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Eu prefiro enfrentar uma dúzia de assassinos letais qualquer noite do que lidar com algo tão complicado e frágil como os meus sentimentos. Mas aqui estou eu. Gin Blanco, a assassina semi-aposentada conhecida como Aranha. Pairando do lado de fora da porta do sexy empresário Owen Grayson como uma adolescente nervosa. Uma coisa que eu gosto sobre Owen: ele não foge de meu passado ou de meu presente. E neste momento eu tenho um olho de boi na minha testa. A cruel elemental de fogo, Mab Monroe, contratou uma das mais inteligentes assassinas para me prender. Elektra LaFleur é hábil e eficiente, com sua magia elemental elétrica tão mortal e potente como meus próprios poderes de Pedra e Gelo. O que significa que há uma chance de cinquenta por cento de que uma de nós não vai sobreviver a esta batalha. Tenho a intenção de matar LaFleur - ou morrer tentando - porque Mab quer que a assassina elimine minha irmãzinha, detetive Bria Coolidge, também. O único problema é que Bria não tem ideia do que eu sou sua irmã perdida... ou que eu sou a assassina que ela está perseguindo por Ashland há semanas. E o que Bria não sabe, pode acabar por matar as duas...
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Capítulo 1 — Você vai matar esse cara? Ou apenas ficaremos sentados aqui a noite toda? — Paciência Finn. — Eu murmurei. — Nós estamos aqui por apenas uma hora. — A mais longa hora da minha vida. — Ele resmungou. Eu franzi uma sobrancelha e olhei sobre Finnegan Lane, meu parceiro no crime para esta noite. Maioria das noites, atualmente. Apenas depois das dez horas, alguns dias antes do Natal, e nós ficamos na frente escurecida do Cadillac Escalade preto de Finn. Uma hora depois, Finn teve que estacionar o carro em um lugar afastado, fora do caminho, na viela nos escondendo nas sombras que ficam em frente ao Rio Aneirim. Nós estávamos sentando aqui e Finn se queixando desde então. Finn trocou de lugar e meus olhos cinza caíram sobre ele. O tecido de lã do seu casaco delineando seus ombros largos, enquanto o boné de vigia nortuno cobria seus cabelos cor-de-noz. Os olhos dele eram de um verde brilhante, mesmo em uma semiescuridão, as sombras pouco podiam fazer para esconder a beleza do seu rosto quadrado.
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A maioria das mulheres ficaria feliz em estar tão perto de Finnegan Lane em um quarto. Com um sorriso fácil e charme natural, Finn poderia já ter tido a maioria delas no banco de trás sem calcinhas, pernas pra cima, vapor encobrindo a janela com o carro balançando pra frente e pra trás e assim por diante. Uma coisa boa é que eu não sou como a maioria das mulheres. — Vamos lá, Gin. — Finn gemia novamente. —Vá enfiar um par de suas facas neste cara e deixe sua runa para Mab encontrar, então nós poderemos cair fora daqui. Eu olhei fixamente pra fora do carro pela janela. No outro lado, banhado no brilho dourado da iluminação da rua o cara em questão continuava a descarregar caixas de madeira de um pequeno rebocador que ele tinha parado para cima da doca, quarenta e cinco minutos atrás. Mesmo a esta distância, eu poderia ouvir o deformado ranger encharcado das placas por baixo dele. O homem era um anão - pequeno, curvado, atarracado, resistente - e vestido com roupas pretas, praticamente iguais as que Finn e eu estávamos. Jeans, botas, suéter e jaqueta. O tipo de roupas anônimas que você usa pra espreitar tarde da noite, especialmente nesta vizinhança áspera de Southtown, e mais especialmente quando você não quer que ninguém mais veja o que está fazendo. Ou quando você estava planejando matar alguém, como eu estava essa noite. A maioria das noites, atualmente.
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Eu esfreguei meu polegar sobre o cabo da faca que trazia em minha cintura. O metal brilhava devidamente na escuridão do carro e o peso da arma era frio e me confortava. A faca tocava de leve a minha cicatriz de runa de aranha na palma de mão. Isso poderia ser fácil o suficiente para fazer Finn choramingar. Deslizar para fora do carro, atravessar a rua, rastejar-se atrás do anão cortar a garganta dele e empurrar seu corpo para fora das docas, rio abaixo. Eu provavelmente não faria isso. Obteria muito sangue em minha roupa se eu tivesse apenas o ângulo certo. Por que é isso que assassinos fazem. Porque é isso que eu faço. Eu. Gin Blanco. A assassina conhecida como a Aranha, uma das melhores da região. Mas eu não sai do carro e continuei as coisas como Finn queria que eu fizesse. Em vez disso eu suspirei. — Ele não parece valer a pena, é um lacaio como todos os outros que matei essas duas últimas semanas. Mab vai contratar algum outro para tomar seu lugar antes que drenem o corpo dele para fora do rio. — Ei, foi você que resolveu declarar guerra a Mab Monroe. — Finn apontou. — Corrija-me se estiver errado, mas acredito que você estava bastante ansiosa para matar tudo no seu caminho até o topo da cadeia que você tem pra isso. Você disse que seria divertido. — Isso foi há seis anos. Agora eu apenas gostaria de matar Mab e dar a todos em Ashland, incluindo a mim mesma, um presente de Natal antecipado. — Minha vez de lamentar.
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Mas Finn estava certo. Poucas semanas atrás, uma série de eventos fez com que eu declarasse oficialmente guerra contra Mab, e agora eu estava lidando com as consequências e o tédio enfadonho disso tudo. Mab Monroe era a Elemental do Fogo que comandava a metrópole do sul “Ashland” como se fosse seu próprio reino. Para a maioria das pessoas, Mab era um modelo de virtude que usava sua magia, conexão financeira e dinheiro para financiar projetos de caridade que valem a pena pela cidade. Mas aqueles que passaram pelo lado sombrio da vida conheciam Mab pelo o que ela realmente era - a cabeça de um império mafioso que incluía de tudo, de apostas e drogas à prostituição e sequestros. Assassinatos, extorsões, tortura, chantagens e espancamentos. Mab ordenava tudo isso e mais, praticamente todo dia. Mas a Elemental do Fogo era tão rica, tão poderosa, tão forte em sua magia que ninguém ousava desafiá-la. Ninguém, exceto eu. Eu tinha uma razão especial para odiar Mab - ela assassinou minha mãe e minha irmã mais velha quando eu ainda tinha treze anos. E ela tem planejado fazer a mesma coisa comigo e com minha irmãzinha, Bria. Mas primeiro Mab tinha me capturado e torturado naquela trágica noite há muito tempo. Que foi como acabei com duas cicatrizes iguais em minhas mãos. Eu pus minha faca baixa o bastante para fazer a primeira cicatriz, então a outra com meus dedos. Um pequeno círculo cercado por oito finos raios ficou gravado na palma das minhas mãos. Uma runa de aranha. O símbolo para paciência. Meu nome de assassina.
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Era o que Mab Monroe estava vendo para todo o lugar em que ela fosse. Durante as duas últimas semanas, eu estive seguindo os homens
de
Mab,
tentando
entender
as
suas
operações,
ver
exatamente em que tipo de negócios ilegais ela tinha o seu dedo. E pelo caminho derrubei alguns dos seus servos quando os via fazendo coisas que eles não deveriam fazer, ferindo pessoas que não deveriam ferir. Um giro com minha faca, um passar da minha lâmina, e Mab tinha um soldado a menos no seu pequeno exército do terror. Assassinar seus homens não era difícil, não para mim. Eu gastei os últimos dezessete anos da minha vida sendo uma assassina, sendo a Aranha, até que me aposentei há alguns meses. Certas habilidades você nunca esquece. Normalmente quando eu mato alguém não deixo nada para trás. Nada de impressões digitais, nada de armas. Mas com os homens da Mab, eu propositadamente desenho uma imagem das minhas runas de aranha em cada cena de crime, perto de cada corpo que deixo para trás. Provocando-a. Deixando Mab saber exatamente quem era a responsável por arruinar seus planos e que eu estava determinada a arruinar seu império, um corpo de cada vez, se fosse necessário. Finn e eu estávamos agora sentados na escuridão das docas nesta perigosa vizinhança da Southtown. Finn havia recebido uma dica de um de seus informantes que Mab tinha um carregamento de drogas ou alguma outra parafernália ilegal vindo para Ashland hoje à noite. Como a Aranha, eu tinha decidido vir aqui embaixo e ver o que poderia fazer para destruir os planos de Mab mais uma vez, provocála mais uma vez, e normalmente tirá-la do sério. 7
— Vamos lá, Gin. — Finn cortou meus pensamentos. —Faça um movimento. O cara está sozinho. Nós já teríamos visto seu parceiro até agora se ele tivesse um. Eu olhei para o anão. Ele tinha acabado de descarregar as caixas do rebocador e estava agora ocupado arrastando-as para uma van que esta estacionada no fim das docas. — Eu sei. — eu disse. — Mas isto não está me cheirando bem. — É. — Finn resmungou. — O fato de que eu não posso sentir mais os meus pés e você não me deixa ligar o aquecedor. — Beba o seu café então. Fará você se sentir melhor. Sempre faz. Pela primeira vez hoje à noite, Finn abriu um sorriso. — Porque acho que é uma excelente ideia. Finn se abaixou e agarrou uma grande garrafa térmica de metal que estava no chão do banco traseiro. Ele a abriu e o vapor cafeinado do seu café com chicória preencheu o carro. O rico aroma sempre me lembrou de seu pai, Fletcher Lane, meu mentor, aquele que me ensinou tudo o que sei sobre ser um assassino. O velho homem havia bebido da mesma infusão que o seu filho antes que morresse no inicio desse ano. Eu sorri quando a memória e o calor se agitaram em mim. Enquanto Finn bebia seu café, olhei para a cena que se estendia à minha frente mais uma vez. Tudo parecia parado, quieto, frio e escuro. Mas eu não conseguia me livrar da sensação de que algo estava errado. Havia alguma coisa que parecia um pouco fora de lugar. Fletcher tinha me dito sempre que ninguém nunca morreu por
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esperar apenas mais alguns minutos. Seu conselho havia me mantido viva até agora, e eu não tinha intenção de discordar dele agora. Mais uma vez meus olhos perscrutaram a área. A rua estava deserta. Alguns prédios dilapidados à beira-mar. A faixa preta do Rio Aneirin à distância. As bordas da doca pálidas. A luz solitária piscando sobre a cabeça do anão. Meus olhos se estreitaram, e eu me foquei na luz. O brilho da luz queimando como um farol na noite escura. Então olhei para os dois lados da rua, meu olhar fixo passava de um poste de metal para o próximo. Todas as outras luzes do quarteirão estavam quebradas. Não era uma surpresa. Esta é Southtown, apesar de tudo, a parte de Ashland que era o lar de gangues, prostitutas e elementais drogados viciados em sua própria magia e famintos por mais. Pessoas poderiam matá-lo apenas por olhar aqui. Não é um lugar em que você queira ficar, nem mesmo a luz do dia. Então eu não estava tão surpresa pelas luzes da rua estarem quebradas, provavelmente há muito tempo, pelas pedras, garrafas de cerveja e outros lixos que entulhavam as ruas. O que me surpreendeu foi o fato de que uma ainda funcionava - aquela sobre a van, na qual, o anão estava guardando suas caixas. Que... conveniente. — Você pode ficar confortável. — Eu disse, olhando para a luz solitária. —Porque nós vamos ficar por aqui por um pouco mais de tempo. Finn apenas suspirou.
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Nós não tivemos que esperar muito. Dez minutos depois, o anão terminou de carregar a van com a última das suas caixas. Desde que eu comecei a observá-lo - realmente observá-lo - percebi que ele estava prolongando demais o tempo em que ele fazia as coisas. Se movendo
mais
devagar
que
uma
pessoa
normal
deveria,
especialmente considerando o frio penetrante que congelava Ashland hoje à noite. Mas, então, mais uma vez, isto estava longe da cena inocente que parecia ser. Agora o anão ficou parado do lado da van, fumando um cigarro e olhando para as trevas com olhos vigilantes. — O que ele está fazendo? — Finn perguntou, tomando outro gole de café. - Se tivesse algum bom senso, ligaria o aquecedor daquela van e daria o fora daqui. — Apenas espere. — Eu murmurei. — Apenas espere. Finn suspirou e bebeu mais alguns goles da sua infusão de chicória. Mais cinco minutos se passaram antes que o vislumbre de um movimento paralelo à doca atraísse a minha atenção. — Ali. — Eu disse e inclinei-me para frente. — É bem ali. Uma figura saiu agachada de trás de uma pequena cabana no fim da doca que se projetava sobre o rio. Finn se agitou e quase derrubou o café nos bancos de couro. — De onde diabos ele saiu? — Não ele. — Eu murmurei. — Ela.
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A mulher desceu a doca na direção do anão. Ignorando as trevas, e única luz da rua ainda acesa me permitiu dar uma boa olhada nela. Ela era pequena e esguia, provavelmente da minha idade, trinta ou algo assim. Ela tinha um pequeno coque nos cabelos negros, preso atrás com uma bandana e suas características adicionavam algo asiático a ela - pele de porcelana, olhos expressivos e bochechas delicadas. Ela também se vestia de preto dos pés à cabeça, exatamente como o resto de nós. Eu franzi as sobrancelhas. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito caminharia sozinha por essa vizinhança à noite. Bem, não eram muitas que ousariam fazer isso durante o dia. Muito menos esperar mais que uma hora em um barraco decadente em uma noite de Dezembro quando a temperatura pairava abaixo dos vinte. A menos que ela tivesse uma muito, muito boa razão para estar lá. E eu estava começando a pensar que sabia exatamente que a razão era eu. A mulher alcançou o anão, que apagou o cigarro. Ela disse algo para o homem, que apenas deu de ombros. A mulher se virou e examinou a rua, do mesmo jeito que eu estava fazendo uma hora atrás. Mas eu sabia que ela não poderia nos ver, devido onde nós estávamos estacionados. A lixeira no fim do beco estreito em frente ao veículo de Finn nos mantinha fora da sua linha de visão. Depois de outros trinta segundos de observação, a mulher voltou-se ao anão e avançou sobre ele. Por um momento ele pareceu
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confuso. Então ele se assustou. Seus olhos se abriram, ele se virou e começou a correr para longe dela. Ele deu talvez cinco passos antes da mulher levantar sua mão direita - e então um relâmpago verde saiu das pontas de seus dedos. Finn se assustou, quase derrubando seu café de novo. Até mesmo eu pisquei de repente com o poderoso flash de luz. O anão arqueou suas costas e gritou, seu áspero choro ecoando pela rua deserta, enquanto o relâmpago atingia seu corpo. A mulher avançou sobre ele, a luz mágica em sua mão se intensificando enquanto ela se aproximava cada vez mais. Ela era muito forte. Ela estava pelo menos trinta metros de distancia, mas eu podia sentir a forte crepitação estática de seu poder mesmo aqui dentro do carro. A sensação de sua magia Elemental fez as runas de aranha na palma de minha mão coçar e queimar de um modo que elas faziam sempre que eu estava exposta a muito poder e a muita magia bruta. E ela tinha bastante para poupar. Um segundo depois ele pegou fogo. Ele cambaleou para trás e para frente antes de cair sobre o asfalto rachado, mas a mulher não parou com o seu ataque mágico. Ela ficou sobre o seu corpo enviando onda após onda de relâmpago sobre sua figura, mesmo depois das chamas verdes elementais terem consumido sua pele, cabelo e roupas. Quando terminou, a mulher fechou sua mão em um punho apertado. Um relâmpago brilhante tremeluziu e então se reduziu a nada, como uma chama que se apagou. Fumaça cinza esverdeada subia de seus dedos e ela soprou para longe, no ar da noite fria, como
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um pistoleiro do Velho Oeste esfriando seu Colt depois de um tiroteio. Que dramático. — Você viu aquilo? — Finn sussurrou, o café esquecido, seus olhos verdes arregalados e redondos no rosto. — Ela o eletrocutou. — É. Eu vi. Eu não adicionei que ela usou magia elemental para fazer isso. Finn viu isso por si mesmo. Elementais
eram
pessoas
que
podiam
criar,
controlar
e
manipular os quatro elementos “ar, fogo, gelo e pedra”. Aquelas eram as áreas onde a maioria das pessoas era talentosas, os que eram capazes de ter acesso poderiam ser considerados verdadeiros elementais. Mas a magia tinha muitas formas, muitas peculiaridades e algumas pessoas poderiam usar outras áreas, articulações de um dos quatro elementos. Metal era uma articulação da pedra e eletricidade era uma do ar. Uma que Finn e eu apenas vimos sendo usado com eficiência mortal, graças a nossa mulher misteriosa. Eu era uma elemental também. No meu caso, eu tenho a rara habilidade de controlar dois elementos - Gelo e Pedra. Mas eu nunca tinha visto alguém com o poder elétrico antes. E eu não estive muito certa se era uma boa coisa que eu o tinha agora. A mulher tinha prendido o bico de sua bota nas costelas do homem. Um pedaço grande de seu corpo desintegrou-se em cinzas em seu toque e soprado como uma espécie de um macabro nevoeiro gelado. Uma lasca de sorriso ergueu seus lábios com a visão. Então
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ela colocou sua mão dentro do casaco, tirou alguma coisa branca, e jogou-a em cima do corpo dele antes de deslizar para dentro da van. Trint a segundo depois a mulher dirigia a van pela rua abaixo, virando a esquina e desapareceu de vista. Mas em vez de olhar o carro, eu olhava o corpo queimado que ela havia deixado para trás, imaginando o que era aquela pequena coisa branca que estava no peito ainda fumaçante do anão. — Você quer que eu a siga? — Finn perguntou. A mão dele pairando sobre as chaves na ignição. Eu balancei minha cabeça. — Não. Fique aqui e mantenha os olhos abertos. Eu sai do carro e fiz meu caminho através da rua, deslizando de sombra a sombra, a faca silverstone em uma mão. Depois de cinco minutos de cuidadoso rastejar e muitas pausas para olhar e escutar, alcancei o limite do prédio mais perto do anão. Eu me agachei nas sombras, fora de vista até eu ter certeza de que a misteriosa mulher não tinha dado uma volta no quarteirão, e voltaria para ver se ninguém veio inspecionar seu chocante trabalho. Então eu respirei fundo, me levantei e caminhei sobre o anão morto. Mesmo agora, dez minutos depois do ataque inicial, a fumaça ainda se erguia do seu corpo, graciosas fitas verde-cinza se erguendo para o céu escuro. Eu inspirei pela boca, mas o fedor de carne carbonizada invadiu o meu nariz. O familiar cheiro acre disparou toda a sorte de emoções que ficavam melhores mortas e enterradas dentro de mim. Mas elas borbulhavam dentro de mim, vindo para a superfície, querendo eu ou não.
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Por um momento, eu tinha treze anos de novo, chorando, gemendo e olhando para a cinzenta e escamosa coisa arruinada que foi minha mãe, Eira, antes de Mab Monroe ter usado seu Fogo Elemental para queimá-la até a morte. E a casca equivalente que costumava ser minha irmã mais velha, Annabella. Tentando não vomitar enquanto percebia a coisa cruel que haviam feito a ele. Isto seria por Bria e eu antes da noite terminar. Minha doce e pequena Bria... Eu rudemente afastei a lembrança. Minhas mãos se fecharam tão firmes que pude sentir os cabos das minhas facas silverstones entrando nas cicatrizes de runas de aranha na minha mão. Eu forcei a relaxar o meu punho, então me dobrei sobre meus joelhos para que pudesse ter uma visão melhor da mancha branca que descansava nas costas do anão. Para minha surpresa, era uma única orquídea, bonita, elegante e de pétalas macias na escuridão. Meus olhos se estreitaram e eu olhei fixamente para a flor com uma expressão pensativa. Eu sabia o que a flor significava e exatamente quem a tinha deixado para trás para ser encontrada. Era seu cartão de visitas, seu nome, rank e marca registrada, exatamente como a minha runa de aranha. Algo que ela pôs aqui para anunciar sua presença, marcar seu assassinato e servir para anunciar para qualquer um que ousasse ficar no seu caminho. Ela estava me provocando, exatamente como tenho feito a Mab Monroe, durante as duas últimas semanas. — LaFleur. — eu balbuciei, dizendo seu nome em voz alta.
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Pois o simples fato era que um assassino tinha vindo para Ashland - um que estava aqui para me matar.
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Capítulo 2 — Você não sabe se ela está aqui mesmo para matar você, Gin. — Finn disse. Depois de eu ter examinado o corpo do anão. Corri de volta atravessando a rua e entrando na Escalade do Finn. Ele deu a partida no motor e nós deixamos as docas e as ruas mesquinhas de Southtown para trás. Agora nós cruzávamos pela área da cidade baixa no caminho para os subúrbios que circundavam Ashland. Os tubarões de gravata já haviam deixado os arranha-céus e complexos de escritórios e tinham ido para casa para passar a noite. As únicas pessoas que estavam nas ruas essa hora eram os vagabundos que não foram capazes de encontrar abrigo para a noite. Alguns deles se amontoavam ao redor de latas de lixo queimando em alguns dos becos escuros. Fora da rua principal, prostitutas vampiras vestindo tão pouco quanto o frio deixava com indiferença subindo e descendo as calçadas, ainda esperando que algum papaizinho quisesse receber suas pedras antes de voltar para sua cama quente e confortável. As putas olharam o carro de Finn com interessante predatório enquanto ele passava dirigindo, os dentes delas brilhavam como pérolas pontudas sobre o olhar severo da iluminação pública.
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— Talvez LaFleur apenas queira o rígido anão para obter sua mercadoria. — Finn adicionou. — Então o quê? Ela esperou na cabana nas docas por uma hora até ele mover aqueles engradados para ela. Então ela sai e conversa com ele, depois ela o frita com magia elétrica? Eu não acho. — Eu disse. — O anão sabia que ela estava lá o tempo todo. Ela estava perguntando a ele se ele tinha visto ou ouvido alguma coisa. Se ele viu ou ouviu algum sinal meu. Foi por isso que ele deu de ombros. E tudo era uma armação, pura e simples. Essa era a única explicação que fazia sentido. Não há outra razão para alguém com a reputação de LaFleur, habilidades e magia para esperar na escuridão por uma hora. Não, ela foi paga pra estar lá - e eu sabia exatamente quem estava pagando as contas. — Você está certa que era ela? — Finn perguntou. — LaFleur? Aqui em Ashland? Eu concordei. — Sim, era LaFleur. Ela é a única assassina que eu conheço que deixa orquídeas brancas pra trás com suas vítimas. É a assinatura dela. Fletcher tinha um arquivo inteiro de informações sobre ela. Fletcher Lane foi o assassino o Homem De Lata a maior parte da sua vida, até que assumiu o negocio do meu pai adotivo há vários anos. Mas Fletcher manteve-se com as coisas no seu próprio caminho, incluindo a informação sobre a compilação de todos os outros assassinos de nível superior atualmente trabalhando nas trincheiras e aqueles que estavam supostamente retirados, como eu. Forças, fraquezas, vícios, manias e métodos preferenciais de matar.
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Durante anos o homem tinha documentado tudo e qualquer coisa que ele poderia encontrar, apenas no caso de outros viessem nos ameaçar. Não era desconhecido de um assassino ser contratado por outro. Alguns meses atrás um assassino chamado Brutus, também conhecido como Viper, foi enviado para me matar, a Aranha. Eu tinha pegado um contrato de uma empresa denunciante, simplesmente minha chefa decidiu me incriminar pelo assassinato, então ela levou Brutus para me matar na cena do crime, a Casa de Opera de Ashland. Viper – tinha apelido por causa da tatuagem de uma serpente com presas em seu pescoço - tinha começado a ganhar de mim e poderia ter me matado se não tivesse parado pra vangloriar-se sobre como ele era um assassino melhor que eu. Falando. Essa era sempre a queda dos bandidos. Eu fiz uma nota mental para procurar no arquivo de Fletcher por Lafleur. Eu tinha visto uma demonstração do poder da magia elemental elétrica dela esta noite, mas queria saber que outras habilidades ela poderia ter. — Ok, disse que era LaFleur. — Disse Finn. — Há apenas uma pessoa que poderia estar trabalhando pra ela, dado o fato que ela estava esperando por você hoje à noite, cujo embarque era para ser no cais. — Mab Monroe. — Eu terminei seu pensamento. Nenhuma surpresa. Depois de tudo, eu tinha declarado guerra a elemental do Fogo e sua organização. Mas o problema era que poucas
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semanas atrás, eu peguei o crédito por ter matado Elliot Slater, o grande assassino, que foi um dos principais tenentes da Mab. Mab não podia deixar passar a morte do gigante - e não salvar as aparências com o resto do submundo de Ashland. Ela tinha que se livrar de mim de alguma forma, só pra deixar que todo mundo soubesse que ela ainda era a rainha da cidade. Eu estava esperando a reação dela, algum tipo de movimento contra mim, agora sabia o que era. A elemental do Fogo contratara LaFleur para vir a Ashland e me matar. Era um jogo interessante. Frio, calmo, lógico, rápido e com uma grande chance sucesso, rápido e duradouro. A emboscada de Lafleur poderia ter funcionado essa noite. Ela poderia ter se jogado sobre mim, poderia ter me matado, se eu tivesse sido cinco minutos menos paciente. Mas fui treinada pelo melhor, pelo próprio Homem de Lata. Esperar um inimigo era uma das primeiras coisas que Fletcher me ensinou e que certamente aconteceu esta noite. E tanto quanto eu poderia odiar Mab, tinha que admitir que nunca a elemental do Fogo fazia nada pela metade. LaFleur era uma das melhores assassinas no negócio, e agora eu sabia que ela tinha magia elemental a disposição, bem como a variedade usual de habilidades mortíferas de assassinos especializados. O poder elétrico de LaFleur eu senti tão forte como o meu gelo e magia da pedra. Tão forte que eu não conhecia qual de nós poderia ficar em pé no fim deste pequeno jogo. Um pensamento preocupante, no mínimo. — Mas por que LaFleur queria matar o anão? — Finn perguntou. — Especialmente se ambos estavam trabalhando pra Mab?
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Eu dei de ombros. — Quem sabe? Talvez LaFleur estivesse entediada depois de ter que esperar por mim sem eu aparecer. Talvez todo o poder da magica elétrica a deixou inquieta. Talvez apenas goste de fritar pessoas. Os motivos dela não são importantes. O que eu quero saber é quem armou pra mim. Quem te contou sobre o embarque de drogas e Mab ou o que estivesse nessas caixas em primeiro lugar? Finn não disse nada por um momento. — Você não vai gostar disso. — Correção. Ele não vai gostar quando eu colocar minhas mãos nele. Agora, quem contou? Finn me olhou pra mim. — Vinnie Volga da Northern Aggression. Eu franzi a testa. — O garçom elemental do Gelo? Ele assentiu. — O próprio. Finn estava certo, não tinha gostado disso, principalmente por que eu era amigável com o chefe de Vinnie, Roslyn Philips, a senhora vampira que dirigia a Northern Aggression, a casa noturna mais famosa e chique de Ashland. Eu achei que Roslyn não sentisse que era muito gentil da minha parte matar seu barman favorito. Eu suspirei. — E como essa informação saiu dos lábios de Vinnie para seus ouvidos? Ele disse a você ou há um intermediário envolvido? Informação era a mercadoria que Finn negociava e meu irmão de criação tinha uma rede de espiões por toda Ashland e além. Todo mundo, de pessoas que ele tinha feito favores, para os amigos dos
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amigos, para as pessoas que buscam ganhar alguns dólares, passando por aqueles que sabiam sobre interventores de energia da cidade. Finn era um mestre na hora de separar o joio do trigo, ou a informação sólida das telas de fumaça. Eu raramente lhe perguntava de onde ele obteve a informação. Eu confiava em Finn e isso era tudo que importava para mim. Ele não iria me orientar errado se ele poderia ajudar. Finn suspirou. — Nenhum intermediário em todo esse tempo. Eu estava sentado no bar ontem a noite conversando coisas doces com todas as jovens, como de costume. Houve uma pausa na ação, assim Vinnie e eu começamos a conversar. Ele me perguntou se eu, ah, bebi algo mais forte do que o álcool. Ele disse que ouviu falar que algumas coisas boas que estavam chegando nas docas esta noite. Eu encarei Finn. — Vinnie apenas deixou escapar o que ele sabia, quando e onde algumas drogas estavam chegando à cidade?! Isso soa como uma armadilha pra mim. Como Vinnie estava espalhando, essa isca volta a todos que poderiam mordê-la. — Eu pensei que era só besteira mesmo, até o anão começar a descarregar as caixas. — Finn disse. — Eu acho que nós dois sabemos como isso é um pouco mais sério do que parece. Ficamos em silêncio enquanto Finn deixava as ruas do centro para trás. A metrópole de Ashland esparramava sobre o canto das Montanhas Apalaches em Tennessee, Carolina do Norte e Virginia convergentes. A cidade era dividida em duas seções - Northtown e Southtown – mantidas unidas pelo círculo do centro da cidade.
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As docas que nós tínhamos acabado de sair eram firmemente entrincheiradas em Southtown, a parte violenta de Ashland, que era a casa dos pobres, azarados e os oprimidos. Southtown era o tipo de lugar onde as pessoas iriam cortar sua garganta por seus sapatos. Qualquer coisa em sua carteira seria apenas um adicional. Gangues e viciados lotavam as ruas Southtown, junto com formas mais tradicionais de lixo. Em comparação, Northtown era a parte rica, gentil e refinada da cidade, com topo de linha mansões e bens imaculados que se estendiam por quilômetros. Mas isso não significa que Northtown era mais segura. Porque as pessoas ricas de lá iriam matá-lo primeiro com palavras gentis antes que realmente mergulhassem um punhal em suas costas. Subúrbios de classe média com casas mais modestas e níveis de renda cercavam Ashland em ambos os lados, com todas as escolas necessárias, lojas e empresas que você esperaria encontrar. E essa era a direção que Finn e eu estávamos seguindo agora. Cerca de dez minutos depois, Finn guiou seu carro por uma porta de ferro maciço e um longo caminho que se curvava por uma mansão de quatro andares. Ao contrário de outras nesta área perto Northtown, a casa era relativamente simples, com uma fachada de pedra, resistente. Muito parecida com o homem que vivia dentro dela. Pelo único que eu viria aqui para ficar esta noite. Finn sorriu para mim, seus dentes brancos brilhando na escuridão. — Bem, espero que você e Owen se divirtam com sexo casual hoje à noite, desde que você me fez trazê-la até aqui.
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O Owen que Finn estava se referindo era Owen Grayson, o rico empresário que eu recentemente comecei a ver e o proprietário da mansão a minha frente. Owen tinha me pedido para vir esta noite, se eu não estivesse fora até tarde matando lacaios da Mab. Como eu não estava coberta de sangue, do jeito que estive várias vezes, decidi aceitar sua oferta. — Isso não é sexo casual. — Eu murmurei. — Certo. — Finn arrastou as palavras. — E eu sou um eunuco. Eu levantei uma sobrancelha. — Acontece que eu tenho várias facas afiadas em mim, secretamente. Então eu poderia facilmente arranjar isso, se você realmente quiser fazer esse tipo de mudança de vida permanente. Finn estremeceu. — Eu preferia estar morto. Ele realmente preferiria. Finn tinha uma valorização para a forma feminina que beirava a obsessão. Velha, jovem, gorda, magra, loira, morena, desdentada. Enquanto ele estivesse respirando e houvesse mulheres, ele via isso como um convite aberto para ser charmoso e muito suave. — Certifique-se e dizer “Olá!” para Eva por mim. — Finn disse com voz esperançosa. Eva Grayson era a irmã de Owen, 19 anos, linda e o objeto das afeições de Finn desde que ele a viu, ou pelo menos sempre que não houvesse outra mulher, outras mais acessíveis em sua linha de visão imediata. Finn tendia a dar pouca atenção enquanto as senhoras estavam preocupadas.
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— Eu pensei que você tivesse jurado parar de sair com meninas da faculdade depois que aquela garota de Northern Aggression disse que você era velho o bastante para ser seu pai. — Hmph. — Finn fundou. — Eu tenho apenas 32, Gin, então, tecnicamente, isso não é muito preciso. Eu não sou tão velho. — Oh, não. — Eu disse. — Você tinha mais de uma década que as meninas que te cercava. Mas Finn não ficou incomodado por minha piada, porque seu sorriso aumentou. — Década ou não, era uma coisa boa que elas tinham problemas com os pais, não foi? Porque eu ainda fui para casa com as duas. Revirei os olhos e dei um soco de leve no ombro. Finn apenas riu. — De verdade. — Ele disse após sua risada desaparecer. —O que você vai fazer sobre Vinnie e as informações que vazaram para mim? — Nós vamos fazer a Vinnie uma visita amanhã. — Eu disse. — Depois de conversar com Roslyn e dizer a ela o que está acontecendo. Veja que merda você consegue descobrir dele. Quero saber tudo o que existe sobre Vinnie Volga antes de ir confrontá-lo e ver por que ele está espalhando boatos para Mab. E antes de me decidir se Vinnie era algum tipo de ameaça para mim, e se o garçom precisasse ser morto por ser estúpido o suficiente para tentar vender Aranha. Finn e eu fizemos planos para nos encontrar amanhã e dissemos nosso “Boa noite!”. Então ele subiu rapidamente em seu Escalade e
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saiu da garagem para voltar para seu apartamento na cidade, deixando-me sozinha na frente da casa. Em vez de imediatamente ir para dentro da mansão, eu fiquei na garagem. Ouvindo mas não o vento que soprava através das árvores que ladeavam a casa, fazendo-as estalar, quebrar e estremecerem. Em vez disso, inclinei a cabeça para um lado e me concentrei nos sussurros dos paralelepípedos cinza sob os meus pés e as pedras maiores da mansão acima da minha cabeça. As emoções das pessoas e ações afundaram aos seus arredores ao longo do tempo, especialmente pedras. Como um elemental Pedra, eu podia ouvir e interpretar vibrações emocionais no elemento, não importando a forma que tomava, de cascalho solto sob os pés de uma casa de tijolos até uma lápide de granito. Eu poderia dizer se uma casa era feliz, se o sangue havia sido derramado em uma garagem, ou se alguém estava à espreita do lado de um edifício com negras intenções em seu coração. Hoje à noite as pedras não exalavam nada além dos habituais murmúrios, dizendo-me que o vento de inverno que tinha chicoteado ao redor da mansão durante todo o dia e os esquilos que corriam de um lado para outro nas pedras à procura de abrigo contra o frio. Mas não havia mais nada para ser um elemental Pedra que simplesmente ouvia rochas. Minha magia também me permitia manipular a pedra. Deixava-me aproveitar o elemento e exercer minha vontade sobre ele do jeito que eu quissesse, de ruínas de tijolos até concreto rachando. Eu poderia até deixar a minha própria pele tão dura como o mármore, de modo que nada poderia penetrar nela, nem mesmo outro poder elemental, um truque que me salvou mais de uma vez. E eu era forte
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na minha magia também. Tão forte que eu poderia facilmente atacar com ela e arrancar uma pedra de cada vez da mansão Owen Grayson. Não seria muito mais difícil para mim do que respirar. Eu sabia por experiência que meu poder elemental me deixaria derrubar todas as encantadoras pedras cinza e triturá-las a pó. Afinal de contas, eu tinha feito muito disso com minha própria casa, na noite em que Mab havia assassinado minha mãe e irmã mais velha. Naquela noite horrível, eu tinha levado toda a minha magia de Pedra e nivelado a nossa casa toda com ela para tentar chegar a minha irmãzinha, Bria. Para tentar salvá-la antes de Mab a encontrar, torturar e matar. Eu pensei que Bria tivesse morrido como resultado das minhas ações, que ela havia sido esmagada até a morte pelas as pedras caindo. Isso era frio, feio e a culpa do segredo que eu carregava comigo durante os últimos 17 anos, até que descobri que Bria ainda estava viva e de volta em Ashland. Eu só tinha 13 quando tinha destruído a minha própria casa. Agora, aos 30, minha magia era mais forte do que nunca. E, de acordo com Jo-Jo Deveraux, o anão elemental Ar que me curava sempre que eu precisava, meu poder só iria continuar crescendo. O pensamento sempre me deixou desconfortável. Mesmo agora, eu tremia com a ideia. Minha mãe, Eira, foi a mais forte elemental do Gelo que eu conheci, mas sua magia não foi suficiente para salvá-la do poder do Fogo de Mab. Chamas de Mab tinha inundado-a com fome e imparável consumiu minha mãe até que ela não era nada mais do que uma pilha fumegante de cinzas. Então, eu tinha mais do que um pressentimento de que o meu próprio gelo e poder de Pedra não
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me fariam muito bem quando eu finalmente ficasse contra o elemental do Fogo. Às vezes, até mesmo assassinos tinham medo de morrer. Eu coloquei minhas memorias melancólicas de lado e fui para a porta da frente. Uma aldrava estava presa à porta - um largo martelo feito em aço maciço negro. O símbolo também poderia ser encontrado no enorme portão que cercava a casa e seus terrenos. O martelo era uma runa, exatamente como as cicatrizes em minhas mãos. Porém as runas de aranha marcadas em minhas mãos simbolizavam paciência. O martelo do Owen representava força, poder e trabalho duro - todas as coisas que ele realmente prezava. Owen Grayson usava o martelo como sua runa pessoal e de negócios. Uma coisa comum em Ashland. Elementais, vampiros, gigantes, anões - a maioria dos tipos mágicos usavam runas para identificá-los, as suas famílias, seus negócios ou mesmo seus poderes. Uma luz estava acesa emcima da porta da frente, mas eu não via nenhuma outra do lado de dentro, então decidi não usar a aldrava de runa de martelo. Não era necessário acordar todo mundo. Além do mais, eu estava acostumada a invadir sorrateiramente prédios no meio da noite. Parecia ser o mais natural para mim. Eu estendi a minha mão virada para cima e invoquei a magia do Gelo para correr por minhas veias. Uma fria luz prateada apareceu ali, no centro da runa de aranha incorporada à minha mão, e, um segundo depois, eu segurava dois picadores de gelo, ferramentas de trabalho que eu já havia criado milhares de vezes antes.
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Eu era o mais raros dos Elementais - alguém que podia usar dois elementos. Gelo e Pedra, no meu caso. Por anos minha magia de pedra tinha sido a mais forte das duas devido às runas de aranha em minhas mãos. Isto porque as cicatrizes foram feitas com silverstone, um metal especial que absorvia todas as formas de magia, incluindo magia Elemental. Como a maioria dos elementais do Gelo, eu usava meu poder através das minhas mãos, usando-o para criar cubos de gelo, cristais e tudo o mais. Mas o pouco de silverstone que havia em minhas mãos bloqueava a fácil liberação do meu poder de gelo, absorvendo a magia tão rápido quanto eu podia suportar. Muitas semanas atrás, eu finalmente superei o bloqueio durante uma luta por minha vida contra outra Elemental de Pedra. Surpreendeu-me como era fácil usar minha magia do gelo agora - e como parecia estranho cada vez que eu tentava usá-la. Jo-Jo Deveraux dizia que minha magia do Gelo logo seria tão forte quanto a minha
magia
de
Pedra.
Outro
pensamento
que
me
deixava
desconfortável. Especialmente por causa da minha magia elemental, dos meus poderes duplos, essa era a razão pela qual Mab matou a minha família em primeiro lugar. Demorou menos de um minuto para que eu conseguisse abrir a fechadura. É claro que não precisei usar os picadores de gelo, muito menos me esconder aqui fora na escuridão gelada. Owen tinha me dado a chave da porta da frente há alguns dias, me dizendo para ficar a vontade para aparecer quando quisesse, fosse dia ou noite. Eu não tinha certeza de como deveria me sentir por ter as chaves da porta de um homem. Nenhum dos meus relacionamentos 29
anteriores durou o bastante até chegar a este ponto. Owen e eu ficamos juntos por apenas algumas semanas, mas as coisas estavam acontecendo mais rápido do que eu imaginava. Especialmente o modo como ele fazia eu me sentir. Por um momento, parei na porta aberta imaginando se eu realmente queria entrar. Ou se queria realmente ver Owen hoje à noite. Ou se eu queria lidar com a relação que se desenvolvia e as profundas emoções entre nós. Eu, Gin Blanco, a assassina conhecida como Aranha, estava parada na porta da casa do seu amante como uma adolescente nervosa tentando conseguir coragem o suficiente para finalmente convidar o garoto fofo da escola para sair. Finn teria morrido de rir com a minha indecisão. Mas eu preferiria enfrentar uma dúzia de assassinos como LaFleur do que tratar com algo tão enganador, complicado e frágil quanto os meus sentimentos Ainda que Owen tivesse me pedido para entrar e eu tivesse dito a ele que eu o faria se as coisas não tivessem ficado tão violentas e sangrentas como no meu último ataque. Emoções ou não, eu gostava de manter as minhas promessas sempre que podia, especialmente para Owen, que foi bom pra mim até agora, aceitando quem eu era e todas as coisas ruins que eu já havia feito - que eu faria de novo para proteger as pessoas que eu amava. Eu inspirei, entrei na casa e fechei a porta atrás de mim.
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Capítulo 3 Eu fiquei no hall de entrada por um momento, deixando meus olhos se ajustarem as sombras. A frente da casa estava escura, mas eu via um par de luzes acesas mais para trás. Elas deveriam ser da sala de estar lá embaixo. Música suave derivava pelo corredor em minha
direção,
alguém
cantando
o
velho
clássico
“Winter
Wonderland”. A coisa educada a fazer teria sido anunciar a minha presença, chamar e ver se Owen ou Eva ainda estavam acordados. Em vez disso, eu rastejei pelo corredor, caindo de uma sombra para a próxima. Fui cautelosa, como quando permanecia do lado de fora e ouvia os murmúrios das pedras, verificando para ver se havia alguém por aí que não deveria. Eu não podia me dar ao luxo de ser descuidada por esses dias. Nem mesmo aqui. Enquanto eu andava mais para dentro da casa, meu olhar verificava o que eu podia ver da mobília. À procura de algo fora do comum, alguma co 3sa fora do lugar ou alguém que pudesse ser uma ameaça para mim. Mas tudo que vi era o mesmo mobiliário simples e familiar. Pedaços de peças feitas em madeiras escuras, pesadas,
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tapetes grossos no chão, esculturas de ferro em pé nas esquinas. Tudo em seu lugar correto. Exceto por mim, que me sentia decididamente fora de lugar. Cheguei à entrada para a sala de estar lá embaixo. A música era mais alta aqui, embora não desagradável. Ainda estava bem para trás nas sombras. Então olhei para a sala. Parecia um conto de fadas de Natal. Um enorme abeto Fraser chegava quase até o teto no canto ao lado da lareira de pedra cinza. O seu nítido e limpo aroma amadeirado fazia cócegas em meu nariz, mesmo aqui no corredor. Brilhantes luzes brancas estavam enroladas ao redor árvore, e uma variedade de enfeites de brilhantes coloridos em seus ramos de esmeralda. Mais decorações estavam espalhadas pelo resto da sala, folhas de azevinho agrupadas sobre a lareira, candy canes no fim da mesa, uma bola gorda de azevinho no teto. Eva Grayson estava na frente da árvore, uma grande caixa de pingentes prata em suas mãos. Dada a hora tarde, ela usava um pijama de flanela rosa, bonito e sexy ao mesmo tempo. O tecido mostrava as curvas de Eva, alta e esbelta para sua sorte. A cor brilhante também constratava com suas requintadas características cabelo preto azulado, olhos azuis e pele clara impecável. Eva tirou um pingente único da caixa e colocou-o na árvore. Ela inclinou a cabeça para um lado, certificando-se que colocação estivesse certa antes de pegar um pedaço de papel e jogá-lo na árvore também. — Você vai colocar isso um a um? Porque nós vamos ficar aqui a noite toda. — A voz de um homem retumbou.
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Owen Grayson saiu de onde estava de pé atrás da árvore, outra caixa de pingentes prata na mão. Como Eva, ele estava vestido para a noite, em uma camiseta preta e uma calça de pijama cinza. O algodão esticava sobre seu peito largo, destacando sua estrutura compacta e resistente, que sempre me lembrava do um físico atarracado de um anão. Owen tinha trinta centímetros a mais que a maioria dos anões. Ele tinha o mesmo cabelo preto azulado e pele pálida que Eva, embora seus olhos fossem de um violeta perfurante. O rosto dele era mais contundente e mais grosseiro que o dela, com uma fina cicatriz branca que cortou fundo seu queixo e um nariz um pouco torto. De algum modo, as pequenas imperfeições davam ao seu rosto, uma dura e perigosa feição que apenas o tornava muito mais atraente. A primeira vista, a maioria das pessoas não consideraria Owen um homem bonito. Não como Finn com seu clássico visual bonito, charme fácil e sorriso manhoso. Mas quanto mais eu olhava para Owen, mais atrativo ele ficava pra mim. Ele era impressionante do seu jeito, fazendo tudo com confiança e ar autoritário. Eu sempre me senti atraída por homens confiantes, especialmente aqueles que, como Owen, estavam sempre confiantes. Mesmo vestindo calça de pijama, Owen parecia pronto pra qualquer coisa que o mundo pudesse descarregar sobre ele, da decoração da árvore de Natal com a sua irmã mais nova, para uma reunião de negócios inesperada, a um perigoso assassino à espreita em sua casa. Houve um silêncio de Owen, uma forte calma interior que eu reconhecia e admirava. Ele conhecia seu poder e seu lugar no mundo, e não tenta esconder isso.
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E o resto dele era calmo e bonito aos seus olhos. Meu olhar vagou em seu largo peito, mais uma vez, em seguida até sua calça de flanela que pendiam frouxamente em seus quadris. Calor borbulhava em meu estômago, e não tinha nada a ver com as chamas alaranjadas na lareira de pedra. Mm. Talvez Finn pudesse estar certo sobre o sexo casual depois de tudo. — Você quer que a árvore pareça boa pra Gin, não é? — Eva perguntou escolhendo outro pingente para colocar nos ramos verdes. — Onde ela está? Eu acho que ela já deveria estar aqui. — Ela estará aqui quando chegar. — Owen respondeu com sua voz profunda. — Ela tinha outra tarefa esta noite. — Tarefa, certo. — Eva falou vagarosamente. — Você não tem de adoçar as coisas para mim, sabe. Você pode simplesmente chegar e dizer isso. Gin está lá fora matando alguém. Outro dos homens de Mab Monroe? Um
estremecimento
leve
enrugou
o
rosto
de
Owen
no
contundente tom de sua irmã. Com seus 33 anos, Owen era vários anos mais velho do que a sua irmã e era o perfeito irmão mais velho superprotetor. Mesmo que ela tivesse dezenove anos, ele ainda queria proteger Eva de tudo - inclusive do que eu fazia tarde da noite. — Eu acredito que esse era o plano. — Ele respondeu. Owen sabia que eu era a assassina Aranha. Ele suspeitou disso por semanas, desde então eu tinha ido de igual para igual com um dos anões gananciosos das minas, e fui a única que restou no final. Algumas semanas atrás, eu disse a Owen meu segredo escuro quando eu tinha ido depois de Elliot Slater. Owen tinha aceitado mais do meu
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passado que eu jamais sonhei que ele poderia. Ele sabia o que era um lugar escuro e violento como Ashland era, e tinha feito a sua cota justa de coisas desagradáveis ao longo dos anos também. Apenas para sobreviver, apenas para manter-se seguro com Eva. Owen não invejava a minha força, habilidades ou passado obscuro, ao contrário de outro homem com quem estive envolvida. Sua fácil aceitação de mim era uma das muitas coisas que eu gostava em Owen. Ambos concordamos que Eva tinha o direito de saber sobre o meu passado, então ele se sentou com ela uma noite e disse o que eu fazia. Eva não ficou surpresa, especialmente porque eu tinha ajudado Violet Fox, sua melhor amiga, há várias semanas. Violet contou a Eva como eu tinha salvado ela e seu avô de serem assassinados pelo proprietário da mina dos anões, que queria a sua terra e os diamantes que descobriu nela. Violet não era a única que eu tinha salvado. Eu também mantive Eva de ficar frita como uma batata frita por um elemental do Fogo que tentou roubar o Pork Pit uma noite enquanto ela estava comendo no restaurante. Eva tinha sido tão compreensiva com meu passado quanto Owen, principalmente porque a minha família não era o única que Mab Monroe tinha assassinado ao longo dos anos. Ela também matou os pais de Owen e Eva por que seu pai tinha dívida de jogo quando Eva era apenas uma criança. Os dois foram forçados a viver nas ruas de Ashland, assim como eu tinha feito antes que Fletcher Lane tivesse me salvado. Agora Eva me tratava como uma irmã mais velha, e eu não tinha certeza se estava confortável
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com esse papel, já que eu não sabia onde estavam as coisas entre Owen e eu. E o pequeno fato de que eu nem sequer falei a minha própria irmã, Bria, quem eu realmente era. — Na verdade, você vai ter sorte se Gin aparecer hoje à noite. — Eva disse. Os olhos violetas de Owen se estreitaram. — E o que é que isso quer dizer? Eva revirou os olhos e colocou a mão em seu quadril. — Isso significa que você está namorando a menos de um mês e já lhe deu uma chave, Owen. — O que tem de errado em dar a chave pra Gin? — Ele resmungou. — Não é como se eu pudesse mantê-la fora da casa, mesmo que quisesse. Eu pensei que dar a chave a ela era uma forma de facilitar as coisas, fazê-la se sentir como se fosse realmente bemvinda aqui. Esta é a primeira vez que namoro uma assassina. Eu não quero irritá-la. Eu sorri com seu tom de voz e lógica. Mais duas coisas que eu gostava em Owen. Ele não se envergonhava de meu passado, ou o fato de que eu poderia matá-lo tão facilmente como dormir com ele. — Não me interprete mal. Eu gosto muito da Gin. Certamente mais do que as vadias que você trouxe para casa. — Eva disse. — Ei, agora. Elas não eram vadias. Pelo menos, não de todas elas. — Eva fungou.
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— Quando seus seios são maiores do que os seus cabelos, elas são vadias, Owen. Confie em mim. Owen resmungou algo baixinho, enfiou a mão na caixa, e jogou um monte de pingentes de gelo em sua irmã mais nova. Eva riu e se abaixou saindo do caminho do dos enfeites. — Então, o que há de errado com Gin? — Owen perguntou. Eva deu de ombros. — Não é que haja algo de errado com ela. Mas ela é a Aranha. Tipo, a melhor assassina de todos os tempos. — Qual é o seu ponto? — Meu ponto é que Gin não é o tipo de mulher que vai ficar em êxtase por você dar a ela a chave depois de alguns encontros. Ela precisa de um pouco mais que isso. Owen fez uma careta. — Você acha que foi demais? Muito cedo? — De todas as formas, muito cedo. — Eva respondeu. Bem, eu estava feliz que não era a única que pensava assim, mas não tinha certeza se eu queria que Owen aceitasse o conselho sobre relacionamentos de sua irmã mais nova, que nem sequer tinha idade suficiente para beber legalmente. Os dois amaram pingentes na árvore por um minuto antes que Owen falasse de novo. — Eu gosto de Gin. — Disse ele. — Mais do que gostei de qualquer uma a um bom tempo. Foi por isso que eu lhe dei a chave. Porque eu queria. Porque eu quero que ela fique por perto. Eva olhou para o irmão mais velho. — Eu sei. Basta lembrar que Gin não é como qualquer outra que você já namorou. Ela não vai agir
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da mesma forma que as vadias que teriam começado a se mudar suas coisas para cá e escolher vestidos de noiva no momento que você desse as elas uma chave. Os olhos de Owen se estreitaram, mas um sorriso se espalhou pelo seu rosto, suavizando as feições esculpidas. — Quando você ficou tão inteligente? Eva sorriu de volta para ele. — Querido irmão, eu sempre fui inteligente. Você apenas não reconheceu o meu brilho até agora. Owen resmungou alguma coisa baixinho e jogou outro punhado de enfeites em Eva. Ela riu, escavado em sua caixa de e revidou com outros. E na luta se seguiu. Os dois jogavam enfeites um no outro, até que o ar soprou e brilhava com finas fitas prata. Encostei-me à porta e os observei gritar, rir e darem a volta ao redor do mobiliário enquanto elas faziam sua simulada batalha. Eva e Owen se amavam da forma que dois irmãos deveriam. A maneira que eu amava Finn. Eles tinham o tipo de relacionamento fácil que eu queria ter com minha irmã. Com Bria. Era péssimo Bria ser uma detetive da polícia de Departamento Ashland. Aquela que queria rastrear a Aranha e levá-la à justiça pela morte de Elliot Slater e o resto dos asseclas de Mab Monroe que eu tinha matado nas últimas semanas. Mas eu não estava aqui para me debruçar sobre esse relacionamento complicado, minha guerra com Mab, ou o fato de que LaFleur estava na cidade e procurando por mim. Tudo o que importava era esta noite e este breve momento feliz com os Graysons.
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Eu não tive muitas das pessoas na minha vida, e eu sabia o suficiente para apreciá-los. Para agarrar, segurar e aproveitar esses momentos preciosos enquanto eu podia. Então eu respirei e entrei na sala de estar, deixando os dois me verem. Eva me viu primeiro. — Gin! — Eva gritou, abaixando outro chumaço de pingentes. — Você veio! Cabeça de Owen virou na minha direção, dando a Eva o tempo que ela precisava para saltar para cima do sofá e despejar o resto de sua caixa de enfeites em cima da cabeça de seu irmão mais velho. — Ha! — Ela gritou em triunfo. — Eu ganhei! — Owen olhou furioso para sua irmã, antes de se virar e me dando um sorriso tímido. Com os enfeites deslizando pelo seu corpo, ele parecia um yeti1 de papel alumínio. Eu levantei uma sobrancelha. — Sexy. Mortalmente sexy. Owen sorriu para mim através das fitas prata cintilante. — Eu tento. *** Durante a hora seguinte, eu ajudei Owen e Eva a pegar os enfeites teimosos e colocá-los na árvore. Quando terminamos, Eva anunciou que ela estava nos dando algum tempo sozinhos e dirigiu-se para a cama.
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Abominável Homem das Neves é o nome dado a uma criatura mítica que supostamente vive na região do Himalaia. Segundo a lenda, seriam descendentes de um rei macaco que se casou com uma ogra.
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— Desculpe a bagunça. — Disse Owen, curvando-se para tirar um enfeite do caminho no tapete. — Eu não quis dizer para você ter que limpar nossa bagunça. — Está tudo bem. — Eu respondi. — Eu me diverti ajudando vocês. Surpreendentemente, eu não estava mentindo. Era divertido fazer algo tão simples, tão normal. Algo que Fletcher Lane teria considerado viver na luz do dia, suas palavras para ter uma vida regular. Eu não conseguia me lembrar da última vez que eu tive uma árvore de Natal, muito menos uma decorada. O velho não tinha muito preocupação com o feriado, e Finn foi sempre mais interessado nos presentes debaixo da árvore do que o que parecia. Além de ajudar-me com certas coisas, meu irmão de criação também era um banqueiro de investimentos. Finn sabia tudo sobre o dinheiro e as coisas brilhantes que você pode comprar com ele. Enquanto Owen pegava mais alguns enfeites, eu vagava pela sala, olhando as decorações, apreciando a mistura de vermelho e verde, dourado e prata. O brilho de vidro em uma mesa chamou a minha atenção, e eu peguei um globo de neve grande. Uma cena de Natal encantadora de uma família reunida ao redor de uma lareira estava debaixo da superfície lisa e curva. Eu balancei o mundo. Flocos brancos subiam antes de afundar ao fundo mais uma vez. Uma coisa tão pequena, simples, mas que fez meu coração torcer do mesmo jeito. Minha mãe, Eira Snow, havia colecionado globos de neve. Ela tinha dezenas deles, e me lembrei de correr de um lado para outro da lareira tentando fazer com que o redemoinho de neve continuasse
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antes que o primeiro se acomodasse. Uma brincadeira que Bria e eu fazíamos quando éramos crianças. Bria parecia ter o mesmo fascínio com os globos como nossa mãe. Eu tinha visto caixas cheias deles na noite em que eu tinha aparecido na casa de Bria e impedi Elliot Slater e o resto de seus capangas gigantes de matá-la. Algumas semanas atrás, quando Bria tinha voltado para Ashland, Mab Monroe tinha enviado o gigante executor para matar minha irmã. Mab tinha pensado que Bria era uma ameaça para ela. Bria que era a irmã Snow que tinha tanto de gelo como magia da Pedra. Mab tinha pensado que era Bria quem iria matá-la. Uma vez, um elemental do Ar que podia ver o futuro havia dito a Mab que um membro da família Snow, alguém que poderia exercer tanto Gelo e magia da Pedra, iria matá-la um dia. Em vez de deixar que isso acontecesse, Mab tinha decidido fazer seu próprio ataque preventivo. Por isso que ela foi à minha casa todos esses anos atrás. É por isso que ela tinha matado a minha mãe e minha irmã mais velha, Annabella. Por isso que ela me torturou, antes gravando a runa da aranha que eu usava como um colar entre as palmas das mãos. Quando eu não tinha dito a Mab para onde Bria foi, Mab havia usado sua magia do Fogo para o superaquecimento do silverstone de metal até que ele derreteu em minhas palmas me marcando para sempre. Marcando-me como a aranha em mais do que uma maneira.
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A elemental do Fogo só não tinha percebido que era eu quem realmente a queria eliminar aquela noite. Que eu era a ameaça real para ela, não Bria. Que eu era a única com Gelo quanto com magia da Pedra que usaria para matar Mab. A profecia, as ações do Mab, o fato de que eu havia sobrevivido de qualquer maneira, era tudo muito trágico e de certa forma grego. Ou talvez eu pensasse isso só porque tinha acabado de terminar um curso de literatura clássica sobre a Ashland Community College. Tivemos que ler contos de Édipo e a Odisseia, entre outras coisas. Às vezes, eu me perguntava se Mab e eu éramos como duas antigas combatentes gregas, trancadas nesta épica luta, cada movimento que fizemos para impedir que nossos destinos trágicos que aproximava do nosso confronto final, mortal. Owen se moveu para ficar ao meu lado. — O que você está pensando? — Nada. Eu coloquei o globo de neve em cima da mesa, virei-me para ele, e enrolei meus braços em volta de seu pescoço. Inclinei a minha cabeça, e meu olhar acompanhou as características de Owen. A cicatriz branca do seu corte no queixo, lábios firmes, nariz um pouco torto, e, finalmente, até seus olhos. Como sempre, eu olhei profundamente em seus olhos violeta, me perdi na cor pálida, ametista, em busca de um sinal, um sinal, um flash de sentimento que me dizia que ele finalmente seria sensato e decidisse terminar as coisas comigo. Que Owen viu como escura e ferrada que eu realmente era no fundo, e que, finalmente, em última análise o nojo que tinha,
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da mesma forma que Donovan Caine teve, o homem com quem eu me envolvi antes de Owen aparecer. Como sempre, eu não vi nada. Sem medo, sem condenação, nem desgosto. Somente a aceitação. Owen colocou as mãos na minha cintura e me puxou para o seus braços. Suas mãos se moviam nas minhas costas, massageando meus músculos tensos, antes de deslizar para baixo na curva da minha bunda e me puxar contra ele, de modo que eu podia sentir cada centímetro duro dele esfregando contra a junção das minhas coxas, mesmo através do tecido grosso do meu jeans. — Mmm. — Eu disse. — Alguém está feliz em me ver. Owen inclinou a cabeça e deu um beijo suave no meu pescoço. Calor inundou minhas veias no contato suave. — Sempre. — Ele concordou. Eu virei minha cabeça, e nossos lábios se encontraram. Nós nos beijamos lentamente no início, docemente, suavemente mesmo. Nossos lábios apenas deslizavam com nossas mãos descendo um pouco mais no corpo do outro. Eu respirei o cheiro de Owen, um aroma, rico de terra que sempre me fez pensar em metal, algo que ele tinha um talento elementar para usar. Mas a conexão entre nós queimava muito brilhante, queimava muito quente, para ficar contida por muito tempo. O beijo se aprofundou, e nossas línguas se envolveram, saboreando um ao outro. As mãos de Owen deslizaram sob minha camisa, passeando em minha barriga. As minhas derivavam para
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baixo, movendo-se para seus quadris. Ambos não querendo ir muito longe com a provocação, pelo menos não ainda. — Você sabe. — Owen murmurou contra meus lábios. — Eu acho que Eva teve uma excelente ideia de ir para a cama. Quer se juntar a mim? — Por que se preocupar com a cama? — Eu empurrei minha cabeça. — Eu vejo um sofá perfeitamente utilizável bem ali. — Hmm. — Disse Owen, sorrindo para mim. — Eu já lhe disse que você tem boas ideias, Gin? Eu sorri para ele. — Não, mas você pode me mostrar. — Oh, eu pretendo. Não se preocupe com isso. Owen me puxou para mais perto. Seus lábios encontraram os meus novamente, e eu me entreguei a ele para a noite.
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Capítulo 4 Uma vez que era uma semana antes do Natal, Owen estava passando um tempo fora de seus vários interesses de negócios, o que significava que ele chegou a dormir na manhã seguinte. Mas eu ainda tinha uma churrascaria para tocar, então saí da cama cedo e tomei um banho quente. Owen ainda estava dormindo quando terminei de me arrumar. Ele estava deitado de bruços na cama king size, um cobertor macio cobrindo suas costas nuas, um braço forte se projetando para fora do colchão para o ar vazio em frente à cabeceira. Eu fiquei ali ao lado da cama, olhando para ele. Cabelo preto azulado, características brutas esculpidas, o corpo duro. Owen Grayson era tudo que eu sempre quis em um amante. Atencioso, inventivo, habilidoso, confiante. Mas a coisa mais estranha era que ele realmente parecia se importar comigo, Gin Blanco. A assassina meio aposentada conhecida como Aranha. Quando terminamos na sala de estar, fomos para o quarto de Owen para passar o resto da noite juntos. Owen tinha nos envolvido em um cobertor de lã, e ficamos ali em frente à lareira, conversando até que as chamas vermelho-alaranjadas
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morreram em brasas. Nós discutimos tudo da minha guerra permanente com Mab ao meu relacionamento estranho com Bria para o novo Mercedes que ele decidiu dar à Eva no Natal. Para minha surpresa, foi bom conversar com Owen, apenas por estar com ele, sexo ou não. E isso assustou o inferno em mim. Eu não tinha certeza se eu queria esse tipo de relacionamento com ele. Meu ex-amante, o detetive Donovan Caine, queimou-me um pouco mais do que eu ia deixar Owen ou qualquer outra pessoa. Donovan simplesmente nunca foi capaz de aceitar o meu passado como A Aranha e todas as coisas ruins que eu tinha feito ao longo dos anos, todas as pessoas que eu tinha matado para a sobrevivência, dinheiro ou qualquer outra coisa. Não importa o quanto ele queria estar comigo. Eu não queria olhar nos olhos violeta de Owen um dia e ver as coisas que eu tinha visto no olhar dourado de Donovan. Eu não queria olhar para Owen e perceber que minhas
habilidades
sangrentas e cortantes do passado perturbavam-no da maneira que tinha feito com Donovan. Eu não queria que Owen me odiasse como Donovan tinha odiado. Owen murmurou algo em seu sono e rolou de costas. Hesitei, depois me inclinei e tracei meus dedos na lateral do seu rosto. Um indício de barba escura espetou minha pele, mas não de uma forma
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desagradável. Owen se inclinou em meu toque e suspirou, como se o confortasse. Eu rapidamente retirei minha mão, não querendo acordá-lo ou pensar muito na suavidade quente que explodia no meu peito quando eu estava perto dele. Um tipo de suavidade esquivava rastejando, determinada, que eu estava lutando mais e mais para esmagar, ou pelo menos conter antes de infectar o pouco que restava do meu coração frio e escuro. Donovan havia me machucado quando ele deixou Ashland. Mas perder Owen da mesma maneira? Pelas mesmas razões? Eu estava começando a pensar que só poderia me quebrar completamente. Ainda assim, eu olhei para Owen um momento mais antes de virar e deslizar para fora do quarto. Passei o dia na cozinha do Pork Pit, a churrascaria que eu comandava no centro de Ashland. Então fui para casa me trocar e me preparar para a minha noite com Vinnie Volga, o elemental do Gelo que parecia ser parte de qualquer armadilha que Mab estava jogando para mim, para a Aranha. Só depois das nove da noite, eu viro minha Benz no estacionamento da Northern Aggression. Como o próprio nome sugere, a casa noturna era localizada no coração de Northtown, onde atendia a alguns dos mais ricos cidadãos de Ashland - ou qualquer um que tivesse dinheiro suficiente ou plástico para pagar as delícias hedonistas oferecidas lá dentro. Sangue, drogas, sexo, cigarros, álcool e tudo mais. Você poderia conseguir tudo isso na Northern Aggression, em qualquer quantidade ou combinações que quisesse, pelo preço certo.
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O lado de fora do clube não tinha muito que se olhar, apenas mais uma construção comum do tipo armazém com uma placa sobre a porta da frente, esmaecida e desbotada no resto da paisagem imaculada de Northtown. Se tivesse dirigido por Northern Aggression durante o dia, você poderia ter pensado que o clube era um escritório anônimo cheio de parasitas corporativos sentados em suas celas minúsculas e falando em seus fones de ouvido. Mas à noite, o lugar e as pessoas lá de dentro ganhavam vida em todos os tipos e formas. Eu estacionei meu Benz em um dos lotes laterais que ladeavam o edifício, sai, e fui para a porta da frente. Uma placa de néon enorme pairava sobre a entrada - um coração gigante com uma seta através dele. A runa pessoal de Roslyn Phillips e o símbolo para a sua boate decadente. A placa brilhava vermelho, depois amarelo, depois laranja à noite, banhando as dezenas de pessoas esperando na linha abaixo em sua luz brilhante e sugestiva. Xavier, o cara que era outro cara de Roslyn, do lado de fora da porta, decidindo quem entrava no clube e quem era deixado em pé lá fora no frio. O segurança gigante tinha cerca de dois metros e quinze de altura, com um corpo forte e musculoso para corresponder. Seus olhos negros e cabeça raspada brilhavam como ônix polido sob o brilho da placa de arco e coração neon. Xavier segurava uma grande prancheta nas mãos, verificando nomes em sua lista, e pegando notas ocasionais de suborno para levantar a corda de veludo vermelho e permitir que as pessoas fossem para dentro do clube. Caminhei até a frente da fila, além de todos os homens vestindo casualmente e as mulheres vestindo tão pouco quanto poderiam estar 48
devido ao ar frio de Dezembro. Algumas mulheres me apontavam, davam olhares sujos, especialmente porque eu não estava vestida para uma noite de balada. Ao invés de uma minissaia colada ou um top de couro, eu usava meu conjunto habitual - jeans escuro, botas pesadas, uma camiseta de manga longa e um casaco de lã preto. Uma vez que era quase Natal, eu vestia uma das minhas camisetas mais festivas para celebrar – de algodão grosso carmesim com um bastão de doces gigante no meio do meu peito. O tecido era escuro o suficiente para que o sangue de Vinnie Volga não se destacasse nele - muito. Boas festas! E, como sempre, levei meu arsenal habitual de cinco pontos em mim também. Duas facas silverstone em minhas mangas, dois mais em minhas botas, e uma escondida nas minhas costas. Nunca saí de casa sem elas. Nem mesmo eu estando supostamente aposentada. Até agora, podia-se dizer que estava pegando mais leve e era mais perigoso do quando era Aranha em tempo integral. Eu parei na frente de Xavier. — Oi aí, bonitão. — Eu disse lentamente. — Sabe onde posso encontrar uma festa hoje à noite? Xavier sorriu, seus dentes brancos brilhando no rosto debaixo do fulgor queimando da luz de néon. — Eu pensei que a festa sempre estava onde você está, Gin. Eu sorri de volta para ele. — Verdade. Mas eu pensei que iria diversificar um pouco esta noite. Podemos falar um segundo?
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Eu indiquei com a minha cabeça para Xavier e caminhei alguns metros de distância da porta da frente. O gigante me seguiu. Várias pessoas esperando na fila soltaram palavrões leves, mas um olhar para o meu rosto frio e duro e olhos ainda mais frios foi suficiente para levá-los a calar a boca. Xavier também olhou carrancudo e estalou os dedos enormes para a multidão impaciente por uma boa maneira. De repente, ninguém estava nem olhando na nossa direção, muito menos murmurando sob sua respiração sobre o atraso. Nenhum dos ricos em pé na fila queria mexer com um gigante de dois metros de altura. Especialmente com Xavier, que também atuava como um membro do Departamento de Polícia de Ashland. Quis o destino de também ser o parceiro da minha irmã, Bria. Ah, a ironia. Sempre pronta para me pegar. — Finn ligou para você mais cedo? — Eu perguntei ao gigante em voz baixa. — Ele deveria falar que eu viria esta noite para falar com Vinnie. Xavier acenou com o rosto sombrio e sério. O gigante era uma das pessoas que sabiam que eu era a assassina Aranha. Algumas semanas atrás, eu tinha ajudado Roslyn lidar com Phillips Elliot Slater,
o
doente,
bastardo,
retorcido
gigante
que
a
estava
perseguindo. Slater estava planejando estuprar e matar Roslyn, antes que eu e ela o matássemos. Algo que tinha assegurado que Xavier seria meu amigo o resto da vida, uma vez que ele se preocupava com Roslyn mais do que qualquer coisa. Ele percebeu que a conversa era, provavelmente, a última coisa que eu faria com Vinnie, mas nem piscou com a ameaça sutil em minhas palavras.
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— Sim. — Disse Xavier. — Finn ligou para Roslyn mais cedo e lhe disse sobre a situação. Finn já está aqui e Roslyn está lá dentro esperando por você também. — Eu hesitei. — Como ela está? Sombras escureceram os olhos de Xavier, e preocupação apertou seu rosto. — Ela tem dias bons e dias ruins, entende? Ainda é muito cedo para dizer, eu acho. Eu ainda me lembrava de como Roslyn estava na noite em que eu a tinha encontrado amarrada a uma cama na mansão de Slater na montanha. Slater gostava especialmente de bater em mulheres, e ele já tinha reduzido o belo rosto e corpo de Roslyn para polpa macia até o momento que eu cheguei lá. Sem mencionar o dano que ele já tinha feito a psique da vampira por perseguir e aterrorizá-la antes. Roslyn foi ferida, ensanguentada e totalmente quebrada - e prestes a ser estuprada por um dos homens de Slater. Foi uma cena horrível e revoltante que eu nunca, nunca esqueceria. Eu tinha matado o homem que agrediu Roslyn, cortei-o livre, e então usei alguns dos suprimentos de Jo-Jo Deveraux de cura para costurá-la o suficiente para que ela pudesse sair do quarto de Slater. Matar o bastardo que estava prestes a estuprar a vampira tinha sido fácil. Mas colocar minhas mãos em Roslyn, naquela noite, mesmo se tivesse sido apenas para esfregar pomada cicatrizante sobre ela, tinha sido uma das coisas mais difíceis que eu já tinha feito. Porque eu sabia que ser tocada era provavelmente a última coisa no mundo que Roslyn queria, especialmente que eu era a razão
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por ela ter sido espancada em primeiro lugar. Mas tinha que ser feito para salvá-la, e eu me obriguei a fazê-lo. Da maneira que eu tinha feito tantas outras coisas vezes feias, frias, negras e duras ao longo dos anos. — E como você está se segurando? — Eu perguntei a Xavier com uma voz suave. O gigante me deu um pequeno sorriso, mas não chegou nem perto de atingir os olhos. — Dias bons e dias ruins, junto com ela. Eu sabia sobre isso também, e eu coloquei minha mão em seu braço. Xavier balançou a cabeça e olhou para longe. Depois de um momento, Xavier limpou a garganta. Ele andou de volta para o clube, baixou a corda de veludo vermelho, e fez um gesto para eu ir para dentro. Eu acenei meus agradecimentos fui para a porta. Era como caminhar para outro mundo. Enquanto fora da Northern Aggression poderia ter sido brando e inexpressivo, o interior era toda decadência, rica e elegante. Tudo foi concebido para proporcionar o máximo de prazer visual quanto possível, desde o piso de bambu, as esmagadas cortinas de veludo vermelho que cobriam as paredes até o bar de gelo elaborado que abraçava a pista de dança. Os homens e mulheres que compunham a equipe da boate circulavam por entre a multidão, levando bandejas cheias de morangos mergulhados em chocolate, ostras frescas, e taças altas de champanhe gelada. Eles também
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usavam tão pouco como era legal, mostrando seus corpos duros e curvas matadoras. A maioria deles eram vampiros, todos eram prostitutos e cada um usava um colar com a runa de coração-e-flecha pendurado no final da corrente, deixando frequentadores do clube saber que eles estavam no cardápio também. Um garçom largou a bandeja, pegou a mão de uma mulher rindo, e levou-a para as escadas que iam até a parede de trás. O segundo andar da Northern Aggression contava com quartos que podiam ser alugados pelo tempo que quisessem para aqueles que eram um pouco tímidos para foder nas cabines ou debaixo das mesas que enchiam a parte de trás do clube. Eu contornei a massa de pessoas se contorcendo na pista de dança em uma música balançando por The Pretenders e fui mais fundo no clube, procurando Finn. Depois de cerca de três minutos, o vi sentado com Roslyn Phillips em uma cabine na parte de trás. Finn estava bebendo um martini enquanto um copo de sangue estava posto na frente de Roslyn. Levei um minuto para manobrar através da multidão, girando e deslizando para o lado oposto da cabine deles. Os olhos verdes de Finn foram para meu jeans, jaqueta de lã e camiseta. — Nossa, Gin. — Ele arrastou. — Você não poderia colocar algo um pouco melhor? Estamos em um clube, sabe. O melhor clube de Ashland. Ao contrário do meu traje casual, Finn usava um terno elegante em uma cor cinza fumaça com uma camisa e uma gravata prata correspondente. Suas roupas finas só o faziam parecer muito mais bonito, quando deixava o seu cabelo perfeitamente estiloso. Finnegan 53
Lane não acreditava em vestir-se simples - nunca. Ele teria usado feliz um terno de três peças para dormir, se isso simplesmente não ficasse no caminho de sua sedução noturna de qualquer coisa jovem doce que estava namorando atualmente. — Desculpe. — Eu disse. — Ao contrário de você, eu planejo ter minhas mãos sujas antes que a noite acabe, junto com as minhas roupas. A menos que você prefira ser aquele que fala com Vinnie? — Você está brincando? Este é um terno fino Fiona original. — Finn alisou a gravata desenhada e estremeceu com o pensamento de sangue estragar o tecido liso e caro. Ao lado dele, Roslyn soltou uma risada suave em nossa insignificância. Voltei minha atenção para a vampira. Sempre me impressionou muito como ela era bonita. Mesmo na penumbra do clube, ela era facilmente a mulher mais impressionante aqui. Seus olhos e pele eram de uma cor caramelo rico, e seu cabelo preto apenas roçavam a borda de seu maxilar forte. Óculos de prata ficavam empoleirados no final de seu nariz perfeito, e ela usava um terninho sob medida de cor verde-menta que exibia sua figura excepcional. Seios grandes, barriga lisa, pernas tonificadas. A vampira tinha um corpo que a maioria das mulheres iria matar, e ela sabia como fazer muito mais disso. Durante anos Roslyn havia trabalhado como prostituta nas ruas de Southtown antes de economizar dinheiro suficiente para abrir seu próprio negócio aqui no Northern Aggression. A senhora tinha se aposentado da prostituição e agora estava estritamente na gestão. Ela tocava sua própria cadeia de meninas de alta qualidade de
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atendimento e rapazes fora do clube e ganhava maços de dinheiro fazendo isso. Ainda assim, mesmo que ela estivesse fora de parte do negócio, mais do que alguns homens e mulheres olhavam na direção de Roslyn, na esperança de atrair o olhar para os seus próprios olhos famintos. Eu cuidadosamente examinei suas feições encantadoras, mas sem as marcas do ataque perverso final de Slater, graças à magia de cura de Jo-Jo Deveraux. Mas eu sabia que Roslyn tinha cicatrizes no interior – brutais e cicatrizes feias recentes de que poderia nunca, nunca cicatrizar. Assim como as runas de aranha nas palmas das minhas mãos que sempre me lembrariam da noite em que minha família havia sido assassinada. Olhei para Roslyn mais um momento antes de me virar e gesticular para a próxima garçonete. — Gin e tônica. E pouca tônica. A garçonete assentiu e afastou-se para a multidão. Finn tomou um gole de martini. — Era hora de você aparecer. Estou aqui há quase uma hora. Eu dei de ombros. — Eu tive que trabalhar até tarde no Pork Pit. Fomos atingidos com pedidos e encomendas. Poucos dias antes do Natal, e todos os negócios em Ashland estavam correndo para fazer sua festa de escritório antes que todo mundo partisse para o feriado. Sophia Deveraux e eu estávamos cozinhando sem parar hoje, preparando dezenas de carne de churrasco e pratos de carne de porco, galões de feijão, montes de
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batatas fritas, baldes de salada de repolho e muito mais. Além de servir os nossos clientes regulares. Eu adorava cozinhar, adorava brincar com as combinações intermináveis de doce, salgado e azedo. O processo simples de mexer os ingredientes juntos para criar algo novo acalmava-me e a forma de misturar cores vivas, uma pintora. Mas tanto quanto eu gostava de cozinhar e de cuidar do restaurante, estava um pouco cansada de descascar batatas, triturar repolho e fazer vasilhas de molho secreto de churrasco do Fletcher Lane. A garçonete voltou com a minha bebida. Eu provei o gin, sentindo o licor frio escorregar na minha garganta antes de começar a queimar, lento e doce no meu estômago. Finn, Roslyn e eu bebíamos. A música do clube batia em torno de nós e o cheiro de fumaça, suor e sexo enchia o ar. — Então. — Eu disse depois de beber o resto do meu gin. — Como vai você, Roslyn? A vampira arqueou uma de suas sobrancelhas perfeitas. — Você está realmente fazendo uma pausa e começando uma pequena conversa primeiro? Em vez de imediatamente exigir conhecer tudo o que eu sei sobre Vinnie Volga? Você está ficando mole com a idade, Gin. Eu estremeci. Eu não tinha sido sempre gentil com Roslyn no passado, principalmente porque tinha ficado muito irritada com o assassinato de Fletcher Lane para pegar muito leve com a vampira. A vampira falando sobre eu ser uma assassina para as pessoas erradas foi uma das coisas que levaram à morte do velho. Mas nós tínhamos
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ficado bem enquanto eu tinha conspirado sobre a melhor forma de matar Elliot Slater, e comecei a pensar em Roslyn como uma amiga. Eu não tinha muitos desses, de modo que cada um era importante para mim. Parecia que ela não se sentia da mesma forma. O conhecimento atingiu um pouco mais do que eu pensava que faria. Assim como a pequena perda cortando que foi com ele. Não era uma emoção que eu experimentava muitas vezes, principalmente porque sempre me fazia sentir fraca e necessitada - duas coisas que eu absolutamente odiava. — Desculpe. — Eu murmurei. — Se você quer ir direto para as coisas... Um pequeno sorriso levantou os lábios de Roslyn. — Relaxe. Eu só estou brincando com você, Gin. Sua voz suave de alguma forma me fez sentir ainda pior do que antes. A vampira tomou um gole de seu sangue e se apoiou contra a cabine. — Quanto a como eu estou indo, tudo bem, eu acho. Ainda tentando entender as coisas. Alguns dias estou bem. Outros, não consigo nem respirar. E pesadelos. Estou tendo um monte de pesadelos. A maioria deles envolve Slater andando pela porta da frente do clube, me agarrando e me batendo até a morte na pista de dança. A voz de Roslyn era fria, sem vida e calma, do jeito que tinha sido no dia que ela me disse que Slater estava perseguindo-a, que o gigante estava fazendo-a fingir ser sua namorada enquanto ele
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trabalhava até a estuprar e matá-la. Isso fez o meu coração doer por ela muito mais. Eu sabia tudo sobre pesadelos. Eu tinha mais do que a minha parcela ao longo dos anos, mas especialmente desde o assassinato de Fletcher, há alguns meses. Vivendo nas ruas, Fletcher me acolheu, os meus primeiros dias com o velho e Finn. Eu tinha sonhado com tudo isso e mais. Era como se a morte do velho tivesse aberto uma comporta de emoções dentro de mim, que eu poderia fechar durante o dia, mas ainda tinha problemas para lidar a noite - pelo menos até que eu acordasse suando frio com a boca aberta em um grito silencioso. — Vai ficar melhor. — Uma mentira fácil que eu dizia muitas vezes para muitas pessoas ao longo dos anos, especialmente a mim mesma. — Sério? — Roslyn sussurrou com a dúvida enchendo seus olhos caramelos. Eu dei de ombros. — Bem, Slater está morto e queimando no inferno agora. Ele nunca vai incomodá-la novamente, por isso não vai ficar pior. Eu posso prometer-lhe isso. Ela me deu outro pequeno sorriso. — Eu acho que vai ter que ser suficiente por agora. Sempre era em Ashland. Ficamos ali por mais alguns minutos. Meus olhos percorreram a multidão, procurando através dos rostos, antes de passar por quem eu realmente estava aqui para ver esta noite - Vinnie Volga.
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Uma das principais características do Northern Aggression era o bar de gelo elaborado que pegava uma boa parte de uma das paredes. O balcão era uma folha única e sólida de gelo elementar com uma variedade de runas entalhadas na superfície fria. A maioria sol e estrelas simbolizando a vida e alegria. As runas brilhavam como lascas de diamante no gelo, fazendo parecer mais como uma bela obra de arte do que um bar funcional. Mas o gelo segurava mais do que todas as pessoas que se sentavam ao lado e inclinavam-se sobre ele e os outros que se agrupavam afundando em alguns lugares a espera para conseguir sua última rodada de coragem líquida. Meu olhar travou no homem que estava atrás do bar - o elemental de Gelo responsável por garantir que a sua criação permanecesse em um pedaço para a noite. Vinnie Volga era moreno - pele bronzeada e um tufo de cabelos encaracolados que só poderia ser descritos como marrom escuro. Um cavanhaque aparado cobria seu queixo pontudo, embora sua boca e testa
tivessem
uma
aparência
franzida,
como
se
estivesse
constantemente preocupado com alguma coisa. Vinnie era pequeno para um cara, simplesmente da minha altura, um e setenta e cinco mais ou menos, com um corpo fino e duro. Mas a coisa mais impressionante em Vinnie eram os olhos, que brilhavam azul-branco na semi-escuridão, graças à sua magia elementar. Vinnie mantinha o poder de gelo em todos os momentos, mesmo enquanto misturando e servindo bebidas. Ele tinha que continuar alimentando um fio pequeno e constante de magia para o
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bar, ou sua criação iria começar a derreter, dado todos os corpos e calor que lotavam o clube. Era raro que um elemental pudesse usar sua magia sem que outros elementais sentissem, e Vinnie não estava tentando esconder o que estava fazendo. Mesmo do outro lado da sala, eu podia sentir a carícia fria do seu poder chamando-me. Isso me fazia querer alcançar a minha própria magia de Gelo e deixar que a energia fria preenchesse cada parte do meu ser, mas eu empurrei a cobiça de lado. Eu não deixaria que o garçom soubesse que eu tinha qualquer tipo de magia - até que fosse tarde demais. — Então me fale sobre Vinnie. — Eu pedi a Roslyn. Os olhos da vampira rastrearam meu olhar pelo clube para onde o barman estava de pé, sacudindo uma nova rodada de martinis. Ela encolheu os ombros. — Não há muito a dizer. Ele tem trabalhado para mim durante um par de anos. Emigrou aqui da Rússia com sua filha. A mãe morreu na Rússia antes de chegarem aos Estados Unidos. Muito calmo, fica na dele. Um trabalhador. Sempre na hora. Não parece tão interessado em minhas meninas, mas ele sai com uma ocasionalmente. Eu nunca tive qualquer problema com ele. Ele vem e se certifica de que o bar está em uma única peça, mistura as bebidas, tira algumas pausas rápidas para ir checar sua filha e vai embora. Ele é o melhor bartender que eu já tive. Eu realmente odiaria perdê-lo. Eu dei-lhe um olhar frio. Depois de um momento, Roslyn assentiu. — Mas se não puder ser evitado, suponho que eu possa encontrar outro elemental de Gelo para assumir no lugar ele. — Disse
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ela. — O que eu realmente quero saber é se Vinnie está espionando para Mab Monroe. Se ele estiver, está fora. Ninguém que trabalha para Mab vai ficar na minha equipe ou será bem-vindo no meu clube - nunca. Os olhos caramelos de Roslyn brilharam com raiva e sua boca achatou em uma linha dura e feia em seu belo rosto. A vampira tinha tanto motivo para odiar Mab quanto eu, porque Mab foi a chefe de Elliot Slater, aquela que puxou toda a sua loucura e torceu as cordas. A elemental de Fogo sabia que Slater estava perseguindo e aterrorizando Roslyn e ela não tinha feito nada para impedi-lo. Enquanto Slater cumprisse as ordens de Mab, ela não se importava com o que ele fazia para ninguém - ou quem se machucasse no processo. — O que sabe sobre a magia de Vinnie Ice. — Eu perguntei. — Isso vai ser um problema? — Ele tem o suficiente para manter o bar intacto. — Disse Roslyn. — Mas eu acho que é isso. Eu nunca o vi fazer nada com isso. Ele certamente não é tão forte como você. Eu me mexi. Todo mundo sempre dizia o quão forte era a minha magia, como se fosse algo para se orgulhar. Mas eu sabia que não era tão poderosa. Alexis James. Tobias Dawson. Elliot Slater. Cada um deles tinha chegado muito perto de me matar nos últimos meses para eu acreditar que era invencível. A morte vinha para todos nós, no final, não importa o quão forte pensávamos que éramos. Ainda assim, cada vez que alguém comentava sobre minha magia, eu não conseguia parar esse tremor incômodo que varria meu
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corpo. Era como se todos eles estivessem me preparando para a queda que eu sabia que estava chegando rápida no dia em que eu fosse na ponta dos pés até Mab com a minha magia. E perdesse. — Assim, podemos continuar com isso? — Finn perguntou, seus olhos verdes travados em uma ruiva girando na borda da pista de dança. — Porque se nos apressarmos, podemos ainda descobrir tudo o que Vinnie sabe antes de fechar. O que me deixa muito tempo para encontrar alguém para me manter quente durante o resto da noite. Você não gostaria que eu ficasse sozinho, agora, gostaria? Revirei os olhos. A propensão de Finn de pensar primeiro com seu pau estava indo colocá-lo em apuros um dia. Especialmente desde que ele não se importava em seduzir mulheres que já foram tomadas. Ele via um anel de casamento como um desafio mais do que qualquer outra coisa. Eu sempre achei incrível que alguns maridos zangados não tinham me contratado para matar Finn há muito tempo. Mas o meu irmão adotivo estava certo. Era hora de começar com as coisas. Quanto mais cedo apertasse Vinnie por informação, mais cedo eu poderia começar a planejar como encontrar e eliminar LaFleur - antes que ela me encontrasse primeiro. Eu comecei a deslizar para fora da cabine quando uma ondulação peculiar no meio da multidão chamou minha atenção. Uma onda de pessoas se separou para alguém em seu meio. Um momento depois, uma mulher se aproximou do bar de gelo no local exato onde Vinnie estava servindo bebidas.
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Uma mulher, pequena e delgada, com um cabelo ondulante e curto preto brilhante. Uma tiara larga de esmeraldas planas segurava seu cabelo para trás de seu rosto, para que todos pudessem dar uma boa olhada em seus traços delicados. As pedras piscaram para mim debaixo das luzes negras do clube. Ao contrário de mim, ela estava vestida para uma noite na cidade. Um top apertado preto sem mangas exibia seus braços suaves e musculosos, enquanto uma minissaia verde limão abraçava sua bunda magra. Botas de couro preto com salto agulha arrastavam-se até os joelhos. Ela não parecia estar carregando quaisquer armas, a menos que tivesse um par de facas enfiadas em suas botas. Mas dado o que eu a tinha visto fazer com sua magia elétrica na noite passada, ela realmente não precisa de nenhuma arma. Ela se inclinou contra o bar de gelo e disse algo para Vinnie, cuja cabeça se levantou dos martinis que ele estava fazendo. Sua mandíbula caiu aberta com a visão dela e, por um momento, o brilho azul-branco da sua magia de Gelo desapareceu completamente de seus olhos antes de faiscarem e cintilarem de volta à vida. A reação chocante do barman era compreensível. Afinal, ele estava conversando com LaFleur.
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Capítulo 5 — Porra. — Soltei uma maldição suave. — O que você está... — Os olhos de Finn se estreitaram. — Espere um minuto. Essa é quem eu penso que é? Assenti. — Essa é ela. LaFleur. Finn soltou sua própria maldição. Roslyn olhou para trás e para frente entre nós dois. — LaFleur? Como a assassina que vocês acham que Mab contratou para vir a Ashland e matar Gin? — A própria. — Finn murmurou, seu olhar verde na outra mulher. — E ela está conversando com Vinnie. Nós três os encaramos. LaFleur curvou o dedo para Vinnie, que engoliu antes de se mover para frente. LaFleur se inclinou através do bar de Gelo um pouco mais e sussurrou algo no ouvido dele. O que quer que ela disse, não foi bom, porque a magia azul-branca de Gelo de Vinnie vazou de seus olhos mais uma vez. LaFleur estava quebrando a concentração dele com suas palavras. Fiquei tensa, meu polegar traçando o cabo da faca de silverstone que eu escondera na mão sob a mesa da cabine. Me perguntei se a
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outra assassina ia matar Vinnie aqui mesmo, agora mesmo, no meio da boate já que ninguém aparecera para seu encontro encenado ontem à noite. Porque a Aranha não fizera uma aparição como LaFleur queria que eu fizesse. Ela podia facilmente matar Vinnie. Uma explosão da magia elementar Elétrica da assassina seria o suficiente para atravessar qualquer defesa gelada que o barman poderia ser capaz de reunir. Era assim que elementares lutavam - arremessando seu poder bruto, sua magia bruta, um no outro. Medindo suas forças um contra o outro. Duelando um contra o outro, até uma pessoa enfraquecer, e a magia da outra inundar a perdedora e matá-la. Sufocada por Ar, queimada por Fogo, congelada por Gelo, encerrada em Pedra. O resultado final para o elementar mais fraco nunca era um bom, e morte por magia elementar nunca era bonita, fácil ou indolor. Mas em vez de formar uma bola de raios verde na mão e empurrá-la no rosto de Vinnie, LaFleur fez a coisa mais curiosa. Ela deu um tapinha na bochecha do elementar de Gelo, deu-lhe uma piscadela maliciosa e um sorrisinho sexy, depois se virou e desapareceu na multidão. Deixando-o sozinho e ileso. Vinnie piscou, depois cedeu contra o bar como se seu corpo fosse feito de água e ele estivesse derretendo por todo o lugar. Ele permaneceu assim por cerca de trinta segundos, antes de uma garçonete pisar no local onde LaFleur estivera e deslizar sua bandeja vazia até ele. A garçonete disse alguma coisa, provavelmente contando
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a ele sobre seu último pedido. Vinnie balançou a cabeça, depois pegou seu misturador de martini mais uma vez. Mas a magia azulbranca tremeluzindo em seus olhos estava fraca, turva e débil. O que quer que LaFleur dissera a ele, tinha absolutamente desmoralizado o elementar de Gelo. Já que Vinnie não ia a lugar nenhum, rastreei os movimentos de LaFleur através da multidão. Para a minha surpresa, a assassina foi em direção à porta da frente. Indo embora. Ela estava realmente indo embora. Era uma oportunidade boa demais para deixar passar. Eu queria ver para onde ela estava indo com tanta pressa. — Vigie Vinnie. — Eu disse a Finn, deslizando da cabine. — Ligue para mim no meu celular, se ele fizer um movimento para ir embora. Eu quero ver se LaFleur está aqui com alguém. — Gin? — Finn disse. Olhei para ele. — Tenha cuidado. — Preocupação encheu seu rosto, e eu sabia que ele estava pensando na magia de LaFleur. No que a tínhamos visto fazer ontem à noite e no que ela poderia fazer comigo esta noite. Lancei-lhe um sorriso largo. — Não se preocupe comigo. Eu sempre volto, Finn. Eu só esperava que desta vez não fosse numa caixa de pinho. Eu não investi imediatamente através da multidão atrás de LaFleur. Porque se eu fosse ela, teria um par de caras estacionados na boate mantendo um olho em Vinnie, vendo quem poderia ir vagando para conversar com ele, e mais especialmente quem poderia estar
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interessados em seguir a assassina para o lado de fora. Então meu primeiro passo foi fazer um desvio perto do bar de Gelo. Andei por toda a extensão dele, tecendo por dentro e por fora dos aglomerados de pessoas. Todo mundo estava rindo, conversando, bebendo, e se acariciando, então foi fácil o suficiente para mim agarrar um martini que um anão estava cegamente alcançando antes que seus dedos atarracados se fechassem sobre ele. Também roubei um maço de cigarros e um isqueiro do bar que pertenciam a um gigante que estava de costas para eles. Acessórios em mãos, fui para a porta da frente e pisei do lado de fora. A noite ficara ainda mais fria enquanto eu tinha estado na boate e agora pedaços de neve dura eram soprados súbita e fortemente, empurrados por uma brisa que estapeava minhas bochechas e cortava diretamente através do meu jeans, T-shirt e casaco de lã. Mas o frio não tinha afugentado ninguém. A fila para entrar dobrou desde que eu chegara. Xavier permanecia em seu mesmo local perto da porta, prancheta ainda na mão. O gigante sequer olhou de relance para cima enquanto LaFleur passeava por ele. Estava ocupado demais pastoreando a massa de pessoas na frente dele para dentro para se preocupar com quem estava indo embora cedo. A
assassina
contornou
Xavier
e
partiu
através
do
estacionamento. Mantendo um olho nela, pausei bem do lado de fora da entrada tempo suficiente para acender um cigarro e me certificar de que a minha taça de martini estivesse para cima, onde todos pudessem vê-la assim as pessoas pensariam que eu estava aqui para festejar, apesar das minhas roupas informais. Também passei a mão 67
pelo meu cabelo castanho chocolate escuro, bagunçando-o, como se já tivesse tido um inferno de um bom tempo lá dentro. Então fui na direção de LaFleur, meus passos lentos e vacilantes, meu corpo balançando de um lado para o outro. Só mais uma fumante embriagada desesperada por uma correção de nicotina e pegando um pouco de ar fresco antes de voltar pra dentro da boate para outra bebida, outra foda, ou para o que quer que eu estivesse cedendo hoje à noite. Um papel fácil o suficiente para um assassino desempenhar e um que eu tinha usado para camuflagem dezenas de vezes ao longo dos anos. Eu tinha dado apenas dez passos preguiçosos para longe do edifício antes de LaFleur parar na beira do estacionamento. Fiz uma pausa também, andando sem pressa para trás e para frente nas margens de um grupo de fumantes amontoados para se aquecer, me mantendo perto o suficiente deles para parecer como se eu pertencesse ali. Apenas mais um rosto na multidão sugando sua vara cancerígena o mais rápido que pudesse. LaFleur ficou à sombra de uma árvore de salgueiro-chorão, as longas, delicadas, oscilantes gavinhas apenas escovando o topo da headband esmeralda dela. Ela ficou de costas para a árvore e se virou de frente para a entrada da Northern Aggression mais uma vez. Ela examinou tudo, das pessoas esperando em fila, ao grupo de fumantes com quem eu estava de pé, a placa de coração-e-flecha piscando acima do edifício. A assassina assimilou isso tudo, analisando tudo exatamente do jeito que eu teria, procurando quaisquer ameaças a ela, qualquer coisa suspeita, incomum ou fora do normal.
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Fiquei contente que eu tinha parado no bar pelos meus acessórios. Caso contrário, a outra assassina teria me avistado saindo furiosamente do clube atrás dela. E então, bem, as coisas teriam ficado interessantes. Mas LaFleur não me viu ou qualquer outra coisa que a ameaçasse. Sua postura vigilante relaxou e ela fez-se um pouco mais confortável contra a árvore, apenas inclinando os topos de seus ombros contra ela, em vez de todo o comprimento do seu corpo esbelto. E então esperou. Dez… vinte… quarenta e cinco… contei os segundos na minha cabeça. LaFleur não moveu um músculo por três minutos. Ela poderia ter sido uma estátua plantada sob a árvore por toda a emoção que mostrava. Franzi as sobrancelhas. Então não só ela tinha magia elétrica mortal, mas LaFleur poderia ser paciente também - tão paciente como eu poderia ser. Mab Monroe escolhera sua assassina muito sabiamente. Perguntei-me pelo quê LaFleur estava esperando, porém. Ela dissera a Vinnie Volga para romper com seu posto no bar de Gelo e vir para fora e encontrá-la? Porque a forma como ele reagira a ela me dissera que Vinnie sabia exatamente quão perigosa a assassina era. Ela realmente pensava que o barman iria querer estar sozinho no escuro com ela? Especialmente depois que a pequena armadilha dela nas docas falhara em capturar a Aranha? Mas Vinnie não veio para fora e cinco minutos e três horríveis e nojentos cigarros depois, consegui a minha resposta para o que
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LaFleur estava fazendo espreitando do lado de fora da Northern Aggression. Uma limusine preta rolou pelo estacionamento, chegando a uma parada em frente a ela. A assassina se afastou do salgueiro-chorão e se endireitou, as mãos soltas e abertas dos seus lados, mas ela não fez nenhum movimento para avançar em direção ao carro roncando. Meus olhos se estreitaram. Com quem ela estava se encontrando agora? E por quê? O motorista se apressou para fora do banco da frente da limusine e correu para a parte de trás. Ele abriu a porta e enfiou a mão dentro das profundezas escuras. Ele ajudou uma mulher a sair e ficar de pé, em seguida curvou-se e deu um passo para trás. Eu a reconheci imediatamente. Como se eu pudesse algum dia esquecê-la. Mab Monroe. Mab parecia que ela ou tinha estado ou estava saindo para a noite. A elementar de Fogo usava um longo vestido de noite preto com um decote coração, sem alças. Uma estola de pele preta combinando estava envolta em torno de seus ombros macios. A palidez de sua pele contrastava com seu cabelo, que era o vermelho brilhante como uma moeda nova de um centavo. Ele se enrolava suavemente sobre os ombros. Mas os olhos de Mab eram sua característica mais marcante. Eles eram ainda mais pretos do que o seu vestido e pareciam duas peças de azeviche duras fixadas em seu rosto leitoso. Meu olhar caiu para a garganta da elementar de Fogo. Como sempre, ela usava seu colar de runa de assinatura - um grande rubi colocado em um anel de raios dourados curvilíneos. A lapidação de
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diamante no ouro captava a luz do sinal de néon do lado de fora do clube e fazia parecer que os raios estavam realmente tremeluzindo, que eles eram chamas reais, ardentes. Não era de admirar, já que o colar representava uma explosão solar. O símbolo para Fogo. A runa pessoal de Mab, usada só por ela. Ela nunca ia a lugar nenhum sem ela, assim como eu nunca saía de casa sem minhas facas de silverstone. Observei enquanto Mab abordava LaFleur. A assassina curvou a cabeça respeitosamente para Mab, mas nunca tirou seus olhos da elementar de Fogo, nem mesmo por um segundo. LaFleur podia estar trabalhando para Mab, mas não confiava nela. Garota esperta. As duas mulheres juntaram suas cabeças e começaram a conversar. Eu estava longe demais para ouvir o que elas estavam dizendo, e Mab não era o tipo de pessoa de quem você simplesmente se aproximava no escuro. Eu não podia me mover nem um pouco para mais perto delas sem chamar a atenção para mim mesma. Pelo menos, não sem circular todo o caminho em torno da parte de trás do clube e chegar a elas de um ângulo diferente. Conhecendo minha sorte, eles provavelmente teriam ido há muito tempo até a hora que eu fizesse isso. O que eu realmente queria saber era o que diabos a elementar de Fogo estava fazendo do lado de fora da boate de Roslyn. Tanto quanto eu sabia, Mab nunca viera aqui antes. Ela e os yuppies bêbados que frequentavam a Northern Aggression não frequentavam exatamente os mesmos círculos. Então, por que ela encontraria LaFleur aqui fora no aberto ao invés de em algum lugar mais privado? O que estava acontecendo 71
entre as duas? E o quanto isso ia foder meus planos de matar a elementar de Fogo mais cedo ao invés de mais tarde? No bolso do meu jeans, meu celular soltou um baixo e constante zumbido. Ainda fingindo ser nada mais do que uma fumante bêbada, me afastei sem pressa do grupo de pessoas que eu estivera de pé ao lado. Meu telefone continuou vibrando, então eu o escavei e o abri. — O quê? — Rosnei. — Temos um problema. — Finn disse na minha orelha. —Vinnie deixou o bar. Pelo menos, tentou. Ele não deu cinco passos antes de três caras saírem da multidão, o cercarem e o ajudarem no seu caminho. Então foi por isso que LaFleur voltara para fora da Northern Aggression tão rapidamente. Ela deixara seus homens para trás dentro da boate para vigiar Vinnie no caso de ele decidir fugir em disparada. Assim como eu teria. — Eles saíram por uma porta lateral. — Finn disse. — Pela aparência deles, acho que vão levar Vinnie para uma caminhada da qual ele não vai voltar - nunca. Enquanto ficava ali ouvindo Finn, eu continuava encarando LaFleur e Mab. Emoções passaram por mim, e por um momento, considerei esconder minhas facas de silverstone nas mãos, correr a toda velocidade em direção às duas mulheres e esfaqueá-las até a morte. Mab não tinha nenhum de seus guardas gigantes habituais com ela. Nenhum reforço, nada. Esta era a minha chance de finalmente matá-la. De fazer com ela o que ela fizera com a minha família todos aqueles anos atrás.
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Todo o meu corpo queimava com a necessidade de matá-la aqui mesmo, agora mesmo. Inimiga, inimiga, inimiga, uma vozinha primitiva murmurou no fundo da minha cabeça. Aqui está a sua inimiga. No aberto. Exposta. Vulnerável. Mate-a agora, antes que ela vá embora. Antes que ela machuque qualquer outra pessoa que você ame. Mas eu forcei a quente, dolorida, gananciosa, imprudente raiva de lado e a enterrei sob a fria, inescapável lógica da situação. Porque a parte minha que era a Aranha - a fria, dura, racional, implacável parte que sempre seria a Aranha - percebeu que atacar Mab agora seria suicídio. LaFleur seria complicada o suficiente para eliminar sozinha. Primeiro de tudo, ela era uma assassina, treinada, qualificada e mortal, exatamente como eu. Ela não ganhara a sua reputação estelar por ser fraca ou desleixada. Mas ainda mais importante do que isso era o fato de que a sua magia elementar elétrica parecera tão forte quanto o meu poder de Gelo e Pedra. Frente a frente, eu não sabia qual de nós iria ganhar. Além disso, mesmo se eu matasse LaFleur, isso ainda deixaria Mab para lidar. Eu não sobreviveria a uma luta com as duas - não ao mesmo tempo. Juntas, a magia delas era simplesmente maior que a minha. Mesmo se eu tivesse sido imprudente o suficiente para atacar as duas mulheres, elas tomaram minha decisão por mim. Mab gesticulou para LaFleur e elas duas se aproximaram da limusine à espera e deslizaram na parte de trás. Um momento depois, o longo carro saiu do estacionamento e desapareceu dentro da noite fria. Minhas inimigas viveriam para ver outro dia. E eu iria também.
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Partes iguais de alívio e frustração me preencheram. Suspirei, e minha respiração geou no ar da noite. — Gin? — A voz de Finn murmurou na minha orelha. — Você está me escutando? Os homens de LaFleur tem Vinnie. O que você quer fazer? Saí bruscamente dos meus devaneios. — Diga-me para que lado eles foram. LaFleur pode ter ido, mas eu ainda planejo ter uma conversinha com Vinnie hoje à noite.
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Capítulo 6 Eu apaguei meu último cigarro, entrei no estacionamento, e deixei o pacote e o isqueiro no capô do carro mais próximo, junto com meu copo de Martini. — Eles saíram do lado oeste. — Finn disse. — Pela porta próxima à sala que dá para a área VIP. Seguindo as direções de Finn, eu avancei pelo estacionamento, deslizando por fileiras de carros, e movendo num ângulo atrás da longa de fila de pessoas que ainda esperavam entrar no Nothern Aggression. Eu finalmente dei a volta no lado do prédio e alcancei um longe dos estacionamentos. Com toda a certeza, eu vi um grupo de homens logo a minha frente. Vinnie Volga permaneceu no meio do grupo, um homem em cada lado dele, com armas em suas mãos, forçosamente levando-o a algum lugar. Outro cara a frente liderava o caminho. Em todos os poucos passos, Vinnie se chocava contra seus sequestradores, tentando se libertar, mas era inútil. Ambos os homens eram gigantes, julgando por suas formas de dois metros e vinte volumosas, os gigantes eram incrivelmente fortes, com punhos de aço. A única maneira que Vinnie poderia se soltar deles seria rasgar seus próprios braços no processo. 75
Eles tinham por volta de sessenta metros a minha frente. Eu praguejei baixo e acelerei o ritmo. Eu precisava alcançá-los antes que eles entrassem no carro. Caso contrário, eu nunca mais veria Vinnie novamente - não vivo, pelo menos. Para a minha surpresa, os três homens não se juntaram ao garçom no veículo que aguardava. Ao invés disso, eles foram para a borda do estacionamento da boate e continuaram a descer a rua. Eu franzi as sobrancelhas. Para onde eles estavam levando Vinnie? — Gin? O que está acontecendo? — Finn perguntou. — Eles estão a pé. — Eu disse a Finn. — Ainda estão se encaminhando pra oeste. O que tem mais aqui? Pelo telefone, eu podia ouvir o ruído da música de rock da boate e Finn tendo um tipo de conversa abafada. Ele deve ainda estar sentado na cabine com Roslyn. — Roslyn diz que tem um estacionamento a cerca de meio milha descendo a estrada. — Finn disse. — Ela levou Catherine lá algumas vezes. Catherine era a sobrinha pequena de Roslyn, a qual a vampira adorava. — Pergunte a ela o que tem lá. — Eu disse. Finn murmurou mais alguma coisa com Roslyn. À minha frente, os homens continuaram andando, e eu continuei seguindo-os, me movendo de uma sombra de carro para outra. — Roslyn diz que tem um parquinho com balanço, uma caixa de areia, e algumas outras coisas de criança. Inúmeras árvores também. 76
Não seria um lugar ruim para ter uma conversinha com alguém a essa hora da noite. — Principalmente se você não quisesse sangue no seu carro. — Eu murmurei. — Nossos novos amigos estão indo naquela direção. Eles não parecem estar apressados, então vou andar logo atrás deles. Isso poderia ser legal se você pudesse sair e se juntar à festa. — Entendido. — Finn disse. — Estou a caminho. Nós dois desligamos. Eu enfiei meu celular no bolso do meu jeans. Quando eu alcancei a lateral do estacionamento, eu parei um pouco escondida atrás de uma SUV enorme. O grupo de homens já tinha atravessado a rua, pastoreando Vinnie, e estavam ocupados cortando através de outro estacionamento no outro lado que flanqueava mais dois armazéns. Eu balancei minha manga e uma faca silverstone deslizou na minha mão. O cabo da arma descansou contra a cicatriz runa de aranha marcada na palma da minha mão. A lâmina era tão familiar para mim quanto meu próprio rosto, uma extensão minha de vários modos. E agora, era hora da Aranha caçar com ela mais uma vez. Um sorriso frio curvou meus lábios enquanto eu entrava na escuridão que me esperava. Não tinha nem de longe o tanto de cobertura que gostaria, mas era fácil o bastante para eu deslizar de sombra a sombra sem que os gigantes me vissem. Além disso, eles não eram os homens mais observadores, mais interessados em assegurar que Vinnie não se libertasse do que preocupados sobre quem poderia estar observandoos. Os dois gigantes que seguravam o bartender lançaram olhares
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sobre seus ombros, mas foi só isso. Desleixados, desleixados, desleixados. A desatenção descontraída seria a morte deles - bem cedo. Depois de vários minutos de caminhada, os homens alcançaram o topo do estacionamento que Finn tinha mencionado. Um portão de ferro circundava a entrada, e uma runa de árvore de bordo colocada no meio do esquema indicava o lugar como um parque, assim como o nome “Green Acres”. Exatamente o lugar que eu queria estar. Postes revestidos com ferro velho alinhava uma trilha de carvão gigante que levava mais para dentro do parque. Eu inclinei minha cabeça para um lado e recorri à minha magia de Pedra, ouvindo todas as partes do elemento ao meu redor, do pavimento e das calçadas que eu acabara de deixar para trás aos paralelepípedos que se estendiam à minha frente. O pavimento e as calçadas atrás de mim só sussurravam a rotina constante de tráfego, enquanto as pedras à frente emitiam murmúrios baixos e tranquilos do vento batendo nas árvores, os passos rítmicos de pequenos pés ansiosos, e o galope fácil de animais através da grama. Este era o tipo de lugar que famílias viriam para desfrutar de um piquenique ou uma tarde no sol de verão. Nada mais. Então eu esperei até que os homens estavam cerca de sessenta metros à minha frente, no fundo no parque, antes de segui-los. Eu fiquei fora do caminho bem iluminado, passando de árvore em árvore em vez disso, e mantendo os homens à vista. Enquanto eu me escondia, eu também me mantive atenta a LaFleur. Só porque a assassina tinha entrado em uma limusine com Mab não significava
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que não estaria se encontrando com os seus homens mais tarde. Inferno, ela poderia estar vindo pra cá nesse exato momento. LaFleur poderia querer o prazer de matar Vinnie ela mesma. Alguns assassinos eram loucos desse jeito, e ela certamente pareceu gostar de fritar o anão com sua magia Elétrica noite passada. Finalmente, os homens chegaram ao seu destino, o playground que Finn tinha me falado. Uma vez que era Northtown, o parque era um monstruoso caso elaborado, com pelo menos dez balanços, diversas gangorras, um grande carrossel e uma caixa de areia, que era quase grande o suficiente para ser a sua própria praia privada. O metal brilhava a prata fosca sob o brilho branco dos postes, enquanto a areia brilhava como ouro. Eu deslizei por trás do grosso tronco de uma árvore de bordo para que o balanço ficasse entre eu e os homens. Os gigantes penduraram Vinnie para baixo no meio da caixa de areia. O bartender elemental de Gelo caiu de cara no chão, com o rosto mergulhando na areia solta como se ele fosse um avestruz. Depois de um momento, ele se debateu sobre os joelhos, tossiu, engasgou, e tentou cuspir a areia de uma vez. E foi aí que a diversão começou. Os gigantes puxaram Vinnie e o levantou e começaram a baterlhe, enquanto o terceiro homem ficou para trás e assistiu. Porradaporrada-porrada. Os gigantes prenderam Vinnie entre eles, por isso ele não podia sequer se encolher e tentar se proteger. Seus enormes punhos de carne batiam em seu peito, seu rosto, até mesmo as bolas dele uma ou duas vezes. Vinnie gemia com cada golpe.
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Depois de trinta segundos estava em péssima forma. Na marca de minutos, ele parecia como se tivesse sido atropelado por um ônibus. Depois de passados dois minutos, o ônibus tinha sido acompanhado por um par de carretas. Eu pensei em intervir, saltar na mistura e parar a tortura. Afinal de contas, eu tinha perguntas para Vinnie - perguntas que ele não poderia responder se estivesse morto. Mas os gigantes não iam quebrar ainda. Eles poderiam facilmente ter matado Vinnie com um golpe na cabeça. Rápido, eficiente, principalmente sem derramamento de sangue. Mas em vez disso, eles concentraram os punhos no peito, batendo-lhe com força, mas não com força suficiente para matar. O que significa que eles só o queriam sangrando e quebrado, não morto. Ainda não, de qualquer maneira. Finalmente, os gigantes terminaram com Vinnie e ele caiu na caixa de areia. Vinnie soltou outro gemido e cuspiu um bocado de sangue. Os lábios inchados brilhavam como rubis molhados contra a areia dourada e brilhante. Os gigantes recuaram alguns passos e olharam para ele com os olhos muito grandes, parecidos com insetos. Seus punhos enormes aos seus lados, apenas no caso de Vinnie fazer qualquer movimento equivocado de luta deixado nele. O terceiro homem, aquele que estava liderando o caminho para o playground, entrou na frente de Vinnie. Eu o apelidei mentalmente de Sr. Brown, porque tudo nele era de uma cor escura sable, de seu cabelo, pele e olhos ao terno, gravata e sapatos que ele usava. Ele era muito menor do que os outros dois capangas, apenas cerca de um metro e oitenta e cinco, o que significava que ele não era um gigante. Ele sorriu, e eu vi as presas na boca. Um vampiro, então. Um que não
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era grande em matéria de higiene pessoal, a julgar pela coloração amarelada de seus dentes. — Vinnie, Vinnie, Vinnie. — Brown disse lentamente, andando num círculo solto ao redor do bartender, suas pontas das asas afundando na areia manchada de sangue. — O que vamos fazer com você? Sabe, você realmente desapontou LaFleur esta noite. — Mas eu fiz exatamente o que ela disse. — Vinnie balbuciou. Um sotaque russo tingindo sua voz. De alguma forma, Vinnie se levantou sobre os joelhos, balançando de um lado para o outro, enquanto tentava manter o equilíbrio e não desmaiar de uma dor excruciante que ele devia estar sentindo. O sangue escorria pelo lado esquerdo de seu rosto, onde os gigantes tinham aberto um corte grande em sua bochecha, enquanto seu olho direito já tinha começado a escurecer e inchar de seus duros golpes. Havia uma crosta de areia em seu cavanhaque e cabelos escuros, e ele tinha os braços ao redor de seu tronco, como se isso fosse aliviar a dor em suas costelas com certeza quebradas. — Eu disse a todos no bar sobre o carregamento de drogas que está chegando. E eu dei-lhe os nomes de todas as pessoas que pareciam interessadas, assim como você pediu. Cada um deles, eu juro. — Bem, Vinnie, você não deve ter sido convincente o suficiente, porque a Aranha não apareceu ontem à noite como LaFleur pensou que ela faria. — Disse Brown. — O que significa que LaFleur não podia matar a cadela como está sendo paga para fazer. Como prometeu a Mab Monroe que faria.
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Apesar do sangue, hematomas e areia cobrindo suas feições, o rosto de Vinnie empalideceu um pouco mais com a menção das duas mulheres. Ele engoliu em seco, seu pomo de Adão saltando para cima e para baixo como um ioiô em sua garganta. — Deixe-me tentar de novo. — Ele implorou. — Eu vou dizer a mais pessoas. Muito mais pessoas. Eu juro. O vampiro cruzou os braços sobre o peito e suspirou. — Eu não sei se acredito em você, Vinnie. Quero dizer, olhe o que aconteceu esta noite. LaFleur vem para ter uma conversinha com você, para lhe dizer que ninguém apareceu, e o que você faz? Espera cinco minutos e, em seguida, foge até a porta mais próxima. Suas ações não inspiram muita confiança. Vinnie não disse nada, mas seu rosto assumiu um tom esverdeado sob as contusões. Então ele tentou fugir depois que LaFleur tinha vindo. E, ao fazê-lo, ele foi trazido para esta pequena luta e acelerado sua própria morte. Pelo menos, é o que ele pensa. Mas eu sabia que LaFleur tinha acabado de brincar com o elemental Gelo. Ela passou pelo clube com a única intenção de assustá-lo para fazer algo estúpido como fugir apenas para que seus homens pudessem vencê-lo. Eu não tinha tido a oportunidade de ler o arquivo de Fletcher sobre ela ainda, mas reconhecia o tipo de pessoa, o tipo de assassino que LaFleur era - a puta doente e sádica que gostava de brincar com a comida antes que ela matasse. — É uma pena. — Continuou Brown. — Nós todos sabemos o que está em jogo para você Vinnie, ou seja, sua existência continuada. Eu nunca pensei que você iria fazer algo como isto,
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especialmente por causa da sua pequena e doce filha em casa. Qual é o nome dela? O rosto de Vinnie apertou. — Natasha. O vampiro estalou os dedos. — Natasha. Eu tenho que dizer, a primeira vez que a vi, eu não estava exatamente me concentrando em seu nome, se você sabe o que quero dizer. Mas, novamente, eu gosto delas jovens assim. O vampiro soltou uma risada baixa e má que dizia a todos exatamente o que ele estava pensando em fazer a Natasha. O som áspero fez até a minha pele arrepiar. Eu tinha estado em torno do bloco mais do que a minha quota de vezes. Eu vi um monte de gente ruim fazer um monte de coisas ruins, incluído eu mesma. Mas homens como Brown, que tem seu histórico de machucar e abusar de crianças, bem, havia um lugar especial no inferno para eles. Minha mão apertou ao redor do cabo da minha faca. Apesar de eu ser uma assassina, eu nunca tinha tido qualquer prazer em matar meus alvos. Eram apenas trabalhos para mim, obstáculos a superar, nada mais. Mas esta noite, parte de mim estava indo para desfrutar o envio Brown em sua maneira alegre. Eu considero isso um serviço público, como colocar para baixo um animal raivoso antes que ele pudesse machucar ninguém. — Por favor, eu... — Vinnie começou a implorar por sua vida, mas a tosse atormentou seu corpo. O elemental Gelo se curvou, expelindo mais sangue. Os olhos do vampiro rastreou o sangue, e ele lambeu os lábios com a visão. Todos os vampiros precisavam de sangue para viver, é
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claro. Para eles, era apenas outra forma de alimentação, nutrição, algo que almejava a forma que as pessoas normais faziam batatas fritas. Se um vampiro tinha um desejo de cheeseburger, ele receberia um copo gelado de O positivo, engolir em vez de um milkshake de chocolate triplo como o resto de nós. E isso não era tudo o que beber sangue fazia por eles; vampiros também podiam sugar a força e a magia dele. Geralmente, sangue humano antigo era suficiente para dar a qualquer vampiro um pouco algo extra, como maior audição e visão superlativa. Aqueles que bebiam sangue de gigantes e anões regularmente têm a força inerente que ambas as raças tinham. Assim como os vampiros que sugavam o sangue elemental obtinham os poderes de Ar, Fogo, Gelo, ou da Pedra junto com ele, dependendo de quem eles estavam bebendo. E ainda havia vampiros que eram elementais sozinhos, que já tinha a magia fluindo em suas veias, em vez de ter de roubar o poder do sangue de outra pessoa. Mas Brown não estava pronto para afundar suas presas em Vinnie ainda, porque ele esperou até que o elemental Gelo parasse de tossir e se endireitasse de novo antes que ele continuasse seu discurso. — Esqueça isso, Vinnie. — Disse o vampiro. — É tarde demais para tudo isso agora. Diga-me, o que você achou que ia fazer? Ir para casa,
pegar
Natasha
e
sair
da
Ashland?
Tínhamos
homens
observando seu apartamento durante toda a noite. E uma vez que você tentou fazer o seu ato de fuga, eu tomei a liberdade de ligar para os meus homens e os mandei pegá-la, apesar dos protestos de sua babá. Você ferrou um grande momento, Vinnie, tentando fugir.
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O bartender não respondeu, mas a angústia e as lágrimas encheram seus olhos pálidos. — Viemos até você com um plano simples. — Disse Brown. — Seja olhos e ouvidos de Mab dentro do Northern Aggression. Observe Roslyn Phillips. Veja com quem ela sai. Faça uma lista de qualquer mulher perto de Roslyn, que poderia ser a Aranha. Repasse as informações sobre o carregamento de drogas de Mab, a fim de nos ajudar a prender a Aranha. Mas você não podia fazer isso, podia Vinnie? Meus olhos se estreitaram. Então Mab queria Roslyn vigiada. Não é de estranhar. Como a Aranha, eu tinha tomado publicamente o crédito por matar Elliot Slater, apesar de que Roslyn era na verdade a pessoa que tinha puxado o gatilho, usando uma caçadeira para acabar com o gigante. Mas Mab deve ter raciocinado que, como eu supostamente salvara Roslyn naquela noite, devia ter dado fim ao vampiro. Que talvez até mesmo eu fosse sua amiga, ou pelo menos alguém que a conhecia. Tudo o que significava que o fogo foi chegando mais perto de saber quem eu realmente era, se ela já não soubesse. Oh, Mab não sabia que Gin Blanco era a Aranha. Caso contrário, ela teria tentado me matar sozinha por agora. Mas eu sempre quis saber se ela se lembrava de Genevieve Snow, a menina que tinha torturado 17 anos atrás, e o medalhão de runa de aranha que ela tinha derretido em minhas mãos. O júri ainda estava nessa. Mab tinha torturado e matado muitas pessoas desde então. Deve ser difícil para ela se lembrar de cada um deles. Ainda assim, a elemental de Fogo estava procurando por mim agora, o que só me dava mais um
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motivo para tirar Mab e seus lacaios do mapa mais cedo ou mais tarde. Começando com os homens diante de mim. — Você não perguntou. Você me ameaçou. — Vinnie disse, em voz baixa. — Ameaçou me matar se eu não fizesse o que queria. Natasha também. Brown deu de ombros. — Detalhes. Mas você devia a Mab, lembra? Através de nossos amigos russos em comum, você se aproximou da organização dela por um favor e nós ajudamos você e sua menina no país, com greencards e tudo. — Mas eu lhe paguei. — Vinnie protestou. — Eu paguei por tudo isso. Você levou tudo o que tinha para nos trazer até aqui. O vampiro ignorou suas palavras. — E agora que Mab está tentando cobrar aquele favor que você deve a ela, o que você faz? Foge na primeira chance que tem. Que vergonha, Vinnie. Que vergonha. Então, Mab e suas conexões com a máfia tinham ajudado Vinnie e sua filha emigrar para Ashland da Rússia, e a elemental de Fogo tinha decidido que era hora de recolher - em espadas. Apesar da traição de Vinnie a Roslyn, eu pude entender os seus motivos. Ele só queria proteger a filha, para manter os dois a salvo. Eu teria feito a mesma coisa em sua situação. Porque eu faria qualquer coisa pelas pessoas que eu amava. Protegê-los, matar por eles. Eu até ia morrer por eles, por Bria, quando eu finalmente fosse contra Mab.
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— Desde que você tenha sido inferior a cooperativa, Vinnie, Mab decidiu puxar o plugue em toda esta operação. Começando com você. Apesar do frio no ar, suor escorria pela testa de Roslyn, misturandose com o sangue em seu rosto. — E a minha menina? E quanto a Natasha? Ela não tem nada a ver com isso. Por favor. Deixa-a em paz. Brown soltou outra risada baixa e mal. — Como eu disse antes, eu gosto delas jovens. Então, vou devolver a pequena e doce Natasha uma bela e longa visita, assim que terminar com você. Depois disso, bem, Mab tem planos para ela. Grandes planos. Mab está começando um novo empreendimento, você vê, algo que vai fazer o Northern Aggression parecer tão dócil como uma pré-escola, e Natasha vai se encaixar muito bem lá. Ora, ela poderia simplesmente até mesmo ser a estrela de todo o show, se você sabe o que quero dizer. Tristeza, raiva e angústia impotente encheram os olhos de Vinnie, junto com um brilho fraco de magia azul e branca. Mesmo que ele tivesse sido espancado, o barman não estava completamente fora de coisas ainda. — Das Vidania2, Vinnie. — O vampiro sorriu, mostrando suas presas e se preparando para cravar os dentes no elemental Gelo. — Eu vou me certificar de dizer Olá para sua filha por você, depois que eu transar com ela. E essa foi a minha deixa para finalmente fazer a minha presença. Saí das sombras, caminhei até o balanço, e soltei um sonoro assovio. Assustados, as cabeças dos homens viraram para mim. Brown mostrou suas presas, enquanto as mãos dos gigantes 2
Expressao russa que quer dizer Até Logo ou Adeus
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apertaram em punhos. Vinnie ficou de joelhos na caixa de areia com os olhos arregalados de surpresa, medo e apenas uma pitada de magia Gelo. Eu andei em direção a eles, parando ao lado do balanço de metal. Os olhos do vampiro se estreitaram quando ele captou minhas roupas escuras e a faca silverstone na minha mão. — Quem diabos é você? Eu dei a ele um sorriso frio e duro. — A cadela que está aqui para te matar.
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Capítulo 7 Reconhecimento despontou nos olhos de Brown. — Você! Você é ela. Você é a porra da Aranha! — Culpada da acusação. — Eu disse, piscando a minha faca para ele. — E estou pronta para jogar. E quanto a você? Em vez de correr na minha direção como eu pensei que poderia, o vampiro realmente fez a coisa esperta. Ele apontou para os gigantes. — Matem-na! — Berrou para eles. — Agora! Os dois gigantes investiram em mim. Atrás deles, Brown começou a cavar no bolso da calça, provavelmente em busca de seu celular. Não era bom. Eu precisava chegar ao bastardo antes que ele pudesse contar a qualquer outra pessoa o que estava acontecendo aqui, dar a alguém uma descrição minha, ou pior, pedir reforços. O que significava que eu tinha um minuto, dois no máximo, para eliminar os gigantes e matar o vampiro. Uma fria explosão de magia passou pelo ar da noite, e uma luz azul-branca brilhou por um segundo antes de piscar apagada. Vinnie Volga empinou-se, uma faca de Gelo irregular cintilando em sua mão direita. Uma arma que eu mesma fizera muitas vezes. Bruta, mas eficaz, como Vinnie, sem dúvida, sabia já que bateu com 89
força o caco de Gelo na coxa do vampiro, cravando profundamente e torcendo o mais forte que podia. O vampiro berrou com raiva e se dobrou na areia, todos os pensamentos de seu celular esquecidos. Boa jogada. Vinnie se jogou em cima de outro homem, e os dois começaram a se engalfinhar, rolando e rolando pulverizando de areia por toda parte. Mas eu não tinha tempo para acompanhar o progresso deles, porque os gigantes estavam em mim. Esperei até que o primeiro estava ao alcance, depois estendi a mão e empurrei um dos balanços de metal para ele. O gigante não estava esperando o movimento, e o balanço pegou-o no peito. Não o suficiente para machucá-lo, é claro, mas isso me deu tempo para me arremessar para a frente, bater em todas as correntes, e fazer os balanços começarem a balançar para trás e para frente, criando um labirinto de metal em movimento atrás de mim. Em vez de ser esperto e ir ao redor, o primeiro gigante se moveu velozmente de cabeça para a fileira de balanços, braços longos estendidos, tentando chegar até mim antes que eu escapasse pelo outro lado. Mas ele calculou mal os arcos e acabou com os braços presos através dos diferentes balanços, as correntes de metal batendo e tinindo juntas como címbalos. Agarrei uma corrente balançando e chutei para cima, depois para fora, com meus pés. Minhas botas pegaram o gigante no ombro, e ele girou, torcendo as correntes em torno de seu torso. Em vez de girar de volta para o outro lado, o gigante soltou um rugido alto e tentou fazer um movimento Hulk para se libertar. Mas o metal era mais forte do que parecia, e as correntes se mantiveram firmes.
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O ímpeto do meu chute me mandou de volta antes que a gravidade assumisse e eu balançasse em direção ao gigante de novo. Usei a oportunidade para enterrar minha faca em seu peito todo o caminho até o cabo. Senti a lâmina sair de seu esterno antes de afundar mais profundamente em seu músculo duro. Puxei-a para fora. O dano não era suficiente para matá-lo, mas o suficiente para fazê-lo pensar sobre o quanto ele estava se ferindo. Com certeza, o gigante uivou de dor e raiva, latindo como um lobo para a lua. Ele trouxe seu punho para cima para me bater, mas as correntes em volta do seu corpo limitaram sua amplitude de movimento. Ainda assim, ele conseguiu um golpe no meu quadril esquerdo. Foi só uma batida de raspão, mas dada a sua enorme força, senti como se alguém tivesse me batido com um martelo de forja. Alfinetes em brasa de dor explodiram na minha articulação do quadril. Grunhi e cortei aberto o seu estômago com a minha faca, indo primeiro para um lado, depois para o outro com a lâmina de silverstone. X marca o local. Sangue esguichou em minhas mãos e arqueou pelo ar frio, me pintando com seu calor fumegante, acobreado. Eu o ferira gravemente desta vez, e o gigante desistiu de todo o pensamento de tentar me atacar. Em vez disso, agora lamentando e choramingando, ele apertou as mãos no estômago, tentando diminuir o sangramento e enfiar tudo de volta onde deveria ir. Mas as correntes o frustraram mais uma vez, e ele simplesmente não conseguiu colocar as mãos para cima no lugar certo para realmente estancar o fluxo. Ele iria sangrar até morrer em breve.
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Em segundo plano, Vinnie e o vampiro continuavam a sua luta na caixa de areia, ainda rolando para trás e para frente, cada um tentando obter a vantagem. Com meu quadril agora latejando com dor, minha faca ensanguentada ainda na mão, me virei para encarar o outro gigante. Ele fora mais cauteloso do que seu companheiro e não me seguira para os balanços. Ele me encarou um segundo, depois se lançou em uma das pesadas traves de suporte de madeira que sustentavam a coisa toda — tentando desmoronar todo o balanço em cima de mim, junto com seu amigo. A madeira não era tão forte quanto as correntes de metal eram, e a trave rangeu, depois estalou sob a grande força e peso pesado do gigante. A estrutura inteira começou a deslizar lateralmente. Atirei-me para frente para fora do caminho dos assentos voando e correntes tilintando. Um segundo depois, a coisa toda desmoronou em uma cacofonia completa de metal, arrastando o gigante preso para baixo com ela. Correntes e assentos se empilharam em cima de suas costas largas. O gigante gemeu, mas não se levantou. Bem, essa era uma maneira de enterrar alguém. Eu pegaria o que pudesse conseguir. Minhas mãos e joelhos afundaram no cascalho solto que cobria o chão ao redor do balanço, e algumas das pedras rasparam minhas palmas. A esta altura, as pedras tinham assumido baixos, feios, ásperos murmúrios, refletindo a violência que acabara de acontecer, enquanto o sangue do gigante continuava a infiltrar-se nelas. O cascalho era tão denso quanto a areia na caixa, o que tornava difícil
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para mim era lutar para ficar de pé, assim como a dor aguda no meu quadril. O segundo gigante se lançou para frente e prendeu sua mão no meu ombro, seus dedos cavando no encaixe como brocas. O bastardo me apanhou, me içou sobre o ombro, e fez supino comigo tão alto quanto podia - uns bons três metros acima do chão. Não havia nada que eu pudesse fazer para detê-lo ou fazê-lo me colocar para baixo. Não deste ângulo. Porra. Isto não ia acabar bem para mim. — Você vai pagar por matar Olson, sua vadia! — E o gigante gritou e me derrubou o mais forte que podia. Fechei os olhos e alcancei a minha magia de Pedra, puxando o poder fresco para cima pelas minhas veias, derramando-o sobre a minha pele, cabeça, e cabelo, deixando-o endurecer meu corpo em uma concha impenetrável. Bati com força na gangorra mais próxima, todo o lado esquerdo do meu corpo se chocando contra o metal, antes de rolar pela parte superior e despencar do outro lado. Não doeu tanto assim, não como teria se não tivesse usado a minha magia de Pedra para me proteger, mas ainda me abalou. Eu ainda sentia a força dura, crua, brutal disso. Especialmente no meu quadril ferido. Rangi os dentes, ignorando a dor agora disparando para minha perna e passando para o meu joelho. Mas eu não me levantei. Lutando corpo a corpo, o gigante iria chutar a minha bunda agora, especialmente já que eu não estava cem por cento mais. O que significava que a maneira mais rápida de matar o bastardo seria
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surpreendê-lo. Daí a minha cabeçada no cascalho. A força da queda arrancara minha faca de silverstone de mim, e eu não ousava alcançar outra. Ainda não. Não até que ele estivesse ao alcance. Dez… vinte… eu não tinha sequer contado até trinta antes de ouvir os sapatos dele triturarem o cascalho. Rachei meus olhos abertos o suficiente para rastrear seus movimentos. Ele veio para mim do lado oposto da gangorra. As fileiras de assentos ainda rangiam para cima e para baixo da força do meu corpo batendo nelas. Meus olhos sacudiram para um assento oscilando logo acima da minha cabeça. — Vadia. — O gigante resmungou enquanto se aproximava de mim. — Isso vai te ensinar a não matar um de nós. Me lancei pra cima, agarrei o assento, e trouxe-o para baixo tão forte quanto podia. Do outro lado da gangorra, o assento oposto, anexado, zumbiu para cima e atingiu o gigante no queixo. Ele gemeu, cambaleou para trás e caiu - direto no carrossel. A cabeça do gigante bateu com força contra uma das alças de metal com um crack repugnante. Atordoado, ele desabou no chão, metade dentro, metade fora do carrossel. Fiquei de pé, peguei uma faca da minha bota, e manquei até ele. Os olhos grandes demais, tipo de inseto, do gigante rolaram para trás em sua cabeça, mas ele ainda me viu chegando. Ele ergueu a mão, tentando me manter à distância de um braço, mas o golpe de seu crânio tinha bagunçado a sua percepção de profundidade, o que tornou fácil o suficiente para mim chutá-lo nas bolas. O gigante
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uivou, suas mãos indo automaticamente para o sul para cobrir-se de agressão adicional em vez de proteger o peito e a cabeça. Eu me inclinei e cortei sua garganta. O gigante gorgolejou, seu sangue esguichando na tinta azul celeste que cobria o carrossel. Eu o observei um segundo para me certificar de que ele não ia voltar a se levantar. Mas seu corpo já estava desligando do trauma, e ele sequer tentou se mover. Com os gigantes caídos e morrendo, me virei em direção à caixa de areia a tempo de ver Brown, o vampiro, socar Vinnie no peito e lutar para ficar de pé. O vampiro me encarou, olhos arregalados em seu rosto, como se não pudesse acreditar que eu realmente eliminara dois gigantes tudo na minha pequena solidão. Então ele se virou e saiu correndo na direção oposta. Porra. Escondi outra faca na mão, rangi os dentes contra a dor martelando pelo meu quadril, e comecei a ir atrás dele. Eu precisava matar o vampiro antes que ele saísse do parque. Antes que chegasse a um telefone, ligasse para LaFleur ou Mab Monroe, e desse a elas uma descrição minha e do que acontecera aqui esta noite. Mas o latejar incessante em meu quadril me desacelerou, e apesar da ferida de facada na sua coxa e seus outros ferimentos, o vampiro estava correndo como se a própria Morte estivesse atrás dele. Supunha que ela estava, de certa forma. Ainda assim, eu me apressei atrás do vamp. Estava mais escuro naquele lado do parque. Talvez
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sorte, aquela cadela caprichosa, sorriria para mim, e ele iria cair e quebrar o tornozelo. O flash de luzes pegou a nós dois de surpresa. O clarão brilhante iluminou o vampiro, que estava tão aturdido que parou onde estava no meio de uma das áreas gramadas do parque, olhos bem abertos como um cervo. Um motor acelerou, e um segundo depois, um SUV preto apareceu da escuridão e bateu com força exatamente no vampiro. O vampiro navegou nove metros pelo ar antes de um tronco de árvore parar seu voo não natural. Pude ouvir suas costas quebrarem mesmo daqui. Ele não se levantou depois disso. Eu estava fora no aberto também, sem nenhum lugar para onde correr ou me esconder, então mantive minha posição conforme o SUV se virava e se dirigia na minha direção, seus pneus aplanando a grama gelada. Se o pior acontecesse, eu sempre poderia endurecer a minha pele de novo com minha magia de Pedra e rolar para fora do caminho do veículo. Depois disso, bem, eu encontraria uma maneira de fazer algo inteligente e mortal. Eu sempre encontrava. O SUV parou a cerca de três metros de distância. O vidro era matizado, então eu não podia ver exatamente quem estava lá dentro, embora tivesse a impressão de que o motorista era um gigante. A porta do lado do passageiro se abriu, e, um momento depois, um rosto familiar, sorridente, apareceu sobre a parte superior da porta. — Precisa de uma carona? — Finnegan Lane gracejou.
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Capítulo 8 Mais duas portas se abriram no SUV. Xavier saiu na do lado do motorista, enquanto Roslyn pulou fora da parte traseira. Ambos, junto com Finn, correram para mim. Finn parou na minha frente, seus olhos verdes varrendo a minha roupa manchada de sangue e as minhas facas silverstone brilhando em minhas mãos. Avaliando as lesões que podia haver no meu corpo, assim como o seu pai, Fletcher, costumava fazer quando o velho era o meu treinador. — Esse sangue é teu? — Perguntou Finn. — Não o suficiente para ser um problema. Ele acenou com a cabeça. — Bom. Meus olhos foram para Xavier. — Boa condução. O Vampiro nunca vai saber o que o atingiu. O gigante enfiou as mãos nos bolsos das calças e sorriu para mim. — O que posso dizer? Sou um fã de coração da NASCAR. Sorri de volta para ele e balancei a cabeça antes de me virar para Finn. — Bem a festa acabou. Eu estava começando a pensar que você não viria, uma vez que eu te liguei mais de vinte minutos atrás.
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— Desculpe, Gin. — Finn disse num tom de desculpa. — Eu estaria aqui antes, mas Roslyn decidiu que queria vir junto para ver o que estava acontecendo com Vinnie. E então Xavier nos viu sair da Northern Aggression e se ofereceu para dirigir. Olhei para a vampira e para o gigante. — Vocês não tinham que fazer isto, Roslyn e Xavier. Nenhum de vocês. Isto é a minha luta com Mab. Não de vocês. Façam um favor a vocês mesmo e não se envolvam. Eu já sei que vai acabar mal para mim. Chamem-me louca, mas prefiro não ver vocês os dois acabar como danos colaterais. Roslyn avançou, seus olhos duros atrás dos óculos prateados, sua boca era uma linha fina, determinada em seu rosto. — É aí que você está enganada Gin. É a nossa luta agora também. Tem sido desde o primeiro dia em que Elliot Slater entrou no meu clube e me começou a perseguir. Algumas semanas atrás, o gigante tinha ido a Northern Aggression para questionar Roslyn sobre um dos seus colares, com a runa de um coração e uma seta que acabou em volta do pescoço de uma prostituta falsa que havia matado um dos lacaios de Mab. Eu era a falsa prostituta, claro, e eu tinha usado o colar para me esgueirar pela casa de Mab para que pudesse matar Tobias Dawson, o ganancioso dono da mina que tinha ameaçado Voilet Fox e seu avô. Mas a elementar de Fogo não acreditou que eu tivesse morrido no desmoronamento com Dawson, então ela mandou Slater falar com Roslyn. A vampira não cedeu, não falou sobre mim, mas ela tinha sido exposta a algo muito pior, o fascínio assustador de Slater por ela.
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Mais uma vez, meu coração doeu por tudo o que tinha acontecido com Roslyn, por toda a dor, angustia e medo que ela sofreu por minha causa. Mas lamentar não mudava o passado. Tudo o que eu podia fazer agora era continuar até que eu ou Mab estivéssemos mortas. Talvez se eu tivesse sorte, as coisas iriam parar por aí, e pelo menos conseguiria levar a elementar de Fogo comigo quando fossemos para o Inferno. E eu teria a satisfação de saber que todo o mundo que deixava para trás, todos aqueles que eu gostava, estavam salvos de Mab para sempre. — Gin? — Roslyn chamou em uma voz suave, cortando os meus pensamentos. Apenas balancei a cabeça, aceitando a sua ajuda e a do Xavier, pelo menos esta noite. Mesmo que eu não merecesse. — Obrigada por terem vindo. Agora vamos ver se Vinnie ainda vive. Mandei Finn ir até a árvore para se certificar se o vampiro estava morto, enquanto Xavier, Roslyn e eu caminhamos para o parque infantil. Fui primeiro para o gigante, que ainda estava deitado no carrossel. Ele tinha sangrado até a morte pela sua garganta cortada, e o seu corpo já estava a começar a esfriar, dado o frio do ar de Dezembro. Minha próxima parada foi o gigante que estava enterrado sob as ruinas do balanço. Ele estava inconsciente, mas para grande surpresa ainda estava vivo. Não o devia ter ferido tanto quanto eu pensava. Não importa muito, tirei a sua cabeça de baixo das correntes e cortei a sua garganta para terminar o trabalho. Roslyn ficou ao lado da caixa de areia, olhando para Vinnie.
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Nojo, horror e simpatia enchia o seu belo rosto, ela segurou sua mão sobre a boca como se estivesse a segundos de vomitar. Ela provavelmente estava. Não era difícil ver que Roslyn estava se lembrando da sua própria surra brutal que sofreu nas mãos de Elliot Slater. Xavier já estava dentro da caixa da areia ajoelhando-se junto do elementar de Gelo, este estava com os olhos fechados, deitado de lado, enrolado como se fosse uma bola. Vinnie Volga estava uma bagunça. Surra de gigantes já era ruim o suficiente, mas o vampiro só tinha agravado os danos durante a briga. Começando com o seu rosto e indo para baixo do seu corpo, não havia muito de Vinnie que não estivesse coberto de sangue, hematomas escuros e encrostados de areia. Olhei para Xavier e levantei as sobrancelhas. — Ainda vivo. — Xavier disse, respondendo a minha pergunta silenciosa. — O que você quer fazer com ele Gin? No início desta noite, o meu plano era levar Vinnie a um lugar tranquilo e descobrir exatamente o porque dele ter traído Roslyn, porque que ele estava trabalhando para Mab, e o que poderia saber sobre a minha verdadeira identidade como Aranha. E eu tinha planejado em obter a informação de qualquer maneira. Assim como os gigantes tinham feito, verdade seja dita. Só que eu teria usado as minhas facas em vez dos meus punhos.
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Mas isso foi antes de eu saber que tipo de influência Mab tinha em Vinnie, sua filha Natasha, e dos planos horríveis que a elementar de Fogo tinha para a menina. Isso foi antes de eu ver a raiva, impotência e a angústia nos olhos de Vinnie enquanto ouvia o vampiro se gabar sobre como ele iria estuprar Natasha. Isso foi antes de Vinnie ter usado o resto de magia de Gelo, se levantado e tentasse levar o vampiro para baixo com ele. Ele tentou poupar sua filha de um horror, pelo menos. Além disso, eu sempre poderia matá-lo mais tarde, se essa necessidade surgisse. Enquanto Xavier e os outros carregavam um Vinnie inconsciente na parte de trás do SUV, eu recuperei a minha faca caída, e em seguida abaixei-me na caixa de areia. Eu não tinha planejado matar alguém esta noite tirando o barman, mas eu não iria perder a chance de deixar Mab saber exatamente quem havia matado os seus homens novamente. Foi fácil usar a minha faca de silverstone para desenhar a minha runa de aranha numa poça de areia encharcada de sangue. Um par movimento com a minha lâmina e estava feito. Meus olhos estudaram o símbolo que eu tinha esculpido. Um pequeno círculo cercado por oito raios finos. Não era uma runa chamativa, nem precisava de um esforço de imaginação, certamente não era como o colar em forma de sol de ouro e rubis de Mab. Mas a runa da aranha era um símbolo de paciência, algo que eu esperava que estivesse a acabando nestes dias a elementar de Fogo. Porque impaciência faz o descuido, e o descuido faz você ser morto. O segundo em que ela cometesse um erro era o segundo em que eu faria a minha jogada.
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— Estamos prontos Gin! — Finn gritou da janela do SUV de Xavier. — Vamos lá! Voltei a ficar em pé, estremecendo com a dor do meu quadril, e avancei com dificuldade até ao veículo que me esperava. Xavier demorou cerca de vinte minutos de carro do parque de Northtown para os subúrbios, o gigante dirigia seu SUV preto com o para-choque dianteiro agora amarrotado por uma subdivisão que ostentava o nome de Tara Heights antes de virar para uma rua chamada Magnolia Lane. Eu não tinha que lhe dar direções. Xavier sabia o caminho. Nós todos sabíamos. Um minuto depois, Xavier dirigiu-se para uma longa calçada antes de parar em frente de uma casa com três andares empoleirada no topo de uma colina. As fileiras de colunas brancas na parte da frente da casa brilhavam apesar da hora, e as pedras que compunham a calçada pareciam descoloridas na escuridão. Nós quatro saímos do carro. Xavier foi para trás de Vinnie e o lançou por cima do ombro como se fosse um saco de batatas, antes que subíssemos os três degraus que conduziam para uma ampla varanda envolvente. Videiras Kudzu verdes brilhavam enroladas em torno de uma treliça parcialmente obscurecida na varada. Assim como um conjunto de roseiras, apesar dos seus ramos estarem nus por causa do longo Inverno, exceto pelos longos, curvos e pretos espinhos que brilhavam como se estivessem polidos. Abri a porta de rede. Um batedor em forma de uma nuvem grande repousava sobre a porta interior de madeira. A nuvem era a runa pessoal de Jo-Jo, indicando-a como uma elementar de Ar.
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Eu tinha acabado de chegar ao batedor quando se ouviram pisadas dentro, e a porta se abriu, Jo-Jo Deveraux enfiou a cabeça do lado de fora. — Pensei ter ouvido alguém aqui. — Disse a anã com a sua voz tão leve e doce como xarope. Apesar da hora tardia, Jolene - Jo-Jo Deveraux parecia como se ela tivesse acabado de se preparar para sair para namorar num Sábado a noite. Um colar de perolas estava pendurado no seu pescoço, do mesmo tamanho que as bolinhas rosa no vestido fúcsia. O seu cabelo loiro platinado enrolado a volta da sua cabeça, e a discreta quantidade de maquiagem suavizava as linhas do seu rosto de meia-idade. O seu cheiro de Chantilly enchia o ar da noite. Eu respirei apreciando o doce e suave perfume. Com exatamente 1,5m, Jo-Jo era alta para anã, tinha uma figura atarracada e musculosa, apesar dos seus duzentos e cinquenta e sete anos. Mesmo que não estivesse mais de dez graus lá fora, os pés de Jo-Jo estavam nus, mostrando a pedicura framboesa que ela tinha feito sozinha. A anã odiava usar meias, não importava o frio que tivesse. Uma das muitas peculiaridades que eu amava sobre ela. Jo-Jo olhou para nós os cinco na sua varanda. Os olhos da anã eram claros quase incolores, com exceção do pontinho negro no centro da sua íris. Ela levantou uma sobrancelha. — Muita gente esta noite, Gin. Normalmente é só você e Finn. Eu dei de ombros. — O que posso dizer? Pareço atrair seguidores onde quer que eu vá nos dias de hoje. Tipo o Flautista de Hamelin.
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Atrás de mim Finn bufou em descontentamento. — Seguidor? Eu não sou certamente um simples seguidor? Chefe dos seguidores, talvez. No mínimo. Jo-Jo soltou uma risada suave e recuou. — Seguidores ou não, porque vocês não entram e me deixam dar uma olhada em seu companheiro, de preferência antes que ele sangre até a morte na minha varanda. Você sabe que eu acabei de pintar na semana passada. Eu entrei na casa na frente, seguida por Finn, Roslyn e finalmente Xavier carregando Vinnie por cima do ombro. Após Jo-Jo, entramos por um longo corredor até a uma sala que ocupava metade da parte de trás da casa. Jo-Jo Deveraux ganhava a vida ganhava a vida como ela própria se chamava de “mama drama”. Ou seja, uma fornecedora de todas as coisas relacionadas com beleza. A anã usava a metade de trás da sua casa pré-guerra como um salão de beleza, oferecendo todos os purificadores, esfoliantes, pinças, depilações, tinturas, ondulação de cabelos, cortes, permanentes, e rituais de cera conhecidos pelas mulheres do sul. E ate mesmo alguns que os Yankees tinham inventado. Jo-Jo também usava a sua magia elementar do Ar para melhor muito os seus tratamentos, o que fazia o seu salão ser tão popular. Tratamentos faciais de oxigênio e outros tratamentos de beleza de Ar eram ótimos para suavizar os pés de galinha indesejados e apagar estrias.
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Revistas de beleza, tesouras, pentes, rolos, secadores de cabelo e mais enchiam a ampla sala, lutando por espaço nas mesas e balcões, juntamente com os tubos de maquiagem e frascos de verniz rosa, mais do que você poderia encontrar na mais bem abastecido Hipermercado de Vende Tudo de Mab Monroe. Ao som dos nossos passos, um cachorro deitado numa cesta de vime perto da porta levantou a cabeça. Rosco, o gordo e preguiçoso Basset Hound de Jo-Jo. O animal preto e marrom olhou para nós com os olhos pretos esperançosos. Mas quando ele percebeu que ninguém tinha qualquer alimento nem tencionava alimentar, ele bufou uma vez, e voltou para a sua soneca previamente agendada. Rosco não gostava de se esforçar demais, nunca. — Coloca o coitado ali, Xavier. — Jo-Jo apontou para uma das cadeiras giratórias estofadas de vermelha cereja no meio do salão. — Para que consiga dar uma olhada nele. Xavier colocou Vinnie onde Jo-Jo o havia instruído. Os restantes acomodaram nas outras cadeiras espalhadas ao redor da sala, com exceção de Finn, que se dirigiu para a cozinha para pegar um café. Sentei-me na cadeira mais próxima de Vinnie para que pudesse manter um olho no elementar de Gelo. Só porque ele tinha sido quase espancado até a morte não significa que não poderia se levantar e fazer algo estúpido enquanto Jo-Jo tentava curá-lo, como tentar fugir. Uma vez que eu tinha a certeza que Vinnie estava inconsciente, olhei ao redor, meio que esperando ver uma anã vestida de preto passear pelo salão. Mas Sophia, irmã mais nova de Jo-Jo não apareceu.
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— Onde esta Sophia? — Perguntei. Jo-Jo foi até ao lavatório e lavou as mãos. — Ela saiu foi ver um festival de cinema de Clint Eastwood no velho teatro na St. Charles Avenue. Ela não vai estar de volta até tarde. Eu balancei a cabeça. Além das tendências góticas de Sophia, ela também passou a ser uma grande fã de cinema. Jo-Jo secou as mãos, em seguida, clicou num candeeiro de pé de luz halógena, e o virou para iluminar o rosto ensanguentado de Vinnie Volga. Ela deixou escapar um assobio baixo. — Gigantes? — Eu balancei a cabeça. — Alguns dos homens de Mab. Eles ficaram desapontados com o desempenho no trabalho de Vinnie e decidiram mostrar exatamente o quanto. Jo-Jo estalou a língua e balançou a cabeça. Em seguida, ela levantou para mão de modo que a sua palma da mão pairasse sobre a cara de Vinnie, não tocando no seu sangue, nem na pele machucada. Os olhos da anã começaram a brilhar, um branco leitoso opaco, o mesmo tipo de brilho mágico que revestia a pala da mão. A magia de Ar de Jo-Jo crepitava pela sala como um relâmpago, me fazendo mexer na minha cadeira. Jo-Jo era uma elementar de Ar, o que significava que a sua magia era o oposto do meu poder de Gelo e de Pedra. Dois elementos que sempre se opuseram um ao outro, como Fogo e Gelo, apenas como dois elementos que sempre se completam um ao outro, como Fogo e Ar. Eu sempre me senti desconfortável quando sentia um elemento de oposição a ser utilizado, mesmo se eu soubesse que JoJo estava curando Vinnie em vez de machucá-lo. A magia dela
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pareceu-me estranha, tão esquisito e alienígena como para um estrangeiro, comer tomates verdes fritos. Não era só isso, o poder de Jo-Jo, também fazia as cicatrizes de runa em forma de aranha nas minhas palmas, coçarem e queimarem, do jeito que sempre faziam quando eu ficava perto de tanta magia elementar. Os metais de silverstone que haviam sido derretidos na minha carne eram altamente valorizados pela sua capacidade de absorver e armazenar todos os tipos de magia, e ele sempre me pareceu que a silverstone em minhas mãos, na verdade tinham fome de poder. Que era quase uma coisa viva, um parasita cujo único propósito era absorver mais e mais energia, até que ele simplesmente não conseguisse conter outra molécula de poder. Como uma espécie de vampiro ganancioso sugando todo o sangue que ele pudesse obter das suas presas. Muitos elementares tinham anéis, pulseiras, ou outras joias feitas do metal com o único propósito de conter pedaços do seu poder, poder esse que poderiam recorrer em um momento posterior. Como quando eles entravam em duelos com outros Elementares. Coloque o seu anel favorito de silverstone, e terá um pouco mais de poder útil quando você precisa destruir o inimigo. Não era mais nada a não ser uma forma mortal de ter uma forma mortal de baterias mágicas. — Então quem é esse sujeito? — Jo-Jo perguntou em voz baixa. A anã moveu a mão para trás e para a frente no rosto de Vinnie, não exatamente tocando suas feições agredidas. Com cada passagem de sua mão, o inchaço no rosto de Vinnie foi diminuindo aos poucos,
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as contusões pretas foram desbotando até desaparecer, e os cortes sangrentos se aproximavam e se suturavam até se fechar. Jo-Jo estava usando a magia elementar de Ar para forçar o oxigénio para o corpo de Vinnie, usando o seu poder para colocar todas as suas moléculas quebradas e os vasos sanguíneos de volta e fazê-los se juntar novamente. Isso era como os elementares de Ar curavam, usando todos os gases naturais da atmosfera, principalmente o oxigénio. — Ele estava espiando Roslyn para Mab. — Eu disse. Jo-Jo olhou para mim. — Então porque que eu estou curandoo? — Porque ele pode ter alguma informação útil, e ele parece estar com tantos como nós. Enquanto Jo-Jo terminava de curar Vinnie, eu disse aos outros o que tinha ouvido no parque. Tudo o que o vampiro tinha dito sobre Vinnie espionado Roslyn, sobre a armadilha de LaFleur tinha feito para mim com o rumor falso da remessa de drogas, e como Mab tinha grandes planos para a filha de Vinnie, Natasha. — Eles falaram sobre Natasha? — Perguntou Roslyn. — Mab vai colocá-la numa espécie de bordel? Ela tem oito, talvez dez. Ela não merece isso. O rosto de Roslyn se apertou, e ela pressionou os lábios, como se estivesse tentando não ficar doente novamente. Alguns podem ter pensado que era hipocrisia Roslyn ter qualquer tipo de reclamação sobre quem Mab envolvia na prostituição. Afinal, ela tinha o seu próprio local de prostitutas no Northern Aggression. A maior parte dos rapazes e das garotas no clube eram vampiros, assim como
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Roslyn. Os vampiros praticamente pertenciam ao comércio do sexo em Ashland. Isso porque para muitos deles, fazer sexo era tão estimulante como beber sangue. Humanos necessitavam de vitaminas para continuar, vampiros precisavam de sexo e sangue. Transar e obter o seu B12 para o dia. Ou algo assim. A maioria das vezes era vantajoso para os vampiros e os seus clientes. Mas vampiro ou não, todos os que trabalhavam na Northern Aggression estava lá porque queriam, e ela tinha a certeza que os seus seguranças gigantes mantinham os clientes longe de ferir alguém. Roslyn também deixava as suas prostituas ficarem com o que faziam, em vez de tomar tudo para si mesma como muitos dos cafetões vampiros faziam nas ruas Southtown. Se você virasse prostituta, iria querer alguém como Roslyn vigiando você, e não algum cafetão bandido que levaria todo o seu dinheiro, e em seguida, bater a merda fora de você só por diversão. Jo-Jo largou a mão do rosto de Vinnie. — Pronto. Ele está melhor do que novo. Sua vez, Gin. Eu suspirei. Tanto que eu odiava ser ferida, às vezes eu pensava que ser curada por Jo-Jo era pior. Mas eu recostei-me na cadeira e deixei o elemento de Ar trabalhar a sua magia em mim. Jo-Jo colocou a mão perto do meu quadril. E a sua palma começou a brilhar branco leitoso com a sua magia de Ar mais uma vez. O formigueiro quente crepitou para a vida dentro do meu corpo, centrando na dor da articulação do quadril. Repetidamente. Era como ser picada por milhares de agulhas minúsculas em brasa todas de uma vez. Cerrei os dentes, apertei as mãos ao redor dos braços da cadeira, e sofri por isso. As cicatrizes de runas da aranha em minhas 109
mãos reagiram a magia de Jo-Jo e começaram a coçar e a queimar ainda mais do que antes, quando ela utilizava o seu poder sobre mim. O suor escorria na testa e eu mordi de volta um grito primitivo. Mesmo que eu soubesse que Jo-Jo me estava ajudando, me curando, no fundo, a parte elementar escura dentro de mim queria lançar-se para ela com a minha própria magia apenas para fazê-la parar. Só para não sentir o poder dela por mais um segundo. — Quadril deslocado, alguns pequenos cortes e contusões. Uma noite fácil para você. — Jo-Jo murmurou. — Sim. — Eu murmurei. — Foi apenas uma caminhada no parque. Poucos minutos depois, o brilho desapareceu da palma da mão de Jo-Jo, a magia desaparecia dos seus olhos, e ela deixou cair a mão. Deixei escapar um suspiro de alívio e encostei-me na cadeira, grata que não podia sentir mais a sua magia de Ar. Deixei-me relaxar e recuperar durante dois minutos antes de me sentar certa novamente e ver como estavam as coisas. Voltei a minha atenção para Vinnie, que ainda estava inconsciente na cadeira mais próxima. Normalmente eu teria deixado alguém que tivesse sido tão gravemente ferido dormir até de manhã. Ser magicamente curado sempre tinha um efeito sobre a pessoa, estar tão perto da morte para de repente ser saudável mais uma vez. Era simplesmente um choque onde a força do seu corpo desaparecia e vinha a si novamente. Inferno, mesmo eu teria gostado de ir para a cama e não sair até de
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manhã. Mas eu queria respostas, e eu as queria agora. Então, aproximei-me de Vinnie e toquei-lhe no ombro. Demorou cerca de um minuto antes de os olhos do elementar de Gelo se abrirem, e ele tornar-se consciente de onde estava. Vinnie olhou para Jo-Jo e franziu a testa em confusão. — Você é bem- vindo. — Disse a anã, antes de se colocar de pé e ir até a pia lavando as mãos novamente. Vinnie
sentou-se
em
sua
cadeira,
seu
olhar
passando
rapidamente em toda a sala, olhando para os todos os produtos de beleza, obviamente, pensando como ele havia chegado do parque até ao salão de Jo-Jo, ele congelou quando viu Xavier e Roslyn sentados num sofá de dois lugares junto a parede oposta. Depois de um momento, seus olhos vieram para mim, demorando-se em todo o sangue que tinha na minha roupa, antes de voltar para a sua chefe vampira e o segurança gigante. Vinnie abriu a boca, mas eu lhe dei um soco. — Antes de começar a dizer algum tipo de mentira de merda sobre como você esteve fazendo nestes últimos dias, deixe-me dizerlhe o que sabemos. — Eu disse numa voz fria. — Nós sabemos que você está espionando Roslyn para Mab Monroe. Sabemos que uma assassina que atende pelo nome de LaFleur veio vê-lo a Northern Aggression esta noite e que não é a primeira vez que você fala com ela. Sabemos que ela disse para você contar a todos sobre um carregamento de drogas que vinha pela doca, na esperança de que a Aranha fosse aparecer e LaFleur a pudesse matar. Como estou indo até agora?
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Vinnie não disse nada, mas engoliu uma vez e acenou com a cabeça. — Bom, você decidiu ser razoável. — Eu cruzei os braços sobre o peito e lhe dei um olhar duro. — Aqui esta o negócio. Você nos diz tudo o que você disse a LaFleur e Mab, e tudo o que elas lhe disseram ou ameaçaram. E no final da história, se eu gostar do que ouvir, posso deixá-lo vivo. Então comece a falar. Vinnie só ficou olhando para mim, com os seus olhos arregalados. — Agora! — Eu gritei. O elementar de Gelo olhou para a sua chefe novamente, mas o rosto de Roslyn era ainda mais duro e frio do que o meu. Assim como o de Xavier. Depois de um momento, Vinnie caiu de volta contra a sua cadeira. — Eu não queria fazer, Roslyn. — O sotaque russo de Vinnie destacava-se mais do que antes, provavelmente por causa da tensão que estava sentindo no momento. — Você tem que acreditar em mim. Você tem sido tão boa comigo. Eu nunca quis trair você desta forma. — Eu sei Vinnie. — Roslyn disse com uma voz suave. — Agora diga-nos o que você sabe. Ele deu um suspiro. — Há uma semana, eu estava no clube, trabalhando no bar como de costume. Eu fui lá fora para jogar o lixo, e aquela mulher veio falar comigo. No começo achei que ela apenas estava bêbada e fumando o que não devia, você sabe? Mas ela me chamou pelo nome, e me começou a contar todas essas… coisas. A
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que horas chego do trabalho todas as noites, onde eu a Natasha gostamos de jantar. Onde Natasha estuda. A voz de Vinnie caiu para um sussurro. Ele engoliu em seco novamente e forçou-se a continuar. — E então ela me disse que o nome dela era LaFleur e perguntou-me se já ouvi falar sobre ela. Eu disse que não. E ela disse que depois de hoje eu nunca a esqueceria. Ela se virou e gritou para alguém, e esse cara chegou. Ele era apenas um cara, alguém que eu nunca tinha visto antes. Ela olhou para ele um segundo e começou a sorrir, e então levantou a mão e ela… ela simplesmente… — Eletrocutou-o. — Eu terminei. — Bem ali na sua frente. Vinnie me olha com surpresa. — Sim, como é você sabe? Dei-lhe um sorriso triste. — Porque ao contrário de você, eu já ouvi falar sobre ela. Continue. Vinnie concordou. — De qualquer forma, LaFleur me disse que ela esta trabalhando para Mab Monroe em uma missão especial. Para encontrar e matar a Aranha. E eu iria ajudá-la a fazer isso. Naquele momento eu fiquei em pânico. Mas eu não sabia exatamente como sair, não sem ela me matar também. Ele
estremeceu
com
a
lembrança
da
outra
assassina
ameaçando-o. Não podia culpá-lo por isso. Não quando LaFleur tinha feito uma demonstração da sua magia Elétrica lá no local. — Então ela se aproximou de você para trabalhar com ela. Em seguida o que aconteceu? — Perguntei.
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Vinnie engoliu em seco novamente. — Esta mulher, LaFleur, disse que a menos que eu quisesse acabar como o seu amigo, eu iria começar a vigiar Roslyn para ela. Ver com quem Roslyn saia, com quem conversava no clube todas as noites. Ela queria que eu fizesse uma lista de todas as mulheres que eu via com Roslyn. Ela disse que uma delas tinha que ser a Aranha, e era apenas uma questão de reduzir. Bem, ele apenas confirmou o que Brown, o vampiro, disse no parque. Eu não sabia se LaFleur tinha sido contratada para fazer tudo isto por Mab ou se a assassina tinha vindo planejar tudo por conta própria. De qualquer maneira, não foi uma boa notícia para mim. — Eu disse a ela que era apenas um barman, que eu não sabia sobre tudo o que se tinha passado com Roslyn ou Elliot Slater ou a Aranha ou nada disso. Mas ela não aceitou um não como resposta. LaFleur disse que se eu não fizesse exatamente o que ela disse, mataria Natasha e iria me fazer ver enquanto ela a matava. E então ela me mataria. A voz de Vinnie caiu para um sussurro que era tão suave que eu tinha de me esforçar para ouvir. — Eu… eu não tive escolha. Você não viu o que ela fez com aquele homem. Você não cheirou ou o ouviu gritar. Então sim, eu fiz o que ela disse, comecei a vigiar Roslyn. E quando LaFleur voltou ao clube poucos dias atrás e me disse para começar a falar sobre a expedição de droga, eu fiz isso também. — Porque você não veio falar comigo, Vinnie? — Perguntou Roslyn. — Eu teria acreditado em você. Eu teria ajudado.
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O elementar de Gelo deu um sorriso amarelo. — Eu sei que você teria tentado. Mas Elliot Slater quase a matou, e esta mulher o torna parecido com Papai Noel. E Natasha, ela está em primeiro lugar para mim. Ela sempre está. Eu não podia arriscar. Sinto muito, Roslyn, Sinto mesmo muito. A vampira balançou a cabeça, aceitando o seu pedido de desculpas. — Eu sei, Vinnie. Acredite em mim, eu sei. — Então o que LaFleur lhe veio dizer hoje a noite? — Perguntei. — Quando ela foi ao clube? Vinnie olhou para mim. — Ela me disse que ninguém tinha aparecido na expedição de drogas ontem à noite, o que significava que eu não devia ter feito o que ela me pediu. Ela disse que ia dançar por alguns minutos antes de sair para ir ao meu apartamento, e matar Natasha e a sua babysitter. Eu estava desesperado. Eu não sabia o que fazer, então tentei ir para casa buscar a minha filha antes de LaFleur. Mas ela tinha homens dentro do clube a minha espera. — Eu sei. — Disse num tom irónico. — Eu estou vestindo pequenos pedaços deles agora. Vinnie olhou para mim, os olhos azuis mais uma vez olhando para o sangue em minhas roupas, mãos e rosto. — O que aconteceu? — Ele perguntou. — Quem é você? Porque que você estava no parque esta noite? O barman já estava inconsciente quando eu apareci para os homens de Mab, antes toda a sua atenção estivesse voltada para derrubar Brown, o vampiro, e não com quem eu era.
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Então eu olhei para ele, deixá-lo ver o quão frios e duros os meus olhos cinzentos realmente eram, e fiz a introdução mais uma vez. — Eu sou a mulher que você esta procurando, Vinnie. Eu sou a pessoa que LaFleur queria que você encontrasse. Eu sou a Aranha.
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Capítulo 9 Vinnie olhou para mim mais um segundo, depois saiu em disparada de sua cadeira e se dirigiu para o corredor que levava para a parte da frente da casa. Suspirei. Por mais que eu gostasse do fato de que a mera menção do meu nome de assassina era o suficiente para inspirar terror abjeto nas pessoas, era inconveniente agora. Porque eu precisava conversar com Vinnie, não matá-lo. Ainda não, de qualquer maneira. Mas Vinnie não chegou longe. A essa altura, Finn terminara sua corrida por café e estava passeando de volta pelo corredor, uma caneca de sua infusão de chicória fumegante em sua mão esquerda. Ele viu Vinnie indo em direção a ele, suspirou, e alcançou atrás das costas com a mão direita. Finn surgiu com uma arma, que nivelou com a cabeça de Vinnie. O elementar de Gelo congelou na entrada. — Por que você não vai ser um bom menino, Vinnie, e vai se sentar. — Finn disse em uma voz agradável antes de tomar um gole do seu café. Seus olhos nunca deixaram o outro homem, e sua arma nunca
vacilou.
Finn
podia
ser
um
fodão
quando
precisava,
exatamente como eu.
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Xavier ficou de pé, se aproximou, e apertou a mão no ombro de Vinnie, como um pequeno incentivo adicional. — Se quiséssemos você morto, Vinnie, teríamos te deixado na caixa de areia. Relaxe, homem. Ninguém aqui vai te machucar. O gigante não adicionou a parte do ainda não. Ele não precisava. Xavier manobrou Vinnie de volta para sua cadeira de origem. O elementar de Gelo afundou no assento acolchoado, com uma expressão atordoada no rosto. Xavier pairou sobre seu ombro, no caso de ele decidir correr novamente. — Você é a Aranha. A Aranha. — Vinnie murmurou com seus olhos sacudindo de volta para mim. — Esse é o meu nome. — Eu disse com voz arrastada. Ele se inclinou para frente e enterrou a cabeça nas mãos. Pedaços de areia dourada caíram do seu cabelo castanho escuro e cintilaram no chão. — Morto. Estou tão morto. Você vai me matar, não vai? É por isso que me trouxe aqui. É por isso que me curou. Para me interrogar antes de me matar. Reconhecidamente, esse tinha sido meu primeiro plano, mas agora eu estava reconsiderando as coisas. Até assassinos poderiam ser influenciados de tempos em tempos. Inclinei a cabeça para um lado e dei-lhe um olhar pensativo. — Não necessariamente. O que eu realmente quero saber agora mesmo é sobre a sua garotinha. Vinnie levantou a cabeça de suas mãos e olhou para mim. — Natasha?
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Assenti. — Natasha. Conte-me sobre ela. O elementar de Gelo mudou de posição na cadeira. — Você pode fazer o que quiser comigo. Eu sei que mereço isso, por espionar Roslyn como fiz, por armar pra você como fiz. Mas, por favor, deixe Natasha fora disso. Por favor. Eu vou fazer o que você quiser, contarlhe o que quiser, dar-lhe o que quiser, se você apenas deixá-la ir. Balancei a cabeça. — Odeio te desapontar, Vinnie, mas eu não tenho sua filha. Não tenho ideia de onde Natasha está. O rosto de Vinnie caiu. — Mas você - você matou aqueles homens no parque. Os gigantes. Eu te vi fazer isso. E você me trouxe aqui, você me curou. Certamente, você deve ter Natasha aqui também. — Sinto muito. — Eu disse e quis dizer isso. — Mas só encontramos você. Não pegamos sua filha também. Dado o que ouvi os homens no parque dizerem, estou bastante certa que Mab a tem agora. Vinnie fechou os olhos. Seu rosto assumiu um tom esverdeado, e um tremor sacudiu seu corpo. Ele passou a mão pelo cabelo. Mais areia caiu de seus cachos escuros e polvilhou o piso do salão. Depois de um momento, Vinnie colocou o rosto nas mãos de novo. Seus ombros sacudiram, e mesmo que eu não pudesse vê-las, eu sabia que lágrimas corriam pelo seu rosto. Ele tentou abafar um soluço e não conseguiu. Simplesmente não conseguiu. Ninguém falou, e o único som era o choro baixo e angustiado de Vinnie.
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— Gin? — Roslyn finalmente perguntou em uma voz suave. Olhei para a vampira. Ela parecia tão fria, calma e profissional em seu terno, mas essa não era a imagem dela que eu realmente estava vendo. Em vez disso, tive um flashback daquela noite na cabana de Slater quando a encontrara espancada e amarrada na cama do gigante e prestes a ser estuprada e assassinada. Tudo isso fora horrível o suficiente para Roslyn, uma ex-prostituta que sabia qual era o placar e exatamente quão retorcidas as coisas poderiam ser em Ashland. Eu só podia imaginar o dano que esse tipo de coisa poderia fazer para uma jovem inocente como Natasha. — Gin? — desta vez, Jo-Jo foi que murmurou meu nome. Gin. A versão bastardizada, encurtada do meu nome real, a que eu tinha adotado para mim tantos anos atrás, quando Fletcher primeiro me recolhera. Três letras, uma sílaba. Um nome simples. Mas agora, de alguma forma, cheio de tantas perguntas, tantas coisas pedidas, e tanto pendurado na balança - incluindo a vida de Natasha. Suspirei e acenei para as outras duas mulheres. Então eu me inclinei para a frente e coloquei minha mão sobre o ombro sacudindo de Vinnie. — Vinnie, sei que você está chateado agora. Que você tem passado por muito, mas eu preciso que você se concentre por um pouco mais de tempo. Você acha que pode fazer isso? Eu não sabia se era medo de mim ou outra coisa, mas Vinnie se encolheu com o meu toque. Deixei cair a minha mão, me perguntando
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se ele sequer me ouvira. Mas depois de um momento, seus ombros pararam de sacudir. Ele enxugou as lágrimas de seus olhos e, lentamente, levantou e acenou com a cabeça. — Bom. — Eu disse. — Agora, quero que você pense de novo. Este novo clube que Mab está abrindo, do qual o vampiro disse que Natasha poderia ser a estrela. Você ouviu os homens dizerem mais alguma coisa sobre isso? Onde ia ser? Quando ia abrir? Qualquer coisa mesmo? — Por que você se importa? — Vinnie disse. — Ela não é sua filha. Você sequer a conhece - ou a mim. Não, eu não conhecia Vinnie nem sua filha. Não os conhecia o mínimo possível ou realmente me importava de conhecer. Mas conhecia exatamente pelo que o elementar de Gelo estava passando no momento. Todas as emoções que ele estava sentindo - e quão impotente todas elas o tornavam. Em vez de dizer a ele que entendia como era perder sua família, eu apenas encarei Vinnie, minha boca uma linha reta no meu rosto. — Faça a minha vontade. Ainda assim, algo da minha dor deve ter tremeluzido em meus olhos, porque depois de um momento, Vinnie acenou lentamente com a cabeça. — Tudo bem. — Ele disse. — Duas noites depois de LaFleur me abordar da primeira
vez, ela me
disse para encontrá-la no
Underwood’s antes do meu turno começar. Ela estava lá jantando com um casal de gigantes, Mab Monroe, e Jonah McAllister.
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Underwood’s era um dos restaurantes mais exclusivos de Ashland - um lugar que Mab gostava de frequentar, junto com seu advogado, Jonah McAllister. Outra
pessoa
com
quem
eu
vinha
tendo
problemas
recentemente. — De qualquer forma, eu fui lá dentro, mas LaFleur não queria me ver imediatamente, então eu tive que ficar no bar por um tempo. Mas a mesa deles estava por perto e os ouvi conversando. É verdade. Mab está abrindo sua própria boate. Algum tipo de lugar subterrâneo onde vale tudo - tudo. Crianças, ferir mulheres, todas as coisas doentes pelo que as pessoas pagariam. Mab ficava dizendo como estava na hora da Northern Aggression desaparecer - de vez. Meu olhar cortou para Roslyn. A vampira estava sentada no sofá, um olhar duro em seu rosto, mas eu podia ver a preocupação tremeluzindo em seus olhos. Northern Aggression era o seu sustento, a maneira que ela se sustentava, sua irmã, Lisa, e jovem sobrinha, Catherine, a maneira que Roslyn estava proporcionando uma vida melhor para elas. Sem mencionar todas as pessoas que trabalhavam para ela. Todos os vampiros que poderiam estar enganchados nas ruas em meio a todos os perigos conectados com essa profissão em Ashland, em vez de estar no ambiente mais seguro que Roslyn fornecia. Não foi difícil perceber qual era o raciocínio de Mab. Roslyn estava no centro da morte de Elliot Slater, e a imprensa a pintara como a vítima trágica, do jeito que ela realmente era. Tudo isso fazia com que a elementar de Fogo não pudesse tocar em Roslyn agora, não com a mídia de Ashland ainda focada no incidente. Seria apenas 122
bagunçado demais, mesmo para Mab, especialmente dado o fato de que ela também tinha a mim, a Aranha, para lidar. Assim, a elementar de Fogo decidira ir atrás de Roslyn de outra maneira destruindo seu negócio. E Vinnie e Natasha foram apanhados no meio de tudo isso. — Então você não sabe onde o clube poderia ser? — Perguntei a Vinnie. O elementar de Gelo balançou a cabeça. — Não. Só que Mab planeja inaugurá-lo em breve. Do jeito que as coisas soaram, ela contratou LaFleur para administrá-lo, bem como supervisionar seus homens. Então LaFleur não estava em Ashland só pra me encontrar e me matar. Parecia que a outra assassina também estava vindo a bordo como a mais recente grande tenente de Mab - uma posição anteriormente ocupada pelo falecido, não lamentado Elliot Slater. — Finn? — Perguntei. Meu irmão adotivo encostou-se em uma das paredes do salão. Tinha guardado a arma, mas ainda estava tomando o café. A mistura quente fragrante de chicória, flutuou até mim. Pensei em seu velho então, e como ele ajudara as pessoas às escondidas por anos, mesmo quando estava trabalhando como o assassino o Homem de Lata. Minha decisão já fora tomada, é claro, mas pensar em Fletcher me confortou. Eu quase podia vê-lo atrás do balcão no Pork Pit, acenando com a cabeça em aprovação pelo que eu estava prestes a fazer.
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— Yeah? — Finn perguntou. — Comece a cavar e veja o que pode encontrar sobre esta nova boate. O nome, onde pode estar localizada, qualquer coisa útil. Se havia alguém que poderia desentocar as informações às pressas, era Finn. Além de suas habilidades bancárias, ele também tinha uma rede de espiões e fontes anônimos da qual qualquer agência clandestina ficaria orgulhosa. E se seus espiões não pudessem encontrar alguma coisa para ele, Finn era mais do que capaz de invadir qualquer sistema de computador que continha o conhecimento que ele precisava. Finn assentiu. — Estou nisso. Virei para olhar para Roslyn e Xavier. — Vocês dois precisam ser extremamente cuidadosos neste momento. Sabemos sobre Vinnie, mas não há como dizer quem mais Mab e LaFleur podem ter subornado da sua equipe. Você precisa discretamente farejar ao redor e descobrir em quem você pode confiar e em quem não pode. Roslyn e Xavier assentiram. — Não se preocupe, Gin. — Roslyn disse. — Depois do que Elliot Slater fez comigo, qualquer um que está trabalhando às escondidas para Mab está sendo chutado para fora no seu traseiro. Em seguida, olhei para Jo-Jo. — Você sabe que Vinnie vai precisar de um lugar para ficar fora da vista até que possamos ter esta coisa resolvida.
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A anã sorriu para mim, as linhas se aprofundando em seu rosto de meia-idade. — É uma coisa boa que eu tenho uma abundância de quartos extras, então, não é? Vinnie olhou de relance para mim, depois para os outros. — O que está acontecendo? Sobre o que vocês estão falando? Eu o encarei. — Estou falando sobre você ficar aqui onde estará seguro, Vinnie. Estou falando sobre tirar você de sob os polegares pesados de Mab e de LaFleur. Estou falando sobre resgatar sua filha de qualquer que seja o buraco do inferno em que Mab a escondeu. É sobre isso que estou falando. A boca de Vinnie caiu aberta em choque. Ele piscou várias vezes, como se estivesse pensando em falar, mas as palavras só não vinham a ele. — Você quer que eu faça isso? — Perguntei. — Quer que eu encontre a sua filha? Porque eu tive a impressão de que você se preocupava com ela - muito. — Você... você faria isso por mim? Tentar encontrar Natasha? — Esperança iluminou o olhar azul pálido de Vinnie. Esperança. Uma emoção que sempre ficava me fazendo de otária, vez após vez, apesar de minha suposta aposentadoria do negócio de assassina. Esperança. A coisa que sempre parecia me colocar em mais problemas do que apenas matar pessoas por dinheiro jamais. Ah, esperança. Às vezes, eu realmente odiava isso. — Sim.
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Vinnie piscou de novo, e suspeita escureceu seus olhos. — Mas por que você faria isso? Ninguém faz algo assim de graça, e eu - eu não tenho nenhum dinheiro para te pagar. Mas posso conseguir algum. — Ele se apressou para acrescentar. — Posso conseguir não importa o quanto você queira. Eu te prometo que eu posso. — Eu não quero seu dinheiro, Vinnie. Eu tenho mais do que jamais poderia gastar. O elementar de Gelo franziu as sobrancelhas ao tom áspero na minha voz, mas eu não podia ser nem um pouco gentil com ele. Não podia levantar suas esperanças nem um pouco mais alto do que elas estavam. Não até que eu encontrasse Natasha e visse exatamente o que fora feito a ela. — Quanto ao por que eu faria algo assim, bem, há um monte de razões. — Continuei. — Mas principalmente, porque parece ser o que eu faço agora. Não me entenda errado; não estou te prometendo gatinhos e arco-íris. Os homens de Mab têm tido Natasha por horas já. Não há como dizer em que tipo ela está. Você compreende o que isso significa? Quão ferida ela poderia estar? Por dentro e por fora? Mesmo se a encontrarmos, mesmo se a pegarmos de volta, ela pode nunca ser a mesma garotinha que você conheceu e amou antes. Você pode lidar com isso? Pode dar a ela a ajuda que vai precisar? Vinnie fechou os olhos um momento, mas lentamente acenou. — Tudo bem, então. — Eu disse. — Vou encontrar sua filha. Vou encontrar Natasha. E se eu não conseguir fazer isso ou se ela já estiver morta quando eu chegar até ela, então te prometo uma coisa -
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que as pessoas que a levaram vão desejar suas próprias mortes muito antes de eu terminar com elas. Como isso soa para você? Vinnie me encarou com seus olhos azuis pálidos. Emoções giravam em seu olhar. Medo. Pesar. Raiva. Angústia. Preocupação. Lentamente, ele acenou com a cabeça mais uma vez. — Bom. — Eu disse. — Então temos um acordo.
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Capítulo 10 Duas horas depois, eu dirigia minha Mercedes pela longa e inclinada estrada alinhada dos dois lados por grossas paredes de pinheiros. O cascalho batia sob meus pneus, mas algumas vezes meu carro subia na colina e rolava sobre um platô no topo dessa montanha em particular, uma das muitas Montanhas do Apalache que cortavam Ashland como os dentes de uma serra. Estacionei o carro na frente de uma casa grande de tábua, de três andares que ficava no topo de uma colina inclinada. Pedra cinza, barro vermelho e tijolos vermelhos, tudo misturado na estrutura grande, junto com um pequeno telhado, persianas pretas e beirais azuis. À primeira vista, parecia que a casa não estava completamente terminada ou talvez que alguém estivesse sem condições de comprar materiais e decidido simplesmente usar o que estava disponível. Mesmo assim, as formas e estilos irregulares me agradaram, pois essa era a minha casa agora. A enorme casa havia sido da família de Fletcher Lane durante anos, e o velho tinha deixado ela para mim em seu testamento, junto com uma quantidade considerável de dinheiro. Não que eu realmente precisasse de algum dos dois, já que eu tinha guardado meu dinheiro para um dia que eu precisasse. A estrutura em ruínas era muito grande para eu viver sozinha. Meia dúzia de pessoas poderiam se acomodar confortavelmente sem se esbarrar se não quisessem. Eu 128
provavelmente deveria ter fechado a casa e me mudado para um apartamento menor ou uma casa na cidade, mais perto de Pork Pit. Foi onde eu morei antes de Fletcher ser assassinado. Mas a casa era uma das poucas coisas que tinha sido deixada para mim pelo velho, e eu planejava ficar aqui o máximo de tempo que a casa - e eu - ainda aguentasse. Apesar de meus sentimentos, ainda assim estacionei o carro e me aproximei da porta da frente com a minha cautela normal. LaFleur podia não ter me prendido na outra noite nas docas, mas isso não queria dizer que a assassina não estava atrás de mim. Se as fontes dela fossem tão boas quanto as minhas, ela me acharia - mais cedo ou mais tarde. E então dançaríamos. Mas eu não a deixaria na vantagem por fazer algo tão desleixado, como não prestar atenção ao meu ambiente. Nem aqui, no meu santuário do mundo. Enquanto
eu
andava
na
direção
da
casa,
meus
olhos
escanearam tudo o que eu podia ver no quintal no escuro. O gramado macio que se estendia por mais ou menos trinta metros antes de descer em uma série de penhascos irregulares que até algumas cabras montanhesas teriam dificuldade em escalar. Nuvens pesadas obscureciam a lua prateada e as estrelas piscantes hoje, e deixava a paisagem em quase total escuridão, principalmente aqui nesse cume alto. As luzes de Ashland brilhavam no vale abaixo, como vagalumes voando sobre a superfície de uma lagoa quieta e sombria. Eu também virei minha cabeça para o lado e alcancei minha magia elementar, ouvindo aos sons ao meu redor - tudo, desde o cascalho sob meus pés na estrada até os penhascos à minha direita e os tijolos que constituíam a casa.
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As pedras só sussurravam com seus murmúrios baixos e usuais, me dizendo sobre a chicotada fria do vento sobre a serra, a debandada suave de animais indo e vindo, e a lenta passagem do tempo. Ninguém esteve perto da casa o dia todo. Caso contrário eu teria sentido a vibração, a perturbação, principalmente se fosse alguém como LaFleur para me matar em minha própria cama. Intenções cruéis como essa sempre encontram seu caminho para o ambiente das pedras, e quanto mais sombrio seu desejo, mais cedo isso acontecia. Ótimo. Eu não estava com humor para matar companhia indesejada. Não depois de tudo que tinha acontecido hoje. Não quando eu sabia que havia uma garotinha em algum lugar por aí que poderia estar morrendo nesse momento. Enquanto Jo-Jo tinha colocado Vinnie na cama de um de seus quartos de hóspedes, Finn e Xavier tinham ido até a casa do bartender para confirmar se Natasha tinha sido mesmo sequestrada. As notícias não eram boas. Eles tinham encontrado a babá amarrada e enfiada em um closet. Ela tinha contado a mesma história que Brown soltou no parque - que alguns homens tinham chegado, batido nela, agarrado Natasha e ido embora. Eu não tinha dúvidas de que os homens tinham levado a garotinha direto para a nova balada misteriosa que Mab estava construindo - e todos os horrores potenciais que aguardavam no local. Mas não havia nada que eu pudesse fazer por Natasha hoje, não quando nem sabia por onde começar a procurar. Se ela aguentasse até a manhã, se Finn conseguisse algo útil com suas fontes, as coisas poderiam ser diferentes. Mas não hoje.
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Uma vez que estava certa de que tudo estava como deveria, eu pisei na varanda e me aproximei da porta da frente. Dadas às várias adições que tinham sido feitas na casa durante os anos, pedaços de pedra corriam pela estrutura inteira, incluindo a porta da frente, que era composta de granito preto tão duro que até um gigante teria dificuldades para entrar por ali. Enquanto adicionava segurança contra intrusos indesejados, veias ricas de pedra de prata também rodopiavam pela pedra. O metal mágico iria absorver uma bela quantidade de poder elementar antes de começar a suavizar, enfraquecer e derreter, o que me daria bastante tempo para estar em outro lugar além de aqui dentro esperando por quem quer que estivesse batendo e soprando na minha porta. Seria preciso de alguém com magia elementar maior para passar por tanta pedra de prata. Não o tipo de pessoa que eu queria entrando em casa e me pegando desprevenida. Minha checagem de segurança feita, eu destranquei a porta e entrei na casa. Eu tirei minhas malditas botas do lado da porta, e coloquei minhas meias de lã na cozinha. Tantos cômodos foram adicionados na casa que era como navegar em um labirinto, exceto pelo fato de não haver um Minotauro no meio esperando para me devorar. Corredores cruzados de um jeito ou de outro, enquanto mais passagens de curvavam em volta deles e conduziam a áreas completamente novas - ou becos sem saída. Você poderia andar por aqui por dias e ainda assim não encontrar nenhum quarto, algo que era uma vantagem tática para mim, se alguém desagradável viesse me procurar tarde.
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Eu estava muito cansada para sequer pensar em ir para a cozinha e preparar algo para lanchar, mesmo fazendo horas desde que comi um jantar rápido no Pork Pit. Depois da noite que eu tive, devia ter tomado banho, ido para a cama, e descansado pelo próximo dia, que eu sabia que seria um longo dia de busca por Natasha. Mas em vez disso, me encontrei no covil, do jeito que eu sempre parecia tarde da noite quando eu tinha algo em mente e problemas nos meus encalços. O covil era um cômodo confortável, com algumas poltronas e um sofá usado que estava lá há tanto tempo que cada parte estava perfeitamente entalhada para ajustar a bunda de alguém. Eu caí no sofá, deixando meu corpo cansado afundar nas almofadas grandes e macias, e coloquei meus pés com meias na mesa de centro marcada. Como sempre, meus olhos se levantaram para a cornija na lareira na minha frente - e para a série de desenhos enquadrados que estavam colocados lá. Eu tinha feito os três primeiros desenhos um tempo atrás para uma aula que eu tive na Faculdade de Ashland. Eu era uma das alunas permanentes, fazendo toda e qualquer aula que me agradasse, principalmente aquelas que envolviam cozinhar ou literatura, duas das minhas paixões. Um dos projetos da aula de artes que eu frequentava era criar séries de desenhos, todos diferentes, mas ligados por um tema em comum. Eu desenhei uma série de runas - os símbolos de minha família morta.
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Um floco de neve, uma vinha ondulada, e uma prímula. Os símbolos para fria calma, elegância e beleza. O floco de neve pertencera à minha mãe, Eira, sendo a runa principal da família Snow, a família que nos identificava com os outros elementares. Os outros dois símbolos tinham sido feitos em medalhões que minhas irmãs usaram. A vinha para a minha irmã mais velha, Annabelle, e a prímula para a mais nova, Bria. Mas a quarta runa era relativamente nova. Eu havia feito ela alguns meses atrás, depois de Fletcher ser torturado até a morte por um elementar do Ar. Aquele desenho tinha a forma de um porco segurando um prato de comida. Uma renderização exata da placa de neon multicolorido que ficava na entrada do Pork Pit. Não uma runa, não exatamente, mas eu havia desenhado em honra ao velho. Fletcher foi o único pai que conheci de verdade, e eu queria homenageá-lo, assim como eu fizera com o resto da família. Eu olhei para as runas por algum momento. Então esfreguei minhas mãos no rosto, tirei os pés na mesa de centro, me inclinei para a frente, e peguei uma das duas pastas de papel pardo que haviam lá. O primeiro arquivo havia ficado na mesa por semanas, desde que havia negociado com a minha irmã Bria, mas eu havia buscado a segunda pasta hoje mais cedo no escritório bagunçado de Fletcher, em outra parte da casa. Era nessa pasta que eu estava interessada hoje. Eu abri a pasta e olhei para as páginas de informação - tudo que Fletcher foi capaz de conseguir sobre a assassina conhecida como LaFleur. Eu tinha visto a magia elementar Elétrica dela outra noite, claro, mas a informação era seu próprio tipo de poder, e eu queria
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estar o mais preparada possível quando nós duas finalmente dançarmos. Além disso, eu queria apostar que onde quer que Natasha estivesse, não importasse como era escuro o buraco onde ela tinha se enfiado, LaFleur não estaria muito longe. Quando eu encontrar a garotinha, eu encontro a assassina. E então, eu a mato - ou morro tentando. Então eu me deitei no sofá, pus o arquivo no colo, e comecei a ler. Eu li todas as informações sobre LaFleur, absorvendo cada fato, fofoca, rumor, e leve especulação que Fletcher conseguiu juntar sobre a outra assassina. Claro, o que eu estava mesmo procurando era algum sinal de fraqueza, algo que eu pudesse usar contra a assassina para matá-la antes que ela me matasse. Mas não havia muita coisa no arquivo que me desse qualquer esperança de conseguir fazer isso. Pelo menos, não sem morrer. O arquivo começava listando todas as estatísticas vitais de LaFleur. Altura: um metro e meio. Peso: cinquenta e dois quilos. Cabelo preto. Olhos verdes. Descendente de asiáticos. Há rumores de haver alguma tatuagem nela, provavelmente na forma de uma runa. Clichê, sim, surpreendente, não. Via de regra, assassinos gostavam de símbolos e apelidos que grudam tanto quanto os mágicos gostam. Fletcher também havia estimado a idade para trinta e três anos e concluído que LaFleur era na verdade parte de uma família de assassinos de elite, e todos eles vendiam seus serviços ao licitante mor.
Havia
anexa
uma
folha
sobre
um
irmão
que
LaFleur
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supostamente tinha, um assassino como ela. Mas uma vez que a folha fazia referência a outro arquivo de Fletcher, em vez de dizer as informações para mim aqui, eu não levantei para ir ao escritório do velho e procurá-lo. O irmão de LaFleur, quem quer que fosse, não era importante a esse ponto. O resultado era que matar pessoas estava no sangue de LaFleur, fazia tanta parte de quem e o que ela era quanto minhas cicatrizes de runas fazem para mim. Interessante, mas particularmente não ajudava na hora que eu fosse acabar com ela. Então eu adiantei para as páginas que tratavam das conquistas de LaFleur como assassina. LaFleur matara dúzias e dúzias de pessoas durante os anos, todos desde bandidos comuns de rua até empresários extremamente protegidos e ricos. Pelo que Fletcher sabia, ela tinha cem por cento de taxa de fatalidade e as exorbitantes taxas para combinar. Quando o sucesso era garantido, você poderia cobrar o que quisesse por isso. De acordo com o arquivo, LaFleur pedia no mínimo três milhões por um simples assassinato. Dependendo de quem fosse o alvo, da dificuldade que haveria para pegá-lo, e do quanto alguém quereria que parecesse um acidente, o preço aumentava. Mesmo durante meu apogeu como Aranha, o máximo que consegui foi dois milhões e meio. — Vadia. — Eu murmurei e continuei lendo. LaFleur tinha experiência com todos os tipos de armas e era conhecida por ser ainda melhor no combate corporal. Naturalmente. Ela não seria uma boa assassina se não conseguisse matar pessoas de seis formas desde domingo - e então mais algumas.
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Contudo, no lugar de seus punhos ou outras armas, LaFleur usava principalmente sua magia Elétrica para matar. Dado o número de pessoas que ela tinha apagado dessa forma durante os anos, Fletcher concluíra que ela era uma elementar extremamente forte muito mais do que a grande maioria que conseguia atingir as áreas mais comuns, como Ar, Fogo, Gelo e Pedra. Maravilha. Mas essa era a marca registrada de LaFleur - eletrocutar as pessoas e depois deixar uma única orquídea atrás de seus corpos esfumaçantes. Assim como ela tinha feito com o gnomo que ela tinha fritado nas docas outra noite na frente de mim e do Finn. Perguntei-me sobre a orquídea. Muitos assassinos deixavam coisas para trás para marcar suas mortes. Nomes e runas, na maioria. Mas mesmo entre os assassinos, uma orquídea era uma coisa estranha de se usar. Principalmente porque elas eram muito delicadas e caras. Por que gastar tanto dinheiro assinando suas mortes quando você poderia simplesmente desenhar algo na parede mais próxima com o sangue de sua vítima? Mas eu desisti de tentar entender os outros assassinos há muito tempo. Caramba, eu não conseguia nem me entender na maior parte do tempo. Eu li o resto do arquivo, mas nada surgiu para mim. LaFleur era habilidosa, eficiente, e fatal, assim como eu. Esperta, cruel, e brutal, assim como eu. E ela tinha uma magia elementar, assim como eu. Isso significava que havia cinquenta por cento de chance para uma de nós ganhar contra a outra no final. E com LaFleur tendo os homens de Mab Monroe para ajudá-la, bem, vamos dizer que isso não fez maravilhas com a minha confiança de sobreviver até o Natal. Bah, impostora. 136
Capítulo 11 Tinha sido uma longa noite, então eu coloquei o arquivo de lado, tomei um banho quente para lavar o sangue dos gigantes que estava em mim, e rastejei até a cama. Talvez Finn tivesse uma brilhante ideia amanhã sobre como eu poderia encontrar Natasha e matar LaFleur. Antes de sair da casa de Jo-Jo, ele prometeu descobrir tudo que pudesse para encontrar a assassina, seu novo emprego como guarda-costas número 1 de Mab, e onde a nova balada de Mab estaria localizada. Eu estava tão cansada que finalmente foi fácil colocar os pensamentos de lado. Caí no sono quase que imediatamente, mas em algum momento durante a noite, os sonhos tomaram conta, do jeito que eles sempre pareciam tomar nos últimos dias... Eu nunca soube que eu tinha tanta magia assim antes. Nunca sonhei que eu era tão forte. Nunca nem imaginei, esperei, ou desejei isso. Mas eu era. Um pouco. Esses eram os pensamentos estranhos que passavam pela minha mente no instante antes de meus poderes do Gelo e da Pedra atacarem, reverberando pela minha casa como uma britadeira gigante e congelada, batendo em tudo o que tocava.
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E desfazendo tudo ao pó. Houve um rugido alto, violento, nervoso e reunido enquanto as pedras no teto sobre minha cabeça se fragmentava. Ver as longas e profundas rachaduras ziguezagueando pelas rochas era como observar aranhas
repentinamente
saindo
juntas
de
um
buraco
escuro,
apressando-se cada vez mais tão rápido quanto podiam, arrastando seus fios sedosos atrás. Era o que me lembrava, por mais estranho que pareça. Por um momento, eu fiquei sentada, aturdida pelo que eu tinha acabado de fazer com minha magia. A coisa terrível que eu tinha forjado com ela. Eu só estava tentando me livrar das cordas firmes que me amarravam na cadeira na qual eu sentava. Cordas que a elementar do Fogo tinha feito o gigante colocar em volta de mim enquanto eu estava inconsciente. Cordas que não deixavam eu me mexer quando era questionada sobre Bria. Cordas que não me deixavam revidar quando ela superaquecia o medalhão de runa de aranha colado entre minhas mãos - seu jeito super cruel de me torturar. Como se matar minha mãe e Annabella não fosse horrível o suficiente. Eu não lembrava muito do que aconteceu depois que a elementar do Fogo tinha começado a me torturar. Somente a dor vermelha, interminável, cauterizante enquanto a runa de pedra de prata derretia em minhas mãos e queimava minhas palmas. Até o ar cheirava a carne carbonizada - minha carne. Meu estômago embrulhou com o cheiro acre. Eu fiquei sentada lá, amarrada à cadeira, e desde então, só fiquei à beira do torpor de dor - até ouvir Bria gritar.
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Eu sabia o que o grito da minha irmãzinha significava. Que a elementar do Fogo ou um de seus homens tinha finalmente encontradoa, apesar do esconderijo no qual eu a tinha colocado, o lugar onde eu falei para ela me esperar enquanto voltava lá em nossa mansão para afastar todos os caras maus dela. Eu ouvi Bria gritar, e eu soube que a elementar de Fogo ia matála, como tinha feito com o resto de minha família. Então deixei escapar meu próprio grito de raiva em resposta - um cheio de toda a magia de Gelo e Pedra que eu podia juntar. O primeiro pedaço do teto bateu no chão ao meu lado, me trazendo de volta para o aqui e agora jogando lascas de pedra para todo o lugar. Até em meu momento de choque e confusão, eu pude ouvir os murmúrios sombrios, raivosos e intermináveis da pedra — toda a raiva e medo e desamparo que eu tinha infectado quando usei minha magia sem pensar. Tudo isso passou pela pedra como um coração batendo firmemente, empurrando minha fúria para fora a cada bombeada. Thump-thump-thump. Outro pedaço do teto caiu. E mais outro, e outro, até minha própria casa estar chover sobre mim. E não havia nada que eu pudesse fazer para parar. Eu não podia nem mover minha cadeira o suficiente para sair do caminho do teto que desmoronava. Mas a pedra fazia isso por mim. Um grande pedaço caiu no chão bem do meu lado, e a onda de choque atingiu minha cadeira e jogou cascalhos sobre mim. Eu tossi e engasguei quando a poeira subiu como uma nuvem de morte cinza à minha volta. Eu me mexi o máximo que pude, tentando me libertar das
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cordas, da cadeira, mesmo que eu não conseguisse ver nada além de uma densa névoa. De alguma forma na confusão, eu senti uma borda afiada contra minha mão, um pequeno pedaço de pedra que tinha se quebrado com uma ponta afiada. Esperança subiu pelo meu peito, um fósforo crepitando, e eu mexi meu corpo o máximo que eu pude, tentando usar a pedra para cortar os nós. Para minha surpresa, funcionou. Mesmo enquanto as pedras caíam sobre mim, eu senti uma das cordas se soltar. Eu libertei um dos meus ombros, depois o outro. Na névoa, eu procurei pela ponta afiada, furando meu dedo na ponta da pedra e tirando sangue. Mas essa dor não era nada comparada às outras que eu encarei essa noite. Quando tive certeza de onde a ponta estava, eu me manobrei até colocar uma das cordas sobre ela. Para frente e para trás eu esfreguei primeiro uma corda, depois a outra no topo daquele pequeno pedaço de pedra. Finalmente, as cordas se soltaram. Era tarde demais para tentar correr, então pus meus braços sobre a cabeça, me curvei como uma bola, e me protegi o melhor que pude dos cascalhos que caíam. Não sei quanto tempo levou para a casa desabar, com todas as pedras e madeiras e gesso e pregos para enterrar. Mas um tempo depois, a terra parou de tremer, e o rugido acabou. As pedras ainda murmuravam à minha volta, com murmúrios baixos, sombrios, que sussurravam uma raiva inacabável e dor. Eu podia ter só treze anos, mas parte de mim instintivamente sabia que o som nunca iria acabar.
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Mas de alguma forma eu estava ilesa dos detritos. Eu não senti nenhum deles me acertar. Minha magia, eu pensei. Eu devo ter usado minha magia de Gelo e Pedra para endurecer minha pele, apesar de não me lembrar de ter feito isso conscientemente. Eu ainda estava viva - o que significava que eu precisava encontrar Bria antes que a elementar do Fogo e seus homens se recuperassem, presumindo que eles tenham sobrevivido à queda da mansão. Então me forcei a abrir os olhos, empurrei os cascalhos do corpo, e levantei com as pernas bambas, tremendo. Precisei de alguns minutos para meus olhos se ajustarem ao ar cinzento e empoeirado. Quando minha visão finalmente focou, eu desejei que não tivesse focado. Parecia que uma bomba tinha explodido dentro de casa. Foi um desastre. Tudo esmigalhado e quebrado e despedaçado. Pequenos pontos de fogo aqui e ali no pó, lambendo peças de madeira, móveis, e tudo o mais que tinha feito parte dessa sala. Mas a pior parte era o vidro da coleção de globos de neve da minha mãe. Os cacos enchiam o chão como se fosse um tapete de cristal, captando a luz do incêndio e refletindo para mim, cada faísca brilhando me lembrando do quanto eu tinha perdido essa noite. Por um momento, eu só fiquei ali, chocada pelo extremo estrago. Oh, eu não estava orgulhosa ou vaidosa por ter feito tudo aquilo sozinha. As chamas que a elementar do Fogo havia espalhado em sua vigília enquanto ia de cômodo em cômodo, primeiro matando minha mãe e depois Annabella, tinha finalmente enfraquecido as vigas de madeira que seguravam o teto. Mas ainda seguravam. Eu nunca soube que eu tinha toda essa magia antes. 141
Eu afastei o torpor e comecei a andar pelas pilas de cascalho. Foi só quando estava no meio da sala que percebi que minhas mãos ainda estavam unidas com a fita adesiva que a elementar do Fogo usara para me fazer segurar meu próprio medalhão enquanto ela o superaquecia. Então eu parei, achei outro pedaço de pedra, e passei na fita. Considerando minhas mãos, elas não queriam se separar, não com a pedra de prata derretida entre elas, grudando-as. O metal mágico ainda estava quente onde a elementar do Fogo tinha aquecido, e eu sabia que se eu não mexesse minhas mãos agora a pedra de prata iria esfriar e elas ficariam mais do que grudadas para sempre. Eu não poderia aguentar ter o metal aquecido outra vez para separá-las. Simplesmente não poderia. Então eu me sentei perto da pedra afiada, apertei os dentes, e comecei a trabalhar com a pedra entre minhas palmas. Usando a ponta de adaga para me ajudar a separar minhas mãos, pedaço por pedaço. Era difícil, uma das coisas mais difíceis que eu tive que fazer, e eu quase desmaiei de dor mais de uma vez. Mesmo assim, eu não podia parar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto ou os gritos que preenchiam o ar. Eu teria desistido completamente,
amontoada no chão, e
esperando morrer, se não estivesse tão preocupada com a Bria. Minha irmãzinha era a única coisa que me fazia continuar. Eu não sei quanto tempo eu gastei, mas eu consegui. Minhas mãos se separaram e rasparam cada uma de um lado da pedra pontuda, sangrando, mas eu nem liguei. Eu as virei e olhei para as marcas que agora cobriam minhas palmas. 142
Um círculo pequeno cercado por oito raios finos. Uma runa de aranha. Minha runa. O símbolo da paciência. Meu medalhão que eu usava todo dia. Agora todo destruído, exceto pelas marcas vermelhas, cruas e feias em minhas palmas. Eu fiquei enjoada. Tudo nessa noite me deixou enjoada. Apesar da dor, fechei meus olhos e as mãos para que eu não tivesse que olhar para as marcas. Elas não eram importantes no momento. Bria era. Eu tenho que encontrar Bria antes que a elementar de Fogo encontre... Acordei suando frio, revirando na cama, as cicatrizes da runa em minhas mãos coçando e queimando, assim como tinha acontecido naquela noite tanto tempo atrás. Assim como acontecia sempre que ela se lembrava daquela época. Deitei na cama e me forcei a respirar, para deixar a lembrança acabar, engarrafa-la e guarda-la no fundo do meu cérebro, no lugar ao qual pertencia. Depois de um tempo, minha respiração mais calma, a dor passou e eu voltei à consciência mais uma vez. Meus olhos estavam no nível da cabeceira, onde tinha jogado meu celular antes de ir para a cama. Estimulada por alguma emoção que eu não entendia bem, eu o peguei, abri e disquei um número que eu tinha memorizado. Um número que Finn tinha arranjado para mim. Um número que Bria nem sabia que eu tinha. — Alô? — A voz abafada e sonolenta de Bria Coolidge encheu meu ouvido.
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Eu abri a boca, mas nenhuma palavra saiu. Elas nunca saíam quando minha irmã estava por perto. Pelo menos nada que importasse. Nenhuma das coisas importantes que eu precisava dizer a ela, como Oi, é Gin Blanco. Adivinha? Sou mesmo sua irmã perdida há tanto tempo, Genevieve Snow disfarçada. E por acaso também sou a assassina Aranha. Sabe, que declarou recentemente guerra contra Mab Monroe. Aquele que você anda procurando para cima e para baixo. O vilão que provavelmente você mesma queira matar, já que isso é o que policiais bons, decentes, honestos como você fazem. — Alô? — Bria falou outra vez. — Alôôô? Eu desliguei. Pois Bria não estava perdida. Não mais. Ela estava aqui em Ashland e segura essa noite, pelo menos. E se eu quisesse que ela continuasse assim, eu precisava descansar. Um sono profundo, sombrio, sem sonhos e livre de lembranças que me assombrassem. Imaginando
onde
Natasha
estaria,
rastreando
LaFleur,
determinando como eu poderia matar melhor a outra assassina. Isso é que era importante. Eu tinha objetivos, alvos e certas coisas que podia fazer para manter minha irmã e todos com quem eu me importava seguros, e talvez ainda salvar a vida de uma garotinha no caminho. Mas para fazer tudo isso, eu precisava relaxar, descansar, pensar, planejar. Um tanto mais calma, pelo menos essa noite, pousei minha cabeça no travesseiro mais uma vez e me forcei a voltar a dormir. Mas demorou muito, muito tempo até isso realmente acontecer.
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Capítulo 12 Eu não dormi nem de perto tão bem quanto teria gostado, mas foi o suficiente pra me fazer passar pelo dia seguinte, enquanto esperava Finn ver o que poderia desenterrar sobre Mab, LaFleur e onde elas duas podiam ter escondido Natasha. No final da tarde seguinte, eu estava de pé atrás do balcão no Pork Pit, a churrascaria que eu administrava no centro de Ashland. Entreguei um grosso maço de notas de troco e um saco branco recheado até a borda com comida sobre o balcão, junto com uma caixa similarmente preenchida. O homem pegou os dois de mim, sorriu, depois deixou o restaurante e se dirigiu de volta para o frio de Dezembro. Soltei um alto, longo suspiro e olhei por cima do ombro para Sophia Deveraux, que estava preparando rapidamente mais uma panela de feijões cozidos — a décima terceira fornada que fizera hoje, e não era sequer hora de fechar o restaurante para a noite. — Qual pedido de festa foi esse hoje? Nove? Dez? Nós não tínhamos tido muito tráfego de clientes entrando no Pit, não como normalmente tínhamos, já que as pessoas estavam ocupadas fazendo compras e se preparando para o Natal, que estava a apenas quatro dias de distância agora. Mas os nossos pedidos para viagem tinham quadruplicado, junto com todas as travessas de 145
churrasco para o feriado que oferecíamos para grandes grupos e reuniões. Sophia e eu estivemos ocupadas durante todo o dia, preparando tudo para captadores do restaurante e ainda tínhamos uma hora para passar antes de fechar. A entrada estava vazia agora, com exceção de dois casais sentados em diferentes cabines. Já que eles já tinham sido servidos e pedido a conta, eu só estava esperando que pagassem e fossem embora. Normalmente, eu os teria deixado demorar tanto tempo quanto quisessem, mas hoje à noite eu estava com vontade de apressá-los, se necessário. Eu já enviara para casa os garçons para a noite. Eles tinham ajudado Sophia e eu a montar os pedido de festa, mas uma vez que isso foi feito, não havia nenhuma razão para eles ficarem por aqui com apenas alguns clientes para servir. Sophia deu de ombros em resposta à minha pergunta, seu olhar penetrante nunca deixando os grãos borbulhantes na frente dela. A anã não gostava muito de conversa. Ela deu à panela de feijões outra mexida, os músculos do seu braço inchando com o pequeno movimento. Com 1,55m, Sophia era alta para um anão, com uma figura atarracada, musculosa, que era incrivelmente forte — ainda mais forte do que a maioria dos gigantes. Mas a maioria das pessoas não teria notado isso nela. Pelo menos, não imediatamente. Elas estariam ocupadas demais encarando o resto dela. Sophia Deveraux tinha um estilo muito distinto nela — Gótico. Nós não estamos falando um pouco de batom preto aqui. Mais como o coração da própria escuridão.
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Praticamente tudo o que Sophia usava era preto, de suas botas pesadas, seu jeans para o colar de couro simples que rodeava seu pescoço. Seus cabelos e olhos eram pretos também, proporcionando um contraste marcante com a palidez absoluta de seu rosto — e seu brilho labial carmesim. Sempre me espantava quão diferente Sophia era de sua irmã mais velha, Jo-Jo. Com cento e treze anos, Sophia sempre me fazia lembrar de uma adolescente mal-humorada com seu traje Gótico, enquanto Jo-Jo já confortavelmente se instalara em sua meia-idade, com seus vestidos rosa refinados e sempre presente colar de pérolas brancas. Hoje, porém, Sophia decidira exibir sua alegria de feriado, pelo menos o que havia disso, usando um gorro pontudo de Papai Noel enquanto cozinhava. Preto, é claro, com um minúsculo crânio sorridente pendendo da ponta dele, em vez da bola felpuda branca mais tradicional. Feliz Natal. Não tive tempo para ponderar as propensões de feriado de Sophia, porque o telefone tocou pelo que parecia ser a centésima vez hoje. Eu amava todo o negócio extra, mas fora um longo dia e eu estava quase pronta para enfiar uma das minhas facas silverstone através do receptor de plástico só para fazê-lo calar a boca. Em vez disso, me forcei a atendê-lo. — Pork Pit. — Eu disse no quinto toque.
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— Fale. — O barítono baixo, sexy de Owen Grayson retumbou através do receptor. — Você sabe onde posso conseguir um bom prato de churrasco? Encostei-me ao balcão que corria ao longo da parede de trás do restaurante. — Desculpe. Não tenho a menor ideia. Ele soltou uma risada baixa que me aqueceu, e me vi sorrindo para nada em particular. Não havia ninguém de quem eu preferiria ter ouvido falar no momento a ele. Por alguma razão, Owen me acalmava, especialmente após o terrível sonho que eu tivera ontem à noite. Eu realmente estava ficando mole na minha aposentadoria, exatamente como Roslyn Phillips dissera. Mas no momento eu não me importava. — Sabe, você foi embora sem se despedir ontem de manhã. — Owen disse. — Eu tenho um restaurante para administrar, entende. — Arrastei as palavras, tentando fazer pouco caso do fato de que eu tinha me mandado sem acordá-lo. — Essa foi a única razão? Hesitei. Owen e eu não estivéramos juntos todo esse tempo, mas ele já podia captar coisas que eu desejava que não pudesse — como o meu nervosismo recém-descoberto quando se tratava do nosso relacionamento. Ou do que quer que estivéssemos chamando isso. Owen me fazia sentir um monte de coisas para as quais eu não sabia se estava pronta, especialmente desde que eu estava no meio de tentar derrubar Mab e tinha LaFleur e Natasha com quem me preocupar nesse meio tempo. Emoções, sentimentos, baixar a minha
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guarda. Todas essas eram fraquezas que eu simplesmente não podia me dar ao luxo de desfrutar no momento. Talvez nunca. — Yeah. — eu disse cerca de cinco segundos tarde demais. — Essa foi a única razão. — Sem problemas. — Owen disse em uma voz calma, fingindo que não tinha sequer notado a minha longa pausa. — Me impediu de ter que esconder o seu presente de Natal. Ele não poderia ter me chocado mais do que se tivesse acabado de fazer LaFleur me bombear cheia da magia elementar elétrica dela. Por um momento, eu só fiquei ali, de boca aberta, piscando. Então a realidade voltou a se assentar. — Presente? Você me comprou um presente de Natal? Ele soltou outra risada baixa. — Em uma maneira de falar. Essa é a tradição de Natal. — Oh. Eu tinha comprado algumas coisinhas para Finn e as irmãs Deveraux, mas nunca me ocorrera que Owen poderia esperar algo também, dada a novidade do nosso relacionamento. Peguei uma caneta próxima e rabisquei um bilhete sobre a folha de cima do meu bloco de pedidos. Comprar um presente de Natal para Owen. Pena que eu não tinha ideia de que presente seria esse ou o que ele até mesmo gostaria. Fazer compras nunca estivera no topo da minha lista de prioridades.
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— Na verdade, é por isso que estou ligando. — Owen disse. — Eu queria falar com você sobre o Natal. Pensei que poderia ser legal se você viesse. — Oh. — Parecia que essa era a única coisa que eu conseguia dizer. — Mas o Natal é momento de família. Pensei que você iria querer passar apenas com Eva. Eu não quero me intrometer. — Você não está se intrometendo, Gin. — Owen disse com uma voz firme. — Você nunca é uma intromissão. Caí em silêncio. Eu não sabia sobre isso. Ter uma assassina ao redor era como ter um elefante na sala. Era tão grande que você simplesmente não conseguia desviar o olhar dele, mesmo quando você fazia o seu melhor para fingir que nem estava lá. Owen deve ter tomado meu silêncio como aceitação, porque continuou. — Eu estava pensando que você poderia chamar Finn e as irmãs Deveraux para se juntarem a nós. Talvez Roslyn e Xavier também, se eles quiserem. Eva planeja convidar Violeta e Warren Fox. Poderíamos transformá-lo em uma festa de feriado de verdade. Uma festa? Isso não soava tão ruim. Pelo menos assim eu não teria que ficar sozinha com Owen e Eva e me sentir como uma terceira roda socialmente inepta, desajeitada. Matar pessoas era muito mais fácil do que fazer conversa fiada educada. — E você poderia até chamar Bria, se quiser. — Owen terminou. — Oh. — Eu estava realmente deslumbrando todos com minhas habilidades de conversação hoje.
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Owen sabia que a Detetive Bria Coolidge era minha irmã há muito perdida e que eu desesperadamente queria contar a ela quem eu realmente era. Mas, é claro, que eu também tinha medo do que Bria poderia fazer quando descobrisse que eu fora uma assassina durante anos e que era a Aranha, a mulher misteriosa que declarara guerra contra Mab Monroe. — Gin? — Owen perguntou. — Você ainda está aí? O sino sobre a porta da frente badalou, indicando que eu tinha um cliente, e me salvando de responder a ele. Eu esperava que fosse o pedido feito por telefone que Sophia anotara há poucos minutos para que eu pudesse fechar o meu restaurante para a noite e seguir com encontrar Natasha. Não tive essa sorte. Para minha surpresa e consternação, Jonah McAllister passou pela porta. Apesar de seus sessenta e poucos anos, Jonah McAllister ainda era um homem atraente — se você pensasse que ter absolutamente nenhuma ruga ou expressão natural em seu rosto fosse algo a se desejar.
McAllister
tinha
seus
traços
cinzelados
jateados
por
tratamentos faciais caros de elementares do Ar em uma base regular, a fim de manter seu brilho juvenil intacto. Seu rosto liso parecia em desacordo com sua touca grossa de cabelo prateado, que girava em torno de sua cabeça e lhe dava um ar elegante, distinto. Um terno preto perfeitamente ajustado cobria sua figura esbelta, com um longo sobretudo de lã preto por cima. Mas mais importante do que sua aparência escorregadia era o fato de que Jonah McAllister também era o advogado pessoal de Mab
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Monroe e o número dois em sua organização, agora que Elliot Slater estava morto. E ele era muito, muito bom no que fazia. McAllister era conhecido em toda Ashland por sua capacidade de livrar os piores criminosos com nada mais do que um tapa no pulso3. Que é porque que ele lidava com todos os assuntos jurídicos de Mab. Graças à perícia de McAllister, a elementar de Fogo nunca fora acusada de nada, nem mesmo uma infração de trânsito, muito menos levada a tribunal, apesar de todos os assassinatos, sequestros e espancamentos que Mab ordenara ao longo dos anos — ou simplesmente arregaçava as mangas e fizera ela mesma. Jonah McAllister também me odiava, já que suspeitava que eu estava envolvida com a morte de seu filho, Jake, algumas semanas atrás. Foi quando Jake tinha entrado no Pork Pit, assustado e ameaçado os meus clientes e tentado me roubar antes que eu tivesse mostrado a ele exatamente com quem ele estava lidando. Mas o punk não aprendera com seu primeiro erro. Durante uma das festas de Mab, Jake ameaçara me estuprar e assassinar, então eu o tinha esfaqueado até a morte e deixado na banheira da elementar de Fogo. Desnecessário dizer, o McAllister mais velho ficara extremamente chateado. Sempre desde então, Jonah McAllister mantivera um olho em mim, tentando descobrir o que, se alguma coisa, eu sabia sobre o assassinato de seu filho. McAllister até fizera Slater e alguns de seus capangas gigantes me atacarem uma noite na Faculdade Comunitária de Ashland. Claro, eu não rachara sob a pressão dos punhos dos gigantes, apesar de eles terem quase me espancado até a morte. Mas 3
um tapa no pulso — é a punição mais leve para os criminosos
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isso não impediu McAllister de suspeitar de mim. Até agora, o procurador escorregadio não chegara a exatamente lugar nenhum, mas não desistira, como testemunhado por sua visita aqui esta noite. Sem dúvida, ele dera uma passada só para ver que outro tipo de problema que ele poderia criar para mim. McAllister deu um passo para o lado, segurando a porta aberta para alguém entrando atrás dele, e percebi que o advogado não estava sozinho. Ele tinha uma mulher com ele, uma que eu reconheci. LaFleur.
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Capítulo 13 Depois da fração de segundo que me levou para registar o fato de que Jonah McAllister e LaFleur estavam aqui no Pork Pit, no meu restaurante, todos os tipos de cenas passaram pela minha mente. A maior parte delas envolvia eu matar os dois onde eles estavam e ajudar Sophia a eliminar os corpos. A anã gótica havia ajudado Fletcher Lane a eliminar corpos por anos, e eu tinha herdado os seus serviços quando havia assumido o negócio de assassinato do velho. Sophia tinha a mesma magia elementar de Ar que sua irmã, Jo-Jo. Exceto que no caso de Sophia, ela usava seu poder para desfazer moléculas, para quebrá-las e eliminá-las completamente. O que era ótimo para pequenas coisas irritantes como tirar manchas de sangue do chão e paredes. Os meus olhos foram para os dois casais que ainda saboreavam a sua comida. Sophia e eu não podíamos cuidar de McAllister e LaFleur, não na frente de quatro testemunhas. De qualquer maneira, era melhor ver o que a dupla dinâmica queria antes de agir. — Tenho que ir. — Disse a Owen. — Tenho um cliente atravessando a porta da frente. — Alguém que eu conheça? — Perguntou ele. — Jonas McAllister. E ele trouxe a nova garota com ele.
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Silêncio. Eu disse a Owen tudo sobre LaFleur e quais eram seus planos para mim na noite que estive em sua casa. — Você precisa de alguma ajuda, Gin? — Owen perguntou em voz baixa. — Posso estar aí em dez minutos. E isso podia estar acabado em um, dependendo do que os dois queriam e do que eles sabiam sobre mim e sobre a minha verdadeira identidade. Ainda assim, me agradou saber que Owen se importava o suficiente para vir, que ele queria me ajudar, que estava disposto a arriscar o seu pescoço por mim. Coloquei minha mão esquerda sobre o balcão e sem ninguém ver, peguei uma das minhas facas silverstone. A lâmina era afiada o suficiente para cortar praticamente tudo, inclusive o ego inflamado de McAllister — e seu pescoço. — Não, acho que posso cuidar disso. Sophia está aqui, e Finn está chegando. Quatro seriam suficientes. — Eu murmurei. — Além disso, eles não estão aqui para me matar. Eles querem algo. Eles não teriam entrado pela porta da frente se não fosse assim. E se eles soubessem quem realmente sou, teriam no mínimo trazido alguns dos gigantes de Mab para servirem de reforço. Talvez a própria Mab, se ela estivesse com vontade de assistir. Mais silêncio.
— Eu te verei hoje à noite então? — Owen perguntou. — Quando acabar? — Provavelmente não. Tenho a sensação de que estarei ocupada.
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Owen soltou um suspiro tenso. —Tudo bem. Apenas… tenha cuidado. E me ligue mais tarde, tudo bem? — Tudo bem. — Disse e desliguei. Os olhos castanhos de Jonah McAllister passaram por toda a parte frontal e seus lábios se curvaram num sorriso fraco, do jeito que sempre acontecia quando ele vinha aqui. Com suas simples cabines de vinil rosa e azul, o Pork Pit não era exatamente o lugar caro, elegante e pomposo que McAllister estava acostumado a visitar. Eu duvidava que ele alguma vez tivesse ido a um lugar onde o chão era coberto com trilhas de porco feitas com tinta azul e rosa desgastada que levava aos banheiros femininos e masculinos. Ainda assim, o advogado cuidadosamente examinou tudo antes de seus olhos se moveram na minha direção, atrás da caixa registadora, que ficava em cima de um longo balcão que se estendia ao longo da parede traseira. No meu lado esquerdo, uma cópia ensanguentada de Where the Red Fern Grows decorava a parede, junto com uma fotografia de Fletcher Lane quando jovem. Ambos eram lembranças de Fletcher que eu guardava em seu restaurante como uma homenagem ao velho. McAllister primeiro tirou uma de suas luvas de couro preto, depois a outra, colocando-as no bolso do seu longo casaco antes de caminhar até mim. Seu andar era tão sofisticado e suave como tudo o resto nele, projetado para impressionar e intimidar ao mesmo tempo. — Jonah McAllister. — Eu disse lentamente, ainda segurando secretamente a minha faca Silverstone por baixo do balcão. — A que devo esta honra?
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McAllister deu-me um pequeno sorriso frio que nem mesmo chegou a esticar suas características ou alcançar seus olhos castanhos. — Gin Blanco. Tão bom ver você novamente. Quanto ao que quero, bem, eu pensei que tinha de mostrar à minha amiga aqui alguns dos pontos turísticos de Ashland. Ela é nova na cidade e está tentando fazer o reconhecimento do terreno, por assim dizer. LaFleur se colocou ao lado de McAllister, e eu obtive a minha primeira olhada de perto da assassina. Ela usava um par de apertadas calças pretas de couro, cobertas por uma cara camisa de seda esvoaçante com acabamentos em verde escuro. Pequenos laços estavam atados na frente da camisa, dando um pouco de elegância à moda antiga. Um harmonioso casaco verde ervilha completava o conjunto elegante, juntamente com um par de botas pretas. Uma faixa feita com esmeraldas mantinha o seu cabelo preto curto fora do rosto. Uma bugiganga cara. Eu podia dizer que as pedras eram verdadeiras e não apenas vidro, porque conseguia ouvir as pedras sussurrarem sobre a sua orgulhosa beleza. Um presunçoso e arrogante som que combinava perfeitamente com o que eu sabia de sua dona. LaFleur tinha o rosto em forma de coração que era quase tão bonito quanto o de Roslyn. A pele da assassina era tão suave e pálida como o mármore - perfeitamente impecável. Seus olhos eram de um brilhante verde vivo - da mesma cor que o relâmpago que eu a vi usar para explodir o anão do cais na outra noite. Mesmo agora, sua magia elétrica brilhava na profundeza de seu olhar verde. Apenas uma pitada de poder elementar a cercava, o tipo de carga estática tênue que você sentia no ar antes de uma tempestade de raios, mas isso
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ainda assim fez o Silverstone embutido na minha mão coçar e queimar. Quanto à sua figura, LaFleur era pequena e tinha um porte atlético. Ela podia ser pequena, mas havia uma espiral de força em seu corpo que suas roupas caras simplesmente não podiam esconder. Mas o mais curioso sobre ela era a tatuagem. Começava no oco de sua garganta como uma simples videira enrolada no seu pescoço até que se desenrolava em uma única orquídea perfeita. Uns tênues indícios de verde, pêssego e creme esbranquiçado finalizavam a tatuagem. O artista era excelente com detalhes, e tendo em conta a qualidade suave da pele de LaFleur, era quase como olhar para uma flor verdadeira. O golpe constante da pulsação em sua garganta faziam as pétalas e folhas da orquídea se contorcerem
ligeiramente,
como
se
estivessem
constantemente
florescendo. Bem, parecia que Fletcher estava certo sobre LaFleur ter uma espécie de tatuagem. E agora que eu tinha visto, sabia que era mais do que isso. A orquídea era também a runa de LaFleur, o símbolo para a graça delicada. Essa era a razão por que ela sempre deixava uma única orquídea branca no local de suas mortes. Porque esta era a sua marca, do jeito que a minha runa de aranha era para mim ou o colar de explosão solar era para Mab Monroe. LaFleur deixava uma verdadeira flor em vez de simplesmente desenhar a complicada runa em algum lugar. Talvez ela não tivesse o talento artístico para recriar a runa, ou talvez simplesmente não quisesse perder tempo. Afinal, a maioria dos assassinos não ficava por perto muito tempo depois de seus golpes. Essa era uma boa maneira de ser pego ou ser morto. 158
Ainda assim, alguma coisa na tatuagem me incomodava. Talvez fosse a forma como esta estava colocada em seu pescoço, como ela enrolava na sua pele, mas eu sabia que já tinha visto uma como aquela em algum lugar antes. Em alguém que eu matara antes… — É tão bom conhecer você, Gin. — A assassina disse, interrompendo os meus pensamentos. A sua voz era mais baixa do que eu imaginei que seria, com um tom ligeiramente sibilante e sedutor. — Sou Elektra LaFleur. Mantive o meu rosto suave, como se o nome LaFleur não significasse nada para mim. Elektra também, apesar de achar que era um trocadilho óbvio do seu poder elétrico. Que clichê. Perguntava-me se aquele era seu verdadeiro nome ou apenas um que ela escolheu para si própria, dada a sua magia elementar. Não importava de qualquer maneira. Ela ainda assim iria morrer. Balancei a cabeça para ela, enquanto meu polegar traçava o cabo da minha faca Silverstone. Neste momento, Sophia tinha se interessado pelas coisas. A anã gótica sabia de todos os meus problemas com Jonah McAllister e tinha realmente parado de mexer a sua panela de feijões cozidos tempo suficiente para olhar por cima do seu ombro para nós três. Sophia fez uma espécie de rosnado questionador, dizendo que estava pronta para o que quer que eu decidisse fazer, no entanto eu queria ser aquela a lidar com McAllister e LaFleur. Encontrei o olhar negro da anã e fiz um pequeno e nivelado movimento com a mão, aquela com que eu segurava a faca fora de
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vista. Não, estava dizendo a ela. Fique fria. Não havia nenhum verdadeiro problema aqui - ainda. Além disso, queria ver exatamente o que McAllister queria, exatamente porque ele havia trazido LaFleur aqui ao Pork Pit, antes de entrarmos em algo… bagunçado. — Nós podemos nos sentar onde queremos ou há algum lugar… especial onde precisamos ir? — McAllister perguntou. Meus olhos estreitaram. — Você veio aqui para comer? No meu restaurante? Isso era uma das últimas coisas que eu esperava que ele fosse dizer. McAllister me deu outro sorriso frio. — Isso é o que se faz aqui, não é? Fiquei com a impressão de que você tinha um restaurante. — Seus olhos castanhos percorreram o limpo, mas desgastado interior uma vez mais. — Tal como ele é. O desprezo arrogante na voz bombástica de McAllister podia ter feito uma mulher fraca se acovardar. Em vez disso, por baixo do balcão, minha mão se apertou ao redor da faca Silverstone. Mas em vez de levantar a minha arma e acabar com a miserável existência do advogado, coloquei-a em uma ranhura que ficava sob a caixa registadora. Não havia nada que eu pudesse fazer além de acomodá-los. Não sem criar um monte de problemas para todos no restaurante. Se tivesse sido só eu e Sophia, bem, eu poderia ter agarrado minha faca escondida e cortado a garganta de LaFleur com ela antes
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de virar minha atenção mortal para Jonah McAllister. Mas havia pessoas inocentes aqui, pessoas que não tinham nada a ver com a minha briga com McAllister. Mesmo quando eu tinha sido a Aranha a tempo inteiro e assassinava pessoas por dinheiro, nunca matara pessoas inocentes, não importa o quê. Havia certas regras que você simplesmente não quebrava, mesmo que fosse uma assassina sem coração como eu. Sem filhos, sem animais, sem espectadores. Era um código que Fletcher havia me ensinado, e que eu segui por anos. Um que eu ainda respeitava hoje - e uma das poucas coisas que mantinha McAllister com vida neste momento. Além disso, queria ver exatamente que tipo de jogo o advogado estava fazendo, o que ele pensava que estava fazendo aqui, além de ser um idiota. Então eu me inclinei, peguei dois menus extraviados e caminhei para o outro lado do balcão. — Por aqui. Eu os conduzi para uma cabine ao lado das vitrines, o que era o mais longe do balcão, de Sophia e dos outros dois casais de clientes que consegui. Ainda assim, muito perto para o meu gosto. Jonah e Elektra sentaram na cabine, ficando de frente um para o outro. Entreguei um menu a cada e dei um passo atrás. — O que gostariam de beber? — Perguntei com voz inexpressiva. — Suponho que seja esperar demais que você tenha qualquer tipo de vinho aqui. — Jonah zombou novamente. — Imagino que
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seriam apenas sobras baratas de qualquer maneira. Ou pior, algum tipo de aguardente caseira. — Jonah vai querer uma água gelada com limão. — Elektra interrompeu-o em um tom suave. — Eu vou querer uma limonada de morango. Levantei uma sobrancelha, um pouco surpresa por ela estar pedindo por ele - e por ele não ter ficado irritado por ela se ter atrevido. Elektra se esticou e começou a fazer pequenos círculos com a ponta dos dedos na parte traseira da mão suave de McAllister. Ela lhe deu um sorriso malicioso, ao qual ele respondeu antes de seus frios olhos castanhos descerem para o que ele podia ver de sua pele por entre os laços desfeitos de sua camisa verde. Um sorriso de conhecimento passou pelo seu rosto liso, como se ele soubesse exatamente o que estava por debaixo do fino tecido. Oh. Então era isso. Um desdobramento interessante. Pergunteime se Mab Monroe sabia que seu advogado estava fodendo sua assassina. Estava disposta a apostar que não. A elemental de Fogo desaprovaria esse tipo de confraternização, nem que fosse só para ter certeza que seus lacaios se mantinham leais apenas a ela. Não que eu imaginasse que McAllister e LaFleur tivessem uma verdadeira conexão amorosa, mas ainda assim, as pessoas faziam um monte de loucuras por sexo. Como matar por isso. — Voltarei em um minuto para anotar os pedidos. Jonah balançou a mão para mim, uma clara indicação de que eu estava dispensada. Raiva me encheu devido à sua arrogância, mas
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não agi. Em vez disso, coloquei as emoções de lado por agora. Isso iria me motivar mais tarde, quando não tivesse ninguém por perto além de mim, McAllister e minhas facas silverstone. Me afastei da cabine e fui para trás do balcão. — Chame o Finn. — Disse em voz baixa para Sophia enquanto agarrava dois copos e os enchia com gelo. — Diga-lhe que LaFleur está aqui e que ela ficará aqui por pelo menos uma hora. E para estacionar na rua e seguir LaFleur e McAllister quando saírem. Os dois devem nos levar até Natasha. E diz a Finn para trazer qualquer suprimento que ele possa precisar para terminar as coisas. Quero que tudo fique resolvido - esta noite. Sophia grunhiu seu reconhecimento e se manteve mexendo os feijões. Terminei as bebidas. Então agarrei o meu bloco de pedidos e caneta, junto com os copos, e caminhei de volta para a cabine em que eles estavam. Arremessei as bebidas para baixo, não me importando quando a água de McAllister respingou e derramou sobre a mesa. E nem o fez Elektra LaFleur. Uma gota de água caiu sobre a sua pele, e uma faísca verde imediatamente veio à vida. Bzzzzt. A água crepitava contra sua pele como se ela fosse um verdadeiro mata-moscas, e como uma das minhas mãos estava sobre a mesa molhada, senti o choque atravessar o líquido e subir pelo meu corpo. Para minha surpresa, doeu, como se tivesse acabado de colocar meus dedos numa tomada e conseguido uma sacudidela - uma que fez meus dentes apertar e meu coração acelerar. Assustada, olhei para ela.
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LaFleur me deu um pequeno sorriso quente, seus olhos verdes muito mais brilhantes agora, mais energia faiscando em seu olhar. Ela sabia que tinha me acertado com seu poder, e gostava do fato de que eu tinha sentido e que me tinha machucado. Talvez ela até tenha sentido a minha surpresa e desconforto, dada a sua magia elemental, da maneira que eu podia ouvir os murmúrios das pedras. E eu repentinamente soube por que ela eletrocutava as pessoas quando as assassinava, em vez de simplesmente usar uma faca ou uma arma. LaFleur gostava de sentir a dor dos outros. Ela provavelmente sentia muito prazer com isso, como tantos outros elementais sentiam quando usavam sua magia. Cadela sádica. — Odeio o inverno, você não? — Elektra disse num tom entediado. — Toda essa eletricidade no ar. Estou sempre levando choques. Você não? — Claro. — Murmurei. — Acontece o tempo todo. O que vai ser? Jonah McAllister pediu um cheeseburger e batatas fritas, enquanto Elektra LaFleur optou pelo sanduíche de porco grelhado com feijão, batatas fritas, e um lado de salada de repolho. A mulher tinha um apetite saudável, isso era certo. Perguntei-me aonde ela ia por tudo aquilo. Então novamente, supunha que ela precisava de muita energia para fritar pessoas vivas com sua magia elétrica. Voltei para o balcão. Em algum momento enquanto estava falando com McAllister e LaFleur, Sophia tinha desaparecido para a parte traseira do restaurante. Um pouco depois, a anã Gótica empurrou as portas giratórias e retomou a sua posição à frente do fogão.
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— Finn? — Perguntei baixinho, batendo um hambúrguer na chapa quente. —Está a caminho. — Sophia disse com sua voz quebrada. Em silêncio, nós duas trabalhamos para concluirmos o pedido. Terminei o cheeseburger do McAllister enquanto Sophia servia os feijões de LaFleur. Não olhei por cima do meu ombro, mas podia ouvir McAllister e LaFleur falando suavemente. Me virei e agarrei alguns pratos limpos para colocar a comida deles, o que significava que eu podia ver novamente todo o restaurante. Para minha surpresa, Elektra LaFleur tinha se deslocado na cabine de modo a que suas costas estavam contra o vidro da montra e ela podia ver todo o restaurante. Seus olhos verdes se moviam lentamente pelo interior, verificando cada coisa, desde o chão e paredes até às portas giratórias que levavam à parte traseira do restaurante. Finalmente, seus olhos pousaram em mim, e ela me viu preparar a comida. Seus afiados olhos verdes registaram tudo sobre mim, o jeito que minhas mãos se moveram pelo gorduroso avental azul que cobria a minha T-shirt preta de mangas compridas e jeans. Ela não zombou de mim como Jonah havia feito anteriormente, no entanto. Tudo o que ela fez foi observar-me, uma calculista expressão pensativa em seu bonito rosto. Era um olhar que eu conhecia - uma máscara que eu tinha usado mais de uma vez. E eu percebi o que ela estava fazendo, porque
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ela estava aqui em primeiro lugar. Ela estava fazendo reconhecimento do restaurante - e de mim. Tirando as medidas do seu mais recente alvo, tal como os assassinos faziam. Ela iria voltar mais tarde para me matar. É claro. Jonah McAllister me odiava. Ele me odiava desde que me atrevi a enfrentá-lo quando ele tentou me pressionar a esquecer que seu filho, Jake, tinha tentado roubar o meu restaurante e matar as clientes inocente que estavam dentro. O advogado tinha querido que eu retirasse a queixa contra Jake, mas eu não tinha obedecido, o que o incomodou como o inferno. Além disso, McAllister pensou que eu sabia algo a respeito do assassinato de Jake. Essa foi a razão pelo qual ele mandou Elliot Slater me bater quase até à morte algumas semanas atrás na Universidade Comunitária. E McAllister queria que Slater fosse em frente e terminasse o trabalho quando os encontrei novamente alguns dias depois. Esse era o porquê de Jonah ter vindo aqui esta noite e ter trazido LaFleur com ele. Ele queria que a assassina me matasse, Gin Blanco. Ela estava na cidade de qualquer maneira para cuidar da Aranha. Porque não fazer com que LaFleur se livrasse de mim enquanto ela tratava do assunto. O advogado arrogante apenas não sabia que eu também era a Aranha. Um duro e frio sorriso apareceu em meus lábios. Ironia. Que cadela. Mas algo que me podia ser realmente útil neste instante.
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Com a ajuda de Sophia, terminei os pedidos, peguei nos pratos e levei tudo para a cabine. Novamente, eu senti os olhos de LaFleur em mim, observando a maneira com que me movia, calculando a minha força, o meu equilíbrio e energia, exatamente da maneira que eu faria se estivesse olhando a pessoa que iria matar mais tarde. Joguei os pratos na mesa da mesma maneira que tinha feito com as bebidas. Mas não havia água para derramar, portanto LaFleur não conseguiu me eletrizar dessa vez. — Aproveitem. Esperava que os dois se engasgassem com a comida, mas sabia que era esperar demais. Especialmente com a minha má sorte. — Oh. — LaFleur disse lentamente. — Nós iremos. Olhei para ela, tomando cuidado para manter a fria violência calma fora de meu rosto. LaFleur me encarou por mais um segundo antes de se voltar para a sua comida. Aparentemente ela achava que sabia tudo o que havia para saber sobre mim. Ela apenas não sabia que eu podia usar a máscara de simples dona de um restaurante tão bem e tão facilmente quanto ela usava suas roupas caras. Fui ensinada pelo Fletcher Lane, pelo Homem de Lata, um dos melhores assassinos que existiu. Um dos outros casais estavam prontos para sair, portanto voltei para a caixa registadora, peguei no dinheiro e indiquei-lhes a saída. Então sentei na cadeira atrás do balcão e peguei no mais recente livro que estava lendo, A Ilíada. As aulas de Inverno não começariam na Universidade Comunitária antes do primeiro dia do ano, mas eu estava dando um adiantamento no curso de literatura grega em que me inscrevi.
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Tudo ficou tranquilo nos trinta minutos seguintes. Li o meu livro, Sophia cozinhou seu último lote de feijões, o outro casal devorou o seu jantar e os meus inimigos engoliram o deles.
Finalmente, Jonah McAllister e Elektra LaFleur terminaram a sua refeição e se dirigiram à caixa registadora. McAllister pegou na sua carteira e entregou-me algumas notas. Fiquei vagamente surpresa por ele se dar ao trabalho de realmente pagar, mas supunha que ele queria que eu pensasse que ele tinha vindo aqui esta noite apenas pela comida. Como se eu pudesse ser tão estúpida. — Fique com o troco, Gin. — McAllister disse numa voz zombadora e ao mesmo tempo aduladora. — Considere isso como um presente de Natal adiantado. — Aw. — Disse lentamente. — Uns colossais treze centavos. Você é muito generoso, Jonah. Porque, você tinha feito Ebenezer Scrooge se envergonhar com o seu enorme coração generoso. O rosto liso de McAllister escureceu devido ao meu insulto, mas LaFleur colocou o seu braço ao redor do dele, e a raiva que brilhava nos olhos castanhos de Jonah se transformou em certeza manhosa. — Bem, você deveria aceitar enquanto pode, Srta Blanco. — McAllister disse. — Você nunca sabe o que pode acontecer nesses tempos incertos. Ele e a assassina se dirigiram para a porta. Mesmo antes de saírem para o frio. Elektra LaFleur se virou para mim, seus olhos verdes tão brilhantes e duros como jades em seu rosto.
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— A comida estava ótima. Imagino que voltarei em breve, Gin. Muito em breve. Com um sorriso, Elektra saiu pela porta depois de Jonah. Eu os observei sair. — Não se eu te matar primeiro, cadela. — Murmurei. — Não se eu te matar primeiro.
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Capítulo 14 Sophia veio ficar ao meu lado, seus olhos pretos ainda fixos na porta que Jonah McAllister e Elektra tinham acabado de atravessar. — Assassina? — Ela perguntou asperamente. — Sim, era LaFleur. — Disse. — Você viu a maneira que ela estava verificando o lugar? Sophia assentiu em vez de realmente me responder. A anã Gótica falava o mínimo possível, uma vez que sua rouca voz quebrada soava como se ela tivesse passado a vida inteira bebendo uísque, fumando cigarros e gargarejando gasolina. Sophia não tinha nenhum desses vícios, pelo menos não que eu soubesse, e eu sempre me perguntei o que tinha acontecido à anã para que arruinasse tão completamente a sua voz. O que quer que fosse, eu sabia que não podia ser bom. A dor secreta de Sophia era apenas dela para compartilhar ou não. Assim como a minha. — Problemas? — Sophia perguntou, cortando o meu devaneio. — Sim, LaFleur vai tentar me pegar aqui no Pork Pit. — Disse. — Essa é a única razão que eu posso pensar para McAllister a ter trazido aqui. Ela estava planejando a melhor maneira de me matar, provavelmente em algum momento dos dias que se seguem.
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McAllister quer me matar e pediu-lhe para fazer enquanto ela está na cidade. — Pronta. — Sophia disse, entendendo a mão e apertando. Apertei de volta e sorri para a anã. — Sei que você estará pronta. E eu também estarei. Elektra LaFleur vai conseguir a surpresa de sua vida quando vier aqui pra matar Gin Blanco e encontrar a Aranha esperando por ela. Sophia e eu voltamos ao trabalho, limpando o restaurante para a noite. O outro casal pagou e foi embora, e eu estava pensando em virar a placa da porta para Fechado quando o sino a frente soou e uma mulher entrou no Pork Pit. Como sempre, sua aparência me assustou e tirou o meu fôlego ao mesmo tempo - assim como me preencheu com um toque frio de medo. Detetive Bria Coolidge. Minha irmãzinha. Como tantos outros se movendo pelas ruas geladas esta noite, Bria usava um longo casaco sobre uns jeans e umas grossas, mas elegantes botas Bella Bulluci4 pretas. Seu suéter com decote em V era de um verde Natalício que condizia com a época. Um distintivo dourado resplandecia no cinto de couro que ficava ao redor de sua cintura delgada. Em contraste, a sua arma parecia uma bolha de tinta preta ao lado dele. O distintivo marcava Bria com uma detetive do Departamento da Policia de Ashland, mas ela não parecia uma policial. Ela era muito 4
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bonita para isso, com seu comprido cabelo loiro, olhos azuis e bochechas rosadas. Para além do crachá e da arma, Bria também usava um medalhão silverstone em uma pequena corrente ao redor do seu pescoço. Uma prímula delicada, o símbolo para a beleza. A mesma runa, o mesmo colar que nossa mãe havia lhe dado quando criança, aquele que ela sempre usava, mesmo agora enquanto adulta. Três anéis também brilhavam no seu indicador esquerdo, pequenas faixas de silverstone que ostentavam pequenas runas. Flocos de neve rodeavam a faixa inferior, enquanto uma trepadeira de hera se enrolava ao redor da faixa do meio. O último anel, o de cima, estava carimbado com um único símbolo no meio - uma runa de aranha. A minha runa, o símbolo da paciência. Supunha que os anéis eram a forma de Bria se lembrar da nossa família destruída, assim como os desenhos sobre a lareira na casa de Fletcher Lane eram a minha. — Gin. — Bria disse com a sua alta voz melodiosa. — É bom ver você novamente. Ela acenou para mim e eu fiz o mesmo. Bria e eu não tínhamos começado exatamente com o pé direito. Eu a tinha visto pela primeira vez há algumas semanas atrás, na noite em que Slater tinha me atacado na Universidade Comunitária. Dizer que tinha sido um choque era um grande eufemismo. Eu sabia que a minha irmã estava viva, depois de pensar que estava morta por anos, mas vê-la em carne e osso havia sido outra coisa. O suficiente para me fazer chorar, especialmente porque eu estava olhando para ela sem sucesso. Mas ali estava ela, tão grande como a vida e de volta a Ashland depois de tantos anos longe.
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Bria também era a detetive responsável por descobrir o que tinha acontecido comigo naquela noite, e ela havia seguido os meus passos depois, tentado fazer com que eu lhe dissesse quem tinha me machucado e porque. Ela também suspeitava que, de alguma forma, eu estava envolvida com Roslyn Philips, de que eu não tinha lhe revelado
a
localização
da
vampira
quando
Roslyn
estava
se
escondendo de Slater. Mas como tudo tinha saído bem no final, com Roslyn viva e Slater apodrecendo no chão, a atitude gelada de Bria para comigo tinha descongelado um pouco. Assim como a minha cautela para com ela. — Você também, detetive. — Disse sentindo isso. — O que posso fazer por você esta noite? Ela se aproximou, colocando as suas mãos no balcão ao lado da caixa registadora. As luzes fizeram os seus anéis silverstone brilharem na minha direção um depois do outro, como um olho que tudo vê que sabia todos os meus mais íntimos e sombrios segredos. — Telefonei mais cedo. Vim buscar o meu pedido. Deve ter sido o pedido que Sophia havia anotado antes de McAllister e LaFleur terem entrado no Pork Pit. Mas ela não tinha se incomodado em me dizer que era Bria, mesmo Sophia sabendo tudo sobre a minha irmã. Olhei para a anã, que me deu um pequeno sorriso e voltou a limpar o balcão novamente. Supunha que esta era a maneira de Sophia me fazer falar com a minha irmã. A anã Gótica podia ser sorrateira quando queria. — Teria vindo mais cedo. — Bria disse, se debruçando no balcão. — Mas fiquei presa até tarde trabalhando em um caso.
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— Sério? — Perguntei, me movendo para pegar no saco branco em que Sophia havia empacotado a comida de Bria. — Em que caso? Como um todo, Ashland era uma cidade violenta, cheia de pessoas poderosas com muito rancor entre si, assim como seus banais criminoso tentando fazer dinheiro. Havia tanto crime aqui que era difícil saber em que tipo de caso Bria estaria trabalhando. Podia ser de tudo desde uma briga doméstica a um assassinato entre gangues e podia até ser uma pessoa desaparecida… — A Aranha matou mais três pessoas na noite passada. Ou, pelo menos, alguém deixou a sua marca para trás na cena do crime. — Bria respondeu. Anos de treinamento com o Fletcher me impediram de mostrar qualquer emoção, mas mais uma vez, amaldiçoei a sorte. De todos os detetives em Ashland, minha irmã tinha que ser aquela a investigar minhas atividades noturnas como a Aranha. Primeiro, Jonah McAllister trouxera Elektra LaFleur aqui para que a assassina pudesse colocar seu alvo na minha testa, e agora Bria estava se juntando ao pelotão de fuzilamento. A ironia estava realmente me chutando nos dentes esta noite. — Oh. — Uma vez mais, eu era o gênio da conversação. Coloquei o saco com a comida no balcão entre nós, como se isso fosse de alguma forma descarrilar o comboio do pensamento de Bria. Pouco provável. Podia não a ter visto nos últimos dezessete anos, mas desde que ela chegou em Ashland algumas semanas atrás, ela não tinha sido nada além de tenaz, mostrando-me exatamente que tipo de mulher forte, confiante e delicada ela havia se tornado.
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Então havia o fato de que Bria era também um dos poucos policiais honestos na cidade. Com todo o crime em Ashland, era bem mais fácil os membros do departamento da polícia aceitarem subornos para olharem para o outro lado em vez de realmente investigarem os crimes e prenderem os criminosos. Algumas notas altas em suas carteiras gordas constituíam bem menos papelada. Mas Bria era diferente. Ela não fazia vista grossa quando se tratava de crimes ou enterrava sua cabeça na areia - nunca. Ainda mais que isso, ela realmente tentava ajudar as pessoas, tentava trazer algum conforto às vitimas e colocava tantos bandidos quanto ela podia atrás das grades. E agora ela estava mirando em mim, na Aranha. Apesar do fato de que Bria sabia que a assassina e a sua irmã à muito perdida Genevieve Snow eram a mesma pessoa. Enquanto eu admirava a força e a determinação de Bria, a dedicação ao seu trabalho diário também trazia a infeliz realidade de interferir com os meus planos de matar Elektra LaFleur, Jonah McAllister, Mab Monroe e qualquer outra pessoa que ameaçasse as pessoas que eu amo. Em vez de ela pegar no saco ou colocar as mãos no bolso à procura de dinheiro para pagar a comida, Bria me encarou com seus olhos azuis - olhos que me lembrava tanto a nossa mãe e irmã mais velha. Todas elas tinham as mesmas características bonitas e coloração. Eu era a única que tinha herdado do nosso pai, Tristan, os olhos cinzas e o cabelo castanho chocolate - junto com sua magia de Pedra. Minha magia de Gelo tinha vindo da nossa mãe, e Bria havia a herdado também. Eu a tinha visto usar seu poder de Gelo apenas
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algumas vezes, especialmente para tentar salvar a ela mesma de ser assassinada por Elliot Slater e seu gigante. Eles lhe fizeram uma visita noturna tardia quando ela veio para Ashland algumas semanas atrás, mas felizmente, eu estive lá para tratar deles em vez disso. Ainda assim, a magia de Bria pareceu-me forte, tão forte quanto a de nossa mãe havia sido. — Você ouviu alguma coisa? — Bria me perguntou em voz baixa. — Alguma… conversa na vizinhança sobre a Aranha e a vingança que ela tem contra Mab Monroe? Porque o homem que ela matou na noite passada era um gigante, dois deles na verdade, e pelo que eu posso dizer, eles trabalhavam para a elemental de Fogo. — Porque você acharia que eu sei de alguma coisa? — Perguntei. Bria encolheu os ombros. — Este é um lugar popular. Muitas pessoas passam por aqui durante o dia. Pensei que talvez você ou um dos seus cozinheiros ou garçonetes pudessem ter ouvido algo. Alguém se gabando sobre ser a Aranha. Algo como isso. Levantei a minha sobrancelha. — Pelo que eu li no jornal, a Aranha não parece o tipo de pessoa que se gaba do que faz. Ela mata pessoa e então desaparece sem deixar rastro. Pelo menos, essa é a impressão que tenho dela. Bria rodou um dos anéis que estavam no seu dedo indicador. O anel de cima, aquele que tinha a runa de aranha estampada nele. O meu anel. — Sim. — Ela disse com uma voz suave. — Isso é algo sobre o qual pretendo falar com ela, quando a encontrar. E eu vou encontrála, Gin. Não se engane quanto a isso.
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Nós não falamos. Sophia continuou a limpar o balcão, mas a anã manteve seus olhos negros em nós, apenas observando. Bria soltou um longo suspiro e começou e a colocar as mãos nos bolsos dos seus jeans. — Quanto eu devo a você pela comida? Sacudi a minha mão. — Seu dinheiro não servirá esta noite. É por conta da casa. Bria balançou a cabeça. O movimento fez com que a luz dançasse na runa em forma de prímula que estava ao redor do seu pescoço. Meu coração se apertou com a visão. — Você deveria me deixar pagar, Gin. Sei quão duro você trabalha. Segurei um suspiro. Duvidava que seu tom fosse tão amável, tão atencioso, se ela soubesse quanto dinheiro eu tenho espalhado por várias contas bancárias - dinheiro que consegui ao matar pessoas. Olhei para o bilhete que estava grampeado ao saco. — É um sanduiche de presunto, feijão, batatas fritas e dois pedaços de torta de morango. Não se preocupe. Isso não me levará à falência. Além disso. — Eu disse, pensando em Jonah McAllister e nos seus míseros treze centavos. — Um cliente me deu uma grande gorjeta esta noite. Mais que o suficiente para pagar a sua comida, detetive. Ela abriu a sua boca, mas eu a cortei. — Eu insisto. — Disse com uma voz firme. — Pense nisso como um presente de Natal adiantado. O mínimo que eu podia fazer era prover uma refeição grátis à minha irmã de vez em quando. O mínimo dos mínimos. 177
— Tudo bem. — Bria disse, sendo gentil o suficiente de aceitar a minha oferta. — Obrigada. Eu aprecio o gesto. Ela pegou no saco, me deu um aceno e um sorriso, e se virou para ir embora. Sophia limpou a sua garganta - ruidosamente. Olhei para a anã, e ela apontou o dedo na direção de Bria antes de apontá-lo para mim. Então, Sophia cruzou seus braços e me deu um olhar sem vida. Senti-me como uma estudante impertinente que estava sendo castigada pela freira ou professora. Sabia o que a anã queria. Que eu falasse com Bria, que a fizesse ficar, que fizesse algo, qualquer coisa, que ampliasse a nossa relação, mesmo que fosse por apenas mais um pouquinho. — Hum, detetive? — Disse. Bria parou e olhou para mim por sobre o seu ombro. — Sei que você não tem nenhuma… família em Ashland. — A mentira ficou presa na minha garganta como molho grumoso, mas eu a forcei a sair. — Estava imaginando se você teria planos para o Natal. Eu queria saber isso porque ficava de olho na Bria sempre que ela entrava no Pork Pit, tentando aprender tudo o que podia sobre ela. Normalmente ela trazia Xavier, uma vez que o gigante era seu parceiro sempre que este não estava ocupado ajudando Roslyn na Northern Aggression. Finn também havia compilado um grosso arquivo com informações sobre Bria, o qual relatava praticamente tudo o que ela tinha feito nos seus vinte e cinco anos de vida.
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Mas por alguma razão eu simplesmente não fui capaz de olhar para o arquivo, e ele permanecia fechado em cima da mesa de centro na casa de Fletcher. Eu não queria ler sobre o que a minha irmã tinha feito durante todos esses anos - eu queria que ela me contasse sobre isso. Sobre a sua vida, sobre o seu trabalho, até mesmo sobre os seus desejos e sonhos. Era piegas e sentimental da minha parte, mas não me importava. Sempre que Bria entrava no restaurante para comer, eu tentava iniciar algum tipo de conversa com ela, na tentativa de aprender mais sobre a minha irmã e o que ela tinha feito desde a última vez que a havia visto, quando ela tinha apenas oito anos de idade. Para a deixar me falar em suas próprias palavras sobre todas as coisas que lhe tinham acontecido desde aquela horrível noite quando a nossa família havia sido destruída por Mab. A partir do pouco que ela me disse e do que Xavier havia deixado escapar, sabia que Bria tinha sido adotada por um casal de sobrenome Coolidge. O homem havia sido um policial em Savannah, Geórgia, onde viviam, e ele era a razão de Bria se ter juntado à Policia. Seu pai adotivo morrera alguns anos atrás de ataque cardíaco. Sua mãe adotiva tinha o seguido um ano depois, atropelada e morta por um motorista bêbado. Segundo todos, os dois tinham amado Bria, e ela os tinha amado. Eu tinha aprendido há um tempo que quando sua família é assassinada e arrancada de você como a minha havia sido, você tem que conseguir uma nova família para si. Por vezes com o que sobrou da sua própria carne e sangue, e por vezes com as pessoas que você conhece ao longo do caminho. Isso ajuda a aliviar a dor.
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Sombras escureceram os olhos azuis de Bria, e sua boca se tornou plana. — Estava planejando trabalhar no Natal e deixar outra pessoa passar o dia com a família, uma vez que não tenho nenhuma. O tom áspero na voz da minha irmã indicava que eu deveria parar com essa conversa estranha. Olhei para Sophia, que clareou sua garganta novamente e levantou suas sobrancelhas, uma rara mostra de expressão vindo dela. A anã não queria que eu desistisse. Nem quereriam Finn, Owen ou Jo-Jo, se estivessem aqui. A verdade era que eu também não queria desistir. Não quando Bria estava finalmente de novo na minha vida depois de tantos anos. Não quando Fletcher passara por tantos problemas para se certificar que eu soubesse que ela estava viva e a trouxesse de volta para Ashland em primeiro lugar. — Bem, Owen Grayson receberá algumas pessoas em sua casa, — Eu disse, fazendo a minha tentativa. — Eu, Finn, Xavier, Roslyn. Pensei que se você não irá fazer nada mais, poderia talvez querer se juntar a nós. Depois, é claro, telefonaria a Finn, Xavier, e Roslyn e lhes pediria a todos para vir. Bria não disse nada, mas uma espécie triste de saudade apareceu em seus olhos azuis. Combinava com a dor em meu coração. — Eu irei cozinhar. — Eu disse, tentando adoçar o pote, por assim dizer. — Portanto posso assegurar que a comida estará excelente.
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Depois, é claro, diria a Owen que eu estava organizando uma festa de Natal para todas as pessoas que eu na verdade ainda não tinha convidado para irem a sua casa. Bria olhou para mim por mais um momento antes de responder. — Eu não quero atrapalhar. — Ela disse com uma voz suave. Eu sorri para ela, deixando um raro bocado de calor brilhar nos meus frios olhos cinza. — Não atrapalhará. Você é a parceira de Xavier. Você já é praticamente da família, Bria. Atrás de mim, Sophia deixou sair um pequeno riso pela minha tentativa idiota de estabelecer algum tipo de conexão com a minha irmã. Sim, minhas palavras pingavam com queijo e eu sabia que era divertido ver a grande e má Gin Blanco reduzida a suplicar apenas para passar algumas horas com sua irmã de sangue. Mas ainda assim, essa comédia de erros foi ideia da anã. Eu me virei e encarei Sophia. Por baixo do balcão, fora da linha de visão de Bria, agarrei a faca silverstone que coloquei lá quando McAllister e LaFleur tinham entrado no restaurante. Eu brandi a arma para a anã, dizendo-lhe exatamente o que eu iria fazer se ela não parasse com as suas risadinhas. Mas isso apenas a fez rir mais. Dada a sua extremamente grossa musculatura de anã, eu poderia fazer Sophia se parecer uma alfineteira com as minhas facas silverstone, e isso não a machucaria muito. Pelo menos, não tanto como se ela me machucasse com seus punhos, algo que nós duas sabíamos. — Irei… pensar nisso. — Bria finalmente disse.
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Dei-lhe outro sorriso, mas sua falta de compromisso fez com que algum do calor em meus olhos desaparecesse. — Faça isso. Bria assentiu mais uma vez, então se virou e caminhou para fora do restaurante. Dessa vez, eu não tentei chamá-la novamente ou impedi-la de ir, embora meu coração se sentisse tão frio e vazio como a noite de neve que vi lá fora enquanto a porta se fechava atrás dela.
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Capítulo 15 Fiquei ali encarando a porta da frente do Pork Pit, desejando que Bria voltasse, desejando que eu pudesse contar a ela quem eu realmente era sem me preocupar sobre como ela reagiria à informação. Mas eu não queria imediatamente perder minha irmã tudo de novo quando eu acabara de encontrá-la, o que provavelmente é para onde as coisas iriam se eu contasse a ela que eu era a Aranha. Balancei a cabeça e afastei meus pensamentos saudosos. Agora não era a hora de ser desleixada e sentimental. Não quando eu tinha uma
assassina
para
perseguir
e
matar
hoje
à
noite,
e
esperançosamente, uma garotinha para resgatar. Então eu tranquei a porta da frente, tirei meu celular para fora da minha calça jeans, e liguei para Finn. Ele respondeu ao primeiro toque. — Por que você demorou tanto tempo? — Finn reclamou no meu ouvido. — Eu tenho seguido LaFleur por quase meia hora agora. Eu fiquei em posição exatamente como você queria, Gin. Eu esperava que você ligasse assim que ela saísse do restaurante com Jonah McAllister. — Desculpe, — Murmurei. — Eu tinha mais um cliente de quem tinha que cuidar. Mas o restaurante está fechado agora, e você tem a minha completa e indivisa atenção. Então, o que está acontecendo?
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— Bem, depois que eles saíram do Pork Pit, LaFleur e McAllister entraram na limusine dele, que estava estacionada apenas a uma quadra. — Finn disse. — Você pode estar interessada em saber que os dois começaram a sugar o rosto antes mesmo de entrarem no banco de trás. Pensei no jeito que eu tinha visto Jonah olhar para Elektra mais cedo. — Sim, eles estão fodendo um ao outro. O que mais? Finn bufou. — Você precisa sempre arruinar minhas surpresas? — Sim. — Respondi. — Depois o que aconteceu? Ouvi Finn tomar um gole de algo pelo telefone. Provavelmente sua décima quinta xícara de café de chicória do dia. Era uma maravilha seu estômago não explodir de toda a cafeína que ele sugava em uma base diária. —
A
limusine
cruzou
pelo
centro
da
cidade,
indo
a
absolutamente pra nenhum lugar em particular, provavelmente para Jonah e nossa boa assassina poderem ter um tempinho pessoal. — Finn respondeu. — Depois disso, a limusine os levou para os confins sempre elegantes do antigo pátio de trens de Ashland. LaFleur desapareceu nas profundezas sagradas. McAllister a observou ir, obviamente admirando seu traseiro, depois voltou para a limusine e foi embora. Eu escolhi ficar com LaFleur, já que nós dois sabemos que você pode matar o advogado a qualquer hora que quiser. — Verdade, McAllister não é de perto o problema que LaFleur é. — Franzi o cenho. — Mas por que ele a levou para o antigo pátio de trens? O que ela está fazendo aí?
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Como a maioria das cidades metropolitanas, linhas de trem se entrecruzavam através da grande área de Ashland antes de seus finos trilhos de metal serpentearem para o campo mais montanhoso. Vários anos atrás, a cidade construíra um novo complexo extravagante para o serviço de transporte ferroviário de passageiros nos subúrbios de Northtown que incluía uma estação de trem estado-da-arte, lojas de luxo, um par de restaurantes cinco estrelas e vários hotéis pomposos. Como resultado, o antigo pátio de trens de Ashland na periferia do centro da cidade tinha sido amplamente abandonado e deixado à ferrugem. Oh, trens transportando carvão, madeira serrada e outros produtos industriais ainda passavam ressoando pela área em seus horários diários normais, como era a rota mais rápida e mais direta através da cidade, mas nenhum deles realmente parava lá mais. Estes dias, o pátio de trens era uma área popular para vagabundos sem-teto, que gostavam de se agachar nos vagões abandonados para se abrigar do frio. Pelo menos até que os policiais pudessem ser incomodados para saírem e os expulsarem. — Parece-me que LaFleur se estabeleceu aqui. — Finn respondeu. — Há um monte de atividade aqui, e eu não estou falando apenas de vagabundos iniciando incêndios em cesto de lixos. Gigantes se movendo em torno de lotes de equipamentos de construção e materiais de construção. Alguns anões e humanos também, todos trabalhando em alguns dos vagões antigos e o que costumava ser o antigo pátio de trem. Parece como se eles estivessem construindo algo de uma marca nova. Pensei sobre o que Vinnie Volga me contara, sobre como Mab Monroe estava planejando abrir sua própria boate em Ashland, um
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lugar que ofereceria absolutamente qualquer coisa que uma pessoa de coração negro poderia desejar, sem importar a quão distorcida, perversa, ilegal ou mortal fosse. — Você acha que isto é onde Mab vai estabelecer seu novo negócio? — Perguntei. Através do telefone, ouvi Finn tomar outro gole de seu café. — Esse pensamento cruzou minha mente também, então eu fiz alguma verificação no meu laptop depois que percebi que LaFleur ia estar aqui por um tempo. Adivinha quem só acontece de ter comprado toda a terra na área recentemente, incluindo o próprio pátio de trens. Minha mão apertou ao redor do telefone. — Mab Monroe. — A própria. — Finn disse. — Quer seja a nova boate ou não, Mab está tramando algo aqui. E LaFleur está ajudando-a com isso. Isso era motivo mais do que suficiente para eu fazer uma visita à área esta noite. Mas havia algo mais que eu queria saber antes de encontrar Finn - o motivo pelo qual estávamos fazendo tudo isto em primeiro lugar. — Qualquer sinal de Natasha? — Perguntei. Eu duvidava que a garotinha ainda estivesse viva. Os homens de Mab tinham provavelmente a matado ontem à noite, já que tinham planejado fazer o mesmo com Vinnie. Dado o que Bria me contara, os corpos dos três homens que eu descartara na noite passada tinham sido encontrados no parque, junto com a minha runa. A elementar de Fogo saberia que eu era responsável por matar seus capangas. E já que Vinnie não estava entre os cadáveres, Mab também perceberia
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que eu colocara minhas mãos nele - e que ele provavelmente derramara suas entranhas para mim sobre LaFleur e tudo mais que estava acontecendo. Tudo isso significava que apenas não havia nenhuma razão para Mab manter Natasha viva, exceto, talvez, para usar em sua boate doente. Eu tinha Vinnie agora, não a elementar de Fogo, então a garota não era boa como influência mais. Mas havia uma chance remota de que ela pudesse ainda estar respirando - havia sempre uma chance, mesmo que raramente acabasse dessa maneira. Mas o mais importante era que eu tinha feito uma promessa a Vinnie de fazer o que pudesse para encontrar sua filha. Ou pelo menos fazer as pessoas que a levaram pagar - com suas vidas. — Ainda não. — Finn disse. — Mas eu vou dar um passeio casual ao redor das instalações e ver o que posso ver. Podia ser bom se você viesse e se juntasse à festa. Você sabe... como você queria que eu fizesse ontem à noite no parque. Revirei os olhos. — Você precisa sempre zombar de mim com as minhas próprias palavras? — Sim. — Ele gorjeou em um tom feliz. — Então você vem ou não? — Oh, você me conhece. — Arrastei as palavras. — Eu nunca perco uma boa festa.
***
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Eu disse a Sophia o que Finn e eu íamos fazer e pedi que ela dissesse a Jo-Jo para estar em espera, apenas no caso de um de nós se ferir durante o curso da noite. A anã grunhiu para mim e foi para casa, ainda vestindo seu gorro preto de Papai Noel com seu crânio pendente, sorridente. Esperei que não fosse um presságio do que estava por vir esta noite. Para mim, de qualquer maneira. Uma vez que eu apaguei as luzes na vitrine, fui para a parte de trás do restaurante e agarrei uma bolsa de lona preta de trás de um dos freezers. Dinheiro, facas, roupas, cartões de crédito, um telefone celular descartável, alguns suprimentos de cura, uma máscara de esqui. A bolsa guardava tudo o que a Aranha poderia precisar para um bom tempo sangrento fora da cidade. Ênfase na parte sangrenta. Troquei de roupas, tirei meu avental de trabalho azul, camiseta, e jeans e coloquei uma pesada calça cargo, botas e uma grossa gola alta. Tudo em preto, é claro. Eu realmente não usava qualquer outra cor, enquanto estava trabalhando. Poucos assassinos usavam. Além disso, até a hora que eu chegasse a Finn seria depois das oito, e a noite estaria tão escura quanto as minhas roupas. Sempre melhor para se misturar com seus arredores, especialmente quando você estava entrando em território hostil. Para o toque final, coloquei um colete preto. A vestimenta tinha uma variedade de bolsos com zíper sobre ela, que eu enchi com meus diversos suprimentos. Mesmo sem o equipamento extra, o colete ainda era pesado. Isso porque era feito de silverstone, assim como minhas facas. Além de absorver magia elementar, o metal também tinha o benefício adicional de ser mais resistente do que Kevlar. O que significava que eu poderia levar algumas balas ou explosões de magia
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no peito e ainda surgir balançando. Dado o fato de que eu planejava matar Elektra LaFleur, eu queria cada vantagem que pudesse obter, sem importar quão pequena pudesse ser. Quando terminei de me vestir, chequei minhas facas de silverstone e garanti que elas estavam todas em seus entalhes adequados. Uma em cada uma das mangas, uma na parte de baixo das minhas costas, e duas enfiadas em minhas botas. Meu arsenal de cinco pontos padrão. Também pesquei um par de facas extra da bolsa de lona e as coloquei essas em vários bolsos em meu colete. Eu tinha a sensação de que precisaria as armas extras para derrubar LaFleur. A assassina não morreria tranquilamente. Não com suas habilidades mortais e magia elementar elétrica. Inferno, eu teria sorte se não fosse frita no processo. Quando eu estava equipada para a noite, deslizei para fora pelos fundos do Pork Pit. Por um momento, fiquei lá no beco, meus olhos passando rapidamente sobre as sombras pretas, garantindo que tudo estava como deveria ser. Sophia já tinha ido embora, então nada se moveu ou se agitou na noite escura. Estava tão frio que até os ratos de lixo tinham se acalmado para a noite. Ainda assim, só para ter certeza, escovei meus dedos contra a parede de trás do restaurante e alcancei com minha magia de Pedra. O tijolo vermelho só murmurou com seu contentamento lento, constante, obstruído de costume, combinando com os estômagos e artérias de tantas pessoas depois de comer no Pork Pit. Satisfeita porque tudo estava como deveria ser, coloquei minha bolsa de lona no ombro e deixei o restaurante para trás.
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Levei cerca de dez minutos para dirigir até a localização de Finn. O antigo pátio de trens estava localizado nos arredores do centro da cidade, bem na borda de Southtown, um pedaço meia-lua de terra que se curvava em torno de um barranco alto com vista para o Rio Aneirin antes se de inclinar para baixo e dar lugar a edifícios e ruas em ruínas mais uma vez. Encontrei o Aston Martin de Finn estacionado em um beco na borda extrema ocidental do pátio de trens, a várias centenas de pés do início real das linhas ferroviárias em si. Chicoteei uma meia-volta e arrastei minha Benz prata para outro beco a quatrocentos metros, dando-nos uma segunda opção de fuga no caso das coisas esquentarem um pouco esta noite. Então eu tirei meu celular do bolso do colete e liguei para Finn. Ele respondeu no terceiro toque. — Eu estou aqui. — Eu disse. — Onde você está? — Em uma pequena colina com vista para o pátio de trens, a cerca de cento e cinquenta metros a oeste da Rua McLaren. — Ele disse. — Eu estarei aí em breve. Desliguei e saí do carro. Eu me movi silenciosamente através da noite, pulando amarelinha de prédio para prédio, sombra para sombra, e parando frequentemente para olhar e ouvir as pedras à minha volta. Mas nada se movia nesta noite fria de dezembro, exceto o vento gelado chicoteando pelas ruas e os poucos pedaços duros de neve que vinham junto com ele. Latas de cerveja esmagadas e embalagens
de
fast-food
amassadas
deslizavam
através
do
estacionamento rachado, empurrados pela brisa constante.
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Finalmente, eu deixei as ruas e edifícios para trás e entrei em uma área mais industrial. Um pequeno outeiro coberto mais por sujeira compactada do que grama de verdade se inclinava para cima antes de se curvar ao redor e coroar o pátio de trens abaixo. Ainda mantendo um olhar atento, espalmei uma das minhas facas de silverstone e subi a colina rasa. Duas árvores de corniso, curvadas e retorcidas pela idade, se agachavam no topo do outeiro. As poucas folhas ainda agarradas aos ramos farfalhavam de um lado para o outro com a brisa, ameaçando saírem voando para a noite. Finn estava sentado contra o tronco de uma das árvores, bebericando café de uma garrafa térmica de metal e olhando para a cena abaixo com um par de óculos de visão noturna. Como eu, Finn estava vestido de preto da cabeça aos pés. — Já estava na hora de você aparecer, Gin. — Finn disse sem olhar para cima. — Estive congelando meu traseiro aqui por meia hora. — Desculpe. — Eu disse, caindo em um agachamento ao lado dele. — Eu tive que garantir que estava adequadamente adornada para a noite. — Muito à frente de você. — Finn bateu em um estojo de metal fino assentado no chão ao lado dele. — Você trouxe o seu rifle? — Pode apostar. — Ele disse. —Com a nova mira telescópica que acabei de comprar. Pensei que eu poderia ter uma chance de testá-la esta noite.
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Finnegan Lane mal podia esculpir um pernil de Natal com uma faca, muito menos cortar uma pessoa com uma da maneira que eu podia. Mas ele era um inferno de um atirador, ainda melhor do que eu. Quer você estivesse de pé bem na frente dele ou a duzentos metros de distância, Finn podia colocar três balas através de seu olho antes que você sequer percebesse que o primeiro tinha atingido você. — Aqui. — Ele disse, passando-me os óculos de proteção. — Dê uma espiada na majestade diante de nós. Peguei os óculos dele e os segurei nos meus olhos. Demorou alguns segundos antes de minha visão se ajustar à coloração esverdeada. Abaixo de nós, o antigo pátio de trens de Ashland se estendia horizontalmente cerca de uma milha, com o lado esquerdo dando lugar a ruas do centro mais uma vez e o lado direito intrometendo-se contra o Rio Aneirin. Mesmo daqui de cima, eu podia ouvir a corrida rápida da água enquanto fazia a sua jornada em direção ao Mississippi e, eventualmente, para o Golfo do México. Faixas de metal entrecruzavam para lá e para cá no pátio de trens, os trilhos cintilando como as cordas sedosas, prateadas de uma teia de Aranha à luz do luar, antes de desaparecerem nas sombras. Alguns velhos vagões se agachavam aqui e ali, suas portas abertas parecendo goelas escancaradas apenas esperando por alguém que fosse tolo o suficiente para entrar para que pudessem mastigá-los. Cascalho solto cobria o chão, junto com uma variedade de lixo tábuas podres, canos enferrujados, bobinas, e outros pedaços de metal retorcidos, dobrados.
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Segui em frente, olhando para o prédio que estava no centro de tudo. O velho e original pátio de trens de três andares tinha definitivamente
visto
melhores
dias.
Todas
as
janelas
foram
arrebentadas, o telhado de zinco há muito tinha desmoronado e o alpendre vergado pior do que um conjunto de ombros caídos. Mas Finn estivera certo. Havia uma colmeia de atividade em torno da estrutura. Gigantes se moviam para frente e para trás através da área, carregando madeira serrada, Sheetrock5, serras elétricas, e tudo mais que você precisaria para demolir ou remodelar um edifício. E o projeto de melhoramento já começara, a julgar pela constante batida de martelos e os berros roucos que subiam flutuando até nós. Na distância, além do pátio, avistei alguns anões e humanos trabalhando em alguns dos velhos vagões. As faíscas de seus maçaricos tremeram, tremularam e piscaram como vagalumes vermelhos, brancos, e azuis tremeluzindo ligados e desligados na escuridão. Parece que eles estão remodelando o pátio de trens inteiro. — Murmurei. — Lugar estranho para colocar uma boate, entretanto. Finn assentiu. — Foi o que eu pensei também - a princípio. Baixei os óculos e olhei para ele. — E agora? Finn encolheu os ombros. — Verdade, não é muito para se ver agora, mas Mab nunca faz nada pela metade. Você mesma me disse isso em mais de uma ocasião. Eu grunhi meu acordo. 5
Marca de painéis de gesso.
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— Então eu procurei um pouco mais e consegui uma lista de alguns dos materiais de construção que ela adquiriu nas últimas semanas. Mármore impecável, utensílios de platina - é absolutamente tudo de luxo. Até mesmo a pintura tem manchas de ouro de verdade nela. Até o momento em que ela terminá-lo, este lugar será mais ostentoso do que o palácio de um sultão. Tem uma bela vista da água, e mais, está a apenas cerca de um quilômetro e meio de distância do Rainha Delta e do Passeio Marítimo. Tenho certeza que Mab vai ter abundância de tráfego de lá. O Rainha Delta a que Finn estava se referindo era um barco cassino de propriedade da figura do submundo Phillip Kincaid e era um dos principais lugares em Ashland onde as pessoas iam perder seu dinheiro arduamente ganho. O barco não era nada mais do que um castelo flutuante pretensioso que ficava de frente para o Passeio Marítimo, uma fileira de lojas de luxo e restaurantes caros projetados para drenar ainda mais dinheiro daqueles procurando se divertir no cassino. — Então há o bônus adicional dos vagões. — Finn acrescentou. — E o que isso poderia possivelmente ser? Finn piscou-me um sorriso largo. — Levar o show para a estrada, é claro. Uma vez que Mab tiver aqueles vagões arrumados do jeito que ela os quer, ela pode carregá-los com garotas, licor, jogos de azar, seja o que for, e rolar direito até a próxima cidade. Inferno, ela poderia fazer uma turnê inteira do Sul se quisesse. Talvez até mesmo subir para o norte e mostrar a eles Yankees uma coisa ou duas sobre como se divertir.
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— Tudo o que iria ajudar a colocar Roslyn Phillips e Northern Aggression fora dos negócios. — Eu disse. Finn atirou o polegar e o indicador para mim, imitando uma arma. — É isso aí. Especialmente desde que Vinnie disse que Mab estava fazendo seu clube o tipo de lugar onde vale tudo. Há abundância de pessoas em Ashland com um monte de dinheiro e um monte de vícios doentes, torcidos. Não há como dizer quanto dinheiro Mab poderia ganhar desta coisa, se ela fizer certo. E ambos sabemos que ela vai. — Bem, nós vamos apenas ter que ver o que podemos fazer sobre isso. — Eu disse, olhando através dos óculos de novo. — O que você descobriu durante seu passeio pelas instalações? — Não muito. — Finn admitiu. — Um par de caminhões trouxe mais alguns suprimentos poucos minutos atrás, e havia apenas homens demais perambulando para eu chegar muito longe no pátio ferroviário. Mas eu vi LaFleur entrar naquele carro ali. Aquele após o pátio. Ele apontou para mim. O carro estava quase no centro exato do pátio de trens, com pessoas indo e voltando ao redor dele. Claro, Elektra LaFleur tinha ido onde seria o mais difícil de chegar perto dela sem ser visto. Soltei uma maldição suave. — Por que ela não podia escolher um bom, escuro, quieto, deserto local para fazer suas maquinações do mal? — Porque ela é uma vadia arrogante e seu principal objetivo na vida é te frustrar antes de te matar. — Finn brincou.
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Eu dei-lhe um olhar azedo, mas Finn apenas piscou-me outro sorriso largo. Depois de um momento, entretanto, o sorriso caiu de seu rosto, e ele estava sério mais uma vez. — O que você quer fazer, Gin? — Finn disse. — Ir atrás de LaFleur lá embaixo vai ser arriscado. Eu não estou tão certo de que valha a pena - especialmente já que eu não vi nenhum sinal de Natasha. Ninguém montando guarda, ninguém carregando comida em qualquer lugar, nada. Suspirei. Eu tinha esperado que até agora Finn tivesse encontrado alguma indicação de que a garotinha ainda estava viva. Mas independentemente disso, eu sabia o que tinha que fazer. — Eu sei. — Eu disse em voz baixa. — Eu sei que estou assumindo um grande risco aqui esta noite. Mas prometi a Vinnie que se sua filha ainda estivesse viva eu faria o meu melhor absoluto para encontrá-la e trazê-la de volta para ele em uma peça. Se há sequer uma chance de que ela esteja em algum lugar lá em baixo, então eu tenho que ir procurá-la. E se ela não estiver, bem, talvez eu vá ver exatamente o quão boa LaFleur realmente é. Finn assentiu, aceitando minha decisão. — Então o que você quer que eu faça? Acompanhe ou fique parado? Eu teria um tempo difícil o suficiente deslizando através dos trabalhadores de construção abaixo. Dois de nós tentando fazer isso seria suicídio. Então meus olhos esquadrinharam a área mais uma vez antes se fixarem em um dos vagões que estava estacionado longe dos outros. A ligeira subida onde estava empoleirado oferecia uma visão do todo o pátio de trens e o bônus adicional de uma saída livre,
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fácil na parte de trás. Se eu fosse pega, eu não ia arrastar Finn para baixo comigo. — Cubra-me de cima do carro. — Eu disse, apontando-o para ele. — Eu vou entrar para ver se posso chegar à LaFleur. — E se você não puder? — Finn perguntou. Dei a ele um sorriso frio, duro. — Talvez se eu não puder chegar perto o suficiente para matá-la, eu possa fazê-la sair e você possa colocar um par de balas naquele lindo craniozinho dela. Morto é morto, lembra? Isso é o que Fletcher sempre nos dizia. Eu não me importo com como LaFleur chegue lá, desde que nós ainda estejamos respirando no final e ela não esteja.
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Capítulo 16 Finn e eu debatemos alguns detalhes rápidos, como o fato de que era para ele sair de Dodge6 se as coisas dessem errado para mim no pátio de trens. Então nós dois baixamos máscaras de esqui pretas sobre nossos rostos e rastejamos para dentro da noite. De volta antes da minha aposentadoria, quando eu tinha matado pessoas por dinheiro como a Aranha, eu não me incomodara em usar uma máscara de esqui. Principalmente, porque nunca deixava ninguém vivo após o fato para falar sobre como eu parecia ou dar à polícia qualquer tipo de descrição útil minha. Mas desde que eu declarara guerra à Mab Monroe, eu usara uma máscara enquanto eu estivera fora perseguindo seus homens. Porque eu tinha outras pessoas em quem pensar agora além de mim. Finn, as irmãs Deveraux, Owen, Eva Grayson e Bria. Dessa forma, se alguém me detectasse, a máscara esconderia meu rosto, minha identidade. Uma precaução pequena que tomei para manter meus entes queridos em segurança. Esperei Finn entrar em posição com seu rifle em cima do vagão antes de espalmar uma das minhas facas e descer a colina até o pátio de trens. Cheguei ao primeiro vagão sem nenhum problema e cuidadosamente, lentamente, espiei ao redor do lado. Luzes tinham 6
Dodge City, Kansas, parte de um clichê de antigos filmes de faroeste sobre a cidade
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sido penduradas por todo o pátio para que os trabalhadores pudessem ver o que estavam fazendo, o que significava que estava mais brilhante que o suficiente aqui embaixo - de fato, muito mais brilhante do que eu queria que fosse. Ainda mais detritos desordenavam o chão do que o que eu avistara da colina, e tive que ter cuidado com onde pisava, de modo a não enviar metal, rochas e mais escorregando para dentro das sombras. Debaixo de meus pés, o cascalho resmungava, gemia, rangia e choramingava, assim como todos os trens tinham feito tantas vezes aqui ao longo dos anos. O ar cheirava a água, óleo, graxa e ferrugem. Levei cerca de vinte minutos para manobrar através do pátio de trens. Fiquei bem longe do tumulto de atividade ao redor do velho pátio, como esse seria o lugar mais perigoso para eu ser pega, e trabalhei o meu caminho ao redor até o vagão onde Finn disse que LaFleur havia desaparecido. Enquanto eu me esquivava de sombra em sombra, também me mantinha atenta por qualquer sinal de Natasha. Mas Finn estivera certo sobre isso também. Eu não vi qualquer pessoa montando guarda fora de um dos vagões, ninguém levando uma bandeja de comida para qualquer lugar, e nada mais que pudesse indicar que a garota estava sendo mantida aqui em algum lugar. Todos os trabalhadores da construção pareciam focados no pátio, nos vagões e em seus reparos neles. O que significava que Natasha já tinha sido provavelmente estuprada, torturada e morta.
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Meu coração se torceu com o pensamento desagradável, mas eu o empurrei de lado e continuei me movendo. Finalmente, fui capaz de subir deslizando ao lado do vagão que Elektra LaFleur entrara. Já que eu não queria dar uma chance a alguém do pátio de me ver pairando ao lado das janelas da frente, rastejei para a parte traseira, o lado que ficava de frente para o Rio Aneirin. Luzes ardiam dentro do vagão e eu fui para a janela traseira mais distante, onde o brilho dourado era mais fraco. Para minha surpresa, estava na verdade aberta, como se alguém tivesse se esquecido de fechá-la completamente o contra o frio. A janela estava a cerca de três metros do chão, então tive que escalar a escada do lado direito do carro para ver através dela. Fiquei ali pendurada em pleno ar, como uma Aranha agarrada a sua própria teia e espiei lá dentro. O interior do vagão estava completamente terminado - muito opulentamente. Tapete carmesim grosso cobria o chão, enquanto que as paredes foram feitas brilhar com um prateado de alto brilho. Uma mesa solitária coberta com uma fina toalha branca ficava no meio da área retangular. Uma única rosa vermelha se empoleirava em um vaso de cristal comprido em cima da mesa, que era feito com porcelana de ossos com um padrão floral escarlate em redemoinho através dele. Um balde de prata de champanhe gelava nas proximidades, enquanto um lustre de cristal pendia sobre a mesa, enviando faíscas do arco-íris de luz em todas as direções. Uma enorme cama coberta com lençóis de seda preta e travesseiros de brocado carmesim ocupava a parede de trás. Tudo junto, o vagão parecia algum tipo de bordel de alta classe, exatamente como Vinnie tinha dito que iria.
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Elektra LaFleur descansava em uma namoradeira carmesim no canto, o verde escuro de sua camisa parecendo particularmente berrante contra o tecido cor de sangue. Ela rodopiava uma única orquídea branca na mão, o mesmo tipo de flor que ela tinha deixado no cadáver eletrocutado do anão há duas noites. Eu me perguntei em que corpo ela planejava largar a orquídea esta noite. Mas o que mais me surpreendeu foi que LaFleur não estava sozinha - Mab Monroe estava dentro do vagão com ela.
***
Mab relaxava à mesa, bebericando uma taça de champanhe. O brilho dourado do líquido combinava com o jogo de luzes do candelabro por todo o colar de explosão solar que rodeava a garganta cremosa da elementar de Fogo. Os raios dourados da runa tremeluziam como se estivessem realmente em movimento, enquanto o rubi definido no meio do modelo orgulhosamente sussurrava de fogo, morte e destruição - um som que sempre me fazia ranger os dentes. Mab estava vestida hoje à noite em um terno de calça verde escuro que fazia seu cabelo cor de cobre parecer ainda mais vermelho do que o habitual. Apesar das luzes claras do candelabro, os olhos da elementar de Fogo ainda eram piscinas negras sem fundo que pareciam sugar o fulgor dos cristais pendurados acima de sua cabeça. Eu supus que era apenas apropriado, já que a própria Mab consumia tudo com o que entrava em contato, exatamente como o
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fogo destruía o que estivesse em seu caminho e não deixava nada para trás além de cinzas opacas, cinzentas, inúteis. — Bem, Elektra, tenho que admitir que você chicoteou os gigantes e outros construtores em boa forma. — Mab murmurou, tomando outro gole de seu champanhe. Sua voz era tão macia e suave quanto
seda,
delicadamente
raspando,
mas
havia
uma
clara
subcorrente de poder em cada palavra que ela falava. — Eu não ouvi quaisquer reclamações resmungadas sobre trabalhar durante a noite do jeito que eu tinha antes de você chegar à cidade. LaFleur lhe deu um sorriso fino. — Você me contratou para vir a Ashland, para restaurar… a moral e autoridade na sua organização após a morte prematura de Elliot Slater. Para te ajudar a abrir sua nova boate. Isso é o que eu tenho feito. Estou levemente decepcionada que só tive que matar dois de seus homens para colocar todos eles de volta sob controle. Foi dificilmente um desafio. — Três, contando o anão você eletrocutou nas docas. — Mab a lembrou. — O que eu ainda acho que foi desnecessário. LaFleur deu de ombros. — Bem, eu não poderia deixá-lo sair por aí falando sobre o fato de que eu estava na cidade caçando a Aranha, agora eu poderia? — Não. — Mab disse. — Suponho que não. Especialmente desde que você falhou em fazer uma armadilha e matar a Aranha como você me prometeu. A voz da elementar de Fogo ainda era macia, ainda leve, mas não havia dúvidas sobre a repreensão mordaz em suas palavras. Mab estava puta que LaFleur não tinha me ensacado ainda. Era
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provavelmente a primeira vez em um longo tempo que a elementar de Fogo não conseguira exatamente o que queria exatamente quando queria. Yeah, meu coração realmente sangrava por ela. Elektra reconheceu a farpa no tom de Mab também. Seus olhos se estreitaram, e um pouco de relâmpago verde tremeluziu em seu olhar. Mesmo através do metal do carro, pude sentir a carga elétrica no ar ao redor dela. — Conseguir que aquele barman se gabasse sobre o seu suposto carregamento de drogas foi um plano sólido. — Elektra disse. — Foi exatamente o tipo de coisa da qual a Aranha iria atrás, de acordo com o que você me contou dos ataques anteriores dela contra você e sua organização. Não foi minha culpa que ela não mordeu a isca desta vez. Os próprios olhos de Mab se estreitaram com a insolência casual da assassina. — E você me prometeu que a vadia estaria morta antes do Natal. Algo que eu te paguei uma grande quantia de dinheiro para realizar. Algo que você ainda não fez. Eu estava levemente curiosa para saber exatamente quanto Mab pagara a LaFleur para me caçar e me matar. Do arquivo de Fletcher, eu sabia que a taxa corrente da assassina era de três milhões para o mais simples dos golpes. Mas não havia nada simples sobre a aceitar a Aranha. Então, quanto Mab tinha dado à outra assassina para seduzi-la a vir a Ashland e tentar? Quatro milhões, talvez? Cinco? Mais? Eu teria gostado de saber, só para que eu pudesse contar a Finn e observar seus olhos cintilarem com o pensamento de tanto dinheiro assim e o que ele poderia fazer com ele.
203
— Eu não gosto de pessoas que não cumprem suas promessas feitas a mim. — Mab continuou em uma voz suave. — Acho que não tenho que dizer a alguém de suas habilidades e qualificações o que acontece quando um dos meus empregados me desagrada. Fogo negro tremeluziu nos olhos de Mab quando ela abraçou sua magia elementar. Mesmo que o metal do carro nos separasse, ainda pude sentir o calor intenso dela, picando minha pele como agulhas em brasa. Adicione a isso a carga elétrica da magia de LaFleur, e isso criava uma sensação desconfortável. Sem mencionar que sentir o poder delas, que era tão diferente da minha própria magia de Gelo e Pedra, fez uma voz pequena, primitiva começar a resmungar na parte de trás da minha cabeça. Inimigo, inimigo, inimigo… rangi meus dentes para evitar rosnar. Elektra continuou rodopiando a orquídea branca em sua mão, como se as duas estivessem conversando sobre algo tão simples e mundano como o clima. Se estava com medo de Mab e do que a elementar
de
Fogo
poderia
fazer
com
ela,
a
assassina
não
demonstrou. — Você sabe, você nunca me contou a verdadeira razão pela qual você quer tanto a Aranha morta, em primeiro lugar. — Elektra murmurou. — Ela matou Elliot Slater e tem apanhado meus homens como se fossem moscas. — Mab retrucou. — É por isso que eu a quero morta. Elektra inclinou a cabeça para um lado e estudou Mab, inteligência astuta reluzindo em seu olhar verde, junto com as faíscas
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piscando de sua magia elétrica. — Se isso fosse tudo o que havia nisso, então você teria contratado alguém muito menos dispendioso para vir e fazer o trabalho, em vez de pagar o preço alto para mim. Não, eu acho que há algo mais acontecendo entre vocês duas. Importa-se de me contar o que é? Estudei a elementar de Fogo. Um bocado raro de emoção tremeluziu em seus olhos negros, mas eu não podia dizer se era aborrecimento com LaFleur ou preocupação com o que a assassina deduzira até agora. Mais uma vez, não pude deixar de me perguntar se a própria Mab juntara dois mais dois já, se ela sequer se lembrava de Genevieve Snow, a garotinha que torturara todos aqueles anos atrás, e o colar de runa de Aranha que usara para fazer isso. Ela provavelmente tinha. Não importa o quanto eu odiasse Mab, ela estava longe de ser estúpida ou esquecida. Mesmo que eu não tivesse nenhuma informação real para apoiar a minha teoria, não era exagero demais pensar que Mab sabia exatamente por que eu estava atrás dela, especialmente desde que Bria tinha voltado para a cidade. Eu só me perguntava se a elementar de Fogo sabia que eu era aquela que ela realmente queria matar. A irmã Snow que era a ameaça a ela, aquela com ambas, magia de Gelo e Pedra, a garotinha que crescera com desejo, habilidades e talvez até mesmo o poder para matá-la. Os lábios de Mab se curvaram para cima, mas o resultado não foi agradável. Morte provavelmente tinha um sorriso mais convidativo do que ela. — Eu te pago para matar pessoas, Elektra, não fazer perguntas. Se você não pode se lembrar disso, então vou encontrar alguém que possa. Imediatamente. E não seja estúpida o suficiente de
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pensar que Jonah irá intervir e salvar você. Ele só está te fodendo para que você mate Gin Blanco para ele. Meus olhos se estreitaram. Então Mab sabia sobre o plano de seu advogado de me eliminar e que ele estava ficando ocupado com a nova assassina dela. Interessante. — Contar com Jonah para me salvar? Por favor. — Elektra soltou uma risada leve, zombeteira. — Não preciso de ninguém para me salvar. Só estou dormindo com ele para passar o tempo. Quando ele me entediar, e ele logo vai, vou passar para outra pessoa. Quanto a me livrar dessa pequena cozinheira… — Ela deu de ombros. — Vai matar meia hora. Mab tomou outro gole de champanhe dourado e estudou a outra mulher. — Pelo menos tente fazer parecer um pouco com um acidente. Blanco não é sem amigos, e eu tenho aborrecimentos suficientes para lidar agora mesmo com a Aranha. Elektra inclinou a cabeça. — Claro. Mesmo lá fora no frio, pude ouvir a mentira em sua voz. Não haveria nenhum acidente elaboradamente encenado. A assassina ia me eletrocutar exatamente como fez com todas as suas outras vítimas. Mab assentiu e colocou a taça de champanhe em cima da mesa. — Agora, minhas fontes do departamento de polícia me dizem que não há pistas sobre o assassinato dos meus três homens no parque ao lado da Northern Aggression. Exceto, é claro, por aquela maldita runa de Aranha desenhada na caixa de areia.
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Elektra levantou uma sobrancelha preta. — Você realmente acha que ela seria descuidada o suficiente para deixar qualquer evidência para trás que ela não queria que você encontrasse? — Talvez, se você estivesse lá, teria sido capaz de cuidar do problema de uma vez por todas. — Mab retrucou. — Foi você quem me afastou de seus homens naquela noite porque queria uma atualização. — Elektra disse. — Eu pensei que eles pudessem lidar com algo tão simples quanto matar um barman. Evidentemente eu os subestimei. Exatamente do jeito que você tem subestimado a Aranha até agora. As duas mulheres se encararam, magia tremulando em ambos os seus olhares. A sensação de seu poder elementar - o Fogo de Mab e a eletricidade de Elektra - se amplificou, até que as sensações crepitavam como um relâmpago invisível à minha volta. Por um momento pensei que talvez elas fossem uma para a outra e usar sua magia para decidir exatamente quem era a maior vadia no quarto, assim como tantos elementais tinham feito antes delas. Mas é claro que minha sorte poderia nunca, jamais ser tão boa assim. Depois de um momento, Elektra baixou os olhos verdes para sua orquídea branca, rodopiando-a mais uma vez e aquiesceu com Mab - por enquanto. — Eu vou encontrar a Aranha. Não se preocupe com isso. É por isso que você está me pagando, e eu sempre cumpro exatamente o que meus clientes querem - quer seja morto na chegada ou sete palmos abaixo. — LaFleur disse.
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Mab assentiu, aceitando as promessas da outra mulher - por enquanto. — Terei outro trabalho para você depois da Aranha. Nós conversamos sobre isso antes. — A policial? Aquela com a magia elementar? Mab assentiu de novo. Minha mão se apertou em volta da faca de silverstone na minha mão. Bria. Elas estavam falando sobre Bria. Tinham que estar. Um par de semanas atrás, Mab enviara Slater e alguns de seus homens para assassinar Bria. Agora, ela ia colocar LaFleur no trabalho. Outra razão para matar as duas, o mais rápido possível. — Considere feito. Agora, sobre as questões mais prementes. O que você quer que eu faça com a garota? — Elektra disse. — Ela ainda está choramingando no vagão próximo e pedindo seu papai. Minha respiração ficou presa na garganta. Natasha. Do que LaFleur acabara de dizer, a garotinha estava aqui e, ainda mais importante, continuava viva. — Já que Vinnie não estava entre os cadáveres no parque, tenho que assumir que a Aranha pôs as mãos nele e perguntou-lhe sobre todo o assunto confuso. Se ela é tão implacável quanto alega ser, então ela o matou até agora por tentar te ajudar a fazer uma armadilha para ela. — Mab disse. — O que significa que a garota não tem nenhum uso mais. — Mas e quanto ao seu novo clube? — LaFleur perguntou. — Pensei que você ia usar a garota lá. Torná-lá a primeira estrela no seu
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estábulo, por assim dizer. Ela deve te fazer ganhar bastante lucro entre a multidão amante-de-criança. Então Brown, o vampiro no parque, estivera certo sobre a boate de Mab - ela planejava torná-lá um lugar onde tudo acontecia. Até mesmo servir crianças indefesas para pedófilos apenas para que ela pudesse ganhar mais alguns dólares. A vadia sem coração, arrogante. Raiva me encheu, a frieza dela se agrupando no meu estômago e meus lábios recuaram em um rosnado silencioso. Mab deu de ombros. — Não lucro suficiente para fazer valer o meu tempo. Ela está ficando velha demais para o que alguns dos meus clientes em perspectiva querem e sua coloração é toda errada. Além disso, ela é uma ponta solta, e é sempre melhor cortar essas antes que elas desfiem você. A elementar de Fogo encarou a assassina sem nenhuma misericórdia ou sentimento de qualquer tipo em seu olhar negro sem alma. — Então, mate a pirralha. Esta noite.
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Capítulo 17 Mab e Elektra começaram a conversar sobre outras coisas então, nomeadamente o quão rápido elas achavam que os trabalhadores da construção poderiam terminar de remodelar o antigo pátio de trem e todos os vagões. Fiquei pendurada na escada do lado de fora da janela e considerei minhas opções. Agora mesmo, eu estava tão perto das duas mulheres como eu poderia possivelmente chegar e ainda pegá-lás de surpresa. Eu ansiava matá-lás, as duas. Cada célula do meu corpo gritava comigo para fazer isso. Invadir pela janela, atirar minhas facas de silverstone, e atacá-lás com cada grama de magia de Gelo e Pedra que possuía. Mas o problema era que havia duas delas, ambas poderosas, perigosas elementais em seu próprio direito, que eram mais do que felizes de usar sua magia para matar. Enquanto que eu estava aqui fora balançando na brisa toda por minha pequena solidão, exceto Finn e seu rifle através do pátio de trens. Não havia nenhuma janela do lado do vagão de frente para a localização dele, e tão bom quanto Finn era com sua arma, mesmo ele não poderia disparar através de metal sólido. Não desta distância em todo o caso, nem mesmo com as balas de silverstone que eu sabia que ele sempre usava. E a verdade era que enquanto eu poderia ter sido capaz de remover Elektra sozinha, eu não tinha a mesma confiança quando se
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tratava de Mab. Não depois do que eu a vira fazer à minha mãe e irmã mais velha todos aqueles anos atrás. Jogue Mab e sua magia de Fogo na mistura com a eletricidade de LaFleur e eu era aquela que acabaria sendo morta. Mas o mais importante, tinha Natasha para pensar. A garotinha assustada que já sofrera quem sabia que tipos de horrores. E ela ia morrer esta noite pela mão de LaFleur, a menos que eu decidisse ir salvá-lá. Agora mesmo. Fiquei ali pendurada na escada por um segundo mais, debatendo minhas escolhas. Tentar matar Mab e LaFleur ou ir salvar uma garotinha. Não havia escolha, realmente. Nunca houvera. Eu podia ser uma assassina de sangue frio, mas mesmo eu ainda tinha um coração, os pedaços pequenos, negros, remendados que haviam restado dele. Além disso, eu prometera a Vinnie que encontraria sua filha e a traria de volta para ele, não importa em que tipo de forma terrível que ela pudesse estar. Eu não voltava atrás na minha palavra — nunca. Não como Gin Blanco e certamente não como a Aranha. Então eu saltei do meu poleiro na escada, espalmei outra das minhas facas de silverstone e escorreguei para a escuridão.
***
De acordo com Elektra LaFleur, Natasha estava sendo mantida no próximo vagão, que ficava a cerca de quinze metros à minha esquerda e para trás do antigo pátio. Mantendo-me nas sombras,
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escolhi meu caminho através do pátio de trens, ainda cuidadosa para não enviar qualquer dos detritos espalhados pelo chão voando com meus pés. Foi fácil o suficiente subir me arrastando pelo vagão, me apressar até a metade da escada de metal do lado de trás, e espiar dentro da janela. Ao contrário do vagão onde Elektra e Mab estavam, este não tinha sido completamente renovado ainda. As paredes tinham sido polidas a um prateado de alto brilho, mas nenhum dos outros móveis havia sido colocado no lugar. O chão estava nu e apenas uma solitária lâmpada estava pendurada em cima. Mas ainda havia abundância de luz para que eu visse os dois gigantes
sentados
lá
dentro,
suas
estruturas
de
2,1
metros
debruçadas sobre a pequena mesa onde eles estavam jogando cartas. Olhei para o canto mais distante. Uma terceira forma, muito menor, se encolhia ali contra a parede, enterrada sob uma pilha de cobertores sujos, esfarrapados. Tinha de ser Natasha. Observei os cobertores, acompanhando a leve, constante ascensão e queda deles. Ela ainda estava respirando, pelo menos. Eu não sabia em que tipo de forma a garota estava, que coisas horríveis foram feitas para ela, mas não importava muito para mim neste momento. Eu tinha prometido a Vinnie que faria tudo o que pudesse para resgatar sua filha - mesmo que ela pudesse já estar morta e quebrada por dentro. A porta da frente do vagão estava aberta pela metade e, infelizmente o suficiente, era de frente para o pátio onde tanta da ação de construção estava acontecendo. O que significava que eu não poderia entrar daquele jeito, não sem chamar atenção indesejada. 212
Pensei em minhas opções, depois enfiei uma das minhas facas de silverstone de volta na minha manga, segurando uma em minha mão direita apenas. Depois atraí uma respiração, coloquei minha mão esquerda na janela e alcancei minha magia Gelo. Uma fria luz prateada tremeluziu na minha palma, centrada sobre a cicatriz de runa de aranha, e cristais de Gelo em forma de flocos de neve se espalharam da minha mão, congelando a janela. Como sempre, surpreendeu-me o quanto mais fácil era usar minha magia de Gelo agora, quanto mais controle eu tinha sobre ela do que antes, e mais especialmente, quanto mais forte era. Mas empurrei os pensamentos de lado e me concentrei na tarefa em mãos. Usei apenas um fio de poder, visto que Mab e Elektra não deixariam de notar algo mais já que eram elementais também. Ainda assim, em segundos, a janela inteira completamente se cobrira de Gelo, vidro, estrutura de metal e tudo. Quando fiquei satisfeita que tornara o vidro fraco e quebradiço o suficiente para meus propósitos nefastos, soltei minha magia de Gelo e abaixei a mão. Escalei mais um degrau na escada, calculando os ângulos e meu método de ataque uma última vez. Então puxei outra respiração e mergulhei pela janela. Enviei outra breve explosão de magia de Gelo enquanto eu a atravessava, desejando que a parede grossa dele que eu colocara sobre a janela se estilhaçasse. Funcionou e levou o vidro junto com ela. Eu me dobrei em uma bola apertada, atingi o chão do vagão, e subi golpeando com a minha faca.
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Os dois gigantes nunca tiveram uma chance. Eles olharam para cima enquanto a janela se despedaçava, espantados com o forte, súbito e inesperado ruído. Enquanto eles ainda estavam processando o que estava acontecendo, eu já estava me movendo em direção a eles. Com minha primeira passada, cortei a garganta do homem mais perto de mim. Sangue respingou nas cartas em cima da mesa, transformando todas em corações vermelhos. O gigante agarrou o louco sorriso carmesim em seu pescoço, gorgolejando e respirando com dificuldade, mas a luz já estava começando a vazar de seus olhos. O segundo homem era um pouco mais rápido. Ele na verdade conseguiu se levantar antes de eu chegar a ele. Pulei para cima da baixa mesa de carteado e enterrei a faca de silverstone em seu coração. Ele começou a gritar de dor, mas eu apertei minha mão sobre sua boca, arranquei a faca e a usei para cortar a garganta dele também. Seus braços se agitaram selvagemente por cerca de dez segundos antes de seu cérebro parar de trabalhar. Ele bateu no chão e ficou imóvel. Saí da mesa de carteado, a faca ensanguentada ainda na minha mão, rastejei até a frente do vagão e olhei para fora através da porta parcialmente aberta. Os lamentos de serras elétricas e constantes batidas de martelos enchiam o ar. Ninguém lá fora me ouvira despedaçar a janela e matar os dois gigantes, porque ninguém estava olhando, correndo ou apontando nesta direção. Em vez disso, os homens continuaram com seu trabalho de construção, alheios ao perigo no meio deles. 214
Dei uma olhada por cima do ombro para os dois gigantes, mas a mesa de carteado deles estivera escondida fora da vista da porta aberta.
Seus
cadáveres
não
podiam
ser
vistos
por
ninguém
casualmente olhando nesta direção. Satisfeita que eu estava segura por alguns segundos, me dirigi para a pilha de cobertores no canto. Quem quer que estivesse dentro ouviu meus passos e os cobertores se deslocaram e depois lentamente se abaixaram. Natasha Volga deu uma espiada de debaixo das camadas de tecido, suas costas pressionadas contra a parede do vagão. Ela parecia muito com Vinnie, com cabelo castanho escuro, olhos azuis e um rosto bonito, redondo que ainda não tinha perdido completamente aquele último bocado de gordura de bebê ainda. Ela parecia… bem, eu não sabia exatamente quão velha ela parecia. Não era como se eu tivesse gasto qualquer tempo em torno de crianças. Lembrei-me de Roslyn dizendo que ela tinha oito anos ou talvez dez. Também me perguntei se ela tinha o mesmo tipo de magia elementar de Gelo de seu pai, mas agora não era a hora de perguntar. Caí de joelhos na frente dela e Natasha se encolheu ainda mais de mim, como se quisesse se fundir ao metal do vagão só para escapar de mim. Não pude culpar a criança por isso. Eu só podia imaginar o quão assustadora parecia em minhas roupas pretas, com a máscara de esqui ainda cobrindo meu rosto. Mas eu não ousei tirálá, nem mesmo para ela. Eu também podia sentir o sangue quente que revestia meu tronco como uma mortalha carmesim. Ainda mais da substância pegajosa pingava da ponta da minha faca no chão do carro. Também salpicava minhas mãos como se eu tivesse estado pintando com ele.
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Larguei a arma perto da minha perna, mas não a guardei. Não quando outro gigante poderia enfiar a cabeça no interior a qualquer segundo. — Oi, meu amor. — Murmurei em uma voz suave e calmante. — Desculpe te assustar, mas estou aqui para te levar para a casa para o seu pai. Natasha estava mais calma do que eu pensei que estaria. Ou talvez tivesse passado por tanta coisa já nas últimas vinte e quatro horas que estava apenas em estado de choque com tudo isso. Em vez de gritar e tentar ficar longe de mim, ela se sentou imóvel e pensou em minhas palavras. — Meu - meu pai te enviou? Sério? — Sua voz não passou do mais nu sussurro, e tive que me esforçar para ouvi-lá. Assenti. — Ele com certeza enviou, meu amor. Agora, vamos te tirar daqui antes que mais desses homens maus venham para cá. Preciso que você seja uma boa garota para mim e não faça um som. Okay? Se você fizer isso, nós duas ficaremos bem e você vai estar de volta com o seu papai muito em breve. Eu te prometo isso, e eu sempre cumpro minhas promessas. Natasha me encarou por outro minuto antes de lentamente assentir. Fiquei levemente surpresa de que ela estivesse disposta a ir comigo tão facilmente, mas as pessoas sempre diziam que as crianças eram mais espertas do que você pensava. Talvez Natasha percebeu que não tinha um monte de opções. Ou talvez tivesse ouvido LaFleur e os outros falarem sobre exatamente o que eles tinham reservado para ela.
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De qualquer forma, eu não hesitei. Fiquei de pé e estendi minha mão suja de sangue. Depois de outro momento de me encarar, Natasha alcançou com seus próprios dedos frios, pálidos, trêmulos e pegou a minha. Puxei a garotinha de pé e os cobertores caíram longe de seu corpo. Para minha surpresa, ela ainda tinha as roupas - um par de pijamas de flanela azul de mangas compridas. Quem quer que a tivesse levado parara tempo suficiente para deixá-lá colocar um par de pantufas nos pés. Os sapatos macios de espuma tinham a forma de sapos verdes. Examinei o que eu podia ver do corpo da garota. Ela tinha uma contusão inchada em uma bochecha e alguns cortes e arranhões em suas mãos, mas caso contrário parecia estar em boa forma. — Natasha, alguém… machucou-te enquanto você esteve aqui? — Perguntei na voz mais gentil que consegui. Eu precisava saber se talvez ela estivesse sangrando em algum lugar que eu não podia ver, se ela tinha outras lesões que eu não tinha notado. Lesões que podiam nos atrasar, isso podia significar a diferença entre nós saindo daqui ou não. — Não. — Ela sussurrou. — Eles estavam esperando até que a senhora com a tatuagem de flor dissesse a eles que estava tudo bem. Alguns deles - me tocaram, no entanto. Isso era horrível o suficiente, mas pelo menos ela tinha sido poupada dos horrores de ser estuprada pelos lacaios de Mab.
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— Eu sinto tanto por isso. — Eu disse, puxando-a até a janela quebrada. — Mais do que você jamais saberá. Mas eu preciso que você não pense sobre isso agora, okay? Apenas se concentre em mim e faça exatamente o que eu disser, tudo bem? Natasha me encarou com seus olhos azuis. — Okay. Não havia nenhum tempo a perder, então saí pela janela quebrada, estendi a mão para dentro, e ajudei Natasha a fazer o mesmo. Seus pijamas azuis eram de longe claros demais para o tipo de sombra espreitando que eu tinha tido em mente, mas eu só teria que me virar. Eu sempre me virava. Lentamente, oh, tão lentamente, conduzi Natasha para longe do vagão. Parecia como se ainda mais homens tivessem chegado enquanto estive matando os dois captores da garota, e o pátio ferroviário estava fervilhando de pessoas. Elas se amontoavam ao redor do pátio, se moviam entre os vagões, e caminhavam para trás e para frente com suprimentos como ocupadas abelhinhas operárias todas se apressando para manter sua exigente rainha feliz. O que, claro, tornou tudo mais difícil para nós duas escaparmos do pátio de trens despercebidas. Várias vezes eu tive que empurrar a garota rente ao chão e cobrir seus pijamas claros com minhas roupas pretas, ensanguentadas, na esperança de que os gigantes passando apenas veriam outra sombra se acumulando no cascalho e não as duas pessoas tentando se esconder nele. Mas funcionou, porque os homens passaram direto e foram cuidar de seus negócios. E Natasha era um soldado. Eu não sabia se estava em estado de choque
ou
completamente
traumatizada
ou
era
apenas
uma
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garotinha extremamente corajosa, porque ela nunca gritou, nem mesmo quando eu a empurrei para baixo sobre o cascalho duro que desfiou seus pijamas macios e cavou em suas mãos e rosto. Tínhamos alcançado cerca da metade do caminho através do pátio quando ela olhou para baixo e viu as manchas cor de ferrugem em seus pijamas sangue dos gigantes que havia se transferido das minhas roupas para ela. Ela soltou um pequeno choramingo então, mas eu agarrei sua mão e a arrastei antes que ela pudesse pensar demais sobre o sangue, de onde tinha vindo e o fato de que ela me vira matar os homens a que já havia pertencido. Finalmente, após cerca de vinte minutos enervantes, cheguei ao vagão onde estava o poleiro de Finn. Soltei um assobio suave, o nosso sinal de longa data, preestabelecido. Cerca de cinco segundos depois, uma sombra negra caiu ao chão à nossa frente. Finn se endireitou, e Natasha sacudiu para trás à sua súbita aparição. — Está tudo bem. — Sussurrei, apertando sua mão fria. — Este é Finn. Ele está comigo. Ele conhece seu papai também e vai me ajudar a te levar a ele. Os olhos de Finn varreram a garota, e ele me deu um olhar questionador. — Ela está em boa forma, considerando todas as coisas. — Eu disse em uma voz baixa. — Não é de perto tão ruim quanto poderia ter sido. Agora, vamos dar o inferno fora daqui antes que encontrem os dois gigantes que eu acabei de matar...
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Gritos soaram através da noite. Porra. Tudo que eu precisara fora mais cinco minutos, mas a sorte decidira não sorrir para mim esta noite. Olhei sobre meu ombro. Com certeza, alguém descobrira os dois gigantes mortos no vagão. A porta estava totalmente aberta agora, e mais e mais homens circulavam em torno daquela área, como bloodhounds7 encurralando um guaxinim em uma árvore. Não demoraria muito antes de eles começarem a procurar quem quer que tenha matado seus companheiros. Eu já podia ver cabeças girando nesta direção. Se fosse apenas Finn e eu, eu não teria me preocupado. Poderíamos ter nos fundido às sombras e voltado aos nossos carros antes de os trabalhadores da construção sequer pensarem em procurar no pátio de trens. Mas agora eu tinha Natasha para pensar também. A garota não tinha os sapatos para uma corrida de velocidade, para não mencionar o fato de que os gigantes veriam facilmente os pijamas azuis dela destacando-se contra a escuridão da noite. Finn ou eu poderíamos tê-lá carregado, mas não com a velocidade ou furtividade necessária para fazer uma fuga rápida e limpa. Os homens de Mab estariam todos sobre nós antes de sequer chegarmos ao topo da colina acima de nossas cabeças. A menos que eu fizesse algo para distraí-los. A menos que eu conseguisse que todos eles se concentrassem em mim ao invés.
7
Bloodhound, também conhecido como Cão de São Humberto, é um cão rastreador, e era utilizado pelos caçadores na caça de grandes animais de pelo, como cervos. É conhecido pelo seu excelente faro, sendo a fama de ter o melhor faro do mundo, conseguindo seguir rastros por até 10 dias.
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Segurei a mão de Natasha e a coloquei na de Finn. — Vá com este homem. Faça o que ele diz, e ele vai te levar de volta ao seu papai. Você me entende? Natasha me encarou por um momento com seus grandes olhos azuis, então assentiu. — Boa garota. Espalmei outra das minhas facas de silverstone. — Gin! — Finn sibilou. — O que diabos você está fazendo? Precisamos ir embora. Neste exato segundo! — Não se preocupe comigo. — Eu disse, já recuando. — Só tire a garota daqui. Finn viu o que eu estava planejando e abriu a boca para protestar, mas eu o interrompi. — Apenas faça isso, Finn. Agora! Sem esperar por uma resposta, virei-me e corri de volta para o pátio de trens.
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Capítulo 18 Ainda me mantendo nas sombras tanto quanto posso, corro de volta do jeito que tinha acabado de entrar. Até este ponto, cada vez mais trabalhadores da construção civil agrupavam-se em torno do vagão aberto, olhavam e conversavam sobre os dois corpos dentro. Pelo canto do meu olho, eu vi Mab Monroe e Elektra LaFleur colocando as suas cabeças para fora, querendo saber o que tinha causado todo aquele repentino barulho. Droga. As coisas tinham ido de mal para pior. As duas mulheres desceram do seu carro e correram para o outro para ver de que se tratava todo aquele alarido. Mesmo quando se aproximavam, gritos enchiam o ar. — É ela! É a Aranha! Ela atacou de novo Um sorriso triste apareceu no meu rosto. Eu não tinha tido tempo para desenhar a minha runa no sangue dos gigantes, mas parecia que não precisava. Eles já sabiam o meu nome. Se nada mais, este pequeno incidente, hoje à noite, iria fazer com que alguns dos homens de Mab pensasse duas vezes sobre trabalhar para ela. Desde que eu consiga sair do deposito viva. Meus olhos examinavam sobre tudo enquanto eu corria à procura de alguma
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coisa que me pudesse ajudar como distração dando ao Finn tempo suficiente para colocar Natasha em segurança. Alguma coisa para fazer barulho, um incêndio ou até mesmo uma explosão. Finalmente, no lado do antigo armazém eu vi algo útil - um lampião antigo de querose que alguém tinha trazido hoje para o calor, luz ou ambos. Melhor ainda, não muito longe da lanterna estava um grande recipiente vermelho que podia apostar estar cheio de algo inflamável. Antes que eu pudesse pegar a lanterna e o recipiente, um anão contornou o lado do deposito e colocou-se entre mim e os objectos. Ele esfregou os dedos grossos, juntos, em seguida prendeu-os sobre a lanterna tentando obter um pouco do calor que podia escapar dentro do vidro. Eu não tinha tempo para ser suave e matá-lo, então, faço um bloqueio em sua volta como um NFL linebacker e levo a minha bota na parte de trás do seu joelho. O anão gritou e fez um encabeçamento no cascalho, batendo de frente nas rochas. Poucas cabeças giraram em nossa direção com o som, mas eu já estava com a lanterna e o recipiente seguindo em frente. Líquido chapinhava para frente e para trás no plástico vermelho a cada passo que dava. Eu salto para a varanda cedendo no pátio velho, corro para o lado e caio sobre um joelho. Luzes brilhavam ao meu redor, mas eu estava parciamente oculta pelo parapeito da varanda em ruinas. Além disso, até agora quase todos estavam reunidos ao redor do vagão olhando para os dois gigantes mortos em vez de olhar para minha direção. Com um olho no meio da multidão, eu tiro a tampa preta do recipiente de plástico. O cheiro acre da gasolina subiu por mim. Sorrio. Tinha visto alguns geradores entre os materiais de construção.
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É claro, necessitam de gás para funcionar. Talvez a minha sorte não me tenha abandonado por completo esta noite. Eu não tinha tempo para ser subserviente ou particularmente criativa, assim eu chutei sobre o recipiente de plástico. A gasolina derramou-se toda sobre a varanda gotejando para fora. Então eu levantei a lanterna sobre a minha cabeça encharcando o alpedre de madeira com o gás. Whoosh! O gás inflamou-se de uma só vez, o calor brilhante vindo dele piscou na frente dos meus olhos sugando a umidade deles. Eu não fui a única a perceber a minha sabotagem. Elektra LaFleur virou a cabeça na minha direção, seu olhar foi atraído pela rápida propagação do fogo. — Ali! — A outra assassina gritou, com um raio verde piscando na mão. — Lá está ela! Peguem-na! Droga. Eu esperava deslizar de volta para as sombras, enquanto todos os outros estavam distraídos pelas bonitas chamas. Isso não irá acontecer agora. Pelo menos todos estavam olhando para esta direção, em vez de Finn e Natasha, fugindo para o lado oposto do pátio de trens. Pontos laranjas ainda piscavam para fora da minha visão, saltei para cima do parapeito da varanda e corri para a escuridão, me afastando do Finn e da garota. Alguns tiros soaram, mas nenhum deles chegou perto de me atingir. Eu nem chego a senti-los a bater no cascalho juntos dos meus pés, não é de estranhar, a maioria das pessoas não sabe atirar,
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muito menos acertar num alvo em movimento no escuro. Mesmo se alguém tivesse sorte e me acertasse, eu ainda usava o meu colete silverstone que iria parar a bala que entrasse em contato com ele. Ainda assim não queria arriscar, me forcei a correr mais rápido. À minha direita vários gigantes começaram a dar caça, não havia preocupações. Gigantes podem ser fortes, mas não eram as criaturas mais rápidas ao redor. Eu não tinha dúvida que eu poderia facilmente distanciá-los com o meu ritmo atual. Mas havia uma pessoa de quem eu não conseguia fugir - Elektra LaFleur. Olhei por cima do meu ombro a tempo de ver a outra assassina correndo atrás de mim, correndo tão rápido como eu. Ela era rápida, tenho que reconhecer. Relâmpagos verdes piscavam em ambas as mãos agora, iluminando seu caminho e deixando-a a vista. Eu podia sentir
o
poder
cru
elementar
no
estranho
relâmpago,
surpreendentemente sentia a carga elétrica mortal mesmo eu estando a uma centena de metros à sua frente, ela era muito forte, ainda mais forte do que eu tinha percebido antes. A sacudida que ela me tinha dado no Pork Pit não era comparável com a energia pura, pulsante que ela segurava agora em suas mãos. Mas mais importante era que Elektra tinha uma vantagem que eu não tinha - estávamos correndo através de um jardim cheio de trilhos de metal, e seria fácil conduzir seu relâmpago pelo metal. Elektra sabia tão bem como eu que o raio movia-se muito mais rápido do que os humanos. É por isso que ela deixou-se cair de joelhos e bateu suas mãos verdes, brilhando para baixo em uma das calhas de metal libertando o seu raio e o enviou na minha direção. A eletricidade fechava-se juntos dos trilhos, saltando de um para o 225
outro até que todo o caminho férreo brilhava com o seu poder chocante. Eu não tive hipótese de fugir do relâmpago, mas eu tinha a minha própria magia, meu próprio poder elementar. Eu só esparava que fosse suficiente para me salvar. Eu cai de joelhos no meio de um conjunto de trilhos, tendo o cuidado para não tocar nenhum deles, enrolada em uma bola, agarrei minha magia Pedra, puxando a magia, minhas veias, cabeça, cabelo, olhos e minha pele ficaram tão duras e sólidas como granito. Afinal, não se pode eletrocultar uma pedra - o relâmpago atingiu-me. Por um momento a minha visão ficou completamente verde, brilhante e peculiar, a misteriosa sombra verde era da mesma cor da magia de LaFleur. Seu poder elementar cruel era esmagado contra o meu corpo, querendo fechar através de mim, da mesma forma que tinha todos os trilhos de metal ao meu redor, mas eu cerro os dentes e empurro de volta com a minha magia de Pedra, mantendo o relâmpago à distância, impedindo-o de entrar através da casca dura da minha pele. Porque se ele fizer isso eu serei morta, frita como uma batata frita assim como Elektra tinha feito ao anão na outra noite. Outro inseto eletrocutado por sua energia elétrica. Mas isso não significa que não tenha ficado ferida. Talvez porque eu nunca tive um encontro com uma elementar de magia elétrica. Talvez fosse porque o poder de LaFleur era tão forte como o meu. Inferno, talvez seu poder trabalhasse na sua própria maneira original. Porque apesar da minha magia de Pedra, eu ainda sentia cada pedacinho de relâmpago, senti cada bocado de carga estática que crepitava a minha volta tentado me de fritar de fora para 226
dentro, o choque repetido uma e outra vez fez o meu coração bater tão forte que eu pensei que o meu peito fosse explodir com a pressão. Eu ainda estava sendo eletrocutada. Tudo o que meu poder de Pedra fazia era impedir que morresse. Eu não sei quanto tempo fiquei encolhida, usando a minha magia de Pedra para bloquear o zumbido de eletricidade a minha volta e um terrível grito silencioso, que não queria sair da minha boca. O suor escorria pelo meu rosto e todo o meu corpo sacudiu com o esforço. Mas finalmente, a minha visão clareou e o relâmpago verde silvou indo para mais longe abaixo das linhas metálicas e finalmente faiscando para longe. Ainda me agarrando à minha magia de Pedra, minha respiração tremia quando respirei fundo. Fumaça verde-cinza subia pelo meu corpo, sufucando-me, é o silverstone, senti o colete quente e tão pesado como uma bigorna pendurada no meu peito. O metal que uma vez foi sólido estava dentro do tecido como água. O silverstone tinha absorvido toda a magia de LaFleur que podia antes de se dissolver no seu estado líquido com o calor do mesmo. Foi preciso muito poder elementar para derreter o silverstone - mesmo muito. Meu colete além de ter salvado a minha vida, impediu-me de morrer frita sem rodeios. Mas a luta ainda não tinha acabado. Minhas pernas tremem, coloco-me de pé, mas tropeço. Atrás de mim ouço Elektra gritar com fúria e surpresa por eu ainda estar de pé, ainda respirando e a funcionando. A magia de Elektra tinha-me atordoado mais do que gostaria, razão pela qual não tenho nenhum plano particular em mente, a excepção de correr para longe dela. Mas neste momento a assassina 227
estava em melhor forma, aproximando-se, já que eu quase fui frita por sua magia elétrica. E então de alguma forma eu ouvi um apito do trem, mesmo acima do batimento do sangue nos meus ouvidos e o bater das minhas botas do cascalho. Ficando cada vez mais alto e mais alto a cada segundo. O som mais bonito que eu já ouvi. Obrigo
as
minhas
pernas
a
andarem
mais
rápidas,
pressionando, até que os meus pés mal tocavam no chão. Eu desvio e vou à direita para linha do trem. Eu estava correndo num nível superior, onde o antigo armazém estava localizado. Mas o pátio também se encontrava a um nível inferior, cerca de trinta metros abaixo de mim, o lugar onde todos os trens usados de Ashland estavam fechados. O trilho inferior do pátio era um tiro certeiro para a cidade, mas não posso ir por ali. Do outro lado na parte inferior do nível, as águas negras do Rio Aneirin corriam ao mesmo tempo em que os trens roncavam ao lado dele. O apito soou novamente, um grito áspero no ar da noite, cinco segundos depois eu vi. Um trem vinha a caminho, movendo-se atrás do nível mais baixo do pátio, uma linha de vagões serpenteava atrás dele. O trem estava se movendo muito mais rápido do que eu, a frente da locomotiva estava ao meu lado em segundos. Eu peguei minha magia de Pedra novamente, usando-a para endurecer a minha pele uma vez mais. E quando um dos muitos trens passou abaixo de mim, eu pulei.
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Parecia que estava suspensa no ar por alguns segundos antes de finalmente cair. Bati na parte de cima de um dos vagões. Foi uns 30 metros de queda, e desde que meu corpo era tão duro e pesado como a minha magia de Pedra, fiz uma almogadela no metal grosso, perfeito, um encaixe perfeito, em forma de Gin com braços e pernas bem abertas como uma personagem de desenho animado. Wiley E. Gin. Por um momento, eu apenas estava lá e respirava, agradecia por ter saltado a tempo e caído em cima do vagão, em vez de escorregar entre dois deles e ficado debaixo das rodas gigantes e implacáveis. Eu duvidava que a minha magia de Gelo e Pedra teria me deixado sobreviver até a isso. Mas o trem não se estava se movendo suficientemente rápido. Dez segundos depois, Elektra LaFleur surgiu, correndo paralelo acima de mim, um poderoso relâmpago verde crepitava nas suas mãos mais uma vez. LaFleur parou e recuou, pronta para me jogar outra bola da sua mortal energia elétrica. Até este ponto, eu estava fraca, tonta e totalemente drenada. Eu não tinha a certeza se podia trazer magia de Pedra suficiente para suportar e afastar o poder de LaFleur novamente, especialmente desde que o meu colete de Silverstone derreteu e o vagão onde estava deitada provavelmente iria conduzir ainda mais a sua eletricidade. Então fiz a única coisa que podia. Eu rolei para fora da Gin-ranhura, caindo para fora do vagão e cai outros 50 pés no rio Aneirin.
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Como uma assassina desde sempre, sente a sensação de déjà vu de tempos a tempos. Quando você mata alguém da mesma maneira que mata outra dúzia de pessoas. Quando usa o mesmo disfarce para se aproximar de um alvo. Quando sente o sangue da sua mais recente vítima, revestido a mão, quente e pegajoso. Eu tinha feito outro mergulho no rio Aneirin a alguns meses atrás, quando um dos meus golpes acabou por ser uma armadilha, então eu estava familiarizada como exatamente o rio era gelado. Maldita seja se hoje a água não estava mais fria. Minha mente, inferno, todo o meu corpo, ficou imediatamente dormente pelo choque. O frio implacável surprendeu-me, fazendo-me estúpida e descuidada o suficiente para abrir a minha boca, água entrou na minha garganta, o gelo, estremeço e isso me congela ainda mais de dentro para fora. A água também arrefece o meu colete de silverstone derretido, transformando-o mais sólido e pesado, uma vez mais, a força da queda retirou a máscara de esqui preta da minha cabeça. Sufoco na água com sabor a peixe, forço as minhas pernas a chutar para cima num ritmo constante, e alguns segundos depois eu quebro a superficie. A corrente já me tinha arrastado várias centenas de metros de distância de LaFleur, embora eu ainda podia ver a faisca verde do seu relâmpago, ficando cada vez mais longe a cada segundo. Eu me perguntava o que aconteceria se a assassina jogasse o relâmpago no rio, se o comprimento inteiro dele se iluminaria com a sua magia elétrica. Estremeço só com o pensamento. Talvez ela esteja muito longe ou talvez, como ela já não tenha muito poder. Alguns segundos se passaram, e nao veio nenhum raio em direção ao rio, algo que eu era infinitamente grata. 230
Eu estava muito atordoada para fazer mais alguma coisa além de ir com o fluxo da corrente. Fui pelo rio abaixo até que vi uma formação rochosa e pensei que pudesse nadar até lá. Então eu respirei, virei minha cabeça, agitando os braços e as pernas tentando ir com a maré, mesmo que não conseguisse senti-las neste exato momento. Não chego às rochas, mas consigo entrar na água rasa e andar até a praia. Caio de barriga na lama e nas ervas frias, ofegante com o meu esforço e totalmente desconectada do meu próprio corpo. Eu não sinto mais nada, nem mesmo o frio que me vai invadindo e me mata lentamente. Não sei quanto tempo eu fico encolhida lá antes de conseguir invocar força para rolar sobre as minhas costas e abrir um dos zíperes do meu colete. Nesta altura, todo o meu corpo tremia com o frio, apesar de na verdade não sentir. Minhas mãos tremiam com força, mas aparentemente, a mensagem não estava chegando ao cérebro, pois não estava registrando como uma sensação real para mim. Não sentia nada, mas estava entorpecida, completamente entorpecida. Ou talvez morta, se é que mortos sentiam. Ajudei muita gente a ficar assim ao longo dos anos, mesmo eu ainda não tinha estado realmente no fim da recepção das coisas. Mas realmente era estranho a runa de aranha brilhando em minhas mãos. Um pequeno círculo rodeado por oito raios finos, ele estava incorporado em ambas as palmas, e ambas estavam tão brilhantes como as luzes de Natal da árvore de Owen Grayson. As runas
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brilhavam com o frio, luz cinzenta - a mesma luz que aparecia sempre que usava a minha magia de Gelo... Mas eu não estava a fazer isso agora. Pelo menos, eu não achava que estava a fazer. Ou se estava eu não sabia por que ou como. É o tipo de coisa que me assusta, a última vez que as minhas mãos tinham brilhado assim foi quando eu finalmente tinha quebrado através do silverstone incorporado nas minhas mãos. O metal foi absorvendo a minha magia, até que eu a forcei a explodir através dele e trouxe uma mina de carvão inteira em cima de mim e dos homens que estavam tentando me matar. Mas isso? Agora? Eu não tinha ideia do que estava acontecendo. Olhei para as minhas mãos mais um minuto. Merda. Isto não pode ser bom. Coloquei a minha magia excêntrica fora da minha mente. Consegui abrir o fecho do bolso do colete e tirei o celular. Olhei de esguelha para o ecrã brilhante, o que significava que eu ainda tinha sinal. De alguma forma a magia de Elektra LaFleur e o meu mergulho no rio não tinham danificado o aparelho. Melhor do que um Timex e muito mais útil agora. Levei 3 lentas tentantivas antes mas consegui acertar um dos números do teclado e, em seguida, fazer a chamada. Ele atendeu ao terceiro toque. — Alô? Mas não era a voz do Finn na linha era de Owen. Eu devia ter carregado no número errado da minha discagem rápida, porque eu queria ligar para Finn não para Owen.
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— Ow... Ow... Owen. — Eu não consegui dizer com os meus dentes batendo, dentes que eu não podia sentir neste momento. — Gin? Onde você está? Está bem? — Preocupação encheu a sua voz. — Pátio de t-t-trem. Eu ss-saltei no rio. Rio - Rio abaixo agora. Finn – Finn está com a garota. Eu sabia que não estava fazendo muito sentido, mas eu simplesmente não conseguia pensar. Não me conseguia me mover, não conseguia fazer nada. Todo o meu corpo, a minha mente, estava tudo dormente, morto e adormecido. — Esta machucada? Onde você está? O telefone escorregou dos meus dedos e caiu para a margem do rio lamacento. — Gin? Gin? A voz do Owen foi a última coisa que me lembro de ouvir antes de o mundo ficar completamente frio, preto e morto.
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Capítulo 19 — Gin! — O sussurro rouco preocupado despertou-me para fora da escuridão líquida onde eu estava tão pacificamente à deriva. — Gin! Está aqui? O som do meu próprio nome me assusta e me faz acordar, os meus olhos se abrem. Pelo menos, eu penso que eles se abrem, eu certamente queria. Mas desde que o mundo ainda permanece escuro, eu não estou muito certa sobre isso. Depois de um momento, os acontecimentos da noite enchem a minha mente, memórias trêmulas e flashes de imagens que devem ter feito mais sentido para mim do que para eles. McAllister e LaFleur comendo no Pork Pit. Esconder-me no trilho do pátio. Encontrar a Natasha. Incendiar o pátio velho para criar uma distração. LaFleur lançando os misteriosos raios verdes ao longo dos trilhos na minha direção. Esse último me fez estremecer. Seu poder tinha-me machucado muito. — Gin! — A voz chamando novamente. E agora alguém estava aqui me procurando no escuro, mas era amigo ou inimigo? — Nós a procuramos em todos os lugares. — Disse uma segunda voz. — Ela não está aqui, não antende o celular.
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Uma mulher. Essa era uma mulher falando. Minha mente não está funcionando completamente como devia, mas eu não quero que uma mulher me encontre. Não queria que Elektra LaFleur me achasse. Eu estremeço e enrolo-me como uma bola, mal ousando respirar. Se a outra assassina me fosse descobrir agora ela poderia acabar comigo com o seu raio. Então LaFleur iria atrás de Bria, Finn e todos os outros que me preocupava, e não haveria ninguém para dete-lá. Eu não iria estar por perto para impedi-lá. —Deixe-me concentrar. — A primeira pessoa fala novamente. O homem, dado o tom profundo da sua voz. Uma pequena parte da minha mente desaprova. Aquela voz parecia... familiar. Por quê? Por que isso soa tão familiar? Por que razão eu gosto tanto do profundo som rosnado? Por que eu quis chamar e responder? Sinto alguma magia num lugar próximo. Mas não era o poder elétrico de
LaFleur e
nem magia de
fogo de Mab
Monroe.
Surpreendemente, essa magia é semelhante ao meu próprio poder de Pedra — frio ainda que calmo e reconfortante. Não é exatamente o mesmo, mas também não é completamente diferente de outro elemento. —Por aqui. Algo se agitou sobre a minha cabeça, e eu ouço pesados passos. As botas de alguém esmagando a lama, ficando cada vez mais perto a cada passo. Eu tento levar a minha mão até o meu colete para pegar
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uma das facas de silverstone escondidas nos bolsos de zíper, mas a minha mão simplesmente não mexe. Nenhuma parte do meu corpo funciona. Não se move, não agarra e não faz nada. Debilmente ocorre-me que mais uma vez não conseguia sentir nada - meus dedos, os meus pés e especialmente qualquer coisa mais entre eles. — Não! Lá está ela! Alguém balança através das ervas onde estou deitada enviando pedaços de terra para o meu rosto, mas eu não tenho nem força para tirá-los. Tenho a sensação de que alguém esta de pé em cima de mim, porém, olhando para o meu corpo frio. — Porque - porque que suas mãos brilham assim? Com essa luz prata? — A mulher sussurra em um tom admirado. — Eu não sei. — O homem fala. — Vai ligar o carro e girar o calor no máximo. Agora. Outro par de pegadas corre para longe, correndo de volta para a margem lamacenta. Mais uma vez tento reunir força para me mover, para me proteger, ou simplesmente abrir os olhos e ver exatamente o que esta nova ameaça é. Mas eu simplesmente não consigo. Não posso fazer nada agora. Braços fortes levantam o meu corpo para fora da lama congelada. Respiro e um aroma rico, um odor de terra enche o meu nariz. Seu aroma, o que sempre me faz pensar em metal, se o metal tiver qualquer cheiro real é o dele. — Owen? — Eu murmuro.
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Pelo menos penso que murmuro seu nome. Meus lábios estão tão frios e duros que eu realmente não os sinto mover. Tento abrir os olhos novamente, mas descubro que não posso. Alguma coisa tinha colado minhas palpebras. Gelo provavelmente, congelando os meus cílios no meu mergulho imprudente no Rio Aneirin. Silêncio. Em seguida, uma mão quente alisa o meu cabelo frio e úmido. — Espera, Gin. Aguenta firme. O mundo fica preto mais uma vez. Eu realmente não sei o que acontece depois disso. Estou vagamente ciente de andar em um carro, com as mãos de alguém tirando a minha roupa pesada, molhada e gelada. De vez em quando eu acordo tempo suficiente para ouvir as pessoas falando. Pedaços estranhos de conversa que eu provavelmente devo ter entendido, mas que apenas não faz sentido para mim. — Eu estou a dirigir tão rápido quanto posso. — Coloque-a na banheira. — Ela está tão fria. Às vezes eu penso ouvir a voz do Owen, outras vezes posso jurar que era Eva conversando com Grayson, mas o que os irmãos estavão fazendo no pátio de trens? Eu fui lá para encontrar Finn, não eles. Simplesmente não consigo que nada faça sentido. Aos poucos o frio do meu corpo vai diminuíndo, um centímetro de cada vez, e o calor me envolve mais uma vez. Os dedos das mãos e
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dos pés começam a formigar com a circulção que lentamente vai se restaurando. Cerro os dentes com as agulhas de fogo que me estão apunhalando uma após outra em uma onda implacável. — Está tudo bem agora querida. — Uma voz suave sussurra. — Podes liberar sua magia de Gelo, agora você está segura Gin. Relaxe. Apenas relaxe. Então eu o faço e mergulho de novo na escuridão.
***
Tento abrir os olhos outra vez, e sou realmente capaz de fazê-lo sem problemas nem lutas de qualquer tipo. Depois de alguns segundos consigo ver e percebo que estou deitada numa cama. Acima da minha cabeça, nuvens brancas pairam num céu azul pintado no teto. As nuvens sonhadoras confortam-me e eu solto um suspiro. Segura. Eu estava segura agora. Pois apenas uma pessoa que eu conhecia tinha os tetos pintados assim, Jo-Jo Deveraux. De alguma forma eu consegui chegar da margem lamacenta do Rio Aneirin até ao outro lado da cidade para casa da anã. Eu não estou muito preocupada como isso tinha acontecido, apenas com o fato de que eu estou segura, quente e que podia sentir os braços e as pernas novamente. Mexo os dedos das mãos e dos pés ficando toda contente quando todos eles respondem ao meu comando interno. Parece que não perdi nenhum para o enregelamento ou hipotermia,
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sem dúvida graças á magia de ar curativa de Jo-Jo. Bom, seria difícil segurar as minhas facas de Silverstone sem polegares. Uma briga fraca soa e eu levanto minha cabeça. Sobre o monte de cobertores que me cobrem, vejo Natasha ao pé da cama. A menina está limpa desde a última vez que a vi no pátio dos trens. Seu cabelo castanho escuro está puxado para trás num rabo de cavalo, e seu rosto está livre de sujeira e lágrimas. O hematoma inchado desapareceu do seu rosto e não vejo mais nenhuma lesão nela. Jo-Jo tinha provavelmente usado sua magia de ar para se livrar delas, bem como para me curar. Agora a menina está vestida com o que parecia ser uma das camisolas pretas góticas da Sophia Deveraux, dado a camisola coberta com sangue e corações partidos. Um moletom e meias completavam o conjunto. Sophia pode ser uma anã, mas a camisola ainda ficava pelos joelhos da menina, parecendo como um vestido em seu corpo magro. O moletom teve que ser enrolado nas pernas várias vezes também. — Oi. — Eu resmungo. Em vez de me responder, Natasha olha para mim mais um segundo, em seguida, vira-se e corre para fora do quarto. Coloco a minha cabeça no travesseiro e fico na cama mais alguns minutos, apenas a me confortando em estar viva, acordada e bem de novo. Movo lentamente o meu corpo, flexionando os dedos das mãos e dos pés para ter a certeza que estava tudo em ordem. Jo-Jo superou-se de novo, pois eu me sinto tão bem como nova, exceto pelo cansaço profundo que me faz querer enrolar e dormir mais oito horas.
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Mas isso é apenas um efeito colateral de ser magicamente curada pela magia de Ar. Especialmente porque tenho a certeza que parecia um cubo de gelo no momento em que a anã colocou suas mãos em na noite passada. A coisa mais importante era que Elektra LaFleur não tinha me matado. E agora que eu sei que minha irmã mais nova, Bria, está na sua lista de alvos, ficando ainda mais determinada a acabar com existência da outra assassina. Não iria conseguir ficar na cama todo o dia. Assim sento-me e jogo fora os cobertores. Realmente deveria estar congelada quando cheguei aqui, pois não tenho um, nem dois, tenho três conjuntos de pijama de flanela, juntamente com cinco pares de meias de lã. Pareço um marshmallow com densas e pesadas camadas de roupa que cobrem o meu corpo. Balanço a cabeça e fico de pé. Dou um passo, tropeço e quase que bato com a cabeça na cômoda de cerejeira ao lado da cama. Os meus pés podem ainda fazer parte de mim, mas aparentemente ainda não seguem as minhas ordens, agulhas de dor queimam no fundo dos meus músculos. Cerro os dentes e coloco as minhas mãos sobre a cômoda de madeira, esperando a sensação passar. Estou condenada se caísse de volta para a
cama. Pelo
menos enquanto
LaFleur ainda estivesse
respirando. E a assassina estivesse com os seus olhos postos em matar Bria. — Não deveria estar em pé. — Uma voz baixa se arrasta. Olho para cima e encontro Owen Grayson ao pé da porta, sua mão apertando uma caneca fumegante.
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Owen parece tão cansado como eu. Seu cabelo preto-azulado estava desordenado, barba de vários dias cobre o seu rosto e as sombras escureciam seus olhos violetas, como se ele não tivesse dormido muito na noite anterior. Ele está vestido casualmente, com uma blusa de gola alta preta e grossa que destaca seus ombros largos, mas a lama cobre suas botas e joelhos, as suas calças jeans estão manchadas. Faço uma careta. — Porque há lama em toda a sua roupa? — Porque fui eu que a encontrei ontem à noite. — Owen diz. — Você me ligou. Não lembra? Eu tenho uma vaga lembrança de ligar para o número de Owen ao invés de Finn, mas isso era tudo. Concentro-me em flashes, luz e sons que vagam na minha mente, preenchendo algumas lacunas de ontem à noite. — Eu liguei para você e foi me procurar. — Eu digo. — Mas como me encontrou? Eu não dei instruções precisas. — Owen apoiase contra a porta e toma um gole da sua caneca. O cheiro doce de chocolate quente me dá água na boca. — Não, mas eu liguei para Finn, e ele me disse onde estava e o que os dois estavam fazendo. Quando me ligou, disse que tinha pulado no rio e estava indo rio abaixo. Disse a Finn e ele foi capaz de adivinhar onde você poderia ter caído. Então entrei no carro e fui procurar. — E Eva foi com você também, não foi? Eu me lembro de ouvir a voz dela.
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Owen assente. — Ela não me deixou ir sem ela, e eu pensei que dois procurando seria melhor do que um. Balanço a cabeça. — Mas mesmo se tivesse uma ideia geral do lugar onde eu estava ainda levaria horas para procurar a margem do rio, especialmente no escuro. Então, como me achou? Owen entra no quarto e pega alguma coisa que estava em cima da mesa da cabeçeira, do outro lado da cama. Luz solar entra através da janela e faz brilhar as minhas facas de Silverstone. —Estas. — Diz ele. —Eu sabia que tinha pelo menos duas delas com você, para não mencionar o metal derretido nas mãos. Então eu só me foquei e concentrei em encontrar qualquer silverstone na área. Eles me levaram direto a você. Claro. Owen tinha o que ele considerava um pequeno talento elementar para o metal, era uma ramificação da Pedra, embora eu soubesse que a sua magia não era nada fraca. O resultado era que Owen podia sentir, controlar e manipular do mesmo jeito que eu podia o Gelo e a Pedra. Ainda assim, ele deve ter gasto toda a magia que tinha para sentir especificamente o silverstone em uma área tão grande, especialmente com todas as latas e restos de metais que enchem as margens do rio. — É por isso que você está tão cansado, não é? — Sussurro. — Você usou toda a sua magia para me encontrar na noite passada. Owen dá de ombros como se não fosse nada. Mas era para mim. Além de Finn e as irmãs Deveraux, eu não me conseguia me lembrar
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da última vez que alguém se preocupou o suficiente para vir a minha procura quando eu estava em apuros. Estava tão acostumada a contar só comigo por tanto tempo, sempre sendo difícil, forte, capaz que eu já me tinha esquecido como era bom sentir alguém se preocupando com você. Em ter alguém para cuidar de mim. E é assim, as cordas frágeis dos meus sentimentos por Owen se unem, todos os fios emaranhados envolvendo e tecendo seu caminho através do meu coração. Assustado e doloroso em alguns aspectos, mas necessário em outros também. Ignorando as agulhas ainda formigando nas pernas, consigo caminhar ao redor da cama. Owen coloca a sua caneca e abre os seus braços. Ando para os seus braços. Por um momento, eu só coloco a minha cabeça contra o seu peito, respirando o seu rico aroma de terra. Então quando me sinto firme suficiente, levanto-me e pressiono os meus lábios nos do Owen. Talvez fosse o meu estado de espírito ou o fato de que eu quase tinha morrido congelada ontem à noite, mas eu me sinto muito bem com o nosso beijo. Os lábios de Owen contra os meus, o seu corpo alinhado no meu, a sua língua lentamente acariciando a minha. A usual paixão desperta para a vida dentro de mim. A sensação de Owen, o cheiro, o gosto dele, aquece-me de uma forma que todas as meias de lã no mundo simplesmente não conseguiriam. Mas não é so o meu corpo que ele afetava. Por mais que tentasse lutar contra isso, o calor também florescia no meu coração,
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desdobrando uma pétala pequena e frágil de cada vez e a emoção tinha-se fortalecido pelo que ele fez por mim ontem à noite. Por vir em meu socorro quando precisava mais dele, por me ajudar quando eu não conseguia e salvar-me. Algum tempo depois o beijo termina. Ficamos ali no meio do quarto, os nossos braços em volta um no outro, sem fôlego. Pela primeira vez eu não tento ignorar o que eu estava sentindo ou finjo que as coisas são apenas fisicas entre nós. Era muito mais do que isso agora. — Bem agora. — Owen murmura contra os meus lábios. — Isso faz tudo valer a pena. Eu recuo e arqueio uma sobrancelha. — Sério? Eu não sabia que um homem podia ser tão facilmente comprado com um simples beijo. Mesmo se houvesse uma boa dose de ação de língua envolvida. Um sorriso malicioso se espalha pelo rosto de Owen, suavizando a cicatriz no queixo e fazendo os seus olhos violetas brilharem de uma forma astuta. — Bem, se tiver mais alguma coisa em mente, estou aberto a sugestões. Apontei com o meu polegar sobre o meu ombro. — Há uma cama neste quarto. — Sim, já tinha reparado nisso. — Disse Owen. — Também reparei que está vestindo um armário de roupas. — Não gosta de olhar para um marshmallow? — Brinquei. — Ou quem sabe, talvez, não consiga passar no desafio de todas as minhas camadas de castidade de lã?
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Os olhos de Owen se estreitaram, e os seus lábios se curvaram num manhoso sorriso sexy. — Oh baby. Não tem nem ideia do que eu faria para passar por essas camadas e alcançar as coisas boas. Dei um beijo suave ao lado da sua boca, em seguida coloquei os meus lábios contra o seu ouvido. — Então porque não me mostra? As mãos de Owen deslizaram pelas minhas costas antes de vir para frente do meu corpo. Nossos olhos se encontraram enquanto ele se desfazia do botão de cima da camisola de flanela que eu estava usando. Alguém soltou uma tosse não muito discreta. Finnegan Lane estava de pé na porta, uma caneca de café chicoria em sua mão e um sorriso conhecido em seu rosto bonito. — Bem, parece que alguém está se sentindo melhor. — Finn disse.
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Capítulo 20 Suspirei e olhei de volta para o Owen. — Outra hora? Ele se inclinou e me deu um beijo rápido nos lábios. — Eu irei cobrar isso. E eu teria dado, se estivesse sozinha, mas Finn estava aqui agora, sem dúvida para me verificar, sabia que os outros iram se perguntar como eu estava. O reencontro romântico e agradecer-lhe por ter salvado a minha vida sexual teria que esperar até mais tarde. Suspirei e saí do abraço de Owen. Por esta altura a maioria dos alfinetes e agulhas tinha desaparecido das minhas pernas, mas ainda não estava muito firme em meus pés, por isso eu segurava o corrimão polido enquanto nós três desciamos. Uma vez que era domingo, o salão de beleza da Jo-Jo estava fechado, mas foi onde eu encontrei a anã de meia-idade, pintando as unhas de Natasha com um rosa claro. Vinnie segurava sua filha no colo, suas mãos ao redor da sua cintura, sua cabeça empoleirada em seu ombro, como se não pudesse acreditar que ela estava com ele, em vez de morta e enterrada. Rosco, Basset Hound de Jo-Jo, estava
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dormindo na sua cesta num canto, como de costume, suas pernas curtas e gordas estavam se contorcendo com algum tipo sonho. Os três olharam para mim em pé na porta. Vinnie levantou-se e sentou a sua filha de volta na cadeira de salão vermelho-cereja. Natasha deu-me um pequeno sorriso, em seguida, estendeu a outra mão para Jo-Jo poder pintar o resto das suas unhas. Ela parecia estar indo bem, considerando todas as coisas. Pelo menos agora estava segura e de volta para seu pai, onde ela pertencia. Vinnie veio e ficou na minha frente, seu olhar estava tão cansado quanto o meu, embora o seu parecesse mais de um alivio feliz do que qualquer outra coisa. O elementar de Gelo hesitou. Em seguida, estendeu a mão. Eu a peguei, e apertamos. Sua palma fria contra a minha. — Gin, a Aranha, como chama a si mesma, qualquer coisa que precisar, qualquer coisa que tenho é seu. — Vinnie disse numa voz baixa. — Tudo o que precisar fazer é pedir. O bartender não me deve nada por salvar a sua filha, nem uma maldita coisa. Resgatar a menina dos horrores e da morte que a aguardavam no deposito dos trens foi o meu prazer. Mas mais do que isso, pensei que Fletcher Lane, meu mentor assassinado, teria orgulho de mim por fazê-lo. O velho tinha um pouco de raia altruísta, ajudando as pessoas em certos problemas confusos. Porra Pro Bono, como ele foi. Claro que eu só tinha conhecido aquele lado do negocio de Fletcher depois de ele morrer, mas eu ainda pensava que o velho teria aprovado a minha ação na noite passada. — Tudo o quiser. — Vinnie disse novamente. — É seu.
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Teria dito a Vinnie que estavamos empatados, mas sabia que seu orgulho paternal teria ditado para encontrar alguma maneira de me pagar. E por mais que eu estivesse começando a desfrutar seguir os passos pro bono de Fletcher, eu nunca fui de dizer não a um favor. — Irei cobrar isso. Ele retornou meu olhar. — Espero que faça. Realmente espero que faça. — Papá? — Natasha disse numa voz suave, nos interrompendo. — Não estão bonitas as minhas unhas? A menina estendeu as mãos para vermos. Vinnie me deu outro sorriso, virou-se, e voltou para sua filha abraçando-a mais uma vez. — Elas estão lindas, querida. Realmente lindas. — Ele sussurrou contra o seu cabelo. E elas estavam. Jo-Jo sentou Natasha no andar de baixo com alguns biscoitos de chocolate que eu tinha feito ontem no Pork Pit, um copo de leite e alguns episódios velhos de Scooby Doo num dos canais a cabo. Vinnie sentou-se no sofá com a sua filha, rindo com ela sobre as palhaçadas da televisão. Jo-Jo, Finn, Owen e eu retiramo-nos para a sala ao lado, a cozinha, que era o meu espaço favorito da casa. Uma mesa retangular cercada por vários bancos altos tomava a maior parte da área, enquanto armários feitos de uma variadade de tons pastel rodeava três das paredes. Runas de nuvens, símbolo de Jo-Jo, poderiam ser encontradas em toda a cozinha, desde a toalha em cima da mesa para 248
os panos de pratos empilhados ao lado da pia até a pintura que cobria o teto. Os meus olhos foram para o relógio em forma de nuvem na parede. Uma da tarde, mais de 12 horas desde que eu tinha feito o meu mergulho de cisne no rio Aneirin. Meus pensamentos se voltaram para todo o tempo que eu tinha perdido e o que pode ter acontecido enquanto eu estava inconsciente. — E quanto a Pork Pit? — Perguntei a Jo-Jo. — Sophia a cobriu. — A anã respondeu, movimentando-se pela cozinha, puxando pratos, talheres para fora das gavetas e armarios. Balancei a cabeça. A anã gotica sabia como gerir a churrascaria tanto como eu. Só esperava que ela não tivesse que trabalhar muito hoje, preparando todas as encomendas de feriado, já que eu não estava lá para ajuda-lá. Jo-Jo pegou uma luva de forno e abriu a porta do fogão. O cheiro apetitoso da recém-assada lasanha veio ate mim, e eu levanteime do banco. — Aqui. — Eu disse. — Deixe-me ajuda-lá com isso. Jo-Jo serviu a lasanha, juntamente com uma salada Caesar e alguns palitos de alho. Os outros já tinham comido. Coisa boa, visto que ataquei a comida com um entusiasmo desenfreado, repetindo três vezes. Depois mais uma vez, tinha sido a melhor parte do dia desde a minha última refeição. Quando terminei, Jo-Jo limpou tudo. No andar de baixo, Natasha tinha terminado os seus biscoitos e o leite tirando agora um
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cochilo. Vinnie roncava junto com a sua filha. Não era de estranhar. Ele tinha passado uma provação traumática como ela, quando pensava que a tinha perdido. — Então me digam. — Disse, uma vez que tudo estava arrumado. — O que se aconteceu ontem à noite? E o aconteceu enquanto eu estive fora? Finn tomou um gole da caneca de café chicoria que estava no balcão. Pelas minhas contas, foi a terceira caneca que ele tomou desde que eu estava acordada. — Depois de ter corrido de volta para o depósito de trens, eu disse a menina para ficar quieta durante alguns minutos, protegendo-a. Foi consideravelmente mais fácil fazer quando você começou o fogo. Ele iluminou todo o deposito como se fosse quatro de Julho. Eu desarmei um casal de gigantes e anões que estavam a caminho. Olhei para LaFleur e Mab na esperança de atirar nelas também, mas não tinha qualquer ângulo sobre elas. Então fiz todos os danos que podia, em seguida peguei na menina e corri para fora. Pensei que os capangas tinham atirado em mim na noite passada, mas tinha sido realmente Finn, apanhado um pouco mais dos homens de Mab, tentando adicionar ainda mais confusão à cena. — E tava com a menina no carro. — Finn continuou. — Dirigi ao redor, tentando descobrir onde você poderia estar ou como poderia ajudá-la, mas você já tinha ido embora, e eu não tinha ideia de onde. Pelo menos não até Owen me ligar. Disse a ele onde começar a procurá-la, então trouxe Natasha aqui. Jo-Jo curou-a e Vinnie não deixou a sua filha fora da sua vista desde então.
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Olhei para o meu irmão de criação. — Obrigada por tudo. Finn encolheu os ombros. — Foi você que fez o trabalho mais pesado. Eu só matei um par de homens da Mab e trouxe a menina para cá. Balancei a cabeça. — Quanto ao rescaldo. — Disse Finn. — Bem, as coisas ficaram muito interessantes nas últimas horas. — Como assim? — Perguntou Owen. Finn olhou para ele. — Bem, para começar, o fogo que Gin iniciou? Destruiu completamente a velha estação de trens, Mab não irá construir tão cedo nenhuma casa noturna lá. — Foi apenas um pouco de gasolina. — Eu disse. — Certamente, isso não fez muitos danos. Finn ergueu as sobrancelhas. — Um pouco de gasolina misturada com pintura e essa outra merda inflamável espalhada pelo depósito. Você começou quatro alarmes de incêndio. Todo o lugar estava ardendo e os homens de Mab assustaram-se quando não conseguiram conter. Eles tiveram que chamar os bombeiros para sair e lidar com aquilo. Obviamente podia se ver as chamas e a fumaça a uma milha de distância. Eu fiz uma careta. — Porque Mab não cuidou ela mesma? Fogo é o seu elemento. Certamente, ela podia ter controlado as chamas ou pelo conte-lás. Finn encolheu os ombros. — Talvez, mas aparentemente ela estava muito ocupada gritando com Elektra LaFleur por não te ter 251
matado e trazer a sua cabeça sem se importar que o seu prédio estava em chamas, mesmo na frente dela. Há rumores de que Mab está um pouquinho chateada com a sua arma contratada. Apesar do fato de eu ter sido quase eletrocutada e congelada até a morte na noite passada, não pude deixar de sorrir. Talvez fosse mesquinho da minha parte, mas eu amei frustar os planos mais bem elaborados de Mab. — Segundo as minhas fontes, é a prioridade número um de LaFeur. — Disse Finn, tomando mais um gole do seu café. — Mab queria você morta ontem, Gin. E se Elektra não conseguir fazer o trabalho nos proximos dias, Mab ira mostrar como isso é feito começando por Elektra. Balancei a cabeça. Não esperava nada menos após ter escapado na última noite. Eu tinha me infiltrado no seu novo território, tirado Natasha mesmo debaixo do seu nariz, queimado a sua casa noturna até ao chão e escapado da sua assassina. Não tinha sido uma boa noite para Mab. No entanto uma grande noite para a Aranha. Finn já me havia dito que outros poderosos jogadores de Ashland tinham começado a farejar em torno de Mab, desde que eu tinha matado Jake McAllister na casa da elementar de Fogo algumas semanas atrás. Pela primeira vez em muito tempo, o submundo da cidade sentiu fraqueza ao redor da elementar de Fogo, uma fraqueza que eles queriam explorar. E agora tudo isso tinha acontecido. Mais algumas noites como esta e eu nem teria que correr até Mab. Seus outros inimigos fariam isso por mim.
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Não iriam ter sucesso, é claro, Mab não era fraca. Mas as minhas pequenas vitórias os fariam ousados suficientes para tentar. Isso era algo, pelo menos. Lembrei-me de todas as coisas que ouvi Mab e Elektra sobre a noite passada no vagão. Encontrar a Aranha. Matá-la. Fazer o mesmo com Gin Blanco. E o mais importante, assassinar minha irmã, Bria. Havia apenas uma maneira de evitar tudo isso de acontecer, eu tinha que matar Elektra LaFleur, estava pensando fazer isso de qualquer forma, podia ter tomado a minha chance com ela ontem a noite, se eu não tivesse Finn e Natasha para pensar. Mas matar a outra assassina tinha-se tornado uma necessidade. LaFleur era uma das melhores e agora ela estava no calendário relógio de Mab. A assassina iria tortura e matar qualquer um que pensasse saber quem eu era a fim de me encontrar. O que significava que havia agora três pessoas no perigo máximo - Roslyn, Xavier e Bria. Roslyn e Xavier porque Mab suspeitava que eles estivessem de alguma forma ligados à morte de Elliot Slater e Bria porque, bem, ela era ela. A mulher pensava que estava destinada a matá-la. Assim Roselyn e Xavier tinham que ser avisados, e Bria, bem, eu não tinha a certeza do que fazer com ela. Eu sabia que Xavier iria ajudar a proteger a minha irmã, já que o gigante era seu parceiro na policia de Ashland. Mas havia muitas outras ocasiões, muitos lugares, onde alguém como LaFleur poderia chegar até ela e matá-la. Havia só uma maneira de resolver este particular problema.
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— Bem, então. — Eu murmurei. — Acho que vou ter que matar LaFleur antes. — E como pretende fazer isso? — Jo-Jo perguntou. — Sim. — Finn entrando na conversa. — Como vai fazer isso? Porque as minhas fontes dizem que Mab está escondida na sua propriedade e que ela não sai de lá até que Elektra traga a sua cabeça em uma bandeja de prata. O depósito de trens foi complicado suficiente. Eles não estavam à espera que você soubesse sobre isso, muito menos que fosse lá. Mas a mansão de Mab está mais protegida do que o Fort Knox. Não há maneira de você se aproximar da elementar de Fogo no seu próprio território. E, aparentemente LaFleur está lá com ela. Pensei em tudo o que sabia sobre Elektra LaFleur. Todas as informações no arquivo que Fletcher tinha juntado sobre ela. Todas as minhas interações com ela nos últimos dias. Como ela pensava, como ela matava, as coisas que ela parecia querer da vida. Eu pensei de novo na conversa que ouvi entre ela e Mab, aquela em que tinham falado sobre todas as pessoas que a elementar de Fogo queria mortas. — Ah, acho que não temos que nos preocupar em como entrar na propriedade de Mab. — Eu disse, repetindo as palavras que tinha dito a Sophia na noite passada. — Mais cedo ou mais tarde, LaFleur virá para mim. Owen fez uma careta. — Porque acha isso? Acha que ela sabe quem você realmente é?
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Balancei a cabeça. — Não. Não há como se ela tivesse me visto ontem à noite. Não no escuro com tudo o que estava acontecendo. Mesmo que ela fizesse eu estava usando uma máscara de esqui, pelo menos até que me foi arrancada quando cai no rio. Mas Elektra virá até ao Pork Pit mais cedo ou mais tarde. — Mas porquê? — Finn perguntou, suas sobrancelhas cor de noz franziram juntas em confusão. Eu falei aos dois sobre tudo o que tinha ouvido Mab e Elektra falarem no vagão, ou seja, a prematura morte de Gin Blanco, logo seguida pela de Bria Coolidge. — Então você está se colococando como isca. — Disse Owen. — Tudo bem. Eu acho que posso entender isso. Mas como sabe que LaFleur vai aparecer? Ela devia caçar a Aranha, não perder o seu tempo em matá-la. Encolhi os ombros. — Não há nenhuma garantia de que ela vai vir até mim. Mas eu fui uma assassina por um longo tempo, e corri para alguns dos meus companheiros ao longo dos anos. Alguns eram como eu e o Fletcher. Eles matavam por dinheiro ou porque era um trabalho que eles eram bons. Finn, Owen e Jo-Jo todos assentiram. — Mas LaFleur é diferente. — Eu disse. —Ela mata pela emoção. Porque isso a diverte. É por isso que ela torrou o anão nas docas. Porque ela lhe deu uma carga, por alguns minutos. Ela não acha que Gin Blanco, simples proprietária de restaurante é qualquer tipo de ameaça para ela. Inferno, ela gabava para Mab que me matar não iria ocupar mais do que meia hora do seu precioso tempo. LaFleur vai
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querer, não, ela vai precisar de algum tipo de vitória depois de eu ter escapado na última noite. Alguma coisa pequena que possa levar para Mab que ela tenha realizado, que tenha feito bem. Mas, ainda mais do que isso, ela vai precisar de uma morte para si mesma. Algo para acalmar a coceira nela em apenas algumas horas. — E acha que Gin Blanco será essa pessoa. — Disse Owen, a preocupação alta e clara em sua voz. Balancei a cabeça. — Eu acho. Jonah McAllister me quer morta da pior maneira. Ele só não quer sujar as mãos fazendo isso. LaFleur será muito feliz em fazer o trabalho por ele. Ficamos na cozinha, em silêncio. Na sala, os desenhos animados de Natasha mostravam as travessuras e Yuk-Yuk, o riso soava alegremente obsceno ao lado da dura realidade que encarava - matar ou ser morta. Mas gostando ou não, era assim a historia da minha vida. Tinha sido desde que eu tinha treze anos. Até agora, tinha sido o que tinha feito, matar era uma tradição que eu planejava continuar. — Digamos que ela virá para você, que ela vá ao Pork Pit para matar Gin Blanco. — Disse Owen. — O que você vai fazer? Olhei para ele com os meus olhos cinzentos sem emoção, deixando-o ver a violência fria que sempre se escondia lá no fundo, apenas abaixo da superfície da calma. — Meus planos são realmente simples. Matar a cadela antes que ela me mate.
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Capítulo 21 Ficamos na cozinha por mais dez minutos, discutindo como as coisas poderiam acontecer quando LaFleur viesse ao Pork Pit para me matar. Não muito para discutir realmente. Eu a mataria, depois Sophia me ajudaria a descartar seu corpo. Simples, eficiente, mortal. Esses eram sempre os melhores tipos de planos. Finn e Owen se ofereceram para vigiar o restaurante, para ficar espreitando nas sombras esperando para oferecer apoio quando LaFleur visitasse, mas eu os recusei. Eu fazia o meu trabalho melhor estando sozinha, quando não tinha outras pessoas em quem pensar, quando não tinha outras pessoas com quem me preocupar. Se eu tivesse um segundo de distração, um segundo de hesitação com LaFleur, eu seria aquela que acabava morta em vez da outra assassina. Finn e Owen não gostaram, mas entenderam o meu raciocínio. Quando perceberam que eu não ia me dobrar ou mudar de ideia, os dois relutantemente cederam à minha decisão e deixaram a cozinha. Finn saiu para ligar para Roslyn e Xavier e dizer-lhes para serem discretos e vigiarem as costas pelos próximos poucos dias, enquanto Owen checava com Eva para lhe dar uma atualização sobre como eu estava indo.
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Fiquei para trás na cozinha com Jo-Jo. A anã de meia-idade permanecera em silêncio durante a maior parte do esclarecimento de Finn, mas agora ela virou seus olhos pálidos, incolores, na minha direção. — O que está incomodando você, querida? — Jo-Jo disse. Suspirei. Além de suas habilidades de cura, Jo-Jo também tinha um pouco de precognição. A maioria dos Ares tinha, já que a magia deles os deixava escutar e interpretar todos os sentimentos e emoções que giravam junto com o vento. Era apenas outra maneira na qual o poder da anã era o oposto do meu. A magia elementar de Ar de Jo-Jo dava a ela vislumbres do futuro, enquanto que o meu poder de Pedra me deixava ver dentro do passado e o que acontecera em um lugar particular. Graças à precognição de Jo-Jo, eu nunca conseguia realmente esconder nada da anã, então desta vez eu nem sequer me incomodei de tentar. — Elektra LaFleur e sua magia elétrica. — Eu disse. — Ela é forte, Jo-Jo. Tão forte. Talvez até mais forte do que eu. LaFleur quase me pegou ontem à noite, quase rompeu minha magia de Pedra e me fritou viva bem ali no pátio ferroviário com sua eletricidade. E mesmo que ela não tenha me matado, a magia dela - doeu muito. Levou cada pedaço de força que eu tinha para continuar depois que me golpeou com ela naquela primeira vez. — Você está preocupada que ela poderia te matar. — Jo-Jo disse com uma voz suave.
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Dei de ombros. — É uma possibilidade distinta. Ela quase me pegou ontem à noite. Inferno, eu teria congelado até a morte de qualquer maneira, se Owen não tivesse me encontrado e me trazido aqui. Jo-Jo me deu um olhar pensativo. — Eu não sei sobre tudo isso, Gin. Eu a encarei. — Do que você está falando? A anã tomou um gole do chocolate quente que fizera quando eu estava discutindo com Finn e Owen. — Você realmente não se lembra de muito sobre a noite passada, lembra? Balancei a cabeça. — Eu não penso assim. — Jo-Jo respondeu. —Claro, você estava em má condições quando Owen a trouxe, mas não estava nem de perto de morrer. Franzi as sobrancelhas. Eu certamente sentira como se estivesse morrendo, especialmente desde que eu não fora capaz de sentir qualquer parte do meu corpo, lá no final. — O que você quer dizer? Eu estava meio-congelada até a morte, pelo que me lembro. — Oh, você estava definitivamente assim. — Jo-Jo concordou. — Mas não por causa do rio ou de LaFleur te enfraquecendo com a mágica Elétrica dela. A coisa congelada? Você fez isso para si mesma, Gin. Inquietação se enrolou para cima no meu estômago. — O que você quer dizer?
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Jo-Jo inclinou a cabeça para um lado e me encarou com seus olhos claros. — Quero dizer que, quando Owen te trouxe para o meu salão de beleza na noite passada, você estava se segurando em magia o suficiente para transformar toda esta casa em um bloco de Gelo elementar sólido. Pisquei. Eu não me lembrava de ter feito qualquer coisa assim. Eu não me lembrava de ter feito nada além de flutuar dentro e fora da consciência. — Mas eu não poderia ter feito isso. Eu não conseguia sentir nada, absolutamente nada, nem meus dedos, nem meus dedos dos pés e certamente não a minha magia de Gelo. Jo-Jo balançou a cabeça. — Talvez isso seja o que você pense, talvez isso seja como você se sentiu. Mas de alguma forma, você estava usando sua magia de Gelo. Um monte dela. Mais do que eu já vi você usar antes. Desta vez eu balancei a cabeça. — Eu não penso assim. Se qualquer coisa, eu deveria ter me feito me mover, deveria ter me feito me levantar e começar a correr e ficar quente até que pudesse chegar a algum lugar seguro. Não me transformar em um picolé humano. Isso foi o que eu fizera da última vez que dera um mergulho de fim de noite nas profundezas geladas do Rio Aneirin após saltar de uma das sacadas da Casa de Ópera de Ashland. Isso fora há alguns meses atrás, quando Brutus, também conhecido como o assassino Víbora, tentou me matar antes que eu o matasse. Brutus conseguira se aproximar sorrateiramente de mim e colocar uma arma na base do meu crânio. Tudo que o outro assassino tinha que fazer para me matar era só puxar o gatilho, mas
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Brutus quisera se vangloriar primeiro sobre levar a vantagem sobre mim. Eu o mantivera falando e conseguira virar o jogo. No final, eu tinha deixado o corpo de Brutus na casa de ópera e feito a minha fuga. Por um segundo, o rosto de Brutus piscou na frente dos meus olhos. Um homem baixo, atarracado, asiático, com um rabo de cavalo preto, uma tatuagem de runa de uma víbora se enrolando para cima do pescoço, e uma cicatriz cortando para baixo do rosto para encontrá-la. Franzi como sobrancelhas. Pensar no outro assassino me lembrou de algo, de alguma pequena memória, de algo que tinha a ver com Elektra LaFleur... — Não. — Jo-Jo disse, me fazendo perder a minha linha de pensamento. — Você estava molhada demais, com frio demais, para isso, e você instintivamente sabia. Então fez a única coisa que podia. Você agarrou a sua magia de Gelo e a usou para isolar o seu corpo, para se envolver no frio até que alguém pudesse vir, te encontrar e te aquecer novamente. Você já ouviu histórias sobre as crianças no norte
caindo
em
lagos
congelado,
sendo
pescadas
e
depois
milagrosamente sendo ressuscitadas algumas horas mais tarde, certo? Sem quase nenhum dano que seja? Assenti. — Bem, isso foi o que você fez. Você usou a sua magia de Gelo para baixar a temperatura do seu corpo, o suficiente para se preservar. — A anã explicou. — Essas cicatrizes de runas de aranha em suas mãos estavam brilhando tão luminosas quanto estrelas frias
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com o seu poder elementar. Tive um inferno de tempo fazendo você soltá-lo o suficiente para que eu pudesse começar a curar você. Gin, você completamente me esgotou ontem à noite. Jo-Jo Deveraux era um dos elementares mais fortes que eu já conhecera, certamente a curandeira de Ar mais forte. Ela era o tipo de elementar que mesmo alguém como Mab Monroe pensaria duas vezes sobre enfrentar. E de alguma forma eu cansara a anã ontem à noite lutando contra sua magia de Ar com meu próprio poder de Gelo? Eu
simplesmente
não
acreditava.
Mais
importante,
eu
simplesmente não queria acreditar. Mas Jo-Jo sempre afirmara que eu tinha mais magia elementar bruta do que qualquer uma que já vira antes - incluindo Mab. Eu nunca estive confortável com esse pensamento, e mais uma vez ele me fez ter arrepios, mesmo no calor brilhante, alegre da cozinha da anã. Porque realmente, quando você parava para pensar, a fria, dura, rochosa verdade era que minha mãe e minha irmã tinham morrido por causa do meu poder elementar. Por causa do que eu poderia fazer com ele. Dizer que eu tinha alguma culpa nisso seria um eufemismo. Sempre, desde que descobri que eu era a causa de tudo isto, de toda a miséria e sofrimento na minha própria vida, eu me sentia doente com isso. Apenas - doente. Ainda assim, apesar do que Jo-Jo e até mesmo Mab pensavam, eu não era tola o suficiente para pensar que eu era o maior poder elementar que já nasceu. Havia sempre alguém mais forte lá fora, alguém mais rápido, mais resistente, mais esperto. Tudo o que você tinha que fazer era ser
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azarado o suficiente para encontrá-lo, ter um dia de folga, e então você era morto. — Eu lhe disse que a sua magia de Gelo só iria ficar mais forte desde que superou o bloqueio de ter essa silverstone em suas mãos. — Jo-Jo disse com uma voz suave. — Eu diria que ela é o equivalente a seu poder de Pedra agora. Foi o que te salvou na noite passada. E é o que vai te ajudar a matar Elektra LaFleur. Não tenha medo disso, Gin. Não tenha medo de si mesma. Eu não encontrei os olhos da anã, mas outro arrepio atravessoume do mesmo jeito. Porque era tarde demais para tudo isso agora. Sempre foi, desde a noite que Mab assassinou minha família. Jo-Jo entrou na sala para colocar alguns cobertores sobre as formas ainda dormindo de Natasha e Vinnie. A anã concordou comigo que os dois precisavam ficar fora de vista pelos próximos dias, o que significava que eles estariam dormindo aqui por um pouco mais de tempo. Pelo menos até que eu tivesse lidado com LaFleur - de um jeito ou de outro. Tomei um banho longo, quente e coloquei o conjunto extra de roupas que Finn trouxe para mim mais cedo. Depois eu voltei lá embaixo, totalmente pretendendo me dirigir ao Pork Pit para o resto do dia, ajudar Sophia e ver se LaFleur passava para sua inevitável visita. Para minha surpresa, Owen estava esperando lá embaixo na cozinha.
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— Pensei que você tivesse ido para casa com Eva. — Eu disse. — Estou indo agora mesmo. — Ele disse, ficando de pé. — E você vai comigo. — Vou? Owen assentiu. — Vai. Você precisa descansar, Gin. Pelo menos por mais um dia antes de se colocar lá fora como isca para aquela assassina. Levantei uma sobrancelha. — E você está, o quê? Se oferecendo para tomar conta de mim pelo resto do dia? Owen assentiu de novo. — Noite também. — Ele disse com uma voz rouca. — Se você me permitir. Encarei dentro de seus olhos violeta, procurando mais uma vez qualquer dica, qualquer sinal, de que ele finalmente tinha se tocado. Que Owen finalmente percebera o quão fria, violenta, retorcida e emocionalmente distante eu realmente era e que estava finalmente pronta para fingir que nunca me conhecera. Mas não havia nada em seu olhar além de aceitação calorosa - e determinação obstinada para cuidar de mim, mesmo que eu não quisesse que cuidasse. Mesmo que eu não pensasse que merecia isso. Mesmo que eu não pensasse que era realmente digna do tempo, da consideração, da atenção e da simpatia de alguém. Os fios emaranhados ao redor do meu coração se apertaram um pouco mais. Só por Owen estando de pé ali na cozinha de Jo-Jo e se importando o suficiente comigo para tentar adiar a minha morte
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inevitável por pelo menos mais um dia. A realização, a pura força disso, tirou o meu fôlego, e tive que estender a mão e colocá-la na mesa da cozinha para me equilibrar. — Então. — Owen disse. — Você vai de forma pacífica ou eu vou ter que amarrar seus membros e te colocar no carro? — Promessas, promessas, xerife. — Eu gracejei. — Você não tem ideia do quanto eu gosto de ser amarrada. Um sorriso lento, preguiçoso se espalhou pelo rosto cinzelado de Owen. — Bem, talvez essa seja uma das coisas sobre as quais podemos falar em maior detalhe - na minha casa esta noite. O sorriso caiu de seu rosto e ele estava sério, mais uma vez. — O que você diz, Gin? Venha para casa comigo. Mesmo que seja só por hoje. Por favor. Ele não disse a palavra, mas nós dois a ouvimos no tom áspero e cru de sua voz. E por mais que tentasse, não conseguia impedir que os fios de seda enrolassem em volta do meu coração de tremer em acordo. De querer desfrutar de apenas mais um dia e noite despreocupados com Owen, antes que eu concentrasse toda a minha atenção no inimigo mais mortal que eu já enfrentara. — Tudo bem. — Eu disse em um tom provocador, tentando aliviar o humor e as desconhecidas e desconfortáveis emoções inundando meu peito. — Mas só se pudermos falar sobre essa coisa de amarrar em muito maior detalhe. — Oh. — Owen disse com outro sorriso vincando seu rosto. — Acho que podemos arranjar isso.
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Capítulo 22 Em algum momento durante a noite, Finn havia voltado para o pátio de trens e recuperado meu carro da localização discreta em que eu o havia estacionado. Portanto, fui capaz de seguir Owen de volta para sua casa no meu próprio veículo. Uma hora depois da nossa conversa na cozinha, eu estava seguramente abrigada na enorme cama de Owen, com vários travesseiros atrás das minhas costas e vários cobertores empilhados em cima de mim, embora não estivesse mais com frio. Owen tinha também acendido o fogo na lareira de pedra que ficava no canto do quarto e as chamas dançavam alegremente, banhando o quarto com um agradável brilho alegre. Já era fim de tarde e lá fora, as imensas sombras de inverno já haviam começado a se alongar sobre a paisagem, escurecendo tudo em que tocavam. Mas aqui, tudo estava brilhante, quente e aconchegante. Depois de ter visto como eu estava, Eva Grayson tinha saído para fazer umas compras tardias de Natal com a sua melhor amiga, Violet Fox. Então, Owen e eu estávamos sozinhos na mansão. Depois de acender o fogo, Owen tinha me dito para ficar confortável e então desapareceu para alguma parte da casa, dizendo que tinha uma surpresa para mim. Como a regra de um general, eu não gostava de surpresas. Muitos assassinos não gostavam. Mas estava disposta a abrir uma exceção só desta vez. 266
Alguns minutos mais tarde, Owen voltou para o quarto, carregando uma grande caixa embrulhada que era, obviamente, um presente de natal. Rechonchudos bonecos de neve azuis cobriam o papel, sorrindo para mim como tolos, enquanto um laço vermelho completava o pacote. Owen sentou-se na cama ao meu lado e colocou a caixa no meu colo. — Feliz Natal, Gin. — Oh. — Lá estava eu novamente, sendo o gênio da conversação. Olhei para a caixa, em seguida olhei para Owen. — Mas ainda não tenho o seu presente. Pelo menos, não aqui comigo. Estremeci com a grande mentira. A verdade era que tanta coisa tinha acontecido nos últimos dias que eu não tinha sequer pensado no que poderia dar a Owen. Ele era um milionário por direito próprio, com uma série de negócios bem sucedidos, portanto não era como se ele realmente precisasse de alguma coisa. Ainda assim, queria dar-lhe algo - algo significativo, especial. Mas o que poderia ser? De alguma maneira, não achava que uma colorida camisola de Natal ou uma gravata extravagante com temas festivos iria servir. — Está tudo bem. — Owen respondeu. — Pensei que seria bom oferecer isso mais cedo. Você pode encontrar um uso para elas antes do Natal. Agora estava curiosa, até ansiosa. Fletcher Lane podia não ter sido o meu pai biológico, mas o velho tinha passado a seu desenfreado senso de curiosidade para mim. De fato, esse era o único traço que sempre parecia tirar o melhor de mim, não importando o quanto eu tentasse esmagá-lo.
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Ainda assim, hesitei. — Você tem certeza que quer que eu abra? Agora? Ele assentiu. — Tudo bem. Arranquei o grande laço da caixa e coloquei-o no topo da cabeça de Owen. Ele, em modo de brincadeira, resmungou comigo, porém deixou o grande laço vermelho onde estava, uma serpentina que se arrastava por ambos os lados do seu rosto cinzelado. Então, rasguei o papel de presente coberto com bonecos de neve, triturando-o com as minhas unhas. A caixa era sólida e bem mais pesada do que eu tinha imaginado e momentos depois percebi por quê. Era na verdade uma maleta de Silverstone - do tipo chique, uma que um banqueiro como Finn poderia usar para transportar uma grande soma de dinheiro. — Vá em frente. — Owen insistiu. — Vê o que tem dentro. Estalei os fechos de ambos os lados da maleta e abri-a. Dentro havia uma bandeja de grossa espuma preta - e cinco facas silverstone. O metal piscava para mim na luz do fogo. — São lindas. — Disse em voz baixa. E elas eram. As facas eram semelhantes em desenho às que sempre carregava, mas eu podia dizer que estas haviam sido feitas de uma forma extraordinária, ainda mais do que as minhas armas habituais. Retirei uma da caixa, balançando-a para cá e para lá, testando a arma. Leve mas forte, fina, porém afiada, bonita, mas mortal. A faca parecia uma extensão natural da minha mão, até mais do que as
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minhas velhas e familiares armas o faziam. Era como se Owen tivesse de alguma forma medido a minha mão de todos os ângulos imagináveis, e então projetado uma lâmina apenas para mim. O metal piscou para mim novamente e eu percebi que um símbolo tinha sido gravado no punho. Olhei mais atentamente. Reconheci-o imediatamente, é claro. Um pequeno círculo rodeado por oito raios finos. A runa de Aranha. A minha runa. As minhas facas. — Gostou delas? — Owen perguntou com seus olhos violetas claros e esperançosos em seu rosto. Por um momento eu não pude lhe responder. Estava apenas tão emocionada e um pouco atordoada com a consideração do seu presente e todo o trabalho que tinha ido, tão obviamente, com as facas. Mesmo com o talento elemental de Owen para o metal, teria levado horas, talvez até dias, para fazer cada arma. Ninguém nunca tinha me dado algo tão pessoal ou tão perfeito antes. E o fato de que era Owen quem as estava dando para mim… Mais uma vez, eu me deixei ter esperança de que as coisas seriam diferentes conosco e que a nossa relação não iria acabar em desastre como a minha última havia acabado. — Elas são perfeitas. — Sussurrei. — Absolutamente perfeitas. Mas quando foi que você teve tempo para fazê-las? Estamos juntos à… apenas a algumas semanas.
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Owen deu de ombros. —Comecei a pensar no desenho há um tempo, quando percebi o quanto você gostava de facas. Olhei para as armas Silverstone brilhando na espuma preta. — E você está me dando agora, mais cedo por causa de LaFleur, não é? — Sim. Uma vez mais, olhei nos olhos de Owen, procurando por qualquer sinal, qualquer indício, de que ele estava de alguma forma desgostoso com o meu plano de matar LaFleur. Que no fundo, ele simplesmente detestava quem eu era e a violência sangrenta que eu tão
facilmente
era
capaz
de
causar,
sem
hesitação
ou
arrependimentos de qualquer tipo. Porém, não havia nada no seu olhar além de compreensão. E estava começando a pensar que isso era tudo o que sempre estaria lá. Que Owen nunca mostraria o desgosto e o desapontamento que o meu último amante, o Detetive Donovan Caine, tinha mostrado. Que Owen nunca me deixaria como Donovan fez devido ao fato de eu ser a Aranha. Por mais louco que fosse, Owen me entendia - e ele aceitava completamente o que eu era e as coisas que tinha que fazer para manter as pessoas que amo seguras. — Você sabe. — Eu disse com a voz cheia de uma emoção que não conseguia esconder. — Você não precisava ter ficado na casa de Jo-Jo na última noite. E não precisava ter ouvido a minha conversa desta tarde com Finn sobre a melhor maneira de matar LaFleur. Se você tivesse me deixado lá sozinha, eu teria entendido. Se você não quer saber nada sobre o que faço quando saio tarde da noite, entenderei isso também.
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Owen deu-me um fraco sorriso ligeiramente triste. — Ainda me comparando a Donovan, Gin? Dei de ombros. — Fui uma assassina por um longo tempo, Owen. Posso estar aposentada, mas parte de mim sempre será a Aranha. Sempre estando pronta, disposta e disponível para fazer o que for preciso, não importando quão violento ou sangrenta a coisa é ou quem tenha que magoar no processo. Essas últimas semanas com você têm sido ótimas. Tudo o que estou dizendo é que compreendo se a novidade não for mais tão atraente e você quiser abandonar a viagem ao carrossel antes que ela o mate. — Admito que você sendo uma assassina fez certamente as coisas serem… interessantes. — Owen disso com uma voz honesta. — Mas eu também acho que você é a mulher mais interessante que já conheci. Forte, atenciosa e ferozmente leal às pessoas que ama. Não sou nenhum menino de coro, Gin. E também não espero que você o seja. Sou muitas coisas, mas hipócrita não é uma delas. Ele parou e respirou fundo. — Quanto às facas, eu as fiz porque sabia que você iria gostar delas. Sabia que você as usaria. E as fiz porque quero que você tenha as melhores malditas armas disponíveis quando for atrás de Elektra LaFleur, Mab Monroe ou qualquer outro alvo que esteja na sua lista neste momento. Quero que você volte para mim - inteira. Sempre. Essas são as razões pelo que fiz as armas para você. Porque se não posso estar lá, pelo menos elas podem. E elas são de longe as melhores peças que já fiz, porque eu as fiz para você. Poderia ter dormido com Owen nas últimas semanas, mas não o tinha deixado se aproximar de mim. Oh, tinha lhe contado tudo sobre o meu passado, sobre a noite em que Mab tinha assassinado a minha 271
família, sobre Fletcher ter me tirado das ruas e ensinado como ser a assassina Aranha, até sobre Bria estar de volta à cidade e todos os meus sentimentos conflituosos para com a minha irmã. Mas não tinha o deixado se aproximar de mim, não o tinha deixado ter nenhum pedaço real do meu coração. Talvez fosse hora de mudar isso. Coloquei a faca silverstone novamente na maleta, fechei-a e a coloquei no chão ao lado da cama. Então joguei os cobertores para baixo, deslizei sobre Owen, passei meus braços ao redor do seu pescoço e pressionei meus lábios nos dele. As coisas que estava sentindo não eram sutis, não eram seguras, pequenas ou até cautelosas, e a minha reação para com Owen também não. Minha língua mergulhou em sua boca, quente e exigente, do mesmo modo que eu me arrastava e o montava, balançando para trás e para frente, lhe dizendo exatamente o que queria - ele. Agora. Sempre. Depois de um segundo de hesitação, Owen rosnou baixo em sua garganta e respondeu do mesmo modo, sua língua duelando com a minha por controle. Um minuto depois, nós nos separamos, já respirando pesadamente. Mas o beijo não tinha feito nada para saciar meu desejo por ele. Se tivesse feito alguma coisa, havia sido fazer com que a minha necessidade se intensificasse. Já sentia que estava prestes a explodir. Ou talvez isso fosse devido a todas as coisas que estava sentindo - coisas que eu simplesmente não conseguia descrever com palavras. Não agora, talvez nunca. Mas podia lhe mostrar como me sentia - uma vez e outra e mais outra.
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Eu me movi para beijá-lo novamente, mas Owen colocou um dedo nos meus lábios. — Espere, espere, você tem certeza que quer fazer isso? — Ele murmurou. — Nós não temos que… Balancei para frente novamente, pressionando-me lentamente contra ele. Então minha mão desceu para seu estomago e a movi mais para baixo, acariciando-o através do tecido grosso das calças, lhe mostrando exatamente o quanto eu estava disposta a continuar. Owen me agarrou e nossos lábios se encontraram novamente. Nós passamos um longo tempo apenas nos beijando, apenas explorando a boca um do outro, deleitando-se com o cheiro, gosto e toque um do outro. Finalmente ele me pegou, pronto para levar as coisas para outro nível, mas deslizei para fora da cama. Queria que isso durasse, que fosse algo especial, mesmo que apenas por esta noite. Porque sabia que podia ser a minha última noite se LaFleur conseguisse fazer as coisas do seu jeito. Meus olhos se encontraram com os de Owen, cinza no violeta, ambos brilhando com calor, paixão, necessidade e desejo. Estiquei meus braços para cima. E então comecei a me mover. Fiz um sinuoso e lento strip-tease para ele, curvando o meu corpo para lá e para cá, removendo uma peça de roupa de cada vez, deixando o tecido flutuar através do chão. Owen se sentou para trás na cama e apreciou o espetáculo, apesar do desejo que queimava cada vez mais brilhante em seus olhos e crescia à medida que eu revelava mais de mim.
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Finalmente, quando fiquei nua na frente dele, estendi a minha mão. Ele agarrou-a e eu puxei-o para fora da cama, ajudando-o a ficar de pé. Owen começou a me puxar para seus braços novamente, mas me movi ao seu redor, ainda o provocando. Passei minhas mãos por vários lugares e então através de seu peito. Toquei-o aqui, então ali, mais abaixo, duro, suave, gentil, até que os músculos do seu pescoço ficaram rijos de ele estar tão imóvel. Eu me movi para trás dele, passando os meus dedos pelo seu espesso cabelo preto, antes de pressionar um beijo suave no seu pescoço. — Me deixe despir você. — Murmurei na sua orelha. Owen assentiu e levantou os braços. Trabalhei rapidamente no seu suéter, meias e calças, e quando acabei, ele estava diante de mim usando apenas uma boxer preta de seda. Elas estavam um pouco abaixo da sua cintura, um rastro de pelos escuros mergulhando dentro do cós. Aproximei-me de Owen, que me observou através de olhos semicerrados. Ele conhecia o jogo de provocação que eu estava fazendo e estava aproveitando-o tanto quanto eu. Puxei com um dedo o cós da sua boxer e em seguida larguei lentamente, fazendo com que batessem contra a sua pele. — Ei, agora. — Ele grunhiu. — Não danifique nada que você possa querer usar em alguns minutos. — Oh, não se preocupe. — Eu disse. — Irei cuidar muito bem de você esta noite.
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Inclinei-me para frente e deslizei lentamente sua boxer por suas pernas. Owen saiu delas e chutou a seda através do quarto. Mas eu já estava me movendo para frente, colocando a minha boca em seu espesso comprimento, sugando gentilmente, então com mais força, minhas unhas correndo por todas as partes e ao redor dele. — Gin. — Ele murmurou com seus quadris bombeando automaticamente para frente. Owen apoiou uma mão na mesinha de cabeceira para manter-se sob controle. — Agora. — Disse numa voz suave. — Boas coisas vêm para aqueles que esperam. Continuei com a minha provocação por mais alguns minutos, levando-o ao limite de novo e de novo, mas não o deixando ir mais longe. Owen gemeu de prazer. Porém finalmente, ele teve o suficiente da minha provocação. Ele agarrou os meus braços, puxou-me para ficar em pé e levantou-me. Prendi as minhas pernas ao redor da sua cintura. Ele me colocou contra a parede do armário e me deu um perverso sorriso de lobo, seus olhos violetas tão brilhantes e bonitos como nunca tinha visto. — Minha vez. — Ele disse asperamente. Seus lábios desceram para o meu pescoço, me beijando ali enquanto uma das suas mãos descia para se acomodar entre as minhas pernas. Ei me abri e ele escorregou um dedo dentro de mim, bombeando-o para dentro e para fora a uma velocidade que me estava deixando louca de desejo. Ele adicionou outro dedo e meu prazer apenas aumentou até um ponto em que era quase doloroso.
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Joguei a minha cabeça para trás e apertei-me ao redor dos seus dedos, mais e mais, tentando encontrar a minha libertação. Mas Owen era tão bom nesse jogo quanto eu e ele não me deixaria ir além do limite mais do que eu o tinha deixado antes. Depois de vários doces minutos de tortura, ele me puxou para longe da parede e me colocou na cama. — Fique aí. — Ele murmurou. Com se eu tivesse alguma intenção de ir a qualquer lugar agora. Tomava as minhas pequenas pílulas brancas, mas Owen tirou um preservativo da mesinha de cabeceira e cobriu-se com ele para proteção extra. Ele veio para mim novamente, mas agarrei os seus ombros e o fiz se sentar na cama. Balancei novamente contra ele, me movimentando para trás e para frente no seu colo. Ele não estava satisfeito em apenas olhar desta vez. Suas mãos estavam por todo o meu corpo, mesmo enquanto sua cabeça estava baixada e sua boca estava em um dos meus mamilos, raspando o broto tenso com os dentes até que eu gemi de prazer. Para trás e para frente nós nos movemos na cama, primeiro comigo por cima, então Owen, nossas mãos e bocas por toda a parte um do outro, tomando todo o prazer que o outro podia dar. Finalmente, nós nos unimos, Owen deslizando dentro de mim, minhas mãos nas suas costas, pedindo-lhe para ir mais fundo, mais forte. — Sim. — Respirei contra seu pescoço. — Sim. Então nós dois ultrapassamos o limite - juntos.
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Mais tarde nós estávamos na cama, um emaranhado solto de braços e pernas. Sentia-me mais satisfeita e amada - fisicamente e também de outras formas - do que havia me sentido em muito tempo. Pela primeira vez, todas as coisas suaves que eu estava sentido, todas as emoções tenras no meu coração, não me assustaram. Não agora. Não com Owen. E eu tinha a sensação de que nunca mais o fariam. E mais importante, podia dizer que ele sentia o mesmo. Estava na maneira que ele me beijou, na maneira que ele me olhou, na maneira que ele me segurou, mesmo agora, seus dedos escorregavam através do meu cabelo, minha cabeça em seu peito, ambos curvados juntos, cada um desfrutando do calor do outro e do simples e tranquilo prazer que era estar apenas deitados juntos. — Estive pensando sobre a sua ideia para o Natal. — Murmurei, passando levemente as minhas unhas através do seu amplo peito musculoso. — Sobre haver uma festa de natal aqui. Owen levantou uma sobrancelha. — E? Respirei fundo. — E penso que é uma boa ideia. Já pedi a Bria para vir. Owen não disse nada por um momento. — Você irá contar a ela? Que você é na verdade a sua irmã? Assenti. — Acho que sim. As coisas estão a ficar muito complicadas com LaFleur e Mab. Posso proteger Bria melhor se ela souber a verdade. Só espero que ela aceite quem eu sou e o que sou e o que planejo fazer a Mab.
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Os braços de Owen se apertaram ao meu redor e ele puxou-me para perto mais uma vez. — Se Bria Coolidge é metade da mulher que você é, então penso que ela irá entender tudo quê que você tem passado. Você mesma disse que ela voltou para Ashland para encontrar você, para investigar o assassinato da sua mãe e irmã mais velha. Essa havia sido a conclusão que tinha tirado na noite em que invadi a casa de Bria para impedir que Elliot Slater e o seu gigante a matassem. Finn havia bisbilhotado ao redor depois do acontecido e tinha encontrado algo interessante no escritório de Bria - um quadro que continha cada detalhe conhecido sobre o assassinato da nossa mãe, Eira, e irmã mais velha, Annabella. Isso fez parecer como se Bria tivesse voltado para Ashland com um único propósito, tentar fazer com que Mab pagasse pelo que fez à nossa família. Mas isso não era só o que estava no quadro. Bria tinha também uma fotografia de uma das minhas cicatrizes em forma de runa de aranha pregada lá, cortesia de Fletcher. Depois que ele morreu, da sepultura, o velho tinha arranjado para que uma foto de Bria me fosse entregue, fazendo-me saber que ela ainda estava viva - e ele lhe enviou uma das cicatrizes que estavam na minha palma, para que ela soubesse o mesmo. Supunha que Fletcher tinha querido que nós encontrássemos uma à outra - de uma maneira ou de outra. Esperava que Owen estivesse certo sobre Bria aceitar a mim e ao meu passado tenebroso e sombrio, mas não conseguia me livrar da firme bola de desconforto que estava remexendo com o meu estômago. Descobrir que a sua irmã há muito tempo perdida era
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também a famosa assassina que matava bandido pela cidade não era exatamente o tipo de coisa com que se sonhava. Arrastei as minhas mãos pelo peito de Owen, desenhando uma série de círculos soltos antes de descer um pouco mais e o agarrar. — Outra rodada? — Sugeri, deslizando as minhas unhas para cima e para baixo no seu espesso comprimento. Owen sorriu e me apertou um pouco mais. — Acho que estou pronto para isso. Respondi baixando meus lábios para os dele novamente.
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Capítulo 23 Passei a noite com Owen. Mas, desta vez, não me levantei e esgueirei-me da cama mais cedo no dia seguinte. Em vez disso, acordei-o para uma terceira rodada antes que tivesse que ir para o Pork Pit. Depois disso, foi como de costume no restaurante. Pelo menos tanto quanto podia ser, quando eu estava esperando que uma assassina aparecesse durante o dia e tentasse me matar. Dado o fato de que Elektra LaFleur tinha quase conseguido fazer exatamente isso há duas noites, estava tomando algumas precauções extras. Mais do que aquelas que faziam parte da minha rotina diária, de qualquer forma. Poderia demorar a matar a outra assassina, mas não iria ser idiota sobre as coisas também. Fletcher havia me ensinado melhor que isso. Para começar, estava usando um dos meus muitos coletes Silverstone, escondido sob o meu avental azul de trabalho e um volumoso suéter negro que obscurecia o formato magro do meu corpo. E tinha o oh-tão-atencioso presente de Owen comigo também. Tinha uma faca em cada manga, uma no inferior das minhas costas e uma em cada bota. De manhã cedo, antes que o Pork Pit tivesse aberto, tinha andado em torno do interior do restaurante duas vezes, lentamente, olhando-o de todos os ângulos, pensando no que eu faria se quisesse 280
matar a proprietária de tal estabelecimento. A melhor maneira de entrar, a maneira mais fácil de me aproximar, as armas que eu poderia usar. Todas as coisas que os assassinos tinham que pensar se queriam escapar após o fato. Todas as coisas em que havia pensado enquanto a Aranha por tantos anos que eram apenas uma segunda natureza para mim agora. Apesar de Mab ter decretado que tudo teria que parecer de alguma maneira um acidente e dado o que sabia de LaFleur, duvidava que a outra assassina iria se importar como me matasse, desde que ela pudesse usar a sua magia elétrica. Inferno, eu duvidava que ela fosse ser tão quieta quanto às coisas. Imaginava que LaFleur ficaria perfeitamente feliz por simplesmente entrar pela porta da frente do Pork Pit, fritar-me com seu raio verde e caminhar para longe dali quando eu estivesse morta e carbonizada. Não poderia a culpar por isso. Por vezes, a abordagem direta era a melhor de todas. Só esperava que ela ao menos deixasse o bar esvaziar antes de tentar alguma coisa. Danos colaterais eram uma das coisas que sempre tentava evitar como uma assassina. Chamem-me de tola sentimental, mas eu não queria que o Natal de uma família inocente ficasse destruído porque aconteceu que a mãe estava no lugar errado à hora errada. Quando já tinha pensado sobre as coisas e como elas podiam acontecer, virei o sinal da porta da frente do por Pit para aberto. Agora tudo o que restava fazer era esperar que LaFleur aparecesse. E então nós dançaríamos.
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O dia passou tranquilamente. Bem, tão calmo como o habitual, considerando o fato de que Sophia Deveraux e eu estivemos ocupadas a cozinhar o dia todo, tentando acompanhar toda a confusão de pedidos para a viagem e das festas de Natal que continuavam a chegar, apesar do fato de que amanhã era véspera de Natal. Normalmente, eu ajudava com as mesas e a distribuição da comida, mas hoje tudo o que fazia era cozinhar. Catalina Vasquez e o resto dos garçons assumiram a tarefa. Finn apareceu por volta das cinco da tarde. Como sempre, ele usava um dos seus ternos feitos sob medida. Um verde natalício com uma gravata vermelha com um doce de cana listrada que teria ficado ridícula em qualquer outra pessoa. Tão logo ele se sentou no seu lugar de sempre no balcão, Sophia serviu-lhe um copo de café de chicória. A anã Gótica deu a Finn um sorriso carinhoso e um carinho na sua mão. Finn sorriu de volta e piscou-lhe o olho. Mesmo áspera, a dura Sophia não era imune ao charme legendário de Finnegan Lane. A essa altura, os pedidos para viagem já tinham começado a desacelerar, e Sophia e eu tínhamos reunido todos os tabuleiros das festas do dia. Os vários membros da equipe de garçons que tinham vindo trabalhar hoje estavam na parte traseira do restaurante a fazer uma pausa, então decidi fazer uma pausa também e falar com Finn sobre os últimos acontecimentos de Ashland. — Algo de novo? — Perguntei, colocando alguns biscoitos de abóbora que tinha cozinhado esta manhã num prato e os deslizando para ele.
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Finn, é claro, comeu dois biscoitos antes de se incomodar em responder-me. — Não muito, de acordo com as minhas fontes. Mab ainda está escondida em sua propriedade e LaFleur ainda tenta encontrar a Aranha para matá-la o mais depressa possível. — O mesmo de sempre, o de sempre. — O mesmo de sempre, o de sempre, — Finn concordou. — E os outros? — Podia cuidar de mim, mas todos os outros eram vulneráveis, especialmente quando LaFleur estava metida. — Todos estão bem. Vinnie e Natasha ainda estão escondidos na casa de Jo-Jo, e Roslyn e Xavier estão protegendo as suas costas. Xavier também está mantendo um olho em Bria durante o turno que têm juntos, como você queria que ele fizesse. — Finn disse. — Não houve nenhum sinal de qualquer homem de Mab ou mesmo LaFleur rondando o salão, a casa de Roslyn, a delegacia da polícia ou até mesmo a Northern Aggression. Tudo esteve calmo até agora. Concordei. — Até agora. Duvidava que iria ficar assim pelo resto da noite. Mas quando Elektra LaFleur viesse, estaria pronta. E então a assassina finalmente morreria. Mas nada aconteceu no resto da tarde e no começo da noite. Nem uma maldita coisa. Ninguém estranho entrou no restaurante. Nenhum telefonema esquisito, nenhum pedido anormal, nada. Finn foi embora para ver o que mais os seus informantes tinham para contar-lhe, e nós combinamos que encontraríamos Jo-Jo mais tarde para tentarmos descobrir o que fazer quanto a Vinnie e 283
Natasha, uma vez que os dois não podiam ficar na casa da anã para sempre. — LaFleur? — Sophia perguntou, limpando o balcão de trás. Os garçons já tinham ido embora e nós duas estávamos sozinhas no restaurante. Olhei pelas vitrines, mas a cena não tinha mudado desde a última vez que eu tinha feito isso, à dois minutos atrás. As pessoas ainda andavam de um lado para o outro nas calçadas, embora a multidão tenha diminuído depois de passar a hora de mais movimento. Agora as pessoas colocavam os seus queixos dentro dos casacos e corriam para os seus destinos o mais rápido possível, desesperados para saírem do frio de Dezembro. Virei-me para Sophia e encolhi os ombros. — Parece que ela não vai aparecer. Ela deve estar ocupada a perseguir o fantasma da Aranha esta noite, em vez de conspirar para matar Gin Blanco. A anã Gótica resmungou e voltou para a sua limpeza. Parecia que mais ninguém iria entrar, portanto começamos a fechar o restaurante para a noite. Desligou-se a fritadeira Francesa, fazendo o mesmo com a grelha e os fornos, colocaram-se os restos de comida no refrigerador - todas as nossas rotinas habituais. Quando tudo isso estava pronto, agarrei o lixo do dia, abri a porta traseira do restaurante e caminhei para o beco que ficava atrás do Pork Pit. O estalo de eletricidade no ar disse-me imediatamente que ela estava aqui.
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Podia sentir a magia elemental de Elektra LaFleur vazando dela como água pingando de uma fonte. Alguns elementais eram assim eles constantemente emanavam magia, mesmo quando não estavam usando conscientemente os seus poderes. Eles apenas usavam magia o tempo todo. Essa era a razão porque sempre sentia agulhas quentes espetando a minha pele quando estava próxima de Mab Monroe. A elemental de Fogo irradiava poder, assim como LaFleur estava a fazer neste momento. Mesmo que LaFleur não estivesse pingando poder elemental, minha própria magia de Pedra teria me avisado que algo estava errado no beco. Em vez de seus lentos e obstruídos múrmuros habituais, os tijolos do restaurante emitiam afiadas notas de preocupação. Algo tinha perturbado a pedra e eu sabia exatamente o que tinha sido - as torcidas e chocantes intensões de uma assassina à minha espreita. As novas e duras vibrações dos tijolos dominavam os seus usuais suspiros de contentamento. Meus olhos passaram pelo que podia ver do beco. Lixeiras, partes traseiras de outros edifícios e uma pequena rachadura que quase não era o suficiente para uma criança se espremer lá, um velho esconderijo que eu usava quando estava a viver nas ruas. Lamacentas poças de óleo e de outras coisas revestiam o chão do beco como um brilhante verniz preto. Mas tinha que dar crédito a LaFleur. Ela era tão boa em se esconder como eu, porque não detectei imediatamente onde ela estava oculta nas sombras. Ainda assim, sabia que ela estava lá - e estava mais do que preparada para enfrentar a assassina.
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Coloquei os sacos na lixeira, abrindo a escotilha de metal como se não tivesse nenhum cuidado, mas quando a fechei e me virei, pronta para voltar para o interior quente do restaurante, lá estava ela, parada no beco atrás de mim. Elektra LaFleur. Ela usava a mesma jaqueta verde escura que tinha trazido na última vez que esteve no Pork Pit, junto com uma calça preta e botas de salto agulha. Esta parecia ser sua roupa habitual. LaFleur podia se dar ao luxo de usar roupas mais coloridas do que eu, uma vez que ela simplesmente fritava as pessoas com sua magia elétrica e não se aproximava, tanto como eu tinha que fazer com as minhas facas. Como sempre, a faixa de esmeraldas segurava o seu cabelo preto para trás, e a orquídea branca tatuada no seu pescoço brilhava como um fantasma na penumbra. Ela me lançou um amplo sorriso, cheio de dentes, como se fossemos duas amigas que tinham acabado de se encontrar no centro comercial. — Lembra-se de mim, Gin? — Como poderia esquecer? — Murmurei, ficando onde estava, meus braços soltos, joelhos ligeiramente dobrados, meu peso distribuído pelos pés, reunindo a minha força para o que iria acontecer. Evidentemente
LaFleur
pensava
que
ficaria
surpresa,
no
mínimo, com ela simplesmente aparecendo, aparentemente, do nada. Talvez ela esperasse que eu gritasse imediatamente, fugisse, ou fizesse qualquer coisa tão estupida quanto isso, porque seus lábios
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vermelhos formaram um beicinho, como se eu estivesse arruinando toda a sua diversão. Temos pena. — Você não parece surpresa em me ver. — Ela disse finalmente. Dei de ombros. — Jonah McAllister me odeia. Imaginei que ele mandaria alguém como você atrás de mim mais cedo ou mais tarde. Vejo que ele se decidiu pelo mais cedo. Suponho que podia a ter amarrado junto, jogado o pequeno jogo e dançado a mesma velha musica aborrecida. Podia ter facilmente fingido que era apenas uma simples proprietária de restaurante, uma inocente mulher indefesa com uma boca inteligente que tinha se envolvido com as pessoas erradas. Mas estava cansada de fugir e me esconder. De Elektra LaFleur, de Jonah McAllister e especialmente, de Mab Monroe. Elektra levantou uma sobrancelha. — Alguém como eu? — Uma assassina. — Esclareci. — É isso que você faz, não é? Matar pessoas? Seus olhos estreitaram em pensamentos e ela inclinou a cabeça para um lado, estudando-me. — Sim. Mas o que estou imaginando é como alguém como você poderia saber algo como isso. Ela não era a primeira pessoa a me perguntar isso. Ninguém nunca pensou que alguém como eu, Gin Blanco, pudesse ser alguém como a Aranha. Eu parecia uma simpática, simples e doce garota - à distância, de qualquer maneira. De perto, o eterno inverno presente nos meus olhos cinza tinha a tendência de quebrar essa ilusão em particular, junto com muitas outras.
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Dei de ombros novamente. — Dirijo um restaurante. Ouço coisas. O que se diz pelas ruas é que você é o mais novo lacaio da Mab Monroe. Raiva brilhou em seu olhar pelo meu tom de zombaria. — Não sou o maldito lacaio de ninguém. Levantei
uma
sobrancelha,
surpresa
com
a
repentina
e
inesperada mostra de emoções, especialmente desde que nunca a tinha visto ser nada além de presunçosa até agora. —Sério? Porque me parece que você está parada no meio de um beco sujo e sombrio, pronta para matar uma pessoa a pedido de alguém. Não é essa a própria definição da palavra lacaio? Ela ficou lá, considerando as minhas palavras. — Você sabe, suponho que seja. Mas o meu pagamento é muito, muito melhor do que o de um simples lacaio. Elektra soltou uma risada baixa. Poder Elemental estalou em seu doce tom repicado, como um sino da igreja eletrizado. Isso fez com que eu rangesse os meus dentes, mesmo quando aquela voz primitiva no fundo da minha mente iniciou o coro uma vez mais. Inimigo, inimigo, inimigo. Ou talvez fosse apenas a constante sensação de estática de sua magia contra a minha pele que estava a colocar-me no limite - e a possibilidade bem real de eu não conseguiria me sobrepor a um ataque direto dela, independentemente do que Jo-Jo Deveraux disse. Independentemente de quanta magia de Gelo e Pedra a anã havia dito que eu tinha.
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— Sabe, você é muito mais interessante do que aparenta, Gin. Ou é Jen? Não estou completamente certa quanto a isso. Chame isso de truque, mas sempre gosto de saber quem estou matando. — É Gin. Como a bebida. — Brinquei com a minha fala habitual. — Ah. Obrigada por esclarecer isso. Nós ficamos lá no beco encarando uma à outra. Elektra levou seu dedo para cima e colocou-o em seus lábios vermelhos, como se ela estivesse considerando algo importante. Faíscas verdes de raios piscaram como vagalumes ao seu redor. Ela já nem estava tentando esconder o seu poder. Puta arrogante. Ela nem mesmo considerou a possibilidade de eu ter magia. Descuido, descuido, grande descuido da parte dela. — Estou bastante surpresa que você ainda não começou a gritar por ajuda, Gin. Ou tentou fugir, no mínimo. Não que isso fosse ajudar em algo. — Ela assentiu para algo atrás de mim. — Trouxe comigo alguns amigos para o caso de você ser mais rápida do que parece. Olhei para trás de mim. Certo o suficiente, três gigantes parados na extremidade do beco, bloqueando a saída. Eles estavam como eu, mãos soltas e prontas em seus lados. Portanto mesmo que LaFleur falhasse em me acertar com seu raio, o resto dos homens de Mab iriam avançar para acabar o trabalho. Tinha que admirar a meticulosidade da assassina. Ela tinha pensado em quase tudo — exceto o fato de que eu era a Aranha e tão mortal quanto ela. — É bom estar preparada. — Ironizei e me virei para encarar a outra assassina. — Simplesmente nunca se sabe o tipo de dificuldades que você pode encontrar no seu tipo de trabalho.
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Uma luz brilhou no olhar pensativo de Elektra. — Você soa como se tivesse tido alguma experiência nesse tipo de coisas. — Não diria exatamente experiência. — Disse. — Embora ao que parece eu esteja recebendo enchimentos de pancadaria de forma regular. Elektra sorriu. — Sim. Jonah me contou tudo sobre aquela porrada que ele mandou Elliot Slater dar em você a algumas semanas atrás. Teria amado ter estado lá para isso. Embora, se eu fosse Slater, você não teria ido embora após o fato. Qual foi a sensação? De ser a putinha de Jonah? De saber que ele é a razão pelo que você irá morrer neste beco imundo esta noite? Balancei para trás em meus calcanhares e juntei minhas mãos atrás de mim, como se tivesse considerando alguma coisa. Usei a oportunidade para agarrar uma das minhas facas silverstone - uma das cinco que Owen havia feito para mim. Meu polegar passou pelo cabo, bem em cima do local em que Owen havia estampado a minha runa de Aranha no metal. A arma estava fria, dura e reconfortante na minha mão, da maneira que sempre parecia. Talvez ainda mais esta noite, porque tinha sido um presente de Owen, sua maneira de me ajudar a acabar com LaFleur. — Na verdade, acho que você sabe tudo sobre ser a putinha de Jonah. — Disse. — Depois de tudo, você é aquela que anda fodendo-o e não eu. Diga-me, você apenas se curva e o aceita? Ou tem que fazer tudo? Porque McAllister me parece ser um bastardo preguiçoso na cama.
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Raiva verde se acendeu nos olhos de LaFleur, junto com sua magia. — Não aceito nada de ninguém, puta. Faço o que quero e com quem quero, quando quero. Dei de ombros mais uma vez. — Poderia ter me enganado. Não posso imaginar outra razão porque você deixou McAllister te foder. Oh, espere, esqueci. Isso é o que lacaios fazem. Fazer tudo e qualquer coisa que lhes for dito. Pessoalmente, teria pedido no mínimo por mais dinheiro. Mas novamente, suponho que tenho padrões mais elevados que você. O rosto de Elektra não mostrava mais emoções para com as minhas provocações, mas um raio verde cintilou para a vida em sua mão curvada. A sua cor combinava com o brilho cruel em seus olhos. Temperamento, temperamento, temperamento. Eu tinha alcançado a outra assassina e a deixado com raiva. Só esperava que isso fosse o suficiente para deixá-la descuidada, para me dar uma pequena vantagem. — Sabe, Gin. Iria fazer com que a sua morte fosse relativamente rápida, se não inteiramente indolor. — Ela disse em um benigno tom agradável, como se estivesse falando sobre o tempo ou alguma outra banalidade. — Agora, acho que irei simplesmente fazer com que machuque. — Vá com tudo, puta. — Disse e agarrei outra das minhas facas. Surpresa brilhou nos olhos da outra assassina pelo frio veneno do meu tom, mas não foi o suficiente para fazê-la pensar duas vezes sobre o que ela estava aqui para fazer. Ela estendeu a mão, e os raios se intensificaram, crescendo, cintilando faíscas em uma bola sólida de
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poder. Mesmo do outro lado do beco, podia sentir o cru poder elemental que ela controlava. Só esperava que a minha fosse o suficiente para superá-lo. Alcancei a minha magia de Pedra, pronta para usá-la para endurecer a minha pele, para fazer com que o meu corpo fosse tão resistente quanto o tijolo à nossa volta. Mas antes que LaFleur pudesse jogar sua bola de raios em mim, antes que pudéssemos começar nossa mortal e final dança, a coisa mais estranha aconteceu. A porta traseira do Pork Pit se abriu. E a Detetive Bria Coolidge deu um passo para o beco sombrio.
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Capítulo 24 — Gin? Você esta ai? É Bria. — Minha irmã mais nova chama. — Queria falar com você sobre a festa de Natal que mencionou no outro dia. Bria entra no beco entre nós, e a porta se fecha atrás dela. Estou a sua frente, enquanto LaFleur está escondida nas sombras atrás dela. Antes que me conseguisse mexer, antes que pudesse fazer alguma coisa, antes de gritar um aviso, a assassina ataca. Rápida como um relâmpago, ela agarra Bria pelo seu desgrenhado cabelo loiro e a encosta contra o seu peito. LaFleur encaixa o seu braço no pescoço de Bria, colocando-a num estrangulamento. — Detive Coolidge. — Elektra ronronou. — Que bom que você se juntou a nós esta noite. Mas minha irmã não desiste sem lutar. Bria ficou de imediato em modo de ataque, levantando sua bota, provavelmente para esmagar o peito do pé de LaFleur, antes de girar e jogar a outra mulher por cima do ombro. Antes que ela pudesse fazer isso, Elektra levanta a mão com uma bola de raio verde piscando nela, empurrando-a para o rosto de
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Bria. Minha irmã teve de empurrá-la para conseguir manter longe a magia elementar de queimar a sua bochecha. — Ah, ah, ah. — LaFleur avisa. — Se eu fosse você não faria isso. A menos que queira que eu derreta essa seu belo rosto. Os olhos azuis de Bria se estreitaram. Apesar da posição frágil que ela se encontrava, não estava com medo, nem um pouco. Em vez disso, podia vê-la pensando nas coisas, calculando ângulos e as chances de sucesso, assim como eu faria se as nossas posições estivessem invertidas. Lançou-me um olhar, depois para os três gigantes que estão de pé no beco atrás de mim. Ela sabia tão bem quanto eu que as probabilidades não estavam com ela. Não enquanto LaFleur a estava segurando, a magia elétrica da assassina estava a um centímetro dos seus olhos. — Quem diabos é você? — Bria cuspiu. — O que você quer? — A sua morte prematura, é claro, juntamente com a da boa Gin. — Disse Elektra. — Você era realmente a próxima na minha lista de afazeres esta noite, detetive. Foi muito atencioso da sua parte, vir até mim. Agora tenho o dobro da diversão, sua morte irá fazer com que o meu empregador tenha um Natal muito alegre. — Mab. — Rosnou Bria. Ela sabia o quanto eu queria que a Elementar de Fogo tivesse a pior morte possível. Ela só não sabia exatamente o porquê. — Você trabalha para Mab Monroe.
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— Correto. — Disse LaFleur em um tom alegre. — Trabalho para Mab. E você sabe para o que ela me contratou? Especificamente? Certificar-me de que vocês as duas parem de respirar. Imediatamente. O raio se intensificou na mão de LaFleur. Até o brilho dele iluminar todo o beco. Por um momento achei que ela ia matar Bria ali mesmo. Estreitei os olhos e estudei a outra assassina, perguntado como poderia distrai-la o tempo suficiente para dar a Bria uma oportunidade de lutar e ficar longe dela, ou pelo menos sair do alcance do raio de Elektra. Só tinha uma hipótese antes de LaFleur fritar a minha irmã com a sua magia elementar. Cheguei muito longe, sofri muito, matei muitas pessoas, para deixar Bria morrer. Não agora, nem nunca. Mas para minha surpresa, o relâmpago em sua mão cintilou e diminuiu. Oh, ela ainda tinha energia suficiente para dar a Bria uma boa e afiada sacudida, mas a magia provavelmente não a iria matar. Não pude deixar de me perguntar o porquê da assassina ainda não ter agido. Se tivesse sido eu, Bria teria sido morta a trinta segundos atrás e eu estaria morrendo no chão agora. Nunca hesite por um segundo nem por razão alguma. Isso é o que Fletcher Lane me tinha ensinado. Mas LaFleur não tinha dado o tiro fatal, apesar de ela ter a oportunidade. Tinha uma suspeita da razão e do que a assassina ia dizer em seguida. — Você sabe, eu não tive muita diversão nos últimos dias. — LaFleur murmurou. — Acho que vou mudar isso esta noite, começando por vocês as duas.
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Claro, LaFleur queria jogar conosco antes de nos matar. Isso é o que ela faz com as pessoas. Porque ela deixou a Aranha escapar por entre os dedos e queria alguém para descarregar a sua raiva. E suas propensões podia ser a minha morte e a da minha irmã hoje à noite. LaFleur soltou um assobio baixo e os gigantes que tinham estado de pé no final do beco se aproximaram para participar da festa. — Meninos coloquem essas duas senhoras na limusine. Consegui deslizar as minhas facas silverstone pelas minhas mangas antes que LaFleur ou os gigantes as vissem. Os enormes capangas me agarraram, e eu empurrei e me debati, fingindo que estava desesperada para tentar fugir deles, embora eu realmente não estivesse. De jeito nenhum eu iria fugir sem Bria. Mas meus movimentos bruscos tiveram o efeito desejado, e um dos gigantes me empurrou contra um dos contentores de lixo no beco. Bati nele com um grande estrondo, gemendo e caindo para o chão dando show. Enquanto estava enrolada em uma bola, coloquei as minhas facas para fora das luvas mais uma vez empurrando as armas para baixo dos contentores. Não queria que os gigantes agarrassem os meus braços e sentissem as armas debaixo das mangas. Agora LaFleur pensava que eu era apenas uma cozinheira indefesa. Não queria de modo algum que a sua opinião mudasse. Cada segundo que ela pensava que eu era fraca, era mais um segundo que eu tinha para fugir e salvar Bria. Além disso, mais cedo ou mais tarde Sophia iria sair para o beco e ver o que aconteceu comigo e Bria. Quando ela percebesse que não
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estamos aqui atrás, a anã começaria a procurar em volta. Encontraria as facas e perceberia que algo de ruim aconteceu. Ela chamaria Finn e conseguir o ataque da cavalaria, eu e Bria só tínhamos que sobreviver esse tempo. LaFleur balançou a cabeça. — Ah, agora ela começa a choramingar. Que decepcionante. Vão buscá-la. Dois dos gigantes me arrancam do chão. O terceiro vai ajudar Elektra com Bria. O gigante puxa a arma do cinto de minha irmã mais nova, em seguida, passa as mãos sobre o resto do seu corpo de uma forma e sugestiva. Os lábios de Bria se apertam, mas ela não responde ao seu olhar malicioso. O gigante encontra a arma de backup amarrada a um coldre de tornozelo e a remove, juntamente com o telefone celular e as suas chaves em seu bolso do casaco. Prendo a respiração, mas os dois gigantes que me seguram não se preocupam em procurar armas. Suponho que eles consideram uma policial uma ameaça maior do que uma cozinheira. Era um erro que lhes iria custar a vida. Fiquei contente por ter abandonado as duas facas. A forma como os gigantes tinham as mãos presas em meus braços. Iriam certamente sentir as lâminas através da minha camisa. Mas o tecido era volumoso o suficiente para pelo menos esconder o meu colete de silverstone. Quando o gigante terminou a busca na Bria, nós quatro marchamos para fora do beco, com LaFleur mantendo um olhar estreito no processo, a bola verde ainda piscando na mão. Ela não ia deixar sua magia até que estivéssemos garantidas. Talvez nem mesmo assim.
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LaFleur tinha uma limusine à espera dois quarteirões de distancia, bem fora da visão das vitrines do Pork Pit. Os gigantes empurraram a mim e a Bria para dentro, entrando depois. As poucas pessoas que ainda se moviam na rua abaixaram as suas cabeças e andaram ainda mais depressa quando nos viram. Em Ashland, gigantes passeando com pessoas na parte de trás de um carro nunca era boa coisa. — Algemem-nas. — LaFleur gritou da rua. Os gigantes produziram um par de algemas e as prenderam em nossos pulsos, acorrentando as nossas mãos à frente. Erro número um. É muito mais difícil se libertar se as mãos estiverem atrás das costas. Enquanto os gigantes estavam ocupados se estabelecendo na limusine, olhei para o metal, que tinha um brilho peculiar que só podia significar uma coisa, elas eram feitas de silverstone. O que significa que eu teria que usar a minha magia elementar para, de alguma forma, romper as correntes de metal antes de fazer alguma coisa com as minhas mãos, tal como esfaquear LaFleur e os gigantes com as três facas que eu tenho. Foda-se. Ser elementar era outra coisa que ainda não queria que LaFleur soubesse. Não até que fosse tarde demais. — Não se preocupe, Gin. — Disse Bria, em voz baixa, tentando tranquilizar-me. — Tudo vai ficar bem. Eu olhei para a minha irmã e vi a determinação em chamas nos seus olhos azuis. Se ela soubesse que eu era a razão de tudo isso estar acontecendo, em primeiro lugar. Que coloquei o meu nariz em
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Jonah McAllister muitas vezes. Que eu era a Aranha, a assassina que estava matando os homens de Mab Monroe. Que era eu que tinha a magia de Gelo e Pedra que Mab tão desesperadamente queria extinguir. Que tinha sido a razão pelo qual o resto da nossa família estava morta. Pergunto-me se Bria soubesse de tudo estaria assim tão ansiosa para me resgatar. Provavelmente não. Mas eu tinha um mau pressentimento de que ela iria descobrir tudo isso e muito antes de a noite acabar. Elektra LaFleur entrou na limusine e se sentou a nossa frente. Um dos gigantes estava ao lado dela, com os outros dois ao meu lado e ao lado de Bria. Elektra bate no teto do carro com o punho, e a limusine se afasta da calçada. Elektra olha para nós por um momento antes de ir ao pequeno bar alojado na parte de trás da limusine. Ela tirou um copo de cristal e servindo-se de dois dedos de um licor azul pálido. — Gin. — LaFleur disse, brindando-me, antes de tomar um longo gole da bebida fria. Esperava que ela se engasgasse com ele. — Onde estão nos levando? — Bria exige. Elektra encosta-se ao banco da limusine e sorri. — Algum lugar agradável e deserto, onde ninguém vai ouvi-la gritar, detetive.
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Bria não disse nada, mas seus olhos se estreitaram. Seu corpo inteiro ficou tenso, como se estivesse preparando para se lançar ao assento da outra mulher. Estendi a mão e coloquei-a na coxa dela, avisando-a. A cabeça de Bria se virou para mim, e eu dei-lhe um pequeno aceno. Não, estava dizendo a ela. Atacá-la era suicídio neste momento. Não faça isso. Não se atreva. Minha irmã franziu a testa, mas ela parecia entender a mensagem do meu olhar cortante, pois o seu corpo relaxou um pouco. — Ah. — Elektra amuou por cima da borda do copo de gin. — Estava realmente esperando que você fosse estupida o suficiente para tentar alguma coisa, detetive. Mas não se preocupe. Eu irei colocar a luta fora de você, entre outras coisas. Bria abriu a boca, mas antes que ela pudesse deixar sair outra resposta com raiva, o celular de alguém começou a tocar. LaFleur revira os olhos, em seguida enfia a mão no bolso do casaco, tirando um pequeno telefone prata. — O quê!? — Ela rosnou para o aparelho. Não conseguia ouvir a voz do outro lado, mas tinha que ser Mab pela maneira como LaFleur de repente se endireitou no assento de couro preto. — Estava me preparando para ligar com uma atualização, Mab. — Elektra disse, confirmando a minha suspeita. Meus lábios se apertaram. Droga e dupla maldição. Se Elektra dissesse a Mab que nos têm, a elementar de fogo provavelmente iria
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querer se encontrar com a assassina onde quer que estivéssemos indo, apenas para que ela pudesse assistir a minha morte e a de Bria em pessoa. Só para ela ter a certeza de que tinha realmente acontecido. Então depressa estaríamos ambas mortas. Eu tinha que fazer alguma coisa para impedir que isso acontecesse. Elektra e os seus gigantes eram fortes o suficientes para me matar. Não queria ter que enfrentar Mab esta noite também. Não quando Bria estava na linha de fogo comigo. — Puxa saco. — Eu disse com uma voz zombeteira apenas para a outra assassina ouvir. — Você é nada mais do que a criada de Mab, e a putinha de Jonas. Quem é que vai rolar mais e abrir as suas pernas da próxima vez, Elektra? Um dos gigantes aqui? Bria franziu a testa e olhou para mim, obviamente imaginado o que eu estava fazendo em antagonizar a outra assassina. Mas eu não conseguia pensar em mais nada para fazer. Elektra tinha me mostrado a sua paciência antes no beco. Era a única fraqueza real que eu tinha visto nela até agora e uma que eu queria desesperadamente explorar da maneira que conseguisse. Os olhos verdes de Elektra se estreitaram, e ela me olhou por um longo momento. Em seguida, se endireitou. — Você sabe o quê, Mab? Estou ficando um pouco cansada da sua necessidade constante de atualizações. Tudo o que você precisa saber é estou trabalhando
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nisso. Vou ligar volta quando o trabalho estiver feito, e nem um segundo antes. Então ela agarrou o seu celular fechando-o e o atirou para baixo no assento entre ela e o gigante. Um momento depois, ele começou a tocar novamente. Elektra foi encarada por um olhar venenoso. — Você não vai atender? — Um dos gigantes retumbou. — Mab não gosta quando as suas ligações são ignoradas. Confie em mim. Eu sei, tive que ter tratamentos de pele por Elementares de Ar por uma semana depois do que ela me fez. Elektra bufou. — Que se foda o que Mab quer. No caso de você não ter notado, eu agora estou ocupada fazendo seu trabalho sujo. Assim ela pode esperar. A menos que você queira atender ao telefone e falar com ela pessoalmente? Embora eu o tenha que avisar, vai ser a última coisa que você fará. Porque eu não gosto mais do que Mab quando as pessoas me desobedecem. Relâmpagos brilharam nos olhos verdes de LaFleur, trazendo a promessa de morte junto com eles. O gigante engoliu em seco e olhou para a janela. O telefone tocou mais cinco vezes antes de ir para o correio de voz. Elektra olhou para ele novamente antes de se servir de um pouco mais de gin. Eu respirei um suspiro de alívio. Um problema resolvido. Agora só tinha que descobrir como tirar as minhas algemas, colocar Bria em segurança e matar LaFleur antes de Mab vir procurar a outra assassina.
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Tudo em uma noite de trabalho da Aranha.
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Capítulo 25 Nós rodamos por cerca de quinze minutos, dirigindo a limusine e rodando pelo centro da cidade como um grande besouro preto chegando cada vez mais perto de seu destino final. Ninguém disse nada, mas os gigantes mantiveram seus olhos em Bria e em mim todo o tempo, prontos, dispostos e ansiosos para nos bater se um de nós tentasse fazer algo estúpido. Agora que fomos capturadas e oficialmente a caminho de nossas mortes, LaFleur parecia ter perdido o interesse em nós. A outra assassina bebia mais do seu gim azul e olhava para fora da janela o tempo todo. Com cada milha que passamos, eu podia sentir que o corpo de Bria estava ficando cada vez mais tenso contra o meu. Eu quase podia ver as rodas girando em sua mente quando ela pensava e descartava várias maneiras de dominarmos e fugirmos de nossos captores. Várias vezes, ela olhava para a porta da limusine, como se ela estivesse pensando em pular sobre o gigante e o jogar para fora do veículo. Enquanto eu admirava a coragem de minha irmã, eu não me preocupava em fazer o mesmo. Não nos faria nenhum bem fazermos uma pausa por isso. Não enquanto estávamos juntas, esmagadas na 304
parte de trás da limusine. LaFleur só tinha que nos tocar com sua magia elétrica, e iria atravessar todos os nossos órgãos como correntes elétricas. Eu não tinha dúvida de que a outra assassina estava perfeitamente bem em sacrificar os gigantes da Mab, enquanto Bria e eu não estivéssemos respirando no final. Finalmente, a limusine desacelerou, depois parou. Os gigantes nos arrancaram para fora do carro, e eu me vi de pé na velha estação de trem, uma vez mais. A limusine tinha ido para o centro dos vagões do estaleiro, e metal nos cercava por todos os lados. O cheiro de fumaça flutuou para mim, e eu olhei por cima do meu ombro. Os desintegrados restos enegrecidos da estação de trem ainda ardiam, apesar do frio. Finn estava certo quando ele alegou que eu tinha começado um incêndio de alarme quatro, porque praticamente nada restou da estrutura, só montes de cinzas. Aqui e ali pedaços de metal retorcidos presos fora das cinzas, brilhando sob os holofotes portáteis que tinham sido criados em torno do pátio. Eu acho que o metal era muito espesso e denso para derreter completamente como o resto do edifício. Um sorriso frio puxou meus lábios. Bem, isso foi uma coisa que eu tinha feito nos últimos dias. Se nada mais, eu preferia atrasar os planos da Mab para comprar a boate da Roslyn Phillips a Northern Aggression, pelo menos alguns meses a mais de negócios. Então meus olhos foram para os trilhos de metal que atravessavam através do local do trem e se estendiam como dedos gananciosos em todas as direções que poderiam conduzir a magia
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elétrica de Lafleur mais rápido do que eu poderia cortar sua garganta com uma das minhas facas silverstone. Mesmo agora, lembrei-me da dor da energia elétrica batendo em mim. Ela tinha machucado como nada mais do que eu já tinha experimentado. Pior do que ser esfaqueada, pior do que ser baleada. Inferno, ainda pior do que ser espancada por Elliot Slater. O sorriso caiu do meu rosto. Eu estava realmente começando a odiar esse lugar. Elektra levantou uma sobrancelha. — Eu temo que este seja o fim da linha para vocês, meninas. — Uau. — Eu disse. — Você que pensou nessa engenhosa frase sozinha? Ou foi o Jonas McAllister que está dando dicas? Elektra me olhou por um momento. Então, em seu rosto começou a passar as várias ideias ruins. Apesar de sua pequena estrutura, a assassina tinha muita força em seus músculos. Mas pior do que a força, ela colocou um pouco de sua magia para o golpe, e eu senti o choque estático de seu poder até o fim de meus ossos. Só por um instante, mas o choque foi mais do que suficiente para me fazer cambalear para trás e meu coração disparar pela descarga elétrica. Foda-se. Ela era tão forte. Eu realmente vou ter que descobrir uma maneira de manter a magia elétrica elementar de me matar antes que me esfaqueiam até a morte. Elektra me olhou. Ciente de que eu estava bem intimidada, e fez sinal com a cabeça para os gigantes.
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— Coloque-as no vagão, enquanto eu deixo algumas coisas prontas para nossas convidadas especiais. — Ela falou. — E eu quero um de vocês em cada lado do vagão. Se a Aranha estiver à espreita hoje à noite, ela não colocará as mãos sobre essas duas, entenderam? Os gigantes assentiram. Havia quatro deles agora, incluindo o motorista, que tinha saído para se juntar aos outros três. Agora, eles estavam mais com medo da LaFleur do que o perigo que a Aranha apresentava.
Eu
tinha
que
admitir
que
estava
um
pouco
decepcionada. Depois do meu desempenho aqui a outra noite, você acharia que os gigantes não seriam tão rápidos para descartar a Aranha e o que ela poderia fazer para eles. Mas eles foram confrontados com um perigo mais imediato, LaFleur, é isso que eles escolheram para se concentrar. Acho que eu não poderia culpá-los por isso. Ainda assim, a ironia da situação não se perdeu em mim. Ah, a ironia sangrenta. Se eu estivesse sozinha, teria rido por muito tempo, alto e forte sobre o absurdo de tudo isso. Porque o que a Elektra LaFleur não sabia era que ela já tinha capturado a Aranha e a assassina estava planejando me matar e minha irmã mais nova antes da noite acabar. LaFleur desapareceu nas sombras, provavelmente para ir buscar algum tipo de ferramentas ou outros objetos pontiagudos que ela poderia torturar Bria e a mim. Eu a irritei demais para ela apenas explodir-nos com a sua energia. Não, a assassina realmente queria fazer mal para o maior tempo possível antes de ela finalmente atirasse para matar com a sua magia elementar.
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Ou talvez ela só estivesse indo para conseguir duas orquídeas brancas para que ela pudesse jogar em nossos corpos após o fato. Não importava muito de qualquer maneira. Ela nos deixou a sós com os gigantes. Erro número dois. Nunca tire os olhos de seu alvo. Os gigantes foram mais fundo no local do trem, nos levando para o mesmo carro que a Natasha estava presa quando eu a resgatei. Foi apenas a duas noites atrás? De alguma forma, parece que passou toda uma vida. Especialmente desde que hoje pode ser o fim da minha e de Bria. Os gigantes nos obrigaram a subir os degraus para o vagão. Alguém tinha retirado a mesa e as cartas, porque dentro estava vazio agora, exceto pelas as manchas marrom de sangue no chão de metal e os respingos correspondentes de prata nas paredes. Os homens de Mab não tinham os esfregado ainda. Meus olhos deslizaram para a janela de trás, já pensando em como Bria e eu poderíamos escapar. Mas várias barras sólidas cobriam o furo, aparafusada no metal. Os gigantes já fixaram a parte do buraco, o que torna pronto para prisioneiros uma vez mais. Nós não poderiamos sair por essas placas, não sem fazer ruídos que seria fácil ouvir de longe. Eu poderia querer matar LaFleur, mas preferia saber que Bria estava em segurança em primeiro lugar. Pensar em cada passo da nossa fuga era uma forma de garantir que nada errado fosse acontecer. Os gigantes nos atiraram para baixo no meio do vagão. O chão de metal era frio como gelo, mesmo através do tecido grosso do meu
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jeans. Minha respiração gelada no ar. A temperatura já havia caído hoje. — Não se mova. — Um dos gigantes rosnou antes de os quatros saírem. A porta estava fechada, mas não fez o clique, e isso me dizia que os gigantes tinham nos trancado dentro. Hmm. Bria começou a se levantar, mas eu coloquei minha mão em seu braço e a segurei no lugar no chão de metal ao meu lado. — Espere. — Eu sussurrei. —Espere. Bria franziu a testa para mim em confusão, mas fez o que eu pedi. Dez... Vinte... Trinta ... eu nem sequer cheguei a 45 segundos antes de a porta se abrir mais uma vez e um dos gigantes enfiar a cabeça dentro, nos verificando e tendo a certeza de que estávamos exatamente onde eles nos deixaram. Assim como eu pensava que ele o faria. Ciente de que nós iríamos ficar paradas, ele acenou com a cabeça, e puxou a cabeça para fora, batendo a porta de metal fechada. Desta vez, a trava se encaixou no lugar. Eu acho que eles realmente não nos trancaram, já que eu não ouvi uma barra de ferro ou qualquer outra coisa bater do lado de fora, mas eles fecharam a porta até LaFleur voltar e disser-lhes para abrir. Ou até eu descobrir uma maneira de fazê-los abrir. — Como você sabia que ele iria olhar aqui dentro? — Bria perguntou em voz baixa.
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—Porque eu tenho lidado com bastardos como estes desde que eu tinha treze anos. — Eu murmurei. Bria olhou para mim por um momento, em seguida, começou a torcer as algemas, tentando encontrar uma maneira de quebrar o metal. Eu pensei em falar a ela para não se preocupar, já que as algemas foram feitas de silverstone, mas decidi contra isso. Melhor que ela estivesse se concentrando em tentar escapar do que os horrores que esperava por nós com LaFleur. Ainda assim, parte de mim estava orgulhosa da minha irmã porque ela estava pensando em escapar, assim como eu estava, em vez de se enrolar em uma bola, à espera de sua morte. Levei alguns momentos para estudar cada parte do vagão, do chão até o teto, das paredes para a porta, que eu sabia que ao menos um gigante estava guardando. Não era muito para ver. Bria e eu éramos as únicas coisas lá dentro, e os gigantes não eram estúpidos o suficiente para deixar algo de útil aqui, como ferramentas. Eu não sabia quanto tempo LaFleur estaria longe, antes de ela voltar e começar a nos torturar, mas uma coisa era certa, eu precisava dessas algemas longe antes disso. Eu olhei para o metal que ligava as nossas mãos juntas. Elas eram algemas comuns, exceto que elas eram feitas de silverstone. Se eu estivesse sozinha, poderia ter tentado usar a minha magia de gelo e congelar os punhos, em seguida, quebrá-los. Mas Bria estava presa aqui comigo, e utilizando muita magia eu tinha certeza que LaFleur ia perceber. Então, eu só tinha que ser um pouco mais cautelosa. Pequena e silenciosa sempre foi melhor do que grande e chamativo mesmo. Sendo a Aranha tinha me mostrado isso. 310
Então eu respirei e puxei minha magia de gelo. Mais uma vez, fiquei surpresa com a facilidade com que ela veio a mim agora e quanto mais forte ela parecia, até mesmo desde o meu mergulho no rio da outra noite. Meu poder esta crescendo como Jo-Jo havia dito que faria. Eu esperava que a anã estivesse certa sobre todas as outras coisas que ela me disse, sobre a minha mágica, e saber que eu era a mais forte elementar que ela já tinha visto. Porque eu ia ter que ser para matar Elektra LaFleur e manter Bria segura. Agarrei minha magia. As algemas silverstone que cercavam meus
pulsos
responderam
imediatamente,
absorvendo
minha
pequena onda de poder antes que eu pudesse sequer pensar em usála. — Gin? — Bria perguntou, parando sua própria luta com as algemas quando ela me sentiu usar o meu poder. — O que você está fazendo? Você - você tem magia? Eu não respondi a ela, principalmente porque eu não poderia fazer isso e concentrar-me em meu poder, ao mesmo tempo. A silverstone estalou em torno de meus pulsos tornou difícil, tão difícil. Cada vez que eu usei minha magia de gelo, cada vez que eu tentava formar a forma particular que eu queria com ele, as algemas absorviam todo o meu poder antes que eu pudesse começar. Eu olhei para os punhos em torno de minhas mãos. Uma coisa tão pequena, mas eles me mantiveram contida, assim como LaFleur queria que eles fizessem, e ela não tinha percebido que eu tinha magia elementar para começar.
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Eu tinha uma porrada de silverstone derretido em minhas mãos quando eu era uma garota, e eu superei esse fato, usava a minha maneira através dela quando eu mais precisava. Eu poderia fazer através desta também. Estas desprezíveis algemas não eram nada em comparação com o silverstone que Mab tinha gravado nas minhas palmas na noite que tinha assassinado a minha família. Nada. Eu não iria morrer, porque eu estava presa, e com certeza não ia deixar que a mesma coisa acontecesse com a Bria. Mas isso não significa que eu não poderia fazer as coisas um pouco mais fáceis para mim. Eu peguei as algemas e deslizei para baixo os meus braços, tanto quanto eles iriam. Não foram muito longe, mas me deu mais dois centímetros entre o metal mágico e as palmas das mãos, onde eu iria liberar minha magia. Mais uma vez, chamei a minha magia de gelo, e uma luz de prata fria brilhou em minhas mãos, centrada sobre a cicatriz de runa da aranha. Eu senti imediatamente as algemas vindo à vida, quando o metal de silverstone absorvia a minha magia. Rangi os meus dentes contra o consumo de energia constante, focada e obrigando a minha magia de gelo para longe de minha mão, tentando movê-la para cima nas pontas de meus dedos, que era o mais longe das algemas de silverstone como eu poderia conseguir. Funcionou. Lentamente, os flocos de neve em forma de cristais espalharam em meus dedos, e a luz fria prata começou acendendo na ponta deles delizando mais abaixo na minha mão. Uma pequena coisa, mas levou todo o controle que eu tinha para fazer isso com as algemas de silverstone em meus pulsos continuamente absorvendo minha magia. Rapidamente, antes de perder a compreensão fina que eu tinha sobre
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ela, eu forcei a magia para as formas particulares que eu queria, para duas delgadas agulhas de gelo. Quando terminei, deixei minha magia de gelo ir e soltei um suspiro longo, tenso e enxuguei o suor frio da minha testa. Essas pequenas e simples coisas foram as duas coisas mais difíceis que eu tinha feito com o meu poder elementar. Nunca. — Você é uma elemental? — Bria perguntou, seus olhos azuis estreitando. — Com a magia de gelo? — Sim. — Eu disse, agarrando as agulhas de gelo e trabalhando nas minhas algemas com elas. — Assim como você é. Bria franziu a testa. —Assim como eu? Como você sabe que eu tenho magia de gelo, Gin? Eu nunca fiz nenhuma magia na sua frente. — Sim, você fez. — Eu disse em voz baixa. Por um momento, eu me lembrei da nossa infância. Bria tinha utilizado a sua magia quando éramos crianças, fazia todos os tipos de esculturas de gelo e flores e outras formas apenas porque ela podia. Só porque ela achava divertido e para se entreter. Eu me perguntava se ela ainda fazia isso. Eu me perguntava muitas coisas sobre a minha irmã, inclusive quão horrorizada ela estaria comigo antes da noite acabar. Oh inferno, antes mesmo que houvéssemos saído do vagão de trem. As agulhas fizeram seu truque, e as algemas se abriram. Embora eu quisesse mais nada do que jogá-las, eu me obriguei a
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colocá-las para baixo em silêncio no chão. Eu fiquei em pé, e Bria fez o mesmo. — Onde você aprendeu a fazer isso? — Bria perguntou. A curiosidade em sua voz. — Até eu tenho um tempo difícil em fazer isso às vezes. — Finn. — Eu disse. —O homem pode romper uma algema que você não iria acreditar. Agora, junte as suas mãos e vou ajudá-la a escapar da sua. Ela obedeceu, e eu usei minhas agulhas de gelo nos seus punhos. Uns poucos segundos mais tarde, o bloqueio tiniu aberto, e as algemas de silverstone caíram fora das mãos de Bria. As juntei com o outro par, e prendi as duas no bolso de trás de meu jeans. Eu não sabia o que eu poderia fazer com elas, mas eu aprendi há muito tempo como improvisar e transformar até mesmo a coisas mais simples em armas mortais. Bria estava ali, esfregando a circulação de volta em seus pulsos. Eu respirei, meu coração começou a apertar. Porque agora era tempo da verdade se eu estivesse pronta para ela ou não. Eu não poderia fazer o que precisava ser feito, não poderia me certificar de que ambas viveríamos essa noite, sem revelar exatamente quem e o que eu era a Bria. Sem contar a ela que eu era a Aranha. — Eu preciso que você me ouça, Bria. Ela olhou para mim, ainda massageando seus pulsos. — Ok. 314
Eu tomei outro fôlego. — Algumas coisas vão acontecer hoje à noite, provavelmente nos próximos minutos, que você não irá gostar muito. Eu sei que você é uma detetive, uma policial, que passou a sua vida adulta inteira protegendo as pessoas. Mas eu preciso que você desligue essa sua parte esta noite. Eu preciso que você faça exatamente o que eu disser quando eu disser, sem perguntas e nenhuma hesitação. Você acha que você pode fazer isso por mim? Bria franziu a testa. — Do que você está falando, Gin? Você tem a magia de gelo, com certeza, mas o que você pensa que está indo fazer contra quatro gigantes? Sem mencionar LaFleur. Se eu ainda tivesse minhas armas, provavelmente poderíamos passar pelos gigantes e ir embora antes que LaFleur viesse ver o que toda a comoção se tratava. Mas não temos quaisquer armas, só a nossa magia. Eu sou muito forte para uma elemental, mas não posso ganhar de quatro gigantes com minha magia. Pelo menos, não de uma só vez. — Você não precisa fazer isso. Eu vou fazer isso por você. Sua testa se enrugou, enquanto tentava decifrar o que eu estava dizendo. LaFleur poderia voltar a qualquer momento, e nós não tínhamos tempo a perder. Então eu decidi tornar mais fácil para ela. Abaixei-me, tirei as duas facas silverstone das minhas botas, e girei-as em minhas mãos. Não havia muita luz no vagão, mas Bria viu as armas uma vez e percebeu exatamente o que elas eram e a quem elas pertenciam. Emoções cintilaram em seu olhar. Choque. Surpresa. E lentamente, compreensão.
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Eu dei-lhe um segundo para olhar para as facas antes de eu escondê-las nas mangas. Segundos passavam, e minha irmã só olhava para mim, como se ela nunca tivesse me visto antes. Como se ela não tivesse certeza do que ela queria agora. — Deixe-me ver suas mãos. — Bria finalmente disse, sua voz grossa com emoção. — Bria... — Deixe-me ver suas mãos, porra.— Ela disse as palavras por entre os dentes cerrados. Não havia como voltar atrás e sem nada a esconder. Não agora. Ela sabia. Bria sabia quem e o quê eu era. Eu dei uma respiração e as deixei para fora, me preparando para o que eu poderia ver em seu rosto. Por horror e nojo que eu estava quase certa que veria. Então lentamente estendi as mãos em direção a ela, para que ela pudesse ver as minhas palmas e as duas cicatrizes de runas de aranha marcadas em cada uma delas. Um pequeno círculo rodeado por oito raios finos. A mesma runa que Bria usava no anel em torno de seu dedo indicador. Os olhos azuis arregalaram-se e Bria estava em estado de choque, e toda a cor foi drenada de seu rosto. — Genevieve? — Olá, irmãzinha. — Eu disse.
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Capítulo 26 — Genevieve. — Bria sussurrou novamente. Por um momento, ela começou a balançar o seu corpo para os lados, como se ela fosse desmaiar. Seu cabelo loiro brilhava com o movimento. Eu mexia os meus pés. — Na verdade, eu prefiro Gin agora. — Genevieve Snow. — Repetiu ela, como se eu não tivesse dito uma palavra. — Você é Genevieve Snow. Você é minha irmã... — Em carne e osso. — Eu disse em um tom de brincadeira. — E a Aranha. — A voz de Bria era plana, dura, fria. Seu corpo parando de balançar e sua espinha ereta uma vez mais. — E isso também. Nós não dissemos nada. Bria foi até a frente do vagão, no local onde tinha estado Natasha amontoada, como se ela não pudesse ficar perto de mim. Talvez ela não pudesse, agora que ela percebeu quem eu era e todas as coisas ruins, coisas sangrentas que eu tinha feito. — Você é a mulher que está por aí na cidade matando os homens de Mab Monroe. — Bria disse em um tom aborrecido. — Todos aqueles homens nas últimas semanas. E Elliot Slater e todos os gigantes que estavam em sua mansão na montanha antes disso.
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Quantos foram desde que você começou? Ou até mesmo desde que eu vim para esta cidade? Uma dúzia? Duas? A acusação na voz dela me machucou mais do que se ela tivesse me arrastado e dado um tapa no meu rosto, mas me mantive calma, fria, distante, do jeito que Fletcher Lane tinha me ensinado. Eu sobreviveria a isso da mesma maneira que tinha feito através de tantas outras coisas desagradáveis ao longo dos anos. Mesmo se eu estivesse a ponto de perder a minha própria irmã de novo. Eu dei de ombros. — Eu parei de contar há muito tempo. — Por quê? — Ela perguntou. — Por que você matou todos eles? Por que você... o que você é? Eu sabia que essas eram as perguntas que Bria me faria quando finalmente descobrisse que eu era a Aranha, que ela exigiria respostas. Mas a verdade estava muito torcida e complicada para falarmos esta noite, pelo menos. E eu não podia deixar que a dor perfurasse meu coração, o olhar em seu rosto se percebia todo o choque e puro horror por saber quem eu era. De saber que sua irmã perdida há muito tempo era uma assassina brutal. Talvez fosse um sonho, mas eu queria que Bria me aceitasse do mesmo modo que Owen. Mas, quando eu olhei para ela, nos seus olhos azuis, eu sabia que não e provavelmente nunca o faria. Não havia tempo para sentimentos feridos. Sem tempo para me debruçar sobre o passado ou o mar de emoções entre nós. Não havia
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tempo para ter um sentimento superficial, esperanças e sonhos perdidos. Tudo o que importava agora era sobreviver e matar LaFleur antes de a assassina de Mab entrasse aqui, porque ela não teria misericórdia. Então, tão resistente como era, tanto quanto eu só queria sentar com Bria e explicar tudo para ela, tanto quanto eu queria pedir-lhe para me amar do jeito que eu a amava, a forma que eu sempre a amei, forcei meus sentimentos de lado e abracei a frieza em meu coração mais uma vez. O frio, a parte, dura e negra em mim que me fazia sobreviver depois do assassinato de minha família, vivendo nas ruas de Southtown, tornando-me uma assassina, e tudo feio, sangrento, fiz coisas terríveis apenas para sobreviver. — Olha. — Eu disse. — Eu sei que tem um monte de coisas para... discutirmos, mas não há tempo agora. Precisamos sair do vagão e antes que LaFleur volte. Pelo menos, você tem. — E o que você vai fazer? — Bria perguntou em uma fria voz. — Ficar para trás e matá-la? — Pode acreditar. — Eu respondi. Minha irmã me deu um olhar hostil. Evidentemente ela não acreditou no que eu disse. Isso é ruim. Porque eu passei por muito, quando era uma criança para salvar sua vida, para simplesmente deixá-la morrer agora, nesta noite fria de dezembro. Então, eu cheguei ao redor e tirei a terceira faca das minhas costas. Atravessei o vagão em direção a ela.
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Bria ficou tensa, como se ela achasse que eu iria realmente usar uma arma nela. Isso me doeu mais do que qualquer coisa que ela disse ou fez. Eu poderia ser um monstro, mas eu não era este tipo de monstro. E eu nunca seria. Ela deveria ter percebido. Ela deveria ter percebido. Mas eu forcei o sentimento de lado, enterrei-o sob minha determinação para tirá-la daqui, não importa o quê. O rosto de minha irmã demonstrou surpresa quando segurei a arma pelo seu cabo. — Você já usou uma faca? — Eu perguntei. Ela olhou para mim por um longo momento, depois sacudiu a cabeça. — Não. Não como você. Eu balancei a cabeça. Eu esperava que tivesse, o que significava que eu ia ter que fazer todo o trabalho pesado aqui esta noite. Talvez fosse melhor assim. — Tudo bem. Se as coisas forem de acordo com o plano, você não terá que usá-la de qualquer maneira. — Disse eu. — Mas é melhor ter uma arma para levar. Bria olhou para a arma de silverstone na minha mão como se fosse atacar e mordê-la. — Pegue a faca. — Eu falei. — LaFleur pode voltar aqui a qualquer momento, e não temos tempo para discutir sobre isso. Ela hesitou um momento, em seguida, retirou a arma da minha mão, tendo o cuidado para não deixar que seus dedos tocassem
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contra os meus. Meu coração torceu no meu peito, mas eu ignorei, do jeito que eu tinha feito com tantas outras emoções ao longo dos anos. — Tudo bem. — Eu disse. — Aqui está o que vamos fazer. Demorou apenas dois minutos de gritos e batendo na parede de metal antes do guarda gigante na frente da porta do vagão a abrisse. Já era tempo. Eu estava ficando rouca neste ponto e me perguntando se ele ia ser burro o suficiente para cair em algo tão velho, tão clichê. Se o gigante não fosse, se ele mantivesse a porta fechada, então eu ia ter que ir para o meu plano B, que era usar minha magia de gelo para uma explosão através das grades parafusadas na janela. Mas quando eu estava prestes a parar de gritar, um clique soou, e a porta se abriu. O gigante tinha caído neste truque depois de tudo. Desleixado, descuidado, desleixado. Mas eu não estava reclamando. Não esta noite. Esta noite eu tomaria cada pedaço de sorte que poderia ter e com fome por mais. Mesmo se a sorte sempre foi uma cadela caprichosa que iria me ferrar no segundo que ela pudesse. Assim que a porta se abriu larga o suficiente, eu acenei para Bria, que acenou de volta. Então eu puxei uma respiração profunda em meus pulmões, me preparando para o que estava por vir. — Deixe-me sair daqui! — Eu gritei e atirei-me passando o gigante através da porta aberta do vagão e para baixo, para o cascalho solto que cobria o quintal de trem. — Essa cadela é louca! Ela tem uma faca! Duas delas!
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O gigante, que tinha começado a girar em minha direção para me agarrar, em vez disso quebrou sua atenção para Bria, que estava no meio do vagão, com uma faca de Silverstone na mão. Ele estava lá, de boca aberta, os olhos arregalados, querendo saber o que estava acontecendo e o que ele deveria fazer sobre isso. Ele nunca teve uma chance. Eu pulei de volta me levantando e escorreguei ao lado dele. Então eu peguei um punhado de sua camisa, puxei sua cabeça para baixo ao meu nível e cortei sua garganta com uma das minhas facas. Eu virei minha cabeça, por isso o spray quente e pegajoso de sangue arterial pegou apenas na minha bochecha, em vez de ir para os meus olhos e momentaneamente me cegando. Um já foi, faltam três. O gigante começou a engasgar e borbulhar, vomitando mais sangue por todo o meu rosto, pescoço, mãos e roupas. Suas mãos foram para sua garganta, do jeito que sempre fazem, tentando conter a perda de sangue mesmo que já fosse tarde demais. Ele caiu de joelhos contra o chão do vagão, um a baixo para a contagem. Eu olhei para Bria, que estava olhando para o gigante morto. Choque, horror e nojo enchiam o rosto dela, mas eu não tinha tempo para pensar sobre o que ela estava sentindo agora ou o que ela achava de mim, não havia tempo para perder, ótima irmã Genevieve. Eu tinha certeza que eu sabia de qualquer maneira e que não era nada bom.
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É claro, os outros três gigantes tinham ouvido os meus gritos e seu amigo morrer. Todos abandonaram seus postos ao redor dos outros lados do vagão para vir investigar. Eu espalmei minha segunda faca e corri para a esquerda a tempo de pegar um deles vindo em torno do lado do vagão. Um, dois, três. Fiz dois cortes profundos cortando todo o peito do gigante, cavando a lâmina em tanto quanto eu podia. O gigante gritou de dor e balançou a mim, mas eu me abaixei e girei fora de seu alcance. Quando ele lançou seu punho, eu dei um passo para trás. Minha bota bateu em seu joelho. O gigante cambaleou para frente, eu pisei nele e cortei sua garganta também. Mais sangue respingou em mim, mas eu ignorei a sensação. Eu girei novamente, desta vez para fora da forma do corpo em queda do gigante, e virei-me para o novo perigo. O terceiro gigante que estava parado na parte de trás do vagão também decidiu vir ao redor desta maneira. Ele parou ao ver seu amigo já no chão e sangrando. — O que inferno... Foram as últimas malditas palavras que ele disse. Eu pulei para cima da parte de trás do gigante morto. Usando-o como degrau, eu subi e bati a minha faca no coração do terceiro homem. Ele também me atacou com o punho, mas eu me abaixei sob o golpe lento, indo dentro de seus braços e esfaqueando-o novamente no estômago, rasgando suas entranhas com minha faca, antes de empurrar meu ombro em seu peito.
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O ataque o pegou de surpresa, ele gritou de novo e pulou para trás de mim. Seus pés derraparam no cascalho solto. Por um momento, os braços enormes chacoalharam loucamente no ar. Então, gritando e chorando tudo ao mesmo tempo, ele caiu em uma pilha de membros com espasmos, juntando-se ao seu amigo. E então faltava só mais um. Eu me virei para encontrar o quarto gigante, aquele que tinha dirigido a limusine, de pé na extremidade do vagão. Ele era um pouco mais inteligente do que seus amigos porque em vez de me atacar, ele se atrapalhou em seu paletó para a arma amarrada no coldre lá. Eu corri para frente, mas o gigante foi mais rápido. Ele puxou a arma, levantou e atirou em mim. Crack! Crack! Os sons ecoaram no pátio de trem, em expansão, como um trovão contra as calhas de metal. Se LaFleur não tinha ouvido a luta antes, ela com certeza sabia que algo estava errado agora. A mira do gigante era boa e duas balas acertaram no meu peito. Eles teriam me matado, se eu não tivesse vestindo meu colete silverstone debaixo da minha camisa. O metal mágico facilmente capturou as balas as impedindo de perfurar o meu coração. Eu resmunguei forte, pelos impactos e continuei correndo para o gigante. Ele hesitou, perguntando-se por que eu não tinha caído ainda. Essa hesitação lhe custou a vida.
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Minhas facas de prata brilharam ao luar e um minuto mais tarde, ele se juntou a seus outros três amigos mortos e mortos no solo. Quando eu tinha certeza de que os gigantes já não eram uma ameaça, eu corri de volta para o centro do vagão. Bria ainda estava lá dentro, parecendo tão chocada como sempre nos cadáveres jogados no cascalho como latas de cerveja vazias. Eu espalmei uma de minhas facas de modo que eu tinha uma mão livre e estendi a outra para ela. — Vamos lá, vamos descer para lá! Temos que sair daqui. Bria olhou para meus dedos ensanguentados por um momento antes de balançar a cabeça, inclinando-se para frente, e pegar minha mão. Eu a ajudei a descer e comecei a levá-la para longe do vagão. Mas o crepitar afiado da estática no ar me dizia que já era tarde demais. Olhei por cima do ombro para ver Elektra LaFleur de pé na porta do outro vagão, apenas 50 pés longe de nós. Os olhos da assassina encontraram os meus e um sorriso curvou sua face. — Corra. — Eu disse a Bria. Minha irmã estava ali atrás de mim, segurando minha faca de silverstone na mão, sem saber o que fazer. Incerta sobre se ela queria ficar e tomar uma posição comigo ou escapar furtivamente na escuridão, encontrar um telefone e ligar para Finn como eu disse-lhe para fazer, enquanto estávamos planejando nossa fuga.
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LaFleur pulou para fora do vagão e correu em nossa direção, o raio verde já vacilante em suas mãos. Peguei o casaco de Bria e a puxei para frente para que seu rosto estava bem próximo ao meu. Nossos olhos se encontraram. Azul no cinza. E eu a deixei ver o quão frio e duro que eu realmente era por dentro. Eu a deixei ver toda a feiura, a escuridão trançada dentro de mim, cada pedaço dela, porque eu sabia que era a única maneira de salvar sua vida agora, mesmo se o conhecimento fosse fazer ela me odiar para sempre. Valia a pena, para salvá-la. Tudo o que eu já tinha sofrido por ela sempre tinha valido a pena. — Corra. — Eu gritei a palavra. — Você corra como se sua vida dependesse disso porque depende. Se ela passar por mim e você ainda estiver aqui, então estará morta. Morta. Você pode me ouvir Bria? Corra, e não se atreva a olhar para trás. Não faça isso - não faça tudo o que eu já fiz para você - contar por nada. Ou eu vou matá-la maninha. Você me entendeu? Não é? Eu disse a ela uma vez e empurrei-a para longe. Bria olhou para mim um segundo, chocada com horror e nojo enchia seu rosto com as minhas palavras gritadas até que não havia espaço para qualquer outra coisa. Ela recuou um, dois, três passos, com mais medo de mim do que qualquer outra coisa no mundo agora. O pouco que restou do meu coração se partiu naquele momento. Mas minhas palavras duras tiveram o efeito desejado, porque Bria virou-se e correu, desaparecendo na escuridão. Ela não olhou para trás. Bom. Eu não queria que ela olhasse.
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Pelo menos, era isso que eu disse a mim mesma, mesmo que eu realmente não acreditava. Ouvi passos sobre o cascalho. Eu forcei minha mente longe de Bria e foquei mais uma vez sobre o assunto na mão: matar Elektra LaFleur antes que ela pudesse fazer o mesmo para mim e minha irmã. Mas Elektra era mais esperta do que os seus gigantes. Ou talvez ela era só muito mais arrogante. De qualquer maneira, ela não continuou vindo até que me atingisse. Em vez disso, a outra assassina parou cerca de dez metros de distância. Seus olhos foram para cada um dos gigantes no chão ao redor do vagão, em seguida, para as facas sangrentas que eu ainda segurava nas mãos. — Bem, Gin. — Elektra disse em uma voz calma. — Eu tenho que dizer você é cheia de surpresas. Ou você prefere que eu te chame pelo seu outro nome... Aranha? Eu dei de ombros. — Não importa muito para mim, desde que você não vai viver para contar a ninguém sobre o nosso pequeno encontro. Em vez de ser intimidada pela minha ameaça, dado o fato de que eu praticamente estava coberta de sangue da cabeça aos pés e brandindo duas facas Silverstone, LaFleur riu. O crepitar em sua voz me fez ranger os dentes. Eu iria desfrutar de silenciar esse som para sempre. Eu já podia sentir LaFleur puxando a elétrica magia elementar ao seu redor, trazendo mais e mais para suportar. Os cabelos levantados em meus braços e as parte de trás do meu pescoço ao
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senti-los. Mais uma vez, fiquei impressionada com o quão foda a magia dela era forte, apenas quanto poder brutal que ela tinha, mas eu empurrei esse pensamento de lado. Pensando em como poderosa adversária ela era, era um caminho seguro para ficar morta. Fraquezas. Eu precisava me concentrar nos pontos fracos da cadela, não seus pontos fortes. Elektra estendeu a mão e enxugou uma pequena lágrima do canto de seu olho. Eu a fazia rir, até que ela chorar. Pena que eu não poderia fazê-la morrer da mesma forma. — Eu estou contente que você encontrou a sua morte iminente de modo divertido. — Eu disse. — Embora, neste caso, o riso não será o melhor remédio. Nada vai te salvar. Elektra sorriu para mim. — Você certamente está confiante, Aranha. Então, novamente, assim como meu irmão. Logo antes de você o matar. Meus olhos se estreitaram. — Quem era seu irmão? Elektra inclinou a cabeça para um lado. Para qualquer outra pessoa, ela teria parecido uma figura de total confiança. Mas eu podia ver a tensão em seu rosto, os cálculos que ela fazia em seus olhos. Ela estava à procura de pontos fracos, apenas como eu estava. Esperando o momento certo para me atacar com a sua magia. Minhas mãos apertaram em punhos em minhas facas. — Você provavelmente o conhecia como Viper. — Disse ela. — Ou talvez Brutus. Ele tinha um monte de nomes.
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No arquivo de informação que havia compilado sobre ela, Fletcher Lane tinha dito que LaFleur veio de uma família de assassinos. O arquivo tinha sequer mencionado um irmão. Eu nunca esperava que fosse ele, Brutus, também conhecido como Viper, o assassino que eu tinha matado há alguns meses na Ópera de Ashland House. O rosto de um homem brilhava na frente dos meus olhos e eu me lembrei de sua tatuagem, de uma cobra rastejando por seu pescoço, por isso ele tinha tomado seu nome de assassino. Um que era estranhamente similar à marca de orquídea de Elektra, agora que eu sabia o que estava procurando. — Essa tatuagem no seu pescoço, caralho. — Eu cuspi. — Eu deveria ter reconhecido. Eu pensava que eu tinha visto em algum lugar antes. Ela deu de ombros. — Traços de Família. Todos nós temos uma. Nossos pais decidiram que Brutus deveria ter uma cobra, mesmo que eu fosse mais velha e quisesse ser chamada de Viper. Mas eles pensaram que era um símbolo mais viril. Eles eram bastante machistas. Eu coloquei os pedaços juntos em minha mente. — Então o quê? Esse é o motivo do seu segredo? Você veio aqui para Ashland, pegou o contrato de Mab para me matar, apenas para se vingar seu irmão? Por Brutus? O desgraçado me traiu. Ele tentou me matar quando eu estava tentando acertar alguém. Ele teve exatamente o que ele merecia. Elektra soltou outra risada crepitante. — Oh, por favor. Eu não poderia me importar menos que você matou Brutus. Ele não era nada para mim. Mas vou admitir que ele era um bom assassino, o que me 329
fez curiosa para saber quem o tinha assassinado e como. Estávamos sempre competindo um com o outro, você vê. Quem poderia fazer a maioria dos acertos, quem pode chegar a alvos mais difíceis, quem poderia pegar o preço mais alto. Então, quando este trabalho em Ashland apareceu, pensei, por que não vir e me testar contra a assassina de Brutus? Por que não enfrentar a grande Aranha? E aqui estamos nós. — E por isso aqui estamos. — Murmurei. Ficamos
ali
olhando
uma
para
outra,
nossos
olhos
se
encontraram, verde no cinza. Nenhuma de nós olhando para longe, nenhuma de nós movendo um músculo, nem sequer respirando. Neste momento, nós éramos como duas pistoleiras no meio de uma rua, no deserto empoeirado, prontas para um duelo ao meio-dia. Apenas uma de nós poderia ir embora e eu estava determinada que seria eu. — Bem. — Elektra disse em uma voz feliz. — Eu suponho que nós devemos começar com as coisas. Antes que a Detetive Coolidge chegue muito longe e eu tenha que persegui-la. Eu realmente odeio correr, especialmente nestes sapatos. Não havia nenhuma maneira que ela estava passando por mim. Nenhuma maneira do inferno que ela estava colocando um dedo na minha irmãzinha. Não importava o que eu tinha que fazer, não importava o que eu tinha que sacrificar para isso não acontecer. — Então vamos, vadia. — Eu disse. Elektra LaFleur me deu outro sorriso. Relâmpago verde piscando para a vida na sua mão mais uma vez.
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E entรฃo nรณs comeรงamos a danรงar.
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Capítulo 27 LaFleur recuou e me jogou a bola de raio verde. A outra assassina não estava mais brincando. Agora que ela sabia que eu realmente era a Aranha, e estava vindo para me matar ao primeiro tiro. Inteligente da parte dela. Mas eu estava à espera disso. Mergulhei para frente, dobrada em uma bola e enrolada para trás em meus pés, tudo num movimento suave. O relâmpago passou por cima da minha cabeça listrando para fora na escuridão. Meu impulso me levou ao alcance do braço da outra assassina, e eu cortei-a com a minha faca de silverstone, tentando terminar com dois cortes rápidos. Mas ela também estava a espera do meu movimento e me pegou nos pulsos. Ficamos ali, as suas mãos bloqueando os meus braços, oscilando para trás e para frente, comigo tentando mergulhar as facas para baixo no seu corpo e ela segurando as minhas mãos para trás. LaFleur era tão forte e determinada quanto eu. Nenhuma de nós podia obter qualquer tipo de vantagem real, apenas lutando do jeito que estávamos. Então Elektra decidiu arriscar.
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Ela sorriu, e relâmpagos piscaram mais uma vez nos seus olhos verdes. Eu era capaz de agarrar a minha magia da pedra e usá-la para endurecer a minha pele numa fração de segundos antes de ela me bater com sua magia elementar, usando as suas mãos como dois condutores. Esta não era a primeira vez que eu era atingida por magia. A alguns meses atrás, eu tinha ido de igual para igual com Alexis James, uma elementar de Ar que gostava de usar o seu poder para esfolar pessoas vivas, de forçar oxigênio sob a pele das pessoas e tirála dos ossos um centímetro de cada vez. Isso foi o que Alexis tinha feito com Fletcher quando ela o torturou e o matou dentro do Pork Pit. Ela tentou fazer o mesmo comigo quando tivemos o nosso inevitável confronto na antiga pedreira de Ashland. Mas Alexis James não era tão forte como Elektra LaFleur. Senti cada pedacinho do aumento de poder da assassina em mim, crepitando contra mim, fazendo faísca a minha volta como um relâmpago atraído por uma haste de metal, tentando romper o escudo protetor da minha magia de Pedra. Mesmo que o meu poder de Pedra estivesse bloquando o seu ataque e mantendo a eletricidade de me matar sem rodeios, ela não fazia nada para parar a dor que enchia o meu corpo. E ainda doía muito, o choque da faísca e o arco voltaico através do meu corpo como se eu estivesse segurando uma linha de energia. Estava errada antes quando pensei que não se podia eletrocutar uma rocha, porque era exatamente o que estava acontecendo comigo agora. Os meus músculos estavam tendo espasmos, os meus dentes batiam e o meu corpo inteiro se contraia,
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apertei e gritei de agonia pela eletricidade que atravessava através de mim repetidamente. Meu colete de Silverstone absorveu alguma da magia elementar, ficando mais quente e pesado contra o meu peito, o metal sugava a energia elétrica que percorria através dele. Mas o colete não era suficiente para me impedir de gritar repetidamente. E claro LaFleur tinha finalmente notado a minha magia, vendo que eu estava usando muito, tentando afastá-la. Apenas para continuar a respirar. Para evitar que meu coração parasse e a minha pele pegasse fogo. — Bem... afinal ela é uma elementar. — Elektra murmurou. — Outra surpresa, mas nada lhe irá salvar Aranha. Nada. Não de mim. E depois a cadela levantou uma das mãos e me deu um soco na cara. Eu caí para trás e uma das minhas facas escorregou das mãos. Meus pés trémulos patinavam no chão como os do gigante a pouco nesta noite. Desci um joelho para o chão. LaFleur veio para mim. Um, dois, três golpes capazes de partir ossos. Isto tudo com o glamour elétrico da magia dela. O segundo me atingiu no estômago e o terceiro no meu maxilar arrebentando a minha concentração com a magia da Pedra. Faíscas verdes eram cuspidas como fogo dos punhos serrados dela sempre que ela me batia. E no terceiro e último golpe, o poder dela finalmente rompeu o meu.
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Por um momento, a minha visão foi puramente verde com a magia de LaFleur que corria através de mim e eu gritei novamente, com a energia elétrica queimando os nervos de todo o meu corpo. Tive convulsão uma vez, duas vezes, três vezes antes de cair no chão, as minhas pernas se contorciam violentamente da rajada inesperada de energia. Se ela fosse me matar em seguida eu estaria morta. Mas em vez de terminar comigo, LaFleur me deixou ir e mais importante a sua magia elétrica. Seu terceiro erro. Quando se tem alguém em baixo, não pare até que morra. — Fora da magia de Pedra já? Tsk, tsk, tsk.— Elektra estalou a língua contra o céu da boca e andou em volta de mim num círculo apertado. — Decepcionante Aranha, muito decepcionante. Eu estava muito ocupada tentando controlar os espasmos nos meus membros para conseguir uma resposta espirituosa. Mas me controlei para conseguir que uma das minhas mãos desse volta ao meu corpo até chegar as minhas costas. De alguma forma, ainda me contorcendo envolvi os meus dedos num pedaço de metal. — Eu não sei o quanto você sabe sobre mim, Aranha, Gin, o que você quiser chamar-se. — LaFleur disse ainda circulando a minha volta. — Mas ao contrário de você, eu não uso armas para matar. É tão… ordinário. Tão comum. Você não acha? Em vez disso eu gosto de usar a minha magia elétrica para acabar com as pessoas. É muito mais vistoso desse jeito. E para não falar que eu aprecio um bom show de luzes também. Mas aposto que você já adivinhou esse pequeno fato sobre mim, dada a forma como você está se contorcendo pelo chão.
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— Sim. — Eu disse asperamente. — Eu notei isso em você. Elektra sorriu, depois deslizou a mão dentro da jaqueta verde dela, que ainda estava vestindo. Eu não sabia exatamente o que ela estava pegando. A cadela pensava que já tinha ganhado. Como ela estava errada. Elektra tirou uma única orquídea branca nas profundezas de seu casaco. Eu não sei como ela conseguiu evitar que fosse esmagada durante a nossa luta, porque era tão suave, branca e requintada como as outras que eu tinha visto. Talvez ela usasse sua magia elétrica para fazer as pétalas ficarem do jeito que ela queria. Não importava muito de qualquer maneira. Ela iria morrer em um minuto, dois, se tanto. Os meus dedos apertavam um pouco ao redor do metal nas minhas costas ficando pronta para fazer o meu movimento. Crack! Crack! Crack! Crack! Elektra reagiu imediatamente ao barulho das balas através do ar e atirou-se para baixo para o chão, rolando, rolando e rolando no cascalho solto para se tornar um alvo menor, mais difícil de abater. Do jeito que eu teria feito. A orquídea branca que estava na mão dela voou de sua mão e girou para o chão como um helicóptero. Levantei a cabeça e vi a detetive Bria Coolidge em pé a cerca de cinquenta metros de distância, com os braços para cima e os pés na largura do quadril. A posição de atirador clássico. Em algum lugar ao longo do caminho, minha irmãzinha tinha conseguido uma arma, arma essa que ela apontava para LaFleur. Eu
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não podia negar que estava feliz por ver Bria, mesmo que eu lhe tenha dito para ir embora. Bria avançou para nós, tendo como objetivo LaFleur, que tinha usado a sua força para se enrolar para trás num agachamento baixo. A marca escura no ombro direito manchava o casaco verde da outra assassina, se espalhando lentamente. Bria tinha acertado em LaFleur com uma das suas balas. A minha irmã ainda não tinha acabado. Mesmo a assassina estando em movimento, ela apontou a arma para o peito de LaFleur e puxou o gatilho. Click. Vazio. A arma já estava vazia. Outra razão pela qual eu raramente usava armas. Elas ficavam sem balas muito rapidamente para o meu gosto. Bria amaldiçoou, jogou a arma e atingiu a cerca atrás das costas, pegou a faca de silverstone que eu lhe tinha dado no vagão. Ela hesitou por um momento, e então atirou a faca a LaFleur, que tinha começado a andar na sua direção. Para minha surpresa e de Bria, ela realmente atingiu a assassina. LaFleur desviou para um lado, mas não antes de a lâmina se afundar no seu ombro, o mesmo ombro que já tinha sido perfurado pela bala de Bria. Mas em vez de gritar de dor, Elektra LaFleur deu uma risada baixa, o poder da sua magia elementar elétrica ainda crepitava na voz
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dela, ela não estava perto de ser morta. Ainda não. Mais do maldito estranho raio verde brilhou nas mãos da assassina e ela jogou a bola de poder elementar em Bria. Os olhos da minha irmã se arregalaram. Ela se atirou para um lado fora do caminho da bola de energia, mas bateu no chão onde foi cair. O relâmpago bateu nos trilhos se fechando ao longo deles, indo direito a Bria. Uns segundos depois, um grito abafado encheu o ar, e eu vi o corpo da minha irmã tendo convulsões e se contraindo em cima do metal. O relâmpago brilhou ao seu redor por mais dois segundos, antes de desaparecer para a noite. Eu assisti, e meu coração veio para a garganta, a minha respiração parou por completo. — Vamos. — Eu sussurrei. — Vamos lá. Bria não se levantou e não se mexeu. Meu coração parecia que estava se rasgando em dois dentro do meu peito, e eu não queria mais nada a não ser gritar repetidamente. Mas eu não podia fazer isso. Não até que LaFleur estivesse morta. Quando ela percebeu que Bria caiu. LaFleur caminhou de volta para mim. Em seguida, a assassina puxou a lâmina do ombro, do jeito que o irmão dela, Brutus, tinha feito uma vez quando eu o tinha ferido com umas das minhas facas. Elektra deixou cair a arma. Ela caiu no chão a três centímetros de distância da minha mão esquerda. Seu quarto e último erro. O que finalmente ia custar a vida da assassina. Jamais se deve deixar cair uma arma ao alcance do braço de um assassino, especialmente da Aranha.
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— Uh - oh, Gin. Parece que a detetive Coolidge não seguiu o seu conselho e foi estúpida o suficiente para voltar e tentar salvá-la. Elektra sorriu para mim, seus olhos verdes brilhando no seu rosto orgulhoso. Ela estava tão satisfeita consigo mesma. — Bem, eu acho que a ligeira sacudidela que lhe dei não foi suficiente para matá-la, mas vai me impedir de correr atrás dela pelo menos. Mab vai ficar tão feliz quando eu lhe disser que matei as duas. E em uma só noite. Eu vou ter que me certificar que ela me irá dar um bônus por matar a esquiva Aranha. E foi ai que eu fiz a minha jogada. Com a minha mão esquerda ainda se contorcendo, eu estendi a mão, agarrei a faca e acertei-lhe no pé, conduzindo a lâmina por todo o caminho atrás da sua bota de salto alto para o outro lado. Elektra chiou de dor e caiu no chão ao meu lado, agarrando a faca. Ela puxou-a para fora e tentou acertar-me, mas eu lhe bati mandando-a para longe. Com a minha mão direita, puxei as algemas de silverstone para fora do bolso de trás do meu jeans. Então eu a agarrei, agitei os seus braços e coloquei uma algema num dos seus pulsos. Elektra assobiou novamente, desta vez de surpresa puxando o seu braço para trás, mas não antes de eu colocar a outra ao redor do meu pulso esquerdo. — O que inferno. — Ela gaguejou. — Aqui esta outra coisa que notei. — Eu rosnei em seu rosto. — Eu não tenho que viver para vencer. Eu só tenho que ter a certeza que você morre.
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Elektra gritou com fúria, em seguida, se jogou para cima de mim, e descarregou tudo o que tinha. Todo o seu raio verde, toda a sua energia elétrica, toda a sua magia elementar. As algemas de silverstone em torno dos nossos pulsos absorviam um pouco do seu poder, mas não o suficiente para fazer alguma diferença. A braçadeira ficou quente contra o meu pulso, assim como o colete no meu peito, as peças de Silverstone começavam a aquecer com toda a energia que estavam recebendo. O colete não seria suficiente para me salvar. Não outra vez, porque agora LaFleur estava vindo com tudo e ela estava tendo toda a sua energia e atenção fixas em mim. Em vez de pegar na minha magia de Pedra, desta vez agarrei o meu poder de Gelo, puxando-o através das minhas veias, enviando-o para todas as partes do meu corpo, como eu faria com a minha magia de Pedra. Em vez de endurecer a minha pele, minha magia de Gelo tinha um efeito muito diferente, mas surpreendente. Isso me deixou fria ao toque e completamente, totalmente entorpecida. Desde que Elektra tinha descarregado a sua magia elétrica em mim pela primeira vez no pátio dos trens, eu estava pensando no seu poder, como isso me machucou, mesmo eu estando utilizando a minha magia de Pedra para isolá-lo. Ela tinha feito novamente a mesma coisa com isso esta noite. Me machucado, mesmo com o meu escudo de magia. Então eu soube que não podia puxar o meu poder de Pedra novamente. Talvez estivesse usando a minha magia de Gelo para me ajudar a sair das algemas de silverstone, mas algures ao longo da noite, eu comecei a pensar sobre o que Jo-Jo me contou. 340
Sobre o que eu tinha feito na noite em que cai no rio Aneirin, sobre como eu tinha usado minha magia de Gelo para me enrolar no frio, preservando o meu corpo da dureza dos elementos. Eu não sentia nada naquela noite, nem mesmo o frio penetrando e fechando o meu corpo. O simples fato era que a magia de LaFleur doía muito. Eu não conseguia me concentrar em matá-la quando eu estava ocupada pensando na agonia que ela me estava provocando, como se a eletricidade estivesse fritando uma célula de cada vez. Então. Desta vez eu decidi usar a minha magia de Gelo e não senti absolutamente nada. Foi um tiro no escuro, mas funcionou. Eu não senti nada, nem quente, nem frio e certamente não senti a magia elétrica da outra assassina batendo no meu corpo repetidamente. Oh a minha visão ficou verde como já tinha ficado antes, mas isso é porque LaFleur estava a nos iluminar tanto que parecia uma árvore de Natal. Ela estava vindo com tudo contra mim. Por tudo isso, eu segurei a minha magia de Gelo. Não sabia quantos danos ela podia fazer, o quanto podia fritar a minha pele ou me queimar, e eu não me importava. Tudo o que interessava era mantê-la aqui acorrentada a mim para que ela não pudesse machucar mais a Bria. Tudo o que importava era parar a outra assassina. Enquanto o seu relâmpago estalava ao meu redor, Elektra também usou a sua mão livre para me bater, repetidamente ela bateu
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o seu punho apertado em meu rosto, no meu peito e em cada outra parte de mim que ela pudesse alcançar. Mas por causa da minha magia de Gelo, eu não sentia nenhum dos golpes. Ainda assim eu tinha que fazer alguma coisa. Mais cedo ou mais tarde a minha magia iria esgotar, e eu não sabia se seria antes ou depois de a magia de Elektra. De alguma forma eu a empurrei o mais longe que podia, então rolei entre as minhas mãos e joelhos, meio arrastando Elektra comigo. Uma queimadura de luz constante chamou a minha atenção e eu olhei para baixo. A minha mão esquerda estava aberta e a runa de aranha na palma da minha mão brilhava uma luminosa prata, assim como ela esteve naquela noite na mina de carvão quando eu finalmente tinha quebrado a estrutura em metal de silverstone em minhas mãos. Olhei, além disso, para o meu objetivo, a faca silverstone que tinha batido para longe de Elektra. A única que eu tinha deixado. Mas o único problema de não ser capaz de sentir o meu corpo era que parecia ter zero controle sobre ele também. Era como se estivesse flutuando acima de mim mesma, vendo tudo isso acontecer a mais alguém, e não ser capaz de afetar nem um pouco o resultado. Foda-se isso. Eu precisava da faca, e eu iria consegui-la com corpo entorpecido ou não. Então olhei para os meus dedos mais do que alguma vez tinha olhado, desejando que eles se movessem com a força do meu olhar, se enroscassem ou apenas se contorcessem. E de alguma forma eles fizeram.
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Mesmo que eu não conseguia senti-los, de alguma maneira eu fiz os meus dedos se mexerem, apenas pela força da minha mente. O meu polegar aproximou-se mais da faca, arrastando o resto da minha mão com ele. Eu tinha um dedo na arma, em seguida outro, e depois outro. Todo este tempo LaFleur continuava a me bater, mantinha os golpes sobre as minhas costas e na minha cabeça. Eu a ignorei da mesma forma que um cão ignora uma pulga pulando no seu corpo. A assassina não era importante agora. Pegar na faca era tudo o que interessava. Vinte agonizantes segundos depois, a minha mão se fechou em torno do cabo da faca silverstone. Eu devia estar imaginando, mas eu podia jurar que senti a runa da aranha na minha mão queimar a minha pele com uma magia ainda mais fria do que a minha. Enquanto isso LaFleur estava tentando me fritar com a sua magia elétrica, mesmo enquanto me continuava a socar com o seu punho livre. Respirei fundo, concentrando-me uma última vez em reunir forças para uma última coisa. E então eu rolei de costas e enfiei a faca no sua lateral. Foi um golpe estranho e certamente não um dos meus melhores, dado o fato de estarmos ambas algemadas. Fletcher teria abanado a cabeça tristemente com a minha total falta de forma. Mas tinha feito o trabalho. E mesmo que eu não pudesse sentir o meu braço, eu sabia que a tinha golpeado com tudo que tinha. Só porque o meu corpo estava dormente não quer dizer que não conseguia ouvir os uivos de raiva de Elektra LaFleur. As feridas no seu pé e no seu ombro podiam não tê-la desacelerado muito, mas
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uma faca no estômago é um pouco mais grave, especialmente tendo em conta o quão profundamente eu a enfiei dentro dela. Pela primeira vez dor real e crua encheu a sua voz. Mais importante, ela finalmente perdeu o controle sobre a sua magia elétrica. O raio verde que piscava ao redor dos nossos corpos desapareceu numa chuva de faíscas, como se um fogo-de-artifício tivesse acabado de explodir sobre as nossas cabeças. Eu a tinha machucado, mas eu não parei, nem mesmo um segundo. Mesmo eu não podendo sentir a minha própria mão ou até mesmo os meus dedos, de alguma forma puxei a faca. E desta vez, eu enterrei no coração da cadela. Elektra soltou um grito final. Seu corpo estremeceu uma vez, duas, três vezes, assim como o meu fez, quando ela bateu a magia elétrica em mim. Aquele maldito e estranho raio verde ao nosso redor mais uma vez, batendo em ambas no cascalho. Golpe final de morte da Elektra. Em seguida, os membros dela se afrouxaram e toda a luta foi drenada do seu corpo. Nós ainda estávamos algemadas juntas, eu estava em cima dela. Olhei para baixo para o seu rosto pálido e chocado. — Você sabe o quê Elektra? — Eu disse asperamente através dos meus frios, dormentes e mortos lábios. — Devia ter me matado na segunda vez que teve a chance. Em vez de falar até a morte, vadia arrogante. Assim como o seu irmão Brutus fez. Não sei se ela me ouviu antes do último relâmpago brilhante desaparecer dos seus olhos e ela parar de se mexer.
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Capítulo 28 Quando tive a certeza que LaFleur estava morta, liberei a minha magia de Gelo. A dor inundou de imediato o meu corpo, cortando a fria dormência, mas isso agora não me importava, eu cai de costas, realizando manobras, me afastando o máximo possível dela, dada as algemas que ainda nos unia. O metal enfraqueceu com o calor da magia de LaFleur, mas as algemas ainda não tinham derretido por completo. Algo macio roçou contra os meus dedos, virei a minha cabeça para a direita. A orquídea de Elektra LaFleur, a que ela tinha planejado deixar caída no meu corpo, estava no chão ao meu lado. De alguma forma a flor sobreviveu a ser esmagada durante a nossa luta. Uma brisa assobiava através do pátio de trens, agitando as delicadas pétalas brancas. Estremeci e me afastei dela. Fiquei ali no cascalho solto, sentindo as ondas de dor e vendo a fumaça verdecinza sair do meu corpo se afastando como fitas desenrolando no céu da noite. Mas ainda não podia descansar. Não até verificar Bria e ver se a minha irmãzinha estava viva.
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Não tive muito tempo para pensar. Assim comecei a me forçar contra a dor a sentar-me, passos rangeram no cascalho atrás de mim, e um segundo depois, o rosto de Bria apareceu acima do meu. Estava manchada de sujeira, e tinha alguns arranhões e contusões onde ela tinha caído sobre o cascalho, o seu cabelo louro desgrenhado era uma bagunça. Um de seus olhos azuis se contraiu e espasmos fechavam a sua garganta e percorriam o resto do seu corpo, fazendo os braços e pernas saltarem levemente. Mas tirando isso, ela estava bem. Tinha acabado de ser sacudida pela magia de Elektra, mas não morreu imidiatamente. Deixei escapar um suspiro de alívio. Minha irmã estava bem por mais uma noite. Isso fez com que tudo o que eu tinha passado valesse a pena, incluindo a dor no meu corpo que aumentava sem parar. Cerrei os dentes e empurrei-a para longe o melhor que consegui. — Está bem? — Bria perguntou numa voz baixa. O seu olhar estava parado na fumaça macabra que saia do meu corpo. Podia sentir o cheiro dele, é claro. Mas pela primeira vez o fedor acre não me incomoda e não desencadeava quaisquer antigas e indesejadas lembranças. Talvez seja por eu ainda estar viva e LaFleur não. — Eu ainda respiro. — Disse asperamente. — Isso é bom o suficiente por agora. Ajude-me, por favor. Bria me deu a mão e me puxou para cima ficando na posição sentada. Apesar das minhas tentativas de ignorar a dor das lesões, ainda me levou um momento para recuperar o fôlego. Meu pulso
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ainda estava algemado ao da LaFleur e o seu braço caiu contra mim. Peso morto, em todos os sentidos das palavras. Os olhos verdes de Elektra olhavam cegamente para o céu da noite. O sangue ainda escorria das facadas do peito e do estômago e o aroma quente e acobreado encheu o meu nariz. Não me restava nenhuma magia, nem mesmo a suficiente para fazer outra agulha de Gelo para que eu pudesse libertar do corpo morto. Fiquei lá a olhar estupidamente para as algemas. — Deixe-me ajudar com isso. Bria deve ter percebido o eu estava pensando, porque ela estendeu a mão e pegou a sua magia de Gelo. A luz azul brilhou na sua palma e o carinho familiar do seu poder elementar fluiu sobre mim como uma fresca, refrescante brisa, lavando os restos estáticos da eletricidade de LaFleur. De alguma forma, a magia de Bria fez as minhas lesões, minha dor por dentro e por fora, um pouco mais fácil de suportar. Sentia-me tão bem que me deu vontade de chorar. Um segundo depois, Bria tinha duas agulhas de gelo na mão que pareciam iguais as que eu tinha feito no início da noite. Ela agachou-se ao meu lado e começou a trabalhar nas algemas. Levou um par de minutos e algumas suaves maldições, mas eventualmente o silverstone tilintava aberto, e o braço morto de LaFleur caiu de costas no chão para se juntar ao resto dela. Bria sentou-se sobre os calcanhares, agachando-se ao meu lado. Olhou para mim, depois para a assassina morta ao meu lado. Eu não podia
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ler as emoções que piscavam em
seus olhos
ou
talvez eu
simplesmente não me importava esta noite. Talvez eu estivesse apenas com medo do que iria ver. — O que vai fazer agora? — Perguntei. Ela sabia o que eu estava perguntando, se ela iria me prender por ser a Aranha. Por matar os homens de Mab e todos os outros que eu tinha assassinado ao longo dos anos. Bria suspirou e passou a mão pelo cabelo. Estática verde estalou em torno dos seus dedos. Ela estremeceu e deixou cair sua mão. — Eu vou ligar e denunciar que estava sequestrada por alguém dizendo ser uma assassina. Que ela estava pronta para me torturar e matar senão fosse a intervenção da Aranha. Principalmente que a assassina está morta e que eu estava trancada num vagão o tempo todo e não consegui ver nada. — Não me vai entregar? — Sussurrei. Bria olhou para mim. Sem uma palavra, ela balançou a cabeça. Não lhe perguntei o porquê. Não achei que ela mesma sabia o motivo. Mas isso não era o único problema entre nós. — E quanto a nós? Somos irmãs, Bria. — Você é… É só que… Eu não posso…— Ela suspirou. — Eu não sei, Gene - Gin. Simplesmente não sei. Preciso de algum tempo para pensar sobre as coisas. Você não é exatamente o que esperava encontrar quando voltei para Ashland. Nada disso acabou do jeito que eu pensava que aconteceria. — O que você acha que aconteceria?
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Um sorriso sem graça se ergueu nos seus lábios. — Pensei que ia acusar Mab Monroe das mortes da minha mãe e da minha irmã mais velha e arrastá-la para a cadeia, para começar. Mas isso não é o que vai acontecer agora. Nem a imagem perfeita do encontro que eu imaginava ter com a minha irmã mais velha, Genevieve. Não havia um julgamento na sua voz, nem condenação, só cansaço, o cansaço que eu sentia no momento. Mas as suas palavras ainda doíam. Eu sabia que ser a Aranha era a coisa que ficava entre nós. As minhas habilidades mortais podiam ter-nos salvo esta noite, mas era também o que nos separava agora. Talvez para sempre. Tudo o que eu queria fazer agora era colocar os meus braços em torno de Bria e certificar-me que ela estava realmente bem. Dizer-lhe, não prometer-lhe que tudo ia ficar bem, assim como tinha feito quando ambas éramos meninas e ela tinha esfolado o joelho ou perdido a sua boneca favorita. Mas agora estávamos muito velhas para essas coisas de meninas e havia muita coisa entre nós. Muita história, muita emoção, muitas coisas que não foram desfeitas ou ditas. Os olhos de Bria encontraram e seguraram os meus. Com todos os nossos sentimentos brilhando lá dentro para a outra ver. Seu choque. Minha esperança. E nenhuma resolução a vista. Então, a minha irmãzinha se levantou e saiu para a escuridão para fazer a sua ligação.
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Sentei-me ali aninhada no frio, no cascalho solto, movi lentamente o meu corpo e verifiquei os meus ferimentos, enquanto esperava Bria voltar. Elektra LaFleur não me tinha batido tanto como Elliot Slater, mas a assassina não tinha só utilizado socos. O meu rosto já estava começando a inchar onde ela me tinha batido, e o sangue que tinha não era só dela. O lento e constante fluxo que deslizava no meu rosto a partir de um corte que ela tinha aberto na minha bochecha esquerda. Feias e desagradáveis queimaduras elétricas também cobriam a maior parte da minha pele, especialmente nas mãos e nos braços. Mas eu ainda podia me mexer, andar, falar e respirar, então eu não estava muito preocupada. Jo-Jo Deveraux podia curar qualquer coisa menos a morte. Poderia doer como o inferno, mas eu viveria até que a anã elementar de Ar conseguisse me curar. Poucos minutos depois Bria retornou. Ela segurava um pequeno telefone celular prata e o passou-o para mim. — Aqui. — Ela disse numa voz calma. — Este era o telefone de LaFleur. Tirei-o da parte de trás da limusine onde ela o deixou. Não queria procurar nos gigantes para encontrar os deles. Não tinha que lhe perguntar por que, eu tinha cortado os homens com as minhas facas de silverstone como se fossem peixes, até porque provavelmente havia mais sangue no chão ao redor deles do que aquele que restava em seus corpos. Mesmo agora, eu podia ouvir o cascalho do pátio de trens murmurando ao meu redor, as pedras sussurrando todas as coisas feias, escuras e sangrentas que foram feitas aqui esta noite.
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— Pensei que poderia querer ligar para o seu amigo Finnegan Lane primeiro. — Disse Bria. — Antes de eu fazer as minhas coisas. — Obrigada. — Eu disse e digitei o número de Finn. Ele tocou apenas uma vez antes de ele atender. — Onde diabos você está? — Finn gritou no meu ouvido. — Estamos procurando-a em todos os lugares! Estremeci com a sua voz estridente. — Estou bem. Estou de volta ao pátio de trens. LaFleur saltou para cima de mim atrás do Pork Pit e decidiu-me levar para um pequeno passeio esta noite. — Bem eu espero que tenha tido o bom senso de matá-la por interromper a sua noite. — Finn disse. — E por nos fazer ficar preocupados. — Eu fiz. Mas eu não era a única que fui presa. Bria está aqui comigo. Silêncio. Podia ouvir o pensamento de Finn através do telefone. Ele sabia que para matar LaFleur eu tinha revelado a Bria quem realmente eu era, e exatamente do que era capaz. — E como é que ela reagiu à notícia? — Finn finalmente perguntou. Olhei para a minha irmã, que estava agachada examinando o corpo de LaFleur junto da minha faca de silverstone, que ainda estava presa no peito da assassina. — Bem, ela não gritou e ainda não fugiu. Acho que é alguma coisa. — Fique quieta. — Disse Finn. — Estaremos ai em dez minutos. 351
— Não se preocupe. — Disse num tom irônico. — Eu não vou a lado nenhum. Eu desliguei o telefone e devolvi para Bria. — Chegam daqui dez minutos. Vai levar a polícia pelo menos vinte para chegar aqui. Então vá em frente e faça a sua chamada se quiser. Ela assentiu com a cabeça. Bria começou a vir pegar o telefone de mim, mas antes que ela pudesse tocá-lo, o celular começou a tocar. Os meus olhos estreitaram. Não havia dado o número a Finn, e havia apenas uma pessoa que teria motivos para chamar LaFleur agora. Então aproximei o telefone aberto e atendi. — Olá Mab. Silêncio. Esperei alguns segundos. Depois de se tornar evidente que ela não me ia responder, eu decidi iniciar a conversa. — Sua menina LaFleur está morta. — Disse no tom mais animado que consegui, considerando o fato de que tinha sido quase eletrocutada. Olhei para o corpo da outra assassina. — E ficando mais fria a cada segundo. — Você. — A voz de Mab estava sombria, fria e feia no meu ouvido. — Eu. — Respondi, um balde de sol em comparação. — Você tem andado ocupada desde a última vez que nos falamos. Quando foi isso? Oh sim. Na noite em que matei Elliot Slater no seu pequeno refúgio da montanha.
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Mais silêncio. Bria apenas olhava para mim, ouvia o meu lado da conversa com a elementar de fogo. A boca da minha irmã se apertava numa linha fina. — Tenho que admitir que você me deu uma boa luta neste tempo. — Disse. — Contratar LaFleur para vir a Ashland me matar foi um movimento inspirado, já que era tão óbvio que nenhum dos seus homens estava fazendo um bom trabalho. Pena que apostou novamente no cavalo errado. Mas parece que é um mau hábito seu. Isso vai acabar muito, muito em breve. — Então você matou LaFleur esta noite. — Mab rosnou. — Então o quê? Isso não te vai salvar no fim, Aranha. — Provavelmente não. — Eu murmurei. Olhando para Bria. — Mas pode ter certeza que foi divertido para inferno. Desliguei o telefone e passei de volta para Bria, começou a tocar novamente o segundo em que ela tocou, mas ela esperou até ele parar antes de se afastar de mim, abrindo-o e ligando para falar sobre o seu sequestro. Enquanto ela fazia isso, eu peguei uma das minhas facas rebeldes e usei o punho para desenhar a minha runa aranha no cascalho próximo ao corpo de LaFleur. Mab já sabia que eu tinha estado aqui, claro, mas eu queria conduzir o ponto para casa dela, por assim dizer. Alguns segundos mais tarde, quando Bria terminava a sua chamada, um par de faróis surgiu na extremidade do pátio. Até este
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ponto, eu consegui chegar aos meus pés e recuperar todas as minhas facas de silverstone, então segurei uma das armas, apenas no caso de o veículo trazer mais homens de Mab. Bria não tinha uma arma, então pegou num longo pedaço de tubo que estava no meio do lixo do pátio e segurou-o ao seu lado. Veio para o meu lado, mesmo que não olhasse para mim. Pneus rangeram sobre o cascalho e um grande SUV prata rolou até nós. As portas se abriram e Finn saiu do lado do passageiro. Eu esperava Sophia Deveraux pular para fora do banco de motorista, mas para minha surpresa, Owen saiu do veículo em vez dela. Os dois homens correram em nossa direção. Owen parou na minha frente, seu olhar violeta varreu o meu corpo, mas quando ele percebeu que eu estava inteira, uma parte da preocupação que estava no seu rosto desapareceu. Levantei uma das facas ensanguentadas que ele me tinha dado no Natal. — Você tem que me dar presentes com mais frequência. Porque esta funcionou como um encanto. Owen balançou a cabeça e sorriu para mim. Finn foi um pouco mais prático sobre as coisas. Uma vez que ele me olhou e fez questão de que eu estava bem, o meu irmão adotivo dirigiu a sua atenção para Bria. — Detetive. — Disse ele. — Você está com boa aparência, considerando todas as coisas.
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— Lane. — Bria respondeu com uma voz fria, cruzando os braços sobre o peito. — Você esta agindo como bajulador como sempre. Finn sorriu, seus olhos verdes brilhando. Ele amava o desafio, especialmente quando o objeto atual da sua afeição tão obviamente o odiava. Ou pelo menos odiava saber que estava atraída por ele. Mesmo depois de tudo o que aconteceu hoje à noite, uma centelha de interesse apareceu no rosto de Bria quando ela olhou para Finn antes de conseguir escondê-lo. Finn também viu, o que fez o seu sorriso se alargar ainda mais. — Precisamos ir. — Eu disse, interrompendo o seu olhar malicioso para Bria. — Bria chamou a polícia e disse-lhes sobre o seu… sequestro esta noite. E a intervenção de sorte e salvamento pela misteriosa Aranha. Finn e Owen olharam para mim, depois para Bria. Minha irmãzinha mudou os seus pés, mas ela conhecia seus olhares curiosos. — A polícia deve estar ai a qualquer minuto. — Ela disse com uma voz de indiferença. — Então eu sugiro que vocês três saiam antes de chegar ou decido mudar a minha história. Owen se aproximou e gentilmente colocou o braço ao meu redor para me ajudar com o SUV. Finn ficou onde estava. Ele olhou para Bria, em seguida novamente para mim, um olhar mais esperançoso no seu rosto agora. Eu balancei a minha cabeça. Dizendo-lhe que nada tinha sido resolvido entre nós as duas.
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Bria viu a troca e franziu a testa. Nossos olhares se encontraram e se seguraram novamente. Tantas emoções cintilaram nos seus brilhantes olhos azuis. Choque. Alívio. Cansaço. E apenas um toque de medo. O último me entristeceu mais do que eu pensava ser possível. Eu não queria que a minha irmãzinha tivesse medo de mim. Queria que ela visse a esperança e o desejo que enchia o meu coração. Queria que ela soubesse que eu nunca, nunca iria machucá-la. Queria que ela me aceitasse, mesmo que apenas por este breve momento. Seja o que for que Bria viu no meu rosto, não foi suficiente para quebrar o muro que estava entre nós. Um muro que eu tinha construído tijolo por tijolo, corpo pelo corpo ensanguentado, como Aranha. — Vamos Gin. — Disse Owen. Seu braço apertou-me de forma protetora, como se ele pudesse de alguma forma me proteger de ter o meu coração partido pela minha irmã. No entanto já era tarde demais para isso. — Precisamos levá-la a Jo-Jo. — Ele terminou. — Você esta ferida, precisa de ser curada. Bria era a única que podia realmente me curar agora, que podia aliviar esta dor forte no meu coração. Mas aparentemente, a minha irmã não estava interessada em ter qualquer coisa mais a ver comigo, pois se virou para longe do meu esperançoso olhar.
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N達o havia nada que eu pudesse fazer a n達o ser aceitar a sua decis達o, pelo menos esta noite. Ent達o eu concordei e deixei Owen me ajudar no SUV. Finn nos seguiu. Bria estava ao lado do corpo de Elektra LaFleur enquanto nos via desaparecer na noite.
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Capítulo 29 Owen colocou-me na parte da frente do seu SUV e levou-me para a casa de Jo-Jo. Quando chegamos lá. Finn levou o seu próprio Aston Martin de volta para o pátio de trens, para manter um olho em Bria de uma distância segura e ver como os policiais e Mab Monroe reagiam ao mais recente ataque da Aranha. Queria alguém de confiança por perto, em caso das coisas não correrem como Bria esperava. Se as coisas piorassem, Finn se aproximaria e tiraria a minha irmã de lá - quer ela quisesse ir ou não. Owen colocou o seu braço à minha volta novamente e me ajudou a subir os três degraus que levavam à varanda de Jo-Jo. Antes que ele pudesse usar a aldrava para bater na porta, agarrei o seu braço. Inclinei a minha cabeça para trás e olhei para ele. — Você não tinha que vir com Finn esta noite. — Disse. Owen olhou para mim, seus olhos violetas brilhando como ametistas na penumbra. — Sim, tinha. Porque me importo com você, Gin. Muito. Ele não usou a palavra com A, mas havia um nó na sua voz que me dizia que ele estava pensando nisso. Talvez Eva tivesse lhe dito que isso também seria demais, que seria muito apressado. Sorri com o pensamento. — O que é tão engraçado? — Ele murmurou.
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— Nada. Nadinha de nada. Seus braços se apertaram ao meu redor e eu senti o calor do seu corpo se infiltrar no meu. Era bom. Era certo. Por um momento, eu apenas fiquei lá e imaginei a razão da preocupação que estava por todo o seu rosto. Não sabia como ou quando ou até mesmo por que isso aconteceu, mas Owen realmente se importava comigo, mesmo com facas ensanguentadas e todo o resto. Ele me mostrou isso mais de uma vez nos últimos dias, mas pela primeira vez, me deixei acreditar nele - e em nós. — Não há nada que eu possa fazer que fará você ir embora, não é? — Murmurei. Owen me deu um sorriso maroto. — Finalmente descobriu isso, foi? Assenti. Seu sorriso se aprofundou. — Bem, com certeza levou um bom tempo. Nós ficamos lá na varanda por mais um momento, apenas segurando um ao outro, antes que Owen me ajudasse a entrar e me guiasse para o salão. Jo-Jo estava lá esperando, junto com Sophia. Sentei-me e recostei-me em uma das cadeiras vermelhas cereja do salão, assim como tinha feito tantas vezes antes. Jo-Jo levantou a sua mão, e sua magia elemental de Ar encheu o quarto quando ela começou a me curar. Por alguma razão, isso não me incomodou tanto como havia feito antes. Oh, sua magia ainda se sentia como se ela estivesse a espetar-me com milhares de agulhas afiadas ao mesmo
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tempo, mas não fez com que eu apertasse os dentes como normalmente fazia, e as cicatrizes de Silverstone nas minhas palmas não coçaram ou queimaram assim tanto. Talvez os meus nervos haviam sido danificados pela eletricidade de LaFleur um pouco mais do que tinha imaginado. Ou talvez fosse porque nada tinha me feito sentir tão bem quanto os solavancos que a outra assassina havia me dado esta noite. LaFleur podia estar morta, mas eu lembraria do estalo da sua magia para sempre, outra pequena cicatriz no meu psicológico para acompanhar todas as outras que já lá estavam, todas as outras pessoas que eu havia conseguido matar através de habilidade, magia ou apenas pura sorte, como Alexis James, Tobias Dawson e Elliot Slater. — Pronto. — Jo-Jo disse cerca de três minutos mais tarde, deixando a sua mão cair. — Já está feito. — É isso? — Perguntei. Surpresa que ela não tinha demorado muito para me consertar. — Isso foi tudo? A anã deu de ombros. — Você não foi tão espancada quanto geralmente é. Essas queimaduras elétricas eram desagradáveis, mas nem de longe tão profundas quanto podiam ser. Fiz uma careta. — Mas e quanto à magia de LaFleur? Ela me acertou com seu poder elétrico mais de uma vez. Pensei que ela iria me matar com ele. — E você usou a sua magia de Gelo para conter. — Jo-Jo disse, seus olhos incolores penetrando nos meus. — Ela pode ter conseguido alguns bons golpes no início, mas então você se impôs e a sua magia bloqueou a maior parte da dela. Andei-lhe dizendo todo
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este tempo que você é forte, querida. Quando você irá finalmente acreditar em mim? Pela primeira vez não estremeci com suas sinistras palavras. Em vez disso, sentei na cadeira e pensei nas coisas. Talvez quando matasse Mab Monroe e vivesse para contar a história - talvez aí acreditasse na anã e nas suas suposições sobre quão forte minha magia elemental era. Mas havia muitas mais histórias para serem contadas antes. Muitas coisas necessitavam ser feitas antes que Mab e eu nos enfrentássemos. Hoje eu estava simplesmente feliz que a outra assassina não era mais uma ameaça. Uma hora mais tarde, Sophia, Owen e eu estávamos na cozinha, enquanto Vinnie e Natasha estavam dormindo no andar de cima. Nenhum dos dois tinha ouvido Owen me trazer para dentro de casa e pedir a Jo-Jo para não os acordar. Eles precisavam do seu descanso. Jo-Jo tinha acabado de nos preparar uma cidra quente de maçã quando Finn entrou pela porta da cozinha. Ele, é claro, torceu o seu nariz para a cidra e optou por servir-se de um copo de café de chicória. — Então, como as coisas foram no pátio de trens? — Perguntei. — A Bria está bem? — Fiquei realmente surpreso. — Finn disse, tomando um gole do seu café e se apoiando no balcão mais próximo. — Os policiais já tinham chegado quando voltei para o pátio de trens, em vez de terem tomando um bom tempo para si como costuma acontecer. Enfim, a polícia estava lá com as luzes brilhando, armas em punho, vasculhando a área por evidências e blá, blá, blá. Bria falou com eles
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por um bom tempo, lhes mostrando todos os corpos, as coisas de costume. — A Mab estava lá? — Perguntei. Finn assentiu. — Ela apareceu cerca de uma hora depois de Bria comunicar o acontecido. Como era a sua propriedade, eles deixaramna olhar os corpos. Eles eram seus gigantes, afinal, membros da sua equipe de segurança. Minha mão se apertou ao redor da minha caneca de cidra. — Então o que a Mab fez? Finn deu de ombros. — Não muito. Como disse, ela bisbilhotou ao redor por um tempo, então foi embora. Bria ainda estava falando com os outros investigadores, portanto ela não conseguiria se aproximar. Pelo menos, não sem matar vinte policiais junto com ela. E, é claro, a imprensa também havia aparecido e todos os repórteres estavam pedindo para entrevistar Bria, já que ela tinha sido a última pessoa a ser salva pela Aranha. — Você acha que Mab irá atrás de Bria novamente? — Owen perguntou. Pensei nisso. — Eventualmente. Mas não vejo como ela pode fazer isso agora. Mab teve muitas perdas, muitos retrocessos consecutivos. Depois do que aconteceu hoje à noite, não ficaria surpresa se alguns de seus homens ficassem contra ela ou até mesmo desertassem sem rodeios. Os outros tubarões do submundo como Phillip Kincaid estão definitivamente cheirando sangue na água. Mab terá que trabalhar em manter a sua organização antes de tentar
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qualquer coisa contra Bria. Acho que lhe consegui algum tempo, pelo menos. Estava determinada a matar Mab muito antes que ela voltasse sua atenção para Bria novamente - não importando o quê. Estava tarde e não tinha vontade de dirigir para casa, portanto passei o resto da noite em um dos quartos de hóspedes de Jo-Jo - o mesmo quarto em que acordei a apenas um dia atrás. Fui varrida de tudo o que tinha acontecido esta noite, mas não estava muito cansada pra sonhar… Demorou mais do que pensei para percorrer os escombros de minha casa. Havia fogo por toda parte. Canos de água arrrebentados que jorravam como geiseres, vidros quebrados e estilhaçados que cortavam meus pés descalços, fios elétricos que jogavam faíscas azuis e vermelhas em todas as direções… Ainda não podia acreditar que tinha feito tudo isso com minha magia de Gelo e Pedra. Que eu, de alguma maneira, consegui desmoronar minha própria casa e que causei toda essa destruição com meus gritos de raiva, dor e medo. Corri o mais rápido que pude, escolhendo meu caminho ao longo das pilhas de escombro, ignorando as rochas afiadas que cortavam meus pés e a nova agonia crua do metal silverstone que tinha sido derretido dentro das minhas mãos. Tinha parado tempo suficiente para rasgar parte da minha camisola, mergulhá-la na água fria e envolver os pedaços ao redor das minhas palmas, mas ainda doíam tanto, enviando uma nova e pulsante onda de dor através de mim com cada batida do meu coração. Mas não importava o quanto doía, não importava o quanto me machucava, eu estava determinada a encontrar Bria e ir embora - para qualquer lugar. 363
Apenas fugir. Antes que a elemental do Fogo nos encontrasse e nos matasse às duas. Finalmente saí da casa e corri pelo jardim, indo para o pátio ao lado de fora da cozinha. Há uma hora, este foi um lugar bonito, com espessos suportes de flores e plantas, árvores e arbustos, todos dispostos em torno de uma fonte de pedra. Mas parte da casa tinha desabado sobre a fonte, quebrando-a em pedaços. E isso não era o pior que se via. O braço de um homem estava preso nos escombros, seu sangue, um vermelho brilhante contra o branco mármore pulverizado. Parei e olhei para o braço. Quem quer que fosse o dono daquele braço tinha que estar morto, embora sangue ainda pingasse das pontas de seus dedos. E percebi que tinha causado isso também. Que tinha usado a minha magia para esmagar alguém até a morte, mesmo que essa não tenha sido a minha intenção na hora. O pensamento fez meu estômago revirar, e por um momento, pensei que poderia vomitar. Mas engoli minha amarga bile quente e segui em frente. Me sentiria culpada mais tarde. Agora, tudo o que importava era encontrar Bria. Passei pelo braço ensanguentado e pela fonte esmagada e fui para o outro lado do pátio, onde um conjunto de escadas levava ao segundo piso da nossa casa. As escadas de pedra eram na verdade ocas por baixo, como uma câmara secreta dentro. Há alguns meses atrás, eu tinha arrastado uma mesa, algumas cadeiras e a casa de bonecas favorita de Bria para dentro da câmara, pois assim poderíamos ficar confortáveis lá enquanto brincávamos. Era também o meu lugar favorito para vir sempre que Bria e eu brincávamos de
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esconde-esconde, porque ela nunca pensava em me procurar lá. Mas novamente, ela tinha apenas oito anos. Depois de ter visto a elemental do Fogo matar a minha Mãe e Annabella, tinha arrancado Bria da cama, a tinha colocado na câmara secreta e havia-lhe dito para ficar lá até que viesse para buscá-la. Ninguém sabia da existência das escadas ocas além da minha família, portanto ninguém acharia Bria lá. Pelo menos, pensava que ninguém o faria até que ouvi minha irmãzinha gritar. Passei por outra parede de pedra e a escadaria apareceu. Olhei para cima e congelei, meu coração caindo para meus pés como um frio peso que havia sido jogado de uma ponte. Porque em vez das escadas ocas, tudo o via agora era uma pilha de escombros. — Bria? — Sussurrei. Ela não me respondeu. — Bria! — Minha voz ficou mais alta, cortante quando o pânico tomou conta de mim. Corri e me deixei cair ao pé dos escombros, tentando cavar através deles, tentando abrir um caminho através da pedra para poder chegar até Bria, que certamente tinha que estar presa por baixo. Mas as pedras eram muito pesadas para eu poder movê-las sozinha. Só havia uma coisa a fazer. Então me levantei, limpei minhas lágrimas e ataquei com minha magia de Gelo e Pedra, assim como tinha feito quando estava amarrada na cadeira.
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Uma por uma, explodi as pedras do meu caminho, não me importando que os pedaços que saíam voando estivessem picando meu rosto como abelhas. Sangue escorria pelas minhas mãos e bochechas, se misturando com minhas próprias lágrimas quentes. Finalmente, encontrei a coisa que mais temia. Porque em vez de Bria, em vez de minha irmãzinha sorrir para mim depois de tirar as pedras, tudo o que vi foi sangue. Tanto sangue. Muito sangue para qualquer um perder e ainda viver. Bria estava morta. Eu a tinha trazido aqui e escondido para que ela estivesse a salvo da elemental do Fogo e seus homens. Ela provavelmente estava - até que usei minha magia de Gelo e Pedra. Até que eu havia perdido o controle e atacado com ela sem pensar. Eu tinha feito toda a nossa casa desmoronar - mesmo em cima da minha irmãzinha. Havia matado minha própria irmã com a minha magia. Meus joelhos se dobraram e eu desmoronei nos escombros, gritando novamente, desta vez com sofrimento. Bria estava morta… morta… e eu a havia matado… Acordei com minha boca aberta em um grito mudo e suor frio escorrendo pelo meu rosto. Por um momento eu estava lá novamente, presa nos escombros da minha casa, lentamente percebendo que havia matado a minha irmã mais nova quando estava tentando salvála tão desesperadamente. Parecia tão cru e recente como se tivesse acabado de acontecer.
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Então me lembrei de quem eu era. Onde estava. E que estava a salvo agora. Assim como Bria. Deixei-me cair contra a cabeceira e virei a minha cabeça, meus olhos indo para o telefone que estava na mesinha de cabeceira à minha frente. Eu peguei-o. Pensei que tinha perdido Bria antes e carreguei a culpa da sua suposta morte desde então. Não a deixaria ir uma segunda vez, não me importava o que era preciso para ela me aceitar. Não me importava quanto tempo levaria. O telefone tocou três vezes antes que ela atendesse. — Sim? — Ela parecia tão acordada como eu, apesar da hora tardia. Por um momento, me vi procurando por palavras, da maneira que sempre acontecia quando telefonava para ela. Respirei fundo e me forcei a falar. — É a Gin. — Finalmente disse. — Podemos falar?
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Capítulo 30 O dia seguinte era Véspera de Natal. O Pork Pit não estava oficialmente aberto para negócios, portanto dei a todos os empregados o dia de folga depois de tê-los pago por ele, porém Sophia e eu tínhamos uns pedidos de última hora para conferir antes de fecharmos para o feriado. E eu tinha umas compras tardias para fazer, porque ainda não tinha decidido o que daria de presente a Owen, e estava ficando sem tempo. Entre cozinhar e entregar às pessoas os seus pedidos para as festas, mantive um olho no relógio pendurado na parede, contando as horas que faltavam para que minha visita chegasse. Finalmente, três horas se passaram. Um minuto depois, a porta da frente se abriu, fazendo o sino tocar e ela entrou no restaurante. Detetive Bria Coolidge. Minha irmãzinha. Ela parecia tão fria e profissional como sempre, com seu longo casaco, blusa, jeans e botas. Seu distintivo brilhava em seu cinto de couro, ficando ao lado de sua arma. Ela estava parada na porta, como se não tivesse certeza do que estava fazendo aqui. Isso fazia com que fossemos duas. Sophia e eu olhamos para ela. Em seguida a anã virou seus olhos
negros
para
mim
e
deu-me
um
pequeno
aceno
de
encorajamento. 368
— Lá atrás. — Sophia grunhiu com sua voz quebrada, desaparecendo através das portas giratórias para nos dar alguma privacidade. Limpei minhas mãos em um pano de louça, contornei o balcão e me aproximei da minha irmã. — Estou feliz que você tenha vindo. Bria apenas deu de ombros, como se ela não confiasse em si mesma para falar no momento. Tranquei a porta da frente que estava atrás dela para que não fôssemos interrompidas. Nós nos sentamos em uma das cabines que ficavam perto da vitrine - a mesma cabine em que Jonah McAllister e Elektra
LaFleur
tinham
sentado
quando
tinham
entrado
no
restaurante à uns dias atrás. Desta vez, porém, a ironia não me incomodava. Porque LaFleur estava morta e eu não. — Você quer qualquer coisa para comer? Algo para beber? — Perguntei. Bria balançou sua cabeça e olhou para mim, claramente querendo que eu fosse em frente e dissesse o que estava na minha mente. Ok. Podia fazer isso. Esperava. Respirei fundo e lentamente coloquei o ar para fora. E então, eu comecei, lhe dizendo todas as coisas que desejava há tanto tempo. — Telefonei tão tarde da noite porque eu tive um sonho com você - sobre a noite que Mab matou a nossa mãe e Annabella. — Disse em voz baixa. Bria franziu a testa, como se ela não acreditasse inteiramente em mim. — Você teve um sonho? Sobre mim? Sobre aquela noite?
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Assenti. — Venho tendo-os ultimamente. Há já alguns meses, na verdade. Só que eles não são apenas sonhos, são mais como memórias daquela noite. Noite passada, sonhei com quando fui procurar você, depois de ter usado a minha magia para desmoronar a nossa casa. Lembro-me de cavar por entre os escombros, tentando encontrar você no quarto de brincar secreto que ficava sob as escadas, mas percebendo que as escadas tinham sido destruídas junto com a casa, e achando apenas sangue no lugar. Tanto sangue. Minha voz caiu para um sussurro e tive que engolir mais uma vez antes de ser capaz de continuar. — Acordei gritando porque pensei que você estava morta, que eu a tivesse matado com minha magia. É um sonho que tenho com frequência ao longo dos anos. Algo brilhou nos olhos azuis de Bria. Podia ter sido culpa, mas eu ignorei. Se não falasse agora, não sabia se falaria alguma vez. Então sentei lá e disse tudo a Bria. Como pensei que ela estava morta pelos últimos dezessete anos até que Fletcher Lane tinha me deixado uma pasta sobre o assassinato da minha família com a foto de Bria lá dentro. Como eu tinha procurado por ela, sem sucesso e então tinha ficado surpresa ao descobrir que ela tinha voltado para Ashland por conta própria como uma detetive do departamento da polícia, nada menos. Como lutei com a maneira de contar-lhe quem eu realmente era e todas as coisas que tinha feito ao longo do tempo para protegê-la de Mab. Todas as pessoas que tinha matado para mantê-la a salvo. E então lhe contei a verdadeira razão porque nossa mãe e irmã mais velha foram assassinadas naquela noite - porque Mab pensava
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que um membro da família Snow, uma garota com magia tanto de Gelo como de Pedra, estava destinada a matá-la algum dia. — Ela pensava que eu era você, não é verdade? — Bria perguntou. — Que eu tinha tanto a magia de Gelo como a de Pedra? Assenti. — Pelo que eu consegui descobrir, sim. — E é por isso que ela me quer morta agora. — Sua voz estava fria e sem vida. — Porque ela pensa que irei matá-la um dia com a minha magia. Assenti novamente. Para minha surpresa, Bria jogou sua cabeça para trás e soltou uma pequena risada amarga. — Bem, suponho que mereço isso por ter sido tão covarde em primeiro lugar. — Como? — Eu fugi naquela noite. — Bria disse em um tom baixo. — Como a covarde que eu era. Fiz uma careta. — O que você quer dizer com isso? Bria respirou fundo. — Naquela noite, quando você me escondeu no quarto de brincar sob as escadas, fiquei assustada ao ficar lá no escuro, sozinha. Então voltei para dentro da casa para tentar achá-la, mesmo você me tendo dito para não o fazer. E eu vi - eu vi Mab torturando você. Não sabia quem ela era no momento, mas eu a vi e Elliot Slater passando fita adesiva no seu medalhão de runa em forma de aranha e o colocar entre as suas mãos, e eu a ouvi fazer todas aquelas perguntas sobre mim.
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Desta vez foi Bria quem teve que parar por um momento. — E eu… e eu ouvi você gritar quando ela aqueceu a runa e a derreteu dentro de suas mãos. Não sabia o que fazer. Queria ajudar você, queria usar minha magia de Gelo, mas estava tão assustada, tão aterrorizada que não consegui fazer com que ela funcionasse. Então eu… eu apenas corri. Eu fugi. Saí da casa e voltei para o quarto de brincar secreto. Pensei que o que estava a acontecer era minha culpa por ter saído de lá e se voltasse, tudo ficaria bem. Estúpido, eu sei. Culpa e autoaversão deram à sua voz um duro tom feio. Parecia que eu não era a única que tinha carregado por aí a bagagem emocional daquela noite por todos esses anos. Não culpava Bria pelo que ela tinha feito. Havia uma única pessoa com culpa em tudo isso - Mab Monroe. E ela iria pagar pelo que nos tinha feito, mais do que ela imaginava. Bria não queria olhar para mim, então lentamente me aproximei e peguei a sua mão com a minha. Seus dedos pareciam frios como gelo contra os meus. — Você tinha oito anos de idade, Bria. Era apenas uma criança. Não havia nada que pudesse fazer para parar Mab. Ela encarou a mesa. — Você também era apenas uma criança, Gene… Gin. E olhe o que você fez. Você sentou lá e não disse nem uma palavra sobre mim. Nem mesmo uma palavra. E sei o quanto Mab a machucou. Ouvi os seus gritos por todo o caminho enquanto saía da casa, e ainda os podia ouvir quando voltei para o pátio. Tive que colocar minhas mãos nos ouvidos para bloquear o som.
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Nós não dissemos nada por alguns minutos. Em vez disso, nós apenas nos sentamos lá, encarando as nossas mãos colocadas uma sobre a outra. — O que aconteceu depois? — Finalmente perguntei. — Depois que você… se foi? Bria deu de ombros. — Não me lembro de muito. Corri através da casa pelo que me pareceu ser uma eternidade, parando para me esconder cada vez que via um dos homens de Mab procurando por mim. Mas finalmente consegui chegar às escadas onde você me disse para esperar antes que dois dos homens me vissem. Um deles me agarrou e eu comecei a gritar. Lembrei-me do som dos gritos dela naquela noite. O terrível, terrível som. Aquele que sempre me fazia acordar com suor frio. — De qualquer maneira, não sei o que aconteceu depois disso. Imagino que tenha sido você e a sua magia, porque a casa começou a desmoronar em cima de nós. Parte dela caiu em cima de um dos gigantes e o sepultou. Devia ter sido aquele cujo braço havia visto perto da fonte. — Me afastei do outro gigante, passando a correr pelo lado da escada, e conseguindo chegar ao pátio. Mas ele não foi tão rápido quanto eu. Vi a escada desmoronar e o esmagar até à morte. — Ela me deu um sorriso apertado. — Sei que é horrível falar dessa maneira agora, mas no momento, me lembro de pensar que seu sangue estava a esguichar para fora dele como um suco de tomate. Imagino que esse foi o sangue que você encontrou nas rochas. Dele, não meu.
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Não era mais horrível do que todas as coisas que tinha feito enquanto Aranha, mas ao invés de lhe dizer isso, apenas assenti. — De qualquer maneira, eu apenas continuei a correr, indo mais e mais para dentro da floresta que ficava à volta da nossa casa até que colapsei. Depois disso, as coisas ficam um pouco confusas. — Bria disse. — Tudo o que realmente me lembro é que algum tempo depois, esse homem me encontrou lá no meio do nada. Realmente não me lembro de muito sobre ele, apenas que ele tinha os olhos mais verdes que alguma vez vi. Era como olhar para vidro ou algo parecido. De qualquer forma, ele levou-me… para algum lugar. Alimentou-me, me banhou e se certificou de que eu estava bem. A próxima coisa que sei, eu tinha uma nova mãe e um novo pai. Eles eram pessoas maravilhosas, Gin. Penso que você teria gostado deles. Mas não era… o mesmo. Nunca foi o mesmo. Olhei para trás, para a parede atrás da caixa registadora e para foto de Fletcher Lane que estava pendurada lá. Na foto desbotada, um jovem Fletcher levantava a captura de sua pescaria, sorrindo com orgulho para a câmara. De alguma maneira, eu sabia que o misterioso homem de que Bria estava falando era ele. E mais uma vez, eu estava chocada - simplesmente chocada. O velho homem tinha encontrado Bria todos esses anos atrás? Tinha entregado-a aos seus pais adotivos? Por quê? Teria ele procurado por mim também? Mais importante, ele saberia do ataque de Mab à nossa família? Ele tinha estado lá naquela noite? Tinha Fletcher estado lá como o assassino Homem de Ferro, como um dos homens de Mab? O horrível pensamento bateu dentro de mim com a força de uma das minhas 374
próprias facas Silverstone, cortando meu coração em dois. Teria o velho homem de alguma forma ter sido responsável pelo assassinato da minha mãe e irmã mais velha? Por um momento, o mundo balançou loucamente e eu não conseguia respirar. Simplesmente não conseguia respirar… — Você não é a única que tem sonhos. — Bria disse em voz baixa, cortando os meus pensamentos perturbadores. — Noite passada no pátio de trens, estava fazendo apenas o que você queria que fizesse… saindo de lá. Mas eu não conseguia parar de pensar naquela noite e como eu tinha agido naquela época. E decidi que não queria fugir novamente. De alguma maneira eu coloquei minhas especulações sobre Fletcher de lado e me concentrei nela novamente. — É… é por isso que você voltou para me ajudar na noite passada? Porque se sentiu culpada por ter fugido todos aqueles anos atrás? Bria mordeu o lábio e assentiu. — Fui uma covarde antes quando a minha irmã mais velha precisou de mim. Não quis ser outra vez. Especialmente devido a uma assassina arrogante como Elektra LaFleur. Portanto, corri em direção ao gigante que você havia matado, aquele com a arma, agarrei-a e dei a volta para me colocar atrás dela. As duas estavam lutando, então não consegui uma trajetória clara. Mas então ela começou a usar a sua magia e você colapsou aos pés dela. Pensei que ela iria matá-la e simplesmente... perdi o controle. Essa é a razão pelo qual comecei a atirar. Mas não pensei em verificar
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quantos tiros sobravam, que é o porquê de ter ficado sem balas antes que pudesse matá-la. — Acredite. — Disse em um tom irónico. — Fiquei grata pelos tiros que você deu. Eles a distraiu tempo suficiente para eu fazer o que precisava ser feito. Bria assentiu e levantou os seus olhos para encontrarem os meus. — E é nisso que você é especialista, não é? Porque você é a Aranha. Olhei para ela. — E isso incomoda você? O fato de eu ser uma assassina? O fato de ter decidido ir atrás de Mab e fazê-la pagar por todas as coisas más que fez? Por tudo o que ela fez à nossa família, a nós? Bria não disse nada, mas pude ver a luta em seu rosto. Ela odiava Mab tanto quanto eu, mas minha irmã ainda era uma policial. Ela ainda acreditava em coisas como lei, ordem e justiça. Ela passou toda a sua vida acreditando nisso e lutando contra pessoas como eu. Ela não podia simplesmente colocar tudo isso de lado porque descobriu que a sua irmã a muito perdida era uma notória assassina. Não importa o quanto eu quisesse que ela o fizesse. — Então você é realmente a Aranha? — Ela perguntou finalmente. Eu assenti. — E quantas pessoa você matou ao longo dos anos?
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Eu não queria pressioná-la mais, mas não iria mentir também. Não mais. Então dei de ombros. — Parei de contar a muito tempo atrás. Você não iria querer saber de qualquer maneira, não mesmo. — Não. — Ela disse num tom pensativo. — Não iria querer saber. Não realmente. Não falamos por alguns momentos. — Então, o que acontece agora? — Perguntei. — Ambas estivemos procurando pela outra por semanas, e ambas queremos que Mab pague pelo que ela fez à nossa família. Onde isso nos deixa? Bria hesitou. — Você precisa entender que passei toda a minha vida adulta sendo uma policial, Gin. Fui criada por um policial, um dos bons. Regras, procedimentos, a lei, todas essas coisas têm significado para mim. Não acho que tenham para você. Dei de ombros novamente. Não, não tinham, porque eu tinha minhas próprias regras, meus próprios procedimentos, minha própria lei. Mas não achava que Bria queria ouvir sobre o cínico, sangrento e violento ponto de vista da Aranha neste momento. — Devia estar prendendo-a por tudo que fez, incluindo o assassinato de Elektra LaFleur e o dos homens de Mab Monroe, mesmo que eles tenham merecido. — Bria disse. — Mas simplesmente não consigo fazer isso. Não sei por quê. Sua relutância em me dedurar não era muito, mas era algo com quê eu podia começar. — Bem, sei o que quero. — Disse. — Você é a minha irmã, Bria. Quero o que sempre quis… um relacionamento com você. Você
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novamente na minha vida de alguma maneira. Quero poder conhecêla e ver o quanto você se parece com a menina de que me lembro, aquela com quem costumava jogar todos aqueles jogos e com quem me diverti tanto. Você não quer isso também? Depois de tudo o que passamos? Depois de todos aqueles longos anos que estivemos separadas? Bria soltou um suspiro tenso. — Penso que queria antes de descobrir que você era a Aranha. Agora, simplesmente não sei. Suas palavras não me surpreenderam. Esperava que essa conversa corresse mais ou menos assim. Mas a sua falta de compromisso me machucou, me feriu no fundo de uma maneira que nem conseguia descrever. Provavelmente da mesma maneira que minha dúvida e hesitação fizeram com Owen. Ele nunca tinha me dito nada sobre isso, mas podia dizer que Owen queria algo de mim que eu simplesmente não estava pronta ou apta para lhe dar. Assim como Bria não estava pronta para me dar o seu amor e confiança. Nem agora, talvez nunca. Ironia. Tinha vindo me pegar mais uma vez. — Preciso de algum tempo para pensar nas coisas, Gin. — Bria disse, passando a mão por seu cabelo loiro. — Quero dizer, não é apenas você. Depois que saí do pátio de trens noite passada, liguei para Xavier e lhe disse o que tinha se passado. Xavier é meu parceiro, pelo amor de Deus, e ele sabia mais sobre você, sobre o que você é e o que você faz, do que eu. Ou fazia. Ou o que seja. Me senti… traída. Por ele, por você, por toda a situação. Não posso simplesmente estralar meus dedos e esquecer tudo o que sou apenas porque sei quem você é agora. — Compreendo. — Disse em uma voz calma. 378
E eu compreendia. Certa vez, eu tinha sido uma menininha feliz com uma mãe e duas irmãs que amara. Mas o acaso ou o destino ou simples circunstâncias me tinham transformado em uma assassina. Era uma escolha que tinha aceitado, e algumas vezes que tinha feito em ordem de sobreviver. Sabia disso. Racionalmente, eu sabia, mas ainda assim tinha levado muito tempo para me ajustar ao fato de que nunca mais seria aquela menininha despreocupada outra vez. E nem Bria. Em muitas maneiras, minha irmã era apenas como eu. Ela podia acreditar na lei e na justiça, enquanto eu colocava a minha fé em minhas facas e na minha vontade de usá-las, mas no fundo, nós éramos mais parecidas do que ela se dava conta. Ambas fizemos o que precisava ser feito para protegermos as pessoas com quem nos importamos. Eu apenas tirei mais sangue ao longo do caminho. Imaginava se Bria alguma vez perceberia isso. Esperava que ela o fizesse. Esperava… por várias coisas. Muitas coisas, na verdade. — Bem, meu convite ainda está de pé. — Disse. Bria franziu a testa. — Que convite? — Aquele para a festa de Natal amanhã na casa de Owen Grayson. Gostaria que você viesse, se puder. Bria imediatamente balançou a cabeça. — Não acho que isso seria uma boa ideia, Gin. Apenas preciso de algum tempo para pensar nas coisas. Quanto tempo, eu não sei.
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Assenti, aceitando o seu pedido. Depois de tudo, eu era a Aranha, a assassina cuja runa era o símbolo da paciência. Iria esperar por Bria… pelo tempo necessário. — Tudo bem. Estarei aqui, quando estiver pronta. — Disse. — Da maneira que você quiser. E então não havia nada mais para nós falarmos, não hoje, portanto, Bria deslizou para fora da cabine e se levantou. Fiz o mesmo e destranquei a porta da frente para ela. Ela colocou a mão na maçaneta e a rodou como se ela estivesse prestes a ir embora. Mas por alguma razão, ela se voltou e olhou para mim mais uma vez. — Quaisquer problemas que existam entre nós, quaisquer coisas más que tenhamos feito ao longo dos anos, quero que você saiba que estou feliz por você estar viva, Gin. — Bria disse. — Estou feliz que você esteja viva. Ela soava como se estivesse dizendo adeus… para sempre. Mas antes que pudesse chamá-la, antes que pudesse convencê-la a ficar, Bria abriu a porta, saiu para a noite fria e caminhou para longe. Levando a última peça da minha infância, e talvez até do meu coração, com ela.
Fim 380
Continua em Elemental Assassin #5: Spider’s Revenge
Velhos hábitos custam a morrer. E eu tenho a intenção matar alguém antes que a noite acabe. Matar era meu trabalho regular, afinal. Gin Blanco, também conhecida como a Aranha, assassina de aluguel. E eu era muito boa nisso. Agora, eu estou pronta para fazer o trabalho que realmente importa: Mab Monroe, a perigosa Elemental de fogo que matou minha família quando eu tinha treze anos. Oh, eu não acho que a missão vai ser fácil, mas acontece que vai ser um pouco mais problemática do que o esperado. A cadela sabe que estou vindo para ela. Então agora sou eu contra o exército de caçadores de recompensa letais que ela contratou para me derrubar. Ela também colocou um preço sobre a cabeça da minha irmãzinha. Manter Bria segura é a minha primeira prioridade. Matar Mab é a segunda. Ainda bem que eu tenho a minha poderosa magia de Pedra e de Gelo e meu irresistível amante Owen Grayson - para cuidar das minhas costas. Esta batalha tem se construído durante anos, e há uma chance de que não vou sobreviver. Mas se eu cair, então, Mab vem comigo... não importa o que eu tenha que fazer para que isso aconteça.
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