04 marés perigosas

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Disponibilização, tradução, revisão, formatação: Comunidade RTS – ORKUT Tradução e Formatação : JoB Slavic Revisão : Skau


Sinopse: A Doutora Libby Drake é sensível e prática. Para suas irmãs mais aventureiras, ela é sempre a "boa garota". Certamente não do tipo que atrai a atenção de um gênio como Ty Derrick... até que um trágico acidente deixa o bonito bioquímico a sua mercê. Utilizando sua capacidade de cura Libby volta Ty à vida, despertando nele desejos há muito tempo reprimidos pela mulher que lhe salva. Mas ele não é o único homem que se fixou em Libby Drake. Seu poder milagroso e caridoso também captou a atenção de um admirador perigosamente influente que a persegue para seus próprios propósitos e está disposto a chegar ao extremo mortífero para obtê-lo.


Capítulo 1 O vento gemia um tom suave que se elevava lentamente até um estranho uivo, quase como se uma voz o convocasse. As ondas se estrelavam contra as rochas dentadas, produzindo espuma branca e salpicando alto no ar. O som era ensurdecedor, grandes trovões ressonando ao longo dos escarpados. A chuvarada tinha deixado os escarpados instáveis, mas Drew Madison ignorou os sinais de advertência e passou sobre a cerca para escorregar e deslizar-se, abrindo caminho através da terra suave que se desmoronava perto da borda. A água formava redemoinhos e fervia, uma escura beberagem fazendo gestos muito abaixo dos proeminentes escarpados. A vista era hipnotizante. Por muito que o tentava, não podia apartar seu olhar fascinado ou deixar de escutar as vozes que murmuravam chamando... chamando. Passou a mão pela face para esclarecer a cabeça. Sua pele estava molhada, mas não estava seguro se pela chuva ou por suas próprias lágrimas. As ondas retumbaram outra vez, esta vez enchendo seus ouvidos, uma alma perdida tão enfeitiçada como ele. Uma convocatória. Apertou as mãos contra os ouvidos para afogar o triste uivo, mas o vento golpeava para ele, exigindo sua atenção, insistindo em que escutasse. Cambaleou-se para trás, negando com a cabeça, escorregando, balançando-se durante um momento. Vamos. Vamos. As vozes do vento lhe urgiam. A liberdade estava a um ou dois passos. -Não! - Negou com a cabeça e foi para trás em busca da segurança da cerca. Seus dedos aferraram a madeira tão forte que seus nódulos se voltaram brancos. Baixou a vista a suas mãos, obrigando-se a apartar o olhar da água que formava redemoinhos abaixo. Tinha que contar a alguém, fazer que entendessem o que estava ocorrendo. Mas a quem ia contar? Encerrariam-lhe se lhes dizia que as marés eram perigosas. Algo vivia ali e estava faminto. Hannah Drake estava na almena do capitão de rosto para o mar. O vento a golpeava com uma fúria incomum, enviando seus longos cabelos alvoroçados contra sua face. As ondas golpeavam implacavelmente e em alguma parte na distância acreditou ter ouvido um grito de alarme. Hannah deu um passo adiante se aproximando mais a barra protetora de ferro e virou-se na direção de onde acreditava que viera o estranho som. Três vezes já se sentira inquieta... e três vezes tinha falhado em encontrar a fonte. Olhou fixamente para sua casa. Suas irmãs a esperavam, sua calidez e sua felicidade encheriam o frio vazio, mas não podia ir a elas ainda. Tinha que fazer um intento mais. Jogou a cabeça para trás e levantou o olhar para o céu. As nuvens obscureciam parcialmente a lua, lançando escuras sombras sobre a luz. O fôlego ficou entupido na garganta quando divisou o duplo anel ao redor da lua... do vermelho escuro a negro. -Hannah! - Chamou Libby Drake. – Venha me salvar. Estão me perturbando Hannah apertou o pulôver a seu redor e se apressou a voltar para o refúgio seguro de sua casa. Chegariam problemas muito em breve, mas não sabia de onde... ou a quem... golpeariam. Necessitava da risada e a camaradagem de suas irmãs para dissipar o crescente medo de seu interior. Algumas vezes seus dons eram uma maldição. Libby deslizou um braço ao redor de Hannah enquanto baixavam juntas a escada. -Está bem? Está tremendo de frio. -Estou bem. Estou desejando nossa reunião desta noite. - replicou Hannah, abraçando Libby. Só em tocá-la já podia acalmar seus medos. Forçou um sorriso quando se uniu a suas irmãs, atirando-se ao chão no interior do quente círculo. -Venha, me contem por que estão perturbando Libby. - Jogou uma última olhada para uma janela e logo virou. Não havia nada que ela pudesse fazer, assim fixou sua atenção em suas irmãs e o prazer que sempre lhe proporcionavam.


-Tudo o que disse foi que estou cansada de ser a “boa garota”. Estou trocando totalmente minha imagem e me convertendo em uma “má garota”. - anunciou Libby. -Libby, faz que me parta de risada- disse Sarah Drake a sua irmã menor. -Você não tem nem um osso mesquinho em seu corpo. Não poderia ser uma garota má embora o tentasse. Libby franziu o cenho para Sarah e logo fulminou com o olhar ao círculo de caras que a rodeavam. -Não sou a “boa garota” que todas criem que sou. -Oh, seriamente? - Joley Drake arqueou uma sobrancelha de onde estava escancarada sobre o chão. - Me nomeie uma pessoa deste mundo a que você gostaria de enviar voando a Marte. Alguém a quem despreza absolutamente. A risada percorreu a sala de estar. -Isso é impossível. -Hannah se inclinou para beijar a têmpora de Libby. -Todas lhe adoramos, carinho, mas em realidade não tem o que terá que ter para ser uma garota má. Não como eu... ou Joley. - Olhou a sua irmã menor. -Ou Elle. A risada aumentou e Elle deu de ombros. - É o cabelo vermelho. Não me faço responsável por minha… interessante personalidade. -É muito mais divertido ser má. - disse Joley, impenitente. - Ninguém espera que faça o correto e não está nunca realmente em problemas. Mamãe e papai nunca esperaram que eu fosse educada e amável enquanto crescíamos. Passavam todo o tempo me dizendo que eu me censurasse. - Estendeu-se em busca de uma bolacha e se sentou para beber seu chá. -Eu tratei de lhes explicar que me censurava, que das cinco coisas que me vinham à cabeça escolhia a menos ofensiva, mas ainda assim não estavam muito emocionados. Elle sorriu abertamente a Joley sobre sua xícara de chá. -Acostumaram-se que os chamassem do escritório do diretor da escola. Alegrei-me realmente em ir após você. Abriu-me o caminho. Eu discutia com os professores sobre tudo e o conselheiro me disse que tinha problemas com as figuras com autoridade. -Nunca me puderam apanhar em nada. - disse Hannah, soprando suas unhas e esfregando-lhe com ar satisfeito. -Um ou dois dos professores suspeitaram que tivesse algo que ver com as rãs que surgiam das salas de garotas que não eram muito simpáticas comigo, mas ninguém o pôde provar em realidade. Libby suspirou. -Eu quero ser assim. Detesto ser a garota boa. -Mas é uma boa garota. - Assinalou Kate, tocando o joelho de Libby. -Não pode evitá-lo. Mesmo quando menina defendia suas causas. Não podia se colocar em problemas porque estava muito ocupada salvando o mundo. Isso não é algo mau. -E não tem maus pensamentos, Libby. -Acrescentou Abigail. -Não está em você. -É responsável. - disse Sarah. - Isso é bom. Libby, sentada com as pernas cruzadas sobre o chão, cobriu o rosto com as mãos e gemeu em voz alta enquanto tombava com a cabeça sobre o colo de Hannah. -Não. É tão aborrecido. Sou simplesmente aborrecida. Quero ser má até o tutano. Selvagem. Imprevisível. Algo, exceto a sensata Libby. -Tingirei seus cabelos, Lib. - Propôs Joley. - As pontas rosa e mechas castanhas. Libby olhou às escondidas através de seus dedos. -Não é possível que tenha as pontas rosa e mechas castanhas e que me tomem a sério quando for ao hospital trabalhar. Pode imaginar a reação de meus pacientes? Joley franziu o cenho. -Essa é a questão, Lib, se quer uma reação. Lança a cautela e o sentido comum ao vento. Mudar seu cabelo de cor não vai te fazer menos doutora. É tão respeitada como poderia ser qualquer médico. Libby deixou cair às mãos de sua face e agarrou uma bolacha. Precisava reconfortar-se com a comida.


-Tenho pensado em voltar com os Médicos sem Fronteiras. Não posso ir à África com o cabelo rosa. -Lógico que pode. Os meninos adorarão. -Insistiu Joley. -Para você é diferente, Joley. Você é artista. As pessoas esperam que seja selvagem e amalucada. Tem que ter uma certa aparência. -Por quê?- O prato de bolachas estava vazio e Joley ondeou a mão para a cozinha. Nesse preciso instante, o prato se elevou no ar e navegou por volta da cozinha de onde o aroma das bolachas recém assadas flutuava para a sala de estar. -Joley anda pavoneando-se. - disse Elle.- Levou-lhe tempo aprender a fazê-lo Joley golpeou Elle com um jornal enrolado. -Não é certo. Podia fazê-lo antes que você nascesse. Sigamos com o programa, bruxa, estávamos tentando ensinar Libby como ser uma garota má. -Falando de bruxa, - disse Elle. -tratei de te levantar esta manhã e você me fez uns ruídos grosseiros e ameaçou me atirar da torre a um mar cheio de tubarões. Joley empurrou Libby. -Vê, carinho? Isso é ser uma garota má. Despertei e passei o aspirador como sua majestade queria que fizesse? Não, segui dormindo e ela o fez por mim. -Como se fosse fazê-lo. -Bufou Elle. -Não fiz seu trabalho. Libby o fez para que pudesse recuperar o sono, coisa que não seria necessário se não estivesse acordada até altas horas da noite. Elevou-se um gemido coletivo. -Libby, não. -Joley tratou de soar decepcionada mas só arrumou para engasgar-se com a risada. Libby abaixou a cabeça de forma que seu cabelo negro caiu como uma nuvem ao redor de sua face e ombros. -Acreditei que poderia necessitar algumas horas extras. Não foi para tanto. Sarah abraçou Libby. -É incrível e nem se quer se dá conta disso. -Não, não o sou. - insistiu Libby. -Quero ser uma bruxa. Só que não quero tingir o cabelo. Sinto muito Joley, obrigado pelo intento, mas a sério o cabelo rosa não é para mim. Joley sorriu abertamente. -Aí tem, tentando não ferir meus sentimentos. Necessitamos uma escola para garotas más. Seria a única vez em sua vida que obteria menos que uma nota perfeita. Libby elevou o queixo e olhou fixamente a sua irmã menor. -Poderia obter uma nota perfeita na classe de garotas más. Eu sempre tiro boas notas. Joley deu de ombros. -Eu tentava não obter boas notas. Uma vez tivesse começado mamãe e o papai teriam querido que continuasse. Então estaria perdida. Hannah deu um tapinha em Joley. -Boa filosofia. Oxalá eu tivesse pensado nisso. -Ondeou a mão para a cozinha. -Eu nunca acabava as tarefas. Poderíamos falecer todas sem bolachas. -Fez dessas com açúcar, Hannah? - perguntou Kate. -Adoro-as. -Para você. -. Hannah sorriu a Kate mas virou para dirigir a Sarah um olhar duro.-Mas não para você. Colocou-se ao lado de Jonas Harrington sobre o filme da outra noite, assim nada de açúcar em suas bolachas. -Hannah. -Protestou Sarah. -Não pode me castigar porque eu gostei de um filme que você não gostou. -Não te castigo porque você gostou do filme, traidora, castigo-te porque o admitiu diante do cavernícola e inflou seu ego. -Estou segura que Sarah não tinha intenção de ficar ao lado de Jonas. - Disse Libby. Estalou outra ronda de risadas.


-É um caso desesperado, Lib. -Disse Hannah. - Mostro-te como ser bruxa e você simplesmente não capta o conceito. Uma rajada de vento soprou através da casa quando a porta da sala de estar se abriu, entrando um homem alto de ombros amplos. Jonas Harrington, o xerife local, deu uma portada atrás dele e entrou com grandes pernadas como se fosse o dono do lugar. O olhar de Hannah saltou para o grande vendaval que dava ao mar, seu coração palpitava com repentino alarme. A fúria do vento fazia girar as escuras nuvens, mas falhava ao ocultar o círculo de vermelho sangue que lentamente se filtrava no anel enegrecido ao redor da lua. Sua mão deslizou para sua garganta... um gesto puramente defensivo... enquanto seu olhar se encontrava com o de sua irmã menor. Elle tinha o mesmo conhecimento de perigo iminente em seus olhos. -Hannah? -Libby passou a mão pelo braço da irmã para reconfortá-la. -Algo vai mal? Para distrair a suas irmãs, Hannah gesticulou para o xerife e gemeu. -Falando do diabo. Juraria, é como se sussurrasse seu nome e isso lhe invocasse, algo assim como um demônio do inferno. Joley acotovelou Libby. -Vê, isso é censura. Ela estava pensando em algo pior que isso, não é verdade, Hannah? Hannah assentiu com a cabeça. -Tenha certeza disso. -Sentiu a instantânea troca de poder na habitação, o sutil fluxo de suas irmãs ajudando-a automaticamente, liberando-a da maldição do balbuciar ou pior, ter um de seus ataques de pânico só porque alguém além de sua família estava com elas -Barbie. - Saudou Jonas a Hannah, provocando-a deliberadamente com esse odioso apelido. -É impossível que você ensine a Libby como ser uma bruxa. Você nasceu assim. Ela, entretanto, não é nada mais que bondade. -Agarrou um punhado de bolachas enquanto o prato passava flutuando e lançou sua jaqueta sobre o sofá sem olhar. -Por que não lhe mordem seus aborrecíveis cães guardiães? - perguntou Hannah a Sarah. A próxima vez que qualquer deles queira comida lhes recordarei que fracassaram em sua tarefa mais importante. Sarah deu de ombros. -Gostam de Jonas. -Têm bom gosto. - Disse Jonas, sorrindo cinicamente. Sentou-se no chão, inserindo-se entre Hannah e Elle. - Se mova biscoitinho. - Empurrou sua perna dura contra a coxa de Hannah. – Me dê um lugar na conferência familiar desta noite. Hannah abriu a boca, depois a fechou bruscamente, estudando as linhas sombrias gravadas ao redor da boca de Jonas, notando que o sorriso não alcançava seus olhos. Ela sabia, como todas suas irmãs, que quando algo ia terrivelmente mal no trabalho, Jonas procurava o conforto delas, o único lugar que chamava de lar. Hannah ondeou as mãos em um gracioso e complicado padrão para a cozinha e no momento o bule assobiou. -Libby quer ser uma garota má. - Anunciou Sarah. As sobrancelhas de Jonas dispararam para cima. Um lento sorriso cruzou sua face. -Libby, carinho, não há forma que possa ser corrompida pelo resto de suas irmãs. Simplesmente é muito doce. Libby o fulminou com o olhar, completamente exasperada. -Não o sou. Vamos! Poderia ajudar um pouco, Jonas. Tenho a capacidade de ser tão malvada como o resto de minha família. -Isso, isso. -Disse Elle. -Muito bem dito, irmã. Joley assentiu com a cabeça de acordo. -Não é verdade, mas bem dito. -Esteve de acordo. Hannah elevou a palma da mão e uma grande xícara de chá fumegante flutuou da cozinha para o círculo de irmãs. Apanhou-a cuidadosamente, soprando-a até que aquietou as borbulhas e ofereceu ao Jonas.


-Por que quer ser uma garota má? - Perguntou Jonas. -Minha vida é aborrecida. Aborrecida! - disse Libby, desenhando a palavra. -Quero me divertir. Já não quero ser responsável. -Então deixará de pertencer aos Médicos sem Fronteiras, Salvemos às Baleias e apoiar a Causa do Resgate de Grandes Felinos? -perguntou Jonas e estalou os dedos. -E definitivamente tem que deixar de reciclar e essa coisa de salvar o meio ambiente que faz cada ano. -Espera - acrescentou Joley. - Pode deixar de salvar o bosque pluvial também. Isso deverá deixar bastante tempo para ser uma garota má. Libby chutou a sua irmã com notável gentileza -Não está sendo nada simpática e tampouco Jonas. Estão rindo de mim. -Não, não o faço. -Replicou Joley imediatamente. –Quero-te tal e como é. Só tem que aceitar que não tem nem um osso malicioso em seu corpo. Por isso que não pode pensar em ninguém a quem você gostaria de meter em um foguete e enviar a Marte. -Jonas. - Disse Hannah. -Porque é muito mandão. -Hannah. - Jonas disse simultaneamente. -Porque deseja ardentemente tanta atenção que sempre está mostrando seu corpo a cada Tom, Dick e Harry que queira vê-lo. -Sou modelo, sapo. - disse Hannah. -Não mostro meu corpo, mostro a roupa. -E brilhantemente, além disso. - disse Kate, lhe soprando um beijo. – Farei algo a Jonas por ser tão mesquinho com você, Hannah. -Não é justo que conspirem contra mim. - Protestou Jonas. -Ela foi mesquinha comigo primeiro. -Disseram-no ao mesmo tempo. -particularizou Kate. -Só porque sabia o que ela ia dizer. -Jackson Deveau. -Elle nomeou ao ajudante do xerife. -Porque me incomoda sem fim. -Illya Prakenskii, - acrescentou Joley um batimento do coração detrás. -Porque precisa sair do planeta e é francamente horripilante. - esfregou a palma da mão como se lhe picasse. -Frank Warner por romper o coração de Inez. -Disse Sarah. -Não posso dizer Sylvia Fredrickson porque começou uma nova vida, - Disse Abbey, -Assim terei que dizer que estou com Joley nisto. Todo mundo olhou Libby. Ela suspirou, sentindo o peso de seus olhares fixos. -Jonas não. É muito mandão, mas na realidade o faz por nosso bem e de coração. Hannah pôs os olhos em branco quando Jonas a empurrou. -Certamente Jackson não. Honestamente, Elle, como pode te incomodar? Nunca fala, pobre homem. Illya Prakenskii nos ajudou Joley e Frank está no cárcere pagando por seus crimes. Inez está ferida, sim, mas é uma mulher forte e entende que as pessoas cometem enganos. -Então a quem enviaria em um foguete a Marte? -Apressou-a Joley. -Estou pensando. - Libby sorveu seu chá, franzindo o cenho. -Havia uma enfermeira que sempre se divertia as minhas custas. Dizia que eu tinha o peito plano e que não era nada atraente. Hannah se endireitou. -Quem é? Tenho uma ou duas coisas que lhe dizer. A atmosfera da habitação se espessou com repentina tensão. O chá fervia nas xícaras. Libby sacudiu a cabeça. -Não, pobrezinha, tinha uma vida horrível. Tinha muitos problemas, a verdade é que não é estranho que não fosse muito simpática. Sentia lástima por ela. As irmãs Drake sopraram seu chá antes de trocarem olhadas, mas Libby tinha o cenho franzido com concentração. -Pensarei em alguém. -Confronta-o, Lib, não pode pensar em ninguém porque simplesmente não tem nada de mesquinha. Libby abaixou a cabeça.


-Posso pensar em alguém. Foi à escola comigo e estava em todos os programas acelerados. Inclusive esteve em Harvard comigo. -Levantou o olhar para suas irmãs. -Suas notas eram melhores que as minhas. Jonas lhe sorriu abertamente. -Certo que isso te fez chiar os dentes. -Não foi só isso, Jonas, ele não acredita na magia. Acredita que mentimos sobre nossos dons e que os membros de minha família são enganadores e estelionatários. É muito arrogante e dogmático. -Bem, ponha seu nome no foguete a Marte, irmã. -Insistiu Elle. Libby suspirou. -O caso é que tem um cérebro incrível. O mundo realmente lhe necessita. Já ganhou um prêmio Nobel em medicina. É um superdotado. Não é que o fizesse pelas razões corretas... -É um sabujo em busca de glória? - Perguntou Kate. -Não, não lhe poderia importar menos a publicidade. É absolutamente um rato de laboratório. Só se preocupa com a ciência. Bom, a ciência e a adrenalina. -Está falando do Tyson Derrick, - Adivinhou Jonas. -Está louco. Quando não está trabalhando no laboratório, está trabalhando no bosque. É um yonkie total de adrenalina. Páraquedismo, corridas de carros, motos, rafting, independentemente do que seja, ele é o homem. -Não tem nenhum direito a arriscar seu gênio. - Disse Libby. -Não o colocou no foguete, - Assinalou Joley. Libby se ruborizou. A cor se estendeu por seu pescoço e sua cara, voltando sua pele de um vermelho brilhante. Escarlate. Carmesim. Era a maldição de sua existência, isso e ter o peito plano. -Uh, oh, - disse Joley. - Acredito que seu Tyson Derrick é um menino sexy. É verdade Jonas? -Como diabos vou saber? - Objetou Jonas. -Não olho ao homem a menos que tenha que lhe parar por correr e lhe dar uma multa. -Corre? -perguntou Libby, abanando-se e tratando de ser sutil. -Com sua moto ou seu carro. Esse homem não sabe o significado das palavras "reduzir a velocidade". -Está muito bem. -Admitiu Sarah -Mas é insuportável. O homem não pode manter uma conversação educada. Vi-lhe levantar-se abruptamente em metade de um encontro duplo com seu primo e simplesmente partir, sem dar nenhuma explicação, deixando Sam ali sentado com duas mulheres muito zangadas. -Se não falasse, seria muito sexy, - Admitiu Libby. Não admitiria nada mais. Ela não parecia ter uma libido normal. A única vez que se ativava era quando Tyson Derrick estava ao redor e então sua libido se punha a solta. Nunca viveria o suficiente para renunciar a isso. Assim de maneira nenhuma lhe ia pôr em um foguete a Marte, não até que tivesse a oportunidade de deitarse com ele. E isso nunca ocorreria porque ele era um desagradável casulo que pensava muito em si mesmo. Jamais admitiria ante ninguém que sonhava com ele. Era humilhante sentir-se atraída por um homem que a tratava tão mal. Ele era o oposto completo a tudo o que ela respaldava e valorizava. -O que aconteceu esta noite, Jonas? -Elle trocou de tema bruscamente. -Está incomodado por algo. O sorriso se desvaneceu do rosto do xerife. -Não quererá que fale de trabalho. -Este é o melhor lugar para fazê-lo. Ele suspirou e tomou um gole de chá. Este chá sempre parecia lhe apaziguar ou talvez fosse só estar com as sete irmãs. -Saímos a uma chamada esta tarde. Um vizinho disse que ouvia gritos. Um homem de quarenta anos se encarregava de sua mãe, que obviamente estava doente. Esteve recolhendo


seus cheques quando chegavam, mas a estava matando de fome e certamente a golpeava se lhe incomodava. Tinha todo um teatro montado, tudo imaculado e sua mãe estava no quarto traseiro com as camisas sujas e nada de comida ou água. Desejei… -Interrompeu-se, percorrendo a habitação com o olhar. - Sinto muito. Sei que todas são capazes de sentir o que eu sinto e trato de mantê-lo a raia mas… -Interrompeu-se com um pequeno encolhimento de ombros. Hannah e Elle colocaram uma mão em seu joelho. Libby se inclinou e fez o mesmo. Sarah e Kate tocaram seus ombros enquanto Abigail e Joley fechavam os dedos ao redor de seu braço. Imediatamente sentiu o fluxo de calidez, de família, filtrando-se em seu interior. -Não tinham que fazê-lo. -Insistiu ele. -Não vim aqui para que esbanjassem energia em mim. Só precisava estar com vocês. Esperava que seus pais e a Tia Carol tivessem retornado. -Não, decidiram tomar alguns dias e ir de excursão à região vinícola. O vale Napa é tão belo nesta época do ano que aproveitaram e ficaram para visitar alguns lugares interessantes, explicou Kate. -O mais provável é que precisassem descansar de nós. -Disse Joley. -A tia Carol trouxe para casa um par de revistas, já sabe, a última exclusiva da selvagem cantora, Joley Drake. Acredito que se supõe que estou em reabilitação esta semana. -Isso foi a semana passada. - Corrigiu-a Elle. -Esta semana está presa por destroçar o quarto de um hotel. -Seriamente? -Joley parecia agradada. -Eu quero destroçar o quarto de um hotel. - Disse Libby. -Bom. Pode ser que não. Na realidade não quero destruir a propriedade de ninguém. -Ainda estou presa?-Perguntou Joley esperançosa. -Não. Seu último amante pagou sua fiança. Se por acaso não se recorda, tem o cabelo mais comprido que você, uma barba desalinhada e toca em alguma banda de heavy metal. -Na realidade não lhe conheci. - disse Joley -mas estivemos no mesmo hotel durante cinco minutos. Deve ser rápido com os jogos preliminares. -Os repórteres vão seriamente atrás de você ultimamente, Joley, - disse Sarah. Joley suspirou. -Sei. Com sorte logo se acabará. -Nunca entendi por que não processa a esses escritores quando inventam tantas mentiras sobre você. Joley. -Disse Jonas. -Põe-me furioso. -Ao princípio estava zangada e ferida e me preocupava que minha família tivesse que ler mentiras realmente feias, ou talvez até ser entrevistados e que lhes fizessem perguntas sobre mim, mas aprendi a viver com isso. Há tantos loucos aí fora, Jonas, mas suponho que isso já sabe. -Infelizmente. Falei com o Douglas sobre a segurança neste último concerto, -acrescentou Jonas. -Permitiram a alguém subir ao cenário. Não pude acreditar nisso. Se tivesse sido alguém que queria te fazer dano, tudo teria acabado. -Sua voz se tornou sombria outra vez. -Foi um fã super excitado Jonas. -Joley tratou de lhe apaziguar. - O segurança o levou. Isso a tinha sacudido, mas não ia admitir ante ele. Cantar diante de trinta mil pessoas era fácil. Tratar com perseguidores, fãs enlouquecidos e paparazzi podia te fazer perder os nervos. -Bem... -Elle vacilou, mordiscando o lábio inferior. -Havia mais nessa revista. -Olhou Libby. Recorda aquele incidente faz um par de meses quando curou aquele menino e os pais contaram sua milagrosa história? Libby assentiu. A revista tinha sua foto em página completa. Felizmente, o artigo era tão teatral, que estava segura de que a maioria das pessoas o descartaria. -Outro repórter entrevistou aos pais e fez pequenas indagações. Descobriu a outros pacientes que estiveram dispostos a contar seus louvores. Uma delas foi Irene Madison. -De maneira nenhuma. -disse Sarah. -Irene nunca trairia Libby.


-Estava muito alterada a última vez que fomos visitar seu filho, Sarah, - assinalou Hannah. Seguia insistindo que Libby curasse a leucemia de Drew. Libby lhe comprou tempo, mas Irene quer uma cura. -A revista lhe pagou. -disse Elle. -Como sabe?- perguntou Jonas. Elle só lhe olhou. Jonas levantou as mãos em sinal de rendição. -Perdão por perguntar. Libby esfregou as têmporas subitamente palpitantes. -Deveria havê-lo sabido. Hoje no trabalho alguém me visitou. Ia muito bem vestido e definitivamente era de fora do povoado e queria arrumar uma reunião entre seu chefe e eu. O sorriso débil tinha desaparecido do rosto de Jonas e trocou de posição aproximando-se. -Quem era? -É justo isso. Não sei, mas reconheci o nome de seu chefe. Edward Martinelli. É um nome bem conhecido nas esferas farmacêuticas, mas tem uma certa reputação. Sempre há rumores voando sobre ele e as pessoas que estão detrás de sua companhia. Disse a seu representante que estava muito ocupada. O homem não me ameaçou, mas me senti ameaçada. Mencionou a minha família, especificamente a Hannah, que era formosa e tinha um bom corpo. -Maldição, Libby, Quando iria mencionar-me este pequeno bate-papo? -espetou Jonas. Teria que ter comentado imediatamente. -Informei o incidente à segurança do hospital... e as minhas irmãs, -disse Libby. -Não foi como se me ameaçasse... ou a Hannah. O que ia dizer à polícia? -Não à polícia, a mim. -corrigiu Jonas. -Você me deve isso. -Não é que ocorra todo o tempo. -defendeu-se Libby. -Os fofoqueiros adoram as falações sobre "curandeiros de fé" e os artigos sobre "trabalhadores milagrosos" quando têm um dia tranquilo. -passou uma mão pela nuvem de cabelos escuros que lhe caíam ao redor da face. -Só esperava que não voltasse a ocorrer em muito tempo. -Martinelli tem laços com uma família mafiosa de Chicago. Esteve em São Francisco com sua companhia durante alguns anos e supostamente está limpo, mas sua família foi investigada repetidas vezes. -Talvez seja realmente limpo. -Disse Libby. -Se ninguém pôde encontrar nada em seu contrário, talvez seja simplesmente um homem de negócios com desafortunados vínculos familiares. Todos têm esqueletos no armário. -Então por que enviaria alguém para ameaçar Hannah se você não cooperar com ele? -Não a ameaçou- repetiu Libby. -Estava cansada, Jonas. Fazia um turno de dezoito horas e não estava muito contente tendo a um desconhecido exigindo uma reunião com seu chefe. Não me disse o que queria Martinelli, mas quando lhe disse que não levaria a cabo prova experimentais, disse-me que não tinha nada que ver com sua companhia. Talvez estivesse tão cansada que lhe interpretei mal. -Vigiarei Martinelli muito de perto. Não havia razão para que mencionasse Hannah. Viu alguma vez a lista de loucos que lhe escrevem cartas ameaçadoras? Tem tanto ou mais pirados atrás dela que Joley. -Vá sorte. E desde quando você vê essas cartas? -Perguntou Hannah. -Desde que sei que é muito teimosa para me mostrar isso tenho um acordo com seu pessoal de segurança e seu agente. -Genial. Ouviu falar alguma vez da privacidade? -Basta, cara de boneca. Não vou ser nunca politicamente correto. Quando acredito que é necessário proteger a alguma de vocês, terão amparo vocês gostem ou não. As irmãs Drake intercambiaram pequenos sorrisos. -É tão bom golpeando seu peito viril. - Disse Joley. -Juro-lhe isso, Jonas, estou a ponto de desmaiar.


-Ninguém te culparia. -Jonas fechou os olhos, sem deixar-se intimidar o mínimo pelas mulheres que tinha a seu redor. Hannah ondeou a mão para apagar as luzes e fazer que as velas piscassem. -É tão arrogante e mandão, Jonas, Não se cansa alguma vez? -Não. Estou comprometido com vocês sete e alguém tem que ser a matéria cinza. Sarah lhe golpeou com um travesseiro -Tem sorte de que lhe queiramos, do contrário deixaríamos que Hannah te convertesse em um sapo. -Isso já o tentou, mas não surtiu efeito. Sou mais forte. Onde estão os condenados homens esta noite? - Perguntou Jonas, recostando-se para trás, com as mãos unidas detrás da cabeça. Correram para as colinas? -Estamos celebrando uma noite de garotas, -disse Sarah com um pequeno sorriso afetado. -Nada de namorados. Só irmãs. Jonas gemeu, abrindo os olhos só o suficiente para fulminá-la com o olhar. -Me podiam ter dito isso. Não conseguirei que se esqueçam disto nem por um momento. Serão desumanos. -E merecerá isso - disse Hannah. - Na realidade só veio esta noite a nos acossar e comer bolachas. -Muito certo. -Esteve de acordo ele. -Isso sempre me faz sentir melhor. Mas Kate se fez com a última bolacha. Quando será as bodas? Estou começando a pensar que não vai realizar-se na realidade, só querem ficar em Sea Haven para me incomodar. -Esse é o objetivo da minha vida. -esteve de acordo Hannah. -Aleksander quer fugir. - Confessou Abigail. -Não quer esperar às bodas do século. Pensa que é uma loucura e que devemos simplesmente nos casar silenciosamente. -Silenciosamente?- Jonas fez um som grosseiro e zombador. - As bodas do século vai ser um circo. Não se dá conta de que o povoado inteiro tem que ser convidado ou vão ferir alguns sentimentos? -Por isso nossa fuga. -Eu acredito que você quer fugir. -comentou Sarah. -Nunca gostou das multidões, Abbey. Abigail abaixou a cabeça. -Mamãe e papai ficariam muito decepcionados. Todos os parentes chegarão de avião e vai ser um grande acontecimento. Kate colocou uma mão sobre o braço de Abigail. -Isso não tem importância. É suas bodas. Se quiser algo pequeno, podemos procurar um padre e fazê-lo aqui mesmo só com mamãe, papai, a tia Carol e nós. Jonas levantou a mão. -Chutarei o traseiro de Aleksander se não me incluir, Abbey, mas estou totalmente a favor disso. Ele estará tão incômodo com umas bodas grande como você. Abigail soltou o fôlego. -Quanto de chateados ficarão papai e mamãe? Elle girou sobre seu estômago e se estirou junto a Jonas. -Mamãe já sabe que não quer uma grande bodas. Estou segura que mencionou a papai. Eles querem que seja feliz, Abbey, não desgraçada em um dia tão importante. Deveria sabê-lo. -O caso é que mamãe parece muito feliz planejando as bodas. -Eu estou torturando Damon, -disse Sarah. -vai ter que fazer isto porque eu sempre quis uma grande boda e ele precisa saber que as pessoas de Sea Haven são importantes para mim. -Principalmente você gosta de lhe torturar. - comentou Jonas. -E o Matt, Kate? Está de acordo com umas bodas tão grande? Kate lançou um pequeno sorriso. -Sua mãe está no sétimo céu. E quer bebês imediatamente. Disse-nos que saíssemos e nos multiplicássemos. Rapidamente. Nunca vi ninguém tão ansioso por ter netos. Já construiu um


lugar de jogos em sua casa. Não quereria privá-la deste momento e Matt tampouco. É diferente contigo, Abbey, não tem que agradar a ninguém mais. Deveriam ter uma pequena cerimônia privada aqui mesmo. Podemos manter em segredo. -Eu porei a música, -ofereceu-se Joley. -Eu posso fazer todo o banquete. -disse Hannah - Dessa forma ninguém além da família se dará conta do que está ocorrendo. -Eu farei as decorações da casa, - disse Kate, -Matt ajudará. A cara de Abigail se iluminou. -Estão seguras de que mamãe e papai não se incomodarão? -Olhava Elle enquanto fazia a pergunta. A mais jovem das irmãs Drake deu de ombros. -Estão esperando que lhes diga que quer uma pequena cerimônia privada. Mamãe e Tia Carol têm dons também. Todas têm que recordá-lo. -Mamãe tem todos os dons, - recordou-lhes Elle em voz baixa. Joley fez uma careta. - Mamãe sempre sabia quando ia sair às escondidas de casa antes que o tentasse. Sarah vai ser muito afortunada quando tiver filhos. Nunca escaparão de nada. Os meus sairiam como eu, assim não há forma de que me reproduza. O mundo, e especialmente eu, não o poderia suportar -Você terá filhos, Joley- disse Sarah. -Como? Não estou a favor de deixar que nenhum idiota me ate a ele. -Joley sacudiu a cabeça. -Não tolero ser controlada. E se forem homens servis me aborrecem tanto que quero gritar. Não há meio termo para mim. Estou condenada a estar sozinha. Jonas bufou. -Não soa muito infeliz por isso. -Quereria viver contigo mesmo?-Exigiu-lhe Joley. -Eu sou perfeito. -Declarou Jonas. -Um homem viril. -Brincou Sarah. -Conseguiu-o nenê. -Converto-o em um sapo. -Disse Hannah. -Ninguém poderia viver nunca com sua arrogância ou sua mania de mandar. Sua pobre esposa estaria acovardada e seus filhos fugiriam. -Minha pobre esposa se deixaria a roupa em cima diante de outros homens e só a tiraria para mim. -Disse ele. -Por que insiste em que tiro a roupa? Visto roupa, esse é meu trabalho. -Inez tem todas as revistas que estiver na capa, bonequinha. Não estou seguro de chamar roupa ao que tem posto a maior parte do tempo, roupa de verdade. Quando conseguirá um trabalho autêntico? Hannah afastou o rosto de Jonas. Elle e Libby puseram instantaneamente uma mão sobre ela, calor e energia fluíram nela. Sarah chutou Jonas. -Vá para casa. Já nos está incomodando. Sabe que não nos quer zangadas com você. Jonas ficou em pé fluidamente. -Protegendo à boneca Barbie outra vez. Não lhe fazem nenhum favor. Não pode viver de seu aspecto para sempre. Hannah se sobressaltou visivelmente. Suas mãos tremiam de tal maneira que fechou os dedos em punhos. Elle ficou em pé, sua pequena e frágil forma reduzida pelo tamanho muito maior de Jonas. -Sabe, Jonas, se não soubesse o que sei de você, que suas intenções são realmente boas, chutaria seu traseiro eu mesma. Saia. E faz agora. -Seus cabelos vermelhos rangiam com eletricidade e a habitação se obscureceu, seu corpo pareceu eliminar completamente a luz, como se toda a energia de seu interior procurasse uma forma de sair. As paredes da casa se expandiram e contraíram e o chão se moveu ligeiramente sob seus pés. Jonas a olhou com o cenho franzido, sem se intimidar.


-Não me importa o que sabe Elle. E não me ameace. -Não estou ameaçando você. Se o fizesse, não estaria em pé aqui, estaria fugindo para salvar sua vida. Se por acaso não entendeu ainda, isto não está sendo fácil para mim. Crê que quero saber o que está pensando todo mundo em qualquer momento? Crê que é fácil ter um temperamento normal como o resto de mundo, mas ser tão perigosa que não me atrevo a expressar cólera? -Está expressando agora mesmo. -Isso é porque te quero e nunca faria mal acidentalmente a você. Não quero a todos os outros, idiota. Vá antes que a casa se parta em duas e mamãe e papai se zanguem realmente comigo. -Pode fazer isso? Partir em duas a casa? -Parece que posso fazê-lo? -rebateu Elle, gesticulando para as paredes. Suas irmãs estavam em pé, rodeando-a. Libby pôs as mãos sobre os ombros de sua irmã menor a fim de que seu calor curador fluísse na massa de energia fervente. Elle se recostou contra ela quando Libby deslizou os braços a seu redor. -Está ficando difícil, verdade? -sussurrou Libby. Elle assentiu e começou a enterrar a face contra o ombro de Libby. -Não sei o que vou fazer. Jonas se aproximou e rodeou ambas as irmãs com seus braços. -Sinto muito, Elle. Nunca complicaria sua vida se pudesse evitá-lo. Não posso deixar de ser quem sou, por muito que queira fazê-lo por você. Elle lhe disparou um pequeno sorriso. -Sei que não o faria, Jonas. Sinto-me muito afortunada de ter você em minha família. Libby esfregou as costas de sua irmã enquanto via Jonas atravessar a porta. O vento soprou quando a abriu fazendo que as chamas das velas dançassem e piscassem grosseiramente, lançando sombras ao longo das paredes. Libby não gostou da forma em que as sombras saltaram como se tratassem de alcançar às Drake, estirando as mãos em forma de garras para elas. Procurou ansiosamente Sarah com o olhar, a mais velha, e viu o mesmo reconhecimento em seus olhos. Hannah e Elle intercambiaram outro longo olhar de apreensão enquanto Libby apertava os braços ao redor de Elle, sujeitando-a perto, reconfortando a ambas.


Capítulo 2 Pete Granger, de dezessete anos, jogou uma olhada para o oceano e conseguiu ver um pouquinho através da garoa, algo... ou alguém... movendo-se sobre os escarpados afiados por cima de Sea Lion Cove. O coração lhe retumbou no peito enquanto pisava nos freios de sua velha caminhonete danificada. Felizmente não havia ninguém atrás dele e olhou para a escarpada parede de rocha que se elevava sobre o oceano, tragando o repentino nó de medo que entupia sua garganta. Instintivamente procurou seu celular, recordando, quando o punha no ouvido, que só havia serviço limitado no litoral e não estava sobre uma elevação que lhe permitisse fazer uma chamada. A figura se moveu e até na distância Pete esteve seguro de reconhecer seu amigo de infância, Drew Madison. Frustrado, com o coração bombeando, pôs em movimento a caminhonete, correndo através da série de curvas fechadas antes de entrar na estrada de terra que conduzia para os escarpados. Quase se esqueceu de pôr o freio quando estacionou. O vento lhe golpeou com força quando abriu a porta de um puxão e cruzou correndo a terra enlodada para o alto da elevação. Sua boina saiu voando e o vento grudou sua camisa no corpo. Ignorando os sinais de advertência de manter-se afastado da borda instável, deixou-se cair ao chão, estirando o corpo horizontalmente enquanto engatinhava para a borda e dava uma olhada. -Drew! -O nome se perdeu no retumbar do agitado mar. Pete cavou as mãos as juntando e fez outro intento, pondo tudo o que tinha nisso. -Drew! Está bem? -Duvidava que seu amigo pudesse ouvir as palavras, mas então algo lhe alertou, talvez a pequena queda de terra que tinha deslocado, porque Drew girou o rosto para cima, para o Pete. Drew Madison estava a vários pés por debaixo da cara lamacenta do escarpado. Quase 3 metros por debaixo dele as ondas chocavam sobre as grandes rochas dentadas, arrojado gotas brancas a grande altura no ar. O rugido do oceano era forte, reverberava contra a parede de rocha escarpada. A chuva parecia de uma insalubre cor cinza prata, a firme garoa fazia muito mais difícil ao Pete captar uma olhada da cara completamente branca de Drew. Drew parecia pequeno e indefeso, sua cara estava salpicada de barro. Sacudiu a cabeça e fez gestos ao Pete de que partisse, encurvando-se contra uma chuva de água de mar quando uma onda se chocou contra a grande formação rochosa que havia diretamente abaixo dele. Pete podia ver as marcas no barro, onde o corpo de Drew se derrubou, deslizando-se para baixo pelo escarpado até golpear a pequena saliente ao que agora estava obstinado. Pete sustentou em alto seu telefone móvel e fez o movimento de jogar uma corda. Para seu assombro, Drew sacudiu a cabeça mais forte. A chuva caía muito forte nos olhos de Pete, de modo que teve que usar os nódulos para limpar a água, cortando por um momento sua visão da face pálida e desesperada de Drew. Quando sua visão retornou, o coração de Pete saltou a sua garganta. Drew tinha desaparecido. -Drew! -Pete gritou o nome até ficar rouco. Avançou centímetro a centímetro até que realmente se deslizou sobre o barro e teve que ancorar seu corpo enganchando as botas na borda. Assustado, estudou a água abaixo, a branca espuma e as ondas que estalavam sobre as rochas e agitavam com força a cara do escarpado, procurando um corpo. Parecia impossível que alguém sobrevivesse à queda. Mas se Drew tinha evitado as rochas teria caído sobre o mar agitado. As lágrimas lhe nublaram a visão. Cravou o olhar na parte superior da formação rochosa tanto tempo que pareceu como se tudo se movesse em câmara lenta. Limpou os olhos com os nódulos e olhou de novo. Havia vários afloramentos que faziam o ângulo mais difícil assim foi para trás e se colocou de novo. Imediatamente pôde ver que as rochas que se elevavam para encontrar o escarpado onde Drew jazia em um montão desmoronado e estava se movendo! Excitado, cavou as mãos ao redor da boca.


-Drew! Não houve resposta, mas sabia que Drew estava vivo. Parecia estar preso entre duas grandes rochas arredondadas que se destacavam sobre o mar, parte da formação das cavernas que havia sob o nível do mar. Parecia impossível que ainda pudesse estar vivo, mas definitivamente se movia. -Conseguirei ajuda. Virão por você, Drew! Pete se arrastou para trás como um caranguejo e engatinhou até a borda de segurança e se precipitou de retorno a sua caminhonete. Precisava colocar-se um pouco mais adiante, ao outro lado da baía onde o serviço do celular realmente funcionava. Foi complicado; ter que permanecer quieto em um lugar quando seu corpo estava alagado pela adrenalina e precisava mover-se, mas proporcionou os detalhes ao escritório do xerife. Quase tinha voltado para os escarpados quando ouviu o som das sirenes e soube que Jonas Harrington e Jackson Deveau, o xerife e seu ajudante, estavam de caminho. Dobrou-se com alívio e esperou ao carro patrulha.

-Ty é estranho. -anunciou Sam Chapman ao grupo de bombeiros sentados ao redor da mesa de cartas. –Está de férias, sabem? Passa semanas, inclusive meses encerrado em seu laboratório no BioLab Industries. Não come nem dorme e se esquece de tudo menos de olhar pelo microscópio. Não fala nem com uma alma, só olha fixamente pequenos bichinhos dançando em uma lâmina. -Tampouco fala muito aqui. - Disse Doug Higgens. -Só aparece para renovar sua permissão para o helicóptero de resgate a cada noventa dias. - disse Sam - Mas é porque gosta do risco, não de nós. -Tampouco eu gosto muito dele, Sam, -anunciou Jim Brannigan, o piloto do helicóptero.Levou todo meu dinheiro na última partida. Tyson Derrick registrava o contínuo falatório de outros bombeiros da estação Helitack. Era certo, frequentemente se esquecia de comer e passava dias sem dormir, tão concentrado em sua investigação que se esquecia do resto do mundo. Trabalhar na estação de bombeiros lhe dava uma pequena pausa, uma oportunidade de interação com outros assim como também proporcionava a adrenalina que necessitava fora do laboratório. Mas até isso parecia que já não lhe funcionava. Algo faltava. Tinha que conseguir uma vida. -Acorda Ty. -Sam Chapman lhe deu uma palmada nas costas. -Não ouviu nenhuma palavra que falei. -Ouvi-o - replicou Tyson. -Só que não merecia uma resposta. E a propósito, Sam, sigo te dizendo que as probabilidades estão sempre contra você nas cartas. Agora mesmo tem duzentas e vinte contra um. Isso não é muito bom. Sam tem uma probabilidade muito melhor de quarenta e três a um. -Muito obrigado por essa pequena lição - Disse Sam, atirando suas cartas sobre a mesa. Sorriu abertamente ao círculo de caras que o rodeavam enquanto se burlava de seu primo. -Ty me disse ontem à noite que está preparado para assentar-se com a mulher perfeita. Só precisa encontrar uma mulher que não se importe que desapareça durante semanas ou meses enquanto trabalha em seu laboratório, ou que pratique pára-quedismo ou parasailing ou alpinismo. Já sabem, uma Santa. Um estalo de risadas surgiu à custa de Ty. Ele não era fácil de levar como seu primo, Sam. Sam simplesmente encaixava em qualquer lugar e tinha uma habilidade natural para fazer rir a outros. Ty forçou um débil sorriso. -Nisso é no que deveria estar pensando. -Esteve de acordo. -Não parece que possa conseguir apartar minha mente dos projetos do BioLab.


Sam gemeu. -Acreditava que tinha completados todos seus projetos ou o que fosse ao que estivesse trabalhando... -Não exatamente, estou trabalhando em um projeto em curso para identificar uma série de compostos que são potentes inibidores in vitro… -Alto, Ty. - Sam passou a mão pelos cabelos. -Vai provocar-nos uma dor de cabeça. Não me surpreende que esteja pensando em assentar-se. Ninguém poderia viver em horário completo preocupando-se com coisas como essas. Provavelmente não posso nem pronunciar a metade das coisas às que se dedica. Ty deu de ombros, um cenho franzido se posou em sua face. -Não é em meu projeto sobre a Hepatite C no que estava pensando. Faz algum tempo a companhia começou a desenvolver uma droga nova utilizando as conclusões básicas do estudo de regeneração celular para feridas externas que fiz faz uns anos. Acreditam que têm uma potencial droga interna para lutar contra o câncer, mas eu tenho a intuição de que algo vai mal. Estive investigando um pouco… -Ty... - Sam sacudiu a cabeça. -supõe-se que deixa tudo isso atrás quando vem aqui. Tinha um aspecto asqueroso quando se apresentou ao treinamento. Bem poderia ter estado na prisão pelo absorto que fica com tudo isso. -É só que esta droga tem um potencial muito real para ajudar a um montão de pacientes de câncer se acertarem com isso. Harry Jenkins dirige o projeto e não é tão consciencioso como deveria. Tende a tomar atalhos porque deseja reconhecimento mais do que deseja fazê-lo bem. De repente era muito consciente do silêncio de outros a seu redor. Essa era sua forma de ser. Não encaixava, não importava quanto o tentasse. A maior parte das conversações lhe parecia corriqueiras quando sua mente estava sempre trabalhando em desentranhar alguma chave e preferia seguir trabalhando sem importar quão duramente tratasse de desconectá-la. -Esta droga interna não é sequer seu departamento, - disse Sam. –É certo que você não gosta muito do velho Harry, verdade? -Bom, não, - admitiu Ty a contra gosto. Não gostava absolutamente do Harry. Duvidava que gostasse de muita gente. Desejaria que isso lhe importasse, mas só Sam contava realmente. Não gostava de decepcionar Sam. -Mas isto não é uma pesquisa de popularidade. Esta droga poderia salvar vidas. E a nova droga se apóia em meu anterior trabalho sobre regeneração celular. Se o interpretarem mal, me sentiria responsável. -Magnífico. Vai passar todo seu tempo nesse laboratório provisório em nosso porão, certo? -Perguntou Sam. -Tinha rafting planejado em águas bravas e um par de excursões de escalada e também parasailing. Será melhor que não volte a me deixar na mão. Ty se recostou em sua cadeira e estudou o rosto de aparência agradável de seu primo. Sam o mudava para parecer petulante às vezes. Ele era o único homem que Ty conhecia que podia abandonar seu aspecto e ainda assim atrair às mulheres. Tinha-o visto um milhão de vezes. Sam tinha encanto. Ty frequentemente tinha desejado ter só uma pequena parte do que fosse que Sam tinha. Sam se dava bem com as pessoas. Podia falar bobeiras com a melhor delas e todas gostavam. Ty sabia que tinha envergonhado Sam mais de uma vez ao longo dos anos com suas maneiras bruscas, abrasivas. Quantas vezes perdeu alguma viagem ou excursão que Sam tinha planejado porque passava o tempo e divertir-se com os meninos não era tão excitante como trabalhar no laboratório seguindo o rastro de um inibidor que poderia funcionar nas células T? A medula do assunto era que não importava que tivesse um quociente intelectual enorme; sentia-se torpe na companhia de outros... e provavelmente sempre seria assim... mas simplesmente não lhe importava o suficiente para fazer algo por melhorar suas habilidades sociais. Era sempre um ajuste viver com Sam durante três meses ao ano. Ida Chapman tinha deixado a seu filho, Sam, e a seu sobrinho, Tyson, sua casa quando havia falecido cinco anos


antes. Ty sempre estava desejando visitar Sam, mas esse primeiro mês foi difícil. Ty estava acostumado a estar sozinho e não falar com ninguém e Sam gostava da conversar. -Eu não abandono nossos planos. - disse Ty. Seu cenho franzido se aprofundou quando Sam guardou silêncio. -Faço-o?- esfregou a ponte do nariz. Provavelmente o tinha feito, mais de uma vez. Decepcionando Sam uma vez mais. Sam deu de ombros. -Está tudo bem, Ty. Só estou tentando fazer você esquecer um mau momento. É bioquímico. Estão todos loucos. -E a tripulação de um helicóptero não? Um rugido de risadas estalou. Sam levantou as mãos, com as palmas acima. -De acordo, aí me pegou. -Quero ouvir mais sobre a Santa do Ty. É loira e robusta? -perguntou Rory Smith. Esfregou as mãos. -Vamos às coisas boas. -Essa é sua idéia da mulher perfeita, Rory, - observou Doug Higgens, cravando ao bombeiro no braço. -E você definitivamente não quer uma Santa. Como é ela, Ty? Já a encontrou? A boca de Sam se apertou. -Acredita que a encontrou. Uma imagem brilhou em sua mente antes que Ty pudesse suprimi-la. Sua face pálida. Cabelos negros como a meia-noite. Grandes olhos verdes. Uma boca de matar. Ty sacudiu a cabeça. -Tem que ser inteligente. Não posso passar mais de um par de minutos com alguém que é idiota. -E esse era o problema, sempre seria o problema. Queria falar de coisas pelas que sentia muito entusiasmo. Queria compartilhar os problemas do trabalho com alguém. Nem sequer Sam tinha idéia do que estava falando e Sam realmente lhe tolerava. Os olhos da maioria das mulheres simplesmente se voltavam frágeis quando começava a falar. E que Deus lhe ajudasse se a companheira de encontro começava a falar sobre cabelo, unhas e maquiagem. -Jesus, Ty. Que diabos te passa? A quem lhe importa se tiverem cérebro? -disse Rory. Deixa de tentar falar e passa à ação. Necessita ajuda, homem. Outra ronda de risadas seguiu a isso. Três tons atravessaram do ar e os homens ficaram instantaneamente em silêncio. Os três tons repicaram outra vez e ficaram em pé. A rádio rangeu e a central anunciou um escalador ferido nos escarpados de Sea Lion Cove justo ao sul de Fort Bragg. Ty e outros agarraram os equipamentos de resgate, carregando-o no Huey tão rápida e sistematicamente como foi possível. -Ben, vê primeiro o centro de mando do Fort Bragg, mas quero que se aproxime tanto como seja possível, - disse Brannigan, o piloto do helicóptero, ao engenheiro. Ben conduziria o helitender levando o combustível para o helicóptero assim como também o equipamento extra... as cestas nas que punham à vítima e todo o resto necessário em emergências. Teria que levar o caminhão grande pela rota montanhosa para chegar a Fort Bragg e isso levaria ao menos uma hora ou mais. O helicóptero estaria ali em quatorze minutos. Ben assentiu com a cabeça e correu em busca de seu veículo. O helicóptero devorava o combustível e nunca foram a nenhuma parte sem o heli-tender. A familiar rajada de adrenalina atravessou o corpo de Ty, lhe fazendo sentir-se vivo de novo depois de viver na caverna de seu laboratório durante tanto tempo. Ele necessitava disso... O tamborilar selvagem de seu pulso, a aventura, inclusive a camaradagem de outros bombeiros. Ocupou seu lugar na parte de atrás do helicóptero com os outros quatro bombeiros, o capitão e o piloto foram diante. Seu capacete levava um rádio e a familiar lista de comprovação sossegou a todo mundo. -Comprovação de rotina. - disse Brannigan por seu microfone. O chefe de tripulação respondeu, seguido por cada membro da equipe.


-Isolamento ICS - Anunciou Brannigan. Na parte traseira, Ty, junto com outros, comprovaram seu comunicador e apagaram todas as rádios para isolar-se de todo o bate-papo desnecessário. Durante a operação de resgate era necessário que nada os distraísse. Sean Fortune, o chefe de tripulação, respondeu. -Isolado. -O piloto está isolado exceto pelo canal vinte. Todos os artigos soltos em cabine. -Assegurados, - respondeu Sean. Ty sentiu a familiar tensão em seu estômago. Adorava o perigo e desejava a excitação. Em uns minutos estariam no ar. -Portas. Sean inspecionou as portas. -Porta direita aberta e fixada. Porta esquerda fechada e assegurada. -Cintos de segurança. -Sujeitos. -confirmou Sean. -Supervisor de resgate e chefe de tripulação com arnês assegurados. Sam e Sean comprovavam os arnês muito a fundo. -Chefe de tripulação assegurado. Supervisor de resgate assegurado. -Arranjo de salvamento. Sam deu um passo adiante para inspecionar o arranjo, dando a Sean sua aprovação. -Assegurado. -PFDs. -Brannigan continuou com a lista de comprovação. A tensão aumentou perceptivelmente no helicóptero. Sobre a água o piloto e o chefe de tripulação estavam obrigados a levar postos dispositivos pessoais de flutuação ou PFDs, já que o piloto era o que mais probabilidades tinha de ficar apanhado no helicóptero se caíssem à água. -Feito - chegou a resposta. -H. E.E.D.S. e pressão. O piloto H.E.E.D.S. está aceso e a pressão é de três mil. O H.E.E.D.S. era o Helicopter Emergency Evacuation Device, o dispositivo de evacuação de emergência do helicóptero, que consistia em um tanque mini-scuba com um regulador de segunda etapa. -O H.E.E.D.S. do chefe de tripulação está aceso e a pressão é boa. Sam respondeu também. -O H.E.E.D.S. do supervisor de resgate está aceso e a pressão é boa. -Portas. Ty se agarrou ao bordo do assento. Lá estavam. Subiam e ele não tinha feito uma descida sobre a água além do período de treinamento fazia dois anos. Tinha mantido o treinamento e confiava em não decepcionar a outros, mas o resgatador era determinado por rotação e hoje ele tinha tirado a palha pequena. Ele estaria na corda. Sean respondeu ao piloto. -Abertas-. Sobre a água sempre voavam com as portas abertas já que levaria muito tempo as abrir em caso de que o helicóptero caísse. -Aerotransportado. -anunciou Brannigan tranqüilamente para comunicar à central que elevava o Huey no ar. A adrenalina entrou em torrentes nas veias de Ty, uma rajada como nenhuma outra. Nada podia comparar-se, nem sequer o momento em que tinha encontrado a chave para a regeneração celular e tinha ganhado um Prêmio Nobel em medicina. Nada o fazia sentir-se como isto, elevar-se no ar dentro de um helicóptero, rodeado de homens tão decididos como ele a fazer o que fosse necessário. A Central respondeu com a latitude e a longitude, à distância e tempo estimado, o rumo. Brannigan carregou a informação no GPS e riscou graficamente uma rota diretamente até a vítima.


Ty escutou o capitão de bombeiros na cena dando detalhes. Houve uma curta conversação sobre a vítima e os bombeiros na cena acreditavam que teriam que fazer uma descida de resgate. Um resgate do alto do escarpado já tinha fracassado. O coração de Ty saltou em seu peito. A descida de resgate era uma das manobras mais perigosas e só efetuavam o resgate se cada membro da equipe estava de acordo que era necessário para salvar uma vida e podiam levá-lo a cabo de forma segura. Sabia que a tripulação de vôo decidiria por eles mesmos realizar ou não o resgate, mas Ty já se preparava para isso. Podiam voar em meio da chuva e inclusive com ventos de sessenta milhas por hora, mas não com rajadas de vinte. Chovia na costa, mas o vento era estável sem sinais de névoa. Por isso exatamente era pelo que decidia unir-se cada ano. Era por isso pelo que praticava pára-quedismo e pára-sailing. Necessitava algo que requeresse toda sua atenção. A rajada de adrenalina era a única coisa que lhe esclarecia a mente da bioquímica e as cadeias de DNA e conseguia que seus pensamentos se consumissem completamente no que fosse que tivesse entre as mãos. Sentiu o olhar fixo de Sam e lhe sorriu tranqüilizador. Com a Tia Ida desaparecida, Sam era a única pessoa que ficava que lhe importava. Não queria que seu primo se preocupasse como fazia agora. Seus nervos já se assentavam e suas mãos eram firmes. Inclusive seu coração tinha reatado a um batimento rítmico. Sim. Estava preparado. O treinamento rigoroso havia lhe valido para recuperar a forma. Voavam surpreendentemente rápido sobre as montanhas para a costa e Brannigan levou o helicóptero a abater-se sobre a vítima para avaliar as possibilidades de um resgate seguro. Como sempre revisaram sua lista de análise de descida para determinar se o resgate era necessário e justificava o perigo para a tripulação. Tinham ao pessoal adestrado disponível. As condições de vôo eram favoráveis. Os cálculos de carga estavam dentro dos limites. Os bombeiros tinham provado um plano alternativo de resgate e este tinha resultado ser arriscado. A tripulação de vôo conveio que provar um resgate de um ângulo alto do escarpado poderia pôr em perigo a segurança da vítima. Brannigan pousou o helicóptero depois de ter estudado a posição da vítima desde cada ângulo. Como sempre, conservaram o combustível enquanto discutiam as possibilidades e davam com um plano viável para recuperar a vítima. Ty podia sentir seu corpo zumbir. Cada célula alerta, viva. Preparada. Perguntaram a cada membro da equipe de resgate se confirmava ou não. Era agora ou nunca. Um voto em contra e se cancelava. Todos iriam para casa e seguiriam vivos. Ninguém iria desistir e menos que ninguém, Ty. Levantou o polegar e Sean transmitiu por rádio sua afirmação ao piloto. Foram. A geografia costeira sempre determinava de que lado do helicóptero se faria o resgate. A costa ia do sudeste ao noroeste assim normalmente realizavam os resgates pela direita, a menos que tivessem um vento do sul incomum, que não o havia, por sorte. Os helicópteros gostavam de voar contra o vento e não gostavam do vento na porta esquerda. A aeronave não era aerodinamicamente estável com o vento atravessando a porta esquerda. Brannigan confirmou que o helicóptero médico estava a caminho e lhe deu instruções de aterrissar no prado sobre o velho moinho no extremo mais afastado do escarpado. Tomou ar outra vez, querendo fazer uma comprovação de potência. Precisavam ser capazes de revoar com bastante margem de potência para executar o resgate de forma segura. Tinham os gráficos, mas as tripulações de helicópteros eram notavelmente céticas e preferiam comprová-lo tudo por eles mesmos. -Verificação de potência completa, nossa potência é boa, - disse Brannigan. As cores reluziam com um brilho vívido assombroso. Ty observou as nuvens e a água cintilar, a chuva parecia diamantes. Inalou o perfume da costa, do oceano. A seu lado, Sam cheirava a perfume e alho. Doug necessitava um novo desodorante e Sean levava colônia. Ty percebeu um sopro apenas perceptível de clorofórmio e sacudiu a cabeça com um sorriso para limpar sua mente de sua outra vida de uma vez por todas. Concentrou-se na habilidade do piloto enquanto este estabelecia seu patrão de vôo.


-Trocando de direção a favor do vento. Estou em ângulo reto com o objetivo. Farei você saber quando o perco de vista. Ty tinha um grande respeito por Brannigan. O homem tinha estado voando com helicópteros durante mais de vinte anos e tinha uma espécie de magia com eles. “Sentia-os". Quanto mais se aproximavam dos escarpados, mais mostrava sua habilidade. O Huey desacelerou significativamente. O intestino de Ty se atou. -Em posição, espaçoso para descender. Sean desenganchou sua correia secundária de segurança enquanto respondia. -Chefe da Tripulação movendo-se ao patim. -Saiu a tanque e logo ao patim, assegurandose com cuidadosa precisão. -O. K. O chefe da tripulação está assegurado e sobre o patim. O padrão de tráfego era a favor do vento, perna, base e extremo. Brannigan se converteu na base e indicou ao primeiro resgatador saída limpa ao patim. O coração do Ty saltou em seu peito. Estava preso à corda de resgate e o chefe da tripulação, com sinais manuais, indicou a Ty que desconectasse seu cinto de segurança. -O resgatador está em movimento para o patim. -Haveria uma mudança significativa de peso quando Ty se movesse ao lado direito e o piloto teria que compensá-lo. Sam, como supervisor de resgate, tomou uma posição de onde pudesse observá-lo e verificar tudo. Ty esperou enquanto os dois homens o inspecionavam todo uma terceira vez, das cordas a seu arnês de segurança. -O chefe da tripulação está realizando uma inspeção de arnês e segurança. Está de acordo o supervisor do resgate? A voz do Sam foi rouca. -O supervisor de resgate coincide. -O piloto está de acordo com a missão? -O piloto está de acordo. O piloto perdeu o contato. -O chefe da tripulação tem à vista o objetivo, continua avançando cinqüenta, quarenta, trinta, vinte. A cauda e o rotor principal estão limpos, pode baixar dez. - O movimento era horizontal e a chegada vertical. Sean dirigiu ao piloto tão perto do objetivo como era possível mantendo-os todos a salvo. Ty esperou, o coração lhe palpitava nos ouvidos quase tão forte como o helicóptero. Faltavam momentos agora. O helicóptero estava parado, abatendo-se sobre o objetivo. -O resgatador agora será colocado fora da porta. Sam começou a passar a corda através da barra para baixar Ty. Ty se balançou descendo do patim com um movimento fluído, praticado, a planta de suas botas contra este para evitar a oscilação. -Resgatador um colocado em posição investida. -informou Sean ao piloto quando Ty esteve cabeça abaixo. A partir desse ponto a bola estava no campo de Ty. Assinalou com movimentos exagerados dos braços e o chefe de tripulação passou instruções ao piloto. Tudo dependeria do que encontrasse quando alcançasse à vítima. O sangue corria por seu corpo e seu coração golpeava quase tão forte como as violentas ondas abaixo. O tempo pareceu parar, formar um túnel, enquanto estreitava sua concentração na vítima à espera. Enquanto descendia, podia ver as ondas rompendo contra as rochas mais dentadas por debaixo de onde estava a vítima... um adolescente... parecia estar consciente, mas se retorcia de dor. Quando Ty se aproximou, pôde ouvir o menino gritar. -O resgatador está a quatro pés, três, dois, um. O resgatador está em terra. Desconexão de cinco minutos durante baixa atividade. Ty se desconectou no momento em que esteve estável sobre a enorme formação rochosa. -O resgatador está a caminho. Resgatador em movimento à esquerda e adiante. A corda começou a subir enquanto Ty abria passo até a vítima. As rochas eram escorregadias e teve que extremar a cautela.


-A corda está retornando à cabine. Supervisor de resgate na cabine. Chefe de tripulação na cabine. Espaçoso para continuar o vôo. Ty respirou fundo quando Brannigan levou o helicóptero de volta ao prado e aterrissou para lhe dar tempo de avaliar ao paciente sem distração. O rosto do menino estava retorcido pela dor, mas seguia a seu resgatador com o olhar enquanto Ty abria passo sobre o afloramento e rodeava as rochas soltas. Para seu assombro, reconheceu ao pirralho. Drew Madison era um paciente com leucemia. Que demônios estaria fazendo escalando os escarpados de Sea Lion Cove? -Drew. Colocou-se em uma pequena confusão, mas já estou aqui. Tiraremos você dessa. Manteve a voz apaziguadora e tranqüila. -Trabalha comigo. Sei que dói, mas lhe daremos um passeio no helicóptero. Quantas pessoas podem dizer isso? -Enquanto falava, rapidamente comprovou os sinais vitais e procurou os lugares dos que provinha o sangue. - Sabe onde está? Drew assentiu com a cabeça, seus olhos estavam um pouco selvagens. -Sobre as rochas. -Bem, bem. E qual seu nome? -Drew Madison. Ty lhe sorriu abertamente. -Parece que escorregou pelo escarpado, Drew, e tem um par de ossos quebrados. Quero que esteja quieto e muito tranqüilo para mim. Isto está escorregadio. Drew tinha um golpe na testa. Suas pernas tinham recolhido o pior da queda. Tinha aterrissado sobre seus pés, caído de joelhos e logo para frente, de barriga para baixo, o qual não era condizente com a maioria de quedas. A maioria das vítimas de uma queda tinha trauma craniano maciço por aterrissar de cabeça. Drew tinha fraturas múltiplas com toda segurança na perna esquerda e ao menos uma fratura limpa na direita. Tinha numerosos arranhões e um par de cortes profundos, uma possível costela quebrada onde seu cotovelo tinha golpeado com o flanco pelo impacto, mas o mais importante, sua cabeça tinha escapado com nada mais que alguns golpes e machucados. Tinha sinais de choque, sua pele estava fria, úmida e pegajosa, seu pulso era rápido. -Helicóptero cento e um, aqui resgatador cento e um. -Resgatador cento e um, aqui helicóptero cento e um, adiante. -A voz de Brannigan chegava muito clara. -Necessito um segundo resgatador e a cesta. -OK. Chegaremos em dois minutos, vemo-nos em dois. Drew agarrou o braço de Ty. -Não me deixe aqui. Não deveria havê-lo feito. Sinto muito. Sinto muito. Dói. Dói muito. -Não vou te deixar, menino. Daremos um passeio juntos. -O cérebro de Ty trabalhava a toda velocidade, assimilando dados e nada nesta queda tinha sentido. Drew Madison era um adolescente de dezessete anos que tinha lutado contra a leucemia a maior parte de sua vida. Não tinha por costume escalar um escarpado um dia qualquer e muito menos quando estava caindo um toró e certamente não sozinho. Teria sido alguma classe de desafio? O menino que tinha chamado teria sido parte de uma brincadeira estúpida que tinha saído mal? Ty se dedicou às feridas de Drew, estabilizando suas pernas para viajar na cesta. O menino sofria uma dor terrível, mas continha a necessidade de gritar e tentava cooperar com Ty. O choque ia aparecendo e o menino tremia continuamente. Ty seguiu falando com ele. -Não será ruim. Você gostará do helicóptero. Os médicos estão esperando e podem dar algo para a dor imediatamente. -Não me deixará?- Drew mantinha uma garra mortal sobre sua camisa. -Não, montaremos juntos. Aqui está o helicóptero. Enviarão abaixo a cesta com outro resgatador. -O menino tremia tão forte que Ty temeu que pudesse escorregar-se da rocha. Seguiu


falando para lhe distrair da dor. -A cesta é onde lhe poremos para o passeio e logo nos engancharemos a cesta e seremos elevados. Estaremos fora daqui em um minuto. Doug Higgens era o segundo resgatador e se deixou cair cuidadosamente até as rochas com a cesta a reboque. O piloto moveu o helicóptero. -Resgatador quanto tempo levará? -Aproximadamente quinze minutos, - respondeu Ty. -Ok, voltamos para o prado e aterrissamos. Doug e Ty trabalharam rapidamente para colocar Drew na cesta, esmerando-se para evitar sacudi-lo enquanto lhe imobilizavam as pernas e comprovavam duas vezes as cintas de segurança. Apesar de a rocha ser extremamente escorregadia e o oceano golpear a seu redor, o processo foi fácil. Ty manteve um diálogo contínuo com o menino, com tom apaziguado e tranqüilo, notando que quando deixava de falar o adolescente ficava mais agitado. -Estamos preparados, - anunciou a Brannigan. -Ok, cinco minutos - respondeu Brannigan imediatamente. -E se caio da cesta? -perguntou Drew. Ty notou que a voz do menino estava começando a ficar tensa. Franziu o cenho para o Doug sobre a cabeça do menino. -Está conectado a uma coleção de anéis separados da cesta, Drew. Até se a cesta caísse, se algo falhasse, ainda estaria conectado. Não se preocupe, eu montarei contigo todo o caminho. É como dar um passeio pelas nuvens. O helicóptero estava no alto, Brannigan manobrava sob o bordo do escarpado com sua costumeira precisão. A corda caiu quase sobre o peito de Ty. Ele conectou sua sujeição à primeiro argola, depois a sujeição de Drew e finalmente a cesta. Fez gestos ao chefe de tripulação para que lhes subisse. -Sobe dez devagar - Sean instruía ao Brannigan. -A corda está tensa. A cesta abandona a terra, está sendo sujeita pelo resgatador. Ty ajustou os nós de modo que a cesta estivesse na posição correta com seu corpo para o passeio. O resgatador sempre montava com a cesta ao nível da cintura de forma que pudesse tranqüilizar a vítima e mantê-la acalmada. Assinalou que estava preparado. A voz de Sean em seu ouvido transmitiu o sinal ao Brannigan e o helicóptero começou a elevar-se. Drew lançou um grito, fechando os olhos com força. -Está bem. -disse Ty. -Talvez queira dar uma olhada ao redor... De repente a voz de Ty murchou quando o terror lhe aferrou. Choque absoluto. De repente estava caindo. Nenhuma advertência absolutamente, só se afastou da cesta, longe de Drew e sobre as afiadas rochas abaixo. O tempo parou. Sentiu como se caísse em câmara lenta. Ouviu o rugido do oceano e compreendeu que era o som de seu próprio coração troando em seus ouvidos. Viu o horror na face de Sean e depois sua vista se nublou quando seu corpo se veio abaixo e as rochas se fizeram maiores. -Maldição! Oh, merda. Alto! Alto! Alto! O resgatador caiu - gritou Sean. -Maldito seja, o resgatador caiu. Houve um momento de atônito e horrendo silêncio. De compreensão. Brannigan voltou para o trabalho em um intento por permanecer calmo, de manter a todo mundo concentrado. -E a vítima? Sean olhava fixamente para as rochas abaixo. Para o sangue que gotejava por toda parte. Ao corpo imóvel virtualmente amassado aos pés do segundo resgatador que lhe devolvia o olhar com espanto na face. -Diga outra vez. O que passou? Sean tragou o medo de sua garganta e forçou seu olhar... e sua mente a se afastar do corpo quebrado abaixo.


-A vítima está ali ainda. A cesta se balança. Se mova à esquerda. -Espera. Detendo o balanço. Automaticamente a tripulação de resgate agarrou o que tinha mais perto enquanto Brannigan fazia manobras rapidamente sobre a vítima no meio do balanço. -Cesta estável - informou Sean. -Ponho à vítima em terra? Sean tomou um profundo fôlego. -Não, lhe levemos ao prado. Doug rompeu o silêncio do rádio. -Resgatador um em má forma. Está mau. -Faz o que possa resgatador dois - disse Brannigan. -Voltaremos em seguida. Central, está captando tudo isto? Necessitamos um bombeiro para desconectar a nossa vítima de nós. Necessitaremos outra cesta e outro helicóptero médico. Ben, a que distância se encontra? -Dez minutos. -Pessoal de terra preparado. Tudo preparado no prado. Ninguém olhava para Sam. Ele estava sentado em silêncio, com rosto sombrio, surpresa e horror em seus olhos. Ninguém falou enquanto esperavam que a vítima fosse desconectada para poder retornar pelo membro caído.


Capítulo 3 -Este é meu último paciente, Evelyn - disse Libby à enfermeira com um sorriso apenas perceptível. -Vou para casa. -Ouviu todo esse escândalo na emergência, doutora? -perguntou-lhe Evelyn. -Ouvi chegar dois helicópteros, - respondeu Libby, -Mas estava muito ocupada para comprovar o que estava ocorrendo. -Dois helicópteros eram algo incomum, assim tinha suposto que se produziu um acidente na estrada. -Eu só consegui ouvir uma palavra aqui e lá, mas soava que Drew Madison escalava os escarpados de Sea Lion Cove e caiu. Chamaram o helicóptero de resgate e algo saiu mal. Libby tomou fôlego. -Drew? Está segura? Que demônios estaria fazendo fora com este tempo? E o que estaria fazendo nos escarpados? Ele sabe quão perigosos são. -Os escarpados eram extremamente perigosos, fraturados por gretas enormes, debilitados pelo mar que os erodia, a rocha se desmoronava sem prévio aviso. Inclusive sem os sinais colocados por todo o litoral, todos os vizinhos sabiam que era melhor não brincar com a vida escalando as traiçoeiras e instáveis paredes de rocha. - Está muito ferido, sabe algo? -O traumatólogo está com ele agora. Terá que consultar aos médicos da emergência, Libby. Estivemos tão ocupados hoje aqui em cirurgia que não tive ocasião de ouvir muito na realidade. . -Obrigado Evelyn. Irei me informar antes de partir. Libby jogou suas luvas a um cubo de lixo e levantou uma mão como despedida enquanto se apressava vestíbulo abaixo para a emergência. Tinha conhecido Drew toda sua vida. Não era um menino que fizesse besteiras. Tinha crescido no pequeno povoado de Sea Haven e conhecia os perigos dos desmoronamentos dos escarpados devido ao bater contínuo do mar e a erosão natural. Não tinha nenhum sentido que Drew estivesse sob a chuva em um escarpado perigoso quando tinha trabalhado tão duramente para manter sua leucemia controlada. A emergência estava lotada, com mais atividade que o normal. No momento em que pôs os pés na sala de emergência, notou que seu corpo respondia à chamada da cura. Seu estômago deu um tombo e suas têmporas começaram a pulsar. Alguém estava muito mal. Normalmente não sentia a chamada de sanar tão urgentemente, mas esta vez cada célula de seu corpo começou a ranger com energia. Suas palmas começaram a esquentar-se. Uma das enfermeiras da emergência era Linda Bowers, uma amiga da escola secundária. -O que aconteceu? -perguntou Libby energicamente. -O helicóptero de resgate, - respondeu Linda, -estava nos escarpados de Sea Lion Cove. -Faz um tempo horrível com vento e chuva. Ouvi que era Drew Madison. Não posso imaginar no que estava pensando dando voltas lá fora. Todo mundo sabe quão perigoso é. -Jonas e Jackson estiveram com o Drew e dos pequenos retalhos de conversação que ouvi não estão muito seguros que foi um acidente. Pete Granger viu depois que Drew aparentemente caiu ou se deslizou ou talvez subiu a metade do escarpado. Logo caiu o resto do caminho até as rochas. -São muito graves suas feridas? -Não há comoção cerebral, mas terá que passar por cirurgia nas pernas com certeza. O traumatólogo o está vendo agora. Nega-se a falar com sua mãe. Não quer vê-la e ela está completamente histérica. Inclusive lhe oferecemos um sedativo. -Linda franziu o cenho. -Acredito que deveria sabê-lo, culpa você e a suas irmãs. -O que? Como poderíamos ser responsáveis que Drew fosse aos escarpados? Kate é proprietária da propriedade, mas os escarpados estão claramente sinalizados como inseguros e há avisos de advertências colocados por toda parte. Não pode culpar a Kate... ou a nós. -Pelo visto pediu que você curasse Drew.


Libby pressionou uma mão sobre o estômago. A necessidade de atuar estava voltando muito mais urgente. Alguém estava extremamente grave e não era Drew com sua necessidade de cirurgia. Sentia o puxão para sua esquerda e inclusive deu um passo nessa direção antes de poder deter-se. -Eu não posso curar Drew. Eu disse. Minhas irmãs foram comigo e trabalhamos nele para lhe dar mais tempo com a esperança de que a investigação se voltasse mais agressiva. Libby trabalhou em permanecer concentrada na conversação. Era importante para ela, mas o puxão contínuo por volta do quarto da esquerda era forte. Podia ver através da partição de vidro que havia alguém preso às máquinas. Quem quer que fosse o paciente, sua vida ia desaparecendo. -Irene acredita que Drew tentou suicidar-se. Isso captou a atenção de Libby. -Isso não é possível. Esteve lutando contra a leucemia durante anos. Sempre esteve decidido a viver. -Lhe meteu em um programa experimental com alguma droga nova com a esperança de uma cura completa. Culpa à droga também, diz que um efeito secundário é a depressão. Isso chamou a atenção de Libby. -Não será o PDG-ibenregen? Linda assentiu com a cabeça. -Essa é a droga. Por quê? O que ouviu? -Adverti a Irene que tomasse cuidado com essa droga. Drew entrava no grupo de idade onde os relatórios preliminares mostravam problemas com depressão. Não acreditava que a droga estivesse pronta para provas com humanos e o disse. -Libby esfregou as palpitantes têmporas, tratando de resistir ao puxão para o paciente do quarto do lado. -Por que demônios não me escutou? Perguntou-me por isso e eu investiguei a fundo. Interessava-me porque a droga se apoiava no trabalho original de alguém com quem estudei, mas na primeira fase das provas clínicas houve dois adolescentes com problemas e isso levantou uma bandeira vermelha para mim. Poderia recordar ao investigador original, Tyson Derrick. Na realidade vive aqui por temporadas com seu primo, Sam Chapman. Faz alguns anos recebeu um Prêmio Nobel em medicina por seus estudos sobre a regeneração celular na cura de feridas. -Bom, já não ganhará mais Prêmios Nobel em nada. Ele era o resgatador que desceu pela corda. Seu arnês de segurança falhou e caiu. Grave traumatismo craniano, lesões internas. Os escaners são ruins. Enviam-no a São Francisco, mas duvido que passe dessa noite. Libby tomou fôlego e pressionou a mão contra o estômago repentinamente revolto. -Tyson era o resgatador? -girou a cabeça para a partição de vidro, tentando ver a cara do paciente. -Está segura? É bioquímico. Um investigador de renome. É brilhante. Absolutamente brilhante. Jonas mencionou justo ontem de noite que Ty trabalhava no resgate, mas não acreditei… - Sua voz foi desaparecendo. -Seus pais morreram faz um par de anos e lhe deixaram mais dinheiro do que todos os habitantes de Sea Heaven poderiam reunir. Provavelmente Sam herdará tudo. Deve ser terrível para ele. Estavam muito unidos e Tyson é seu único parente. -Por isso trabalha no resgate. Sam é bombeiro. -Libby não podia apartar o olhar do vidro. Não posso acreditar que ocorreu isso. Quem atendeu Ty? -Sinto muito, Libby, posso ver que está desgostosa, mas o Dr. Shayner fez um trabalho consciencioso com o paciente. Tyson foi entubado imediatamente e o doutor ordenou um TAC assim como também um escâner cerebral e de coluna. Suas pupilas estão dilatadas, suas córneas e reflexos assim como também seus movimentos oculares não respondem. Está em coma. -Quero ver os escâneres. Linda a precedeu até o quarto sem comentários. -O Dr. Shayner está fazendo os preparativos para levá-lo voando a São Francisco. Está consultando o neurologista.


O coração de Libby parou enquanto estudava o escâner. -A taxa de mortalidade por lesões difusas axiais é alta, - murmurou em voz alta, seu cenho se aprofundou. O cérebro tinha sido duramente afetado pela queda, causando rasgar axiais. -O único tratamento é estabilizá-lo. Tem dois hematomas, dural e subdural. -Libby continuou falando para si mesma. Tyson estava sangrando pelo cérebro e por debaixo. O cérebro estava inchado. Libby fechou os olhos brevemente. Não podia lhe olhar. Tinha que sair dali enquanto pudesse. Caminhar para a porta e não voltar à vista atrás. Notava suas pernas como se fossem de borracha. Seu corpo cambaleou ligeiramente e se estabilizou a si mesma com uma mão contra a parede, inclinando-se para frente para tomar profundos fôlegos. -Libby, está bem? -Linda pôs a mão sobre as costas de Libby para estabilizá-la. Com um pequeno grito levou a mão à boca. - Está ardendo, Lib. Sentia os dedos escaldados e irritados. Libby não podia deixar Tyson, não com seu brilhantismo, seu cérebro incrível tão capaz de fazer o bem. Não podia partir. Ouvia Linda a grande distancia, as palavras zumbiam em sua cabeça, mas não podia as enfocar. Libby se separou da parede e descobriu seu corpo movendose automaticamente para o quarto onde Tyson Derrick jazia perto da morte. “Não! Libby sai daí. É muito perigoso.” Elle, a Drake mais jovem, era uma forte telepata. Libby escutou a urgência em sua voz, o crescente medo convertendo-se em terror, mas não podia deter-se, ainda quando reconhecia que o perigo não era só para ela... a não ser para todas suas irmãs. Estavam conectadas como o tinham estado suas antepassadas antes que elas. Os dons podiam ser individuais, mas compartilhavam o poder e a energia e de algum modo, de uma forma que não entendiam de tudo, estavam unidas umas às outras nesses dons. Escutou seu próprio soluço de desespero, suplicando compreensão e desculpando-se ante suas irmãs por sua incapacidade de deter-se. Agarrou-se ao marco da porta esperando dar-se tempo para pensar, tempo para deter-se, mas seus pés se moviam por vontade própria levando-a ao lado da maca. A luz se derramava fora de seu corpo, explodindo das pontas de seus dedos quando se aproximou de Tyson. Libby olhou para a pálida face, manchada de sangue. Seu coração deu um tombo. Era definitivamente Tyson Derrick que ela recordava, embora seus penetrantes olhos azuis estivessem fechados, as pestanas escuras formavam duas meias luas espessas sobre círculos escuros. Seu cabelo negro azeviche, ondulado se derramava sobre sua testa, em mechas empapadas em sangue. Seus ombros eram inclusive mais amplos do que recordava; seus braços musculosos. O fôlego ficou apanhado na garganta e por alguma estranha razão seu coração se acelerou. Tyson Derrick era o único homem que alguma vez tinha arrumado para meter-se sob sua pele. Libby estava acostumada à deferência e o respeito trabalhando em seu campo. Ela era brilhante e sabia. Só um homem tinha superado alguma vez suas qualificações. Só um homem lhe tinha falado com desdém, algumas vezes tão grosseiramente que tinha chorado até dormir. Era tolo, mas nunca tinha podido tirar-lhe da mente. Pensava mais nele do que gostava de admitir. Não devia importar que ele não a respeitasse como a uma igual... mas o fazia. Ocultava o sentimento profundamente onde ninguém, nem sequer suas irmãs, o encontrariam nunca, envergonhada de sentir-se atraída por um homem que a tratava tão descuidadamente. -Tanto sangue. Tanto dor, - sussurrou. Parecia destroçado, sua cara cinza e estirada. Isto não estava bem. Tyson Derrick era um homem necessário no mundo da medicina. Ele via coisas que outros não e era tenaz procurando respostas. Libby tocou com as pontas dos dedos os lados de sua cabeça. “Libby! Alto!” Elle e Hannah gritaram a ordem em sua mente, havia desespero em suas vozes. Os gritos das outras... Sarah, Kate, Abigail e Joley... ecoaram através de sua mente e se foram murchando quando o calor cresceu em seu corpo.


A energia rangia a seu redor. Tomou um profundo fôlego para concentrar-se. A maioria das vezes confiava na medicina padrão, mas esse lugar de seu interior, um poço de energia, de luz, já estava movendo-se e abrindo-se, a força atravessava cada uma de suas células, enchendo-a. Era muito tarde para voltar atrás. Uma compulsão parecia havê-la tomado, uma necessidade contra a que não podia lutar, salvar a este homem incluso a risco de sua própria vida e sua prudência... inclusive arriscando aquelas a que amava. Era uma loucura, mas a necessidade era tão elementar como respirar. Permitiu que a luz e a energia emanassem de seu corpo para o interior de Tyson. A dor explodiu nela, através dela, apunhalando em sua cabeça, em seu peito, em suas vísceras até que pensou que poderia desmaiar. Forçou ao ar a passar por seus pulmões, respirando profundamente para remontar a dor. O calor se moveu através de seu corpo, desceu por seus braços para suas mãos e ao cérebro dele, carregado com pura energia e luz. O sangue gotejou pela comissura de sua boca, manchou sua face, seus braços. Pareceram instalar-se pedras sobre seu peito, esmagando seus pulmões. Libby começou a perder concentração. Cambaleou para trás afastando-se de Tyson justo quando ele começava a mover-se. O monitor cardíaco saltou à atividade quando fez o eletro encefalograma. As pestanas de Tyson se agitaram. Piscou rapidamente, levantando o olhar para ela. Ty sabia que devia estar sonhando. Algumas vezes, quando se sentia completa e absolutamente sozinho, sua face lhe vinha. Libby Drake. Como agora. Perfeita. Ninguém mais tinha tais rasgos perfeitos. Permitiu-se empapar-se dela, seu olhar se deleitou com sua cara oval. Sua pele resplandecia exatamente como a recordava. Alabastro pálido, tão suave que desejou estender a mão e passar as pontas dos dedos sobre ela em uma carícia. Seus lábios eram cheios, quase voluptuosos. Lábios beijáveis que evocavam o caminho de muitas fantasias eróticas, mesmo quando lhe olhava com desaprovação. Pensava muito em seus lábios, até nos momentos mais excitantes quando estava depois do rastro de uma resposta elusiva, esquecendo-se de comer ou dormir. Ele se fixou nela, afugentando a dor durante uns poucos preciosos minutos enquanto se concentrava nela. Era com ela que tinha estado sonhando quando tinha contado a Sam sua intenção de ter encontros e casar-se justo a outra noite. Tinha visto Libby Drake como uma mulher pela primeira vez fazia alguns anos cruzando o campus e se deu conta de que era a mesma garota que tinha conhecido de menina e tinha crescido. Tinha esses olhos. Grandes, perfeitamente formados, de um verde brilhante, vívidos, emoldurados com largas e espessas pestanas. Cada vez que lhe olhava queria empurrá-la contra ele e beijá-la até que nenhum dos dois pudesse pensar com claridade. Tinha esses olhos sonhadores que lhe diziam, “vêm levar-me para a cama” que parecia não poder resistir ou tirar da cabeça. Seu olhar foi para os cabelos. Em seus sonhos estavam sempre soltos com esse uso sexy, açoitado pelo vento tão casualmente que levava em sua época escolar, mas hoje o tinha retirado da face e recolhido em uma espécie de nó intrincado na nuca. Brilhava com um profundo e rico negro meia-noite, sedoso e suave como o resto dela. O estilo deveria ter resultado severo, mas só realçava sua estrutura óssea clássica e mostrava sua pele imaculada. Quando sonhava, os arrumavam soltos. Inclusive com o bater contínuo de sua cabeça e o corpo palpitando de dor, sentiu a familiar paixão de seu corpo, como sempre quando pensava nela. Quis levantar a mão e tocar sua face. Só uma vez sentir sua pele mas quando tentou mover a cabeça, os martelos estalaram em um frenesi, perfurando seu crânio. Ouviu um gemido escapar de entre seus dentes apertados. Saboreou o sangue em sua boca. Ty permitiu que seu olhar vagasse outra vez sobre o rosto dela, notando sua absoluta concentração, quase como se estivesse em transe. Estranhamente a dor parecia fluir para cima desde seu abdômen para seu peito e ombros, mais acima para sua cabeça até que desejou gritar de dor. A cara de Libby de repente se retorceu até formar uma máscara de agonia.


A dor de cabeça de Ty desapareceu e a consciência do que lhe rodeava apareceu pouco a pouco. Seus sonhos se converteram em pesadelo. Parecia que estava conectado a umas máquinas em um lugar que não reconhecia. Já não sentia o cérebro em uma neblina nebulosa e a memória retornava lentamente. Tinha tirado o menino Madison do escarpado e algo tinha saído mal. Recordava cair através do ar, mas isso era impossível. Queria dizer que seu arnês de segurança tinha falhado. Seu equipamento simplesmente não falhava. Recordava o som de ossos rompendo-se, seu crânio destroçando-se como uma concha de cabaça podre. Tinha estado agonizando e não deveria ser capaz de recordar. Um som suave e lastimoso captou sua atenção e girou a cabeça para ver Libby Drake afastando-se acovardada dele. Não estava completamente seguro de que ela fosse real. Seus olhares se encontraram e cravaram os olhos um no outro enquanto o tempo pareceu parar, até que só foi consciente dela, de cada detalhe. Sua cara empalideceu inclusive mais. Uma fina capa de suor cobria sua pele. Suas mãos tremiam e ela se apoiou na parede para sustentar-se. Parecia absolutamente doente. Libby pressionou uma mão contra o estômago revolto, olhando a seu redor, muito desorientada. Onde estava? “Elle? Hannah? Ajudem-me.” Deu outro passo para trás, longe da maca e todas as máquinas. Alguém a observava, seus olhos de um azul penetrante, atravessavam-na, fazendo que sua respiração se convertesse em roucos ofegos. “Chega à porta, Libby. A porta.” A voz de Elle era muito tranqüila. “Não está sozinha, estarei contigo a cada passado do caminho.” Libby ouvia suas irmãs lhe falando, respirando-a, todas a grande distancia, suas vozes lhe roçavam a mente. Estranho, não podia as diferenciar ou ouvir o que diziam, além de Elle. “Tenho tanto frio.” Libby tremia quando empurrou a porta e cambaleou saindo ao vestíbulo. Olhou a seu redor, incapaz de reconhecer onde se encontrava. Um vestíbulo. Havia gente, alguns a olhavam, outros foram a seu encontro. Um homem vestido com um traje cinza se levantou justo fora da porta da que ela emergiu. Pareceu-lhe vagamente familiar, como se devesse lhe reconhecer. Ele foi dar um passo para ela, mas ela se tornou atrás, sustentando em alto uma mão tremente para lhe acautelar. Ele pareceu perplexo, movendo-se ligeiramente. Libby piscou várias vezes perguntando-se se estaria alucinando. “Segue caminhando, Libby. Se concentre em mim.” Elle a respirava. “Estou com você. Vou te deixar a salvo. Ignora-o e segue vindo para mim. Estou a caminho.” Libby não podia sentir ou ouvir suas outras irmãs, exceto talvez a Hannah. Estava chorando? Se Hannah estava chorando então Libby tinha que chegar a ela. Forçou a seu corpo a mover-se, um pé diante do outro. Duas enfermeiras falavam ao final do vestíbulo e se giraram para olhá-la. A visão de Libby se nublava e esfregou os olhos. Sua mão se separou vermelha de sangue. Ela piscou olhando os dedos. “Segue vindo para mim, Libby. Hannah te necessita. Pode ouvi-la chorar? Segue caminhando, não se detenha. Estou quase aí.” Libby agora só ouvia a voz de Elle e quase afogada por um rugido estranho em sua cabeça. O batimento de seu coração troava em seus ouvidos, mas não podia entender onde estava ou sequer o que estava fazendo. Obedeceu a sua irmã cegamente, tropeçando vestíbulo abaixo para as portas. Antes que Libby conseguisse avançar mais de uns poucos passos, uma mulher se apressou para ela, plantando-se diretamente em seu caminho. -É tua culpa, Libby. Tudo é tua culpa! -Irene Madison gritou a acusação a todo pulmão. Sua cara estava retorcida pela fúria e sustentava sua bolsa como uma arma. -Você é responsável por isto. Libby se envolveu com os braços, tremendo. Podia ver pessoas olhando-a, mas não sabia onde estava. A mulher que gritava não estava tendo muito sentido. Assustada, procurou a sua irmã. “Elle? O que passa comigo?”


-Não pense que a queda de meu filho foi um acidente. -A voz de Irene se elevou a um chiado. -Por que estaria Drew escalando o escarpado? Se tivesse mostrado um pouco de compaixão, só um pouco, Libby, isto nunca teria ocorrido. Libby sacudiu a cabeça, o qual enviou pequenas agulhas que atravessaram seu crânio. Gritou e pressionou as palmas sobre as têmporas, olhando ao redor grosseiramente em busca de uma forma de escapar. -Nunca lhe curou. O câncer estava ali, comendo-lhe vivo e eu não podia simplesmente observar morrer. Tinha que fazer algo. Não me deixou eleição. Negou-se a lhe curar e o programa experimental da droga era a única opção que ficava. Disse-me que a droga poderia causar depressão. Nunca disse nenhuma palavra de suicídio. - O tom do Irene se incrementou até um guincho. -Você poderia lhe haver curado. Por que não o fez? Elle atravessou com um estalo as portas duplas do hospital, correndo pelo corredor, justo quando Irene pegava com força Libby com a bolsa, não uma vez, a não ser repetidamente, conduzindo-a para trás. Libby levantou um braço em um esforço por defender-se, mas estava muito fraca e caiu sobre o chão. Inclusive enquanto corria para sua irmã, Elle elevou os braços, sua cara era uma máscara de fúria. O vento atravessou o corredor por diante dela, forte e cruel, formando redemoinhos como um mini tornado, golpeando Irene com tal força que quase levantou a perturbada mulher do chão. Irene gritou e cobriu a cara enquanto o vento girava a seu redor mais e mais rápido, mantendo-a prisioneira. Seu cabelo penteado cuidadosamente estava levantado para cima e a roupa se retorcia sobre seu corpo. Inclusive seus brincos foram arrancados de suas orelhas e golpearam a partição o suficientemente forte para quebrar o vidro. -Elle. -Jackson Deveau inseriu sua forma grande e musculosa entre Irene e a mais nova das Drake. -Deixa-a.- Sua voz foi muito baixa, mas carregava o duro látego de uma ordem. O vento pareceu ondear sobre os duros planos e ângulos de sua cara, movendo os seus cabelos em um turbulento frenesi, mas ele agüentou sólido como uma rocha fazendo frente à fúria dela. Os olhos de Elle brilharam de cólera. -Diga a ela que a deixe. Atacou a minha irmã e você fica aí. Detenha-a por golpeá-la. Supõe-se que é a lei. Ninguém discutia com o ajudante, nem sequer quando estavam bêbados e fora de controle. Jackson era simplesmente muito perigoso. Sempre estava calado e raramente falava, mas quando dizia a alguém o que fazer, faziam-no. Seus olhos eram duros e frios, tão frios como o gelo. As cicatrizes marcavam sua face e pescoço e desapareciam sob sua camisa. Seu cabelo escuro era espesso e rebelde, seus traços esculpidos por tempos violentos. Junto a Jackson, Elle parecia pequena e frágil, seu corpo era metade do tamanho que o do ajudante, mas ela não cedeu nem um passo. Nem Jackson, nem sequer quando o vento selvagem começou a jogar com sua roupa. Jonas afastou Elle e se ajoelhou junto a Libby. -Deixa-a. Elle, - interrompeu cortante. Tinha chegado com o Jackson e tinha captado o final do ataque de Irene a Libby. -Não está ajudando em nada. Libby vai chutar seu traseiro quando sair desta. -Passou seu olhar furioso a Irene. -Libby está ferida. Está inconsciente. Irene, maldita seja, que diabos fez?- exigiu. Havia sangue ao redor da boca de Libby e em seu nariz. Irene chorava histericamente. -Não sei. Simplesmente me voltei louca. Matei-a? -Permanecia acuada contra a parede, com a roupa torcida e o cabelo feito um matagal despenteado. -Não tinha intenção de feri-la. Seus soluços se incrementaram e deslizou para baixo pela parede até que ficou sentada sobre o chão, com as pernas estendidas, aferrando sua bolsa enquanto chorava. Elle se deixou cair de joelhos junto a Jonas, sua palma passou roçando por cima do corpo de Libby. Gritou e retirou a mão de um puxão, embalando o braço contra o peito, girando-se ligeiramente para ver Tyson olhando-os através do vidro. -Precisa ir para casa com as demais. Chamei-as e estarão esperando-a. Está mau. Pode levá-la ao carro, Jonas?


-Talvez devesse vê-la um médico - aventurou Jonas. -Vi-lhes a todas em diversos estados de colapso, mas não como isto. Isto parece muito real. -Precisa ir para casa. Podemos nos ocupar dela, - repetiu Elle e esta vez havia uma ordem definitiva em seu tom. O olhar fixo de Jackson se encontrou sobre a face de Elle. -Está lhe dando sua força. -ergueu-se sobre ela, agachando-se para apartar as fogosas mechas vermelhas de sua face. -Já está tremendo, Elle. Elle lhe apartou a mão. -É minha irmã. O que seja que necessite. Ela se entrega a todos todo o tempo. -Olhou fixamente a Irene, censurando-a. - Ninguém é mais compassivo ou humanitário que Libby. Dá e dá até ficar exausta. -Sinto muito. Sinto muito. - Irene fez um esforço por controlar-se, soprando ruidosamente pelo nariz. -Não a risco de sua própria vida. Ela não quereria isso. -Jackson se agachou, seus dedos se fecharam ao redor do pulso de Elle. -Maldita seja, se retire, Drake. Era impossível para Elle retirar a mão do ajudante e lhe permitiu levantá-la sem resistir, mas manteve o olhar fixo sobre sua irmã enquanto Jonas levantava Libby entre seus braços. Os cabelos escuros de Libby se soltaram do nó e caiu em cascata sobre o braço de Jonas. Seu rosto estava absolutamente branco, seus olhos fechados, sangue vermelho escuro gotejava lentamente por sua face. Jonas intercambiou um largo olhar com Jackson. -Não tenho escolha, Jackson. -Elle fez uma declaração. -Sinto o que ela sente e não posso me desconectar. Não vai conseguir sem minha ajuda. Hannah já está conosco e as demais o estarão logo. Hannah carrega o pior. Uma vez todas compartilhemos a dor e as feridas, será mais fácil. Irene se levantou do chão. -Elle. Seriamente o sinto. Não sei o que me passou. Acredito que me voltei um pouco louca. Libby sempre foi muito boa conosco. Feri-a? Por favor, me diga que não a feri. Elle jogou uma olhada aos traços ásperos de Jackson, a sombra escura de sua mandíbula e seus olhos duros e frios. Ele a estava olhando sem expressão, mas seus dedos se apertaram ao redor de seu braço. Ela suspirou. -O pior dano se fez antes que lhe pegasse Irene. Será melhor que vá ver o Drew. -Não me deixará entrar no quarto. Elle fechou os olhos brevemente, jogaram sombras através de sua cara enquanto se concentrava. Suspirou outra vez enquanto contemplava Irene, com aspecto repentinamente cansado. -Necessita consolo e quer você ali. Está muito confuso e assustado. Tem que ir com ele. Irene assentiu com a cabeça e, ainda aferrando sua bolsa, apressou-se corredor abaixo para a habitação onde o cirurgião traumatológico se dispunha a levar a menino à sala de operações. -Isso foi muito amável de sua parte, Elle, - Disse-lhe Jonas enquanto percorria o vestíbulo para as portas duplas com Libby em seus braços. -Eu não sou amável, Jonas. - olhou Jackson enquanto fazia a admissão. Um débil sorriso tocou brevemente a boca do ajudante e desapareceu antes de poder alcançar seus olhos ou esquentar sua expressão. Jonas jogou um olhar a mais nova das Drake. Obviamente sofria dor, Jackson lhe oferecia apoio enquanto caminhava. -Sim, é Elle. Proteger Libby quando alguém a estava golpeando é algo mau? E não fez mal a Irene. Brilhavam lágrimas nos olhos de Elle e abaixou a cabeça. -Queria lhe machucar. -Sei pequena, - disse Jonas amavelmente, - mas não o fez e isso é o que conta.


Elle lhe lançou um sorriso de orelha a orelha. -Obrigado, Jonas. Você tampouco é mau de tudo. Jonas colocou Libby na parte de trás de seu carro, com a cabeça no colo de Elle. -Consegue a declaração de Pete, Jackson, e veja se pode lhe tirar alguma coisa enquanto levo Libby para casa. Retornarei logo que seja possível. Estão levando Drew à sala de cirurgia e passará um momento antes que possamos falar com ele outra vez. Não o admitiu, mas definitivamente saltou por esse escarpado de propósito. Teria se precipitado ao oceano se não tivesse se chocado com essa saliência. Quero falar com ele antes que abandone o hospital. Jackson assentiu, afastou para trás os cabelos de Elle outra vez, um gesto casual, mas as pontas de seus dedos se atrasaram sobre a pele. Franziu o cenho enquanto lhe observava afastar-se a pernadas. -Por que sempre o provoca deliberadamente? -Jonas deslizou atrás do volante, olhando-a através do espelho retrovisor. Elle agarrou a mão de Libby, fechando seus dedos fortemente ao redor da palma de sua irmã como se com isso pudesse atá-la a elas. -Sempre está tão controlado e acredita que todo mundo deveria fazer o que ele diz. E todo mundo lhe satisfaz. O Grande Jackson Mau. Supõe-se que todos devemos estar muito assustados. -inclinou-se e beijou a testa de sua irmã. -A mim ninguém dá ordens, Jonas, e muito menos ele. Acredita que pode me dizer o que devo fazer. Jonas manteve os olhos na estreita e sinuosa estrada. Era pronunciada e com várias curvas. A montanha se elevava a um lado e o oceano brilhava ao outro. -Você é a única que se mete com esse homem. -Alguém tem que fazê-lo. -Elle se recostou para trás e fechou os olhos. -E sou realmente boa nisso. - Palpitava-lhe a cabeça e sentia o peito feito pedaços. Podia sentir a presença de suas irmãs quando se uniram para sustentar Libby. Ela tinha lesões graves e tudo o que podiam fazer era se aproximarem da dor para dar ao corpo de Libby uma oportunidade de tentar curar-se. -O que há entre você e Jackson? -perguntou Jonas curioso. -Absolutamente nada. -Elle franziu o cenho. -Jonas? Quem era o homem que estava sendo tratando pouco antes de Irene se voltar louca? Sabe quanto de grave são suas lesões? -Tyson Derrick. Tirou Drew do escarpado. Estavam sendo içados até a parte alta dos escarpados quando algo saiu mal com seu arnês de segurança; caiu de uns dez metros sobre as rochas. O Dr. Shayner disse que estava muito mal, traumatismo cranial, lesões internas. - Fez uma pausa e a olhou através do espelho retrovisor.- Se estava tão mal, como demônios estava observando-o tudo através do vidro? Maldita seja, lhe curou verdade? Algumas vezes, garotas, fazem que me chiem os dentes. -Por que se arriscaria tanto Libby? Normalmente é muito cuidadosa. Quero dizer que poderia ter tratado de lhe tirar a gravidade, mas tomar feridas é muito arriscado, não só para ela, mas também para todas nós e ela sabe bem. -Não entendo a nenhuma de vocês, assim não me pergunte. -Quer a todas. -Elle disse com absoluta confiança. Ele o ignorou. Era verdade, mas não estava admitindo nada em voz alta. -Como soube que Irene ia atacar Libby? - Antes que Elle pudesse responder, sustentou em alto uma mão. -Esquece a pergunta. Não quero sabê-lo. -Estacionou o carro tão perto da casa Drake como foi possível. A casa se assentava no alto dos escarpados, a torre alta e a almena do capitão proporcionavam uma vista impressionante do oceano abaixo. Jonas levou Libby escada acima e sobre o alpendre coberto até a sala de estar onde suas outras irmãs estavam esperando. -Leva-a a seu quarto, Jonas. - Aconselhou Sarah, a mais velha. -Ficará mais cômoda ali. Hannah diz que isto poderia levar algum tempo. Jonas observou como as irmãs de Libby rodeavam a cama. Pôde sentir a quebra de onda de poder quando se deram as mãos. Ele as conhecia de toda a vida e ainda assim nunca


deixavam de lhe assombrar com seu poder combinado. Libby era a curadora, a Drake compassiva. Não podia imaginar o mundo sem Libby e mal podia detectar sua respiração. Reprimiu o desejo de lhe tomar o pulso e se afastou do caminho. Ele tinha velado pelas irmãs Drake desde que podia recordar. Não tinha sido sempre fácil e a maioria das vezes exasperavam-se com ele, lhe acusando de ser um valentão. Mas sempre corriam riscos em situações perigosas. Franziu o cenho para Libby. Como agora. Sentiu o desejo de sacudi-la, de sacudir a todas por ficarem continuamente em perigo. Sarah suspirou. -Jonas. Baixa e faça chá. -Por quê? Se quiser chá, tudo o que Hannah tem que faz é agitar os braços e uma xícara virá flutuando. -Tinha sido mais sarcástico do que pretendia, mas o poder feminino da casa sempre lhe afetava. -Estamos tratando de trabalhar aqui- disse ela, -E você transmite sua desaprovação forte e clara. -Eu não transmito. Eu sou o normal, - insistiu ele. –Se recuperará? Seis pares de olhos se fixaram nele. Ele sustentou em alto as mãos em sinal de rendição. -Vou fazer chá. De que tipo? Têm uma loja de chá abaixo. Não quereria fazer o que tem língua esmagada de lagarto. -A lata está na pia te esperando - Disse Sarah. -E é obvio que Libby se recuperará. Não consentiríamos nenhuma outra coisa.


Capítulo 4 Libby recostou a cabeça contra o respaldo da cadeira e olhou por volta do brilhante mar azul. Havia algo incrivelmente consolador no fluxo e vazante das ondas e a espuma branca no alto das cristas longínquas no oceano. O contínuo grito das gaivotas e o aroma fresco da costa sempre aliviavam a tristeza que não podia tirar de tudo. O clima era afresco, mas havia pouco vento e estava bem sentar-se ao sol e escutar o fluxo. Tirou a manta fina que rodeava suas pernas e manteve os olhos na água cintilante. Tinha sido muito descuidada com sua vida, e pior ainda, com as vidas de suas irmãs. Curar as lesões na cabeça de Tyson Derrick tinha sido criminalmente estúpido. Não podia recordar os acontecimentos que a conduziram a lhe tocar. Não podia recordar a maior parte do que havia ocorrido depois. Durante quase duas semanas tinha jazido perigosamente doente. Sem a ajuda de suas irmãs provavelmente teria morrido, ou pior ainda, teria ficado em estado vegetativo. Como fosse, sua cabeça ainda palpitava se movia muito e freqüentemente sentia o estômago revolto. Sarah tinha tentado falar com ela sobre por que jogou com sua vida, mas Libby honestamente não sabia. Dava medo. Tinha perdido dez dias de sua vida. Desaparecidos. Nenhuma lembrança. Nunca tinha experimentado tal blecaute antes. Elle simplesmente havia dito a suas irmãs e a Libby que a compulsão de curar Tyson tinha estado além da capacidade de Libby para resistir. Uma sombra caiu sobre ela e levantou o olhar. Seu coração começou a correr a grande velocidade e a boca ficou seca. O livro que tinha estado segurando deslizou de entre seus dedos até a areia. -Ty-. Seu nome surgiu com um grasnido. Era a última pessoa que esperava ver. Libby agradeceu seus óculos de sol e instantaneamente dirigiu o olhar para o oceano. Onde estavam suas irmãs? Não havia dito que queria estar sozinha um momento? Não se sentia preparada para lhe confrontar, sentia-se frágil, perto das lágrimas e culpada como o pecado. Tyson ficou olhando-a fixamente durante muito tempo. Não tinha nem idéia de por que lhe afetava como o fazia, mas só vê-la sempre mudava algo solitário em seu interior e o fazia sentir estranhamente vivo. Tinha tratado de vê-la repetidas vezes durante a última semana e meia. Ninguém nunca tinha captado seu interesse como tinha conseguido fazer Libby Drake. Tudo lhe intrigava. Uma vez, no campus universitário, tinha-a visto correr para uma jovem que tinha sido atropelada por um carro. Tinha observado como a mulher se retorcia de dor por uns poucos arranhões ensangüentados, enquanto Libby tinha sido hospitalizada durante dois dias. Todo mundo acreditou que Libby tinha sido a vítima. A verdadeira vítima tinha estado oculta pelo carro, assim ele não poderia dizer realmente se tinha estado muito ferida, mas Libby tinha acreditado assim. Esse tinha sido o dia em que tinha começado a suspeitar que Libby Drake necessitava ajuda. Sua família lhe tinha lavado o cérebro fazendo acreditar que podia curar às pessoas. A lembrança da vítima se desvaneceu até que só pôde recordar a agonia na face de Libby. Alguém tinha que salvá-la, convencê-la que essa magia não existia. Ela era inteligente e intrigante embora estivesse tão apanhada no legado de sua família de estelionatários que realmente mostrava os sintomas de uma vítima apanhada em mentiras. Arrastou a cadeira de madeira até colocá-la junto a ela. Perto. Permitindo que os descansos de braços se tocassem. -Importa se me sento e te visito durante uns minutos? Libby retorceu os dedos sob a fina manta. -Como chegou até aqui embaixo? A praia é privada.


Ele não esperou que lhe desse permissão, sentou-se junto a ela de forma que seu braço roçava o dela. Libby se afastou um pouco dele em sua cadeira e subiu as pernas encolhendo-se. -Vi você do alto. Disseram-lhe suas irmãs que vim ver você faz uns dias? Disseram-me que estava doente. -Não é nada sério. -Podia soar mais afetada? Não era Elle que se supunha ter telepatia? E onde estava Sarah? Sarah sabia coisas, verdade? Não sabia que Libby estava em problemas? Do que servia ter irmãs se não iam a toda para auxiliá-la? -Como está? -Tenho o esterno e algumas costelas machucadas. Cartilagens rasgadas, músculos destroçados, esse tipo de coisas, mas minha cabeça está melhor. -Tirou Drew das rochas e lhe salvou a vida, - disse Libby. Suas irmãs se viram forçadas a repetir os acontecimentos que tinham conduzido a sua lesão repetidas vezes antes que ela pudesse reter o conhecimento. Não recordava os acontecimentos de primeira mão e se sentia vulnerável discutindo algo que tivesse a ver com esse dia no hospital. -Notou que a maré não é tão baixa ou tão alta como normalmente? Um pequeno cenho franzido apareceu. Libby não tinha absolutamente nem idéia de onde ele estava levando a conversação. O salto entre o acidente e a maré produziu um pequeno pulso de frustração que a atravessou. Estava tratando de aparentar normalidade apesar de seu cérebro ainda estar se recuperando do trauma da semana passada. -É uma maré morta. -respondeu ela. -Exatamente. -Parecia um professor agradado. -Quando a lua está no primeiro ou último quarto, a gravitação do sol está em direção perpendicular a da lua. O sol empurra a água longe das áreas de maré alta às de maré baixa, causando marés altas mais baixas e marés baixas mais altas. Assim é como conseguimos marés mortas. De perto ele tinha melhor aspecto que a distância... e de perto a punha nervosa, mas se queria brincar de jogos de conhecimento e começar a cuspir pequenos feitos cientistas, ela podia lhe igualar feito com feito. -Absolutamente fascinante. Sabia que quando as marés oceânicas estão em seu ponto mais alto as chamam marés vivas? Um sorriso lento suavizou os planos duros da face dele. -Acredito que essa foi Libby Drake, sua alteza real, me pondo em meu lugar. -Agradava-lhe, além disso. Gostava que ela pudesse lhe igualar feito por feito. Sua mente escolhia temas ao azar e a maioria das pessoas lhe olhava fixamente como se lhe tivessem crescido duas cabeças. Libby elevava o queixo e lhe arrojava feitos à cara. Ela armazenava os mesmos dados nas pontas de seus dedos que ele. De algum jeito isto o fazia sentir-se menos estranho. Estendeu-lhe a mão. -Vamos dar um passeio. Libby cravou os olhos em sua mão, horrorizada. -Ainda estou um pouco fraca. - Ele a desequilibrava continuamente. Agarrou-a pelo pulso e exerceu suficiente pressão para pô-la em pé. -Acredito que posso te manter em pé. -Olhou-a desde sua altura superior. -Precisa ganhar um pouco de peso, Drake. Não será anoréxica, verdade? Ela conteve o fôlego, sentindo sua pressão sangüínea aumentar alarmantemente. Odiava o fato de ser pequena. Teria lhe encantado utilizar a palavra miúda, mas era simplesmente pequena. Era uma vara, uma Hannah em miniatura sem peitos. E em toda sua vida nunca lhe tinha incomodado esse fato exceto quando estava ao redor de Ty, o silencioso bonito gênio que lhe tinha causado impressão do primeiro dia que tinha entrado na sala de aula do sétimo grau. Não lhe tinha visto em vários anos e aqui estava, coibida uma vez mais. -Estou virtualmente emocionada por seus extraordinários cumprimentos, Derrick. -disse Libby, sua voz gotejava sarcasmo. Não permitiria... não lhe deixaria ver que seu descarte casual de suas qualidades femininas ainda tinha o poder de feri-la. - Uma mulher sempre gosta de ouvir que parece desnutrida e doentia, obrigada.


Cometeu o engano de lhe olhar e seu olhar encontrou o dele. Estava-a observando com um olhar que ela nunca tinha visto antes nos olhos de um homem, ao menos não quando esses olhos estavam dirigidos para ela. Parecia faminto, como um lobo predador. Tragou saliva e girou o rosto de volta para o oceano. Simplesmente não podia lhe olhar e ser racional. Tudo o que lhe dizia a incomodava. Era a única pessoa do mundo que conseguia irritá-la, mas por alguma razão masoquista que desafiava a lógica, desejava-lhe ardentemente. Sempre tinha sido assim. -Nunca disse que tivesse mau aspecto, Drake. Foi meramente uma observação e preocupação genuína por sua saúde. Não tinha notado que fosse tão sensível. -Deslizou os dedos sobre seu pulso para lhe agarrar a mão, puxando até que foi com ele. -Fixei-me na pintura de sua casa. É muito incomum. Piscou para ele, mais sobressaltada que nunca, tratando desesperadamente de seguir a conversação. Começava a lhe doer a cabeça. -A pintura? Oh! A pintura. O que acontece com os homens e a pintura? -Não entendi. -Damon, o noivo de Sarah, estava bastante interessado na pintura também. Nunca deixava de dar voltas examinando-a. -De verdade? A primeira coisa que fiz foi tomar uma amostra. -Descascou a pintura da nossa casa?- Libby quase se deteve no lugar, mas ele seguiu caminhando como se fosse a coisa mais comum do mundo cortar a pintura das casas das pessoas. -É obvio. Não quer saber se um antepassado seu descobriu um conservante que beneficiaria ao mundo inteiro? Pode ser que tenha querido mantê-lo para si, fazendo as pessoas do povoado acreditar que era magia, se eu descobrir o que é você teria a possibilidade de esclarecer coisas. Libby sentiu uma poderosa rajada de emoção tão imprópria dela que realmente necessitou um segundo ou dois para identificá-la. Fúria. Genuína e rápida fúria de “eu-não-sou-uma-boagarota”. Retirou bruscamente sua mão da dele. -Acima de tudo, Derrick, a maior parte dos meus antepassados que viveram em Sea Heaven eram mulheres, assim é muito mais provável que quem descobriu o conservante, se é que alguém o fez, não foi um homem. As mulheres realmente são capazes de dominar com maestria a ciência, sabe? Ele não parecia muito impressionado por seu arrebatamento. Estendeu a mão para lhe recolher uma mecha de cabelos escuros detrás da orelha, seus dedos demoraram em seu rosto. -Por isso posso recordar, na maioria dos casos, que você foi quase tão boa como eu em ciências. -Na maioria dos casos? -repetiu ela entre dentes. -Chutei totalmente seu traseiro no segundo semestre em Harvard. -Acredito que não, Drake, nem se quer se aproximou. Deixando isso de lado, o conservante é importante. A pintura no ar salgado nunca dura muito tempo. Sabia que os antigos egípcios utilizavam vernizes e esmaltes apoiados em cera de abelhas, gelatina e argila ao menos antes do 3000 A.C.? -Fascinante. - disse Libby entre seus dentes apertados. -Sabia que os druidas de épocas remotas também sabiam produzir recobrimentos protetores duradouros utilizando sangue de boi e cal? Ele sorriu, sem notar seu tom. -Lembro quando era menino e Sam me mostrou você e suas irmãs pela primeira vez. Todas vocês me aterrorizavam. As irmãs Drake, a realeza de Sea Heaven. Todas eram tão formosas. Perguntava-me como conseguiam que seus cabelos estivessem tão brilhantes e por que sempre estavam rindo. Passou muito tempo e seus cabelos ainda brilham e ainda ri quando está com suas irmãs.


Por um momento Libby pensou que a terra tinha trocado de posição, estava repentinamente instável sobre seus pés. Já estava pronta para colocá-lo em um foguete a Marte e então ele tinha que dizer algo como isso. -Pensava em nós como a realeza? -Todo mundo pensa em vocês como a realeza. -Oh, bem. Isso é justo o que Irene estava pensando enquanto me dava golpes na cabeça com sua bolsa. Elle me disse que se deu um festim me amassando. -A diversão se arrastou até sua voz. A pequena nota de risada, de diversão compartilhada, sobressaltou-lhe. Sempre tinha havido estupidez entre eles. Sua boca se suavizou, começou a curvar-se em um sorriso, mas sua eleição de palavras lhe golpeou. Uma vez mais a fez deter-se, lhe tirando os óculos escuros e olhando-a fixamente aos olhos. -Não recorda que foi golpeada com a bolsa? Sua irmã teve que lhe contar isso? Teve uma contusão? O que é que não funciona contigo? Maldita seja, Libby, deveria havê-lo dito. Deveria estar sentada. -Estou perfeitamente bem. E não quero falar disso. -Recuperou os óculos de sol e o empurrou sobre seu nariz, lhe franzindo o cenho. Ty teve a muito estranha e perturbadora compulsão de inclinar-se e beijar o cenho franzido apagando-o de sua face. Vacilou, não querendo incomodá-la ainda mais, mas sopesando se deveria tentar insistir em que retornasse a sua cadeira. -Ou tem uma pequena mordida de desaprovação na voz quando fala comigo ou tem esse cenho franzido. -disse ele em vez de fazê-lo. Passou-lhe a ponta do polegar sobre os lábios como se pudesse apagar sua expressão. O fôlego dela era quente sobre sua pele, os lábios suaves. Seu estômago se esticou e sua virilha se endureceu em uma reação instantânea. -Não é certo- negou Libby, mas até ela ouvia a nota de desaprovação. -Que espera quando faz coisas assim? -Tinha que apartar-se dele. Esse toque ligeiro, curiosamente íntimo, fez correr seu pulso a toda velocidade. Era muito velha para atuar como uma parva só porque ele fora realmente magnífico. Libby apertou os lábios para evitar expressar impulsivamente algo ridículo, como "se cale e deixa de me olhar fixamente". -Como o que? Agora ele soava divertido e ela apertou fortemente os dentes. -Veio só para rir de mim? -Suprimiu um gemido e a necessidade de cobrir o rosto. Sempre arrumava um jeito para reduzi-la a uma idiota aos cinco minutos de conversação. Era muito consciente dele como homem. Podia sentir o calor de seu corpo, ou talvez fosse o calor do seu próprio. Sua temperatura definitivamente aumentava. O podia definir como material de menino mau e embora ela o tentasse não era material de garota má. -Rir de você? -Soava agradado. Esta vez tirou os óculos para fulminá-lo com o olhar -Está fazendo deliberadamente? Seu sorriso a fascinava. Não tinha notado que ele pudesse sorrir. A maior parte do tempo parecia concentrado e inteligente, aturdido ou arrogante e muito superior para expressá-lo com palavras. Agora que tinha visto seu sorriso estava realmente perdida. Libby empurrou seus óculos para trás e tentou não deixar-se afetar pelo aspecto dele. Era tão superficial. Ela não era uma pessoa superficial, verdade? Porque ele não era agradável absolutamente. Ele tomou sua mão e continuou andando pela praia sobre os atoleiros deixados pela maré sem lhe responder. Mantinha-a andando e em vez de tomar o controle e terminar as coisas, Libby se encontrava contente de passear com ele. Seu corpo musculoso a fazia sentir-se ridiculamente feminina, algo mais que não ia confessar a suas irmãs. Ela não andava de mãos dadas. Não podia recordar quando segurara a mão de um homem, mas gostava de passear com ele, a sensação de seus dedos fechados firmemente ao redor dos dela. Ele se deteve para examinar um caranguejo e sustentou sua mão contra seu peito.


-Os caranguejos ermitões são fascinantes. A pinça direita é maior e tem uma forma diferente à esquerda. Utilizam-na como amparo e para sujeitar a comida enquanto que a esquerda serve para comer. -Um sorriso travesso lhe cruzou a cara e iluminou seus brilhantes olhos azuis. O macho arrasta a toda parte à fêmea utilizando a pinça menor, como um cavernícola. -Colocou os dedos entre os sedosos cabelos de Libby. -Tudo enquanto repele a outros machos com suas pinça maior, sujeitando a sua companheira até que ela está pronta para mudar e se volta receptiva e fértil. -Puxou experimentalmente os cabelos de Libby. -Felizmente, não sou um caranguejo fêmea. - disse ela. -É mal-humorada. - Assinalou ele. Deixou que as mechas de cabelos escorregassem entre seus dedos. O coração dela saltou. -Na realidade tive dois caranguejos ermitões como mascotes e deviam ser ambos machos porque não se arrastavam um ao outro por aí. Chamei-os Pasta de Dente e Escova de Dente. Escaparam e foram a uma missão suicida diretamente alpendre abaixo. Chorei durante uma semana. A sobrancelha dele se ergueu. -Chorou por um caranguejo? -Bom, é obvio, eram meus mascotes. -Não é normal, Libby, - disse ele com um débil sorriso, seu tom era carinhoso. -Suponho que não. Todo mundo burla de mim. -Assinalou por volta do charco. - Agarrei uma estrela do mar, mas a deixei em seu próprio hábitat. -Uma estrela do mar? -Soltou um pequeno suspiro. -Isso não diz muito a favor de seu gosto. A estrela do mar é carnívora. Comem o que seja que fique a seus pés. Lançam seus estômagos fora pela boca e digerem a presa fora. Só depois que o animal está completamente digerido puxam seus estômagos para trás, para dentro. -Harggg. Soa como Abigail. Me deixe algumas ilusões. Tyson riu em voz alta e isso lhe sobressaltou. Ele não ria. Fingia rir nos momentos apropriados pelo bem de seu primo, uma de suas pequenas concessões às delicadezas sociais, mas a risada nunca era genuína. Libby o fazia rir de verdade. O fascinava. Era uma mulher nascida em uma família de estelionatários. Só saber isso deveria ser suficiente razão para manterse longe dela, mas nunca poderia fazê-lo. Era simplesmente tão... tão agradável. Tão real. Ao longo dos anos tinha chegado a acreditar que ela não era parte de sua família enganadora, mas sim era em lugar disso, uma vítima das mesmas pessoas que a deveriam ter amado, como o era ele até certo ponto. Sem a influência de sua tia, duvidava ter podido funcionar em sociedade absolutamente. -Está se queimando com o sol. Acredito que devemos nos pôr à sombra. -Usei protetor solar. -Pois seu nariz está ficando vermelho. -Genial. -É obvio que seu nariz tinha que estar queimado. Tinha a pele tão clara que cada vez que tirava os óculos de sol parecia um tomate. Seus óculos ficavam firmemente no lugar. -Não estou segura que haja muita sombra nesta parte da praia. -Por alguma estúpida razão queria permanecer em sua companhia um pouco mais, embora soubesse que devia sair do sol. Agarrou sua mão e amavelmente a puxou até que lhe seguiu de retorno às cadeiras. -Onde está seu protetor solar? -Agarrou ambas as cadeiras como se não pesassem nada e as apoiou contra a parede do escarpado, à sombra. - Sente-se aqui. Realmente necessita protetor solar, mas talvez isto sirva. Não ia ter o nariz branco, coberta de zinco, enquanto se sentava ali a conversar com ele. -Deixei em casa. Ele cruzou os braços sobre o peito. Tinha braços grandes, todo músculo ondulado. Era bioquímico. Como arrumava para ter uns braços assim? Libby mordiscou o lábio para evitar suspirar. Necessitava uns óculos mais escuros para poder sair-se com a sua e ficar olhando-o


fixamente. Se ele mantivera a boca fechada, poderia fantasiar e então a vida seria genial outra vez. Se simplesmente não falasse. -Vi os escâneres de meu cérebro depois do acidente. Libby ficou rígida. Ao momento esteve totalmente tensa, suspicaz a respeito da razão real pela que ele tinha ido procurá-la. Havia beligerância em sua voz. Ela permaneceu em silêncio e fixou o olhar no fluxo espumoso. -Shayner me disse que tinha um traumatismo craniano grave. Fraturas, inchaço do cérebro, coágulos de sangue, esse tipo de coisas. Basicamente tinha ovos mexidos no lugar do cérebro. -Interessante. -Disse que deveria ser um vegetal. Em lugar disso, estou caminhando por aí com o peito amassado e umas poucas costelas machucadas. -Já vejo. -O que é o que vê? -Tyson se inclinou aproximando-se dela, seus olhos penetrantes afundando-se nela. -Que diabos fez? E não me venha com tolices sobre sua magia. Não acredito nisso e quero a explicação real. Fez algo. Teve que fazê-lo. Shayner disse que antes que estivesse no quarto comigo, era um vegetal. Depois, além de algumas costelas estilhaçadas e outras lesões menores, estava perfeitamente bem. Que diabos fez? -Tolices? -repetiu Libby. - Nossas tolices mágicas? -A fúria brilhou tenuamente através de seu corpo, aferrou-a tão fortemente que olhou a seu redor procurando algo que lhe atirar. Tinha posto em perigo suas irmãs ao igual a sua vida e ele chamava o que tinha feito de tolices. -Assim é como chama ao que faço? Ele passou uma mão pelos cabelos. -Já sabe, não digo que o que faz não tenha uma pequena validez, só digo que não é magia. Você não crê em realidade em bruxas, vodu e lançar feitiços, verdade? É doutora. Há uma explicação científica razoável para o que faz. -Seriamente? -Bom, é obvio. E quero saber o que é. -Por quê? Ele deu de ombros. -Por quê? Diz a sério? Libby, se o que diz todo mundo é certo, restaurou o que claramente era um dano cerebral irreparável... meu cérebro. As possibilidades, os benefícios só para a medicina e a ciência estão além do que se possa sonhar, se em realidade pode fazê-lo. Quem demônios não quereria saber como faz o que faz? Ela o avaliou durante muito tempo enquanto as gaivotas gritavam no alto e as ondas golpeavam a borda. Se sua pressão sangüínea subisse mais ante a incredulidade absoluta de voz dele, ia golpear-lhe. -Averigue e vêem me contar como fazemos, minhas irmãs e eu, essas tolices mágicas. Daremos umas boas risadas. Ele a fulminou com o olhar. Estava se zangando. Tinha ido com a melhor das intenções, mas não queria ouvi-la defender-se a si mesma ou a sua família. -Não me importa ser o alvo de suas piadas. Têm ao povoado inteiro enganado, mas eu não compro. Só me diga isso. -Por que não começa por revisar as provas? Talvez sejam falsificadas. -Já o fiz. Parecem autênticas. E você estava ocupada em outra parte do hospital quando me levaram assim não vejo como teria tido tempo de manipular os registros. -Comprovou se falsifiquei os registros? -Libby estava consternada. Inspirou profundamente. -Vá. -Tinha que descartar a falsificação de documentos. Essa é a fraude mais velha no mundo, disse Ty despreocupadamente. -Só me diga como o fez.


-Crê que te dei alguma droga nova que não compartilho com outros pacientes com lesão cerebral? -Libby estava furiosa. -Não fiz nada. O escâner deve ter se equivocado. Talvez tenha tido uma interferência no sistema. Estou cansada e você está me incomodando. Vá embora. Tyson deixou passar alguns momentos de silêncio, esperando que ela se acalmasse. -Me afasta porque sabe que vou me obcecar com isto. Isso é mesquinho, Drake. - Fez sombra sobre seus olhos e contemplou o escarpado. -Enquanto estamos nisso, me explique por que a casa não se erode quando cada escarpado próximo se está desmoronando lentamente. E sim, tomei amostras do chão também. -Estou intrigada por sua fascinante conversação, realmente estou, mas a erosão e a pintura não são para mim. Estou lendo. Estou descansando. Ou estava até que você chegou. Se já terminou de insultar a minha família, Tyson, por que não volta para seu laboratório? Estou segura de que dormir no chão e comer Cracker Jacks enquanto descobre a cura para as enfermidades mais mortíferas do mundo te realizará mais que andar rondando por Sea Heaven acossando aos vizinhos. Um lento sorriso substituiu o ricto teimoso da boca dele. -Estiveste perguntando sobre mim. Durmo no sofá, não no chão, mas como Cracker Jacks. A princesa Libby Drake está o suficientemente interessada para fazer indagações sobre mim. Com quem esteve falando? Libby sentiu a cor subindo por seu pescoço até sua face. Abaixou a cabeça de forma que seus cabelos caíram como uma nuvem ao redor dela enquanto fingia estudar suas unhas. -Topo-me com Sam de vez em quando e ele deve ter mencionado. -Oh, não, não o fez. Sam não sabe nada sobre meus hábitos alimentícios no laboratório e não está o suficientemente interessado para perguntar. -Soava triunfante. -A verdade é que perguntou por mim. E quando me levaram ao hospital depois da queda foi me ver. Ela deu de ombros. -Pode ser que o tenha feito. Por que não? Fomos juntos à escola. Dei uma olhada e fui. Era paciente do Shayner e eu estava vindo para casa. -E supõe que tenho que acreditar que comprova a todos os pacientes do Shayner? Sinto muito, princesa, mas não acredito. Tem a inflexão correta e esse pequeno tom mordaz que normalmente lança às pessoas, mas não me engana. Não esta vez. Admite-o. Está interessada em mim… Libby ofegou. -Não estou interessada em você. É um arrogante... - Interrompeu-se abruptamente quando uma sombra passou sobre eles, bloqueando momentaneamente o brilhante sol. Distraída, olhou ao redor. -Algo vai mal. -Por que acha isso? -A sombra. - Estava mais que distraída, seguia espiando ao redor. -Foi um pássaro, Libby, uma gaivota. -Não foi um pássaro. Seu alarme era contagioso e isso lhe incomodou. Ali não havia nada mal. -Vamos, Drake. De verdade crê que vou cair nisso? Simplesmente não quer admiti-lo, mas está interessada em mim. Libby lhe ignorou, elevando os braços diretamente ao ar. Imediatamente o vento respondeu, precipitando-se em uma pequena rajada desde o mar para a casa do escarpado. -O que está fazendo? -perguntou Ty com suspeita. -Essas tolices mágicas que você não acredita. Fique calado um minuto e me deixe concentrar. Algo vai realmente mal. Posso senti-lo. -Franziu o cenho, de face para o oceano, com olhos inquietos, percorrendo a praia ao redor. Ty olhou longamente a seu redor, primeiro para o oceano. Estava medianamente calmo e não via sinais de uma onda especialmente perigosa, e muito menos um tsunami. Que mais poderia ir mal? Olhou para o céu.


-Uma gaivota poderia nos bombardear. -informou - mas não vejo nenhum avião. Ela lançou um olhar que pretendia lhe silenciar. Ele começou a sorrir, divertido por sua certeza, mas seu estômago reagiu, um instinto que lhe dizia que se movesse rápido. Ty ficou de pé bruscamente, rodeou-lhe a cintura e a arrastou longe das cadeiras para os degraus. Era leve, mas suas costelas e seu esterno amassados protestaram, sentia como se seu peito estivesse sendo esmigalhado. Manteve-se em movimento. Não acreditava na magia, mas confiava nos instintos e seus próprios sinos de alarme estavam chiando. Um bom cientista necessitava premonições e as suas tinha sido afiadas por sua formação contra incêndios. Tinham dado vários passos à carreira para o caminho que conduzia ao alto do escarpado quando ouviu um som sobre eles. Como escalador o som lhe resultava conhecido. Cobrindo a cabeça de Libby com seus braços, correu o último par de passos para empurrá-la contra a parede do escarpado, seu corpo esmagando o dela protetoramente enquanto rochas, terra e barro choviam sobre eles. Fez-se a si mesmo o menor possível, sobressaltando-se quando os escombros golpearam seus ombros e braços. A terra se verteu sobre eles e Libby tossiu. Pôs-lhe a boca perto do ouvido. -Tenta não respirar. Ela não respondeu, mas sua mão deslizou na dele. Pressionou a cabeça contra seu peito. Sentia-a pequena e muito frágil entre seus braços, não parecia a Libby que se mostrava sempre tão segura de si mesma ante ele. Apertou os braços e apoiou o queixo sobre a cabeça dela. Pareceu passar uma eternidade antes que o deslizamento de rochas se detivesse. Seguiu abraçando-a. -Obrigada. Crê que é seguro mover-se? - Ela se endireitou, retirando sua mão da dele, pondo um pequeno espaço entre eles. Ainda podia sentir o corpo dela contra o seu, uma ilusão, mas de todos os modos, sentia como se esse fosse seu lugar. -Por quê? Libby passou cautelosamente sobre os escombros e assinalou para as cadeiras onde tinham estado sentados minutos antes. As cadeiras de madeira tinham ficado reduzidas a lascas por grandes rochas redondas -Acabava de mencionar a erosão dos escarpados verdade? A nota zombadora de sua voz lhe roubou o fôlego. Ela parecia à beira da risada. Isso era suficiente para deter seu coração. Colocou a mão sobre o peito dolorido. -Não tinha nem idéia de que meu poder de sugestão fosse tão forte. A próxima vez, terei mais cuidado. -Jonas mencionou que tinha havido vários deslizamentos depois das últimas grandes chuvas que tivemos. Sea Lion Cove recebeu o golpe maior. O escarpado é realmente instável, mas suponho que não lhe emprestamos atenção como deveríamos. Ty estudou a parede da rocha que se erguia sobre eles. -Não parecia tão instável. Nem sequer houve um terremoto. Notou se as rochas pareciam que fossem cair enquanto caminhávamos pela praia? -Não estava prestando atenção, Ty, - admitiu Libby. -Não posso recordar a última vez que uma de nós o comprovou. Jonas vai dedicar-nos um de seus muitos, muitos sermões. -Onde, exatamente, encaixa Jonas em sua família? -perguntou Ty. -Lembro que sempre estava ao seu redor, mas não está aparentado, verdade? -Estendeu a mão para lhe sacudir a sujeira dos cabelos. Libby elevou uma mão para tentar pôr em ordem a massa de seda negra azulada que se derrubava ao redor de sua cara. Ty lhe apanhou o pulso, impedindo que se arrumasse. -Está formosa, inclusive toda despenteada. Libby tomou fôlego. Dez minutos antes queria empurrar o homem ao oceano, agora tudo o que podia pensar era em lhe beijar.


-Isso foi muito agradável, Ty. Não me sinto particularmente formosa, assim significa muito que o diga. Ele deu de ombros. -Só assinalava o óbvio. Estava me contando onde encaixa Jonas em sua família. -recordoulhe. Tinha passado várias más noites acordado, recordando o aspecto da face de Jonas Harrington quando tinha visto Libby derrubada e sangrando no chão do hospital. Ty ainda não tinha podido apagar a imagem de Jonas levando Libby em seus braços pelo vestíbulo do hospital. Libby deu de ombros. -Jonas é família esteja aparentado ou não. Sempre será da família. Acredito que gostaria de nos repudiar, mas não pode. Ele está preso a nós e o deixamos louco. Podia imaginá-lo. Jonas era a lei. Com a família atuando como enganadores, o pobre homem devia estar em uma posição difícil tratando de protegê-las. Ty não queria pensar na família de Libby, só nesse sorriso intrigante que lhe tinha arrojado. Agarrou sua mão. Por parvo que soasse, gostava de agarrar sua mão. -Voltemos para sua casa. Acredita que poderá subir? -Estou bem - disse Libby. Tinha tido dor de cabeça durante dias, mas não ia admitir ante Ty. Não apartou sua mão, agudamente consciente da forma em que a ponta do polegar lhe acariciava a pele causando uma pequena revoada em seu estômago. Nunca ninguém tinha provocado um revolto em seu estômago. -Certamente posso voltar a subir as escadas. Ty apertou sua mão contra seu peito e começou a larga ascensão. As escadas tinham sido escavadas fazia cem anos e cada geração tinha ajudado a fazer mais fácil a ascensão. Em alguma parte do caminho se havia construído um corrimão a um lado. Tyson manteve Libby perto do corrimão para sua segurança. -É bom que se encontre bem, não quero que utilize esse pequeno contratempo para evitar nosso encontro. -Sorriu-lhe burlonamente. - Encontro? -Sua voz chiou. -Não temos um encontro. -Sim, temos. Libby sacudiu a cabeça decididamente. -Eu não tenho encontros. -Pois bem, vai ter um comigo. Perguntei. Você me disse que sim. Está se pondo atrás?desafiou-a. - Sei que se sente atraída por mim. Libby parecia horrorizada. -Não estou. O que te deu essa idéia? -Você o fez. Disse-o, quando te perguntei se sairia comigo. - inclinou a cabeça, lhe estudando o rosto, olhando-a fixamente aos olhos. -Vamos, Drake, no hospital. Não finja que não disse que queria sair comigo. -Que mais disse? -Havia pura suspeita em sua voz. -Que eu era brilhante. O qual é verdade. -Isto não é gracioso, Ty. Nunca tivemos essa conversa. Eu não tenho encontros. -Sim, faz. Teve um encontro com esse doutor idiota do C.D.C. Recorda? Levava um topete. -Não levava. Era seu próprio cabelo. E não era idiota. -Entrecerrou os olhos, imobilizando-o com o olhar - Como sabe que tive um encontro com ele? -Sam. É uma fonte de informação. Recorda? Disse que como Cracker Jacks. E o doutor C.D.C era um idiota. Tive uma conversa com ele e isso foi suficiente para saber que conseguiu seu posto por conexões familiares ou políticas. Libby suspirou. -Bom, na realidade não tenho encontros assim não é possível que dissesse que sim. E só fui jantar com ele uma vez. -Porque era um idiota. - insistiu Ty. -Vamos, Drake, diga a verdade. Aborrecia-te, só falava de si mesmo e não tinha cérebro.


-Como seja. Você sabe endemoniadamente bem que não tivemos uma conversa no hospital. Ele colocou uma mão sobre o coração. -Não posso acreditar que finja outra coisa. Entrou em meu quarto e me disse que aguentasse, que tinha que viver porque era muito valioso. -A sobrancelha dela se ergueu. -De acordo, disse que meu cérebro era valioso, é o mesmo, Drake, queira admiti-lo ou não. -E disse que era brilhante. -O sarcasmo gotejava de sua voz. -Bom, - ele pensou no risco. -não com tantas palavras. -Lógico que não com tantas palavras. -Libby deu a volta e empreendeu a viagem de volta escada acima. Não poderia recordar nada desse dia no hospital. Elle lhe tinha contado sua conversa com Irene. A bolsa de Irene não lhe tinha causado dano. Libby tinha sofrido um colapso por si mesma. Elle tinha sabido que estava em problemas, mas ninguém podia lhe dizer se realmente tinha tido uma conversa com Tyson Derrick. -Estava inconsciente. -Não, não estava. -Estava em estado vegetativo. -Foi um milagre, segundo o Dr. Shayner. Talvez só por ter me sussurrado todos esses cumprimentos me tenha feito voltar. -Está tão crédulo de si mesmo. -Havia risada em sua voz outra vez. - Está inventado isso tudo. Havia algo em sua risada que lhe afetava mais do que gostava de admitir. Não era só que ela fizesse que seu corpo se esticasse e cada célula cobrasse vida, era mais profundo que isso. Analisou os dados e ela revolvia algo mais que seus hormônios. Quando ria, suas vísceras se agitavam e seu coração se sentia mais ligeiro. Não tinha sentido, mas ela era quase uma droga em seu sistema. Só estar ao seu redor proporcionava a mesma rajada de adrenalina a que era tão viciado -Pareço um homem que invente coisas? -rebateu. Ela fez uma pausa outra vez na escada por cima dele, girando para contemplar sua face. Seu traseiro lhe roçou a virilha quando virou e a dor surda se converteu em uma dor em toda a extensão da palavra. Agarrou-a pelos braços e a segurou diante dele. O sorriso desvaneceu do rosto dela. Ty não se deu conta de que estavam tão perto, sua cabeça estava inclinada para a dela. Sua boca era pecaminosamente tentadora, seus lábios cheios, suaves e ligeiramente entreabertos. Viu seus olhos abrir-se com surpresa e então sua boca tomou posse da dela. Não estava pensando. Se não tinha havido um terremoto antes, agora seguro como o inferno que havia um. A terra se moveu. Talvez girou. Não sabia. Não lhe importava. Beijou-a outra vez, sua língua jogando e dançando até que ela se abriu para ele. A boca dela se pegou à sua. O beijo se fez mais profundo. Não podia deixá-la, aproximando-a mais, converteu o beijo em algo não tão gentil. O sangue se esquentou, acelerou-se e palpitou como se tivessem injetado uma droga potente ligada a testosterona. Puxou-a para aproximá-la mais, precisando tocar sua pele suave, sentir seu calor, deleitar-se com seu aditivo sabor. O corpo dela se moveu contra o seu e ele se esqueceu de suas costelas e seu peito dolorido. Esqueceu-se completamente da nova droga e de perguntar-se por que seu arnês de segurança tinha falhado. Simplesmente sentia, seu corpo completamente vivo, cada terminação nervosa crepitando como se estivesse a cinqüenta pés em uma corda sobre um incêndio florestal resplandecente, o calor tão intenso que quase lhe fundia. Devorou ferozmente seu pescoço, sua garganta e retrocedeu outra vez para sua incrível boca. Tinha fantasiado sempre com sua boca, mas nenhuma fantasia erótica lhe tinha preparado para o frenesi de precisar beijá-la uma e outra vez. Os braços de Libby se elevaram para lhe rodear o pescoço enquanto respondia com total abandono aos beijos de Tyson Derrick. Queria mais. Sempre mais. Estar mais perto, tocar sua pele nua, sentir seus músculos duros, esquentar seu corpo contra seu calor. Precisava sentir sua


fome igualando a labareda repentina da sua própria. Chegou de um nada, uma necessidade tão profunda, tão primitiva, que não reconheceu a si mesma. Seus beijos a varreram da âncora de responsabilidade que sempre a curvava. Flutuava. Chispava. Sentia-se sexualmente desejável. Ela era diferente. Em seus braços, era diferente. Nunca ninguém a tinha beijado assim... como se ele ardesse. Como se a necessitasse, como se tivesse que tê-la. Como se ela fosse tudo para ele. Passou-lhe a mão pelo peito e ele se sobressaltou. A prudência retornou em uma pequena rajada. Libby tratou de se controlar. Sua mão enredada ao redor da nuca dele ficou imóvel e a boca de Ty continuou controlando a sua. O cérebro de Libby simplesmente entrou em curto circuito. Perdeu toda a capacidade de pensar, de raciocinar, cambaleando-se em um poço de pura sensação sexual. Era impossível respirar. Intercambiavam ar, mas não era suficiente. Seu corpo ardia pelo dele, seus dedos se enredavam nos cabelos escuros. -Libby. -Ele sussurrou seu nome contra seus lábios. -Não posso respirar. -Tampouco eu. Não posso me mover. Vamos ter que ficar aqui em pé para sempre a menos que esteja disposta a ir procurar um lugar escondido, tranqüilo e agradável na praia. Libby se obrigou a retroceder. -Isto não é real, sabe. Estou drogada. Completamente drogada. –Pressionou uma mão sobre os lábios inchados, sabendo que parecia indubitavelmente beijada. A sombra da mandíbula dele tinha esfregado sua sensível pele e se deu conta de repente de que lhe pulsava o pescoço. Pressionou a mão sobre a pele. -Não se atreveu a me fazer uma marca, verdade? -Me deixe ver. -Retirou-lhe a mão. -Para ser honesto, não sei que diabos fiz. -Levantou-lhe o cabelo e olhou fixamente seu pescoço durante um longo momento, finalmente se inclinou para frente para pressionar os lábios contra o lugar machucado. -Eu diria que sim, a menos que tenha uma marca de nascimento em forma de morango. Libby ficou olhando, incapaz de acreditar o que tinha conseguido lhe fazer. Ela sempre se controlava. Sempre. Não perdia a cabeça pelos homens. Não se deixava seduzir por eles e certamente não tinha tais capitalistas reações sexuais... Não com um homem arrogante que não tinha nenhuma habilidade social absolutamente, especialmente com um que insultava a toda sua família. O que estava acontecendo com ela? Não estava bem de tudo. Essa era a única explicação para sua loucura. -Que droga? Ela piscou. -Do que está falando? Sou inteligente, Ty, mas não sei por que nunca entendo do que está falando - Deixou que sua mão deslizasse sobre o esterno dele, descansando ali só um momento antes de descer por suas costelas. Ele enredou os dedos entre seus cabelos, esfregando as mechas entre os dedos e o polegar. -Diz que esta drogada, que isto não é real. Quero saber que droga está tomando. -Aspirina. Tinha dor de cabeça. -E a aspirina causa em você excitação sexual? Que se volte desejável? Completamente atrativa? -Obviamente. Ele assentiu com a cabeça. -Se assegure de tomar uma antes de nosso encontro para jantar. -Um lento sorriso atraiu sua atenção de volta à boca. -Ty, não temos um encontro. Recordaria-o. -Não necessariamente. Não sou tão memorável a menos que te esteja beijando e não te beijei no hospital. Dou-me conta agora de que esse foi um grande engano. Libby sacudiu a cabeça e deu um tentativo passo escada acima. Sentia-se tremente sem seus braços ao redor.


-A que hora é nosso encontro? Ele olhou seu relógio de pulso. -Dentro de uma meia hora. -Não posso estar pronta em meia hora. Meu cabelo parece um desastre e preciso me maquiar para sair. -Agarrou-se firmemente no corrimão e se empurrou a subir o seguinte degrau. Tinha que estar louca para sair com ele. Era arrogante e anti-social, não acreditava em magia e pensava que todas suas irmãs eram estelionatárias. Voltaria-a louca. Libby tocou os lábios com os dedos. Mas o homem sabia beijar e isso contava para algo. -Não necessita maquiagem, Libby. Eu gosto da aparência natural. Ela riu. -Você gosta de maquiagem astutamente colocada que faz com que as mulheres pareçam naturais. Se fosse assim não me diria que meu nariz está queimado pelo sol. -Está. -Vá agora, Ty, antes que recupere o sentido e troque de opinião. -Uma hora, Libby. Voltarei e será melhor que não se esconda em sua casa. -Pelo menos sabe meu nome de batismo. Se tivesse seguido me chamando Drake te teria empurrado pelo escarpado. -Beijei-te. Não posso te chamar Drake depois de te haver beijado. -Tem que esquecer que me beijou. Não haverá mais beijos. Ele tocou a marca vermelha do pescoço dela. -Há uma prova. Não o esquecerei... e você tampouco. Tome a aspirina, Libby.


Capítulo 5 -Tem terra por todo o rosto e um chupão no pescoço. -Hannah saudou sua irmã com uma xícara de chá. -Suponho que não quererá me dizer o que esteve fazendo enquanto eu fui às compras na loja de comestíveis. Libby soprou sobre a xícara fumegante. -Tenho terra no rosto? -Estava mortificada. É obvio que tinha terra na face. Terra, um chupão e um brilhante nariz vermelho queimado pelo sol. Estava tão elegante como podia estar. Estar junto à Hannah não ajudava. Alta, loira, uma supermodelo com um aspecto incrivelmente exótico, Hannah tinha aparecido na capa de quase cada revista que existia. Hannah era magra, mas não podia ter má cara embora o tentasse. -Sim. Sua cara está salpicada de terra, como um comando ou algo pelo estilo. O que esteve fazendo? E estou particularmente interessada no chupão. -É uma marca de nascimento. Uma marca de nascimento em forma de morango. -Libby tentou aparentar inocência enquanto sorvia o chá quente. Hannah assentiu com a cabeça. -Mamãe estará interessada nessa marca de nascimento. É certo que nunca antes a viu. Deverá voltar para casa em uma semana ou duas. Chamou e disse que Tia Carol e papai estão explorando Napa Valley, e as adegas de vinho, e ela estava muito ocupada indo a todas as lojas de noivas recolhendo idéias para as bodas. Acredito que estão se divertindo. -Sempre se divertem quando estão juntos, - observou Libby. -depois que os assustei até a morte, é bom para eles que tomem um tempo longe. -Fez uma pausa antes de colocar a xícara na mesa. -Tenho um encontro esta noite e penso colocar algo de estilo. Já sabe, jeans e uma camiseta. Hannah quase derramou sua xícara de chá. -Você? Um encontro? -Hey, basta, -advertiu Libby com um pequeno cenho franzido de reprimenda, -Isso não é muito agradável. Já me convidaram para outros encontros. -Sinto muito. Sei que lhe convidaram para sair, só que nunca vai. Está planejando um encontro tranquilo ou selvagem? Libby se afundou em uma cadeira. -Não tenho nem idéia de como me meti nisto. -Adivinho que a nova marca de nascimento pode ter tido algo a ver com isso, - aventurou Hannah com um pequeno sorriso. -Não se derrubou pelo chão com ele, verdade? E quem é esse homem que conseguiu fazer você se esquecer que é a Doutora Libby Drake, sempre calma e correta? -Ainda sou calma e correta. -Bom, a terra não vai bem com essa imagem e tampouco o chupão. -A marca de nascimento, - corrigiu-a Libby. -Alguém te fez essa marca de nascimento tão grande e sobressalente no pescoço. Esteve se derrubando pelo chão com ele? As mentes curiosas querem saber. -É obvio que não. -Libby não pôde controlar o rubor que se propagou por seu pescoço e coloriu suas bochechas de um rosa brilhante para igualar a seu nariz. -É obvio que não, - repetiu. Hannah sacudiu a cabeça, o espiral de cachos platinado formou redemoinhos ao redor de seus ombros e caiu por suas costas. -Oh, Libby. Tem autênticos problemas com isso, verdade? Quem é ele?


-Não lhe digo isso. -Libby tirou os sapatos e pôs os pés sobre a pequena mesa. -Nem sei se gosto dele. -Oh, carinho, isso é pior. Deve beijar como um demônio. Tenho razão, não? -É um arrogante e anti-social yonkie de adrenalina. Com um corpo extraordinário. -Libby franziu o cenho a sua irmã. -Quis dizer cérebro. -Corpo, huh? -Cérebro. Quis dizer cérebro. Tem cérebro, embora não o use a metade do tempo. E carece de habilidades sociais como não poderia acreditar. Se simplesmente ficasse calado poderíamos ter uma relação maravilhosa, mas ele insiste em falar. -Uma situação desagradável, - disse Hannah. -Ainda não me há dito seu nome. Libby pôs os olhos em branco. -Tyson Derrick. Hannah se engasgou com o chá. -Oh meu Deus! Perdeu o juízo, Libby? Não pode sair com ele. É tão socialmente inepto como Jonas. -Sei, sei. -Libby cobriu o rosto com a mão e olhou às escondidas através dos dedos. Acredito que meu cérebro ainda está se recuperando das lesões. Uma sombra caiu de repente sobre elas e elevaram o olhar para ver Jonas Harrington enchendo a soleira com seus largos ombros. Hannah fez uma careta e Libby colocou uma mão sobre o pescoço para cobrir toda evidência. -Jonas, que amável por sua parte entrar tão sigilosamente. -Se não me mover sigilosamente, Hannah lança os cães. A propósito, eu não sou socialmente inepto. Muitas mulheres me acham atraente. Hannah deu um suspiro pouco elegante. O xerife a fulminou com o olhar. Ela sorriu docemente e tomou um gole de chá. -Algo vai mal? -perguntou Libby. -Recebi uma chamada de Elle. Estava preocupada com você. Algo sobre uma avalanche de barro. Pediu-me que desse uma olhada. -Que estranho Elle ter sentido também, - disse Hannah. -Por isso voltei para casa, Libby. Só por uns momentos, senti algo malévolo e logo desapareceu. -Elle usou essa palavra também, -disse Jonas -Mas as avalanches de barro não são malévolas. Não convertam isto em uma dessas coisas estranhas que parecem ocorrer quando estão todas juntas. Não quero coisas saindo da névoa ou sombras tratando de agarrar às pessoas pelas costas. Mantenhamos isto simples. -Eu estava alarmada, mas não poderia dizer por que, - esteve de acordo Libby. Jonas cruzou a habitação para ficar agachado ante ela. -Está coberta de terra. Passou algo, verdade? -A nota zombadora tinha desaparecido de sua voz. -Não grande coisa. Elle está tão conectada com todas nós que não pode evitar preocuparse. Foi um pequeno acidente. Recorda a conversa sobre a erosão em quase todas as caras próximas do escarpado depois dessa chuva tão forte? Estava sentada perto da parede do escarpado e houve um deslizamento. Um par de rochas grandes devem ter se soltado e isso deve havê-lo iniciado. As rochas fizeram pedaços as cadeiras, mas eu estou bem, um pouco suja, mas nem um arranhão. -Mas tem uma nova marca de nascimento em forma de morango no pescoço - contribuiu Hannah. Libby a fulminou com o olhar. -Traidora! E eu te ajudando a falar sem gaguejar, além disso. O que passa com você? -Por que Hannah iria gaguejar? -Perguntou Jonas. -Se concentre em coisas importantes, poderoso xerife, - urgiu-lhe Hannah. -Morangos. Pescoço. Derrubar-se pelo chão. Que tipo de detetive é?


Jonas estendeu a mão e retirou a de Libby de seu pescoço. Estudou a marca durante um longo momento e finalmente assobiou. -Estou impressionado. Quem deixou uma marca em você? -Marca? -grasnou Libby, ultrajada. -Não é uma marca. É um diminuto sinal, um arranhão, provavelmente de uma rocha. Jonas intercambiou um largo olhar com Hannah e ambos romperam a rir. -Bom intento, Libby, - disse ele. -me dê um nome. -Não tem trabalho a fazer, Jonas? -perguntou Libby. -Estou ocupada. -A mim não parece muito ocupada - assinalou Jonas. -Oh, está. Tem que preparar-se para um encontro esta noite - apontou Hannah. -Com Tyson Derrick. Jonas assobiou outra vez. -Tyson Derrick, o multimilionário? Sobe no mundo, Libby. Ele é muitíssimo melhor que o tipo do topete. Esse homem tinha água gelada nas veias. Ty aposta pela excitação. -É bioquímico, - disse Libby. -Não um milionário. E amadureceu com os anos. Estou segura que já não faz todas essas loucuras que gostava de fazer. -Bom, escalou uma montanha no Himalaia o ano passado. E tem feito rafting no Avermelhado repetidas vezes. Faz escalada e parasailing nos escarpados. Luta contra incêndios florestais e participa dos resgates do helicóptero, mas provavelmente tenha razão. Além de conduzir carros rápidos e ter várias multas por excesso de velocidade com sua motocicleta.… -Não me diga nada mais. - Libby cobriu a cara outra vez. -Não posso fazê-lo. Por que lhe disse que sairia com ele? Não estou segura se quero. Acredito que me enganou. -Como te pôde enganar? - perguntou Jonas. -É bastante esperta, Libby. -A maioria das vezes. -concedeu Libby. -Mas não recordo nada do que ocorreu no hospital e ele afirma que tivemos uma conversa e que me convidou a sair. Não acredito. O Dr. Shayner disse que tinha gravemente prejudicado o cérebro nesse momento o qual impossibilitaria qualquer conversa. Estou segura de que o inventou. -Está segura? -brincou Jonas. -Estou quase segura. -Libby suspirou. -Estou confusa. Nem sequer gosto dele. Por ser um homem com uma mente tão brilhante, o que, por certo, estou positivamente segura, diz as coisas mais estúpidas. -Poderia lhe haver dito que era brilhante? -perguntou Jonas. -É bom beijando - disse Hannah. Jonas a fulminou com o olhar. -Será melhor que não tenha conhecimento de primeira mão de como beija esse homem, bonequinha. Ter duas de vocês caída por ele é muito. Hannah colocou de repente sua xícara de chá na mesinha. -Beijarei a quem quer que queira beijar, Harrington. É tão mandão que acredita que pode dizer a todo mundo o que tem que fazer. -Esquece que tenho uma arma, - disse ele complacentemente. -Acredito que está ameaçando me disparar - insistiu Hannah, começavam a formar-se faíscas nas profundidades de seus olhos. -Em você não. Que diabos faria sem você para me entreter? Dispararia a ele. Diretamente. Evita encostar seus lábios em alguém se souber o que é bom para eles. - Ficou em pé. -Vou comprovar o escarpado para verificar que é seguro. Poderia ter que amarrar uma parte e colocar alguns sinais de advertência. -Obrigado, Jonas - disse Libby. -Não olhei. Ty estava comigo e me distraiu com sua brilhante conversa. -Quis dizer seus beijos. -corrigiu-a Hannah. Jonas entrecerrou o olhar. -Parece obcecada com seus beijos, Hannah.


Ela deu de ombros. -Passou muito tempo. Ando procurando um pouco de ação. A sobrancelha dele subiu rapidamente. -Oh, de verdade? -Jonas se inclinou, enroscou a mão nos cabelos dela, sujeitando sua cabeça perfeitamente imóvel enquanto sua boca tomava posse da dela. Libby ofegou com surpresa. O beijo pareceu seguir e seguir para sempre. E definitivamente havia língua. Hannah não só não lutava, parecia estar lhe devolvendo o beijo. Jonas se apartou abruptamente, empurrando o chapéu sobre sua cabeça e virou para a sala de estar. -Isto deve servir durante um momento. A próxima vez que se sinta inquieta me faça uma chamada. -Saiu a pernadas da habitação. Hannah pareceu ficar deslumbrada por um momento, sua expressão era de surpresa, seus olhos estavam turvos e seus lábios ligeiramente inchados. Abriu a boca duas vezes antes de conseguir com êxito que emergisse alguma coisa. -Eww... -Hannah parecia ultrajada. -tornou-se louco, Libby. Viu isso? Deveria ter lhe chutado. Ou lhe dar com o joelho. Ou como mínimo lhe haver convertido em sapo. Beijou-me. Fui completamente violada. - olhava fixamente para a soleira vazia. -Você lhe devolveu o beijo, Hannah. -Absolutamente seguro que não o fiz. - negou veementemente. Jonas assobiava enquanto saía da casa, fechando de repente a porta da sala de estar quando partiu. -Por que não lhe chutou? - perguntou Libby. Definitivamente tinha havido beijo por parte de Hannah, mas Libby acreditou melhor não seguir com isso. -Não podia pensar. - Hannah se defendeu. -Agarrou-me por surpresa. Nunca tinha feito nada como isso antes. Ugg.... ainda posso lhe sentir. -Tocou os lábios com a ponta dos dedos, quase uma carícia, em vez de esfregar para apagar o beijo. -O muito rato. Vou ter pesadelos. E vou vingar-me. -Vai abordar-lhe e dar outro beijo? - perguntou Libby cinicamente. -Isso não tem graça. Vou procurar um feitiço que lhe intumescerá os lábios. Libby estalou em gargalhadas. -Poderia querer tomar cuidado. Jonas saberia e sua vingança poderia ser muito pior. -Sempre me chateou que a casa lhe deixe entrar, como se fosse da família ou algo pelo estilo. -É da família, imbecil - disse Libby afetuosamente. -Jonas é o único irmão que temos. Hannah fez uma careta. -Não para mim. Estou procurando a maneira de fazer que todas as comportas se fecham de repente em sua cara quando tratar de entrar. Provei com a grade, mas o ferrolho se desprende se ele se aproxima e não posso fazer nada com isso. -Passa muito tempo pensando em como chatear Jonas. -Bom, isso é por que me incomoda. Chamou-me esquelética outro dia. E disse que tinha perdido peso outra vez e que se perdesse muito mais ia enterrar meu esqueleto. -Quando te disse isso? -Libby ouvia a dor na voz de sua irmã. -Oh, veio ontem para saber de você. Estava dormindo assim me chateou. Tenho que estar magra ou perderei meu emprego. Libby estudou Hannah por um momento. Era tão bela que resultava fácil perder-se todo o resto além da superfície, mas Jonas tinha razão, estava mais magra. Muito mais magra. -Está perdendo peso, Hannah, - disse-o tão amavelmente como foi possível. -Precisa comer mais. -Não posso. Tenho um grande espetáculo iminente em Nova Iorque e recebi instruções de me assegurar que não aumentasse nenhuma grama no peso. Greg Simpson insinuou que tinha engordado. -Hannah olhou as mãos. -Tinha o telefone com o alto-falante e Jonas entrou e se


voltou louco quando ouviu Greg me dizer que mantivesse a raia o peso. Jonas disse que era estúpido ser tão banal e que me estava matando por ser famosa e que só era por minha constante necessidade de adoração. -Hannah fez uma pausa, colocando o cabelo para trás em um gesto inconsciente e sexy. -Jonas incluso disse que podia pôr sua mão ao redor de minha coxa. Foi horrível e meu agente ouviu cada palavra. -Hannah. Não nos disse nada. Jonas pode ser um asno, mas estou segura de que acreditava que estava te protegendo. É formosa e está realmente muito magra. Não posso imaginar que tenha ganhado peso. -Não, mas estou envelhecendo. Não se pode estar por cima sempre. Libby se deteve perto de sua irmã. -Não é velha e sabe. -Este negócio é um jogo para mulheres jovens. Poucas carreiras duram mais que os finais dos vinte e princípios dos trinta, não na passarela. -Colocou no banco quase cada centavo que ganhou. Quanto tempo quer continuar nisso? -Que mais tenho, Libby? Não posso falar com as pessoas, já sabe. Sem você e as demais para me ajudar, gaguejo e tenho ataques de pânico. Não tenho outras habilidades. -Fala vários idiomas, Hannah. Hannah riu. -Libby, não serve de muito se realmente não posso pronunciar nenhuma palavra ao redor de outras pessoas. Uma vez minha carreira esteja terminada, eu também. Não sei quem sou ou o que faria. -Não tinha nem idéia de que se sentisse desse modo. - Libby se inclinou aproximando-se. Hannah, está comendo, verdade? Hannah vacilou brevemente e logo deu de ombros. -Não sei como comer mais. Não comi nos últimos sete anos. Libby guardou silêncio tratando de recordar o que fazia Hannah às horas de comer. Freqüentemente estava na cozinha. Cozinhava. Assava. Fazia chá. Comia realmente? Libby não poderia recordá-lo nem em um sentido nem em outro. Hannah parecia muito magra. Formosa, mas muito magra. Jonas provavelmente poderia lhe envolver a coxa com os dedos... e isso era muito mais que estar magro. Por que Libby não o tinha notado? Ela era doutora. -Sinto muito, neném, deveria ter visto que tinha problemas. Estou tão absorta ajudando a completos desconhecidos, que não vi o que tinha ante meus olhos. -Não tenho problemas. - negou Hannah. -Além de desprezar Jonas Harrington. -Se não pode comer, tem problemas, Hannah e sabe, - disse Libby. -Temos que conseguir alguma ajuda para você. -Não até depois de Nova Iorque. É um espetáculo muito importante. Concentrarei-me em ganhar um pouco de peso depois disso. - Hannah descartou o tema com um movimento da mão. Seu tom tinha uma pequena nota de advertência enquanto forçava um sorriso satisfeito. Enquanto isso vou pesquisar um feitiço para manter Jonas fora da casa e da propriedade. O que me recorda que seu Tyson deve ter passado através da grade para chegar ao acesso da praia. Libby soltou fôlego. Hannah já não ia discutir mais seus hábitos alimentícios ou seu trabalho e estava procurando uma forma de trocar o tema. Libby não queria deixá-lo passar, mas não podia arriscar-se a contrariar a sua irmã. Precisava falar com Sarah e encontrar a melhor maneira de dirigir a situação. Era altamente provável que Hannah tivesse uma desordem alimentícia. -Ele não é meu Tyson e a grade não estava fechada com chave. Deixei-a aberta se por acaso Inez viesse me ver. Disse que me faria uma visita curta se pudesse sair da loja de comestíveis. -Olhou seu relógio de pulso. -Melhor tomar uma ducha antes que venha Ty. -Colocará as calcinhas vermelhas esta noite? - perguntou Hannah com picardia. Libby enrugou um guardanapo e atirou em sua irmã.


-Hannah, será melhor que você e o resto de minhas irmãs não tenham estado manuseando minha roupa interior. Abigail teve muitos problemas depois dessa cerimônia das calcinhas vermelhas... -Na qual você participou. -Apontou Hannah. -Para Abbey, não para mim. Não quero encontrar um homem. E tire esse sorriso da cara. Se eu cair, você é a seguinte. -Isso nunca vai ocorrer. Não posso falar com um homem sem todas vocês me respirando. Tudo o que faço é gaguejar ou ter um ataque de ansiedade, assim que a possibilidade de que encontre um homem é simplesmente zero. -Hannah soava muito satisfeita. -Assim posso lançar feitiços, fazer poções de amor e participar da cerimônia das calcinhas vermelhas para o resto de vocês pela bondade de meu coração. -Está em autênticos problemas, Hannah. -disse Libby. A risada de Hannah a seguiu escada acima. Libby estava diante do espelho e cravava os olhos em si mesma. Sua face estava completamente salpicada de terra e também tinha terra nos cabelos. Seu nariz estava de um vermelho brilhante e como tinha levado postos os óculos de sol, tinha uma marca branca como a de um binóculo ao redor dos olhos, justo como havia predito. Gemeu e fez uma careta. -Hannah! Sobe aqui! Não posso sair desta maneira. Por que não me disse que me via horrível? Hannah se apressou a entrar no dormitório de Libby. -Não se ponha sob as luzes e estará bem. Usaremos um pouco de maquiagem e ninguém saberá. -Eu saberei. Já estou suficientemente nervosa a seu redor sem parecer uma palhaça, gemeu Libby. -Odeio assinalar isto - disse Hannah, -mas ele já viu você assim e te beijou de toda forma. Esse é um ótimo sinal que gosta de você. E te convidou a sair para jantar. Como está sua cabeça? Mamãe e papai não vão estar muito felizes com você correndo de um lado a outro. Eu, nossas irmãs, mamãe e Tia Carol nos esforçamos demais para te salvar a vida, Libby. Se não se encontrar de todo bem, não deveria ir. Libby começou jogar a um lado sua roupa. -Ainda tenho um pouco de dor de cabeça e estou fraca, mas nada sério. Acredite Hannah, sou bem consciente de quão estúpido foi arriscar a todo mundo. Elle e você pagaram o pato. Impulsivamente abraçou a sua irmã. -Não sei o que teria feito sem você. -Bom, ocorre que eu sinto o mesmo, - disse Hannah. -Por que está jogando sua roupa por todos os lados? -Odeio todas. Nada do que tenho me faz parecer... -Libby procurou a descrição correta -... bom, como você. Necessito de seios maiores. Embora neste ponto, qualquer seio valeria, maiores ou de qualquer outro tipo. Hannah sacudiu a cabeça. -Está mau. Nunca te ouvi falar de seu aspecto. Não acredito que sequer tenha pensado em como se vê. -Terá que lhe receber na porta e lhe dizer que não posso sair com ele. Digo-o a sério, Hannah. Não posso fazer isto. -Libby se sentou na cama em meio da roupa pulverizada por toda parte. Hannah se sentou junto a ela. -Ele já gosta de você, Libby. Não teria feito o convite se não quisesse sair com você. É formosa, inteligente e divertida e ele obviamente vê isso. -Chama a nossa magia "tolices". É abrasivo, corre com sua motocicleta e é multimilionário. Não quero sair com um multimilionário. Recorda a seus pais? Porque eu não. Hannah negou com a cabeça.


-Só que estavam acostumados a viajar sempre e não acredito que queriam estar muito com ele porque sempre o deixavam com sua tia. Viveu com ela por temporadas durante anos. Sam me contou que os pais de Tyson não lhe entendiam e se envergonhavam porque era um gênio. Eles eram do Jet - set e muito modernos. Ele queria olhar por um microscópio e falar de coisas como vírus latentes sobre o que eles não queriam pensar. Morreram faz um par de anos e lhe deixaram uma fortuna. Não acredito que tenha feito nada com ela, mas os rumores dizem que Sam vive muito bem, assim Tyson deve havê-la compartilhado. -Que estranho que eu não soubesse isso. -disse Libby. -Sei tudo sobre sua educação e o trabalho que faz, mas na realidade nunca pensei muito em por que vivia com Ida Chapman. Era óbvio que lhe queria assim me pareceu algo natural. -Sacudiu a cabeça. -Simplesmente não posso sair com ele. -Libby, vá tomar uma ducha. Merece ter um pouco de diversão. Libby fez uma careta. -Não estou segura que sair com ele vá ser divertido. -Está enrolando. Encontrarei algo para que ponha. É só um jantar verdade? -Será melhor que não venha me buscar em sua motocicleta. -Libby! -Hannah lhe deu um empurrãozinho. -Estará aqui logo e então entrará realmente em pânico. O que faço se chegar enquanto está na ducha? -Bom, não lhe faça subir aqui por amor de Deus. Entretenha-o. -Com beijos? - Brincou Hannah. -Jonas lhe disparará. Seria melhor que não o fizesse. - Libby pressionou uma mão contra o estômago ante a idéia de Tyson com Hannah. -Por que tem que ser tão formosa? Hannah ficou rígida. -Na realidade não sou, sabe? - disse-lhe ela. -Não verá homens derrubando a porta para me pegar. Libby deu a volta o suficientemente rápido para ver a dor na face de Hannah. -Carinho, sinto muito. Não tinha a intenção de fazer você se sentir mal. Hannah lhe lançou um pequeno sorriso, mas este não iluminou seus olhos. -Só me sinto sensível. Greg me perguntou se era possível conseguir uma redução de seios. Estou abaixo do meu número mas parece que alguém se queixou de que meus peitos são muito grandes. -Hannah, mede um e setenta. É o suficientemente inteligente para saber que Greg é um idiota se quiser algo menor. Tem sorte de ter seios seja qual for seu peso -Sei. Como já disse, sinto-me um pouco sensível. Não é para tanto. -É para mim, se você se sente mal. -Melhor ir à porta se por acaso chega seu encontro. -Disse Hannah. Libby ajustou a água tão quente como pôde suportar e ficou embaixo da ducha considerando o que devia fazer com sua irmã mais nova. Hannah sempre parecia feliz. Era carinhosa, entregue e generosa com seu tempo para suas irmãs. Não fazia amigos facilmente e se mantinha isolada, aparentemente contente entre sua carreira de modelo e ficando na casa de Sea Heaven. Hannah era a última pessoa que Libby teria pensado que poderia ser infeliz. Por que não o tinha notado? Estava tão absorta em sua vida que não tinha notado a perda de peso de sua irmã? O aspecto triste? Deveria haver sentido sua infelicidade. Jonas Harrington tinha visto que Hannah tinha problemas antes que Libby. Ensaboou os cabelos enquanto considerava a melhor forma de ajudar Hannah. Fingia ser feliz porque se sentia um incomodo para suas irmãs? Elas lhe emprestavam apoio de forma regular, tanto que era automático. Nenhuma pensava nisso, mas talvez Hannah o fizesse. Estava desgostosa porque sentia que necessitava de suas irmãs para sair em público e fazer seu trabalho? Era provável, agora que Libby pensava em sua personalidade. Todas elas tinham esperado que com a idade perdesse sua ansiedade em público, mas isso tinha piorado, em vez de melhorar.


Libby se envolveu em uma toalha de banho e cobriu os cabelos com outra, enquanto saía da ducha. Quase topou diretamente com Jonas e deixou escapar um pequeno chiado quando ele a agarrou pelos ombros para estabilizá-la. -O que está fazendo? Está ficando mais estranho a cada dia, Jonas. Este é o quarto de banho. -Como demônios se supõe que saberia, ou seja, que quarto era? Não subo exatamente frequentemente aqui em cima. Tenho algumas pergunta. -Como conseguir passar pela Hannah? -Está ocupada tramando algum feitiço contra mim. -disse Jonas. -Está linda tão séria, resmungando para si mesma. -Seus feitiços realmente funcionam, Jonas. -advertiu Libby. -Não comigo. Até agora não. E isso lhe dá algo que fazer além de meter-se em problemas. Onde está toda sua intuição psíquica? Deveria ter sabido que eu estava na casa. Também Hannah, por certo. Libby deu de ombros. -Confiamos na casa para que nos advirta. Conhece você. Não é uma ameaça para nós. -Sou para Hannah. Se não começar a se cuidar vou fazer algo drástico. Libby elevou o olhar ante o fio duro de sua voz. Sua mandíbula estava fixada nessa linha teimosa que ela conhecia tão bem. -Assegurarei de que o faça. O que quer? -Bom, estive pensando em quão estranho foi por sua parte se mesclar com alguém tão gravemente ferido quando sabia quão perigoso era. Não é próprio de você. Sempre tem muito cuidado de que não sobrevenha nenhum dano a suas irmãs. E depois está Irene. Foi completamente fora de seu caráter começar a te golpear com sua bolsa. E comprovei a erosão do escarpado. Aquele desprendimento não começou por si só. Teve que ser algo ou alguém… Interrompeu-se e esclareceu a garganta. -Já sabe. Um feiticeiro? Uma rainha do vodu? Talvez alguma de vocês tenha invocado um espírito e esse se zangou magnificamente por que o trouxeram. Libby estalou em gargalhadas. -Jonas. É tão idiota. Sabe muito bem o que fazemos e não fazemos. E não conjuramos espíritos, dos maus ou dos bons. -Bom, algo não vai bem, Libby. Uma das rochas se moveu fazendo alavanca e isso provocou o desprendimento. Encontrei duas marcas de deslizamento no barro, mas nenhum rastro de sapato. Baixei à praia e examinei as rochas. A maior parte das pedras estavam ainda intactas e pude ver os arranhões de alguma ferramenta. Como pôde alguém entrar em sua propriedade e fazer esta classe de desastre? -Deixei a grade aberta para Inez. Disse-lhe que estaria na praia. Talvez alguém tenha visto algo suspeito. -Você não pode ver lá da praia e ninguém da estrada poderia ter visto também. Hannah estava em casa nesse momento? -Não, voltou uns minutos antes que eu chegasse da praia. -Tem inimigos? -Bom, claro que os tenho. As pessoas acreditam que posso ressuscitar aos mortos. Justo como Irene acredita que escolho permitir que seus filhos morram. Se alguém acreditasse que posso curar seu filho moribundo, mas que me nego, não crê que estariam verdadeiramente furiosos comigo, especialmente se esse menino morre? -Teve alguma ameaça recente além da do Edward Martinelli? -Escolhe. Tenho-as todo o tempo. - Não queria admitir ante ele que não recordava quem era Edward Martinelli, mas provavelmente pareceu confusa porque Jonas lhe deu um abraço breve, toalha incluída.


-Enviou alguém para te ver e pediu uma reunião, Libby. Não foram muito simpáticos e disse que se sentiu ameaçada. Mencionaram o nome de Hannah. Estou investigando. Ela pressionou uma mão sobre a garganta. -Odeio não recordar um bloco inteiro do tempo de minha vida. Sei que tenho um arquivo de ameaças, Jonas. Posso dar isso a você se acredita que é necessário. -Absolutamente, quero-o logo que seja possível. Estou tomando isto muito seriamente e quero que você o faça também. -É um pouco difícil tomar a sério algo quando estou aqui em pé vestida com uma toalha, Jonas, - assinalou-lhe Libby. -Harrington! -Tyson Derrick abriu de um puxão a porta do banheiro. -Que demônios está fazendo na ducha com Libby? -Está na ducha com ela? -Hannah escorreu passando Tyson para fulminar Jonas com o olhar, com as mãos nos quadris. -É um maldito. -Como chegou até aqui? -exigiu Libby ao Tyson, agarrando a toalha para assegurar que não escorregasse. -Este é o quarto de banho, não o vestíbulo de uma convenção. Perdeu todo mundo o julgamento? -Hannah me deixou entrar, - disse Ty. -E menos mal que o fez. -Como é isso? -perguntou Libby antes de poder se deter. -Vou brincar com Harrington lhe chutando o traseiro. -Oh, bem - disse Hannah. -Finalmente alguém com boas idéias. -Não estava na ducha com ela, Derrick, - vaiou Jonas entre dentes. -independentemente do que Hannah tenha insinuado. Resulta que estou investigando o que pode ter sido um atentado contra a vida de Libby, assim retrocede. -Seus olhos jogavam faíscas para Hannah. Hannah colocou seu braço ao redor de Libby, a risada se desvanecia de seus olhos. -O que significa isso, Jonas? Crê que alguém está tratando fazer mal a Libby? -Não sei, isso é o que estou tentando averiguar. Há um par de coisas que não têm sentido para mim. Sarah, a mais velha das irmãs Drake, abriu passo até o interior do quarto de banho. -O que estamos fazendo aqui, nos divertindo? -Depois dela, Kate e Abigail espiavam na soleira tentando ver além de Tyson. Libby escondeu a face no braço de Hannah. -Isto está se convertendo em um circo. -É sempre assim? -Perguntou Ty, com uma sobrancelha negra elevada inquisitivamente. -Mais ou menos, sim - respondeu Jonas. -Libby, o que tem no pescoço? -exigiu Sarah. Kate e Abigail entraram no banheiro para examinar o pescoço exposto de Libby. Ela avermelhou violentamente e pôs rapidamente uma mão sobre a ofensiva marca. -É uma nova marca de nascimento. -explicou Hannah. As três irmãs Drake se voltaram para olhar Jonas. Ele levantou as mãos. -Não fui eu. Por que me culpam sempre de tudo? Não estava a ponto de morder o pescoço de Libby. -Foi Tyson Derrick. -Hannah soltou o nome sem nenhum reparo. Ty levantou as mãos quando todos os olhos viraram para ele. -Esse seria eu. Não acredito que conheça todo mundo. Sarah e Kate, sim. -Eu sou Abigail. -Prazer em conhecê-la. Libby e eu temos um encontro esta noite. Chegará tarde. -Não chegaria tarde se todo mundo deixasse de entrar no banheiro. Fora. Todos vocês. Esse assunto de encontros não é tão fácil como parece. -Está irritada. -disse Hannah a suas irmãs. –Vamos deixá-la se vestir. Jonas pode nos contar por que acredita que alguém tratou de fazer mal a Libby.


-Boa idéia. -disse Tyson. -Se houve um atentado contra sua vida, eu gostaria de estar a par. -Libby! - disse Sarah. -Por que não me contou isso? -Está me dando dor de cabeça. -gemeu Libby, pressionando a palma da mão contra a testa. -E se não secar o cabelo vai frisar. -Libby... - Sarah insistiu. -Jonas não sabe com segurança. O escarpado desmoronou. -Já te vi com o cabelo encaracolado - disse Ty. -Não está mau. Mas bem como penugem espumosa, como se tivesse metido um dedo em uma tomada. Só ponha em cima um pouco de roupa e assim poderemos ir. Eu estava com Libby quando o escarpado derrubou. Erosão, pura e simples. -Quando parece meu cabelo penugem espumoso? - Exigiu-lhe Libby. Hannah lhe fez gestos freneticamente, mas Ty franziu o cenho para o teto, perdendo completamente seus gestos. -Várias vezes. A mais memorável foi quando chegou dez minutos atrasada à classe do Dr. Chang e fechou de repente a porta, interrompendo sua conferência. Teria expulsado a qualquer outro, mas não à princesa real, Libby Drake. Seus cabelos estavam selvagens e levava postos umas calças jeans com uma prega desfiada e um buraco no bolso detrás. Sua camisa era dois números maiores e a atou ao redor de sua cintura. Libby assinalou para a porta. -Saia. Saia agora mesmo. -Estou bastante impressionada que recorde cada detalhe do que tinha posto faz vários anos. - disse Sarah. -Saia você também. - disse Libby. -Meu cabelo não é selvagem. -Fulminou todo mundo com o olhar até que saíram em fila. Logo que a porta se fechou, tirou a toalha dos cabelos e cravou os olhos em sua imagem no espelho. Seus cabelos estavam selvagens, mas não era culpa dela. Teria que havê-lo domado no momento em que saiu da ducha. E ainda tinha esses jeans. Eram seus favoritos. Inclusive tinha pensado em colocá-lo para o jantar, mas agora teria que encontrar alguma outra coisa. A água tinha limpado a sujeira, mas ainda tinha a máscara de binóculos pelos óculos de sol e seu nariz era de um vermelho brilhante. Libby suspirou e se deu por vencida. Já não haveria milagres que salvassem a noite. Ty já a tinha visto como era realmente.


Capítulo 6 -O ideograma chinês de problemas simboliza a duas mulheres vivendo sob um mesmo teto. Como supõe que é o ideograma para sete mulheres debaixo do mesmo teto? -perguntou Tyson enquanto partia um pedaço de pão recém assado. -Alegria - respondeu Libby imediatamente. -Eu gosto deste lugar. Venho aqui às vezes com minhas irmãs. A comida é excelente. - Tentou relaxar-se, só respirar e não resmungar impulsivamente que não tinha muitos encontros e que estava terrivelmente incômoda. Provavelmente ele riria dela. Tinha viajado por todo o mundo e exsudava uma absoluta confiança em cada área de sua vida exceto na pessoal. A verdade era que não tinha nem de idéia de por que estava sentada à mesa com Tyson Derrick. -Sabia que você gostava desse restaurante. Ela se recostou em sua cadeira e lhe avaliou por cima da vela oscilante. As sombras em sua face enfatizavam sua boa aparência, a posição obstinada de sua mandíbula e a forma sensual de sua boca. Levava uma jaqueta escura sobre uma camisa azul e jeans descoloridos em vez de calças. Libby pensou que estava incrível. -Parece que sabe muito de mim. -As pessoas têm tendência a falar de sua família. Libby baixou seu copo e lhe olhou diretamente aos olhos. Havia algo na forma em que o havia dito, seu tom, a curva de seu lábio, talvez inclusive desprezo em seu olhar. -E isso significa o que? Ele deu de ombros. -A sua família gosta da publicidade. Acredito que é de conhecimento comum. Ela ficou rígida. -Não vou sentar-me com você e jantar enquanto faz comentários depreciativos sobre minha família. Posso ir agora mesmo se for isso o que quer. -Não seja tola, Libby. É muito sensível no que se refere a sua família. É obvio que as pessoas falam delas. Hannah é uma supermodelo. Seu rosto está em toda parte. Joley enche em cada concerto. Se fizer um CD, vende mais de um milhão de cópias imediatamente e é número um nas listas. Ganha cada prêmio possível no mundinho da música. Os livros de Kate são bestsellers e ficam na lista do Time durante semanas. -Essas são só três de nós, Ty. Eu sou doutora, Sarah trabalha em segurança e Abigail é bióloga marinha. -E Elle? Ela parece arrumar-se para voar sob os radares. O olhar de Libby se separou do dele. -Elle programa computadores. Tyson lhe sorriu. -Não trate nunca de jogar pôquer, Libby. O caso é que todas vocês são muito bem conhecidas, l você goste ou não. Entrar na indústria da música ou de modelo ou inclusive escrever livros não demonstra uma necessidade de atenção? -Não. -Fulminou-lhe com o olhar. -Joley se dedica à música porque é quem é. Teve sorte e o fez muito bem, mas isso não vem ao caso. Nasceu para fazer música e Kate tem que escrever. Escreveria tanto se publicasse como se não. Abigail adora o oceano e a vida marinha. Eu precisava ajudar às pessoas. - Apoiou o queixo sobre a palma de sua mão. -E você? Por que trabalha em um laboratório e voa em helicópteros de resgate? A sobrancelha dele se elevou. -Não crê que seja por razões humanitárias?


-Não. Acredito que está muito afastado da raça humana a maior parte do tempo, Ty. Essa é em parte a razão pela que não entende a minha família. O garçom colocava os pratos ante deles e Tyson esperou até que partiu para recostar-se em sua cadeira e avaliá-la com os olhos entrecerrados. -Suponho que sim. Desejaria poder dizer que procuro cura para diversas enfermidades porque quero ajudar ao gênero humano, mas não sou tão agradável. Queria lhe mentir, lhe dar respostas para que o admirasse, mas não ia enganá-la. Sua vida inteira estava construída ao redor de um engano e aqueles mais próximos a ela continuavam perpetuando-o. Adorava olhá-la, sentar-se frente a ela observando às sombras jogar sobre sua face e repentinamente lhe ocorreu que deveria exercitar um pouco de diplomacia... uma arte que nunca se incomodou em aprender. Libby estudou seu rosto. Havia uma expressão em seus olhos, fome, desejo, não podia descrever exatamente mas sabia que não tinha querido lhe dizer a verdade. -Não é tão mau como acredita que é. Fez muito bem, Ty. -Por razões egoístas. Ela sacudiu a cabeça. -É egoísta Joley por precisar tocar música? Ou Kate por escrever livros? Faz o que faz porque sua natureza lhe exige isso. Tem que encontrar respostas. Foi decidido na universidade e ainda o é como um adulto. Profundamente em seu interior suas vísceras se retorceram e uma prensa pareceu apertar seu coração. Não lhe estava julgando, aceitava sua necessidade, as compulsões furiosas que lhe conduziam, que lhe mantinham em seu laboratório durante semanas e meses. A necessidade era tão forte e estava tão concentrado que às vezes tinha uma absoluta estreiteza de visão, despreocupando-se de sua saúde ou das necessidades das pessoas ao seu redor. Ninguém, nem sequer Sam, tinha entendido nunca sua implacável busca científica e muito menos o tinha aceitado simplesmente como parte integral de sua natureza. Era muito consciente de tê-la sentada frente a ele. O desejo se estendia como fogo, saltando através de seu corpo, inflamando cada terminação nervosa até que foi agudamente consciente de cada respiração que ela tomava. Sua mente captava e armazenava cada detalhe, a forma em que girava sua cabeça, o modo em que sua cabeleira caía como seda enredada ao redor de seus ombros até que precisou senti-la contra sua pele. Tudo lhe intrigava... e sempre o tinha feito. Tomou um gole de vinho e permitiu que seu olhar vagasse sobre ela com infinita lentidão. Poderia olhá-la para sempre. Era tolo, na realidade, o muito que adorava olhá-la. Tinha descoberto o passatempo na universidade quando estava aborrecido em suas aulas. Ela era tão transparente, a seqüência de expressões em sua face, seus olhos iluminando-se quando ria... e estava sua boca. Adorava sua boca, seus lábios cheios e as elevações de suas comissuras. A forma em que podia parecer tão sexy com seu cabelo revolto, sem maquiagem e com jeans, como agora. Quem mais poderia fazer isso? Sentiu o impulso repentino de inclinar-se e beijá-la. O sabor dela ainda permanecia em sua boca... e em sua mente, lhe pondo nervoso pelo desejo. -Está me olhando fixamente, Ty. -Envergonhada, Libby levantou uma mão para cobrir o nariz queimado pelo sol. Não podia levar os óculos de sol de noite e provavelmente ele estivesse olhando fixamente a máscara ao redor de seus olhos. -Eu? -Tinha fantasiado com ela um milhão de vezes, mas nenhuma só vez tinha pensado que estaria à mesa com ele com aspecto tímido e confuso e uma suave cor rosada avançando por seu pescoço para chamar a atenção sobre sua suave pele. -Eu gosto de te olhar. -É muito agradável o que disse. Obrigada. -De nada. O que sabe sobre vodu? -Vodu? -Repentinamente cautelosa, Libby se retraiu, separando-se dele. -Sei algo. Por quê?


-É só que encontro interessante alguns costumes e o vodu é uma prática com milhares de crentes incluso hoje em dia. É um autêntico lixo, é obvio, mas as pessoas que o praticam são tão fanáticas que realmente podem apresentar sintomas físicos genuínos ou inclusive morrer quando acreditam que foram amaldiçoados. Isso demonstra quão poderosa é nossa mente. Ela assentiu com a cabeça em acordo. -Vi mulheres que desejam tanto estar grávidas que manifestam todos os sintomas. O cérebro é extraordinário. -O feiticeiro sustenta um poder tremendo sobre seus crentes até o final e em lugar de beneficiar a seus seguidores, engana-os. Ao analisá-lo, não é mais que um estelionatário. -Não todos eles, Ty. Muitos dos que eu conheci na realidade praticam medicina natural e têm um conhecimento extensivo das ervas. -Com certeza que os têm. Ervas e venenos. Assim é como as sacerdotisas ganharam a reputação de ressuscitar aos mortos e criar a zumbis para usar como escravos. A verdade é que deram a suas vítimas um coquetel potente consistente em neurotoxinas semelhantes ao veneno de um peixe víbora, que é um dos venenos mais fortes e neurotóxicos conhecidos pelo homem. Libby assentiu. -O Norcuron tem efeitos similares e se usa nas intervenções cirúrgicas para relaxar os músculos do paciente. O veneno do peixe víbora causaria dano neurológico severo primordialmente ao lado esquerdo do cérebro que controla a fala, a memória e as habilidades motoras. A vítima se volta letárgica e logo parece morrer. Por certo, está ainda acordado para presenciar seu funeral e seu enterro. -Não terá tido oportunidade de realizar esta cerimônia, verdade? -perguntou Ty. Sorriu-lhe burlonamente. -Junto com o veneno do peixe víbora, a poção contém secreções da glândula do sapo bouga, que basicamente são as drogas bufogenina e bufotoxina. Os compostos são cinqüenta por cento mais potentes que o digitalis e são ingredientes essenciais para fazer um zumbi. As secreções também contêm bufotenina, que é um alucinógeno. -Assim não só conhece suas drogas, como sabe fazer um zumbi. Libby sorriu. -Como você, encontro um bom número de temas fascinantes. Tyson soltou o fôlego lentamente. Ela não entendia a correlação entre o feiticeiro-bruxo e sua família. Era extremamente inteligente, mas como os praticantes de vodu, tinha crescido com a lavagem cerebral. -Não acha difícil como médica ter que dar explicações sobre sua estranha família a outras pessoas? Perguntou-o tão casualmente que a princípio não registrou o que lhe havia dito. Quando as palavras penetraram, Libby teve que resistir ao desejo de lhe atirar sua água gelada. -Pensa que minha família é estranha! Considerou que possivelmente para todos os outros você é a pessoa mais estúpida, mais socialmente inepta do mundo quando se trata de entender às pessoas? E não me sinto no mais mínimo envergonhada de minha família ou do que todas nós fazemos. -Está zangada, verdade? Não há necessidade de alterar-se, Libby. Só estamos tendo uma conversa casual. Por que as mulheres tomam sempre tudo tão pessoalmente? -Chamar a minha família de estranha é pessoal. Tyson moveu de um lado a outro a comida em seu prato antes de cravar com o garfo uma parte de frango enquanto estudava a situação. Mastigou lentamente, com um débil cenho franzido na cara. Se ia conseguir que ela utilizasse seu cérebro e visse sua família tal como era, ia ter que ir mais devagar. Ela era intensamente leal, um grande traço, mas um que seria uma deterioração severa para seu plano. -Nunca disse que achava sua família estranha. Simplesmente perguntei se você o fazia. É você que levou a plano pessoal dizendo que sou socialmente inepto. A respeito de ser estúpido, o


título é ridículo e nem sequer o considerarei - Tomou um gole de vinho e a avaliou por cima do copo. -Em resposta a sua pergunta, sou bem consciente de minha falta de habilidades sociais. E para sua informação, meus pais se envergonhavam de mim todo o tempo, tanto que me deixaram com o pobre Sam e minha Tia Ida. Pode imaginar o que foi para Sam me ter na escola nas mesmas classes que ele? Era vários anos mais jovem, um cretino e um intelectual presumido. Envergonhei-lhe completamente mais de uma vez e ainda o faço. Libby não podia livrar-se de seu penetrante olhar. Não havia lástima nem autocompaixão em sua voz, só assinalava os fatos. Ela era empática, e soubesse ele ou não... e duvidava que soubesse... havia uma tristeza subjacente nele quando falava de seus pais. Falava de seu passado e do que tinha sido doloroso, e ainda o era, mas havia muita nostalgia em seus olhos. -Tem razão. - Estava envergonhada de si mesma por lhe haver saltado à garganta. Se alguém mais houvesse dito o que Tyson acabava de dizer, teria sabido que pretendia ser insultante, mas Tyson não pensava desse modo. Em sua mente ela estava segura de que acreditava estar sendo lógico, separando os pontos e comparando-os com sua vida. -Saltei a tirar conclusões. Estou segura de que seus pais não se envergonhavam de você, Ty. De meninos freqüentemente tiramos conclusões incorretas sobre por que nossos pais fazem as coisas. A sobrancelha dele subiu rapidamente. Passava algo com sua sobrancelha, negra como a asa de um corvo, que chamava a atenção sobre a intensidade de seus olhos azuis. -Soa como um dos vinte e sete psiquiatras que meus pais me enviaram. Queriam averiguar o que estava mal em mim e por que não era normal. Ela se endireitou. Podia sentir sua dor, enterrada tão profundamente que na realidade não era consciente dela. -Ty, na realidade não o enviaram a vinte e sete psiquiatras, não é? -lamentava-o por ele, por aquele pequeno moço nunca compreendido. -Absolutamente certo. Queriam que eu fosse normal. Eu acredito que era genial falar de ter um gênio por filho, mas era algo completamente diferente viver com um. Eu falava de coisas pelas que eles não tinham nenhum interesse ou não entendiam. Disseram-me muitas vezes que era uma grande vergonha para eles por meu comportamento anti-social. Ela apertou os lábios para evitar expressar simpatia, sabendo que ele não a desejava. Ela tinha tido pais maravilhosos que a idolatravam todo o tempo. Suas irmãs eram carinhosas e solidárias e suas tias, tios e primos eram iguais. Não podia imaginar pais não querendo seu menino ao redor ou dizendo coisas dolorosas a seu único filho. As lágrimas entupiram sua garganta, seus olhos brilharam. -Não pareça tão triste, Libby. -disse Ty. Passou-lhe um dedo pela bochecha, seguindo o rastro de uma lágrima. -Nem sequer o notava depois de um tempo. Tinha outras coisas nas que ocupar minha mente. Acredito que me obcequei com a opinião deles sobre mim quando tinha sete ou oito anos, mas simplesmente aceitei o fato de que eu era diferente e eles não iriam mudar e tampouco eu. Uma vez que compreendi isso passei a outras coisas nas que estava realmente interessado. E tinha Tia Ida. Pode ser que não me entendesse totalmente, mas me queria e sempre queria que ficasse com ela. Deu-me o porão inteiro para fazer um laboratório. Eu estava no céu. Meus pais não me queriam mexendo com produtos químicos ou algo que possivelmente pudesse explodir. Tia Ida me respeitou. Depois de um tempo queria ficar aqui em Sea Heaven com ela. Era simplesmente mais fácil. -Mas não o fez. - Disse Libby. -Não, meus pais me arrastavam de volta de vez em quando para aparecer em alguma reportagem em uma revista. Tentaram-no, não me interprete mal, queriam ser grandes pais, mas simplesmente não entendiam como se fazerem de pais para mim. -Não soube de suas mortes até recentemente. O que aconteceu? -Um acidente de avião. Faz um par de anos. Ainda não esqueci, contudo. A herança foi um golpe. Escondo-me no laboratório e trato de esquecê-la na maior parte do tempo. Sei que tenho que me ocupar disso, mas não é uma prioridade para mim. Sam e eu tivemos uma conversa sobre


isso faz algumas semanas. Ele se ocupa da maior parte dos detalhes por mim e esteve fiscalizando um montão de coisas, mas não posso esperar que o faça sempre. Ele tem uma vida também, e levar a herança é um trabalho de jornada completa. -Tem uma relação muito estreita com seu primo, não é? -É mais um irmão que um primo. Ele trata de me entender justo como fazia minha tia. -Um pequeno sorriso se estendeu por sua face, suavizando as duras linhas que estavam gravadas ali, lhe dando uma aparência quase juvenil. -Tenta seria a palavra exata. Esteve tentando me levar a encontros duplos. Diz que sou abrasivo. -Imagino Ele deu de ombros. -Aborreço-me facilmente com as conversas néscias. Tento manter a boca fechada e só escutar, mas depois de um momento não posso aguentá-lo e tenho que sair. Infelizmente meus encontros não estão de acordo. -Não parece que se incomode muito. Ele abaixou a cabeça. -Não especialmente. Eu gostaria. Quereria que me incomodasse. É só que não acredito que valha a pena o esforço de me preocupar com o que as pessoas pensam de mim. -Nem se quer pelo Sam? Ele se recostou em sua cadeira, brincando com o caule da taça, franzindo um pouco o cenho enquanto pensava nisso. -Não. Sam não me necessita para se mostrar encantador. Não nos movemos nos mesmos círculos a maior parte do tempo. Ele tem sua vida e eu tenho a minha. Mesmo que compartilhamos a casa, eu estou a maior parte do tempo no porão. -Leva trabalho para casa. - Adivinhou ela. -Toma tempo livre, mas ainda está trabalhando. -Não o posso deixar por muito tempo. Começo a pensar em coisas e então tenho que experimentar. Sam está acostumado aos meus desaparecimentos. É ele quem sempre se ocupa das coisas, pagamento de fatura, mantém a geladeira abastecida, mas recentemente compreendi a carga que lhe estava impondo e decidi conseguir um contador de jornada completa. Estou tratando de lhe tirar parte da pressão, assumir mais responsabilidade. -Sam? Ele é sempre tão... -Libby fez uma pausa, procurando a palavra correta. Alguma vez tinha parecido Sam outra coisa além de encantador? Certamente não pressionado. -Reservado? Fácil de levar? Ouvi que compartilhou a herança com ele. Isso foi muito generoso de sua parte. Ele riu. -Generoso, eu? O dinheiro não significa absolutamente nada para mim. A metade do tempo me esqueço que está ali. Sam compartilhou sua mãe e sua casa comigo. O dinheiro não é nada comparado com isso, Libby. Ela ouviu a completa honradez em sua voz. Talvez tivesse a ver com o fato de que o dinheiro tinha pertencido a seus pais, ou que ele era em realidade capaz de fazer sua própria fortuna, ou talvez fosse simplesmente seu caráter, mas acreditava nele... e o admirava. Havia muito mais em Tyson do que tinha pensado. -Por que faz parasailing, apaga fogo e faz rafting em rios selvagens? O que leva você a fazer isso? -Quero me sentir vivo. -Você não se incomoda de arriscar sua brill... -mordeu o que estava a ponto de dizer. arriscar sua mente? O sorriso lhe tocou os olhos, esquentou-os até um azul escuro. E havia muito calor em seu sorriso. Era sensual e fez que o sangue palpitasse em suas veias. -Iria dizer brilhante, Libby. Vê? Chamou-me brilhante, não é? No hospital. Seu sorriso era tão sexy. Tudo nele era sexy, especialmente quando brincava com ela. -Estou certa de não havê-lo feito. Você inventou a conversa inteira. Com certeza não disse sim a um encontro.


-Realmente não recorda nada? -Retalhos e partes. E você o que? -Tinha curiosidade pelo que ele recordava desse dia. -O resgate. Cair. Está tudo um pouco nebuloso. Não recordo muito até que estive no hospital. Juro que vi Joe Fields ali. Estava em pé no corredor, mas se estava realmente ali por que não entrou e falou comigo? -Quem é Joe Fields? -Trabalha nos escritórios corporativos da BioLab e é um bom amigo. É bioquímico no PDG. -Seriamente? Deve ter ouvido falar do seu acidente e foi vê-lo. Estou segura que é de suma importância para sua companhia. -Não pode ter chegado a Sea Heaven tão rápido. Nem por avião. Não teve tempo. Teria que ter estado aqui antes do acidente. -Ty sacudiu a cabeça. -Ou talvez imaginei. Por outra parte, lembro que sonhei com você quando estava inconsciente. -Um débil sorriso de brincadeira para si mesmo curvou sua boca. –O que não é surpreendente. Então abri os olhos e vi seu rosto e acreditei que estava sonhando. Meu Deus é tão bela. -Sua voz se espessou e seus olhos se obscureceram inclusive mais. Libby sentiu a aspereza nessa voz riscar pequenos arcos de eletricidade através de seu corpo. Por que era tão suscetível a ele? Nunca havia sentido um puxão tão entristecedor por um homem em sua vida. Não tão absorvente. Tinha a garganta seca, igual aos lábios. Desejava tocálo. Seus dedos ardiam por lhe tocar. Libby Drake, sempre tão controlada, estava perdendo rapidamente o controle pela lenta queimação que se propagava através de seu corpo com cada olhar acalorado que lhe lançava. -Não o sou, sabe... -disse ela –formosa - Levou-lhe um momento encontrar sua voz. Nenhum homem a tinha chamado formosa antes, mas Tyson parecia não poder apartar seus olhos dela. Seu desejo era tão puro e cru que não podia menos que acreditar em sua sinceridade. -É para mim. Realmente sonho com você. Ele tomou outro gole de vinho e lhe observou tragar. Inclusive isso era erótico. Deixava-o mau. -Sonha comigo? O débil sorriso dele não conseguiu alcançar seus olhos. -Não queira saber o que sonho, me esbofetearia. Um lento rubor se estendeu por todo seu corpo. A voz dele estava sintoniza com ela. Que Deus a ajudasse, o que queria saber no momento era exatamente o que sonhava sobre ela. Tudo o que podia pensar era em saborear sua pele. Fechou os olhos e tomou um gole de água fria, esperando que isso ajudasse. Não o fez. Tocou com a língua as gotas que se derretiam no exterior do copo, desejando que fosse o peito dele. -Maldita seja, Libby. Está me matando. Não tenho tanta disciplina como pensa. Talvez devêssemos encontrar uma cama e terminar com isto. Seu tom brusco, quase um grunhido, cortou-a abruptamente. No que estava pensando? Libby conhecia sua natureza por dentro e por fora. Não era mulher de uma só noite. Não tinha aventuras amorosas. E sempre, sempre tinha sido muito consciente de Tyson Derrick para pensar que sairia ilesa. Ele queria sexo. Puro e simples e quem podia culpá-lo pela forma que ela estava atuando? Tinha-lhe estado despindo mentalmente a maior parte da noite. Pressionou o copo contra sua face ardente. -Libby? Ela esclareceu a voz. -Embora realmente aprecie o convite, especialmente pela absoluta delicadeza com o que fez, acredito que vou passar. -Por quê? A provocação na voz dele lhe colocou sob a pele, levantando espinhos até que sentiu seu gênio começar a remover-se. Ou talvez não fosse sua provocação, talvez só lhe desejasse tanto


que estava com os nervos a flor da pele, inquieta e queria discutir com ele. O desejo arranhava o fundo de seu estômago, enfurecendo-a tanto que teve que desviar o olhar. O olhar de Libby se chocou com um homem na mesa da esquerda, a poucos centímetros de distância. O reconhecimento a sacudiu. O fôlego abandonou seu corpo e sentou-se erguida, seus olhos de repente abertos pelo medo enquanto se voltava para Ty. Sua reação lhe assombrou. Um momento antes Tyson podia sentir a luxúria de toda uma vida rasgando seu intestino, endurecendo seu corpo, martelando através de seu crânio até que sua cabeça trovejou e seu sangue se espessou e entrou em torrentes em sua região inferior com um calor tão feroz que temeu sofrer combustão espontânea, e então lhe olhou com medo em vez de paixão. Parecia vulnerável e frágil em vez de sensual e sedutora. Tudo nele respondeu ao nível mais primitivo e protetor, justo como tinha feito a nível sexual. Nunca havia se sentido protetor em sua vida, mas queria ficar de pé e fazer pedaços algo... ou a alguém. Queria agarrá-la entre seus braços e defendê-la com seu corpo mais forte. Costelas rotas e os músculos rasgados ficaram a um lado, de repente era um cavernícola, a adrenalina corria e a necessidade de protegê-la alagou, inclusive aprofundou a intensidade de sua atração física. Ele estendeu o braço para agarrar sua mão, entrelaçando seus dedos com os dela para fazê-la saber que não estava sozinha. Ouviu várias cadeiras chiarem e virou a cabeça quando três homens rodearam a mesa, agarrando cadeiras e sentando-se sem convite. -Suponho que terão notado que estão interrompendo um jantar privado. - saudou-os Tyson sarcasticamente. Levantou a mão para chamar o garçom. Um dos homens moveu sua jaqueta casualmente para revelar uma arma em uma pistoleira de ombro. Em lugar de acovardar-se, Tyson sentiu o varrido da fúria atravessar seu corpo. Quase cruzou a mesa para estrangular ao homem. Era muito consciente da cara pálida de Libby e de seus dedos fechados hermeticamente ao redor dos dele como se lhe contivesse. -Supõe-se que isso vai intimidar-me? -Quero ter umas palavras com a senhorita. - disse o mais alto dos três homens em um tom baixo. -Sou John Sandoval e estes são meus colegas. Estou aqui em nome do meu chefe, Edward Martinelli. Só necessito uns minutos de seu tempo para evitar um montão de situações desagradáveis. Estou seguro de que ela não deseja que estas fotografias se façam pública. Lançou oito ou dez delas sobre a mesa diante de Ty. Tyson olhou para as fotos. Eram dele em seu quarto no hospital, obviamente tiradas através do vidro. Parecia estar em muito má forma, inconsciente, com tubos e cabos saindo de seu corpo para as máquinas. Libby estava de pé junto a seu corpo inconsciente. Devia ser o reflexo do flash na janela porque parecia brilhar, como se seu corpo emitisse uma luz estranha, a aura que a rodeava era branco ardente. Suas mãos estavam na cabeça dele e tinha os olhos fechados. O coração lhe saltou com força no peito e depois começou a palpitar. Havia dor na face dela. Não simplesmente dor, uma agonia que retorcia as vísceras. E em cada uma das fotos sucessivas, a dor parecia piorar até que lhe saiu sangue pela comissura da boca e caíram lágrimas por seu rosto. A última imagem o mostrava alerta e completamente consciente e Libby encolhida contra a parede com aspecto perdido e vulnerável. -Vê agora. - John se inclinou para frente, dando um golpezinho às fotos com o dedo. -Não seria bom que os periódicos sensacionalistas conseguissem estas fotos com uma cópia de seu escâner cerebral depois do acidente. -E como teriam obtido seu arquivo confidencial? -exigiu Libby. Seus dedos se apertaram sobre os de Tyson até que os nódulos ficaram brancos, mas manteve a voz constante. John deu de ombros. -Estes hospitais são tão descuidados que deixam os arquivos dos pacientes por toda parte. Meu chefe só pede alguns minutos de seu tempo. É um homem generoso, mas não paciente ou pormenorizado. Não quererá ser sua inimiga.


-E ele não quererá me ameaçar. - disse Libby e seus olhos verdes começaram a arder a fogo lento com fúria calada. O vinho no copo de Tyson borbulhou e formou uma espuma vermelha como o sangue. Tentou não lhes deixar ver que a tinham chutado no estômago. Se essas fotos fossem publicadas em um periódico sensacionalista ela e suas irmãs se converteriam em um show de horror. -Edward Martinelli é meu amigo. - Disse Ty -Fazemos rafting e escaladas juntos. Tenho intenção de lhe chamar e lhe fazer saber que estão incomodando e ameaçando à Senhorita Drake. -Tyson empurrou as fotos de volta através da mesa, mostrando desprezo em cada linha de sua face. -Qualquer um pode alterar fotografias. Tudo o que precisa é um programa de software e podem produzir qualquer efeito que queiram. Não me impressiona com sua, assim, chamada prova. Libby não se atrevia a olhar Tyson. Estava captando alguns de seus pensamentos. Ele não acreditava nos dons das irmãs Drake e sentia que se não estivessem tão ansiosas por conseguir que todo mundo acreditasse que podiam fazer magia, esses tipos de ameaças não se produziriam. Não se tinha fixado no vinho nas taças ou o café borbulhante. Tomou fôlego e o expulsou lentamente para acalmar-se. Muito casualmente pousou a palma da mão sobre a taça de vinho mais próxima para aquietar as borbulhas. Tyson passou um dedo pelo braço de Libby para chamar sua atenção, lhe lançando um breve sorriso. -O xerife estará aqui de um momento a outro. Gosta muito de Libby e tentar chantageá-la não vai dar resultado. -Me interpretou mal- Disse John, tratando de alcançar as fotografias. Uma mão passou por cima de seu ombro e recolheu as fotos. -Libby, sinto que cheguemos tarde para a sobremesa. Já pediu? - Elle Drake ofereceu as fotos ao homem que estava em pé atrás dela. Jackson Deveau se elevava sobre Elle, não só porque ela era pequena. Ele era um homem musculoso de largos ombros e óbvio poder, a diferença da força muito mais sutil de Jonas Harrington. Os rasgos de Jackson estavam fixados em linhas duras, seus olhos brilhavam ameaçadores. -Cavalheiros, acredito que estão ocupando nossos assentos. O mesmo homem que havia movido a jaqueta para mostrar a arma, fez uma segunda vez, um gesto casual para intimidar. Instantaneamente a mão de Jackson rodeou a nuca do homem e golpeou sua cabeça violentamente contra a mesa. A boca da arma que levava o ajudante na outra mão lhe pressionou duramente contra o crânio. -Libby, Ty, se apartem da mesa agora. Tyson se levantou, tirando Libby de sua cadeira e colocando-a atrás dele. Ty percorreu a habitação com o olhar. Outros ocupantes estavam silenciosos, observando o drama que se estava desenvolvendo. Mason Fredrickson, um dos vizinhos de Sea Heaven e um homem mais velho que Ty não reconheceu, flanquearam Jackson. Ambos os homens eram ajudantes de reserva, dispostos a respaldar a autoridade local quando não havia ninguém mais disponível. John não se moveu mas o outro homem procurou no interior de seu casaco e Mason lhe agarrou a mão. -Eu não o faria. Você não conhece Jackson. Dispararia aos três e depois teríamos que limpar este lugar antes de poder jantar. Só mantenha as mãos sobre a mesa. Jackson algemou o primeiro homem e sujeitou o segundo com uma brida. Tudo enquanto John Sandoval olhava fixamente Libby. -Tenho permissão para levar armas. -Seu olhar permanecia na face dela. -Isto é desnecessário. Ele só quer falar com você, uns poucos minutos de seu tempo. O deixar zangado seria estúpido. -Levantou o copo de água de Libby em um gesto casual e tomou um sorvo, sem expressão no rosto.


Sandoval se engasgou. Deixou cair o copo de água de maneira que este se destroçou sobre a mesa e o líquido empapou o tecido. Ambas as mãos foram a seu pescoço. Arranhava desesperadamente, ficou branco. Libby empurrou Tyson fora de seu caminho e se precipitou junto a Sandoval enquanto Jackson e os outros dois homens separavam a seus prisioneiros da mesa. Sandoval caiu de joelhos, o braço de Libby impediu que se derrubasse. Examinou o seu rosto, o esforço por conseguir ar e virou a cabeça, seu olhar encontrou o de sua irmã mais nova. Olharamse fixamente uma à outra durante um longo momento. Libby abaixou Sandoval ao chão e lhe afrouxou o pescoço. Seus lábios se voltavam azuis e emitia terríveis sons ofegantes. Utilizando seu corpo para impedir a vista a outros ocupantes da habitação o melhor que podia, Libby riscou símbolos no ar sobre sua cabeça. As linhas resplandeceram como prata e cintilaram, revelando outro grupo de símbolos mais escuros. Libby vaiou e voltou a olhar Elle. Os brilhos prateados saltaram sobre os mais escuros, extinguindo-os. Libby se inclinou sobre o homem, com os lábios contra seu ouvido, parecia estar lhe auxiliando. -Seria muito estúpido de sua parte ameaçar alguém da minha família. - sussurrou-lhe. Libby levantou e se colocou atrás de Tyson com Elle. Agarrou sua irmã pelo braço. Aguentaram, quase nariz contra nariz, olhando-se uma na outra. Elle estendeu a mão e puxou Libby para ela, abraçando-a. “Sinto e vejo perigo a seu redor, ao redor de sua aura, e não posso encontrar a fonte. Estou muito assustada por você.” Elle raramente utilizava a comunicação telepática, assim Libby frequentemente esquecia que ela era uma forte telepata, mas a voz de sua irmã era clara em sua mente, o medo ressonava ruidosamente. Libby entrelaçou seus dedos com os de sua irmã, as conectando para que pudessem sentir o poder saltando daqui para lá. Em algum nível Libby foi consciente de que Jackson tirava os três homens do restaurante e os garçons limpavam precipitadamente a mesa, mas tudo isso parecia longínquo. “É Edward Martinelli?” “Não poderia dizê-lo. Não quero estar longe de você e Hannah está intranqüila também. Preciso falar com Sarah para ver se captou algo maligno espreitando nas sombras a seu redor.” “Quando estava no hospital, antes que começasse a curar Ty, sentiu-o também?” Elle parecia confusa, perto das lágrimas. “Não sei. Sinto muito. Não sei.” Durante só um momento, a mente de Elle ficou aberta e Libby captou uma olhada da terrível carga que sua irmã tinha que suportar. O bombardeio contínuo de pensamentos, emoções, a consciência das pessoas a seu redor, especialmente de suas irmãs e suas esperanças privadas e seus medos. Elle conhecia seus segredos e lutava por conservar sua privacidade. Libby sentiu a carga opressiva de todos esses segredos e o tremendo poder que sempre percorria o corpo de Elle, a sensação que devia manter todo mundo salvo. Abraçou Elle, deliberadamente permitiu que suas mãos acariciassem acima e abaixo os braços de sua irmã, a calidez foi abrindo passo profundamente em seu interior de forma que Libby pudesse aliviar o sofrimento de Elle. “Estou a salvo esta noite, neném. Obrigada por me querer tanto.” Elle piscou para conter as lágrimas e olhou a seu redor, alarmada ao ver Mason Fredrickson, um garçom e Tyson tão perto. Estavam formando uma parede com seus corpos, bloqueando as irmãs Drake de olhos indiscretos. -Está bem? - perguntou Tyson, procurando a mão de Libby. -Está pálida. -levou a mão dela até seu ombro. -Sim, estou bem. Sinto muito pôr você nesta posição. Martinelli deve estar desesperado para enviar homens armados para me intimidar para que fale com ele. De verdade lhe conhece? -Sim. Conheço-lhe e isso não é próprio dele. Quem quer que seja esse John Sandoval, não está associado com Ed. Chamarei Ed e lhe contarei o que está passando. -disse Ty.


-Espero que tenha razão. -replicou Libby. Fixou sua atenção em Mason Fredrickson, um homem com quem suas irmãs mais velhas tinham estudado. -Obrigada, Mason. Foi muito valente de sua parte respaldar Jackson. -Estava jantando com Sylvia e ela se deu conta que tinha problemas. Pôde vê-lo por sua expressão. Sou ajudante reserva do xerife, assim como Mike Dangerfield. Nós vigiamos as coisas. Vemos-nos mais tarde. -Percorreu a habitação a passo lento de volta à pequena mesa íntima no canto mais escuro do restaurante. Elle e Libby intercambiaram um rápido olhar. “Estão de novo juntos?” Elle enviou a pergunta a sua irmã. Libby deu de ombros. Assim o esperava. Mason tinha sido bom para Sylvia e apesar de ter tido uma aventura, obviamente Sylvia lhe amava e tinha ajudado a salvar a vida de seu ex-marido quando alguém tinha tratado de lhe matar. Deliberadamente Libby olhou às escondidas ao redor do corpo de Tyson e saudou Sylvia, gesticulando um agradecimento. Sylvia sorriu, devolvendo a saudação. Elle acrescentou um pequeno sorriso ao sorriso mais amplo de Libby e levantou uma mão para saudá-la. -Suponho que seja melhor que eu me vá. Libby apanhou sua irmã pelo braço e a segurou. -Coma a sobremesa conosco. - Não queria confrontar as perguntas de Tyson, ou seu julgamento sobre as coisas que sua família podia fazer. Ele tinha visto a breve discussão entre as irmãs e sua magia. Elle se tinha jogado atrás, mas ao princípio seu medo por Libby tinha vencido a suas inibições de usar seus dons em público. Elle sacudiu a cabeça. Estava tremendo. -Acredito que preciso ir para casa e me deitar. - Esfregou as têmporas. -Estou tendo essas dores de cabeça outra vez, Libby. -Irei com você. - disse Libby instantaneamente. Sorriu para Tyson. -Obrigada por tão maravilhoso encontro. Estava me divertindo até que Sandoval e seus valentões se uniram a nós. -Não sei isso foi também divertido - Disse Ty com um pálido sorriso. -Não veio com o xerife? Sou Tyson Derrick. Você é Elle? -Com o ajudante. - corrigiu-lhe Elle -E sim, passava por aqui e ele me recolheu. Prazer em conhecê-lo. Sinto haver me intrometido em seu encontro sem convite. -Estava tendo problemas de toda forma. - admitiu Ty. -Incomodo Libby a muitos níveis. -Não em todos eles, obviamente. - disse Elle, retirando os cabelos de Libby do pescoço. Libby fez uma careta a Elle. -Não comece Elle. Hannah, Sarah e Kate foram implacáveis. Elle é o bebê da família. acrescentou pelo bem de Tyson. -Vamos. Levarei vocês para casa. - Sua mão foi às costas de Libby, sua palma queimava através da fina blusa. De repente Libby estava muito nervosa. O tom dele era casual, essa voz sensual e rouca, o bastante profunda para vibrar através de seu corpo e fazer estragos em seu cérebro. Elle saberia. Libby se ruborizou incapaz de impedir que a cor se estendesse por seu corpo. Elle lhe deu uma cotovelada. “Jackson me faz isso. Odeio.” “Seriamente?” Essa era uma revelação chocante. E devia ter custado muito a Elle admiti-lo, mas era justa. Se ela sabia os segredos privados de Libby, revelaria os próprios em compensação. “Tristemente, sim. Mantenho-me longe dele.” “Eu deveria me manter longe de Ty. Se mantivesse a boca fechada e só me olhasse, tudo seria maravilhoso”, admitiu Libby. -O que estão fazendo as duas? -perguntou Ty, enquanto as escoltava através do restaurante. Libby piscou os olhos para Elle.


-Elle é telepática. Estávamos falando de você. Ele fez uma parada justo no exterior da porta, franzindo o cenho, as examinando como se fossem espécimes alienígenas sob um microscópio. -Não o diz a sério, não é? -Absolutamente. Você gostaria que Elle falasse com você? Tyson refreou sua primeira reação. Libby estava bastante alterada. Não tinha sentido falar com ela sobre viver no mundo real... ainda não. - Não. -Deixou que a porta se fechasse atrás deles e abriu passo até o carro. -Passo. Abriu a porta para que Elle se sentasse no assento traseiro e deu um passo diante de Libby, lhe impedindo de entrar em seu carro. Suas coxas se pressionaram e o calor de seu corpo a envolveu. -Por outra parte, ao menos fala de mim. Estavam-se falando telepaticamente de mim, deve ser algo realmente bom. -Sua voz tinha caído outro oitavo, enviando um tremor de consciência através de sua coluna vertebral. Como o fazia? Ela não era uma criatura sexual, sempre o tinha sabido e o aceitava. Joley exsudava sexo. Hannah tirava o fôlego dos homens. Elle podia parar o tráfego. Suas outras irmãs podiam entrar em um bar e fazer que as cabeças se virassem... mas não Libby. Ela não era assim. Não pensava ou percebia sexualmente. Os homens eram colegas e estava ocupada, muito ocupada tratando de domar seu selvagem cabelo e maquiagem e fingir que tinha peitos. Mas cada vez que via Tyson Derrick se derretia, ficava quente e tinha fantasias eróticas extraordinárias. Sentia-se sexy incluso com máscara de binóculos nos olhos, seu nariz queimado e os cabelos despenteados. Ele podia fazer que uma cabra se sentisse sexy. “Por todos os céus, Libby, não posso manter a cara séria. Uma cabra?” Libby estalou em gargalhadas. “Deixa de ler minha mente!“ “Emite o suficientemente alto para que o povoado inteiro te ouça. Elle definitivamente ria dissimuladamente. Tyson colocou os braços ao redor de Libby e a apertou contra ele, distraindo-a. Baixou o olhar para ela com seus olhos azuis e seus lábios pecaminosamente sexos e ficou apanhada antes de poder deter a si mesma, cravando os olhos em sua boca, imaginando a sensação, o sabor. -Não deveria me olhar assim, Libby, - advertiu ele, inclinando a cabeça para a dela até que estiveram a um fôlego de distância. Os joelhos se dobraram olhando seus olhos mas não podia apartar o olhar. Não podia recordar por que estava tão decidida a distanciar-se dele. Sentiu-o estremecer-se quando a atraiu e quase por própria vontade a mão dela subiu e com lenta deliberação se pressionou contra seu esterno e uma vez mais se deslizou para as costelas rotas. O calor se propagou entre eles. Seus lábios roçaram os dela, ligeiros como uma pluma, tomando o oxigênio do ar. O coração de Libby saltou e começou a palpitar. -Libby! - Elle se inclinou sobre o assento dianteiro e golpeou com força a buzina. O som fez que Libby e Tyson se apartassem. Elle os fulminou com o olhar através da janela. -Estão embaçando as janelas. Ty esfregou a ponta do nariz. -Não estamos no carro. Tecnicamente, isso é impossível. -Na realidade não. -resmungou Libby e abriu a porta de um puxão. -Sinto muito, Elle.


Capítulo 7 -Libby Katherine Drake é um pouco fresca. -Sarah Drake avaliou a sua irmã mais nova com olho severo. -Esteve no alpendre beijando a esse homem durante meia hora. Sua boca está tão acesa como o nariz de Rudolph. -Elle me deixou a sós com ele - disse Libby. -É culpa dela. Ela sabia que tinha debilidade por ele e simplesmente entrou em casa e me deixou ali. Nego toda responsabilidade. Elle fez um ruído grosseiro e agarrou uma bolacha quando o prato passou flutuando ante ela. -É tão descarada que virtualmente lhe arrancou a roupa na calçada fora do restaurante, diante de todo mundo. Hannah se deixou cair ao chão, estirando suas longas pernas e sorrindo burlonamente. -Libby está caindo. -Não estou. -insistiu Libby. –Nem gosto dele. É pura atração sexual e nada mais. Ele só é bom demais e eu não posso resistir. Estou lhe utilizando para o sexo e logo lhe jogo. As risadas encheram o quarto. -De acordo, Libby. -disse Kate. –Fará isso. Essa é sua personalidade. -É minha personalidade. Sou do tipo "ama-os e deixa-os". Surgiu outra ronda de risadas. -Adiante garota - instigou Abigail. –Apoiamos você cem por cento. -Bom, não vou voltar a vê-lo - Disse Libby, o sorriso se desvaneceu de sua face. -Foi genial, sabem, enquanto durou, mas... -interrompeu-se com um pequeno encolhimento de ombros. -Por quê? -perguntou Sarah bruscamente. -É óbvio que gosta dele. -Seriamente? -Libby soprou em seu chá, franzindo o cenho. Não podia dizer a suas irmãs que Tyson não gostava de sua família. -Ele me confunde. Não confio em uma atração tão forte. Eu não sou assim. Incomoda-me realmente não poder pensar com claridade quando ele está a meu redor. E me sinto tola. Me sua a mão e meu coração começa a palpitar como se fosse uma adolescente ou algo pelo estilo. Isto é muito extravagante para mim. -Antes que lhe tratemos como a covarde do século, -interrompeu Sarah, -acredito que temos que falar do fato que alguém está te ameaçando. Libby se voltou para olhar a suas irmãs. Estavam todas na habitação, até Joley, embora acabasse de atuar em um espetáculo a noite anterior ante trinta mil pessoas. Joley estava tombada no chão como fazia freqüentemente, as pontas de seus dedos tamborilavam um ritmo sobre o pequeno tapete e sua cabeça oscilava com alguma canção interna, mas sua mente estava claramente nas palavras de Sarah. -Não tem sentido que esse Ed Martinelli queira fazer mal a Libby quando necessita que ela ajude a seu filho doente. Talvez queira assustá-la? -supôs Joley. Sarah assentiu com a cabeça. -Eu estava me perguntando o mesmo. Se for tão importante que fale com Libby sobre seu filho, o que ganharia se ela morresse? -A menos que seja um completo idiota. - esteve de acordo Abigail.-O que também é uma possibilidade. -A mim isto não parece uma ameaça. - disse Hannah. Suas mãos se moviam em um patrão complicado e elegante sobre Libby. Os pequenos símbolos saltaram no ar e se desvaneceram como se nunca estivessem estado ali. Ela sacudiu a cabeça. -Definitivamente acredito que Libby está em perigo, mas não posso entender por que não posso conseguir nenhuma direção. -Jogou uma olhada a sua irmã. -Elle, você o que opina?


-Estou tendo o mesmo problema que você. Sinto uma ameaça rodeando-a, mas não posso precisar. Não posso ver absolutamente claro. Todas as irmãs olharam Sarah. Ela negou com a cabeça lentamente. -Não posso conseguir nada tampouco. Por um momento percebo o perigo para Libby e logo desaparece. -Podemos perguntar a Mamãe e Tia Carol. -Assinalou Elle. -Talvez alguma delas possa captar algo. -Se não o tiverem feito já. - Disse Joley. -Mamãe chamou duas vezes para ver se tudo estava bem. Disse-lhe que sua Libby se converteu em uma fresca e ficou horrorizada ao saber que agora sou eu a irmã Drake "boa". -piscou os olhos a Elle e Hannah. -Vocês duas não poderão ser nunca por que ambas têm mau gênio. Surgiu um gemido coletivo -Como se você não o tivesse. -soprou Elle. -Se for possível, você é pior que eu. E Hannah é também. Ela só parece angelical. -É verdade, - esteve de acordo Hannah. -Mamãe nunca acreditará que você é boa, Joley. Ela lê as revistas. Eu inclusive recorto os artigos e os envio só para me assegurar de que os vê. - disse Sarah. -Muito obrigado. -Joley sorriu abertamente a suas irmãs, completamente feliz com sua selvagem reputação. -Disse a mamãe que se relaxasse, que poderíamos dirigi-lo, mas agora não estou tão segura. Alguém provou olhar no mosaico? Todas baixaram a vista para a formosa obra de arte do chão na entrada da casa. Tinha sido feito há várias gerações atrás por sete irmãs da família Drake. Além de ser uma obra de arte, o mosaico era um instrumento inestimável para elas. -Vamos tentar. -disse Sarah. -Por que não tivemos notícias de Jonas? -Perguntou Hannah quando todas estavam sentadas, rodeando o grande mosaico. -Não deveria nos contar algo sobre o homem que ameaçou Libby ontem à noite? Teve um montão de tempo para intimidar ao tipo. Intimidar lhe cai muito bem. -Levantou o olhar para o relógio, havia inquietação em seus olhos. -Teve muita prática conosco. -assinalou Abbey. -Jonas não trabalha esta noite. -disse Elle. -Jackson me disse que tinha ido visitar seu amigo Brannigan no Willits.

Jonas Harrington parou seu Jipe Wrangler no sinal do cruzamento da Comarcal Um. O passeio até Willits tinha sido muito mais rápido que o normal com tão pouco tráfego durante a noite. Tinha posto seu CD favorito de Joley Drake e subido o volume, embora nunca admitiria que cantava enquanto conduzia. Jim Brannigan lhe tinha chamado mais cedo essa tarde e lhe tinha pedido que passasse pelo heliporto florestal. Jonas tinha ficado mais tempo de que pretendia antes de dirigir-se a Sea Heaven e a casa. Brannigan admitiu que estava preocupado porque o arnês de Tyson Derrick tinha se quebrado no dia do resgate no escarpado. O arnês de segurança de Tyson tinha sido retirado e levado de volta ao parque dos bombeiros para ser examinado. Brannigan não tinha gostado de seu aspecto e queria que Jonas fizesse uma comprovação no laboratório. O arnês estava em uma bolsa de provas no assento dianteiro a seu lado. Brannigan lhe tinha convencido de que não havia forma de que o arnês tivesse se quebrado, mas o material parecia desgastado. Se era defeituoso, a tripulação do helicóptero precisava sabê-lo logo que fosse possível. Jonas prometeu enviar por correio o arnês ao laboratório com urgência. Jonas franziu o cenho enquanto girava à estrada da costa, sua mente reproduzia tudo o que Brannigan lhe havia dito. Se o arnês não tinha estado defeituoso, por que tinha falhado?


Acelerou na reta, o único carro na deserta estrada. Sem prévio aviso uma garrafa saiu voando de entre as árvores e aterrissou na metade da estrada, estalando com o impacto e lançando chamas ao ar. Jonas freou de repente e o jipe derrapou sobre a estrada. As balas atravessaram o párabrisa. Puxou bruscamente o volante em um intento de utilizar o assento do passageiro como escudo. As rodas chiaram quando deslizou de lado, lutando por controlar seu Wrangler. Mais bale atravessaram a porta do jipe e golpearam seu corpo, lhe empurrando contra a porta do condutor. Não era a primeira vez que disparavam nele, mas tinha esquecido a intensidade da dor, a sensação de uma bala rasgando sua carne e entrando profundamente em seus órgãos. Tirou-lhe o fôlego, fez-lhe sentir doente, fazendo que tivesse que lutar contra as quebras de ondas de enjôo. Não ia morrer assim, não pela bala de um covarde. Tinha deixado muitas coisas sem dizer e sem fazer. O jipe golpeou o guard rail da estrada, descendo pelo aterro e deslizando-se, dando várias voltas, lançando-lhe como se fosse uma boneca de trapo. O cinto de segurança se apertou quando o airbag se desdobrou e por um momento ficou cego, surdo e desorientado. Jonas sentia sangue em sua boca e o peito lhe palpitava como se um caminhão o tivesse golpeado. Mediu em busca de sua faca, apunhalou o airbag e se soltou, sua mão procurava o punho familiar de sua arma. Seu coração palpitava, não estando seguro de onde estava o inimigo. Chutou a porta do condutor até que esta se abriu o bastante para deixá-lo cair ao chão. Caiu com força, suas pernas pareciam de borracha, incapazes de lhe sustentar. Utilizou os cotovelos para arrastar-se para frente, engatinhou até a cobertura dos arbustos e ervas do aterro. Uns disparos orvalharam a erva, incrustando-se em uma árvore e estrelando-se contra seu corpo. Jonas sentiu o impacto atravessar suas vísceras. Rodou os últimos poucos metros até colocar-se detrás de uma grande rocha, sua única oportunidade. Estava fora de serviço e não levava o colete. Quantas vezes lhe tinham acertado? Houve um movimento perto do jipe, mas não pôde ver ninguém. Sentia o braço intumescido. Não podia sentir a arma em sua mão, mas tinha que permanecer alerta. As irmãs Drake viriam e teria que as proteger. Jonas contemplou o céu noturno, escutou o forte batimento do coração das ondas. A roda do jipe ainda dava voltas, mas tudo a seu redor parecia haver ficado quieto e silencioso. Depois de um momento tudo o que pôde ouvir foi o som de seus próprios batimentos do coração e a destilação estável de seu sangue sobre a terra. -Hannah. -Sussurrou seu nome na noite.

As irmãs Drake uniram as mãos e ficaram olhando fixamente o complicado quadro, o céu azul meia-noite, as estrelas e a lua, a formação das sombras começando a formar redemoinhos ao redor das bordas e deixando largos rastros para o coração do mosaico. A sombra se estendia, havendo escurecido o céu e rabiscado uma estrela que parecia muito mais brilhante que as demais. Hannah ofegou e se retirou com um grito alarmado, levou as mãos à garganta, que pareceu inchar-se por causa do pânico. Olhou suas irmãs com desespero. -Jonas. -sussurrou o nome cruamente, com a garganta descarnada. Elle se levantou de um salto e correu para o telefone, com cara séria e decidida, refletindo o mesmo medo que suas irmãs. -É muito tarde. Muito tarde. -cantarolava Hannah, balançando-se para frente e para trás. Por que não vimos isto? Por que não pressentimos isto? -Fizemos. Só que não o reconhecemos. - disse Sarah, envolvendo sua irmã entre seus braços para reconfortá-la. Elle retornou do telefone.


-Chamei Jackson e chamará uma ambulância, mas temos que ir agora se queremos ter alguma possibilidade de lhe salvar. Todas nós. -Olhou Libby. –Necessitaremos de você outra vez, Lib. Isto vai ser mau. Hannah correu para o carro. -Se dêem pressa. Ele não vai morrer. Não vou deixá-lo morrer. Trata de alcançá-lo Elle. Sei que pode lhe manter conosco. -Tenho-lhe, carinho, mas está débil. Muito débil. Temos que lhe encontrar rápido. Sarah subiu ao assento do condutor e as outras irmãs se uniram rapidamente a ela no carro. -Onde, Elle? Elle fechou os olhos, com cara pálida enquanto procurava informação fora dela. -Voltava do Willis e acabava de entrar na Comarcal Um. Alguém disparou ao carro. Tem múltiplos disparos. Está sofrendo, pensa na Hannah, conta com ela para nos levar até ele. -Depressa, Sarah. -urgiu-a Hannah. -Por que quereria alguém matar Jonas? -Perguntou Abbey. Kate apertava com força a mão de Hannah. -Não vamos deixá-lo morrer. -Libby, estará à altura disso? -perguntou Sarah, olhando-a pelo espelho retrovisor. Libby elevou o queixo. -Jonas é da família. Ninguém vai apartar lhe de nós. Conduz mais rápido, Sarah. Todas elas sentiam a mesma sensação de urgência, do destino iminente. Haviam sentido a escuridão aproximando-se pouco a pouco, as sujeitando em uma armadilha, mas tinha sido uma sensação insidiosa sem direção, sem nenhuma força aparente até que golpeou sem prévio aviso. Sarah acelerou ao máximo ao longo da estrada, o escarpado ficava a um lado, a montanha se elevava ao outro, correndo pelas curvas fechadas para chegar até Jonas antes que a ambulância. Viram seu jipe, tão familiar para todas, com as rodas para cima, espremido e devastado. Jonas jazia a uns metros da massa sobre o aterro, convexo atrás de uma grande rocha. Quando ouviu um carro aproximar-se, Jonas tratou de dar a volta. Ainda estava ao descoberto. Cansado-se, incapaz de manter-se erguido sequer em uma posição sentada. Tinha tido a esperança de que o assassino se aproximasse para lhe rematar, mas só o vento lhe rodeava, revolvendo seus cabelos e tocando sua face com dedos suaves. Escutava a voz de Hannah lhe dizendo que aguentasse e sentiu o toque de Elle, aferrando seu braço como se pudesse lhe sujeitar fisicamente a esse mundo. Agora as vozes das irmãs Drake se fizeram mais fortes, mais ansiosas, tentou dar a volta outra vez, sair da linha de visão do franco-atirador. Sempre dizia às Drake que ele não era psíquico, mas tinha um instinto infernal para o perigo e sabia que o assassino estava ainda perto. A face de Hannah apareceu em seu campo de visão. Havia lágrimas em seus olhos, correndo por seu rosto. Afundando-se na terra, lhe levantou a cabeça brandamente e o sustentou em seu colo. -Já estamos aqui, agora, Jonas, vai ficar bem. Ele tratou de adverti-la, mas começou a engasgar-se com seu sangue e virou a cabeça para que não lhe visse. Podia sentir as irmãs lhe rodeando de calor e energia. No alto, nuvens de tormenta estalaram rápidas e furiosas, saltando diretamente para cima como uma torre. Uma bala se estrelou no chão perto de Libby. Jonas agarrou sua arma e tratou de empurrar Hannah para a segurança relativa da sarjeta mais próxima. Elle girou em direção ao assassino, levantando as mãos no ar. Sobre eles, o céu rangeu com eletricidade e do outro lado da estrada, sob os escarpados, a água se estrelou contra as rochas com uma fúria terrível. Jonas tossiu e lutou por respirar. Seus pulmões estavam se enchendo de sangue e se sentia afogando. Sem Elle para lhe sujeitar sabia que estava se deslizando, alcançando rapidamente um ponto do qual as Drake seriam incapazes de lhe trazer de volta. A arma caiu de suas mãos, seus dedos estavam muito fracos para sustentá-la. Desesperado, procurou Hannah.


-Elle! Elle! Estamos lhe perdendo. -Hannah chorava, encurvando seu corpo protetoramente sobre Jonas. -Nos ajude! Elle vacilou um momento, temendo pela vida de suas irmãs, mas a chamada para salvar Jonas era muito forte. Virou-se de volta para ele. O carro do xerife derrapou até deter-se, defendendo o círculo das Drake da estrada. Jackson emergiu, arma em mão, sério, seus olhos tão frios como o gelo. -Chegam reforços, Elle. Se encarregue de Jonas. Dois veículos mais da polícia chegaram, um da cidade de Fort Bragg e uma patrulha de estradas. Utilizaram seus carros como barricada para ajudar a proteger Jonas do pistoleiro. Obviamente o atirador decidiu que lhe superavam em número porque não houve mais disparos. Outros oficiais chegaram e se dispersaram lhe buscando. Os residentes dos pequenos povoados da costa tinham quase todos rádio comunicador e viriam imediatamente para ver se podiam ajudar. Muitos deles eram ajudantes de reserva do xerife ou dos corpos de bombeiros, apoiavam-se uns aos outros quando a ajuda estava longe. Jonas era popular e no mesmo momento em que se soubesse que era ele a quem tinham disparado, viriam rápido e haveria muitos deles. Jackson forçou sua entrada no círculo, ajoelhando-se junto a Jonas. Havia sangue por toda parte, empapando a roupa de Hannah, penetrando na terra sob o xerife e orvalhando as grandes rochas que havia atrás deles. -Podem lhe salvar? -perguntou Jackson sem preâmbulos, seu rosto estava fixo em duras linhas. Libby sustentou as mãos a centímetros de distância do corpo de Jonas e fechou os olhos, sentindo suas feridas, mapeando-as, as vendo ainda mais claramente que se estivesse utilizando raios X. Tragou com força. Quatro balas tinham atravessado seu corpo, danificando órgãos e rasgando veias e uma artéria. Tinha que arrumar isso rapidamente ou lhe perderiam com certeza. Tinha um pulmão paralisado. O dano interno era grave. Isto ia ser muito mau. O pior dano e o mais perigoso era o da artéria pulmonar, o fornecedor principal de oxigênio aos pulmões. O sangue já estava enchendo os pulmões de Jonas e começando a lhe afogar. Se Libby esperasse à ambulância para lhe levar ao hospital, seria muito tarde. Não havia forma de que eles pudessem reparar a artéria o suficientemente rápido para salvar o Jonas... o dano era muito grave. -Hannah e Elle, terão que me ajudar com isto rápido. -Hannah e Elle podiam curar até certo ponto, não como o poder de Libby, mas as necessitava. -Jackson, mantém a distancia todos os outros mas diga aos paramédicos que necessitará sangue quando acabarmos. Montões e montões de sangue. -Poderá ficar feio. -advertiu Elle. -Não estamos em Sea Heaven e as pessoas de todos estes povoados conhecem Jonas e não a nós. -Façam. Ninguém incomodará vocês. - Prometeu Jackson. Libby podia sentir o desespero em suas irmãs... na crescente multidão que chegava dos povoados próximos, alguns já choravam. A multidão aumentava e captou um deslumbre de ferocidade na face de Tyson quando chegou, avançando a pernadas para elas com determinação. Fechou os olhos, tomou um profundo fôlego purificador e concentrou tudo o que era... tudo o que havia nela... em Jonas. A dor a golpeou com a força de um furacão, uma terrível intensidade que lhe roubou o fôlego e a capacidade de pensar. Escutou o ofego coletivo de suas irmãs e se obrigou a sobreporse à agonia, as levando com ela. Necessitava sua força e concentração, o tremendo círculo de energia que podiam gerar juntas. Evocou a luz e a energia que sempre estavam ali, sempre esperando, em algum lugar profundo de seu interior. Fluiu para fora e se verteu através dela até Jonas. Suas irmãs estavam conectadas; Hannah, quase tão forte na cura como Libby; Elle, igual à Hannah, uma força com a que teria que contar. Sarah, Kate, Abigail e Joley enviavam sua energia, sua força se derramava nas três irmãs enquanto curavam Jonas.


Libby se concentrou nas piores feridas, a artéria precisava ser reparada desesperadamente. Tinha tido razão, Jonas teria morrido se tivessem esperado sua remoção. Poderia morrer agora, suas feridas eram muito graves. Apartou o medo e se concentrou na massa do peito e abdômen, as duas feridas piores. Sentia Hannah e Elle com ela e era um consolo saber que não estava sozinha tentando reparar tão maciça destruição de um ser humano. Como na distância podia ouvir o uivo da ambulância enquanto chegava, como as pessoas a seu redor se dividiam em dois campos. Matt Granite, Damon Wilder e Aleksander Volstov estavam em pé ombro a ombro com Jackson, impedindo que alguém se aproximasse do xerife mortalmente ferido e interferisse com as irmãs Drake e seu trabalho. Inez da loja de comestíveis se uniu a eles, seguida por Donna da loja de presentes, Gene Dockins e dois de seus filhos. Os irmãos de Matt se uniram ao crescente círculo ao redor de Jonas, seguidos por Mason e Sylvia Fredrickson. Tyson não podia acreditar o que viam seus olhos. O xerife jazia ferido, coberto de sangue, desesperadamente necessitado de atenção médica imediata, mas em lugar disso estava rodeado pelas irmãs Drake. Embora Libby fosse doutora, com reputação de ser endemoniadamente boa, a crença que podia curar doentes e feridas estava tão arraigada nela que estava atrasando a autêntica ajuda para Jonas. Punha-lhe furioso pensar que além de Libby, vários dos oficiais e muitos dos cidadãos de Sea Heaven pareciam ter o cérebro completamente lavado. A atmosfera emprestava a histeria coletiva e um bom homem ia morrer por causa disso. Sam chegou com sua altura, abrindo espaço com empurrões através da multidão. -O que acontece, Ty? O exploratório ficou mudo e não me inteirei de todos os detalhes. -Alguém disparou em Jonas. -respondeu Tyson em tom baixo. -e não sei por que não lhe levam ao hospital. -Isto só acrescenta em nossa crescente lenda sobre as infames irmãs Drake. -disse Sam. Conseguem sua glória por toda costa. Se ele viver, terão lhe salvado, se morrer, tentaram-no. Ty fixou nele seu olhar penetrante. -Pensava que você acreditava nelas. -Vamos, Ty! Magia? De verdade crê que Libby pode curar um homem cheio de buracos de bala? Se pudesse, seria um tesouro nacional. Drew Madison estaria curado do câncer desde que era menino. -Mantém a voz baixa, Sam, esta multidão poderia alterar-se - advertiu-lhe Ty. -Sabe que isto está mau, só procuram mais atenção. Sea Heaven adora a idéia das mágicas irmãs Drake, mas isto é a vida real e estão matando Jonas. Tyson franziu o cenho advertindo seu primo enquanto tratava de passar empurrando um ajudante, mas o oficial não se moveu. Sam separou de um empurrão Tyson, colocando-se quase nariz com nariz com o homem enquanto a seu redor se esquentavam os ânimos. -Em que diabos está pensando, Jackson? -exigiu Sam. -Quem está aí é Jonas. Crê que ele permitiria que morresse por uma atuação teatral? Por todos os infernos se afaste do caminho e deixa que os paramédicos lhe vejam. Todos se tornaram loucos? Matt? Mason? Tyson pôs uma mão sobre o ombro de Sam para lhe acalmar. -Alterar-se não vai ajudar em nada. Têm que permitir que os paramédicos levem Jonas. virou-se para o ajudante, com voz muito tranqüila. -Jonas poderia morrer sem a atenção médica apropriada. Necessita-a agora. -Não poderia morrer, - grunhiu Sam, sua voz era transportada pelo ar da noite. -morrerá. O que seja que estejam fazendo estas estelionatárias, não vale a vida de Jonas. Várias pessoas dos povoados circundantes acrescentaram seu próprio ruidoso desacordo ao de Sam e os paramédicos trataram de abrir espaço com empurrões através da linha. Libby ouvia os sons como se estivessem a grande distancia, mas continuou concentrando sua atenção em segurar Jonas a ela. O poder e a força fluíam através de suas irmãs até ela. O ar estalava pela eletricidade fazendo que os cabelos de todas se elevassem como halos ao redor de


suas cabeças e se arrepiavam ao longo de seus braços. Jonas tinha muitas feridas e a artéria requeria toda a atenção de Libby. Libby mantinha o coração de Jonas pulsando, mantinha o oxigênio fluindo para seu cérebro. O tempo passou e colocou o pânico a um lado, abrindo espaço através da destruição maciça do peito. Uma vez ouviu Hannah soluçar e sentiu o pranto interno de Elle, mas nunca fraquejaram e tampouco o fez ela. Jonas não morreria esta noite. As Drake nunca o consentiriam. Sarah, Kate, Abigail e Joley enviavam cada onça de força e energia que possuíam a suas irmãs, as cedendo livremente para salvar Jonas, não deixando nada na reserva, sabendo que Libby logo necessitaria sua ajuda tão desesperadamente como Jonas a necessitava agora. A um sinal de Libby, Jackson indicou à equipe de paramédicos que atravessasse a linha protetora. Eles se precipitaram com sua equipe ao lado de Jonas. Quando os oficiais se dividiram Tyson viu momentaneamente Libby coberta de sangue, sua cara completamente pálida, seus olhos fechados. A dor estava gravada em sua cara e uma cólera repentina lhe atravessou ao vêlo. Desejou derrubar Jackson, inclusive chegou tão longe para dar dois passos agressivos para ele. -Não se coloque comigo esta noite. -advertiu-lhe Jackson. -Está matando a ambos tratando de manter esse estúpido mito das irmãs Drake e sua magia. Se ela pudesse agitar os braços e dizer um conjuro ou dois, não acredita que Jonas estaria já de pé e caminhando? -Não podia suportar a visão da cara branca de Libby, tão pálida que parecia translúcida... não deste mundo... uma bruxa. -As pessoas como você lhe está absorvendo a vida, perpetuando esse mito. Jackson não replicou, simplesmente lhe olhou com olhos duros, frios. Obviamente nada ia convencer-lhe, nada convenceria a quão fanáticos acreditavam que as irmãs Drake eram realmente bruxas de hoje em dia. Ainda assim, Tyson tinha que tentá-lo. Mantendo a voz baixa para que ninguém pudesse lhe ouvir, suplicou ao homem. -Pensa, Jackson. Isto não é lógico. Este é o tipo de coisas que atrai aos loucos até Libby. Acreditam em toda esta fórmula mágica porque precisam acreditar nela. -Elevou os braços ao ar quando Jackson não mudou de expressão. -Conseguirá que a matem - vaiou Tyson entre dentes. -Esta é a cena de um crime. -disse um dos outros ajudantes. -Mova-se para trás. -Isto é um assassinato - gritou Sam e a multidão atrás dele cochichou mais forte. -Maldita seja, será melhor que não deixem que Jonas morra. Dê a assistência médica apropriada. Tyson agarrou com força o ombro de Sam para lhe conter. As pessoas estavam se alterando com rapidez. Jonas Harrington era um homem popular em toda a costa e só as pessoas de Sea Heaven acreditavam na magia da família Drake. Não queria que as coisas se descontrolassem. Fez gestos a Sam para que deixasse de revolver as coisas, sentindo-se culpado porque Sam só estava lhe respaldando. Como bombeiro, Sam exercia um montão de influência. Era bem conhecido, popular e muito persuasivo. Provavelmente não teria entrado no debate se não tivesse sido por respaldar Tyson. Sam sacudiu a cabeça. -Isto não está bem. -Disse em tom baixo. -As Drake vão matar-lhe. Afirmarão que estava morrendo de todas as formas, com quatro balas em seu interior, mas quanto maior seja o atraso menor são suas possibilidades. Por que demônios não deixam entrar os médicos? -Já deixaram passar aos paramédicos. -recordou-lhe Tyson. -Estão trabalhando no Jonas agora. Não parece que esteja bem e não se moveu. A multidão empurrava para aproximar-se. Um movimento captou a atenção de Tyson e viu Libby perder o equilíbrio. Estava como morta no chão, com sangue lhe cobrindo a roupa, manchando sua pele, sua face estava branca como um lençol. Seu coração quase se deteve, logo começou a palpitar com força. Hannah cambaleou e foi apanhada por Matt Granite. Ele levantou a supermodelo e a colocou em um carro patrulha. Jackson levou Elle em seus braços e logo Sarah enquanto Matt ajudava Abigail, Joley e Kate a chegar aos carros. Os paramédicos trabalhavam rapidamente para


atar Jonas à maca para lhe transportar ao hospital mais próximo. Tyson abriu caminho a empurrões entre a multidão para Libby. Um oficial corpulento se chocou contra ele. -Não pode passar deste ponto. Esta é a cena de um crime. -Que demônios. Libby é minha… - Que diabos se dizia para passar ante a lei? -Ela é mi... As palavras lhe falharam outra vez. -Estamos saindo. -Temos pessoas cuidando dela. Logo que a movam, poderá vê-la. - O oficial não pareceu estar impressionado ao mínimo pela declaração de Ty. -O inferno que vou esperar - espetou Tyson. -A metade das pessoas que estão correndo por sua preciosa cena do crime não pertence às forças da lei, assim não me dê desculpas. - Atrás dele, o povo se aproximou mais e Sam golpeou Tyson com força, lhe conduzindo para o peito do oficial. Imediatamente o oficial empurrou Ty longe dele, lhe enviando cambaleando-se para Sam que tropeçou e caiu sobre a zangada multidão. O caos explodiu. As pessoas começaram a equilibrar-se sobre o ajudante e outros. Tyson ajudou seu primo a levantar-se, esquivou-se de um punho voador e depois recebeu um golpe perto de sua costela fraturada o que lhe obrigou a proteger o flanco, a dor lhe tirou o fôlego enquanto se dobrava. -Vou prender cada um de vocês. -Jackson tinha vindo e estava falando com um tom baixo e ameaçador que dissolveu ao povo instantaneamente. –Vão para casa e nos deixem fazer nosso trabalho. Estão bloqueando o caminho da ambulância. Os oficiais formaram uma barreira, defendendo Jonas da vista da multidão enquanto era introduzido dentro do veículo. Os ajudantes, unidos a vários oficiais da patrulha de estradas, conduziram à multidão para trás para permitir que a ambulância se pusesse a caminho. Ty se encontrou cambaleando-se a beira da estrada, sujeitando o flanco e estirando o pescoço em um intento de achar Libby. Ela tinha várias pessoas a seu redor, em sua maior parte homens vinculados às Drake. -Está bem? - perguntou Sam, com franca ansiedade na voz. -Não, não estou bem, - cuspiu Tyson entre dentes. -Não sei se ela está viva ou morta. Não se move. Sam jogou uma olhada ao corpo de Libby, parcialmente bloqueado por dois homens corpulentos. -O que ocorreu realmente aqui, Ty? Ouvi "oficial caído" e vim correndo. Que diabos lhe ocorreu? Quem faria isto? -Disse-lhe isso. Alguém lhe disparou. Pareciam feridas múltiplas. Ninguém sabe por que, ou se sabem, não o dizem. -Tyson passou uma mão pelos cabelos. Para seu assombro estava tremendo. - Não posso com isto, Sam. Sei que ela não pode curar às pessoas. Não é possível, isso sabemos. Libby é inteligente. Endemoniadamente inteligente, mas realmente acredita que pode curar às pessoas como uma espécie de curandeiro de fé em uma loja de campanha. Não me dava conta do seriamente que acredita até agora. De outro modo ela nunca teria arriscado a vida de Jonas desta maneira. Sam deu de ombros. -As Drake sempre foram diferentes. Todo mundo em Sea Heaven sabe isso. Talvez a resposta seja simples: desejam atenção de qualquer forma que possam consegui-la. Deus sabe, não vivem precisamente reservadas. As vísceras de Tyson se ataram. Tinha tido esta mesma conversa com seu primo antes, quando tinha mencionado pela primeira vez que estava interessado em Libby. Sam tinha protestado com razões surpreendentemente bem raciocinadas de por que nunca funcionaria. Tyson tinha utilizado parte de sua conversa com Libby durante o jantar, esperando guiá-la amavelmente a pensar com lógica. Libby não lhe parecia uma mulher que desejasse atenção sobre si mesma. De fato nunca a tinha visto chamar a atenção intencionadamente. Sacudiu a cabeça.


-A motivação não encaixa com ela, Sam. Ela é brilhante e hábil e talvez isso a faz vulnerável a acreditar que pode curar a outros. -O que seja, Ty. Se não sair daqui o bastante rápido, vamos ser presos. Esse policial está te olhando fixamente e não se vê contente. -Vamos, Sam. Este não é seu problema. Quero me assegurar que Libby está bem. Se me prenderem, cedo ou tarde a BioLab me tirará sob fiança. -Estou seguro de que o farão. É sua grande estrela - disse Sam. -Estou tentando não notar o sarcasmo em seu tom. -disse Tyson. Avaliou seu primo com olhos entrecerrados, prestando atenção aos policiais, esperando que perdessem interesse nele. Lamento as chamadas telefônicas a altas horas da noite. É só que estive preocupado por esse projeto… -Não é seu projeto, Ty. Tem a todo BioLab alvoroçada. Chamam-no em casa e enviam mensageiros e alagam minha soleira quando estou tratando de entreter a uma mulher formosa. Estava assim de perto... - Sam mediu a distância com seus dedos -... de conseguir que ficasse comigo. Estive atrás dela durante meses. A atenção de Tyson se desviou para os ajudantes do xerife. Já tinham perdido interesse nele agora que a multidão se dispersou e ele parecia estar obedecendo às ordens. -Sinto muito. - resmungou Ty. Era um hábito da infância, fácil de pronunciar e nunca de todo genuíno. Sempre estorvava Sam quando estava em casa, embora passasse tanto tempo em seu laboratório do porão que Sam freqüentemente o chamava Tyson "a toupeira". Sam nunca levava a sério nenhuma mulher e se ele danificava suas oportunidades de deitar-se com uma simplesmente seguia para a seguinte. Era encantador, fácil de levar e não excessivamente ambicioso. Adorava ser bombeiro florestal, mas não desejava particularmente a responsabilidade de ascender enquanto que Tyson avançava sempre para frente. Sam se desentendeu do assunto com um pequeno sorriso, como sempre fazia. -Não sue por isso, Ty, igual que vêm se vão. Retornará quando conseguir sobrepor-se a seu estado de agitação. - Seguiu o olhar fixo de Tyson até Libby. -A única razão pela que está interessado em Libby Drake é por que é um quebra-cabeça e tem que solucioná-lo. É muito estranha para que queira realmente estar com ela. Tyson se sobressaltou interiormente ante a valoração prática de Sam por seu interesse pela Libby. O pior de tudo era que sabia que não era certo. Tinha-lhe intrigado do primeiro momento que tinha posto os olhos nela. Havia algo diferente em Libby e queria averiguar o que era, mas também adorava estar com ela. Olhou-a de novo. Não se tinha movido, mas nos carros, três de suas irmãs estavam exibindo sinais de voltar. -Devem ter ficado em transe - resmungou em voz alta. -O que? - perguntou Sam. Seguiu o olhar de Tyson. -Histeria coletiva em marcha. O próprio Tyson podia ter utilizado essa frase, mas agora que fazia Sam, incomodava-lhe. Libby não ficava histérica e tampouco suas irmãs, mas era inteiramente possível que entrassem em transe. Essa era uma explicação lógica. Franziu o cenho a Sam. -Acreditava que fosse amigo das Drake. Sam deu de ombros. -É obvio que o sou, mas isso não quer dizer que não seja consciente de que estão loucas. Vamos, Ty, você acredita que todo esse assunto do abracadabra é real? -Claro que não. -Então é tudo sexo ou sua necessidade de entendê-la ou ambas as coisas. Tyson o despediu, zangado sem saber por que. Não gostava da valoração de Sam sem importar quão certa pudesse ser. Os oficiais já não estavam sequer olhando em sua direção e se aproveitou do fato, movendo-se rapidamente até onde estava estendida Libby sobre o chão, a uns passados do carro feito pedaços. Matt Granite lhe saudou com a cabeça. -As levaremos de retorno à casa.


-Eu levarei Libby. -Tyson não queria que ninguém mais a agarrasse em braços, sujeitandoa tão perto. Parecia morta, ainda inconsciente, sua pele parecia cera. -Não! -Sarah protestou, gritando do carro. Damon Wilder, seu prometido, imediatamente colocou seu braço ao redor dela. -Levaremos todas para casa Sarah. Libby estará bem uma vez que estejamos na casa. -Faz que Jackson ponha Libby no carro. - O olhar de Sarah tocou Tyson. Ele sentiu seu rechaço instantâneo. Não havia nada de sua risada zombadora, nenhuma aceitação absolutamente. Olhava-lhe como ele poderia olhar um vírus sob um microscópio. Profundamente em seu interior, tudo nele se elevou em protesto. Imediatamente empurrou passando por Jackson para alcançar Libby. -Não! -Sarah foi mais firme desta vez, havia aço em sua voz. -Você não é o que ela necessita agora. Ty a fulminou com o olhar. -Sou exatamente o que necessita agora mesmo. Alguém com lógica. Matt pôs uma mão em seu ombro. -Você não entende nada disto e fará mais dano que bem. Encarregaremos-nos. Jackson enviou a Ty um olhar escuro, perigoso, aqueles olhos frios como o gelo lhe atravessaram. -Retrocede, Derrick. Vá para casa. Acredito que já causou muitos problemas por esta noite. Tyson observou como Jackson agarrava o leve peso de Libby em seus braços. Ela pendurava torpe, sem vida, sua nuvem de cabelos escuros caía sobre o braço do ajudante como uma meada de seda. Ty passeou tranqüilamente junto ao ajudante. -Tudo o que queria era obter ajuda para Jonas. -defendeu-se. Importava-lhe um nada o que Jackson pensasse dele, mas precisava dizer a Libby. Seguiu Jackson até o carro do ajudante. Nunca se havia sentido tão indefeso em sua vida, ou tão inseguro. Sempre sabia exatamente o que fazia e por que o estava fazendo, mas agora não tinha nenhuma pista sobre a situação em que se encontrava. Precisava proteger Libby, até de si mesmo e podia ver agora que sua família não só respirava seu comportamento, mas também lutaria contra ele se tentava tirar da situação. Matt Granite e Aleksander Volstov lhe bloquearam o passo lhe impedindo de alcançá-la e tirá-la do carro de polícia. -Melhor que vá. - disse Aleksander. -Não quererá nos fazer seus inimigos. A cólera passou como um relâmpago através de Ty com tal ferocidade que quase não pôde contê-la. Deu um passo aproximando-se do russo, sem preocupar-se que o homem fosse agente da Interpol e tivesse sido treinado desde a infância em mais forma de matar a um homem das que Ty alguma vez poderia conhecer. -Se afaste. Todos vocês. Não me dão medo e não vão me afastar de Libby. Ela necessita ajuda e todos vocês são idiotas. -Assim vai salvá-la de sua família. -disse Matt. Havia uma advertência na postura de Matt, o suficiente para fazer recordar ao Tyson que este tinha sido um ranger da armada. Ty não fez caso da mão inibidora de Sam. -Demônios, sim, vou salvá-la de sua família. São umas loucas e você é igual de mau, as incentivando a acreditar na bruxaria. É um montão de lixo e sabe. Por todos os infernos sai do meu caminho, Granite. Você tampouco me impressiona muito. Sam puxou seu braço, cravando os olhos nele como se lhe tivessem crescido duas cabeças. Tyson não podia lhe culpar. Ele não acreditava em brigar... era estúpido e infantil... mas não temia a perspectiva de uma briga. Tinha sobressaído em várias formas de artes marciais, mas quando se treinava, era para aprender ou ensinar, ou simplesmente terminava com a briga tão rápido como lhe era possível com um golpe de graça. Não havia meio termo. Mas agora estava provocando virtualmente uma briga com os prometidos das irmãs Drake.


Escapou de Sam uma segunda vez e se manteve em pé solidamente no caminho de Matt Granite, nariz contra nariz, peito contra peito, como um animal primitivo da selva. -Não vai levá-la. -A adrenalina atravessava seu corpo e nesse momento soube que era mais perigoso do que nunca tinha sido em sua vida. -Seu traseiro fica detido. - anunciou o ajudante a suas costas. Tyson não virou a cabeça, não apartou os olhos de Matt, preparado para brigar. Sam colocou seus braços ao redor de seu primo, lhe apanhando os braços aos lados. -Está preocupado pelo Jonas. - explicou ao ajudante. -Não está pensando com claridade. O levo para casa. Vamos, Ty. Saiamos daqui. Nenhuma mulher vale que lhe detenham. Esse era o problema. Libby valia a pena e alguém tinha que salvá-la de sua família e de si mesma. Tyson Derrick era o homem indicado para fazê-lo. Quando se empenhava em algo, era inquebrável. -Pode me soltar, Sam. -Não ajudaria se estivesse preso e Jackson os olhava furiosamente, como uma serpente, preparado para atacar. Teria que usar a delicadeza, planejar sua batalha cuidadosamente. -Vou.

Sam estava em pé no porão, justo ao pé das escadas, com as mãos nos quadris olhando seu primo. -Não esqueceu algo? Tyson não olhou para cima, não reconheceu a presença de seu primo, continuou franzindo o cenho com total concentração em um microscópio. Sam entrou pisando em forte no quarto, cuidando de evitar as largas filas de equipamentos, computadores e máquinas volumosas. Tyson raramente gastava grandes quantidades de dinheiro, mas quando o fazia, era normalmente para o melhor equipamento possível para seu laboratório. -Maldito seja, Ty, deixa de brincar de cientista louco. Tinha um encontro esta noite. Tyson levantou o olhar, as linhas de sua cara eram sombrias. -Não, não tinha. Deixei-te claro que não tinha intenção de sair com essa idiota que tenta me impor. Estou ocupado, Sam. Tenho trabalho a fazer. Fico aqui embaixo com o olhar fixo em tudo isto e tudo o que posso fazer é pensar nessa Drake. -Está contrariado, Ty. Esteve aqui embaixo dia e noite e sei que não dormiu... ou comeu. O que vai ganhar ficando doente? E por quê? Por Libby Drake? Nenhuma mulher vale isto. Ela se converteu em outra de suas adivinhações obsessivas. Como não houve resposta, Sam suspirou e trocou de tática, sua voz se voltou aduladora. -Precisa sair. Os médicos não assinaram a alta para que pudesse trabalhar de bombeiro, assim deveríamos planejar outras atividades que lhe tirem de casa. -Vá, Sam, tenho um montão de trabalho a fazer. -Tyson não ia admitir ante seu primo que tinha ido à casa de Libby todos os dias como um obsessivo e tinha sido rechaçado por suas irmãs. Não podia conter-se mais do que podia deixar de investigar a nova droga, a PDG-IBENREGEN, a qual o BioLab tinha na segunda etapa de ensaios clínicos, e que estava provocando depressão nos participantes de um certo grupo de idade. Harry Jenkins não estava prestando atenção, acreditava que os incidentes eram pequenos e aleatórios, mas para Tyson, eram uma deslumbrante bandeira vermelha e não pararia... não podia parar... até que encontrasse a resposta. Sam xingou baixo. -Está obcecado, sabe? Completamente um maldito louco e precisa encontrar a forma de superá-lo. Durante um terrível momento, Ty esteve seguro que Sam sabia de suas numerosas viagens a casa Drake. Sentia-se como um maldito louco. Estava acostumado a sua compulsão fixa, sua


necessidade de encontrar respostas e a emoção quando estava sobre a pista correta, mas esse rasgo seu nunca se transferiu a um humano até que Libby Drake tinha rido nas ruas de Sea Heaven tantos anos atrás e tinha captado sua atenção. Não podia permitir que Sam soubesse como Libby tinha consumido sua mente durante anos. Nem sequer sabia como tinha ocorrido... ou quando foi que tinha decidido persegui-la. Tampouco sabia exatamente o que faria com ela uma vez tivesse êxito. Só era algo que tinha que fazer. Era algo assim como o que lhe levava a uma investigação, só que isto era mais potente. E como com sua investigação, não havia possibilidade de fracasso em sua mente. -Se continuar assim, acabará no hospital por desnutrição e eu vou ter que me encarregar de você. A preocupação na voz de Sam fez que Tyson fizesse uma pausa. Franziu o cenho para seu primo, como sempre se sentindo culpado por permitir que Sam tratasse de encarregar-se dele. Sam tentava tanto lhe entender, mas obviamente era impossível. -Prometo fazer um recesso para comer. Que se divirta com seu encontro. Sam arranhou a cabeça, com o cenho franzido. -Ouvi sem querer a chamada telefônica do fulano da BioLab. Não soava muito contente com você. -Harry - Tyson proporcionou o nome, agitando a mão em um gesto de descarte. -Não se preocupe por isso. Não nos levamos bem. Eu acredito que está fazendo um trabalho de duvidosa condição e ele pensa que eu sou um sabujo em busca de glória. Ele sabe, mas rechaça a idéia, que há problemas com a nova droga PDG. Gosta dos atalhos e infelizmente o departamento de vendas também. Se conseguirem colocar esta nova droga no mercado, a companhia tem probabilidade de fazer milhões imediatamente. -Ocorreu alguma vez que o velho Harry poderia enfurecer-se com você por lhe pisar o terreno? Se esta coisa vale tanto dinheiro para sua companhia talvez o mais seguro fosse você dar meia volta e ver o que ocorre. Pode estar equivocado. -Não estou equivocado. Olhe o que aconteceu com Drew Madison. Estava tomando a droga e está no grupo de idade que parece estar tendo problemas. -Não sabemos se a queda de Drew não foi um acidente. -Sam deu um passo para seu primo e parou outra vez. -Eu não gosto de tudo isto, Ty. Tem mensagens de Edward Martinelli… -Algo absolutamente sem relação. - Confiou-lhe Tyson. -Falamos por telefone, isso é tudo. Chamei-lhe e pedi que me devolvesse a chamada logo que fosse possível. Conhece o Ed. Fizemos espeleologia juntos. Caramba, inclusive jogou cartas com ele. -Esse o problema, Ty. Sua cabeça pode estar no laboratório todo o tempo, mas incluso você sabe que tem conexões desagradáveis. Se for acionista majoritário sua companhia está ao ponto de lhes fazer perder um enorme benefício, provavelmente consiga umas botas de cimento. -Ed pode ter parentes envoltos no crime organizado, mas lhe conheço há anos, Sam. É um homem de negócios honesto. Ed herdou o negócio de seus pais, nenhum dos quais era um gangster. -Não pode ser assim tão ingênuo, Ty. Sem dúvida está usando seu negócio para limpar dinheiro e eu sei de fato que está muito envolto no mundo dos jogos de azar. Tem seus dedos em todo tipo de coisas. Tyson afundou em uma cadeira, com aspecto cansado. -Conheço Ed há muito tempo. Seus pais e meus eram amigos próximos. De fato, uma das razões pelas que fui trabalhar no BioLab foi porque a família de Ed persuadiu meus pais que me dariam qualquer equipamento que quisesse e espaço para trabalhar no que eu quisesse se me unisse a eles. E me ofereceram um salário mais que generoso. Meus pais por sua vez estavam emocionados comigo. BioLab sempre manteve suas promessas comigo. -Vamos, Ty. Seus pais acreditaram no que queriam acreditar. Quantas vezes foi processado o pai de Ed? -Mas foi declarado inocente.


-Uma vez a testemunha desapareceu e outra vez foi assassinada. -Um acidente. -Eletrocutado em uma casa refugio com policiais lhe custodiando. Uma repentina diversão cruzou a face de Tyson. -Essa é exatamente a questão. Estava bem protegido e o idiota levou um rádio ou algo pelo estilo com ele à banheira. Merecia morrer se era tão estúpido. Sam pôs os olhos em branco. -Não é tão ingênuo. -Não, não o sou. Vamos, Sam, essas são lendas urbanas. Nunca ocorreu. Só uma vez, não duas, alguém apresentou queixa contra o pai de Ed. Houve um contador que foi aos federais e declarou que tinha provas que os Martinellis pertenciam à máfia. Os periódicos fizeram a festa, mas quando o caso foi desprezado por falta de provas, ninguém se retratou das acusações. A testemunha não morreu, escapou porque mentia. Estava zangado porque foi despedido por desfalque. Ninguém contou isso tampouco. -Não me preocupa tudo isso. Talvez o pai não estivesse envolto com a máfia mas Ed Martinelli está. Sua companhia farmacêutica provavelmente limpa dinheiro de seus outros negócios e se você se interpuser em seu caminho, te fará mal. Deixa de investigar essa droga e trabalha em seu inibidor ou no que seja. Houve um pequeno silêncio. Tyson suspirou pesadamente. -Fale tudo, Sam. Sabe mais do que conta sobre Ed para que isto seja uma conversa casual. O que acontece? -Nada. Só que não quero que fale com ele. Não quero que faça algo que o ponha em seu radar. Joga sujo. -Quanto lhe deve? -perguntou Ty secamente. Sam xingou brandamente. -Esse é meu problema, resolverei. Não brinco, Ty, não fale com ele. Se mantenha completamente afastado. -Isso é uma sandice. Está te ameaçando? -Tyson ficou em pé tão rápido que a cadeira caiu ao chão com um forte ruído. -Maldição, é meu problema se ameaçar você. Eu lhe apresentei isso. Só lhe pague o dinheiro e termina com isto. -Agora já não pegará o dinheiro, Ty. Deixa-o. Não queria que soubesse porque é meu problema e você fica obcecado no que se refere a estas coisas. Já me conhece. Sempre digo que vou deixar as cartas, mas então penso, só mais um jogo. Encarregarei-me disto como faço sempre. -O que quer dizer com não pegará o dinheiro? Sam sacudiu a cabeça. -Disse-me esta manhã que se esqueceria da dívida se eu arrumasse para que pudesse falar com Libby Drake. Se não, não pode garantir minha segurança. -Disse isso?- A fúria lhe atravessou. Ao fim, alguém sobre quem canalizar sua cólera. Realmente te ameaçou? -Tyson começou a passear de um lado a outro, incapaz de conter a energia e a adrenalina que alagava seu corpo. Seus dedos se fecharam em dois punhos apertados. -Não com tantas palavras. É muito preparado para isso. Por isso não quero que se aproxime de Libby. Eu fui o único o suficientemente estúpido para me colocar em uma confusão e posso encontrar uma saída. -Eu chamarei o filho da puta, Sam. Somos amigos. Inclusive enquanto o dizia, Tyson se perguntou quanta verdade havia nisso. Sim, tinham crescido juntos, mas inclusive de meninos, Ty tinha sido alheio aos que tinha a seu redor. Ed tinha desfrutado de suas viagens juntos ao estrangeiro, mas não se moviam nos mesmos círculos sociais. Demônios, Ty não tinha um círculo social. -Deixe-me isso. Eu me encarregarei disso.


-Não! Se mantenha longe dele. Já esteve perto da morte. - Sam empalideceu grandemente. -Não acredita que ele possa ter tido algo a ver com seu arnês quebrado, não é?- cobriu-se a cara brevemente. -Talvez já esteja em perigo por minha culpa. -Duvido que possa ter chegado aos arnês, Sam. -Bem, se o fez, não é provável que ninguém saiba nunca, agora que a prova desapareceu. Ainda não posso acreditar que desapareceu do carro de Jonas diante de todo mundo. Tyson sacudiu a cabeça. -Ninguém o viu. O mais provável é que alguém da multidão o tirou do jipe antes que a polícia passasse os laços a zona. Todo mundo tinha curiosidade e um menino se haveria sentido tentado de agarrar uma lembrança, ao menos é o que me disse Jackson quando chamei para perguntar por ele. Jonas está ainda na UTI e duvido que alguém tenha podido perguntar-lhe algo. -Bom para as irmãs Drake e seus milagres. -disse Sam. Tyson voltou para seu trabalho, ocultando sua expressão. -Sabe, Sam, parece um pouco estranho que alguém atacasse o xerife sem uma razão. Acredito que alguém queria esse arnês. -Ty expressou sua conclusão mental esperando não ficar como um bobo. -Duvido que seus assaltantes soubessem que era um xerife. Não levava o uniforme nem ia em um carro oficial. Havia um montão de gente ao redor. Estava escuro, mas qualquer um pensaria que alguém tinha avisado. - Sam deu de ombros. -Se os empregados de Edward Martinelli tiveram algo a ver com isso, provavelmente poderiam levá-lo a cabo. São profissionais. -Jackson disse que a área foi protegida logo que possível e o pessoal do forense revisou tudo de maneira que terá rastros digitais, ou o que seja que façam. Só que não vejo como alguém pôde aproximar-se do jipe sem que alguém o tivesse notado. -Quando falou com Jackson? -perguntou Sam. -Queria saber o que tinha ocorrido com o arnês. Brannigan chamou duas vezes por isso assim como também para falar com você e pensei que precisávamos nos assegurar, assim chamei esta manhã. -Bem, me dá calafrios que tenha desaparecido assim. -Disse Sam. -Todos usamos esses arnês e se estava defeituoso, todos nós estamos em perigo. Todo mundo está nervoso por isso. O CDF esteve comprovando os arnês e também o fabricante. Até agora, nenhum está com problema. Não sei, Ty, quem quer que tenha que ser o seguinte idiota em baixar a corda não vai estar muito contente e realmente não lhes posso culpar. -Melhor que não seja você - disse Tyson, sério -Não posso me permitir o luxo de te perder, Sam. É a única família que tenho. Houve um silêncio embaraçoso. Sam lhe lançou um pequeno sorriso. -Quer dizer que sou o único que te agüenta. -O sorriso se desvaneceu lentamente. - Sério, Ty, não contate o Martinelli. Não tenho planejado outro funeral -Eu lhe chamei em primeiro lugar para outra coisa, Sam. Sabe que quero falar com ele, mas lhe evitarei até que me acalme. -Tyson olhou seu relógio de pulso. -Não chegará tarde a seu encontro? -Demônios, vai se zangar. -Sam lutou por soar alegre, abandonando sua discussão com o Tyson. - Já que não vai vir comigo esta noite para pagar a conta, tem algum dinheiro ai com você? -Acreditava que havia dito que tinha tirado uma grande quantidade e a tinha deixado no escritório do piso superior só para emergências. Utiliza isso. -Não tirei o suficiente para um encontro. Ty procurou nos bolsos com um pequeno cenho franzido. -Acredito que deixei a carteira acima. Não tenho nem idéia de quanto há, mas deveria haver o suficiente em sua conta se não tiver bastante dinheiro em efetivo. -Estou descoberto. Não tive oportunidade de fazer nenhum depósito com tudo o que passou. Tyson deu de ombros.


-Então usa a conta familiar. -Voltou às costas a Sam com o pretexto de voltar para trabalho, mas estava furioso por que Edward Martinelli virtualmente tinha ameaçado seu primo. Sam podia não querer que se envolvesse, mas definitivamente ia se ocupar do problema. Martinelli tinha posto em perigo às duas pessoas que importava a Tyson no mundo... Sam e Libby. Não tinha nem idéia de por que Libby sempre tinha sido tão importante para ele, mas do momento que tinha posto seus olhos nela, sempre tinha estado ali, no fundo de sua mente, sem dominar seus pensamentos, mas nunca esquecida. Tinha sido assim desde o dia que a tinha visto com a vítima do acidente em Harvard. Antes disso, tinha sido feliz só observando-a, vendo as expressões passar por sua face, escutando o som de sua risada. Libby Drake era importante para ele. Ela inclusive não sabia o importante que se tornou em sua vida. -Não pode vê-la. -disse Sarah em voz baixa, mas firme. Plantou-se na entrada da porta para impedir que Tyson passasse rodeando-a. Ty a fulminou com o olhar, no mais mínimo intimidado pela mais velha das irmãs Drake. Seu ataque se converteu em um ritual diário. -Estou começando a pensar que a tem prisioneira nesta casa. Quero vê-la com meus próprios olhos para me assegurar de que está bem. -Te ocorreu que ela poderia não querer vê-lo? -perguntou Sarah a secas. -Não tenho nem idéia de por que é tão hostil. - Morria por sacudir à mulher. Ela estava ali em pé lhe estudando como se fosse um pestilento inseto sob um microscópio. Sempre tinha desfrutado observando às irmãs Drake juntas, mas agora só queria que a mais velha desaparecesse. Soltou o fôlego lentamente e trocou de tática. -Só quero vê-la durante uns minutos para me assegurar de que está bem. Não vou sequestrá-la. - Tinha-o considerado só para afastá-la de sua família. Sarah elevou uma sobrancelha. -Deve ter cruzado pela sua mente essa idéia se acredita que tem que me reconfortar dizendo que não está aqui para sequestrar minha irmã. -Por que é tão hostil? -repetiu Tyson. -Não sou exatamente um desconhecido para você. -A grade estava fechada. Como entrou? Ele pôs os olhos em branco, doente pelos atrasos e a obstinação dela. Não tinha nenhuma paciência para o que considerava uma idiotice total. Já era o suficientemente difícil desfazer-se em delicadezas sem ter que aguentar a obstinação de Sarah Drake. Detestava ter que ser socialmente correto só para passar pela porta e poder ver Libby... por mais difícil que fosse, plantou os talões, decidido a vê-la. -Conduzi meu carro, estacionei-o abaixo na entrada e subi diretamente andando. O cadeado estava no chão e a grade estava aberta. Em qualquer caso, Sarah, a grade não é tão alta e é bem sabido que eu faço montanhismo e alpinismo. Duvido que sua pequena grade ou seu portão me detivessem. Sarah cravou os olhos nele como se lhe tivessem crescido duas cabeças. -O cadeado estava no chão? Ele apertou os dentes. -Você não será lenta de raciocínio, verdade? Porque se quiser, falarei mais claramente e pronunciarei cada palavra. O olhar dela se entrecerrou -Se está tratando de ser gracioso, não está tendo êxito. -Quero ver Libby agora. - Tentou não soar beligerante, mas seu tom fez que até ele se sobressaltasse. Estava definitivamente ao final da pouca paciência que possuía. Um movimento atrás de Sarah atraiu sua atenção e se aproximou um passo, esperando que Sarah cedesse terreno, mas ela se manteve no centro da soleira. -Deixa de escapar como uma pequena covarde, Libby. -disse ele. -Estou tentado a agarrar sua irmã e lançá-la sobre os arbustos.


Sarah bufou burlonamente, mas deu um passo atrás quando Libby se escorreu por seu lado. A aparência de Libby o emocionou. Ela sempre tinha sido pequena, mas agora estava gasta, tão magra que parecia um fantasma. Havia círculos escuros sob seus olhos e sombras... mas lhe estava fulminando com o olhar. -Está ameaçando Sarah? -Ainda não, mas o estava considerando. -Sarah te esmagaria. -disse Libby. -Talvez, mas você não parece em condições de me esmagar, assim correrei o risco com você. -Levantou-a nos braços, tirando-a da entrada e entrando em grandes passos a casa. Sentiu um curioso movimento sob seus pés quando entrou, mas antes de poder pensar nisso Libby se converteu em um molho de fúria, lhe golpeando com força no peito. Esperou que a dor de seu esterno quebrado lhe golpeasse, mas surpreendentemente, não sentiu absolutamente nada. -Que diabos está fazendo? Não sou uma boneca de trapo que possa lançar sobre seu ombro para poder se pavonear como um macho. Custou-lhe um grande esforço não sorrir. Gostava dela furiosa; parecia ficar assim só quando estava a seu redor, e isso era muito melhor que nenhuma reação. Tyson a pôs em meio da sala de estar, estabilizando-a quando se balançou ao apartar-se dele. Procurou alguma forma de romper o gelo e, como sempre, feitos escuros foram a primeira coisa que veio à mente. -Sabia que os chamans utilizavam bonecas para as curas? Alguns pintavam bonecas vermelhas para ressuscitar aos mortos. E em alguns lugares do Alaska, o Chamán esculpia uma figurinha de mulher para curar a infertilidade. -Tyson. - interrompeu-lhe Libby, com os punhos nos quadris e a cabeça arremessada para trás para lhe contemplar. -Definitivamente se tornou completamente louco. Força a entrada em minha casa, lança-me sobre seu ombro como um ridículo cavernícola... Ele sustentou em alto a mão para detê-la. -Não há necessidade de ficar melodramática. Atente aos fatos, Libby. Primeiro, não entrei a força, cruzei andando a soleira como qualquer outro homem. Segundo, não te lancei sobre meu ombro. Embalei você contra mim com grande cuidado, apesar de minhas costelas rotas, poderia acrescentar. Enquanto falava, passeava pela habitação, primeiro examinando o mosaico do chão e depois estudando as paredes. Sarah pôs os olhos em branco. -É todo seu, Lib. Se necessitar algo de mim, só me chame. Estarei com Kate acima em seu quarto. Desfazer-se de corpos é sua especialidade. Só é uma idéia. Tyson franziu o cenho as suas costas. -Eu acreditava que Kate era escritora. -De novelas de assassinato e mistério - Disse Libby com exagerada paciência. -Oh, é certo. Li um de seus livros uma vez. Não era uma má história. Libby apertou os dentes. -Veio aqui por alguma uma razão, ou só para me incomodar? Ele soltou um suspirou. Isto não estava indo muito bem. -É obvio que vim aqui por uma razão. Só fazia um comprimento a sua irmã. Não vejo como poderia te incomodar isso a menos que... -Procurou a palavra, sua face se iluminou-. -Não pode ser que esteja ciumenta. Kate está comprometida e sou bastante antiquado a respeito desse tipo de coisas. Se uma mulher está comprometida, está fora dos limites. -É bom sabê-lo. -Libby se deu por vencida e afundou em uma confortável cadeira, lhe observando rondar por sua casa, recordando um pouco a Sherlock Holmes. -Busca algo? O olhar dele voltou para o mosaico do chão. -Não sei, asas de morcego e olhos de píton. A supermodelo com um caldeirão.


Libby vaiou entre os dentes apertados com força. Se não tomasse cuidado seus dentes iriam se fazer em pedaços com a pressão. -O nome da minha irmã é Hannah e no momento está no hospital com Jonas onde esteve a última semana e meia, noite e dia junto com outra de minhas irmãs. Tyson estou perdendo a paciência. Não estava ganhando pontos com ela. Parecia não ser capaz de censurar-se a si mesmo, embora o tentasse. Só estava sacudido pela visão de sua face tão pálida. Parecia quase etérea, como se um forte vento pudesse levá-la voando. Ela se sustentava rigidamente, com os braços colocados ao redor de sua cintura, como se seu peito estivesse ferido. Havia cautela em seus olhos e ele compreendeu que as coisas que havia dito tão abruptamente sobre sua irmã realmente a tinham ferido. Tyson deu a volta, seus penetrantes olhos azuis descansaram sobre a face dela, com expressão repentinamente perdida. -Vim ver como se encontrava. Deu-me um susto mortal, Libby e suas irmãs não me diziam como se encontrava. -aproximou-se um passo, erguendo-se sobre ela, apareciam sombras nas profundidades de seus olhos. -Dez dias. Não fui capaz de dormir ou comer ou sequer trabalhar como deveria. Tem-me feito passar um inferno. Libby abriu a boca para lhe responder e a fechou bruscamente. Uma parte dela queria gritar que se fosse, mas a olhava e soava tão vulnerável. Ele passou ambas as mãos pelos cabelos com frustração. -Sou tão inadequado nisto. Digo e faço todas as coisas equivocadas, Libby, e posso ver que isso lhe transtorna. -Recolheu uma fina manta que descansava sobre o respaldo de uma cadeira e a envolveu com ela. A ação foi tão inesperada e suas mãos tão suaves, que por um momento ela não pôde falar. Ficou lhe olhando fixamente sacudindo a cabeça enquanto tratava de aferrar-se a seu aborrecimento. -Por que está tão zangado com minha família? Houve um pequeno silêncio. Tyson se deixou cair em uma cadeira frente a ela. -O termo moderno de família provém da palavra latina famulus, que significa servente. Na Arábia nos tempos de Muhammad, a palavra para matrimônio era nikah, que literalmente significa relações sexuais. No Corán, também se utilizava para dizer contrato. O matrimônio era conhecido como um contrato para relações sexuais. A sobrancelha de Libby se arqueou. -Não o capto, Ty. Nem sequer quero saber o que quer dizer com isso. Ele deu de ombros. -Não queria dizer nada em especial, só acreditei que poderia achar interessante. Libby deixou escapar o fôlego em uma lenta rajada de ar. Tyson utilizava feitos como mecanismo de defesa. No momento em que se sentia incômodo com algo, elevava feitos aleatórios, distraindo-se e a tudo o que rodeava. Provavelmente o tinha estado fazendo desde sua infância quando seus pais não estavam realmente interessados nas coisas das que ele queria falar, assim tinha desenvolvido uma forma de fazer trocar seu cérebro do emocional ao intelectual instantaneamente para proteger-se. O coração de Libby estava com ele. Não queria sentir como o fazia, todo suavidade quando o que ele necessitava na realidade era uma lição de boas maneiras. -Por que se preocupa absolutamente, Ty? Apenas falou comigo durante anos. -Falei, só que você nunca me escutava. Libby franziu o cenho. Sentiu-se atraída por ele durante anos. Em segredo talvez, mas teria se dado conta se ele tivesse mostrado algum interesse nela. -Isso não é certo. -É certo, só que você não via alguém como eu. -Alguém como você?


-Repete as coisas. Necessita algo? Água? Chá? Sempre bebe chá. Parece mais fantasmal que o habitual em você. -ficou em pé de um salto de novo e pousou a palma de sua mão sobre a testa dela. Libby apartou a cabeça de um puxão, lhe franzindo o cenho. -Um fantasma? Pareço mais fantasmal que o habitual? Ele ficou agachado diante dela até que seus olhos estiveram ao mesmo nível. De perto ela pôde observar que estava cansado. Sua preocupação por ela estava esculpida nas linhas de seu rosto. -Repete tudo o que digo. -pronunciou cada palavra cuidadosamente. -Porque não posso acreditar que me diga tais coisas, nem sequer que as esteja pensando. Ele se tornou para trás sobre seus pés. -O que falei de incorreto esta vez? -Acredita que uma mulher quer que a chamem fantasmal? Notícias de última hora, amigo, as mulheres não tomam isso como um elogio. Faz-me sentir como um zumbi. -Isso é uma estupidez - replicou Ty, exasperado. -Sabe que é formosa, Libby. Não é possível que possa pensar outra coisa. É incrivelmente inteligente, realmente entende o que digo e quando sorri, todo mundo a seu redor quer sorrir com você. Está pálida agora. Estou pensando em chamar um médico para que te examine. O que acontece com todo mundo aqui que não vêem que está doente? Necessita que alguém se ocupe de você. Libby sabia que tinha a boca totalmente aberta. Só pôde ficar lhe olhando durante um longo momento, esperando que uma mosca não zumbisse por aí. O homem era impossível. Sempre lhe estava dizendo algo que a fazia desejar lhe pegar... ou algo que a fazia desejar lhe beijar. Agora mesmo não estava segura do que mais desejava fazer. -Eu sou médica. -recordou-lhe, lutando por não perder o equilíbrio. Não havia forma de manter nenhum tipo de equilíbrio ao redor de Tyson. Sentia muita compaixão, muita atração física e estava tão zangada que queria gritar. Nunca em sua vida alguém a tinha rasgado em tantas direções. -Se necessitasse tratamento, teria Ty. E minhas irmãs me querem muitíssimo. Definitivamente se assegurariam de que recebesse qualquer cuidado médico que necessitasse. No momento em que as palavras abandonaram sua boca pensou em Hannah. Não tinha visto a perda de peso de sua irmã e certamente não a tinha ajudado. Tyson apanhou seu queixo, a ponta de seu polegar lhe percorreu os lábios. -Agora parece triste. Tem uma cara muito expressiva. Estava acostumado a me sentar na classe e te olhar fixamente. Podia passar horas assim, sabe, inclusive quando me olhava como se estivesse louco. Por que ficou tão triste de repente? -Só estava pensando que deveria ter ajudado a uma de minhas irmãs com um problema que tem. Ela sempre olha por todas nós e não tomamos o cuidado que ela necessitava. Ele tocou seu joelho. -Me diga o que necessita e que eu me encarregarei disso por você. -Por que quereria fazer isso? -Assim não se preocuparia mais. Libby sacudiu a cabeça. -Não tenho nem idéia do que pensar de você, Ty. Minha família é minha vida. Vi a forma em que franze os lábios quando fala de nós e sei que acredita que somos todas umas estelionatárias. E logo vai e diz algo como isso. -Inspirou profundamente. -Adoro minhas irmãs e meus pais. São parte de mim... uma grande parte do que sou. -Sei. -Ele suspirou e ficou em pé. As coisas não foram de tudo como ele necessitava que fossem. -Me receberá se voltar de novo amanhã? Podemos dar um passeio. -De verdade não podia comer ou dormir? -Isso não é tão importante como o fato de que não posso trabalhar. Nada interfere com meu trabalho. Bom, à exceção de você.


Ele passou as mãos pelos cabelos outra vez, o que lhe deixou com aspecto de professor enrugado mais que nunca. Ela pressionou uma mão sobre o estômago, não gostando da sensação de suas vísceras derretendo-se. -Não podia trabalhar? Seus olhos se entrecerraram outra vez, com o olhar fixo na face dela. -Soa débil. Deveria chamar sua irmã? -Não podia trabalhar por mim? -Se ele soltasse um de seus feitos científicos em lugar de lhe responder, realmente poderia lhe nomear como candidato para um foguete a Marte. Por outra parte, se respondia, ia fazer algo estúpido como lhe beijar outra vez. -Maldição, não, não podia. O trabalho é importante para mim. Não preciso que faça isso com sua saúde. Fico obcecado por lhe ajudar Você é doutora, Libby, deveria ter melhor critério. Não ia haver nada de beijos. Elevou a voz. -Sarah? Temos Tums na casa? -Não estará tomando muito antiácidos, verdade? Não quererá terminar com cálculos nos rins. Os elementos mais comuns dos cálculos são o cálcio, oxalate, fosfato e ácido úrico. Libby afastou o rosto, temendo que a risada estivesse muito próxima. Tinha-o feito novamente. Duvidava que fosse consciente disso. -Obrigado pela informação. Como doutora, será muito útil. Franziu-lhe o cenho. -Vou deixar você descansar, Libby. Necessito realmente conseguir terminar algum trabalho, mas virei amanhã para passear com você. -Como pode trabalhar quando tem as costelas quebradas? -Sua palma lhe acariciou ligeiramente as costelas, gerando esse mesmo calor que havia sentido antes. Cobriu a mão dela com a sua, sujeitando-a firmemente contra ele. -Não para os florestais. Tenho um laboratório em meu porão e tenho um projeto que estou muito interessado. -De verdade?- Sua face se iluminou com interesse. -Me fale disso. -Amanhã. Quero ver se posso fazer algo esta noite. Pode ser que agora que não tenho que me preocupar se suas irmãs a estão deixando encerrada na torre e a estejam deixando morrer, possa conseguir terminar algo. - Ficou em pé, deixando ir sua mão a contra gosto enquanto se inclinava sobre ela para lhe roçar um beijo no alto da cabeça. -Virei amanhã, Libby, assim diga a guardiã que me deixe entrar. -Se está se referindo a minha irmã, seu nome é Sarah. -Tem um montão de irmãs. - Saiu a pernadas da casa, fazendo uma pausa na porta para voltar o olhar para ela. Libby podia sentir seu coração palpitando muito rápido. Sua expressão era quase faminta. Ofegante. Nostálgica. Inclusive mais que isso, parecia protetor com ela. -Melhor descansar um pouco. -Farei Ty, - tranqüilizou-lhe. Quando ele fechou a porta ela ficou sem fôlego, dando-se conta que o tinha estado contendo. -Foi-se? - perguntou Sarah, aventurando-se ao interior da habitação. -Sim. -Neném. - Sarah esfregou a cabeça de Libby carinhosamente. -Esse homem é francamente enlouquecedor. Posso sentir a atração que sente por ele, mas ele é simplesmente muito estranho. -É brilhante. Fala vários idiomas, pode falar de qualquer tema que eu queira discutir e é muito, muito bom. E é genial beijando. - Libby levantou o olhar para contemplar Sarah, sentindo-se um pouco perdida. -É brilhante e isso é como um afrodisíaco para mim. -Ou mais provavelmente é a síndrome do pássaro ferido. -Que demônios é isso? -Sua necessidade contínua de ajudar aqueles que necessitam e se alguém tem essa necessidade, é Tyson Derrick.


Libby fez uma careta. -Agora volto a ser a boa garota outra vez. Libby, a Santa. Seria melhor se a atração fosse só sexo. Libby a garota má é muito mais do meu gosto. Sarah gemeu. -Sim, porque todas as garotas más gostam de ouvir que estão tão pálidas que parecem mais um fantasma do que o habitual. Quase lhe estrangulo por essa e Hannah lhe teria convertido em sapo no ato. Libby estalou em gargalhadas. -O homem realmente poderia melhorar seus elogios, não é? O pior é que começo a encontrá-lo cativante. Sarah pôs os olhos em branco. -Está acabada. E isso só me dá razão. Não poderia ser má embora o tentasse, não está em sua natureza. Ninguém mais na face deste planeta encontraria esse homem cativante. É como uma espécie de porco-espinho. Toca-o e terá a mão cheia de espinhos. -Na realidade é bastante doce. -Esse homem analisa seus sentimentos, não os sente realmente. -Está equivocada Sarah, e ele não é “esse homem”. Seu nome é Ty ou Tyson. -Sinto muito, carinho. -Sarah lhe revolveu o cabelo. -Bebe seu chá. -Sei que não pode entender. - disse Libby. Notou que soava arrependida e franziu o cenho. -Não necessariamente. -disse Sarah, envergonhada de si mesma quando podia ver o desejo nu na cara de sua irmã. Era só que queria gostar de todos os escolhidos de suas irmãs. Não podia se imaginar gostando de Tyson Derrick. -O cadeado caiu da grade e a casa lhe deixou entrar. Não houve resistência, Libby, notou? -Estava muito ocupada notando quão duro estava seu corpo. Não é justo, Sarah, deveria ter cérebro ou músculos, mas não ambas as coisas. Sarah riu. -Elle não se alegrou que o mantivéssemos longe de você. Disse que deveríamos deixar que a natureza seguisse seu curso. -E isso o que significa? -Libby estava horrorizada. -O que sabe ela? -Elle nunca diz exatamente o que quer dizer, mas foi muito inflexível. É duro para ela manter o equilíbrio entre dar intimidade às pessoas, livre-arbítrio e nos advertir de não fazer algo estúpido porque sabe coisas que nós não. -Sua vida é muito difícil, Sarah. Preocupo-me com ela. Disse-me que não quer ter filhos. Sarah deixou sua xícara de chá, emocionada. -De verdade? Por quê? Ela leva todos os dons. Sem ela, o legado Drake provavelmente acabaria. Libby suspirou. -Está muito triste. Acredito que é a carga que leva. Disse-lhe que falasse com mamãe. Mamãe teve que aprender como fazer frente em saber o que todo mundo está pensando e sentindo todo o tempo. Eu trato de ajudá-la, mas Elle não me deixa. -Não deveria ajudar ninguém durante um tempo, Libby. Precisa encontrar algum tipo de equilíbrio. Dá muito de você mesma a todo mundo. Se segue permitindo que as pessoas tomem partes de você, logo não ficará nada. Está sempre disposta a tomar a enfermidade ou as feridas de alguém. -Era Jonas. Não tinha alternativa. -defendeu-se Libby. -Fez duas vezes. Curar infecções é uma coisa, simplesmente está utilizando energia para sanar, mas tomar algo dessa magnitude, absorver as feridas... Poderia morrer. Por que curou Tyson Derrick? Libby olhou as mãos. -Não tive escolha, Sarah. Não pude me deter. Não tinha intenção de lhe curar, mas fui atraída até ali e então ocorreu. Ele nem sequer sabe.


-Não quer sabê-lo porque teria que acreditar em algo que não pode provar. -disse Sarah. -É mais fácil acreditar que somos estelionatárias. -Ele não pensa isso. -insistiu Libby. -É um cientista. Pensa diferente. -A magia é ciência. Só que ele não pode explicar, mas tudo é sobre a energia e o universo. Ele não encaixa conosco, com nossa magia. -Pode ser que não. -admitiu Libby e soprou seu chá para evitar o olhar de sua irmã.


Capítulo 8 Libby tentou esconder sua excitação e nervosismo de suas irmãs quando olhou discretamente o relógio da sala de estar. Tyson estaria ali de um momento a outro. Tinha tentado melhorar seu aspecto. Sempre estava pálida, por isso utilizou maquiagem, esperando ter mais cor. Inclusive tinha maquiado mais os olhos que de costume. Vestia um par de confortáveis calças jeans, mas na parte superior se aderia um suéter ligeiro. O puxão de estar com ele não tinha sentido para ela, a menos que, como Sarah tinha particularizado, fosse a síndrome do pássaro ferido. Libby caminhou para o sofá e rodeou com o braço o pescoço de Hannah para inclinar-se e a beijar em cima de sua cabeça. -Está cansada, doce. Não pode dormir? Posso te ajudar, se me deixar. Hannah agarrou sua mão. -Não, não pode. Deve deixar de utilizar a energia durante muito tempo, inclusive para pequenas coisas. Bebo camomila e pelo menos em casa posso me relaxar. Jonas somente respira. -Sem prévio aviso, Hannah conteve um soluço e pôs as mãos sobre sua face para silenciar as lágrimas. Libby se sentou e abraçou Hannah. Imediatamente sentiu o ligeiro estalo quente, procurando consolar sua irmã, aliviar sua dor. Hannah se apartou abruptamente. -Libby! Supõe-se que está descansando. -Não quando você me necessita. -disse Libby firmemente. -Nunca te vi assim... -Deteve-se procurando a palavra correta. - desfeita. -É que nunca esperei que ele se machucasse. Não é só o dano, é que alguém quase lhe matou. Por que, Libby? Por que alguém faria isso a Jonas? É um bom homem e de verdade se preocupa sempre com as outras pessoas. Você o viu a outra noite tão alterado pelo caso de abuso paternal. Coloca todos acima de si mesmo. -Eu sei carinho - Disse Libby. Hannah se via magra, seus olhos avermelhados com círculos escuros embaixo. -Esteve muito mal, mas viverá. Voltará a nos dar ordens continuamente muito em breve. Hannah lhe transmitiu um pálido sorriso. -Nunca pensei que quereria ouvir suas ordens arrogantes outra vez, mas mal não posso esperar para ouvir-lhe Libby forçou um sorriso brilhante. -E uma vez que o faça você quererá convertê-lo em sapo outra vez. Em lugar de fazê-la rir Hannah pôs-se a chorar. -Disse que o queria em um foguete para Marte. Experimentava feitiços para mantê-lo afastado da casa, mas nunca quis lhe fazer mal. Supunha-se que tudo era uma brincadeira. -Hannah! Por todos os céus, não pode pensar que é responsável por alguém lhe disparar. Ele aplica a lei. Seu trabalho é perigoso. -Sempre pareceu tão invencível. Pensava que sempre lhe teríamos perto. -Hannah abaixou sua cabeça, ficando com o olhar fixo sobre suas mãos. -Ainda se estivesse casado, pensava que viria de visita porque ama a todas. Libby fez uma profunda respiração e a soltou. A dor de Hannah foi evidente. -Jonas te ama, Hannah. Não há dúvida sobre isso. Hannah apoiou sua cabeça contra o ombro de Libby. -Ele não me ama, sabe? Pensa que sou uma inútil. Libby quis chorar por sua irmã. -Hannah, pensa que é uma inútil? Jonas não acha isso.


-Você obviamente não ouviu como ele fala comigo. -Disse Hannah. -Ele não gosta do seu trabalho. Ocorreu-te que é possível que não goste que outros homens te olhem? Não em revistas ou em televisão, especialmente quando está com pouca roupa? Acredito que todos seus comentários resultam do ciúme. Jonas é o tipo de homem que protege aos que ama. Não pode proteger você quando está nas capas das revistas e odeia a idéia que totais desconhecidos olhem seu corpo. Hannah fulminou Joley com o olhar quando ela entrou no quarto. -Ele não é mesquinho com Joley e ela tem homens olhando-a sempre. -Não, mas a aborrece frequentemente e sempre consulta seus seguranças embora ela odeie isso. Quereria você enfrentar Joley sempre? É tão perigosa como uma serpente se chegar a irritá-la. -Me escute! -Joley se precipitou sobre o sofá do outro lado de Hannah, agarrando sua mão. -Acredito que uma serpente é um insulto. Sou mais como uma tigresa, ou alguma outra coisa feroz com garras. Hannah riu apesar da tristeza. -Não é mesquinha, Joley. Só finge sê-lo. Tem um suave coração. Joley se inclinou e beijou sua irmã na bochecha. -Segue pensando isso, doce, mas mantêm guardado ante mamãe e papai. Cuidadosamente cultivei essa imagem e eu gosto. Como está Jonas? -Está melhor - Disse Hannah. -Não podia manter os olhos abertos e Kate disse que ficaria com Abigail e o velaria até que eu retorne. -Vou fazer um pouco de sopa para você. -Joley propôs. -Mas você não cozinha - Disse Hannah. Joley deu de ombros com um pequeno sorriso. -É de lata, bebê, não é como sua sopa. Até eu posso esquentar uma lata de sopa. -Joley, isso é tão doce. Não tem por que fazê-lo. -Já o fiz. Não comeu nada a semana passada. Precisa se alimentar. Montões e montões de comida. -Não preguei o olho desde que Jonas recebeu os disparos. Tento-o, mas só tenho a imagem dele caído sobre o chão coberto de sangue. Acredito que nunca poderei tirar essa imagem da minha cabeça. -A mão de Hannah tremeu quando se roçou a boca. -Por que alguém lhe faria isso? Por quê? Libby negou com a cabeça. -Provavelmente nunca saberemos céu. Está muito cansada e precisa dormir. -Não queria deixá-lo, mas precisava voltar para casa. Kate e Abbey disseram que se encarregariam dele. -Repetiu Hannah, parecendo perdida. Joley intercambiou um longo olhar com Libby. -Não está fazendo nada errado em voltar para casa. Esteve no hospital mais de uma semana. Tem que se cuidar ou não servirá para nada a Jonas. Entra na cozinha e me deixe te preparar um pouco de sopa. - Ela puxou Hannah até que sua irmã se levantou. Só então se deu conta que Libby levava maquiagem. -Não pode ir trabalhar ainda, Libby. Necessita ao menos outra semana para se recuperar. Libby tratou de fingir indiferença. -Não, só vou sair para um passeio, talvez me dirija ao povoado para saudar Inez na loja de comestíveis. Necessito de ar fresco. Joley bufou. -Tem que aprender a mentir irmã. Está completamente ruborizada. Hannah estudou a cor escarlate avançando a rastros sobre as bochechas de Libby. -Vai vê-lo não é Libby? Tyson Derrick, o homem que pôs a nova marca de nascimento em seu pescoço. -Eu direi isso para mamãe. -Disse Joley.


Um pequeno sorriso apareceu na face de Libby. -Talvez ela pense que sou uma garota má. -Disse esperançosamente. -O que pensam? -Sinto muito, amor, não comigo em casa. -Joley lhe transmitiu um sorriso cativante. -Mamãe deve ter lido ao menos uma revista e me parece que agora tenho algum triângulo amoroso. -Ela repentinamente se viu esperançosa. -Ou talvez seja algum grupo de quatro. -Joley. -Hannah enrugou seu nariz. -Isso é eww... -Bom, seria bonito que minha vida fosse tão excitante na vida real como o é na de outras pessoas. -Acredito que a vida de Libby se está voltando excitante. - Disse Hannah. -Se lábios ardentes rondar por aqui as coisas vão começar a esquentar-se, mas pensava que Sarah o tinha jogado fora. -Não foge muito facilmente. - Disse Libby, uma pequena parte secreta sua contente que não se sentisse intimidado por sua família. Libby estava surpreendida de quão ansiosa estava por ver Tyson. Tinha pensado nele toda a noite, inclusive tinha decidido lhe dizer que não sairia com ele, mas sua determinação tinha minguado durante a manhã. Esteve sentada muito tempo observando o movimento do mar enquanto o vento o golpeava fortemente, fazendo espuma enquanto pensava em Tyson Derrick. Pensando nele, convencida que a necessitava. -Bom para ele. -Disse Joley, com aprovação em sua voz. -Necessita um homem forte. -Eu? Necessito-o? É o inverso. Ele analisa os sentimentos, ou não sente nada pelas pessoas ou não o reconhece quando sente. Isolou-se do mundo. Utiliza aventuras extremas, como conduzir um carro de corrida, só para sentir-se vivo. É muito bom fazendo comentários de pessoas e as observando, mas a verdade é que não quer implicar-se. -Exceto com você. Libby se ruborizou outra vez. Quando a olhava, havia um desejo inconfundível em seus olhos. Fome crua. Desejo. Necessidade. Tudo nela se elevou para responder. -Nós na realidade temos bastante em comum, embora Sarah não acredite. Ambos somos tranqüilos e é preciso muito para nos zangar, embora tenha notado que sou mais emocional a seu redor. Tem a habilidade de se colocar debaixo da minha pele como ninguém mais e faz sair à luz meu temperamento. Absolutamente amo sua mente. -Libby apanhou suas irmãs trocando um olhar. -Faço-o. Não posso remediar. É um gênio e pode falar comigo sobre as coisas que realmente me atraem, mas está desligado das pessoas e até de seus próprios sentimentos. Teve uma infância péssima. Acredito que me necessita, mas realmente, não vejo por que pensam que o necessito. -Por que vive sua vida para os outros e não tem limites - Disse Joley. -É inteligente, Libby, mas muito compassiva. Deixa muita gente agarrar pedaços de você. Não pode dizer não. Necessita alguém forte que venha e te proteja. Tentamos, mas temos tendência a te utilizar. Não pode dizer não e necessita alguém que te proporcione equilíbrio. -Não o faço. -Libby estava indignada. Hannah assentiu com a cabeça concordando com Joley. -Ela tem razão. Necessita um homem forte em sua vida, não um que corra de nós assustado. Joley olhou pela janela e assobiou. -Diabos. Oh, Lib, o homem tem muito bom aspecto hoje. Hannah e Joley se apertaram na janela. -Saiam daí antes que lhes vejam. -Disse Libby, envergonhada, mas podia sentir a risada borbulhando. Suas amadas irmãs brincavam com ela, mas Tyson pensava que sua família era trapaceira. Não necessitava que as apanhasse lhe olhando estupidamente. Mostrou as unhas para suas duas irmãs, esperando parecer feroz. –As duas para trás. Entrem na cozinha. -Olhe esse torso, Hannah. Oh, Deus. Sinto-me enjoada. -Disse Joley, dando uma cotovelada à alta loira.


Um sorriso de resposta apenas perceptível apareceu na face de Hannah, o primeiro real desde que Jonas tinha sido atingido. -Eu gosto da maneira que lhe esticam os músculos. -Não pode ver como lhe esticam os músculos. -Disse Libby, esforçando-se por ver. -Você não o vê o suficiente. -Disse Joley. -E leva postas calças jeans apertadas. Ooh ahh, ahh. -Ela se abanou. -Não há outra coisa a fazer. - Libby assinalou na direção da cozinha, tratando de ser severa. –Para lá. Ambas. Joley e Hannah foram, a gargalhadas, aparecendo à arcada para ver como Libby corria para a porta principal. Libby abriu a porta ao primeiro golpe. No momento em que o viu tão perto seu fôlego ficou entupido em sua garganta. Via-se quente com um par de calças jeans apertadas e uma camisa desabotoada. Seus cabelos negros derramados sobre sua testa e seus olhos azuis indo à deriva sobre sua face em um pequeno indício de posse. Seu coração acelerou em seu olhar absorto. Seu sorriso estalou um brilho de dentes brancos, o indício de uma covinha, seus olhos acesos. Não havia nenhuma maneira de deter seu sorriso de resposta. -Fez. -É obvio. - Ele tomou sua mão e a aproximou, elevando-a depois que ela fechou a porta firmemente. A ação atraiu seu corpo contra o dele. - Sente-se melhor? Ele era sólido, seu corpo musculoso, e ela podia sentir seu calor. Um pequeno tremor a atravessou. Seu ventre se contraiu. Tyson cheirava muito bem. Viril. Ela quis pôr os olhos em branco por seus pensamentos. -Sim, muito melhor. E você pôde dormir? -Sua voz envergonhada, rouca, tola e além do seu controle. -Consegui terminar algum trabalho e isso é o que realmente conta. Percebendo um movimento na janela, Libby se afastou de Tyson. -Em que está trabalhando? Ty reteve sua mão, puxando fortemente para obrigá-la a lhe seguir escada abaixo. Ele queria a apartar da influência de sua família na casa. Havia um poder indefinível que ele podia sentir apesar de sua determinação de não acreditar nas Drake sendo verdadeiramente diferentes. -Tenho algumas preocupações sobre a medicação do PDG-IBENREGEN. Acredito que há um problema, embora todos os outros pensem que está muito bem. Bom, querem acreditar que está muito bem. -A nova medicação se apóia em sua investigação original sobre a regeneração das células, não é? -Perguntou Libby. Ela era muito consciente de sua mão sujeitando a dela e a carícia de seu corpo contra o dela enquanto caminhavam. -Estava muito interessada na nova medicação para o câncer quando ouvi que se apoiava em seu anterior trabalho, mas para ser honesta, pensei que a tinham processado muito cedo. -Exatamente. -Ele esteve de acordo. .-Não pude obrigá-los a me escutarem. Recebi várias chamadas de Joe Fields dizendo que me afastasse. -É o mesmo que mencionou que tinha visto no hospital. -Disse Libby, dando um sorriso. Vê? Normalmente recordo das coisas. -Esse mesmo. Não está muito feliz porque seu velho amigo Harry, o bioquímico do projeto, tirou seu nariz da junta. -Na realidade você não gosta de Harry, não é? -Não faz o trabalho em condições. -Disse Tyson. -Não tolero ou respeito alguém que tem pressa e por isso não faz bem seu trabalho. Não investiga por amor à ciência ou para ajudar às pessoas, é mais um em busca de glória. Quer que todo mundo conheça seu nome. -Tem ciúmes de você. -Adivinhou Libby. Andando pela praia ela pode ver que o mar parecia juntar-se com o horizonte. As ondas estavam mais calmas sem o vento fresco.


-Estão fora da casa. Tyson respirou profundamente e a deteve, inclinando-se de maneira que seu corpo esteve diretamente em frente ao dela. Seus dedos apertados ao redor de sua mão, ameaçando esmagar seus ossos. -Ai está o problema, Libby. Pensei muito a respeito disso. Não acredito em magia. Não tem sentido para ninguém com um cérebro lógico. O que for que você e suas irmãs façam não é real. Não sei se sua família originalmente usou a prestidigitação para atrair com enganos às pessoas, mas independentemente das origens, observei você o suficiente para saber que acredita poder curar às pessoas. -Libby abriu a boca para falar, mas ele negou com a cabeça e pôs sua mão contra seu peito. -Só me escute bem. Acredito que experimenta sintomas psicossomáticos, muito parecidos com uma falsa gravidez, mas podemos nos dedicar a isso juntos. Sei que posso te ajudar a ver que ninguém realmente pode curar a ninguém com magia. É inteligente. Verá com o tempo. Ela só pôde ficar olhando-o em silêncio, destroçada entre ter a necessidade de rir e de chorar. Ele era tão sério, sua expressão como uma tumba e seus olhos azuis sustentando cativo seu olhar. -Verei que ponho a mim mesma doente fingindo curar às pessoas? -Obviamente ela os poderia escolher. Se só mantivera a boca fechada ela podia chegar a alguma parte com ele. -Posto dessa maneira soa mau. Mas na realidade fizeram uma lavagem cerebral em você, programando-a para acreditar nisso e seu cérebro engana a seu organismo para experimentar os sintomas. E isso pode ser perigoso para sua saúde. -Ele apertou seus dedos ao redor dos dela quando tentou apartar-se. -Não o faça, Libby, não se afaste. Estudei-a atentamente. Quero uma relação com você. Você pode me entender, estamos interessados no mesmo e eu penso que é uma mulher incrível. Estou disposto a pagar o preço de aceitar sua família. Realmente vale o sacrifício para poder te ver. Sua sobrancelha subiu rapidamente. -Que valente de sua parte receber a bordo minha louca família de estelionatários. - Ela inclinou sua cabeça para um lado. –Então não curo as pessoas, mas sim me convenci tão fortemente sobre isso que posso manifestar sintomas psicossomáticos das pessoas que penso ter curado. Isso é o que realmente pensa que acontece certo? -Sim. Se abrir sua mente ante a possibilidade, estou seguro que terá mais sentido para você. É uma científica, Libby, uma doutora. Quer curar às pessoas porque é muito compassiva, mas ninguém realmente o pode fazer. Não olhou alguma vez aos curandeiros das lojas e como defraudam ao público? -Como sabe que não são? -Ela começou a andar de retorno para sua casa, esta vez sustentando sua mão antes que ele não a deixasse partir. -Isso foi provado continuamente. Os curandeiros foram investigados e desmascarados. Seriamente, Libby, poderia mostrar muitos artigos sobre isso. Busquei-os a semana passada e os preparei em um arquivo para você. Está tudo por escrito. -Você fez isso para mim? -Ela mostrou seu sorriso mais doce, vagando lentamente para o caminho de sua casa. -Tyson Derrick, que bondoso é. Não tinha nem idéia de que fosse um homem tão prudente. Ele soltou seu fôlego. -Tinha medo que se incomodasse, Libby. Preparei-me para que levasse isso de uma forma negativa, mas deveria me haver precavido que entenderia. -Ele se deteve no caminho para sua casa. -Quer ir já para casa? Eu gostaria de passar mais tempo com você. Ela o puxou fortemente até que ele a seguiu outra vez. -Quero que entre e chegue a conhecer minhas irmãs. Se formos passar algum tempo juntos e está disposto a pagar esse preço, este é um bom momento para começar. Todo mundo está em casa com exceção de Kate e Abigail. Estão no hospital com Jonas. Hannah precisava descansar,


assim está aqui. Sorriu outra vez, pestanejando um pouco. -Ela realmente não usa muito o caldeirão. -Eu realmente não pensava passar algum tempo com elas, só as saudar quando for te pegar e te deixar. –Ty a contra gosto a seguiu subindo as escadas para o alpendre. -Não sou a pessoa mais fácil do mundo para estar em contato com outros. - Ele a deteve antes que atravessasse a porta, colocando seu braço ao redor dela, temendo entrar na casa. -Quem te disse isso? -Libby o contemplou, sua voz afiada com cólera. Ela podia pensar isso, mas não queria que ninguém o dissesse. -Sam. -Ele dobrou sua cabeça para a dela, baixando seu tom até um sussurro rouco. -Isso que amo em você, Libby. Vi esse olhar feroz, protetor em sua face sobre suas irmãs. Não precisa me proteger, mas não tem nem idéia de quanto valorizo o fato que me queira. O coração de Libby se derrubou. Estava lhe conduzindo como um cordeiro à matança, o qual absolutamente merecia, mas agora ele tinha que ir e dizer algo tão doce e fazê-la sentir-se culpada. -Sam nem sempre sabe o que está falando, Ty. -Não sei disso, Libby. Ele é uma das poucas pessoas em Sea Haven que compartilha minha opinião sobre a fórmula mágica de sua família. Parece-me que isso o faz mais sábio que a maioria das pessoas por aqui. Libby entrecerrou seus olhos. -Oh, de verdade? Tyson assentiu com a cabeça, sua expressão completamente sincera. -Sim. Para que veja, estive pensando bastante sobre isto. Está muito perto de sua família para ver a verdade. Está muito emotivamente envolta para pensar logicamente sobre elas. -Entendo. - Libby chegou ao claro e empurrou a porta. -Entra Ty, acredito que esse é o momento em que confrontará um pouco de realismo por você mesmo. Libby podia ver Elle ajoelhando-se perto da chaminé quando entraram. “Elle, Tyson diz que não acredita em nossa magia. Pensa que todas vocês me lavaram o cérebro com coisas que não existem.” Elle se sentou sobre seus joelhos e disparou a Tyson um olhar bastante especulativo. “Oh, realmente? O que quer fazer?” Elle perguntou imediatamente. Ela era uma telepata tão forte que suas irmãs podiam se comunicar em pensamentos sem muito esforço. “Ele não acredita em magia. Penso que precisa ver a família Drake como somos na realidade e não como imagina que somos.” “Está segura?” Elle começou a rir. “Poderia ter pesadelos para o resto de sua vida.” “Absolutamente. Se eu não o fizer, nunca poderei viver comigo mesma. Hannah está deitada?” Libby tirou Tyson da entrada e fechou a porta a fim que ficasse apanhado no interior. - Entre e sente-se. -Hannah - Elle elevou sua voz. -Temos companhia. Estou contente que tenha vindo nos visitar, Tyson. -Acrescentou e o saudou com a mão. –Sente-se. Uma confortável poltrona deslizou através do chão para golpeá-lo duramente na parte posterior das pernas. Seus joelhos se dobraram e aterrissou na cadeira. Depois voltou voando até seu lugar habitual, detendo-se tão abruptamente que quase foi arrojado fora do assento. -Muito divertido. Com certeza que isto faz maravilhas convencendo aos vizinhos, não é? Ele sentiu ao longo dos lados da cadeira uma corrente. Libby não estava de todo feliz sobre as coisas que lhe havia dito. Deveria havê-lo sabido. Ela era excessivamente leal e amava suas irmãs. Ty negou com a cabeça. -Creio que mereci isso. Vai me dizer como o fez? -Pensava que já havia descoberto. - Disse Libby e se sentou sobre o chão frente a ele. Desejaria chá ou café? -Você sempre bebe chá.


Ela agitou a mão em um gracioso movimento para a cozinha. -Penso em algo tranqüilizador para mim. -Imediatamente o bule assobiou. Ele se recostou. Se Libby queria fazer o espetáculo para ele, de acordo. Não lhe custaria muito tempo entender seus métodos e demonstrar seu ponto. -Qualquer um estará bem. Hannah caminhou pela sala de estar e lhe sorriu. Via-se cansada e pálida. -Olá, Tyson. Me alegro que tenha decidido se unir a nós. -Estava sentada sobre o chão ao lado de Elle. -Você gosta de bolachas? Estou assando-as agora, assim estarão recém feitas. Joley se apressou em entrar. -Ouvi que tínhamos uma festa. Sou Joley. De perto era mais bela que nas revistas ou nas capas de seus CDs. Tyson pensou que poderia sentir-se um pouco afligido quando reconheceu uma de suas cantoras favoritas, mas a primeira coisa que realmente o golpeou sobre Joley foi a forma que se via com suas irmãs. Todas elas se olhavam com grande afeto e algum tipo de travessura secreta. Estava bastante seguro que levaria a pior parte de qualquer brincadeira que estivessem planejando. -Prazer em conhecê-la. Sou Tyson Derrick. -O cientista. -Joley fez a declaração. -Esse sou eu. -Tyson não acredita em magia. -Anunciou Libby. -Tem uma teoria que a propósito é muito boa e tem muito sentido. Acredito que é muito doce de sua parte preocupar-se comigo. -Não o culpo por estar preocupado por você. - Sarah disse quando entrou na sala. Ela se sentou no chão com suas irmãs. - Você ainda precisa descansar Libby. Tyson podia ver que estavam muito cômodas no chão, sentadas em um semicírculo aberto, relaxadas quando o olharam. Antes que pudesse responder, Sarah gesticulou com as mãos para as cortinas das janelas e elas dançaram através do vidro. Ele negou com a cabeça. Estavam realmente decididas a fazer o espetáculo, mas descobriria como o faziam, podia equipar a casa que compartilhava com seu primo para fazer o mesmo, só por sua conveniência. -Têm um controle remoto nas cortinas? Sabia deles, mas não vi nenhum assim. Em particular eu gosto do movimento da cadeira. Poderia utilizar um em meu laboratório para me seguir a todos os lados. -Quer leite no chá? -Perguntou-lhe Libby. -Nunca o provei desse modo, mas aceitarei. - Não importava o que tivesse planejado, poderia assumi-lo. Não ia se afugentar, não com um dispositivo com mando a distancia para as cortinas da sala de estar e uma cadeira em movimento. -Libby me disse que estava no hospital com Jonas, Hannah. Como se encontra? Joley e Elle chegaram mais perto e colocaram uma mão em cada perna de Hannah. Ela levantou um pouco o queixo e deu um pequeno sorriso. -Respira sem ajuda dos aparelhos, embora ainda não esteja acordado. Mantiveram-no inconsciente. -Houve um pequeno puxão em sua voz. Tyson olhou rapidamente Libby. - Ele ficará bem? Sarah respondeu. -Sim, claro que ficará. Não permitiríamos que nada ocorresse a Jonas. Ele é da família. O amamos muitíssimo. Tyson suspirou e olhou suas mãos. Talvez todas elas acreditassem que eram mágicas. Tinham estado enganando ao público muito tempo, convenceram-se a elas mesmas, tal como ele suspeitava. Não era só Libby, eram todas elas. -Quando sairá da UTI? -Talvez a próxima semana. -Disse Hannah.


Tyson percebeu um movimento pelo canto do seu olho e virou sua cabeça para ver várias xícaras grandes cheias de vapor flutuando através do ar. Seu fôlego ficou apanhado em seus pulmões. Não parecia que houvesse uma forma para forjar umas xícaras grandes de chá para fazer que se deslizassem através do ar. Observou como cada irmã estendia sua mão para agarrar a asa da xícara que flutuava por diante. A última chegou a ele, um movimento lento sobre o ar. Ele estreitou seus olhos, observando o ar ao redor da xícara, estudando-o para ver se o movimento era contínuo ou de cima para baixo. Não ia ser intimidado por meros truques. Tratando de ser casual, Tyson agarrou a xícara cheia de chá pela asa como se o tivesse estado fazendo cada dia de sua vida. Ele mudou sua posição para frente para poder varrer com sua mão direita ao redor, procurando arames escondidos. Sua mão passou através do ar com facilidade e quando agarrou a xícara, não houve nenhum leve puxão que pudesse sentir para lhe indicar que estava sendo sujeita a um mecanismo escondido. Tornou-se para trás e tomou um sorvo indiferentemente, sua mente estudando rapidamente as possibilidades. Observou Libby. Parecia fascinada com seu chá, assentindo com a cabeça por algo que Sarah lhe disse. A boca lhe tinha ficado seca e seu coração pulsava um pouco rápido. Tinha observado a mais de um mago atuando em um cenário e nunca pensou que era real. Dava-se conta dos espelhos e ilusões, mas ele só tinha pegado uma grande xícara flutuante do ar. Tinha procurado cabos, ou qualquer dispositivo escondido e não havia nenhum. -Quer umas bolachas para acompanhar seu chá? -Hannah lhe perguntou cortesmente. Antes que pudesse dizer não, um prato chegou à deriva da cozinha. Um montão alto com bolachas, inclusive fez a mesma rota que as taças de chá. Encolheu-se de retorno a sua cadeira, engasgando-se com o chá. Quase lhe subiu pelo nariz. Ali tinha que haver uma explicação racional. O prato revoou diante dele, as bolachas cheiravam ao céu e se viam muito boas para ser de verdade. Ele pôs sua mão sobre o prato e o separou de um empurrão, inclinando-o, as bolachas caindo. Tinha tido a intenção de examinar o fundo do prato, mas o empurrou, cravando em estado de choque os olhos nas bolachas estendidas com o efeito de uma cascata no ar. Flutuaram ali, imóveis, não golpeando o chão. Uma a uma se empilharam em cima do prato. Antes que a última bolacha pudesse encontrar o caminho do prato, Joley estalou seus dedos e estendeu sua mão. Tyson observou com olhos horrorizados como a bolacha atravessou a sala diretamente para ela. Joley a arrebatou do ar e comeu um bocado. -Estão impressionantes, Hannah. Superou-se. Usou a receita nova da bolacha de açúcar que nos falou? -Merda Santa. -Estalou Tyson. -Isto já não é divertido. Quase me deu um ataque do coração. Como diabos fez isso? Libby inclinou sua cabeça para um lado de maneira que seus cabelos deslizaram sobre um olho lhe dando uma imagem misteriosa e talvez um pouco como uma bruxa. Ele nunca tinha notado isso antes. -Realmente não sei. Espero que nos possa explicar já que você sabe muito do que fazemos. Sempre pudemos fazer coisas, mas talvez só pensamos que podemos. Talvez estejamos enganadas sobre o chá e as bolachas que flutuam da cozinha para a sala, sobre Sarah fechar as cortinas e Elle mover a cadeira. -Ou que sei exatamente o que está pensando agora. -Disse Elle. -Não me oporia que obtivesse que pudesse me desfazer disso. É muito incômodo saber muito sobre as pessoas e sentir suas emoções todo o tempo. -O que estou pensando agora mesmo? -Tyson a desafiou. -Você quer pensar que estamos todas loucas, mas a possibilidade que isto seja verdade te excita. Você gostaria de ter amostras de sangue e enganchar um par de nós a um monitor de eletro encefalograma de maneira que pudesse esquadrinhar nossa matéria cinza para ver se a atividade muda quando fazemos o que seja que fazemos. Entusiasma-lhe as possibilidades da


ciência. É um momento difícil reconciliar aos dois quando parecem opostos completos. Eles não o são, sabe. A magia é só energia como já sabia e considerou isso todo o tempo, mas eliminou a idéia como absurda. -Quer controlar nossa matéria cinza e estudar a atividade? -Repetiu Libby. Tyson se inclinou para frente, seus olhos brilhando intensamente com repentina excitação. -Libby, ela está certa. É algo real ou realmente tem compenetração superior em relação às outras pessoas. Quero uma amostra de sangue e talvez alguma amostra de tecido. Eu gostaria de saber se há alguma coisa diferente em sua configuração genética. Libby colocou uma mão sobre seu coração. -É tão romântico, Ty. Cada vez que fala assim só quero me jogar em seus braços. -Está sendo sarcástica e quem quer que controle a bandeja de bolachas, que a envie para mim. Cheiram bem. - Ele sacudiu sua cabeça. -Você de todas as pessoas, Libby, deveria reconhecer a importância disto para a ciência. Se sua família realmente pode fazer coisas assim como a telequinesia e a cura, que a propósito não há nenhuma prova, seria um descobrimento notável. O temperamento explosivo caiu como um relâmpago em Libby. Estava sentindo certo divertimento e até um pequeno sentimento de culpa, mas agora só queria estrangulá-lo. -Não só te abri minha vida, Tyson Derrick, como pedi a minha família que fizesse o mesmo. Agora nos vê como se fôssemos um montão de seus pequenos ratos. Pior, ainda duvida do que posso fazer e que forma parte de mim. Se negar minha habilidade para curar, nega quem sou. “Elle, necessito uma faca muita afiada.” “Não o pode matar.” Libby fulminou com o olhar sua irmã mais nova, saltou e foi à cozinha. Ty franziu o cenho e deu um salto para segui-la. -Tem que ser tão emocional sobre tudo isto, Libby? É lógico que esteja excitado sobre um descobrimento desta magnitude. -Crê que sou emocional! Emocional! -Ela repetiu. Talvez ela estivesse atuando assim, mas ele a tinha conduzido a isso - Durante os últimos dias deixou claro que pensava que minha família atraía com mentiras às pessoas sem dinheiro, embora nunca tomássemos nem um centavo usando nossos dons. Tivemos que te mostrar a verdade para acreditar realmente que podemos fazer o que todos os outros dizem que podemos e logo você quer nos estudar pelo amor puro à ciência. -Deu as costas para o móvel, a faca em sua mão. A expressão de Tyson se endureceu. -Que diabo pensa que vai fazer? -A prova que posso fazer o que digo que faço. Ele deu outro passo até que esteve a seu alcance. -Me dê a faca agora mesmo, Libby. Ela o olhou com raiva e levantou a palma de sua mão esquerda, pondo a ponta da faca contra sua pele. Tyson se moveu tão rápido que ela se escandalizou quando seus dedos se colocaram ao redor de seu pulso, sacudindo com força seu braço para cima e afastando-o de sua palma. -Só ia fazer um pequeno corte para que pudesse ver por você mesmo. -Não, não o fará. -Ele lançou a faca na pia e a puxou fortemente pela mão até que ela se encostou contra seu corpo. -Não vai se cortar para provar nada. Se for tão importante, acredito em você, certo? Acredito Libby. Suas irmãs podem fazer flutuar bolachas, ler mentes e você pode curar. -Sua voz completamente calma quando assumiu. Cada vez que ela acariciava suas costelas, havia menos dor. Seu esterno não lhe tinha doído fazia tempo. Não se tinha dado conta, mas agora que contemplava a possibilidade do que era realmente sua família, deu-se conta de que era certo. Tinha machucados em suas costelas e em seu ombro, manchas azuladas feias que tinham desvanecido muito rapidamente. Ele tragou, ficando pálido. -Você… pode curar às pessoas. Eu. Jonas.


O medo floresceu quando fixou os olhos sobre sua face. A pele pálida. Os círculos escuros. Sua aparência muito frágil, etérea. Sua aparência fantasmagórica. Ela quase tinha morrido salvando Jonas. Por isso não tinha podido vê-la durante todos esses dias. Sua família a tinha mantido a distância de todo mundo porque Libby estava morrendo. Tinha ocorrido o mesmo quando lhe tinha curado da comoção cerebral? Ele agarrou uma cadeira da cozinha e se afundou nela, suas pernas débeis, quando a recordou cambaleando-se fora de seu quarto no hospital. -Oh, Meu Deus, Libby. - Ele cobriu os olhos com suas mãos, tratando de apagar da memória a agonia de sua face aquele dia no hospital. -Quase morre, não é? Libby queria lhe confortar. Via-se tão completamente impressionado, quase horrorizado pelo incipiente conhecimento. Ty parecia um homem que tivessem dado uma surra. Ele negou com a cabeça, ficando em pé. -Não posso pensar no que tem feito, ou como lhe afeta. Não agora. É muito. Acredite-me, impressionou-me suficientemente com as bolachas. -Ele levantou sua cabeça para estudá-la, seu escuro olhar fixo com repentina intriga, as emoções desvanecendo-se no fundo onde Tyson estava mais cômodo com elas. Libby realmente podia ver a mudança que estava ocorrendo. O cientista havia retornado e a olhava interrogativamente. Ela retrocedeu. -O que seja que está pensando, só pára antes de se colocar em mais problemas. Não nos fará nenhum estudo. -Só pensa nisso com lógica, Libby. Se fosse ao reverso não quereria saber como se produz? Tem que haver um alto nível de atividade no cérebro e nós temos os instrumentos para medi-los e registrá-los. -Não sou nenhum estudo louco teu, Ty. -Libby tratou de apartar-se dele para que não visse as lágrimas nadando em seus olhos. -É obvio que não o é. Maldita seja Libby, não chore. Não teria nem a mais mínima idéia do que fazer e já disse e fiz muitas coisas idiotas por hoje. Estou em meu elemento. -Seu coração ainda golpeava pela realização de seu descobrimento. Tratava desesperadamente de fechar o conhecimento de que ela podia curar e que jogava com sua própria saúde ao fazê-lo. Precisava estar sozinho para pensar sobre isso. Agora ela ia chorar. Ele já começava a suar. -Admite que é um homem inteligente. Devo supor que não sabe como falar decentemente com uma mulher? Aprenda logo Ty, porque não vou esperar muito enquanto o faz. Desesperadamente, ele emoldurou sua face com ambas as mãos e abaixou sua cabeça para ela, tomando posse de sua boca. Se ele não podia encontrar as palavras certas para dizer, ele tomou a decisão de mostrar exatamente como se sentia. Libby se sustentou rígida ao princípio, embora seus lábios fossem suaves e ela abriu sua boca para ele quando ele puxou fortemente seu lábio inferior. O calor floresceu e se pulverizou, dele para ela. A eletricidade formou um arco, pequenos chiados ao longo de suas veias, dela para ele. Seu corpo abrandado, derretido de maneira que pôde senti-la impressa em sua pele, pode até sentir em seus ossos. Sua boca era quente e excitante e então Tyson esqueceu que estava em sua casa com suas irmãs a pouca distância. Uma mão se enredou na seda de seus cabelos e a outra deslizou sobre a curva de sua coluna vertebral. Ele juraria que a terra tinha girado. -Libby! -O protesto veio de longe. Tyson percebeu o suspiro suave de Libby e o extraiu de seus pulmões. Seus braços apertados, seu corpo pouco disposto a se afastar do dela. Ele descansou sua testa contra a dela, a respiração intensa. -Voltarei amanhã. -De acordo. -Virei com a motocicleta, assim abrigue-se. -De acordo. Ele levantou seu queixo e acariciou sua boca com a dele.


-Esperarei um ou dois dias antes que entre sigilosamente para tomar uma pequena amostra de sangue de todas. Ela deu um pequeno sorriso. -Muito amável de sua parte. Minhas irmãs o apreciarão. Joley elevou sua voz. -Suas irmãs apreciariam uma pequena pausa de sua corrente hormonal. -Vou agora. -Tyson anunciou e se separou do corpo de Libby.


Capítulo 9 -Não pode ir com ele em uma motocicleta e acabou. -disse Sarah. -No que está pensando, Libby? Perdeu o juízo? -Eu andei numa motocicleta, - assinalou Joley. -de fato conduzi uma. -Não está ajudando, Joley. - Sarah lançou a sua rebelde irmã um olhar severo que pretendia ser uma reprimenda. -As motocicletas são perigosas. -Também os aviões, os carros e o alpinismo. Cruzar andando a rua pode ser perigoso. Disse Joley, claramente pouco impressionada pela reprimenda de Sarah. -Sair ao cenário e cantar pode ser perigoso. Sarah passou sua atenção instantaneamente de Libby a Joley. - O que quer dizer com isso? -Quero dizer que a vida pode ser perigosa, Sarah, mas não a passamos sentadas em um armário porque nos dá medo cada coisinha. -Tyson Derrick é um louco. Realmente quer Libby correndo por aí na parte posterior de sua motocicleta? É loucura. Libby encolheu os joelhos e olhou o relógio. O argumento era discutível, mas já estava preocupada de qualquer maneira. O homem a tinha beijado até fazê-la perder o sentido e de algum jeito a tinha convencido em fazer um pequeno passeio com sua motocicleta para "realmente ver a beleza da costa". Suspirou. Soava como algo que uma garota má poderia fazer. Sua própria pequena rebelião contra fazer sempre o perfeito e correto. O responsável. Mas, o que importava? Podia sentir as lágrimas ardendo. Esse homem já a tinha feito chorar duas vezes. Não seria realmente horrendo se ele tivesse razão? Se era completamente emocional? Estava mais de uma hora atrasado e todas as suas irmãs eram conscientes de sua miséria. Isso lhe punha os nervos afiados. Sarah e Joley estavam tratando de protegê-la, cada uma a sua maneira. Mas não o necessitava. Podia proteger-se a si mesmo do idiota com cérebro brilhante. Como ousava deixá-la plantada? -Estou segura que Ty terá muito cuidado com Libby. -Disse Joley. -Obviamente se preocupa com ela. -Fulminou Sarah com o olhar, insistindo que ela retrocedesse. Libby parecia tão desgraçada que se Tyson não mostrasse sua cara nos próximos cinco minutos, Joley ia ocupar-se pessoalmente que não sairia com ninguém durante muito, muito tempo. Libby ficou em pé abruptamente. -Vou a sua casa. Já se atrasa uma hora. Não vou ficar aqui sentada lhe esperando. Vou lhe dizer quão imbecil é e que não volte a me chamar ou a me visitar outra vez. -Só chama-o. -Aconselhou Sarah. -Por que se desgastar em vê-lo pessoalmente? Só se mantenha longe dele e evite que te rompa o coração. - Queria estreitar sua irmã entre seus braços e sujeitá-la até que esse olhar de rechaço e dor desaparecesse para sempre. -Não, tenho que fazer isto pessoalmente, Sarah. -disse Libby. -Ele é diferente. Sei que está acontecendo algo. Não posso te dizer por que sempre me senti atraída por ele, mas assim é. Eu gosto de falar com ele e lhe entendo até quando não diz as coisas corretas, que é a maioria das vezes. Encaixamos quando estamos juntos. -Ele te necessita. -disse Elle. -E você necessita dele. Sinto que te faça mal, Libby. Sei que não é intencionalmente. Não lhe teria deixado aproximar-se de você se não fosse sincero com seus sentimentos. Tem o cérebro mais analítico com o que me tenha cruzado e calcula a grande velocidade. Isso deve lhe voltar louco algumas vezes. Mas não com você. Não foi analítico sem importar quão duramente o tentasse. Conecta com seu lado humano e ele é muito consciente disso e também é consciente de quanto te necessita.


-Então por que está tratando de mudá-la? -perguntou Sarah. -Sente-se incômodo com as emoções, Sarah - disse Elle. Elle parecia cansada e Libby rodeou com o braço sua irmã menor. No momento um calor tranqüilizador fluiu de uma a outra. Elle descansou sua cabeça brevemente sobre o ombro de Libby. -Bom, será melhor que se acostume a isso um pouco mais rápido. - disse Sarah entre dentes. -Damon estava incômodo com as emoções, mas não me deixou plantada ou desagradou minha família porque fossem um pouco diferentes. -Um pouco? -repetiu Joley. -Somos muito estranhas e sabe. Não pode culpar ao homem por não acreditar no que fazemos. Confronta-o, Sarah, tinha toda a razão para pensar que somos uma família de estelionatários e ainda assim queria ver Libby. Isso deveria dizer algo sobre o que sente por ela. Tem que ser genuíno. Libby agarrou sua bolsa. -Nós não discutimos nem brigamos umas com as outras por regra geral. Não vou permitir que Tyson Derrick arruíne a forma que somos umas com as outras. -Libby, carinho. -Sarah se apressou a lançar os braços ao redor de sua irmã. -Ninguém poderá mudar quão unidas somos. Se Tyson Derrick for sua eleição, não só o aceitarei, mas também chegarei a lhe querer. Tem que sabê-lo. Só estou preocupada com você e por como te faz sentir consigo mesma. Sou super protetora, isso é tudo. Não só é formosa por fora, a não ser por dentro também. Você não vê, mas ilumina um lugar só entrando nele. Se ele não ver isso, não te merece. Libby lhe devolveu o abraço e se afastou. -Sei que ao menos mereço mais de um homem que me deixar plantada em um encontro. Libby podia sentir a suas irmãs observando-a enquanto entrava em seu carro e fechava a porta com violência controlada. Ela tinha um temperamento tão forte e apaixonado como o de suas irmãs, só que não o podia manter durante muito tempo. Sempre desculpava todo mundo. Pensava que era forte. Quando era necessário podia fazer frente a qualquer um por seus pacientes ou por sua família. Inclusive por si mesmo. Era só que sempre podia ver o ponto de vista alheio. Mas isso não a convertia em uma gatinha e se Ty pensava que podia pisoteá-la só porque tinha cérebro e era o que tinha o beijo mais ardente da cidade, estava tristemente equivocado. Conduziu diretamente para a casa que Ida Chapman tinha deixado de herança a seu filho e seu sobrinho. Era uma casa enorme com um bonito terreno, alta como um farol de onde os residentes podiam ver o oceano lhes rodeando através do comprido banco de janelas da frente. Estacionou na entrada da garagem dupla e caminhou majestosamente até a porta principal. Apoiar-se excessivamente sobre a campainha da porta não lhe serviu de nada. Libby deu a volta até a entrada da garagem para ver se o carro de Tyson estava estacionado no edifício. A porta estava ligeiramente entreaberta e deslizou dentro. A iluminação era sombria e deu dois passos antes que seus olhos se ajustassem e se dessem conta de que dois homens estavam no extremo mais afastado da garagem perto do carro de Tyson. Ambos se endireitaram e se giraram para enfrentá-la. Nenhum dos homens lhe era familiar e o modo em que se viraram sugeria cautela ou culpabilidade. O coração de Libby palpitou grosseiramente. Deu dois passos cautelosos para trás. Nunca poderia meter-se em seu carro e partir conduzindo antes que pudessem detê-la assim girou e correu subindo os degraus para a casa de Tyson, rezando por que a porta principal estivesse aberta. Escutou passos ruidosos atrás dela enquanto abria a porta de um puxão, fechando-a de repente atrás dela, tentando jogar o ferrolho rapidamente. -Espera! -Libby ouviu o grito rouco atrás dela. Visões do corpo de Jonas estendido a um lado da estrada e a ameaça de Edward Martinelli eram suficientes para fazer que seu alarme de auto preservação chiasse.


-Tyson! Sam! Socorro! -Gritou os nomes o mais alto que lhe permitiram seus pulmões. Chamem o xerife. Tyson! -O pomo da porta se retorceu antes que pudesse passar o ferrolho e se afastou de um salto da porta, atravessando correndo a sala de estar para o que esperava fosse a cozinha. Não tinha nem idéia da distribuição da casa, mas quase todo mundo tinha um telefone na cozinha. Encontrou uma porta, abriu-a de um puxão, ouvindo os homens atravessarem correndo a casa atrás dela. Uma escada iluminada conduzia para o porão. O laboratório de Tyson. Libby entrou e fechou a porta, correndo escada abaixo justo quando Tyson vinha precipitando-se para ela. Agarrou-a entre seus braços e a segurou com força. -O que acontece? O que está fazendo aqui? Conte-me o que ocorreu. A porta no alto da escada abriu e os dois homens começaram a descender cautelosamente. Tyson empurrou Libby atrás dele, seu corpo defendendo o dela. Sam ficou à vista, arrastando para trás os dois homens. -Ouvi Libby gritar e corri escada abaixo para encontrar estes dois em nossa casa, Ty. -Harry Jenkins e Joe Fields. -identificou-os Ty, com voz baixa e furiosa. -Que diabos estão fazendo em minha casa? E o que fizeram a Libby? -Deu um passo adiante, seus dedos se fecharam com força em dois duros punhos. Harry e Joe intercambiaram um olhar bastante nervoso. Harry deu um leve passo para Tyson, com uma mão elevada em tom conciliador. -Não tínhamos intenção de assustá-la. Ela nos sobressaltou, Ty. Estávamos dando uma olhada ao redor e ela apareceu. -O que significa "dando uma olhada ao redor"? -exigiu Sam. -Pensaram que poderiam entrar simplesmente em nossa casa sem se fazerem anunciar? Quem são estes dois idiotas, Ty? Deveria chamar o xerife? -Não há necessidade. -disse Joe. -Queríamos trocar umas palavras com Ty e inadvertidamente assustamos a senhora. Não foi intencional. -E não estávamos na casa. -acrescentou Harry. -Estávamos na garagem. -Assim andavam às escondidas por minha garagem? -perguntou Tyson. -E então perseguiram Libby ao interior de minha casa? Que diabos está acontecendo? -Chamamos durante meia hora, Ty. -disse Harry, passando um dedo pelo pescoço da camisa. -Ninguém abriu a porta, assim olhamos dentro da garagem para ver se seus carros estavam ali, mas não encontrávamos o interruptor da luz. Pude ver o carro mas não sua motocicleta assim chegamos até o fundo. Conduzimos até aqui para falar com você pessoalmente e não queríamos dar simplesmente meia volta. Disse-me faz um ano e pouco mais ou menos que tinha um laboratório em sua casa. Fica surdo quando está em seu laboratório, assim pensei que mesmo não respondendo poderia estar em casa. -Assim perseguiram Libby? -Vamos, Ty. -estalou Harry, exasperado. -Sabe que não sou nenhum assassino psicopata. Estava tratando de lhe assegurar que não estávamos roubando nada. -Baixou passeando-se lentamente pelos três largos corredores entre as filas de mesas de trabalho, examinando as variadas peças dos equipamentos. -Já disse que sinto muito, o que mais quer? -Quero que se desculpe com Libby por lhe dar um susto mortal. E quero que entenda que te reduzirei a uma polpa sangrenta se voltar a se aproximar dela outra vez. Os dedos de Libby se retorceram na parte de trás da camisa de Ty. Ele era um homem da ciência, certamente não um homem violento, mas seu tom a fez estremecer. Parecia frio, categórico e extremamente perigoso. Ty deve ter sentido o pequeno estremecimento que a transpassou porque começou a colocá-la ao amparo de seu ombro. Seus olhos brilharam intensamente ameaçadores e Libby se deu conta de que havia um lado de Tyson Derrick que não conhecia. -Não brinco sobre a desculpa, Harry. Melhor escutar uma desculpa dos dois ou Sam chama o xerife e apresento queixa por invasão de propriedade.


Harry o fulminou com o olhar duas mesas de trabalho abaixo. -Sinto muito.... como se chama? -Seu nome é Doutora Drake. Havia tal aço na voz de Ty que fez Libby se sobressaltar-se outra vez. -Sinto muito, Doutora Drake. -disse Harry. -Não tinha intenção de assustá-la. Sou Harry Jenkins e trabalho com Ty no BioLab. Este é meu colega, Joe Fields. Sou bioquímico e Joe está no departamento comercial. -Reforço a desculpa sinceramente. -disse Joe. -Tratei de chamá-la, mas já estava fora da porta antes que pudéssemos rodear os carros. Antes que Libby pudesse responder, Sam interrompeu. -Esteve chamando dia e noite, Jenkins. Que diabos é tão importante que tinha que forçar a entrada em nossa casa? -Você deve ser Sam, o primo de Ty. -Harry andava daqui para lá pelo laboratório inquietamente, inclinando-se uma vez para pôr um olho no microscópio. -Tem um grande equipamento aqui, Ty. -Deixa Harry. - disse Ty. -O que é tão importante? Harry franziu o cenho. -Já sabe que é tão importante. Recebi uma pequena visita do diretor. Questionou meus informes por sua causa. Você me questionou filho da puta, como está acostumado a fazer sempre que joga como herói salvador de todos os projetos do laboratório. Sua brilhante estrela. Quero que se retire disto. Este é meu bebê. Meu suor e meu sangue estão nesta medicação e não me vai tirar isso -Seus informes não são precisos, Harry. -disse Ty, ignorando o crescente tom do outro homem. -Fui a você primeiro e tratei de lhe dizer isso, mas se negou a escutar. Comprovei todos os dados, não só a parte que apóia suas teorias. -Arriscamo-nos a perder milhões, possivelmente trilhões, se seguir interferindo. -disse Joe A BioLab está cem por cem detrás desta medicação. Vai salvar milhares de vidas e você sabe. -Sei que vai matar pessoas. Harry golpeou a mão contra a mesa, fazendo que se cambaleasse o vidro. -Isso é o que você gostaria Derrick. Sempre tem que estar sob os focos. Sabe que tenho um ganhador aqui e simplesmente não pode suportá-lo. Tyson envolveu o braço ao redor da cintura de Libby. Sabia o que estava acontecendo, tinha passado por isso muitas vezes antes com outros bioquímicos quando se negava a ceder. Entrelaçou seus dedos com os dela, esperando que entendesse. Deu de ombros. -Harry, por que sempre temos que ter as mesmas discussões? Você e eu sabemos que tomou um atalho. Utilizou minha investigação como plataforma. -O qual é perfeitamente legítimo. Não possui essa investigação, Ty. Sabia que isto ia sobre seu ego. -grunhiu Harry. -Não quer que ninguém toque a investigação e possivelmente melhore o que fez. -Quero que qualquer lugar onde trabalhe seja conhecido por levar a cabo uma investigação sólida, Harry. E os investigadores sólidos não passam por cima de defeitos óbvios só porque não querem perder tempo para arrumá-los. -Tyson o fulminou com o olhar quando o homem olhou fixamente os dados na tela de um dos computadores. -Se afaste dai por todos os infernos. -Está trabalhando em minha medicação aqui mesmo? Quem te proporcionou acesso a meus arquivos? Sabia. Tem um espião em minha equipe. -Não seja ridículo, Harry. Não necessito de um espião para averiguar o que fez. O que estou tratando de averiguar é o que não fez. -Conseguirei uma ordem judicial para insistir em que deixe meu trabalho em paz. -disse Harry. Tyson soltou um bufo zombador. -Seriamente, Harry.


Joe sustentou em alto sua mão. -Nos acalmemos. -Eu estou perfeitamente tranqüilo, - Disse Ty. -considerando que os dois entraram a força em uma propriedade privada e Harry está me ameaçando. Joe forçou um sorriso. -Harry tem que se acalmar. Ninguém quer conseguir uma ordem judicial, Ty. Somos homens razoáveis. Esteve trabalhando o suficiente para o BioLab para saber que a companhia nunca venderia uma medicação não segura. Os estudos são assombrosos. Esta medicação realmente pode salvar vidas e estamos todos entusiasmados com ela. -E as mortes, Fielding? Estão entusiasmados por elas, também? Joe agitou sua mão. -Só uma porcentagem muito pequena dos pacientes experimentais morreu Ty, e em cada caso o paciente tirou a própria vida. Sabe bem que o suicídio não é tão estranho entre as pessoas com enfermidade crônica. É um fato amargo da vida, mas o BioLab não pode responsabilizar-se pelos pacientes que decidem suicidar-se durante as provas. -Nem sequer quer investigar a possibilidade que não só possa haver um equivoco na medicação tal como está e assim poder arrumar? -perguntou Tyson. -Se Harry quer ser conhecido como o descobridor de uma medicação que salve milhões de vidas, que o faça de forma responsável. Não lhe deixem convertê-lo em um trabalho de segunda categoria. -Trabalho de segunda categoria! -Harry soprou furioso. -Filho da puta. -Aproximou-se de Tyson, tentando lhe abordar. Ty deu um passo a um lado, evitando o homem com facilidade, seu movimento foi inesperadamente gracioso. Harry aterrissou pesadamente no chão a seus pés. -Suponho que não estará pensando em me atacar, não é Harry? -perguntou Ty, havia franca diversão em sua voz. -Já é um homem adulto. Tenha um pouco de dignidade. Libby retrocedeu ainda mais quando Harry olhou furioso Tyson. Tinha havido um insulto definitivo na voz de Tyson. Harry se elevou sobre seus pés, com os punhos apertados. -Acredita-se tão superior, Derrick. Sempre o tem feito. Crê que seu dinheiro o faz melhor que todos os outros? -O dinheiro? -repetiu Tyson. Estava claro que não tinha considerado o dinheiro. -A ética no trabalho, Harry, o amor à ciência. A inteligência. Harry se voltou louco outra vez, dirigindo-se grosseiramente para Tyson que se desviou de vários murros e golpeou ligeiramente a bochecha de Harry duas vezes. Isso só pareceu enfurecer ainda mais Harry. Joe Fields se adiantou, apanhando Harry e arrastando-o para trás. -Obviamente ele poderia golpear você até te converter em uma polpa sangrenta se quisesse Harry. Isto não está ajudando. Viemos aqui discutir isso a fundo e razoavelmente. -Como pode ser alguém razoável com este bastardo presunçoso? -Perguntou Harry. Seu olhar voou para Libby. -A única razão pela que alguém quereria estar com ele é por seu dinheiro. Nada mais poderia lhe fazer passível. O intenso olhar de Libby se dirigiu ao rosto de Tyson. Um músculo pulsava em sua mandíbula e seus olhos se voltaram frios, mas, além disso, era quase impossível dizer a simples vista se a flecha de Harry tinha alcançado o alvo... porém ela sentiu a espetada de dor. Harry se tinha cotado um tanto maior do que acreditava. A revelação golpeou Libby. Tyson não acreditava que ele valesse a pena. E por que teria que fazê-lo? Seus pais não lhe tinham entendido nem querido, e inclusive Sam lhe dizia quão difícil era estar a seu redor. Seu coração se compadeceu dele. Mantinha-se em pé alto e erguido, quadrando os ombros, baixando o olhar para Harry Jenkins. -Pode dizer o que queira sobre mim Harry, mas isso não trocará os fatos. A medicação é defeituosa e vai matar pessoas. Não tem intenção de arrumá-la. Quer respeito por seu trabalho,


mas nunca o conseguirá a menos que consiga se sobrepor a suas práticas de trabalho de duvidosa condição. A medicação poderia ser a longo tempo um descobrimento assombroso, mas não em seu presente estado. Apressou-se procurando a glória. -Como se você se preocupasse com as pessoas que venham a morrer. -Respondeu bruscamente Harry. -Não poderia se importar nem se a metade da população mundial morresse de uma praga. Não tente se mostrar como o salvador do mundo. -Basta. -Libby estalou, dando um passo para frente. Percorreu o corredor entre as mesas de trabalho até que se plantou diante de Tyson, com os punhos nos quadris. -Já basta. Não veio aqui falar razoavelmente de uma medicação que obviamente tem um efeito secundário importante nos pacientes de um certo grupo de idade. Ouvi rumores sobre os efeitos secundários faz alguns meses, mas nenhuma só vez desde que se meteram nesta casa perguntaram a Ty sobre suas preocupações ou suas conclusões. Nenhum de vocês. Para mim isso certamente não demonstra nem um mínimo de responsabilidade. Pode ficar aqui até o Natal, dedicando a Ty toda classe de insultos, mas se ele acredita que há algo equivocado na medicação, pode apostar que assim é. E não pode manter uma coisa como essa em segredo. Joe Fields sacudiu a cabeça. -Doutora Drake, isso está indo mal, mas devemos tratar de resolver esta situação. Estou seguro que você pode entender as reações de um homem quando alguém rouba seu trabalho. -Roubando! -Libby tirou de cima a mão contendedora de Ty. - Ty não roubaria um copo de água nem se estivesse morrendo de sede no deserto. Harry Jenkins utilizou a investigação dele como fundamento. Ty fez todo o trabalho duro e Jenkins saltou a bordo logo que viu que Ty tinha algo importante. -Acredito que é melhor irmos. -Disse Fields. -Não vamos resolver isso discutindo. Lamento que os dois o sintam assim, mas se insistir, Derrick, terá notícias de nossos advogados. Tyson deu um passo agressivo para frente, colocando Libby de lado enquanto enfrentava Fields. -Ou pensam que sou estúpido ou esqueceram que todos trabalhamos para o BioLab e eles possuem todos os direitos intelectuais da medicação, todos. Teriam que demonstrar minha intenção de prejudicar o BioLab para envolver os advogados, mas eu adoraria que isso se fizesse público. Fields puxou com força Harry, virtualmente lhe arrastando escada acima. Tyson sacudiu a cabeça para Sam para lhe assinalar que queria que os escoltasse através da casa. Sam assentiu com a cabeça e foi depois dos dois homens. Tyson ficou um longo momento com o olhar fixo nas escadas antes de voltar-se para Libby. -Lamento. Harry Jenkins pode ser muito desagradável. -Deram-me um susto mortal. -Sei. Pude ver em seu rosto. Obrigado por me defender. Não ocorre muito frequentemente e realmente apreciei. -Não vai perguntar-me por que estou aqui?- desafiou-lhe Libby. Os dedos dele se enredaram em seus cabelos. -Pensei sobre isso enquanto fingia escutar Harry e Joe. Sinto muito, Libby. -Virou-se para ondear os braços abrangendo o laboratório. -Estive reconstruindo a droga PDG, componente a componente e passou o tempo. Não posso te dizer o quanto sinto. Coloquei um alarme, mas se soou, não ouvi. -Pôs um alarme para recordar que tínhamos um encontro? -Ela olhou o relógio da escada. Uma bandeja de comida sem tocar estava junto a ele, justo onde Sam a devia ter colocado. Ele suspirou. -Dito assim soa mal. Digo a sério, Libby, realmente sinto. Não vai… Ela pôs os dedos sobre seus lábios.


-Não me diga que não voltará a ocorrer. É obvio que voltará. É simplesmente um fato em sua vida que seja o que seja no que esteja trabalhando pode te consumir por completo. Onde está o outro avental? Quero ver o que encontrou. Tyson ficou em pé em atônito silêncio. Ninguém nunca tinha reagido desse modo. E ninguém nunca lhe tinha pedido para compartilhar sua paixão com ele. -Está segura?- Logo que pôde pronunciar as palavras seu tom tinha resultado rouco a seus próprios ouvidos. -Antes que Irene me mencionasse as provas, li tanto como pude sobre a medicação. Soava tão alentadora que a estudei tão a fundo como foi possível. Vários colegas meus contribuíram com o que sabiam ou pensavam, e eu comecei a ter o mesmo mau pressentimento. Por isso quando Irene falou de colocar Drew no programa lhe pedi que esperasse um pouco até que soubéssemos mais. -Tinha razão de suspeitar. -Disse Ty. -Os efeitos secundários sobre os jovens são muito diferentes aos dos adultos, mas estão utilizando a medicação para ambos. Os adultos parecem ser capazes de suportá-la, mas os meninos estão tendo definitivamente um problema. -Estendeu o braço sobre a cabeça dela para pegar um avental de uma prateleira. -Aqui, ponha isto. -E logo sairemos e lhe conseguiremos um pouco de comida, Ty. -Disse Libby. -Não pode ficar sem comer, não é bom para você. -Fala como Sam. -Disse Tyson enquanto a conduzia para a parte detrás do laboratório onde tinha disposto seu trabalho. -Tudo o que quer é me engordar. -Ele trouxe o almoço para você. -Seriamente? -Ty olhou a seu redor com um ligeiro cenho franzido na face. -Não recordo. Pobre Sam. Devo lhe deixar louco. Prepara-me a comida e eu nem sequer noto. Sou sua única família e não sou muito bom. Libby lhe acariciou o braço. -A família ama incondicionalmente. Seus olhares fixos colidiram. -Não minha família. Ela se sobressaltou ante seu tom sinistro. -Não é assim como quer Sam? Ele se virou para examinar os dados na tela de seu computador. -Sim. Libby sorriu. Sua voz era brusca. Estava incômodo com algo relacionado com suas emoções. -Então definitivamente sabe como amar incondicionalmente. Tyson tamborilou sobre o tabuleiro da mesa, esquadrinhando mais de perto o computador, claramente incômodo. -Sei que o problema está nos componentes, mas não o isolei ainda. O velho Harry poderia ser um bioquímico genial. Sua idéia é boa, mas algo está mau e não sei o que é. -A maior parte da investigação se concentra em adultos, não em adolescentes. É necessário aumentar a investigação sobre o cérebro adolescente. Temos que ampliar o foco de estudo do tratamento conduzido. -Sugeriu Libby. Tyson afirmou com a cabeça em acordo. -Falei com o escritório central sobre isso outro dia. Parece não entender que o cérebro que ainda não está completamente desenvolvido reage de forma diferente aos medicamentos que o cérebro adulto. -Talvez não queiram sabê-lo, Ty. -Disse Libby cuidadosamente. -Há muito poucos investigadores centrados em meninos e a maioria trabalham para as companhias farmacêuticas. Talvez a resposta seja que uma companhia não farmacêutica conduza os estudos. Ele sacudiu a cabeça.


-Não acredito Libby. Os homens e mulheres de minha equipe estão dedicados ao que fazem, não a ganhar dinheiro para a companhia. Querem encontrar formas de ajudar. Acredito que temos que mostrar a importância dos adolescentes. As pessoas têm a idéia pouco realista de que os adolescentes não são vulneráveis à enfermidade física ou mental. Talvez não queiram ver o que têm antes suas caras assim passam por cima desse segmento em particular da investigação, mas a reação que estes meninos estão mostrando ante esta medicação é um exemplo de primeira de por que precisamos nos concentrar no cérebro adolescente. Libby empurrou o quadril contra o dele para lhe mover e poder ver os dados também. -Deveríamos falar com Drew e obter o consentimento de sua mãe para lhe tirar sangre. -E incluir os informes sobre ele neste estudo, - Tyson esteve de acordo. -Isso seria muito útil. Acredita que Irene nos dará seu consentimento? -Ligou para casa inúmeras vezes e estava muito arrependida. -Deveria. Golpeou-te na cabeça. -Não só por isso. Duvido que tivesse me machucado se eu não estivesse passando momentos difíceis, mas a verdade é que vendeu a notável história de como fiz que o câncer de Drew entrasse em remissão a um periódico sensacionalista. Tyson ficou rígido, endireitando-se para olhá-la com o cenho franzido. -Afirmou que tinha curado Drew e vendeu a história a um periódico sensacionalista?Repetiu-o lentamente e Libby pôde sentir como a tensão no laboratório crescia notavelmente. Ela tragou saliva com força. Tyson podia estar no caminho de aceitar os talentos mágicos das Drake, mas ainda não o fazia de tudo. Punham-lhe muito incômodo e não gostava da sensação de caminhar sobre cascas de ovos quando lhe falava disso. -Sabe Ty, vivo com coisas inexplicáveis todos os dias. São bastante comuns em minha vida. Se não pudermos falar delas, então não tem sentido tratar de ter uma relação. Os olhos dele se estreitaram e lhe agarrou o queixo com a mão. -Não estou tratando de ter uma relação com você Libby, tenho uma relação com você. Quis você desde que posso recordar. Talvez nem sempre tenha reconhecido que era você o que queria, mas sempre foi importante para mim e não podia deixar de pensar ou fantasiar sobre você. Sua família não me assusta. Tenho um montão de defeitos, mas sou tenaz. Sei que temos que estar juntos. Talvez você ainda não, mas eu sei. -Amo a minha família, Ty. Sempre vou querer-lhes e sempre precisarei estar perto delas. Não há escapatória. -Sei. Posso perceber isso cada vez que te vejo com elas. Se pareci incomodado não foi por sua família, foi pelo fato que Irene vendeu não só a uma amiga, o que obviamente é para ela, mas também a seu próprio filho. Estou seguro de que a notoriedade não ajudou a sua condição. Tyson inclinou a cabeça para beijá-la outra vez, porque não podia resistir. Seus olhos se abriram de par em par com surpresa e teve lugar um lento e sensual ardor que causou uma ardente fusão em suas vísceras. Ele lançou a precaução ao vento. Fechou a palma ao redor da nuca dela para arrastá-la mais perto, enredando os dedos em sua espessa juba de cabelos escuros para assim poder lhe puxar a cabeça para trás e conseguir o ângulo perfeito, para proporcionar-se acesso a sua boca. Ela era tudo o que sempre tinha desejado o que sempre tinha sonhado ou com o que tinha fantasiado. Desejava-a com cada fibra de seu corpo, com cada célula de seu ser. Ele a beijou, saboreando-a, agressivo em sua busca. Queria que ela sentisse as coisas que não lhe podia comunicar com palavras. Não só se tratava de excitar seu corpo. Ela tinha encontrado sua debilidade e tinha invadido sua mente e sua pele. Tinha estado ali muito mais tempo do que ele tinha conhecimento. -Algumas vezes, de noite, antes de ir dormir, ouço você rir. -Murmurou contra seus lábios, dolorido pelo desejo, por sua necessidade dela. -Fico aqui desejando que estivesse comigo. Sua boca a estava deixando louca, fazendo que o mundo desaparecesse até que não pôde pensar em nada mais. Os braços dele deslizando-se ao redor de seu pescoço, seu corpo que se


convertia em calor líquido, flexível, fluído, vivo de desejo. Podia sentir cada músculo do corpo dele, saborear sua fome, sua paixão. Uma mão lhe enredou nos cabelos, a outra moldou a curva de sua cintura, seu quadril, deslizando-se sob sua blusa para lhe acariciar a pele nua. Juraria que as pontas dos dedos de Ty enviavam diminutos impulsos elétricos que atravessavam velozmente seu corpo para encontrar cada terminação nervosa. Ela enterrou as mãos sob a camisa dele, desejando ter acesso, assombrada pela sensação dos duros músculos enquanto passava as palmas gentilmente sobre seu peito. Estava se afogando em seus beijos, ardendo, devolvendo beijo por beijo enquanto os impulsos elétricos subiam vários volts e se estendia com força, a energia termonuclear atravessando seu corpo. Tyson arrancou sua boca da dela, respirando profundamente para recuperar o controle. -Não podemos ficar aqui, Libby. Ela piscou um pouco aturdida por sua reação a ele. -Não podemos? -Não, Sam poderia entrar a qualquer momento e não vou ser capaz de manter as mãos longe de você. - Tyson a olhou, com seus braços ainda sujeitando-a firmemente contra ele, pressionando seu corpo contra o dela. -Vamos, tenho alguns lugares especiais que eu gostaria que visse. Podemos ir na motocicleta. Já está vestida para isso. Libby deslizou os braços ao redor da cintura dele. Era estúpido na verdade, ela era muito independente, mas Tyson a fazia sentir-se protegida e a salvo quando a segurava tão perto. E não pôde suprimir um pequeno golpe de culpa que a transpassou ante a forma possessiva em que a olhava. -Trabalhei minha coragem faz algumas horas, Ty, mas a perdi outra vez. Vi muitas lesões na cabeça por causa das motocicletas. -Disse que iria comigo. -Seu queixo lhe esfregou o cocuruto. -Isso foi antes, quando me beijou até que não pude pensar. Ele se retirou para olhá-la, um lento sorriso iluminava sua face. -Não podia pensar? -Não. Tive sorte de recordar meu próprio nome. -Confessou Libby, rindo brandamente. Quando ela abraçou com força a cintura de Tyson, sentiu ondas de animosidade rodeandoa. Olhando para cima encontrou Sam franzindo o cenho para eles do patamar. Ele estendeu a mão e tocou o relógio que havia sobre a pequena mesa do telefone junto às escadas, mas estava olhando para ela e não foi um exame agradável. Nesse momento, de guarda baixa, soube que Sam sentia o mesmo que Sarah sobre o relacionamento dela com Ty... estava totalmente contra. Os olhos de Sam se encontraram com os dela, com franca animosidade. Realmente não podia lhe culpar se Tyson de verdade não tinha estado comendo nem dormindo ou sequer trabalhando por causa dela, mas era incômodo saber que alguém não gostava dela. Não recordava que lhe tivesse ocorrido isso antes. Instantaneamente tratou de liberar-se de Ty, mas ele apertou seu abraço enquanto olhava seu primo com um pequeno sorriso. -Hey, Sam, estava a ponto de sair com Libby de moto. Vai sair esta noite? -Ty, eu gostaria de falar com você um minuto. -Disse Sam, com voz sombria. -Claro. Isto só me levará um segundo, Libby. -Tranquilizou-a, enquanto subia as escadas. Libby observou os dois homens entrar no vestíbulo. Nenhum fechou a porta. Suas vozes lhe chegavam claramente. -Não vai levá-la em sua moto, não é? -Exigiu Sam. -Está louco? Se algo sair mal você terá problemas. -O que acontece, Sam? -Perguntou Tyson. -Harry é um bastardo de primeira, Ty, mas fez uma boa pergunta. O que faz ela com você? Você vale muito dinheiro. Acredita que ela sabe? O fôlego de Libby ficou apanhado em sua garganta. Nunca ninguém a tinha acusado de ser uma caça fortuna. Iria dizer isso a Sam para deixar bem claro sua indignação. Deu um passo para as escadas.


-Então, o que está dizendo Sam? Que uma mulher não pode querer estar comigo por qualquer outra razão que não seja meu dinheiro? De verdade sou tão anormal? -Não estou dizendo isso, mas vamos, Ty. Libby Drake? Ela está de acordo em dar um passeio em uma motocicleta porque você a beija e não pode pensar? Isso é uma cagada e é o suficientemente preparado para sabê-lo. A mulher perfeita não está a ponto de sair com alguém que não seja perfeito a menos que tenha um motivo oculto. -Está seguro de que não pode ser porque respeita quem sou? Talvez me ache interessante e único? Não é isso possível? A dor na voz de Tyson deteve Libby. Seus pais lhe tinham rechaçado e agora Sam, sua única família, havia dito algo que podia romper o coração de Ty. Seu gênio se inflamou e virtualmente se arrojou escada acima, sem lhe importar que eles pudessem envergonhar-se por que lhes tivesse ouvido. Deliberadamente pôs seu braço ao redor da cintura de Tyson enquanto fulminava Sam com o olhar. -Não pude evitar escutar, Sam. Asseguro a você que tenho uma vida mais que aceitável por mim mesma. Não necessito do dinheiro de Tyson. -Bem.. - Disse Sam, sua voz gotejava sarcasmo. -E agora mesmo está mais que disposta a assinar um contrato pré matrimonial, não é? -Por um passeio em motocicleta? -Viu! Isso é o que eu pensava. -Exclamou Sam. -Já basta, Sam. -Disse Tyson. Agarrou o braço de Libby. -Vamos e não estou seguro que horas voltarei para casa.


Capítulo 10 Tyson não disse nada quando ela subiu à motocicleta atrás dele e envolveu os braços ao redor de sua cintura. Sua mão enluvada esfregou brevemente as dela e depois olhou diretamente para frente. Libby pressionou a face contra as costas de Tyson quando a motocicleta rugiu ao ligar. O coração lhe troava nos ouvidos e fechou os olhos. Era ridículo assustar-se, especialmente quando lhe tinha prometido ir muito devagar, mas já lamentava sua decisão. Essa pequena dúvida constante começava a perfilar-se em sua mente, crescendo e fazendo-a mais temerosa quanto mais rapidamente rodavam com a motocicleta. Mas pior que seu nervosismo por montar na motocicleta era o modo em que sua mente voltava, uma e outra vez, às horríveis acusações de Sam e a compreensão que não gostava e não queria que tivesse nada a ver com Ty. Tentou esquecer o assunto como teria feito Joley, com um movimento casual da cabeça. Não gosta? Bem, que se dane! Mas Libby não era Joley e não podia esquecer tão fácil. As acusações de Sam lhe tinham doído. Era desagradável sentir-se tão ferida. OH, pelo amor de Deus, por que era tão necessário que todos gostassem dela? Sim, sentia-se envergonhada e humilhada por Sam pensar que ia atrás do dinheiro de Ty, mas enquanto estava ali sentada derrubando-se em sua própria angústia, podia sentir uma dor muito mais profunda irradiando de Tyson. Sentia sua dor, a dor em seu coração. Não havia forma de retirar os comentários sarcásticos de Sam. Só podia fazer o que pudesse para consolar Ty com cálidas quebras de onda de energia e aconchegar-se a ele em um esforço por lhe reconfortar. Sabia que duvidava de si mesmo... e dela. Com seu corpo pressionado contra o dele, seus braços ao seu redor e a motocicleta vibrando entre suas coxas, finalmente começou a relaxar e permitir o luxo de desfrutar estando a sós com ele de noite. Aproveitou a oportunidade para olhar a seu redor, ver o que ele amava tanto ao montar em sua moto. Sentiu o ar fresco do mar em sua face e quando elevou o queixo, formaram-se lágrimas em seus olhos por causa do vento. Foram pela Comarcal Um, percorrendo as curvas sobre o mar. Olhou abaixo para a água espumosa, assombrada do perto que parecia o mar, deslumbrada pela forma em que as salpicaduras pareciam dedos lançadas para o céu iluminado pela lua. A água produzia espuma e se dobrava, equilibrando-se sobre as rochas e logo se retirando. A motocicleta acelerou vencendo a extensão de rochas. Tyson pegou uma das muitas estradas que serpenteavam para as zonas mais elevadas. Ela estava familiarizada com o litoral e conhecia as vistas que tiravam o fôlego das poucas grandes propriedades da zona. Ty reduziu a marcha quando se aproximaram de um jogo imponente de portas de ferro de 3 metros de altura. Tirando um pequeno controle remoto de seu bolso, apontou e as portas se abriram para dentro e ele continuou a entrar no longo caminho. Impressionantes terrenos flanqueavam ambos os lados, grama pontilhada com exuberantes bancos de flores e arbustos, tudo meticulosamente colocado ao redor da enorme casa de dois pisos ao final do caminho. A parte dianteira da casa era de vidro. Elevava-se sobre o escarpado, de cara ao mar, desenhada para fundir-se com a paisagem que a rodeava. Tyson se deteve a poucos metros do círculo que conduzia a tripla garagem. Tirou o capacete e a olhou. -O que te parece, Libby? Não é linda?


Não era só a vista ao oceano, ou a casa construída na linha da costa, e a série de amplos alpendres, mas também os jardins que rodeavam a casa, as árvores açoitadas pelo vento e a ferocidade das grandes rochas e os prados. Os caminhos estavam bem iluminados e conduziam a pequenos rincões privados, um jardim de flores conduzia até o mesmo mar. Não era simplesmente linda. Era… serenidade. Libby desceu da motocicleta e tirou seu próprio capacete, esperando um momento para recuperar suas pernas enquanto girava em círculo para contemplar a casa e as terras. -É maravilhosa, Ty. Não tinha nem idéia de que isto estivesse aqui. -Tem uma casa para convidados à parte. Realmente eu gosto disso. A casa tem dois acres. A terra é em sua maior parte suaves colinas e prados. -Pensa comprá-la? -Não tinha visto nenhuma placa de "Vende-se" na entrada. -Já comprei. Um dia depois do que aconteceu a Jonas. Pensei muito em você, Libby, em como somos diferentes das demais pessoas e então me ocorreu de como você me necessitava. Nunca me tinham necessitado antes. O fôlego lhe congelou nos pulmões. Libby lentamente inclinou a cabeça para cima para olhá-lo. -Necessito de você? Ele segurou sua mão. -Sim, necessita-me. Depois que compreendi que talvez sua família pudesse ser dotada de poderes diferentes, fraquejou minha confiança durante um minuto ou dois… -Tanto tempo? -O sorriso de Libby era apenas perceptível. Sentia-se enjoada. Não estava preparada para o que lhe ia dizer. A dor subjacente em seu coração era evidente para ela, embora estivesse segura que ele não o admitiria nem ante si mesmo. Queria fugir, mas queria abraçá-lo, lhe manter a salvo. Tyson lhe colocou os cabelos atrás da orelha. -Não sabe dizer que não às pessoas. Utilizam-lhe, Libby. Eu sou muito bom dizendo que não. Voa por todo mundo dando uma mão, mas na realidade não tem um lar ou uma vida para você mesma. Eu posso te oferecer essas coisas. Posso te oferecer isto. - Sua mão varreu a seu redor abrangendo as terras e a casa. -Posso te oferecer um santuário. Libby não podia apartar o olhar de sua face. Seus rasgos estavam gravados com linhas que nunca antes tinha notado. Seus olhos estavam obscurecidos por sombras. Parecia curiosamente vulnerável, embora muito decidido. Utilizou todas as suas forças para não lhe envolver entre seus braços e lhe apertar. -Tyson, você não me conhece. -Disse tão brandamente como pôde, recordando que suas irmãs haviam dito quase o mesmo sobre ela. Elas tinham razão. Não queria admitir a si mesma, mas lhe era difícil pôr limites. Ele negou com a cabeça. -Está equivocada, Libby. Conheço você. - Suspirou. -Essa é a questão, Libby. Nunca me senti feliz antes. Não me tinha dado conta disso. Sabia que faltava algo, mas não sabia que não era feliz até que me sentei com você e conversamos. Estar com você me faz feliz. Sinto-me bem comigo mesmo. Na realidade não penso muito em mim mesmo, ou na vida em geral na maioria dos casos, e então quando estou contigo, faço-o. Toda a adrenalina correndo no mundo não pode comparar-se à forma em que me faz sentir. Libby podia ver a terrível luta de Tyson por escolher suas palavras com cuidado, em um intento por convencê-la que falava a sério. E o que estava dizendo? Certamente não estava se declarando. -Não estou segura de onde quer ir com isso, Ty. Obviamente desfruto estando com você ou não seguiria te dizendo que sim quando me convida para sair. -Mas na realidade não disse que sim. Enganei você a primeira vez, intimidei e logo te seduzi.


Ele soltou sua mão e avançou pelo passeio circular para o caminho que conduzia ao escarpado. Libby foi atrás dele, odiando ser tão empática que podia sentir a dor de seu coração. Parecia uma intromissão em seu mundo cuidadosamente construído. Ele não deixava entrar às pessoas e ainda assim estava totalmente aberto para ela. -Tyson. - Disse-lhe brandamente. -Se não quisesse estar com você, - reconfortou-lhe - não estaria. Cada um dos momentos que passamos juntos foi por minha própria vontade, porque queria estar com você. Voltando-se para olhar a formosa casa, os terrenos, a vista do mar, Libby sabia que isto era tudo o que alguma vez pôde ter desejado em uma casa. O caminho feito de mármore acabava em um amplo círculo ao bordo do escarpado. Uma grade de ferro fazia barreira, mas encaixava perfeitamente com a incrível vista. Colocou-se junto a Ty, lamentando-se por ele, desejando encontrar as palavras corretas para deter qualquer que fosse a tormenta que ele estava sentindo. Podia sentir sua tensão, senti-la construindo-se a seu redor, fazendo que se sentisse com os nervos de ponta e inquieta. -Comprei esta casa para você, Libby. - Soava triste, quase rude, a expressão de seus olhos era desolada. Seu coração retumbava quase tão forte como o mar abaixo deles. -Por que, Ty? Por que faria isso? -Queria que visse tudo de mim, não só a pessoa que vê o resto do mundo. -Seu sorriso era sombrio. -Tenho partes boas em mim, em alguma parte. -Acredita que necessito que me compre uma casa para ver em seu interior, Ty? -Fechou os dedos ao redor de seu pulso e lhe deu um pequeno puxão até que ele se voltou. –Estou te olhando, Tyson Derrick, e acredite, vejo quem é. -Você merece o melhor do mundo, Libby. Um pequeno sorriso curvou a boca de Libby, mas não alcançou seus olhos. -Talvez devesse ver meu verdadeiro eu. Está tão preocupado se por acaso não vejo todos os seus lados, mas acredito que só vê o que quer ver de mim. Não sou perfeita e nunca o serei. E tem razão, não sei como dizer não às pessoas mesmo quando deveria... especialmente quando deveria. -Abaixou a cabeça. -Curar tem um preço. A maioria das vezes, não tomo a ferida, só envio a energia necessária para a cura. Isso me debilita, mas não é perigoso. Minhas irmãs estão ligadas a mim, tal como eu estou a elas. Se escolho curar alguém que está mortalmente ferido… -Como a Jonas. -Como a mim. Não podia sequer pensar no que ela tinha arriscado por ele. Ela assentiu com a cabeça. -Como a Jonas, então ponho em perigo não só minha vida, mas também as de minhas irmãs. Normalmente sou muito cuidadosa, mas pode ser difícil dizer que não ou dar as costas a um pai que me está suplicando, ou a um menino que está ferido além da ajuda normal... ou se for alguém por quem sinto afeto. -Não é Deus, Libby, não mais que eu. Fazemos o que podemos e vivemos com todo o resto. -E se dependesse dele, nunca voltaria a pôr em perigo sua vida ou sua saúde. -Estive na África, Ty, e em muitos outros países onde não têm comida ou remédios, onde os meninos não podem ir à escola e ser educados. É difícil ver e sentir a tantos meninos, tantas pessoas simplesmente jogadas a um lado como se não importassem nada. Ele emoldurou sua face com as mãos, inclinando-se ligeiramente até que sua cabeça quase tocou a dela. -Não os ajudará se fizer mal a você mesma, Libby. É médica e com essa capacidade só pode fazer um tremendo bem. E não tem que se desculpar por como é ou me dar explicações. Só sei que se supõe que tenho que estar com você. Sei que posso fazer sua vida melhor de muitas maneiras. -Parecia muito mais fácil falar com ela ali na escuridão, com o oceano ressonando abaixo e o céu noturno cheio de estrelas. Ela estava relaxada, embora excitada. Era uma mescla de compaixão e aço que lhe intrigava.


-Eu sei que o que disseram Harry e Sam te transtornou, Ty. - Disse Libby. -Não tenho nenhum interesse em seu dinheiro. -Isso não me faz tão feliz como acredita. Se estivesse interessada no dinheiro, teria algo que te oferecer. Era como um menino pequeno lhe oferecendo seus tesouros, um a um, tentando tentá-la para que ficasse com ele. Desejou lhe abraçar e lhe manter a salvo para sempre. -Acreditava que havia dito que te necessitava. -E assim é, mas provavelmente não está pronta para admiti-lo. Ela deu de ombros. -Não sei. Pensar que necessito de alguém em minha vida, além de minha família, me faz sentir mais vulnerável que nunca. Temos uma profecia em nossa família sobre uma grade e o encontrar nosso amor verdadeiro. -Riu brandamente. -Minhas irmãs e eu fechamos com cadeado a grade só para assegurarmos que estamos a salvo. Ele tocou-lhe a face, seu dedo enluvado riscou um caminho sobre sua maçã do rosto. -Bloqueou seu amor verdadeiro? Está rompendo todas as minhas ilusões. Não nascem as mulheres desejando casar-se? Libby estalou em risadas. -Acredito que os homens querem acreditar nisso, mas não, surpreendentemente muitas de nós gostamos de nossa independência e vemos o matrimônio como uma instituição masculina. Ele lançou ambas as mãos ao ar. -Agora realmente me sacode. Como que o matrimônio é uma instituição masculina? -Todas as vantagens estão do seu lado. Nós as mulheres ganhamos dinheiro e dirigimos nossas vidas agora. Se recebermos a bordo a um homem, temos que fazer todas as outras tarefas de mulher casada assim como ganhar dinheiro também. -Sorriu-lhe abertamente. -O que tem isso de atrativo? -Bom, aprenderei a cozinhar. -Você nunca aprenderá a cozinhar Ty, assim não vá por aí.. -Não pode franzir o nariz ou algo assim e apareça o jantar sobre a mesa? -Parece tão esperançado. Acredito que Hannah pode fazer isso. Talvez vá pela irmã equivocada. -O sorriso desvaneceu de sua face. -Pensava em você muitas vezes, mas parecia que me desaprovava. Não tinha nem idéia que me olhava. -Como poderia não te olhar? Vamos, Libby, é formosa, inteligente e sexy como o inferno. Qualquer homem em seu são julgamento te olharia. Só que não pensava em termos de permanência. -Quer dizer que pensava que minha família inteira eram de enganadoras. -Bom, sim. Como demônios chegou a aceitar que podia manipular energia de alguma forma sem tratar de encontrar uma explicação científica para isso? Eu teria estado experimentando cada dia até havê-lo averiguado. -Não se tivesse crescido como se fosse algo comum. Os dons estiveram em minha família durante gerações. Ninguém pensa em como fazemos, só o fazemos e aprendemos a controlá-lo e aceitá-lo desde crianças. Não é tudo tão fácil, assim que a admiração por nosso dom algumas vezes se perde ao analisá-lo -Deveria se sentir especial, dotada. Libby deu a volta entre seus braços, recostando-se contra ele enquanto olhava para o oceano. -Não a maior parte do tempo. Muitas vezes o que fazemos é natural, só uma parte de nossas vidas em que não pensamos. Quando éramos meninas, sentíamo-nos diferentes, à parte. Levantou o olhar para ele. -Provavelmente como se sentiu você quando se deu conta de que pensava e aprendia a um nível totalmente distinto que o da maioria das pessoas. Ele esfregou o queixo contra seu cocuruto.


-Superior talvez. Estava orgulhoso de mim mesmo. Acredito que acumulei muito rancor sobre meus ombros. -É mandão e um pouco arrogante. -Estou de acordo. E me necessita para que te ajude a se defender um pouco de todas as demandas frente às que coloca a você mesma. -Seriamente?- Ela riu brandamente. -Essa é a arrogância falando. -Não, não o é. Não quer uma família? Crianças? Você se vê sem uma família? Encontrar o equilíbrio é bom, Libby. -Você me falando de equilíbrio? Ele deu de ombros. -Alguém tem que fazê-lo, Libby. Ela saiu de entre seus braços, virando para olhá-lo. -Te ocorreu que tenho feito um trabalho bastante bom com minha vida até agora sem que ninguém me diga o que fazer? -Não acredito que seja para lançar foguetes, mas te concedo um louvor. Lançou um sorriso inclinado que lhe atingiu o coração. Libby sacudiu a cabeça. A tristeza espreitava nas sombras dos olhos dele. Sempre ali. Ninguém mais parecia vê-lo, nem sequer o próprio Tyson, mas nunca desaparecia. Algo profundo dentro dela respondia, precisando acabar com esse olhar de dor solitária e substituí-la por algo totalmente distinto. -Alguém tem que encarregar-se de você, Ty. Bem posso ser eu. -Vamos ver a casa. -De maneira nenhuma. Se entrar aí com você tentará me seduzir e me debilito cada vez que me beija. -Vou seduzir você estejamos na casa ou aqui fora, assim melhor que estejamos em um lugar quente. - Sua voz rouca era uma sedução em si mesma. Um pequeno tremor atravessou Libby, seu corpo se esticou com uma resposta instantânea. Não ia requerer muito esforço por sua parte. Sentia-se como se lhe tivesse desejado toda a vida. Sozinha, em meio à noite quando sua vida estava vazia e se sentia vazia, sonhava com este homem, fantasiando mil formas de lhe agradar. De lhe ter para si. Mesmo quando tinha chorado ao perceber um desprezo ou uma palavra descuidada dele, ainda tinha sonhado com essas mãos acariciando seu corpo e sua boca assumindo o controle da dela. Tyson gemeu enquanto a atraía a seus braços. -Não pode me olhar assim e não esperar que te leve acima. - O desejo nu na face dela foi sua perdição. Começou a guiar de volta pelo caminho para as portas duplas. Não lhe deu tempo para pensar, beijando-a uma e outra vez. Eróticos, quentes, excitantes beijos enquanto lhe tirava a jaqueta de couro dos ombros, a fim de que caísse inadvertidamente no corredor. Abriu a porta e a empurrou dentro, seguindo-a, apertando-a contra a parede mais longínqua, seus braços enjaulando-a enquanto apoiou seu peso contra ela, sua boca já a devorando. Libby podia não querer seu dinheiro, mas queria seus beijos e havia outras formas de assegurar-se de que não quisesse lhe deixar. Tinha esta noite para convencê-la que seu lugar era junto a ele, e tinha intenção de aproveitar a vantagem, fazê-la perder o equilíbrio e que não pensasse até que estivesse tão enredada com ele que ficasse para sempre. Depois deles, a porta se fechou. Quanto tempo tinha esperado este momento? Anos. Tinha a desejado fazia tanto tempo que o controle lhe escorria rapidamente. A boca de Libby era escura, quente e úmida e seu sabor e sensação eram aditivos. Necessitava sua pele debaixo da dele, toda ela, seu corpo aberto a ele, lhe desejando. Ninguém em sua vida, que pudesse recordar, tinha sido só dele e queria Libby. A esta única mulher. Era tudo o que pedia tudo o que tomaria. Este único presente para si mesmo. -Não posso respirar Ty - sussurrou ela contra seu pescoço, seus dedos lhe apertando os ombros. -De verdade que não posso.


-Não tem que respirar Libby, eu respirarei por você. -Respondeu ele, faminto dela. Ele a necessitava da mesma forma necessitava-a disposta a fazer algo por ele. Que Deus lhe ajudasse, necessitava-a. Isso era tudo o que havia. A realidade. Tinha estado encerrado afastado do resto do mundo em um lugar escuro onde nada podia lhe tocar até que chegou Libby. Ela era seu passaporte, seu sol, sua única saída do isolado confinamento... da masmorra que era sua vida. Libby com sua boca sexy e seus olhos sensuais e essa pele que clamava por ser tocada. Se não a tivesse esta noite, não sobreviveria. Manteve-a imobilizada contra a parede, sujeitando-a com sua boca na dela, enquanto jogava a um lado sua jaqueta e conseguia sair de sua camisa. Estava perdendo rapidamente a capacidade de pensar com claridade. Tinha tantas sensações acumuladas dentro, seu corpo estava mais duro e mais cheio que nunca. Sempre tinha tratado o sexo como uma ciência, a arte da anatomia, o melhor da classe. Tudo consistia nos pontos corretos, o toque correto, habilidade, mas sobre tudo controle. Mas tudo era diferente com ela. -Não me diga que sim, se planeja se afastar de mim, Libby. Eu não funciono assim. -Sua voz era áspera, estirada, inclusive enquanto lhe puxava a blusa pela cabeça para atirá-la descuidadamente longe deles. Não esperou sua resposta, já se apoiando nela para encontrar seu pescoço com o calor de sua boca enquanto abria o fecho de seu sutiã. Deslizou as palmas da cintura para cavar o leve peso dos seios em suas mãos, fechando os olhos para saborear a sensação de sua pele acetinada. Era mais suave do que nunca tinha imaginado. Nada do que tinha feito antes o tinha preparado para sua reação ante ela. Seu coração palpitava de desejo, seu corpo tremia e o ar se negava a atravessar seus pulmões. De certa forma, Libby arrumava para destroçar seu controle de aço. Beijou o caminhou para baixo pelo pescoço para o bordo de seus seios antes de abrir os olhos. -É tão endemoniadamente formosa. -Disse ele. - Tire os sapatos e o jeans. Depressa, carinho, porque estou me queimando. Libby se sentiu indefesa para resistir a ordem de sua voz, a fome dolorida que punha tal aspereza em sua voz ou a intensidade ardente nas profundidades de seus olhos. As mãos dele eram seguras sobre seu corpo, sem vacilação, sem conter-se, possessivo e autoritário como se soubesse exatamente o que fazia e onde os estava levando. Não pode apartar a vista de seu olhar enquanto lutava por tirar os sapatos e deixar cair as mãos para seu jeans. O fôlego ficou entupido na garganta. Já pulsava por ele, seu desejo tinha ultrapassado qualquer ponto que tivesse estado antes. Só queria entregar-se a ele e abandonarse aos prazeres que sua boca, seus dentes, sua língua, suas mãos e seu corpo podiam lhe dar. Desejava-lhe para si quase com desespero. Sustentando seu olhar, começou lentamente a tirar o jeans e a calcinha, saindo-se delas e as deixando cair ao chão. Libby levantou o queixo quando os olhos azuis trocaram de posição para inspecionar seu corpo nu. O olhar dele deslizou sobre seus pequenos seios até a estreita cintura e o ventre plano, logo baixou mais ainda até que lhe viu imóvel, sua respiração se deteve bruscamente, sua língua tocou os lábios repentinamente secos. Adorou o estremecimento que atravessou o corpo dele, a luxúria que obscureceu seus olhos quando viu que ela era suave e lisa por toda parte. Ty tirou as botas e meias e as atirou a distância deles. -Agora meu jeans, Libby. Ela não podia apartar o olhar dele enquanto fazia o que lhe dizia. Cada roce de seus dedos contra a protuberância que estirava o tecido enviou outro estremecimento de prazer através de seu corpo. Seu corpo inteiro zumbia, pulsava com vida, consciente só dele. Lentamente, adorando a expressão em sua cara, baixou-lhe a cremalheira dos jeans e colocou ambas as mãos no cinto começando a lhe abaixar as calças. Teve que trabalhar para lhe tirar os jeans e ao fazê-lo se encontrou olhando atemorizada sua pesada ereção. O fôlego se precipitou desde seus pulmões e lhe escapou um suave gemido.


Sua ereção saltou em resposta. Ela se endireitou lentamente, apoiando-se contra a parede e permitindo que seu olhar vagasse pelo corpo nu, avançando lentamente centímetro a centímetro. -Quero sentir suas mãos sobre mim. -Disse ele. -Agora Libby, coloca seus dedos a meu redor. Sua voz era tão rouca, tão áspera, que sentiu um tremor percorrer sua espinha. Cavou os testículos em sua palma, deslizando os dedos em uma larga carícia sobre ele, moldou a grossa ereção e passou as pontas de seus dedos sobre a úmida cabeça. O calor era assombroso. Ao primeiro toque de suas mãos, ele perdeu todo o controle e com um gemido carnal, baixou a boca para seu mamilo. Um gemido estrangulado escapou dela enquanto arqueava o corpo, com uma mão acariciando a sedosa longitude dele, enquanto a outra lhe aferrava os cabelos. Sua respiração se voltou desigual. Ele utilizou a língua, acariciando-a, sugando-a, espremendo um grito afogado de prazer dela. Sua mão deslizou pelo interior da coxa, seus nódulos acariciaram o sensível montículo nu entre as pernas. Sua pele era mais suave do que nunca tinha imaginado. Estava tão úmida e disposta e ele nem sequer tinha começado. -Poderia te comer viva, Libby. Ela passou as mãos por seu peito, até seu pescoço e lhe aproximou. -Agora me deu fome. -Não se preocupe. - Tyson a levantou facilmente entre seus braços. -Tenho planos para me encarregar disso. Colocou-a sobre o tapete ante a chaminé, seu corpo se estirou junto ao dela, sua mão cobrindo a perfeição desse montículo suave. Ante seu toque, o corpo de Libby se sacudiu com força e lhe escapou um suave grito. Ele se recostou sobre ela para capturar seu seguinte soluço de excitação com os lábios enquanto lentamente afundava um dedo no canal molhado e convidativo. Adorava sua boca. Tinha sonhado com sua boca, sua forma e plenitude, a maneira em que podia parecer tão vergonhosa em um momento, franzindo-se e rindo ao seguinte. Puxou seu lábio inferior com os dentes, sua língua moldando as curvas e chupando ligeiramente enquanto ela gemia brandamente. Excitou-lhe inclusive mais observar as expressões que cruzavam sua face, a necessidade nua e a pura emoção. Para ele. Tudo para ele. Libby não podia apartar o olhar das ásperas linhas da face de Tyson. Sua expressão deveria ter sido esculpida para a posteridade, pura sensualidade, uma escura promessa de prazer. Ele passou a língua por seu mamilo, uma chama frisada que pareceu afundar-se para precipitar-se diretamente até sua virilha. Seus músculos se apertaram ao redor de seus dedos. Ele pressionou beijos em seu ventre, alternando lambidas e pequenas dentadas brincalhonas até que ela se retorceu sob seus lábios e dentes, pensando que o prazer era quase insuportável. Moveu-se mais abaixo, lhe separando as coxas, inclinando-se para esfregar com o nariz seu montículo nu. As sensações nas terminações nervosas inchadas a fizeram ficar sem fôlego, sacudindo os quadris enquanto lhe escapava outro pequeno grito. Libby parecia não poder recuperar o fôlego. Observou-a, com o olhar ardente, sua língua saboreando seus próprios lábios antes de colocar-se entre as coxas. O olhar sensual de seu rosto fez que o pulso de Libby voasse fora de controle. -Ty. Não acredito que possa suportar isto. Seu pequeno sorriso foi uma piscada de cumplicidade. -Acredito que vai sofrer uma crise nervosa entre meus braços, Libby. Só se entregue. Controle. Estava lhe dizendo que queria o controle. Libby fechou os olhos, seus dedos se afundaram no grosso tapete quando ele abaixou a cabeça e lambeu seu sensível montículo. Seu corpo inteiro se sacudiu com força. Ao inferno com o controle. Libby Drake ia para o lado das garotas más. Nunca nada tinha sido tão bom. Nada a tinha feito sentir-se tão viva, tão formosa, tão desejada, tão sexy. Melhor dizendo, ninguém o tinha feito. Estirada nua sobre o grosso tapete com Tyson entre suas coxas, abandonou-se à pura beleza de só sentir.


Tyson respirou sobre seu corpo tremente e sua língua se moveu sobre ela outra vez em outra larga estocada, girando e acariciando, afundando-se profundamente e logo ouviu a si mesma gritando seu nome enquanto a sugava com força, sua língua apunhalando-a profundamente e acariciando seu ponto mais sensível. Não podia ficar quieta, sua cabeça girava de um lado a outro, seus pulmões ardendo, ardendo em busca de ar, enquanto seu corpo se esticava mais e mais, estirando-se e crescendo até que acreditou que explodiria. -Tyson! -Apanhou seus cabelos escuros em um punho e puxou bruscamente. –Está me matando. -Tudo está bem, carinho. -Animou-a. - Quero que esteja pronta para mim. -Seus dedos empurraram profundamente e ela se derrubou, suas costas se arquearam, quando onda atrás de onda de orgasmos a atravessaram dos pés a cabeça. Tyson se moveu instantaneamente, se colocando entre suas pernas, empurrando profundamente na sedosa capa. Seus músculos lhe aferraram, opondo-se a sua entrada apesar de estar escorregadia, mas cederam quando empurrou mais profundamente, abrindo caminho entre as dobras apertadas e quentes. Houve uma inesperada resistência e logo se afundou nela, ficando quieto por um momento, saboreando o prazer absoluto de estar dentro de Libby Drake. Apoiou a cabeça contra a dela, seus braços lhe mantinham por cima dela, sua boca procurava o doce sabor da dela. Seus quadris começaram a adquirir um ritmo duro, rápido, enquanto elevava a cabeça para observar o prazer atravessando-a. A paixão correu por seu corpo com a força e o calor de uma tormenta de fogo. Nenhum fogo contra o que ele tivesse lutado tinha parecido tão quente. As chamas lamberam sua pele e queimaram suas vísceras e sua virilha quando as estocadas se fizeram mais duras, profundas e enérgicas. Todo o tempo ele observava o rosto dela, devorando o prazer derramado sobre ela. Suas unhas lhe arranharam os ombros, seus dedos lhe cravaram nas costas, ela levantou a cabeça para pressionar um caminho de beijos ao longo de seu peito. Cada toque lhe conduzia mais perto da loucura. Seus dedos lhe acariciavam a pele, assim como a seda de seus cabelos. Seu olhar estava apanhado no dele, vidrado, escuro pela necessidade sensual, iluminado com algo que o levava a fogo supremo, cintilando, lhe queimando a alma. Não se atreveu a acreditar que ela pudesse lhe amar, mas sentia alguma emoção, não só desejo e isso era suficiente para ele. -Está tão apertada, Libby, e tão condenadamente ardente que acredito que vou sair disso queimando em vida. Nada em sua vida, nem sequer em suas fantasias mais eróticas lhe tinha preparado para compartilhar o corpo de Libby. Ela ofegou seu nome de novo, uma pequena súplica indefesa pedindo alívio que rasgou o último fio de controle fazendo que a agarrasse pelos quadris, sujeitando-a imóvel enquanto ele se inundava profundamente, uma e outra vez, a paixão lhe banhou, chispando, rangendo e rugindo como trovões em seus ouvidos. Sentiu o espasmo a seu redor, aferrando fortemente, os suaves gritos estrangulados dela. As sensações se iniciaram em alguma parte nos dedos de seus pés e atravessaram de repente seu corpo com tal força, que pensou que não poderia sobreviver ao prazer. Libby cravou as unhas em suas costas, agarrando-se à única âncora que tinha quando seu corpo se fragmentou e a terra deu voltas. Jazia abaixo dele, sentindo-se como se o coração pudesse sair do corpo, sem lhe preocupar que estivesse pulsando rápido e que seus pulmões ardessem. Ondas atrás de ondas a estremeceram e se aferrou a Tyson, surpreendida de poder sentir tão rapidamente, que seu corpo ignorante pudesse responder com tão poderosos orgasmos. Ela era médica. Com freqüência aconselhava às mulheres que poderia levar um tempo chegar ao orgasmo... ou a orgasmos múltiplos. Passou os dedos pelos cabelos dele, as pequenas carícias pretendiam comunicar a enormidade do que estava sentindo. Tyson levantou a cabeça, aliviando-a de seu peso.


-Poderia haver mencionado que deveria ir mais devagar, Libby. Quando me dei conta, era muito tarde. Libby lhe sorriu. -Acredito que podemos estar de acordo que as coisas foram bastante bem por ser nossa primeira vez. Bom, posso ter queimado o tapete Ele lhe afastou os cabelos da face, atrasando-se com um dedo sobre sua pele. -Parece muito satisfeita. Sonolenta, mas satisfeita. Eu adoro pôr esse olhar em sua face. -Estamos fazendo um desastre do tapete. -Conseguirei outro. -Disse ele, rodando, levando-a com ele para que jazesse em cima, com a cabeça sobre seu ombro. -Não quero te esmagar Libby fechou os olhos, desfrutando da sensação de seus braços ao redor dela, de seu corpo embaixo do dela, pernas e braços enredados. Permitiu-se olhar ao redor de onde estavam algo que não tinha feito até agora. Era enorme. Era de madeira clara para capturar a luz do sol que atravessava a parede de vidro que estava de frente ao mar. A vista era espetacular. Fora, as ondas se equilibravam sobre a praia rochosa sob o escarpado, acalmando-os até que ela começou a ir à deriva para o sono. Tyson a manteve abraçada. Parecia tão frágil e delicada entre seus braços. Ele tinha um corpo muito maior e estava definitivamente bem dotado. Tinha temido machucá-la, embora estivesse ansiosa por ele, absolutamente ansiosa. Nunca tinha imaginado Libby Drake nua sobre ele, com a boca pressionada sobre seu peito, e o corpo movendo-se com total abandono sobre o seu. Deixou-a dormir meia hora antes de apartar-se para encontrar uma toalha e limpá-los. Já a desejava outra vez. Talvez estivesse destinado a passar o resto de sua vida em um estado semiduro. Libby despertou com seus beijos. Ligeiros. Suaves. Ternos. Devolveu-lhe os beijos e sorriu, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço. -Esta é uma forma maravilhosa de despertar. -Senti sua falta. Ela riu, seus olhos cintilaram. -Quanto passou, uma hora? Proporcionou-lhe um secreto prazer saber que ela ria de seu comentário. -Estava ficando vesgo de te olhar fixamente. Ela se apoiou nele outra vez e o beijou antes de sair rebolando. -O banheiro. Ele assinalou. Libby se assombrou por não sentir nem a mais mínima vergonha por passear diante dele completamente nua... de fato desfrutava sentindo seu olhar nela. Quando voltou passou deliberadamente junto a ele por volta da janela onde a luz da lua brilhava sobre ela enquanto olhava o mar. O olhar dele se esquentou. Predador. -Está me matando, Lib. Não posso te olhar sem me pôr duro. Libby riu brandamente, sentindo-se atraente pela primeira vez em sua vida. Era uma sensação que poderia acostumar-se. -De verdade?- Deliberadamente deixou que seu olhar vagasse sobre o corpo dele, brincando, lhe provocando. Paquerando. Nunca tinha paquerado. Nem sequer sabia como fazê-lo. Ele percorreu o chão como um tigre, saltando sobre ela, fazendo-a virar até que a pressionou contra o vidro. Ambas as mãos lhe cobriram os seios, sua ereção já grossa e dura, pressionando contra suas nádegas. -De verdade. -Respondeu ele, inclinando a cabeça sobre os ombros dela, lhe dando pequenas dentadas brincalhonas que enviaram calafrios por suas costas. Aplicou pressão, inclinando-a lentamente para diante para deixar cair beijos e dentadas para baixo pela coluna. Fez uma pausa para lamber os arranhões produzidos pelo roce do tapete nas costas.


Ela pressionou a palma de sua mão contra o vidro para estabilizar-se, girando para olhar Ty sobre seu ombro. Sua face estava esculpida pela paixão, pela luxúria, seus olhos tão escuros pelo desejo que o fôlego abandonou seus pulmões em uma rajada e seu corpo se umedeceu e se contraiu de espera. -É impossível que possa me desejar outra vez. -É tão formosa, Libby. -Respondeu ele. Adorava vê-la nua, rodeada pela felpa branca do tapete e o vidro brilhando atrás dela. Ainda não tinha conectado a eletricidade da casa mas as luzes não eram necessárias. A lua derramava bastante luz sobre o corpo para ver suas curvas, e as nuvens lançavam sombras intrigantes sobre sua suave pele convidativa. Seus cabelos eram uma cascata de seda negra como a meia-noite caindo por seus ombros e balançando-se livremente. Acariciou a curva de seu traseiro, o interior de suas coxas, moveu sua mão para encontrar habilmente sua úmida resposta. -Isto é o que estou procurando, carinho. -Sua voz ia ficando mais rouca. Adorava as marcas de posse que podia ver em sua pele. Suas marcas. Sua mulher. A forma em que lhe respondia a forma que lhe olhava, seus pequenos gritos ofegantes quando a acariciava com seus dedos, tudo lhe resultava assombroso, um novo mundo maravilhoso no que queria morar durante o resto de sua vida. Ela gemeu em voz alta, seus quadris empurrando contra ele. Ele colocou dois dedos em seu interior, roçando e acariciando até que ela montou sua mão com um pequeno soluço irrefletido. Sua vagina estava quente e sedosa, seus músculos se fechavam firmemente a seu redor fazendo que seu próprio corpo se endurecesse até mais. O sangue se acelerou e palpitou e levantou a mão para lamber lentamente seu sabor dos dedos. . Libby não podia apartar o olhar dele, adorava a forma em que a fazia sentir tão sexy, tão completamente dela. Cada toque, cada olhar era tão intenso. Tyson era homem de um só propósito. Quando investigava, entregava-se totalmente. Deveria ter sabido que seria um amante consciencioso e dominante, como em todo o resto em sua vida. Queria que ela sentisse prazer, não só isso, puro êxtase, e fazia isso com a mesma dedicação com que fazia tudo. Observou sua face enquanto ele a agarrava pelos quadris e empurrava a larga cabeça de sua ereção contra sua entrada nua. Parecia uma marca que queimasse sua pele, abrindo caminho entre seus músculos apertados com cuidado delicioso, invadindo seu corpo centímetro a centímetro. Desejou gritar de prazer, seu corpo tremia sob as mãos acariciantes. Os dedos puxavam seus mamilos, cada golpe de seus fortes dedos enviavam descargas elétricas diretamente a sua apertada e ardente vagina. Libby ofegou em busca de fôlego, empurrando para trás com cada golpe poderoso. Ele a montou dura e rapidamente, e então de repente, quando estava segura que estalaria em chamas, baixou o ritmo a largas e conscienciosas estocadas que quase a levaram mais à frente do limite, só para aumentar a velocidade e ferocidade de sua posse uma segunda vez. Cada músculo, cada célula parecia preparar-se, necessitando, pedindo a liberação, mas ele a manteve em espera, até que pensou que não poderia suportar o intenso prazer nem um momento mais. Algo escuro se moveu em sua mente, passando por diante das cores brilhantes e eróticas que a atravessavam. Um fio de fumaça insubstancial, não mais, mas lhe pôs a pele arrepiada. Abriu os olhos e olhou pela janela para a capa de escuridão que envolvia a casa. Os dedos de Tyson se cravaram em seus quadris, arrastando-a para ele, enviando um calor que subia vertiginosamente através de seu corpo até que o fôlego abandonou seus pulmões e não pôde formar um pensamento coerente. Mas ali estava outra vez. Algo se movendo em sua mente, sobrepondo-se ao prazer, uma sombra retorcida que crescia e crescia. Pensou em fazer uma pausa, tomar fôlego, dar um momento para esclarecer a cabeça, mas era muito tarde, seu corpo a traiu, o orgasmo a rasgou com tal força que quase caiu, forçando-a a agarrar-se firmemente ao vidro para salvar-se de cair. Atrás dela, os dedos de Tyson se cravaram profundamente em sua carne, sujeitando-a enquanto se esvaziava nela, seu grito gutural ressonando através da habitação Tudo a seu redor girou fora


de controle quando seu corpo se fragmentou. Por um momento, Libby se sentiu como se pudesse tocar o céu. Ficou sem fôlego, enquanto ele a ajudava a levantar-se, enquanto a tomava entre seus braços, recostando-a contra seu braço para que sua boca pudesse encontrar o sensível seio. Libby fechou os olhos e se abandonou ao prazer. A sombra se moveu outra vez, bloqueando o céu, devolvendo-a de repente a terra fazendo que seus olhos se abrissem de repente e olhasse a seu redor grosseiramente. Afastou-se de Tyson rapidamente, sentindo quebras de onda de animosidade, de feio ódio, uma escura e malevolente presença a estava observando. Observando-os através do vidro. O que fosse quem quer que fosse que estava fora tinha visto Tyson tomando-a com tal ferocidade e fome, intrometendo-se no que deveria ter sido um dos momentos mais maravilhosos de sua vida. A idéia lhe revolveu o estômago. Um momento formoso e privado destroçado por algo tão feio, tão aberrante que retrocedeu afastando-se do vidro, levando a mão protetoramente à garganta. -Há alguém aí fora, Ty. Pode nos ver. -Estendeu as mãos trementes para ele, ainda retirando-se para a parede, tentando lhe arrastar com ela- Deveríamos chamar o xerife. Ele virou para a janela, olhando tão ferozmente, que Libby apanhou seu braço para lhe manter atrás. -Está segura? -Seu tom era baixo, mas havia uma fúria controlada irradiando dele. Ela assentiu com a cabeça. -Tenho medo seriamente, Ty. Não se aproxime muito da janela. E se tiver uma arma? Ele a empurrou ao amparo de seus braços, seu corpo protegendo-a da vista. -Não vou permitir que nos ocorra nada, Libby. -Sinto seu ódio. -Quem é? Ela sacudiu a cabeça. -Não sei. Não posso dizer nada além de que é um homem e que me quer... quer-nos... mortos. Por favor, chama o xerife. -Não tenho telefone aqui. -Recolheu suas roupas e lhe deu as dela. Estavam tão atrás na habitação que duvidava que alguém pudesse vê-los. –Te viu. -Nos viu. -Pode ser que não. Não pôde ter estado aí todo o tempo ou te haveria sentido incômoda. Tyson colocou os jeans de um puxão. -Não? -Não sei. -Conteve um pequeno soluço. Seu corpo ainda ardia pela posse de Ty. Sentia sua marca em lugares que não sabia que existissem deliciosos e machucados lugares que ainda palpitavam e pulsavam com muito prazer, embora alguém pudesse ter sido testemunha desses momentos tão formosos, perfeitos e privados. A idéia a adoeceu fazendo que seu estômago se revolvesse e pressionou uma mão sobre a boca. -Estava sentindo, não pensando, Ty. Duvido que tivesse podido te dizer meu nome. Ele agarrou seu queixo com seus fortes dedos, obrigando-a a encontrar a fúria turbulenta que havia em seus olhos. -O que temos juntos ninguém nos pode tirar Libby. Entende-me? Não me importa se cem pessoas nos viram juntos. Fiz amor com você esta noite. Eles podem chamá-lo como quiserem, mas era eu te dando tudo o que podia de mim mesmo. -Inclinou-se para reclamar sua boca, lhe emoldurando a face com ambas as mãos, sujeitando-a imóvel para seu beijo antes de passar a camisa pela cabeça. -Entende o que estou dizendo? Ele não vai afastá-la de mim, nem nos fazendo dano, nem tratar de nos humilhar ou nos envergonhar. E pessoalmente, Libby, importame um nada se alguém nos vir juntos. Libby lhe olhou fixamente, impressionada pela dura verdade que havia em sua face. Colocou os jeans. Por alguma razão, sua evidente fúria a acalmou. Inclusive as arrumou para formar um débil sorriso -Eu sou mais modesta.


Ele limpou suas lágrimas com a ponta do polegar. - Isso é algo bom... com qualquer outro homem. Não compartilho bem. -Acredita que alguém está tentando nos matar, Ty? -Não vá tão longe, carinho. Só permanece calma. Eu vou sair primeiro… -Não! -Libby sacudiu a cabeça. -De maneira nenhuma. -Vou até a motocicleta e trazê-la à porta e logo iremos daqui. Não vou ficar apanhado como um rato em uma jaula. Sairei pela parte de trás e darei a volta até a moto. -Não sei onde está ele. -Disse que nos observava. Se for certo tem que estar diante, talvez no mirante circular com vistas ao oceano. E tivesse uma arma, a teria usado. Ela fechou os dedos ao redor de sua manga, esperando lhe manter dentro. Pressionandose para trás contra a parede onde estava segura de que o observador não os podia ver, fechou os olhos e tentou limpar sua mente, tratando de alcançar mais energia que o homem invisível emitia. A energia já se dispersava. Quem quer que fosse, foi-se e a malevolência que tinha deixado atrás se desvanecia rapidamente. Libby soltou o fôlego lentamente. -Foi-se. Tyson franziu o cenho. -Está segura? Está segura que havia alguém aí? -Vamos. Quero ir para casa. Minhas irmãs estão frenéticas. -Pensava que tinha telepatia. - Tyson abriu a porta de um puxão e espiou fora. Não sabia o que pensar possivelmente Libby simplesmente se assustou, mas parecia tão segura, tão assustada. -Essa é Elle, não eu. E ela não pode simplesmente me encontrar em qualquer parte. -Olhou a seu redor. -Viu minha jaqueta? -Está justo aqui, onde a deixei cair... -A voz de Ty se desvaneceu quando seu olhar caiu sobre o corredor onde lhe tinha deslizado a jaqueta dos ombros. A adrenalina explodiu através de seu corpo, necessitando uma conexão de saída. A jaqueta estava em tiras, rasgada e apunhalada repetidamente, cruelmente, o couro feito pedaços.


Capítulo 11 -O que é isso? -perguntou Libby, tratando de rodear Tyson para ver. Em lugar de sair da soleira para lhe deixar espaço, ele avançou para ela, fazendo-a retroceder para o interior da habitação. -Está absolutamente segura de que se foi? -Exigiu-lhe. Tyson tremia de fúria. Esta atravessava rapidamente seu corpo e cada músculo. Queria fazer algo em pedaços. Em toda sua vida, nunca havia se sentido tão indefeso. Seu intelecto e suas habilidades físicas sempre lhe tinham dado confiança suprema em virtualmente qualquer situação, mas o inimigo invisível que claramente ameaçava Libby estava fora de seu alcance. Ela se via tão pálida e assustada que lhe retorceram as vísceras. Ela estudou sua face sombria. -Me conte Ty. Ele encolheu os ombros tirando sua jaqueta e dando a ela. -Ponha esta. - Quando ela começou a negar com a cabeça, sua expressão se endureceu. Não discuta. Ponha. - A forçou um tom suave. -Vamos daqui. Quero que fique quieta enquanto vou pegar a motocicleta. Não deixe a casa até que eu esteja na porta preparado para partir. Libby piscou para ele, abriu a boca e logo a fechou. Não ia discutir com um possível assassino solto. Ainda sentia as conseqüências das quebras de onda de ódio e maldade. Libby deslizou os braços na jaqueta e ficou tremendo silenciosamente enquanto lhe subia o zíper. Tyson se inclinou e roçou um beijo em sua boca. -Estaremos bem, carinho. Estarei fora um par de minutos. Mantenha a porta fechada atrás de mim. - Passou-lhe os dedos pelos cabelos dela antes de sair pela porta. Libby apoiou a cabeça contra a porta fechada, escutando com atenção em busca de qualquer som. Foram os minutos mais compridos de sua vida os que passaram até ouvir o rugido da motocicleta. O som subiu de volume e então soube que estava justo ao outro lado da porta. Abriu-a de um puxão e, fechando-a de repente atrás dela, correu rapidamente para ele. Tyson lhe ofereceu o capacete e esperou até que ela esteve na parte de trás da motocicleta, segura lhe rodeando com seus braços antes de dirigir-se ao caminho. Libby apoiou a cabeça contra as costas de Ty e fechou os olhos. A motocicleta acelerou pela estrada da costa um pouco mais rápido que antes, mas não tão rápido para resultar temerário. Brincos de névoa se estendiam na escuridão chegando desde o mar para arrastar-se para a terra. A motocicleta passou entre vários deles e de repente, sem prévio aviso, a roda traseira derrapou abaixo deles. Libby controlou um grito de medo quando a motocicleta começou a deslizar-se pela estrada, dirigindo-se diretamente para a estreita borda e a cerca de segurança, as únicas barreiras entre eles e uma queda bastante longa do escarpado até a costa. -Tyson!- Gritou. Seus braços instintivamente se apertaram ao redor da cintura dele. Pôde sentir seu medo repentino por ela enquanto tentava freneticamente controlar a derrapagem. Como em câmara lenta, a motocicleta se inclinou para um lado e começou a deslizar-se através da estrada. Sentiu como o peso esmagava sua perna e seu quadril, a estrada áspera rasgando sua roupa e sua carne enquanto escorregavam ao longo da superfície, arrastados pela moto. Não pôde agarrar-se a Tyson, lhe romperam as unhas quando foi arrancado dos seus braços e desapareceu fora de sua vista. Sentiu-se a si mesma cair, derrubando-se de lado fora da motocicleta aterrissando sobre a dura superfície da estrada, detendo-se abruptamente, com cascalho incrustado na pele.


-Tyson! -Gritou Libby, lutando com o atordoamento que acompanhava um acidente, levantando-se para olhar a seu redor freneticamente. Tinha-lhe dado sua pesada jaqueta de couro, protegendo assim sua pele, mas estava sentado a certa distância dela, tirando o capacete, em um braço lhe gotejava sangue do ombro até a mão, girando a cabeça enquanto a chamava. -Só fique aí. -Ordenou-lhe Libby. -Por uma vez, faz o que te digo. Foi como tratar de evitar um furacão. Tyson estava já levantado e correndo para ela, agarrando-a entre seus braços para lhe sacudir a terra da borda da estrada das costas. Imediatamente suas mãos lhe percorriam o corpo, revisando-o em busca de sinais de feridas. Libby empurrou seu peito para lhe fazer retroceder, mas ele não pareceu notá-lo, frenético por assegurar-se que ela estava bem. -Eu sou médica. - Exclamou ela. -E estou bem. Quero comprovar como está você. -Maldição. Isto é impossível. -Disse Tyson. -Completamente impossível. -Creio que derrapamos em algum óleo. Tenho graxa por toda a perna. -Ela assinalou seu jeans. Parte do tecido se rasgou e junto com as manchas de óleo, havia uma escura mancha de sangue. - Acredito que o plugue do óleo se abriu e se derramou. Tyson se inclinou sobre sua perna para inspecionar o cascalho cravado em sua carne. Ele tinha uma boa quantidade na mão e no braço, mas seu jeans muito mais forte lhe tinha protegido a perna. -Arrumo minha motocicleta eu mesmo. Não há maldita forma de que o plugue tenha se soltado. -Nem sequer com as vibrações pelo caminho? -De maneira nenhuma, Libby. Sei o que faço. Se isso foi o que aconteceu, alguém manipulou a moto. Libby esfregou as têmporas palpitantes. Não havia que ser um lince para pensar em alguém que pudesse ter sabotado a moto de Tyson. -Esta tarde na garagem quando vi Harry Jenkins e Joe Fielding pareciam muito culpados. Quando me viram ambos se endireitaram de repente, olharam-se e por alguma razão isso realmente me assustou. -Como esta noite? Ela negou com a cabeça e sobressaltou-se quando ele lhe tocou a perna e o afastou. -Isso dói. Encarregarei-me disso quando chegarmos em casa. E não, não foi igual esta noite. Esta noite senti… - Libby procurou a palavra adequada, deu de ombros e suspirou. maldade é tudo o que me ocorre. Havia ódio. Quem quer que fosse nos queriam mortos. -Não terá nenhum antigo noivo, verdade? -Colocou sua perna no seu colo e lhe acariciou com um dedo a panturrilha por cima da ferida. Sua voz era tão suave, tão provocadora, que Libby sorriu apesar de tudo. -Eu pensava possivelmente em alguma namorada sua. Os lábios dele se retorceram em um sorriso inclinado que fez seu coração pulsar mais rapidamente. -Não tive namoradas, só você. -Sim, teve-as. Não se fez tão bom amante lendo um livro. E eu estaria bastante ciumenta se um homem me fizesse amor assim e logo me abandonasse por outra mulher. -Por que, Libby Drake, parece-me que está me ameaçando? Ela afastou a perna de um puxão uma segunda vez, ou o tentou, quando ele tirou ligeiramente um pedacinho de cascalho. -Ai! Se não parar, definitivamente vou te ameaçar. Tenho que chamar minhas irmãs. -Estamos em uma baixada. Os celulares não funcionam ao longo desta seção da estrada. -Quem necessita de celular quando tem o vento? Virou-se em direção a sua casa, levantando os braços no ar. Fechou os olhos, visualizando suas irmãs, sabendo que estariam na almena do capitão, esperando qualquer pista que lhes dessem oportunidade de encontrá-la. Sempre tinha tido essa rede de segurança, o amor de sua


família solidamente a suas costas. Concentrou-se e se estendeu para elas, com os braços elevados para as estrelas, chamando o vento, dirigindo-o para a casa com sua mensagem de necessidade. Tyson observou a concentração de sua face com interesse. Quase imediatamente sentiu como o vento começava a levantar-se, chegando a eles desde mar e dirigindo-se para a casa de Libby. O vento mudou de repente, correndo de volta para eles a furiosa velocidade e juraria que tinha escutado vozes femininas. O vento os envolveu, rodeou Libby como uma manta vivente, formando redemoinhos e girando como se lhes inspecionasse. Desapareceu de súbito, de volta à casa outra vez. -Sua família deve fazer estragos com os meteorologistas. Libby riu, o alívio se propagou por toda ela, aliviando a tensão que a tinha tido tão tensa. -Nunca o tinha pensado. Está se voltando um crente. -Ainda quero lhes enganchar a um escâner e recolher todos os dados. Vou fantasiar com todo tipo de coisas interessantes enquanto te estudo. -Não me enganchará a nenhuma máquina, Ty. -Disse ela, tratando de parecer severa. Lançou-lhe um pequeno sorriso e se voltou para inspecionar sua moto. Havia óleo em toda a roda traseira e tal como suspeitava, um atoleiro se filtrava da moto até o chão. Amaldiçoou brandamente quando Libby ficou a seu lado. Quando colocou a mão sobre seu braço, olhou-a. -Alguém está tentando me matar, Libby. -Ou a ambos. -Disse ela. -Ou a ambos. -Concedeu-lhe. -Mas acredito que eu sou o alvo principal. - Olhou-a sombriamente. -A queda do helicóptero de resgate começa a parecer algo suspeito agora. Sempre me perguntei como pôde ter falhado meu arnês de segurança como o fez. Triplicamos os controles, Libby, porque sabemos que nossas vidas dependem disso. -Crê que alguém manipulou o arnês de segurança? -Acredito. Como ou o que fizeram, não sei, mas não acredito que tenha sido um acidente. E estou começando a pensar que não foi nenhum acidente terem atingido Jonas quando levava o arnês quebrado para fazer provas. O arnês desapareceu do seu carro patrulha enquanto todo mundo estava tratando de lhe salvar a vida. -Por que alguém poderia te querer morto? -Um montão de gente me quer morto. Não tenho muito cuidado com o que digo e não tolero os idiotas. -Quer dizer como Harry Jenkins. -Também chamei Edward Martinelli e lhe disse que se refreasse. -Não o fez! -Sacudiu a cabeça. -Mas teve o acidente antes que alguma razão nos unisse. Ele não teria tido razão para te querer morto. -Isso não é estritamente certo. -Agarrou-lhe a mão e a conduziu a um lado do caminho onde poderiam sentar-se. Libby não se dava conta, mas tremia, e provavelmente não de frio. Já podia ver luzes na distância, piscando de vez em quando ao redor das curvas fechadas. -Falei ao Ed de você muitas vezes em conversações casuais. Tinha que saber que estava interessado em você. E meu primo, Sam, deve-lhe uma grande quantia de dinheiro. Sam aposta e parece que perdeu bastante com Ed. Ed o esteve ameaçando e Sam não me contou isso até recentemente. -É mais dinheiro do que pode lhe pagar? -perguntou Libby. -Não. Não quer o dinheiro. Quer que eu, ou Sam, persuadamos você para que fale com ele. Diz que necessita de você e de ninguém mais. -Mas não me contou isso. E Sam tampouco. -Demônios não, não íamos dizer isso a você. Não queremos você perto desse bastardo. Sam se meteu sozinho no problema e se for questão de dinheiro posso arrumá-lo. Só lhe disse isso para que visse que Ed poderia ter me querido fora de jogo. -Por que iria querer você fora de jogo?


-Ed sabe que nunca me detenho se me pressionam. Conhece-me desde que éramos crianças. Sam não pode sustentar nada por muito tempo. De nós dois, ele quereria fazer um trato com Ed. Eu não retrocedo nunca quando me meto em algo. -Passou-lhe a ponta do dedo pelo dorso da mão, todo o caminho até lhe acariciar os dedos. Fechou a mão ao redor da dela para lhe pressionar a palma contra seu coração. -Isso assusta você, Libby? -Não. Posso te dirigir, Tyson. Mesmo quando se mostra superior. - Como poderia não fazêlo, quando a olhava como se fosse a única mulher no mundo? Seus olhos a devoravam, a comiam viva. Nunca, em todos os anos que fazia que lhe conhecia, tinha-lhe visto olhar assim alguém... nem tinha visto ninguém a olhando desse modo. -Acende-me quando me olha assim. - Inclinou-se para beijá-la. -Sua boca me deixa louco. Cada vez que faz essa carinha… -Que carinha? Ele sorriu. -Isso. Faz essa pequena expressão sexy com os lábios e tudo o que posso pensar é em te beijar até que esteja tão quente e molhada por mim que poderia te ter em qualquer momento, ou melhor, ainda... -Passou-se a mão pela dianteira de seu jeans. -posso ver você dando bom uso a esses lábios. Libby tratou de deter o lento ardor que se arrastava através de seu corpo desde seu centro no ponto mais baixo. A voz dele se tornou rouca outra vez e lhe chupou o dedo profundamente em sua boca. -Bom, trata de se controlar, as tropas chegaram. O carro chiou até deter-se justo quando a porta do passageiro se abria e Elle Drake saltava para jogar-se sobre Libby. Libby só teve tempo de levantar-se e apanhá-la. Corriam lágrimas pela face de Elle. -Não podia te encontrar. Tentei Libby, mas não podia te encontrar. -Estou bem, carinho. Calma. Tudo vai bem. Ambos estamos bem. -Consolou-a Libby. -Isso não é sua culpa, Elle. Sarah fechou de repente a porta do carro e correu para suas irmãs, as rodeando. -Estávamos tão assustadas, Libby. Inclusive tentamos ler o mosaico, mas não podíamos te encontrar. Um segundo veículo estacionou atrás do das Drake e Jackson emergiu dele. -Estão os dois bem? -Seu olhar agudo os percorreu, depois posou na face manchada de lágrimas de Elle. Tyson assentiu com a cabeça. -Alguém manipulou minha motocicleta e antes nos observaram em minha casa. -Virou-se para Libby. –Vá para casa com suas irmãs e eu ficarei aqui com Jackson. -Está seguro? -perguntou Libby. -Deveria dar uma olhada primeiro no seu braço. -Não é nada, só um arranhão. Vá para casa e deixe que eu me encarregue disto. Jackson arrancou seu olhar de Elle para estudar Tyson. -Vá, Libby. Posso pegar o depoimento mais tarde. Tyson se inclinou para beijar Libby na boca. -Irei ver você logo pela manhã. -Se está seguro. -Disse Libby. Seguiu a suas irmãs para o carro. -O que aconteceu? -Perguntou Jackson. Tyson encontrou os olhos do ajudante com um longo olhar, deixando que este visse a fúria encerrada que bulia procurando uma forma de liberar-se. -Levei Libby à casa que acabo de comprar. Estivemos ali um momento e ao final ela estava segura que alguém nos observava através do vidro dianteiro. A propriedade está cercada e tem uma grade. Acreditei que estávamos a salvo, embora não tenho sistema de segurança no lugar. Deixei cair a jaqueta de Libby na entrada e quando fui recolhê-la para partir, encontrei-a em


farrapos. Os cortes eram muito limpos para haver-se feito com nada que não fosse uma faca. Digo-lhe isso diretamente, Jackson, melhor que encontre esse filho da puta antes que eu. Jackson ignorou a ameaça. -Acredita que estes atentados estão dirigidos para você? Ou se trata dela? Tyson deu de ombros, baixando o olhar para seus punhos fechados e tentando abrir as mãos. -Não tenho nem idéia de qual é. Estou apaixonado por ela e talvez isso a pôs em perigo. Simplesmente não sei. - Passou os dedos pelos cabelos com agitação. -Havia um par de homens em minha garagem esta tarde que perseguiram Libby até a casa. Tiveram acesso a minha motocicleta como o teve quem quer que seja que estivesse na casa nova esta noite. Jackson assentiu, tomando nota cuidadosamente dos detalhes. Voltou o olhar para o carro das Drake quando Sarah fez uma manobra em U e passou junto a eles. Ela apareceu pela janela. -Libby está preocupada com Ty. Quer que venha para casa e a deixe lhe limpar o braço. Diz que pegará uma infecção se não cuidar do ferimento. Tyson se aproximou do carro pelo lado do passageiro de forma que pôde colocar a cabeça dentro e beijar Libby de novo. -Sam é bom com os arranhões, Libby. Quero você em casa e a salvo. Se mova. -Percorreu a estrada acima e abaixo com o olhar, como se pudesse divisar alguma ameaça para ela. Libby não queria aferrar-se a ele de maneira que forçou um sorriso. -Genial, já está tratando de se liberar de mim. Verei você logo. Tyson assentiu e se afastou do carro. Libby se afundou outra vez em seu assento com um pequeno cenho franzido. -Perdi algo importante, algo que ele não quer que eu saiba. Tenho o pressentimento que tem algo a ver com minha jaqueta de couro. -Leva posta a sua. -Sarah a percorreu com o olhar. Libby assentiu. -Deixei cair a minha na entrada da casa. Possui uma casa absolutamente formosa. Quando entramos deixei cair a jaqueta no corredor. Quando saímos da casa, eu estava correndo, assim não a notei até que estive montada na moto. Só captei uma olhada, mas parecia estar feita em pedaços. -Pedaços?- Repetiu Elle. -Acredito que pode ter sido isso. O olhar de Sarah saltou para o espelho retrovisor para encontrar os vívidos olhos verdes de Elle. -Eu não gosto nada disso, Lib. Todas sentimos perigo perto de você. Foi incrivelmente forte esta vez. -Era agudo e rancoroso. Muito definido. -Para mim? Ou para Ty? -Libby se virou no assento para olhar sua irmã mais nova. Elle deu de ombros. -Não sei. Parecia você, mas estou ligada a ti. Não poderia dizê-lo. E como demônios saberiam que iria subir na motocicleta? Sarah soprou. -A maioria das pessoas nunca consideraria que uma mulher de seu intelecto subisse nessa coisa. Libby virou a cabeça para olhar fixamente pela janela com um pequeno sorriso secreto em sua face. Libby, a garota má. Seu primeiro sermão da irmã mais velha. Era adulta e médica, mas lhe pareceu um lucro impactante. O perigo, fazer amor e montar de moto. Não se arrependia nem de um só segundo de sua noite com Tyson Derrick. -No caso de querer sabê-lo, Lib. - Disse Elle, estudando as unhas. -Sarah não só monta de moto como possui uma e a conduz.


-Por trabalho! Por trabalho, bruxa. -Enfatizou Sarah. -Trabalho em segurança e faço todo tipo de coisas. Libby é médica e muito mais frágil. Libby agitou a cabeça. -Não sou tão frágil. Sou doutora, não sou criança, Sarah. Vôo a países do terceiro mundo onde as pessoas não têm remédios e seu mundo está cheio de assassinos capitalistas e famintos. Não sou uma frágil florzinha. Sarah elevou a mão em sinal de rendição enquanto manobrava através das curvas. -Não tinha a intenção de ofender, Libby. Estava sendo protetora. -Bom, pois não o faça. Por que todo mundo acredita que necessito amparo? Hannah e Joley necessitam mais amparo que eu. Você também, Sarah. Eu não faço nada que justifique esse amparo. Sarah lhe lançou um pequeno sorriso. -Sai com Tyson Derrick. Libby soprou e tentou não sorrir. Fazia mais que sair com ele. Guardou o conhecimento para si. Elle sacudiu a cabeça com desgosto e se recostou em seu assento com um leve cenho franzido. -Outra que caiu. Só que já sabe Hannah não vai estar muito contente. Você foi sua última linha de defesa. Libby mordeu o lábio. -Sei que não estará muito feliz. Acredito que no fundo sabe que deveria estar com Jonas, mas não pode lhe aceitar. Ele é muito dominante. Tem medo de não poder lhe fazer frente e que finalmente ele se de conta de que não é a mulher forte que deseja, a não ser alguém fraco. -Hannah não é débil. -Negou Sarah, havia surpresa em sua voz. -É obvio que não é. -Disse Libby. -Hannah acredita que o é e isso é o que importa. Ela não é como o resto de nós e sabe. Nunca foi. -Acredita que todas teremos famílias e que ela ficará sozinha em nossa casa. -Acrescentou Elle. -Ri disso, dizendo que será uma senhora velha estranha e com gatos, mas não ri por dentro. -E tampouco come. -disse Libby. -Temos que encontrar uma forma de ajudá-la. -Joley esteve tentando conseguir que coma um pouco. -Confiou-lhes Sarah. -Joley? -Libby estava assombrada, mas então, pensando-o bem, compreendeu que isso encaixava com Joley. Falava muito e interpretava seu papel de música para a multidão e seus adorados fãs, mas amava suas irmãs tão ferozmente como elas a amavam. E Hannah era diferente. Era a frágil, embora o negaria até com seu último fôlego. -É obvio que Joley o teria notado e trataria de fazer algo a respeito. Quantos acidentes houve na cozinha? As três garotas riram e isso ajudou a dissipar a terrível tensão. Libby soltou o fôlego lentamente quando a casa surgiu à vista. As luzes davam as boas-vindas, as pesadas portas estavam totalmente abertas. Hannah e Joley esperavam no amplo alpendre com expressões ansiosas e inclusive os cães guardiães de Sarah corriam em círculos. No momento que Libby saiu do carro, Hannah e Joley quase a derrubaram enquanto a arrastavam em seus braços. -Estava tão assustada. -disse Hannah, entre risadas e lágrimas. -Nunca mais volte a nos assustar assim. -Não está ferida verdade? -Joley cravou os olhos em sua perna e tomou sua mão, girandoa para sobressaltar-se ante o cascalho incrustado ali. -É doloroso, mas me curo rapidamente. Hannah retrocedeu para olhá-la. -Libby, esteve com aquele homem. Pensava que tinha as costelas quebradas. Estava segura que estaria a salvo. Joley deu uma cotovelada em sua irmã. -Quer dizer que pensou que você estaria a salvo. Libby é uma mulher perdida.


Libby dobrou cuidadosamente a jaqueta de Tyson e a colocou em uma cadeira com uma carícia amorosa que suas irmãs não perderam. -Assegurei-me não gastar muita energia, mas acelerei sua cura cada vez que lhe via. Só um toquezinho aqui e lá. - ofereceu-lhes um sorriso sonhador. -Basta de sonhar, gansa, e deixa que lhe limpemos. -Hannah pôs uma mão nas costas de Libby, sentiu-a sobressaltar-se quando puxou para cima a camisa. Assobiou e retirou o material. Passou um bom momento, não? -Gesticulou para uma cadeira e esperou até que Libby tirou as calças jeans de forma que pôde ajoelhar-se junto a ela para começar a difícil tarefa de limpar sua perna. Joley começou a trabalhar em sua palma. -Vou casar-me com esse homem. -Anunciou Libby. Sarah, que estava na janela, voltou-se para olhá-la. Hannah cobriu a boca para evitar que se ouvisse seu ofego. Joley e Elle intercambiaram um longo olhar próximo ao desespero -Está segura, Libby? Não está com ele há muito tempo. -Mais do que acredita. -Disse Libby. -Lembro que o observei discutir com um professor em Harvard. Eu sabia que ele tinha razão, mas o professor era muito arrogante e Ty fez um inimigo mortal. Eu não o teria feito. Teria me mostrado de acordo e aceito a boa nota e simplesmente teria sabido em silêncio que tinha razão. Essa era a questão, o fato que o Professor Harding estivesse ensinando a toda uma classe algo inexato. Ao Tyson não importava se o homem se equivocava, importava-lhe que a matéria fosse ensinada corretamente. Soube então, nesse momento, que era alguém especial. É firme, Sarah. -Poderá lhe aguentar? Um homem deveria fazer você se sentir bem consigo mesma, Libby. Via sua expressão quando falava dele na escola. Fazia você chorar. Libby assentiu. -Sei. Só que não lhe entendia naquela época. Ele acreditava que eu tinha muita confiança, que pertencia à realeza. Por que todo mundo pensa isso de nós? Sei que Jonas o faz com Hannah, e durante anos ouvi falar de quão populares somos. Eu não me sentia popular em escola. Vocês sim? Ai! -Fulminou Joley com o olhar e retirou a mão de um puxão. -E o que quer dizer isso de todas as formas? -Perguntou Joley. -Eu era a líder da manada. Isso me fazia popular? Simplesmente não podia aceitar as regras. E deixa de parecer um bebê. É médica, por amor de Deus, supõe-se que isto dói. -Ainda odeia as regras. -Disse Sarah, franzindo o cenho. -Não sei como pode fazê-lo, Joley, e ainda parecer tão simpática e inocente. Joley lhe fez uma careta. -Ugg. Nunca repita isso em público. Ou diante de mamãe ou papai. Isso pega mal, Sarah. -Todas as garotas me odiavam. -Disse Hannah. -Entrava em uma sala e imediatamente punham essas caras de repugnância. Eu era tão dolorosamente tímida que tampouco poderia ter falado com elas, mas isso o fazia pior. Todas pensavam que era altiva e arrogante. Eu nem sequer sabia o que significava arrogante a primeira vez que ouvi que alguém me chamava disso. Pegou um líquido de aspecto escuro de uma tigela. -Isto vai doer, carinho, assim respira profundamente. Queremos limpá-lo a fundo. Os olhos de Libby se alagaram de lágrimas por um momento quando o anti-séptico fluiu sobre sua perna, mas conteve um ofego e esfregou o ombro de Hannah com comiseração. -A escola foi dura para você, Hannah. Eu não prestava muita atenção ao que os outros pensavam de mim. Tinha todas vocês e era perfeitamente feliz. -Por isso todo mundo te queria, Libby. -Disse Joley. -E se não o faziam, temiam que eu lhes desse uma surra. E o teria feito. Se Jackson não averiguar quem está ameaçando você, vou ter que investigá-lo eu mesma. –Passou pomada antibiótica nos ferimentos, junto com Hannah. -Isso ganhará muitos pontos com Jonas e Jackson. -Disse Sarah. Elle fez uma careta. -O grande Jackson mau. Suponho que deveríamos nos esconder no armário para não arrepiar suas plumas.


-O que passa entre você e o Jackson? -Perguntou Hannah. Elle deu de ombros, ocultando a face de suas irmãs. -Está me deixando louca. -Nunca fala. -Assinalou Sarah. -Como demônios pode te deixar louca? -Não fala com você, Sarah. Isso não quer dizer que não fale comigo. As irmãs intercambiaram olhadas perplexas. -Quando? -Todo o tempo. Hannah ficou em pé e cruzou a habitação para pôr um braço ao redor de sua irmã mais nova. -O que te diz Elle? Elle soltou o fôlego lentamente e se voltou para elas. -Ele não me aprova. -Que surpresa. -Disse Joley, dobrando as pernas. -Jonas não aprova a nenhuma de nós, especialmente Hannah e ninguém me aprova. Elle, carinho, diga ao tipo que se apodreça. Isso é o que eu faço. Elle lhe lançou um sorriso. -Me acredite, faço-o. Hannah sacudiu a cabeça. -Não quer dizer que lhe fale fisicamente, certo, Elle? É telepático? A mão de Elle foi para sua garganta e se separou de sua irmã, sua face ficou pálida. -Como soube? Hannah ignorou a pergunta. -Pode se defender dele? Elle negou com a cabeça lentamente. -Tentei-o. É muito forte. -O que quer dizer? -Disse Sarah. -Nos deveria ter dito isso imediatamente, Elle. Jonas teria feito que se detivesse. -Não, não digam nada a Jonas. -Disse Elle. -Não se deterá e Jonas trataria de lhe obrigar a fazê-lo. Isso arruinaria sua amizade. -Disse-lhe que a deixe? -Perguntou Sarah. Libby viu o absoluto cansaço e o desespero na face de Elle, seus olhos tão escuros e sombrios que lhe romperam o coração. -Podemos te ajudar, Elle. Deixe-nos te ajudar durante um tempo. Entenderá as coisas há seu tempo. Ninguém tem direito de te apressar ou te dar ordens. - Ajoelhou-se ante sua irmã mais nova. -Abbey deveria ter as bodas que quer não o que todo mundo quer para ela. E você merece o mesmo. Tem direito a escolher. -Tenho? Tem alguma de nós? Temos na realidade liberdade ou o destino decide por nós?Sussurrou Elle, com voz estrangulada. -Porque a única eleição que temos é se seguirmos adiante com o legado ou terminamos com ele. É uma responsabilidade infernal. -Cada sétima filha antes de você teve que tomar essa decisão. -Disse Libby, com voz terna. -E você tem que fazer sua eleição, Elle. Tem razão. Mas não necessita pressões externas, de ninguém. Podemos te ajudar. - Agarrou a mão dela e estendeu sua outra mão para Sarah. Sarah tomou a mão de Libby e estendeu a outra para Joley. Joley roçou um beijo no alto da cabeça de Elle enquanto dava a mão a Hannah. -Nem sempre tem que ser forte, carinho. Para isso nos tem. Juntas, somos quase invencíveis. Vejamos se consegue melhorar esse escudo. -Vacilou e logo deu de ombros. Enquanto estamos nisso, vamos acrescentar-me ao círculo, também. Não me viria mal um pequeno estímulo para ficar protegida. Um silêncio seguiu a sua declaração aparentemente ocasional. A admissão vindo de Joley era chocante. Ela pôs os olhos em branco e logo piscou um olho a Elle.


-Vê irmãzinha, nem sempre sabe tudo, verdade? -Eu acreditava que sim. -O que acontece, Joley? -Perguntou Sarah cautelosamente. -Não conhecemos nenhum outro telepata. Fez-se um pequeno silêncio. Joley começou a esfregar a mão contra a coxa como se a incomodasse. Era um gesto que para todas se converteu em algo muito familiar. -Ilya Prakenskii. - Elle sussurrou o nome. -Tinha que ser telepata. Joley deu de ombros. -Não pareçam tão assustadas por mim. -Temos uma dívida com ele. - Disse Sarah. -Todas juramos que responderíamos a sua chamada quando chegasse o momento. O que quer? Joley fez uma careta. -Quem sabe e quem se importa? Por mim esse homem pode arder no inferno. Será melhor que se mantenha longe de mim ou averiguará o que é verdadeiramente o inferno. Libby apertou seus dedos sobre Elle. -Façamos isto, mas com todo mundo. Todas necessitamos uma pequena força adicional. Amanhã pela manhã Abbey e Kate estarão de volta. Antes que Hannah saia para o hospital realizaremos o ritual só para nos assegurar de que estamos em plena forma -Quanto tempo acredita que levará? -Perguntou Hannah. -Eu não gosto da idéia de deixar Jonas sozinho nem sequer durante um par de horas. -Está em um bom hospital. -Reconfortou-a Libby. -E melhora a cada dia. Hannah lhe lançou um pequeno sorriso. -Às vezes esqueço que em efeito é médica, Libby. Libby riu. -São Francisco tem estupendos hospitais e médicos. -O que aprendemos esta noite? -Perguntou Sarah, olhando ao redor do círculo. -Que todas somos realmente boas guardando segredos. -Disse Libby. -Todo mundo exceto você. -Brincou Hannah. -Tem arranhões de barba por toda a face. E pequenos machucados nos braços e marcas em suas costas, pequena fresca. Tinha arranhões de barba em outras partes também, mas não lhes ofereceria livremente a informação. Libby sorriu burlonamente. -Sim, sou-o. E estou planejando voltar para mais. -De verdade lhe ama? -Perguntou Sarah. -Tenho caído com tanta força, tão rápido, que incluso não sei o que me golpeou. Confessou Libby. -Mas sabem de uma coisa? Pela primeira vez em minha vida me sinto completa. Ele me faz sentir formosa quando sei que não o sou. Faz-me sentir sexy quando com segurança não o sou e me olha como se fosse única no mundo. - Um lento sorriso se estendeu por seu rosto e iluminou seus olhos. -E é brilhante. O homem é tão malditamente inteligente que estou no céu. -É uma viciada no cérebro. -Assinalou Hannah. -E me alegro por você. -Eu também. - Disse Libby. -E com esta nota vou à cama -Não vamos falar sobre quem poderia te querer morta? -Perguntou Sarah. -Não. Vou à cama e me preocuparei com isso amanhã. -Libby soprou um beijo a todas suas irmãs enquanto subia as escadas para seu quarto. Ainda podia lhe sentir em seu corpo, em sua pele, lhe saborear em sua boca. Lentamente tirou a roupa e examinou as marcas de posse em seu corpo. Havia débeis marca em sua pele. Deu a volta para olhar suas costas e estalou em gargalhadas, sentindo-se tola, mas muito feliz. Hannah tinha razão, tinha arranhões do tapete nas costas. -Pequena fresca. -Sussurrou carinhosamente e se estendeu em sua cama nua, sentindo os lençóis frescos sobre seu corpo, desejando que Tyson estivesse a seu lado. Libby estava estendida pensando em Tyson, seu corpo dolorido uma vez mais. Repassou cada detalhe de sua noite juntos, desejando conservá-la para sempre gravada em sua memória. A


beleza de seu ato de amor, a perfeição, o puro êxtase que nunca tinha imaginado. Deveria ter sabido que Ty seria dominante em todas as coisas, estava acostumado a estar no comando. Certamente via cada uma de suas necessidades. Seu coração saltou, seus dedos deslizaram sobre os lençóis frescos abaixo dela. Tudo tinha sido para ela. Tyson tinha dado, tomado o mando, controlado, mas não tinha tomado nada para si mesmo. É obvio que tinha obtido um orgasmo esmagador, mas não pôde ter sentido da forma que ela tinha ficado completa. Saciada. Amada. Tyson a tinha feito sentir sexy pela primeira vez em sua vida. Tinha-a feito sentir como se fosse a única mulher com que queria estar. Olhava-a com desejo, com uma ardorosa luxúria, mas também com algo mais profundo. E lhe tinha respondido sem reservar-se nada. Ele era aquele garotinho com sua caixa de tesouros outra vez. Seu intelecto. Sua casa. Sua incrível maestria sexual. Inclusive o passeio em sua motocicleta, seu presente para que a boa garota pudesse jogar de garota má. Libby gemeu brandamente e cobriu seu rosto com as mãos. Não o tinha visto e deveria havê-lo feito. Ele havia dito que lhe necessitava. Bom, talvez sim, mas ele a necessitava até mais. Necessitava que alguém lhe amasse.


Capítulo 12 -Que demônios está fazendo aqui embaixo, Tyson? São dez da manhã e ainda não foi à cama. Teve um acidente ontem à noite, arranhões em sua perna e em seu braço, por não mencionar os outros machucados, e tem algum químico louco indo por sua cabeça. -Sam se sentou nas escadas que baixavam ao porão e sacudiu a cabeça. -É um caso perdido, irmão. Juro que é. Estão me saindo cabelos brancos tentando cuidar de você, homem. Tyson olhou por cima das últimas folhas de dados que tinha cuspido o computador, entrecerrando os olhos para seu primo. -Acreditava que estava dormindo, Sam. Tem levantado tanto como eu. -Nem tanto. -Sam sorriu abertamente. -Na realidade você não foi à cama. Tyson deu de ombros. -Tentei-o. Não posso dormir sem ela. -Ela?- A sobrancelha de Sam se arqueou. -Libby Drake? Olhe Ty, vou te dar um conselho e por uma vez em sua vida, fará o favor de me escutar? Se deite com ela e tira-lhe da cabeça. Cubra-a de presentes se isso te faz sentir menos culpado, mas por Deus, não caia na armadilha de pensar que está apaixonado e quer se casar com ela. Não é que tenha saído com muitas mulheres. Se for boa na cama, não faltaria mais, se divirta, mas a verdade é que essa rajada que sente agora desaparecerá e se verá com um grande desastre financeiro e uma mulher pegajosa. Tyson voltou a olhar seus dados sem responder. -Ao menos me diga que utilizou amparo. -Não tenho nenhuma enfermidade e ela tampouco. -E como demônios sabe o que tem ou não tem? -Disse Sam, com franco desgosto. -E não estou falando de enfermidades, atrasado mental, falo de gravidez. A armadilha mais velha do mundo para um homem com dinheiro. Ela é uma maldita doutora. Sabe melhor que ninguém quando pode ou não pode ficar grávida, provavelmente sabe o minuto exato. Tyson virou rapidamente para imobilizar seu primo com um olhar gelado de advertência. -Espero por todos os infernos que fique grávida, Sam. Se tudo o que tiver para lhe oferecer é dinheiro, então, maldita seja, é tudo dela. Estou apaixonado por ela. - Nunca havia dito as palavras em voz alta. Não se tinha permitido pensar na emoção. Amava Libby Drake, se não lhe correspondia, isso lhe rasgaria o coração. Ele não era o tipo de homem que se recuperaria de algo assim. -Isso é uma sandice. Nem sequer sabe o que é o amor, Ty. Sinto-me como se estivesse falando com um maldito principiante de dezesseis anos que teve sua primeira experiência sexual. Assim foda bem. Isso é tudo o que é e isso é tudo o que alguma vez será. Não se apaixone por ela, supere isso e deixe as coisas assim. -Que diabos acontece com você? -Exigiu Tyson. -Sabe o que sinto por Libby há muito tempo. Disse-te faz algumas semanas que planejava persegui-la. Sam apertou seus punhos com frustração absoluta. -Acreditava que era normal Ty. Deveria ter tido melhor critério. Acredita que algum homem neste povoado não fantasiou alguma vez com alguma das Drake embaixo deles? Pessoalmente, eu adoraria ter Joley estendida de costas, com as pernas ao ar, suplicando-me isso, mas sabe o que? Inclusive se ocorresse, a foderia e me daria meia volta. Voltaria para a estação de bombeiros e me gabaria durante semanas até que todo mundo estivesse aborrecido de cada detalhe, mas ciumento como o inferno. A questão é que me daria meia volta. Não deixe que lhe apanhem com a armadilha do sexo. Isso é para meninos. Crianças que não têm melhor critério. -Tem uma filosofia interessante, Sam, uma grande forma de vida. Não é minha forma. -Você não tem vida. Nunca teve uma vida. Vive como uma toupeira sem amigos a maior parte do tempo. Não se pode incomodar por detalhes aborrecidos como o pagamento das faturas


ou a compra de comestíveis. Quanto tempo acredita que a velha Libby vai estar por aí uma vez que ponha o anel em seu dedo e tenha acesso a todo esse dinheiro? Demônios, Ty. Seus próprios pais não podiam tratar com você. Acredita que Libby te quer realmente? -É possível. Sam bufou. -Estaria ofegando atrás de mim se eu tivesse controle do talão de cheques. Crê que não me olhou? Sei quando uma mulher me deseja. Tenho mulheres chamando aqui dia e noite, você não. Acredita ser tão condenadamente preparado. - Burlou-se. -É tão estúpido como uma rocha. Saio com dez mulheres diferentes, faço o que quero com elas e me rogam, rogam-me que as pegue outra vez e até pagam por isso. Não me vê passando meu dinheiro ou meu maldito pomposo Prêmio Nobel diante do nariz de alguma prostituta para conseguir que abra as pernas. Tyson deu um passo adiante e se deteve. Um músculo fez tic em sua mandíbula e seus dedos se fecharam firmemente a seus flancos. Este era Sam. Sam algumas vezes perdia o controle de seu gênio e dizia um montão de estupidez, desculpando-se profusamente minutos mais tarde. Golpear Sam até lhe converter em uma massa sanguinolenta não era o que tinha que fazer, não importava o muito que precisasse fazê-lo. Tyson sempre tinha sabido que se mantinha firmemente sob controle, mas a fúria absoluta que o atravessava era como uma terrível tormenta destrutiva, lhe inclinando a destruir algo que lhe rodeava... ou a qualquer pessoa. Sabia que não poderia manter-se sob controle com Sam aí diante apesar de todo seu raciocínio. -Saia daqui, foda. -Ladrou-lhe, dando outro passo para seu primo. -Agora mesmo quero te arrancar a cabeça e colocá-la no lixo. Digo-o a sério, Sam. Sai da minha vista antes que faça algo que não quero fazer. Sam ficou em pé de um salto. O aspecto do rosto de Tyson era suficiente para saber que estava com sérios problemas. Tyson era um homem forte com suficiente treinamento para se resultar em um ser intimidante em qualquer situação, mas irritado, parecia letal. Sam se apressou em subir as escadas e fechou a porta de repente atrás dele. Tyson ouviu uma cadeira se chocar contra ela, estilhaçando-se de passagem. Amaldiçoando, Sam deu dois passos antes de compreender que não estava sozinho. Deteve-se bruscamente, erguendo-se sobre Libby Drake. Suas mãos se abriram e fecharam, apertando-se em dois punhos apertados. -Que diabos está fazendo andando às escondidas por minha casa? Procurando dinheiro em efetivo por aí? Ou simplesmente tratando de danificar a relação entre meu primo e eu? -Eu diria que já estava fazendo um trabalho bastante bom você mesmo. -Respondeu Libby. Sua palma ardia de vontades de lhe esbofetear. Não podia imaginar como teria se sentido Tyson escutando Sam lhe jogando na cara que na realidade nunca lhe tinha importado a ninguém como pessoa. -Ty me deu uma chave e me pediu que viesse esta manhã. -Genial, de verdade tenho que ver você seduzindo meu primo e fazendo que fique em ridículo. Mulheres como você existem de montão. Bem poderia te prostituir na esquina de alguma rua. Ao menos seria mais honesta. Libby elevou o queixo, desejando ser mais alta. Nunca ninguém a tinha tratado com semelhante mescla de desprezo e ódio. -É que não pode considerar, nem por um minuto, que poderia amar Ty por si mesmo. Sam bufou. -Sim. Ele é um tipo tão adorável. E tão afável com as mulheres. Caramba, não saberia como agradar uma mulher se não lhe der um mapa de seu corpo e grandes flechas vermelhas assinalando as zonas quentes. É grosseiro com todo mundo. Porque é um fodido gênio, supõe-se que todo mundo tem que saltar quando ele diz. Bravo, Libby, acredito que realmente está apaixonada por ele e essa insignificante herança de apenas quarenta milhões não tem nada que ver com que você tire a roupa para ele. Repugna-me. -Acreditava que lhe queria.


-Quero-lhe. Por que acredita que vou me opor a você com tudo o que tenho para lhe liberar da ruína? Só porque sei como é não quer dizer que não me preocupe com ele. Estive cuidando dele desde que era menino. Necessita-me. Você é um corpinho doce, provavelmente sua primeira mulher e estão estalando foguetes, mas você não vai ficar com ele. Libby se viu tremendo. Nunca havia se sentido tão insultada ou tão desprezada. A imagem de garota má não era tão invejável como havia parecido. Depois de escutar a idéia de Sam sobre as relações com as mulheres, as coisas terríveis que havia dito sobre ela, nem sequer sabia se poderia olhar Tyson à cara, mas agora era ainda pior. Uma herança de quarenta milhões? Não a surpreendia que Sam pensasse o pior dela, mas por que não tinha melhor opinião do Tyson? -Pois bem, este corpinho vai ao laboratório. Sai do meu caminho. Em lugar de mover-se, Sam se plantou diante da porta. -Talvez queira estar com um homem de verdade, um que saiba o que está fazendo. Ela sacudiu a cabeça. -Não, obrigado. Sua idéia de um bom momento e o meu são muito diferentes, mas perguntarei a Joley o que lhe parece sua tão generosa oferta. -Fodida bruxa. - Deu um passo para ela, sua cara era uma máscara de fúria. Dedos duros apertaram como dentes seus ombros, quase pulverizando seus ossos quando ele a sacudiu. Quanto mais a sacudia, mais parecia incrementar sua fúria e a dureza com a que agitava. Não foi só o enfrentamento físico o que a assustou, era a fúria que irradiava dele. Libby simplesmente não tinha a natureza necessária para tão profunda hostilidade. Por um momento imaginou as mãos dele arrastando-se até seu pescoço e estrangulando-a. Um pequeno som lhe escapou, se era uma súplica ou um protesto, não estava certa, mas forçou seu corpo a mover-se, tratando de imaginar o que Joley ou Elle fariam nessa situação. Deu-lhe uma patada na tíbia e soltou outro chiado. A porta atrás de Sam abriu, golpeando-o nas costas, conduzindo-o para Libby. Ela tropeçou para trás sob seu peso e caiu com força, ficando sentada no chão de azulejo da cozinha, olhando Tyson com atônita surpresa. Parecia um anjo vingador. Se tinha subido pensado fazer as pazes com seu primo, a idéia tinha desaparecido em um só pulsar. Realmente rugiu. Libby o ouviu. Escuras e demoníacas sombras nublavam sua face e saltavam faíscas nas profundidades de seus olhos. Fez girar Sam, lhe puxando pelo ombro. A cabeça de Sam sacudiu para trás e Libby ouviu o brusco golpe do punho rompendo osso. Sam grunhiu. Tyson lhe golpeou uma segunda vez, lhe conduzindo para trás até que tropeçou com Libby, chutando duramente sua coxa; recuperou-se e deu um par de passos à esquerda dela. Tyson a levantou de um puxão e a empurrou atrás dele. -Sai daqui, Libby. - Sua voz era baixa e absolutamente fria. -Basta. Os dois. -Exigiu Libby, horrorizada. -Isto é uma loucura. O nariz de Sam está quebrado. Deixe-me olhar e ambos se acalmem. Este era o tipo de coisas que ocorriam a Joley? A Libby a adoecia. Nunca tinha presenciado uma briga a murros, nem sequer na escola. Era muito mais primitivo e cru do que tinha suposto. -Não é uma petição, Libby. Por todos os infernos vai daqui antes que te faça mal. Está cheia de machucados. Ninguém, ninguém, põe a mão em cima de você, parente ou não. Durante todo esse tempo Tyson não apartou a vista de seu primo. Frio. Furioso. A tensão aumentou até que Libby teve vontades de gritar. Acreditava que conhecia Tyson, mas compreendeu que o homem que sempre era tão infalivelmente amável com ela, era realmente capaz da violência mais extrema. Sam pressionou suas costas contra o mostrador e sacudiu a cabeça, com uma mão no nariz e a outra levantada em sinal de rendição. -Não vou brigar com você, Ty. Já tenho feito muitas coisas tolas. Não sei que demônios me passou. -Sacudiu a cabeça de novo e rodeou o mostrador para a pia, jogando água em uma toalha de papel. -Devo parecer um lunático. Não necessito ajuda, já quebrei o nariz antes. Tyson fulminou com o olhar seu primo.


-Estava machucando-a, Sam. Machucando-a. -Machuquei você, Libby? -Pressionou os dedos sobre o nariz, tratando de conter o fluxo de sangue. -Sinto muito, perdi o controle. É só que não aceito bem as mudanças. Isso não é desculpa, mas estive cuidando de Tyson durante tanto tempo e me esqueço de que é um homem adulto. Minha mãe estava acostumada a me dizer que ele era diferente, que contava comigo para lhe vigiar e acredito que tomei muito a sério. -Diferente não quer dizer lento, Sam. -Assinalou Tyson. Libby não tentou aproximar-se para ajudar Sam. Não podia explicar exatamente por que quando seus instintos insistiam em que o fizesse. Ficou em pé atrás de Ty e observou a cara de seu primo. A cólera tinha desaparecido substituída por um encanto fácil, mas ainda podia sentir as mãos dele sobre seus ombros, os dedos cravando-se até o osso. -Se estiver bem, Sam, prometi a Irene que veria Drew hoje. -Olhou seu relógio de pulso, ansiosa por desaparecer de sua presença. Podia ver seu ponto de vista em outra ocasião, poderia inclusive eventualmente ver a questão desde sua perspectiva, mas não ia ser amiga de Sam Chapman, o único parente de Tyson e a única pessoa no mundo a que ele amava, e isso era desencorajador. Libby sentia que estava decepcionando Tyson. -Podemos nos encontrar depois, Ty, se ainda quiser ir. Tyson estendeu a mão para colocá-la ao redor de sua nuca, sujeitando-a. -Vou com você agora. Quero conduzir seu carro. -O que te faz pensar que vou deixar que conduza meu carro? Ele estendeu a mão pedindo as chaves. -Porque esse pobre carro merece ser conduzido por alguém que vá a mais que cinqüenta por hora. -Estalou os dedos, com a palma para cima. -Suplica-me isso cada vez que me aproximo dele. Libby deixou cair as chaves obedientemente em sua mão por duas razões. Ele nunca apartou seus olhos de Sam, nem uma vez a tinha descuidado, mas sim mantinha seu primo imobilizado com uma escura promessa de vingança. Não queria lhe deixar ali. E Sam estava observando. Não ia dizer não a Tyson diante de Sam. Ty a rodeou com seu braço, dando as costas a Sam. -Saiamos daqui. Libby não disse nada até que estiveram na estrada. Tyson conduzia como fazia tudo, com absoluto compromisso e concentração. Olhava fixamente para frente, com as mãos relaxadas sobre o volante e a alavanca de marchas, o carro tomava as curvas fechadas mais brandamente do que nunca tinha feito. -Está bem, Ty? - Aventurou Libby. Sua mandíbula estava tensa, sua expressão vazia, mas seus olhos estavam cheios de dor. Quis chorar por ele. -É a você que estava tentando golpear contra a parede. Ela fez uma careta ante o tom sinistro de sua voz. -As pessoas dizem coisas quando estão zangadas que não querem dizer. Estava preocupado por você e não lhe posso culpar. Ele a olhou, um breve olhar de soslaio enquanto o Porsche deslizava brandamente através de uma série de curvas em S. -Não faça isso. Não lhe desculpe. As pessoas são responsáveis pelo que fazem estejam emocionalmente alteradas como Irene, bêbados ou zangados. Poderia ter feito mal a você. Não é exatamente grande, Libby. Muito dor enchia os pequenos limites do carro. Ela abriu a janela e atraiu ar fresco a seus pulmões. -Isso não é certo e sabe. O olhar dele deslizou de lado outra vez e logo retornou à estrada. -Que não pesa nem cinqüenta quilos?


-As coisas que ele disse. Sobre o dinheiro. Sobre que ninguém te quereria por você mesmo. Sobre que alguém te amasse. Não me importa o dinheiro. Um músculo se sacudiu na mandíbula de Ty. -Sei que o dinheiro não significa nada para você, Libby. Observei-te muito tempo para acreditar que vai atrás do meu dinheiro. Não tem que me dizer isso. Deteve bruscamente o pequeno esportivo no borda da estrada, inclinando a cabeça, com a testa sobre o volante, respirando profundamente. Libby lhe pôs uma mão no ombro. -Fala comigo. Ele sacudiu a cabeça. -As coisas que ele disse... -Nada disso era certo. Com a cabeça sobre o volante, virou para olhá-la, havia angustia em seus olhos. -O que tenho feito tão de errado todo este tempo? Vi exasperação em seus olhos, quão mesma vi no Sam, em meus pais. O que é o que faço que você não faz que não faz Sam? Que não faz o resto de mundo? O que me faz tão malditamente antipático? Libby passou os dedos nos cabelos dele, lhe acariciando. -A gente pode amar alguém e ainda assim esse alguém causar certa exasperação, Ty. Podem zangar-se e ter brigas terríveis. Você deixou de participar emocionalmente do mundo durante tanto tempo que não reconhece as coisas que são normais. Quando sente emoções muito fortes é quando pode ter reações apaixonadas. Acredite-me, meus pais freqüentemente se exasperam com Joley, mas é muito, muito querida. -Não sinto lástima de mim mesmo, Libby. Nunca pensei no que faltava em minha vida até recentemente. Libby se inclinou aproximando-se dele, esfregando a bochecha contra seu ombro. -Talvez você não seja para todo mundo, Ty. Nem tampouco eu. A maioria dos casais se encontram porque são apropriados um para o outro. Talvez ninguém mais poderia viver com você esquecendo toda hora dos encontros. -Nunca recordei meu próprio aniversário e muito menos o de ninguém. Ela riu brandamente. -De certa forma, carinho, isso não me surpreende o mínimo. Posso viver te recordando as coisas importantes. -E se tivermos filhos? –Pôs a palma sobre o estômago dela. -E se já estiver grávida? Seria um pai terrível. Provavelmente esqueceria de ir a seu nascimento. -Felizmente, sou médica, assim superaria e logo te esfolaria vivo e te lembraria para o segundo. E só para sua informação, utilizo métodos de controle de natalidade. Suponho que não foi muito responsável por nossa parte não falar de tudo isto antes de saltar a ter relações sexuais. -Fiz amor com você, Libby. Não fodi nem tive relações sexuais com você, fiz amor. Estou apaixonado por você. Independentemente do que acontecer, ao menos acredite isso. -Posso não ter experiência sexual, Ty, mas acredito que conheço a diferença. Não tem que me reconfortar. -Ele ainda irradiava tanta dor que Libby precisava sair do carro. Mas não queria lhe dar a oportunidade de que pudesse ver seu distanciamento como um rechaço. As coisas que Sam havia dito a forma em que seu primo lhe tinha tratado, trazendo lembranças de sua infância, que tão cuidadosamente tinha escondido, tirando a superfície, o tinham magoado demais. -Ele te fez mal, Libby. -Fez mal a você, Ty. -Assinalou ela brandamente. -Seus pais lhe fizeram mal. As pessoas a quem amamos podem fazer isso. Damos-lhes poder sobre nós amando-os. É parte da vida. Não pode se sentar a um lado e não pode se esconder em um laboratório para sempre. A vida é confusa, Tyson. Se não confiar em mim com seu amor, nunca vai saber se funcionamos juntos ou não. Não importa o que Sam pense, ou o que pense Sarah, no fundo não tem importância. O que importa é o que pensamos nós.


As mãos lhe agarraram punhados de cabelos e a aproximou dele, sustentando sua cabeça imóvel. -Acredito que te quero mais do que alguma vez tenha querido nenhuma outra coisa em minha vida. O que pensa Libby? Seus penetrantes olhos azuis se cravavam como fogo nos dela e sentiu a mesma curiosa sensação que sempre sentia quando a olhava. Mais que isso, mais que a dor entre suas pernas e a opressão em seus seios, era a sensação de correção. O amor podia resultar entristecedor e durante um comprido instante só o pôde olhar. Tyson não deixou de olhar seu rosto. Não piscou. Seu mundo, seu futuro, o resto de sua vida se reduziu a este estranho momento, sentado junto à estrada. O perfume delicado dela vagando para ele e a sensação de seus cabelos sedosos entre as mãos. Libby Drake, com seus grandes olhos sedutores e sua boca sensual e sua inocência inata. Ela não poderia lhe ocultar seus pensamentos nem que o tentasse. Tinha o rosto mais expressivo que tinha conhecido. E havia amor em seus olhos. Não havia dúvida disso. Podia não havê-lo visto antes, mas era inconfundível e acelerou o batimento de seu coração até que o pulso lhe trovejou nos ouvidos e as lágrimas arderam atrás de seus olhos. Para evitar ficar em ridículo, inclinou-se e tomou as palavras quando se formaram de sua boca. As provando. As saboreando. As sujeitando em seu interior. A emoção se elevou desde algum lugar profundo de seu interior que tinha fechado fazia muito tempo. Alagou seu corpo, sua mente, seu coração, até que lhe fez tremer. Beijou-a até que acreditou que se afogaria com as lágrimas. Não sabia se as lágrimas eram por seu passado, finalmente derramadas, ou lágrimas por seu futuro, mas apartou a face e arrancou o Porsche. -Não posso falar disto, Libby. -Disse ele, mantendo a cara oculta. -Assim não comece. Libby pôs a mão sobre a dele enquanto se via trocar de posição. -Não pode falar de me amar? O pequeno sorriso na voz dela retorceu esse nó emocional em seu apertado intestino. -Digo-o a sério, Lib. Não vou ser um desses homens pastosos que rondam às mulheres. Injetou uma ordem em sua voz, mas soou um gemido em lugar disso, como se não tivesse dado com a nota adequada. Ela estalou em gargalhadas, esse som suave que parecia ser música em seus ouvidos... e em seu corpo. -Quer dizer que alguma vez vai dizer que me ama? -Já o fiz. Disse-o e isso deveria ser suficiente. -Para o resto de minha vida? -Bom quantas vezes exatamente se supõe que deve dizer isso um homem a uma mulher? -Em toda uma vida? Ou nos poucos anos antes que se divorciem porque ele não diz e ela não sabe? O olhar de Ty se entrecerrou quando passou sobre ela. -Não vai haver divórcio e ela deveria sabê-lo se for tão preparada como você. Ser agradável não é meu forte, por muito que odeie admitir que Sam pudesse ter razão em certa forma, mas… não vou estragar isto. Ela ocultou um sorriso. -Bom, suponho que vai ter que fazer o sacrifício supremo então, e dizê-lo ao menos três vezes ao dia. E vão haver beijos implicados. -Posso fazer isso só com os beijos. Estarei encantado de fazer amor três vezes ao dia também. Mas por que estamos falando disto?- Sacudiu a cabeça. -Vamos ter que negociar isso. Colocou o carro no caminho de acesso à casa de Irene Madison e se virou para olhá-la. -E vai casar-se comigo. Nada disso de viver juntos primeiro para ver se somos compatíveis. Eu não sou compatível com ninguém, assim não há nenhuma razão para que tente averiguá-lo. Vai ter que fazê-lo permanente e encontrar a maneira de lhe fazer frente.


-Que lindo carinho estou emocionada por sua doce conversação. Estou me derrubando a seus pés. -Você está sendo sarcástica e eu falo a sério. Quero me casar tão rapidamente como seja possível. Tenho um avião particular em algum lugar. - Olhou ao redor como se pudesse divisá-lo através do vidro. -Um avião? -Repetiu ela fracamente. -Em alguma parte? -Sim, poderíamos voar para Reno. -Não, não poderíamos. Tenho uma família enorme, Ty. Não vou voar para Reno. Na realidade não tem licença de piloto, verdade? -Claro que sim. -Sai do carro. Já não falaremos mais. -Abriu a porta e saiu um momento antes que ele pudesse detê-la. Em que demônios estava pensando? Tyson Derrick ia deixá-la louca. Tyson colocou seu braço possessivamente ao redor dos ombros dela enquanto se aproximavam da casa. Justo antes que chegassem à porta, a puxou para detê-la. -Me escute, Libby. Não me importa em que estado encontraremos esse menino. Não arrisque sua saúde ou a de suas irmãs para lhe aliviar. Jonas está ainda no hospital. Todas vocês parecem correr em vão. Se começar a te sentir afligida e ao bordo de fazer algo que não deveria fazer, me faça um sinal e nos tirarei dali. Libby lhe franziu o cenho. -Não acredite que vá conseguir alguma coisa me dando ordens. Não gosto do tipo machão. Seu repentino sorriso foi quase juvenil, iluminando seus olhos. -Sim, gosta. Só que nunca o tinha admitido ante você mesma até agora. Sou muito mandão. -Também sou. -Mas eu sempre tenho razão. -Disse ele com ar satisfeito e bateu na porta. Quando a porta começou a abrir-se lhe pôs a boca contra o ouvido. -Porque sou brilhante. Passou a língua sobre um ponto ultra sensível, enviando calafrios por sua coluna vertebral. Libby levantou o ombro e lhe advertiu com o olhar. -Libby. Tyson Derrick. -Irene deu um passo para trás, com expressão cautelosa, envergonhada, esperançosa. -Por favor, entrem. Ty retirou seu braço do ombro de Libby, mas correu os dedos por seu braço até que capturou sua mão, puxando para aproximá-la a seu flanco. Irene não tinha sua bolsa de mão, mas se decidisse golpear Libby, ele estava preparado. Um pequeno risinho tolo escapou de Libby. Apoiou-se contra ele, seus lábios lhe roçando o ouvido. -Deixa de parecer tão intimidante. A pobre mulher está aterrorizada. -Bem. Parece incitar às pessoas à violência. Acredito que parecer intimidante poderia ser de ajuda nestas situações. Ela riu e apertou sua mão. Tyson se encontrou perguntando-se como fazia ela. Dava a volta em tudo fazendo que lhe resultasse divertido. Brincalhão. Queria balançá-la entre seus braços e beijá-la ali mesmo diante de Irene porque era feliz. -Irene, Tyson trabalha para a BioLab e é bioquímico. Experimenta com remédios todo o tempo. De fato, seu último trabalho é a plataforma para a droga PDG. Como eu, está preocupado pelo desenvolvimento dessa medicação em pacientes de câncer já que atua de forma distinta no cérebro adolescente. Não há provas significativas disso. As provas clínicas são feitas principalmente com adultos. Houve só uns poucos pacientes nas provas que desenvolveram depressão severa com tendências suicidas, mas sempre foram adolescentes. Tyson se inclinou para frente. -Sabemos que o cérebro adolescente não está desenvolvido de tudo. Acredito que reage de maneira diferente ao cérebro de um adulto ante a estimulação da droga. Esta medicação em particular deriva de uma planta do bosque pluvial do Peru e…


Libby apertou seu joelho, lançou um sorriso a Irene e lhe interrompeu. -Quanto sabe em realidade das provas clínicas? Irene abaixou a cabeça outra vez, retorcendo os dedos. -Quase nada. -Admitiu. -Necessitávamos de dinheiro desesperadamente e Drew estava tão cansado de não ser como os outros meninos. Quando li sobre isso me pareceu um milagre. -Antes que uma medicação ou procedimento passe, uma prova clínica é provada com células animais e humanas. Se a medicação não revelar efeitos secundários sérios passará por uma fase de provas clínicas. -Libby tratava de julgar a reação de Irene, mas resultava impossível. A mulher dava voltas em vez de ficar quieta, servindo o chá, cortando bolo e lhes oferecendo pratos e garfos. -Na primeira fase participam entre vinte e oitenta pessoas. Perto de setenta por cento das medicações passa esta fase inicial experimental. Procuram coisas como segurança, como se metaboliza ou absorve, a melhor forma de administrá-la, essa classe de coisas. Muito poucos adolescentes participam e certamente um estudo experimental com um elevado número de adolescentes não se faria exceto em poucos casos. -Disseram-me que tudo isso foi feito e que estavam na seguinte fase. Que já tinham determinado que era segura. -Protestou Irene. Libby olhou Tyson. Ele arqueou uma sobrancelha. -Senhora Madison. Irene. Não é possível que uma prova tão pequena possa determinar a segurança e os efeitos secundários sobre um grande número de indivíduos, especialmente no cérebro de um adolescente. Em uma segunda fase da prova, como a que participou seu filho, a medicação é administrada a um grupo maior de gente. Procuram avaliar mais a fundo a segurança e efetividade. É ainda um experimento, Irene. Têm muito pouca idéia de como a mediação vai atuar no cérebro de um adolescente. Irene pressionou as pontas dos dedos sobre a face, ocultando sua expressão. -Sinto muito, Libby, deveria te haver escutado. -Pode deixar a prova quando quiser, Irene. Certamente já o retirou. -Não tenho feito nada. Ele não está tomando a medicação, mas parece tão diferente tão desanimado. Eu só queria encontrar a forma de acabar com tudo isto. Vou perder minha casa, tudo o que temos, e ainda assim não melhora. Fiz tudo o que me ocorreu que podia fazer. -Deveria nos haver falado de suas dificuldades financeiras, Irene. -Disse Libby amavelmente. -Isto é uma comunidade, todos teríamos ajudado. Deixe-me contar isto a Inez. Sabe que é uma organizadora maravilhosa. Provavelmente Joley possa ajudar a arrecadar dinheiro. Temos recursos como comunidade para ajudar. -É só que senti que não podia pedir. -Disse Irene. -Mas sentiu que podia vender Libby aos tubarões? -Perguntou Tyson, seu tom baixo foi uma pequena chicotada de recriminação. Libby se sobressaltou tanto que quase deixou cair sua xícara de chá. Lançou-lhe um olhar de castigo, mas Tyson a ignorou, imobilizando à outra mulher com seu olhar gelado e penetrante. -Se tiver um problema, Irene, contar-lhe a seus amigos parece uma alternativa melhor que expor deliberadamente a uma amiga ao que poderia ser uma atenção perigosa e indesejada. -Era muito dinheiro. Um homem me chamou e disse que tinha ouvido toda classe de histórias sobre Libby. Ofereceu-me dinheiro só por contar-lhe -Que homem?- Perguntou Tyson, ignorando Libby que lhe cravava os dedos na coxa. -Disse que seu nome era Edward Martinelli. Só lhe falei um pouco sobre as Drake e como durante anos tinham mantido em remissão a leucemia de Drew uma e outra vez. Enviou-me um cheque de cinco mil dólares. Nunca tinha visto tanto dinheiro. Assim comecei a pensar que se ele me pagava pela história, talvez outros também o fizessem. -E o fizeram. -Só se tinha fotografias e algum tipo de prova. Tinha os informes do hospital e muitas fotografias de Libby com Drew. Ofereceram-me dez mil uma vez que tirei uma foto de Joley e Libby juntas com Drew. Quinze mil dólares era muito dinheiro para deixá-lo passar. Tínhamos


muitas faturas e eu temia perder a casa. Foi uma bênção. -Abaixou a cabeça. -Não imaginei que os títulos soariam tão chocantes. "A deusa e a rainha dos libertinos". Isso foi tão terrível. Libby odiava como as asquerosas fofocas estavam tão obcecadas com Joley de repente. -Foi uma traição, Irene. -Disse Tyson, sua voz soou tão dura que sobressaltou Libby. Esteve mau e você sabia que estava mau e essa é em parte a razão pela que estava tão zangada quando atacou Libby. Sentia-se culpada. -Sim. É verdade. - Irene começou a soluçar. Libby foi imediatamente para ela e a rodeou com seus braços. -Tudo ficará bem. Permita que a comunidade ajude a arrecadar dinheiro para as faturas. Tira o Drew da prova e do programa imediatamente e assina uma autorização para que Ty e eu tenhamos acesso aos dados. -Poderia nos vir bem o sangue de Drew também. -Adicionou Tyson. -Agora? Querem lhe tirar sangue agora? -Perguntou Irene. -É importante, Irene, ou não lhe pediríamos Precisamos analisar isso os dados e tentar averiguar especificamente o que vai mal com este grupo de idade de pacientes. A medicação promete muito e se só pudesse pôr o dedo sobre essa pequena interferência, poderíamos ter uma oportunidade real de êxito. Sem essa informação específica, não posso ir a nenhum lugar. Irene tomou o formulário de consentimento que tinha Libby e lentamente começou a lê-lo por cima. Duas vezes fluíram lágrimas de seus olhos e assoou o nariz. -Adiante, Libby, ele quer falar com você de toda forma. Está muito zangado comigo pelo que fiz. Tire seu sangue se isso ajuda. Libby segurou o joelho de Irene, lançou um olhar de advertência a Tyson e se apressou pelo corredor para a habitação de Drew. Ouviu o timbre da porta principal mas o ignorou enquanto chamava a porta do adolescente. Drew estava estendido na cama olhando ao teto. Sua perna estava engessada e lhe via absolutamente desgraçado. Animou-se quando a viu. -Libby. Esperava que viesse para ver-me. -Tyson Derrick está aqui, também. -Disse ela, não querendo que pensasse que lhe escondia nada. -É o bombeiro que te resgatou. -E que caiu. -Drew disse sombriamente. -Sabe que isso não foi sua culpa, verdade? -Perguntou Libby. -Certamente alguém te explicou o que tinha ocorrido. Tyson se uniu a ela, sustentando em alto o papel em sinal de triunfo. -Tudo bem? Terei que te assinar a perna. É uma longa tradição. – Disse Ty. -A medicação que tomava tem certos efeitos secundários, Drew. -Disse Libby. -Um deles é a depressão severa. Espero que tenha deixado de tomá-la. Drew assentiu com a cabeça. -Não podia me deter. Agora só me sinto estúpido, zangado e envergonhado. Pete queria me ver, mas não lhe deixei entrar. -Levantou o olhar para Tyson. -Sinto-o de verdade. Quase se matou por minha culpa. -Não por sua culpa. -Disse Tyson, sentando-se na beira da cama. Libby nunca tinha ouvido sua voz tão amável. -Sou bioquímico, Drew. Só sou bombeiro durante a alta temporada. Conheço os efeitos das medicações sobre as pessoas melhor que a maioria. Estava tomando um medicamento não aprovado. Você foi a prova. Não é seguro ainda, mas estou tratando de arrumálo. Enquanto isso, não se separe de seus amigos e de sua família. Necessitará que lhe ajudem a manter o espírito alto para este longo combate. Antes que Drew pudesse responder, houve uma comoção no vestíbulo. Irene elevou a voz e a voz de um homem exclamou algo em resposta. Algo golpeou a parede e o quarto tremeu. Tyson abriu a porta de um puxão, com uma mão atrás para conter Libby. -Harry Jenkins. - Saudou seu nêmese, com voz suave. -Sempre é um prazer ver você. Já estávamos de saída. Veio visitar Drew?- Lançou um pequeno sorriso insultante.


Libby segurou seu cinto como advertência. Ele ainda ardia da noite anterior, pelas coisas que havia dito Sam; agora tinha um alvo. Tentou lhe recordar que o menino e sua mãe estavam observando. Tyson não pareceu se importar. O rosto de Harry se avermelhou. -Você! Deveria ter sabido que estaria aqui. Senhora Madison, espero que não a esteja incomodando. Não tem por que falar com ele. Libby virou rapidamente para Drew e habilmente tomou um pouco de sangue enquanto Tyson se plantava na porta, impedindo Harry de ver o que ela estava fazendo. Surpreendentemente, Drew lhe lançou um sorriso conspirador e ficou quieto até que ela acabou. Piscou para o menino e tocou Tyson no ombro. Irene revoava atrás de Harry, retorcendo as mãos. -Passarei para ver você mais tarde. -Disse Tyson ao moço. -Libby e eu temos muito trabalho a fazer. - Estendeu a mão para trás para urgi-la a atravessar a porta, obrigando Harry a retroceder. O homem os seguiu até a porta. -Não posso acreditar que tenha chegado tão longe, Derrick. -Disse ele. -Está interferindo em um estudo legítimo e isso vai contra a lei. -Não se tiver permissão da mãe. -Disse Tyson, com um sorriso satisfeito. Harry deu um passo agressivo para frente. -Acredita que vai se liberar com isso, mas não. Tenho recursos com os que nem sequer sonha. -Dá seu melhor golpe, Harry. -Animou-lhe Tyson. -Deveria estar no laboratório, não me acossando a cada passo. Que diabos está fazendo em Sea Haven de todas as formas? -Protegendo meus interesses. Não vou deixar que arruíne minha carreira, você e essa doutora amiga sua. Veremos o que pensa todo mundo de vocês dois quando ficar ao descoberto o que realmente são. Tyson deslizou ao volante do Porsche e colocou os óculos de sol. -Vou passar uns dias no laboratório, Libby. Quer me ajudar? -Com certeza.


Capítulo 13 Tyson era um tirano no laboratório. Manipulava Libby como se fosse seu ajudante, não reconhecia ter escutado nada que ela dizia e estava tão concentrado em seu trabalho que não via nem ouvia nada a seu redor. Ela se estendeu duas vezes em seu futón e dormiu, mas em quarenta e oito horas ele não se deteve nem uma vez. Alimentou-lhe com ovos enquanto ele examinava vários compostos. Não pareceu dar-se conta, abria a boca à ordem e mastigava quando lhe dizia que o fizesse. Seus olhos estavam continuamente pegos a seu computador. Libby o encontrava absolutamente fascinante. Sua mente parecia trabalhar três vezes mais rápido que a de nenhum outro que tivesse conhecido e definitivamente estava atrás de uma pista. Tyson recordava a um sabujo atrás de um rastro. Nada mais parecia ter importância para ele... nem ao menos ela. Isso deveria ter ferido seus sentimentos, mas estava muito impressionada por sua capacidade de concentração em um único propósito. Inundava-se nos dados, comparava notas, remontava-se a seus experimentos originais, frequentemente resmungava para si mesmo e repetia as provas uma e outra vez. Algumas vezes se excitava e lhe mostrava coisas, só para ficar a meia frase, franzindo o cenho e dando meia volta para comprovar alguma outra coisa. Várias vezes ao dia Sam lhes trazia comida, comida que ela lhe dava na boca para lhe obrigar a comer, embora algumas vezes nem sequer isso funcionava e ele ignorava a oferta. Sam se desculpava cada vez que a via por seu arrebatamento, mas Libby não podia evitar sentir-se incômoda a seu redor. Tyson nunca levantava o olhar ou reconhecia sua presença. -Comeu alguma coisa? -Perguntou Sam. Libby negou com a cabeça. -Muito pouco. Está como um possuído. -Ainda não fala comigo. -Sam parecia cansado. -É bastante teimoso. Pode guardar rancor durante muito tempo e suponho que desta vez mereço isso. Pelo menos você deveria comer algo, Libby. Tenho o turno desta noite. Não lhes verei durante um tempo. -Eu vou sair, também, talvez tome o dia livre e faça algumas coisas, mas passarei para lhe ver esta noite. -Prometeu-lhe Libby. -Obrigado. -Sam desapareceu escada acima e com um pequeno suspiro ela recolheu suas coisas e começou a lhe seguir, cuidando de guardar silêncio. -Aonde vai? -Tyson deu a volta instantaneamente, jogando por terra a crença de que não era consciente de sua presença enquanto estava trabalhando. Definitivamente prestava atenção nela e isso a sobressaltou. -Acredito que depois de dois dias, Ty, necessito uma ducha. Tecnicamente estou de férias, mas normalmente ajudo no hospital e não pude dormir muito aqui. - Assinalou o computador. Estará entretido e eu voltarei dentro de um ou dois dias. -Lançou-lhe um sorriso alentador. Tyson se estirou e percorreu a habitação com pernadas rápidas, comendo o espaço. -Me dê um segundo e irei com você. Necessito um descanso de toda forma. - Alcançou seu flanco, rodeou-lhe o pescoço com o braço e a beijou. Em lugar de seus beijos duros e famintos, foi suave, inclusive terno, e isso fez que lhe desse um tombo o coração. -Eu gosto de você em meu laboratório. Ela riu. -Por que fui de grande ajuda -Realmente foi. Recorda quando falamos das árvores do bosque pluvial do Peru e como muitas delas têm uma relação simbiótica com os insetos ou as árvores que as rodeiam? Não pude tirar isso da cabeça.


Seguiu-a fora do porão, piscando um pouco à luz, o que recordou uma coruja. Sorriu-lhe burlonamente. -Só por curiosidade, Tyson, É consciente de que as corujas vêem em branco e negro? Um lento sorriso se estendeu pela face dele, apagando o cansaço. -Recordo uma coruja? -Só pensava que poderia ser interessante... para futuras referências. - Devolveu-lhe o sorriso, quase lhe desafiando a seguir com o jogo e igualá-la com outro feito. Ele se arranhou a cabeça. -A íris das aves de rapina se dilatam e contraem independentemente nos dois olhos. Fascinantes criaturas. BioLab está trabalhando em um colírio que ajudará à retina. Manterá a forma da retina para evitar que a vista piore. Passarão só um par de anos antes que esteja preparado para consumo humano. - Estendeu-lhe a mão. -Quer ir para casa? Espero que suas irmãs tenham comida e bebida lá. Libby lhe seguiu até seu carro e não protestou quando ele agarrou as chaves e deslizou no assento do condutor. Ele amava conduzir o Porsche e ela lhe proporcionava esse pequeno prazer. -Acreditava que tinha esquecido completamente da minha presença, Ty. -Sempre sei quando está em uma habitação comigo. Tenho o radar Libby Drake. Na universidade podia te divisar claramente passeando no meio do campus. Não vou esquecer que esteja no mesmo quarto comigo. - Percorreu-a com o olhar e logo olhou à estrada. -Sei que não sou muito falador quando trabalho. Ela riu. Não pôde evitá-lo. -Não fala absolutamente. Ou começa a falar e se esquece ou se detém em meio de uma frase porque te ocorreu uma grande idéia. Houve um longo silencio enquanto ele conduzia o Porsche através de várias curvas fechadas na estreita estrada. Libby baixou o vidro para observar a paisagem passar rapidamente. Percorreram vários quilômetros antes que ele falasse. -Sinto muito. Tentarei melhorar. Ela o olhou fixamente, ouvindo a cautela em sua voz. Acreditava havê-la incomodado, porque normalmente incomodava as pessoas essa total concentração. -Não o sinta. -Lançou-lhe um sorriso tranqüilizador. -Quando estou trabalhando, ninguém espera que os entretenha. Encontrei-te muito interessante. Sei que vai ser capaz de averiguar porque a medicação reage de forma diferente no cérebro de um adolescente. Ele franziu o cenho. -Isso pode levar algum tempo. Poderia ser capaz de averiguar como evitar que ocorra, mas o porquê disso vai ser mais difícil. -Isso não tem sentido. Não tem que saber por que antes de poder arrumá-lo? Tyson sacudiu a cabeça enquanto entrava no longo caminho das Drake. Esperou até estacionar o carro e desligou o motor. -Não sempre funciona desse modo, Libby. A investigação frequentemente consiste em descobrir algo por acidente. -Talvez, mas você não parece fazer nada por acidente. - Saiu do carro e caminhou com ele até a casa. -Tudo o que faz é muito cuidadoso, Tyson. Pensa atentamente nisso. -Harry estava perto, mas tinha muita pressa. Deixa que o pessoal do marketing o pressionem. - Seu sorriso se parecia com o de um tubarão faminto. -Mantêm-se longe de mim. -Óbvio que sim. Não é nada cortês quando está trabalhando. Ele franziu o cenho outra vez, parecendo mais desarrumado que nunca quando passou as mãos pelos cabelos com agitação e preocupação genuína. -Fui rude com você, Libby? Ela se apoiou nele e beijou sua mandíbula sombreada. -Não, Ty, não foi rude comigo. Acredite, se alguma vez o for, saberá. O sorriso dele brilhou, lhe fazendo parecer mais jovem e muito mais juvenil.


-Bom. Antes que Libby pudesse abrir a porta, esta se abriu do interior e se encontrou olhando a todas suas irmãs. Nenhuma delas sorria. Franziu o cenho. -Não as preocupei, verdade? Chamei um par de vezes e deixei mensagens na secretária eletrônica dizendo que estava bem. -Entrou na casa. -OH, meu Deus. Não aconteceu nada a Jonas, não é? Sarah fechou a porta atrás deles. -Jonas está bem, Libby. -Recebemos suas mensagens. -Acrescentou Joley. Libby deteve seus passos para cravar os olhos em sua irmã mais nova. -Joley! Tingiu os cabelos. -Joley era loira natural, seus cabelos eram quase platina, o mais próximo de todas as irmãs à cor de cabelos de Hannah. Frequentemente o tingia, fazia mechas e o esclarecia com várias cores, mas nunca negro meia-noite. Agora se parecia com Libby, com sua pele pálida e seus olhos grandes e misteriosos. -Mamãe vai matar você. Por que fez antes das bodas? Por favor, me diga que não está em uma fase gótica antes que todo mundo se case. Houve um pequeno silêncio. Libby se deu conta da tensão que havia na habitação. Olhou Tyson, repentinamente inquieta. Ele estendeu a mão e tomou a sua, seu polegar deixando uma pequena carícia tranquilizadora em sua pele. -O que acontece? -Acredito que será melhor que vejam isto. -Disse Sarah. -Por que não se sentam e tomam uma xícara de chá? Há algo que têm que dar uma olhada. Chegou a nossa soleira com uma nota. -Ofereceu a nota ao Tyson. Estava escrita em papel datilografado. Só havia uma palavra, "Desfrutem". Havia uma cara sorridente desenhada junto à palavra. Tyson deu voltas uma e outra vez entre as mãos, não estando muito seguro de por que algo tão simples parecia tão sinistro, mas assim era. Intercambiou um olhar de preocupação com Libby. Libby tratou de alcançar o jornal. -Não vou gostar, não é?- Perguntou a Joley. Joley pôs uma mão sobre seu ombro para lhe dar apóio. Libby levantou a dobra que suas irmãs tão cuidadosamente tinham feito e quase deixou cair o papel quando a foto ficou enfocada. Ficou olhando com horror absoluto a foto de primeira página. Tinha sido tomada na nova casa de Tyson através dos painéis de vidro e mostrava uma mulher obviamente nua abraçando a um homem muito nu. O título dizia: “O ninho de amor da Drake.” Por um terrível momento Libby não pôde pensar. Não podia colocar suficiente ar em seus pulmões para respirar. Só podia olhar com horror a imagem de sua primeira experiência sexual agora disponível para que o mundo inteiro pudesse vê-la. Parecia uma estrela pornô. Não havia forma de identificar Tyson... sua cabeça estava abaixada, sua língua lhe lambendo o peito... mas a dela estava arremessada para trás, seus braços o embalavam para ela. Os escuros cabelos penduravam pelas costas, seus olhos estavam fechados em êxtase. -Oh meu Deus! Isso não pode estar acontecendo. Mamãe e papai vão ver isto. Todos meus pacientes. -Libby se engasgou com a bílis que se elevava para sua garganta. -Vou vomitar. Levantou-se de um salto e correu para o banheiro, deixando cair o papel no chão. Tyson o recolheu, estudando a única grande foto antes de abrir o interior onde os titulares prometiam mais. As demais imagens eram mais confusas e algo imprecisas, impossíveis de identificar, mas igualmente reveladoras. Foi consciente do lento ardor de gelada fúria que se estendia através de seu corpo. Seu temperamento sempre tinha sido lento em entrar em movimento, mas ardia como um fogo incontrolado quando o perdia. Isto era diferente. Era algo mais mortífero.


Levantou a cabeça lentamente e olhou ao redor da habitação às faces sombrias das irmãs de Libby. Seu olhar pousou em Joley com a juba de cabelos negros como a meia-noite correndo por suas costas e frisando-se ao redor de sua face. Parecia exótica. Nunca tinha notado que tinha a mesma boca sensual de Libby. Seu fôlego vaiou. -Tingiu os cabelos para se parecer com Libby. Dessa maneira as pessoas pensarão que é você e não sua irmã não é? Joley deu de ombros, lutando por parecer casual. Ele percebeu o brilho de lágrimas em seus olhos antes que desse a volta. -Estou acostumada a isso. Qualquer publicidade em meu negócio é publicidade, negativa ou não. Eu não gosto, mas isto matará Libby. Ela não é o suficientemente forte para aceitar as brincadeiras e insinuações. As pessoas são muito cruéis e ela não tem uma pele muito resistente. Os apresentadores dos programas de entrevistas vão fazer uma festa. -E você tem a pele resistente? -Tyson queria destroçar algo. Joley Drake fazia um grande sacrifício por sua irmã. Não era tão dura como fingia ser. Podia ver que suas mãos estavam tremendo, mas ela se deixou cair graciosamente no chão diante do sofá e alcançou a xícara de chá que Sarah lhe oferecia -Este é um grande assunto, Ty. -Advertiu-lhe Joley. -As revistas estiveram tentando durante anos encontrar algo sujo. Ultimamente a verdade é que trabalharam muito nisso. Isto não vai se apagar de qualquer jeito e você tem que evitar que Libby diga a verdade. Crucificariam-na. -O que diz o artigo? -Olhe os títulos. Seguem com o artigo da curandeira, e se perguntam se a Deusa da Bondade, que seria Libby, ou a Rainha da Libertinagem, essa seria eu, foi apanhada em um ninho de amor. Chegam a dizer que é muito possível que tenha havido mais de um homem ali. Inclusive assinalaram uma imagem que acreditam é a prova que há um segundo homem. O nome de Libby se menciona, mas é obvio, a autêntica especulação é se sou eu ou não. Hannah é muito alta. Não podem implicá-la, assim com meus cabelos tingidos, todo mundo acreditará que sou eu. Dei ordens a meu publicitário de não fazer comentários. -Não pode fazer isto, Joley. -Disse Tyson. -Entendo que queira fazê-lo e te acho incrível por isso, mas Libby não te deixará e eu tampouco. Não fizemos nada de errado. Estávamos na privacidade da minha casa. -Acredito que vai necessitar um sistema de segurança realmente bom. -Disse Sarah. -Se não se importar, vou colocar um. Tyson passou a mão pela mandíbula. -Duvido que ela queira voltar algum dia a essa casa. - Sua mente corria a um milhão de quilômetros por hora com idéias de vingança, mas não tinha nenhuma idéia de como podia trocar o que tinha acontecido. Olhou pela habitação as faces das irmãs de Libby. Todas elas, inclusive Sarah, pareciam compassivas. E Joley. Ela se sentou sozinha, com uma perna recolhimento, a cabeça sobre o joelho, as ondas negras de seus cabelos caindo em cascata desenhando um véu sobre sua face. -Joley. -Pronunciou seu nome brandamente. -Ninguém tem direito a fazer isto a ninguém. Não importa qual seja sua profissão, não deveriam te perseguir e intrometer-se como voayers em sua vida privada. Ela suspirou e elevou a cabeça, com um pálido sorriso em seu rosto, um que não alcançava seus olhos. -Talvez não devessem Ty, mas o fazem. Não permitirei que façam mal a Libby. Minha carreira pode suportar isto. –Encolheu os ombros. -Quem sabe, talvez seja benéfico, mas não para Libby. Ela tem que manter uma certa reputação. -Você odeia isto. -O fazia. Podia sentir seu sofrimento. Todo o sofrimento coletivo e de algum modo, em lugar de lhe condenarem, faziam-lhe sentir parte de seu círculo protetor. -Odeio que minha amada irmã tenha que suportar este lixo por quem sou eu. Ninguém nos caluniaria nem saberia nossos nomes se eu não fosse Joley Drake.


-Carinho. -Disse Sarah. -Isso não é certo. Hannah tem fama e também Kate. -Sim, mas não foram o suficientemente estúpidas para ser fotografadas com Rob Ryan. Ele está casado e tem um par de filhos e desde que Rob fez outro filme de êxito, os paparazzi procuram sangue. Por isso estiveram tão ocupados ultimamente. Foi um contínuo "Façamos nosso nome com Joley" e agora se estendeu a minha família. A amargura que havia em sua voz fez que Elle abraçasse sua irmã protetoramente. As lágrimas verteram por sua face e Tyson recordou que Libby havia dito que era muito empática. Se era assim, sentia a dor de todo mundo. -O que estava fazendo com a estrela de cinema? -Perguntou Tyson. -Caminhávamos em meio de um hotel. Topamo-nos um com o outro, almoçamos e essa foi a extensão completa de nosso affair. Bom, assinei-lhe um par de CDs para seus filhos. -Advertiram mamãe e papai? -Perguntou Libby, entrando na sala com o queixo elevado, seus olhos verdes vivos com orgulho. Tyson foi para ela e quando tratou de apartar-se, ele simplesmente a abraçou. Ela ficou rígida, mas ele persistiu, mantendo-a muito perto, decidido a que passassem esta tormenta de fogo juntos. -Queria que soubesse você primeiro. -Disse Sarah. -É impossível dizer se a da foto é você, não com Joley tingindo os cabelos. Libby saiu dos braços de Tyson. -Não vou deixar que Joley aceite o golpe disto. De maneira nenhuma. Joley pode voltar a tingir os cabelos de loiro em seguida. Se assumir a culpa destas fotos não ficarão em um jornal pequeno. Venderão às revistas mais reputadas. Estarão na televisão. Não poderá se liberar delas. -Sabia que diria isso, Libby. -Disse Joley. -Assim me assegurei de fazer um trato. Até se chamar aos periódicos e dizer que é você a da fotografia, acreditarão que só está tratando de limpar meu nome. Não vou deixar que ninguém te arraste pela lama. -Vou chamar-lhes e esclarecer isto. Joley ondeou a mão para o telefone. -O número está ali mesmo. Fala com o Kingsley. É um tipo bastante decente e ao menos escutará você, mas te digo que não vai fazer nenhum bem. -Que tem feito? -Exigiu Libby. -Pedi alguns favores. Algumas pessoas chamaram a alguns repórteres e promoveram a história com indícios e mentiras bem colocadas. -Isto não é sua culpa, Joley. -Protestou Tyson. -Ninguém fez isto por você. Quem quer que tenha feito estas fotografias tratou de nos matar a outra noite manipulando minha moto. Se tivesse ido à velocidade a que vou normalmente, podia ter funcionado. Vão atrás de mim. Ou de Libby. Ou de ambos, mas não de você. Você não fez isto. -Encontraram um meio de ferir minha irmã que não estaria aí se eu não fosse quem sou e fizesse o que faço. -Sarah. -Libby apelou a sua irmã mais velha. Quando se tomavam decisões difíceis, Sarah era a primeira a que escutavam. -Você é médica, Libby. Libby apertou os punhos. -O que tem isso? Quer isso dizer que tenho que deixar minha irmã mais nova assumir a culpa de algo que eu fiz? Isso não vai ocorrer. -Agarrou o periódico e foi para o telefone. Kate ofereceu a Tyson uma xícara de chá. -Sente-se, Ty. Deixa Libby rabiar um pouquinho. Precisa se acalmar. Tem fome? Libby deu a volta. -Estou esperando por esse Kingsley. Sim, tem fome. Na realidade não comeu em quarenta e oito horas. Kate lhe sorriu. -Café da manhã ou almoço? Está a meio caminho.


-Café da manhã. Mas, de verdade, não tem por que fazê-lo. -Não é problema absolutamente. -Kate desapareceu na outra habitação. Tyson observou Libby enquanto esta inflexivelmente explicava ao repórter que as fotografias eram dela, não de sua irmã e pedia que se retratassem de qualquer menção de Joley imediatamente. Suspirou. Joley tinha razão. As revistas estavam interessadas em algo que tivesse a ver com ela, não com sua irmã mais velha. Ao final da conversação, estava bastante claro que ninguém ia escutar Libby. Ela desligou de repente o telefone em um arranque de fúria. -Atrasado mental. Não quer a verdade. Acredita que é admirável... admirável... por minha parte querer proteger minha irmã. Não importa quantas vezes lhe disse que era o inverso, ele se negou a ouvir. -Olhou sua irmã, com desespero nos olhos. -Não está bem que seja acusada disto. -Enquanto mamãe e papai pensem que nenhuma de nós, nem você nem Ty nem nenhum outro, fez nada mal, estarei bem. -Disse Joley. -Libby, pensa por um minuto. Não reaja. Tive um montão de tempo para pensar nisto. As pessoas inventam mentiras sobre mim todo o tempo. Segundo a imprensa, fiz de tudo menos sair nua e tenho orgias nos bastidores depois dos concertos. -Bom, agora os repórteres e seus fãs pensarão que têm a prova disso. -Assinalou Libby. Precipitou-se até uma cadeira e olhou ao redor a suas irmãs. -Isto parece aceitável a todas? -A mim não. -Disse Tyson. -Poderia responder e me identificar e a Libby como o homem e a mulher da foto. -Não se atreva. -Vaiou Joley. -Nunca acreditarão que foi Libby e só pensarão que seduzi ao prometido de minha irmã. Nego-me a cair tão baixo. É seu prometido, não é? -Sim. -Disse Ty. -É obvio. -Não. -Negou Libby. -Não me pediu isso ainda, assim deixe o tema. -Vamos casar. Eu queria ir a Reno, mas ela diz que não, que tem que ter umas bodas. A você o que parece? -Não me pediu isso. - Insistiu Libby. Kate ofereceu a Tyson um prato de comida. -Acredito que deve se casar aqui, Ty. -Disse-lhe. -Abigail e Aleksander vão ter uma pequena cerimônia privada. Não há razão que você e Libby não possam fazer o mesmo, a menos é obvio que queira se unir a Sarah e a mim em uma grande festa. Certamente seriam bem-vindos. Tyson estremeceu. -Acredito que Abbey tem razão. Privada para mim. -Não me perguntou isso. -Gemeu Libby. - Alguém está me escutando? Onde está Hannah? Necessito-a. -Não pode converter seu prometido em um sapo. -Disse Sarah. Libby mostrou os dentes a sua irmã. -Está encontrando tudo isto muito divertido, não é? Farei saber que Tyson Derrick pode parecer um cretino, do tipo intelectual presumido, só porque é bioquímico e um pouquinho inteligente… -Um pouquinho? -A sobrancelha de Tyson se arqueou. -Brilhante, é o que normalmente opina de mim. Ela lançou-lhe um olhar fulminante. -Mas se converte em um cavernícola mandão cada vez que pode. Na realidade trata de me dizer o que devo fazer. -Imaginava. - Disse Sarah. -Mas não acredito que haja nenhuma dúvida que vocês dois casarão, irmãzinha. Todos os outros podem pensar que essas fotos são de Joley, mas mamãe e papai vão reconhecer Libby, a boa garota que se converteu em garota má da noite para o dia. Quando nos disse que queria mudar de imagem, não estava de brincadeira. -Sorriu burlonamente a Tyson. -E vão ser muito conscientes de quem produziu essa pequena mudança. Ele inchou o peito.


-É verdade. Isso foi muito brilhante. -Saudou Kate. -Os ovos estão geniais. -Brilhante e uma merda. -Resmungou Libby. -Isto da garota má é mais duro do que parece. E as autênticas garotas más não se casam, têm aventuras amorosas. E se estiver tão orgulhoso de você mesmo, Ty, pode ser você quem mostre as fotografias a mamãe e papai. Tyson se engasgou com os ovos. Kate bateu em suas costas e Sarah lhe ofereceu um copo de água. -Eu não sei nada de falar com pais. Não tenho muita prática. Acredito que o fará melhor você, Libby. -E se nos casarmos... e acentuo o se, já que não me pediu isso... quero um contrato pré matrimonial registrado manifestando que seu dinheiro não é meu. -Isso é simplesmente uma sandice. Uma vez estejamos casados, tudo o que tenho será seu. Assim é como se supõe que funciona. Por isso respeita à petição, se lhe perguntasse isso, teria a oportunidade de dizer que não e não vou arriscar-me. As batatas são excelentes, Kate. Cozinha Libby assim? -Não, não o faço. -Disse Libby bruscamente, com as mãos nos quadris. -Por essa razão necessita meu dinheiro. Pode usá-lo para pagar um cozinheiro. -Disse Tyson, esforçando-se por parecer prático. Libby jogou uma olhada a Joley e o sorriso empalideceu em sua face. -Não sei o que fazer. É incorreto que permita que isto ocorra. -Deixa estar, Libby. -Aconselhou Joley. -Talvez deveríamos nos concentrar em pensar quem poderia ter feito isto. -Irene recebeu ao redor de quinze mil dólares por sua história e as fotografias de Libby e Joley de uma revista. Se o fez uma vez, e admite que tem muitas faturas, poderia voltar a fazer. Esta história provavelmente valha uma fortuna. -Disse Tyson. -Tentei averiguar a fonte. -Admitiu Joley. -Inclusive prometi a Kingsley uma exclusiva se me dissesse quem era a fonte, mas se negou. -Não foi Irene. -Disse Libby. -Estava de causar pena. -Era pela culpa. -Assinalou Tyson. -Pura culpabilidade. Harry Jenkins vai por mim. Se puder arruinar nossas reputações nas comunidades científicas e médicas, talvez fosse uma vitória. -Ele também está na lista. -Disse Sarah. -E Edward Martinelli. -Acrescentou Elle. - Recordam as fotografias de Libby curando Tyson no hospital? Ameaçaram publicar em uma revista. -Meu Deus. -Kate franziu o cenho. -Nunca tinha havido tanta gente atrás de nosso sangue. Alguém mais? - Sam não gosta de mim. -Aventurou Libby, sem olhar Tyson. -E Sarah não gosta muito de mim. -Adicionou Tyson com um descuidado encolhimento de ombros. -Mas acredito que ela pensaria mais em términos de sapos que em escândalos. -Sou imaginativa. -Disse Sarah. -E você está começando a cair bem. Tyson se encontrou sorrindo, inclusive feliz apesar dos desafortunados e estranhos acontecimentos. Havia algo na aceitação da família de Libby que o fazia sentir-se diferente. Libby o fazia sentir completo. Faziam-lhe sentir-se aceito. As brincadeiras fáceis eram estranhas, mas se encontrou desfrutando. -Bom, já que Libby adora a sua família e eu tenho intenção de ser uma parte permanente de sua vida, provavelmente seja melhor que aprenda a apreciar minhas melhores qualidades. -Tem boas qualidades? -Desafiou-lhe Sarah. - Quais? Tyson sorriu abertamente, sem ofender-se o mínimo, e deu o prato vazio a Kate. -Além do fato que adoro sua irmã, sou uma enciclopédia andante e toda família necessita uma. -Isso certamente me será útil quando investigar para um livro. -Disse Kate. - Material muito útil Sarah. -Sabe um pouco de sistemas de segurança? -Perguntou-lhe Sarah.


-Algo. Posso repassá-lo. Mas que nada sempre tive interesse pela eletrônica. -Há algo que não possa fazer? -Perguntou Libby, fingindo exasperação. -Interesso-me por um bom número de temas. -Explicou ele. -Aborreço-me facilmente, uma vez que estou medianamente familiarizado com algo. Não posso dormir muito bem, assim passo muitas noites lendo livros de texto. -Wow - Exclamou Joley, seu sorriso largo e pela primeira vez, real. -Realmente é um inapto social, não é? Na realidade nunca conheci muito bem a nenhum... com exceção de Libby, mas ela não conta porque é minha irmã. -Assim que esses são todos os suspeitos. - Sarah levou de volta a conversação à questão principal. - Quem pode ter sido o responsável por enviar as fotografias à revista? Ele vacilou, com um leve cenho franzido em sua cara. -Essa é uma boa pergunta, Sarah, e desejaria ter uma resposta. Estou acostumado que as pessoas não gostem de mim, mas até onde eu sei, nunca houve ninguém que queria me matar ou manchar minha reputação. Alguém manipulou minha motocicleta e acredito que quem quer que fez essas fotos também forjou minha moto. Sarah olhou Libby. Esta elevou as mãos no ar. -O único em quem posso pensar que iria por mim pessoalmente é Edward Martinelli e nunca nos conhecemos. Acredito que preciso falar com esse homem. Ao menos enfrentar a ele cara a cara para poder julgar se realmente está tratando de me matar. -Não o diz a sério. -Falou Tyson. Havia uma nota de advertência em sua voz. -Meu coração. -Joley se aferrou ao peito e caiu para trás no sofá. -Quem ia imaginar que o tipo científico poderia ficar como um cavernícola por uma garota? -É desagradável. -Protestou Libby. -É sexy como o demônio e sabe- Disse Joley. -Eu gostaria de ver alguém fazer o cavernícola com você, Joley. -Libby lhe deu uma forte cotovelada. -Esmagaria ao pobre tipo. Não saberia o que lhe tinha golpeado. Joley lhe sorriu, sem incomodar-se em negá-lo. -A emoção ainda estaria ali um segundinho antes que lhe aniquilasse. Eu adoro um homem forte. Vamos, Tyson. -Deixa de animar seu comportamento Neandertal. Só porque você seja uma pervertida isso não quer dizer que o resto de nós o sejamos. -Não. -Negou Sarah. -Somos. -Não está ajudando. -Disse Libby, fulminando com o olhar a suas irmãs. -Ty, não as escute. São todas pequenas Hagathas. Ele estalou em gargalhadas, o som lhe sobressaltou. Estava em meio de um grupo de irmãs loucas e falavam de tolices e realmente estava passando um bom momento. Nunca se tinha sentido parte de nada... nem sequer na estação de bombeiros em meio da camaradagem. Ele era sempre muito estranho. Às Drake não parecia lhes importar que fosse estranho. Inclusive Sarah estava colaborando. -Hagatha? -Assim é como nos chamamos umas às outras quando levamos como bruxas. -Explicou Libby. -Falando de bruxas, Hannah deve estar no hospital com Jonas outra vez. Como será que ele está? Planejava ir ver-lhe pela manhã. Isso me deveria dar bastante tempo para descansar antes de lhe dar outro empurrãozinho. O olhar de Tyson se estreitou em sua cara e seu sorriso se desvaneceu. -Como lhe dar um empurrãozinho? -Libby lhe olhou com cenho franzido ante o fio de sua voz. -Jonas estava gravemente ferido. De fato deveria estar morto. -Estaria se Libby não lhe tivesse curado- Informou-lhe Kate. -Nem sequer Elle e Hannah juntas poderiam lhe ter salvado. Só Libby. -E isso quase a matou. -Acrescentou Sarah sobriamente.


-Por isso precisamente não deve fazê-lo outra vez. -Disse Tyson. Olhou-as com o cenho franzido. -Jonas está no hospital obtendo um cuidado médico excelente. Para mim está fora de perigo e se espera uma recuperação completa. -Com o tempo. -Interrompeu Libby. -Uma recuperação completa. -Repetiu Tyson. -Não tem que jogar com sua própria saúde para apressar a marcha de seu processo de recuperação. Salvou-lhe a vida. Isso deveria bastar, e com certeza se lhe perguntar, ele te dirá que não se arrisque. -Não é o mesmo. -Explicou Libby. A nota dominante na voz dele poderia ser emocionante para Joley, mas a ela começava a lhe fazer chiar os dentes. Tyson não brincava. Dizia a sério o que havia dito e, sem tantas palavras, estava tentando lhe proibir que ajudasse Jonas. -Jonas é da família, Ty. - Recordou-lhe. -Nunca lhe deixaria sofrer se posso lhe ajudar não mais que o faria com uma de minhas irmãs ou com você. Tyson abriu a boca para protestar, mas a fechou abruptamente quando a compreensão lhe atravessou pela primeira vez. As costelas já não lhe doíam. Não podia recordar quando lhe tinham deixado de doer. Seu braço e sua mão já não doíam. Quando o tinha feito? Sem nenhuma fanfarra, sem nenhuma discussão, Libby lhe tinha curado completamente... dos arranhões e as contusões menores, aos músculos rasgados e as costelas fissuradas. E ele nem sequer o tinha notado. -Libby Drake. -Seu olhar se estreitou sobre sua face, seus rasgos se fixaram em duras linhas. -Vêem aqui. Joley deixou escapar um gemido. -Meu coração não pode com isto. Estou pronta para desmaiar! Apesar de sua determinação de impedir Libby de ficar em perigo, Tyson não pôde conter a risada. Não uma diversão suave, a não ser uma autêntica risada. Joley era simplesmente muito dramática com seus olhos dançando travessamente e seu sorriso contagioso. Parecia-se tanto com Libby, e estava desenvolvendo um rápido afeto para ela, que não era pouca coisa já que não gostava de muita gente. Era escandalosa e gostava de fazer brincadeiras, mas também queria de verdade Libby. E sua absoluta resolução de proteger a sua irmã mais velha ganhou seu respeito e sua admiração. Forçou uma expressão dura. -Está danificando meu estilo cavernícola, Joley. Não vai tomar-me a sério se seguir com isso. Libby lhe fez uma careta. -Nunca vou tomar você a sério, se você seguir com isso. Não posso recordar um momento em minha vida que alguém me desse ordens. É tão mandão. -E diz realmente a sério. -Disse Joley. -Não é genial? Isto vai ser tão divertido de observar, você recebendo continuamente ordens de um homem da ciência. -Um homem de ciência? -Repetiu Tyson. Sacudiu a cabeça. -Sempre é assim? Libby riu, esse som alegre que sempre lhe elevava até o céu. -Estamo-nos levando muito bem no momento, para não te espantar. Pomo-nos muito, muito pior. -Esse é um pensamento horripilante. -Quando a atmosfera da casa tinha passado do horror, à surpresa e as lágrimas até a risada? Estava começando a suspeitar que a verdadeira magia das Drake fosse seu carinho mútuo e a força de sua união em vez de alguma misteriosa força sobrenatural. -Espere até que Kate comece a te perguntar como fazer bombas. Gosta de fazer voar coisas. – Disse Elle. -E não lhe dê nenhuma informação, tampouco. -Acrescentou Sarah. -Porque já é suficientemente letal em seu estado atual. Elle brincava com as demais, mas seus olhos nunca riam. Encontrou-se um pouco preocupado pela irmã mais nova de Libby. Percorreu a habitação com o olhar e se perguntou


como tinha chegado até ali. Nem em todas suas fantasias tinha considerado que seria parte, ou seria aceito pelas irmãs Drake. Seu pior e mais secreto pesadelo tinha sido que Sam obtivesse um encontro com uma delas. Não com Libby. Tyson não podia permitir que ocorresse isso nem sequer em seu pesadelo. Esta era a aceitação que desejava e nem se deu conta disso até esse momento. Acreditava que estava por cima dessa necessidade. Libby passou uma mão pela mandíbula dele, e ele colocou seu braço ao redor dela, atraindo-a a seu peito, lutando durante um momento por não sentir-se afligido por esta inesperada emoção. -O que acontece, carinho? -Perguntou-lhe ela em voz baixa, íntima e acariciadora. Ele sentiu o som dela, o toque em seu interior. Podia lhe desarmar tão facilmente com sua voz; com seu tato. Não era um bom augúrio para sua imagem de cavernícola. -Eu gosto de sua família. -Seu tom foi mais rouco do que pretendia e para cobrir a quebra de onda de emoção, levou sua mão à boca e mordiscou seus dedos. Libby olhou ao redor a suas irmãs. -Também gosto.


Capítulo 14 Tyson se deteve bruscamente no corredor da casa Chapman, empurrando Libby atrás dele. -A porta principal está aberta. -Murmurou. - Sam nunca deixaria essa porta aberta. Volta para o carro e se não sair em um par de minutos, sai daqui e chama o xerife. Apertou-lhe os dedos para reconfortá-la e entrou na casa. Fracamente, pôde ouvir vozes que se elevavam e seguiu o som através da casa até a cozinha. A porta de seu laboratório estava aberta e podia escutar Sam amaldiçoando. Tyson se apressou a descer as escadas para encontrar Harry Jenkins inclinado sobre Sam que estava no chão. Havia sangue na face de Sam, um olho estava negro e inchado, quase fechado. Tyson agarrou Harry pelo pescoço da camisa e o puxou para trás, lançando-o com força contra uma das muitas mesas fixadas ao chão. Harry chiou algo ininteligível, mas Tyson estava sobre ele, golpeando-o, derrubando-o. -Detenha!- Gritou Sam. -Não, Ty. Não foi ele. Os homens do Martinelli estiveram aqui. Tyson deixou Harry a contra gosto para virar e ajudar seu primo a levantar do chão. Quando Ty agarrou Sam e o levantou, os olhos dele se alargaram, uma única advertência, mas Tyson virou a cabeça a um lado. Inclusive com o rápido movimento, Harry lhe acertou na mandíbula com o punho. -Filho da puta, enviou à polícia atrás de mim. - Acusou-lhe Harry, caminhando para trás enquanto Tyson se equilibrava sobre ele outra vez. Levantou ambas as mãos. –Merecia isso. Retiveram-me durante horas. Tem a mais mínima idéia de quão humilhante pode ser? Você é o que deveria estar preso. Tyson fulminou com o olhar Harry. -Esta vez talvez atiram a chave. Que diabos está fazendo aqui? -O que acha? Fez que os policiais me detivessem no quarto do hotel diante de todo mundo e me levaram para me interrogar. Tive que chamar os advogados do laboratório. -Harry deu um passo para Tyson. - Desta vez foi muito longe. -Como é que estava aqui embaixo? - Perguntou-lhe Tyson enquanto examinava a cara de seu primo. A culpa se arrastou até a expressão de Harry. -Queria ver o que estava fazendo. Tenho direito de vê-lo. Sam esfregou a ponta de seu nariz quebrado. -Agarrei-o aqui embaixo com um taco de beisebol. Estava a ponto de destroçar seu computador quando os homens do Martinelli saltaram sobre mim. Harry se escondeu sob a mesa enquanto me surravam. -Sam endireitou uma das cadeiras que havia diante dos quatro computadores e se sentou. -Martinelli vai a sério, Ty. Acredito que pode me matar se não fizer o que quer. -Escondi-me sob a mesa porque levavam armas. - Defendeu-se Harry. -Isto não é meu assunto. Não ia deixar que me disparassem por uma dívida de jogo. -É realmente humanitário. -Disse Tyson, desdenhosamente. -Não se importa em forçar a entrada a minha casa e destroçar meu trabalho, mas não ajudou Sam quando estava sendo atacado. -Não é seu trabalho. - Objetou Harry. -É meu trabalho. E não vou deixar que me roube isso esta vez. Tyson ignorou o acesso de Harry enquanto examinava a cara torcida de Sam. -Quantos deles? -Dois. Poderia ser que tivesse havido um terceiro vigiando lá fora. Tive o pressentimento que esperavam te encontrar aqui em casa esta noite, não a mim. Chegaria atrasado ao trabalho,


mas baixei aqui para recolher os pratos e pô-los na pia. Sabia que se esqueceria. Então Harry apareceu com seu taco de beisebol e o pessoal do Martinelli chegou uns minutos mais tarde. -Quem rompeu todos esses vidros? - Tyson olhava Harry enquanto perguntava. -Eu não. - Negou Harry. -Os homens do Martinelli destroçaram as coisas. - Confirmou Sam. -Por que não lhes pagou simplesmente? -Perguntou Tyson. –O equipamento daqui vale uma fortuna, isso sem mencionar se destruíram qualquer parte da minha investigação. -Ofereci-lhes o dinheiro, mas disseram que não, o trato é que Martinelli perdoa a dívida se Libby falar com ele. Tratei de lhes explicar que não tenho nenhum controle sobre Libby, mas pareciam muito conscientes que você sim. - Sam apoiou a cabeça na mão. - Tenho que ir trabalhar Ty. Olhe-me. -Harry, sai daqui e não volte a minha casa. Se o fizer, farei que lhe prendam. Poderia considerar também atualizar seu currículo porque a próxima vez que fale com Edward, seu nome vai surgir. A cara de Harry se voltou de um vermelho brilhante. Soprou, afogando-se enquanto tratava de responder. -Não pode fazer isso. Não se atreverá. -Não só posso Harry, mas sim obterei um grande prazer disso. Por todos os demônios, sai da minha casa. E deixa o taco de beisebol. Harry cuspiu no chão. -É asqueroso, Derrick. Faria qualquer coisa para chegar a ser o grande homem. Bem, sei tudo sobre seu pequeno ninho de amor e vi os periódicos com as fotos onde tem o papel principal em seu próprio filme pornô, tendo um trio com alguma pequena estrela do rock. Com certeza a doutora não sabe que está brincando com ela. Sam esperou até Harry ter subido as escadas antes de elevar uma sobrancelha. -Filme pornô? Trio? Por que demônios não fui convidado? Eu acostumava ser o que se divertia agora se converteu em um playboy. - Lançou-lhe um pálido sorriso, depois se sobressaltou quando sentiu o puxão de sua boca torcida e cortada. -Sim, esse sou eu, o playboy do século. -Replicou Tyson, colocando o braço ao redor de seu primo. -Subamos as escadas. Romperam-lhe algo? -Acredito que não, mas estou tão machucado como o inferno. -Com certeza Libby chamou o xerife. Deixei-a fora e lhe disse que chamasse se não retornasse imediatamente. - Disse Tyson. -Demônios, isso é justo ou que necessitamos, a polícia aparecendo e indagando sobre dívidas de jogo. -Sinto muito, Ty. Estive perguntando pelas reuniões de Jogadores Anônimos. Não é que haja nada parecido perto de Sea Heaven. -Não se preocupe por isso, Sam. Encarregaremo-nos disto. Vou falar eu mesmo com Ed. -Acredito que está se voltando um homem violento, Ty. -Disse Sam, deixando escapar outro sorriso. –Soa como se estivesse de saco cheio. -Começo a me sentir violento. Ed deveria ter pego o dinheiro. Estou me cansando de suas ameaças contra Libby e contra você. Se alguém quer vir por mim, bem, mas será melhor que deixem a minha família à margem. Sam se encurvou em uma cadeira da cozinha. -Cara, acredito que alguém conseguiu um par de golpes realmente bons. Talvez sua noiva possa utilizar sua suposta magia sobre mim. Viria-me bem. Acredito que simplesmente ficarei aqui sentado e descansarei enquanto vai procurá-la. Tyson vacilou. Sam estava balançando-se de um lado para o outro, abraçando o abdômen. Temia que pudesse ter lesões internas. -Serão só um par de minutos. Não tente fazer nada. -Estava pensando em dançar sobre o balcão. - disse Sam sarcasticamente e ondeou a mão lhe indicando que saísse.


Tyson se apressou a sair. Libby tinha o carro ligado e passeava de um lado a outro. Correu para ele e lhe abraçou. -Assustou-me, especialmente quando Harry saiu. Estava muito zangado, Ty. Realmente te odeia. -Tocou-te? Libby sacudiu a cabeça. -Não, só te dirigiu um montão de insultos. O que aconteceu ali embaixo? Tyson passou o braço ao redor de seus ombros e a guiou escada acima para a porta principal. -Sam está ferido. Aparentemente teve uma visita dos homens de Ed Martinelli. Deram-lhe uma surra e o covarde do Harry lhes deixou fazê-lo. Chamou o xerife? -Sim, desapareceu o que pareceu uma eternidade. Devo lhes dizer que não venham? Apressou-se através da sala de estar. -Está muito ferido? Deveríamos chamar uma ambulância? Ele negou com a cabeça. -Hematomas e um olho inchado, mas lhe chutaram. Terá que ver se tem lesões internas. Quero pôr uma denúncia contra os homens do Martinelli. Deveria fazer que prendessem Harry por invasão de moradia. Trouxe com ele um taco de beisebol e ia destruir meu laboratório, mas os homens de Martinelli o fizeram por ele. -Oh, não, Ty, todo seu trabalho. -Libby entrou na cozinha e foi diretamente para o Sam. Tinha mau aspecto, suava e respirava com dificuldade. -Deveria lhe ajudar a deitar-se no sofá da sala de estar, Tyson. Posso lhe examinar ali. Sam pode respirar corretamente? Ele assentiu. -Há um estojo de primeiro socorros no laboratório, se por acaso o necessita, Libby. Está no segundo armário na parte de trás do laboratório. -Eu posso trazê-lo. -Disse Tyson. -Acredito que não poderei ir andando até a sala de estar. -Protestou Sam. -Vai ter que me ajudar. -Agarra-o. -Dirigiu-lhe Libby. - Levará um minuto conseguir o kit. Necessitarei algumas toalhas e água também. Não esperou que Tyson estivesse de acordo, mas sim se dirigiu para as escadas do porão. As luzes estavam ainda acesas e podia ver o vidro feito pedaços e os livros e o equipamento no chão. Com cuidado de não mover nada se por acaso o xerife quisesse tomar fotos como prova, manteve-se no lado exterior do quarto enquanto abria passo para o banco de armários da parte de trás do laboratório. Havia gabinetes e armários ao longo de toda a parede posterior. Escolheu o lado direito para começar a procurar. Não podia acreditar que alguém fosse tão estúpido para destruir um trabalho tão importante. Por que faria Martinelli isso quando também estava na indústria farmacêutica? Tinha muito pouco sentido para ela. Inclusive Harry resultava incoerente. As pessoas podiam ser tão ilógicas às vezes. Pensava realmente Martinelli que batendo nos outros e ameaçando a sua família ela quereria lhe ajudar? E por que demônios Harry não tentava averiguar o que ia mal com a droga, ou ao menos perguntava a Tyson o que ele achava que era o problema? Abriu as portas duplas do armário. Não era o suficientemente alta para ver o que havia nas estantes próximas ao teto. Frustrada, arrastou uma cadeira. -Libby? Encontrou-o? -Tyson a chamou do alto das escadas. Ao longe ela podia ouvir o telefone soando e uma sirene. Subiu à cadeira. -Está justo aqui. Sam está bem? Tyson baixou dois degraus, abaixando a cabeça para vê-la melhor. Franziu o cenho. -Desce dessa maldita cadeira. Eu o pegarei. Está na prateleira do outro lado. Estava a meio caminho quando explodiu o lado esquerdo do laboratório. Libby foi arremessada a vários passos de distância, fazendo pedaços as janelas e lançando ele para trás. A


comoção foi ensurdecedora nos limites do porão. Imediatamente as chamas lamberam as paredes e dançaram sobre o chão. A explosão detonou os aspersores de forma que a água caiu como chuva, somando-se ao caos. -Libby! - Ele gritou seu nome, tentando esquadrinhar através da água e a fumaça, que formavam redemoinhos, para ver seu corpo. O mundo pareceu deter-se. O coração lhe trovejava nos ouvidos e profundamente em seu interior, onde ninguém podia ouvir, gritava em sinal de protesto, um desagradável medo cru. Ela jazia imóvel, dobrada como uma bola no chão sob uma mesa derrubada. Uma das peças maiores do equipamento estava de flanco, apoiado contra a mesa sob a que ela estava. -Tyson!- Sam estava atrás dele, baixando trabalhosamente as escadas, sujeitando as costelas, mas seguindo seu primo. -Que diabos aconteceu? Onde está Libby? -Não se move Sam. -O cru medo afiou a voz de Tyson enquanto baixava os degraus, saltando os últimos centímetros para correr através dos entulhos. -Não se preocupe Ty. A tiraremos daí. -Não se move. - Repetiu Ty, o terror rasgava seu corpo. Nunca tinha experimentado tal pânico, em nenhuma situação em que tivesse estado, mas a algum nível reconheceu que estava perto. E o terror se mesclava com a fúria, uma combinação letal. Tremia por isso, sentia-o comendo suas vísceras e golpeando em sua mente. Isto não podia estar passando. Não com Libby. Separou de um empurrão um computador, inclusive vidros, para poder aproximar-se dela. Parecia uma boneca quebrada, com os cabelos sobre sua pálida face, as mãos sobre a cabeça como se na última hora tivesse levantado os braços para proteger-se. Seus braços pareciam ter queimaduras. Tyson caiu de joelhos, sem lhe importar os vidros e os escombros. -Libby. Carinho. Abre os olhos. -Passou-lhe as mãos pelo corpo. Parecia tão delicada tão pequena e frágil. Não se movia, mas quando comprovou a via aérea, respirava. -Está viva. Anunciou a Sam. Não havia sinais visíveis de dano além de uns poucos cortes, nenhum dos quais parecia profundo, e o pêlo de seus braços chamuscado. Sam examinou a estabilidade da câmara que caía parcialmente sobre a mesa sujeitando as pernas de Libby. -Isto é o que a salvou. Estava diretamente diante dela e levou grande parte da explosão. Nunca vi ninguém com tanta sorte. Se respira e seu coração está bem, então me ajude a levantar esta coisa. Podemos levantar a mesa e a tirar daí. Está movendo as pernas assim não podem estar danificadas tampouco. Posso apagar o resto do fogo se nos movermos rapidamente. -Derrick? -A porta do porão se abriu e uns pés baixaram as escadas. A polícia tinha chegado com Jackson à frente. -Que diabos aconteceu? -Jackson jogou uma olhada a Libby debaixo da mesa e fez gestos a Sam para que lhe ajudasse a levantar a chocadeira e pô-la em vertical. Foi uma luta levantar a volumosa câmara, mas conseguiram mover o suficiente para chegar à mesa rota. -Apaga o fogo, Sam. -Jackson se agachou ao outro lado de Libby, tomando sua mão flácida. -Não encontrei nenhum osso quebrado. -Informou-lhe Tyson. -Acredito que a explosão a deixou fora de combate. Não encontro nenhum dano sério, a menos que tenha uma comoção. -Que tal seu pescoço ou uma lesão espinhal? Podemos movê-la? Libby gemeu ambas as mãos se colocaram em posição defensiva. Tyson apanhou seus braços para mantê-la imóvel. -Está bem, carinho, mas não se mova. Tenho que me assegurar de que não lesou o pescoço. Libby pestanejou, olhando-o aturdida. Lutou por sentar-se. Tyson a apertou contra o chão. -Libby, fique quieta. -Não posso ouvir muito bem.


-Passará. -Meu pescoço está bem. Entretanto tenho uma dor de cabeça infernal e meus ouvidos estão repicando. O que passou? Tyson a levantou entre seus braços, embalando-a, seus pulmões lutando por procurar ar. Nunca superaria a visão dela voando pelo ar para aterrissar em um montão enrugado. Sabia que isso frequentaria seus sonhos e lhe carcomeria durante suas horas acordado. -Harry Jenkins estava aqui no laboratório faz só uns minutos. -Disse a Jackson. -E bastante do dano causado em meus equipamentos foram feito antes da explosão por um par de homens que Ed Martinelli enviou para dar uma surra em Sam. Jackson voltou seu olhar frio para Sam. -Então, por que quereriam fazer isso? -Devo muito dinheiro a Martinelli. -Admitiu Sam. -Tratei de lhe pagar, mas agora decidiu que não quer o dinheiro. Quer falar com Libby em troca. -Há possibilidade que a explosão fosse um acidente? Um par de produtos químicos unidos acidentalmente quando não deviam?- Insistiu Jackson. -Acima de tudo, eu não mesclo "acidentalmente" nada. E não estava fazendo esse tipo de experimentos. -Negou Tyson. -Estava analisando informes e uma lista muito larga de compostos, mas não mesclei nada há semanas. Em qualquer caso, a explosão foi definitivamente intencional. Veio da esquerda e pode ver o patrão de danos. Alguém a colocou. -Poderia ser Sam o alvo? -Não em meu laboratório. Ele baixa um par de vezes ao dia para me trazer comida ou me dizer que vai sair, mas não está muito por aqui. Nem tampouco Libby. Ninguém teria sabido que ela estaria aqui. -Tyson colocou brandamente Libby sobre o sofá, lhe estirando as pernas e pondo um travesseiro sob sua cabeça. - Quero te levar a um hospital, para que lhe examinem, Libby. Adicionou. -Não será necessário. -Disse Libby. -Meus ouvidos são o pior. O resto de mim só está um pouco machucado. -Acredito que é muito perigoso que qualquer um de vocês esteja ao meu redor. Não posso te proteger ou a Sam do que seja que está acontecendo aqui. Jackson passou as mãos sobre as pernas e braços de Libby, nada intimidado pelo cenho irritado de Tyson. -Pode deixar de me jogar esse mau olhar, Derrick. Elle está transtornada e quer que lhe demonstre que Libby não está ferida. -Disse-te que não o estava. Não precisa tocá-la. -Elle quer vê-lo por si mesma, assim terá que suportá-lo. Isso é o que o resto de nós temos que fazer com as Drake. Sam entrou, sentando-se em uma cadeira. -O fogo está apagado, mas lá embaixo parece uma calamidade. Fosse o que fosse que esteve trabalhando está acabado, Ty. -Assinalou Libby. -Está ferida gravemente? Libby apartou Jackson. -Estou bem, exceto não posso ouvir muito bem. Tudo soa amortecido e tenho um zumbido terrível nos ouvidos. Acredita que Harry o fez para impedir que averiguasse que está usando uma droga antes que deva ser administrada em humanos? -De verdade há algo mal na medicação? -Perguntou Sam. Tyson assentiu. -Posso fazê-la mais segura, mas temos que realizar estudos no cérebro adolescente. Não é só que a medicação tenha efeitos secundários específicos para os jovens. Estava perto de averiguar como solucionar o problema. -De verdade? - Disse Sam outra vez. -Eu acreditava que só estava se colocando com o Harry porque é um imbecil. Há alguma maneira de recuperar o que perdeu?


-Sempre o guardo de um par de formas diferentes. Comprovarei meu equipamento e verei se tive sorte. Como está você? Moveu essa chocadeira pesada. Suas costelas não estão quebradas, não é? Jackson olhou fixamente Sam, com uma sobrancelha arqueada. -Sua cara parece um desastre. Acredita que lhe romperam as costelas também? -Libby tinha ido ao laboratório para procurar o estojo de primeiro socorros. -Explicou Tyson. -Os homens de Martinelli lhe chutaram a gosto. -Vou falar com ele. - Anunciou Libby decididamente. -Vou ver Jonas, assim bem posso visitar de improviso Martinelli e verei o que quer. Ao menos terá que perdoar a dívida de Sam e não terá razão para enviar a seus homens por aqui outra vez. -Eu mesmo terei umas palavras com os homens do Martinelli. -Disse Jackson. -Não! -Sam sacudiu a cabeça veementemente. -Isso só os voltará mais frenéticos. Tyson, diga-lhe que não estou disposto a apresentar queixa. Olhe o zangado que estava Harry só por ser interrogado. Levava um taco de beisebol. Tinha intenção de despedaçar o laboratório ou demônios, talvez inclusive usá-lo contra você, Ty. -Harry Jenkins trouxe um taco de beisebol ao laboratório com intenção de destruir sua investigação? -Perguntou Jackson. -E também forçou a entrada a casa. -Assinalou Sam. - Escondeu-se sob uma mesa enquanto os homens do Martinelli me faziam mingau. Libby se sentou lentamente, procurando Tyson para equilibrar-se. Apoiou a testa sobre seu ombro. -A vida a seu redor é certamente excitante. A mão dele subiu até sua nuca. -Não é o tipo de excitação que quero para você. -O que quer Martinelli de você, Libby? -Perguntou Jackson. -Não sei. Acredito que alguém de sua família está doente e acredita que posso levar a cabo um milagre para ele. -Pergunto-me por que acreditará isso? -Disse Sam, gotejava sarcasmo de sua voz. -Cale-se, Sam. –Advertiu Ty. -Estou correndo por um fio muito magro e se disser algo mais sobre Libby, seu outro olho vai se inchar. -Oh, pelo amor de Deus. -Exasperada, Libby passou as pernas sobre o sofá para apoiar os pés solidamente no chão. -Quão último necessitamos por aqui é mais violência. -Retirou os cabelos da face e olhou Jackson. -Não crê que é um pouco estranho que eu sempre esteja ao redor quando ocorrem estas coisas? -Quem quereria te matar, Libby? -Perguntou Jackson. -Não sei, mas vou inteirar-me. A expressão de Jackson se endureceu. -Deixará a investigação ao xerife. Libby pôs os olhos em branco. -Esteve perto de Jonas muito tempo, Jackson. Como vai a investigação sobre quem tentou lhe matar? -Por que não agarram suas coisas e saem daqui um momento? -Propôs Jackson. -Temos que jogar uma olhada escada abaixo e recolher tantas provas como é possível. Libby franziu o cenho ao Jackson. -Poderia me dizer simplesmente se encontrou algo em lugar de atuar tão misteriosamente. Minha audição retornou, graças a Deus. -Voltemos para casa, Libby. Quero me assegurar que ninguém entrou e de que fechamos corretamente. Não retornei depois da outra noite. Saímos com pressa e logo estive falando com Jackson e não recordo se a fechei ou não. -A casa?- Libby vacilou. Não sabia como se sentia a respeito da casa. Poderia voltar a entrar e se sentir segura outra vez ou sempre temeria que houvesse alguém lhes observando?


Tyson fechou os dedos ao redor de sua nuca em uma massagem terna para aliviar a tensão. -Está bem, Libby. Vou pôr a casa a venda imediatamente. Não vai estar incômoda em sua própria casa. Libby pestanejou, com a surpresa em sua face. -Não pode vendê-la, Ty. É a propriedade mais bonita que já vi. -Não importa quão formosa seja se está incomoda ali. Uma casa deve ser um refúgio seguro. Como a casa de sua família. Você e suas irmãs se sentem seguras, protegidas e em paz ali. Ela lhe sorriu, surpreendida que ele o tivesse notado. -Não ponha a venda, Ty. Dê-me um pouco de tempo e verei se me sinto diferente. -Ficou em pé, empurrando Jackson de passagem. -Vou ver o Jonas. Quer que lhe diga alguma coisa? -Lhe diga que está planejando ir ver Martinelli. -Muito divertido Jackson. - Libby deu um passo tentativo. Suas pernas pareciam de borracha. O zumbido em seus ouvidos tinha diminuído um pouco, mas ainda se sentia tremula. Não sabemos se é ele que está fazendo isto, mas se o é, talvez se detenha. -Eu voto pelo Harry. -Disse Tyson. -Teve motivo e oportunidade. -Falarei com ele. - Replicou Jackson. -Mas não saltarei a tirar nenhuma conclusão. Libby tocou a cadeira diante dela e olhou Sam. Ele sorriu fracamente. -Está certa que é seguro? Não é isto o que estávamos fazendo antes da explosão? -Vou baixar uma vez mais, só para estar seguro que o fogo está completamente apagado. Disse Tyson. -Vocês dois não se movam. Tenho a impressão que se apartar a vista de vocês, algo errado vai ocorrer. -Irei com você. -Disse Jackson. Libby sacudiu a cabeça. -Coitado de você, Sam. Espero que Jackson encontre esses homens e os meta na prisão. Ainda lhe doem as costelas? -Estão machucadas. -Reconheceu ele- Mas meu nariz e minha mandíbula doem mais. -Isso é bom. Não lhe romperam a mandíbula, mas tenho que te endireitar o nariz. -Sem esperar, aplicou pressão, movendo-o até alinhá-lo. Estoicamente Sam resistiu a cura de suas feridas e o acerto de seu nariz. -Obrigado, Libby. Não tinha porque me ajudar. -Sou médica. -Já sabe o que quero dizer. -Não se preocupe por isso, Sam. -Libby tocou seu braço. O zumbido de seus ouvidos estava desaparecendo definitivamente, mas sua dor de cabeça pulsava e palpitava. Queria deixar de sorrir e ir para casa onde poderia afastar-se do mundo durante uns poucos minutos. Colocou seu suéter e agarrou sua bolsa. Tyson poderia recolhê-la mais tarde se quisesse. Chorou sem nenhuma razão absolutamente enquanto voltava para casa. Elle saiu quando estacionava o carro e pôs seus braços ao redor de Libby. -Está bem? -Não sei. - Respondeu Libby honestamente. -Pela primeira vez em minha vida, tenho realmente medo. Por que alguém quereria Ty morto? Quem quer que seja parece escalar em seu comportamento. Se for a mesma pessoa que disparou em Jonas, há boas probabilidades que lhe esperem no exterior de qualquer porta e derrube o Ty. Por que, Elle? Nem sequer Harry tem uma boa razão para fazê-lo em minha opinião. -Isso é por que não sabe odiar, Libby. -Disse Elle gentilmente. -Você não é uma pessoa violenta e não entende esse tipo de raciocínio. -É Harry, Elle? -Libby se aferrou a sua irmã mais nova. -Está Harry tratando de matar Tyson?


-Oxalá soubesse. Não queremos te perder e vejo perigo te rodeando. Todas o vemos, mas não podemos precisá-lo. Inclusive Jackson o sente, Libby. Tem que ter mais cuidado. -Como o faço? Não sei o que, como ou quando. Nada disto parece ter sentido. Uma parte de mim acredita que alguém quer matar Tyson, mas há outra parte que não está convencida. E essa me está dizendo com voz muito forte, que alguém me quer morta. Elle fez uma pausa antes de abrir a porta. -Se sentir isso, então Libby, não pode ignorá-lo. Inclusive se todo mundo a seu redor diz algo diferente. Tem que acreditar em seus dons, em todos eles. -Que dons? Posso curar. O resto de vocês têm todas essas coisas interessantes que podem fazer. Viu-me alguma vez levitar? -Não, mas chama e envia o vento. Estende-te e posso te encontrar. E obviamente tem um sistema de alarme superior. Não o desconecte porque não possa averiguar o que está ocorrendo. -Sei que não lhe deveria perguntar isso Elle, mas sente Tyson por mim a metade do que sinto eu por ele? Elle abriu a porta de um empurrão. Tinha uma política muito estrita sobre a privacidade dos outros. Ler pensamentos e emoções sem querer era uma exaustiva experiência voyeurística e, algo que ela não queria. Todas suas irmãs eram conscientes de suas regras. -Crê que te permitiria se casar com o homem equivocado? Tyson Derrick te ama tanto que quando penso muito nisso, choro. Libby a abraçou outra vez. -Sinto muito, não deveria haver lhe perguntado isso. Estou muito confusa. -E envergonhada pelo periódico sensacionalista. -Adicionou Elle. -Não deixe que isto afete a sua relação. Libby cobriu a face. -Foi tão horrível. Não posso tirar a idéia da cabeça de que alguém esteve olhando todo o tempo. Tyson foi tão bom comigo. Tão cuidadoso com como me sentia, e me pareceu perfeito e correto e algum estranho nos tirou isso. Joley levantou o olhar de seu violão. -Não faça isso, Libby. Não deixe que ninguém converta algo tão belo em algo feio. Não fez nada de errado. Ama o Tyson. Estão bem juntos. Todo mundo sabe. Deixa-o passar. -Chamei mamãe e ela estava molesta por nós, mas disse o mesmo. -Admitiu Libby. -Com toda sinceridade, Joley, piora-o que todo mundo acredite que é você e não eu. Sinto-me mais culpada que humilhada. -O que disse mamãe? -Disse que foi uma irmã maravilhosa e que deveria te apreciar. Que se orgulhava das duas e sabia que seria difícil para ambas. Joley piscou e inclinou a cabeça sobre o violão de maneira que os cabelos negros caíssem a seu redor, ocultando sua expressão. -Bom, sou maravilhosa. Todas sabemos. -Sua voz soava um pouco estrangulada. Elle se inclinou sobre o respaldo da cadeira de Joley para observar seus dedos relampejar sobre as cordas do instrumento perfeitamente afinado. -Sempre me fascinou seu talento musical. -Não é maravilhado? -Brincou Joley. -Isso também. Tentei tocar violão. Pratiquei um verão inteiro. Joley se girou em sua cadeira. -De verdade? Elle assentiu. -Te proporcionava tanta paz. Podia sentir como irradiava de você tanta felicidade incluso quando estava um pouco melancólica e pensei que poderia ser igual para mim, talvez para todas. -Riu. -Foi mais molesto que prazenteiro. Não poderia tocar essa coisa nem para salvar minha vida. Libby estalou em gargalhadas.


-Elle, você é muito boa em tudo. Não podia tocar violão? -Deixa de rir, Hagatha. -Disse-lhe Elle. -Não vejo a graça. Tudo o que fazia o violão era emitir um zumbido. Sou a rainha do zumbido de mosquito. Joley sacudiu a cabeça. -Poderia aprender Elle. Ensinarei-te se quiser. -Os violões me desprezam. Não são amigos meus. Contento-me em te escutar tocando. Saiamos ao alpendre e olhemos a lua e você pode tocar para nós. Eu adoro quando fazemos isso. Joley estendeu a mão repentinamente para tocar a sua irmã mais nova. Elle se tornou para trás rapidamente, mas Libby viu Joley fazer uma careta ante o contato. Joley olhou Libby, lhe suplicando com os olhos. Libby sorriu a ambas. -Que grande idéia. Quem mais está aqui? Joley, por que não traz as demais enquanto Elle e eu nos asseguramos que tenhamos suficientes almofadas? -Enquanto falava rodeou casualmente os ombros de Elle com seu braço e sentiu o poço de calidez, energia curativa liberando-se. Atravessou seu corpo até o de Elle. -Há lua cheia esta noite, não é?- Perguntou Joley enquanto ia para as escadas para chamar a suas outras irmãs. -Sim. - Disse Libby. - Bom quase cheia. E muito pouca névoa. Um pouco de calma e brisa, mas é formoso. Sentaram-se juntas durante uma hora, só escutando o fluxo e o grito das aves enquanto procuravam refúgio para passar a noite. A paz alagou Libby por um pequeno momento. A casa Drake era um santuário para elas, um lugar para retirar-se e revitalizar-se. -Sinto a Hannah. -Disse Elle de repente. Fechou os olhos e pôs sua mão sobre o ombro de Joley, amplificando a conexão. -Está de pé diante de uma janela aberta olhando para nós e está chorando. -É pelo Jonas?- Perguntou Sarah. Elle sacudiu a cabeça. -Não, só se sente sozinha sem nós, e Jonas não é muito bom paciente. Pôs-se particularmente difícil e a ofendeu. Libby deu um passo por volta do corrimão frente ao mar, com suas irmãs atrás. Imediatamente sentiu o poder das mulheres Drake fluindo ao redor dela. Freqüentemente era assim, particularmente pelas noites, olhando um pôr-do-sol ou à luz da lua. A energia saltou entre elas e rangeu no ar. Joley escolheu uma melodia suave em seu violão, acompanhando às ondas que rompiam. O oceano parecia selvagem, a serenidade tinha desaparecido, as ondas rompiam com força contra os escarpados e salpicavam a grande altura no ar. Sarah deu um passo para o corrimão e levantou os braços para o céu. A luz da lua se derramava sobre as pontas de seus dedos quando riscou os fios de uma fina rede conectando a cada uma de suas irmãs. Murmurou brandamente, ao ritmo do violão de Joley e do mar. Kate se colocou junto a sua irmã, ombro com ombro, e levantou os braços. O vento respondeu, rodeando as mulheres, uma brisa suave completamente em contradição com o poder do oceano abaixo delas. Joley começou a cantar. Uma canção sobre a natureza, a unidade, a força e o poder tecendo uma atadura tão forte que ninguém poderia rompê-la. Embora sua voz fosse suave e melodiosa, soava com claridade sobre o romper das ondas. O vento se incrementou, apanhando as notas e as levando para cima, para as estrelas. Abigail se uniu ao harmônico coro, a pureza de sua voz foi levava pelo vento por volta do oceano e as criaturas do mar responderam, elevando-se para realizar um balé acrobático, saltando, girando e dando saltos mortais ao uníssono. Libby virou para o sul, para uma cidade a milhas de distância onde Hannah estava sozinha em uma habitação de hospital cuidando de Jonas. Elevou os braços para o vento, acrescentando seu poder e sua energia curativa à força concentrada.


Elle foi a última. Ficou em pé perto de Joley, levantando a face de maneira que a lua a banhava com sua luz, de maneira que fazia parecer que os dedos de Sarah estivessem rodeandoa. A energia brilhou como pequenas gemas cintilando sobre suas cabeças. Virou-se em direção a Hannah, sentindo-a com sua mente, um condutor de poder, procurando Hannah, sabendo que Hannah estaria buscando a elas. Esperou até que a conexão se fortaleceu, até que o vento aumentou, as golpeando e os dedos de Joley relampejaram sobre o violão arrancando tal melodia de poder e energia que esta alimentou o vento, alimentando a intensidade até que pequenas cargas de relâmpagos crepitaram através do céu. Elle uniu suas mentes, aumentando a força e o amor quando todas verteram suas emoções na piscina coletiva universal. Lançou os braços para diante, comandando ao vento, levando-o longe rapidamente, oceano dentro, transmitindo a mensagem a sua irmã ausente. A música se suavizou. A voz de Joley se desvaneceu com uma última nota embrujadora. Estavam de pé esperando sob a brilhante lua. E retornou a elas. Uma voz feminina suave no vento, sussurrando amor e agradecimento. Libby soprou um beijo por volta do mar e sorriu a suas irmãs. -Necessitava-lhes a todas. Evidentemente Hannah também. -Eu também. - Adicionou Elle. -Eu me sentia um pouco melancólica. -Admitiu Joley. Sarah lhes sorriu. -A melhor parte de ser uma Drake é ter todas vocês.


Capítulo 15 Libby olhava fixamente pela janela quando Tyson estacionou o carro no estacionamento do hospital. Desejava-lhe. Cada célula de seu corpo era intensamente consciente dele. Tinha estado temendo que a experiência de sua primeira vez captada em uma foto para que a visse todo mundo a inibiria para sempre, mas tinha despertado em sua cama com Tyson a seu lado. Seu corpo tinha estado envolto ao redor do dela, seus braços eram protetores enquanto a abraçavam. Não havia nada sexual e tudo em sua linguagem corporal era carinho e amparo. Possivelmente se ele tivesse estado excitado e a tivesse pressionado teria sido diferente, mas se tinha jogado em sua cama, em cima do edredom e simplesmente a tinha abraçado. -Foi muito doce comigo ontem à noite. Dormiu algo? Tyson a olhou. Ela tinha estado muito calada na viagem de carro até São Francisco. Preocupava-lhe que pudesse estar reconsiderando seu compromisso. Não poderia culpá-la se o fizesse, mas sabia que ele nunca se recuperaria. -Não queria dormir. Precisava vigiar você, Libby. Tive muitos sustos ultimamente. - Desligou o motor e alcançou a parte de trás do assento para pôr sua mão ao redor da nuca dela. -Espero que não tenha se importado. Tinha que estar com você ontem à noite. -Não me importou absolutamente. Para ser honesta, esperava você mais cedo. Seus dedos lhe acariciaram o pescoço, fazendo uma lenta massagem. -Pensei que talvez necessitasse um pouco de tempo com suas irmãs. Ocorreram tantas coisas ultimamente e queria que tivesse um pouco de tempo para discutir a fundo as coisas com elas. Ele sempre era uma inesperada surpresa. Nunca lhe tinha considerado atento, mas, com ela, era-o. -Como entrou na casa? -Elle me abriu a porta e perguntou o mesmo. Ela pensava que a grade estava fechada com chave, mas se abriu quando me aproximei. Encontrei o cadeado no chão. O coração de Libby deu um tombo peculiar. -O cadeado estava no chão? -Fechei a grade e logo pus o cadeado. Deveriam ter mais cuidado. Os cães de Sarah nem sequer ladraram. Acreditava que se supunha que eram grandes cães guardiães. Nenhum animal me grunhiu sequer. Quem quer que tenha treinado esses cães extorquiu Sarah. E se vocês têm um sistema de alarme, não o disparei. -Abriu Elle a porta antes que chamasse? Ele deslizou os dedos pelos cabelos dela. -Sim. -Nosso sistema de alarme funciona muito bem. E a grade se abriu porque foi você. Lançou-lhe um pequeno sorriso. -A grade e a casa dão as boas-vindas aqueles que têm um lugar nela. -Definitivamente tenho um lugar. - Esfregou as sedosas mechas negras entre as pontas de seus dedos indicadores e polegar. O sorriso dela se ampliou. -Esse é meu homem. Completamente seguro de si mesmo. -Não o sou, sabe. Tenho algumas perguntas que não parecem desaparecer. Por exemplo, está pensando em romper comigo não é? Esteve muito calada e distante durante toda a viagem de carro, e não falou muito esta manhã quando despertou. Tocou-lhe a mandíbula, uma suave e tentativa carícia de seus dedos.


-Despertei e vi seu rosto e pensei que queria despertar assim cada manhã. Estava me olhando e nem sequer posso começar a descrever o olhar que tinha na face. -Amor. Adoração. Nenhuma palavra poderia aproximar-se da pura intensidade que tinha visto brilhando nas profundidades de seus olhos. Então soube que não teria importância quantas fotos tinham tirado ou quão envergonhada estivesse. Queria Tyson Derrick em sua vida. Não só agora, mas também para sempre. -Estava muito formosa. Ela sacudiu a cabeça. -Meus cabelos estavam revoltos e não levava maquiagem, mas obrigada pelo elogio. -Obviamente não necessita maquiagem e eu adoro seus cabelos. Já lhe disse isso antes, Libby. - Saiu do carro e o rodeou até a porta dela, abrindo-a antes que ela se soltasse do cinto de segurança. -As mulheres são estranhas, sabe, não é? Ela tomou sua mão e ocultou um sorriso ante sua expressão. -Somos estranhas? Como é isso? -É só que não entendo como pode ser uma mulher tão bela, mas preocupar-se constantemente por seus cabelos ou suas unhas ou roupas. A quem demônios importa? -Não se preocupa se eu tiver bom aspecto ou não? -Bom, é obvio tem suas vantagens, Libby, mas não me fixei em sua aparência. -Franziu o cenho. -Bom, de acordo, para ser honestos, notei seu sorriso. E sua boca. Tem uma boca matadora. E seus olhos são realmente bonitos. -Caminhou através do estacionamento para o hospital. -Assim se fixa em meu aspecto. -Assinalou Libby. -Não como faz você. E adoro seus cabelos, revoltos ou não. É tão malditamente suave e, além disso, cheira bem sempre. -Seus dedos desapareceram entre a juba de sedosos fios. Passei a metade da noite simplesmente inspirando o perfume de seus cabelos. -Ty. -Ela se deteve e lhe enfrentou, rodeando sua cintura com os braços. -Leu um livro sobre o que dizer às mulheres? Porque quando quer, é incrivelmente romântico. -E sou incrivelmente bom na cama. -Inclinou-se e lhe deu um beijo na ponta do nariz. Quero que recorde isso. -Recordo-o. -Deixou cair seus braços e lhe agarrou a mão para poder caminhar junto a ele para a entrada do hospital. -Quantos livros leu? Ele deu de ombros. -Todos. Libby estalou em gargalhadas -Está louco. -Deram resultado. -Disse ele com ar satisfeito. Libby ainda ria quando entraram no quarto de Jonas. O xerife finalmente tinha saído da UTI Hannah se levantou imediatamente para abraçar Libby, aferrando-se um pouco a ela. -Obrigada por ontem à noite. -Disse-lhe saudando-a em um sussurro, e jogou uma olhada para a cama. -Esteve realmente de mau humor. -Deixem de cochichar - Exclamou Jonas. -Não sou um menino. -Não parece por como atua. -Disse Hannah. -Libby veio de muito longe para lhe ver. Quão mínimo poderia fazer é ser civilizado. -Genial. Permanece no outro extremo do quarto, Libby. Não vou deixar que me toque. Libby estudou sua face. Nunca tinha visto Jonas assim tão pálido, seu rosto estava esculpido em pedra, os ângulos e planos duros, as linhas de sofrimento profundamente gravadas. Soprou-lhe um beijo. -Eu também te quero, resmungão. - Agarrou o gráfico enganchado aos pés da cama e começou a ler de cabo a rabo as informações. -Você não é minha médica.


-Jonas, pára. -Ordenou-lhe Hannah. -Digo-o a sério. Não tem que ser tão desagradável todo o tempo. -Ninguém pediu que ficasse, bonequinha. De fato, é endemoniadamente difícil ter você aqui me vigiando como se fosse um bebê a cada minuto. Hannah sacudiu a cabeça e agarrou sua bolsa. -É todo seu Libby. Vou para casa. - Voltou as costas ao Jonas e saiu andando com a cabeça em alto, mas Libby percebeu o brilho de lágrimas em seus olhos. -Fez que se sentisse melhor, Jonas? - Perguntou Libby. -É um asno, inclusive estando ferido. Ele suspirou. -Especialmente quando estou ferido. Ela não tinha que sair correndo como um coelho. Sigo esperando que me golpeie na cabeça quando sou tão mesquinho, mas nunca o faz. -No caso de ninguém ter lhe explicado, quase morreu. Hannah esteve sentada com você dia e noite desde que foi ferido. E se não fosse por ela, estaria morto. Não te disse seu médico que era um milagre que estivesse vivo? Porque se não o fez, deveria ter feito. -Sei disso. Mas detesto vê-la sentada aí decaindo enquanto me dá sua energia. Crê que não vejo como se debilita enquanto eu me fortaleço? Sinto-me indefeso estendido aqui como um inválido impotente enquanto ela me sustenta a mão me dando sua força. -Golpeou com ambos os punhos o colchão. -Tenho que sair daqui, Libby, ou me voltarei louco. -Bom Jonas. -Disse ela, sentando-se a beira da cama. -Acredito que acaba de prolongar sua estadia em vários dias, talvez semanas. Sem Hannah, sua recuperação será normal e com quatro tiros, não será fácil. E quando estiver fora daqui, terá que fazer reabilitação. Assim já sabe, talvez pudesse querer comer suas palavras e pedir a Hannah que retorne. -Supõe-se que é médica, Libby. Sua atenção ao paciente é horrível. -Sim, bom, suas maneiras sempre foram horríveis, assim acredito que estamos em paz. Tenho um pequeno problema e pensei em comentar isso com você. -Graças a Deus. Algo para fazer de diferente hoje. Conseguiu me arrancar do inferno, Libby. -Isso já disse. Agora presta atenção. Alguém está tratando de me matar. Ou talvez a Ty. Ou a ambos. -Relatou cada incidente, começando pelo acidente do Tyson durante o resgate, assinalando que o arnês tinha desaparecido e terminando com a explosão no laboratório. Faloulhe do Harry e acabou admitindo que planejava falar com Edward Martinelli. Jonas guardou silêncio durante alguns minutos. -Libby, quem quer que seja está escalando em seu comportamento. Seria muita coincidência pensar que há dois assassinos trabalhando em separado, um atrás de Ty e outro de você. Não acredito nisso. -Assim crê que o assassino vai atrás de Ty. -Não tire conclusões precipitadas. -Advertiu Jonas. - Um passo de cada vez. Não vi todas as provas, mas é muito possível que ambos estejam em perigo. Ty trabalhou com esses arnês de segurança durante anos. Como pode ser sabotado um deles? Se não foi um acidente, e se o primeiro ataque ia dirigido a você, então ao menos saberemos por onde começar. Ty franziu o cenho e esfregou a ponta do nariz. -Se tivesse sido talhado, teria dado conta ao pô-lo. Os arnês são examinados uma e outra vez. Antes e depois de cada uso. E me acredite, sou meticuloso nisso. Nossas vidas dependem do nosso equipamento e todos tomamos cuidado. -Assim não notou nada fora do normal. Ty sacudiu a cabeça lentamente, ainda franzindo o cenho. -Quando subo, consigo uma incrível rajada de adrenalina. Tudo é muito intenso. As cores. Os aromas. - Se deteve bruscamente. -O que acontece? -Lembrei que acreditei ter sentido cheiro de clorofórmio.


-Certamente o clorofórmio não faria nada a um arnês de segurança. -Disse Libby. -Que outros produtos químicos cheiram de forma parecida com o clorofórmio? -Perguntou Jonas. -A cinta parecia como se algo a tivesse mastigado. Os fios tinham desaparecido completamente. Poderia dizer que Brannigan pensou que parecia suspeito. -Algo que dissolveria o material. -Murmurou Tyson. -Harry teria acesso a toda classe de produtos químicos e certamente saberia o que faria cada um. Em realidade, até o Joe Fielding poderia sabê-lo. E Ed Martinelli. Não acredito que estreitemos o campo de suspeitos. -Não, mas ao menos somos conscientes que seu arnês pôde ter sido manipulado e sabemos como poderiam havê-lo feito. -Assinalou Jonas- Recorda ter cheirado algo mais? -As coisas habituais. Colônia. Aftershave. Cheirei a alho. Nada mais que pudesse identificar como um produto químico. -Alguns produtos químicos emitem um aroma de alho, Ty. -Recordou-lhe Libby. -Quem teria acesso ao arnês? Tyson suspirou e passou a mão pelos cabelos, deixando-os mais desarrumados. -Suponho que todo mundo na realidade. Acredita-se que ninguém vai ao heliporto, mas não é de alta segurança. Temos uma grade, mas está aberta a maior parte do tempo. Se estamos ocupados trabalhando, acredito que alguém poderia penetrar facilmente. -E os ataques começaram sobre ambos depois que começaram a se ver. -Jonas pensava em voz alta. -Me deixe refletir sobre isto, Libby. Vocês dois se concentrem no produto químico. Se pensarem em algo que possa comer o material e cheire a clorofórmio, deixe-me saber. E tomem cuidado quando falarem com Martinelli. Não vou dizer que é má idéia, porque vai fazer de todos os modos, mas lhe faça saber desde o começo que sei onde estão. Libby se inclinou para lhe beijar a testa. -Melhore rápido, Jonas. Tyson lhe rodeou a cintura com o braço, a sombra de um toque possessivo. Libby lhe lançou um olhar divertido. -Se Hannah estiver ainda aí fora, mande-a aqui. -Instruiu Jonas. -De maneira nenhuma. É muito abusivo. -Protestou Libby. -Merece ficar aqui só e pensar em quão imbecil é. -Sei, mas mande-a aqui de todas as formas. -Jonas apanhou a mão de Libby quando lhe franziu o cenho e foi virar para sair. -Disse que ia, mas te estará esperando. Vamos, Lib, me dê uma pausa. Vê-la tão malditamente magra, pálida e cansada simplesmente me deixa louco. Não cuida de si mesma. -Então faz que vá para casa e nós cuidaremos dela. -Não, não o farão. Ela cuidará de vocês. Ao menos quando está comigo tem que comer. Se ela não o fizer, eu tampouco. - Sorriu-lhe burlonamente. -Funciona sempre. Sente debilidade por uma aparência patética. -Precisa dormir. - A obrigarei a deitar-se na cama comigo. Não quero estar sozinho. -É como um bebê. Bem, perguntarei a ela se quer voltar, mas será melhor que a trate bem e vou dizer que parta no segundo em que fique repugnante com ela. - Advertiu-lhe Libby. Jonas agitou a mão para ela. Libby olhou Tyson enquanto seguia para a porta. -Nunca teve paciência com a inatividade. Lembro faz anos quando contraiu um vírus e teve febre alta. Todas nos sentamos sobre ele, para lhe manter deitado. Não posso imaginar como a pobre Hannah aguenta seu mau gênio. -Olhou-lhe fixamente. -Eu não poderia. Ele elevou ambas as mãos em sinal de rendição. -Não o esperaria de você. Hannah ficou em pé quando se aproximaram. -Esperei para ver se estava bem, Libby. Tive todos esses terríveis medos por sua segurança e estou todo o tempo chamando a casa. Sarah me falou de todos os acidentes. É tão horripilante.


-Cedo ou tarde resolveremos isto. -Disse Libby. -Como vai por aqui? Vejo que Jonas está em baixa forma. Está tão mal humorado como uma serpente. Hannah esfregou as têmporas. -É muito duro para ele estar estendido aí, especialmente com você em perigo. Odeia-o. Não é muito simpático com as enfermeiras nem com nenhum outro. Chama Jackson três vezes ao dia para estar a par das coisas. Não sei o que vai fazer quando começar a se sentir um pouco melhor. -Se ficar desagradável com você, Hannah, vá para casa. Agora está suplicando que volte, mas se o faz e fica ofensivo, lhe deixe. Está fora de perigo a menos que tenha uma infecção, de maneira que deveria estar bem um ou dois dias sem nenhuma de nós por aqui. Sei que está alimentando sua força para lhe curar mais depressa, mas não tem nenhum direito a te incomodar. Hannah sorriu fracamente a sua irmã. -Esteve me incomodando durante anos. Duvido que de repente troque do dia para a noite. -Bom deixa que o tente. Sério, Hannah, ele está te cansando. Hannah se inclinou para beijar Libby na bochecha. -Prometo que sairei a próxima vez que grite. - Olhou seu relógio. -Provavelmente em uma hora. Libby riu. -Assim é Jonas. Verei você mais tarde. -Agarrou a mão de Tyson e com uma pequena saudação, partiram. -Parecia cansada. -Comentou Tyson. -Não está dormindo. Hannah é muito caseira. Viaja por seu trabalho, mas logo que é possível volta para casa. Dorme melhor e está muito mais relaxada. -É incrivelmente amável de sua parte ficar com Jonas. -Tentamos que haja uma de nós sempre com ele. Hannah está muito conectada a ele apesar de suas brigas. Sempre lhe amou, mas sempre estão brigando. -Por quê? Ele tem esse olhar quando está a seu redor, como advertindo a outros homens que se afastem. Se lhe ama e ele se sente assim, qual é o problema? -Abriu-lhe a porta do passageiro do carro. Libby colocou o cinto de segurança. -Ambos são teimosos e complicados e se negam a admitir o que sentem. Cedo ou tarde resolverão. Tyson sentou no assento do condutor. -Vai vir para casa comigo? Tenho uma surpresa para você. Pelo menos espero que seja. -O que tem feito? -Não seria uma surpresa se lhe dissesse isso, verdade? Libby se encontrou rindo uma vez mais. -Só estar com você já me faz feliz, Ty. -Embora me esqueça de nossos encontros? Sabe que vou esquecer-me de aniversários e datas importantes. Serei terrível no que se refere a isso. -É tão tolo. Incluso não chegamos tão longe, assim não há por que preocupar-se. -Planejo adiantado. – Meteu a mão no bolso e tirou uma pequena caixa. -Encontrei isso justo antes de comprar a casa. Libby lhe olhou fixamente durante um longo momento antes de pegar a caixa da sua mão. Ele não a estava olhando, mas sim mantinha os olhos à frente, sua outra mão aferrava o volante tão forte que seus nódulos estavam brancos. Com o coração palpitando, abriu a tampa. Um anel estalou com um brilho feroz no momento em que o Sol o tocou, cintilando por cada delicioso corte. O fôlego ficou entupido na garganta. -É formoso. Mais que isso. Nunca tinha visto nada igual. -E devia ter pago uma fortuna por ele. Libby adorava as jóias, particularmente os diamantes, e sabia que estava olhando uma pedra ideal e impecável. –Ty... - Só pôde sussurrar seu nome, assombrada ante a perfeição do anel.


Estava desenhado para uma mão pequena, miúda e de pele pálida. Para ela. Ele o tinha mandado fazer para ela. Abraçou o conhecimento, uma vez mais surpreendida por sua atenção. -E bem? -Não posso falar. É tão incrível. -Diga que sim, Libby. Iria bem um sim agora mesmo. -Não me pediu nada. -Vai fazer que lhe peça isso? Ela riu brandamente, ouvindo a nota de exasperação em sua voz. -Sou uma garota antiquada. -Preferiria te informar simplesmente e começar pelo meio do caminho. -Isso poderia conseguir que lhe golpeassem a cabeça. Tyson conduziu vários quilômetros em silêncio. Um músculo saltava em sua mandíbula. Libby não ia ajudar-lhe. Permaneceu calada. Esperando. Ele suspirou. -Libby, vai se casar comigo? Ela não vacilou nem tentou lhe manter em suspense. -Sim, Ty. Casarei. Ele soltou o fôlego lentamente. -Está segura? Não sou muito sociável. -Essa não é nenhuma nova notícia. -Ponha o anel no dedo. Libby não se surpreendeu quando o anel encaixou perfeitamente. Estendeu a mão para que ele pudesse vê-lo. -É formoso Apanhou-lhe a mão e beijou seus dedos. -Não quero que tome uma decisão com respeito à casa até que voltemos a tentá-lo. Prometa-me que manterá a mente aberta. -Colocou o carro em um caminho bastante sinuoso que conduzia a uma grade alta. -Aqui é onde vive Martinelli? Ele a olhou, reconhecendo rapidamente a apreensão em sua voz. -Não tem que entrar Libby. Eu posso falar com ele. -Não, não. Preciso fazê-lo. Quero lhe dar uma olhada enquanto falo com ele. É mais fácil ler a alguém cara a cara. -Não terá medo verdade? Ed não seria tão estúpido para tentar te fazer dano em sua casa, especialmente quando sabe que a polícia sabe que estamos falando com ele. Quando marquei o encontro com ele, assegurei-me que soubesse que avisamos todo mundo onde estávamos. -Tem que estar envolvido em algo sujo se enviou homens a sua casa para golpear Sam. Apontou Libby. Esperou até que Tyson apareceu no vidro para falar através da câmara de segurança. As grades se abriram e Tyson conduziu para a casa. Obviamente tinha estado ali antes e sabia exatamente aonde ia. A casa era grande, de estilo espanhol com um pátio enorme. Os jardins estavam bem cuidados, com flores e arbustos por toda parte. Ed Martinelli mantinha a porta aberta, lhes esperando enquanto subiam pelo caminho. -Ao fim, Senhorita Drake. Obrigado por vir. - Alargou sua mão para Tyson. -Não posso te agradecer o bastante por me trazer ela -Pode agradecer isso me explicando por que demônios enviou a seus homens para dar uma surra em meu primo. - Tyson deu um passo agressivo para frente apesar da mão dissuasiva de Libby. -E é Doutora Drake. Martinelli o olhou perplexo. -Não sei do que está falando, Ty. Enviei John Sandoval a lhe pedir que falasse comigo. Tentei localizá-la por telefone, mas não o consegui em nenhuma parte. Quando me chamou e me


disse o que tinham feito os tirei de Sea Heaven imediatamente. -Olhou para Libby. – Por favor, aceite minhas mais sinceras desculpas, Doutora Drake. John toma seu trabalho muito a sério. -Tinham armas. -Disse Tyson. -Só posso repetir minhas desculpas, Ty. São guarda-costas. Levam armas. Se isso faz você se sentir melhor serão despedidos. Estava desesperado e enviei homens nos que pensava podia confiar para dirigir uma situação delicada. Quando o pioraram, pedi a Sam que arrumasse uma reunião e me ofereci a intercambiar sua dívida de jogo por uma oportunidade de conversar com a Doutora Drake. -Deu um passo atrás e gesticulou para a entrada. - Por favor, entrem. Tyson avançou para o interior fresco. -Está me dizendo que não enviou um par de seus homens para golpear Sam? -Conhece-me há anos. Quase toda minha vida. Sabe que não trabalho assim. Sam me deve dinheiro. Tem-no feito antes e o fará outra vez. Por que quereria lhe fazer dano? É seu primo. Se tivesse havido algum problema, teria ido a você e o teríamos arrumado. -Se você não enviou esses homens atrás de Sam - Perguntou Tyson. - então quem demônios o fez? Libby guardou silêncio, seus dedos se fecharam ao redor da mão de Ty, fixando seu olhar agudo e claro no rosto de Edward Martinelli. Parecia quebrado e cansado. Podia sentir quebras de onda de dor emanando dele. -Não tenho nem idéia, Ty. -Estendeu as mãos diante dele, com aspecto derrotado. -Tenho a três tios envoltos em atividades criminais. Não posso evitar quem foi meu pai mais do que ele pôde evitar quem eram seus irmãos. Periodicamente me enviam guarda-costas para proteger minha família. Não faço perguntas e não os rechaço. Seja o que seja que ocorre em suas vidas, não quero que afete a minha família. Pode ser que seja errado de minha parte, mas não estou disposto a correr nenhum risco. Vivo minha vida o melhor que posso. -Ondeou a mão para o sofá, lhes convidando a sentar-se. Tyson colocou seu corpo perto de Libby, com uma postura protetora, seus dedos entrelaçados com os dela. -Se não está envolto em nada Ed, então por que te deve dinheiro Sam? -Porque tenho muito e me pediu isso. Sempre me pagou as dívidas. E sempre está você se não o fizer. Passou a vida inteira lhe pagando fianças. Todo mundo sabe que é generoso com o dinheiro. -Ed trocou sua atenção para Libby. -Tinha que encontrar uma forma de falar com você. Ty me explicou o modo estúpido que John se aproximou de você. Não tenho desculpas, mas espero que ao menos escute o que tenho que dizer sem prejuízos. -Estou aqui, Senhor Martinelli. -Assinalou Libby. -Ouvi que pode curar às pessoas. -Seu olhar se desviou obviamente envergonhado. Nunca acreditei nesse tipo de coisas, mas estou tão desesperado que neste momento levaria minha esposa e meu filho a uma loja nos bosques se acreditasse que isso poderia ajudar. -Suponho que estão doentes, não? Ele assentiu, passando a mão pela face. -Nos últimos anos, minha esposa teve uma enfermidade em sua imunidade. Ao menos isso é o que me dizem os médicos. Às vezes está tão cansada que mal pode andar. Começou faz três anos e lhe diagnosticaram de tudo: da enfermidade do Lyme até a síndrome crônica da fadiga. Quando Robbie começou a mostrar sintomas pela primeira vez faz um mês, acreditei que era o mesmo, ou possivelmente parecido. Mas os médicos acreditaram que estava exagerando. Após piorou, mas ninguém parece ser capaz de averiguar o que lhe passa. Encontro os médicos muito frustrantes. Sabem que estão doentes, mas não têm nem idéia do que é, assim que nos dão dez diagnósticos, nenhum correto. Mas está morrendo. Vejo como nos escapa das mãos dia a dia. Minha esposa está fora de si e eu também. -Levou-os a algum lugar como a clínica de Maio para diagnosticá-los? Ele sacudiu a cabeça.


-Perdi as esperanças com os médicos. Simplesmente me sinto tão malditamente indefeso. Você poderia dar uma olhada? -Está aqui? -perguntou Libby incredulamente. -Não em um hospital? -Contratei uma enfermeira a jornada completa para ele, mas depois que seu médico e outros dois diagnosticaram como sendo um transtorno de imunidade, trouxe-lhe para casa. Tenho todo seu histórico. -Eu gostaria de examiná-lo antes de lhe ver. Edward imediatamente recolheu um calhamaço sobre a grande mesa de café e o ofereceu. Libby começou a leitura metódica do grosso arquivo. -Tem episódios de febre, dor de cabeça e dores generalizados. - Leu em voz alta, com voz pensativa, apareceram rugas entre suas sobrancelhas quando franziu o cenho. -Vejo aqui que nunca esteve na África. Sei que você viaja muito. -Por que todo mundo segue nos perguntando isso? Não, nunca estive perto da África e tampouco esteve minha esposa. -Alguém comprovou o coração de sua esposa? -Isto se trata do nosso filho. Minha esposa não está tão mal. -Há muitas probabilidades que o que esteja afetando a sua esposa também esteja afetando seu filho. De me outro par de minutos e depois eu gostaria de lhe examinar e também a sua esposa, se fosse possível. -Está com Robbie. Apenas se afasta de seu lado. - Ed esfregou a face com as mãos e espiou entre seus dedos Tyson. -Não tive muito tempo para me dedicar a ameaçar às pessoas. Não sei quem pode ir pelo Sam, mas a única conversação que tivemos foi quando lhe supliquei que falasse com a Doutora Drake. Chamei-te numerosas vezes e não conseguia falar com você. Com a Eva e Robbie doentes, não penso em muito mais. -Não vejo as mensagens. -Ela pode curar às pessoas? Tyson fez uma careta ante a súplica na voz de Edward. Olhou Libby. Não teve que lhe perguntar se sentia sua dor e desespero ou sua frustração. Sempre tinha podido ler as expressões dela, sua face era transparente para ele, e ela definitivamente estava formando uma opinião. Libby tinha trabalhado para Médicos Sem fronteiras assim como para o WHO. Tinha trabalhado no Centro de Controle De Enfermidades e tinha visto enfermidades comuns e exóticas, muitas mais que a maioria dos médicos. Perguntava-se se sua habilidade para curar a ajudava a diagnosticar, mas não tinha tido oportunidade de lhe perguntar. -Sr. Martinelli. -Começou Libby, com uma nota de desespero em sua voz. -Libby. -Tyson a interrompeu decisivamente, injetando uma nota de advertência em sua voz. Tyson se encontrava respondendo à dor e ao evidente cansaço de Edward. E podia ver quão difícil era para Libby distanciar-se de uma situação como esta, mas ainda não se recuperou da cura do Jonas... ou da dele. Não podia deixar que arriscasse sua própria saúde ou possivelmente inclusive sua vida. -Libby é uma médica brilhante, Ed. Se for possível averiguar o que está passando, tenho fé absoluta que será ela quem o faça. Os olhos dela encontraram os seus e seu coração quase se deteve ante o olhar que lhe lançava. Nunca antes tinha visto amor nos olhos de outro, não dirigido a ele. Sentiu a repentina urgência de arrastá-la até seus braços e beijá-la, só por lhe olhar assim. Era o bastante preparado para reconhecer ante si mesmo que uma parte dele sentia que não valia a pena e não deixava de dizer-se a si mesmo que crescesse e superasse esses sentimentos infantis de rechaço. Estava começando a acreditar que Libby Drake poderia lhe amar, e todo seu meticuloso planejamento para conseguir que ela visse que lhe necessitava se estava voltando mais importante do que tinha pensado em princípio.


Edward sacudiu a cabeça. -Perdi a fé nos médicos. -Não se renda ainda, Senhor Martinelli. -Disse Libby, ficando em pé. - Por favor, me deixe ver seu filho. Alguma vez sua esposa ou seu filho viajaram com você a um país estrangeiro? - Robbie não. Não estivemos fora do país desde que nasceu. -A que país? -Fui a América do Sul. Queria ver o bosque pluvial. Eva voou ao México para encontrar-se comigo quando minha viagem pelo bosque pluvial terminou, e não, não lhe mordeu nenhum inseto. Nunca esteve perto de nenhum inseto. Eu era muito consciente de sua saúde e a levei ao melhor hotel disponível. Os médicos nos têm feitos as mesmas perguntas uma e outra vez. -É a única forma que temos de conseguir um diagnóstico claro, Senhor Martinelli. -Libby lhe precedeu ao quarto onde uma enfermeira estava sentada junto a uma cama e uma jovem jazia junto a um menino pequeno. Tinha aproximadamente cinco anos e estava muito pálido e débil. Eva Martinelli parecia igualmente debilitada. -Esta é a Doutora Drake, Eva. Veio ver você e Robbie. -Disse Ed, com voz terna. -Não se levante Senhora Martinelli. - Disse Libby, seu sorriso era fácil enquanto tirava luvas da bolsa pequena que havia trazido com ela. -Não lhes incomodarei muito. Aproximou-se da cama, notando a respiração da mulher. -Está com falta de ar há muito tempo?- Libby deslizou as mãos pelo pescoço de Eva, apalpando o inchaço nas glândulas cervicais. -Nessa viagem que fez você ao México para encontrar-se com seu marido faz alguns anos, não recorda se algo a mordeu? Não lhe ocorreu nada em particular? -Não com nenhum inseto. -Disse Eva. Libby fez uma pausa, suas mãos deslizaram sobre as glândulas mais profundas. -O que quer dizer? O que ocorreu nessa viagem? -Voei ao México para me encontrar com Ed. Queria nadar com os golfinhos. Adoro a água e temos um lugar favorito onde desfrutamos indo. Libby assentiu alentadoramente enquanto se dirigia ao menino adormecido, deslizou as mãos sobre seu pescoço para sentir um inchaço similar nas glândulas. -Eva cortou a perna com uma parte de metal encravado na parede de uma piscina justo por debaixo da superfície da água. Estávamos no imóvel de uns amigos e o corte foi muito profundo. Logo fomos ao hospital. Libby se endireitou e se dirigiu a Eva. -Sofreu uma perda severa de sangue? Eva assentiu. -Foi só um corte. Não se infectou. -Mas lhe fizeram uma transfusão de sangue. -Não tenho AIDS. Comprovaram que eu não tenho AIDS. -Não acredito que tenha AIDS, Senhora Martinelli, mas acredito que vi seus sintomas muitas vezes antes. Os sinais são muito indicativos da enfermidade de Chagas. Pode se contagiar com Chagas de três formas diferentes e uma delas é através de uma transfusão de sangue. Os sintomas frequentemente não se mostram particularmente em um adulto, durante anos. Os adultos muitas vezes passam por uma forma crônica onde um menino frequentemente pode sofrer de uma forma aguda. Ambos necessitarão algumas provas imediatamente. -Mas eu acreditava que o sangue estava protegido de tudo isto. -Protestou Ed. -Obviamente posso estar equivocada. - Disse Libby, embora estava segura de que não o estava. O inchaço nas glândulas cervicais era muito sintomático do Chagas. -Mas a enfermidade é bastante fácil de diagnosticar. Falaram da transfusão no México com os médicos? Eva intercambiou um longo olhar com seu marido. -Falamos muito da América do Sul, mas não do México. O tema não surgiu.


-Alguém mencionou o Chagas uma vez. -Disse Ed. - Mas ela nunca esteve exposta ao inseto que o transmite. -Acredito que deveriam fazer provas com ela e Robbie também. Obviamente lhe fizeram a transfusão antes de concebê-lo. Se tiver razão, Senhor Martinelli, o tempo é essencial para tratálos, particularmente ao Robbie. Eu gostaria de chamar seu médico se não lhe importar e arrumar as coisas imediatamente. -Não quero lhes fazer passar por um montão de provas outra vez e que logo os médicos digam que não têm nem idéia do que lhes passa. -O Chagas está presente em dezoito países do continente americano. Ao início dos anos oitenta, ao redor de dezessete milhões de pessoas se infectaram. Inclusive agora com todo o trabalho que se feito para erradicar o problema há desde setecentos até oitocentos mil novos casos ao ano. O estou dizendo, vi isto uma e outra vez. Leve-os ao hospital e faça que comece o tratamento. Se me permite usar seu telefone, falarei com seu médico e poderemos pôr as coisas em marcha.


Capítulo 16 -De acordo, mulher. -Disse Tyson, enquanto abria a porta da enorme fachada de vidro da casa. -Estou muito impressionado. -Não foi tão difícil. Vi a enfermidade do Chagas muitas vezes, e quando toquei à Senhora Martinelli, soube que tinha problemas de coração. Não foi uma grande dedução, especialmente quando sabia que Ed frequentemente viaja ao estrangeiro fazendo coisas descabeladas com você. Pensei em enfermidades estrangeiras assim que ele nos falou de sua esposa. -Pensou em tratar de curá-los. - Disse Tyson, mantendo a porta aberta, esperando que ela fizesse um movimento para entrar. -Igual fez com Jonas. -Ao Jonas estava dando um empurrãozinho, não é o mesmo. Ele soltou um suspiro, o qual Libby ignorou enquanto se obrigava a transpassar a soleira. Era absolutamente estúpido sentir-se exposta na casa, mas assim era. Tinha achado a propriedade linda desde o primeiro momento que Tyson a tinha conduzido ao passar do sinuoso caminho de acesso e a primeira olhada da casa tinha sido impressionante. Significava inclusive mais para ela que ele tivesse encontrado o lugar por si mesmo e o tivesse comprado para ela. Queria sentir segurança e paz, em lugar de palpitações de terror de pensar que alguém observava cada um de seus movimentos. -Pensei sobre isso, mas você me dedicou a melhor imitação de intimidação e decidi ser sensível. A sobrancelha dele se arqueou. -Imitação? Assusto todo mundo no laboratório com essa imagem. Um pouco mais de respeito, Drake. -Eu acreditava que se me beijava, já não poderia me chamar Drake nunca mais. -Está à pesca de um beijo? -Sim. -Bem, então, por que não me disse isso?- Agarrou-lhe o queixo com a mão para elevar seu rosto para ele. Ela sentiu o lento beijo todo o caminho até os dedos dos pés. Sua relutância em entrar na casa se desvaneceu em lugar de aumentar como pensou que ocorreria. Cada vez que a tocava, o mundo desaparecia fazendo que só pudesse sentir o fluxo vazante da paixão, e uma quebra de onda de amor tão profundo que a surpreendia. Não tinha sabido que cairia tão duramente. Não tinha chegado tão rapidamente como sempre tinha imaginado que seria com o amor, mas sim tinha ocorrido lentamente com o passar do tempo. Em todos esses anos de lhe olhar, de pensar nele, atou-se a ele sem sabê-lo. Quando ele levantou a cabeça, ela ficou olhando sentindo-se um pouco aturdida. -Que livro leu sobre beijar? Eu gostaria de ter uma cópia. -Já beija muito bem, carinho. -Ia emoldurar e pendurá-lo na parede sobre a chaminé em um lugar de honra. De fato, conservemos a coleção inteira de seus livros "como..." na prateleira onde possamos acessar eles frequentemente. Ele sorriu abertamente. -Eu gosto da idéia. -Tyson gesticulou para a sala de estar. Libby tomou uma respiração, forçando ao ar a percorrer seus pulmões e atravessou a fresca entrada de mármore do enorme salão de vidro. Deteve-se bruscamente. Onde antes havia uma habitação sem mobiliar encantadora, mas nua com chão de madeira e luxuosos tapetes, agora limpos grupamentos de mobiliário enchiam o espaço, deixando espaços abertos, mas erradicando o vazio. Um longo e largo divã de couro de suave pele se curvava ao redor do canto.


Várias poltronas e mesinhas baixas de café formavam íntimos e relaxantes espaços. Deteve-se bruscamente. -Quem fez isto? Ele deu de ombros. -Escolhi o mobiliário faz algum tempo e o entregaram ontem. Se você não gostar, pode devolvê-lo e escolher algo diferente. Só queria fazer que a casa se parecesse mais a um lar que a um edifício vazio. E não tem que preocupar-se pelos voyeurs. Sarah instalou um sistema de alarme. Temos câmaras no exterior. E pedi que instalassem cortinas para você - Parecia realmente agradado enquanto cruzava até a parede oposta ao vidro. -Recordei Sarah agitando os braços e fechando as cortinas e isso me deu a idéia. Apertou um botão na parede e as cortinas descenderam lentamente sobre os painéis de vidro. -Podemos as fechar desde qualquer parte da habitação, ou desde qualquer piso assim terá privacidade quando você queira. Há vários controles remotos também. Libby pestanejou para conter as lágrimas que sentia arder tão perto. Sempre tinha sabido que Tyson era um gênio e que se separava da maioria das pessoas. Parecia apagar suas emoções a maioria das vezes, e frequentemente era socialmente inepto. De maneira que nunca lhe tinha ocorrido que pudesse ser tão considerado. E cada vez mais, lhe estava provando que isto era uma parte fundamental de seu caráter. -Isto é maravilhoso. Não posso acreditar que o fez tão rápido. Ele gesticulou ao redor do lugar, com um pequeno tímido sorriso na face. -De verdade você gosta? Quando comprei a casa comprei as cortinas e pedi uma entrega rápida. Quando aconteceu aquele fato infeliz outro dia, chamei-lhes e ofereci bastante dinheiro a mais para acelerar as coisas. -Seu sorriso se alargou. -Começo a tratar de modo mais tranquilo em relação ao dinheiro. -Ty, não tinha por que fazê-lo. – Quase não podia falar através do nó que tinha na garganta. De repente lhe viu um pouco perdido. -Não posso me atribuir todo o mérito. Sabe Libby, não sou muito bom para estas coisas, nem sequer quando quero sê-lo. E nunca antes tinha prestado atenção a coisas como as cortinas. A agente imobiliária comentou que o sol às vezes poderia ser muito intenso através do vidro. Ela se ocupou de encontrar o lugar onde faziam as cortinas e logo não podia encontrar seu número ao princípio para lhe pedir que acelerasse as coisas. Um sorriso começou em alguma parte profunda ante a confissão. Soava como esse menino pequeno outra vez, que aparecia de improviso ocasionalmente e lhe resultava tão cativante. Meticulosamente honesto. Esperando uma reprimenda ou pior, um rechaço. -Como encontrou seu número? Ele se retorceu, parecendo um pouco envergonhado. -Isso não tem importância. -Ele descartou o tema com um movimento da mão. -As cortinas se vêem bem, verdade? -Já me confessou que não o fez você mesmo. Isso não desmerece sua atenção ao compreender que necessitaria amparo. –Colocou as mãos nos quadris, contemplando sua face. Confessar é bom para você. Ele esfregou a ponta do nariz e passou ambas as mãos pelos cabelos até que esteve tão despenteado que o corpo de Libby começou a tremer agudamente consciente do dele. Adorava seus diferentes lados, mas este... este lado indefeso, envolto em mistério... era um de seus favoritos. -Chamei Elle. Ela piscou incapaz de dar crédito a seus ouvidos. -Chamou Elle? -Já me ouviu. -Depois de todos estes anos pensando que somos umas charlatãs? Chamou Elle?


-Não podia perguntar a Sam porque não lhe tinha falado da casa- Defendeu-se ele. -Ele não está muito contente com minhas últimas decisões. Sempre ignorei os detalhes da vida, como pagar as faturas e ler algo que me enviavam os advogados, ao menos tanto como pude, mas nos últimos meses tentei não pôr tanta carga sobre os ombros de Sam. Tem que cuidar de muitos detalhes e compreendi que não era justo para ele. Libby se afundou em um dos luxuosos sofás só porque parecia muito convidativo. A sala estava preparada com pequenas áreas de conversação e o sofá diante da chaminé proporcionava o espaço mais íntimo. Esperou até que Tyson se sentou frente a ela. -Não se preocupava que Sam tivesse um problema com o jogo com todo esse dinheiro a seu redor todo o tempo? -Sabia que jogava, mas não compreendi a extensão das quantidades até recentemente. Não sabia que tomava emprestado dinheiro do Ed. -Acreditou no Martinelli quando disse que ele não tinha enviado esses homens pelo Sam? Perguntou Libby. Tyson vacilou brevemente antes de afirmar com a cabeça lentamente. -Conheço Ed há muitos anos, Libby. Nunca acreditei em todos os rumores sobre sua família. Conheci seus tios, e sei quão difíceis foram os rumores para sua família. -Eu acredito nele também. -Libby se recostou para trás, franzindo ligeiramente o cenho enquanto considerava a situação. -Os homens poderiam ter ido pelo Sam se eram empregados dos tios do Ed, por sua conta. -Isso não tem muito sentido, Libby. -Insistiu Tyson. - Parece muita coincidência que Harry aparecesse ao mesmo tempo e estivesse em meu laboratório escondido sob uma mesa. Não tentou chamar à polícia ou ajudar Sam em nenhum sentido e uns poucos minutos mais tarde houve uma explosão no laboratório. -Como sabia ele que Sam tinha dívidas de jogo? -Uma informação como essa não seria tão difícil de averiguar. -Suponho que tem razão. -Suspirou Libby. -Eu não gosto de saber que alguém pode me querer morta... ou a ambos. -Carinho, honestamente não acredito que ninguém queira te matar. Penso estão vão por mim. Você só se apaixonou pelo homem equivocado. -De verdade? Eu não acredito nisso. - Ficou em pé e foi para ele, lhe emoldurando a face com as mãos para lhe inclinar e lhe beijar. -Acredito que encontrei exatamente o homem adequado para mim. Tyson fechou os olhos, saboreando o sabor e a textura dela. Lábios acetinados, cheios e suaves, sua boca tão cálida e acolhedora. As mãos dela deslizaram pelo pescoço de sua camisa, abrindo os botões um a um. Imediatamente seu corpo respondeu, junto com seu coração dolorido e seus pulmões ardendo. Cada roce dos dedos dela contra sua pele esquentava seu sangue e enviava um rugido através de seu corpo. Mal podia respirar de tanto que a desejava. Quando teve sua camisa aberta lhe mordiscou da garganta até os mamilos planos, atormentando-o com sua língua e seus dentes. Tyson estirou as pernas, procurando acomodar a crescente protuberância em suas calças jeans. As mãos dela foram à fivela do cinturão, afrouxando-o, baixando a cremalheira enquanto lhe beijava a zona inferior do abdômen. Ele tratou de alcançá-la, querendo tocá-la, querendo assumir o controle quando tão rapidamente estava perdendo o seu. Libby retrocedeu, com um pequeno sorriso na face. Tomou seu tempo desabotoando os botões de sua blusa de seda antes de deixar flutuar até o chão. Tyson tirou os sapatos de uma patada e ficou em pé, seu olhar fixo obscurecendo-se enquanto ela abria o sutiã de renda e o deixava cair sobre a blusa. A camisa dele se uniu a dela no chão. Logo que foi possível o resto da roupa as seguiu ao chão. Ele manteve os olhos nela enquanto a via lentamente tirar as calças cinza, deslizando-as sobre seus quadris para cair em um montão no chão onde ela acrescentou a pequena calcinha de renda.


Retorceu um pequeno dedo para ele. -Vêem aqui. -Ali? Ela apontou para um lugar diante dela e se ajoelhou. -Aqui mesmo. -Carinho, está me matando. -O corpo de Tyson se engrossou e alargou ainda mais, enquanto se aproximava dela. Passou-lhe a mão sobre os cabelos escuros. -Adoro sua boca. -Vai adorar ainda mais. - Murmurou ela enquanto tomava sua ereção entre suas mãos. Ajoelhou-se se aproximando mais, quase se cunhando entre suas pernas enquanto inclinava a cabeça, buscando-o com o olhar. -Eu também estive lendo alguns livros ultimamente. Os joelhos de Tyson se debilitaram. Parecia formosa ali ajoelhada, suas mãos roçando e acariciando, seus olhos escuros com uma mescla de luxúria e amor. A combinação era tão excitante que lhe agarrou os cabelos em seu punho, aproximando-a ainda mais dele. Tyson estava maior e mais grosso do que Libby tinha esperado muito mais intimidante, mas era muito formoso, seu corpo estava endurecido pelo contínuo treinamento e as atividades extremas que preferia participar. Queria lhe saborear. Moldar seu corpo com suas próprias mãos. Queria lhe demonstrar que o amor e a luxúria podiam ser a mesma coisa. Que adorava seu corpo como ele amava o dela. Que desejava seu prazer tanto como ele desejava o dela. Este era seu momento, experimentar como alguém desejava cumprir cada um de seus desejos. O olhar em seus olhos enquanto a contemplava de cima, fascinado, encheu-a de uma mescla de alegria e poder. Libby umedeceu os lábios com a língua, lhe mantendo o olhar, lhe permitindo ver sua ânsia. Ela sentiu sua ereção saltar entre suas mãos. Sua língua lhe deu um golpezinho outra vez, lambendo sua ereção em toda sua longitude e rodeando a cabeça. Foi recompensada imediatamente pelo som da respiração dele explodindo em seus pulmões. Sustentando seu olhar, ela frisou a língua ao redor dele, lentas e largas lambidas que o deixaram sem fôlego. Suas unhas arranharam brandamente ao longo da pele sensível, seus dedos acariciaram o apertado saco. Fez-lhe esperar deliberadamente, aumentando a espera, sua língua brincando e atormentando, desfrutando de seu forte sabor salobre enquanto os dedos dele se apertaram em seus cabelos e seus quadris começaram um lento impulso. Durante um momento seu agarre foi firme com golpes largos e duros, logo trocou para agarrá-lo mais ligeiramente e golpes mais curtos. Lambeu-lhe como uma gatinha em uma tigela de leite, depois o lambeu como a um sorvete. Observando cada uma de suas reações, deslizou os lábios ao redor da larga cabeça e o engoliu completamente. Concentrou-se totalmente nele, em lhe dar tanto prazer como fosse possível. Fechou os lábios tão abaixo como foi possível em sua ereção, criando uma sucção firme enquanto deslizava de cima para baixo, brincando com o língua justo sob a base da cabeça com cada estocada. Libby adorava o som de seus gemidos, a forma que sua ereção se endurecida e seus quadris empurravam mais profundamente. Sentia-se ávida de poder, apaixonada pelo puro prazer de lhe amar. Quanto mais desfrutava de sua boca e de suas mãos, mais queria ela prolongá-lo, lhe proporcionar a experiência perfeita. Encontrou tomando-o mais profundamente em sua garganta, mais do que nunca tinha acreditado possível, o óbvio prazer dele alimentava o seu próprio. Tyson não podia apartar os olhos dela. Os cuidados com seu corpo aumentaram sua excitação. Ela era como uma bela sedutora, com os olhos nublados de desejo por ele. Parecia mais que ansiosa, saboreando e jogando, lambendo e zumbindo brandamente de forma que a vibração corria por seu pênis e seu saco até que pensou que explodiria de puro êxtase. Não podia evitar os gemidos que lhe escapavam ou a forma em que seus dedos lhe apertavam os cabelos. Não podia deixar de empurrar na sedosa caverna de sua boca, sentindo sua língua acariciar e acariciar, suas mãos movendo-se carinhosamente sobre ele.


Sentiu seu corpo esticar-se até o extremo da dor e lutou contra isso, não desejando que este momento acabasse, mas a garganta dela se fechava a seu redor e sua boca brincava e chupava e sentiu a explosão iniciar-se em alguma parte nos dedos de seus pés e rugir através de seu corpo com tal força que não podia acreditar. Jogou a cabeça para trás, quase grunhindo pelo cru prazer que o percorreu. Não podia pensar a cabeça lhe dava voltas, seu corpo saltava e empurrava suas mãos a arrastaram ainda mais perto, precisando sentir sua apertada e ardente boca. -Filho da puta, Libby. -Disse quando finalmente seu primeiro pensamento coerente se formou. -Quase me mata. Ela se afundou para trás sobre seus pés. -Sei. -Estava muito satisfeita consigo mesma. -Emolduraremos esse livro também. -Infernos, sim, faremos. -Afrouxou os dedos nos cabelos dela, lutando por respirar. Ficou simplesmente ajoelhada ali, com um amplo sorriso e seus olhos brilhantes de satisfação e amor. Parecia absolutamente feliz e ele se viu maravilhado. Teve que virar a cabeça, temendo mostrar muito. Nenhum presente seria nunca tão importante tão entesourado por ele. Ela não tinha pedido nada para si mesma, a não ser seu prazer em dar, seu corpo era descaradamente óbvio. Libby era tão transparente. Tyson a agarrou pelo braço para levantá-la, abraçando-a. -Este foi um ato incrivelmente generoso, Libby. Ela riu. -Tolo. Foi egoísta. Eu adorei. -Sua mão lhe acariciou o peito, descansando-a possessivamente sobre sua ereção. -Sou muito boa com as coisas que eu adoro. Ele a levantou sustentando-a contra seu peito. -Na realidade temos uma cama. Já que nunca provamos uma, pensei que poderia ser uma boa idéia. Os dormitórios estavam no piso inferior e a levou nos braços baixando a escada de caracol. Não acendeu nenhuma luz, mas parecia conhecer o caminho através da casa até o dormitório principal. Colocou Libby na cama. -Na realidade temos eletricidade, mas preferia utilizar velas. Agarrou-lhe o braço. -Eu as acenderei. -Libby cavou as mãos ao redor dos lábios e soprou brandamente para a vela. Uma pequena chama titilou e ela ondeou a mão, criando uma leve agitação de ar. Ao momento ela se acendeu. -De acordo, isso é muito útil. Pode me ensinar a fazê-lo? Libby se recostou para trás, seus cabelos se derramaram sobre o travesseiro, nua, perguntando-se como podia sentir-se tão completamente à vontade com ele. -Não saberia como te ensinar. Acredito que simplesmente nascemos sendo capazes de fazer certas coisas. Ele se estirou a seu lado, ligeiramente de flanco, apoiando a cabeça em sua mão. -Poderão fazer isso nossos filhos? Libby sacudiu a cabeça. -Não, não como nós. Os filhos de Elle sim. -E se algo acontecesse e Elle não pudesse ter filhos, a magia simplesmente desapareceria?- Inclinou a cabeça para dar um golpezinho com a língua a seu tenso mamilo, lhe provocando uma rápida inalação. -Porque isso seria uma lástima. Libby sorriu. Ele falava, mas tinha esse olhar de concentração no rosto e parecia muito mais interessado em seu corpo que na conversação. Mesmo porque sua voz começava a desvanecer-se e lhe parecia bem. Cada célula de seu corpo estava viva e pulsando de desejo. Era agudamente consciente dos dedos estendidos sobre seu abdômen e o roce dos cabelos contra seus seios. Cada toque de sua língua enviava calor que irradiava diretamente até a acolhedora


umidade entre suas pernas. Libby o abraçou, atraindo sua cabeça para ela, abandonando-se ao lento e prazenteiro passo que ele impunha enquanto explorava seu corpo. -Adoro esta pequena cordilheira daqui, o osso de seu quadril. -Esfregou as pontas dos dedos sobre o osso. -Sabe o frequentemente que eu me encontrava cravando os olhos em seus quadris, imaginando algo como isto, suas pernas abertas e meu rosto enterrado entre elas? Desejava tanto te saborear, Libby. Ia à cama pensando em você e despertava tal ereção que pensava que ia explodir. Ainda não posso acreditar que esteja aqui comigo. Puxou seus cabelos com força até que ele gritou. -Estou aqui, mas não posso acreditar que teve fantasias eróticas comigo. A verdade é que nunca pensei que fosse sexy e nunca teria suposto que me visse assim. Tyson se vingou dela lhe beliscando o interior da coxa. -Estava te olhando. Dava-me conta durante meu segundo ano na universidade que estava obcecado por você. Não queria ser um perseguidor obcecado... assim me obriguei a me apartar. -Vêem aqui. - Ela retorceu o dedo para ele outra vez. -Onde? -Aqui mesmo. -Aplaudiu seu estômago e abriu as pernas de par em par para acomodar seu grande corpo. Tyson colocou seu corpo sobre o dela e a cobriu como uma manta, deslizando seu corpo profundamente no dela. -Sinto-te tão bem. - Foi uma declaração comedida, mas era quão melhor podia fazer dadas as circunstâncias. Seu cérebro estava em curto circuito outra vez, lhe cruzavam os cabos e a eletricidade se arqueava fritando cada circuito. E lhe parecia perfeito. Ele começou a mover-se com largas e lentas estocadas, observando-a estreitamente para ver sua reação ante cada pressão, cada carícia. Queria conhecer seu corpo, saber o que a fazia ofegar, o que a obrigava a emitir esses pequenos gemidos da garganta e especialmente o que a fazia levantar os quadris e gritar seu nome. Ao final, quando ela quase soluçava e ele já não podia recordar seu próprio nome, permitiu a ambos a liberação, levando-os mais à frente do limite, obstinados um ao outro, apenas capazes de mover-se. Libby se sentia como espaguete, tão relaxada que não estava segura de poder chegar à ducha. Jazia debaixo dele, abraçando-o. -Quero-te, Tyson Derrick. Quero-te mais do que nunca saberá. Ele manteve a face sepultada na suavidade de seu pescoço, lutando por conter as lágrimas que ardiam atrás de suas pálpebras a ponto de ser derramadas. Por que ela tinha que ir e dizer coisas às que não sabia como responder? Ele tratou de remontar-se para trás em sua vida, recordar se alguém lhe havia dito que lhe amava e quando. -Minha tia Ida. -O que? -Disse-me isso uma vez quando estava muito doente. Lembro que veio a meu quarto e se sentou comigo porque minha febre era muito alta. Disse-me que me queria. -É obvio que te queria. Deixou-te uma parte da casa. Não o teria feito se não tivesse pensado em você como em um filho. -É boa para mim, Libby. -Homem estúpido. Vou me dar uma ducha. -Esqueci que necessitaríamos de toalhas. Riu e apartou seu corpo do dela. -Lembrou-se das velas, mas esqueceu as toalhas. Suponho que trouxe o essencial. Logo gotejarei. -Eu adorarei lamber a água do seu corpo.


-Obrigada. Posso arrumar isso. - Libby saiu da cama e abriu passo até o enorme banheiro com ducha dupla e portas de vidro. -Quem quer que construiu esta casa não era nada modesto, verdade? Não esperou a resposta de Tyson, mas sim se meteu sob o jorro de água, deixando que caísse sobre sua pele como um aguaceiro. Inclusive um pouco tão simples como uma ducha resultava sensual. Tyson tinha trocado seu mundo inteiro, especialmente como se sentia consigo mesma. Lavou os cabelos e os escorreu o melhor que pôde. -Vou necessitar de uma toalha. -Anunciou quando retornou. -Acreditava que eu ia ser sua toalha. -Toma uma ducha, louco. Libby se estendeu sobre os lençóis frescos e deixou que seu corpo se secasse ao ar enquanto escutava como Tyson tomava banho. Ele era feliz. Sabia que era feliz e ela tinha contribuído para isso, lhe fazendo sentir amado e desejado. Havia satisfação nesse conhecimento. Permitiu ir à deriva em uma maré de júbilo esperando sua volta. Estava quase dormindo quando ele retornou, com gotas de água correndo por sua pele. -Importa se abro as cortinas? -Perguntou Tyson, caminhando pelo chão com os pés nus. Eu adoro olhar o oceano. Libby descansou a cabeça em uma mão. Sua consideração ao lhe perguntar só fazia que o quisesse mais. -Definitivamente não sinto ninguém rondando ao redor da casa. Abra as cortinas. -Tinha um aspecto delicioso em pé junto à janela com os cabelos jogados para trás e pequenas gotas de água correndo até lugares fascinantes. A vista do reluzente mar era extraordinária. A lua estava quase cheia e se derramava sobre a água fazendo que esta brilhasse como mil pedras preciosas. -Olhe o oceano, carinho - Disse Tyson, abrindo as portas de vidro de forma que a fresca brisa da noite entrasse na habitação. -A lua tem um efeito assombroso sobre a água. Dá-se conta que o Sol só tem uma força gravitacional de quarenta e seis por cento sobre a Terra? Isso faz à lua o fator mais importante na criação de marés. Virou a cabeça para olhá-la quando se ergueu, retirando os cabelos negros como a meianoite da face. Ali, à luz da lua parecia etérea, um pouco fantástica, uma bruxa de olhos enormes, boca generosa e pele pálida. Libby lhe sorriu. -A Terra e a lua são atraídas uma pela outra, como ímãs. A lua tenta atrair a Terra para aproximá-la, mas a Terra pode agarrar-se a tudo menos à água. Ele se voltou para ela e se inclinou para lhe beijar a têmpora antes de sentar-se na cama junto a ela, ficando com o olhar fixo fora da janela. -A água está em constantemente movimento de forma que a Terra não pode aferrar-se a ela. -Colocou-lhe o braço ao redor. -Vou abraçar você para que não haja possibilidade que a lua se aferre a você. - Fingiu franzir o cenho. -Não voa no pau de uma vassoura diante da lua, não é? Ela manteve a cara séria. -Isso requer levitação e só Hannah pode fazê-lo na realidade, embora Joley também possa fazê-lo. Ele retirou bruscamente o braço, entrecerrando os olhos, estudando sua face. -Fala como uma bruxa. -Eu? -De todas as formas por que alguém voaria ao redor da lua? -Desafiou-a. Ela deu de ombros casualmente. -Para assegurar-se que as marés se comportem como deveriam. Esse é trabalho de bruxa, sabe? Um pequeno sorriso paquerou em sua boca.


-E eu todo este tempo pensado que a lua cheia causava essas marés altas e baixas e o quarto de lua provocava marés menos drásticas. -Aprendeu tudo isso em ciências? Nós já estávamos ocupadas nos assegurando que o sol e a lua se alinhassem para o forte impulso gravitacional. Isso eram todas irmãs Drake. Aproximou-se dele esfregando a face sobre seu ombro, desejando o contato de pele contra pele. Sua língua saiu e levou várias gotas à boca. -Se por acaso não sabia, temos uma relação simbiótica com o sol e a lua. -Estou aprendendo muito esta noite. Deve ser como o peixe palhaço e a anêmona... uma relação muito perigosa. Ela assentiu seriamente. O sorriso dele se voltou travesso e sua sobrancelha se arqueou, alertando a de uma possível armadilha. -É consciente que o peixe palhaço está provido de uma mucosidade pegajosa assim se limpa a mucosidade antes que o peixe palhaço retorne à anêmona esta anfitriã estará muito ofendida e inclusive pode matá-lo com seus tentáculos. Não lhe posso imaginar pegajosa, mas estou disposto a provar com um pouco de azeite de oliva. -Moveu as sobrancelhas para ela. -Mas entendeu tudo errado. Nós, as irmãs Drake, representamos à anêmona com os tentáculos. Nós enviamos ao peixe palhaço com suas cores chamativas a atrair à ingênua presa. Deslizou a mão sobre seu peito nu e a deixou cair para o estômago plano onde as pontas de seus dedos começaram a baixar mais ainda. -O peixe palhaço atrai com enganos a nossa presa para nós e os golpeamos com nossos tentáculos. -Seus dedos roçaram a ereção, acariciando burlonamente. -Matamos e comemos até não poder mais e o pobre peixe palhaço obtém nossas sobras. Assim adoro as relações simbióticas. - Inclinou a cabeça para lhe lamber, primeiro os mamilos e depois o umbigo. Seus cabelos passaram sobre suas partes mais sensíveis e apesar de tudo se sentiu despertar outra vez. -Posso imaginar com todo tipo de tentáculos. – Seu pênis se sacudiu quando a respiração dela o banhou de calor. -Pobre ingênuo peixe. Ela riu e se sentou para trás. -Fica pior. O peixe palhaço não só se alimenta de plâncton e algas que vivem e crescem no recife, mas sim também come restos e pedacinhos de tentáculos mortos da anêmona anfitriã. -Estou endemoniadamente seguro que não vou ser o peixe palhaço, especialmente se comer algas e tentáculos mortos. Se não fosse pelas algas marinhas, então não poderíamos respirar. -E crê que o pobre peixe palhaço a devora em grandes quantidades, ameaçando o oxigênio do mundo? -Seu tom era inocente, mas a boca que engolia sua ereção era pecaminosa e apaixonadamente ávida. Tyson baixou o olhar à cabeça sobre seu regaço e se deu conta de que nunca tinha reconhecido a diversão de gastar brincadeiras, sexualmente ou de outra maneira. Era uma das coisas que lhe tinham feito tão socialmente inepto. Mas aqui estava com chamas lambendo sua pele e atravessando sua corrente sanguínea, e um grande sorriso em sua face, cuidadoso porque sempre tinha sido condenadamente doloroso. Encontrou-se por lutar aspirar o ar em seus pulmões e isso o fez rir. -Vê? O peixe palhaço é uma ameaça definitiva. Não posso respirar. A língua dela formou redemoinhos e se sentou com um grande sorriso outra vez, presumida. -Pobre bebê. Nunca pense que pode ganhar uma discussão com uma Drake. -Isso é porque faz armadilha. - Fechou-lhe uma mão ao redor da nuca e a puxou em um esforço de urgi-la a voltar para seu regaço. Libby resistiu. -Eu tenho que respirar camarada. -Ondeou o braço para o oceano. -As plantas marinhas e as algas provêem muito do fornecimento de oxigênio do mundo e acolhem enormes quantidades


de dióxido de carbono. Com o peixe palhaço interrompendo o equilíbrio natural, não posso respirar. -Fingiu sufocar-se, caindo ligeiramente para frente, permitindo que a mão guiasse a cabeça para sua dura ereção. -Pode falar a sério? Supõe-se que os homens não podem ter orgasmos múltiplos. Ao menos não tantos. -Lhe lambeu a água. -Está seguro? Não quereria danificar nada valioso. Já estava duro como uma pedra e com sua respiração atormentadora e sua língua deslizando-se sobre ele e o som do oceano como fundo, sentia-se completamente em paz. Fechou os olhos, saboreando o momento, a sensação absoluta de ser amado e aceito, de ser o objeto de prazer de Libby. Enredou as mãos em seus cabelos e puxou até que ela elevou a cabeça, o olhar brilhante encontrou o seu muito mais sério. -Libby. Preciso te dizer… - Engasgou-se, justo como sabia que faria. Nunca se tinha dado conta de quão emocional era, mas ela estava ali sentada com seus cabelos úmidos derramandose a seu redor e seus olhos tão expressivos quanto a seus sentimentos e se sentia como um parvo tratando de encontrar as palavras certas para descrever um sentimento tão grande, tão intenso, que nada poderia descrever na realidade. Libby colocou os braços ao redor do seu pescoço e se apoiou contra ele, movendo os lábios por sua garganta e seu queixo. -Sou empática, Ty. -Graças a Deus, porque te juro que quero que sinta o que há em meu interior. -Tem que dormir. Parece que nunca dorme. -Isso é porque tem a boca mais formosa do mundo. -Pode ser que sim, mas vou assegurar-me que coma e durma corretamente, Ty, mesmo que esteja trabalhando. -Sabia que se dormiu às oito horas noturnas recomendadas, então o ano passado dormiu duas mil e novecentas horas? Libby lhe fez uma careta quando deslizou sobre a cama e aplaudiu o lençol a seu lado. -Se deite. Tyson o fez, virando-a entre seus braços. Sua mente corria a toda velocidade, primeiro pensando nela, no que significava para ele, quanto tinha trocado sua vida, quando o tinha trocado a ele. Dali passou a como sua família lhe tinha aceitado como estava aprendendo a rir e fazer brincadeiras. Nunca poderia ser muito social, mas teria seus momentos e certamente sempre desfrutaria das brincadeiras entre Libby e suas irmãs, especialmente se ele estava incluído. Pensou em como Libby brincava, suas conversações que seriam estranhas para qualquer outro, para ela eram um parte importante dele. Os dados curiosos resultavam sempre interessantes para ele. Feitos e ciência. Ela inclusive tinha arrumado para converter a um peixe palhaço e uma anêmona em uma fascinante e divertida discussão. Ergueu-se abruptamente, ficando com o olhar fixo em sua face. Suas pestanas eram duas espessas meias-luas e sua respiração era profunda, mas sorriu e fechou os dedos ao redor de sua mão. Inclusive com sua beleza, com a visão de seu corpo, não podia deter sua mente que corria a cem quilômetros por hora. Tinha algo. Estava seguro disso. -O que está fazendo? -Perguntou Libby, com voz adormecida. -Só te observando enquanto penso. Ela abriu seus olhos ante a nota distraída e quase regozijada de sua voz. -Te ocorreu algo. -Não completamente, mas os dados que preciso estão aí, abrindo caminho para mim. Durma pequena. - Jogou-lhe os cabelos para trás e se inclinou para beijá-la. -Vou pensar atentamente nisto e logo tratar de terminar um trabalhinho. -Como? - Tocou-lhe o dorso da mão com as pontas dos dedos. -A explosão não destruiu tudo?


-Tenho cópia de segurança de tudo. Tenho vários computadores no BioLab e envio tudo ali também. Nunca sei onde vou estar assim me asseguro de poder acessar tudo em qualquer parte no caso de ter um momento de inspiração. -Assim seu trabalho não foi destruído? -Um lento sorriso apareceu em sua face. -Realmente é um gênio, não é? -E consciencioso. Não corro riscos com meu trabalho ou minha mulher. -Tem que ir ao BioLab para ter acesso? -Antes de nada, comecei a instalar um laboratório aqui. Só tenho um computador no momento, mas posso conseguir tudo o que necessito com ele. -O que considerou agora que é tão diferente ao anterior? -Algo sobre o que estávamos brincando antes. Uma relação simbiótica. O peixe palhaço e a anêmona têm uma, mas também muitas outras coisas têm essa relação, incluindo as plantas. Algumas plantas são perigosas e venenosas, algo assim como a anêmona, mas frequentemente crescem perto delas uma planta ou um cogumelo que pode prover o antídoto para o veneno. A relação se esclareceu imediatamente. -Utilizou uma planta para seu trabalho original, verdade? Ele assentiu. -Assim é como a droga obteve parte de seu nome. Usei Ibenkiki Cyperus do bosque pluvial do leste do Peru. A medula do assunto, Libby, é "quando algo não funciona volta para o princípio". -À planta Ibenkiki Cyperus? -Do bosque pluvial. -Realmente precisa dormir Ty. -Não enquanto estou trabalhando. Quando averiguar isto, cairei e dormirei durante um par de dias. -Inclinou-se para beijá-la outra vez. -Ficarei aqui até que durma. Não servia de nada discutir com ele. Podia entendeu como estava Sam tão frustrado tratando de cuidar de Ty, mas sentia a necessidade dele de trabalhar. Sua mente se negava a lhe deixar escapar, negava-se a lhe permitir relaxar-se. Seu cérebro funcionava muito rápido, saltando e lhe empurrando a continuar. Não haveria descanso para Tyson até que solucionasse a adivinhação. Se aceitava Tyson, teria que aceitar tudo dele. E sua mente brilhante era a parte maior. Era o que lhe conduzia e sempre o faria. Libby lhe tocou a face e se virou de lado, encolhendo-se sob os lençóis, fechando seus olhos. No último que pensou antes de dormir era em quão afortunada era por lhe ter.


Capítulo 17 Libby despertou e viu que Ty não estava. Ficou estendida durante um momento olhando ao teto, sentindo-se inexplicavelmente feliz. Ele estava em algum lugar da casa e tinha alguma idéia do que estava fazendo, só teria que encontrar a habitação. Fosse o que fosse que tivesse estado trabalhando ontem à noite, obviamente tinha decidido que estava sobre o rastro correto. Envolvendo-se em um lençol percorreu a casa. A luz começava a filtrar-se através das janelas, tingindo as habitações de um suave cinza. Deveria lhe haver pedido um percurso pela casa antes, mas não tinham podido tirar as mãos de cima um do outro e depois tinham ido para o dormitório. Era um pouco horripilante andar pelo amplo vestíbulo e olhar às escondidas nos diversos quartos. Tyson lhe havia dito que a casa tinha cinco mil metros quadrados sem as garagens e se sentia um pouco perdida. Estava acostumada às casas grandes havendo-se criado na casa familiar dos Drake, mas esta casa parecia enorme sem suas irmãs enquanto caminhava pelo chão de madeira. As únicas duas habitações que ela sabia que tinham móveis eram a sala de estar e o dormitório principal. Fez uma pausa na grande cozinha olhando a seu redor. Como todas as habitações, era ampla, aberta e reluzente. Os ladrilhos pareciam mármore e recolhia as cores dos balcões. Era definitivamente sua casa sonhada e ainda tinha que beliscar-se para acreditar que não era tudo uma alucinação. -O que está fazendo acordada carinho? - Perguntou-lhe Tyson, chegando desde atrás. Rodeou-a com seus braços e a beijou na nuca. -Deveria estar dormindo como um tronco. Não te deixei esgotada? Fiz o que pode. Ela estendeu o braço para trás até encontrar seu pescoço, inclinando a cabeça para trás enquanto atraía a dele para baixo para permitir o luxo de um desses beijos largos e pecaminosamente eróticos. -Nunca me canso de você. Está levantado há horas, não é? -Depois que dormiu estive pensando em nossa conversa e quanto mais o fazia, mais me rondava esta idéia da que não me podia liberar. - Beijou-lhe a comissura da boca, formando redemoinhos com sua língua ao longo da linha dos lábios, riscou um rastro de beijos para baixo por sua garganta onde esfregou o nariz contra o pescoço durante um longo momento, simplesmente inalando seu perfume. -Como demônios faz para cheirar tão bem? -A que cheiro? -Pecado. Sexo. E pêssegos. Chuva. Excita-me. -Pressionou seu corpo contra o dela de forma que pudesse sentir sua dura ereção. -Eu despertei excitada. Soube ao momento que você tinha ido porque te teria ocorrido algo brilhante. Tenho que dizer que isso é absolutamente excitante. Ele a subiu ao balcão da cozinha, lhe abrindo os joelhos de forma que pudesse lhe envolver as pernas ao redor. -Assim que lhe põem os homens inteligentes? -Comprova-o por você mesmo. -Convidou-lhe, deixando cair o lençol. Ele deslizou os dedos sobre o suave montículo, uma lenta exploração, mergulhando-se profundamente no calor úmido para encontrá-la escorregadia e pronta para ele. -Percebo o que fazem com você os homens inteligentes. -Com certeza. Ele abaixou a cabeça para deslizar a língua sobre seus lábios ao descoberto, saboreandoa, saboreando o fato que lhe desejasse tanto como ele a ela. Empurrou contra seu clitóris, atormentando até que ela esticou os músculos e gemeu brandamente, afundando os dedos em seus ombros. Endireitou-se e a agarrou pelos quadris.


-Vou manter você separada do BioLab, onde todos os homens são inteligentes, mas pode te deixar cair por meu laboratório privado. Desse modo, quando estiver excitada pode se despir para mim. Ela deslizou os braços ao redor do pescoço dele e colocou as pernas ao redor de sua cintura, deslizando-se para frente até que pôde sentir a cabeça de sua ereção pressionando firmemente contra ela, exigindo a entrada. -Despirei-me só para você cada vez que esteja excitada. - Confessou, fechando os olhos quando sentiu que ele a invadia, abrindo-se caminho entre as suaves dobras apertadas para sepultar-se profundamente. -Ainda assim não vou permitir que você se aproxime do BioLab. -Não é o mais inteligente ali?- Levantou-se, iniciando uma lenta e sensual cavalgada, com a cabeça para trás e uma transparente excitação em sua face. -Demônios, sim. -Respondeu ele, bebendo dela. Nunca se cansaria de vê-la assim, absorta no sexo, absorta nele, com esse olhar extasiado na face. -Bom, então, não tem porque preocupar-se. Vou atrás do homem mais inteligente. - Abriu os olhos e lhe sorriu, apertando os braços ao redor de seu pescoço. -Tolo. Te amo. Não me importa quão inteligentes possam ser outros homens. As mãos dele se cravaram em seus quadris enquanto empurrava com força. Quebras de onda de prazer lhe banharam. -Deveria ter ido atrás de você a primeira vez que me dei conta que adorava te observar. -É um pouco lento, Ty, mas te perdôo. -Lento? - Empurrou mais duramente, mais profundamente, aumentando o ritmo até que ela ficou sem fôlego e aferrando-se a ele. -Eu não acredito que seja. - Ofegou cada palavra. Ela apoiou a cabeça em seu ombro, inalando seu perfume, sentindo-se rodeada por seu corpo, por seu amor. Cada golpe duro de seu corpo lhe conduzia mais profundamente nela. Podia sentir cada sensível terminação nervosa ondeando de prazer. Estava grosso, conduzindo-se através de suas apertadas dobras, estimulando nós de nervos que não sabia que existiam fazendo que ofegasse em busca de ar com cada penetração. Seus dedos a aferravam, levantando-a para fazer baixar seu corpo sobre o dele enquanto empurrava com os quadris para cima e o ritmo se incrementava. Libby se moveu, apertando deliberadamente os músculos, usando seu corpo como se dançasse tentadoramente sobre uma barra. Quanto mais irregular se voltava a respiração dele, mais respondia ela espremendo e lhe ordenhando com seus apertados músculos internos. O orgasmo os varreu, agarrando-os por surpresa com sua intensidade. Aferraram-se um ao outro, tentando tranqüilizar seus corações e recuperar sua capacidade de respirar. Em lugar de permitir que as pernas dela caíssem naturalmente ao chão, apoiou suas costas sobre o balcão, beijando-a uma e outra vez. Ela perdeu-se em sua paixão, o corpo ainda lhe chispava de prazer, ondeando ao redor do dele com fortes descarregas. -Estou segura que este não é o lugar para isso. -Particularizou ela quando pôde voltar a falar. -Não o utilizaremos para nada mais. -Disse ele, tratando de alcançar um cilindro de guardanapos de papel. -Acredito que este lugar é perfeito. -Perfeito ou não, prepararei a comida e você vai comer Ty. Assim você poderá me contar tudo sobre suas novas idéias sobre a medicação antes de desaparecer outra vez. Deixarei você só depois que tenha comido para que possa trabalhar quanto queira. -Acreditava que havia dito que não cozinhava. Ela deu um sorriso afetado. -Não disse que estaria bom. Só disse que terá que comê-lo. -Felizmente para mim, e talvez para nossa cozinha, esqueci-me de comprar comida. -Nada?


-Só o essencial. -E isso seria? -Perguntou Libby. Ele deu de ombros com um pequeno sorriso. -Café e guardanapos de papel. Sou um desastre. - Assinalou a cafeteira já cheia do líquido escuro e logo para suas coxas molhadas. -Está louco. Irei correndo até a próxima loja e conseguirei algo muito mais nutritivo e substancial. Ele se serviu de uma xícara de café. -Já tomei algo nutritivo e substancial. Você é suficiente para que subsista. Se quiser simplesmente se jogar sobre o balcão, farei o possível por te devorar. -Moveu as sobrancelhas sugestivamente. -Sabe - Disse ela casualmente. -estive pensando em escrever outro artigo para o "American Medical Journal". -De verdade? Sobre o que? -Orgasmos múltiplos masculinos. Você seria um fantástico objeto de estudo. Acredito que fazendo amor umas quantas vezes com você conectado em um eletro encefalograma… Interrompeu-se com um risonho gritinho de alarme quando ele deixou seu café e se equilibrou sobre ela. -Estava brincando. Era uma brincadeira! Ele envolveu o braço ao redor de seu pescoço e lhe revolveu os cabelos, abaixando a cabeça para beijá-la outra vez. -Se vista e deixa de me tentar. Pode me deixar na outra casa, assim os dois teremos carro. Preciso falar com Sam e fazer umas quantas chamadas telefônicas. Tenho coisas no laboratório que espero não se tenham danificado com a explosão. A maior parte do dano foi no lado esquerdo, destroçando tudo ali, mas se tiver sorte umas poucas coisas terão escapado. Podemos nos encontrar aqui mais tarde esta noite. Libby se deu conta que ele não tinha mencionado a comida outra vez. Obviamente estava ansioso por comprovar qual fosse a teoria que lhe tinha ocorrido. Esperou até que estiveram vestidos e no carro, na estrada para a casa Chapman, antes de lhe dizer. -Não me disse nada sobre a medicação. Ele passou a mão pelos cabelos, um hábito que tinha notado que tinha quando estava excitado ou agitado. -Acredito que Harry estava definitivamente bem encaminhado. Há uma boa probabilidade que esta medicação possa ser utilizada ao menos para evitar o crescimento das células cancerígenas... um pouco parecido à terapia hormonal para o câncer de mama. O problema é que o risco em adolescentes é muito elevado. -E crê que encontrou a resposta para o problema? -A depressão pode ser um desequilíbrio químico no cérebro, de acordo? Isso já sabemos. A serotonina ajuda enviando mensagens elétricas de uma célula do sistema nervoso a outra. Durante o processo a serotonina é liberada ou viaja de volta à célula original. A depressão pode ocorrer quando os níveis de serotonina estão desequilibrados. -Que é onde os antidepressivos funcionam. Ele levantou a mão. -Mas nem sempre ocorre o mesmo no cérebro de um adolescente e de um adulto, verdade? Há problemas inclusive com essas medicações. -Isso é certo. -Perto de onde cresce a planta Ibenkiki Cyperus no bosque pluvial peruano há um cogumelo chamado Balansia. Contém alcalóides e naturalmente infesta a planta Ibenkiki. Eu acreditava que a Balansia é a fonte das propriedades medicinais, mas Harry descartou meus descobrimentos e só utilizou partes do Ibenkiki sem a Balansia. Sua teoria é que o cogumelo se parece com um câncer invasor, infectando as células da planta. Libby franziu o cenho.


-Está falando dos alcalóides do fungo. Muitos dos alcalóides do fungo têm um efeito venenoso no sistema nervoso central. Pode ser muito, muito perigoso. Assim é como se criou o LSD. E tenho que te dizer que suspeito, junto com muitos outros, que é o que conduziu ao frenesi dos julgamentos das bruxas aqui na América em 1600. Os colonos comeram centeio envenenado, se alucinaram e fizeram o que fizeram. E antes que discuta comigo, sou muito consciente que a dopamina é um derivado e se utiliza para tratar a enfermidade de Parkinson e esse cogumelo do fungo é à base de muitas das medicações contra a enxaqueca. -Tudo leva a serotonina. Não o vê? Tem perfeito sentido. Sei que tenho razão, Libby. Sempre sinto quando estou no caminho certo e assim é agora. A medicação tem que conter certa quantidade da Balansia. Temos que determinar que quantidade. A química do cérebro, particularmente do cérebro de um adolescente, segue sendo um campo essencial para a investigação. Ela entrou no caminho de acesso da casa dele. -Boa sorte, Ty. Se não te encontrar em casa esta noite, virei te buscar. -Estarei ali. Tenho umas coisas que fazer, mas na realidade não posso trabalhar aqui com semelhante desordem. Posso revolver um pouco e tentar salvar o que se possa. -Inclinou-se para beijá-la. -Comprarei alguns comestíveis esta tarde e sortirei a casa com alguns fornecimentos Prometeu Libby. Tyson saiu do carro, sua mente já repassava as possibilidades. Havia muito que fazer. Primeiro e por cima de tudo, ia chamar Edward Martinelli e lhe fazer saber o potencial de arrumar qualquer problema com a medicação. Sam estava jogado no sofá, sustentando um pacote de gelo sobre seu rosto quando Tyson entrou. Colocou o pacote debaixo do travesseiro e se arrumou para forçar uma pálida careta. -Não te esperava. Tomei-me um par de dias livres do trabalho. Acredito que uns olhos roxos, um nariz quebrado e umas costelas machucadas eram um pouco demais. Duvido que tivesse servido para algo. Tyson lutou por trocar de pensamento, tentando pensar em detalhes cotidianos em lugar de permitir que sua mente, que já ia à carreira, ignorasse as necessidades de seu primo. -Comeu? Posso fazer algo de comer ou te trazer algo para beber. -Ofereceu-se. A boca de Sam abriu de par em par. -O que? -Só me preocupei porque possivelmente não tenha comido. -Insistiu Tyson, sentindo-se um pouco parvo. -Posso te preparar algo. -Como o que? -Desafiou-lhe Sam. Tyson deu de ombros. -Ovos com curry. -Curry? -Repetiu Sam fracamente. -A cúrcuma é o pigmento amarelo utilizado na especiaria do curry e atualmente está sendo investigada por seu potencial na prevenção da enfermidade de Alzheimer. A cúrcuma parece bloquear e romper as plaquetas cerebrais que causam a enfermidade. Sam lhe olhou fixamente durante um longo momento. -Está me dando dor de cabeça, Ty. Não quero ovos com ou sem curry. Vou tomar um par de calmantes e passar o dia dormindo. Tyson assentiu e saiu do quarto. -Onde esteve ontem à noite? Não chamou e estava preocupado. Sabia que ia falar com Ed. -Sinto muito. - Tyson esfregou a ponta do nariz. -Ed disse que nunca enviou esses homens atrás de você. Pergunto-me se Harry teve algo a ver com isso. E ontem pedi a Libby que se casasse comigo. Fez-se um silêncio sepulcral. O relógio tiquetaqueou ruidosamente. Sam se sentou erguido, retorcendo os dedos com força antes de levantar o olhar.


-Está seguro que isso é o que quer Ty? -Soube-o sempre. Comprei uma casa perto. As coisas não mudarão muito, Sam. Estou aqui só três meses ao ano mesmo. Sam suspirou. -Se estiver realmente seguro não há muito que eu possa dizer. Espero que seja feliz com ela. De verdade. -Sua face brilhava um pouco, embora seu sorriso fosse ainda tenso. -Pelo menos poderei assistir às reuniões familiares das Drake. É algo que espero com ilusão. Os caras da estação de bombeiros vão estar ciumentos. -Ficou em pé e abriu passo até as escadas que conduziam aos dormitórios. -Que vai fazer hoje? -Tenho uma idéia do que pode estar causando problemas com esta medicação. Tenho que resgatar parte do meu equipamento se for possível, assim provavelmente estarei entrando e saindo toda a tarde levando coisas à outra casa onde poderei trabalhar. -Não se preocupe, não ouvirei nada uma vez que tome essas pílulas. Só as usei uma vez e me desconectei do mundo. - Dirigiu-se escada acima e fez uma pausa outra vez. -Ty?- Esperou até que Tyson deu a volta. -Me alegro por você. Se Libby Drake te fizer feliz, então estou totalmente a seu favor. Tyson ficou ali em pé, sentindo-se um pouco envergonhado, tentando ocultar o fluxo de emoção que a aceitação de Sam lhe tinha proporcionado. Lançou um amplo sorriso esperando que este comunicasse ao menos uma décima parte do que sentia. -Obrigado, Sam. Tyson chamou Edward Martinelli para que lhe desse o visto para que pusesse usar sua equipe para estudar as propriedades curativas do cogumelo Balansia. Explicou rapidamente seu raciocínio e que queria que sua equipe estudasse o cérebro adolescente, centrando outro estudo na atividade de um receptor de serotonina e levar a cabo provas analíticas também. Sentiu-se bastante orgulhoso de si mesmo por lembrar-se de perguntar como se encontrava a família de Martinelli e não se surpreendeu ao ouvir que Libby tinha tido razão. Eva e Robbie estavam em tratamento pela enfermidade do Chagas. Tinha que pôr em marcha aos membros de sua equipe, nenhum dos quais se alegrou que suas férias tivessem sido cortadas abruptamente, mas a maior parte deles aceitou retornar ao laboratório e trabalhar. Tyson passou o resto da tarde e parte da noite repassando rapidamente a ruína de seu laboratório e carregando a caminhonete de Sam para levar as coisas até a nova casa. Levou-lhe mais tempo que pensava descarregar na casa e uma vez que o fez pôde ver que sentia falta de Libby. Havia toalhas penduradas no banheiro e comida na despensa e na geladeira. Olhando seu relógio, compreendeu que tinha tempo para uma viagem mais se fosse depressa. Quando retornou a casa Chapman, pôde ver Harry passeando daqui para lá no alpendre dianteiro. Pela primeira vez Tyson tinha lembrado de fechar a porta principal e agradeceu que Sam estivesse dormindo inconsciente acima em seu quarto. Tyson se sentou na caminhonete, com as chaves na mão, debatendo se queria arriscar-se a outra desagradável discussão com Harry. -Sai dessa maldita caminhonete, covarde. - Harry desceu de um salto do alpendre, ignorando os três degraus. -Roubou meu projeto sob meus narizes. -Já te chamou o diretor? - Perguntou Tyson enquanto descia da caminhonete e fechava a porta de repente. -Sabia que ia ocorrer se não estudasse o problema, Harry. Em lugar de passar todo seu tempo em Sea Heaven, deveria ter voltado para o laboratório e ter tentado resolver os problemas da medicação. Soube quando se completaram as primeiras provas que havia sinais de advertência e em lugar de corrigi-los, seguiu com a segunda fase de provas. Não só pôs em perigo vidas, mas se estava interessado em pôr a medicação no mercado, arriscou isso também. Harry fechou os punhos e fulminou Tyson com o olhar. -Venho do BioLab. Martinelli ampara você cada vez que se descontrola. Tudo o que tem que fazer é lhe chamar e ele chama o diretor e o resto de nós tem que se inclinar ante você. Crê


que ele te protege, mas não pode segurar sua mão fora do laboratório. Acabarei com você, Derrick. -Está ameaçando me matar? -Não sou tão estúpido para ameaçar você de morte. Correria para seu amigo, o xerife, como um coelho assustado. Se quero você morto? Demônios, sim! Isso me alegraria o dia. Faria minha vida completa e seria um alívio para todo mundo. Acredite, estaria eufórico e também o resto dos que trabalham para o BioLab. Mas antes que morra, quero que perca tudo o que importa a você. Sua reputação de Deus. Sua noiva. Seu dinheiro. Sua casa. Tudo. -Saia daqui, Harry. Não tome atalhos e não terá os problemas com os que sempre se encontra. Harry deu um passo ameaçador para frente. -Não me dê nenhum conselho. A única razão que um inapto anti-social total como você tenha um emprego é porque é o mexeriqueiro de Martinelli. Tyson deu de ombros. -Não posso ajudar você, Harry, porque não é o suficientemente preparado para ver que o faria. Trabalhou para três companhias diferentes antes de chegar ao BioLab e já conhecia sua reputação de negligente antes que fosse contratado. É uma comunidade pequena. Harry cuspiu sobre a grama. -Isto não terminou. Colocou-se contra o homem equivocado. -Harry, é simplesmente desprezível, mas está em boa companhia. Cobras, camelos e lhamas cospem. Há um bom número de animais que expressam sua cólera desse modo. Harry lhe fez gestos grosseiros com o dedo e partiu. Tyson sacudiu a cabeça e voltou a entrar na casa. Harry certamente era capaz de deixar feita migalhas a jaqueta de Libby e vender as fotografias à revista. Inclusive poderia arrumar uma explosão no laboratório, mas Tyson não acreditava que tivesse cérebro suficiente para arrumar um acidente no helicóptero de resgate. Fez uma pausa enquanto baixava as escadas. Talvez o arnês simplesmente tivesse estado defeituoso. Sua queda podia ter sido realmente um acidente. Harry certamente pôde ter estado atrás de todo o resto que tinha ocorrido. Tyson tinha acreditado que Harry Jenkins era um bioquímico pouco inteligente e inepto, mas não o era. O homem era capaz de trabalhar bem, só que não tinha a paciência necessária para investigar. O fazia isso incapaz de planejar um assassinato? Seu cérebro refletiu sobre as porcentagens enquanto atravessava a desordem no laboratório. Libby recolheu os cabelos em um rabo-de-cavalo. Raramente se penteava assim porque a fazia parecer muito jovem, mas queria trabalhar um pouco no jardim. As Drake cultivavam ervas e flores em abundância e planejava fazer o mesmo quando se mudasse com Tyson à casa nova. Mais que isso, queria sentir a terra outra vez. Tinha passado muito tempo pensando em Tyson e nenhum concentrando-se em qualquer dos problemas que lhes poderiam apresentar. Precisava esclarecer sua mente. -Vai sair? -Perguntou-lhe Elle. -Está escurecendo. -Agora mesmo. -Respondeu Libby. -Preciso sentir a terra em minhas mãos só para me conectar com ela. Estive flutuando pelo ar todo o dia, sonhado em lugar de terminar algo. Faz-me sentir um pouco parva estar tão sentimental, mas não posso evitá-lo. -Vai deslumbrar alguém com essa pedra em seu dedo - Brincou Elle, oferecendo a Libby um par de luvas. -Cobre-o! Libby sustentou o anel em alto para permitir que os últimos raios iluminassem a pedra. -É tão formoso. Ty faz as coisas mais inesperadas. Esquece de tudo e de todo mundo enquanto trabalha, mas quando presta atenção, concentra-se completamente. Adoro isso e me faz sentir incrivelmente especial.


-Isso porque você é especial. -Elle colocou um segundo par de luvas. -Me alegro que tenha encontrado Tyson e que te ame tanto. Sinto-o quando estou perto de ambos. -Recolheu o pequeno cubo de ferramentas. -Nunca vi um anel tão formoso. -Ele é uma grande surpresa, Elle. -Libby colocou as luvas e seguiu sua irmã até o pátio onde estavam as flores. -Nunca acreditei que pudesse ser tão feliz, inclusive com tudo o que está passando. Entretanto estou preocupada com ele. - Olhou a seu redor e baixou a voz a um sussurro conspirador. -Tenho um sentimento realmente mau que não posso me tirar de cima. -O que acontece, Lib? Libby suspirou enquanto arrancava um par de ervas daninhas da terra. -Sinto-me desleal em pensá-lo, e muito mais por dizê-lo em voz alta. -Aqui só estamos nós duas. -Eu não gosto de Sam e não acredito que vá gostar. Não é só o fato que obviamente me despreza, posso viver com isso. A Sarah não gostava muito de Tyson tampouco, embora agora o esteja tentando seriamente, mas Sam rebaixa Ty com pequenas coisas. -Faz isso? Libby assentiu. -Provavelmente esteve fazendo isso toda sua vida. Sam era popular na escola e ainda é. Está acostumado a ser o centro das atenções e Ty provavelmente é uma carga. A mãe de Sam o fazia carregar Ty todo o tempo e como todos os meninos provavelmente se divertia à custa de seu primo as suas costas. Mas não acredito que o tenha deixado nunca. Mostra uma presunçosa superioridade às vezes, como se Ty estivesse desligado e ninguém pudesse amar realmente Tyson exceto por seu dinheiro. Honestamente acredito que ele crê seriamente nisso e isso me zanga. De fato disse isso a Ty. -Acredita que Sam não gosta genuinamente de Ty? -Está claro que gosta. Cuida dele, inclusive leva comida que Ty parece não comer nunca, mas tem uma atitude muito superior e isso me incomoda. -Sempre foi empática e sensível Libby. Odiava na escola quando um menino chateava ou intimidava a outro, mas muitos meninos... e adultos... são competitivos por natureza. Precisam sentir-se superiores de algum modo. Você não entende esse tipo de comportamento e nunca o fará. - Elle atirou vários montões de ervas daninhas sobre o crescente monte. -Deveríamos ter começado antes, está escurecendo muito para ver, embora haja lua cheia esta noite e isso ajudará. -Sei justo por isso queria estar aqui fora com as plantas durante uns poucos minutos. Pensava que me sentiria em paz outra vez. Elle estendeu a mão para ela. -Libby, Sam é a única família de Tyson. -Sei. Sei. Por isso me sinto tão culpada. Quero gostar dele, seriamente, e o tentei. É só que não acredito que ele seja realmente o que aparenta acima de tudo. Não é simpático e tolerante. – Esfregou o rosto e o manchou de terra. - Deveria ter suposto que não o seria. Ty tampouco o é. O temperamento deve reger na família. -Tyson tem gênio? -Um bem grande. Especialmente se alguém não é muito simpático comigo. E Sam o tem também. Um dia se zangou tanto comigo que me sacudiu. Elle levantou o olhar agudamente, nuvens de tormenta se acumulavam em seus olhos. -Sacudiu você fisicamente? O muito bastardo. Não é estranho que você não goste dele. Deveria haver dito isso. Teria feito uma visita a ele. Libby estalou em gargalhadas. -Falando de gênio. Não tem que lhe fazer uma vista, Elle. Tyson já lhe fez bastante dano. -De verdade? -Perguntou Elle curiosamente. -O que fez? -Golpeou-lhe duas vezes e lhe rompeu o nariz. Foi horrível. -Libby abaixou a cabeça. -E me envergonha dizer que eu não queria curar Sam ao princípio.


-Envergonhada? Quando ele te tinha sacudido? -Depois se arrependeu. Desculpou-se comigo e com Ty. Vamos, Elle. É certo que Jonas ou inclusive Jackson são capazes de sacudir a alguma de nós. Elle soprou. -Não quero pensar o que poderia fazer Jonas, mas as reações de Jackson são absolutamente primitivas. Não se preocupa em pensar como um homem moderno e estou segura que se golpeia o peito de forma regular. -Sorriu alentadoramente a sua irmã-. Não se preocupe. Encontrará a forma de aceitar Sam, Libby. Você é assim. Tem uma natureza compassiva e provavelmente é muito protetora com Ty. É protetora com todas nós. -Talvez. Assim espero. Não é que deteste Sam ou algo assim. -Apressou-se a explicar Libby. -Estou segura que não foi fácil crescer com um menino gênio vários anos mais jovem, mas sempre em séries mais avançadas que você. Ty inclusive admite que fez Sam passar muita vergonha. Já sabe o ego que têm os meninos. Elle sorriu a sua irmã. -Estou segura que não demorará muito em ser protetora com Sam também. E sabe que virá a todas as reuniões familiares com Ty, assim lhe ajudaremos a lhe adoçar. Joley sempre adoça aos homens. Babam por ela. Libby se sobressaltou. -Disse algumas bobagens sobre Joley. Talvez isso tenha me desgostado ainda mais. No fundo sinto… - Repensou o que ia dizer. -Suponho que aversão é uma palavra muito forte. Tenho sentimentos desagradáveis. Definitivamente quer deitar-se com Joley e gabar-se disso ante seus companheiros bombeiros. -Não pode se zangar muito com ele por isso. Metade dos homens do mundo querem deitarse com ela. Goteja sexo. Não pode remediar. É simplesmente sua forma de ser. Caminha por uma rua e detém o tráfego. -Não gosta disso, não é? -Perguntou Libby astutamente. Elle deu de ombros. -Não, mas o aceita. Todas temos coisas que não gostamos, mas vivemos com elas. Joley não é o que aparenta ante o público, já sabe. Sua imagem pública é só isso, uma imagem que vende sua música. Está fazendo a ronda pelos programas de entrevistas noturnas para rir de si mesmo por sua última explosão. Não diz se as fotos são dela ou não, mas isso lhe dará mais publicidade e converterá algo mau em algo positivo. Sabe o que faz. -Não sei como suporta todas essas mentiras que contam sobre ela. - Libby sacudiu a cabeça. -Estou molesta por ela, mais do que ela parece estar. A porta se abriu ruidosamente e Kate fez gestos para atrair sua atenção. -Libby, tem uma mensagem telefônica confusa. Algo sobre você, Irene e Drew se encontrarem com Tyson na casa Chapman. Libby tirou as luvas. -Era Ty? Kate deu de ombros. -Não sei, mas assumo que sim. Disse-lhe que repetisse o que havia dito, mas desligou. Elle e Libby intercambiaram um longo olhar e riram. -Isso soa a Ty. -Disseram simultaneamente e isso as fez rir de novo. Libby ficou em pé e tirou o pó das calças jeans. -Espero que Irene não tenha mudado de idéia. Esta manhã, Tyson estava muito excitado. Estava absolutamente seguro que averiguaria por que a medicação não funciona bem com os adolescentes e está mais que preparado para experimentar e redigir um relatório para o BioLab. -Espero que encontre o que está procurando. -Disse Kate. -Se fizer isso ajudaria Drew, não é? -Precisará fazer um montão de provas antes de confiar que a medicação chegue ao público em geral, especialmente aos adolescentes, mas parecia muito excitado, quase como um menino


com sua primeira bicicleta. -Libby se apoiou contra a porta. - Lembro desse olhar em sua face às vezes na escola. De repente lhe ocorria algo e estava tão ansioso por prová-lo que não podia refrear-se. E sempre estava no rastro correto. De repente Elle se estendeu para abraçá-la. -Me alegro muito por você, Libby. Sempre terá isto sabe sua habilidade para compartilhar a excitação de seus descobrimentos. E ele sempre tentará averiguar como se faz magia. -Sou feliz. -Admitiu Libby. -Quem teria pensado que Tyson Derrick me poderia fazer sentir assim? - Olhou seu relógio. -Está tarde. Melhor ver o que está fazendo. Não dormiu nada ontem. Uma vez decidido que estava sobre o rastro correto ficou a trabalhar. - Atirou suas luvas no cubo de ferramentas e se apressou a entrar na casa para procurar as chaves do seu carro. Não tinha visto Tyson durante todo o dia e estava ansiosa por estar com ele. Poderia ser algo perigoso pensar tanto nele, mas não lhe importava. Correu para o Porsche e deslizou atrás do volante, sorrindo ao pensar em como Tyson agarrava sempre as chaves. Afeiçoou-se muito ao seu Porsche e definitivamente gostava de conduzir rápido. Cada vez que ele ia atrás do volante, aumentava a velocidade só um pouco mais. A próxima vez resolveu que lhe tiraria as chaves do carro até que resistisse a tentação de acelerar. Virou quando chegou à estreita estrada que ziguezagueava escalando a montanha e enquanto o fazia uma sombra deslizou através da lua. No momento seu coração saltou e olhou pelo espelho retrovisor. Um veículo estava detido na beira da estrada. Não o tinha visto porque suas luzes estavam apagadas e estava estacionado sob os grandes arbustos que cresciam com o passar do flanco da montanha. Outra vez, seu coração reagiu, começando a palpitar de autêntico medo. O carro ficou atrás dela a uma distância prudente, mas por alguma razão se sentia ameaçada. A apreensão não se arrastou simplesmente até ela, golpeou-a duramente. Sua boca ficou seca e sentiu como emanava o pânico. Libby aumentou sua velocidade. Seu carro era rápido e construído para tomar as curvas da estrada. E ela conhecia a estrada. Tinha crescido ali. O Porsche deveria ter deixado atrás ao outro carro facilmente, mas quando olhou pelo espelho retrovisor, ainda mantinha a distância exata atrás dela. Libby tratou de dizer-se que sua imaginação a estava enganando, mas não podia convencer-se. Considerou virar e voltar para a casa Drake, mas estava a só um par de quilômetros da casa Chapman e de Tyson. Voltou a olhar outra vez pelo espelho retrovisor e o coração lhe saltou à garganta. O carro se aproximava rapidamente para ela. Muito rapidamente. Lutou por reprimir o pânico e obrigou seu corpo congelado a funcionar. Tinha melhor carro. Não era a melhor condutora do mundo, mas deveria ser capaz de manobrar para evitar ao outro condutor até que chegasse à casa de Tyson. -Não fique congelada, não ceda ao pânico. - Cantarolou entre dentes enquanto deixava cair sua mão sobre a alavanca de marchas e pisava no acelerador. O carro atrás dela acelerou, conduzindo sem luzes, o pára-choque tentava golpeá-la duramente, mas justo quando conectou com seu carro, o Porsche deu um salto para frente, apartando-se. Ela sentiu o contato, sua cabeça disparou para trás, mas como estava acelerando, ele conseguiu somente golpeá-la ligeiramente. Aproximava-se uma curva fechada. Libby olhou pelo espelho e lhe escapou um pequeno gemido de medo. Estava grudado com ela. Estava metida na curva antes de poder piscar, os freios chiaram quando o Porsche agarrou a curva a três vezes a velocidade que normalmente teria conduzido. Suas mãos agarraram o volante, lançando o carro ao cascalho da beira da estrada. Gritou quando o Porsche se dirigiu com um pequeno escorregão diretamente para o lado da montanha. Pedras foram cuspidas no ar, golpeando os flancos e abaixo do carro. Libby se obrigou a não girar o volante, confiando na estabilidade do carro enquanto conduzia o Porsche de volta à estrada. Ele estava atrás dela, quase em cima, o carro maior e pesado se elevava como um demônio vingador.


De repente acendeu os faróis dianteiros, uma explosão disparada diretamente a seus olhos, cegando-a. -Está fazendo bem. - Recordou a si mesma. -Mantém o carro firme. -Justo quando as palavras escaparam, ele a acertou outra vez e ela apertou o pedal do acelerador. A casa Chapman estava muito perto, mas se pousava no topo de uma pequena colina perto do mar. O giro para entrar no caminho era fechado. Chegava a ele muito rápido. Muito rápido. Não se arriscaria a perder-lhe. Não tinha mais opção que frear e o carro grande estava atrás dela. Apertando os dentes, Libby girou o volante. Os aros gritaram e sentiu o impacto quando o carro grande a golpeou por trás. O Porsche riscou um giro, cruzando o caminho de acesso e passando por cima da grama. Libby lutou por controlá-lo. Seu carro golpeou a caminhonete de Sam, sacudindo-a forte enquanto se detinha bruscamente. Libby olhou ao redor com olhos exagerados, mas o carro grande tinha desaparecido já estrada abaixo. Ficou sentada um momento, tremendo tanto que temia que suas pernas não a suportassem. As lágrimas caíram por sua face e nublaram sua visão. Com mãos trementes tentou abrir a porta. Por sorte esta se abriu e saiu cambaleando-se.


Capítulo 18 Libby se obrigou a respirar. Limpou as lágrimas e olhou para a estrada pela segunda vez, esquadrinhando ansiosamente acima e abaixo. Nem sequer podia ouvir o motor de um carro. O coração lhe troava nos ouvidos. Não havia nenhum ruído absolutamente e deveria ter podido ouvir o motor. A ausência de som a incitou a entrar em ação. Correu para a porta principal da casa de Tyson, rezando que estivesse aberta. Abrindo-a de um puxão, Libby entrou cambaleando-se, recuperando-se antes de cair. A casa estava às escuras e parecia vazia. Fechou de repente a porta e jogou o ferrolho antes de entrar correndo na cozinha. -Ty! Sam! Há alguém em casa? Ty! Onde está? -Estava envergonhada dos crescentes gemidos. A porta do porão estava aberta e uma só luz brilhava no laboratório. -Estou aqui embaixo, neném. -Chamou-a Ty. Lágrimas frescas alagaram seus olhos e baixou correndo as escadas, fechando ruidosamente a porta atrás dela. Libby se precipitou aos braços de Tyson, quase o atirando ao chão. Tyson sujeitou seu tremente corpo muito perto dele. -O que acontece? -Alguém tentou me tirar da estrada. - Sua voz estava amortecida, sua face estava enterrada no peito dele. Aferrava sua camisa com ambas as mãos. - Recebi sua chamada para que viesse e me pus diretamente em marcha e ele saiu dos matagais atrás do meu carro... -Espera um momento, Libby. Mais devagar. Eu não te chamei. Acreditava que íamos encontrar-nos na outra casa. Libby se acalmou, girando o rosto para ele. -Recebi uma mensagem para que nos encontrássemos aqui. Algo sobre Irene e Drew. -Chamarei agora mesmo ao xerife. -Disse Tyson. -Se Harry estiver atrás disto, tem que ser detido. -Gesticulou para o telefone com uma garrafa de líquido incolor que acabava de agarrar de entre os escombros. -Trouxe o telefone se por acaso me ligasse. Era algo simples, mas até em meio de seus medos, Libby sentiu uma rajada de calidez por sua consideração. Provavelmente nunca antes lhe teria ocorrido recordar uma coisa tão singela. -O que é isto? -Perguntou ela, lhe tirando a garrafa. Tyson estendeu o braço procurando o telefone. -Estive tentando recolher tudo o que poderia necessitar para o outro laboratório. Tudo parece um desastre. Isso estava no chão perto de outros produtos químicos. Surpreende-me que a casa inteira não voasse com todos quão compostos tenho aqui embaixo. -Pôs o telefone sobre a mesa de trabalho. -Essa é uma garrafa de methoxyethanol. Estava me perguntado para que o tinha comprado. -Levantou o olhar para ela, com expressão séria. -O telefone está mudo, Libby. Maldito seja. Saiamos deste inferno. Sobre eles, ambos notaram rangidos provenientes da cozinha. Intercambiaram um largo olhar de conhecimento e medo. -Há outra forma de sair? -Perguntou Libby. -Tem que haver outra forma de sair. -Não se assuste - A voz de Tyson era sombria. Subiu as escadas, dirigindo-se deliberadamente para a luz. Pôs a mão sobre a porta e rapidamente a tirou. -Provocou fogo, Libby, e esta vez não acredito que nenhum aspersor vá apagar. Já posso ver as chamas na cozinha e a porta está quente.


-Está incendiando a casa sobre nós? Tyson baixou rapidamente as escadas para ela. -Me escute, neném. Tenho que tirar Sam. Está acima dormindo. Tomou comprimidos para dormir e esteve nocauteado todo o dia. Vai ter que ir procurar ajuda. Ela enredou os dedos em sua camisa e se aferrou a ele. -Deveríamos seguir juntos. Ele sacudiu a cabeça, retirando coisas de sua mesa até que encontrou uma pequena lanterna. -Sabe que não. -Levou-a até uma pequena porta e lhe ofereceu a lanterna. -Utilizávamos este túnel para chegar à praia quando éramos pequenos. Se correr pela praia um quarto de quilômetro, há um caminho que conduz à estrada. Há lua cheia, Libby, isso quer dizer que as marés são altas, assim tome cuidado, não se aproxime da primeira linha de rochas. Abriu a porta de um puxão e a empurrou ao interior do estreito túnel. -Vá. -Espera. -Libby sentiu o pânico fluindo. -O que vai fazer? Ao menos sai da casa por este caminho. -Não terei suficiente tempo de chegar ao Sam. Não se preocupe por mim. Sei o que estou fazendo. Às pressas, Lib. Chama os bombeiros e o xerife. Demônios traz todo mundo. -Beijou-a com força e a empurrou longe dele. Libby vacilou, mas ele tinha um ar de absoluta determinação. Virou-se e baixou correndo pelo escuro túnel, utilizando a lanterna para iluminar o caminho. O túnel estava úmido e mofado, principalmente recoberto com madeiras antigas que não pareciam muito seguras. Tinha que ser parte de uma velha rota de contrabandistas, parecida com a que descobriram sob o velho moinho que Kate tinha comprado fazia alguns meses. O túnel levava diretamente por volta do mar. Podia ouvir o oceano e sentir o frescor da noite na face. Quando baixou mais, o túnel se fez extremamente estreito, quando rodeou uma esquina se ampliou a uma pequena caverna. Vacilando, passou a luz sobre o chão. O coração lhe saltou à garganta e cravou os olhos nas grandes pisadas do chão. Eram frescas e estavam por toda parte. Virou-se para retornar, mas escutou o inconfundível som de uma forte respiração. Libby ficou congelada. A brisa ia à deriva para ela desde alguma parte do interior da câmara. O ambiente se sentia como o mar, salgado e fresco, estendendo um suave vento pelo túnel e depois retornando para rodeá-la, trazendo de volta uma fragrância que lhe era familiar. Conteve o fôlego, temerosa de mover-se ou de falar, inclusive de pensar. -Liiiiibbyyyy. -Os dedos gelados do medo desceram por sua coluna vertebral. Arrepiou seus cabelos da nuca. O coração lhe troava nos ouvidos tão forte que não estava segura se tinha escutado esse sussurro baixo. -Liiiiibbyyyy. - Seu nome soou uma segunda vez, uma larga e estranha nota baixa flutuando na brisa junto com essa fragrância. Libby pressionou uma mão contra a boca, temendo que pudesse escapar algum som enquanto tentava procurar em sua memória, identificar onde tinha cheirado essa colônia em particular. Sua mente parecia paralisada, embotada pelo crescente terror. O terror a mantinha paralisada, imobilizando-a no lugar enquanto lutava por pensar. Talvez simplesmente não quisesse sabê-lo. Talvez o conhecimento fosse muito terrível e não podia confrontá-lo. A idéia chegou arrastando-se inesperadamente quando o ligeiro vento tocou seu rosto. Porque sabia exatamente quem avançava pelo túnel espreitando-a. Provavelmente o tinha sabido sempre só que não tinha podido enfrentar-se com a verdade. -Tyson. -Murmurou seu nome, lamentando por ele quando o conhecimento a alagou. Por um momento a angústia por ele provocou uma rajada de raiva que a atravessou. Só o conhecimento mataria Tyson. Sua fúria lhe deu coragem. -Sam. Sei que está aí.


Houve um momento de silêncio. Uma voz imaterial chegou da escuridão. -Não podia deixá-lo em paz. Libby se virou para a caverna, ocultando a luz enquanto varria o interior. Não sabia se Sam estava atrás ou diante dela. Se tivesse sorte, poderia encontrar algum lugar onde esconder-se. Uma vez conhecesse sua localização, poderia passar junto a ele e conseguir ajuda. Tyson tinha ido, abrindo caminho através de uma casa em chamas tentando salvar ao mesmo homem que tanto tinha trabalhado para lhe matar. Divisou uma greta para o lado esquerdo da caverna. Era pequena e poderia caber. Libby rodeou uma abertura que havia no chão da caverna, quando a iluminou, caía diretamente a uma altura de cinco metros até uma superfície rochosa. Apagou a luz e deslizou pela greta, com o coração palpitando e a garganta em carne viva pelo medo. -Libby. Oh, Libby. Não quer brincar comigo? Vi como você gostava de brincar com Ty. Sua voz era arrepiante. Sam soava como se estivesse desfrutando brincando de gato e rato, desejando aumentar seu medo... e funcionava. Soava como se estivesse mais perto? Ouvia a destilação da água. Era isso sua respiração? Libby fechou os olhos, mas isso a aterrava mais e os abriu de repente, seu olhar percorreu a pequena câmara. Estava tão escuro. Muito escuro. Apertando os dedos ao redor da pequena lanterna, sua única arma se Sam a encontrasse, manteve-a perto de seu corpo, oculta em seu punho. -Tirei um montão de fotos suas Libby. -A voz flutuou para ela surgindo do frio e da escuridão. -De pé contra o vidro fazendo-se de puta por dinheiro. Libby pressionou a mão sobre a boca para evitar que lhe escapasse um soluço. Sua voz se estava voltando horripilante. Malvada. O ódio gotejava dele, distorcendo seu tom enquanto se mofava dela. -Não é mais que uma pequena prostituta. Com certeza te excita saber que eu estava olhando. Deve fazer muito bem para que queira casar-se com você. Nunca o teria adivinhado. Sua voz soava definitivamente mais perto. Havia um leve eco na câmara. Significava isso que ele estava de pé próximo da entrada? Vinha por trás, ou por diante dela? Não podia ficar congelada. Tinha que pensar, não ceder ao pânico. Queria chamar aos gritos Tyson. A suas irmãs. Queria que Sam se fosse. Não podia lhe responder. Tinha que manter-se em silêncio ou revelaria sua posição. Sem prévio aviso uma imagem brotou vividamente em sua mente. Tyson batalhando contra o fogo em uma casa ardendo, chama a seu redor, por cima e por debaixo, estendendo-se a grande velocidade pelas paredes e correndo pelo teto. As imagens eram tão dramáticas que soube que estava compartilhando sua mente com Elle. Aferrou-se a sua irmã, mantendo a conexão firmemente, aterrada pelo Tyson, temendo por si mesma. Uma luz varreu de repente a câmara, passando por cima da greta e continuando em um círculo. Libby se tornou atrás até onde pôde, contendo um ofego audível, incapaz de apartar seu olhar petrificado de Sam. Não podia distinguir nenhum rasgo dele atrás da luz, mas parecia mais alto. Mais largo. Mais forte. Mais um monstro que um ser humano. Para seu horror, a luz riscou um segundo círculo, foi além de seu esconderijo, vacilou, e lentamente viajou para trás, para iluminá-la. -Aí está. Sabia que não podia ter ido muito longe. -Esta vez sua voz soava presunçosa. Muito mais parecido ao Sam. Libby lutou por sair da greta, levantando-se para lhe enfrentar, com o queixo elevado e olhar firme. Suas mãos tremiam, mas teve a presença de ânimo suficiente para conservar a pequena lanterna oculta, envolta a salvo em seu punho junto à perna. Tinha medo de falar, sabia que sua voz tremeria, e queria aparentar valentia. Ele riu dissimuladamente. -Parece um cervo apanhado pela luz. Seus olhos ocupam meia cara de quão assustada está. Como demônios pôde Ty apaixonar-se por uma ratinha como você?


Vá com o de aparentar valentia. Libby permaneceu silenciosa, tentando imaginar como poderia lhe rodear para voltar pelo túnel. -Suponho que Ty, sempre o herói, está acima tentando me salvar. -Suspirou Sam. -Tratei de lhe advertir. Tentei lhe manter a salvo. Queimar-se é uma endemoniada forma de morrer. Seu coração se contraiu dolorosamente. De repente Sam apagou a luz, deixando-a em absoluta escuridão. Ouviu o roce de um movimento e o alarme de sua irmã atravessou sua mente. Libby correu para frente, decidida a passar por ele. Era pequena, podia ser o ratinho que ele acreditava que era e escorrer-se. Sam a agarrou pelos cabelos, puxando para trás. Ela cambaleou, gritando de dor. Passou a agarrar seu pulso, arrastando-a para ele. Libby lhe golpeou com a parte detrás da lanterna tão forte como pôde no dorso da mão, retorceu o pulso e golpeou com o metal contra a maçã do seu rosto. Ele a soltou, amaldiçoando, movendo os punhos para ela enquanto se afastava tropeçando. Um murro a acertou no peito, atirando-a de costas. Não foi um golpe forte... só o suficiente para fazê-la perder o equilíbrio, obrigando-a a retroceder um par de passos. Golpeou o ar. Estendeu freneticamente ambos os braços, tentando encontrar algo que a salvasse. Caiu diretamente através do buraco do chão da caverna, para a superfície rochosa abaixo. Golpeou com força, escutou o rangido do osso de sua perna quando esta se partiu em dois. A dor fez que a respiração abandonasse seu corpo e arrancou um grito de sua garganta. Uma risada zombadora flutuou de cima e o som fez que se tranqüilizasse. Aspirou profundamente o ar fresco do oceano. Olhando a seu redor, pôde ver que havia um corte aberto na cara do escarpado pelo assalto contínuo da água. Estava tão só a uns centímetros de distância, embora bem pudesse ter estado a um quilômetro. Sua perna estava dobrada em um ângulo impossível e podia ver o osso atravessando sua pele. Tinha a pele úmida e pegajosa, reconheceu os sinais de choque. -Feriu-se, não é? - Mofou Sam. -Onde está seu herói agora? Onde estão suas irmãs com toda sua magia? Está completamente sozinha. Minha para te matar quando eu queira. Libby lutou por permanecer consciente, por manter a mente limpa. Sam era definitivamente um sociopata. Ela cruzou bastante em seu caminho e negando-se a deixar Tyson, tinha selado seu destino. Pobre Ty. Nunca compreenderia que o bom, velho e afável Sam, tão encantador e compassivo, convertia-se em alguém totalmente diferente quando se sentia frustrado. Estendeu a mão esquerda, encontrando uma porção elevada de rocha e agarrando-a, apertando os dentes com força foi arrastando-se para frente centímetro a centímetro. As partes de sua tíbia chocavam-se. O suor percorria seu corpo e por um momento, pequenas luzes brancas dançaram ante seus olhos. Respirou profundamente para evitar desmaiar. Ouvia Sam movendo-se por cima dela, um estranho roce que não pôde identificar. Virou a face para cima, para o buraco, esforçando-se por escutar... por ver. Definitivamente estava tramando algo. Pequenas pedras choveram sobre ela, apedrejando sua cabeça e ombros. Cobriuse com os braços, o movimento a sacudiu. Tinha que mover-se antes que ele encontrasse algo maior para atirar-lhe em cima. Procurou outro agarre com a mão e não encontrou nenhum, obrigou-se a arrastar seu corpo para a larga abertura na cara do escarpado. Corriam lágrimas por seu rosto e vomitou duas vezes. Se tivesse sido uma fratura normal em lugar de uma fratura aberta, poderia ter começado facilmente o processo de cura, mas tinha que voltar a unir ambos os lados do osso e sabia que a dor seria insuportável. Não podia fazê-lo e arriscar-se a desmaiar até que estivesse a salvo de Sam. Uma luz a iluminou. -Vejo sangue, Libby. Cortou-se? Vai sangrar lentamente até morrer? Libby descansou a cabeça sobre uma proeminente rocha, arrastando ar a seus pulmões, tratando de afastar a dor. -Com certeza desfrutava torturando animais.


-Eu nunca faria isso. Não a menos que fossem o suficientemente estúpidos para interpor-se em meu caminho. Libby se aproximou mais à abertura, afastando do atoleiro de luz que se derramava de cima. Cobriu a distância um centímetro por vez até que alcançou a borda do escarpado. Aproximadamente a dois metros abaixo dela estava o mar, as ondas se chocavam contra a rocha, salpicando água, sal e espuma à pequena caverna. As paredes eram perpendiculares em ambas as direções. Estava verdadeiramente apanhada com a água subindo rapidamente. Descansou, ignorando deliberadamente os sons que lhe chegavam de cima. Respirando entrecortadamente, olhou para a água e elevou as mãos para o céu, chamando o vento. Assombrou-a a força da resposta. Suas irmãs esperavam, todas elas; sentiu a conexão saltando de irmã a irmã. Uma grande rocha caiu com estrépito de cima. Sam passou o feixe de luz ao redor, tentando captar uma olhada dela, mas estava fora do alcance da luz. Ela observou com horror como caía uma corda através da abertura. O vento retornou a ela, uivando de cólera, chiando enquanto percorria rapidamente a caverna. Névoa e bruma entraram em torrentes nos pequenos limites da caverna, enchendo-a rapidamente, rodeando Libby, roçando sua face e corpo com pequenas gotas de água. Vozes femininas se elevaram sobre o vento, gritando, tecendo um feitiço de magia na névoa. A força e a determinação fluíram nela. Tomou um profundo fôlego, aferrando-se por um momento ao vínculo mental que a unia a Elle, e depois pôs ambas as mãos sobre o osso quebrado que se projetava através de sua pele, exercendo pressão e colocando-o de volta a seu lugar. Acreditou ter gritado. Escutou um grito, mas este se produziu na distância e não pôde identificar a voz como a sua ou a de alguma de suas irmãs. Vomitou outra vez, reduzindo os esforços por levantar-se enquanto soluçava e o suor empapava seu corpo. Uma vez quase desmaiou, só para ser despertada pelo implacável vento. Uma onda colidiu contra o escarpado enviando água gelada ao interior da caverna. Ficou sem fôlego quando a empapou. Tinha-o esquecido. A terra, o sol e a lua estavam alinhados. Havia lua cheia e a maré seria extremamente alta. Tinha que dar-se pressa. Outra vez elevou os braços para a abertura, enviando o vento de volta a suas irmãs, lhes comunicando a urgência de sua situação. O vento retornou, mais forte que nunca. A névoa e a bruma se incrementaram, elevando-se para enroscar-se ao redor da corda e subindo para a câmara superior. Sam amaldiçoou ruidosamente quando a visibilidade ficou reduzida a zero. Libby lhe ignorou, concentrando-se completamente em seu próprio corpo e abriu o poço de energia curadora que jazia profundamente em seu interior. Esquadrinhando para baixo, Sam viu uma incandescência em meio da névoa abaixo dele, mas não podia ver nada com uma névoa tão espessa. Não tinha mais tempo de brincar com sua presa. Ia ter que retornar e enfrentar toda a confusão. Condenado do inferno. Ty já estaria morto. Amaldiçoou outra vez e agarrou a corda. Teria que estrangular a cadela e lançar seu corpo no mar. Merecia mais, por lhe obrigar a fazer isto. Era culpa dela. Ty tinha começado a dizer panaquices, metendo-se em tudo e obrigando Sam a tomar conta do assunto. Ela tinha utilizado o sexo para obter o dinheiro de Ty, para financiar sua vida. Tyson tinha estado tão obcecado com ela, retornou a casa desta vez contando a Sam seu grande plano... como ia cortejar e casar com Libby Drake. Depois que o plano com o arnês de Ty não tivesse tido êxito, Sam se deu conta que era Libby quem tinha que desaparecer. Podia deixar viver Ty se o idiota se mantinha fora de seu caminho e deixava que as coisas acontecessem naturalmente. Sam tinha tratado de fazê-lo pelas boas, mas não, Libby simplesmente não se ia. Mão a mão, baixou a corda, a névoa em seus olhos quase lhe cegava. Isto não estava bem, era quase como se o vapor estivesse vivo e algo se movesse nas pequenas gotas de água. Uns


dedos lhe tinham acariciado a pele? Golpeou o ar ao seu redor. Ouvia vozes cochichando. Cochichando? A cadela tratava de lhe enganar. Isso era tudo. Seus pés tocaram a superfície rochosa. Escutou-a respirar, perto da abertura. Bem. Menos distancia para arrastar seu corpo fraco e lançá-lo ao oceano como comida de tubarões. Desejaria não haver-se desfeito de sua pistola, mas depois de disparar no Jonas Harrington, não se atreveu a conservá-la. Estava no fundo do mar junto com o arnês de segurança. Deveria haver lhe ocorrido trazer uma faca, mas a verdade era que queria sentir suas mãos lhe esmagando a garganta, vê-la ofegar seu último fôlego e olhá-la aos olhos. Ela era a causa de que tivesse matado a seu próprio primo. Maldita seja, podia ser que nunca superasse isso. Outra onda chocou através da câmara, o som foi um rugido mortífero. Água gelada empapou sua roupa, penetrando até sua pele. Estremeceu-se, aferrando a corda. A névoa e a bruma eram tão espessas que lhe custava respirar na pequena cova. Tossiu várias vezes, tentando esclarecer a garganta. Sam descobriu que estava relutante em soltar a corda embora a água retrocedesse ao redor de seus tornozelos, voltando para o mar. -Olá, Sam. -Libby lhe saudou brandamente. O vento levou a saudação como uma melodia, envolvendo o estreito lugar. Pareceu emitir um eco de maneira que escutou seu nome uma e outra vez. Sam sacudiu a cabeça. Acreditava que estaria acabada depois da entrada da água, mas agora soube que não. Sentia-se rodeado, como se muitos pares de olhos o vigiassem. A fúria começou a elevar-se e isso não era bom. Gostava de ter o controle total. Todo mundo, inclusive sua mãe, acreditava que Tyson era o preparado, o gênio da família, mas Sam era mais preparado ainda. Tyson lhe necessitava. Ty não podia ocupar-se de si mesmo e era facilmente manipulável. Sam o tinha estado dirigindo durante anos. Deu um passo para o oco na cara do escarpado e se deteve. Ali estava ela, a sua esquerda. Deu a volta, com as mãos elevadas, esperando um ataque. O vento soprou através da caverna e uma mulher riu brandamente diretamente atrás dele. Virou-se, sua fúria aumentava. A espessa névoa lhe mordeu a pele, pequenas espetadas que começaram a arder pelo sal da água. O vento começou a mover-se a uma velocidade feroz, puxando sua roupa, seus cabelos, lhe conduzindo para a cara do escarpado. Perguntou-se por que a névoa era tão espessa e não se movia. Flutuava contra o vento. Amaldiçoando, estendeu o braço para a corda. Libby podia afogar-se, pouco lhe importava. Ia deixá-la ali para que morresse. Se por algum milagre sobrevivesse, bom, estava apanhada e poderia voltar e rematá-la. Não podia encontrar a corda. Andou dando tropeções, lutando por reprimir o pânico, com os braços estendidos, esperando caminhar para ela. A câmara não era tão grande. Não havia nenhuma corda e nenhuma Libby. Embora os ruídos parecessem amortecer-se na névoa, quando ficou em pé muito quieto pôde diferenciar vários sons. O oceano estava aumentando sua fúria, as ondas se chocavam com força, cada uma mais alta que a anterior. Ouvia uma suave e ofegante respiração. Vozes femininas. A chamada de uma sereia que atraía a sua condenação. Sam permaneceu imóvel. Havia algo mais. Ruído de passos por cima deles, correndo. Uma voz gritando. Libby o ouviu também. Tinha que lhe advertir. Tyson tinha sobrevivido a casa em chamas e a estava procurando. Separou-se da parede mais afastada e correu para o centro da câmara, sem importar de ficar a si mesma em perigo. Não deixaria que Sam matasse Tyson. -Mantenha-se afastado, Ty! Saia daqui. Sam a agarrou por trás, deixando que sua voz lhe guiasse através da névoa picante. Cobriu-lhe a boca com a mão, pressionando com força, sujeitando-a. -Aqui embaixo, Ty. Libby caiu e não posso tirá-la. Está ferida e a maré sobe rapidamente. Libby mordeu sua mão com força, mas ele aguentou, negando-se a deixá-la que advertisse Tyson. Sam a colocou de joelhos, com uma mão apertada firmemente sobre a boca dela e a outra


apertada ao redor de sua cintura. Ela colocou o cotovelo no plexo solar dele, tentando estampar um punho contra sua virilha, mas ele se contorceu e o golpe caiu na coxa. Ele começou a caminhar para trás sobre os joelhos, levando-a com ele, arrastando-a através da névoa para o oco alargado do escarpado. O rugido da água os golpeou fortemente, esta vez estando joelho em terra, golpeou percorrendo a caverna, reverberando ruidosamente o suficiente para ferir os ouvidos de ambos. Como estavam perto do chão, a força lhes derrubou, caíram de barriga para baixo, com a água banhando suas cabeças e lhes fazendo rodar. Sam não a soltou, seus dedos se afundaram duramente no rosto dela. Tentava deixar que a água lhes aproximasse mais à entrada enquanto se retirava, deixando-os a ambos tremendo de frio. Libby se agarrou a algo que pudesse atrasar Sam, chutando e lutando a cada passo. Agora estava orientado, sabia exatamente por onde podia lançá-la ao turvo mar apesar da espessa névoa. -Libby? Ela renovou seus esforços por lutar. Tyson estava perto. Muito perto. Estava segura que tinha encontrado a corda. Fez tanto ruído como pôde, lutando contra a força de Sam. Ele a levantou diretamente do chão de maneira que seus pés ficaram suspensos no ar. Chutou para a parede de rocha, fazendo retroceder a ambos e que Sam caísse, ainda sujeitando-a firmemente a ele. Uma mão surgiu da névoa. Uns dedos se fecharam sobre o braço de Libby e puxaram com força. -Solta-a, filho da puta. Que demônios acredita que está fazendo?- O rosto de Tyson emergiu, manchado de negro, com a roupa coberta de fuligem e cheirando a fumaça. -Estou tentando lhe salvar a vida. -Exclamou Sam, empurrando Libby tão forte que esta se estrelou contra Tyson, fazendo que perdesse o equilíbrio e se cambaleasse para trás. Tyson fechou as mãos ao redor da cintura dela e a levou com ele, empurrando-a diretamente atrás de seu corpo maior no momento em que recuperou a estabilidade. -Compreendi muitas coisas enquanto atravessava correndo a casa para chegar a você, Sam. Libby e eu falamos de estar na casa que comprei faz um par de dias diante de você e não disse nenhuma palavra. Sabia da casa antes que lhe dissesse isso. -Sua voz estava quase rota. Tyson ainda não queria acreditar na verdade, nem sequer agora, quando estava lhe olhando à cara. Olhou seu primo. Sam. A única pessoa na vida que realmente lhe tinha querido. Quem lhe tinha importado realmente. A única pessoa com a que tinha crescido e com a que tinha podido contar... e sim, a que ele tinha correspondido. Não era só seu coração o que doía. Doía-lhe tudo. Sentia a garganta em carne viva e ardiam lágrimas atrás de seus olhos. Uma parte dele queria destroçar tudo ao seu redor, e outra chorar para sempre. -Mas o mais importante, encontrei methoxyethanol no laboratório. É um solvente, mas um que nunca utilizei. Eu não o comprei, Sam. E cheira como clorofórmio e alho, quão mesmo cheirei no helicóptero antes de descer pela corda. Só necessitaria uma meia hora para comer o tecido do arnês uma vez estivesse impregnado dele. Sam elevou a mão. -Não me fazia conta, Ty. Tratei de lhe dizer isso, mas sempre é tão endemoniadamente teimoso. Ty olhou por cima de seu ombro. -Libby, sobe pela corda. -Não sem você. Não me separarei uma segunda vez. Os rasgos dele se endureceram. -Sobe pela maldita corda já. Não temos muito tempo e temos que sair daqui. A próxima grande onda vai alagar esta caverna. Temos a água à cintura ou não o notou ninguém? Seus dentes já estão batendo e vai sofrer hipotermia. Ainda assim Libby vacilou, não querendo lhe deixar só com seu primo. Ele queria ao Sam. Não quereria acreditar nas coisas que Sam era capaz, inclusive com as provas ante seus olhos.


Queria ao Sam, seu único parente vivo, igual ela queria a suas irmãs. Seu coração se rompia por ele. -Tenho que te lançar para cima? -A voz de Ty era cortante como uma faca. Estava em algum lugar entre a fúria, a resignação e a angústia e não sabia quanto tempo poderia controlarse. Ela parecia pequena e quebrada. Ele se sentia quebrado. -Sam, como pôde fazê-lo? Foi esse tom magoado que fez Libby mover-se. Tyson estava destroçado. Absolutamente destroçado e pendente a um fio. Levantou os braços para enviar o vento a suas irmãs e com isso, a espessa névoa. -Sobe logo atrás de mim, Ty. -Implorou-lhe. Libby tomou a corda entre suas mãos e começou a empurrar seu corpo para o buraco do teto. Nunca tinha feito nada como isto em sua vida e compreendeu que seria quase impossível. Antes que pudesse dizer algo, sentiu a suas irmãs acumulando força. Energia. Sentiu-a explodir através de seus músculos e estirá-la, guiando seu corpo diretamente para o chão de rocha. Empurrou-se à segurança e se virou, estendendo-se sobre o estômago para olhar abaixo por volta dos dois homens. -Tyson, sai daí. A água está enchendo a câmara. Sam sacudiu a cabeça, dando um passo à esquerda, obrigando Tyson a lhe imitar -Não entendo como deixou que ela nos fizesse isso, Ty. Por que fez isso? Por que pensou que estaria bem colocá-la em nossas vidas? Em nosso mundo? -Discutiremos mais tarde, Sam. Temos que sair daqui. -Ela te envenenou contra mim. Isso é o que esteve fazendo todo este tempo. Vi-o, mas você não. Queria que deixasse de me ocupar das finanças. Começou a comprovar os cartões de crédito. Prestava atenção ao dinheiro em efetivo. Por que o faria se ela não te houvesse dito que eu pegava seu dinheiro? Era nosso dinheiro. Compartilhávamos, recorda? Quero saber por que a escutou. -Vamos, Sam. Saiamos daqui. - Tyson estendeu sua mão. Libby apertou os dentes para evitar lhe gritar que subisse simplesmente pela corda. Sam estava estagnado. Não estava arrependido. Estava pensando, elaborando planos. Sentia sua necessidade de ser melhor que todos os outros. Por que não podia sentir Tyson também? O mar rugia outra vez, a água entrava em torrentes com cada onda. -Por favor, Ty, por favor. -Sussurrou. Uma mão caiu sobre seu ombro e quase morreu de medo. Virou para encontrar Jackson agachando-se a seu lado. Ele colocou o dedo nos lábios e gesticulou para que se separasse de seu caminho. Estirou-se no chão da caverna, colocando sua pistola no chão de rocha ao alcance de sua mão enquanto observava aos dois homens abaixo e a maré crescente. As lágrimas lhe queimavam. É obvio que Elle enviaria Jackson. Suas irmãs sempre iam ao resgate. Sentou-se nas rochas e tentou ver ao redor do grande corpo de Jackson para onde Tyson estava retrocedendo para a corda. -Temos que sair agora, Sam. -Animou Tyson, sentindo-se um pouco desesperado. Não podia deixar seu primo. Tinha que encontrar uma forma de lhe trazer de volta. -Arrumaremos tudo isto lá em cima. A água formava redemoinhos ao redor da cintura de Sam, empurrando-o para frente. Sorriu e isso gelou Tyson até o tutano. -Não vou deixar que ela te tenha Ty. Isso não vai ocorrer. -Você escolhe então, Sam. -Tyson apanhou a corda e se elevou a si mesmo fora da água, esperando que o abandono forçasse Sam a entrar em ação. -Me siga ou fique e morra. Não sobreviverá no mar. A água está muito fria e encrespada. Sam cronometrou seu salto com a seguinte onda. Quando esta se chocou no interior da caverna, saltou sobre Ty, envolvendo seus braços ao redor das pernas do outro com intenção de arrastá-lo de volta à caverna. A água chegou com grande força, chocando-se contra eles, empurrando-os para a parte de trás da câmara.


Libby gritou e saltou para o buraco, tratando instintivamente de alcançar Tyson. Jackson já estava ali, sua mão apanhou o pulso de Ty, lhe sujeitando como um ferrolho enquanto a água gelada enchia a caverna até o teto, cobrindo completamente aos dois homens abaixo e salpicando através do oco, empapando a face e os ombros de Jackson. Libby podia ver a tensão em Jackson, seus músculos avultando-se, as veias se sobressaindo enquanto lutava contra a sucção da água que se retirava, tratando de levar aos homens com ela. Trocou de posição, cunhando seus ombros contra a abertura e estendendo sua outra mão para aferrar o antebraço de Tyson. Sam lutou por agarrar-se, tossindo e cuspindo água salgada quando a onda começou a retirar-se, a sucção lhe arrastava, tentando levar-lhe fora da câmara. Seu apertão sobre a perna de Tyson se afrouxou e caiu no vórtice causado pela água ao ser sugada fora da caverna. Rodou contra o chão rochoso enquanto lhe levava para o cavo comprido e estreito. Conseguiu agarrar-se a uma saliência da rocha evitando ser arrojado por volta do mar, chutou para chegar à superfície. Só sua cabeça estava sobre a água agora e a corrente na caverna era o suficientemente forte para lhe fazer chocar continuamente contra a parede de rocha. Tyson sentia Jackson esforçando-se por lhe tirar da água. Virou-se para tentar ver Sam. Os olhos de ambos se encontraram através da pequena extensão de água e soube que não podia lhe deixar ali para que se afogasse. Libby soube o momento que Tyson tomou a decisão de soltar Jackson e voltar por seu primo. Sentiu o ofego coletivo de suas irmãs e seu próprio corpo se esticou em negação. - Não! -Gritou Libby. -Jackson, não lhe solte. - Realmente arrojou seu corpo sobre o ajudante em um esforço por apanhar o braço de Tyson, seus dedos lhe roçaram a mão quando ele se soltava, deslizando-se longe dela. Jackson amaldiçoou um som amargurado e furioso. Libby explodiu em lágrimas, cobrindo o rosto com as mãos, mas incapaz de deixar de ver o drama que se desdobrava abaixo dela na câmara cheia de água. Espiou entre seus dedos para ver Tyson nadando com força para seu primo. Sabia que a água estava congelada. Ela ainda tremia violentamente pela exposição, mas Tyson chegou até Sam e tentou agarrar seu braço, lhe fazendo gestos de ir para a corda. Sam assentiu os dois lutaram contra a água juntos, utilizando pura força física contra o fluxo. Corriam contra o relógio. Quando chegasse a seguinte onda, ambos seriam golpeados contra as rochas, afogariam-se e seriam arrastados para o mar. A água girava na câmara, criando um grande redemoinho. Duas vezes os dois homens foram tragados para baixo até o chão rochoso, mas lutaram para voltar acima, ofegando em busca de ar, inclinando as cabeças para o teto para conseguir umas poucas aspirações. Sam fechou as mãos ao redor da corda e se estendeu para trás para arrastar Tyson também. Começou a subir rapidamente, com Tyson atrás dele. Seus pesos combinados ajudavam a impedir que fossem lançados de um lado a outro pela forte corrente e a ressaca. Quando se aproximaram do teto da caverna, ambos estavam fracos por lutar contra a água, pelo frio e pela pura energia que requeria subir a corda. Jackson agarrou Sam e arrastou seu corpo através da abertura, voltando para trás para lhe deixar espaço. Sam estava empapado, tremendo de frio, os dentes batiam, mal era capaz de mover-se. Rodou à direita para deixar espaço a Tyson. A cabeça de Tyson saiu à superfície e estendeu os braços procurando a borda da rocha em um intento por içar-se a si mesmo. Sam continuou rodando, apoiando-se em um joelho, com a pistola que Jackson tinha deixado a um lado em sua mão, o canhão apontando diretamente a Libby. Houve um momento... um batimento de coração em que ninguém se moveu. Libby viu a determinação absoluta nos olhos de Sam, o triunfo brutal. Atrás dele, Tyson tentava elevar seu corpo congelado fora da água, mas seus movimentos eram descoordenados e lentos. O dedo de Sam apertou lentamente o gatilho.


Jackson tirou uma segunda pistola da bota enquanto se lançava diante de Libby, chocandose contra seu corpo e jogando-a de lado. As duas explosões foram simultâneas, ensurdecedoras nos pequenos limites da caverna. Um pequeno buraco limpo apareceu entre os olhos de Sam que caiu para trás, quase nos braços de Tyson. A segunda bala passou roçando o ombro de Jackson, levando roupa e pele ao passar para chocar-se contra a rocha que havia atrás dele, ricocheteando no túnel e incrustando-se na suja parede. A água explodiu através do buraco, empapando completamente Ty. Jackson lhe agarrou e o arrastou a um lugar seguro onde ficou estendido olhando fixamente aos olhos abertos de seu primo morto.


Capítulo 19 -Libby, o que está fazendo acordada? -Perguntou Hannah. -São quase as quatro da madrugada. -Observou Libby passear de um lado para o outro pelo chão da sala de estar. -Quer que te faça uma xícara de chá? Libby sacudiu a cabeça. -Não posso dormir, mas você deveria voltar para a cama. -Esteve chorando. -Hannah ondeou a mão para a cozinha. -Necessita algo que te acalme. Dormiu algo desde a última vez que viu Tyson? Libby sacudiu a cabeça. -Não muito. Tento-o. Tenho um montão de pesadelos. Joley apareceu na sala. -Estão tendo uma conversa privada, ou posso me unir a vocês? Libby sorriu lhe dando boas-vindas. -Perguntaria o que faz acordada, mas você nunca vai à cama. Ao menos não antes da manhã. Joley deu de ombros e se enroscou em uma ampla poltrona. -Sempre fui um pouco insone. Não recordam a pobre mamãe tentando me levar a cama? -Você e Kate. Ela sempre lia sob os lençóis com uma lanterna. -Recordou Hannah. -Isso deixava papai louco. -Hey! - Abigail entrou, carregando seu travesseiro. -Se estão tendo uma reunião, quero ser incluída. Além disso, as baleias devem aparecer em uma hora e meia. Podemos nos sentar sobre o escarpado e as observar. -Só você saberia exatamente quando aparecerá uma manada de baleias. -Disse Hannah. Somos muito afortunadas, nunca perdemos isso. -Não podemos te deixar aqui sentada sozinha. -Disse Elle, unindo-se a elas. -Se vão montar uma festa, deveriam ter me convidado. A risada em resposta de Libby foi tensa. -Estão todas loucas. -Não se surpreendeu o mínimo quando Sarah e Kate chegaram, acompanhadas de travesseiros. Quando tinha baixado a escada, não tinha se incomodado em acender as luzes, mas sim tinha sentado sozinha às escuras, chorando. A inquietação se impôs e tinha sido incapaz de ficar quieta, passeando-se daqui para lá como um leão enjaulado. Agora se sentia exausta de pensar. -Libby. -disse Sarah gentilmente. -Está se esgotando. -Ty não disse nenhuma só palavra. -Explodiu Libby. Tinha estado decidida a manter-se estóica, mas agora, estando rodeada por suas irmãs, tinha que lhes contar como se sentia... o que temia. -Nenhuma. Nem a mim nem ao Jackson. Parecia tão desolado e sozinho. -Toma carinho, bebe isto. Distraidamente, Libby tomou a xícara de chá que Hannah lhe oferecia. -Ty me rodeou com o braço, mas estava tão destroçado que pude senti-lo. Tratei de lhe ajudar, mas estava em estado de choque e nada do que fiz penetrou o suficiente para lhe reconfortar. Nunca me senti tão inútil. Ele perdeu tanto. Tudo. E eu não podia ajudar em nada. Piscou para conter as lágrimas. -Tyson se afastou de mim e não olhou para atrás. Hannah deixou cair sua mão sobre o ombro de Libby.


-Você mesma estava em estado de choque, Libby, e acabava de perder grande quantidade de energia curando sua fratura. Tem que relaxar um pouco. -Isso sem mencionar a luta por sua vida. -Particularizou Joley. -Agradeço aos céus que tenha me ensinado essa manobra com o punho aquela vez, Joley. -Admitiu Libby, esforçando-se por manter-se inteira. -De outro modo nunca teria escapado. Usei a lanterna. -Tomou um sorvo de chá. No mesmo momento a mescla consoladora a tranqüilizou. Percorreu a sala com o olhar repentinamente consciente do que tinha. O autêntico presente com o que tinha nascido. Sarah e Abigail acenderam várias velas aromáticas. Kate acrescentou lenhas ao fogo. Joley baixou as luzes. Elle e Hannah colocaram travesseiros sobre o chão de maneira que todas pudessem estender-se juntas em seu acostumado círculo. Tudo o que as irmãs de Libby faziam era por ela. A casa era cálida e cheia de amor. Todas suas irmãs tinham acudido... levantando-se às quatro da manhã só para apoiá-la... para assegurar-se que estava bem. Estava rodeada de amor cada minuto de sua existência. Quando o necessitasse ou quisesse, tudo o que tinha que fazer era estender a mão e qualquer uma, ou a todas, e estariam ali por ela. As lágrimas encheram seus olhos. Deixando a um lado a xícara de chá, deslizou até o chão, abaixou a cabeça e chorou. -Passou uma semana e não me chamou. -Carinho. - Sarah acariciou sua cabeça. Kate e Abbey lhe esfregaram as costas. -Chamará. Arrumará tudo. Conhece Tyson. É um pensador. Tem que ter tudo claro em sua mente antes de vir por você. -É só que eu tenho tudo o que importa. E Ty não tem nada. A toda parte que vá, algo que faça, tenho a todas atrás de mim, me apoiando. -Tocou a mão de Joley. -Saindo em minha defesa e me guardando as costas. Ele nunca teve pais que o entendessem ou lhe fizessem sentir-se amado. Sam era tudo para ele, a única pessoa que Ty acreditava que lhe amava e se preocupava com ele. Como vai alguma vez voltar a estar inteiro? -Libby limpou as lágrimas que lhe percorriam a face. -Deveriam ter lhe visto. Ter lhe sentido. Estava absolutamente destroçado. -Libby. -Disse Sarah quedamente. -Tyson não perdeu tudo. Ainda tem você. Tem que darse conta disso e tem que fazê-lo por si mesmo. Você é a pessoa que lhe proporcionará o amor que nunca teve. É a pessoa que lhe defenderá, guardará suas costas e lhe apoiará. Não o perdeu; só sente isso agora. Mas é um homem forte e uma manhã despertará e saberá que você é tudo para ele. E voltará para você. Tem que acreditar nisso. Libby não estava tão segura. Sarah não tinha visto Tyson. Não lhe tinha olhado nos olhos ou havia sentido sua dor. -Nem sequer se voltou para me olhar enquanto se afastava. -Murmurou. Abaixou a cabeça e se permitiu chorar, deixando que o amor de suas irmãs aliviasse sua terrível dor. Dois dos cães guardiães de Sarah se apressaram a baixar as escadas até a sala de estar e choramingaram frente à porta. Sarah olhou Kate com uma sobrancelha arqueada. Foi à janela para olhar fora. -Libby. Há um homem vagabundeando fora. Parece muito só e perdido.... e se parece muito com Tyson. - Libby ficou em pé de um salto. -Olhe você mesma. Libby correu à janela, com suas irmãs amontoando-se a seu redor. Ao longe, no caminho que conduzia para a praia, um homem estava em pé, com as mãos nos bolsos, olhando fixamente para o oceano. A respiração lhe acelerou nos pulmões. -Esse é Ty. Tenho que ir com ele. Libby se estendeu para suas irmãs, lhes estreitando as mãos com força antes de sair correndo. Baixou correndo pelo caminho que atravessava o jardim dianteiro para o pátio que dava à praia. Diminuiu a velocidade quando lhe viu, seu coração palpitava tão forte que pressionou uma mão sobre o peito. Tyson estava em pé olhando ao mar. Sua alta compleição se recortava contra o céu e seus cabelos eram soprados pela brisa. Estava de perfil e nesse momento desprotegido, pôde ler seu


pesar tão profundamente gravado nas linhas de sua face. Como se sentisse sua presença, ele começou a virar-se para enfrentá-la. Quase lhe parou o coração. Nunca tinha visto uma pena tão nua. Quebras de onda de angústia, de cólera e confusão irradiavam dele, quase a afligindo. Parecia absolutamente derrotado, seu rosto estava devastado pela dor de sua perda, pela traição de Sam. Da última vez que o tinha visto fazia uma semana, tinha perdido peso, e tinha profundamente esculpido o sofrimento em sua face. Seus olhos estavam vivos com angústia e obscurecidos por sombras. Tudo nela, a curadora, sua amante e amiga, a mulher nela, tudo respondeu com tão intensa compaixão, tanta empatia, que teve que lutar por conter as lágrimas. -Libby. -Ele disse seu nome como se fosse um talismã. Foi para ele e silenciosamente lhe abraçou. Tyson enterrou o rosto contra seu pescoço. Um estremecimento lhe atravessou e se aferrou a ela com tanta força que soube que teria machucados mais tarde. Um soluço de angústia foi arrancado de sua garganta. Libby fechou os olhos quando sentiu suas lágrimas no pescoço. -Estou aqui, Ty. Sempre estarei aqui. -Murmurou ela, suas próprias lágrimas lhe corriam pela face. Sustentou-lhe entre seus braços e o deixou chorar até que esgotou sua dor. Tyson se endireitou, olhou a seu redor e piscou para ela, como se não tivesse nem idéia de como tinha chegado até ali. -Vamos, baixemos à praia. -Urgiu-lhe, sabendo que ele não quereria enfrentar sua família estando tão devastado. Tyson tomou sua mão enquanto caminhavam cotovelo com cotovelo, com a areia sob seus pés e nuvens vagando sobre suas cabeças. Até onde alcançava a vista, o oceano mantinha seu incessante fluxo vazante. Caminharam um longo tempo antes que ele falasse. -Não tinha nenhum outro lugar aonde ir, Libby. A casa desapareceu. Sam está morto. Não sabia o que fazer. Fiquei simplesmente em pé no necrotério, olhando fixamente seu corpo durante horas e não sabia o que fazer. O vento tocou seus rostos, alvoroçou seus cabelos e suas roupas enquanto continuavam percorrendo a praia. Uma gaivota chiou sobre suas cabeças. -Por que não me dei conta? Supõe-se que sou um gênio e não soube. Não adivinhei. Necessitava ajuda. Como pude estar tão fodidamente cego que perdi isso? Ela permaneceu silenciosa, sabendo que ele precisava falar resolver as coisas por si mesmo. Ele não tinha culpa. Sam era um psicopata. Ninguém ao seu redor o tinha sabido... ou adivinhado. Se Tyson o tivesse sabido, não teria podido fazer nada a respeito, não importava quão inteligente fosse. Sam tinha estado além de toda ajuda. Tyson se deteve bruscamente e ficou diante dela, passando ambas as mãos pelos cabelos com agitação. -Falhei-lhe. Não vi o que estava passando ante meus olhos. Estava muito ocupado com minha investigação e não me importou que roubasse dinheiro da herança. Nunca lhe disse nada sobre isso. Deveria havê-lo feito, Libby. Não acreditava que tivesse nenhuma importância, mas deveria ter-lhe reprovado. Deixei que as coisas fossem muito longe. Ela pôs a mão sobre o seu coração em silenciosa simpatia. Sua empatia fazia que quisesse chorar para sempre. A curadora queria fazer desaparecer a dor para sempre. A mulher que lhe amava, deixou-lhe falar, lhe permitindo encontrar seu próprio caminho de volta. Foi uma das coisas mais difíceis que tinha feito na vida. -Sam contratou esses homens para que lhe golpeassem. Jackson lhes encontrou. Sam os contratou. Por Deus. -Sacudiu a cabeça. -Falhei-lhe, Libby. E poderia fazer o mesmo com você. Tyson a olhou, sua mente dava voltas aos golpes que tinha recebido recentemente. Tinha posto em perigo a vida dela com sua cegueira. Toda sua vida tinha levado uma atadura ante os olhos e agora era muito tarde, o único em sua vida ao que tinha chamado família, com o que sempre tinha contado, estava morto. Não poderia suportar perder Libby, nem por negligência, nem por estupidez. Supunha-se que era um maldito gênio, mas não tinha visto nada.


Emoldurou a face dela com as mãos, seus polegares deslizaram sobre o rosto dela em uma larga carícia. -Não poderia suportá-lo. Passei muito tempo pensando em minha vida e como foram estas últimas semanas com você. Pareço uma ruína, e venho a você com tanto lixo que não posso imaginar que queira me aceitar, mas te necessito Libby. Juro-lhe isso, estou perdendo a razão. Necessito-te, neném. Necessito-te comigo. Acostumou-se a acreditar que não necessitava de ninguém, mas não podia funcionar, não podia pensar com claridade. Sua vida era um desastre. Não tinha nada que lhe oferecer, nem sequer sua mente. Esta estava tão fodida como o resto dele, mas a necessitava e se lhe dava as costas como faria qualquer outra pessoa, não tinha nem idéia do que faria. Sentia-se nu e vulnerável, despojado de tudo o que era de tudo no que tinha acreditado com sua alma feita migalhas. Libby lhe limpou as lágrimas da face com tal ternura que lhe deu um tombo o coração. -Você sempre será minha eleição, Ty. Amo você com tudo o que sou e tenho fé absoluta em você. Aconteça o que acontecer, confrontaremos juntos. -Como pode ter fé em mim? Eu não a tenho. Quase fiz que lhe matassem. Inclusive ao final, voltei por ele e ele teria matado você ante meus próprios olhos. -Nunca poderia voltar a fechar os olhos de noite sem reviver esse momento. -Não podia elevar meu corpo pelo buraco e chegar a você. Simplesmente fiquei pendurado ali, indefeso, enquanto lhe via apertar o gatilho. Libby lhe agarrou a face entre as mãos e lhe obrigou a olhá-la. -Amo você porque retornou por ele. Porque esse é quem você é, Ty. Esse é o homem por quem estou apaixonada e ao que sempre amarei. -Está segura, Libby? Não sei que diabos posso te oferecer. -Sei exatamente o que me oferece Tyson, é tudo o que sempre desejei. Nunca antes ninguém me tinha feito sentir completa. Para ser completamente honesta, não acreditava que fosse possível, acreditava que talvez houvesse algo errado em mim. Quando estou com você, tudo em minha vida é melhor. Tyson tragou saliva, inclinou-se para roçar um beijo sobre seus lábios, sua garganta trabalhava enquanto tentava conter a emoção. -Amo você, Ty. Nada vai mudar isso. O que aconteceu com Sam foi uma terrível tragédia, mas não é sua culpa. Virou-se em direção ao caminho. Havia lua cheia, a influência da lua era muito forte, conduzindo o mar a uma fúria selvagem. Caminharam ao longo da praia enquanto as ondas se equilibravam sobre eles, formando espuma, voltando uma e outra vez. -Pode ser que não, Libby, mas havia sinais. Se eu tivesse sido uma pessoa diferente... mais atento às pessoas em vez do meu trabalho, poderia ter lhe conseguido ajuda. Deveria ter visto. Jogava como um louco, utilizando os cartões de crédito ao princípio, logo levando o dinheiro em efetivo que tínhamos na casa e ao final incluso o do banco. Começou a fazer desfalques, provavelmente por puro desespero. Libby colocou o braço ao redor de sua cintura, enquanto apertava seu ombro em um gesto de solidariedade. Fez o melhor que podia fazer lhe animar, permanecer perto, tratando de absterse de interferir com seu próprio diagnóstico sobre Sam. Tyson não precisava ouvi-lo. Precisava falar... e lhe deixou fazê-lo. -Sempre houve sinais. Quando me dei conta de seus problemas de jogo, decidi que era injusto tentá-lo, lhe fazendo responsável por todas as finanças. Era preguiça de minha parte lhe deixar atender todos esses detalhes, assim tratei de retificar nos últimos meses. Contratei um contador em jornada completa para que atribuísse a ambos uma soma. Sam não gostou, mas esteve de acordo com isso. -Deve ter se desesperado, temendo que averiguasse a extensão do desfalque. Tyson suspirou pesadamente.


-Quando retornei para casa desta vez, disse-lhe que estava planejando me casar. Enquanto estivesse solteiro, ele teria acesso ao dinheiro e ninguém mais herdaria. Foi justo depois disso que falhou o arnês durante o resgate. Tyson apartou o rosto dela, por volta do mar bravio, com expressão desolada. Inclinou-se e recolheu uma parte de madeira que trouxe o mar, arrojando-o de novo com fúria reprimida, observando as turbulentas ondas a seu redor. Levantou a face para o céu e gritou sua pena e sua raiva, o som o atravessou, uma agonia extrema e crua que lhe arranhou e retorceu até que acreditou poder perder a razão. Ela não podia suportar sua dor. Envolveu os braços ao redor do pescoço dele um pouco desesperadamente, lhe virando o rosto para que a olhasse, lhe urgindo a que a beijasse. Não podia curar um coração quebrado com seu poço de energia interior, mas o amor podia fazê-lo. E ela tinha amor mais que de sobra para ele. Tyson inclinou a cabeça para a dela. Olhando-a fixamente. Precisava ver seus olhos, poder ler o que sentia ela. Havia lágrimas nadando em seus olhos, mas o amor brilhava através delas. Estava ali só para ele. Só lhe olhava dessa maneira. Era a única coisa que ficava com a que podia contar. Beijou-a brandamente, meigamente, tratando de lhe transmitir sem palavras o que havia em seu interior. Seus sentimentos por ela eram muito mais que uma necessidade. Ele sabia, mas agora mesmo, quando estava tão vazio, era no único que podia concentrar-se. -É tudo o que necessito. -Murmurou ela, quase como se pudesse ler sua mente. Suas mãos revoaram na garganta dele, sua rasgada e ardente garganta, e no momento a dor desapareceu com seu simples tato. Deslizou as mãos debaixo de sua camisa, sobre o peito para encontrar o selvagem batimento do seu coração. -Amo tanto você, Ty. Se não puder te aferrar a nada mais agora mesmo, se aferre a isso com ambas as mãos. -Desejaria poder te dizer o quanto significa para mim, o quanto te amo, Libby. -Sinto seu amor por mim, Ty. Tyson a beijou outra vez, seus braços a aproximaram ainda mais, enquanto seu corpo tentava resguardá-la. Deu-se conta que ela estava tentando lhe proteger dos elementos, seu calor curador já lhe atravessava o corpo e sua ternura aliviava a dor de seu coração. Encontrou-lhe os cabelos com as mãos, os cabelos ao que tinha tanto carinho e inspirou o perfume familiar. Negro como a meia-noite, seus cabelos estavam despenteados, como lhe encantava, as mechas suaves e sedosas. Enterrou a face neles, apertando-a entre seus braços, simplesmente sujeitando-a enquanto o vento soprava a seu redor. Abraçá-la proporcionava paz, aliviando a apertada constrição de seu peito. -Vamos, carinho, saiamos do frio. -Disse ele. -Abbey disse que chegavam as baleias. Podemos as observar dos escarpados se gostar. Sugeriu ela quando começaram a caminhar outra vez. -Por que o mar é tão consolador? -Perguntou ele, quando uma sensação de serenidade começou a sobrepor-se a selvagem fúria e a pena implacável. Sabia que não era o mar. Era a mulher que caminhava a seu lado. Sentia o calor de seu corpo estendendo-se sobre o frio do seu próprio e lentamente lhe esquentava. -O mar nos recorda que somos uma pequena parte de um grande todo. O mundo não gira a nosso redor e não carregamos a responsabilidade de tudo e todos sobre nossos ombros, o qual é um tremendo alívio. Fazemos tanto em nossas vidas que acreditamos que podemos arrumar tudo. -Lançou-lhe um sorrisinho. -Mas também acredito que o oceano resulta consolador por ser tão incrivelmente belo. Lentamente subiram as escadas para a parte superior do escarpado. A meio caminho ela fez gestos por volta das cadeiras de praia que se voltavam para o mar. -Abbey diz que uma manada de baleias passará por aqui. É uma visão impressionante. Gesticulou para a zona central da fila de cadeiras e Tyson se sentou de cara à água. A luz raiava velozmente no cinza do firmamento. Tratou de concentrar sua atenção na água, mas


principalmente era consciente de Libby enroscada a seu lado, perto, quase em sua cadeira, recostando a cabeça em seu ombro. Deslizou seu braço ao redor dela, desejando só abraçá-la. Necessitando sua cercania, quando ainda se sentia perdido e a necessitava como âncora. Tyson se sobressaltou quando Joley se situou atrás deles e os envolveu com uma manta. -Ainda faz frio aqui fora. -Afundou-se na cadeira que estava junto a ele. Hannah lhe ofereceu uma fumegante xícara de chá enquanto Elle dava outra a Libby antes que ambas as Drake se sentassem. -Encontrei um par extra de binóculos, Ty. - Disse Sarah, oferecendo-lhe. -Eu trago os de Libby - Adicionou Kate. -Chegam as baleias. - Abigail assinalou por volta do mar. Tyson se esforçou por identificar às magníficas criaturas, mas só podia ver as ondas e a superfície sempre cambiante da água. Joley começou a tocar o violão e as sete irmãs começaram a cantar brandamente, suas vozes foram à deriva sobre o oceano. Tyson sentiu a repentina quebra de onda de energia lhe rodeando, saltando de irmã em irmã. Sentiu o poder movendo-se não só através delas, mas também por causa de sua conexão com Libby, através dele. Mais que isso, sentiu o forte vínculo de amor, de camaradagem tecido entre as irmãs. Não apartou os olhos do mar enquanto escuras sombras sob a superfície começavam a tomar forma, elevando-se para a melodia. A respiração ficou entupida na garganta quando as baleias emergiram com seus respiradouros salpicando água a grande altura no ar. Várias saltavam, seus enormes corpos golpeavam a superfície duramente e provocavam fontes de água. O balé oceânico era hipnotizador e se encontrou inclinando-se para frente, contendo o fôlego enquanto observava. Não tinha nem idéia de quanto tempo passou ali sentado antes de começar a compreender que estava rodeado de muito mais que as irmãs Drake. Sentia aceitação, uma oferta de família... de um círculo de amor tão forte que nada poderia destruí-lo. Como o tato curador de Libby, silencioso, mas forte, as demais lhe estavam oferecendo unir-se a esse laço inquebrável. A enormidade do que lhe estavam dando era entristecedora. Isto era o que unia Jonas Harrington a elas. O oceano se nublou por um momento enquanto exalava soltando as entristecedoras emoções. Puxou Libby para seus braços, sobre seu regaço e a beijou. -Quero-te, Libby Drake. -Sussurrou em seu ouvido-. E vou querer a sua família, não é? Tinha o pressentimento que sofreria as mesmas reações que Jonas por tudo que elas faziam. -É obvio. -Replicou Libby, seus olhos brilhavam para ele - Este é seu lugar. Comigo. Conosco. Sempre o será.

Fim


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