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T R A D U Ç Õ E S RT S S É R I E I R M Ã S MÁ G I C A S LI V R O 2
CREPÚSCULO ANTES DO NATAL Christine Feehan
Tradução: Jossi Borges Revisão: Gladys Castiglionis e Cristiane Skau Comunidade RTS – ORKUT: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1800 8059
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CREPÚSCULO ANTES DO NATAL
Christine Feehan
Este livro é dedicado à minha irmã Lisa, pois tem uma magia especial por si mesmo. Reconhecimentos Graças a Heather King e Rose Brugand pelo maravilhoso poema natalino que tão graciosamente me proporcionaram para que o utilizasse neste livro!
Crepúsculo antes do Natal Por Heather King e Rose Brungard Chegou a penumbra antes do Natal e atravessou as terras, Nada ocorreu que não fosse por minha mão. A bola de neve que seguravam escondia em seu interior um segredo, Onde a névoa formava redemoinhos em lugar da neve que foi. Um calafrio, mais frio ainda que o ar sentirão, Quando um ferrolho se abrir e um selo for atravessado
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Uma coroa de flores como saudação Muito melhor atirá-la na rua Um povo imerso em doces sonhos enquanto descansa na cama, Até que os pesadelos sobre mim começam a dançar em suas cabeças. O tempo era propício, para um presente ou dois, E a névoa sobre a areia escondia um segredo, uma pista. Como amantes que se encontram sob o brilhante visco, O terror se prende abaixo deles esta noite E o sangue corre vermelho sobre a antiga neve branca... Enquanto em todas as casas brilham as luzes de Natal. Uma estrela arde a fogo lento na morte da noite, Quando o sino anuncia que já é meia-noite Sob a estrela, essa que brilha tanto, Desdobra-se o ato, para meu deleite. Na meia pendurada com tenro cuidado, Um mistério se oculta. Uma vela arde com um estranho brilho, Enquanto se funde, a cera flui, Agora meu último presente, um especial, Uma bengala de caramelo para um filho especial, Ele observa e guarda e conhece a terra, Mas não o suficiente para evadir minha mão. Todas as façanhas estão já realizadas, o perdão é meu, Enquanto duas pessoas compartilham um amor para sempre.
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Capítulo 1 Chegou a penumbra antes do Natal e atravessou as terras, Nada ocorreu que não fosse por minha mão.
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ÃO DIGA. NÃO DIGA. NÃO DIGA. — Danny Granite murmurava o mantra baixinho, enquanto sentado no caminhão observava seu irmão mais velho selecionar cuidadosamente tomates orgânicos da quitanda de fruta do Velho Mar. Danny olhou fixamente as chaves, assegurando-se de que o caminhão estava em marcha; tudo o que seu irmão tinha que fazer era saltar e sair. Inclinou-se aparecendo pelo guichê, cumprimentou o ancião e franziu o cenho para seu irmão. — Matt, mexa-se. Estou morrendo de fome aqui dentro. Matt deu uma piscada, depois sorriu com encanto para o ancião. — Feliz Natal, Senhor Mar. — Disse alegremente enquanto entregava várias faturas e levantava a bolsa de tomates. — Menos de duas semanas para o Natal. Espero com ansiedade o desfile deste ano. Danny gemeu. Um cenho preto se formou no rosto do Velho Mar. Suas sobrancelhas se uniram em uma linha reta e grossa. Grunhiu com desgosto e cuspiu sobre o chão. O sorriso no rosto de Matt ampliou-se até a careta de um moço travesso enquanto se apressava a rodear a caixa da caminhonete para abrir de um puxão a porta do motorista. Quase antes de acomodar-se em seu assento, subiu o volume do rádio para que o "Jingle Bell´s" bramisse ruidosamente dos alto-falantes. — Será melhor que se mexa, Matt. — Murmurou Danny nervoso, olhando pelo guichê, de volta para o posto de fruta. — Está se armando. Tinha que lhe desejar Feliz Natal, claro. Sabe que odeia essa festa. E sabe muito bem que pôr essa música é acrescentar um insulto à afronta. O primeiro tomate se espatifou na janela traseira da caminhonete enquanto Matt acelerava e o caminhão saltava para frente, recuando, as rodas lançando pó ao ar. O tomate aterrissou com um impulso mortal, salpicando suco, sementes, e polpa sobre o guichê traseiro. Vários mísseis mais golpearam a parte traseira enquanto a caminhonete saía do estacionamento e corria rua abaixo. Danny franziu o cenho para seu irmão. — Tinha que lhe desejar Feliz Natal. Todo mundo sabe que odeia o Natal. Chutou o pastor o ano passado durante o desfile de meia-noite. Agora, estará mais zangado que nunca. Se tivesse evitado a palavra, poderíamos ter passado sem incidentes este ano, mas agora tomará represálias. Os enormes ombros de Matt se sacudiram enquanto ria. — Por isso, agora lembro você fez papel de pastor o ano passado. Não te fez tanto mal, Danny. Um pontapé na canela é bom para você. Fortalece seu caráter.
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— Só lhe parece divertido porque não foi tua canela. — Danny esfregou a perna como se ainda lhe doesse quase um ano depois. — Precisa se endurecer. — Assinalou Matt. Tomou a estrada, uma magra cinta que se retorcia e girava ao longo dos escarpados sobre o oceano. Era impossível ir rápido pelas ascensões em ziguezague embora conhecesse bem o caminho. Manobrou ao redor de uma curva fechada, preparando-se para o seguinte giro. Corria colina acima e quase dobrava de volta. A montanha estava a sua direita, um banco alto sobre o que crescia erva verde esmeralda e estalava uma explosão de cores de flores silvestres. A sua esquerda, a estreita cinta de um atalho percorria os escarpados para cair para o extenso azul do oceano com sua espuma branca e suas ondas. — Oh, meu Deus! Essa é Kate Drake. — Disse Danny alegremente, apontando para uma mulher a cavalo, montando pelo estreito atalho junto à estrada. — Não pode ser ela. — Matt baixou apressadamente sua janela e estirou o pescoço, espiando descaradamente. Só podia ver as costas da amazona, que estava vestida toda de branco e tinha um espesso cabelo castanho que flamejava no entardecer. Seu coração palpitou. Secou-lhe a boca. Só Kate Drake podia sair vestida de branco e montar a cavalo tão perto da estrada. Tinha que ser ela. Freou o caminhão para conseguir uma melhor vista enquanto se aproximava, baixando o volume do rádio ao mesmo tempo. — Matt! Veja o que faz. — Reclamou Danny, abraçando-se a si mesmo enquanto a caminhonete saía da estrada e rodava diretamente pelo banco coberto de erva. Deteve-se bruscamente. Ambos os homens se viram jogados para trás contra seus assentos e feitos prisioneiros por seus cintos de segurança. — Demônios! — Rugiu Matt. Voltou-se para seu irmão. — Está bem? — Não, não estou nada bem, seu idiota, nos tirou da estrada por olhar Kate Drake outra vez. Dói-me tudo. Preciso de um curativo, e acho que posso ter quebrado o dedo mindinho. — Danny manteve a mão erguida, segurando no pulso e emitindo ruidosos gemidos. — Oh, cale-se! — Disse Matt rudemente. — Matthew Granite. Meu Deus, está ferido? Tenho um celular e posso ir a busca de ajuda. A voz de Kate era tal e como a recordava. Suave. Melódica. Falava de largas notas e lençóis de cetim. Matt girou a cabeça para olhá-la. Para beber dela. Tinham passado quatro longos anos desde que tinha falado com ela por última vez. Kate estava em pé perto da caminhonete, com as rédeas soltas na mão, seus grandes olhos verdes ansiosos. Não pôde evitar notar que tinha a mais linda das peles. Imaculada. Perfeita. Parecia tão suave, quis deslizar os dedos para baixo por essa bochecha só para comprovar se era real. — Estou bem, Kate. — Foi um milagre que encontrasse sua voz. Parecia ter a língua pregada ao céu da boca. — Devo ter tentado tomar a curva um pouco às pressas. Um bufado de brincadeira chegou do lado da caminhonete onde estava Danny. — Dirigia como uma tartaruga. Simplesmente não estava olhando aonde ia. A ponta da bota de Matt aterrissou solidamente contra a canela de seu irmão e Danny deixou escapar um uivo de arrepiar o cabelo. — Não me surpreende que o Velho Mar queira lhe chutar o ano passado. — Murmurou Matt baixinho.
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— Daniel. Está ferido? — Kate parecia ansiosa, mas seu fascinante lábio inferior tremia como se estivesse contendo a risada. Decidido a mantê-la longe de seu irmão, Matt correu apressadamente para abrir a porta, com mais força que o necessário. A porta retumbou sonoramente contra as pernas de Kate. Ela saltou para trás, o cavalo meio se encabritou, e Danny, maldito seja, riu como a hiena que era. Matt gemeu. Nunca falhava. Era um Ranger do Exército condecorado, tinha estado em serviço durante anos, fazendo missões encobertas onde sua vida dependia de suas habilidades físicas e sua conduta fria, mas sempre as arrumava para sentir-se torpe e rude diante de Kate. Estirou seu grande corpo, erguendo-se sobre ela, sentindo-se como um gigante. Kate estava sempre perfeita. Equilibrada. Articulada. Grácil. Ali estava ela, formosa, vestida toda de branco com seu cabelo preso por causa do vento. Era a única pessoa no mundo que podia lhe fazer perder sua frieza e elevar sua temperatura ao mesmo tempo só sorrindo. — Danny está realmente ferido? — Perguntou Kate, voltando a cabeça ligeiramente enquanto tentava tranqüilizar o cavalo nervoso. Isso proporcionou a Matt uma grandiosa visão de sua figura. Devorou-a com os olhos, seu faminto olhar vagou sobre suas suaves curva. Sempre tinha adorado observá-la caminhar afastando-se dele. Ninguém se movia de forma tão sexy como o fazia ela. Parecia tão decente, mas tinha esse andar e esses olhos sensuais e um cabelo glorioso que um homem quereria sentir deslizando sobre sua pele por toda a noite. Conteve um gemido. Como não tinha pressentido que Kate estava de volta no povoado? Seu radar devia estar lhe falhando. — Danny está bem, Kate. — Tranqüilizou-a Matt. Dedicou-lhe um rápido sorriso sobre o ombro, seus olhos faiscaram para ele. — Em quantos acidentes se envolveu Matt? Parece que nas estranhas ocasiões nas quais te vi, ao longo dos últimos anos, seu pobre carro sempre acaba destruído. Era certo, mas era culpa dela. Kate Drake era como uma espécie de catalisador para o comportamento estranho. Ele era bom em tudo. A menos que Kate estivesse por perto... Então logo que podia arrumar-lhe para falar corretamente. O cavalo se remexeu inquieto, exigindo a atenção imediata de Kate, e Matt notou que seu jeans e sua camiseta de trabalho estavam cobertas de uma mistura de cimento em pó com sujeira, em completo contraste com o traje branco imaculado dela. Aproveitou a oportunidade para sacudir o pó da roupa, levantando uma nuvem cinza que envolveu Kate quando se voltou para ele. Ela tossiu delicadamente, piscando para evitar que o pó se metesse nos olhos. Outro resmungo chegou da direção de Danny. Matt lançou ao seu irmão um olhar que prometia morte instantânea antes de voltar-se para Kate. — Não tinha nem idéia de que você estava de volta. As fofocas do povoado me deixaram para trás. - Inês do supermercado tinha mencionado que Sara estava no povo, igual à Hannah e Abigail, três de suas seis irmãs, mas não havia dito nenhuma palavra sobre Kate. — Sara voltou, e já sabe como é minha família, reunimo-nos com tanta freqüência como podemos. — encolheu os ombros, um gesto bastante simples, mas nela foi muito sexy. — Estive em Londres fazendo uma investigação para meu último thriller. — Riu suavemente. O som o fez sentir um frio descer pela espinha dorsal, provocando todo tipo de coisas
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interessantes em seu corpo. — Londres é sempre perfeita para um cenário arrepiante. Antes estive em Borneus. — Kate viajava por todo mundo, investigando e escrevendo suas famosas novelas de assassinatos misteriosos. Era tão bonita que fazia até mal olhá-la, tão sofisticada que se sentia primitivo em sua presença. Era tão sexy que ele sempre tinha desejado transformar-se em um homem das cavernas e jogá-la no ombro para levá-la à sua gruta. — Sara está comprometida com o Damon Wilder. — Inclinou a cabeça ligeiramente e acariciou outra vez o pescoço do cavalo. — Conhece? — Não, mas todo mundo fala disso. Ninguém esperava que Sara se casasse. Matt estudava a forma em a que luz do sol beijava seu cabelo, tornando os sedosos fios em uma chamejante massa tentadora. Seu olhar seguiu a mão dela que acariciava o pescoço do cavalo e notou a ausência de anel com alívio. Danny limpou a garganta. Inclinou-se, aparecendo pelo lado do motorista. — Está babando, tio — Sussurrou em voz muito alta. Sem perder um batimento do coração, Matt fechou a porta com força. — Vai ser muito longa esta visita? — Conteve o fôlego esperando sua resposta. Para piorar a coisa, Danny riu. Matt fez uma silenciosa promessa de que seus pais teriam um filho a menos com o qual preocupar-se antes que acabasse o dia. — Na verdade decidi ficar e fazer de Sea Haven meu lar. Comprei o velho moinho que está nos escarpados sobre a baía de Sea Lion. Decidi renovar o moinho e convertê-lo em uma livraria e cafeteria, e modernizar a casa para poder viver nela. Cansei-me de vagar pelo mundo. Estou preparada para voltar outra vez para casa. Kate sorriu. Tinha uns dentes perfeitos junto com sua perfeita pele. Matt se encontrou olhando-a fixamente enquanto a terra se sacudia sob seus pés. Ficou ali, sorrindo diante da idéia de Kate vivendo em seu povoado natal para sempre. Uma sombra cruzou o céu, fios pretos formaram redemoinhos e buliu, um caldeirão negro de nuvens obscureceu o sol. Uma gaivota piou uma só vez. Não só era o assombroso efeito que ela tinha sobre ele. O cavalo retrocedeu perigosamente perto da estrada, atirando a cabeça para trás assustado, quase arrastando Kate longe. Matt acudiu velozmente passando junto a ela e agarrou as rédeas com uma mão para estabilizar o animal. Passou seu outro braço rodeando a cintura de Kate, ancorando seu pequeno corpo ao dele, para evitar que caísse quando uma rachadura se abriu próximo deles e se estendeu rapidamente pelo chão, dirigindose justamente para os pés de Kate. Matt a levantou e afastando-a do buraco aberto, arrastou-a vários pés para trás, com o cavalo a reboque, longe da greta. Esta tinha somente uns poucos centímetros de amplitude, mas vários de profundidade, era muito comprida e corria mais com o tremor de terra. — Está bem, Danny? — Chamou o seu irmão. — Sim, estou bem. Esse foi grande. Kate se agarrava a Matt, suas pequenas mãos fechadas sobre seus ombros. Ele ouviu a aguda inspiração que fez para acalmar seus nervos, mas não gritou. A terra se estabilizou, e Matt permitiu que seus pés tocassem o chão, mas reteve-a presa. Era incrivelmente morna e suave e cheirava a flores frescas. Inclinou-se sobre ela, inalando sua fragrância, roçando com o queixo o alto de sua cabeça. — Está bem, Kate?
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Aparentando estar tão serena como sempre, Kate murmurou consoladoramente ao cavalo. Nada a perturbava. Nem os terremotos nem certamente Matthew Granite. — Sim, é claro, foi só um pequeno terremoto. — Elevou a vista para as nuvens com um ar confuso. — Foi um bastante grande. E a terra se abriu endiabradamente perto de seus pés. Kate continuou acariciando o pescoço do cavalo, aparentemente inconsciente de que Matt estava ainda abraçando-a, apanhando seu corpo entre ele e o animal. Pôde ver que lhe tremiam as mãos e lutava por manter a compostura, e isso lhe fez admirá-la ainda mais. Ela elevou a cara para o vento. — Adoro a brisa do mar. No momento em que a senti sobre meu rosto, voltei a me sentir em casa. Matt limpou a garganta. Kate tinha um formoso perfil. Seu cabelo estava recolhido em uma espécie de caprichoso nó, mostrando seu comprido e gracioso pescoço. Quando se voltou, seus peitos empurraram contra a fina camiseta, cheios, arredondados e tão incitantes que fez tudo o que pôde para evitar inclinar-se e colocar sua boca sobre o tenso tecido branco. Tentou mover-se, afastar-se dela, mas se sentia atraído por ela. Hipnotizado por ela. Sempre recordava uma bailarina, com suas linhas elegantes e suaves, e suas curvas femininas. Seus pulmões ardiam procurando ar, e havia um estranho ruído em sua cabeça. Levou três segundos para abrir a boca antes que saísse uma palavra coerente. — Se fala realmente sério a respeito da renovação, Kate, casualmente ocorre que minha família está no negócio da construção. Ela enfocou todo o poder de seus enormes olhos nele. — Lembro que todos vocês são construtores. Essa sempre me pareceu uma maravilhosa ocupação. — Estendeu-se e tomou suas mãos. Ele tinha mãos grandes, ásperas e calosas, enquanto as mãos dela eram suaves e pequenas. — Sempre me encantaram suas mãos, Matthew. Quando era uma mocinha recordo que desejava ter suas capazes mãos. — Suas palavras, muito mais que seu toque, enviou pequenas chamas que lamberam sua pele. Matt estava seguro de ter ouvido um bufo e provavelmente um riso na direção de seu irmão. — Acredita que já a segurou bastante, irmão. — Chamou Danny. — O chão deixou de mover-se faz uns minutos. Matt era muito cavalheiro para assinalar a seu irmão que era Kate que lhe estava sujeitando as mãos. Baixando o olhar para ela, viu uma débil cor estender-se sob sua pele. A contra gosto, afastou-se dela. O vento atirava mechas de seu cabelo, mas isso só a fazia parecer mais atrativa. — Sinto muito, Kate. Este é a primeira vez em tempos que temos um terremoto que nos sacuda tão forte. — Passou os dedos pelo cabelo escuro com agitação, procurando algo brilhante que dizer para mantê-la ali. Sua mente estava em branco. Kate se voltou outra vez para seu cavalo. Começava a sentir-se desesperado. Era um homem adulto, trabalhador, alguns diziam que brilhante quando se tratava de desenho, a maior parte das mulheres francamente se lançava sobre ele, mas Kate recolhia tranqüilamente as rédeas de seus arreios, sem que lhe debilitassem os joelhos, nada afetada por sua presença. Limpou-se o suor que subitamente gotejava por sua frente, deixando um rastro de sujeira detrás.
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— Kate. — Deixou escapar brandamente. Danny tirou a cabeça pelo guichê do lado do condutor. — Quer uma mão com o velho moinho, Kate? Matt é decentemente bom com esse tipo de coisas. Obviamente não sabe conduzir, e não pode falar, mas é endiabradamente bom com as renovações. Os olhos do Kate se iluminaram. — Isso eu adoraria, Matthew, mas de verdade não quero abusar de nossa amizade. Teria que ser um acerto de negócios. Matt não tinha notado que ela pensasse que fossem amigos. Kate raramente lhe falava, além de suas estranhas e breves conversações quando se encontravam por acaso durante seus anos de escola. Gostava da idéia de ser seu amigo. Cada célula de seu corpo entrava em alerta quando ela estava perto, sempre ocorria assim, inclusive quando era uma adolescente e ele estava em seu primeiro ano de universidade. Kate sempre fazia reluzir seus instintos protetores, mas sobre tudo sentia que tinha que a proteger de sua própria atração por ela. Isso tinha sido desagradável para um homem como Matt. Levara suas fantasias sobre ela a cada país estrangeiro ao que lhe tinham mandado. Ela tinha compartilhado seus dias e noites em selvas e desertos, nas piores situações, e a lembrança lhe havia trazido para casa. Agora, um homem adulto que tinha lutado em guerras e tinha mais que suficiente experiência na vida para lhe dar confiança, podia falar fácil e naturalmente com qualquer outra mulher. Só Kate fazia que lhe enredasse a língua. Tomaria a amizade com ela. Ao menos era um começo. — Me diga quando quer que olhe o moinho, Kate, e ajustarei meu horário. Ser seu próprio chefe tem suas vantagens. — Então vou aproveitar de sua generosa oferta e te pedir que vá comigo amanhã pela tarde. Acha que pode arrumar isso? Não lhe pediria, mas intento levar a cabo este projeto logo que seja possível. — Isso soa genial. Pegar-te-ei na casa do escarpado ao redor das quatro. Fica ali com suas irmãs, verdade? Kate assentiu e se voltou para ver como o carro do xerife estacionava detrás da caminhonete. Matt estudou sua cara, principalmente porque não podia apartar o olhar dela. Seu sorriso era gracioso, amigável inclusive, mas foi consciente inclusive antes de voltar à cabeça de que o homem que saía do carro do xerife era Jonas Harrington. Ocorreu-lhe que conhecia a Kate muito bem, cada uma de suas expressões. E isso significava que tinha passado muito tempo observando-a. Kate estava sorrindo, mas se tinha esticado só um pouco. Sempre o fazia ao redor do Jonas. Todas suas irmãs o faziam. Pela primeira vez se perguntou por que Kate reagia desse modo. — Bom, Kate, vejo que causou outro acidente. — Disse Jonas como saudação. Estreitou a mão do Matt e lhe bateu as costas. — As irmãs Drake têm tendências a causar estragos. — Piscou um olho ao Matt. Kate simplesmente elevou uma sobrancelha. — Diz isso desde que somos meninas. Jonas se inclinou para roçar um beijo casual na bochecha de Kate. Algo preto e letal, cuja existência Matt não quis reconhecer, removeu-se dentro dele como uma escura sombra. Colocou uma mão flagrantemente possessiva sobre as costas de Kate.
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Jonas ignorou a linguagem corporal do Matt. — Ainda estarei fazendo a mesma acusação quando todas vocês tiverem oitenta anos, Kate. Onde está todo mundo? — Olhou ao redor como se esperasse que suas irmãs aparecessem galopando sobre o topo da montanha. — Parece um pouco nervoso, Jonas. — Observou Danny da segurança da caminhonete. — O que fará esta vez? Prenderá Hannah e lançará seu formoso traseiro a cárcere com algum delito inventado? O jovem se calou quando Kate fixou todo o poder de seu olhar sobre ele. O vento se levantou do mar, trazendo a fragrância e a sensação do oceano. — Não tinha nem idéia de que estivesse tão interessado na anatomia de minha irmã, Danny. — Vamos, Kate, qualquer homem se interessaria pela anatomia da Hannah. — Assinalou Danny, nada arrependido. — E se não quer que a olhem, o que está fazendo deixando que cada fotógrafo daqui ao inferno tire fotos? — Exigiu Jonas. — E só para sua informação, não teria que inventar delitos se quisesse prender a Hannah. — Acrescentou com um cenho fechado. — Poderia prendê-la por exibição indecente. Essa revista na loja do Inês à mostra na capa... Nua! — Não está nua. Leva um biquíni, Jonas, com um sarong em cima. Kate soava tão tranqüila como sempre, mas Matt notou que sua mão apertava com força as rédeas do cavalo até que os nódulos ficaram brancos. Aproximou-se mais, inserindo-se entre ela e o xerife. — Poderia ter colocado outra roupa, possivelmente uma bata até os tornozelos ou algo assim. Mas tinha que pôr essa estúpida pose só para fazer que o olhar de todo mundo... — Jonas se interrompeu quando o vento soprou de novo, uivando esta vez, trazendo suspiros no redemoinho de caos de folhas e gotas de água do mar. Voou-lhe o chapéu da cabeça e o levou longe do grupo. O vento trocou de direção, soprando de volta ao oceano, retraindo-se igual a uma onda da costa. A súbita brisa levou com ela o chapéu, enviando-o sobre os escarpados até a água agitada abaixo. Jonas se voltou e olhou para a grande casa colocada sobre os escarpados na distância. — Demônios, Hannah. Este é o terceiro chapéu que perco desde que voltou para casa. — Gritou as palavras ao vórtice do vento. Fez-se um pequeno silêncio. Matt esclareceu a garganta. — Jonas. Não acredito que possa te ouvir daqui. Jonas lhe olhou fixamente. — Pode me ouvir. Não é certo, Kate? Sabe exatamente o que estou dizendo. Diga-lhe que isto já não é divertido. Pode deixar seus joguinhos com o vento. — Você acredita em tudo que as pessoas dizem sobre as irmãs Drake, verdade, Jonas? — Disse Danny. Imitou o tema de abertura do seriado “Além da imaginação”. Matt baixou o olhar até a mão de Kate. As rédeas estavam tremendo. Cobriu sua mão com a própria, estabilizando as rédeas de couro que aferrava. — Eu adorarei olhar o moinho amanhã, Kate. Quer que te ajude a montar?
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— Obrigada, Matthew. Apreciaria. Não se incomodou em unir suas mãos para ajudar a subir à sela. Simplesmente a elevou. Era alto e forte, e foi fácil colocá-la sobre o cavalo. Colocou-se como se tivesse nascido ali. Elegante. Refinada. Tão perto à perfeição como qualquer sonho que pudesse conjurar e igualmente inalcançável. — Te vejo amanhã, então. Mande lembranças as suas irmãs. — Farei, Matthew, e você dê lembranças a seus pais. Encantada em te ver, Danny. — Seu frio olhar se deslizou sobre o Jonas. — Estou segura de que te verei pela casa, Jonas. Jonas encolheu os ombros. — Tomo meu trabalho muito a sério, Kate. Matt a observou afastar-se a cavalo, esperando até que uma curva na estrada a tirou da vista antes de voltar-se para o xerife. — Que demônio foi tudo isso? — Sabe que as sete mulheres Drake me deixam louco a metade do tempo. — Disse Jonas. — Te contei todos os problemas que ocasionam. Você sempre me atormenta com elas. Bem... — sorriu maliciosamente enquanto assinalava a caminhonete. — Este não é o terceiro acidente que teve estando Kate pelos arredores? Deveria saber o que quero dizer. Jonas tinha crescido com Matt Granite, tinham ido juntos à escola, uniram-se ao exército, aos Ranger, lutado cotovelo com cotovelo. Sabia o que sentia Matt pela Kate. Não era um segredo. Matt não era muito bom ocultando seus sentimentos a sua família e amigos, especialmente desde que Jonas tinha abandonado o serviço dois anos antes dele e Matt tinha lhe interrogando sobre o paradeiro de Kate e seu estado civil. Matt tinha voltado para casa fazia três anos e tinha ficado esperando que Kate voltasse também. Danny se queixou. — Estamos de volta a seus anos de escola, Jonas, quando conduziu o caminhão de papai até a beira do riacho e bateu contra uma rocha. Não estava Kate por ali essa vez? Matt tomou um profundo fôlego. Não podia matar a seu irmão diante do xerife, nem sequer se este era Jonas. A vez que tinha batido o caminhão de seu pai, conduzindo sem permissão, Kate tinha ao redor de quatorze anos, muito jovem para que um universitário estivesse olhando-a, e ainda lhe envergonhava que seus irmãos e Jonas soubessem por que tinha batido o carro. É obvio que conhecia as irmãs Drake, todo mundo as conhecia, mas ele nunca as tinha olhado. Não dessa forma fascinada, física e masculina. Até que tinha visto Kate no riacho recolhendo amoras com o sol beijando seu cabelo e seus grandes olhos verdes mar lhe devolvendo o olhar. A segunda vez que tinha batido um carro fazia quatro anos. Matt estava em casa de licença, e tinha estado tão ocupado olhando a Kate que caminhava pela calçada com suas irmãs, que não notou que estava estacionando diante de um muro de cimento e tinha subido o carro de sua mãe sobre ele quando tinha seguido para frente. Agora, ignorando o riso de seu irmão, rodeou a caminhonete para inspecionar o dano. — Acredito que posso tirar a caminhonete sem reboque. — Vejo que incomodou o velho Mar. — Jonas assinalou ao tomate melado sobre o guichê traseiro.
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— Já conhece o Matt, tinha que desejar Feliz Natal ao velho. — Danny abriu de um empurrão a porta. — Gosta de incomodar o velho resmungão justo antes do desfile. Faz todos os anos. A vez que mamãe me colocou como tamborileiro, Mar me rompeu as baquetas em dez partes e as atirou ao chão e depois saltou sobre elas uma e outra vez. Todos meus irmãos levaram um pontapé além disso, e eu fiquei traumatizado. Tenho pesadelos até hoje. Jonas riu. — Mar é um velho estranho, mas bastante inofensivo. E dá quase toda sua colheita às pessoas que necessitam. Dá algo às mães solteiras e aos casais idosos. E sei que alimenta ao menino Ruttermyer, que tem a síndrome de Down e faz todo tipo de trabalhos para todo mundo. Persuadiu a Donna para que desse ao menino uma casa perto de sua loja de presentes. Sei que ajuda esse menino. — Sim, no fundo é um bom homem. — Concordou Matt. Um lento sorriso se estendeu por sua cara. — Simplesmente odeia o Natal. Apontou para o outro lado da caminhonete e os outros dois homens foram até a parte dianteira escavando entre o barro e o pó para empurrar até que separaram o pára-lama do aterro. — Não apreciarei que ande por aí dizendo nada a Kate sobre ela e suas irmãs serem diferentes, Jonas. — disse Matt em voz baixa, mas Jonas e ele tinham sido amigos desde que eram moços e Jonas reconheceu o tom de advertência. — Não vou fingir que são como todos os outros Matt, nem por ti. — Espetou Jonas. — As Drake são especiais. Têm poderes e os utilizam para todos sem pensar em si mesmas ou em sua própria segurança. Vou cuidar delas gostem ou não. Sara Drake quase consegue se matar faz umas poucas semanas. Hannah, Kate e Abbey estavam com ela e também poderiam ter morrido. Matt sentiu as palavras como um golpe em alguma parte nos arredores de seu estômago. Seu coração deu um curioso sobressalto afundando-se em seu peito. — Ouvi o da Sara, mas não sabia que as outras estavam aqui. O que ocorreu? — Para resumir a história, Wilder tinha gente que lhe seguiu até aqui. Queriam informação que só ele podia lhes dar. Ajudou a desenhar nosso sistema de defesa nacional e o governo queria lhe proteger a todo custa. Com a Sara sendo de Seja Haven, foi bastante natural para os federais enviá-la a lhe proteger. Essa gente tinha posto já suas mãos sobre ele uma vez anteriormente, mataram a seu assistente justo diante dele e lhe torturaram. Por isso utiliza uma muleta ao caminhar. Irromperam na casa Drake armados até os dentes quando ele estava ali e estavam preparados para matar o Wilder e às Drake para conseguir o que queriam. — A fúria na voz do Jonas se aprofundou. — Ninguém disse uma palavra que Kate estivesse na casa nesse momento. Sabia que Sara estava protegendo o Damon Wilder e que ele era um perito em defesa que estava metido em algum tipo de problema, mas... — Matt se interrompeu enquanto voltava o olhar para a casa do escarpado. Estava coberta de luzes de Natal. A seu lado se erguia o alto e espesso abeto Douglas, completamente decorado e brilhando com as luzes antes que o sol caísse. Quando olhava para a casa sentia uma sensação de paz. De correção. As irmãs Drake eram os tesouros do povo. Apartou o olhar do escarpado para dirigi-la ao velho moinho. Erguia-se sobre a estrada, construído sobre Seja Lion. Uma estranha formação nublosa se sustentava sobre a pequena enseada e se estendia lentamente para terra. A forma capturou sua
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imaginação, uma boca preta totalmente aberta, mandíbulas abrindo-se, dirigidas diretamente para eles. — Quase mataram a todas. — Disse Jonas. Seus olhos se voltaram sérios e frios. — As Drake se entregam muito e todo mundo espera simplesmente que o façam sem pensar no custo para elas. — Nunca tinha pensado assim, Jonas. Agora que o menciona, as vi drenadas de energia depois de ajudar da forma em que o fazem. — Matt não apartava os olhos do céu. Observou uma gaivota fugir freneticamente do caminho da lenta nuvem em movimento, freando no meio do ar, as asas revoando com força e agitação. Bancos de névoa começaram a elevar-se desde o mar e se arrastaram para a costa. — Possivelmente deveríamos prestar mais atenção ao que ocorre com elas. — Murmurou brandamente, mais para si mesmo que para os outros.
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Capítulo 2 A bola de neve que sujeitavam escondia em seu interior um segredo, Onde a névoa se formava redemoinhos em lugar da neve que há fora.
I
nalando as fragrâncias mescladas de canela e pinheiro Kate vagava pela cozinha da casa do escarpado. O som de canções de Natal enchia o ar e se mesclava com o aroma de bolachas recém assadas e a fragrância das velas ricamente aromáticas. — É essa a voz de Joley? — Perguntou Kate, apoiando o quadril comodamente contra o mostrador de madeira pesadamente ornamentado. — Quando fez uma coleção de canções de Natal? Hannah Drake se deu a volta, com uma lata de chá nas mãos. Seu abundante cabelo loiro brilhou por um momento com os últimos raios de sol que atravessavam a janela. — Kate, não te ouvi sair da ducha. Acredito que estava em meu próprio pequeno mundo. Joley enviou o CD como surpresa, embora especificasse que não devia sair da família. Ambas riram afetuosamente. — Joley e essa banda dela. Pode cantar algo desde gospel até blues, desde rock até rap, mas cuida muito de deixar que ninguém saiba. Acredito que gosta de sua imagem de garota má. Mencionou se ia voltar para o Natal ? Sei que estava de excursão. A cara da Hannah se iluminou, seu sorriso foi brilhante. — Está tentando. Estou desejando vê-la. Seguimos nos encontrando entre nossas viagens. — Espero que chegue logo. Falar por telefone não é o mesmo que estar todas juntas. — Kate colocou uma mecha de cabelo errante detrás da orelha. — E mamãe e papai? Alguém ouviu algo deles? Vêm para o Natal? Hannah sacudiu a cabeça. — A última noticia é que enviavam beijos e abraços e que estavam quentinhos juntos em seu pequeno chalé nos Alpes Suíços. Libby lhes fez uma visita rápida antes de partir para o Congo. Ela disse que viria para casa no Natal. Mamãe e papai prometeram que o ano que vem estariam aqui conosco. Kate riu brandamente enquanto se inclinava para farejar o chá. — Mamãe e papai são ainda uns pombinhos. O que está fazendo? — Estava com humor para um pouco de lavanda, embora algo não esteja bem. — Hannah escrutinou a Kate atentamente. — Mas vamos optar pela camomila. Algo tranqüilizador. Kate sorriu. — Acha que necessito um pouco de tranqüilidade?
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Hannah assentiu enquanto introduzia o chá num pequeno bule. — Me conte. — Encontrei-me com Matthew Granite e seu irmão Danny. — Kate tentou soar casual, quando todo seu corpo estava tremendo. Só Matt podia lhe fazer isso. Só Matt a comovia. Nunca entenderia por que. — Matthew Granite. Pensei que podia tratar-se dele. — Os enormes olhos azuis de Hannah pousaram em sua irmã com compaixão e interesse. — Que aspecto tinha? Kate encolheu seus esbeltos ombros. — Maravilhoso. Solicito. Ofereceu-se para olhar o velho moinho e me ajudar com as renovações. — Sempre desfrutava observando sua irmã menor. Hannah não era só formosa, era tão surpreendente, tão exótica, com sua estrutura óssea, abundância de cabelo pálido quase platino, suas enormes e espessas pestanas, e lábios carnudos. A beleza irradiava dela. Kate sempre tinha pensado que a extraordinária beleza da Hannah surgia de dentro. Estudou os graciosos movimentos das mãos de Hannah enquanto esta seguia fazendo o chá. — Matt é sempre tão solicito. — Suspirou. Hannah estendeu o braço para ela, pegando as mãos de Kate em um gesto de solidariedade. — Como foi? — Seu irmão Danny ficou rindo todo o tempo. — A cor se estendeu sobre a pele de Kate. —Cada vez que me aproximo dos Granite todos eles riem. Não tenho nem idéia de por que. Não é como você e Jonas. Matthew nunca se mete comigo. Sempre é perfeitamente cortês, mas parece que tenho algum efeito humorístico sobre sua família. Tento com tanto empenho me mostrar cortês e tranqüila, mas os irmãos riem até que desejo ir comprovar em um espelho se tenho espinafres entre os dentes. Matthew se limita a olhá-los fixamente, mas isso em realidade atrai a atenção sobre todas as coisas estúpidas que faço diante dele. — Apertou os dedos da Hannah antes de deixar escapar sua mão. — Vesti-me e troquei-me, mas cheguei a casa com a roupa coberta de pó. Pobre Matthew, acabava de sair do trabalho, estava poeirento e tive que ficar a dois passos atrás dele. Quando tentou abrir a porta de sua caminhonete bateu em minhas pernas. — Oh, Katie, Deus do céu, sinto-o tanto. O que ocorreu? — O rosto de Hannah refletiu a angústia por sua irmã. Kate encolheu os ombros. — A porta quase me atirou e ele teve que se desculpar de novo. O pobre homem passa cada minuto desculpando-se comigo. Suponho que desejaria não ter que voltar a me ver nunca. — Não, não é certo. — Disse Hannah firmemente. — Eu acredito que é sempre muito doce com você. Kate suspirou. — Você e eu sabemos que Matthew Granite nunca me olharia duas vezes. É selvagem, duro e um viciado em adrenalina. Praticava todos os esportes no colégio e na universidade. Uniu-se aos Ranger. Investiguei o que fazem, sua doutrina é um pouco arrepiante. Chegam ao "limite da batalha", nunca falham a seus camaradas e se dão mais que cem por cento. A doutrina diz que lutará inclusive se for o único sobrevivente e rendição não é palavra para um Ranger. — estremeceu-se delicadamente. — É um homem selvagem e faz todo tipo de coisas
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arrepiantes. Procura mulheres que escalem montanhas e riam na cara do perigo. Pode-me ver fazendo isso? — Kate. — Disse Hannah brandamente. — possivelmente agora está mais tranquilo. Saiu e fez tudo isso de salvar o mundo e agora voltou para casa e está trabalhando no negócio familiar. Pode ter mudado. Kate forçou um sorriso fugaz. — Os homens como Matthew não mudam, Hannah. Estava lhe contando minha história de calamidade. Estava justo no ponto no que apareceu Jonas. Já sabe como fica com seus pequenos comentários sobre as "irmãs Drake". Sugeriu que cada vez que estou ao redor ocorre algo terrível. Isso só piorou a situação. — Suspirou de novo. — Tentei fazer como se não me importasse, mas acredito que Matthew se deu conta. — Jonas Harrington precisa cair ao oceano e ter um bonito tubarão faminto nadando a seu redor. — Hannah tirou o chá do fogo e derramou água no bule, uma fina fúria irradiava dela ante a idéia de Jonas Harrington dizendo algo que molestasse Kate. A água ferveu no pequeno bule da China, as borbulhas buliram e estalaram com uma fúria firme. O vapor se elevou. Kate cobriu o bule com a palma da mão, fazendo baixar a água. — Estava lá fora me observando. Hannah assentiu, sem mostrar arrependimento. — O terremoto me incomodou. Senti algo elevar-se clandestinamente. Não posso explicá-lo, Kate, mas me assustou. Estava sentada aqui escutando as canções de Natal de Joley, já sabe o muito que eu gosto do Natal, e então senti o terremoto. Quase imediatamente atrás disso algo mais perturbou a terra. Senti como uma escuridão que se elevava. Sabia que estava montando a cavalo, assim saí para me assegurar de que não estava em problemas. — E senti o vento chegando do mar. — Disse Kate. Apoiou o quadril contra a pia. — Eu o senti também. — Franziu o cenho e tamborilou com os dedos sobre a superfície azulejada. — Cheirei algo, Hannah, algo velho e amargo no vento. — Malvado? — Aventurou Hannah. Kate sacudiu a cabeça lentamente. — Não foi isso exatamente. Bom. — Duvidou. — Possivelmente. Não sei. Você o que acha? Hannah se apoiou contra a pia brilhantemente azulejada, seu corpo tão gracioso que pareceu um movimento casual de balé. — Honestamente não sei Kate, mas não é bom. Senti-me perturbada depois do terremoto e quando olhei o mosaico, havia uma sombra negra.. Não pude encontrar sentido porque parecia mover-se e não ficar em um mesmo lugar. Kate olhou fixamente para o chão na entrada da casa. Sua avó, junto com suas seis irmãs e ela eram mulheres de poder e magia, as sete irmãs criaram um chão intemporal de infinita beleza. Para a maioria das pessoas era simplesmente um chão único, mas as irmãs Drake podiam ler muitas coisas nas mudanças das sombras que ocorriam dentro dele. — É muito estranho que nenhuma de nós saiba com precisão se a perturbação foi malvada. — Encolheu-se de ombros e tomou um profundo fôlego cheio de canela e pinheiro.
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— Adoro os aromas do Natal. — Tamborilou com o pé, um pequeno sorriso revoou em sua cara. — Está guardando algo. — Sugeriu Hannah, sua voz subitamente zombadora. — Ocorreu algo mais, verdade? — Quando começou o terremoto, Matthew pôs um braço ao redor de mim para me sustentar e simplesmente ficamos assim, inclusive depois que terminou. — Sorriu para Hannah. — É tão forte. Não tem nem idéia! Esse homem é todo músculo. Foi sorte que não desmaiei aos seus pés! Mas me arrumei para aparentar estar fria e serena. Hannah fingiu desmaiar. — Desejaria ter podido vê-lo. Matthew é definitivamente ardente, inclusive apesar de ser um Neanderthal. Devo ter saído justo depois disso, bem a tempo para ver o sapo mais lamacento do mundo chegar em seu carro de xerife. — Sorriu amplamente. — Que pena que ventou e seu precioso chapéu saiu voando até o mar. — Que vergonha, Hannah. — Falou Kate meio a sério. — Jonas não tem culpa. Simplesmente está acostumado que todo mundo faça tudo o que diz e nós sempre parecemos estar em meio de qualquer tipo de problema que haja em Seja Haven. Está começando a desfrutar em lhe atormentar. — Por que não deveria fazê-lo? Ele me atormentou durante anos. Havia tanto dor na voz da Hannah que Kate deslizou um braço ao redor da cintura de sua irmã para consolá-la. Jonas as conhecia desde que eram meninas e nunca tinha entendido Hannah. Ela tinha sido uma menina muito inteligente e extraordinariamente formosa, mas tinha sido dolorosamente tímida fora de sua própria casa, as irmãs tinham tido que usar magia só para conseguir que fosse à escola todos os dias. Jonas tinha estado seguro de que ela era altiva, quando de fato, raramente tinha sido capaz de falar em público. — Bom, depois de tudo, foi um bom dia. Você arrumou para fazer Jonas perder outro chapéu e eu tive um encontro próximo e pessoal com o homem mais ardente de Seja Haven. — Kate abraçou Hannah antes de servir uma xícara de chá e caminhar com ela até o saguão. Hannah a seguiu. — Conseguiu enviar seu manuscrito? Kate assentiu. — O assassinato e a incerteza prevalecerão em um pequeno povo costeiro. Esqueci de voltar a colocar o pano sobre o chá, importa-se fazê-lo? Hannah olhou para a cozinha e elevou os braços. Quando Kate voltou a olhar, o pano estava sobre o bule. — Obrigado, Hannah. Tenho que dizer que Jonas foi de incalculável valor para mim durante a investigação. — Sei que foi, mas não lhe atribua crédito por ser amável ou algo assim. — Os grandes olhos azuis da Hannah refletiram sua risada. — Estava tentando te pôr ao seu lado para que me persuada a deixar de me meter com seus preciosos chapéus. Ambas se deram à volta quando a porta dianteira se abriu de repente. Abigail Drake entrou apressadamente, uma mulher pequena de olhos escuros e rico cabelo vermelho
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dourado derramando-se por suas costas em um espesso rabo-de-cavalo. Sua cara estava rosada e seus olhos brilhantes. No momento em que divisou suas irmãs, caiu em lágrimas. — Abbey!. — Hannah colocou sua xícara sobre a mesa de café polida. — O que acontece? Você nunca chora! — Humilhei-me diante de todo o comitê do desfile de Natal. — Disse Abigail miseravelmente. Atirou-se sobre a poltrona acolchoada, enroscando os pés por debaixo dela e cobriu a cara com as mãos. — Nunca poderei voltar a olhar nenhum deles! Hannah e Kate se apressaram a ir a seu lado, ambas a rodearam com os braços. — Não chore Abbey. O que ocorreu? Possivelmente possamos arrumá-lo. Não pode ser tão mau. — Foi mau. — Murmurou Abigail entre os dedos. — Acidentalmente utilizei a voz. Não estava emprestando atenção. Houve um terremoto e estava muito distraída porque senti algo abaixo de nós, algo se movendo justo sob a superfície procurando uma forma de sair. Senti-o. — De todos os talentos concedidos às irmãs, Abigail sentia que o dela era o pior. Sua voz podia ser utilizada para extrair a verdade da gente que a rodeava. Quando era menina, antes que tivesse aprendido a controlar o tom e a formação de suas frases, tinha sido muito impopular entre seus companheiros de classe. Com freqüência soltavam à verdade de alguma escapada a seus pais ou a um professor sempre que estava em sua presença. Abigail baixou as mãos e as olhou com olhos tristes. — Não tenho desculpa. Não sou uma adolescente. Sei que tenho que estar alerta todo o tempo. Hannah e Kate intercambiaram um largo e temeroso olhar. — Nós também sentimos a sombra, Abbey. Foi muito desconcertante para as duas. O que ocorreu na reunião? Abbey recolheu as pernas ainda mais contra seu corpo. — Estávamos discutindo sobre o desfile de Natal. — Esfregou o queixo contra os joelhos. — Senti o movimento da terra, um vazio emanando para cima e a próxima coisa que soube era que estava pedindo a verdade. — Apertou as mãos contra os ouvidos. — E consegui a verdade. Todo mundo o fez. Bruce Harper tem uma aventura com a mulher do Mason Fredrickson. Estavam todos na casa. Bruce e Mason tiveram uma terrível briga a murros, e Letty Harper estalou em lágrimas e fugiu. Está grávida de seis meses. Sylvia Fredrickson me deu uma bofetada e partiu, me deixando ali de pé com todo mundo me olhando. — Caiu em lágrimas de novo. Kate franziu o cenho enquanto esfregava os ombros de sua irmã. Podia sentir as quebras de onda de mal-estar surgindo de Abigail. — Tudo vai ficar bem agora, céu. Está em casa e está a salvo. — No momento uma consoladora tranqüilidade se deslizou pela habitação, uma sensação de paz. As velas apagadas sobre a toalha saltaram à vida com brilhantes chamas vermelho-alaranjadas. A voz de Joley se verteu na habitação, ligeira e melódica, proporcionando uma sensação de lar e alegria natalina. Kate se inclinou sobre sua irmã. — Abigail, seu talento é um dom tremendo e sempre o utilizou para o bem. Isto foi uma distorção de seu talento, não algo que nenhuma de nós pudesse ter previsto. Vamos. Só respira e deixa-o ir. Abbey as arrumou para desenhar um pequeno sorriso, os soluços decaíram ante o som da voz de sua irmã. Kate a pacificadora. A maior parte das pessoas pensavam que evitava as
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lutas e revolvia problemas, mas em realidade havia uma magia nela, uma tranqüilidade e paz interior que compartilhava com outros só com sua forma de falar. — Desejaria ter seu dom, Kate. — Disse Abbey. Pressionou a mão contra a bochecha. — Não me importa nada terem descoberto Sylvia... Gosta de pensar que pode conseguir a qualquer homem... Mas a pobre Letty, grávida e tão apaixonada por seu estúpido marido infiel. Foi para romper o coração. E no Natal. O que me possuiu para ser tão descuidada? Estou tão envergonhada de mim mesma. — O que foi exatamente que disse Abbey?. — Perguntou Kate. Abbey pareceu confusa. — Todo mundo tinha proposto uma variedade de idéias para a obra que fazemos cada ano e alguém perguntou se realmente gostava do texto antigo e deveríamos mantê-lo por tradição ou se deveríamos modernizá-lo. Acreditei que seria um bom momento para dizer a verdade se queríamos fazer alguma grande mudança. Queria dizer com a obra, não com a vida das pessoas. — Esfregou as têmporas. — Não cometi um engano como esse desde que era adolescente. Sou tão cuidadosa evitando a palavra verdade. — Passou a mão pela cara uma segunda vez, tentando apagar o rastro da mão de Sylvia. — Sabem que se utilizar essa palavra todo mundo nos arredores conta a verdade sobre tudo. — Preocupa-me que tenhamos sentido a mesma perturbação. — Disse Kate. — Hannah viu uma sombra escura no mosaico. Você disse algo que nunca haveria dito normalmente e uma greta se abriu quase a meus pés e percorreu todo o aterro. Hannah ofegou. — Não me contou isso. Kate poderia ter sido um ataquei contra você. É a mais... — interrompeu-se, olhando a Abbey. Kate elevou o queixo. — Sou a mais o que?. Hannah encolheu os ombros. — É a melhor de nós. Não tem nem um osso mesquinho em seu corpo. Não só isso, Katie. Sinto muito, sei que odeia que digamos isto, mas nem sequer sabe como desgostar de alguém. É tão... — Não diga perfeita. — Advertiu Kate. — Não sou perfeita. E acredito que por isso os irmãos do Matthew riem de mim. Acreditam que quero ser perfeita e fico triste. Hannah e Abbey intercambiaram um largo e preocupado olhar. — Acredito que deveríamos chamar as outras. — Disse Hannah. — Sara quererá saber isto. Ela também deve ter sentido o terremoto. Podemos perguntar se lhe ocorreu algo estranho. E deveríamos chamar Joley, Libby, e Elle. Algo vai mal, Kate, simplesmente o sinto. É como se o terremoto tivesse desatado uma força maléfica. Temo que possa estar dirigida contra você. Kate tomou um comprido sorvo de chá. O sabor era tão tranqüilizador como o aroma. — Vamos, não fará mal ver o que às outras têm a dizer. Não vou preocupar-me por isso. Não senti uma ameaça direta. Entretanto não vou chamar Sara. Ela e Damon provavelmente estão enredados um com o outro. Posso sentir o calor inclusive através da linha telefônica.
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— Posso sair à varanda e lhe fazer gestos. — Disse Hannah maliciosamente. — A janela de seu dormitório dá para nós e por alguma misteriosa razão as cortinas seguem abrindo-se nessa habitação em particular. — Hannah. — Kate tentou não rir. — Você é impossível! Hannah riu. — E você é perfeita, querendo reconhecer ou não. Ao menos para mim. — E para mim. — Disse Abigail. Kate lhes sorriu. — Não sou tão perfeita. Eu gostaria de dar a Sylvia Fredrickson seu castigo. Não fez bem em te golpear, Abbey. Inclusive no colégio era desagradável. — Eu me ocuparei da Sylvia. — Disse Hannah. — Não se preocupe Abbey. Passará uma larga temporada pensando em quão estúpido foi te golpear. — Hannah. — Kate e Abbey fizeram coro em protesto. Hannah estalou em gargalhadas. — Captei a mensagem, Kate. Você falará com a Sylvia, mas não me quer lançando feitiços em sua direção. Kate sorriu. — Deveria ter sabido que estava brincando comigo. — Quem disse que não falei a sério? Sylvia dá má fama às mulheres. Kate sacudiu a cabeça. — Hannah Drake, está se convertendo em uma pequena bruxa sedenta de sangue. Acredito que Jonas está exercendo uma má influência sobre você. — Tocou gentilmente a bochecha de Abbey. — Inclusive apesar disto não podemos utilizar nossos dons para nada que não seja o bem. Hannah fez uma careta. — É bom que Jonas tenha que perseguir seu chapéu. Evita que se volte muito arrogante e mandão. E quem sabe a grande lição que Sylvia Fredrickson aprenderia se a castigasse só um pouco. — Antes que suas irmãs pudessem dizer algo, riu brandamente. — Não vou fazer nada horrível só que adoro ver as duas com esse olhar de "Aí vai Hannah" em suas caras. Kate acotovelou Abbey, ignorando o sorriso travesso de Hannah. — Adivinha o que farei amanhã? Matthew Granite esteve de acordo em olhar o moinho comigo manhã. Espero que nenhum de seus irmãos esteja pelos arredores para rir de mim e possivelmente se dará conta de que sou uma mulher adulta, não uma adolescente. Qualquer um acreditaria que o fato de ter viajado por todo o mundo e ser uma escritora de êxito lhe impressionaria, mas me olha exatamente igual a quando estava no colégio. Hannah e Abbey intercambiaram um rápido e apreensivo olhar. — Kate, vai passar à tarde com ele. Realmente quer fazê-lo? — Perguntou Abigail. Kate assentiu. — Eu gosto de estar com ele. Não me pergunte por que, simplesmente eu gosto.
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— Kate, não esteve em casa por anos. Matthew tem certa reputação. — Disse Abigail dubitativamente. — Sempre foi amável com você, é muito encantador, mas é... — interrompeu-se e olhou Hannah em busca de indicações. — O que? Um conquistador? Sei que um homem de sua idade tem encontros. — Kate percorreu a sala para tocar a primeiro das sete meias que penduravam em fila ao longo do suporte da chaminé. Isso lhe permitiu manter a expressão oculta de suas irmãs. — Sei que teve relações. — Trata-se justamente disso, Kate. Não teve relações. O máximo que teve foram aventuras de uma noite. As mulheres o acham encantador e misterioso e ele as encontram fáceis. Sério, Kate, não se apaixone por ele. Parece genial por fora, mas tem uma atitude de homem das cavernas. Foi militar durante muito tempo, fazendo todo tipo de coisas para as Forças Especiais e simplesmente espera que todo mundo cumpra ao pé da letra suas ordens. Provavelmente por isso não se deixa impressionar por suas viagens pelo mundo. Por favor, não se apaixone por ele. — Suplicou Hannah. — Não poderia suportar se te fizesse mal, Kate. — Tão segura está de que ele não se apaixonaria por mim. Faz uns minutos dizia que acreditava que era doce comigo. — Kate tentou guardar sua voz, manter seu tom estritamente neutro apesar de sentir uma dor peculiar em seu interior. — Na realidade não necessito de advertência. Os homens como Matthew não olham às mulheres como eu. — Deu de ombros. — Não me incomoda. Eu necessito de solidão como sempre. E não disponho da tremenda quantidade de tempo que requer uma relação. — O que quer dizer com Matthew não olharia a uma mulher como você?. — Abbey estava ultrajada. — Do que está falando, Kate? Kate tomou outro sorvo de chá e sorriu para suas irmãs sobre a borda da xícara. — Não se preocupem, não me auto- compadeço. Sei que sou diferente. Nasci como sou. Todas vocês se sobressaem. Seus aspectos, suas personalidades, inclusive você, Hannah, sendo tão dolorosamente tímida, abraça a vida. Todas vocês vivem. Não deixam que suas debilidades ou fracassos lhes separem de seu caminho. Eu sou uma observadora. Leio sobre a vida. Investigo a vida. Encontro um canto de uma habitação e me fundo com ela. Posso me voltar invisível. É uma arte e me sinto maravilhada praticando-a. — Viaja por todo o mundo, Kate. — Assinalou Hannah. — Sim e meu agente junto com meu publicitário aplainam o caminho para mim. Não tenho que pedir nada, tudo me dão feito. Matthew é como todas vocês. Lança-se à vida e vive cada momento. Nasceu sendo um herói, cavalgando para resgate, carregando o ferido às costas. Necessita alguém disposto a fazer o mesmo. Eu nasci sendo uma observadora. Possivelmente por isso foi concedida a mim a habilidade de ver nas sombras às vezes. Uma parte de mim já está ali. Os olhos azuis da Hannah se encheram de lágrimas. — Não diga isso, Kate. Nunca diga isso. — Enredou seus braços ao redor da Kate e a abraçou, sem preocupar-se de que uma pequena quantidade de chá se derramasse sobre ela. — Não sabia que se sentia assim. Como pude não ter visto? Kate a abraçou com força. — Céu, não se preocupe por mim. Você não entende. Não me incomoda. Meu mundo são os livros. Sempre foram. Adoro os livros. Adoro viver em minha imaginação. Não quero
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escalar uma montanha. Adoro estudar. Adoro falar com gente que o faz, mas não quero experimentá-lo. Minha imaginação proporciona uma maravilhosa aventura sem o risco ou o desconforto. — Katie. — Protestou Abbey. — É a verdade. Sempre me senti atraída pelo Matthew Granite, mas sou muito prática para cometer o engano de acreditar que poderia haver algo entre nós. Ele é selvagem. Recordolhe em meio de cada jogo rude de futebol no colégio e na universidade. Fez tantas loucuras, desde servir aos Ranger até lançar-se de pára-quedas só por diversão. — Estremeceu-se. — Eu nem sequer pratiquei mergulho. Ele faz rafting e escalada para relaxar-se. Eu leio um bom livro. Não somos minimamente compatíveis, mas ainda assim acho tudo estupendo. — Está segura que quer sair com ele?. — Perguntou Abbey. Kate encolheu os ombros. — O que quero fazer é olhar ao mosaico e ver se posso perceber a sombra na terra como fez Hannah. — Possivelmente possamos averiguar o que está passando. — Esteve de acordo Hannah. Seguiu Kate até a entrada, olhando Abigail sobre o ombro. — Não soa Joley genial? Enviou-nos seu CD de Natal. Disse que poderia ser que viesse para casa pro Natal? — Isso espera. — Disse Abbey. — Chamaram Elle ou Libby? — Libby está na América do Sul. — Disse Hannah. — Acreditei que disse que estava no Congo. — Interrompeu Kate. Hannah riu. — Estava no Congo, mas a chamaram na América do Sul. Ligou justo depois do tremor. Alguma pequena tribo no bosque pluvial tem alguma surpreendente enfermidade e pediram a Libby que voasse até ali imediatamente para ajudar e é obvio que o fez. Disse que seria difícil, mas que não importava como, viria para casa pro Natal. Acredito que precisa estar conosco. Parecia cansada. Realmente cansada. Disse-lhe que nos reuniríamos e veríamos se podíamos lhe enviar um pouco de energia, mas disse que não. Disse-me para conservarmos nossas forças e que fossemos muito cuidadosas. — Informou Hannah. Abbey e Kate deixaram de caminhar bruscamente. — Está segura de que Libby não nos necessita, Hannah? — Perguntou Kate. — Sabe o que pode lhe ocorrer. Ajuda às pessoas nas piores circunstâncias e isso esgota continuamente sua energia. Viajar essas distâncias dormindo pouco não ajuda. — Disse que não. — Reiterou Hannah. — Ouvi a debilidade em sua voz. Obviamente precisa voltar para casa, reagrupar-se e descansar, mas não senti que estivesse em um estado perigoso. — Ajoelhou-se sobre o chão aos pés do mosaico que sua avó e as irmãs tinham trabalhado tanto. O alívio alagou a Kate. Libby sempre exigia muito de si mesma e sua saúde sofria dramaticamente por isso. Libby era muito pequena, muito magra, uma mulher frágil que se empurrava ao limite por outros. Libby trabalhava para o Centro de Controle de Enfermidades e viajava por todo o globo. — Todas têm que vigiá-la. — Disse Kate brandamente, pensando em voz alta.
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Eram um dos mais apreciados talentos das irmãs, serem capazes de estabelecer comunicação sem importar quão longe que estivessem fisicamente. Podiam "ver-se" umas as outras e enviar energia de um lado a outro quando era necessário. Kate se ajoelhou junto à Hannah na entrada. Kate sempre sentia uma sensação de respeito ao olhar o artesanato do chão. O mosaico sempre lhe parecia estar vivo, com energia. Toda vez que o olhava sentia como se estivesse caindo em outro mundo. O profundo azul do mar era na realidade o oceano no céu. As estrelas estalavam e flamejavam cobrando vida. A lua era uma brilhante bola de prata. Kate se inclinou aproximando-se mais do mosaico para examinar os verdes, marrons e cinzas que constituíam a mãe terra. Só a voz de Joley alagava a casa, depois se fundindo nas últimas notas abandonou a habitação que ficou completamente em silêncio. As três irmãs uniram as mãos. Pequenas explosões de eletricidade se arquearam de uma à outra. Na habitação insuficientemente iluminada a energia pareceu um látego denteado de relâmpago que dançava entre as três mulheres. O poder enchia a habitação, energia suficiente para mover as cortinas nas janelas fazendo que o tecido se balançasse e arqueasse. Kate manteve os olhos fixos nos tons mais escuros da terra. Algo se moveu abaixo, perto da borda do mosaico, nas rochas mais profundas. Movia-se lentamente, uma sombra enegrecida, deslizando-se de uma zona escura a seguinte. Havia uma conduta serpentina, ardilosa nela, movendo-se das bordas de acima para a superfície como se tentasse atravessá-la. Kate deixou escapar o fôlego lentamente, inalando profundamente para encher seus pulmões, e deixou que seu corpo se afastasse. Era a única forma de caminhar pelo mundo das sombras que era invisível para a maior parte dos olhos humanos. Sentiu a malevolência imediatamente, um sopro retorcido, malvado e decidido, um ser tomado pela raiva e alimentado pela necessidade de vingança. O distúrbio era entristecedor, girando e bulindo com calor e raiva. Arrastava-se se aproximando dela, consciente de sua presença, que lhe proporcionava uma espécie de maliciosa alegria. Ela se manteve imóvel, tentando discernir a força escura entre as sombras mais profundas, mas se camuflava muito bem. — Kate. — Hannah a sacudiu com força, agarrando-a pelos ombros e balançando-a até que a cabeça lhe pendurou para trás sobre o pescoço. Abbey tirou Kate de perto do mosaico e de volta a seu próprio corpo. Fez-se um comprido silencio enquanto se aferravam umas às outras, respirando pesadamente, perto das lágrimas. O penetrante som do telefone as sobressaltou. — Sara. — Disseram simultaneamente e romperam a rir com alívio. Abbey saltou para responder o telefone. — Vou contar a Sara o que tem feito. — Advertiu a Kate. — e terá grandes problemas. Kate aferrou a mão de Hannah, tentando sorrir ante a horrenda predição de Abbey. — Sentiu-o, Hannah. — Sussurrou. — Sentiu-o vir por mim. — Não pode entrar nesse mundo outra vez, Kate. Não com essa coisa aí. Não pude ver o que era, mas tem que se manter longe dele. — Hannah abraçou Kate mais forte. — Eu sei o que é ter medo todo o tempo, Kate. Não posso funcionar em meio de uma multidão porque a energia de tanta gente me drena. Suas emoções me bombardeiam até que não posso pensar ou
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respirar. Todas vocês me protegem, você sempre o faz. Deveria deixar que fizéssemos o mesmo por você. Kate sorriu e se inclinou para beijar a bochecha de Hannah. — Aceitei minhas limitações faz muito, Hannah e nunca me arrependi de minha eleição de estilo de vida. Controlo o que me rodeia e isso me basta. Não tenho necessidade de todas as coisas que vocês querem fazer com suas vidas. Meu mundo está cuidadosamente construído e tem grandes muros para me proteger. Vocês estão muito mais abertas ao assalto. Tomarei cuidado, Hannah. Não sou das que correm riscos. Não tem que preocupar-se que tente encontrar as respostas sem o resto de vocês. — Katie! — Chamou Abbey. — Sara tem umas poucas coisas que quer comentar com você. — Estendeu o telefone. Kate abraçou de novo Hannah. — Tudo irá bem, prometo-lhe isso, céu. É Natal. Quase todas voltam para casa e passaremos um bom momento, igual à sempre quando nos reunimos.
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Capítulo 3 Um calafrio, mais frio ainda que o ar que sentirão. Quando um ferrolho se abra e um selo seja atravessado
M
att permaneceu em pé junto ao enorme abeto Douglas decorado com centenas de adornos e luzes de cores. A alta árvore crescia no pátio perto dos escarpados diante da casa. Era uma das visões mais formosas que tinha visto, mas empalidecia em comparação com Kate. Ela estava em pé sobre o alpendre, com uma bola de cristal de neve nas mãos, sorrindo. Seus olhos eram verdes como o mar e seu comprido e espesso cabelo estava recolhido em uma espécie de intrincado nó que o fazia desejar lhe tirar cada forquilha para poder vê-lo cair em desordem. Subiu os degraus do alpendre e estendeu a mão. — Onde demônios conseguiram essa bola de cristal? A cena interior parece exatamente a de sua casa e esta árvore de Natal. Pôs-lhe a esfera nas mãos. Duas de suas irmãs estavam sobre o alpendre com ela, lhe estudando com expressões sérias nas caras. Tinha estado tão ocupado olhando a Kate que nem sequer as tinha visto. Suas mãos se fecharam sobre a pesada esfera, seus dedos roçaram os de Kate. Um formigamento de eletricidade faiscou para cima por seu braço. Quase ao momento a esfera se esquentou em suas mãos. — Boas tarde, senhoras. — Olá, Matt. — Saudou Hannah. Abbey cabeceou para ele. Embora tenha feito tudo o que pôde por limpar-se depois do trabalho, esfregando as mão durante uma boa meia hora para conseguir que a sujeira se desprendesse de suas unhas, notou com vergonha que não tinha tido êxito. Suas unhas pareciam estar salpicadas pelo estranho brilho que chegava de dentro da esfera de cristal. As luzes da árvore flamejaram inesperadamente dentro do cristal, enquanto uma estranha névoa branca começava a formar redemoinhos. Fascinado, sustentou a esfera desde todos os ângulos, tentando ver como a tinha acendido, mas não pôde encontrar uma pilha ou um interruptor por nenhuma parte. Esquadrinhando mais de perto notou que uma sombra escura tomava forma na base da árvore e se arrastava pelo caminho para os degraus da casa. Seu corpo reagiu, ficando alerta enquanto observava à sombra mover-se às escondidas. — Esta coisa é horripilante. — Estendeu a esfera para a Hannah e tomou o cotovelo de Kate em uma deliberada ação de propriedade. Estabelecendo sua reclamação. Declarando suas intenções. Seus dedos se posaram sobre o braço esbelto e o coração realmente lhe saltou no peito. Ela vestia uma espécie de camisa branca de encaixe que ressaltava seus peitos arredondados e deixava seus antebraços nus. A gema de seus polegares se deslizou sobre a pele suave como as pétalas de uma flor só para sentir a textura. Ela estremeceu e Matt notou que seu próprio corpo se aproximava para bloquear a brisa que chegava do oceano. Disseram adeus a suas irmãs e se dirigiram para o carro. Kate esclareceu a garganta. — Avalio que tenha que me trazer, Matthew. Poderia ter me encontrado com você lá.
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— Isso é uma tolice, Kate, já que vamos ao mesmo lugar. Pensei que poderíamos discutir os planos de renovação durante o jantar quando terminarmos de inspecionar o moinho. — Abriu a porta de seu Mustang conversível. O teto era certamente levantado. — O que estava fazendo com a esfera? Sorriu-lhe e assim, fácil, lhe roubou o fôlego. — Ainda estamos colocando nossos adornos. Hannah acaba de tirar a esfera do apartamento da cobertura e estava limpando o cristal. É uma tradição natalina em nossa família lhe fazer um desejo. — O que era essa estranha sombra escura que se movia na esfera? Kate se voltou bruscamente para a casa. Matt estava perto dela, mantendo aberta a porta do Mustang e chocou com o nariz contra seu peito. Por um segundo ficou ali de pé com os olhos fechados, depois inalou profundamente. Matt sentiu esse fôlego através de sua própria pele, todo o caminho até os ossos. As pontas de seus peitos lhe roçavam o torso enviando um fogo que lhe percorria o sangue e se acumulava em um espesso calor no fundo de seu estômago. Ela cheirava a canela e especiarias. Desejou empurrá-la até seus braços e beijá-la ali mesmo. Justo diante de suas irmãs. — Matthew. — Pela primeira vez que ele pudesse recordar, Kate soava sem fôlego. — O que está fazendo? Notou que seus braços a rodeavam. Estava-a mantendo cativa contra ele e seu corpo estava endurecendo e fazendo urgentes demanda. Amaldiçoou silenciosamente e a deixou partir, voltando-se longe dela. — Pensava que estava entrando no carro. — Sua voz foi áspera, inclusive aos seus próprios ouvidos. Nunca tinha desejado a uma mulher como desejava Kate. Não se sentia gentil quando queria ser gentil. Não se sentia agradável e encantador quando normalmente era tão fácil para ele ser encantador. Sentia-se tenso, inquieto e dolorido como o inferno. Sentia o louco desejo de levantá-la e encerrá-la em seu veículo, uma urgência primitiva quando ela parecia a ponto de pôr-se a voar. — Viu realmente uma sombra na esfera? — Perguntou ela. — O que? Era a última coisa que esperava que ela dissesse e enviou um calafrio por sua espinha dorsal. — Não poderia dizer o que era. A sombra escura parecia surgir da base da árvore e subir pelo caminho para o alpendre da casa. É sua casa a da esfera, verdade? Há névoa ou neblina em vez de flocos de neve formando redemoinhos ao redor. Isso dá à esfera um efeito muito estranho. Kate se voltou para olhar suas irmãs. Hannah colocou a esfera de neve muito cuidadosamente sobre o amplo corrimão e se afastou dela. Dentro do cristal, girava uma pesada névoa. As luzes da diminuta árvore de Natal brilhavam num estranho laranja e vermelho através da neblina, quase como se estivesse ardendo. Matt estudou a irmã de Kate atentamente. Tinha vivido em Seja Haven toda sua vida. Tinha ouvido coisas estranhas sobre as irmãs Drake. Perto delas, sentia o poder e a energia crepitarem no ar e emanar delas. O poder encheu o espaço ao redor até que pôde respirá-lo. Hannah elevou os braços e o vento soprou do mar. Com ele chegaram vozes suaves, cujas palavras eram impossíveis de distinguir,
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mas o cântico resultava melodioso e em harmonia com as coisas da terra. A estranha luz da esfera de neve empalideceu e se extinguiu até que ficou só um brilho débil e suave. As vozes do vento continuaram até que as luzes depois do cristal piscaram e se desvaneceram, deixando o globo como um adorno natalino absolutamente ordinário. O vento os rodeou com um ar frio. Matt saboreou o sal do mar. Baixou o olhar até seus dedos que rodeavam o braço de Kate. Tinha segurado-a protetoramente sem pensar ou raciocinar. Sabia que devia soltá-la, mas não podia evitá-lo. O corpo esbelto dela tremeu, com frio ou temor, Matt não estava seguro do que era, mas não lhe importava. Kate levantou o olhar para ele. — Não posso explicar o que acaba de ocorrer com a esfera. — Não estou pedindo uma explicação. Só quero te colocar em meu carro. Sorriu-lhe. — Obrigada, Matthew. Realmente o aprecio. — Relaxou visivelmente e lhe permitiu ajudá-la a acomodar-se no quente assento de pele. Kate se sentia muito pequena junto a Matt. Dentro do carro parecia enorme e poderoso. Seus ombros eram amplos o bastante para roçar contra ela nos limites do Mustang. Quando inalou, tomou a fragrância masculina profundamente em seus pulmões. Por um momento se sentiu aturdida. Isso a fez desejar rir em voz alta ante a idéia de Kate Drake aturdida pela fragrância de um homem. Nenhuma de suas irmãs acreditaria. O carro tomava as curvas fechadas da estrada costeira com precisão e facilidade, fluindo ao redor nos giros, fazendo que se relaxasse um pouco. Estar perto de Matt sempre a fazia sentir a salvo. Não sabia por que, mas já não o questionava. Ele a olhou. — Você se molesta com a forma em que as pessoas sempre falam de sua família? — Falam bem de nós. — Assinalou Kate. — Sei. São o tesouro do povo, mas te incomoda. Kate lhe sorriu. — Só você me faria essa pergunta. — Suspirou. — Não deveria me incomodar. Somos diferentes. Não podemos ocultá-lo precisamente e é obvio que as pessoas falem de nossos estranhos costumes. Crescemos aqui, assim todo mundo nos conhece e alguns chegam ao extremo de nos proteger dos estranhos, mas sim, incomoda-me que as pessoas sempre sejam tão consciente de nós quando estamos ao redor. — Nunca tinha reconhecido em voz alta ante ninguém, nem sequer ante suas irmãs. — Senti sua falta enquanto estava percorrendo o mundo, Kate. Alegro-me que tenha decidido voltar para casa. Ela sorriu amplamente. — É tão coquete, Matthew, inclusive comigo e me conhece toda a vida. Não se acalmou muito desde seus dias selvagens da universidade. Quando estava no colégio todas as garotas diziam que foi legendário no Stanford. — Bom, não o era. Deveria ter ido a uma universidade longe daqui em vez de uma a só um par de horas. Isso poderia ter terminado com os falatórios. E eu não paquero. — Disse firmemente. Queria estacionar o carro e simplesmente olhá-la. Tocar sua suave pele e beijá-la
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durante horas. No momento que as idéias alagaram sua cabeça seu corpo se endureceu até uma dor embotada. Não podia aproximar-se dela sem que ocorresse. Era um homem adulto e seu corpo respondia a ela como se fosse um adolescente. — Matthew, você paquera com todo mundo. E sua reputação é terrível. Se não estivesse tão inteirada, me preocuparia. — Ninguém fala de mim. Ela riu brandamente. — Posso contar sua história com a Janice Carlton em detalhes, ouvi-a muitas vezes. Ele gemeu. — Ainda falam disso. Ocorreu faz séculos. Estava de licença, deve ter sido faz o que? Uns seis anos. Recolhi-a no bar, estava bêbada, Kate. Não podia deixá-la ali sem mais. — E como acabou sua blusa sobre os arbustos frente ao pomar? Matt a olhou de esguelha. — De acordo, admitirei que foi sua blusa, mas vamos, Kate, não estava no colégio. Dá um pouco de crédito a minha maturidade. Estava tão bêbada que começou a tirar a roupa no mesmo momento em que saímos à rua. Atirou a blusa pela janela e teria atirado também o sutiã, mas lhe disse que a deixaria na calçada se o fizesse. Levei-a diretamente para casa. E no caso de querer saber minha versão nunca foi contada, eu não gosto de falar das mulheres que se lançam sobre mim estando bêbadas. Apesar do que tenha ouvido, minha mãe me educou para ser um cavalheiro. Podemos ser um pouco ásperos nas bordas, mas os Granite têm um código de honra. O Mustang deslizou fluidicamente pelo caminho que conduzia ao velho moinho no escarpado sobre a baía de Seja Lion. Matt conduziu diretamente pelo poeirento caminho até o comprido edifício de madeira e estacionou. Desligou o motor e deslizou o braço pelo respaldo do assento dela. O oceano se estampava sob os escarpados, um ritmo interminável que parecia ter eco no batimento de seu coração. — A maior parte das histórias sobre mim não são certas, Kate. Kate olhava fixamente para frente, para o velho edifício. A maior parte da madeira estava danificada pelo salitre. A pintura fazia muito tinha cedido sob o firme assalto do vento. Adorava admirar o moinho, a forma em que se encaixava ali sobre o escarpado, uma parte do passado que desejava levar com ela ao futuro. Tomou um profundo fôlego, recompondo-se, e se voltou para o Matt. Assim perto, Matthew Granite era um gigante com músculos ondulantes e definidos, com forte e teimosa mandíbula. Sua boca era algo que passava muito tempo olhando e sonhando com a forma em que a tinha arrumado para deslizar-se em suas novelas em vários de seus heróis. Seus olhos eram assombrosos. Deveriam ter sido cinzas, mas era bem chapeada, uma cor assustadora que fazia seu coração bater triplamente mais rápido. Tinha essa aura de cabelo escuro e espesso que a fazia desejar passar os dedos por ele e o levava mais comprido que a maioria dos homens. Kate se sentia um pouco fraca olhando seu peito musculoso e depois os brilhantes olhos chapeados. — Bom, demônios Matthew, todo este tempo pensando que estava na presença da grandeza. — Se arrumou para conjurar uma risada ligeira. — Não é muito amável de sua parte destruir as ilusões de uma mulher.
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Ele franziu o cenho. — Não disse que não fui o menino mau de Seja Haven. — Pensava que Jonas Harrington era o menino mau de Seja Haven. Matt pareceu ofendido. — Eu nunca fico em segundo lugar. — Sua mão se elevou, fechando-se inesperadamente sobre a garganta de Kate. Kate estava segura de que seu coração saltou um batimento. A palma era grande e os dedos se enredaram facilmente ao redor de seu pescoço, o polegar lhe inclinou a cabeça para cima para que se visse forçada a enfrentar o súbito desejo desses olhos chamejantes. Era a última coisa que Kate esperava ver e sua intensidade a surpreendeu. — Matthew. — Respirou seu nome em um pequeno protesto. Não era uma boa idéia. Eles não eram uma boa idéia. Ele simplesmente baixou a cabeça e tomou posse de sua boca. Seu beijo foi algo menos gentil. Atraiu-a mais perto, um homem faminto devorando-a com beijos ardentes e urgentes. O fôlego abandonou seus pulmões e cada terminação nervosa de seu corpo gritou. A eletricidade rangeu entre eles, arqueando-se do Matt a Kate e outra vez de volta. O fogo percorreu sua pele, derretendo suas vísceras. Ele tomou a dianteira, beijando-a faminto, ardentemente, sua língua lutou com a dela exigindo uma resposta que se encontrou lhe dando. Seus braços lhe rodearam o pescoço, seu corpo se pressionou mais perto do calor dele. Sentia tanto calor, tanta magia que não podia pensar com claridade. O bramido de uma buzina fez que Kate saltasse longe dele. Matt amaldiçoou e olhou para a estrada a tempo para ver seus irmãos saudando, uivando e brincando enquanto passavam. — Malditos idiotas. — Disse, mas havia um afeto em sua voz impossível de passar por cima. Kate pressionou uma mão tremente sobre sua boca machucada. Sua pele estava sensível e ardia por causa da escura sombra na mandíbula dele. Não se atreveu a olhar-se no espelho, mas sabia que pareceria beijada. — Salvaram-nos. — Pode ser que tenham salvado você, mas eu estou em uma situação difícil aqui, mulher. — E demônios, estava. Que tinha esta mulher que o fazia perder o controle sempre que estava a seu redor? Realmente era uma bruxa. Ia ter que dizer umas quantas coisas a seus irmãos quando lhes pusesse as mãos. Não iriam deixá-lo viver tranqüilo depois que o tinham pegado beijando Kate Drake como um adolescente. Não ajudou ver Jonas Harrington passando muito lentamente, obviamente lhes buscando. Maldito Danny e seu rádio. Seria de domínio público se não fossem mais cuidadosos e a última coisa que queria era que Kate fugisse dele por causa dos rumores. Tocou o rosto vermelho de Kate. A pele suave esta avermelhada por sua barba. — Deveria ter me barbeado, Katie, sinto muito. Não planejava te beijar. — De acordo, queria beijá-la. Esperava beijá-la. Realmente tinha se posto de joelhos a noite anterior quando não havia ninguém ao redor e tinha pedido um milagre natalino, mas ela não parecia saber quanto a desejava.
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A forma em que ele disse "Kate" fez que lhe desse um tombo o coração, enviando um milhão de mariposas a revoar por seu estômago. — Não me importa. Agarrou-lhe o rosto entre as mãos. — A mim sim. Tenho que ser mais cuidadoso com você. — Bruscamente a deixou partir e abriu a porta. Era a única coisa segura a fazer quando ela lhe parecia tão tentadora. O frio do mar o tocou, deslocando o calor de seu corpo dentro do carro. Kate não esperou que ele rodeasse o carro e lhe abrisse a porta. Estava tão agitada, tão surpreendida por suas reações com ele. Era tão impróprio dela. Kate, a prática, acabava de cometer um terrível engano e não podia voltar atrás. Ainda podia lhe saborear, ainda tinha sua fragrância obstinada ao corpo, ainda sentia uma tremenda e estranha pressão, uma necessidade que era tão elementar, tão faminta e sedenta. Permaneceu em pé no meio do vento e elevou o rosto, esperando que sua pele se esfriasse e que a raivosa necessidade que estava sempre dentro dela encontrasse de novo descanso. Matt tomou sua mão e a conduziu pelo quebrado e acidentado caminho até o edifício. Ela não resistiu e o apartou. — A estrutura é boa. — Tranqüilizou-lhe enquanto abria a porta. — Quero incorporar tanto do edifício original como é possível quando o ampliar. Estava pensando em cobrir lá fora com algum amparo contra o vento para os dias mais ensolarados e dentro uma zona grande com cadeiras e pequenas mesas para ler e beber café ou chocolate ou o que seja. Há um grande lugar de pedra no que deve ter sido um escritório e eu gostaria de manter isso também se for possível. Kate cobria sua ansiedade com bate-papo, assinalando os rasgos rústicos que queria salvar e os muitos problemas das zonas como os conhecia. Era muito consciente da mão do Matt que a sujeitava por segurança. Duas vezes tentou soltar-se casualmente, mas ele não soltava dela, levando-a pela habitação para examinar uma seção de madeira carcomida perto dos alicerces. — Aqui ficam as escadas? — Matt abriu a porta e esquadrinhou para baixo o escuro interior. As escadas pareciam ser muito pronunciadas e a meio caminho estava seguro de que as paredes estavam cobertas de sujeira. — Há uma luz? — Claro. — Disse Kate. — Está sobre o segundo degrau. Não posso alcançar. — Por que não está aqui em cima? — Acendeu as luzes cautelosamente, meio esperando que a lâmpada explodisse. Agüentou, mas era escura e amarelada e produzia um estranho zumbido. — O que é isso? — Não sei, mas o chefe dos bombeiros me assegurou que era seguro. — Sorriu-lhe. — Um de seus irmãos não é eletricista? — Passará um tempo antes que lhe necessitemos aqui. — Disse Matt, começando a descer as escadas. As escadas eram bastante sólidas, mas não gostava do aspecto das paredes. Várias gretas se estendiam do centro da parede em todas as direções como um tecido de aranha. Olhou Kate, com as sobrancelhas elevadas. Ela sacudiu a cabeça. — O terremoto deve ter prejudicado. Não estava assim quando desci com o agente de propriedade. Já desci duas vezes para me assegurar de que todo o lugar não ia afundar-se no
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oceano. Sei que está em mau estado, mas é uma localização tão perfeita. Se tiver que fazê-lo, posso atirar abaixo o moinho e começar do zero. Se acha que é melhor fazê-lo assim, aceitarei seu conselho, mas realmente quero salvar tanto do edifício original como é possível. — Vai custar mais dinheiro do que possa valer a pena gastar, Kate. — Advertiu. Kate estremeceu enquanto desciam as escadas para o porão insuficientemente iluminado. Estava muito mais frio do que recordava. Sempre sensível à energia, sentiu uma fria malevolência que não tinha estado ali antes. Olhou ao redor cautelosamente, aproximando-se de Matt em busca de amparo. A atmosfera vibrava com incontável e maliciosa diversão. — Matthew, saíamos. — Falou, pegando-o pelo braço. Ele olhou para ela rapidamente. — O que acontece, Katie? — Havia uma carícia em sua voz, algo que a esquentou apesar do frio do porão. — Pode esperar escada acima enquanto dou uma olhada. — Sentiu seu estremecimento e uniu as bordas da jaqueta que ela usava abotoando-a, seus dedos se atrasaram sobre as lapelas, simplesmente sujeitando-a ali, perto dele. Kate sacudiu a cabeça. — Aqui embaixo persiste uma sensação doentia. Não quero deixar você sozinho aqui Matthew. — Parou, procurando as palavras corretas. — Sinto como se algo não estivesse bem, não o sinto como antes. Os olhos chapeados se moveram sobre seu rosto. De repente Matt deu uma piscada, um gesto veloz e sexy, que fez seu coração bater mais forte. — Serei rápido, prometo. Kate foi atrás dele, relutante a afastar-se muito no sombrio porão. Era comprido, amplo e tinha chão de terra. — Acredito que isto se utilizava como armazém de contrabandistas. Há umas escadas que conduzem à baía através de um estreito túnel. Parte do túnel se derrubou faz alguns anos, mas li no jornal de minha avó; diz que o moinho era utilizado para armazenar provisões, armas e especiarias que chegavam de bote. — Apertou os lábios, decidida a não lhe distrair enquanto o via estudar as paredes e o chão do porão. — O que é isto? — Matt fez um gesto perto de um estranho revestimento no chão. Era de dois centímetros de espessura quase como a tampa de um ataúde, exceto que era de forma oval. A superfície era áspera e estava coberta de símbolos, que resultavam impossíveis de ler por causa do pó e a sujeira que os cobria. Correndo diretamente por meio da tampa havia uma larga fenda. Kate franziu o cenho. — Não o tinha notado antes. Deve ter estado talhado na terra. O terremoto pode ter movido. — Aproximou-se mais, a contra gosto. O ar gelado saía da profunda greta. — Isto eu não gosto, Matthew. — Não é uma tumba, Kate. — O assinalou, agachando-se junto à greta e limpando o pó das bordas. — Parece mais a uma espécie de selo. Kate agachou junto a ele. Uma rajada de ar frio lhe tocou a palma da mão ao passá-la sobre a rocha gretada. Apartou a terra dos símbolos, tentando decifrar os antigos hieróglifos. A linguagem era antiga, mas lhe resultava bastante familiar. Suas antepassadas, gerações de
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poderosas bruxas, tinham utilizado símbolos semelhantes para comunicar-se em privado. Sua mãe as tinha feito aprender a linguagem, e Kate conhecia uns poucos símbolos, mas não todos. — Diz algo sobre raiva. Os símbolos estão danificados e desgastados. Posso divisar as palavras, "selado até o dia em que nasça alguém..." — interrompeu-se com frustração, inclinando-se mais para tentar averiguar o significado das palavras. — Onde aprendeu a decifrar esses símbolos? São egípcios? — Perguntou Matt. Kate sacudiu a cabeça. — Não, é um assunto familiar. Supõe-se que todas tinham que aprendê-lo. Acha que isto é algum tipo de poço? Matt continuou cavando ao redor da grossa tampa. — Não pode ser um poço, Kate. Possivelmente algum tipo de placa comemorativa. — Pisou na pesada laje. Esta cedeu ao redor das bordas e deslizou ligeiramente. — Não. — Kate agarrou o braço de Matt com força. — Não sabemos o que há dentro. Algo nisso me dá arrepios. Não pode sentir a malevolência supurando pela greta? — Cambaleou para trás, o levando com ela, quase se derrubando sobre o chão e fazendo que ele tivesse que agarrá-la enquanto um gás nocivo vertia através da greta aberta. — É só gás criado pela matéria em decomposição que esteve presa durante tanto tempo. — Disse Matt, arrastando-a tão longe da fenda como pôde. Empurrou-a para as escadas. — Algumas vezes os gases podem fazer que adoeça ou algo pior, Kate. Não o aspire. — Ela parecia pálida, seus olhos totalmente abertos com horror. Olhava fixamente para a tampa sem mover-se, com uma mão apertada sobre a boca. Matt podia ver que seu corpo inteiro tremia. A rodeou com seus braços e a atraiu para ele. Virtualmente envolveu seu corpo inteiro, mas ela não apartou o olhar da singularidade do porão, hipnotizada pelo vapor preto e amarelo que emanava da greta. — Não é nada, Kate, só um buraco no chão. Provavelmente de um par de centenas de anos de antiguidade. — Permaneceu tranqüilo para acalmá-la, mas todos seus sentidos tinham entrado em alerta. Obviamente Matt não podia sentir o triunfo malicioso que emanava do chão, um grito de vitória. Ela não podia identificá-lo, não tinha nem idéia do que era mas a aterrorizava que pudessem ter liberado algo perigoso. Horrorizada, observou o escuro e feio redemoinho percorrer a habitação e depois subir pelas escadas para a liberdade, deixando atrás um frio gelado. — Deixa de tremer, Kate. É gás. Ocorre todo o tempo nestes velhos respiradouros. — Matt não podia suportar vê-la tão assustada. — Encontraremos bolsas por toda parte. Não entrou no túnel, certo? Poderia haver nele toda classe de bolsas de gás igual nas cavernas. — Alguma vez viu um gás fazer isso? Percorrer a habitação? — Foi algum tipo de brisa do oceano, Kate. Não pode sentir as correntes de ar aqui dentro? São muito fortes. — Tenho que olhar esses símbolos, Matthew. Acredito que havia um selo sob a tampa e o terremoto o perturbou. — Sabia que soava completamente ridícula. Provavelmente lhe parecia uma louca, mas estava segura de ter razão. Algo tinha deslizado por esse respiradouro, algo que não tinha que habitar o mundo.
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Matt estudou sua face com seriedade, o medo em seus olhos. — Deixa que me assegure de que é seguro, Kate. — Gentilmente a colocou de lado e foi até a greta da tampa de pedra. — Tome cuidado, Matthew. — Quando olhou para ela, desejou ter mantido a boca fechada. Soava cada vez mais e mais paranóica. Ele cheirou o ar cautelosamente. O aroma era pestilento, mas podia respirar facilmente sem tossir. — Acredito que é bastante seguro, Kate. Não estou vomitando e não me sinto enjoado. Não sei que demônio acaba de ocorrer, mas se tiver tanto medo vou acreditar no que o Jonas diz e nunca duvidar de nenhuma de vocês, as Drake. Agradecia que estivesse tentando entender, mas sabia que não poderia. Kate abaixou a cabeça, evitando seu olhar, temendo ver a forma em que a olhava. Deixou-se cair junto à tampa e tirou o pó agilmente com os dedos, temendo romper a velha rocha ainda mais. Matt esperou silenciosamente tanto como pôde. O som do mar se ouvia como fundo. Seu eco batia nas paredes de fora de forma estranha. — Significa algo para você? — Tentou conter a impaciência de sua voz quando tudo o que queria fazer era agarrar Kate, levantá-la e tirá-la nos braços do lugar. Kate esquadrinhou mais de perto para decifrar as palavras. Sete irmãs. Sete irmãs Drake. Suas antepassadas. Tinham encarcerado algo a terra, o espírito no oco da ventilação para proteger algo. Não podia lê-lo com exatidão porque parte das letras estavam rotas e desgastadas, mas temia que fossem as pessoas do povoado que precisavam ser protegidas. Também podia ter algo a ver com o Natal e o fogo e alguém que nasceria para trazer paz. Kate levantou o olhar para o Matt. Não havia forma de esconder o terror de seus olhos e não se incomodou em tentá-lo. — Tenho que voltar para casa agora mesmo.
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Capítulo 4 Uma coroa de flores como saudação Muito melhor atirá-la na rua
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att estava sentado em seu carro com a calefação ligada e seu CD favorito tocando baixo. A voz única e rouca de Joley Drake tinha escalado rápido nas listas de êxitos. Encantava-lhe esta coleção em particular, normalmente o deixava tranquilo, mas agora não estava fazendo nenhum bem. Aferrou o volante e ficou com o olhar fixo nas resplandecentes luzes da árvore de Natal frente à casa do escarpado. A névoa estava começando a elevar-se mar a dentro, estendendo seus dedos brancos para a terra e para a casa que estava vigiando. Não havia luzes elétricas nas janelas, mas podia ver a piscada de velas e uma sombra ocasional quando uma das irmãs Drake passava junto a janela. A porta do passageiro se abriu de um puxão e Jonas Harrington se deslizou no assento junto ao Matt, fechando a porta contra o frio. — Demônios, Jonas, me deu um susto de morte. — Espetou Matt. Não se tinha precavido de quão nervoso estava até que Jonas tinha aberto a porta de repente. — Sinto muito. — Jonas soava tão agradável como sempre. Muito agradável. Matt virou à cabeça para olhar seu amigo da infância. — O que está fazendo aqui fora? Faz frio e está levantando névoa. Não estará espreitando a nossa Kate, verdade? Matt estudou a cara de seu amigo. Sorria, parecia amigável, mas seus olhos eram frios. — É obvio que não estou espreitando Kate. Acha que perdi a cabeça? O lugar dessa mulher é ao meu lado. — Sorriu para aliviar a tensão acumulada entre eles. — Só tenho que averiguar como convencê-la disso. O que está fazendo aqui? E por que não vi os faróis de seu carro? — Olhou pelo retrovisor e notou que Jonas tinha estacionado silenciosamente atrás dele. — Ia sem luzes, não queria te espantar. O que ocorreu esta noite? Por que estão todas alteradas? — Não havia uma acusação óbvia em sua voz, mas Matt tinha passado junto ao Jonas toda sua vida e reconhecia a nota subjacente de suspeita. — Que demônios esta insinuando Jonas? Cospe-o e deixa de rodeios. — Seu gênio estava começando a flamejar. — Tive uma tarde infernal e você não está ajudando. Jonas deu de ombros. — Acabo de cuspi-lo. Estão alteradas. Posso senti-lo. Todas elas, cada uma das irmãs. Tem algo a ver com você e com Kate? — Que classe de pergunta é essa? Demônio, sim desejo Kate. E faria qualquer coisa para consegui-la, mas te asseguro que não posaria um dedo sobre ela se não me correspondesse e nunca lhe faria mal. É isso o que queria saber? Jonas assentiu. — Isso era o que estava procurando. Odiaria ter que te chutar o traseiro, mas se fizesse mal a essa garota, teria que fazê-lo.
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— Como se pudesse. — Matt tamborilou com os dedos contra o volante, franzindo o cenho enquanto seu temperamento se tranqüilizava. — Quer dizer que pode sentir como todas estão alteradas? — Sempre pude sentir quando algo vai mal com as Drake. E agora mesmo, algo vai muito mal. — Jonas continuava olhando para ele com olhos frios e especuladores. Matt sacudiu a cabeça. — Não fui eu, Jonas. Algo estranho ocorreu no velho moinho e Kate estava muito alterada. Pediu-me que a levasse para casa e foi o que fiz. — Passou os dedos pelos cabelos, não uma vez, mas duas. — Nem sequer tive oportunidade de convidá-la para sair outra vez. Simplesmente estava sentado aqui, tentando decidir se deveria subir até a casa e lhe perguntar o que ocorreu ou voltar para o moinho e tentar entender isso. — Aí as tem! — Jonas resmungou um palavrão baixo. — Que demônios acreditam que estão fazendo saindo no meio da noite com a névoa que há? Matt podia divisar as três irmãs Drake sob capuzes escuros enquanto se apressavam em descer os degraus. A névoa era pesada e espessa, uma invasão de névoa branca que ocultava efetivamente às mulheres enquanto se apressavam em descer pelo gasto caminho que girava baixando a colina para a estrada. Matt saltou do carro, perdendo-as de vista em meio a cortina de névoa. Foi consciente do Jonas amaldiçoando baixo, mantendo o passo enquanto voltavam para cortar o passo das Drake, antes que pudessem alcançar a estrada. Jonas se lançou para as mulheres, capturando o braço de Hannah e puxando-a de frente para ele. — Perdeu a cabeça? A expressão de Kate era de preocupado alarme quando os viu. — Matthew, pensava que tinha ido para casa. — Olhava ansiosamente a seu redor para a névoa. — Não deveria estar aqui fora. Não acredito que seja seguro. E você tampouco deveria Jonas. Hannah olhou fixamente o xerife. — Alguma vez alguém te disse que tem maus modos? — Alguém te pôs alguma vez sobre seus joelhos? — Contra atacou Jonas. — Se não acham que seja seguro estar aqui fora, que estão fazendo correndo de um lado a outro na escuridão? Kate assinalou a pesada parede de névoa. — Não íamos muito longe com esta coisa. Temos um importante recado, Jonas. — Então deveriam ter me chamado. — Espetou Jonas impacientemente. Hannah se moveu como se fosse dizer algo, mas os dedos de Jonas se apertaram ao redor do seu braço. — Estou realmente zangado agora, Hannah. Não piore. — Jonas. — A voz de Kate tentava aplacá-lo. — Não entende. — Então faça que eu entenda, Kate! — Exclamou ele. Matt se colocou imediatamente entre Jonas e Kate. — Não acredito que haja necessidade de lhe falar assim, Jonas. Deixe que se explique. Os dedos de Kate rodearam o braço do Matt.
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— Jonas se preocupa conosco, Matthew. Provavelmente deveríamos tê-lo chamado. Matt não queria que ela chamasse Jonas, queria que chamasse a ele se algo ia mal. E obviamente algo ia mal. Antes que ela pudesse apartar a mão de seu braço, cobriu-lhe os dedos com os dele. — Já estamos aqui, Kate. Conte-nos o que houve. Os olhos verde mar percorreram seu rosto. Teve a sensação de que ela podia ver nele mais profundamente que a maioria das pessoas, mas assim era sempre com Kate. Apertou os garra sobre sua mão. — Kate. Confia no Jonas. Ele pode responder por mim. Kate fechou os olhos brevemente. Matthew Granite era o homem de seus sonhos e depois que presenciasse o que realmente ocorria ao redor das irmãs Drake nem sequer poderia manter uma relação de fantasia com ele. Suspirou mas levantou os ombros. Algumas coisas eram mais importantes que os sonhos românticos. Tomou um profundo fôlego. — Algo foi liberado hoje, algo malévolo. Acredito... — Olhou a suas irmãs em busca de coragem antes de continuar. — Acredito que o terremoto pode havê-lo despertado ou ao menos deu a oportunidade de elevar-se. Era a sombra que viu na esfera, Matt e minhas irmãs e eu a vimos no mosaico. É muito real e dá a sensação de ser perigoso para nós. — Elevou o olhar para ele, esperando claramente que risse. Matt manteve a cara completamente inexpressiva. Sabia que as irmãs Drake eram diferentes; alguns diziam que obravam milagres, outros que eram autênticas bruxas. Seja Haven era uma central de rumores e as irmãs Drake estavam sempre em primeiro plano. Mas não Kate. Nunca Kate. — Assim dá a sensação de ser perigoso para vocês e o primeiro que fazem é sair correndo na noite em meio de uma das piores névoas que tivemos. — Soltou Jonas. — Demônios, Kate, Abbey e Hannah poderiam lançar-se de cabeça ao perigo, mas você normalmente mostra algum rastro de sentido comum. — Puxou Hannah contra ele quando esta tentou escapar. - Não estou jogando contigo, Hannah. Segue assim e te prenderei por toda a noite. A formosa cara da Hannah irradiava fúria, mas em vez de afrontar Jonas como Matt esperava, estava ofegando em busca de fôlego. Abbey saltou a seu lado. — Respira Hannah, muito lentamente. Hannah sacudiu a cabeça, o medo enchia seus olhos. Abbey extraiu uma bolsa de papel de sua bolsa e ofereceu a sua irmã. — Respira dentro disto. Com aspecto alarmado, Jonas enroscou seu braço ao redor da cintura de Hannah para sujeitá-la enquanto ela se dobrava, claramente incapaz de respirar adequadamente. — Que demônios se passa? Deveríamos chamar uma ambulância? — Poderia fazer o favor de parar de gritar com ela. — Espetou Abbey. — Tenha muito cuidado Jonas, posso fazer perguntas que não iria querer responder. — Cale-se, Abbey, não se atreva a me ameaçar. — Grunhiu Jonas em resposta.
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— Parem já, todos vocês, parem. — Suplicou Kate. Vendo a ansiedade no rosto de Kate, Matt se aproximou dela e a envolveu com seus braços. Hannah respirou na bolsa de papel alguns minutos e levantou a cabeça. Parecia a ponto de chorar. — Abbey, se quer levar Hannah de volta para casa eu irei com Kate fazer o que for que todas acham que é tão importante. — Fez a oferta antes de poder conter-se, tremia em meio da fria névoa. Ela não tinha necessidade de estar fora em uma noite semelhante. Somente desejava agarrá-la e levá-la para casa e estender-se com ela junto ao fogo. Jonas jogou para trás o espesso cabelo loiro de Hannah. — Está bem, Barbie? — Sua escolha de palavras deveria ter sido insultante, mas a amável preocupação de sua voz as fez carinhosas. Hannah assentiu, mas não olhou a nenhum deles, ainda claramente lutando por respirar. — Possivelmente seja boa idéia, Hannah. Irei com o Matt e só darei uma olhada pelos arredores e você e Abbey tirem os jornais e vejam se podem encontrar algo que possa nos ajudar a esclarecer isso tudo. — Disse Kate. — Matthew, está seguro de que não se importa? Quero dar um passeio pelo povo e conseguir uma sensação do que está acontecendo. — Não me importa. — Exatamente como isso é perigoso, Kate? — Perguntou Jonas. — Honestamente não sei. — Replicou ela. — Eu gostaria de sabê-lo. Pensamos que se saíssemos juntas poderíamos captar algo, mas na realidade já o sinto. Acredito que posso rastreá-lo. Matt esclareceu a garganta. — Rastrear uma sombra. — Se não estivessem todos tão sérios, teria pensado que era uma brincadeira de Halloween. Olhou para a casa. A névoa era um pesado sudário, quase rabiscando a casa. Podia ver as luzes da árvore de Natal, mas era somente um halo pálido de laranja distorcido pelo manto branco cinzento. Ficou quieto. A névoa trocava de cor, obscurecendo-se de branco a um cinza escuro. Como tinha feito à névoa na esfera de neve quando a tinha pego para examiná-la. — A névoa me dá mau pressentimento, Kate. Nunca a tinha visto assim. — Disse Jonas. — Fique perto de Matt. Levarei Hannah e Abbey de volta para casa. Hannah soprou e olhou Abbey. Abbey sorriu. — Chegaremos bem em casa, Jonas. Está logo colina acima. Conhecemos o caminho. — Irei com vocês, Abbey, assim não discuta. — Jonas se voltou resolutamente para a casa. — Matt, se pressentir que algo vai mal ou achar que Kate está em algum perigo, traga-a de volta aqui e não deixe que se saia com nenhuma tolice. Kate sorriu para o Jonas. — Eu nunca digo tolices. Cuida das minhas irmãs porque se lhes ocorrer algo... — Sei, hei ouvido tudo isso antes. — Jonas acenou para ela e a névoa os tragou, amortecendo inclusive o som de seus passos no caminho, deixando Kate só com o Matt. Olhou para ele.
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— Não tem que fazer isso. Sou capaz de passear acima e abaixo pelas ruas de Seja Haven. Matt olhou a seus formosos olhos verdes mar. — Mas eu não sou capaz de te deixar quando há sequer um indício de perigo perto de você. — Baixou a cabeça lentamente para ela, atraído por um magnetismo, esperando que ela se afastasse, lhe dando suficiente tempo para pensar. Kate observou como os olhos dele trocavam, obscurecendo-se de desejo, justo antes que sua boca tomasse posse da dela. Não importava que o ar estivesse frio e que o vento os esfriasse, seus corpos produziam um calor notável, suas bocas se fundiam com fogo. Arrastoua contra seu corpo, seus braços musculosos envolvendo-a, abraçando-a como se ela fosse a pessoa mais apreciada no mundo para ele. Era saborosamente rude, embora impossivelmente gentil, vorazmente faminto, quase devorando sua boca, mas tão terno que lhe enchia os olhos de lágrimas. Não tinha nem idéia de como o fazia, mas queria mais. — Não é bom para mim. — Sussurrou ela contra sua boca. A língua dele se deslizou ao longo da comissura de seus lábios, brincando com sua língua em um breve, mas acalorado tango. — Sou absolutamente perfeito para você. — Puxou sua capa até que o corpo dela se apertou firmemente contra o seu. — Nasci para estar contigo, Kate. Supõe-se que é uma espécie de mulher mágica, cheia da segunda visão, mas não vê o que tem justo diante de você. Por que será? — Não lhe deu oportunidade de debater, só a beijou larga e conscientemente. Kate sentiu que suas vísceras se derretiam, convertendo-se em um atoleiro quente e colocando-se em algum lugar em sua região baixa. Seus joelhos realmente se debilitaram. — Não posso pensar com claridade quando nos beijamos, Matthew. — Isso é bom, Kate, porque eu tampouco posso. — Respondeu ele, seus lábios vagavam pelo lado do seu pescoço e de volta para cima até encontrar o ouvido. O calor pulsou através dela, mas se obrigou a afastar-se. Ele não era para ela. Sabia e uma vez averiguasse como era ela em realidade, também ele saberia. Ela podia parecer valente e forte, mas quando o perdesse, sabia que seria muito frágil. Atar-se com Matthew Granite era algo decididamente ridículo. — Matthew, essa sombra malévola deve ser encontrada e com sorte ajudá-la a encontrar um pouco de paz ou conseguir que minhas irmãs me ajudem a encerrá-la de novo. Matt amaldiçoou silenciosamente as sombras escuras, entidades malvadas e qualquer outra coisa que pululasse na noite. Obviamente ela acreditava que se liberou algo daninho sobre o pequeno povo de Seja Haven. Estava seguro de que tinha sido uma bolsa de gás; mas se isso significava passear pela cidade com ela de noite, agarrados pelas mãos e beijando-a a cada oportunidade que tivesse bom, demônios, ele era seu homem. Podia fazê-lo. E inclusive tentaria manter a mente aberta. — Então vamos. — Enredou o braço ao redor dela. — Tenho uma lanterna em meu carro. Esta névoa é realmente espessa. — Não necessitamos uma lanterna, Matthew. Tenho um par de varas luminosas. Minha irmã Elle as fabrica. Funcionam muito bem na névoa. — Tirou vários tubos magros do bolso interior de sua capa e lhe estendeu um. — Só sacode-o.
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— Esquecia à pequena Elle e seu jogo de química. Lançou mais foguetes na praia que nenhum outro menino de Seja Haven. Não conseguiu uma bolsa completa em Columbia ou no MIT ou alguma outra universidade muito prestigiosa? Uma muito valente para aceitá-la. Kate riu, a calidez se estendeu através dela. — Foram muito valentes, mas felizmente conseguiram em troca uma notável física capaz de fazer qualquer coisa que se proponha. Elle é um gênio e não tem medo de nada. Não teme arrastar-se por covas procurando estranhas formações rochosas, nem tampouco desativar uma bomba se precisar. Não é como eu. — O que quer dizer? — Matt apertou os dedos ao redor dos dela. — Minhas irmãs fazem coisas incríveis e as pessoas esperam isso de nós, mas não quero que pense que eu sou capaz de escalar montanhas ou saltar de aviões, mas ouvi falar de todas suas façanhas. — Estava pressentindo seu caminho através da névoa em vez de seguir o brilho da vara. Elevou a cara para as gotas de umidade marinha, inalando para tentar captar o aroma de algo pestilento. — Temos que cruzar a estrada. Com a névoa tão espessa virtualmente não havia tráfico. Matt avançou com ela cruzando a estrada costeira e tomando o atalho que conduzia ao centro do povoado. De repente se tinha posto totalmente séria, distanciando-se tanto dele que realmente começava a acreditar que ela estava sobre o rastro de algo malvado. Podia sentir sua imobilidade, a acumulação de energia. O instinto de sobrevivência que tinha adquirido durante seus anos como Ranger lhe chutou. A pele se arrepiou enquanto ficava em estado de alerta. A adrenalina fluiu e seus sentidos se aguçaram. Sentiu a necessidade de completo silêncio e se perguntou se começava a acreditar em tolices sobrenaturais. Matt guardou a vara incandescente dentro de sua jaqueta sem ativá-la. A névoa amortecia o som dos passos de Kate. Era consciente de sua respiração, da estranha sensação da mesma névoa, de tudo. Por consentimento mútuo guardaram silêncio enquanto caminhavam pela rua. Matt foi consciente de um ligeiro som. Um bufo. Era distante e amortecido, apenas audível entre o lôbrego manto de névoa. Encontrou-se se esforçando por ouvir. Havia um ritmo nesse som, lhe recordando ao bombeio do ar entrando e saindo com força dos pulmões. Respiração. Alguém estava respirando e o som se movia, trocando de direção cada vez que eles faziam. Matt pressionou os lábios contra o ouvido dela. — Há alguém na névoa conosco. — Estava seguro de que alguém os observava, alguém que estava bastante perto. Kate jogou a cabeça para trás. — Algo, não alguém. Kate se voltou para a zona residencial. O povoado parecia estranhamente coberto por uma névoa branco-cinzenta. Profusamente decorado para o Natal, as luzes multicoloridas sobre os armazéns e edifícios de escritórios, as casas e as árvores emitiam um brilho de fogo peculiar no meio do estranho vapor, dando ao povoado uma aparência infernal e perturbadora em vez de uma festiva. Matt desejou ter trazido com ele uma arma. Era bom na luta à mão porque era um homem grande, forte, com reflexos rápidos e um treinamento extensivo, mas não tinha nem idéia da classe de adversário que enfrentavam. Algo lhe golpeou nas costas, deslizando-se para baixo por seu jeans e caindo sobre a rua. Matt se voltou para encarar o inimigo e não encontrou nada mais que névoa.
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— O que é? — Perguntou Kate. Sua voz era firme, mas sua mão, na parte baixa das costas do Matt, tremia. Matt se agachou para estudar o objeto a seus pés. — É uma coroa de Natal, Kate. Uma maldita coroa de Natal. — Olhou ao redor cautelosamente, tentando penetrar a névoa e ver o que se movia nela. Agora podia sentir a presença, real, não imaginária. Podia ouvir a estranha e trabalhosa respiração, mas não podia encontrar a fonte. Enquanto permanecia em pé, um segundo objeto chegou arrojado da névoa para lhe golpear no peito. Ouviu a ruptura de cristais e soube imediatamente que a coroa tinha estado decorada com adornos de cristal. — Saiamos daqui, fora da rua ao menos. — Disse. Kate era teimosa, negava com a cabeça. — Não, tenho que enfrentá-lo aqui. Matt puxou Kate para ele, defendendo seu corpo pequeno com o próprio quando mais coroas chegaram voando através do ar, jogadas com mortífera exatidão para eles desde todas as direções. Envolveu os braços ao redor da cabeça dela, lhe pressionando o rosto contra seu peito. — São meninos. — Murmurou, roçando um beijo no alto de sua cabeça para tranqüilizála. — Sempre fazendo brincadeiras; é perigoso com esta névoa, por não mencionar destrutivo. Esperava que fossem crianças. Tinha que ser um exército de crianças, arrancando guirlandas das portas das casas e as atirando como brincadeira. Não ouvia risadas, nem sequer passos. Não ouvia nada além da áspera respiração. Parecia provir da névoa. A nuca lhe arrepiou por causa da ansiedade. — Não são meninos fazendo brincadeiras, Matt. — Kate soava próxima às lágrimas. — É muito, muito pior. — Kate. — Acariciou-lhe a nuca. Tinha o cabelo dentro do capuz, mas a palma se demorou ali. — Não é a primeira vez que um grupo de crianças decide brincar e não será a última. As guirlandas de Natal jaziam ao redor deles em um círculo, algumas rotas e esmagadas e outras razoavelmente em boa forma. Kate elevou o rosto longe do peito dele e tomou fôlego. — Posso cheirá-lo, você não. Matt inalou profundamente. Reconheceu o pestilento e nocivo aroma dos gases do velho moinho. Seu coração se sobressaltou. — Demônios, Kate. Estou começando a acreditar em você. Saiamos daqui antes que diga que estou louco. Ela se liberou de seus braços. — É isso o que pensa de mim. Que estou louca. — É obvio que não. Simplesmente tudo isto é tão terrivelmente estranho! Os olhos verde-mar lhe percorreram o rosto, um pouco brincalhões, um pouco peraltas. — Bom, se prepare, vai ficar mais estranho ainda. Fique quieto.
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A névoa formava redemoinhos ao redor deles em seus rostos, seus pés e corpos, tecendo redes cinzentas. Como na casa do escarpado, Matt teve a impressão de uns dedos ossudos e desta vez estavam tentando agarrar Kate. Sem pensar, pegou-a nos braços e pôs-se a correr, sentia a forte urgência de afastá-la dos largos tentáculos cinza, mas o manto de névoa era espesso ao redor deles. Kate pressionou os lábios contra sua orelha. — Pare. Tenho que tentar detê-lo, Matthew, isso é o que faço . Não podemos fugir da névoa, está por toda parte. — Demônios, Kate, eu não gosto disto. — Quando ela não respondeu, relutantemente a abaixou e ficou muito perto dela, preparado para entrar em ação. Ela se virou em direção a sua casa, seu rosto sereno, pensativa, mas decidida. Irradiava beleza, fogo e força interna. Murmurou um suave e melódico cântico que se converteu em parte da noite, do ar que lhes rodeava. Não falava em inglês mas em um idioma que ele não reconhecia. Sua voz era sossegada, tranqüila, um suave convite a um lugar de paz e harmonia com a terra. A própria névoa respirava com dificuldade, dentro e fora, uma rajada de ar que soava como um depredador com dentes e garras. A névoa parecia vibrar de raiva, enrolando-se, formando redemoinhos e obscurecendo. A névoa cinza se envolvia ao redor das coroas de Natal aos pés de Matt, girando com suficiente força para elevá-las no ar. Brilhantes coroas verdes se murcharam e enegreceram como se toda a vida lhes tivesse sido sugada. Os objetos recordavam a Matt às grinaldas dos funerais em vez das alegres decorações para uma celebração e cada uma delas parecia estar apontada diretamente para Kate. O fôlego ficou apanhado na garganta e seu coração bateu forte. Kate parecia pequena e frágil sob o ataque do vicioso vapor negro-cinzento. Moveu-se, um deslizamento fluido que lhe pôs no caminho das grinaldas enegrecidas fazendo que se estrelassem contra seu grande corpo. Kate ignorou a névoa e as coroas, concentrando-se em algo dentro de si mesma. Olhou para a casa dos escarpados e bruscamente elevou os braços diretamente para cima no ar. O vento soprou do oceano com força selvagem. Carregava a essência do mar, o sabor e a sensação das ondas e um respingo de salitre. Também carregava vozes, suaves, melodiosas e muito femininas. O vento varreu através do banco de névoa, as vozes cresceram em força, a voz de Kate se uniu às outras até que estiveram em perfeita harmonia, em total ordem. As coroas de Natal caíram à estrada. A névoa retrocedeu, conduzida terra adentro, cobrindo as casas residenciais; mas o vento era persistente, trocando de direção e empurrando a névoa de volta para o oceano. Kate parecia translúcida, sua pele pálida e perolada de umidade, mechas de cabelo se aferravam a sua cara, mas não vacilou. Sua voz produzia uma sensação de paz, de tranqüilidade, de algo formoso e satisfatório. Encheu Matt de desejos por uma casa e uma família própria. Encheu-lhe com uma profunda sensação de orgulho e respeito por Kate Drake. Observou como a névoa se retirava relutantemente de volta ao oceano, dissipando-se com a força do vento. Ficou atrás um silêncio no vazio da tempestade. Kate deixou cair os braços como se pesassem muito. Cambaleou. Ele saltou para frente para agarrá-la antes que sofresse um colapso, balançando-a entre seus braços e embalando-a contra seu peito. — Cresce em força. Não teria podido enviá-lo longe se minhas irmãs não tivessem ajudado. — Kate levantou o olhar para ele com olhos aterrados.
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Matt a beijou. Foi o único que lhe ocorreu fazer. Parecia leve como uma pluma entre seus braços. Beijou-lhe os olhos, a ponta do nariz e roçou ligeiramente seus lábios nos dela. — Tudo está bem agora, Kate. Descansa. -Afastou-se. -Diga-me o que necessita. — Podia ver que cada gota de sua força tinha sido utilizada em lutar contra o inimigo invisível da névoa. Tinha-lhe convertido em um crente. Ele era um homem de ação, tinha passado vários anos de serviço treinando-se para proteger seu país, mas não havia nada que pudesse fazer para deter essa malvada sombra da neblina. — O que é? Ela esfregou o rosto cansado contra a jaqueta de Matt. — Não sei Matthew, honestamente não sei. — Como soube o que dizer? Como soube que idioma entenderia? — Não sei. Utilizei um cântico curador que passou de geração em geração em minha família. Tentava sanar seu espírito. Ele a olhou fixamente, tentando não parecer surpreso. A escura sombra lhe parecia além de qualquer tipo de redenção, algo escuro e perigoso, procurando uma oportunidade de golpear a algo ou a qualquer coisa a seu redor. Kate olhou para as coroas estendidas por toda a estrada. — Estranho que escolhesse nos atacar com as coroas. — Estranho que pudesse as utilizar. Acredita que é "ele"? Ela deu de ombros. — Isso me parece. A adrenalina estava começando a decair, mas continuava com um olho nos escarpados por precaução. — Nunca voltarei a ver a névoa do mesmo modo. — Uma coroa é um círculo contínuo, Matthew. Simboliza amor verdadeiro, incondicional. Autêntico afeto que nunca cessa. — Sua voz era pensativa. — Não senti amor fluindo da névoa. — Respondeu ele. Começou a caminhar de volta em direção a casa dela, com Kate entre seus braços. — Mas arrancou as coroas de Natal de cada porta da rua e as atirou. — Para nós. — Disse ele sombriamente. — Estou acostumado a olhar meu inimigo nos olhos, Katie, lutando com ele com armas ou minhas mãos nuas. Não podia agarrar precisamente a névoa e estrangulá-la, embora quisesse fazê-lo. — Desça- me, Matthew. Sou muito pesada para que me leve nos braços todo o caminho. — Fui Ranger durante dez anos, Katie, acredito que posso carregar seu peso sem problemas. Ela não ia discutir, estava muito exausta. — Dez anos. É verdade, alistou-te logo depois de sair da universidade. Esteve vagando muito tempo. Eu sabia que não vivia aqui, mas sua família sempre me fez sentir como se estivesse próximo. — Passava aqui minhas permissões, cada vez que tinha oportunidade. Voltei a retomar minha vida aqui imediatamente depois de abandonar o serviço porque o negócio de minha
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família me esperava. Meu pai e meus irmãos me guardaram uma parte, inclusive apesar de que eles faziam todo o trabalho. — Por que se alistou nos Ranger, Matthew? Logo que soube disso investiguei a respeito deles. Era tudo muito.... — Pensou, procurando a palavra correta. — ... Intenso. E aterrador. Por que quis fazer algo como isso? — Sempre necessitei me empurrar a encontrar meus limites. E acredito em meu país, assim para mim pareceu encaixar perfeitamente. Os Ranger encarnam todo aquilo no que acredito. Avançar mais à frente, mais rápido e lutar mais duro que nenhum outro soldado. Nunca render-se, nunca abandonar a um camarada cansado, sobreviver e levar ao cabo a missão sob qualquer condição. Kate suspirou pesadamente e colocou o rosto contra o ombro dele, lhe ocultando sua expressão. Algo nesse suspiro provocou em Matt uma sensação doentia no fundo do estômago. Quis lhe perguntar sobre isso, mas no momento em que alcançou o caminho que conduzia a casa, Kate estava dormindo.
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CAPITULO 5
Um povo imerso em doces sonhos enquanto descansa na cama, Até que os pesadelos sobre mim começam a dançar em suas cabeças.
K
ate. Katie. Acorde. — A suave voz chamava Kate do mundo dos sonhos. — Agora precisa comer. Acorda. Kate abriu os olhos e se espreguiçou, piscando adormecidamente
para sua irmã.
— Sara. O que está fazendo aqui? — Empurrou a pesada cortina de cabelos que se derrubava ao redor de sua face. Sempre trançava o cabelo antes de ir à cama, mas dessa vez estava em todas as partes. Girou a cabeça e ficou imóvel. Matthew Granite estava sentado e desalinhado em uma cadeira junto a sua cama, seu olhar chapeado intensamente fixo sobre seu rosto. Seu estômago deu um curioso pulinho. Um lento sorriso suavizou os traços de sua face, iluminando seus olhos cinza e lhe roubando o coração. — Finalmente despertou. Estava começando a me preocupar. — Dormiu na cadeira. — Não podia imaginar seu grande corpo encontrando uma posição relaxada em sua cadeira de dormitório. — Bom, queria compartilhar sua cama, mas me preocupei que suas irmãs jogassem um mau olhado. — Seu sorriso se ampliou a uma careta zombadora. — Jonas saiu faz algumas horas, temendo inclusive beber uma xícara de café. Advertiu-me que uma de vocês poderia fazer algum feitiço em meu café, assim pensei que era melhor permanecer em boa graça com todo mundo. — É verdade, você gosta muito de café. O suficiente para permanecer em nossa boa graça. — Não podia deixar de lhe olhar. Havia uma sombra preto-azulada ao longo de sua mandíbula e sua roupa estava enrugada, mas isso não o fazia menos atrativo a seus olhos. — Já que eu sou a única que faria um feitiço no seu café, por que está dormindo em meu quarto? — Olhou para Sara em vez de olhar Matt. Sara elevou os braços, com as palmas para cima. — Tentamos conseguir que se fosse ontem à noite, Kate, mas não se foi. Granite pode ser seu sobrenome, mas também é feito disso. Ninguém pôde lhe mover. Jonas tentou lhe assustar, mas isso tampouco funcionou. Kate tentou não sentir prazer. Tentou franzir o cenho para Matt, fingir desgosto, mas não havia forma de que o conseguisse, assim desistiu. De todo jeito simplesmente lhe fez uma careta, parecendo mais sexy que nunca com o rastro escuro escurecendo sua mandíbula. Sara se sentou à beira da cama. — Odeio interromper, mas tem que comer. Gastou muita energia a última noite. Inclusive Joley chamou e se sentia exausta. — Ondeou as mãos num gesto para as cortinas e,
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para assombro de Matt, as cortinas se abriram permitindo que a luz da manhã entrasse em torrentes. — Sei que não tem fome, nunca a tem depois, mas tem que comer por todos nós. Nem Kate nem Sara pareciam pensar que tivesse ocorrido nada incomum. Matt piscou várias vezes para comprovar sua vista. — Como está Hannah? — Kate se sentou, agradecendo que ainda levasse suas roupas. Matt e suas irmãs deviam ter lhe tirado a capa, os sapatos e as meias antes de colocá-la na cama, mas ao menos estava vestida com suas calças e sua blusa. — Não posso acreditar que com todas nós trabalhando nela, ainda tivesse um ataque. Esta é a primeira vez que posso recordar que nossa união falhou. Sara olhou para Matt e ficou pensativa. Ele levantou as mãos. — Se precisa estar a sós com Kate, eu descerei à cozinha para ver em que classe de problemas possa me colocar. — Estendeu a mão para Kate, descansando a palma sobre a cama. — É somente que Hannah é uma pessoa muito reservada, Matthew. — Kate colocou a mão sobre a dele. — Envergonhou-lhe o que ocorreu diante de você e do Jonas. Especialmente do Jonas. — Quer dizer seu ataque de asma. — Voltou à mão para rodear os dedos dela com os seus, sabendo que estava confiando nele em um assunto privado. — Era um ataque de asma, certo? — Não exatamente. — Suspirou Kate. — Desejaria que Jonas a tratasse com um pouco menos de dureza. — Ela parece ser capaz de devolver-lhe. - Matt se inclinou para lhe apartar umas mechas de cabelo do rosto. — Não sei muito de sua relação com Jonas, mas servi com ele nos Ranger. Jonas, eu e Jackson Deveaux. Jonas é um bom homem. — Jackson Deveaux é o ajudante do xerife que assusta a todo mundo. — Informou Sara a Kate quando ela franziu o cenho. — Deve tê-lo visto alguma vez. Nunca diz muito, mas parece letal. Chegou a Seja Haven com Jonas quando voltou do Exército. — Jackson é um bom homem também. — Disse Matt. Kate não conhecia o ajudante porque não fazia muito que havia retornado e tendia a encerrar-se no casulo de seu próprio mundo. — Deduzo que Jackson não é originário daqui. — Não, mas vinha a Seja Haven com freqüência de licença conosco. Não tinha família nem nenhum outro lugar aonde ir quando abandonou o serviço, assim lhe pedimos que voltasse conosco. Este povo é amigável e tolerante e Jackson necessita tolerância. Para nós é parte da família. Quanto a Jonas, têm que entendê-lo. Eu o vi sob um fogo pesado arrastando um homem ferido para fora da zona de batalha. Carregou esse homem durante milhas sobre suas costas. E Jackson... — interrompeu-se, sacudindo a cabeça. — Sei que Jonas se preocupa e vigia todas vocês. — Como um falcão. — Proferiu Sara secamente. Matt deu de ombros. — Possivelmente é porque realmente lhe importam.
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— Não se preocupe por nossa relação com Jonas. — Disse Kate. — Todas lhe queremos muito, inclusive quando desejamos conjurar um feitiço para lhe converter em sapo. Matt esclareceu a garganta, esfregando a ponta do nariz e se recostou para trás em sua cadeira. — Realmente podem fazer isso? Kate intercambiou um sorriso travesso com Sara. — Nunca se sabe com as irmãs Drake. Seriamente, Matthew, Jonas está profundamente enredado com nossa família. Sempre parece saber quando algo vai mal. É sensível a coisas que não vê o olho humano. Sara se inclinou para Matt. — Sentiu-o a última noite, não foi? Quando estava na névoa com Kate e nos unimos a ela. Sabia que algo ia mal. Matt suspirou. — Não sei o que ocorreu ontem à noite, mas estou endiabradamente seguro de que não quero que Kate enfrente nada parecido outra vez. — Seus olhos cinza arderam com algo perigoso enquanto olhava Kate. — Eu não gostei da forma em que a névoa pareceu estar te atacando. Sara ofegou e olhou Kate. — Como assim, te atacando? — Nada veio por mim. — Negou Kate apressadamente. — Realmente, Sara, só lançava decorações natalinas por aí e golpearam o Matthew umas poucas vezes. Nunca me tocaram. Sara olhou para Matt firmemente. — Por que acha que iam para a Kate? — Coloquei-me diante dela para protegê-la. As coroas foram arrojadas, não muito fortes no começo, mas quando Katie começou a lhe falar, o que seja que fosse, as coroas natalinas foram lançadas com muita mais força e com grande pontaria. —Está ferido. — Kate pareceu subitamente ansiosa, levantando-se de joelhos sobre a cama para lhe olhar. — Libby é a melhor curando, mas Sara... — Estou bem. — Disse Matt, mas desejou não ter que admiti-lo. Ela parecia incrivelmente formosa inclinada para ele com o cabelo despenteado e os olhos enormes de preocupação por ele. — Kate... — Abbey colocou a cabeça no quarto. —... Gina da creche diz que algo vai mal e que te necessita. Pude ouvir aos meninos chorando ao fundo. Disse-lhe que não estava bem, mas disse que era uma emergência. Que necessitava da sua ajuda. Eu irei se for absolutamente necessário. Abbey estava claramente preocupada em ter que ir no lugar de Kate. Matt olhou Sara. — O que tem Kate a ver com a creche? — Não notou que Kate tem um dom para acalmar as pessoas com sua voz? É capaz de proporcionar paz inclusive às pessoas mais aflitas ou nas piores situações. — Respondeu Sara.
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— É assim suas vidas? As pessoas as necessitam e não importa se estão cansadas ou não, simplesmente vão? — Nascemos com certos dons, Matt. — Disse Kate. — Sempre soubemos que isso quer dizer servir a outros. Sim, nem sempre é fácil e todas têm que ter formas de se proteger. Mas quando podemos ajudar, temos que ir. — Como sabem eles quando devem lhes chamar? Sara sorriu. — É mais velho que nós, Matthew, estava adiante de nós na escola, assim em realidade não estava perto quando nossos talentos começaram a desenvolver-se. Estou segura de que ouviu os rumores, mas não presenciou o que podemos fazer como têm feito outros no povoado. Jonas sempre esteve conectado conosco de algum modo, assim é bastante fácil para ele acreditar. — Kate? — Interrompeu Abbey. — Irei. Dê-me uns minutos para tomar banho e tomar uma xícara de chá. Matt a seguiu até a porta do banheiro. — Eu não gosto disto, Kate. Parece-me frágil. Acredito que Sara tem razão. Precisa ficar em casa. As sobrancelhas de Sara se elevaram. — Eu disse isso? Kate acariciou o rosto coberto pela barba, ali mesmo diante de suas irmãs, depois fechou a porta do banheiro ante a expressão alarmada dele. Quando virou, Sara e Abbey lhe sorriam abertamente. — Não escuta,certo? — Perguntou. — Não muito bem. — Concordou Sara. — Kate pode ser calada, mas faz as coisas a seu próprio modo e faz o que acredita que é correto. — Tem outro banheiro que possa me lavar rapidamente? Sara lhe sorriu amplamente. — Inclusive tenho uma escova de dente extra. Tem um olhar diferente quando a olha. A seguiu vestíbulo abaixo. — Que olhar? — A olha como se não pudesse esperar para beijá-la. — Disse Sara. — Definitivamente é necessária uma escova de dente. — Ela tem algo contra os Ranger? — Perguntou Matt, lembrando o pequeno suspiro da noite anterior. Tinha-lhe açoitado a maior parte da noite. Sara abriu a porta de um banheiro azul pálido. — É obvio que não. Por que acha isso? — Por nada. Obrigado, Sara. — Matt não queria pensar nesse estranho suspiro de Kate. Ela não era o tipo de mulher que reagisse desse modo a menos que tivesse uma razão. Perguntaria a ela depois. Apressou-se a tomar banho desejando voltar para ela.
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Kate estava ainda no banheiro quando voltou para o quarto. Descansou a palma da mão sobre a porta, o nível exato da cabeça dela. — Sai daí, Katie, já é bastante bonita sem trabalhar nisso. De trás da porta ela riu. — Como sabe? Arriscou-se terrivelmente ficando. Poderia ter despertado e minha máscara poderia haver-se deslizado em meio da noite. — Não dormi. Fiquei te vigiando. Fez-se um pequeno silêncio de surpresa. Kate abriu a porta de um puxão e o olhou. — Deve estar exausto. Vá para casa e se coloque na cama. —Irei com você. — Estendeu a mão e a puxou para ele. O corpo dela encaixava perfeitamente contra o seu, como se estivesse feito para estar ali. — Matthew. — Havia uma dúvida na voz de Kate. Beijou-a. Não queria que houvesse reservas em sua voz. Beijá-la era uma idéia muito melhor e muito mais agradável. Era magia, se é que existia tal coisa, e estava começando a acreditar que sim. Supunha-se que seria um bom e breve beijo de bom dia, um gentil beijo de “se cale e simplesmente me beije”, mas ela era fogo, ou o era ele, e ambos arderam em chamas. Queria mais que beijá-la, queria tocá-la, reclamar seu corpo suave, senti-la mover-se abaixo dele, suas mãos aferrando-se... — Basta! Matt e Kate se apartaram, seus corações acelerados e pestanejaram um para o outro, depois olharam ao redor com surpresa para ver Sara, Hannah e Abbey na soleira da porta olhando-os fixamente. — Kate. — Disse Sara, tomando um profundo fôlego. — Sabe que estamos todas conectadas em certo modo. Não pode estar tão perto da gente e fazer algo assim. Estamos todas excitadas, muito obrigada. Sem arrepender-se, Matt lhes sorriu enquanto puxava Kate firmemente contra ele. — Sinto muito. Vamos ver os pré-escolares. Kate ocultou o rosto em seu ombro, tentando não rir. Ele fez a única coisa cavalheiresca possível e a tirou rapidamente dali, saudando Damon, o noivo de Sara, enquanto passavam apressadamente junto a ele. — O homem deveria nos agradecer.- Murmurou ele e fingiu uma careta quando Kate lhe golpeou o braço. Kate olhou pelo vidro do Mustang para a superfície branca do oceano enquanto percorriam a larga estrada para a rua onde estava localizada a creche. — O banco de névoa é muito espesso sobre o oceano. — Disse ela, com uma nota de apreensão na voz. — Olhe o escuro que é mais cinza que branco e parece estar revolvendo-se. — Voltou seu olhar para o Matt. — Deveria ter sido mais cuidadosa. Em algum lugar nos jornais tem que haver algo sobre este estranho fenômeno. — Que jornais? Mencionou os jornais antes. Como podem nos ajudar? — Minha família mantém uma história, livros manuscritos do que acontece de geração em geração. Em alguma parte este evento tem que estar registrado. O problema é que todas
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nós teríamos que aprender a linguagem utilizada antigamente, mas foi um intento sem entusiasmo. Todas sabem um pouco, mas Elle realmente pode lê-lo. Temos que decifrar os livros. Matt girou o carro para a rua. — Acha que essa coisa está voltando? — Sim, eu sei que está. Não pode senti-lo no vento? Por resposta, ele saiu do carro e deu a volta para lhe abrir a porta. Não ia desperdiçar sua oportunidade de ver mais claramente como era a vida de Kate. Gina Farley os saudou com óbvio alivio quando entraram. Muitos dos meninos estavam chorando e soluçando como se estivessem fazendo-o há muito tempo. Alguns dos meninos olhavam silenciosamente Kate e Matt com grandes olhos assustados. Outros meninos ocultavam o rosto. No lugar havia vários adultos, muito dos quais Matt reconheceu e os saudou com a cabeça. Havia tensão e medo, mas Kate sorriu a todos e foi diretamente para os meninos. — Olá a todo mundo. Sou Kate Drake. — Sentou-se no círculo e olhou aos pequenos convidativamente. Matt ficou atrás e a observou. Parecia absolutamente serena, um centro de calma em meio de uma violenta tormenta. Imediatamente os meninos se sentiram atraídos por ela, empurrando e apartando-se uns aos outros para sentar-se tão perto dela como pudessem. Ela começou a lhes falar e um silêncio caiu sobre o lugar, fazendo que só pudesse ouvir-se a mágica voz da Kate, proporcionando uma sensação de paz e satisfação. — A maioria de vocês teve maus sonhos a noite passada? — O sorriso de Kate foi o estalo de uma estrela, irradiando luz e calidez. — Os sonhos podem ser muito aterradores. Todos os tivemos. Haley, conta seu sonho? — Perguntou a pequena que tinha estado soluçando com mais força. — Os sonhos são como histórias que inventa nossa imaginação. Eu imagino histórias e as escrevo para que as pessoas as leiam. Minhas histórias podem ser muito aterradoras às vezes. Seu sonho dava medo, Haley? Não foram suas palavras reais que foram mágicas e sim sua voz. Foi claro para Matt que de algum modo Kate extraía a intensidade das emoções dos meninos fora deles. Enquanto o lugar se acalmava e os meninos se tranqüilizavam, a tensão caiu dramaticamente. Foi somente Matt que pôde ver o efeito que tinha em Kate. Quão exaustivo era aceitar as violentas emoções não só dos meninos, mas de seus pais também. Haley revelou seu sonho em frases curtas. Um homem que parecia um esqueleto com um casaco comprido e um velho chapéu com olhos brilhantes e dedos ossudos saindo da névoa. Queimava a árvore de Natal e roubava os presentes e fazia algo terrível ao pastor do desfile de Natal. Matt se endireitou quando se mencionou ao pastor. Seu irmão, Danny, sempre fazia o pastor no desfile de Natal. Seu alarme cresceu quando criança atrás de criança revelou que tinham tido um sonho similar. Kate não parecia alarmada. Seu sorriso nunca vacilou e sua voz continuava dissipando o trauma que os pesadelos tinham causado. Contou várias histórias de Natal e logo tinha aos meninos rindo. Quando ficou em pé para sair Matt viu que se cambaleava de cansaço. Sem uma palavra andou entre os meninos e deslizou um braço a seu redor. Ela se apoiou pesadamente nele enquanto passavam os seguintes dez minutos tentando sair graciosamente.
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— Parece feroz e imponente. — Disse ela quando voltaram para o carro. — Nunca antes tinha visto essa expressão em você. — Estava pensando em te tirar nos braços dali. Kate riu brandamente. — Isso teria dado a todo mundo algo do que falar, não? — Pressionou os dedos sobre as têmporas. — Aonde me leva? — A "Salt Bar and Grill". Precisa comer. Danny esteve saindo com a garçonete, Trudy Garret, assim passamos bastante tempo provando a comida. Não é mau. — Olhou-a e notou que lhe tremiam as mãos. — Utilizou alguma classe de magia com sua voz e isso drenou sua energia, não foi? — Sempre há um custo para tudo, Matthew. — Deu de ombros sem lhe olhar, fechando os olhos e apoiando-se para trás contra o assento de couro. — Não estou segura de que seja capaz de comer, mas o tentarei. — Realmente está muito magra, Katie. Ela riu. — Uma mulher nunca está muito magra, Matthew. Não sabia? — Isso é o que acreditam as mulheres, mas os homens pensam outra coisa. — Estacionou o carro. — Não me importa te levar nos braços. Ela abriu os olhos. — Não tem trabalho para fazer? — Estou trabalhando. Estou te cortejando ao velho estilo. Mostrando o grande tipo que sou e te impressionando. — Abriu a porta do carro para Kate e a ajudou a sair, contente de vê-la rir. Algo das sombras tinha desaparecido de seus olhos. — Acha que está me impressionando? — Sei que eu estou impressionando. — Eu só quando me beija. Fico realmente impressionada quando me beija. — Admitiu, lhe tentando deliberadamente. Necessitava o conforto de seus braços e mais nada. Matt não necessitou um segundo convite. Puxou o corpo esbelto de Kate até o refúgio do dele e baixou sua boca até a dela. Roçou seus lábios gentilmente, para diante e para trás, lhe dando pequenos beijos brincalhões para prolongar o momento. Depois sua boca pousou sobre a dela e a beijou esfomeadamente, como um homem ávido de mais. Os braços esbeltos de Kate lhe rodearam o pescoço e seu corpo pressionou firmemente o dele. Sabia que ela não podia evitar mas seu corpo sentiu uma extrema reação ao dela, ainda assim ela não pareceu se importar, enterrando-se inclusive mais perto dele lhe fazendo sentir a calidez de seus seios e o berço de seus quadris lhe chamando com calor. Fiapos de névoa flutuaram desde o mar, fantasmagóricos fios cinza passando à deriva junto a eles enquanto permaneciam em pé juntos sobre os degraus do restaurante. Kate ficou rígida, seus dedos aferraram os ombros de Matt. — Ouviu o relatório do tempo?. Disseram que haveria névoa? Matt olhou com cenho franzido para a névoa que flutuava languidamente até o estacionamento.
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— Aqui em Seja Haven temos névoa todo o tempo, Kate. — Não isso não evitou que o cabelo de seus braços se arrepiassem ou seus reflexos saltassem no modo sobrevivência como tinha feito à noite anterior. — Não cheira o aroma nocivo, certo? Ela sacudiu a cabeça. — Mas o sol deveria ter atravessado esta névoa. O dia não está tão nublado, Matthew. — Vamos entrar. — Manteve a porta aberta para que lhe precedesse. E no momento puderam escutar o gemido de um menino aterrorizado. A tensão no restaurante era tangível. — Oh, Kate! Alegro-me tanto que esteja aqui. — Trudy Garret fazia gestos mostrando atrás do balcão e tinha uma expressão ansiosa. Era alta e bonita inclusive com o avental que levava. Seu rosto juvenil estava marcado pela preocupação. Danny Granite estava atrás dela com seu braço a rodeando. Pareceu aliviado em vê-los. Havia pouca gente no "Salt Bar and Grill", mas obviamente estavam tensos e alterados pelos contínuos soluços incontroláveis que vinham de alguma parte de trás. — Danny, por que não está no trabalho? — Perguntou Matt. — Tudo está bem em casa? — O filho de Trudy teve um pesadelo ontem à noite. Não pareceu poder lhe acalmar, assim me ofereci para vir e ver o que podia fazer por ele. Tem só quatro anos, um menino bonito e esperto e pude ouvi-lo chorar quando estava com ela no telefone. Não pude suportar e vim para cá. — Não fomos capazes de lhe acalmar. — Disse Trudy. Estava retorcendo as mãos e olhando implorante Kate. — Me alegro tanto que tenha vindo. Falaria com ele, Kate? Por favor? O cozinheiro tirou a cabeça fora da cozinha. — Kate, graças a Deus que está aqui! Uns poucos paroquianos irromperam em aplausos. Matt olhou para Kate. Seu rosto estava pálido, seus olhos muito grandes em sua face e havia sombras sob seus olhos. Moveu-se protetoramente, mas não falou quando Kate colocou uma mão ligeira e contendedora sobre seu antebraço. Sorriu para Trudy. — É obvio. Eu adorarei falar com ele, Trudy. Não está só, muitos dos meninos da creche tiveram pesadelos ontem à noite. Matt deslizou a mão para baixo pelo braço dela, lhe rodeando o pulso com os dedos. Seu pulso era muito rápido e sua pele fria. — Enquanto Kate fala com seu filho, Trudy, possivelmente possa esquentar um prato de sopa para ela. — É obvio, ficarei encantada. — Disse Trudy. — Por aqui, Kate, está nos fundos. Matt seguiu Kate depois do balcão para o cômodo traseiro. Os soluços se fizeram mais ruidosos quando se aproximaram do pequeno quarto. Kate abriu a porta. Matt fez uma careta ante os agudos chiados, mas entrou com ela. Era o mesmo cenário que na creche. O pequeno Davy Garret sentado no colo de Kate, lhe contando os detalhes de um esqueleto com um casaco comprido e um chapéu velho entre soluços e lágrimas e finalmente escutando o som da mágica voz. Kate substituiu as lembranças do menino do aterrador pesadelo com várias
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divertidas histórias de Natal. Balançou-lhe enquanto falava, utilizando seu talento, seu dom, para dar paz, para consolar e lhe fez sentir que seu mundo estava bem outra vez. Depois que Kate passou uns vinte minutos sentada no chão com o menino, Matt se agachou, pegou a criança de seus braços e o sentou para brincar feliz com seus brinquedos. — Davy vai brincar agora Kate. Vem tomar a sopa e depois te levarei para casa. Está exausta. — Pegou-a gentilmente e a pôs em pé. Kate assentiu. — Estou cansada. Mesmo assim eu gostaria de saber o que está se passando. Nunca tinha visto nada igual. Como pode ter tido todos esses meninos o mesmo sonho? Na creche, no começo, pensei que possivelmente Haley tinha contado seu sonho aos outros e todos estavam nervosos porque ela o estava; mas os pais disseram que não, que os meninos tinham despertado assim. E Davy certamente não teve contato com nenhum deles. Não gosto nada disso. — Deslizou-se em um reservado perto da janela e olhou para fora. — A névoa parece estar reunindo-se de novo, Matthew. — Não pôde evitar a apreensão que sentia em sua voz. — Notei. — Disse ele sombriamente. As brilhantes e intermitentes luzes de Natal e a música alegre não eram suficientes para dispersar a tensão no ar. — Me fale mais dos jornais. Kate tomou o chá quente que lhe trouxe Trudy e olhou pela janela, evitando seu olhar. — Cada geração de nossa família registra suas atividades em livros ou jornais como os chamamos às vezes. Contêm a história da família Drake. Os primeiros jornais se registraram utilizando uma linguagem ou código de símbolos como os que vimos no moinho. Pude ler parte do escrito no selo. Alguém de minha família selou essa força maléfica ali. Se for tão perigoso que decidiram selá-lo sem lhe dar descanso, foi porque não puderam lhe dar paz. E isso é muito aterrador. — E Elle é a única que pode ler a linguagem? — Sara sabe um pouco, como eu. As outras têm algum conhecimento básico também, mas há um montão de histórias para percorrer quando não se tem um bom conhecimento da linguagem. Necessitamos de Elle, mas estou segura de que Sara e as outras seguirão tentando encontrar o registro apropriado e com sorte decifrá-lo. O vento formou redemoinhos ao longo do lugar quando a porta do restaurante se abriu de repente e Jonas entrou em pernadas, vindo diretamente para eles, sua cara estava esculpida de profundas linhas. Sem perguntar, deslizou-se no banco junto a Kate. — É Jackson, Kate. Nunca o tinha visto assim. Necessito que venha comigo e fale com ele. Um estremecimento percorreu a espinha dorsal de Matt. — O que passa? Ante o tom do Matt, Kate levantou o olhar rapidamente e captou uma expressão que passou entre os dois homens. — O que é? Por que estão os dois tão preocupados? Fez-se um pequeno e incômodo silêncio. — Sabe quando diz que Hannah é uma pessoa privada e não deseja que a gente saiba o que ocorreu a outra noite? Jackson é igual. — Disse Matt.
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Jonas se endireitou. — Do que é que Hannah não quer que falem? — Estamos falando do Jackson. — Recordou-lhe Kate. — O que lhe passa e por que estão ambos tão preocupados? Os dois homens trocaram outro longo olhar. Jonas suspirou e deu de ombros com resignação. — Necessito sua ajuda ou não estaria te contando isto, Kate. Espero que seja discreta. — Jackson é... era... é um especialista nos Ranger. Fez-se outro silêncio. Kate observou os olhos de ambos. Pareciam tumbas, mais que preocupados. Quando nenhum deles foi mais específico fez uma sugestão. — Está treinado em coisas que não quero saber e não quero falar disso. Agora mesmo está mau e os dois estão preocupados com seu estado mental. E o que quer dizer com isso de é... foi... é? — Isso o resume bastante, Kate. Vamos. — Disse Jonas. — Ranger uma vez, Ranger sempre. — Assentiu Matt. — E ela precisa tomar sua sopa. Dê-lhe uns poucos minutos. — Tem alguma idéia do que acontece, Kate? — Perguntou Jonas. — Suas irmãs estão todas alteradas e seja o que seja que ocorreu ontem à noite, a você e ao Matt, soa estranho. Está tão cansada que inclusive eu posso senti-lo. Kate sacudiu a cabeça. — Minhas irmãs estão ainda revisando os velhos jornais da família em busca de uma explicação, mas não tenho nenhuma resposta, Jonas. Desejaria tê-la.
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CAPITULO 6 O tempo era propício, para um presente ou dois, E a névoa sobre a areia escondia um segredo, uma pista. Jackson Deveaux passeava de lá para cá em completo silêncio. Isso foi o primeiro que notou Kate, quão silencioso era. Sua roupa não sussurrava e seus sapatos não faziam nenhum ruído. Seus olhos tão frios como o gelo, tão sombrios e tão mortos como nunca tinha visto em um ser humano. Sentou-se na única boa poltrona e tentou reprimir um estremecimento. Se este homem tinha alguma gentileza nele, não podia detectá-la. — Disse que não necessitava um maldito psiquiatra, Jonas. — Espetou Jackson, sem olhá-la. — Tira-a daqui. Acha que quero que alguém me veja assim? — O suor banhava sua frente, umedecendo seu cabelo escuro e revolto. — Não sou psiquiatra, Senhor Deveaux. — Disse Kate. — Simplesmente sou uma amiga do Jonas e Matthew. Tenho um dom e pensaram que poderia lhe ajudar de algum modo. Nenhum deles tinha intenção de lhe incomodar. — Deixa de grunhir como um Neanderthal, Jackson e deixa-a falar. — Disse Matthew. — Qualquer um acreditaria que não tem um osso civilizado no corpo. — Que estranho ter escolhido essa descrição em particular quando minhas irmãs disseram o mesmo de você, Matthew. — Replicou Kate. — Teve um sonho particularmente perturbador, senhor Deveaux? Jackson se voltou e caminhou para ela, seu corpo se movia como o de um grande predador felino. — O que lhe contaram de mim? Que estou louco? Que tenho pesadelos e não posso dormir? Que demônios quer que eu diga? Kate notou que Jonas e Matt se aproximavam dela, preparados para defendê-la se fosse necessário. Apesar de um estremecimento de medo, elevou o olhar tranqüilamente para o ajudante. — Não me disseram nada. Não me contaram quase nada de você. A maior parte dos meninos do povoado parecem ter tido um pesadelo coletivo. Por agora, nenhum dos adultos admitiu havê-lo tido, mas por toda parte onde estivemos hoje houve uma tensão inesperada. Pensei que possivelmente poderia me falar disso. Consegui detalhes confusos dos meninos e por enquanto nenhum adulto foi o suficientemente valente para admitir que também eles tiveram o sonho. Jackson passou ambas às mãos por seu escuro cabelo, os músculos se ondearam sob sua grande e apertada camiseta. Olhava de Jonas a Matthew como se esperando uma armadilha. — Os meninos estiveram tendo pesadelos? Kate assentiu. — Ontem à noite, depois que a névoa se elevou ocorreu algo estranho. Esta manhã, os meninos de todo o povoado estavam perturbados e chorosos, alguns traumatizados por um sonho que todos parecem ter compartilhado.
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— Sobre o que? — Pela primeira vez desde que Kate tinha entrado no lugar, Jackson se sentou, suas mãos ainda aferravam sua cabeça como se tivesse uma violenta enxaqueca. — Descreveram um homem esqueleto com um casaco comprido e um chapéu velho. Jackson vacilou claramente relutante em discutir seu problema com ela. Olhou de Jonas a Matt e finalmente capitulou. — O casaco e o chapéu eram antiquados, de uma lã pesada. Não tinha cara na realidade, só ossos cinzentos. Havia uma mulher, um bebê e um pastor, ou ao menos alguém com a roupa de um pastor. — Esfregou o rosto com a mão. — Posso com gente real, com as ameaças reais, mas isto era de um lugar ao que eu não posso acessar e sinto que todo mundo está em perigo. — Olhou Kate. — Mais que o sonho em si foi a sensação do sonho que me deixou perturbado. O perigo era real. Sei que parece loucura, mas demônios era real! Matt se moveu. Jackson Deveaux nunca tinha temido a muitas coisas, certamente não a sua própria mortalidade, mas estava profundamente sacudido pelo pesadelo. — Então você o sente também. A ameaça é real. — Disse Kate, inclinando-se para Jackson. Jackson retrocedeu. Matt tinha esquecido de dizer a Kate que o ajudante não gostava do contato físico. — Sei que é. — Olhou para Jonas e Matt. — Vocês dois provavelmente pensam que finalmente perdi a cabeça, mas juro, seja o que seja essa coisa de meu sonho, está procurando uma forma de caminhar entre nós. — Utiliza a névoa. — Explicou Kate. Ele não era um menino ao que consolar com histórias de Natal e sorrisos amorosos. Era um homem adulto, um guerreiro e o que precisava era a verdade nua. Era a única coisa que aceitaria. Necessitava fatos para assegurar-se de que não estava perdendo a prudência. — Seja o que ele seja está se fortalecendo. Acredito que o terremoto rompeu o selo que lhe mantinha profundamente na terra e aproveitou para escapar. Matthew e eu encontramos uma tampa quebrada no porão do velho moinho. Algo saiu de uma greta em forma de um vapor nocivo. Cheirei o mesmo na névoa. — Encontrou o olhar do Jackson firmemente. — Se você está perdendo a cabeça, eu também. E também Matthew. E todos os meninos de Seja Haven. Matthew ouviu então, essa nota mágica que proporcionava paz absoluta a uma mente afligida. Harmonizou-se com ela, consciente da quebra de onda de energia no lugar, indo de Kate à pessoa a que estava falando. Era também consciente de que Kate absorvia a energia negativa, tomando-a e mantendo-a longe de sua vítima. — Isso é um alívio. Pensei que esta vez realmente estava perdendo a cabeça. Tenho pesadelos e posso tratar com eles, mas isto foi tirado de um filme de terror. — Jackson sacudiu a cabeça. — Não vou ingressar em uma instituição. — Você é o único que pensou isso alguma vez. — Disse Jonas tranqüilamente. — Suas irmãs têm alguma idéia, Kate? Isto entra mais em seu campo que no nosso. — Assentiu para os outros dois Ranger. — Nós podemos ser seus soldados, mas terá que nos orientar. Kate se recostou na cadeira, à fadiga se mostrava em cada linha de seu corpo. — Estamos trabalhando nisso. Abbey, Sara e Damon estão com os jornais esta manhã. Encontraremos a referência e ao menos teremos um ponto de início.
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— Noto que não menciona a Hannah. — Observou Jonas. Havia um desafio em sua voz. — Está doente? É isso o que lhe passa? — Quando Kate não respondeu, Jonas amaldiçoou. — Demônio, Kate, se estiver doente deve-me contar isso. Algo vai mal com ela? — Algo sempre esteve mal com ela, Jonas, só que você nunca notou antes. — Kate cruzou os braços. — Não vou deixar me intimidar para contar algo que é um assunto privado da Hannah. Pergunte a ela. — Jonas amaldiçoou de novo e estalou. Kate pôs os olhos em branco. — Seu gênio não melhorou muito com a idade. — Vamos, Kate, te convido para jantar em minha casa. Sou um grande cozinheiro. — Matt se agachou e lhe levantou da cadeira. — Acredito que é o único santuário que resta. — Deveria ir para casa e ajudar aos outros. Jackson se levantou também. — Estou me sentindo muito melhor. Como fez isso? Kate lhe sorriu e ofereceu a mão. — Foi um prazer te conhecer por fim, senhor Deveaux. Jonas e Matthew falam muito bem de você. Ele vacilou, mas pegou sua mão. — Por favor, me chame Jackson. Kate sentiu a pesada carga dele subir por seu próprio braço. Foi difícil manter o sorriso quando sentiu a ameaçadora escuridão desse homem. Ela não era Libby. Não podia sanar a enfermidade e em qualquer caso, não sentia que Jackson estivesse fisicamente doente a não ser espiritualmente. — Desejo-te paz, Jackson. — Murmurou brandamente e permitiu que Matthew a arrastasse fora da casa até o ar frio. — Não tem árvore de Natal, e nenhuma decoração absolutamente. — Disse ela tristemente. — Se alguém necessita do Natal é este homem. — Superará, Kate. — A tranqüilizou Matthew. — Tem seus demônios, a medula do assunto é que a honra e a integridade controlam sua vida. Nunca faria nenhuma das coisas que teme fazer e, igual a Jonas, protegeria este povoado e a sua gente com seu último fôlego. — Me alegro que o tenha trazido a Seja Haven. Tem razão sobre este lugar. Há algo na forma que é a gente daqui... Dão bem-vinda aos forasteiros. — O interior do carro era quente depois do vento frio que soprava do oceano. — Suas irmãs realmente me chamaram Neanderthal? Ela estalou em gargalhadas. — Bem, sim, mas no bom sentido. Acredito que puderam te imaginar facilmente esmurrando o peito e atirando sua mulher sobre seu ombro para levá-la a algum lugar privado. Ele assentiu. — Posso entender isso. Tenho esses desejos. Freqüentemente. — Olhou-a, sua mão ainda ao redor da chave. — Realmente quero te levar a minha casa, Kate. — Esperou um batimento do coração antes de ligar o motor. — Seus irmãos vão estar lá? Porque, honestamente, acredito que estou muito cansada para tê-los rindo de mim todo o dia. Provavelmente romperia a chorar.
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Ele pressionou uma mão contra o coração. — Nunca diga isso. Acredito que preferiria receber uma bala que te ver chorar. E meus irmãos não riem de você. — Olhou-a para ver que falava a sério. — Sempre riem de mim. — Disse ela. — Sempre estou fazendo coisas estúpidas quando estou perto de você. Como o outro dia quando teve o acidente e tentou sair do caminhão e eu estava muito perto. — Baixou o olhar para suas mãos. — Danny quase caiu da caminhonete de tanto rir. — De mim, Katie, nunca de você. Toda minha família sabe o que sinto por você e acreditam ser engraçado como posso me converter em um completo idiota cada vez que está perto. Kate se sentou muito quieta, seu olhar fixo no rosto dele. — O que sente por mim? — Isso já deixei endiabradamente claro Kate. — Seriamente? Sei que te atraio fisicamente. Ele soltou uma pequena risada. — É assim que se chama? Não tive uma boa noite de sono desde que te olhei quando tinha quinze anos. Odeio admitir. Não deveria ter estado te olhando, mas o fiz. Tive mais sonhos sobre você, mais fantasias que nenhum homem deveria admitir ter tido. — Colocou o carro no caminho de sua propriedade e desligou o motor antes de encará-la. — Demônios, Kate, se não sabia foi a única pessoa neste povoado que não soube. Jonas me perguntou ontem à noite se estava te espreitando. — Ele não faria isso. É seu amigo. Deve ter brincado. — Com a mão na arma. Temo que não e aqui está, em minha casa só comigo. Vai entrar? — Agora supõe que tenho que me assustar? — Pensei que minhas fantasias poderiam te espantar. — Seriamente? — Kate deslizou para fora do carro. O vento lhe alvoroçou os cabelos e agitou suas roupas. — Na realidade estou intrigada. O corpo inteiro de Matt reagiu ante seu tom abafado. Possivelmente não tinha querido que soasse assim, mas ia tomar suas palavras como um convite para amá-la de todos os modos que um homem pudesse amar a uma mulher. Kate sorriu para si mesma enquanto seguia subindo as escadas para a casa dele. Estava situada em um escarpado sobre o oceano, o alpendre rodeava a casa proporcionando uma vista em todas as direção. A casa tinha sido construída obviamente para um homem do tamanho do Matt. Os tetos eram abovedados e havia poucas paredes, assim o espaço parecia enorme, um cômodo conduzia diretamente a seguinte. O mobiliário encaixava com a casa, informal mas de acordo com as dimensões da casa. — É tão formosa, Matthew. Eu adoro todas as janelas, os cômodos e a forma em que tudo é tão espaçoso. Você a desenhou? Ele sentiu um pequeno rubor de prazer.
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— Sim, queria uma casa que fosse cômoda para viver dia a dia. Necessito espaço. Inclusive as soleiras das portas são mais largas e altas que o normal, assim não me sinto sempre como se tivesse que me agachar. — Eu adoro as vigas a mostra e a rocha da chaminé. Isto é o que tenho em mente para minha casa, ou ao menos algo muito similar. Eu adoro as vigas e o aspecto natural da chaminé do moinho. — Virou e sorriu. — Temos gostos similares. O coração deu um curioso sobressalto no peito. Aferrou-se ao marco da porta. — Acredito nisso. É fácil olhar o que se quer e se apaixonar. — Escolheu as palavras deliberadamente. Kate se imobilizou e voltou à cabeça para lhe olhar. O movimento foi gracioso e elegante. Tão Kate. Doía-lhe só olhá-la. A cor varreu sua cara. Moveu o olhar dele à alta árvore de natividade da sala dianteira. Era um abeto prateado, formoso e decorado com luzes e uns poucos ornamentos. — Pôs sua árvore? — Trouxe a árvore e pendurei as luzes. Mamãe insistiu em que conseguisse os ornamentos. Disse que se supunha que deveriam ter um tema, mas eu escolhi uns que eu gostasse. Kate vagou ao redor da árvore. Um dos ornamentos era uma casa de madeira esculpida por um artista local. Surpreendeu-a e agradou ver que era sua casa do escarpado. Não fez nenhum comentário sobre os ornamentos, mas esperava que significasse que tinha estado pensando nela quando comprou a réplica em miniatura de sua casa. — Esta é minha sala favorita. Passo muito tempo aqui. Meu escritório está diretamente a frente e tenho uma grande biblioteca. Eu a chamo biblioteca; Danny e Jonas a chamam minha guarida. — Sorriu-lhe. — Eles me convenceram a pôr uma mesa de bilhar. Ela riu. — É obvio. Arrumando o espaço para eles. Matt recolheu apressadamente umas poucas camisas que tinha atirado a um lado durante a semana. Havia uma velha caixa de pizza sobre a mesa de café junto com uma caixa vazia de donut’s derrubadas ao lado de uma xícara de café pela metade. Kate lhe sorriu. — Vejo que come comida sã. — Na realidade eu gosto de cozinhar. Estava acostumado a cozinhar todo o tempo para os homens da unidade. — Abriu uma porta, atirou as camisas dentro sem olhar onde aterrissavam e apressadamente fechou a porta para recolher as caixas sujas e a xícara de café. — Não estive muito em casa. Papai está com um grande trabalho e todos nós temos que trabalhar para terminá-lo a tempo. — Matthew. — Kate colocou sua mão ligeiramente sobre o braço dele. — Está nervoso? Ficou ali, baixando o olhar para seu rosto elevado. Seus enormes olhos suaves. Sua boca tentadora. Podia ser mais formosa? — Demônio, sim estou nervoso. Nem sei o que faz uma mulher como você na mesma casa de um homem como eu.
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— Uma mulher como eu? — Parecia genuinamente assombrada. Matt gemeu. — Vamos, Kate. Está me dizendo que não sabe que sou louco por você há anos? Não posso sequer passar um bom momento com outra mulher. Tentei sair com numerosas mulheres. Temos um encontro e já sei que não vai funcionar. — Está louco por mim? — Repetiu ela. Ele atirou as caixas sobre o sofá e a puxou para seus braços. Duro. Possessivo. Dominando ao estilo Ranger. — Nem sequer posso pensar com claridade quando está perto. Não houve forma de pensar quando sua boca tomou a dela, cálida, faminta, devorandoa. Seu corpo se fundiu com o dela, deslizou os braços ao redor do pescoço, seus dedos lhe roçaram a nuca intimamente, enterrando-se em seus cabelos encontrando nela sua própria fome. Não podia beijá-la e não tocar sua suave e tentadora pele. Sem pensar, inconscientemente, deslizou a mão sob sua blusa movendo-a para cima e tocou a suave parte de pele que encontrou. Só esse ligeiro contato lhe proporcionou um prazer tão profundo que beirava a dor. Sua mão tremeu quando roçou com as pontas dos dedos seu ventre e subiu para embalar o suave peso de seu seio na palma da mão. Seu corpo se excitou, o coração batia forte no peito e seu jeans estava ficando incomodamente apertado. — Não vai deter-me, Kate? Um de nós deveria saber o que estamos fazendo. — Queria ser justo com ela. Estava exausta e obviamente não pensava com claridade, arqueando-se contra sua mão, empurrando mais perto, esfregando seu corpo contra o dele. Suaves gemidos chegavam de sua garganta lhe levando ao limite. Encontrou-se a beijando uma e outra vez, longos beijos ardentes que empurraram a temperatura de ambos mais alto. Os lábios de Kate sorriram sob o assalto dos dele. — Sei exatamente o que estou fazendo, Matthew. É você que não deixa claro. — Suas mãos caíram sobre os botões de sua própria blusa. Havia um estranho rugido nos ouvidos de Matt. Tinha esperado durante anos este momento. Kate Drake em sua casa. Em seus braços. O corpo de Kate aberto a sua exploração. Necessitava uma vida para satisfazer-se. Mais que isso, muito mais. A blusa se abriu, expondo o cremoso inchaço de seus seios. Sutiã branco embalava sua pele amorosamente. Matt olhou para seu corpo, hipnotizado pela visão de sua grande mão sujeitando-a, seu polegar roçando o mamilo através do sutiã branco. Por um momento lhe ocorreu que estava imaginando toda a cena. Kate Drake. Seu presente de Natal. Inclinou a cabeça para o seio, sua boca fechando-se ao redor da carne suave sobre o sutiã. Sua língua brincou e dançou sobre o mamilo enquanto seus braços a envolviam. O golpe na porta principal foi brusco, ruidoso e inesperado. Kate gritou e ele sentiu o coração saltar de medo. Matt levantou a cabeça, seus olhos cinza pareciam prata enquanto ardiam com uma mescla de raiva e desejo. — Não se preocupe Katie. — Fechou sua blusa. Por que o mundo não podia deixá-los sós durante uma maldita hora? Era pedir muito?
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Kate abotoou a blusa e tentou pentear o cabelo com os dedos. Agarrou-lhe o pulso e levou sua mão à boca. — Está bonita. Quem quer que seja irá embora logo. — Ela esperou no meio do salão enquanto Matt abria a porta de um puxão. O xerife estava ali, seu punho colocado para outro assalto. — Estou começando a pensar que nossa amizade vai ressentir-se, Jonas. — Saudou Matt com cenho franzido. Jonas empurrou passando por ele. — Saiam e dêem uma olhada nisso. — Sua voz era sombria. Atravessou a casa para o flanco que dava ao oceano, abrindo as portas duplas que conduziam ao alpendre com vista ao mar. — Que demônios está se passando? A névoa formava redemoinhos ao redor da casa como se estivesse viva. Escura, cinza e muito triste a névoa era espessa, quase oleosa. Arrastava-se para cima pelas paredes e se enredava ao redor da chaminé. Jonas olhava para a névoa. — Ninguém pode conduzir em nenhuma parte. Estão ocorrendo acidentes de carro por todo o povoado. Sua irmã Elle chamou. Está nas ilhas e mesmo assim tiveram exatamente o mesmo sonho que Jackson e os meninos. Como pode ter tido o mesmo sonho? Disse que te falasse que os símbolos significavam algo. Quando perguntei o que, disse que você saberia. Ambos os homens olharam Kate. Ela pensou, tentando recordar, mas não havia nada que parecesse ter um grande significado. — Havia símbolos no selo, mas a única coisa de importância que pude ler era que se colocou um feitiço de selado sobre a tampa para manter algo na terra. Chamarei a Elle e lhe pedirei que me dê mais detalhes. Está a caminho de casa? Estava tentando voltar para Natal. — Disse que estava pegando um vôo atrasado. — Jonas olhou para o espesso manto cinza da névoa, franzindo o cenho enquanto o fazia. — O pior é que a névoa parece estar concentrando-se aqui. É muito mais pesada ao redor de sua casa, Matt. Pessoas vão começar a morrer se não averiguarmos o que está acontecendo. Tivemos sorte, a maior parte das pessoas deixaram seus carros de lado e os acidentes que ocorreram foram menores. Mas seria muito fácil sair dos escarpados nesta névoa densa. Pedimos às estações de rádio que alertem todo mundo do perigo. — Suponho que chamou à estação meteorológica e os meteorologistas lhe disseram que esta névoa é antinatural. — Disse Matt com um pequeno suspiro. O sobrenatural não era seu reino de experiência, mas tinha a sensação de que ia ter que aprender mais sobre ele muito rápido. Uma parte dele teve esperado que tudo se desvanecesse. Em vez disso, a névoa se envolvia firmemente ao redor de sua casa. Olhou fixamente Kate. Estava de pé muito quieta, com uma mão na garganta, olhando para fora à escura névoa cinza. Havia medo em sua cara. A fúria começou a arder no fundo de seu estômago, não ardente e feroz e sim fria como o gelo, perigosa e mortalmente clara, uma emoção que reconheceu de seus dias de combate. Matthew tomou Kate pelos ombros e a empurrou para trás, longe do alpendre e para a segurança da casa. — Disse Sara se encontraram algo nos jornais, Jonas? Todas estavam procurando, esperando encontrar uma explicação. Jonas sacudiu a cabeça.
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— Sara diz que não tem nem idéia do que está passando, mas acredita que todas as irmãs concentradas poderiam ser capazes de conduzir esta névoa de volta ao mar para nos dar mais tempo para averiguá-lo. As mãos do Matt se apertaram sobre os ombros de Kate. — Não quero que o faça de novo, Katie. Acredito que está enfadado e te devolverá o golpe. Por que mais nos teria seguido até minha casa e fica aqui? — Não podia articular as emoções que provocava a névoa, mas havia algo escuro e desagradável nela que emprestava a desumana hostilidade. Não queria Kate perto de nenhuma parte dela. — Não podemos nos arriscar, Matthew. — Disse Kate, sua voz tremia. Apertou os lábios. Instintivamente se moveu de volta para o Matt como procurando amparo. — Jonas diz que já houve acidentes de tráfego. Matt podia sentir a relutância dela. Fora o que fora o que estava na névoa tinha crescido em força e intensidade. A noite anterior tinha sido uma estranha moléstia; agora parecia mais escura... Mais agressiva e perigosa. — A névoa se deslizou através do povoado, Kate, justo depois que vocês dois deixaram a casa de Jackson. — Explicou Jonas. — As pessoas saíram de suas casas para ficar ali e observá-la. O escritório do xerife recebeu mais de cem chamadas. Quando se retirou, deixou detrás um desastre. Por todo o povoado deixou um presente, bicicletas, antenas de televisão e mobiliário de jardim estavam amassados e montes de areia, algas marinhas, madeiras à deriva, conchas marinhas em pedaços apareceram por toda parte. Inclusive caranguejos arrastando-se por aí. — Jonas jogou o chapéu para trás e descansou seu olhar sobre o rosto de Kate. — O pior desastre foi na praça do povoado. As três estátuas dos reis magos estavam todas destruídas e os presentes foram arrastados pela grama. As estatuas tinham algas enredadas ao redor dos pescoços, pulsos e tornozelos. Era estranho e desagradável e assustou todo mundo o suficiente para que as pessoas do comitê se preocupassem com a segurança dos homens que fazem o papel dos reis no desfile. Acredita que foi uma advertência? Kate esfregou as têmporas palpitantes. Realmente estava tão cansada. Sentia-se exausta e só queria descansar umas poucas horas. — Honestamente não sei Jonas, mas a entidade está acelerando seu comportamento destrutivo. — Demônios, Kate, que inferno poderia estar vivo na névoa? — Estalou Matt, desejando estrangular a essa coisa. — Não quero que se aproxime dessa coisa. Por que tem que ser você a enfrentá-lo? — Minha voz. As outras podem canalizar através de mim. E Hannah pode chamar o vento e conduzi-lo de volta ao mar. real.
Não ia se expor a isso. Soava a bruxas, feitiços e coisas que via nos filmes, não na vida
Matt começou uma longa massagem na nuca de Kate para ajudar a lhe aliviar a tensão. — Katie, por que amassaria essa coisa os presentes? Se for capaz de destruir coisas e mover objetos como fez com as coroas das portas, por que um desdobramento tão tolo, quase mesquinho? Por que lhe incomodam os presentes? Qual seria o significado? Jonas lhes seguiu de volta para as portas corrediças.
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— Essa é uma boa pergunta. Isso é tudo o que pode fazer? Quando começamos a receber as chamadas pensei que eram crianças. Presentes e ornamentos das portas amassados e deixando um peixe morto são atos de vandalismo relativamente inofensivos que poderia fazer um menino. Bom, ao menos acreditava que um menino poderia ser o culpado até que vi os três reis feitos em pedaços. Jackson saiu para dar uma olhada aos danos e disse que a cena recordava o seu pesadelo. Kate sacudiu a cabeça. — Acredito que está se fortalecendo, pondo a prova suas habilidades. Não me dá a sensação de ser uma criancice. Utilizou coroas, um símbolo com freqüência associado ao Natal e agora presentes. Elle disse que os símbolos tinham importância. Os presentes obviamente são outro símbolo natalino. — Suspirou e esfregou as têmporas. — Obviamente esta coisa não gosta nada do Natal. Alguma sugestão de por quê? — Não tenho nem idéia. — Disse Matt. Utilizou seu corpo para conduzir-la gentilmente de volta à sala, desejando fechar as portas contra a névoa. Ela girou entre seus braços e pressionou seu corpo contra o dele em busca de força e conforto. — Minhas irmãs estão esperando. Inclusive Libby. Não é fácil manter um canal a grande distancia durante muito tempo. Matt apertou os braços ao redor dela, mantendo-a cativa, mantendo-a a salvo. Enterrou o rosto contra seu pescoço. — Odeio isto, Kate. Não tem nem idéia de quanto. Quero te agarrar e te levar muito longe deste lugar. Sei que está em perigo. — Se não fazer isto, Matthew, uma de minhas irmãs o tentará e elas não têm minha voz. — Abraçou-lhe com força e lentamente se afastou dele. Matt lhe permitiu desfazer-se de seus braços, tenso de medo por ela quando deu um passo para o alpendre. Colocou-se junto a ela. Perto. Protetoramente. Desafiando à coisa a que viesse por ele para chegar até ela. Jonas tomou posição do outro lado dela. Kate fechou os olhos e elevou o rosto ao céu. Uma brisa revoou do oceano contra sua face. Sentiu a toque fresco. Sentiu a união com suas irmãs. As sete juntas embora separadas. A força fluiu até ele através dela. Elevou os braços e soube que Hannah estava em pé no alpendre da casa de seus ancestrais e fazendo simultaneamente a mesma coisa que ela. Matt ouviu o gemido do vento. Fora no oceano, as cristas das ondas se elevaram e espumaram de branco. A névoa começou a mover-se com frenesi, girando e formando redemoinhos loucamente, serpenteando ao redor de Kate fazendo que durante um momento se obstruísse a visão que Matt tinha dela. Ele estendeu o braço cegamente, instintivamente, e a puxou bruscamente até o amparo de seu corpo. — Isto é uma ameaça Kate. — Pressionou-lhe o rosto contra seu peito e envolveu os braços ao redor de sua cabeça para evitar que a névoa chegasse até ela. Kate não lutava. Não parecia lhe notar. Sua voz era suave, apenas mais que um sussurro, mas o vento a levava até o banco de névoa e vibrava através do vapor, cobrando vida própria. Kate permaneceu contra ele, seus olhos fechados mas seu canto continuava, um presente de
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harmonia e paz, de alegria e solidariedade. Ela chamava os elementos da terra. Matt o ouvia claramente. Elevavam-se vozes no vento. A água do mar saltava em resposta ao canto, as ondas se elevavam, explorando através do banco de névoa e rompendo-o em fiapos sobre o oceano. O vento uivava, acumulando força, equilibrando-se sobre eles, trazendo o sabor de sal e gotas de água que roçavam suas faces. O trovão estalou, sacudindo o alpendre. Mas as vozes continuaram e a tempestade cresceu. — Hannah. — Jonas pronunciou seu nome brandamente, ligeiramente temeroso do poder puro forjado e controlado entre as irmãs. Kate tomou um profundo fôlego e o deixou escapar. Deixou para trás suas irmãs, seu corpo e o mundo físico que vivia para entrar no mundo das sombras. Longínquo, ouviu o eco do grito apavorado de Hannah. O mundo das sombras não era silencioso como alguém esperaria. Nunca se acostumaria a isso. Havia ruídos, gemidos e lamentos, nem tudo humano, inidentificáveis. Estática, o som de uma rádio mal sintonizada. E o terrível uivo do vento que soprava interminavelmente. Era frio, vazio e ermo. Um mundo de escuridão e desespero. Olhou ao redor cuidadosamente, tentando encontrar o único ao que procurava. Não estava sozinha. Podia sentir a outros a observando. Alguns eram simplesmente curiosos, outros hostis. Nenhum era amigável. Ela era um ser vivo e eles se foram fazia muito. Algo passou perto de seus pés. Sentiu o toque de algo lamacento contra seu braço. Kate tomou outro fôlego e chamou brandamente. No momento o viu. Era uma visão aterradora. Alto, nu, ossos brancos. A caveira era espantosa com uma boca aberta e conchas vazias por olhos. Não estava completamente formado. Havia um grande buraco na cavidade torácica. As costelas não estavam. Vinha a pernadas diretamente para ela e notou que o esqueleto vestia botas antiquadas ao final das pernas ossudas. Poderia haver rido se não estivesse tão aterrada. Os ossos se equilibravam sobre ela, com um propósito mortal em cada osso. — Kate! — O grito de Abigail teve eco no de Hannah e Sara. Kate elevou a mão para deter a coisa que a alcançava. Matt sentiu a energia de Kate rangendo no ar a seu redor, uma força feroz que nunca vacilava, mas seu corpo esbelto se sacudia pelo esforço ou possivelmente de medo, desmoronando-se sob a tensão. Sem advertência sentiu que cada cabelo de seu corpo se arrepiava. Kate estava se pondo mortalmente pálida. Temendo por ela, levantou-lhe entre seus braços e a abraçou firmemente contra seu peito, a única coisa que podia fazer para defendê-la do ataque do vento e a ameaça da névoa. Kate se arrancou do mundo das sombras, abrindo os olhos, esperando ver Matt. Umas contas vazias lhe devolviam o olhar. A boca da caveira se abriu de par em par, os dedos ossudos se fecharam ao redor de sua garganta. Gritou e empurrou, tentando correr quando não havia nenhum lugar aonde ir. A pressão em sua garganta se intensificou. Sufocou-se. O vento se elevou à altura de um uivo. As vozes femininas se voltaram dominantes. Os dedos ossudos se desamarraram da garganta de Kate. Caiu ao chão e viu com horror como as vozes das mulheres Drake obrigavam ao esqueleto a afastar-se dela arrastando o passo. Essas desapiedadas conchas vazias a olhavam com malícia. Kate tentou retroceder arrastando-se em direção oposta, sentindo-se doente enquanto a entidade estalava seus ossos brancos em uma escura e desagradável promessa de vingança.
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O vento soprou areia ao ar, obscurecendo a visão de Kate. Apertou os olhos fechandoos firmemente contra o novo assalto. Em seguida sentiu o corpo do Matt pressionando contra o seu. Temendo olhar, levantou as pálpebras com as mãos a frente por amparo. A cara tranqüilizadora de Matt estava ali, os planos e ângulos familiares para ela. Enterrou a cara contra a garganta dele, sentindo a calidez de seu corpo derretendo algo do frio do corpo dela. A névoa se arrastava de volta para o oceano lentamente, quase relutantemente, retirandose de ao redor da casa do alpendre para a praia, com óbvia relutância. Com Kate segura entre seus braços, Matt olhava com horror para a areia úmida. Tinha ficado atrás inconfundíveis marcas de pegadas, como se alguém tivesse retrocedido para o oceano com passos curtos e arrastados, as botas de um homem com solas desgastados. Um calafrio gelado desceu por sua espinha dorsal. Seu olhar viajou das pegadas na areia a Jonas. — Com que infernos estão tratando aqui?
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CAPITULO 7 Como amantes que se encontram sob o brilhante visco, O terror se prende baixo eles esta noite.
M
att baixou o olhar para a cara da Kate. Jazia em sua cama, parecia adormecida, os sinais do cansaço presentes inclusive enquanto dormia. Parecia mais frágil que nunca, como se voltar a lutar contra a entidade da névoa tivesse requerido a maior parte de seu espírito e drenado toda sua força. As cortinas sobre a porta corrediça estavam abertas para lhe permitir uma vista clara do oceano. Sempre tinha desfrutado da vista e o som das ondas golpeando, mas agora procurava no horizonte sinais de névoa. Kate estava esgotada. Preocupava-lhe que se a entidade retornasse não tivesse forças para lutar com ela, inclusive embora dormisse durante horas. O dia tinha desaparecido e a noite tinha começado. Passou suas mãos sobre o rosto limpando seu próprio cansaço. Não tinha dormido a noite anterior, ficou velando junto à cama de Kate e estava sentindo os efeitos. Tinha-a despojado de suas roupas e a tinha envolvido em uma de suas camisas. Era muito grande para ela e cobria cada curva. Tinha-a colocado em sua cama e enquanto isso ela jazia passivamente, fazendo pouco esforço por fazer nada mais que fechar os olhos. Tinha a sensação de que Kate tinha enfrentado algo muito pior que a névoa, mas não tinha estado preparada para falar disso com ele. Reconhecia os sinais do cansaço e não a tinha pressionado. Matt tirou a camisa, os sapatos e as meias três e se estirou junto a ela. Tinha construído sua casa com a esperança de encontrar uma esposa quando voltasse de servir a seu país, mas não importava com quantas mulheres tinha saído, tinha havido uma só mulher para ele. Kate tinha estado em seus sonhos do momento em que tinha posado seus olhos pela primeira vez sobre ela. Nunca esqueceria esse momento; conduzindo a caminhonete de seu pai, seus briguentos irmãos subindo a música e rindo felizmente. Ele tinha virado casualmente a sua direita sem notar que sua vida estava a ponto de mudar para sempre. Kate estava em pé na borda do riacho com suas seis irmãs, sua cabeça arremessou para trás, rindo, seus olhos dançando, totalmente inconsciente de que a olhava. Uma sacudida de eletricidade tinha faiscado através de todo seu corpo. Nesse momento, Kate Drake tinha gravado sua marca em seus ossos e nenhuma outra mulher existiria para ele. — Matthew. — Sua voz era pastosa. Sexy. Entrou em torrentes em seu corpo com a força de um relâmpago, esquentando seu sangue e trazendo cada terminação nervosa à vida. — Estou aqui, Katie. — Respondeu, envolvendo seu corpo ao redor do dela enquanto deslizava o braço ao redor de sua cintura. — Não te pareceu sempre que Seja Haven era seu lar? Quando estava longe, em outro país, em perigo, não sonhava com este lugar? — Sonhava contigo. Você é o lar para mim, Kate. — Com a escuridão do oceano palpitando fora de seu dormitório podia admitir a verdade ante ela. — Levou-me através do fogo inimigo e da fealdade e foi pensar em você que me trouxe de volta a Seja Haven. Minha família sempre seguiu o seu rastro por mim. Kate virou seu rosto em seu ombro, chegando mais perto dele.
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— Ouvi que fazia coisas que me pareciam aterradoras. Tenho uma grande imaginação e despertava no meio da noite te visualizando saindo das areias do deserto com sua roupa de camuflagem e seu rifle, os inimigos te rodeando por toda parte. Algumas vezes os sonhos eram tão vívidos que realmente me punham doente. Nunca contei a ninguém, nem sequer a minhas irmãs. Elas viam as diferenças entre nós e sabiam que não somos adequados um para o outro. — Kate. — Pronunciou seu nome meigamente. Com uma dolorosa necessidade nela. — Como pode dizer isso? Ou sequer pensá-lo? Fui feito para você. Para estar contigo. Sinto-o com toda força. Você o sente também. Sei que o sente. — Abraçou-a possessivamente, seu braço mantendo-a contra ele. Matt enterrou o rosto na suave calidez de seu pescoço. — Katie, não pode colocar o sonho de um homem ao alcance de sua mão e depois tirar-lhe . Especialmente não a um homem como eu. Retrocedi e te dei todo o espaço do mundo quando era muito jovem para mim. Depois, quando cresceu, estava ocupada e feliz com sua vida, viajando pelo mundo fazendo o que desejava fazer. Nunca dava nem um só passo para você. Sabia que necessitava da sua liberdade para desenvolver sua escritura. Mas agora está em casa, me dizendo que está pronta para se estabelecer e não posso ficar atrás simplesmente e fingir que não sentimos nada um pelo outro. Cada vez que me olha, tem que saber que nos pertencemos. Não deveria ter me beijado nunca se não estava disposta a dar uma oportunidade a uma relação entre nós. Kate fechou os olhos, sentindo que as lágrimas fluíam. Os lábios de Matt se moviam sobre seu pescoço, vagando mais abaixo para jogar o decote da camisa a um lado. Seu pulso pulsava freneticamente. Seu coração estava excitado. — Eu não sou valente como você, Matthew. — Admitiu em voz baixa. — Não posso ser como você. Não sou absolutamente uma pessoa de ação. Em poucos meses quando compreender isso ficará muito decepcionado comigo e terá muito honra para me dizer isso. — De quê demônios está falando, Kate? — Inclinou a cabeça para limpar suas lágrimas com beijos. Saboreou culpa. Medo. Um doloroso medo. — Demônios. — Murmurou a palavra por pura frustração, depois a beijou com força, sua boca reclamando a dela. Uma fome feroz o atravessou, o surpreendeu. Tinha um estranho rugido em sua cabeça. Seu peito estava tenso, seu coração batia com a força de um trovão. Tinha enfrentado ao inimigo em batalha sem medo, mas não podia suportar a idéia de que Kate se afastasse dele. Matt elevou a cabeça e a olhou. Brilhavam lágrimas em seus olhos e o coração quase deixou de pulsar no peito. Verteu tudo o que sentia em seu beijo. Tudo o que era. Suas mãos lhe emolduraram a face, sustentou-a enquanto devorava sua boca. O calor se estendeu como um fogo selvagem, através dele, através dela, apanhando-os em um fogo até que pensou que poderia queimar-se. Perdeu-se nele, seus braços deslizando-se ao redor dele, quase tão possessiva como ele. Elevou a cabeça para olhá-la, memorizando cada amada linha e ângulo de seu rosto. Foi gentil, as pontas de seus dedos acariciando e riscando as maçãs do rosto, a forma de seus olhos, a curva de suas sobrancelhas. A ponta do seu polegar se deslizou para trás e adiante sobre a suavidade de seus lábios. Adorava sua boca, adorava tudo dela. — Kate. — Beijou-a gentilmente. Uma vez. Duas. — Como pode pensar que não te conheço? Vivemos no mesmo povoado virtualmente todas nossas vidas. Observei-a. Escutei-a. Sabe quantas vezes sonhei contigo? — Os sonhos não são o mesmo que a realidade, Matt. — Disse Kate tristemente.
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Seu olhar lhe percorreu o rosto, examinando cada centímetro de seus traços. Matt esperou, contendo o fôlego. Ele era rude e ela elegante. Era um homem que protegia aos que amava. E amava Kate Drake. — Matthew... — Aí estava de novo essa nota em sua voz. Desejo. Precaução. Matt não podia imaginar por que Kate temeria uma relação com ele, uma vida com ele, mas a idéia de que pudesse apartar-se lhe fez inclinar a cabeça. Seus dentes mordiscaram a delicada orelha. Sua língua percorreu a pequena forma. Ela estremeceu em reação. Ele se endureceu mais. A ereção cresceu. Sentia o corpo pesado e dolorido, constrangido contra os limites de seu jeans. — Kate, desabotoe meu jeans. — Respirou as palavras em seu ouvido, seus lábios baixando para encontrar seu pescoço. Seu suave e singelo pescoço. Kate fechou os olhos quando os dentes lhe mordiscaram o queixo, a garganta, quando os lábios lhe encontraram a clavícula, o queixo afastando de lado o decote da camisa outra vez. Doía de desejo por ele, seu corpo ardente e sensível. Sentia os seios inchados, suplicando atenção. O que tinha de mau desejar algo, só por esta vez? Ele era tudo o que tinha desejado sempre, mas estava fora de seu alcance. Matthew Granite era um lutador, maior que a vida. Fazia coisas que ela nunca compreenderia, nunca experimentaria. Para ela era como um herói de uma de suas novelas, não de todo real e muito bom para ser certo. Sabia que tinha pensado nele ao escrever cada um de seus livros. Tinha-lhe utilizado como modelo porque, para ela, ele era tudo o que devia ser um homem. Por que escolheria alguma vez estar com uma mulher que observava a vida, escrevia sobre a vida, mas se negava a participar dela? Kate estava segura de que ia saltar da cama e sair correndo, mas seu corpo tinha idéias próprias. Já estava trabalhando em abrir o botão do jeans, encontrando o zíper e baixando-o. O ar abandonou os pulmões de Matt quando a mão dela percorreu a forma do grosso e pesado membro, acariciando e roçando com dedos amorosos. — Está com muita roupa, Matthew. — Assinalou ela, decidida a ter seu momento com ele, inclusive se não pudesse ser para sempre. — Igual a você. — Suas mãos caíram até os botões da camisa dela, desabotoando-os para separar as partes. Elevou a parte superior de seu corpo e a olhou, bebeu da visão de Kate Drake em sua cama. Ela lutou por livrar-se da camisa e permitiu que caísse até o chão antes de voltar a estender-se. Ficou com a boca seca. Fora, o contínuo retumbar do mar parecia fazer jogo com o palpitar de seu coração. À luz suave a pele dela era imaculada, convidativa. Seus seios eram cheios e arredondados, seus mamilos tensos pináculos convidativos. O cabelo comprido de Kate se derramava ao redor dos travesseiros, justo como sempre tinha fantasiado. Por um momento ficou apanhado e sujeito pela visão dela, incapaz de acreditar que fosse real. — Houve mais de uma noite no deserto em que jazia meio coberto na areia, rodeado de inimigos. Era importante entrar e sair sem ser visto. O inimigo apareceu e montou acampamento virtualmente em cima de nós. Foi à fantasia de você estendida justo assim em minha cama, esperando por mim em casa que me fez superá-lo. — Então me alegro muito, Matthew. — Puxou a cintura de seu jeans. — Livra-se desta coisa. Não esperou um segundo convite.
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— Sempre te amei, Kate. Sempre. — Ela nunca saberia com quanta freqüência pensou nela, no meio do quente e árido deserto e nas noites congeladas, nas dolorosas tormentas de areia. Estendido em um campo com o inimigo nem a dez pés dele. Tinha estado por todo mundo, levando ao cabo missões encobertas de alto risco em lugares aos que nenhum líder americano admitiria nunca ter enviado tropas e Kate tinha ido com ele cada vez. Acariciou-lhe a perna com a mão, mais para assegurar-se de que ela era real que por nenhuma outra razão. Sentiu o estremecimento de resposta. Seus lábios se separaram ligeiramente. Os olhos verde mar observavam cada um de seus movimentos. Matt se ajoelhou sobre a cama, segurando os tornozelos dela, uma silenciosa ordem para que abrisse as pernas. Ela obedeceu, separando as coxas o suficiente para lhe permitir deslizar-se entre suas pernas. Matt era um homem grande. No momento Kate se sentiu vulnerável, o frio ar noturno brincou com os diminutos cachos na união de suas pernas. As mãos dele, deslizando-se para cima por suas coxas foram gentis, eliminando sua ansiedade tão rápido como se elevou. Adorava a forma em que a olhava, quase adorando sua pele, seu corpo, seu ardente olhar explorando do mesmo modo que suas mãos. Atravessou-a uma quebra de onda de calor, de antecipação. Matt tomou seu tempo em acariciar cada curva ao longo de sua perna esbelta, inclusive a parte de trás de seu joelho como se memorizar a textura de cada centímetro dela fosse terrivelmente importante. Seu toque enviava dardos de fogo que percorriam sua pele, penetrando em cada terminação nervosa até que com muita dificuldade pôde jazer imóvel sob seu toque. Sua respiração se converteu em um ofego e o calor se acumulava profundamente dentro dela, uma pressão terrível que começava a reunir-se. Matt não pôde conter-se nem um momento mais. Ela jazia ali como uma formosa oferenda. Inclinou-se sobre ela, beijando seu umbigo tentador, sua língua formou redemoinhos no pequeno e sexy oco, suas mãos continuaram suas correrias mais abaixo. Sentiu a reação dela, uma cálida umidade bem-vinda contra sua palma quando empurrou contra ela. Beijou seu caminho para cima por seu corpo liso até a parte inferior dos seios. Kate ofegou e arqueou o corpo, seus quadris movendo-se intranquilamente. Ruborizou-se, sua pele luminosa adquiriu um débil brilho cor pêssego. Ele gemeu. Seu corpo reagiu com outra crescente quebra de onda. O fogo percorria suas veias. Sua língua lambeu um mamilo, uma vez, duas e sua boca se apossou de seu seio. Kate gritou, suas mãos lhe aferraram mechas de cabelo, puxando-o para lhe aproximar. Ela era mágica. Não podia pensar em outra palavra para descrevê-la. Seu corpo pressionava contra a suavidade do dela, enquanto prodigalizava atenção a seus seios. Tinha sonhado com sua pele, com a sensação e forma de cada curva e sua imaginação não se aproximou da realidade. Embalou o outro seio, brincando com o mamilo, sentindo a resposta de Kate. Era muito sensível a seu toque, a sua boca, a cada roçar. E lhe mostrava que adorava seu tato. Seus suaves gemidos aumentavam o prazer de Matt. Estava faminto dos sons e respostas que Kate lhe mostrava. Necessitava-os. Era generosa em sua recepção, suas mãos se moviam sobre ele, seu corpo inquieto com a mesma fome. Lambeu-lhe o mamilo uma vez mais com a língua e tomou posse de seus lábios, tragando seu gemido, lhe roubando o fôlego. Matt beijou sua boca uma e outra vez porque nenhuma quantidade dos beijos de Kate seriam suficientes. Deixou um rastro de beijos para baixo por sua garganta, até o vale entre seus seios. Os dedos dela lhe afundaram nos quadris, urgindo uma união, mas ele queria mais.
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Deu beijos sobre seu estômago, fazendo uma pausa para mergulhar-se de novo no fascinante botão de seu umbigo. — Matthew, seriamente, não acredito que vá sobreviver a isto. — Seu fôlego chegava a uma série de ásperos ofegos. — Esperei muito, Kate. Não vou apressar as coisas. — Abaixou à cabeça, sua língua se deslizou maliciosamente sobre a úmida e ardente vagina. Ela quase saltou fora de sua pele. Sorriu-lhe. — Pode ser que só tenha esta oportunidade para te provar minha valia. Não vou arruinar minhas possibilidades entrando de carga no campo de batalha. — Inclinou a cabeça e soprou brandamente contra seu corpo sensível. Apanhou-lhe os quadris firmemente, arrastando-a mais perto dele e inclinou a cabeça para saboreá-la. Kate girou e quase saiu da cama. Sustentou-lhe os quadris firmemente, apanhando-a a seu lado enquanto se dava um festim. Era mais ardente do que tinha imaginado, um poço de paixão e só acabava de começar a prová-la. Sentiu o primeiro forte ondeio dos músculos apressando-se a tomá-la e seu próprio corpo se inchou mais em resposta. — Acredito que está pronta para mim, Kate. — Não se incomodou em ocultar a satisfação de sua voz. Ainda lhe parecia um milagre que ela escolhesse estar com ele. Abriu-lhe as coxas um pouco mais para acomodar seus quadris, pressionando contra ela fazendo que a ponta sensível de seu pênis se deslizasse em seu corpo ardente e acolhedor. O fôlego abandonou seus pulmões. Empurrou mais profundamente fazendo que ela tragasse a ponta, seus músculos lhe aferraram com uma suave e implacável pressão que enviou violentas quebras de onda de prazer através de seu corpo. Kate ofegou e se aferrou aos lençóis. Matt ficou congelado, a compreensão lhe chegou. Refreou uma réstia de juramentos, tomou um profundo fôlego e o deixou escapar. — Relaxe, céu. Só relaxe. Juro que vamos nos encaixar perfeitamente. Sorriu-lhe. — Não tenho medo, é que nunca havia sentido isto antes e é assombroso. Quero mais, Matthew, quero tudo. Deixa de ser tão cuidadoso. — Se ele não deixasse de mover-se tão lentamente, ia arder por combustão espontânea. Queria empurrar seu corpo sobre o dele. Era difícil conter-se quando cada instinto exigia que elevasse seu corpo para lhe receber. — Demônios, Kate, não têm experiência. — Agora estava suando. Era impossível conter-se. Ela estava retorcendo-se, seus quadril empurrando com força contra ele e ele abria passo centímetro a centímetro mais profundamente para seu ardente centro. O prazer se acumulava a tão feroz velocidade que estava perdendo o controle justo quando mais o necessitava. Ela era tão endiabradamente apertada, aferrando e sujeitando, a fricção como um ardente punho de veludo lhe deixando louco. Matt empurrou mais profundamente porque não tinha outra escolha. Era isso ou arriscar-se a morrer. Tomou, ofegando de prazer, quando ele tinha estado tão preocupado. Matt deixou ir seus medos e tomou o controle, empurrando profundamente, inclinando o corpo dela até que pôde tomar tudo. Moveu-se como queria, como necessitava, duro, rápido e profundo, lhes unindo com uma quebra de onda de calor. O oceano golpeava a costa fora das portas de vidro. Matt não era consciente disso, não era consciente de nada exceto de Kate do seu corpo e a forma em que se entregava tão completamente a ele. Ela chegou uma e outra vez, gritando, aferrando-se a seus braços, elevando-se para lhe encontrar enquanto ele
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ansiosamente empurrava nela. A explosão começou em algum lugar perto de seus pés e atravessou seu corpo inteiro. Sua voz foi rouca, um rugido de alegria quando se esvaziou nela. Derrubou-se sobre ela, completamente esgotado, completamente satisfeito, seus pulmões ardiam em busca de ar e o coração lhe palpitava saindo do peito. E foi o momento perfeito no tempo. O corpo dela era suave e acolhedor abaixo dele. Voltou à cabeça para capturar seu seio na boca, para jazer ali contente, para tê-la com ele. Tinha estado no inferno muitas vezes em sua vida. Mas nunca tinha estado no paraíso até agora. Seus braços se apertaram ao redor dela possessivamente. — Demônio, Katie, não me peça que me levante. — Pronunciou as palavras ao redor do seio tentador. Kate lhe penteou o cabelo com os dedos, recostada de costas com os olhos fechados, saboreando cada tremor enquanto a boca dele atirava com força em seu seio e a língua fazia movimentos deliciosas que causavam ferozes faíscas que vaiavam em seu núcleo mais profundo. — Homem estúpido. — Murmurou ela, claramente divertida por sua reação. — Estou bem aqui. Pensa que vou agarrar minha roupa e escapulir? — O sorriso decaiu em sua mente. Uma pequena parte dela queria fazer isso mesmo, fugir enquanto ainda tinha oportunidade. O instinto de conservação era forte nela. Tudo em Matthew a atraía. Sua forma de fazer amor a deslumbrava, mas não tanto para que não pudesse olhar o futuro e compreender que não poderia acontecer essa maravilha fora da cama. Matt trocou de posição o suficiente para liberá-la da maior parte do peso de seu corpo, mas seus braços a mantiveram no lugar e a virou para poder manter o acesso à tentação de seus seios. A língua lambeu um mamilo. — Desejo-te para sempre, Kate. Quero envelhecer e ter você aqui entre meus braços. Quero meninos. Desejei-te durante tanto tempo. Não acredito que isso vá mudar. — Notou que quando atraiu o mamilo para sua boca os quadris se moveram em desassossego. Foi um descobrimento maravilhoso, um que tinha intenção de passar tempo explorando. Acariciou-lhe o estômago e moveu a mão entre suas coxas para embalar seu calor. Ela saltou, mas empurrou contra sua mão. Seu polegar a acariciou, seu dedo empurrou profundamente para encontrar o único ponto que poderia lhe dar outra liberação. Kate era Kate. Não tentou apartar-se ou fingir que não estava pronta para outro orgasmo, montou sua mão, ofegando de prazer, seus dedos se afundaram no ombro dele com uma mão e com a outra lhe agarrou do cabelo dirigindo sua boca. Matt queria fazer isto cada maldito dia de sua vida. Não só um presente de Natal. Queria ir dormir com o seio dela em sua boca. Queria despertar com seu corpo enterrado no dela. Queria ser o homem que lhe desse prazer de todas as formas possíveis. — Se case comigo, Kate. Fica comigo. Ouviu-lhe através de um labirinto de penetrante plenitude, tão saciada com o palpitante fogo estendendo-se através dela como uma tormenta, só podia jazer ali aturdida pelo presente que lhe estava fazendo. A tentação. Matt elevou a cabeça para olhá-la, seus dedos ainda enterrados dentro dela. — Kate. Digo-o a sério. Case-se comigo. Farei-te feliz.
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— Sou feliz, Matthew. — Disse ela. — Levo uma vida relativamente tranqüila. Trabalho duro, cumpro com meus prazos de entrega e espero com ilusão renovar o velho moinho. Sentindo sua retirada, ele voltou a deitar sobre ela, com a cabeça descansando sobre seu estômago. Pressionou uma série de beijos ao longo de sua pele sensível e lambeu seu umbigo tentador com a língua. — Podemos renovar juntos o velho moinho, Katie. — Vai um pouco rápido para mim, Matthew. Kate estava sendo cautelosa de novo. Deveria ter sabido que o seria. Mordiscou um caminho para baixo por seu corpo até a coxa. — Não temos que ir rápido. Não tem que acontecer às pressas os meninos e todo o pacote se for muito para você agora. — Seus dentes mordiscavam enquanto seus dedos se moviam profundamente dentro dela. Ele estava usando um pouco de persuasão. — Podemos mantê-lo em sexo grandioso. Sexo incrível. Ela ouviu a nota de dor em sua voz e isso a incomodou. — Matthew, eu não sou normal. Nunca serei normal. Acredita que me conhece, mas não é certo. Não pode. Minhas irmãs e eu herdamos um legado que não temos mais escolha a não ser utilizar. Isso suporta um preço. Sara tem fenomenais habilidades atléticas e pode sentir coisas antes que ocorram. Abigail pode exigir a verdade. Eu posso proporcionar paz às pessoas que a necessita. Libby cura às pessoas. Joley tem poderes incríveis igual à Hannah. Ambas controlam o vento e o mar. E nossa Elle. — Kate sacudiu a cabeça. — O legado da Elle é tremendo, importante e muito aterrador. Ela tem tudo, junto com a responsabilidade de trazer para o mundo a seguinte geração. Cada uma tem dons, mas quando estamos juntas, somos muito poderosas. Tentamos que seguir com nossas vidas, mas mantemos a casa do escarpado para poder estarmos juntas sempre. Ele elevou a cabeça, seus olhos chapeados obscurecendo-se até um ardente carvão. — Acredita que não posso entender a honra e o compromisso? Vive segundo um código igual a mim. Eu entendo de códigos. Tem uma forma de vida que é importante para você. Por que acha que isso seria menos importante para mim? Não me importa te compartilhar com suas irmãs, Kate. Ela suspirou. — Sinto muito. Não queria te zangar, Matthew. Só quero que saiba que não vamos mudar, nem sequer se quiséssemos. E não é somente me compartilhar com minhas irmãs, mas também com um montão de gente . — Mas era mais que isso. Ela não era como suas irmã, abraçando a vida como faziam elas. Como fazia ele. — Conheço um montão de forma de ser feliz contigo. — Prometeu ele, inundando a cabeça para seus seios, não desejando que lhe visse o rosto. — Iremos devagar se for isso o que necessita Katie. Simplesmente não me deixe fora só porque tem medo. Ela tentou não reagir a suas palavras. É obvio que tinha medo. Tinha medo de tudo e por isso exatamente não podia casar-se com ele. Beijou-lhe as costelas, o botão de seu estômago. O telefone soou, sobressaltando-os. Ele o ignorou, deixando cair beijos sobre seu estômago. O timbre do telefone persistiu. Matthew suspirou pesadamente e se estirou preguiçosamente por cima do pequeno corpo, roçando deliberadamente os peitos nus.
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— Oi. — Estavam na metade da noite. Não tinha que ser cortês. Não queria esbanjar nem um só momento de seu tempo com a Kate, especialmente quando ela necessitava persuasão para ficar com ele. — Sou Elle Drake. Preciso falar com Kate. — Era a irmã caçula de Kate, famosa por estar voltando para casa para o Natal. Havia ansiedade em sua voz. Sem uma palavra, Matt passou o telefone a Kate. Ela se sentou, arrastando o lençol sobre seus seios. — Elle? O que vai mau, carinho? — Há algo aí, Kate. Onde você está. Abaixo de você. É perigoso e está debaixo de você. — Está segura? - Kate se inclinou sobre a cama para examinar o chão. Matt podia ouvir claramente a voz aterrorizada do outro lado do telefone. — Calma, Elle, estou bem. Ambos estamos bem. — Kate, realmente temo por você. O que está acontecendo? Vi claramente. Estava beijando Matthew Granite. Havia visco muito perto de você, mas não diretamente sobre sua cabeça. E então algo estalou justo debaixo de você, um brilho e chamas e foi verdadeiramente aterrador. O que é? — Não sei, mas nos inteiraremos. Matt já estava fora da cama, colocando o jeans, seus olhos procurando em cada centímetro do chão. A luz da lua atravessava as portas proporcionando suficiente luz para que procurasse em cada canto do quarto. Com seu treinamento enraizado, Matt decidiu não acender a luz e revelar sua posição ao inimigo. Podia ter descartado a chamada como histeria ou um pesadelo, mas agora tinha estado o suficiente perto das irmãs Drake para ver as coisas estranhas das quais falava Jonas às vezes e sabia que teria que levar a sério. — Te chamarei logo, Elle. — Disse Kate, seus olhos refletindo seu medo. — Obrigada pela advertência. — Colocou o receptor em seu lugar e olhou Matt. — Ela nunca se equivoca Matthew. Tem porão? Possivelmente seja o que seja encontrou uma forma de entrar através do porão. Ele sacudiu a cabeça. — Não há porão real. Deixei um espaço sob o alpendre e criei armazéns e um laboratório para revelar fotografias. — Seus olhos se encontraram em repentino silêncio. Kate se deslizou fora da cama e agarrou a camisa dele, a peça de roupa mais próxima que pôde ver. — Tem visco na casa, Matthew? — Não, mas cresce em vários árvores perto do alpendre. Estive em meu alpendre tirando dos ramos algumas vezes. Abotoando-a camisa rapidamente, seguiu-lhe com os pés nus. Matt não gostava de expôla ao perigo, mas ao menos podia manter um olho sobre ela se estava com ele. Estendeu-se para trás para tomar sua mão. Parecia pequena e vulnerável com sua camisa muito grande e o cabelo alvoroçado por fazer amor. Inclinou a cabeça e a beijou, um beijo breve e duro de tranqüilidade. A imagem pública de Kate era sempre pulcra e elegante. Esta Kate gostava muito mais. Amava a que estava com ele agora. Sua sexy, apaixonada e reservada Kate, com o
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cabelo despenteado e a delicada pele avermelhada pela sombra de sua barba. Nada ia fazer-lhe dano. Nada. Kate sentiu que o coração lhe pulsava grosseiramente no peito. Apertou os dedos ao redor da mão de Matt. Ele abriu a porta de vidro que conduzia para fora. O vento soprava, trazendo um arrepio gelado e a fragrância do ar salgado. O rugido do oceano era ruidoso, enquanto que antes as paredes da casa o tinham amortecido. Ela olhou nervosamente em volta do mar aberto, temendo ver a névoa cinza, mas a superfície do oceano estava limpa. — Kate. — Matt pronunciou seu nome como advertência. Kate se congelou e seu olhar caiu para a areia abaixo deles. Estava úmida pelo contínuo movimento das ondas, rodando pela praia e retrocedendo com a maré. Havia um rastro claro de pisadas de botas, saindo do oceano e marcas junto a elas que indicavam que algo pesado tinha sido arrastado. Algas marinhas jaziam em matagais com o passar do caminho para os degraus que conduziam à casa de Matthew. Havia uma pesada mancha escura, muito parecida com azeite em vários pontos da areia. Kate queria lançar um olhar mais de perto e saiu do alpendre. Matt a puxou de volta e a empurrou atrás dele. — Não me dá bom presságio. — Tinha aprendido fazia muito a confiar em seu instinto de sobrevivência quando algo não ia bem. — Fica em casa, Kate. — A névoa já não esta aí fora. — Assinalou, mas ficou atrás dele, sujeitando firmemente sua mão. — Deveríamos chamar o Jonas? Matt suspirou. — Para algo sobrenatural? — Sobrenatural? Nunca pensei nisso. Sempre tivemos certos dons. Nascemos com eles e utilizá-los parece tão natural como respirar. Alguns nos chamam bruxas e outros só acreditam que somos capazes de utilizar magia, mas é diferente. Mais ou menos. Desejaria poder explicálo. — Kate franziu o cenho para ele. — Para nós é natural. Matt lhe apartou o cabelo do rosto, seus dedos atrasando-se nos sedosos fios. Colocoulhe o cabelo detrás da orelha, um gesto terno. — Não tem que explicá-lo. Sou um crente, Kate. — Deteve-se e tomou um profundo fôlego. — Algo vai mal. Não vamos sair ao alpendre. Percorre a casa comigo. — Matt fechou silenciosamente a porta, elevando o olhar ao céu noturno, onde emplastros de escuras e ameaçadoras nuvens flutuavam perigosamente. Deliberadamente não acendeu as luzes e a conduziu através da casa. Deteve-se o suficiente para deslizar uma capa de couro ao redor de sua panturrilha. Os olhos de Kate se abriram de par em par quando ele colocou uma comprida faca nela. — Acha que é necessário? — Acredito que é melhor estar seguro. Está comigo. Nada vai separá-la de mim. Não me importa se for um monstro na névoa ou algo que saia se arrastando do oceano. — Abriu a porta de sua casa e saiu. Seus olhos procuravam no terreno acidentado, sem deter-se nenhuma vez. — Cheira que se queima algo? A brisa trocou de novo, mas Kate captou o peculiar aroma pungente. — Trapos oleosos?
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Matt se apressou pelos degraus de pedra que permitiam rodear a casa. Tinha uma boa vista das três laterais, mas o dormitório estava atrás. Os degraus escuros conduziam da praia para as escadas e diretamente ao pequeno laboratório fotográfico que tinha construído. A porta estava fechada e parecia que com chave, mas havia manchas oleosas por toda a porta, as mesmas manchas de azeite que tinham visto na praia. O coração de Kate começou a palpitar. Sentiu o perigo afligindo-a. Olhando para cima, pôde ver os ramos da árvore que se estendiam sobre o teto do alpendre, alcançando o dormitório onde ela e Matt tinham estado beijando-se. Nos ramos havia ninhos de visco e a base da árvore estava coberta pela substância oleosa. — Matthew, esperemos pelo Jones. — Tenho substâncias químicas para revelação aí, Kate. Não vou perder minha casa para esta coisa. — Colocou-a longe dele. — Fique atrás. Digo-o a sério, Kate. Se tiver que correr, necessito o caminho livre. — Arrasta a mangueira até aqui para mim, mas não se aproxime muito. Matt mediu a porta. Não estava quente ao tato. Abriu-a cautelosamente. O fedor era entristecedor, cheirava a mar, pescado morto e azeite pesado. Uma fumaça negra gotejava de uma pilha de papel fotográfico, trapos empilhados com vidros quebrados e uma mescla que sabia eram produtos químicos letais. Arrastou alguns dos papéis fora da pilha, tentando deter o inevitável. Chamas diminutas lambiam os laterais da pilha. Houve um brilho branco e um estalo. Kate empurrou a mangueira até as mãos do Matt. A água estava correndo com força. Dirigiu-a as chamas ávidas. — Sai daqui, Kate. — Ordenou. Kate afogou um grito quando Jonas saiu de alguma parte e a jogou para trás, longe do alpendre. — Chama o departamento de bombeiros. — Espetou-lhe. — Utiliza o rádio de meu carro e fique fora da casa. — Assinalou para o caminho de entrada, onde tinha estacionado e deixado à porta do lado do condutor aberta. — Tenho uma jaqueta no carro, ponha pois não está adequadamente vestida. Kate ouviu o som de uma sirene e viu o carro do ajudante do xerife derrapando pelo caminho de entrada. Correu para o Jackson enquanto ele saía de seu carro. — Jonas diz que chamemos o departamento de bombeiros. Ele fez o chamado do seu rádio, assinalando silenciosamente para o carro, como se isso fosse suficiente para fazê-la ficar ali, depois rapidamente se uniu a Jonas e ao Matt. Kate colocou a jaqueta de Jonas, quase desmaiando de alívio. Havia algo muito reconfortante que os três homens estivessem juntos. Exsudavam completa confiança e trabalhavam como uma equipe, quase como se soubessem o que pensavam os outros. Tinham o fogo sob controle inclusive antes que os caminhões de bombeiros chegassem. Levou muito mais tempo tirar algo da confusão do laboratório fotográfico e procurar evidências. Ela agradeceu poder voltar para casa onde estava quente. Kate se sentou em uma cadeira e esperou que Matt voltasse para ela.
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Capítulo 8 E o sangue corre vermelho sobre antiga neve branca... Enquanto em todas as casas brilham as luzes de Natal.
M
att olhava para fora pela grande janela de sua cozinha o mar palpitante. Franziu o cenho para as ondas espumosas, espiando para a escuridão longe na distância, quase para o horizonte onde uma massa pareceu estar congelandose. Nuvens negras se estenderam por todo o céu no momento em que os três homens tinham atravessado a confusão de seu laboratório fotográfico. Matt tinha chamado seus pais e seus irmãos assegurando que estava vivo e bem e que a casa estava ainda em pé. Kate tinha recebido chamadas de suas irmãs. Kate, fresca depois de uma ducha e envolta em sua bata, estava sentada na cadeira mais próxima a ele. — Está aí fora, não é? —Perguntou ela tranqüilamente. — Sinto por todo seu equipamento. Ele virou para olhá-la. — Acha que te culpo por isso? Ela vacilou. — Não acredito que ele tivesse vindo aqui se eu não estivesse. Não sei por que lhe atraio. —Disse ela, sacudindo a cabeça. — Possivelmente obteve meu aroma no velho moinho ou possivelmente me percebe como uma ameaça. — Assim definitivamente é um ele. Acredito que está tomando forma, ganhando uma forma. — Disse Matt. — Tenho que ir para casa e ajudar a encontrar o registro apropriado nos jornais. Há um bom número escrito com os símbolos e minhas irmãs necessitarão de ajuda. Não acredito que tenhamos muito tempo para averiguar isto, Matthew. Faltam só uns poucos dias até o Natal e acredito que essa coisa pretende impedir que o povo tenha um Natal. — Soava melodramático inclusive a seus próprios ouvidos. Como podia esperar ter algum tipo de relação com o Matthew Granite e seguir sendo ainda quem era? — Temos tempo suficiente, Kate. Iremos logo depois que me ocupe de algumas coisas aqui. Prometo-o. Ela elevou uma sobrancelha. — Que coisas? Pensei que você, Jonas e Jackson tinham se ocupado de tudo. Matt andou até ela com os pés descalços e simplesmente a levantou entre seus braços. — Ficou algo por fazer. Kate fechou os dedos ao redor de sua nuca. — Admito que nunca enfrentei antes algo como isto. —Desejava-lhe. Adequado ou não, só neste momento, Matthew lhe pertencia.
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— Não estava me referindo ao nosso demônio nebuloso. Estava me referindo a você. Ter você em minha casa. Aqui onde posso te olhar e te tocar. —Colocou-a sobre o balcão de azulejos e deslizou a mão dentro da calidez da bata. — Adorou sua resposta instantânea, a forma que se empurrava contra minha mão, dando-lhe boas vindas. Me recorde de agradecer sua irmã pela advertência. —Matt se inclinou para frente para tomar seu oferecimento na calidez da boca. — Acredito que é um homem de peito. —Burlou-se ela. — Mmmm, possivelmente. —Concordou ele, suas mãos se deslizaram para baixo por sua cintura e sobre os quadris dentro da bata. — Mas também tem um formoso traseiro, Kate. Estou absolutamente apaixonado por sua forma de andar. Costumava ir atrás de você só para insuflar um pouco de vida em minhas fantasias. Estava metendo-se entre suas pernas e Kate abriu mais as coxas para lhe acomodar. — Tinha fantasias a respeito de minhas nádegas? — Mais das que nunca saberá. — Inclinou-se para capturar sua boca. Para estender calor e fogo. Os dedos dela lhe enredavam no cabelo. Seus próprios dedos se emaranharam com os dela. Suas bocas se soldavam fazendo que respirassem um pelo outro. Empurrou o traseiro dela mais perto d borda do balcão e lhe abriu bruscamente toda a túnica. — Tive fantasia sobre cada parte sua. — Muito gentilmente lhe separou as pernas. — Matthew. —Havia um ofego na voz dela. Kate olhava fixamente para a larga linha de janelas, com as mãos ainda em seu cabelo. — O que está fazendo? — Me aprontando para tomar o café da manhã. Sempre te quis no café da manhã. Se Kate tinha pensado protestar era muito tarde. Ele já estava devorando-a e também ela tinha ido muito longe para que lhe importasse onde estavam. Foi um momento de decadência delicioso e o celebrou quando quebras de ondas de prazer a sobressaltaram e atravessaram. A cozinha dava voltas loucamente e as cores se mesclaram quando a língua e os dedos dele obraram magia sobre seu corpo. Suas mãos se aferraram a borda do liso balcão de azulejos para manter-se ancorada enquanto voava tão alto, mas ele a levantou e estendeu-a sobre a mesa, seu corpo enterrado profundamente dentro dela e não houve espaço para pensar. Nem para nada mais além de sentir. O som de seus corpos unindo-se, seus corações palpitantes e pesadas respirações era uma espécie de música que acompanhava o forte orgasmo enquanto Matt se rompia sobre ela e através dela. Seu calor estava tão profundo dentro dela que Kate sentiu como se fosse derreter-se por dentro. Levantou o olhar para o rosto de Matt, os duros ângulos e planos, a sombra áspera de sua mandíbula. Seus olhos escondiam segredos, coisas que tinha visto e que nunca deveriam ser presenciadas. Compreendeu o só que tinha estado inclusive em meio a sua família. Como Jonas. Ou Jackson. Um homem à parte, não por escolha, a não ser por causa de suas experiências. Kate emoldurou sua face com as palmas das mãos, seus polegares se deslizaram em uma carícia ligeira em seu bigode. — É um homem seriamente maravilhoso, Matthew Granite. Espero que saiba quão especial é. Ele a embalou como se fosse o ser mais precioso sobre a face da terra, levando-a meigamente em seus braços até o banheiro para que pudessem tomar banho. Disse pouco, mas a estudou todo o tempo, estendia o braço e tocava seu corpo, seu rosto, os dedos atrasando-se contra sua pele, quase como se não pudesse acreditar que ela fosse real.
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— Minha roupa está suja. —Disse ela, tentando domar seu cabelo, trançando uma grande parte e enroscando a trança na parte de atrás da cabeça em um intrincado nó. Sorriu-lhe. — Sua roupa nunca está suja, só você pensa que estão. —Tirou um par de jeans limpos de sua gaveta. — Como podemos averiguar o que é essa coisa, Katie? Preciso saber a que nós enfrentamos. — Minhas irmãs estão metidas na leitura dos jornais e acredito que Damon as está ajudando. Eu posso tentá-lo também e Elle está a caminho de casa. Devemos ser capazes de encontrar alguma pista. — O que lhe dizem suas vísceras? Ela apertou os lábios para evitar sorrir. Havia algo cru na forma em que falava Matt, algo que sempre a tinha intrigado. — Acredito que tem que ver com a história do povo, possivelmente algo que ocorreu por volta do Natal, possivelmente no próprio desfile. Acredito que o que seja que está na névoa está ganhando forças e voltando-se mais destrutivo, mas não estou segura da razão. A árvore junto ao alpendre com o visco é um abeto e tem luzes penduradas dele. Não se fixou, mas a mancha escura, que parecia ser azeite de algum tipo, estava por toda a base da árvore e subia parcialmente pelo tronco. — Notei. — Concordou ele. — Mas não havia nada para prendê-lo. — Se Elle não tivesse chamado para nos advertir, nunca teríamos saído, Matthew. Teríamos estado sobre o quarto quando pegasse fogo e poderia ter explodido. Acredito que o fogo teria se deslocado pela árvore e ele esperava que ardesse também. — Estranha forma de nos matar. — Possivelmente não nós exatamente. Possivelmente era a árvore. —Sentou-se na borda da cama para observar como ele se vestia. Movia-se com tanto poder, tão correntemente, com uma graça masculina que não parecia ser consciente de ter. — Cada símbolo atacado até agora está relacionado com a crença cristã. Havia crenças antigas muito antes que os cristãos celebrassem sequer o Natal. Está amplamente estendida a crença de que o nascimento de Cristo foi em Abril, não em Dezembro. Ele se deteve no ato de abotoar a camisa. — Não sabia isso. Ela assentiu. — Eu não sou Elle ou as outras que algumas vezes são capazes de ver coisas claramente, mas pressinto que isto está conectado de algum modo. — Eu tenho pressentimentos quando se aproxima o perigo. —De repente sorriu, transformando seu rosto de um homem a de um menino. — A menos que esteja ocupado em outra coisa. Kate não pôde evitar devolver o sorriso. Apesar de tudo ele parecia mais depravado do que nunca lhe tinha visto. Sempre tinha pensado nele como um grande tigre rondando pelo povoado.
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— Podemos te perdoar isso. — Ficou em pé. — As agulhas do abeto se elevam para o céu e o abeto permanece verde todo o ano. — E isso significa algo? — Esperança eterna, é obvio, as agulhas elevadas se supõem que representam os pensamentos do homem voltados para o céu. Se estiver certa, por que quereria destruir esses símbolos? Não está atacando a Santa Klaus. Não é alguém que pense que o Natal é muito comercial, em realidade está destruindo os próprios símbolos. —Levantou o olhar para ele, esfregando as têmporas e sorriu um pouco cansadamente. — Ou não. Poderia estar longe da base do problema. — Duvido, Katie. Acredito que sua sugestão está tão perto que podemos tocá-la. —Matt olhou para o outro lado do quarto e depois para ela, ainda atônito que estivesse em seu dormitório. — Vamos comprar comida. Podemos levá-la a sua casa e passar o dia estudando esses jornais até que encontremos algo. — Soa bem. Quero ir para casa e pôr algo decente. Virou saindo do quarto enquanto ele ficava para colocar as meias e as botas. A casa era tão ampla e convidava-a a percorrê-la. Entrando na cozinha, encontrou-se sorrindo. Em seus sonhos mais selvagens nunca tinha considerado fazer amor sobre uma mesa. Um personagem de uma de suas novelas poderia ter feito tal coisa, mas não Kate Drake, com cada coisa em seu lugar e sua necessidade de ordem. Nunca seria capaz de voltar a ver um balcão de cozinha da mesma forma. Matt escutava Kate movendo-se por sua casa. Gostava da fragrância dela, as suaves pisadas, a forma em que continha a respiração quando via algo que gostava. — Matthew? —Chamou-lhe. — Tem uma cozinha interessante. Queria pôr as xícaras na lava-louça mas parece ser um cesto. Fez-se um pequeno silêncio. Matt esclareceu a garganta. — Na realidade nunca utilizo a lava-louça, Kate. Simplesmente lavo os pratos nas mãos. — Já vejo. Suponho que tem sentido. Mas por que pôr toda a fruta no microondas? Matt se apressou a entrar na cozinha. — É conveniente. O que está procurando? Sorriu-lhe. — Na realidade não cozinha muito, certo? — Apostaria que sim. Está preparada? Matt agarrou sua mão e a arrastou perto dele enquanto saíam ao ar da manhã. Encaixava com ele, seu lugar estava com ele. Ela não acreditava. Podia ver a reserva em seus olhos, mas estava decidido a fazê-la trocar de opinião. Todos os clientes habituais consideravam a loja de comestíveis o centro do povoado. Inês Nelson tinha um dom com as pessoas. Não sabia o significado da palavra forasteiro e quase todo mundo comprava no comércio local, mais para ficar a par de todas as notícias que por qualquer outra razão. Conhecia cada uma das irmãs Drake desde seu nascimento e as considerava como da família. Matt estacionou seu carro diante da praça justo à esquerda da loja de Inês.
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— O desfile de Natal cresce, há tanta gente que deseja participar que acredito ter que aumentar a praça. Os atores logo que podem atravessam a multidão quando percorrem a rua até o presépio. — Eu adoro o fato que todo mundo participe. É tão divertido para os meninos quando Santa Klaus aparece com sua rena e reparte balas de caramelo. —Kate olhou a mão que Matt estendia para ela. Ficaram em pé juntos, admirando a cena do Natal na praça do povoado, surpreendidos que as estátuas, menos as dos reis magos, já tivessem sido limpas e a cena restaurada. Seria um Presépio vivente, mas um escultor local tinha criado formosas estátuas e vários artistas tinham construído um presépio e um estábulo de madeira tamanho real e outros tinham pintado todo o cenário. Este ano Inês tinha arrumado uma substância em pó que parecia quase exatamente neve e a tinha orvalhado pelo teto do estábulo e no chão dos arredores, para deleite e diversão das pessoas do povoado. A neve raramente se via no povoado costeiro. — Quantos meninos acha que teriam utilizado o lugar para uma briga de bolas de neve? —Matt baixou a voz e olhou ao redor, quase esperando que Inês lhe ouvisse apesar dela estar a uma distância segura dentro da loja. Kate voltou seu olhar risonho para ele. — Você o teria feito, verdade? Rápidas sombras se deslizaram pelo chão, bloqueando os raios do sol. — Demônios. Jonas e eu teríamos feito um forte de neve e apedrejado tudo o que ficasse perto. —Seu sorriso decaiu enquanto terminava a frase. Sua mão lhe aferrou o braço para atrair sua atenção. Apontou para o céu. As gaivotas enchiam o ar no alto, voando com rapidez terra adentro. Os pássaros guardavam um estranho silêncio, suas grandes asas se moviam enquanto se apressavam a afastar-se do oceano. Kate sacudiu a cabeça e olhou o mar. A névoa cinza se aproximava com rapidez. Turvava-se e agitava uma turbulenta massa, desdobrando pura energia. Um relâmpago se arqueou, encadeando brilhos vermelho-alaranjados dentro do centro da névoa cinza. Matt amaldiçoou e a puxou para a loja. — Vamos entrar. — Está voltando-se mais forte. —Disse Kate. Matt podia senti-la tremer contra ele. Puxou-a mais perto. — Sabíamos que se fortaleceria Kate. Qualquer um pensaria que a maldita coisa tiraria férias e nos daria uma pausa. Sairemos desta. — Sei. —Entrou com ele na loja. A entidade se voltava mais forte e ela se sentia debilitada, cansada e frágil. Não podia dizer a Matt. Já estava preocupado por ela. Podia lê-lo em seus olhos. Como tinha feito para não ver alguma vez antes a extrema solidão nele? O doloroso desejo? Era profundo e intenso e algumas vezes a afligia quando a olhava. Ainda assim, enquanto caminhava junto a ela, um homem alto e formidável de amplos ombros, peito grande e olhos que nunca ficavam quietos, com muita dificuldade poderia aceitar que a amava. Matt deslizou o braço ao redor dos ombros de Kate enquanto entravam no edifício. Como sempre, a pequena loja tinha mais que produtos para compartilhar com os clientes. Inês lhes saudou ruidosamente olhando-os especulativamente com olhos brilhantes e um alegre sorriso.
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— Kate, que prazer vê-la, querida. E com o Matt. Juro que está mais alto a cada dia, Matt. Seus comentários lhe convertiam efetivamente em um menino de novo. Só Inês as podia arrumar para fazer isso. — Hoje me sinto mais alto, Inês. —Piscada um olho para Kate. — Vêm os dois ao ensaio do desfile? —Perguntou Inês. — Organizei outro depois do tremendo fiasco da outra noite. Ninguém culpa a Abbey, Kate. Certamente não é culpa dela que esse rato do Bruce Harper esteja tendo uma aventura com a pequena senhorita calças ardentes, Sylvia Fredrickson. — Abbey se sente muito mal, Inês. —Disse Kate. — Estou segura de que isso deve ter causado problemas. — Bom, a mulher do Bruce lhe deixou. Sabe que dará a luz de um momento a outro. Todos saíram da produção e tive que encontrarem suplentes. —Inês olhou fixamente Matt. — Danny ficou muito preocupado dizendo que não estava seguro de poder trabalhar com atores amadores. Disse-lhe que ele também é um ator amador. — Inês. —Protestou Kate — Provavelmente lhe rompeu o coração. Por um momento Inês franziu os lábios e pareceu arrependida. — Bom, o merecia. Já tenho problemas suficientes sem esse menino queixando-se de sua parte. Os três reis magos estão nervosos e temo que pensem mudar de idéia. Não quero cancelar o desfile. Celebrou-se cada ano desde que se fundou este povoado. — Danny não voltará atrás. Gosta de reunir todas essas ovelhas ao redor. —Disse Matt. Inês franziu o cenho. — Gosta de lançar olhares para as crianças e conseguir uma grande reação. — Isso é certo. —Matt sorriu para elas, mas seus olhos estavam sobre os fiapos de névoa branco-cinzento que se deslizavam entrando no povoado. Afastou-se das mulheres para a janela, onde estudou a névoa. O inimigo. Era estranho pensar na névoa, um evento corrente na costa, como o inimigo. Os escuros fios se estendiam para as casas, com compridos e espinhosos braços e dedos ossudos. A imagem foi tão forte que Matt deu um passo para aproximar-se da janela, entrecerrando os olhos para esquadrinhar no interior da névoa. — Katie, vem aqui um minuto. —Disse brandamente e estendeu a mão sem tirar os olhos da névoa. Algo se movia dentro dela. Kate pôs imediatamente sua mão na dele e se colocou a seu lado. — O que acontece? — Olhe na névoa e me diga o que vê. Kate estudou o vapor em rápido movimento. Escurecia-se e girava, quase fervendo com turbulência. Estremeceu-se quando largas nervuras se estenderam cruzando a estrada e começaram a rodear as casas. Fez pensar em um predador caçando algo, cheirando o rastro correto. Acreditava que algo se movia no meio do espesso banco de névoa, algo que tinha vagamente a forma de um homem alto com um comprido abrigo flutuante e um velho chapéu. Vislumbrou uma forma, depois desapareceu em meio da massa fervente, só para reaparecer
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momentos depois, desvanecendo-se nas bordas da vertiginosa névoa. Era alto com brancos ossos nus, olhos desumanos e uma ampla boca aberta. Retrocedeu, ofegando. O esqueleto tinha mais que forma. Esta vez todo o peito estava intacto e pequenas partes de carne penduravam sobre seu corpo, fazendo-o mais grotesco que nunca. Kate pôs uma mão protetora em sua garganta para afogar o grito que fluía enquanto retrocedia completamente longe da janela. Notou que a loja estava estranhamente silenciosa. Inês e os paroquianos olhavam para fora pela janela temerosamente. — Está tomando forma, não é?—Perguntou Matt. Jonas e Jackson entraram na loja, a expressão do Jonas era sombria. — Kate, sai aí fora e livre-se disso antes que comecemos a ter fatalidades. —Espetou Jonas sem preâmbulos, ignorando a todos os outros. — Ninguém pode ver para conduzir pela estrada. Emiti uma advertência por rádio, mas vamos ter gente não só saindo da estrada com seus carros por cima dos escarpados, mas também caminhando por cima deles. Infelizmente, ninguém escuta a rádio. — Vá para o inferno, Jonas. —Matt estava furioso. Furioso. Com a coisa da névoa. Com Jonas e sua própria incapacidade de deter a entidade. — Está enviando Kate aí fora para lutar sozinha com essa endemoninhada coisa de novo. Está assustada e cansada e me condenem se permitir que a intime para que pense que é responsável por ocupar-se desta coisa por si mesma. Quer alguém que enfrente isto, suponho eu. — Demônio, Matt, não grite comigo. Sabe que eu o faria se tivesse uma maldita oportunidade, mas não tenho. Isto é território Drake, não meu. —Encrespou-se Jonas. Kate pôs uma mão contendedora sobre os braços de ambos os homens. — A última coisa que precisamos é brigar entre nós. Jonas, não posso fazê-lo sozinha. Realmente não posso. Necessito de Hannah. —Apoiou a cabeça contra o peito do Matt — Eu não atraio ao vento, Hannah sim. Está exausta por lutar com esta coisa. Minhas irmãs estiveram trabalhando comigo todo o tempo. Sem a Hannah, não podemos fazer nada. Matt baixou o olhar para o rosto dela e viu as linhas de cansaço ali, a aparência de muita energia gasta e pela primeira vez, insegurança. Envolveu seus braços mais firmemente ao redor dela e se dirigiu a Jonas. — Elas estão mal. Podem passar por isso para que consigam um pouco de descanso? — Põe-me endiabradamente doente todo este segredo envolvendo Hannah. —Disse Jonas, obviamente tentando manter seu gênio sob controle. Sentia-se tão impotente contra a entidade como Matt e isso claramente lhe estava esgotando. — Temos uma batalha em marcha; mas se ela estiver doente isso me importa, Kate. Foram minha família durante tanto tempo que nem posso mais recordar. Kate sentiu que Matt se movia, um pequeno tremor de fúria atravessou seu corpo ante o tom que Jonas utilizava com ela. Kate esfregou a cabeça contra seu peito. — Sei Jonas. Hannah também é consciente de que está zangado. Sabe que todas têm dificuldades depois de utilizar nossos dons. Hannah utilizou uma tremenda quantidade de energia controlando algo tão caprichoso como o vento. Utilizar nossos dons é muito exaustivo. E seja o que seja o que há na névoa esteve crescendo em força e resiste, assim temos que utilizar mais esforço em contê-lo. — Pode acabar com isso, Kate? —Perguntou Inês.
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Todo mundo na loja parecia conter o fôlego, esperando sua resposta. Kate podia sentir a esperança. O medo. Todos os olhos estavam sobre ela. — Honestamente não sei. —Mas tinha que tentá-lo. Já podia ouvir as vozes femininas murmurando na suave brisa conduzia terra adentro desde mar. Sentiu suas irmãs chamando-a para que se unisse a elas. Hannah estava no alpendre, encurvada de cansaço, mas enfrentado à névoa, esperando pela Kate. Sarah e Abbey estavam com ela e Joley tinha chegado. Tinha viajado durante dois dias, mas permanecia ombro com ombro com suas irmãs, esperando por Kate. Kate fechou os olhos e tomou um profundo fôlego em um esforço de reunir suas forças. Sua coragem. Um medo paralisante estava começando a aferrá-la, um que reconhecia e com o que estava familiarizada. Como Hannah, sofria de severos ataques de pânico. A diferença é que ela não era uma figura pública. Era uma escritora, seu nome podia ser conhecido, mas sua cara não. Podia mesclar-se entre as pessoas facilmente, mas agora todo mundo a estava observando. Esperando. Esperando que Kate obrasse alguma classe de magia, quando ela nem sequer sabia com o que estava tratando. Matt sentiu os pequenos tremores que percorriam o corpo de Kate e a virou para longe de todos os outros da loja, seu grande corpo defendendo-a. — Não tem que fazer isto, Katie. —Sussurrou as palavras, sua testa pressionada contra a dela. — Sim, tenho que fazê-lo. —Sussurrou ela em resposta. Jonas se colocou instintivamente diante dela para protegê-la de olhos curiosos. Jackson falou. Sua voz absolutamente baixa, tão suave que dava a sensação de que tiveram que esforçar-se para ouvir suas palavras, embora sua voz transmitisse completa autoridade. — Inês, tire todo mundo do centro da loja e longe das janelas e deixemos Kate com espaço para trabalhar. Não temos nem idéia do que está passando e não queremos nos arriscar que tenha feridos. Kate sentia-se agradecida por estar entre os três homens. Tomou outro fôlego e se afastou de Matt, abriu a porta de um puxão deliberadamente e se deslizou fora antes que lhe falhasse a coragem. Em seguida sentiu a malevolência, uma amarga e retorcida emoção golpeando-a. A névoa escura se enredou ao redor de seu corpo e duas vezes sentiu realmente o roçar de algo vivo deslizando-se sobre sua pele. Apertou os dentes para evitar que batessem. A força já fluía nela... Suas irmãs, estendendo-se através da distância, chamavam-na com palavras de ânimo. Matt se uniu a ela, deslizando-se atrás dela, lhe rodeando a cintura com os braços, atraindo-a para trás contra seu corpo duro e reconfortante para que tivesse uma âncora. Jonas tomou posição a sua direita e Jackson estava a sua esquerda. Três homens grandes, todos guerreiros amadurecidos, todos preparados para defendê-la com suas vidas. Era impossível não encontrar o valor e a força que necessitava quando a alagava desde todas as direções. Kate enfrentou a escura e fervente névoa, elevando os braços como sinal a Hannah, como sinal para que trouxesse o vento. Começou a falar brandamente, tranqüilamente, utilizando o dom de sua voz tranqüilizadora em um intento de proporcionar paz à cheia malevolência da névoa. Falou de paz, de amor, de redenção e perdão. Reunindo cada vestígio de valor que possuía, Kate não fez nenhum intento de afastá-la. Em vez disso o convocou a ela, tentando encontrar uma forma de perfurar o véu entre a realidade e o mundo das sombras
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onde podia ver na alma do tinha ficado para trás e, com sorte, encontrar uma forma de sanar o espírito quebrado. A névoa se fiava e turvava em um terrível frenesi, uma reação ante o som de sua voz. Suas irmãs protestaram durante um momento, temendo o que estava tentando, mas unindo-se a ela quando reconheceram sua determinação. Jonas deixou escapar um pequeno som de protesto e se aproximou mais dela, preparado para trazê-la de volta à realidade. Os gemidos assaltaram seus ouvidos. O mundo das sombras era vago e cinza, um lugar nebuloso onde nada era o que parecia. Ela cantarolou brandamente, sua voz se estendia através do mundo com pouco esforço, aquietando os gemidos e alertando a tudo o que vivia ali de sua presença. Kate sentiu o impacto quando a entidade se precaveu e uma vez mais se uniu a ele em seu mundo. Podia sentir sua raiva chamejante, a raiva feroz e a intensidade de sua culpa e pena. A coisa se voltou para ela, um alto homem esqueleto, rabiscado fazendo que fosse quase indistinguível entre os vapores cinza que lhe rodeavam. Vestia um casaco comprido e um chapéu, sacudia a cabeça e pressionava as mãos ossudas sobre os ouvidos para deter o encantamento na voz dela. Pendurava carne dos ossos, encaixando imprecisamente em alguns lugares, estirando-se muito em outros. Kate lhe sussurrou brandamente, lhe chamando, fazendo gestos, tratando de persuadir para que revelasse a dor que sofria, a tortura de sua existência. Utilizou sua voz desavergonhadamente, lhe adulando para que encontrasse paz. A sombria figura deu uns poucos passos para ela. Kate estendeu a mão para ele, um gesto de camaradagem. “Há paz. Permita-se senti-la te rodeando.” O ser deu outro passo cauteloso para ela. O coração lhe palpitou. A boca lhe secou, mas seguiu sussurrando. Falando-lhe. Prometendo-lhe descanso. Estava sozinho a uns poucos pés dela, seu braço estendido para a mão de Kate. Os dedos ossudos estavam perto. A centímetros de sua carne. Recordou a sensação dos dedos ossudos fechando-se ao redor de sua garganta, mas se manteve firme e seguiu lhe incitando. Algo passou ao redor das suas botas. Trepadeiras com forma de serpente se enredaram ao redor dos tornozelos ossudos. Fora das rochas rondava uma enorme criatura com pelagem pintalgada e olhos amarelos. No frio do mundo das sombras, pôde ver que a vaporosa criatura respirava misturando-se com a névoa. Os olhos fixos sobre ela, uma intrusa em seu mundo. As pontas de seus dedos tocavam a ponta dos dedos do esqueleto enquanto se estendia para ela. A criatura uivou, enviando um estremecimento de medo pela espinha dorsal de Kate. Suas irmãs contiveram o fôlego coletivamente. Jonas se esticou, comunicando sua apreensão a Matt e Jackson. Kate continuou sussurrando sobre paz, ajuda em um lugar de descanso. O ser tomou mais forma, os olhos desumanos estavam alagados em lágrimas, estendendo a mão tanto como as trepadeiras lhe permitiam. Bruscamente o esqueleto jogou para trás a cabeça e rugiu, rechaçando-a. Rechaçando a idéia de redenção e perdão. Kate vislumbrou um rugido de ódio contra si mesmo, contra tudo o que simbolizava o Natal, contra a própria paz. Não podia haver paz. Captou isso enquanto o ser começava a girar ao redor, furioso, utilizando o vórtice de seu selvagem redemoinho para arrojar objetos nela. Os gemidos se converteram em chiados. A enorme criatura saltou para Kate, respirando tão ruidosamente como qualquer touro. Kate fez um último intento de oferecer agarrar a mão do esqueleto, mas havia se voltado completamente contra ela, equilibrando-se sobre ela junto com besta.
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— Tirem-na daí! —Gritou Jonas, captando o medo coletivo que corria através da família Drake. Aferrou com força o baço de Kate, sacudindo-a. — Matt, a traga de volta a nós! — Kate. —Gritaram suas irmãs. — Lhe deixe, lhe deixe aí. — Hannah! —Jonas gritou o nome desesperadamente. — O vento, Hannah, traz o vento. Kate olhava a terrível figura que vinha diretamente para ela, com fúria em cada uma de suas linhas. Os olhos vermelhos brilhavam através da névoa escura; o rosto era feita de ossos, não de carne. A boca totalmente aberta em um grito silencioso. Estava apanhada ali no mundo das sombras, real, mas não real, incapaz de encontrar o caminho de volta. O pior era que captou numa olhada uma segunda figura insubstancial que vinha para ela pela esquerda. — Kate. —Matt sussurrou seu nome, levantando-a entre seus braços. Seu corpo era uma casca vazia, sua mente apanhada em algum outro lugar. — Kate, querida, vem com o outro, te conduzirá para fora. —A suave voz de Elle se fez a um lado. O escuro demônio estava quase sobre ela. Kate sentiu uma mão sobre seu braço. Baixou o olhar e viu os dedos de Jackson rodeando seu pulso como um grilhão. Não teve tempo de ir voluntariamente; ele a puxou tirando-a bruscamente das sombras, de volta à luz. Ouviu um rugido de raiva, estremeceu-se quando sentiu ossos roçando contra sua pele. Matt era real e sólido e se aferrou com força, precisando sentir-se ancorada. Sentia-se fisicamente doente, seu estômago encolhido em um nó. Fechou os olhos, deslizando-se em um desmaio. O vento soprou desde o mar, uma forte tempestade em vingança. O medo da Hannah se acrescentava a força da tormenta. A chuva explodiu sobre eles. A névoa escura formou redemoinhos e lutou sem querer ceder terreno. Por um breve momento houve uma confrontação entre a entidade e as irmãs Drake, ramos e escombros voavam no vento. Os três homens podiam ouvir os gritos desesperados das gaivotas. E então se acabou, a névoa retrocedeu de volta ao mar, deixando atrás silencio, o vento e a chuva. Matt ficou ali em pé na calçada, Kate a salvo entre seus braços, olhando com assombro a desordem deixada pra trás. As nuvens no alto obscureciam o sol, o dia era nublado e triste. As luzes de Natal brilhavam intermitentemente acendendo-se e apagando-se penduradas sobre os edifícios em filas de vívidas cores, um terrível contraste com a cena deixada atrás na praça. Havia plumas por toda parte e na antiga neve branca perto do presépio havia um brilhante charco vermelho de sangue.
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Capítulo 9 Uma estrela arde a fogo lento na morte da noite, Enquanto o sino anuncia que já é meia-noite
N
unca mais. Nunca mais. —Matt passou ambas as mãos pelo cabelo e olhou às irmãs Drake — Lhe juro isso, Kate, não vai voltar a fazê-lo de novo. — Passeava intranquilamente daqui para lá sobre o chão do salão. Sara, a irmã mais nova de Kate, descansava a cabeça contra o joelho de seu noivo e observava Matt em silêncio. Abbey estava sentada no sofá, a cabeça de Joley descansava em seu colo. Joley jazia estirada, com os olhos fechados, aparentando estar dormindo apesar da acalorada discussão. Hannah jazia sobre o sofá mais próximo a janela, as linhas de cansaço eram visíveis em seu jovem rosto. — Não serve de nada transtornar-se. —Disse Jonas. — Fazem o que querem sem pensar nas conseqüências. Sara suspirou pesadamente. — Não comece Jonas. Isso não é certo e sabe. Se fosse você o que estivesse tentando livrar-se dessa coisa, não se preocuparia por sua própria segurança e sabe disso. Faria o que tivesse que fazer. — Isso é diferente, Sara. —Exclamou Jonas em resposta. — Maldita seja. Olhe a Hannah. Não pode nem sequer mover-se. Acredito que necessita de um médico. Onde demônio está Libby quando a necessitamos? — Alguma vez vai deixar de nos amaldiçoar? —Perguntou Sara. Esfregou o rosto contra o joelho de Damon. — Hannah necessita de descanso e possivelmente um pouco de chá. — Eu farei o chá. —Ofereceu Damon. — Acredito que todas precisem. — Damon, você é um encanto. —Disse Sara. — O bule está fervendo. Matt olhou dentro da cozinha, e, por certo, o bule estava fumegando. Sabia muito bem que não tinha estado aceso minutos antes. Damon se inclinou para roçar um beijo na têmpora de Sara antes de encaminhar-se à cozinha. — Isto recorda os velhos tempos. —Gritou, procurando o chá guardado só para tais ocasiões. — Poderíamos ter uma atmosfera um pouco mais festiva. —Decidiu Abigail. Olhou fixamente a fila de velas sobre a toalha até que crepitaram à vida, as chamas saltaram e titilaram durante um momento, depois se mantiveram. Em seguida o aroma da canela e especiarias encheu o ar. — Boa idéia. —Concordou Sara e se concentrou no reprodutor de CDs. Instantaneamente a voz de Joley encheu a habitação com uma canção de Natal popular. — Isso não. —Protestou Joley. — Qualquer outra coisa.
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— Estão todas loucas? —Exigiu Jonas. — Kate poderia ter morrido. Vão fingir que não ocorreu nada e ter uma pequena reunião natalina? — Jonas, não faz nenhum bem que lhes grite. O que quer que façam? —Damon voltava, levando uma bandeja com várias xícaras de chá nela. Distribuiu-as entre as irmãs Drake. — E foi você que me pediu, que me disse que saísse e detivera a névoa. —Assinalou Kate. Jonas murmurou algo feio em tom baixo e agarrou o braço frouxo de Hannah para tomar o pulso. Quando o fez uma brisa percorreu a habitação e seu chapéu voou da cadeira onde estava colocado e aterrissou em meio da sala. Jonas se endireitou e olhou para Hannah, que não se movia. — Jonas, não sabia que a entidade ia tentar fazer mal a Kate. —Assinalou Abbey. — Temos que saber qual é sua motivação. Sara empurrou um livro pesado pelo chão. — Tentar ler isto sem Elle é impossível. Ela é quase a única que pode ler a linguagem das nossas antepassadas. A escritura está nessa estranha linguagem de hieróglifos que se supõe que todas deveriam ter estudado quando éramos adolescentes. Mamãe nos disse que o aprendêssemos, mas seguimos adiando-o, nos perguntando para que precisaríamos nos afundar tanto no passado. Com o pouco que sabemos, é impossível encontrar uma única entrada em tudo isto. Matt deixou de andar, vindo deter-se junto a Kate, sua mão descansa na nuca dela. — Elle está no caminho de casa, certo? Não deve demorar muito. Como é que ela aprendeu a linguagem quando o resto de vocês sozinhas sabe tão pouco? Abbey soprou sobre seu chá. — Aprendeu-o para ensiná-lo a seguinte geração, igual fez nossa mãe. — Falando de Elle, como está conectada contigo, Jackson? Como Elle sabia que poderia te introduzir entre as sombras e tirar Kate? —Perguntou Sara. Fez-se um súbito silêncio e todos os olhos se voltaram para avaliar o homem sentado em absoluta imobilidade justo ao lado da janela. Seus frios olhos escuros se moveram sobre seus rostos, um exame ameaçador. — Não sei do que está falando. Nem sequer conheço Elle. Abbey se endireitou. — Isso não é verdade, Jackson. Jonas inalou agudamente. — Não, Abbey! —Sua advertência chegou um batimento de coração muito tarde. Ela já o havia dito, sua voz perfeitamente entoada para dar a volta às pessoas, para alcançar suas mais escuras profundidades e lhes tirar a verdade. Jackson ficou em pé lentamente, seus olhos duros como aço. Caminhou através do chão sem um só som. Joley se sentou e piscou para ele. Matt se colocou ao lado de Abbey, Jonas ao outro. Ignorando os dois homens, Jackson se inclinou até que seus olhos estivessem ao mesmo nível que os de Abbey.
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— Nunca volte a me pedir a verdade, Abbey. Nem sobre mim nem sobre Elle. —Não tinha elevado à voz, mas Abbey estremeceu. Joley passou um braço ao redor de sua irmã. — Estarei lá fora. —Disse Jackson. — Nunca conheceu Elle. —Disse Sara, depois que a porta se fechou. — Jonas, não é verdade? Jonas sacudiu a cabeça. — Não que eu saiba. E nunca a mencionou. Ambos tiveram o mesmo pesadelo, mas também a metade dos meninos de Seja Haven. — Assusta-me. — Disse Abbey. — Não quero que Elle se aproxime dele. É tão pequena, frágil e doce. E ele é... — Meu amigo. —Disse Jonas. — Salvou minha vida duas vezes, Abbey. — E também a minha. —Acrescentou Matt. — Não deveria ter feito isso. Abbey baixou o olhar. — Sei. Não sei por que o fiz. É só que é ele é tão aterrador e a idéia de que Elle também estivesse aí fora no mundo das sombras... — Mas não estava. —Interrompeu Kate. — Elle não estava ali. Ouvi sua voz, mas não estava no mundo, estava em minha cabeça. —Sua voz decaiu em meio de uma repentina especulação. As irmãs intercambiaram um largo olhar. — Jonas, Jackson é telepático? — Como diabos vou saber? —Perguntou Jonas. — Bom, porque você é. Mais ou menos. —As irmãs se olharam de novo umas às outras e estalaram em gargalhadas. Suas brilhantes risadas dissiparam o ar de tristeza da habitação. Jonas fez uma careta para o Matt. — Vê o que tenho que enfrentar? —Atravessou a sala para agachar-se e recuperar seu chapéu. Antes que seus dedos pudessem fechar-se ao redor dele, as chamas das velas flamejaram com uma súbita rajada de vento e o chapéu saltou longe dele para aterrissar perigosamente perto da chaminé. Jonas se endireitou lentamente, com as mãos nos quadris, olhou suspicazmente ao redor da habitação para as irmãs Drake. Todas mostravam expressões inocentes. — Não vão me fazer acreditar que o vento entrou na casa sem um pouco de ajuda. Inesperadamente os leitos da chaminé estalaram em chamas. Jonas deu um passo para seu chapéu. Este subiu ao ar e rolou uns poucos centímetros para os lenhos ardentes. — Será melhor que meu chapéu não chegue a esse fogo. —Advertiu Jonas. — Seriamente, Jonas. —Joley não abriu os olhos. — Está se tornando paranóico. Hannah está realmente dormindo. Ele continuou estudando suas faces e finalmente cruzou até o sofá onde Hannah jazia dormindo, parecendo quase uma menina. — Vou levar a Barbie à cama. É a única coisa segura que se pode fazer. —Simplesmente a elevou com um rápido movimento e, antes que alguém pudesse protestar, saiu da sala. — A torre. —Gritou Sara atrás dele. — Que surpresa. Posso ver a Hannah como a princesa em sua torre. —Gritou Jonas em resposta.
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As irmãs se olharam e estalaram em risadas. Matt sacudiu a cabeça. — Decididamente dão medo. Joley apoiou a cabeça para trás e lhe sorriu abertamente. — Eu gostaria de saber o que está se passando com minha irmã e tudo que ocorreu quando estavam sozinhos na casa. Ia ajudar Hannah a fazer uma pequena poção de amor e pôr na sua bebida a próxima vez que te visse, mas elas me disseram que esteve atuando muito rápido e já está louco por ela. Kate se virou e num tom particularmente atrativo de carmesim disse: — Joley Drake, certamente esse será o último comentário que ouviremos sobre esse tema. Joley não pareceu impressionada pelo tom severo. — Em qualquer caso é interessante, fixei-me bem no pescoço de Kate e tem uma dentada de amor particularmente impressionante. Kate levou a mão ao pescoço e sacudiu a cabeça. — Com toda segurança não é isso. Beba seu chá. — O que é inclusive mais impressionante. —Continuou Joley. — é que Matt parece mostrar um ele mesmo. Um ofego coletivo se elevou. — Queremos vê-lo, Matt. —Suplicou Abigail. — Só se pode pedir um desejo à esfera de neve. —Negociou ele. Houve um silêncio instantâneo. Sara se sentou endireitando-se. — Matt. —deteve-se e olhou Kate. — Desejar sobre nossa esfera de neve não é como pedir um estúpido e frívolo desejo. É um assunto muito sério. Tem que saber o que quer e fazê-lo realmente a sério. Tem que pensar sua decisão muito cuidadosamente. — Posso te assegurar que o faço. Se quiser ver a dentada de amor, já pode trazer a esfera. —Matt cruzou os braços sobre o peito. — Matt. —Advertiu Kate. — Se está pensando em desejar alguma coisa que já discutimos... Não o faça. Não funcionaria. Joley elevou a cabeça do respaldo da poltrona e olhou ambos. — Isto soa muito interessante. Alguém mais quer um lanche de Natal para acompanhar o chá? Porque realmente vou por comer essas pequenas bolachas maravilhosas. —Meneou os dedos em direção à cozinha — Nos conte mais, Matt. A esfera está sobre a chaminé. Por favor, não pise no chapéu do Jonas. Sempre ameaça quando está em seu papel de xerife. — Girou a cabeça para olhar para as escadas. — Está lá em cima muito tempo. Não acham que está se aproveitando de Hannah enquanto está dormindo, verdade? Sara golpeou Joley com o pé. — É terrível, Joley. Matt rodeou o chapéu do Jonas e se estendeu para a esfera. Sentia-a sólida entre suas mãos. Olhou para Kate. Ela sacudiu a cabeça, parecendo espantada. A esfera se esquentou entre suas mãos. Olhou para a cena, os flocos de neve formavam redemoinhos ao redor da
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casa até que todos se mesclaram para converter-se em névoa. As luzes da árvore voltaram para a vida. — Ativaste-a. — Disse Sara. — Isso é quase impossível. — Não a menos que ele seja... — Joley! — Kate interrompeu sua irmã bruscamente. — Matt, seriamente, não é algo com o que brincar. — Nunca estive mais sério. Diga-me que fazer. —Olhava para Sara. Ela olhou Kate, depois deu de ombros. — É relativamente fácil, Matt, mas se assegure. Olhe dentro da névoa e visualize o que mais deseja no mundo e deseja-o. Se realmente o desejar, a esfera lhe concederá isso. — E funciona? — De acordo com a tradição. À família lhe permite um desejo ao ano, não mais. E não pode desejar fazer mal a ninguém. — Por isso não deixamos que Jonas se aproxime dela. —Disse Joley. Matt inalou a fragrância das velas e das bolachas recém assadas flutuando no ar da cozinha. Não questionou quem tinha assado as bolachas. Nem sequer se surpreendeu pelo fato de que houvesse bolachas. Olhou fixamente no interior da névoa dentro da esfera e conjurou a imagem exata de Kate. Com todo o corpo, alma, coração e mente, formulou seu desejo. A névoa ficou quieta durante um momento, depois girou mais rápido, dissipando-se até que a esfera ficou uma vez mais clara e as luzes da árvore se obscureceram. Colocou a esfera cuidadosamente outra vez na prateleira e sorriu para Kate. — Esperemos que saiba o que está fazendo. —Disse Joley. Subitamente de muito mais bom humor, Matt lhe lançou um sorriso. — A risco de soar como um fã adorador, eu adoro sua coleção de blues. Tem a voz perfeita para o blues. —Sorriu-lhe amplamente. — Ou as canções de Natal. Joley se sobressaltou. — Só enviei isso a minha família por diversão. — É precioso. —Disse Abbey. — Está se divertindo em sua excursão? Joley franziu o cenho. — Sim, é exaustivo e sempre há tipos estranhos lá fora, mas não há nada como a energia de quarenta mil pessoas em um concerto. — Que tipos estranhos? —Exigiu Jonas, voltando para a sala. — Hannah nem sequer despertou, nem quando a chamei de Barbie. Está segura de que está bem, Sara? Sara se deteve um momento, procurando em seu interior, estendendo-se para sua irmã. — Está exausta Jonas e precisa dormir. Teremos que encontrar uma forma de lhe conseguir um pouco de comida logo. Jonas pôs os olhos em branco. — Não podemos deixar que Miss Anorexia ganhe nem uma grama. Provavelmente está preocupada com que a câmara não a adore e não ser capaz de pavonear-se meio nua na capa de uma revista para que a veja o mundo inteiro.
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Kate lançou seu guardanapo para o Jonas. — Se cale, está me incomodando. Temos que ter a mente limpa para decidir como dirigir isto. E você sozinho se coloca contra todo mundo. Jonas deu de ombros, sem perturbar-se no mínimo. — De todo modo tenho que voltar para o trabalho. Mas quero ouvir sobre esses tipos estranhos Joley. Não terá tido nenhum louco te espreitando, correto? Joley tomou um gole de chá e olhou para Jonas. — Não sei. Contratei alguns guarda-costas, valentões em realidade, só para proteger o cenário. Cada sala de concerto tem uma força de segurança, é obvio, mas pensei que se esses dois viajavam conosco, teríamos um pouco de amparo extra. Os espreitadores são ossos do ofício, já sabe. A maioria dos famosos os tem, atrai-o aos mais loucos. Matt se sentou junto a Kate. — Os escritores têm esse tipo de problemas? Antes que Kate tivesse oportunidade de negá-lo, Jonas respondeu. — É obvio que sim. Todos os que estão no olho público os têm, Matt. Escritores, músicos, políticos, e... —olhou para as escadas. — super- manequins. Joley riu. — Se preocupa tanto, Jonas, fez bem em entrar nas forças da lei. É justo sua cara. — Hah, hah... muito divertido. Chamarei mais tarde para ver se ocorreu algo novo. — Olhou pela janela. — Nunca pensei que temeria a queda da noite. Matthew olhou pela janela o mar palpitante. — Espera-se Elle esta noite? — Disse que por volta da meia-noite. Voa desde São Francisco e alugou um carro para conduzir até aqui. Ofereci-me para buscá-la. —Disse Abbey. — Não queria nenhuma de nós na estrada com a névoa. Prometeu que comprovaria o boletim meteorológico antes de vir a Seja Haven. Jonas recolheu seu chapéu. — Manterei um olho nela. Todas vocês descansem e se mantenham fora de problemas. —Saiu, batendo a porta atrás dele. Sara olhou para o noivo. Ante a urgência de Sara, Damon apontou para a cozinha e Matt acessou. Abbey esperou até que os homens saíssem da sala. — Não queria desafiar assim o Jackson. —pressionou uma mão sobre a boca, com os olhos enormes. — Já são duas vezes. E a casa deveria ter me protegido. Como pôde ocorrer isso em nossa casa? — Estava relaxada. —Disse Sara. - Com a guarda baixa. Abbey sacudiu a cabeça. — Não tive a guarda baixa desde que causei o problema durante a reunião do comitê. A pobre Inês me chamou esta tarde e me disse que ninguém notou que fui eu, mas Sylvia soube.
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— Foi à escola conosco. —Assinalou Joley. Hannah voltou a entrar na sala. Alta, loira e formosa, parecia tão frágil que podia ser de porcelana. — Não se preocupe pela Sylvia. Estou segura de que lamenta muito ter golpeado a Abbey. Joley abriu os braços. — Vem aqui, pequena, sente-se comigo. Parece acabada. Foi muito má burlando com o pobre Jonas dessa forma e lhe fazendo acreditar que estava dormindo. —Joley beijou Hannah. — Realmente deveria estar na cama. — Não posso dormir. —Admitiu Hannah. — Preciso estar com todas vocês. Joley lhe acariciou o cabelo para trás. — Não fez nada horrível a Sylvia, verdade? Os olhos da Hannah se abriram de par em par em uma carinha de inocência. — Todas pensam que estou inclinada sempre à vingança. Sara se deteve na soleira da cozinha. — Isso não é uma resposta, pequena bruxa sanguinária. Exatamente o que fez a Sylvia? Hannah se apoiou contra Joley. — Alegra-me que esteja em casa. Você não põe essa cara severa como faz Sara. — Hannah Drake, o que fez a Sylvia? Hannah deu de ombros. — Ouvi de uma fonte fidedigna. — De Inês na loja de comestíveis. —Ajudou Abbey. — Bom, ela é fidedigna. —Assinalou Hannah. — Ouvi que Sylvia desenvolveu uma brilhante alergia vermelha no lado esquerdo da cara. Parecer ter a forma de uma mão. Não pude evitar pensar que o merecia. Sara passou a mão pelo rosto, tentando olhar sua irmã mais nova sem sorrir. — Sabe muito bem que não podemos utilizar nossos dons para nada mais que o bem, Hannah. Arrisca a represália. Hannah estendeu as pernas para frente e ofereceu a Sara um sorriso doce. — Nunca se sabe o que uma experiência humilhante pode fazer pelo caráter de alguém. — Trago um chá para você, mas espero que isto seja uma brincadeira e eu não ouvi isso antes na loja. —Sara se virou rapidamente para evitar que Hannah a visse rir. Abbey apertou a mão de Hannah. — Na realidade não fez nada a Sylvia, não é? —Havia uma nota esperançada em sua voz que não pôde esconder de tudo. — Beba seu chá. —Disse Sara. — E como algumas bolachas. Está muito pálida. Matt e Damon estão fazendo o jantar esta noite.
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— Perdi algo importante enquanto estava fazendo Jonas carregar meu peso morto por essas longas e levantadas escadas? — Só o Matt desejando na esfera de neve. —Disse Joley. — E todas estavam bastante seguras do que desejou. — É tão valente, Kate. —Disse Hannah. — Eu nunca poderia estar com um homem tão absolutamente aterrador. Têm esses olhos frios e essa voz horripilante e eu só quero agachar e desaparecer. —Durante um momento as lágrimas brilharam em seus olhos. Olhou sobre a borda de sua xícara de chá para Kate. — Você acha que sou valente por sair ao mundo e me deixar ver, enquanto que você escolhe ficar fora da vista e compartilhar suas maravilhosas histórias com o mundo, mas está disposta a tentá-lo com um homem e ter uma vida real com ele. — Ainda não aceitei a idéia. —Admitiu Kate. — Temo que me levante um dia e compreenda que sou uma covarde. Encontrará alguém, Hannah. Hannah sacudiu a cabeça. — Não, não o farei. Não quero nenhum homem me ladrando porque me esqueci de pôr os pratos no lava-louça, ou zangado porque tenho que voar até o Egito para uma sessão de fotos. E nunca poderia viver com um homem que sempre parece a borda da violência, ou inclusive, seja capaz de ser violento. Teria tanto medo que ficaria paralisada. Kate posou sua mão sobre o joelho de Hannah. — Matt é incapaz de exercer violência contra uma mulher. É protetor, há uma diferença. — Assim é como todo mundo descreve o Jonas, protetor, mas na realidade é um valentão. Dará ordens a sua mulher dia e noite. — Se alguma vez Jonas se apaixonar por uma mulher, acredito que moveria céu e terra para fazê-la feliz. —Disse Kate. — Cuida de todas nós e algumas vezes somos muito irritantes. Tem um trabalho que fazer e trabalha duro. Com freqüência nós fazemos seu trabalho mais difícil. E deve ser desconcertante estar tão conectado emocionalmente conosco. Sente quando estamos em problemas ou feridas e infelizmente estamos em problemas com bastante freqüência. Hannah suspirou. — Sei. É só que é tão molesto todo o tempo. Olhei pela janela da entrada; está se levantando muita névoa e isso me assusta. —Forçou um sorriso inquieto. — Nunca pensei que temeria à névoa. Kate ficou em pé e percorreu a casa com o olhar. — O que significa que está levantando muita névoa? —Olhou pela janela o mar. —Não estava sonhando? Que aspecto tinha? Sara ficou em pé também e começou a mover-se inquietamente pela habitação, comprovando as janelas. — Parecia névoa. —Disse Hannah. — Eu descia pelas escadas e, para ser honesta, estava um pouco instável, assim me sentei no chão na entrada durante uns minutos e pude ver a névoa entrando pela janela aberta. Parecia névoa normal, um largo fiapo, mas poder vê-la dentro da casa me incomodou. Assim fechei a janela.
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— Nada pode entrar na casa, Sara. —Disse Abbey. — Está protegida. Sabe que a casa sempre nos protege. Sara sacudiu a cabeça. — Mamãe nos disse que tínhamos que saber a antiga linguagem das irmãs Drake e todas nós sabemos pouco,com exceção de Elle. Também nos disse que tínhamos que renovar nossas salvaguardas cada vez que viéssemos a casa, mas o fizemos? Não, é obvio que não... tornamosnos complacentes. Mamãe tem premonições, todas sabem. Foi uma advertência, mas não tomamos suas instruções a sério. Abbey ficou com uma mão na garganta. — Acha que a entidade me influenciou para que utilizasse minha voz com o Jackson igual na reunião do comitê? Sara assentiu. — Há muitas probabilidades. Temos que ser cuidadosas. Nenhuma de nós está dirigindo isto muito bem. Nunca antes enfrentamos uma coisa semelhante. — E nunca quero fazê-lo de novo. —Disse Kate fervorosamente. — O jantar. —Chamou Matt da cozinha. — Devem comer. E tragam com vocês Hannah. Jonas disse que tinha que comer algo. Hannah pôs os olhos em branco. — Isso é exatamente o que dizia Kate. Os homens sempre tentam manipular as mulheres que lhes rodeiam. É sua natureza e não podem conter-se. Sabemos que a coisa da névoa é masculina e está seriamente zangado com uma mulher. Todas foram à cozinha. Sara e Kate ajudaram Hannah a estabilizar-se. — Na realidade, senti culpa, pena e raiva proveniente dele. —Disse Kate. — E pude sentir a conexão, mas retrocedeu porque sente que não merece perdão. Ocorreu algo terrível e acredita que ele teve culpa. — Por que está provocando que ocorram coisas terríveis agora? —Perguntou Hannah. — Não sei. —Admitiu Kate. — Mas tem algo a ver com o Natal. Sara tem razão. Agora temos que emprestar atenção a cada detalhe. Não pode fazer-se muito mais forte ou não seremos capazes de lhe deter. Matt passou o resto do dia metido na leitura dos jornais e escutando as brincadeiras fáceis que intercambiavam entre as irmãs. As mulheres dormiram intermitentemente durante todo o dia. Damon e Sara passaram um montão de tempo beijando-se a cada oportunidade que puderam escapar e ele estava um pouco ciumento de não ter o direito de ser tão abertamente demonstrativo com Kate. Enquanto passavam as horas, tudo o que podia pensar era em Kate e em estar a sós com ela. Deslizou o braço ao redor dos ombros dela. — É tarde, voltemos para minha casa. — Elle chega esta noite. Eu gostaria de esperá-la. Supõe-se que estará aqui a qualquer minuto e dormimos a maior parte do dia depois desse horrível encontro desta manhã. — Replicou Kate.
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— A névoa está chegando. — Anunciou Matt. Abriu a porta e andou até o amplo corrimão para olhar o oceano. — Elle deve chegar logo; disse a meia-noite. —Kate falou, estudando os fiapos de névoa enquanto foram à deriva para terra. — Chegará antes que a névoa alcance a estrada. — Quem decorou sua árvore de Natal? —Matt assinalou a enorme árvore coberto de luzes e adornada com uma variedade de enfeites. Kate desceu os degraus do alpendre até ficar diante da árvore. Tocou um pequeno elfo de madeira. — Não é formoso? Frank, um dos artistas locais, fez esta talha. Muitos destes ornamentos foram passando de geração em geração. — Não lhes preocupam que estejam aqui fora à intempérie? —A árvore estava dentro do pátio e dois grandes cães protegiam a zona. Os cães de Sara. Ninguém podia penetrar e roubar os ornamentos, nem sequer os mais preciosos, mas o ar do mar e a chuva contínua podiam arruinar as decorações. — Nunca nos preocupamos com o clima. —Disse Kate simplesmente. — Os Drake sempre decoraram uma árvore fora e, com sorte, sempre o farão. A névoa explorou sobre eles em um redemoinho, enredando-se ao redor da árvore e encheu o pátio, entrando em torrentes do oceano como empurrada por uma mão invisível. — Acredito que nosso velho 1"Némesis" está atacando outro símbolo natalino. —Disse Matt, assinalando ao alto da enorme árvore de Natal no pátio dianteiro. — Que simboliza a estrela? Tem que ter um significado. A névoa se emaranhava ao redor dos ramos, amplificando o brilho das luzes através do vapor. Kate levantou o olhar para a estrela quando fez curto-circuito, choveram faíscas através da névoa. Brilhou momentaneamente, depois se apagou completamente. Ela estava olhando para cima e viu através dos farrapos de novo uma ardente e brilhante estrela cruzando o céu, caindo para a Terra. Ficou imóvel, a cor abandonou sua cara. — Elle. —Sussurrou o nome de sua irmã. — Vai pela Elle. Isso é o que estava fazendo na casa. Vai detrás de Elle. —A névoa estava afogando a estrada, fazendo impossível a visão. — Que demônios quer dizer, estava na casa? —Matt correu de volta ao interior da casa enquanto as irmãs de Elle se apressavam em sair para unir-se a Kate. Agarrou o telefone e chamou Jonas. Não tinha nem idéia do que podia fazer Jonas. Ninguém podia ver na névoa. Não sabiam exatamente onde estava Elle, só que estava perto. Havia dito que chegaria em algum momento ao redor da meia-noite. Era quase a hora. Podia estar na pior seção da estreita e serpenteante estrada que conduzia a Seja Haven. Kate virou voltando-se para o povoado quando um sino começou a tocar ruidosamente. O som reverberou através da noite. — O sino é um símbolo guia de retorno. Elle está aqui agora. Está vindo pela estrada agora mesmo, voltando para nós. Voltando para o lar. Sara... —Agarrou sua irmã pela mão. — Aproxima-se dos escarpados agora mesmo. Inclusive se Hannah tivesse força para trazer o vento é muito tarde. Está nos advertindo, nos dizendo o que vai fazer. Por que faria isso? 1
Némesis: divindade grega que entre outras coisas representava a justiça inexorável sempre vigilante. Desfrutava em humilhar a quem não tivesse moderação na fortuna por isto era vista como a deusa da vingança.
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Kate se estendeu para sua irmã menor, mente com mente. Não era a mais telepática das irmãs, mas Elle era uma forte telepata. Kate ouviu música, a voz de Joley enchia o carro com seus tons ricos e quentes. A de Joley unindo-se. Elle conduzia lentamente, arrastando-se através da espessa névoa, sabendo que estava somente a uma milha de sua casa. Era impossível ver diante do carro; não tinha mais opção que sair da estrada e estacionar até que a névoa se elevasse. Elle esquadrinhou o flanco da estrada, tentando ver onde a borda era grande o bastante para tirar o carro da estrada no caso da chegava de outro veículo. Manobrou lentamente, consciente de que os escarpados estavam altos sobre o mar palpitante. A voz de Joley era reconfortante, uma cor plena que evitava que o frio entrasse no carro. Elle desligou o motor e abriu a porta, precisando orientar-se. Se pudesse ver as luzes em alguma direção, saberia onde estava. Sabia que tinha que estar perto de casa. A névoa a rodeava, uma massa espessa e congelada que era completamente fria. Kate conteve o fôlego, tentando tocar Elle, tentando adverti-la do perigo iminente. Elle manteve uma mão sobre o carro. “O que acontece, Kate?” Kate amaldiçoou o fato de não poder formar uma resposta e enviar a sua irmã. Só pôde enviar a impressão de perigo muito próximo. Todas sabiam quando suas irmãs estavam em perigo, ou cansadas ou zangadas. Mas Kate não tinha a habilidade de dizer realmente a Elle que havia algo na névoa, algo que estava tomando suficiente forma para poder causar dano corporal. Nem sequer sabia se devia lhe dizer que ficasse no carro ou se afastasse dele. Só podia esperar que Elle estivesse suficientemente sintonizada com todas suas irmãs e saberia o que se tramava. Elle girou em direção a sua casa e começou a caminhar no estreito caminho. Matt se apressou a passar junto a Kate, dirigindo-se para a estrada. A névoa o tragou imediatamente. — Tenta esclarecer a névoa, Kate. —Gritou. Sua voz soou amortecida na espessa neblina, inclusive a seus próprios ouvidos. Sabia o caminho; tinha-o percorrido muitos vezes com os anos e estava seguro de que Elle o teria feito também. Jonas e Jackson estavam também convergindo desde suas localizações, todos eles correndo em ajuda de Elle desde três direções diferentes, mas Matt não tinha nem idéia se algum deles chegaria a tempo. Somente sabia que tinha o coração na garganta e que sentia tão entristecedora sensação de perigo iminente que queria correr a toda velocidade, em vez de andar cautelosamente pelo caminho acidentado do escarpado.
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Capítulo 10 Sob a estrela, essa que brilha tanto, Desdobra-se o ato, para meu deleite.
M
att ouviu vozes, o alto e cálido som de vozes femininas. Sabia que Kate e suas irmãs estavam fazendo o que podiam para lutar contra a parede de névoa obstinada tão malevolamente sobre a estrada. Ele andou seu caminho tão rápido e tão cuidadosamente como pôde. O oceano pulsava e rugia abaixo dele, as ondas se estampavam contra o escarpado e saltavam alto de vez em quando, enquanto andava podia sentir respingos em seu rosto. As rochas e o terreno acidentado impediam seu progresso. O vento se elevou, soprando ferozmente contra a névoa. — Matt! —A voz imaterial de Jackson lhe chamou dentro da névoa, em algum lugar diante dele. — Tem pegadas pelo escarpado. Não está na água, mas não vai ser capaz de agüentar muito mais. Procura pela borda. —A voz era amortecida e distorcida pela névoa. — Cuida de você Jackson, o escarpado se desmorona em certos lugares. —Alertou Matt. Não perguntou como sabia Jackson que Elle tinha caído. Demônio, estava começando a acreditar que ele tinha algum tipo de talento mental. — Merda, merda, merda. —Não podia voltar para Kate e dizer que Elle estava morta, que tinham chegado muito tarde. Nunca seria capaz de enfrentar sua dor. Matt se aproximou centímetro a centímetro do escarpado, comprovando o terreno a cada passo do caminho, assegurando-se de que sustentaria seu peso. — Elle! —Gritou seu nome, ouviu Jackson e depois Jonas repetir sua chamada. O oceano respondeu com outro ávido rugido, elevando-se mais procurando uma presa. — Demônio, Elle, me responda. —Sentia desespero. Raiva. O medo por Elle estava começando a formar redemoinhos no fundo de seu estômago. Detestava a falta de ação. Era um homem que tomava o mando, que conseguia que se fizesse o trabalho. Podia ter uma paciência interminável quando era necessário, mas tinha que saber o que estava fazendo. Pareceram passar centenas de anos até que Jackson gritou. — Encontrei-a. Seguirei gritando para que ambos possam captar a direção. Não vai ser capaz de agüentar sozinha, assim vou descer até ela. Atei uma corda de segurança. Inclusive com a névoa distorcendo a voz, Matt conseguiu uma sensação da direção em que estava Jackson e se dirigiu para ele. A voz de Jackson era mais distante a segunda vez que gritou e Matt soube que desceu pelo escarpado para tentar chegar até Elle antes que caísse ao mar. Tinha estado em combate com Jackson, tinha servido com ele em muitas missões encobertas. Não era um homem que se apressasse a lançar-se de cabeça em nada. Tinha descido pelo escarpado para chegar até Elle era porque ela necessitava de ajuda. Ele contava com Jonas e Matt para que os resgatassem. Sabia que iriam por ele. Matt sentiu a erva esmagada com a mão e se estendeu de barriga, procurando pela borda desmoronada do escarpado até que encontrou a corda. Jackson tinha se precavido ao extremo, utilizando um velho poste de cerca. Matt conteve o fôlego. O poste da cerca estava podre e já saía da terra.
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— Estou atando-a de novo, Jackson, me dê um minuto. —Gritou Matt para baixo. Esquadrinhou por cima do escarpado. Jackson estava descendo quase às cegas, sentindo com as mãos e pés para agarrar-se. Elle jazia tombada desmazelada sobre uma pequena saliência, presa a uma árvore frágil. Captou as olhadas dela enquanto a névoa era empurrada de volta ao mar. Pesada, a neblina se arrastava para baixo pela linha do escarpado, revoando teimosamente na parte mais protegida para obscurecer a visão dos resgatadores. — Me passe a corda. — Disse Jonas, chegando detrás de Matt. Matt assim o fez imediatamente, sem apartar os olhos da cena que se desenvolvia abaixo dele. A névoa era espessa, mas o vento seguia atacando-a, conduzindo-a em espumosos amontoados. Era o único que podia olhar a ação. Jackson abria passo, com esmerado cuidado, descendo pelo lado do escarpado. Jonas atou a corda a um poste muito mais seguro atrás deles, onde Matt não podia vê-la. — Estamos preparados aqui em cima, Jackson. —Gritou Matt quando Jonas lhe fez gestos de que a corda era segura para içá-los. De Elle não se ouvia nada. Nem um gemido, nenhum pedido de ajuda. Era alarmante. Pensou em vê-la segurando-se ativamente à arvorezinha que crescia no flanco do escarpado, mas por mais que tentasse penetrar o véu de névoa, o certo é que Elle não se movia. Quando Jackson se estendeu para ela, Matt conteve o fôlego, esperando. Temendo ouvir, temendo não ouvir. Seu coração pulsava ruidosamente sobre o som do mar. — Está viva. —Gritou Jackson. — Tem um feio golpe na cabeça e está machucada da cabeça aos pés, mas está viva. Matt se inclinou ainda mais sobre o escarpado para ouvir a conversação abaixo. A voz do Jackson vagava até ele. — Fica quieta, me deixe te examinar em busca de ossos quebrados. Sou Jackson Deveaux, o ajudante do xerife. — Esta saliência está desmoronando. —A voz da Elle tremia. — Alguém me empurrou. Não os vi, mas me empurraram. — Tudo vai ficar bem. Não se mova. Agora está a salvo. —A voz de Jackson era consoladora. — Lembra-se de mim? Conhecemo-nos uma vez faz muito tempo. Matt reconheceu instantaneamente a qualidade tranqüilizadora na voz de Jackson. Estava falando para evitar que ela se agitasse. — Jonas, acredita que Elle está ferida. Posso dizê-lo pela forma em que atua Jackson. — Mantendo a voz baixa, deu as notícias ao xerife, consciente de que Jonas estava ansioso por conhecer as condições de Elle. — Ouvi sua voz, em um sonho. —Disse Elle. Suas palavras ditas num sussurro, fazendo que o coração de Matt tropeçasse. — Sofria dor. Uma dor terrível. Alguém estava te torturando. Estava em um pequeno quarto em uma casa. Recordo-o. Matt ficou imóvel. Jonas se congelou atrás dele, obviamente ouvindo a resposta de Elle. — Então sabe que está a salvo comigo. Você me ajudou quando necessitava. Tirarei você desta. Assim é como funciona a coisa.
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Era mais do que Matt tinha ouvido Jackson dizer a ninguém. Olhou para trás para ver o rosto de Jonas. A névoa ao longo da estrada estava esclarecendo. O vento soprava, dando inclinação brusca para o escarpado para empurrar a pesada névoa longe de Elle e Jackson. Jackson nunca falava de quando fora capturado. Nunca falava do tratamento que tinha suportado. Nunca falava da escapada que seguiu ou quão difícil tinha sido conduzir de volta um pequeno grupo de prisioneiros através das linhas inimigas para unir-se a suas forças. Que uma das irmãs Drake pudesse saber detalhes que ao Matt e Jonas eram desconhecidos já não surpreendia a nenhum deles. — Pode se agarrar a mim enquanto eu escalo? —Perguntou Jackson. — Posso te enviar acima pela corda. Matthew Granite e Jonas Harrington estão acima te esperando. Terá uns poucos machucados mais sendo içada dessa forma. — Me sentiria mais segura subindo com você, mas parece que me desvaneço. As coisas começam a rabiscar-se. —Respondeu Elle. Matt sentiu o puxão da corda, sabia que Jackson estava atando-a certamente ao redor de Elle. — Então subiremos juntos. —Disse Jackson. — Não vou deixar que te aconteça nada. — Sei que assim será. —Elle lhe rodeou o pescoço com os braços e subiu cuidadosamente sobre suas costas. Matt sentiu mais puxões na corda e soube que Jackson estava atando Elle a seu corpo. — Seu braço está quebrado. Pode suportá-lo? — Não é que tenha muitas alternativas e Libby está bloqueando a dor por mim. Matt sacudiu a cabeça. Libby Drake, a médica. Uma mulher famosa por ter um dom para curar o impossível. — Sabia que Libby estava em algum lugar perto daqui? —Perguntou a Jonas. Jonas sacudiu a cabeça. — Sabia que voltava para o Natal, mas não que estava a caminho. Mas não é estranho nas Drake. Todas estão conectadas de algum modo e tendem a fazer as coisas juntas. A voz de Jackson chegou até eles. — Bom. Estou começando a escalar, Elle. Vai doer. Elle pressionou a cara contra as amplas costas de Jackson. Matt observou Jackson começar a subir o escarpado, comprovando cada cabo cuidadosamente antes de seguir na escalada. Matt e Jonas mantiveram a corda o suficientemente tensa para lhe permitir escalar a rocha na vertical. Quando Jackson estava a meio caminho, a névoa simplesmente cedeu, retirando-se ante o ataque do vento. Matt se inclinou para agarrar Elle, enquanto Jackson agarrava a borda do escarpado. Matt desatou a corda e colocou gentilmente Elle sobre o chão. — Irei ao carro e pedirei por rádio uma ambulância. —Disse Jonas. Elle sacudiu a cabeça. — Libby está a caminho. Ela me porá em forma. —Voltou à cabeça para olhar Jackson. — Obrigado por vir por mim. Não acreditava que alguém fosse me encontrar. —Tocou o galo da cabeça. — Sei que a queda me deixou fora de combate.
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Jackson deu de ombros e olhou fixamente Matt e Jonas, sacudiu a cabeça e permaneceu em silêncio. Um carro estacionou junto a eles e Libby Drake saltou, arrastando com ela uma maleta negra de pele. — Quão grave é, Jonas? — Estou bem, Libby. —Protestou Elle. Libby a ignorou, olhando Jonas em busca da verdade enquanto se ajoelhava junto a sua irmã. Jackson lhe respondeu. — Acredito que tem o braço esquerdo quebrado. Definitivamente tem uma contusão e também machucados nas costelas ou possivelmente as tenha fraturado. Está muito sensível no lado esquerdo. Tem uma laceração na perna esquerda que poderia necessitar uns poucos pontos. Além disso, é uma confusão de machucados. — Não quero ir ao hospital, Libby. —Protestou Elle. — Que pena pequena, acho que vamos te contradizer. As palavras de Libby obviamente era lei. Elle protestou repetidamente, mas ninguém lhe deu nenhuma atenção. Pouco tempo depois Matt se encontrava segurando a mão de Kate na sala de espera enquanto Libby levava ao cabo todos os exames necessários em Elle e finalmente a colocava em uma cama de hospital pelo resto da noite. Kate se apoiou no duro corpo de Matt, levantando o olhar para ele. — Obrigado. Não sei que teríamos feito se você, Jonas e Jackson não a tivessem encontrado. Parecia tão mal. —Havia um pouco de apreensão em sua voz. Matt a rodeou imediatamente com seus braços. — Te levarei para casa. Para minha casa, onde poderá descansar um pouco, Kate. Elle está em boas mãos. Você beijou-a umas dez vezes e Libby vai ficar com ela toda a noite. Não pode estar mais a salvo. Jackson levou seu carro para sua casa e o deixou ali para ela, assim tudo está resolvido. Vem casa comigo, Katie. Deixe-me cuidar de você. — Necessita se barbear. —Observou ela, seu olhar faminto bebendo dele. Caminharam juntos até o carro, seus passos em perfeita harmonia. Matt sorriu porque adorava estar com ela mais que qualquer outra coisa. Esfregou a mandíbula. — Tem razão. Não só vai ter arranhões de barba no rosto como também em outros lugares se eu não me barbear. Ela ruborizou encantadoramente. — Já os tenho. Abriu-lhe a porta, agarrando seu queixo antes que pudesse entrar. — Sério? Só a idéia faz que se endureça meu corpo. Kate assentiu. — É agradável ter um aviso constante. —Era mais que agradável. Só a idéia de como tinha conseguido as marcas a fazia arder de desejo. Matt a atraiu para ele, sua boca tomou o controle da dela. Parecia ter passado muito tempo desde que tinha podido beijá-la. Tê-la toda para ele.
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— Quero te ter em casa onde posso te colocar em minha cama. Ainda me custa crer que está comigo. Ela riu. — Imagina como eu me sinto. Kate apoiou a cabeça para trás contra o assento do carro e lhe olhou, o sorriso esmaeceu de seu rosto. — Matt, não deveria ter desejado sobre a bola de neve. Não é uma bola de neve de Natal normal. A olhou fixamente, depois olhou outra vez à estrada, sua expressão voltando a ficar séria. — Nada em você ou em sua família é normal, Katie. Sabia o que estava fazendo. Ela abriu a boca para falar, sacudiu a cabeça e olhou pela janela. Matt procurou algo que dizer para tranqüilizá-la. Ou possivelmente era ele que necessitava de tranqüilidade. Kate ainda resistia à idéia de ter uma relação a longo prazo e não estava seguro de poder fazê-la mudar de idéia. Não podia explicar a sensação de bem-estar que sentia enquanto conduzia para sua casa com Kate a seu lado, sentada em seu carro, olhando para sua casa com sua linha de janelas e o amplo e incitante alpendre em todas as direções. — Construí esta casa para você. Inclusive uma biblioteca e dois escritórios, só no caso que queira seu próprio escritório. Perguntei a Sarah faz uns poucos anos, quando voltei pela primeira vez, se tinha alguma preferência sobre onde escrever e ela me disse que você preferia uma casa com janelas e música suave. Acrescentei uma chaminé no caso de precisava criar ambiente. Kate piscou para conter as lágrimas, inclinando-se e o beijou. O que podia dizer? Todo mundo no povoado conhecia Sarah. Sarah era mágica. Podia escalar paredes de escarpados e sabia coisas antes que ocorressem. Podia saltar de aeroplanos e escalar altos edifícios. Sarah vivia sua vida. Não sonhava como fazia Kate ou vivia só em imaginação. Matt lhe agarrou a mão e a puxou do carro. — Seu escritório é a prova de som para que o barulho não te incomode. — Que barulho? —Sabia que era melhor não perguntar, mas não pôde conter-se. — Dos nossos meninos. Quer meninos, verdade? Temo que os Granite tendem a ter varões. Não tenho nenhuma só prima. Você gosta de meninos, não gosta? Kate olhou longe dele, para o mar ensurdecedor. Sarah teria filhos. Todas suas irmãs os teriam. Ela provavelmente contaria histórias a todos. Possivelmente deveria ter sido ela a desejar sobre a esfera. Possivelmente deveria ter desejado ter o valor suficiente para fazer o correto. — Katie, se não quer filhos eu serei feliz só com você. Sabe disso, não é? —Abriu a porta da casa e retrocedeu para deixá-la entrar. — Ter meninos seria maravilhoso, mas não necessário. Se pudermos tê-los. Em algum momento no futuro, depois de que tenha passado um tempo interminável fazendo amor por toda a casa. Kate foi para perto da árvore de Natal. Desejava-lhe. Desejava-lhe durante tanto tempo como pudesse lhe ter. Engoliu suas lágrimas e elevou o queixo, sorrindo.
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— Eu gosto dessa idéia. Fazer amor com você por toda casa. Acenderia as luzes de Natal? Eu adoro as luzes em miniatura como estas. Matt acendeu as luzes para ela. Sua casa estava escura, tranqüila e um pouco fria. Nunca tinha se incomodado em pôr pesadas cortinas no salão porque não tinha vizinho e a linha de janelas dava para o mar. Kate deixou cair sua bolsa na cadeira mais próxima e tirou os sapatos num único gesto. — É agradável voltar para casa. Só por esta noite, quero pensar no Natal e não em algo feio saindo da névoa para fazer mal a todo mundo. —Levantou a vista para ele, seus grandes olhos tristes. — Acha que conseguiremos ao menos uma noite juntos, Matthew? — Não sei Katie. Isso espero. Vou olhar a casa e as escadas e volto em seguida. —Não acreditava que pudesse dormir, nem sequer segurando-a entre seus braços, até que comprovasse a areia fora de casa em busca de pegada peculiares. — Isso é uma boa idéia. Eu prepararei a cama. Não se importa de dormirmos junto à árvore, não é? Matt olhou ao redor do enorme e espaçoso salão. As luzes em miniatura piscavam, as cores cintilavam ao longo das parece e no teto alto. — Gostaria muito, Kate. Rodeou a casa, olhou todo o alpendre e a praia em busca de sinais de invasão. Tinha a sensação de que o inimigo estava tão fatigado como eles. Olhou para o mar. — Que tal nos dar uma pausa, amigo? —Murmurou brandamente. — Seja o que seja que te incomoda, Kate não tem nada a ver com isso. Sobre sua cabeça os céus se abriram e verteram chuva. Matt sorriu sardonicamente e se apressou a voltar para a casa. A voltar para Kate. A chaminé de gás estava acesa, a lenha ardendo alegremente. Sobre a toalha havia várias velas acesas. O perfume de canela alagou o ar. Nas luzes ondeantes, viu Kate jazendo nua sobre os lençóis, seu corpo formoso estirado preguiçosamente sobre as mantas enquanto observava as luzes da árvore de Natal. A respiração se apressou em seus pulmões, fazendo que ardesse em busca de ar, justo ali de pé na soleira olhando com surpresa o presente de Natal mais incrível que podia imaginar. Assim é como pensava nela. Seu presente de Natal. Adoraria esta época do ano para sempre. — Matthew. —Ela se voltou, sorrindo. — Vem se deitar comigo. Podia ver a Kate Drake real. Por fora, parecia imaculada, perfeita, fora de alcance, mas em realidade era vulnerável e tão frágil como valente. Kate necessitava de um escudo e ele estava mais que encantado de ser esse escudo para ela. Podia permanecer entre ela e o resto do mundo. — Me dê um minuto, Kate. Kate se voltou de novo para a árvore, observando as luzes piscar, tantas cores cintilando pelas paredes. Era o paraíso só estender-se e descansar. Relaxar-se. Mais que nada adorava sentir o ardente olhar de Matt sobre ela. A fazia se sentir formosa e incrivelmente especial. Ele era um homem grande e a sensação de suas mãos sobre seu corpo, a forma de seu corpo voltando para a vida ante a visão dela, era um dom. Um tesouro. Kate jazia com os lençóis frios sobre sua pele e as luzes brincando sobre seu corpo. Imaginava as mãos dele sobre ela. Seus olhos sobre ela. Pensar nele a fazia arder de desejo. Um pequeno som a alertou e levantou o olhar para lhe ver erguer-se sobre ela. Durante um
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momento não pôde respirar. Bebeu dele. Suas pernas fortes e coxas musculosas. Sua assombrosa ereção. Seu estômago plano e peito pesadamente musculado. Finalmente, seus olhos. Seus olhos se tornaram fumegantes, sedutores e agora ardiam com intensidade e calor. — Rouba-me o fôlego. —Era uma estupidez para dizer, mas era verdade. Ela jogou a manta para o lado. Queria lhe tocar, saber que era real. Sentir-lhe sólido e forte sob a ponta de seus dedos. — Supõe-se que sou eu quem tem que dizer isso. —Estirou-se junto a ela, embalando-a entre seus braços para sujeitá-la a ele. — Quero ficar aqui contigo durante um tempo muito longo. Ela descansou a cabeça em seu ombro, encaixando seu corpo mais perto dele. — Não me importaria ficar aqui o resto da vida, encerrados em nosso próprio mundo privado. —Estirou-se languidamente, contente de poder relaxar. De lhe ter abraçando-a com tanta gentileza. Matt sabia que estava cansada e era suficiente sujeitá-la entre seus braços, inclusive com seu corpo bulindo e o dela tão suave, incitante e aberto a ele. Sua boca baixou pelo flanco do pescoço. Ela se embalou mais perto, voltando à cabeça para a árvore de Natal, lhe dando inclusive melhor acesso. — Eu adoro como cheira. —Disse ele. Porque não podia resisti-lo, deslizou a palma da mão sobre sua pele. Nunca havia sentido nada tão suave. Riscou suas costelas, uma gentil exploração, sem exigir nada, simplesmente desejava tocá-la. Seu suave estômago era adorável e amava a forma em que ela reagia cada vez que a acariciava ali. Kate sorriu. — Eu adoro a sensação de suas mãos. — Eu sempre odiei minhas mãos. Mãos de trabalhador, ásperas e grandes, feitas para o trabalho manual. — Ideal para dar prazer a uma mulher. —Contradisse ela e apanhou sua mão para levarlhe aos lábios. Beijou a ponta de seus dedos, mordiscou-as e colocou uma em sua boca. Ele conteve o fôlego, dolorido de amor, ardendo de desejo. — Tudo em você é tão endiabradamente feminino, Kate. Algumas vezes temo que se te tocar vou romper-te. —Olhou seu pulso e o rodeou com seu polegar e indicador. Ela riu e esfregou seu corpo contra o dele afetuosamente, como uma gata contente. — Duvido que tenha que preocupar-se por me romper. Este assunto com a névoa é exaustivo, mas me recupero rapidamente. — Franziu o cenho, inclusive enquanto percorria com os dedos a coluna dura de sua coxa. — Estou um pouco preocupada com Hannah e agora por Elle. Matt era muito consciente de seus dedos tão perto de sua palpitante ereção. Estava tamborilando um pequeno ritmo sobre a parte superior de sua coxa. O estômago lhe contraiu e seu sangue se espessou. As luzes da árvore de Natal piscavam em harmonia com o tamborilo de seus dedos. Cada golpe proporcionando uma quebra de onda de calor através de seu corpo. — O médico disse que Elle vai ficar bem. Terá uma enorme dor de cabeça e Jackson tinha razão sobre sua costela e seu braço, mas irá se curar rápido com Libby perto.
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Matt segurou seus seios nas mãos, seus polegares brincando com os mamilos, convertendo-os em tensos picos. Sentiu a resposta dela, a veloz inspiração. O rubor cobriu seu corpo. — Parece-me um milagre ser capaz de te tocar assim. Pergunto-me se outro homem sabe que milagre é o corpo de uma mulher. — E todo este tempo, eu pensando que o milagre era o corpo de um homem. —Kate passou às unhas ligeiramente por seu estômago. — Possivelmente o milagre foi simplesmente que finalmente consegui fazer você parar de se esconder de mim. —Decidiu Matt. Inclinou a cabeça, lambendo o mamilo com a língua, riscou um percurso preguiçoso ao redor da auréola. Ela se moveu ligeiramente, girando-se para lhe dar melhor acesso. — Estive pensando na névoa. Algo não encaixa. — Não encaixa? —Elevou a cabeça para olhá-la, arqueando uma sobrancelha. As luzes de Natal estavam vermelhas, verdes e azuis sobre o estômago dela. Uma brilhante luz vermelha brilhava no pequeno triângulo de cachos na conjunção de suas pernas. Distraía e fazia difícil concentrar-se na conversa. Deslizou a mão em meio da luz que relampejavam, observando seus dedos acariciar o ninho de cachos, sentindo Kate estremecer-se e empurrou um dedo profundamente na calidez de sua úmida vagina. Empurrou para trás contra ele, deixando escapar um suave gemido. Afundou a cabeça para encontrar seu seio, sugando com força. — O que está pensando, Kate? —Sua língua formou redemoinhos sobre o mamilo e empurrou profundamente dentro até que os quadris de Kate começaram uma cavalgada indefesa. — Não foi pela Hannah. Por que me atacar? Ou a Elle? Ou inclusive a Abbey? Deveria ir pela Hannah. Ela convoca o vento para lhe conduzir mar dentro. Detém-lhe. —As palavras escapavam em pequenas explosões. Ofegou enquanto empurrava contra sua mão, enquanto seu corpo se esticava com alarmante pressão, com a pura magia da paixão compartilhada com Matthew. —Tire os grampos do cabelo. —Sussurrou ele, sua voz áspera. — Eu adoro seu cabelo solto. Fica muito sexy com o cabelo solto. — Você acha que pareço sexy de qualquer jeito. —Assinalou. Os dentes dele brincaram com seu mamilo, mordiscando o seio. — Certo, mas eu adoro seu cabelo. — Não adorará quando cair tudo sobre você. —Mas estava levantando os braços, tirando os grampos e jogando-os em todas as direções enquanto trocava de posição, baixando o corpo dele até o berço de seus quadris, empurrando-o profundamente dentro dela. Gritou quando ele empurrou para frente. Látegos de relâmpago dançaram através de seu corpo. — Matthew. —Havia uma súplica de piedade e ele ainda não tinha começado. — Temos todo o tempo do mundo, Katie. —Sussurrou , seus lábios deslizando-se sobre a garganta, o queixo e sobre sua boca. Seus fortes quadris se detiveram, esperando. Ela conteve o fôlego. Ele empurrou com força, uma larga estocada empurrando profundamente para enterrar-se completamente dentro dela. Uma volta a casa. Ela era suave veludo, apertado e
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ferozmente ardente. Queria uma longa e lenta noite com ela. Suas mãos lhe emolduraram o corpo, roçando e acariciando cada centímetro dela. — Não me sinto como se tivéssemos todo o tempo do mundo. —Protestou ela, sem fôlego, arqueando os quadris para encontrar o impacto dos dele. —Sinto-me como se fosse arder em chamas. — Então o faça. —Animou ele. — Te deixe levar por mim centenas de vezes. Uma e outra vez. Grita por mim, Kate. Te amo tanto. Adoro observar como chega por mim. E adoro seu corpo, cada centímetro quadrado dele. Quero passar a noite te adorando. Kate desejava o mesmo. Gritou, aferrando-se aos cobertores em busca de uma âncora enquanto seu corpo se fragmentava e girava no espaço. Não podia dizer se o espiral de cores estava atrás de seus olhos ou chegavam das luzes da árvore de Natal. Deu-se conta de que não importava quando ele apanhou seus quadris firmemente, mantendo-a imóvel e começou a empurrar dentro dela uma vez mais com suas lentas e profundas estocadas.
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Capítulo 11 Nas meia três - quartos pendurado com tenro cuidado, Um mistério, sei se oculta.
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att despertou já excitado. Estava inchado e dolorido, tão firme que pensou que estalaria através de sua própria pele. As mantas tinham caído até o chão como se tivesse passado uma noite longa e intranqüila. Seu corpo estava totalmente nu e sem piedade. Baixou o olhar para Kate. Sorriu-lhe, seus olhos verdes como o mar, suas mãos movendo-se gentilmente sobre o estômago plano dele. Seus cabelos compridos se derramavam sobre os quadris e coxas, tentando cada terminação nervosa. Ele agarrou uma comprida mecha ao redor do punho. — Sonhei contigo, Kate. Seu sorriso foi de uma tentadora. — Espero que tenha sido um bom sonho. —Inclinou a cabeça para sua tarefa, acariciando amorosamente com a língua a grossa longitude excitada dele, deslizando o nó aveludado na cálida estreiteza de sua boca. Matt ofegou ante o prazer e a dor que lhe balançou. — Como poderia não sê-lo? —Perguntou quando recuperou o fôlego. A língua desenhou um percurso brincalhão ao longo da rígida longitude e lhe acariciou antes de deslizar a boca ao redor dele. Matt fechou os olhos, seus quadris empurraram para frente, desejando mais, necessitando mais, enquanto quebras de onda de calor se estendiam por seu corpo, enquanto cada músculo se esticava e relaxava. O punho de Kate se envolveu enquanto sua boca obrava milagres. — Não sei se sobreviverei a isso, Kate. A resposta dela ficou amortecida, seu fôlego quente e incitante, sua boca cálida e apertada. Estava seguro de que sentiu a risada dela vibrar através de seu corpo inteiro. Havia alegria em Kate. Esse era seu segredo, decidiu. Alegria em tudo o que fazia com ele. Não fingia não desfrutar de seu corpo, celebrava lhe explorar, brincar com ele, lhe conduzir ao pico de seu controle. Kate beijou seu caminho para cima por seu estômago até seu peito. Montou-lhe, como uma amazona competente se deslizava sobre um cavalo, colocando seu corpo sobre o dele com deliciosa lentidão. Ela subiu as mãos e ele tomou para que pudesse nivelar-se enquanto seu corpo se elevava e caía, acariciando o seu. Seus cabelos se derramavam a seu redor, enquanto seus seios ricocheteavam e chamavam em cada movimento. Kate jogou a cabeça para trás, arqueando-se, movendo-se de forma diferente, esticando os músculos e ele teve certeza que explodiria. — Kate. —Seu nome foi rouco, quase um som áspero, escapando de sua garganta fechada. Ardiam-lhe os pulmões. Um fogo se estendia por seu estômago, centrado em sua virilha e se acumulava em uma conflagração selvagem. Não podia apartar o olhar dela. Havia brilho em sua pele, um rubor sobre seu corpo. Moveu-se com a graça sensual e o mistério de
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uma mulher. — A sensação de seu cabelo sobre minhas pernas e meu estômago está me deixando louco. —Isso deveria fazer cócegas em sua pele, mas a sedosa massa roçava sobre terminações nervosas sensíveis e acrescentava-se ao calor e fogo acumulado profundamente nele. Sentia-se como se cada parte de seu corpo estivesse sendo empurrada nessa direção. Kate se moveu com deliciosa lentidão, ondulando seu corpo, lhe enviando diretamente à loucura. A visão erótica só incrementava sua feroz fome por ela. Na suave luz da manhã, o cabelo dela emitiu nervuras vermelhas e sua pele pálida parecia coberta de gotas de cristal. Sobre tudo, a expressão de seu rosto, profundamente absorta na cavalgada de luxúria, amor e paixão, sacudiam todo seu ser. Pôde ler a forma em que seu corpo começava a acumular pressão, seus músculos se esticavam firmemente, lhe aferrando com força. Pôde vê-lo em sua face, o êxtase, a paixão, a intensidade do orgasmo quando a alcançou. Observou-a terminar, observou a excitação e o prazer em sua expressão, em seu corpo. Vendo-a desfrutá-lo aumentou seu próprio prazer e desejou mais, desejou seu corpo excitado para senti-lo uma e outra vez e levar seu corpo ao próprio orgasmo explosivo. Agarrou seus quadris entre as mãos, tomando o controle, guiando sua cavalgada, empurrando para cima com força enquanto ela se deslizava para baixo sobre ele, lhe encerrando em um punho de ardente veludo. Estremeceu de prazer, sentindo a pressão que se acumulava implacavelmente. Pôde sentir o corpo dela preparado para um segundo choque, os músculos apertando-se ao redor dele, acrescentando-se à intensidade de sua explosão. Isso lhe sacudiu um vulcão em erupção, detonando de dentro para fora, levando-lhe tudo a seu passo. Apanhou a ele, lutando por procurar ar, lutando por recuperar algo, se sentido em outro tempo e lugar, numa terra de fantasia, onde todos seus sonhos se convertiam em realidade. Parecia impossível estar estendido sobre o chão de seu salão, seu coração acelerando, seu corpo em êxtase e o amor de sua vida entre seus braços. Seu mundo tinha sido as armas, as areias, as selvas e um inimigo lutando para lhe matar. As mulheres como Kate não eram reais e não lhe estendiam os braços ao redor do pescoço e lhe davam beijos por todo o rosto e lhe diziam que era muito sexy para estar vivo. Caíram juntos, abraçados um ao outro, tentando fazer o ritmo de seus corações voltar para a normalidade e introduzir ar em seus pulmões. Kate jazia estirada sobre o Matt, pressionando seu corpo suave e firmemente contra ele. Embaixo dela se moveu repentinamente. — Que demônio é isso? —Grunhiu, ouvindo um ruído fora da casa. Kate ofegou e rodou descendo dele, aterrissando na pilha de mantas. — Temos companhia, Matthew. —Sussurrou, recolhendo os lençóis a seu redor. Ele se sentou bruscamente, seu fôlego vaiando entre os dentes. Tinha pedido uma noite com Kate, deveria ter pedido toda uma maldita semana. Nunca ia ter o suficiente dela, nunca ficaria satisfeito. — Acreditei que ao menos te teria durante umas poucas horas mais. —Grunhiu enquanto passeava nu pelo salão. De repente se deteve a meio caminho para a porta e pronunciou uma réstia de maldições. — São meus pais. Kate abriu os olhos de par em par. Aferrou o lençol sobre seus peitos nus. — O que? — Meus pais. —Anunciou ele. Agachou-se para ajudá-la a levantar-se. — Porque mesmo depois de adulto, os pais podem nos fazer sentir como adolescentes apanhado no ato?
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Kate envolveu o lençol ao seu redor e se apressou para o dormitório enquanto Matt recolhia as mantas e a seguia. — Apanharam-lhe no ato com freqüência? — Está rindo de mim? —Perguntou com um brilho perigoso em seus olhos chapeados. — Só porque estou desaparecendo no banheiro para te deixar enfrentá-los sozinho. Poderia se vestir. —Sorriu maliciosamente para ele enquanto reunia sua roupa e se retirou depois, fechando a porta. Matt captou em uma olhada o sutiã cor de pêssego que jazia no chão e um sorriso malvado percorreu seu rosto. Agachou-se e o recolheu, apertando-o em sua mão antes de colocá-lo no bolso da jaqueta, que estava pendurada no respaldo de uma cadeira. Pegou a roupa tão rápido como pôde, penteando os cabelos com os dedos justo quando um golpe cortês soou em sua porta. Pôde ouvir Kate rindo e era contagioso. Não podia apagar o amplo sorriso de sua cara enquanto abria a porta principal. Vitória Granite lançou os braços ao redor de seu filho e lhe abraçou com força. — Assustou-nos, Matt! Chamamos e chamamos e não respondeu. Primeiro foi um incêndio aqui e Danny nos falou desse horrível incidente da loja e então chamamos e... — Vitória, toma fôlego. —Aconselhou Harold Granite. Sorriu amorosamente a sua mulher, acostumado as suas rápidas frases. — Ouvimos que a névoa voltou ontem à noite e Elle Drake caiu pelo escarpado. Vitória estava preocupada. A mãe de Matt fez uma careta. — Seriamente, Harold, sabia que estava perfeitamente bem; foi você que passou toda a noite tentando lhe chamar e passeando daqui para lá como um tigre selvagem. Eu estava bem! Matt encontrou o olhar de seu pai por cima da cabeça de sua mãe. Ambos contiveram um sábio sorriso. — Sinto muito, papai. Deveria ter recordado depois de todos estes anos o muito que se preocupa. Vitória sorriu e bateu no braço de Harold. — Vamos querido, já viu que não há absolutamente nada com o que se preocupar... — Sacudiu a cabeça, deixando a frase pela metade enquanto olhava para a toalha e as velas que tinham ardido até o fim. — Oh, meu Deus. —Olhou ao redor cuidadosamente. — Matthew Granite, tinha uma mulher aqui ontem à noite, não é? — Mamãe, uma vez que cheguei aos trinta, pensei que não tinha que falar com você de mulheres. Do dormitório chegou o som de uma porta fechando-se. Seus pais trocaram um longo e satisfeito olhar. Vitória arqueou uma sobrancelha para seu filho. — Ainda está aqui? — De fato sim. E não comece, mamãe. Não quero que a espante. Está é "ela". Fez-se um silêncio assombrado. — Kate está aqui? —Perguntou Harold, claramente atônito. — Kate Drake?
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— É obvio que é Kate. —Disse Vitória. Kate saiu do dormitório com um brilhante sorriso e desespero nos olhos. Levava uma das camisas dele sobre sua diminuta blusa branca. Matt se sentiu instantaneamente mortificado. Tinha pensado que se burlaria dela e ao mesmo tempo, teria o prazer acrescentado de saber que estava sentada a seu lado na calidez de seu carro sem sutiã. Tinha planejado deslizar a mão dentro da seda branca de sua blusa e acariciar sua suave pele cremosa. Só a idéia lhe pôs tão duro como uma rocha. Não lhe tinha ocorrido que sendo sua blusa tão clara seus mamilos mais escuros se mostrariam tão luxuriosamente. Kate sempre apresentava uma aparência imaculada ao mundo e compreendeu imediatamente quando viu o desespero em seus olhos que essa era sua armadura. Levava sua roupa, cabelo e maquiagem para evitar que as pessoas vissem a autêntica Kate. A Kate vulnerável. A Kate que compartilhava somente com suas irmãs e agora com ele. — Olá Senhora Granite, Senhor Granite. — Saudou. Matthew lhe fechou a camisa, deslizando vários botões em seu lugar. Inclinou-se para beijá-la, defendendo-a do escrutínio de seus pais durante um breve momento. Quando esteve seguro de que estava suficientemente coberta, rodeou-lhe a cintura com os braços e a sustentou diante dele. Podia sentir seus suaves seios sem sutiã empurrando contra seu braço. Instantaneamente seu corpo reagiu, inchando-se, endurecendo-se, uma dor palpitava através de seu sangue. Manteve-a perto dele, cobrindo o doloroso vulto que estirava o tecido de seu jeans. Kate não teve piedade, lenta e sensualmente esfregou seu arredondado traseiro sobre o duro membro. — Encantou-me a visita, mas Elle está no hospital e temos que ir à casa de Kate antes de passar para vê-la. —Era essa sua voz? Soava pastosa e rouca a seus ouvidos. Inclusive temia que a cor ardesse em seu rosto. As palmas lhe picavam por embalar os seios de Kate entre as mãos. O suave peso sobre seu braço estava lhe deixando louco. A boca realmente estava seca. E se ela não deixasse de esfregar-se desse modo contra ele, ia surpreender todo mundo e tomála ali e agora. — Vamos jantar juntos hoje. —Sugeriu, estabelecendo contato visual com seu pai desesperadamente. Harold, tomando nota, apanhou firmemente o cotovelo de Vitória. — Danny passará à tarde com Trudy Garret e seu pequeno no Grange. Santa Klaus estará enchendo meias e entregando presentes por volta das sete. Vamos vê-lo. —Disse Vitória. — Podemos marcar outra noite? — Amanhã é o ensaio do desfile. —Disse Matt. — Todos estão nele. Possivelmente podemos ficar para jantar depois. — Nunca há tempo. —Harold sacudiu a cabeça, mas se dirigiu através do salão para a porta dianteira. — O ensaio do desfile nunca transcorre sem incidentes e sempre estamos ali até a meia-noite. — Bem lembrado. —Concordou Matt. — Não se preocupe mamãe, jantaremos juntos logo. —Caminhou com eles para a porta. — Quem faz Santa Klaus este ano? Harold sorriu abertamente. —Ninguém sabe Matt. — Foi saindo rápido, mas fez uma ligeira pausa.— Jeff Burley quebrou uma perna faz umas semanas. Ele o tem feito cada ano e temos problemas para
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encontrar um substituto. Todo mundo teme à névoa. Alguns dos do povoado acreditam que é uma espécie de invasão alienígena. Vitória tirou seu guarda-chuva e fez uma pequena careta. — As pessoas são tão bobas às vezes. — Espero que não esteja tentando me pedir que seja Santa Klaus este ano, tenho mais medo das crianças que dos alienígenas. —Matt soou tão severo como se atrevia com sua mãe. Kate fez um movimento de retirada para a casa, mas a sustentou firmemente como se ela fora seu único refúgio. O ar frio endureceu os mamilos de Kate deixando-os apertados a pico e foi agudamente consciente de que não levava sutiã sob a camisa de Matt. A garoa estava penetrando diretamente através do tecido e deixava sua blusa de seda transparente. Cruzou os braços sobre os seios e manteve o sorriso firmemente em seu lugar. — Não são aliens. —Disse Vitória, exasperada. — E não, não tem que fazer Santa Klaus. Sei que é melhor não pedir-lhe. Você assustaria as crianças com suas tolices. — Papai não! —Matt de repente soava autoritário e Kate levantou o olhar. — Papai, o médico te disse para não se cansar. — Fazer Santa Klaus não me cansaria. —Harold estava claramente incomodado. — E não, não sou eu. Temos alguém em mente, mas deseja permanecer no anonimato. Arruinaria toda sua diversão se revelasse sua identidade. Matt seguiu seus pais até seu carro, levando Kate com ele. — Não vou contar a ninguém. — O último homem que esperaria. —Disse Vitória recatadamente. — O último homem que esperaria que fizesse Santa Klaus seria o Velho Mar. — Riu Matt. — Imaginam a cara do Danny? Fugiria de Santa Klaus Vitória e Harold se olharam e estalaram em gargalhadas. Vitória saudou alegremente Kate. Matt os seguiu com o olhar. — Não acredito que queiram dizer seriamente que o Velho Mar vai fazer Santa Klaus. — Não posso imaginar e acredito que estavam burlando de você. Tem as chaves do carro? Estou morrendo frio e tenho que parar em minha casa para recolher um pouco de roupa antes de ir ao hospital. — Tenho-as. Vamos. Saiamos da chuva. — Matt tirou o sutiã do bolso da jaqueta e o ofereceu. — Sinto muito, Kate. Não pude evitar brincar com minha pequena fantasia de poder te tocar enquanto te levava para casa. Foi infantil da minha parte. Kate simplesmente olhou para o sutiã cor de pêssego na mão estendida, mas não fez nenhum movimento para agarrá-lo. — E queria poder me tocar como? —Caminhou até o carro passando a seu lado. Havia um balanço inconfundível em seu formoso traseiro, um que não podia resistir. Kate se colocou em seu carro, desabotoando lentamente a camisa úmida e permitiu que as partes se separassem para revelar a seda transparente de sua blusa de seda de baixo. Recostou-se contra o assento. Matt conduziu lentamente ao longo da estrada da costa, lutando por ar. A forma dos seios dela era somente uma linha insinuada sob o tecido transparente, mas ressaltada. — Kate, é uma mulher incrível.
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— Sou uma mulher afortunada. Mas bem, eu gosto de suas fantasias. Na realidade, me conte cada vez que tenha uma. Não pôde resistir. Matt deslizou a mão dentro de sua blusa, embalando a suave e cremosa carne em sua palma. As pontas de seus dedos esfregaram gentilmente o seio,depois possessivos enquanto acariciava seu corpo. Justos nesse momento lhe ocorriam centenas de fantasias. Conduziu o carro até o caminho que conduzia a colina que dominava a vista do mar. No momento em que estacionou, agarrou-a pela nuca e a manteve imóvel enquanto devorava sua boca. Passaram uma hora no carro, rindo como meninos, beijando como adolescentes, grosseiramente felizes se agarrando, tocando e sussurrando sonhos, esperanças e fantasias eróticas. Quando chegaram a casa Drake, não havia ninguém em casa; as irmãs estavam no hospital. Havia uma nota para Kate que dizia que Elle estava muito melhor e a instruíam que se unisse a elas quando pudesse. Kate foi tomar banho. Matt se uniu a ela e passou um longo momento ensaboando-a e enxaguando-a meticulosamente. Fizeram amor sob o jorro de água, depois ele a secou com grandes toalhas. Não podia tirar os olhos dela enquanto se vestia. — Nunca fui mais feliz, Kate. —Admitiu, enquanto ela recolhia a larga juba no alto da cabeça em seu estilo "perfeita Kate". — Eu tampouco. —Respondeu ela e se inclinou para lhe beijar. Matt agarrou sua mão e a levou até o salão. — Kate, você me ama? Sabe que eu te amo. Digo-lhe isso. Demonstro-lhe isso. Quero passar minha vida com você e não o mantenho em segredo. Ama-me? Kate quase deixou de respirar. Tocou-lhe o rosto. — Como pode não saber, Matthew? Te amo tanto que às vezes me dói. — Então por que não aceita se casar comigo? Não acredito que sua família me ponha objeções e obviamente minha família te daria boas vindas. Ela deixou escapar o fôlego lentamente. — Tenho algumas coisas que arrumar Matt. Quero me casar com você. Mas tenho que me assegurar de que isto é bom para você. Que eu sou boa para você. — Katie, céu, sei que é boa para mim. —Percorreu o salão com o olhar. — Onde está essa maldita esfera de todos os modos? —Resgatou-a da prateleira. Kate a tirou das mãos. — Só concede um desejo, Matt e você já teve o seu. —Ia colocar o globo de volta na prateleira, mas voltou para a vida entre suas mãos, a névoa se formava redemoinhos. Esperando. Kate fechou os olhos e pediu seu desejo. Não pôde conter-se. Desejava ao Matthew Granite mais do que tinha querido nada em sua vida. Matt não disse nada, não lhe fez perguntas. Simplesmente tomou sua mão em um gesto de solidariedade. Kate e Matt passaram a maior parte da tarde no hospital com as irmãs de Kate no quarto de Elle. Matt e Damon jogaram uma partida de xadrez enquanto as sete irmãs colocavam em dia as notícias. Joley ajudava ao Damon e quando Matt expressou desaprovação, Abbey imediatamente tomou o partido de Matt. Fizeram o que puderam para entreter Elle, que
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parecia machucada e muito jovem. Seu brilhante cabelo vermelho alvoroçado ao redor de sua face branca, aumentando a palidez de sua pele e a profundidade das contusões púrpuras. Estava bem de espírito, mas débil e ainda tinha dor de cabeça. Matt e Kate deixaram o hospital de noite para encontrar-se com os Granite no Grange, onde a maior parte das pessoas do povoado estava levando seus meninos para fazerem fotos com Santa Klaus e para uma pequena festa. O vestíbulo do Grange estava abarrotado de pais e crianças. O " Jingle Bells" ressonava através do edifício, pendurava visco em cada lugar concebível e o acebo decorava as mesas carregadas de bolachas e ponche. Um manto falso percorria toda a longitude de umas das paredes com acebo, velas e diminutos trenós cheios de balas de caramelo adornando a parte superior. A fila de meias penduradas brilhavam nos ganchos. O abeto prateado quase alcançava o teto e estava cheio de luzes, ornamentos e multidão de anjos brancos com asas prateadas. — As damas da loja de artesanatos estiveram muito ocupadas. —Murmurou Matt. Kate lhe fez calar, mas seus olhos riam. Vários elfos se apressaram a passá-los, com campainhas tilintando em seus chapéus e tornozelos. Kate e Matt seguiram aos elfos através da multidão até a parte de trás do edifício, onde Santa Klaus se sentava em uma cadeira a grande altura rodeado por mais elfos e uma rena que se parecia suspeitosamente a um cão com hastes de plástico na cabeça. A fila para visitar Santa era larga, crianças pequenas se aferravam às mãos de seus pais e olhavam com olhos como pratos para o alegre ancião. O traje da Santa Klaus encaixava perfeitamente e a barba branca e o bigode pareciam naturais, ambos compridos o suficiente para ocultar seu rosto com êxito. Matt tentou aproximar-se o suficiente para dar uma boa olhada em Santa Klaus. Vários pré-adolescentes passaram correndo junto dele, rindo ruidosamente, atirando pipocas uns aos outros. — Acha que é o Velho Mar? —Sussurrou Matt. — Como poderia ser? —Perguntou Kate. — Odeia o Natal. — Correto. Poderia averiguá-lo se falasse em voz alta ou possivelmente inclusive pela forma de caminhar. —Matt abriu caminho através dos pequenos. — Hey! —Um mocinho de cabelo vermelho protestou. — Não fure a fila! — Só queria pergunta a Santa se me trará Kate para o Natal. —Explicou Matt. Sem deixar-se impressionar o menino enrugou o nariz e todos os seus amigos fizeram caretas. — Bom, terá que fazer fila como todos os outros. Kate riu e arrastou Matt longe de Santa Klaus. Ele divisou Inês e empurrou Kate para ela. — Se alguém sabe quem é Santa Klaus é Inês. Ela sabe tudo. — Não é só render-se ante as intrigas? — Notícias, Katie. Como pode sequer utilizar a palavras intrigas? —Matt deixou de mover-se bruscamente e subiu um pouco, olhando para fora pela janela. Conteve uma réstia de maldições. — A maldita névoa está levantando-se, Kate. Está chegando agora mesmo. Kate lhe olhou, depois olhou ao redor para os meninos. — Não quero que estenda o pânico entre as pessoas e corram a seus carros para sair daqui. Ninguém poderia conduzir em meio da névoa. Encontrarei uma forma de distrair aos
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meninos. —Apressou-se para a Santa Klaus, sussurrando brandamente aos meninos fazendo que a multidão se apartasse como o Mar Vermelho para lhe dar acesso ao alegre ancião sentado com um menino em seu colo. Inclinou-se e falou com ele. Distante Matt viu Santa Klaus esticar-se, escutar algo mais e assentir. Kate se endireitou e se dirigiu aos meninos para que formassem um grande círculo. Santa Klaus repartiu balas de caramelo, tocou em suas cabeças e riu enquanto o fazia. Várias mães começaram a distribuir bolachas e ponche enquanto Kate começava uma cativante história de Natal. Matt nunca havia vista ninguém sustentar um lugar inteiro em sua mão, mas não havia mais som que o débil fundo das canções de Natal e a voz fascinante de Kate. Encontrou-se ele mesmo apanhado na pura beleza de seu tom mágico, inclusive quando a névoa começou a filtrar-se através das gretas de portas e janelas. Não havia forma de manter a névoa fora. Foi somente a magia da voz de Kate, a alegre pontuação do anônimo Santa Klaus com seu “Hô, Hô, Hô, Hô” inteligentemente incorporada à história e a reputação Granite na comunidade que evitou que o pânico se estendesse perante o vapor branco-cinzento que encheu a habitação, trazendo com ele o aroma e a sensação do mar. Kate simplesmente incorporou a névoa na história, fazendo que os meninos se agarrassem nas mãos e interpretassem com a Santa o “Hô, Hô, Hô, Hô”. Os meninos assim o fizeram com entusiasmo, rindo grosseiramente ante as travessuras dos personagens de Kate em meio a névoa. Matt compreendeu que ela estava criando a ilusão de que a névoa era deliberada, uma parte da história que estava contando, utilizada como efeito. Pôde ver os pais relaxando, acreditando que Kate tinha encontrado uma forma de evitar que os meninos temessem à névoa entrante, uma parte da vida cotidiana para qualquer um que vivesse na costa. Para Matt pareceram passar horas, observando como a névoa se agitava, formando redemoinhos em mais profundos tons de cinza, girando quando não havia brisa para criar o efeito, embora passassem só uns poucos minutos antes que a névoa começasse a retroceder apressadamente. Quase como se não pudesse suportar o som da voz de Kate. Era uma noção absurda. A névoa não tinha ouvidos para escutar, mas pouco deveria ter sido capaz de deixar pisada no ar ou danificar a propriedade. Chegou mais perto de Kate, sabendo que pagaria um caro preço por utilizar sua energia para manter a tão grande multidão sob o feitiço de sua voz. Quando se moveu para ela, sentiu algo na névoa, algo tangível roçou contra seu braço. Matt se voltou para isso, com as mãos elevadas na postura defensiva de um lutador, mas só havia farrapos de vapor lhe rodeando. Ouviu um ruído, uma voz resmungona murmurando uma advertência. Um estremecimento desceu por sua espinha. Sentiu o toque de morte sobre ele, dedos ossudos estendidos para ele ou para alguém que lhe pertencia. Os pelos de seu corpo arrepiaram em reação ao meio gemido, meio grunhido que poderia ter sido o vento, mas não havia vento para gerar o som. Matt sabia que era uma advertência, mas as palavras não faziam sentido. A fúria era impotente contra a névoa. Não podia lutar com ela, não podia lutar e não podia lhe disparar. Como podia proteger Kate quando não podia ver ou pôr suas mãos sobre o culpado? Ficou muito quieto enquanto o vapor simplesmente rodava fora do edifício, deixando atrás a suave música natalina e a risada das crianças. Percorreu a habitação com o olhar, para as caras sorridentes, para a árvore e as decorações. Por que tinha aparecido a névoa, só para retroceder sem incidentes? Abriu passo para o flanco de Kate, deslizando o braço ao redor de sua cintura para lhe emprestar sua força. Ela enviou as crianças para as mesas de comida, com um sorriso no rosto
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e sombras nos olhos. As risadas se elevaram como se a névoa nunca tivesse estado ali; mas Matt continuava examinando a habitação, centímetro a centímetro, preocupado de que houvesse algo mais, algo que tivesse passado por cima. Kate se apoiou nele enquanto olhavam pela janela. — Dirige-se de volta ao mar por própria vontade. Por que faria isso? Por que viria aqui e partiria? Matt observou os pequenos comendo. Santa Klaus estava comendo. — Poderia ter envenenado a comida de algum modo? —Perguntou ele com o coração na garganta ante a idéia. Seus pais estavam sentados à mesa com o Danny, Trudy Garret e seu filhinho. — Duvido, Matthew, como poderia? — Como poderia fazer as coisas que esteve fazendo? —Suas mãos se esticaram nos ombros dela. — Santa Klaus é um símbolo do Natal, certo? O que representa? — Não acha que queria atacar ao homem que faz da Santa Klaus e depois decidiu não fazê-lo, verdade? —Seu olhar ansioso seguiu ao corpulento homem vestido em seu traje vermelho e branco. Matt sacudiu a cabeça. — Sinto perigo, Katie. Quando o sinto é forte, está aqui, perto. Diga-me o que representa Santa Klaus. Ela esfregou as têmporas latentes. — Boa vontade, supõe. Representa boa vontade e generosidade. Entrega presentes, enche as meias, bebe leite e come as bolachas dos meninos. — Propaga boa vontade entre as pessoas e é generoso, ensinando pelo exemplo a ser generoso. —Matt soltou de sua mão, movendo-se para a árvore onde descansava o saco de Santa Klaus. Esquadrinhou dentro, havia umas poucas meias com balas de caramelo, pequenos brinquedos e artigos pessoais diversos que o povo sempre doava generosamente para o acontecimento. Santa Klaus tinha colocado a maior parte das balas de caramelo nas meias das crianças que estavam penduradas no manto quando tinha chegado, assim cada um teria algo levar a casa depois da festa. Matt foi até as meias de brilhantes cores, cada uma com o nome de cada criança bordado em letras chamativas no alto. Os dedos de Kate se apertaram ao redor dos seus. Ela já sabia igual a ele. Olharam dentro. Ela retrocedeu, contendo um grito, lhe olhando com apreensão. Dentro de cada meia a névoa se somou ao generoso presente de Santa Klaus. Uma massa de areia e insetos marinhos fazia contorções em horrendas bolas pretas na ponta das meias. Todas estavam úmidas pela água do mar e cheiravam fracamente ao nocivo fedor que a névoa parecia deixar para trás. Conchas esmagadas e espinhosas anêmonas do mar, algas e pequenos caranguejos rebolavam e se mesclavam com insetos. Santa Klaus se uniu a eles, olhando fixamente para a confusão enquanto ao redor todos os pequenos comiam, riam e jogavam. — Temos que nos livrar disto. Algumas dessas criaturas são venenosas. Matt olhou rapidamente ao homem, reconhecendo a voz. O Velho Mar estava certamente fazendo Santa Klaus.
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— Tem razão. Conseguirei alguns homens e tiraremos daqui as meias antes que as crianças tentem recolhê-las. Kate. — Puxou uma cadeira para ela. — Sente-se antes que caia. Te levarei para casa quando tivermos acabado aqui. — A minha casa. —Disse ela com voz cansada. — Preciso ir para minha casa. Ele assentiu, com um apertado nó no estômago.
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Capítulo 12 Uma vela arde com um estranho brilho, Enquanto se funde, a cera flui,
A
Coisa da névoa me falou. —Matt fez o anúncio depois de que às irmãs Drake colocaram Elle firmemente no salão. Era avançada à tarde quando os médicos a deixaram ir para casa e sua família tinha estado ansiosa. Tinha evitado o tema do perigo da névoa. Ele e Kate tinham ido ao moinho de manhã para voltar a examinar o selo e ver se ela podia averiguar algo novo sobre o espírito. Não tinha querido tirar o tema na mesma fonte do problema. Fez-se um súbito silêncio. Teve a atenção de todos imediatamente. Kate deixou sua xícara de chá. — Não me disse nada disso. — Estava exausta e preocupada com Elle ontem à noite, Katie e esta manhã. Não quis tocar no tema. Agora que está em casa e a salvo, acredito que é um bom momento para discuti-lo. —Em massa, as irmãs Drake eram difíceis de enfrentar. Podia sentir todos os olhos sobre ele. Havia poder na habitação, intangível, feminino, mas uma corrente firme. Uma energia que ele não podia começar a explicar, mas sabia que se movia de irmã a irmã. — O que disse? —Perguntou Sara. Sua voz foi gentil, sem julgar. Prática e mágica Sara. Ela era a maior e a mais influente. — Não tinha sentido. Era um gemido e um grunhido mesclados. A sintaxe era antiquada, mas pelo que ouvi, advertia-me que mantivesse a meus seres queridos do nascimento. — Utilizou a palavra nascimento? —Perguntou Kate. Matt assentiu. — Pensei muito nisso e possivelmente tudo se relaciona com o Natal e o nascimento ou algo assim. Algo que tenha que ver com as crenças cristãs sobre o Natal está sob ataque? — Fez uma pergunta. Elle elevou o velho jornal que Sara lhe tinha dado. — Farei o que possa para tentar encontrar uma referência a um nascimento aqui. — Disse ela. — Não acredito que lhe agradeci por vir ao meu resgate a outra noite, Matt. Em um minuto estava no caminho de casa e no seguinte sentia que algo me empurrava pela borda do escarpado. Rompi todas as unhas na queda, aferrando pó e rocha. Não tenho nem idéia de como Jackson baixou escalando até mim. Nem sequer podia chamar com voz o suficientemente forte para pedir ajuda e temia lhe mover. A saliência estava literalmente derrubando-se abaixo de mim. — Sei que foi aterrador, Elle, mas nos tem e agora está a salvo. Kate disse algo à outra noite sobre como a entidade não foi pela Hannah. É estranho porque é Hannah a que proporciona o vento para lhe conduzir de volta ao mar e longe do povoado. —Disse Matt. — Têm alguma idéia de por que decidiria não tentar fazer mal a ela?
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Sara franziu o cenho. — Em realidade só foi pela Elle. Kate sacudiu a cabeça. — Definitivamente o tentou comigo, Sara. Acredito que tentou utilizar a Sylvia e seus amores para aproximar-se de Abbey, depois fez um segundo intento aqui na casa, pondo-a contra Jackson. Jackson é um homem mercurial e Sylvia é imprevisível. Acredito que também queria Abbey fora de jogo. De todas nós, não seria Hannah seu principal obstáculo? — O que têm todas em comum? —Perguntou Matt. Observou como Sara se movia através do salão acendendo altas e grossas velas em cada entrada. Cada uma das velas tinha três mechas e se assentavam em candelabros de ferro forjado. Murmurava algo que não pôde ouvir enquanto acendia cada vela. Notou que as janelas tinham acertos de flores de cores e ervas atadas em molhos a cada lado dos batentes e sobre os marcos. Os molhos de ervas secas não tinham estado ali antes. A fragrância era uma liga de ar livre e fortes perfumes de romeiro, jasmim e alguma outra coisa que ele não podia identificar de tudo. As luzes das velas titilavam sobre as paredes, dançando e saltando com cada movimento das irmãs, como sintonizadas com elas. — Abbey, Kate e Joley têm todos os dons especiais que implicam suas vozes. — Respondeu Sara, inclinando-se sobre uma vela de arando perto da janela. Olhou a sua irmã mais jovem antes de acender a vela arredondada. — Elle tem muitos talentos, mas não compartilha suas vozes. Ela é, entretanto, uma forte telepata e pode compartilhar o mundo das sombras com Kate. Nem Joley nem Abbey têm essa habilidade. — Mas não ocorreu nada a Joley. —Disse Matt. Suspirou. — Não é muito para meu grande trabalho de detetive. Joley deixou escapar um pequeno som de inconformidade. — Isso não é de tudo certo. —Imediatamente, teve a atenção de todas suas irmãs. — Ocorreu algo que não nos contou? —Perguntou Kate. — Não queria preocupar a ninguém. —Admitiu Joley. — Com todas essas absurdas ameaças na estrada e à luz da ameaça em Kate, não quis preocupar ninguém. Joley se esticou num sensual fluir de músculo feminino. Tudo o que fazia Joley, da forma em que se movia ou inclusive falava, era sensual. Era tão natural para ela como respirar. Matt percebeu que podia apreciar seu aspecto e voz, mas sem reagir o mínimo. Para ele foi só mais uma revelação do profundamente apaixonado que estava por Kate. Sentou-se no chão diante de Kate e se apoiou contra seus joelhos. No momento os dedos dela se afundaram em seu cabelo espesso, uma conexão entre eles. — O que ocorreu, Joley? —Perguntou Sara. — Subi ao meu quarto depois que todas falaram para que eu fosse descansar. Hannah disse que fechou a janela porque a névoa estava deslizando dentro da casa e isso a incomodava. Eu estava tão cansada que simplesmente me derrubei sobre a cama e não pensei em prestar atenção à sensação do quarto. Despertei me sufocando, estrangulada na realidade. Em princípio pensei que me tinha enredado o cachecol ao redor do pescoço enquanto dormia e de algum modo estava se fechando. Mas a névoa estava por toda parte, capas dela. Logo pude ver. Atirei o cachecol longe de minha garganta e acendi o ventilador. Doía-me a garganta e... —
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Parou, suspirou brandamente e arrastou o pescoço de cisne de seu pulôver longe de sua garganta. Inconfundíveis machucados arredondados marcavam sua pele. — E não acreditou que fosse importante nos contar isso? - Sara se voltou sobre sua irmã menor. — Que devíamos saber que esta coisa tinha avançado a semelhante sofisticado nível de violência? Joley! No que estava pensando? — Não sei. —Joley esfregou a palma sobre a coxa. — No começo estava aterrada, percorri a casa e comecei a recolher ervas e flores para as janelas, mas todo o tempo me perguntava por que não me matou simplesmente. Se podia me estrangular parcialmente, por que não fazê-lo de todo? — Possivelmente não é o bastante forte. —Aventurou Abbey. Sara olhava por volta do mar. — É o bastante forte. Se arrumou para tomar forma e, de acordo com Matt, inclusive encontrar uma voz. — Está dizendo que não tentou matar Joley? Certamente tentou matar Elle. —Discutiu Abbey. — Possivelmente não estava preparado para tanta resistência. — Eu digo que não tentava me matar. —Disse Joley. — Então o que estava fazendo? —Perguntou Sara. — Acredito que estava tentando silenciar minha voz. Kate pôs uma mão protetora sobre sua garganta. — No mundo das sombras, foi por minha garganta também. Algo profundamente dentro de Matt ficou muito quieto. Kate tinha uma voz incrível. — Se quer acabar com as vozes capazes de lhe enfeitiçar, Joley, Abbey e Kate são definitivamente as listas de objetivos. —Matt olhou para ela. — Mas por que você, Elle? Ela sorriu, seus olhos verdes brilhavam. — Possivelmente não gosta das ruivas. — Acredito que não quer ser salvo. —Anunciou Kate. — Quando lhe toquei senti raiva, mas não era sua emoção principal. —inclinou-se para o Elle. — Não sentiu pena e culpa? Estava ali e tem que ter sentido. Elle baixou o olhar para o jornal, com uma expressão entristecida. — Senti. — Disse com uma voz suave e baixa. Matt levantou a cabeça bruscamente. — Elle compartilha emoções, certo? Conectou com o Jackson quando esteve prisioneiro. Elle se negou a encontrar seu olhar. — Sim. — Mas estava do outro lado do mundo. —Protestou Matt. Libby estendeu a mão para sua irmã mais nova e Elle a tomou imediatamente.
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— Às vezes é muito difícil, Matthew. —Explicou Libby. — Somos diferentes. Parecemos iguais e tentamos atuar como outros, mas não somos normais e algumas vezes a sobrecarga é... —Procurou a palavra correta, olhando impotente a sua irmã. — Perigosa. —Ajudou Sara. — Utilizar nossos talentos é muito exaustivo. Cada uma de nós tem sua forma de vencer as seqüelas de seu dom. — Vi em Kate. —Esteve de acordo Matt. — Há alguma forma de minimizá-lo? As sete mulheres olharam umas as outras. Como era usual, foi Sara quem respondeu. — Todas nos dirigimos de diferentes formas. A maior parte de nós encontramos nosso próprio espaço e vivemos ali, tão defendidas como podemos obter. —Sorriu para Matt. — Sei que a Kate ajudará te ter. Damon me ajuda. — Até agora não encontrei um jeito para evitar que se canse. Cada vez que acredito que vamos ter uma pequena pausa, a névoa volta outra vez. —Assinalou Matt. O fazia extraordinariamente feliz que Sara tivesse aceitado sua relação com Kate. — Ajudaste enormemente. —Reconheceu Kate. Elle folheou o jornal. — Disse que havia símbolos no selo, Kate? Pôde ler algo? — As primeiras colonas Drake devem ter sido as que selaram o espírito inquieto, Elle. Ocorreu definitivamente ao redor do momento em que se estabeleceu a cidade. Por isso pude ler, era algo sobre raiva e selar até que nasça quem pode fazer algo. Voltei para olhar, mas a maior parte do selo estava destroçado e a escritura real perdida. —Admitiu Kate. — Até que nasça quem pode fazer algo. —Repetiu Sara em voz alta. — Algo que tenha que ver com uma voz. — Aqui está. —Disse Elle triunfante. — “Ele que não receberá perdão permanecerá selado até que nasça quem possa lhe dar paz.” Fez-se um longo silencio. Matt olhou para a vela de arando quando as três chamas saltaram e arderam. Cera quente se verteu pelo flanco com um fluxo de lava, formando um charco úmido ao redor do candelabro. Era uma visão fascinante, cera de um profundo púrpuro fluindo quase como sangue escuro. — Por que necessitaria paz? Elle colocou um par de óculos no nariz e estudou a escritura desbotada. — Uma das irmãs que ajudou a selar o espírito deve ter tido a precognição como mamãe, ou seja, adivinhava o futuro. Se esse for o caso, significa que deveríamos ser capazes de encontrar uma forma de lhe permitir descansar. — A menos que o terremoto abrisse a greta no chão e lhe permitisse escapar antes do tempo. —Disse Matt. — Duvido. — Disse Sara seriamente. — Normalmente as coisas ocorrem como se supõe que têm que ocorrer, Matthew. Obviamente é nosso momento. Não temos mais opção que esclarecer isto. É nosso destino. Matt passou a mão pela boca. Não estava seguro de acreditar no destino. Sentiu a mão de Kate em seu cabelo e mudou de opinião.
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—Hannah, sente-se melhor? —Não parecia melhor. Sem ela, não teria sido possível que as arrumassem para voltar a subir Elle pelo escarpado em meio da espessa névoa ou conduzir à entidade mar dentro e longe das pessoas do povoado uma e outra vez. — Estive descansando. Libby está ajudando. Libby Drake. Matt a olhou. Era legendária no povoado. Era a única Drake com o cabelo negro como a meia-noite e uma pele pálida, quase translúcida. Era uma curandeira de nascimento, autêntica. Sorriu-lhe. — É bom voltar a te ver, Libby. Possivelmente faria bem em se esconder enquanto está em casa. Se correr a voz de que está de volta, terá todo mundo no povoado fazendo fila. — Quero visitar o filho de Irene enquanto estou em casa. Minhas irmãs foram lhe ver e fizeram o que puderam para lhe pôr cômodo, mas prometi que iria ver lhe. — Libby... —Matt sacudiu a cabeça. —... Sabe que tem um câncer terminal. Nem sequer você pode lhe liberar disso. —Esperou. Quando ninguém disse nada a olhou. — Pode? —A idéia lhe desestabilizou. — Não saberei até que lhe visite. —Admitiu Libby. — Qual seria o preço? —Matt não podia imaginar o que custaria a Libby curar realmente alguém a quem tinham enviado a casa para morrer. Libby lhe sorriu. — Posso ver por que Kate te ama tanto, Matt. É muito preparado. É um intercâmbio. Poderia salvar a uma pessoa, mas enquanto me recupero, poderia perder centenas de outros. — Tão mau? —Estendeu a mão para Kate. A idéia do que as mulheres tinham que suportar cada dia lhe comovia. Em sua própria forma, eram únicas e sentia um profundo respeito por elas. — Alguém quer mais chá? Eu vou pegar outra xícara. —Ofereceu-se Hannah. — Eu posso trazê-lo. —ofereceu-se Matt. Sentia-se um pouco inútil. Hannah se deteve uns poucos pés da entrada da cozinha. — Eu estou levantada, mas obrigado. —Disse ela e deu dois passos, detendo-se bruscamente, olhando por volta da vela oscilante na janela que dava ao mar. — Sara, tem que ver isto. Matt ficou em pé, levantando Kate a seu lado. Apreensivamente olhou para fora pela grande janela por volta do mar. Já sabia o que veria. Cada vez que algo estranho ocorria, a névoa estava de volta, posando-se sobre o povoado como um monstro fumegante curvado e à espera. — O que é Sara? —Perguntou Elle desde sua posição no sofá. Tinha travesseiros empilhados a seu redor, um cobertor sobre ela e ordens estritas de permanecer onde estava. — A cera está formando algo ao correr pelo flanco. —Explicou Sara. — Me parece um gancho de ferro. — Ou uma fortificação de caramelo. —Matt era mais pragmático. — É um bastão. —Corrigiu Hannah. — Um bastão comprido ou possivelmente uma fortificação. Um pouco utilizado para caminhar com ele.
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— Isto está ficando mais estranho a cada minuto. —Disse Abbey, esfregando as mãos para cima e abaixo por seus braços. — E enquanto estamos no tema do estranho, Joley, sinto muito, mas não há desculpa para que não nos contasse o que ocorreu. Seu desejo de proteger foi muito longe. O sorriso de Sarah a Joley foi gentil. — Tem razão, céu. Deveria nos haver contado o que ocorreu. Tem alguma outra má notícia com a que não queira nos preocupar? Joley vacilou durante um breve momento, depois deu de ombros. — Sinto muito. Deveria ter mencionado a névoa estranguladora. Tem alguma idéia do ridículo que isso soa? —Estalou em gargalhadas. Kate se uniu a ela. — Tenho que admiti-lo, atirou-me coroas de Natal. — E ninguém vai acreditar que a névoa me empurrou pelo escarpado. —Disse Elle com um pequeno sorriso. — Isto irá a alguma parte de nosso jornal e em nenhum outro lugar mais! — Eu decidi contar a nossos filhos. —Anunciou Matt. — É uma grande história para ao redor de um fogo de acampamento e não vão acreditar de todos os modos. Acreditarão que é um conto brilhante. — Filhos? —Joley elevou uma sobrancelha. — Eu adoro a idéia de Kate tendo filhos. Os Granite não têm meninos? Grandes moços famintos? —Suas irmãs irromperam em risadas enquanto Kate cobria o rosto gemendo. — Não está ajudando, Joley. —Disse Matt, colocando os braços protetoramente ao redor de Kate para que ela pudesse ocultar o rosto contra seu ombro. — Não aceitou se casar comigo ainda. Não a espante com a idéia de pequenos correndo por toda parte. Sara continuava estudando o fluxo de cera sobre a lateral da vela. — Vê alguma outra coisa que pudesse ser útil nesse livro, Elle? Elle esfregou o galo de sua cabeça e franziu o cenho para as grandes páginas. — Não havia uma só religião predominante no povoado no momento em que os primeiros habitantes se estabeleceram aqui. Uma facção celebrava o nascimento de um Deus pagão. Isto é muito interessante. —Elle levantou a vista para suas irmãs. — Muitos dos colonos vieram juntos para celebrar suas diferenças, incapazes de viver em nenhum outro lugar. Os pais fundadores queriam um refúgio seguro junto ao mar, o lugar que visualizaram um dia teria um porto para fornecimentos. Realmente diz muito sobre os fundadores do povoado e nos dá uma idéia de por que a gente daqui é tão tolerante com outros. — E explica por que nossa gente se estabeleceu aqui. Kate esfregou o nariz contra a garganta de Matt. — Se lembro bem da minha avó e suas lições de história corretamente, ela dizia que o Natal foi lento em estabelecer-se na América, que os colonos não a celebravam e que em alguns lugares na realidade estava proibido. — Isso é certo. —Joley estalou os dedos. — Era considerado um ritual pagão em alguns lugares. Mas isso foi muito antes que se fundasse este povoado, verdade?. —Apartou o cabelo
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de Elle de seu rosto e o recolheu em um rabo-de-cavalo. — Tem isso algo a ver com tudo que está ocorrendo? — Obrigado, Joley. —Disse Ela. Alisava as páginas gastas. — As pessoas do povoado queriam celebrar o Natal e fazer um desfile. Pediram a todo mundo que participasse apesar de suas crenças, só pela diversão. Trataram-no mais como uma peça teatral, uma produção que incluía a todos os membros do povo, pretendia ser divertida mais que religioso. —Levantou o olhar com um pequeno sorriso. — Libby, nossa “tataratataratataraavô” tinha sua mesma caligrafia interessante. Deixando de lado a linguagem, tenho que decifrar a pior caligrafia sobre a face da terra. — Eu não tenho a pior caligrafia sobre a face da terra. —Libby atirou um pequeno travesseiro a sua irmã, falhando por grande distancia. — Há algo mais na cera. —Disse Sara. — Todas vocês, olhem isto! Digam-me o que vêem. As irmãs se amontoaram ao redor da vela de arando. Kate inclinou a cabeça, estudando-a desde cada ângulo. — De onde tirou esta vela, Sara? É uma das que fez mamãe? — Sim, mas não sabia que faria isto. — Uma vela é um símbolo natalino? —Perguntou Matt. — Sim; alguns dizem que a luz da vela alivia a escuridão impossível de ser parada. — Respondeu Kate. — Minha mãe faz umas velas incríveis. — Posso imaginar. Todas fazem isto? —Matt assinalou à cera que fluía. — É um rosto, acredito. —Disse Sara. — Olhe, Abbey, não acha que é um rosto? — Isso não me surpreenderia. —Matt esquadrinhou o espesso charco de cera. — O espírito encontrou pés, um casaco, chapéu e ossos, por que não conseguir um rosto? Inclusive se for feita de cera. Tem olhos? Possivelmente queira nos dar uma boa olhada. — Ugh. —Kate fez uma careta. — É uma idéia horrível. Nunca poderia utilizar uma das velas de mamãe para isso. Mamãe destila uma magia curadora e consoladora em cada uma delas. Fomos nós que nos esquecemos de guardar nossa casa. Ela insistiu em que nos asseguremos cada vez, mas simplesmente fomos complacentes. Não esquecerei esta lição em muito tempo. — Eu tampouco. —Esteve de acordo Joley. — Acredito que agora o encontrei. —Disse Elle excitada. — A maior parte queria participar com exceção de um pequeno grupo de crentes no deus da terra. Acreditavam que o desfile era uma celebração cristã e sentiam que estava mal participar. Um dos mais faladores disse que o desfile era malvado e que os que participassem seriam castigados. Seu cunhado Abraham Lynchman, foi contra seu conselho e permitiu que sua esposa e seu filho tomassem parte. Como ele fez frente a Johann, o resto do grupo também decidiu unir-se ao povo no desfile. — Este Johann se zangou porque seu rebanho estava fora de seu controle? —Perguntou Joley. Elle elevou a mão para pedir silêncio. Sua mão foi à garganta. Matt notou que a mão lhe tremia.
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— Todo mundo ajudou na produção, trazendo velas feitas à mão e lanternas. O pastor reuniu várias ovelhas com sua fortificação e as ovelhas escaparam e correram entre a multidão. Nenhuma das irmãs riu. Observavam a face de Elle intensamente. Matt olhou pela janela para ver a névoa solidamente em seu lugar. Por alguma razão, seu coração começou a palpitar. O estranho radar que sempre lhe dizia que se aproximava o perigo estava lhe chiando, inclusive ali na calidez e segurança da casa Drake. — As pessoas estavam se divertindo, rindo enquanto as ovelhas se apressavam entre a multidão com o pastor correndo atrás delas. As ovelhas se aterrorizaram e correram diretamente ao interior do pequeno refúgio que o povo tinha erigido para utilizar como estábulo na representação. O refúgio se derrubou, golpeando várias velas que caíram sobre a palha seca. O fogo se estendeu pelo chão e através das pranchas de madeira que constituíam o refúgio. Vários participantes estavam apanhados sob os escombros, incluindo a mulher e o filho de Abram. —Elle tinha um soluço em sua voz. Sacudiu a cabeça. — Não posso ler isto. Não posso ler as palavras. Anastásia, a que escrevia o jornal, estava ali e viu tudo, ouviu os gritos, viu-os morrer. Suas emoções estão apanhadas no livro. Não posso lê-lo, Sara. —Soava como se estivesse implorando. Matt quis reconfortá-la. A sensação era tão forte que realmente caminhou para ela antes de compreender que estava sentindo as emoções das irmãs de Elle. Apressaram-se a seu lado, Sara lhe tirou o livro das mãos, Kate a rodeou com seus braços. As outras a tocaram, ajudando a absorver as antigas e fortíssimas emoções ainda obstinadas às páginas do jornal. — Sinto muito, carinho. —Disse Sara gentilmente. — Deveria ter pensado nisso. Na realidade já passou por muito. Kate, acha que pode fazer uma idéia do que ocorreu a seguir? Não lhe pediria isso, mas é importante. —Ofereceu o livro a Kate. Matt quis lhe tirar o livro das mãos e atirá-lo. — Kate teve suficiente dessa coisa, Sara. Não pode lhe pedir que faça nada mais. — Estava furioso. Já era suficiente. — Elle quase morre aí fora. Se não fosse pelo Jackson, o teria feito. Não tem nem idéia do milagre que é que não terminar no fundo do oceano. Kate colocou uma mão tranqüilizadora sobre seu braço. Sara simplesmente assentiu. — Compreendo o que estou pedindo, Matthew e não te culpo por estar zangado. Não quero que Kate toque o jornal, mas a verdade é que se não sabermos por que este espírito faz as coisas que faz, alguém poderia muito bem morrer. Temos que saber. Kate tomou o livro da mão de Sara. Matt murmurou uma réstia de maldições e se afastou delas, sentindo-se impotente. Todo seu treinamento, tantas habilidade de sobrevivência pareciam totalmente inúteis nesta situação pouco familiar. Não queria olhar Kate, não queria presenciar a tensão e o cansaço em seu rosto, olhou duramente para a vela de arando e o extravagante fluxo de cera. Olhou e olhou, com o coração subitamente na garganta. Aproximou-se um passo mais, olhando com uma espécie de terror. — Katie. —Sussurrou o nome porque ela era seu mundo, seu talismã. Porque a necessitava. Kate lhe rodeou com o braço, lhe sustentando. Matt não podia apartar os olhos do rosto na cera, rezando por estar equivocado. Sabendo que estava certo. Ela baixou o olhar e ofegou. — Danny. É Danny.
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Capítulo 13 Agora meu último presente, um especial, Uma fortificação de caramelo para um filho especial, Ele observa e guarda e conhece a terra, Mas não o suficiente para evadir minha mão.
M
att tomou Kate pelos ombros e a colocou de lado. Agarrou-lhe, mas ele já estava se movendo velozmente para a porta dianteira.
— Danny está no ensaio do desfile. —Recordou-lhe Kate. Correu atrás dele, atirando o jornal ao chão, tentando lhe manter o passo. Hannah agarrou o casaco de Kate e se apressou depois dos dois. A névoa obstruía a visão de Matt, mas podia ouvir as mulheres. — Volta, fica na casa, Kate. É muito perigoso. —Sua voz foi severa. Autoritária. Provocou em Kate um estremecimento. Não soava absolutamente a seu Matthew. — Vou com você. Fica à esquerda. O caminho conduz colina abaixo até a estrada. Se cruzarmos às três sequóias, como fizemos a outra noite, terminaremos perto do atalho até o povoado. —Kate seguiu o som da voz dele. Hannah agarrou sua mão e a sustentou com força. — Kate, demônios, desta vez me escute. Tenho que encontrar o Danny e não quero ter que me preocupar com o que te ocorra. Kate desejava que tivesse zangado, mas o tom de Matt era assustadoramente frio. Gelado. Apertou os dedos ao redor da mão de Hannah, mas continuou apressando-se ao longo do estreito caminho. — Hannah está comigo, Matthew e vai precisar de nós. —Manteve a voz muito tranqüila, mais ainda. Lamentava por ele e compartilhava seu crescente alarme pela segurança de seu irmão. Os rasgos da cera eram definitivamente os de Daniel Granite. Tinha um forte pressentimento da desgraça iminente. Hannah se apertou contra ela. —Vai ocorrer esta noite, Katie. —Sua voz tremia. — Deveríamos tentar esclarecer a névoa agora? Matt se ergueu assustadoramente diante dela, as surpreendendo agarrando Kate pelos ombros. — Não vá comigo. Vá com suas irmãs e operem sua magia. Esclarece a névoa do povoado e desta vez nos libere dela. Eu farei o que possa para manter Danny vivo. Estou a salvo, Kate. —Seus olhos cinza se tornaram de aço. — Preciso saber que está tão a salvo como é possível neste caos. Abraçou-lhe somente um momento, depois assentiu.
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— Estaremos na ameia do capitão, onde podemos atrair melhor o vento. Matt deu um beijo duro sobre sua boca, virou e se apressou pelo estreito e bem marcado caminho. Sua mente corria repassando a rota que estava acostumado a utilizar os atores do desfile. Tinham percebido que se elevava a névoa e se resguardaram em um dos negócios ao longo da rota ou tinham seguido adiante com os planos do ensaio? Matt chegou à estrada e escutou durante um momento em silêncio. Não podia ouvir nenhum carro, mas a névoa parecia capaz de amortecer qualquer som. Ainda assim, não queria esperar. Sentia uma terrível sensação de urgência, de que seu irmão estava em perigo iminente. Amaldiçoou enquanto corria quase cego na névoa. Foi somente seu treinamento que evitou que se desorientasse. Movia-se mais por instinto que por visão, abrindo passo para a praça do povoado. A maior parte das reuniões do comitê se realizavam em um edifício comercial perto da loja de comestíveis. Os atores supunha-se que estariam ensaiando, embora ele duvidasse que Inês deixasse que uma pesada névoa e alguma entidade que ela não podia ver mudasse seus planos. Ouviu um grito e os sons do pânico e seu coração falseou. — Danny! —Gritou o nome de seu irmão, utilizando todo o volume de sua voz para penetrar os gritos que chegavam da névoa. Seguiu o som das vozes, não para a praça a não ser longe dela, de volta ao parque ao redor do povoado onde o rio trovejava baixando através do canhão para encontrar-se com o mar. A parede com o passar do rio estava somente a um metro de altura, feita de pedra e morteiro. Quase correu em sua pressa por alcançar Danny. No último momento sentiu a obstrução e virou correndo em paralelo para os lamentos. Estava aproximando-se do som dos gritos e chamadas. Ouviu Inês tentando acalmar todo mundo. Ouviu alguém pedindo a vozes uma corda. O rio, apressando-se sobre as rochas, acrescentava-se ao caos em meio da pesada névoa. — Danny! —Chamou de novo Matt, tentando dominar seu medo por seu irmão. Danny teria lhe ouvido e respondido. Justo diante dele, Donna, a proprietária da loja de presentes local, apareceu de repente. Seu rosto estava branco e cansado. Agarrou-a pelos ombros. — O que ocorreu, Donna? Conte-me! Aferrou-lhe ambas as mãos para estabilizar-se. — A parede cedeu. Um grupo de homens estavam sentado nela. Seu irmão, o jovem menino dos Granger, o filho do Jeff e outros possivelmente. Simplesmente desapareceram para baixo pelo aterro e todas as rochas lhes seguiram como uma avalanche. Não podemos os ver para lhes ajudar. Ouvem-se alguns gemidos e ouvimos chamadas de socorro, mas não podemos lhes ver absolutamente. Tentamos formar uma cadeia humana, mas o banco é muito pronunciado. Jackson passou pela borda por sua própria conta. Arrastava-se. Ouvia um terrível rangido, agora está em silêncio. Estava tentando ir em busca de um telefone para pedir ajuda. Os telefones celulares simplesmente não funcionavam ali. — O que estava fazendo Jackson aqui? —Sabia que o ajudante do xerife nunca participava do desfile do povoado. — Jonas está aqui também? —Enquanto falava se movia ao longo da parede, procurando com as mãos gretas, levando Donna com ele. — Jackson passava por aqui quando a névoa se espessou. Estava preocupado por nós, acredito, assim ficou. Não vi Jonas.
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— Não vagabundeie nesta névoa. Com sorte, Kate e suas irmãs a moverão por nós. — Tocou-lhe o braço para tranqüilizá-la e a deixou, continuando a busca da greta na parede com a mão estendida. Quando a encontrou, amaldiçoou brandamente. Sabia que a seção de parede estava sobre uma queda pronunciada e o rio abaixo tinha uma corrente rápida sobre várias rochas inundadas. O banco estava com rochas de todos os tamanhos, com poucos cabos para sujeitá-las em seu lugar se algo as fizesse rodar. — Danny! Jackson! —Sua chamada encontrou um estranho silêncio. Começou a engatinhar para baixo pelo banco, distribuindo seu peso sobre o estômago, procurando com as mãos antes de deslizar-se para frente. Foi cuidadosamente lento. Não queria deslocar mais rochas para o caso de seu irmão ou qualquer outro ainda estivesse vivo e no caminho da avalanche. Os dedos de Matt encontraram uma perna. Obrigou-se a permanecer em calma e utilizou as mãos para identificar o homem. Jackson estava inconsciente e havia sangue gotejando de sua cabeça. Nas condições quase de cegueira era impossível avaliar o grave de sua ferida, mas Matt percebeu sua respiração quase superficial. Algo se moveu a um braço sob o Jackson. Matt seguiu o braço estendido e encontrou outro corpo. O menino Granger. Matt sabia que tinha dezesseis ou dezessete anos. Um bom pirralho. O menino se moveu de novo e Matt lhe advertiu que ficasse quieto, temendo que perturbasse as rochas. — Está bem, garoto? —Perguntou. — Meu braço está quebrado e me sinto como se tivesse me passado por cima um caminhão, mas estou bem. O ajudante me disse que não me movesse e a seguinte coisa que soube é que ele dava um salto mortal e se estrelava com força contra a rocha aí mesmo. Não se moveu. Está morto? — Não, está vivo. O que aconteceu aos outros? E a Danny? —Engatinhou ao redor do Jackson para chegar ao menino, tomou o pulso e passou as mãos sobre ele para lhe examinar em busca de outras feridas. — Tommy Dockins caiu também. Danny tentou lhe empurrar para um lado quando começou o deslizamento. Na realidade não tivemos tempo. Não vi nenhum dos dois, mas Tommy gritou pedindo ajuda uma par de vezes. Entretanto não posso dizer em que direção. O menino soava metálico e distorcido na névoa e sua voz tremia, mas jazia tranqüilamente e não cedia ao pânico. — Seu nome é Pete, não é? Pete Granger? —Perguntou Matt. — Sim, senhor. — Bom, vou deslizar-me ao redor de você e ver se posso localizar o Danny e Tommy. Não se mova. A névoa se dissipará logo e Jonas está a caminho com a patrulha de resgate. Se você se mover, enviará o resto dessas rochas para baixo sobre os outros e sobre mim. Entendeu? — Sim, senhor. — Voltarei tão rápido como posso. —Matt olhou em direção a casa do escarpado, onde a família Drake tinha vivido durante mais de cem anos. Necessitava que as mulheres de hoje em dia obrassem sua magia, apartando a névoa para ter assim uma oportunidade de salvar seu irmão e o Tommy e conseguir que Jackson e Pete ficassem a salvo.
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— Vai pequena. —Sussurrou, esperando que as nuvens formadas em redemoinhos levassem sua voz até ela. — Faça por mim. Esclarece essa coisa. Como se pudessem ouvir suas palavras, as sete irmãs Drake se moveram juntas saindo a ameia e encarando o mar. Libby e Sara tinham os braços enredados ao redor de Elle para ajudá-la a manter-se em pé em meio da névoa. — Este espírito aflito sofre uma terrível dor e não acredita que pode haver perdão por seu engano. Não pode perdoar si mesmo pelo que acredita que foi um mau julgamento. Estou segura de que seu motivo foi afogar toda a pena que ele sente. Acredita que detendo o desfile, a história não se repetirá. Viveu este incrível pesadelo repetidamente e precisa ser capaz de perdoar-se e ir descansar. — Elle olhou para Kate. — Seu dom foi sempre sua voz, Kate. Acredito que o jornal se refere a você. Nascida para proporcionar paz. Kate só podia pensar em Matt, em alguma parte fora na névoa. Não queria estar sobre a ameia do capitão encarando outra luta, queria estar com ele. Era a primeira vez em sua vida que se havia sentido tão dividida rodeada de suas irmãs. Soube nesse momento que seu lugar era com Matthew Granite. Não importava que fosse uma observadora e ele um jogador, amava-lhe e seu lugar estava com ele. Como se estivesse lendo sua mente, Hannah agarrou sua mão, apertando-a firmemente. — Ele conta com você para fazer isto, Kate. Conta com todas nós. Kate tomou um fôlego tranqüilizador e assentiu. Afastou-se de Hannah, sabendo que ela necessitaria de espaço. Voltando o rosto ao pequeno povoado invadido pela névoa, Kate começou a cantarolar brandamente. Uma petição, não mais, uma suave súplica de ser escutada. Sua voz foi levada pela menor das brisas enquanto Hannah olhando o mar elevou os braços, dirigindo o vento como poderia ter feito com uma orquestra. Junto a Kate, Joley e Abbey começaram a cantar, uma suave melodia de amor e paz, harmonizando com a incrível voz de Kate de forma que pronunciavam uma sinfonia de esperança. O poder começou a constituir o próprio vento, no alto do céu. O relâmpago se apoio nas nuvens. Kate falava de perdão, de amor incondicional. De um amor à família que transcendia o tempo. Chamava e adulava. Implorando ser ouvida. — Está meio enlouquecido. —Informou Elle. — Está lutando com a chamada. Está decidido a evitar que ocorra o acidente. Não há vida passada nem vida futura para ele. Só observa sua mulher e seu filho morrerem de uma maneira horrível uma e outra vez, ano atrás de ano. —Cambaleou sob a carga da culpa do homem, de sua perda. Kate não vacilou. Matt estava lá fora em alguma parte em meio da névoa e sentiu que ele a buscava, contando com ela. E soube que ele estava em perigo. Falou das pessoas do povoado unidas com cada crença representada. Dos velhos e jovens recebendo o mesmo respeito. Falou de um lugar que era um autêntico refúgio para a tolerância. E falou de perdão. De seguir adiante. O poder se propagou com o vento crescente. O oceano saltou em resposta. Uma manada de baleias saiu à superfície, movendo as caudas, quase ao uníssono, como se criassem um ventilador gigante. A voz de Joley, de uma pureza que não podia ser ignorada, cresceu de volume, tomando a dianteira enquanto a voz de Abbey se unia em perfeita harmonia. A voz da Hannah chamava os elementos que conhecia e amava. Terra. Vento. Fogo. Chuva. O relâmpago estalou. O vento soprou. A chuva se verteu das nuvens. E ainda assim o
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poder continuou crescendo. Suas mãos se moviam em um gracioso patrão como conduzindo uma sinfonia de magia. Kate atraiu ao espírito até ela com promessas de paz. Descanso. Uma família esperando com os braços abertos, lhe apreciando sem lugar para a culpa. Um acidente, não a mão de um antigo deus furioso porque ele tinha permitido que seus seres queridos participassem de algo diferente. Simplesmente um desafortunado acidente. Joley cantou sobre o Natal, passado, presente e futuro. Sobre um povo comprometido para que todos os membros celebrassem juntos em uma variedade de formas. De festivais para antigos deuses e um traje de gala para os que não acreditavam. As duas vozes se mesclaram, uma cantando e a outra contando histórias, tecendo uma criação sem costuras que atraía à alma perdida de volta para casa. Abbey elevou finalmente sua voz, uma chamada para que os perdidos dessem a bemvinda aos seres queridos. Como ela podia arrancar a verdade, falou da verdade. Acrescentou sua voz as outras, prometendo paz, descanso e sonho final nos braços daqueles ao que ele mais amava. — Está chegando. Está começando a acreditar, quer aproveitar a oportunidade. —Disse Elle. — Vacila, mas está tão cansado e a idéia de ver sua esposa e seu filho e descansar entre seus braços é irresistível. Libby elevou os braços com Hannah, enviando a promessa de cura, não do corpo, mas sim da mente e da alma. Acrescentou seu poder à força do vento, acrescentando sua energia curadora à paz consoladora de Kate. O vento incrementou sua força, soprando com a força de um pequeno vendaval, rasgando através de Seja Haven, reunindo a névoa, guiando-a de volta ao mar. Para a casa do escarpado e as sete mulheres que permaneciam em pé sobre a ameia, mão com mão. As vozes femininas carregavam incrível poder através do ar, terra e mar. Elevando o vento. Chamando. Prometendo. Conduzindo. E a névoa respondeu. O espesso vapor cinza se girou por volta do mar, vagando relutantemente a princípio, fiapos apalpando o caminho, indecisa e temerosa. As vozes se incharam de força. O vento soprou através da névoa. Elle se estendeu em busca de Kate. — Agora, Kate. Vá por ele agora. Kate nunca deixou de falar com sua voz sedutora, mas fechou os olhos e entrou deliberadamente no mundo das sombras. Ele estava ali. Um homem alto e fraco arrasado pela pena. Olhava-a e sacudia a cabeça tristemente. Estendeu a mão para ele. Junto a ela, Elle se esticou quando uma criatura bestial com olhos brilhantes e pelagem olhou Kate com ódio. As trepadeiras serpeantes rastejaram, enrolaram-se e vaiaram como se estivessem vivas, desejando agarrar a sua irmã. Elle se moveu então, as mantendo atrás com a pura força de seu poder, dando a Kate o tempo necessário para atrair o espírito de Abraham até ela. Kate contou uma história sobre o amor de um homem por sua esposa e seu filho. Um homem que tomou a valente decisão de ir contra o que outros diziam que era correto e permitir que sua família participasse de uma produção desenhada para unir às pessoas. Falou de risada e diversão e seu orgulho por sua família enquanto lhes observava. E do horror de um terrível acidente. As velas e a palha seca, pranchas pesadas caindo sobre tantos. O homem observando como seus seres queridos morriam. A culpa e o horror. A necessidade de culpar alguém... De culpar a si mesmo.
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Joley e Abbey cantavam brandamente, a voz de uma mulher e um menino pediam ao que amavam que se unisse a eles. Kate utilizou a pureza de sua voz, tons chapeados para lhe atrair mais perto. A mulher e o menino esperavam. Amando. Desejando-lhe. Seu único trabalho era ir com eles, perdoar a si mesmo. Não havia ninguém a quem salvar, exceto a si mesmo. Kate manteve a mão estendida e assinalou atrás dele. As nuvens de escura névoa cinza se fizeram a um lado. Ele se virou para ver as sombras ali. Uma mulher. Um menino. Longe na distância, esperando. Houve um guincho como o de uma gaivota. As ondas se estrelavam contra o escarpado, elevando-se alto e espumando de branco. O relâmpago cobriu as nuvens, apoiou-se dentro do mesmo centro da névoa. O estalo iluminou as sombras, tirando Kate desse mundo e de volta a sua própria realidade. Aterrissou pesadamente sobre a superfície úmida da ameia do capitão e em meio de suas irmãs. Libby a abraçou. — Está bem. Agora tudo vai ficar bem. Você o fez Kate. Deu-lhe paz. —Disse Sara. — Fizemos. —Corrigiu Kate com um sorriso macilento. Sentaram-se juntas, muito fracas para mover-se, a chuva as empapava. Sara voltou a cabeça para calcular a distância até a porta. — Damon estará logo aqui com o chá, mas não acredito que possa carregar todas de volta pata dentro. Elle se derrubou sobre Abbey. — A quem se importa em ir para dentro? Só quero me estender aqui e olhar o céu. — Quero saber se Matt está a salvo e se pôde chegar até o Danny. —Disse Kate. — Quando Damon subir, por favor, lhe diga que chame Jonas. Matt cavou cuidadosamente sob o terreno do aterro, movendo rochas até que se voltou impossível seguir mais à frente. Não teve mais escolha que passar sobre elas. — Sou Tommy, não Kate. —Uma voz chamou fracamente a sua direita. Matt não compreendeu até esse momento que estava sussurrando o nome dela uma e outra vez como uma oração. Levantou o olhar ao céu, sentindo o vento na face, as primeiras gotas de chuva real. Sentiu o poder e a energia rangendo no ar a seu redor. — Obrigado, Katie, é incrível. —Disse-o fervorosamente, sentindo-o. Já a névoa começava a dispersar-se fazendo que pudesse divisar o menino estendido a uns poucos metros dele. — Está ferido? — Não acredito. Embora não sei o que ocorreu. Em um minuto estava caindo da cerca e rodando e a seguir Danny me empurrava. Despertei faz uns minutos e quando tentei me mover, movi várias rochas. Não sabia onde estavam todos, assim pensei que o melhor era simplesmente espera até que chegasse ajuda. Matt seguiu estendido, procurando cuidadosamente Danny. O vento percorreu o canhão e trocou bruscamente, voltando para trás fora do rio. Captou com uma olhada seu irmão um pouco mais à frente. Danny estava estendido de boca para abaixo no escarpado sobre a borda da água, parcialmente enterrado sob os escombros. Não se movia. O pulso palpitou nas têmporas de Matt. Obrigou-se a ir para o menino e lhe examinar primeiro. — Estará bem. Só fique aí até que possamos te ajudar. Vou olhar Danny. Tomou um profundo fôlego e gritou para cima.
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— Donna? Jonas já está aí? — Está a caminho com a patrulha de resgate. —Gritou ela em resposta. — Vou descer até o Danny. Todos os outros estão vivos. Jackson parece o pior. Poderia ser uma contusão. Toda a ladeira da montanha é instável. Diga-lhes que tomem cuidado ao mover-se aí acima até que possa chegar e tirar Danny fora da zona de avalanche. Matt tocou o adolescente e procedeu com seu dolorosamente lento processo através das rochas. O menor correr de pedras poderia provocar uma tremenda tormenta de rochas sobre seu irmão. Avançou pouco a pouco e com dificuldade pelos escombros até que alcançou o flanco de Danny. Danny estava em precário equilíbrio na borda do aterro. Na realidade as rochas tinham salvado sua vida, lhe sujeitando no chão. Matt era muito gentil enquanto examinava seu irmão. Não pôde encontrar nem um só osso quebrado, mas havia várias lacerações, particularmente nas mãos de Danny. Seu rosto tinha sido golpeado com dureza contra o chão. Cuidadosamente lhe voltou a cabeça, limpando a sujeira da boca. Danny tossiu e as rochas se deslizaram. Algumas se moveram e outras caíram rio abaixo. — Não se mova Danny, nem sequer tussa se puder contê-lo. —Instruiu Matt. — Nos diga o que precisa Matt. —Gritou-lhe Jonas. — Consegui mover Danny. Quando o faço, tudo sobre ele se desliza. Terá que tirar daí o Pete e o Jackson. Quando os mover, Jonas, não movam as rochas. Se tirar Danny agora, há possibilidade de que percamos aos dois. Eu protegerei meu irmão, só trabalha rápido. Matt sabia que Jonas não se incomodaria em discutir com ele. Não havia forma de que Matt deixasse seu irmão pendurado na borda de um rio, com uma avalanche de rochas ameaçando deslizando-se. As irmãs Drake tinham conseguido o milagre de eliminar a névoa, mas ainda havia um trabalho perigoso a fazer. — Não esqueçam de mim. —Chamou Tommy. — O tiraremos. —Prometeu Jonas. — Vá ficar bem, Danny boy. —Disse Matt, limpando mais sujeira do rosto machucado. — Sai daqui, Matt. —Danny com muita dificuldade vocalizava as palavras. — Respirar move as rochas. Se estão trabalhando acima, as pedras esmagarão a ambos. — Tenha um pouco de fé, irmão, é Jonas que está acima. Está ferido? — O que te parece? Matt ouviu o trovão ameaçador sobre ele. — Chegando. —Gritou Jonas sobre eles. Matt moveu a parte superior de seu corpo para proteger a cabeça de Danny. Colocou os braços sobre sua própria cabeça e tentou encolher-se, as pedras caíram golpeando a umas poucas mais que estavam soltas. As rochas choveram para baixo e salpicaram o rio. Uma ricocheteou contra seu crânio e rodou longe, desalojando mais rochas antes de golpear a água. — Demônio, tome cuidado. —Matt podia ouvir Jonas grunhindo a equipe de resgate. — Se não podem movê-los sem provocar um desmoronamento, então demônios voltem a subir e deixem que o faça algum outro! Tudo bem aí embaixo, Matt? — Estamos bem. Só tomem cuidado. —Respondeu ele.
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— Você pesa mais que as rochas. —queixou-se Danny. — Merece isso, por me assustar assim. Algo quebrado? — Não. Sou um Granite. Somos duros. Matt esfregou a cabeça de seu irmão com um gesto rude e afetuoso. Levantou o olhar. — Temos Jackson e os garotos acima de nós. Quando movê-los, Danny, todo o lado do aterro vai vir abaixo. Não poderei ser muito gentil, mas não vou deixar que te aconteça nada. — Demônio, só me tire daqui. Não foi tarefa fácil. Os resgatadores baixaram centímetro a centímetro e trabalharam em um plano coordenado para mover Danny, sabendo que uma vez que o puxassem tirando-o de debaixo da pilha de rochas se produziria uma avalanche. Matt permaneceu junto a seu irmão, brincando, mantendo alto o ânimo de Danny. Os homens tiraram tantas rochas de Danny como puderam, sem detonar o desmoronamento. Foi somente a suave terra úmida que salvou Danny de ficar terrivelmente ferido ou morto. Seu corpo estava profundamente pressionado contra o barro. Cavaram ao redor dele com esmerada lentidão, cuidando de não perturbar o precário equilíbrio de rochas suspensas sobre suas cabeças. — Preparado, Danny boy? —Foi Matt quem estreitou o braço de seu irmão. — Mais que preparado. —Havia medo nos olhos de Danny, mas piscou um olho a seu irmão mais velho e forçou um sorriso débil. Matt não esperou. Tinham tanto espaço no terreno como era possível, tirando-o do caminho do desmoronamento para que Matt tivesse um campo claro no aterro para arrastar Danny rapidamente fora de perigo. Exerceu sua grande força, puxando seu irmão e tirando-o de debaixo das rochas, movendo-se tão rápido como era humanamente possível. As rochas imediatamente se chocaram contra o rio, começando a avalanche. As pedras de acima, sem nada que as sujeitasse, rodaram para baixo, levando a maior parte do aterro com elas. Matt cobriu o corpo de Danny pela segunda vez, esperando até que os escombros estiveram limpos. Danny tentava levantar-se, mas seu irmão lhe mantinha sujeito. — Me fez descer aqui e ficar no barro com você, assim fique quieto e deixe os médicos carregarem seu traseiro até o hospital e fazer uma verificação. — Estou bem. —Protestou Danny, enquanto lhe atavam com correias a uma maca. — Sinto-me como um idiota. —Disse. — Isso é bom, Danny. É um idiota. —Matt tomou posição à cabeça da maca para ajudar a lhe levar para cima pela pronunciada encosta. Ainda foram cautelosos, preocupados com as condições instáveis, mas as arrumaram para lhe levar acima sem incidentes. Danny protestou mais quando lhe colocaram na ambulância, mas ninguém lhe deu nenhuma atenção. Matt saltou junto a ele, mantendo uma mão sobre o ombro de seu irmão. Não foi até que os médicos disseram que Danny estava machucado, mas bem. Matt lhe deixou para ir ver Jackson e os adolescentes. Voltou para a casa do escarpado. Estava cansado e só queria abraçar Kate. As irmãs Drake estavam tombadas em cada cadeira do salão, pálidas e cansadas, mas todas lhe saudaram com seus brilhantes sorrisos. Matt aproximou Kate dele, mantendo-a perto. Tudo o que queria era levá-la para casa com ele, onde pertencia. Parecia exausta e necessitada de comida e dois ou três dias de sono.
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Kate se aferrou a ele, virando o rosto para cima em busca de seu beijo, esfregando-se contra ele. — Ouvi que houve um acidente na parede do rio. —Saudou ela. — Todo mundo está bem. Machucados, mas bem. Jonas passou por aqui? Ela sacudiu a cabeça. — Inês chamou para assegurar-se de que estávamos todas bem. Sabia que devíamos ter dissipado a névoa e que estaríamos exaustas. Contou-nos o que ocorreu. Jackson está no hospital, mas os dois meninos foram tratados. Disse que Jackson vai ficar bem. —Seu sorriso foi lento em chegar, mas brilhante. — Tenho a sensação de que será um paciente terrível. — De certo modo acredito que tem razão. Danny foi tratado e teve alta também. Está machucado da cabeça aos pés, mas não tinha nenhuma só ferida importante. —Havia júbilo na voz do Matt. — Espera que Inês aumente sua participação o ano que vem no desfile devido a seu, entre aspas, "heroísmo". Foi uma sorte, Kate. Obrigado por tudo que fez. — Fizemos todas. Nunca poderia ter feito isso sem minhas irmãs. Alegro-me tanto de que seu irmão esteja bem. O desfile não será o mesmo sem ele em seu habitual papel de pastor. Falando do desfile... —interrompeu-se quando suas irmãs estalaram em gargalhadas. A cabeça de Matt se elevou suspeitamente. Estava começando a conhecer as irmãs Drake e suas risadas pressagiavam problemas para ele. Estava seguro. — Inês enviou o disfarce que fez para o terceiro rei mago. Um rei. —Disse Kate alegremente. — Perguntou se você estaria disposto a fazer o papel no último minuto e é obvio que com a Inês tão aflita dissemos que estávamos seguras de que você adoraria ajudar. Ele se esticou. — Estaria melhor cozido em azeite. — A atuação corre nas veias de sua família. —Assinalou ela. Ele levantou a mão. — Não pode me olhar com esses olhos enquanto está débil e cansada, isso são táticas injustas. — Sei Matthew. —Disse ela. — Tentei não aceitar, mas Inês é tão boa amiga e não poderia suportar que estivesse tão alterada. O desfile é importante para o povoado depois dos recentes acidentes. Precisamos recuperar nossa confiança. — E tenho que estar no desfile para que nosso povoado consiga isso? —Arqueou uma sobrancelha ceticamente. — Tudo o que tem que fazer é passear pelo povo. Não há texto, nada terrível. Não se importa, não é? — Estar desejando arder em azeite em vez disso te soa que quero fazê-lo? Ela girou a face em seu peito. Pressionando os lábios contra sua pele. Ele grunhiu, profundamente em sua garganta. O grunhido se converteu em um gemido. — Posso ver como vai ser minha vida a partir de agora. Farei. Esta única vez. Nunca mais.
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— Obrigada. —Lhe beijou de novo. — Só quero ir para casa com você e dormir entre seus braços. —Disse, sem lhe importar que sua família pudesse ouvi-la. — Vamos para casa, Matthew. Matt a beijou gentilmente seus lábios, sua garganta, levando sua mão à boca enquanto o júbilo se alagava. Ela havia dito, "Vamos para casa". Levantou-a com facilidade. — Cuidarei bem dela. —Prometeu a sua família. Sara assentiu. — Temos plena confiança em que o fará, Matt.
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Capítulo 14 Todas as façanhas estão já realizadas, o perdão é meu, Enquanto duas pessoas compartilham um amor para sempre.
C
hegaremos tarde. —disse Kate, evitando a mão estendida de Matt. — Prometemos ao comitê que estaríamos lá a tempo. Não ensaiamos e todo mundo está preocupado porque vai atar sua atuação. — Não fui eu que estive de acordo em vestir essa estúpida túnica que fez Inês. Você esteve de acordo em que me pusesse isso! É culpa minha que perdeu um par de suas estrelas por um escandaloso caso? —Perseguiu-a pela casa, um passo lento. Kate riu e se esquivou ao redor da mesa, colocando uma cadeira entre eles. — As pessoas do teatro estão sempre envoltas em escândalos. Ele tirou a cadeira de seu caminho e a prendeu em um canto. — Estou mais que disposto a causar um escândalo. Deixe-me só pôr as mãos sobre você. — Eu não acredito. Provavelmente Inês está observando seu relógio e dando batidas com o pé. Não vou ganhar um sermão sobre os benefícios de ser pontual. Ponha seu disfarce! — Já tenho meu disfarce. Que rei viaja depois de uma estrela de um país a outro com uma túnica de cetim com relâmpagos com forma de queijo bordadas nela? E duvido muito que se sentasse sobre um camelo nu sob a túnica. Kate apertou o estômago, rindo tão forte que apenas pôde se sustentar sobre o balcão. — De todos os modos acredito que Inês poderia pôr objeções à idéia de que estivesse correndo por aí nu com sua túnica real. Eu, entretanto, estou bastante intrigada com a idéia. — Retrocedeu pelo vestíbulo, mantendo a palma estendida. — Digo a sério, Matthew, me repreenderá diante de todo o povo se chegar tarde. Ela se aproximava da entrada do dormitório. Os olhos chapeados brilharam com antecipação. — Se acha que isso é mais humilhante que vestir esta endemoniada túnica, que, por sinal, é dois números menos que o meu, está tristemente equivocada. Bruce teve a aventura com a Sylvia só para evitar usá-la. Ela pressionou a mão sobre a boca para evitar que emergisse um riso indigno. — Eu acredito que ficou perfeita. —Ele tinha razão, a túnica parecia completamente ridícula nele. Seus enormes músculos esticavam o tecido fazendo que se estirasse apertada sobre seus amplos ombros e suas costas. Em vez de chegar até o chão, estava a meio caminho por suas panturrilhas e por diante se abria para revelar..... Kate riu — Acredito que tem interessantes possibilidades.
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Ele abriu os braços e a agarrou, utilizando um velho ataque de futebol. Ela gritou e se virou para correr, mas a levantou e a levou até a cama, onde a deixou cair sem cerimônias. A túnica real fez seu caminho até o chão. — Eu sou o rei e exijo meus direitos. Kate pôs uma mão contra seu peito para se esquivar. — Você não tem direito. Inês te tem sob contrato e se supõe que tem que chegar a tempo. Quer todo o povo esperando por você? — Não me importaria o mínimo. —Agarrou-lhe as pernas, sujeitando-a contra a cama, evitando que se escorresse longe dele. — Acredito que todo mundo deveria esperar por mim. Tenho esta tremenda necessidade de ver seus seios. Por que não desabotoa a blusa para mim? — Esta não tem botões, oh capitalista Rei. — A quem demônio importa? —Grunhiu ele. — Livre-se da camisa. — Acredito que essa túnica lhe subiu à cabeça. —A excitação corria através dela, enroscando calor em seu centro mais profundo. Tirou a blusa obedientemente pela cabeça para que seus seios cheios se derramassem sobre as finas taças brancas de seu sutiã. — É isto o que estava procurando? —Deslizou a mão para baixo, pela pele, atraindo sua atenção para os tensos mamilos. Matt abaixou a mão para lhe abrir o zíper do jeans. — Isso exatamente. —Havia uma nota rouca em sua voz, os jogos se desvaneceram enquanto tirava o tecido do corpo dela. Deixou-lhe sua pequena tanga sexy. — Cada vez que vejo esta coisa, quero arrancar isso com os dentes. — Admitiu e se inclinou para atacar a tarefa. Kate desfrutava da sensação das mãos dele sobre seu corpo. Mãos grandes. Capazes. Quase cobrindo suas nádegas quando lhe elevou e brincou com sua pele com os dentes. Rapidamente ficou acalorada, seu corpo excitado e vivo em desesperado desejo. A idéia do desfile de Natal saiu da cabeça e tomaram seu lugar pensamentos muito mais eróticos. Sua boca estava em todas as partes, sua língua brincando e dançando, seus dentes tirando a única barreira entre ele e sua meta. Sentiu a súbita liberação quando o tecido se partiu, o ar frio mesclando-se com seu próprio calor, depois o ataque da língua aprofundando enquanto ela quase saía da cama, o ar estalando em seus pulmões com uma rajada selvagem. Só suas mãos sujeitando-a mantiveramna aberta para ele enquanto se assegurava de que não só estava preparada para ele, mas sim ardia de desejo por ele. Rindo, deslizou seu corpo sobre o dela, colocando-se sobre sua suave forma, lhe aferrando os quadris para segura-la enquanto empurrava com força, fazendo que se unissem. — Acredito que essa túnica real funciona muito bem. — Kate se arrumou para sentir melhor Matt, entre ofegos de prazer. — Possivelmente a guardarei se conseguir esta classe de resultados. —Burlou-se ele. Começou a mover-se, um lento assalto aos sentidos, conduzindo-se profundamente, necessitando seu corpo, precisando sentir a forma em que lhe acolhia. O calor e o fogo. Chamas lambendo sua pele. — Adoro te observar quando fazemos amor. —Admitiu. Era tão completamente abandonada na forma em que se entregava a ele.
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Kate adorava a forma em que ele a observava. Havia desejo gravado nas linhas de seu rosto. Havia fome nas profundidades de seus olhos. Havia aço em seu corpo e um calor ardente que a fazia flamejar, apanhada no fogo, e arder de paixão. — Eu adoro fazer amor com você. —Disse-lhe, deslizando os braços ao redor de seu corpo para atrair sua cabeça para baixo. — Isso é muito bom, Katie. —Seus dentes lhe mordiscaram o queixo e seu lábio inferior cheio. — Porque acredito que vamos passar muito tempo fazendo justamente isso. Kate se abandonou à pura glória do corpo dele conduzindo-se tão profundamente nela. A pressão cresceu e cresceu, e enterrou os dedos em seus ombros, segurando-se enquanto voavam juntos em perfeita união. Ele jazia sobre ela, lutando por respirar, tentando reduziu seu ritmo cardíaco. — Está rindo. —Observou ela. — Disse-lhe isso, toda sua família ri de mim. — Não posso evitá-lo, Kate. E estou rindo de mim. Sinto-me como uns desses homens graciosos que vão por aí com um grande sorriso em sua cara todo o tempo. Tenho a impressão de estar sorrindo todo o tempo a seu redor e isso é tão estúpido. O sorriso de resposta de Kate foi lento. Esfregou o rosto contra seu peito. — Estou começando a compreender o muito que significo para você, Matthew. Ele a beijou meigamente, suas mãos lhe emoldurando a face. — Te adoro. Por qual outra razão me poria essa horrível túnica diante de todo o povoado? Kate parecia orgulhosa. — E sabe o que estarei pensando quando chegar caminhando rua abaixo com aspecto tão sexy e real? — Direi o que será melhor que esteja pensando, Kate. —Tomou um profundo fôlego. — Será melhor que esteja pensando, "aqui chega o homem com o que tenho intenção de me casar". — Deixou um rastro de beijos ligeiros e compridos na comissura de sua boca. — Se case comigo, Kate. Passe sua vida comigo. Ela elevou o olhar para o rosto amado. Seus dedos se deslizaram através do cabelo dele em uma carícia amorosa. — Eu não escalo montanhas ou nado nos mares, Matthew. Sento-me no canto e leio livros. Não sou valente absolutamente. Tem que estar muito seguro de que é a mim quem quer. — Mais que nada no mundo, Kate. Você. Contigo tenho tudo. — Bom, suponho que essa túnica real dá sorte apesar de tudo. —Beijou-lhe a garganta, o queixo. Encontrou sua boca e verteu calor, fogo e promessas em seu beijo. Ele respondeu apenas como saberia fazer, seus braços a envolveu, seu corpo voltou para a vida, endurecendo-se e inchando-se profundamente dentro dela. Fez-lhe amor lentamente, desfrutando-o, como se tivessem todo o tempo do mundo e o povoado inteiro não estivesse esperando por eles. Fez um trabalho consciencioso. Kate se sentiu a pessoa mais importante do mundo. E a mais feliz.
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Jazeram na cama em um matagal de braços e pernas, lutando por respirar. Ela girou a cabeça para lhe olhar. — Estou pensando que deveria pôr essa túnica mais freqüentemente, Matthew. Ele soprou sua incredulidade e olhou seu relógio. — Kate! Chegamos tarde. — Disse que chegaríamos tarde. — Não tão tarde, estamos atrasando o desfile. —Apressadamente saltou fora dela, olhando ao redor em busca de sua roupa. Kate riu dele durante todo o caminho até o parque onde se reuniam os membros da produção. Ele agarrou Kate pela mão e correu através da grama até o pavilhão. — Onde estava? —Exigiu Inês, gesticulando para a enorme multidão reunida ao longo das ruas — Estão todos esperando por você. — E... — Acrescentou Danny. — Não respondia ao celular. —Sacudiu a cabeça, com as mãos nos quadris, cacarejando como uma velha galinha. — Nem sequer leva esse disfarce encantador que Inês fez para você. O que esteve fazendo? — Levantou as sobrancelhas para Kate. — Parece estar bem, Danny. —Respondeu Kate. Mexeu seus cabelos afetuosamente. — Estou bem, mas não diga a Trudy, está me mimando. E mamãe é pior. Inês não fazia mais que dar batidas com o pé. — Por que chegou tarde? — Kate me atrasou. —Disse Matt a Inês e os interessados do grupos de atores se esmagaram uns contra outros para ver os foguetes enquanto Inês olhava furiosamente para Matt. Ele trocou um longo e lento sorriso com Kate enquanto escutava cortesmente Inês. — Eu acredito. —Disse Jonas. — Já sabe como são as irmãs Drake. Só Barbie demora três horas para estar pronta para algo. As ponha juntos e a coisa poderia levar dias. Kate olhou fixamente a ambos os Ex-Ranger e tomou a mão da Hannah. — Por que não participa este ano, Jonas? —Perguntou docemente. — Inês, não lhe prometeu isso o ano passado? Poderia ter jurado que Sara me disse que Jonas realmente queria fazer um papel principal. — Gosta de se sobressair. —Acrescentou Hannah, sorrindo a Inês. — Se não lhe oferecer um papel principal, não cooperará. Já conhece o Jonas. Tem que ser a estrela. Inês se voltou para o xerife. — Por que não se apresentou este ano? — Eu não me apresentei. —Assinalou Matt. — Não tenho tempo para essa discussão. —Disse Jonas, olhando Kate. — O tráfico chega daqui até o inferno e volta. Ponha este espetáculo em marcha, Inês, ou teremos que suspendê-lo. Inês começou a ladrar ordens como um sargento de instrução. Hannah acotovelou Jonas.
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— Não pareça tão presunçoso. Estou sugerindo seu nome para o papel de burro o ano que vem. Estou segura de que Inês te fará um disfarce apropriado. O xerife se apoiou deliberadamente nela, tão perto que seu corpo se pressionou contra o dela. — Isso é genial, Barbie, enquanto você seja a que me monte. —Respirou as palavras contra seu ouvido, depois se afastou a pernadas dela. O vento se apressou sobre ele e enviou seu chapéu voando para o rio. Ele voltou a vista atrás com um largo sorriso. — Tem tão mau gênio, Hannah. Feliz Natal. Matt tentou aferrar-se a Kate, mas foi levado para longe firmemente e obrigado a embutir-se em seu disfarce acetinado. Fez o que pôde para não fixar-se que os outros atores ocultavam seus sorrisos ou que Inês e Donna pareciam horrorizadas. As ruas estavam cheias de gente, dos mais velhos aos mais jovens. Inclusive Sylvia tinha aparecido, com um lado da cara coberta por uma erupção vermelha. O desfile começou e Matt foi obrigado a suportar andar com passo pesado através das ruas onde todo mundo podia ver a bizarra criação de Inês. Os outros dois reis magos foram diante dele. Pensou que parecia algo ridículo com suas túnicas de veludo, mas se olhava bastante de relance, podia utilizar a palavra régia. Amaldiçoando o fato de que seu disfarce parecesse mais a bata de uma mulher que a túnica de um rei, Matt pensou que estava levando uma eternidade atravessar o povoado, com todo mundo cantando algo desafinado e finalmente divisou a praça do povoado. Pior ainda, não podia conter o estúpido sorriso que se manifestava em seu rosto. Simplesmente não se ia e sabia que tinha que parecer como se estivesse desfrutando de desfilar pelo povo em uma bata de mulher. Sabia que Kate e suas irmãs tinham pegado lugar perto do estábulo da provisão para lhe esperar e manteve um olho atento as buscando. Deixou escapar um suspiro de alívio quando finalmente às divisou. — Realmente tem bom aspecto com essa túnica de cetim, irmão. —Declarou Danny, golpeando seu irmão com o extremo curvado de sua fortificação. — Fique quieto, Danny, ou vou chutar o seu traseiro. —Ameaçou Matt pela canto da boca. Manteve seus olhos fixos adiante, andando como um homem condenado, carregando seu presente de incenso sobre um travesseiro de cetim branco colocado diante dele. Havia sustenido que os reis magos não tinham tido travesseiros de cetim branco que utilizar para levar seus pestilentos presentes, mas ninguém lhe tinha escutado e seus protestos lhe tinham ganhado um cenho carrancudo de Inês. Manteve os olhos fixos adiante, sem olhar à multidão enquanto partia estoicamente até o lugar com seu estúpido sorriso na cara. Danny lhe assobiou. — Essa túnica marca seu traseiro muito agradavelmente, Matt. —Golpeou ligeiramente a parte ofendida da anatomia de Matt de novo com a fortificação. — Sinto muito, um pequeno acidente. Não pude me conter. — Espero que tenha seguro de vida. —Disse Matt com sua voz mais ameaçadora. Cometeu o engano de levantar o olhar para julgar a distância até a praça. Tinha que saber quanto tempo exatamente teria que sofrer humilhações. Kate estava ali com suas irmãs. Até a última dela tinha um enorme sorriso em seu rosto. Matt se entreteve com a idéia de atirar o incenso a seus pés e atirar Kate sobre o ombro como o Neanderthal que todas elas pensavam que era. Conservou a túnica, poderia lhe vir à mão.
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Danny lhe fincou outra vez a fortificação. — Segue adiante pequeno extraviado. —Burlou-se. O olhar furioso de Matt posou sobre o Velho Mar. Permanecia de pé ligeiramente à parte, observando o desfile com um olhar peculiar na cara, em algum lugar entre a mortificação e a surpresa. Era óbvio que compartilhava o ponto de vista de Matt sobre as estúpidas túnicas. O ancião captou seu olhar, leu a dor no rosto de Matt e se aproximou para comiserar-se. Caminhou junto a Matt. — Ela te obrigou a fazê-lo não é? —Perguntou Mar. — Demônios, sim. De outro modo, não me teriam pegado nem morto para este circo. —Replicou Matt, esperando começar a mover-se. Mar assentiu como se entendesse a miséria total de Matt e retrocedeu longe dele com os braços cruzados. Depois dele, Danny começou o mantra. — Não o diga. Não o diga. Não o diga. —Olhou nervosamente para o ancião enquanto este se aproximava. — Feliz Natal. —Matt se voltou com um sorriso alegre. — Feliz Natal, Senhor Mar. — Disse felizmente. Um cenho zangado se formou na cara do Velho Mar. Suas sobrancelhas povoadas se juntaram até formar uma espessa linha reta. Deixou escapar um som de desgosto e cuspiu no chão. O ancião deu sua patada anual justo na tíbia do Danny e se foi arrastando os pés, murmurando algo sobre tomates. Danny uivou e saltou ao redor, segurando a tíbia ferida. A fortificação fez uma varrida ao redor em um amplo círculo fazendo que os participantes tivessem que romper filas e correr para voltar a ficar a salvo. Matt seguiu caminhando diretamente junto a Inês e o olhar indigno de sua cara. Kate se encontrou com ele no estábulo, elevando o rosto em busca de seu beijo, enquanto Inês seguia Danny, lhe dando seu sermão anual de Natal sobre comportamento. — Contudo, Katie. —Disse Matt, mantendo-a perto. — Eu diria que este foi um desfile muito satisfatório.
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EPÍLOGO
E
ntão, seu desejo se fez realidade? —Perguntou Sara. Matt estendeu a mão para tomar o globo de neve das mãos dela, lhe dando voltas e voltas entre suas mãos. Olhou ao outro lado da habitação para Kate. Sua Kate. As chamas saltavam e dançavam no lar. As irmãs Drake estavam decorando uma árvore viva que haviam trazido para o Dia de Natal. No dia seguinte a plantariam em sua propriedade perto de muitas outras árvores que marcavam o passo dos anos. A casa cheirava a cedro, pinheiro, canela e especiarias. Velas de bagos adornavam a toalha e o aroma de bolachas recém cozidas chegava da cozinha. Jonas apareceu na soleira da cozinha. Pó vermelho e verde manchava sua cara e dedos e um avental cobria sua roupa. — Ninguém me perguntou se meu desejo se fez realidade. —Queixou-se. — É tão infantil, Jonas. —Informou Joley com um pequeno bufo. Apanhou os laços do avental e lhe arrastou para trás. — Foi você quem disse que não era nada assar bolachas e que deveríamos tentar fazer ao velho modo. Jonas escapou e correu de volta ao salão. — Você! Você! —Protestou ele. — As mulheres assam bolachas. Isso é o que fazem. Andam por toda a casa parecendo bonitas e oferecendo a seu homem um prato de bolachas e uma bebida quando chega em casa. Jonas sorriu abertamente ante a indignação das mulheres. Matt gemeu e cobriu o rosto com as mãos, olhando entre os dedos. Já sentia o poder movendo-se no ar. As cortinas se balançaram. O cabelo se arrepiou. Rangidos de eletricidade saltaram e fumegaram. As chamas das velas e no lar saltaram e dançaram. Jonas observava às irmãs, esperando claramente uma represália. Chegou por trás. O pequeno aquário se elevou no ar e se inclinou esvaziando parte do conteúdo sobre a cabeça de Jonas. A água se derramou sobre sua cabeça. Ele se esticou, mas não se voltou nem fez intento algum de limpar-se. — Só quero assinalar que é o Dia de Natal. —Disse. — E que todas acabam de voltar da igreja. Joley se sentou ante o piano reto e perfeitamente afinado. — E todas nos sentimos cheias de amor e boa vontade, Jonas. Por isso que não está nadando no mar com os tubarões agora mesmo. Toco algo alegre? — Oh, por favor, faça, Joley. —Rogou Hannah maliciosamente. — Eu me sinto muito alegre. — Tinha que ser você. —Resmungou Jonas. Agarrou a toalha que Libby lhe oferecia e limpou o rosto e o cabelo. Hannah lhe soprou um beijo. — Matt não respondeu minha pergunta. —Persistiu Sara.
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— A esfera só funciona para a família. —Disse Abbey. A música subiu de volume, enchendo completamente a casa de alegria. Matt ouviu o som de risada feminina, sentiu que seu coração respondia. Kate dava a volta à árvore, com um ornamento na mão. Movia-se com graça e elegância, sua perfeita Kate. Sentindo o peso de seu olhar ela olhou ao outro lado da sala e sorriu. — Sim, é certo, Abbey. —Disse Sara. — Só funciona para a família, Matt? A esfera te concedeu seu desejo? Ele esclareceu a garganta. — Sim. —A afirmação chegou com uma nota rouca. Os dedos de Joley se imobilizaram sobre o piano. Voltou-se para lhe olhar. Libby estendeu a mão para Hannah. Abbey pôs seu braço ao redor de Elle. Todas as Drake olhavam Matt. As irmãs de Kate. As bruxas mágicas de Seja Haven. Pensou que ele encaixava bastante bem. — O que desejou Matthew? —Perguntou Sara. Sentou-se no colo de Damon, lhe enredando os braços ao redor do pescoço. — Desejei Katie, é obvio. —Respondeu ele honestamente. Kate caminhou até ele, inclinando-se para lhe beijar. — Eu desejei você. —Sussurrou ela em voz alta. — Assim essa caixinha de joalheria no bolso de sua jaqueta significa algo? —Perguntou Elle. — Significa que Kate disse sim. —Disse Matt. Acreditava que o sorriso era um rasgo permanente em seu rosto. Jonas sacudiu a cabeça, ainda secando a água. — Conseguiu que dissesse sim simplesmente por desejá-lo nessa esfera de neve? — Isso é o que acreditava. —Disse Matt. — Mas elas dizem que só funciona com a família. Suponho que reconheceu que Katie tinha que estar comigo. — Seriamente? Essa coisa pode raciocinar tudo isso mesmo? —Jonas olhou para a esfera de neve colocada tão inocentemente sobre a prateleira. — Família não é? Bom, eu sou dessa família desde que posso recordar. Um ofego coletivo surgiu das sete irmãs Drake quando Jonas estendeu a mão para a esfera de neve. — Não! Jonas, não toque isso. —Hannah soava aterrorizada. — Não pode Jonas. —Disse Sara. As mãos gravitaram sobre a esfera. Matt poderia ter jurado que ouviu corações pulsando ruidosamente no súbito silêncio. Jonas recolheu a esfera. Quase que imediatamente saltou à vida, as diminutas luzes da árvore brilharam, a névoa começou a formar redemoinhos. — Jonas, deixa isso agora mesmo e se afaste dela. —Advertiu Joley. — Não pode brincar com as coisas dessa casa. —Acrescentou Elle. — Podem ser perigosas. — Jonas. —Disse Abbey. — Isto não é divertido.
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Jonas se voltou para as mulheres, suas mãos embalavam ausentemente a esfera. — Não se supõe que teriam que estar todas cozinhando o jantar para nós? Jackson estará aqui a qualquer momento, esperando toda a parafernália natalina e tudo o que conseguirá são algumas bolachas que eu fiz. —Enquanto falava, mantinha o olhar sobre Hannah. Tudo enquanto a palma de sua mão esfregava a esfera como se pudesse conjurar um gênio. — Não se atreva a desejar sobre esse globo, Jonas Harrington. —Vaiou Hannah. Realmente retrocedeu um passo longe dele. — Lamento sobre o aquário. E também a tolice do chapéu. Só deixa a esfera e mantém a mente em branco. Concordemos num empate. — Está vendo isto, Matt? —Perguntou Jonas, burlando-se claramente de Hannah. — Isto é poder. — Não por muito tempo. —Disse Kate. Estendeu a mão pedindo a esfera — Me dê isso e deixa de atormentar Hannah. Corre o perigo que lhe sirvamos fígado de dragão para jantar. — De acordo. —Rendeu-se Jonas. Olhou ao interior do cristal. — É certamente bonito. —Em vez de dar a ela, olhou no interior durante um longo momento. A névoa girou com frenesi, cobrindo a casa até que só as luzes da árvore resplandeceram, depois se assentou lentamente, deixando o cristal claro e as luzes desvanecendo-se. Só então o entregou a Kate. Fez-se um longo silencio. Jonas lhes sorriu. — Estava brincando. Tomam as coisas tão a sério. —Acotovelou Matt. — Eu não sou um sonhador como esse meu amigo. Não deixaria que uma esfera de neve decidisse meu futuro. Vamos, vamos cortar esse peru. Kate aceitou o beijo de Matt e o observou entrar na cozinha com Damon e Jonas. Uniuse à suas irmãs como faziam cada ano ao redor da árvore, agarradas nas mãos formando um círculo contínuo. As luzes do teto se apagaram, deixando-as entre as sombras com as velas oscilantes e as luzes de Natal. Kate sentiu o poder familiar correndo acima e abaixo por seus braços. Correndo através delas. Faíscas diminutas saltaram no ar como pequenos vaga-lumes. A eletricidade rangeu ao redor dela. Podia sentir os minúsculos fios de poder que teciam juntas. A energia se estendia de uma a outra. Matt estava em pé na soleira com Damon, Jonas e Jackson, que tinham vindo atravessando a cozinha e observavam as sete mulheres que em pé, de mãos dadas, rodeavam a árvore de Natal. As mulheres pareciam belas e felizes, com as cabeças jogadas para trás e as faíscas saltando ao redor delas como pequenos foguetes. Jonas deu-lhe uma cotovelada. — Bem-vindo ao mundo das irmãs Drake, Matt. E Feliz Natal. Matt não podia imaginar um melhor. FIM