu dormitório familiar enquanto sua mente repassava os fatos das fitas de treinamento que tinha visualizado e os relatórios confidenciais que tinha lido. O como seu pai tinha escapado escrevendo seus informes com semelhantes descrições incompletas do que tinha feito ia além de sua compreensão. Por que demônios tomou tantos cuidados em encher sua base de dados dos computadores da Corporação Donovan com absoluto lixo? O arquivo estava marcado como confidencial e supostamente somente com sua contra-senha e códigos de segurança se podia acessar a ele, mas Higgens obviamente o tinha feito. Palpitava-lhe a cabeça, pequenos pontos brancos flutuavam ao redor de um ponto negro de dor. As seqüelas de utilizar a telepatia. Perguntou-se a respeito de Ryland. Ainda sofria as dolorosas repercussões do uso prolongado? Certamente as sofria anos atrás. Tinha lido os relatórios confidenciais sobre o treinamento que os homens tinham suportado. Todos eles tinham sofrido terríveis enxaquecas, a violenta reação à utilização de talentos psíquicos. Lily afastou a manta com resignação e agarrou seu robe, atando o cinto amplamente ao redor da cintura. Abriu as portas duplas de seu balcão e vagou pelo frio ar noturno. O vento
imediatamente revolveu a espessa massa de seu cabelo formando uma nuvem que revoou ao redor de sua cara e descendo por suas costas. — Sinto sua falta, papai. — Sussurrou brandamente — Viria bem seu conselho. O cabelo estava incomodando, caindo sobre os olhos, e o recolheu ao pesado volume, retorcendo-o rápida e espertamente em uma trança solta. Seu olhar seguiu os brancos farrapos de névoa que se formavam redemoinhos entre as árvores a um ou dois pés sobre a grama. Captou um movimento pela extremidade do olho ao bordo dos maciços de flores, uma sombra deslizando-se profundamente entre as sombras. Alarmada Lily se retirou do balcão, encolhendo-se na segurança e escuridão do interior de sua habitação. Os terrenos estavam protegidos, mas a sombra não tinha sido um animal...arrastava-se sobre duas pernas. Ficou perfeitamente imóvel, esforçando-se por ver através da escuridão e névoa nos terrenos de abaixo. Seus sentidos gritavam uma advertência, mas estava sobrecarregada sensorialmente e temia que seus medos tivessem mais a ver com o contínuo sussurro de vozes que com uma ameaça real a sua casa. Era possível que Arly tivesse contratado segurança extra e não houvesse dito. Poderia havê-lo feito depois do desaparecimento de seu pai. Tinha querido que ela tivesse um guarda-costas em período integral, mas Lily tinha declinado inflexivelmente. Lily levantou o telefone e pressionou o botão para falar com Arly automaticamente. Ele respondeu imediatamente, ao primeiro toque, mas sua voz era sonolenta. — Contratou guardas extras para bisbilhotar por minha propriedade, Arly? — Exigiu sem preâmbulos. — Alguma vez dorme, Lily? — Arly bocejou pesadamente do outro lado do telefone. — O que acontece? — Vi alguém na grama. Na propriedade. Contratou guardas extras, Arly? — Havia acusação em sua voz. — É obvio que sim. Seu pai desapareceu, Lily, e sua segurança é minha principal preocupação, não suas dissimuladas idéias sobre a privacidade. Tem uma casa de oitenta habitações, por amor de Deus, e suficiente terreno para formar seu próprio estádio. Acredito que podemos contratar uns poucos homens extra sem risco de nos arruinar. Agora se deite e me deixe dormir algo. — Sem autorização não pode contratar guardas extras. — Sim, posso, pequena sabichona, tive sempre absoluta autoridade para guardar seu traseiro de qualquer forma que me pareça necessária e não vou deixar de fazê-lo. Deixa de me morder. — Teria algo que dizer sobre isso à "Senhorita Lily" ou ao "Doutor Whitney" — grunhiu ela — Quem foi o estúpido que te colocou em uma posição de poder? — Por quê? Foi você, Senhorita Lily. — Disse Arly — Cuidou para que fosse parte da descrição de meu trabalho, assinou e tudo. Lily suspirou. — Trapaceiro! Colocou esse papel entre todo o resto que tinha que assinar, verdade? — Absolutamente. Isso ensinará a não assinar coisas sem ler seu conteúdo. Agora volta para a cama e me deixe dormir algo.
— Não me chame Senhorita Lily outra vez, Arly, ou terei que praticar meu karatê em você. — Estava sendo respeitoso. — Estava sendo sarcástico. E quando estiver deitado na cama, justo antes de dormir e se sinta muito orgulhoso de si mesmo por se impor sobre mim, desfrutando em quão preparado é, somente recorda quem tem o coeficiente intelectual mais alto — Com esse patético adendo, Lily desligou o telefone. Sentou-se na borda da cama e rompeu a rir, em parte pelo intercâmbio de engenhosidades e em parte de puro alívio. Esteve mais assustada do que queria reconhecer inclusive ante si mesma. Adorava ao Arly. Adorava tudo nele. Inclusive adorava suas maneiras atrozes e a forma em que grunhia como um velho urso. Um urso fraco emendou com um pequeno sorriso. Ele odiava que lhe pontuassem de fraco quase tanto como odiava que lhe recordasse que ela tinha um coeficiente intelectual mais alto. Utilizava-o somente nas estranhas ocasiões nas que a tinha superado totalmente em algo e se sentia particularmente arrogante. Passeou pelo vestíbulo descalça, baixando a escada em caracol, sem acender as luzes. Conhecia o caminho até o escritório de seu pai e esperava que seu aroma familiar, que ainda permanecia ali, proporcionasse-lhe certo consolo. Tinha dito a todos que permanecessem fora do escritório, incluindo o pessoal de limpeza, porque precisava poder encontrar seus papéis, mas, em realidade, tinha sido porque não queria separar-se do aroma de sua pipa que permeava o mobiliário e sua jaqueta. Fechou a pesada porta de carvalho, deixando fora ao resto do mundo, e se sentou na poltrona favorita dele. As lágrimas fluíram, entupindo sua garganta e queimando em seus olhos, mas Lily piscou para conte-las decididamente. Apoiou a cabeça nas almofadas em que seu pai se apoiou tantas vezes enquanto falava com ela. Seu olhar vagou pelo escritório. Sua visão noturna era aguda e conhecia cada centímetro desse escritório assim resultou fácil discernir os detalhes. As estantes do chão até o teto eram simétricas, os livros estavam perfeitamente alinhados e em ordem.Seu escritório estava precisamente alinhado com a janela, sua cadeira colocada dois centímetros para dentro no escritório. Tudo estava em ordem, tão próprio de seu pai. Lily ficou em pé e vagou pela habitação, tocando suas coisas. Sua amada coleção de mapas, pulcramente colocados para estarem facilmente acessíveis. Seu Atlas. Que ela sabia que ele nunca os havia meio que tocado, mas estavam proeminentemente exibidos. Um antigo relógio de sol à direita da janela. Um alto barômetro de cristal sobre uma prateleira perto do enorme relógio do avô com seu pêndulo que balançava. Perto do barômetro havia um grosso relógio de areia em espiral.Lily o elevou, girando-o para observar como os grãos de areia se deslizavam até o fundo. Sua mais apreciada posse era o enorme globo terrestre sobre seu suporte de mogno. Feito de cristais e conchas marinhas, a esfera perfeita com freqüência tinha sido examinada enquanto conversava com ela já tarde na noite. Tocou a lisa superfície, deslizando os dedos sobre a concha mais polida. A pena a atravessou e afundou-se na poltrona mais próxima ao globo, pressionando os dedos contra as têmporas. O estalo do relógio do avô era excessivamente ruidoso no silêncio do escritório. O som golpeava sua cabeça, perturbando sua solidão. Suspirou, ficando inquietamente em pé, e andando até o relógio, acariciando o intrincado entalhe da madeira com dedos amorosos. Era magnífico, de
sete pés de altura e quase dois pés de profundidade. Depois do cristal visualizava o mecanismo que trabalhava com precisão e o gigantesco pêndulo de ouro se balançava. A cada hora, junto a um distintivo número romano, um planeta diferente emergia detrás das portas duplas de estrelas fugazes, brilhantes gemas davam voltas através de um céu escurecido, completado com luas que davam voltas. Somente ao meio dia e meia-noite todos os planetas emergiam juntos em um espetacular desdobramento do sistema solar.Ás três horas em ponto emergia um brilhante sol. E às nove se elevava a lua, enchendo todo o relógio com maravilhoso deleite. Sempre lhe tinha encantado o relógio, mas seu lugar estava em uma habitação diferente, onde o ruidoso tic-tac não a voltasse louca a uma enquanto tentava pensar. Lily se separou da obra professora única e se lançou sobre uma cadeira, estirando as pernas e olhando fixamente os pés sem vê-los. Havia nove planetas, o sol e a lua e o desdobramento do sistema solar, mas durante a noite, o desdobramento lunar estava vazio. E saía fielmente às nove horas da manhã, mas teimosamente se negava a fazer sua aparição às nove da noite. Lily sempre se havia sentido vagamente irritada pela inconsistência da aparição da lua. Um defeito em algo tão precioso. Tinhaa incomodado o suficiente para suplicar ao seu pai que o arrumasse. Era a única coisa que ele não mantinha em perfeitas condições. Ouviu-o vir lentamente, seus olhos fixos no número nove romano forjado em ouro.As imagens entravam claramente em seu cérebro; o padrão se alinhava e podia vê-lo tão perfeitamente, justo como funcionava sempre, endireitou-se, examinando o relógio do avô. Uma onda de adrenalina explodiu através dela, carregada de repentino júbilo. E repentino medo. Lily soube que tinha encontrado o caminho até o laboratório secreto de seu pai. Cuidadosamente fechou com chave a porta do escritório, depois voltou até o relógio, rodeando-o, estudando-o desde cada ângulo. Cuidadosamente, abriu a porta de cristal. Muito gentilmente, girou o ponteiro de relógio das horas em uma rotação completa, nove vezes, terminando no número romano nove. Um suave entalhe lhe disse que tinha encontrado algo. Todo o frontal do relógio se moveu a um lado, revelando uma entrada na parede. O fôlego ficou preso na garganta, encontrou e abriu a porta sem muito problema, entrando no estreito espaço para permanecer ali olhando às paredes. Em realidade não conduzia a nenhuma parte. Lily franziu o cenho para as paredes, passou as mãos acima e abaixo pelos painéis, medindo em busca de algo oculto. Nada. — É obvio que não. O relógio está no relógio — voltou-se para olhar para a porta do relógio. O sistema solar esculpido no fundo do espelho. O sol dourado, tão radiante e justo à vista. Pressionou o sol com força com o polegar. O chão entre as paredes se deslizou a um lado para revelar uma estreita escada pronunciada que conduzia clandestinamente. Lily olhou para a absoluta escuridão, de repente lhe secou a boca, o coração palpitou alarmado. — Não seja covarde, Lily — Murmurou em voz alta. Peter Whitney era seu amado pai e de repente a assustavam os segredos ocultos que jaziam em seu laboratório secreto. Tomando um profundo fôlego, começou a descer as escadas. Para seu horror, quando ia pelo quarto degrau, o chão deslizou em seu lugar sobre sua cabeça com um estranho silêncio que achou aterrador. Imediatamente uma luz débil brilhou ao longo das bordas das escadas, iluminando a descida. Instantaneamente se sentiu claustrofóbica, a sensação de estar enterrada
viva era aterradora. A caixa da escada era extremamente pronunciada e estreita, obviamente para fazê-la mais difícil de se encontrar entre as paredes do porão. Lily? A voz formou redemoinhos em sua mente. Lily me fale. Tem medo. Posso senti-lo e estou preso nesta maldita jaula. Está em perigo? Permaneceu no alto da escada, sobressaltada pela clareza da voz de Ryland Miller em sua cabeça. Ele era tão forte. Lily podia ver por que aterrorizava ao Coronel Higgens. Ryland Miller poderia ser capaz de influenciar a alguém para matar. Poderia ser capaz de influenciar a alguém para cometer suicídio. Ryland amaldiçoou, uma dura e brutal seqüência de palavrões, ventilando sua frustração. Demônios, Lily, juro que se não me responder, vou destroçar esta jaula. Está-me matando sabe? Esta agarrando uma faca e me atravessando o coração. Preciso chegar a ti, te proteger. Não tenho nenhum controle sobre esta sensação. O desespero dele penetrou seu medo. Podia sentir a força e a selvageria de suas emoções. O Capitão Ryland Miller, tão controlado com todos outros e frio sob pressão, tão fora de controle com ela, ardendo como um fogo selvagem que nenhum dos dois podia esperar conter. Lily deixou escapar o fôlego lentamente, esforçando-se por conquistar sua aversão aos espaços fechados. Estava em pé nas escadas, e a compreensão se arrastou até ela. O murmúrio de vozes tinha acabado abruptamente, desaparecendo ante a força da voz de Ryland. Agarrou o corrimão, perguntando-se o que temia mais, averiguar no que estava metido seu pai, ou o fato de que o laço entre Ryland e ela estivesse fortalecendo-se com cada hora que passava. Não podia resistir à súplica rouca na voz dele. Soava rude pela tensão, com os nervos de ponta por causa da necessidade de saber que estava ilesa. A maior parte das pessoas dorme em meio da noite. Você e seus amigos estão jogando com uma tabela Ouija? Estão me chegando alto e claro. Pergunto-me quem mais os estará ouvindo? Sentiu-o deixar escapar o fôlego. Sentiu como a tensão abandonava seus músculos presos e tensos. O que te assustou? Vozes. Suas vozes. Elas... Procurou alguma forma de explicar-se. É como ter um milhão de abelhas... Zumbindo em seu cérebro, terminou ele por ela. Sua voz lhe deu confiança. Levantou o olhar para a porta armadilha e viu os mesmos caracteres esculpidos na porta. Não estava prisioneira. Ao contrário de Ryland e seus homens, tinha uma forma de sair. Lily começou a baixar as escadas. Sei que estão planejando uma fuga, Ryland. Isso é o que estavam fazendo esta noite. Encontrou a uma forma de te comunicar com outros e de algum modo estou na onda. Sinto muito, Lily. Não tinha nem idéia de que estávamos lhe fazendo mal. Farei tudo o que possa para te defender e pedirei aos outros que o façam também. Ela duvidou somente por um momento. Acredito que o encontrei. O laboratório secreto de meu pai. Não faça nenhuma loucura até que veja o que há aqui. Não podemos nos permitir o risco de ficar aqui, Lily. Higgens tem algum plano para livrar-se de nós. Preciso chegar até o General Ranier. Não estou seguro se te acreditará porque Higgens esteve mentindo a nossa gente sobre o que estava passando aqui. O coronel é um oficial condecorado e respeitado. Não será fácil convencer a ninguém de que é um traidor.
Não podia acreditar nisso. Higgens tinha se mantido longe dela, preferindo que Phillip Thornton, presidente da Corporação Donovan, fosse quem lhe pedisse que se ocupasse do trabalho de seu pai. Mas o Coronel Higgens estava tentando conseguir a contra-senha do computador de seu pai e os códigos para acessar às medidas de segurança, que faziam com que seu trabalho se autodestrusse se não se acessava a ele cuidadosamente. Ela sabia que tudo o que havia no computador do escritório de seu pai era lixo, cuidadosamente plantado. Códigos e fórmulas que não tinham nada a ver com um experimento psíquico. Acredito que meu pai começou a suspeitar que Higgens estava tramando algo e que alguém no Donovan estava ajudando-o. Não há nada nos computadores do Donovan e Thornton enviou homens para recolher ao computador do escritório privado de papai. Já o tinha avaliado e ali tampouco havia algo útil. Viu as fitas de treinamento? Havia dor em sua voz. Seu coração se condoeu por ele. Tinha visto as fitas antes e tinha visto dois dos membros originais da equipe no segundo ano de treinamento voltar-se progressivamente instáveis e violentos. Ryland Miller pagou um alto preço junto com seus dois amigos. Tinha sido doloroso observar; devia ter sido algo terrível de suportar. O experimento deveria haver-se acabado justo então. As escadas continuavam descendo, aprofundando clandestinamente, algumas vezes tão estreitamente apertadas entre outras habitações que sentia que mal podia respirar. Mas o ar se movia e a luz brilhava, guiando-a sob o nível do porão. Disse ao Doutor Whitney que todos nós estávamos em perigo, mas Higgens o convenceu que continuasse. Assinalou todas as coisas que poderíamos fazer. Não há outra equipe como nós no mundo, podemos entrar em um acampamento inimigo sendo completamente indetectáveis. Funcionamos num silêncio total. Somos Caminhantes Fantasmas, Lily, e Higgens queria ter êxito a qualquer preço. Inclusive se sofríamos curtos circuitos e tínhamos que ser exterminados. Tive que matar a um de meus amigos e ver como outro se derrubava. Perdi a outro, Morrison, faz um par de meses por causa de uma hemorragia cerebral, era um bom homem que merecia algo melhor do que sofreu. Vou salvar ao resto de algum modo, Lily. Tenho que pô-los a salvo. Estava no fim ao fundo das escadas, olhando para a porta fechada do laboratório. Conhecia cada um dos códigos de segurança e contra-senhas de seu pai. Mas a porta tinha um escaner de traços. Sinto muito, Ryland. Espero averiguar muito mais. Não pode tirar simplesmente aos homens de um ambiente protegido sem um plano real. Seu potencial de grande violência já foi comprovado e existe perigo de perder aos outros como perdeu a seu amigo Morrison. Você não quer isso. Irei amanhã e te farei saber o que averigüei. Tentou não se sentir culpada. Seu pai deveria ter insistido em pôr fim ao projeto, mas tinha permitido encarcerar aos homens, em vez de encontrar uma forma de devolvê-los ao mundo. Envergonhava-se de Peter Whitney e isso não lhe sentava bem. Demônios!, Lily não posso suportar que se sinta tão culpada. Você não fez isto. Não sabia nada disto e a culpa não recai sobre seus ombros. Destroça-me por dentro sentir sua dor. Lily era consciente de que a conexão entre eles se fortalecia, a atração física, emocional e mental se via realçada e amplificada por algo profundo dentro de ambos que não podiam controlar. Sacudiu a cabeça, desejando a lógica com a que sempre foi capaz de resolver cada problema. Seu laço com Ryland Miller era incômodo e inesperado e algo que não necessitava em meio de uma situação crescentemente perigosa e complexa.
Saberá o que eu encontrar, reiterou ela, desejando que soubesse que não o abandonaria. Está segura de que está a salvo? Whitney sugeriu que alguém de sua casa o traía. Teve a impressão de que ele estava apertando os dentes, aborrecido por não poder estar com ela quando necessitava consolo e possivelmente inclusive amparo. Seu coração reagia à necessidade dele, à forma em que desejava estar com ela, à forma em que se estendia para ela. Serpenteava abrindo passo até sua alma. Não importava quantas vezes fortalecera suas defesas, ele simplesmente dizia ou fazia algo que a comovia. Ninguém sabe onde estou, Ryland. Estarei bem. Rompeu o vínculo entre eles, colocando cuidadosamente sua mão no escaner, confiando em que seu pai tivesse codificado seus traços na porta. A porta se fez a um lado simples e silenciosamente. Entrou no laboratório sem duvidar. As luzes piscaram uma vez quando acionou o interruptor, depois se acenderam brilhantemente. Um banco de computadores percorria a parede esquerda. Um pequeno escritório se assentava em meio de uma zona rodeada de prateleiras de livros. O laboratório estava completamente equipado como os laboratórios da Corporação Donovan. Seu pai não tinha regulado em gastos para montar seu santuário privado. Lily olhou ao redor, sentindo uma mescla de incredulidade e traição. Era óbvio que tinha utilizado a habitação durante anos. Deu uma volta por aí, descobrindo as fitas de vídeos e discos, o pequeno quarto abaixo à direita, e outra porta que conduzia a outra habitação. Esta tinha uma pequena parede de observação construída inteiramente de vidro espelhado. Olhou ao interior da habitação e viu o que parecia um dormitório infantil. O estômago revolveu, pressionou uma mão com força na parte média, olhando através do vidro com débeis lembranças formando redemoinhos em sua cabeça. Tinha visto esta habitação antes, estava segura. Sabia que se entrasse na habitação, haveria outro banheiro e um grande quarto de jogos que se chegava através das duas portas que podia ver. Lily não entrou. Em vez disso, permaneceu silenciosamente fora da habitação olhando em volta às doze caminhas, camas infantis, piscando para conter as lágrimas. Seu pai lhe havia dito que tinha levado ao cabo tremendas renovações, na já enorme casa, para reconstruí-la da maneira em como adorava os castelos e imóveis ingleses, mas Lily sabia que agora estava vendo a verdadeira razão. Sabia que as escadas que conduziam ao laboratório estavam apertadas entre as habitações do porão. O próprio laboratório estava mais abaixo, completamente oculto, e já sabia que não haveria provas nem planos em nenhuma parte que mostrassem a localização do laboratório. Estas habitações era o que protegia a casa, não a ela. Pressionou uma mão sobre a boca tremente. Ela tinha dormido nessa habitação. Inclusive sabia que cama tinha sido a sua. Lily voltou de as costas à visão e percorreu o laboratório cuidadosamente com o olhar. — O que fazia aqui? — Perguntou em voz alta, temendo a resposta, temendo o conhecimento que já florescia em seu cérebro lógico. Essa habitação cheia de caminhas a adoecia. A cabeça zumbia mais que nunca, um enxame de abelhas furiosas, aguilhoando, fazendo mal, tão doloroso que pressionou ambas as mãos sobre as têmporas em um intento de aliviar o batimento do coração — São somente lembranças — Sussurrou para dar-se coragem. Não tinha mais escolha que enfrentar seu passado.
Lily se aproximou relutantemente até o escritório de seu pai e se voltou para o portátil colocado precisamente no meio do escritório. Como o bloco de notas estava à vista, advertiu que seu nome estava no calendário do dia. Debaixo havia uma larga carta escrita à mão rabiscada apressadamente. Estava escrita em um de seus estranhos códigos, mas um com o que ela estava familiarizada, um que reconhecia de sua infância. Agarrou-o, seus dedos alisaram a tinta sobre a caligrafia. Leu a carta em voz alta, desejando lhe trazer de novo de retorno à vida. — Minha amada filha. Sei que os enganos de meu passado me estão alcançando. Deveria ter feito algo com respeito a isto faz anos. Deveria te haver contado a verdade, mas temia ver que todo o amor que brilhava em seus olhos desaparecia para sempre quando me olhasse — Havia várias rasuras, lugares sobre os que tinha rabiscado, sem gostar das palavras que tinha escolhido. — Sua infância está completamente documentada. Por favor, recorda que é uma mulher extraordinária como foi uma menina extraordinária, me perdoe por não ser capaz de encontrar uma forma de contar isso à cara. Não tive o valor. Havia mais rasuras, uma tão profunda que a caneta tinha esmigalhado o papel. — Você é minha filha em todos os sentidos da palavra. Embora, biologicamente não o seja. Lily leu a frase uma e outra vez. Biologicamente não o seja. Deixou-se cair lentamente na cadeira, olhando fixamente as palavras. Seu pai tinha contado uma e outra vez que sua mãe a tinha dado a luz e morrido horas depois. — Nunca me casei, nunca conheci sua mãe. Encontrei-a em um orfanato no estrangeiro. Não havia registro de seus pais biológicos, só de suas extraordinárias habilidades. Lily, a quero com todo meu coração. Sempre será minha filha. A adoção é completamente legal e o herdará tudo. Cyrus Bishop tem todos os papéis. Cyrus era um dos advogados do Peter Whitney, o de sua máxima confiança e o que utilizava em todos seus assuntos pessoais. Lily se derrubou para trás contra o respaldo. — Isso não é o pior verdade papai? Poderia me haver dito facilmente que era adotada em vez de maquinar toda esta elaborada história — Deixou escapar o fôlego lentamente e olhou fixamente para a comprida habitação de sua esquerda. O dormitório. Com todas essas caminhas. Recordava vozes. Vozes jovens. Cantando. Rindo. Chorando. Recordava essas vozes chorando. — Disse que não tinha avós. Não mentia. Minha família está morta. Eram pessoas sem vida, Lily, sem emoções. Tinham dinheiro e cérebro em partes iguais, mas não sabiam como amar. Apenas os vi enquanto fui menino, somente quando queriam me repreender por não fazer o que eles pensavam que devia fazer. É minha única desculpa. Ninguém me ensinou a amar, até que você chegou a minha vida. Nem sequer sei como e quando começou, somente que esperava com ilusão despertar pela manhã e verte. Meus pais e avós me deixaram mais dinheiro do que era bom para alguém, e herdei seu brilhantismo, mas não me deram um legado de amor. Você fez isso por mim. Lily girou a página para encontrar mais. — Tinha uma idéia. Era uma boa idéia, Lily. Estava seguro de que podia agarrar a gente que já tivesse desde o começo talentos psíquicos e realçar essas habilidades, lhes permitir soltar as rédeas. Encontrará todas minhas notas no portátil. Os resultados estão nos vídeos e discos que
gravei junto com minhas observações detalhadas. Lily fechou os olhos contra as repentinas lágrimas que ardiam com tanta força. Sabia o que o resto da carta ia revelar e não queria enfrentar a isso. Lily? A voz era fraca esta vez, muito longínqua, como se Ryland estivesse muito cansado. O que vai mal? Não queria que ele soubesse. Não queria que ninguém soubesse. Lily obrigou ao ar a entrar em seus ardentes pulmões. Não sabia se estava protegendo a si mesma, ou a seu pai, só que nesse momento, não podia revelar a verdade. Nada. Não se preocupe, só estou abrindo lembranças através de notas poeirentas. Uma pequena dúvida, quase como se não acreditasse, e depois sua presença se esfumou. Lily voltou sua atenção à carta. — Trouxe doze meninas do exterior. Escolhi países do terceiro mundo, lugares que se livravam de seus próprios meninos. Encontrei às meninas em orfanatos, onde ninguém as queria, onde a maioria teria morrido, ou algo pior. Todas tinham menos de três anos. Escolhi meninas porque havia muitas meninas não desejadas dentre as que escolher. Os pais raramente abandonam aos seus filhos nesses países. Estava procurando crianças com uns critérios muito específicos e você, junto com as outras meninas, cumpria-os. Trouxe todas aqui e trabalhei em realçar suas habilidades. Cuidei excelentemente de todas vocês, tinha enfermeiras diplomadas para cada uma e admito, convenci-me mesmo de que lhes estava dando uma vida muito melhor da que poderiam ter tido nos orfanatos. Lily deixou cair à carta e caminhou, a adrenalina bombeava através de seu corpo. — Espero estar entendendo-o bem, Papai. Sou uma órfã não desejada de um país do terceiro mundo a que trouxe para casa junto com outras onze meninas afortunadas para conduzir um experimento sobre nós. Tínhamos enfermeiras e provavelmente brinquedos assim que tudo estava bem. — Estava furiosa. Furiosa! E queria chorar. Em vez disso voltou sobre seus passos e se sentou ante o escritório de seu pai. Como era possível que tivesse encontrado vestígios de habilidades psíquicas em meninas menores de três anos? O que tinha procurado? A Lily a envergonhava que sua mente desejasse a resposta a essa pergunta quase tanto como se sentia ultrajada ante a idéia do que seu pai tinha feito. — Ao princípio tudo foi bem, mas então comecei a notar que nenhuma podia suportar o ruído, e vocês não gostavam que as enfermeiras se aproximassem. Notei que todas estavam absorvendo muita informação e que não havia forma de lhes desconectar. Fiz tudo o que pude para proporcionar uma atmosfera tranqüila e tranqüilizadora e me ocupei de conseguir empregados aos que nenhuma pudessem ler. Tive que realçar as barreiras às vezes, mas isso ajudava. Havia mais rasuras indicando extrema agitação. — As luzes azuis ajudavam igual ao som da água. Está tudo nos informe que deixei para você. Mas os problemas não se detiveram aí. Algumas das meninas não podiam estar sozinhas sem você ou duas ou três das outras. Parecia ajudá-las a funcionar, atraindo a sobrecarga de ruído e emoções longe delas. Sem você, podiam ficar quase catatônicas. Os ataques eram comuns, junto com uma multidão de outros problemas. Compreendi que não podia fazer frente a tantas meninas
com problemas tão enormes. Encontrei lares para as outras meninas; não foi difícil com a quantidade de dinheiro que podia oferecer aos futuros pais. E mantive você. Lily se pressionou a palma da mão sobre a frente latente. — Não porque me quisesse, Papai, mas sim porque eu era a menos problemática. — Via-o tão claramente, seu pai era um homem jovem, escolhendo logicamente à menina que lhe daria menos problemas. Sabia que devia terminar com seu experimento, mas não podia obrigar-se a fazê-lo depois de tanto tempo, esforço e dinheiro investido. Assim que a manteve. — E sobre as outras meninas, tentando fazer frente ao mundo sem ajuda, sem saber o que ia mal nelas? Abandonou-as. A metade delas poderia estar morta agora mesmo ou em instituições. — As lágrimas ardiam em seus olhos e lutou contra elas. Como podia ter feito algo tão horrendo? Estava tão mal, ia tão contra a natureza. — Conheço-te muito bem, Lily. Sei que estou te fazendo mal, mas tenho que te contar a verdade ou não acreditará em nada disto. Meu amor por você cresceu com o passar dos anos, e compreendi o que realmente devia a essas meninas. Não há desculpa para minha negligência com respeito a elas. Sou responsável pelos problemas que sei que devem estar sofrendo em suas vidas, inclusive agora. Contratei a um detetive particular para lhes seguir a pista. Encontrei a algumas, e esses arquivos estão aqui para que os veja. Você não gostará dos resultados de meu intrometimento mais do que gosto. Sei que te zangará e se envergonhará de mim. Lily elevou a cabeça. — Já estou zangada e envergonhada. — Disse — Como pôde fazer isto? Experimentar com gente, com meninas, Papai, como pôde? Tentou recordar às outras meninas, mas tudo o que podia ouvir era o som de pequenas vozes fundindo-se em risadas e lágrimas. Sentia uma afinidade com as outras meninas. Mulheres agora, fora no mundo sem uma pista do que lhes tinha ocorrido. Onde estariam todas agora? Quis atirar a carta de seu pai e encontrar os informes do detetive particular. Em vez disso se obrigou a continuar. — Só posso dizer que nesses dias passados, não tinha muito coração ou consciência. Foi você a que incorporou esses dois importantes elementos em minha vida. Aprendi de você. Vendoa crescer e o amor em seus olhos quando me olhava. Esses anos de me seguir a toda parte fazendo tantas perguntas e discutindo comigo, avalio cada um desses dias. Infelizmente, Lily, sabe como funciona minha mente. Observei-te durante anos, te protegendo o melhor que podia, mas vendo seu potencial e ao vê-lo, compreendi como beneficiaria uma equipe bem treinada a nosso país. Lily sacudiu a cabeça. — Ryland. — Sussurrou seu nome para lhe proteger. — Pensei que tinha feito mal escolhendo a sujeitos tão jovens. Em princípio fazia sentido, porque seus cérebros não estavam desenvolvidos; podia utilizar isso, lhes ensinar a utilizar partes que simplesmente estavam inativas, esperando que alguém despertasse. Mas os meninos são muito jovens. Decidi que se escolhesse homens com treinamento superior e disciplina, não teria os mesmos problemas. Podia confiar em que fizessem todas suas práticas, construíssem escudos, erigissem as barreiras necessárias quando necessitassem uma pausa. Você é capaz de fazê-lo, assim que um homem adulto seria mais forte ainda, e mais um militar acostumado a obedecer e fazer uso de todo o treinamento.
Lily suspirou brandamente e voltou à página. — Tudo voltou a ir mal. Verá os problemas nos discos e informes. Não há forma de reverter este processo, Lily. Tentei encontrar uma forma, mas uma vez feito, não pode desfazer-se e esses homens, as mulheres, e todos vocês têm que viver com o que eu tenho feito. Não tenho respostas para Ryland Miller. Logo que posso lhe olhar já aos olhos. Acredito que o Coronel Higgens e alguém do Donovan estão conspirando para conseguir os informes e vender a informação a outros países. Estão-me seguindo, e irromperam em meus escritórios em casa e no trabalho. Acredito que Miller e sua equipe estão em perigo.Deve levar uma mensagem ao General Ranier (é o superior direto do Coronel Higgens) e lhe fazer saber o que está passando. Não consigo chegar até ele. Você o conhece bem e não posso imaginar que não te responda. Deixei incontáveis mensagens para que me chamasse ou viesse ao Donovan, mas não recebi resposta. Lily olhou para os símbolos familiares, desejando ouvir a voz de seu pai. Podia estar ferida e zangada, mas não podia trocar nada do que ele tinha feito. — Tenho aberto conta bancárias para a equipe do Miller só no caso de necessitarem. Se eu fracassar, terá que ser você a que os ajude em meu nome. Terá que lhes contar a verdade. Sem alguém como você, sem seu talento para atrair sons e emoções longe deles, precisarão trabalhar continuamente em encontrar lugares tranqüilos ou cedo ou tarde se verão afligidos. Estuda as fitas, lê os informes, e depois deve encontrar uma forma de minimizar o dano e ensinar a esses homens e às outras a viver como vive você. Em um ambiente protegido, útil à sociedade, mas viver. Por favor, pensa em mim com todo o amor e a compaixão que sei que tem em seu coração. Tenho medo, Lily, medo por nós dois e medo por todos esses homens. Lily se sentou longo tempo com a cabeça baixa e os ombros trementes. As lágrimas ardiam, mas não caíram. Tinha estado tão pouco preparada para tudo isto, mas de algum modo não a surpreendia como deveria. Conhecia seu pai, sabia que acreditava que as leis eram muito estritas e só impediam a investigação em medicina e defesa. Seu nome era reverenciado em muitos círculos. Seu nome sempre tinha estado livre de toda recriminação, mas tinha levado ao cabo experimentos secretos com crianças. Isso era imperdoável. Lily se levantou do escritório e abriu passo até os vídeos. Olhou para as prateleiras de fitas. Sua vida. Ali mesmo. Tudo pulcramente numerado pela mão de seu pai. Aí não iriam encontrar gravações de seus primeiros passos, como guardavam muitos pais, ou graduações com honras na universidade, ia ser um frio documentário de uma adepta psíquica com habilidades que tinham de algum modo sido realçadas por um homem que afirmava que a queria. Não acreditava que pudesse suportar ver até o final. Nem sequer pela paz mental de seu pai. Ele estava no fundo do frio mar. Assassinado. Um calafrio a percorreu. Peter Whitney provavelmente tinha sido assassinado em um intento de obter a mesma informação que ela possuía. Alguém queria saber como tinha conseguido realçar as habilidades de alguém com capacidade psíquica. Seu pai não tinha compartilhado o autêntico processo com ninguém, nem com a Corporação Donovan nem com o Coronel Higgens ou o general que havia sobre este. Lily tirou o primeiro vídeo da prateleira com dedos trementes. Ryland Miller e sua equipe estava vivo porque seu pai não tinha revelado a informação. Por que matariam ao único homem que poderia proporcionar-lhe? Se não podiam conseguir a informação de um modo, certamente atacariam a situação desde outro ângulo.
Um acidente proporcionaria um sujeito morto, um que poderiam dissecar. Um que poderiam cortar em pedacinhos e estudar com a esperança de obter o segredo.Teriam muito poder se utilizavam os talentos que o trabalho de seu pai tinha desatado. A morte do Morrison realmente tinha sido não intencionada? Tinha sofrido o ataque pelo que Whitney lhe tinha feito ou alguém lhe tinha dado uma droga que causasse o ataque para poder estudá-lo? Sabendo que tinha grande quantidade de informação que repassar em pouco tempo, Lily inseriu a fita de vídeo no reprodutor e começou. Lily se sentia absolutamente intumescida enquanto observava à pequena de enormes olhos "jogar" durante horas. A voz de seu pai não mostrava inflexão enquanto proporcionava dados e recitava suas crescentes habilidades. Tentou desesperadamente desagregar-se das emoções como obviamente podia fazer seu pai enquanto observava e filmava à pequena vomitando repetidamente por causa das enxaquecas. As luzes faziam mal aos olhos, o som aos ouvidos, chorava e se balançava e suplicava, e, enquanto isso, Peter Whitney filmava e documentava e falava com seu monótono tom impessoal. Lily olhava fixamente o vídeo, doente ante a idéia de que o homem que tinha chamado pai, o homem que queria como um pai pudesse fazer semelhante coisa a uma menina. Ficava ali de pé filmando tudo enquanto a enfermeira a consolava e ajudava. Inclusive ordenava à enfermeira ficar a um lado para os primeiros planos enquanto Lily pressionava as mãos sobre os ouvidos. Várias vezes quando ela se desconectou, retirando-se do mundo, no interior de si mesma, balançando-se a frente e atrás, incomodava-se e indicava à enfermeira que a isolasse das outras para que não "infectasse-as com seus métodos retraídos". Lily apagou o vídeo, as lágrimas corriam por sua cara. Nem sequer tinha notado que estivessem ali. Sua mão tremeu quando abriu a porta da habitação onde tinha passado tantos meses de treinamento. Sendo observada e documentada. O fôlego ficou preso na garganta. Como Ryland e seus homens. Não importava como, não podiam ficar nos laboratórios Donovan. Tinha que encontrar um lugar protegido e a salvo até que pudesse abrir passo entre toda a informação e encontrar uma forma de ajudá-los. Lily se deitou na terceira cama da esquerda. Sua cama. Enrolou-se em posição fetal e pressionou ambas as mãos sobre os ouvidos para sossegar o som de seus próprios soluços.
Capítulo 5 Russell Cowlings ainda estava desaparecido. Ryland contou até cem flexões sobre uma mão e continuou com a outra pensando passo a passo em como riscar o plano de fuga. Tinha articulado para unir todos os homens telepaticamente, com a exceção de um. Russell não tinha respondido ou tinha sido sentido por ninguém da equipe fazia vários dias. Ryland estava intranqüilo, amaldiçoava enquanto subia e baixava seu corpo, trabalhando em seus músculos. Tinha que convencer Lily de que todos seus homens estavam em perigo.Não havia evidência concreta, mas pressentia. Em seu coração e alma.Se permanecessem muito mais nas jaulas dos laboratórios Donovan, desapareceriam, um por um. Como Russell. Por pura frustração Ryland saltou sobre seus pés e passeou inquietamente ao longo de sua prisão. A cabeça palpitava por sustentar o vínculo telepático tanto tempo para todos os membros da equipe enquanto discutiam como sobreviver fora se escapavam com êxito. Tinha sido uma conversação mais longa do normal, e tinham continuamente posto a prova e fazendo saltar os alarmes e o sistema de segurança com freqüência, utilizando inclusive mais energia. Esfregou as têmporas, sentindo-se ligeiramente doente. A dor golpeou com força, pondo-o de joelhos. Lily. Era uma faca em seu estômago, lhe dobrando pela metade. Uma pedra que lhe esmagava o peito. Tanta pena como nunca tinha conhecido e nunca queria conhecer. Nesse momento nada mais importava exceto chegar a ela. Encontrá-la e consolá-la. Protegê-la. A necessidade estava viva e arranhava través de seu corpo e mente. Começou a construir a ponte entre eles. Uma ponte forte e segura para poder cruzar os limites do tempo e o espaço. Lily sonhava com um rio de lágrimas. Lágrimas enchendo o mar e salpicando a terra. Sonhava com sangue, dor e homens monstruosos espreitando entre as sombras. Sonhava com um homem ajoelhado junto a ela, embalando-a entre seus braços e abraçando-a firmemente contra ele, balançando-a atrás e adiante em um intento de consolá-la. Quando não pôde deter suas lágrimas,
começou a lhe beijar a cara, seguindo o rastro úmido dos olhos até a boca. Beijando-a uma e outra vez. Beijos longos e embriagadores que roubavam a habilidade de pensar ou respirar ou inclusive angustiar-se. Ryland. Conhecia-o. Amante de sonho. Colocou-se em seu pesadelo para levá-la longe. — Sinto-me tão vazia e perdida. — Inclusive em seu sonho, soava desamparada. — Não está perdida, Lily. — Replicou ele gentilmente. — Não sou nada. Não pertenço a nenhuma parte. Não tenho a ninguém. Nada disto é real, não o vê? Ele roubou nossas vidas, nosso livre-arbítrio. — Pertence a meu mundo onde não há limites. É um Caminhante Fantasma. Não importa como ocorreu, Lily, simplesmente é assim. Pertencemos um ao outro. Fica comigo. — Ryland ficou em pé, estendendo a mão para ela. — O que estamos fazendo? — Murmurou ela, estendendo-se para tomar a mão que lhe oferecia, surpreendida de que estivessem fora da jaula, fora das grossas paredes de sua casa. Longe dos segredos guardados clandestinamente. — O que estamos fazendo? — Os dedos dele se fecharam ao redor dos seus, fortes e tranqüilizadores. O coração deu um tombo peculiar o reconhecendo. — Aonde você gostaria de ir? — A qualquer parte, qualquer lugar longe daqui. — Queria afastar-se do laboratório e da verdade enterrada sob os pisos da casa. O peso do conhecimento a esmagava até que mal podia respirar. Ryland desejou que ela confiasse nele o suficiente para lhe contar o que a preocupava, mas simplesmente apertou sua mão e a tirou de noite. — Como pode estar aqui, Ryland? Como pode estar aqui comigo? — Posso caminhar em sonhos. Raoul o chamamos Gator, pode controlar aos animais. Sam pode mover objetos. Há um montão de talentos entre nós, mas somente uns poucos somos caminhantes de sonhos. — Obrigado por vir para mim. — Lily disse simplesmente. Dizia-o a sério. Não tinha nem idéia de por que ele a fazia sentir completa quando estava tão destroçada, mas caminhar junto a ele, apertada sob o amparo de seu ombro, proporcionava-lhe uma biografia de paz. Vagaram juntos pelas ruas obscurecidas, sem prestar realmente atenção aonde iam, simplesmente estando juntos. — Conta-me o Lily. — Ryland caminhava muito perto dela, seu grande corpo roçando o dela protetoramente. Lily sacudiu a cabeça. — Não posso pensar nisso, sequer aqui. — Está a salvo comigo. Manterei-a salvo, me conte o que te fez. — Não me quis. Isso é o que fez, Ryland. Não me queria. — Não podia olhá-lo. Ficou com o olhar fixo na noite, a cara oculta, sua expressão tão triste que ameaçava romper o coração do Ryland. Embalou-a entre seus braços protetoramente, mantendo-a perto, transportando-os através do tempo e espaço. Longe de laboratórios e jaulas, longe da realidade, fazendo que o vento soprasse sobre suas caras e pudessem estar simplesmente juntos. Uma pausa para seu cérebro.
Seus corpos voavam livres e podiam ir aonde suas mentes os levassem, mas a pena caminhava junto a ela em seu mundo de sonho. E também as preocupações dele. — Um de meus homens está desaparecido, Lily. Não posso lhe alcançar. Sabia o que ele queria. — O encontrarei. Pedirei para falar com todos os homens amanhã. Supostamente me deu acesso a todo mundo. Que homem? — Abaixou a cabeça, a culpa a esmagava. — Russell Cowlings. E não te culpe, Lily. Sei o que está pensando. Seu pai... — Não quero falar dele. — Seu mundo de sonho começava a dissolver-se nas bordas enquanto a crua realidade se intrometia. Ryland lhe emoldurou a cara com as mãos. — Vi seus olhos quando te olhava. Queria-te muito. Fossem quais fossem quão pecados cometeu, Lily, queria-te. Levantou o olhar para ele, suas longas pestanas umedecidas pelas lágrimas. — Seriamente? Pensava que sim, mas há toda uma habitação cheia de fitas pulcramente etiquetadas "Lily" que provam outra coisa. Ryland inclinou a cabeça, tomando sua boca, precisando afastá-la da pena. Sua boca foi estranhamente gentil sobre a dela, tenra e envolvente. Um beijo que pretendia ser inocente. Curativo. Sua intenção era consolá-la. Mas o fogo o percorreu. Sentia-o em suas veias. Em suas vísceras. No pesado inchaço de sua virilha. Ardeu ao longo de sua pele e tomou por surpresa. Lily se fundiu com ele, flexível e disposta. Sua boca se abriu a dele, seus braços se arrastaram ao redor do pescoço fazendo que ele pudesse sentir seus generosos seios firmemente pressionados contra a parede de músculos do peito. A energia se arqueava entre eles, rangendo e fumegando como se estivesse viva. De sua pele a dela e outra vez de volta. Pequenos relâmpagos estalavam em sua corrente sangüínea. Apertou os braços possessivamente. Lily levantou a cabeça para o olhar, procurando respostas em seu rosto. Nada podia havê-la preparado para a foto instantânea e assustadora de atração física. Não confiava em nada tão forte. Sacudiu a cabeça negando silenciosamente. Ryland pôde vê-lo em sua cara. Escapou um gemido. — Lily, não pode ver que há mais que só atração física entre nós? Desejo-a, não o negarei, mas me sinto triste quando você está triste. Mais que tudo quero fazer o que for para te fazer feliz, para saber que está a salvo. Penso em você a cada minuto do dia. Nega-te a ver o que há entre nós. Você olha e vejo nuvens em seus olhos quando me devolve o olhar. Importa tanto o por quê? — Isto não é real, Ryland. Você está aqui comigo, me falando porque sente minha necessidade, mas ainda assim não é real. É um sonho que ambos compartilhamos. — Sinto sua necessidade, através do tempo e do espaço, ainda sinto que me necessita. Isso não te diz nada, Lily? — Ainda assim é um sonho, Ryland. — É o bastante real para ficarmos apanhados nele. Caminhar em sonhos não é fácil, Lily. — Deixou que os braços caíssem aos lados, incapaz de suportar o tato do corpo feminino quando não lhe desejava. Lily lhe agarrou a mão, entrelaçando os dedos de ambos porque não podia suportar a falta de contato físico.
— O que quer dizer, podemos ficar apanhados? Apanhados no próprio sonho? Ele encolheu seus amplos ombros. — Ninguém sabe com segurança como funciona. Seu pai foi o que me advertiu que tomasse cuidado. Disse que era muito difícil manter a ponte entre este estado e a realidade e que qualquer um na mesma onda poderia entrar e ser capaz de me fazer danos se não o esperava. E se ficasse apanhado no sonho, vivendo neste mundo, poderia não voltar para outro. Seria um estado de “ensonação”, que se pareceria muito ao coma no mundo exterior. — Ryland baixou o olhar para ela e se encontrou sorrindo. Lily reagiu como esperava que fizesse, assimilando a informação com grande interesse. — Não tinha nem idéia de que fosse possível. Algum dos outros pode caminhar em sonhos? — Um ou dois. Descobrimos que era muito estranho e que requer uma tremenda concentração e enfoque. Inclusive mais que manter o vínculo telepático durante um período comprido de tempo. — levou a mão dela ao peito, apanhando a palma sobre seu coração. Com o polegar acariciava o dorso da mão, pequenas carícias que Lily sentia todo o caminho até os dedos dos pés. — Gostaria de ver os dados registrados sobre isso e ler as notas de meu pai para ver o que pensava. Não tem sentido que pareça tão real. Posso te sentir. — Passou a mão livre sobre o peito dele. — Posso saborear te. — Ele estava ainda em sua boca, em sua língua, profundamente dentro dela de onde nunca o tiraria. — E, além disso, podemos ir a qualquer parte. Qualquer lugar absolutamente. — Atirou dela e Lily se encontrou com ele em um parque, rodeados de árvores. As folhas brilhavam como prata à luz da lua sobre sua cabeça. — Não posso ver árvores nessa jaula assim às vezes venho aqui. Lily riu com deleite e levantou o olhar para Ryland. Imediatamente o sorriso abandonou seu rosto e o coração lhe começou a palpitar. Era a forma em que a olhava. A intensidade de sua fome só por ela. O puro desejo que nunca tentava esconder. Seu ardente olhar queimava sobre ela possessivamente, marcando-a como dele. Esquentou lhe o corpo inteiro. Profundamente em seu interior, um calor fundido se formava redemoinhos e acumulava, deixando-a dolorida e ofegante. Estirou os dedos amplamente sobre seu peito. Por um momento pensou em lhe tirar a camisa, sentir a calidez de sua pele. Queria fundir-se com ele, pele com pele. Corpos entrelaçados. Suor misturando-se. — Pára. — Disse Ryland tranqüilamente. Inclinou-lhe o queixo para cima para reclamar sua boca. Não houve nada inocente ou consolador em seu beijo. Suas mãos se moveram sobre a seda da camisola para capturar os peitos. — O que você sente, eu sinto. Projeta alto e claro e não posso pensar com clareza. — Seu polegar acariciou o mamilo através do tecido, inclusive enquanto inclinava a cabeça uma vez mais para a dela. — Não leva nada baixo desta blusa? Seu beijo a fez cambalear. As chamas dançaram em seu sangue e as cores estalaram atrás de suas pálpebras. Roubava-lhe o fôlego, mas alimentava seu ar. Com o peso de seus peitos descansando na calidez da palma dele, cada músculo de seu corpo se esticava e desejava satisfação. Durante só um momento, Lily permitiu que seu corpo controlasse seu cérebro. Devolveu o beijo igual de possessivo, igual de desenfreado. Sem pensamento ou inibição.
Desejava-o. Com freqüência tinha sonhado com o homem adequado, como deveria ser, como seria. Em cada um desses sonhos tinha deixado de lado suas inibições. Aqui estava ele, o homem perfeito. Seu homem. Justo diante dela e tudo o que fizesse contaria. Moveu as mãos instintivamente sobre o corpo dele, lhe reclamando intimamente como ele a estava reclamando. Mostrou-se atrevida e segura, incapaz de controlar o fogo selvagem que ardia fora de controle. Havia um rugido em sua cabeça, um estonteante caleidoscópio de pura sensação, fogo e cor. Seda e cetim. Luz de velas. Tudo o que alguma vez tinha sonhado e mais. Simplesmente se entregou a ele, disposta a sonhar. Disposta a não sentir nada mais que obsessão e desejo. Lily se esticou, tornou-se para trás para ver a cara de Ryland. Ante a paixão estampada ali, a pura posse. O amor nu. Empurrou com força contra a parede de seu peito, sacudindo a cabeça. — Não, isto foi muito longe, troca-o. Troca-lhe sonho. As mãos dele lhe emolduraram a cara. — Este é nosso sonho juntos. Não é somente meu Lily. — Isso me temia. — Murmurou ela. Lily descansou a frente contra seu peito, tentando proporcionar ar a seus pulmões e clarear a mente. — Pela primeira vez em minha vida me sinto assim com alguém. A palma de Ryland lhe rodeou a nuca. Seus lábios lhe roçaram o cocuruto. — supõe-se que isso tem que me fazer sentir mal? Mas bem não quero que deseje nenhum outro homem que veja, Lily. — Havia um tom de risada em sua voz. Ela elevou a cabeça para o olhar fixamente. — Sabe exatamente o que quero dizer. Não posso manter as mãos longe de ti. — Inclusive em seu sonho se ruborizou de um vermelho vívido ante a admissão. — Fecha os olhos. — Ordenou ele brandamente. Lily sentiu seu beijo, ligeiro como uma pluma sobre as pálpebras. Quando ele levantou a cabeça, abriu os olhos com assombro. Estavam de pé em seu museu favorito. Seu lugar de consolo. Vagava freqüentemente pelo museu, sentando-se às vezes nos bancos e admirando a beleza das pinturas. As obras de arte nunca deixavam de lhe proporcionar paz. Por alguma razão, enquanto estava no edifício rodeada de semelhantes tesouros de valor incalculável, podia esquivar as emoções dos que a rodeavam e simplesmente absorver a atmosfera. — Como sabia? — Que você adora estar aqui? — Tomou a mão, atraindo-a até um bosque de fantasia de dragões e feiticeiros. — Pensou nisso várias vezes. É importante para ti assim que o é para mim. Lily lhe sorriu, com o coração nos olhos. Não pôde evitá-lo. Comovia-a que tivesse trocado seu próprio sonho no exterior pelo dela no museu. — Não estou segura do que levo baixo esta roupa, Ryland. — Riu brandamente, provocantemente, sabendo que não seria capaz de conter-se. Ryland a beijou de novo porque não podia evitá-lo. O olhava com esses olhos muito grandes para seu rosto e essa boca tremente e o sacudia até a alma. Elevou a cabeça para examinar sua roupa. A fina seda de sua blusa. A comprida camisola que cobria suas pernas até os tornozelos. Arqueou uma sobrancelha. — Muito bonita.
— Isso pensava. Mas se supunha que tinha que ter roupa interior. Cada músculo do corpo dele se contraiu e apertou. Cada célula ficou em alerta. Seu olhar imediatamente se deslizou pela figura feminina, procurando pistas ao mistério. Lily riu brandamente e o conduziu pela habitação, assinalando suas pinturas favoritas. Detiveram-se ante uma grande escultura cristalina de um dragão alado, Ryland estendeu casualmente a mão e deslizou os dedos dentro do decote da blusa. Amplamente. As gemas de seus dedos roçaram como uma pluma a pele nua. — Leva roupa interior, Lily? Tenho que saber. — E tinha que sabê-lo. Parecia ser o mais importante do mundo. Ela deslizou a mão para baixo pelo peito masculino, sabendo que estava sendo provocadora, mas já não lhe importava. Era um sonho e tinha intenção de aproveitar qualquer vantagem. Em um sonho podia fazer algo, ter tudo, e desejava ao Ryland Miller. — E crê que deveria falar de semelhantes coisas aqui em um lugar público? Ryland riu brandamente. — Esta noite não é público. Fechei-o para nós. Uma sessão privada. E não posso deixar de pensar em sua roupa interior, Lily, em se está completamente nua debaixo dessa camisola, ou o que seja que te cobre — Seus dedos se deslizaram mais abaixo, sobre a plenitude do peito. — Tenho que sabê-lo. — O que está fazendo? — Perguntou Lily sem fôlego. A mão dele deslizava pela frente de sua blusa, como se roçasse as bordas de seu Top de seda, embora demorando-se nos escuros mamilos sob o fino tecido. Fez que instantaneamente seu corpo voltasse para a vida, seus mamilos se esticassem, seus peitos se inchassem e doessem. Os dedos passaram sobre seus peitos uma segunda vez. Lentamente. Sem apressar-se. Estava vez desabotoou um botão. Sua blusa se abriu ligeiramente, lhe proporcionando uma melhor visão da clavícula. Era perfeita, seus peitos cheios e firmes, balançando-se gentilmente sob a seda quando caminhava a seu lado. E não levava sutiã, como tinha suspeitado. Seu corpo reagiu imediatamente, duro, grosso e cheio de calor. — Não sei, carinho, algo neste lugar me acende. — Sorriu para ela, escandalosamente desinibido, pecaminosamente malvado. Seus olhos ardiam de desejo. Seus dedos estavam entrelaçados com os dela e puxou para fazê-la perder o equilíbrio e caísse contra ele. Seu corpo se moldou ao dele, encaixando perfeitamente. Justo ali, em uma habitação cheia de pinturas de centenas de anos de antiguidade, baixou sua boca até a dela. Lily saboreou o desejo, paixão masculina que instantaneamente acendeu uma chama em resposta no fundo de seu estômago, perdeu-se em sua força e fome. Ryland deslizava as mãos por suas costas, moldando seu corpo, medindo o caminho através do tecido da camisa. O coração de Ryland começou a troar em reação ao conhecimento. Sua virilha se esticou até o ponto de doer e um fogo se estendeu em seu estômago. Não havia nem rastro de calcinhas. Sua boca se voltou mais ardente e pressionou firmemente contra a dela. Látegos de relâmpago estalaram através dele ante o contato com sua ereção palpitante. — Necessitamos uma cama, Lily. — Respirou em sua boca. — Agora mesmo. O banco me está começando a parecer bastante bem. O beijou, esfregando deliberadamente seu corpo com o dele, seus peitos empurrando
famintos contra o peito, suas mãos lhe explorando os músculos das costas. — Não necessitamos nem temos tempo para uma cama. Não levo nem rastro de roupa interior sob esta camisa. — Não importava, era um sonho. Podia ser erótica, podia prescindir de inibições. Não desejava realidade, desejava ao Ryland. O fôlego dele abandonou de repente os pulmões. — Está úmida, Lily, ardente e úmida esperando por mim? Porque estou duro como uma rocha. — Nunca o teria adivinhado. Estava-se rindo dele, burlando-se dele. O mundo seria ermo e frio sem Ryland. Estaria vazio e o conhecimento de uma traição chegaria arrastando-se como uma faca empurrada através de seu coração. — Têm câmaras de segurança. — Recordou, decidida a ficar com ele dentro do cenário que tinham montado. Arrastou-a à relativa privacidade de um pequeno espaço enclausurado entre três pinturas estranhas de algum artista que não podia nomear. — Estamos sonhando assim não importa, verdade? Sua boca era ardente e selvagem, deliberadamente dominante, exigindo resposta. Abriu-se a ele como flor, calor por calor, sua boca tão exigente como a dele. Respirando com dificuldade, Ryland se sentou no pequeno banco, estirando as pernas para aliviar o vulto de seu jeans e para empurrar entre suas coxas. — O que está fazendo agora? — O fôlego ficou retido na garganta, todo seu corpo se estremecia de antecipação enquanto os dedos dele rodeavam o tornozelo e começavam a subir lentamente lhe levantando a camisola. Instantaneamente se sentiu quente e úmida, seus músculos se esticaram e palpitaram, lhe desejando, desejando que ele enchesse seu vazio. A temperatura da habitação pareceu elevar uns cem graus. Ele começou a deslizar lentamente a palma para cima para desenhar o contorno de sua perna, acariciando a parte traseira do joelho, roçando as coxas. Suas pernas se apressaram a abrila, expondo-a mais completamente a ele. A lenta revelação de pele quase causou uma explosão no estômago do Ryland. Era como descobrir uma obra prima. Deliciosa. Formosa. Só para ele. A umidade refulgia nos escuros cachos de seu triângulo. Inclinou a cabeça para saborear seu sabor único. Sua língua a acariciou ligeiramente, somente uma prova. O corpo dela se esticou, saltou. Ele tomou seu tempo, seus dedos acariciantes memorizando cada lugar secreto. Enquanto o agarrava pelos ombros com uma apertada garra, empurrou dois dedos até o interior de sua apertada vulva, uma larga estocada que a fez gritar. Ryland sabia que o que estavam fazendo era perigoso. Podiam ficar apanhados em um sonho, perdidos juntos para sempre, mas não poderia haver-se detido nem que sua vida dependesse disso e possivelmente assim era. Ryland não sabia tudo sobre caminhar pelos sonhos. A excitação, o puro prazer que lhe alagava em tão intensas quebras de onda fazia difícil recordar que não era de todo real. Estava tão formosa em seu desejo por ele. Adorava o olhar nublado e luxurioso em seu rosto, o calor de seu corpo enquanto os músculos se esticavam firmemente ao redor de seus dedos. Adorava a forma que confiava tão completamente nele inclusive que pensava
era somente um sonho erótico. Empurrou profundamente, insistentemente, longas estocadas para que se movesse com ele. O corpo feminino se esticou, uma vagem quente e úmida em busca de seus dedos. Sentiu-o vir, o princípio de um duro orgasmo, e retirou os dedos, arrastando-a para ele e enterrando a língua profundamente. O clímax foi selvagem e ele o compartilhou, a explosão ondeante, o ardente líquido, a intensidade do prazer explodindo em seu corpo, em sua mente. As pernas de Lily se voltaram de borracha, estremecendo-se, finos tremores tomaram o controle. Abriu os olhos para lhe olhar. Sua cara era tão perfeita que deixou uma carícia sobre a mandíbula marcada de cicatrizes. Podia ver as linhas de tensão. Não era difícil imaginar por que. O vulto em seu jeans era enorme, tão duro como uma rocha. Simplesmente estendeu a mão para baixo e abriu o zíper fazendo que saltasse fora, ereto, grosso, cheio de desejo. — Lily. — Foi um protesto. Uma súplica de piedade. — É muito arriscado. Não podemos, pequena, aqui não. — Mas já era muito tarde, ela simplesmente levantou a camisola e se sentou escarranchada sobre ele, ali mesmo sobre o banco enquanto os olhos dos retratos os olhavam com surpresa. Ou possivelmente com indulgência. — Nunca poderei manter a ponte, nunca, não quando me está distraindo. — Disse-lhe, com as mãos na cintura para apartá-la. Ela se estabeleceu sobre ele lentamente. Era uma tortura. Estava tão quente, tão úmida, tão apertada enquanto abria caminho entre suas dobras de veludo. Escapou um grunhido baixo, uma nota rouca de prazer/dor que não pôde afogar. Os músculos dela, que ainda se sacudiam a causa do orgasmo, lhe aferrando e lhe ordenhando enquanto começava a mover-se. — Deixa-o chegar, Ryland. — Murmurou maliciosamente, seus olhos azuis fixavam o olhar nos dele. — Não me importa se nos encontram juntos. Sabe o que sinto ao te ter tão profundamente dentro de mim? Suas palavras quase lhe destroçaram. Sabia o que era enchê-la, estirá-la. Sabia o que era a ter montando-o, escorregadia de úmido calor, e sabia o que era empurrar quase impotentemente, violentamente dentro dela, atravessando-a profundamente.Uma e outra vez dura e rápida, sem preocupar-se de que pudessem ficar apanhados para sempre neste sonho. Nada importava nesse momento exceto a pura indulgência do desejo do um pelo outro. O rugido começou em sua cabeça. A chama refulgiu em seu estômago. Os músculos dela lhe rodearam, sua vagem tão apertada que lhe espremeu em uma explosão tão intensa que não pôde camuflar o grito que rasgou sua garganta. Por um momento as cores pareceram explodir a seu redor, aferrou-se a ela, respirando profundamente, tentando recuperar alguma semelhança de controle. Aferraram-se um ao outro, abraçando-se enquanto seus corações tentavam normalizar o ritmo, enquanto seus pulmões tentavam encontrar ar. Chegou-lhes o murmúrio baixo de vozes. Visitantes de última hora do museu. Intrusos em seu mundo de sonho. Lily se apartou relutantemente dele, sentindo sua semente gotejar pela face interna da coxa. Como tinham conseguido estes visitantes para invadir seu sonho? Olhou ao redor, vendo o súbito brilho das luzes de alarme. Estalaram luzes a seu redor, assinalando um dedo acusador para eles. Dois fenômenos da natureza que já não tinham lugar no mundo com todos outros. Ryland quis aferrar-se a ela, abraçá-la, sentiu como sua culpa se elevava enquanto começava afastar-se dele. Sua boca foi dura sobre a dela, exigente. Suas mãos se moveram sobre o
corpo feminino com amorosas carícias, com ávida ansiedade, com tremente necessidade. À fusão de suas bocas, explodiram foguetes a seu redor, laranja, vermelho e branco. Lily podia sentir os músculos dele sob seus dedos, ouvir o coração palpitando com força contra seus peitos. Os foguetes estalaram uma vez mais ao redor dela, dentro dela, piscando vermelho e branco. A luz distraía, afastando-a de seu mundo de amantes e conforto de volta à realidade onde a terra se moveu sob seus pés para sempre. Não importava quanto tentasse aferrarse a seu sonho, uma luz de advertência zumbia insistentemente em sua cabeça, decidida a arrancála dos braços do Ryland até a fria realidade do dormitório. Lily olhou ao redor, ligeiramente desorientada, com a vista desfocada, piscando repetidamente para clarear a visão. Uma luz vermelha piscava na habitação. Rajadas da mesma iam e vinham como se estivesse soando um alarme. Saltou da cama, surpresa que seu corpo estivesse palpitando e ardendo, completamente excitado, desejando a posse de Ryland. Desejava-o ardentemente, necessitava-o. Não ganhava nada mentindo a si mesma, mas a intensidade do desejo era esmagador. Havia sentido seu tato sobre a pele nua, sua mão sobre o corpo, acariciando-a. Ouvia o suave grito de protesto dele decrescendo enquanto se cambaleava afastando-se da cama. Longe do sonho. A luz vermelha lhe feria os olhos e atravessava como agulhas as paredes de sua mente. Relâmpagos vermelhos de dor como os golpes de um látego. Saiu à habitação exterior e se apressou a encontrar os controles das câmeras que sabia tinha que haver. Ao pressionar um botão instantaneamente acendeu uma tela por cima de sua cabeça. Viu ao obscurecido escritório de seu pai, a porta entreaberta apesar do fato de que a tinha fechado. Uma figura sombria se movia pela habitação, abrindo e revolvendo as gavetas do escritório de seu pai. O intruso vestia-se de negro e levava uma máscara sobre a cara, ocultando tudo exceto os olhos que ela não podia ver claramente na escuridão. Com o coração na garganta, observou como examinava o relógio do avô, depois se afastava dele para passar a luz de uma lanterna sobre os títulos dos livros nas estantes. Observou a forma em que se movia, sem esbanjar movimentos, era claramente um profissional. Tinha ignorado completamente o computador, como se já soubesse que resultaria inútil. Ignorou completamente a agenda de seu pai, ainda colocada pulcramente junto ao computador. Tirou vários livros ao azar, passando as páginas, depois os devolvendo pulcramente ao lugar exato de onde os tinha tirado. Não tinha sentido que percorresse o escritório de seu pai sem procurar realmente. O que estava fazendo? O intruso examinou seu relógio e abandonou a habitação, voltando o olhar uma vez mais para assegurar-se de que tudo estava em seu lugar. Fechou a porta brandamente e a habitação ficou absolutamente vazia na tela. Lily se apalpou o pulso, recordando que seu comunicador, que Arly insistia em que levasse para emergências, estava sobre a mesa de noite junto a sua cama onde o tinha deixado atirado com absoluto desagrado. Por razões óbvias, não havia telefone no laboratório oculto de seu pai assim que se apressou a voltar a subir as escadas, colocando o ponteiro do relógio esculpido no teto às nove horas, deixando-a orientada para o número romano IX e observando como a tampinha se abria. O intruso devia ter colocado equipamento de vigilância e tinha que encontrá-la antes que a
conectasse. Precisaria entrar no laboratório para estudar os documentos. Não podia ter a alguém olhando sobre seu ombro todo o tempo. Agarrando o telefone, marcou o botão da habitação do Arly. — Estou nisso, cabeça de vento. Ativou um alarme silencioso quando atravessou a porta do escritório de seu pai. — Disse Arly sem preâmbulos. — Fica em sua habitação enquanto lhe rodeamos. — Estou no escritório de meu pai e colocou bichinhos por toda parte. Bom por seus reforços, Arly. — Observou Lily. — Não te mova, Lily. — Exclamou, o medo por ela crepitava em sua voz. — por que demônio não está escondida sob a cama como qualquer mulher normal? — Se pergunte a si mesmo como ele entrou quando tem este lugar fechado, pequeno sabichão chauvinista. E como conseguiu transpassar a porta fechada do escritório de meu pai? Necessitaria traços, Arly. Os traços de meu pai. Atravessou três sistemas de segurança e não conhecia as salvaguardas, mas sabia do resto. — Me escute, Lily, fecha essa porta e não a abra a ninguém mais que a mim. Irei por ti quando souber que é seguro. — Não estou exatamente preocupada, Arly. Meu pai e você se asseguraram que soubesse me proteger a mim mesma. Podem ter feito a meu pai, mas descobrirão que eu não sou tão fácil. Arly a amaldiçoou em voz baixa desligando o telefone de repente. A Lily não importou. Era um perito em segurança.Tinha suficiente dinheiro ao seu dispor para instalar os últimos joguinhos para permanecer à cabeça de todos outros, mas ainda assim, alguém tinha ganho a entrada à casa e tinha transpassado a segurança do escritório que ela tinha ativado ao fechar a porta. Tremia de fúria, negava-se absolutamente a deixar-se intimidar por um intruso em sua própria casa. Não permitiria que a deixa tremente ou escondida sob a cama. Não sabia quem era amigo ou inimigo, mas ia averiguar e voltar a fazer sua casa segura. Lily começou a procurar os microfones que sabia que o intruso teria deixado cair casualmente no escritório de seu pai. As gavetas, a mesa de café. Voltou sob seus passos, encontrando os livros facilmente. Seu cérebro tinha gravado o padrão, azar dele, mas pelo visto com uma precisa configuração para ela. Havia uma ordem no azar que podia ver claramente onde os outros não podiam. Destruiu cada microfone que encontrou. Arly poderia fazer logo um repasse à habitação, mas estava segura de havê-los encontrado todos. Queria ao intruso capturado e interrogado. Queria o nome do traidor em sua casa. Queria os nomes dos conspiradores na Corporação Donovan e entre os militares. A suave boca de Lily se esticou e riscou os restos dos caros instrumentos de vigilância sobre o escritório de seu pai. Conte-me, Lily.Fale, abre sua mente a mim. Distrai-me muito. Não queria falar com ele. Não podia falar com ele. Estava tentando fazer frente a muitas coisas. Quando Ryland estava em sua mente ou perto de seu corpo, a culpa e um calor ardente eram predominantes, não a fria lógica. Pelo que parece minha mente está bastante aberta a seu contato eu queira ou não. Surpreendia-a quão longínquo parecia Ryland, como se seus poderes se estivessem debilitando. Encontro-te chorando, afligida pelo pesar, e agora algo mais vai muito mal Demônios, estou preso como um animal em uma jaula e não posso chegar até você. Utilizei muito poder mantendo a ponte entre
nós. Minha cabeça... O coração saltou ante a dor em sua voz. Pôde ouvir a nota de pura frustração. Havia um bordo afiado em sua voz, uma nota implacável que a advertiu de que estava se voltando perigoso. Sopesou suas opções. A última coisa que queria era que Ryland Miller tentasse afligi-la e sobrecarregá-la. Seu sonho erótico compartilhado lhe tinha drenado e empurrado mais à frente do limite, o qual resultava perigoso. Lily se deixou cair pesadamente na cadeira de seu pai. Não é nada. Um intruso. Este lugar tem medidas de segurança que rivalizam com as do Donovan mas um homem entrou na casa. Produziu-se um pequeno silêncio enquanto sentia que algo da tensão lhe abandonava. Deveria ter contatado comigo imediatamente. A reprimenda a irritou muito mais do que a assustou. Não queria que fizesse uma idéia equivocada dela, que pensasse que necessitava amparo. Mais que tudo precisava descansar. Se ele continuava forçando sua comunicação, podia afligi-la facilmente. Compreendo que estive difundindo emoções extremas, mas você tem que compreender que com o assassinato de meu pai, o conhecimento dos experimentos que fazia e a súbita, inquietante e muito incômoda atração física por você, estive sob muita pressão. Está emitindo raiva e parece estar no limite de seu controle mas sei por ter estado em sua cabeça que é um homem extremamente controlado. Estou segura de que sabe que sou uma mulher sensata e muito capaz de cuidar de mim mesma. Espero que não tenha feito uma idéia equivocada de mim. Produziu-se um longo silencio. Lily brincou ausentemente com os pequenos restos eletrônicos sobre o escritório, dando voltas uma e outra vez, criando padrões enquanto esperava. Notou que continha o fôlego esperando sua resposta. Esperando algo que necessitava dele. O silêncio se estendeu durante uma eternidade. Inquietante e incômoda atração física? Maldita seja por dizer isso, Lily. Sou muito consciente de que está fora de meu alcance. É inteligente e formosa e tão endemoniadamente sexy que não posso respirar quando está na mesma habitação comigo. Lamento se minha necessidade de lhe proteger te incomoda de algum modo, mas é parte de minha personalidade. Sou rude, e não há nada a fazer, mas maldita seja de todas as formas, tenho cérebro. Posso ver exatamente o que é. O golpe na porta fez Lily saltar fora da cadeira, o coração acelerou antes de poder evitá-lo. Eu gosto de seu aspecto, Ryland. Eu gosto de tudo em você.Infelizmente era a verdade. Admirava a ele e sua necessidade de proteger a todos que o rodeavam. Suspirou. Não tinha tempo para um batepapo de coração aberto. Arly está aqui. Lily não deveria havê-lo admitido ante ele, mas adorava seu aspecto. Tudo nele a atraía e não confiava nisso. Não desejava a intensidade da química que compartilhavam, tão explosiva que mal podiam controlar-se a si mesmos. Era completamente alheio a sua natureza. Fizera algo seu pai junto com os desprezíveis experimentos que tinha levado ao cabo sobre meninas e depois sobre homens adultos? Tinha decidido intrometer-se inclusive mais em sua vida? Tinha encontrado uma forma de realçar a atração física entre duas pessoas? Não! Lily, não sei o que você encontrou que resulta tão devastador mas o que há entre nós é real. Você não nasceu adepto. Foi realçado. O golpe foi mais forte esta vez, acompanhado por um grito amortizado. Lily suspirou e se aproximou da porta. Estava cansada. Rendida até os ossos. Queria fechar os olhos e dormir para sempre. Sonhar para sempre e perder-se em si mesma se o que suspeitava estava certo.
Mas agora é real, Lily, não posso acabar com isso. Nunca poderei acabar com isso. Se seu pai te fez formar parte de um experimento que envolve a ambos, não seremos capazes de acabar com isso mais do que posso deter a informação que flui até meu cérebro. Tenho que estar segura, Ryland. Meu mundo ficou de pernas para acima. Marcou o código da porta e a abriu para Arly. Parecia frenético, mas se recuperou rapidamente, inclusive lhe franziu o cenho quando ela ficou ali de pé arqueando serenamente uma sobrancelha interrogadora. — Não o pegamos. — Levantou a mão para deter seu protesto. — Era bom, Lily, estou falando de um autêntico profissional. Gostaria de saber como sabia os códigos e que classe de sistemas temos. Esteve bastante ocupado colocando micros e uma câmera ou duas em seu escritório privado. Ela deixou escapar o fôlego lentamente. — Conhecia o caminho até meu escritório em uma casa de oitenta habitações? Ninguém conhece todas as habitações, nem sequer eu. Como teria um completo desconhecido essa informação, Arly? Veio diretamente ao escritório de meu pai, colocou microfones, e fez o mesmo em meu escritório. O que nos diz isso? —- Inclinou a cabeça para ele em desafio. — Que não estou tão ao atualizado em questão de segurança como pensava e você está mais em perigo do que suspeitava. — Arly formou um punho e golpeou a palma. — Demônios, Lily, alguém tem que estar lhes proporcionando informação. Conhecia a disposição da casa e saiu daqui como um maldito fantasma. Lily se esticou. Poderia ter atravessado Ryland a segurança da casa? Estava treinado para introduzir-se em território inimigo sem ser visto. Havia outros Caminhantes Fantasmas? Homens sobre o que não sabia nada, e que trabalhavam para seu inimigo? É isso possível? Há outros? — Sinto muito, Lily, pensava que a casa era impenetrável. — Temos que estar atentos ao pessoal de dia, repassar suas fichas com lupa. — É possível, Ryland? Há outros? Arly sacudiu a cabeça. — O pessoal de dia não teria informação sobre nosso sistema de segurança. Poderiam proporcionar a localização de seu escritório ou a do Doutor Whitney, mas nunca teriam os códigos. E não teriam os traços digitais do Doutor Whitney. Essa é a prova final, Lily, de que lhe respalda grande quantidade de dinheiro. Poderia ter havido outros. Houve uns quantos homens que foram despachados, homens que não encaixavam com os critérios exatos. Poderiam havê-los tido em alguma outra parte. Crê que o fizeram? Só Deus sabe. Ryland soava completamente esgotado. Lily amaldiçoou silenciosamente ao seu pai. Olhou ao redor em busca de uma cadeira onde sentar. Como podia um homem ter feito tanto dano às vidas de tantas pessoas? E como ela não o tinha suspeitado alguma vez? — Lily? — Arly a agarrou pelo braço e a guiou até uma cadeira. — Está pálida. Não vai desmaiar sobre mim ou algo tão estupidamente feminino como isso, verdade? Lily riu brandamente, o som amargo e distante. — Estupidamente feminino Arly? Onde encontrou meu pai a alguém que despreza tanto às mulheres como você?
— Eu não desprezo às mulheres, simplesmente não as entendo. — Rebateu ele, abaixandose junto a sua cadeira, seus dedos lhe rodeando amplamente o pulso, tomando a pulsação. — Sou brilhante, bonito, posso dar mil voltas à maioria dos tios e as mulheres se estremecem ao ver-me. Por que será? — Poderia ser pela forma em que franze os lábios cada vez que diz a palavra "mulher". — Lily apartou seu pulso de um puxão. — Trabalhou para Papai durante anos. Cresci contigo, te seguindo por toda parte... — Fazendo perguntas. Ninguém fazia tantas perguntas como você. — Ele sorriu de repente. Lily captou uma breve faísca de orgulho em seus olhos. — Nunca tive que te repetir as coisas duas vezes. — Alguma vez o ajudou com seus experimentos? Neste momento a cara do Arly se fechou, o sorriso decaiu. — Sabe que não discuto sobre nenhum dos assuntos de seu pai, Lily. — Está morto, Arly. — Manteve seu olhar fixo no dele, estudando sua reação. — Está morto e já não tem que ocultar as coisas que fez. — Desapareceu, Lily. — Sabe que está morto e acredito que um de seus projetos o matou. — inclinou-se para ele. — Você também o crê. Arly retrocedeu. — Possivelmente, Lily, mas que diferença faz? Seu pai conhecia mais gente do que temos esperança de conhecer em toda uma vida. Sua mente sempre estava trabalhando em formas de fazer do mundo um lugar melhor e pensando assim, conseguia conhecer os refugos da sociedade. Acreditava que isso o ajudaria a entender como funcionava as pessoas. — Você gostava de meu pai? — Perguntou diretamente. Arly suspirou. — Lily, conheço seu pai há quarenta anos. — Sei. Você gostava? Como pessoa? Como homem? Era seu amigo? — Respeitava ao Peter. Respeitava-o muito e admirava sua mente. Tinha uma grande mente. Era um autêntico gênio. Mas ninguém era amigo dele, exceto possivelmente você. Não falava com as pessoas, utilizava-as como caixas de ressonância, mas não se incomodava conhecer ninguém. Utilizava às pessoas para seus próprios interesses... OH, não em busca de ganância monetária, não necessitava isso, já tinha suficiente dinheiro para fundar um pequeno país, a não ser por causa de suas intermináveis idéias. Em todos os anos em que o conheci, duvido que alguma vez me tenha feito alguma pergunta pessoal. Ela elevou o queixo. — Sabia que eu era adotada? Arly encolheu seus magros ombros. — Nunca o vi com uma mulher, deduzi que te teria adotado, mas nunca o discutimos. Se não foi sua biologicamente, teria se assegurado endemoniadamente de que fosse legalmente. A única coisa que queria em sua vida era a você, Lily. — Sabia que tinha tido aqui a outras meninas? Arly pareceu incômodo.
— Isso foi há anos, Lily. — E os homens? — Lançou o golpe ao azar, estudando suas reações atentamente. Arly elevou a mão. — Algo que tenha que ver com o exército não vejo ou escuto. Assim é como funciona simplesmente, Lily. — Isto é importante, Arly, ou não perguntaria. Acredito que fosse o que fosse o projeto em que estava trabalhando no Donovan, tinha algo há ver com o exército, perdeu a mão e alguém o matou procurando informações que ele não queria entregar. Pedi que me atribuíssem esse projeto para encontrar a informação desaparecida. Preciso ter todas as peças do quebra-cabeça. Estiveram esses homens aqui recentemente? Homens com os que ele poderia estar trabalhando? Arly ficou em pé, passeando pela habitação. — Mantive este trabalho e meu lar aqui durante trinta anos porque sei manter a boca fechada. — Arly. — Disse Lily brandamente. — Meu pai está morto. Ou sua lealdade se inclina para mim e trabalha para mim e é parte de minha família e minha casa ou não. Necessito essa informação para me manter com vida. Terá que decidir à idéia de como vai ser isto a partir de agora. — Minha lealdade se inclinou para você no momento em que pousei os olhos em sua pessoa. — Disse ele rigidamente. — Ajuda-me então! Tenho intenção de averiguar o que está acontecendo e quem matou meu pai. — Deixa que se ocupe a polícia, Lily. Encontrarão uma pista cedo ou tarde. — Trouxe homens a este lugar? Militares? E ficaram aqui durante algum tempo? — O olhar de Lily seguiu firme sobre a cara de seu encarregado de segurança, sem o deixar apartar o olhar. Arly tomou um profundo fôlego. — Estou seguro de que trouxe três cavalheiros e sei que não se foram nesse mesmo dia. Nunca voltei a vê-los, e nunca os vi partir. Não os levou ao seu escritório, a não ser às habitações do segundo piso na asa oeste. — É empregado meu ou do governo dos Estados Unidos? — Demônios, Lily, como pode me perguntar isso? — Estou te perguntando isso, Arly. — Deliberadamente Lily se estendeu para tomar a mão, colocando os dedos ao redor de seu pulso. Ligeiramente. Mas seus dedos encontraram seu pulso, procurando suas emoções. Procurando a verdade nele. Arly tentou apartar-se instintivamente, mas ela apertou os dedos. Estendeu-se para o Ryland. Pode lhe ler? Não. Não tenho habilidade para fazer isso, nem sequer contigo realçando suas emoções para mim. Tem que estar na habitação, me tocando, ou tenho que tocar algo seu para sintonizar com ele tão claramente. Tome cuidado, Lily, nota que te está comportando de forma alheia ao seu caráter. — Não trabalho para o governo. — Havia calor na voz do Arly. — Trabalha para a Corporação Donovan? — Insistiu Lily. Arly apartou o braço de um puxão e se cambaleou para trás, quase caindo. — Que demônios passa contigo? Está-me culpando disto? Possivelmente é minha culpa,
possivelmente seu pai desapareceu por minha culpa também. Deixava-o conduzir esse velho carro que tanto adorava quando sabia que poderia ser um objetivo para qualquer tipo estranho. Lily deixou cair à cabeça entre as mãos. — Sinto muito, Arly, seriamente. Agora mesmo tudo em minha vida parece uma confusão. Não te culpo pelo que ocorreu a papai. Ninguém poderia ter evitado que conduzisse seu carro. Adorava essa velharia. Simplesmente não se via a si mesmo como alguém rico e famoso ou que trabalhasse em algo que outros pudessem considerar excepcional. Já sabe. Não é mais culpa tua que minha. Mas alguém nesta casa está filtrando informação e temos que descobrir quem é. Arly se sentou no chão e a avaliou com olhos firmes. — Não sou eu, Lily. Você é a única família que tenho. Sem você, estou completamente só no mundo. — Sabe por que me trouxe aqui meu pai? — Imagino que queria um herdeiro. — Ondulou a mão para a enorme casa. — Precisava deixar tudo a alguém. Ela forçou um sorriso. — Suponho que o fez. — Parece cansada, Lily, vá à cama. Informei que resolvemos a questão e me ocuparei da polícia. Não há necessidade de que fale com eles. — Arly quero controle absoluto da asa leste da casa. De todas as habitações de cada piso dessa asa. Quero segurança no exterior, mas nenhuma só câmera ou detector de movimento dentro. Quero privacidade absoluta. Um lugar onde possa acudir e onde tenha privacidade absoluta depois do fechamento. E não quero que ninguém mais saiba. Se encarregue do trabalho você mesmo. Ele assentiu lentamente. — Considerará ao menos a possibilidade de um guarda-costas? — Pensarei nisso. — Prometeu. — E leva o transmissor. Tomei o trabalho de pô-lo em seu relógio, ao menos poderia leválo. — Arly titubeou e depois tomou um profundo fôlego. — Há um túnel subterrâneo sob os níveis do porão. Corre sob o imóvel e conduz a duas entradas separadas. Seu pai utilizava os túneis para trazer gente que não queria que você visse ou o pessoal. — Deveria ter suspeitado de algo assim. Obrigado, Arly. Mostrará os túneis? Ele assentiu a contra gosto. — Levarei ali quando partir a polícia.
Capítulo 6 Ryland estava esperando, seus olhos cor mercúrio, ardentes de emoção. No momento em que seu olhar se chocou com o dele, a lembrança dessa boca esmagando a sua levantou para zombar dela. Seu corpo instantaneamente se esquentou e sentiu incômodo, voltou-se suave e disposto. O fôlego parou nos pulmões e o saboreou. Sentiu-o. Sentiu-o profundamente dentro dela, enchendo-a, uma parte dela. Detenha, Ryland. Estava zangado com ela. Separou-se dele. Tinha sido incapaz de alcançá-la nem sequer em seu sonho. Ryland estava resolvido a deixá-la saber exatamente o que pensava de seu comportamento, mas no momento em que a viu mudou de idéia. Detestava ver os círculos escuros embaixo de seus olhos, sombras que não tinham estado ali antes. Ela estava sofrendo e ele não pioraria. Obrigando a baixar à gigantesca onda de emoção falou brandamente. Não sou eu. Jurolhe isso, não faço isto. Sim, faz. Tem uma...imaginação vívida e está projetando muito ruidosamente. Viu então, a necessidade dela de o separar. Ele acreditava que seria o sonho erótico compartilhado, que se mostraria envergonhada ou tímida com ele. Poderia ter saltado isso. Persuadi-la. Tenta-la. Mas Lily não acreditava nele, porque não acreditava em ninguém. Whitney tinha feito isso. Maldito homem por deixá-la sem nada. — Lily — Pronunciou seu nome amavelmente. Incitando-a. Seduzindo-a — Obrigado por vir, sei o difícil que é para você nesse momento. Os olhos azuis se abriram muito. Foi agradável ver surpresa em vez de cansaço. Ryland tentou um sorriso. — Vêem aqui, bate-papo comigo. Lily levantou o olhar até sua cara, estudando suas longas pestanas, sua mandíbula forte, o cabelo negro caído em sua frente. Seu corte estritamente militar tinha desaparecido fazia muito, sendo substituído por revoltosas ondas que o faziam imensamente atrativo. Preciso falar contigo, mas não assim. Preciso conseguir que possamos ir a algum lugar onde os gravadores e as câmeras não nos vigiem. Seus frios olhos cinza descansaram pensativamente sobre a face dela. Lily afastou o olhar, uma ligeira cor manchava suas bochechas apesar de sua determinação de aparentar serenidade. Tinha sonhado com este homem. Sonhos ardentes e úmidos de sexo pecaminoso e apaixonadas respostas. Não esteve sozinha nesse sonho. De algum modo Ryland esteve com ela, compartilhando cada uma de suas fantasias, tocando-a, beijando-a. Fechou os olhos, relembrando como o tinha montado grosseiramente, sem inibições. Tinha sido um sonho. Tinha necessitado
escapar e se lançou a isso com todo seu ser. E ele sabia. — Lily, foi formoso. — Não o discutirei. Ryland deixou passar porque ela não precisava sentir-se incômoda. No momento em que pousou os olhos nela, soube que era a mulher nascida para ele. Ela podia não souber, mas isso não importava. Ele sim, e era implacável uma vez escolhido um caminho. Posso desligar as câmeras e os gravadores. Estive fazendo por um tempo, desligando e religando, inicialmente para praticar, agora para que não se fiem. Já se acostumaram para não vir diretamente a me dar uma olhada. Não quer falar comigo... assim. Não queria. Era muito íntimo e não confiava na intensidade do que compartilhavam. Temia que cada vez que falavam telepaticamente, o vínculo se fortalecia. Mas mais que isso, temia pela saúde dele. Podia sentir sua dor constante, sentir a drenagem de sua força. E não tinha nem idéia das conseqüências do uso prolongado de uma conexão telepática. Se ele podia eliminar a ameaça das câmeras, melhor para eles. Melhor para ele. O desejo de o manter ileso beirava a obsessão. E não podia confiar que não houvesse ninguém mais escutando. Lily contemplou Ryland, afogando-se na pura necessidade de seus olhos. Ninguém havia dito que seria assim, um desejo selvagem que arranhava sua pele, esquentava seu sangue, e provocava uma fome tão profunda, tão elementar que apenas podia suportar estar separada dele. Virou afastando-se dele, incapaz de continuar olhando seu rosto. Saberia, podia lê-la facilmente. A química entre eles escapava do controle. Às vezes temia que se estivesse livre das grades, faria algo com ele, justamente ali, com ou sem câmeras. — Alto — A voz dele levantou como uma alavanca, uma pura dor — Não posso me mover, nem um passo. Agora é você quem está projetando. Está me espancando até não me deixar pensar com clareza. — Sinto muito — sussurrou as palavras, sabendo que ele podia ouvi-la. Não se voltou, mantendo a face oculta — Não dormiu em todo o dia, quer algo que te ajude? — Sabe por que não posso dormir. Você tampouco pode. Demônios tem medo de dormir — Seu tom foi tão baixo que pareceu arder a fogo lento. Jogando sobre sua pele, penetrando em seus poros, acariciando seu corpo até que cada célula voltou para a vida com um desejo afiado e ansioso. Quando durmo sonho contigo. Seu corpo sob o meu. Meu corpo profundamente dentro de você. Sabia que sonhava com ela, com seus corpos entrelaçados. Compartilhava seus sonhos eróticos, essas selvagens fantasias que ela não tinha esperanças de igualar na realidade. — É uma complicação que não esperávamos — esclareceu a voz, esta era rouca e pouco familiar — Isso é tudo, Ryland. Podemos superar se formos bastante disciplinados. — Me olhe! Lily levantou o olhar para ele. Não pôde evitar cruzar a distância até chegar a seu lado. As mãos dele encontraram as suas através das grades inclusive enquanto sentia o peso da energia, sua intensa interferência no equipamento eletrônico. — O que é, pequena? — moveu-se para ela, silencioso, tranqüilo, seu corpo grande e musculoso roçando contra o dela protetoramente através das grades de ferro — me fale, me conte o que encontrou. Lily escutou o som do oceano de fundo, a água consoladora, inclusive embora as ondas
soassem furiosas. Imaginou correndo para a costa, chocando-se contra as rochas. A espuma fluindo no ar, salpicando a água branca bem alta. Desejou poder rugir como as ondas, escapar ao amplo mar aberto com suas selvagens emoções, não só escutar uma fita que soava. — Fui um experimento, Ryland — Pronunciou as palavras tão baixo que ele teve que se esforçar para as captar — Isso é o que fui para ele. Um experimento, não sua filha — Saboreou a amargura da traição ao pronunciar as palavras em voz alta enquanto seu mundo ruía a seu redor. Ele permaneceu em silêncio, abraçando-a através das grades, sentindo a dor como uma entidade viva que respirava. Ryland não queria dizer ou fazer nada equivocado. Lily estava tão perto de romper em pedaços como o cristal, assim, permaneceu em silêncio. Lily tomou um profundo e tranqüilizador fôlego, deixou escapar lentamente. — Encontrei seu laboratório secreto. Tudo estava ali. Fitas de vídeo de mim e outras meninas. Uma habitação onde nos mantinha, onde comíamos e dormíamos e ele fazia suas provas. Tinha uma dieta muito rígida, a melhor nutrição, assistíamos somente a vídeos educativos. Somente material educativo para ler. Cada jogo estava desenhado para fortalecer minhas habilidades psíquicas e somar-se a minha educação — passou uma mão instável pelo cabelo — Não sabia nada disso, nunca insinuou isso, sequer uma vez. Nunca suspeitei, seriamente. Ryland desejava desesperadamente tomá-la nos braços e defende-la de tudo o que a feria. Silenciosamente amaldiçoou as grades que havia entre eles. Este era o golpe mais duro que Lily poderia ter sofrido. Peter Whitney tinha sido seu pai, seu melhor amigo e mentor. Ryland se inclinou mais perto, esfregando a mandíbula no cocuruto dela fazendo que seu cabelo ficasse preso entre o restolho de sua barba. Foi uma pequena carícia, um gesto de afeto e ternura. Lily agradeceu que permanecesse em silêncio. Não estava segura de poder contar tudo se ele tivesse protestado ou simpatizado. Sua fé e confiança estavam sacudidas. Os alicerces do que tinha sido seu mundo estavam rachados. — Disse... — Sua voz cambaleou, tremeu e se rompeu. O coração de Ryland rompeu junto com a voz dela. Compreendeu que estava apertando sua mão muito firmemente e fez um esforço por aliviar sua força. Ela não pareceu notar. Esclareceu a garganta e tentou de novo. — Tentou realçar as habilidades psíquicas primeiro em órfãos. Provou com meninas pequenas de países onde havia abundantes órfãos descuidados. Tinha o dinheiro e as conexões e trouxe para o país às que pensou que satisfariam suas necessidades. Era uma delas. Sem sobrenome, somente Lily. O sujeito feminino.... — esclareceu a garganta — essa sou eu, Ryland, um sujeito feminino. Levou-nos diretamente a seu laboratório subterrâneo. Nos fez provas e treinou a cada dia de forma muito parecida com o regime pelo que passam vocês. Olhou-o então. Seus olhos alagados em lágrimas, antes de poder piscar para as fazer desaparecer, Ryland inclinou a cabeça e tomou com sua boca. Saboreando suas lágrimas. Beijando gentilmente suas pálpebras. Meigamente. Lily piscou para ele, com confusão no olhar. — Conte o resto, tira fora, Lily. Elevou a cabeça para estudar seu rosto, seus olhos azul de causar pena que se sentiu doente. Porém, algo em seu olhar firme devia tê-la reconfortado. Lily tomou fôlego e continuou. — Segundo ele as outras meninas e eu, éramos indesejadas de todas as formas e ele nos
estava proporcionando um lar decente, cuidados médicos, e comida. Isso era mais do que teríamos tido onde nos encontrou, assim é como desculpou seu comportamento. Não quis incomodar-se com nossos nomes, assim nos chamou como flores e estações e coisas como Chuva e Tormenta — Arrancou sua mão das de Ryland, apertando um punho contra a boca tremente — Não éramos nada para ele. Não mais que ratos em um laboratório. Fez um pequeno silêncio enquanto se olhavam. — Como eu. Como meus homens. Repetiu o experimento em nós. Lily assentiu lentamente, andando longe da jaula e de costas para ele, uma inquieta fúria crescendo. Ryland observou as sombras que cruzavam sua face pálida enquanto andava de cá para lá, incapaz de ficar quieta, e seu coração a acompanhou. Estava lutando da única forma que conhecia, com o cérebro, pensando as coisas logicamente. — E o pior é, que os mesmos problemas que teve aqui, com vocês, os teve conosco. Meu deus, Ryland, enviou a essas pequenas fora daqui, desprotegidas, indesejadas, quando resultaram muito problemáticas. Sua voz era tão baixa que apenas a ouvia. Estava muito envergonhada, como se fosse culpada do que tinha feito seu pai. Ryland estendeu a mão através das grades de sua jaula, tentando agarrar seu braço, a puxar, mas já caminhava afastando-se, abstraída, refreando suas emoções. — Não vi os dados, Ryland, não tive oportunidade de averiguar como o fez realmente. O que fez foi puro gênio...equivocado, mas não obstante genial. Compreendeu que os velhos antidepressivos como a amitriptilina diminuíam a habilidade psíquica, enquanto que os inovadores inibidores de serotonina eram neutros ou as realçavam. Papai pôde fazer um estudo post mortem de um vidente. O sujeito mostrava um incremento de uma sétima parte nos receptores de serotonina do hipotálamo e a malha amigdálico, comparado com o normal. — Perdi-me. Ela ondulou uma mão descartando-o, sem olhar para ele, ainda caminhando. — Partes do cérebro. Não importa, somente escuta. Além disso, era um subtipo de receptor com características de união completamente novas. Seqüenciou a proteína, encontrou o gene associado, o clonou, e inseriu o gene e o expandiu em uma célula cultivada. Elucidou a estrutura protéica com um modelo por computador e depois modificou um inibidor de serotonina existente para dar uma alta especificação ao recém descoberto. O truque estava em manter a molécula solúvel, assim cruzaria a barreira do sangue no cérebro. Pronto! De repente a rádio estava sintonizada na emissora adequada. — Pequena, não estou entendendo nenhuma palavra do que diz — Lily não se dava conta, mas tinha passado de filha ferida a cientista interessada — Pode falar em cristão para mim? Lily continuou andando, seus rápidos e agitados movimentos traíam sua confusão interna; estava falando mais para si mesma que para ele. — Nem todos o sujeitos tinham as mesmas habilidades. Como um pobre levantador de pesos, a resposta foi mais drogas. Utilizar um programa triplo de treinamento foi um golpe brilhante. Cada caminho separado proporcionava uma forma de realçar as habilidades naturais. E utilizou impulsos elétricos, de forma muito parecida com o que tentaram com o Mal de Parkinson. com a esperança de estimular mais atividade. Mas as meninas começaram a cair, uma sobrecarga
sensorial. Descobriu que havia umas poucas âncoras e que todas as demais meninas gravitavam para elas. Pensou que era por sua pouca idade. Começaram a ter problemas emocionais variados e físicos. Ataque que causavam hemorragias cerebrais, histeria, terrores noturnos, sintomas associados com um trauma severo. Acredito que os impulsos elétricos provavelmente causaram as hemorragias cerebrais, mas terei que estudar mais a fundo. Eram somente meninas. Éramos somente meninas. Virou afastando-se de Ryland, cruzando os braços sobre os peitos. — Acabou com os filtros naturais e depois abandonou a todas. Eu era um sujeito. Assim me chamava. Sujeito Lily. Olhava fixamente além dele para o computador, parecia desolada. — Compreendeu que as meninas estavam afligidas, queimadas, assim se apressou a lhes encontrar famílias, inventando alguma explicação plausível para seus problemas, e lhes voltou as costas. Ficou comigo porque era uma âncora e esperava me utilizar novamente — Girou a cabeça então, seus olhos azuis nublados pela dor — E o fez. — Lily — Seu nome era uma dor entre eles. Seu formoso nome, tão parecido a ela, puro, perfeito e elegante. Desejou estrangular seu pai com as mãos nuas. Ryland sabia que havia muito mais. Peter Whitney era um cientista perseguindo um lucro. Não era homem que fizesse mal deliberadamente a outro ser humano, mas era desumano em seus métodos. Whitney podia vê-lo "comprando" às pequenas órfãs aos pais que não as queria de todas as formas. Tinha o dinheiro e as conexões. — Quando decidiu tentar de novo, utilizou homens adultos, já bem disciplinados — Olhou para ele — Nem sequer sei meu autêntico nome. Ryland conseguiu agarrar sua manga e fazê-la cambalear para ele. Empurrou-a contra as grades, perto dele, deslizando a mão ao redor dela, incapaz de conter-se. Estava rígida e resistia, mas aconchegou-a sob seu ombro, perto de seu coração aonde pertencia. — Seu nome é Lily Whitney. É a mulher que desejo a meu lado noite e dia. Que desejo que seja a mãe de meus filhos algum dia. Que desejo como amante. Que desejo seja a pessoa a que recorra quando o mundo resulte ser muito entristecedor. Ela deixou escapar um suave protesto, um lamento profundo em sua garganta, e tentou afastar-se dele, mas, agarrou seu rosto com as mãos, inclinando-se sobre ela protetoramente, protegendo-a instintivamente da câmera, apesar de que não funcionasse. — Sei que agora mesmo não pode escutar quando digo, mas você foi o mundo de Peter. Era um homem sem risadas ou amor, conduzido por sua necessidade de aprender mais. Vi como a olhava. Queria-a; possivelmente não tenha começado assim, mas aprendeu a te querer. Pode não tê-la metido em sua vida pelas razões corretas, mas te manteve porque a queria! Não podia suportar separar-se de você. Você fez que soubesse o que era o amor — Ryland diria algo para acabar com sua dor, mas, enquanto pronunciava as palavras, sentiu que era verdade. Ela sacudiu a cabeça em negação, sem atrever-se a acreditar porque se estivesse equivocada seria outra faca que atravessaria seu coração. — Não pode saber isso. Seus olhos cinza brilharam com a verdade. — Sei. Recorda o que te disse? Queria que encontrasse às outras e fizesse o correto. Estava
falando das outras meninas. Sabia que o que tinha feito foi ruim e tentava compensar, encontrado lares para as meninas, estabelecendo compromissos fiéis para elas. Esteve mau, Lily, mas ele não funcionava na mesma longitude de onda que o resto de nós — Tinha captado os restos das intenções de seu pai na mente dela e utilizou o conhecimento desavergonhadamente. Ela ondulou a mão para a superfície. — Estão aí fora. Ele brincou com seus cérebros, acendendo algo que elas não podem apagar, desativando cada filtro natural que tinham; deixou a todas para que nos arrumássemos isso por nós mesmos — Levantou o olhar para ele — Higgens e a gente daqui não podem saber nunca das meninas. Se as encontram, as utilizarão...e depois as matarão. — Tem que destruir as fitas — Disse Ryland — Não há outra forma de proteger a todo mundo, Lily, de proteger a outros no futuro. Seu pai sabia disso ou não te teria pedido que destruísse seus dados. Não poderiam tirar nada de seus discos rígidos. Assegurou-se de não gravar nunca nada que pudesse lhes ser útil. — Essas fitas são quão único tenho que pode me dar uma pista de como reverter o processo, Ryland. Se me livrar delas, não haverá volta atrás. — Já sabíamos isso, carinho. Peter sabia também. Repetiu o experimento, um pouco mais refinado, com sujeitos maiores e muito mais disciplinados, mas ao final o resultado foi o mesmo. Falhas, ataque, traumas. Sobrecarga sensorial. — Tenho que ver todas. Não posso me arriscar a me perder nenhum detalhe. Tenho uma memória fotográfica. O que leio ou vejo, recordo. Vai levar tempo. Meu pai suspeitava ao menos de duas das mortes, Ryland, e estou preocupada com você e os homens. Ele os queria fora daqui, pediu-me ajuda. Depois de ler seu relatório, acredito que poderia ter razões para estar preocupado. Estou de acordo com ele em que você e os outros não estão a salvo. Há registros de chamadas telefônicas de meu pai a vários oficiais do exército, mas nenhum desligou Higgens. Não tenho nem idéia de quanto acima chega o fedor na cadeia de comando. Esse é seu departamento. Tem que imaginar em quem pode confiar. Tentei medir ao General Ranier, mas não fui capaz de o alcançar. É amigo da família desde que era menina. Ele assentiu, seus olhos cinza intensos sobre a cara dela. — Lily temos que falar sobre ontem à noite. Não podemos fingir que não ocorreu. Lily sacudiu a cabeça. Ele queria que acreditasse que podia apaixonar-se por ela quando nem sequer a conhecia. Não sabiam nada um do outro. Pensava que de algum modo isso a reconfortaria, mas somente reforçava sua crença de que seu pai tinha realçado a química entre eles. Ryland Miller e seus homens necessitavam um santuário. Não podia distanciar-se dele quando a necessitava tanto. — Arly, que se encarrega de minha segurança, mostrou-me duas entradas em túneis que atravessam a propriedade até minha casa. Meu pai os utilizava quando não queria que ninguém na casa visse às pessoas que trazia. — Está segura de que pode confiar neste homem? Lily encolheu os ombros. — Deixei de estar segura de tudo, Ryland. Somente posso esperar que esteja de meu lado. Toda a ala oeste de minha casa estará preparada para manter a você e a seus homens ocultos. Há
umas quinze habitações junto com meu jogo de habitações e a ala está complemente selada. Arly está assegurando-se disso e podem utilizar a casa como base, mas há patrulhas e câmeras de segurança dentro e fora. Darei os códigos que necessita para entrar. — Obrigado Lily — Seu coração se inchou de orgulho dela. Demônios era valente e estava disposta ao perigo por seus homens. Por ele. — Acredito que Higgens vai preparar mais acidentes e acredito que tem a um Caminhante Fantasma ou dois próprios, a menos que um de seus homens esteja trabalhando para ele. Cujo caso, nossa fuga não vai funcionar. — Meus homens não são traidores — Declarou. — Nunca teria acreditado que alguém de minha casa trairia meu pai, mas alguém o fez. Nunca teria pensado que alguém aqui no Donovan ajudasse a assassinar meu pai, mas fizeram. E nunca teria pensado que meu pai pegasse meninas de um orfanato e experimentasse com elas, mas fez. Não conte muito com a lealdade, Ryland, arriscará seu coração. Ele ficou em silêncio, sentindo as ondas de pena e vergonha que a alagavam. — Já visitei seus homens sob a pretensão de pedir sua cooperação em mais prova. Não pude encontrar Russel Cowlings. De acordo com o relatório teve um ataque faz uma semana e o transladaram à unidade médica. Comprovei no hospital e assinaram para o transportar em um helicóptero médico vinte minutos após seu ingresso. Ninguém parece ter a papelada sobre ele. Fiz uma chamada ao Higgens, mas não me devolveu. — Demônios, Lily — Ryland abaixou a cabeça, com os punhos apertados aos lados — Russell era um bom homem. Isto não está bem. — Não, não está! — concordou ela — Nada disto está bem. — Lily... — Os olhos azuis dela vagaram sobre seu rosto, detendo suas palavras antes de poder as pronunciar. Ela sacudiu a cabeça. — Não quero que seja o que for que ocorreu entre nós vá à frente. Não está bem e nunca confiarei nisso. Não me conhece, como é possível que creia poder me amar? Não conheço a mim mesma. Nem sequer falamos. — Caminhei em sua mente. Sei o tipo de mulher que é. Sei exatamente quem é, Lily, inclusive se você crê que não sei. Vejo o que tem feito, o que está fazendo por nós. Isso é extraordinário, creia-o ou não! — Agarrou seu pulso de novo, seu polegar se deslizou atrás e adiante em pequenas carícias sobre sua sensível pele interna. Seus olhos sobre os dela, levou sua mão à boca, sua língua saboreando a pele. — Não joga limpo absolutamente, Ryland. Seu sorriso realmente chegou até os olhos, um breve brilho que alimentou as brasas profundamente dentro dela fazendo que fumegassem. — Isto não é um jogo para mim, Lily. Vai. Soube que tinha que ser minha no momento em que pousei os olhos em você. Não importa que estejamos em meio de toda esta merda. Você é para sempre. Você é real — Quando soltou seu pulso à contra gosto, ela retrocedeu afastando-se das grades, arrastando a mão perto de seu próprio corpo. Seus nódulos palpitavam e ardiam, marcados para sempre pelo breve e chamuscando contato dessa boca. — E se crê estar perfeitamente a salvo — continuou ele — recorda, as câmeras não
funcionam. — Sinto muito — Sussurrou as palavras, sabendo que ele podia ouvir. Não se voltou, mantendo a face oculta. Era humilhante saber que não podia controlar as selvagens chamas de desejo que sentia cada vez que estava perto dele. Lily sempre tinha permanecido controlada, agora se sentia confusa e desfocada. — Me olhe! Lily sacudiu a cabeça silenciosamente. — É uma pequena covarde, verdade? — zombou ele. Virou-se então, lançando faíscas pelos olhos, endireitando os ombros. — Será melhor que reze para que não seja uma covarde ou não terá nenhuma oportunidade, verdade? Ele amaldiçoou, suas mãos se apertaram em punhos aos flancos. Obrigou o ar entrar em seus pulmões, esmagando sua frustração, e concentrando-se nela. Ela era sempre tão profissional, e isso o incomodava endemoniadamente. Desejava-a da pior maneira, desejava-a. E compartilhar sonhos não ajudava. Isso somente o deixava desejando mais. Necessitá-la o tinha carcomido dia e noite, desde que a conheceu pela primeira vez, arrastando-se por seu corpo até compreender o significado da palavra "obsessão". Cada fantasia que alguma vez tinha tido, desejava compartilhar com ela. — Sinto muito, Lily. Não é você a que está nesta jaula. É meu corpo o que está duro de dor e minha mente ruge. É como ter martelos me amassando a cabeça. Lily ouviu a pura verdade em sua voz e se apressou até a jaula para o examinar atentamente. — Meu deus! Ryland! Foi muito tarde para protegê-la. Tinha mantido em alto as barreiras, o melhor que tinha podido em sua debilitada condição. Mas, não podia evitar tentar protegê-la. Ela era um realçador, um amplificador. Sentiu sua dor e ecoou dele multiplicando por dez. Agarrou-se às grades de sua prisão com tanta força que os nódulos se puseram brancos. — Por que não me deixou ver isto? — acalmou-se com a súbita compreensão — Ontem à noite. Manter a ponte entre nós fazia-o sozinho — Sua mão deslizou através das grades, passando os dedos pelo rosto em uma gentil carícia — Ryland, não pode te pôr em perigo por mim. As vozes que ouvia, foi você comprovando aos homens. Está utilizando muito seus talentos. Tem que descansar, pensar em você mesmo. Apanhou sua mão contra sua boca. — Descansarei quando eles estiverem a salvo. Convenci a maior parte deles para que entrassem neste experimento. Sempre pude fazer coisas, coisas que outras pessoas não podiam. Queria fazer mais. Gostaria de poder culpar ao Dr. Whitney, seu pai. Mas, pensei que era uma idéia brilhante. Gostava da idéia de ser capaz de entrar caminhando no acampamento inimigo e "sugerir" ao guarda que olhasse a outro lado e que ele o fizesse. A equipe, juntos éramos invencíveis. A dor era real, afiadas lascas de cristal aprofundando em seu cérebro. Seu pulso era muito rápido e gotas de suor se sobressaíam em sua frente. — Ryland, receitaria medicação para dormir, mas temo o que eles poderiam te fazer. Posso
conseguir algo por mim mesma, mas levará um pouco de tempo. Precisa descansar e deixar que seu cérebro relaxe. Ele sacudiu a cabeça. — Não tomarei medicação. Só me tire deste inferno, Lily. Poderei descansar quando estiver a salvo contigo. Fez soar tão íntimo. Lily não pôde forçar um protesto. Ryland tinha empregado tanta energia por ela. Por seus homens. Pensava em todo mundo exceto em si mesmo. Sorriu, um breve brilho de sua arrogante confiança. — Estava pensando em mim mesmo ontem à noite, Lily, não só em você. A cor se elevou apesar de sua determinação em ignorar suas referências da noite juntos. — Os guardas provavelmente estão preocupados comigo neste momento. Deveria conservar sua energia e deixar de desestabilizar a segurança. Onde está sua família, Ryland? — Somente podia o distrair. Ryland permitiu que suas mãos se afastassem dele somente porque precisava sentar-se. Andou até a cama e se estirou nela, fechando os olhos para que a luz tênue não perfurasse seu cérebro. — Minha mãe me criou sozinha, Lily. Já conhece a história. Mãe solteira adolescente sem perspectivas — Havia um sorriso em sua voz que lhe disse que adorava a sua mãe — Entretanto, ela não acreditava em viver segundo as regras de outros. Teve-me apesar de que todos dizerem que se livrasse de mim, e terminou o instituto de noite. Trabalhou e foi às aulas ao mesmo tempo, até que terminou a escola superior. — Soa impressionante — Lily se sentou em uma cadeira perto da jaula enquanto o computador piscava e os monitores voltavam para a vida, assinalando que Ryland tinha deixado de interferi-los. — Gostaria de você! — Confirmou — Vivíamos nessa velha caravana, em meio de um camping imundo. Nossa casa era a caravana mais limpa do montão. Havia todo tipo de flores e arbustos ao redor dela. Minha mãe sabia o nome de cada flor do jardim e me fazia arrancar os restolhos — Ryland esfregou a fronte com o dorso da mão — Bom, ela os arrancava comigo. Crescia quando discutia a fundo as coisas. Um pequeno sorriso relutante levantou os cantos da boca de Lily. — Há uma lição nisto que estou ouvindo? — Provavelmente. A isso ia. — Apostaria que sim — Lily arqueou uma sobrancelha para o guarda que entrou precipitadamente — Há alguma razão para que nos incomode enquanto falamos? Sua voz foi ultrafria. Ryland não pôde evitar admirar quão confiada parecia, despachando ao guarda com seu tom arrogante. Sua face era completamente inexpressiva, enquanto seu olhar desinteressado vagava sobre o intruso. A Ryland agradou que parecesse uma princesa de gelo ante todos outros, mas que ardesse como fogo por ele. O guarda esclareceu a garganta, visivelmente morto de calor. — Lamento, Doutora Whitney, os microfones estavam queimados, as câmeras de segurança não funcionavam, e... — Com freqüência não funcionam — Interrompeu ela — Não vejo razão para romper uma
regra cardeal e entrar no laboratório enquanto estou conduzindo uma entrevista privada, verdade? — Não, senhora — O guarda se apressou a sair da habitação. — Supõe-se que tem que estar descansando — Repreendeu Lily ao Ryland. — Estava descansando — Disse ele piedosamente. — Estava projetando flagrante interesse sexual. — Eu? — Girou a cabeça para sorrir — estive pensando nisso. Não acredito que seja eu absolutamente. — Seriamente? Ele começou a sacudir a cabeça e pensou melhor. — Sim, estive dando muitos voltas à idéia. Kaden é um realçador, mas quando entra na habitação certamente não sinto esta obsessiva atração sexual por ele. Lily conteve uma risada. Ryland sentiu o som todo o caminhar até os dedos de seus pés. Somente a voz dela podia o comover. Sorriu apesar da cabeça palpitante. — Pensa nisso, Lily. É você quem está gerando toda essa tensão sexual para mim, e sendo uma realçadora, as sensações são especialmente fortes — Fez o que pôde por soar inocente. — Fundiram seus poucos neurônios, verdade? Não é muito bom mentiroso Ryland. Certamente que nunca escapava de uma quando era pequeno — Por alguma razão a idéia dele como um menino de cabelo encaracolado derreteu seu coração. Ryland riu brandamente ante as lembranças. — Isso não tinha nada que ver com minha habilidade para mentir. Minha mãe tinha olhos na nuca. Sabia tudo. Não sei como, só sabia. Sabia quando ia fazer algo antes que fizesse. Lily riu em voz alta, o som brincou através do corpo de Ryland como o toque de uns dedos acariciantes. — Provavelmente confessava tudo e sequer sabia que o tinha feito. — Provavelmente. Ela tinha idéias claras sobre a educação. Não me atrevia a faltar à escola. Podia acabar no quarto de castigo ocasionalmente e me esquecer de fazer meus deveres por praticar esportes com meus amigos, mas nunca deixei de fazer uma só tarefa para casa. Ela comprovava cada uma delas e insistia em que lesse livros cada noite com ela. — Que tipo de livros? — Líamos todos os clássicos. Tinha uma voz que fazia cobrar vida às histórias. Adorava escutá-la ler. Era melhor que a televisão em qualquer dia. É obvio, não deixava que notasse, queixava-me bastante para que pensasse que estava lhe fazendo um favor lendo com ela — Havia uma sombra de arrependimento em sua voz. — Ela sabia — Disse Lily firmemente. — Sim, suponho que sim. Sempre sabia tudo. Lily piscou para conter as lágrimas. — O que lhe ocorreu? Fez um pequeno silêncio. — Surpreendi-a com uma visita e decidiu que tinha que me fazer um de seus famosos jantares. Pegamos o carro até a loja de comestíveis. Um condutor bêbado passou o semáforo em vermelho e nos colheu. Sobrevivi, mas ela não.
— Sinto tanto, Ryland. Pelo que conta deve ter sido extraordinária. Teria me encantado conhecê-la. — Há fato de menos. Tinha o dom de dizer sempre o correto exatamente no momento em que precisava ser dito — Como Lily. Estava começando a pensar que Lily compartilhava esse mesmo traço. — Acredita que fosse uma adepta natural? — Uma psíquica? Possivelmente. Sabia coisas. Porém, mais que tudo era uma mãe maravilhosa. Contou-me que tomou aulas e leu livros para averiguar como criar a um menino — A diversão matizou sua voz — Aparentemente eu não reagia como os meninos dos livros. — Certamente a que não — Lily queria o abraçar e reconfortar. Podia sentir sua dolorosa solidão e isso a carcomia. Afogou um gemido. Não pareciam importar quão razoáveis fossem seus argumentos, a atração por Ryland só crescia ao estar em sua companhia. A necessidade de o ver feliz e são estava se voltando rapidamente essencial para sua própria felicidade. — Dava-lhe um montão de problemas — Admitiu ele — Sempre estava brigando. — Por que isso não me surpreende? — Arqueou uma sobrancelha para ele, mas havia um pequeno sorriso sobrevoando a curva de sua boca que captou a atenção do Ryland. Sentou-se na beirada de sua cama, passando ambas as mãos pelo cabelo. — Vivendo onde o fazíamos, éramos um bom branco para os comentários. Ambos, mamãe e eu. Era o bastante menino para acreditar que tinha que nos defender, cuidar de nós dois. — Ainda é assim — observou ela — É um traço bem encantador — Suspirou com pena, sabendo que o tempo escapava. Desfrutava de sua companhia, desfrutava conversando com ele — Tenho que ir, Ryland. Tenho muito trabalho pendente para fazer. Voltarei antes de sair esta noite para te dar uma olhada. — Não, Lily, somente vá — Seu olhar cinza foi firme sobre o dela. Ficou em pé, com fatiga em cada músculo de seu corpo. Caminhou até as grades, inclusive embora cada passo parecia conduzir estacas através de sua cabeça. Ela conteve o fôlego audivelmente. — Possivelmente deveria esperar. — Não posso me permitir deixar passar a oportunidade, Lily. Livre e adiante. Ela assentiu, um pequeno esgar tocou sua boca. Estava de perfil, imersa em seus pensamentos, e Ryland aproveitou a oportunidade para permitir a luxúria de beber de sua voluptuosa figura. Não havia ângulos duros em Lily, era toda curvas femininas. Seu avental branco estava sobre suas roupas descuidadamente, movendo-se quando ela se movia, proporcionando intrigantes vislumbres de generosos peitos. Quando caminhava, o tecido de suas calças se esticava sobre o redondo traseiro, atraindo sua atenção. Seu corpo era tão flagrante tentação que não podia pensar em muito mais, sem arder em chamas. Teria-a. Caminharia junto a ele, deitaria abaixo dele, cobraria vida, desmancharia entre seus braços. Era seu casal em todos os sentidos, embora ela não aceitasse ainda. — Está fazendo de novo, Capitão — Recordou, uma gentil reprimenda, a cor flamejando sob sua pele pálida. As mãos dele se fecharam ao redor das grades de sua jaula, as palmas lhe picavam por ver se sua pele era tão suave como parecia.
— Ainda não, ainda não, Lily — Pronunciou as palavras em voz baixa, sem se importar se ela as ouvia ou não. Ela ficou ali de pé com aspecto indefeso durante um momento, algo completamente fora de seu caráter. — Não deixe que te ocorra nada — Sussurrou antes de girar e o deixar ali só com sua dor, sua culpa, e a jaula o mantendo prisioneiro.
Capítulo 7 A noite era inesperadamente fria. Lily estremeceu enquanto observava a magra forma decrescente da lua. Nuvens escuras formavam redemoinhos no céu, embotando as brilhantes estrelas pulverizadas sobre ela. O vento agitava sua roupa e batia mechas de cabelo em seu rosto e olhos. Fios de névoa branca formavam pequenos redemoinhos, enroscando-se no pesado arame das cercas, estendendo-se para ela como garras afiadas. Podia cheirar a tormenta chegando do mar. — Doutora Whitney! Pensei que já teria ido a casa — Um guarda alto emergiu dentre as sombras. Era um dos homens mais velhas e experientes. Estudando atentamente, perguntou-se se tinha sido militar. Fingiu assustar-se, saltando como que sobressaltada.
— Assustou-me, não o ouvi. — O que está fazendo aqui? — Havia um rastro de preocupação em sua voz. Ela não levava jaqueta. Lily estremeceu com o vento gelado. — Respirando — Respondeu simplesmente — me perguntava se iria a casa dormir algo ou voltar a trabalhar para não ter que enfrentar o fato de que meu pai não vai estar ali — passou os dedos pelo espesso cabelo. — Faz frio aqui fora, Doutora Whitney. Acompanharei-a ao seu carro — A nota de preocupação em sua voz fez que ardessem lágrimas atrás de seus olhos, entupindo sua garganta. A pena fluiu, aguda, clara e forte. Fazia a pena e o conhecimento da morte de seu pai a um lado durante todo o dia, mantendo-a longe para trabalhar, tudo enquanto sopesava meticulosamente as conseqüências da fuga. A culpa alimentava tormentosas emoções. Se alguém resultasse ferido na fuga recairia diretamente sobre sua consciência. Peter Whitney tinha indicado o que queria, seu último desejo, mas ao final, era sua responsabilidade. Já tinham ocorrido suficiente enganos cometidos pelos Whitney, e não estava segura se o que estava fazendo faria mais mal que bem E se os homens não podiam sobreviver fora das condições do laboratório? Sua fuga daria a Higgens a desculpa que necessitava para levar a cabo qualquer plano que tivesse em mente para terminar com quem se opusesse a ele. Isto apontaria a qualquer que pertencesse ao exército como desertor. — Doutora Whitney? — O guarda agarrou seu braço. — Sinto muito, estou bem, obrigado — Lily não estava segura se alguma vez voltaria a estar bem — Meu carro está no estacionamento junto à primeira torre de guarda. Não tem que me acompanhar, estou bem, seriamente. — Me dirigia para ali — Disse ele, urgindo-a na direção que tinha indicado, colocando seu corpo grande entre ela e o vento. Enquanto caminhavam, algo em seu interior ficou muito quieto. O conhecimento floresceu, flamejando a vida. Sentiu os movimentos, a presença de outros na noite. Camaleões... Caminhantes Fantasmas chamavam-se a si mesmos...fantasmas em movimento, confundindo-se com qualquer terreno, em casa entre a escuridão, na água, na selva e as árvores. Eram sombras dentro das sombras, capazes de controlar seus corações e pulmões, capazes de caminhar entre o inimigo sem ser vistos. Lily os sentia, a vibração de poder que exerciam, enquanto se moviam entre as altas medidas de segurança, fazendo que os guardas olhassem para outro lado com a pura força de suas mentes. O plano tinha sido que Lily estivesse longe da zona, que seu álibi fosse irrefutável; mas tinha demorado-se, atraída pela culpabilidade e o medo. Era difícil romper a segurança para entrar, mas muito mais fácil sair. Ryland Miller e cada um de seus homens tinham habilidades psíquicas em graus vários. Sabia que Ryland tinha planejado atrair ao Coronel Higgens a sua cela para que a suspeita recaísse diretamente sobre o coronel, como sendo o último homem em estar com ele justamente antes que escapasse. Ryland liberaria os outros. Em princípio os homens encontrariam segurança no número, permitindo que suas variadas habilidades beneficiassem uns aos outros, mas uma vez fora do complexo, era mais seguro dispersar-se indo de dois em dois ou em solitário até seu destino último... à casa de Lily.
Permitiu que seu olhar deslizasse casualmente ao longo das bordas mais profundos dos edifícios. Sentia o peito inesperadamente apertado. Não podia divisá-los, mas os sentia. Moviam-se atravessando as medidas de segurança como os fantasmas que chamavam a si mesmos. Um cão ladrou em algum lugar a sua esquerda, fazendo que o coração martelasse. O animal se deteve bruscamente, como se silenciado por uma ordem. O guarda apertou a garra sobre seu braço, repentinamente inquieto. Girou a cabeça em direção ao cão. Lily tropeçou, o distraindo. — Sinto muito — Soava mais sem fôlego do que pretendia quando ele a agarrou, evitando que caísse — A noite é escura. A tormenta está chegando mais rápido do que se esperava. — Supõe-se que será uma ruim. Deveria chegar a casa antes que comece — Aconselhou — As rajadas de vento poderiam alcançar cem milhas por hora e seu carro é pequeno. Tinha recusado a limusine a propósito, sabendo que todos os carros estariam eventualmente sob suspeita e uma limusine podia transportar facilmente vários fugitivos fora do complexo. A preocupação do guarda quase a estava desfazendo. Estava muito mais tensa do que se precaveu, a pena por seu pai formava redemoinhos perto da superfície, ameaçando rebelar-se. Aflição ante o conhecimento de que tinha sido parte dos experimentos científicos de seu pai. Culpa pela fuga amassando sua consciência. O medo a que alguém resultasse ferido ou morto a corroia até que acreditou que poderia gritar. As lágrimas brilhavam em seus olhos, borrando sua visão. A vida dos homens seria muito melhor fora onde ninguém os protegeria? Tinha que dizer a si mesma que ao menos estariam a salvo de um dano deliberado. — Está tremendo, Doutora Whitney — Observou o guarda — Possivelmente deveria voltar dentro e passar a noite aqui — deteve-se no meio do pátio, retendo-a junto a ele. Lily forçou uma nota animada em sua voz. — Estou bem, só um pouco sacudida. Tive semanas para me acostumar ao desaparecimento de meu pai, mas a idéia de enfrentar a uma casa vazia em meio de uma tormenta é aterradora. Nós sempre conversávamos. Agora somente há silêncio. Sem advertência, um relâmpago estalou atravessando o céu. A labareda iluminou instantaneamente o complexo e a área circundante com um ardente foco. Para horror de Lily, o brilho iluminou a forma escura de um homem só a uns metros deles. Seus olhos estavam fixos neles. Enfocados. Firmes. Os olhos de um predador. Suas mãos se moveram e ela captou o brilho de uma faca. Kaden. Reconheceu-o instantaneamente. Era o de talentos mais fortes. Lily colocou seu corpo entre o fantasma e o guarda, golpeando ao guarda fazendo que caíssem ambos em um enrolado de braços e pernas. O brilho de luz desapareceu, deixando-os presos e vulneráveis em meio da escuridão. Os dois golpearam o chão, Lily golpeou a cabeça com força suficiente para que lhe escapasse um suave lamento. O guarda amaldiçoou, rodando sobre seus pés, estendendo-se para levantá-la com ele justamente quando o trovão soava ruidosamente, dividindo o céu de forma que a chuva caísse muito em compridos correntes. — Nem sequer deveria considerar conduzir um carro se têm tanto medo de um relâmpago — Advertiu o guarda, suas mãos a retinham imóvel para sua inspeção. Lily compreendeu que ele esteve olhando em direção oposta. Não via a ameaça quase invisível tão próxima a eles. Pelo que ela sabia, podiam estar rodeados de fantasmas. A idéia
enviou uma onda de adrenalina por sua corrente sangüínea. A chuva corria por seu rosto e empapava sua roupa. Seria melhor voltar para o edifício ou ir para seu carro? Onde estaria mais a salvo o guarda? O relâmpago rasgou as nuvens, fumegando e rangendo, ziguezagueando do chão ao céu, sacudindo a terra sob seus pés e uma vez mais iluminando o complexo. Kaden tinha se fundido com a noite, mas no brilho viu outra cara. Um par de implacável olhos chapeado percorreram sua cara, fixando-se no guarda que imobilizava seus braços. Ryland estava perto, tão perto que quase podia estender a mão e o tocar sobre o ombro do guarda. A breve iluminação desapareceu com o som do trovão, deixando atrás uma inevitável escuridão. Lily se derrubou contra o guarda, aterrada pela máscara ameaçadora e rude da cara de Ryland. Era muito hábil no combate mão a mão, em artes marciais. Carregava morte em suas grandes mãos. Não sabia o que fazer, a quem proteger. Mantinha a atenção do guarda centrado nela, ou advertia-o do autêntico perigo? Relaxe, carinho. A voz se arrastou prazerosamente até sua cabeça, brincando com seus sentidos como uma luva de veludo. Não vou ferir seu herói. E sai da maldita chuva antes que pegue uma pneumonia. O alívio a alagou. Elevou seu rosto molhado pela chuva para o céu e sorriu sem nenhuma razão absolutamente. Não pode pegar uma pneumonia por causa da chuva. — Temos que sair daqui agora mesmo — Disse o guarda, puxando-a pelo braço para que se movesse — A levarei de volta ao edifício. É perigoso ficar aqui fora. — Estou de acordo — Respondeu ela de todo coração. Tenho dois homens que ainda não saíram. Mantenha-se longe dos laboratórios. — Porém, não posso enfrentar voltar para os laboratórios esta noite. Vamos a cafeteria — Improvisou velozmente. O guarda a rodeou com um braço em um intento de mantê-la abrigada da chuva e juntos correram, atravessando o comprido espaço pavimentado para a longa fila de edifícios. Lily mantinha a vista baixa, seus olhos se esforçavam por ver por onde ia, quando o seguinte raio golpeou. Estava muito mais perto e sacudiu janelas e torres, provocando que um dos guardas chiasse de medo. — Esses homens deveriam descer daí — Chiou ela, justamente quando explodia o trovão. O ruído foi assombroso, tão alto que quase os derrubou. Doíam os ouvidos por causa do impacto. — As torres têm pára-raios, estarão bem — Tranqüilizou-a o guarda. Mas acelerou o passo, arrastando-a com ele. Atrás de suas palavras houve uma forte explosão quando a torre suportou um golpe direto. Choveram faíscas, fogo do céu, ardendo no ar. Lily olhava a seu redor freneticamente, protegendo o rosto, desejando um último olhar, mas as figuras sombrias tinham desaparecido e estava sozinha em meio de uma ruidosa tormenta. Sentiu-se abandonada. A emoção a esgotou como nada mais não podia. O braço do guarda a propulsou até o edifício principal justamente quando soava o alarme. — Provavelmente não é nada — Disse ele — A sirene esteve soando regularmente sem explicação...uma rajada de vento, ou possivelmente seja a tormenta, mas tenho que ir. Fique aqui ao abrigo da chuva — Aplaudiu-lhe o braço para tranqüilizá-la e partiu.
Lily olhou pela janela, esquecendo seu corpo molhado e sua roupa empapada, rezando por ter feito o correto. Ryland tinha ido, deslizando longe com seus homens. Dependia dela encontrar uma forma de os ajudar a viver de novo no mundo. Não tinha nem idéia de como ia obter algo semelhante. Não tinha nem idéia se a água de sua cara era chuva ou lágrimas. Apoiou a frente sobre o painel de vidro, olhando cegamente. Como sobreviveriam os homens em um mundo cheio de cruas emocione, de violência e dor? A sobrecarga de estimulação podia conduzi-los à loucura. Era ilógico pensar que todos ficariam em seu imóvel sem pigarrear. Como sobreviveria Ryland Miller sem ela para o proteger do resto do mundo, inclusive durante um curto período de tempo? Resultaria tão fácil que ficasse separado dos outros. Enviaria aos homens mais fracos com Kaden e ele protegeria suas costas. Sabia disso, aceitava-o. Ryland protegeria a outros antes de pensar em sua própria segurança. Era esse seu traço que tanto gostava. Se os tivesse deixado no laboratório os homens não teriam esperança de encontrar paz. Os teriam utilizado, finalmente, tratados como ratos de laboratório, não como humanos...já tinha notado que os guardas e técnicos os despersonalizavam. O Coronel Higgens obviamente os queria mortos, e conforme acreditava tinha arrumado "acidentes" para eles durante as provas. Ao menos ela podia proporcionar suficiente dinheiro para encontrar um lugar onde viver em liberdade, em reclusão talvez, mas ainda assim vivendo. Estariam a salvo. E Peter Whitney e Ryland Miller tinham acreditado que o risco valia a pena. Terei que se contentar com isso. Quando a ferocidade da tormenta amainou, dirigiu-se para seu carro. O complexo estava alvoroçado, guardas correndo em todas direções, luzes brilhantes alterando a noite enquanto varriam continuamente as sombras dos edifícios, procurando à presa. A fina garoa não podia sufocar os gritos emocionados e ruídos vociferantes enquanto se estendia o rumor de que os Caminhantes Fantasmas tinham escapado. As jaulas estavam vazias e os tigres andavam soltos. O medo se estendia como uma enfermidade. Lily podia sentir as ondas emitidas pelos guardas enquanto corriam a toda pressa ao seu redor. Tinham baixado a barreira e não havia forma de sair. As emoções eram tão altas que resultavam apavorantes. Só podia esperar que Ryland e seus homens estivessem longe e a salvo. Aqui fora, suas próprias barreiras eram frágeis, espancadas pelos altos níveis de medo e adrenalina emitidos pelos guardas e técnicos. Esperou fora de seu escritório, com as mãos sobre os ouvidos para amortecer o som das estridentes sirenes. Alegrou-se quando, depois de um tempo, o ruído deteve bruscamente. O súbito silêncio foi um alívio para sua palpitante cabeça. Lily tomou uma longa ducha em seu banheiro privado e trocou de roupa com a muda que guardava para as muitas noites que passava trabalhando. Não se surpreendeu quando dois guardas pediram que os acompanhasse ao escritório do presidente para uma reunião com uma dupla militar e os executivos do Donovan. Com um pequeno suspiro que comunicava sua relutância, concordou. Estava esgotada física e emocionalmente e desesperada por se ocultar do mundo. Thomas Matherson, ajudante de Phillip Thornton, esperava para informá-la. Lily não podia acreditar em sua boa fortuna. Um general que não tinha conhecimento do experimento. Se encontrasse uma forma de falar com ele a sós poderia falar de suas suspeitas sobre o Coronel Higgens. O terrível nó de seu estômago começou a soltar-se. A grande habitação estava dominada pela enorme mesa redonda. Cada uma das cadeiras
ocupada e todas as cabeças se giraram para olhá-la. Maior parte dos homens ficou em pé quando entrou, mas ela ondulou a mão para que se sentassem. — Cavalheiros — Falou brandamente, sua voz cheia de sua confiança costumeira. Sabia que sua expressão era absolutamente serena, tinha praticado com suficiente freqüência. Foi uma medida de sua agitação que Phillip Thornton desse as instruções ele mesmo. Quase sempre deixava o que considerava tarefas servis a seu assistente. — A Doutora Whitney acaba de assumir o controle de onde seu pai o deixou. Está se pondo em dia com seus dados, tentando dar sentido a eles para nós. Reconhecendo a apresentação, o general olhou Lily fixamente. — Doutora Whitney, me atualize sobre este experimento — Era uma ordem, afiada e clara, os olhos do general traíam sua fúria. — Quanto sabe? — Lily foi cautelosa. Queria ser cuidadosa, medir seu caminho com ele. Ir com calma. Dar aos homens tempo para encontrar suas rotas de escape e as utilizar. Subrepticiamente olhou ao Coronel Higgens, arqueando uma sobrancelha inquisidora. Seu assentimento foi ligeiro, quase imperceptível, dando sua aprovação. — Digamos que não sei nada. Matherson puxou uma cadeira para Lily perto do general e frente a Phillip Thornton. Com um sorriso agradecido ao ajudante, tomou seu tempo para sentar-se. — Posso confiar em que todo mundo nesta habitação tenha o apropriado nível de segurança? — É obvio — Espetou o general — me ponha ao corrente à respeito desses homens. O olhar Lily pousou sobre a face dele. — Os homens foram recrutados de todos os ramos do serviço. O Doutor Whitney, meu pai, estava procurando um tipo particular de homem. Boinas verdes, SEAL, Forças Especiais, Ranger, homens altamente habilidosos e capazes de suportar circunstâncias difíceis. Acredito que também tirou homens dentre as filas das forças da lei. Queria homens de inteligência superior e oficiais que tivessem subido de baixo. Homens que pudessem pensar por si mesmos se a situação requeresse. Cada um deles teve que dar prova de uma predisposição a habilidades psíquicas. A sobrancelha do general levantou rapidamente. Olhou fixamente para o Coronel Higgens. — Você sabia a respeito deste sem sentido e o passou? Você e o General Ranier? Higgens assentiu. — Todo o experimento foi aprovado desde o começo e tinha mérito. Fez um pequeno silêncio enquanto o general parecia assumi-lo. Voltou a girar para Lily. — E como provariam suas habilidades psíquicas? Lily olhou Higgens em busca de ajuda. Quando não chegou nada encolheu de ombros. — A parte do crivo foi bastante fácil. O Doutor Whitney, quer dizer meu pai, desenvolveu um questionário que ressaltava as tendências clarividentes. — Como... — Respirou o General McEntire. — A habilidade de recordar e interpretar sonhos, freqüentes deja vú, a repentina urgência de chamar um amigo justamente quando este estava em dificuldades, inclusive tendência a aceitar a idéia da clarividência porque "sentia-se correta" está positivamente associada ao talento. O general bufou.
— Puro sem sentido. Abandonamos esses programas faz anos. Não existe semelhante coisa. Pegaram a bons homens e lavaram seus cérebro para que pensassem que eram superiores ao resto de nós. Lily tentou ser paciente, esperando que o general compreendesse a enormidade do que tinham feito a seus homens. — É obvio, na neurobioquímica da clarividência atualmente são muito mais coisas que não entendemos das que entendemos, mas avanços recentes na psicologia do neurocomportamento fortaleceram algumas hipótese. Sabemos, por exemplo, que a capacidade clarividente está geneticamente determinada. Todos ouvimos falar de uns poucos indivíduos que levaram ao cabo façanhas marcáveis na esfera paranormal. Há psíquicos geniais — Lily buscava uma forma de fazê-lo entender — Como Einstein em física ou Beethoven em música. Entende? — Estou seguindo — Disse o general bruscamente. — Sabemos que a maior parte desses psíquicos não é gênio, são muito mais bons músicos de nível concerto do que meninos prodígios. Meu pai estabeleceu um programa para candidatos potenciais com aptidão para a clarividência, depois desenvolveu um programa de treinamento e realce de seu potencial. Pense em um fisiculturista. É o resultado de sua genética potencial, estrito treinamento, etc... — interrompeu-se, censurando apressadamente o "provavelmente drogas de desenho". Quanto menos tocassem essa parte melhor. Não tinha intenção de ser específica com nenhum destes homens, e menos com Phillip Thornton e o Coronel Higgens. Seu pai tinha sido meticuloso não permitindo que sua fórmula caísse em mãos de ninguém; ela não ia oferecer-lhe em bandeja à mesma multidão que suspeitava o tinham assassinado. O general deixou escapar um suave suspiro e afundou em sua cadeira depois do escritório. Esfregando as têmporas, olhou-a. — Isto está começando a soar muito plausível. Como conseguiu que funcionasse? Tentaram este tipo de coisas em todos os paises durante anos e não obtiveram mais que fracassos. — O Doutor Whitney utilizou mais de um caminho — Tamborilou com o pé, tratando de pensar em uma forma de explicar em termos laicos — Todo objeto entre os 273 graus Celsius ou o zero grau Kelvin emite energia. Os organismos biológicos tendem a concentrar-se em certas freqüências, enquanto evitam outras. Isso requer energia — Quando o general franziu o cenho, Lily se inclinou para ele — Pense em um refrigerador. Numa determinada freqüência nem sequer se nota que o motor está funcionando até que este se desliga, então de repente é um alívio. Esses "filtros" se guiam através do sistema nervoso autônomo e usualmente os considera fora do controle consciente. As técnicas de bioretroalimentação podem diminuir o ritmo cardíaco, a pressão sangüínea, e a temperatura corporal. Os professores Zen e ioga são legendários. Inclusive a prolongada atividade sexual por parte dos homens é um exemplo de intervenção somática sobre o sistema nervoso autônomo. O general tinha recuperado o cenho. — A questão é que essa energia é importante no plano paranormal e normalmente se filtra a níveis patéticos nos humanos adultos, e, esses filtros estão sob controle autônomo. O Doutor Whitney encontrou uma forma de diminuir o sistema de filtros, utilizando técnicas de controle mental-corporal repartidas pelos professores Zen.
O general passou a mão pela cara, sacudindo a cabeça. — Por que estou começando a acreditar? Lily permaneceu em silêncio, o predispondo a entender, desejando que ficasse do lado dos homens. Pensou em Ryland e nos outros lá fora na tormenta. Enviou uma silenciosa prece para que estivessem todos a salvo. — Por favor, continue, Doutora Whitney — O general começou a tamborilar o escritório com um lápis agitado. — Utilizando escaner PET em clarividentes ativos, meu pai averiguou que as zonas do cérebro mais importantes para a clarividência são as mesmas áreas responsáveis pelo autismo: o hipocampo, a amigdala, e o neocerebelo. Também encontrou outros vínculos. Há um alto nível de habilidade psíquica nos autistas, em comparação com a população em geral. A maior parte dos autistas, estão sensorialmente sobrecarregados; provavelmente sofrem um filtrado defeituoso. Reduzir os filtros, então, somente lhes proporciona ruído, como uma rádio mau sintonizada. Não produz psíquicos, só autistas. — Assim há problemas, pelo que vejo. Lily suspirou com pesar. — Sim, encontrou problemas. Ao princípio os homens estavam alojados em barracões regulares, juntos para promover a unidade. A idéia era formar uma unidade de elite que pudesse utilizar suas habilidades combinadas em certas missões de alto risco. A unidade recebeu treinamento no campo igual no laboratório. Chegaram muito além das expectativas de alguém. A maior parte deles provaram ser capazes de utilizar a telepatia a algum nível. — Explique para mim. — Tinham a capacidade de falar entre eles sem fazê-lo em voz alta...enviando pensamentos uns aos outros, na falta de uma melhor forma de explicá-lo. O Doutor Whitney os conectou aos escaner e a atividade cerebral era realmente incrível. Alguns deles tinham que estar na mesma habitação para comunicar-se desta forma, enquanto outros podiam estar do outro lado do complexo — Lily olhou de novo para o Coronel Higgens — Pode ver quão útil um talento semelhante seria em uma missão. Outros eram também capazes de "ouvir" os pensamentos das pessoas que estavam na habitação com eles. — A variedade de habilidades está documentada, senhor, fitas de vídeo e gravações se quiser ver por si mesmo. Alguns dos homens eram capazes de sujeitar objetos e "lê-los” os talentos eram variados. Psicometria. Levitação. Telequinesia. Telepatia. Alguns só tinham uma, outros provaram suas forças em várias delas em diversos graus. Lily tomou um profundo fôlego, deixando-o escapar lentamente. — Os problemas que encontraram não estavam previstos e o Doutor Whitney não pôde resolvê-los — Havia autêntico arrependimento em sua voz. Lily fechou as mãos ao redor da calidez da xícara de chá que Matherson tinha colocado diante dela — Existe uma reação chamada tachyphalaxas. O corpo sente muita ação no receptor e baixa...regula-a. De repente a rádio não pega nada mais que estática de novo. Houve algo que produziu incomparáveis ataques por causa da hiper-estimulação. Alguém se voltou louco...autista, em realidade. Outro morreu de hypoxia cerebral, ou hemorragia intracraniana, de feridas na cabeça — Isso não era exatamente certo; ela pressentia que havia outra explicação para a hemorragia intracraniana, mas não ia aventurar uma
hipótese. — Meu Deus — O general sacudiu a cabeça. Higgens clareou a garganta. — Houve episódios psicóticos, senhor. Dois se voltaram violentos. Incontroláveis. Nem sequer os outros puderam os ajudar. A culpa carcomia as vísceras de Lily, apertando o estômago. — Logo o Doutor Whitney compreendeu qual era o problema, tentou criar uma atmosfera tranqüilizadora e tirou o som, um lugar que pudesse isolar aos homens da tortura constante das pessoas que os rodeavam. Regulou a atmosfera, utilizando iluminação e sons naturais tranqüilizadores para aliviar o assalto contínuo ao cérebro. — Esses homens realmente podem fazer sugestões a outros e forçar obediência? — Exigiu o General McEntire — Poderiam ter dado a seu pai algum tipo de sugestão pós-hipnótica? Seu carro foi encontrado nos molhes e houve especulação sobre se ele mesmo teria se lançado no fundo do mar. Lily ofegou. — Está insinuando que esses homens fizeram algo para fazer desaparecer a meu pai? Ele era o único capaz de ajudá-los. — Possivelmente não, Doutora Whitney, possivelmente seja você — observou o Coronel Higgens — Ryland Miller pode ter imaginado. Ele ouviu sua resposta quando cometi o engano de perguntar em sua presença se você podia ler o código de seu pai. Um tremor a sacudiu quando certo conhecimento floresceu. No momento em que tinha respondido afirmativamente, tinha sentenciado a morte de seu pai. Recordou como Higgens tinha mudado de repente, como tinha cessado de discutir com seu pai e a tinha olhado com especulação em vez de hostilidade. — Lamento que isto seja necessário, Lily — Disse Phillip Thornton — Sei que está de causar pena e ficou longas horas tentando averiguar isto para nós. Lily forçou um sorriso e rechaçou com um gesto a preocupação dele. — Não me importa fazer o que puder para ajudar, Phillip. Esta é, depois de tudo, minha companhia também — Ela possuía um grande bloco de ações e quis lhe recordar o fato — Tem alguma idéia de como pode ter ocorrido isto? Falei com o Capitão Miller longo momento esta manhã. Parecia bastante disposto a cooperar e inclusive estava considerando a possibilidade que um dos efeitos secundários do experimento pudesse ser a paranóia. Falava muito agradecidamente do Coronel Higgens, e depois de repente se voltava hostil para ele. Apontei para ele e definitivamente estava considerando a possibilidade. Tem uma mente lógica e rápida. — Solicitou me ver — Admitiu o Coronel Higgens — fui falar com ele e me disse algo pelo estilo — esfregou a frente — A jaula estava assegurada quando abandonei essa habitação. As câmeras me apoiarão nisso. — As câmeras voltaram a falhar — Disse Thornton. Fez um repentino silêncio na habitação. Todos os olhos estavam sobre o Coronel Higgens. Ele se recostou em sua cadeira, olhando-os fixamente. — Digo que a jaula estava fechada. Eu não a teria aberto com ou sem um guarda armado presente. Em minha opinião o Capitão Miller é um homem perigoso. Com sua equipe, é quase
invencível. Teremos que enviar tudo o que tenhamos contra ele. — Espero que não esteja insinuando que deveríamos exterminar esses homens — O general olhou com dureza ao Higgens. — Podemos não ter escolha — Replicou o Coronel Higgens. — Me perdoem, cavalheiros — Interrompeu Lily — Sempre há uma escolha. Não podem abandonar esses homens porque fizessem algo em seu desespero. Estão sob uma tremenda pressão. Acredito que precisamos retroceder a partir deste ponto e tentar averiguar como podemos os ajudar. — Doutora Whitney, tem alguma idéia de quando serão capazes de sobreviver sem isolamento do ruído e as emoções das pessoas que os rodeiem? — Perguntou Phillip Thornton — Estamos sentados sobre uma bomba relógio? — O que ocorrerá se esses homens se voltam violentos? — Perguntou o general. Retorcia o lápis entre os dedos. Golpeava a mesa com a ponta, a gema de seu polegar golpeava a borracha, como se isso pudesse de algum modo deter o que estava ouvindo — É uma possibilidade? — Olhou ao redor às faces da mesa — É uma possibilidade viável? Lily retorceu os dedos apertadamente. — Infelizmente estes homens são altamente hábeis em condições de combate. Tiveram todas as vantagens que o exército pode proporcionar através do treinamento especial. Houve um incidente no primeiro ano de treinamento que envolveu a um deles. Assisti à fita de treinamento — Tomou um sorvo cauteloso de chá. — Não acredito que gostarei do que vou ouvir — Disse o General McEntire. — Um dos sujeitos se desorientou durante uma missão na Colômbia e junto com os objetivos voltou-se contra a população inocente. Quando o Capitão Miller tentou o conter, voltouse contra Miller. O capitão não teve mais escolha que defender sua própria vida e a de outros membros de sua equipe. Eram amigos, amigos próximos, e se viu obrigado a matá-lo — Ela tinha estudado o ataque na fita e foi sangrento e sombrio. Inclusive pior tinham sido as fitas das seqüelas de Ryland Miller. Embora assistia a um filme quase pôde absorver suas emoções. A culpa, a frustração, a fúria. Havia se sentido desanimado, desesperado. — Tem que entender, senhor, que os paranormais estão sujeitos e respondem a estímulos diferentes do resto de nós. Vivem no mesmo mundo, mas em uma dimensão diferente, em realidade. Assim, a linha que riscamos entre a clarividência e a loucura é muito fina e algumas vezes inexistente. Estes homens não se parecem com nenhum dos soldado que você tenha treinado. Não tem nem idéia do que são capazes. Lily tomou outro sorvo de chá, saboreando sua calidez enquanto se assentava em seu estômago. O general não podia conceber o poder que os homens esgrimiam. Mas ela o conhecia. — Por que quereriam sair se conheciam os riscos de estar fora? — O general franziu o cenho para todos eles, seus olhos percorreram a habitação — Em que condições viviam? — A implicação de abusos estava ali e Lily lutou por conter a urgência de cuspir toda a história. Como tinham sido isolados os homens, inclusive uns dos outros, separado-os da cadeia de comando, estudados como animais em jaulas. Sujeitos a provas contínuas. O lápis entre os dedos do general se rompeu, um extremo rodou para Lily, o outro
permaneceu em sua mão. Lily agarrou o extremo do lápis antes que caísse da mesa, seu polegar deslizou sobre a borracha, absorvendo automaticamente as texturas, absorvendo as pesadas emoções. Esticou-se, seu olhar deslizou para tocar ao general, depois se afastou. Ela não estava lhe contando nada que já não soubesse. Estava contendo sua fúria ante a idéia que Ryland Miller e sua equipe tivessem escapado. Havia dinheiro pelo meio. Ryland estorvava. As emoções formavam redemoinhos, uma mescla de violência e impaciência pelo plano frustrado. O General McEntire estava enterrado até suas povoadas sobrancelhas no engano e a traição. Lily uniu as mãos cuidadosamente sobre a mesa, com aspecto tão crédulo e sereno como pôde quando o que desejava era saltar sobre McEntire e o tachar de traidor de seu país e exigir que reconhecesse sua participação na morte de seu pai. — As condições de vida, Coronel Higgens. Por que sentiriam esses homens necessidade de escapar? — Estavam isolados uns dos outros — Lily obrigou sua voz a funcionar. — Por seu próprio bem — Espetou Higgens — estavam se voltando muito poderosos, podiam fazer coisas que não tínhamos esperado. Sequer seu pai esperava que seus poderes combinados fossem o que eram. — Não há desculpa para esquecer a dignidade, Coronel. São seres humanos, homens entregues ao serviço a seu país, não ratos de laboratório — Objetou Lily friamente. — Seu pai era o único ao cargo deste experimento — Disparou o Coronel Higgens de volta — É o responsável pelos resultados. — Pelo que pude averiguar — Disse Lily tranqüilamente — meu pai, o Doutor Peter Whitney, conduziu o experimento de boa fé. Quando se fez patente que estava machucando aos homens, imediatamente fez um alto no realçamento dos estranhos talentos, tentando imediatamente encontrar formas de ajudá-los a fazer frente às repercussões. Procurou formas em que os homens estivessem mais cômodos. Infelizmente, ninguém o escutou. Tenho lido suas ordens diretas, Coronel Higgens, e Phillip Thornton assinou essas ordens, insistindo em que os homens seguissem adiante. Seguindo suas ordens, Coronel, o Capitão Miller ordenou a seus homens que obedecessem a suas ordens de continuar e ele e seus homens assim o fizeram. Suas ordens, senhor, foram continuar o treinamento sob uma variedade de condições e os homens, sendo o que e quem era, cumpriram as ordens apesar de saber que se deterioravam rapidamente, seu controle se desfazia, inclusive, enquanto cresciam em poder e habilidade. As objeções de meu pai estão bem documentadas, apresentou as repercussões, e quando você ordenou que os homens fossem isolados uns dos outros disse que lhes faria as coisas mais difíceis. Ignorou tudo o que disse e obteve os resultados de suas próprias decisões estúpidas. — Seu pai se negou a me dar os dados que necessitava — O Coronel Higgens se voltava de um vermelho brilhante quando estava zangado — Queria reverter o processo e atirar pela amurada tudo por causa de uma ou duas perdas aceitáveis. — Meu pai tentava encontrar uma forma de restaurar os filtros e desativar a parte do cérebro que tinha estimulado. Não pôde. E não há perdas aceitáveis, Coronel; estamos falando de vidas humanas. Phillip Thornton, levantou a mão.
— Será melhor deixar esta discussão para mais tarde quando todos tivermos as cabeças mais frias e tenhamos dormido mais. Agora mesmo temos que encontrar uma forma de conter esta situação. Doutora Whitney proporcionou-nos um pouco de informação, mas realmente precisamos saber exatamente que fez a esses homens. Temos acesso a algumas das mentes mais eminentes do mundo para nos ajudar, se soubermos exatamente o que fez seu pai, e como o fez — Assinalou Thornton — nos pode explicar isso passo a passo? — Sinto muito, senhor, não posso. Não pude encontrar os dados originais. Não estavam em seu escritório aqui ou em casa. Tentei em ambos os computadores e agora estava repassando seus informes para ver se posso tirar algo em claro que me ajude a averiguá-lo — Lily permitiu que sua extrema fadiga se mostrasse, passando mãos pelo cabelo — Dei-lhes toda a informação que tenho neste momento, mas continuarei procurando. Higgens soprou com desgosto. O general empurrou sua caneca de café através da mesa, salpicando líquido escuro sobre a polida superfície. — Quem está a par disto? — É um assunto classificado, só uns poucos! — Respondeu o Coronel Higgens — Deixando a um lado aos que estão nesta habitação, o General Ranier e os técnicos aqui no laboratório. — Mantenhamos assim. Precisamos conter isto e limpá-lo logo que seja possível. Como demônios pôde ocorrer isto? Pode explicar-me alguém isso? Com tanta segurança, como podem ter escapado? Fez-se um pequeno silêncio. De novo foi Higgens o que respondeu. — Acreditamos que estiveram pondo à prova a segurança, disparando os alarmes, apagando as câmeras e manipulando aos guardas, praticando o último par de semanas. O general explodiu de raiva, suas mãos se fecharam em dois punhos apertados. — O que quer dizer com manipulando aos guardas? — Rugiu, sua cara estava tão vermelha que Lily temeu que pudesse lhe dar um ataque. — Já o expliquei, senhor. Era parte de seu treinamento inicial — Explicou ela pacientemente — Plantar uma sugestão para olhar a outro lado. Muito útil ao infiltrasse em acampamentos inimigos ou terroristas e em situações hostis. São capazes de lucros incríveis. Utilizam suas mentes para coagir ao inimigo sem que este saiba. — E esses homens estão aí fora em alguma parte agora mesmo? Bombas relógio ambulantes, homens que muito bem poderiam converter-se em mercenários ou, pior ainda, que poderiam somar-se ao outro bando? Lily elevou o queixo para o homem. — Estes homens foram escolhidos por sua lealdade, seu patriotismo. Posso lhe assegurar, senhor, que nunca trairão ao seu país. — Sua lealdade se começou a questionar no minuto em que se converteram em desertores, Doutora Whitney, e não cabe engano, isso é justo o que são: Desertores!
Capítulo 8 O vento rasgava as árvores, inclinando os troncos quase pela metade, varrendo o chão com os ramos. A cordilheira da cerca surgiu ameaçadoramente e Ryland a saltou, agarrando-se aos elos, escalando e caindo do outro lado em um só movimento, aterrissando curvado sobre os pés. Permaneceu agachado no chão e assinalou silenciosamente para o homem de sua esquerda. Último homem livre. Raoul "Gator" Fontenot caiu sobre seu estômago e engatinhou pelo chão para o som dos cães que uivavam. A telepatia era uns de seus talentos mais débeis, mas sintonizava com os animais. Seu trabalho era dirigir aos cães guardiões longe dos outros membros da equipe. Com uma faca entre os dentes, moveu-se através da erva ao longo da linha da cerca, desejando que o relâmpago permanecesse entre as nuvens. Havia muitos guardas ao longo da rota de fuga, e inclusive com o tremendo controle do Ryland, manipulá-los a todos eles era quase impossível. Requeria um esforço coletivo e, por necessidade, dispersaram-se. Quebras de onda de medo e agressão se derramavam dos guardas, aumentando o perigo para a equipe. Todos eles se sentiam doentes pela tremenda energia que estava sendo gerada. Chegando a você agora, Gator. Gator voltou o olhar para o Ryland, captando o movimento de seus dedos, e assentiu seu entendimento. Transferiu a faca a sua mão direita, a folha plana contra seu pulso ocultando o revelador brilho do aço, e se arrastou sobre a barriga, respirando brandamente, inaudível, dispondo-se a ser parte da terra. Os cães estavam ansiosos, apressavam-se para a cerca, para seus camaradas. A enormidade de sua tarefa o sacudiu por um momento. Tinha que ficar deitado ali em plena vista, confiando em que seu capitão manteria aos guardas olhando para outro lado enquanto ele dirigia os cães para depois de uma pista falsa. Um deslize e estariam todos mortos. A chuva golpeava, um assalto firme. O vento uivava e gemia como se estivesse vivo e protestava pela falta de natureza do que estavam fazendo. Pelo que eram. Capitão. Fez o que pôde com sua falta de telepatia, uma palavra de protesto ante a idéia de ter tantas vidas em suas mãos. Esta parte do bolo é sua, Gator. Uma matilha de cães de caça nos mordendo os calcanhares não é nada para você. Esse era o Capitão Miller, sempre à frente, o estômago de Gator se tranqüilizou um pouco. Um passeio pelo parque. Kaden fez sua contribuição, com voz risonha, como se estivesse desfrutando da quebra de onda de adrenalina depois do confinamento forçado. Gator se encontrou sorrindo ante a idéia de Kaden solto pelo mundo. Nesse momento sentiu o movimento dos outros e soube que Ryland estava tão sintonizado
com ele que já estava dirigindo ao resto da equipe para frente. Os homens seriam fantasmas movendo-se na tormenta, mas não podia preocupar-se com eles. E não podia preocupar-se com ver visto ou capturado. Gator pôs seu destino nas mãos de seu chefe de equipe e estreitou seu mundo aos cães que se aproximavam. Ryland se esforçou por perfurar o escuro véu de chuva noturna, procurando os guardas e cães enquanto seus perseguidores se aproximavam da cerca. Confiava em Kaden para manter aos outros em movimento. Seu trabalho era proteger ao Gator e os dois homens que havia atrás dele: Ryland estava preocupado pelo Jeff Hollister. Hollister estava em má forma, mas o bastante em funcionamento, lutando por não atrasar à equipe. Apenas tinha conseguido passar sobre a alta cerca metálica com ajuda de Gator e Ian McGillicuddy. McGillicuddy deitava-se junto ao Hollister em alguma parte detrás de Ryland, mantendo a posição para proteger ao membro mais fraco da equipe. Os cães estavam agora frenéticos, recolhendo os aromas, equilibrando-se para eles. Quase bruscamente se detiveram, varejaram o chão, giraram em círculos, sem obedecer a seus treinadores que os instigavam a avançar. Um grande pastor tomou a dianteira, dirigindo-se para o sul, longe dos prisioneiros fugitivos. Os outros cães se apressaram a segui-lo, ladrando ruidosamente. Gator pressionou a frente latente contra a suave e úmida terra em um esforço por aliviar a dor provocada por tão intensa concentração e uso de energia. O medo emanava dos guardas como uma enfermidade que se estendia e infectava a todo aquele com o qual entrava em contato. Aos guardas haviam dito que os fugitivos eram assassinos perigosos e todos eles estavam extremamente nervosos. Histeria em massa. A voz do Ryland foi consoladora na cabeça palpitante do Gator. Sei que está muito cômodo aí, mas não durma. Gator rodou para o Ryland, adivinhando sua posição e retrocedendo tão silenciosamente como pôde. Despistar aos cães não funcionaria por muito tempo, mas lhes dava uns poucos preciosos minutos mais para cobrir seu rastro e alcançar a segurança. Ryland estendeu a mão e tocou ao Gator para lhe fazer saber que seu tremendo esforço era apreciado. Começaram a abrir caminho centímetro a centímetro através do prado aberto, flanqueando ao Hollister e McGillicuddy. Espaçoso. Kaden informava que seu grupo tinha alcançado o outro lado do prado sem incidente. Leva-os para frente. Estamos justo atrás de você. Gator limpou nosso rastro, mas não vai durar. Ryland estava intranqüilo. Olhou para Jeff Hollister. A cara do homem estava sulcada pela dor. Inclusive apesar das nuvens negras e a viciosa chuva, da escuridão da noite, podia ver as linhas esculpidas ali. Amaldiçoando silenciosamente ao Peter Whitney, freou o passo inclusive mais. A agonia na cabeça do Jeff irradiava a partir dele e tocava a cada membro da equipe. Jeff necessitava a medicação que Ryland lhes tinha ordenado não tomar, temendo que fosse muito perigosa. Agora se perguntava se tinha assinado a sentença de morte do Jeff com essa ordem. Agüenta, Jeff. Já estamos quase fora. Conseguiremos médicos para que lhe dêem uma mão. Estou atrasando-os. Não se comunique! Protestou Ryland bruscamente. Não pode se permitir o esforço. Ryland temia
que Jeff tivesse um ataque se o assalto a seu cérebro continuava. A ansiedade crescia nele. Temia por seus homens, um repentino calafrio que pressagiava perigo. Ian? Ian McGilliCuddy era uma antena humana para os problemas. Podia sentir aproximar o perigo. OH! Sim! temos problemas. Aproxima-se rápido. Ryland avançou sobre o estômago, aproximando-se uma vez mais ao Gator.Mova-se, Jeff. Levante-o Ian, corram agachados para os carros. Espera não mais de cinco minutos e depois leve ao Jeff. Não vamos te deixar atrás. A voz do Jeff era instável, áspera pela dor. O coração do Ryland se inchou de orgulho. Inclusive doente como estava Jeff Hollister, punha aos membros da equipe acima de tudo. É uma ordem, Jeff. Você e McGillicuddy limpem em cinco minutos. Ryland o sentiu então, a rajada de maligna energia derramando-se sobre ele. Instintivamente rodou para proteger ao Gator, cobrindo as costas do homem inclusive enquanto se colocava de bruços. Suas mãos encontraram o vulto sólido de carne e osso. Não viu a faca, mas a sentiu vir velozmente para ele. Foram os reflexos e o treinamento que os salvaram, sua mão se fechou solidamente ao redor do pulso do assaltante lutando por controlar a arma. O reconhecimento lhe golpeou. Russel Cowlings tinha saído de noite e os atacava. Ryland rodou longe do Gator, levando com ele ao homem mais pesado. Plantando seu pé em ângulo reto contra o peito do Cowlings, Ryland o lançou sobre sua cabeça. Cowlings aterrissou com um suave golpe, rodou e se levantou meio agachado. Ryland saltou sobre seus pés, sua mão elevando-se para apartar a faca quando o homem veio para ele pela segunda vez. Giraram em círculos cautelosamente. — Por que, Russel, por que nos trai? — Você chama traição, eu os chamo desertores — Cowlings fintou outro ataque, lançandose para frente enquanto Ryland dava um passo a um lado, agachando-se e esquivando, elevando a folha para machucar ao máximo às partes brandas do corpo. Ryland sentiu a ponta da faca atravessar a pesada camisa, à altura do estômago. Já estava dando a volta, apanhando o pulso do Cowlings e o derrubando, o fazendo voar e aterrissar com força. Movendo-se em direção oposta, Cowlings girou o pulso para controlar a folha da faca. Chiou enquanto o fazia, chamando os guardas pedindo ajuda. — Vamos, Gator, desembaraça — Ordenou Ryland enquanto apanhava o braço de Cowlings, atirando os dedos para trás para que o corpo do homem os seguisse. Cowling se viu forçado a deixar cair à faca ou permitir que lhe rompesse a mão. A faca caiu ao chão e Ryland a chutou com força, enviando a arma girando a certa distância entre a erva mais alta. Homem abatido. Jeff está cansado. Está tendo um ataque. Ian informou com sua voz usualmente tranqüila. — Vamos, Gator — Repetiu Ryland. Ajuda ao Ian a tirar o Jeff. Cowling tentou um varrido com as pernas, uma chave de tesoura em um intento de derrubar ao Ryland. — Sim, o envie longe — Cuspiu Cowlings — Não importa, já sabe, morrerão todos. Ryland se moveu de lado, plantando um vicioso golpe para trás diretamente na coxa de Cowlings. — É isso o que disse Higgens? É por isso que nos vendeu, Russ? Higgens te convenceu que
vamos morrer? Cowlings amaldiçoou e cuspiu no chão. Girou a cabeça para levantar o olhar para Ryland. — É tão cabeça-dura, Rye. Que mal há em utilizar nossas habilidades para fazer dinheiro? Sabe o que vale Peter Whitney? O que vale essa filha dele? Por que eles devem ter todo o dinheiro enquanto nós confrontamos todos os riscos? Os empregados do Donovan ganham mais que nós. Cowling foi rápido, lançando os dois punhos para a mandíbula de Ryland. Ambos os punhos foram bloqueados e Ryland se vingou com um golpe corporal direto para na garganta. Cowlings se arrumou para cambalear para trás, escapando apenas do letal ataque. Ryland voltava a ser consciente dos cães, do som de vozes excitadas aproximando-se. — Isto é por dinheiro então, não é assim? Trata-se de sua avareza, Cowlings, não da morte? — Exclamou Ryland — Não tem medo de morrer, verdade? Por que será? Higgens deu a todos algo para causar esses ataques? Cowlings riu. — Morrerão todos, Miller. Até o último deles. Não poderá salva-los e então a quem necessitarão? Higgens me necessitará. — Está dançando com o diabo, Russ. Crê que o coronel atua pelo melhor interesse de seu país? Está nos vendendo. — É o suficientemente inteligente para ver o que todo esse dinheiro pode conseguir. Você te interpõe no caminho, Miller, desde o começo com sua atitude do Boy Scout. Demônios! Tentamos te matar duas vezes e simplesmente não morreu. — Higgens se livrará de você no minuto em que não te necessite. O ruído dos cães se aproximava. Alguém tinha ouvido o grito do Cowlings e tinha dado a volta à matilha. — Sempre me necessitará. Posso lhe contar coisas que ninguém mais pode. Ele sabe e não vai matar a galinha dos ovos de ouro. Ryland se moveu veloz, utilizando a rapidez pela que era conhecido, um borrão de mãos e pés, fazendo retroceder ao Cowlings. Não sentiu nenhum dos golpes que Cowlings conseguiu para conectar, a adrenalina o protegia. Seu mundo se estreitou, concentrado em seu oponente. Havia poucos que pudessem o derrotar em combate mão a mão. Ryland estava imerso em uma batalha de vida ou morte. Russel Cowling o queria morto. Cowlings grunhiu quando Ryland conectou um direito nas costelas, lhe amassando o osso. O ar vaiou abandonando seus pulmões e caiu como uma pedra, lutando por respirar. Os guardas de segurança e a matilha de cães estavam já muito perto, aproximando-se do Ryland em uma carreira a morte, só com a cerca separando-os. Ryland chutou ao Cowlings com força na cabeça, esperando nocauteá-lo. Deu a volta e correu pelo prado afastando-se do Gator, Hollister, e McGillicuddy. As botas de Ryland golpeavam o barro duro, fazendo ruído, atraindo a atenção dos cães. Os animais ladravam grosseiramente, atirando de suas correias até que seus tratadores os deixaram soltos. Nesse momento os cães correram até a cerca metálica e começaram a tentar rasga-la com frenesi. Alguns cães tentaram saltar, outros escalá-la, outros inclusive cavar. Pequenos círculos de luz dançavam e vacilavam entre os lençóis de chuva, o vão intento dos guardas de iluminar a zona. Ryland ziguezagueou através da erva, fazendo mais ruído para que
os guardas pudessem ouvir sobre o latido dos cães. Levaram um momento reagir, mas fizeram o que ele queria, correram ao longo da cerca para sua posição e longe de seus homens. Enquanto corriam em paralelo a ele, nenhum pensou em deter-se e cortar a cerca para deixar que os cães a atravessassem. Isso deu ao Ryland uns poucos minutos preciosos para cobrir mais terreno e que assim seus homens tivessem tempo de levar ao seu camarada cansado. Agradecia o vento forte e a chuva torrencial, o trovão e o relâmpago nos céus. Passaria um momento antes que um helicóptero pudesse voar nos céus tormentosos em um intento de rastreálos. Seus homens estariam a salvo nos carros que Lily tinha esperando-os. Seu encarregado de segurança, Arly, tinha deixado vários carros estacionados em diferentes pontos a menos de duas milhas dos laboratórios. Ryland ouviu o estalo continuado de advertência da cerca e girou afastando-se dela, correndo para o próximo grupo de edifícios. Um dos guardas tesourou a cerca, ampliando a abertura para permitir que os cães passassem. Apressaram-se em manada para Ryland, ansiosos por caçar a sua presa. Os guardas os seguiram, passando agachados pela cerca em encarniçada perseguição. As botas de Ryland amassavam ruidosamente o pavimento enquanto corria pela rua e saltava sobre o teto de um sedan estacionado. Saltou, seus dedos se agarraram às bordas de uma fachada. Era uma das seções menos povoadas da cidade e os edifícios eram velhos em ruínas, mas a madeira agüentou enquanto se arrastava pelo teto. Estamos fora. Ian indicava que tinham localizado um dos carros e estavam a uma distância segura. Podemos dar a volta e te recolher. Jeff? Ryland queria cuidados médicos para o homem logo que fosse possível. Não terei que explicar o que acontecia a um cérebro super estimulado. Correu pelo teto e saltou ao revestimento do seguinte edifício. Estava escorregadio pela chuva e se deslizou precariamente, caindo sobre o traseiro justo quando uma saraivada de balas assobiava junto a ele. Necessita atenção médica. Dê sua posição. Ryland engatinhou pelo teto, sem arriscar-se a desenhar sua silhueta contra o céu perante guardas de gatilho fácil. Se Cowlings dizia a verdade e já tinha sido objetivo duas vezes, havia boas possibilidades de que aos guardas tivesse ordenado disparar a matar. O teto tinha uma porta que conduzia a um pequeno oco de escada. Arrumarei isso sem vocês. Fica em posição. Têm aberto fogo. Fiquem fora da zona. A porta estava fechada. Ryland não esbanjou tempo, simplesmente se arrastou até o extremo mais afastado do edifício e espiou sobre ele à rua. Havia um pequeno toldo à sombra do edifício. Sé se ouvia o som da chuva enquanto caía dos céus. O rugido do vento enquanto mostrava sua fúria. As nuvens ferviam no alto, negros caldeirões de escuros e furiosos fios estendendo veias de relâmpago que se arqueavam de nuvem em nuvem. A sorte de Ryland agüentou e o relâmpago não caiu perto dele, permitindo que se deslizasse silenciosamente pela rua até a esquina onde esperava o carro com o motor ligado e a porta do passageiro aberta. Saltou ao assento, fechando a porta de repente enquanto Gator arrancava tão rápido que abanaram a traseira na estrada empapada pela chuva. Ryland voltou para olhar ao Jeff que estava tão quieto e pálido sobre o assento. — Está alerta?
Ian sacudiu a cabeça. — Esteve inconsciente do ataque. Gator e eu o carregamos até o carro, mas não pudemos despertá-lo. Espero que a senhora doutora saiba o que está fazendo ou vamos perdê-lo. Fez um silêncio no carro. Muito se tinha perdido já. Nenhum deles sabia se era inevitável ou não. Lily olhava pela janela da limusine deslizando pelas ruas molhadas pela chuva. Tinha deixado seu pequeno carro no estacionamento e agradecia que John tivesse vindo apanhá-la. Onde estava Ryland? Teria chegado a casa? Sentia-se quase intumescida de terror por ele. Não esperava sentir-se desta forma. Não podia pensar em seu pai, ou na conspiração. Não podia pensar nos outros homens aí fora em alguma parte em meio da feroz tormenta lutando por abrir passo até a liberdade. Só podia pensar nele, Ryland Miller. Desejava-o. Fechou os olhos e aí estava ele, depois de suas pálpebras, compartilhando sua pele. Era revoltoso, juvenil e ilógico, mas nada disso importava. Não podia obrigar seus pensamentos a afastar-se dele. Tinha que saber se estava vivo ou morto, ou se estava ferido. Assustava o muito que precisava vê-lo, toca-lo, ouvir sua voz. Não se atrevia a estender-se até ele telepaticamente, não quando o risco era tão alto e ele necessitava total concentração onde estivesse. A porta da garagem se abriu brandamente e a limusine entrou rodando na enorme garagem. Para seu alívio havia vários carros mais estacionados ali. Por um momento, apoiou a cabeça contra o banco e se permitiu respirar lentamente. A limusine deteve e seu chofer desligou o motor. — John, obrigado por vir em meio desta horrível tormenta. Lamento te haver obrigado a sair, mas estava tão cansada e não queria ficar no Donovan e passar a noite — Nada podia havê-la induzido a ficar nos laboratórios agora que Ryland já não estava ali. Era estranho quase aterrador o abandonada que se sentia. — Alegra-me que me chamasse, Senhorita Lily. Estávamos todos preocupados contigo. Por que havia tantos guardas registrando o carro? Nunca antes o tinham feito — O chofer se voltou para olhá-la com uma sobrancelha arqueada, mas se absteve de dizer uma só palavra sobre o desaparecimento e reaparecimento de carros empapados pela tormenta em sua garagem. — Sinto muito, John, é um assunto classificado que tem que ver com o exército — deslizou fora do carro, cambaleando de cansaço. Podia ouvir o vento uivando às portas da garagem e estremeceu — Que noite tão horrenda. Ele a olhou enquanto abria a porta do condutor. — Não comeste hoje, verdade? Nenhuma só coisa. Lily se inclinou e lhe beijou o cocuruto. — Deixa de preocupar-se tanto por mim, John. Sou uma mulher forte, não uma delicada florzinha. — Tenho a sensação de que sempre me preocuparei com você, Lily. Este assunto de seu pai...lamento-o muitíssimo — John sacudiu a cabeça — Pensava que o encontrariam, mas nunca faltou durante tanto tempo. E se fosse seqüestro por resgate, ou inclusive segredos de algum tipo já o teríamos sabido. Lily podia ver as rugas de idade em seu rosto, a tintura cinza de sua coloração. Colocou
uma mão sobre seu braço. — Sei o muito que o queria, John. Lamento por nós dois — A pena dele a estava golpeando profundo, uma navalhada a sua mente desprotegida. Lily fechou os olhos um momento, preocupada com Ryland Miller e seus homens. Queria comprovar com Arly e assegurar-se de que tinham chegado e estavam a salvo entre as grossas paredes de sua casa. A compaixão fluiu enquanto estudava seu chofer. De repente John parecia frágil e aparentava sua idade. Isso a pegou de surpresa. Não queria perder ao John. — Era meu amigo, Lily, minha família. Conheci seu pai quando era menino. Meu pai trabalhava para sua família. Acredito que fui o único amigo que teve crescendo nesta casa. Sua vida foi um inferno ali. Seus pais e avós tinham estado levando ao cabo alguma classe de experimento para obter um menino de grande inteligência. Não era querido, simplesmente um produto da mescla de genes corretos. Seus pais nunca falavam com ele a menos que fosse para insistir em que estudasse. Não lhe permitia praticar esportes ou brincar com brinquedos ou sequer mistura-se com outros meninos. Queriam um cérebro altamente desenvolvido e tudo o que ele fazia sendo menino estava destinado a esse fim. E quando você... — Duvidou —...chegou — Improvisou — Peter jurou que não seria como seus pais. Falei com ele muitas vezes sobre suas ausências. Eu sabia que te feria que não recordasse as ocasiões especiais — Sacudiu a cabeça tristemente — Ele te queria, Lily. A sua estranha maneira a queria muito. Mas Peter Whitney tinha sido como seus pais. Exatamente como seus pais. Tinha seguido seus passos até que algo lhe tinha aberto os olhos. Lily o rodeou com seus braços quando saiu do carro, o abraçando. — Todo mundo na casa sabe que não sou biologicamente filha dele? John Brimslow se esticou, retrocedendo torpemente para baixar o olhar para ela. — Quem te disse isso? — Ele — Disse ela — Em uma carta. John passou a mão pela cara, depois lhe aferrou os braços. — Você foi tudo para o Peter — esclareceu garganta — E para mim. Para todos nós. Você nos trouxe o brilho do sol, Lily. Rosa nunca poderá ter filhos. Arly se deitou com multidão de mulheres, mas nunca pôde tolerar muito tempo à companhia de ninguém que não seja ele mesmo. Somos uma família de inadaptados, Lily. Sempre soube de mim, nunca te ocultei quem sou. Construímos a família ao redor de você. Lily sorriu, agradecendo suas palavras. — John, sabe como chegou meu pai a me adotar? John se moveu incômodo. — Seu pai viajou ao estrangeiro. Alguns poderiam dizer que te comprou, Lily. Não sei quanto dinheiro esteve envolvido, mas importa isso agora? Você não tinha família e nós tampouco. Atravessaram a entrada do vestíbulo que conduzia da garagem a casa. A mão de Lily metida no oco do cotovelo do John, enquanto ele continuava. — Rosa era jovem então, mal falava inglês, mas era enfermeira e necessitava um trabalho para ficar no país. Peter a escolheu como sua babá e finalmente acabou levando-a a casa para todos nós — Sorriu para ela — Em princípio desaprovava meu estilo de vida. Já naquela época tinha
conhecido ao Harold e vivíamos como casal. Peter nunca me julgou, mas Rosa temia que de algum modo eu te prejudicasse por minha perversão. — John! — Protestou Lily — Ela nunca, nem uma vez demonstrou que nenhum modo, por palavra ou ação, que te desaprovasse. Rosa fala muita bem e afetuosamente de você. — Isso foi nos velhos tempos quando você era somente uma coisinha. Chegou a me aceitar e ao final cuidou do Harold devotamente. Não sei o que teria feito sem ela — bateu-lhe na mão — Ou sem você, Lily. Nunca esquecerei que ficou perto de mim ante a tumba me rodeando a cintura com o braço e soluçando comigo. — Queria ao Harold, John. Era tão parte de nossa família como você, Rosa e Arly. Ainda lhe fiz de menos, e sei que a você também — Deixou de caminhar justo antes da cozinha onde sabia que Rosa estaria esperando por ela — Tem feito uma revisão médica recentemente? Quero que descanse e cuide muito bem de você mesmo. Não posso enfrentar o perder a ninguém mais de minha família. Elevou o queixo e roçou um beijo em seu cocuruto. — Gostaria que recordasse quão importante é para nós, Lily. Tem suficiente dinheiro e uma casa bonita, nunca terá que trabalhar se não quiser. Não se meta no que seja que estava metido Peter. Sei que estava mais distraído que o normal estas últimas semanas. Rosa explodiu atravessando a porta da cozinha e lançou os braços ao redor de Lily. Para seu horror, soluçava. — Chamei-te uma e outra vez, Lily. Por que não me chamou? Não disse que iria chegar tarde e quando chamei o Donovan não disseram nada exceto que tinha havido problemas. Lily a abraçou com força, surpresa de que a dura Rosa estivesse tão afetada porque tivesse chegado tarde. — Deixei o procura na bilheteria. Sinto-o seriamente, Rosa. Deveria haver te chamado. Foi muita desconsideração de minha parte. — A tormenta era tão selvagem, pensei que devia ter tido um acidente — Rosa se agarrava a ela, alternando entre abraços e tapinhas nas costas de Lily. — Arly não te disse que pedi que enviasse ao John por mim? — Lily olhou a seu chofer em busca de ajuda. Rosa era propensa aos acessos de gênio, perseguindo as pessoas que houvesse em sua cozinha com panos, mas nunca chorava como se fosse romper o coração. — Quando a polícia não chamou para informar de um acidente temi que alguém te tivesse raptado. OH, Lily — girou afastando-se da jovem e cobriu o rosto com as mãos, soluçando incontrolavelmente. John a rodeou com os braços, franzindo o cenho enquanto o fazia. — Rosa, querida, ficará doente. Sente, farei um chá — Ajudou-a a sentar-se na cadeira mais próxima. Rosa agachou a cabeça sobre a mesa e continuou chorando. John pôs a água no bule para ferver. Lily ficou perto da mulher mais velha, assombrada por seu comportamento. — Rosa estou perfeitamente bem. Não chore mais. Prometo pôr mais cuidado e te chamar. Rosa só sacudiu a cabeça. Lily suspirou. — John, possivelmente deveria falar com Rosa a sós, importa-se? John beijou a Rosa no cocuruto.
— Não adoeça. Este é um momento difícil para todos nós. Lily esperou até que a porta da cozinha se fechou. — O que acontece, Rosa? Conte-me. Rosa continuou sacudindo a cabeça, negando-se a olhar Lily. Lily tomou seu tempo para fazer o chá, primeiro esquentando uma pequena chaleira com um pouco de água para o bule, depois separando a água antes de medir as folhas de chá e derramando a água fervendo para a beberagem. O simples ritual esclareceu sua mente permitindo que funcionasse como preferia, atacando a adivinhação desde vários ângulos. Esperou que o pior da tormenta de lágrimas amainasse antes de colocar uma xícara de chá ante Rosa. Todo o momento sua mente seguia funcionando, juntando o fato de que Rosa era enfermeira e Peter Whitney a tinha introduzido no país. — Tem isto algo a ver com o fato de ter sido minha enfermeira quando meu pai me trouxe aqui com todas essas outras meninas pequenas? — Fez a pergunta muito brandamente, sem inflexão, sem querer soar acusadora. Rosa gritou e olhou Lily com surpresa. Havia culpa nas profundezas de seus olhos. Culpa, pesar e remorso. — Nunca deveria ter aceitado isso. Não tinha aonde ir, Lily, e te queria tanto. Nunca pude ter filhos próprios. Você foi minha filha. Lily se sentou bruscamente. — Por que alguma vez me falou de meu pai, Rosa? Por que não me falou dessa horrível habitação e todas essas outras pobres garotinhas? Rosa olhou ao redor com temor. — Shi!..., nunca fale de semelhantes coisas. Ninguém pode saber nunca dessa habitação ou essas pobres meninas. O Doutor Whitney não deveria ter contado isso nunca. Esteve mal. Ele chegou a vê-lo e tentou encontrar bons lares para essas garotas. O que fez foi malvado, antinatural. Abriu os olhos quando quase resultou morta. Lily tomou um precavido sorvo de chá. Obviamente, Rosa acreditava que o pai de Lily tinha contado tudo. — Minha perna — Disse, enquanto colocava a xícara no pires — Tive tantos pesadelos e papai nunca me contou isso. — Foi um terrível acidente, Lily. Seu pai estava devastado. Prometeu-me que nunca te faria voltar fazer nada parecido — Rosa estava sussurrando, obviamente temerosa de ser ouvida. — John sabia das outras meninas? Sabia algo sobre o experimento? — Lily não podia olhar à mulher que a tinha criado. Não podia olhar à cara coberta de lágrimas, que claramente dizia que havia muito mais que não queria ouvir. — OH não, Lily — Protestou Rosa — Teria golpeado ao Peter quase até matá-lo e depois teria se despedido. Peter necessitava ao John para que o mantivesse humano. Seu pai só tinha a uns poucos aos que permitia entrar em seu mundo. John era uma grande parte desse mundo. Eram amigos de infância e ao John nunca importaram as maneiras excêntricas de Peter. Lily estudava a cara de Rosa atentamente. — Por que está tão alterada, Rosa? Conte-me. Tudo isso passou faz muito tempo. Nunca te culparia por algo que fez meu pai. Foi uma vítima tanto como eu.
— Não posso contar isso Lily. Nunca me perdoará e é a única família que tenho. Esta é minha casa. John, Arly, você e seu pai são meu mundo inteiro. Lily estendeu o braço sobre a mesa e tomou a mão de Rosa. — Quero-te. Nada poderá trocar isso nunca. Não gosto de verte tão alterada. — Arly me disse que alguém invadiu a casa. Disse que sabiam onde estava exatamente seu escritório e o de seu pai. Disse que tinham os códigos da casa — Rosa olhava miseravelmente sua xícara de chá. Lily permitiu que o fôlego abandonasse seus pulmões em uma pequena rajada. Permaneceu em silêncio, simplesmente esperando. Seus dedos se apertaram ao redor da mão de Rosa tranqüilizando-a. — Ameaçaram-me Lily. Disseram que podiam me fazer abandonar o país. Disseram que podiam me criar problemas com meus papéis de cidadania. Disseram que nunca te voltaria a ver. — Quem te disse isso? — Dois homens me pararam quando saía com meu carro da loja de comestíveis. Tinham placas e vestiam terno. — Rosa, sabe que é economicamente independente e que meu dinheiro é seu dinheiro. Nossos advogados nunca permitiriam que ninguém te enviasse longe. Vive neste país durante anos. É uma cidadã legal aqui. Como pôde pensar que permitiríamos que a levassem longe? — Disseram que simplesmente me jogariam na rua e me enviariam longe e ninguém saberia nunca o que me tinha ocorrido. Depois disseram que podiam fazer que também você desaparecesse. Deveria ter contado isso, mas tinha tanto medo. Pensei que Arly os agarraria tivessem ou não os códigos. Ele tem todos esses estúpidos cacarecos que tanto adora. Rosa nunca tinha prestado atenção à vida fora da casa Whitney. Sua procedência de um ambiente pobre, junto com a culpa que sempre tinha sentido por sua participação na utilização de meninas pequenas em um experimento, tinha ajudado a mantê-la segregada do mundo exterior. — Falou-lhes do laboratório? Rosa chiou de terror. — Nunca falo desse lugar ímpio. Tentei esquecer que existia. Seu pai deveria havê-lo destruído — Elevou seu olhar aflito para o de Lily — Sinto muito, Lily. Copiei alguns dos papéis do escritório de seu pai. Tentei lhes dar coisas sem muita importância, mas não sabia que era importante. Há um traidor em nossa casa. Lily se inclinou e beijou a Rosa. — Não tem nem idéia do alívio que supõe ouvir isto. Sabia que alguém de nossa casa estava lhes proporcionando informação e acreditava que era uma questão de dinheiro ou política. Essa gente não pode te tocar, Rosa — Rosa não era uma traidora, era simplesmente uma mulher assustada que tinha feito o que podia por proporcionar informação de pouca importância a aqueles que a ameaçavam. O alívio foi entristecedor — Se voltarem a contatar contigo, faça-me saber ou conta ao Arly. — Já não saio da casa, Lily. Faço que nos tragam as provisões. Não quero ver esses homens — inclinou-se para Lily, um fluxo fresco de lágrimas brilhavam em seus olhos — E se esses homens foram os que fizeram desaparecer seu pai? Sinto-me tão envergonhada de mim mesma. Deveria tr contado ao Arly mas não queria que soubesse que tinha falado sequer com esses
homens. E se a separam de mim? Tenho tanto medo. — Ninguém vai fazer me machucar, Rosa. E se alguma vez desaparecesse, moveria céu e terra para te encontrar. Preciso saber umas poucas coisas mais sobre o momento em que meu pai te contratou pela primeira vez. Rosa sacudiu a cabeça ficando em pé, levando sua xícara de chá a pia. — Não falo desses tempos. Não, Lily. Lily a seguiu. — Sinto muito, Rosa, mas não é somente simples curiosidade. Há outras coisas em jogo e preciso averiguar como arrumar tudo. Por favor, me ajude. Rosa se benzeu e girou para Lily com um suspiro indefeso. — Se fizemos mal isso nos perseguirá para sempre. Seu pai fez coisas que não eram naturais e eu ajudei. Não importa o que façamos agora, temos que pagar pelo que fizemos então. Isso é tudo o que direi sobre o tema. Vai para cama, Lily. Parece pálida e cansada. — Rosa, que fiz para atrair sobre mim a atenção de Peter Whitney em primeiro lugar? O que me diferenciava tanto das outras? Deve ter havido outras que pudessem fazer o que fazia. Rosa abaixou a cabeça. — As coisas que ele fez estavam mal, Lily. Tentei com força compensar haver ajudado. Não quero pensar nesses tempos. — Por favor, Rosa, preciso saber. — Inclusive sendo menina podia fazer que as coisas voassem no meio do ar. Se quisesse seu leite e éramos muito lentos ao trazer podia pegar isso você mesma. Não é bom pensar nessas coisas. Temos uma boa vida, esses tempos passaram faz muito. Agora para cama e dorme. Rosa beijou Lily e saiu da cozinha, deixando-a olhando para ela. Agachou a cabeça sobre a pia e grunhiu de pura frustração. Rosa sempre tinha sido teimosa nas questões mais estranhas. Pressioná-la para conseguir mais informação era inútil. Lily se separou da pia e caminhou através da casa obscurecida para a escada. Enrugou o nariz quando viu Arly esperando por ela sob as escadas. Deveria saber que estaria ali; sua família tinha tendência a revoar. — Acreditava que nunca chegaria. Deixou-me na estacada, Lily. Lily franziu o cenho ante a moléstia e a acusação de seu tom. — Bom, tive uns poucos problemas que tratar esta noite, Arly. Lamento-o se teve algum inconveniente e perdeu seu precioso sono. — Está de um humor de cães esta noite. — O que têm feito? Arly ficou em pé, erguendo-se sobre ela. — Agora quer saber. O problema com as mulheres é que nunca têm as prioridades em seu lugar. — Se me der algum problema esta noite, Arly, juro que vou te amassar. Não estou de humor para suportar seu ego super inflado, alisar sua plumagem desgrenhada, ou te escutar expor seus maus humores favoritos. — Sempre disse a seu pai que tinha inclinação à violência. Por que não podia ser uma dessas meninas “nunca vistas nunca ouvidas” — Grunhiu Arly.
— Depois dos primeiros cinco minutos em sua companhia tomei a decisão de ser a praga de sua vida — Lily apoiou a cabeça contra seu peito cansadamente e logo levantou o olhar para ele — Sou, verdade, Arly? Beijou o cocuruto e depois lhe alvoroçou o cabelo como se fosse uma menina. — Sim, Lily, definitivamente é a maior praga de minha vida — Suspirou —Um dos homens está em má forma. Dizem que teve um ataque e todos eles estão preocupados com uma possível hemorragia cerebral. O coração caiu ao chão. As pernas se voltaram de borracha. Agarrou-se à manga do Arly. — Quem? Quem é? Ele encolheu os ombros, seu olhar se entrecerrou ao registrar sua agitação. — Não sei, alguém a quem chamam Jeff. Está se apagando como uma luz. Lily elevou uma prece de agradecimento por não ser Ryland. — Me leve a eles, Arly e necessitarei nosso estojo de primeiro socorros. — Está segura disto? Se esses homens são capturados aqui, podemos nos colocar em um montão de problemas. Está preparada para isso? — Está você preparado para a alternativa?
Capítulo 9 Ryland se encontrou com ela na porta, seu olhar chapeado devorou sua cara, tomando nota de cada sombra, notando quão pálida estava. Sem preâmbulos, empurrou-a até seus braços. Necessitando-a. Precisando senti-la contra ele. Precisando percorrer seu corpo com as mãos e assegurar-se de que estava ilesa. — Por que demônios chega tão tarde? Não pensou em que estaria preocupado por você? Não tenho a energia necessária para uma comunicação — deu-lhe uma pequena sacudida.
Lily descansou contra a dura fortaleza de seu corpo, agradecendo que estivesse vivo. O coração dele era reconfortantemente estável e os músculos sólidos sob suas mãos. — Estava tão preocupada contigo, Ryland. Retiveram-me nos laboratórios. Tinha que falar com o General McEntire. Estava ali quando ocorreu a fuga e Higgens e Thornton me pediram que me unisse a eles e explicasse tudo — Nesse momento não importava a razão pela qual era tão importante para ela que Ryland estivesse a salvo, só importava que estivesse. Que seu mundo podia continuar e podia voltar a respirar. Lily notou que tinha os dedos enterrados possessivamente entre o cabelo do Ryland. Tinha que lhe tocar. Queria chorar de alívio. — Arly me disse que alguém tinha tido um ataque — Tinha tanto medo por ti. Estava revelando muito de seus sentimentos, mas não podia conter-se. — Jeff Hollister. Não fomos capazes de o despertar — Juntou-lhe as mãos entre as suas e levou seus dedos a calidez da boca, muito consciente de que não estavam sozinhos quando o necessitava tão desesperadamente. — Sabe se tomou algo para dormir ontem à noite? — Estava muito mal. A comunicação telepática é difícil no melhor dos casos e ele já estava cansado. Eu estava tentando manter a ponte para todo mundo, mas... — Se interrompeu, a culpa atacou com força. Tinha sido egoísta. Tinha querido caminhar em sonhos. Queria consolar Lily. Estar com Lily. Utilizando sua energia para isso, tinha sido incapaz de proporcionar muito mais para os outros. Lily apertou os dedos ao redor dos dele. — Ryland, você não é responsável por todo o mundo. Não o é. Havia tanta compaixão em seus olhos. Lily podia o pôr do avesso assim facilmente. Só a forma que o olhava fazia sentir-se diferente por dentro. Gostava. Gostava de estar com ela, ouvir sua voz, observar suas expressões. Estava enterrada em seu coração, podia senti-la ali. — Acredito que sim — A voz era profunda e raiada de humor. Lily se voltou para encarar Kaden, disposta a brigar por Ryland. Kaden era alto e com avultados músculos e tendões. Um homem de olhos frios e cara de um deus grego. E sorria para ela. — Só lhe pergunte. Acredita-se responsável pelo mundo inteiro — Os olhos negros se moveram para zombar de Ryland — Está fazendo o parvo olhando-a como um mentecapto. Faz ficar mal ao gênero masculino. As sobrancelhas de Ryland se arquearam. — É impossível que pareça um mentecapto ante alguém. — Também fala de você todo momento não podemos fazê-lo calar. — Fez disso um hábito se aproximar às escondidas às pessoas? — Lily estava tentando não rir. Tinha-a feito ruborizar-se deliberadamente. Tentou controlar o débil rubor mas o olhar de falcão dele definitivamente o notou. Arly a olhava como se lhe tivessem crescido duas cabeças. Resistiu ao desejo de lhe chutar a tíbia, lutando por serenar em lugar disso. — Sim, senhora, agora que o menciona, teria que dizer que é uma de minhas especialidades — Kaden não parecia arrependido. Lily pôs os olhos em branco.
— Onde puseram Jeff Hollister? Gostaria de lhe jogar uma olhada. E alguém pensou em trazer essas pastilhas para dormir para poder as analisar? — Recorreu ao que melhor sabia fazer. Ciência. Lógica. Conhecimento. Algo, exceto homens. — Fecha a boca, menino preparado — Vaiou enquanto passava junto ao Arly mantendo a cabeça alta — Está caçando moscas. Arly cambaleou atrás dela, apressando-se a alcançá-la. Inclinou-se para sussurrar excessivamente forte ao ouvido. — Nós não a educamos para ser uma pequena provocadora. Ryland viu que os lábios dela se curvavam somente um momento, mas conseguia manter a cara séria, levantando seu nariz patrícia. — Não sei o que acredita ter visto, mas foi sério quando te disse faz algum tempo que revisasse os óculos. Os óculos grossos de fundo de garrafa podem ser muito úteis. — OH, você gostaria de me fazer acreditar que não o acariciava como ao seu gato favorito. Avermelhou minha cara te olhando. Onde aprendeu a se comportar assim? — Sabe esses filmes que vê todo o tempo, esses que supõe que ninguém sabe nada? — Disse Lily docemente — Acidentalmente os assisti no canal equivocado. É assombrosa a educação que podemos receber. Arly manteve o passo junto a ela, sem romper sequer a pernada. — Sabe ao menos seu nome? Vou contar a Rosa. — Adiante. Falarei de sua coleção de filmes. Ryland riu brandamente. — Vocês dois soam como dois irmãos briguentos. — Ela sempre esteve ciumenta de meu intelecto superior — Explicou Arly. Lily fez um gesto com a cabeça. — Ah! O único de que alguma vez estive ciumenta é de seu corpo mirrado. Ryland abriu a porta da habitação do homem ferido. Embora Lily tinha equipado o quarto com luzes azuis, estas tinham sido obscurecidas e a princípio foi difícil ver Jeff Hollister. Estava tão imóvel, com a cara pálida e o cabelo loiro platino, que parecia uma estatua de cera. Ouviu o CD que soava com música suave sobre o som da chuva; inclusive apesar das grossas paredes da casa, esta era necessária para proporcionar uma pausa consoladora aos homens. — Jeff é de San Diego, Califórnia. É um campeão de surfe — Disse Ryland, inclinando-se para aplaudir o ombro do homem — Fala como um idiota, jargão em sua maior parte, mas tem um alto coeficiente intelectual e um título do MIT. Sua família ficaria desolada se ocorresse algo. Sua mãe lhe envia bolachas todos os meses e recebe carta de todos os irmãos e irmãs que tem. Lily observava como as grandes mãos de Ryland, cheias de cicatrizes por causa das numerosas brigas, eram tão gentis sobre o ombro de Jeff Hollister. O nó em sua garganta cresceu. Ryland ficaria tão devastado como a família de Jeff Hollister se ela não pudesse encontrar uma forma de salvá-lo. — Terá que deixar que o examine. Rosa, minha governanta, é enfermeira e se for necessário, posso chamar um médico que será discreto. Arly esclareceu garganta. — Lily, não pode trazer Rosa aqui. Ela não pode saber disto. É...estranha.
— Não é estranha — Defendeu Lily imediatamente — Simplesmente não acredita nos experimentos — Franziu o cenho para Arly. — Não estava dizendo nada contra ela, carinho — Disse Arly, tocando seu ombro com um breve gesto de solidariedade — Já sabe como Rosa fala sempre sobre sua família...é muito religiosa. Lily se apoiou nele somente um momento, depois se inclinou para examinar ao Hollister. Ryland sacudiu a cabeça. — Não podemos nos arriscar a trazer um médico aqui. Precisa cuidado médico além do que você possa lhe proporcionar, levaremos a algum outro lugar. Não comprometerei sua segurança muito mais do que já temos feito. Lily levantou a vista para sua cara, e notou o brilho resistente em seus olhos. A absoluta resolução. O arrependimento que flertava em sua cara e desaparecia. — Bem. Quem viu o que lhe passava? — Esse seria eu, senhora — A voz chegou do canto mais escuro da habitação e quase fez que Lily saltasse fora de sua pele. Deu a volta para ver um homem grande movendo-se, ficando em pé lentamente até que pareceu haver um gigante com ela na habitação. Era alto e musculoso, de cabelo castanho que parecia vermelho à luz débil do abajur. Surpreendeu o silenciosamente que tinha cruzado a habitação para alcançar seu lado — Ian McGillicuddy, senhora. Recorda-me? Como poderia esquecer? Tinha lido sua ficha antes de ir vê-lo mas nada poderia havê-la preparado para o puro poder que irradiava dele. Seus olhos eram de um marrom escuro, agudos e inteligentes. Movia-se com uma velocidade e um silêncio que pareciam impossíveis para um homem tão grande. — Sim, é obvio. Alegra-me vê-lo bem, Senhor McGillicuddy. Em alguma parte na escuridão se ouviu um bufo humorístico ante o uso formal do nome. Lily compreendeu que os homens mantinham vigília sobre seu camarada cansado. — Me chame Ian, senhora. Não quero ter que dar a nenhum destes meninos uma lição de maneiras. Olhou-os, e viu a diversão que bailava em seus olhos escuros. — Não, suponho que não podemos nos permitir isso. Chame-me Lily e esquecerei o "senhor". Quer me descrever tudo o que possa recordar sobre sua condição? — Estava muito pálido. Jeff sempre esteve no exterior e tem um moreno que não desaparece nunca. Estivemos encerrados e não o tinha visto, mas me surpreendeu vê-lo tão branco. Estava suando e para mim se sentia atordoado. Disse que sentia como se fosse explodir a cabeça. Seguia tocando a nuca enquanto dizia. Posso dizer que tinha medo, e Jeff é valente. É um desses do tipo kamikaze que sempre vão lançados. — Disse se tinha tomado ou não um comprimido para dormir? Ian sacudiu a cabeça. — Não, mas disse que somente queria dormir para escapar da dor e sonhar com a areia, o surfe e o lar que era melhor que saber que estava morrendo de uma hemorragia cerebral. Preocupava-o nos atrasar e seguia me dizendo que o deixasse. — Algum de vocês tomou um comprimido para dormir? — Demônios, não, senhora — Um homem alto de pele escura e olhos negros saiu de entre
as sombras — O capitão disse que não tocássemos nada e não o fizemos. — Você é Tucker Addison — Recordava sua ficha, tinha servido em uma unidade antiterrorista e tinha ganho várias medalhas — Preciso examinar o pescoço e a nuca. Importaria de ajudar Ian a lhe dar a volta com cuidado? — Só queria lhe dar obrigado, Doutora Whitney, por nos deixar estabelecer um posto de mando e acampamento aqui em sua casa — Suas mãos, enquanto ajudava ao Ian a dar a volta ao Jeff Hollister, foram incrivelmente amáveis. Tratava ao homem como se fosse um bebê. Lily se inclinou sobre Jeff Hollister, lhe passando os dedos pelo crânio. Sua respiração era normal, seu pulso firme. Sua pele estava mais fria que o normal, e o pulso pulsava com força em suas têmporas, somente parecia estar dormido. Gentilmente apartou o cabelo de seu pescoço e examinou a pele. Não podia ver nenhum sinal visível de inchaço ou rupturas. Então as gemas de seus dedos encontraram as cicatrizes: definitivamente Jeff tinha receptores atrás das orelhas. Lily vaiou uma maldição enquanto se endireitava. — Levaram-no ao hospital recentemente? Alguém mais além de mim o visitou a sós? — Estava furiosa. Furiosa. Seus dedos se fecharam em um punho apertado. Seu pai tinha muito que responder. Ryland se aproximou rapidamente e passou os dedos pelo crânio de Jeff, encontrando as mesmas cicatrizes, medindo seu caminho depois das orelhas do homem. Um músculo saltou em sua mandíbula quando retrocedeu. Tucker e Ian deitaram Jeff Hollister de costas sobre os lençóis. — O que é? O que encontrou? — Perguntou Ian. Ryland estendeu a mão, e ali mesmo, diante de todos seus homens, começou a abrir os dedos do Lily. — Jeff se queixava de dores de cabeça e faz um par de dias o levaram ao hospital e supostamente o trataram. Jeff disse que as dores de cabeça estavam pior que antes. Deixou de utilizar qualquer forma de telepatia. Mantínhamo-nos na onda para que continuasse engrenado mas lhe dissemos que não respondesse a menos que fosse imperativo — Ryland levou a mão dela à boca, respirando ar quente no centro de sua palma — O que acontece, Lily? O que acredita que ocorre aqui? Ela se separou bruscamente, caminhando pela habitação, aparentemente sem notar que os homens se afastavam de seu caminho. Ryland começou a protestar, mas Arly sacudiu a cabeça ligeiramente, assinalando a necessidade de silêncio. Ryland a observou, os movimentos velozes e intranqüilos de seu corpo, o cenho de sua cara. Estava longe deles, processando dados. Enquanto estava ocupada ele tomou seu tempo para examinar seus homens, passando os dedos cuidadosamente sobre cada cabeça, procurando cicatrizes reveladoras. Inclusive comprovou sua própria cabeça. Quando se assegurou de que todos os outros estavam limpos, deixou escapar um pequeno suspiro de alívio. — Preciso saber quais são seus talentos. O que pode fazer? — Perguntou Lily. — Jeff pode mover objetos. Se tiver as chaves da casa, não as deixe por aí porque pode levantar isso tão docemente que nem se inteira — Disse Tucker — E pode fazer essa coisa do molho. Assombrada, Lily piscou, concentrando-se em Tucker.
— Sinto muito, não estou familiarizada com essa coisa do molho. Tucker encolheu de ombros. — Pode levitar. — Não, não pode — Negou Ian rapidamente — Ninguém pode fazer isso na realidade. É um truque de feira ou algo assim e simplesmente gosta de presumir. — Pode levitar? — Lily olhou para Ryland em busca de confirmação — Como demônios faz isso? E como encaixa isso em suas habilidades? — Havia assistido as primeiras fitas das meninas. Nenhuma delas tinha conseguido levitar e não tinha considerado essa possibilidade, ou para que podia ser útil — E o que, simplesmente flutua no ar? — A uns poucos centímetros do chão. Se subir muito mais alto, dói-lhe a cabeça. Tem enxaquecas todos os dias — Explicou Ryland — Algumas das habilidades não valem a pena o esforço que requer as utilizar. — Quanto praticaram em realidade para poder utilizar seus talentos? — Perguntou Lily. Foi Kaden quem respondeu. — Treinamos como unidade militar vários meses enquanto o Doutor Whitney, seu pai, nos fazia passar por uma série de provas. Começamos a treinar como equipe psíquica sob condições militares. Era membro das Forças Especiais...de fato, passei o treinamento com o Ryland...mas agora sou civil, detetive de homicídios da polícia. Ouvi falar do projeto, falei com Ryland, e decidi me unir. Uma vez fortalecidas nossas habilidades, trabalhamos bem juntos durante algum tempo — Olhou aos outros em busca de confirmação. — Ao redor de três ou quatro meses — Esteve de acordo Ian — Era assombroso. Podíamos fazer toda classe de coisas. — Mas faziam exercícios para defender a vocês mesmos de informação e emoções indesejadas — Insistiu Lily. — Em princípio fazíamos uma tremenda quantidade de exercícios mentais, mas então o Coronel Higgens exigiu resultados mais rápidos. Queria-nos em missões de treinamento, nos enfrentar contra equipes não-psíquicas — Explicou Kaden. — Infelizmente, nós queríamos ação. Sentar-nos em uma pequena habitação com eletrodos na cabeça resultava aborrecido — Disse Ryland — Seu pai nos advertiu que era muito cedo. Houve várias reuniões e ao final, todos nos comprometemos. Passávamos três dias fora e dois com os eletrodos gravando cada um de nossos movimentos. Lily passeou pela habitação uma vez mais. Ryland estava começando a reconhecer a emoção que encerravam seus passos rápidos. Provavelmente ela não compreendia que estava zangada, mas seu corpo traía suas profundas emoções. — Não posso acreditar que lhes permitisse sair com a sua. Sabia melhor que ninguém que supunha comprometer a segurança, especialmente quando tinha dados anteriores. — Dados anteriores? — Repetiu Kaden. Lily se deteve no ato como se tivesse esquecido que estavam na habitação com ela. Arly trocou deliberadamente de tema desviando a atenção do assunto. — Isso é o que consegue por falar consigo todo o momento. Acaba acreditando ter uma conversação você sozinha. Lily deixou escapar um ruído grosseiro, lhe seguindo facilmente a corrente.
— Alguém sabe se Hollister pode caminhar em sonhos? — Estudadamente evitou os brilhantes olhos do Ryland. Fez um pequeno silêncio no que os homens trocaram olhares. — Caminhar em sonhos se considera um molho estranho igual à levitação — Disse Kaden. Percorreu a habitação com a vista, seu olhar atravessou a escuridão — É um talento inútil. Ryland se encolheu de ombros. — O Doutor Whitney dizia que entrar no sonho de outra pessoa podia ser perigoso e nos desalentou a explorar o assunto. — Você tentou? — Perguntou Kaden — Deveria ter me dito, Ryland. Sabe que a norma número um é ter sempre uma âncora. Whitney nos disciplinou a respeito disso. Você nos disciplinou com isso. — Falando de molho estranho — Murmurou Tucker. Ryland suspirou. — Descobri que podia fazê-lo por acidente. Falei com o Doutor Whitney e foi inflexível sobre ser muito perigoso para perder tempo com isso. A pouco tempo lhe perguntei se algum dos outros podia caminhar em sonhos e me disse que um ou dois — Percorreu o olhar a dirigindo-o ao homem sentado silenciosamente entre as sombras mais profundas. Lily teve uma impressão de escuridão e força pura. De algo letal movendo-se perigosamente. Tentou ver seus traços, mas a luz tênue do abajur não o podia alcançar. — Nico? — Advertiu Ryland — É capaz de caminhar em sonhos? — Sempre fui capaz de fazê-lo — A voz fazia jogo com a imagem, enviando um estremecimento de medo pela espinha dorsal de Lily. Sabia quem era. Nicolas Trevane. Nascido e criado em uma reserva até os dez anos. Viveu outros dez anos no Japão. Um franco-atirador do exército com mais medalhas das que ela podia contar e mais mortes das que queria saber. Recordava seus olhos seguindo-a enquanto se sentava perfeitamente imóvel no centro de sua jaula. Inclusive detrás das grades a havia posto nervosa, dando a clara impressão de um perigoso predador esperando simplesmente sua oportunidade. — Meu pai disse "um ou dois". Se Ryland e o Senhor Trevane podem caminhar em sonhos, e ninguém mais admite poder fazê-lo, existe a possibilidade de que o Senhor Hollister também possa — Filosofou Lily em voz alta. Já se movia para a porta, abrindo espaço aos empurrões entre o grupo de homens. — Lily — Disse Ryland agudamente — Aonde vai? Ela se deteve, enquanto aflorava sua surpresa. — Sinto muito...olhe, seu pulso é forte e respira normalmente. Preciso investigar um pouco. Não quero me arriscar a fazer nada para despertar se não for seguro. Assim deixe estar, só o observem atentamente. Ryland saiu com ela, seguindo-a vestíbulo abaixo. — Me fale, Lily... O que está passando com ele? Quais as suspeitas? — Acredito que alguém pode ter induzido eletricidade em seu cérebro, introduzindo onda concentrada em um pequeno ponto — Caminhava rapidamente, sua mente dava voltas às várias possibilidades — Tenho que ter mais informações para fazer algum tipo de valoração lógica, mas tenho minhas suspeitas. A hemorragia cerebral é um efeito secundário, embora estranho.
Ryland agarrou seu braço, detendo seu progresso, obrigando-a encará-lo. — Espera um minuto e me explique isto. Sinto se te estou entretendo, mas se crê que alguém está dando eletrochoque em meus homens, fazendo algum tipo de lobotomía elétrica, acredito que é importante que eu saiba — Ryland lhe deu uma pequena sacudida — O que têm feito a meus homens? — Honestamente não sei, Ryland. Tenho umas poucas suspeitas, mas de que serve fazer acusações infundadas? — Aonde vai? — Seus olhos chapeados brilhavam com uma turbulência sugerindo que uma tormenta se preparava sob a superfície. Lily esperou um batimento de coração antes de responder, perturbada por seu tom. — Acabo de dizer, necessito mais informação. Tenho intenção de consultar as notas de meu pai — Tentou evitar que o aborrecimento se filtrasse em sua voz, admitindo que ele tinha todo o direito de estar aborrecido pela aparição de mais ameaça potencial para seus homens. Sabia que com freqüência era brusca e estirada quando sua mente estava em algum outro lugar. Arly lhe recordava com bastante freqüência e era famoso o mesmo comportamento em seu pai. A palma de Ryland se fechou ao redor de sua nuca e a atraiu contra sua dura força. — Gostaria de algum tipo de explicação seja técnica ou não. Não sou completamente idiota, Lily, e tenho direito a avaliar a ameaça para meus homens. Lily deixou escapar o fôlego lentamente, tomou o rosto dele entre suas mãos. — Se dei a impressão de não acreditar que pudesse entendê-lo, desculpe-me. Tendo a me perder em meu trabalho e esquecer o que acontece ao meu redor. Para o caso, de qualquer um ou algo que me rodeie. Ryland simplesmente inclinou a cabeça e tomou posse de sua boca. O tempo se deteve. Os muros caíram enquanto a fazia girar saindo dos limites do mundo e para as estrelas. Os braços dela rodearam seu pescoço, o corpo se amoldou imediatamente ao dele. — Sempre pensei — Disse Arly ruidosamente, chegando por trás deles — que fazê-lo em um vestíbulo era coisa de adolescentes. Ryland tomou seu tempo, beijando Lily conscienciosamente. Quando levantou a cabeça relutantemente, seu olhar se desviou para Arly. — Interessante ponto de vista, mas em minha opinião, beijar Lily em qualquer lugar, em qualquer momento é um dever. Lily fez uma careta para Arly enquanto passava junto a ele em direção a larga escada sinuosa que a conduziria aos pisos inferiores. — Não saberia dizer, Arly, nunca estive no instituto de adolescentes e nunca me beijaram no vestíbulo. Ryland mantinha o passo. — Para alguém sem a necessária experiência teria que te dar um sobressalente em beijar nos vestíbulos. — Obrigada — Replicou Lily timidamente — Estou segura de que poderia haver feito melhor se Arly me tivesse dado uns minutos mais. — OH, não, esteve bem — Tranqüilizou-a Ryland — Só te recordava que estou pelos arredores. Vestíbulo ou não, quero que recorde minha existência.
Lily riu brandamente, mas seu sorriso já decaía enquanto girava para descer apressadamente as escadas. Ryland observou como o olhar distante voltava a seu rosto e suspirou. Arly sacudiu a cabeça. — É brilhante, já sabe. É como uma máquina que se alimenta de dados. Há poucas pessoas no mundo que possam fazer isso. Ryland assentiu seu acordo mas seu cenho permaneceu. — É um pouco duro para o ego de um homem. — Ela é especial, Miller. Diferente em formas que não pode nem imaginar. E escolheu a ti — Arly olhou ao homem de cima abaixo. Tomando nota das mãos machucadas, cheias de cicatrizes, evidência de brigas, o corpo musculoso e duro e a cara asperamente esculpida — Deixando de lado o fato de que provavelmente está na lista dos mais procurados do FBI, tem alguma outra aptidão sobre a que eu pudesse querer saber? — Aptidões? — Repetiu Ryland — Está perguntando de forma tortuosa quais são minhas intenções? — Ainda não — Arly estava sendo honesto — Primeiro quero averiguar se quero se quer saber suas intenções. Não me decidi. Ainda poderia te jogar na rua. — Já vejo. Tem algo contra o exército? — Deixando de lado o fato de que provavelmente é um jóquei de adrenalina ou não teria se aproximado em nada às Forças Especiais ou ao Doutor Whitney e seu amalucado experimento? Ou que os tipos como você acabam mortos porque não aprendem alguma vez que suficiente significa suficiente? Ou que te mova entre as mulheres como peixe na água? — Arly apontou para as mãos de Ryland com o queixo — E que provavelmente tenha visto o interior de mais de um cárcere por causa das brigas. Ryland vaiou brandamente. — Me diga o que pensa na realidade, não tema ferir meus sentimentos. — Não tenho intenção de ferir seus sentimentos. Lily é como uma filha para mim. É minha família. Descobrirá que os membros desta casa a querem e iriam muito longe para protegê-la. E é rica além de seus sonhos mais selvagens. Não necessita um caça-fortuna que entre dançando uma valsa e a derrube em um colchão com uns quantos beijos. — Agora está caminhando sobre gelo muito fino — Advertiu Ryland — Não quero o dinheiro do Lily. Pelo que a mim concerne pode dá-lo todo à caridade. Sou perfeitamente capaz de manter aos dois. A sobrancelha de Arly se elevou. — Por cima é arrogante. Genial. Isso vai encaixar realmente bem com a encantadora personalidade dela — ficou em silêncio durante uns poucos minutos, obviamente debatendo sobre como expressar sua opinião — Lily não é como outros Miller. Tem necessidades especiais e seu cérebro requer informação constante sobre o que trabalhar. Sem isso, não funciona bem. Igual aos seus homens que requererão circunstâncias especiais na escolha de seus lares e ambientes de trabalho, também é assim para Lily. Estou contando isto porque verdade seja dita, acredito que é sincero e ela é tão endemoniadamente teimosa que não poderei persuadi-la que se afaste de você se já tomou uma decisão.
— Sei que precisará de cuidados. — Não cuidados Miller. Esta casa. Estas paredes. Gente como eu ao seu redor, que não drenam sua energia e a espancam dia e noite com emoções indesejadas. Ela prosperou porque seu pai se ocupou de que o fizesse. Não pode afastar-se daqui muito tempo. — Disse que havia outras. Agora serão mulheres, o que sabe delas? Como sobreviveram sem os benefícios do dinheiro de Whitney e seu ambiente protegido? — Perguntou Ryland com curiosidade. Arly tragou várias vezes antes de replicar. Finalmente sacudiu a cabeça impotentemente. — Não tenho nem idéia sobre as outras. Cuido de Lily e isso é tudo o que posso dirigir. Tiveram que se apressar escada abaixo e através do labirinto de corredores para alcançar Lily. Ela parou à porta do escritório de seu pai. Lily introduziu o código para abri-la e duvidou, olhando ao redor cautelosamente. — Está seguro de que não há câmeras nesta zona, Arly? E tornou a fazer uma varredura no escritório de meu pai, verdade? — Faz poucas horas, depois que o pessoal de dia se foi da casa — Admitiu Arly — Assim é onde somos mais vulneráveis. Necessitamos ao pessoal, mas não são necessariamente leais ao imóvel. Não importa o muito que pague, se lhes oferecerem mais, proporcionarão informação e possivelmente inclusive irão tão longe para bisbilhotar nas zonas fora dos limites ou deixar cair pequenos dispositivos de escuta. — Estabeleci um posto de comando no terceiro piso — Disse Ryland — traçamos várias rotas de fuga, subindo ao teto e baixando aos túneis. Obrigado pelos detectores de movimento, Arly. Certamente faz que os homens se sintam mais seguros. — Não podem abandonar os parâmetros que fixei — Advertiu Arly — Não podemos garantir segurança se o fizerem. Lily me contou que vai trabalhar contigo e os outros para preparar a todos para o ambiente exterior e com sorte minimizar o risco de complicações. Enquanto isso, terão que compreender que o pessoal diurno é nosso grande risco de segurança. Lily retrocedeu para permitir que os dois homens a precedessem ao interior do escritório. Queria assegurar-se de que a porta estava fechada. Arly tinha trocado o código de segurança no caso de outro intruso conseguir entrar na casa. — Vou monitorar a casa de minhas habitações — Anunciou Arly — Estará bem? — Com mordacidade ignorou Ryland ao formular a pergunta para Lily. — Acredito que o Capitão Miller conhece todo tipo de truques na luta mão a mão — Disse ela sarcasticamente. — Isso é o que temo — Disse Arly. Em uma estranha amostra de afeto se inclinou para beijá-la na bochecha — Não leva seu relógio. E parece cansada. Possivelmente deveria dormir umas poucas horas antes de se colocar direto em sua investigação, Lily. — Isto não pode esperar, Arly, mas obrigada por preocupar-se. Irei à cama logo que possa e dormirei todo o dia. — E ponha o relógio. Lily abraçou seu corpo fraco. — Não se preocupe por mim, Arly. Ryland observou o homem mais velho partir.
— É um tipo duro quando se trata de você. Fez-me um segundo grau. Tenho a sensação de que poderia me voltar do avesso se pensasse que não sou o bastante bom — Observou com interesse como Lily ia para o relógio do avô e fazia algo que não pôde ver com o ponteiro de relógio das horas. Para sua surpresa a frontal do relógio se moveu para frente para revelar uma câmara oculta na parede. Depois encontrou a si mesmo olhando fixamente uma abertura no chão. — Esta casa tem muito destas habitações? — Seguiu-a baixando a estreita e pronunciada escada. Seus ombros roçavam as paredes em ambos os lados. — Bom, se quer dizer passadiços, sim, e habitações ocultas, mas não há provas da existência desta escada. Está apertada entre duas das paredes do porão. Conduz sob os porões subterrâneos e não acredito que esteja nos planos, assim que o laboratório de meu pai é muito secreto. Está equipado com uma biblioteca atualizada inteira de documentação sobre seu experimento anterior, assim como, sobre você e seus homens. — Me explique sobre os pulsos elétricos, Lily. Preciso entender o que acontece com Jeff — Ryland percorreu o laboratório com o olhar, assombrado dos detalhes meticulosos do laboratório particular de Peter Whitney. Não deveria estar surpreso. A investigação era a vida de Whitney e tinha o dinheiro para ser indulgente com suas necessidades, mas este equipamento só poderia ser encontrado nos melhores centros de investigação. — Toda a idéia da hemorragia cerebral como efeito secundário me incomoda — Disse Lily enquanto começava a comprovar dados na pulcra coleção de discos — Todo mundo parece aceitar como normal mas não é. Seria incrivelmente estranho. Os ataques teriam que ser maciços e contínuos para causar as hemorragias. E o que provoca os ataques? Prolongada exposição a onda de energia altamente emocionais? Utilizar a telepatia sem uma âncora ou uma salvaguarda? Isso poderia ser, o cérebro está sobrecarregado, muito lixo entrando, mas seria mais provável que produzisse enxaquecas. Estive funcionando durante anos sobre-estimulada por emoções e informação indesejada. Sim, tenho enxaquecas e é muito exaustivo mas não tenho ataques e não sofro hemorragias cerebrais. — Ainda não sei o que significa isso. Perdemos dois homens por hemorragias cerebrais; ao menos isso é o que nos disseram que ocorreu. Lily inseriu um disco no computador. — Meu pai tentou utilizar pequenos pulsos de eletricidade para estimular a atividade cerebral em seus experimentos iniciais. Implantou eletrodos cirurgicamente diretamente sobre as zonas que queria realçar. Os micro-eletrodos registraram ação gerada por neurônios individuais. Os sinais elétricos eram amplificados, filtrados, e podia mostrar-se visualmente e inclusive converter-se em sons através de um audiomêtro. — Estudava a reação das ondas cerebrais? — Ryland observou os dados aparecerem na tela a uma velocidade que não podia seguir, mas inclusive enquanto falava, Lily parecia estar computando-os. Observou as expressões que cruzavam seu rosto, interesse, um cenho, uma ligeira pausa enquanto sacudia a cabeça, depois mais dados. — E as escutando. Os neurônios têm padrões de atividade característicos que podem ser visualizados e ouvidos — Murmurou a informação ausentemente, esquadrinhando mais atentamente a tela. — Demônios, Lily! Está dizendo que em alguma parte de nossos cérebros temos
implantado tudo o que nos têm feito? Ninguém acessou isso — esfregou as têmporas latentes, a fúria formava redemoinhos em seu estômago. — Jeff Hollister tem evidências de cirurgia. Mas não posso imaginar que papai repetisse um engano tão terrível...um dos estranhos efeitos secundários que encontrou faz anos foram às hemorragias cerebrais e decidiu que não valia a pena os resultados. — Assim crê que todos temos essas coisas implantadas? — Não pôde evitar passar as mãos sobre a cabeça uma e outra vez procurando cicatrizes. A idéia o adoecia. Lily sacudiu a cabeça. — É um procedimento complexo. Teriam que encaixar no paciente um suporte para a cabeça que se prenderia ao crânio e a uma mesa. O paciente teria que estar acordado, assim teria sabido o que lhe estavam fazendo. Utiliza-se um computador para o mapeado exato. É muito preciso, Ryland, a pessoa teria que saber o que estariam fazendo. Ryland amaldiçoou de novo em voz baixa, afastando-se e voltando de novo para ela. — Se alguém estava forjando acidentes ou tentando fazer que o experimento psíquico parecesse um fracasso, poderiam ter feito algo a qualquer de vocês na unidade de cirurgia do Donovan. Certamente estão equipados para isso. — O que? Sabotagem? — Ryland passou uma mão pelo cabelo — Maldita seja. Lily encolheu de ombros. — A maior parte das vezes este tipo de conspiração tem a ver com dinheiro. Ou política. Se pudessem fazer que parecesse que todos estavam em perigo se saíssem ao exterior, e não pudessem ser utilizados para propósitos militares, mas que em realidade, o realçamento funcionava sem muitas complicações, a informação poderia ser vendida facilmente a um país estrangeiro. — Como alguém saberia que os eletrodos na cabeça causariam hemorragias cerebrais? Eu não sabia — Admitiu Ryland — Se Higgens estiver por trás disto, como teria sabido? — Thornton saberia — Ante seu cenho atônito, explicou — O presidente do Donovan. Faz uns poucos anos os médicos começaram a investigar em um projeto utilizando uma profunda estimulação cerebral para a enfermidade de Parkinson. Certamente a idéia tinha mérito e outros investigadores estavam muito interessados em ver para que mais podia utilizar o procedimento. Thornton e eu tivemos uma longa discussão sobre isso faz uns meses. Recordo-o porquê estava muito interessado no procedimento e sua utilização. E se papai mencionou que pensaria e desprezou a idéia por ser muito perigosa, isso poderia ter disparado o interesse se procuravam uma forma de sabotar o experimento. Soava tão fascinada que o incomodou. — Demônios, Lily, existe a possibilidade que tenhamos eletrodos em nossos cérebros e não possamos senti-los? E se os temos, como nos estão afetando? — Haveria evidências, Ryland. Além disso, papai declarou absolutamente que não se arriscaria a repetir os problemas associados com o primeiro experimento, inclusive apesar de que agora seria capaz de mapear um branco com uma exatidão precisa — Olhou-o — O relatório da autópsia foi feito no Donovan e papai não acreditou. Suspeitava que alguém manipulava indevidamente a você e aos seus homens, mas não estava seguro. Olhe isto, Ryland — Esquadrinhou a tela — Papai tentou repetidamente falar com o General Ranier, de fato, há várias
conversações com seu ajudante, aparentemente gravadas por parte de papai, as fitas estão aqui em alguma parte. Ranier nunca devolveu a chamada. Papai enviou quatro cartas e vários e.mail e nenhum foi respondido — Tamborilou no computador — Tudo está aqui mesmo em seus diários. O General Ranier é um amigo da família. Não tinha nem idéia de que papai tinha tentado contatar com ele tão freqüentemente. Ryland caminhou, amaldiçoando em voz baixa. Lily cambaleava de cansaço, os círculos escuros sob seus olhos eram mais pronunciados que nunca. Queria embalá-la entre seus braços e apertá-la. Levá-la em seus braços à cama e envolver seu corpo ao redor do dela protetoramente. Baixar as mãos por seus ombros em uma massagem consoladora. — Precisa deitar um momento, Lily. Deveria ir à cama. Se Jeff estiver a salvo por agora, deveríamos dormir um pouco. — Estou cansada — Admitiu — Só ficam umas poucas coisas que comprovar aqui e depois comprovarei ao Jeff uma vez mais. — Como fariam passar a eletricidade? — Perguntou Ryland com curiosidade. Ela comprovou o terceiro disco rapidamente, detendo-se duas vezes silenciosamente absorta em mais material técnico. — Se fosse um experimento legítimo, levaria uma pequena bateria, algo muito parecido a um marca-passo. Ligá-lo-ia você mesmo. É magnético. A menor descarga produziria resultados. Nenhum de vocês tem uma bateria, assim, se foi o que ocorreu ao Jeff, os eletrodos foram colocados sem seu conhecimento ou consentimento do que estavam lhe fazendo, e, depois o teriam submetido a uma alta freqüência magnética produzida por uma fonte externa. Estou falando hipoteticamente, Ryland, não estou segura de como ou se puderam fazê-lo em realidade. — Por quê? De que serviria lhe fazer isso? — Para matá-lo, é obvio — Lily desligou o computador — Vamos. Vamos dar lhe uma olhada. Foi uma longa noite. Ele agarrou sua mão. — E um comprido dia — Concordou.
Capítulo 10 Necessito-te. Lily despertou com um sobressalto, com o coração palpitando de medo, ou possivelmente de antecipação, seus olhos se esforçaram por perfurar a escuridão nos cantos de seu dormitório. A voz era clara e forte. Transbordava de fome. Desta vez não era um sonho. Ryland estava na mesma habitação com ela. Rodou e esquadrinhou sob a cama. Rindo ante sua necessidade, Lily se recostou contra o travesseiro, olhando para o teto. O som de sua voz ajudou a afogar a desilusão que se apossava de seu corpo. Sentia-se ofegante, por dentro e por fora, desejava-o. Ao Ryland Miller. A prata afiada de seus olhos. A tentação de sua boca. Seu corpo. Sonhava com seu corpo, mantê-lo perto, suas mãos e sua boca tocando-a, saboreando-a. Da sensação de sua pele. Despertou ardendo e sozinha. Vazia e caprichosa. Depois de deixá-lo com Jeff Hollister, tinha voltado para laboratório secreto de seu pai, esperando ler mais em seus diários. Lily temia fazer algo que pudesse machucar Hollister, mas Ryland tinha sido inflexível sobre trazer ajuda médica. Havia trabalhado durante a maior parte da manhã e da tarde, caindo na cama pouco antes das cinco. Obviamente tinha dormido até bem entrada a noite. Não ia sair à procura de Ryland. Pensar nele interferia em sua habilidade para concentrarse em ajudá-lo. Era muito mais importante encontrar respostas. Tinha proporcionado um refúgio seguro e abundante comida. Mesclar-se com ele muito mais, poderia pôr tudo em perigo, disse a si mesma firmemente. A melhor forma de ajudar Ryland Miller e aos outros era averiguar tudo o que pudesse sobre como seu pai tinha conseguido abrir seus cérebros às ondas de energia. Lily passou uma mão por seu espesso cabelo alvoroçando-o ao redor de seu rosto. Nunca estaria à altura do sonho erótico que tinham compartilhado. Era bastante fácil ser completamente desinibida em um sonho, mas não tinha nem idéia de como comportar-se com um homem de carne e osso que esperava uma sereia. Por que tinha compartilhado esse sonho com ele? Ruborizou-se de vívido vermelho, gemeu, e escondeu o rosto entre as mãos. — Pensa em outra coisa, Lily. Pelo amor de Deus, é uma mulher adulta. É imperativo encontrar respostas. Deixa de pensar nele! — Lily tentou ser firme consigo mesma, obrigando sua mente a considerar outras coisas além de homens toscos e ardentes. Homem. Suspirou. — De
acordo, Lily, te concentre. O Coronel Higgens eventualmente suspeitará de ti. Cedo ou tarde encontrará uma forma de penetrar a segurança. Arly só acredita que faz milagres. Jogou para trás as mantas e percorreu descalça a habitação até o banho azulejado. Vestia somente uma camisa larga. A camisa de Ryland. Ainda retinha seu aroma, envolvendo-a com sua presença como um abraço. Tinha-a roubado, um impulso patético do qual estava ligeiramente envergonhada, mas se sentia eternamente agradecida de ter feito. Ele a tinha deixado no laboratório junto com o resto de sua roupa, pronta para enviar à lavanderia. Não podia acreditar que se viu reduzida a roubar uma camisa. Era mais que patético, era realmente tortuoso. Tomando seu tempo para lavar o rosto, aproveitou a oportunidade para dar a si mesma um severo sermão, esquadrinhou seu rosto no espelho. — Não quer que se afaste, Lily, quer ser amada por quem é, não porque tenhamos uma química explosiva — Seus olhos eram muito grandes para seu rosto. Estava muito pálida. Encurvada. Por que não tinha nascido magra como uma modelo e bonita? Com um bronzeado perpétuo? A química explosiva funciona. A voz deslizou em sua mente. Deslizou-se sobre seu corpo como um toque físico. Lily se esticou, seus dedos se fecharam na borda do lavabo. Utilizando o espelho para procurar pela habitação cuidadosamente. Uma coisa era sonhar com ele, e outra o enfrentar a sós e vulnerável na privacidade de suas habitações. A conexão era muito forte entre eles. Não confiava nisso...ou nele. — Está aqui na habitação comigo? Porque será melhor que não o esteja. Atribuí a você uma área de segurança e minhas habitações privadas não estão incluídas nela — Fez a pergunta em voz alta, queria que ele respondesse em voz alta. Era muito íntimo um intercâmbio com ele em sua mente. Seus pensamentos. Suas fantasias. A cor não estava sé em seu rosto, arrastava-se por seu corpo inteiro. Eu gosto de suas fantasia. A voz de Ryland ronronou. Como um grande gato satisfeito. Ronroneios que atravessavam seu corpo, fazendo-a arder. Não podia estar em sua habitação. Seria melhor que não estivesse em sua habitação. O coração palpitava com uma mescla de medo e excitação. Queria vê-lo, mas temia estar a sós com ele. E levava sua camisa...era possível que o desejasse tanto que estivesse imaginando coisas. Fechou os olhos. A imaginação já a tinha metido em problemas uma vez; não ia permitir que voltasse a ocorrer. Umas mãos subiram por suas coxas, afastando a um lado as largas abas da camisa, deslizando-se sobre a curva de seus quadris, emoldurando seu torso, e movendo-se mais acima para embalar o peso de seus peitos com palmas ásperas. Os olhos de Lily se abriram de repente para cravar os olhos na cara dele sobre a própria. Real. Ryland se apertava contra ela. Seu corpo, duro e ardente, pressionado contra suas costas. Suas mãos, sob o fino tecido da camisa, eram possessivas, seus polegares acariciando os mamilos até convertê-los em tensos pináculos. Ryland observou o rosto dela no espelho. O medo florescente. A surpresa. O prazer. Lentamente inclinou a cabeça para deslizar os lábios pelo pescoço. — Não se preocupe, Lily, a conheço. Sei o que deseja. Sei o que necessita agora mesmo. Eu também necessito. O descanso virá logo.
O desejo era um calor ardente que subia em espiral por seu corpo, cada terminação nervosa saltava à vida. Lily ofegou, seus dedos se esticaram na borda do lavabo. Deveria ter gritado um protesto; em vez disso ficou muito quieta absorvendo a sensação das mãos dele sobre seu corpo. — Está louco? Como me encontrou? Não deveria estar aqui, Ryland — Desejava-o mais que à própria vida. Mas ela não era o que ele pensava. Nunca poderia igualar a fantasia erótica que tinham tecido juntos. Os dentes de Ryland rasparam gentilmente seu pescoço, enviando um fogo que percorreu sua pele. — Acreditava que algo poderia me manter longe de você? — As mãos eram possessivas ao redor de seus peitos — Não tenha medo, Lily. Algo que façamos estará perfeitamente bem entre nós. Não pôde evita o estremecimento de excitação que a percorreu, inclusive se em sua mente zombava de si mesma por sua falta de experiência real. Os olhos de ambos se encontraram no espelho. Podia ver sua fome. Pura e dura. Havia linhas esculpidas na cara dele que não estavam ali antes. Havia sombras e certo fio no corte sensual de sua boca. Lily tomou fôlego para dizer que estava equivocado, que não se amavam, que era uma reação química, algo para afastá-lo, mas ele a atraiu mais perto, encaixando seu corpo comodamente contra o seu. Podia sentir o vulto duro pressionando contra ela, evidência da urgente demanda de seu corpo. Sentia-se como se lhe pertencesse. Como se seu lugar fosse com ele. Já não era Lily a não ser uma parte de Ryland. Como se não houvesse Lily sem ele. — É um inferno estar sem você, Lily. Não posso explicá-lo de outro modo. Contigo, posso funcionar. Posso controlar o que me está ocorrendo. — Agora mesmo não está se controlando — Não estava completamente segura de querer que se controlasse. Uma mão estava deslizando ligeiramente sobre seu estômago, os dedos se moviam em uma carícia, uma massagem impossível de ignorar. Fechou os olhos contra a sensação e inesperadas lágrimas arderam atrás de suas pálpebras. Imediatamente a mão dele deixou de se mover. Sua respiração presa na garganta. — Não faça isso. Não te faça mal assim — À contra gosto suas mãos abandonaram o refúgio do corpo dela. Girou para o amparo de seu peito, seus braços a envolveram. O corpo dele era protetor, suas mãos tenras enquanto acariciava o cabelo sedoso — Sei que está confusa. Sei que não acredita que o que há entre nós, seja real, ou que essa emoção forme parte de tudo isto, mas está equivocada, Lily. Penso em você todo o tempo, como é, o que sente. Adoro o som de sua voz, seu sorriso. Não é somente sexo. — Não é isso — Lily girou a cabeça para descansá-la no lugar preciso em que o coração dele pulsava tão firmemente. Estava voltando a ocorrer tudo de novo. Cada vez que estava perto dele não podia lhe negar nada. Não podia o olhar. Não estava segura de poder voltar a olhá-lo alguma vez. — Não quero te decepcionar. Ryland ficou muito quieto. Isto era quão último esperava. Lily era o epítome da confiança. Era formosa e perfeita e sua boca era um pecado total. — Lily, céu, me olhe. Sacudiu a cabeça sem palavras. Ryland acariciou seu cabelo, esmagando as espessas
mechas em seu punho. Inclinou a cabeça, inalou sua fragrância. Inalou seu aroma. Lily. Sua Lily. — Para mim seria impossível ficar decepcionado contigo. Ela se afastou de seu calor, de seu corpo sólido. — Não deveria estar aqui. E não quero falar disto — Era muito humilhante. Já estava se comportando como uma completa estúpida por sua própria conta. Lily pensou em pôr distância entre eles, mas estavam entre os pequenos limites do banheiro e suas costas tropeçavam contra o lavabo. Ryland era um homem grande, seus ombros largos enchiam a habitação, seu corpo bloqueava a soleira da porta. Enfrentou-o, sacudindo a cabeça, seus olhos azuis estavam tristes. — Você está esperando que seja como... — Franziu o cenho, ondulando a mão, procurando uma palavra — Ela — Sua ardente mulherzinha da fantasia que pode fazer qualquer coisa. Tudo. Ruborizou de novo de vívido vermelho, esperando que a escuridão cobrisse o que resultava uma sombra espantosa. Ele estendeu a mão, entrelaçando seus dedos com os dela, e puxando-a até que relutantemente o seguiu ao dormitório escurecido. — Acredito que temos que ter um pequeno bate-papo, Lily. O coração saltou grosseiramente. Permitiu que a empurrasse para a grande poltrona junto ao abajur. Era tão ridículo como inútil que pudesse fazê-la sentir assim só com o tom aveludado de sua voz. Seu corpo se derretia e não podia pensar com clareza. Ele se sentou comodamente, puxando pela mão até que caiu contra ele. Colocou-a em seu regaço, onde foi muito consciente de não ter posto nada sob a camisa. Sua camisa. Agradava-o que levasse sua camisa. — Não acredito que um pequeno bate-papo vá ajudar, Ryland. Não posso ser essa mulher de nosso sonho. Nunca estive realmente com um homem. Isso foi tudo imaginação e leitura. — Quero ler os livros que esteve lendo — Suas mãos pareciam ter mente própria, deslizando-se sobre as coxas nuas dela, carícias gentis para sentir a pétala suave de sua pele. Sempre tinha sabido que sua pele seria assim. Era impossível manter as mãos longe dela. Suas mãos seguiram o caminho das coxas, deslizando para cima para embalar seu traseiro nu, massageando e acariciando até que Lily pensou que poderia voltar-se louca. — Ryland, não será igual ao sonho — sentia-se como se estivesse suplicando, mas não sabia se para que acreditasse, ou para que a persuadisse. — Espero que não. Quero que seja real. Quero estar profundamente dentro de seu corpo. Quero minhas mãos tocando realmente sua pele. Não vai importar que não tenha experiência, Lily. Só importará que queiramos nos agradar um ao outro, desfrutar um do outro. Odiava-se a si mesma por ser tão covarde. Seriam espetaculares juntos e depois ele se afastaria e a abandonaria. — Acredita que está fazendo isto muito mais fácil para qualquer dos dois? — Lily saltou como se seu toque a tivesse queimado. Estava queimando-a. Seu fôlego chegava em ásperos ofegos. Caminhou pelo chão de madeira, daqui para lá, confusa e ligeiramente desorientada — E o que acredita que vai passar se nós...Se te deixar...? — Olhou-o por debaixo de suas longas pestanas — Depois... As pernas dele se estiraram confortavelmente e a observou, seu olhar se movia lentamente, devorando seu corpo. Devorando cada centímetro dela. Nesse momento Lily foi consciente de seu
corpo nu movendo-se intranqüilo sob a camisa. Seus peitos estavam doloridos e sentia o corpo pesado, palpitando em busca de alívio. Dele! — Depois, espero que tudo volte a começar outra vez. E outra vez. E outra vez. Para mim nunca será suficiente. Lily sacudiu a cabeça e retrocedeu para longe dele. — Sabemos que me deixará cedo ou tarde. Será muito mais duro quando se for. Ele se levantou em um movimento fluído, espreitando-a diretamente até o outro lado da habitação. Lily retrocedeu apressadamente para evitá-lo. — Não pode ser muito mais duro do que é, Lily — Sua voz abriu caminho até sua corrente sangüínea, criando um rio fundido. Estendeu a mão com incrível velocidade e segurou seu pulso com os dedos. Nesse momento ficou muito quieta, seu estômago se sobressaltou. Desejava-o. Embora fechasse os olhos para bloquear a visão dele, não importava. Já estava profundamente em seu interior. E o que seria pior? Tê-lo e vê-lo partir afastando-se dela? Ou não tê-lo alguma vez e sentirse vazia o resto de sua vida? Ao menos teria a lembrança de uma experiência real em vez de um sonho. — Lily? — Sua voz era suave veludo como a noite mesma. Os dedos que tão amplamente se envolviam ao redor de seu pulso como um bracelete de repente se fechou, puxando-a bruscamente — Lily o que estou sentindo agora mesmo? Obrigou a encontrar seu olhar. Permitiu a si mesma absorver suas cruas emoções. Desejo. Era afiado. Perigoso. Primário. A força do desejo por seu corpo a surpreendeu. Ele não se sobressaltou ante o conhecimento nos olhos dela. — Como pode acreditar que há separação entre seu corpo e sua mente e seu coração? Necessito-te. Desejo-te. Cada centímetro quadrado de ti, Lily. É isso tão aterrador? Tem tanto medo de mim? De estar comigo? Havia uma nota ferida em sua voz? Soava sempre tão mandão, tão controlado, mas havia uma curiosa vulnerabilidade nele quando estava com ela. Continuou o olhando, incapaz de romper o contato com seu olhar hipnotizador. Com o puro desejo que via ali. Ryland se moveu então, baixando lentamente a cabeça até ela. Lentamente centímetro a centímetro. Tudo enquanto a mantinha cativa pelo poder de seus brilhantes olhos. Seu pulso, sob a gema do polegar dele, corria velozmente. Seus lábios se moveram contra os dela. Gentilmente. Roçando. Tocando apenas. — Esqueceu de respirar — O fôlego dele era quente sobre sua pele, sobre sua boca, respirando por ela, compartilhando o mesmo ar de seus pulmões. Eram lábios suaves. Suave veludo. O calor se enroscou em seu estômago, acumulando-se em uma dor doce. Ryland se inclinou mais perto, seus lábios esfregando-se sobre os dela, brincando com os cantos de sua boca, pequenos mordiscos. Uma incitação. Uma tentação. Sua língua riscou a linha dos lábios, uma gentil persistência completamente em contradição com o tremor de intenso desejo que circulava sob a superfície de seu corpo. Suas mãos foram gentis, tenras inclusive, enquanto uma delas se fechava ao redor da nuca para mantê-la imóvel. A outra riscou a linha de suas costas, a curva de seus quadris para descansar sobre seu traseiro.
Uma chama saltou em seu sangue, selvagem, ardente e imediatamente fora de controle. A sensação resultou surpreendente sendo ele tão tenro, persuadindo sua resposta em vez de exigindo-a. Lily se sentia fraca de desejo, cansada de lutar contra a atração entre eles. A tentação do calor e o fogo lhe roubavam o bom sentido. Sua boca se moveu baixo da dele, seus lábios suaves, complacentes e acolhedores. A boca dele se endureceu, voltando-se ardente e perigosa, compelindo-a que a abrisse para ele, seu escuro feiticeiro reclamando seus direitos. Nesse momento se viu lançada a outro mundo, um de puro sentimento, de cores e sensações. Línguas de fogo correndo por sua pele. Cada terminação nervosa voltando para a vida. Sentia o sangue espesso e quente de desejo. Sentia o corpo desejoso, desejoso, até que jogou os braços ao redor do pescoço e seu corpo se amoldou ao dele. Doíam-lhe os peitos, seu corpo pulsava. As mãos dele embalavam o traseiro, levantando-a, pressionando-a contra a grossa evidência de sua excitação, esfregando-a até que a fricção foi quase demais para suportá-lo. Ryland gemeu, um som de pura necessidade. — Estou perdendo a prudência, Lily. Ardo por você, dia e noite — As palavras foram sussurradas contra sua boca aberta — Não é cômodo ou agradável, dói como o demônio. Tire-me de minha miséria, carinho. Ajude-me, Lily. Não posso pensar quando te desejo. "Desejar" era uma palavra tão insípida. Como podia explicar como era para ele? Dia e noite pensando nela, sonhando com ela, uma droga em seu sangue, um desejo que não podia ser satisfeito. Seu corpo estava sempre ardente e implacavelmente duro. Não havia palavras suficientemente adequadas, o suficientemente intensas, para descrever as noites de lençóis empapados de suor com os jeans estirados tão endemoniadamente apertados sobre seu corpo duro que pensava que nunca seria capaz de dar outro passo sem dor. Suas mãos sobre o traseiro nu embalando seus músculos firmes começaram uma lenta e íntima massagem, incitando-a deliberada e maliciosamente. Lily não podia respirar sem o desejar. Sua boca se apressava para a dela, devorando-a, enrolando-a meigamente para que se perdesse no inferno construído entre eles. Deixou que seu corpo respondesse por ela, sem palavras, dando seu consentimento com as mãos, deslizando-se possessivamente sobre o corpo masculino, enquanto sua língua lutava com a dele. Ryland gemeu brandamente, abaixo em sua garganta, em algum lugar entre um grunhido e um ronrono. Lily estava tremendo sob suas mãos. Não queria que tivesse medo ou ficasse nervosa, nem sequer por um momento. — Estou sonhando neste momento, Lily — Levantou-a facilmente, casualmente, sua boca vagando pelo rosto e garganta dela enquanto a levava a cama — São tantas às vezes que sonhei com isto. Lily pôde sentir a frescura dos lençóis quando a pressionou contra o colchão. Suas mãos eram fortes, decididas, possessivas inclusive enquanto vagavam sobre seu corpo. Sua cara estava esculpida por profundas emoções, seus olhos ardiam. Arrancou a camisa, atirando-a descuidadamente ao chão. Ouviu seu ofego, o vaio de sua respiração, o som rouco em sua garganta. Suas palmas viajaram sobre a pele lentamente dos ombros, sobre a plenitude de seus peitos, ao longo de seu estreito torso até sua estreita cintura e o espaço plano de seu estômago.
— É assombroso quão suave é sua pele. Seu toque era surpreendentemente gentil, completamente contrário a terrível fome que ardia em seus olhos. Ele inclinou a cabeça lentamente até seus peitos. O fôlego alcançou primeiro sua pele. Quente. Úmido. Os lábios foram suaves. Lily saltou sob a boca inquisidora, no momento tão sensível que inclusive o roçar de seu cabelo era erótico contra sua pele. Ryland estava decidido a ir devagar, a permanecer controlado, reter seu terrível desejo por Lily sob algum tipo de rédea. Quão último queria era assustá-la. Haveria tempo suficiente para desejos selvagens...aqui mesmo, agora mesmo, tudo o que importava era agradar à Lily. Devagar. Devagar. As palavras palpitavam como uma litania em sua cabeça. Seus dedos tremiam enquanto acariciavam seus peitos. Adorando-a. Fechou a boca ao redor do suave montículo, um úmido apertão, sua língua dançou sobre o mamilo endurecido quando sugou. Lily gritou, arqueou-se para ele, querendo seu toque, necessitando mais. Sempre mais. — Tire a roupa, Ryland — Suplicou — Quero te tocar, te olhar — Sua voz, faminta de desejo, faminta por ele, a sacudindo. Soube no momento que pousou os olhos nele que o desejava e imediatamente tinha começado a educar-se a si mesma, aprendendo tanto como podia sobre apetites sexuais, desejando averiguar como agrada-lo. Nada do que tinha lido ou visto a tinha preparado para o que estava sentindo. Tinha pensado que seria embaraçoso e daria medo estar nua diante dele, mas em vez disso celebrava a forma em que ele a olhava. A forma em que a tocava. A forma em que seu olhar ardia sobre ela tão possessivamente. Ryland elevou a cabeça, estudou seus olhos nublados, sua suave boca avermelhada pelos beijos devoradores. — Estou tentando ser gentil, carinho — Tentou explicar, mas as palavras ficaram apanhadas em seu coração. Suas mãos já estavam tirando a roupa, lançando-a a um lado. O coração pulsava como um trovão. Tinha fantasiado com este momento tão freqüentemente, seu corpo tinha estado em contínuo estado de excitação durante tanto tempo, que temia que nada que pudesse dizer descreveria o que sentia por ela. Não havia palavras. Ela era uma febre em seu sangue, um desejo, uma obsessão, estava em seu coração e sua alma. Como podia dizer isso? — Juro que não te farei mal — Dizia a sério. Não com seu corpo nem com sua mente. Lily o olhou, deitada na escuridão, hipnotizada pela escura paixão esculpida profundamente em seu rosto. Deixava-a sem fôlego. Cada músculo de seu corpo estava fraco de desejo por ele, cada célula ardendo em busca de seu toque. Deveria ter tido medo de seu desejo, da intensidade de sua terrível fome, mas dentro de seu corpo, nas esquinas sombrias de sua alma, encontrou seus próprios desejos secretos. Não havia gelo correndo por suas veias, havia lava fundida. Profundamente dentro dela bulia um vulcão, ardente, espesso e preparado para a erupção, formando redemoinhos na superfície para igualar cada uma das demandas dele. Ansiosamente. Desenfreadamente, estendeu-se para ele. — Sou uma mulher, Ryland, não uma boneca de porcelana. Sei exatamente o que desejo. Suas bocas se fundiram, eletricidade e fogo. Suas mãos se moveram sobre ele, precisando sentir cada músculo, justo como ele precisava explorar seu corpo. Respeitando seu plano,
utilizando uma lenta tortura para excitá-la até um ponto aterrador. Sugou seus exuberantes peitos, brincou com sua língua, seus dentes rasparam gentilmente, sua boca ardente e úmida. Riscou as costelas, o estômago plano. A curva do quadril, cada oco. Desejava cada um dos segredos de Lily. Não aceitaria nada menos. — Ryland, por favor — O corpo de Lily estava tão sensível que temia tornar a chorar de desejo por ele. Sentia-se dolorida e pesada além da razão. — me olhe, pequena — Disse ele brandamente, dirigindo o olhar dela para a pesada ereção — Sou um homem grande e me amaldiçoarei se te faço mal, embora seja um pouco. Com os dedos acariciou o calor úmido dela e quase a levantou do colchão. — Está-me torturando — Disse ela, mas não pôde evitar empurrar contra sua mão, procurando alívio desesperadamente. Ryland a animou a empurrar contra sua mão enquanto lentamente colocava o dedo no interior do apertado canal. Estava ardente e escorregadia mas muito apertada para tomar sua grossa ereção. Era óbvio que não tinha estado com ninguém mais e a idéia de ser o único para ela, de que seria ele quem lhe ensinaria, era inclusive mais excitante. Lily era apaixonada, abandonada, disposta a fazer o que lhe vinha naturalmente. — Vou te estirar um pouco mais, carinho; só relaxe. Confia em mim, verdade, Lily? — Retirou um dedo, internando lentamente dois, estudando sua expressão atentamente em busca de sinais de desconforto enquanto empurrava profundamente em seu corpo. A sensação era tão prazerosa que resultava alarmante. Lily lutava por respirar, lutava por manter o controle onde não havia nada. Não queria que Ryland se detivesse nunca. Ele empurrou mais profundamente, a fricção elétrica, surpreendente em sua intensidade. Estava fazendo coisas profundamente dentro dela, acariciando, brincando e voltando-a louca de forma que não podia ficar quieta. Seus quadris empurravam contra as mãos desenfreadas. — Isto não deveria doer, Lily, farei que o desfrute — Sussurrou, lhe apartando as coxas, colocando seu peso ali — nos olhe, carinho. Nosso lugar onde estaremos juntos — Ryland tomou sua ereção com a mão, pressionando a cabeça contra a úmida entrada. Era muito mais grosso do que Lily tinha esperado e estirou seu corpo, lentamente, abrindo caminho através de suas ardentes dobras, obrigando seus músculos apertados a permitir sua entrada. Gritou quando entrou mais profundamente, detendo-se ante a fina, quase inexistente barreira, depois aprofundando com um empurrão mais duro, enchendo-a com tal plenitude que ardeu e pulsou, lançando-a inesperadamente pela borda. Nenhum deles esperava a reação, ondas de feitiço a atravessaram, propagando-se como uma gigantesca onda. Seu corpo se esticou e sugou o dele, tão apertado que ele chiou os dentes, o prazer era tão intenso que beirava a dor. O orgasmo dela o banhou em calor ardente, fazendo que se deslizasse outro par de polegadas para dentro. Lily levantou o olhar até a cara dele e sua beleza masculina a deixou sem fôlego. Também queria tudo dele. Confiava nele inexplicavelmente. E desejava cada momento com ele. — Quero ser sua fantasia erótica — As palavras chegaram de nenhuma parte. Pronunciadas na noite — Ensina-me como te agradar, Ryland. A honestidade de sua voz o sacudiu, arrancando seu coração do corpo, retirou-se, empurrou profundamente outra vez lentamente, medindo seu caminho, desejando que fosse bom.
Desejando que fosse perfeito para ela. Apertou as mãos sobre os quadris enquanto começava um ritmo lento e firme. Estimulou-a a mover-se com ele. — Tudo, carinho. Teremos tudo. Quero conhecer seu corpo melhor que você. Quero que cada centímetro quadrado de você me pertença. Agarrou seus quadris entre as mãos, apertando-a firmemente, inclinando seu corpo enquanto aprofundava ainda mais, desejando que tomasse tudo. Lily ofegou quando o calor a engoliu, quando a encheu completamente. Ryland começou a mover-se de novo, compridos e lentos empurrões, profundos e perfeitos. Lily gritou de novo, baixo, em sua garganta, quando ele trocou a velocidade, conduzindo mais duro, mais rápido. — Só estamos começando, Lily — Prometeu — Isto é somente o princípio — permitiu a si mesmo deixar-se levar, seus quadris empurraram profundamente dentro do estreito canal uma e outra vez, os levando mais alto do que acreditava possível. A cabeça rugia e seu corpo se esticava e ardia, mas não queria que o êxtase terminasse nunca. Quando chegou o orgasmo, foi explosivo, atravessando seu corpo com uma força que retorceu seu estômago, o sacudindo, quase fazendo voar a tampa dos miolos. O corpo dela respondia tanto ao dele, seguindo sua liderança, nunca tinha experimentado nada nem remotamente parecido. Ficou sobressaltado pela intensidade do prazer que tinha proporcionado. E que lhe havia devolvido. Ryland paralisou junto a ela, apertando-a entre seus braços, enterrando sua cara contra a suavidade dos peitos, seu corpo ainda profundamente no dela. Sabia que a desejava, que isto era para sempre, mas não tinha compreendido o que havia entre eles. Um presente inapreciável, um tesouro além de seus sonhos. Estava tão firmemente enfronhada dentro dele, sabia que era mais que seu corpo e sua mente. Mais que seu coração. Estava arraigada em sua alma. — Acreditava que fosse doloroso para as mulheres na primeira vez — Disse ela — Esperava que fosse muito diferente. Você conseguindo toda a diversão e para mim resultando decepcionante. — Seriamente? — Ele estava sorrindo, a alegria se estendia através dele. Essa era a Lily que conhecia, analisando seus dados — Suponho que estava pensando em algum outro homem te fazendo amor — Deliberadamente atraiu o peito dela ao calor de sua boca, sabendo que cada vez que sugava com força ou lambia com a língua, as ondas de choque ondulavam profundamente dentro dela, redobrando seu prazer. Lily fechou os olhos, o prazer derramava através dela. — Sempre é assim? Li todos esses manuais, mas... — Sua voz ficou aguda quando a língua dele formou redemoinhos. — Manuais? — Ryland elevou a cabeça, sorrindo para ela na escuridão — Essa é você, Lily, lendo um livro para experimentar a vida. Se queria saber algo por que não me perguntou simplesmente? Seus dedos encontraram a seda do cabelo dele, penteando-o e apertando-o. — Poderia ter sido embaraçoso. Não é fácil falar com alguém com experiência sobre assuntos íntimos. Estava franzindo o cenho, já a conhecia. Tudo nela o fazia sorrir. Seu tom era tão científico,
mas podia sentir como seu corpo tremia, os pequenos tremores ainda a estremeciam. — Sempre falamos de tudo, carinho. Não fiz exatamente segredo do fato de que te desejava. Podia me haver dito que não tinha experiência. Poderia ter baixado o tom de nossos sonhos eróticos. — Gostava de nossos sonhos. A parte visual era assombrosa, muito melhor que o manual sem vida. Não estava realmente segura de que fosse fisicamente possível fazer as coisas que falavam os livros. Ryland esclareceu garganta. — Onde conseguiu exatamente esses livros? — Na internet. Há informação muito explícita e gente disposta a responder a todas suas perguntas. Ele gemeu em voz alta. — Aposto que sim! Creio que gostaria de ver esses seus livros. Estava preocupado que me dissesse que realmente tinha assistido aos filmes do Arly. Ela riu maliciosamente. — Não estou segura que tenha algum filme, mas se os tiver, provavelmente colocou algum tipo de dispositivo de segurança para me manter longe deles. — Tem uma veia maliciosa — Ryland se inclinou e mordiscou seu seio tentador — Cheira tão endemoniadamente bem, Lily — Seu corpo ainda estava unido ao dela. Podia sentir cada ondear de seus músculos. Descobriu que só respirar sobre o tenso mamilo causava uma contração em resposta no seu centro mais profundo. Banhava-o em calor líquido e enviava prazer através de seu corpo — Notei imediatamente, o maravilhosamente bem que cheirava. Ela esfregou o rosto contra sua garganta. — Adoro seu tato — E a forma em que cuidava de seus homens. A forma em que amava a sua mãe. A forma em que um cacho revoltoso caía pela frente sem importar o muito que o penteasse para trás. Era entristecedor o muito que amava nele. Não pôde evitar passar as mãos sobre suas costas para sentir os músculos definidos ali — Estava acostumada me perguntar a respeito dos milagres. — Milagres? — Ele repetiu a palavra, sacudido pela emoção nua na voz dela. O punha do avesso com esse tom de voz. — Bom, sim. Milagres. O que poderia considerar um autêntico milagre, esse tipo de coisas! É uma adivinhação interessante que tanta gente no mundo tenha uma forma de culto e crença. Mas em realidade...— Deixou um rastro de beijos ao longo de sua garganta, sobre sua mandíbula para brincar com os cantos de sua boca. Bastante atrevidamente para uma mulher sem experiência, mas o corpo de Ryland reagiu, endurecendo-se quando deveria ser impossível. Ryland a beijou porque não podia evitar saboreála. Simplesmente uni-los e desejar permanecer desse modo, unido a ela em um mundo particular de calor e paixão. Suas mãos se moveram sobre o corpo, memorizando cada linha, cada oco. A textura de sua pele. A forma que ela reagia, seus músculos contraindo-se ao redor dele e seu fôlego abandonando os pulmões em um ofego de prazer. Ela era seu milagre. Em meio de um inferno que ele tinha ajudado a criar, a tinha encontrado. O corpo exuberante de Lily era o paraíso. Seu sorriso, o som de sua voz. Inclusive a
forma que se movia e podia parecer tão arrogante com sua boca tentadora e seus frios olhos azuis. Elevou a cabeça para olhá-la. — Lily, de agora em diante, se tiver qualquer pergunta sobre sexo, me pergunte — Agarrou-a pela cintura enquanto rodava sobre as costas, sem desejar romper o contato, desejando permanecer enterrado na estreiteza de seu corpo ardente e escorregadio. Lily ofegou quando se encontrou a si mesma sentada, montando-o escarranchado, seu corpo profundamente dentro dela. O cabelo caía ao redor em uma nuvem alvoroçada, as mechas sedosas brincavam com a pele sensível. Era impossível sentir-se envergonhada quando ele obviamente desfrutava da visão e da sensação de seu corpo. Suas mãos subiram para embalar os generosos peitos, seus dedos roçavam e acariciavam. Lily fechou os olhos e se permitiu o puro prazer de experimentar. Moveu os quadris, deslizando sobre ele, apertando os músculos. Sentiu-o profundamente dentro dela, crescendo, engrossando, respondendo a seus movimentos. Começou um lento rodeio, arqueando as costas para proporcionar uma boa vista de seus peitos balançando-se tentadoramente. Era uma sensação assombrosa permitir-se simplesmente desfrutar de cada sensação. Moveu-se devagar em princípio, julgando a reação dele, se acostumando a tomar a liderança. Depois se voltou mais atrevida, passando os dedos por seus músculos, arranhando o estômago plano com as unhas e brincando com os escuros cachos de cabelo. Experimentou, esticando os músculos enquanto se levantava, enquanto se deslizava ao longo dele, movendo-se mais rápido e mais forte até que teve que abrir os olhos e ver a paixão nua na cara dele. Adorava seus traços rudes e curtidos. A sombra escura de sua mandíbula. O brilho de seus olhos chapeados. Tirava-lhe o fôlego e fazia que seu corpo derretesse. Desfrutou de ver como ele a observava, tocava-a. A forma que seu olhar era tão ardente, tão intenso, eletrificava-a, trazendo seu corpo à vida. Ryland não podia separar o olhar dela. O corpo de Lily estava ruborizado pela febre da paixão. Seus peitos se moviam sugestivamente com cada empurrão de seus quadris. Montou-o com força, incrivelmente desinibida, mostrando quanto desfrutava do corpo dele com cada toque, cada gesto. Seus olhos se nublaram, sua respiração se tornou aguda. Um suave som escapou de sua garganta. Nesse momento agarrou seus quadris com as mãos, segurando-a um momento enquanto retomava o passo, empurrando dentro dela, guiando seus movimentos para que seu corpo encaixasse com o dele. Veludo suave, calor feroz, uma chama líquida envolta apertada a seu redor. Lily jogou a cabeça para trás, gritando seu nome, um ofego de maravilha, de respeito, enquanto seu corpo ondulava com força e vida ao redor dele, lhe levando com ela ao limite. Ryland se assombrou de quão masculino esta ação tão simples o fazia sentir. E estava realmente assombrado de quão abandonado se sentiu quando ela se deslizou fora dele e deitou a seu lado. Desejou permanecer dentro dela, enchendo-a, unido a ela, compartilhando a mesma pele. — OH! Só acabamos de começar, Lily. Há várias formas de fazer amor e desfrutarmos um do outro. Tenho planos. Olhou-o suspeitamente. — Que tipo de planos?
Tomou a mão, levou aos lábios, e utilizou a língua para lamber sensualmente ao redor de seu dedo antes de arrastá-lo até a úmida pulsação de sua boca. Os olhos de Lily se abriram ante a forma em que seu corpo reagiu quando sugou seu dedo, e utilizou a língua desavergonhadamente em um emparelhamento simulado. Lily ruborizou de vívido vermelho, mas seu corpo ardeu quente e selvagem, uma temerária promessa de prazer. — Meu cérebro já se fundiu, Ryland, é muito tarde — Sua voz era ofegante desejando o que pudessem compartilhar juntos, mas estava exausta e sabia. Ele pegou a colcha no chão onde tinha caído e os cobriu antes de envolvê-la firmemente em seus braços. — Temos tempo, Lily, não vou a nenhuma parte. Dorme, carinho precisa descansar.
Capítulo 11 Lily sentia os braços de Ryland a seu redor, suas mãos embalando os peitos possessivamente. Ryland estava enroscado ao redor de seu corpo, firmemente pressionado contra ela, tão ardente que não havia necessidade de mantas. — Se afaste! — Sua voz gemeu a ordem — Não posso me mover. Outra vez não. Alguém pode morrer por fazer o amor muitas vezes? Os dentes mordiscavam sua nuca. — Não sei, mas estou disposto a tentar se você estiver — Havia pura alegria no fato de despertar nos braços de Lily — Isto é o que quero para o resto de minha vida — Não tinha intenção de dizer em voz alta, mas escapou. Lily girou entre seus braços, seus peitos suaves roçaram intimamente. Seu olhar azul vagou por sua cara até que a sentiu mover-se à direita de seu corpo, um suave murmúrio, como asas de mariposas. — Eu também, Ryland, mas honestamente não sei se o que sentimos é real ou foi criado artificialmente por meu pai. Poderia ter feito algo para realçar o que sentimos? E se mais tarde averiguamos que o fez? — Acredita que seja possível? Ela franziu o cenho pensando. — Honestamente não sei. Não posso imaginar como, mas reagimos tão violentamente um ao outro. Não posso manter minhas mãos longe de você. Realmente não posso. Não sou assim, Ryland. Conheço-me muito bem, e simplesmente nunca pensei no sexo como agora. — Supondo que constatemos que o fez, Lily? — Seu polegar tentava um mamilo simplesmente para poder senti-la tremer em reação. Inalou a fragrância de seu cabelo — Que diferença faria? Pode ter encontrado uma forma de manipular as sensações sexuais, embora duvide, mas seria impossível para ele forçar as emoções de alguém. Se não pudesse ter seu corpo, Lily, ainda te desejaria. — Por quê? O que vê de tão especial em mim para querer passar o resto de sua vida comigo? — Sua voz foi muito baixa. — Sua coragem, sua lealdade — Respondeu imediatamente — Crê que não posso ver essas coisas em você? Estou treinado para ler às pessoas. Defende seu pai inclusive apesar de tudo o que averiguou sobre ele. Vejo a forma em que toca Jeff, um perfeito desconhecido, mas com amabilidade e cuidado. Vejo o amor que professas a sua família. Está tão disposta a nos ajudar quando não tinha que nos abrir sua casa. Demônios Lily poderia ter nos dado às costas, provavelmente deveria fazê-lo. Não crê que posso te ver caindo no chão, tão exausta que quer se arrastar dentro de um buraco, mas te mantém de pé por outros, para fazer o certo para outros. Quem não se apaixonaria por uma mulher assim? Ela sacudiu a cabeça. — Não sou assim. Só sou eu, Ryland. Beijou o franzido de sua boca. — É exatamente assim. As pequenas coisas chegam com o tempo, mas as coisas
importantes já sei. Tem um grande senso de humor. E pode levar uma conversa inteligente — Sorriu para ela — Posso não saber o que está dizendo parte do tempo, mas soa bem. Produziu um silêncio enquanto ela estudava sua expressão. Como podia estar insegura dele? Arrancou o coração do corpo e o tinha embrulhado para dar de presente a ela. Seu estômago revolveu em uma agonia de medo repentino — Se descobrisse que seu pai nos fez algo, faria uma diferença para você? É isso o que está tentando me dizer? — Olhou-me realmente ontem à noite, Ryland? Estava escuro. Olhou realmente meu corpo, porque não sou tão formosa como acredita — Lily se sentou, com franca determinação no rosto — Há um montão de coisas que não estão bem em mim. Defeitos. Deve ter notado. Ryland se sentou também, esfregando a boca para ocultar uma diversão que não podia evitar. Lily era uma mulher, de acordo. Ontem à noite tinha se deixado levar entre seus braços, o montando desavergonhadamente, fazendo alarde de seu corpo, mas agora, à luz do dia, estava resolvida a falar de seus "defeitos". — Defeitos, no plural? — esfregou o queixo desta vez, ainda cobrindo cuidadosamente a boca — Tem mais de um? Notei sua tendência de ser um pouco arrogante. Todo o poder dos olhos azuis de Lily se fixou nele. Brilhantes. — Nunca sou arrogante. — Claro que sim. Tem esse olhar de princesa do castelo que lança aos simples plebeus quando passamos da conta — Disse ele alegremente — Notei, mas é um defeito menor, com o qual posso viver. — Minha perna, imbecil. Estava falando de minha perna — Tirou fora para que a visse. As cicatrizes arruinavam sua coxa, que estava funda e fraca onde parte do músculo obviamente tinha desaparecido — É feia. E coxeio quando estou cansada. Bom, coxeio a maior parte do tempo, mas coxeio seriamente quando estou cansada — Estudava o rosto dele atentamente em busca de sinais de repugnância. Ryland se inclinou aproximando para inspecionar a coxa. Tomou sua perna entre as mãos, e passou os dedos em uma larga carícia do tornozelo à coxa. Ela afastou, retirando-se, mas a prendeu firmemente, inclinando-se para beijar a pior das cicatrizes. Sua língua riscou o estranho padrão. — Isto não é um defeito, Lily. Isto é a vida. Como demônios consegue que sua pele seja tão suave? Tentou olhá-lo fixamente e inclusive considerou seu assim chamado olhar arrogante, mas um sorriso abriu caminho de todos os modos. A voz dele era sincera e seu olhar firme como uma rocha. — Acredito que ainda está pensando no sexo, Ryland. Supõe-se que estamos falando a sério — resistia em separar a perna de seus dedos acariciantes. Havia uma qualidade consoladora em seu toque. Sentia-se formosa inclusive quando sabia que não era. — Não sou exatamente uma modelo. Estou gorda em alguns lugares e magra em outros. A sobrancelha dele se elevou. — Gorda? — Seu olhar era ardente quando percorreu possessivamente o corpo feminino. Lily cruzou os braços sobre seus generosos peitos. — Sabe muito bem que meus quadris são enormes e também minha frente. Pareço que vou
arrebentar. E minhas pernas são magras assim pareço uma galinha. — Vejo que terei de fazer uma inspeção — Replicou ele com humor — Está bem, me deixe dar uma olhada. Lily deslizou longe de seu alcance, agarrando a camisa dele para cobrir seu corpo. Dirigiu seu olhar mais frio, mas seus olhos dançavam. — É impossível. Tenho que dar uma olhada em Jeff Hollister. Sorriu enquanto a via ficar em pé, retrocedendo para longe dele. — Não sei, carinho. Gosto de seu aspecto, mas tenho uma veia ciumenta. Não acredito que meu coração pudesse enfrentar o fato de que caminhe por aí diante de meus homens coberta só por minha camisa. Ela elevou o nariz no ar. — Vou tomar banho e me vestir primeiro — Tentou soar insolente, quase arruinando sua perfeita atuação rindo, mas conseguiu controlar-se. Ryland a seguiu completamente nu. Lily não o ouviu atrás dela e quase saltou fora da pele quando seu corpo se apertou contra o dela no box de cristal. — Não terminamos a conversa, verdade? - Perguntou ele inocentemente. Olhou-o por cima do nariz, tão fria e arrogante como a havia descrito. — Mais do que terminamos. Se afaste. Ryland riu e a empurrou, levantando-a e abrindo a água para que caísse em cascata sobre ambos. Sua boca estava sobre a dela, detendo os protestos antes que começassem. O calor acendeu instantaneamente entre eles, desejo, afiado e elementar. — Não podemos fazê-lo — Ofegou Lily, seus braços deslizavam ao redor do pescoço para lhe embalar a cabeça enquanto ele lambia a água de seu peito. Fez que debilitasse suas pernas. Seu corpo suave e disposto, instantaneamente dolorido de desejo. — Temos que fazê-lo — Rebateu ele e fechou a boca sobre a tentação de seu peito — Te desejo tanto que não posso suportar. — Bom, acredito que vamos cair se segue fazendo isso. — Você está tão quente como eu — Suas mãos estavam roçando e acariciando, explorando já possibilidades — Ponha os braços ao redor de meu pescoço. Vou levanta-la e somente envolve as pernas ao redor de minha cintura. — Sou muito pesada — Protestou ela, mas obedeceu porque era tão tentador que não podia resistir a ele. Nunca seria capaz de resistir a ele. Lily gritou quando se colocou sobre ele, esquecendo cada protesto, sem desejar nada mais que tê-lo enchendo-a para sempre. Não tinham nem idéia do passar do tempo, encontrando prazer em estar juntos, encantados fazendo o amor. Lavaram um ao outro, conversaram brandamente, riram com freqüência. Quando ele fechou a ducha e atirou a Lily uma toalha, captou seu cenho franzido. — Não estará realmente preocupada com algum defeito imaginário que tem e do qual creia que deveria estar ao par? — Perguntou enquanto passava uma toalha pelo corpo. Lily tentou não ficar olhando seu corpo com fascinação absoluta, mas esses músculos realmente se ondeavam sob a pele. — Notou que sequer sei que tipo de música gosta?
Ryland sorriu e estalou a toalha para ela antes de caminhar completamente nu sem o mínimo traço de modéstia. — Isso importa? — É obvio que importa. Estou apontando o fato que não sabemos muito um do outro — por que demônios seus olhos estavam fixos no traseiro dele? Não importava quanto tentasse, não podia se obrigar a separar o olhar. E estava rindo dela. — Adoro todo tipo de música. Minha mãe escutava de tudo e insistia em que escutasse também. Também me fez tomar aulas de dança — Fez uma careta enquanto passava a camisa pela cabeça. Lily teve que rir de sua expressão. Podia o imaginar como um jovenzinho com seu cabelo encaracolado despenteado e revoltoso, caindo sobre a cara enquanto franzia o cenho a sua mãe em protesto. — Tomei aulas de dança — Apontou ela — Aulas particulares, aqui em casa, no salão de baile do primeiro piso. Tive toda aula de instrutores. Foi divertido. — Quando tem dez anos e é um menino, crê que é o fim do mundo. Tive que me defender e amassar a cada menino da vizinhança durante dois anos até que me deixaram em paz — Sorriu enquanto agarrava seu jeans — É obvio, que quando fui ao Instituto, descobri que saber dançar era boa coisa porque às garotas gostam de dançar e me fez muito popular. Meus amigos eram deixados de lado bastante rapidamente. Podia imaginá-lo popular com as garotas. Parecia uma uva sem semente com seus cachos negros e olhos mordazes. — Sua mãe parece muito interessante. — Gostava especialmente do baile latino. Ria e seus olhos cintilavam. Na realidade não me importava tanto, mas sim como ela pensasse. Adorava vê-la dançar, sempre se divertia muito. Não tínhamos dinheiro para a roupa adequada ou os sapatos adequados, mas sempre encontrava uma forma de nos conseguir as aulas — Olhou para Lily — Seu pai dançava? — Papai? — Lily estalou em gargalhadas — Céus! Não. Nunca teria pensado dançar. Foi Rosa quem insistiu que aprendesse e saiu com a sua porque Arly tinha insistido que aprendesse artes marciais e papai tinha aprovado. Ela utilizou a aproximação educação-completa. Instrutores de quase tudo foram trazidos aqui em casa. Tive professores de arte, música e dicção. Aprendi a disparar uma arma, a utilizar arco e flechas, inclusive uma mola de suspensão. Ryland estava fascinado com sua lingerie uma tira vermelha que vestiu sem ter a mínima idéia que seu corpo estava ficando duro somente a observando. — Arly dançava comigo. Arly e John são mais como pais ou tios. Tinham quase tanto a me dizer enquanto crescia como meu pai, possivelmente mais. Papai era distraído com a paternidade. Às vezes não recordava que eu existia durante dias se estivesse trabalhando em algo. — Não te importava isso? — Sua voz tão prática o deixava atônito. Sua mãe esteve interessada em cada aspecto de sua vida. Não podia recordar um tema que não tivessem falado. — Era simplesmente papai. Tinha que o conhecer. Não estava interessado o mínimo nas pessoas. Sequer em mim — encolheu os ombros e vestiu de um par de calças cinza que moldaram seus quadris. Não havia uma só ruga no tecido que se colava a seu adorável traseiro — Foi bom comigo, Ryland, e me sentia amada, mas não passava tempo comigo a menos que tivesse algo a
ver com o trabalho. Havia exercícios que insistia que fizesse diariamente para fortalecer as barreiras de minha mente. Tenho intenção de acostumar seus homens. Vivo em um ambiente protegido, mas sou capaz de funcionar no mundo quando tenho que fazê-lo. Espero dar isso ao menos a você e aos outros. Pôs uma blusa de seda sobre um soutien de encaixe etéreo. Ryland estendeu a mão para o último dos diminutos botões perolados porque tinha que tocá-la. Seus nódulos tocaram os peitos, e, os mamilos se esticaram imediatamente em resposta. O olhar vívido dela encontrou o seu e se olharam fixamente com fome impotente. Segurando unidos os lados da blusa, inclinou a cabeça lentamente e tomou posse de sua boca. Queria colocar sua boca diretamente sobre essa seda e sugar seus peitos, mordiscar e brincar e ver seus olhos nublados de paixão e sua pele rosada só por ele, mas se contentou beijando-a conscienciosamente em vez disso. — Ryland — Sua voz foi tremente — Isto é normal? — Nunca me senti assim com outra mulher. Como demônios saberei se é normal ou não? — Beijou as pálpebras, os cantos de sua boca — Seja como for, parece normal para nós e isso é o bastante para mim — Resolutamente terminou de abotoar a blusa, inclinando a cabeça só um momento para plantar um beijo na ponta de seus peitos, acariciando-a com o nariz através da seda. Lily sentiu o louco desejo de agarrar sua nuca e empurrar para seus peitos doloridos, simplesmente o mantendo ali, enquanto a língua, os dentes e o calor de sua boca faziam sua magia sobre ela. Seu corpo estava machucado, mas tão deliciosamente, recordando continuamente sua posse. — Lily — Pronunciou seu nome e ela piscou para ele, saindo de seu sonho, compreendendo que suas mãos estavam riscando os músculos dele, deslizando-se sobre seu corpo como se lhe pertencesse — Não temos trabalho que fazer? — Trate de não me distrair tanto — Ordenou ela — Tenho uma idéia que poderia ajudar Hollister. Estar aqui, nesta casa, deveria proporcionar alivio a todos. As paredes são muito grossas e cada habitação individual é a prova de som — Olhou-o sobriamente — Esse é outro defeito, já sabe, Ryland. Nunca serei normal. Necessito esta casa em ordem para sobreviver. Tudo aqui está desenhado para manter meu mundo protegido. A quantidade de terreno que rodeia a casa. O pessoal diurno entrando e saindo em questão de um par de horas e nunca entro em contato com eles. Ryland agarrou seu rosto entre as mãos. — Não me importa o que necessite para viver, Lily, enquanto o faça. Isso é tudo o que me importa. Contamos que nos ensine a viver de novo no mundo. Você tem um trabalho, é uma cidadã útil. Esperamos que possa fazer isso por nós. Permitir-nos voltar a viver. O olhou, completamente inconsciente de levar o coração nos olhos. — Também espero, Ryland. Lily tinha esperado rechaço. Voltava-o louco pensar que não soubesse o que valia. Podia sentir sua dor fervendo sob a superfície e seu coração sofria por ela. Acabava de perder seu pai e estava descobrindo mais sobre este e sobre sua própria vida do que podia dirigir ao mesmo tempo. E havia lhe trazido mais problemas, permitindo que arriscasse tudo ocultando fugitivos
em sua casa. Passou uma mão pelo cabelo, girando e afastando-se dela. — Sinto muito, Lily, não tinha nenhum outro lugar aonde os levar — sentou-se pesadamente sobre a cama, procurando seus sapatos. Lily deixou cair uma mão sobre sua cabeça, penteando com os dedos o cabelo úmido, conectando-os. — É obvio que têm que estar aqui. Vou prescrever exercícios que deve fazer várias vezes ao dia. Tenho todas as gravações dos trabalhos anteriores com as meninas, comigo. Acredito que isso foi grande parte do problema. Estavam muito ansiosos para utilizá-los no campo, não os prepararam apropriadamente para o assalto a seus cérebros. Abriram as comportas e não proporcionaram nem as mais frágeis barreiras para protegê-los. Todos confiavam em suas âncoras. E uma vez os separados somente os âncoras podiam existir sem uma dor contínua. Estava escutando o tom da voz dela. Desconectou-se de novo dele, quase pensando em voz alta em vez de conversando. Sua mente dava voltas ao problema, examinando-o de cada ângulo e encontrando soluções a grande velocidade. Isso o fazia sorrir. Sua Lily. Saboreou o som. Dele. Pertencia-lhe em todos os sentidos. — Separa-los de seus âncoras provocou em todos contínuas viagens ao hospital. Tenho que entrar aí e revisar os registros, ver se as mesmas pessoas trabalhavam cada vez que ocorreu. — Espera, Lily — Ela saía energicamente da habitação para a pequena cozinha. Ryland a seguiu em seu despertar, com o coração na garganta — Sabe endemoniadamente bem que não vai voltar para esse lugar. Olhou-o com olhos frios. — É obvio que sim. Trabalho lá. Possuo ações da companhia. A pesquisa em que estive trabalhando nos últimos quatro anos poderia salvar vidas — andou pelos azulejos de mármore até a reluzente geladeira — Quem quer que assassinou meu pai está no Donovan e o vou encontrar — Não houve desafio, nem provocação, só uma calma e tranqüila declaração. Ofereceu um copo de leite, bebendo um ela mesma. Não servia de nada discutir com ela quando estava no presente humor. Ryland arqueou uma sobrancelha para ela. — Que é isto? — Olhou fixamente o líquido branco — Nada de café? Nada de café da manhã? Dou-te uma noite de sexo incrível e você me dá um copo de leite? Lily sorriu zombadoramente. — Ah, vê se o pega, Miller. Eu dei a você uma noite de sexo incrível e não cozinho. Nunca. — OH! já vejo como é a coisa. A mulher incrivelmente inteligente não sabe cozinhar. Admite, Lily. Lily enxaguou seu copo na pia. — Tomei lições de gourmet com um dos melhores chefs do país — Ondulou a mão para as despensas — Sinta-se livre em preparar algo para você mesmo. Rosa os mantém sortidos com a esperança de que coma mais. — Estou intrigado. Realmente sabe cozinhar? De repente Lily encontrava o mosaico de azulejo da pia interessante. — Não disse isso exatamente. Só falei que tomei lições. O homem bem poderia ter estado
falando em grego — Sorriu — Bom, não em grego, posso falar grego, mas não podia entender nenhuma palavra do que dizia esse tipo. É uma forma de arte e não tenho talento criativo absolutamente. Ele a rodeou com os braços, empurrando-a sob seu ombro. — Felizmente, sou um grande cozinheiro — Beijou-a na têmpora, um simples roçar de seus lábios, mas sentiu o tremor de resposta nela e isso o agradou — Acredito que tem potencial para ser muito criativa — Sussurrou sugestivamente — Somente escolheu a forma equivocada de arte. Lily se viu ruborizando. Inclusive o tom de sua voz deslizava sob sua pele e esquentava seu sangue. De repente descobria que era muito mais criativa do que alguma vez tinha imaginado. Sacudiu a cabeça firmemente. — Deixa de me tentar. Tenho trabalho a fazer com Hollister e os outros. A mão dele deslizou de seu ombro, descendo pelo pescoço abrindo a blusa de seda para passar roçando sua carne nua. Lily tomou fôlego contra o rastro de chamas que deixava sobre sua pele. — Estou te tentando, Lily? Sempre parece tão fria. Sempre tenho o louco desejo de derreter a princesa de gelo. Nunca se sentia fria ao lado dele. Não replicou, obrigando sua mente a considerar os fatos. — Ryland, possivelmente abordamos isto de forma equivocada. Demos à volta. Digamos que o experimento teve um alto grau de êxito. Houve várias mortes e os homens sofriam ataques e hemorragias cerebrais. — Não diria que isso é um alto grau de êxito — Manteve o andar, com um cenho na cara — Não fique científica comigo. Estes homens são seres humanos com famílias. São bons homens. Não os reduzamos a ratos de laboratório. Lily suspirou. — Está demasiado perto, Ryland. Tem que aprender a dar um passo atrás. Eles esperavam essa reação. É a natureza humana. Umas poucas mortes as chamariam. Os resultados não valem o preço a pagar. — Demônios, Lily — Podia sentir como instigava seu gênio. As palmas picavam com o desejo de sacudi-la. Seu tom era impessoal, um computador calculando — É que umas poucas mortes não valem o preço a pagar. — É obvio que não, Ryland. Deixe de lado a emoção só por uns minutos e considera outras possibilidades. Você mesmo disse que o primeiro ano tudo foi suave como seda. Eles os utilizaram em missões de treinamento e sua equipe se desincumbiu bem. — Houve problemas — Disse ele, passando junto a ela para abrir a porta da habitação de Jeff Hollister. Lily pôde ver os homens reunidos, ainda mantendo vigília junto a seu companheiro cansado. Retorcia-lhe a fibra sensível, a forma em que o protegiam. Homens grandes e duros, capazes de ser letais se a ocasião o requeresse, mas dizendo tolices tranqüilizadoras a um amigo quando estava cansado, e, sentados quando dispunham camas cômodas, só para ocuparem-se de suas necessidades. — Alguma mudança? — Perguntou à Tucker Addison. À luz do dia, o homem parecia um linha de fundo. Não podia imaginar passando despercebido em um acampamento inimigo, mas
suas mãos, quando esticaram a manta ao redor de Jeff Hollister, foram gentis. — Não, senhora. Ontem à noite, aproximadamente por de dez minutos pareceu intranqüilo, mas depois voltou a recostar-se de novo. Lily realizou um segundo exame em Jeff Hollister, prestando particular atenção a seu crânio. — Apalpa isto, Ryland, definitivamente há evidência de cicatrizes cirúrgicas. — Bom, praticaram cirurgia. Levaram-no apressadamente ao hospital para aliviar o inchaço faz uns três meses — Disse Ryland — Provocaram um buraco na cabeça. O olhar de Lily era frio e calculador. — Duvido que aliviassem a pressão de seu cérebro; mais provavelmente foi então quando implantaram os eletrodos — ficou um momento olhando para Ryland — Sei que você o fez ontem, Ryland, mas se ninguém se importa, gostaria de examinar a todos os homens. Quero estar absolutamente segura. Gator ficou em pé de um salto. — Raoul Fontenot se oferece como voluntário, senhora — Sorriu sedutoramente — Poderíamos utilizar minha habitação, um par de portas abaixo e à esquerda. — Obrigado, mas não será necessário — Respondeu Lily, passando os dedos sobre seu crânio enquanto vários dos homens riam dissimuladamente — Está bem. Ryland aproveitou a oportunidade para esbofetear Gator na cabeça. — Seu único problema é que tem o crânio muito duro. Um por um, Lily examinou aos demais homens. Somente Jeff Hollister mostrava sinais de cirurgia. — Algum de vocês sofreu ataques? — Eu, senhora — Admitiu Sam Johnson, o outro único afro-americano além de Tucker Addison na habitação. Era um homem grande, ligeiro de pés, um homem famoso no combate mão a mão. Poucos podiam o ultrapassar em uma briga física. Tinha sido instrutor nas Forças Especiais — Estava em campo e tive um pequeno ataque durante uma missão. O vídeo e a voz de minha câmera e a de meu companheiro não funcionavam esse dia assim não houve registros disso. Por isso não apareceu em um relatório. Ryland deu a volta. — Alguma vez informou verbalmente? — Não, senhor — Disse Sam, olhando para o canto mais escuro onde Nicolas estava sentado tão silenciosamente — Falamos disso e decidimos que seria melhor não. Os homens que iam ao hospital terminavam todos mortos em poucas semanas. Se ocorresse de novo, informaria. — Mas nunca voltou a ocorrer — Terminou Lily por ele — Recorda se tinha sofrido enxaquecas antes do ataque, possivelmente um dia ou pouco antes? — Tive uma endemoninhada enxaqueca depois, senhora. Pensei que a cabeça me explodiria, mas não me atrevi a ir ao hospital assim agüentei com um pouco de ajuda de meu sócio. Ele sabe um pouco de “mumbo jumbo”, cura de velhas, e maldita seja se não funcionaram também! Lily soube imediatamente que o companheiro que sabia de "mumbo jumbo" era Nicolas. Aparentemente tinha um conhecimento extenso das ervas medicinais. Olhou fixamente para o
homem, mas ele olhava diretamente para frente como se não tivesse ouvido uma só palavra. — O que houve antes disso? — Tínhamos treinado durante um par de dias e me separaram do Nicolas. Ele é uma âncora, e eu não podia bloquear todo o lixo que me chegava. Sentia o cérebro ardendo. Comecei a vomitar essa noite e não podia ver, assim, pedi medicação. — Quem te separou de sua âncora? — Perguntou Lily. — As ordens chegaram de baixo — Disse Sam. Olhou para Nicolas — Do Capitão Miller. Ryland sacudiu a cabeça. — Nunca dei ordem de separar às âncoras dos homens atribuídos a elas. Isso comprometeria toda a missão — Seu olhar fixo encontrou ao Nicolas — Pensou que havia sido eu. — Não estava seguro, Rye, e não ia me arriscar com sua vida. Vigiei-te e esperei. Se tivesse sido você... — Nicolas se encolheu de ombros casualmente. Lily estremeceu quando os olhos frios e duros se moveram sobre Ryland. Nicolas não tinha expressado sua ameaça em voz alta, estava em seus olhos, em seu encolhimento casual. — Russel Cowlings entregou a ordem — Admitiu Sam — Não havia razão para pensar que você não a tinha dado. — Maldita serpente — Disse Gator — Atacou-nos e intento matar ao capitão. — Se estou entendendo isto bem, Gator — Disse Tucker — Russ fez mais que isso. Preparou a morte de Sam. Não é isso o que pensa você, senhora? — Acredito que o fez, sim. Acredito que Sam teve uma violenta dor de cabeça depois de ser separado de sua âncora e quando pediu medicação, lhe deu algo que ativou o ataque. Não acredito que os ataques sejam causados pelo processo de realçamento, ou se são, é um estranho efeito secundário. E não acredito que as hemorragias cerebrais sejam causadas pelos ataques. Acredito que os homens que perderam por causa dessas complicações foram levados em algum momento ao hospital e, sob a pretensão de aliviar o inchaço, submeteram-nos à cirurgia e lhes implantaram eletrodos em partes específicas do cérebro. Eventualmente, os homens foram submetidos a campos magnéticos de freqüência extremamente alta. O calor gerado machucou a malha e causou a hemorragia. — Como puderam se dar bem em algo como isso? — Exigiu Ryland. — Eles realizaram as autópsias, verdade? Eles determinaram à causa da morte. Que melhor forma de sabotar o projeto que matar um a um aos membros da unidade e fazer assim que parecesse que estavam morrendo devido a complicações ou efeitos secundários? Tucker amaldiçoou em voz alta, afastou-se dela para percorrer a habitação com frustração e fúria. Era um homem grande, muito musculoso, e dava a impressão de imenso poder e pura força. — Que demônios ganhariam? — Perguntou — Não entendo, o que ganhariam? Ryland suspirou e passou as mãos pelo cabelo. — Dinheiro, Tucker. Uma fortuna. O que nós podemos fazer vale uma fortuna para qualquer governo estrangeiro! Inclusive as organizações terroristas estariam dispostas a pagar pela informação. Podemos sussurrar e fazer que os guardas olhem a outro lado. Podemos desestabilizar os sistemas de segurança. As possibilidades são ilimitadas. Convenceram-nos que temêssemos nos fortalecer e utilizar o que já tínhamos conseguido para ofuscar os avanços... — Olhe aqui. Não estou dizendo que eu tenha razão — Advertiu Lily — Peter Whitney era
meu pai e o queria muito. Preferiria pensar que conduziu um experimento de boa fé e que seguiu adiante com ele até que foi consciente da sabotagem deliberada. Poderia estar completamente equivocada. — Assim, o que fazemos pelo Jeff? — Perguntou Ian McGillicuddy. — Primeiro temos que despertá-lo e depois teremos que levá-lo a um cirurgião. Conheço um que nos ajudará — Lily olhou Ryland — Acredito que Hollister é um caminhante de sonhos. Acredito que tomou medicação de alguma tipo... Ian sacudiu a cabeça. — Ryland disse que não era seguro. Ele não transgrediria as ordens. — Mas esta pílula provavelmente deram muito antes, quando estava no hospital, assim acreditou que era segura. Não considerou que estivesse descumprindo uma ordem...não tocou nada do que lhe deram essa noite. — Como crê que podemos despertá-lo sem lhe causar dano? — Perguntou Nicolas. Sua voz era muito baixa, mas atravessou a habitação e silenciou as conversas sussurradas entre os homens — Tentei desapertá-lo ao velho modo, mas resiste. Lily foi muito consciente do repentino silêncio na habitação. Todos os homens a olhavam expectantes. Deixou escapar o fôlego lentamente. — Acredito que temos que entrar em seu sonho e o trazer de volta. E acredito que podemos esperar problemas. Ryland se aproximou da cama para estudar a cara pálida de Jeff Hollister. — O que quer dizer com problemas? Lily estudava Nicolas. Sua expressão não mudava o mais mínimo. Permanecia imóvel, mas os olhos negros estavam intensamente fixos nela. — Lily — Ryland era insistente — no que está pensando? — Está pensando que Jeff Hollister é uma armadilha — Respondeu Nicolas com sua voz tranqüila, casual — E acredito que tem razão. Pressinto-o. Quando tentei conectar com ele, senti como seu espírito me advertia que me afastasse. Ian olhou de Lily para Nicolas e depois ao Ryland. — Não estou seguro do que estão dizendo. Como poderiam utilizar ao Jeff como armadilha? Lily aplaudiu o ombro de Jeff que estava dormindo tão pacificamente. — Se estou no caminho certo, tomou uma pílula contra a dor que recebeu em uma estadia anterior no hospital. Acredito que o nocauteou o suficiente para que alguém entrasse em sua jaula e criasse um campo magnético de tão alta freqüência que os eletrodos reagiram. Acredito que foi um atentado contra sua vida. Os impulsos elétricos foram muito fortes e causaram uma hemorragia cerebral. Hollister agüentou, provavelmente por pura força de vontade, enquanto levavam a cabo sua fuga. Teve um ataque, sabia que estava com problemas, e se pôs a salvo, utilizando sua habilidade como caminhante de sonhos. — Assim está em algum outro lugar. — Provavelmente foi unicamente o que pôde fazer para salvar a si mesmo. Se estiver certa alguém mais tem a mesma habilidade para caminhar em sonhos e o estão utilizando como ceva para o resto de vocês. Não me perguntem como. Estou supondo. Se fizermos com que desperte,
teremos que avaliar qualquer dano que lhe tenham feito. Quero chamar o Doutor Adams...é um renomado cirurgião cerebral e estaria disposto a nos ajudar. Ryland sacudiu a cabeça. — Somos fugitivos, Lily. Pela lei tem que nos entregar. — Sim, bom...— Lily fez um rodeio — Hollister necessita atenção médica imediatamente. Garantirei a cooperação do Doutor Adams. Enquanto isso temos que tirar Jeff de seu sonho. — Lily, deixa de dizer "nós". Você não pode vir — Disse Ryland firmemente — E antes que proteste, me escute. Se tiver razão e estão utilizando Jeff para nos apanhar de algum modo, então a necessitaremos aqui como âncora com Kaden. Mais importante ainda, se alguém mais nos está esperando, não podem te identificar. Esta casa é nosso único refúgio. Meus homens precisam aprender esses exercícios dos quais segue falando. Não temos nenhum outro lugar aonde ir. Lily tinha de admitir que ele tinha razão, mas isso não o punha mais fácil. Tinha um mau pressentimento, uma sensação de perigo que não desaparecia. E Nicolas também sentia. — Necessitaremos a todo mundo conectado à mesma onda de energia para o caso de necessidade — acrescentou Ryland. Os homens estiveram de acordo sem duvidar. Uma vez mais Lily ficou comovida pela camaradagem que os homens mostravam entre si, voluntariamente punham suas vidas e sua saúde mental em jogo. Nicolas se sentou ao estilo índio no meio do chão, fechando os olhos e concentrando-se em si mesmo. Ryland se colocou sobre a cama junto à Jeff Hollister. Lily observou como procuravam dentro de si mesmos, uma pratica de meditação essencial para qualquer um que tivesse de tratar com o mundo psíquico. Soube o instante em que ambos os homens se fundiram, por suas respirações lentas e firmes. Ryland olhou ao redor com curiosidade. Estava sobre uma duna de areia, olhando para o oceano. É obvio que Jeff escolheria um lugar familiar. As dunas se estendiam interminavelmente, e as ondas golpeavam a beira, apressando-se para ele e rompendo sobre as rochas, varrendo mar dentro. Começou a caminhar para a praia, sabendo que Jeff estava perto. Nicolas apareceu brevemente a sua esquerda, correndo sobre as dunas longe dele, fazendo sombra sobre os olhos e olhando por volta do mar aberto. — Está aí fora — Nicolas ondulou a mão para o oceano — montando as ondas. E não quer voltar. — Bom, pois isso está endemoniadamente mau. Tem uma família em que pensar — Disse Ryland. Eu não gosto disto. A mim tampouco. Mantenho minha posição. A água subiu, a onda cresceu maior e começou a ir para a borda da praia. Ryland avistou Jeff sobre sua tabela de surfe deslizando para eles enquanto a onda começava a enroscar-se, formando um comprido tubo. Por um momento ficou embevecido pelo atletismo e a pura maestria de Jeff, a maneira em que parecia fazer parte da natureza, antecipando-se à onda para sair disparado através do tubo e terminar exatamente quando a onda se derrubava. Ryland desviou seu olhar fascinado de Jeff e começou a esquadrinhar a água em busca de possíveis ameaças. Estava completamente alerta, seu olhar averiguou minuciosamente o céu, o
mar, e as dunas de areia. Sabia que Nicolas estaria fazendo o mesmo. Não tinha que comprovar... Nicolas estava acima de tudo e sempre alerta. Tinha passado meses atrás das linhas inimigas, meses rastreando a um só objetivo. Os homens como Nicolas nunca caíam em emboscadas, faziam-nas. Ryland se alegrava de tê-lo guardando suas costas. Nicolas pôs os dedos na boca e assoviou, um som agudo e peculiar que foi levado pelo vento. Ryland deu a volta e correu pela direita, para a beirada e Jeff. Jeff Hollister deslizou imediatamente em busca da beirada, salpicando água, colocando automaticamente a prancha sob o braço enquanto corria para eles. — O que fazem aqui? — Te levar para casa — Ryland apontou para a relativa cobertura das colinas mais próximas, longe das dunas abertas. Deu dois passos por detrás de Hollister, lhe cobrindo as costas. — Cowlings está aqui em alguma parte. Avistei-o um par de vezes me observando — Hollister deixou a prancha de lado, correndo descalço pela praia — Não devia ter vindo, Capitão. Não posso voltar. Não quero viver com o cérebro eletrocutado. — Economize o fôlego — retrucou Ryland — E corre, maldito seja. O assovio cortou o ar uma segunda vez, uma única nota esta vez. Ryland saltou sobre o Jeff, derrubando-o, atirando sobre a areia. Ryland aterrissou em cima, o defendendo enquanto as balas golpeavam a areia diante deles. Não tinha nem idéia do efeito que teria a morte em sonho sobre o corpo físico...porém, temia os resultados. Ambos rodaram para as palpitantes ondas e ficaram em pé rapidamente. Nenhum olhou atrás, correram, ziguezagueando para converter-se em objetivos mais difíceis. — Agora! — Ryland deu a ordem justo quando o assovio cortava o ar de novo. Ambos os homens se lançaram imediatamente à areia, engatinhando para frente, arrastando-se sobre o estômago para uma cobertura. As balas arrancavam partes de rochas sobre suas cabeças. Lançaram-se atrás das rochas e se sentaram, obrigando seus pulmões a baixar o ritmo. — Não tem o cérebro queimado, idiota! — disse Ryland, golpeando Jeff afetuosamente — Está preso em um sonho — Olhou ao redor — Onde está a garota? Hollister riu. — Estava aqui até que vi essa rã do Cowlings. Supus que estivesse tramando algo quando não fez seu movimento contra mim. Compreendi que estava aqui para me matar. Quando esperou, entendi que acreditava que apareceria. — Não contava com o Nicolas — Ryland sorriu, tirou uma arma de sua camisa, e a ofereceu a Jeff — Se tivesse cérebro em primeiro lugar, teria compreendido que não podia estar morto cerebralmente ou não teria sido capaz de imaginar todo isso. Jeff se deitou sobre o estômago e serpenteou por uma depressão pouco profunda entre duas rochas para dar um olhar cauteloso. — Olhe quem fala, que caiu na armadilha — Disparou três rajadas rapidamente e aproveitou o momento para garantir uma melhor posição após uma rocha maior e plana que oferecia uma melhor visão. Ryland o observava cuidadosamente. Era um sonho, mas Jeff já não recordava que estava sonhando e arrastava uma perna. — Não é uma emboscada souber que o estão esperando. Ninguém escapa quando Nicolas
caça. Simplesmente ficaremos aqui de pic-nic um momento e o deixaremos fazer o que melhor faz. Cowlings não sabe que Nicolas pode caminhar em sonhos — Inclusive enquanto falava, Ryland se arrastava longe de Jeff Hollister pondo distância entre eles. A armadilha tinha sido armada para Ryland. Se Ryland não tivesse ido para levar Hollister de volta, Cowlings finalmente teria feito seu movimento contra ele. Tira o Jeff, Kaden. Puxa-o. Ryland deu a ordem através do vínculo telepático com seu segundo ao comando. Jeff tinha criado o sonho, assim, sua saída acrescentaria a carga de suportar o esforço à Ryland. Hollister deixou escapar um pequeno grito de protesto, mas a força combinada de todos os homens foi mais forte que sua vontade. Jeff sentiu o suave colchão sob suas costas e esperou a dor paralisante. Abriu os olhos cautelosamente. Lily Whitney estava inclinada sobre ele, falando brandamente, fazendo uma dúzia de perguntas, mantendo sua mente ocupada todo o tempo para evitar que pensasse na possibilidade de um dano cerebral. Pode alcançá-lo, Nicolas? Ryland sentiu uma súbita onda de energia no ar ao redor deles. Vigia, está tentando projetar. Preciso me aproximar mais. Está em movimento. Está correndo. O vento levantou de repente, ferozmente, criando uma instantânea tormenta de areia. Ryland amaldiçoou e avançou através da areia, trocando velozmente de posição, a areia picava sua pele. Manteve os olhos fechados, mas permitiu que seus sentidos se estendessem através da paisagem, procurando onda de energia que indicassem atividade "quente". Ouviu o gemido de uma bala, porém, esta se incrustou nas rochas onde tinha estado. Nesse momento ouviu o ruído de passos correndo pela areia. Ryland elevou a cabeça para esquadrinhar cuidadosamente por cima da pequena rocha que utilizava como cobertura. A areia picou seus olhos, mas captou uma olhada de Cowlings correndo para o que parecia uma porta. Justamente antes que a alcançasse, Nicolas se levantou dentre as dunas, com uma faca em punho. Ryland sentiu a instantânea onda de pura energia, e, Cowlings simplesmente desapareceu. Kaden! Tire-nos agora. Agora! Nicolas, desperta! Titubeou somente o bastante para se assegurar que Nicolas o obedecia antes de seguir. Atrás dele o mundo se converteu num inferno, chovia fogo dos céus e explodia na areia, um caldeirão fervente de chamas vermelhas e alaranjadas. Nicolas e Ryland se olharam através da segurança da habitação. — Sentiram isso? — Perguntou Ryland aos outros. — O que era? — Perguntou Kaden. — Não era Cowlings. Ele não poderia produzir tanta energia. Seus poderes telepáticos não são nem de perto tão fortes — Disse Ryland. Fez um curto silêncio. Nicolas ficou em pé, estirando-se, e se aproximou do lado de Jeff Hollister. Quando passou junto de Kaden, bateu em seu ombro agradecendo. — O que pensa que era? — Perguntou Nicolas a Ryland. — Acredito que alguém utilizava Cowlings como conduto. Estamos tratando com energia. Existe todo tipo de energias — Ryland olhou para Lily — Quem saberia como manipular voltagem ou fazer adquirir massa no meio do ar? Lily suspirou.
— Alguém no Donovan.
Capítulo 12 — Está certa quer voltar aqui, Lily? — Perguntou John Brimslow. Não desligou o motor, com a esperança de que Lily dissesse que desse a volta e a levasse para casa. — Tenho muito trabalho, John — Disse ela — Não posso me atrasar muito. E não se preocupe por me buscar porque deixei meu carro aqui e posso dirigir para casa. John suspirou. — Quem sou eu para te dizer o que fazer, Lily, mas não gosto disto. Tenho um pressentimento. Sei que falou várias vezes com os investigadores que investigam o desaparecimento de seu pai... — Está morto, John — Disse tranqüilamente. — O que disseram? — Sei que está morto. Sinto-o morto. Foi assassinado. Atirado de um bote no oceano. Tinha sangrado muito assim quase se foi, mas ainda estava vivo quando entrou no frio mar — passou a mão pela cara — Alguém daqui — Balançou a mão para o extenso complexo de edifícios — tem algo a ver com sua morte. O rosto de John ruborizou de um tom escuro por causa da raiva. — Razão demais, Lily, de porque não pode voltar para este lugar. Temos que falar com a polícia. — E o que vamos dizer, John? Que meu pai levava a cabo experimentos com seres humanos e abriu uma comporta psíquica que não pôde fechar? Que estava conectada com ele enquanto morria e me disse antes que o atirassem pela amurada que alguém no Donovan era o responsável? Crê que me acreditarão...ou me encerrarão? Seria a filha histérica, ou pior ainda, a filha que herda uma fortuna quando seu pai desaparece. — Já tem a fortuna — Apontou John, porém, sacudia a cabeça tristemente, sabendo que ela tinha razão — O que quer dizer com levando ao cabo experimentos com seres humanos? Do que fala quando se refere à comportas psíquicas? Lily deixou escapar o fôlego lentamente para recuperar sua calma habitual. — Sinto muito, John, não devia dizer isso. Sabe que papai pesquisava para o exército e com freqüência se via envolto em projetos de máxima segurança. Nunca deveria ter mencionado isso. Por favor, esquece-o e não nunca diga uma palavra a alguém sobre isso — Era uma medida de seu medo e nervosismo que tivesse cometido um engano tão tolo. Havia certa inocência, uma fragilidade em John que sempre afazia desejar o proteger.
— Arly sabe tudo isto? Lily apoiou a cabeça contra o assento e olhou ao ancião, estudando seus traços. Desde o desaparecimento de seu pai, parecia mais velho, mais magro. — John, não estará ficando acordado pelas noites, verdade? — Perguntou suspeitamente. O olhar dele vacilou, separando-se do seu. — Estive dormindo na velha cadeira sob as escadas que conduz a sua ala. Tenho uma arma — Confiou-lhe. — John! — Estava alarmada. Não podia imaginar John disparando a alguém. Poderia baterse em duelo com eles, uma elegante luta de espadas. Podia vê-lo esbofeteando a alguém com uma luva branca e desafiando ao duelo, mas não podia lhe ver apertando um gatilho e tomando uma vida — Em que demônios está pensando? — Estava comovida por sua devoção — Arly assegurou essa casa, as aranhas temem tecer um simples fio. Não pode continuar fazendo-o. — Um intruso conseguiu entrar, Lily, e não vou perder você. Alguém tem que cuidar de você agora, e estive fazendo isso durante quase trinta anos. — Quero-te, John Brimslow, e estou eternamente agradecida que esteja em minha vida — Disse absolutamente Não há absolutamente nenhuma necessidade de me proteger. Seriamente, Arly voltou a percorrer a casa com todo tipo de novos artefatos. Tem um ego bastante grande e está realmente chateado porque alguém tenha passado apesar de todos seus joguinhos absolutamente Sorriu maliciosamente — Também passei um momento adorável destacando isso. — Não tão bom como o que passou Rosa. Repreendeu-o em dois idiomas e acredito que a palavra "incompetente" surgiu mais de uma vez — John esboçou um sorriso em resposta ante a lembrança. — Quase sinto pena dele, porém, qualquer homem mais magro que eu merece que o apresentem uma falha ou duas. Deseje-me sorte, John, e deixa de se preocupar. Estarei perfeitamente bem — Esperando que fosse verdade, beijou-o na bochecha, saiu do carro, e caminhou para a entrada. Ryland tinha se enfurecido com ela quando compreendeu que iria ao Donovan, discutindo e ameaçando irromper nas instalações para mantê-la vigiada. Esse homem tinha um temperamento extraordinário, um que ardia a fogo lento e explodia até a superfície como um vulcão em erupção. Podia intimidar se alguém fosse o suficientemente tonta para permitir. Felizmente era imperativo levar Jeff Hollister até o Doutor Adams. Todos sabiam. O lado direito de Hollister estava débil, uma perna em particular estava insensível. Havia um pouco de intumescimento em seu rosto e tremores ocasionais em sua mão direita. Não pôde detectar nenhum problema de memória significativo ou problemas de fala, mas queria que um especialista levasse a frente à terapia. E queria saber se os eletrodos deviam ser extirpados ou se era mais seguro deixá-los. Jeff necessitava escaner cerebrais e ajuda além da que ela podia proporcionar. — Doutora Whitney! Deu a volta, um calafrio desceu por sua espinha dorsal quando o Coronel Higgens se apressou a alcançá-la. — Me deixe acompanhá-la até seu escritório. Lily sorriu. Cortês. A Princesa de gelo. Por alguma razão as palavras zombadoras de Ryland a reconfortavam. Não lhe importava o mínimo ser arrogante ou comportar-se como uma
princesa de gelo com Higgens. — Obrigado Coronel. Surpreende-me o ver aqui. Tinha a impressão que os coronéis estavam sempre fazendo inspeções militares e geralmente fazendo que todo mundo se estremecesse — Atravessou as pesadas medidas de segurança com um pouco de impaciência — Não é chato tudo isto? É como se Thornton aumentasse a segurança depois que as galinhas tenham voado do galinheiro. — Thornton e eu estivemos falando da situação, Doutora Whitney, e gostaria de vê-la antes de tudo em seu escritório. — Perdão? — Continuou atravessando os vestíbulos energicamente para seu escritório — A que situação se refere? — Os homens que escaparam. — Encontraram-nos? — Deixou de caminhar para enfrentá-lo — Foram capazes de funcionar fora do ambiente protegido do laboratório? — Inclusive com suas barreiras e seus escudos elevados, pôde sentir as ondas de desgosto emanando de Higgens. Era mais que desgosto. A violência e a avareza se apegavam a ele. Inclusive cheirava a ovos podres. O estômago revolveu em protesto. — Ninguém os encontrou. Por que não trabalhou ontem? Lily permaneceu em silêncio, seu olhar firme sobre a cara dele, uma sobrancelha perfeitamente arqueada. Esperou até que ele se retorceu visivelmente. — Não tenho por costume me explicar a ninguém, Coronel Higgens, e, menos ainda, ante um homem que não tem absolutamente nenhuma conexão com meu trabalho. No momento em que permitiu que esses homens escapassem, deixei de ter algo a ver com esse projeto. Chamou-me para uma consulta, o qual foi um favor a meu pai e a Phillip Thornton. Estou extraordinariamente ocupada e não tenho tempo para dedicar a um projeto que está basicamente morto — Deu-lhe um sorriso educado e cortês e se meteu em seu escritório. Higgens a seguiu, com um cenho escuro na cara. — Thornton está a caminho daqui agora mesmo. Acreditam que você poderia estar em perigo. Lily vestiu seu jaleco branco. — Estou em perigo de não conseguir terminar meu trabalho, Coronel. Se não tiver nada de grande importância que compartilhar, vou ter que pedir que saia. Aprecio sua preocupação, seriamente, mas tenho um excelente encarregado de segurança. Phillip Thornton irrompeu em seu escritório. Sentiu as ondas de medo, e compreendeu que Higgens o tinha aterrorizado. — Lily! Estava preocupado. Chamei a sua casa ontem, mas sua governanta se negou a te passar o telefone. — Sinto muito, Phillip, Rosa não queria que voltasse a trabalhar. Tem medo por mim, depois do desaparecimento de meu pai. Com freqüência trabalho em casa, já sabe. Não me ocorreu que se preocuparia comigo. Tentei tranqüilizar Rosa para poder fazer meu trabalho. — Rosa não é a única preocupada com você, Lily. O Coronel Higgens e eu pressentimos que há um perigo muito real que o Capitão Miller e sua equipe possa decidir te raptar. Lily apoiou o quadril contra a beira de seu escritório e cruzou os braços, aborrecida.
— OH! Pelo amor de Deus! Esperava que Rosa ficasse histérica, mas, você não, Phillip. Por que me raptaria Miller? Não sei nada sobre este projeto; cheguei tarde e sei menos que vocês dois. Eu pensaria que quer a um de vocês. — Mesmo assim acredito que teríamos que te atribuir uma equipe — Disse Phillip. — Uma equipe? — A sobrancelha de Lily levantou inclusive mais — Minha família se conformaria com um guarda-costas. O que quer dizer com "uma equipe"? — O Capitão Miller é o líder de um grupo de soldados de elite, todos com antecedentes nas Forças Especiais — Disse o Coronel Higgens — Um só guarda-costas não seria capaz de protegê-la deles. Tenho uma equipe de soldados, altamente treinados, preparados e dispostos a dar uma mão. — Isto não tem sentido. Por que iria Miller por mim? Sabe que não sei nada. Não é possível que eu possa ajudá-lo. E não é como se estivesse no exército. Sou uma civil. É impossível que possa justificar o uso de soldados em meu amparo. Acredito que estão exagerando em razão do desaparecimento de meu pai. Estamos todos um pouco alterados, mas, acredito que fazer que soldados me protejam já é muito. Phillip, realmente estiver preocupado, tranqüiliza sua mente, pedirei a Arly que encontre a alguém. Mas ter que passar por todos os controles de segurança aqui e ter alguém comigo seria um autêntico aborrecimento. — Posso te encontrar alguém com credenciais de segurança — Ofereceu Thornton. — Simplesmente me deixe trabalhar — Lily sorriu para cortá-lo — Sabe que aprecio sua preocupação, seriamente, mas o Capitão Miller somente me viu um par de vezes. Duvido que tenha lhe causado alguma impressão de algum tipo. Thornton sabia que estava derrotado. — Ainda quero que faça o que possa com isto, Lily, repassar todas as coisas de seu pai e tentar averiguar que diabos fez. É importante. — Tudo é importante. De acordo — Concedeu Lily com um suspiro — Em meu tempo livre, como se tivesse algum, procurarei por aí e verei se posso tirar algo a limpo. Thornton conduziu Higgens fora do escritório o precedendo, depois voltou bruscamente. — OH, Lily, esquecia por completo. O baile de gala anual para angariar fundos é na quintafeira de noite. Seu pai faria um discurso. Lily o estava olhando, sua expressão completamente imóvel, seu coração de repente palpitando com força. Nesse momento, soube com segurança que Phillip Thornton estava envolvido na morte de seu pai. Estava escrito na culpa que o afligia. Na forma que seu olhar se separava do seu. No súbito aroma de suor de seu corpo. Apertou os dedos ao redor do encosto da cadeira, ficando no lugar. Temia mover-se, temia falar, segura de que se dissesse algo revelaria seu repentino conhecimento. Tinha tido suspeitas, mas agora sabia. Tinha conhecido Phillip Thornton durante a maior parte de sua vida. Lily conseguiu fazer um breve assentimento. — Sabe como é importante este evento para nossa companhia e os investidores individuais. Mais de sessenta por cento de nossos recursos podem provir desse único evento. Teremos algumas pessoas muito importantes e vários generais ali, incluindo o McEntire e Ranier, e necessitarei sua ajude. Já conhece o tema, participou de muitos. — Esqueci completamente todo o assunto, Phillip. — É compreensível, Lily — Disse ele — e não pediria isso se não fosse necessário. Todo
mundo espera que esteja ali. Ela assentiu. Viu-se alagada de condolências, do presidente até os técnicos de laboratório. Sabia o que a esperava em um evento público semelhante. — Irei, Phillip, é claro que irei. — E fará um discurso? — Ambos sabiam que com o desaparecimento de seu pai, sua súplica conseguiria inclusive mais dinheiro do normal. Todo mundo estava procurando uma forma de mostrar seu apoio a Lily e já sabia o que ocorreria na arrecadação de fundos. — Claro Phillip — Abanou a mão o tirando da oficina. O general Ranier estaria ali e sempre pedia uma dança. A arrecadação de fundos proporcionaria a oportunidade perfeita para ler ao general e averiguar se, como seu colega General McEntire, estava envolvido. Lily tinha esquecido completamente o evento mais importante do ano para o Donovan. Seria a primeira vez que assistiria a um acontecimento tão grandioso sem seu pai. A idéia a entristeceu. Sentou-se um momento ante seu escritório, chorando, jogando de menos. Pôs a culpa de lado, não querendo emitir muito alto e arriscar-se a conectar com Ryland. Se ele pensava que estava chateada ou em perigo, encontraria uma forma de chegar a ela. Surpreendia-a estar tão segura dele, saber que viria. Passou várias horas trabalhando em seu laboratório, perdendo-se entre fórmulas e padrões. Quando finalmente compreendeu quanto tempo tinha passado, incomodou-se consigo mesma. Pôs suas notas em ordem precipitadamente e se apressou pelos vestíbulos para o elevador até que esteve sobre a superfície. O hospital era pequeno, mas tinha um equipamento que faria qualquer hospital ou centro de trauma chorar de inveja. Lily assinou a entrada, passando os controles de segurança para acessar aos registros que necessitava. Repassou cada entrada que pôde encontrar relacionada com Ryland e seus homens. Depois começou a investigar ao pessoal, comprovando entradas para averiguar quem tinha estado de guarda quando tinha ingressado cada homem, procurando um padrão. Lily sempre via os padrões e certamente havia um. Comprovou as entradas pertinentes, anotando nomes, e apressando-se em voltar aos laboratórios de baixo, desta vez dirigindo-se ao escritório de seu pai. Pode cheirar ainda ao cachimbo de seu pai igual em seu escritório de casa. Ninguém havia limpado seu escritório, embora seus papéis obviamente tinham sido revisados. Foi diretamente para o escritório e ligou o computador. Quando puxou o teclado, derrubou o mouse no chão sob o escritório. Suspirando seu mal-estar, Lily buscou sob o escritório com o pé, seu olhar preso à tela diante dela. Os dedos de seu pé golpearam o bloco de cimento o suficientemente forte para enviar um golpe de dor acima por sua perna. Lily olhou sob o escritório. O mouse estava muito atrás, perto da parede. Teve que se meter sob o escritório para recuperá-lo, arrastando-o pelo cabo. Lily tinha começado a sair debaixo do escritório quando a esquerda do bloco de cimento chamou sua atenção. Não estava alinhado com a parede. Sentou-se no chão olhando-o fixamente durante um momento. Teve que agachar a cabeça sob o escritório enquanto se metia mais profundamente. Não foi fácil tirar o bloco de cimento; perecia estar encaixado, mas dedicou-se, trabalhando em afrouxá-lo. Quando conseguiu liberá-lo, viu nesse momento que seu pai tinha cavado a zona atrás do bloco para criar um pequeno espaço. Havia um diminuto gravador apoiado na parede.
Sem advertência, soaram os alarmes ao longo dos edifícios. Sobressaltada se levantou pela metade, golpeando a cabeça com a borda da mesa. Podia ouvir aos guardas correndo pelo vestíbulo fora do escritório. Lily escutou o alarme um momento, mas não havia indício de perigo, assim, ignorou a comoção para tirar o gravador da parede. Deixou escapar o fôlego lentamente ao fechar os dedos ao redor dele. Estava muito escuro sob o escritório, mas sentiu um diminuto disco, tão pequeno que quase passou despercebido. Não havia cobertura, nada o protegia do pó e sujeira. Pôde ver um disco que já estava na máquina e deixou cair o segundo disquete no bolso de seu jaleco branco, enquanto saía engatinhando debaixo do escritório. Tremiam-lhe as mãos quando se sentou no escritório de seu pai e, se inclinou sobre o pequeno gravador. Não ocorreu nada quando tentou reproduzir o disco. Amaldiçoando em voz baixa, revolveu as gavetas em busca de pilhas. Não havia pilhas de nenhum tamanho nas gavetas superiores. Agarrou o gravador em uma mão e se inclinou para procurar nas gavetas debaixo. Soube inclusive antes de girar, endireitando-se para enfrentar a ameaça iminente, sabendo que já era muito tarde. Tinha estado tão ocupada querendo ouvir a voz de seu pai, esperando encontrar provas contra seus assassinos, que não prestou atenção a seu próprio sistema de alarme. Girou a cabeça, captando com olhar impreciso a um homem. Onda de violência, de maldade se derramaram sobre ela, justamente antes de tudo explodir. Um punho grande a golpeou diretamente ao lado da têmpora. Tudo se voltou branco e diminutas estrelas fugazes estalaram atrás de seus olhos. Lily tentou agarrar seu atacante, arranhando-o no rosto com as unhas, rasgando-lhe a camisa enquanto caía. Não o pôde ver, mas ouviu sua viciosa maldição e sentiu o segundo golpe que fez estalar a parte de trás de sua cabeça e depois caiu no chão. Ryland se sentia incômodo com o plano. Tinha andado a maior parte do dia, abrindo um buraco nos caros tapetes. Nunca deveria ter permitido que Lily voltasse para os laboratórios. Sua segurança era mais importante que qualquer ilusão de normalidade que estivesse tentando criar. Tinha de convencê-la que tomasse férias. Seu pai tinha desaparecido e isso era suficiente desculpa para que passasse um tempo sem trabalhar. A escuridão havia caído e era sua oportunidade para mover Jeff Hollister. Ryland não gostava da idéia de o tirar da casa, mas Lily insistia que seu amigo Doutor Adams tinha equipamentos dos mais avançados instalados em sua casa. Ela tinha uma caminhonete e dois carros esperando por eles à entrada dos bosques e fora do imóvel propriamente dito. Arly tinha assegurado que o doutor manteria silêncio. Ryland não arriscaria por nada a vida de Hollister. Procederiam como se estivessem em território inimigo. — Nico preciso que explore para nós. Utiliza o túnel perto dos bosques. Não queremos percorrer muita distância com Jeff. Avalie cada possível posição inimiga. — E se toparmos com o inimigo, senhor? — A voz era tranqüila. — Não atue. Não queremos nenhuma evidência de que estivemos em algum lugar próximo à casa de Lily, Nico. Nicolas assentiu entendendo, inclinou-se para Hollister. — Estou trabalhando endemoniadamente duro por essas aulas de surfe que me prometeu. Jeff levantou uma mão tremente, apanhando a de Nicolas. — Será um grande surfista, Nico, te ensinando ou não.
— Somente aprendo com o melhor, Hollister, assim tem que te pôr em pé — Nicolas apertou com força a mão de Jeff, depois igualmente brusco abandonou silenciosamente a habitação. Ryland fez gestos a Ian McGillicuddy e ambos saíram ao vestíbulo. — Necessitaremos dois homens protegendo ao Jeff na casa do médico. Quero que Nico e você se ocupem de sua segurança. Não sabemos nada deste médico. Se Lily o está pagando, isso significa que pode ser comprado. Um de vocês ficará sempre desperto. Ian assentiu de acordo. — Tem alguma idéia como vamos sair desta confusão, Capitão? — Quero a todo mundo trabalhando na série de exercícios que Lily nos deu. Ela diz que se os aprendermos todos temos boas possibilidades de poder viver no mundo em condições medianamente normais. Acredita que o experimento não foi um fracasso, que poderia ter tido muito êxito se houvéssemos aprendido o que supõe que teríamos que ter aprendido. — Ela acredita que Higgens matou os outros? — Perguntou Ian a seco. Havia gelo em sua voz, um brilho desumano em seus olhos. — Higgens está envolvido, sim, e o General McEntire. Parece que Ranier pode estar também, mas, não temos provas. Assim que dominemos os escudos seremos capazes de caçar aos responsáveis. Não são só assassinos, são traidores de nosso país — Assinalou Ryland — Agora têm que nos matar. Não têm outra escolha. Não tirem os olhos de Jeff, nem sequer por um momento, não vou perder outro homem. — Não ocorrerá, Capitão, não comigo vigiando — Disse Ian — E Nico nunca perde nada. — Fica com Jeff, Ian. — Estou nisso, Capitão. Voltaram para a habitação de Hollister onde outros esperavam impacientemente. — Assim que Nico nos der sinal, tiraremos Jeff — Disse Ryland — Tucker, você é o mais forte. Quero que o leve nos braços. Os dentes de Tucker eram muito brancos ao sorrir para Jeff. — Não se preocupe, tratarei como a um recém-nascido. Jeff gemeu. — Não posso acreditar que fará que me leve nos braços. Sam deu um golpezinho de bom humor. — Assegurarei que não o deixe cair mais de uma vez, menino surfista, embora poderia acabar te arrumando se aterrissar de cabeça. — Você cobrirá as costas, Sam. Não quero que machuque um só cabelo da cabeça do menino surfista. Teria que ser eu a enfrentar sua mamãezinha — Ryland estremeceu. — Já não conseguiríamos bolachas, isso é certo — queixou-se Gator — Ninguém faz bolachas como a mãe de Jeff. — Sem mencionar — Jonas Harper levantou o olhar onde estava afiando uma faca de quatro centímetros com amoroso cuidado — que é um ímã para as garotas. O menino bonito Hollister vai pela rua e não temos necessidade de procurar mulheres, simplesmente o seguem vindas de todos os lados. Kyle Forbes esticou as pernas e estalou em gargalhadas.
— Isso é porque ele não está sempre acariciando uma faca, Jonas. As mulheres fogem quando você entra na habitação. Sam vaiou e empurrou Jonas com o pé. — Lançar facas na realidade não impressiona as mulheres, Jonas. — Impressionava quando trabalhava no circo — Disse Jonas — Pensavam que era sexy. Jeff atirou seu travesseiro em Jonas. — Você gostaria que pensassem ser sexy — Sua última noiva não atirou a cerveja em sua cabeça? A risada estalou, Jonas levantou a mão. — Isso não conta. Pegou-me com as gêmeas Nelson sentadas no colo. Fez uma idéia totalmente errada. Tucker recuperou o travesseiro, atirando acidentalmente um golpe ao Gator enquanto o fazia. — Isso não é o que ouvi, Jonas. Ouvi que te pegou na cama com as gêmeas. — Assim ouvi também — Disse Kyle — exceto que as gêmeas estavam escondidas debaixo de sua cama. Mais vaias acompanhou o comentário de Kyle. Jonas tomou bem, sorrindo timidamente. — Todos vocês estão em plena forma nessa questão. Gator tem esse ardente sangue cajún e Jeff só fica aí olhando como um parvo e as mulheres caem a seus pés. — Sei que não acaba de me chamar tolo — Disse Jeff — Está se aproveitando, Jonas, porque estou preso a esta cama. Jonas sorriu maliciosamente. — Estive pensando bastante, Hollister. Com você fora do jogo, poderia ter uma oportunidade com essas as gêmeas Nelson. Tucker deixe-o atirado sobre seu traseiro aí nos bosques, estará nos fazendo a todos um favor. Kyle levantou uma sobrancelha. Normalmente era um homem extremamente calado, um gênio com os explosivos, participou da conversa para manter alto o moral de Jeff Hollister. — Jonas, está se esquecendo de suas irmãs? Tira as fotos de suas irmãs da carteira e as beija cada maldito dia. Crê que alguma dessas garotas vão te olhar se não levar seu precioso irmãozinho são e salvo a casa? A almofada saiu voando pelo ar uma vez mais, acertando Jonas na parte de atrás da cabeça. — Então é você quem pega as fotos de minhas irmãs, seu pervertido estouvado lança facas. Nem sequer olhe para minhas irmãs. As duas estão caminho de ser santas — Jeff se benzeu, beijando o polegar. Temos vigias, Rye. E não são civis. Nicolas falava sempre naquele mesmo tom baixo. Ninguém nunca o tinha visto excitado ou nervoso. Isso é um em frente? Podemos fazer que Jeff os passe? Ryland tinha fé completa no julgamento de Nicolas. Não podemos pôr Lily em perigo. Tinha sido sua decisão utilizar a comunicação telepática apesar de Cowlings. O homem tinha pouca habilidade telepática e Ryland julgava que o risco que estivesse suficientemente perto para captar era mínimo. Não estão tomando sua missão muito à sério. Por isso suponho, Rye, que estão aqui para vigiar à mulher. Não têm nem idéia de que estamos aqui e estão seguros que não vamos aparecer.
É um em frente então. Faz um sinal quando estiver tranqüilo. Envio Tucker com Jeff. Sam os cobrirá. Ian será o condutor. O resto de nós controlamos os vigias. São suscetíveis. Estão aborrecidos e não muito alerta. Não acredito que tenhamos muitos problemas. Diga ao Tuck que dê uma corrida. — Temos caminho livre, Jeff — Disse Ryland amavelmente. Assentiu para o Tucker — Kyle e Jonas irão à frente. Nico está esperando. Sabemos que estão aí fora, sabemos que estão vigiando, mas não podem averiguar que estamos aqui. Esta é a questão. Caminhem como os fantasmas que somos e atravessem suas linhas. Encontraremos na casa do médico. Uma vez ali se mantenham firmes até que tenhamos avaliado o terreno. Sua única responsabilidade é manter Jeff e a vocês mesmos com vida. Se o lugar estiver quente, saiam imediatamente e voltem aqui. Vigiem seu rastro ao voltar. Ficou olhando-os durante um comprido momento. — Recordem, todas essas pessoas, soldados, civis, todos acreditam que somos fugitivos, que cometemos crimes. A menos que sua vida ou a de um membro da equipe esteja em jogo, não utilizem força máxima. Ryland gesticulou e apontou Kyle e Jonas. Ambos agarraram os ombros de Hollister com força e depois seguiram Ryland saindo da habitação, dirigindo-se rapidamente para o túnel. Tinha sido um dia comprido, vigiar Jeff, preocupar-se com ele, ver o machucado em seu lado direito, mas incapazes de fazer algo para ajudar. Tinham esperado que o sol se pusesse e a escuridão se estendesse. Seu momento. Quando os fantasmas passeavam. Ao menos podiam fazer algo ativamente. Uma vez que o pessoal diurno partiu, eram capazes de se mover livremente sem temor de serem descobertos. Tinham todo tipo de tecnologia ao seu dispor, mas jamais ocuparia o lugar da confiança em si mesmos. Ryland saiu do primeiro túnel, movendo-se rapidamente, silenciosamente, escapulindo na escuridão, mantendo-se entre as sombras. Podia sentir a onda de energia construindo-se enquanto os homens começavam a projetar, sussurrando na noite, dizendo aos guardas que olhassem para as estrelas, para ver a beleza da noite. Que fossem cegos a movimentos e sons. Que olhassem para outro lado enquanto Ryland orientou Tucker e Sam que tirassem Jeff Hollister. Tucker era tão grande quanto um tronco, levava Jeff protetoramente embalado contra seu enorme peito. Jeff não era um homem pequeno, mas parecia um menino frente aos músculos vultosos de Tucker. Para um homem grande, Tucker Addison se movia como o fantasma que era, deslizando sobre o terreno acidentado sem um som. Sam mantinha o passo atrás deles, seus olhos se moviam inquietamente, constantemente, procurando os vigias, empunhando a arma. Ryland dirigiu os guardas para longe do caminho do bosque que Tucker tomaria para reunir-se com Ian no carro. Ryland abriu o caminho, dirigindo-se para os guardas mais resistentes. Concentrou-se em "empurrar" ao homem mais forte, plantando a urgente necessidade de conversar com seu companheiro. Deixou-se cair sobre o estômago e engatinhou acercando-se do guarda. Este estava reagindo ao empurrão mental esfregando a cabeça, sacudindo-a como se precisasse limpa-la. O guarda começou a passear inquietamente de cá para lá, pressionando os dedos sobre os olhos. Ryland manteve a mão em alto, indicando a Tucker que se fundisse com as sombras com
sua carga. Retrocedo para te cobrir, informou Nicolas. Mantenha-nos a salvo, ordenou Ryland. Fica com Jeff. Cortou a distância com o guarda até ficar sozinho a escassos pés do homem. Acumulou sua energia, sua força. Tinha que parecer um acidente, um acidente crível. Ryland murmurou uma prece pedindo perdão se algo saia mal Aproximam-se dois meninos. Adolescentes, informou Nicolas. Ryland deixou escapar o fôlego lentamente, o alívio se propagou. Permitiu que seus músculos relaxassem. Utilizemos-los. Envia-os para cá, justamente para o guarda. Podem criar nossa diversão. Concentrou-se na conexão, construindo a ponte para os jovenzinhos que avançavam furtivamente pelos bosques com uma lanterna e armas de ar comprimido. Mudaram de direção imediatamente, altamente suscetível às ondas de energia que os aguilhoavam. O guarda deu a volta alerta quando os meninos riram em voz alta de uma brincadeira que um deles tinha feito. Sua luz iluminou aos dois meninos no rosto, cegando-os temporariamente. Às costas do guarda estavam Tucker e os demais. Ryland indicou que seguissem adiante enquanto começava sua própria retirada, afastando-se cautelosamente do guarda, permanecendo baixo e utilizando a explosão de conversação como cobertura. Tucker atravessou o bosque velozmente, permanecendo entre as sombras, profundamente entre as árvores, de algum modo inclusive nas áreas mais escuras, evitando ramos e folhas que os delatariam. Sam corria em paralelo com Tucker e Jeff, mantendo seu corpo entre eles e os guardas. Estão fora. Ian os recolheu. Tranqüilo, Rye. Ian tinha apagado a luz do teto da caminhonete para que Tucker e Sam pudessem colocar Jeff cuidadosamente sem o brilho da luz que os delataria. Nicolas deslizou dentro do carro junto a Kaden, que saiu da sarjeta antes que a porta se fechasse. Estamos fora, estamos fora. Ryland foi o último homem no terceiro veículo, urgindo Kyle para que estivesse em movimento antes de estar completamente dentro do carro. Foram muito cuidadosos, respeitando as normas de trânsito, não queriam arriscar-se a que um policial os parasse. A casa do Doutor Brandon estava a vários quilômetros do imóvel Whitney. Era uma casa grande e formosa rodeada de grama imaculada e cercas de ferro forjado. Kyle passou direto, seguindo quase um quilômetro estrada abaixo, girando, e voltando a passar frente ao imóvel. Freou o suficiente para permitir que Ryland e Jonas se baixassem antes de passar direto uma segunda vez. Encontrou um pequeno estacionamento além da casa e estacionou o carro sob os ramos balançantes de uma árvore. Ryland e Jonas já estavam explorando, desdobrando-se para cobrir mais terreno. Nicolas e Kaden rodeavam o imóvel pelo outro lado. Ian? Tem algum mau pressentimento que gostaria de compartilhar conosco? Não. Digo que sigamos. Ryland levou a cabo a varredura tão minuciosamente como se aplicava a cada tarefa. Rodearam a casa, calmamente, checando cada posição onde alguém pudesse estar esperando para emboscá-los. Não havia ninguém perto da casa. Kaden e Nicolas subiram e saltaram o corrimão alto que rodeava o amplo alpendre. Kaden continuou percorrendo a lateral da casa, ganhando a entrada através de uma janela do segundo piso. Nicolas entrou no piso inferior através da porta traseira. Ryland entrou por uma porta deslizante de vidro. A fechadura era uma piada.
Percorreu as habitações, obtendo uma sensação da casa. Estava vazia, como disse Adams a Lily que estaria. Podia ouvir ao médico movendo-se escada acima. Tranqüilo. Informou Kaden. Tranqüilo. Acrescentou Nicolas. O tragam. Ryland tomou posição após as escadas. A campainha repicou melodiosamente. Um homem alto e magro se apressou a descer as escadas. Vestia calças folgadas e camisa branca, ambos gritavam dinheiro. Abriu a porta sem duvidar. Tucker não esperou um convite, mas pôs Jeff para dentro. Sam e Ian o seguiram, fechando a porta atrás deles e passando o ferrolho casualmente. — Levem-no para parte de trás. Fechei minha pequena clínica recentemente e tenho tudo o que necessitamos à mão — O doutor abriu caminho através das espaçosas habitações — preparei uma habitação na mesma parte de atrás da casa e dei ao meu pessoal uns poucos dias livres. Lily disse que o queria de volta logo que fosse possível. — Contou-lhe que vamos ficar? — Perguntou Ian — Faremos turnos para ficar com ele. — Como quiserem, mas duvido que seja necessário. Acredito que estará bem. A habitação era grande e arejada com uma vista tremenda. Ian entrou e fechou as pesadas cortinas. Sam abriu os armários e todas as portas anexas. — É muito necessário, doutor, mas não se preocupe, não nos intrometeremos em seu caminho. Somos auto-suficientes — Disse Ian enquanto deixava seu pacote sobre a mesa — trouxemos nossas rações. Lily tinha providenciado o envio de comida mais que suficiente quando ouviu que os homens iriam ficar. Também tinha insistido que seguissem trabalhando em seus exercícios. — Gostaríamos de assegurar a casa — Disse Ian. As sobrancelhas do doutor se arquearam. — Não sei o que quer dizer com isso. — Suas fechaduras são do tipo Standard — observou Sam — Um menino poderia as forçar. — Tenho um cadeado na porta dianteira e dos fundos — O doutor na realidade não estava prestando atenção à conversa. Inclinava-se sobre Jeff Hollister, aproximando-se para esquadrinhar seus olhos. Sua voz era despistada. O Doutor Adams não tinha nenhum interesse absolutamente no tema da segurança. — Não importa que reforcemos sua segurança, verdade, Doutor? - Perguntou Sam. Adams ondulou a mão vagamente. — Se os faz sentir melhor. O nó no estômago de Ryland aliviou. O Doutor Brandon Adams tinha uma mente similar a de Lily. Entendia-o. Somente estava interessado em seu sujeito. Não em Jeff Hollister, só em seu cérebro e no que este podia revelar. É todo seu Nico. Vamos. Ryland deu sinal aos outros e abandonaram a casa com o mesmo sigilo com que tinham entrado. O médico nunca soube que estiveram ali.
Capítulo 13 A casa seguia vigiada. Arly tinha guardas de segurança patrulhando, porém, os homens ocultos entre as sombras não eram civis. A Ryland preocupava ter sua equipe dividida. E estava preocupado por Lily. Estendeu-se para ela uma e outra vez nas últimas horas, mas não tinha respondido. Não tinha compreendido quanto contava com a conexão entre eles e o perturbava não poder tocá-la. Uma vez conseguiu que Jeff Hollister estivesse a salvo, concentrou-se em Lily, mas tinha sido incapaz de estabelecer qualquer tipo de ponte. Ao longo da tarde e a noite, Ryland foi se preocupando progressivamente. Ian tinha ido a ele duas vezes, dizendo que "sentia" perigo, mas não podia dizer por que. Ryland tentava ignorar a equipe militar que obviamente guardava a casa. Não ajudava que não pudesse tocar a Lily. Franzindo o cenho, moveu-se como Caminhante Fantasma, deslizando atrás das linhas para saber das posições do inimigo. Uma vez cruzou com um rádio ruidosamente no ar crispado da noite. Um guarda acendeu um cigarro, protegendo o brilho vermelho com a mão, mas o aroma flutuou no vento. Ryland os observou durante algum tempo, observando seu aborrecimento. A noite ia ser longa e fria para os vigias.
Finalmente divisou uns faróis e depois o carro de Lily subindo pelo passeio sinuoso. Ela estava em casa e seu mundo voltava a estar bem. O dia tinha sido muito comprido, o coração tinha palpitado na garganta cada vez que pensava nela sozinha no Donovan. Essa gente tinha conseguido assassinar seu pai, e Ryland temia, que com o passar do tempo e sem poder encontrar rastro dos Caminhantes Fantasmas, Higgens cedesse ao pânico. Satisfeito, moveu-se como o vento, silencioso, mortífero. Mesclou-se com os padrões salpicados das árvores e arbustos ao longo da linha da alta cerca. Arly havia dito que a cerca estava protegida com sensores e no solo havia detectores de movimento espalhados pela zona. Alcançou a linha das árvores logo atrás do imóvel, utilizando os grandes troncos das árvores como cobertura enquanto se introduzia mais profundamente no bosque. Ryland passou facilmente por dois guardas que mantinham uma aborrecida conversa perto da entrada do túnel mais próximo. A rosa de caule comprido que sustentava na mão estava desprovida de espinhos, ocupou-se disso pessoalmente. Desejou ter uma dúzia delas para Lily, mas tinha feito mais do que se sentia seguro. Burlando a segurança, tinha entrado em uma floricultura na volta de quando viu Jeff, deixado o dinheiro para uma só rosa perfeita sobre o balcão para que ser encontrado depois por um empregado assombrado. Não acreditava que pegar uma dúzia permitiria que passasse despercebido entre os vigilantes despreparados. Ryland percorreu velozmente as voltas e curvas do estreito túnel. A passagem chegava aos vestíbulos superiores. O pessoal de dia se foram fazia muito. Inclusive assim, atravessou a porta cuidadosamente, preparado para tudo, todos os sentidos alerta. A escuridão o saudou. Inclusive as luzes noturnas estavam apagadas. Não importava, moveu-se infalivelmente para sua meta. Ryland avançou de sombra em sombra, deslizando pela enorme casa com rapidez. Encontrou-se diretamente sob a escada que conduzia aos pisos superiores e à ala da casa onde seus homens estavam esperando. Subiu as escadas, porém virou à direita, para as habitações privadas de Lily. Permaneceu de pé dentro de seu dormitório, o som o golpeou primeiro. Suave. Amortecido. Lily, sua Lily, estava chorando. Deixou de mover-se, tão sacudido que realmente tremia. O som rasgou seu coração. Seus dedos se fecharam ao redor da rosa, um punho apertado contra semelhante engano. Levou um profundo fôlego até seus pulmões, reteve-o e deixou escapar lentamente. Seu pranto era mais do que podia suportar. Fazia-o sentir débil e convertia suas vísceras em uma massa. Recordava a si mesmo cada dia que era uma perda de controle, não resultava muito masculino em um homem das Forças Especiais, e menos ainda se Peter Whitney pôde realmente tê-lo manipulado de algum modo, mas nada disso parecia importar. Mais que tudo respeitava a coragem, a integridade e a lealdade, tudo o que Lily tinha em abundância. Não querendo sobressaltá-la, Ryland se aproximou. — Lily — Pronunciou seu nome brandamente, meigamente, com uma mescla de calor e fumaça. O ofego de Lily foi audível. Enterrou o rosto no travesseiro, girando longe dele, humilhada por ter sido surpreendida em um momento tão vulnerável. — O que faz aqui, Ryland? Arly me disse que tinha ido, que tinha ido verificar Jeff — Havia um fio em sua voz. Ouviu apesar do som amortecido pelo travesseiro.
— Lily, não estaria preocupada comigo, verdade? Não pode estar chorando por que sente medo por mim-—A idéia o alarmou e agradou ao mesmo tempo. Estendeu a mão para o abajur da mesa de noite. — Não — agarrou o pulso dele — Por favor, não. Ryland se deteve um momento duvidando, inseguro quanto a seu aspecto. Roçou com as pétalas aveludadas da flor um caminho ao longo da bochecha úmida pelas lágrimas, antes de posar a rosa cuidadosamente sobre o travesseiro junto a ela. Lily estremeceu, girou a cabeça para olhar a rosa, depois desviou o olhar para a cara dele. Havia tanta pena em seus olhos azuis que o golpeou, o debilitando. — Sinto muito por seu pai, Lily, sei quanto significava para você — sentou na beirada da cama, tirando cuidadosamente os sapatos, e depois atirou sua camisa ao chão junto à cama. Muito lentamente, para não alarmá-la, estirou-se junto a ela. Com infinita ternura a puxou para seus braços — Me deixe te abraçar, carinho, somente te consolar. Isso é tudo o que quero fazer agora. Não quero que volte a chorar assim nunca. Lily se aconchegou contra ele, enterrando a cara em seu amplo peito, relaxando no refúgio de seu corpo. Pôs a boca contra sua orelha, seu fôlego quente sobre a pele. — Não é por meu pai, Ryland. É tudo. Um momento de debilidade. Nada mais. Algo na voz dela o advertiu. Todo instinto masculino e guerreiro em seu interior ficou imóvel. Esperando. Inalou profundamente e cheirou...Sangue! — Que demônios? — Suas mãos apertaram possessivamente — O que te passou? Onde está ferida? Lily se agarrou a ele. — Foi no escritório de meu pai, procurei por lá, e encontrei um pequeno gravador ativado pela voz. Alguém entrou e me golpeou com força. Caí para trás e voltaram a me golpear enquanto caia. Levaram o gravador. Ele se esticou, um tremor percorreu seu corpo. A fúria foi veloz, vulcânica. Amaldiçoou muito brandamente em voz baixa. — Vou acender uma vela e te examinar. Quanto grave é a ferida e onde demônios estavam esses idiotas de guardas de segurança? — Chiou a pergunta para ela. Quando não respondeu, Ryland se estendeu ao redor dela para encontrar os fósforos em sua mesa de noite. A chama era pequena, um suave feixe quando acendeu a vela aromática. Deixou cair o fósforo no candelabro e agarrou seu queixo firmemente, girando seu rosto de um lado a outro para inspecionar o dano. O estômago se esticou, algo muito perigoso fluía dentro dele rugindo para que o liberasse. — Demônios! Lily viu quem foi? — Insistiu. — Justamente estava me virando quando me golpeou. Tive uma breve impressão dele e depois estava no chão — Riscou o cenho dele com a gema de seu dedo — Estou bem, um pouco rígida, mas viva. As mãos dele se moveram sobre sua cabeça. Mediu um grande vulto perto da têmpora e ela se sobressaltou quando as gemas de seus dedos a examinaram gentilmente. Uma expressão escura e predadora cruzou sua cara, brilhando nas profundezas de seus olhos, uma ameaça que a fez estremecer. Nesse momento, Ryland se inclinou para frente para
roçar as têmporas e bochecha com o calor de sua boca. — Supõe-se que tem guardas no Donovan. Onde demônios estavam esses inúteis? Onde estavam quando ocorreu tudo isto? Por que não estavam te vigiando? Nunca deveria ter deixado que voltasse ali. Demônios! Sou um oficial do exército, e deixo que um civil entre desprotegido em uma situação perigosa. - Tinha deixado ir ela... Lily... estava ferida. A voz dele era tão formosa que se filtrava através de seus poros até enterrar-se profundamente em seu corpo. Como sempre a comoveu como nada mais podia fazer. De algum modo sua cabeça pulsava menos com a preocupação dele. Tocou-lhe o rosto gentilmente, querendo o consolar. — Sabe que foi exclusivamente minha decisão e ninguém poderia me deter — Quando o sentiu se esticar continuou apressadamente — Disparou um alarme. Os guardas correram para ver se a segurança estava comprometida — Disse Lily cansadamente. Recostou atrás, colocando-se mais perto do calor do corpo dele sem ser completamente consciente ao fazê-lo. — Quando cheguei esta manhã, o Coronel Higgens se encontrou comigo e me acompanhou ao meu escritório. Phillip Thornton se uniu a nós e me disseram que queriam que tivesse guardas militares, porque temiam que você pudesse tentar me raptar. Insinuaram que podia ter sido você quem me atacou. Fez o mais pesado silêncio até que ele pôde tragar sua fúria. Ambos os homens sabiam que ele nunca faria mal a uma mulher. Deliberadamente seus dentes brancos surgiram, um sorriso malvado que fez que seus olhos brilhassem de prata. — Te raptar tem um lado muito erótico — zombou. Um pequeno sorriso de resposta curvou a boca suave e tremente dela apesar do ataque. — É tão escandaloso, Ryland. Somente a você ocorreria algo tão tortuoso. Ele esfregou o nariz contra seu pescoço. — Gosto de ser tortuoso, carinho, quando você está implicada — Seus dentes mordiscaram o lóbulo de sua orelha. — Há coisas mais interessantes que fazer — Apesar de seu intento brincalhão de sorrir, soava imensamente cansada. O coração deu Ryland deu um tombo. Atraiu-a mais perto dele, sentindo o corpo suave render-se ao dele. Ryland lutou por conter a reação de seu corpo, sabendo que ela necessitava consolo. Podia sentir a dor palpitando em sua cabeça. — Tomou algo para sua dor de cabeça? — Não tomaria nada deles, esperei até chegar em casa. Não estou com sono ou cansada somente, queria me deitar na escuridão e me compadecer de mim mesma. Ele roçou um beijo sobre seu rosto. Leve como uma pluma. — Necessita uma xícara de chocolate quente. Vou chamar Arly e fazer que traga um médico para te examinar. — Não! Não pode fazer isso, Ryland, não os conhece. Arly, John, Rosa, se voltarão loucos. Estou bem, seriamente, só um galo e uma dor de cabeça. E isto me dá uma grande desculpa para faltar ao trabalho um par de dias e ninguém pensará nada estranho.
— Não quero que volte ali. Não há necessidade. — Não, Ryland — Tocou com o dedo a perfeição esculpida de sua boca. — Não o que? Que não queira te proteger? Sinto muito, Lily, mas não há maneira de desaparecer esse instinto. Soube nesse dia em que entrou na habitação. Soube exatamente nesse pulsar de coração em que meu cérebro se voltou louco, a pele arrepiou e minhas vísceras se ataram tão apertadamente que pensei que explodiria. Entrou na habitação, Lily, estava tão condenadamente formosa que machucava. — Não recordo assim. Ele apertou o cabelo sedoso em sua mão grande, levando as mechas ao rosto para esfregálas ao longo de sua mandíbula. — Arrancou-me o coração no ato, senhora. Fui teu depois. Demônios! não pude fazer nada mais, sentir nada mais, a não ser desejar te proteger. — Ryland... — Olhou-a, com o coração nos olhos — Sinto o mesmo por você, porém estamos ambos realçados. Tudo o que sentimos é simplesmente mais intenso. Ele pegou a rosa do travesseiro e a colocou cuidadosamente na mesa de noite junto à vela. — Pensei nisso, estudando-o de todos os ângulos. Não acredito que o que sinto por você tenha algo absolutamente a ver com o realçamento, Lily. Atravessaria o inferno para te proteger. Não sou um desses homens agradáveis que sempre conheceu em seu mundo protegido. Não me veja assim, porque não sou. Está presa ao homem que sou. — Não quero que seja diferente, Ryland — Era verdade. Apesar de si mesma, não podia evitar amá-lo como era, tão protetor. — É mágica, Lily, pura magia. E é minha, Lily, toda minha. Sinto-me atraído por você porque é Lily Whitney, com mais valor em seu dedo mindinho que a maior parte das pessoas em seu corpo inteiro. Tem um cérebro, um senso de humor e um sorriso que me deixa fora de combate, e cada vez que estou perto de você, quero te arrancar a roupa. E demônios! Não vou te perder. — Não vai me perder — Suas pestanas se elevaram para proporcionar um olhar de seus faiscantes olhos azuis — Sabia que tiraria colação no sexo cedo ou tarde. Deslizou as mãos ao redor dela para embalar seus peitos sob o lençol. Encaixavam em suas palmas, quentes e suaves pétalas. — Esqueci de dizer que sempre cheira tão bem — Inalou profundamente, tomando a fragrância dela em seus pulmões onde formou redemoinhos, uma potente tentação — Deixa de me distrair deliberadamente, Lily, quero te dar um sermão. A boca dela se curvou, sua intrigante covinha apareceu. — Acredito que é você o que tem suas mãos em meu corpo, Capitão Miller, não ao contrário. Fechou os olhos brevemente, gemendo em voz alta ante as possibilidades que as palavras murmuradas dela conjuravam para ele. — A idéia de suas mãos sobre meu corpo é alarmante, Lily. Então começo a pensar no que poderia vir depois.Tem uma boca tão formosa. As coisas que poderia fazer com sua boca poderiam resultar interessantes. Uma pequena risada escapou; ela abriu os olhos observando seu rosto que revoava a
centímetros do seu. — A vida contigo será extenuante. Já sabe, verdade? — Deliciosamente extenuante — Concordou ele. — E pecaminosamente malvada. Seu sorriso foi afetado e satisfeito. — Deliciosamente e pecaminosamente malvada. Simplesmente embalava seus peitos entre as mãos, seus dedos a envolvendo possessivamente, mas ela sentia o calor começando a estender das mãos dele até seu corpo. Um ardor lento. Um delicioso ardor. O fôlego de Ryland ficou preso na garganta. Ela o olhava sem malícia, sem ocultar nada. Tinha o coração nos olhos. Amor. Aceitação incondicional. Lily Whitney estava a seu lado para sempre. E isso era ao mesmo tempo bom e ruim. Bom porque lhe pertencia. Mau porque acreditava que tinha que lhe proteger. Podia fazer que um homem duro caísse com força. A chama da vela oscilou, a luz se derramou sobre a face machucada de Lily. Sobressaltouse, separando o olhar dele. — Sinto-me tão estúpida. Meu pai gastou uma fortuna nos melhores instrutores de autodefesa do mundo. Pior ainda, no minuto em que dispararam os alarmes, inclusive antes, soube que haveria problemas. Ryland permaneceu em silêncio, sabendo que ela precisava falar disso. Estava tremendo, seu corpo suave muito perto do dele. Ainda lhe revolvia o estômago, muito consciente que não o tinha chamado no momento do ataque. Sua reação oscilava entre a dor e a fúria. — Estava procurando pelo escritório de papai, esperava encontrar algo que pudesse me mostrar quem o matou. Estive em seu escritório uma dúzia de vezes e sei que Thornton o averiguou minuciosamente, mas seguia pensando que encontraria algo. Ele beijou o galo sobre sua têmpora, deixando beijos ligeiros abaixo por sua face até a bochecha machucada. — É natural querer encontrar às pessoas que matou seu pai, Lily. E o faremos. — Encontrei o gravador atrás de um bloco solto de cimento. Golpeei meu dedo do pé quando estava tirando a cadeira para me sentar no escritório. Quando me agarrei ao escritório para me estabilizar, atirei o mouse no chão. Assim tive que me agachar sob o escritório para recolher o mouse e pude ver que o bloco não estava alinhado com a parede. Estava oco e simplesmente o tirei de seu lugar. — E é obvio, devem ter uma câmera escondida no escritório, assim estavam observando cada um de seus movimentos. Provavelmente imaginaram que o gravador tinha as anotações sobre o experimento que lhes diriam como seu pai fez para realçar nossas habilidades psíquicas ou algo incriminador. De qualquer forma, não podiam deixar que você o tivesse. Lily se derrubou para trás contra o travesseiro. — Sabia que tinham uma câmera. Sempre fui consciente disso, mas quando encontrei o gravador, fiquei tão completamente envolvida pelo achado que não pensei nisso, sofri de visão estreita. — Deixa passar, carinho. Qualquer um teria revisado o gravador — Seus lábios deslizaram pela pulsação em seu pescoço, seguindo abaixo para o oco do ombro, e detendo-se — Está
pensando em dormir sobre mim? — Sabia que ela dormiria pensando no ataque, na fita perdida. — Sim, dói-me tudo. Se ficar comigo, apaga a vela. Odiaria que a casa incendiasse. — Gostaria de ficar toda à noite contigo, todas as noites, mas não durmo vestido. Fez um pequeno silêncio. — Bem, tire a roupa. Ryland tirou rapidamente os jeans, não querendo que mudasse de opinião e o despachasse. Voltou a deitar, abraçando-a, inalando sua cálida essência, e tentando controlar seu corpo ao encaixá-lo protetoramente ao redor do dela. Ocorreu um pequeno silêncio enquanto seu coração pulsava e seu sangue palpitava através de seu corpo. Lily suspirou. — Respira muito forte. Ele riu brandamente. — Tenho um plano, carinho. — Bem, guarda para si mesmo um momento. E não se mecha tanto, dói-me a cabeça. Soava sonolenta, resmungona. Íntima. A calidez se estendeu por seu corpo, fazendo coisas curiosas a seu coração. Ninguém mais a via assim. Lily Whitney, tão controlada, tão perfeita no trabalho ou em público. Com ele era diferente. Suave. Vulnerável. Ardente. Resmungona. Sorriu amplamente até parecer um idiota. Lily estava profundamente impregnada em seu coração e mente e sabia que nunca desapareceria. Concentrou-se na vela, movendo o ar até que a chama se extinguiu e a habitação ficou uma vez mais escura. Abraçá-la era o céu e o inferno de uma vez, mas podia com isso. Seus dentes mordiscaram o ombro nu. — Estou faminto, Lily. Ela deixou escapar um som suave e satisfeito e se aconchegou mais contra seu corpo. — Estará faminto amanhã. O sorriso dele estava em sua voz. — Se dá conta que fica resmungona quando está faminta? Já tinha percebido antes. Estava massageando sua pele, suas mãos cálidas, fortes e consoladoras em meio da noite. O corpo de Lily estava relaxado e sua dor de cabeça aliviava sob seus cuidados, suspirou brandamente. — Vai me chatear até que se saia com a sua, verdade? Seus dentes fortes mordiscaram o lóbulo da orelha. — Absolutamente, carinho. Tenho que conseguir comida. E sei que você não comeu nada — Saiu de sob as mantas. — Não me sinto muito faminta — Observou Lily. Ryland a deixava sem fôlego com seu jeito completamente desinibido de sempre. Não parecia saber o que significava a palavra "modéstia". Seus músculos se ondeavam e seu corpo se deslizava, fluído e poderoso. Não podia desgrudar os olhos dele. Com um pequeno suspiro de arrependimento por perder sono, jogou para trás o lençol e o seguiu, vestindo a camisa dele sem abotoá-la. — Estou faminto — Ryland não se voltou, continuou caminhando, magnificamente sensual, saindo do dormitório como um grande felino da selva. Enquanto atravessava o espaço aberto do vestíbulo, pegou várias velas de uma prateleira de mogno.
— Você sempre está faminto — Repetiu Lily — Vai à cozinha? Está louco! Estamos no meio da noite — apressou-se atrás dele, as abas da camisa roçavam suas coxas nuas enquanto caminhava — Não estava brincando quando disse que não podia cozinhar. Nem sequer com um microondas apropriado. — Sou bom cozinheiro. Por outro lado, tenho planos para depois quando não estiver tão machucada — voltou para olhá-la sobre o ombro, seus olhos cinzas brilhavam maliciosamente. Seu olhar percorreu seu corpo possessivamente, avidamente, acariciando suas suaves curvas abertamente — Preciso recuperar as forças. — Não necessita muito mais força, Ryland — Soava cansada, mas seus mamilos se esticaram sob o ardente olhar e profundamente em seu interior floresceu a excitação — Tem pelos dois. E para sua informação, tenho suficiente resistência à dor para intumescer a um elefante. — Não vi muita resistência enquanto estava te examinando. — Pressionou muito forte sob a camiseta! Honestamente, estou bem. — Estaria melhor se dissesse a verdade — Enquanto entravam na cozinha Ryland acendeu despreocupadamente as velas e as colocou sobre o balcão para iluminar. Sorriu para ela — Cozinhar a luz de velas faz toda a diferença do mundo. Aí é onde se equivocou seu chef gourmet. Não tinha alma. Lily estalou em gargalhadas. — Deve ter sido um menino terrível. Certamente conseguia algo quando lançava a sua mãe esse teu sorriso matador — apoiou-se contra o balcão mais afastado e o estudou, tomando nota de cada centímetro de seu corpo. Estava em forma, cada músculo marcado. E se movia com facilidade pela cozinha, totalmente nu, semi-erecto e sem preocupar-se com isso. Seu corpo a fascinava quase tanto como sua mente. Adorava sua falta de modéstia e a forma que nunca parecia o incomodar o não poder esconder o muito que a desejava. Ryland desfrutava tendo seus olhos sobre ele. Inclinou-se para espiar dentro da geladeira, refletindo sobre o conteúdo, tirando vários artigos, tudo enquanto sabia que o olhava. Seu corpo se inchou inclusive mais ante o conhecimento do exame. Sentia-se satisfeito estando perto dela. Escutando o som de sua risada. Necessitava ouvir o tom calmo de sua voz. Desejava estar com ela, não só unindo seus corpos; queria um compromisso. Sua camisa sobre ela era muito grande, cobrindo seu corpo, mas abrindo-se para revelar intrigantes olhadas de seus suaves peitos. Podia ver as sombras do escuro triângulo de cachos na conjunção de suas pernas. As bordas da camisa tentavam a seus sentidos com rápidos vislumbres quando ela se movia, ocultando tesouros. — Fui um menino maravilhoso, Lily — Disse — Como será nosso filho. A sobrancelha dela se arqueou. — Vamos ter um filho? — Ao menos um. E um par de filhas também — moveu-se passando junto a ela, deslizando a mão sobre o estômago plano, acariciando, roçando a ponta de seus dedos brincando com os cachos negros na união das pernas antes de avançar para a pia — Lily! Olhe isto. Aqui tem massa de pão. Um estremecimento de excitação a percorreu. Seu corpo se esticou em reação ao toque dele. — Rosa deixa com freqüência massa de pão porque sabe que adoro pão fresco. Acerta para
pô-lo no forno eu mesma. Ele deteve seu movimento para olhá-la cinicamente. Lily encolheu seus ombros. — De acordo, escreveu as instruções e as guardo na gaveta junto ao forno — aproximou-se, desejando toca-lo — Quer ter meninos algum dia? — A idéia de ter seus filhos crescendo em seu interior a comoveu. Colocou a palma da mão sobre seu próprio estômago, guardando inconscientemente a um menino. — Não algum dia — Corrigiu ele — Logo. Não estou ficando mais jovem — Levantou o pequeno pano de cozinha que cobria a massa de pão — Cilindros de canela, soa bem, você o que acha? — Estendeu a mão para pôr o forno em pré-esquentar. — Comigo? Quer ter filhos comigo, Ryland? Ele produziu um ruído grosseiro enquanto começava a combinar os ingredientes em uma tigela. — Tenta seguir o fio, carinho, tem um alto coeficiente intelectual. Sei que pode se tentar. Lily esfregou a gema do polegar pelo lábio inferior. — Deve ter sido um menino monstruoso, Ryland. Deve ter se metido em problemas todo o tempo — caminhou até o outro lado do balcão, o observando intensamente, uma idéia atrevida formando-se em sua cabeça. Estava tão seguro de si mesmo. E fazendo seu melhor esforço por ignorá-la enquanto trabalhava. Rodeou o balcão para colocar-se junto a ele. Ryland levantou de novo o olhar. — Estou trabalhando, e a luz da vela sobre seu peito me distrai. Fica em algum lugar nas sombras. Lily sacudiu a cabeça. — Acredito que poderia ser útil um pouco de ajuda — Estava olhando as mãos dele trabalhando a massa, não a ele, mas sua voz tinha uma nota rouca e sensual, o incitando, o excitando instantaneamente. Um calor escuro o atravessou, roubando o fôlego. Não se atrevia a falar, não queria romper o feitiço sensual que Lily estava tecendo. Começou bater ingredientes em uma pequeno tigela misturando-os, seus movimentos seguros e práticos. Lily puxou os músculos cordados das pernas dele, o obrigando a se afastando do mostrador. Abaixou uma pequena prateleira diretamente diante dele, uma pequena tabela que usava como tamborete onde subir quando menina. O ar abandonou de repente os pulmões do Ryland. — Não posso imaginar como vai ajudar me — Aventurou, sua voz tão rouca que apenas a reconheceu. — Estava acostumado a subir nisto quando pequena e queria chegar às despensas — Puxou a prateleira de tudo para que ele pudesse ver as perna desdobradas — Pensava me sentar aqui simplesmente e te observar trabalhar. Não se importa, verdade? — Sente-se — Deu a ordem grunhindo. Uma única palavra foi tudo o que pôde pronunciar. Lily se sentou lentamente no pequeno tamborete, colocando-se diretamente de frente para ele. Seu corpo nu estava perto, ardente e duro.
— Sabia que seria a altura perfeita. Você simplesmente trabalha e me deixe ver o que posso fazer para te manter relaxado. Lily tinha sonhado com isto. Desejava isto. Era muito tentador para resistir. As coxas dele eram fortes colunas, e Lily as roçou cuidadosamente com a ponta dos dedos. Já estava mais grosso, mais duro, ansioso pelo sedoso calor de sua boca. Suas mãos encontraram suas nádegas, acariciando, incitando-o a dar um passo mais perto. — Está seguro que não te distrairei? — Deliberadamente prolongou o momento, seu quente fôlego fluindo sobre a pesada, aveludada e muito avermelhada cabeça. Antes que ele pudesse responder, sua língua dançou em uma carícia — Porque não quero te distrair. Os cilindros de canela soam muito bem. Quentes, cristalizados e especiais. A respiração de Ryland disparou. — Lily — Foi uma ordem. Nada menos. Ela riu brandamente. — Não tem paciência, verdade? — Queria o voltar louco, sentir-se poderosa e de posse do controle, embora tinha pouca experiência e agora que tinha insistido, temia o decepcionar. — Posso ler seus pensamentos, carinho — disse ele meigamente. Agarrou seu cabelo na mão, esmagando as mechas em sua palma — Tudo o que faz me agrada. Quando estamos assim, isto é tão intenso entre nós, é tão fácil captar o que queremos. Abre sua mente para mim, como me abre seu corpo. Está tudo em minha cabeça, cada fantasia erótica que tive sobre você. E cada uma das que você teve sobre mim. — Tem algumas idéia interessantes — ela admitiu. — Igual você — observou ele. Lily se inclinou para frente e o tomou em sua boca, quente, úmida e apertada, sugando gentilmente, sua língua brincando e dançando, sobretudo fazendo que o prazer disparasse por seu corpo e explodisse como um vulcão em seu estômago. Um estremecimento o percorreu quando a boca dela se apertou e sua língua o lambeu, as mãos urgiam seus quadris para encontrar seu ritmo. Por um momento sua mente desejou romper em pedaços com o prazer pulsante que o rasgava. A luz das velas jogava sobre a cara dela. Estava tão bonita com o cabelo sedoso e a escura paixão de seus olhos. Suas mãos se imobilizaram enquanto se via deslizando dentro e fora da boca dela, desejando que a visão ficasse gravada em seu cérebro para sempre. Isto era como supunha que devia ser. Lily o amando, brincando com ele. Ryland lhe dava o mesmo em troca. O mundo de ambos. Sua fantasia. E estava decidido a converter cada uma das fantasias de ambos em realidade. Lily o necessitava em seu mundo perfeito. Necessitava paixão e amor e que a sacudissem a cada certo tempo. Ryland obrigou a suas mãos a moverem-se, moldando a massa que estava fazendo, estendendo-a sobre o balcão diante dele. Tudo enquanto o prazer percorria seu corpo. Amassou a massa cálida, suas mãos rítmicas, seus quadris empurrando para frente enquanto a boca dela se apertava, seguindo com brincalhona insistência. Os dedos de Lily eram como asas de mariposas às vezes, e a seguir fortes e exigentes. Envolveu a mão ao redor de sua dura ereção, apertando, seguindo o ritmo dele, sua boca tão quente como as chamas que rugiam na barriga dele. Um som escapou da garganta de Ryland.
— Acredito que encontramos onde esconde sua criatividade. Tem uma forma maravilhosa de demonstrá-la — Todo seu ser, sua existência parecia estar concentrada no calor de sua sedosa boca. Agarrou-a, detendo todo movimento antes que fosse muito tarde — Suficiente, Lily, quero que esta vez seja para você, não para mim — Arrastou-a fora da pequena prateleira. Seu corpo se deslizou sobre o dele, suave e tentador. Ryland apertou os dentes, mordendo-se para conter outro gemido enquanto a levantava até o balcão — Sente-se aqui, não faça nada, só se sente aqui. — Estava me divertindo — queixou-se ela, tirando o cabelo do rosto. A ação abriu a camisa, assim seus peitos ficaram completamente expostos. Sorriu. — Pensei que havia dito que era eu o impaciente — Juntou rapidamente a massa, inserindo a mistura na tigela com o resto — Teremos suficiente tempo uma vez que tenhamos isto no forno — Já estava convertendo as palavras em ação. Quando se voltou para ela, o olhar em sua cara fez que o coração pulsasse de antecipação. Aproximou-se como um tigre à espreita, toda brincadeira sumida, seus olhos ardentes, queimando com intensidade. Observando-o, o coração de Lily se acelerou. Não poderia ter se movido nem que sua vida dependesse disso. Hipnotizava-a com seu calor e fome. Ryland estendeu a mão em sua busca, abrindo suas pernas amplamente para acomodar seu grande corpo. Arrastou-a mais perto, depois a inclinou para trás, tombando-a sobre o balcão. A luz da vela brincava adoravelmente sobre as curvas e ocos de seu corpo, tocando e acariciando com luz vacilante. As mãos dele foram gentis enquanto a emolduravam, movendo-se sobre ela, seguindo a luz brincalhona. — Sabe o formosa que é para mim, Lily? — Casualmente afundou o dedo em um pequeno jarro de geléia de morango e pintou uma linha para baixo no vale entre os peitos até o umbigo. — Sei que te deixo me fazer coisas escandalosas — Disse ela, com a respiração presa na garganta. Era a forma em que a olhava. Como se fosse a única mulher no mundo. Como se estivesse tão faminto dela que não pudesse passar a noite sem ela e não importasse quem soubesse. Sua mão acariciou a úmida entrada, largas e lentas estocadas, mas sem entrar nunca completamente. — Nem sequer começamos com as coisas escandalosas — Murmurou ele e inclinou a cabeça, sua língua seguindo o rastro de morango. Lily estremeceu de prazer, o ar frio brincou com seus mamilos até convertê-los em picos tensos e ágeis. A sensação da língua lambendo sua pele, pausadamente, como se tivesse todo o tempo do mundo para desfrutar dela, aumentava a antecipação. Seus quadris se moveram inquietamente em convite. Ele respondeu empurrando dois dedos profundamente com tentadora lentidão. Ofegou quando os dentes arranharam seu mamilo, quando a boca se fechou sobre seu peito, a sensação quase a levantou do balcão. Depois seguiu o morango por seu estômago, formando redemoinhos ao redor do umbigo, afundando a cabeça para captar o sabor dos apertados cachos. — Está me matando — Suas mãos encontraram seu cabelo, enredando-se profundamente nos cachos.
Ele respirava fogo entre suas pernas. Empurrando os dedos profundamente, levantando a cabeça para poder observar como seus olhos se nublavam. Aumentava seu próprio prazer ver como respondia. Quando se retirou, ela empurrou, montando sua mão, agarrando-a profundamente, procurando alívio. A cabeça arremessou para trás, as costas arqueadas, os peitos saltando tentadoramente quando se movia, incitando-o a enchê-la completamente. Simplesmente sorriu, mantendo o ritmo lento, soprando ar quente contra o montículo quente. Antes que ela pudesse pensar, que pudesse raciocinar, retirou os dedos completamente e os substituiu por sua língua, apunhalando profundamente. Ela deixou escapar um som, em alguma parte entre um grito e um gemido, e seus dedos agarraram seus cabelo, arrastando-o mais perto. Seu corpo irrompeu tremor atrás de tremor. Pensando que se aliviou, Lily tomou fôlego só para ser conduzida diretamente até as nuvens uma segunda vez, quando agarrou suas coxas firmemente, mantendo-a aberta à sua sedutora exploração. Queria-a assim, estendida ante ele, aberta para ele, seu sabor e gritos o levando à loucura. Tinha sonhado com isto tantas vezes, acordado com uma dura e dolorosa ereção e sem Lily para proporcionar alivio. Permitiu-se ser indulgente consigo mesmo, levando-a a ponto de alívio só para se deter, retrocedendo enquanto ela se retorcia e suplicava. Estava quente, um inferno feroz, e soube o que seria estar enterrado profundamente dentro dela. Suas mãos se moveram sobre seu corpo, explorando cada oco secreto, cada sombra, estabelecendo sua reclamação, deixando que ela soubesse que lhe pertencia. Como ele queria pertencer a ela. Tudo enquanto sua boca e seus dedos a levavam ao limite. Lily quase soluçava de desejo. — Por favor, Ryland, não posso mais — Dizia a sério. Seu corpo estava ardendo em chamas e estava se afogando, afogando na sensação. — Sim, pode, Lily — disse ele brandamente, elevando a cabeça, chupando o sabor dela de seus dedos — vai tomar-me totalmente em seu interior onde pertenço. Quero que saiba que nenhum outro homem te fará nunca isto. Vou te conhecer tão intimamente que nunca pensará em me deixar. Soava tão arrogante que Lily sorriu. Não tinha pensado em outro homem desde que tinha pousado seus olhos nele. E certamente nunca tinha desfrutado da idéia de fazer nenhuma das coisas que estava fazendo com ele, com algum outro homem. — Deixa de falar e tenhamos um pouco de ação — Implorou. Ele capturou seus quadris, arrastando-a fora do balcão e a voltou, de forma que pôde colocá-la de costas sobre a prateleira baixo. Tinha um traseiro bonito. Adorava observá-la caminhar, o balanço de seus quadris era sempre tão tentador. Uma mão a agarrou pela nuca, mantendo-a em posição enquanto sua palma áspera acariciava as nádegas. — Está cômoda com a cabeça assim baixa? Não quero te fazer dano. Ela riu brandamente, empurrando para trás contra sua mão. — Não estou pensando em minha cabeça agora, Ryland. Mediu-a uma última vez, querendo assegurar-se de que estava preparada para ele, sua mão separando suas pernas enquanto pressionava insistentemente em seu ardente canal.
Já estava no limite do controle igual a ela. Empurrava para trás ansiosamente enquanto ele empurrava com força. Ela era suave veludo, suficientemente quente para fazê-lo arder em chamas, tão apertada que era como se um punho feroz lhe apertasse, apertasse e sugasse. Ela não podia mover-se, indefesa na posição que a tinha forçado a tomar, e isso lhe proporcionava uma sensação de poder. Afundou-se uma e outra vez, enchendo-a por completo, forçando seu corpo suave e flexível a tomar cada centímetro dele. Ela igualava seu ritmo, gritando brandamente enquanto seu corpo estremecia de prazer. Seguiu bombeando dentro dela, duras estocadas, movendo-se dentro e fora, empurrando profundamente, uma paixão brutal o aferrava, tomando ferozmente. Lily se deixou levar, o orgasmo a atropelou como um trem de mercadorias, destroçando-a com imensa força. Seu corpo estremeceu, a sensação tão assustadora que lutou por não chorar de puro prazer. Ficou ali debilmente, exausta, incapaz de mover-se, com Ryland profundamente enterrado dentro dela. — Lily, me diga que está sentindo o que sinto — Disse ele, movendo a boca contra a nuca dela — Não te fiz mal, verdade? — Ajo como se me tivesse feito mal, tolo? Mas quando recuperar suas forças, espero que me leve nos braços à cama. Não voltarei a caminhar nunca. As mãos dele riscaram a linha de suas costas, massageando, explorando, adorando. — Não sei o que fiz para merecer isto, Lily, mas obrigado! Ela girou a cabeça para lhe sorrir, ainda muito frouxa para mover-se. Totalmente satisfeita, e, completamente relaxada. O calombo em sua cabeça estava palpitando, mas não importava. Ele nunca deixava de tocá-la, nunca deixava de olhá-la. Tomava o que queria, mas lhe dava muito mais em troca. — Alguém alguma vez te disse quão formoso é, Ryland? Embalou seus peitos, seus polegares roçaram os mamilos, saboreando a forma em que os músculos dela se esticavam a seu redor com cada roçar. — Não, mas não me importo absolutamente se quer me dizer isso Agora mesmo, você me parece preciosamente magnífica — E dizia a sério. Passou um longo momento antes que conseguisse levantá-la entre seus braços e leva-la de volta a sua habitação. Deleitaram-se com os cilindros de canela e presunto antes de tomar uma longa e muito erótica ducha juntos. Muito depois que Lily dormisse entre seus braços, Ryland seguia olhando ao teto. Aquela parte dele escura e perigosa tinha sido despertada. Alguém se tinha atrevido a pôr as mãos sobre Lily. Esse tinha sido um engano muito grave.
Capítulo 14 Lily examinava seu rosto no espelho. O hematoma em sua bochecha era muito pronunciado para ser ignorado. — Não acredito que poderá ocultar esse arroxeado de Arly — disse Ryland — Está muito...colorida. — OH, nem sequer pronuncie seu nome. Vou me esconder todo o dia. Possivelmente poderia mentir por mim e dizer que fui ao laboratório — Franziu o cenho e tocou a zona negroazulada. A bochecha estava vermelha e havia um galo inconfundível em sua têmpora. Arly e Rosa iriam se pôr como visgo com ela. E John, o doce John, provavelmente seus olhos se alagariam de lágrimas. Mas era uma boa desculpa para não ir trabalhar. — Tenta se aproximar desse lugar! — desafiou Ryland — e te delatarei tão rápido ao Arly que sua cabecinha balançará de um lado a outro. Fez uma careta. — Sua verdadeira cara começa a se mostrar. Tem uma veia teimosa — Esquadrinhou seu próprio rosto de novo. Nenhuma quantidade de maquiagem ocultaria as marcas púrpuras e azuis — vou ter que enviar Arly ao Alaska em missão especial. — Conquanto não volte para o Donovan hoje — Ryland ofereceu o telefone, e ficou olhando enquanto discava e deixava mensagem ao Thornton dizendo que trabalharia em casa até que o inchaço do rosto sumisse. Lily devolveu o telefone a Ryland. — Tenta não parecer tão arrogante — disse-lhe — Tinha toda a intenção de ligar hoje, não teve absolutamente nada a ver com suas maneiras mandonas. Acredito que dar ordens a seus homens subiu a sua cabeça. — Isto é uma dessas coisas de mulheres? — A sobrancelha de Ryland se arqueou — Porque se é, volta a se olhar ao espelho, senhora. Lily o ignorou e recolheu o cabelo num coque apertado. Seu olhar saltou até ele quando emitiu um ruído com a garganta. — Isso foi um grunhido? Tem algum tipo de aflição que precise me falar? — Não estava grunhindo. Foi um protesto involuntário. — Foi um grunhido, e por que poderia estar protestando agora? É uma pessoa que custa contentar, verdade? — Perguntou Lily séria e um arco aristocrático de sua sobrancelha perfeitamente arqueada. — A que custa contentar? — repetiu ele — Lily, está louca. Não acredito que tenha nem idéia do que diz. Os homens obedecem minhas ordens porque confiam que sei o que estou fazendo em situações de alto risco — Ninguém desobedecia ou questionava suas ordens. Até que chegou Lily. — Seriamente? — Olhou-o por debaixo do nariz, de princesa a plebeu — Os homens
obedecem as suas ordens por causa de sua profissão. As mulheres pensam as coisas e decidem por si mesmas o que fazer — Aplaudiu-lhe a cabeça, seus dedos atrasando só um momento em um cacho em espiral — Não se preocupe, agora que conheço seu pequeno problema de ego, farei o que possa para parecer arrebatada quando se golpear o peito. — Pequeno problema de ego? Não tem nada mau com meu ego! Como demônios conseguiu dar a volta para isto? Mulher! Segue assim e vai se inteirar o quão duro sou realmente. Lily pareceu divertida. — É obvio. Sexo. Quando estão perdendo numa discussão, os homens saem com implicações sexuais. Deduzo que está se referindo a sexo duro como algum tipo de gratificação de homem das cavernas. Tenho lido sobre isso, mas nunca tive uma experiência dura, não me soava muito estimulante. — Gostaria que remediasse a situação para você? — Ofereceu Ryland com exasperação — Estarei mais que feliz de te proporcionar um exemplo. Quero ver esse livro que segue se referindo, e maldita seja, Lily, se está rindo de mim, te porei sobre meus joelhos. Sempre é tão chata? Ela se inclinou para beijar sua sombreada mandíbula. — Fico pior se alguém tenta me dizer o que devo fazer. Pergunta ao Arly. Inclusive meu pai se rendia após um momento. Dizia que eu tinha problemas com as figuras autoritárias — sua mão acariciou a leve barba do queixo e nesse momento um delicioso tinido começou instantaneamente na conjunção de suas coxas. Poderia sentir novamente o raspar contra sua pele, aumentando seu prazer. A mão dele capturou a sua e empurrou seus dedos dentro da boca. Um por um. Lentamente. Sugou cada dedo. Sua língua se enroscou ao redor da pele, molhando, brincando e dançando. Um lento ardor começou profundamente em seu centro, estendendo calor líquido como um fogo através de suas veias. Lily pulou longe dele. Seus olhos dançando. Sua pele ruborizada. — Deveria ser ilegal. Ryland sorriu, agradado por sua resposta. — Estou ilegal. E não me importa que adule meu ego quando é genuíno. Os olhos dela abriram. Sua boca se abriu, mas não saiu nada. Lily sacudiu a cabeça. — Vai, tenho trabalho a fazer. Tenho de encontrar todas as fitas que filmou meu pai sobre o primeiro experimento e repassar cada um dos exercícios. O que funciona o que não. O sorriso dele ampliou fazendo que seus olhos cinza prata se iluminassem. — Lily recorre à ciência e ao trabalho quando está perdendo. — Não perco — Ela espetou instantaneamente — Nunca perco. Simplesmente decidi não continuar com esta estúpida discussão quando há trabalho a fazer. Vai e chateia seus homens. Provavelmente estão todos preparados para uma sessão murro de peito. — Não é tão divertido quando há somente uns poucos homens. Quando crê que teremos notícias do doutor sobre o estado do Jeff? — Estou segura que me chamará hoje — afastou-se dele e caminhou para as habitações exteriores. Ryland manteve o passo facilmente. — Vou contigo, Lily. Dois pares de olhos são melhor que um.
Deteve-se no lugar, sem olhá-lo. — O pessoal de dia está aqui e não é seguro, poderiam te ver. — Posso despistar seu pessoal diurno sem problemas, Lily, essa não é a razão pela qual reluta em me deixar ir contigo. Não quer que veja essas fitas de sua infância. Sua voz foi tão estranhamente gentil, tão tenra, que o coração de Lily deu um tombo e teve que piscar para conter as lágrimas. — Sinto-me traída quando as vejo, e se você as vê, sentirei como se estivesse traindo a ele. O que fez foi mal, Ryland. Fez-me bastante mal, porém às outras meninas, mulheres agora, que não tiveram o luxo desta casa e as pessoas que moram nela. Têm que ter lutado, talvez inclusive estejam em instituições. Isso não está bem. Nunca estará bem e nada do que eu faça mudará isso. Ryland agarrou sua mão, pressionando um pequeno beijo em sua palma aberta. — Aprendeu a amar através de você, Lily. Aprendeu o que era bom e o que era mau e os princípios morais através da experiência e de te amar. Não se sinta culpada por querê-lo. Tentou fazer o correto por você. Sabia que era inadequado, assim se cercou de outros que encheriam os ocos. E lhes deu um lar, uma sensação de propósito, uma família. Poucas pessoas são totalmente más ou totalmente boas, Lily. Há sombras de ambas as coisas na maior parte das pessoas. Ela assentiu. — Já sei, Ryland, mas isto dói. Entrar nessa horrível habitação e a volta dessas lembranças... Observar essas fitas e ouvir sua voz. Não signifiquei absolutamente nada para ele naquela época. Posso ouvir a impaciência quando não fazia as coisas a seu gosto. Rosa que era a enfermeira então, era uma mulher muito mais jovem, e parece muito diferente, tenta me consolar e lhe grita todo o tempo — pressionou a mão contra a cabeça, ainda negando-se a olhá-lo. — Lily, por que se empenha em passar por isso? — Necessito a informação por todos nós. Por seus homens, por essas meninas. Quando isto acabar, embora me leve toda a vida, vou encontrar a cada uma dessas mulheres, e me assegurarei de que cada uma delas estejam bem. — Não tem que estar sozinha ao vir às fitas — Apertou os dedos ao redor dos dela — Somos companheiros em todos os sentidos da palavra. Sei que gostava de seu pai, e não tem que pedir perdão por isso, Lily. Esse homem te queria e fez o que pôde para te proporcionar um lar, uma família, e a melhor educação que pôde. Não há nada do que se envergonhar nisso. — A vergonha está em que você veja — Insistiu Lily — Ele me olha como se eu fosse um espécime. Não quero que veja isso. Não posso permitir que me veja assim — Não podia encontrar as palavras para explicar quão diminuída se sentia. Reduzia-se a essa menina assustada e indesejada em uma casa cheia de desconhecidos. Ryland a veria assim. Não podia suportar isso. — Quero-te, Lily — Agarrou-a pelo queixo, elevando seu rosto — adorarei a essa pequena porque ela está em você. Lily apartou a cabeça. — Ryland, não. Não sabe isso. Não sabe o que vai sentir por mim quando vir essas fitas. Começou a protestar, detendo-se bruscamente quando notou que a mão dela tremia. Morria por ela, sentia sua confusão interna, sua dor o afligia, o ultrapassando. — Se fosse tão frívolo, Lily, que não sentisse o mesmo por você porque foi maltratada quando menina, então deveria averiguar agora. Realmente pensa isso de mim?
Ela fechou os olhos durante um momento. — Não, Ryland. Simplesmente é duro para mim me sentar ali e vê-lo. Saber que é realmente certo. Ele nunca me preparou, não tinha nem idéia de nada. — Só tenha em mente que seu pai aprendeu a te amar. Deu-lhe algo que nem todo o dinheiro do mundo poderia comprar. — Não é essa a questão, Ryland? — Pela primeira vez, sua voz foi amarga — Ele nos comprou e quando tudo foi mal utilizou seu dinheiro para se livrar do problema. — Nesse momento, Lily, não conhecia outro caminho — Deslizou o braço ao redor dela, arrastando-a sob o amparo de seu ombro — Enfrentaremos juntos. Não será tão difícil se estivermos juntos. Ela permaneceu tensa, mantendo-se separada dele. — Sou parte de você. Você goste ou não, sou parte de você. Sinto o que você sente. Está aí, Lily, e sempre estará aí, estejamos separados ou não. Leve me contigo! Lily o olhou então. Seu olhar azul percorreu sua cara, estudando traço a traço. Procurando algo. Elevou uma silenciosa prece esperando que encontrasse. — Confiou completamente em mim ontem à noite, Lily, isto não é diferente. Tem que acreditar em mim. — Isto não se refere somente a mim — Sussurrou, desejando que entendesse, desejando que compreendesse o que estava lhe pedindo. Estavam todas essas outras meninas. Devia-lhes algo. Privacidade. Respeito. Amparo. Os dedos dele massageavam sua nuca, inclusive enquanto com seu corpo a instigava a descer pelo comprido vestíbulo para as sinuosas escadas. — Sei o que se sente ao querer cuidar de outros. Ao ter que cuidar de outros. É inato e foi inculcado em nós, não o podemos evitar. Compartilha isto comigo e me deixe fazer isso mais fácil. Lily sabia que iria com ela. Necessitava-o ali, porque esta vez tinha que ver tudo. Tinha uma obrigação com Ryland e seus homens. A informação dessas fitas era de valor incalculável para eles. E possivelmente para as meninas dessas fitas. Tinha que ver todas as fitas desta vez, não podia permitir o luxo de estender esta tarefa no tempo. Ryland era sincero em suas palavras, deslizou junto aos trabalhadores com facilidade, esperando pacientemente enquanto ela abria a fechadura da porta do escritório de seu pai. Entrou e depois retrocedeu para observá-la fechar para evitar que alguém os incomodasse. — Providenciou que Arly soubesse onde estaríamos? Lily fez uma careta. — Estou evitando Arly. Está contrabandeando comida às costas de Rosa para seus homens. Felizmente sempre teve uma suíte completamente privada, assim compra na loja de comestíveis todo o tempo. Não quero que Rosa saiba nada disto até que tudo termine. — Para ir limpando aos homens, me proponho encontrar a alguém que nos ajude. Se não for Ranier, encontraremos a alguém acima dele, Lily — Seguiu-a escada abaixo, notando que coxeava mais do habitual — A perna dói? Ela se voltou para olhá-lo, e o estômago dele esticou com força quando teve outra visão do hematoma negro-azulado na bochecha e na têmpora. Uma onda de raiva, de necessidade de ação violenta, formou redemoinhos na superfície. Sentiu o súbito desejo de voltá-la para cima e
encerrá-la em algum lugar seguro. — Não tinha notado que voltava a coxear. Algumas vezes os músculos se endurecem e é doloroso. Não resto muita atenção. — Como ocorreu? Lily encolheu de ombros enquanto entrava no laboratório. — Em realidade ninguém nunca fala disso. Se o trago à luz Rosa se aborrece e se benze. Diz que não fala de coisas malvadas. — Sua perna é algo malvado? — Ryland não sabia se zangava ou ria. — Não minha perna, tolo! — Lily estalou em gargalhadas, as sombras escuras nas profundezas de seus olhos desvaneceram instantaneamente — Com Rosa tudo é potencialmente maligno. Cair ao solo pode ser malvado se aterrissar mal. Quem sabe? Não indago muito atentamente as estranhas idéias de Rosa — Ondulou a mão para a parede mais afastada onde livros, fitas e discos estavam alinhados nas paredes — Estão organizados. Acredito que as primeiras fitas contêm a maior parte dos exercícios que estamos procurando. Não era fácil enfrentar essa fria habitação com Ryland a seu lado. Lily sorriu, incapaz de expressar em palavras como se sentia, quanto significava que se importasse o suficiente para insistir em estar com ela. Ryland a observou deslizar a mão sobre a coleção de vídeos. Havia tantos. Pôde senti-la relaxar com ele, mas havia uma apreensão indiscutível nela quando tirou vários vídeos da prateleira. — A maioria das fitas é narrada por meu pai, mas também tinha vários diários conjuntos a cada vídeo nos quais acrescentou mais dados e seus pensamentos sobre o que averiguava — Lily tentou manter a voz estritamente neutra. Ryland se acomodou no comprido sofá. Peter Whitney obviamente tinha passado muitas horas nestas habitações e devia ter utilizado o sofá para dormir. Lily ligou o vídeo. Várias meninas pequenas estavam sentadas em carteiras. Cada menina estava penteada com tranças e vestidas todas com camiseta cinza sobre calças jeans. Ryland sentiu retorcer o coração quando compreendeu que a pequena à esquerda da tela era Lily. Olhou para Lily, sua expressão estava cuidadosamente em branco e olhava diretamente em frente à tela. Durante as seguintes três horas, Ryland observou às pequenas levar a cabo cuidadosamente exercícios mentais. Peter Whitney parecia esquecer que eram meninas, as recriminando por vagabundear, gritando com desgosto se choravam. Quando uma pequena se queixou de dor de cabeça, disse que era sua culpa por não trabalhar o suficientemente duro. Lily permaneceu em silêncio durante as duas primeiras fitas, observando cuidadosamente cada exercício que Whitney encarregava às meninas e seus comentários sobre quais pareciam fortalecer os escudos e permitir alguma pausa do assalto exterior de som e emoção sobre elas. Whitney cedo observou que certas meninas pareciam ser âncoras para as outras, permitindo funcionar melhor. Separou às âncoras e reproduziu vários sons e inclusive fez que duas enfermeiras gritassem furiosamente uma à outra. As pequenas se paralisaram, agarrando as cabeças, balançando-se atrás e adiante, e finalmente tiveram que ser sedadas. A terceira fita mostrava Lily menina sentada no chão em uma das pequenas habitações sem som. Ficou sentada longo tempo, imóvel, sem expressão no rosto. De repente os brinquedos
espalhados a seu redor começaram a cobrar vida. Lily se sentou ereta e se inclinou para frente com o olhar preso à tela. Os objetos da habitação estavam se movendo, as bonecas dançavam, as bolas saltavam no ar. A voz de Peter Whitney narrava suas observações na fita. — O sujeito Lily está se fortalecendo em sua habilidade para controlar objetos. Uma enfermeira do orfanato observou este fenômeno e, quando bebê, o sujeito Lily foi rotulada como filha do diabo. Excitei-me quando ouvi as histórias de como fazia girar seu berço e soube que tinha que adquiri-la. Tem um forte talento natural e com o realçamento pode provar ser útil para futuras gerações. Ryland se esticou, sem atrever-se a olhá-la. Maldito homem. Maldito até o inferno por isso. Lily tinha que ser consciente das implicações que insinuava. Já acreditava que Peter Whitney podia ter manipulado a forte atração física entre eles. O comentário de Whitney poderia reforçar essa idéia em sua mente. — Este é o primeiro exemplo da história repetindo a si mesma — Lily passou a mão pelo rosto — Não é terrível como as famílias perpetuam os círculos de violência ou atividade criminal? Neste caso, experimentos? Papai deveria ter sido mais inteligente, odiou sua infância, porém se voltou e fez o mesmo. — Ao final aprendeu, Lily. — O fez? Se, aprendeu Ryland, por que ainda assim experimentou com vocês? A voz continuava ao fundo. — Animei-a a jogar com seus brinquedos de determinada maneira e descobri que o talento se fortalece, e, de fato o está refinando. A única forma de obter sua cooperação é isola-la das outras meninas. Mostra pouco interesse em jogar com objetos quando as outras meninas estão ao redor. Requereu dezesseis horas de isolamento antes que o sujeito mostrasse interesse nos objetos que lhe proporcionamos. — Tem razão — Disse Lily brandamente — Nas fitas anteriores controlava uma ou duas bonecas e os movimentos eram torpes. Agora quase cada brinquedo da habitação está em movimento em perfeito controle. Ryland poderia pensar que estava absolutamente tranqüila, mas estava sintonizado com suas emoções, podia ver suas unhas enterrando-se nas palmas. A menina da fita pôs-se a chorar de repente e pressionou as mãos contra a cabeça. Os brinquedos caíram ao chão e ficaram imóveis. Whitney vaiou com frustração e Rosa correu entrando na habitação embalando à chorosa menina. Ryland sentiu lágrimas arder em seus olhos. Não pôde olhá-la quando Lily trocou as fitas para ver a seguinte série. Peter Whitney não tinha feito nada para consolar à menina. Somente tinha mostrado seu desagrado e frustração ante a interrupção de seu experimento. Esta vez a menina, Lily, estava sentada só na mesma pequena habitação de observação. A Lily adulta adiantou a fita até que voltaram a ver ação. A menina sacudia a cabeça furiosamente, suas mãos se fechavam em apertados punhos. Rosa permanecia em pé atrás, pressionava uma mão sobre a boca e corriam lágrimas por seu rosto. — É muito pequena para fazê-lo, verdade, Lily? — Havia uma brincadeira na voz do Peter Whitney, um desafio zombador.
O queixo de Lily se elevou e seus olhos cintilaram. Apoiou-se contra a parede, com as pernas esticadas diante dela, e fixou resolutamente o olhar na grande caixa com pernas no canto da habitação. Uma das pernas começou a ziguezaguear, dar voltas, voou soltando-se. A menina pressionou a mão sobre as têmporas, mas seu olhar nunca vacilou. Centímetro a centímetro lentamente, a caixa começou a levantar do chão. — Mais alto Lily. Segue controlando — Havia um ânsia feroz na voz de Whitney, um triunfo maravilhado. A caixa se elevou mais alta, caindo em um extremo, estremecendo instavelmente. — Agora a mova pela habitação. Pode fazê-lo, Lily, sei que pode. Ryland observou com o coração na garganta a grande caixa, obviamente muito pesada, elevar-se inclusive mais alto e começar a flutuar pela habitação. Telequinesia. Não tinha nem idéia do peso da caixa porque haviam passado a fita para frente, mas tinha o pressentimento que era extraordinariamente pesada. A menina suava, mas seu olhar permaneceu resolutamente sobre a caixa. Esta tremia visivelmente, balançando no ar. Estava alta, quase no teto, mas somente se moveu um pé desde sua posição original. Whitney emitiu um som de desgosto. A menina se sobressaltou. A caixa se balançou mais. — Concentre-se! — Whitney ladrou a ordem. Ryland estava observando à menina. Sua cara branca, seus enormes olhos. Linhas de tensão apareceram ao redor de sua boca. Tremia pelo esforço de manter a caixa firme. Cada músculo do corpo de Ryland estava tenso. Ele também começou a suar. Recordou a tremenda concentração que requeria mover um objeto e a dor sofrida por tudo o que era capaz de obtê-lo. E eles eram homens adultos. Observar a infância de Lily desdobrada ante ele o punha doente. Quis embalá-la contra ele, abraçá-la protetoramente, mas Lily se moveu a certa distância, sua postura corporal gritava que a deixasse em paz. Tinha os braços cruzados protetoramente sobre o peito e tinha recolhido os joelhos, encurvada. Doente, Ryland observou como a caixa começava a abrir caminho pela habitação, lentamente, centímetro a centímetro. Quanto mais a caixa se aproximava de Lily, mais controle parecia ter a menina. A caixa estabilizou, girando, começando a viajar para trás. Igualmente rápido, a menina caiu. Bateu ambas as mãos contra as têmporas, gritando de dor. A caixa caiu como uma pedra de sua posição perto do teto. Golpeou a perna de Lily, atravessando a carne, rasgando o músculo, esmigalhando o osso. Lily gritou histericamente quando o sangue salpicou e se acumulou ao seu redor. A caixa de madeira se fez em lascas no impacto, esparramando pesos pelo chão. Rosa saltou aparecendo junto ao Doutor Whitney, estendendo ambas as mãos para a perna de Lily, apertava com força e gritava instruções a seu chefe. O homem estava em pé em completo estado de choque, a cor tinha abandonado seu rosto, os olhos sobre a pequena que se retorcia de dor. — Doutor Whitney me ajude! — Rosa rosnou a ordem, passando de tremente moça tímida a mulher firme em uma crise — Você fez isto intrometendo- se nos intuitos de Deus. Agora tem que arrumá-lo! Faça o que digo! A mão de Lily foi a sua garganta, num gesto protetor.
— Por isso Rosa nunca fala de minha perna. Sempre acreditou que as coisas que podia fazer eram antinaturais e nunca deveríamos falar delas. Mais de uma vez disse para me assegurasse de não fazer nada "antinatural" ou Deus me castigaria — Involuntariamente esfregou a perna dolorida. Ryland não podia ver mais. Levantou bruscamente e desligou o aparelho. — Não vejo por que quer ver estas fitas, Lily. Que bem nos faz? Isso atraiu o olhar dela como sabia que faria. Parecia emocionada, seus olhos como fantasmas. Preocupados. — As fitas nos dão informações que podemos comparar com seus dados. Se algum dos exercícios foi omitido ou não praticado diariamente, poderíamos acostumar aos homens. Aqui tudo o que importa é permitir que todos vocês voltem a se unir à sociedade em algum nível. Com sorte como pessoas completamente funcionais. O olhar de Ryland foi até as mãos dela. Seus dedos esbeltos se retorciam, um sinal seguro de agitação. Seus homens faziam o que possível para evitar qualquer uso de talentos psíquicos, particularmente a telepatia, a menos que fosse estritamente necessário. Cowlings seria capaz de encontrá-los utilizando a onda de energia quando se aproximava o suficiente. Lily tinha escudos que havia desenvolvido durante anos e para ela era automático utilizálos. A casa com seus grossos muros sem som e a distância de outras moradias supunha ser um santuário para eles, uma pausa do ruído do mundo. Todos estavam desfrutando do descanso e praticando diligentemente os exercícios mentais que Lily tinha indicado. Só conhecê-la e saber que estava no mundo tinha elevado a moral de todos. Era um exemplo para eles, um Caminhante Fantasma que funcionava na sociedade. Os homens sabiam o que podia fazer e que estava disposta a os ajudar. Ryland não tinha tentado penetrar os escudos de Lily nenhuma vez na casa. Se suas emoções se mesclavam quando faziam o amor, aceitava-as agradecidamente e devolvia os sentimentos intensificados para ela. Queria tocá-la, sentir o que ela estava sentindo, compartilhar sua dor. Era profundo até o osso, uma pena para a qual ele não tinha palavras de consolo. Ryland tinha observado o rosto de Peter Whitney, estudando sua atônita expressão enquanto via a menina destroçada caída indefesa sobre o chão. Esse havia sido o momento definitivo... Quando Peter Whitney tinha compreendido que a pequena era um ser humano. A dor de Lily era muito crua para não notar. — Lily — Ryland estendeu o braço para ela. Afastou-se dele rapidamente, mantendo a mão elevada para evitar que a tocasse. Não havia forma de explicar quão humilhante tinha sido essa cena para ela. Não tinha sido uma menina absolutamente. Tinha sido o rato de laboratório que Ryland chamou a si mesmo a primeira vez que se conheceram. — Não posso, Ryland. Espero que entenda. Avançou ligeiramente sem parecer mover-se absolutamente. — Não, carinho! — Sacudiu a cabeça — Não entendo! Já não está sozinha e não tem que sentir pena ou dor por si mesma. Para isso estou aqui — Seus dedos pousaram amplamente ao redor de seu pulso, um bracelete que se apertou e puxou até que seu corpo rígido esteve contra o dele — Não posso fazer que desapareça, Lily. Tem direito a se lamentar por essa menina. Mas eu
também a vi sofrer. Vi uma menina que devia ter sido amada e protegida, em vez disso explorada, e me adoece que esse homem pudesse fazer tal coisa. Ela afastou o rosto rapidamente, mas Ryland agarrou o queixo. — E também vi esse homem abrir os olhos e ver pela primeira vez, que estava errado. Significou algo. Esse acidente foi o catalisador que deu um giro completo a sua vida. Vi em seu rosto. Quando estiver bastante forte poderá olhar de novo e verá o que vi. Foi algo terrível, Lily, mas ao final, fez de Peter Whitney um ser humano. Sem você, sem esse acidente, nunca teria doado dinheiro a caridade e trabalhado para mudar as coisas para melhor. Nem sequer teria notado que o mundo necessitava essas coisas. — Então por que fez de novo? — Explodiu Lily, as lágrimas brilhavam em seus olhos — por que sequer pensaria? Colocou-os em jaulas, Ryland. Tratou-os inclusive com menos respeito do que dedicou a essas meninas. Homens que serviam a seu país. Homens que saem aí e se arriscam para manter a outros a salvo. Homens que perseguem assassinos. Meteu-os em jaulas e não os protegeu quando deveria havê-lo feito. Por que permitiu que sequer um de vocês abandonasse a segurança dos laboratórios e suas âncoras, sabendo que não lhes tinha deixado nenhuma barreira natural e não haviam construído outras novas? Como pôde fazer isso? — Possivelmente não teve escolha, Lily. Você o via todo-poderoso. Seu dinheiro e sua reputação certamente lhe davam muito mais licença que a outros, mas estava na cama com alguma gente bastante poderosa. — Phillip Thornton é um gnomo. É bom fazendo dinheiro, por isso papai o respaldou para a presidência da companhia, mas é um adoentado, Ryland. Sempre foi politicamente correto, visto com as pessoas corretas, dizendo as coisas corretas. Nunca se oporia ao meu pai. Nunca. Teria muito medo. — Odiava seu pai. Temia-o, Lily. Thornton entrou no laboratório enquanto estávamos trabalhando em alguns testes e nos interrompeu. Seu pai se enfureceu e ordenou que saísse imediatamente. Estava do outro lado da habitação, mas a onda de ódio e malevolência me chocou. Não se mostrou no rosto de Thornton. Simplesmente se desculpou, sorriu, e saiu, mas seus olhos eram frios e duros e se concentravam em seu pai. Se tivesse que supor quem quereria ver seu pai morto, ele seria meu principal suspeito. Há possibilidades que tivesse algo a ganhar? — É obvio — Lily deslizou longe da calidez dos braços de Ryland e caminhou pela habitação, uma energia inquieta alimentando sua graça veloz — O voto de meu pai contava muito. Se ele e Thornton estavam em desacordo sobre algo e papai queria que se fosse, poderia ter ocorrido. Em qualquer caso sei que Phillip está envolvido nisto com Higgens. Entre mim e meu pai temos a maior parte das ações da companhia. A influência de papai contava muito entre os acionistas. — Você herda as ações? — Herdo-o tudo, mas sem seu corpo, será complicado. A casa é minha e o foi durante anos. Papai me deu de presente em meu vigésimo aniversário. Tenho um enorme fundo fiduciário. Felizmente, meu nome está em tudo o que papai possuía, todas suas companhias, tudo, assim posso assinar os papéis necessários para manter as coisas em funcionamento. Sofremos uns poucos reversos no mercado quando ele desapareceu, mas autorizei um publicitário que trabalhasse em fortalecer nossa imagem como empresa sólida e parece ter funcionado. O que há
sobre o Coronel Higgens? Ele é meu suspeito. Também odiava ao meu pai. Ryland sacudiu a cabeça. — Não, com o Higgens não é algo pessoal. É de sangue-frio. Poderia vê-lo livrar-se de alguém que se interpõe em seu caminho, porém não teria mais importância para ele que esmagar uma aranha. Lily pressionou as mãos contra a cabeça. — Acredito que preciso voltar a rever todos esses exercícios, Ryland. Dói-me a cabeça. Ryland a conduziu ao sofá e a estimulou a sentar-se. Suas mãos subiram até os ombros em uma massagem gentil. — Está sob uma tremenda tensão, Lily. É natural que tenha dores de cabeça — Procurou algo para separar sua mente de seu pai — Sinto-me como se estivéssemos todos de volta à escola, aprendendo o que deveríamos ter aprendido faz meses. Todo mundo se queixando de seu último exercício. Deveria ver Jonas controlando o lápis e bloqueando ruídos, enquanto Kyle fazia a dança do frango pela habitação. Lily estalou em gargalhadas exatamente como sabia que faria. — Acredito que deveríamos gravar o Kyle fazendo a dança do frango para chantageá-lo depois. E diga ao Jonas que é um bebê. O lápis é somente o princípio. Terá que controlar coisas maiores, bloqueando ruídos enquanto Kyle agita as asas e mantém uma conversação telepática. — Teremos uma rebelião. — Realmente os homens são como meninos. Estive fazendo essas coisas desde os cinco anos. Se não tiverem barreiras suficientes como pensam que sobreviverão se os capturam e retêm em território inimigo? Inclusive trabalhando juntos em uma missão, se entrarem e Gator se separa de sua âncora teria que ser capaz de funcionar por si mesmo — Lily estendeu a mão para trás capturando as de Ryland, apertando com força — Se arrumarmos as coisas com o exército e todos serem reintegrados sem encargos, sabe que Jeff Hollister sempre terá uma debilidade em seu lado direito. E isso se trabalhar duro na terapia que recomendará Adams. — Percebi isso, Lily. Acredito que ele também o teme. — Não quero dizer que alguém o notará, mas ele o fará, e duvido que permitam que funcione como membro de sua equipe se mantiverem a todos juntos. — Kaden é civil. Uniu-se somente à unidade anti-terrorista, chamavam-no quando era necessário. É detetive de policia e um endemoniadamente bom. Provavelmente porque sua intuição é um autêntico talento psíquico. Será interessante ver é capaz de incrementar seu recorde de prisões e encontrar malfeitores inclusive mais rápido. Sempre foi excepcional. Passamos o treinamento juntos faz anos e seguimos amigos após. — Conhecia algum dos outros antes disto? — Nico. Kaden, Nico e eu nos conhecemos no acampamento e também terminamos o treinamento nas Forças Especiais juntos. Lily estremeceu. — Nicolas é um pouco horripilante, Ryland. — É um bom homem. Não pode estar em seu negócio e não ter nada sobre si. Essa é uma das razões pelas que esteve de acordo em entrar neste projeto. — Pode vê-lo como civil?
Ryland encolheu de ombros. — Nico é o epítome do Caminhante Fantasma. Pode desaparecer e nunca ser encontrado se for isso o que quiser. — Mas não abandonará ao resto. — Não, a menos que nos agarrem e então se ocultaria até que pudesse nos libertar. É leal, Lily, e se for seu amigo irá até o final por ti. — Te teria matado se houvesse sido você quem deu a ordem de separar às âncoras. Vi em seus olhos, Ryland. — Não teria esperado menos dele, Lily! — Replicou tranqüilamente — Alguém estava matando aos nossos homens. Ela ficou em pé com essa rápida e graciosa forma que tinha de fazê-lo, completamente inconsciente que fazia seu coração dar um salto mortal. — Vive em um mundo diferente, verdade? — desta vez foi Lily a que estendeu a mão para ele. Ryland se inclinou para ela, seu corpo roçando o seu. — Estou diretamente em seu mundo, Lily, e também os outros. Os Caminhantes Fantasmas não têm mais escolha que permanecer unidos. O repentino sorriso de Lily iluminou seu rosto, atraindo a atenção para seus enormes olhos. — Foi Nico a quem ocorreu esse nome? — Está começando a conhecer aos homens — Ryland estava encantado. — Estou começando a conhecer a você — Passou a mão por sua mandíbula — Tem uma forma curiosa de fazer me sentir sempre melhor. Não sei o que passará no futuro, mas se por acaso me esqueci de lhe dizer isso me alegro de que entrasse em minha vida. Beijou a palma de sua mão. Ela ainda não conhecia Ryland Miller, mas o faria. Lily era sua outra metade. Sabia com o coração e a alma, com cada fôlego que tomava. Não conhecia o futuro, mas sabia que fosse o que fosse o que lhes reservava, estariam juntos. E mais que provavelmente os outros homens estariam ao redor. Seus homens. Lily captou seu débil sorriso e arqueou uma sobrancelha. — O que? — Só estava pensando nos meninos. — Que meninos? — Perguntou Lily suspeitamente. — Os que temos escada acima.
Capítulo 15 Jeff Hollister estava de volta a casa no dia da arrecadação de fundos. Lily passava a maior parte do tempo trabalhando com os homens, assegurando-se de que faziam seus exercícios mentais. Podia assegurar que não seria capaz de contê-los muito mais. Eram homens de ação e esconder-se, apesar do treinamento ser necessário, não lhes sentava bem. Queixavam-se, embora de bom humor, cada vez que ela aumentava o nível de ruído e lhes dava múltiplas tarefas que fazer. — Pobres pequeninos — zombava ela, percorrendo com o olhar a habitação de Hollister onde todos tendiam a reunir-se. Adorava a forma que se mantinham unidos, sem deixar nunca sé ao camarada cansado. — É uma feitora, Lily — Disse Sam. Não podia olhar ao Ryland. Passou as duas últimas noites despertando entre seus braços no meio da noite, chorando como um bebê. Inclusive na escuridão, quando estavam sozinhos, não tinha reunido o valor para lhe contar o que ia fazer. Resmungou diante dos outros, esperando que não ficasse como um visgo com ela. — Não recordo se mencionei ou não, mas tenho que sair esta noite e chegarei tarde — Olhou seu relógio para criar efeito, tentando parecer casual — Ainda tenho que me vestir. Tenho que dar um discurso na arrecadação de fundos do Donovan. Houve um instante de silêncio. Todos os homens pareceram inclinar-se para frente, olhando-a como se acabasse de anunciar que estava grávida. Passearam o olhar dela para Ryland. Ele não os decepcionou. — Que demônios quer dizer com que tem que ir a uma arrecadação de fundos? Perdeu a cabeça, Lily! — A voz de Ryland foi muito baixa, recortada entre os dentes apertados. Lily sentiu que o coração saltava. Teria preferido que levantasse a voz. A repentina tensão na habitação se acrescentou ao seu nervosismo. Ryland deu um passo para ela. — Thornton está metido até as sobrancelhas nesta confusão. Não pode entrar em sua casa, assim que está te atraindo a campo aberto. Se não começar a tomar sua segurança a sério, Lily, terei que fazer algo a respeito. Lily aplaudiu o ombro de Jeff Hollister antes de endireitar-se e girar para olhar Ryland. Tentou aparentar que não a afetava sua fúria, mas estava se encolhendo contra a cama como uma covarde. — Acredito que esteve muito tempo encerrado com o Arly. Acredite-me, não me arriscaria conscientemente em questão de segurança, ele me tiraria as digitais e me encerraria — Penteou para trás o cabelo de Jeff, esperando mudar de tema. Incomodou-a que sua mão tremesse e que os olhos de Ryland notassem. — Está fazendo esses exercícios que te disse? Sei que está débil Jeff, mas é importante. Se puder construir um escudo mental, pode estar em público e ter pessoas ao redor durante longos períodos de tempo. Não difere de exercitar seu corpo para levantar pesos.
— É muito duro — Objetou Hollister, tentando parecer tão patético como possível — Acabo de voltar e a viagem foi dura para mim. Esse doutor cérebro me furou e aguilhoou o crânio. O pobre não está preparado para todo esse exercício muscular. — Esse exercício muscular te capacitará para voltar para casa com sua família. Deixa de se queixar — ordenou ela — E agora, se todos me perdoam, tenho que me preparar para esta noite. Elevou-se um protesto instantâneo. Nico realmente se levantou, um fluído ondear de músculos que fez seu coração pulsar mais rápido alarmado. Retrocedeu para a porta — Simplesmente sigam trabalhando e se comportem. Todos vocês. Voltarei mais tarde e contarei como foi — apressou-se a sair da habitação. Pareciam todos perigosos. Ryland a seguiu vestíbulo abaixo, seus olhos brilhavam ameaçadores. — Pensava que tinha um alto coeficiente intelectual, mulher. Não pode ver quão arriscado pode ser isto? — A arrecadação de fundos foi planejada com meses de antecipação. Meu pai pronunciaria um discurso, e vou fazê-lo em seu lugar. Ocorreu a você que se não contínuo atuando normalmente e levando a cabo minha vida diária, estarei sob suspeita e então todos estaremos em perigo? — Pelo amor de Deus, Lily, tem uma equipe militar estacionada fora de sua cerca, patrulhando os perímetros do imóvel e tentando ouvir cada palavra que se diz utilizando aparelhos que não entenderia. Ela girou para olhá-lo, com uma sobrancelha arqueada. — De acordo, possivelmente os entenderia — ele concedeu — mas demônios! Está sob suspeita. Tem que começar a voar baixo. Lily subiu as escadas de dois em dois, tentando inconscientemente afastar-se de Ryland. Ele tinha razão, é obvio, e ela sabia. Havia certo perigo em fazer algo que Phillip Thornton quisesse dela, mas era um risco calculado e bem valia a pena pelo que a ela concernia. — Lily! — Ryland acompanhou seu passo com facilidade. Deteve-se justamente fora de sua sala de estar. — Tenho que ir, Ryland. Prometi que faria o discurso e, acredite ou não, a arrecadação de fundos é importante. Vários dos pesquisadores necessitam recursos. Seu trabalho é importante. Meu pai nunca a perdia e detestava as festas igualmente a qualquer outra coisa que o separasse de seu trabalho, mas insistia em que eu fosse. — Duvido seriamente que acreditasse que era tão importante para arriscar sua vida. Já a atacaram uma vez, Lily. — Porque encontrei a fita — deteve-se no meio do dormitório — Havia outro disco, Ryland, coloquei no bolso do avental de laboratório antes de sair debaixo do escritório. Certamente nem sequer deram conta de que estava ali. Por que suporiam? Como posso havê-lo esquecido? Provavelmente está no bolso de meu avental agora mesmo, pendurado em meu escritório — Olhou-o — Tenho que consegui-lo. — Esta noite não, Lily. Está me voltando louco. Isto não vale sua vida. Poderiam te haver matado — Seus dedos se fecharam em um apertado punho. Seu estômago se agitava de medo por ela — por que demônios têm que ser tão teimosa nisto?! Se quiser o maldito disco, irromperei nos laboratórios e o recuperarei para você.
— Não o fará! — O alarme se mostrou em seus olhos. Certamente ele era capaz de fazer algo semelhante — Ryland, não se volte louco por mim. Tenho que ir a este evento. Realmente tenho que fazê-lo. É muito político. Congressistas, senadores, todo aquele que tenha influência estará ali. Todos estarão representados incluindo o exército. Não compreende o que isso significa? O General Ranier estará ali. Conheço-o desde que era menina. Quando o vir saberei se está mentindo. Se falar com ele ao telefone não serei capaz de dizê-lo. Lily deslizou no interior de seu closet onde seu vestido já estava preparado. Meteu-se trêmula no traje de noite, um vermelho que se colava adoravelmente a seus peitos e cintura como uma segunda pele, mas descendo atrevidamente sem costas quase até suas nádegas. Ao longo da curva de seus quadris, o vestido começava a cair, lhe deixando espaço para dançar. Resplandecentes diamantes adornavam os lóbulos de suas orelhas e um pequeno pingente de diamantes descansava justo sobre seus peitos. — O general assistiu à arrecadação de fundos durante os últimos três anos e sempre dança comigo. Conheço-o há anos e sempre o consideramos um bom amigo. É a oportunidade perfeita para falar com ele! — Inclinou a cabeça a um lado, estudando sua imagem no espelho enquanto prendia o cabelo levantado para ver que estilo ia melhor ao vestido. Encontrou o olhar dele através do espelho e riu inconscientemente — Raramente arrumo o cabelo ou me maquilo para estas coisas. Alguém está acostumado a vir aqui em casa. Não quis chamar alguém desta vez no caso de aproveitarem essa oportunidade de colocar alguém na casa e pôr a todos em perigo. Mas, não sou muito boa nisto. Tinha passado uma hora no banheiro e outra escolhendo o vestido, antes de ir ver os homens. Lily se olhou mais atentamente e franziu o cenho a sua imagem. — Deixa-o solto — A voz de Ryland foi áspera, sua expressão intimidadora quando se aproximou por trás — Está preciosa. Muito formosa para sair sozinha — Sua mão roçou ligeiramente a curva de seu traseiro — Tenho que me preocupar com o que leva abaixo desta coisa? Apoiou-se contra ele, encaixando comodamente em seu corpo. — Está muito obcecado com minha lingerie. — Não com sua lingerie, porém, com a falta dela. Há uma diferença. — Bom, olhe, Ryland, não há muito espaço para a roupa interior, danifica as linhas — Sorriu no espelho — Não prefere as linhas lisas? — Não tem costas. Não há tecido absolutamente — Sua mão se aproximou das bordas do vestido, do tecido apertado que embalava tão adoravelmente seus peitos — vai iniciar um distúrbio com este vestido. — Você gosta do vestido — Seus olhos estavam começando a faiscar. — Vai provocar ataques do coração nos anciões — acariciou com os nódulos a linha do inchaço de sua carne —E todos os homens vão ter dolorosas ereções — Empurrou contra ela para que não houvesse dúvidas sobre o que queria dizer. Lily riu dele, girando entre seus braços, sua boca procurou a dele. Entregou-se completamente a seu beijo, ardendo entre seus braços, alimentando as chamas de seu estômago, fazendo que cada célula de seu corpo ardesse de desejo por ela. Necessitando-a. Desejando-a. Ryland apertou os braços ao redor dela. Por que se sentia sempre como se ela fosse escapar dentre
os dedos? Em um minuto lhe pertencia, compartilhava sua mente, sua pele, e no seguinte se ia tão longe que não podia alcançá-la. Lily deixou escapar um som e ele compreendeu que a estava esmagando. — Sinto muito, céu — murmurou, roçando beijos sobre seu rosto — É que não quero arriscar sua segurança só para que possa falar com o general, se ele formar parte disto, e pelo que parece assim é... —Então saberei, verdade? Sempre fui capaz de lê-lo quando dançamos; inclusive se nos apertamos às mãos poderia sentir suas emoções. Está muito ocupado pensando em outros para proteger-se a si mesmo — Lily escapou de seus braços — Estarei bem. Deixa de se preocupar — estudou sua imagem no espelho — Graças a Deus em uns poucos dias baixou o inchaço. Ao menos posso dissimular os hematomas com maquiagem. —Onde será essa coisa? Ela se encolheu de ombros. —Arly sabe. Ele pode ocupar-se de mim. É no Hotel Vitória. —É obvio. O de cúpula de cristal e no que tem que levar terno para que deixem atravessar a porta. —Esse mesmo. A mão de Ryland se fechou ao redor da nuca dela e a arrastou de volta a ele, sua boca foi dura e exigente, alimentando-se da dela, marcando-a. Bruscamente girou e saiu da habitação. Lily ficou olhando em sua direção um longo momento, com os dedos contra os lábios. O sabor dele ardia em sua boca, e, em seu corpo muito depois de ter chegado ao hotel e ter começado sua ronda de saudações a outros convidados. Era estranho como sentia Ryland com ela, quase como se uma parte dele morasse dentro dela. E possivelmente o fazia. A música era ruidosa e rítmica, palpitando com um batimento do coração que parecia consumi-la. A habitação era enorme e ainda assim a multidão se apertava nos vestíbulos e o no salão. Havia tanta gente que se sentia esmagada. Era difícil manter as barreiras eretas e não se sentir afligida pela tremenda efusão de energia emocional que rangia no ar ao seu redor. Enquanto Lily se movia pela habitação, trabalhando à multidão, entrou no modo automático de arrecadação de fundos. Lia a cada pessoa enquanto estreitava mãos ou trocava abraços e beijos falsos. Peter Whitney tinha inculcado a importância de conhecer às pessoas corretas, pondo as de seu lado. Agora, mais que nunca, era importante para ela. Enquanto saboreavam seus jantares exoticamente preparados ela soltou seu apaixonado discurso sobre ajudar à humanidade e a necessidade que os pesquisadores tinham de recursos. Ela prometeu uma grande soma para pôr-se a rodar a bola e sorriu com o toque correto de confiança enquanto a aplaudiam. Vagou entre a multidão, conversando e rindo, dizendo todo o correto, caminhando través do salão de baile. O sistema de iluminação tênue do salão era muito para seus olhos. A música palpitante conseguia lhe dar algum alívio frente à excitação e a tensão sexual, as discussões que flamejavam aqui e acolá, a corrente subterrânea de affairs, conspirações, e rumores corporativos. Lily observou às mulheres com suas roupas apertadas seduzindo aos homens. Simples olhares, o arqueamento de uma sobrancelha, um sussurro ao ouvido. O roçar de corpos quando se tocavam secretamente, unindo-se em um momento roubado na habitação sombreada e apartando-
se de novo. Olhares. Avaliando. Especulando. Sexys. Este era o tipo de lugar que adoraria compartilhar com Ryland. Lily deslizou mais profundamente entre as sombras, observando os bailarinos. A música palpitava através de seu corpo, o batimento do coração era forte e insistente. Nunca antes tinha notado como a música podia arrastar-se dentro do corpo e esquentar o sangue. — Lily, querida — Phillip Thornton a brindou com sua taça — Quero lhe apresentar ao Capitão Ken Hilton. Esteve esperando para dançar contigo toda à noite. Está maravilhosa. Seu pai estaria orgulhoso de seu discurso. — Obrigada Phillip! — Lily ignorou o súbito retorcer em seu estômago, evitando tocar Thornton, sorrindo em troca ao capitão — É um prazer o conhecer. No momento em que sua mão se deslizou na dele, Hilton a levou espertamente à pista de baile. Ele se movia com completa segurança, sua força e confiança se mostravam em seu aperto. — Desejava conhecer a famosa Doutora Whitney há muito tempo — disse ele. Lily o olhou fixamente. — Meu pai era o famoso Doutor Whitney. Fico oculta no laboratório. Ele riu. — É uma pena. Ninguém tão formoso como você deveria estar encerrado em um laboratório. As pestanas de Lily revoaram e se voltou aproximando de seu corpo, depois girou longe dele. As mãos dele a guiaram aproximando-a e quando a atraiu de volta a ele, foi mais possessivo. — Você é uma excelente bailarina, Doutora Whitney. — Lily — sorriu ela. Ele a acreditava uma presa fácil. Uma mulher com muito dinheiro e vulnerável por causa do desaparecimento de seu pai. Imaginava que deveria manter um olho nela e depois de toda sua tarefa poderia ter algum benefício adicional. Permitiu que o conhecimento a alagasse antes de elevar suas barreiras e deslizar pela pista de baile com ele. Não era o primeiro homem que queria seu dinheiro e não seria o último. — Está aqui com o Coronel Higgens? — Olhou-o com os olhos tão abertos como podia — Ou com o general? —Com o General McEntire — disse o Capitão Hilton — E me chame Ken. Enquanto a fazia girar perto das sombras do vestíbulo, Lily captou uma olhada de um par de olhos os observando. Olhos tão negros como a noite. Tão frios como o gelo. Olhos que os seguiam ao redor da pista enquanto o corpo permanecia tão imóvel como uma pedra. Quase tropeçou, teve que agarra-lo um pouco para recuperar-se. Naturalmente o capitão pensou que o tinha feito de propósito. O que Nicolas estava fazendo ali? Se Nicolas estava ali, isso significava que Ryland estava em algum lugar no salão de baile? Em alguma parte entre a multidão? Não podia concentrar-se em dançar, meio aterrada de que ele pudesse ser realmente tão arrogante para vir, e meio excitada ao pensar que realmente se arriscou a correr semelhante perigo por ela. Inclusive enquanto procurava dentre os mais escuros cantos da habitação, sorriu a seu companheiro. — Possivelmente poderíamos conseguir uma bebida, Capitão. Agarrou seu cotovelo como se tivesse medo de perdê-la entre a massa de corpos. As luzes eram tão tênues que resultava quase impossível ver. Hilton a mantinha perto enquanto
empurrava, abrindo passagem para o bar, ondeando a mão para conseguir a atenção do barman. Um homem com terno escuro caiu sobre Lily, estabilizou, murmurou uma desculpa, e se moveu de volta ao interior da multidão quase antes que ela pudesse o identificar como Tucker. — Doutora Whitney? — Hilton parecia preocupado. Seu grande corpo a atraiu mais perto — Possivelmente isto não seja tão boa idéia. O sorriso dela era brilhante. Deveria ter sabido que Ryland estaria perto. Isso deveria tê-la zangado, mas em vez disso se sentia amada e protegida. — Um pouco de atropelo nunca faz mal a ninguém. Por acaso Phillip Thornton pediu que cuidasse de mim? O capitão se congelou no ato de atrair um copo para eles. — Queria ter a oportunidade de conhecê-la. O General McEntire e o Coronel Higgens acreditam que você poderia estar em algum tipo de perigo. Apresentei-me voluntário para a tarefa — Hilton amaldiçoou em voz baixa quando uma mulher com um vestido vermelho chama quase transparente se roçou contra ele enquanto passava, sorrindo sedutoramente. —Tire-a para dançar — sugeriu Lily — Viva um pouco, Capitão, ela é muito mais seu tipo. A mulher estava olhando flagrantemente para Hilton, fazendo revoar suas pestanas, seus lábios cor rubi formando um beijo. — Deseja-o — brincou Lily. Inesperadamente o Capitão Hilton sorriu para ela, o primeiro sorriso genuíno que tinha visto até então. — Uma mulher como essa comeria vivo. Posso enfrentar a um par de homens com armas e facas sem fraquejar jamais, mas fugiria se ela me olhasse duas vezes. Lily riu. — Será melhor que calce suas sapatilhas de correr, Hilton, porque o olhou mais de uma vez. O capitão sacudiu a cabeça. — Simplesmente me apegarei a você em busca de amparo. — Não pode. Ninguém me pedirá para dançar se ficar aqui tão grande e tão sério. E prometi ao General Ranier a próxima dança. Lily lhe aplaudiu o ombro. O capitão parecia confuso, olhando fixamente à mulher que parecia querer tão flagrantemente o seduzir. Lily entendia completamente a energia coletiva que saturava o ar ao redor deles, os sussurros exigentes, a sutil influência sobre o capitão e a mulher predadora. — Vá para ela! —disse ela em voz baixa enquanto acrescentava sua energia a dos Caminhantes Fantasmas. O Capitão Hilton se afastou dela, com os olhos sobre a mulher. Lily observou as largas unhas arranhando para cima pelo braço dele, o corpo leve de roupa esfregando-se contra ele enquanto o casal se deslizava entre as sombras. Lily olhou ao redor, porém, não viu nenhum outro rosto familiar. Porém, os sentia. Estavam todos ao seu redor. Estava rasgada entre o medo e a excitação, a adrenalina aguçava todos seus sentidos. Abriu passagem para a parte dianteira da habitação, movendo-se ao redor do perímetro exterior da pista de baile. Não pôde evitar que seu olhar vagasse entre as sombras,
inclusive enquanto sorria, assentia e saudava as pessoas. Avistou ao General Ranier e trocou de direção para interceptá-lo. Estava em meio de uma multidão de homens que incluía o Coronel Higgens, Phillip Thornton, e o General McEntire. Enquanto se aproximava, o coronel se moveu e seu olhar percorreu o salão de baile, obviamente procurando o Capitão Hilton. Lily afivelou seu sorriso de festa. — Cavalheiros — saudou regiamente, deslizando junto ao Higgens para colocar sua mão no oco do braço do General Ranier — Que prazer vê-los todos aqui. Uma noite excelente, Phillip, como sempre se superou a si mesmo! Acredito que o jantar e o baile são um completo êxito. — Obrigado Lily — Thornton sorriu amplamente para ela, instantaneamente distraído por completo. Ela se elevou sobre a ponta dos pés para beijar a bochecha do general. — Meu homem favorito. Alegro-me tanto em vê-lo de novo. Deve vir jantar uma noite. — Lily! — O abraço do general quase a esmagou — O desaparecimento de seu pai é um golpe terrível. Estive viajando muito e seguia sem te localizar quando chamava. Naturalmente, mantive-me a par da investigação. Como vai? A verdade! Délia está aqui em alguma parte e esteve bastante preocupada com você. — Enviou-me uma carta adorável, General! — reconheceu Lily — me convidando a me hospedar com vocês. Isso foi muita consideração por parte de ambos. — O convite era a sério. Não deveria estar sozinha rondando por essa monstruosidade de casa que tanto adorava seu pai. Délia está preocupada com que se enterre em seu trabalho. — Fui aos laboratórios um par de vezes, porém, principalmente trabalho em casa. Phillip tem sido maravilhoso — Lançou ao presidente do Donovan um sorriso doce e voltou sua completa atenção ao General Ranier — adoraria dançar com você, senhor, esse é sempre o momento culminante de minha noite — Lily fez uma graciosa reverência. O general tomou sua mão imediatamente. — Sinto-me honrado. O Coronel Higgens os olhou astutamente enquanto o general a guiava até a pista de baile. Lily olhou justo através dele, sem se dignar a advertir seu grosseiro comportamento. A valsa proporcionava a Lily oportunidade perfeita para ter uma conversa. O general a fez girar, guiando-a sabiamente através da multidão de bailarinos, levando-a fora da vista do grupo com o qual estiveram falando. — Agora me diga a verdade, pequena Lily, como está realmente? E hei ouvido corretamente, alguém te atacou outro dia no escritório de seu pai? Lily estava tentando encontrar alguma evidência de maldade, de culpa ou malevolência, mas o General Ranier a afligia com sua preocupação. — Quem o disse? — OH! Mantenho uma orelha pega ao chão no que se refere ao bem-estar de minha garota favorita. Conheço-a desde que tinha onze anos, Lily. Tinha os olhos maiores e mais solenes, e falava como uma adulta, inclusive então. Adorava o som de sua risada. Délia e eu nunca tivemos filhos depois de que perdemos nosso filho e você preencheu esse buraco aberto para nós. Suborno ao Roger para que me mantenha informado. Ele telefona diretamente para minha casa, assim, não temos que aborrecer meu ajudante. O capitão é um menino brilhante, porém um pouco enrijecido.
O olhar de Lily procurava entre as sombras. Um casal girou perigosamente perto, roçando ligeiramente o braço de Lily. Ela captou o brilho de dentes e os olhos sorridentes de Gator enquanto ele levava a sua companheira de voltas à multidão. A audácia dos Caminhantes Fantasmas a assombrava. Encontrou a si mesma rindo em voz alta. — Assim você também acredita que é um pouco muito enrijecido, hein!? — Seu ajudante? Não o conheço, verdade? — Estava dançando com seu irmão, Lily. O Capitão Ken Hilton é irmão de meu ajudante. Acreditava que se conheciam. Lily deu voltas à informação em sua mente. — Você está ciente que meu pai chamou ao seu escritório quatro vezes, assim como enviou vários e.mail, na semana anterior ao seu desaparecimento? E que escreveu várias cartas detalhando sua preocupação pela equipe das Forças Especiais? Também chamou a sua residência repetidamente. — Não deixou mensagens. Estávamos viajando, mas sempre comprovo minhas mensagens. O general se deteve no ato sobre a pista de baile. Nesse momento Lily sentiu a advertência. Se ele não fizer parte da conspiração, Lily, e eles acreditarem que sabe muito, o matarão. Consegue que se mova, mantenha-o tranqüilo. A voz de Ryland sussurrou sobre sua pele, revoando em sua mente. Ela se moveu ao ritmo da música, urgindo ao General a voltar para os passos de baile. — Por favor, senhor, não pode parar, não pode parecer que estejamos discutindo nada exceto tópicos ligeiros. O General Ranier respondeu imediatamente, jogando a cabeça para trás e rindo enquanto a levava mais profundamente entre as sombras e ao anonimato da multidão. — O que está insinuando, Lily? — Agora já não ficava nada da voz de tio, estava completamente no comando, insistindo na verdade. Seus olhos escuros estavam fixos no rosto dela. Lily o avaliou sem sobressaltar-se. — Meu pai me pediu uma consulta sobre o projeto. O dia que desapareceu desci aos laboratórios. Os homens estavam isolados uns dos outros, despersonalizados e vivendo em jaulas onde não tinham nenhuma privacidade absolutamente. Tinha-os enviado a missões de campo contra as especificações específicas de meu pai. Advertiu repetidamente ao Coronel Higgens que necessitavam fortes escudos. Resultaram em três mortes que não posso prová-lo, mas suspeito foram assassinados e um intento de assassinato que posso provar. — Essas são alegações sérias, Lily, sabe que está acusando a um oficial respeitado? O Coronel Higgens é um homem respeitado, um homem de honra. — Não é somente o Coronel Higgens. O General McEntire era consciente do projeto muito antes da fuga dos homens e suas fingidas exigências de ser incluído. Phillip Thornton está nisto também. — No que, Lily? Está falando de assassinato. Conspiração. São oficiais de alta patente dos Estados Unidos... — Interrompeu-se e seus traços endureceram. Um músculo saltou ao longo de sua mandíbula — Por Deus, Lily, pode ter destampado precisamente o que estávamos procurando. Isto é perigoso. Não fale com ninguém absolutamente. — General, os homens...
— Lily, digo a sério. Não fale com ninguém — Deu-lhe uma ligeira sacudida — Se o que suspeito é certo, esses homens a matarão se acreditarem que sabe algo. — Matarão a você também, General. Já mataram meu pai. Se fosse você teria muito cuidado com seu ajudante. Você é a única oportunidade que têm esses homens. A música terminou e o general passeou com ela pela borda da pista de danças. — Lily, me diga que não tem nada ver com a fuga. Não sabe onde esses homens estão, verdade? Poderiam estar metidos nisto e são perigosos. Tenho informe! — Só recorde quem escreveu esses informes, General. Pense no dinheiro que outros governos e grupos terroristas pagariam para pôr as mãos sobre esta habilidade. Fazer parecer que o experimento houvesse sido um fracasso total, desacreditar aos homens e os isolar completamente de uma legítima cadeia de comando, Higgens poderia controlar facilmente a situação. Aposto que é ele quem está ao cargo de encontrá-los e os qualificou como perigosos... — Lily, são perigosos. Tem contato com esses homens? — Sua voz foi brusca, exigindo uma resposta — Proíbo-te que se ponha em perigo. Délia ficaria devastada se te ocorresse algo. Não permitirei, Lily. Porei-te sob prisão domiciliar em minha residência e te protegerei dia e noite. — Sabe com segurança em quem pode confiar? Temia falar com você disto, porque não respondeu às chamadas ou e.mail de meu pai. — Nunca recebi mensagens de seu pai ou suas cartas, Lily. Acredita-me, verdade? Não posso acreditar que se foi realmente — Ela podia ouvir a pena em sua voz, lê-la em sua mente. Não podia fingir semelhante tristeza. — Atiraram-no ao oceano. Soube quando morreu. O General Ranier a abraçou. Ela podia sentir sua profunda pena, a fúria começando a remover-se nele. A afronta de que podia conhecer os homens responsáveis. — Sinto muito, Lily, era um grande homem e meu amigo. — Não se preocupe comigo, General. Arly se ocupa de que esteja perfeitamente a salvo. Ninguém vai me incomodar em minha casa — tranqüilizou-o — estivemos juntos muito tempo. Terão medo do que nos poderíamos ter dito um ao outro. Terá que atuar com naturalidade diante deles até que encontremos provas. — Não nós, Lily, eu. Digo a sério, considere uma ordem. Fique fora disto. E se souber algo sobre esses homens e seu desaparecimento, será melhor que me diga isso agora. Lily permaneceu teimosamente em silêncio. O General Ranier suspirou. — Temo que a pobre Délia vai ter uma terrível dor de cabeça depois do próximo par de bailes. Ponha-se em contato comigo, Lily, a cada dia. Chama e fala com a Délia e nos faz saber que tudo vai bem. — Farei, General — Beijou sua bochecha — Obrigado por ser simplesmente você. Não tem nem idéia do aliviada que me sinto. Lily o observou avançar a pernadas entre a multidão antes de dar a volta para examinar aos bailarinos. Lily começou a passear pelo perímetro da pista de baile. Um lento e pausado circuito. A excitação ia florescendo. Esperança. Medo. Tantas emoções, intensas e difíceis de controlar. Seu pulso saltou, seu coração corria a toda velocidade. Vêem comigo, Lily. A voz de Ryland acariciou sedutoramente no interior de sua mente. Podia
ouvir sua fome crua. Ali no meio do perigo e da intriga sabia no que estava pensando e não tinha nada que ver com generais, coronéis e conspirações. Estava ali na mesma habitação, com ela. Ryland Miller. Em alguma parte entre as sombras, uma parte da música palpitante. Uma parte dela. Moveu-se através da multidão, seu corpo estava vivo. Ofegante. Sedutor. Seus peitos estavam doloridos e sentia a pele quente. Seu sangue se espessou e esquentou, acumulando abaixo para pulsar ao ritmo da música. Lily sabia que ele a observava, podia sentir o peso de seu olhar. Cada instinto feminino nela se elevou ante seu chamado, celebrando seu olhar. Moveu-se como somente uma amante podia mover-se, seu corpo dizia sem palavras o que seu coração não podia. Os homens a detinham brevemente, murmurando convites. Apenas os notava, negando com a cabeça, sabendo que ele estava observando seu efeito sobre os outros homens enquanto se movia com completa confiança através da maré de corpos. Sabia que a observava com olhos famintos e ardentes. Para Lily, existia somente seu amante fantasma, bastante atrevido, bastante arrogante, bastante louco para atreverse a segui-la até ali quando estava muito mais em perigo do que nunca poderia estar ela. Lily sabia que devia partir, não cair na tentação. Ryland estava em perigo inclusive somente ao aproximar-se dela. Mas o risco de serem descobertos somente acrescentava a seus sentidos intensificados e faiscantes. Seu corpo voltou para a vida. Seu coração se elevou e se encontrou sorrindo. Seus quadris se balançaram, um luxurioso convite enquanto serpenteava dentro e fora da multidão na borda da pista de baile. Agradecia haver-se vestido com tanto cuidado antes, deslizando o tremulante vestido sobre sua pele perfumada, fingindo que era para ele. Ryland. Fingindo que ia encontrar-se com ele na pista de baile. É obvio que ele tinha lido a fantasia em sua mente enquanto estava de pé diante do espelho, lhe mostrando o vestido que amorosamente acariciava seus peitos, abraçando a curva de seus quadris. Tinha desejado que ele a desejasse enquanto estava fora. Que pensasse em suas costas tão atrevidamente nuas todo o caminho até a curva de suas nádegas. Lily não olhou para ver onde estavam seus inimigos. Confiava que Ryland saberia. Confiava que seus homens lhes protegessem, em que vigiassem atentamente ao coronel e o mantivesse afastado. Lily continuou seu passo lento ao redor da habitação, esperando. A expectativa cresceu. O calor girou lentamente, um úmido e rico convite, seu corpo chamava seu amante. Sentiu seu primeiro fôlego na nuca. O calor de seu corpo, perto do dela. Sua mão deslizando, os dedos estendendo-se ao redor de sua cintura, intimamente, possessivamente, justamente sob seu peito fazendo que ela se arqueasse em busca de seu toque. Moveu-se com ela, uma perfeita união enquanto a tirava a pista de baile, girando com ela entre a massa de casais. Lily levantou o olhar para ele quando seus corpos se uniram, tocando-se brevemente, e se separaram. Levantou o olhar e lhe roubou o fôlego. Seu cabelo negro se esparramava ao redor de sua cabeça em sedosos cachos. Seus olhos cinza brilhavam como prata fundida. Seu corpo deslizava aproximando-se do dela, mal se tocando, pele contra pele, sua mão guiando os passos dela com absoluta maestria. Passos intrincados, seus corpos se roçavam intimamente. Era excitante. Erótico. Fazer o amor sobre a pista de dança era justo como ela sabia que seria. Os olhos de Ryland mantinham aos dela cativos. Não podia separar o olhar dele. Não queria apartar o olhar dele. Queria perder-se ali para sempre, no calor de seu desejo. A música se
moveu através deles, sobre eles, os rodeando com fogo e paixão. Enquanto a fazia girar aproximando-a, mantendo-a contra ele durante vários pulsar de coração, suas mãos acariciaram os lados dos peitos, encontrado a cremosa pele com o passar da borda de tecido de seu vestido. O fogo correu através dela, chamas que lambiam sua pele como diminutas línguas ferozes. Seus mamilos estavam tensos provocando que cada vez que ela se movia, seu vestido brincasse com a fricção. Ele a atraiu perto de novo, ao refúgio de seus braços, seus corpos se balançavam em perfeita harmonia com a música. Lily agradeceu a luz pulsante que ajudava a ocultar aos casais na grande pista de baile. Seu corpo se amoldou ao de Ryland, a cada passo se esfregavam um no outro, seus peitos contra os pesados músculos do peito dele, as mãos dele deslizando ao longo da curva de seu quadril, acariciando seu traseiro, a sensação de sua pesada ereção pressionando contra ela a cada passo. Um calor crescente que ardia a fogo lento e respirava com vida própria. Girou a cabeça sobre o ombro dele para olhar ao coronel, temendo que estivessem dançando sobre a pista demasiado tempo para escapar à detecção, inclusive à luz tênue. Não pense em outro homem, pensa somente em mim. As palavras roçaram sua mente. Os nódulos dele roçaram deliberadamente seus mamilos, sua boca roçou seu pescoço. Moveram-se, balançando juntos, a mão dele deslizando perigosamente sobre sua coxa, acariciando próximo do vértice de suas pernas. Seu corpo inteiro se esticou, seu sangue se espessou. O fôlego abandonou precipitadamente seus pulmões, seu coração falhou. Todo pensamento cordato desapareceu, os outros bailarinos se desvaneceram. Somente Ryland seguia sendo real com seu corpo duro e seus brilhantes olhos. A fez girar afastando-a de novo dele, atraindo-a de volta, uma cativa entre suas pernas, suas coxas apanharam sua perna, sua feroz ereção roçou a curva do quadril durante um breve momento de expectativa, de consciência total. Manteve-a ali enquanto seu corpo se movia pulsando ao ritmo da música, e seus quadris empurravam sugestivamente. Cada movimento enviava relâmpagos que arqueavam através de seu sangue quando sua grossa ereção entrava em contato com o corpo suave e flexível dela. A paixão da música era um batimento do coração em sua cabeça e em seu corpo. Ele queria que fosse diferente esta vez, fazer todas as pequenas coisas que uma mulher necessitava que fizesse um homem. Os murmúrios risonhos. O bate-papo íntimo. Saídas compartilhadas. Queria cortejá-la como Lily merecia. Mas seu corpo ardia em chamas no momento em que estava com ela. Não somente chama, mas sim uma tormenta de fogo ardendo fora de controle. Ardente, brilhante e perigosa. Tinha de ouvir como ela continha o fôlego em sua garganta, ver seus olhos tão luxuriosos. Ela era tão endemoniadamente sexy, tão ardente ao desenfreio dele, todo seu controle desaparecia ao redor dela. Era perigoso para ela, perigoso para qualquer que tentasse interferir. A música estava terminando, as últimas notas morriam. Tinha intenção de deixá-la partir, observá-la dar voltas pela habitação, satisfeito com o breve contato, mas pequenos martelos estavam atravessando seu cérebro e doía tanto que temia não ser capaz de caminhar para tirar ambos com segurança da pista de dança. A seguinte música era lenta e sonhadora, as luzes baixaram ainda mais. Com Lily entre seus braços, Ryland abriu passagem através da massa de corpos em movimento, afastando-se de qualquer observador. O capitão tinha as mãos cheias. A mulher do vestido vermelho chama do bar tinha aceitado a sugestão de Ryland rapidamente e com facilidade. Sabia que seus homens
estavam entre as sombras, esperando que ele se deslizasse fora. Esperando que devolvesse Lily à segurança da casa agora que tinham assegurado sua segurança e tinham permitido a ele esta única dança. Ryland comprovou que esses olhos não estivessem seguindo seu progresso enquanto internava Lily mais profundamente entre as sombras onde a queria. Onde a necessitava.
Capítulo 16 A escada de caracol era uma estrutura maciça. Explorando o hotel, Nicolas tinha descoberto o nicho escondido no oco da escada. Construído nos anos trinta, o edifício tinha sido reformado após, e, dentro do armário de limpeza havia uma pequena e estreita porta que tinha sido recoberta com papel. Conduzia a uma diminuta habitação particular que provavelmente tinha sido utilizada para assuntos ilegais. Nicolas tinha mostrado o esconderijo no caso de uma emergência. Ryland estava seguro que isto era uma emergência. Levou-a sob as escadas, girando uma esquina, e desceu uma pequena série de degraus até a porta do armário. Não teve problemas em forçar a pesada fechadura e fazê-la passar diretamente à pequena e estreita habitação onde tantos outros se ocultaram ao longo dos anos. Riu brandamente e disse: — Nos bons tempos, tinham miras aqui dentro. Ainda pode ver as marcas. Não respondeu. Não podia responder. Não sabia se o esbofeteava por ser tão completamente arrogante e seguro de si, ou lançar-se para ele e o beijar até o deixar sem sentido. Olharam-se, o calor flamejava implacavelmente entre eles. Tomou a decisão por ela. Seu corpo empurrou o dela profundamente entre as sombras do oco da escada, seus braços se esticaram possessivamente. — Me beije, Lily. Tenho que ter sua boca. Não pôde resistir à dor de sua voz, a atração do proibido. Lily jogou a cabeça para trás, ofegando quando os lábios dele se fundiram com os seus. Quentes. Famintos. Saboreou a paixão.
Saboreou o desejo. A língua dele acariciava e adulava, pondo de lado cada inibição, cada medo, fazendo que respondesse a ele, fogo com fogo. Este homem era dela. Pertencia a ela. Desejava-a. Necessitava-a. Nunca poderia resistir à urgência de seu desejo. Estava devorando-a, ali mesmo entre as sombras, suas mãos embalavam seu traseiro para alinhar seu corpo melhor com o dele. Somente alguns metros dali chegava o murmúrio de vozes, risadas, e o tinido de gelo nos copos. A música invadia o pequeno espaço atravessando as gretas das finas paredes, tão ruidosa que quase sacudia o chão, enchendo a diminuta habitação oculta. Ryland elevou a cabeça, seus olhos estavam obscurecidos de pura paixão quando contemplou o olhar azul dela. Seu corpo estava dolorosamente excitado e o olhava, aturdida. Podia ver a silhueta de seus mamilos, escuros, empurrando contra o fino e tenso tecido do vestido. A visão o atraiu, tentou-o. Deslizou a mão para cima pela lateral do vestido, afastando o tecido das costelas dela, separando pouco a pouco até expor um peito cheio. O ar frio sobre a pele quente dela somente acrescentou a sua aguda sensibilidade. Desejavao ali mesmo, desejava suas mãos sobre ela, seu corpo enterrado profundamente no dela. O vício dele estava além de tudo que tivesse experimentado ou houvesse concebido possível. Desejava arrancar a camisa e que seus olhos dessem um festim com seu peito, percorrer com suas mãos os músculos, sentir seu desejo por ela crescendo em sua mão, contra seu corpo. Lily se moveu deliberadamente, subindo suas mãos, percorrendo com a ponta de seus dedos suas próprias curvas amplas, riscando um caminho para baixo por seu estômago plano, celebrando a forma em que o ardente olhar dele a seguia. O corpo de Ryland se endureceu inclusive mais. Ela parecia exuberante e sexy, pressionada contra a parede, com os lábios inchados e obscurecidos por seus beijos. Parecia licenciosa, o elegante vestido brilhava suavemente, os peitos tentavam seus sentidos intensificados. Seus dedos seguiram o caminho que ela tinha tomado sobre seus peitos, roçando a carne suave, detendo-se, acariciando, e massageando. Sentiu que o corpo dela tremia em resposta. Seu fôlego esquentou o ar sobre o mamilo já tenso, lentamente inclinou a cabeça para a tentação. Ela gemeu quando sua boca, quente e úmida, fechou-se sobre o peito. Sua língua dançou com a música, apunhalando e acariciando. Sugou com força, desejando devorá-la, marcá-la. Nesse momento, mais que tudo, precisava enterrar seus dedos profundamente dentro dela. Precisava sentir sua úmida resposta. Ryland se pressionou mais perto dela, apanhando seu corpo ali na escuridão, sua mão encontrou a fenda do vestido, rodeando o tornozelo com os dedos. Deslizou a palma para cima pela panturrilha, atrasando um momento enquanto riscava as cicatrizes com amoroso cuidado. Sua mão acariciou o joelho, deslizando para cima pela coxa nua. Lily embalou sua cabeça, afogada na sensação. Isto era pura loucura. Ouviu seu próprio gemido amortecido quando ele encontrou o calor de seus cachos úmidos. — Ryland — murmurou entre seu cabelo escuro — vou arder em chamas. — Quero que o faça, Lily. Arde por mim — Os dedos encontraram a diminuta parte de roupa interior. Seus dentes mordiscaram o lado de um peito —Acreditei que não levava roupa interior. Sinto-me tão decepcionado. A sexy e pequena tira não foi obstáculo quando empurrou o dedo dentro dela,
comprovando a profundidade de sua resposta para ele. Seu ofego o excitou mais ainda. Os músculos de sua fogosa vagem se apertaram firmemente, suave veludo, tão tentador que se sacudiu com a urgência de enterrar-se nela. Era tão formosa. Tão necessária. Ela não tinha nem idéia do que significava para ele. Ryland fechou os olhos e simplesmente se permitiu ser indulgente com sua fome por ela, perdendo-se na tentação de seu corpo. Pressionou o dedo profundamente nesse calor, sua boca era ardente e insistente sobre o peito. Os dedos de Lily se enroscaram em seu cabelo, sujeitando-o contra ela. A música os envolvia, os sons de pés nas escadas, as vozes e risadas. Sua boca abandonou o peito para viajar para cima pela garganta até o queixo. — Me desabotoe, Lily — respirou a tentação. Sussurrou-a. Uma maliciosa e pecaminosa súplica. — Ryland... — Foi um suave protesto sem respiração, inclusive enquanto suas mãos encontravam a parte dianteira das calças dele, seus dedos enviando línguas de fogo que corriam para cima pelo duro eixo enquanto obedecia — Isto é uma loucura. Deveríamos ir para casa... — Interrompeu-se, seus pulmões careciam de ar. Desejava-o tanto, ali mesmo, justo assim, selvagem e fora de controle e tão faminto por ela que não tivesse possibilidade de esperar. Ryland estava rígido por causa da necessidade, duro, grosso e palpitante de desejo. Um desespero. Agarrou-lhe a perna, envolvendo-a ao redor de sua cintura inclusive enquanto a empurrava mais contra a parede. — Está ardendo por mim, céu? — sussurrou — não diga que não. Não nos encontrarão aqui — Empurrou o vestido mais acima, recolhendo-o ao redor da cintura — Não me deixe assim. Nunca necessitei tanto algo — Não desejando lhe dar a oportunidade de negar-se, Ryland empurrou seu corpo contra o úmido calor. Suas mãos encontraram a diminuta tira vermelha e a rasgaram, deixando-a completamente exposta a ele — Me deseje outra vez, Lily. Deseje-me assim. Possivelmente seja o lugar errado e o momento equivocado, mas me deseje de todas as formas. Lily fechou os olhos quando o sentiu, grosso e duro, comprovando sua entrada. Ele era grande, e seu corpo apertado. Parecia impossível ali na diminuta habitação com suas miras e sua historia. E era perigoso... Os dedos dele frisaram seu cabelo. — Desejo-te mais que tudo — admitiu, esfregando-se sugestivamente contra ele. Escorregadia de calor e umidade aceitou-o, centímetro a centímetro. Encheu-a até que esteve ofegando, seu fôlego chegando em pequenos ofegos de prazer. Também a necessitava. Precisava estar enterrado profundamente dentro dela, uma parte dela, compartilhando o mesmo corpo. Ryland começou a mover-se, encontrando deliberadamente um ritmo ardente e apaixonado que igualava ao batimento do coração exuberante da música que os rodeava. Rápido e lento, profundo e duro, não queria que acabasse nunca. Ela era tão apertada, seu corpo estava feito para o dele. Os suaves sons que surgiam de sua garganta estavam o voltando louco. Suas unhas arranhavam suas costas, seu fôlego chegava em pequenos ofegos, e seus olhos estavam nublados de calor. Levantou-a, forçando-a a fechar ambas as pernas ao redor dele, abrindo-a mais completamente a sua posse. Afundou-se mais profundamente, suas mãos agarraram sua cintura.
— Me monte, pequena, vamos, tome tudo! — Murmurou a tentação, observando seu rosto, a cor quente, o prazer que estava lhe dando. Ela se moveu, seus músculos se esticaram e apertaram, deslizando-se acima e abaixo, sobre ele, seguindo o batimento do coração da música como ele tinha feito. Lily se esqueceu de onde estava. De quem era. Somente existia o prazer atravessado seu corpo, o fogo derramando sobre ela enquanto jogava para trás a cabeça e era indulgente consigo mesma. Luzes dançantes explodiram atrás de seus olhos e os fechou, movendo-se com o batimento do coração, montando o corpo dele, cada músculo deslumbrado e vivo. Podia sentir seu corpo serpenteando, apertando-se, esticando-se ao redor dele. Desejando-o. Ávido dele. Exigindo-o. Ryland murmurou algo que ela não captou, suas mãos se apertaram sobre ela, mordendo profundamente enquanto empurrava ferozmente. Lily jogou a cabeça para trás, estremecendo de prazer enquanto seu corpo girava fora de controle, sacudindo-a onda atrás de onda. Seu cabelo era uma nuvem escura ao redor dela, tentando seus peitos enquanto estes se arqueavam descaradamente. Sentiu um grito de agudo prazer surgindo e se apressou a enterrar o rosto contra o ombro de Ryland. Pesados músculos amorteceram seus gritos enquanto permitia que uma perna voltasse a cair ao chão, precisando manter-se em pé. O corpo dela era um inferno, suave veludo, ainda o agarrando firmemente. A fricção era quase incrível, tanto prazer que era quase dor. Empurrou profundamente uma última vez quando a música chegou ao crescendo, enquanto seu corpo explodia, um ardente vulcão que quase lhe arrancou a cabeça. Suas pernas pareciam de borracha, seu corpo pesado como se tivessem drenado sua força. Apoiou-a contra a parede, sua frente pressionada contra a dela, lutando por recuperar sua capacidade de respirar. Ficaram assim, entrelaçados, contra a parede em busca de apoio, a única forma de permanecer em pé. Lily tentou recuperar sua capacidade de respirar, escutando a seguinte canção, lenta e caprichosa. Com uma perna ainda enroscada possessivamente ao redor da cintura dele, seus corpos seguiam intimamente unidos. Era muito consciente de cada um dos movimentos de Ryland, de cada fôlego, da mão que acariciava a panturrilha. Lily se surpreendeu de não cair quando Ryland finalmente foi capaz de mover-se, beijandoa no pescoço e endireitando-se lentamente. Sua perna se desenroscou de algum modo, seu pé caiu ao chão, o liberando. Ele voltou a oferecer a pequena tira de imprestável lingerie. Lily baixou o olhar para o esmigalhado tecido com surpresa elevando depois o olhar para Ryland. Um lento sorriso estava estendendo pelo rosto dele. Auto-satisfação masculina. Ela não pôde evitar o lento sorriso em resposta que curvou sua boca. Ryland a estudava. Parecia amada e consciente. Ainda apoiada contra a parede, no vestido recolhido ao redor da cintura e os peitos empurrando para ele. A boca estava vermelha por seus beijos e podia ver sua semente gotejando para baixo pela coxa. — É indubitavelmente a mulher mais formosa que já vi. Ligeiramente surpresa de não sentir vergonha, Lily utilizou casualmente a tira vermelha para limpar a perna. Ryland agarrou sua mão, tomou o tecido, e, lentamente levou ao cabo tal tarefa. Seus dedos pareceram demorar-se e acariciar sua carne sensibilizada fazendo que esses pequenos tremores começassem outra vez. — Não pode fazer isso — sussurrou ela. Seu simples toque estava produzindo uma dor que
nunca ficaria satisfeita. — Você não crê que possa fazê-lo — disse ele com absoluta confiança, seus dedos dançando dentro dela, brincando e provocando, urgindo seu corpo a mover-se contra seu polegar acariciante. Ela chegou ao limite tão forte e tão rápido que o orgasmo a tomou por surpresa. Lily se agarrou a seu ombro em busca de apoio, o corpo tremente e dolorido. — Tem que se deter ou gritarei e todos virão correndo. Beijou-a, desejando mais tempo com ela. — Quero passar horas simplesmente te fazendo o amor, Lily. Ela percorreu com o olhar o pequeno quarto andrajoso. — Não posso acreditar que estejamos neste quartinho sujo. Pior ainda, não posso acreditar que queira ficar aqui contigo. Ryland se apoiou nela, cobrindo sua boca com a dele, um lento derreter. Onde antes jogavam fumaça, ardendo com rapidez e ardor, agora ardiam a fogo lento. — Te amo, Lily Whitney. Realmente te amo — Sua mão fechou ao redor da nuca dela, seu polegar elevou seu queixo para que tivesse que encontrar o aço de seus olhos. — Sei que adora meu corpo. — Demônios! Tão duro quer dizer? Sinto-o cada vez que me toca. Quando me beija. Deixa de ser tão condenadamente teimosa. Viria bem uma ajudinha aqui. — Duplamente demônios! — disse Lily pensativa — Rodeou-lhe o pescoço com ambos os braços, apoiando os peitos cheios e generosos contra o dele. Seus dentes mordiscaram o pescoço, a mandíbula — Suponho que terei que dedicar algum pensamento a isto se será tão insistente. Ele ouviu a suave nota de zombaria em sua voz e o duro nó de seu estômago começou a relaxar. — Serei insistente, Lily. Penso que poderíamos voltar para casa e retomar esta conversa em nossa cama. — Está muito seguro de si, verdade? — Sua língua dançou na orelha dele, e mordiscando os cantos de sua boca. — Lily, está brincando com fogo — Afastou-se dela — Em dois segundos a tomarei de novo e realmente poderiam nos apanhar — Um deles tinha que ser forte. Colocou seus peitos dentro do vestido, endireitando o broche do pescoço. Não o ajudou, mas sim, seguiu olhando com seus enormes olhos bebendo dele. Quase o desafiando. Ryland abaixou o vestido resolutamente, atirando até que caiu ao redor dela graciosamente. A mão de Lily acariciou seu peito sugestivamente, descendo mais abaixo, esfregando e acariciando, o marcando como seu antes de voltar a recolhê-lo em suas calças negras. Seu corpo inteiro se esticou, estremeceu e ardeu em chamas ante a dança íntima do toque dela. Lily podia não ter experiência, porém tinha confiança e sabia que ele a desejava. — Não sobreviverei a isto, Lily! — estava suplicando clemência. Teve piedade dele. O rol de sedutora era algo que Lily estava encontrando adorável, mas a vida real se intrometia e podia perceber a crescente tensão de Ryland. — Não disse quão bonito está de terno. Onde o conseguiu em tão pouco tempo? E todos os outros? Devem estar vestindo ternos.
— Arly. É um homem muito útil. Lily sorriu. — Não é maravilhoso? — Não sei se iria tão longe, céu. Quando vai me apresentar a Rosa? Estou me cansando de se colocar sob sua cama e me esconder no armário pelas manhãs, quando decide trazer seu chá. Embora o armário seja maior que a caravana em que cresci — Inspecionou-a cuidadosamente, jogando seu cabelo sobre o ombro — depois que saiamos daqui, me porá ao corrente sobre o capitão e o general. Arriscou-se bastante falando com ele. Requereu o esforço mesclado de todos nós manter ao Higgens e os demais afastados de vocês dois. — Acredito que o capitão te deve um grande favor. Essa mulher vai leva-lo a casa e o fazer passar um bom momento. — Tinha em mente encontrar um marido bonito e serviçal —disse Ryland — Estava vestida para seduzir e obviamente ele estava decidido a seduzir. — Não me olhe — disse Lily, rindo — Não queria ter nada com esse homem. Ryland percorreu um dedo por sua espinha dorsal, até a curva de seu traseiro. — Estava te tocando como se lhe pertencesse. — Como se quisesse que lhe pertencesse — Lily procurou sua mão — Dedicou um ou dois pensamentos ao dinheiro. Isso era o que desejava, não a mim. E foi somente uma dessas idéias fugazes. Tinha ordens de colar em mim e aposto que amanhã pela manhã terá muito que explicar. — Não se importará — disse Ryland confiante — Pensará que ela valeu a pena. — Como conseguiremos sair daqui? — Lily tentou não se sentir ansiosa. Ryland exsudava tremenda confiança — Os outros se foram? Alguém está vigiando Higgens? — Não ficarão para trás, não se preocupe por eles — Ryland arrastou-a através da diminuta habitação para o armário — virá comigo, Lily. Não vou irei sem você. Os homens esperarão até que esteja fora daqui comigo. Arriscou sua vida por nós, para conseguir informação para nos ajudar, não a deixaremos aqui desprotegida. Todos eles sabiam que nunca te deixaria vir sozinha. Isso estava fora de discussão, por certo, se por acaso está pensando em discutir comigo. Lily esfregou o queixo ao longo do ombro dele. —Estou cansada e a perna falhará depois de tanto dançar. Tenho muito para te contar — Não queria que pensasse ser sua idéia que partisse. É obvio que partiria imediatamente. Seus hematomas eram a desculpa perfeita. Mais tarde diria ao Phillip Thornton que sua cabeça doía e iria para casa descansar. Não posso contê-los muito mais. Higgens está enviando homens em todas direções em busca de Lily. Tire-a pelas escadas de trás os cobrirei. A advertência de Nicolas foi tão forte que inclusive Lily captou a urgência em sua voz. Ryland reagiu instantaneamente, agarrando sua mão, correndo para a porta do armário. Passou através do primeiro piso, arrastando-a escada acima e girando a esquina até que se pressionaram contra a parede sob a escada caracol. A multidão estava perto, separada em pequenos grupos procurando privacidade para falar de negócios, inclusive enquanto observava aos bailarinos. Ryland confiou em seus instintos, penetrando entre as pessoas, utilizando a multidão como cobertura. Levava um traje escuro e podia fundir-se com as sombras e mesclar-se, porém, Lily estava de um vermelho vistoso, sexy e atrativo, a nuvem escura de seu cabelo
deslizava ao redor dela, atraindo a atenção. Se oferecesse seu casaco sua própria camisa branca seria um sinal de néon. Lily compreendeu que estava pondo Ryland em perigo. — Vá sem mim, o alcançarei. John está esperando com a limusine —Tentou soltar seus dedos dos dele, porém, segurou seu pulso e puxou-a ao seu lado. Um forte braço se fechou ao redor de sua cintura. Havia aço nele, como descobriu. Outra faceta de seu apaixonado amante que podia ser tão tenro e amoroso. — Só faz o que digo e fica calada. Não vamos nos separar, Lily, assim não desperdice tempo discutindo. Olhou a intensa concentração na cara dele. Os olhos chapeados se moviam inquietamente, alerta, procurando infalivelmente através da turba de pessoas, até encontrar aos homens de aspecto severo que abriam passagem através do salão de baile, ao longo das paredes e esquinas escuras. Ryland sabia que os soldados estavam procurando Lily e seu sexy vestido vermelho. Ele a teria divisado imediatamente. Impeliu-a em descer o longo vestíbulo, grudada à parede, defendendo o pequeno corpo com o dele para minimizar o risco de ser vista. Estavam procurando uma mulher, não Ryland Miller. A chapelaria ficava junto ao elevador. Ryland agarrou o número de Lily e caminhou até o assistente, apresentando o cartão. O casaco de Lily era cumprido até o chão e com capuz, uma larga cortina de veludo negro. Agradecidamente a envolveu em sua calidez. À sua direita. Estou borrando sua imagem um pouco. Ryland atraiu Lily até seus braços, pressionando-a atrás de uma multidão de arbustos e vasos de barro, um amante apaixonado, dando as costas a sua direita, seu corpo inteiro protegendo-a de olhos curiosos. Murmurou brandamente, deliberadamente, com diversão em sua voz como se estivessem compartilhando alguma brincadeira secreta e íntima. Tudo enquanto ela sentia o fluxo de energia crescendo ao redor deles até ranger no ar. Juntos, os dois homens, induziram os soldados vestidos de negro a olhar para outro lado, a captarem um vislumbre de um vestido vermelho e apressarem-se atrás da mulher enquanto esta virava uma esquina. Ryland apressou imediatamente Lily para as escadas, um homem ansioso para estar a sós com seu amante, impaciente por sair da multidão. Houve um breve momento em que não tiveram mais escolha do que caminhar pelo vestíbulo iluminado. Somente esperava que a capa fosse o bastante longa para cobrir a barra vermelha do vestido enquanto Lily caminhava rapidamente. — Tire os sapatos — ordenou ele quando estiveram na relativa segurança do vão da escada — Não quero que seus saltos altos nos atrasem se tivermos que correr. Lily apoiou em seu braço com uma mão e tirou as sandálias de tiras com a outra. — Ocorre que gosto destes sapatos! — disse ela — Não quero perdê-los. — Mulheres! Preocupada com os sapatos em um momento como este —Ryland revisou os olhos e puxou sua mão — estarão nos esperando em um dos pisos de abaixo, Lily. Querem nos descobrir. Desceram correndo dois lances de escadas. — Porquê? A menos que soubessem que estão aqui? Poderiam tê-lo visto ou a um dos homens mais cedo?
— Duvido — desceram dois lances mais. Agora Lily estava definitivamente coxeando. Tentou livrar-se de sua mão, sabendo que o estava atrasando. Sabia, pela longa experiência, que seus músculos começariam a ter espasmos e finalmente arrastaria a perna. — É você quem está em perigo, Ryland, não eu. O que me farão aqui diante de todas estas pessoas? Voltarei para o salão de baile e me unirei a um grupo. Pede que Arly envie John por mim. — Segue se movendo, Lily! — exclamou Ryland, sua expressão era sombria — Isto não é uma democracia — Seus dedos se fecharam como grilhões no pulso dela, puxando Lily para baixo outro lance de escadas. — Minha perna, Ryland! — começou. A palma de Ryland cobriu sua boca. Ela sentiu sua súbita imobilidade. Seu braço estava rodeando-a, apertando-a contra ele, fazendo-a retroceder até o patamar do terceiro piso sobre as escadas. Ele espiou para baixo, com a boca pressionada contra seu ouvido. — A escada está iluminada debaixo de nós. Alguém está esperando. Posso sentir. Ela não podia sentir nada exceto a terrível dor nos músculos de sua panturrilha esticados e seus pulmões ardendo por descer correndo vários lances de escadas. Seu coração estava começando a palpitar. O que poderia ter alertado ao Coronel Higgens sobre a presença de Ryland no edifício? Ou realmente estava procurando-a por ter permanecido tanto tempo com o General Ranier? Possivelmente o general estava tão zangado que inadvertidamente sugeriu a verdade ao Higgens. A idéia a assustou. Ranier estaria em perigo, possivelmente inclusive Delia, sua esposa. Se Higgens e Thornton se dispuseram a arriscar-se em cometer assassinato quatro vezes já, não se deteriam porque sua seguinte vítima seria um general. Os lábios de Ryland se moveram, sua voz era tão baixa que mal pôde captar as palavras. — É Cowlings. Sua capacidade telepática é quase nula, mas sente as ondas de energia. Vamos descer as escadas. Fique perto da parede e mantém a capa ao seu redor. Ela assentiu para indicar que entendia. Os braços de Ryland deslizaram longe dela, levando a maior parte do calor com eles. Lily se encolheu contra o corrimão quando ele começou a descender à escura região abaixo deles. Ele não fazia som algum enquanto espreitava escadas abaixo como o predador que era. Lily tocou suas costas em busca de tranqüilidade. Pôde sentir o ondear de seus músculos, enquanto ele se arrastava escada abaixo. Tentou imitar seu silêncio, colocando os pés cuidadosamente e fazendo o possível para controlar sua respiração. Inclusive assim soava ruidosa no silêncio do oco de escada. Uma porta se abriu brevemente sobre eles e uma risada ruidosa se derramou fora. O aroma de fumaça de cigarro vagou para baixo. Ryland congelou, permaneceu imóvel, mantendo a mão elevada para indicar que congelasse no lugar. Permaneceram imóveis até que a porta se fechou de repente atrás das vozes, deixando o silêncio. A mão dele tocou a sua. Seus dedos se entrelaçaram e apertou aos seus tranqüilizando-a. Lily tentou conter o fôlego durante a descida até o patamar do segundo piso, seu coração palpitava com mais força, até que temer que explodisse fora de seu peito. A onda de adrenalina provocou violento tremor em seu corpo. Ryland estava tão firme como uma rocha. Não podia detectar que o ritmo do coração dele houvesse se acelerado absolutamente e seu polegar estava
esfregando nervosamente à frente e atrás sobre o pulso dela. Lily piscou. A mão de Ryland estava deslizando longe. De repente se tinha ido e ela estava sozinha, esmagada contra a parede no quarto degrau do patamar, tremendo, sozinha na escuridão. Não se ouvia nenhum som absolutamente. Lily procurou dentro de si mesma durante um momento tranqüilizador, obrigando o ar a atravessar seus pulmões até que acalmou seu coração e conseguiu que sua respiração estivesse sob controle novamente. Esperou, sem ceder ao impulso de procurar telepaticamente por Ryland. Se Cowlings estava perto em alguma parte, sentiria a súbita onda de energia. A urgência de se mover foi repentina e imediata. Um som sussurrado em sua cabeça, porém, não pôde captar as palavras. Lily permaneceu imóvel, abraçada à parede, sem confiar nessa conexão que não era forte e íntima como a que sempre tinha com Ryland. Nicolas era extremamente forte e o conhecia. Pressentia que teria conseguido lhe enviar uma mensagem clara. Esperou, envolta em sua capa de veludo. Tensa. Temerosa. Mantendo-se firme. Pareceu passar uma hora. O tempo se acalmou. Quase se deteve. Lily odiou o silêncio, quando este normalmente era seu refúgio. Houve um sussurro de movimento, sentido mais que ouvido. Roupa roçando-se contra a parede muito perto dela. Lily tentou fazer-se menor, conteve o fôlego, esperando. Olhou diretamente em direção ao som. Pouco a pouco, divisou uma sombra sigilosa surgindo ameaçadoramente grande, espreitando-a na escuridão. Tudo nela gritava que começasse a correr, porém, se obrigou a permanecer imóvel. Confiando nele. Confiando em Ryland. Podia senti-lo perto dela, respirando com ela. Para ela. Dando forças para esperar a ameaça que se estendia para ela. Algo pesado caiu de cima, aterrissando sobre as costas do observador, enganchando seu pescoço, atirando com força, lançando ambos os corpos sobre o patamar. Ela pôde ouvir o doloroso golpe de punho contra carne. Agora, vamos! A voz aguda e clara na cabeça de Lily. Nicolas, não Ryland. Titubeou um batimento de coração e depois fez o que lhe ordenavam, passando junto aos dois homens que lutavam e se engalfinhavam ferozmente. Começou a descer o lance de escadas, olhando para trás. Os dois homens estavam agora de pé. Uma sombra se abaixou e correu para ela, saltando, tomando o lance de escadas, decidido a pôr as mãos sobre ela. Lily tentou correr, apesar de sua perna ruim. Seus músculos travaram. A perna paralisou, e se encontrou sentada justamente no meio da escada. Foi unicamente o que a salvou. O homem a teria golpeado diretamente nas costas se não tivesse caído. Tal como foram as coisas, chutou-a no ombro quando seu corpo se lançou sobre o dela. Lily quase cai escada abaixo pela força do impacto. Ele aterrissou vários passos abaixo, deu a volta, e engatinhou para ela. Podia ver seus olhos, o brilho de triunfo. Suas mãos se estenderam, agarraram seu tornozelo, e puxaram-na bruscamente. Lily deslizou para baixo pelos degraus ao mesmo tempo em que Ryland surgia acima, uma escura e sólida ameaça. Seu chute acertou Cowlings diretamente na cabeça. O homem caiu para trás, longe de Lily. Ryland a agarrou, atraiu-a para ele, suas mãos percorreram seu corpo para comprovar que estava ilesa. — Está ferida? Machucou-te?
A mão dela deslizou para baixo pelo peito dele, surgindo pegajosa e úmida. — Ryland? — Não é nada, Lily, tinha uma faca na mão. É um arranhão, nada mais. Pode andar? — Não sei. É assim, algumas vezes funciona bem e então simplesmente se paralisa completamente quando o músculo está muito estendido — queria subir sua camisa para examinar seu peito, mas ele a arrastou para cima, seu braço rodeou sua cintura, apressado para descer ao último lance de escadas até a entrada do primeiro piso. Ryland abriu a porta com um empurrão, olhou ao redor, e a dirigiu para uma porta lateral. Atrás de você. A advertência chegou enquanto Cowlings saía precipitadamente do vão da escada. Ryland se agachou entrando rapidamente em um quarto, empurrando Lily longe dele enquanto se voltava para enfrentar Cowlings. Os dois homens giraram cautelosamente. — Vou te matar, Miller — exclamou Cowlings, limpando o sangue do nariz destroçado. Sua cara parecia uma polpa. Inclusive seus olhos estavam inchados. — É bem-vindo a tentar — respondeu Ryland brandamente. Lily se concentrou em um quadro na parede à direita de Ryland e este começou a tremer violentamente. De repente, saltou livre e voou para Russell Cowlings. Balançou e girou, lançandose em picado, ganhando velocidade e elevando rapidamente. Cowlings agachou e se afastou, tentando desesperadamente evitar o ataque. Ryland se lançou sobre ele, fingindo um ataque, o distraindo. Cowlings cambaleou para trás, voltando sua atenção a seu oponente humano. A pintura caiu com força o golpeando na cabeça, rompendo lona, o vidro e moldura e aterrissando ao redor de seu pescoço. Cowlings parecia mais estupefato que ferido. — Vamos, Lily — Ryland não tinha escolha. Se deixasse vivo seu inimigo, Lily estaria em perigo, igual aos seus homens. Não podia suportar que ela testemunhasse. Lily obedeceu, coxeando pesadamente enquanto se ia. Sua perna estava palpitando tão imperfeitamente que a fazia sentir doente. Quase inútil, arrastava-se para a saída. A pesada cortina ao longo da parede do quarto de repente cobrou vida; esta se estendeu e girou ao redor dela, envolvendo-a em rolos de tecido. A cortina estava tão apertada que a ameaçava sufocar. Lily era incapaz de ver ou lutar com as pesadas dobras. Seus braços estavam presos aos lados. Sua perna falhou e ela caiu, presa nas apertadas dobras, subitamente em perigo de sufocarse. Ryland! O pânico a golpeou, ofegou o nome dele em sua mente. Sabia que ele lutava por sua vida. Pela vida de todos eles. Inclusive se envergonhava de estar implorando sua ajuda, arriscando-se o distrair, mas não pôde conter a si mesma. Lily nunca havia sentido tanto pânico em sua vida. Tranqüila. Esse era Nicolas. Era assombroso que pudesse ouvi-lo quando estava gritando tão ruidosamente em sua cabeça. Sua respiração era superficial, fechou os olhos e começou a utilizar o cérebro. Ela tinha um tremendo poder, um controle tremendo. Anos de prática haviam forjado suas habilidades. Russell Cowlings estava preocupado em lutar e ele nem de perto era tão forte como ela. Lily começou a lutar pelo controle das pesadas cortinas. A batalha não foi longa. Cowlings não tinha resistência para uma prolongada luta mental, nem tinha as habilidades necessárias para manter sua atenção dividida.
Ryland foi baixo e direto, necessitava um final rápido. Nicolas estava perto, porém, estava controlando as câmeras de segurança e afastando do quarto a qualquer passeador noturno. Cowlings era um lutador cruel e rápido. Sempre foi um dos melhores no combate mão a mão e era bastante inteligente para se manter fora de alcance, lançando uma série de golpes duros para obrigar Ryland a manter-se longe dele. Ryland lutou por controlar a urgência de mover-se muito rapidamente, tomando tempo, bloqueando os golpes e empurrando lentamente para dentro. Ele era mais forte fisicamente e uma vez pusesse suas mãos sobre Cowlings tudo se acabaria. Ryland captou um vislumbre de um cinzeiro de dois andares, alto, justamente dentro do quarto. O cilindro redondo era feito de metal. Inclusive enquanto mantinha sua lenta perseguição ao Cowlings, concentrou-se no cilindro, obrigando o metal a cair lentamente, flutuando ligeiramente para o chão espessamente atapetado para evitar que fizesse ruído. Bloqueando vários golpes cruéis, enviou o cilindro a rodar entre as pernas de Cowlings, provocando que este cambaleasse para trás. Instantaneamente, Ryland entrou em ação, dirigindo rapidamente o canto da mão contra a garganta de Cowlings, esmagando tudo a seu caminho enquanto se afundava. Deixou mal ver o homem cair. Observá-lo lutar por respirar, uma tarefa impossível. Ryland tentou não sentir nada. Tentou sentir-se morto por dentro. Deu a volta para encontrar os enormes olhos de Lily olhando-o com horror. Ela saía engatinhando debaixo das pesadas cortinas, tentando engatinhar para o Cowlings com a vaga idéia de ajudá-lo. Limpem! Limpem! Há muitos baixando e não posso contê-los. Ryland a agarrou pela cintura, levantou-a nos braços, e correu para a porta. Explodiu na noite, correndo para a esquina onde sabia que Arly esperava no carro. — Tenho que ir com o John. Se a limusine permanece estacionada e esperando por mim, Higgens saberá que não parti imediatamente — protestou Lily. Ryland não reduziu a velocidade, não olhou para Nicolas quando ele surgiu de outra porta e caminhou junto a ele. Separaram-se no carro, dirigindo-se a ambos os lados do assento traseiro. Ryland deixou Lily no chão. — Vamos, Arly, vamos já! —A voz de Ryland era áspera. Disse a Lily — Chama John pelo celular e diga que saia dali. Lily levantou o olhar para a expressão sombria de Ryland e obedeceu. John protestou, queria saber o que passava, mas a urgência de sua voz finalmente o convenceu. Prometeu ir para casa imediatamente. — Obrigado por ficar atrás e cobrir-nos — disse Ryland. Nicolas encolheu de ombros. — Kaden levou aos meninos para casa. Estavam encantados por jogar um pouco. Eu queria algo mais de excitação, assim, pensei em ficar por aqui —Inclinou-se para examinar o rosto de Lily — Está bem? Está ferida? — Ryland está! Cowlings tinha uma faca — disse ela. Arly torceu a cabeça para olhá-los fixamente. — Que demônios aconteceu? — Só dirige — exclamou Ryland — É um arranhão, nada mais — acrescentou em protesto
quando Lily ficou de joelhos e Nicolas levantou a camisa para examiná-lo. —Tem uma sorte endemoninhada, Capitão! — disse Nicolas — Deveria ter lhe quebrado o pescoço quando o teve a primeira vez. Sabia que tinha que ser eliminado. Proporcionou-lhe deliberadamente um branco de si mesmo. Ryland não respondeu, olhava fora pela janela, seu olhar fixo era turbulento. — Ela poderia ter morrido, Rye. Ia atrás dela para te fazer fraquejar. — Demônios, Nico, já sei. Acredita que não sei? — Ryland girou a cabeça para olhar fixamente a Nicolas. Nicolas encolheu seus amplos ombros com estudada despreocupação. — Deveria tê-lo matado a primeira vez que lhe pôs as mãos em cima lá atrás na cerca quando escapamos. Ryland recostou a cabeça contra o assento e fechou os olhos, enquanto sua bílis se elevava. Lutou por contê-la, seus dedos encontraram e percorreram as espessas mechas sedosas do cabelo de Lily. Fechou o punho e a reteve desse modo. Ignorante. Somente necessitando sua presença.
Capítulo 17
— Maldita seja, Lily, acabo de matar a um homem. Gostava dele. Estive na casa de seus pais. Que demônios quer que faça? — Ryland estava andando daqui para lá, crua emoção contida fervendo sob a superfície e revolvendo-se, deixando áspera sua voz — Era um bom soldado. Uma boa pessoa. Não sei que demônios lhe ocorreu! — recordava ao Russell Cowlings e as lembranças doíam. Não podia olhá-la, não podia ver novamente o horror nos olhos dela. Resolutamente se manteve de costas a ela enquanto se andava pelo dormitório uma e outra vez. Lily estava ainda no banheiro, sua capa de veludo atirada despreocupadamente sobre o encosto da poltrona acolchoada. Seu sexy vestido vermelho era um montão no chão. Ele o recolheu e esmagou o tecido entre suas mãos — Poderia ter morrido, Lily. Ele poderia tê-la matado. Deixei-o ir a primeira vez porque estava preocupado pelo que você pudesse pensar. Demônios! — as palavras explodiram dele — Sou bom no que faço. Não pode simplesmente me olhar com acusação e me sacudir fazendo que não possa funcionar. Tem alguma idéia do que teria ocorrido se ele tivesse conseguido escapar? Teria posto a todos os homens em perigo por evitar matá-lo diante de você — esperava que isso fosse verdade. Desejava que fosse verdade. Se não era, significava que tinha duvidado porque Cowlings tinha sido um amigo. E isso era ruim, má coisa. De qualquer forma merecia o látego na voz do Nicolas. Lily prendeu o cabelo e entrou no calor do banho, rezando que este ajudasse a aliviar os músculos que se atavam em sua perna. O ombro palpitava onde Cowling fez contato em seu salto pela escada e sabia que tinha um terrível hematoma ali. Não se tinha incomodado em comproválo; as lágrimas corriam por seu rosto e duvidava que pudesse sequer ver sua imagem no espelho. Lamentava-se pelo Ryland. Sentia sua dor. Sentia o doente que se sentia e quão furioso estava consigo mesmo. Estava gritando a ela, mas sabia que sua raiva feroz estava em realidade dirigida contra si mesmo. O vapor subiu ao redor dela quando Lily obrigou seu corpo a entrar na água quente. Não podia o reconfortar. Não podia pensar em nenhum modo de eliminar sua dor. Ele se estendeu para ela quando seu pai foi assassinado. Esteve ali quando ela averiguou que tinha sido um experimento. E ela somente podia sentar-se em um jacuzzi de mármore gigante, cheia de fumegante água quente, chorando e perguntando por que alguém com seu cérebro não tinha nem idéia do que fazer. — Lily? — Ryland descansou o quadril contra o batente da porta do banheiro, com seu vestido ainda enrugado na mão. Ela não o tinha olhado nem uma vez desde que tinha saído correndo do hotel. Nenhuma só vez, como se não pudesse suportar sua visão. Não poderia tê-lo machucado mais se lhe tivesse enterrado uma faca em suas entranhas — Bem poderia entender algo aqui e agora. Isto é o que faço, o que me treinaram para fazer! Demônios! Não o olhou, olhava diretamente para frente. Ryland se aproximou mais. Conseguiria uma úlcera antes de arrancar dela um compromisso. Podia ver o feio hematoma negro e púrpura se formando acima em seu ombro. — Está me escutando? — A raiva áspera tinha desaparecido de sua voz — Não vou te deixar escapar porque me viu fazer algo que era necessário. Sabe bem que não o farei. Seria uma
razão estúpida para acabar conosco — Levou o tecido vermelho à cara, esfregando-o contra sua mandíbula. Não ia perdê-la. Ryland não tinha nem idéia de como tinha ocorrido ou quando, mas estava tão firmemente enterrada em seu coração, em sua alma, que não podia respirar sem ela. Quando ainda assim não respondeu, sentada ali com o vapor frisando seu cabelo e lágrimas caindo na água, ele suspirou pesadamente, a fúria o abandonou. — Não chore, céu. Lamento ter tido que matá-lo — Sua voz foi muito baixa e controlada — Por favor deixa de chorar, está destroçando meu coração. — Perceba! Não estou chorando porque o tenha matado, Ryland. Lamento que esteja morto, mas estava tentando matar nós dois. Estou chorando por você. Não tenho nem idéia de como te ajudar — envergonhada, lançou água ao rosto para cobrir suas lágrimas. Ele guardou silêncio, estudando o rosto que o evitava. —Tudo isto é por mim? Está chorando por mim? — Isso era o que ela fazia. Punha-o do avesso com umas poucas frases. O que faria com ela? — Lily, não faça isso. Não chore por mim — Onde em seu estômago houve um apertado nó, agora havia um quente brilho. Sentia como se tivesse recebido um presente de Natal. Fazia muito tempo que ninguém derramava lágrimas por ele. Lily ouviu a nota em sua voz. Felicidade. Sentiu-a na habitação apesar do peso da culpa que ele sentia. Essa pequena nota lhe permitiu respirar de novo. Girou a cabeça para o olhar sobre o ombro. Suas longas pestanas estavam abaixadas. Gotas de água corriam por sua suave pele, até a ponta de seus peitos. Apesar dos hematomas, era uma visão atrativa ali sentada. Seu cabelo estava despenteado e encaracolado pelo vapor. A água borbulhando e acariciando amorosamente seu corpo. Deixava-o sem fôlego. Roubava seu coração. Ela chorava por ele. — Não posso pensar quando me olha assim, Lily. Por que tem que ser tão formosa? — Não se referia a beleza física, mas não podia separar uma da outra. Sentia-se doente em seu coração pelo que havia feito. Não acreditava que o sangue de um amigo pudesse ser lavado jamais de suas mãos, mas, algo como as lágrimas dela tinha conseguido fazê-lo. Ryland a olhou fixamente, em meio do que parecia um palácio de cristal, uma princesa que ele não merecia, mas que reteria. — Desejaria ser formosa, Ryland. Você me faz sentir formosa — Seu vívido olhar azul vagou mal humorado sobre as feições rudes dele — Como pôde acreditar que te culparia por salvar nossas vidas? Senti o que isso te custa. Senti quando o fez. — Vi sua expressão. Você o queria salvar — Ryland piscou para conter as lágrimas que ardiam inesperadamente em seus olhos. Sentia a garganta áspera pela dor. — Vi a tua. Queria o salvar por você — Estendeu a mão para ele. Esperando, até que ele tomou seus dedos e se aproximou da borda da jacuzzi — Estamos conectados de algum modo. E tem razão. Não importa se meu pai encontrou uma forma de manipular a atração entre nós, sintome agradecida de que esteja em minha vida. Ryland levou a mão dela à boca, mordiscando os dedos, resistindo a urgência de abraçá-la. Humilhava-o com sua generosidade. — Dói-te o ombro? — inclinou para frente para roçar um beijo contra o feio hematoma. — Estou bem, Ryland. E suas costelas? Arly diz que limpou o arranhão, mas se sabe que as
feridas de faca são famosas pelas infecções — Soava ansiosa, em nada a perfeitamente tranqüila Lily. Ele se ajoelhou junto à banheira, estendendo a mão sob a água borbulhante procurando sua panturrilha. Começou uma lenta e profunda massagem, trabalhando seus músculos atados com infinita gentileza. — Não se preocupe, Arly a limpou com alguma coisa pestilenta que chamou suco de inseto. Queimava como o inferno! Nada poderia sobreviver a isso, nem sequer o germe mais diminuto. — Inventou essa coisa quando era menina. Acredito que a idealizou em um laboratório como o proverbial cientista louco. Cada vez que caía, punha isso nos joelhos e deixava a pele de um feio tom púrpura. Ryland riu. — Foi isso, justamente isso! — Sentiu-a sobressaltar sob seus dedos massageadores e suavizou seu toque inclusive mais — Me fale do Ranier. O que pensa? — Dizia-me a verdade — disse Lily — Estou tão aliviada. Conheci-o a maior parte de minha vida e não estava segura se poderia suportar que estivesse envolvido em um complô contra meu pai. Aparentemente, não recebeu nenhuma das mensagens que meu pai enviou. Nem suas cartas, ou seus e.mail, e nenhuma chamada telefônica. Resulta bastante interessante, o ajudante do general é irmão de Hilton, o homem que o Coronel Higgens enviou para me manter vigiada — Estendeu-se sob a água, agarrando seu pulso — O General Ranier estava de repente muito preocupado, como se estivesse conectando os pontos de algo. Acredito que faz bastante que há uma falha de segurança e de repente somou dois mais dois. — Possivelmente. Se tivesse ocorrido um problema, não o teríamos advertido. A investigação seria interna. Ninguém suspeitaria do Coronel Higgens. Seu prontuário é impecável. Certamente em princípio preferi acreditar que era seu pai o que estava nos traindo a todos. E o General McEntire...ainda é difícil acreditar que esteja envolvido em vender a seu país. É um pesadelo, Lily. Tudo isto foi um pesadelo. — Acredita que Cowlings eram um infiltrado? Alguém que o Coronel Higgens colocou no programa? Lembro de quando li seu prontuário, pontuou abaixo na maior parte dos critérios de habilidade psíquica. Pensei que o tinha incluído porque papai quisesse ver se o realce funcionaria em alguém com pouco ou nenhum talento natural. E o fez. Sua voz tinha voltado para seu tom profissional e completamente interessado. Ryland soube imediatamente que a discussão tinha passado de pessoal à clínica. Em vez de incomodá-lo, isso o fez desejar sorrir. — Pode não ter sido telepático, mas certamente era capaz de dominar um objeto inanimado. Isso foi realmente genial. — Lily, destruiu as notas originais de seu pai sobre o experimento, verdade? Ele não queria que se repetisse. Os dores de sua perna estavam começando lentamente a aliviar baixo os cuidados dele e a água quente. Lily soltou um suspiro de alívio e se afundou mais profundamente entre as borbulhas. — Papai pensou que o experimento tinha fracassado — observou ela. — Só ao princípio — disse ele tranqüilamente. Seus dedos a sacudiram — Suspeitava que
alguém o tinha sabotado e ainda se sentia o suficientemente forte para dizer a você que se liberasse de seu trabalho. Tem que respeitar isso, Lily. Pode guardar as fitas dos exercícios, se por acaso as necessita para as outras mulheres quando as encontrarmos, porém, o restante tem que destruí-lo para que isto não se repita nunca. — Foi brilhante, Ryland — Inclinou-se para frente, seu olhar azul vivo de interesse — O que fez foi absolutamente brilhante, de um ponto de vista puramente científico! — Me ofereci voluntário, Lily, eu e os homens, mas você e as outras meninas não tiveram escolhas. O que Peter Whitney fez foi absolutamente mal de um ponto de vista humanitário — Os fortes dedos de Ryland rodearam seu tornozelo, lhe dando uma pequena sacudida — Pensa em como se sentiu, Lily, vendo essas pequenas. Vendo a si mesma. Pensa em como se sentam agora essas mulheres e o que devem ter passado em todos estes anos. E meus homens, como terão que proteger a si mesmos o resto de suas vidas para evitar terminar em uma instituição. Sim, do ponto de vista de uma operação militar, com a ajuda que nos está dando agora, o experimento pode ter sido um êxito. Foi genial, por certo, ser capaz de dividir minha energia e lutar com o Russell Cowlings, inclusive, enquanto estava trabalhando com o outro lado de meu cérebro. Mas a questão é que temos que funcionar como grupo. Sem um âncora para atrair o excesso de energia longe deles vão ter sempre problemas para viver uma vida normal. — Sei, sei. Mas Ryland... A garra dele se apertou. — Sem, porém, Lily. Estes homens e mulheres merecem uma vida normal. Desejam famílias. Têm que manter a essas famílias. Eles não têm seu dinheiro e esta luxuosa casa para ajudar a proporcionar um santuário em que viver. Não posso acreditar que sequer contemple a idéia de continuar. Lily soltou um pequeno suspiro. — Não, Ryland. Seriamente que não. Entretanto, não posso evitar achá-lo interessante e bastante brilhante — Abaixou a cabeça — Mal posso suportar a idéia de me liberar de algo que foi de meu pai. Especialmente de suas notas manuscritas. Fazem-me sentir como se ainda estivesse aqui. A mão dele se enredou entre seu cabelo. — Sinto muito, Lily. Sei que dói perder a um pai. Você não teve mãe e eu não tive pai. Vamos ser uns pais interessantes quando tivermos filhos. Ela riu, dissipando as sombras de seus olhos. — Não sei nada de meninos. Ryland se inclinou sobre a borda da banheira para lhe beijar o cocuruto da cabeça. — Não há problemas, céu, sempre pode conseguir livros na Internet. Lily olhou fixamente. — Muito divertido. Esses livros foram muito informativos. — Não estou me queixando — O sorriso deixou seu rosto — Sinto o do Russell Cowlings, Lily. Nicolas tinha razão, já sabe. Deveria havê-lo terminado imediatamente, quando pus as mãos em cima pela primeira vez. Deixei-o partir. Seguia pensando em seus pais, na forma em que o estava treinando. E seguia pensando em como não poderia me perdoar matá-lo. Não queria que terminasse assim. Em vez disso, a coloquei em perigo! — Acariciou ligeiramente seu ombro
machucado — Nunca te teria feito mal, se simplesmente tivesse feito meu trabalho. — Me alegro que te incomode, Ryland. Se fosse fácil para você, sei que me preocuparia — Lily bocejou, tentando cobrir com a mão. — Vamos, céu — respondeu ele imediatamente— Vamos à cama. Podemos esclarecer tudo isto pela manhã. Sente melhor a perna? Lily assentiu. — Muito melhor, obrigada — Apagou os jorros da jacuzzi e saiu, sentando-se sobre o banco de azulejos para secar-se. Ryland tirou a toalha das mãos e levou a tarefa a cabo com longas e lentas carícias, esfregando as pequenas e tentadoras gotas de água. — Desejaria poder proporcionar provas ao General Ranier, mas não tenho nada mais que conjeturas neste ponto. Isso não vai me liberar de um conselho de guerra. Lily ficou muito quieta, seus olhos totalmente aberto. — Talvez tenhamos provas, Ryland. Esse disco. Está ainda no bolso de meu avental de laboratório. Pendurei-o no cabide de dentro da porta de meu escritório quando voltei da clínica. Não fui a nenhum médico até que cheguei em casa por não confiar em nenhum. Doía-me tanto que simplesmente vim para casa. Desejaria tê-lo recordado nesse momento. Como posso ter esquecido algo tão importante? — Possivelmente porque alguém te golpeou na cabeça e te nocauteou? —aventurou ele. Lily coxeou passando junto dele até o dormitório, abrindo de um puxão as portas de seu armário. Ryland franziu o cenho quando ela separou camisas em seus cabides. — Estive querendo te falar deste armário. Uma família poderia viver nele —Tirou de suas mãos a camisa que ela tentava vestir pela cabeça — O que está fazendo? — Irei ao Donovan conseguir essa fita — puxou a camisa para si. — Lily, são quatro da manhã. No que está pensando? — Estou pensando que o Coronel Higgens não é idiota e quando descobrir que o corpo de Russell Cowling nesse quarto, depois que obviamente o enviou a me vigiar, Higgens arrumará um pequeno acidente ou seqüestro ou simplesmente um assassinado em meu escritório. Se for agora, terei uma possibilidade de conseguir esse disco e sair sem problemas. Não espera que vá ali. Estará procurando uma forma de transpor a segurança de minha casa ou utilizar a alguém a quem amo... John, Arly, ou Rosa...para chegar até mim — rebolou no interior da camisa, puxando-a sobre seus generosos peitos — Esta é minha oportunidade de conseguir o disco. Ele não sabe nada dele. — São quatro da manhã! Não crê que isso poderia levantar suspeita de um guarda da segurança? Ela encolheu de ombros, selecionando um par de calças, e vestindo-as —Lily, mal pode andar. — Duvido-o. Vou ali a toda as horas. Pensarão que estou um pouco louca. — inclinou-se e beijou sua boca — Não pareça tão preocupado. Sei que isto é um risco calculado, mas vale a pena. Higgens não sabe nada do disco. Acreditará que o arquivo do disco que está em seu poder é tudo o que há. Nem sequer sei se existe algo. Poderia estar em branco, mas se não for assim, poderia ser a prova que necessitamos contra Higgens. Deixaria limpo a você e aos outros e o General Ranier
teria que escutar. — Não me agrada, Lily! — Você gostará menos amanhã, à luz do dia quando Higgens e Thornton tenham oportunidade de se reagrupar e traçar um plano. Conheço o Thornton. Agora mesmo estará bêbado e dormindo em casa. Não estará para nada perto do Donovan. Estou dizendo-o, Ryland, se quisermos esse disco, esta é nossa oportunidade de consegui-lo. Agora mesmo! — Lily, mal pode andar. — Deixe de pôr empecilhos quando sabe que tenho razão. Não haverá forma que entre andando nesse lugar dentro de umas poucas horas. É agora ou nunca — Levantou o queixo. Requeria uma tremenda quantidade de coragem decidir ir e não queria discutir, temendo que pudesse voltar atrás quando sabia que era uma necessidade. Podia ler a luta na expressão de Ryland. Teria ido a um batimento de coração, mas era Lily a que se arriscava, não ele. Tocou-lhe o braço. — Você e um par dos outros podem ficar de guarda se necessito ajuda. Que saibamos, Cowlings era o único que podia detectar a comunicação telepática e está morto. Se for necessário, podemos utilizar isso, e, também afastar aos guardas para que eu possa sair. Temos que agir com rapidez, agora mesmo! Ryland amaldiçoou brandamente, mas assentiu com a cabeça, sabendo que ela tinha razão. O disco era muito importante para deixá-lo escapar. Se contiver alguma informação, inclusive as suspeitas de Peter Whitney, valeria a pena o risco. Teriam que arriscar a sair sob o nariz dos guardas militares de Higgens, colocados ao redor do imóvel e isso não era fácil. Podia fazer-se, mas era difícil. Nem sequer Lily podia sair simplesmente dançando a valsa. Os guardas informariam Higgens imediatamente. — Farei Arly saber que precisaremos usar os veículos que tem de reserva fora da propriedade — Ryland capitulou completamente — Reunirei à equipe. — Só entrarei correndo e voltarei a sair. Você e os outros podem ficar aqui, e, se necessitar ajuda, o farei saber —Olhou seu relógio — Arly colocou um mini-comunicador em meu relógio. Ele também pode me monitorar. Ryland chamou Arly para alertá-lo, enquanto Lily procurava uma jaqueta. — Não vamos esperar aqui, céu, temos que ficar perto de você para ser de alguma utilidade — Falou pelo telefone em voz baixa, desligou, e se voltou para ela — Não discuta isto ou não vai a nenhuma parte. Ela pôs revirou os olhos. — Adoro quando se põe em plano macho. Não tem que se preocupar, Ryland. Tenho medo. Não quero que lhe façam mal, mas gosto bastante saber que está perto. Não vou me arriscar para nada. Apressaram-se para se adiantarem à saída do sol, atravessaram os túneis e uma vez mais utilizaram suas forças combinadas para dirigir a atenção dos guardas a algum outro lugar. Era mais fácil quando os guardas estavam sonolentos. Nicolas e Kaden correram para a garagem após a guarita do guarda para pegar dois carros. Arly conduziu Lily a certa distância do Donovan com o segundo carro os seguindo de perto, detendo-se poucos quarteirões da cerca metálica que rodeava a propriedade.
Arly se deteve na grade, aparentando aborrecimento enquanto o guarda iluminava com a lanterna o carro e comprovava cuidadosamente a identificação de Lily. — Novo chofer, Doutora Whitney? — perguntou. Ela encolheu de ombros. — Meu homem de segurança. Thornton e o Coronel Higgens estão preocupados por minha segurança — Soava aborrecida, ligeiramente irritada — Suponho que não fará mal aplacá-los. O guarda assentiu e se afastou do carro. Arly levou o pequeno Porsche lentamente até o estacionamento e seguiu suas instruções até o bloco de edifícios onde estava localizado seu escritório. — Deveria ter considerado que essa mudança de chofer poderia fazer que o guarda suspeitasse, com tudo o que está acontecendo por aqui. Sempre foi John quem dirigia a limusine ou simplesmente conduzia sozinha o Jaguar — Lily suspirou — Se disser que saia daqui, Arly, não discuta, somente vai. Se me agarrarem, não quero que o agarrem também. — Farei, não se preocupe por mim. Você somente entra e sai rápido — Arly a olhou ansiosamente — Digo a sério, Lily, diretamente a seu escritório e volta. Ela assentiu. — Prometo — Tinha o coração na garganta. Definitivamente não tinha madeira de heroína. Ao primeiro vislumbre de problema tinha planejado correr como um coelho. Lily baixou o olhar para sua perna. Ainda coxeava e sua perna estava reagindo mal. Isto era culpa dela, dançar várias músicas sem descanso entre elas. Fazer amor grosseiramente. Correr escada abaixo. Esqueceu-se de fazer todo o necessário para evitar que sua perna se ressentisse e agora estava pagando o preço. Saudou os guardas, atravessando a segurança com despreocupação. Com freqüência preferia trabalhar de noite justamente para evitar o ruído das pessoas e a energia e confusão emocional que os rodeava. Agora, enquanto ouvia seus próprios passos ressoando no vestíbulo vazio, era consciente das muitas câmeras que seguiam seu progresso. Podia sentir o pânico florescendo no fundo de seu estômago. Milhares de asas de mariposas retomando o vôo de uma vez. Seu estômago começou a revolver-se em uníssono com o frenético pulsar de seu coração. Inclusive sua boca ficou seca quando entrou no elevador vazio e baixou às regiões inferiores onde estava localizado seu escritório. Só as luzes tênues ao longo do centro do vestíbulo iluminavam o interior. Sombras horripilantes que nunca tinha notado antes estavam por toda parte, movendo-se quando ela se movia, como se a seguissem. Tudo parecia impossivelmente tranqüilo. Lily esteve tentada a falar consigo mesma para dar-se valor. Abriu a porta de seu escritório privado e entrou, fechando-a atrás de si. Estava segura que deviam ter colocado uma câmera em seu escritório, assim, tentou ser casual, vestindo seu avental branco como fazia sempre e indo diretamente para seu escritório como se tivesse esquecido algo importante. Lily começou a rebuscar nas gavetas. Abriu a fechadura da gaveta inferior, deixando a chave cair no bolso do avental e apalpando a fita enquanto o fazia. Era muito pequena e capaz de encaixar no micro-gravador. Colocou as mãos em seus quadris como se estivesse frustrada, deslizando o disco no bolso de suas calças. Com fingida irritação, Lily fechou todas as gavetas, deu um repasse a seu escritório, deixou a chave cair em sua bolsa e pendurou o avental.
Não importava quantas vezes alguém visse a fita, estava segura de que nunca divisariam o disco ou notariam sequer que existia. Com um grande suspiro de alívio, abriu de um puxão a porta de seu escritório. Mãos duras a golpearam solidamente no peito, empurrando-a para trás, fazendo-a aterrissar no chão, piscando com surpresa e alarme. Um homem musculoso que se parecia muito ao Capitão Ken Hilton da arrecadação de fundos andou pelo escritório enquanto o Coronel Higgens fechava tranqüilamente a porta. Sabia que estava olhando ao ajudante do General Ranier. Higgens olhou para ela com seu frio e lacônico olhar. — Bem, bem, certamente você é muito mais descarada do que acreditei que fosse — caminhou pelo chão, muito mais ameaçador por sua falta de fúria. Lily o olhou, sem tentar levantar-se, ainda lutando por respirar. Passou a palma da mão pelo rosto, depois uniu seus dedos no regaço, medindo o pequeno rebite de seu relógio. Pressionando o botão, alertou Arly do problema e rezou para que partisse. — Abandonou a arrecadação de fundos cedo. Lily encolheu de ombros. — Dificilmente acredito que partir logo mereça que seu amigo me empurrasse ao chão. — Sabe que um homem foi assassinado no primeiro piso do hotel esta noite? — Higgens a rodeou, seus sapatos roçaram suas calças. — Não, Coronel, não tinha nem idéia. Espero que haja uma razão para que esteja tentando me intimidar, porque vou chamar aos guardas de segurança. O Capitão Hilton a golpeou na parte de atrás da cabeça. Lily baixou o olhar aos sapatos dele. Tinha-os visto antes em alguma parte. Recordou o estranho arranhão em ziguezague ao longo do interior perto da costura. Levantou o olhar para Higgens — Suponho que está me ameaçando de algum modo. — Não brinque comigo. Você não é tola. Tem os arquivos de seu pai, todos eles, verdade? — Higgens continuou rodeando-a. Lily esfregou a perna machucada, sem o olhar. — Se tivesse os arquivos os teria dado ao Phillip, Coronel. O código que meu pai utilizou no computador daqui e em seu escritório de casa não dizia absolutamente nada. Tudo o que li em seus relatórios, você já tem acesso. As coisas que reuni, suposições, conjeturas, as passei ao General McEntire. Também as passei para o computador e enviei a você e ao Phillip uma cópia. Além disso, não tenho conhecimento de como meu pai conseguiu realçar a habilidade psíquica nos homens. — Não acredito, Doutora Whitney. Acredito que tem uma muito boa idéia de como o fez e vai escrever tudo para mim. O processo inteiro. Lily olhou-o então, com os olhos totalmente abertos e acusadores. — Acredita que seu amigo aqui vai me golpear na cabeça e me tirará isso. Se acreditasse que conheço o processo, não me tocaria. Não permitiria O Coronel Higgens se agachou, agarrou um punhado de seu cabelo, e a arrastou para cima. Lily lutou para manter a perna má baixo dela. As lágrimas alagavam seus olhos, mas se negou a chorar. Seguiu olhando os sapatos. O arranhão. Higgens a empurrou longe dele fazendo que cambaleasse para trás contra sua mesa de escritório.
Lily se agarrou à borda para estabilizar-se. Não havia forma que pudesse fugir, sequer tiravam os olhos dela por um momento. Sua perna estava muito fraca. Apoiou o quadril no escritório para aliviar o peso de sua perna ruim. — Está vendendo a informação ao melhor impostor, Coronel? É isso o que faz? Vender nosso país? Hilton estendeu a mão casualmente e a golpeou. Lily amaldiçoou e foi diretamente para sua garganta, golpeando cruelmente com o canto da mão. Foi tão inesperado, que ele não teve tempo de bloqueá-la, somente caiu para trás pelo golpe. Lily seguiu com uma joelhada na virilha, o deixando cair ao chão e chutando sua cabeça com força, utilizando a lateral exterior de sua perna forte. Nesse momento sua perna débil se paralisou baixo dela, lançando-a de novo ao chão, junto ao homem que se retorcia. Lily rodou e afundou o punho no plexo solar, lhe roubando o fôlego. Voltou a jogar para trás o punho, o bastante furiosa para ir a sua garganta uma segunda vez, porém, o Coronel Higgens a agarrou por debaixo dos braços e a arrastou longe do homem caído. — Vamos, Hilton — disse ele com desgosto — Levante do chão antes que te golpeie eu mesmo. Tem uma perna inútil e ainda assim te chutou o traseiro. Hilton rodou e conseguiu ficar de joelhos, gemendo todo o tempo. Lily não lutou, permitindo que Higgens a ajudasse a chegar até o escritório onde se sentou na borda. Sua perna pulsava, tendo cãibras cruelmente, mas olhava aos dois homens sem expressão. Hilton girou a cabeça, ainda sobre mãos e joelhos, para olhar Lily. — Vou te matar com minhas mãos nuas. Seu olhar caiu sobre essas mãos, atraída por uma força mais poderosa que sua vontade. Reconheceu suas mãos. Reconheceu seu pulso. Seu relógio. Tinha sido somente o mais breve dos momentos, mas ela tinha visto o que via seu pai. Mãos o arrastando pela murada de um navio. Um sapato arranhado. Pura energia alagou a habitação. Feito ondas tão poderosas que as luzes piscaram. O abajur de seu escritório explodiu, destroçando o cristal em fragmentos. Os livros voaram das prateleiras, pesados tomos lançados pelo ar como mísseis, atingindo Hilton. Canetas e lápis, o abridor de cartas, cada objeto pontudo da habitação de repente tinha um objetivo em mente, cobrindo a distância com absurda velocidade e alojando-se na pele de Hilton. Ele caiu gritando. O Coronel Higgens tirou casualmente sua arma e disparou no escritório a centímetros de Lily. Surpreendida, ela desviou sua atenção e os objetos da habitação caíram inofensivos ao chão. Lily e Higgens se olharam. Apontava a arma justamente à sua cabeça. — Assim, Doutora Whitney, seu pai obviamente realçou a você também. A sobrancelha de Lily se arqueou. — Estava interessado no realce psíquico e o que podia fazer porque eu tinha uma habilidade natural. Viu o que eu podia fazer e quis ver se podia desenvolver uma extensão muito maior em outros. Hilton cambaleou sobre seus pés, estremecendo enquanto tentava tirar vários objetos da pele. Felizmente para ele usava jaqueta e isso ajudou que a maior parte das canetas e lápis deixassem feridas pouco profundas.
— Só no caso de se perguntar onde estão as duas agulhas que estavam no escritório, as encontrará em sua corrente sangüínea, abrindo caminho para seu coração — disse ela serviçalmente. Hilton rugiu para ela. — Vou te cortar em pedacinhos e alimentar contigo aos tubarões —exclamou. Parecia quase tão assustado como zangado. — Seriamente? Será melhor que se assegure de segurar bem a faca enquanto o faz, de outro modo será você o que acabará cortado em pedacinhos e alimentando aos tubarões — Enquanto falava, com tom conversador, sem rancor, concentrou-se na arma na mão do Coronel Higgens. A mão começou a tremer, a arma vacilou, tentando dar a volta e apontar em direção ao Hilton. Observou os olhos de Hilton abrir com alarme. — Deixe-o, Doutora Whitney — exigiu Higgens — Necessito seu cérebro, mas não o resto de você. Se não quer que lhe dispare à perna, será melhor que se comporte. Lily afastou o olhar da arma. — Antes me estava comportando, Coronel. Queria-o morto. Deveria ter direcionado o vidro diretamente através de seu crânio — Sorriu para ele — Não se preocupe. Estou cansada. Infelizmente, o inconveniente de um talento natural é que não dura muito tempo. Por isso meu pai queria realçar as capacidades psíquicas, para fazê-las mais fortes e mais resistentes. — Assim discutiu isto com ele. — É obvio que discutimos. Discutimo-lo durante anos — Inclinou a cabeça — Fez você matar a meu pai ou o fez Ryland Miller? — Por que quereria seu pai morto? — Exigiu Higgens — Necessitava o processo. Ele estava sendo teimoso. — Não ofereceu o adequado. Onde está Miller? — Sua voz era tão fria como o gelo. Seu olhar azul direto. Cuidado céu. Não vá muito longe. É um homem inteligente. A voz de Ryland roçou as paredes de sua mente, mas soava longínquo. Lily lançou a nuvem de cabelo negro sobre seu ombro. Não tão inteligente. Fez que matassem meu pai e está utilizando ao mesmo valentão em mim. Demônios, Lily! Não o empurre muito, é perigoso. Ryland foi inflexível. — Quer ao Miller? — perguntou Higgens. Hilton finalmente conseguiu endireitar-se, atirou a último das canetas ao chão e deu um passo para Lily. Deteve-se abruptamente quando Higgens levantou a mão em uma silenciosa ordem, mas nunca afastou seu vingativo olhar do rosto dela. Lily o ignorou. — Se Miller matou meu pai, então, sim, quero-o. Você o encontre e mate-o. Mostre-me o corpo e lhe darei o processo. De outro modo, adiante e me mate. Nunca averiguará por sua conta. Fez um pequeno silêncio enquanto o coronel pensava. — Você é uma mulher sedenta de sangue, verdade? Nunca teria imaginado. Sempre é tão fria como o gelo. — Ele matou meu pai — apontou ela — Sabe onde está Miller? — Ainda não, mas não pode desaparecer sem mais. Temos homens o buscando, o
agarraremos. O que disse Ranier? — O General Ranier? O que tem a ver com isto? — Passou muito tempo com ele — disse o Coronel Higgens, seus olhos se entrecerraram em diminutas frestas. Lily sentiu um instantâneo estremecimento descer por sua espinha dorsal. Podia sentir as ondas de malícia desprendendo de Higgens. A intenção de violência. Forçou um casual encolhimento de ombros, sabendo que tinha a vida do general em suas mãos — Estava preocupado comigo. Delia queria que ficasse com eles depois do desaparecimento de meu pai. Ela não esteve bem e o general queria que considerasse a idéia em seu benefício tanto como no meu. — Mencionou Miller? — Eu o fiz — Lily aproveitou a oportunidade — Esperava que Miller tivesse contatado com ele, mas o general não sabia nada que fosse de utilidade. Descartei a conversa porque não queria que suspeitasse. Depois disso falamos de Delia. — Acredito que por sua segurança, Doutora Whitney, vamos ter que pô-la em custódia preventiva. Acredito que Miller é uma autêntica ameaça para você. — Minha casa é bastante segura. — Ninguém está a salvo de Miller. É um maldito fantasma. Um camaleão. Poderia estar na mesma habitação conosco a simples vista e não saberíamos. É para o que foi treinado. Não, estará muito mais segura conosco — O coronel assentiu para Hilton. Hilton agarrou as mãos de Lily e puxou-a para frente, fechando umas algemas apertadamente ao redor de seus pulsos. Com a pretensão de ver se estavam solidamente fechadas puxou seus pulsos para frente e atrás maliciosamente. — Suficiente Hilton. Saiamos daqui — Lily desceu do escritório, pondo a prova sua perna má. Podia coxear, arrastando a perna, mas nunca se agüentaria firme se tivesse que correr. Com um suspiro de resignação, seguiu Hilton. Fora, em alguma parte, os Caminhantes Fantasmas estavam esperando. Esperava que fossem tudo o que o coronel havia dito. Camaleões.Ficando à espera para emboscar a seus seqüestradores.
Capítulo 18 Lily não estava o minimamente surpresa pela falta de guardas de segurança. Phillip Thornton estava metido no que fosse que o Coronel Higgens também estivesse e devia ter insistido em que Higgens obtivesse completa cooperação. Os guardas tinham sido conduzidos para algum outro lado dos laboratórios. Manteve a cabeça baixa, concentrada no mecanismo de fechamento das algemas. Nunca tinha sido boa com as fechaduras. Inclusive depois de estudar como trabalhavam, raramente tinha êxito em abri-las. Requeria infinita concentração, uma energia enfocada com certeira precisão e habilidade. Lily estava furiosa consigo mesma por não haver-se cuidado melhor para adquirir a habilidade. Estamos em posição, Lily. Utiliza sua perna. Atrasa-os. Não queremos que o coronel te acredite capaz de correr. Ryland soava muito crédulo. Lily franziu o cenho. Não sou capaz de correr. E não quero que faça que o agarrem. Posso sair desta. Pequena mentirosa. Necessita que te resgate. A zombadora diversão em sua voz a esquentou. Foi somente então quando compreendeu que estava tiritando de medo. Lily jogou o cabelo para trás e revirou os olhos, se, por algum milagre, Ryland pudesse vê-la, mas atrasou seu passo, arrastando sua perna má um pouco mais. O Coronel Higgens pôs uma mão sobre seu ombro. — Farei que Hilton traga o carro para que não tenha que caminhar tanto —Agora que pensava que ela acreditava que Miller tinha despachado seu pai, podia permitir-se ser civilizado. — Parece-se com o capitão com o qual dancei no traje de gala — aventurou Lily, para o distrair. — São irmãos. Nenhum dos dois é muito brilhante, mas são úteis — O coronel pôs a mão sobre sua arma quando entraram no elevador. Tinha pouco controle sobre os guardas do nível térreo e qualquer um deles podia divisar as algemas — Dispararei a qualquer um que tente nos deter — advertiu — Esta é uma missão de segurança nacional. Tem a oportunidade de salvar vidas, Doutora Whitney. Você escolhe. Deteve-se para agarrar dois aventais de laboratório de uma pequena habitação perto dos elevadores, atirando uma ao Hilton. — Parece um pouco pior levando essa roupa e coberto de sangue — O outro avental colocou sobre os pulsos de Lily para ocultar as algemas — vamos sair caminhando todos juntos, muito perto uns dos outros. Hilton, você traz o carro e nos recolhe. Está enviando seu homem de confiança para o carro. Este homem matou meu pai. A repentina calidez que a rodeava era forte. Compreendeu imediatamente que os outros homens estavam conectados na onda telepática de energia, escutando, esperando e preparados para golpear em seu benefício. Isso a fez sentir parte de algo. Quando tinha deixado de estar sozinha e desolada por pertencer a alguém? De verdade que alguém utiliza o termo "homem de confiança" ? Perguntou Ryland. Houve um murmúrio coletivo de negativas, umas poucas risadas e bufos de negação. Sinto muito, céu. O veredicto é que ninguém utiliza esse termo antiquado.
Antiquado? Seu fôlego quase se deteve nos pulmões quando avistou dois guardas de segurança aproximando-se deles quase ao final do comprido corredor. Deveria ter utilizado "valentão"? Isso seria mais moderno? A sobrecarga de adrenalina a estava fazendo tremer, quase muito, mas intumescia a dor de sua perna, permitindo funcionar apropriadamente. Uns poucos minutos mais, Lily, animou-a Ryland. Seu coração está pulsando muito depressa. Acalma-o. Outra voz interrompeu. É a expectativa por nos ver de novo. Gosta de mim. Gator arrastou as palavras com seu acento cajún. Lily teve que se conter para não rir, apesar da perigosa situação. Não se atrevia a olhar para Higgens, temendo que sua expressão a delatasse. Os homens eram escandalosos em seu esforço de serem tranqüilizadores. Certamente, Gator. Pensei que fosse tão “mono” quando te vi pela primeira vez. Os guardas cabecearam para o Higgens, enquanto se apressavam a passar. Mudança de guarda. Todo mundo estava cansado. Higgens não era tão estúpido depois de tudo. Os guardas não queriam ver nada incomum. Somente queriam ir para casa com suas famílias e descansar. Não precisa seguir olhando ao Gator, decidiu Ryland. Não está pensando que é mono?! Que demônios é “mono” de qualquer modo? Você não assinalou Gator. Apesar da brincadeira, Lily sentia a sombria tensão acumulando-se em suas vozes. As portas duplas conduziam ao exterior do complexo que surgia ameaçador. Ela manteve a cabeça baixa e caminhou lentamente, arrastando a perna. Hilton abriu as portas e a conduziu através delas. Lily não o olhou. Estava morto. Só que ainda não sabia. Seguiu caminhando até que Higgens a pegou pelo braço, fazendo-a deter bruscamente. Hilton partiu trotando. — Foi inteligente ficar calada com os guardas. Não quer sangue em suas mãos. Lily levantou a cabeça para olhar diretamente seus olhos. — Não deixe que o fato de ser uma mulher o engane, Coronel. Não me incomoda a violência sob as circunstâncias adequadas. Alguém é responsável por matar meu pai e vou encontrá-lo. Sorriu. Seus olhos eram frios. — Espero que o faça, Doutora Whitney. O carro estacionou junto deles. Higgens estendeu o braço para abrir a porta. Lily girou para deslizar no assento do passageiro. Em vez disso soltou um golpe frontal, jogando seu peso para trás. O golpe alcançou Higgens precisamente no plexo solar, tirando-lhe o ar dos pulmões, fazendo-o se paralisar como um balão desinflado. Enquanto caía, Kaden se ergueu atrás dele, terminando o trabalho dela com um golpe cruel no pescoço. O Coronel Higgens caiu no asfalto como uma pedra. Kaden não vacilou, empurrou Lily no interior do carro e entrou atrás dela. — Vamos, vamos — Fase um completada. Temos recuperação. Repito, temos recuperação. — Nos deterão na grade — Assinalou Lily — Kaden, me tire as algemas. Não as posso suportar — Ela era a fase um. O objeto recuperado. A idéia a irritava, mas não tanto como as
algemas de metal nos pulsos. — Estamos de posse da grade no momento, Lily — replicou ele gentilmente — Somente uns poucos minutos mais. Até que saibamos que está limpo. — Arly saiu? — Estava olhando ao motorista num esforço de identificá-lo. Vestia o avental branco de laboratório que Hilton levava. Jonas a olhou pelo espelho e fez uma careta. — Arly está esperando fora da grade com o Porsche. Pequena preciosidade, esse carro. Gostaria de dirigi-lo alguma vez — Soava muito esperançado. Tirou o carro diretamente pela grade. O homem uniformizado simplesmente abriu a porta e deslizou para o outro lado de Lily, assim estava rodeada. Ryland emoldurou seu rosto com as mãos e a beijou com força. — Demônios, Lily! Vou encontrar uma habitação acolchoada e te trancar nela onde saberei que está a salvo! — disse, depois girou para observar o que deixavam atrás. Lily podia ver a arma em sua mão. Atrás deles, os laboratórios estremeceram com várias ruidosas explosões. Ela girou para olhar pela janela traseira. A fumaça ondulava no céu. — Quem fez isso? — Kyle, é obvio. Gosta de fazer voar coisas. — Há um montão de gente inocente trabalhando aí! — apontou ela. Jonas estacionou o carro junto ao Porsche. Arly estava fora do carro e andando de lá para cá. Estavam a quatro quarteirões dos laboratórios e podiam ouvir as sirenes soando com alarme. Ryland tirou Lily do assento traseiro e a pôs no Porsche, tomando as chaves de Arly antes que o homem pudesse protestar. — O que está fazendo? — perguntou Lily. — Nos afastando deste lugar com rapidez — replicou Ryland. — Sequer pude abraçar Arly — disse ela — Deve ter se preocupado muito. — Ele estava preocupado? — Ryland trocou de marcha com mais força da necessária — Tiraste-me dez anos de vida. Terá que abraçar ao Arly depois. Nesse momento quero te afastar do Donovan tão rapidamente como é possível. Pelo que a mim concerne o lugar pode arder até os alicerces — Um músculo saltava em sua mandíbula — Poderiam tê-la matado, Lily. Ela recostou a cabeça contra o assento, enquanto Ryland conduzia entrando e saindo do tráfico ligeiro. —Sei. Realmente tive medo. Mas tenho o disco e Higgens não suspeita nada — Fechou os olhos — Hilton foi quem atirou meu pai pela amurada. Ryland a olhou fixamente, preocupado. — Sei, céu. Sinto muito. Está ferida? Feriram-na? — Queria deter o carro e examinar cada centímetro dela. Lily sacudiu a cabeça cansada sem abrir os olhos. — Em realidade não. Mas, estava realmente, realmente assustada. Matariam depois de me arrancar o processo. Ryland franziu o cenho. — Não conhece o processo, verdade?
— Não exatamente. Vejo por onde meu pai ia, e, não seria difícil, o conhecendo tão bem como o conhecia, imaginar a maior parte. Está tudo em seu computador portátil no laboratório de casa. Tudo está ali. Teria inventado algo para Higgens — Estava exausta, desejando desesperadamente encolher-se em sua cama. Elevou os pulsos maniatados — Pode me tirar isto? Soava tão próxima às lágrimas que o coração dele deu um tombo. — Logo que cheguemos à garagem no bosque, céu. Agüenta um pouco mais. Lily baixou o olhar a suas mãos. — Li sobre este tipo de coisas nesses livros, já sabe. Na vida real, não é nem de perto tão excitante como ler sobre isso. Ryland pôs sua mão sobre as delas, seu polegar deixou pequenas carícias sobre o pulso. As algemas estavam muito apertadas, cortando a pele. — Podia fazer muito com uma cena de submissão — disse ele forçando especulação em sua voz, esperando fazê-la rir. Se chorasse, rasgaria seu coração — Acredito que ataduras de seda seriam melhor que algemas de metal — Seu polegar riscou os hematomas circulares que se formavam no pulso — Isto nunca ocorreria comigo. Tem que ter mais discernimento, Lily, quando vai por aí experimentando com a submissão — Ondulou as sobrancelhas — Eu seria um grande amo. Ela quase se engasgou. — Amo? Já vejo. Seria sua escrava. Ele sorriu maliciosamente. — Essa é uma forma de ver. Mas, te atar à cama e tomar meu tempo explorando seu corpo me soa bem. Não me importaria tomar umas poucas horas só para te dar prazer. O olhar azul dela colidiu com o dele. Seu corpo inteiro ruborizou ante a idéia. — Obrigada por afastar minha mente das algemas, realmente fazem mal. E me fazem sentir apanhada. Sinto-me quase como se não pudesse respirar com elas. — Já estamos aqui, céu, somente um par de minutos mais — prometeu enquanto colocava o Porsche na garagem e fechava a porta, sumindo-os na escuridão. Estendeu-se em busca das mãos dela — Não tenho meu jogo de ferramentas, assim tenho que me concentrar. Poderia levar um pouquinho de tempo. — Não me importa, só me tira isso — Não ia chorar agora que estava segura e quase em casa. Levou uns poucos minutos, Ryland trabalhava habilmente e com precisão até que ela sentiu que as algemas se soltavam e caíam. Entregou-as a ela enquanto a levantava nos braços. — Te levarei nos braços, céu. — Peso muito — Somente estava agradecida de estar sem algemas. Ryland deixou escapar um ruído e a tirou do pequeno carro. — Não temos que esperar aos outros para que façam os guardas ao redor da casa olhem para outro lado? — Estava cansada. Queria dormir para sempre. — Podemos fazer nós mesmos. Um por um. Avisarei para combinarmos nossas energias — Ryland a levantou e levou para o edifício entre a espessura do bosque. O sol matutino filtrava raios de luz através da densa copa sobre eles. Ramos e folhas balançando e dançando ao leve vento. Lily olhou ao redor surpresa. Tinha esquecido que existiam
as coisas formosas. Os pássaros chilreavam daqui para lá a outros apesar do bate-papo e repreensão dos esquilos. Lily colocou a cabeça contra o ombro de Ryland, lhe rodeando o pescoço com os braços. — Isso parece parte desse assunto de submissão. É como se fosse você meu escravo em vez do contrário. Inclinou a cabeça para raspar os dentes maliciosamente no pescoço dela, sua língua formou redemoinhos para aliviar os leves beliscões. Lily riu brandamente. — Acredito que é certo pensar que o sexo está na mente dos homens a cada três segundos. Está pensando em sexo em vez de em guardas, verdade? — Fala como se fosse algo ruim. É obvio que sim. Toda essa conversa me está aguçando. Como demônios consegue cheirar tão endemoniadamente bem todo o tempo? — Lily sentiu a mudança nele, passando da brincadeira aos negócios. Não se esticou, mas havia poder percorrendo seu corpo, cru e mortal. Ele acenou para sua esquerda. Lily sentiu a interrupção do fluo natural da natureza que os rodeava. Havia uma presença estranha no bosque. Fechou os olhos, entregando-se ao vínculo comum, tocando onda, alimentando-a, permitindo que Ryland assumisse o comando. Ele deu a ordem, sugerindo um passeio na outra direção. O sutil fluxo de poder persistiu até que o guarda se afastou passeando, liberando o caminho até a entrada do túnel. Uma vez dentro, Ryland se moveu rápido, conhecendo o caminho, levando-a diretamente através do labirinto de corredores próximo até suas habitações. A luz do sol filtrava através das janelas. Fechou as cortinas, inclusive antes de deitá-la sobre a cama. Lily levantou o olhar para seu rosto. — Não tenho energias para encontrar um gravador — Tirou o pequeno disco do bolso de sua calça e o ofereceu — Arly terá um em alguma parte. Somente quero me jogar aqui e te olhar. Ele pôs o precioso disco sobre a mesinha de noite e se ajoelhou junto à cama para tirar seus sapatos. — Quero examinar sua perna. Dói? — Estou tão cansada, Ryland — admitiu — Não posso pensar nisso. Ryland jogou seus sapatos de lado e baixou suas calças, atirando-as para o lado. — Esqueci que não leva lingerie. Pelo amor de Deus, Lily, não me assombra pensar em sexo todo tempo. Passa de me assustar a me seduzir. Um pequeno e relutante sorriso subiu os cantos de sua boca. — Como estou te seduzindo? Só estou aqui deitada — A idéia teria tido mérito se não estivesse tão completamente exausta. Havia algo na forma que ele a olhava que sempre conseguia esquentar seu sangue. Ryland examinou sua panturrilha cuidadosamente, massageando os músculos duros. Ela ficou tranqüilamente sob seus cuidados, com os olhos fechados, vestindo somente sua camisa. O tecido subiu, mostrando seu umbigo e a parte inferior de um peito. Ryland deslizou a mão possessivamente para cima pela coxa. Lily abriu os olhos uma diminuta fresta. — Não sei o que pensa estar fazendo, mas quero dormir um mês.
— Estou inspecionando o dano — disse ele. E o estava fazendo. Havia um princípio de hematoma na coxa. — Está em minhas costas e em meu peito — murmurou sonolentamente — Estou dolorida por toda parte, Ryland. Obrigada por tirar as algemas, sei que não foi fácil. Gentilmente ele tomou suas mãos, as girando de um lado a outro, franzindo o cenho ante as escuras marcas de hematomas dos punhos. — Como te fez o hematoma da perna? — Havia raiva acumulando-se no fundo de seu estômago, mas lutou por mantê-la sob controle, lutou por manter a voz amável. — Não sei. Houve uma briga. Hilton me golpeou e perdi a cabeça durante um minuto — Girou de lado, aconchegando-se contra o travesseiro — Fui por ele. — Esbofeteou-te? Que mais fez? — Ryland puxou o tecido de seu top para cima nas costas. As nádegas eram duas manchas azuladas. Estava começando a desejar poder matar a um homem duas vezes. — Não se preocupe, devolvi — respondeu ela. Havia satisfação em sua voz — Teria levado a golpes ao inferno se Higgens não houvesse interferido. Provavelmente me fiz o hematoma da coxa quando ele me lançou para meu escritório. Saltaram lascas de madeira por toda parte. Estava tão zangada que não senti muita dor. — Lançou-te ao escritório justo com a perna ruim? — Ryland passou a mão pelo rosto — Demônios, Lily! Ela não abriu os olhos, mas sorriu. Mas com ar satisfeito. — Diz muito isso. — Não pareça tão agradada. Estão me saindo ganas. Teve uma briga a mão limpa com esse homem? Acreditaria que a filha de um bilionário seria mais sofisticada que isso. — Sou muito moderna para deixar que algum homem das cavernas me golpeie — defendeu-se ela. Os dedos dele massageavam a panturrilha, procurando o machucado. — E te golpeou no peito? Deixe ver. — Não vou deixar ver meu peito — Sua risada estava amortecida — Te afaste e deixe dormir. Essa é uma desculpa pobre para ver meus peitos. — Não necessito uma desculpa pobre para ver seus peitos — disse ele — Quero ver o machucado — simplesmente agarrou a lateral da camisa e puxou até que ela se rendeu e levantou o corpo o suficiente para ele. — Estou realmente cansada, Ryland. Leve o disco ao Arly e veja se vale a pena todos os problemas que nos deu. Dê-me uma hora para dormir e poderemos ir ao General Ranier e ver se nos ajudará — Sua voz foi baixando mais e mais de volume até que Ryland esteve seguro que simplesmente adormeceu. Arrastou o lençol sobre seu corpo e deitou perto dela até estar seguro que dormia. Ryland levantou a mão frouxa de Lily e examinou seu pulso machucado à luz do sol da manhã. — Demônios! — Pronunciou a palavra brandamente enquanto inclinava a cabeça para beijar os círculos púrpura, tentando encontrar a forma de curá-la. Sustentou a mão sobre seu próprio peito, sobre seu coração como se de algum modo o pulsar de seu coração por ela eliminasse as marcas.
Estava tão completamente imerso em seu desejo de curar as marcas de Lily, tão concentrado nela, que não ouviu ou sentiu nenhuma perturbação. Não houve som, mas algo o fez levantar o olhar e se encontrou olhando a uma mulher mais velha. Estava emoldurada na soleira da porta, com uma mescla de surpresa e medo no rosto. Muito lenta e gentilmente Ryland colocou as mãos de Lily sobre o lençol e se sentou. — Você deve ser Rosa — disse com seu tom mais encantador — Sou Ryland Miller. Lily e eu somos... — procurou apressadamente uma palavra. Qualquer palavra. Não queria dizer “amante", mas "amigos" parecia ridículo quando estava sentado na cama de Lily e ela estava nua sob o lençol. A mulher o fazia sentir-se como um adolescente que penetrou na habitação de sua noiva. Não tinha a mais remota idéia do que faria se ela se pusesse a correr gritando pela casa. — Sim, sou Rosa — Olhava-o fixamente — por que Arly não me falou de você? Ele deve saber que está na casa. Ninguém pode estar na casa sem seu conhecimento. — Bom, senhora — A mulher o tinha imobilizado com seu olhar atento e Ryland, um homem adulto, não pôde evitar parecer um esquilo assustado — É complicado. — Não me parece muito complicado — Rosa entrou na habitação, cacarejando sua desaprovação enquanto se aproximava da cama. Avistou o círculo púrpura escuro nos punhos de Lily e chiou com horror. Rosa realmente apertava seu próprio peito. Ryland ficou aturdido em silêncio. A mulher enchia a habitação inteira com sua presença, o intimidando como ninguém tinha feito. Não podia dizer se ia desmaiar ou gritar, ou, agarrar algo e golpear sua cabeça. — O que ocorreu a minha menina? — O olhar de Rosa caiu sobre as algemas descartadas e seus olhos se abriram com surpresa. Fez um súbito silêncio aturdido. Ryland sentiu a cor subir por seu pescoço. De repente sentia a camisa muito apertada e gotas de suor começavam a se formar sobre sua pele. Rosa se agachou para recolher as ofensivas algemas e as sustentou ante de seu rosto. Prorrompeu em uma corrente de espanhol. Acalorada reclamação se estendeu até que teve que buscar fôlego. Isso foi o único que o salvou. Tinha o pressentimento que ela tinha utilizado cada maldição que conhecia e algumas que acabava de inventar. — Bom, senhora. Não faça uma idéia equivocada — disse ele — Não lhe pus essas algemas. Outro o fez. — Há outro homem aqui dentro? — A cabeça de Rosa girou ao redor e se aproximou do armário, abrindo a porta com um puxão — Este é um desses romances de trio? Ensinou isto a minha garotinha? — Inspecionou cada canto do armário — Diga que saia aqui e me enfrente! — Senhora... — Ryland estava encurralado entre a risada ante o que ela estava pensando e o desespero pela idéia que pudesse tentar jogá-lo a golpes — Rosa, não é isso absolutamente. Lily foi atacada ontem à noite por um inimigo. Tentaram raptá-la. Rosa chiou, sua voz se elevou e sacudiu os vidros. Realmente lhe atirou as algemas obrigando-o a agachar-se. Ryland saltou da cama e tentou detê-la. — Não, pelo amor de Deus, mulher, vai despertar aos mortos. Basta, por favor. Na cama, Lily se moveu, levantando a cabeça ligeiramente, e voltando-se para avaliar Rosa com olhos sonolentos. — Ryland te assustou?
— Eu? — Ryland passou um dedo pelo colarinho da camisa — Como pode dizer isso? Ela acredita que estive jogando a algum jogo de submissão contigo. As pestanas de Lily tremeram, abaixando. — Bom, queria jogar a um jogo de submissão comigo, verdade? — Havia diversão na suave nota sonolenta de sua voz. — Lily, estava te fazendo rir, te animando — Estava começando a suar sob o olhar desaprovador de Rosa. Alguém fez um som risonho e ruidoso. Ryland se voltou para encontra Kaden e Nicolas de pé na porta com Arly atrás deles. Vários dos outros homens se pressionavam atrás dele, tentando olhar ao interior, atraídos pelos gritos de Rosa. Com a porta totalmente aberta, o isolamento não havia servido de nada. Ryland levantou as mãos para o ar em derrota e voltou a sentar-se pesadamente na beirada da cama de Lily. — Lily, acorda. Esta é sua amalucada família e pode tratar com eles. A suave risada de Lily brincou sobre sua pele como o toque de seus dedos. — A armadura de meu cavalheiro parece ter rachaduras. Rosa é inofensiva, um coração doce, somente seja agradável — voltou-se e o lençol baixou perigosamente, expondo a carne cremosa e tentadora. Rosa ofegou com ultraje. Ryland agarrou o lençol e o arrastou até o queixo de Lily. — Não se mova. Os vizinhos chegaram. As pálpebras de Lily levantaram e ofegou ante a multidão reunida em sua habitação. — Meu deus. O que ocorreu com o direito à intimidade? Estou segura de que estou contemplada por ele. — Não precisa gritar — assinalou Kaden. Ela se agarrou ao lençol. — Não estava gritando — negou ela inflexivelmente — Foi Rosa! Saiam todos. Quero dormir. — Não acredito que tivesse o sono em mente — aventurou Kaden — Sem dúvida te ouvi dizer que Ryland estava interessado em submissão. Está planejando o algemar? Porque ficarei vendo. — Esteve assistindo aos meus filmes! — acusou Arly. — Que filmes? — interveio Gator — Está nos escondendo isso? Tem bom material de submissão e não está compartilhando? — Estão todos obcecados com submissão — sentiu-se compelida a observar Lily. — Lily! — A voz de Rosa silenciou instantaneamente a habitação — Quem são essas pessoas e o que está se passando em minha casa? Exijo uma resposta imediatamente. Lily olhou ao redor procurando um robe. Ryland encontrou um para ela e, utilizando o lençol como tela, ajudou-a a vestir-se para que pudesse sentar-se. — Sinto muito, Rosa. Deveria ter dito. Meu pai estava envolvido em algo no Donovan. Um experimento para realçar o talento psíquico — Olhou fixamente a Rosa, não querendo que esta desmaiasse. Rosa empalideceu sob sua lisa pele morena e procurou uma cadeira. Arly a ajudou a sentarse. O olhar de Rosa nunca abandonou o rosto de Lily.
— Fez essa coisa malvada depois de tudo o que passamos antes? Lily assentiu. — As coisas começaram a ir mal. Alguém queria suas anotações. Queriam o processo para si mesmos para vender no mercado a governos estrangeiros e organizações terroristas. Inclusive no setor particular, o realce poderia dar benefícios. Para conseguir, tinham que convencer papai de que o experimento era um fracasso. Fizeram-no assassinando aos homens um por um e fazendo que parecesse ser resultado de efeitos secundários. Rosa se benzeu, beijando o polegar. — Isto não está bem, Senhorita Lily. — Sei, Rosa — disse Lily brandamente, querendo reconfortá-la — Papai começou a suspeitar que as mortes eram devido à sabotagem e não aos efeitos secundários e me pediu que desse uma olhada. Não me disse nada, obviamente, esperando que avaliasse as coisas sem induções. Desafortunadamente, uma vez entrei no projeto, essa gente pensou que poderia lhes proporcionar o processo de realce. Assim mataram papai e atiraram seu corpo ao oceano. — Minha mãe! — Rosa sufocou um grito de alarme e se estendeu em busca da mão de Arly, apertando-a firmemente — Está segura, Lily? Mataram-no? — Sinto muito, Rosa, sim, está morto. Soube no momento de seu desaparecimento. Essas mesmas pessoas tentaram usar seu medo para entrar nesta casa e procurar o trabalho de papai. Não conseguiram, graças ao Arly, mas continuaram tentando. Rosa se balançou atrás e adiante. — Isto está mal, Lily. Muito mal. Prometeu que nunca voltaria a fazer algo semelhante. Agora está morto. Por que o fez? — Esses são os homens com os quais estava trabalhando. Ajudei-os a escapar do Donovan e os trouxe aqui. Um dos homens está se recuperando de uma lesão cerebral. Rosa estava sacudindo a cabeça furiosamente em protesto. Lily continuou tenazmente. — Estou ensinando os exercícios que funcionam para mim e me ajudam a funcionar no mundo exterior. Não têm nenhum outro lugar para ir, Rosa. Buscam-nos, e se os entregarmos, os matarão. Rosa negou com força com a cabeça, sem olhar para Lily. — Eles são como eu, Rosa. Como eu! Aonde mais podem ir? Necessitam um lar. Você, John, Arly e eu somos tudo o que têm. Realmente quer que os envie longe para que morram? Um soluço escapou da garganta de Rosa. Arly se agachou junto a sua cadeira e rodeou seus ombros com um braço, sussurrando algo suave. Ela apoiou a cabeça contra o ombro de Arly, enquanto a sacudia em negação, mas sem entusiasmo. — Rosa! Estou apaixonada por Ryland! — Lily admitiu em tom baixo, mas tão claramente no silêncio da habitação, que foi impossível não ouvir. Rosa levantou o olhar, sua atenção captada. Lily entrelaçou seus dedos com os de Ryland. — Amo-o e quero passar o resto de minha vida com ele. Esta é sua casa. Sempre será sua casa. Você é minha mãe e nenhuma filha poderia te querer mais do que te quero. Se de verdade não quiser que Ryland e estes homens estejam aqui, partiremos. Todos nós. Irei com eles. — Lily! — Os olhos de Rosa se alagaram de lágrimas — Não fale em partir. Esta é sua casa.
— Também é sua casa. Quero que seja a deles também, enquanto necessitem. Posso ajudar. Sei que posso. Temos um disco, algo que meu pai gravou e ocultou. Espero que haja provas incriminadoras nele. Assim, farei cópias e entregarei uma ao General Ranier. Se for necessário posso passar por cima dele. Se isso limpar seus nomes, tudo irá bem; se não for assim, seguiremos trabalhando para encontrar provas. — Agora virão atrás de você, Lily! O Coronel Higgens sabe que meteu a mão. Se não puder te agarrar, tentará te matar — disse Ryland sombriamente. — Sei. Encontrará uma forma de revistar a casa. Não será fácil e nunca encontrará aos túneis ou aos homens — Olhou Kaden e Nicolas — Terão que proteger realmente ao Jeff. Ele não será capaz de se mover com rapidez. Quem está com ele agora? — Ian e Tucker. Não deixarão que ninguém incomode Jeff — tranqüilizou Kaden com absoluta confiança. — Bem. Minha fuga só vai fazer que o Coronel Higgens se volte mais louco. Definitivamente virá aqui com uma ordem de algum tipo. Não gosta que frustrem seus planos — apoiou-se em Ryland — Tinha razão sobre ele. — Quero ouvir o disco — disse Arly. Ryland atirou o diminuto disco ao encarregado de segurança. — Tem algo com o que reproduzi-lo? Arly apanhou o disco e o manteve em alto, rebuscando em seus bolsos até que tirou um diminuto gravador. — Absolutamente. Levava-a comigo pensando que poderia ser útil se nos detivessem — Colocou o disco no gravador depois de tirar o disco em branco. Fez um pequeno silêncio depois uma voz saltou para eles. — Levem-no à clínica. Encha-o dessa merda. Aplique em seu cérebro umas descargas de eletricidade e parecerá que teve um ataque. Quero-o morto amanhã — O som da voz do Coronel Higgens era áspero — E quando Miller tome sua pílula para dormir esta noite, leve-o à clínica e fritem seu cérebro. Tive tudo o que posso suportar de sua insubordinação. Consiga desta vez realizar o trabalho, Winston. Quero ao Hollister morto e Miller como um vegetal. Se isso não convencer ao Whitney de que seu experimento é um fracasso, mata ao filho da puta. Diga ao Ken que quero que se ocupe do Miller esta noite. — Miller não dorme muito. Não podemos nos aproximar dele se estiver acordado. Higgens amaldiçoou. — Ken não pode interceptar as chamadas do Whitney para sempre. Cedo ou tarde Whitney conseguirá chegar ao Ranier. Posso arrumar algo para o Ranier, possivelmente um incêndio. Parecerá acidental. Não posso matar sem mais a um general e a sua esposa sem que haja uma investigação. Um cabo defeituoso servirá. O primeiro é o primeiro. Acerta que Hollister tenha um colapso para que possamos causar um pequeno dano cerebral e nos libertar desse bastardo do Miller. Havia um silêncio absoluto na habitação. Ryland deixou escapar o fôlego lentamente e olhou Lily. — Diria que isto será suficiente para convencer Ranier. Arly pode fazer cópias para nós? — Sem problemas. Farei várias e guardaremos o original na pequena habitação segura de
Lily — Arly fez uma careta para ela. Lily pegou o telefone e chamou à casa do general. Depois de uma breve conversa olhou aos outros com frustração. — A criada diz que estão passando o dia fora e voltarão amanhã pela manhã. Não me dirá aonde foram. Ao menos está tomando precauções. — Por que não descansamos todos um pouco? Estivemos acordados toda noite e já é quase meio-dia. Se não pudermos falar com o Ranier, bem poderíamos tomar um descanso — Ryland queria que Lily dormisse. Os hematomas de seu corpo estavam mais aparentes com cada hora que passava. — Posso preparar uma comida para todos — ofereceu Rosa, mostrando seu apoio total da única forma que sabia — E sou enfermeira. Deixem ver esse homem que está doente. — Rosa... — Lily se deslizou mais profundamente sob o lençol — providencia que façam esses exercícios. Estou muito cansada para vigiar para que os façam. — Acreditava que teríamos o dia livre — protestou Gator — Jogados no sofá, vendo velhos filmes de submissão. — Não deve tomar nunca um dia livre dos exercícios — arreganhou Rosa — É importante fazê-los cada dia — Começou a conduzir os homens fora do dormitório, mas de repente se voltou e partiu velozmente para a cama. Olhando fixamente Ryland recolheu as algemas e as levou com ela. Arly, andando junto a ela, inclinou-se e sussurrou maliciosamente a seu ouvido. Isso ganhou um golpe no braço, mas se podia ouvir Rosa rindo enquanto fechava a porta atrás dela. — Viu isso? — exigiu Ryland — Levou as algemas. Lily rebolou fora do robe e deixou cair ao chão. — Não estava pensando utilizar comigo. — Não estava pensando em utiliza-las! — Ryland passou uma mão pelo cabelo escuro, despenteando os cachos — por que todo mundo acredita que utilizaria algemas de metal? Utilizaria seda — inclinou-se sobre Lily, pressionando um beijo entre seus peitos — Não me importaria te atar, mas utilizaria seda. A risada dela ficou amortecida pelo travesseiro quando enterrou a cara nele. — Pobrezinho! ninguém te acreditará. Rosa acredita que é um pervertido. — Bem, sou — admitiu ele — Mas somente contigo. E levou as algemas e saiu rindo da habitação com esse aficionado da submissão, Arly. Isso sim é horripilante. Lily reuniu suficiente força para lhe bater com o travesseiro. — Isso é asqueroso. Nem sequer pense nesses dois fazendo algo juntos. Rosa é como minha mãe e Arly, bem, é Arly — Olhou Ryland e sacudiu a cabeça — Não. Não é possível. Eles nunca fariam... — interrompeu-se de novo e estremeceu. Ryland riu dela. — Sim fariam. Ele a olhou com aquele olhar. Os homens sabem essas coisas — Deixou cair sua roupa ao chão e deslizou sob o lençol, enroscando seu corpo ao redor do dela protetoramente. — Não quero saber, assim, não me esclareça sobre Arly e Rosa se estão ou não se vendo. Crê que o General Ranier e Délia estão realmente bem? — Acredito que Ranier é um tigre ardiloso e Higgens agarrou a cauda errada. Foi a alguma
parte para pôr a salvo sua esposa. Isso é o que eu faria, e voltará preparado para a batalha. Não se deterá até que esteja morto ou tenha ganhado — Rodeou seu corpo com os braços, embalando o peito na palma possessivamente — Não gostei muito ter todos esses homens aqui dentro sabendo que não usava nada mais que um lençol. Teremos uma séria conversa sobre roupa interior. Lily riu e girou para enfrentá-lo. Seu olhar vagou amorosamente sobre seu rosto. — É o homem mais bonito já vi. Quando você está ao redor, não posso ver nenhum outro — As pontas de seus dedos riscaram o contorno do rosto. Encontrou as linhas duras, as pequenas cicatrizes, sua teimosa mandíbula. Tudo enquanto o olhava com amor. — Terei que me assegurar de estar sempre ao redor, verdade? — disse ele. — Acredito que isso seria uma boa idéia — ela acordou.
Capítulo 19 Ryland despertou logo após o pôr-do-sol. Deitado escutava a suave respiração de Lily. Estava estendida perto dele, o corpo pressionado firmemente contra o seu, encaixada contra ele como uma luva. Quando trocou de posição, a textura da pele dela, suaves pétalas de rosa, deslizou sobre sua pele áspera, recordando sempre a beleza de uma mulher. Tinha comprovado aos homens várias vezes com o passar do dia. A maioria dormia, porém, Nicolas estava sempre acordado, sempre de guarda. Simplesmente sorria, ou saudava, ou assentia, mas, raramente falava. Ryland se esticou prazerosamente, confiava nos sistemas de alarme de Arly, mas não na facilidade com que todo mundo parecia ameaçar o dormitório de Lily. Saiu da cama e fechou a porta, assegurando-se completa privacidade. Nu, andou até a janela e lentamente jogou a pesada cortina a um lado deixando que a luz da lua se derramasse sobre a cama e iluminasse a pele de Lily. Achava surpreendente que ela não reconhecesse sua própria beleza. Roubava-lhe o fôlego enquanto ficava ali dormindo, seu cabelo escuro alvoroçado como seda sobre os travesseiros. Era excitante estar ali entre as sombras e observá-la dormir. Ser capaz de afastar o lençol de seu corpo e simplesmente desfrutar da vista. Devorá-la com olhos famintos. O ar fresco golpeou o corpo dela e se moveu, esticando-se na cama, uma mão no travesseiro dele como o buscando. Seu corpo se endureceu dolorosamente. Cada célula a necessitava. Seu coração palpitou quando a olhou. Lily. De onde tinha saído? Como conseguido encontrá-la? Exclusiva Lily. Algumas vezes
sentia como se ela fosse água que retinha na palma de sua mão, tentando a um homem sedento, somente para escoar-se justamente quando tomaria um gole. Desejava-a. Toda ela, não só seu corpo, mas, também seu coração e alma e sua brilhante mente. Sua mandíbula se endureceu. Poucas coisas lhe escapavam quando caçava. Lily era muito importante para que deixasse que escapasse. Lily girou a cabeça para ele infalivelmente, como se pressentisse o perigo na escuridão. — Ryland? Tudo bem? — Simplesmente perfeito Lily — respondeu ele. — O que está fazendo? — Contemplando o que é meu — esperou um batimento de coração — Pensando em todas as formas que quero te fazer o amor. — Bom, então — havia uma suave diversão em sua voz, suave convite — Está pensando em me levar a alguma parte? A mão de Ryland embalou seu próprio corpo, deslizando sobre a dura ereção, atestando sua resposta, sua indulgência com as fantasias. — Nisso acredito. — Vêem aqui onde possa vê-lo — Lily ria suave e alegremente em convite — Sempre pensei que ser indulgente com cada fantasia seria divertido. O que é o que quer exatamente agora? Ryland pensou nisso. — Mais que tudo, quero eliminar cada hematoma de seu corpo. Quero te livrar de cada ponto sensível e substitui-lo com uma boa sensação. Quero que esqueça os pesadelos e a tristeza e pense somente em mim, inclusive se for somente por uns poucos minutos. Quero que seja feliz e quero ser o homem que te faça feliz. Lily sentiu uma sensação curiosa na região do coração. Seu corpo se converteu instantaneamente em calor líquido. Não era absolutamente o que Lily esperava que ele dissesse. Ryland era um homem selvagem quando se tratava de sexo e estava sobre ela com um olhar predador na cara e puro desejo em seus olhos. Seu corpo estava quente, duro e exigindo alívio urgentemente. Como era possível resistir a ele quando podia dizer coisas como estas tão sinceramente? — Vêem aqui então, Ryland — chamou ela brandamente. Ele se aproximou do lado da cama, observando-a girar de lado, esticar o braço em busca de seu corpo com dedos acariciantes. Acariciou suas coxas e a deixou fazer, desejando vê-la feliz, sabendo instintivamente que ela queria explorar seu corpo do mesmo modo que ele precisava explorar o dela. As palmas eram ardentes sobre suas coxas, as unhas arranhavam sua pele ligeiramente. Depois a mão embalou seu testículo, apertando ligeiramente e brincando, fazendo ofegar de prazer. Ela trocou sua postura para aproximá-lo. — Lily — protestou ele, mas era uma súplica de piedade. — Não, só me deixe. Quero te memorizar. Sua forma. Adoro a forma em que posso te sentir — A luz da lua se derramava pelo corpo dele. Gostou de observar seus dedos sobre ele, lhe dando forma, dançando sobre ele, brincando e fazendo que a respiração fechasse em seus pulmões. Ele podia fazê-la perder a cabeça tão facilmente. Com suas mãos. Sua boca. Com seu corpo. Ela queria saber que podia fazer o mesmo. Que eram iguais em poder.
Ryland percebia que isto era importante para ela. Seu corpo estava duro como uma rocha e as carícias persistentes bem poderiam o matar, porém, imaginou que morreria feliz. — Algum dia, quando outros não estejam ao redor, compartilharei isto contigo, como me faz sentir. Você o sentirá também — disse ele. As palavras saíram entre seus dentes. Estava observando o rosto dela emergindo das sombras, aproximando-se centímetro a centímetro a ele. Era formosa, cada linha clássica, seu pequeno nariz patrício, sua boca cheia e generosa. Suas longas pestanas. E seus olhos. Levantou o olhar para ele e se sentiu cair para frente nesses olhos. A boca dela era ardente, apertada e úmida, deslizando sobre ele, sua língua executando algum tipo de dança que fazia explodir seu cérebro fora de seu crânio. Suas mãos se fecharam entre o cabelo dela, os polegares acariciaram as sedosas mechas. Deixou que sua cabeça caísse para trás e fechou os olhos, entregando-se completamente a ela, ao prazer que lhe dava. As mãos dela estavam por toda parte, emoldurando suas firmes nádegas, explorando seus quadris, deslizando ao longo das colunas de suas coxas. Riscou suas costelas, estimulou seus quadris a um lento e preguiçoso ritmo, enquanto chamas de sensualidade lambiam seu corpo. Quando soube que em qualquer momento perderia o controle, gentilmente, relutantemente, afastou-se. Foi uma luta recuperar o fôlego, encontrar uma forma de obrigar suas pesadas pernas a mover-se. Ryland caminhou até o extremo da cama e se ajoelhou ali, baixando o olhar para ela. — Lily quero que esta noite seja para você. Quero que sinta o muito que te amo. Quando a toco e beijo, quando te faço o amor, quero que sempre saiba que não é somente sexo. Há muito mais entre nós. Não tenho palavras bonitas para descrevê-lo. Tudo o que posso fazer é mostrar isso — O olhar dela percorreu seu rosto. — Tem palavras bonitas, Ryland — protestou ela. Os dedos dele estavam massageando os músculos da panturrilha, tirando seu fôlego, roubando sua capacidade de falar. Era sempre assim quando ele a tocava. E tinha razão. Ela podia sentir seu amor. Fluía através de seus dedos quando acariciava as cicatrizes e cada músculo machucado. Estava em seus lábios quando tocavam cada hematoma. Em sua língua quando a rodava sobre as marcas descoradas em uma preguiçosa e doce cura. A forma em que a amava enchia seus olhos de lágrimas. Ryland se arrastou por cima das pernas dela, encontrando seus apertados cachos escuros, e explorando ali em busca do tesouro. Lily quase caiu da cama. Simplesmente agarrou seus quadris e a arrastou mais perto, desfrutando de seu sabor. Estabelecendo sua reclamação. Queria que ela soubesse que não havia ninguém mais no mundo para ela. Ou para ele. Lily gritou quando onda atrás de onda de êxtase a balançou. As mãos de Ryland sujeitaram seus quadris, deixando-a aberta e vulnerável para ele. Tomou seu tempo, adorando seu corpo, aumentando seu prazer de cada forma possível que conhecia. E seu conhecimento era considerável. Ela ofegou pedindo clemência, suplicando que a tomasse, rogando sua posse. Tudo enquanto o corpo dela respondia a cada toque. Tomou seu tempo, uma preguiçosa exploração, cada sombra, cada vão, comprometendo-se a memorizar cada resposta. Encontrou os hematomas e os pontos sensíveis. Encontrou cada ponto sensível. Ela estava frenética, tentando empurrá-lo para ela, lhe sussurrando ali na escuridão da noite. Ryland colocou seu corpo sobre o dela. Sentiu sua suavidade, sua pele quase derretida
abaixo dele. Seus quadris embalaram os dele amorosamente. Sua entrada era ardente e úmida aceitando-o. Empurrou entre suas aveludadas dobras, somente a grossa cabeça fazendo que banhasse em chamas. — Diga-me isso Lily. Necessito que diga em voz alta. O olhar dela percorreu seu rosto. — Dizer o que? Acredito que já está me ouvindo. Quero-o dentro de mim, aonde pertence. — Encaixamos. Parecemos um com o outro — Empurrou mais profundamente dentro dela, seu estreito canal agarrando, resistindo, só para suavizar-se e lhe dar a bem-vinda. A sensação o rasgou por dentro — Sente isso, Lily? Crê que alguma vez estará assim com algum outro? Crê que estaria alguma vez? — Empurrou um pouco mais profundamente. Seu fôlego abandonou de repente os pulmões. Seus dedos se fecharam possessivamente ao redor dos quadris dela, mantendo-a imóvel enquanto tomava lentamente. A seu modo. Conscienciosamente. — Amo-te, Ryland, não ando procurando a outro homem. Conte. Diga. O que quer de mim? Os olhos dela eram muito azuis. Viam muito. Ryland podia ver a inteligência ali. Ela era tudo o que ele não era. Rica. Inteligente. Sofisticada. Tinha mais educação do que ele poderia ver em sua vida. Reafirmou seu apertão sobre ela e se afundou com força e profundamente. Longas estocadas desenhadas para conduzir ambos para fora de suas mentes. Afastá-los da realidade do mundo e ao interior de outro mundo de calor, fogo e paixão onde nada mais importava e ela era toda dele. Ali na cama, à luz da lua, ele era parte dela. Sempre seria parte dela. Levando a si mesmo ao limite de seu controle, montando-a dura e profundamente, foi recompensado com os gritos dela, suas mãos agarradas a ele, seu corpo encontrando grosseiramente ao dele, igualando cada ritmo que ele fixava sem duvidar. Ela seguiu sua liderança com absoluta confiança, sem inibição, entregando-se completamente a ele. Lily ouviu seu próprio grito, ouvindo um som na garganta dele quando as chamas o engoliram, quando o mundo explodiu ao redor deles deixando atrás tintas e luzes e tanto prazer que só pôde deitar ofegando em busca de fôlego e olhando para cima à face dele. Sua amada face. Amava cada relevo, cada cicatriz, a sombra azul de barba que nunca podia livrar de tudo. Onda atrás de onda de prazer a sacudiram, uma explosão de sacudidas, deixando-a unida a ele, saciada, feliz. Pertencendo. Enroscou os braços firmemente ao redor dele como se o pudesse manter ali, na mesma pele que ela, o mesmo corpo enquanto seus corações palpitavam freneticamente e cada mínimo movimento de um ou outro enviava uma onda que derramava através dos dois. Ryland se equilibrou sobre os cotovelos para tomar parte de seu peso, mas negando-se a soltar seu corpo. Deixou beijos acima e abaixo pelo rosto dela. Atrasando-se em sua boca. — Adoro tudo em você. — Notei — Seus dedos pentearam seus cabelos. Cachos. Ryland era constituído de bordas duras, mas tinha brilhantes cachos negro-azulados na cabeça. Adorava isso. — Quero deixar umas quantas coisas claras, Lily. Os olhos dela se abriram. Um lento sorriso curvou sua boca. — Isto soa suspeitamente como um desses momentos de "temos que falar" dos filmes.
— Temos que fazê-lo e a sério. — Não posso pensar, muito menos falar! — protestou ela — Já não posso processar nenhum pensamento. Criou curto-circuito em meu cérebro. — Lily, ainda não se comprometeu comigo. Quero que se case comigo. Que tenha filhos comigo. Você sente o mesmo? Houve um momento de silêncio enquanto a olhava. Ele sentiu a resposta no corpo dela, o ligeiro movimento de tentar libertar-se. — Isso não é justo, é obvio que quero essas coisas contigo, só que não sei se será possível. Tenho que descobrir o que há nessa habitação, Ryland. Há muito que ainda não sei. Tenho que procurar a essas mulheres. Fiz uma promessa a meu pai e tenho intenção de mantê-la. As mãos de Ryland se esticaram sobre os ombros dela, lhe dando uma pequena sacudida. — Preciso saber que isso não te importará, Lily. Diga que não. Podemos manter essa maldita habitação e ler cada arquivo, ver cada vídeo, encontrar a essas mulheres juntos e nos assegurar de que suas vidas são boas. Diga que o que quer que encontremos nunca nos separará — emoldurou seu rosto com as mãos, seu corpo cobrindo o dela — Se pode me dizer isso, e dizêlo a sério, então digo que mantenhamos a habitação. Podemos necessitar a perícia de seu pai. Quem sabe, nossos filhos possam ser o resultado. Mas se não puder, Lily, se não puder me olhar aos olhos e dizer a sério, juro que destruirei tudo em mim mesmo. O vívido olhar azul de Lily vagou sobre sua face, estudando a intensidade de sua expressão, o aço de seus brilhantes olhos. Um lento sorriso curvou sua boca, apoiou-se nele, beijou seu nariz, sua boca, seus olhos. — Sabe que estúpida é essa ameaça? Se quisesse manter a habitação intacta, simplesmente te mentiria. Ele sacudiu a cabeça. — Mentir não faz seu estilo. Ou me quer para sempre e te importo como você a mim, ou não. Quero esse compromisso de você. Tudo, Lily. O que há nessa habitação não importa se me ama do mesmo modo que a amo. Não quero menos. Não me importa assinar um acordo prénupcial por seu maldito dinheiro e não me importa não entender o que faz a metade do tempo. Mas quero saber, não supor, saber que me ama e me deseja do mesmo modo que eu a você. Lily se remexeu, seu coração subitamente correndo. — Está falando em me deixar? É isso o que está dizendo, verdade? — Lily, estou dizendo que estou disposto a aceitar suas promessas a seu pai. Estou disposto a viver aqui contigo se for isso o que necessita para ser feliz. Estou disposto a fazer de Arly, Rosa e John minha família. Tudo o que estou pedindo em troca é o mesmo de você. Que aceite a mim e minha família. Esses homens aí fora não têm nenhum lugar aonde ir sem ajuda. Sente por eles o mesmo eu. Lily se comprometa! É tão endemoniadamente difícil? Viu primeiro em seus olhos. Profundamente, onde contava. Seu coração quase explodiu em seu peito. Sua boca encontrou a dela e tomou as palavras, as tragando para que encontrassem o caminho até sua alma. Lily. Sua Lily para sempre. Ela riu e devolveu o beijo, fechando as pernas ao redor de sua cintura para o manter profundamente dentro dela. Ryland elevou a cabeça alerta. Amaldiçoou.
— Chega companhia — rodou fora dela rapidamente. Lily puxou o lençol até o queixo. — O que quer dizer? — Quero dizer que os meninos não estão dormindo em suas camas. A porta da habitação se abriu de repente e vários dos homens entraram. — Que demônios está passando? Não têm nada melhor que fazer que me acossar em meu próprio dormitório? Ocorre que acabam de interromper um pedido de casamento — Lily tentou sentir-se ultrajada, esperando que todos estivessem surpresos. Kaden encolheu descuidadamente de ombros. — Todo mundo sabe que vai se casar com ele. Sempre foi um pouco lento. — Perguntei uma dúzia de vezes — protestou Ryland — É ela a que dúvida. Lily olhou Ryland fixamente. — Por que não fechou a porta? — Fechei a porta — disse ele — Isso não detém nenhum deles. Nossos meninos são professores em invasão de moradia. — Genial. E ninguém os ensinou a fina arte de bater na porta? — Dirigiu seu olhar aos homens e ao traidor Arly, esperando os torrar no ato. Vários levantaram as mãos para proteger-se, sorrindo como macacos enquanto o faziam. — Ian tem um mau pressentimento — anunciou Kaden quando a risada morreu — Acredita que algo vai mal com o General Ranier agora mesmo. Ryland ficou sério imediatamente e estendeu o telefone a Lily. — Chame e os prepare. Iremos para lá agora mesmo. Podemos comprovar e ver houve algum problema. — Ninguém responde, Ryland! — disse Lily com um pequeno cenho — Sempre há alguém ali. Dia e noite há pessoal de serviço. Não é normal e isso me preocupa. — Acabo de ter um péssimo pressentimento — concordou Ian — Poderíamos chegar muito tarde se esperarmos muito mais. — Isso é bastante para mim, Ian — disse Ryland enquanto lutava com sua roupa sem a mínima modéstia — Mova-se, Lily, não vou te deixar aqui. Não confio em Higgens. Arly pode manter Rosa e John a salvo, mas não seria capaz de evitar que o coronel te apanhasse. Lily revirou os olhos. — Só está fazendo o macho diante de todos vocês. Sabia que iria aprovasse ou não, assim, emite a grande ordem. E, “Senhor Cabeça Dura” estarei preparada, um pouco de privacidade ajudaria — Agarrou o lençol, envolveu-se nele, e caminhou para o armário. — Roupa de noite, Lily, isso significa escura — Ryland pôs um traje negro ajustado de lycra de uma peça na mão — Isto estará bem. Encontrei nessa casa que chama armário. E ponha sapatilhas esportivas... Tem um par, verdade? — Ao menos dez pares, sarcástico! Não estou segura de poder colocar meu corpo nesta coisa — disse, mas se apressou a entrar no banheiro para lavar-se rapidamente e tentar meter-se no macacão — Parecerei uma salsicha. — Te ajudarei — ofereceu-se Gator. — Aprecio sua oferta — disse Lily — e pode ser que a aceite.
— Antes te dispararia — advertiu Ryland ao Gator. — Está suscetível, Lily — disse Gator. Lily se voltou para fazer uma careta para Ryland. — É um bebê grande, isso é o que acontece — disse ela ao Gator e se colocou junto ao Ryland enquanto se apressavam para o túnel. Apoiou-se perto dele — Não há forma possível de levar lingerie com este traje. Cobriu sua boca e lançou um olhar cerrado para seus homens. Nenhum deles teve a audácia de fazer um comentário, mas todos sorriram zombadoramente. Ian rodou sob a cerca e se aproximou arrastando-se para Ryland. — Não gosto absolutamente da sensação deste lugar, Capitão. Há alguém dentro e se for o general, não está sozinho. Conto quatro na casa e dois guardas no lado norte. Esse era Nicolas inspecionando o interior. Tenho a dois na casa e um guarda no balcão deste lado. Esse era Kaden dando seu relatório. Franco-atirador no telhado. Um no teto para a rua, Jonas acrescentou. São dois franco-atiradores, em dois edifícios separados. Ryland considerou a situação. Temos que entrar na casa. Alguma evidência que o general esteja dentro? Homem abatido na cozinha perto da mesa. Não posso ver tão bem para saber se é do serviço ou um ajudante. Pelo que suponho, o general está na casa e tem companhia indesejada, ofereceu Kaden. Então não temos escolha. Nico limpe os telhados. Kaden, Kyle, e Jonas se ocupem dos guardas. Se não souberem de que lados estão sejam suaves. De modo limpo e sem armas. Absoluto silêncio. Avisem quando fizerem e tenhamos via livre. Lily estava agachada no canto do carro, se fazia tão pequena como possível. Estava a um quarteirão de distância da ação. Sabia que Ryland tinha deixado um dos homens perto. Suspeitava que era Tucker, já que ele tinha uma forma de fazer que qualquer um se sentisse absolutamente seguro. Não podia vê-lo, mas estava aí fora voltando a fazer segura a noite. Arly estava sentado no assento dianteiro, traindo sua própria ansiedade tamborilando os dedos no volante. — Não deveria estar aqui — disse ela nervosamente — Não posso acreditar que viesse conosco. John e Rosa... — Estão a salvo. Rosa pediria minha cabeça se te ocorresse algo. Disse que me ocupasse pessoalmente que voltasse a salvo. Bom — fez rodeio— você e seu jovem. — Alguém colocou guardas ao redor da casa do general. Os homens de Ryland os estão eliminando — informou Lily e apoiou-se no assento — Arly, quanto tempo faz que Rosa e você estão juntos? — Tentou soar informal. Ele a olhou penetrantemente. — Quanto faz que sabe? — Por que queriam manter segredo? — Não queria manter segredo. Pedi que se case comigo mil vezes. Ela disse não. Sempre porque não podia ter filhos. — Rosa é muito velha para ter filhos, Arly, o que importa isso? — Isso é o que disse ontem. Não é que me importe ir por aí furtivamente... Isso acrescenta um pouco de faísca. Mas, estou ficando velho para subir janelas e me arrastar por vestíbulos.
— Disse que sim? — Disse lhe que com as coisas que fazíamos, arderíamos no inferno se não se casasse comigo. Assim disse que sim. — Essa deve ter sido uma proposta encantadora — Lily se recostou sobre o assento para o beijar — Me alegro, necessita de alguém que a mantenha no prumo — Tomou um profundo fôlego — Desta vez realmente tenho medo. Pelo Ryland. Pelo general. Por todos eles. E por nós. Arly apertou sua mão. — Eu também. Mas vi alguns homens duros tratar com situações duras e apostaria em seu Ryland e em sua gente contra eles, qualquer dia da semana. Limpo, informou Kaden. Limpo, repetiu Jonas. Limpo, disse Kyle. Ryland seguiu esperando. Se fosse possível limpar os telhados, Nicolas o faria. Ian estava mostrando sinais de extremo desconforto. Isso era mau sinal. Ian era muito mais sensível às intenções de violência e assassinato, as maliciosas ondas de energia saíam em sua busca, correndo a lhe encontrar quase excluindo aos outros. Ryland podia ver o suor formando em sua pele. Adiante. Os telhados estão limpos, informou Nicolas com o mesmo tom suave que sempre utilizava, sem mostrar nem um ápice de seus sentimentos. Um suave, o outro definitivamente duro. Ryland suspirou. Isso fazia muito mais difícil decidir. Higgens havia trazido com ele soldados, homens que simplesmente seguiam ordens. Só um ou dois eram seus cúmplices. Era mais arriscado entrar em uma situação sabendo que alguns dos homens eram incautos inocentes. Tomou a decisão. Temos quatro na fachada da casa. Se o general estiver em casa, é ali onde estará. Forcem a entrada nos quatro setores e façam uma varredura. Eliminem tudo entre vocês e o general. Devem assumir que há membros do serviço, mas tratem a todos igual. Incapacitar e seguir em movimento. Ryland já caminhando através do amplo espaço do gramado. Arrastando-se sobre o estômago, permanecendo abaixado no campo aberto. Lily fez uma careta quando ouviu a ordem. Não queria distraí-los enquanto caminhavam para a casa, mas tinha algumas questões sobre as que refletir. As expôs a Arly, precisando pensar atentamente nas coisas. — Não tem sentido que Higgens tenha tantos homens dispostos a trair seu país neste projeto. Tem que ter um longo histórico para ser capaz de recrutar e confiar em mais de um par de homens. Arly se encolheu de ombros. — Esteve muito tempo no serviço, Lily. É um oficial, uma pessoa que poderia ler facilmente a debilidade em outros. — Mas Phillip Thornton e Donovan... — interrompeu-se, sua mente correndo — Temos vários contratos em questão de segurança, mas... OH não! Poderíamos estar realmente em problemas, Arly. Donovan tem contratos de defesa com satélites de inteligência. Se Higgens tiver acesso a esses dados de algum modo seria capaz de vender as localizações dos satélites americanos — Seus dedos se afundaram no braço do Arly — Teriam informações sobre nossos sistemas de alarme ou nossa capacidade de resposta contra um ataque em grande escala. Inclusive
a informação de comunicações estaria disponível para ele. Thornton não tem esse conhecimento de creditação de segurança. Há poucos na companhia com esse tipo de créditos. — O Coronel Higgens é parte disso? — Não que eu saiba — Tamborilou na beirada do assento — Isto poderia ser realmente ruim, Arly. Certamente Thornton não é tão parvo para vender segredos nacionais — Lily queria passar a informação para Ryland, mas temia o distrair. Os homens estavam irrompendo na casa, indo em quatro direções. Ryland deslizou sobre o corrimão do alpendre, caindo silenciosamente sobre o piso de madeira, e rodando longe da beirada para proporcionar espaço ao Ian o seguir. Sombras escuras abundavam ao redor da casa, movendo-se em todas as direções, silenciosas como os fantasmas que chamavam a si mesmos. Uma piscada e desapareceram. Ian se colocou em posição ante a porta, demorando tão pouco em forçar a fechadura que esta apenas os atrasou. Ryland e Ian entraram quase simultaneamente, um foi para esquerda, o outro à direita, ambos ao nível do chão e rodando para tomar posição, levantando-se com as armas carregadas e prontas. A entrada estava limpa. A casa estava às escuras, nenhuma luz acesa. Fora, em algum lugar ladrou um cão. Ryland sentiu a breve onda de energia e o animal se acalmou. Podia ouvir o murmúrio de vozes chegando da sala aberta a sua direita. Fez um sinal ao Ian e se colocaram para cobrir todo o quarto. Têm uma arma apontada à cabeça de Ranier. Tenho via livre? Necessito via livre agora mesmo. Como sempre não havia tensão na voz de Nicolas. Tem um tiro limpo? Exigiu Ryland. Interfere em sua pontaria, respondeu Nicolas. Tem via livre. Ryland sentiu a energia já alagando a habitação, utilizando o poder de suas mentes para girar a arma que apontava ao General Ranier longe dele. Quando Nico levou a cabo o silencioso disparo, uma bala se alojou com precisão entre os olhos do homem que mantinha Ranier como refém, não houve oportunidade que a arma disparasse e matasse ao general. Higgens viu o buraco florescendo em meio da frente do homem. Viu o homem cair como uma pedra diretamente diante do general. Voltou-se, com a arma na mão, procurando um objetivo. A única segurança que tinha era o general. Apontou sua arma para ele. Os outros dois soldados da habitação ofegaram com surpresa, retrocedendo em busca de amparo. — Sei que crêem no que o Coronel Higgens há dito — disse Ryland brandamente aos dois soldados — Ele está aqui para matar ao General Ranier e os está convertendo em seus cúmplices. Baixem as armas e retrocedam. Estão em uma posição indefensável — Sua voz cavalgou a onda de energia, parecendo chegar de todas as direções. Seus homens estavam alimentando aos dois soldados com um fluxo ininterrupto de sugestão a obedecer. Os dois homens se olharam quase impotentemente e ambos colocaram seus fuzis no chão e retrocederam com as mãos altas. Imediatamente o fluxo de telepatia coletiva seguiu para influenciar ao Coronel Higgens. Ele estava esperando-o e resistia, lutando pela posse de seus próprios atos. — Matarei-o. Levante-se, General, vamos sair daqui — declarou Higgens. Seus olhos eram selvagens enquanto olhava ao redor, mas não podia ver os homens. — O advirto uma última vez, Coronel. Nico o tem no ponto de mira. E nunca falha. Você
conhece seu recorde de mortes. Não há nenhum modo absolutamente de que dispare ao general sem acompanhá-lo. Baixe a arma. — Maldito seja, Miller, deveria tê-lo matado quando tive a oportunidade —Higgens grunhiu seu ódio ao capitão, girou e correu. Rodeiem. Ryland se apressou para o general enquanto Ian se ocupava dos dois soldados. Estavam confusos e dispostos a cooperar, sentando-se no chão com as costas na parede e os dedos entrelaçados detrás da cabeça. Ryland ajudou o general a ficar em pé. — Sinto ter chegado tarde, senhor. O convite não nos chegou apropriadamente. O General Ranier cambaleou até uma cadeira com a ajuda de Ryland. Tocou a cabeça e sua mão ficou pegajosa de sangue. — Esse traidor me golpeou com a pistola — Afundou-se pesadamente na cadeira, com a cabeça curvada. Ryland pôde ver que parecia velho e cansado, sua pele estava quase cinza. Chamem os médicos. Assegurem a casa e tragam Lily aqui. Um Nico de cara sombria empurrou o Coronel Higgens ao interior da habitação. Nicolas o fez chegar até uma cadeira e o empurrou a ela. — A casa está assegurada, Capitão. Temos três civis abatidos que necessitam um médico. O homem da cozinha está morto. É um militar. — Era meu guarda-costas — disse Ranier pesadamente — Um bom homem. Levei Delia e me assegurei que estivesse a salvo, depois voltei aqui para que viessem por mim. Tinha o pressentimento de que tentariam e ela estaria em perigo — Olhou ao Coronel Higgens — matou a um bom homem esta noite. Higgens não disse nenhuma palavra, mas seus frios olhos nunca abandonaram Ryland. — Senhor, chamamos aos médicos, estarão aqui em breve. Meus homens estão procurando a sua gente. Sou o Capitão Ryland Miller — saudou sucintamente. — Assim, você é o homem pelo que segue toda esta confusão. Peter costumava me falar de realçar a habilidade psíquica, e, finalmente estive de acordo com seu amalucado experimento, mas nunca pensei que funcionasse realmente — recostou-se em sua cadeira, descansando a cabeça contra o couro — Se tivesse acreditado, teria prestado mais atenção ao que se passava. Ryland ofereceu uma toalha limpa para pressionar contra sua cabeça. — Meus homens e eu estamos ausentes, sem permissão, senhor. Nós gostaríamos de nos render a sua custódia. — Bom! Capitão acredito que recebeu expressamente a ordem de fazer o que fosse necessário para proteger a seus homens e os segredos de nosso país quando lhe atribuiu este destino. Na medida de seu conhecimento, é isso o que tem feito? — Sim senhor assim é. — Então não vejo nenhuma razão para que alguém acredite que se ausentaram sem permissão; tinha ordens. E pelo que posso ver, sua missão foi um êxito. — Obrigado, senhor. Tenho um homem ferido — Ryland olhou ao Higgens — Pode acrescentar intento de assassinato a todos os outros encargos que apresente contra ele. Lily irrompeu na habitação, arrojando-se diretamente para o General Ranier.
— Olhe-se! Olhe isto. Alguém chamou uma ambulância? Ryland deveria estar deitado! O general a abraçou. — Estou bem, Lily, não se alvoroce. Só me sacudiu um pouco. Tentei encaixar as peças desde que nos falamos. — Tem que ser o contrato de defesa. Higgens deve estar vendendo segredos há algum tempo — disse Lily, baixando a voz — O experimento foi somente um plus para ele. Estava disposto a vender informação, mas não poderia ter tantos homens de seu lado tão rapidamente, a menos que estivesse ativo há algum tempo. Anos, suponho. — Não pode tê-lo feito sozinho. Nunca esteve comprometido no programa de satélites de defesa — assinalou o General Ranier — Acredito o mesmo, Lily. Suspeitávamos de uma possível fuga de informação, mas o Coronel Higgens nunca foi suspeito. Seu histórico é impecável. — Tenho uma fita que meu pai gravou. Deve ter deixado o gravador ligado em segredo, em algum lugar em que estava seguro que o coronel falaria abertamente. Papai suspeitava muito do coronel. Na fita, é possível ouvir claramente ao coronel planejando sua morte e a de Délia em um incêndio em sua casa para que parecesse "acidental". Arly fez cópias e temos o original para utilizá-lo em uma comprovação de voz. O General Ranier olhou o Coronel Higgens d outro lado da habitação. — Desde quanto isto acontece? — Nego tudo. Inventaram toda a história em um intento de encobrir sua própria covardia e culpabilidade — replicou o coronel— Nego-me a discutir este sem sentido sem a presença de meu advogado. — Acredito que o General McEntire está envolvido, senhor — disse Lily com pesar, sabendo que estava esmagando ao Ranier — Sinto muito, sei que é seu amigo. Mas, acredito que ele é o articulador e Higgens trabalha para ele. Acredito que Hilton estava infiltrado em seu escritório para vigiá-lo e também para colocar documentos incriminatórios se houvesse necessidade, ou evitar que qualquer suspeita chegasse a você. Como as numerosas mensagens de meu pai — Olhou para Higgens — McEntire não tinha nada a ver com o experimento. Sequer sabia dele ao princípio. Em realidade, você próprio não acreditava que funcionasse. E então, os viu em ação, e, compreendeu que ninguém mais conhecia o potencial. Algo realmente valioso e pela primeira vez você levava a dianteira. Em princípio não pensava deixar que seu chefe McEntire se inteirasse verdade? Higgens a olhou com malevolência. — Foi você quem decidiu sabotar o experimento, para que meu pai pensasse que era um fracasso e que o projeto se encerrasse. Mas ele era muito mais preparado do que você supunha, e, começou a suspeitar das hemorragias cerebrais. Não faziam sentido quando não estava utilizando impulsos elétricos. Ele falou com o Thornton do perigo, verdade? Assim, utilizou isso para matar aos homens. — Perdi-me, Lily — admitiu o General Ranier. — Assegurarei que entenda perfeitamente quantos homens ele matou por um ganho monetário — disse Lily — Passará o resto de sua vida na prisão, Coronel, com seu amigo McEntire. Nada desse dinheiro que conseguiu vendendo seu país e assassinando, lhe trará algum bem, assim, espero que tenha desfrutado de cada centavo enquanto teve oportunidade de gastá-lo.
— O General McEntire? — repetiu Ranier — Começou nas Forças Aéreas. Quando era jovem estava atribuído ao Escritório Nacional de Reconhecimento. Depois, trabalhou em construir e operar satélites espiões. Influiu em conceder o contrato de defesa ao Donovan. — É muito amigo do Thornton — observou Lily.
— Foram juntos à escola — disse o General Ranier tristemente — Todos o fizemos. — Sinto muito, General — disse Lily e o rodeou com os braços.
Capítulo 20 — A história estalou esta manhã nos periódicos e rádio — anunciou Arly. Inclinou-se e beijou Rosa diretamente na boca, sorrindo desavergonhadamente quando lhe bateu com um periódico enrolado — McEntire, Higgens, Phillip Thornton, e vários outros são acusados de assassinato, espionagem e vários crimes mais. — Levou bastante tempo completar a investigação — queixou-se Jeff. Apoiava-se pesadamente — Acreditava que morreria de velho antes que a terminassem. Demônios, o que levou tanto? — General McEntire e o Coronel Higgens eram homens respeitáveis, com prontuários impecáveis — disse Kaden — A podridão começou faz anos, lá na escola quando decidiram que eram mais preparados que o resto do mundo e pensaram que seria genial serem espiões. Gostavam da excitação e sentir que eram mais preparados que todos os que os rodeavam era metade da recompensa. Ryland assentiu com a cabeça. — Thornton falou tanto que não sabiam como o calar. Queria algum tipo de trato. Thornton estava nisso pelo dinheiro. Esteve de acordo em ajudar Higgens a sabotar o experimento psíquico porque odiava Peter Whitney. Whitney era mais preparado e tinha mais dinheiro e poder que Thornton. Tinham se chocado um par de vezes, e Thornton sempre ficava como um asno. Sua imagem era tudo para ele. Uma vez começou a imaginar desprezos, não pôde esperar para livrarse de Whitney. Desfrutou ajudando Higgens a atraí-lo para o oceano onde o poderiam matar. Disse que tinha informação importante para dar sobre Higgens e Peter estava o bastante preocupado para ir sozinho. Arly se sobressaltou. — Lily não estava ali para ouvir isso, verdade? Ryland sacudiu a cabeça. — Não, esteve muito ocupada, tentando manter Donovan em pé e salvar os postos de trabalho e a reputação da corporação, não teve tempo para nada mais. — OH sim, teve — Jeff agarrou um molho de batatas fritas — Desde que o General Ranier a pôs a cargo de nossa operação, passou a maior parte do tempo inventado exercícios masoquistas para fortalecer nossos cérebros. Quando não está fazendo isso está com o treinamento físico. E depois a terapia. Essa mulher é uma feitora de escravos. — Só está aborrecido porque convidou sua família para vir vê-lo e sua mãe ficou do lado dela com sua terapia — assinalou Ryland — E será melhor que não te pegue comendo batatas fritas. Não está seguindo algum tipo de plano nutricional? Rosa ofegou e tirou as batatas de Jeff com um tapa. — O que pensa que está fazendo? Coma uma maçã! Tucker fez uma careta para Jeff e deslizou um pacote de batatas do balcão até onde ele estava apoiado no batente da porta. Rosa fingiu não notar, consolando-se a si mesma com o fato de que "os meninos", como ela os chamava, estavam todos se fortalecendo e praticavam os exercícios que Lily havia dito serem importantes.
— Onde está Lily? — perguntou Arly — Não a vi hoje. Não foi aos laboratórios esta manhã, verdade? — No dia de suas bodas? — Rosa estava horrorizada — Será melhor que não tenha feito. Ryland ficou em pé um momento no meio do brilho da cozinha, absorvendo a risada e a camaradagem que Lily de algum modo tinha proporcionado a todos. Ela tinha compartilhado generosamente sua casa com os homens. Havia dividido seu tempo e conhecimento. Todos eram mais fortes pelas coisas que ela tinha feito e a casa que lhes tinha proporcionado. Inclusive Jeff tinha progredido notavelmente bem. Toda a equipe de Ryland estava reabilitada com seu comandante e a unidade estava funcionando bem em missões práticas. O General Ranier estava tomando parte ativa em suas operações cotidianas. As coisas não podiam ir melhor para eles. Lily estava suportando a carga de tudo. Compensando os enganos de seu pai. Tentando freneticamente salvar postos de trabalho e vidas. Trabalhando secreta e silenciosamente em encontrar às jovens cujas vidas tinham sido manipuladas a tão tenra idade. Sua Lily. Sabia aonde ela iria no dia de suas bodas. Lançou ao Nicolas um débil sorriso e saiu pausada e casualmente quando não se sentia nada casual. Foi infalivelmente ao escritório do pai dela, agradecendo ter pedido a Arly que incluísse seus traços no código de segurança de abertura da pesada porta. A habitação estava vazia, mas sabia que estava clandestinamente. Sentia-a, sentia-se atraído por ela. Sempre sentiria. Fechou a porta atrás dele, sempre consciente da segurança, assim como de Lily. A habitação representava a infância dela. Também continha segredos inconfessados do realce psíquico. Com freqüência, Lily levantava no meio da noite para descer as escadas e ler mais. Uma vida de êxitos e fracassos, que seu pai tinha registrado cuidadosamente. Apesar do horror que sentia pelo que tinha feito, Lily estava fascinada com isso. Como Ryland. Agora que sua unidade estava funcionando com êxito sem a ameaça de morte, queria saber como se fortalecer. Queria saber simplesmente o que era capaz de fazer, o que eram capazes de fazer seus homens. O laboratório oculto era um armazém de conhecimento. Não podia culpar Lily por querer aprofundar nisso. Ryland abriu caminho para baixo pelas estreitas e pronunciadas escadas, cada passo o aproximava mais e mais dela. Agora a sentia facilmente, a profunda tristeza que sempre parecia ser parte dela. Sua Lily, disposta a carregar os pecados de seu pai e voltar a pôr o mundo em seu lugar. Lily olhava para a imagem congelada de uma menina na tela de vídeo. Ele pôde ver a evidência de lágrimas em seu rosto quando levantou o olhar enquanto se aproximava dela. Suas longas pestanas estavam abaixadas e úmidas, e só olhá-la lhe fez mal. Lily sorriu. — Sabia que viria. Estava aqui sentada decidindo se meu pai era um monstro. E soube que viria. Ryland agarrou sua mão, apertando seus dedos firmemente. — Foi um homem com uma vida triste até que você chegou a ela, Lily. Recorda ao pai que conheceu, não ao homem que foi uma vez. Você o mudou, deu forma a sua vida. Converteu-o em alguém que valia a pena e ele fez o que pôde pela humanidade depois disso — Sentou perto dela,
sua coxa apertada contra a dela, seu corpo protetoramente perto. — Queria-o muito, Ryland. Admirava a ele e ao seu brilhantismo. Tentei com força cumprir suas expectativas para mim. Levou a mão dela à boca, esfregando seus nódulos atrás e adiante em uma pequena carícia sobre seus lábios. — Sei que o fez, Lily. Também ele estava muito orgulhoso de você. Não há nada ruim em que uma filha queira a seu pai. Ele conquistou isso. — Estava tentando pensar como me sentiria se fosse uma das outras. Se me tivessem abandonado porque era defeituosa. Pode imaginá-lo, Ryland? Quase tenho medo de contatá-las, inclusive sabendo que posso ajudar se o necessitarem — Tocou o rosto na tela — Olhe seus olhos. Parece tão perseguida — Havia todo um mundo de compaixão em sua voz. — Temos que fazer as coisas de uma de cada vez — ele recordou gentilmente — A investigação terminou, a história está nos periódicos de hoje. McEntire e Higgens estava vendendo segredos durante anos a governos estrangeiros. Todo mundo está brincando de correr por aí, para conter e avaliar o dano real que fez. Meus homens e eu estamos completamente limpos e não há nada em nossos prontuários que possa prejudicar nossas carreiras. De fato, fomos honrados por salvar ao General Ranier e tirar tudo isto à luz. Meus homens são capazes de sair a campo aberto durante extensos períodos e, melhor ainda, podem passar sem suas âncoras longos períodos de tempo. Jeff melhora dia a dia. Deu-nos esperanças e um lar e um lugar seguro. Deu uma reviravolta a nossas vidas, Lily. Ela apoiou a cabeça em seu ombro. — Tudo isso não fui somente eu, Ryland. As coisas se arrumaram por si mesmas — Olhou à imagem da menina — A olho e me pergunto onde estará, como terá sido sua infância. Se me odiará quando me ver — olhou-o — Tenho que encontrá-la. De algum modo, de alguma forma, tenho que encontrá-la — estava rogando que entendesse. Ryland instantaneamente emoldurou seu rosto com as mãos. — É obvio, Lily. A investigação particular está em curso. Temos vários arquivos e lugares por onde começar que seu pai nos proporcionou. Encontraremos a todas. Juntos! — Também sabia que diria isso — apoiou-se nele. Beijou-o. Tomou posse de sua boca como uma professora — Sempre sabe o que dizer, verdade? —Murmurou as palavras contra a garganta dele, sua língua riscava pequenos desenhos sobre a pele enquanto seus dedos começavam um estranho tamborilar dançante sobre os repentinamente inchados jeans. — O que está fazendo? Lily! Isso está me voltando louco. Onde demônios aprendeu esse pequeno truque? — Como ela podia ter um efeito tão instantâneo nele? Podia pôr seu corpo tão duro e tão quente com um simples movimento. Ela riu dele. — O livro, é obvio. É nossa noite de bodas. Acreditei que uns poucos truques especiais estariam bem. — Tenho que ler esse livro. Os dedos dela continuaram roçando e tamborilando e acariciando até que pensou que perderia a cabeça. Tudo enquanto a língua dela mantinha o mesmo ritmo em sua garganta. — Não posso me pôr diante de toda essa gente com uma ereção, Lily —disse ele
firmemente. — Por que não? Todo mundo entra em meu dormitório quando estou nua sob meu lençol — apontou ela. Realmente Ryland estava operando sua magia, dissipando sua tristeza, voltando a colocar o mundo em seu lugar. Lily agarrou o controle remoto e desligou o vídeo — Sempre acerta para me fazer sentir como se fossemos sócios. Agarrou seu queixo. — Somos sócios. Sócios na vida. Caminhantes Fantasmas. Não há muitos de nós no mundo e temos que permanecer unidos. — Suponho que sim. — Assim, já está completamente bem? Ainda vai se casar comigo esta tarde? Lily riu. — Absolutamente. Tenho um alto coeficiente intelectual. Não vou te deixar escapar. — Então faz outra vez. — Fazer outra vez o que? — Essa coisa com a língua e os dedos. Faz outra vez. — Agora não posso. É para nossa noite de bodas, queria te surpreender com meu truquezinho especial. — Sim, bom, provocou-me a ereção, agora tem que fazer algo a respeito.
FIM