Irmãs Mágicas 7 Christine Feehan
Tiamat World
Correntes Ocultas Christine Feehan Sétimo livro da Série Irmãs Mágicas Elle Drake desapareceu. É uma forte telepata, mas nem sequer suas seis irmãs mágicas conseguem encontrá-la, embora todas estivessem de acordo de que ela está viva. Algo terrível lhe aconteceu, ou já teria entrado em contato com elas e avisado onde está. Jackson Deveau, um dos ajudantes do xerife do pequeno povoado de Sea Heaven, ao norte da costa da Califórnia, sempre soube que Elle está destinada a ele. Quando ela desaparece, se reúne com seus amigos, Jonas Harrington, Ilya Prakenskii e as irmãs de Elle para encontrá-la e trazê-la de volta à segurança de casa. Mas Sea Heaven já não é seguro para nenhum deles, e será necessário cada grama de força de todas as irmãs Drake combinada com os seus homens para sobreviver à tormenta que se aproxima.
Disponibilização: LLL Tradução/Formatação: Gisa Revisão Inicial: Lu Avanço Revisão Final: Camila Luppi Logo e Arte: Suzana Pandora Colaboração Especial: Táai Tiamat - World 1
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Sinopse 2: O agente Jackson Deveau sempre amou Elle Drake, a mais jovem telepata das sete irmãs, à distância. Depois de um longo tempo fora, Elle finalmente vai voltar para casa no pequeno povoado costeiro de Sea Heaven. Mas alguém estava seguindo Elle, alguém que não quer que vá embora. E quando Elle não retorna, seu desaparecimento enche de medo os corações de todos aqueles que a amam. Fica nas mãos de Jackson descobrir o mistério do desaparecimento de Elle e resgatá-la de um perigo invisível. Mas Sea Heaven já não é seguro para ninguém, e serão necessários os poderes de todas as irmãs Drake e seus homens para sobreviver à tormenta que se aproxima.
Comentário da Revisora Lu Avanço: o livro é bom, mas essa mulher adora estuprar os outros... que horror! ou ela foi estuprada ou já fez com alguém. O Mocinho é tudo de bom, ele realmente ama a mulher e dá sua vida por ela. Adorei. Talvez o povo pudesse esperar mais desse livro, mas eu achei muito bonito. Comentário da Revisora Camila: "Sabe aquele tipo de livro q vc gosta mas ao msm tempo não gosta? To decidindo ainda... tem estupro, tortura, sofrimento extremo (como disse a outra revisora, essa autora deve ser meio sádica...kkkk), umas poucas cenas levemente hot... não é o tipo de livro q eu gosto. Pra quem tem estomago fraco q nem eu, não é um livro mto indicado, mas foi tão bem escrito q não conseguia parar a revisão, só pra saber qdo ia acabar o sofrimento da mocinha... e a coitada sooooooooofre!!! E o mocinho????? Sooooooooofre!!! Tbm achei q as cenas mto longas, as coisas demoram a acontecer, vc le, le, le e continua na msm cena... mas ainda sim, é um bom livro. Boa leitura!"
Capítulo 1
— Divertindo -se, Sheena? — Stavros Gratsos esfregou as almas acima e abaixo pelos nus braços de Elle Drake para esquentá-la, enquanto estava detrás dela no corrimão de seu grande iate. O som da risada e partes de conversação vagavam por toda parte no brilhante mediterrâneo.
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Sheena MacKenzie, o nome encoberto de Elle… e seu alter ego. Sheena podia sentar -se em qualquer mesa e reinar, sua elegância, sofisticação e seu halo de mistério garantiam que conseguisse atenção. Desprovida de maquiagem, com o cabelo em um rabo — de — cavalo, Elle Drake podia deslizar -se nas sombras e desaparecer. Fazia uma combinação quase imbatível e Sheena fazia exatamente o que Elle necessitava que fizesse, tinha atraído Stavros e o mantinha suficientemente interessado para que Elle bisbilhotasse em sua glamorosa vida e visse o que podia descobrir, o que até agora tinha sido… nada. Elle não podia ler os pensamentos e emoções de Stavros do modo que fazia com os outros quando a tocavam, e isso a assombrava. Sua capacidade psíquica de ler os pensamentos era perturbadora grande parte do tempo, mas havia muito poucos que pareciam ter barreiras naturais e ela tinha que "invadir" deliberadamente, se quisesse ver o que pensavam. Elle raramente se intrometia, mesmo quando utilizava sua personagem encoberta, Sheena MacKenzie, mas tinha feito uma exceção no caso de Stavros. Estivera investigando durante meses e não tinha encontrado nada que assinalasse sua culpa. Jogou uma olhada por cima do ombro de Stavros. — Foi maravilhoso. Assombroso. Mas acredito que tudo o que faz é assim, e sabe disso. — Stavros sempre dava as melhores festas, e seu iate era maior que as casas da maioria das pessoas. Servia a melhor comida, tinha a melhor música, e se rodeava com pessoas inteligentes, pessoas divertidas. Em todos os meses em que o vigiara, não tinha descoberto nem a menor insinuação de atividade criminal. Stavros tinha sido amável e generoso, doando milhões a organizações de caridade, apoiando a arte e resolvendo desentendimentos com empregados, em discussões que evitaram despedir um grupo inteiro de trabalhadores. Tinha começado a respeitar ao homem apesar de suas suspeita anteriores, e estava preparada para voltar onde estava Dane Phelps, sua chefe, e escrever um relatório muito claro, expressando que os rumores com respeito ao Stavros estavam equivocados, exceto que sua aura indicava perigo e uma forte inclinação para a violência. É obvio, alguns dos homens que suas irmãs tinham escolhido como companheiros tinham essa mesma vívida cor formando redemoinhos ao redor deles. — Dei esta festa em sua homenagem, Sheena - admitiu Stavros. — Minha mariposa evasiva. — Puxou-a pelo braço para girá-la até que suas costas estivessem contra o corrimão, e ela enjaulada por seu corpo. — Desejo que venha a minha ilha comigo, para ver minha casa. O coração de Elle saltou. Segundo os rumores, Stavros nunca levava a nenhuma mulher a sua ilha. Tinha casas por todo o mundo, mas a ilha era seu retiro particular. A maioria das operações encobertas teriam saboreado a oportunidade de entrar no santuário privado do Stravos, mas seu chefe se mostrara inflexível para que não fosse, mesmo que a oportunidade se apresentasse. Não havia maneira de comunicar -se da ilha. Stavros tomou sua mão e levou os nódulos à boca. — Venha comigo, Sheena. Ela tentou não escoicear. Sheena. Era uma fraude. Este era o homem pelo qual deveria se apaixonar, não pelo verme que — nunca — podia -ser — nomeado que tinha quebrado seu coração. Aqui estava Stavros, bonito, inteligente, rico, um homem que resolvia problemas e 3
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parecia cuidar de muitas das mesmas causas que ela. Por que não podia ser ele o homem por quem cairia loucamente apaixonada? — Não posso — disse suavemente. — De verdade, Stavros. Quero, mas não posso. Os olhos se obscureceram, chegaram a ser tempestuosos. Stavros gostava de tudo a seu modo e definitivamente estava acostumado a consegui-lo. — Quer dizer que não virá. — Quero dizer que não posso. Você quer coisas de mim que não posso te dar. Disse do princípio que poderíamos ser amigos, não amantes. — Não está casada. — Sabe que não. — Mas deveria estar. Deveria estar assentada em sua casa, com o homem que o destino tinha previsto para ela, mas ele a tinha rejeitado. O estômago se revolveu com o pensamento. Tinha posto um oceano entre eles e ele ainda tentava alcançá-la, sua voz um zumbido débil em sua cabeça, tentando persuadi-la para que voltasse, a que? Um homem que não desejava filhos nem um legado de magia. Ele se negava a compreender que isso era quem ela era… o que era. Ao rejeitar seu legado, ele a rejeitou. E Elle necessitava de um homem que a ajudasse. Que compreendesse quão difícil era para ela encarar o futuro. Necessitava alguém em quem apoiar -se, não alguém a quem tivesse que mimar e cuidar. — Vem para casa comigo — repetiu ele. Elle negou com a cabeça. — Não posso, Stavros. Sabe o que aconteceria se o fizesse, e não podemos. Os dentes brancos cintilaram. — Pelo menos pensou a respeito disso. Elle inclinou a cabeça para trás e o encarou. — Sabe quão encantador é. Que mulher não estaria tentada por você? — E ela estava. Seria tão fácil. Ele era tão doce com ela, sempre atento, querendo lhe dar o mundo. Estirou -se e tocoulhe o rosto com pesar. — É um bom homem, Stavros. Envergonhava -se de ter suspeitado coisas atrozes, tráfico de humanos entre o pior. Sim, ele tinha começado com contrabando de fuzis em seus navios de carga, anos antes, quando não tinha nada. Mas parecia ter mais que compensado por todos seus enganos, e pelo que ela podia deduzir, ele era sinceramente legítimo. Pelo menos ela poderia limpar seu nome com a Interpol e as outras agências do mundo onde seu nome seguia surgindo. Isso a faria sentir -se melhor a respeito de ter passado esses últimos meses trabalhando para lhe oferecer amizade e ganhar sua confiança. — Ouço um “mas” aí, Sheena — disse Stavros. Elle abriu os braços, abrangendo o iate e o brilhante mar. — Tudo isto. Isto é seu mundo e eu posso dar um passo nele ocasionalmente, mas nunca poderia viver nisso comodamente. Olhei seu histórico, Stavros, e não crê na permanência, e não, não insisto em me casar com você. Conheço-me. Conecto-me às pessoas e separar-me é terrivelmente doloroso. — Quem diz que temos que nos separar? — disse Stavros. — Volta para casa comigo. — Sua voz era suave, persuasiva, e por um momento ela quis render -se, quis tomar o que lhe oferecia. A 4
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fazia sentir -se como uma formosa e desejável mulher, quando ninguém mais o tinha feito, mas afinal, não era a glamorosa e sofisticada Sheena, na realidade era Elle Drake e levava sua bagagem com ela por toda parte aonde fosse. — Não posso te dizer o quanto quero ir com você, Stavros — disse sinceramente, — mas realmente não posso. Uma rápida impaciência cruzou o rosto de aparência agradável e ele piscou, os escuros olhos se tornaram um pouco frios. — Os navios começam a levar alguns de nossos hóspedes de volta à costa. Preciso falar com alguns deles. Fique aqui e me espere. Elle assentiu. Onde estava o mal nisso? Depois desta noite, Sheena MacKenzie ia desaparecer e Stavros nunca a veria outra vez. Possivelmente ele já soubesse que ela estava se despedindo. Não podia culpá-lo por estar irritado. Tentara permanecer dentro dos limites, sem lhe dar esperanças, só ganhando o suficiente de sua confiança para entrar em seus círculos íntimos. Tinha assistido a suas organizações de caridade e suas festas, e nunca, nem uma vez, tinha ouvido o rumor de uma atividade ilegal. Se ele era o criminoso que seu chefe suspeitava, era assombrosamente perito em ocultá-lo e Ella já não acreditava que fosse possível. Então por que não podia apaixonar -se por ele? O que estava errado com ela? Certamente o homem, outra vez não tinha o valor de insistir nessa esperança. Era suficientemente estúpida para fazer isso? Esperava que viesse atrás dela? Isso nunca aconteceria. Ele não a desejava. Ele não desejava seu legado, nem seu nome, nem sua casa… e certamente não desejava as sete filhas que viriam com ela. Não, tinha deixado de esperar que Jackson Deveau a amasse, ou inclusive que a desejasse. Agora só tinha que parar de doer. Observou Stavros enquanto falava com suas hóspedes, sorrindo e aparentemente feliz. Como se pressentisse que ela o olhava, girou a cabeça e lhe enviou um sorriso morno. Seu coração fez um pequeno salto, não da maneira em que o fazia quando o verme lhe sorria, mas sim porque sabia que Stavros estava meio apaixonado por ela e era tão injusto. O sorriso que enviou a Stavros era mais triste do que compreendia. Poderia viver assim? Esta vida glamorosa, intensa e rápida? Tinha nascido com um legado que poucos, se acaso alguém, alguma vez teria ou conheceria. Como a sétima filha de uma sétima filha, os dons psíquicos de Elle corriam profundamente em seus genes e seriam dados às suas sete filhas. E sua sétima filha levaria esse mesmo legado agridoce. Elle cumpriria seu destino? Ou o legado de magia das Drake morreria silenciosamente com ela? Elle estava acostumada a imaginar uma vida de risada e felicidade com sua alma gêmea. Isso foi antes que a tivesse encontrado. Ele era um macho mal — humorado, silencioso, egoísta e muito dominante. Sabia que ele poderia trazer a calma e a paz, ou com um olhar ardente, converter suas veias em fogo líquido. Mas se negara a aceitar quem ela era, negara -se a adorá-la como era. E se ele não o fazia, ela temia que nenhum outro homem o fizesse, nem poderia fazê-lo. Não à verdadeira Elle Drake, pelo menos. Girou e ficou olhando sobre o corrimão, olhando aos botes que entravam para levar os hóspedes
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de Stavros à costa. Havia muito que a noite havia cedido ao amanhecer e estava cansada, suprimindo um bocejo tentou resolver o que faria logo com sua vida. Sea Heaven, uma pequena aldeia situada na costa do norte da Califórnia, sempre tinha sido seu lar, um refúgio. A casa da sua família estava lá, uma propriedade grande com vista ao oceano turbulento. O mar era tão diferente aqui, como um espelho, uma coisa bonita prometendo uma vida de luxo cheia de sol, mas ela era suficientemente esperta para pensar que tal vida estava feita para ela. No fundo, era uma garota caseira, uma mulher nascida para ser esposa e mãe. Adorava a aventura e a variedade, mas ao final, a necessidade de transmitir seu legado Drake cresceria tão forte que não seria capaz de ignorá-la. Tinha o direito de negar ao mundo alguém como sua irmã Libby, que podia curar com um toque das mãos? Ou Joley, com sua voz? Kate, cujos livros davam tanto consolo e escape às pessoas? Cada uma de suas irmãs tinha dons incríveis passados de geração em geração. Se não cumprisse seu destino a linha terminaria com ela. Um movimento apanhou seu olhar e se moveu para ver o capitão aproximar -se de Stavros e cochichar algo em sua orelha. Era perita em ler lábios, mas não podia ver sua boca claramente. Stavros franziu o cenho e sacudiu a cabeça, olhando seu relógio e logo a Elle. Ela manteve o rosto tranquilo e girou o olhar de volta ao mar. O guarda — costas de Stavros, Sid, disse algo também. Estava frente a ela e captou suas palavras claramente. -será perigoso tê-la na ilha, senhor. Pense nisso. Que um bote a leve agora e ordenaremos ao condutor para que a deixe em sua casa de campo. Podem retê-la ali até que a reunião acabe. O estômago de Elle se apertou. O guarda — costas falava dela. Stavros sacudiu a cabeça e disse algo que não pôde captar, mas o guarda — costas e o capitão olharam para ela outra vez e nenhum deles parecia feliz. Isso aumentou seu alarme, o que a tinha salvado numerosas vezes em inumeráveis missões lhe gritava e ela não vacilou. Moveu -se rapidamente através da escassa multidão para o lado do iate, onde os botes entravam para recolher os convidados e devolvê-los à costa. Embora sua bolsa e a bolsa de viagem ainda estivessem em baixo, no camarote, Elle tomava cuidado de não levar nada em sua bolsa nem em seus pertences que pudesse traí-la. Deixaria o iate e se Dane quisesse que voltasse, poderia utilizar a recuperação de suas coisas como uma desculpa para entrar em contato com Stavros outra vez. Fez -se pequena, tentando mesclar -se com os outros convidados. Como Elle poderia desaparecer facilmente nas sombras, mas Sheena se destacava. Seu coração se acelerou e um sentido de urgência a dominou enquanto serpenteava abrindo caminho para os botes que partiam. Não ia olhar para trás e comprovar se a estavam procurando; sabia que sim. Tinha uma oportunidade para saltar no bote enquanto estava zarpando. Tinha apenas que calcular perfeitamente. Deslizou -se depois do último convidado que esperava o próximo bote e deu um passo na plataforma, estendendo a mão ao jovem que empurrava o bote para soltá-lo. Ele sorriu e guiou o bote de volta à posição para que ela pudesse subir. Justo quando seus dedos se deslizavam ao redor de sua mão, sentiu outra mão apanhar seu braço em um punho firme, puxando-a para trás. — O senhor Gratsos gostaria do prazer da companhia da senhora MacKenzie um momento mais. — disse Sid suavemente, atraindo sua forma menor contra ele. 6
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Elle inalou bruscamente, sentindo o jorro de emoção do guarda — costas de Stavros. Ele quase desejava não tê-la alcançado, de fato tinha considerado perdê-la, mas sabia que Stavros teria detido o outro bote. Ela se deixou jogar para trás sem lutar. O guarda — costas era maior e muito mais forte que ela, e mesmo se pudesse ter pilhado por surpresa, qual seria o objeto? Nenhum dos homens de Stavros ia permitir que abandonasse o iate contra suas ordens. Ela sorriu amavelmente ao piloto e elevou o olhar ao guarda — costas. Não era grego. Não estava segura de onde era. Falava com acento grego, mas havia algo estranho nele. E lhe parecia terrivelmente familiar, mas não sabia onde o tinha visto antes. — Está me machucando. — manteve um tom baixo, muito baixo e seu olhar no rosto. Ele a soltou de maneira imediata, rapidamente como se a pele lhe queimasse. — Sinto muito, senhora MacKenzie. O senhor Gratsos me pediu que a levasse de volta com ele e tinha medo de que caísse ao mar se não a sustentasse. Não me dava conta de quão forte a estava agarrando. Ele ficara com medo de que ela fizesse uma cena, mas estranhamente, isso foi tudo o que pôde conseguir dele. Por que isso acontecia? Como é que o guarda — costas estava protegido de suas capacidades psíquicas da mesma maneira que Stavros? Não podia ser coincidência que duas pessoas que trabalhavam juntas tivessem fortes barreiras naturais, e que a barreira de Sid fosse tão forte ou mais que a de Stavros, embora se sentisse diferente. Elle lhe dirigiu um rápido sorriso de perdão, de acordo com a personalidade doce de Sheena. — Certamente não quereria cair ao mar com este vestido. — Ele retrocedeu para indicar que avançasse através do grupo de convidados. Elle vacilou. — Sid, este é o último bote para a costa e já estão embarcando. Devo ir com ele. — deliberadamente, olhou seu fino relógio de diamantes - tenho uma entrevista esta tarde. — O senhor Gratsos a levará para sua entrevista a tempo - assegurou Sid. Isso era mentira. Não gostava de mentir para ela. Qualquer que fosse o amparo que ele tinha construído ou de que o haviam provido, as emoções mais intensas a atravessavam, deslizando -se, a menos que ele o estivesse permitindo, o que era possível. Elle podia fazer isso. Sid estava preocupado com ela, e se estava preocupado, ela precisava estar também. Permaneceu muito quieta, medindo a distância até o bote. Era rápida, mas duvidava que o bote a levasse contra as ordens de Stavros. Sid sacudiu a cabeça. — Não tente, senhora MacKenzie. Se o senhor Gratsos a quiser aqui, você ficará aqui. Era uma advertência. Uma advertência clara; teria lido sua mente? Ela não acreditava que seus sentimentos se refletissem no rosto. Ele a olhou diretamente, os olhos escuros se encontraram com os dela. O coração saltou em advertência, a boca secou. — Deixe-me ir agora. Por um momento ele demonstrou pena nos olhos, mas ela soube que ele não ia enganar a seu chefe. — Terá que falar com ele.
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Elle assentiu e avançou para o magnata naval, muito consciente de Sid diretamente atrás dela. Stavros estendeu a mão, fechando os dedos ao redor dos dela para atraí-la a seu lado. — Pensei que tentava me deixar. — Disse a você que não podia ficar. — Recordou Elle — Eu quero, Stavros, mas já estive fora o suficiente. Tomou o cuidado de manter seu tom leve e arrependido ainda quando deliberadamente abriu seus sentidos e tentou lê-lo psiquicamente. Stavros estava muito acostumado a fazer tudo a sua maneira e tentar forçá-la a obedecer sua vontade seria algo que faria sem acreditar que estava errado. Era sua primeira reprimenda verdadeira, tão aprazível como ela podia fazê-la quando o que queria era cuspir fogo sobre ele. Ele parecia ter uma barreira natural no lugar que evitava que ela se deslizasse em sua mente do modo em que fazia com os outros. Os olhos dele se obscureceram até uma cor tempestuosa. — Pedi que permanecesse comigo. Para ir para minha casa comigo. Disse a você, Sheena que nunca levei uma mulher lá. Ela respirou fundo. Levava-a para sua ilha, e estaria isolada de toda ajuda. Suspeitaria dela? E se o fazia, isso significava que tinha algo a ocultar? Os motores já tinham começado a retumbar e podia sentir a ponte vibração sob os pés. — Stavros, talvez devesse me encontrar com você lá mais tarde, amanhã ou no dia seguinte. Stavros acariciou sua mão e a guiou através da ponte até uma cadeira amaciada. — Precisamos passar um tempo juntos, Sheena. Quero passar uma semana juntos, só nós dois, e talvez trocará de opinião a meu respeito. — Não tenho roupa o suficiente para uma semana. — disse Elle, tentando ser prática. — Enviarei alguém para pegar suas roupas. — Não vou dormir com você, Stavros. Disse a você que não posso ter uma relação neste momento, não estou preparada. — Contou-me que esse homem rompeu seu coração, Sheena. Quem é ele? Ela deu de ombros, de repente preocupada com o aço em seus olhos. Tinha a incômoda sensação de que se nomeava a alguém, este alguém apareceria morto. O que era idiota quando tinha estado muito segura de que Stavros não era um criminoso. Mas, então, se esse fosse o caso, por que todos os seus radares internos gritavam? — Ele não tem importância. — Deve ter, pois se não tivesse, consideraria outra relação. — Stavros tamborilou com os dedos sobre a mesa. Vira-o fazê-lo quando pensava profundamente ou estava muito agitado — Viveu com ele? Quanto tempo esteve com ele? — Isso não é assunto seu. — disse Elle firmemente. Os olhos dele se entrecerraram. — Posso contratar alguém para averiguar estas respostas para mim. Seu coração saltou. Ele a investigara. Dane dissera que estivesse preparada para isso. Eles tinham construído meticulosamente sua vida e lhe tinham proporcionado tudo, desde fotos do 8
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colégio e registros escolares até um passado detalhado, mas suportaria o tipo de investigação que um homem como Stavros Gratsos demandaria? Era esta a razão para que a levasse a sua ilha? Tinha descoberto que trabalhava como espiã? — Por que está me pressionando? Stavros se inclinou para ela, seu olhar centrando -se no dela. — Desejo-se. Nunca desejei a uma mulher como desejo a você. Isso era a pura verdade? Ela duvidava. Sheena era formosa e uma mulher misteriosa e inteligente, o tipo que atrairia e intrigaria Stavros, mas ele não era conhecido por apaixonar -se por suas mulheres. Acompanhava-as, passava tempo com elas, mas invariavelmente ia embora. Por que estava tão determinado em reclamar Sheena como dele? Elle suspirou. — Tem que esquecer isso, Stavros. Serei tão honesta como é possível com você. O controle de natalidade não funciona comigo. Tenho uma anomalia característica da minha família. Nenhuma forma de controle de natalidade funciona. Inclusive se utilizasse uma camisinha, as probabilidades ainda são muito altas de que possa ficar grávida. Não vou te fazer isso. Ou a mim. Os olhos dele se obscureceram ainda mais quando procurou a verdade em seu rosto. Ela sentia realmente a mente dele esticando -se para a sua e a empurrou, atemorizada pela primeira vez de que pudesse lê-la como ela fazia com os outros. Permitiu só a verdade de sua declaração em sua mente, onde ele possivelmente captasse seus pensamentos. Não só pareceu intrigado, mas também agradado. — Diz a verdade. Ela assentiu. — Não tenho razão para mentir. Realmente não posso correr o risco e como desejo filhos algum dia, não posso me ocupar do problema permanentemente. — Então não dormiu com o homem que te rompeu o coração? Ela sacudiu a cabeça e olhou por volta do mar. A costa se desvanecia enquanto o iate acelerava para a ilha privada. Stavros deixou sair o fôlego, atraindo sua atenção de volta a ele. — Então serei seu primeiro. Seu único. — Havia profunda satisfação em seu tom de voz ronronante. — Eu te disse que posso ficar grávida. Não pode, Stavros, ficaria grávida. — Quero filhos. — disse ele. — Não tenho nenhum problema com que fique grávida. O coração de Elle saltou. Ali estava. Stavros era bonito, encantador, rico e desejava filhos. Estava segura de que era psíquico. Por que não poderia a casa Drake escolhe-lo? Talvez houvesse mais de um homem que se encaixasse com ela e o destino tinha intervindo para lhe dar outra oportunidade. Stavros Gratsos que a estava forçando a acompanhá-lo a sua casa. — Stavros, — disse suavemente — é o homem mais doce, mas está fora do meu alcance. A metade de seus convidados se perguntam o que faz comigo. — Deixe que se perguntem. Sid se aproximou com sua maneira silenciosa e se inclinou para cochichar na orelha de Stavros. Stavros imediatamente deu uma tapinha em sua mão. 9
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— Estaremos em casa logo. Tenho que atender esta chamada. — Deixou cair um beijo em cima de sua cabeça como se já tivessem acertado tudo e se foi. Elle aspirou e deixou o ar sair. Precisava tentar permanecer no personagem em caso de que seu disfarce tivesse pirado, mas precisava contar a alguém onde estava. Não podia enganar -se. Poderia desaparecer facilmente e Stavros poderia ter cem pessoas jurando que a tinham visto descer. Fechou os olhos. Precisava alcançar a suas irmãs e avisá-las onde estava, mas a distância era muito grande. Haviam retornado aos Estados Unidos e a menos que o laço psíquico entre elas fosse quebrado, não a sentiriam, mas… Restava o verme. Jackson Deveau. Sua conexão psíquica com ela era forte e caso se estendesse para ele, possivelmente pudesse conectar e permiti-lo saber onde estava sendo levada. O orgulho contava quando uma vida podia correr perigo? Realmente era tão estúpida? O navio já estava cortando a distância à ilha. Não estava tão longe do continente. Quando o iate se aproximou da ilha privada de Stavros, pôde sentir um zumbido débil na cabeça. Ao princípio lhe incomodava, mas logo começou a aumentar de volume quase ao ponto da dor. Apertando os dedos nas têmporas em um esforço para aliviar a dor, captou Stavros observando-a. Havia um raio de satisfação em seus olhos, como se soubesse da pressão em sua cabeça. Olhou para Sid. O que for que ela estava sentindo, também o acometia, mas o ocultava melhor. Seguiu andando com Stavros com o rosto girado para longe de seu chefe, mas soube que essa mesma pressão estava em sua cabeça também. Elle respirou fundo e deixou o ar sair. A ilha estava se aproximando e a pressão em sua cabeça se incrementava. Era agora ou nunca. Fechou os olhos e bloqueou tudo exceto Jackson. Como era. Remoto. Com ombros largos. Cicatrizes. Peito largo. Olhos penetrantes cheios de sombras. Jackson. Sussurrou seu nome em sua mente. Enviou-o ao universo. Houve um momento breve de silêncio, como se o mundo ao redor dela contivesse a respiração. Um golfinho saltou do mar e deu um salto mortal atrás sob as ondas vítreas. Elle quase chiou quando Stavros a tirou de um puxão do assento. Nem sequer o tinha pressentido vindo atrás dela. — O que está fazendo? — ladrou, fechando os dentes de repente. A fúria estava gravada nas linhas de seu rosto. Ele sabia. Elle olhou para seu guarda — costas. Sid sabia também. Eles não só tinham barreiras naturais, mas também eram sensíveis à telepatia. Ambos. Era mais do que podia aguentar. — Sheena! Responda-me. — Me solte. — Soltou -se de um puxão — Não compreendo por que te comporta desta maneira. — nem sequer Sheena, tão tranqüila e sossegada como era podia suportar ser maltratada. Olhou-o com fúria — Tive o suficiente, Stavros. Quero retornar para minha casa. Ela nunca ia voltar para casa outra vez. O pensamento veio espontaneamente, mas se assentou em seu interior, revolvendo seu estômago. Uma vez que pisasse nessa ilha, sua vida tal e como a conhecia se acabaria.
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Elle? Onde está? Continue viva, neném, não importa de que forma, permanece viva para mim. Irei até você. Encontrarei-te. Faça o que tiver que fazer. A voz de Jackson era cálida, uma suave intimidade se deslizou em sua mente, em seu corpo. Ele se sentia como o lar. Como consolo. Ela quis lançar -se dentro dele e refugiar -se ali. Ele devia ter ouvido, ou sentido o desespero nela… O temor. Stavros a agarrou pelos braços e puxou-a contra ele, sacudindo-a enquanto a punha nas pontas dos pés. — Vai parar neste momento a menos que deseje que Sid a ponha para dormir. Sei o que está fazendo. Elle. Responda-me. Havia uma ordem dura na voz de Jackson, quase uma obrigação a responder. Ela ofegou quando os dedos de Stavros apertaram duramente na parte superior dos braços. — Não! — advertiu ele. Tinha-o ouvido? Duvidava. Mas havia sentido a energia vibrando e sabia que ela tinha recebido uma resposta. Maldita seja, neném. Só permanece fodidamente viva. Custe o que custar. Elle olhou para Sid. Tinha uma seringa na mão. Ela forçou seu corpo a relaxar, não querendo ir para sua ilha inconsciente. — Você sabe. — manteve sua voz tranquila. Muito tranquila. — O que, que é telepata? Sim, é obvio. Senti imediatamente. — Bem, pelo menos não tenho que tentar te explicar. — Disse isso, orvalhando alívio em sua voz. — Odeio ocultar quem sou ao mundo, mas as pessoas pensam que estou louca. Os dedos se largaram dela, embora soubesse que teria machucados. — Não tem que se ocultar de mim, Sheena. Sou muito parecido com você. Elle estudou seu rosto. Stavros estava muito cômodo com o sequestro para estar tão limpo como tinha acreditado, em primeiro lugar. — Falaremos em minha casa. — disse Stavros, parando efetivamente suas perguntas. Elle permaneceu silenciosa, determinada a não permitir ver que tinha medo. Deixou que Sid a ajudasse a descer do iate ao bote e logo no carro que esperava. A ilha era formosa, exuberante e verde sob o último sol da manhã. Notou a maneira em que conduziam caminho acima para a casa de campo. Uma vez lá, Elle girou elegantemente nos ricos assentos de couro do carro com chofer e estendeu o pé com salto alto fora da porta, permitindo que a abertura de seu vestido brilhante se abrisse e revelasse a perna proporcionada, durante um breve brilho enquanto saía do carro. A seu lado, Stavros fez com que colocasse a mão no oco do cotovelo e lhe indicou o atalho por volta da enorme casa construída na ilha olhando ao mar. Acariciou-lhe os dedos e ela elevou o olhar, enviando um débil sorriso antes de dirigir sua atenção à obra mestra da casa. A estrutura era grande e se estendia em vários níveis, parecia quase toda de cristal, assim tinha vista para quase qualquer direção. Acessível só com aviões pequenos, helicóptero ou navio, a ilha proporcionava a Gratsos tanta intimidade como desejasse. Sabia que ele tentava impressioná-la, que ela o tinha intrigado porque até agora, nada de seu mundo a tinha 11
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impressionado. Estava acostumado a que as mulheres se atirassem sobre ele, e ela era o bastante diferente para ser um desafio. Bem… Isso e que ele tinha de algum modo um radar incorporado no que se referia a capacidades psíquicas. Era assim como devia ter encontrado a seu guarda — costas e pelo que se havia sentido tão atraído por ela. Pelo menos sabia por que estava tão interessado nela agora ou possivelmente tinha sido difícil não estar adulada por seus cuidados. Stavros era um homem bonito e inteligente e sabia como retirar se para seduzir a uma mulher. Era encantador, mas havia uma aura de perigo ao redor dele, e ela nunca descartava a leitura de auras. Ele não ia deixar ir, seus escuros olhos penetrantes e ardilosos, um predador desembainhando as garras. Ela estava com problemas e sabia. Stavros não gostava de receber um não como resposta. Seu coração pulsou um pouco mais rápido, e tomou um par de fôlegos profundos para acalmar a inundação de adrenalina. Sabia que estaria fora de alcance das comunicações aqui, completamente isolada de toda ajuda, especialmente com essa dor irritante que crescia mais forte na cabeça. Tinha que ser uma transmissão de algum tipo para bloquear a energia psíquica. Não estava segura de que fosse possível, mas no momento em que ficasse sozinha, ia comprovar sua teoria. — Sheena? — Stavros lhe esfregou o dorso da mão outra vez. — Queria que visse minha casa. — sua voz ronronou. — Diga-me que não está com raiva de mim por te raptar e te trazer para casa. — Deteve -se no intrincado atalho que levava a seu magnífico lar, e levantou seu rosto para olhá-la fixamente aos olhos. Elle podia imaginar que esse olhar atento faria com que a maioria das mulheres desmaiassem ligeiramente. Sentia -se doente. Quaisquer que fossem as intenções de Stavros, não lhe importava se ela estava de acordo ou não. — A telepatia é normal em sua família? — Ela queria que ele pensasse só nessa capacidade e em nenhuma outra. Manteve -se estritamente sob controle, sem cair no medo quando queria levantar os braços ao vento e utilizar sua força para ganhar a liberdade. — Não fale diante de ninguém. — Vaiou ele, ainda sorrindo — Este tema é só para nós dois. Outra oferta para mantê-los juntos. Ela reconhecia a manipulação quando a via. Ao menos ainda tentava ser encantador e ganhar sua conformidade ao invés de forçá-la. Assentiu com a cabeça, sem estar disposta a tentar lutar por uma causa perdida. Era muito melhor esperar e ver o que Stavros desejava dela. Possivelmente poderia reunir a informação que Dane acharia útil, se conseguisse sair viva. A porta foi aberta por uma mulher com aparência de matrona, que conseguiu olhar através de Elle como se não estivesse ali. — Esta é Drusilla. É nossa governanta.-apresentou Stavros. -sem ela todos nós estaríamos perdidos. Drusilla sorriu alegremente com um sorriso de boas — vindas a Stavros enquanto cabeceava um pouco cautelosamente a Elle. Esta deu um passo dentro do enorme quarto de cristal de múltiplos níveis. — Isto é bonito, Stavros. — Estou contente de que você goste já que será sua casa. 12
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Elle ouviu Drusilla tomar um rápido fôlego e Stavros imediatamente lhe enviou um olhar de furiosa reprimenda. Elle se forçou a dar um passo mais dentro do quarto, jogando um olhar ao redor. A vista aquietava o fôlego, a mais incrível que jamais tinha visto. Era uma assombrosa jaula de seda, uma prisão além de seus sonhos mais selvagens. Elle permitiu que Stavros a guiasse pelo grande quarto absolutamente formoso e acima pela larga escada a um dormitório imenso. Ele abriu a porta e fez gestos para a cama de quatro postes. — Este será seu quarto. O meu está justo pelo vestíbulo. Alguém já tinha colocado a pequena bolsa de viagem de Elle na cama. Parecia ridículo na rica opulência do quarto. — Stavros, espere.-agarrou-o pelo braço. — Realmente não posso ficar. Tenho uma entrevista esta tarde e não posso chegar tarde. — Ficará, Sheena, e terá meus bebês. Estive procurando uma mulher como você durante anos. Não vou deixar que parta agora. — Empurrou-a mais dentro do quarto e olhou seu relógio. — Permanecerá aqui neste quarto até que venha te buscar. A porta estará fechada, Sheena, e ficará. Não havia forma de passar por cima o ferro em sua voz nem a advertência. Elle parou muito quieta no centro do quarto. Ele mostrava sua verdadeira face agora, permitindo-a patentemente saber que não só a tinha raptado, mas também esperava sua total cooperação. Ela não disse nada enquanto ele fechava a porta, esperando antes de mover -se até que ouviu o entalhe do ferrolho. Elle abriu a bolsa para encontrá-la vazia. Alguém já tinha desembalado suas coisas e as tinha guardado. Depois de uma busca breve, encontrou sua roupa pendurada ordenadamente no espaçoso guarda — roupas. Tirou o vestido e o trocou por um par de finas calças de algodão e uma camiseta cômoda de algodão. Trancou -se rapidamente o cabelo que lhe chegava à cintura e colocou seus sapatos de escalada antes de ir à janela. Debaixo de seu quarto, cantos rodados e pedras grandes formavam os precipícios que levavam ao brilhante mar. Normalmente a vista a teria acalmado, mas a maneira em que a casa se pendurava sobre o oceano tornava subir perigoso. Interessou-lhe encontrar a janela conectada a um sistema de segurança. Poderia abrir a janela, mas um alarme se dispararia se colocasse o braço para fora. Do modo em que a casa estava construída, teria sido quase impossível que alguém irrompesse, assim aqui mantinha presas as mulheres a seu capricho? Havia trazido outras para aqui? Elle estudou o quarto com cuidado, deslizando a palma sobre as paredes e a cama, procurando energia psíquica deixada atrás por qualquer outra. Não sentia nada de nada exceto esse débil e irritante zumbido na cabeça. Por isso, podia dizer só que a dona — de — casa tinha estado em seu quarto. Agora que estava sozinha, precisava enviar uma mensagem para casa e avisá-los de onde estava. Abriu a janela e inalou o mar e o sal. No momento em que a névoa salgada tocou seu rosto se sentiu melhor, mais rápida, mais otimista. Elle levantou seus braços e chamou o vento. A dor se chocou em sua cabeça. Mal conseguiu suprimir o grito que brotou enquanto estrelas explodiam detrás dos olhos e tudo ao redor dela ficava negro. Curvou -se, vomitando, afogando -se, cambaleando para a cama, apertando ambas as mãos na cabeça que pulsava. 13
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Stavros era psíquico e tinha conseguido de algum modo desdobrar algum tipo de campo de energia para evitar que se usasse a energia psíquica. Por que faria isso? Ele não poderia utilizá-la, tampouco. Débil, deslizou -se até o chão junto à parede e pôs a cabeça entre as pernas, respirando fundo para evitar desmaiar. Não ia poder convocar ajuda até que estivesse fora da ilha ou pudesse encontrar a fonte do campo de energia. Uma vez que pôde respirar outra vez, ficou de pé instavelmente e tratou com a segurança, um pequeno raio que ela redirecionou para poder deslizar -se através da janela e aderir -se como uma aranha ao lado da casa de campo de cristal. E as aranhas eram melhores em aderir -se ao vidro que ela. Deslizou -se até que os dedos dos pés e das mãos encontraram um lugar para agarrar. Aderiu -se a borda, alcançando com os dedos dos pés, desejando ser ao menos uns centímetros mais alta quando tentou ganhar o teto. Durante vários segundos se encontrou olhando fixamente para baixo, às pedras e ao mar a uns bons trinta metros debaixo dela, atemorizada com que não pudesse alcançar e cair. Estudou a distância em cima dela. Teria que fazer alavanca para cima com seu corpo, utilizando o poder das pernas e agarrar a borda. Uma oportunidade. Isso é tudo o que teria, e teria. Elle tinha escalado rochas e montanhas por todo o mundo. O teto escorregadio não ia ser sua perdição. Ensaiou cada movimento em sua mente e se empurrou, utilizando os músculos poderosos das pernas para propulsar -se para cima. Agarrou-o com as mãos, escorregaram e os dedos se cravaram no teto, sustentando-a. Deixou sair o fôlego e, reunindo forças antes de subir a perna sobre o telhado. Uma vez posicionada, poderia empurrar -se completamente para cima. Tomou um momento para recuperar -se e então correu agilmente através do teto, até o outro lado da casa onde Stavros realizava sua reunião. Permaneceu agachada, sabendo que se destacaria facilmente contra o telhado iluminado pelo sol brilhante. Pôde ver Sid acompanhar quatro homens pelo atalho para a casa. Franzindo o sobrecenho, deitou -se. Os homens usavam roupa de dirigentes com emblemas, o padrão um por cento e, uma intrincada espada com sangue gotejando pela folha. Tinha visto esse emblema antes. Os dirigentes fora da lei de um dos clubes mais notórios em três continentes eram os únicos que ousariam levar o símbolo da Espada. Alguns diziam que as origens dos grupos eram russas, e que se pulverizaram rapidamente pela Europa e Estados Unidos. Os recrutas eram brutais, a prisão os endurecia e estavam dispostos a matar pelos menores insultos. Tinha topado com eles em vários casos relacionados com tráfico de armas e drogas, assim como a assassinatos por encomenda. O clube, conhecido como A Espada, estava ganhando rapidamente uma reputação que rivalizava com os existentes senhores do crime. As condenações eram estranhas porque só um punhado de testemunhas concordaram em testemunhar contra um deles. E desses poucos, nenhum jamais tinha vivido um dia mais depois de que uma pena de morte fosse transmitida pelo famoso líder do clube, Evan Shackler. O que Evan Shackler ou qualquer um de seus dirigentes faziam na ilha de um rico magnata naval? E por que Stavros dava tapinhas em suas costas como se fossem velhos amigos? Mais que velhos amigos… Irmãos? Saudaram -se entre eles à maneira grega tradicional, beijando -se em ambas as bochechas, o que não era um sinal de que fossem parentes, mas curiosamente se 14
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pareciam muito. Enquanto caminhavam um ao lado do outro, ela pôde ver uma semelhança imensa, embora Evan parecesse selvagem e despenteado com o cabelo comprido e a face escurecida ao lado da imagem executiva do bonito Stavros. Tinham quase a mesma altura e peso e possuíam os mesmos gestos, inclusive moviam as mãos da mesma maneira. Teria que estudar os arquivos de Shackler e comprovar meticulosamente seu passado. Mas… Se Shackler estava de algum jeito relacionado, o que ela admitia que era um avanço, podia ser psíquico? Stavros tinha protegido sua ilha para evitar que um parente utilizasse a capacidade psíquica contra ele? Isso teria sentido. Se Stavros era psíquico, quereria poder utilizar suas capacidades como ela e suas irmãs faziam na intimidade de sua casa. Elas nunca antes tinham pensado em construir um campo de energia para evitar que utilizassem seus talentos psíquicos, mas Stavros tinha que ter tido uma razão boa para fazê-lo assim. Algo a mordeu atrás do ombro, uma cruel perfuração que foi forte o bastante para fazê-la girar -se. O som de um disparo se registrou quase antes do fato de que lhe tivessem acertado. O sangue manchou a frente de sua camisa e desceu pelo braço, caindo através do telhado como o toque de um artista. Stavros foi empurrado ao chão por Sid, uma mão evitou que se movesse enquanto a arma de Sid rastreava a alguém atrás dela. — Ninguém a toca! — chiou Stavros — Mate-o. Acerte-o! A arma de Sid disparou e Elle ouviu um corpo cair atrás dela, dando -se conta de que a arma de Sid estava apontando ao guarda que a tinha acertado e não a ela, e retrocedeu pelo telhado, arrastando -se porque não podia ficar de pé, nem utilizar o braço inútil. Respirar era difícil enquanto avançava até o beiral sobre o precipício. Seu corpo doía tanto que não acreditava que pudesse voltar para seu quarto, embora quisesse. Não podia permitir que Stavros a retivesse. Não poderia defender -se e sabia o que ele queria agora. Manteria-a nesta casa, nesta prisão, e estaria como as mulheres às que tinha tentado ajudar… Presa em seu mundo, servindo aos desejos de Stavros. — Sheena! — Stavros estava de pé — Não o faça! Sid subiu pelo lateral da casa, movendo -se rapidamente, mas a visão de Elle se turvava e sabia que tinha que saltar enquanto pudesse. Ele a alcançaria se não tivesse o sangue — frio de correr o risco no mar e nas pedras debaixo. Uma vez longe do campo de energia, teria mais poder. Saltou no espaço e levantou os braços para convocar ao vento. O vento rugiu nela, empurrando seu esbelto corpo para longe das pedras, fazendo a água acolhedora. Atrás dela, Stavros levantou os braços e enviou uma ordem contrária. Tão caprichoso como sempre, o vento mudou, deixando-a cair os metros restantes. Golpeou -se com força, a cabeça explodiu em um milhão de fragmentos enquanto a água fria se fechava sobre sua cabeça, aceitando-a em seus braços calmantes. Por um momento, pensou que alguém tinha aterrissado a seu lado e que um braço roçou nela, mas então se afundou; não lutava, permitindo que o mar a levasse para casa, muito longe do temor e de uma vida que ela não acreditava jamais que seria dela. Jackson. Sussurrou seu nome na mente enquanto ia à deriva.
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Capítulo 2
Jackson Deveau atravessou a soleira até o alpendre para levantar o olhar para as nuvens que se acumulavam, ameaçadoras, sobre as águas agitadas do mar. A tormenta se movia com mais rapidez que o prevista, como ocorria com freqüência na costa norte de Califórnia. Dedos de névoa, empurrados pelo crescente vento, alcançavam a borda precedendo à tormenta, cobrindo a linha da costa com uma manta úmida e cinza. Ela estava ali fora em algum lugar. Sozinha. Viva. Sabia que estava viva. Tinha que estar viva. Elle Drake, a mais jovem das irmãs Drake, tinha desaparecido há um mês. Algo terrível tinha ocorrido, ou teria se colocado em contato. Seu trabalho encoberto a tinha levado a lado mais sórdido da vida... tráfico de humanos... e de algum modo, seus contatos a perderam. A sua família havia dito que se presumia sua morte, mas ele não acreditava mais do que o faziam suas irmãs. Ele saberia. Elas saberiam. As Drake estavam psiquicamente conectadas e, embora as irmãs de Elle estivessem devastadas por seu desaparecimento, o único no que estavam de acordo era em que estava viva. Não acreditaria... não podia acreditar nenhuma outra coisa. Então, tinha que encontrá-la. Hoje. Se seu disfarce tinha pirado como suspeitava, quem quer que a tivesse a retinha longe, fora dos Estados Unidos, se não a tivessem matado desde o começo. Sua família tinha tentado numerosas vezes, assim como ele, mas nenhum deles tinham conseguido nada parecido a uma direção de onde estava. Ele tinha ouvido sua suave voz quase um mês antes ,e muitas vezes a tinha reproduzido em sua cabeça, estava seguro de que soava assustada. E Elle não se assustava muito freqüentemente. A tormenta proporcionaria o tão necessário estímulo de energia, e o plano era simples. Todos se reuniriam na casa protegida de Elle, o lar de seus ancestrais, acumulando a energia da tormenta, enviando-a ao universo para encontrá-la. E assim ia ocorrer, porque não havia outra alternativa. Assobiou e seu cão, Bomber, trotou dobrando a esquina e passeou com ele até sua caminhonete. O grande pastor alemão saltou dentro e se acomodou no assento junto a ele. — Hoje, neném — sussurrou suavemente ao vento, deixando que este levasse suas palavras longe dele. O passeio de carro através de Sean Haven era familiar agora. Mudou -se ao pequeno povoado na costa depois de servir primeiro como ranger na armada, e depois na DEA com seu amigo Jonas Harrington. As coisas foram ao inferno mais de uma vez, primeiro na armada quando tinha sido feito prisioneiro e mais tarde em um trabalho encoberto. Jonas quisera voltar para casa, a Sean Haven, e tinha convencido Jackson para que mudasse com ele. Uniu -se ao escritório do xerife e patrulhado a costa, sem compreender durante muito tempo o que os habitantes de Sean Haven tinham chegado a significar para ele. Era um homem de poucas palavras e inclusive menos amigos, mas tinha sido aceito na pequena e unida comunidade.
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O povo guardava luto por Elle Drake, igual fazia sua família... e ele. Havia uma sensação de quietude, de medo, enquanto conduzia pelas ruas. Em todas as partes aonde olhava, podia ver pequenas fitas amarelas nos negócios e casas, ondeando sobre cercas e árvores. Um dos seus estava perdido e todos queriam que voltasse para casa. O vento que continuava conduzindo a névoa até a estrada da costa era espesso e cinza e a névoa cobria seu pára — brisa. A tristeza pendurava como uma nuvem enquanto continuava estrada abaixo até que chegou ao desvio sinuoso que conduzia ao imóvel Drake. A casa de múltiplos andares se elevava sobre um escarpado, rodeado de árvores e um formoso e colorido jardim que inclusive no inverno crescia e florescia. A música de sinos ao vento lhe golpeou o primeiro e quando o vento soprou desde o mar, variados sinos dançaram e reproduziram uma série de notas que pareceram aliviar o terrível peso em seu peito. A dupla grade de ferro estava fechada e ficou sentado no carro, na parte baixa da colina, estudando os símbolos e as palavras esculpidas em latim e italiano. As sete se converterão em uma quando estiverem unidas. As Drake tinham uma magia que poucos possuíam e quando se uniam, as coisas que podiam conseguir eram extraordinárias. Jackson as considerava todas as mulheres extraordinárias. De algum modo, tinha sido atraído ao seu círculo através do Jonas. Elle. Apoiou a fronte contra o volante e exalou seu medo por ela. Ele tinha sido prisioneiro de guerra, sem muita esperança de que alguém o encontrasse. Tinham-lhe movido a cada poucos dias, e como reputado franco-atirador, seus captores não tinham intenção de devolvê-lo nem sequer por razões políticas. As cicatrizes dessas longas semanas de tortura estavam sobre sua pele e profundamente enterradas abaixo ela também. Não era como se tivesse tido muito pelo que viver naqueles dias, e não tinha acreditado em muitas coisas tampouco. Até que uma voz começou a sussurrar em sua cabeça lhe dizendo que vivesse, que lutasse, que não estava sozinho. A princípio, acreditava que tinha enlouquecido. Aquela voz era suave... feminina... e finalmente com o passar do tempo, sensual. Adorava o som de sua voz. Elle. Sua misteriosa e efusiva Elle Drake. Em meio a sua dor, de algum modo tinha se conectado com ela e ela tinha sido capaz de encontrá-lo. Não entendia a conexão que compartilhavam, mas sabia que lhe pertencia. Estava feita para ele. Tinha seguido Jonas a Sean Haven para vê-la, para saber que era real. E uma vez que o tinha feito, deveria ter sido homem o bastante para afastar -se, mas não pudera. Suspirou. Havia bagagem, coisas irresolutas e muito perigosas, e tinha que encontrar um modo de resolver esses temas antes de reclamar à mulher que sabia estava feita para ele. O grande cadeado da grade caiu ao chão por si mesmo e as grades começaram a abrir -se. Houve uma intensa satisfação nisso. A grade das Drake somente se abria para aqueles que tinham seu lugar ali. Ninguém sabia como reconhecia à família e seus homens, mas a casa, capaz de proteger aos que estavam dentro dela, dava-lhe a bem — vinda. — Vê, Elle? — sussurrou. — Inclusive sua casa diz que é a hora. — Muito tarde. Deveria ter atuado fazia muito tempo, iniciado uma guerra, ou melhor dizendo terminar uma, e logo tê-la amarrado a seu lado. Se o tivesse feito assim, isto não teria ocorrido. Conduziu pela estrada para a casa, tomando nota do rico, verde e formoso que era tudo sempre. A casa se erguia diante, velha, agüentando frente ao vento e as salpicaduras de sal sem 17
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uma greta ou fatia na pintura, como recém construída. Conduziu até a zona de estacionamento onde o pátio dava por volta do mar. Ficou de pé um longo momento baixando o olhar à água agitada e escura. Algumas vezes o oceano parecia cristal, mas esta tarde o mar parecia furioso, em grande confusão, igualando a seu temperamento. As ondas golpeavam contra as rochas, salpicando espuma branca alta no ar, o som do trovão, reberverando em sua cabeça. — Elle, neném, onde está? — sussurrou ao vento, necessitando uma resposta. — Jackson — Jonas Harrington apareceu detrás de seu amigo, sabendo o bastante para pronunciar seu nome como advertência e não aparecer a suas costas silenciosamente. Jackson se girou ligeiramente e pelo seu olhar, tinha sabido que Jonas estava ali todo o tempo. — Deveria vê-la detido — disse Jackson. — Sabia que estava envolta em algo perigoso e deveria tê-la detido. Jonas sacudiu a cabeça. -as Drake não são tão fáceis de parar. — Mas mesmo enquanto o dizia, sabia que Jackson nunca estaria de acordo com ele. Ele era como os guerreiros legendários de antigamente. Elle era sua mulher e era um dever, privilégio e direito cuidar dela. Não lhe preocupava os direitos das mulheres, ou os costumes ou a sociedade. Jackson tinha um código, um sistema de honra. Elle era sua mulher e supunha que devia mantê-la a salvo de qualquer dano. Não o tinha feito e não havia nenhuma razão o bastante boa nem haveria nunca para ele. — Está viva, Jonas, sabe disso, e seu disfarce voou, o que significa que sua vida está em perigo. Esteja onde esteja, estão lhe fazendo mal e terão que matá-la quando averiguarem tudo o que sabe. Jonas estudou seu amigo. Jackson era cajun, com amplos ombros, braços musculosos, um poderoso peito e olhos duros e penetrantes... obsidiana negra, brilhando quando se zangava, ou absolutamente frios e sérios, sem mostrar nenhuma emoção por nada. Seu espesso e revolto cabelo ondulado era negro como a meia-noite. Seu rosto e pescoço estavam marcados por cicatrizes que desapareciam sob sua camisa. Seus rasgos estavam esculpidos em linhas de dura violência e uma quietude que desmentiam seus reflexos velozes como o raio. Jackson raramente falava de sua família, e pelo que Jonas tinha solicitado das poucas vezes em que os tinha mencionado, viviam no próprio bayou, em uma pequena ilha, indo de barco à ilha principal por fornecimentos. Seu pai tinha sido lutador, um veterano de mais de uma guerra e um motoqueiro que tinha abandonado a sua família com freqüência porque não podia estabelecer-se, mas voltava com bastante freqüência porque não podia manter-se afastado deles. Por isso Jackson tinha deixado cair, seu pai tinha começado a lhe ensinar a sobreviver, lutar e utilizar as armas a muito curta idade. Parecia amar e desprezar seu pai mesmo tempo, sentindo como se o motoqueiro tivesse fugido com o que considerava sua família e Jackson e sua mãe ficaram com os restos. Embora os detalhes fossem confusos, Jonas sabia que tinha sido Jackson quem provesse para sua mãe. Quando esta tinha adoecido de câncer, seu pai tinha desaparecido outra vez, incapaz de 18
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confrontar a prolongada enfermidade. Jackson tinha quinze anos quando sua mãe morreu, lhe deixando só no bayou. Valeu-se por si mesmo até que seu pai voltou e Jackson se viu forçado a acompanhá-lo para viver em acampamentos de motoqueiros, viajando com eles quando se moviam. Seu pai tinha morrido em uma briga a faca, chegando a quatro membros da banda rival com ele justo antes do décimo nono aniversário do Jackson, e Jackson se uniu ao exército. Jonas sabia que Jackson tinha tido um roce com esse mesmo clube de motoqueiros durante sua época com a DEA, mas nunca falava disso. — Desta vez a encontraremos — disse Jonas. Os olhos negros se lançaram sobre ele. — Sim, faremos isso. E a trarei para casa. E se comprometerá, Jonas. Esteja preparado. Sei como é com as garotas, mas Elle é minha. E se comprometerá a isso. — Jackson... — Pela primeira vez que pudesse recordar em sua longa amizade, Jonas sentiu uma pontada de intranqüilidade. Jackson podia ser bastante rude e uma vez decidia algo, não havia forma de afastá-lo de seu objetivo. Jackson sacudiu a cabeça. — Só deixava claro o ponto de partida. A tormenta se aproxima rápido. As garotas estão reunidas? Assim era Jackson. Já tinha falado. Jonas suspirou e se encaminharam através do jardim traseiro. Nunca tinha entendido a relação de Jackson e Elle... ou a falta dela. Elle era reservada, igual a Jackson. Os dois eram indivíduos de fortes vontades e, além disso, com o mau gênio de Elle e a falta de gênio do Jackson, os dois eram igualmente... teimosos. — Ilya está aqui. Tem informação para nós — disse Jonas. — Prefere nos dizer isso antes que entremos. Jackson o olhou fixamente, seu olhar agudo. Fosse o que fosse o que Ilya Prakenskii tivesse que dizer, não queria que sua prometida, Joley Drake, nem nenhuma de suas irmãs soubesse. E isso significava que não podia ser nada bom. Jackson deixou escapar o fôlego, negando-se a ceder à parte secreta dele que estava cheia de terror. Tinha sido prisioneiro de guerra de um dos piores sádicos do negócio e não havia sentido um medo assim. Elle. Neném. Permanece viva por mim. Seja o que for que tenha que fazer, permanece viva por mim. Irei por você. A tormenta era o conduto perfeito que necessitavam para estimular sua energia compartilhada. Onde quer que estivesse Elle, estaria esperando, sabendo que nunca deixariam de procurá-la. Rodeou o lado da casa Drake até onde Ilya estava esperando nas sombras por eles. Ilya assentiu com a cabeça para o Jackson e olhou para a casa. — Caminhemos. — Saberão -advertiu Jonas. As Drake sempre sabiam. Levavam um mês tentando encontrar a Elle, unindo-se uma e outra vez para encontrar a sua irmã perdida, e como não podiam, sabiam que estava a uma grande distancia e sob condições extremas. Elle era poderosa, provavelmente mais poderosa que 19
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qualquer uma delas. Jackson a tinha visto quase derrubar um edifício com a energia explosiva de seu temperamento. Sempre se mostrava cuidadosamente controlada, mas se não podia liberar-se a si mesma de qualquer que fosse a situação em que estava... Jackson fechou os olhos de novo, seu estômago deu um tombo. Tinha que estar ferida. Se não podia alcançá-los, tinha que estar ferida, não havia nenhuma outra explicação. Elle ferida. A idéia era aterradora. Elle em mãos de um homem capaz de traficar com humanos era inclusive pior. Sabe que nunca me deterei até que te encontre. Seja forte, neném. Por mim. Por suas irmãs. Pelo Jonas e Ilya e o maldito povo inteiro. Permanece viva, Elle. Desejava que o amasse o suficiente para viver por ele. Desejava ser sua razão. Ela era dele. Tinha sido sua desde a primeira vez que tinha ouvido sua voz, suave e sedosa e tão condenadamente sexy. Algo dentro dele tinha despertado... tinha voltado para a vida. Ele não tinha emoções como às do Jonas. Preocupar-se com tudo e por todo mundo, por cada causa, esse era Jonas. Salvar o mundo, decidido a salvar ao Jackson. Jackson olhou fixamente a Ilya. O russo se parecia muito mais a ele. Controlado. Disciplinado. Extremamente perigoso. Algumas vezes desejava poder ser como Jonas, especialmente quando se tentava expressar seu sentimento a Elle, mas se alguém ia salvar lhe, essa seria Elle. Nunca tinha desejado a uma mulher para si mesmo até Elle e ela era tão elusiva como o vento. Amaldiçoou suavemente e se girou longe dos outros dois homens. Ambos notavam cada detalhe, e não necessitava seu escrutínio agora mesmo. Deveria ter saído simplesmente a palestra, ter sido um homem e tomado o que lhe pertencia por direito. Tê-la subjugado. Ilya deixou de andar sob um grupo de árvores e levantou a vista para a almena do capitão. Três andares por acima, Hannah Drake Harrington, a esposa de Jonas, passeava acima e abaixo, seus largos cachos loiros girando no forte vento. Várias vezes elevou os braços, atraindo o vento, chamando-o como fazia quando desejava comandá-lo. Jackson sabia que estava reunindo energia em preparação a sua chamada. Ilya manteve a voz baixa. — Reuni retalhos de informação de várias fontes que me deviam isso. O disfarce de Elle tinha sido cuidadosamente construído ao longo de vários anos, o que explica seus freqüentes desaparecimentos. Utilizava o nome de Sheena MacKenzie, uma jovem muito atrativa da alta sociedade que se movia em círculos europeus principalmente. Era conhecida por ser bastante aventureira, muito hábil em tudo, desde escavar até fazer alpinismo. — Todo o qual é Elle — interveio Jonas. — Por outro lado, Sheena Mackenzie estava fichada, suspeita para a Interpol de ser uma bem-sucedida ladra de classe alta. — Assim não se infiltrou como mulher raptada e utilizada nos círculos de tráfico — disse Jonas. — Sue gente deu informação falsa a Interpol? Ou estes estavam no alho? Pelo que sei, ela não trabalhava com a Interpol. — Se minha informação for correta, havia uma cooperação. O homem atrás do que foram é um peixe gordo — explicou Ilya. — O principal suspeito é um homem chamado Stavros Gratsos.
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— O magnata naval. — Jonas assobiou suavemente. — Tem mais dinheiro que a metade do mundo. O que quereria ter ele que ver com o tráfico de humanos? -sem muitíssimo dinheiro, Jonas — explicou Ilya. — Provavelmente é assim como o conseguiu, em primeiro lugar. É suspeito, mas ninguém nunca encontrou provas. O tráfico humano é superado apenas pelo de drogas, e cresce dia a dia. Uma casa pode ganhar mais de um milhão ao mês em uma cidade. Imagina se tivesse uma casa em cada cidade por todo mundo. É global, não só uma pequena área, e Gratsos tem os dedos em todos os bolos. Não seria difícil, e está muito longe do alcance das autoridades, sairia-se com a sua e provavelmente leva fazendo-o há anos. — O que estava fazendo Elle exatamente? — perguntou Jackson. Tráfico humano. A idéia de Elle em mãos de homens como esse o deixava sacudido, frio e inútil. Não podia deixar que sua mente seguisse por aí. Tentou não recordar sua voz, tão alterada, buscando-o e como ele não podia encontrá-la. Levava um mês já em mãos de um louco. — Tropeçou-se com o Gratsos casualmente um par de vezes — disse Ilya — e segundo seu contato, Gratsos pareceu bastante cativado por ela. Os olhos de Jackson se fecharam brevemente. Entendia completamente. Elle tinha esse efeito nas pessoas. Parecia elusiva, fora de seu alcance. Uma combinação de atrativo e inocência que podia apanhar a atenção de um homem e não deixá-la escapar. Ele sabia melhor que a maioria. Uma vez tinha ouvido sua voz, essa suave voz de dormitório que se afundava sob a pele de um homem e se assentava no fundo de seu estômago, ganhando força em suas vísceras, tinha podido pensar em pouco mais. Com sua companhia a obsessão só se incrementava. Era baixa, mais baixa que suas irmãs, com uma figura diminuta e muito feminina. Seus olhos eram tão verdes como o mar, como duas gemas faiscantes que incitavam e prometiam. Seu espesso cabelo vermelho era liso, sem indício dos cachos que tinha sua irmã Hannah. A sedosa cascata caía mais abaixo de sua cintura, uma queda brilhante que roubava o fôlego de um homem. Jackson tinha tido um montão de fantasia sobre esse cabelo... e sua boca, o arco perfeito de sua boca. Parecia pequena e frágil, uma mulher a que proteger e apreciar, tão feminina que um homem quereria possuí-la, embora havia aço em seu interior. Podia aparentar ser fria e distante, mas qualquer homem veria o fogo nela, a paixão fumegando tão perto da superfície, paixão que um homem desejaria toda para si mesmo. Se, podia ver o Gratsos cativado por ela. Era exótica, elusiva e fora do alcance. Alguém acostumado a conseguir o que queria estaria mais que intrigado por ela. — Crê que esse Gratson a mantém presa em alguma parte? Ilya assentiu com a cabeça. — A Interpol e seu contato acreditam que está morta. Nós sabemos que não. Gratson poderia ter acreditado em seu disfarce... uma ladra tentando roubá-lo. Pode ter suspeitado que era um disfarce, mas teria acreditado que era uma ladra, especialmente se estava encantado por ela, o qual meu informante diz que era óbvio. Se estiver sujo, ser uma ladra inclusive o teria atraído.. -Teria se zangado com ela, se não tivesse caído em seu colo — disse Jonas. — Se realmente está metido no tráfico de humanos, não poderia permitir-se correr o risco de que estivesse 21
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infiltrada e espiando-o. Esse tipo de cargo, inclusive para alguém tão poderoso como ele, sacudiriam o mundo. Teria que matá-la. Ilya assentiu com a cabeça. — Isso seria o mais inteligente e Gratsos é um homem muito inteligente, mas também é muito egoísta e se crê acima da lei. Estava sem um centavo como um adolescente e construiu um império a base de puro cérebro. A tragédia golpeou a sua família desde princípio. Seu pai se casou com uma mulher, teve gêmeos, e ela e o outro menino morreram um mês depois em um acidente de carro. Seu pai era um autêntico filho da puta, mas Gratsos provou ser um menino muito inteligente e recebeu umas poucas menções de professores. Segundo os rumores, sua primeira aventura foi contrabando e era bom nisso. Não tinha nenhum reparo em atuar fora da lei então e estou seguro de que tampouco se preocupa agora. Possui navios cisterna para transportar azeite e cargueiros por dúzias com outros contratos muito lucrativos. Passar de contrabando umas poucas mulheres a bordo não seria um problema. Se estiver fazendo isto desde o começo de sua carreira, agora já será muito bom nisso. Reter Elle poderia lhe parecer irresistível. Gostaria da idéia de ter uma mulher como Elle sob seu polegar, justo sob o nariz das autoridades enquanto segue com seus iates, suas festas e seus negócios como é habitual. Jackson se agarrou a isso, sem pensar muito no que um homem que considerava a si mesmo por cima da lei e não tinha escrúpulos em traficar com humanos, podia fazer a uma mulher a quem agora acreditava possuir. Elle estava em problemas se Gratsos fosse o homem que a retinha, tinha o dinheiro suficiente para mantê-la oculta ao mundo durante um longo tempo... até que se cansasse dela. Tomou fôlego e obrigou a sua mente a se afastar do desastre. Tinha que pensar com claridade. Encontrá-la primeiro. Recuperá-la. Mantê-la a salvo. Tratar com todo o resto depois. O primeiro de tudo encontrá-la. Levantou a vista ao céu. Já podia sentir o crepitar de energia. Hannah tinha abandonado a almena do capitão e tinha voltado para a casa, sinal de que se aproximava o momento. A casa Drake se erguia sobre eles, elevando-se como um antigo dragão com as asas estendidas posado ao bordo do escarpado. A água palpitava abaixo, enviando gigantescas salpicaduras de espuma branca alta no ar, a água estava lamacenta e escura, formando redemoinhos como o caldeirão de uma bruxa. Jackson saboreou o sal junto com seu medo. Esta casa seria sua quando reclamasse Elle. O legado dela seria o seu. Elle era a sétima filha de uma sétima filha. Carregava com todos os poderes da família Drake em seu esbelto corpo, e com eles, com a habilidade de continuar a linhagem. O que significava que o controle de natalidade não funcionava bem com ela. Seria a mãe da seguinte geração dos Drakes. Ele se casaria com ela, mas as filhas levariam o nome dela. Suas sete filhas possuiriam o poder da família Drake. Tinha esperado, permitindo a Elle fugir, realizar sua fuga, porque tivera medo. Não das meninas das quais não tinha nem idéia de como ser o pai... isso aprenderia... mas sim de seu próprio legado de violência. E como explicar a ela sem pô-la em perigo? Não era um homem capaz de renunciar a muito controle, e Elle desafiava a cada volta. Não tinha confiança o bastante em si mesmo para não perdê-la quando ambos tinham personalidades 22
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tão fortes e frente à dúvida, ela se tinha afastado dele... e finalmente, até tinha perdido as esperanças com ele. Elle. Demônios. Onde está? Responda-me. Pôs cada onça de exigência, de vontade de ferro... uma vontade assada e formada pela violência... na ordem. Responda-me agora. Esfregou a mandíbula escurecida e observou como o relâmpago iluminava o céu escurecido, roçando as nuvens ameaçadoras com lanças de um branco ardente, brilhos que pareceram perfurar seus olhos e atravessar seu crânio justo até a parte de atrás de sua cabeça. Deixou-se cair de joelhos e pressionou os dedos com força contra as têmporas, seu estômago se agitou, a dor de sua cabeça era tão intensa que lhe revolveu o estômago. Tudo se retirou ao fundo, as vozes ansiosas de Ilya e Jonas se desvaneceram. O mundo a seu redor se curvou e tremeu. A terra se moveu, voltou-se suave e acolhedora sob ele. Ouviu uma voz sussurrando e a princípio não pôde registrar palavras, mas se estendeu para ela e a voz se tornou mais forte. Sheena. Olhe-me. Fale-me. Quem é você? O que está fazendo aqui? Quem te envia? Fale-me, Sheena, e a dor desaparecerá. Masculina. Persuasiva. Tinha ouvido vozes como essa antes, moldando a sua vítima, mantendo a esperança pouco fora do alcance. Jackson ficou imóvel, temendo mover-se, temendo esperar. Tinha-a visto. Tinha conectado e se alguém a estava interrogando como se fosse Sheena, seu disfarce ainda estava intacto. Tentou respirar através da dor... a dor dela... e deixar que sua mente se expandisse, estender-se tanto como podia para a mente dela. Elle. Neném? Pode me ouvir? Vou atrás você. Estamos a caminho. Permanece viva por mim, carinho. Sentiu o toque longínquo, só um ligeiro estremecimento em sua mente. Frágil. Tênue, como se ela temesse acreditar. Jackson? Sua voz fechou um grilhão sobre seu coração, apertando até que foi uma autêntica dor. Por um momento, pensou que poderia estar tendo um ataque do coração. Estou aqui. Estou com você. Diga-me onde está, Elle. Não sei. Não posso pensar com claridade. Minha cabeça... interrompeu -se, e a conexão entre eles vacilou. Não! Sua voz foi aguda. Fica comigo, neném. Necessito que olhe ao redor. O que vê? Quem está com você? Houve um momento de dúvida. Um relâmpago iluminou o céu e um trovão estalou perto, o som mais ruidoso que o retumbar do mar. Uma luz branca ardeu detrás de seus olhos e teve que fechar as pálpebras firmemente contra a dor destrutiva. Uma mão caiu sobre seu ombro. — Jackson? Jackson deu de ombros, afastando a distração. — Alcancei-a. Alcancei-a! — exclamou. Era difícil estar em dois lugares ao mesmo tempo e precisava estar com ela. Estava se deslizando, mesmo enquanto se estendia para ela. Elle, não! Foi-se, fora de seu alcance e ficou de joelhos, respirando profundamente, deixando cair a testa contra o chão e ficando imóvel até que recuperou o controle. — Está viva — disse Ilya. — Nós a encontraremos. Jonas estendeu a mão e Jackson tomou, permitindo que seu amigo o ajudasse a levantar-se. 23
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— Por que não se conectou conosco e fortaleceu o vínculo? — exigiu a Ilya sem encará-lo, esse frio que abanava o rabo em seu interior era escuro e perigoso agora, desdobrando -se. -sentei, Jackson — disse Ilya, sua voz foi absolutamente tranqüila. — Seja o que for o que têm os dois, é uma ponte que é sólida só entre vocês. Não pude me unir a você. — Não pude sujeitá-la a mim — disse Jackson, frustrado. — Se não poderem se unir a mim, que demônios estamos fazendo aqui? — Porque tinha que funcionar. A dor tinha sido a dor dela. Elle necessitava ajuda. Estivesse onde estivesse, necessitava atenção médica. — Estava confusa — Quase infantil, mais frágil do que nunca a tinha visto. E isso o assustava quase tanto como que estivesse em mãos de um louco. — Jackson — Jonas pôs uma mão firme sobre seu ombro. — Nós a encontraremos. Ilya gesticulou para a casa. — As mulheres querem que entremos agora. Jackson olhou para a vazia almena do capitão. Hannah sabia o momento ótimo para tentar enviar o vento a Elle. Se tiverem sorte, e todos os elementos encaixassem em seu lugar, criariam uma fonte de energia capaz de cruzar grandes distancias, até Elle. Estou a caminho, neném, sussurrou na noite e seguiu aos outros dois homens pelo caminho sinuoso até a enorme e esparramada casa. Sarah Drake estava de pé na porta, sujeitando-a aberta para eles. Seu rosto pálido estava imóvel, a ansiedade brilhava em seus grandes olhos azuis. O vento atirava de seu cabelo escuro, lhe dando uma aparência etérea, uma que Jackson com freqüência associava com as mulheres Drake. Sarah era a mais velha e estava comprometida com Damon Wilder, um vizinho que possuía a casa a baixo do imóvel da família Drake. Com o braço ao redor da cintura de Sarah, Damon saudou os outros homens com um ligeiro assentimento e, apoiando-se pesadamente em sua fortificação, girou-se e coxeou de volta através do saguão para deter-se contra a parede. Jackson seguiu ao Jonas dentro, Ilya o seguiu atrás. A atmosfera na casa Drake era normalmente cálida e risonha. Esta noite estava carregada de tensão e pesar. Joley, a sexta irmã Drake, a música da família, lançou-se aos braços de Ilya. Sempre surpreendia ao Jackson que um homem tão remoto e desapaixonado como Ilya, se iluminasse quando Joley estava a seu redor. O russo posou um beijo no cocuruto de mechas loiras, rodeandoa protetoramente com os braços. — Sentiu-a? — perguntou Jackson a Hannah. — Tive uma pequena conexão com ela agora mesmo, mas logo a perdi. Hannah, alta e elegante com compridos cachos loiro platino e grandes olhos azuis, deu-se a volta para encará-lo ante sua pergunta. Uma ex-supermodelo, casada com Jonas e já grávida de seu primeiro filho, Hannah era particularmente forte em seus talentos e seria o maior ativo no intento de encontrar a Elle. Jackson viu a resposta em seu rosto, o olhar completamente em branco que lhe disse que não tinha captado nem sequer o mais ligeiro estremecimento por parte de Elle. Deveria ter ficado feliz que sua conexão com Elle fora tão forte, tanto que ele a tinha encontrado e suas irmãs não, embora fosse somente por uns poucos momentos, mas o que importava realmente era trazê-la a casa sã e salva. 24
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— Falou com ela? Está seguro? — perguntou Hannah. A habitação ficou em silêncio e todos os rostos giraram para ele. Kate a escritora, séria e amável, Abigail a bióloga marinha, Libby a doutora e curadora, Sarah, Hannah e Joley, e os homens que as amavam, esperando, contendo um fôlego coletivo. — Está viva. Ferida. — Jackson franziu o cenho. — Uma ferida na cabeça, suponho. Estava confusa e a dor era enlouquecedora. Alguém a interrogava e utilizavam o nome de Sheena MacKenzie, assim com sorte seu disfarce segue ainda intacto, embora quisessem saber quem a tinha enviado e perguntavam o que estava fazendo ali. Falavam inglês com um pesado acento. — Grego? — perguntou Ilya. Jackson deu de ombros. — Não poderia dizer nem que sim nem que não. Não estava lá, somente ouvi através dela e captei a sensação de uma grande distancia. — Esfregou a mandíbula escurecida, precisando encontrar uma forma de imobilizar suas mãos, evitar que traíssem o terror que se acumulava em suas vísceras. Elle. Maldito fora por não tomar o controle. Por não mantê-la a salvo. Neném, vou por você. Se não crê nada mais, acredita que irei por você. Enviou a mensagem por volta dela como lhe tinha sussurrado durante o último par de anos. Suave. Íntimo. Intenso. Podia lhe dizer coisas através da distância que não parecia poder lhe dizer cara a cara. Podia sentir as emoções tão profundas que o sacudiam através dessa mesma distância, mas de perto, sempre se mostrava cuidadosamente controlado. — Entremos na casa — disse Sarah, sua voz gentil, quase como se soubesse como se sentia ele. — Ficando de pé na entrada não vamos ser de ajuda. Tem que se comprometer conosco, Jackson. Não podemos ajudar se não nos entregar seu compromisso total, e me parece, tão unidas como estamos a Elle, que é sua alma gêmea e é você o que vai encontrá-la. Aí estava essa pausa de novo. O silêncio. Ele vivia em silêncio. Entendia-o. As pessoas desta habitação tinham aberto suas vidas a ele, compartilhado seu mundo, mas ele sempre se manteve à parte por escolha, negando-se a percorrer todo o caminho até o compromisso que Sarah o estava pedindo. Ele não entendia às pessoas. Não se sentia cômodo ao redor delas. O deserto, as montanhas, as dunas arenosas sobre o oceano eram lugares que procurava e entendia. As velas formavam um padrão no chão, as chamas titilaram voltando para a vida. Percorreu a casa com o olhar. Este seria seu lar. Sua vida estaria aqui quando se casasse com Elle. Percorreu a habitação e pousou a mão sobre a parede. Era uma casa velha, embora sempre parecesse nova. Ele tinha visto a casa voltar para a vida, protegendo aos que moravam dentro. Quando pousou a palma da mão na parede, sentiu energia, forte e pulsante. Pequenas faíscas dançaram ao redor de seus dedos e cruzaram o dorso de sua mão. Se estiver viva, como acreditam as Drake, nos ajude a encontrá-la. Ajude-me a encontrá-la. Sob sua palma, as paredes se ondularam, e por um momento acreditou ouvir o som de vozes femininas elevando-se na distância. Girou-se para olhar às irmãs Drake, mas elas se olhavam umas a outras, com os olhos muito abertos, seus rostos ligeiramente surpreendidos. Deixou cair a mão e retrocedeu ao centro da habitação. — A tormenta está quase em cima. Vamos começar. 25
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— A casa te falou — disse Sarah. — Jackson, sabe o que significa isso? Os olhos escuros dele se deslizaram sobre o rosto de Sarah. — Realmente pensava que Elle não me pertencia? — Sua voz foi tranqüila. Baixa. Suave, inclusive. A ameaça reverberou através da habitação, o bastante para que Damon se movesse de seu lugar contra a parede e coxeasse até Sarah, com a fortificação suportando seu peso enquanto punha um braço ao redor dela. — Jackson, todos sabemos que foi feito para Elle — disse Sarah suavemente. — É você o que se contém, não nós. Sentiu a flecha no fundo de seu estômago. Maldita fosse, tinha razão. Diziam que Sarah podia ver o futuro às vezes, e agora mesmo parecia até pouco mágica. Estava vendo muito e o que ele tinha em seu interior não era algo que uma mulher devesse ver, e menos uma Drake e a irmã da mulher com a que ia casar-se. Podia cheirar a fragrância das ervas que cada irmã tinha utilizado para limpar a si mesmo antes da cerimônia. O pentagrama estava pousado sobre o mosaico de azulejos no centro do círculo. As chamas iluminavam em caminho nas quatro direções. Tomou um profundo fôlego e se obrigou a si mesmo a adiantar-se quando Hannah lhe indicou por gestos que ocupasse seu lugar no centro. Cada irmã se sentou perto de um ponto da estrela e Jonah e Ilya se sentaram junto a suas mulheres, perto, as coxas tocando-se. O marido de Abigail, Aleksander, abriu as portas duplas para permitir que a tormenta entrasse na casa. Estes não eram seus costumes, mas eram os das Drake, e o tinham sido durante centenas de anos. Eram os costumes de Elle e ele necessitava a força de sua família para enviar a convocatória, criar a ponte e ganhar a informação que tão desesperadamente necessitavam. Fora o vento chiava e gemia, elevando-se e caindo como as agitadas ondas. Jackson tomou um profundo fôlego, atraindo a névoa salgada. A chuva começou a cair, uma garoa ligeira, prometendo um aguaceiro muito mais feroz. O trovão retumbou justo quando uma onda se estrelava contra as rochas e a água branca formou um gêiser, arrojando-a ao ar. Jackson pôde ver a espuma branca estalando-se sobre o escarpado e caindo fora da vista de novo. Inconscientemente esfregou a palma com o passar do chão, sobre o mosaico de azulejos que os ancestrais de Elle tinham colocado centenas de anos antes. Sentiu a vida neles, cálida contra sua pele, como se o mosaico respirasse. Uma vez mais ouviu as suaves vozes femininas falando com uma grande distancia. Algumas falavam em um idioma antigo, outros eram mais modernos, mas todas sussurravam que fosse forte, que estavam com ele. Ele nunca tinha procurado nem desejado uma família, ou unidade, ou pertencer a alguém. Isso não era para ele. Mas aqui estava, a casa, a família, a mulher, e ele os tinha afastado aos trancos. Elle. Permanece viva por mim. Acredita em mim. Estava lhe pedindo o que não tinha feito ele mesmo. Deveria ter acreditado no que Elle estava oferecendo. Amor. Amor incondicional. Elle o tinha observado tranqüilamente, esperando que reconhecesse o que tinha diante de si. Ele desejava não amor incondicional, a não ser rendição incondicional. A vontade dela rendida à sua. Não tinha querido sair de sua zona de conforto, queria que ela viesse a ele, que dobrasse seu modo de ser ao dele. Não tinha querido abandonar a violência em seu interior. Quisera aceitação sem dar nada de si mesmo. 26
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E a tinha perdido. Inclusive sabia o momento exato em que lhe tinha dado as costas e tinha escolhido seu próprio caminho. Tinha-a deixado atrás justo como ele esperava que fizesse, justo como a tinha empurrado a fazer. Jackson sacudiu a cabeça. Tinha-a empurrado. Queria seguir sem ataduras, o homem que se negava a necessitar a ninguém. Estava decidido a demonstrar quem era o que estaria ao cargo. Não ia explicar a si mesmo ante ela ou a trocar por ela. Elle tinha chamado a sua porta, ficou de pé em seu alpendre com o oceano rugindo a suas costas, seus delicados rasgos suaves e formosos, seus olhos esmeralda profundos e fantasmais, seu comprido cabelo vermelho soprado ao vento. — Você quase obviamente se equivoca — havia dito. — Não é o bastante homem para aceitar esta tarefa e deixei de esperar por você. — Tinha-lhe dado as costas e se afastou, sem olhar nem uma vez atrás. Pior ainda, ele não a tinha detido. Agora observou à família dela o rodeando, sentindo o peso das anteriores Drake que tinham sido antes, sopesando seu valor. E agora mesmo, neste momento, não valia muito e lhe importava uma merda o que veriam todos. Elle era demasiado importante. Recuperá-la era muito importante, simplesmente teria que sortear o resto mais tarde. Agora mesmo, nenhum de seus raciocínios para não acreditar no estilo de vida dela parecia importar absolutamente. Da porta aberta, o relâmpago atravessou o céu com brancas nervuras dentadas, iluminando a água escura e turbulenta do oceano. O trovão explodiu, imediatamente seguido pelo furioso auge do mar. O vento entrou na casa e se formou redemoinhos ao redor das mulheres, alimentando a crescente energia e o poder na habitação. Não havia forma de não acreditar na estranha magia que as irmãs tinham quando estavam juntas. Sabia que Jonas acreditava que era seu amor e cercania o que de algum modo as convertia em uma força poderosa, mas Jackson sabia que tinha que ser mais que isso... pareciam partes elementares do universo... Talvez benções outorgadas à família por nascimento. Fosse o que fosse o que alguém acreditasse, era uma força a ter em conta. A eletricidade rangeu na habitação. O poder se fortaleceu até que as paredes se ondularam e o chão se moveu.
Capítulo 3
Elle podia ouvir uma mulher chorando na distância. Indefesa. Quebrada. O som cheio de desespero. Desejava que alguém ajudasse à mulher porque quando mais se aproximava da superfície, mais dor alagava seu corpo inteiro e o pranto seguia tirando a de seu casulo. Não podia imaginar que tinha ocorrido. Não podia recordar. — Sheena. Abre os olhos. Deixa de chorar, doçura, já estou aqui e tudo está bem. Seu corpo saltou involuntariamente ante o som dessa voz. Conhecia-a. Conhecia seu aroma. Conhecia seu toque. Ele trazia a dor e a levava. Ele tinha se convertido em seu mundo. Não conhecia nada nem ninguém mais exceto a ele. Ele a alimentava. Levava-a ao banheiro. Escolhia se podia ou não usar roupa, ou tomar uma ducha. Seus castigos, quando o desafiava... o que ocorria 27
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com freqüência... eram terríveis. Nunca trocava de tom. Sua voz sempre permanecia acalmada e firme. Muito poderosa. Sua mão lhe acariciou o cabelo. A massa enredada de mechas vermelhas era o único lugar que não lhe doía. Suas costas e nádegas estavam ao vermelho vivo. Seus seios ardiam. E entre as pernas pulsava e doía, tão machucada que não queria mover-se por medo de que seu interior viesse abaixo. Mas a dor de sua cabeça era a pior de todas. Levou uns poucos minutos compreender que ela era a mulher que chorava. Elle fez um esforço para se calar, por recordar o que tinha ocorrido. O que tinha feito para ganhar outro de seus terríveis castigos? — Sheena, vamos. Abre os olhos para mim. Sua boca ficou seca ante o som dessa voz suave e persuasiva. Havia um sabor metálico em sua boca. Alguém tocou seu pulso e soube instantaneamente que era Stavros. Em todas as semanas que a tinha retido, nunca tinha visto outro ser humano, a ninguém além do irmão dele, aquele primeiro dia. Nem uma alma. Não tinha ouvido outra voz. Trazia-lhe comida e água. Atavaa e a utilizava como queria. Açoitava-a repetidamente, deixando-a só até que acreditasse que se voltaria louca e com freqüência passava horas tentando agradá-la com as mãos, a boca e o corpo. Nunca sabia o que seu toque lhe traria. O coração palpitou com força no peito e tentou afastar-se. — Shhh, minha doçura. Vou te levar até a banheira. Quando a puser na água, tem que ficar sobre as mãos e joelhos para mim. Pode fazê-lo? Sentiu-o deslizar os braços sob suas pernas. No momento em que entrou em contato com sua pele suprimiu um grito. A dor a atravessou e seu estômago se revolveu. Tentou subir uma mão para cobrir a boca, mas seus braços estavam muito fracos e os sentia muito pesados, como se fossem de chumbo. Seus pulso ardiam e estavam machucados. O braço dele se moveu sob suas costas e ela gritou, arqueando-se para cima em um intento por evitar o contato. A pele lhe ardia e cada movimento fazia que a dor estalasse em seu crânio. O medo a comia. Não podia recordar. Estava tão sedenta que mal podia separar os lábios inchados e secos. — Shhh, Sheena, fica quieta. Somente machucará a você mesma. — Soava triste, sua voz quase pesarosa. — Tem que se controlar. Pode fazê-lo por mim, verdade? Amavelmente a pousou na banheira sobre as mãos e joelhos, a água quente lhe lambeu o corpo. Elle se arrumou para abrir os olhos ligeiramente. O sangue deixou a água de um pálido rosa. Sua pele ardia e picava, provocando que tremesse incontrolavelmente. — É anti-séptico, minha doçura. Ajudará a te recuperar. — Muito gentilmente passou um trapo quente sobre suas costas.-me deixe cuidar de você. Mas ele lhe tinha feito isto. Agora recordava. Tudo isso. Ficara tão furioso, embora não o tivesse demonstrado, nunca elevava a voz, mas agora o conhecia, sabia quando o desgostava. Desejava obediência de Ella. Era sua para fazer com ela o que quisesse. Sabia que as semanas que tinha passado em sua companhia, forçada a recorrer a ele em busca de consolo, companhia, comida e água, inclusive permissão para ir ao banheiro, tudo estava desenhado para moldá-la e romper seu espírito. E que Deus a ajudasse, algumas vezes já não podia recordar quem era.
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A ilha tinha algum tipo de campo de energia que evitava que se defendesse, utilizando suas habilidades psíquicas. Tinha tentado pô-lo a prova durante semanas, procurando uma debilidade, tentando diferentes níveis de força contra ele, mas a cada vez, tinha sido inútil, suas dores de cabeça eram instantâneas e tão dolorosas que vomitava. Algumas vezes, a dor era tão severa que sangrava pelo nariz e a boca. Cada vez que ele a obrigava a praticar sexo, normalmente de dia, tentava detê-lo, lutando fisicamente e com seus talentos psíquicos. Cada vez tinha sido um desastre para ela. A princípio, tinha sido a dor de sua cabeça o que havia a mandando ao chão onde só tinha podido encolher-se e chorar. E depois chegava sua vingança, açoitá-la ou golpeá-la com o que escolhesse, e tinha uma variedade de instrumentos ao seu dispor, cada um pior que o anterior. Sua primeira vez com um homem tinha sido com ele. Surpreendentemente, tinha sido amável. Realmente tinha tentado agradá-la, e esse era seu modo de rompê-la. Em um momento podia oferecer consolo, ocupar-se dela, cuidar de cada uma de suas necessidades, e no seguinte, se de algum modo o desafiava, voltava-se rudemente aterrador, castigando-a velozmente e sem piedade. Nunca podia relaxar-se, nunca sabia que viria a seguir, fixava sua atenção nele no momento em que entrava na habitação, pensava nele quando não estava com ela, assim que ele era seu mundo inteiro e nada mais importava. Lavou-lhe o corpo gentilmente. — Não me obrigue a te fazer isto, Sheena. Aceita que é minha e que eu sou tudo o que nunca necessitará ou desejará. Posso te fazer feliz e te dar mais prazer do que nunca tenha imaginado. — A água quente se verteu sobre seu corpo, ajudando a diminuir a terrível dor das feridas abertas que cruzavam suas costas, nádegas e coxas. — Nasceu para mim, para me agradar, para levar a meus filhos, fortalecer minha linhagem. Não teria que te castigar assim se simplesmente me obedecesse, Sheena. Suas mãos continuavam lavando gentilmente as feridas, a água quente e os dedos cuidadosos provaram ser um bálsamo para seu corpo torturado. Fechou os olhos de novo, estremecendo, tremendo, completamente dependente dele. Seus braços começaram a dobrar-se e ele teve que envolver um braço ao redor de sua cintura para evitar que caísse. Muito gentilmente, elevou o resto de seu corpo e depois tirou a tampa da ornamentada e profunda banheira. Envolveu-a em uma toalha suave e amaciada, levantou-a em braços, embalando-a como se fosse a mulher mais preciosa do mundo. A cabeça de Elle caiu para trás sobre o ombro dele, e depois se girou para enterrar o rosto contra seu pescoço. Foi seu primeiro ato de submissão e a assustou. Necessitava consolo, necessitava de alguém que a abraçasse e a consolasse, que a balançasse como ele estava fazendo. Levou-a até cama e a pousou gentilmente sobre o estômago, massageando um ungüento nas finas lacerações que lhe cobriam o corpo. Sabia que tinha notado seu deslize, essa pequena queda de sua cabeça; havia sentido como o coração dele saltava e seus olhos se empanavam. Os dentes tocavam castanholas incontrolavelmente, mas seu cérebro estava começando a funcionar de novo. Isto não podia continuar. Ia se perder, ou talvez já estava perdida. Não havia saída. Stavros era muito poderoso, sua ilha privada muito isolada. Ninguém sabia onde estava. Estava atada ou encadeada a maior 29
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parte do tempo, encerrada em uma habitação, e nem sequer podia utilizar o menor talento psíquico. O corpo lhe doía a cada minuto do dia. Estava exausta e cansada de lutar contra ele. Deu-lhe a volta e esfregou o unguento por seus seios e estômago, e ainda mais abaixo, seguindo as finas lacerações até o interior de suas coxas e através do dolorido montículo nu. Indesejado, chegou a humilhante lembrança dele barbeando-a, pouco antes de tomar sua virgindade. Mordeu o lábio para evitar chorar, mas as lágrimas surgiram entre suas pestanas. Ele se inclinou para lambê-las. — É tão formosa, doçura. — Sua língua riscou um caminho pela borda de sua boca, descendo por uma laceração ao longo do inchaço de seus seios. — Seu corpo só conhece o meu, e sempre desejará meu toque. Abriu os olhos então para encará-lo. Parecia invencível. Todo-poderoso. Tentou emitir um som, mas sua boca estava muito seca e imediatamente ele sustentou um copo de água contra seus lábios, ajudando-a a beber. Parecia tão preocupado que quase acreditou, mas tinha sido que a machucara. — Por que continua me machucando? — Mal pôde formar as palavras. — Deve aprender obediência, Sheena. Você existe para me servir, para o meu prazer. Quando te disser que faça algo, nunca deve discutir. Deve obedecer sem questionar. — Voltou a deitá-la na cama e acariciou com os dedos o corpo estremecido. — Algumas vezes pode me agradar te machucar, e você aprenderá a desfrutar disso. — Inclinou a cabeça para seu peito, a língua lambeu seu mamilo. Doeu tanto que não pôde evitar um pequeno estremecimento que a atravessou, mas ainda assim, ele tinha treinado seu corpo para aceitar a dor e encontrar prazer nela também. Os dedos dele já estavam provando o território entre suas pernas, e ignorando seu sobressalto e pequeno grito, empurrou a cabeça entre suas coxas, deixando que a mandíbula escurecida se deslizasse ao longo das marcas de chicotadas. OH, Deus, já não podia suportar isto. Não tinha forças para lutar contra ele. Seus dedos se agarraram ao lençol de seda, fechando-se em punhos enquanto as lágrimas percorriam seu rosto. Tinha que haver uma saída. Só tinha que pensar. Encontrá-la. Deixar de sentir-se indefesa como a vítima em que ele a tinha convertido. Elle. Neném. Permanece viva por mim. Seja o que for que tenha que fazer, permanece viva por mim. Vou até você. O fôlego ficou entupido na garganta. Era Stavros lhe formando uma armadilha? A voz era tão familiar, tão cálida e preocupada... tão dolorosamente familiar. Ficou absolutamente imóvel, tentando não responder, não abrir sua mente. Sabia que se o fizesse, a dor estalaria em seu cérebro e perderia o parco controle que tinha obtido. Como se pressentisse sua retirada, Stavros a mordeu, fazendo com que arqueasse o corpo e lhe escapasse um pequeno chiado de dor. Sabe que nunca me deterei até que te encontrar. Seja forte, neném. Por mim. Por suas irmãs. Pelo Jonas e Ilya e pelo maldito povo inteiro. Permanece viva, Elle. Ofegou. Jackson. Era Jackson. Vinha por ela. Podia agüentar tanto tempo como pudesse, aceitar qualquer castigo que Stavros queria lhe infringir. 30
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Fracamente, tentou afastar-se de Stavros. Ele fechou as mãos sobre seus quadris, pressionando deliberadamente nas feridas abertas, tudo enquanto sua língua e seus dentes a devastavam. Seu corpo se derramou uma resposta impotente, já treinado para obedecer mesmo que sua mente gritasse uma negativa. — Stavros, não. Dói. — Talvez pudesse comprar um alívio temporário com súplicas. — Só vive para me servir — murmurou ele. — Não te ensinei isso? Mordeu o interior de sua coxa, deixando uma marca de dentes e acrescentando mais a sua carne já marcada, e Elle se arqueou para longe dele, gritando. — Sua dor me agrada, Sheena. Agora tenho sua completa atenção, não é? Elle. Demônios. Onde está? Responda-me. A voz de Jackson era ordem pura, toda vontade de ferro... uma vontade assada e formada pela violência...exigente. Responda-me agora. Elle não teria podido evitar responder, mesmo se quisesse. Jackson era tudo para ela agora. Era esperança. Estava fraca e ele estava a uma grande distancia e com o campo de energia, não estava segura de poder chegar até ele. Reuniu cada grama de disciplina e força que tinha aprendido ao longo dos anos e abriu sua mente ao homem que a deixara escapar. Jackson. Instantaneamente a dor atravessou sua cabeça, seu corpo se convulsionou e gritou em voz alta. Saboreou o sangue em sua boca. Seu cérebro rejeitou o abuso, seu corpo se retorceu afastando-a da dor, sua consciência retrocedeu e o mundo se tornou nebuloso. Estou aqui. Estou com você. Diga-me onde está, Elle. Abraçou a si mesma, muito consciente do que ocorreria mas decidida a alcançá-lo de qualquer forma. Não sei. Não posso pensar com clareza. Minha cabeça... interrompeu-se, e a conexão entre eles vacilou, a dor atravessava a ambos. Tinha que falar sobre o campo de energia, mas sentia como se mil agulhas atravessassem seu crânio. Não! A voz de Jackson foi aguda. Fica comigo, neném. Necessito que olhe ao redor. O que vê? Quem está com você? Stavros a colocou em posição vertical, e pela primeira vez seu rosto estava obscurecido até formar uma máscara de fúria. — Por que é tão teimosa? — Esbofeteou um seio com força, depois o outro, sacudindo seu corpo. Elle soluçou fracamente, agarrando a cabeça, incapaz de suportar a dor que esmagava seu crânio. Stavros suspirou, seu falso sorriso era feio. -sem que aprender, e não me incomodam estas pequenas lições se insistir em necessitar. Afastou-se dele, olhando pela janela à tormenta que se aproximava. Seu coração saltou e, por um momento, a dor de seu corpo retrocedeu e o tempo parou. As nuvens de tormenta ferviam sobre a casa e obscureciam o céu. O trovão ressoava. O relâmpago estalava, convertendo o céu em uma lona de turbulências. O vento golpeou e uivou para o cristal, salpicando água de mar sobre as janelas. — Jackson — disse, sem compreender que tinha sussurrado seu nome em voz alta. Foi-se de novo, a ponte entre eles tinha desaparecido, e estar sozinha era pior que antes. Nunca havia se sentido tão nua e vulnerável, despojada de tudo o que era... despojada de sua coragem. 31
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O vento retrocedeu. O silêncio encheu o espaço que este deixou para trás. Elle foi consciente de uma raiva assassina que se derramava no ambiente. Conteve o fôlego enquanto girava a cabeça lentamente para Stavros. Seu rosto se tornou escuro, as sobrancelhas estavam juntas, mostrando seus dentes brancos. — Jackson? Atreve-se a pronunciar o nome de outro homem em nosso dormitório? Asquerosa prostituta! Depois de todo os cuidados que te dediquei, como se atreve a me trair assim? Sua mão foi um rápido borrão de movimento, o punho se fechou ao redor de seu cabelo comprido. Atirou-a para trás, para fora da cama e a arrastou pelo chão até o centro do quarto. — Stavros, não — suplicou Elle. Não podia aguentar outro castigo. E ele estava realmente furioso, seu rosto era máscara de brutalidade. Sabia que algo terrível estava a ponto de ocorrer. Atou-lhe as mãos com uma corda e puxou a polia, arrastando seu corpo a uma posição vertical, estirando os braços e seu já dolorido corpo. — Por favor — sussurrou. Agarrou-a pelo cabelo, jogando sua cabeça para trás. — Pertence apenas a mim. Serve apenas a mim. Agrada apenas a mim. Se alguma vez tentar escapar, vou te perseguir e te trarei de volta e será castigada além de qualquer coisa que alguma vez tenha conhecido. Acredito que já é hora de que aprenda com quem está tratando. Corriam lágrimas por seu rosto e mal podia agarrar fôlego. Já se sentia quebrada, exausta, tão aterrada que não sabia como enfrentá-lo. Sentia a mente caótica e destroçada, como se tivesse extraviado sua habilidade para pensar e tudo o que pudesse fazer fosse sentir dor e medo. — Stavros -sentou de novo. — Não sei o que faço ou digo. Por favor, não faça isto. — Quer outro homem? É isso o que quer? Ela sacudiu a cabeça. — Não. — Eu acredito que sim. Acredito que é uma pequena prostituta que deseja outro homem. Ao que parece, eu não te satisfaço. — Isso não é verdade. Não quero ninguém mais. — Não queria mesmo que ninguém mais a tocasse. A idéia de Stavros compartilhando-a, obrigando-a a aceitar outro homem, fazia com que a bílis se elevasse em seu estômago. Stavros baixou o olhar para ela durante um longo momento, enquanto o vento açoitava as janelas e o relâmpago rasgava através das nuvens escuras. Ele se inclinou, pressionando o rosto perto do dela. — Acredito que precisa saber a quem pertence, Sheena. Acredito que temos que assentar essa lição. Esperou e ela soube que esperava que ela reconhecesse sua propriedade. — Por favor — disse fracamente. — Não posso pensar com clareza. Ele suspirou e se endireitou, passando uma mão pelo seu peito. Sem outra palavra, girou e abandonou a habitação, fechando de repente a porta atrás dele. Elle não podia parar de chorar, a dor de sua cabeça fazia impossível pensar, o medo ao que Stavros faria a afogava. Nunca o tinha visto assim. E não queria fazê-lo de novo. 32
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Esperou durante o que pareceram horas, mas sabia que não tinha sido tanto. Seus braços doíam e cada sopro de ar sobre sua pele intensificava a dor. Desejava render-se a Stavros, simplesmente terminar com tudo antes de perder quem e o que era. Agora sabia como se sentiam as mulheres que eram tomadas prisioneiras e obrigadas a entrar nos círculos do tráfico de humanos, e a deixava doente não ter podido ajudá-las. Quase tinha enviado mensagem a Dane de que estava segura de que Stavros não estava envolto, e ainda assim, ele estava. Estivera todo o tempo. Pela informação que Stavros tinha deixado cair, sabia que seu gêmeo, Evan, estava vivo e ele, junto com seus motoqueiros, seqüestravam às mulheres. Depois Stavros utilizava seus cargueiros para enviar às mulheres por todo mundo. Evan estava vivo depois de tudo, criado pela mãe longe de seu pai. Ela tinha levado um gêmeo e deixado ao outro para trás. O vento golpeou a janela e Elle elevou a cabeça para olhar à raivosa tormenta enquanto sentia Jackson, muito mais forte esta vez, deslizar-se em sua mente. Não o queria ali. Era muito tarde para ter esperanças. Somente ficava a humilhação de que Jackson compartilhasse tudo o que ocorria... o que ia ocorrer... que ele pudesse vê-la assim, saber o que Stavros fizera e que ainda o fazia. Se reunisse energia suficiente e esperasse seu momento, poderia utilizar a tormenta e dar um curto-circuito em seu cérebro. Era a única saída que podia ver. Você esteve lá para mim, Elle. Fui amarrado e golpeado como um cão e lançado a um buraco de rato. Esteve lá para mim. Não tente falar, e não tente acabar com sua própria vida. Vejo o que está pensando, mas se converter a si mesma em um vegetal, o que crê que ocorrerá com suas irmãs? Comigo? Viva, Elle. Acredita em que irei por você. Elle fechou os olhos contra a voz do Jackson. Contra as pequenas chamas de esperança que permaneciam em seu interior. Stavros era muito poderoso. Tinha muito dinheiro. Ninguém poderia nunca escapar dele, e menos ela. Só está cansada, neném, esgotada de lutar com ele. Agora sei onde te retém e ficarei com você até que chegue aí. Já não estará sozinha. Queria estar sozinha. Não queria que ele visse o interior de sua mente, o conflito ali, que visse as coisas terríveis que Stavros fazia a seu corpo e sua alma. Seja forte por mim. Eu fui forte por você quando me rasgaram e tomaram tudo o que era. Sabe o que me fizeram. Você é a única alma vivente neste mundo que sabe. Seja forte por mim, Elle. Tem que ser forte. Estava muito cansada, muito. Sobrara pouco de Elle Drake. Ela não era tão forte como tinha sido Jackson. Tinha-o admirado muito, acreditado nele e depois ele a deixara partir. Era porque não queria filhos? Ou que não a queria a ela? Desejava ambas as coisas. Ainda as desejo. A você e nossas filhas. Fui um idiota, Elle. Tinha medo de que acabasse ferida. Tenho uma sentença de morte pendurada sobre minha cabeça e não queria que isso nos perseguisse. Só... Interrompeu-se porque, através dela, pressentiu a presença de Stavros. Stavros tinha voltado para o quarto e Elle estava tão sintonizada com ele, era tão consciente dele, que soube imediatamente. Seu ritmo cardíaco saltou e começou a rezar silenciosamente, pedindo forças. Puxou as cordas que atavam seus braços sobre a cabeça. Mal podia alcançar o chão com a ponta
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dos pés e cada músculo de seu corpo gritava de dor. Sabia que Stavros estava observando-a. Esperando. Estava tão cansada, tão quebrada. Cada vez que ele se aproximava, tentava utilizar seus talentos psíquicos para se defender, para mantê-lo afastado. A dor era tão intensa em sua cabeça, sabia que isso a estava destroçando e se continuasse, finalmente destruiria seu cérebro. Ele a estava rompendo mais rapidamente do que teria acreditado possível, utilizando suas próprias defesas psíquicas contra ela. Tentou permanecer tranqüila, relaxada, e deixar que a dor lhe passasse por cima. Isto não era somente de dor. Era sobre propriedade e humilhação. Ensiná-la que não havia nenhuma esperança. Que ele controlava sua vida, que era sua vida e ela não tinham nenhum outro propósito além de servi-lo. Quantas incontáveis mulheres a tinham precedido? Sendo tratadas como vasilha em vez de como um ser humano? Um objeto para que um homem a utilizasse? Stavros tocou seu ombro nu, um ligeiro toque de posse que fez com que se estômago se revolvesse. -seremos outra lição hoje, Sheena, e espero que preste atenção a esta. Ficou com a boca seca. Não podia vê-lo, não podia girar seu corpo, mas as mãos dele a percorreram, tocando lugares íntimos que tinha reclamado como dele e só dele. Acariciou gentilmente os vergões das costas e os seios, provocando deliberadamente dor com cada falsa carícia. Seu corpo se estremeceu apesar de sua resolução de não deixá-lo ver como reagia a sua tortura. E Jackson sabia. Jackson sentia cada toque, sentia como sua alma se encolhia de medo. Podia sentir a fúria dele acumulando-se, a necessidade de vingança, mas se mantinha em silêncio e permanecia com ela. Uma parte dela estava agradecida, embora não soubesse o que era pior, que compartilhasse sua humilhação e vertesse sua força nela, ou estar sozinha e se sentir desesperada. A porta se abriu atrás dela e ouviu passos pesados. Seu coração começou a palpitar com alarme. Até o momento, o outro único homem ao qual Stavros tinha deixado entrar no quarto com ela era seu irmão, um homem sádico que desfrutava rompendo às mulheres que utilizava nas casas de prostituição que tinham em todas as cidades do mundo. A maioria das mulheres eram raptadas e ele, junto com uma equipe de seus homens, especializaram-se em "treiná-las" antes de colocá-las nas diversas casas. Seu irmão a tinha rodeado sem tocá-la, mas instruindo cuidadosamente ao Stavros de onde podia feri-la mais se desobedecesse, gabando-se de como ele poderia conseguir sua cooperação em questão de horas. Mais de uma vez tentara convencer Stavros de que a deixasse com ele, mas Stavros tinha sido inflexível a respeito que ninguém exceto ele a tocasse. Ao final, seu irmão partiu depois do primeiro dia e ela não havia tornado a ver ninguém exceto Stavros. Uma mão lhe agarrou o cabelo e puxou a cabeça para trás. Encontrou-se olhando aos olhos de Stavros. Ele se aproximou até que sua boca esteve contra seu ouvido e pôde lhe sussurrar: — Quero que preste atenção a esta lição, Sheena. Muita, muita atenção. Deixou cair sua boca sobre a dela, beijando-a com força, esmagando seus lábios contra os dentes e mordendo seu lábio inferior forte o bastante para fazê-lo sangrar. Afastou a cabeça e Elle se encolheu de medo ante o seu olhar. Onde estava o homem bonito e sofisticado agora? Era em 34
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um momento terno e atento e então aparecia o outro lado, tão rapidamente, que ela mal podia processá-lo. Deixava-a deslocada e temerosa, sua atenção sempre centrada nele. Um homem entrou em sua linha de visão. Já estava em frente a entreperna com espera. Estava claro que Stavros havia dito que podia tê-la. Alto, de amplos ombros, aproximou-se com um pavão decidido e observou seu corpo açoitado, lambendo os lábios. — Você gosta do que vê? — exigiu Stavros. — Minha pequena prostituta tem uma boa boca. Disse que te devia um favor. Se quiser utilizar esta boquinha, é toda tua. — Demônios, sim — respondeu o homem. Algo terrível ia ocorrer ali. Elle quis fechar os olhos, mas a aterrorizava fazê-lo. Talvez se reunisse suficiente da energia violenta que rodava pela habitação, pudesse ou liberar -se ou matar a si mesmo. Era a única opção que ficava, porque não ia passar por isso. Não! Não tentará se defender, Elle. Está me ouvindo? Faça o que tiver que fazer para permanecer viva. Estou aqui com você. Seja o que for o que tenha que fazer, faça-o por mim. Não está sozinha. Permanece viva. Isso é tudo o que importa. Elle sacudiu a cabeça outra vez, sem saber se estava tentando desalojar Jackson para economizar o que restava de força, ou se estava negando a suas demandas. A tormenta avançou sobre a casa, potente e tão viciosa como os homens que estavam no quarto com ela. Jackson. Tentando entrar. Não podia salvá-la, nem agora... nem nunca. Isso não é verdade, neném. Juro que vou por você. Tirarei-te daí. Juro isso por cada uma de nossas filhas. Nossos filhos. Irei por você. Stavros rodeou seu corpo estremecido, de repente puxou sua cabeça para trás e esmagou a boca contra a dela, mordendo seus lábios. De novo ela sentiu a reação de Jackson e sua crescente fúria, sua dor aliviando a dela e ajudando-a a desapegar-se do que estavam lhe fazendo. Bruscamente, Stavros elevou a cabeça e limpou a boca, melando os lábios com o sangue dela. — Isto me pertence. Eu digo quem a usa, e ninguém mais. — Stavros girou a cabeça e olhou ao homem que parecia ansioso por participar. — Drako. Venha aqui. Quer me ajudar a ensiná-la a me agradar? Drako se adiantou com um sorriso no rosto. — Eu adorarei te ajudar. Stavros apanhou o comprido cabelo de Elle e a arrastou a cabeça para trás. — Ele vai te ensinar como agradar um homem com essa sua boquinha. No momento em que lhe soltou o cabelo, ela sacudiu a cabeça e tentou chutar Drako quando se aproximou. — Não o farei, Stavros. — negava-se a reconhecer ao outro homem, negava-se a olhá-lo. A malevolência cresceu na habitação. Lá fora, a fúria da tormenta se incrementou. Podia sentir Jackson contendo o fôlego, mas sentia como se ele estivesse abraçando-a e isso a fez apertar os dedos com força ao redor da corda. — Fará o que eu te diga que faça — disse Stavros. Baixou as cordas até que Elle ficou de joelhos, ainda sacudindo a cabeça violentamente. Drako sorriu amplamente. — Talvez devesse utilizar esse primeiro látego, ensiná-la a ter maneiras, chefe. 35
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Parecia ansioso por machucá-la. — Empurra seu pênis em sua garganta e lhe mostre o que é um homem — exclamou Stavros. Elle enlouqueceu, lutando por libertar-se enquanto Drako se aproximava. Stavros se colocou muito perto, afligindo-a, apanhando as pernas com as suas, com uma mão no cabelo, obrigando-a a jogar a cabeça para trás, com a outra mão em suas costas. O coração de Elle palpitava de medo. — Por que faz isto? — vaiou as palavras entre os dentes apertados, mantendo o olhar de Stavros. Não havia nenhuma piedade ali, nenhuma absolutamente, somente um desejo de poder. Os dedos do Drako lhe beliscaram o nariz, impedindo. O vento uivava lá fora e golpeava a janela. Elle lutou contra a necessidade de respirar, seus pulmões ardiam, seu coração troava. Drako era implacável e Stavros simplesmente esperava até que a sobrevivência tomasse o controle. Não o faria. Não o faria. Preferia morrer. Utilizaria a tormenta e deixaria que lhe fritasse o cérebro, o menor curto-circuito seria suficiente para acabar com a realidade. Seria um vegetal, então não importaria o que Stavros a obrigasse a fazer. Não! Faça o que for por sobreviver, Elle. Ouviu? Por favor, neném. OH, Deus, Elle. Eles não valem sua vida. Ficarei com você, aqui mesmo em sua mente. Se perca em mim. Neném, por favor não os deixe te afastar de mim. Me ame o bastante para viver. Quase podia vê-lo, as lágrimas em seu rosto, em sua voz e mente, a testa pressionada contra o mosaico de azulejos de seus ancestrais. As vozes de suas irmãs elevando-se ao redor dele, tinha que ser desse modo, sustentando a ponte, mantendo-o forte, sem saber de seu destino e que Deus a ajudasse, tinha que seguir sendo assim, porque nunca poderia viver sabendo que elas sabiam o que estes homens estavam lhe fazendo. Seu ar se desvanecia. Acabava-se. Tinha que tomar uma decisão. Viver ou morrer. Submeterse ao horror desta degradação ou se matar. Viva por mim, Elle. Me ame o bastante para viver por mim. Deus sabe que não mereço, mas me ame o suficiente para acreditar em mim... em que irei por você, em que lutarei por você com cada fôlego de meu corpo, cada habilidade que tenho. Elle ofegou, arrastando grandes goles de ar a seus pulmões e Drako se empurrou dentro de sua boca profundamente, amordaçando-a. A mão de Stavros foi de seu cabelo à garganta, os dedos fechando-se como um grilhão. — Veja-o, doçura — ordenou Stavros, sua voz baixa quase sedosa. — Olhe nos olhos dele. Seu olhar saltou ao rosto de Drako. Stavros tirou rapidamente uma arma, empurrou o canhão no interior da boca do Drako e apertou o gatilho. O corpo do Drako saltou e seu sangue salpicou o chão e as paredes. O corpo caiu ao chão ante os joelhos dela. Elle gritou, mas não emergiu nenhum som. Stavros apertou os dedos ao redor da garganta. — Entende agora? Ou devo trazer outro homem? Porque eu posso seguir com isto toda a noite. — Sua mão se fechou, cortando o ar enquanto a sacudia.-me responda. Diga-me que entende, porque não há homem neste mundo que esteja a salvo se te tocar. Ela assentiu com a cabeça, com o rosto coberto de lágrimas. 36
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— Ninguém te toca. Ninguém. Nunca. Se outro homem se atrever a pôr as mãos em cima de você, ou sua boca ou seu pênis dentro de você, farei com que o matem. Entendeu, Sheena? Está claro? Não há nenhum lugar neste mundo aonde possa ir. Ninguém com quem estar a salvo. Pode ficar de joelhos, suplicar perdão enquanto vê como se apodrece. Soltou sua garganta e partiu, deixando-a com o sangue vertendo ao redor dela em um atoleiro espesso. Ouviu a si mesmo gritar. Uma vez começou não pôde parar. Jackson ouviu seu próprio grito rouco, e estampou o punho profundamente no mosaico. O chão se suavizou sob seu punho, absorvendo sua carne, permitindo-o golpear através como se o chão fosse gelatina e não algo sólido. Amaldiçoou, uma e outra vez, uma cruel, firme e implacável diatribe em que cuspiu cada término brutal que tinha aprendido no bayou, nos acampamentos de motoqueiros e no exército. Elle. Neném. Sei onde está. Vou por você. Golpeou o chão de novo de pura impotência, vendo o corpo quebrado e esmigalhado dela, sentindo sua alma quebrada. Ele tinha sido prisioneiro de guerra, brutalmente torturado, sua mente tinha estado fragmentada, igual estava a dela. As Drake tinham enviado sobrevoando o oceano, permitindo estar em sua mente, em sua cabeça, viver suas experiências e que Deus o ajudasse, desejava matar alguém. Encontrava-se de joelhos, lutando para não vomitar, sentindo cada humilhação, cada chicotada, sabendo exatamente quão quebrada que se sentia. Ele estivera ali, exposto, brutalmente tratado e tinha sido a voz dela que tinha salvado sua prudência. Elle! Ela seguia gritando em sua mente. Tinha que encontrar um modo de trazê-la de volta. Stavros estava mais perto de rompê-la do que podia imaginar. Ela tentava engatinhar até o interior de sua própria mente e escapar. Jackson podia sentir que já estava parcialmente ali. Suas irmãs estavam esgotadas e cedo ou tarde a ponte entre eles cairia. Só o tremendo amor que sentiam por sua irmã as mantinha operando mais à frente do ponto de prudência. Utilizar semelhante quantidade de energia psíquica para cruzar um oceano deixaria às Drake incapacitadas durante horas, mas ele tinha que ficar com Elle, tanto quanto fosse possível, ao menos até que Stavros se aplacasse e retirasse o corpo. Jackson não se atrevia a afastar sua mente dela nem sequer um momento para advertir às irmãs que tinha que seguir falando com ela. Esperava que pudessem ver por suas reações que era imperativo utilizar cada grama de força que tinham para manter a ponte. Vou seguir falando com você, neném. Concentre-se em minha voz e esquece todo o resto a seu redor. Não está aí. Está comigo. Jackson. No momento em que ela sussurrou seu nome, buscando-o, necessitando-o, estendendo-se em busca de forças, de esperança, o campo de energia ardeu através de seu cérebro, uma sacudida elétrica que a fez gritar de dor. Jackson sentiu as lágrimas sobre seu rosto. — Não! — suplicou com ela, falando inconscientemente em voz alta assim como em sua mente. Até se estendeu para ela, tentando tocá-la, deixá-la sentir. Tomou fôlego e tentou recompor-se. Não fale, Elle. Não tente me alcançar. Somente me deixe estar com você assim. A ponte não vai durar, sabe disso. Suas irmãs te enviam seu amor e força e agora te temos. Agüenta por nós. Jonas está aqui. Ilya também. Matt e Aleksander estarão conosco. Sabe que iremos. 37
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Sentiu o estremecimento em sua mente, conhecia seus pensamentos embora ela permanecia em silêncio. Não queria que fossem. Tinha muito medo de Stavros. Acreditava que os mataria... talvez inclusive encontraria e mataria a suas irmãs. Ele sacudiu a cabeça. Conhece Jonas. Me conhece me. Viu em meu interior, Elle. Não sou fácil de matar. Nenhum de nós o é. Toma fôlego, neném, não olhe para o chão. Olhe pela janela, à tormenta. Nós lhe enviamos isso, através do oceano, te encontramos e lhe enviamos uma tormenta. Sentiu-a de novo e desta vez havia determinação. Estava reunindo forças e ele conteve o fôlego sabendo que preparava a si mesmo para a dor quando enviasse outra mensagem. Stavros é psíquico. Gritou de novo e Jackson saboreou o sangue na boca dela. A dor o tombou sobre os azulejos de novo. Uma mão se deslizou sobre sua frente, refrescando, aliviando a terrível dor... aliviando a ambos. Poderoso. Tem um irmão. Cada vez que Elle projetava para ele, a corrente ofensiva se incrementava. Libby ofegou e afastou a mão com um puxão. Encheram o fedor a carne queimada. A ponte vacilou. — Não! — implorou Jackson. — Pelo amor de Deus, agüentem. Elle basta. Perderemos a ponte. Tem que ficar quieta. Continue olhando pela janela e simplesmente me deixe te segurar entre meus braços durante uns momentos. Porque as irmãs Drake estavam tremendo sob o terrível esforço. Quando chegar a tormenta seguinte, neném, esteja preparada. Estaremos aí para te recuperar. Todos juntos seremos capazes de destruir o campo de energia. Sentiu a súbita consciência dela de Stavros e ficou quieto, esperando com ela. Stavros não estava só e o medo palpitou através de Elle, mas então sentiu algo da tensão desvanecer-se. Ela reconhecia ao outro homem. Um guarda-costas. **** Elle sentiu Jackson afastar-se dela e quis chorar, alcançá-lo e segurá-lo em seu interior. Em vez disso manteve as pestanas abaixadas, tentando sossegar os soluços que lhe escapavam, tentando fazer-se tão pequena como era possível. — Que demônios fez com ela? — exigiu Sid. — Se for matá-la, coloque uma bala no cérebro, não a converta em um vegetal. — Arrancou um lençol da cama e envolveu o corpo de Elle com ele, chutando uma das pernas de Drako fora de seu caminho enquanto tirava a corda de seus pulsos. — Ela necessita de um médico, Stavros. Está sangrando pelo nariz e a boca, e ao redor dos ouvidos. Sabe o que significa isso? Hemorragia cerebral. Disse que ia retê-la, não a torturá-la. Stavros se apressou para a cama enquanto Sid a deixava nela. Elle rodou de lado e se aconchegou em posição fetal, tentando desparecer. Qualquer lugar onde a tocavam doía. Sua cabeça palpitava de agonia. Sua capacidade de pensar, de raciocinar, desvanecia-se rapidamente. — Sheena. — A voz de Stavros foi baixa, quase uma carícia. — Me olhe, doçura. Agora ficará bem. Eu te perdoei e ninguém voltará a fazer mal. — Acariciou seu cabelo para trás gentilmente, 38
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inclinando-se para pressionar um beijo na têmpora. — Não lute mais comigo, minha doçura, deixa que me ocupe de você. Sid limpou amavelmente o sangue de seu rosto com um trapo quente. — Chame um médico, Stavros. Vai perdê-la. — Se estiver seguro, mas terá que matá-lo depois de que a veja. — Pague como faz com todos outros. Stavros sacudiu a cabeça. — Ninguém que dela saiba pode viver. Sid se endireitou lentamente, seu olhar frio como o gelo. — Por isso matou Drako? — Você não, Sid. — Stavros soou genuinamente surpreso. — Você é o único em quem posso confiar. Drako morreu porque estava me traindo com meu irmão. Fazemos negócios juntos, mas não confiamos um no outro. Por isso nunca falo com ele a menos que estejamos aqui nesta ilha. É um forte psíquico, Sid, e deseja poder. Odeia que eu tenha sido aceito no mundo e ele escolhesse uma vida que o mantém fora dele. Mas gosta de sua imagem e o medo que inspira a todo mundo. Todo o tempo enquanto falava, Stavros acariciava amavelmente o cabelo de Elle, suas mãos quase ternas enquanto se movia através das sedosas mechas. Qualquer um que o olhasse, pela expressão de seu rosto, teria pensado que estava profundamente apaixonado por ela. — Livre-se do corpo, Sid. E chama um doutor. — Beijou cada têmpora e o canto da boca de Elle. — Não se preocupe, doçura, eu me ocuparei de você. — Seus dedos limparam as lágrimas que se deslizavam pelo rosto dela. — Tudo ficará bem. Deixe-me cuidar de tudo isso.
Capítulo 4
O grande navio ancorou a algumas milhas fora do Mar Egeu. Um pássaro pequeno... um helicóptero... estava pousado sobre a coberta esperando, camuflado, negro e muito manobrável. Homens se moviam ao redor, carregando armas de forma tranqüila e controlada. Uns poucos sorrisos e brincadeiras, mas principalmente em silêncio, caras sombrias, raias de camuflagem escura cobrindo a pele, a jogo com a roupa escura. Jonas examinou seu relógio. — Até agora tudo vai segundo o horário. A primeira tormenta acabou com sua eletricidade, um ataque "relâmpago" bem pontudo, e como se esperava, o gerador de emergência ficou em marcha. Mas durante quinze segundos, sua barreira psíquica permaneceu baixada. Ilya o comprovou. Voltou a estar em marcha logo que o gerador se acendeu. Interceptamos sua chamada aos eletricistas e nossos homens estarão lá logo. — Jonas estava orgulhoso de Hannah por isso. Ela tinha criado a tormenta e acertado com precisão o raio, obtendo um alvo à primeira. Essa era sua mulher... mortífera quando necessitava. — Esta é sua casa principal, seu pequeno império, tanto dentro como fora da ilha, tragou-se a desculpa de que a tormenta é muito perigosa e os eletricistas viriam a primeira oportunidade? 39
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— perguntou Sarah. Apoiava-se contra o corrimão e olhava para a ilha onde sua irmã mais nova estava sendo retida prisioneira. Sua mão agarrava a barra com tanta força que seus nódulos estavam brancos. Jonas a rodeou com um braço. — Hannah mantém os relâmpagos golpeando perto de sua vila. Assim, ele engoliu. Não se preocupe, carinho, recuperaremos Elle. Sabemos o que faremos. Cada homem aqui é um bom amigo, treinado em combate e resgate. Não deixaremos nenhuma evidência para trás que ele... nem ninguém mais... possa rastrear até nós. — Eu sei. — Havia determinação na voz de Sarah. — Chamaram aos eletricistas e nossa primeira equipe efetuará uma entrada em uns minutos. Entrarão e Gratsos fará com que os guardas os levem ao lado leste da ilha onde está a central elétrica. Quatro mergulhadores se introduzirão no bote, o que fará sete homens na ilha. O cais principal está ao sul com um menor no lado norte. Esperamos ter sorte e que indiquem a nossos homens que utilizem o cais principal. Levarão nossos mergulhadores até território inimigo e os deixarão a curta distância. — Podemos pôr o helicóptero no ar para protegê-los? Jonas sacudiu a cabeça. — Não podemos nos arriscar. Se engoliram os relatórios meteorológicos e há relâmpagos, irá bem. E não vejo por que não foram fazer. Sarah o observou atentamente. — Quem enviou para protegê-los? Ele amaldiçoou para seus adentros. — Vai Matt. — Matt Granite era o prometido de Kate Drake e um demônio sobre rodas em uma luta. — Ele dirige a segunda equipe. Sarah apoiou a cabeça sobre seu ombro em busca de consolo, fechando brevemente os olhos. — Odeio isto. Que tudo o que amamos esteja se arriscando, mas é pela Elle. Jackson te disse algo? Jonas sacudiu a cabeça. — Não fala, mas voltou a ser o homem que estava acostumado a ser antes de voltar para casa comigo. Mais frio. Mais irritável. Jackson é como Ilya, Sarah, e por mais que respeite a Ilya, não é um homem fácil. — Se estes homens se dedicarem ao tráfico de humanos, aterra-me pensar no que poderia ter ocorrido a Elle durante este mês. Jonas afastou o olhar. Jackson sabia e sua reação tinha sido arrepiante. A certo nível Sarah não queria sabê-lo, era muito doloroso. Deliberadamente ele olhou para os camarotes — Hannah esteve enjoada a maior parte da viagem. Deveria ter feito que ficasse em casa. -seria nos seguido. Jonas fez uma careta. — Por isso não me incomodei em lhe dar a ordem. Nunca escuta de qualquer forma. Sarah sorriu pela primeira vez. 40
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— Estou segura de que isso não te surpreende. Libby está com ela e na verdade, necessitamo-la. Ela pode comandar ao vento como nenhum outro; nem sequer Ilya é tão hábil. Jonas teria tentado deter Hannah se tivesse tentado qualquer outro que não fosse sua irmãzinha pequena. Nada teria detido a sua esposa, grávida ou não. Não com Elle prisioneira e Jackson perdendo a cabeça pouco a pouco. — A equipe um está em marcha. — A voz de Ilya ressonou em seu ouvido. — Temos que ir — anunciou Jonas em voz alta. — Diga aos outros que se preparem. Hannah teria que atrair a tormenta com força e eles teriam que confiar na habilidade de Ilya para manter o helicóptero estabilizado em meio dos violentos ventos se fossem efetuar o resgate, porque não podiam enviá-lo mais tarde a respaldar à equipe de resgate. Mas antes que nada, tinham que derrubar o campo de energia com o qual Gratsos protegia a si mesmo. Como se lesse seus pensamentos, Sarah fez uma pausa e se girou outra vez para ele. — Sabe, Jonas, quando esse campo cair, Gratsos poderá usar energia psíquica também. Não o conhecemos, não sabemos do que é capaz, assim tomem cuidado. Jonas lhe sustentou o olhar e um estremecimento percorreu sua espinho dorsal. — Vi Jackson esmurrando o chão, meio enlouquecido. Seja o que for que esse homem tem feito a Elle, vai pagar, Sarah, de um modo ou outro. Pouco me importa quão psíquico seja. Apostaria por você contra ele a qualquer dia da semana. Multiplica isso por suas outras irmãs, e esse homem não tem a menor oportunidade. Jonas se aproximou de Jackson no lugar onde este estava dando as instruções de último minuto à equipe que se dirigia ao bote. Os três homens que se dirigiam à ilha para "arrumar" o gerador foram desarmados em um bote menor. Conhecia estes homens, bons amigos dispostos a arriscar suas vidas para ajudar ao Jonas e Jackson a recuperar a Elle. Ia a uma zona de guerra sem mais arma que seus corpos treinados. — A equipe dois irá justo detrás de vocês — assegurou Jackson, olhando aos quatro mergulhadores, já com a equipe de imersão, agachando-se no bote. — Matt, você e Tom têm que se mover rápido. Nossos homens estarão em perigo até que se ocupem de seus guardas e consigam suas armas, e não teremos ninguém no ar até que nos dêem o sinal. — Jackson confiava no prometido de Kate Drake. Era um antigo ranger da armada, e Jonas e Jackson tinha trabalhado com ele numerosas vezes. Os olhos do Matt eram frios. -seremo-los cobertos. — Recordem, não deixamos nada nem ninguém atrás. Isto tem que ser rápido e limpo. Entrar e sair. Não acredito que haja nenhum civil além da governanta e o pacote. — Jackson mantinha a mente longe de Elle, era o único modo de poder funcionar. Não ia por seu coração e sua alma, ia em uma missão de resgate e teriam êxito. — A governanta tem que saber o que acontece, assim se cruzar em nosso caminho, é um inimigo. Jonas clareou a garganta. — Isso não sabemos. Jackson lhe lançou um olhar.
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— Todo mundo na ilha é um inimigo exceto Elle. Não arriscamos a nossos homens por nenhuma razão. — Sua voz era implacável. Jonas assentiu com a cabeça, sabendo que Jackson era capaz de tudo nesse momento, incluindo nocautear e deixar com as mulheres. Matt elevou a bolsa impermeável de armas e explosivos e se deslizou no interior do bote. Sua equipe, com trajes de neoprene e garrafas de submarinismo ficariam ocultos no bote até que os quatro mergulhadores fossem desembarcados justo antes de entrar no campo de visão da ilha. Matt repetiu as instruções, assegurando-se de que sua equipe entendia. — Todos nadaremos até o cais e nos separaremos — reiterou. — Tom e eu abriremos caminho através da ilha até a pequena central elétrica e cobriremos à equipe um. Ocuparemo-nos dos guardas e armaremos aos nossos antes de nos dirigir ao cais menor do lado norte. Rick e Jock, abrirão caminho até o heliporto. A equipe um sabotará o gerador de emergência sob a cobertura da tormenta e depois todos ajudaremos com os botes. Jackson chocou o punho com ele. — Necessitaremos que proporcionem tanta informação como é possível. Abrir caminho até a posição mal tirem os botes, para cobrir nossa fuga. — Parece tudo certo — assegurou Matt . — Tiraremo-la, Jackson. Jackson não queria pensar em "ela", nem no que poderia ocorrer. Não se atrevia a se conectar com Elle até que tudo estivesse em seu lugar. Se ela acreditasse que estavam e algo saísse mal, isso a esmagaria. Jonas aplaudiu Jackson nas costas. — Foi mais rápido do que esperávamos, e as meninas estão à espera. No momento em que dê o sinal, chamaremos à tormenta. Ilya já esteve comprovando o campo de energia. Diz que é forte, mas podemos derrubá-lo sob a cobertura da tormenta. — Quem tem feito o reconhecimento? — Ilya — disse Jonas, sabendo que Jackson respeitava ao homem. — Ao que parece, Gratsos tem um pequeno exército próprio. O único civil que viu foi a governanta, mas obviamente alguém cuida dos terrenos. Mapeou tanto como pôde da casa. É de cristal, o que lhe deu uma vista bastante boa do andar inferior, mas não pôde ver muito do segundo andar, nem de como está desenhado. Entraremos às cegas. Jackson embutiu pequenas facas nos laços de seu cinturão. — Tirarei-a. Jonas deixou escapar o fôlego. Jackson tinha estado diferente... mais duro, mais frio... desde que tinha tido esse ataque de loucura no chão na casa Drake. Quando tinham perdido a ponte, tornou-se louco, amaldiçoando, lutando, preparado para matar. Absolutamente o homem frio ao qual Jonas tinha chegado a conhecer ao longo dos anos. Estivera tremendo e, que Deus ajudasse a todos, chorando autênticas lágrimas, suas mãos fechadas em punhos e esmurrando o chão. Felizmente, a casa tinha reconhecido Jackson e de algum modo tinha amortecido esses tremendos murros. Mas depois se sentou sobre os antigos azulejos e se balançou adiante e atrás, cobrindo o rosto com as mãos, os sons que provinham dele arrancados de sua alma. Jonas e outros homens tinham tido as mãos ocupadas tentando reviver às irmãs Drake, levando-as a cama, servindo chá. Ilya, mesmo em seu fraco estado, tinha tentado reparar o dano 42
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infringido na mão de Libby onde ela tinha tentado sanar Jackson e Elle das queimaduras elétricas em seus cérebros. Tinha sido um desastre, mas Jackson tinha sido o maior desastre de todos. Quando finalmente tinha recuperado a prudência, tinha olhado ao Jonas com olhos frios e fantasmagóricos. — Vamos por ela imediatamente e necessitaremos a cada um de nossos amigos. Chame-os, Jonas, diga que é pessoal e que me devem isso. Diga o que lhe der vontade ao chefe dela. Nenhuma palavra. Nem um sussurro. Não queremos a lei. Vamos extraí-la e vai ser tão sangrento que teremos que sair do país imediatamente. — Ataque surpresa sem deixar rastro — concordou Jonas. — Não podemos deixar nenhum rastro para trás. Isso significa que nada de corpos. Nada que possa ser rastreado. Então Jonas tinha olhado ao Jackson e compreendido que havia retornado... o mesmo homem que não era um homem, que havia retornado dos campos de prisioneiros, a mesma concha que uma vez fora, sem nada mais que uma vontade e ferro. Nesse momento, com esse olhar, Jackson trocou ao Jonas. O olhar varria a sensação de bem e mau. Não havia nenhum bem, somente restava a missão com um só resultado possível. Ele sabia o que era isso; sabia como levar a cabo missões. Iam necessitar armas e iam necessitar homens. — Nossos meninos virão, sabe que o farão. Todo aquele a quem chamamos amigo, tudo o que nos deve isso. Não se encontrará nem rastro de que nenhum de nós tenha estado ali — o olhar de Jonas sustentou a de Jackson. — A tiraremos de lá igual a sempre o fazemos... juntos. Jonas nunca esqueceria o olhar que Jackson lhe dirigiu. Qualquer amabilidade que Jackson tivesse aprendido durante o último par de anos enquanto tinha vivido em Sean Haven, desapareceu nesse instante. Jackson havia retornado a ser remoto, distante, raramente falando, sua boca sombria, seus olhos frios. Limpava suas armas com freqüência e praticava tiro e lançamento de facas. Desmontava e montava seu rifle centenas de vezes até que suas mãos eram um borrão enquanto o fazia, e sempre praticava com os olhos enfaixados. Jackson deu uma olhada ao Jonas e ao aspecto de seu rosto, uma mescla de preocupação e pesar. Não tinha tempo para tranqüilizar a seu amigo... de qualquer modo, não conseguiria. Aquilo que dentro dele mal tinha começado a derreter quando se gelou até o ponto de geleira outra vez. Elle importava. Era o único que importava... quão única importava nesse momento... e não havia forma de suavizá-lo, ou fingir outra coisa. Estava disposto a fazer o que fosse para recuperá-la. Morreria se era necessário... ou mataria. E estava completamente preparado para matar a um montão de gente... a tudo o que cruzasse em seu caminho. Nunca tiraria essas imagens de sua cabeça... jamais... de Elle nua, sua pele coberta de lacerações ensangüentadas, machucados inchados marcando sua suave pele. Pior ainda, sua mente brilhante destroçada, seu espírito quase quebrado. Desejava... não, necessitava... perseguir e matar aos animais que lhe tinham feito isso. Não havia espaço para nada mais em sua mente e seu coração. Recuperaria-a e encontraria uma forma de saná-la. Ela o ajudará a se recompor e ele encontraria a forma de fazer o mesmo por ela. O rádio em sua orelha rangeu.
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— Diga a Hannah que levante o vento — entoou a voz do Matt. — Aproximamo-nos da ilha. A equipe dois está entrando na água e a equipe um vai ser condenadamente vulnerável. Matt deslizou seu auricular em um contêiner a prova de água e esperou enquanto outros membros de sua equipe entravam na água. Olhou aos três que ficavam. — Não se façam de heróis. Se não os deixarem entrar na ilha, se mostrem de acordo em partir imediatamente. Estes meninos são de gatilho rápido. Não temos nenhum infiltrado entre eles. — Sim, sim, Mamãe — respondeu Kent Bastion. — Seremos bons. Os três homens se olharam uns aos outros e bufaram de risada. Matt sacudiu a cabeça e se deixou cair para trás no mar. Nadou longe do bote, lhe dando vantagem e o bote procedeu em direção à ilha. Olhou ao céu. Já podia sentir a diferença. O tempo começava a deteriorar-se, o vento se levantava, as escuras e pesadas nuvens ferviam colericamente. Fez um sinal e sua equipe se inundou, nadando a distância que ficava para evitar ser detectados. Moveram-se com rapidez, sabendo que Kent e seus homens, James Berenger e Luke Walton, não teriam armas se algo desse errado. Demoraram mais do que gostaria, e Matt foi consciente de cada momento em que seus companheiros estiveram sem apoio. O necessário vento da Hannah, atraído para ajudar à equipe ao final lhes estava demorando já que as ondas cresciam e a corrente submarina se fazia mais forte. Sabia que a primeira equipe teria convencido aos guardas de que a tripulação de manutenção habitual foi passar a noite por causa da tormenta e que eles tinham sido enviados em seu lugar. Jonas estava preparado para interceptar outra chamada telefônica se fizessem alguma pergunta. Felizmente, o pai de Kent era grego. Essa era em grande parte a razão pela qual o tinham eleito para a tarefa. Não só tinha o físico necessário, falava o idioma fluídamente e tinha reputação de abrir caminho em qualquer situação. Matt enviou uma prece silenciosa para que entretivessem aos guardas falando, até que pudessem chegar ali e dar apoio aos três "eletricistas". Quando se aproximavam das rochas, indicou ao Rick e Joack que se separassem e se abrissem passo até o heliporto. Tom seguiu a terra, onde tiraram os trajes de neoprene em silêncio, empacotaram na bolsa que haviam trazido para assegurá-lo e levá-los com eles quando partissem. Pôs-se um pequeno detonador na bolsa como precaução. Se não podiam recuperá-lo, voaria em pedaços depois da partida. Pendurando-se armas ao ombro e ao redor da cintura, agarraram a bolsa com as armas da equipe um. Matt e Tom puseram-se a correr através das sombras tentando encontrar-se com a outra equipe, que tinha tido uns bons vinte minutos por diante deles e viajariam em um veículo. A vila estava no lado oeste com a central elétrica mais à frente para o leste. O bote tinha atracado no lado sudeste, assim quando nadavam para a costa, dirigiram-se justo para o sudoeste, cortando a distância que tinham que correr tanto como era possível. O vento os golpeava em rajadas, embora Matt tivesse que conceder a Hannah... dirigia o vento em ângulo para os ajudar a ganhar velocidade, em vez de ser um obstáculo. Sempre o tinha assombrado a habilidade da Hannah e sua precisão quando enviava ou chamava o vento. E Kate... seu coração deu um tombo só de pensar em sua calada e nada aventureira prometida... era uma mulher com um cordão de aço percorrendo sua espinha dorsal, alguém que permanecia a seu lado, não caminhava detrás 44
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dele. Cada uma das irmãs Drake dariam tudo o que tinham, tudo o que eram, para recuperar a sua irmã mais nova. Matt colocou o auricular, comentando enquanto ele e Tom manobravam ao redor dos guardas. — Deste ângulo posso ver dois homens no telhado da vila. Não estão absolutamente alerta, na realidade o vento os está neutralizando, mas poderiam haver mais. Dois no lado sudeste, entre as rochas, mas movendo-se para terreno mais alto já que as ondas sobem de altura e força. — Deu as coordenadas, sabendo que Jackson e Jonas estariam mapeando a posição de cada guarda à medida que chegava a informação. -Temos patrulhas rotativas — vaiou Tom e se agachou entre as sombras. Matt se deixou cair com ele, estendido de boca para baixo, com a arma no punho enquanto observava ao veículo e os guardas passar lentamente, iluminando com focos o afloramento de rochas e ao interior dos arbustos. Contou os segundos, cada um sincronizado com um batimento do seu coração, a cada momento que passava se incrementava o risco para os três homens que estavam sendo conduzidos a mini central elétrica. Estava de pé e correndo no momento em que o veículo saiu de vista. Permanecendo nas sombras, mas incrementando sua velocidade sobre o terreno acidentado, evitava ir no cuidado caminho ao qual fazia as patrulhas itinerantes, provavelmente se limitariam em meio da tormenta. As ondas rompiam sobre as rochas à medida que a tormenta começava lentamente a ganhar força. Se Gratsos tinha algum talento psíquico, as Drake tinham que ser cuidadosas, utilizando só um suave toque e fazendo a tormenta tão natural como era possível para que ele não pudesse sentir uma quebra de energia repentina. Matt não sabia muito bem como funcionava, mas Katie dizia que podia sentir o toque de energia psíquica quando esta era utilizada. A central elétrica se erguia diante, uma pequena estrutura depois de uma cerca de arame. A grade estava aberta, com um veículo estacionado junto à porta aberta. Tom e Matt se deslizaram dentro da cerca e se abriram passo para a porta. Tom agarrou o pomo e esperou até que Matt esteve em posição antes de abrir a porta para que Matt pudesse deslizar-se dentro, com a arma pronta na mão enquanto Tom o cobria. Comprovou imediatamente a zona, avançando para dar passo ao Tom e lhe cobrir. Avançaram em formação estandarte comprovar e limpar enquanto se moviam através das filas de cabos até que ouviram o som de vozes. — Sim, senhor Gratsos — disse a imaterial voz masculina — dizem que querem partir de qualquer forma. O tempo está piorando e temem ficar apanhados aqui. Nossos trabalhadores habituais não estão disponíveis, já tinham ido para casa antecipando a tormenta. Houve um curto silêncio e logo o guarda suspirou pesadamente. — É obvio, senhor Gratsos, revistamos. Não levam armas. Seguiu outro silêncio, este não tão breve como o primeiro. — Há três porque um está servindo de aprendiz. — O guarda lutava por manter a exasperação fora de sua voz. — Sim, senhor. Faremos o trabalho rápido para nos adiantar à tormenta. — Sua voz baixou. — Pode ser que tenhamos que alojá-los esta noite. Matt se arrastou ao redor das filas do teto ao chão, confiando que Tom se ocupasse do guarda quando terminasse a conversação com Gratsos. Seu ser inteiro estava concentrado na 45
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segurança da equipe um. Os três homens estavam de cara a ele, com os dedos entrelaçados detrás das cabeças, parecendo absolutamente indignados. Kent parecia especialmente irritante, suas sobrancelhas estavam juntas enquanto fulminava com o olhar ao guarda que dava as costas ao Matt. — Podemos partir — exclamou. — Isto é uma merda. — Paciência — o guarda parecia aborrecido. — Está comprovando suas IDs. Kent olhou aos outros dois. — O que acredita que planejamos fazer? Roubar, com tantos guardas ao redor? Um pouco pesado caiu ao chão na direção do guarda que estava chamando com o Gratsos. — Limpo — confirmou a voz do Tom na orelha do Matt. Matt clareou a garganta. O guarda que apontava sua arma à equipe um deu a volta, seu dedo esticando-se sobre o gatilho instintivamente. Matt disparou. — Vamos. Temos que desativar o gerador. **** Elle se esforçou para abrir as pálpebras, obrigando-se a tomar curtos e superficiais fôlegos para aliviar a dor de seu corpo. Tinha tentado advertir ao doutor que haviam trazido, e com isso ganhara outra surra. Não tinha salvado ao médico. Não tinha salvado a ninguém... e muito menos a si mesma. Estava segura de que Stavros poderia tê-la matado... estava raivoso por sua resistência... se não fosse por Sid. O guarda-costas uma vez mais se intrometeu e a tinha salvado, embora não estava segura de por que. Tinha visto o aspecto de seu rosto, e por um momento pensara que poderia realmente matar a seu chefe quando, ouvindo seus gritos, tinha irrompido na habitação, arriscando sua própria vida. Stavros matava facilmente, embora se negasse sequer a discutir com Sid quando este tinha intervindo. Partiu tremendo de fúria, mas ainda assim, tinha deixado Sid para recolher os pedaços, confiando no guarda-costas com ela quando nem sequer tinha permitido a seu próprio irmão lhe pôr um dedo em cima. Sid tinha sido amável, lavando-a, comprovando suas costelas, sussurrando em russo, lhe dizendo que deixasse de lutar, que simplesmente agüentasse, esperasse. Esperar o que? Nem sequer tinha uma sensação de tempo mais. Elle tinha se perguntado um milhão de vezes se sonhara com a voz de Jackson. Se algo tinha sido real. Tudo ao seu redor parecia nebuloso e longínquo. O que a tinha tirado de seu semi estupor, uma urgente sensação que não a deixava em paz? Não queria sentir Na realidade, nem pensar; queria voltar a deslizar-se nesse lugar onde ninguém podia tocá-la. Mas... Girou -se de cara à larga parede de cristal e olhou por volta do mar. O vento golpeava contra o edifício, elevando um chiado e depois retrocedendo, somente para voltar com plena força, golpeando, uma e outra vez. O fôlego ficou entupido na garganta. O vento. Vigia o vento. Tentou sentar-se e descobriu que não podia se mover. Puxou experimentalmente das algemas de seus pulsos. Tinha-a amarrado à cama. Stavros nem sequer necessitava de uma razão; queria que ela soubesse que existia por seu desejo... que fosse o que
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fosse o que escolhesse fazer, faria-o, e ela estava impotente. Deixava-lhe claro seu ponto de vista com freqüência. Estava cansado de sua resistência, e na verdade, a ela também cansava. Olhou para o cristal de novo, umedecendo os lábios secos. Estaria Jackson vindo? Teriam suas irmãs enviado o vento para lhe dizer que estavam lá por ela? Não se atrevia a esperá-lo. Uma sensação inquietante se arrastou para baixo por sua espinha dorsal e soube sem girar a cabeça que Stavros tinha entrado no quarto. Permitiu que sua cabeça caísse para trás sobre o travesseiro e preparou a si mesma para seu tato. — Pensei que a tormenta poderia te deixar nervosa. — Sua voz era tão solícita que se perguntou, não pela primeira vez, se realmente se acreditava apaixonado por ela. E se o fazia, era um tipo doentio de amor-propriedade do qual ela não queria formar parte. — É um pouco inquietante — admitiu, surpreendendo-o. Os olhos dele se abriram de par em par ante sua resposta. Ela raramente respondia a nada que ele dissesse ou fizesse, sua única forma real de manter um controle. Stavros parecia agradado. Imediatamente, para recompensá-la, cruzou até seu lado e se inclinou para roçar um beijo sobre sua boca. Elle se obrigou a não afastar a cabeça. Não respondeu, mas deixou-o ganhar seus lábios de novo, uma grande vitória para ele. — Sentiu minha falta? Engoliu a bílis que se elevava. — Sentia-me sozinha. — Girou a cabeça para o cristal. — E o vento... — Não se preocupe, doçura. Esta casa é uma fortaleza. Nada a destruirá. Seria melhor que sua barreira psíquica nunca caísse, porque se o fizesse, ela derrubaria esta casa e tudo o que havia nela. -Tenho que utilizar o banheiro. — odiou-se por ruborizar-se quando o disse. Ele se encantava com a humilhação de que tivesse que pedir permissão. Algumas vezes a fazia "pedir apropriadamente"... dizendo "por favor" e agradecendo-lhe depois, inclusive quando ele permanecia na habitação com ela. Nunca tinha detestado mais a alguém em sua vida. Ao menos, não era tão patética que não podia odiar a seu captor. — É obvio, Sheena. — Suas mãos foram gentis quando tiraram suas algemas do pulso. — Boa garota. — Sorriu, esfregando as marcas de sua pele. — Desta vez não lutou, e sua pele está sarando. Só porque estivera inconsciente, ou adormecida... já não podia dizê-lo. Elle olhou outra vez fixamente pela janela, tentado não ter esperanças, obrigando-se a não estender-se para ver se Jackson ou suas irmãs estavam perto. — As tormentas lhe dão medo? — Stavros lhe abriu as algemas dos tornozelos e esfregou suas pernas, seus dedos se atrasando sobre as feridas. Elle tomou um fôlego e o deixou escapar, permitindo-o ver o frágil e vulnerável que se sentia. Se lhe induzia uma falsa sensação de segurança, poderia conseguir dele alguma coisa. Assentiu com a cabeça. — Intento que não seja assim. Sei que é uma tolice.
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Provavelmente este era o maior intercambio que tinha tido com ele desde que a tinha tomado prisioneira. Fazia quanto tempo? Não sabia, mas lhe parecia que se convertera em sua vida inteira. Stavros a ajudou a sentar-se, sujeitando-a quando cambaleou um pouco, ainda presa ao lençol que cobria seu corpo. — Hei, já te disse que não seja modesta comigo — recordou-lhe ele . — Eu gosto de olhar seu corpo. Involuntariamente aumentou o agarre sobre o lençol. Ante seu olhar de aborrecida impaciência, fez outro intento de jogar com seu ego. — Não me sinto muito atraente agora. Meu cabelo está emaranhado e me sobressaem os ossos. — Sempre tinha sido magra, mas agora parecia um espantalho. — O médico disse... — se interrompeu, afastando o olhar dele. — Eu não gosto que me veja assim. — É formosa, Sheena. O médico não sabe do que está falando. Esteve doente, isso é tudo. — Stavros puxou o lençol até que ela a contra gosto o deixou cair, e depois a ajudou a passar as pernas por um lado da cama. A habitação girou por um momento. Estava mais fraca do que acreditava. Esperou que o mundo se endireitasse e deu um passo em posição vertical sobre o chão, apoiando-se em Stavros um pouco mais do que queria. Envolveu os braços ao redor da cintura e a ajudou a caminhar até o banheiro. O vento golpeou com força contra a parede de cristal e Elle saltou, girando-se para olhar sobre o ombro para o céu escurecido. As nuvens giravam, açoitando ao redor, formando imagens lentamente, roubando seu fôlego. Comprido cabelo soprado grosseiramente ao vento, seis rostos inequívocos, olhando a direita e esquerda, procurando... procurando. O fôlego de Elle ficou entupido em sua garganta. Queria aproximar-se da larga parede de cristal, não afastar-se dela. Podia sentir toda sua mente procurando esses rostos. Me olhem. Estou aqui. Mas não se atreveu a utilizar a telepatia, não com a barreira elevada e Stavros na habitação. Só pôde conter o fôlego e rezar para que pudessem vê-la... Senti-la. Os rostos se giraram quase como um, com os olhos totalmente abertos e agudos, atravessando o véu da tormenta, o cabelo formando redemoinhos ao redor das nuvens, enquanto suas irmãs a olhavam. E ela as olhava. Elle sentia cada batimento do coração inequívoco em seu corpo como um tambor soando em sua cabeça. Sentia cada batimento do coração como um trovão batendo no céu. Não havia engano, eram suas irmãs. Derrubou-se contra Stavros, seus joelhos se dobraram de alívio. Arderam lágrimas atrás de suas pálpebras. Tinha vindo por ela. Não era sua imaginação. Quis chorar e rir ao mesmo tempo. Em vez disso, se obrigou a experimentar a humilhação de utilizar o banheiro com Stavros, observando cada um de seus movimentos. Adoecia-a que necessitasse semelhante controle sobre ela, que desfrutasse de seu pequeno e mesquinho poder. Lavou-se cuidadosamente e voltou para o quarto. — Posso me sentar uns minutos? — estremeceu-se, fingindo frio, quando era pura excitação. — Eu passo mal estendida na cama quando o vento é tão forte. Ela nunca pedia concessões e Stavros era todo sorrisos, seus olhos escuros se deslizavam sobre ela com evidente prazer enquanto a escoltava galantemente até as cadeiras pesadamente acolchoadas e a posava em uma dela, recuperando uma manta para agasalhá-la. 48
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Ela sorriu palidamente. — Obrigado. Um raio iluminou o céu e banhou os terrenos. A chuva começou a salpicar contra o cristal em grandes gotas gordas. Lágrimas. Suas irmãs choravam por sua alma destruída. O pensamento foi inesperado, mas uma vez que o teve, soube que era verdade. Não sobrava nada da Elle que tinha abandonado sua casa tantas semanas atrás. Tinha desaparecido, e quem tinha ficado em sua concha vazia estava perdida. — É tão difícil, Sheena? Me pedir ajuda? Baixou os olhos e sacudiu a cabeça, acovardada por dentro por ter que jogar a este asqueroso jogo. Queria pensar nisso como estava acostumada a fazê-lo, seu personagem encoberto sendo mais preparado que sua presa, mas já não se sentia forte e ao comando. Não era forte. Podia ser que nunca voltasse a sê-lo. Seguiu olhando pela janela, sem desejar ver o rosto de Stavros. Ele era o diabo encarnado, e só de olhá-lo, a enchia de medo. Acreditava que era invencível e a assustava pensar em que pudesse pôr as mãos sobre suas irmãs. — Sheena — sua voz ronronou suavemente e a encheu de terror.-me olhe. Não era possível que estivesse lendo sua mente, a energia psíquica estava em seu lugar. Ela sempre podia sentir o zumbido baixo, inerente em sua cabeça. Obrigou-se a afastar a vista da esperança que trazia a tormenta, encontrar o olhar de seus olhos escuros e velados. — Vê, minha doçura, viver não tem que ser difícil, se somente fizer o que te digo. — Stavros estendeu os braços para abranger a habitação. — Pode viver uma vida formosa e privilegiada aqui comigo, tendo nossos filhos, tendo tudo o que quiser. — Por que eu, Stavros? Não sou como as demais mulheres com as quais costumar estar. — absolutamente alta e formosa, só o bastante intrigante para captar sua atenção e ser convidada a suas festas. Não era uma das loiras esculturais que ele parecia preferir. Stavros tomou seu comentário como uma súplica de tranqüilidade. — É isso o que te preocupa, doçura? Que não vai reter minha atenção? Seu estomago deu uma volta. A última coisa que queria era reter sua atenção. Obrigou sua mente a continuar. Era tão difícil pensar, mas se podia simplesmente agüentar com ele sentado a certa distância, sem tocá-la, poderia esperar um sinal. OH, Deus. Podia esperar que o campo de energia caísse. Isso é o que estavam tentando fazer... derrubar o campo de energia. Seu coração saltou com espera. Stavros lamentaria amargamente ter pousado uma mão sobre ela se o campo caísse. Elle olhou ao homem, esperando que não pudesse ver quanto o odiava. Obrigou-se a encolher casualmente os ombros, procurando as palavras corretas para apelar a seu enorme ego. — Você parece o príncipe de um conto de fadas, e não finja que não sabe. Cada crítica sobre você o descreve como o que é, e olhe ao espelho. Eu não sou nenhuma princesa. Stavros se inclinou para ela, parecendo mais agradado que nunca. — É exótica, Sheena, uma jóia muito estranha. E eu sei de jóias. Procurei em todo mundo uma mulher como você. Tinha essa qualidade ronronada na voz de novo, pretendendo hipnotizá-la. Recortava a uma cobra hipnotizando a sua presa. Suprimiu o estremecimento e arrastou a manta mais firmemente 49
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a seu redor. Elle agradeceu a suas irmãs o vento que golpeou contra a vila com força, atraindo seu olhar naturalmente para assim poder afastá-lo desses olhos vigilantes. — Não sou, Stavros — sussurrou, e a vergonha em sua voz era autêntica esta vez. — Sou fraca. Deveria ter sido capaz de agüentar firme frente a você, ter orgulho. Sinto-me como se tivesse fracassado em alguma prova que me puseste. Esfregou a beira da manta contra a boca tremente. Desejava ir para sua casa... mas sua casa nunca seria a mesma... porque ela não era a mesma. Já não era Sheena MacKenzie ou Elle Drake. Já não sabia quem era. Suas têmporas pulsavam e a constante dor de cabeça lhe recordou que já quase tinha queimado seu talento lutando contra o campo de energia. O que sobrava? Despojada de tudo o que era, tudo o que sabia sobre si mesma, sentia-se tão vazia como uma casca sem nada dentro. — Carinho, isto não era nenhuma prova para você. Nunca houve necessidade de me provar que fosse forte o bastante ou o bastante digna. Não ante ele. Nunca ante ele. Ser uma Drake. Passar seu legado a sete mulheres. Ser forte o bastante para guiá-las ao longo dos anos vindouros nas coisas que teriam que aprender para esgrimir semelhante poder. Ela tinha tido poder toda sua vida, segura de si mesmo, treinada, seu corpo e mente em forma, e ainda assim agora, ante a primeira prova real, tinha falhado a suas sete filhas, suas seis irmãs e a cada mulher Drake que tinha sido antes dela. Estava quebrada e não havia forma de reparar isso. Mesmo se a tirassem para tirar a da ilha e afastassem de Stavros, nunca o tiraria de sua mente, ou seu tato do corpo. Ele tinha obtido o que se propunha e a tinha trocado para sempre. Elle sacudiu a cabeça e se tornou para trás o matagal de brilhante cabelo vermelho. Odiava seu cabelo porque lhe passava os dedos através do mesmo constantemente. Envolvia o punho ao redor e lhe puxava cabeça para trás, obrigando-a a fazer sua vontade uma e outra vez. Não havia parte dela que sentisse limpa, nem parte que ela sentisse dela. Ele tinha feito isso. Stavros. Inclusive com o vento selvagem golpeando a vila e suas irmãs perto, sentia pavor dele. Parecia invencível. Elle manteve a cabeça baixa, não querendo que ele visse sua derrota absoluta a suas mãos. — Sheena — Sua voz era enganosamente amável, compelindo-a a encará-lo com o coração na garganta. — Desejo sua obediência. Terá que viver aqui, é obvio, mas farei do teu um mundo incrível. Teremos nossos filhos e nosso lar longe de todos. Será protegida assim como a nossos filhos. Aqui, onde posso assegurar que nenhuma influência exterior afete adversamente nossas vidas. Soava tão razoável. Não pôde evitar perguntar-se, com ela sentada ali nua, envolta somente em uma manta, machucada e com marcas de chicotadas cruzando seu corpo, como podia soar tão cordato e razoável. -me espanca. As pálpebras dele titilaram e o coração de Elle saltou, temendo lhe haver empurrado muito longe. Estavam tão ao limite, fazendo equilíbrios, tentando manter uma biografia de controle quando Na realidade não tinha nenhum. O controle era uma ilusão.
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-se castigo, sim, porque interpreta mal o que quero de você. Desejo obediência, Sheena. Ocuparei-me de cada uma de suas necessidades, de suas apetências e desejos, inclusive daqueles que não sabe que tem, mas em troca, necessito que se entregue completamente a mim. Corpo e mente totalmente a meu cuidado. Minhas apetências e desejos sempre serão seu primeiro pensamento. Como uma escrava. Como as mulheres que seu irmão tinha roubado e metido em seus cargueiros para vendê-las a uma vida de inferno. Sentiu a resistência emanar através de sua mente e lutou para resistir ao impulso natural de utilizar seu poder. Não necessitava que ele a golpeasse de novo. O fôlego abandonou seus pulmões em uma rajada deliberadamente longa e assentiu com a cabeça. — Acreditava que estava me pondo a prova, pondo a prova minha força. Estremeceu-se sob a manta e olhou de novo ao céu... às nuvens. Tinha sido sua imaginação? Sua mente estava brincando com ela? As nuvens pareciam como enormes caldeirões ferventes, a beberagem ancestral de uma bruxa, turvando-se e formando redemoinhos mais e mais escuros. A chuva açoitava o cristal, obscurecendo a habitação ainda mais. Esperava que ocultasse sua expressão e o terror que crescia em seu interior. Stavros sabia que ela era psíquica... por isso a quisera... não por causa de nenhuma atração por ela, mas sim porque queria filhos dela. Essa era a razão pela que não tinha permitido a seu irmão aproximar-se dela. Fechou os olhos e enterrou o rosto na manta. Já podia estar grávida. Era possível... provável inclusive... que uma criança vivesse já em seu interior. — Sheena? — Stavros abandonou seu assento e se aproximou dela, deslizando uma mão entre o matagal de cabelo. Odiava isso. Odiava que lhe tocasse o cabelo. Odiava estar sentada, tremendo, esperando que ele decidisse o que podia ou não podia fazer. Já recebesse dor ou prazer, odiava-o vindo dele. As luzes se obscureceram, piscaram e ouviu como ele inspirava velozmente. A cabeça de Elle se elevou de um puxão, o triunfo apressando-se através dela, a adrenalina vertendo-se em suas veias, enchendo-a, lhe dando forças. Podia sentir o campo de energia vacilando, o ruído em sua cabeça retrocedendo e o poder gotejando. Elle jogou para trás a manta e meio que se levantou. Stavros ainda tinha a mão enredada entre seu cabelo e puxou-a para trás e abaixo, derrubando-a no chão. Agachado sobre ela, com olhos de maníaco, sua outra mão rebuscou no bolso e tirou uma seringa de injeção, tirando o capuz da agulha com os dentes. Elle lutou contra ele, mas estava ajoelhado sobre ela, empurrando um joelho duramente contra seu estômago enquanto lhe enterrava a agulha no pescoço e pressionava a seringa de injeção. Quase imediatamente o mundo começou a desvanecer-se mais e mais. Stavros se inclinou sobre ela. -Te encontrarei, Sheena, e matarei a tudo e todos os que amas. Não há nenhum lugar onde possa te esconder de mim. — Sua boca se esmagou contra a dela, separando seus lábios, mordendo-a com força, rasgando a suave carne deliberadamente. Compassivamente o negrume se estendeu até que não pôde ouvir, sentir nem ver nada absolutamente e simplesmente deixou que a escuridão a tomasse. 51
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Capítulo 5
Jackson subiu ao helicóptero e tomou assento junto ao Jonas e Aleksander Volstov, o prometido de Abbey e antigo agente da Interpol. Olhou fixamente a Ilya Prakenskii, o prometido de Joley. Dependiam da Ilya agora. Era um esperto atirador, sua reputação irrepreensível, e necessitaria cada uma de suas habilidades tanto psíquicas como também de atirador com os fortes ventos. Também teria que utilizar essas habilidades para manter o helicóptero estável e depender da precisão da Hannah com o vento para mantê-los a salvo e que pudesse proporcionar cobertura aos três homens que foram resgatar Elle. No momento em que se colocaram, o helicóptero se elevou em meio da tormenta. Jackson pôde ver a Hannah na coberta, com os braços estendidos para o céu, suas irmãs posicionadas atrás dela, alimentando sua energia enquanto ela orquestrava a tormenta. Dirigia o vento por diante do helicóptero para que Ilya pudesse mantê-lo estabilizado enquanto saíam disparados através do ar para a ilha. O piloto roçava a superfície do mar, as ondas lambiam vorazmente para eles, salpicando os de sal. Onde as ondas tinham que ter sido de metro vinte ou metro e cinquenta, o vento que as irmãs geravam as empurrava até formar torres imponentes, poderosas paredes de força lhe esmagadoras coroadas de branco que Jackson a penas podia divisar no poço negro da noite. O helicóptero só emitia uma suave incandescência verde enquanto se abria passo para a ilha, corcoveando e balançando-se, lançado de uma célula da tormenta a seguinte com apenas a vontade de Ilya para estabilizá-los. Quando se aproximaram da ilha, ficaram totalmente às escuras, cortando toda luz para poder entrar em sigiloso silêncio. O piloto, Abel Williams, um homem com o que Jackson tinha lutado durante três dias e noites através de grossas linhas inimigas quando seu helicóptero tinha sido derrubado, parecia sombrio e feroz enquanto lutava por manter o helicóptero no ar. Tinha ido sem duvidar, e não havia dito nenhuma palavra quando lhe tinham contado que voaria às cegas de noite em meio de um turbulenta tormenta com ondas agitadas golpeando a parte baixa do helicóptero e ocasionalmente banhando o interior através da porta aberta. As coordenadas dos dois objetivos que Matt e sua equipe lhes tinham enviado para ser eliminados antes de deixar ao Jackson, Aleksander e Jonas em terra se aproximavam rapidamente. A segurança do helicóptero estava por cima de todo o resto. O primeiro objetivo era uma complicada torre construída obviamente para comunicações, mas isso se teria vindo abaixo com o gerador. Mais importante era que quem quer que estivesse sentado no ninho de pássaro podia ver virtualmente a ilha inteira e, com as armas corretas, defende-la de ataques por mar, terra e ar. A torre e qualquer que um estivesse nela tinha que cair. Abel entrou em saco, atravessando o céu, os foguetes desenhando nervuras de um vermelho alaranjado contra um céu negro-púrpura. Pilotou o pequeno helicóptero com rapidez, disparando e manobrando para afastar -se, deslizando -se além da linha do escarpado para evitar 52
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represálias se os foguetes falhavam. A por julgar pela explosão e a conseqüente chuva de fogo, tinha acabado com o objetivo. Já estava se dirigindo para seu segundo destino. O farol era o seguinte. Gratsos tinha um farol particularmente grande e bem equipado. Além disso, do poderoso foco que advertiam a botes e navios sobre as rochas dentadas de baixo, o edifício albergava a vários guardas com armas de grande calibre e suficiente potencia de fogo para repelir a um navio carregado de piratas. As armas trovejaram à medida que se aproximavam, destroçando a noite com um retumbar similar ao trovão. O vento uivava, gemia e golpeavam contra o farol, rasgando as janelas e o telhado como se tratasse de arrancá-lo. Ilya e Jackson pegaram as armas ao ombro, com mãos firmes, procurando a marca que necessitavam para silenciar aos atiradores enquanto Abel alinhava seu aparelho entre o malvado vento. Quase simultaneamente apertaram os gatilhos e Jonas informou tranqüilamente. — Duas mortes. Abel disparou vários foguetes, apontando ao foro em vários níveis quando apontou ao pássaro para cima e depois abaixo. Acertaram com momentos de diferença um de outro, iluminando a noite, disparando chamas ao ar e iluminando os terrenos com uma torre infernal. Os restos choveram sobre o mar de abaixo, cobrindo a água fervente com escombros enegrecidos e chamuscados, alguns flutuando na superfície e outros afundando-se como pedras. O helicóptero atravessou velozmente o céu para gravitar diretamente sobre os terrenos mais próximos à porta principal da vila. Ilya se ocupou de um dos guardas do telhado enquanto Jonas deixava cair uma corda pela porta do helicóptero. Uma bala estalou perto da cabeça do Jonas e este tirou uma arma, mas o rifle de Ilya disparou uma segunda vez e o atirador caiu. — Limpo — exclamou Jonas tensamente. — Vamos. Jackson foi primeiro, baixando a corda rapidamente, com armas nas costas, o cinturão e as botas. Logo que tinha chegado abaixo quando Jonas lhe seguiu. Aleksander chegou depois, e todo o momento, Ilya continuou disparando, limpando a zona ao redor deles enquanto o helicóptero se retirava. — Adiante com o silêncio — vaiou Jonas a rádio. — Comunicação interrompida. Todos puseram silenciadores a suas armas e se deslizaram entre as sombras. Ilya estaria no helicóptero e as duas equipes de terra atraíam a atenção longe da vila enquanto a equipe de resgate realizava a extração de Elle. Ao mesmo tempo, Ilya enviaria quebras de onda de energia que interromperiam toda comunicação por radio entre o Gratsos e seus guardas. Um homem virou uma esquina à carreira justo para tropeçar com Jackson, sua arma pressionada firmemente contra as costelas deste. Tudo o que tinha que fazer era apertar o gatilho. Jackson levantou o joelho para a virilha de seu assaltante e insinuou a um lado, tirando sua própria arma e realizando três disparos a queima roupa. O corpo caiu e ele amaldiçoou, empurrando o pesado cadáver longe dele. Jonas lançou um olhar ao Jackson. — Está ferido? — Só em meu orgulho. Nos movamos. — Entramos — advertiu Jonas. Era a chamada que Matt e suas equipes tinham estado esperando. Tinham que proporcionar distração, manter aos guardas concentrados neles e longe da casa. A equipe dois, Rick e Jock, ficou 53
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em marcha; abriu-se caminho até o helicóptero do Gratsos. Rick era um excelente piloto e levaria o pássaro até mar aberto. Não se podia permitir que Gratsos utilizasse o helicóptero para escapar ou segui-los fora da ilha e afundariam o pássaro mar dentro, fazendo com que Gratsos suspeitasse durante um curto período que Elle tinha sido resgatada desse modo. Jock e Rick, ouvindo o suave sussurro, imediatamente avançaram pelo terreno rochoso para a pista do helicóptero. Estaria bem protegido. Era o modo mais rápido que tinha Gratsos de sair da ilha e quereria mantê-lo a salvo. Com sua torre e seu farol desaparecidos, tinha que saber que o estavam atacando e se estivesse preparado, haveria dito a seus homens que mantiveram essa via aberta. Ignoraram os disparos esporádicos a seu redor, permanecendo agachados e dirigindo-se para o heliporto. Sobre eles, o rifle de Ilya era ruidoso, um intento deliberado de atrair a atenção. Rick realizou dois disparos, derrubando a um guarda e pondo em fuga a um segundo enquanto corriam. Ilya acabou com o segundo homem antes que o guarda pudesse chegar muito longe. A tormenta estava golpeando a ilha agora, o vento era frenético, embora não se aproximava de seu helicóptero. Maravilhava-lhe a habilidade da Hannah para comandar e dirigir o vento. Sobre o navio, Sarah estava alimentando a de informação, seguindo o rastro a cada membro das suas equipes. Hannah trabalhava para manter a tormenta dirigida para o inimigo enquanto ajudava a sua própria gente. Ilya sempre tinha admirado às irmãs Drake e a forma fácil com que se alimentavam umas da outras de energia, uma liga de suas habilidades e poderes a fim de que quando trabalhavam, o esforço fora fluído. Ele sabia o tipo de pedágio que pagava o condutor que utilizava energia psíquica de forma sustentada e as Draken estavam vertendo tudo o que tinham... tudo o que eram... no esforço por recuperar a sua irmã. Não podia imaginar o que ocorreria a sua Joley se não recuperavam Elle. Seu brilhante e inquieto espírito se apagaria. O helicóptero cambaleou e deslizou lateralmente quando um morteiro se aproximou muito. — De onde demônios veio isso? — exigiu Ilya, pilotando ao redor. Abel já tinha feito que o helicóptero atravessasse o céu a toda velocidade, quase dirigindo-se diretamente para o vento antes que Hannah pudesse ajustar seus bruscos movimentos. Levou o vento ao redor deles. O mar parecia escuro e ameaçador, a tormenta criava mini ciclones de água, colunas as gema dançando através do fluxo. Ele seguiu a execução enquanto os ciclones se encaminhavam até a costa e tocavam terra sobre uma pilha de rochas perto do cais pequeno. Uma sombra se moveu na escuridão. Inclusive com sua visão noturna mal pôde divisar um sussurro de movimento, mas ali estava... alguém acovardou-se da fúria do mar. Estava utilizando imagem termal, porque com o pesado vento e a tormenta, seria mais fácil captar o calor corporal. O ninho estava baixo ele e se estaria preparando para disparar outro morteiro, com as armas bem ocultas. — Dez em ponto — disse ao Abel, com voz sombria. — Tire-os daí. O piloto alinhou o aparado e disparou. A explosão destroçou a rocha e pôs em fuga a dois homens. Ilya disparou a ambos e voltou a proteger a sua equipe. — Limpo, adiante. 54
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Em terra, Ilya podia ver Rick e Jock ziguezagueando através da folhagem para o heliporto. Havia dois homens entre eles e seu objetivo. Ilya disparou a um deles e instantaneamente um terceiro homem saiu da folhagem rodando virtualmente aos pés do Rick, disparando sua arma. Rick já estava lançando-se sobre ele, sua própria pistola emitindo uma incandescência alaranjada enquanto Jock realizava vários disparos no peito do homem caído. Rick e Jock começaram a estabelecer sistematicamente um campo de briga ao redor do heliporto para pegar a qualquer que viesse atrás deles. Rick subiu ao helicóptero, arrancou-o, precisando esquentá-lo e prepará-lo para voar enquanto Jock lançava ao ar várias granadas em um padrão circular, desenhado para atrair a atenção para a zona do helicóptero. — Faz com que este pássaro se mova — exclamou Jock, saltando dentro. — Somos alvos fáceis aqui. Levaria a menos dois ou três minutos, talvez mais dependendo do bem cuidado que estivesse o helicóptero e esse seria seu momento mais vulnerável. Teriam que depender de Ilya e o campo de briga para protegê-los e parecia uma eternidade. **** No gerador, Matt e Kent se separaram e foram para ele desde ambos os lados. Ambos pegaram um bloco de C — F a ambos os lados da enorme máquina. O C4 já estava preparado com a cápsula detonante, a mecha e o temporizador. Utilizando fita adesiva especial... fita pato (fita especial de cor verde oliva utilizada pelo exército e com múltiplos utilidades, sua aderência é tal que se diz que a fita pode conter a umidade até tal ponto que a água a repele como ao lombo de um pato, ganhando assim o apelido de "fita pato") ... asseguraram os blocos. Introduzindo o detonador no temporizador, ambos retorceram os extremos até que estiveram completamente ajustados. — Preparado para tirar da argola — disse Matt. Olharam-se um ao outro. — Um, dois, três, já —ordenou Matt. Ambos retorceram a roda um quarto de volta simultaneamente e atiraram das argolas. Um suave vaio e uma pequena quantidade de fumaça cinza acompanhada pelo aroma familiar da mecha ardendo lhes disse que seria melhor que corressem como o demônio. Em um minuto e meio um homem podia correr uma boa distância, inclusive na escuridão sobre terreno acidentado. Saber que o gerador ia explodir atrás deles lhes proporcionou a subida de adrenalina necessário para dar velocidade a sua fuga. Matt podia ouvir ao Kent rindo enquanto corriam, procurando cobertura, ambos contando quase automaticamente em suas cabeças e depois saltando no último momento depois das rochas que já tinham escolhido como amparo. A explosão foi brilhante, ardente e muito ruidosa. Ambos admiraram seu trabalho, a nuvem alaranjada com faíscas brilhantes e depois a onda expansiva quando o ar se equilibrou para eles. O rugido lhes passou por cima, seus corações e pulmões reagiram. Kent riu de novo. — Tio, agora mesmo me viria bem um cigarro. Isso foi genial. Matt lhe sorriu e depois estudou seu relógio. — Vamos, preguiçoso. Teremos muita mais diversão antes de acabar. 55
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As equipes um e dois tinham que atravessar as linhas inimigas, criando tanta destruição como fora possível para manter toda a atenção separada da vila. Tinham que voltar para cais sul e destruir os botes e o cais. Tom e Luke agarrariam seu bote e navegariam até o cais pequeno, onde todo mundo se reuniria. Soava bastante fácil, mas quando Matt e Kent começaram a abrir passo através das árvores e rochas para o cais, descobriram que pequenos grupos de guardas tinham estendido arame espinhoso através das estradas e alguns mais em campo aberto. Kent amaldiçoou enquanto tirava sua jaqueta de combate favorita e a lançava sobre o arame de espinheiro, pisando-a com sua bota e saltando-o. Matt o seguiu. -Temos que recuperar a jaqueta, Kent — anunciou Matt. — Não podemos deixar nada para trás. Kent amaldiçoou de novo. Liberá-la não seria fácil e se romperia em pedaços, abrandar grandemente. Enquanto trabalhavam para liberar o material, ouviram o pequeno estalo de um ramo, pouco adiante. Os dois homens se olharam. O arame de espinheiro estava trespassado na entrada de um campo que a maioria deles teria que cruzar para chegar ao cais sudeste. O campo era o ponto perfeito para uma emboscada. Se os guardas do Gratsos tinham um ninho entre os arbustos nada atravessaria esse campo, seria essencial acabar com o ninho. — Matt — sussurrou uma voz em seu ouvido. — Chegamos por sua esquerda. — Arame de espinheiro — informou Matt. — Permaneçam em silêncio, temos companhia adiante. Ponham seu traseiro em movimento. Vamos curtos de tempo. Matt e Kent se agacharam para esperar que Luke, Tom e James os alcançassem. Quando os três homens emergiram de entre as sombras, Matt indicou por gestos que se aproximassem para uma consulta rápida. — Kent, vamos tomar o lado esquerdo e nos abrir passo até o ninho. — Imobilizou ao outro homem com um olhar duro. — Sigilo, meu filho. Puro sigilo. Que ninguém dispare. Tom, você, Luke e James deslizem pelo lado direito e lhes golpeiem com fogo de contenção. lhes lancem tudo o que tenham. Não quero que olhem em nossa direção e suspeitem que estamos em nenhum lugar das imediações. Lancem-lhes em cima o inferno. Se lhes carregarem a um par deles, melhor. Deverei-lhes uma cerveja. Tom assentiu seu entendimento. Era homem de poucas palavras, mas muita ação. Fez gestos aos outros dois e se deslizaram até as sombras voltando a cruzar ao lado direito, utilizando rochas e arbustos para cobrir-se. — Em posição — informou Tom. — Estamos em movimento. Deixem cair — disse Matt. O som das M4 foi inconfundível quando os três homens começaram a disparar, uma distração monumental, atraindo a atenção dos homens que disparavam do ninho. A animação durou minutos, as balas cruzavam velozmente o campo para golpear nas árvores e ricochetear nas rochas, acrescentando-se ao caos. Matt e Kent se agacharam e puseram-se a correr através do mato. Matt, tomando a dianteira, ziguezagueando ao redor das árvores até que já não ficou nenhuma cobertura. Deixou se cair e indicou ao Kent que o seguisse. 56
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— Em terra — informou ao Tom. — A quarenta metros. O som da batalha nunca parava. Os M4 continuavam e o ninho estava respondendo. As RPK, metralhadoras soviéticas, rugiam em resposta. As balas menores e novas estavam especificamente desenhadas para ricochetear no interior da carne, causando o máximo dano possível ao corpo humano. O som das armas reverberava através da noite. Matt e Kent começaram a arrastar-se para frente. Com balas voando sobre sua cabeça e um ninho de inimigos a plena vista, um engatinho de quinze segundos parece toda uma vida. O coração tamborilava no peito, o sangue rugia em seus ouvidos, Matt se empurrava com a ponta dos pés e os joelhos e se apoiava nos cotovelos enquanto todo o momento mantinha a arma disposta. A vinte metros estendeu a mão para deter Kent. Ambos os homens colocaram as armas às costas e tiraram as granadas de seus coletes. — Mudança de fogo. Lançando granadas — disse Matt. Os M4 continuavam disparando, mas sua pontaria se afastou do ninho, as balas golpeavam as rochas do outro lado. Matt e Kent se alçaram simultaneamente do chão, puxando as argolas e lançando as granadas, voltando a deixar-se cair em um único movimento. A explosão foi ensurdecedora. Choveram rocha, corpos, armas e escombros. Ambos os homens se elevaram, com as armas prontas, mas o ninho estava em silêncio. — Limpo — informou Matt. Matt e Kent examinaram a zona cuidadosamente com suas armas enquanto a outra equipe corria a unir-se a eles. Os três avançavam e se cobriam, e continuaram avançando, primeiro uma equipe e depois o segundo até que ganharam o cais sudeste. Tom e James recuperaram o equipamento que tinham deixado atrás, carregando-o rapidamente no bote. Ambos os homens empurraram o bote longe do cais de volta ao mar antes de subir dentro. — Seu turno, Hannah — disse Matt pelo rádio. O vento trocou, golpeando contra o bote, empurrando-o a águas mais profundas. As ondas se elevaram e o levaram ao redor da curva. Na distância, ligou o motor, mas o som ficou amortecido pelo vento e as ondas. — A mover-se, temos que nos apressar até o cais pequeno — recordou Matt ao Kent. — E temos um montão de merda que mandar ao inferno antes. —Temos três pilares a cada lado — disse Kent, estudando o cais. Ele era seu perito em bombas e obtinha um grande prazer em voar algo. — Assim seis pilares e três botes. Tio! Olhe esse iate. Esse neném vai receber autêntica atenção especial. Me está pondo duro só de olhá-lo. — O que quer que façamos? — perguntou Matt. — Vamos utilizar uma carga em todos os botes. Os pequenos não requererão muito. Luke, ponha uma carga de um quilograma e quatro em cada um dos botes pequenos. Coloca-a justo sobre o motor. Não ficará nada. — Feito — disse Luke e agarrou uma bolsa para ficar a trabalhar.
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— Levará a ao redor de três minutos ou menos colocar as cargas por bote e tem que voltar aqui rápido e ajudar ao Matt — disse Kent. — Matt, colocar um quilograma e quatro de carga simétrica por pilar. Matt pôs os olhos em branco. — Isso não é um pouco excessivo? — Recorda a regra de ouro, A de abundante — Kent sorriu amplamente. — Com o Luke ajudando, deveria estar em cinco minutos. Matt suspirou e partiu para o cais. Voltou a olhar sobre o ombro. — O que vai utilizar com essa dama daí? — Estava pensando em cinco cargas de dois quilogramas e quatro. Uma sobre o motor, uma no tanque de gasolina, uma na proa, uma no centro e uma carga realmente pequena para o dormitório do bastardo. — Parecia especialmente feliz. — Esta vai ser uma festa realmente agradável. Matt sacudiu a cabeça. Conhecia o Kent desde fazia muito. Quando o homem colocava uma carga, as coisas se iam ao inferno. Estudou seu relógio. — Quanto demorará? -me dê sete ou oito minutos. Voltarei, comprovarei as demais cargas e salpicará merda até o reino vizinho. Matt não pôde evitar rir. Observou ao Kent correr para o iate e voltou sua atenção ao cais. **** Jackson irrompeu na vila, sua arma cuspindo enquanto disparava ao guarda que estava de pé perto da porta quase a queima roupa. Elle. Maldita seja, me responda. Seu coração bombeava muito rápido. A adrenalina o alagava. Quanto mais tempo permanecia ela em silêncio, mais temia por ela. Stavros a teria matado para evitar que fosse resgatada? O filho da puta poderia ser rancoroso. Elle. Vamos, neném, onde demônios está? A casa era enorme, quase toda de cristal. Cadeiras de felpa, exótica chaminé, com uma barra de cerejeira a um lado. Detrás da barra estava o único lugar o que alguém podia esconder-se de forma realista na habitação. Jackson manteve sua M4 apontada para o bar enquanto indicava ao Jonas que entrasse e limpasse a habitação. Jonas se apertou contra a parede e se deslizou ao longo desta, mantendo-se tenso, com os olhos sobre o bar também. Aleksander entrou atrás dele e se girou de cara para a única entrada aberta, a escada de mármore gentil que se elevava majestosamente em um semicírculo. Depois das escadas havia um arco que conduzia a mais habitações. Jonas rodeou a barra para olhar. — Desocupado. Jackson moveu imediatamente sua atenção, aproximando-se do Aleksander, Jonas os seguiu até o ponto de que tocava ao Aleksander na perna, detrás dele, movendo-se com ele como uma unidade. Podiam sentir-se uns aos outros se fazendo gestos silenciosos. Jackson tinha os reflexos mais rápidos, e era o melhor atirador, assim ia diante. Jonas lhes guardava as costas. Movendo-se 58
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juntos, limparam quarto detrás quarto. Foi um avanço lento e com cada habitação exitosamente vazia, o coração do Jackson caía mais e mais. O medo o enchia e tentou afastar a idéia de que podiam ter chegado muito tarde. Elle. Me responda! Tinha que estar viva. Ele saberia se estivesse morta, mas mesmo enquanto tranqüilizava a si mesmo, o medo se estendia através de seu corpo e uma parte dele sentiu pânico. Abriu uma porta, agachou-se e se internou na habitação, procurando limpá-la. Onde está, neném? Tinha que estar ali. Se a tinham transladado, ou Gratsos a tivesse levado da casa quando o gerador tinha falhado, já poderia ter desaparecido. Matt não tinha informado de um bote abandonando os cais, mas Gratsos e seu guarda-costas não tinham sido avistados tampouco. Subir as escadas seria complicado como pouco. Estavam "apinhados", seu corpo tocando-se, Jackson à cabeça, Jonas na retaguarda. A posição de Jackson era diretamente escada acima. Aleksander estava de lado, apontando para o balcão, varrendo continuamente de direita a esquerda enquanto Jonas ia de costas, apoiando-se no Aleksander para poder sentir aonde foram enquanto cobria as zonas debaixo deles. Moviam-se ao uníssono, um degrau cada vez, comprovando visualmente cada esquina, cada seção uma e outra vez enquanto ganhavam o patamar do segundo andar. Jackson enfrentava um comprido corredor. Havia mais habitações, mais perigo. E silêncio. Sempre absoluto silêncio. Se ela estava ali, por que não gritava? A habitação mais próxima tinha a porta ligeiramente entreaberta. Jackson teve um mau pressentimento a respeito e elevou a mão fazendo um gesto de cortar a garganta, indicando perigo aos outros. Deu um passo para a porta, depois um segundo, com o Aleksander igualando suas pernadas como se estivessem dançando. Jonas ia justo atrás deles, de cara à porta oposta a que Jackson estava espreitando. Jackson se aproximou do lado da porta, abrindo-a com o braço e agachando-se. Disparou duas vezes enquanto caía, rodando e elevando-se sobre um joelho, rastreando a habitação. Um corpo caiu com um golpe suave sobre o grosso tapeta, o sangue se encharcava lentamente a seu redor. — Desocupado — disse Aleksander e Jonas manteve os olhos na porta ao outro lado do corredor, com a arma apontada. Antes de dar outro passo, ouviram um rugido como um distante trem de mercadorias. Então a terra se estremeceu. Ao redor deles a vila se balançou, o mobiliário se sacudiu, as paredes se gretaram e a pressão vibrou através disso. — Cais derrubado — informou Matt ao ouvido do Jackson. — A merda os natais na Grécia, bem-vindo Quatro de Julho. Disse que enviaria ao bastardo diretamente ao inferno. — Maldito pirado — resmungou Matt. Sacudindo as cabeças, os três começaram a percorrer o corredor, limpando cada habitação ao passar. Quando Jackson abria uma porta de uma cotovelada, uma sombra surgiu ante ele em uma soleira aberta, e se deixou cair e rodou, sujeitando a arma até estar seguro de que não era Elle. Uma bala impactou, estilhaçando a parede por cima de seu ombro, mas ele já estava
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devolvendo o fogo, sua pontaria foi instintiva e ouviu o corpo cair. Disparou de novo, sem deixar nada ao azar. Ficava uma habitação. Se Elle não estivesse ali, estava fodido. Não havia nenhum outro lugar onde pudesse estar. Isso significava que tinham chegado muito tarde e Gratsos tinha escapado, levando-a com ele e teriam que começar outra vez desde o começo. Com o coração em um punho, Jackson se aproximou da última habitação. Estava construída ao final do andar inteiro, a parede que dava ao oceano era de cristal. A porta estava ligeiramente entreaberta quando se aproximaram e ouviram movimento dentro. ficou congelado, sua mão fez um corte ao longo de sua garganta para os outros. A porta se abria para dentro e à direita, assim que se aproximaram pelo lado direito. Jackson esperou, contando silenciosamente até que todos estiveram em posição. Jonas chutou a porta com força, abrindo-a de repente de forma que se estrelou contra a parede de cristal de trás e ricocheteou. Jackson entrou rápido, agachado, varrendo a habitação com sua arma, à esquerda e depois voltando instantaneamente para centro para cobrir aos dois homens que estavam de pé em meio da habitação, ocultando-se depois do corpo lasso de Elle. — Objetivo — cuspiu, seu olho entre os olhos do primeiro guarda... que sujeitava a arma contra a cabeça de Elle. Aleksander tinha chegado uma fração de segundo detrás, movendo-se à direita, com a arma sobre o segundo guarda que tentava defender-se detrás da mulher e seu companheiro. Jonas entrou quase ao mesmo tempo, movendo-se deliberadamente à esquerda com o Aleksander para tentar manter a atenção longe do Jackson, seu melhor atirador. — Um passo mais, e ela morre. Baixem as armas. — As baixem, as baixem já! — chiou o outro guarda. — Calma — disse Jonas. — Ninguém tem por que morrer aqui. Entreguem-nos à mulher e saiam. — Soltem as putas armas agora — gritou o primeiro guarda, com os olhos cheios de pânico. — Disparem de uma vez — animou Aleksander com uma voz ruidosa e detestável. — Apaguem ela. Ela é um peso morto de qualquer forma. Faça-o já, acaba com eles. O guarda que estava detrás Dela amaldiçoou ruidosamente. — Acaba com eles, acaba com eles — insistia Aleksander. — Calma todo mundo — disse Jonas. — Baixem as armas — disse de novo o primeiro guarda, mas agora estava olhando ao Aleksander, com os olhos nervosos. Jackson nunca falou. Nunca se moveu. Elle pendurava-se nos braços do homem. Quando tocou sua mente, ela não estava ali. Esmagou o pânico e tomou fôlego. Deixou-o escapar. Nem uma vez afastou a arma de seu objetivo. Deixou que tudo se perdesse na distância exceto seu objetivo. O caos dos gritos, os guardas amaldiçoando, Aleksander os provocando, Jonas os acalmando, tudo isso desapareceu até que esteve em um túnel com o qual estava familiarizado. Água gelada corria por suas veias, havia fogo em suas vísceras, tinha o coração nos ouvidos e morte em sua mente.
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Seguiu a bala de sua arma ao objetivo, reproduzindo-o uma e outra vez em sua cabeça. Todo o momento esperando. Um momento. Uma fração de segundo. Um engano. — Acaba com eles, maldição — continuava gritando Aleksander, trocando uma e outra vez do inglês ao russo. Os guardas respondiam aos gritos, ameaçando, aproximando o corpo lasso de Elle. — Matarei-a, matarei-a, deixem as armas. — Mata a estes bastardos — chiou Aleksander a pleno pulmão, seu acento russo era muito mais evidente. — Não nos importa uma merda de mulher. Mate-os. O guarda que sujeitava a arma contra a cabeça de Elle dirigiu o canhão para Aleksander e Jackson lhe disparou entre os olhos. Aleksander apertou o gatilho e o segundo guarda golpeou o chão quase simultaneamente. Jonas saltou junto a Elle. Jackson chegou ali antes que ele, comprovando em busca de pulso, assegurando-se de que estava respirando. Pela primeira vez, permitiu-se a si mesmo olhá-la, confiando no Jonas e Aleksander para manter a raia a seus inimigos. Ela jazia no chão, quebrada, como uma boneca. Seu cabelo vermelho era uma massa de enredos. Seu rosto estava branco. Não pálida, a não ser branca, e feios machucados escuros marcavam sua suave pele, ao redor dos olhos, a bochecha e inclusive a mandíbula. Seu rosto estava inchado e quando se inclinou e sussurrou seu nome, a bata em que a tinham envolto se abriu. O fôlego ficou entupido na garganta. Seu coração se deteve no ato. A bílis se elevou, agitouse em seu estômago e lhe estrangulou a garganta. Atrás dele, Jonas deixou escapar um som, como de animal ferido. -meu Deus, Jackson. Olhe o que fizeram com ela. — A voz do Jonas se afogou. Havia lágrimas em seus olhos e se deixou cair junto à mulher a quem sempre tinha considerado uma irmã. O corpo era uma massa ensangüentada, açoites abertos e machucados escuros. Por um momento, Jackson abriu a bata e seguiu o rastro de acima a abaixo pelo corpo dela. Não havia lugar que não tivesse sido tocado. Inclusive levantá-la ia machucá-la mais. —Temos que ir — disse Aleksander. — Agarre-a, Jackson, movam o traseiro. Andamos um pouco apurados de tempo. As mulheres não podem sustentar a tormenta para sempre. Deixa o resto para depois — aconselhou Aleksander, pousando uma mão em seu ombro. Ao Jackson requereu cada grama de autocontrole não sacudir-se essa mão. Em vez disso, envolveu a Elle, primeiro na bata e depois em uma manta que trouxeram, escura como a noite. Fez uma careta ao levantá-la, mas ao menos ela estava inconsciente, fosse o que fosse o que lhe tinham dado evitava piedosamente que sentisse dor. Carregou-a sobre o ombro, deixando que sua cabeça lhe caísse pelas costas. Tomou sua pistola em uma mão e a sujeitou com a outra. — Vamos — mal pôde pronunciar as palavras. Baixaram as escadas, Aleksander tomando a posição dianteira com o Jackson no meio e Jonas uma vez mais guardando sua retaguarda. —Temos o pacote e dirigimos a casa — informou Jonas por seu rádio. — Dirijam-se ao cais norte. Estou sobre vocês — disse Ilya enquanto Abel levava o pequeno helicóptero de volta à vila. Ilya trocou seu olhar termal por visão noturna. Agora era crucial identificar a seus objetivos. 61
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— Saindo — disse Jonas. — Têm o caminho livre — disse Ilya enquanto apertava o gatilho e acabava com um inimigo que corria para a vila. Captou olhadas do Matt levando a sua equipe para o norte, abrindo caminho entre as árvores sobre o escarpado, tentando conseguir uma posição para dar ao Jackson, Aleksander e Jonas cobertura enquanto lutavam seu caminho para o cais norte com Elle. Explosão detrás explosão levavam da direção geral do heliporto quando as detonavam. O helicóptero se elevou no ar. Abaixo, o heliporto se converteu em uma bola de fogo laranja e choveram escombros. — Estamos fora — informou Rick a Ilya — nos dirigindo de volta ao mar. — Seis colegas às doze em ponto — informou Ilya. Examinou a área e viu vários inimigos abrindo caminho para o lado oeste. — Quatro mais chegam às sete em ponto. O vento se elevava de novo, um prelúdio da energia que Hannah necessitaria quando Rick se livrasse do helicóptero do Gratsos no mar. Abel lutava com o pequeno pássaro, tentando levá-lo ao redor para dar a Ilya uma melhor posição para proporcionar fogo de cobertura. Ilya colocou seu olhar sobre um dos quatro que chegavam por detrás da equipe de resgate do Jackson. Carregou-se ao líder. Quando o homem caiu, viu movimento, mas bem sentiu movimento quase diretamente debaixo. Encaixando o rifle firmemente contra o ombro para reafirmar o disparo, varreu a zona com rapidez, esperando uma rajada que viesse para ele. Durante um segundo breve, captou uma olhada do homem que estava seguro era Stavros Gratsos. O homem vestia um traje e seu guarda-costas o empurrou fora da linha de fogo e levou seu próprio rifle ao ombro. Alguma força invisível evitou que apertasse o gatilho. Ele e o guarda-costas se olharam um ao outro enquanto o tempo se detinha. Os rasgos se enfocaram, afiados e definidos. Estava vendo uma versão mais jovem do rosto do único parente cuja foto tinha visto... seu pai. Um estremecimento percorreu sua espinha dorsal, seu coração quase deixou de pulsar e logo a adrenalina bombeou a seu sistema. O guarda-costas baixou o rifle a seu lado sem fazer um disparo. Uma rajada laranja iluminou a noite como o de um relâmpago, vindo do chão para o helicóptero. Abel amaldiçoou e o helicóptero se afastou da ronda riscada. Ilya disparou três tiros em rápida sucessão, acabando com dois dos três homens. Na distância, chegando do norte, estalaram disparos dispersos, fazendo Jackson saber que a equipe do Matt havia se encontrado com o inimigo, tentando limpar o caminho para que os de Jackson chegassem ao bote ilesos. Uma animação de disparos e fogo automático reverberou quando o inimigo utilizou o assalto estandarte "rezar e orvalhar". De vez assim que uma arma respondia, um só disparo controlado quando Matt, Kent ou Luke conseguiam um alvo. Aleksander saiu da casa primeiro, varrendo da esquerda a direita, limpando o caminho até a primeira cobertura, uma enorme fonte no pátio. Jackson foi atrás dele, pistola em mão enquanto carregava a Elle, com o Jonas à retaguarda. O som de uma abelha furiosa assobiou junto à cabeça de Jackson e impactou na fonte, escavando um buraco através do mármore e salpicando partes pelo outro lado. 62
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Jonas vaiou uma ordem e Aleksander e Jackson se lançaram ao chão enquanto Jonas se girava e devolvia o fogo de modo automático, varrendo a zona atrás dele, sem estar seguro de onde estava seu objetivo. Enquanto Jonas deixava cair uma chuva de fogo, Aleksander e Jackson se levantaram de um salto e correram em busca da cobertura do arvoredo que havia a uns quarenta metros de distância. Jackson trocou a Elle de suas costas ao chão e ficou de joelhos depois de um pequeno ninho de rochas, tirando seu rifle. — Mova-se — exclamou ao Jonas. — Eu te cubro. Jonas pôs-se a correr para ele, e Aleksander e Jackson rodaram a zona atrás dele. Jonas saltou o último metro. — Onde está esse filho da puta? — exigiu Jonas. — Está morto? — Não sei, Ilya? Está limpo? — perguntou Jackson. Uma bala assobiou, esta vez vindo para eles desde o segundo andar da vila. — Acreditava que tinham limpado essa casa — grunhiu Ilya. — Esse filho de cadela escorregadio — amaldiçoou Jackson. — Poderia nos reter aqui para sempre. — Vou me livrar dele — disse Ilya. — Abel, dá a volta. O helicóptero cruzou o céu. Jackson engatinhou ao redor da pilha de rochas, utilizando os joelhos, dedos dos pés e cotovelos, com o rifle preparado, as rodeando para conseguir uma melhor posição. Jonas disparou um par de tiros para atrair o disparo. Jackson disparou. — Limpo – disse. — O filho da puta pode ir ao inferno. — Limpo aqui — disse Matt. — Movam-se. Aleksander tomou a dianteira, Jackson com Elle justo detrás dele e Jonas, como era habitual, fechava a retaguarda. Ilya, no helicóptero, fez outra passada sobre a zona, procurando Gratsos e seu guarda- costas. Colocaram-se em um buraco em alguma parte e Ilya estava bastante seguro de que se um Prakenskii o estava protegendo, ninguém encontraria ao grego. Matt e sua equipe chegaram e se colocaram atrás da equipe de resgate para protegê-los, dispersando-se através de uma pequena distância. Abel mantinha o helicóptero sobre eles enquanto corriam para o cais e abordavam a lancha à espera. O vento já se elevou e rasgava e atirava de suas roupas enquanto se colocavam para um melhor amparo. Jackson foi ao fundo do bote para cobrir Elle, defendendo seu corpo de outros enquanto se dirigiam a mar aberto. As ondas se elevavam, agitadas e implacáveis, e a chuva se vertia do céu. A várias centenas de metros da costa, Tom detonou as cargas do cais pequeno. Este estalou com uma labareda de fogo. Kent sorriu ao Tom. — Que preciosidade. As ondas se elevavam atrás deles, sacudindo-os através da água, jogando o bote tão rápido como o vento os empurrava. Todos tinham óculos de visão noturna nos olhos, mantendo o helicóptero à vista, acelerando até o ponto de encontro. — Deixando cair ao Jock agora — disse Rick. — Homem à água — gritou Matt. — Move esta coisa.
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Rick baixou quase o bastante como para que os patins tocassem a água permitindo que Jock se lançasse. Este foi ao mar e Rick levantou o helicóptero rápido para dar tempo ao bote a moverse até ali rapidamente e recuperar a seu companheiro. Seu coração pulsava rápido. Estava confiando na palavra de dois colegas do exército de que as mulheres podiam obrigar ao helicóptero a afastar-se dele quando saltasse. — Podem fazê-lo? — Tinha a boca seca. — Adiante quando disser — disse Sarah. — Sem duvidar. — Hannah teria que dirigir tudo o que tinham para empurrar o helicóptero longe do piloto sem lhe apanhar no vento. Isso significava uma sincronização perfeita. O piloto se resignou e voltou a baixar o helicóptero sobre as ondas turvas. Por um momento, temeu não ser capaz de mover -se, mas logo a adrenalina lhe fez efeito. — Santa Maria — gritou, meia oração, meio bravata. — Adiante! — gritou Sarah. Lançou-se ao ar. Dobrando os braços sobre sua cabeça, mantendo o corpo reto, saltou longe do helicóptero. Depois dele, o vento uivou e golpeou o lado do helicóptero com uma força impetuosa. O rugido fez mal aos seus ouvidos, mas a explosão empurrou o grande corpo do pássaro de metal de lado enquanto caía do céu. A água se fechou sobre sua cabeça. O helicóptero se estrelou na água a uma boa distância, mas sentiu como arrastava seu corpo enquanto chutava fortemente para a superfície. — Segundo homem na água — informou Matt. O vento uivava e gemia. Jonas franziu o cenho quando uma parede de água quase os varreu. — Sarah, diga a Hannah que retroceda. Vai nos matar. As ondas quase alagam o bote. — Está tentando, Jonas — exclamou Sarah. — Não é fácil. A tormenta criou vida própria. Fizeram falta Matt e Aleksander para levantar ao Rick ao bote. Envolveram-no uma manta ao redor e se cunhou junto ao Jock, com um rifle nas mãos. Elle despertou, lutando, ofegando em busca de ar, cega, agitando os punhos. Jackson a abraçou, embalando-a contra seu peito, balançando-a adiante e atrás, embora estivesse bastante seguro de que era para consolar a si mesmo, e não a ela. Tinha estado em sua mente, sabia o que lhe tinham feito, mas ver seu corpo quebrado, seu rosto inchado e machucado, as feridas abertas de marcas de chicotadas cruzando cada parte de seu corpo e a evidência de correntes ao redor de seus pulsos e tornozelos o adoeceu. Realmente tinha vomitado, jogando os intestinos pelo lado do bote, com os olhos ardendo e o ar estrangulado em sua garganta. — Está a salvo, neném — cantou docemente. — Está a salvo. Abre os olhos, Elle, me olhe. Tenho-te comigo — repetia como um mantra, uma letanía. As pestanas revoaram. Ela gemeu. O bote ricocheteou com força sobre uma onda, fazendo todos perderem o equilíbrio. Vários dos homens amaldiçoaram quando a água salgada se verteu sobre eles. Elle ofegou e olhou ao redor, obviamente sem compreender. Jackson se inclinou e utilizou a forma muito mais íntima de comunicação. Ela parecia drogada, desorientada, muito longínqua. Te salvamos, neném. Estamos longe da ilha e nos dirigimos ao navio. Encarou-o fixamente durante o 64
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que pareceu uma eternidade e então o reconhecimento a assaltou. Por um momento, as lágrimas empanaram seus olhos. Onde está? Stavros? Pegaram-no? Faremo-lo. Temos que te tirar daqui. A expressão de Elle trocou. Seus olhos se voltaram de um verde esmeralda, como duas jóias pressionadas em seu pálido rosto. Lutou para sair de seus braços e levantar-se, ignorando aos homens do bote. De cara à ilha, elevou os braços ao alto. Imediatamente um relâmpago riscou através do céu. O vento girou em um funil diretamente através do arco que formava seus braços e se dirigiu em uma rajada concentrada para a vila. A pressão do ar no bote era tremenda, esmagando-os, a força do vento vibrava através de seus corpos quando este passava por cima e golpeava a vila de frente. Cristal e aço explodiram como se colocassem cargas nos mesmos alicerces. Elle se negou a parar, inclusive com o Jackson puxando-a para trás. Enfrentou a seu inimigo e esmagou tudo o que ficava na ilha com a força de sua raiva. Explodiram árvores. Carros e caminhões saíram voando pelos ares e se voltaram para estelar contra a terra. — Elle, pare! — disse Jonas. — Ela está sangrando, Jackson! Jackson podia ver seu rosto agora. O sangue emanava de seus olhos, boca e nariz, inclusive dos ouvidos. Sentiu a dor que rasgava sua cabeça quando as lesões se abriram em seu cérebro, mas ela se negava a parar, empreendendo sua força contra o homem que quase a havia destruído. — Santa merda — disse Kent. — Olhem isso. Estou apaixonado. Jackson apanhou os braços de Elle e a arrastou de volta contra ele, pressionando a boca contra seu ouvido. — Para já, Elle, ou te juro que te nocautearei. Está se matando por ele. Para já, demônios. Elle se derrubou contra ele. Não deixe que minhas irmãs me toquem. Muito perigoso. E não posso suportar que elas sintam o que sinto. Prometa-me isso. O sangue emanava de seu nariz. Somente você, Jackson. Ninguém mais. Jure ou continuarei. Jackson fechou os olhos. — Juro, Elle.
Capítulo 6
— Isto é ridículo, Elle — disse Sarah, com voz aguda. — Tem que ir para um hospital ou ao menos para a casa de uma de nós, onde possamos cuidar de você. Não está bem para ficar aqui discutindo, e menos para cuidar de você mesma. Elle seguia envolvendo a cintura com os braços, balançando seu corpo adiante e atrás como se consolasse a si mesma enquanto olhava para a casa Drake. — Não vou entrar aí, Sarah. — Sacudiu a cabeça, agachando-a para ocultar sua expressão, mas Jackson captou o brilho de lágrimas. — Não me diga que não tenho escolha. Já tive suficiente disso para toda uma vida.
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As irmãs estavam discutindo há quinze minutos, e Elle estava tão pálida que Jackson estava temendo que pudesse desmaiar se seguissem com isto. Interveio, utilizando sua voz dura, autoritária, a que não deixava lugar a discussão, a que assinalava que ia a sério... e o faziam. -sem um montão de escolhas, Elle. Ficar aqui em sua casa. Ir a uma das casas de suas irmãs. Ir ao hospital ou para a casa comigo. Qualquer uma delas nos valerá, mas ficar sozinha não é uma opção. Escolhe uma e assim se fará. Elle se sentia pequena e perdida em meio de sua família. A casa se erguia sobre ela, com as janelas iluminadas, observando-a. Todos a observavam. Viam-na. Precisava afastar-se deles antes que fora muito tarde. Suas irmãs. Amava-as muito e não podia lhes fazer isto. Não a Libby, que tentaria curá-la, ou a Hannah e Joley, ambas as grávidas e já doentes. Sentiriam o que ela sentia, veriam o dano interno, não só o de seu corpo, mas também a depravação, estampada tão profundamente em sua alma que não tinha nenhuma esperança de lavar. Elle olhou impotentemente ao Jackson. Não podem ver dentro de mim. Nada absolutamente. O que passou. Está equivocada, neném, mas vem comigo então. Não pode ficar assim agora. Sabe disso. Deveria estar no hospital. Doía utilizar telepatia. Pulsava a cabeça e doía, mas não queria ferir suas irmãs mais do necessário. Provavelmente estou grávida de um filho dele. Sustentou-lhe o olhar, encarando-o diretamente, negando -se a afastar o olhar, desejando ver sua reação, seu desgosto. Em vez disso, os olhos frios como o gelo se esquentaram e estendeu a mão para ela. Elle retrocedeu e sacudiu a cabeça. O controle de natalidade não funciona comigo e ele me usou... O olhar de Jackson se deslizou sobre ela e Elle estremeceu um pouco sob o penetrante olhar, atraindo a manta em que se envolvia mais perto, como se pudesse ocultar-se dele... de todos eles. — Elle vem para casa comigo. Sarah se aproximou de sua irmã mais nova, mas se deteve instantaneamente quando Elle se encolheu, afastando-se dela. Uma mescla de emoções cruzou o rosto de Sarah e Elle tinha o mesmo aspecto que se a tivessem golpeado. Jackson se interpôs entre elas, seu corpo bloqueando parcialmente Elle da vista de sua irmã mais velha. — Sei que isto é difícil, Sarah. Ela necessita atenção médica, e obviamente o toque de Libby para curar suas cicatrizes psíquicas também, mas agora mesmo necessita um pouco de espaço. — De nós? Havia autêntica dor na voz de Sarah e ele sentiu a instantânea reação de Elle, como se em sua mente houvesse se aninhado em posição fetal e abraçasse firmemente a si mesma. — Sarah — baixou a voz, tentando ser amável, amaldiçoando interiormente não ser um homem gentil e ser provavelmente o menos equipado de todos eles para tratar com a combinação de emoções do grupo. — O que importa agora mesmo é Elle e o que necessita. — Girou-se e levantou Elle em braços antes que ela... ou qualquer outro... pudesse protestar. — Eu me ocuparei dela esta noite, e amanhã resolveremos isto.
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Elle o surpreendeu não protestando contra sua autoridade... algo ao que haveria se oposto até seu último fôlego antes. Suas irmãs abriram filas para ele quando afastou a Drake do imóvel das irmãs Drake, de volta a sua caminhonete. Foi gentil quando a depositou no assento. -me deixe te pôr o cinto de segurança, neném — disse e se estendeu sobre ela, cuidando de não golpear seu corpo. Ela não tinha deixado que ninguém a tocasse no navio nem no avião, nem sequer no pequeno aeroplano que Joley tinha alugado para levar os de volta à pista de aterrissagem perto de sua cidade natal. Mal falava, parecia frágil... parecia quebrada. Jackson sofria por dentro cada vez que a olhava. Elle agarrou a mão para evitar que rodeasse a caminhonete. — Não sou a mesma. Os dedos dele se fecharam ao redor dos seus. — Não importa, Elle. Eu estive ali, recorda? Nunca vai ser a mesma. Não funciona assim. — Agarrou-lhe o rosto entre as mãos e a olhou nos olhos, esperando até que ela deixou de evitar seu olhar. — Faremos isto juntos. Superaremos juntos. Ela tragou com força, sua expressão tão triste que lhe rompeu o coração, quando ele não tinha compreendido que tivesse um coração que pudesse romper-se. — E se eu estiver grávida? — Então teremos a nosso bebê. Sei que nunca te livraria dele, assim estou com você nisto até o final. Nosso, Elle, não dele. — Está seguro? Quando já nem sequer sei quem sou? — Estou seguro. Me dê uma oportunidade, Elle. Ela negou com a cabeça. — Estou tão quebrada, Jackson. Por dentro e por fora. Já não sei quem sou. Não tem que fazer isto. A boca dele se esticou. Sua mandíbula se endureceu e um músculo saltou ali. Olhou-a fixamente sem piscar. — Não te equivoque, Elle, estou ajudando porque tenho que fazer isto. É minha. Sempre foi feita para mim... Pousou um dedo tremente sobre os lábios. — Elle Drake estava feita para você. Ela desapareceu... morreu. Já não está aqui. As mãos que lhe emolduravam o rosto se esticaram. — Seja quem for, seja o que for que deseje ou precise está de pé ante você, Elle. Não estou pedindo nada agora, somente que me deixe te ajudar nisto. Resolveremos o resto mais tarde. — Proteger a minhas irmãs, Jackson. Isso é o que necessito de você agora. Não podem me tocar até que possa reconstruir minhas defesas. Não podem estar dentro de minha mente. Os dedos dele se deslizaram a contra gosto retirando-se de seu rosto, tão magro agora, tão devastado. Seus olhos eram muito velhos, muito tristes, com círculos escuros sob eles. Fechou a porta e indicou ao cão que desse a volta até o lado do condutor. Tia Carol se ocupou dos animais por todos eles enquanto estiveram fora, e estava agora de pé, junto com as Drake, com lágrimas nos olhos, observando do alpendre. Inclusive a casa parecia estar chorando. Percorreu o pátio com o olhar, trepadeiras muito crescidas, flores e arbustos, uma explosão de cor e uma riqueza de 67
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ervas. Cada planta parecia estar olhando para Elle, inclusive na noite escura. Quando olhou para a casa, juraria que esta tremeu, como se já soubesse que o legado se desvanecia. Amaldiçoando baixinho, negou-se a olhar às irmãs, agarradas pelas mãos, observando como ele afastava a sua irmã delas... de sua casa. Fechou de repente a porta e arrancou a caminhonete. — Está segura de que isto o que quer, Elle? Estar comigo? Passou por um inferno e necessita a alguém amável. Se puser a meu cuidado, vou cuidar de você. Farei o que acreditar que é correto. — Olhou diretamente adiante, sem desejar ver medo... ou desgosto... inclusive equidiscencia. Tinha desejado que Elle Drake viesse a ele sem seu legado, sem suas irmãs, sem que ele tivesse que aceitar tudo o que vinha com ela; e aqui estava, encolhida tão pequena e vulnerável em sua caminhonete, entregando-se em suas mãos e ele sentia que isto estava errada. Se vinha a ele, ia ter que fazer isto certo. Ia ter que fazer tudo o que estivesse em seu poder para fazer que a profecia da família Drake se cumprisse. — Elle? – animou. — Tem escolha, neném. Pode sentir seu amor por você? — Não posso sentir nada mais do que o que ele me fez, o que me tirou. — Não está permitindo a você mesma sentir. — Conduziu caminho abaixo lentamente, dando tempo para trocar de opinião, mas quando ela não disse nada, girou para a estreita estrada que dava ao oceano e acelerou. Elle não respondeu, enterrando-se mais profundamente na manta em vez disso, fechando os olhos, permitindo a si mesma distanciar-se. Doía a cabeça, e mal podia agarrar fôlego com cada movimento da caminhonete. Queria encolher-se em um buraco como um animal ferido e ocultarse da realidade. O mundo parecia muito grande, muito aberto, como se já não soubesse como mover-se nele. Podia sentir a casa puxando-a, desejando que voltasse. O vento lhe tocou o rosto através da janela aberta, lhe fazendo gestos, chamando-a com débeis vozes femininas, e odiou a si mesmo por fazer com que suas irmãs chorassem. Podia sentir Stavros, ouvir sua voz. Estava dentro de sua mente, seu corpo, talvez inclusive sua alma e nunca seria capaz de livrar-se dele. Todas as vezes que a havia tocado... ferido... obrigado a fazer coisas... — Basta, neném — disse Jackson amavelmente. — Isso não ajuda. — Está por toda parte sobre mim. Em mim. Como vou liberar-me dele alguma vez? — Havia desespero em sua voz. Sem ser consciente deles, rasgava-se a pele com as como tentando arrancar ao Stavros de cima. Jackson estendeu o braço e pousou a palma gentilmente sobre a mão dela, imobilizando-a. Imediatamente a mente de Elle se viu alagada dele. Sua fragrância. Sua força. Vertia sua mente nela do mesmo modo que ela se verteu nele tantos anos antes, quando tinha estado prisioneiro de guerra. Vítima de uma brutal tortura, de coisas inenarráveis, e sua vida tinha estado a ponto de romper-se. Ela tinha ido a ele quando não sobrava nada mais, tinha enchido sua mente com tudo o que tinha, com sua força, com sua fragrância única. Sua vontade de sobreviver. Tinha lhe dado tudo o que era. Agora ele entregava energia igual, enchendo cada canto de sua mente, saturando cada célula com sua presença masculina, com cada emoção, sem guardar-se nada. Sem reter os detalhes de sua captura e tortura, nem sequer os piores atos depravados que tinham cometido 68
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contra ele. Abriu-se a ela, permitindo que sua forte e crua sensualidade, e seu medo de que inclusive depois de tudo o que ela tinha experimentado, ele fosse muito para que ela o dirigisse dentro de sua mente. Compartilhou sua vida, seus pensamentos, deixando-a ver a infância dolorosa e extrema e as selvagens correrias pelo bayou, assim como a violência dos acampamentos de motoqueiros nos que seu pai o tinha criado. Não lhe ocultou nada e Elle se empapou com sua força, com sua honestidade para com ela. Jackson sabia que não tinha nada mais que lhe dar exceto quem era. Ele tinha compartilhado aqueles momentos de depravada brutalidade quando Stavros tinha matado a um homem ao qual tinha forçado a tocá-la. Sabia que a aterrava que Stavros a encontrasse e a arrastasse de volta... não... que matasse a todos aos que amava. E estava arriscando a vida de Jackson ficando com ele, intercambiava sua vida pelas de suas irmãs. — Sinto muito, Jackson. Seriamente. Não sou forte o bastante para estar sozinha e você é o único que tenho que poderia ser capaz de enfrentá-lo. Jonas poderia perder a Hannah ou ficaria com ele... — Não, neném — consolou-a. — Estamos juntos nisto, sempre estivemos juntos, quiséssemos admiti-lo ou não. — Ele vai te matar. Sabe disso, não é? — Sua voz tremeu apenas de pensar em Stavros e sentiu como sua mente se fazia em migalhas. Aferrou-se à força de Jackson, à escuridão nele. Era brutal e tosco, com uma violência que fazia jogo com a de Stavros. Ao contrário do grego, ele não se incomodava em ocultá-la... certamente dela não. Não era verdade que teria arriscado a vida de Jonas, e não podia suportar a mentira entre eles . — Não deveria ter insinuado que Jonas... — Não se explique, Elle. Estou em sua cabeça. É minha. Compartilhamos a mesma pele agora mesmo, e você está em perigo, estando comigo, assim está bem. Eu também tenho uma ameaça pendurando sobre minha cabeça. — Recordou-lhe tranqüilamente. — Meu pai passou com outro bando e o mataram por isso. Levei-me por diante a vários deles antes que me agarrassem. Não morri e sabem. Estiveram me procurando e qualquer um que esteja comigo está em perigo. O olhar de Elle se deslizou sobre ele. Ele olhava diretamente adiante, pela janela, ignorandoa e ao oceano sob eles. — E agora me diz isso? — Não havia necessidade de que soubesse antes. Uma pequena agitação na mente disse ao Jackson que Elle Drakes não tinha desaparecido completamente. Sempre tinha tido um gênio do demônio a combinar com seu brilhante cabelo vermelho, e sentiu esse pequeno arrebatamento, como um petardo débil apagando-se. — Havia absoluta necessidade. Sabe o que pensei. — Sei o que disse que pensou. Culpou-me de sua fuga. Os lábios dela se apertaram e agachou a cabeça profundamente na manta, ocultando o rosto, inalando o vento. A brisa lhe alvoroçou o cabelo enredado. O afastou. — Não me desejava o suficiente para me aceitar como era, Jackson. Ele sentiu o golpe de suas palavras no estômago.
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-merda, não me diga que não te desejava o suficiente, Elle. Nunca me diga isso. Pode ser que eu não seja Jonas, todo sorrisos e dizendo sempre o que uma mulher quer ouvir, mas certo como o demônio que te desejava com cada célula de meu corpo e você sabia. Queria que mudasse. Queria que fosse um homem complacente. Ela tragou com força. — Não vou seguir por aí com você. Isso já não importa. Tivemos nossa oportunidade e a perdemos. -merda, não me diga isso tampouco. — Talvez simplesmente não devesse dizer nada absolutamente. A paisagem se nublou enquanto olhava fixamente sobre o oceano. As ondas golpeavam contra as grandes rochas, lançando gêiseres de água ao ar e salpicando as rochas com espuma branca. Havia uma biografia de paz na familiaridade do litoral, selvagem e indomável, o oceano imprevisível embora sempre constante. Como sua família. Jackson clareou a garganta. — Não sei como fazer isto bem, Elle. Está cansada e ferida e... — Danificada. Diga-o sem mais. Ambos sabemos. Necessito honestidade de você, Jackson. Conto com sua honestidade para me dizer quando estou fodendo tudo. Porque me sinto tão... — interrompeu -se. Esfregou o queixo com a manta. — Furiosa. Desejo fazer mal a alguém. Odeio a mim mesma por isso, mas melhor você que elas. — Crê que não sei disso? — Conduziu a caminhonete sobre seu caminho de entrada e os levou até a casa. — Sabia o que te pedia quando supliquei que permanecesse viva, Elle. Eu estive aí, sei melhor que ninguém o que está sentindo agora mesmo. Sou bem consciente de que fará o que seja para proteger a suas irmãs. — Incluído pôr em perigo sua vida? — Havia uma nota de desafio em sua voz. — Compartilhava sua mente quando empurrou uma arma pela garganta de alguém. Ela apertou os olhos firmemente, mas não pôde deter a visão de um completo desconhecido erguendo-se sobre ela, empurrando seu pênis na boca, ou a visão de Stavros colocando a arma na boca do homem e apertando o gatilho. Sua garganta fechou, como se uma mão se apertasse como um grilhão ao redor dela, lhe tirando o fôlego até que lutou, agitando-se para tomar ar. Jackson pisou no freio e estendeu a mão para ela, arrancando o cinto de segurança para poder girá-la, pegando pelos ombros. Ela tinha as mãos na garganta, tentando arrancar dali uns dedos invisíveis. Depois dele, na parte de atrás, Bomber ladrava freneticamente. — Respira. Toma fôlego — exigiu Jackson, com voz tranqüila, embora seu coração gaguejasse. Os olhos dela estavam brilhantes, longínquos, sem vê-lo. Continuou derramando sua mente na dela e tentou de novo. Elle. Toma fôlego. Respira comigo. Afastou-lhe os dedos do pescoço e fez com que pressionasse as palmas contra os pulmões enquanto inalava profundamente e depois soltava o ar. Isso, neném, comigo. Sente-o. Juntos. A mesma pele, carinho. Eu respiro e você respira. Ela estava seguindo suas instruções, encolhida, abrigada dentro dele, sentindo Stavros procurá-la a distância. Jackson se inclinou e lhe roçou o cocuruto com um beijo.
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— Agora estamos bem, Elle. Está em casa. Está a salvo. — Arrastou-a a seus braços, embalando-a contra seu peito, com manta e tudo. — Sarah te trará um pouco de roupa amanhã. Enquanto isso, pode pôr a minha, mas ficará grande. Arrumaremo-nos. Elle se aferrou a ele um momento, tentando não sentir esses dedos na garganta. Um ataque de pânico? Antes nunca os tinha tido. Ou tinha sido real? Stavros já a tinha encontrado? Sheena MacKenzie tinha deixado de existir. Não havia nenhuma forma de que pudesse rastreá-la até Elle Drake, e certamente não tão rápido. Tinha que ter sido um ataque de pânico. Esfregou a garganta, sentindo-a machucada e inchada. — Talvez esteja perdendo a cabeça, Jackson. — E talvez somente esteja traumatizada, Elle. — Abriu a porta de uma patada e fez um gesto com a mão para o interior, indicando ao cão que entrasse e procurasse. Inclusive com Elle em braços, tinha uma mão perto da arma ajustada em seu cinturão. O pastor alemão apareceu a cabeça por volta de uns minutos mais tarde e soltou um latido curto, assinalando que tudo estava limpo. Jackson entrou e baixou a Elle no centro da habitação. — Não está muito limpo, carinho. Não esperava te trazer para casa comigo. Elle se girou em um lento círculo para examinar a casa. Era uma casa de homem. Tetos altos, todo madeira brilhante. A parte dianteira da casa tinha uma série de janelas tipo catedral elevando-se até os altos e brilhantes painéis do teto, emoldurados pela mesma madeira polida. O chão ia jogo com o teto e as paredes, como se a habitação inteira tivesse sido esculpida do mesmo pedaço de sequóia gigante. Aproximou -se da chaminé de pedra, de novo uma impressionante peça que parecia masculina. — É formosa, Jackson. E muito aberta. — Eu não gosto dos espaços fechados. Seu olhar saltou a dele. O fantasma de um sorriso lhe tocou a boca. — A mim tampouco. — Sinta-se liberada de jogar uma olhada, Elle. Está em sua casa. Prepararei-te um banho. — Manteve a voz absolutamente inexpressiva. -Terei que dar uma olhada a suas feridas e limpa-las, e temos que fazer algo com seu cabelo. Seu cabelo. Sua gloriosa coroa, como a chamava sua mãe. Odiava seu cabelo. Odiava a sensação de Stavros passando os dedos por ele. — Acredito que cortarei isso. Tudo. — Mas ainda poderia senti-lo. Ainda deslizando as mãos sobre seu cabelo. Seu estômago se revolveu e temeu que vomitaria. — Isso é um pouco drástico, Elle. Posso desfazer esses nós. Mas Jackson estava em sua cabeça. Sabia. Via-o. Sempre saberia como Stavros coloria tudo o que ela dissesse ou fizesse durante o resto de sua vida. Sustentou o olhar de Jackson e soube que não podia ocultar-se dele. Quis chorar por ser tão débil, por permitir que Stavros a tocasse... — Não! Você não permitiu nada, Elle. — Talvez se tivesse lutado mais. Não sei. Poderia ter saltado do iate antes que alcançasse a ilha. Por que não o fiz? Ele cruzou a habitação e a arrastou a seus braços. — É mais preparada que isso, neném. É mais forte do que ele te crê. Escapou. 71
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Elle pressionou o rosto firmemente contra seu coração. — Entretanto, não o fiz. Ele está dentro de mim. Por toda parte. Está em minha cabeça. Jackson lhe emoldurou o rosto com as mãos, obrigando-a a encontrar seu olhar. — Não há espaço para ele em sua cabeça, Elle. Eu estou aí. Sempre estive aí e se tentar entrar, eu o tirarei até que esteja forte o bastante para fazê-lo você mesma. E nunca houve espaço para ele em seu coração porque eu já estava aí. Não poderia tocar sua alma. Essa somente pertence a você e a ninguém mais, a menos que queira compartilhá-la. — Sei que necessita de espaço, Jackson, mas não posso ficar sozinha. Custou-lhe dizê-lo em voz alta e ele nunca a obrigaria a fazê-lo. Estava tentando ser complacente, tentando lhe dar algo em troca quando o estava pondo em perigo, quando sabia que ia desforrar-se com ele. — Nunca tem que fazer isso, Elle, não comigo — disse, muito sério. — Não necessito isso de você. Não vou ser perfeito, ambos o sabemos. Quero dizer que sou uma serpente a maior parte do tempo, e eu gosto de me sair com a minha. Não troquei só porque seu desaparecimento me tenha assustado até morte. Não se preocupe por mim. — Não posso — disse ela. — Mal posso sobreviver agora mesmo. Você é o homem mais duro que conheço e confio em você com minha prudência. Estou me entregando a você, Jackson, minha alma. Disse que era minha para dá-la e você é o único que sei que é o bastante sério e duro para me proteger, para me guiar através disto. Sabia o que ela queria dizer. Basicamente o estava chamando um cruzamento entre um bastardo e um santo. Era um bastardo, mas quanto ao de santo... já se veria. Toco-lhe o cabelo e ela jogou a cabeça para trás. Elle sacudiu a cabeça, aborrecida por não poder controlar a si mesmo. — Sinto muito. Ele fazia isso. Gostava de meu cabelo. Não posso suportar olhá-lo. — Então, quer cortar. Posso fazê-lo por você, carinho, mas não terá bom aspecto. Ela puxou manta mais firmemente a seu redor, agradecendo que ele não discutisse. — Ainda não sei se poderei olhá-lo. — Estremeceu, tentando não sentir ao Stavros lhe passando os dedos pelo couro cabeludo. — Sempre pode fazer tranças. — Jackson lhe lançou um sorriso enquanto elevava a massa de enredos vermelhos. — Ficaria condenadamente bonita com tranças. Ela elevou a cabeça, seus olhos passando a ser muito verdes. — Tranças? Nunca tinha pensado em tranças. Não teria que cortar o cabelo e ninguém poderia passar os dedos por ele. Jackson ficou muito quieto. Era a primeira vez em três dias que Elle tinha mostrado um indício de interesse em algo. — Pensa, neném. Eu poderia fazer isso. Estudou-lhe o rosto. — Odeia a idéia. — Estou em sua cabeça, Elle. Saberia se a odiasse. Importa-me uma merda o que faça com seu cabelo. Se raspar a cabeça, isso não me faria sentir de um modo distinto para você. Se quiser tranças, trançaremos-lhe o cabelo. 72
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— Minhas irmãs se horrorizariam. Sorriu-lhe, um lento e deliberado sorriso conspiratório. — Acredito que já estavam bastante horrorizadas de que esteja aqui comigo. — Assinalou para o banheiro com o queixo. — Eu tenho que alimentar ao Bomber. Levará horas fazer as tranças, especialmente com seu cabelo, assim que pensa esta noite e se realmente quer fazê-lo, conseguirei o que necessitamos e podemos começar amanhã. Elle assentiu com a cabeça e o observou avançar com passo lento para o que presumivelmente era a cozinha. Seu coração começou instantaneamente a palpitar muito forte. Quis chamá-lo a gritos... não me deixe sozinha, não me deixe sozinha... mas pressionou os dedos contra a boca e escutou a seu coração esforçar-se trabalhosamente em resposta. Jackson apareceu a cabeça pela esquina, seus olhos escuros e sombrios. — Não pode me sentir, Elle? Estou com você em cada momento. Não tem que usar telepatia, posso te sentir. Não vou a nenhuma parte. Ela deixou escapar o fôlego, sem compreender que o tinha estado contendo. Isto era como caminhar através de um campo de minas, cada momento puro terror. Tinha que encontrar um modo de viver de novo, averiguar quem era, viver com o que tinha ocorrido. Podia saborear ao Jackson em sua boca, sua força, sua determinação, e sua ferocidade. Pousou vê-lo enquanto o via entrar completamente na habitação. Não era tão alto como Stavros, mas era mais musculoso, com amplos ombros e músculos definidos. Com seu rosto marcado e sua forte mandíbula, não era tão bonito como o grego, mas havia algo muito atrativo no Jackson. Onde Stavros havia sorrido a cada oportunidade, Jackson raramente o fazia. Stavros raramente amaldiçoava e ao Jackson, seus rudes antecedentes com freqüência escapavam e utilizava términos que freqüentemente a faziam sobressalta-se. Jackson cruzou a distância que os separava, esfregando o lado do rosto. — As cicatrizes te incomodam? Sua voz era seca, inexpressiva, e seus olhos não cediam um ápice. Elle estendeu a mão para cima e riscou com os dedos as pequenas linhas dentadas. Ele não se sobressaltou sob seu toque. — É obvio que não me incomodam. Sempre pensei nela como medalhas de valor. Agarrou-lhe a mão e mordiscou os dedos, soltando um pequeno bufo zombador. — Não me sentia muito valente quando me fizeram isso. Elle tomou um profundo fôlego e deixou cair a manta. — Tampouco eu. Ainda levava a camisa dele, a que lhe tinha dado no navio, junto com um par de calças esporte emprestados por uma de suas irmãs e nada debaixo. Ele podia ver que o tecido machucava a pele quando se movia e havia rastros de sangue cruzando a camisa e as calças. Seu corpo ainda estava em choque. Tomou fôlego agudamente. Tinha captado uma olhada de seu corpo quebrado e machucado quando a tinha recolhido do chão, envolvendo-a no lençol, mas a bata a cobria em sua maior parte. Tinha permanecido oculta depois disso, negando-se a que ninguém se aproximasse. Todos o tinham respeitado porque seus olhos estavam tão fundos, tão cheios de pena que quase lhes tinha
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esmigalhado o coração. Mas não pôde evitar estender as mãos para lentamente desabotoar a camisa até que esta começou a abrir-se. Elle permaneceu quieta, contendo o fôlego, com a cabeça em alto e ele sabia o que lhe custava isso, essa pequena amostra de coragem. Jackson afastou a camisa para revelar as marcas de chicotadas, alguns cortes eram tão profundos que soube que deixariam cicatriz. Havia mancas roxas e dentadas marcando sua suave pele. Sem uma palavra, baixou as calças pelos quadris para ver as lacerações que cruzavam seus quadris e nádegas, descendo pelas coxas e inclusive por seu montículo feminino. O fôlego lhe ardeu nos pulmões e a raiva estalou como um vulcão em explosão, mas a esmagou até que vaiou sob uma geleira gelada, uma massa fervente de brutal necessidade de vingança. — Deveria te levar a hospital, Elle — disse, sua voz era uma suave fita de som, completamente monótona. Ante a retirada instintiva que seguiu, entrelaçou seus dedos com os dela, evitando que se cobrisse. — Vi coisas piores, entretanto, assim acredito que podemos nos ocupar nós sozinhos. Quero que sua irmã ponha uma injeção de antibióticos e depois que prescreva isso. — Não quero que ela veja. Subiu as calças, cuidando de evitar que o tecido lhe roçasse o corpo. — Não se intrometerá. Conhece Libby, de todas suas irmãs, é a menos intrometida. — Começou a movê-la para o banheiro. O corredor era amplo e se abria a um banho grande com uma profunda banheira e uma ampla janela com vistas ao oceano. Ele viu como o olhar de Elle se fixava nesta e logo olhava precipitamente para fora. — Te aborrece que a metade da casa sejam janelas? Ela negou com a cabeça. — Não no sentido em que a vila de Stavros era de cristal. Sei que inclusive se houvesse um bote aí fora, ninguém poderia dizer assim, mas ainda assim, sinto-me como se estivesse exposta ao mundo. — Afastou o olhar dele. — A você. — Não sinta assim comigo, Elle. Tudo que saiba de você, você sabe de mim. Estamos nisto juntos. Tem que olhar assim. — Não tenho eleição. Não posso te deixar sair de minha mente e acredito que tenho medo de te deixar sair de minha vista. — lançou o fantasma de um sorriso. Puxou-lhe cabelo. — Banho ou ducha? Temos que lavar essas feridas e nos assegurar de que não pegue uma infecção. — Franziu o cenho quando lhe tirou a camisa dos ombros. — Ou não tinha muita experiência ou é um verdadeiro sádico. — O que quer dizer? — Qual era seu objetivo? Forçar sua conformidade? Te castigar? Por que te deixar marcas permanentes? Se era um dominador, não deveria ter feito isso, a menos que Na realidade goste de fazer mal às pessoas. — O irmão dele lhe mostrou como "me castigar" quando não fosse complacente. Tive o pressentimento de que estava lhe dando um estágio rápido sobre como "romper" a uma mulher.
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— Seu irmão? — interveio Jackson, sua voz cuidadosamente neutra. — Não contou muito sobre o irmão. — Somente sabia que tinha falado dele uma vez com muito medo e ódio. Elle não queria pensar no irmão de Stavros, com seus olhos mortos e sua expressão faminta. Aí tinha a um sádico. Definitivamente gostava de infringir dor às mulheres, e tinha tido tanto medo dele, que realmente se girou para o Stavros em busca de amparo. Estava tão envergonhada disso... horrorizada inclusive... e não queria ver a reação de Jackson. Ele estivera em sua mente e tinha visto esse momento em que o fôlego lhe tinha ficado entupido na garganta e tinha feito um movimento involuntário para o Stavros. Tinha visto o triunfo nos olhos do grego, mas então isso não tinha importado, só seu amparo frente a seu irmão ainda mais cruel e muito faminto. — Não foi porque eu fosse uma mulher desejável — pensou em voz alta. — Ambos pressentiam que eu era psíquica, embora eu não soubesse que eles fossem. Somente pensei que tinham barreiras naturais como algumas pessoas, mas os subestimei. Jackson escolheu a ducha por ela. Na realidade estava cambaleando de debilidade, mas não podia sentar-se comodamente em uma banheira. Ia ter que se molhar para mantê-la em pé, mas sua comodidade não importava... somente a dela. Tirou a camisa e os sapatos, ficando em jeans como concessão à modéstia dela, antes de comprovar a temperatura da água. — Stavros não brincava normalmente com látegos? — Não me deu essa impressão, mas seu irmão obviamente não só jogava, mas também desfrutava realmente jogando. — Não crê que estivessem no tráfico de humanos juntos? — De novo manteve a voz casual, não querendo disparar um ataque de pânico. Estava medindo o caminho com ela, mas sua mente era um campo de minas... um passo equivocado e podia retirar-se ao santuário que tinha encontrado para si mesma. Um lugar em que poderia agachar-se profundamente e manter-se longe dos brutais crimes cometidos contra ela. Elle deixou que o suave som da água e a tranqüilizadora presença do Jackson a consolassem. Estava a salvo. De volta em casa, em seu amado Sean Haven. Seu oceano, com suas ondas palpitantes e selvagens, a paisagem indômita, justo fora. Se quisesse, podia ir sentar se na areia e observar como as ondas rompiam contra as rochas, em um eterno desdobre de poder e beleza. Tomou fôlego e o deixou escapar. — Um minuto de uma vez, neném — disse Jackson, girando a para poder tirar gentilmente a camisa onde o sangue se secou e a tinha pego à pele. Manteve os olhos sobre seu rosto, sobre a massa de cabelo vermelho, concentrando-se nas feridas em vez de sua suave pele e as curvas de seu corpo. Queria que se sentisse tão cômoda como fosse possível, quando já sabia que não o estava. Elle era agudamente consciente de suas mãos tocando-a, do pano que se deslizava sobre ela enquanto se apoiava contra ele procurando forças. Manteve o rosto baixo, não querendo que ele lesse sua expressão, embora nem uma vez afastou sua mente da dele. Sua nudez a fazia sentir vulnerável, mas as feridas abertas de seu corpo pioravam a exposição. Jackson sabia que ela estava pensando em como as marcas de chicotadas e as largas linhas de manchas tinha acabado ali, e no que Stavros tinha feito depois e odiava ver as imagens ardendo na mente dela. Manteve seus pensamentos controlados, deixando que somente força e 75
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calidez fluíssem nela, agradecendo a habilidade de esmagar a raiva profunda sob a geleira no fundo de sua alma, onde ela não podia encontrá-lo. Somente existia sua necessidade de protegêla, de ajudá-la a superar o trauma. A água se vertia sobre os dois, Elle descansava as costas contra ele enquanto lavava os seios e a caixa torácica. — Pode se apoiar contra a parede, neném? — perguntou, movendo-a gentilmente de posição para poder lavar o resto do corpo, descendo pelo abdômen onde seu filho deveria se aninhar, mais abaixo para as malvadas marcas que cortavam seu montículo feminino. Obrigou a si mesmo a seguir, desviando sua mente da vingança, deixando apenas a preocupação por ela em primeiro plano. Elle acariciou o cocuruto da cabeça inclinada com a palma da mão. — Sei que isto é difícil para você, Jackson. Não tem que me ocultar sua reação. Eu me zangaria e logo quereria chorar um rio de lágrimas. Não espero que passe com medo e não mostre como se sente. Levantou o olhar para ela de onde estava ajoelhado sobre os azulejos, a água caindo sobre si enquanto lhe lavava o sangue seco das coxas. — Não acredito que necessite que assuste a morte com minhas criativas formas de torturálo e matá-lo. Poderia ter rido se não tivesse sido pelos olhos dele. Não havia neles rastros de humor, só esses escuros e mortíferos poços onde reinava o inferno. Estremeceu, seus dedos se esticaram entre o cabelo dele. — Agradeço que se importe o suficiente para querer torturá-lo e matá-lo. Alegro-me de que não o faça. — Faria-o — disse ele bruscamente. — Não se engane pensando que sou um homem amável, carinho. Se me dessem oportunidade, não o mataria limpamente, me deixe que lhe diga isso. Sofreria, e conheço um montão de formas de fazer com que um ser humano sofra durante muito tempo antes de dar as boas-vindas à morte. Inclinou-se para frente e pressionou um beijo ao longo da crua linha, um suave toque de lábios contra a pele. Transferiu o olhar de volta às coxas, seu toque gentil, as mãos lhe tremiam enquanto se preocupava de não fazer mal uma vez que continuava lavando, e Elle desejou chorar pelos dois. — Há algumas coisas que é melhor que não saiba de mim, carinho. Acredito que meus pensamentos sobre o Gratsos e como eu gostaria de vê-lo agonizar antes que morra poderiam ser uma delas. — Sua voz era neutra, mas não havia nenhum humor em sua mente e ela sabia que não estava brincando. Elle tomou fôlego, seus dedos se apertaram sobre os ombros dele para poder manter-se em pé. — Ele nos destruiu a ambos? O olhar dele saltou a seu rosto de novo. — Absolutamente não. Esse filho da puta não tem poder para nos destruir, Elle. Estamos cansados, mas não acabados. Voltaremos a nos levantar mais fortes que nunca. — Sua boca se curvou em um sorriso sem humor, mas que lhe roubou o coração. — Eu já estava neste comprido 76
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caminho antes que Stavros entrasse em nossas vidas. Somente que nunca te deixei ver meu autêntico eu. — Eu gosto de seu autêntico eu — sussurrou Elle. Os olhos dele se esquentaram. Estendeu o braço para cima e fechou a água. — É anti-séptico, vai picar, carinho. — Envolveu-a em uma toalha suave e a secou com golpezinhos, tentando não tocar nenhuma das feridas, mas foi impossível. — Não me faz mal — assegurou ela. Seu corpo se estremecia sob o roçar da toalha, mas se agarrava a ele e mantinha o queixo alto. — Não tem que me proteger, Elle. Sei que dói, estive aí, recorda? — Ninguém tinha lavado suas feridas ou as tinha esterilizado. Moscas e mosquitos se reuniram nas lesões cruas, se filtrando e dando um festim. Afastou o pensamento rapidamente, mas soube pela rápida inalação dela que tinha captado uma olhada. Voltou a lutar com sua necessidade de afastar sua mente da dela, de lhe ocultar seu passado e o monstro que tinha resultado deste. — Não! — disse Elle. — Por favor, não. Necessito de você. Necessito disto. Preciso saber que sobreviveu e se converteu em alguém útil e preciso ver-te como realmente é, assim tenho alguma esperança. — Agachou a cabeça, evitando seus olhos enquanto confessava. — Não tenho muita fé em mim mesma neste momento. Você é ajudante do xerife, não é um monstro. Escolheu ajudar às pessoas, não feri-las. Necessito-te muitíssimo agora mesmo, Jackson. Não se oculte de mim. Ele levou ambas as mãos dela à boca e lhe beijou a ponta dos dedos. — O que necessitar, princesa, sabe que o farei. — Conduziu-a a cama e gesticulou para que se tendesse sobre o estômago para poder aplicar o anti-séptico e enfaixar as piores feridas que ainda sangravam. Tinha o estômago feito um nó. Pode ser que tivesse escolhido ser ajudante do xerife na superfície e levar uma placa, mas profundamente em seu interior onde estava sua alma, era capaz de coisas nas que Elle nunca deveria ter que pensar. A seu modo, era tão violento e retorcido como Stavros. O fôlego de Elle se entupiu em sua garganta. — Não é. Não pense isso. Não é. Esperava condenadamente que tivesse razão.
Capítulo 7
Jackson despertou, pistola em mão, seu olhar já procurando um alvo pela habitação. Não se moveu, consciente de Elle encolhida a seu lado, usando só a camisa dele e as vendagens. O ruído tinha vindo dela, um som tímido e angustiado que resultou dilacerador. Soltou o fôlego e deslizou a pistola de volta sob o travesseiro, girando-se com cuidado para assim não roçar suas feridas. Elle se sentou abruptamente, estendendo as mãos à defensiva, arremetendo contra um atacante invisível, os seios subindo e baixando sob a magra camisa como se lutasse por tomar ar.
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Torceu a cabeça, procurando freneticamente pela habitação antes de deixar cair uma palma no peito dele. Jackson. Ele está aqui. Sua voz, tão débil e repleta de terror, junto com o puro pânico em seu pálido rosto, brindouo por um arrepiante instante. Os tentáculos do medo se deslizaram por seu espinho dorsal e o estômago lhe atou em resposta. Jogou uma olhada ao pastor alemão convexo através da entrada. O cão estava alerta, plenamente consciente de Elle, mas sem dar o alarme. Jackson se relaxou. — Olhe Bomber, carinho. Está muito bem treinado. Alertaria-nos se houvesse um intruso. — Ouvi sua voz. Me sussurrando. — A mão se moveu lentamente para sua garganta, acariciando-se com os dedos com inquietação, como se estivesse irritada. Inclusive a voz era forçada, como se lhe doesse ao falar. — O que disse? — Jackson se levantou e a arrastou a seus braços para acalmá-la, tomando cuidado de evitar esfregar o corpo contra o dela, temendo machucá-la. Elle franziu o cenho. — Estava pensando em você. No segura que me faz sentir e então não podia respirar e o ouvi sussurrando com essa voz… ronronando com satisfação como sempre fazia. — Ambas as mãos revoaram para sua garganta. Sua voz soava distante, débil, muito assustada. — Foi um sonho. Só um mau sonho, Elle. Vai ter um montão deles. Ela se umedeceu os lábios. — Não acredito, Jackson. Sabe como me encontrar. Disse que te mataria diante de mim, e que seria uma morte lenta. Jackson envolveu ambos os braços ao redor de seu trêmulo corpo. — Era um sonho. Ele pensa que é Sheena MacKenzie. Não tem maneira de te rastrear, carinho. E não morro tão facilmente, recorda. Inclusive se for atrás de nós, não conta comigo. Não tem maneira de saber que tipo de homem sou, mas você sim. — Esfregou seu cocuruto com o queixo. — Sabe quão bastardo sou. Um único soluço escapou e ele sentiu o estremecimento que lhe percorreu o corpo. Jackson enterrou o rosto contra seu pescoço. — Está a salvo, Elle. Está aqui comigo e está a salvo. Deite-se e tenta dormir. Ela negou com a cabeça. — Tenho medo de fechar os olhos. Quando o faço, ele está lá. — Sua voz era o som do desespero. — Juro, Jackson, estou tendo ataques de pânico igual a Hannah. Nunca tive um em minha vida, mas não posso respirar e meu coração palpita muito rápido porque você estará dormindo e já não posso te sentir em minha cabeça. — Envolveu o braço ao redor da cintura dele e pressionou seu corpo apertadamente contra o seu, sem pensar nas feridas. Inclinou-lhe o rosto para cima, roçando as lágrimas com seus lábios, provando-as. Seguiu o rastro para o canto da boca e se deteve quando a sentiu retroceder. — O que acontece? — Dá vergonha lhe contar isso. Uma sombra de sorriso suavizou a linha de sua boca.
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— Não acredito que tenhamos muito mais que esconder um do outro. Sabe mais de mim que ninguém e acredito que eu sei muito sobre você. — Ainda assim é embaraçoso. — Elle encontrou algo da tensão abandonando seu corpo. Algo no Jackson a fazia sentir forte quando sabia que não o era. — Seja valente. — No minuto em que vai dormir e abandona minha mente, todas essas imagens me invadem. Dele. Sua boca na minha. — Tocou-se os lábios com os dedos. — Não quero recordá-lo, seu sabor, ou senti-lo em cima de mim, assim que olho ao seu rosto. Sua boca. — Uma débil cor lhe avermelhou as bochechas. — Imagino como seria te beijar. Que sabor teria. Como sentiria seus lábios contra meus. — Piscou para controlar as lágrimas e descansou a frente contra a sua. — Assim como antes, não posso respirar, Jackson. Sinto suas mãos em minha garganta me tirando a vida e posso ouvi-lo sussurrando que te matará diante de mim. Sua voz era tão real. — Elevou a cabeça e o olhou fixamente aos olhos, querendo… desejando… que ele acreditasse. Jackson baixou o olhar por volta dela durante um momento sem falar, os olhos indecifráveis. Subindo a mão para sua nuca, cavou-a e descansou ali com um indício de posse. O coração de Elle começou a palpitar. Baixou a cabeça para a dela. Lentamente. Dando-lhe tempo para mover-se. Ela não o fez, mas sentiu seu corpo esticar-se. Provou o medo em sua própria boca. Não posso. — Isto não é sobre sexo, neném — sussurrou, com os lábios contra o canto de sua boca. — É sobre você e eu. Como me sinto. Que sabor tenho. Assim não terá que imaginar… saberá. E cada vez que precise apagar sua lembrança, terá outra que pôr em seu lugar. Seu aroma era puramente varonil. Sua aura a rodeava, fundindo-se com a dela. As cores eram mais escuras que os da maioria das pessoas, mas não tentava esconder dela. Seus lábios, leves como uma pluma, tocaram-lhe a pele, roçaram o bordo do olho, revoaram bochecha abaixo para a boca. Cada carícia de seus lábios era suave, um sopro sobre a pele, suave mas firme. Podia sentir-se a si mesma mantendo-se tão tensa por dentro, os músculos imobilizados e duros, o terror dominando-a, comovendo-a com cada beijo. Tão leve que quase eram inexistentes, tranqüilos, inclusive sem pressa, como se tivessem todo o tempo do mundo… como se fossem os únicos e não existisse ninguém mais. Com cada toque de sua boca sobre a pele, a tensão se afastava, continuou comovendo-a até que se sentiu quase derreter, até que levantou os braços, rodeou-lhe o pescoço e se inclinou mais perto. A boca de Jackson se pousou nela. Não verteu luxúria nem sequer amor em sua boca. Não houve exigências, nem pressão, simplesmente essa pincelada ligeira como uma pluma de um artista… um poeta… um autêntico professor dirigindo um instrumento de um modo que a fez desejar chorar de alegria. Sentia-o em sua mente, enchendo cada escuro espaço com cuidados, com fortaleza, com uma lenta e ardente paixão que a fez sentir viva, quando tinha estado morta durante tanto tempo. Aprofundou o beijo, deslizando-se suavemente até o seguinte, deslizando as mãos para cima, para seu rosto, emoldurando-a, sujeitando-a, embalando-a como se fora o tesouro mais prezado no mundo. Continuou derretendo-se, como se o intenso calor que ele gerava descongelasse a geleira azul pálida de seu interior. Sua boca se moveu para a dele, desejando mais… inclusive necessitando-o. 79
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No momento que ela participou, no momento que ela o aceitou, a garganta se fechou, como se dedos a apertassem implacavelmente e seus pulmões arderam falta de ar. Aterrorizou-se, tentou afastar-se, tentou liberar-se da invisível mão em sua nuca. Jackson não desistiu. — Abre os olhos, neném. Levanta as pestanas e me olhe. — As palavras foram sussurradas contra sua boca, dentro de sua boca, os lábios nunca se separaram dos dela. Elle abriu bruscamente os olhos e se encontrou olhando-o fixamente. Nunca tinha se dado conta da intensidade da cor desses olhos, como pareciam obsidiana negra. Havia absoluta determinação naqueles olhos, uma escura promessa de amparo e algo mais que ela não estava segura de querer ver… a necessidade de destruir a seu inimigo. — Agora respira comigo. Só nós dois. Não há ninguém mais aqui. Arrasta o ar até seus pulmões, Elle, e respira comigo. Baixou a mão do rosto deslizando-a por seu tórax, descansando a palma ali enquanto com a outra mão pressionava a palma dela para seu próprio tórax. Ela sentiu sua respiração. Dentro. Fora. A mecânica disso e sua mente atando-os juntos, amarrando-os, convertia-os em um, fazendo que seu corpo automaticamente seguisse o dele e tirasse o ar dele. A boca dele na sua. Sentiu relaxar a garganta. Sentiu os pulmões inalando o elemento vital profundamente em seu interior. Saboreou ao Jackson. Sentindo-o em seu interior. Sabendo que era real e sólido e que lutaria a seu lado, permaneceria frente a ela, protegendo-a, fazendo o que fora necessário para mantê-la a salvo. — Como duvidei de você? — Como duvidamos um do outro? — corrigiu Jackson meigamente. Roçou os lábios ao longo dos dela uma última vez e elevou a cabeça. — Estamos juntos nisto, Elle. Tem que pensar em nós como em uma unidade. Se o fizer, conseguiremos. — Agora mesmo, penso em nós como se compartilhássemos a mesma pele — admitiu Elle.— Sei que necessita espaço, Jackson, e de verdade aprecio que permaneça em minha mente. Ele a abraçou, escutando seu silencioso pranto até que Bomber empurrou a cabeça contra eles em um esforço por consolá-la também. Jackson aplaudiu a cabeça do cão. — Sente-se com forças? O que te parece um passeio a meia-noite? — Olhou o relógio. — Bom, às três da manhã? Pode? Podemos agarrar um par de cadeiras e ir sentar nos e observar a saída do sol. — Mas precisa dormir. Ele deu de ombros. — Na realidade, neném, tirei umas férias do trabalho. Devem-me um montão de dias por enfermidade e tempo pessoal, e suponho que agora é um bom momento para aproveitá-los, assim podemos dormir de dia, ficar acordados toda a noite e viver como um par de vampiros, sem chupar pescoços, embora mais adiante, quando estiver preparada, poderíamos incluir isso em nossas atividades noturnas. — De verdade, me faria um rasta no cabelo? — Elle elevou a cabeça do peito dele, cansada de chorar, cansada de sentir-se fora de controle. Podia ser que tivesse medo, podia inclusive estar debilitada, zangada ou sentir a necessidade de encontrar Stavros e lhe colocar uma bala na 80
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cabeça, mas tinha que parar de chorar. Havia retornado do reverso a vida, ao Jackson e ele não pronunciava nenhuma palavra de queixa. Jackson levantou a massa avermelhada de cabelo enozado. — Não acredito que tenhamos que fazer muito para obtê-lo. Já é um gigantesca rasta — levantou-se, cruzando o quarto com os pés descalços e os jeans nos quadris, o primeiro botão sem fechar. Por que se tinha fixado nesse detalhe em particular? E por que tinha a boca seca? Impossível que alguma vez fosse desejar que um homem voltasse a tocá-la, não desta maneira. Jackson voltou a cabeça, olhando-a por cima do ombro, seus olhos dois poços negros e desumanos. — Quando te tocar, Elle, vai sentir amor. Estará pronta algum dia e quando assim for, amaremos um ao outro. Ela odiava no que se transformara, o que Stavros fazia dela. Tinha que dar-lhe algo em troca. — Sempre te amei, Jackson. Desde a primeira vez que sua mente conectou com a minha, amei você. — Grande momento para me dizer isso, neném — disse ele, voltando para ela e inclinandose, abrangendo a garganta com a mão em uma leve carícia. — Mas obrigado. Não sei como demônios sou tão afortunado, mas o aproveitarei. — Eu sou a afortunada. — E o era. Tinha Jackson. Tinha a suas irmãs esperando-a, prontas para ajudá-la e lhe dar apoio. Tinha um povo inteiro de gente que a tinha visto crescer e desejava seu bem. Muitas outras jovens não tinham tanta sorte. Não tinham ninguém que as ajudasse a superar o trauma da violação e a agressão. Jackson agarrou sua mão e atirou. — Venha. Vamos ver como sai o sol. Elle se levantou lentamente, deixando cair o lençol, ficando de camisa e pele nua. — Por que não me pergunta por que não te deixo lavar o meu cabelo? Jackson a soltou e caminhou para as gavetas para tirar um moletom que se atava à cintura. Ofereceu-o, seu olhar percorrendo-a com uma ternura cativante que nunca teria associado com ele. — Não está preparada. Quando o estiver, dirá. Ela tocou o cabelo. — Sempre adorei meu cabelo. Mamãe dizia que era meu melhor traço, minha gloriosa coroa. — Seus olhos são seu melhor traço. — Inclinou a cabeça a um lado para estudá-la. — Possivelmente sua boca. Tem uma boca matadora. Seu sorriso pode parar o trânsito. Mas adoro seu cabelo. Todo esse vermelho aceso me recorda que na realidade é um pequeno cartucho de dinamite. — Já nem tanto. — fitou o moletom — Está caída, Elle, não acabada. — Ele colocou uma camisa, agarrou uma manta e dois jérseis, assinalando que o precedesse para fora do quarto.
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Bomber empurrou contra a perna de Elle como que a guiando, e ela deixou cair a mão sobre sua cabeça, sentindo-se mais segura com a presença do cão. — Tenho dois cães mais a caminho — anunciou Jackson enquanto abria a porta, passando a mão por cima da cabeça dela. Elle franziu o cenho enquanto se agachava sob o braço para sair. — Dois cães a mais? O que quer dizer? — Cães guardiães. Trabalhei um pouco com eles. Uma amiga minha os treina. Os dois que vêm são muito hábeis, e já trabalhei antes com eles. Lisset os vende, então pedi que quando estivesse preparada para deixá-los ir, me desse a primeira oportunidade. — Lisset? — Nunca o tinha ouvido falar de outra mulher. Nem uma vez. Nunca tinha ouvido nem um cochicho sobre que tivesse encontros, ou o tinha visto respondendo à chamada de uma mulher. Jonas nunca tinha mencionado a outra mulher. Estudou-o realmente. Os amplos ombros, o abdômen plano e os estreitos quadris. Tinha um traseiro muito bonito, no qual ela tinha reparado freqüentemente. — Pare. Ela elevou a sobrancelha. — É bastante endemoniadamente bonito. — Não, não sou. — Apanhou sua mão quando ela começava a avançar para ir para o atalho que se dirigia à praia. — Não baixaremos ali. Vamos sentar aqui sob as árvores e observaremos como o sol sair. — Acreditava que íamos descer à praia. — Tinha sentido falta de passear pela praia com a areia fresca nos dedos dos pés e o vento proveniente do oceano no rosto. — Não podemos correr o risco de que entre areia nas suas feridas. — Sim, podemos. — Inclinou o queixo para ele. — Não me incomoda um pouco de areia. Era a primeira vez que realmente agia como Elle. Os profundos olhos verdes desafiantes faiscavam com uma cor esmeralda e Jackson sentiu como lhe encolhia o coração. — Estou seguro que não te incomoda, carinho, e logo que sua irmã Libby mova o traseiro até aqui e te cure essas feridas abertas, poderá se derrubar na areia se quiser. Enquanto isso, vamos nos sentar sob as árvores e olharemos o mar daqui de cima. A boca dela se franziu. — Jackson, não é para tanto. Ele esticou a mão com enganosa naturalidade, fechou os dedos ao redor da sua nuca e avançou para ela, um lento passo de cada vez. — Se fosse uma garota esperta, teria ficado com suas irmãs. Então, quando quisesse passear pela praia com as feridas abertas, elas teriam discutido com você e no final teriam te concedido isso porque querem te compensar. Eu também fazer isso Elle, mas não sob o risco de uma infecção. Escolheu ficar comigo, e tem que sofrer as conseqüências. Eu não mudei e não vou mudar. Faremos o melhor para sua saúde. Se quiser se zangar comigo, e ambos sabemos que precisa se zangar com alguém, então de acordo, posso viver com isso. E te dei mais explicações do que nunca dei a ninguém em minha vida. — É assim que supõe que ganha pontos? 82
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Outra vez esse sorriso débil e fantasmagórico que chegou do nada e seus brancos dentes cintilaram brevemente. — Talvez. Não me preocupam muito os pontos. E tampouco me importa te levantar nos braços e carregar você até as árvores. Assim, decida-se logo. — Grande cavalheiro branco parece. — Empurrou-o para passar e se encaminhou para o desgastado caminho, para os ciprestes balançados pelo vento que davam ao oceano. — Suponho que isso pode ter sido sarcasmo. — Pôs a manta sobre o chão no topo da pequena costa, de cara às dunas que o separavam do mar. Elle se deixou cair sobre a manta, suspirando pesadamente para demonstrar que não estava tão contente como teria estado passeando pela praia. — Supõe bem. Jackson lhe passou um pulôver sobre a cabeça, sua mão terna quando lhe passou os braços pelas mangas. Rendeu-se com muita facilidade. Elle Drake o teria feito murchar ao momento por atrever-se a lhe dar ordens, embora fosse por sua saúde, mas ao menos tinha protestado, ganhasse ou não. — Libby pode vir amanhã, possivelmente com Sarah ou Hannah, se não se sentir aflita. O fôlego de Elle se entupiu na garganta enquanto o alarme a apunhalava. — Não. — Negou com a cabeça. — Absolutamente não. Não quero que saibam. — Neném — disse em voz baixa, agarrando sua mão, riscando preguiçosos círculos com o polegar no interior de sua palma. — Já sabem. Apanhou-lhe os dedos e os segurou com força. — Não, não sabem. Sabem alguma coisa por cima, OH, pobre Jackson, foi torturado. Que terrível. E é obvio se sentem terrivelmente mal por você. Têm uma tremenda compaixão, mas não sabem o que é ser despojada de toda dignidade, toda humanidade, sentir-se menos que um animal, engatinhando nua e cega pelo chão, um corpo para ser usado de qualquer forma que alguém creia conveniente. Sabendo que pode ser violada, tratada brutalmente, sodomizada, golpeada, passar fome, obrigada a cometer qualquer ato depravado somente para o entretenimento de alguém. A menos que tenha passado por isso, não pode senti-lo. Não está estampado em sua alma tão profunda que estará marcado por toda vida. Jackson passou a mão pelo cabelo e removeu os nós em suas vísceras que se endureciam. Sabia o ela que queria dizer. O conhecimento, a amargura, a raiva. Podia saboreá-los em sua boca e ouvir em seus próprios gritos. O suor pegou-se a pele e afastou o olhar dela. — Não o faça. — Elle vaiou a ordem entre os dentes apertados. Sua mão lhe apanhou o rosto e o obrigou a girar a cabeça, a olhá-la. — Se souber todos os detalhes do que esse homem me fez, então não se separe de mim porque sei o que fizeram a você. Se puder me olhar e aceitar minha degradação e dor, então não se afaste de mim quando compartilho os teus. Ele se inclinou e roçou os lábios em sua boca, sobressaltando-a. — Os homens acreditam proteger às mulheres e pode com isso, isso é o que devemos poder fazer. — Quando ela seguiu olhando-o fixamente, ele suspirou e pousou um suave beijo sobre sua boca outra vez. — De acordo. Captei sua mensagem. De verdade, Elle.
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— Antes, quando foi capturado e estávamos conectados e te pedi que vivesse, sabia o que significava, sabia o que estava pedindo e o que isso significava para mim. Quando você me pediu que vivesse, esperava que soubesse o que isso significava. Sabia que estávamos compartilhando lembranças em nossas mentes, você conhecia cada detalhe do que acontecia comigo, e eu soube cada detalhe do que te ocorreu quando foi capturado. Te aborrece que saiba tanto? Seu olhar se moveu rapidamente para o rosto dela. Havia uma nota de dor em sua voz? Havia uma diferença? Ele sabia o que Stavros fizera, utilizado seu corpo, forçando sua conformidade, e inclusive seu prazer, e sabia que se sentia envergonhada por isso. Para ele, isso formava parte do processo de humilhação e degradação que Stavros tinha utilizado para derrotála. É obvio que precisava saber o que Stavros lhe fizera, o que tinha sofrido, para poder ajudá-la. Queria ajudá-la. Havia dito que não a deixaria sozinha, e falava sério. Soubera, desde o momento em que lhe pediu que vivesse por ele, o alcance do compromisso que estava aceitando… inclusive maior do que o que ela tinha aceitado. Elle passaria através de todas as fases da recuperação com ele… a recuperação que pudesse obter… e a raiva formaria uma grande parte dela. Estava ligado à mente dela durante cada momento de vigília, algo que teria sido incômodo para um solitário como ele; mas pela primeira vez em sua vida, não havia se sentido tão completamente sozinho. Ele era diferente. Tinha sido diferente desde sua mais tenra lembrança, e agora, ao manter sua mente entrelaçada com a de Elle, algo em seu interior estava mudando. Tirava o chapéu a si mesmo sendo mais empático com ela. Sabia quase antes que ela o que estava sentindo. Sentia-se como se sua mente se envolvesse mais e mais na dela, atando-os juntos de maneira que não tinha esperado. — Jackson? Sua suave pergunta atraiu a seu olhar de um salto ao dela. — Também ocorre a você, não é? Vê dentro de mim cada vez mais e mais, inclusive dentro dos escuros lugares que tento defender de você. Elle assentiu com a cabeça e se apoiou nele. — Não tem que se defender de mim, Jackson. Tenho meus próprios lugares escuros. — É o legado? É assim que funciona? Vinculando-nos tão fortemente que não podemos existir um sem o outro? — Não tenho nem idéia de como funciona, só que existe. — Elle soou amargurada. — Não me salvou, e não salvou a você, Jackson. Já nem sequer sei quem é Elle Drake. Jackson a rodeou com o braço. — Eu sei quem é Elle Drake, e agora mesmo, que um de nós saiba é suficiente. Iremos com calma. — Vou atrás dele. Ele ficou em silêncio, desenvolvendo o protesto. Não permitiria que Elle se aproximasse para nada de Stavros Gratsos, nem agora, nem nunca. Tinha planos para ocupar-se desse homem ele mesmo, mas necessitava distância. Tempo e distância. As lembranças eram muitas e um francoatirador tinha um certo método reconhecível para os que o rodeavam. Inclusive com o testemunho de Elle, não tinha provas de que Stavros estivesse envolvido com o tráfico de humanos. O máximo que poderiam conseguir seria por conta de seqüestro e violação, e as 84
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possibilidades de que o homem tivesse suficiente dinheiro para livrar-se. Todo mundo tinha visto o magnata de navios com Sheena MacKenzie. Pensavam que eram um casal. — Vou fazê-lo, Jackson. Não vai se livrar desta. Vou começar a treinar e logo vou atrás ele. — Vamos dia a dia, Elle. Viver para a vingança não é bom. Eu sei. Estive lá, e te corrói até que sua humanidade desaparece. — Ele já me tirou isso. O cão se aproximou mais, e pousou a cabeça no regaço de Elle. Deixou cair a mão sobre a cabeça dele e acariciou sua pelagem. Jackson sorriu. — Não há forma de te arrebatar isso nunca, neném. Mas nos treinaremos. E seremos mais fortes. — Esticou o braço, atraindo-a sob seu ombro. — Vou pedir a Libby que venha. Ela se separou de um puxão, ou tentou, mas ele a segurou com firmeza. — Simplesmente me escute. Estive pensando muito nisto. Se permanecer conectada comigo, entre os dois seremos capazes de sustentar uma barreira para evitar que Libby sinta as ramificações emocionais do que te passou. Viu seu corpo, já o conhece intelectualmente, assim ajudar a sua recuperação só a fará sentir-se melhor, não pior. Suas irmãs te amam, Elle, e têm que te ajudar. Está em suas naturezas, igual a quando Hannah foi atacada. Todas precisaram ajudá-la. Se permanecermos conectados e construímos juntos o escudo, sei que seremos mais fortes que elas. Só temos que tentar. Elle respirou profundamente e olhou ao mar ensurdecedor. Sempre o mesmo. Sempre diferente. As ondas rompiam contra as rochas implacavelmente, disparando a espuma branca sobre as rochas, as alisando e as polindo apesar de que levavam as erodindo durante séculos. Adorava o som do mar, e as cores, os profundos azuis e verdes dependendo do humor. Agora o sol estava saindo pelo leste, e com o passar do mesmo o horizonte alaranjado brilhava justo por debaixo do banco de névoa. As cores faziam que o horizonte parecesse prateado onde o céu e o mar se uniam. — Aqui com você me sinto a salvo, Jackson, parece que posso me esconder do mundo durante um pequeno instante. Sei que não é para sempre. Sei que tenho que enfrentar a minha família, nossos amigos, inclusive a meu chefe, mas agora, sentada aqui com você, posso me sentir a salvo. Estou pedindo algo tão terrível, só um pequeno instante antes de ter que ver a lástima nos olhos deles? O conhecimento? Antes de ter que examinar realmente o que me passou, o como e o por quê? Pousou-lhe um breve beijo no cocuruto. — Não, é obvio que não, Elle. Não me importa te ter toda para mim. — Mas embora o dissesse, sabia que não era verdade. Talvez antes tivesse desejado tê-la toda só para ele, mas agora sabia que não. Elle Drake formava parte de algo enorme. Mágico. Uma coisa chamado família… algo que ele nunca tinha tido e não tinha pensado que desejasse. Elle levantou o olhar para o rosto de Jackson, esculpido e composto, a boca firme. — Tem temas confidenciais. — Ela tinha captado brilhos de sua infância, mas sua história estava enterrada profundamente e ele não queria olhá-la. Diferente dela. Adorava as lembranças
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de suas irmãs. Esfregou a mão sobre a cabeça do pastor alemão, e lhe arranhou as orelhas. — Crê que podemos fazê-lo? Manter Libby afastada dos sentimentos, do que realmente me passou? — Sim. Acredito que juntos somos fortes o bastante, Elle, mas ela reconhecerá os cortes do látego e tem que te inspecionar internamente em busca de danos. — Sua mão cobriu a dela, os dedos entre a pelagem do cão junto aos seus. — Temos que saber se estiver grávida. Elle ficou rígida, negando-se olhá-lo, contemplando as cores que frisavam o horizonte sobre o oceano. O banco de névoa se obscureceu e se movia lentamente para eles, raias repartidas de cor púrpura através do laranja apagavam as cores. Dedos de bruma branca se estendiam para as ondas picadas, arrojando sombras sobre a praia debaixo deles. — Talvez ele não saiba quem eu sou, Jackson, mas ele é real e vem atrás mim. Não quero que encontre minhas irmãs. — Engoliu com dificuldade, lutando por reprimir os tremores da boca. — Acredito que seu irmão é inclusive mais violento… pior que ele… e Stravros não quis deixá-lo a sós comigo. Acredito que ambos procuram a alguém psíquico. Se seu irmão descobrisse que desapareci, também viria em minha busca. Todas as minhas irmãs são psíquicas e isso as colocaria em perigo. — Permanecer afastada delas não vai salvá-las, sabe. Todo mundo no povoado sabe que são sete. Qualquer um que venha aqui e faça perguntas vai ouvir falar de sua família. Joley é uma super estrela. Hannah era uma supermodelo. Só porque já não desfila não significa que não haja milhares de artigos sobre ela. E Kate é uma autora supervendas. Sua família está no olho público. — Mas ninguém conhece nossas habilidades psíquicas. — Escreveu-se mais de um artigo sobre Libby curando pessoas. Esteve nos periódicos junto com Joley. Se vierem, Elle, encontrarão suas irmãs e acredito que temos que estar preparados para isso. — Ninguém pode se preparar para ele. — Não estou de acordo. Vai levar um tempo descobrir sua identidade, mas o fará. Rastreará Sheena MacKenzie e com um pouco de sorte engolirá seu disfarce por completo, já que afinal a Interpol suspeita que é uma ladra de classe alta. Seguirá adiante e finalmente descobrirá que Sheena MacKenzie na realidade não existe. Tem dinheiro suficiente para comprar a várias pessoas que poderiam conhecer sua verdadeira identidade. — Só Dane sabe. Estava cedida, e é a única pessoa que me conhece. Não há rastros nem em papel nem eletrônicos. Nunca fui ao seu escritório. Nenhum outro agente me viu. Esse era o trato. Dane era o enlace entre eu e alguém mais. Sabíamos que se Stavros estivesse envolvido, tinha que ter subornadidos à polícia local e aos agentes de alfândegas. Dane se preocupava com que tivesse gente em cada seção das forças da lei e francamente acredito que tem razão. Fomos cuidadosos. Toda a roupa de Sheena, tudo o que possuía era novo, assim nada podia deixar um rastro para mim. — Encontrará Dane. Temos que adverti-lo sobre isso. — Mal Dane saiba que estou viva, virá aqui. Nada o deterá. Jackson sentiu um nó nas tripas. Girou a cabeça lentamente, cravando seu olhar no dela. — Está apaixonado por você. Maldição, Elle! — Só crê estar, não é o mesmo. 86
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— Estava comprometida. Sempre esteve comprometida — Nunca fez nenhum movimento, Jackson. — Soltou-se de sua mão e se levantou, fazendo um gesto de dor quando as feridas esticaram pela ação. — Saí com ele um par de vezes e logo lhe disse que não ia funcionar. — Assim, havia alguém mais — apontou ele. — Não havia alguém mais — negou. — Você não me queria. — Sempre te quis. Mudei-me a Sean Haven por você. Não me carregue o morto, Elle. — Ele também se levantou, aproximando-se dela, abatendo-se sobre ela. — Você me queria sob suas condições. — Deveria me querer sob qualquer condição — soltou ela. — Se te importava, então as circunstâncias não deveriam importar. — Que demônios sou para você, Elle? Um legado. Alguém que sua maldita casa escolheu para você. Você quer um homem que diga amém a tudo e que te acompanhe em sua pequena fantasia sobre sete filhas e… — Como sabia o que eu queria? — interrompeu-o. — Nunca tomou o tempo necessário para descobrir. Informou-se sobre minha família e simplesmente tomou uma posição. Você não me queria mas tampouco queria que ninguém mais me tivesse. — Então, partiu e pôs sua vida em perigo? Que tipo de idiotice é essa? É tão fodidamente teimosa, Elle. Empenha-se em algo e não quer trocá-lo por ninguém… especialmente por mim. — Queria tomar o comando de minha vida. — Não, pensava que eu queria tomar o comando de sua vida. Queria que visse no que se colocava, não o que seu legado ditava. Eu não sou o bom menino que seu pai escolheria para você. Não vou dizer sim quando penso que não é o adequado para nós… ou para você. Não queria isso. Não é politicamente correto nestes tempos atuais para uma mulher forte, não? Sou uma volta aos dias das cavernas e você queria que mudasse por você. — Simplesmente queria que me quisesse. À verdadeira Elle Drake, com sua louca família e suas sete filhas e a maldita casa. Queria que amasse a essa Elle Drake. De verdade, é tão errado desejar que me queira pelo que sou? — Eu amo sim a Elle Drake, sua família e suas sete filhas e inclusive à maldita casa. Mas vou ser eu, Elle, e vai ter que aceitar quem sou e a bagagem que vem comigo. Ela lançou as mãos ao ar. — Acha que não te conheço? Sei exatamente como pensa. É um condenado mandão e acha que sabe o que é melhor para mim. — Para nós. — Seus olhos cintilaram, descendo para ela enquanto a corrigia. — Quero que discuta comigo, Elle. Não me importam as discussões acaloradas, mas que me condenem se me abandonar a cada vez que te encher o saco. Ela ofegou. — Eu não fiz isso. — É uma merda que não. Tive toda uma vida disso e não o aceitarei de você. Fique e brigue comigo, neném. Tudo ou nada. Entende? Não vai ter um pé fora da porta porque você não goste que te diga o que tem que fazer. Sabe sou seu homem e grave isso. 87
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— Não sou eu quem tem problemas de compromisso — espetou ela. — Esse seria você. Sua sobrancelha saiu disparada. — Sério? Porque acredito que cada vez que me aproximava de você, saía fugindo como um coelho. — Possivelmente necessitasse que me ajudasse a confrontar o que se supunha que tinha que fazer, Jackson. Alguma vez pensou que possivelmente te necessitava? Acha que passou um mau momento pensando em formar parte de minha família e ter sete filhas, mas te ocorreu por uma vez, só por uma vez, que possivelmente seja difícil para mim? Ouço sua voz e conheço sua mente. Passeei por ali, estou envolta em você e ainda estava longe de mim. Não me queria ali, dentro de você. — Maldita seja, Elle! — Passou os dedos através do espesso e ondulado cabelo. — Viu o que me fizeram. E esta minha infância, tão diferente da tua. A tortura. — Passou a mão pelo rosto, riscando um caminho descendo pelo peito como se medisse o rastro do sangue. — Acha que quero isto para você? Estava te protegendo. — Não quero seu amparo mais do que você quer o meu. Preciso ser sua companheira, Jackson. Preciso ser capaz de ver dentro de você o tanto você me vê . — Não posso ser mais do que sou, Elle. Se quiser um homem que te trate como a uma boneca quebrada, esteja certa de que veio ao lugar equivocado. E se espera de mim que fique de lado e te deixe tomar decisões que vão te machucar, então, neném, definitivamente tem ao homem equivocado porque eu protejo a minha mulher. Equivocado ou não, politicamente correto ou não, interponho-me diante dela quando é necessário. Entendeu? Elle estudou as linhas de seu rosto, as escuras sombras que se moviam em seus olhos. Um estremecimento de excitação lhe desceu pela coluna, e em seu estômago revoaram mariposas. Possivelmente ele era uma volta aos dias das cavernas, mas era um homem que se manteria firme quando houvesse um problema… qualquer tipo de problema. Fosse lutando com um inimigo ou ocupando-se de filhos adolescentes ou tentando proporcionar o sustento para uma grande família. Por que antes tinha visto sua fortaleza como uma debilidade? Ela tinha que ser igualmente forte, permanecer com ele, estar a sua altura, encontrar um lugar a seu lado, não liderando o caminho. — Elle? Merda, me responda. — Eu te entendo. E vigia sua linguagem, Jackson. Pode começar a controlar sua língua se formos ter sete filhas. Pode imaginar tendo que explicar na escola por que todas falam dessa maneira? Ele deu de ombros. — Alguns de nós não fomos criados tão educadamente. — Bom, alguns de nós simplesmente aprendemos e crescemos durante o caminho. Isso é uma desculpa. — Havia mordacidade em sua voz, mas em sua mente, um leve indício de risada. Ele abriu a boca e logo a fechou de novo com um ligeiro suspiro. Recuperando a manta, enviou ao cão por diante com um pequeno gesto da mão. — Sempre tem que ter a última palavra, não? 88
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Elle esperou por ele, colocando-se sob seu ombro, igualando suas mais curtas pernadas com as mais largas dele até que Jackson riu e diminuiu a velocidade por ela. — Sim, porque é um desbocado e sempre o vai isso claro quando discutirmos. — Poderia tentar não discutir comigo, Elle. Disparou-lhe um olhar por debaixo das longas pestanas. — Sei. Assim será. Justo como você vai aprender a moderar sua linguagem. — É só uma fodida palavra, Elle. Que maldita diferença haveria? — Vê? Não pode evitar — disse ela com petulância. — Sempre vou ganhar. Ele suspirou pesadamente. — Aprenderei. Especialmente depois de que nossas filhas tenham nascido. — Aprenderá antes. Uma gaivota chiou sobre suas cabeças quando Bomber se cruzou diante de Elle. Lançando um agudo e curto latido, a cabeça assinalando para a frente da casa, as orelhas para cima como se avisasse a Jackson sobre um intruso. A pistola de Jackson se deslizou suavemente em sua mão e empurrou Elle detrás dele. — Quero uma pistola — disse ela entre dentes. — Poderia disparar em mim se disser “merda”, e estou destinado a errar. Tem um temperamento horrível, neném — apontou enquanto lhe assinalava que se deslizasse entre as sombras. Sentindo-se um pouco indefesa sem uma arma e com o corpo em tal frágil condição, Elle foi protestar, entretanto tomou um mais firme agarre sobre ele com a mente. Observou o cão enquanto este mostrava os dentes e passava a posição de ataque ante as ordens que Jackson pronunciou em voz baixa. Jackson o agarrou pela coleira e o segurou, mas Bomber parecia aterrorizante, todo dentes e resolvido, ladrando, grunhindo, estirando o colar ao máximo enquanto carregava para frente.
Capítulo 8
Inez Nelson rodeou a esquina e se deteve bruscamente, segurando uma caixa de comida nos braços. Empalideceu e ficou quieta, esperando que Jackson desse a ordem para o cão se acalmar. Quando Bomber se sentou, ela respirou fundo, só então vendo que a arma de Jackson voltava para sua porta arma do ombro. Inez possuía uma loja… e a única… de ultramarinos em Seja Haven. Tinha sido parte das vidas das irmãs Drake desde que Elle podia recordar. Parecia frágil com o cabelo grisalho e o corpo esbelto, mas já estava sorrindo ao cão. — Bom trabalho, Bomber. Protege a nossa garota. Trouxe algumas coisas que pensei que poderiam precisar – disse a modo de saudação, seus agudos olhos avaliando Elle quando esta emergia de seu esconderijo entre os arbustos. — Olá, carinho, não acreditava que estivesse acordada tão cedo. Ia deixar a caixa no alpendre. 89
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Elle sentiu o calor subir apesar de seus esforços por controlá-lo. Não pôde evitar olhar para baixo, para ver se todas as feridas estavam adequadamente cobertas. O suéter de Jackson era comprido para ela, mas era branco e se viam algumas das ataduras através. Havia um par de lugares onde o sangue tinha emanado, manchando o tecido. Levantou a mão para tocar o enredado cabelo vermelho apagado, ainda emaranhado pela falta de cuidado. Jackson a agarrou pelo pulso e puxou, empurrando-a sob seu ombro, seu corpo protegendo o dela ligeiramente, fazendo mais difícil que Inez conseguisse um bom olhar. — Muito amável de sua parte, Inez — pronunciou Jackson no breve silêncio. Podia sentir o desconforto de Elle, seu repentino temor irracional, e sua pena por tratar a uma velha amiga com tal falta de calidez. Ele raramente falava com ninguém do povoado mais que um par de frases breves. Mas, se Elle não podia receber visitas ainda, então aí estava ele para cobri-la. Desenhou um sorriso amistoso e indicou a Inez que o precedesse pelo atalho para o alpendre. Manteve o braço firmemente ao redor da cintura de Elle, insistindo-a a caminhar com ele. — Quando pôs gravuras em suas pedras, Jackson? — perguntou Inez, examinando o atalho. — Nunca percebi em todo o tempo que faz que te trago comida. Elle olhou rapidamente à cara de Jackson. Ela te traz comida? No momento que utilizou a telepatia, o cérebro se apertou, amassando seu crânio como um torno. Ofegou e se agarrou ao Jackson para evitar cair. Ele colocou a mão na sua nuca e lhe empurrou a cabeça para baixo para que pudesse respirar profundamente e evitar desmaiar. Libby te disse que não usasse a telepatia. Tem que permitir que seu cérebro se cure, Elle. Se seguir assim destruirá seu talento completamente. O medo fez como que sua voz soasse nervosa e mais brusca do que tinha intenção. Elle tentou liberar-se de sua mão, fulminando-o com o olhar. — Eu sei. Acha que não sei? Esqueci. — Esqueceu o que, querida? — Inez se girou com um sorriso no rosto, mas ofegou quando viu o rosto de Elle. — Está sangrando, Elle. — Sério? — Elle tocou a boca e o nariz. Os dedos saíram manchados de sangue. — Não dói, Inez. Entrarei, me lavarei e voltarei imediatamente. — Mantendo a cabeça baixa, apressou-se para a casa, fechando o mosquiteiro atrás dela. Bomber conseguiu deslizar-se dentro ao sinal de Jackson antes que se fechasse. — Deveria entrar com ela? — perguntou Inez. — Posso ir, Jackson. A primeira reação de Jackson foi deixar que fosse. Sempre havia se sentido nervoso ao redor das pessoas, mas Inez conhecia Elle desde seu nascimento, tinha assistido à festa grávida da mãe por ela. Podia ver a preocupação em seus olhos, e nas profundas linhas de seu rosto enquanto deixava a comida e o avaliava com o olhar. — Por favor, fique. Toma uma xícara de chá conosco esta manhã. — Lançou-lhe um pequeno sorriso. — Ou café. Não diga a Elle, mas tenho café na cozinha. Inez sorriu.
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— Café seria fantástico. Inclusive, ainda não tive minha cota da manhã. – Jogou uma olhada ao relógio enquanto se sentava na cadeira de balanço. — Tenho bastante tempo antes que se suponha que tenha que abrir a loja. — Levarei isto para dentro e te trarei uma xícara. Açúcar e nata? Ela sacudiu a cabeça. — Eu gosto de negro e forte. E possivelmente não deveríamos mencionar isso a Elle, tampouco. Jackson levantou os polegares e se apressou dentro para verificar como estava Elle. Esta esfregou o rosto e tentava desesperadamente de domesticar seu cabelo. Corriam lágrimas pelo rosto. Ele apanhou as mãos frenéticas e as manteve imóveis. — Diga. — Olhe para mim. Sou um desastre. — Não, não é, Elle. É a mulher mais formosa do mundo. Jogue o cabelo para trás e faz essa coisa que faz… já sabe, retorcê-lo para cima e prende-lo com um lápis. Ressalta a forma de seu rosto. Ele estava pensando em sua pele, sua boca e em sua estrutura óssea. Não de maneira sexual, decidiu ela, secando-as lágrimas instantaneamente. Só de forma abstrata e pensava sinceramente que ela era formosa. Só o modo em que pensava a fazia sentir como se talvez o fosse. Respirou fundo, seguindo inconscientemente a pauta de respiração de Jackson e fez o que lhe sugeria, retorceu a massa de cabelo em um ornamentado coque e o sujeitou com um lápis para sustentá-lo em seu lugar. — Inez vai tomar uma xícara de… er… algo conosco esta manhã antes de ir trabalhar. Pode te pôr em dia dos acontecimentos de Sean Haven. Elle lhe agarrou a manga. — Estou limpa? — De tudo, neném. – Inclinou-se e lhe roçou um beijo suave através da boca trêmula. — Um pouco muito se me perguntar, mas sou muito aficionado em te olhar. Jackson voltou para a cozinha e serviu duas xícaras de café de sua cafeteira automática, a qual adorava. A nova tecnologia era maravilhosa às vezes, e ter café preparado quando despertava era uma de suas alegrias na vida. — Eu sei o que está fazendo – gritou Elle do outro quarto. O bule começou cantar, embora Jackson ainda não tivesse ligado o queimador. — Maldição, Elle. Supõe-se que não deve utilizar os poderes psíquicos para nada. Não compreende o quer dizer para nada? Porque posso te ajudar a compreendê-lo. — Não me ameace, Jackson — advertiu Elle. Ouviu o correr de água e soube que ela tinha sangrado outra vez pelo nariz e a boca. O cérebro estava longe de estar curado. — Não era uma ameaça, neném. Era mais como uma promessa. Pare já. – Preparou um pequeno bule e pôs um pano de cozinha sobre a mesma para macerá-la enquanto levava o café fora para Inez. — Sinto muito, demorei um pouco. Inez olhou para a casa com um pequeno sorriso. 91
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— Acredito que tem as mãos cheia com essa menina, Jackson. Vai necessitar um homem forte. Jackson lançou outro sorriso a Inez, sentindo-se realmente divertido, algo estranho nele. Estendeu as pernas para frente, jogando um olhar largo e cuidadoso ao redor. — Eu gosto que seja uma fera. Tem uma pinta tão enganosa, sabe, uma coisinha de aparência jovem, a gente nunca a leva a sério, mas tem esse cérebro, é pronta como o demônio, e quando se move, é uma beleza. Inez riu. — Foi assim desde que tinha dois anos. — Girou a cabeça e o encarou diretamente — Superará isto e será mais forte. Ela crê que não agora, mas Elle é uma lutadora. E nós a ajudaremos. Se vir algo que possamos fazer, avise-nos. Ele levantou a xícara de café para ela. — Está fazendo isso, Inez. Ela precisa saber que está rodeada de pessoas que a amam. Inez afastou o olhar, mas não antes que ele captasse o brilho de lágrimas. — As garotas Drake foram uma luz brilhante em nosso povoado desde o momento em que nasceram. Ajudaram a maior parte de nós em um sentido ou outro. Isto é uma comunidade com fortes laços e estamos muito unidos. Sei que está preocupado por ela. — Os olhos apagados se voltaram sagazes. — Crê que ainda está em perigo, não é? Jackson evitou toda expressão em seu rosto. Inez não tinha forma de saber onde tinha estado Elle ou o que tinha acontecido, e ele não ia dar nenhuma pista. Elle odiaria isso. — OH, não se preocupe, não tem que contar — disse Inez, como se lesse o seu pensamento. — Mas se correr perigo, todos a protegeremos. É tão nossa como tua. — Obrigado, Inez — disse Jackson. — Quando plantou todas estas novas plantas? — Inez trocou de tema, assinalando ao pátio com o queixo. — A última vez que estive aqui entregando comida, não havia nenhuma destas plantas. Jackson franziu o sobrecenho enquanto estudava o pátio. Trepadeiras verde-escuro se retorciam para cima pela cerca. Vários brotos verdes cheios de casulos chegavam quase até os joelhos ao longo de todo o atalho, delineando as pedras. Olhou mais de perto as pedras. Inez fizera comentários a respeito dos símbolos gravados nelas. Não estavam ali antes. Nem tampouco as plantas. Não era primavera, mas plantas se elevavam de repente por toda parte e via mais pássaros revoando por seu pátio traseiro dos que tinha visto jamais. Estava olhando pensativamente para o mar quando Elle saiu ao alpendre. Dois golfinhos saltaram no ar, deram um salto mortal e voltaram para água. Ele se inclinou para frente e jogou outro olhar lento ao redor do pátio. Os pássaros revoavam nos ramos, desprovidos de folhas pelo inverno, mas podia ver os brotos que se formavam nos ramos nus. Respirou profundamente enquanto se levantava para que Elle se sentasse na cadeira de balanço mais cômoda e lhe colocava uma manta ao redor de sua esbelta forma. — Traz freqüentemente comida ao Jackson, Inez? – perguntou Elle. Inez assentiu solenemente, ignorando a nota zombadora na voz de Elle. — Alguém tinha que se certificar de que comesse como é devido. 92
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Com deliberada atenção, Elle estudou os músculos definidos dos braços e peito de Jackson. — Tem razão, parece como se esteve morrendo de fome. – Lançou à mulher mais velha um sorriso e soprou em seu chá. Inez pareceu severa. — Isso foi sarcasmo, senhorita. Bomber empurrou a cabeça sob os dedos de Jackson para que o arranhasse. Elle suprimiu outro sorriso. — Acredito que o estragou, Inez. Sabe que a má reputação que tem vai desaparecer quando souberem disso? Inez olhou ao Jackson carinhosamente. — Só ele pensa que é grande e mau. Sabia que visita o jovem Donny Ruttermeyer quase todas as noites e revisa seu dinheiro para assegurar-se de que pagará suas contas? Elle sabia que Donny tinha síndrome de Down e quando completara vinte anos, tinha começado a fazer trabalhos para vários negócios, determinado a abrir seu próprio caminho. Pôde ver como uma débil cor se escapulia pelo pescoço de Jackson e ele se abstinha cuidadosamente de olhá-la. — Sério? Inez assentiu. — Donny realmente o admira. Jackson se remexeu na cadeira. — Na verdade, o velho Mares cuida do Donny. Traz produtos e foi ele quem persuadiu a Donna, a da loja de presentes, para que alugasse um quarto ao menino. E Mares vigia suas contas com ele, eu só repasso tudo. — Dá dinheiro se estiver com pouco — Inez o delatou sem escrúpulos. — Não fica sem muito freqüentemente – defendeu-se Jackson. — O menino está se arrumando bem. Elle intercambiou um olhar de diversão com Inez. — Sim, certamente, Jackson. — Respirou fundo. — Então, qual é o último rumor sobre mim, Inez? Quereria saber que suspeita o povoado que me passou. Inez deu de ombros. — Some tão freqüentemente que ao princípio ninguém tinha nem idéia de que algo estava errado, mas então suas irmãs deixaram de falar de bodas e começaram a reunir-se na casa. Podíamos ver Hannah no almena do capitão e soubemos que algo ia mau. O consenso geral é que estava explorando em algum lugar e se perdeu. Elle assentiu, encontrando-se com o olhar da mulher maior e sustentando-o por um momento. Esse "consenso geral" tinha vindo de Inez, que tinha facilidade para influir nas pessoas que a rodeavam e no que queria que acreditassem sobre as irmãs Drake. — Viajava pela Sudamérica e caí ao escalar uma vertente rochosa bastante escarpada; acabei ferida, mas estou me recuperando bem. Inez olhou seu relógio e deixou a xícara de café.
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— Donna estará se perguntando onde estou esta manhã. É uma mulher tão curiosa, e chamará Jonas, informando que não apareci para trabalhar esta manhã. Passa meia vida olhando pela cristaleira da loja de presentes para ver o que faço. — Havia carinho em sua voz enquanto se queixava de sua melhor amiga. Jackson se levantou com ela. — Obrigado pela comida, Inez. Sempre é um prazer te ver. — Deu um passo, interpondo-se entre a mulher mais velha e Elle, descendo suavemente os degraus com ela. — Significa muito para nós que tenha vindo. Inez se voltou a observar Elle. — Parece muito magra e cansada, Jackson. Cuide dela. — Sabe que o farei. — Outra coisa. — Inez o agarrou pela manga, detendo-o, baixando a voz ainda mais. — Esse horrível Reverendo RJ está no povoado há alguns dias. Aluga uma casa da praia e tenta captar seguidores. Trouxe umas poucas pessoas com ele, uma mulher e sua filha de São Francisco, acredito. Esteve perguntando pelas fitas penduradas pelo povoado. Dissemos que eram por um dos meninos do povoado que estava no estrangeiro, mas tenho a sensação de que na realidade veio a fazer mal às Drake. Jonas e você tinham ido, assim não disse nada até agora. — Está segura de que ainda está no povoado? — O Reverendo RJ tinha causado problemas tanto a Hannah como a Joley. Jackson não podia imaginar que estivesse em Sean Haven por nenhuma outra razão que não fosse para fomentar titulares, e a última coisa que precisavam era publicidade. — Não o vi nem ouvi nada dele há um par de dias, Jackson. — Que idade tem a filha da mulher? Inez franziu o sobrecenho. — Jovem, quinze talvez. É difícil dizê-lo com os meninos de hoje em dia. Vive na moda gótica, toda de negro, muitos piercings, o cabelo pendurando sobre o rosto, mas parece bonita. Não falou quando entraram na loja e parecia triste. Senti pena por ela. Quer que pergunte por ele? Jackson negou com a cabeça. — Não, só mantém os ouvidos abertos. Se andar por aqui, alguém mencionará isso. Não pareça excessivamente interessada, mas chame Jonas, Ilya ou a mim. Inez assentiu solenemente. — Não vá se preocupar por mim, Jackson, estive ao redor de tipos de sua índole um par de vezes. –Saudou com a mão para Elle e partiu caminhando a pernadas, com os ombros magros tensos. Jackson a observou partir com um pequeno sorriso, sacudindo a cabeça enquanto voltou para o Elle. — É uma mulher muito agradável. Elle assentiu.
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— Cuida da metade do povoado. — Observou-o vir para ela, a forma fluída com que se movia, um sussurro calado, os olhos vigilantes, inquietos, movendo do céu ao chão, inclusive mar dentro. A fazia sentir-se segura. — É muito bonito… o que faz pelo Donny. Jackson deu de ombros. — É um grande menino e tenho tempo. Gosta de falar sobre as forças da lei. O menino não tem um só osso malvado no corpo. Pedi que jogasse um olho tanto a Donna como a Inez. Disse que eram um pouco mais velhas, embora nenhuma queria admiti-lo, assim que ele carrega as caixas mais pesada. — Lançou um sorriso rápido e envergonhado. — Depois lhes disse que estava tentando ajudar Donny a aprender, assim se lhe pedisse para ajudar a levar coisas, estariam fazendo um favor. — Muito ardiloso, Deveau. Vou ter que te vigiar. O que foram todos esses sussurros? O que acontece? — Estava me advertindo que será melhor que se cuide. E disse que RJ esteve no povoado faz uns dias. Sua voz foi muito casual, mas Elle ficou rígida, a tensão se elevou nela o bastante para disparar a alerta do cão, que levantou a cabeça e as orelhas, escutando em busca do problema. Seus olhos permaneceram centrados nela. — Não é nada do outro mundo, Elle. Que RJ venha ao povoado não é excepcional. Joley e Hannah, e inclusive Kate, geram notícias. Isso é o que quer. Manteremos um perfil baixo. Ela assentiu, forçando ar ao interior de seus pulmões. — Não sei por que estou tão nervosa. Não estou preparada para que meu nome seja público de maneira nenhuma. Ainda tenho que contatar Dane e redigir um relatório, e inclusive isso me assusta. Estando retida em na casa de Stavros, compreendi com cada dia que passou quanto poder tem ele realmente. Não é só seu dinheiro… e me acredite, compraria sua saída da cadeia… é sua capacidade psíquica. Influi sutilmente nas pessoas. Nem sequer reconheci o fluxo de energia como o que era até que estivéssemos na ilha e já não pôde usá-lo mais em mim. — Como os influencia? Quais são exatamente suas capacidades psíquicas? Ela esfregou a têmpora. A mão lhe tremia e se retorceu os dedos no regaço. — Não sei, Jackson. Obviamente sabia que eu era psíquica e eu nunca suspeitei que ele o fosse. Não pude lê-lo e simplesmente pensei que tinha barreiras naturais. Mas não pude ler a seu guarda-costas nem a nenhum de outros homens que estavam na habitação conosco. Devia ter suspeitado, mas nunca senti energia a seu redor. — Poderia ser esse seu único talento? — Tinha medo de seu irmão e com essa barreira psíquica na ilha, suspeito que seu irmão pode ser mais letal, mas não sei. — Esfregou a têmpora outra vez. Jackson se colocou detrás dela e deixou cair as mãos sobre seus ombros, massageando-os, sentindo os pequenos ossos. Não podia compreender como Stavros pudera machucá-la, nem como o tinha feito. Elle necessitava de alguém que a amasse, que a compreendesse, que a admirasse e a respeitasse. Por que tentar rompê-la? Ela elevou a mão para cobrir seus dedos.
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— Ele não é você, Jackson, e nunca será. Não deseja uma mulher forte. Não deseja uma companheira. Não sei, talvez esteja totalmente imenso nessas rodas de dominante e submissão, e não o entenda realmente. — Duvido, neném. Pelo que ouvi, um verdadeiro dom ama e aprecia a sua mulher. Deseja que seja feliz e satisfeita. Um submisso, ou total, entrega a si mesmo ao seu companheiro ou companheira. Não, ele estava te rompendo, forçando a dependência. Conte-me o que sabe de seu irmão. Uma gaivota chiou e outra respondeu. Ele elevou o olhar ao céu. A névoa começava a espessar-se, chegando do oceano, uns dedos brumosos que se arrastavam pela costa, movendo-se para eles. — O irmão dele entrou no quarto uma vez e realmente me deu medo. Havia maldade em seus olhos e em sua aura. Stavros tem razão em temê-lo. Gosta de fazer mal às pessoas, não só a mulheres, mas também a qualquer um . E olhava ao Stavros exatamente com o mesmo olhar que medicava para mim. Frio. Calculista. Disse ao Stavros como "me romper" a sua vontade. Enquanto falava, assegurava-se de que eu ouvisse cada palavra. Mostrou-me os látegos e a fortificação, e descreveu cada instrumento com todo detalhe e como doeria. Descreveu os machucados ou feridas que causaria cada um, e como me ensinaria a servi-lo sexualmente. Disse que desfrutava rompendo às mulheres para seus clientes. Jackson puxou-a pela mão. — Está tremendo. Vamos para dentro da casa. Elle sacudiu a cabeça. — Ainda não. Quero estar ao ar livre onde posso ver se algo vem para mim. Jackson não gostava do aspecto da névoa, escura, úmida e muito mais espessa que o habitual. Lançou um olhar ao Bomber, notando que o cão estava alerta, olhando fixamente à água agitada, seu corpo entre Elle, Jackson e a névoa entrante. O cão pastor estava de pé, com as orelhas levantadas, os olhos concentrados, o cabelo arrepiado e a cauda para baixo, equilibrado e preparado, estirado para um inimigo invisível. Os dedos de Elle se arrastaram para cima, por sua garganta. Jackson agarrou sua mão. — Por que tem feito isso? Ela engoliu em seco. — Não sei. Por um momento, a garganta me fechou. Acredito que falar de Stavros me põe em estado de pânico. Sinto muito, Jackson. Não quero ser tão infantil. — Não é infantil, Elle. — Inclinou-se e lhe acariciou o cocuruto com a boca. Estava começando a ter um mau pressentimento, e todas e cada uma das vezes que tinha tido a mesma sensação de estômago revolto em sua vida, algo mal tinha acontecido. — Sua casa é mais segura que a minha. Tenho um quarto onde escondo minhas armas, e estará relativamente a salvo ali se nos metermos nele, mas sua casa come às pessoas. Protege você ativamente. E há mais pessoas para te cuidar. — Tenho que estar com você neste momento, Jackson. Sei que ninguém mais o compreende, mas sei que não estarei a salvo sem você.
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Jackson podia sair da mente de Elle e não queria pensar muito sobre o porquê da crença de Elle de que estava mais segura com ele, não até que pudesse estar a sós com seus pensamentos. Algo não ia bem e Elle tinha mais dons psíquicos que a maioria das pessoas. Se ela não acreditava que estivesse a salvo sem ele na casa Drake, com Ilya, Jonas e Matt para protegê-la, então o que a ameaçava tinha que ser mais que físico… e tinha um pressentimento realmente mau a respeito de quem estava detrás dessa ameaça. — Jackson? — A voz de Elle tremeu. — Estaremos bem, carinho. Quer estar comigo, então ficará comigo. Tenho um par de amigos… a mulher que te contei que treinou ao Bomber, e seu marido… que me podem dar uns poucos conselhos para te manter a salvo. Enviará esses dois cães que comentei logo que estejam preparados. Já fiz os acertos. Um em particular é para você. Elle deslizou a palma sobre a cabeça do Bomber. — Ele é consolador. Bomber soltou um latido curto. Jackson deslizou suavemente para mão dentro da jaqueta. — Me mostre. Bomber se dirigiu para o atalho que conduzia à praia pouco debaixo da casa. — São minhas irmãs — disse Elle. — Estão na praia. Jackson chamou o cão de volta e Bomber respondeu instantaneamente, sentando-se sobre os calcanhares, ao lado de Jackson. O homem e o cão protegiam Elle enquanto Jackson olhava atentamente através da névoa espessa, tentando distinguir as figuras que se perfilavam na areia. As seis mulheres pareciam etéreas. Mal podia as distinguir com suas fluidas saias largas, os pés nus e o cabelo solto. Podia ouvir as vozes femininas se elevando no vento e o ranger de um fogo quando acenderam pequenos pedaços de madeira que atiravam a uma fossa de fogo. Os braços se levantaram para o céu cinza, cantaram, os pés dançavam seguindo um padrão na fresca areia. Elle desceu a escada do alpendre até deter-se sob o ombro do Jackson, seu corpo menor pressionado contra o dele. Jackson envolveu o braço ao redor dela, atraindo-a mais perto para defendê-la enquanto observavam as chamas, laranjas e vermelhas, resplandecendo brilhantemente através da espessa névoa. Elle deslizou o braço ao redor da cintura dele, fechando os dedos em sua camisa como um punho. — Quer estar com elas. – Foi uma declaração. — Sim. — Enfiou o rosto contra as costelas do Jackson. — Estão decididas a me curar de um modo ou de outro. Permanece em minha mente, por favor, Jackson, só no caso de... Jackson não gostava do modo em que ela tiritava, como se o frio penetrante fora diretamente a seus ossos. — Não vou te deixar, Elle. — Sua voz foi agradável, surpreendendo-o. Ele não era um homem agradável. Carregava demônios e freqüentemente era brusco até o ponto de parecer grosseiro, mas Elle tirava o melhor dele… o que nem sequer sabia que tinha. Imediatamente se sentiu protetor e suave por dentro, onde estava preocupada.
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— Suas irmãs não tentam introduzir-se em seu interior, carinho, somente pretendem te dar forças. — Eu sei. — Manteve a cabeça abaixada. — Uma vez que saiba que podemos nos proteger de Libby, pedirei que me ajude a me curar mais rápido. Embora não a queira em meu cérebro, nem sequer para ajudar com a cura psíquica. — Isso não é coisa mais da Kate? Elle o olhou então, surpreendida de que ele soubesse. A capacidade de Libby para curar era famosa no pequeno povo, mas poucos sabiam da capacidade de Kate. — Como? — No Natal passado, quando o povoado foi atacado pela entidade na névoa, Kate trouxe a paz a todos. Matt e Jonas a trouxeram para minha casa, pensando que eu necessitava paz como os outros, já que estava atravessando uns momentos difíceis e estava preocupado pelo Jonas, que poderia fazer alguma loucura. Tentei queimar meu talento. — Sua voz foi baixa enquanto o admitia ante ela. Ela levantou a cabeça, ofegando. Seus dedos se apertaram na camisa dele. — Jackson. Onde eu estava? Como não soube? — Estava fora, em algum lugar, Sudamérica talvez. Quem sabe. E Kate e o povoado estavam com problemas, assim sua atenção estava centrada ali. Elle deixou escapar o fôlego. Odiava isso. Odiava não ter sabido que ele estava em problemas tão graves que tinha pensado em um suicídio psíquico. — Não podia suportar tocar a ninguém. — Não só capto emoções assim. Sou diferente, Elle, e não sei como explicar. Com você tenho telepatia, estamos na mesma longitude de onda, mas com outros, sei coisas parte do tempo e em sua maior parte são coisas que não quero saber. Pode ser muito perturbador, especialmente se tiver tido um dia mau no trabalho. – Olhou-a, seu olhar concentrando-se no dela. — Mas você já sabe isso. Teve a mesma sobrecarga muitas, muitas vezes em sua vida. Tenta não tocar nunca a outros, mas isso nem sempre ajuda, nem sequer com sua família. Ela apertou a testa contra seu peito. — Não – admitiu ela. — É entristecedor sentir tantas emoções que me bombardeiam dia e noite. Como Kate te ajudou? — Falou comigo, o que admitirei foi calmante, mas então, justo antes que se fosse, segurou minha mão e me desejou paz. Levou algumas das sombras com a quais convivo, a escuridão com ela, e me dei conta depois de que meu cérebro estava sobrecarregado e ela o aliviou... – deteve-se e agarrou o queixo de Elle, empurrando sua cabeça acima para olhá-la nos olhos. — Crê que ela pode te curar psiquicamente. — Há uma possibilidade. Jackson deixou escapar o fôlego em uma rajada de entusiasmo. Stavros possivelmente fosse poderoso, mas não seria rival para as irmãs Drake. Não com Elle totalmente curada. Estivera preocupado pelo futuro de ambos, pelo futuro de suas filhas. — Não sei se quer que o tente. — A admissão chegou em voz baixa. — Se tomar para si a carga, ou a enfermidade, da mesma maneira que Libby, o que faria isso a Kate? 98
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Os dois olharam às seis mulheres que dançavam ao redor da fogueira. O vento chegou do oceano e soprou a névoa da costa, rodeando-as e retirando-se de volta ao mar. As suaves vozes melódicas se elevaram, notas puras e formosas, trazendo uma sensação de paz tanto a Elle como a Jackson. Bomber reagiu também, as orelhas se inclinaram para frente, os olhos brilhantes e concentrados, seguindo cada movimento das bailarinas. Os pés nus pisoteavam a areia, criando um ritmo de batimentos do coração que podiam sentir acumulando-se em seu sangue. Hannah, facilmente reconhecível por sua altura e os cachos platinados, levantou os braços por volta do mar enquanto as demais se seguiam movendo em círculo. Jackson sentiu a mudança do vento, uma diferença sutil. Sentiu ao oceano, saboreou ao sal, a fina névoa marinha no rosto. Elle levantou os braços, afastando-se do corpo de Jackson para parar diretamente na corrente de ar que entrava da praia. Ao Jackson levou um momento dar-se conta do que havia nessa névoa. Apressadamente tirou o suéter que Elle usava, passando pela cabeça, e ignorando seu protesto, deixou-o cair na areia. — Tire as calças — ordenou Jackson, já movendo detrás dela para agarrar o cinto, baixandoo pelos quadris. — Não levo nada embaixo – protestou ela. — A quem caralho importa? – disse bruscamente, sua voz áspera. — Não é como se não tivesse visto já e elas estão longe. Enviarei ao Bomber adiante e nos advertirá se alguém vier. Tire isso. Fez gestos ao cão e puxou as calças simultaneamente, sem dar realmente escolha a Elle. Se suas irmãs estavam dispostas a tentar curar seu corpo físico de longe, ia levá-los aonde pudessem fazê-lo. Era doloroso ver o corpo tão machucado, com cortes e vergões. E ela estava envergonhada, como se de algum modo pudesse ter impedido que Stavros a torturasse. Ela tomou fôlego bruscamente, mas permitiu que Jackson lhe sustentasse os braços longe do corpo, e a girasse lentamente para que a corrente constante de névoa pudesse cobrir todo o corpo, pela frente, detrás e aos lados. Ela se sentiu arder pelo sal nas feridas, mas então se seguiu um calor calmante, e profundamente em seu interior, onde ninguém exceto Jackson podia vê-lo, chorou ante a completa alegria de estar unida, embora fosse através do vento, com suas irmãs outra vez. Jackson podia sentir o amor e o calor que entravam em torrentes junto com a névoa curativa, mas estava olhando além das irmãs, sobre o mar espumoso. Esperava golfinhos e até mesmo uma baleia, mas em vez disso, havia um grosso banco de névoa cinza que resistia em abandonar a costa, mas não obstante ameaçador. Juraria que algo se movia na névoa, estirando dedos gelados para a praia, mas o vento de Hannah manteve a nevoa invasora na baía enquanto suas irmãs dançavam. Qual era o talento psíquico de Stavros? Poderia projetar-se através do mar e abater-se sobre a costa? Tinha estabelecido uma conexão com Elle do modo em que Jackson havia feito? A idéia incomodava em mais de um nível. Não queria que nenhum outro homem tivesse uma conexão psíquica com Elle.
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O fogo rangeu e estalou, com um resplendor alaranjado e enviando chamas para o céu. As vozes femininas vagaram lentamente e as bailarinas caíram esgotadas na areia. Hannah foi a última, sustentando a névoa curativa tanto tempo como pôde antes desabar-se na praia também. A suas costas, o mar estava selvagem e agitado, revolto pelos fortes ventos que lutavam para passar junto a ela, para alcançar a costa. Jackson lançou a manta ao redor de Elle. — Entra na casa, neném e se vista – disse. — Porei água para o chá e irei por suas irmãs. — Eu posso fazer o chá – ofereceu ela. — Estou cansada, mas já me sinto melhor. – Tiritou um pouco quando a névoa se arrastou mais perto da praia. — Eu não gosto que estejam tombadas indefesas na areia com a névoa entrando, especialmente Hannah. Está muito perto da borda da água. — Trarei-a. – Não gostava da forma em que o banco de névoa era tão escuro, ou o modo em que os dedos se estiravam, alargados, parecendo inquietantemente como se uma mão se estirasse para elas. — Vá para casa, Elle. Se vista e se esquente. Bomber é um cão treinado em amparo e protegerá a você antes que à propriedade. Pedi a Lisset que o treinasse com ordens russas porque toda a família fala russo, e me figurei que seria mais fácil para qualquer de nós dirigir-se a ele quando for necessário. — Deu-lhe uma lista de ordens e a fez repeti-la. — Vista-se e se esquente, neném. Faz frio fora hoje e a névoa se move rapidamente. — Fez um gesto ao cão. — Vá com ela, busca. As orelhas do Bomber se levantaram, os olhos se concentraram no pesado banco de névoa cinza que se movia para a costa. Choramingou, comunicando sua ansiedade mas obedientemente precedeu Elle pelos degraus da casa e desapareceu dentro. — Espere-o Elle. Deixe-o limpar a casa. Assinalará quando é seguro que entre. Sempre espere. Tem que começar a tomar precauções. — Não estou acostumada a isto. – Tiritava dentro da manta. — Eu sei, mas chegará a ser sua segunda natureza. É preferível que aprendamos como cuidar de nós mesmos e de nossas filhas. Ambos temos algo perigoso pendurando sobre nossas cabeças que poderia afetar a nossas vidas. — Manteve a voz prática, como se não fosse nada viver sob uma ameaça de morte. A única coisa que o seqüestro de Elle lhe tinha ensinado era que tinha que agarrar-se à vida com ambas as mãos, e não olhá-la passar porque tivesse medo pela Elle ou por suas filhas. Passava aborrecimento todo o tempo, mas estava perdendo as coisas boas enquanto esperava e estava decidido que Elle visse que tinham um futuro sem importar como. Bomber apareceu a cabeça pela porta aberta e saltou um curto latido. — Elogia-o e entra com ele. — Porei o chá e me vestirei – disse Elle, agradecida de ser de alguma ajuda. Jackson esperou até que Elle e o pastor alemão estiveram a salvo dentro antes de descer pelo atalho. O pequeno lance de dunas que separava sua propriedade da praia caíam suavemente, pequenas plantas empurravam através da areia, dedilhando a paisagem com pedacinhos de vibrante verde. Uma vez na praia, agachou-se ao lado de Sarah. — Está bem? 100
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— Só um pouco drenada. Funcionou? — Sarah olhou de volta ao mar, com um pequeno cenho no rosto. — Eu não gosto do aspecto disso. — Sua voz era fina e não se movia, nem sequer para girar a cabeça, mas movia o olhar para observar a névoa melancólica. — Acredito que realmente a ajudaram, Sarah. Ao menos, sentia-se melhor rodeada por vocês. Está fazendo chá. Levarei você até a casa, mas não permitirei que nenhuma de suas irmãs tente entrar em sua cabeça. Ela não deseja isso. — Nós sabemos. –disse isso Sarah. O estômago de Jackson começava a apertar-se em duros nós e um calafrio de conhecimento se arrastou por sua espinha dorsal. Separou-se de Sarah para olhar ao mar. As ondas retrocediam, empurrando o grosso banco de névoa que se reunia em alto mar com uma calma misteriosa. Um túnel escuro de água corria da costa ao mar, a cor mais profunda se empurrava para as águas do oceano, manchando de azul o barro verde do centro. Em alto mar, uma onda cobrou força e começou a correr para a praia. Jackson saltou sobre seus pés, gritando uma advertência a Hannah enquanto corria, golpeando pela areia para onde ela estava tombada com um braço e uma perna estendidos sobre a areia úmida. Hannah estava grávida, Jackson sabia, embora só um pequeno vulto arredondado em sua figura magra declarava o fato. Os olhos de Hannah estavam fechados e seu corpo lasso, drenado de usar a energia psíquica para dirigir a névoa curativa para sua irmã mais nova. O nível da água perto de Hannah era muito mais superficial do que deveria ter sido, criando uma ilusão de calma total. Quase estava sobre ela quando a água golpeou e os compridos e grossos braços de uma alga tubular se estiraram, saindo de uma onda que se aproximava rapidamente e se enrolou ao redor do braço e do tornozelo da Hannah. Com o vento conduzindo a onda para a costa com tal força, a esteira, sem nenhuma outra parte para onde ir, foi empurrado de lado… rodeando Hannah completamente enquanto a água procurava voltar para o mar. A corrente oculta, muito mais forte na superfície que debaixo, criou força e sob a água escura, a alga voltou a puxar bruscamente e a magra forma da Hannah se deslizou de volta do mar aberto. A água espumou ao redor de seu corpo, lhe salpicando o rosto, fazendo-a abrir os olhos de repente por causa do pânico. Começou a lutar, mas seus movimentos eram débeis e não podiam comparar-se ao poder da ressaca que se retirava enquanto a arrastava para o mar aberto. Jackson se lançou detrás da Hannah, agarrando-a pelo braço, sustentando-a enquanto a onda sugava ambos para baixo, fazendo-os rodar violentamente enquanto os apressava para águas mais profundas. Agarrou-a inflexivelmente, negando-se a entregá-la ao mar. Não lute. Permanece tranqüila, Hannah. Nunca tinha utilizado a telepatia com ninguém exceto com Elle, mas Elle estava com ele, dirigindo a comunicação em sua mente. Podia senti-la, o temor, o conhecimento de que eles estavam em terríveis problemas. As correntes de retorno ou ressacas ocultas sob a superfície da água, causavam mais mortes que nenhum outro desastre natural exceto as inundações e calor extremo. Deixa que nos leve mar dentro. Nada paralela à costa. A corrente não tem essa largura.
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Manteve os dedos fechados como um torno ao redor do braço de Hannah. O frio já invadia seu corpo e os jeans pesavam, tentando arrastá-lo para baixo. Não podia imaginar o que seria para Hannah, tão magra como estava. O oceano estava frio e a hipotermia se assentaria rapidamente. Ela está esgotada, drenada de toda energia pela cura que realizou, e tentar mover os braços e pernas é impossível. A voz de Elle surgiu, muito tranqüila. Diga-lhe para girar e que flutuar sobre mim. Jackson lutava contra a forte corrente que seguia tentando arrastar Hannah para longe dele. Juraria que a água ao redor deles estava viva, rasgando e rompendo sobre eles. Sabia que lutar era inútil, tinham que permitir que a corrente os levasse tão longe como fosse. A alga a mantém presa. Tem que libertá-la, Jackson. Por um momento, no meio do mar escuro, com o frio gelado e a forte corrente empurrandoo, não acreditou ser possível, mas retendo ainda posse do braço, deixou de nadar, parou de tentar arrastar Hannah em meio a correnteza, e puxou a faca de seu cinturão. Imediatamente, sentiu o puxão da água poderosa empurrando-os mais longe mar dentro, mas fechou a mente a tudo o que não fosse libertar a Hannah da alga. De algum modo, os grossos filamentos de alga tinham envolvido o braço e a perna de Hannah repetidas vezes enquanto se derrubaram uma e outra vez na água revolta, a areia provocava abrasões à pele exposta enquanto eram varridos através dos bancos de areia mar dentro. Cortou as folhagens elásticas com o passar do braço, até que ela ondeou o braço livremente. Chutou com força, agarrando-a pela roupa enquanto abria caminho, lutando com a alga enredada na perna dela. Tinha sido desarraigada e era um freio para nadar, assim cortou através também, e agarrou a Hannah pela mão, puxando-a para que fosse na direção correta. Jackson estava quase sem ar e sabia que Hannah tinha que estar aterrorizada. Diga-lhe que tudo ficará bem, que nade paralela à costa. Chutou com força, levando Hannah com ele, rezando para que não lutasse. Romperam a superfície e ambos ofegaram em busca de ar. Diga que não olhe à praia, somente que siga nadando.
Capítulo 9
Elle pôs o bule ao fogo, resistindo à urgência de usar suas habilidades para esquentar instantaneamente o chá. Não tinha se dado conta de com que freqüência usava seu talento psíquico na vida diária. Apressou-se a colocar um par de calças esporte limpos e encontrar uma camiseta na cômoda do Jackson, ficava a trabalhar na cozinha quando Bomber deixou escapar um curto e alarmado latido. Elle se girou para ele no momento em que a primeira quebra de onda de pânico a golpeou. Algo ia terrivelmente mal, e Jackson tinha saído de sua mente inadvertidamente. E quando tentava chegar até ele… Fechou-lhe a garganta e ofegou, lutando em busca de ar. Dedos se fecharam fortemente sobre sua garganta e pressionavam com força, afogando-a. Os olhos se puseram em branco e se encontrou no chão, enjoada e débil, respirando com dificuldade, as lágrimas ardendo nos olhos 102
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enquanto tentava desesperadamente arrancar os inexistentes dedos da garganta. Estava ficando louca? Tentou chegar até o Jackson. Ouvia o Bomber latir vagamente. Matarei a qualquer pessoa que te importe se não retornar para mim. Ouviu? Seguirei matando até que volte. Sussurrou a voz em sua cabeça, uma baixa ameaça que lhe encheu a mente e amplificou o medo até convertê-lo em terror. Sentiu-se deslizar, deixar-se ir, e logo a úmida língua do Bomber lhe esbofeteando o rosto repetidamente. Quando abriu os olhos, Jackson estava ali, alagando sua mente de desejo, com uma estranha calma, exigindo que o ajudasse. Hannah. Elle sussurrou o nome de sua irmã, expandiu a mente e descobriu a Hannah tremendo, assustada por seu filho, pelo Jonas, por todas suas irmãs. Pôde ouvir o silencioso grito de Hannah quando se uniu a ela e imediatamente sentiu o impacto da água fria. Por um momento, permaneceram unidas, movendo-se no mar, tentando ver através do pesado véu nebuloso e incapaz de alcançar a borda. Esperneia. Nade! urgiu-a Elle, e Hannah tentou ajudar Jackson usando suas largas pernas, mas estava muito fraca. Elle sentia ao Jackson ali, forte, feroz, e aquilo a tranqüilizou. Respirou fundo, sentou-se, utilizando ao cão para ajudar-se a ficar de pé. Aplaudindo-o, enviou a Hannah calidez e força e lhe assegurou que a ajuda estava a caminho. Tocou a mente de Jonas, e soube que era verdade, aproximava-se de uma velocidade vertiginosa, Ilya os seguia de perto. Ao estar tão intimamente conectados, não havia maneira de ocultar a Jackson a maneira em que sua mente falhava, as diminutas descargas elétricas que a sacudiam. Podia sentir o sangue jorrando da boca e do nariz, e aceitou o fato de que não só estava arriscando a vida para ajudá-los, estava se arriscando a se converter em um vegetal. Seu cérebro necessitava urgentemente uma cura, e ela só estava acrescentando mais coisas ao estresse sob o que se encontrava, piorando as lesões, abrindo as feridas para salvar Jackson e Hannah. Maldita seja, Elle, pare, nós conseguiremos. Não posso fazer isso. Sabe que não, não quando os dois estão em perigo. Não lute contra mim, Jackson. Porque não poderia sobreviver sem ele. Não o disse, nem sequer telepaticamente, mas sabia que ele o havia sentido porque imediatamente acabou com toda resistência e a deixou deslizar-se facilmente em sua mente. Preciso que se acalme. Hannah não pode ceder ao pânico. Faz com que nade paralelo à borda. Não pode. Ela estava esgotada, drenada de toda energia pela cura que realizou, e tentar mover os braços e pernas é impossível. Elle se assegurou de manter a voz calma, sem querer que ele notasse o pânico que se agitava em sua cabeça. Saiu e se dirigiu com rapidez à praia. Diga-lhe que se gire e flutue sobre mim. Elle empurrou a ordem dentro da inativa mente de Hannah. Hannah tentou, mas havia uma coisa amarrada com força ao redor de sua perna e seu braço, negando-se a deixá-la ir. Por um segundo, a imagem de um monstruoso polvo apareceu na mente de Hannah. É a alga, disse Elle. Agora estava de joelhos na areia, sustentando cabeça. A alga a mantém apanhada. Tem que liberá-la, Jackson. Podia sentir o sabor do sangue na boca e os olhos ardiam, e tinha visão imprecisa. Esfregou os olhos e encheu os dedos de sangue.
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Esperou o que lhe pareceu uma eternidade, sentindo a mente de Jackson, a gelada invasão, lentamente fazendo-se com seu cérebro, fazendo mais lentos seus pensamentos e reflexos. Ela não podia sustentar aos dois, assim devia ajudar Hannah, muito mais debilitada que Jackson, embora tudo nela quisesse chegar até ele. Sentia a escuridão, o frio e a solidão onde ele estava e também podia sentir como lhe ardiam os pulmões. Por fim, pareceu conseguir um pouco de ar. Diga que tudo irá bem, que nade paralela à costa. Diga que não olhe à praia, somente que siga nadando. Com o coração fundo, Elle se deu conta de que possivelmente Hannah não pudesse nadar. Já se tinha deslizado desde a primeira etapa de tremores incontroláveis a um estado adormecido mais profundo. Sua mente tinha afrouxado o ritmo e os contínuos estremecimentos quase tinham cessado, um mau sinal posto que tremer era a forma que tinha o corpo de tentar manter a temperatura alta. Não pode nadar, Jackson, está muito fraca. Havia uma nota de desespero em sua voz. Irei te buscar de barco. Não! Não está suficientemente forte, Elle. Não poderia subir a nenhum dos dois no bote. Jonas virá. Sabe que virá. Inclusive em sua mente, as palavras de Jackson gaguejavam, mas ainda sustentava a Hannah contra ele. Elle fez a única coisa que lhe ocorreu, enviou a ele e a Hannah tanta calidez como foi possível. Bomber estalou em um frenesi de latidos quando primeiro o carro de xerife do Jonas e logo o caminhão de Ilya, quase pára-choque contra pára-choque, giraram a esquina do pátio. O cão quase ficou louco, grunhindo e ladrando enquanto os dois homens passavam a Elle a toda velocidade caminho da borda. A Elle levou um par de minutos recordar que devia lhe dar a ordem de acalmar-se, detendo os latidos do cão que se acrescentavam ao caos do momento. Ilya se deteve para inclinar-se sobre Joley, quem ondeou uma débil mão para o banco de névoa. Jonas realmente saltou sobre o corpo de Sarah estendido sobre a areia enquanto se aproximava do barco Oregón de duplo fio que Jackson mantinha da turma de trabalhadores na duna mais alta. O barco estava enganchado a uma caminhonete quatro por quatro que Jackson tinha unicamente com o propósito de lançar o navio ao mar. Abriu a porta de repente e ligou o motor em seguida, sem esperar ao Ilyan enquanto conduzia marcha atrás entre as ondas. Agradeceu que Jackson sempre tivesse seu equipamento em bom estado. Saltou da caminhonete e soltou o navio. Ilyan subiu de um salto no assento do condutor para afastá-la do navio. — Rápido, Jonas, não posso mantê-los a salvo muito mais tempo — gritou Elle. O sangue lhe corria pelo rosto como se fossem lágrimas. Condensava-lhe no cabelo perto das orelhas e podia sentir seu sabor na boca. — Agüente, Elle — ordenou Jonas. – Não deixe que Hannah mora. O fluxo alcançou o barco quando Jonas preparava a bomba com três puxões antes de puxar da corda para pôr em marcha o motor. Amaldiçoou quando não colocou em funcionamento a primeira vez, mas funcionou à segunda, voltando para a vida com um rugido justo quando Ilya se atirava dentro do bote. Jonas acionou o acelerador e o barco reagiu com rapidez, cortando as ondas por volta de mar aberto onde sabia que Hannah mal estava agüentando. Podia senti-la em sua mente, os pensamentos embotados, o corpo congelado. Ainda estando grávida, Hannah era 104
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magra e não muito forte. Não poderia durar muito nas frias águas com tão pouca gordura no corpo. Era Elle, enviando sua calidez, tentando manter a temperatura corporal de Hannah, o que lhes estava dando uns minutos extras. Jackson, Ilya e Jonas vão até vocês. Hannah, aguenta. Sei que tem frio, mas Jonas se aproxima em um navio. Agüenta um pouco mais. Elle se sentia como se estivessem triturando sua mente de dentro para fora. Mal podia respirar a causa da dor. Caiu sobre um joelho e abaixou a cabeça, tentando tragar ar quando se sentiu enjoada e quase a ponto de desmaiar. Bomber arremeteu contra algo e Elle captou a imagem de sua irmã Sarah, engatinhando para ela pelo caminho. Vaiou a ordem de retirada, recordando que precisava tinha que dá-la em russo e a repetiu, ainda respirando profundamente, lutando contra o enjôo. Jonas apertou o acelerador do barco e se dirigiu a mar aberto, diretamente dentro do antinatural banco de névoa. Elle. Me dê a direção. Hannah está muito debilitada e não posso alcançá-la. Jonas sentiu um repentino impacto quando o resto das irmãs uniram as forças que ficavam para alimentar a Elle e que pudesse chegar até o Jackson. No melhor dos casos, tratava-se de uma cambaleante ponte. Sentiu a direção de Jackson em vez de um autêntico sinal dele. Mas não importava, guiou a barco através do fluxo, cortando as ondas e a pesada névoa em linha reta. Jonas rezou para que Jackson tivesse a Hannah, posto que já não pudesse senti-la em sua mente. Desacelerou a marcha do bote quando soube que se aproximavam, deixou-o flutuar, tentando não deixar-se levar pelo pânico, seu olhar estudava freneticamente a superfície. Uma mão surgiu da água à direita de sua posição, e o coração quase explodiu no peito. Através da água agitada e o pesado véu de névoa, só pôde divisar o corpo da Hannah estendido sobre a água com o braço de Jackson enganchado em seu pescoço, sustentando-a perto dele. Jackson tremia, mas chutava com força para evitar que se afundassem. Ilya se ajoelhou no bote enquanto Jonas os aproximava. Jackson tentou ajudar a Ilyan a subir a Hannah ao bote, mas seus movimentos eram lentos e torpes. -Tenho-a — disse Ilya, a voz tensa pelo temor. Hannah estava gelada quando Ilya a arrastou dentro do bote. Tomou um tempo para estender sua jaqueta sobre ela e logo foi em busca do Jackson. O homem pesava muito mais que Hannah, e seu corpo era quase um peso morto. Jackson apertou a mandíbula e elevou o olhar para Ilya, assentindo para indicar que estava preparado e quando Ilya o puxou para o bote, Jackson empurrou para cima para ajudar-se a subir. Jackson permaneceu estendido no fundo do bote, tremendo, os dentes tocavam castanholas, sua mente se negava a funcionar. Jonas intercambiou postos com Ilya, tirando a camisa cobriu o corpo de Hannah com o seu, esfregando-lhe os braços e falando com uma voz cheia de amor. — Agüente, Jackson — disse Ilyan. – Faremos que se esquente. Jackson foi incapaz de responder, mas se agarrou a Elle, temeroso de tirá-la de sua mente, com medo de deixá-la ir da mesma maneira que estava seguro Jonas sentia pânico de deixar ir a Hannah. Apesar do frio gelado, e a forma em que as células de seu cérebro se negavam a
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funcionar como era devido, ainda podia sentir o pânico, como centenas de agulhas lhe perfurando o cérebro. Elle, carinho. Agüenta por mim. Só resiste. Sentia mais medo por ela que por ele. Ainda tremia, estremecia-se, o que significava que ainda seguia funcionando, mas Elle estava se afastando dele, como se estivesse perdendo a consciência. Ilyan conduziu o barco para a praia e saltou fora, esticando a mão para ajudar ao Jonas com a Hannah. Subiram-na depressa para a casa, onde Jonas lhe tirou a roupa e a cobriu com mantas. Entrou como um rasgo na cozinha de Jackson para encontrar potes de plástico, e encheu dois com o conteúdo do quente bule. Envolveu-os em toalhas para colocá-los sob os braços da Hannah e lhe pôs um terceiro no estômago. Jonas cobriu sua cabeça com outra manta e aumentou a calefação. — Estou preparando chá, carinho, fique aqui por mim — insistiu-a. Hannah tremia incontrolavelmente, um bom sinal de que seu corpo estava revertendo o processo de hipotermia, uma condição realmente perigosa, mas Jonas não ia se arriscar, levantou o telefone e pediu uma ambulância. Hannah não ia estar muito contente com ele, mas não importava; ia ao hospital. Ilya entrou cambaleando-se, dobrado sob o peso de Jackson apoiado sobre ele, apenas capaz de caminhar. – vou tirar a roupa dele — disse ao Jonas. – Vá buscar Elle, está coberta de sangue — continuou Ilya — e logo me ajude a trazer as demais. Esse banco de névoa se está movendo para cá e me dá um arrepio na espinha. O cão está cada vez mais agitado quando olha para o mar. Bomber não é assim, não ladra por nada. Jonas soltou uma maldição, jogou uma última olhada a Hannah, obviamente relutante a deixá-la, e logo voltou correndo fora para procurar Elle. Bomber entrou em modo de ataque quando se aproximou. — Chame-o, Elle – exclamou impaciente. Ela estava de joelhos, com a cabeça baixa, o matagal de cabelo avermelhado lhe cobria o rosto ali onde se deslizou de seu frouxo recolhido. Viu como sua mão se movia, deslizando-se pela pele do cão e lhe sussurrava algo, fazendo com que se tranqüilizasse e olhasse alegremente ao Jonas. — Sim, assim é, menino, me conhece. Sou seu amigo. Que te deixa lhe morder de vez em quando só para que se divirta. Passou ao cão e levantou o peso leve de Elle em seus braços. Em seguida, cheirou o sangue. -me deixe te olhar. Elle se animou o suficiente para responder. — Apenas tira minhas irmãs da praia antes que a névoa chegue... a névoa. Havia algo na névoa, procurando, inspecionando, e sabia que esse algo era Stravros. Parecia uma loucura. Outros pensariam que estava louca se o dissesse, mas ela sabia, em seu coração. Aquilo era Stavros. Possivelmente estava criando um grande vilão devido ao medo que sentia por ele e seu absoluto poder, mas Elle acreditava que Stavros tinha poder para usar a névoa e procurála. Depois do que tinha passado a Hannah, não ia correr nenhum risco com sua família. — Elle, me olhe — insistiu Jonas.
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— Confia em mim, Jonas, não quer que eu o faça — a voz lhe saiu em forma de rouco grunhido. Cada passo que Jonas dava dentro da casa a machucava. Jonas a colocou ao lado de Jackson e ao vê-lo, tremendo convulsivamente sob as mantas, o rosto pálido e o cabelo empapado, cheirando a mar, fez com que o coração pulsasse com força a causa do medo. Poderia ter se matado. A cabeça de Jackson se elevou, atenta, sua mão a buscou de maneira insegura, empurrando de lado o arbusto de cabelo. Jackson ofegou ao ver seu rosto cheio de sangue. Imediatamente, seus olhos arderam como dois diamantes negros. Pare de usar a telepatia. Está se consumindo e maldita seja se o permito. Pare, Elle, ou te tirarei de minha mente e desconectarei agora mesmo. Elle ofegou ante a crueldade que havia sua resposta. Ela os tinha salvado, usando tudo o que era e não havia tentando consumir-se… não de propósito. Nem para evitar que Stavros a quisesse. Não o teria feito. Jackson o via assim, uma espécie de suicídio psíquico, mas ela tinha tentado ajudá-los… não é? Cobriu o rosto com as mãos, incapaz de olhar ao Jackson nem ao Jonas e Ilay quando trouxeram Sarah e Joley e as deixaram sobre umas cadeiras. Na lonjura, Elle ouviu o grito de uma sirene e soube que a ambulância estava a caminho. A Hannah desgostaria tanto como teria aborrecido a Elle, mas estava grávida e ninguém, e menos ainda Jonas, correria nunca nenhum risco com suas vidas. Esforçou-se para ficar em pé, mas estava fisicamente sem forças depois de usar sua energia psíquica, suas pernas e seus braços pareciam de chumbo. Obrigou-se a engatinhar pelo chão até a cozinha, sem querer que ninguém a visse tão ensangüentada e deteriorada. Os paramédicos insistiriam em examiná-la e ela não poderia suportar isso. Jackson a agarrou pelo tornozelo e não a deixou ir. Seus dedos estavam gelados e se estremecia incontrolavelmente. Ela se deteve, não porque ele fosse mais forte… suas mãos eram suaves… mas sim porque não queria perde-la de vista. Uma das grandes vantagens do ter tão intimamente metido em sua mente era que podia sentir suas emoções como se fossem as suas próprias. — Fica comigo, carinho. Coloque-se sob as mantas e me dê calor. Estava tão frio. Gelado. No interior, onde estava sua alma, estava congelado. Rodou sob as mantas e sobre seu corpo, consciente de que Jonas e Ilyan estavam trazendo Abbey e Libby. Os braços de Jackson a rodearam e a seguraram com força contra sua figura nua. – Não o dizia a sério, Elle. Lamento dito isso. — Preciso de você — sussurrou ela em seu ouvido, envergonhada, consciente do frio gelado da larga extensão de carne que cobria os duros músculos. – Nunca necessito a ninguém. Escolhi você porque queria estar com você, não por um legado, nem porque me tenham violado e golpeado. Não deveria te desejar tão desesperadamente. Os braços dele se apertaram a seu redor com tanta força que quase a deixou sem ar nos pulmões. — Acha que eu não te necessito? Preciso de você, Elle, e necessito que sobreviva intacta. Sabe desde o começo e isso é o que te fez fugir. Sabia que te agarraria com força e a idéia de ter
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pouca liberdade foi algo com o qual não podia viver. Eu sei. O que seja que deva acontecer entre nós, deixe que aconteça. Os incontroláveis tremores estavam diminuindo e Jackson começava a ser mais conscientes do que os rodeava, do Bomber alertando de estranhos no pátio, do Ilyan depositando a Sarah sobre o sofá e cobrindo-a com uma manta. — Ilya — chamou. – Nos leve a outro quarto antes que comece o circo. Ilya vacilou, lançou uma olhada aos paramédicos que se apressavam subindo o caminho e se inclinou para ajudar a Elle e ao Jackson a ficar de pé. Simplesmente levantou Elle e carregou pela metade ao Jackson com seu outro braço, levando-os ao dormitório. — Deveria deixar que a examinem — advertiu Ilya ao Jackson. — Aos dois. Elle está coberta de sangue. — Já sabe que é uma hemorragia psíquica — disse Elle. — O que vão fazer além de me fazer um exame cerebral e nos dizer o que já sabemos? Ilya soltou uma maldição e a colocou na cama, estabilizando Jackson com o outro braço. — Estão seguros de estar bem? — Traga-nos um pouco de chá — disse Jackson, e se deixou cair ao lado de Elle. Ilya os cobriu com as mantas. — O calor de seu corpo o esquentará mais rápido que qualquer outra coisa, Elle — disse. — Trarei garrafas de água quente e chá assim que puder. Dêem-me um minuto. — Fecha a porta — pediu Jackson atrás dele, indicando ao cão que subisse à cama. Bomber subiu e se estendeu contra seu lado enquanto Elle jazia estendida em cima dele. — Obrigado por salvar a Hannah. — Aqui nunca houve uma correnteza de retorno, Elle. Nunca. — Eu sei. – Acariciou-lhe a garganta com o nariz. Cheirava a mar, um aroma reconfortante apesar do quase trágico incidente. – Era ele. Stavros. A mão de Jackson se deslizou por suas costas para a nuca, seus dedos desenhavam uma lenta massagem enquanto chegava a suas conclusões mentalmente. Ela se sentia agradecida de que ele simplesmente não as tivessem descartado como histeria paranóica. Ela seguiu deslizando seus braços e seu peito tentando esquentá-lo. Entre ela, o cão e as mantas, ele estava voltando rapidamente. Sua mente tinha passado de embotada a aguda quase antes que seu corpo respondesse. Elle descobriu que podia respirar mais facilmente, um pouco da tensão a abandonou. — Acha que atacou a Hannah? Como poderia ter te encontrado tão rápido? É possível, inclusive provável, que te encontre, mas não tão rápido. Como foi capaz? — Possivelmente subornou a alguém? — De nossa equipe? Duvido. Poderia ocorrer, mas é improvável. Havia especulação em sua voz e Elle pôde sentir como a mente de Jackson trabalhava com rapidez, processando e descartando nomes dos homens que os tinham ajudado. Todos bons amigos. Todos homens que tinham combatido a seu lado. Homens pelos que tinha arriscado a vida muitas vezes. — Possivelmente — repetiu ele, mas desta vez Elle sentiu a dúvida em sua mente. 108
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Ela não disse nada, mas seu corpo se estremeceu, só uma vez. Duvidou se ele podia sentir com os tremores que lhe sacudia o corpo, mas seus dedos continuaram aquela tranqüilizadora e rítmica massagem. — Possivelmente foi outra coisa, Elle. Talvez estejamos concedendo muito mérito. — Possivelmente. – Mas sabia. Não ia discutir com ele. Sentiu de novo os dedos de Stavros sobre sua garganta, ouviu sua voz, aquela suave monotonia que nunca mudava, nem quando a pegava com o punho, ou rasgava seu corpo com o membro, golpeava-a com uma vara, e tampouco quando era amável, mãos e boca vagando sobre ela como se fosse seu dono. Escapoulhe um soluço antes de poder suprimi-lo. -me beije. — Não posso. -me olhe, Elle. – Esperou até que ela encontrou seu olhar. Havia ali vergonha. Dor. Humilhação. Pânico. Principalmente uma profunda, pena por tudo o que tinha perdido. -me beije. Me sinta. Ele não está aqui conosco. Não o deixarei. É um monstro que te tomou e não teve outra escolha além de se entregar a ele… — Não! Deveria ter lutado mais. Deveria ter feito algo. Maldita seja, estou treinada. Treinei artes marciais, com armas. Tenho um grande talento psíquico. Não deveria me haver passado, não a mim. Como pude permitir que me fizesse essas coisas? -me diga você, carinho. Me diga como, com todo meu treinamento, com meu talento psíquico, com minha força e minha habilidade com as armas, caí em mãos inimigas e os deixei me fazer todas essas coisas. Explique-me isso então, porque eu não o entendo. — É um bastardo, Jackson. Por que tem que falar assim? — Tentou apoiar a cabeça em seu peito, tentando se esconder. — Vai me beijar primeiro, Elle. Ele não se interporá entre nós. Entendeu? Não o permitirei. Liberou uma boa batalha. Sobreviveu. Isso é o que se supõe que devemos fazer. Sobreviver. Ela afundou os dentes em seu ombro e as lágrimas arderam contra a pele dele. — Eu não deveria tê-lo feito — sussurrou. – Deveria ter tido a coragem de terminar com aquilo e talvez com ele. Os dedos de Jackson se apertaram com força sobre seu pescoço e puxaram para trás de sua cabeça para poder lhe olhar aos olhos cheios de lágrimas. — Nunca pense isso, e menos ainda o diga. Gostaria que eu tivesse morrido? Ou Hannah? Ou Abbey? Ela negou com a cabeça. — Mas isto é minha culpa, o que ocorreu hoje. Ouvi-o. Ouvi sua voz. Disse que mataria a todo aquele que amo se não retornar para ele. — Me escute, Elle. Ele é quem deveria estar assustado, não você. Não está encerrada em seu campo de energia psíquica. Não te presa. É forte e letal. Suas irmãs também. Não as menospreze. Demônios, carinho, sua casa faz com que as pessoas desapareçam. Para não falar de mim, mas se esse filho da puta pensa que pode te afastar de mim, que venha e tente. Está em péssima forma, mas não está fora de combate. Entende-me? Elle? Me olhe. Não se afaste de mim e ignore o que te digo. Mataria esse bastardo agora mesmo por você. Diga-o e irei e porei mãos à 109
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obra. De todas as formas, é o que melhor me dá. Não há nenhum lugar onde possa estar a salvo e se pensar que não quero fazê-lo, equivoca-se. Sonho com isso, penso nisso, dia e noite, e nada do que lhe faço é agradável ou civilizado. Se quiser sentir medo de alguém, merda, teme ao homem equivocado. Ela olhou seus negros e brilhantes olhos sabendo que cada palavra que havia dito era verdade. Inclinou-se para frente e roçou sua boca. — Deixa de dizer “merda”. Jackson tinha estado furioso ante a idéia de que Stavros pudesse de alguma forma atravessar o oceano e assustar a Elle. Podia fazê-lo? Poderia o filho da puta, de verdade, chegar a ela psiquicamente? Ele e Elle tinham conectado suas mentes com um oceano no meio. Jackson queria envolvê-la em uma borbulha, pô-la em algum lugar onde ninguém pudesse encontrá-la, contratar a um exército para que a protegesse, conseguir dez cães. Queria aquele bode morto. E então ela o tinha beijado. Não um autêntico beijo, só um toque de lábios. E havia o repreendimento naquele tom afetado que tanto gostava. — É só uma palavra, Elle. – Era provocação deliberada, mas não pôde evitar. — Não é uma palavra bonita, Jackson, e não precisa dizê-la. — Acha que não sei que foi criada em uma família elegante e de classe alta e que eu venho de um maldito acampamento de motoqueiros? — Não importa de onde venha, Jackson. Uma vez que crescemos, ainda tem oportunidade de ser o que queira ser e viver como quer viver. Agora, de verdade, tinha parecido afetada e ele não pôde evitar o pequeno sorriso que lhe brotou de dentro. Sua mão se curvou ao redor da nuca dela. — Te quero, Elle Drake. Se por acaso não lhe havia dito isso ultimamente. Elle piscou. Pareceu sobressaltada, como um cervo assustado apanhado pelas luzes do caminhão do caçador. — Nunca havia dito isso. — Estou seguro de que sim. — E eu estou segura de que não. Acredite, eu teria recordado. — Provavelmente não estava escutando. Eu adoro especialmente esse incendiário gênio. Se por acaso não o tenha notado, estou muito mais quente e completamente nu aqui embaixo. As coisas estão começando a animar-se e não queria que se assustasse comigo. – Baixou a mão pelas costas em um movimento lento que não pedia nada, simplesmente a percorreu por completo. — Não tenho medo de você, Jackson — sussurrou ela. – Não vou deixar que me faça isso. Não. –Mas possivelmente sim. Um pouco. Muito. O que aconteceria se não pudesse fazer com ele o que tinha feito com Stavros? Ele cuspiu um feio palavrão. — Não vai fazer comigo nada que tenha feito com ele, Elle. Quando estivermos juntos, faremos amor, não foderemos. Demônios, o que ele fez nem sequer foi foder. O que te fez foi uma violação. Controle. Poder. Isso nunca vai se passar entre nós, carinho. Quando olho para você, quando desejo te tocar, é porque te quero e quero demonstrar isso. 110
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Elle pressionou a fronte contra ele e fechou os olhos. — O que acontece se eu não puder devolver isso, por mais que o deseje? O que ocorre se ele se interpõe entre nós? Ouvi dizer que isso ocorre, Jackson. Antes que fosse à missão, pensamos que é obvio, se me capturassem, matariam-me, mas em minha investigação sobre tráfico humano li sobre os efeitos a longo prazo nas mulheres que eram submetidas a abusos físicos e emocionais durante longos períodos de tempo. O trauma afetava a toda sua vida, inclusive tendo ajuda psicológica. Jackson notou que havia dito “elas”, não “nós”. Ainda não se identificava como vítima. — É óbvio, Elle. Pensa que não me afeta a cada maldito dia de minha vida? Acordo suando, o coração pulsando a toda velocidade e a adrenalina a bater. Tenho uma arma na mão apontando pela casa antes de estar acordado de tudo. Tenho um quarto cheio de armas e pratico tiro todos os dias. Treino com pesos e corro para me manter em forma, não porque queira parecer bem, mas sim porque quero estar preparado. Temo que serei um marido e um pai paranóico e que te deixarei louca. E não me diga que isso tampouco te preocupa, porque ambos sabemos que não é verdade. — Mas você pode fazer amor, Jackson. Posso vê-lo em seus olhos, sinto o desejo em sua mente e o anseio em seu corpo. O que acontece se eu não puder satisfazer isso? Ele rodou sobre um lado, pondo-a gentilmente a um lado. Tinha o rosto manchado pelo sangue dela. — Temos que nos lavar antes que alguém nos veja e alucine. Vamos tomar uma ducha. Elle suspirou. Ainda debilitado, Jackson, que já tinha passado por tantas coisas, teve que levá-la nos braços ao banheiro e colocá-la na ducha. Se arrumou para tirar a roupa enquanto ele abria a água, alagando a ambos de calor. — Isto é tão fod… bom — disse Jackson e limpou o sangue do rosto com a manopla, seu toque gentil. – Vou lavar seu cabelo, Elle. Ela engoliu com força, insegura de quem ganharia, se o crescente pânico ou seu desejo de agradar. Não tinha sido uma petição, mas ela sabia que se levantasse a mão e o detivesse, ele não protestaria nem perguntaria nada, deixaria-a em paz. Seu cabelo tinha sido muito importante para ela. Vermelho fogo. Espesso, comprido e feminino. Era o único traço que ela acreditava verdadeiramente assombroso e Stavros a fizera odiá-lo. Abraçou-se, esperando a bílis se levantar em seu estômago, mas as mãos de Jackson dirigiam o arbusto de cabelo com suavidade, as gemas de seus dedos lhe massageavam o couro cabeludo enquanto o aroma se mesclava com a água quente. — Apóie-se contra mim, Elle, está balançando. O corpo dele era duro, sua ereção descarada e era um homem grande, intimidante para ela. Conteve o fôlego e vacilou antes de relaxar o corpo mais perto do dele, até que estivesse pele contra pele, suas costas pega ao Jackson, sua região lombar descansando contra a grossa virilha. Sentiu seu calor irradiar através dela, sua fome, profunda e forte, mas igualmente forte era seu controle, sua necessidade de amá-la com tanta suavidade e ternura como pudesse. Jackson não se considerava gentil nem terno, sabia que isso o preocupava. Sua mente estava concentrada só nela, em curar seu corpo e sua mente, em encontrar uma maneira de fazer com 111
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que voltasse a gostar de seu cabelo, de aceitar, se ela assim o quisesse, e fazer rastas no cabelo quando lhe encantava aquela extensão de seda brilhando sob o sol. Para ele, seu cabelo era tão parte dela como seu temperamento, sua inteligência, sua tenacidade, todos traços que ele amava e admirava nela. — Não me farei rastas — disse ela, querendo lhe devolver algo. — Mas terá que desenozálo. Poderia levar horas. — Não me importa, carinho, mas me faça um favor e deixe de pensar em mim como em um santo. Desejo-te. Sabe disse. Se acostume a isso. É uma realidade e sim, acredito que é condenadamente sexy. Sempre acreditei. Elle franziu o cenho, contente de que ele não pudesse ver seu rosto. Estava acostumada a ser sexy e especial e valiosa, mas Stravros tinha arrebatado tudo isso. Não queria pensar em nada exceto nos dedos de Jackson esfregando o condicionador através dos nós e a maneira em que seu corpo a fazia sentir segura em vez de aterrorizada. — Cheira igual ao meu condicionador favorito. Ele sustentou a garrafa frente a ela durante um breve momento antes de voltar para sua tarefa. — É o seu. Sarah colocou uma caixa de coisas em meu caminhão antes que fôssemos te buscar. Chá. Um pouco de roupa. Suas coisas pessoais. Encontrei-as quando fui atrás da manta. Elle deixou escapar o fôlego. – Ela sabia. Teve uma premonição. Sabia que não ficaria com elas. Por que discutiria tanto? — Não esperava te ver coberta de feridas, com o rosto inchado. É sua irmã mais nova, Elle. Claro que queria te cuidar. — Sinto tê-la ferido… a todas elas. – Respirou fundo e soltou a verdade. – Sinto medo sem você, Jackson. — Eu sei, carinho. Não recorda como foram aqueles primeiros dias quando escapei do acampamento e estava me recuperando? Ficou em minha mente e meu coração, pulsava tão forte que tinha medo que me desse um ataque do coração. Não queria que me deixasse, nem por um momento, porque você representava o lar e a liberdade, e sobretudo, a segurança. – Roçou-lhe com a boca um lado do rosto. – Diga-me que não se recorda ter ficado acordada setenta e duas horas porque eu tinha medo de fechar os olhos. E quando os fechei por fim, os pesadelos nos comeram vivos aos dois. – Seu corpo se estremeceu contra o dela e os braços lhe rodearam a cintura, apertando-a ainda mais, enterrando o rosto contra seu pescoço. – Ainda tenho medo sem você, Elle. Ela se girou, sua pele nua deslizou sobre a dele, seus braços rodearam no pescoço enquanto se pressionava contra ele, entregando-se, abraçando-o, lamentando por ambos. Algo golpeou a porta do banheiro e ela deu um salto. Em seguida, Jackson a empurrou as suas costas — O chá está preparado. Necessitam ajuda? — gritou a voz de Ilya. — Quer me esfregar as costas? — perguntou Jackson. — Acredito que isso foi a versão americana do sarcasmo – respondeu Ilya. – Se estiverem se sentindo melhor, tenho a cinco mulheres aqui fora. Poderia me vir bem um pouco de ajuda.
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— Hannah? — perguntou Elle, girando o rosto para a água para poder tirar o condicionador da cabeça. — Jonas a levou ao hospital para assegurar-se de que estava bem. Saiam a procurar seu chá. — Nos dê um par de minutos — disse Jackson, ajudando-a a eliminar o condicionador do espesso arbusto de cabelo. Esticou a mão além de Elle e fechou a água. Elle lhe pôs a mão no ventre e ele sentiu a sacudida justo através dos músculos e ossos. Sua mão apanhou a dela… a umas polegadas de sua virilha, agora cheia e pesada, e palpitando de desejo. Clareou a garganta. — O que ocorre, carinho? — Tentou soar normal, mas a voz lhe saiu grave. — Ouvi a voz dele, Jackson. Necessito que acredite em mim. Sim, entrei em pânico quando desapareceu de minha mente e pude sentir como varria o mar para fora. Minha garganta fechou e pude sentir os dedos dele apertando-se ao redor de meu pescoço, me fechando a traquéia, mas sei que não foi um simples ataque de pânico. Possivelmente me programou, honestamente não posso dizer mas ouvi a voz dele, claramente. Disse que seguiria matando a todo aquele que me importasse até que voltasse para ele. – Olhou-o, seus olhos verdes lhe rogavam que acreditasse. – Não estou louca. As grandes mãos de Jackson lhe emolduraram o rosto e a olhou diretamente aos olhos. – Nunca pensei que estivesse, Elle. – Seu tom foi de absoluta firmeza. – Ele não pode te ter. — Era um decreto, uma promessa, sua palavra. Baixou a cabeça para a dela. Uma vez mais, Jackson tomou seu tempo para lhe dar a oportunidade de retirar-se, mas ela não o fez, observou-o se aproximar mais até que pôde ver suas longas pestanas, o reto nariz e aqueles pícaros e sexys lábios, abertos suficiente para captar uma olhada de seus dentes. Elle aspirou e fechou os olhos justo quando seus lábios a tocaram, roçando a de um lado ao outro de forma suave e mimosa. Em seu interior, ficou imóvel. Uma dúzia de mariposas elevaram o vôo em seu estômago. A sensação dos lábios dele contra os seus desencadeou uma corrente elétrica que começou como um pequeno chiado e cresceu como uma bola de fogo que lhe corria pelas veias. As mãos sustentavam seu rosto e ela pressionou seu corpo mais perto, pele contra pele, fundindo-se com ele, entrando em sua mente, mais perto do que nunca. A boca dele se moveu e ela respondeu. Em seu interior, onde residia sua alma, Elle o sentiu, abraçando-a, cobrindo-a. Elevou a cabeça. — Ele sabe que eu te amo. — Acariciou-lhe o rosto com dedos trêmulos. – Ele sabe, Jackson. Não pode entrar quando estou cheia de você e isso o põe furioso. Nunca negaram nada a ele, e acredita que lhe pertenço. — Bom, pois se equivocou, Elle. Não lhe pertence. Jackson inclinou a cabeça e sua boca tocou o comprido talho que rodeava o peito dela. O fôlego de Elle abandonou de repente seus pulmões e ficou completamente quieta. Sentiu o gentil toque dos lábios, ligeiros como uma pluma, sobre a carne rasgada. Ele seguiu as linhas da marca da vara com seus beijos, tão suaves que apenas os sentia, entretanto cada um deles provocava uma reação sísmica em seu interior. Seu corpo, tão paralisado por dentro, quase morto, já não feminino nem quente ou necessitado, sentiu cada um desses beijos em seu interior mais profundo. 113
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Elle fechou os olhos e se segurou enquanto ele beijava cada ferida, inclusive ficando de joelhos para plantar beijos ao longo das lacerações no interior das coxas e sobre o abdômen, mais profundamente, ali onde a vara a tinha golpeado duas ou três vezes, em seu ponto mais sensível e privado. Uma vez mais, não sentiu que suas ações fossem de nenhuma forma sexuais, entretanto, estava despertando seu corpo com amor. A intensidade dos sentimentos de Jackson a surpreendia. Como podia não ter reparado no que sentia por ela? Manteve as mãos sobre seus ombros para estabilizar-se, os dedos apertados com força sobre seus músculos em busca de uma âncora. Não tinha esperado o enorme calor, ou o selvagem palpitar de seu coração. Não tinha esperado o chiado e o ardor de júbilo que se precipitou por suas veias, esquentando seu corpo e fazendo que seus seios doessem e umedecessem as virilhas. Nem sequer sabia se queria estar viva. Jackson se levantou e levou as duas mãos dela à boca, beijando os nódulos antes de procurar a toalha e envolvê-la com ela. Tomou seu tempo com o cabelo, secando a umidade das longas mechas. — Vista-se, Elle. Algo que cubra a maior parte das marcas das chicotadas para que esteja mais cômoda. Eu irei me vestir e a procurar uma boa escova para começar com seu cabelo enquanto recebe suas irmãs. E não se preocupe, acredito que juntos ganhamos cada vez mais força e ninguém será capaz de penetrar os escudos de sua mente. Ela ficou ali um momento, olhando-o. Jackson Deveau. O tipo mau dos pântanos ao que todos temiam. Seu Jackson. O homem que lentamente e com cuidado, a trazia de volta à vida. Jackson sorriu e lhe agarrou o queixo, beijando-a outra vez, fazendo que o estômago desse um curioso salto. — Vai, carinho. Logo te alcanço. Elle assentiu com a cabeça, sem estar segura de como dar voz às emoções que brotava nela.
Capítulo 10
Elle encontrou a suas irmãs pulverizadas ao redor do espaçoso salão. Sorriram-lhe tristemente, Libby ainda pálida e débil, mas as outras estavam claramente mais fortes. Ilya parecia um pouco afligido e sentiu um pouco de compaixão por ele. Sua família podia ser muito cansativa às vezes. Bomber permanecia no banco da janela olhando mar adentro, suas orelhas rígidas, o corpo imóvel e os olhos concentrados na incomum névoa que rodeava a casa. Sarah fez gestos para que se unisse a elas. — Assustou-nos, carinho. Quase queimou completamente seu talento, mas obrigado por salvar Hannah e Jackson. — Todas vocês ajudaram – indicou Elle. — Não estou segura de que conseguiria ajudar Jonas a localizar com toda precisão sua localização sem vocês. E obrigado. Agradeço que viessem e trabalhassem tão duramente para me curar.
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— É obvio que íamos vir — disse Sarah. — Apesar de tudo, tem melhor aspecto esta manhã. Posso ver que Jackson está cuidando muito bem de você. Elle se ruborizou, a cor se arrastou pelo pescoço até seu rosto. Não sabia por que. Jackson tinha sido mais que um cavalheiro. Deu-se conta de que as pontas dos dedos lhe tinham ido aos formigantes lábios e os baixou apressadamente sob o olhar atento de suas irmãs mais velhas. Saboreava ao Jackson em sua boca e então essa verdade a golpeou. Milagrosamente, ele tinha conseguido substituir o toque e o sabor de Stavros com algo bom, algo excitante. Não exigia nada em troca. Nem sequer pedia nada. Jackson. Uma dolorosa punhalada atravessou sua cabeça e ele colocou a cabeça pela porta, os olhos negros metade preocupados metade furiosos. — Pare, Elle! –exclamou com brutalidade, seu tom baixo e sério. Todas suas irmãs se giraram para encará-lo fixamente. A tensão subiu na casa. Elas não tinham a menor idéia. Elle se pôs a rir. Ele era realmente o grande Jackson mau, mas oculto debaixo de todo esse músculo de aço e esses frios olhos negros havia algo inteiramente diferente que ninguém, nem sequer suas irmãs, suspeitavam. Ocultava muito bem ao gigante aprazível debaixo esses endiabrados jeans. — Foi sem querer. Lançou-lhe outro olhar furioso e desapareceu de novo. — O mesmo velho Jackson de sempre. Vejo que suas habilidades sociais não melhoraram muito — disse Sarah. Ondeou a mão para o bule e este flutuou através da habitação e serviu mais chá na xícara que ela sustentava. — Esse homem realmente precisa unir-se ao século XXI. Acreditava que poderia ter melhorado enquanto você está tão frágil. — Jackson cuida de mim. — Sim, isso soou. — Sarah pôs os olhos em branco. Elle jogou um olhar ao redor do quarto a suas irmãs, obviamente todas estavam de acordo com a opinião de sua irmã mais velha sobre Jackson. Poderia tê-lo defendido, mas parecia mais importante lhe proteger, guardar seu lado secreto para si mesmo. Simplesmente deu de ombros. — Chamou Jonas a respeito da Hannah? — O bebê está bem e Hannah está muito melhor. Jonas diz que se esquentou rapidamente na ambulância. Ambos estão muito agradecidos a você e ao Jackson — continuou Sarah. Ondeou o bule em direção a Elle. Elle assinalou à xícara colocada na mesinha. Sarah ondeou a mão outra vez. Já tinha esquecido que Elle não podia utilizar seus talentos psíquicos. — Obrigado, Sarah. – Envergonhava-a não poder utilizar suas habilidades. Esfregou as têmporas. Levava tanto tempo tendo dor de cabeça que tinha esquecido como era estar sem uma. Jackson nunca esquecia que seu cérebro estava destroçado e cada vez que ela utilizava seu talento, arriscava-se. — Todas estamos muito agradecidas ao Jackson. Fez algo assombroso. Elle arqueou uma sobrancelha. — Está dizendo que é um cretino, mas um cretino heróico. 115
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Sarah assentiu com a cabeça. — Muito heróico. Jackson entrou no quarto parecendo sexy, com uma camiseta negra que se estirava apertadamente sobre os largos ombros e o pesado peito. Os jeans se encaixavam como uma luva e agora que ela sabia o que ocultava ali, não pôde evitar reparar na parte dianteira desses jeans. — Elle salvou a ambos – corrigiu ele, servindo chá ao velho modo. Não era perito em levitação nem em truques de salão. Só necessitava algo quente para afugentar os restos do frio que se atrasavam em seu interior. Revolveu o mel e bebeu a primeira xícara antes de servir uma segunda e aproximar-se ao lado de Elle. Sentou-se no chão entre as pernas dela, meio sacado para poder tomar o pé nu dela em seu regaço. — Não devia fazê-lo, estava se arriscando muito, mas nos manteve quentes até que chegou a ajuda. Obrigado por lhe dar o empurrão ao final. Salvou-nos. – Sorveu chá e levou o pé de Elle contra o ventre. Sentia como uma coisa muito íntima te-lo sustentando seu pé nu. Elle pôde ver que Ilya tinha acendido um fogo para ajudar a esquentar o quarto e dar mais ilusão de calor. O rangido e o som junto com a piscada das chamas acrescentavam comodidade à casa de Jackson. Olhou às paredes e poderia ter jurado que por um momento ondularam, como se estivessem vivas, como faziam às vezes as paredes da casa Drake quando os antepassados se assentavam nas paredes para ajudar a convertê-la em uma fortaleza. Segure-se, neném. Era toda a advertência que ele ia lhe dar. Suas irmãs a estavam olhando, tentando ver em seu interior, tentando olhar além das marcas do rosto e das poucas feridas abertas que podiam ver até as que não podiam ver. Jackson ia confirmar algumas de suas piores suspeitas. — Elle tem medo de estar grávida. Sarah baixou sua xícara de chá e olhou a sua irmã mais jovem com um pequeno cenho. Ilya sacudiu a cabeça enquanto enlaçava os dedos com Joley. Se fosse possível que Libby perdesse mais cor, o teria feito. Abigail e Kate intercambiaram um longo olhar. Elle tentou afastar o pé, baixando a cabeça e permitindo que a massa de enredos caísse ao redor de seu rosto, ocultando-a. Temos que saber o que fazer para nos ocupar de você. Jackson foi impenitente. — Pelo que sei, a sétima filha pode compartilhar o legado mas só com o companheiro adequado — disse Ilya. — E com esse companheiro, o controle de natalidade não funciona. Com qualquer outro, a gravidez é muito difícil. Elle ofegou e se endireitou, olhando ao Sarah. — Isso é verdade? Sarah assentiu. — Está registrado nos diários. — Mamãe é uma serpente — vaiou Elle. — Uma serpente total. — Provavelmente ela não sabia. Naquela época — explicou Sarah — as mulheres raramente se deitavam com um homem antes do matrimônio. Provavelmente não surgiu. 116
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Jackson lhe puxou o pé. — Muda de lugar comigo para que possa trabalhar com seu cabelo. — Talvez seja mais fácil para você com suas irmãs aqui. Seu coração começou a palpitar com força outra vez. Duvidou e logo se deslizou da cadeira para dar acesso a ele. Jackson a sentou entre suas coxas, outra posição íntima que ela não tinha considerado. — Poderia te examinar — ofereceu Libby. —Deveria ser tratada, Elle. — Não até que esteja mais forte. Minha cabeça está uma confusão, Libby, tenho medo de não poder te proteger. Não estou disposta a arriscar. — Esse risco é minha coisa. Elle sacudiu a cabeça. — Já me ajudou com o que fizeram. Jackson começou o lento processo de dividir a massa de cabelo comprido em mechas. Suas mãos foram surpreendentemente suaves quando lentamente começou com os enredos do final das grossas mechas e abriu caminho pacientemente para o couro cabeludo. — Então realmente não crêem que Elle esteja grávida? — Manteve a voz normal. — Seria surpreendente — respondeu Sarah. — Se sente grávida, Elle? Elle deu de ombros. — Não tenho a menor idéia de como se sente. — Doente — disse Joley e olhou com fúria a Ilya. — Doente do estômago. — Nem todas adoecem — indicou Libby. —Te conseguirei um teste de gravidez. — Obrigado, Libby — disse Elle. O puxão em sua cabeleira a fazia sentir-se amada e cuidada, em vez de recordar ao Stavros agarrando-a pela cabeça e forçando-a a cumprir suas ordens. Havia algo muito calmante no modo em que Jackson lhe penteava os enredos, sempre sustentando o cabelo firmemente entre onde penteava os nós e seu tenro couro cabeludo. — Bomber, o que está olhando, menino? — perguntou Jackson. O cão girou a cabeça, soltou um curto latido e voltou a olhar fixamente pela janela à névoa que se dissipava. Jackson tomou um gole de seu chá enquanto observava ao cão. O animal ainda parecia alerta, seu corpo imóvel, os olhos enfocados e as orelhas para frente. — Todos sabemos que Gratsos e seu irmão têm talento psíquico. — Jackson olhou a Ilya e a Sarah sobre a xícara fumegante, os dedos de sua outra mão sustentavam o cabelo de Elle como se para lhe proporcionar uma âncora enquanto ele fazia pergunta. — É possível que possa estirar-se a uma grande distancia, sem saber onde esteja Elle e estrangulá-la? – Não queria pensar que fosse possível para o Gratsos comunicar-se com ela, mas já sabia que o era porque ele o tinha feito. — E a névoa, poderia estar pescando? Lançando uma armadilha psíquica, por assim dizê-lo. Ilya aproximou um pouco mais e intercambiou um olhar longo com Sarah. — Uma idéia interessante. Enviar sua energia a procurá-la. Suponho que poderia fazer-se. Nunca antes tinha ouvido falar disso. Eu não poderia fazê-lo. E você, Sarah? Tem lido toda a história. Sarah se mordiscou pensativamente seu lábio inferior.
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— Não tenho lido a respeito disso, nem tampouco posso fazê-lo, mas isso não significa que não seja possível. Hannah pode enviar o vento. Por que não ia ele poder enviar névoa? Ou algo mais? Elle inalou bruscamente. — Como uma corrente oculta? Uma ressaca? – Baixou-lhe um tremor pela espinha dorsal. Isso era exatamente o que Stavros fazia. De repente, estava segura disso. Através dos oceanos, pudera enviar a névoa e a armadilha psíquica oculta dentro da corrente. — Hannah pode fazer todo tipo de coisas como essas. Pode construir e dirigir um tornado. Tudo o que tenha que ver com o tempo. Possivelmente com o Stavros é o mar. Tem um império naval. Possui uma ilha. Investiguei-o completamente antes de começar a trabalhar encoberta e ele só viaja a cidades que estejam perto da água. Cada casa ou vila que possui tem vista à água. É um pequeno detalhe, mas surgiu e Na realidade o discutimos. Ilya tomou ar e olhou ao Jackson. — Por isso o mar nos deu tantos problemas durante o resgate. Cremos que Hannah tinha perdido o controle da tormenta, mas possivelmente estava combatendo ao Stavros sem sabê-lo. Ele pôde ocultar sua energia. As mãos de Jackson puxaram uma vez mais seu cabelo, um ritmo agradável e constante que lhe acalmava o batimento do coração enquanto Elle olhava pela janela. Bomber se retirou, girou e acudiu junto ao Jackson, deitando-se, e empurrando a cabeça no regaço de Elle. — A névoa se foi – disse ela, apertando a mão entre a pelagem do pastor. É interessante que Bomber esteja muito tranquilo agora que a névoa se foi. Acha… — Ai! As mãos de Jackson lhe agarraram pelo ombro com força e lhe deram uma pequena sacudida. — Pare já, Drake. Encontrará-se sobre meus joelhos. Por que demônios tem que ser tão fodidamente teimosa? Houve um pequeno silêncio surpreso. Sarah pigarreou. — Realmente está ameaçando golpear a minha irmã? Em nossa família não acreditam no castigo corporal. Meus pais nunca nos golpearam. — Bom, talvez se seu pai o tivesse feito, Elle não seria um pequeno demônio — disse Jackson. Elle inclinou a cabeça para trás. — Pare de dizer a palavra "F". E Sarah, Jackson cortaria o braço antes de me golpear realmente. Somente gosta que todo mundo pense que é um tipo mau. — Sou um tipo mau, maldição — disse Jackson. Recolheu o pente e com cuidado começou com a seguinte mecha de cabelo. — Você parece ser a única que não é consciente disso. Elle riu. Não foi uma risada imensa, mas não pôde evitar a pequena explosão de diversão ante a idéia do grande Jackson mau penteando os enredos de seu cabelo. — Ela sempre foi um pequeno demônio. O que está fazendo desta vez? — A voz de Sarah se estrangulou pela emoção; o som da risada de Elle fez que os olhos se alagassem de lágrimas. — Utilizar a telepatia outra vez. Seu cérebro tem que descansar para curar-se. Elle fez uma careta a Sarah e girou os olhos. Jackson se inclinou e lhe cochichou na orelha. 118
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— Vi isso. — Não, não viu. — Bom, senti. Vi em sua mente. Kate se remexeu em sua cadeira, agarrou sua xícara de chá e soprou nela, olhando a sua irmã mais jovem sobre o vapor que se elevava. — Jackson tem razão nisto, Elle. Tem parar de utilizar o que tiver a ver com energia psíquica até que seu cérebro se cure. A voz de Kate era suave e amável, os olhos compassivos. A tensão no quarto se dissipou imediatamente, como se nunca tivesse existido. Jackson lhe sorriu. — Nossa Kate. A pacificadora. Pode curar a queimadura psíquica, não pode? Um ofego coletivo percorreu a habitação. Todos os olhos se giraram para Kate. Ilya se inclinou para ela em sua cadeira e Elle retrocedeu, longe dos outros, quase subindo no regaço de Jackson. — Só essa vez com você, Jackson — admitiu Kate. — Não é como se houvesse muito por aí, sabe? –Lançou-lhe um pequeno sorriso, ruborizando-se fracamente. Kate nunca tinha gostado muito da atenção sobre ela e agora estava definitivamente sob escrutínio. — Libby cura a enfermidade e tem a muitas pessoas com as quais praticar. Eu voei sozinha nesse dia. — Ajudou-me e nem sequer estava tentando – indicou Jackson. — Não – disse Elle firmemente. — Nem sequer o considerarei. Jackson a levantou até seu regaço e pôs os braços ao redor dela, permitindo que se enganchasse sobre ele. Acariciou-lhe o cocuruto com o queixo, mas manteve o olhar fixo em Kate. — Se Gratsos pode utilizar a energia psíquica para viajar e está pescando neste momento, encontrará Elle mais rápido do que esperávamos. Ela precisará estar à plena potência para lutar contra ele. Todos, Na realidade. Aqui tem muito mar para utilizar contra nós. — É tudo especulação — protestou Elle. — Não temos nenhum indício de que isto fosse outra coisa que um fenômeno natural. Ocorrem por todo o mundo. Aqui mesmo nesta costa, temos vários lugares onde se produzem ressacas. — Mas não aqui — disse Sarah. — Vivemos toda nossa vida aqui, Elle, e nunca houve uma corrente oculta nesta parte em particular da costa. A composição física está equivocada. — Não sabemos — negou Elle. — O fundo do oceano troca todo o tempo. — Está tentando apanhar o vento – disse Jackson. — A questão é, que se houver uma embora seja baixa, temos que considerar que foi uma tentativa para te encontrar. — Como saberia ele vir aqui? — perguntou Joley. — Não saberia — disse Sarah. — Utilizaria a névoa da maneira em que o faz Hannah. Mandaria-a por aí e quando interceptasse energia psíquica, a névoa se construiria no que viu, procurando o usuário dessa energia, e então a armadilha saltaria. Nem sequer necessitaria do oceano, um lago ou um rio poderiam ser igualmente traiçoeiros. Joley franziu o sobrecenho. — Mas está se arriscando a matar Elle. E se tivesse sido Elle que tivesse caído junto à beira da água em vez da Hannah? 119
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— Duvido que a armadilha tivesse saltado – disse Ilya. — Tem que ter o rastro digital psíquico de Elle. Conhecerá sua energia quando a sentir. Jackson franziu o sobrecenho. Não gostava que Stavros tivesse nada a ver com Elle, muito menos que tivesse seu rastro digital psíquico. — É possível que a esteja estrangulando, Ilya? — Diga-me isso você – disse Ilya. — O que pode fazer? Todos os olhos se giraram para Jackson e houve outro silêncio incômodo. Podia acariciar Elle intimamente em sua mente, levá-la ao orgasmo, compartilhar todo seu ser com ela, cada sensação, e a outra cara disso, é obvio, era que podia lhe causar dor, e sim, estrangulá-la, feri-la, possivelmente matá-la. Não queria que eles soubessem. Nem suas irmãs. Nem Ilya. Seu olhar piscou sobre Kate. Ela examinava as mãos, o único modo de não olhá-lo. Ela sabia que meses atrás ele tinha tentado queimar seu talento. Quando o demônio o montava com tanta força, e detestava a todo mundo a seu redor, temia machucar a alguém. Sinto muito, neném. Não queria que tivesse medo. Nunca terei medo de você. Pela primeira vez não a repreendeu por utilizar telepatia, ainda quando um pequeno fio de sangue apareceu no canto de sua boca. Enxaguou-o com almofadinha do polegar. Os dedos de Elle se enredaram com os seus. — Estamos falando de Stavros e do que pode fazer, não de Jackson. Se Stavros me pode estrangular de longe, mas não quer me matar, por que seguiria fazendo-o? — Controle — disseram Jackson e Ilya simultaneamente. Ilya ondeou a mão para a cozinha e a caneca flutuou até a pia para encher-se com água. — Se puder te assustar o suficiente, se manterá longe de seus amigos e família e especialmente de qualquer homem que possivelmente tenha em sua vida. Desde o começo, Gratsos desejou o controle sobre você. Deve ter pressentido sua capacidade psíquica e planejado ficar com você para seus próprios propósitos. Tinha a ilha já preparada com um protetor psíquico para que não pudesse utilizar seu talento. — Mas tampouco podia ele — indicou Elle. — Nem seu irmão. — Quão velha é essa vila? — perguntou Sarah — A comprou ele mesmo? — Tinha pertencido a sua família, e seu pai a vendeu para saldar dívidas. Stavros voltou a comprar quando se fez rico — respondeu Elle. — Onde está sua mãe? — continuou Sarah. — Supõe-se que morreu em um acidente quando Stavros era um bebê junto com o irmão gêmeo dele, mas na verdade ela abandonou a seu marido, falseou sua morte, e levou o gêmeo com ela — disse Elle. — Se afogou em um lago faz alguns anos. Quando Evan, o gêmeo, esteve em meu quarto o primeiro dia, falaram bastante a respeito de seu passado. Ambos pareciam amargurados. Houve um pequeno silêncio, todos pensando o mesmo. Poderia ter tido Stavros algo a ver com a morte de sua mãe? A caneca assobiou e Ilya verteu a água no bule com outro gesto da mão, adicionando várias colheradas do chá curativo para vigorizá-los ainda mais a todos. Jackson ficou 120
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cômodo na cadeira, observando como a coberta encaixava sobre o bule sem que nenhuma mão a tocasse. Taças e jarras se alinharam no aparador da cozinha junto ao bule. Olhou ao redor de seu aberto salão, às irmãs Drake pulverizadas por várias cadeiras. Ilya estava sentado junto a Joley, esta envolvia o corpo ao redor do dele de uma maneira casual e cômoda. O que tinha acontecido? Parecia com uma cena da casa Drake, não de sua tranqüila casa. Deixou escapar o fôlego lentamente, e puxou Elle mais perto enquanto estudava às irmãs… agora sua família. Família. Saboreou a palavra, deixou-a rondar por sua mente. Não tinha sabido o que podia ser uma família até que conheceu as Drake. Todas tinham opiniões, todas se metiam nos assuntos das demais e todas eram violentamente protetoras as umas com as outras. Elle inclinou a cabeça atrás para encará-lo, sentindo suas emoções, compartilhando-as com ele, a maravilha e o milagre da família. Intercambiaram um pequeno sorriso e se sentiram… completos. Sarah suspirou. — Elle, pode comprovar esse site da Web que você gosta de investigar todo o tempo? Que registra todos os acontecimentos estranhos ao redor do mundo? Eu gostaria de ver se a névoa apareceu em mais de um lugar e se esse for o caso, se houve correntes destruidoras pelos arredores ou perto ao mesmo tempo. — Que site da Web? — perguntou Ilya. — Encontrei-o por acaso faz alguns anos,quando investigava. O site é correntesocultas.com. Uma jornalista reuniu todo tipo de informação de vários lugares online e jornais, assim como fontes de revista. Escreve seus próprios artigos também. O site cobre toda classe de coisas do tempo a terremotos, visão remota, experimentos, outras anomalias… qualquer acontecimento estranho que aconteça em qualquer parte do mundo, pode encontrá-lo ali. Denominou-o Correntes Ocultas porque pensa que todas estas coisas percorrem a superfície da terra e nós simplesmente não conectamos os pontos. Ela trata de conectá-los. — Não é um agente do governo? — perguntou Ilya. Elle sacudiu a cabeça. — Só uma jornalista inquisitiva, muito aguda, que começou a notar os padrões de condições meteorológicas excepcionais. A princípio procurava sinais de aquecimento climático, mas começou a especular a respeito de acontecimentos psíquicos e de que algo mais estivesse passando. Cheguei a estar intrigada e comecei a estudar vários acontecimentos eu mesma. Acreditava, como todos nós, que éramos as únicas no mundo como nós, mas Ilya e Jackson são provas de que não o somos. Agora Stavros. Há mais linhas além das Drake que têm capacidades psíquicas. Jackson, sem pensar, saiu da mente de Elle. Não queria que ela sentisse sua reação, mas cada uma das vezes que usava o nome mais familiar do Gratsos, seu intestino se apertava e atava e queria ferir alguém. Envergonhado de não poder controlar uma reação tão visceral, ocultou-a. Os braços permaneceram solidamente em seu lugar, sustentando-a contra ele, ainda suaves, quando profundamente, onde ninguém podia vê-lo, se irritava com a necessidade de ação por sua parte. — Tem sentido que houvesse — concordou Sarah. Olhou a Ilya. 121
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— Você esteve por todo mundo, encontrou outros? — Não, mas não acredito que as verdadeiras habilidades psíquicas sejam tão comuns — refletiu Ilya. — As pessoas têm brilhos, momentos de intuição, algum ato e possivelmente sejam um pouco mais sensíveis, mas isso não é igual a talentos psíquicos verdadeiros. As capacidades que tem as Drake são enormes. — Olhou ao Jackson. — Quem era psíquico, sua mãe ou seu pai? As mãos de Jackson se apertaram contra Elle involuntariamente. Ela não tentou deslizar-se em sua mente, não agora, quando ele estava tão incômodo com a conversa e claramente não queria falar de sua família, mas se encontrava inquieta sem seu toque. Tinha chegado a depender da contínua tranqüilidade de sua mente. Sem ele, sentia-se completamente só nesta habitação cheia de sua família. Elle lhe apertou a mão com força até que Jackson entrelaçou os dedos com os seus. Quis rodeá-lo com calor do mesmo modo em que fazia ele, mas se obrigou a permanecer fora de sua mente e longe de suas lembranças de infância. Jackson deu de ombros e esfregou o queixo outra vez contra o cocuruto da cabeça de Elle. Elle o reconheceu como um sinal de nervosismo assim como uma singela necessidade de tocá-la. Viu o olhar de Kate sobre Jackson e logo afastar-se, como se compartilhassem algum segredo do qual ela não estava inteirada. — Se Gratsos está pescando para encontrar o paradeiro de psíquicas, então teria mandado sua energia a cada lugar onde encontrasse energia psíquica, teria desenvolvido a névoa — disse Elle no silêncio, desviando a atenção do Jackson. — Estou segura de que apareceria no site. Verificarei esta tarde e verei se houve algum relatório de algum caso mais. Jackson, mostrando sua apreciação, inclinou-se para depositar beijos suaves como plumas sobre o lado de sua boca até o canto da boca. Elle sentiu o familiar formigamento no fundo do estômago. Ele podia lhe fazer isto apesar de tudo o que tinha acontecido, a fazia sentir formosa, desejada e inclusive sensual quando ela não estava para nada segura de que fora nenhuma dessas coisas já. Bomber levantou a cabeça, jogando um olhar ao redor da habitação e centrando-se de repente nela. Ficou de pé e latiu, uma nota aguda e ameaçadora, com as orelhas levantadas, os olhos penetrantes. Ladrou uma segunda vez. Elle sentiu a carícia de dedos em sua garganta, débeis, quase tão ligeiros como os lábios de Jackson enquanto pressionava beijos por seu rosto até a orelha. Sem ameaçar. Apenas aí. Tossiu, a garganta se contraiu... A língua de Jackson lhe tocou a orelha, alagando seu corpo de calor. Ela não tinha notado que era tão suscetível, seu corpo de repente estava vivo, cada terminação nervosa gritava, desejando-o, e se deleitou podendo ter tais sentimentos. Jackson estava tão envolto ao redor de sua alma, era tão parte de seu coração e pela primeira vez desde que escapou, pensou que possivelmente tivesse uma oportunidade em uma relação seminormal. Bomber ladrou outra vez. Os dedos que lhe acariciavam a garganta se apertaram mais profundamente. — Jackson — a mão de Elle foi à garganta para afastar essas mãos, de repente sentindo-se um pouco muito vulnerável. Jackson se ergueu, olhando ao Bomber, quase lhe dando a ordem de partir, mas este estava rodeando a Ella, os olhos enfocados totalmente em Elle. Ela tossiu outra vez e estiou o pescoço, 122
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pronunciando seu nome outra vez, mas esta vez saiu em um cochicho rouco, como se não pudesse falar. Ofegou. Resfolegou. Separou-se dele e escorregou da cadeira ao chão, de joelhos, tossindo mais. Sem adverti-lo, seu corpo foi recolhido como se ela não pesasse mais que uma pluma e foi lançada para trás. Aterrissou no chão de madeira virtualmente aos pés de Ilya e Joley. Joley chiou e se deslizou até o chão para agachar-se em atitude protetora sobre sua irmã mas Ilya a agarrou e a empurrou detrás dele, utilizando seu próprio corpo como um escudo. Bomber latia ferozmente, saltando como uma flecha para um inimigo invisível. Sarah, Kate e Abigail se esticaram para o corpo de Elle, que se retorcia. Lutava contra um agressor invisível, esbofeteando mãos inexistentes nos seios, nas coxas, chiando agora, chutando como se estivesse tentando desalojar a um atacante oculto. Rodou pelo quarto, golpeou ao cão, que estalou os dentes no ar, perto de sua garganta. A casa explodiu em um caos total. As cinco irmãs Drake saltaram para ajudar Elle. Ilya chegou lá antes que as mulheres, ajoelhando-se junto a Elle, mas sem tocá-la. Quando Joley tentou outra vez passar por diante dele para sua irmã, empurrou-a firmemente para trás dele. Joley lutava por rodear Ilya, o cão ladrava continuamente e Elle brigava contra algo que estava perto dela, chiando e chorando, agitando os punhos e tamborilando no chão com os calcanhares nus. Um punho golpeou o braço de Sarah, passou de comprimento e quase deu a Kate no rosto. O corpo de Elle se levantou uma segunda vez, estava vez pelo cocuruto, como se a mão invisível a agarrasse pelo comprido cabelo e puxasse para cima. Tropeçou, tossiu, chutou, as lágrimas se vertiam por seu rosto. Jackson podia ver as marcas na pele agora, de dedos que se afundavam em sua carne. Bomber seguia ladrando, querendo atacar, agindo como se pudesse sentir à entidade. Elle caiu outra vez e tentou arrastar-se através do quarto, longe de sua família, longe do cão, para a porta. O chão da casa ondulou, uma larga onda que se acrescentou ao caos. O chá se derramou. Elle rodava sobre suas costas, chutando e lutando, a pura concentração mesclada com o terror em seu pálido rosto. — Se una conosco, Elle — demandou Sarah. — Está nos excluindo. Podemos lutar contra ele com você. — Aproximou-se de sua irmã outra vez, desta vez mais cuidadosamente, Kate, Libby e Abigail detrás dela enquanto Ilya mantinha Joley do outro lado do quarto. As quatro irmãs se tocaram as mãos, e Sarah colocou a palma na fronte de Elle. Esta rodou para afastar-se, golpeando uma mesa. Um abajur se chocou contra o chão. Kate rompeu a chorar e começou a soluçar. Joley enterrou o rosto contra o peito de Ilya. — Elle, por favor — implorou Sarah. — Vamos, carinho, nos deixe entrar. Podemos te ajudar. Elle sacudiu a cabeça, seu corpo tremia enquanto era meio levantada e golpeada contra o chão, o fôlego lhe escapando dos pulmões. O ataque era brutal e vicioso, um castigo, um ato de propriedade, claro para todos os ocupantes da habitação. Jackson se levantou então. Tudo tinha acontecido em poucos momentos, e durante esse tempo ele tinha estudado a seu inimigo. Estava seguro de saber o que fazer. Flexionou os dedos, o coração pulsando com força no peito, muito forte, o som era como um trovão em seus ouvidos. O estomago lhe doía, os nós estavam muito apertados. Podia ver os machucados formando-se na 123
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delicada pele de Elle, ao redor de sua garganta, os dedos que pressionavam com força nos montículos de seus seios sob o fino material da camisa. Haveria marcas ali também, sabia. Empurrou-se através do círculo de mulheres e indicou ao cão que deixasse de latir. Elle o encarou, sacudindo a cabeça, empurrando-se para trás com os calcanhares em um esforço para afastar-se dele. — Está assustando-a mais, Jackson – disse Sarah. — Não pode ver que está aterrorizada? Ele ignorou a mão com qual Sarah lhe refreava e montou escarranchado sobre o pequeno corpo de Elle, agarrando os punhos que se debatiam e prendendo-os em cima da cabeça, assentando seu peso sobre ela para sujeitá-la ao chão. Ela corcoveou desenfreadamente, tentando tira-lo de cima. — Jackson! – Inclusive Libby, a tranqüila sem um só osso malvado em seu corpo, tentou afastar ele de Elle. Jackson podia sentir, como de longe, as mãos que o puxavam, os punhos que o golpeavam nas costas, mas todo seu ser estava centrado em Elle. — Elle. — Jackson pronunciou seu nome tranqüilamente, sua voz suave, muito baixo. Permaneceu escarranchado sobre ela, prendendo seus pulsos ao chão e ignorando às irmãs que continuava tentando empurrá-lo e afastá-lo dela. — Elle, abre os olhos e me olhe. — Esperou um batimento do coração. Dois. Sabia que o tinha ouvido. Golpeava sob ele, lutando, chorando, rogando, destroçando seu coração, mas ele se negava a entregar-se a seus próprios temores. Ele era o único refúgio de Elle. Centrou-se nisso, não no que lhe estava acontecendo. — Elle. Me olhe. — Esta vez pôs mais demanda em sua voz, embora mantivesse o tom baixo e suave. As pestanas de Elle revoaram. Longas. Molhadas. Dilaceradoras. Seu olhar esmeralda se encontrou com o dele. Reconheceu-o com uma sacudida de terror. — Se entregue a mim. Ela sacudiu a cabeça violentamente. Ele se inclinou mais perto. Sarah tentou levantá-lo fazendo alavanca e agarrando-o pelo cabelo. Ilya a segurou pela cintura e a puxou fisicamente justo quando Bomber retumbava uma advertência. — Se entregue a mim, Elle. — Disse outra vez. Calma. Implacável. Uma demanda inflexível. Ignorando todo o resto ao redor deles. Somente estavam os dois. Elle e Jackson. Ninguém mais. Nada mais. Os olhos de Elle imploraram. Sabia do que tinha medo. Acreditava que se ele se unisse a sua mente, Gratsos poderia feri-lo. Temia o mesmo com suas irmãs. Elle, sua Elle, valente como sempre, protegia a todos os que amava. Jackson sacudiu lentamente a cabeça, sustentando seu olhar. — Se entregue completamente a mim, Elle. Não pode me fazer mal. Sou mais forte que ele. Juntos somos muito mais fortes. Me dê seu coração e mente e me dê o seu corpo. Agora o quarto ao redor dele estava tão silencioso que podia ouvir a respiração, era capaz de distinguir a cada irmã, ao cão, a Ilya, especialmente o ritmo aterrorizado de Elle. Forçou seu próprio ar a ser lento e constante, seu coração e o dela, seus pulmões e os dela. Um e o mesmo. 124
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— Vem comigo, neném. Se entregue a mim. Agachou-se para seu rosto com paciência infinita, com lentidão infinita. O tempo pareceu deter-se. Sua visão se abriu. Sua audição se desbotou para centrar-se só em Elle. Para ele, não havia ninguém mais na sala. Eram apenas eles. Elle e Jackson. — Seu corpo, Elle, confie em mim. Se entregue a mim, neném. Ela inspirou, deixou o ar sair, e fez visivelmente o esforço de relaxar-se sob ele. Acabou com sua frenética luta, concentrou seu olhar no dele. Jackson podia ver temor nela, mas havia confiança. Os músculos de Elle relaxaram. O que fosse que Stavros lhe estava fazendo, simplesmente o aceitou. Permitiu que o coração pulsasse mais devagar, para emparear ao ritmo constante do Jackson. Forçou aos pulmões a seguir a pauta dos dele. Seu olhar nunca abandonou o dele e seu corpo se entregou a ele… fundindo-se na forte figura masculina, suave e maleável enquanto ele se estirava sobre ela, assentando o peso, cobrindo-a com os músculos mais pesados. — Esta é minha garota. Agora sua mente. Uma mente, neném, isso é o que somos, o que precisamos ser. Abre sua mente e me deixe entrar. O quarto ao redor dele estava absolutamente quieto, imóvel, como se todos contivessem a respiração e esperassem. Jackson não afastou o olhar de Elle. Estavam só eles. Eles e ninguém mais no mundo. Esperou a que Elle se libertasse de seu temor e se voltasse para ele. Era um passo imenso para ela. Lutando, pelo menos sentia como se tivesse uma biografia de controle. Engoliu com força, piscado várias vezes e então suas barreiras caíram, como se as tivesse baixado rapidamente para não perder o valor. Ele fluiu em sua mente, enchendo cada espaço, envolvendo-se nela apertadamente, reclamando-a, vertendo força e resolução e construindo sua resistência contra Gratsos. Jackson agarrou-lhe a cabeça entre as palmas, emoldurando seu rosto em forma de coração com as mãos grandes e baixou a cabeça para a dela. O fôlego de Elle ficou entupido na garganta. Separou os lábios. Observou-o vir para ela. Jackson. Sua outra metade. Sua força. Seu único amor. Ele enchia sua mente, enchia seu coração e sua alma. Alagava seu corpo de desejo e calor. Não havia lugar para nada ou ninguém mais em sua mente ou em seu coração. Em seu corpo ou em sua alma. Somente existia Jackson. Veio para ela com gentileza deliciosa, com ternura encantadora. Os lábios a tocaram, firmes e frios, suaves como veludo, esquentando-se rapidamente. A língua lhe acariciou o canto dos lábios, excitou-a e a seduziu, expulsou cada brutal ato depravado que Stavros tinha cometido e o substituiu por uma coisa inteiramente diferente. Elle ardia por dentro. Em sua mente. Em seu coração, profundamente em seu corpo onde desejava apenas Jackson. Abriu a boca e o atraiu a seu interior. Jackson, pela primeira vez, sentiu ao outro homem. Asqueroso. Malvado. Uma lama grossa de ser humano podre de dentro para fora. A bonita concha cobria uma pobre desculpa de humanidade, com um sentido de ter direito a tudo com o que Jackson nunca encontrou antes. Tenta-o comigo, filho de puta. Lançou o desafio, sabendo que Gratsos já se retirava, fugia da mente de Elle, deixando-a tremendo, quase se convulsionando no chão, soluçando de alívio e agarrando-se a Jackson. Deslizou os braços ao redor do pescoço dele e apertou o rosto contra sua garganta, chorando 125
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incontrolavelmente, desenfreadamente, algo que nenhuma de suas irmãs jamais a tinha visto fazer antes. — Tudo está bem, carinho – disse ele suavemente. — Já se foi. Fugiu como o covarde que é. — deslizou-se do corpo dela ao chão a seu lado, embora continuasse grudada a ele. Passou o braço sob os joelhos dela e a levantou, levando-a à poltrona reclinável no lado mais longínquo do quarto. — Você é mais forte que ele, Elle, somente está machucada neste momento. Estou dizendo isso, uma vez que esteja a plena potência, não poderá entrar dentro de você. Apertou-o mais forte, afundando os dedos nos músculos, tentando fazer um buraco sob a pele e perder-se ali. Jackson odiava que tivessem audiência, embora fosse a família. Ela parecia muito vulnerável, muito frágil, e Elle odiaria isso. Observou-os, com os olhos ardendo, violentos, mas não pôde evitá-lo. Sabia que parecia intimidante, mas esta era Elle… sua Elle… e só desejava protegê-la. Sarah baixou a cabeça. — Sinto muito, Jackson. Deveria ter sabido que estava ajudando-a. Ela te queria, confiou em você, não em nós. Sua voz era tão triste, que partiu o coração de Jackson. Elle permanecia em posição fetal, curvada contra ele, ainda chorando, mas silenciosamente agora, tentando reconciliar-se com o fato de que Gratsos tinha conseguido atacá-la através de um oceano. — Está equivocada, Sarah — disse Jackson. — Elle confia em vocês com sua vida, com sua alma. Estava protegendo vocês dele. Esteve lhes protegendo todo o tempo. — Ele não pode nos ferir. — Sarah mordeu o lábio, detendo o resto da frase. Jackson a estava olhando com fúria, sabendo que estivera a ponto de escapar que eram muito fortes para Gratsos, mas Elle tinha sido a mais forte entre elas e tinha sido capturada e torturada repetidas vezes. Foi Elle quem respondeu, levantando a cabeça, o queixo elevado, os olhos um pouco desafiantes. — Pode, Sarah. Pode fazer mal a todos vocês. Não pode imaginar o tipo de dinheiro ou poder que ele tem. Nunca ninguém lhe diz não. Se deseja algo, consegue. A polícia é dele, os políticos são deles, e agora sabemos que tem capacidades psíquicas. Não tem medo fazer mal a ninguém e vai continuar vindo atrás de mim. Já é bastante mau que esteja pondo em perigo ao Jackson, não vou me arriscar com nenhuma de vocês. — Entrou em nossa casa — disse Jackson. — Se estivéssemos em sua casa, estaria protegida? Elle deu de ombros. — Não posso ir para lá até que meu cérebro se cure. Sarah franziu o sobrecenho. — Por que, Elle? Não compreendo. A casa pode te proteger muito melhor que este lugar. Sabe disso. E por que não permite que Libby… — Libby não — interrompeu Jackson. —Libby pode curar feridas do cérebro e pode curar o corpo, mas Kate cura a queimadura psíquica, certo, Kate?
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— Não responda a isso, Kate — defendeu Elle violentamente. — É um ponto discutível de qualquer forma já que ninguém vai se aproximar da minha mente. É muito perigoso e acabam de presenciar o porque.
Capítulo 11
Kate baixou a vista para as mãos quando todos os olhos se voltaram para ela. Para Jackson, Kate Drake tinha uma inconfundível qualidade régia. Era a mais tranqüila das irmãs Drake, um pouco tímida e raramente atraía a atenção para si. Adorava os livros e o que mais, ficar em casa durante um dia borrascoso com sua família. Isso e ao Matt Granite, o duro e tosco ex-ranger que dava a casualidade que era seu prometido. — Jackson e você são fortes o bastante para me proteger do que teme, Elle — disse ela, sua voz era tranqüilizadora e confiante. Caminhou até a janela e olhou o mar. Ao longe pôde ver os fios de pesada névoa escura retrocedendo. — Não farei nada que não queira que eu faça, carinho, mas está muito claro para mim que quando Jackson abandona sua mente, esse homem, esse inimigo, encontra um caminho para entrar. Elle franziu o cenho e massageou a garganta contundida. — Mas como? Não entendo como pode me controlar dessa maneira. — Como a estava possuindo de algum modo, avançando lentamente dentro de sua mente e violando-a de novo. Podia sentir o toque de suas mãos, a forma em que escolhia machucá-la, o modo em que se gabava de lhe proporcionar prazer. Não queria que Jackson ouvisse isso, que soubesse ou sentisse, não obstante, ele sabia. Olhou Jackson com desespero nos olhos, sentindo-o com um temor terrível em seu coração. — Sinto muito — murmurou. — De verdade, acha que te culparia alguma vez pelas coisas que ele te fez? — disse Jackson de repente em voz alta, tremendo de raiva antes de poder contê-la. Fez um visível esforço para se dominar, soltando o ar e sepultando o rosto no pescoço dela durante um bom momento. — Stavros Gratsos não tem nada que ver com o que há entre você e eu, e nunca terá. Não sabe o que é o amor, ou o prazer ou dar e compartilhar o corpo de um parceiro. Ele quer te possuir e te controlar, te obrigar a ser tudo o que ele dita por você. Pode ter forçado seu corpo a que reagisse a ele, Elle, mas nunca te teve. Ele nunca terá a autêntica Elle. É meu coração e minha alma, neném, e tudo o que aconteceu e não teve nada a ver com você. — Posso fazer tentar — disse Kate. — u gostaria de ajudar. Elle respirou fundo e sacudiu a cabeça com pesar. Não era forte o bastante para proteger Kate do trauma emocional do que tinha passado, e não podia deixar a sua doce irmã experimentar a um homem tão depravado como Stavros. Jackson a tinha salvado. Salvou a si mesma dando esse salto de fé. Confiou o suficiente em mim para te entregar totalmente. E Jackson havia se sentido humilhado pela fé de Elle nele. Depois de tudo o que tinha passado, tinha acreditado nele o bastante para abandonar tudo e ficar em suas mãos. Beijou seu 127
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cocuruto, tentando não esmagá-la entre seus braços. Tinha a necessidade de agarrar-se a ela com tudo o que era, com cada pingo de sua força, e albergá-la e protegê-la, assegurar-se de que nada pudesse jamais tocá-la de novo. Elle se remexeu, apertando-se mais contra ele, mas não respondeu. Sua mente se moveu contra a dele, calidez, uma sensação que o consumia e que lhe era desconhecida. Amor. Sentia como se o amor alagasse sua mente. — Todos precisamos descansar — disse Ilya. — Deveríamos voltar para a casa Drake e deixar que Jackson e Elle disponham de um pouco de tempo para recuperar-se antes de tomar qualquer decisão. Kate, antes que faça qualquer, tem que discutir isso com Matt. O queixo desta se elevou. — Posso ajudar a minha irmã sem consultar a meu noivo, Ilya. Ele elevou a sobrancelha. — De verdade? Não quando corre o risco de consumir seus próprios dons. Joley o olhou, franzindo o cenho. — Já é bastante mal que queira me dar ordens a todas as horas, mas te juro, Ilya, que está se convertendo em outro Jonas. Não diga a minha irmã o que deve fazer. Ilya lhe agarrou o queixo com a mão e se inclinou para lhe roçar um beijo na boca. — Acredite, carinho, manter a todas a raia tem ocupado tanto ao Jonas como a mim. É um trabalho de jornada completa para nós. Elle tentou sorrir quando começou a briga. Ilya tinha afastado com êxito a atenção dela, mas agora poderia dar volta ao que tinha acontecido enquanto examinava a sala e via o abajur quebrado e o mobiliário derrubado. Sentia cada contusão e tinha a garganta dolorida. Estaria permitindo ao Stavros ter acesso a ela simplesmente estando pensando nele? Estaria permitindo que entrasse em seus pensamentos e sua mente? Se fosse assim, como seria possível detê-lo? Tinha-lhe feito coisas terríveis, coisas que não podia evitar recordar com vivos detalhes. Ou o que era pior, estava claramente louca e nada de tudo isto era real? Estava pedindo ao Jackson que acreditasse nela, mas poderia estar sua mente tão histérica que estivesse de algum jeito fazendo isto a si mesmo? Não! Eu também o senti. E Bomber sabia que ele estava aqui. Acredito que tem acesso sempre que minha mente abandona a sua. Está muito destroçada neste momento, sua barreira natural está fragmentada e ele espera até que esteja indefesa e então se verte como o lodo que ele é. Outro homem tinha atacado a sua mulher diante dele. Se Gratsos pudesse, a teria violado para demonstrar que ela não tinha nenhum controle, que não era nada e que poderia consegui-la quando lhe desse vontade. A raiva era uma entidade vivinha e abanando o rabo profundamente em seu interior e Jackson a respirava sem cessar, forçando sua mente a sair daquele lugar escuro onde tinha vivido durante tanto tempo. O que Gratsos não compreendia era que Elle era muito mais poderosa que o magnata naval pudesse conceber em toda sua vida. E combinada com Jackson, quando tivesse recuperado totalmente sua força, estava seguro de que Gratsos não teria nenhuma possibilidade. Enquanto isso, teria que mantê-la a salvo.
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Era surpreendente como podia Elle ficar tão pequena como uma bola. Ocupava muito pouco em seu regaço e a sentia pequena e leve em seus braços. Desejava estar a sós com ela. — Talvez devêssemos deixar Elle descansar — concordou com Ilya. Jackson estava ocupado examinando o dano causado a Elle sem que fosse óbvio. Gratsos estava furioso com ela. Quisera machucá-la e assim tinha sido. Ela estava estremecendo e tentando ocultar da sua família. Libby cruzou a sala para plantar-se diante deles. — Sei que não quer que eu sinta nada do que te ocorreu e o respeito, Elle. Mas sou médica igual a sua irmã, e posso te curar. — Já o fez. Posso dizer que minhas feridas já estão melhor — disse Elle em voz baixa, sem elevar a vista. Amassou-se ainda mais em Jackson. Libby suspirou. — Não o bastante, céu. Há coisas que tenho que examinar, e você sabe. Não podemos esperar. Não acredito que precise te tocar, a menos que encontre algo. — Ela esperou. Elle permaneceu silenciosa e Libby se aproximou um pouco mais, com calma, a sua irmã e manteve as palmas das mãos para fora começando no alto da garganta, como se fosse uma máquina de raios X. Muito devagar passou as mãos por debaixo do corpo de Elle, sobrevoando durante um longo momento perto de sua virilha. Elle podia sentir a calidez que se vertia nela. Fechou os dedos ao redor de Jackson e agüentou. Era humilhante para ela não ter podido deter Stavros, tinha conseguido seqüestrá-la e submetê-la a um mês de tortura e violação. Não podia nem imaginar às mulheres que tinham sido tomadas e usadas como escravas sexuais durante meses e anos seguidos. Quão desesperadas tinham que se sentir, pequenas e insignificantes. Envergonhadas. Esqueça isso, neném. Elas não têm nenhum motivo para sentir vergonha e você tampouco. As pessoas que faz este tipo de coisas a outros é quem deveria sentir vergonha. Jackson deixou beijos leves em seu cocuruto. Libby deixou cair a mão, cambaleante, e Sarah envolveu um braço ao redor da cintura de sua irmã. — Não há nenhuma enfermidade, nem gravidez, e curei os cortes e contusões como melhor pude sem te tocar, Elle — sussurrou Libby com voz afogada. Afastou-se, recostando-se pesadamente contra Sarah. As irmãs de Elle se reuniram ao redor de Libby enquanto ficavam em marcha para a porta. — Voltaremos para realizar outra sessão de cura e desta vez, seremos muito mais minuciosas — prometeu Sarah. — Ilya nos levará para casa. Sabe que é bem-vinda se quer vir. — Ainda não posso. Dê-me outro par de dias — suplicou Elle. — Estarei mais forte, e logo talvez Kate possa ajudar um pouco e poderei lidar com a casa. Jackson estudou a sua própria casa, a sutil diferencia nas paredes. Não queria acreditar, mas começava a pensar que talvez a casa Drake estivesse trocando de localização. — Não se preocupe, Sarah — prometeu Jackson. — Cuidarei bem dela. Sarah assentiu com a cabeça, sustentando seu olhar. — Acredito que o fará, Jackson. Obrigado pelo que fez.
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Jackson observou às irmãs Drake seguir a Ilya para fora. Imediatamente a tensão abandonou Elle. Quase ficou lassa entre seus braços. — Tive tanto medo por você. Aterrorizada. — Pressionou o rosto fortemente contra seu peito. — Arriscou-se tanto. E se ele tivesse entrado em sua cabeça? E se pudesse te causar dor, ou inclusive te matar, Jackson? É tão imprudente. Acariciou-lhe o cabelo úmido, só parcialmente desenredado. — Sabia que não poderia. A mim, você deu as boas-vindas. Convidou-me. Ele é um intruso e não tem capacidade aí. Já não tem fé em suas próprias habilidades, Elle, porque crê que falhou, mas ainda é forte. Um pequeno estremecimento a atravessou. — Não fui forte o bastante para o impedir de entrar. — Me deixe te olhar. Quanto dano te fez? — Elevou-a, separando-a dele, e a obrigou a ficar de pé no chão. Pôde ver as marcas de rastros de dedos em sua garganta. Puxou a parte superior da camisa, baixando-a mais. As contusões escuras criavam um padrão através do pendente de seus seios e se viam sinais de dentes. Ela ainda estava obstinada à mente do Jackson, à espera de sua retirada, esperando sua reação, assim não lhe proporcionou nenhuma, esmagou o cru fio de violência que tinha herdado de seu pai. Era paciente, e encontraria e mataria ao Gratsos; mas agora, Elle necessitava de consolo e Jackson estava decidido a lhe proporcionar tudo o que necessitasse. — Não é tão mau. O bastardo. E fixa bem que esta vez não o chamei de fodido bastardo. Estou aprendendo. Ela sorriu como ele sabia o que faria. — Não acredito que tenha compreendido de todo o conceito do que quero dizer. — Acariciou a cabeça do Bomber e lhe esfregou as orelhas. — É um cão tão bom. Obrigado por tentar me salvar. — Talvez pudéssemos usar isso — disse Jackson de repente. — Vou fazer um chá ao modo tradicional e terminar com seu cabelo enquanto penso nisso. — No que? — Observou-lhe recolher as xícaras de chá e levá-las a cozinha, seguindo-o a curta distância. — No que esta pensando? — No Bomber e seus instintos. Obviamente reconheceu a energia psíquica do Gratsos muito antes que o fizéssemos nós. Cada vez que teve problemas, pôs-se antes em alerta. Não percebi imediatamente, mas é o que faz. — Jogou-lhe uma olhada por cima do ombro. — Tem fome? Ela sorriu outra vez, e desta vez seus olhos se acenderam. Estivera tão alterada não querendo que suas irmãs tivessem que curá-la, mas se sentia agradecida com Libby. Havia se sentido tão suja, e Libby a tinha feito sentir-se inteira outra vez, não tão suja e usada. — Jackson Deveau, vai pôr isso em plano doméstico. Na realidade, não é tão mau depois de tudo. Ele sorriu abertamente, um pouco envergonhado. — Sou absolutamente mau. Não vá arruinar minha reputação por aí. — Minhas irmãs a manterão viva. Esquentam-se quando chia para mim. 130
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Soava presunçosa… e brincalhona. Gostou disto. Proporcionava-lhe uma sensação cálida no oco do estômago. Sempre tinha se perguntado o que faria uma pessoa solitária como ele com uma mulher permanentemente a seu redor; agora sabia que a queria com ele. — Estou lendo seu pensamento — recordou ela, entrando descalça na cozinha ladrilhada. — Fale-me de seu grande plano. Ele suspirou e a levantou, depositando-a sobre o balcão junto a ele enquanto guardava em seu lugar a comida que Inez havia trazido. Sustentou no alto várias bolsas da sua fruta seca favorita… tangerina. — Essa mulher é tão doce às vezes. — Nunca pensei que te ouviria dizer isso de Inez. Não fala com ela. — Falo com ela. — Ele clareou a garganta e afastou o olhar, um rubor apenas perceptível subiu por seu pescoço. — Me traz provisões às vezes. — Sem que o peça? Ele deu de ombros e tirou os ingredientes para fazer sanduíches. — Jackson. — Elle esperou até que a olhou. — Por que te traz provisões? — Não sei. Digo-lhe que não é necessário, mas acredita que me deve isso ou algo assim. Pôde ver por seu rubor e tom relutante que realmente estava envergonhado. Elle se moveu em sua mente. Elevou a sobrancelha. — Emprestou-lhe dinheiro? — Maldita seja, Elle. Não o diga em voz alta. Ninguém sabe e não o emprestei exatamente a ela. É uma mulher muito orgulhosa e constantemente está ajudando às pessoas. Muito. Insistiu em manter aberta a galeria de arte do Frank Warner. Ele vai sair da prisão qualquer dia destes. — Como pode ser? Não passou nem sequer um ano completo. — Elle ficou pasmada. Frank Warner tinha permitido que a máfia russa usasse sua galeria de arte para fazer de contrabando artigos ilegais e lavar dinheiro. Tinha-o compadecido um pouco já que ele não sabia a que estava facilitando a entrada, mas por seu afã de dinheiro, tinha permitido que uma bomba entrasse no país através da quebrada de contrabando. — Só foi condenado a três anos e conseguiu redução de condenação por bom comportamento. Inez contribuiu muito decisivamente a que recebesse a sentença mais curta possível. Frank estava muito envolto em projetos de caridade e ajudava nas coletas de comida locais assim como com os programas para os meninos da escola, os sapatos, as viagens de estudos, e participava ativamente em todos os leilões, doando algumas grandes peças. Ela trabalhou infatigavelmente para lhe ajudar. São amigos desde o primário. — Como sabe tudo isto? Deu-lhe um sanduíche e verteu água fervendo no pequeno bule. Antes que Elle entrasse em sua vida, ele nem sequer sabia o que era chá. Agora era um artigo de primeira necessidade. O que é pior, de fato conhecia as diferenças entre os diferentes tipos de chá. — Eu estava dando uma volta por sua loja na última hora uma noite e a encontrei fora, na parte de trás, chorando. — Não pode evitar a vergonha que penetrou em seu tom e em sua mente. A olhou de esguelha como se meio esperasse que ela dissesse algo.
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Elle permaneceu em silencio com uma sensação estranha derretendo-se nos arredores de seu coração. Este era um lado de Jackson que ela nunca tinha visto. Era tão solitário, e atuava como se não queria falar ou ver-se envolto com ninguém ou com a comunidade se podia evitá-lo, apesar disso estava inteirando de pequenas anedotas interessantes sobre ele que lhe diziam mais do que obviamente ele queria que soubesse. — Em resumo, tinha investido grande parte de seu próprio dinheiro na galeria de arte, comprando parte para Warner e convertendo-se em sua sócia, mas a galeria realmente sofreu os primeiros meses depois de sua detenção e ela estava um pouco atrasada com os pagamentos de sua própria hipoteca. A loja ia bem, mas Inez trabalhava a maior parte das horas. Não podia engenhar-lhe para pagar a alguém que trabalhasse na galeria para mantê-la em marcha, igual no supermercado e ainda ter suficiente para sua casa. O apartamento do Frank está sobre a galeria, de maneira que enquanto fizesse os pagamentos dessa propriedade, a casa dele estava segura. — E lhe emprestou o dinheiro? — animou Elle. Ele se moveu, inquieto. — Não ia deixar que o emprestasse. — Olhou a seu redor como se alguém pudesse ouvi-lo. — Insistiu em que eu investisse no supermercado. Eu não queria, mas ela não ia aceitar o dinheiro de nenhum outro modo e eu não sabia como salvar sua casa. — É dono de uma parte da loja de comida? Ele deu de ombros. — Coma o sanduíche. — Quão é essa parte? — insistiu Elle. — Bom, talvez a metade. Não sei. Só assinei o que Inez preparou. Não tinha importância para mim e para ela sim, assim simplesmente o fiz. — Admitiu-o como se fora um pecado, precipitadamente. Um sorriso lento acendeu os olhos de Elle. — Jackson Deveau, tem uma nervura suave em você, não é? — Demônios, não! Inez é diferente. Não tem nenhuma família e necessita a alguém que se ocupe dela, isso é tudo. — Como Donny Ruttermyer — assinalou Elle com uma sobrancelha elevada. — Coma o sanduíche e deixa de me chatear. — Deu-lhe um copo de leite. Elle riu dele por cima do copo. — Realmente odeia ser um bom tipo. Ele a olhou com o cenho franzido. — Simplesmente não quero que tenha uma impressão equivocada de mim, isso é tudo. Eu gosto de minha intimidade e acredito que a maior parte de pessoas são francamente ridículas. — Sério? O pequeno fio zombador da voz de lhe provocou um tombo ao estomago. Apesar de que não queria, seu corpo se agitou, uma dor, uma necessidade implacável que não ia desaparecer logo. — Sério — confirmou.
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Necessitava uma pequena pausa de estar tão perto dela. Elle pregada em sua mente resultava íntima, e escutar sua voz, suave e melodiosa, acariciava terminações nervosas que ele não necessitava que lhe acariciassem. E logo estava o toque de seu corpo, suas curvas suaves e sua pele gloriosa. Tinha que deixar de pensar nela. Já mesmo, e talvez durante muito tempo, ela ia precisar curar-se e cuidado, não a alguém tentando tocá-la. Mas isto não o impedia de ansiar deslizar a palma da mão sobre sua pele. Elle umedeceu os lábios com a ponta da língua. Jackson estava se esforçando muito em impedir de ter qualquer pensamento sexual para ela, mas as imagens se arrastaram até sua mente e fluíram sobre ela, até que uma parte de Elle estava quase alimentando sua fome mais profunda. Ela ouviu a nota convidativa em sua própria voz, sabia que estava flertando com ele, mas o desejo nela se fazia mais forte. Havia uma parte de si mesmo que sabia que algo de seu desejo era por motivos errôneos. Amava ao Jackson e queria saber que podia lhe agradar, que face ao que tinha passado, ele a considerava atraente. Em sua mente existia uma dúvida. Não deveria ter, posto que ele tinha sido tão pormenorizado e podia ler sua ânsia dela crescendo, mas de qualquer forma, preocupava-a o que ele pensaria do modo em que Stavros a havia tocado, e obrigado a outro homem a tocá-la e que poderia não querer estar com ela. — Não faça isso, Elle. — A voz de Jackson era baixa. Rouca. Sexy. — Nunca duvide de que te desejo e sempre te desejarei. — Isto é loucura. Não pode ter pensamentos privados e eu tampouco porque no momento que se separa de mim, ele ataca. — Tentou não sentir-se aborrecida por que ele soubesse, mas resultava humilhante, tal conhecimento por parte dele de tudo o que lhe tinha passado com vívidos e brutais detalhes era humilhante. Que soubesse que Stavros tinha conseguido obrigar a seu corpo a responder a ele. — Elle. Por que está pensando nele? — Não posso evitar. Odeio isso. Odeio me perguntar se alguma vez vou ter uma vida com você, se vou ser capaz disso. — Teremos uma vida juntos, Elle. — Lançou-lhe um pequeno sorriso arrogante, um que fez que lhe desse um tombo no coração e que seu estômago revoasse. — Não descarte minhas habilidades de persuasão. — Tem habilidades? — Muitas habilidades. Elle tomou fôlego. Ela também tinha habilidades agora. Não tinha pensado naquele aspecto, só que poderia ter medo de que a tocassem. Se não pensasse que estava assustada, se pudesse permitir-se estar relaxada e simplesmente harmonizar seus instintos naturais com Jackson… deixou cair o olhar à frente dos jeans dele… talvez a magia pudesse funcionar. — Isso. Entra na outra habitação — disse Jackson. Podia ver como crescia a protuberância na parte dianteira de seu jeans. Ele se girou, afastando-se dela para manter-se ocupado com a limpeza do balcão e servindo o chá para ambos.
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— Bom, é a verdade, sabe. Aprendi algumas coisas. Usadas de maneira correta poderiam ser divertidas. — E Stavros podia ir diretamente ao diabo. Tudo o que quisera para si mesmo, cada serviço que ela tinha aprendido em suas mãos poderia ser dado por amor em vez de ser obrigado. — Elle. — A voz de Jackson foi implorante. — Tem alguma idéia das imagens que está criando em sua cabeça? — Jogou uma olhada sobre o ombro e estudou seu rosto. — Vá se sentar antes que caia. Está tão pálida que parece que vai desmaiar. Levarei um pouco de chá e logo trabalharei um pouco mais em seu cabelo. — Jackson. — Ela esperou até que se girou, afastando a vista do chá para olhá-la. — Deixa de me dar ordens. Ele deu de ombros, completamente impenitente. — Alguém tem que fazê-lo, neném, e bem poderia ser eu. É uma coisinha malcriada e obstinada de mil demônios. Além disso, prometi a Sarah que cuidaria bem de você, e ela me assusta que me cago. Elle suspirou e voltou para sua cadeira favorita. Esta era o bastante ampla para alojar a um homem grande e podia enroscar-se nela, recolhendo as pernas e convertendo-se em uma pequena bola onde se sentia segura. — O que pensa sobre o movimento terra adentro? — Sentou impedir que sua voz tremesse, e sua mente delatasse o fato de que Stavros a aterrorizava. Não importava o que Jackson dissesse, ela não se sentia forte ou sequer particularmente valente. Ainda sentia suas mãos, potentes e cheias de cólera, ao redor da garganta e sobre o corpo. Nunca a deixaria em paz. E agora sabia sobre Jackson. Isto só alimentaria sua intensa raiva. Não quisera que nenhum outro homem se aproximasse dela, e a lembrança de como tinha assassinado ao guarda depois de obrigá-la a lhe atender arderia para sempre em sua mente. O rosto do guarda seguia trocando. Elle de joelhos, sua boca deslizando-se sobre o pênis do Jackson, elevar a vista e ver a pistola empurrada por sua garganta. Piscou rapidamente para tentar conter as lágrimas ardentes. — Basta. Digo a sério, Elle. Se for ficar pensando naquilo, então vamos por sobre a mesa. Aterra-se não ser capaz jamais de me dar prazer me chupando o pau. Ela se estremeceu ante sua crua terminologia, mas assim era Jackson. Sua voz era dura, seus olhos escuros brilhavam enquanto atravessava a pernadas a estadia para erguer-se sobre ela. Sentiu-se intimidada, ameaçada, quando fixou os olhos nas colunas gêmeas das potentes coxas e m pouco mais acima até o grosso contorno que evidenciava seu desejo. Tinha estado pensando em que sabor tinha e a sensação dele. Se estaria assustada ou excitada ou ambas as coisas. E o tinha excitado. Agora se dava conta de que poderia tê-lo feito a propósito. Elle sacudiu a cabeça. — Sinto muito, Jackson. Não posso evitar me preocupar com isso. — Se preocupava me beijar e nos beijamos perfeitamente, Elle. — Ele nos tirou tudo isso. — Não nos tirou nada. — Suas mãos foram para os botões de seu jeans. O olhar dela saltou de volta à frente dos jeans, hipnotizada enquanto ele se desabotoava devagar a braguilha. Seu coração começou a palpitar e se umedeceu os lábios. 134
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— O que está fazendo? — Que estamos fazendo, quer dizer. — Baixou os jeans e ficou de pé, grande e inclusive mais intimidante do que ela recordava da ducha. — Vamos, seja de uma ou outra forma se ao pôr sua boca ao redor de mim, morro ou não. Ela tragou com força e fechou os olhos brevemente, com força. — Jackson, não acredito que... — Ele se acariciou, um simples movimento despreocupado não só com seu corpo físico, mas também com sua mente. Elle sentiu a onda de prazer correr através dele, dela. O corpo feminino se agitou enquanto as terminações nervosas ficavam alerta. Deu-lhe água na boca. Desejava o sabor dele. Queria substituir cada má lembrança com o Jackson, encher-se com ele, mas isto... De novo, sacudiu a cabeça. Jackson não se moveu. Não se adiantou. Não a arrastou pelo cabelo, colocando-a de joelhos, simplesmente ficou ali de pé, rodeando com a mão a pesada ereção, tão desejável como o pecado. — E se eu não puder? Ele deu de ombros como se não importasse, mas importava… importava a ela. Jackson era todo o bom em sua vida, em sua alma, e se não pudesse lhe proporcionar prazer... Ele riu suavemente. — Mulher tola. O prazer começa na mente. Pôde tentar lhe arrancar isso e te obrigar a aceitá-lo adestrando seu corpo para uma determinada resposta, mas isso nunca será o que haverá entre nós. Você já me dá prazer. Posso sentir sua língua me acariciando ao longo da ereção, aqui mesmo. Ela seguiu a linha de seu dedo, com os olhos e logo em sua mente. Quase o saboreou. Quente. Viril. Completamente Jackson. Curvou a língua e ele deu um coice. — Vê, neném? Isto é sobre amor e sobre dar, e não sobre controle e prestar um serviço. Não tenho nenhuma dúvida de que pode me proporcionar todo tipo de prazer no momento em que o desejar. Elle não afastava os olhos da ereção e da cabeça com forma de cogumelo grande, que já reluzia com uma pequena gota nacarada. Não se sentia enojada, e sim justamente o contrário, estava fascinada. Podia sentir a respiração masculina entrando e saindo dos pulmões, o calor correndo por seu corpo e congregando-se em seu núcleo. Moveu a mão medindo e cavou seu saco pesado, quase sem dar-se conta do que fazia. Jackson soltou o fôlego em uma rajada prolongada. Os dedos de Elle acariciaram a textura aveludada. Ele não se moveu, manteve-se perfeitamente imóvel sob suas mãos exploradoras. O fogo o atravessou como um raio quando ela o acariciou suavemente com o nariz, seu fôlego quente e delicioso contra a pele sensível. Elle sentiu sua reação como se fosse a sua própria, sua ereção estava inchada e se fazia mais pesada e mais grossa, ardente e dolorida de desejo a estas alturas. Percorreu com língua a ampla cabeça, só para prová-lo. O corpo dele ao completo reagiu, estremecendo-se. Seu eixo palpitou e se sacudiu. Ela sentiu a explosão do êxtase estalando na mente do Jackson. — Me diga quem tem o verdadeiro poder, Elle — sussurrou Jackson com voz rouca. — Esta é você, me dando prazer. Assim, que se foda. Não pode nos tirar nada. — Na realidade retrocedeu um passo ante ela, tremendo um pouco, mas decidido a não ir mais longe. 135
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Elle não queria deter-se. Queria vê-lo por si mesma. Não o tinha tomado em sua boca, acariciado com a língua ou sentido deslizar a ereção por sua garganta. Tinha que saber se isto era possível sem que o ato de dar, de amor, se tornasse um pouco depravado. Suas mãos frearam o passo atrás dele, lhe cravando os dedos nas coxas. — Quero te sentir dentro de minha boca. — Neném... A voz de Jackson foi suave, mas tremia, só um pouco, dando a entender que não estava tão sereno ou controlado como queria que ela acreditasse. Isso deveria tê-la assustado, mas a encheu de euforia. Baixou os dedos por suas coxas e voltou a subir outra vez, acariciou o apertado saco e se inclinou para frente para acariciar com o nariz a base de seu pênis. A dura ereção de Jackson se sacudiu e palpitou contra seu rosto. Ele ofegou e deixou escapou um gemido. — Não tem que me demonstrar nada, Elle. Ela podia ver em seu olhar firme o que queria dizer. Isto teria sido suficiente para ele, Jackson sentia que ela poderia construir a confiança ali, mas não era suficiente para ela. Estava aí de pé, tão pecadoramente masculino, tão entregue e sensível e ela queria que sentisse aquela explosão de êxtase uma e outra vez. Queria ser a que o proporcionasse. E queria apagar a lembrança de como se sentia ser forçada a servir, em lugar de entregar-se com carinho. Rodeou com a mão o largo contorno e se deslizou até o chão, de joelhos, em uma posição submissa. Jackson se estremeceu visivelmente e a agarrou pelos ombros. — Estou dizendo, neném, que isto não é necessário. — Mas se estava voltando necessário. O corpo dele ardia por inteiro. Que homem não adorava ver sua mulher de joelhos diante dele querendo lhe dar prazer? Tinha medo de deixá-la continuar, medo de tocá-la, de provocar uma resposta negativa nela, e apesar disso no momento em que sua boca se moveu sobre ele, soube que estava perdido, capturado para sempre em seu feitiço. A única via que ficou foi compartilhar o que o fazia sentir. Alagou cada esquina da mente de Elle com um fogo sufocante. Ajoelhada, Elle elevou a vista para ele. Seu rosto era uma máscara de desejo de linhas gravadas na pele, brancas linhas ao redor da boca. Seus olhos estavam fechados, enquanto ele saboreava a sensação das mãos femininas acariciando sua ereção dura e grossa. Ela sentiu como sua luxúria se elevava, como o desejo dele se propagava, e isso deveria havê-la assustado, mas seu amor estava entretecido tão fortemente dentro de cada imagem, dentro de cada pensamento, que só quis sentir mais, lhe dar mais prazer, lhe dar… tudo. Inclinou-se para ele, deslizando uma mão para cima até a face interna da coxa, a outra massageando as bolas. Lambeu ao longo da ampla cabeça, uma rápida passada de sua língua curvada, lhe provocando um pouco, sentindo o puxão, o pulso que seguiu quando lhe lambeu como a um sorvete de palito. A mandíbula de Jackson ficou rígida, suas mãos se fecharam em dois punhos apertados, uma mescla tal de desejo e contenção incrivelmente formosa para ela e tão atrativamente excitante. Não lhe agarrou o cabelo nem empurrou seu dolorido pênis profundamente em sua garganta, aceitando a necessidade dela de manter o controle total, mas podia ver que estava deixando-o louco com sua sensual exploração, com sua língua lambendo e deslizando-se por toda parte, 136
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explorando a dura longitude. O ar abandonou de repente os pulmões de Jackson quando passou roçando a boca de acima a abaixo pelo duro eixo. Não havia nenhum espaço para nada em sua mente, salvo proporcionar prazer a Jackson. Queria prolongar o momento, saboreá-lo, deleitar-se no modo em que o corpo dele se fazia dela. Ele se entregava totalmente, mas lhe escapou um suave grunhido, e sua mandíbula se esticou mais, apertando os dentes em um esforço por permanecer controlado enquanto seu desejo e necessidade feroz como um fogo incontrolável. Mantendo seu olhar centrado na dele, Elle separou os lábios e, com infinita lentidão, introduziu-o para dentro, fazendo com que a cabeça acampanada entrasse no úmido calor aveludado de sua boca. O corpo masculino se estremeceu outra vez. Os quadris se sacudiram com força, os músculos se esticaram sob seus dedos. Ela gemeu, vibrando ao redor de seu eixo quando ele pouco a pouco se afundou mais profundamente. Escutou sua áspera respiração, rouca e necessitada. O amor explodiu através da mente de Jackson, quente e faminto e tão misturado com a luxúria que Elle não sabia onde começava um e acabava o outro. As duas emoções estavam misteriosamente entrelaçadas, inseparáveis, e ela compreendeu que o queria dessa maneira. Queria isto, seu presente para ele, um tesouro que podia lhe dar, adorar seu corpo e não permitir que a fealdade os tocasse. A fome dele alimentava a sua. Sua boca se apertou ao redor dele, a língua excitou a sondagem enquanto ela sugava com força. Jackson deixou cair as mãos sobre os ombros dela, apertando os dedos. — Neném. Tem que parar. Está escapando das nossas mãos. — Sua voz era áspera, quase irreconhecível. OH, sim. Gostava disto. Mais do que gostaria. O triunfo a atravessou. Júbilo. Dirigiu sua língua acima e abaixo pela ereção e sobre a cabeça, excitando a parte inferior antes de lhe atrair ao interior profundamente outra vez, sugando com força. Estava dando tudo a seu homem, demonstrando amor, e nenhuma parte de Stavros e sua fealdade os tocou… ou podia tocá-los. Uma espécie de euforia se apoderou dela e engoliu a ereção com sua boca apertada enquanto sua língua obrava magia. Ele ofegou. — Elle. — Esta vez sua voz foi exigente. Seus quadris trocaram de posição. — Sente o que me está fazendo. — Mal podia articular as palavras, um gemido escapou enquanto tentava evitar que seu corpo reagisse. Foi impossível pela exigência dessa boca faminta. Elle desfrutou do deslize em seu controle, da forma que o coração dele pulsava em sua boca com cada golpe. Enchia-a, os lábios se estiravam ao redor de seu contorno, seu eixo pulsava e se sacudida contra a língua enquanto lhe aproximava mais com as mãos em seus quadris. Tinha sabor de uma mescla de paixão ardente e sexy, a amor, luxúria e desejo pecaminoso. Esfregou sua língua de um lado a outro ao longo da rígida longitude, prestando especial atenção ao ponto sensível justo debaixo da cabeça acampanada onde, cada vez que ela concentrava sua atenção, ele dava um coice e em sua cabeça explodia foguetes. Manteve seus olhos cravados nos dele, querendo ver não só o prazer em sua mente, mas também em seu rosto, em seus olhos. O atordoamento, o brilho opaco, a luxúria emergindo, a 137
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respiração áspera. Sua língua golpeou e acariciou, excitando e dançando, em todo momento o olhou ao rosto e às expressões de prazer que o percorriam. Manteve uma sucção firme inclusive enquanto lambia a cabeça da ereção com a língua, e logo devagar se retirava até ficar a sorver sobre a mesma ponta, olhando-o com atenção. Ele jurou em voz baixa com tom entrecortado, esmigalhado, enquanto seus olhos resplandeciam com ardor quando ela, tão devagar, o tomou profundamente em sua boca. — Maldita seja, Elle. Tem que se deter. — Porque ele não podia. Deveria, mas não podia. Não tinha essa aula de força, não quando a boca dela parecia o céu e levava tanto tempo estando maldito e aterrorizado de perdê-la. — Filho da puta, neném, estou perdendo a prudência. O tom áspero alimentou o desejo dela, sua concentração, todo seu ser estava posto nela, em como o fazia sentir, a língua era uma chicotada aveludada e quente sobre o molho de nervos sensíveis na parte inferior de sua ereção. Quanto mais sentia ela o prazer dele, mais queria lhe dar. Estava se afogando na necessidade de entregar-se totalmente a ele. Sugou lentamente e com destreza até que ele gemeu, logo trocou fazendo-o rápida e duramente, até que seus quadris empurraram profundamente e ele grunhiu uma advertência. — Está me empurrando ao limite, carinho. Tem que saber que não vou ser capaz de parar. — Jackson já não queria parar. Estava deixando-o louco com sua boca sexy e quente e o modo em que o olhava fixamente todo o tempo, desejando-o, adorando seu pênis, amando-o com cada golpe da língua. Elle sentiu como se pudesse prender-se em chamas, queimando-se de dentro a fora. Doíamlhe os seios, sentia-os inchados e sensíveis, e entre as pernas estava molhada, empapada de ardente desejo por ele. Havia um desespero nela, um apetite por exorcizar cada demônio sexual que albergava. Tinha que sentir Jackson em seu corpo, quente e duro e tão autentico, o amor em sua mente o conduzindo mais profundo para instalar-se nela e morar ali, enchendo-a e assim ninguém mais poderia tocá-la jamais. Sentia-se vazia sem ele, necessitada e premente. Tinha pensado que nunca sentiria desejo de novo, nunca saberia o que era arder por um homem, mas seu corpo desejava Jackson, sua mente se retorcia e ardia por ele, desesperada por suas carícias, para que a reclamasse. Queria que ele substituísse a sensação de depravação com amor, a crueldade com ternura. Seus ouvidos estavam rugindo, um estrondo golpeou atravessando seu coração quando sentiu que Jackson se inchava, sua pesada ereção ia ficando ainda mais dura e grossa. Os quadris marcaram um ritmo com sua sucção e ele empurrou para frente, mais dentro. Ela relaxou a garganta para tomar mais profundamente. No instante em que ele sentiu que os músculos o envolviam fortemente ao redor, sua mente entrou em outro espaço. Elle sentiu como o estalo de prazer o sacudia, tomando o controle, uma explosão de foguetes. Então as mãos de Jackson a agarraram pelo cabelo e empurrou, conduzindo-se para frente e os pulmões dela arderam em busca de ar, a habitação girou e não podia respirar, ficou imóvel, indefesa, paralisada, sem saber onde estava ou o que estava acontecendo a seu redor. A raiva e o medo se misturaram e começou a lutar, a golpear, esperneando enquanto o corpo dele explodia, densos jorros de sêmen quente se pulverizaram em sua boca. Um de seus punhos aterrissou perto da virilha dele, e o outro o golpeou na coxa. 138
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Jackson saltou para trás, suas pernas pareciam de borracha e seu corpo estava drenado de força. Tropeçou, enredado com os jeans ao redor dos tornozelos e caiu com força. Ficou ali durante um momento de barriga para cima, tentando respirar enquanto seus pulmões ardiam em busca de ar e seu corpo ainda zumbia pelo fogo. Não estava muito seguro do que tinha dado errado, seu cérebro ainda não funcionava muito bem. Havia um rugido em seus ouvidos que lentamente começou a desaparecer enquanto tentava unir as peças do que estava acontecendo. Elle se afastou engatinhando do Jackson, arrastou-se para trás até que sentiu a parede a suas costas. Pressionou a mão com força contra a boca, seu peito subia e baixava e tinha a garganta em carne viva. Deu-se conta de que estava gritando e se obrigou a parar. Tinha-o golpeado. Tinha lhe feito mal. Tinha destruído algo formoso e prezado, e nem sequer se recordava tê-lo feito até que se encontrou golpeando-o com os punhos. Tinha que partir. Fugir. Não havia lugar algum aonde ir, nenhum lugar onde esconder-se de si mesmo, pelo que tinha feito. E nem sequer sabia o que tinha passado. Fez-se um novelo e soluçou, desejando que a terra se abrisse e a tragasse.
Capitulo 12
Jackson se sentou lentamente, muito lentamente estendeu as mãos para seu jeans e os subiu pelos quadris. Elle estava a certa distância dele, com o corpo enroscado em uma bola apertada e o cabelo enredado lhe ocultando o rosto, seu pranto rompia o coração dele. Bomber se aproximou dela, tentando consolá-la, choramingando ansiosamente enquanto a rodeava, tentando decidir que fazer. — Sinto muito. Sinto muito. — Suas palavras ficavam amortecidas, mas Elle simplesmente continuava repetindo a desculpa uma e outra vez. Jackson suspirou e passou as mãos pelo cabelo, fazendo balanço da situação. Ficou ali sentado, com os joelhos recolhidos, olhando Elle e sacudindo a cabeça. Ela tinha se retirado de sua mente, e quando a tocou tentativamente, suas barreiras eram fortes, tanto que se figurou que poderia manter afastado ao Gratsos também. Não queria que ninguém compartilhasse seus pensamentos, suas recriminações. Conhecia Elle, estava se odiando e culpando-se pelo que tinha ocorrido. — Elle. Deixa de chorar e sente-se. — Pôs exigência em sua voz. Ela se moveu, sobressaltando-se um pouco ante seu tom. — Digo a sério. Sente-se e me olhe. Quis vir para casa comigo e agora tem que confrontar as conseqüências. Deixa de chorar e me olhe. Elle elevou o rosto coberto de lágrimas, empurrou para trás com os calcanhares, pressionou as costas contra a parede e se sentou, recolhendo os joelhos para ocultar parcialmente o rosto, mas estava olhando... e escutando e isso era o que ele queria. — Não estou morto. Elle franziu o cenho e limpou as lágrimas do rosto. 139
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— Me olhe. — Elevou as mãos, girando a um lado e outro. — Não estou morto. — Não entendo. — Temia que se colocasse o pênis na boca de algum modo eu acabasse morto. Bem, pois não. Deu-me prazer e ainda estou vivo. Ela se sobressaltou visivelmente. — Mas... — Vamos, céu. Queria ver se me sentia atraído por você e assim foi. Queria ver se podia me deixar louco e o fez. — Inclinou a cabeça a um lado. — Demônios, neném, me fez ver a estrelas. Tanto que me atirou de rabo. — Sorriu amplamente para ela. — Isso não tem graça. — Tem um pouco de graça. Eu explodindo por toda a casa, me enredando com meu próprios jeans ao redor dos tornozelos e aterrissando de rabo no chão. Foi uma cavalgada do demônio, Elle. Não faz nada pela metade. Ela guardou silêncio. Pensativa. Desejando vê-lo seu modo, mas com uma sensação de fracasso. — Nem sequer sei o que ocorreu. Em um minuto estava passando o melhor momento de minha vida, adorando o que te estava fazendo, te desejando com cada célula de meu corpo e então tudo deu errado. Não recordo nada exceto a necessidade de lutar. — As lágrimas emanaram de seus olhos outra vez. — Sinto muito. Sei que te golpeei. — Neném, não estava sentindo mais que foguetes estalando nesse momento. Acredito que poderia ter utilizado um dois por quatro (sucessão de movimentos de ataque em boxe) e não o teria sentido. Elle se pressionou os dedos contra os olhos. — Desejava-o, Jackson. Seriamente. — Eu sei, carinho. — Sua voz foi gentil. — Tudo acabará bem. Tenha paciência com você mesma. Ela sacudiu a cabeça. — Só quero ser normal, é muito pedir isso? — Que demônios significa ser normal? — disse Jackson. — Abusam de meninos por todo mundo, Elle. As mulheres são violadas, raptadas, obrigadas a traficar com sexo. Não só mulheres. Garotinhas. Meninos, adolescentes. Ocorre em todas as partes. Pais que morrem. Meninos assassinados. Enfermidades, todo tipo de coisas más. Deteve-se. Tomou fôlego. Tinham-na capturado e torturado, mas tinha um passado diferente ao de Elle. Ele tinha visto mulheres golpeadas. Tinha visto homens assassinados. Tinha crescido pensando que seu estilo de vida era normal. Elle estava mal preparada para o que lhe tinha ocorrido. Tinha crescido em uma família amorosa onde todo mundo estava a salvo e protegido, e os pais não golpeavam a seus filhos. Não havia tráfico de drogas nem assassinatos. Nem um pai que voltava para casa bêbado, e pegava à mãe. — Elle, pensa nisso. As cicatrizes de seu corpo nem sequer começaram a empalidecer ainda e as piores estão onde não pode ver. Não vão desaparecer sem mais nem menos. Estão aí, formam parte de você. Algumas vezes tudo irá bem, e outras não. Isto vai ser parte de nossas vidas. Eu 140
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posso viver com isso. E você terá que viver com minhas cicatrizes. Acredite-me, neném, tenho um montão delas. Elle se sentou no chão, pressionando as costas contra a parede, olhando ao homem que estava ante ela. Era forte e carinhoso, e merecia muito mais que o que sentia que tinha dado. Não ia deixá-la, sem importar o duro que ficassem as coisas. E talvez a única coisa que pudesse lhe dar era viver. Seguir adiante inclusive quando sentia que estava acabada. Poderia ter vociferado e ela haveria sentido que o merecia. Havia dito que parasse. Havia tentando contê-la, mas o desejava... desejava seu desejo... desejava essa intensidade, o amor e a luxúria tão firmemente entrelaçados e só por ela. — Estamos bem, Elle? — perguntou Jackson. Sabia o que estava perguntado. Quis abraçá-lo. O amor que sentia por ele foi entristecedor quando compreendeu que estava lhe dando aceitação. Justo como estava agora. Defeituosa. Quebrada. Insegura e frágil. Jackson a aceitava. Assentiu lentamente com a cabeça. — Estamos bem. — Grande confusão montei no chão. — Olhou ao redor com arrependimento. — Será melhor que não tenhamos companhia por um momento. — Não acredito que tenha tanta sorte. Provavelmente Jonas apareça para comprovar que estamos bem. Já sabe como é. — Elle se levantou com dificuldade. — Necessitamos outra ducha. E tenho que acender velas. Tem alguma com fragrâncias fortes? Onde estão seus produtos de limpeza? Ele se levantou e estendeu o braço para aproximá-la, puxando-a até seus braços. — Me beije, Elle. Elle ocultou o rosto contra seu peito. Jackson lhe sujeitou o queixo. — Me beije. Girou a boca para a dele. Esperava um beijo gentil, persuasivo, um beijo cheio de ternura e amor. Conseguiu algo diferente. A boca de Jackson baixou até a sua, sua língua passando rapidamente qualquer resistência com exigência masculina. Verteu sexo e pecado em sua boca, ardente paixão e pura fome erótica. Seus braços a esmagaram, bandas de aço, seu corpo uma rocha dura, pressionando firmemente contra o dela até que pareceu fundir-se a seu redor, carne suave, curvas profundamente pressionadas contra pesados músculos. Quando Jackson elevou a cabeça, sentia-se fraca de desejo por ele. Sustentou-lhe o olhar. Tomou fôlego porque se sentia como se estivesse se afogando. As mãos lhe emolduraram o rosto. — O que vê quando me olha, Elle? Seu olhar a queimou. O fôlego ficou entupido na garganta. Umedeceu os lábios. — Diga. Não podia afastar o olhar. Queria fazê-lo, porque a forma em que ele olhava a fazia sentir-se envergonhada. Não havia engano no brilho desses olhos. — Diga-o. Em voz alta. Diga-o. — Amor. Vejo amor. — Sua voz foi baixa, apenas mais que um sussurro. 141
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— O que mais? — Fome. — Isso nem sequer começava a descrever a intensidade do desejo que ardia nas profundidades desses olhos. — Luxúria. — Por quem? — animou ele. — Por mim. — Eu te amo, Elle. Amo com cada fôlego de meu corpo. Não há espaço para outra mulher. Nem pensamento para nenhuma. Você é isso para mim, tudo. Todo o resto, o sexo, quem quer que vá atrás de nós, o legado, tudo isso não importa se você não sente o mesmo. Tem que me amar com cada fôlego que tome. Antes de decidir que está muito quebrada, tem que aplantarte agora e dizer "estou disposta a lutar por isso". Diga-o agora. A mim, me olhando diretamente nos olhos. Ela piscou. Abriu sua mente a ele. Verteu tudo nele. Seus medos. Sua vergonha. Seu amor e necessidade dele. Seu desejo por ele. Não guardou nada atrás e ele ainda seguia olhando-a. Esperando. Elle tomou fôlego e riscou os lábios dele com dedos trementes. — Eu te amo, Jackson. Com cada fôlego de meu corpo. Não vou fugir, nem do Stravros nem de mim mesma porque vale a pena lutar por você. Vale a pena lutar por nós. Um sorriso lento iluminou os olhos de Jackson e baixou a cabeça de novo, desta vez seu beijo foi imensamente terno. — Do que foi isto? — perguntou ela quando pôde falar. — Só queria provar um ponto. As sobrancelhas dela se elevaram. — Que ponto? Um sorriso satisfeito suavizou o duro fio da boca dele. — Que realmente estamos bem. Tocou-lhe os lábios, riscando a definição que havia ali. — Me alegro de que tenha tanta fé em mim, Jackson. Recuperarei a minha. — Sei que o fará. Enquanto isso, para isso me tem, para lhe recordar isso com freqüência. — Deixou-a partir e logo teve que estabilizá-la quando se balançou para trás sobre os calcanhares. Seu sorriso apareceu de novo. Masculino. Satisfeito. — E pode procurar as velas enquanto eu limpo o chão. Tenho algumas dessas coisas para ambientar o ar que Inez me trouxe faz tempo. Acredito que pensou que minha casa se parecia muito à casa de um solteiro. Olhe sob o lavabo do banheiro. Ou talvez no armário. Acredito que em uma caixa no chão. — Bom lugar para elas. — Elle descobriu um pequeno sorriso sobrevoando em seus lábios enquanto se apressava ao banheiro. — Quer dar um passeio depois da ducha? Eu gostaria de sair fora um momento. — Quer dar um passeio pelo povoado? — Jackson soou cético. Elle apareceu a cabeça pela porta para vê-lo enxaguando um pano. — Não, tolo. Não há nada de névoa. Pensava em passear pela praia. Praticamente vive nela. Não é que possamos evitá-la. E Bomber pode nos avisar se houver algo horripilante ao redor. Jackson não respondeu, assim seguiu procurando as velas. Abriu o armário e a surpreendeu ao encontrá-lo muito limpo. Tinha vários uniformes de ajudante e um montão de jeans suaves e 142
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descoloridos, um traje e uma camisa. A parede de trás do roupeiro tinha um pequeno teclado de segurança. Elle franziu o cenho e passou a mão sobre ele. — Jackson, o que tem encerrado aqui? Houve um pequeno silêncio. Girou a cabeça para encontrá-lo apoiado prazerosamente com um quadril contra a ombreira da porta. — Armas. Montões de armas. Ela sacudiu a cabeça. — Está louco. — Te espero na ducha. As velas deveriam estar em uma dessas caixas. Passeou e até ela e estendeu a mão a seu lado para agarrar um par de calças limpas. Elle inalou sua fragrância. Não acreditava que necessitassem velas, gostava como cheirava ele, mas talvez tivesse alguns prejuízos. Ele riu e lhe beijou a ponta do nariz. — Temos, mas eu gosto. — Deixa de me ler a mente. — Não posso evitá-lo, já que estou tanto nela. — Não adule a você mesmo. Ele riu de novo e a deixou. Ficou esperando o som da ducha, compreendendo que tinha um sorriso no rosto quando honestamente não tinha acreditado que nunca voltaria a sorrir de novo. Como podia Jackson agarrar uma situação muito má e fazê-la não só suportável, mas até boa? Por que não tinha visto como realmente era antes de partir a sua missão encoberta? Teria aceitado então um trabalho tão perigoso? Elle suspirou. Sim. Teria aceitado porque alguém tinha que deter os monstros do mundo. Elle tinha acreditado em si mesma, em suas habilidades, em seus talentos psíquicos e seu treinamento. Teria ido embora Jackson lhe tivesse pedido que não o fizesse. Estaria disposta a provar que não o necessitava... que nenhum legado ia ditar sua vida. E tinha querido que ele a seguisse, que fora atrás dela, que a amasse o bastante como para isso. O que não tinha compreendido é que ele o tinha feito. Tinha-a amado o bastante para lhe permitir escolher seu próprio caminho. Ela tinha visto propriedade. Desejava companheirismo, e Jackson podia ser um homem que se plantasse diante dela quando o considerasse necessário, mas sempre seria seu companheiro porque respeitaria seu direito de escolher. Fechou os olhos um momento e o envolveu com amor a distância... porque podia. Porque precisava fazê-lo. A calidez e a emoção foi devolvida multiplicada dez vezes. Sentiu-o em sua mente, movendo-se através de seu corpo até que fluiu por suas veias. — Jackson — ofegou seu nome em voz alta porque lhe estava proibido usar telepatia e só a idéia disso a fez sorrir. Havia pensando nele como um ditador porque não entendia a diferença entre preocupação responsável e obrigar a alguém a aceitar a vontade de outro. Tirou uma caixa e revisou seu conteúdo. Evidentemente Inez havia trazido para Jackson uns quantos artigos aos que provavelmente ele dava pouco uso. Pequenos sabões aromáticos, loções fragrantes, flores secas, ante o qual teve que rir, seguro que ele não tinha nem idéia do que era 143
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isso, e creme para as cutículas. A segunda caixa continha lanternas e todo tipo possível de pilhas, tudo pulcramente empacotado. Fechou a tampa e tirou a última caixa. Retirou a tampa, e ficou imóvel. Medalhas. Montões de medalhas. Incluindo um Coração Púrpura. Como conseguia uma pessoa tantas medalhas? Por que tipo de coisas tinha tido que passar para ser tão reconhecido? A água no banheiro se fechou. Elle devolveu a tampa a seu lugar e deixou a caixa cuidadosamente. — Não encontrei nenhuma vela, Jackson. — Talvez as velas estejam aqui, depois de tudo — disse ele. — Me deixe olhar. Elle foi ao banheiro. A porta estava aberta e ele tinha uma toalha envolta amplamente ao redor dos quadris. Seu cabelo estava úmido e a água ainda formava gotas sobre sua pele. Sentiu a urgência de lambê-las, mas não ia por aí outra vez, não depois do último desastre. Ele se agachou, aparecendo sob o lavabo, com um pequeno cenho no rosto. — Escolhe ao gosto. Acredito que há umas cem aqui embaixo. Todas de fragrâncias. — Soava um pouco aborrecido, como se pensasse que Inez estava tentando lhe converter em uma garota. Elle mal podia respirar em como se sentia só de olhá-lo. Cada vez que se movia, os músculos se ondulavam sutilmente sob a pele. Ele girou a cabeça e a olhou e ela ruborizou, sabendo que não lhe tinha ocultado seus pensamentos. — Vai se colocar em problemas, mulher – disse. — Está jogando com fogo. — Não sei o que se passa comigo. Não posso deixar de pensar em você. — Compartilhamos a mesma mente, Elle. É bastante difícil não fazê-lo. — Empurrou várias velas a suas mãos. — Aqui tem, acenda enquanto eu ponho um pouco de roupa. Rápido. — Poderia ficar aqui de pé e te observar. — Poderia se comportar e deixar de pensar que sou um maldito santo. — Estendeu a mão e lhe tocou o rosto, deixando que as gemas de seus dedos escorregassem para baixo pela bochecha antes de deixar cair a mão e afastar para olhar a mandíbula sombreada no espelho. — Tenho que me barbear. — Não. Eu gosto. Somente se recorde isso. — Está segura? Me deixava acreditar isso quando estava ajudando em outro pais. E depois não me preocupei em me barbear quando te buscávamos. Encoberto, tinha querido dizer. — Eu gosto — reiterou ela, e levou as velas ao salão e a cozinha. Toda sua vida sua família tinha usado simplesmente seus talentos para acender velas a distância, fazer chá e servi-lo. Resultava estranho efetuar o simples ato de acender uma vela e servir uma xícara de chá. Ao princípio, isto a tinha feito sentir-se doente, menos que uma Drake, separada de seus talentos, mas enquanto servia uma xícara de chá para o Jackson e acrescentava leite, encontrou -se sentindo -se caseira. Jackson entrou descalço, vestindo só seu jeans, colocando-se atrás dela e lhe rodeando a cintura com um braço, empurrando-a contra ele enquanto enterrava o rosto contra seu pescoço. — Isso é para mim? Apoiou-se contra ele... contra sua força, seu corpo encaixava contra o dele perfeitamente. 144
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— Pensei em te subornar para que terminasse de desenredar o meu cabelo. Roçou-lhe um beijo com o passar do pescoço, e depois brincou com o sensível lóbulo de sua orelha com a língua. — Sou bastante fácil de subornar. Elle deixou que a sensação de conforto e desejo a banhasse. Em vez de sentir medo dele, simplesmente a absorveu porque Jackson não estava pedindo nada dela. Só a aceitava e isso fazia possível o desfrutar de estar com ele, desfrutar de seu toque e da forma em que a desejava. — É bastante fácil de amar. Sorriu-lhe e tomou a xícara de chá. — Vou recordar isso quando tivermos sete pequenas muito travessas correndo pela casa e esteja tentando colocá-las todas na cama. Seguiu-o à cadeira dele, onde podiam sentar-se e escovar os últimos enredos. — E o que vai estar fazendo você enquanto eu as persigo pela casa? — Instigando-as, é obvio. — lançou outro sorriso. — Eu serei o papai urso, assustando a todas. Elle se sentou no chão diante dele, captando a imagem em sua mente do Jackson, com as mãos em alto, os dedos curvados como garras, cambaleando-se ao redor da cozinha e perseguindo meninas estridentes de cabelo vermelho e brilhante, com olhos risonhos enquanto ela estava ali de pé, com as mãos nos quadris, tentando parecer severa. Riu. — Está louco. É obvio que o faria e todas se meteriam antes na cama. E nem todas vão ter o cabelo vermelho. As mãos dele eram gentis enquanto puxava dos enredos. — Sim, terão. E também nosso pobre filho. — Whoa. Para o carro. Um filho? — Bom, não quererá que tenha que viver em uma casa toda cheia de mulheres, não é? — Sim. — Girou a cabeça rapidamente e chiou. Fulminou-o com o olhar, mas ele deu de ombros e voltou sua girar a cabeça, mas não antes que ela captasse seu sorriso zombador. — Isso são oito filhos, Jackson. É um montão de filhos. — Bom, veja assim. Ilya e Joley provavelmente terão oito meninos. E Jonas não manterá as mãos longe da Hannah e é muito competitivo, assim que quem sabe quantos terão eles. Não podemos ficar atrás. Afogou-se. Jackson ficou rígido e a obrigou a olhá-lo. Elle estalou em gargalhadas. — Sinto muito. Não pretendia te assustar. É só que é tão mau. Não vamos competir com o Jonas para ver quem tem mais filhos. Depois da primeira, estou segura de que vai estar tremendo em suas botas. Começará a pensar nos encontros e me deixará louca. — Tenho armas, carinho. Montões e montões de armas. E sei como usar cada uma delas. Não me importar assustar a morte a meninos adolescentes. Elle ficou em silencio por um momento, reproduzindo a imagem de Jackson perseguindo a suas filhas em sua mente. Franziu o cenho.
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— Quando pensava em ter sete filhas correndo pela casa, era a cozinha Drake, não esta. — De fato, a casa tinha estado muito detalhada em sua mente, como se já conhecesse a distribuição inteira. Ele suspirou. — É simplesmente minha personalidade, Elle. Tenho olho para os detalhes. Por segurança, queria dizer. Reparava nas pessoas igual a nas coisas. Podia reproduzir a casa Drake com exatidão do mobiliário às paredes. Tinha esse tipo de cor. — Por que a casa Drake? — Oferecerá mais amparo a elas do que nós dois só possamos lhes dar. Não me importaria começar agora mesmo, com você. E como a menor das filhas, é sua herança. Merece isso igual a nossas filhas. Ela olhou a seu redor. A casa de Jackson a fazia se sentir a salvo. — Eu gosto de sua casa, Jackson. — Isso está bem, porque nos retiraremos aqui quando passarmos o legado a nossa última filha. Acredito que seus ancestrais estão se mudando. Notou todos esses arbustos? Não estavam aí faz um par de dias. Ela girou a cabeça outra vez, ganhando outro agudo puxão no couro cabeludo. — Está seguro? — Saberia se tivesse plantado trepadeiras e flores, Elle. Na realidade, não sou eu quem se ocupa do jardim. Elle se recostou para trás. — Se não é você, quem? Tem uma das propriedades mais bonitas por aqui. Ele trabalhou em um enredo particularmente difícil até que o alisou. — Acredito que já está. Pode tomar outra ducha e pôr condicionador no cabelo. Elle rompeu a rir. Uma autêntica risada genuína. — Jackson, o cabeleireiro. Juro, guarda mais surpresas que nenhum homem que conheça. Arrumado a que Jonas não sabe o que é um condicionador. — Talvez não antes de casar-se com a Hannah, mas seguro que agora sabe. Ela fabrica todas essas coisas. Sei, porque Jonas me traz isso de caixas. — Tem algum condicionador da Hannah sob a pia? Deveria me ter isso dito antes! — ansiosamente, Elle se levantou de um salto e se apressou ao banheiro Jackson recolheu seu chá, tomou um gole, e o encontrou muito frio para bebê-lo. Sorrindo, sacudiu a cabeça. Realmente tinha perguntado como seria viver com Elle. Tinha estado sozinho toda sua vida. Sua mãe e ele tinha sido felizes durante breves períodos juntos no bayou, quando ela não penava por seu pai. E houve algumas vezes nas que podia recordar ter desfrutado da companhia de seu pai, mas tinham sido poucas e muito esporádicas. Principalmente tinha estado sozinho, longos dias e noite, correndo pelo bayou e evitando aos assistentes sociais tanto como era possível. Valeu-se por si mesmo no exercito, fazendo seu trabalho, até que tinha conhecido ao Jonas. Ninguém esquivava ao Jonas. E através do Jonas tinha encontrado a Matt. Seu círculo de amigos próximos se ampliou, mas Jonas sempre era o centro. Tinham atravessado o inferno juntos e 146
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lutado para sair dele. Jonas se tinha liberado, mas Jackson tinha sido capturado. Uma simples missão de rotina tinha ido mal e então que tinha estado realmente no inferno. Passaram semanas e tinha sabido que estava perdido até que ouviu uma voz. Nunca esqueceria a voz de Elle o envolvendo em lençóis de cetim e esperança. Ela tinha encontrado um modo de iluminar a escuridão e lhe dar a força para escapar. Tinham-no planejado juntos, essa suave voz feminina e ele. Tinha-o acompanhado através das incontáveis torturas, a dor e a angústia, a humilhação de estar indefeso e ter a seu lado monstros que se divertiam descobrindo quanto podia sofrer um corpo sem matá-lo. Tinham-no torturado e utilizado seu corpo até que ele mesmo não foi mais que um monstro com uma necessidade de vingança. Ela estava ali. Em sua mente. Negando-se a deixá-lo inclusive quando lhe havia suplicado que se fora. Tinha-lhe visto atravessar tudo isso e sair pelo outro lado, quando ele mesmo tinha acreditado impossível sobreviver intacto. Era a primeira vez em sua vida que não tinha estado sozinho. Tinha sido o pior... e de uma vez o melhor momento de sua vida. Elle tinha compartilhado sua mente, compartilhado sua dor e esperança, e ao final salvo sua prudência e sua vida. Tinha seguido ao Jonas a Sean Haven para conhecê-la. Embora tivesse sabido no momento em que conheceu sua família que não era o bastante bom para ela, que provinha de um lugar ao qual ela nunca entenderia, não pôde evitar desejá-la. Ainda assim, depois de tantos anos de estar sozinho, não tinha sabido como se sentiria vivendo com ela sob o mesmo teto. Agora sabia. Inalou a fragrância que chegava desde seu banho. A água estava fechada agora e podia ouvila movendo-se por aí. Gostava do som dela em sua casa, a fragrância que era totalmente Elle. Por um momento fechou os olhos e saboreou a idéia de que estivesse com ele. Como homem que tinha estado sozinho, à deriva, sem nada em sua vida além do dever, compreendeu que encontrar a Elle tinha sido um milagre. Ela era sua vida. Sua razão para a honra, o código e tudo o que defendia. Entrou na habitação, tão feminina, tão formosa que lhe doeu de emoção. Seu coração realmente doeu e isso lhe fez sentir como um maldito idiota, mas ainda assim não lhe importou. — Vamos dar um passeio? Suspirou. Esperava que se esquecesse disso, mas sabia que parte disto era um desafio, enfrentar ao Gratson, negar-se a lhe permitir controlar sua vida. E estava orgulhoso dela por isso. Olhou fora ao céu espaçoso e deixou escapar o fôlego. Manteria-a longe da beira e caminhariam alto e mais perto das dunas que da água. — Vamos, Bomber. — Fez um gesto ao cão. — Vamos passear. Minha dama quer ir, assim vamos. Elle se recolheu habilmente o cabelo em uma grosa tranca que pendurou até sua cintura enquanto o seguia fora. Imediatamente elevou os braços ao céu e sorriu. — Adoro o oceano. — E eu. — Não podia imaginar-se vivendo em nenhum outro lugar exceto aqui na selvagem costa norte de Califórnia, com o mar tormentoso e esta comunidade tão unida. Artesãos e pescadores coexistiam e trabalhavam juntos para manter o meio ambiente antigo e preservá-lo tanto como podiam. A Elle não parecia lhe importar caminhar ao longo das dunas, por cima da imensa praia, lançando ramos ao Bomber e avançar dando saltos e saltos, livre de correr quando 147
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queria ou passear a seu lado, lhe agarrando da mão enquanto se abriam passo para baixo pela curvado litoral. Os pássaros voavam em preguiçosos círculos procurando comida e fora no mar dois golfinhos saltavam e tagarelavam. Detiveram-se um momento para observá-los. — São os golfinhos da Abigail — disse Elle ansiosamente. — Sei que o são. Bom, não são da Abigail, é obvio são selvagens, mas é o mesmo, realmente a chamam com um assobio distinto. É muito lindo. Dois machos, Boscoe e Kiwi vêm com freqüência a lhe rogar que nade com eles. Kiwi tem uma cicatriz de quando salvou a vida de Abbey. Alegrará-se de saber que retornaram. — Olhou para a casa Drake, mas de onde estavam não podia ver a almena do capitão. — Acredito que está aí acima agora mesmo. — Se estivesse ali, os golfinhos não estariam aqui nos seguindo em nosso passeio. — Jackson era muito mais prático. — A menos que ela os tenha enviado a nos jogar um olho — disse Elle. Jackson lhe sorriu. — Típico de uma Drake. Ela chutou areia para ele e lançou uma parte de madeira à deriva para a praia para o Bomber. — Quer dizer que nem todo mundo tem golfinhos para vigiar por eles? — Não golfinhos com os que possam comunicar-se. — Abigail pode falar com qualquer animal — disse Elle. — E você? Ela deu de ombros. — Não como ela. Posso um pouco. Tenho todos os talentos, mas como tenho tantos não pude desenvolvê-los todos em pleno potencial. Escolho as coisas que preciso utilizar principalmente e trabalho nelas. Tudo leva prática e trabalho. Não é automático. — Mas poderia se conectar a algum nível com o Bomber? Elle franziu o cenho, compreendendo que não estava sozinho lhe dando conversação. — Poderia. Por quê? No que está pensando? Ele agarrou o pau do cão e o lançou de novo, observando como Bomber o perseguia alegremente. Bomber tinha um forte instinto e jogaria durante horas com seu brinquedo de trabalho favorito, uma bola atada a um corda que Jackson utilizava para manter seu boa forma junto com o resto de seu treinamento. — Só que se pode conectar com o Bomber, e ele pode sentir um ataque psíquico, poderíamos ser capazes de contratacar. Elle se deteve. No alto, as gaivotas se deslizavam sobre a superfície da água, lançando sombras dançarinas ao longo da areia. O vento levava o som dos golfinhos conversando adiante e atrás enquanto estes jogavam na água. — Como? — Não averigüei essa parte ainda, Elle, mas até agora, ele esteve tendo as coisas de sua parte, principalmente porque tinha que sarar. Em um dia mais, estará forte o bastante para deixar que Kate e talvez Libby trabalhem realmente em você. Uma vez que esteja a plena potência, estou 148
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seguro de que quando eu não esteja em sua mente, será capaz de mantê-lo fora, mas quando estivermos juntos, poderemos o atacar se vier atrás você. Elle mordeu o lábio enquanto começavam a caminhar de novo. — Tem muita fé em mim. — Continuo dizendo isso, está caída, neném, não acabada. Ela inalou a fragrância do mar e uma vez mais deslizou sua mão na dele. — Adoro Sean Haven, Jackson. Adoro tudo nele. — Quando quer voltar para sua casa? Encarou-o rapidamente. — Ainda não. Me de um pouco mais de tempo. Quero me assegurar de que estou forte o bastante para ter todas minhas irmãs ao meu redor, e não cometer um deslize e deixá-las sentir o que eu sinto. Minhas emoções estão esparramadas por toda parte. Às vezes me sinto como se tivesse chorado tantas lágrimas que já não tenho mais nenhuma. E outras vezes quero brigar com alguém, ou simplesmente gritar. — Tomou um profundo fôlego, seus dedos se apertaram ao redor dos dele. — Tenho medo de estar sem você, Jackson. — Fez a admissão em voz baixa. — Na realidade, não posso recordar ter tido tanto medo em toda minha vida. — Eu ainda tenho medo sem você — disse ele — mas provavelmente não pelas mesmas razões. Na distância um casal caminhava para eles, acabavam de rodear as rochas, seus rastros eram úmidos na areia. Quando divisaram ao Jackson e Elle, trocaram de curso para interceptá-los, embora seguissem caminhando ao mesmo passo lento e preguiçoso. — O que significa isso? — Significa que às vezes quero agarrar uma arma e atirar nas pessoas que acredito que não merecem viver. Como Gratsos. E talvez, se não tivesse você em minha vida, eu o faria. — Jackson, o tipo mau — sorriu para ele. — Não é absolutamente como acha que é. Levou a mão dela à boca, beijando os nódulos. — Segue pensando assim, carinho. Não me importa. O casal se aproximava deles enquanto caminhavam ao longo das dunas, com a terra suave sob seus pés. Quando se aproximaram, Elle reconheceu Clyde e Marie Darden. Clyde era bem conhecido por seu formoso jardim e seus prêmios na feira, todos os ano. Estava ferozmente orgulhoso de suas flores híbridas e protegia os segredos de seu jardim cuidadosamente. Mais de uma vez, quando menina, Elle tinha se metido em problemas por aceitar a provocação de saltar a cerca e caminhar pelo jardim do senhor Darden. Inclusive tinha pegado uma de suas flores premiadas uma vez. Colocou-se em autênticos problemas por isso. Darden fora até sua casa para falar com seu pai, ameaçando arrancando suas orelhas a cada passo do caminho. Agarrou mais forte a mão de Jackson quando o casal se dirigiu diretamente para eles, bloqueando o caminho, obviamente pretendendo falar. Jackson se deteve, arrastando Elle sob o amparo de seu ombro. — Clyde. Marie. Como estão? — Acrescentou Jackson, surpreendendo-a. Ninguém chamava aos Darden de outro modo que não fosse senhor e senhora Darden. O senhor Darden exigia respeito todo o momento. 149
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— Maravilhosamente, obrigado, Jackson — disse o senhor Darden. — Vejo que tem a nossa garota em casa, enfim. Mantivemos nossa fita na árvore todo o tempo em que esteve fora, Elle. A senhora Darden assentiu com a cabeça. — Tínhamos uma vela na janela também. E rezamos por você, por seu retorno a salvo. — Obrigado — disse Elle. — Todo mundo foi muito amável. — Se houver algo que possamos fazer por você, Elle — disse o senhor Darden — basta nos avisar. Marie faz uma sopa de frango incrível. A senhora Darden assentiu com a cabeça, seu rosto brilhante. — Que maravilhosa idéia, Clyde. Trarei um pouco para você, Elle, para os dois. — Nós adoraríamos — disse Jackson antes que Elle pudesse responder. — Sua sopa me salvou o dia, quando estava agarrando aquele resfriado. Elle levantou o olhar a seu rosto, mas ele evitava cuidadosamente seu olhar. Agora sabia quem cuidava do jardim por ele. Não a surpreendia que tivesse um pátio tão formoso com o senhor Dardan ao cargo. Esse homem podia cultivar qualquer coisa em qualquer lugar, que florescia e prosperava. A senhora Darden sorriu. — Que menino tão doce é, Jackson. Obrigado pela provisão de madeira. Ajudou-nos seriamente quando acabou a eletricidade. Jackson franziu o cenho. — Achei que tivessem um gerador. Os Darden intercambiaram um longo olhar. — Deveríamos ter dito isso — disse o senhor Darden — mas estávamos tão preocupados com nossa Elle. A senhora Darden aplaudiu o braço do Jackson. — Sabíamos que se preocuparia por nós, assim não lhe dissemos isso. A chaminé nos manteve quentes o bastante. — Como cozinhou? — Comemos sanduíches, querido — disse a senhora Darden. — A eletricidade se foi por apenas durante um par de horas. — Três dias — corrigiu Jackson. — Irei mais tarde e vou dar uma olhada ao gerador. — Se você insiste — disse o senhor Darden. — E enquanto estiver lá, terá que trocar uma madeira das escadas. A senhora Darden quase caiu através dela outro dia. — Na escada de trás? — Jackson soou severo. — Disse a vocês que essas escadas tinham que ser substituídas e me disseram que Lance ia fazer isso. — Lance não passou por aqui — disse a senhora Darden. — Pedimos pouco depois de que falasse conosco, mas ele segue atrasando a data cada vez mais. Acredito que pode estar doente. Elle sabia que esse era o código para dizer que Lance tinha recaído. Era um bebedor compulsivo e passava meses sem beber, mas logo permanecia bêbado durante várias semanas. — Cuidarei disso — disse Jackson. — Na próxima vez, me chamem imediatamente. Não se arrisquem com as quedas. O senhor Darden assentiu com a cabeça. 150
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— Nos velhos tempos, teria feito eu mesmo. — OH, sim, querido — concordou a senhora Darden, olhando a seu marido com olhos brilhantes. — Sempre fazia as reparações de casa. Inclusive o telhado — explicou orgulhosamente. — Bom, não há necessidade disso — disse Jackson. — Marie sempre me proporciona sopa e se ocupa de mim quando estou doente. Posso fazer algo em troca. Assim não me sinto mal porque tem que vir e me alimentar. — Vamos, Jackson — arreganhou a senhora Darden como se ele fora mais que um garoto. — Quase nunca ficava doente, e não me importa absolutamente. De repente Bomber soltou um latido curto, seu corpo ficou imóvel, de cara ao mar. Elle se arrepiou quando viu as orelhas do cão se inclinarem para frente e seus olhos concentrados além das ondas. Lentamente, temendo olhar, girou a cabeça. Jackson já se movia, deslizando seu corpo com facilidade entre ela e o mar. Agarrou o cotovelo da senhora Darden e começou a urgi-la a caminhar para as dunas. O vento trocou e soprou para eles. Mar adentro, a névoa começou a se concentrar, uma massa cinza escura que se espessava enquanto ela observava. — Jackson. — Já vi, neném. Não entre o pânico. — O que acontece, Jackson? — perguntou o senhor Darden, surpreendendo Elle novamente. O senhor Darden olhou ao cão, à cara pálida de Elle e logo ao mar. — Eu não gosto do aspecto dessa névoa. Não parecia aborrecido, mas sim protetor, dando um passo ao outro lado dela, como se também ele a protegesse do mar. As gaivotas no alto gritavam. Em meio às ondas, os dois golfinhos saltaram no ar e caíram com uma pirueta, golpeando a água com força para atrair a atenção. Ambos se elevaram sobre suas caudas, correndo para trás e assobiando com agitação antes de voltar a afundar-se sob a água. — Onde está seu carro, Clyde? — perguntou Jackson. O senhor Darden olhou para a estrada. — A um quarto de milha mais atrás. Era um dia tão encantado que pensamos em caminhar até sua casa e saudar a Elle, e depois voltar passeando. — Trazíamos-lhe um cartão, querida — acrescentou a senhora Darden. — Obrigado — disse Elle, tentando não soar nervosa. — Que considerado por sua parte. — Talvez devessem ir todos para casa — disse Jackson, soando como o ajudante do xerife autoritário. — A névoa pode ficar bastante mal e preferiria que estivessem a salvo. Já sabem quão espessa pode ficar e não gostaria que conduzissem em meio dela. — Acha que vai ficar tão mal? — Perguntou a senhora Darden, olhando mar adentro, obviamente aborrecida que o tempo pudesse arruinar sua visita. — Olhei a previsão meteorológica e não dizia nada de névoa. — Elle precisa descansar, de qualquer forma. Vou levá-la comigo quando for olhar o gerador. —Acrescentou ele. O casal sorriu e se mostrou de acordo rapidamente. Jackson os observou até que rodearam a salvo a curva e se perderam de vista antes de urgir ao Bomber e Elle para a casa.
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Capítulo 13
A névoa permanecia onde se acumulara, a certa distância da costa, durante a maior parte da tarde. Era escura e simplesmente se pendurava no céu como uma pesada cortina apesar do vento que se levantou. Jackson manteve Elle dentro de casa, obrigando-a a jogar cartas com ele e gabando-se quando a derrotava. — Acreditava que fosse boa nisto — zombou ele. — Sim, bem, não sou jogadora profissional. Jesus. O que fez? Foi a uma escola para isto? Ninguém ganha todas as mãos no gim rummy. — Eu sim — disse ele com um pequeno sorriso zombador. — Fiz um montão de dinheiro jogando a maior parte dos jogos de cartas no exército. — E agora é o dono de uma loja de comida. Franziu-lhe o cenho. — Será melhor que não mencione isso a ninguém. Nem diga outra vez. É embaraçoso. E Inez não se deterá com as provisões. Sempre me traz todo tipo de coisas. — Soava exasperado. — Digo-lhe que não o faça, mas me ignora. Não posso comer toda essa comida. — O que faz com ela? Ele deu de ombros, seu cenho se aprofundou. — Não sei. As sobrancelhas de Elle se elevaram e a diversão se arrastou até sua expressão. — Encontram seu caminho até a casa dos Dardens? — Elle — pronunciou seu nome como uma advertência, levantou-se de um salto e se entreteve em servir outra xícara de chá a ambos. Acrescentando leite, levou uma pequena bandeja com bolachas à mesa e a colocou diante dela. — Faz bolachas também? Há algo que não saiba fazer? Outro ligeiro rubor se estendeu pelo pescoço de Jackson enquanto se sentava diante dela. — Eu não faço estas malditas coisas. Mas estão boas, assim come. Ainda está muito magra. — Estou bem. — Mas agarrou uma bolacha de qualquer forma. — São geniais. Quem as faz? Ele suspirou. — Marie. O sorriso de Elle se ampliou. — Com os ingredientes que leva das provisões que te traz Inez? Tem uma vida muito complicada, não? — Sou um homem muito complicado. — Tomou um gole cauteloso de chá e tentou parecer casual. Elle rompeu a rir. — Tem todo um círculo de pessoas para cuidar. Todo este tempo, todos pensando que era um solitário, mas está rodeado de gente. Ele cenho voltou. 152
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— Sou ajudante do xerife. Supõe-se que tenho que ajudar às pessoas quando o necessitam. — Acreditava que seu trabalho era prender aos maus. — Bom, isso também. Tecnicamente, supõe-se que os detenha. Jonas nos franze o cenho se atirarmos nas pessoas, mas uma vez de vez em quando, somente para manter a prática... Ela riu de novo, assombrada de que ele conseguisse que o fizesse quando a névoa se pendurava pesada fora da janela e o cão se passeasse intranqüilo acima e abaixo, mantendo um olho precavido sobre a névoa. Bomber podia sentir a energia psíquica procurando um objetivo, e mesmo assim Jackson tinha conseguido distraí-la. Elle se inclinou sobre a mesa. — Como demônios chegou a te envolver com essa gente? Ele deu de ombros. — As pessoas raramente se preocupam com os mais velhos quando há mau tempo e durante as grandes cheias de frio. Às vezes não têm calefação ou não podem conduzir seus carros até a loja, ou não têm carro e não podem caminhar. Eu só dou uma olhada neles e me asseguro de que tudo está bem. Não é grande coisa. Elle se recostou para trás, avaliando-o com olhos brilhantes. Jackson afastou o olhar dela. — Não me olhe assim. — Como? — Como se fosse um fodido santo, Elle. Não o sou. — Não se preocupe, até que deixe de usar a palavra "f", ninguém vai te confundir com um santo. Ele sorriu. — Tem esse tom de professora na voz sempre que me repreende. — Você gosta — disse ela. — É bonito. Ela fez uma careta. — Só por isso vou dizer a minhas irmãs que é "Jackson Boas Obras". Nunca deixarão de jogar isso na sua cara. Ele gemeu. — Não se atreveria. O sorriso se desvaneceu do rosto de Elle. Ficou congelada, girou a cabeça em direção a casa Drake. De repente saltou sobre os pés, quase derrubando sua xícara de chá. Jackson, sem estar seguro do que estava ocorrendo, levantou-se também, estendendo a mão para a arma em seu coldre oculto. O rosto de Elle estava pálido e seus olhos estavam enormes. Olhou grosseiramente ao redor da casa e logo começou a avançar para a porta. Jackson chegou lá antes que ela, inserindo sua figura grande e sem mexer entre ela e a saída. — Fale, neném. O que acontece? — Não sei. — Franziu o cenho e passou uma mão pelo cabelo sedoso com agitação, sua expressão era longínqua, seus olhos um pouco enfeitiçados. — Abbey. Está aborrecida. Está se dirigindo para... — olhou sobre o ombro para a crescente massa cinza, agora mais perto da costa — isso. — Está segura? 153
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O olhar dela voltou para seu rosto e desta vez parecia aborrecida. — É obvio que estou segura. É minha irmã. Todas estamos ligadas. Não pode senti-la você também? Através de mim? Jackson permitiu a si mesmo passar além da mente de Elle, e o alarme da Abigail estava uivando. Estava quase em estado de pânico. O telefone os surpreendeu. — Atenda, Elle. — Mas Abbey precisa de mim. — Atenda o telefone. Eu vou atrás de Abbey. — Já sabia exatamente o que Abigail estava fazendo e não ia permitir não que Elle se aproximasse do mar. — Deve Aleksander. Diga que venha aqui agora mesmo e proteja seu rabo. Estava trabalhando perto de Fort Bragg. — Deu-lhe um pequeno empurrão para o telefone e correu para seu dormitório. Quando voltou minutos depois, levava um traje de neoprene, nadadeiras na mão, seu equipamento de mergulho e o cinturão de chumbos sobre o ombro. — Quero você dentro da casa. Entendeu? Fique aqui dentro com a porta fechada e o cão com você. Jure isso Elle, ou não vou. — Mas deveria... — Prometa isso, maldita seja — disse ele, cortando-a. O desassossego de Abby se incrementava e os dois podiam vê-la agora. Passou como um relâmpago junto à casa, correndo para o oceano. — Não abandonarei a casa, prometo. Ajude-a, Jackson. Jackson a agarrou pela nuca, beijou-a com força, girou e correu para fora. — Abbey, espere. Vou pegar o bote. Levará menos tempo. Abby estava ao bordo da água, ajustando-a garrafa. — Às pressas, Jackson. Boscoe está preso em uma rede, ou algo assim. Está se afogando. Jackson saltou a sua velha caminhonete e ligou o motor. Lançou o barco ao fluxo em questão de minutos. Abbey estava chorando, olhando ao mar. O motor ligou ao segundo puxão e partiram a toda velocidade. — Obrigado. Não estava segura de como conseguiria voltar. Está a certa distância. Não lhe deu um sermão. Ela tinha vivido perto do mar toda sua vida. Estava obscurecendo. O vento se elevou e inclusive com a ajuda das Drake, Abbey não podia lutar contra um mar tormentoso de noite. Isso sem mencionar, e não o emocionava a idéia, que os maiores predadores saíam a esta hora da noite para se alimentar. o barco cortava o fluxo, saltando quando incrementou a velocidade. Abby olhava para as águas mais profundas, assobiando de tanto em tanto. Jackson logo que podia ouvir sobre o ruído do motor, mas o dirigia, seguindo as instruções de Kiwi, o outro macho nariz de garrafa, enquanto este emitia uma série de chiados e estalos. Era incomum que os golfinhos machos e seu grupo passassem tanto tempo perto de Sean Haven, quando era comum que nadassem ao redor de cinqüenta milhas ao dia, mas estes "ficavam por aí" para estar perto da Abigail. Freou o barco quando ela o indicou e girou o foco de luz, dirigindo-o para as lamacentas águas abaixo. — Tenta usar tão pouca energia psíquica como é possível, Abby – advertiu ele. — Gratsos está aí fora, montado na névoa, e está procurando um objetivo outra vez. 154
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— Não me preocupa isso. Vou entrar. — Espere! — disse agudamente, agarrando-a pelo ombro e sujeitando-a apesar dos esforços dela por saltar à água. — Iremos juntos e iremos atados. A água vai estar muito fria, muito escura e agora, mais perigosa que nunca, e não temos nem idéia do que vamos encontrar aí abaixo. — Empurrou um arnês para o tornozelo dela. — Ponha-o. — Já tenho uma faca. — Ela tocou o cinturão. — Merda, ponha-o Abbey. Não vamos nos arriscar. Um breve sorriso relampejou para ele enquanto Abbey ajustava o arnês à perna para que a faca encaixasse comodamente. — Tem uma boca muito suja, Jackson. Espera até que todas suas meninas falem assim. — Aceitou o extremo da corda de uns dois metros e a ajustou a seu cinturão de forma que estivessem amplamente atados um ao outro. Kiwi saltou na água, salpicando a ambos, com a cabeça oscilando acima e abaixo enquanto arreganhava a Abby, urgindo-a a se apressar. Seu corpo voltou a afundar na água e rodeou o bote. Jackson usou uma luz na mão, observando como ficava o regulador e indicava que ia entrar. Seguiu-a justo detrás. O golfinho se deslizou perto, roçando seus corpos uma vez, duas e depois se inclinando de forma que Abbey pudesse estender a mão e agarrar sua nadadeira. Afundou-se, levando-a com ele. Jackson sentiu o puxão da corta e nadou para baixo, seguindo-os. O golfinho era incrivelmente forte e rápido, arrastava-os através do mar, mais e mais profundamente. Estava escuro e o feixe de suas lanternas mal cortava através da água lôbrega. O mundo era frio e estranho, em vez de como Jackson o via normalmente em suas imersões. Havia uma sensação de medo, de perigo acumulando-se e duas vezes Abbey voltou o olhar para ele e fazendo-o saber que ela o sentia também. Jackson deixou o golfinho trabalhar, olhando para baixo e para cima, fazendo o que podia proporcionar uma guarda a Abigail com a esperança de ver algo mortífero que se aproximasse antes que os alcançasse realmente. O golfinho nadou de repente para longe de Abbey e rodeou uma massa pulgente. Boscoe, enredado na rede de um pescador, estava sangrando pelo nariz e nadadeiras enquanto lutava para se libertar. Jackson tirou sua faca enquanto Abbey punha as mãos sobre o golfinho, acalmando-o. Jackson sentiu uma pequena explosão de energia na água, quase elétrica, quando ela se comunicou com o animal e soube que agora tinham um autêntico problema. Ao utilizar energia psíquica para manter ao golfinho calmo enquanto ele atacava e cortava a grossa rede, ela estava se arriscando a outro ataque psíquico sobre eles. Não tinha nem idéia de que forma tomaria este, mas eram extremamente vulneráveis no meio do frio oceano, e a noite. Abbey começou a ajudá-lo, embora requeresse uma grande quantidade de força para cortar a rede. Rodearam ao golfinho tão rápido como foi possível, separando dele a rede ao passar. Pareceu levar um longo tempo... muito tempo... com a água escura os rodeando e o golfinho retorcendo-se de desespero, apesar dos gestos tranqüilizadores da Abigail. Não havia forma de dizer quanto tempo estivera lutando, e estava exausto e necessitado de ar. No momento em que se liberou, lançou-se para a superfície, com Kiwi os abandonando para ajudar Boscoe. Jackson manteve a faca na mão e indicou a Abigail que fosse para a superfície. 155
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Ela assentiu e começou a nadar, chutando fortemente em um esforço para se apressar. Jackson permanecia justo atrás dela, e sentiu o primeiro puxão sobre seu corpo, um poderoso fluxo de água fluindo contra a maré. Amaldiçoando para si mesmo, utilizou sua força para tentar mantê-los na direção que desejavam ir, mas a correnteza os apanhou e os voltou como uma máquina de lavar roupa. Jackson ondeou os braços em um esforço para agarrar Abigail e atraí-la mais perto dele, para ajudar a protegê-la dos restos que se retorciam com eles, mas somente pôde medir seu traje quando ela girou sob ele de volta ao fundo do mar. O corpo de Jackson golpeou contra o fundo. Rodou uma e outra vez, sua garrafa arranhava o leito marinho, a força da água tentava arrancar de seu corpo o equipamento. Obrigou-se a relaxar, permitindo que a água o levasse, sentindo o puxão da corda que ancorava Abigail. Sabia que com a força da turbulência, a corda poderia se romper a qualquer momento. Jackson se empurrou do fundo e começou a nadar em perpendicular à costa. Era difícil imaginar onde estava exatamente já que tinha estado girando e derrubando -se. Sua corda pôs tensa e aplicou um pouco de pressão, sabendo que Abbey estava muito mais familiarizada com o mar e seus perigos que a maioria das pessoas. Era bióloga marinha e passava grande quantidade de tempo sob a água. Não haveria pânico por parte da Abigail. Sentiu a corda relaxar e imediatamente ela roçou sua perna, indicando que estava nadando com ele. Deveriam ter sido capazes de arrancar-se da corrente, mas outra poderosa contracorrente os capturou outra vez. Jackson teve a impressão de um jogador de boliche, utilizando a correnteza para derrubá-los e afundá-los. Rodaram juntos desta vez, Jackson e Abigail se agarraram um ao outro com os braços e coxas para tentar minimizar o dano. De novo ele se empurrou longe do chão, utilizando a força de suas pernas. Algumas vezes as correntezas eram comuns ao longo da costa norte, mas isto... isto não era uma contracorrente. Gratsos tinha atacado. Algo grande e pesado os golpeou. Ele se afastou, mas Abigail estendeu a mão ansiosamente. Jackson compreendeu que o golfinho havia retornado e ela se agarrou a sua nadadeira. Kiwi utilizou seu poderoso corpo para arrastá-los para fora da correnteza e de volta para a superfície. A água os absorveu por um momento e logo estavam nadando livres. Pareceu levar uma eternidade para alcançar a superfície. Quando atravessou a água e olhou ao redor, o barco estava a uma boa distância e o vento tinha elevado as ondas a várias dezenas de centímetros de altura. Começaram a nadar através do fluxo. Algo lhe roçou a mão quando deu uma braçada. Abigail ofegou. — Cuidado, Jackson. OH, meu Deus. Fica quieto um momento. Assim o fez, olhando ao redor, tentando imaginar o que a tinha alterado. Tudo ao redor deles era como um bosque de cogumelos gigantes, tinham medusas flutuando ao fundo, centenas delas. Nunca tinha visto umas tão grandes. Passado tempo suficiente no oceano para ver grandes populações de medusas movendo-se através da água, mas nada como isto. As cabeças de cogumelo rosados eram grandes, como estranhos monstros das profundidades. Os tentáculos se estendiam por toda a água, os largos filamentos criavam um bosque de extremidades tóxicas que procuravam qualquer coisas que se cruzasse em seu caminho. 156
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— Não toque os tentáculos — advertiu Abbey. — Como caralho se supõe que vou fazer isso? — exigiu Jackson, dando a volta, procurando uma forma de atravessar o denso campo. — O que são estas coisas? — Medusas, um exército inteiro delas. Juraria que estão tentando nos encontrar, e não se supõe que possam fazer isso. — Merda, diga a elas, Abby, porque não parecem saber isso. Como vamos sair daqui? Tentaram não se mover porque o mais ligeiro rebolado de um braço ou perna atraía às criaturas, como se o movimento de seu corpo atraísse sua atenção. — Sente a energia que as rodeia? — perguntou Abigail. As ondas rompiam sobre ele e quase os afogava. Quando pôde, sacudiu a cabeça cuidadosamente. — Não. Mas se houver energia psíquica, tem que ser esse bastardo. — Não temos mais escolha do que combater fogo com o fogo. — Elle não, Abbey. Vai se queimar. Precisa descansar. — O resto de nós não precisa. E ele não vai levar a nossa irmã... nem a você. — Abigail salpicou água com a palma da mão com desgosto, dirigindo-a longe deles e observando às medusas espreitar em enxame onde a água tinha mexido. — Elle poderia chutar totalmente seu rabo amador se estivesse em plena forma. Subiam acima e abaixo entre as ondas, tentando não se mover muito. — Como vamos sair daqui, Abby? Você é a perita. — Não podemos descer, estão sob nós. Ele colocou algum tipo de armadilha, mas como pode ver, não está fixada especificamente para nós. Está utilizando traços de energia psíquica para acionar seus ataques. Eu a estava utilizando com o Boscoe, para acalmá-lo e curar ao mesmo tempo. Não queria que pegasse infecções. — Era difícil falar e ambos estavam cansados, tentando deixar que as ondas fossem e viessem sem arrastá-los. Abbey olhou para sua casa. Quase imediatamente, Jackson pôde sentir uma sutil diferença no vento. Trocou de direção, uma suave ondulação em vez de um rugido, levando com ele uma doce voz feminina. Joley Drake. Superestrela, com a voz de uma sereia, chamando as medusas, atraindo-as através da água. Uma feiticeira cantante, Joley podia persuadir qualquer com sua voz. Ia à deriva como uma alga marinha, pacífica e serena, melodiosa e enfeitiçante, e todo o momento os fios de melodia sussurravam e adulavam às medusas, convocando-as para ela. Os tentáculos golpearam como látegos a água, a corrente de energia psíquica explodiu em resposta à canção de Joley, mas o enorme grupo de medusas se movia longe de Abigail e Jackson, para a voz de Joley, impelidas por sua necessidade de responder. Jackson e Abbey esperaram que a migração passasse e depois começaram a nadar de volta para ao barco. Jackson tinha dado duas braçadas através da água, com Abigail a seu lado esquerdo, quando de repente o corpo dela saltou com força, a corda entre eles ficou tensa. Abbey apertou o punho e começou a golpear algo invisível sob a água, amassando uma e outra vez, antes de ofegar e afundar, olhando nos olhos, com desespero e horror no rosto. Jackson meteu o regulador na boca e se afundou com ela, seguindo seu corpo sob a superfície.
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A água estava escura, e mal pôde discernir uma enorme nadadeira e o corpo com forma de torpedo, um só olho redondo e mandíbulas fechadas ao redor da perna de Abbey, que com o punho lhe golpeava o nariz e os olhos. A água se agitou e se nublou mais, obscurecendo sua visão. Chutando com força, Jackson tentou girar, compreendendo que o tubarão tinha soltado a Abbey e desaparecido de sua vista. Deu a volta para ver uma enorme boca aberta, a fila dupla de dentes parecia uma serra circular, malvada, primitiva e muito grande para evitá-la. A carga passou junto a Jackson e golpeou Abbey de novo, forte o bastante como para que seu corpo saltasse e fosse impulsionado para frente. Jackson viu como a mão dela bateu sobre a água, estalava em uma agitada massa de borbulhas e restos, uma vez mais lhe obscurecendo a visão. Seu corpo foi arrastado rapidamente através da água, empurrado pela corda que o prendia a Abby. Nadou mais rápido, tentando agarrar o passo, com a faca em punho enquanto se aproximava do enorme tubarão, tentando rodeá-lo até a cabeça. As mandíbulas estavam fechadas ao redor das costas e o estômago de Abby, o tanque de metal estava esmagado contra sua boca. Abbey tentou lutar enquanto ele se aproximava do lado. Afundou a faca profundamente no olho do animal e puxou a cabeça para trás, abrindo as enormes mandíbulas para soltar Abigail. Um corpo grande passou junto a ele como um torpedo e golpeou duramente ao tubarão na barriga, por baixo, e Jackson agarrou Abbey pela cintura e lhe empurrou o regulador de emergência na boca enquanto chutava longe do tubarão. Um segundo golfinho tomou a substituição no ataque, dando com força no estômago do tubarão. Mal este se afastou, um terceiro e logo um quarto se uniram à luta, os golfinhos protegiam Abbey, jogando um jogo perigoso de substituições para lhes dar tempo de escapar. Jackson não esbanjou os preciosos momentos que os golfinhos lhes tinham dado. Nadou com força, levando Abigail com ele, detendo-se somente para tomar fôlego enquanto dirigia sua escapada em ângulo para o barco. Tentava mante-los na parte baixa das ondas, e esquivar das armadilhas ocultas de Gratsos para a energia psíquica. Já no barco, fizeram várias tentativas com ambos utilizando toda sua força para tirar Abbey da água. Jackson queria seu próprio corpo completamente fora, mas com o equipamento e suas forças quase desaparecidas, foi uma luta subir ao bote. Ao final teve que tirar o cinturão de chumbo e depois a garrafa. Mesmo então levou vários minutos arrastar-se a si mesmo para dentro. — Está bem? — perguntou enquanto arrancava o motor. — É muito grave? — Não queria lhe tirar o traje para olhar. A estreita compressão ajudaria a segurar qualquer hemorragia. Abigail, meio sentada e meio estirada, soltou um agudo assobio para indicar aos golfinhos que saíssem da zona antes de responder. — Tive sorte. Era um Grande Tubarão Branco jovem, e por certo, os ataques dos jovens são muito estranhos. Somente ouvi falar deles um par de vezes. Agora me pergunto se algo os provocou, se Gratsos ou alguém como ele utilizou o mar para pôr armadilhas psíquicas. — Me diga se é muito grave Abbey — insistiu Jackson enquanto acelerava o barco. Abigail tomou fôlego e se obrigou a olhar seu corpo. Havia uma navalhada em um braço que requereria pontos. Com o passar da coxa tinha muitas lacerações, muito maiores que a do braço, mas uma vez mais, nada que ameaçasse sua vida. Levantou o olhar para ele. 158
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— Acredito que o tubarão fechou a boca ao redor do tanque quando me agarrou e houve uma sensação de ardor, uma pressão em meu abdômen, e há rasgões em meu traje com sangue neles, assim honestamente não sei quão grave é, mas o resto não é tanto. — Aleksander vai ser um russo de saco cheio. Ela suspirou. — Eu sei. Vai me levar ao hospital embora Libby provavelmente poderia cuidar de tudo em casa. O barco voava sobre as ondas de volta à costa. Ao redor deles, a névoa se espessava e rodava, obscurecendo-se em cor, embotando toda luz até que a costa desapareceu. Jackson amaldiçoou baixinho. Grandes rochas se elevavam saindo do mar a seu redor e a visibilidade tinha passado a zero. Podia ouvir o fôlego da Abigail chegando em pequenos ofegos e, embora lhe tinha assegurado que não estava tão gravemente ferida, ele não estava seguro e queria levá-la a um hospital logo que fosse possível. Reduziu a marcha do barco, um estremecimento desceu por sua espinha dorsal ao mesmo tempo em que Abbey vaiava baixo. Seus olhares se cruzaram e logo ambos começaram a tentar atravessar o véu de escuridão que se fechava ao seu redor, em busca da próxima ameaça. Ambos a sentiam, algo malevolente espreitando-os, montando na corrente oculta sob a superfície da água. O vento começou a se levantar, empurrando as ondas mais alto, fazendo com que o mar ao redor começasse a se agitar violentamente. — Agüente, Abby — disse Jackson sombriamente — esse bastardo vem atrás de nós novamente. — Estou bem — tranqüilizou-o Abigail. — Não se preocupe por mim. Principalmente estava preocupado que Elle tentasse ajudá-los e Gratsos reconhecesse sua energia psíquica. Preocupava-o que primeiro Hannah e depois Abigail tivessem sido atacadas depois de utilizar energia psíquica. Tinha que ser isso o que disparava os ataques, e o modo em que utilizavam seus talentos tinham de algum modo a assinatura de Elle estampada. Era consciente Gratsos de que, na realidade, estava atacando a membros da família de Elle? Havia dito que mataria a todos a quem amava a menos que voltasse para ele, e Jackson não tinha dúvidas de que esse homem era o bastante cruel para tentar levar a cabo sua ameaça se a encontrasse, e ninguém o deteria. — Suas irmãs estão conectadas a você agora? — Sim, é obvio. — Então sabem do ataque do tubarão? — Sim. E sabem que estamos sendo espreitados. — Não responda a elas. Nada de utilizar energia psíquica até que estejamos a salvo na costa. Abigail girava a cabeça para um rugido a sua esquerda quando uma coluna de água se disparou para cima, girando violentamente, o comprido tubo formava redemoinhos e ganhava força enquanto puxava mais e mais água a seu redor para a alta coluna. Jackson pôs a barco em reversa em um esforço para evitar serem arrastados pelo redemoinho de água justo quando um
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segundo surgiu, com um estalo da água. A água atirou o pequeno bote de um lado a outro quando o tornado fez erupção ao redor deles como se de uma peça de caça se tratasse. Da direção do lar da familiar Drake chegou uma feroz rajada de vento que correu sobre suas cabeças e se encontrou com os turbulentos ciclones no alto, empurrando as colunas de água para trás e longe do barco, limpando uma seção de névoa ao redor do bote. Jackson não vacilou, confiando nas mulheres Drake enquanto levava o bote pela abertura. O vento continuava, varrendo com tudo para limpar o caminho, obrigando aos tornados a retroceder e dispersando suficiente névoa para proporcionar ao Jackson uma linha livre para a costa. As luzes brotaram ao longo da praia, vários focos poderosos apontando de volta ao mar, chamando Jackson, e soube que Elle e Aleksander se equiparam de lanternas para tentar perfurar o grosso véu de névoa. Utilizando o brilho das lanternas como um farol, dirigiu-se para casa, sem frear quando o primeiro, e depois outro ciclone se aproximou deles. O vento feroz golpeava diante do bote, obrigando aos ciclones a afastar-se deles e continuando limpando o caminho. Colocou a barco na praia enquanto Aleksander se apressava para eles. O russo elevou Abigail em seus braços, embalando-a firmemente contra seu peito, o rosto era uma máscara feroz quando deu a volta e se dirigiu à ambulância que esperava, ignorando os protestos de Abigail a cada passa do caminho. Jackson empurrou a barco mais acima, bem consciente de que os ciclones eram mantidos a raia pelas Drake, mas que elas estavam perdendo energia e o vento estava decaindo. Ouviu Bomber latir ferozmente e seu coração saltou. — Fique atrás, Elle. Maldita seja, se afaste do mar. Volta para dentro, estarei lá em um minuto. — Utilizou sua voz mais séria, rezando para que ela escutasse. A pessoa nunca sabia com Elle, não aceitava muito bem as ordens. — Atrás de você, Jackson — chiou Elle. Sabia bem que não devia dar as costas ao oceano, mas estava concentrado nela e a onda vinha rugindo para ele, com aspecto de uma parede de sete metros de água. Os ciclones se fundiram e Gratsos estava efetuando seu último ataque brutal. O coração de Jackson se afundou. Não tinha nenhuma chance, a onda o varreria até o mar e já estava muito exausto para lutar com êxito. Ficou simplesmente esperando que o consumisse. Elle correu para frente, elevando os braços ao ar, com o rosto voltado para o céu, as palmas estendidas para fora. Cantarolou algo que o vento apanhou e levou para longe, assim ele não pôde ouvir, mas estavam conectados, soldados mente com mente, e sentiu o poder mover-se dentro dela, através dela, uma explosão de energia tão forte que quase esperava que a noite se iluminasse. Sentiu o impacto da raiva dela, um poço fazendo erupção, uma explosão de energia violenta explodindo contra a parede de água com a força de um vulcão. Sua energia era de um vermelho ardente e o ar vaiou, faiscou e percorreu a praia. O relâmpago brilhou no céu. A onda se disparou para cima, um lençol sólido de água superaquecida que explodiu no interior da névoa, estendendo-se como um fogo incontrolado, consumindo tudo a seu redor, de forma que no alto, grandes nuvens em forma de cogumelo se elevaram. Chamas de vermelhas e alaranjadas lamberam ao longo das bordas e rodaram como bolas de fogo no interior da agitada massa, para voltar a chover sobre o mar, deixando cair fogo líquido às profundidades 160
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onde encontrou a corrente oculta que corria sob a água e canalizou a feroz energia, procurando vingança. A névoa tinha desaparecido como se nunca tivesse existido, o céu estava limpo e infestado de estrelas por toda parte. O silêncio se pousou junto com as chamas e só ficou o som das ondas, um firme fluxo e vazante que proporcionava uma sensação de paz. Os joelhos de Elle cederam e caiu de rosto na areia. Bomber se apressou até Jackson, depois se voltou para Elle, ansioso, inseguro de com qual dos dois acudir. Jackson estava de pé cambaleante junto ao barco, com uma mão no lado do bote para estabilizar-se. Olhou a seu redor, deslumbrado, exausto, tentando encontrar a força para se mover, para chegar a Elle. A água estava calma, a praia pacífica, e além do cilindro de aço de Abby e o cinturão de chumbos com marcas de dentes, não havia a mais mínima evidência da luta que se produziu por suas vidas. — Elle? — caminhou cambaleante para ela e se deixou cair na areia a seu lado. Elle rodou e o encarou. Havia sangue gotejando por seu ouvido e ao lado de sua boca. — Assustou-me de novo, Jackson — sussurrou. — Me desobedeceu de novo. — Estirou-se a seu lado, estendendo um braço para elevá-la e descansar a cabeça em seu peito, e apertou seu corpo firmemente contra o dele. — Muito inapropriado para a mulher de um tipo duro. — Acabo de salvar seu traseiro de tipo duro, colega — assinalou ela. — Sim, o fez. Me lembre agradecer isso apropriadamente mais tarde. — Stavros realmente me zangou esta vez. Ele girou a cabeça e baixou o olhar a seu rosto pálido. — Tenho que lhe dizer isso carinho, quando te enche o saco, fica ainda mais linda. Esse fogo no céu me deixou a mil. Se não estivesse tão endemoniadamente cansado, demonstraria o quanto. — Muito gentilmente limpou o sangue do seu rosto com a mão. — Tem alguma idéia da gravidade dos ferimentos de Abbey? Disse que estava bem, mas havia sangue, e embora tenha dito que era um tubarão jovem, a mim pareceu um enorme filho da puta. Elle pressionou o rosto mais perto dele. — Obrigado por salvá-la. — Desejaria poder me atribuir o mérito. Foram seus golfinhos. Vieram ajudar justo no momento preciso. — Vai levar pontos no braço, não muitos, mas a ferida da perna requer muitos mais. Talvez vinte ou assim. — Elle franziu o cenho, concentrando-se durante um momento, escutando o fluxo de informação de suas irmãs. — Seu abdômen está muito machucado e tem umas quantas navalhadas aí também, mas acreditam que algo, possivelmente o cinturão de chumbos, salvou-a. — Tinha marcas de dentes. Elle estremeceu e se pressionou mais perto. — Está todo molhado. — E muito cansado para fazer algo a respeito. — Roçou-lhe um beijo no rosto. — Suponho que poderíamos tentar nos arrastar de volta à casa. — Ficou em silencio durante um momento. — Recorda sua idéia de se mudar terra adentro, longe da água? Estou começando a pensar que 161
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poderia ser boa ideia, depois de tudo. — Inclinou-lhe o queixo para cima até que seus olhares se encontraram, o breve brilho de diversão se desvanecia em seus olhos. — Ele não vai se deter, sabe. Ela piscou, seus olhos passaram do verde mar a um místico esmeralda. — Eu sei. — Suspirou suavemente, seus dedos se deslizaram sobre o traje de neoprene dele, roçando-o umas poucas vezes, assegurando-se de que estava vivo e bem. — Chamarei Dane amanhã e o informarei. Talvez possamos juntar nossas cabeças e nos ocorra alguma idéia para uma operação de aguilhão. Tem que haver um modo de apanhá-lo, de conseguir provas das quais não possa escapar. Uma coisa muito pública. Ele ficou em silencio durante um momento, duvidando antes de lhe dizer o que sabia era que verdade. — Não deixará de te perseguir, Elle, nem sequer estando na prisão. — Estava tentando lhe dizer, sem pronunciar as palavras em voz alta, que sabia o que teria que fazer. — Jackson, ele não vale a pena. — Você vale para mim, neném, e mais que isso. Não posso permitir que esse filho da puta te aterrorize durante o resto de sua vida. — Não pode deixar que te force a fazer algo que sabe que está errado. O assassinato está errado. — Teremos que estar de acordo em discordar, eu o chamaria mais de fazer justiça. Elle fechou os olhos. — Este foi um dia realmente mau. — Tarde — corrigiu ele. Elle levantou a cabeça para encará-lo. — O que? — Foi um bom dia, carinho. Desfrutei de cada minuto com você. Nem tanto com suas irmãs, entretanto. Acredito que passarei de nadar com Abbey a próxima vez que queira ir mergulhar. Elle riu suavemente e se apertou contra ele. — Acredito que vamos ter que aprender teletransportação. Não seria bom? A mão dele subiu para descansar entre seu cabelo, massageando o couro cabeludo. — Já é bastante horripilante, Elle. Não precisa caminhar sobre a água ou atravessar paredes. — Não sabe que Sarah é a que caminha sobre a água? Jackson abriu os olhos de par em par. — Não me diga coisas assim. — Quando Damon chegou pela primeira vez ao povoado, ouviu todo tipo de rumores sobre Sarah. Ao que parece, era muito resmungão e tantos rumores o incomodavam assim inventou um próprio e este se estendeu pelo povo como um rastro de pólvora. Jackson riu. — Posso ver Damon fazendo algo assim. – Rodou. — Pode chegar até a casa? — Parece estar muito longe. — Amanhã, Kate vai tentar curar seu talento.
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Ela sacudiu a cabeça e obrigou a seu corpo exausto a sentar-se. No momento em que se moveu, sentiu como se sua cabeça explodisse. Estavam tão unidos que Jackson agarrou sua própria cabeça e quase tombou em um intento por combater a dor e o enjôo. Seu olhar encontrou o dela. — Não seja teimosa, Elle. Não podemos nos permitir mais possibilidades de que te queime completamente. Segue com isto e acabará com um dano permanente. Até que nos liberemos do Gratsos e seus ataques, vai seguir utilizando suas habilidades e sua cabeça é uma bomba relógio. Sabe disso! — Não quero ser uma bomba relógio para Kate. Nenhuma de nós nunca tentou curar uma queimadura psíquica. É meu problema, não o dela. — A minha curou, assim pode fazê-lo. — Quando Libby cura, toma uma parte dessa enfermidade ou ferida em si mesmo e seu corpo tem que tratar com ela. Provavelmente seja igual com a Kate. Não estou tentando ser teimosa, Jackson. Simplesmente não poderia suportar que ocorra nada a nenhuma delas por minha culpa. Ele se agachou na areia junto a ela e lhe emoldurou o rosto com as mãos. — Se não permitir que o tentem, nem sequer em pequenos incrementos diários, somente um pouco cada de vez para acelerar o processo, todos estaremos em perigo. Cada vez que ele chega até nós e obtém só um pouco de êxito, isso o fortalece e nos debilita. Desta vez, lhe enviou uma mensagem de mil demônios. Em qualquer lugar que esteja, teve uma reação violenta. Não há forma de que não tenha sido assim e não está para nada perto de suas plenas faculdades. Necessitamos de você nesta luta, Elle. Vai ter que deixar Kate tentar. — Pensarei nisso. — Quando ele continuou olhando-a, suspirou. — Prometo-o, Jackson. Falarei disso com a Libby e Sarah e veremos o que dizem antes de perguntar a Katie. Matt é muito protetor com Kate e poderia pôr objeções. — Todos colocarmos objeções às coisas que fazem mal às garotas, mas o fazem de qualquer forma. Se Kate decidir que pode te curar sem danificar a si mesma, nada que diga Matt a fará trocar de opinião. — Jackson a agarrou pelos ombros e a ajudou a ficar em pé. Elle se cambaleou instavelmente, sua cabeça gritando. — Vou ter que me recostar. — Eu também. Entremos na casa se por acaso Gratsos tentar algo mais. — Não acredito que Stavros estará em forma para tentar nada contra nós durante um tempo. Vai necessitar um pouco de atenção médica. — Elle lhe sorriu zombeteiramente. Jackson lhe rodeou a cintura com o braço mais firmemente e começou a levá-la para casa. Bomber se colocou em posição a seu lado, com o corpo relaxado, o que ajudou Jackson a respirar um pouco mais facilmente. Se Elle dizia que Gratsos estaria fora de combate durante um momento, desejava que fosse certo, mas não ia arriscar. Esse homem seguiria vindo atrás deles. — Vai deixar que seu contato saiba que está a salvo? Está segura da sabedoria disso? — Tenho que fazê-lo, Jackson. Não é justo para ele e poderia ter um plano que nos ajudasse com o Stavros.
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Jackson permaneceu em silêncio. Tinha seu próprio plano para Gratsos e este não incluía permitir a essa pobre desculpa de ser humano viver.
Capítulo 14
O quarto estava quente, muito quente, tão quente que mal podia respirar sem escaldar os pulmões. Era pequeno e não tinha janelas, nenhuma ventilação além de uma pequena fossa perto do teto. Grande parte do tempo, mantinham uma luz brilhante sobre ele, forçando-o a estar de pé durante dias, golpeando-o quando caía ao chão ou simplesmente se sentava a modo de desafio. Bem, mais por necessidade que desafio, mas eles não o viam desse modo. Estava ali há semanas, sem nenhum final à vista. Sozinho. Sempre sozinho. Ocasionalmente traziam outros e os torturavam, podia ouvir os chiados e os sons de brutalidade, os gritos, geralmente em outro idioma... e estava seguro de que era ele o único preso norte-americano que tinham. Essa era provavelmente a razão pela qual não o tinham matado. Não estava seguro de que pudesse ter mantido a prudência sem ela... sem essa voz, tão suave e melódica na cabeça, que o levava a outro lugar, lhe dizendo que estava com ele, compartilhando sua mente para que ele sentisse que não estava sozinho nesse pequeno quarto de dois por dois. Quando não estava com ele, compunha música em sua cabeça, longos concertos e sinfonias inteiras. Ou desarmava armas e as recompunha, tudo em sua cabeça, atendendo a cada detalhe. Às vezes eram bombas, as montando e as desarmando. Complexos problemas matemáticos e logo depois de volta às armas... em sua mente viajava daqui para lá, tentando não voltar-se louco. Vinham. Podia ouvir. Sempre os ouvia. Seu coração começou a bombear e seu estomago se revolveu. O ar saiu precipitadamente de seus pulmões pela espera. Isto ia ser mal. Sempre era mal. Tinham-lhe reduzido a um animal... não, menos que um animal. Tinha marcas de cordas pelas apertadas ataduras dos braços depois de ter estado pendurado durante dias, sendo golpeado com correntes, látegos e cabos. Sabia que seus braços estavam infectados, ardia de febre, mas tudo isto ia lhe romper. Estava no acampamento há muito tempo e vira presos ir e vir para saber que cada vez que vinham por ele, ou sobrevivia e se fazia mais duro, ou o romperiam e destruiriam para sempre. A voz... sua voz... chegou a ser sua razão para resistir, para sobreviver. Tinha sido enterrado na areia até o pescoço durante três dias. Essa tinha sido uma das piores prova, com o calor, os insetos e a pressão em seu corpo. Tinha acabado com três costelas quebradas e várias infecções fortes que duraram semanas. Um guarda entrou e seu coração se afundou. Reconheceu ao homem como um dos mais sádicos, um homem que gozava torturando. Vira-o pôr uma furadeira no dorso da mão de um homem e rir antes de começar a cortar partes do corpo, matando lentamente ao homem. Freqüentemente assaltava sexualmente aos detentos, e logo os golpeava durante horas, detendo-
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se somente para descansar quando estava esgotado. Gostava dos maçaricos, furadeiras e descarga elétrica. Imediatamente, ela estava ali, quase como se uma parte que nunca o abandonava de tudo e quanto mais desesperado estava ele, ela se removia em sua mente, enchendo-o de calor e força, embora não desejasse que presenciasse o que fora a acontecer. Tem que ir. Agora. Ele é o pior. Ela não podia estar ali se o guarda o assaltasse, e logo começava a golpeá-lo porque planejava resistir. Se ela se fosse, ele estaria mais só do que nunca e possivelmente esta vez poderia zangar ao guarda o bastante para que perdesse o controle e o matasse. Jackson não podia ver nenhuma outra saída. Não vou te deixar. Sei o que te estou pedindo, mas por favor não o tente. Coopere até que chegue o momento, e me acredite, chegará. Sempre há um momento em que não prestam atenção. Estarei com você e te darei forças para que possa escapar. Ela tinha evitado que tentasse incitar aos guardas para que o matassem. Levava semanas ali e ninguém tinha escapado. Ninguém tinha vindo. Não podia dizer onde estava, assim que ela não podia mandar uma equipe de resgate. Moviam-no freqüentemente. Não via muita esperança. Não podia prometer, não do modo em que ela queria, mas fez o equivalente mental a um encolhimento de ombros, tão esquivo como foi possível. O guarda se aproximou um passo mais de seu corpo magro e quebrado. O segundo guarda, um homem menor com uma barba longa, e olhos que diziam que só estava fazendo seu trabalho, mas que este não tinha porque gostar dele, e atirou-lhe um balde de água gelada sobre a cabeça. Foi um golpe com o quarto tão quente e sua temperatura corporal alta. — Acorde, comida para porcos. Jackson nunca podia estar seguro de entender os variados insultos corretamente, mas as interpretações aproximadas nunca lhe importavam muito. Abriu os olhos e olhou à miserável desculpa de ser humano que estava de pé ante ele, com as pernas separadas e um brilho doentio e malévolo nos olhos enquanto estudava Jackson. — Me fale a respeito da unidade em que está. Não lhes deve nenhuma lealdade. Abandonaram-no. Aonde irão a seguir? Jackson soltou um pequeno suspiro e repetiu seu nome, graduação e número de série como tinha feita centenas de vezes antes. Isto era sempre a abertura do macabro baile que realizavam juntos. Mal tinha chegado a sua graduação quando o guarda deu o primeiro golpe, atirando-o para trás. A surra durou o que pareceram horas. Primeiro com látegos, os golpes que destroçaram a roupa e rasgaram a pele por todo o corpo. Nenhuma parte dele ficou sem tocar. Logo vieram os pontapés e os murros. O guarda se deteve para tomar um descanso, saindo do quarto. O segundo homem permaneceu no rincão e quando Jackson o olhou, afastou o olhar, mas não interveio quando o primeiro guarda voltou, desta vez com um pau cheio de pregos que se sobressaíam dele. Jackson soube que não ia passar por isso e sobreviver intacto. Tinha sido golpeado com isso uma vez antes, e a dor fora atroz. Pior ainda, as infecções se estenderam por toda parte, as feridas sem tratamento se ulceraram devido ao calor e os insetos. Estava acabado. Era o fim. 165
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Ela soube o momento exato em que se rompeu. Não em sua resolução de agüentar frente a seus captores, a não ser sua intenção de forçá-los a matá-lo. Ouviu-a gritar. Sinto muito. Não sou forte o bastante para passar por isso outra vez. Vive. Vive por mim. Sei o que estou pedindo, mas por favor, não faça isso. Não se renda. O guarda se aproximou dele, com um sorriso malvado na boca, o ódio lhe retorcia o rosto. Mais perto... mais perto. Jackson o observou vir, permanecendo imóvel. Profundamente dentro dele, a ouvia soluçar e então ela suprimiu o pequeno grito. O coração de Jackson gaguejou. Por um momento, pensou que poderia encontrar a força necessária para agüentar, mas o guarda balançou o pesado pau cheio de pregos e o golpeou no peito. O fôlego abandonou os pulmões em uma rajada dura e ouviu um agudo som bestial escapando de sua garganta. O guarda riu e se aproximou um passo mais para lhe cuspir no rosto. Jackson reagiu, levantando a cabeça e golpeando ao guarda no nariz, rompendo-o. Ao mesmo tempo, arremeteu com os pés, permitindo que seus braços tomassem seu peso enquanto chutava ao homem na virilha. Jackson aterrissou duramente contra o chão, os braços estirados e ardendo. O guarda vacilou durante uns poucos minutos, lutando para respirar, enquanto o segundo guarda corria a envolver outra corda ao redor dos tornozelos do Jackson. Fez-se um silêncio, quebrado só pela respiração áspera do guarda sádico. Este ficou lentamente de pé, seu rosto era uma máscara de sangue. Amaldiçoou, agarrou Jackson pelos pés e começou a arrastá-lo através do chão de pedra para a porta. Deteve-se e plantou viciosamente uma bota nas costelas de Jackson antes de gritar ao outro guarda para que o ajudasse. Sangue e saliva lhe corriam pelo rosto e chutou outra vez a cabeça de Jackson antes de puxar uma vez mais de seus pés. Jackson foi arrastado para fora e através de um pátio até o portamalas de um velho carro amassado. A boca lhe secou. Tinha visto um corpo voltar depois de que o tivessem arrastado com o carro pelo caminho coberto de areia e cheio de pedras e buracos. Não sobrara nada de pele sobre ele, tinha parecido uma parte de carne crua em um gancho. O guarda atou os braços de Jackson ao pára-choques e indicou ao outro homem que entrasse no assento do condutor. Discutiram durante um par de minutos e então o guarda sádico tirou sua arma. O outro homem subiu ao carro e arrancou o motor. Sem se incomodar em enxugar o sangue, cuspiu sobre o rosto de Jackson e logo se introduziu no carro. Jackson ouviu o golpe da porta. Deixe-me agora. Ela não podia estar em sua cabeça quando morresse, não deste modo, arrastado detrás de um carro como uma cabeça de gado morto. Obrigado por tudo. Não tem nem idéia do que significou para mim. Não vou te abandonar. Não o farei. Se houvesse um coração em seu corpo, a emoção dela o teria quebrado, mas por fim, tudo nele tinha desaparecido. Sentiu retumbar do carro, a explosão do escapamento, um puxão terrível nos braços como se lhe estivessem sendo arrancados e logo foi arrastado pelas pedras e a areia. Tinha acreditado conhecer a dor, mas não estava preparado para a atroz agonia que lhe atravessou. Quase perdeu o conhecimento quando as pedras e a areia lhe amassaram a roupa e logo a pele. A cabeça estava mais alta, assim que a areia que saía despedida atuava como um
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máquina de moer em um lado do rosto, queimando até que pensou que não ficava nada exceto osso. Um carro chegou abanando o rabo pelo outro lado, tocando a buzina desenfreadamente, o condutor ondeava os braços e finalmente estacionou diante deles, obrigando ao guarda a obedecer. O carro se deslizou até deter -se, as rodas ao girar cuspiram areia em todas as feridas abertas do rosto e o lado esquerdo de seu corpo. A areia tinha destroçado a poucas roupa que tinha estado levando, lhe deixando em carne viva e ensangüentado, picado da cabeça aos pés. Jackson estava ali convexo, a areia ardia através do músculo e o osso, mas não tinha a força suficiente para levantar a cabeça e ver o que acontecia. Sentia os braços como se os tivessem arrancado de um puxão e estava quase seguro de que algo mau lhe tinha passado ao ombro esquerdo. A dor lhe fez sentir nauseia e o mundo a seu redor girou, até que seu centro se desequilibrou e tudo se inclinou loucamente. A portinhola do carro se fechou e o condutor rodeou a parte traseira do carro, as pernas estavam em sua linha de visão. O guarda sádico se apressou ao outro lado, rugindo de ira. O condutor do outro carro saiu muito mais lentamente e deu a volta passando sobre o corpo do Jackson. Chutou-lhe areia no rosto, mas Jackson não acreditava que o homem se dera conta do que tinha feito. Jackson, como ser humano, merecia tão pouca preocupação que apenas o olhavam. Explodiu uma discussão, com o guarda sádico gritando que mataria Jackson, que faria o que quisesse. O condutor do outro carro, um estranho para Jackson, não levantou a voz, mas insistiu em que era valioso e não devia morrer. O homem tirou uma faca, agarrou a corda que atava ao Jackson ao pára- choque do carro e lhe empurrou os braços para cima até que a corda esteve tirante. Doía como o demônio. Por um momento, pequenas estrelas dançaram sobre um fundo negro e Jackson esteve seguro de que desmaiaria. Não! A voz foi aguda. Não estão emprestando atenção em você. Somente são três. Fixaste-se na arma em seu cinturão. Quando embainhar a faca na vagem, essa será sua oportunidade, Jackson. Há um carro, água, armas e ninguém ao redor. Tem que fazer isto. Darei tudo o que puder, mas tem que fazer isto. Ela tinha razão. Era agora ou nunca. Não importava quão fraco estivesse, quão esgotado ou ferido, se não aproveitasse esta oportunidade, possivelmente não teria nenhuma outra. A resolução dela chegou a ser a sua. Reforçou-a com seu ódio para seus captores. Tinha aprendido a orar e tinha aprendido a odiar. Nunca tinha rezado por nada exceto por força para agüentar, para resistir, para manter sua alma intacta, mas agora orou por ter a força para matar e para matar velozmente. Seus braços chiavam, o ombro pulsava e pulsava de dor, mas tudo isso foi jogado a um lado. Ficou pendurando das cordas, os olhos se entrecerraram até formar frestas, seu corpo preparando -se até converter -se na máquina que tinha sido treinado a ser. A faca cortou limpamente as cordas e Jackson caiu à areia, observando como o condutor empurrava a folha de volta à vagem do interior da bota. Todo o tempo, o condutor e os guardas seguiam discutindo, sem lhe emprestar atenção.
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Quando o guarda sádico se aproximou um passo, a fúria que o aguilhoava lhe dobrou os punhos, Jackson sentiu força e poder vertendo-se sobre ele. Foi tanto e tão rapidamente, que apenas o pôde conter. Tinha esquecido o que era sentir a rajada de adrenalina emparelhada com o poder absoluto. Seu cérebro estava limpo, preciso, cada passo tinha sido planejado de antemão. Golpeou, liberando a faca com a mão esquerda, o suave arco de sua mão continuou até perfurar profundamente a coxa, cortando artérias enquanto alcançava a arma com a mão direito, arrancando-a do cinturão e disparando o guarda sádico diretamente entre os olhos. Rodou, suas pernas varreram ao condutor ao que tinha talhado. Enquanto rodava, disparou ao segundo guarda três vezes no peito e uma vez na garganta, empurrando-o para trás. Sentandose, disparou ao condutor na cabeça e cortou a corda que lhe atava os tornozelos. Algo se moveu detrás dele, roçou-lhe as costas e Jackson se retorceu dando a volta, com a faca na mão, o coração palpitando, as outra mão balançando-se para o inimigo invisível. — Jackson! Ela se moveu em sua mente. Medo. Compaixão. Elle. Jackson se encontrou sentado na cama, com uma faca no punho, o corpo suado. Tinha o cabelo úmido, os lençóis estavam empapados. Elle estava sentada quase sob ele, com as mãos no regaço, e uma expressão suave e amorosa. Ele baixou o olhar e viu a folha da faca apontando para ela, a centímetros de seu corpo. O estômago se revolveu. Abriu os dedos e deixou que a faca caísse ao colchão entre eles. — Sinto muito, neném. Diga-me que não te machuquei. – Limpou o suor dos olhos, esfregando as palmas sobre o rosto e depois pelo cabelo úmido. — Demônios. Poderia ter te matado. Em que caralho estava pensando, ao te trazer aqui? Ela estendeu uma mão, mas se separou de um puxão, apoiando-se no outro lado da cama, com os pés no chão, esfregando o rosto com as mãos com agitação. — Jackson… — Não. Merda, não. Chama Sarah e lhe diga que venha te buscar. Irei pela manhã. Leve ao Bomber com você. — Não acredito. O temperamento vaiava em sua voz, fazendo-o girar a cabeça e encontrar seu brilhante olhar. — O que me disse? – perguntou ele, sua própria ameaça, cobrando um fio duro. — Ouviu muito bem, Jackson. Não vou. Teve um pesadelo. Uma cena retrospectiva. O que for. Aconteceu. Lidaremos com isso. Ele a olhou com fúria. — Está louca, Elle? Poderia ter empurrado essa faca em sua garganta. Justo então, nesse momento, foi o inimigo. Ficou aí sentada me olhando, sem se defender absolutamente. Nem sequer levantou as malditas mãos. Quem faz isso, Elle? Se estender aí, se oferecendo como algum sacrifício? — Não queria animar seu pesadelo. Somente falei para te tirar dele. Agora sua voz o irritava. Tornou-se toda suavidade outra vez, pormenorizada. Levantou-se, caminhando através da habitação em busca de seu jeans e arrastando-os sobre seus quadris.
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— Bom, não conseguiu me tirar dele falando, verdade, Elle? Converteu-se em parte dele. E poderia ter despertado com uma faca se sobressaindo de seu ventre e minha mão no punho. — Não aconteceu nada, Jackson — disse, lutando obviamente por manter a voz tranqüila. — Não utilize essa voz comigo. Não sou nenhum fodido menino. — Certamente está atuando como um. Acha que ao me dizer a palavra “merda" converte-se no Jackson, o tipo mau ? Não tenho medo, Jackson. Ele se girou, cruzou até seu lado da cama com pernadas largas e resolvidas, abatendo-se deliberadamente sobre ela. — Bom, possivelmente deveria. Ela se negou a deixar cair o olhar. — Nunca terei medo de você. Embora venha para mim com uma faca, nem se me gritar a palavra “F” com toda a força de seus pulmões. Amo você. Estou em sua mente. Nunca me faria mal, por nenhuma razão. Assim supera seu ataque de mau humor. Ele a fulminou com o olhar outra vez. — Alguem já te disse que não é a mulher mais consoladora do mundo? — A idéia não é ser consoladora – disse Elle— é colocar um pouco de bom-senso em seu incrivelmente grosso crânio. Olharam-se fixamente um ao outro, Jackson respirando pesadamente. Sacudiu a cabeça, afastando o primeiro olhar. — Maldita seja, Elle. Não parece ter uma grama de instinto de sobrevivência dentro de você. Acha que isto não acontecerá outra vez? Acontece com regularidade. Apunhalei o colchão mais de uma vez. Não durmo durante dias. Não parará. — Não, tem razão, não parará. Tem cicatrizes em seu corpo, Jackson, e as piores estão onde ninguém mais pode as ver. Não desaparecerão. Isso me disse, porque o viveu e sabe. O que aconteceu é parte de você. Às vezes tudo irá bem, e outras vezes não. Jogava suas próprias palavras na cara. Se eram boas o bastante para que ele as dissesse para ela, então eram boas o bastante para que vivesse com elas. — Isto vai ser parte de nossas vidas. Posso viver com isso. E você terá que viver com minhas cicatrizes, porque me acredite, Jackson, tenho montões delas. Disse-me que o que me tinha acontecido não se interporia entre nós. Não sou uma covarde, e te amo. Nego-me a ir e, maldição, você não se afastará de mim. Elle ficou de pé, deu um passo para ele, negando-se a deixar-se intimidar. — Não depois de forçar a viver. Não depois das promessas que me fez. Não tem essa opção. Ficou ali, devolvendo o olhar, os olhos negros brilhando com calor. Parecia selvagem, malvado inclusive, mas ela não piscou, enfrentando-o desafiantemente, inclusive acusadora. — Sabe o que me fizeram, Elle? Crê que era um animal arrastando-se por esse chão, cego, doente e quebrado. Era um monstro aprendendo a odiar, encontrando gelo em minhas veias, um lugar ao que posso ir e não sentir nada... nada absolutamente. Um lugar o qual posso ir matar. Isso é com o que está vivendo. Isso é quem sou. Isso é o que Kate viu naquela noite. Ela não se sobressaltou nem se afastou como ele esperava... como deveria ter feito. Os olhos de Elle se suavizaram e viu neles... amor. 169
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— Kate viu o que vejo eu. Um homem que tenta salvar ao mundo. Um homem que não foge de um combate. Um que se levanta e com o que sempre se pode contar. Quando estava sozinha, aterrorizada e meio louca de dor e repulsão e inclusive vergonha, soube absolutamente, sem uma sombra de dúvida que viria por mim. Soube que nunca deixaria de procurar, sem importar quantas semanas, meses ou anos demorasse. Soube em minha cabeça, no coração e em minha alma. Esse é o homem que é. Esse é o homem que vejo de pé diante de mim. E se você não o vê, leva seu traseiro ao banheiro e se olhe no espelho. Jackson sentia um ardor detrás dos olhos. A garganta em carne viva. Ela era um cartucho de dinamite quando se deixava ir, sempre o tinha sido. Amava-a tanto que o aterrorizava. Nunca tinha necessitado a ninguém. Nunca tinha desejado a ninguém. Elle era diferente. Ela tinha tomado cabo em seu coração e não ia soltar. Ele era um perigo para ela, possivelmente para outros, mas ela simplesmente ficava ali de pé diante dele, pequena, delicada e feita de aço. Maldita seja se ia deixar que o visse chorar. Girou sobre os calcanhares e abandonou o dormitório, andando a pernadas pelo corredor na escuridão, para o quarto único da casa onde podia perder-se. Não se incomodou com as luzes; sempre que estava assim, inquieto, nervoso e gritando de raiva por dentro, necessitava a escuridão e as sombras. Fora das janelas, a névoa se fechou sobre a casa como uma manta, envolvendo-os em um abraço místico. O vento soprava entre as árvores fazendo-os oscilar e dançar fora e quando se deteve ante a janela, pôde ver as trepadeiras crescendo ao longo da cerca, grossas e fortes, entrelaçando-se ao redor de tudo, carregadas de flores. Essas flores cresciam espessas e fortes e por todo o comprido das cercas da casa Drake... e floresciam através do inverno. Sacudiu a cabeça e se girou longe do estranho fenômeno, e observou sua obra prima... a única coisa que tinha sentido para ele quando todo mundo estava mal. O piano de meia cauda era formoso. As linhas, as teclas de negro brilhante e marfim... tinha gasto uma fortuna nele e havia valido cada centavo. Perfeitamente afinado, sem uma só imperfeição, era tão formoso para ele como a música que criava. Sentou-se no banco e colocou os dedos sobre as teclas e tudo o que nele tinha sido caótico e equivocado se assentou. Fechou os olhos e deixou que os dedos vagassem sobre as teclas, escutando as notas puras que se vertiam do instrumento, um tom perfeito, uma melodia de outro lugar, de algum lugar sem sádicos maníacos, violações e torturas, um lugar onde sua mente podia ver a beleza do mundo a seu redor. A música o permitia ver o oceano, as ondas chocando, caindo e fluindo como o sangue da terra. Podia sentir o pulso da terra, as colinas e as montanhas elevando-se majestosamente nos acordes menores e maiores enquanto a música fluía dele às teclas e outra vez à habitação, enchendo-a com o pacífico som, lhe proporcionando uma sensação de paz. E Elle, formosa e feroz Elle. Estava mais destroçado pela Elle que pelo que lhe tinha acontecido. Ele podia escapar de seu próprio passado, podia permitir que o ódio e a raiva para seus captores se desvanecesse e morrera nele, mas não Gratsos. Não poderia viver com a ameaça do Gratsos pendurando sobre a cabeça de Elle. A forma que esse homem a aterrorizava, a forma em que a tinha tratado. Podia viver com muitas coisas, mas não com isso. Sabia que perseguiria Gratsos e o mataria, e teria que voltar para casa e enfrentá-la. Não poderia viver sem eliminar a 170
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esse homem da face da terra permanentemente, e não estava seguro de que ela pudesse viver com ele uma vez que o tivesse feito. Seu coração tropeçou e também seus dedos. Deixou que a música o levasse longe de seus pensamentos e de volta ao que era seu mundo. De volta à prudência e a paz. Elle. Os dedos voaram sobre as teclas, vertendo paixão e fogo em seu concerto, vendo-a em sua mente com seu comprido cabelo vermelho derramado a seu redor como uma cascata sedosa e chamejante. Sua pele, tão suave, pálida na escuridão, como pétalas de rosa à luz das velas, suas mãos movendo-se sobre o corpo dela, tomando-a no seu, moldando e memorizando cada doce curva. Fechou os olhos e lhe fez amor com sua música, uniu-os em sua mente sem sequer saber que o fazia. Cada nota separada era um toque, uma carícia, um presente para ela. A canção era sua mensagem de amor, um que nunca poderia pronunciar adequadamente, mas este instrumento podia e o fazia, a melodia se elevava com a própria paixão do Jackson. Elle observava Jackson tocar, a cabeça agachada sobre o teclado, os olhos fechados, o corpo oscilando enquanto a música lhe atravessava, saía de suas mãos e entrava no instrumento. Ficou de pé na porta, lhe olhando o rosto. Estava completamente absorvido pela música, os dedos se moviam sobre as teclas, seus pensamentos estavam muito longe. Estava entre as sombras, somente o pequeno resplendor das velas lhe permitiam ver sua expressão. Sabia que tinha o coração de um guerreiro, violento, leal e mortal em combate, mas olhando-o agora, soube que tinha a alma de um poeta. Jogou um olhar ao redor da habitação. Estava construída obviamente para a acústica e o som era incrível. Havia uma chaminé de gás incrustada na parede e os chãos de madeira brilhavam. Perto da chaminé havia um tapete grosso com duas poltronas amaciadas e uma mesinha entre eles. Pouco mais, além de velas, decorava o quarto. As velas exalavam uma luz suave, de outro modo o quarto estaria velado em sombras, justo como estava Jackson freqüentemente. Jackson lhe roubava o fôlego com sua canção, com as imagens de sua mente. As notas jogavam sobre seu corpo, excitando seus sentidos com um fogo saltitante até que não pôde respirar sem respirar a ele. Doía-lhe por dentro de desejo por ele, pela necessidade de lhe dar prazer, de tirar o desse lugar escuro de seu interior até o êxtase completo, o êxtase de sua música. Entrou no quarto, caminhando pelo chão à chaminé para acendê-la. As chamas resplandeceram em uma mescla de ouro e vermelho, baixas, somente roçando os troncos quase ao mesmo tempo em que a música fluía ao redor dela. Sentia-se diferente com a música, o pulso pulsava através dela, roubando seus temores. As notas mais baixas ressoavam profundamente em seu centro feminino, pulsando ali até que a sensação viajou por seu corpo como uma corrente fundida de notas, excitando a pele e beliscando seus mamilos até que se tornaram duros picos. Tomou seu tempo, voltando para por travesseiros e uma manta ligeira, arrumando-os no grosso tapete diante do fogo. Este quarto era seguro. Ninguém, nada poderia entrar e perturbar seu mundo aqui. Adicionou umas poucas velas de pavio largo ao suporte de pedra sobre a chaminé e as acendeu antes de assinalar ao Bomber que se tombasse fora da porta para acrescentar amparo, um assombroso sistema de alarme. Logo fechou a porta firmemente, encerrando-os a eles no quarto e ao resto do mundo fora. 171
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Fechou os olhos e escutou a música quando aumentou de volume. Podia sentir seu coração pulsando ao ritmo da melodia. Deixou que a levasse a outro lugar, a algum lugar sensual, o calor se pulverizou por seu corpo quando deu um passo fora de suas calças de cordão, dobrou-as ordenadamente e as pôs à parte junto com sua roupa interior. Desabotoou a camisa larga e a dobrou depois, colocando-a em cima das calças. Só quando esteve completamente nua se girou e caminhou silenciosamente através do chão de madeira até deter-se detrás do Jackson. Inclinou-se sobre suas costas, lhe rodeando o pescoço com os braços, apertando o corpo contra a pele nua dele enquanto vagava por seu pescoço ao tempo que a sensual música lhe alagava o corpo com um calor malvado. Beliscou-o com os dentes, encontrou o lóbulo da orelha e puxou. Sua forma de tocar mudou, de notas passando de pura paixão a um crescente clímax. O coração pulsava mais rápido e seu corpo desejava o dele, vazio e necessitando que ele a enchesse. Riscou um caminho de beijos por sua espinha dorsal, tomando seu tempo; deslizou as gemas dos dedos sobre seus músculos, riscando as cicatrizes enquanto a boca os seguia, suave e persuasiva, beijando e lambendo, beliscando ocasionalmente. Ficou de joelhos, com o rosto apertada contra a parte inferior das costas enquanto deslizava os braços a seu redor, as mãos no cinto dos jeans baixos. Sentiu-o inalar rapidamente, ficar imóvel. Sentiu sua mente mover-se contra a dela, as ondas de prazer enquanto lhe abria lentamente o frente dos jeans. Não levava roupa interior. Tinha-o visto empurrá-los pelos quadris, e sua ereção era grossa e pesada, esforçando-se por ser liberada. Ela moveu a cabeça a um lado para poder lamber e lhe beliscar as costelas e mais abaixo do quadril seus dedos roçaram, acariciaram e jogaram com o grosso membro, seguindo o movimento dos dedos sobre as teclas de piano. A música aumentava como fazia seu membro, e lhe embalou mais abaixo, primeiro a base e então mais abaixo ainda, acariciando o sensível escroto. Ele ficou sem fôlego com uma rajada de calor. Não havia vacilação em sua mente, nenhuma pergunta quando se girou para ela, nenhum temor de que ela pudesse lhe rejeitar. Como Elle, parecia ter a mesma sensação de que este quarto era sagrado e ninguém lhes poderia tocar aqui. Girou completamente no banco do piano, emoldurou-lhe o rosto com as mãos, insistindo-a a elevar o olhar. Elle nunca deixou, nem uma vez, de lhe acariciar o membro, deslizando a mão acima e abaixo sobre ele, movendo-se entre as coxas enquanto levantava o rosto para receber seu beijo. Ele tomou sua boca com uma ternura que trouxe lágrimas aos olhos de Elle. Ela provou o amor. Provou o pertencer. — Faça amor comigo, Jackson – murmurou. — Faça-me tua. — Sempre foi minha, Elle. Sempre foi. Levantou-se, sustentando seu olhar enquanto empurrava para baixo os jeans e os separava de uma patada. Levantou-a e encontrou sua boca outra vez, fundindo-os desta vez, seu beijo era uma demanda, uma promessa, uma exigência. Levantou-a em seus fortes braços e a colocou sobre o piano, exercendo pressão com uma mão até que ela aceitou a sua demanda tácita e se deitou, proporcionado acesso total a seu corpo. Beijou-lhe as panturrilhas, o interior das coxas, antes de colocar as pernas sobre seus ombros. Parecia tão formosa ali deitada, completamente aberta e vulnerável a ele, sem nenhum temor, só com confiança no rosto, só necessidade nos olhos. Ele sorriu, um sorriso malvado cheio de 172
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promessas de prazer e baixou a cabeça para deixar uma série de dentadas sobre a parte superior das coxas. Elle expulsou todo o fôlego de seus pulmões. A língua raspou em uma longa carícia aveludada sobre os pequenos beliscões. Profundamente em seu interior, a temperatura se disparou diretamente ao inferno. Acariciou o sexo com os dedos e ela se estremeceu. Ele sorriu, outro sorriso malvado que fez com que o coração de Elle subisse pela garganta. Não podia afastar os olhos de seu rosto. A luxúria estava esculpida ali, o amor ardia nos olhos de Jackson. Ele afundou lentamente o dedo em seu apertado e molhado canal, e ela gritou, o coração deu outra inclinação brusca inesperada enquanto os olhos de Jackson se obscureciam e ardiam. O polegar deu um golpezinho sobre o clitóris e ela gemeu, os quadris se levantaram tentando conseguir alívio enquanto o calor a varria e se convertia em fogo. Jackson moveu a boca sobre o interior da coxa outra vez e soprou suavemente sobre seu calor úmido. Mais que apagar o fogo, a sensação de seu fôlego contra ela só a acendeu mais. A língua se deslizou sobre seu sexo com uma lambida muito preguiçosa, lânguida e comprida, como se tivesse todo o tempo do mundo e estivesse desfrutando absolutamente. Seu corpo inteiro se esticou, estremeceu e ela gemeu em voz baixa na garganta. Jackson descobriu que esses pequenos gemidos e choramingações vibravam por todo seu corpo e o faziam endurecer-se mais ainda. Cada vez que arrancava um gritinho suave sentia que era uma reclamação sobre ela, uma marca, sua marca, seu aroma, sua vitória, lhe dando prazer, envolvendo-a em um êxtase erótico. Beijou-a, saboreou-a e então apunhalou até o fundo, completamente em oposição à atenção lenta de antes. Ela quase se convulsionou com a surpresa. — Jackson. Vaiou seu nome entre dentes, outro pequeno gemido entrecortado que vibrou por todo o corpo do Jackson. O rosto e o corpo de Elle estavam ruborizados, seus olhos eram quase opacos, tão frágeis e aturdidos que quis mantê-la assim, com a cabeça girando desesperadamente de um lado a outro, elevando os quadris, buscando-o. Jackson estendeu uma mão sobre seu ventre, mantendo-a no lugar enquanto levantava seus quadris até sua boca com a outra mão e começava a devorá-la. Ela se tornou selvagem, corcoveando contra sua boca enquanto ele jogava com seu corpo, desfrutando do caos que estava infligindo, amando o modo em que ela ofegava, retorcia-se e movia a cabeça com brutalidade. Seus gemidos eram longos e baixos, e tão formosos como as notas que ele criava ao piano... até mais. A língua brincou de cá para lá sobre o clitóris e logo sugou, fazendo-a gritar mais à frente da borda. Sentiu as ondas de calor, o milagre do prazer que alagavam o corpo e a mente de Elle, fluíam diretamente a sua própria mente e se apressava a seu pênis. Deu-lhe uma última lambida rápida, sentiu que a atravessava um estremecimento de satisfação, deixou-lhe cair as pernas ao redor de sua cintura e simplesmente a levantou. Elle envolveu os braços ao redor de seu pescoço e enterrou o rosto contra a garganta. — Eu te amo, Jackson. Sei que está tentando não pensar em termos de que te pertenço, mas honestamente, quero te pertencer. — Sua voz foi um cochicho, um fio de som. Ainda tentava encontrar o fôlego depois de seu orgasmo. — Faça-me tua. Quero te sentir dentro de mim e saber 173
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que te pertenço, só a você. Necessito-o. – Deixou-lhe uma chuva de beijos sobre o rosto e encontrou sua boca quase às cegas, saboreando a si mesma quando suas bocas se soldaram. Ele a colocou suavemente no meio do grosso tapete. — Você é doce, como morangos. Já sou viciado. Vou passar toda a vida te devorando. – Montou escarranchado sobre ela, inclinando-se para encontrar os seios com o calor de sua boca. Ela ofegou e se arqueou. Jackson subiu as mãos, embalando o suave peso, os polegares brincando com os mamilos, puxando-os para criar um contínuo raio que ia dos seios à vagina. Ela estava frenética por ele, para senti-lo e saboreá-lo, estirando-se para embalar sua cabeça contra os seios, retorcendo os quadris sob ele. Sua respiração chegava ansiosos e pequenos ofegos. Jackson adorava a forma em que ela se movia contra ele, o corpo desejando o seu. Não se guardava nada, era uma mulher sensual que o necessitava, desejava que se enterrasse profundamente dentro dela, acariciava seu pênis com dedos ansiosos, desavergonhada em seu desejo. Elevou seu próprio prazer o saber que o desejava com tanto como ele a ela. Olhando a seus olhos esmeralda, sentiu uma sacudida de algo próximo ao medo... não, medo não: terror. Desde o primeiro dia em que tinha ouvido sua voz naquele campo de prisioneiros, há tanto tempo, ela tinha sido seu mundo. Não podia imaginar como seria estar sem ela, nem sequer queria sabê-lo, mas tentara despachá-la esta noite. No que estava pensando? Rodou, jazendo ao lado dela e abrangeu seus seios com as mãos, puxando os mamilos, até que ela ofegou e veio para ele. — Me cavalgue, neném. – Não ia sujeita-la sob ele, ainda não. Não até que ela se acostumasse a sua posse. Não havia necessidade de correr o risco de devolver o medo aos seus olhos, não quando estavam tão quentes de paixão. Guiou-a usando a pressão nos seios, levantando a cabeça para golpear nos picos com a língua, forçando-a a inclinar-se para frente e para baixo em cima dele. Pôde sentir o ar frio em seu pênis que dava puxões, inflamando-o ainda mais. Queria sentir a tensão de sua vagina, apertada e suave como o veludo, agarrando-se ao seu redor. Ela gemeu suavemente quando deslizou as mãos sobre seu traseiro, as palmas grandes esfregando e massageando enquanto a levantava sobre seu membro dolorido. Guiou o corpo sobre o seu e levantou os quadris enquanto a baixava sobre ele. A sensação de seu corpo se abrindo como uma flor, desdobrando as pétalas para tomá-lo, roubou-lhe o fôlego e provocou chamas que rugiram por suas veias. Elle tremeu quando assentou seu corpo sobre o do Jackson, com os olhos entreabertos, saboreando a sensação de plenitude enquanto ele a estirava quase até arder. Ele não se moveu durante um momento, permitindo-a acostumar-se a seu tamanho antes de atraí-la ainda mais abaixo, empurrando através dos músculos apertados e alojando-se tão fundo que pensou que estava quase em sua garganta. — Me olhe, Elle — instruiu Jackson. — Nós juntos... sinto-me em casa por fim. Este é o lugar ao qual pertenço. Dentro de você. Me olhe. Segue me olhando. O sedoso cabelo se deslizou ao redor do rosto dela quando o olhar de Elle se fechou no seu e começou a cavalgá-lo ante o impulso de suas fortes mãos nos quadris. Moveu-se com ela, empurrando profundamente, rapidamente e logo lento, observando seu rosto ruborizado pelo 174
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desejo, admirando o calor em seus olhos, a forma em que sua respiração passava a pequenos ofegos frenéticos enquanto seu corpo entrava em uma espiral mais e mais apertada a seu redor. Jackson apalpou os seios, excitando os mamilos com os polegares. Olhando-a nos olhos, agarrou os mamilos e os beliscou, puxando-a para baixo e sobre ele, vendo o estalo de calor em seu olhar, a boca aberta para lhe dar um de seus sexys e assombrosos gemidos e banhar seu pênis em fogo líquido. Manteve o corpo de Elle sobre o seu, tomando o controle, deleitando-se em sua rendição enquanto ele comandava o ritmo, empalando com força e rapidamente, conduzindo-a ao topo, procurando sua própria liberação com os impulsos frenéticos de seus quadris. Afundou os dedos profundamente na carne suave, mantendo-a imóvel, todo o tempo lhe sustentando o olhar. Jackson queria sentir sua rendição, ver o prazer em seus olhos. Então ela ficou sem respiração. Choramingou quando a primeira onda de fogo rasgou através de seu centro e se assentou no ventre, para pulverizar-se como uma bola de fogo. Seu olhar esmeralda nunca o abandonou. Ele observou o rubor que avançava pelo corpo feminino até consumi-la. Observou-a render-se ao ardente êxtase... a ele. A beleza de seu presente só se acrescentou a sua própria liberação, e deixou escapar cada pensamento, tudo e simplesmente se entregou a ela. A música de seus suaves gemidos o rodeou, levando-o a outro lugar onde só estava o corpo de Elle agarrando-se a seu redor como um ardente torno aveludado, as notas líquidas de prazer vibravam entre eles, enquanto seu corpo estalava em uma gloriosa liberação que lhe fundiu os ossos. Nunca, nem uma vez afastou ela o olhar dele, bebendo de sua expressão enquanto os dois flutuavam juntos. Passou muito tempo antes que Jackson se mexesse para afastar-lhe o cabelo do rosto e deslizar a mão sobre a nuca. — Está onde pertence, Elle. Ela assentiu. — Sinto-me como se estivesse em casa, Jackson. Por fim. Estou aqui. — Brilhavam lágrimas em seus olhos. Aproximou-a para lambê-la com a língua. — Espero que não tenha muito sono, neném, porque vou querer fazer amor toda a noite. Por resposta, ela baixou a boca sobre a sua e permitiu que seu corpo se fundisse ao redor do dele.
Capítulo 15
Jackson gemeu e girou a cabeça para olhar à alvorada pela janela que se arrastava através do céu. Estava estendido de costas sobre o grosso tapete diante da chaminé, em seu quarto de música. A maior parte das velas se consumiram e ficavam poucas inteiras. O aroma de lavanda e
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sexo pendurava pesado no ar e o aspirou. Elle e Jackson. Era um perfume vertiginoso, e seu corpo se remexeu embora tivesse feito amor com ela toda a noite. Ela estava tombada sobre seu corpo, os seios através de suas coxas, os lábios contra seu pênis, as mãos lhe cavavam o escroto. Com cada fôlego que tomava, cada vez que ela exalava, ele o sentia contra seu suave membro. Seu pênis deu um puxão e pulsou ao mesmo tempo em que a respiração de Elle, mas Jackson jazia sem forças e drenado, relaxando depois do melhor sexo que jamais tivera. Se tivesse ficado algo dentro dele, estaria se lançando sobre ela, mas não podia se mover. Só podia ficar ali convexo, sentindo uma satisfação absoluta. Puro contentamento. Queria despertar cada manhã durante o resto de sua vida justo assim, com Elle em cima dele, os suaves seios sobre suas coxas e a boca contra seu pênis. Sentia-se vivo. Sentia-se renovado. Sentia como se tivesse um lar pela primeira vez em sua vida. Passou os dedos pela grossa massa de seda vermelha que se derramava pelas costas dela e se pulverizava sobre suas coxas. O cabelo parecia uma sensual cascata de brilhante vermelho caindo sobre os quadris e as pernas que o fazia desejar poder se mover. Morria de fome, mas não estava inteiramente seguro de ter força para se levantar e cozinhar, muito menos para fazer amor outra vez. Elle se remexeu, o cabelo se deslizou pela pele nua de Jackson quando se moveu ligeiramente. O fôlego quente excitou a seu pênis. A língua saiu como uma flecha e o lambeu. O corpo de Jackson deu um puxão. — É um pequeno demônio – acusou ele. — Vai me matar. Ela acariciou sua virilha com o nariz, inalou, aspirando seu aroma masculino único de Jackson, enchendo sua mente com ele, e com o que queria lhe fazer. Ele emparelhou sua rápida inalação com uma própria, lendo as imagens eróticas em sua mente, sabendo que o estava excitando deliberadamente. Os seios se pressionavam contra a parte superior das coxas quando se movia, tentando-o com sua suave sensação. Seus mamilos o roçavam, uns bicos duros, tentadores. Toda mulher. Sua mulher. — Amo você, Elle — disse, sentindo-o com cada parte de sua alma. Envolveu o longo cabelo ao redor do punho, trocando de posição quando o acariciou com o nariz outra vez, desta vez movendo sua boca sensualmente contra ele. Fechou os olhos. — Um homem poderia se acostumar a despertar com você. Elle moveu a cabeça para poder alcançar facilmente seu prêmio. A língua excitou outra vez em um cacho comprido e preguiçoso. — Poderia ficar aqui todo o dia deste modo. – Sentia-se decadente. Pela primeira vez em meses, possivelmente em anos, sentia-se completamente relaxada. As mãos de Jackson lhe massagearam a nuca. — Faz o que quiser, neném. Vou me tombar aqui e desfrutarei de você desfrutando porque, francamente, não posso me mover. Ela soprou outro fôlego morno, banhando-o em calor. — Então te tenho totalmente a minha mercê? — Isso seria afirmativo.
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— Eu gosto. — Sua voz ronronou com satisfação. — Não me disse que tocava piano. – Acariciou-o com a língua em uma longa e lânguida carícia da base de seu membro até a coroa. O corpo de Jackson se estremeceu quando a língua realizou um pequeno baile em espiral pelo lugar mais sensível sob a cabeça, forçando o ar sair dos pulmões. Teve que esperar para poder falar antes de arrumar-lhe para formar uma resposta. — Não queria arruinar minha imagem. — É certo. — Ela não tinha movido a cabeça, mas de algum modo conseguiu envolver seu pênis e sustentá-lo em sua boca, tragando, como se o empurrasse por sua garganta. O corpo de Jackson se inchou involuntariamente, impossivelmente, rapidamente ofegante de desejo, enchendo sua boca e a garganta. Soltou-o e soprou outro comprido fôlego de ar quente sobre ele. — Tinha me esquecido de sua imagem de tipo mau. – Lambeu-lhe a virilha e atraiu suavemente sua suave bolsa a boca. Jackson estremeceu de prazer. Não havia nada apurado ou frenético nos movimentos de Elle. Os movimentos lânguidos e preguiçosos eram ao mesmo tempo elegantes e felinos, excitando-o ainda mais. Ela mordiscou e chupou, pondo pouca atenção, como se ela fosse um gato lambendo a nata. Atraiu-o profundamente na boca, sustentou-o durante vários compridos e extraordinários segundos e logo o soltou, e reassumiu as lambidas felinas. Era uma tortura lenta e deliciosa. Trazia-o para a vida e logo o sustentava aí. Cada terminação nervosa que tinha chegou a centrar -se na virilha. Ficou sem respiração quando ela desceu pelas pernas e lhe mordeu as coxas, arrastando o cabelo sensualmente sobre seu membro duro e grosso, fazendo que cada músculo de seu corpo se apertasse. — Mmm, amor – disse ela, sua voz sonhadora. — Adoro a maneira em que te sinto, quente e duro e tão vivo. Atraiu-o a sua boca outra vez, chupando com força, deslizando a língua ao redor dele em curvas preguiçosas que quase pararam o coração ao Jackson. Não podia falar. Não podia nem pensar. O mundo ao seu redor se dissolveu, ficou vermelho e nebuloso. A boca de Elle era úmida e quente, um instrumento de prazer incrível. O fôlego explodiu fora de seus pulmões em uma rajada ardente. Ela o atraiu profundamente, fechou a garganta ao redor dele como um punho apertado, apertando, sustentando-o ali durante um comprido momento e logo, tragando uma vez mais como se o atraíra mais profundo, os músculos trabalhando sobre ele até que estalaram luzes brilhantes no cérebro do Jackson. Tentou não se mover, sabendo que se ela parasse, seu coração possivelmente deixaria de pulsar. Ela se movia outra vez, sugando como se morresse de fome, e quando ele tocou sua mente, encontrou... desejo. Fome. Um desejo dele, de lhe dar prazer, de levá-lo além de todos os limites e lhe dar não prazer, a não ser êxtase. A necessidade que a guiava de lhe dar prazer era mais afrodisíaca do que pudesse ter sido qualquer outra coisa. Não só desfrutava lhe dando prazer, mas também ela mesma obtinha prazer. Utilizou a língua, um áspero veludo que enviou nervuras de chamas sobre ele, os dentes, raspando suavemente e mordiscando seu membro, cuidando de observar sua reação, a sucção quente da boca que o trazia mais e mais perto do limite. Ele inclinou a cabeça, necessitando-a
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agora, necessitando que tomasse mais profundo, surpreso de como se sentia cada vez que ele empurrava e tomava, apertando os músculos a seu redor. Jackson gemeu em voz alta, enchendo a habitação, uma música doce que ela cantarolava, a vibração aumentava à intensidade de seu prazer. Ela provocou ondas através de seu corpo quando começou a tomá-lo mais profundo e a puxar com força, ordenhando com a mão no escroto, sua boca um milagre mágico. Sentia-se como se estivesse no inferno, em meio de chamas ardentes, enquanto um trovão palpitava no peito e um rugido começava em seus ouvidos. Encolheu os dedos dos pés e esticou cada músculo. Destacaram-se os tendões em seu pescoço e sentiu que cada gota de sangue se centrava e pulsava na virilha. Ardente. Em chamas. — Tão fodidamente ardente, neném – tentou murmurar, mas não pôde encontrar suficiente ar para ofegar as palavras. Um brilho ligeiro de seu suor lhe cobria o corpo. Tinha o cabelo úmido e cada músculo de seu corpo se esticava para ela... para essa boca que o devorava, ordenhava-o. Seu pênis deu um puxão. Pulsou. Inchou-se até que lhe encheu a boca e estirou a garganta. Sentiu-o então, elevando-se, girando sobre ele como uma maré, varrendo-o em uma liberação explosiva que não parecia deter-se, o sêmen quente bombeou fora dele, jorro detrás jorro, o orgasmo estalou através de seu corpo, até que as coxas e o ventre estiveram tão apertados que pensou que morreria em um completo êxtase. Ouviu seu próprio grito rouco... Elle... e os gemidos guturais e bestiais que saíam de sua garganta. Sustentou-lhe na boca enquanto ele se relaxava e logo o lambeu suavemente, amorosamente, enquanto ficava ali convexo com o coração pulsando fora do peito e os pulmões lutando desesperadamente em busca de ar. Elle riscou um caminho de beijos por seu membro e logo subiu por seu ventre até colocar a cabeça uma vez mais sobre ele. Jackson só pôde ficar ali convexo, surpreso, com cores dançando detrás de seus olhos, seu corpo em um estado de êxtase absoluto. Se havia um nirvana, tinha-o encontrado. Tem que ter a boca mais formosa e talentosa do mundo inteiro, Elle. Não acredito que possa voltar a me mover jamais, mas morrerei como um homem feliz. Ela pressionou beijos por seu ventre, acariciando-o com o nariz e se tombou, com os braços ao redor dele e a cabeça apoiada sobre ele como se fosse um travesseiro. Seu pênis se aninhava entre os seios suaves e ela estava montada sobre ele com o montículo sobre seu músculo. Jackson possivelmente dormiu, não estava seguro, mas quando abriu os olhos, havia significativamente mais luz no quarto. Estava contente de estar ali, com as mãos no cabelo de Elle e o corpo dela sobre o seu. Elle o completava. Dava-lhe paz. Dava sentido a seu mundo. Levava sua fealdade e lhe permitiu ver a beleza do mesmo modo que fazia sua música. Trazia-lhe tanto prazer que mal podia concebê-lo. Tentou decifrar o que havia tão diferente em estar com ela. Não tinha havido nada mecânico no modo em que lhe havia tocado. Cada toque, a boca, a língua, inclusive os dentes, tudo tinha sido utilizado nele com amor. Havia sentido uma entristecedora emoção em tudo o que lhe tinha feito. Dele. Sua Elle. Assombrava-o e o humilhava com sua determinação a lhe dar prazer. — Elle? Está acordada, neném? — Mmmm. 178
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Soava sonolenta e satisfeita. Como uma gatinha. Puxou seu cabelo até que ela elevou o olhar. — Obrigado por me fazer sentir humano outra vez. — Franziu o sobrecenho, tentando encontrar as palavras que expressariam como o fizera sentir quando não havia nenhuma. — Mais que isso, obrigado por me amar como sou. Tem-me feito sentir muito mais amado que ninguém jamais em minha vida. Faz me sentir… — se estrangulou com a última palavra, mas por mais estúpido que o fizesse sentir tentar articular emoções, ela o merecia. — Digno. Ficou um tempo silenciosa. Sentia o fôlego correndo pelo corpo dela, de tão sintonizados que estavam. Sentia-a suave e cálida estendida sobre ele, uma manta viva que era todo o bom no mundo para ele. Deslizou- os dedos pelo couro cabeludo, tentando massageá-la, lhe dar prazer mais que declarar posse. — Você é tudo para mim, Jackson — disse Elle finalmente, apertando os lábios contra seu ventre. — Tudo. E é mais digno que qualquer homem que conheça. Estava te amando com tudo o que há em mim. — Sei que o fazia, neném. Senti. — Não estava demonstrando nada ao Stavros nem a mim mesma. — Levantou sobre os cotovelos para olhá-lo. — Sinto-me muito melhor, Jackson. Estava tão atemorizada com que ele tivesse tirado tudo o que havia em mim, mas não pôde levar o amor que sinto por você nem a forma em que preciso expressá-lo. O olhar de Jackson vagou sobre seu rosto. Deus, amava-a. — Tem que esperar ter problemas, Elle, com isto... conosco. O trauma é uma coisa estranha, assim de vez em quando pode me puxar o rabo outra vez, e se acontecer, não tem problema. — E você terá pesadelos. Porei as armas sob meu lado do colchão. – Sorriu-lhe. Um lento sorriso lhe respondeu e logo ele assentiu. — Só me importa que me ame o suficiente não só para querer me dar prazer, mas também para que o desfrute. Um sorriso lento e travesso curvou a boca de Elle. — Desfrutei realmente do modo em que pronunciou meu nome. — De verdade? O que me diz de ouvi-lo durante o resto de sua vida? – Apertou as mãos entre o cabelo dela, dando pequenas carícias na cabeça.— Vamos nos casar , Elle. Agora. Em seguida. Convida a todo o maldito povoado. Sem planos de bodas, somente diga a todos que é um acontecimento do povo e que queremos que venham para celebrá-lo conosco. Quem quer pode aparecer, não importa. Olhou-o fixamente aos olhos durante um comprido momento. — Isto não é algo feito por impulso? Um rescaldo de um sexo estupendo? — Isto sou eu querendo que seja minha mulher. Agora. Não quero esperar. Vamos fazer o oficial. Podemos conseguir uma licença e nos casar em seguida. E que se foda Gratsos. Vamos casar na praia. Ela riu. — Está tão louco, Jackson. Você não gosta de estar rodeado de pessoas, mas vai convidar a todo o povoado? 179
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Ele se apoiou em um quadril, sustentando a cabeça para ver melhor sua expressão. — Você e suas irmãs são uma grande parte de Sean Haven. Sei que suas irmãs maiores querem um grande casamento branco, mas nós somos pessoas de praia. Isto… — ondeou a mão para abranger sua casa e a ela, assim como a praia e o mar — isto é quem somos. O povoado trabalhou para te trazer para casa, rezando, acendendo velas, fazendo tudo o que lhes ocorreu para tentar ajudar a te encontrar. Não vamos nos ocultar dele, neném. Vamos atirar à cara e ser felizes. — Não sei nada sobre planejar algo como isso. Sorriu-lhe. — Isso é o melhor. Não temos que planejá-lo. Só terá que chamar uma pessoa. Os olhos de Elle se abriram de par em par. — Vai chamar a Inez? — No momento que me disser sim. — Se a chamar, Jackson, não poderá voltar atrás, sabe disso, não é? Ele envolveu os braços ao seu redor, deu a volta, sujeitando-a abaixo o suficiente para lhe dar um beijo, antes de soltá-la e rodar ao outro lado do tapete. — Deixarei que faça a primeira ligação. Diga a Sarah e logo chamarei Inez. — Virão todas. Ele deu de ombros. — Farão-o de qualquer forma. E quero ver Abbey e me assegurar de que está bem. Assim, ligue. –Inclinou-se sobre ela e lhe mordeu o suculento traseiro. Queria a suas irmãs ali porque ia se assegurar de que Kate tentasse ajudar a curar o talento de Elle. Iam necessitar a plena potência. — Ai! — Elle esfregou o traseiro e encarou-o com fúria. — Ok, vou ligar. Você pode ir nos fazer algo de comer. — Acabo de te alimentar, coisinha gulosa. – Depositou um beijo em seu cocuruto. — Não se preocupe, assegurarei-me de te cuidar assim todas as manhãs. Ela não pôde evitar que a cor lhe subisse pelo pescoço até o rosto. — Vou contar a todos que toca piano. – Como réplica engenhosa não era a melhor, mas foi tudo o que lhe ocorreu quando ele a estava olhando como se fosse um doce e estivesse a ponto de devorá-la. Ele podia fazer com que se fundisse por dentro com um olhar, e se umedecesse e o desejasse quando seu olhar quente se movia sobre ela. Jackson lhe lançou um olhar de advertência, abotoou os jeans e foi tirar Bomber enquanto ela ligava para Sarah. Elle se estendeu de costas, saboreando a sensação do suave tapete contra as costas enquanto olhava fixamente ao teto, sorrindo um pouco zombeteiramente enquanto rememorava os sons que Jackson fazia e a intensidade do prazer em sua mente quando o levou a clímax. Ele não tinha acreditado que ela o pudesse fazer. Possivelmente o pensaria duas vezes antes de subestimar seus poderes outra vez. Riu de si mesma e jogou um olhar ao redor a habitação Adorava este quarto. Esteve tentada a utilizar seu talento, só para ver se podia, algo singelo como apagar as velas. Nem sequer o pense. E deixa de te sentir tão feliz de você mesma.
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Mereço me sentir feliz de mim mesma. Doía utilizar telepatia, mas não sangrou e tomou como um bom sinal. — Pare, Elle! – Exclamou Jackson, aparecendo a cabeça pela porta e franzindo o cenho. — Você que começou – assinalou ela e estirou os braços sobre a cabeça. Adorava a sensação de liberdade. — Tem que ser tão malditamente formosa e sexy? Soava tão irritado com ela. Elle riu. — Vá. Vou ligar para Sarah e logo tomarei uma ducha. – Obrigou-se a se levantar quando poderia ter passado o dia ali no tapete. Sarah não pareceu surpreendida no mínimo pelas notícias, mas freqüentemente Sarah tinha premonições e às vezes sabia acontecimentos antes que ninguém mais. Elle tomou uma ducha lenta e se vestiu cuidadosamente, sabendo que sua família viria depois do café da manhã. Inclusive com o Jackson fazendo-a sentir-se como se fora a mulher mais formosa e desejável do mundo, ainda se sentia envergonhada de ter sido tomada prisioneira. Tinha um extenso treinamento e um poder psíquico tremendo. Tinha acreditado tanto em suas capacidades psíquicas e em sua instrução que não tinha acreditado que ninguém pudesse enganá-la. Sua própria arrogância a fizera vulnerável. Estar diante de suas irmãs, sabendo que elas sabiam, pelo menos a um nível intelectual, as depravações humilhantes que Stavros lhe tinha infligido era tão difícil. Não entendia porque podia encarar ao Jackson e estar tão envergonhada quando estava tão unida a suas irmãs. Mordeu o lábio e se olhou no espelho embaçado. Qualquer um que amasse podia certamente estar em perigo e não importa o que Jackson lhe dissesse, sabia que se Stavros pudera enganá-la durante tanto tempo, se pudera mantê-la prisioneira, então era um adversário extremamente perigoso e poderoso. Não iria subestimá-lo outra vez, nem superestimar suas próprias forças. — Venha comer, Elle – chamou Jackson. Elle inspirou ar e o deixou sair. Ia telefonar no trabalho e comunicar ao Dane que estava viva. Era o correto. Não tinha muita informação para ajudar a ninguém a romper o quartel de trafico de pessoas, mas tinha o bastante para confirmar ao menos a suspeita de que Stavros estava comprometido, e que seu irmão estava vivo e provavelmente era o responsável por raptar às mulheres. As forças da lei teriam que encontrar um modo de eliminá-los e levaria tempo, mas ao menos ela teria contribuído. Jackson elevou o olhar da mesa quando ela entrou na sala. Elle soube por sua falta de expressão e os escuros olhos ardentes que estivera em sua mente, lendo seus pensamentos. Afundou-se em uma cadeira e se estirou para sua xícara de chá. — Não. Ele fazia o chá justo do modo em que gostava, com leite. Era delicioso. Elle o olhou por cima do bordo. — Não quero discutir, Jackson. Sabe que tenho que ligar para Dane e avisá-lo que estou viva. Não posso me ocultar para sempre. Não é justo para ele.
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— Uma vez que saiba, Gratsos saberá. Gratsos tem comprado à polícia. Demônios, provavelmente comprou a todos as policiais do mundo. No minuto em que seu relatório for arquivado, saberá que está viva com toda segurança e moverá céus e terras para te encontrar. Não estamos preparados para ele ainda – indicou Jackson. — Já está nos atacando. — Está atacando em qualquer lugar que a energia psíquica aparece — disse Jackson. — Sabe o que está fazendo. E o demonstrarei. Passarei pelo site da Web hoje e olharei acontecimentos estranhos ao redor do mundo. Estou disposto a apostar a que várias zonas sofreram ressacas onde não havia ressacas e havia medusas que não deveriam ter estado ali, tudo isso aconteceu ontem. Assim, espera até que esteja a plena potência. — Não podemos saber se me curarei completamente, Jackson. Quando mais esperar para preencher o relatório, menos tempo terão as autoridades para fechar esse cartel. Preciso saber que o que me aconteceu ao menos ajudará a alguém mais. Ele deixou o garfo e se inclinou para ela, sustentando seu olhar. — Então permite que Kate tente hoje. Elle se apertou os dedos contra os olhos e brincou com os ovos em seu prato. — Tentarei, Jackson. — Quando ele não respondeu, ela elevou o olhar. — O farei seriamente. Necessitarei de você para me ajudar, mas tentarei permitir. Ele se estirou através da mesa e cobriu a mão com a sua. — Não permitiremos que nada lhe aconteça. — Ele me assusta, Jackson. Sei que pensa que não é todo-poderoso, mas olhe o que tem feito de tão longe. – Não queria que Jackson subestimasse a seu inimigo. Ela o tinha feito uma vez e pagara as conseqüências. — Quando sua família estiver aqui, e presumo que estão em caminho... – Ante seu assentimento, continuou. — Poderemos discutir sobre Gratsos. Neste momento, acredito que deveria ouvir o que Inez tinha a dizer. Ela abriu a boca. Encarou-o fixamente. — Ligou realmente a Inez e disse que nos vamos casar? Ele deu de ombros, mas ela captou o raio de diversão em seus olhos. — Não precisamente. O que lhe disse foi que queríamos nos casar imediatamente, convidando ao povoado a umas bodas na praia, mas não que não tínhamos nem idéia de como fazê-lo. Elle cobriu o rosto com as mãos e o olhou entre os dedos. — Não fez isso. Por um momento Jackson lhe mostrou os dentes, e logo se recuperou e ficou sério. — E então, chamei o Dardens seguindo as instruções de Inez. Aparentemente eles operam algum tipo de calendário de acontecimentos do povoado, que podem ativar imediatamente e conseguir todo tipo de voluntários, aos quais Inez disse que necessitará. — Estou tentando não te odiar neste momento. Ele agarrou a jarra de chá e bebeu, ocultando sem êxito o sorriso. — Esta manhã você gostava da idéia. 182
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— Na neblina de satisfação depois do sexo! Inez?! Tem alguma idéia do que te colocou? Será o acontecimento do ano. Fará com use smoking e cartola. Ele sorriu zombeteiramente. — É um casamento de praia. Fará com que ponha um biquíni. – Olhou-a de esguelha e rebolou as sobrancelhas. — Eu usarei bermuda. Ambos iremos descalços. — Sonha, homem. Inez te vai deixar alucinado, mas não será como você pensa. O sorriso se desvaneceu para ser substituída por um pequeno cenho. — Terei um pequeno bate-papo com ela. — Já teve suficientes pequenos bate-papos com ela. Eu falarei com a Inez. – Dedicou-lhe um bufo indignado. — Vamos nos casar, Elle, e não me importa uma merda se o fizermos aqui com o cão como nossa testemunha ou diante do mundo inteiro, mas vamos fazer. Assim, consegue sua certidão de nascimento e tenha preparado. Conseguiremos a licença. Ela girou os olhos. — Vejo que o grande Jackson mau necessita outra lição. Terá que baixar a bola, homem. — E como pensa uma garotinha como você que pode dirigir isso? — desafiou ele. Um sorriso malvado e sexy curvou a boca de Elle. Deixou que seu olhar vagasse especulativamente sobre o rosto dele, pelo peito até desaparecer mais a baixo. — Poderia me arrastar sob a mesa enquanto come seu café da manhã e veríamos quem manda aqui. Lambeu os lábios, uma lenta passada da língua que fez com que o pênis saltasse imediatamente e ficasse alerta. Aliviou seu corpo dentro dos jeans apertados, tentando ficar a vontade com uma raivosa ereção. O olhar sedutor dela não ajudava. Por um instante, captou a visão erótica que tinha ela na cabeça... Elle deslizando-se da cadeira e arrastando-se sobre as mãos e joelhos sob a mesa, abrindo lentamente o zíper e tomando seu membro inchado nessa boca talentosa e ansiosa. Elle o estava olhando diretamente aos olhos. Passou a língua sobre os dentes, inclinando-se para ele através da mesa, deixando que visse seu sorriso zombador. — Minhas irmãs estão aqui. Importaria-se ir à porta enquanto limpo a mesa e ponho os pratos na pia? — Sua voz supurava inocência. Ele a agarrou pela mão quando se levantava elegantemente e a puxou a seu lado. — Acha que vai fugir assim? – Acariciou-lhe o seio com o nariz, embalando seu montículo com a mão através do os jeans. — Em algum momento terão que partir e então não estará tão a salvo. Ela riu suavemente, uma clara provocação, sabendo perfeitamente que tinha tirado vantagem. Observou como balançava os quadris enquanto recolhia os pratos e caminhava para a pia. Elle fazia de qualquer lugar no que estivesse um lar. Ele precisava dela para se sentir vivo. Agarrou as xícaras de chá e foi detrás dela, apanhando seu corpo entre o seu e a pia, deixando as xícaras detrás dela para poder enjaulá-la. Elle elevou o olhar e Jackson sentiu que o fôlego ficava entupido na garganta. E então a beijou. Seu sabor era aditivo. A boca doce, quente e tão faminta como a sua própria. Ela se estirou 183
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para lhe rodear o pescoço com os braços, abrindo a boca a dele, a língua dançando com a dele, roçando, acariciando e fazendo amor, beijos largos que continuaram eternamente até que os golpes na porta lhes trouxeram de volta à realidade. — Menos mal que está deixando crescer a barba. Meu rosto estaria em pedacinhos. Tenho pele sensível. Não poderei te beijar se te barbear outra vez. Manteve-lhe as mãos na cintura, sustentando-a perto. — Terei que deixar meu trabalho. Não posso ter um trabalho como ajudante de xerife a menos que possa trabalhar encoberto. Por isso me estava deixando crescer. – Esfregou a ligeira barba. — Parece um velho e resmungão homem das montanhas. — Malvado. — Soou agradado. — Jackson, o tipo mau. Esfregou a mão sobre a frente dos jeans. — Jackson em problemas. Ele a afastou firmemente e obrigou a seu corpo a controlar-se para poder caminhar até a porta principal, sem que cada passo fosse doloroso. Havia uma congregação em seu alpendre dianteiro. Bomber inclinou a cabeça para dar um olhar. — Sim, deixa-a fazer o sinal de não latir. De que lado está? – Olhou enfurecido ao seu cão, o muito traidor, e abriu a porta para deixar entrar a família de Elle. Todos eles. Toda a família Drake. Sarah com Damon. Na realidade gostava de Damon, o mais calado entre eles e provavelmente o mais brilhante, embora Tyson, o prometido de Libby, estivesse competindo por esse título também. Damon era maior e muito mais situado. Exercia uma influência tranqüilizasse sobre todos, nunca falava muito, mas quando o fazia, todos escutavam. Jackson tinha debilidade pela Sarah. A mais velha das irmãs Drake cuidava realmente de suas irmãs... e de todos os outros. Sarah tinha uma boa cabeça sobre os ombros. Sentiu-a tocar a mente de Elle, o mais ligeiro dos toques e algo dentro dela se imobilizou. Apertou a mão do Damon e sorriu antes de lançar ao Jackson um olhar rápido. Soube imediatamente que ela era muito consciente de que ele e Elle faziam amor. Sarah se inclinou para beijá-lo na bochecha. — Obrigado, Jackson. Está feliz – sussurrou Sarah. Deu a volta para olhar a Elle e lhe surpreendeu de que não estivesse na sala ainda. Sarah queria dizer que podiam sentir a diferença nela e se deu conta de que ele também. Seu espírito era mais leve. Mais forte. Elle tinha retornado a eles. Todas suas irmãs o olhavam com estrelas nos olhos. Retorceu-se sob os olhares carinhosos, não estava acostumado a ser o centro de atenção. — Como está, Abbey? — Voltou-se para sua companheira de crime, evitando o olhar furioso do Aleksander. O homem tinha um braço envolto apertadamente ao redor da cintura de sua mulher e não parecia que fosse a soltá-la em muito tempo. — Em problemas. Aleksander é pior que o tubarão. – Piscou os olhos. — Machucados em sua maior parte. Alguns pontos. — Infecção – disse Aleksander com brutalidade. Abbey fez uma careta.
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— Antibióticos intravenosos ontem à noite e Libby me está ajudando, assim que me recuperarei. Os golfinhos estão vivos e isso é o que conta. Obrigado por me ajudar ontem à noite. Libby se adiantou com Tyson. Seus grandes olhos procuraram o rosto de Jackson e algo nela pareceu assentar-se. — Inez ligou para Sarah esta manhã. Jackson não pôde evitar o sorriso que se estendeu por seu rosto. Sentiu o impacto do momento em que Elle entrou no quarto. Roubava-lhe o fôlego e o coração. Estava ali de pé como um idiota com um grande sorriso estúpido no rosto e nada absolutamente que dizer. Ela caminhou para ele parecendo uma rainha. Com a cabeça no alto. Régia. O comprido cabelo vermelho pulverizando-se sobre suas costas. Com os olhos nos dele. O estômago de Jackson se esticou. Ela encaixou sob seu ombro, deslizando um braço ao redor de sua cintura, ficou de pé junto a ele na porta enquanto sua família entrava na casa. Sentia-se como um bobo, nem sério nem um tipo duro, tão feliz como um imbecil, mas ninguém sabia exceto ele. Elle elevou o olhar. Jackson suspirou. Bom. Uma pessoa sabia em que idiota podia convertê-lo ela, e podia viver com isso. Sentiu-a sorrir. Em sua mente. Em seu coração. E o esquentou. Kate entrou com o Matt. Ele apertou a mão sobre o ombro de Elle. Kate parecia forte e bem descansada, serena como sempre. Podia trazer calma à situação mais tempestuosa. Lançou-lhe um de seus sorrisos especiais e Jackson se sentiu incluído em seu pequeno círculo. Matt tinha servido com ele, treinado com ele, ajudado a resgatar Elle, sem vacilar nem uma vez. Jackson não pôde evitar sentir-se um pouco culpado por pedir a Kate que fizesse algo tão perigoso. Como se lesse seus pensamentos, ou simplesmente lesse sua linguagem corporal, Kate estendeu a mão e a colocou suavemente em seu braço. Imediatamente sentiu paz. Sorriu-lhe, dando-lhe obrigado enquanto ela assentia e entrava na sala. Entrou Hannah. Adorava Hannah. Era assim simples. Havia algo elegante, encantador e doce na Hannah. E pertencia ao Jonas, ela caminharia através do fogo por ele. Hannah o abraçou. Sempre o estava abraçando e sabia que ela não tocava a muitas a pessoas assim ,sempre se havia sentido privilegiado e um pouco humilhado por sua aceitação. Beijou-a na bochecha. — Como está, carinho? — Além de ter ao Jonas abatendo-se sobre mim e estar vomitando constantemente por isso... — esfregou-se com a mão o pequeno vulto do bebê. — Estou bem. Importa-se se fizer umas poucas bolachas para acompanhar nosso chá? Se formos fazer outra sessão curativa com Elle, possivelmente necessitemos um pouco de açúcar extra. — A cozinha é toda sua. — Hannah fazia que tudo fosse um pouquinho melhor. Põe amor em tudo. — Maldita seja, Elle. Quer parar? – disse Jackson com brutalidade. — É tão fod… — as palavras se desvaneceram com todas as irmãs encarando-o. — É uma cabeça-dura. Ela riu, maldita fosse, não tinha o mais mínimo medo a sua ira. Pela extremidade do olho, pilhou a Jonas sacudindo a cabeça e articulando uma palavra que se parecia suspeitamente a "molenga". Por detrás das costas de Elle, lhe mostrou o dedo. Jonas simplesmente riu dele. 185
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Joley entrou a última com Ilya erguendo-se sobre ela. Joley trouxe instantaneamente energia e brilho à sala. Era como mercúrio e Jackson estava um pouco assombrado de que Ilya tivesse conseguido convencê-la realmente de casar-se com ele. Imaginava que a cerimônia aconteceria logo. Ela, igual a Hannah, estava grávida. — Eu gosto de sua casa — disse Joley. — Esperem para ver seu piano — respondeu Elle com presunção. O silêncio surpreso o fez mal nas orelhas. Podia ver que estavam aniquilados. Você, moça traiçoeira. Pagará por isso mais tarde. Elle riu em voz alta. — É assombroso ao piano. Joley, tem que ouvi-lo tocar as canções que compõe. São peças surpreendentes. — Compõe? — perguntou Joley, obviamente interessada. Ela adorava tudo relacionado com a música e Jackson podia ver que ia custar muito freá-la agora. Pigarreou várias vezes. — Está exagerando. Toco um pouquinho, nada de particular. — Toca piano? –perguntou Jonas como se fosse um pecado. Jackson se inclinou, afastou o cabelo Elle do pescoço e a mordeu. Ela gritou e ele suavizou a mordida com a língua. Me tire desta. Olhou-i com fúria e esfregou o pescoço. — Onde aprendeu? — perguntou Sarah. Desesperadamente tomou a mão de Elle e lhe mordeu o dedo, logo o chupou em sua boca, movendo a língua sobre o pequeno picor. Ela afastou a mão de um puxão. É muito oral, não é? Não repreendê-la foi um sinal de seu desespero. — Minha mãe me ensinou quando era menino — deixou escapar. Elle se compadeceu dele. Jackson não gostava de falar de sua família ou sua infância. Lançou um sorriso a Libby. — Pensei que possivelmente se todas estivessem dispostas a efetuar outra sessão curativa em mim... todas menos Kate... e logo Kate poderia tentar trabalhar em meu talento. — Olhou a Sarah. — Ou acha que deveria ser ao reverso, primeiro Kate, no caso de que algo dê errado? — Errado como? — perguntou Matt. Como distração essa era boa, e Jackson decidiu sentar-se em uma poltrona com Elle caindo elegantemente a seus pés. As irmãs Drake gostavam de sentar-se juntas no chão. Descobrira uns poucos anos atrás quando as conheceu pela primeira vez. — Não sei, Matt — respondeu Elle honestamente, recostando a cabeça atrás contra a cadeira do Jackson — mas não quero correr nenhum risco com Kate. Kate levantou o queixo. — Sei que posso fazê-lo, Elle. Antes que Matt pudesse objetar, Sarah se inclinou para frente e colocou uma mão no joelho de Kate.
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— É obvio que pode, Katie, ninguém dúvida disso. Mas a que preço? Acredito que é isso o que tanto Elle como Matt se perguntam, e é uma pergunta legítima. Não podemos te arriscar, especialmente agora. — Poderia fazer uma cura controlada — ofereceu Kate. — Uma só capa por vez. Dependendo de quanto dano haja, trabalharia, mas seria com tempo... dias. Teria que trabalhar com você dia a dia, Elle. — Há risco para você, Kate? — perguntou Matt diretamente. — Sempre há um pouco de risco — Admitiu Kate. — Já nos viu depois de trabalhar. Estamos drenadas. Libby tomou muito para si mesmo e isso pode ser prejudicial. Tem que tomar cuidado e suponho que eu terei que fazer o mesmo. Mas curar a Elle não só vale a pena o risco, mas acredito, dado o que está acontecendo aqui, que é um risco que todos temos que confrontar. O aroma de bolachas recém assadas encheu o ar. Jackson girou a cabeça para a cozinha. Hannah lhe sorriu da porta. Igual a Kate podia manter a paz, Hannah parecia adicionar um toque caseiro e consolador à atmosfera. Compreendeu então que sua casa se sentia como a casa Drake. Sempre que tinha entrado nessa casa tinha saído diferente, com uma sensação de família e amor. Não estava seguro de se era sua profunda fé em Deus, sua magia ou a família em si mesma, mas elas viviam do modo em que outros sonhavam viver, do modo em que ele estava determinado a viver. Elle se esticou para trás e agarrou sua mão. — Vou ligar para o Dane. – Tinha que fazê-lo antes de perder o valor. Ali, com sua família rodeando-a, o aroma de bolachas e o assobio de bule, quando tudo parecia normal. Poderia ligar, prometer seu relatório e acabar com isso. Outra coisa fora. Estava dando passos de bebê, mas estava emergindo desse lugar de terror no que tinha estado vivendo durante tanto tempo. O quarto de música do Jackson, a casa cheia com sua família, tudo a fazia sentir-se forte outra vez. Tinha convertido Stavros em um monstro invencível. Não o subestimaria, mas não ia estar tão atemorizada que ficasse paralisada, atemorizada com viver. Olhou ao Jackson, sabendo que ele o desaprovava. — Por favor, entenda. Tenho que fazer isto, Jackson. Necessito-o. Por mim mesma. Por todas essas mulheres que não têm uma família que as possa resgatar. Depois, Kate pode tentar e se tudo for bem, minhas irmãs podem trabalhar em me curar outra vez. — Mostrou-lhe os braços, levantando as mangas. — Vê quanto melhor estou? Ele engoliu em seco. Um músculo realizou um tic em sua mandíbula e logo assentiu com a cabeça... apenas. — É um número bloqueado?, porque não tenho serviço de móvel aqui. Assentiu outra vez, apertando a boca. Elle levou uns minutos fazer a chamada internacional ao telefone celular privado do Dane. Ela era a única tinha esse número particular. Tamborilou com os dedos sobre a superfície da mesa enquanto esperava a que Dane respondesse ao telefone, evitando com cuidado o cenho do Jackson. — Olá, Sheena — ronronou a voz de Stavros. — Está procurando a seu último e lamentável chefe? 187
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Capítulo 16
O sangue de Elle gelou. Todo vestígio de cor desapareceu de seu rosto. Por um momento não pôde respirar, lutando por conseguir ar. Seu corpo inteiro se encolheu ante o som desse aveludado e zombador ronrono. Instintivamente estendeu a mão para Jackson, estirando sua outra mão enquanto com os dedos agarravam o receptor contra sua orelha. — O pobre Dane não pode falar. Está quase morto agora mesmo. Possivelmente você gostaria de falar comigo, em lugar disso. Jackson a rodeou com o braço sem pronunciar uma palavra e pressionou o botão do telefone com um dedo, cortando a comunicação. Elle deixou cair o receptor e enterrou o rosto em seu regaço. Ele colocou ambas as mãos sobre a cabeça protetoramente. Tinha estado em sua mente. Sabia o que essas frias palavras lhe fizeram: tinham destruído cada fibra de confiança que começara a reconstruir em seu interior. Acariciou-lhe o cabelo, oferecendo consolo em sua mente, não em voz alta, sabendo que ela não queria que ninguém a visse em seu momento mais frágil. Bomber empurrou contra ela, aproximando-se de seu lado para defendê-la. Hannah atravessou a sala, rompendo o silêncio a primeira. — Bebe um pouco de chá, Elle. Ele está longe e não pode te tocar aqui. Quer que pense que pode, mas aqui está a salvo. Elle engoliu em seco, ainda sem forças para controlar os pequenos tremores de seu corpo. — Como sabe, Hannah? — Porque sei. Endireite-se e beba o chá. Ele quer você assustada porque pode te controlar melhor desse modo. Mas está em casa, aqui conosco, e vamos te curar e te pôr forte outra vez. Ele não pode ganhar. Acredita em seu poder porque nunca cruzou nada nem ninguém em seu caminho. — Ficou de cócoras ao lado de sua irmã mais nova, afastando carinhosamente seu cabelo do rosto. — Olhe para mim, carinho. — Esperou até que Elle levantou a cabeça e seus olhares se cruzaram. — Não está sozinha. Tem a todas nós. Tem a nossos homens. Tem ao Jackson. Tem a este povo. Mas sobre tudo, tem seu talento, sua força. Ele não vai ganhar. Elle inspirou profundamente, voltou-se e recostou a cabeça de novo contra as pernas de Jackson enquanto agarrava a xícara de chá das mãos de sua irmã. Olhou ao redor da sala, às pessoas que a amavam, pessoas que lutariam por ela, que brigariam com ela. — Matou ao Dane. Meu contato. Dane era o único que conhecia minha identidade. Estava emprestada e ele temia que alguém de sua agência trabalhasse para Stavros. Afirmava que Stavros tinha à polícia em sua lista de nomes por toda a Europa, e possivelmente aqui também. Não deixaria ao azar nenhuma possibilidade. Construímos a cobertura de Sheena MacKenzie muito cuidadosamente durante muito tempo antes de introduzi-la no mundo de Stavros. — Sinto muito, carinho — sussurrou Jackson com suavidade. Seus dedos encontraram a nuca dela e começaram uma massagem lenta para aliviar a tensão. 188
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— Dane era um bom homem. Não merecia morrer por minha culpa. — Não foi culpa tua, Elle — corrigiu Sarah. — Estava tentando acabar com uma rede de traficantes de humanos. Você e eu sabemos quão perigosas são. Está se convertendo no negócio lucrativo número um, superando ao tráfico de drogas e de armas por todo mundo. Cada ramo das forças da ordem em todas as partes estão implicadas, e todos conhecem os riscos, igual a quando tentam desmontar uma rede de tráfico de drogas. Elle mordeu o lábio inferior, não queria pensar no Dane. Ele provinha de uma larga estirpe de pessoas da lei e sua família tinha passado gerações trabalhando para seu país tentando deter o crime. Dane tinha pedido ajuda dos Estados Unidos e tinha conseguido a ela. Não o servira muito. Stavros tinha chegado até ele, o que queria dizer que Dane tinha razão... alguém de seu escritório estava na lista de nomes de Stavros. Agora era só questão de tempo. Mesmo se Dane tinha protegido sua identidade, Stavros sabia que Sheena MacKenzie era uma pessoa encoberta. Nunca se deteria até que a encontrasse. Jackson não disse nada, sabendo como trabalhava a família Drake. Levava ao redor delas o tempo suficiente. Sabia que era um homem inteligente, mas alguns nesta habitação eram melhores pensadores que ele. Ele era tranqüilo, um tipo de ação, encontrava poucos motivos para o bate-papo e muitas razões para a ação. Para ele, tudo era muito simples. Stavros nunca iria para a prisão. Embora o apanhassem com as mãos na massa, tinha dinheiro e influencia suficientes para ser intocável. Todas as provas desapareceriam ou seriam destruídas. Inclusive no improvável caso de que fosse condenado, dirigiria seu império de onde estivesse e estenderia sua mão para destruir a vida de Elle. Não, Stavros não iria para a prisão. Jackson levantou o olhar e encontrou os olhos conhecedores de Ilya. O russo só assentiu com a cabeça para ele, um pequeno assentimento apenas perceptível. Os dois sentiam o mesmo e Ilya era um bom tipo para ter a suas costas. — Acredito que a verdadeira pergunta que temos a nos fazer é por que é tão forte — aventurou-se Damon. — Quando qualquer uma de vocês usam seus talentos, isso as esgota. Ele está a muita distância mas conserva seu poder. Isso tem pouco sentido. A atenção de Jackson saltou para Damon. O cérebro do homem era uma máquina. Estava tramando algo. O que fosse, tinha que ser importante e valioso ou não o teria mencionado. Estivera dando voltas e se formulava a pergunta, é que tinha uma idéia da resposta. Damon lhe dirigiu um olhar rápido e Jackson teve que lutar para manter sua expressão. Damon também sabia que Jackson pensava em ir detrás do Gratsos e queria participar, estava escrito em seu rosto. Damon não era um lutador, mas podia planejar uma batalha... demônios, tinha desenvolvido sistemas de defesa para os Estados Unidos. — Talvez porque é um homem — disse Jonas, usando sua voz mais lógica. Hannah lhe deu um tapa. Joley também lhe deu uma bofetada, não uma a não ser duas vezes. — É um machista asqueroso, Jonas — acusou Joley. — Tem um pouco de razão — disse Ilya, com cara de pau. — Olhem para mim. Joley lhe deu murros no braço. 189
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— Não presuma, Prakenskii. Eu olhei e tudo o que vejo é muito falatório. Ele a apanhou pela juba e lhe jogou a cabeça para trás, capturando a boca dela com a sua, sem desculpar-se por ser possessivo. Quando levantou sua cabeça, seus olhos riam. — Obviamente não estive fazendo meu trabalho ultimamente. Joley lhe sorriu. — Faz-o bastante bem. Sarah pigarreou, atraindo de volta a atenção de todos. — Na realidade, Damon deu no prego. Como pode ser capaz de manter sua energia? — Não está usando realmente sua energia — disse Damon. Tyson se inclinou para frente, com um cenho desconcertado no rosto, as mãos enlaçadas no regaço, e seu olhar centrado em Damon dessa forma tão dele. Não havia nada nem ninguém mais na habitação nesse momento. — Acha que consegue a energia procurando na névoa? Que está aí livre para ele? Damon assentiu. — Tem que ser isso, Ty. Do que outra forma, se não? Não há forma de que pudesse manter um ataque em tantos lugares ao mesmo tempo. Investiguei a página Web de Correntes Ocultas e houve névoa em dezesseis lugares por todo mundo, exatamente ao mesmo tempo. Além disso, a maior parte deles nem sequer estavam na mesma faixa horária, mas ainda assim, a névoa se produziu precisamente no mesmo momento sem importar que hora fosse nessa região em particular. Tyson estalou os dedos. — Já vejo o que pretende. Um tipo preparado, muito preparado. — Não entendo — disse Jonas, com voz irritada. — Me explique. As sobrancelhas de Damon se juntaram. — Cria a névoa para reunir energia psíquica. — Capto-a — Jonas soava aborrecido. — Mas como a mantém? Se não alimentasse a energia, sua névoa se desvaneceria, simplesmente se dissolveria. Algo tem que sustentá-la. — Olhou para a Hannah procurando confirmação. A atenção de Hannah estava posta em suas irmãs. Todas se olhavam umas às outras. — Pode fazer isso? Alguma tentou alguma vez? Ilya? — Olhou a seu cunhado. — O que? — Jonas explodiu. — Sente não fazer que o resto de nos sintamos como idiotas. Toda esta panaquice mágica é um chateio de mil demônios. — Não o vê, Jonas? — Obviamente Tyson não tinha notado que Jonas estava a ponto de perder os estribos. — Ele produz a névoa, mantendo-a até que encontre energia psíquica. — Seus olhos se iluminaram, brilhando de admiração durante um momento. — Depois, a névoa se alimenta da energia psíquica disponível, deixando-o livre para criar outra armadilha na água. Posto que usa algo natural no ambiente, basicamente tem que pôr em movimento as coisas para que suas armadilhas funcionem. Utilizou algas marinha, tubarões, redes de pesca, vento, e conseguiu viajar nas correntes ocultas da água. Se não houver uma disponível, cria a sua própria. — Se for perito o bastante, poderia fazer o mesmo, preparar uma armadilha e o usuário da energia psíquica proporcionaria o poder a ele — disse Damon. — É simplesmente uma teoria, é 190
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obvio, mas de onde se obteria a energia? Todas estão alimentando ela, e explica por que ficaram tão esgotadas mesmo que estavam fazendo a Elle uma cura superficial. Produziu-se outro comprido e aturdido silêncio. Jackson esticou com os dedos sobre o ombro de Elle para obter sua atenção. — Se ele pode fazê-lo, você também. E talvez em muita maior escala. Elle negou com a cabeça. — Não sei como. — O crivou, carinho. Ambos sabemos que o fez. Naquele momento, antes que se derrubasse, quando deteve essa parede de água, perdeu os estribos. . . — Que grande surpresa — resmungou Jonas. Joley o chutou sem entusiasmo e Hannah o olhou jogando faíscas. — Bom, não é verdade? — defendeu-se ele. — A alguém surpreende? Elle sentiu que os nós de seu estômago se afrouxavam. Rodeada por sua família, pelas brincadeiras habituais para fazer frente às ameaças perigosas, começava a sentir-se segura outra vez. Jonas as queria e ela se sentia segura em seu amor, em casa, igual a com suas irmãs. Encontrou a si mesmo olhando ao redor da sala. Sou muito afortunada, Jackson. — Maldita seja, Elle. — Ele baixou o braço e a agarrou pela cintura, subindo-a ao regaço. Seu chá se derramou no ar, mas permaneceu ali sem mais, flutuando enquanto ele cruzava os braços apertadamente ao redor dela e lhe sussurrava ao ouvido. — Faça isso outra vez antes que Kate se ocupe de você e não poderá se sentar por um mês. Elle explodiu em gargalhadas. A xícara de chá derrubada no chão se levantou sozinha e o líquido fluiu de volta a ela. Elle enlaçou os braços ao redor do pescoço de Jackson e o abraçou, enterrando o rosto contra seu pescoço. — Já disse esta manhã que estou louca por você? As grandes mãos emolduraram o seu rosto. — De fato sim, o fez. — Deixou um rastro de beijos sobre ela, do bordo do olho ao canto da boca antes de lhe acariciar os lábios com os deles. — Mas isso não te vai liberar do problema. Cada vez que usa a telepatia, posso sentir como aumentam as lesões em seu cérebro. Tem que parar com isso. — De verdade, eu tento — admitiu ela, emocionando a sua família inteira. Elle raramente confessava a alguém o que pensava ou sentia. O fato de que desse explicações ao Jackson era muito esclarecedor para todos, especialmente que o estivesse fazendo diante de todos. Se qualquer deles tivesse duvidado de seus sentimentos para o ajudante do xerife, isso os teria convencido. — Não me dei conta de que estava usando telepatia. Estamos tão unidos que parece natural. — Eu sei. — A voz dele foi tão terna, que Elle se inclinou para beijá-lo outra vez. — Só tente com mais força. — Olhou a Kate. — De verdade, Kate, não sei o que fazer. Katie olhou a sua irmã mais nova, lutando para evitar que seu rosto mostrasse sua emoção. Jackson nunca a tinha chamado de Katie, nem uma vez em todo o tempo desde que se conheciam. E a expressão de seu rosto quando olhava a Elle fazia que lhe enchessem os olhos de lágrimas. 191
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Olhava-a como se o sol saísse e descesse por ela, e mais que qualquer outra coisa, todos queriam que Elle fora feliz. — Trouxemos algumas vela e algumas coisas mais, Elle — disse Kate, com a voz um pouco instável. — Estivemos falando sobre a melhor maneira de tentar e te proporcionar privacidade. Está disposta? Jonas ficou em pé. — Melhor as deixarmos com isso. Podemos sair ao alpendre e tomar um pouco de café de homens para variar. Havia uma nota em sua voz que Jackson entendeu. Jonas queria falar. Jackson deu um coice em seu interior. Jonas era a pessoa da lei até o final, mas conhecia Jackson, e sua forma de pensar. Ele queria prender Gratsos, acreditava que havia alguma maneira de apanhá-lo dentro da lei e Jackson não tinha muita vontade de discutir. Jonas suspirou e sacudiu o polegar para a porta. Jackson pôs os pés de Elle cuidadosamente no chão. — Estarei na parte de trás uns minutos, carinho. Mas não se preocupe, não te deixarei partir. — moveu-se em sua mente, recordando-a que a ajudaria a criar uma forte barreira entre ela e suas irmãs para que não percebessem o que tinha suportado. A intimidade entre Elle e Jackson tinha crescido rapidamente, desde que ela tinha conectado com ele quando estava no acampamento de prisioneiros. Quanto mais compartilhavam suas mentes, mais intrincadamente entretecida se voltava a conexão. Tinha estado sozinho a maior parte de sua vida, não unicamente sozinho, mas sim era um ermitão intencional, e agora não podia imaginar sua vida, nem sua mente, sem ela. Seu toque, não só psíquico, era aditivo. O calor que compartilhava com ele, seu amor sem reserva, inflexível, que ela derramava sobre ele era já uma parte dele. Quando examinava sua casa, sabia que era um lar porque ela estava ali. Jonas pigarreou. Jackson captou o sorriso que Hannah e Joley se intercambiaram. As Drake queriam ao Jonas. Era mais que o marido da Hannah, era verdadeiramente seu irmão em seus corações. O único que tinha. Seu feroz protetor, e sua maior dor. Sabiam que queria falar com Jackson apesar do intento do Jonas por mantê-lo em segredo. Elle lhe dedicou um sorrisinho e piscou o olho. O sorriso se ampliou. — Vai fazê-lo então, Elle. — Jackson fez mais uma declaração que uma pergunta. — Uma vez que o faça, retornaremos à casa Drake. É o centro do poder e teremos ainda mais munição contra esse filho da puta. Enquanto isso, essa casa pode te proteger melhor que eu. Ela negou com a cabeça. — Não, não pode. Estaria sempre sobre mim se você não o estivesse detendo, Jackson. — Havia uma tranqüila convicção em sua voz. — Não consegue passar por cima de você. Damon estava de pé, pesadamente apoiado em sua fortificação. — Está segura? — Absolutamente. Não posso mantê-lo fora. Não sei se foi pelas lesões ou porque não posso manter uma barreira natural contra ele, ou porque conhece exatamente cada ponto débil. Logo que Jackson se separa de mim, posso ouvir Stavros me murmurando ao ouvido, me dizendo que vem atrás de mim. Que se não retornar, matará todos os que amo, e que cedo ou tarde chegará à 192
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pessoa que me importa mais que tudo. — Ela olhou ao Jackson e havia dor em seus olhos. — Se refere a você. Jackson fechou a palma ao redor de sua nuca e a levou para ele, inclinando sua cabeça para trás com o polegar, pressionando sua fronte contra a dela. — Então está a ponto de sofrer uma grande decepção, carinho. Ambos sabemos que não me mata tão facilmente. — Não poderia suportar que alguém mais fosse ferido ou resultasse morto por minha causa — sussurrou ela, aproximando-se mais. — Já não sei nem como viver sem você. — Olhe a seu redor, Elle — disse Jackson. —Fixa bem em sua família. Nada vai passar nada a nenhum de nós. Embora só seja nisto, confia em mim. Ele não vai ganhar. Jackson deu a volta bruscamente e saiu da sala, com Bomber a seu lado. Abriu a porta de um empurrão e saiu ao alpendre, a fúria fluindo em seu interior. Durante um breve momento o consumiu, alimentou-se dele, até que sentiu as pranchas sob as plantas de seus pés. Damon e Ilya o seguiram, Damon se deixou cair em uma das cadeiras do alpendre. — Vai atrás dele. — Não terei que ir atrás dele. O filho da puta virá direto para mim — disse Jackson. — Está tão seguro de si mesmo que pensa que pode vir a meu terreno e levar a minha mulher. — Sua voz era cortante como uma geleira. — Tem um plano. Ilya e Jackson intercambiaram um longo e conhecedor olhar. Jackson deu de ombros. Só necessitava sua arma e ao homem em seu ponto de mira, e Ilya já estava com ele aos cem por cem quanto à estratégia. Damon sorriu. — Acredito que pode ser que tenhamos que repensar seu plano um pouco mais. — Aplaudiu a cadeira que havia junto a ele. — Esse bastardo não vai escapar vivo. — A áspera declaração não dava pé a discussão. Jackson olhou ao Jonas, que os tinha seguido, com Tyson, Aleksander e Matt justo detrás. — Jackson — advertiu Jonas. — Não pode matar a alguém a sangue frio. É um ajudante do xerife, jurou defender a lei. — Pode me retirar a placa, Jonas — disse Jackson tranqüilamente. — Redigirei minha demissão e a terá em suas mãos em cinco minutos. — Começou a retornar à casa. Jonas se interpôs diante dele. — Não seja idiota. O que vai fazer? Disparar contra ele e ir preso? — Esse é basicamente o plano. Foi Damon o que respondeu. — Eu poderia ter um melhor. Por que não se senta e me escuta? Estive dando muitas voltas e embora não tenha todos os detalhes resolvidos, acredito que podemos nos desfazer dele sem que ninguém vá ao cárcere. Embora tenha que estar de acordo com o Jackson em desejar a esse homem morto, não gosto muito de perder um cunhado. Jonas, se crê que é melhor que não ouça isto, talvez devesse entrar e ver se Hannah necessitar alguma coisa. — Voltou-se a olhar aos outros. — Se alguém não quer ouvir o que tenho que dizer, agora é o momento de partir. 193
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Jonas deu de ombros. — Não vou atuar como um hipócrita. Mas não quero que Jackson se meta em problemas. Atirei-me à piscina para matar ao homem que ameaçava a Hannah. E se chegasse até Gratsos, o mataria. Posso ser um cabeçudo, Damon, mas sei que prender Gratsos não vai detê-lo. — Então, tenho um plano. — Damon soava orgulhoso de si mesmo. — Ou ao menos o princípio de um. — Vamos ouvir — disse Jackson, e se sentou sobre o corrimão, levantando uma barreira para que Elle não pudesse ler sua mente. Tinha que permanecer na dela, mas não a podia deixar saber o que discutiam. Elle percebeu o momento em que Jackson ergueu um escudo entre eles. Tampouco é que tivesse sido muito sutil. Olhou para o alpendre onde os homens se apinhavam ao redor de Damon. Franzindo o cenho, olhou a Sarah procurando uma explicação. — Trazem algo entre mãos. — Damon tem a cabeça bem equilibrada — recordou Sarah. — Nunca se envolveria em nenhuma loucura. Sempre é a voz da lógica e a razão. Provavelmente está tranqüilizando a todos. Temos alguns carrancudos na família. Hannah sorriu para ela. — Não se referia a você, por acaso, ao meu marido, não é? Todas riram e começaram a colocar as velas ao redor da sala enquanto falavam. — Jonas não vai mudar nunca — disse Joley— mas o amamos tal como é, Hannah. — Tornou-se muito mandão desde que nos casamos. As irmãs estalaram em gargalhadas e Hannah colocou a mão no quadril. — O que? — Sempre foi muito mandão, boba. — Assinalou Abbey. — Jonas vem com uma etiqueta “Aqui o Macho Dominante”. — Bom, pois eu gosto e não é tão mau como Ilya. Joley se ruborizou até ficar de um carmesim profundo. — Eu consigo com ele. — Acredito que o faz — disse Elle e recebeu um chute de sua irmã. — E o que se passa com Jackson? — perguntou Libby. — Sarah diz que vão casar em um par de dias. É verdade, Elle? Está segura de que é o que quer? Jackson sempre quis que ficasse atrás. Está preparada para o que será viver com ele? Abigail dirigiu o olhar para o alpendre para observar Jackson. Com sua barba desalinhada parecia um feroz homem da montanha. Ela sabia que freqüentemente ia incógnito a outros condados. Estava em casa cumprindo com seu papel, mas algumas vezes era intimidante. — Ele sofreu um trauma terrível. Possivelmente seria melhor deixar as decisões importantes que alterem sua vida para quando tiver tido tempo para se recuperar. Elle se encontrou sendo o centro de atenção em meio às suas irmãs, com todas elas observando-a com atenção. Agasalhou-se mais com o suéter, desejando de repente ter colocado mais roupa. Não podiam ver as marcas do látego entrecruzando seu corpo, mas ela era muito
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consciente delas, das marcas ao redor de seus seios e inclusive sobre seu sexo. O interior de suas coxas ardia e por um momento não pôde respirar. Carinho, necessita que entre ai e te resgate? A voz de Jackson foi um toque aveludado em sua cabeça. Sentiu um calor instantâneo que a cobria e já não sentiu tanto frio. Estava tremendo e se obrigou a aspirar profundamente. Olhou pela janela e o viu observando-a. Ele levantou a mão, com a palma para fora e os dedos separados. Ela levantou sua própria mão, com a palma para ele e sentiu a carícia, primeiro pele com pele, logo seus lábios como se ele os tivesse pressionado no centro de sua palma. Fechou os dedos ao redor desse ponto, retendo a sensação. Ao mesmo tempo, se sentiu mais estável. Estou bem. Obrigado. E não me xingue, você começou. Ignorou a dor lacerante em sua cabeça, necessitando a breve comunicação. Espera até que estejamos sozinhos. Sua voz prometia tudo, menos castigo. Elle devolveu a atenção a suas irmãs. — Jackson me faz sentir completa. Devolveu-me tudo o que Stavros tirou. Não estou bem, ao menos por dentro, e sei disso, mas Jackson me faz melhorar a cada dia. Sarah sorriu. — Quero que chegue a esse ponto, todas queremos, onde possamos pôr nossos braços a seu redor e te abraçar. É difícil para nós. — Eu sei. E sinto muito. Espero que saibam o porquê. Saber o que me aconteceu e experimentá-lo são duas coisas diferentes. Até que esteja o suficientemente forte para evitar que isso aconteça, não quero colocá-las em perigo, e Joley e Hannah estão grávidas. Não sabemos quanto sentem seus bebês. A mente de Jackson se moveu contra a sua e se sentiu mais forte, como se ele estivesse a seu lado, conectando mãos, enlaçando almas. Não havia forma de explicar a suas irmãs, mas podia ver que estavam tentando entendê-la. — Ninguém cruzará essa linha sem sua permissão — concordou Sarah. — Kate tem que permanecer a salvo. Prometa-me isso não, que tomará muito em você mesma, Katie. Não pode se queimar para me ajudar — disse Elle. — Estive pensando que poderia ser melhor fazer isto em três sessões — disse Sarah.— Libby e eu falamos disso e ela diz que quando está curando algo difícil, percebeu que se o atacar em três partes conserva sua força e evita ficar cansada. Seu corpo pode absorver melhor a enfermidade ou as feridas. Hannah soprou sobre as velas para acendê-las. Ao mesmo tempo, a sala se encheu de uma fragrância tranqüilizadora de lavanda. Sarah, Hannah, Libby, Abigail e Joley formaram um círculo ao redor do Kate e Elle, unindo as mãos. Balançaram-se ao ritmo do cântico crescente que Sarah começou. Kate se aproximou de Elle até que esteve a uns centímetros de distância, com os olhos fechados, movendo os lábios em uma oração enquanto pedia forças para ajudar a sua irmã. A voz de Joley começou a subir de volume. Abigail se uniu a ela, a combinação de suas vozes era forte e pura, um contraponto para Sarah, Hannah e Libby enquanto cantavam, uma chamada e
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uma resposta, concentrando energia na habitação. Kate desenhou um sorriso sereno e estendeu a mão de novo para Elle, sua mão revoando justo a um fôlego de distância de sua irmã. — Está preparada? Elle não pôde evitar. Estendeu-se para Jackson, procurando tranqüilidade. Estou aqui, carinho. Tenho o escudo em alto e é forte. Ela não vai sentir nada salvo seu amor. Sua voz era tranquila. Forte. Protetora. O coração de Elle deu um salto. Uma parte de si queria derramar lágrimas de alegria pela forma em que ele a amava. Afirmou com a cabeça para Kate. Kate colocou a mão na cabeça de Elle, o mais ligeiro dos toques, quase uma carícia, um toque de amor de uma irmã a outra. Imediatamente Elle pôde sentir o calor flutuando da mão de Kate até sua cabeça. A dor palpitante pareceu reduzir-se um pouco. Quase podia visualizar os estratos mais profundos das lesões se curando. Diminutas faíscas de eletricidade zumbiam, saltavam e titilavam, como se Kate reparasse uma corrente elétrica em sua cabeça. O calor cresceu até converter-se em um ardor. Os zumbidos se converteram em descargas. Fora no alpendre, Bomber se lançou para o mosquiteiro e começou a latir. Seu corpo inteiro apontava para as mulheres, com as orelhas levantadas, mostrando os dentes, seu latido era extremamente agressivo. Hannah e Joley deram um salto para trás, rompendo o círculo de união. O rosto do Kate empalideceu e retirou a mão rapidamente como se lhe ardesse. Cambaleou -se e Elle a apanhou pela cintura, ajudando-a a sentar -se no chão. Imediatamente Libby tentou alcançá-la. Kate engatinhou para trás, evitando o toque de Libby. — Espera, Libby. Espera só um momento. — Que diabos passa aqui dentro? — exigiu Jackson, abrindo bruscamente o mosquiteiro. Bomber saltou dentro, correndo para Elle. — Basta já, — resmungou para o Bomber e o cão deixou de latir. Elle empalideceu. — Me passou algo, Kate? Não te protegi? Kate fechou os dedos ao redor do magro pulso de Elle. — Protegeu-me muito bem. Não senti nada do que sofreu. A barreira que você e Jackson têm juntos é assombrosa. — Deixou cair a cabeça entre os joelhos, aspirando com força para evitar desmaiar. — Kate? — perguntou Sarah. Hannah fez flutuar um prato de bolachas de açúcar até a habitação, apanhou o prato e o segurou ansiosamente enquanto Joley convocava uma xícara de chá. Kate olhou para cima, com o rosto muito branco. — Eu o ouvi. — Ao Jackson? — perguntou Sarah. Kate negou com a cabeça. — A ele. Gratsos. Tenta alcançá-la, mas não pode atravessar a barreira de Jackson. Estava muito zangado. Enfurecido. E golpeava a barreira. Eu o senti. — Fez uma pausa. — E então ele me percebeu. 196
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Elle ficou sem fôlego. — Está em sua cabeça? Diga a verdade, Kate. Abbey. Façam com que diga a verdade. — Estava completamente aterrorizada. Seu coração pulsava tão forte que realmente se pressionou a mão contra o peito. — Parti assim que me percebeu. Não acredito que possa voltar a me encontrar, mas tem que saber que estamos relacionadas. Se não tem seu nome verdadeiro e sua direção, tem outra pista. Eu não estava tentando me esconder ou me proteger porque não me ocorreu que pudesse “me ver” ou me sentir enquanto trabalhava em sua cura. — Agarrou uma bolacha de açúcar e lhe deu uma dentada. Joley lhe pôs a xícara de chá nas mãos quando se estremeceu. — É um homem horripilante. Elle se derrubou sobre o chão. Primeiro Hannah. Agora Abigail. E agora Stavros tinha assustado a Kate. A doce e serena Kate. Parecia quase uma blasfêmia. Ninguém estava a salvo desse homem? E Dane. Inclusive não sabia se a família do Dane sabia se estava morto, ou simplesmente tinha desaparecido como ela. Pressionou os dedos contra os olhos, lutando contra as ardentes lágrimas. Uma parte dela queria subir em um avião e enfrentar Stavros. Entrar em uma casa e brigar contra ele... poder psíquico contra poder psíquico... mas não estava bem o bastante. Ele ia encontrá-la, tinha-a encontrado e atacaria sistematicamente a todos os que amava. Quem seria o seguinte? Da morte de quem mais seria responsável? Hannah poderia ter morrido facilmente, levando seu bebê com ela, e Abigail ainda tinha machucados e pontos. Por quê? Porque todas suas irmãs estavam guardando energia para curá-la. Sem deixar nada para elas mesmas. Destruiria a sua família se ficasse. Fechou os olhos, envolveu a si mesma com os braços e tentou confrontar o que seria ficar nas mãos de Stavros outra vez. Um estremecimento atravessou seu corpo. Cada toque, cada ato que tinha imposto à força era tão vil, tal violação de tudo o que era e no que acreditava, e agora, depois de estar com Jackson e conhecer o amor... o toque do amor... não poderia enfrentar isso. Nunca poderia suportá-lo. Escapou-lhe um único som, de completo desespero. — Carinho, venha para cá. — Jackson se agachou a seu lado com um movimento lento e suave. Quase imediatamente todos ficaram calados e as irmãs de Elle retrocederam para lhe dar espaço. Era evidente nesse momento que Elle, a irmã forte e feroz, a que todas tinham conhecido como protetora e lutadora, estava frágil e necessitava alguém em quem apoiar-se. Elle se balançava adiante e atrás, mal consciente de ninguém mais na sala. Jackson não a tocou, simplesmente ficou a uns centímetros, enquanto o calor de seu corpo a esquentava. Elle. Me olhe. Está retraindo e vá onde vá, sabe que vou te seguir. Me olhe, carinho. Estamos aqui, em nossa casa, e está rodeada de todos os que a amam. Seus olhos titilaram. Podia senti-la, pequena e leve, encolhida em posição fetal, retirada em um rincão de sua mente. Não há volta disso, carinho. Estou bem aqui. Bem ao seu lado. Me olhe. Me olhe. O som de sua voz, suave, premente, forte, penetrou na parede que ela tinha erguido para tentar se proteger de uma ameaça que não podia confrontar. Elle se esforçou por sair de sua 197
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mente e voltar para seu corpo onde poderia abrir os olhos, e olhar ao rosto. Um rosto forte. Amava cada um de seus traços. Cada linha. Cada cicatriz. Conhecia seu rosto como se fora a dela. Podia riscar sua estrutura óssea, a mandíbula firme, os lábios sensuais e o nariz reto com o pequeno vulto nela. Os olhos de Jackson estavam tão escuros, tão prementes, que uma vez que os olhou diretamente não pôde afastar o olhar. Sentia-se segura ali, agasalhada, não encerrada mas sim protegida. As lágrimas nublaram seus olhos e piscou rapidamente para não o perdes de vista. Jackson, excessivamente consciente de sua audiência, cobriu-a em seus braços atraindo-a contra o peito, seus braços a agasalhavam para que ninguém pudesse ver seu rosto. Ele sabia que a família a amava, mas Elle se envergonharia que a vissem em um momento de debilidade. O orgulho era importante para Elle e, enquanto que ele já tinha passado pelas primeiras etapas de um trauma e sabia o que esperar, ela não tinha nem idéia de que estes momentos chegariam nas ocasiões mais inesperadas. Elle se aproximou mais a ele, empurrando o rosto contra do oco de seu ombro. Ele se levantou, levando-a consigo, sentando-se em uma cadeira com ela em seu regaço, seus braços a ocultavam eficazmente de todo o mundo. — Katie — perguntou Jackson suavemente — está totalmente bem? Ela assentiu. — Não entrou em minha cabeça. Apartei-me assim que o senti. Acredito que ambos nos demos conta de que não estávamos sozinhos ao mesmo tempo. — Obrigado por trabalhar com Elle. Já posso sentir uma diferença dentro de seu cérebro, só com uma única sanação. Quando trabalhou com ela, pôde fazer uma idéia do dano? — Jackson realmente queria uma resposta, mas ainda mais, queria distrair a atenção de Elle até que ela pudesse recuperar-se suficiente para enfrentar a todos. Logo que formulou a pergunta Libby se inclinou, ansiosa por ouvir a resposta. Kate tomou cuidadosamente um gole de chá, tomando seu tempo, avaliando a situação antes de falar. Como sempre, trouxe uma sensação de calma, de paz ao ambiente. Levantou o olhar serenamente e sorriu ao Matt quando este se acomodou a seu lado, deslizando sua mão na dele. Estava pálida, mas ainda era Kate, elegante mesmo com sua blusa branca e os jeans descoloridos e desgastados. Não usava maquiagem e ninguém suspeitaria nunca que escrevia os livros de mistérios e assassinatos mais vendidos em todo mundo. — Não vou tentar minimizar o dano que sofreu, especialmente porque sei que necessitamos de Elle a pleno rendimento. As lesões são profundas. Precisa descansar e relaxar sem usar nada de seu talento. Curei o primeiro estrato, mas há vários. Trabalharei nela outra vez amanhã. — Antes que Matt pudesse expressar um protesto, apertou seus dedos e o olhou, implorando compreensão com os olhos. — Serei mais cuidadosa da próxima vez. — Me ocorreu poderíamos enviar uma pequena mensagem, da próxima vez — disse Jackson. — Embora não sei se será possível. Obviamente está tentando acossar Elle. Abbey, pode trabalhar com animais, não pode? Ela franziu o cenho, intrigada, mas afirmou com a cabeça. — Normalmente com facilidade. 198
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Ele assinalou ao cão. — O que acha do Bomber? Abigail esticou a mão para o pastor alemão e o fez vir a ela, e que farejasse sua palma aberta. O cão a olhou com adoração e meneou o rabo. Ela o olhou fixamente em seus olhos durante uns momentos e Bomber se tombou instantaneamente a seus pés, ainda olhando-a ansiosamente. — É muito receptivo. Na realidade, tem sua própria energia psíquica. — Ele sente a presença psíquica do Gratsos — esclareceu Jackson. — Suas orelhas apontam para frente, seu pelo se frisa, levanta-se e assinala, latindo a um intruso. Sabe antes que qualquer um de nós quando Gratsos sua nos envia energia. — Acha que podemos usar sua energia para atacar Gratsos quando invade Elle — aventurou Abigail, com expressão pensativa. Olhou a Sarah. Jackson notou que todas as mulheres olhavam para Sarah. Inclusive Elle se moveu e se endireitou um pouco, girando a cabeça, olhando para Sarah como se ela tivesse a última palavra. Tyson se inclinou para frente, olhando ao Damon. — Tudo vai das ondas de energia, não? Poderia funcionar. Seria divertido, que o filho da puta alcance a mente de Elle e encontre a um cão guardião em seu rosto, todo dentes e latidos. — O sorriso se desvaneceu. — Mas vale a pena? Vai desentender-se do assunto e perguntar se isso é tudo o que temos? Sarah negou com a cabeça. — Gratsos pôde fazer que Elle sentisse a sensação de que a estrangulava. Sentiu como seus dedos se fechavam sobre a garganta. — Ilya pode fazer coisas como essa — admitiu Joley, voltando -se para sorrir ao prometido. — Só que coisas muito mais agradáveis, é obvio. — Então o cão pode atacá-lo? — perguntou Jackson. — Acredito que poderia ser feito — disse Sarah. — Abbey poderia se conectar ao Bomber com o Gratsos, através de Elle, e dar a ordem de ataque. Não sei quanto dano lhe faria, ou quanto tempo poderíamos sustentar o ataque, ou se vale a pena o esforço, mas é certo que poderia ser feito. — E se ele se perguntar se isso é tudo o que temos, melhor — disse Damon. — Deixem-no pensar que não temos muito. Sarah lhe lançou um olhar inquisitivo, mas Tyson ficou em pé e olhou seu relógio de pulso. — Espera-me uma noite dura na estação de bombeiros. Um dos homens está doente e querem que um par de nós estejamos lá. Perdemos alguns mergulhadores ultimamente. O mar esteve imprevisível e eles continuam vindo à baía sul, pensando que sabem mais que os vizinhos daqui. — Inclinou-se para depositar um beijo sobre a boca de Libby. — Não faça nada sem mim. — Sairemos amanhã pela manhã para conseguir nossa licença de matrimônio — disse Jackson. — Provaremos com outra sessão curadora de noite. Se formos soltar Bomber contra Gratsos, esse será o melhor momento para tentá-lo. Já teria voltado. Libby lhe soprou um beijo e logo esticou as mãos para Elle. 199
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— Antes de partir, vamos celebrar outra sessão rápida de cura sobre seu corpo. Todas participarão e não usaremos muita energia, assim não se assuste. E tenho o suficiente para ajudar a Kate. — Olhou para a irmã, que não tinha tentado se mover dos braços de Matt. Como Elle ainda vacilava, Sarah se inclinou para frente. — Me escute, Elle — disse, usando sua voz de irmã mais velha, “isto é um sermão”. — Quando estamos juntas somos fortes o suficiente para dete-lo. Tem que ter fé em nós. Está tão empenhada em nos proteger que esquece como é ser de nosso círculo. Ele ataca e está se aproximando. Necessitamos de você em pleno rendimento. Então, é hora de se curar. Entendeu, Elle? É o momento. Elle olhou a sua irmã durante um momento e logo assentiu. Daria boas-vindas ao que fosse que fizessem com ela desde que se mantivessem a distância. Podia dizer a Libby que a curasse de dentro para fora. As chicotadas estavam ainda frescas, mas já não doíam nem pareciam estar em carne viva. Com esta sessão, as feridas se desvaneceriam. Estava desejando se olhar em um espelho sem desviar a vista. As irmãs de Elle se alinharam atrás dela, desta vez sem Kate, e levantaram as mãos no ar, elevando um suave cântico melódico enquanto a cálida energia a rodeava.
Capítulo 17
Elle manteve a mão firmemente na de Jackson, os dedos fortemente entrelaçados com os dele enquanto entravam no supermercado de Inez, com a licença de matrimônio no bolso do Jackson. Tiveram que ir aos tribunais de terra adentro, uma hora e meia de carro, para arrumar a papelada. Mas precisavam e queriam fazer uma visita informal e conversar com Inez. Bomber caminhava junto ao Jackson com a correia, saltando um pouco, exibindo-se. A viagem de ida e volta tinha levado a maior parte da manhã e o sol aparecia através das pequenas capas de nuvens enquanto caminhavam pelas calçadas de madeira para o supermercado. Várias pessoas saíram das lojas para saudar a Elle e lhe desejar o melhor, todos com amplos sorrisos, saudando o Jackson como se tivesse roubado o prêmio. — Estamos chamando bastante atenção — observou ela, um pouco nervosa por toda a atenção. Ter Bomber ajudava, porque freqüentemente a pessoas começavam a falar com ela, perguntando sobre seu desaparecimento, mas Bomber os distraía rapidamente. Saudou quando Irene Madison e seu filho Drew saíram da livraria, Drew ia com um montão de livros nos braços. Irene tinha um aspecto resplandecente, embora quando viu Elle pela primeira vez gaguejou um pouco. Da última vez que tinha visto Irene, a mulher estava golpeando Libby na cabeça com a bolsa, exigindo que curasse Drew da leucemia. Culpava a Libby de que o menino tomasse uma perigosa medicação que quase o tinha levado ao suicídio. Elle não se mostrou muito pormenorizada quando se apressou a ajudar sua irmã, e se não tivesse sido pelo Jackson, realmente teria machucado à mulher. Ainda tinha passado um momento difícil sentindo remorsos quando Irene tinha machucado a Libby. 200
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Irene mostrou um sorriso indeciso. Parecia um pouco receosa com o pastor alemão e Elle se alegrou em segredo. Bomber parecia ter captado sua antipatia pela mulher, porque não agira amigavelmente; em troca, se colocou em um leve ângulo, como que protegendo Elle, ou intimidando Irene. Elle se agarrou ainda mais à mão de Jackson e se obrigou a sorrir. — Irene, me alegro de te ver. Drew parece estar bem. — Estou, Elle — anunciou Drew antes que sua mãe pudesse falar. — Este ano joguei basquete. — Sorriu-lhe. — É obvio que chupo muito banquinho, mas estou na equipe. — Seu sorriso se fez maior. — Ajuda que a escola seja tão pequena que é difícil encontrar suficientes jogadores para formar uma equipe, mas ainda assim, estou ali. — Foi divertido ir a suas partidas — admitiu Irene. — Drew está há meses em remissão. — Isso é maravilhoso — disse Jackson. — É graças a Libby e Tyson — reconheceu Irene. — Me ajudaram com o Drew e agora está provando com um medicamento que Ty desenvolveu. Elle engoliu com força e assentiu com a cabeça. Era tudo o que podia fazer. Nunca esqueceria esse momento quando sentiu a dor, Libby derrotada, doente, desorientada, quebrada. Quase a tinham perdido e, embora não toda a culpa era desta mulher, ela de fato tinha golpeado Libby quando sua irmã estava indefesa. O vento soprou do mar... uma suave brisa que lhe alvoroçou o cabelo e sentiu o suave toque de sua irmã Hannah. Elle se girou para o lar das Drake, soprando um beijo de volta para a almena do capitão, alçando as mãos para mudar a direção do vento para sua irmã. Precaveu-se de que o cão também olhava para trás, para seu lar familiar e lhe pousou uma mão sobre a cabeça, deixando uma carícia agradecida sobre a pelagem. Definitivamente Bomber estava fazendo mais fácil sua primeira aparição pública. Jackson clareou a garganta. — Sempre estão fazendo esse tipo de coisas, a todo o momento — explicou ele. Drew riu. — Todo mundo sabe. O que mais gostamos é quando Hannah tira o chapéu da cabeça do Jonas. — Ainda o faz? — perguntou Irene. — OH, sim. Estávamos perseguindo um par,quando nos viu fazendo skimboarding no Big River e atrasou com o vento para nos dar oportunidade de escapar — contou alegremente Drew, perdendo a rápida negação com a cabeça de Elle e esquecendo que sua mãe estava ali mesmo. — Cara, foi muito divertido. Começou a gritar ao vento e cada vez que ele ia recolher seu chapéu, o vento o apanhava e o levava fora de seu alcance. Aproximava-se mais e mais da água e ele seguia gritando: "Hannah, não se atreva", mas ao final fomos e não sei se realmente o enviou às ondas. — Gosta de fazer isso — disse Elle, esperando desviar a atenção de volta para ela. — É uma boa prática e mantém aguçada as habilidades da Hannah. É muito minuciosa nisso, já sabem. As mãos de Irene foram aos quadris, com um cenho no rosto. — Quando fez skimboarding no Big River, Drew? Ele ficou de um vermelho intenso e começou a gaguejar. — Cabulou aula? — exigiu Irene. 201
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Jackson agarrou a Elle pelo braço. Suponho que agora é um bom momento para sair daqui antes que se de conta de que Hannah ajudou aos meninos a sair do problema. Jonas certamente os teria levado a seus pais. — Veremo-nos mais tarde, Irene, Drew — disse Jackson. — Espero que ambos venham à celebração. Irene lhes sorriu, distraída por um momento. — Suas bodas. É obvio. Não perderíamos isso por nada do mundo. E, Jackson… Ele se encolheu, as pontas de suas orelhas ficaram vermelhas. A mão nas costas insistia a Elle que avançasse, mas ela se girou deliberadamente, obrigando ao Jackson a esperar com educação. — Muitíssimo obrigado por nos ajudar a inscrever Drew nesse acampamento em Tahoe durante uma semana de EA. Nunca teríamos conseguido arrumá-lo, e realmente o desfrutou. — Foi muito bom, Jackson — concordou Drew. — Andei de skate, subi em um trapézio e saí a navegar. — Todo seu rosto se iluminou. — Inclusive levei um carro de corridas, sabe? Um desses pequenos todo terreno. Nunca antes tinha feito nada disso. Jackson clareou a garganta, evitando o olhar de Elle. — Recebi sua carta de agradecimento, Drew. Isso foi suficiente. Me alegro de que tenha gostado. — Sua voz foi brusca, e agora tinha as orelhas completamente coloridas. Jackson empurrou Elle diante dele, esperando alcançar a segurança do supermercado antes que alguém mais os detivesse. O dia estava um pouco nublado, com nuvens variáveis mas com muita luz, o sol para brilhar a água fazendo necessário levar óculos de sol. Olhou a seu no rosto. — Isto é pior que passear com uma jo... uma… ce… uma celebride — disse Jackson entre os dentes apertados. — Não me surpreende que Joley vá casar com Ilya. Necessita um guarda-costas o tempo todo para conseguir avançar uma quadra. — Você queria passear. — Havia um indício de risada em sua voz. Agora que Jackson estava incômodo, o passeio podia ficar divertido depois de tudo. Bomber certamente estava de acordo com ela, porque a olhou com um amplo sorriso dentuço, seus olhos também sorriam. — Não me contou que ajudou ao Drew a ir uma semana de acampamento de Educação Alternativa. Ele deu de ombros. — O menino nunca foi capaz de fazer nada, sempre esteve muito doente. E outros meninos retornavam falando como uma enxurrada de todos os lugares aos que tinham ido, e as experiências que tinham tido e simplesmente pensei que poderia ser bom para ele. — Estou segura que foi. — Está sempre com sua mãe, todo o tempo, e ela está em cima dele até que o menino quer explodir. Ama ela, mas é um adolescente, necessita um pouco de liberdade. Jackson soava um pouco à defensiva. Elle o olhou. — Que mais tem feito? — Nada. Só esse programa do verão no que estive jogando um cabo para colocá-lo. É uma espécie de intercâmbio de estrangeiros. Dará uma volta por quatro países e verá um pouco de mundo. Necessita-o, Elle. 202
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Ela se deteve de repente na calçada, rodeou-lhe a cintura com os braços e ficou nas pontas dos pés, posando beijos sobre sua bochecha e boca. Ele colocou as mãos nos quadris dela, meio afastando-a. — O que está fazendo? Todo mundo está olhando. — Estou te beijando. — Bom, pois pare. — Eu gosto de te beijar. — Em público não. Digo a sério, Elle, tire esse sorrisinho travesso do rosto. — Machão Jackson. Que terno — provocou. Rindo, tomou a mão e começou a caminhar para o supermercado, Bomber mantinha o passo. Jackson suspirou e passou o dedo ao redor do pescoço redondo de sua camiseta. — Hoje faz calor. — Um pouco depressa a guiou com um passo mais rápido, esperando chegar à porta antes que passasse nada mais. — Sim? — A nota zombadora deu a sua voz uma leve cadência. Ele a fulminou com o olhar, esperando intimidá-la. Estava de humor “Drake”. Quando as sete irmãs estavam juntas nada evitava que se metessem com tudo e todo mundo que cruzasse em sua linha de fogo. Hoje ele parecia estar alinhado no ponto de mira de Elle. Com uma sensação de alívio, passou a mão por cima da cabeça dela e empurrou a pesada porta, retirando-se educadamente para deixá-la entrar primeiro. Seguiu-a… direto ao inferno. Jackson se deteve de repente, metade dentro e metade fora da porta. Meio povoado estava reunido na loja. Instintivamente esticou seu agarre sobre a correia do Bomber e o cão ficou alerta imediatamente. — Jackson! — gritou Inez de repente. — Está deixando entrar as moscas. Não havia moscas. Mas certamente sabia como atrair a atenção para ele. Todo mundo na loja se virou para contemplá-lo com amplos sorrisos nos rostos. — Parece um cervo cegado pelos faróis — sussurrou Elle, soando presunçosa. Buscou-lhe as costas da camisa, meio tentando arrastá-la fora da loja, mas ela já se deslizava fora de seu alcance como se tivesse antecipado sua reação. Uma ovação se propagou pela loja e Jackson pôde sentir como lhe subia o calor sob a camiseta e subindo pescoço acima. — Felicidades — disse Reginald Mares e lhe deu uma forte palmada nas costas. — É bom saber que alguém neste povo teve o bom-senso de apanhar a esta garota. — Inclinou-se mais perto e baixou a voz, só o suficiente para soar conspirador, mas o bastante alto para que Elle o ouvisse. — Esta tem um pequeno fogo interior. Vai ter as mãos ocupadas. Elle riu. — Segue assim e vou revelar cada intriga que conheço sobre você e minha tia Carol. Reginald Mares tinha sua própria granja hidropônica e suas verduras eram cobiçadas e consideradas as melhores. Mas o homem podia ser muito difícil, e antes que a tia das irmãs Drake tivesse voltado para o povoado, simplesmente era tão provável que jogasse seu produto a uma pessoa quanto se o vendia. Mares lhe piscou o olho.
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— Não compre mais desse lixo de produção em massa e coberta de veneno, Elle. Já deixei uma caixa de vegetais no terraço do Jackson. Devo a ele… — Foi muito amável por sua parte, Reginald — interrompeu Jackson. — Estou tentando alimentar a Elle tão saudavelmente como é possível. Em particular eu gosto desses tomates que me deu faz um par de semanas. Como distração poderia ter funcionado. Mares podia falar de tomates quase tanto como Clyde Darden de flores, mas nada dissuadiu ao homem. Simplesmente atuou como se Jackson não tivesse falado. —… por me ajudar com a papelada das permissões. Não poderia tê-los conseguido sem sua ajuda. Estava bastante seguro de que os convenceu de me deixar ampliar o edifício, e Darry, durante a audiência, contou-me que o fez. — Eu não vendo tomates envenenados — negou Inez de fundo, com as mãos nos quadris, fulminando a tudo com o olhar. — Minhas verduras são saudáveis em cada bocado. Jackson queria que o chão se abrisse. Elle estava sorrindo para ele. Apertou os dentes e se obrigou a aparentar um sorriso. Não diga nenhuma palavra. Nenhuma palavra. Elle o olhou com olhos inocentes muito abertos que ele não engoliu nem por um minuto. — Elle! Trudy Garret foi correndo para Elle, por pouco não derrubou, sorte que Jackson estendeu uma mão para sujeitá-la, mantendo-a em suas costas para lhe fazer saber que estava ali a apoiando. Ele se aproximou um passo, pegando-se a seu corpo quando sentiu sua foto instantânea retirada. Elle se armou de valor e a sua vez abraçou a Trudy. Jackson a ajudou a conter o fluxo de informação, mantendo alto um escudo para acautelar a invasão de privacidade de Trudy. Ao lado de Trudy estava seu filho, Davy. Trudy estava prometida com o irmão mais jovem de Matt, Danny Granite, e trabalhava no Bar e Grill Salt. — Que tal está? — perguntou Trudy, agarrando fortemente a mão de seu filho. Ele puxava, tentando chegar até o Bomber. Jackson acercou um pouco ao cachorro para dar acesso ao menino. Imediatamente este estava acariciando e falando com o pastor alemão. — Bom. Como está tudo? — Respondeu Elle. Inclinando as costas para Jackson. — Incrível. Danny e eu estamos pensando em comprar talvez o Grill. Está a venda. Seus pais dizem que nos ajudarão. — Ela sorriu. — É obvio, acredito que querem que nos casemos primeiro, o qual seria lógico. — Algo os impede disso? — Já vejo. Agora que deu o grande salto, vai tentar que o resto de nós o faça — brincou Trudy, mas seu sorriso se apagou. — Simplesmente quero saber que Danny queira de verdade ao Davy. Não quero que Davy se sinta de lado de maneira nenhuma. — Tudo o que faz Danny é falar do Davy — contribuiu com Jackson. — É um bom homem. — Um descarado — interveio Reginald — um verdadeiro descarado. Elle lhe aplaudiu o braço. — Não está ajudando à causa, Reginald. Queremos que Trudy se case com o Danny. 204
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— Nesse caso, que deixem de viver em pecado diante do menino — aconselhou Reginald. Inez fulminou com o olhar ao ancião Mares. — Que vergonha! — Bom, não deveria fazê-lo — disse Reginald. — Em meus tempos,já teriam levado esse menino atrás do celeiro e lhe teriam dado uma lição. Não se joga com os sentimentos de uma senhora. — Danny o pediu — disse Inez. As espessas sobrancelhas do Reginald se juntaram e voltou seu penetrante olhar para Trudy. — Não perca o tempo com um jovem a menos que vá a sério. Não na sua idade. E não quando tem um menino de que cuidar. Trudy se ruborizou completamente. Jackson tossiu detrás de sua mão. Inez se apoiou sobre o balcão, tomando cartas no assunto para desviar a atenção do Trudy. — Fiz muitos planos, Jackson, e todo mundo está ajudando. Vai ser uma celebração maravilhosa. — Ruborizou-se um pouco e se girou para o silencioso homem sentado com ela atrás do balcão. Os olhos de Elle se abriram de par em par ao ver Frank Warner, que acabava de sair da prisão. — Frank, me alegro de te ver. Estava pálido e muito mais velho, levava o cabelo cor prata e cinza muito curto, mas ainda era espesso e ondulado. Ofereceu-lhe um meio sorriso, um pouco surpreso, como se esperasse que ela o ignorasse. Inez se aproximou… protetoramente. — Também eu me alegro de te ver, Elle. Ouvi dizer que está a ponto de casar. Jackson pôs o braço ao redor do ombro de Elle e estendeu a outra mão para Frank. — Inez está ocupando-se disso por nós. Esperamos que possa vir. Nós adoraríamos que viesse. Não é formal… — É bastante formal — disse Inez. — Fiz com que Sarah encarregasse um desses vestidos de alta costura para casamento na praia. A sobrancelha de Jackson se disparou. — Acreditava que um casamento na praia significava trajes de banho, Inez. Ela soprou desdenhosamente. — Será melhor que não, Jackson Deveau. Vestirá decentemente para Elle. Jackson se inclinou para sussurrar ao ouvido de Elle. — Eu esperava ansiosamente o biquíni. — Ouvi-o, jovenzinho. Posso ser velha mas minhas orelhas são agudas. — Esclareceu-se a garganta e tomou a mão do Frank. — Frank e eu estivemos falando de nos casar. Conhecemo-nos há muitos anos para contálos e pensamos que poderíamos envelhecer juntos, sentados em nossas cadeiras de balanço no alpendre dianteiro. Havia algo em seu rosto quando olhou ao Jackson, uma necessidade de aprovação, uma esperança de que pudesse estar de acordo com ela. Fosse o que fosse o que sentia, queria um pouco do Jackson. Elle o entendeu então, a dinâmica dos parentescos ia além de Jackson ajudando 205
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a Inez com a loja, ou Inez o ajudando a planejar suas bodas. Eram mais como mãe e filho, ou como mínimo, uma queridíssima tia. O sorriso de Jackson demorou para surgir e seus olhos se moveram especulativamente sobre o rosto enrugado do Frank Warner. Recém-saído da prisão, parecia um insólito candidato para que Inez se apaixonasse, mas todo mundo no povoado sabia que tinha apoiado ao homem e o tinha visitado com regularidade apesar da larga distância que tinha que conduzir para chegar à a prisão. — Bom, Frank, vai conseguir à segunda mulher mais maravilhosa de Sean Haven. Espero que a aprecie e a cuide sempre bem. — Esfregou com o queixo o cocuruto de Elle, mas ela pôde sentir um indício de tremor lhe percorrendo o corpo. Elle foi para sua mente. Estava preocupado. Sabia o muito que Inez amava Frank, mas não conhecia Frank Warner, não de tudo, e o preocupava que Inez estivesse tomando a decisão muito rápido. Inez não se precipita. Levará algum tempo pensado nisso. As mulheres apaixonadas não são racionais, neném. Acredite, minha mãe amava a meu pai e ele era da pior classe de homem. Houve uma pequena vacilação antes que fizesse a confissão. Eu também o amava muito, mas isso não quer dizer que devêssemos sofrer. Ambos estaríamos muitíssimo melhor sem ele. Não quero isso, o que minha mãe teve, para Inez.” Sem duvidar, Elle se inclinou sobre o balcão e estendeu a mão ao Frank. — Felicidades, acredito que é maravilhoso. Frank pôs sua mão na dela e Elle fechou os dedos ao redor da sua. Por um momento só houve a calidez do contato humano e então as emoções do Frank se derramaram na mente de Elle… na de Jackson. Jackson sentiu o impacto imediatamente, o desagrado de conhecer os pensamentos privados de outro. Frank se sentia incômodo, sentado no meio do escrutínio dos vizinhos pela Inez. Sempre a tinha amado, mas se sentia indigno dela. Não queria que outros lhe dessem as costas por sua culpa, ainda assim não podia resignar-se a afastar-se dela. Sentia-se velho, cansado e rendido, e simplesmente queria paz outra vez… com Inez. Jackson foi consciente da dor aguda na cabeça de Elle, e soube que estava usando muito do seu talento. Ia destruir todo o trabalho que Kate fazia. Puxou seu braço para liberá-la da mão de Frank. — Me deixe dizer o que os dois necessitam, Inez — disse Jackson. O queixo dela se inclinou e tremeu durante um momento antes de acalmar-se. — Necessitam um par de pessoas que lhes apadrinhem. — Jackson se inclinou para pousar um beijo em sua bochecha. — Seria um privilégio, Inez. Diga a hora e o lugar e ali estaremos. O alívio piscou em seus olhos e logo Inez passou a mão de um lado a outro sobre a barba de Jackson e estalou a língua com desaprovação. — Quando se liberará dessa barba para poder ver seu rosto outra vez? Sorriu e rodeou a cintura de Elle com os braços, arrastando suas costas contra ele. — Elle não quer me beijar se não usar barba. Não vou passar sem seus beijos. Inez franziu o cenho a Elle. Elle, coberta pelo balcão, chutou a tíbia do Jackson.
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— É por meu rosto — admitiu ela. — Tenho uma pele muito sensível e o toque de suas costeletas ardem. — OH, isso não é bom — disse Inez. Suspirou. — Suponho que terá que deixar a barba então, Jackson, mas mantenha bem recortada. Passa épocas nas que parece horrível, como esses motoristas que chegam ao povoado. Sorriu-lhe. — Como pode ser, Inez? A metade do povoado levava o cabelo comprido e barba. — Não seja descarado —arreliou, sabendo muito bem que estava brincando. — Me referia o aspecto que têm. Não quererá assustar a Elle antes que se case com você? Uma campainha tilintou assinalando que alguém tinha entrado ou saído, e Elle se inclinou para ter controlado a todo mundo na loja. Irene e Drew se deslizaram dentro e estavam na seção de comida congelada. Os Dardens estavam pela prateleira do pão falando com Jeff Dockins, outro vizinho. A loja estava cheia de seus vizinhos e deixou que a conversação fluísse a seu redor, o companheirismo a penetrou como se fora um néctar. Sempre tinha adorado Sean Haven, e esta loja em particular, onde todos os vizinhos deviam passar o momento. Alguns o chamavam fofocar, mas ela sabia que só estavam trocando notícias, todas interessantes para a vida de outros. Ajudavam-se uns aos outros freqüentemente e realmente se cuidavam. Inclinou a cabeça para trás um pouco, relaxando-se no Jackson. Contra sua perna, Bomber empurrava mais perto, com o corpo alerta, tremendo, a pelagem e as orelhas rígidas. Estava olhando ao redor da loja, não a ela. Um calafrio desceu pela coluna. O cabelo da nuca se arrepiou. Entupiu-lhe a respiração na garganta e trocou de posição, deixando deslizar os olhos pela loja. O Reverendo RJ estava rondando pelo balcão de carne e ela sabia que Jackson já o tinha reconhecido, notando o protetor que era sua postura. Uma adolescente permanecia ao lado do Reverendo, com o lábio, o nariz e a sobrancelha perfurados. Usava lápis de lábios escuro e a raia do olho mais escura ainda. O cabelo comprido lhe pendurava reto até os ombros, uma brilhante asa de corvo de um negro azulado. Era muito bonita, embora vestisse tudo negro e tampouco havia vivacidade em seu rosto. Não olhava a ninguém, mas sim olhava fixamente ao chão. Deixando cair uma mão sobre a cabeça do Bomber, Elle deslizou o olhar além deles. A premonição de perigo era forte. Premente. Escura. O frio se filtrou em seu corpo, primeiro na pele, logo no sangue e nos ossos. Jackson começou a lhe esfregar os braços como se a esquentasse. Deixou vagar o olhar pela loja. Várias pessoas colocavam os casacos ou se esfregavam as mãos como se fizesse frio. Jackson. Sussurrou seu nome e tentou defender o corpo com o seu. — O que acontece, neném? Vejo RJ. Não vou deixar que se mostre hostil. — Tinha a perto de seu ouvido, sua respiração era cálida, os lábios acariciaram o lóbulo da orelha em um beijo secreto. Mas não era RJ. O ar abandonou seus pulmões em uma pequena rajada quando divisou uma sombra escura deslizando-se através da loja, agachando-se perto da primeira pessoa, e logo outra, cheirando, com os dedos estendidos, chamando por gestos. Frank olhou para a sombra e logo à
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senhora Darden. Elle se afastou de Jackson e pôs seu corpo entre a linha de visão do Frank e a aberração que se movia lentamente e com sigilo. Enquanto observava, a sombra se moveu sigilosa pela loja, prolongando-se através da parede até tomar uma forma que lhe era familiar. A Morte. Um demônio sem cara, alto e magro com os braços estendidos e uma ampla boca aberta codiciosamente, precisando alimentar seu interminável vício. Elle esboçou um rápido sinal no ar quando essa coisa se abateu sobre a senhora Darden e o demônio se girou, com os olhos brilhantes por um momento, reconhecendo ao inimigo. RJ, diretamente detrás da sombra, devia pensar que Elle estava olhando para ele. Seu rosto se endureceu e fechou os dedos ao redor do pulso da adolescente, puxando-a para o balcão. Ambos, RJ e a garota, passaram através da aparição como se a Morte não estivesse ali. RJ deixou a cesta da compra sobre o balcão. — Temos pressa. Elle observou à sombra se fortalecer. A língua se deslizou fora da boca como se saboreasse algo. Inalou no ar. De repente, empurrou os braços apertados contra si, como se sujeitasse algo fortemente, fechou a boca, então se desvaneceu e levou o frio da morte com ela. Jackson esperava que o Reverendo falasse com Elle, mas não o fez. O homem era famoso por provocar às irmãs Drake, tentando obter cobertura mediata, oferecendo-se a exorcizar seus demônios. Era estranho vê-lo sem seu guarda-costas. A mãe da garota não estava à vista. Jackson tinha um mau pressentimento sobre essa garota. E Bomber grunhia uma advertência, mostrando os dentes. Deliberadamente Jackson se aproximou muito a RJ ante o balcão. — Surpreende-me vê-lo ainda no povoado. O Reverendo lhe lançou um provocador olhar de ódio. — Não deveria. Tinha um policial patrulhando por minha casa cada meia hora. Em um povo onde não há polícia parece um pouco excessivo. A garota manteve a cabeça agachada, o olhar baixo. — Suspeitamos que há um pedófilo na zona, Reverendo. Queremos estar seguros que todos os meninos estão a salvo, você não? — Essa é uma palavra feia — cuspiu RJ. — É um crime feio. — E esse cão é perigoso. Não deveria o ter ao redor das pessoas. — Só é perigoso com os criminosos. Odeia particularmente aos homens que abusam das mulheres, violadores e pedófilos. Uma mania que tem. — Jackson lhe fez um sinal com a mão e Bomber grunhiu, mostrando uma boca cheia de dentes, logo se acalmou atrás de outro sinal do Jackson, mas nunca deixou de olhar a RJ. O Reverendo fulminou com o olhar a Inez. — Não pode ir mais depressa? Se não estivessem falando tanto, conseguiria fazer mais coisas. Jackson olhou à garota. — Quantos anos você tem? 208
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RJ puxou a garota mais perto dele, seu rosto era uma retorcida máscara de ira. — Não tem porque responder a suas perguntas. Sua mãe a deixou a sob meus cuidados. — Você está bem? — perguntou Jackson a ela. A garota se negou a olhá-lo. Simplesmente negou com a cabeça. — Não cause problemas, Venita — advertiu-a RJ. Sua voz parecia suave e tranqüilizadora, inclusive precavida, mas Jackson sentiu o impulso psíquico de energia assinalando algo totalmente diferente. — Sua mãe se sentirá muito decepcionada. A garota ficou tensa e afastou ainda mais o rosto. — Não tem que ter medo — disse Jackson. — Sou ajudante do xerife. Se este homem estiver fazendo mal ou te ameaçou de algum jeito, posso te ajudar. — Sou um homem de Deus — declarou o Reverendo em voz alta e, agarrando o braço da adolescente, separou-a de um puxão de Jackson, abandonando as coisas sobre o balcão. Jackson os observou sair da loja com um olhar especulativo detrás de seus óculos escuros. — Não pode prendê-lo? — disse Inez. — É um monstro. Inez olhou ao Frank. Evidentemente acreditava que Frank não teria tido que ir a prisão quando tão claramente RJ o merecia. Acreditava que Frank tinha sido enganado, que não era um criminoso mal intencionado. Jackson pensava que possivelmente um pouco de avareza tinha intervindo no fato, ou Frank não teria sido tão facilmente enganado, mas não ia dizer sua opinião em voz alta. — Não o apanharam cometendo um crime, Inez. — Jackson jogou uma olhada ao relógio. Queria chamar um amigo no escritório e averiguar o que pudessem sobre a adolescente e sua mãe, e tinham que retornar logo para casa. As irmãs de Elle os visitariam para outra sessão de cura com ela. — Tem má pinta — manifestou Inez. — Cada vez que se aproxima, a pele me arrepia. E ao Bomber tampouco gosta. — Sorriu ao cão. — Bom menino. É um bom cão. Elle aplaudiu o lado do Bomber. — É um bom menino. Veremo-nos mais tarde, Inez. E a você também, Frank. Vamos para casa. — Elle necessitaria um pouco mais de descanso, Jackson aconselhou. — Ainda está pálida e tem olheiras sob os olhos. Elle não pôde evitar elevar as mãos para tocar o rosto. Inez tinha visto seu rosto inchado e machucado, mas suas irmãs lhe tinham dado uma aparência normal outra vez, não? Duvidou por um momento. Ainda podia sentir cada murro, cada bofetada, os desumanos golpes e logo as ternas carícias. A voz de Stavros lhe sussurrando, suplicando e convencendo-a de que só tinha que se comportar bem, que doía ter que castigá-la dessa maneira. Estremeceu e girou o rosto, enterrando-o no peito do Jackson, indiferente às pessoas que a rodeava. Está a salvo, neném. Estou aqui. Sempre com você. Inez parecia afetada. Elle sempre tinha sido auto-suficiente e segura de si mesma, de total confiança, inclusive desde menina. Entretanto, estava encolhida contra Jackson e de repente parecia bastante frágil. — O que disse de errado, Jackson? — sussurrou, caminhando com eles para a porta. — Nada, Inez — disse ele. — Esteja tranqüila. 209
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Elle esboçou um pequeno sorriso forçado por cima do ombro enquanto Jackson a tirava fora da loja. — Sinto muito. Não sei o que passou. — Não aconteceu nada, Elle. Vai ficar bem. — Jackson lhe rodeou os ombros com o braço, mantendo-a perto. — Descobrirá que vai ter ataques e terá que tratar com eles quando surgirem. Teremos que tratar com eles. Elle apressou os passos pelas tabuas de madeira, correndo para a caminhonete do Jackson. O vento soprava desde mar, só uma brisa, alvoroçava-lhe o cabelo e lhe tocava o rosto. Ambos puderam ouvir as vozes femininas cantando uma suave melodia, um bálsamo tranqüilizador para seus crispados nervos. No oceano, várias baleias saíram à superfície, soando como estavam acostumados , como se dissessem olá, e logo nadando silenciosamente passassem a notícia antes de deslizar-se de volta sob a água outra vez. Em seguida pôde ouvir a canção em resposta, a brisa saltando sobre a água para levar os tons curadores, a profunda e gimente melodia, acompanhada de grasnidos e assobios. As baleias cantavam a Elle, interpretando uma peça maestral, uma sonata, provavelmente dirigida pela Abigail. A música fora da corrente a sustentou durante o caminho a casa. A estrada serpenteava ao longo dos escarpados sobre o oceano e as baleias lhes mantinham o passo, deslizando-se prazerosamente através da água, cantando, de vez em quando saltando para que ela pudesse as ter à vista. Enquanto conduzia pelo caminho de entrada de sua casa, Jackson reparou na abundância de pássaros, plantas e flores. As flores pareciam mais densas e mais coloridas. Pôde ver as ervas que tinham surto em um setor justo ao longo da cerca traseira enquanto estacionava a caminhonete. As mulheres Drake estavam sentadas em seu terraço, escutavam as baleias, cantando em tons baixos. Abigail e Joley cantavam em harmonia enquanto as vozes das demais mulheres se elevavam e descendiam em contraponto como as ondas. Jackson subiu as escadas e ficou de pé, com Elle apoiada contra ele, escutando a canção que as baleias e as garotas cantavam uma e outra vez. Quando a última nota se desvaneceu, sacudiu a cabeça. — Incrível — disse. — Nunca, nem em meus sonhos mais selvagens ouvi algo como isto. Não vou perguntar como o fizeram. Abigail lhe sorriu, enquanto se deixava cair de joelhos para dar boas-vindas a Bomber. Arranhou-lhe as orelhas e o peito. — Decidimos prová-lo esta noite, Jackson. Já sabe, atacar ao Gratson através do Bomber. Kate vai fazer outra sessão com Elle, e eu vou me unir pouco antes que ela se retire. Acreditam que é o momento mais vulnerável de Elle e então ele notará que a barreira se desliza um momento. Você a mantém no alto, mas quando Kate se retira ela nota que se contém para lhe proporcionar maior intimidade. Isso fará que as defesas de Elle se debilitem o suficiente para que ele quase as atravesse. — Olhou para Kate. — Vamos lhe dar outra oportunidade, e desta vez estaremos preparadas. — Não entendo o que vai fazer. Como pode Bomber contatar com ele? — Elle esfregou a garganta como se sentisse Stavros estrangulando-a. 210
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Abigail jogou uma olhada a Hannah e intercambiaram um sorrisinho travesso. Jackson franziu o cenho e se remexeu, de repente incômodo. — O que estão tramando vocês duas? — exigiu-lhes. — Um pequeno experimento, isso é tudo. — Sarah começou a formar um círculo com velas no terraço. — Onde está Ilya? E Jonas? E Ty? Damon ia estar aqui. Temos coisas que discutir. O que está acontecendo? Onde estão Aleksander e Matt? As irmãs estalaram em gargalhadas. — Parece um pouco assustado — disse Elle. — Tem medo de minhas irmãs? — Um pouco — admitiu Jackson.— As coisas escapam das mãos rapidamente quando estão todas juntas. — Ty está fazendo outro turno — explicou Libby. — Andam muito curtos de pessoal com essa gripe que circula. E Damon está com ele. Foram à estação do Willit para falar de algo que tem que ver com energia e o Triângulo das Bermudas. A verdade é que não estava os escutando. Quando ficam técnicos simplesmente deixo de prestar atenção. — Matt tem essas coisas com seu irmão esta noite — acrescentou Abbey. — E Aleksander, Ilya e Jonas estão fazendo uma investigação para o Damon. Queria que falassem com os pescadores e os mergulhadores da zona e obtivessem informação para um grande projeto no que está trabalhando. — Fantástico — resmungou Jackson e cruzou os braços no peito. — Eles se levam a diversão, e eu fico desprotegido com todas vocês. Sarah assinalou para a cozinha. — Faz algo útil. Necessitaremos chá e bolachas depois da sessão. — Bolachas? — Suas sobrancelhas se arquearam. Quando ela o fulminou com o olhar, suspirou. — Bem. Acredito que Inez ou a senhora Darden mandaram algumas. — Beijou o cocuruto de Elle e entrou ofendido na casa, sentindo-se culpado por estar abandonando ao Bomber em meio das mulheres quando sabia que não tramavam nada bom. Elle se sentou sobre a esteira no centro do círculo, com Kate a sua direita, e Abigail a sua esquerda. Bomber jazia com a cabeça no regaço de Abbey, as orelhas para frente, alertas, enquanto lhe acariciava a cabeça. Libby se sentou frente a Elle, e Hannah, Joley e Sarah formaram um semicírculo detrás. O aroma a lavanda impregnou o ar. Elle elevou a mão antes que suas irmãs pudessem começar o canto curador. Jackson. Estou aqui, neném. Não pode me sentir? Agasalhou-se nele, em sua calidez e em sua força. Soltando o ar, assentiu e Joley começou a suave melodia para atrair a energia que as rodeava a fim de sanar as destroçadas habilidades de Elle. Sentiu o toque familiar de Kate quando entrou, tão ligeira, tão suave, trazendo calma e serenidade junto com a energia reparadora. Desta vez sentiu a diferença imediatamente enquanto sua irmã trabalhava, continuando a sessão prévia, restaurando e reparando mais e mais rápido. Justo quando pensava que tinha que deter Kate e evitar que fizesse muito e se queimasse, sentiu o toque da Abigail. Verdade. Pureza. Depois Hannah. Travessa e decidida. Sarah. Uma força com a que se podia contar, uma espada incomensurável. Joley, uma sede de vingança e 211
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necessidade de proteger a sua irmã pequena. Libby entrou a última, seu doce e curador toque se propagou pelo corpo de Elle e logo as uniu a todas até que foram uma sólida unidade. Ok. Se retire um pouco, Jackson, ordenou Sarah. Jackson debilitou a barreira na mente de Elle, de forma que o escudo brilhou quase transparente, oferecendo a suas irmãs brilhos de lembranças se elas tivessem escolhido olhar. Permaneciam concentradas em uma única coisa... esperando em silêncio... permanecendo detrás da mente de Elle, esperando que seu inimigo picasse a ceva. Abigail atraiu a mente do cão ao centro. Este estava alerta, já percebendo a entrada de Stavros. Antes que o homem pudesse situar-se, elas extraíram uma lembrança da mente de Elle. Stavros, completamente nu, o corpo exposto. Abigail vaiou uma ordem. O cão saltou. Rugiu. Todo dentes. Feroz. Stavros chiou. Estridentemente. De angústia. E logo desapareceu.
Capítulo 18
— Bom, carinho, vai dizer por que insistiu em que esta noite fosse a casa dos Darden a reparar as escadas, examinar o teto e revisar todo o resto de sua casa da eletricidade até o gerador. — Jackson o fez soar como uma demanda. — O que acontece? Estava cansada e queira ou não se admiti sente um pouco intimidada pelos Darden. Então por deu essas velas longas com o crucifixo esculpido e lhes pediu que as mantivessem acesas durante toda a noite? E logo fez com que me detivesse na loja de Inez para dar velas a ela e ao Frank Warner? Algo aconteceu, e não ponha Esso rosto de inocente. Para você era importante. Elle suspirou e olhou para o céu. O pôr-do-sol tinha sido espetacular. Podia compreender o motivo pelo qual Jackson tinha eleito esse preciso lugar para construir sua casa. Desde seu terraço tinha uma vista extraordinária do crepúsculo. No céu se viam faixas de cores, de todos os tons de alaranjado, vermelho e rosa, enquanto que o sol parecia uma brilhante bola incandescente, derretendo-se e vertendo ouro líquido no mar. Não tinham entrado, contentando-se em sentar um junto ao outro sobre uma manta que tinham estendido sobre as dunas enquanto o céu ia passando do alaranjado ao púrpura. Jackson permaneceu em silêncio, e ao final ganhou o cansaço. Voltou a suspirar, sabendo que ela ia contar, e que provavelmente ele pensaria que estava louca. — Hoje vi a Morte. — Confessou um pouco precipitadamente. — Hoje no supermercado, vi a Morte. Voltou-se para ela, estudando sua expressão transtornada e ansiosa e um calafrio lhe percorreu a coluna vertebral. Falava muito a sério. — O que quer dizer com isso? — Às vezes tenho premonições. Não sei de que outra forma lhe explicar isso quase todas minhas irmãs as têm. Hoje, no supermercado, ela estava ali, procurando alguém a quem levar. Tanto Frank Warner como a senhora Darden atraíram sua atenção, mas nenhuma das pessoas que estavam no supermercado, incluindo a você, estão em perigo. 212
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— Isso é uma loucura, Elle. A morte não é uma pessoa. É somente um fato. — Procura pessoas que estão próximas à morte, seja por uma enfermidade, um acidente ou um suicídio. Encontra-as. Vi. Não tem que me acreditar. — Desviou o olhar para o oceano. — Todas nós professamos uma profunda fé, e sei que você também a tem. Vi você na igreja, Jackson, mas o fato de que no mundo haja bondade e maldade, não significa que não haja também anomalias. Algumas pessoas acreditam que nós somos uma anomalia, mas obviamente nós gostamos de pensar que nossos dons nos foram dados por uma boa razão. Há coisas que simplesmente não pode explicar. A morte é uma delas. Sempre chamamos assim a essa aparição. Às vezes vem em busca de alguém que está próximo à morte e acelera o processo. — Pode detê-la? Deu de ombros. — Acreditam que é como os acidentes e os incidentes fortuitos, mas uma vez que esteja na vizinhança, não se vai até que não rouba uma vida e fica satisfeita. Não é o mesmo uma morte natural, porque anseia essa vida e tem êxito em roubá-la. Jackson sacudiu a cabeça. — Não sei que te dizer. — Olhou a todas as pessoas que havia no supermercado e obteve seus aromas, a essência de suas vidas. Vi como as absorvia e não se deterá até que esteja satisfeita. — Falou com suas irmãs? — Levei a Sarah à parte e disse. Ela viu à Morte antes, quando chegou sobre os ombros do Damon. Damon tinha escapado e a Morte o queria de volta, mas levou outra pessoa. Nenhuma de nós tem sabe de ciência certa se nossa intervenção ajudou a salva-lo ou não. — Mas na realidade não há nada concreto que possa fazer a respeito? — Não a menos que estejamos ali quando tentar roubar essa vida… e ainda assim, pode ser que não sejamos o suficientemente fortes para detê-la. — Não pode salvar ao mundo inteiro, Elle — disse gentilmente. — Às vezes, quando estou trabalhando, tenho que repetir isso mesmo uma dúzia de vezes seguidas. — Eu sei. — Esboçou um pequeno sorriso. — Mas às vezes podemos marcar um pequeno tanto em nome da justiça. — O sorriso se desvaneceu. — Estava mais perto, Jackson. Jackson girou a cabeça bruscamente e fixou seu olhar na dela. — O que quer dizer? A quem te refere? À Morte? — Mas tinha o lúgubre pressentimento de que não estava falando da morte… não, pela expressão de seu rosto, não falava dela. O estômago dele se embrulhou, e colocou a mão em cima, pressionando-o. — Stavros. Percebi-o e está mais perto. Sabe onde estou e vem me buscar. Ele deixou sair o ar de seus pulmões e assentiu: — Está bem, carinho. Imaginei que viria. Soube assim que respondeu ao telefone do Dane. — E não tem medo? Apavorado. Queria dizer que apavorado. Ele sabia e o compreendia. Jackson sacudiu a cabeça:
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— Não, acredito que se vier a nosso território estará cometendo um grave engano tático. É arrogante e está acostumado a sair-se com a sua. Pensa que pode comprar à polícia e aos aldeãos e dessa forma conseguir ajuda para te recuperar, mas terá um pequeno problema com esse plano. A confiança que havia em sua voz a tranqüilizou. — Esta noite não vou pensar nele. Ao menos, neste momento não se está sentindo muito bem. — Ainda não posso acreditar que suas irmãs tenham feito isso — disse Jackson, reclinandose para trás, e unindo os dedos detrás da cabeça. — Estão um pouquinho fora de controle. Elle utilizou seu peito como travesseiro e lhe ofereceu um sorriso. — De fato, acredito que se controlaram o bastante. Nenhuma delas espiou minhas lembranças e você defendeu minhas emoções à perfeição. Acariciou-lhe o cabelo com a mão. — Só digamos que, todas estão um pouquinho loucas e que eu não gostaria de cair antipático a nenhuma das mulheres Drake. — Foi sua idéia — disse, sentindo-se compelida a assinalar esse detalhe. Jackson inclinou a cabeça para poder olhá-la. — OH, não. Minha intenção era ir por sua garganta. Elle riu suavemente. — Acredito que isso é igualmente mau. — Apertou o braço com que lhe estava rodeando a cintura, aproximando-se um pouco mais. — Seja o que for o que aconteceu, o assustamos o suficiente para que não venha a me buscar ao menos durante um dia ou dois. — Desta vez sua voz tinha um tom de satisfação. Jackson rodou para um lado, até cobri-la parcialmente com seu corpo. Emoldurou-lhe o rosto entre as Palmas das mãos, e a olhou fixamente, diretamente aos olhos. — Já disse que te amo? Seus amplos ombros bloquearam a vista do céu e logo seu rosto começou a descender lentamente para o dela. Podia ver suas largas pestanas e seu nariz reto, o anseio indiscutível na expressão de seus olhos. Sempre conseguia acelerar o batimento do seu coração e seu corpo simplesmente se derreteu, justo ali sobre a areia, suave, complacente e acolhedor. Inalou e ele a beijou, longa e pausadamente, e ao fundir-se suas bocas, suas ânsias foram crescendo. Ela pressionou seu corpo contra o dele, desejando estar pele com pele, desejando a sensação de seu peito esfregando-se contra seus seios ofegantes. Assentou os dedos entre seu cabelo denso e ondulado e se entregou ao prazer do assalto de sua boca. Levou-lhe uns momentos... ou umas horas... para dar-se conta que de alguma forma ele tinha aberto a blusa e exposto seus seios, e que agora estava abrindo caminho, descendo por sua garganta até pousar-se sobre sua pele sensível. Uma descarga elétrica descendeu desde seus seios até alcançar seu útero, que se esticou, criando um vazio que pedia ser cheio por ele. — Me desabotoe os jeans — sussurrou antes de descer para nutrir-se de seus seios. Enquanto ele se valia de seus dentes e língua para fazer estalar o caos, os dedos dela tratavam de abrir o zíper. Passou uma eternidade antes que suas torpes mãos conseguiram liberálo. De súbito, sentiu o peso ardente da poderosa ereção com o passar da coxa. Agora precisava 214
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desfazer-se de sua própria roupa. De toda a roupa. Ansiava desesperadamente senti-lo contra sua pele. Jackson levantou a cabeça do suave travesseiro que lhe proporcionavam seus seios, e deixou vagar o olhar por seu corpo ruborizado e excitado. Deslizou a mão por debaixo da blusa, e pôde sentir o calor de sua pele suave e inalar seu aroma. Elle. Simplesmente não se sentia completo se não estava com ela. Deslizou os dedos ao redor de suas costelas para poder levantá-la ligeiramente, forçando a seus seios a arremeter para cima, em direção a sua boca. A via formosa, exótica e tão sensual que seu sangue se esquentou, chispou e se precipitou através de suas veias como se fora uma droga. Quando fechou a boca sobre seu seio e começou a tironear do mamilo com os dentes, ela emitiu um gemido. Seu corpo se retorceu debaixo do dele. Era tão sensível. Respondia tão bem a suas carícias. Ela começou a deslizar os dedos para cima e para baixo sobre sua ereção, apertando e acariciando, quase o fazendo perder a razão. Podia sentir o batimento do seu coração contra a boca, junto à palma de sua mão, e sabia que ela podia sentir o batimento do coração através de seu pênis vibrante e ávido. Mordeu-lhe a orelha e logo o pescoço, com pequenas dentadas que lhe tiraram o fôlego e logo lambeu as zonas que tinha mordido. — Entremos na casa, carinho. Quando se levantou arrastando-a com ele e deixando a manta esquecida, o único ela pôde fazer foi emitir uma pequena choramingação. Seus seios escaparam do confinamento da blusa e depois de dar três passos Jackson atirou dela fazendo-a girar e a beijou, cavou as mãos ao redor de seus suaves seios, e começou a deslizar os polegares de trás para frente, as acariciando. Nunca chegaram a entrar na casa. Estavam muito excitados. Nem sequer a brisa proveniente do oceano fez nada por esfriar o feroz ardor que os percorria. Só chegaram até o terraço e ali ele baixou a blusa pelos ombros e a deixou ir flutuando até aterrissar sobre o terraço a certa distância deles. Tomou-a pela cintura e fez que ficasse nas pontas dos pés, para beijá-la uma e outra vez, unindo intimamente suas bocas, acariciando-a e mimando-a com a língua, enquanto suas mãos puxavam dos jeans para baixo. Sem afastar a boca da dela, ordenou-lhe: — Tira isso. Ella não podia pensar enquanto sua boca fazia estragos sobre a dela, devorando-a com tanta ansiedade que parecia esfomeado. Seu corpo palpitava de desejo, ansiando tanto o dele que estava molhada, acalorada e desesperada. Ele nunca deixou de beijá-la, enquanto lutava a patadas por livrar-se dos jeans para ficar nua e apertar-se contra ele. Fazia tempo que ele tirara a camisa, mas suas pernas ainda estavam cobertas com os jeans. Não parecia importar muito e havia algo um pouco primitivo e sensual no fato de encontrar-se totalmente nua quando ele ainda estava parcialmente vestido. Elle podia sentir o sangue palpitando em seus ouvidos, era como um rugido, uma necessidade que não se deteria. Nunca conseguia estar o suficientemente perto, cavou as mãos a seu redor, acariciando e mimando a grosa dureza, tão aveludada suave e quente. Gemeu e sentiu que ele se estremecia como se tivesse acendido uma tocha. Ele simplesmente a elevou no ar, dando um passo para que suas costas se chocassem contra a parede e a estabilizasse. 215
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— Envolve as pernas ao redor de minha cintura. Tinha a voz rouca… sensual e tão necessitada que sentiu outra afluência da bem-vinda umidade. Enganchou os tornozelos por detrás dele e se sujeitou de sua nuca com ambas as mãos, deixou cair a cabeça para trás e seu cabelo formou uma larga cascata. Seu corpo era tão firme. Tão perfeito. O ar que roçou seus mamilos incrementou sua excitação, o vento jogava sobre seu corpo como se fossem dedos. Jackson se assombrou um pouco ouvir como um grunhido retumbava dentro de seu próprio peito e subia por sua garganta. Sentia-se como um animal enlouquecido, consumido pela luxúria, o amor e uma necessidade de estar dentro dela que era tão forte que lhe aferrou os quadris e utilizando toda sua força impulsionou as suas para frente com força, empalando-a sobre seu grosso pênis. Sentiu como o corpo dela o envolvia, atraía-o a seu interior, quente, estreito e úmido, para absorvê-lo e apertá-lo até lhe fazer perder o fôlego. Quando ele se impulsionou para cima, sentiu a resistência do corpo dela, o fôlego que abandonava rapidamente seus pulmões, o estremecimento de prazer que desde sua mente se deslocou para seus seios, seu estômago e seu ardente centro provocando que seus músculos se fechassem com força a seu redor. O prazer explodiu em seu interior, percorrendo-o, sacudindo-o e consumindo-o até que nada importasse salvo inundar-se profundamente em seu interior, uma e outra vez, sentindo os ardentes puxões que infligia o corpo dela, a tensa, e ardente vagina apertava suas terminações nervosas, resolvida a induzir sua liberação. O corpo de Elle se esticou. Estremeceu-se, e abriu amplamente os olhos. Um gemido escapou de sua garganta. Quando a puxou para baixo, ela moveu os quadris riscando um pequeno círculo, montando-o, elevando-se e caindo, igualando a intensidade de seu ritmo frenético enquanto seu corpo se enroscava ao redor do dele cada vez mais. Sentia o calor abrasador do corpo dela, como um fogo que rugia ao longo de suas veias e atraía todo seu ser para o centro de seu corpo. A mente, o sangue e a energia. Elevando-se… elevando-se. Ouviu que ela gemia, e seu corpo tremeu em resposta. Sabia que estava perto. Esse suave som lhe pareceu uma sinfonia musical, uma canção que soava em sua mente, e desejou poder transferi-la às teclas do piano e agarrar-se a ele para sempre. Elevou-se outro gemido. Ela entoou seu nome. Suavemente. Com um gemido. Jogo a cabeça para trás novamente e seu cabelo suave se deslizou sobre os braços dele, seu rosto estava ruborizado pela excitação. Adorava vê-la assim. Nesse momento perfeito, antes que seu corpo se fechasse como uma prensa ao redor dele e extraísse sua tórrida liberação. Sua involuntária canção, seu calor. A expressão de seu rosto. Tudo isso se combinava para lhe dar uma satisfação feroz e primitiva que se acrescentava ao peralto prazer que afligia seu próprio corpo. A primeira quebra de onda a golpeou com força, consumindo-a. Ele se afundou profundamente, e seu pênis estendeu a estreita cavidade. Atravessou-a uma quebra de onda que passou do útero a seu estômago e subiu até seus seios. De fato ele a sentiu. Com outro pronunciado gemido apanhou seu corpo com o dela, era uma imprensa que lhe sujeitava com tanta força que por um momento não pôde separar a dor do prazer. Quando outra onda começou a formar-se, ela voltou a estremecer-se. Jackson sentiu como a contração atravessava, e atravessava a ele, crescendo como a maré, como uma onda expansiva que se projetou para fora 216
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desde sua vagina feminina, rodeando-o, atravessando-o. Sentiu o coração dela pulsar ao mesmo tempo do dele. Voltou a puxá-la para frente, ouviu o suave gemido de Elle, sua música estalou nos ouvidos, e logo chegou esse momento perfeito e glorioso no que sentiu o poder enroscar-se dentro de seu corpo, acumulando-se, seu sangue rugiu... com o som do trovão... percorrendo seu corpo velozmente, seu testículo esticaram, e seu pênis disparou pulsação detrás pulsação de semente ardente, enviando-a profundamente ao interior dela, seus corpos estremeceram juntos enquanto se via arrastado pelo fogoso prazer e os tensos músculos lhe apertavam com força ordenhando até que esteve vazio. Por um momento, tudo se tornou impreciso a seu redor e sentiu-se esgotado, delirantemente feliz e total e absolutamente em paz. Elle pressionou o rosto contra o ombro dele enquanto seu corpo estremecia com os tremores secundários, e cada um deles percorria o corpo como uma corrente elétrica, provocando uma espiral de prazer. Ele estava esperando a que o ar regressasse aos seus pulmões e que suas pernas recuperassem a força. Enquanto isso mantinha o corpo profundamente introduzido no dela. — Passei anos sonhando com você, Elle, com isto, que tomava uma e outra vez. Adoro ouvir seus gemidos e essa pequena choramingação que emite quando já não pode falar. Seus olhos desfocavam e seu rosto adquiriu uma expressão de atordoamento que é o mais sexy que vi jamais. Cada vez que fecho os olhos te vejo dessa forma e meu pênis se endurece como uma rocha e apenas posso esperar para estar em seu interior… e te ver se elevando para outro lugar. Correu com suas mãos a curva de seu traseiro, deleitando-se na percepção da suave pele. — Juro Elle, que foi feita especialmente para mim. Encaixamos. É tão endemoniadamente perfeita que perco a cabeça cada vez que te toco. Elle lambeu o oco que se formava em seu ombro empapado e logo deixou um rastro de beijos do ombro até o pescoço. Acariciou-o com o nariz e o mordeu, riscando lânguidos círculos por seu corpo que ainda estava relaxando -se depois do poderoso orgasmo. — Você me faz sentir como se estivesse voando — admitiu com um tom de voz dormitado. — Será melhor que a leve dentro antes que se resfrie. — Libby diz que o ar frio não provoca resfriados. Que isso o fazem os germes — murmurou, aconchegando mais perto dele, sem tentar ficar de pé. — Além disso, não o sente? Ainda estou quente. — Ardendo — concordou. — E comigo sempre estará dessa forma. Ela moveu os quadris riscando lentamente outro grande círculo que envio rastros de prazer através de seu corpo. Agradecia que fosse tão pequeninha. Era óbvio que ia ter que entrar com ela nos braços. As arrumou para encontrar o trinco da porta, abri-la, ir cambaleando-se até o dormitório e derrubar-se sobre o colchão. Elle lhe beijou o pescoço outra vez e rodou afastando-se dele, seu corpo nu ficou escancarado através da cama. — Acha que vai dormir? — Mmm. Jackson riu e foi em busca de suas roupas e a manta. Ficou de pé junto a ela durante um longo momento, maravilhando-se pelo milagre que tinha sido concedido. Nenhuma só vez, 217
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durante as largas noites que passou no bayou, rodeado desse calor úmido e da absoluta solidão em que tinha transcorrido sua infância, tinha sonhado com alguém como Elle. Tampou seu corpo com um lençol e deixou cair seu jeans antes de subir à cama para deitar-se a seu lado. Afastou o travesseiro a um lado e se estendeu com a cabeça à mesma altura de seus seios. Suaves. Quentes. Incríveis. Com um braço, rodeou sua cintura e puxou de seu corpo para o dele, deslizando uma perna entre as dela. Deslizou a mão por sobre a curva de seu traseiro, como se estivesse memorizando sua textura e sua forma antes de deixá-la correr pelo interior da coxa para cavá-la em cima de seu quente montículo. Aguardou, mas Elle não protestou. — Deus, carinho, amo você — admitiu em sussurros contra sua garganta, beijando um caminho descendente para seus seios. Sentiu os batimentos do seu coração. A textura morna e suave de seu seio ao cobri-lo gentilmente com a boca, e deslizar a língua sobre seu mamilo. Sentiu a quebra de onda de sua resposta na mão. — Amo a forma em que me deseja, Elle. — Sempre — murmurou, lhe dando um beijou no alto da cabeça. Deixou-se levar pela maré de prazer provocada por sua boca ao lhe sugar o mamilo e seus dedos ao internar-se em seus escuros segredos. Soou o telefone, uma interrupção sonora e inesperada que lhe acelerou o coração. — Jackson? — Está bem, carinho. — Rodou sobre si mesmo e agarrou o receptor, prestou atenção durante um momento e logo se incorporou, com expressão carrancuda. — Saio em seguida. Encontraremo-nos lá. — O que acontece? — perguntou Elle. — Nada, doçura. Jonas necessita um pouco de ajuda. Levo você a sua casa e deixarei ao Bomber com você. — De maneira nenhuma. — Elle se sentou na cama agarrando o lençol e com aspecto de estar aterrorizada. Sacudiu a cabeça. — Vou com você. — É trabalho, Elle. — Vestiu-se apressadamente, puxou suas roupas, colocando uma faca dentro de sua bota, atando uma pistola de resguardo à perna antes de colocar o cinturão e as armas. Elle o imitou, vestindo-se tão rápido como ele com suas roupas, decidida que não a deixasse atrás. Parecia-lhe estranho como às vezes se sentisse confiante, como se estivesse recuperando sua antiga forma de ser. E logo em um instante, dava-se conta que em sua mente ainda seguia aconchegada em posição fetal, aterrorizada de dar um passo em uma direção ou outra sem o Jackson. Jackson não discutiu, como se soubesse, e provavelmente o fazia, que não podia suportar estar separada dele, e ela se dirigiu à corrida à caminhonete e lhe observou enquanto ele ordenava ao Bomber que subisse. — Vai dizer-me o que está ocorrendo? — perguntou enquanto davam marcha atrás e logo aceleravam para entrar na estrada, pondo uma luz estroboscópica no tabuleiro para advertir a outros veículos que se dirigia para uma emergência. 218
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— Jonas recebeu uma chamada informando que uma mulher estava pedindo ajuda a gritos e correndo ao redor do cabo. Estava histérica, clamando que a tinham retido prisioneira e que sua filha tinha sido exorcizada para tirar um demônio e que algo terrível tinha ocorrido. Elle tomou um profundo fôlego. — RJ. Tinha uma jovem com ele. Jackson assentiu. — Deu-me a impressão de que era estranha. Pedi informação a respeito disso mas ainda não tive tempo de examiná-la. — Se estiver em suas mãos, já sabe o que fez com ela — disse Elle com voz tensa. — Elle, não tem que fazer isto. Pode ficar com suas irmãs. Elle sacudiu a cabeça. — Não, não posso. Preciso estar com você e se a encontrar, talvez eu possa ajudá-la. — Umedeceu-se a boca seca. — Esta tarde RJ e essa garota estavam na loja. Ele olhou seu rosto pálido. — Ao mesmo tempo em que a Morte. — disse Elle, tragando com força. Ele estendeu uma mão e a pôs sobre a dela, mas não se incomodou em tentar acalmá-la. Nada que dissesse poderia marcar uma diferença. Quão único podia fazer era chegar ali o mais rápido possível e esperar que nada tivesse ocorrido a adolescente. Havia veículos esparramados de maneira fortuita ao bordo da estrada já que os voluntários de emergências se apressaram a ir ao lugar. Jackson estacionou e atou ao Bomber antes de dar a volta à caminhonete para ajudar Elle a descer. Pegou-a pela mão e ambos começaram a trotar pelo atalho para o bordo dos escarpados. Enquanto se aproximavam, Jonas olhou a sua direção e lhes fez gestos com a mão para que se aproximassem. Era óbvio que tinha estado esperando a seu tenente. Jackson viu uma mulher envolta em uma manta que chorava sentada sobre uma rocha, olhando para o estrondoso oceano que havia debaixo. Havia caminhões de bombeiros estacionados ao longo da cerca de contenção e seu coração se encolheu. Neste lugar a água era traiçoeira. Ainda na praia que havia abaixo, a pessoas tinha que estar muito atentas ao momento em que subia a maré, e se alguém se colocou entre as rochas, tinham pouco tempo para ir lhe buscar. — O que aconteceu? Jonas olhou a Elle, que apertou os dedos ao redor de Jackson e levantou o queixo no ar de maneira um tanto desafiante, desafiando ao Jonas a que tentasse afugentá-la. — Essa é Lori Robertson. É mãe solteira de uma filha adolescente. O nome da garota é Venita, tem quatorze anos e é um pouco rebelde, essa é a descrição que dá sua mãe dela, é das que se «cortam»… os meninos dos arredores, chamam-nos emo. Veste-se de negro, tem vários piercing corporais e escrevem poesia deprimente, já sabe do que falo. Segundo sua mãe, usa suficiente delineador para abastecer a uma habitação inteira cheia de pessoas. Tem o cabelo murcho, negro e sempre lhe cobrindo o rosto. — Vi-a na loja — disse Jackson. — Tem o mesmo aspecto que a metade dos meninos que conhecemos.
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— Sim, bom, esta tem uma mãe que pensa que sua filha está possuída pelo diabo. Seu Reverendo disse. Primeiro passaram uma semana rezando juntas de joelhos, mas Venita continuou com seu comportamento demoníaco. — O que tem de demoníaco no comportamento de um emo? Gostam de tingir o cabelo e escrever poesia a respeito de quão deprimente é a vida… e aos quatorze anos pode parecer — defendeu Elle.— Se referem a eles como «emo» porque são sensíveis e emocionais. — Não estou dizendo nada em seu contrário, Elle, somente informando do que pensa sua mãe. Aparentemente o Reverendo lhe disse que a quantidade de pendentes que usava na orelha era um sinal de adoração ao diabo. — E ela acreditou? — perguntou Elle, indignada. Jackson a rodeou com o braço, atraindo-a para ele. — O que ocorreu? — Quando as orações não funcionaram, RJ se ofereceu gentilmente a levar Venita a uma casa para trabalhar com ela. Chegaram juntas e a mãe planejava partir, mas no último instante a filha desmoronou e rogou a sua mãe que não se fosse. Quando a mãe decidiu levar sua filha de volta a São Francisco com ela, RJ se zangou e exigiu que se fosse. Disse-lhe que ficou aborrecido de arrumar este encontro com sua filha e que tinha deslocado com os gastos de alugar uma casa. Jackson sacudiu a cabeça. — Esse homem é um maldito bastardo. Gostava da garota e não queria renunciar a ela. — A mãe seguiu recusando-se e os guarda-costas de RJ a arrastaram até um dos dormitórios e a ataram. Foi espancada e violada. — Agarrou-os? Jonas assentiu. — Temos aos guarda-costas. Deveríamos levá-la a um hospital para que lhe façam um exame forense com um kit para violações, mas não quer ir. Evidentemente o Reverendo RJ passou um bom momento com sua filha. Venita ouviu uma ligação onde RJ fazia acertos para vendê-la, e forjava um acidente para sua mãe. A filha penetrou no dormitório de sua mãe e a liberou. Correram e os homens as apanharam aqui. Jackson se aproximou de onde estavam trabalhando os bombeiros, tentando chegar às rochas que havia abaixo. — Demônios. A filha caiu? — Não exatamente. RJ tinha apanhado Venita pelo cabelo e estava puxando ela. Sua mãe disse que estava chorando e rogando, tentando escapar. A mãe se liberou a patadas e tentou empurrar RJ para apartá-lo da Venita, mas o bordo do escarpado se derrubou e caiu, levando Venita com ele. Jeff Dockins e outros dois viram tudo e retiveram os guarda-costas de RJ até que chegaram as pessoas. Jonas viu que o capitão se encaminhava em sua direção. Aproximaram-se dele. Sacudiu a cabeça. — Meus homens não podem chegar ali abaixo, Jonas. Chamamos ao helicóptero de resgate e deveria estar aqui dentro de dez minutos. Vemos ela mover ali embaixo e a ele também, mas ambos estão feridos. A água está explodindo contra essas rochas. Acredito que o homem tem as 220
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costas quebradas e a garota parece ter uma fratura aberta na perna. Talvez um braço quebrado e também tem sangue no rosto. — Voltou a negar com a cabeça. — Sinto muito, mas não posso arriscar a meus homens. O escarpado é instável e quase perdemos a um de nossos meninos. Elle pisco para afastar as lágrimas. Todos esses meses passados trabalhando encoberta em outros países para evitar justamente este tipo de coisas, e estavam ocorrendo em sua própria cidade natal. Odiava não poder evitar que uma menina experimentasse um destino tão horrível. Jackson, que tinha a mente estreitamente ligada com a dela, levantou a mão, cavo a palma ao redor de seu pescoço e começou a lhe fazer uma suave massagem com os dedos. Bomber lançou um latido curto, tinha todo o pelo arrepiado e as orelhas levantadas. Um calafrio percorreu a coluna vertebral de Elle e instintivamente deu um pequeno passo para pôr seu corpo frente ao do Jonas e Jackson. Examinou à multidão de bombeiros e voluntários que havia sob as luzes brilhantes que tinham disposto na cena, e viu rostos conhecidos. Seu coração deu um tombo quando viu o fornido Jeff Dockins. Estivera na loja. Quem mais? Clyde Darden estava ali, de pé ao lado da multidão, olhando para baixo através de uns binóculos. Amaldiçoou-o em silencio por ser tão intrometido. Trudy Garrett estava muito ocupada servindo café aos voluntários. Reginald Mares a ajudava junto com Drew Madison. Moviam-se entre a multidão, entrando e saindo dela, Trudy estava mais perto dos escarpados já que estava servindo café aos bombeiros e os paramédicos. Elle voltou a olhar ao Bomber e logo seguiu a direção de seu olhar. Seu coração deu um salto. Nas rochas que rodeavam uma pequena paliçada que servia como advertência para que a pessoas se mantivessem separada do bordo do escarpado, vislumbrou uma sombra escura que se movia lentamente, deslocando-se furtivamente de uma rocha a outra, tinha a cabeça coberta por um capuz e uma capa que flutuava ao redor de seu corpo. A morte andava furtivamente com o passar do terreno, uma sombra entre outras sombras, entretecendo-se com a multidão de forma que captava um espiono dela e logo ficava oculta outra vez. Tinha a cabeça arremessada para trás, embora o capuz a cobria, e cheirava o ar como um sabujo, procurando algo invisível. Elle se separou de Jackson e Jonas, com a intenção de proteger às pessoas do povoado. Jackson lhe agarrou o braço e a deteve. — O que crê que está fazendo? — demandou. — A morte está aqui — respondeu. — Está procurando uma vida. Escolheu a alguém. — Não será você, Elle. De nenhuma maldita forma vai sacrificar sua vida porque não pudesse evitar que RJ ou alguém como ele machuque a uma menina. — De que sirvo, se não posso ajudar a ninguém? — Liberou-se dele de um puxão. Jonas a rodeou pelo outro lado. — Nos diga o que podemos fazer para ajudar, Elle. Sacudiu a cabeça. — Você não, Jonas. Não vou te pôr em perigo e Jackson estava na loja. A morte pode ter seu aroma. Jackson literalmente puxou seu corpo, aproximando-o do dele, e a obrigou a ficar nas pontas dos pés, tinha uma expressão feroz: 221
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— Você também estava nessa loja. Não. Vai. Fazê-lo. — Ladrou cada uma das palavras, as pronunciando entre dentes. Elle olhou seus olhos escuros e implacáveis e sentiu sua vontade de ferro pressionando a dela dentro de sua mente. Não havia forma de discutir com ele. Não ia ganhar. Tinha que pensar em outra forma de fazer as coisas. — Está bem — capitulou. — Jonas, afaste Trudy do bordo do escarpado. Não me importa que desculpa invente, tem que tirá-la de lá. Drew, Reginald e o Sr. Darden devem ser conduzidos a uma zona mais segura. — Pode ser que nós não sejamos capazes de ver o mesmo que você, mas é óbvio que Bomber sim — disse Jackson, seguindo a direção do olhar de seu cão. — Trataremos de proteger a outros da melhor forma possível, mas você fica perto de nós. Na distância se ouviu o som de um helicóptero aproximando-se. O Huey estava sobrevoando a montanha, emergindo justo em cima das árvores e se dirigia para os escarpados. — Jonas! Ty está nesse helicóptero. Fez duplo turno. — Elle tomou consciência. — Participou que algum outro resgate desde que caiu? — É obrigatório que volte a certificar a cada noventa dias, Elle, sabe que é assim. — Assegurou-lhe Jonas. — Tem muita experiência. — Ty não estava na loja — disse Jackson suavemente, sabendo o motivo de sua preocupação. — Já antes lhe tinha feito armadilhas à morte — disse Elle. — Ou o fez Libby. E se tiver retornado a procurar o Ty? — pressionou-se a palma da mão contra a fronte. O helicóptero sobrevoou suas cabeças e se dirigiu por volta do mar para avaliar a situação. O capitão lhes tinha dado toda a informação e agora a tripulação de resgate do helicóptero devia decidir se estavam dispostos ou não a tentar o resgate. Os resgates de curta distância sobre a água, eram considerados uma das manobras mais perigosas e todos e cada um dos integrantes da tripulação deviam estar de acordo em que o resgate era necessário para salvar uma vida e que podiam efetuá-lo com segurança ou do contrário retornariam à base e as vítimas seriam abandonadas. O helicóptero aterrissou em um campo próximo para preservar o combustível enquanto a tripulação conversava e planejava a estratégia. Jonas e Jackson que agarravam firmemente a mão de Elle, utilizaram a distração oferecida pelo helicóptero para fazer que a multidão de voluntários se afastasse do escarpado. Jonas se assegurou de que Clyde, Trudy, Drew e Reginald estivessem entre aqueles que estavam no centro da multidão, longe de qualquer dano potencial. Elle deixou escapar o fôlego lentamente e subiu em cima de uma pedra para ter uma melhor vista das rochas do fundo. Podia ver as duas vítimas tendidas escancaradas, o braço direito da Venita estava pendurando de uma rocha de forma que cada vez que uma onda se estrelava contra a grande rocha coberta de musgo, a água jogava ela, ameaçando levá-la mar adentro. As rochas eram escorregadias e estavam polidas pelos constantes golpes da água do mar e a vida que crescia nelas. Devia ser difícil agarrar-se a sua superfície. RJ moveu uma das pernas, mas pelo resto permanecia imóvel. Estava mais abaixo que Venita e cada poucas ondas uma salpicava mais alto e o orvalhava. 222
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O helicóptero elevou o vôo e seu coração começou a palpitar quando o viu dar uma volta por cima das vítimas e começar a manobrar para ficar em posição. Podia ver a tripulação através da porta aberta, em seus rostos se evidenciava a tensão que sentiam ao aproximar-se dos escarpados da direita. Os ventos eram regulares e Elle sabia pelo que lhe tinha contado Ty que era essencial que mantivessem dessa forma, já que se as rajadas chegassem a superar os trinta quilômetros por hora, seria impossível que levasse a cabo um resgate sobre a faixa costeira. Com o coração na garganta, observou ao helicóptero diminuir a marcha e logo ao chefe da tripulação se localizar sobre o patim e assegurar a si mesmo. — É Ty — sussurrou quando um segundo homem deslocou-se para o patim. Ele seria o resgatador, o integrante da tripulação que desceria pela corda, colocando a si mesmo em perigo. — Sabia. — Ty tem nervos de aço — murmurou Jonas, sacudindo a cabeça. A última vez que Ty tinha realizado uma manobra de resgate de curta distância sobre o mar na costa, caiu e sofreu um grave trauma craniano. Elle não podia imaginar no que estava pensando, mas procurou freneticamente a tenebrosa figura vestida com túnica que se movia furtivamente por algum lugar entre as rochas. Não posso vê-la. Inclusive a seus ouvidos soou desesperada. Agarrou-se à manga de Jackson enquanto se girava rapidamente, tentando comprovar visualmente como se encontravam os que tinham estado na loja. — Drew! Está junto à paliçada. Olhe como está o terreno ali. Formou-se uma pequena greta, se tinha sido ocasionada pelos bombeiros e por seu grupo ao tentar baixar a procurar as vítimas ou se a Morte tinha podido manipular a terra para que servisse a seus fins, não sabia. — Eu o trarei — disse Jackson. — Não! — Elle o aferrou com mais força. — Não pode. A Morte está escondida justo detrás dele. Não atraia sua atenção nem a do Drew. Ainda não. Agora podia ver a aparição, não estava olhando ao Drew, mas sim para o helicóptero. Elle olhou para baixo, ao mar. Ty estava sobre a rocha, agachado junto à Venita. Estava manobrando em cima dela, tirando gentilmente seu braço da água, e era evidente que estava falando com ela. Pôde ver que a garota se retorcia de dor. Com o coração retumbando com tanta força que lhe doía, Elle observou como Ty se dirigia andando em cócoras e cuidadosamente para onde estava RJ para avaliá-lo. Podia saborear o medo e o perigo em sua boca. — O escarpado cederá. — Apertou o braço de Jackson com mais força, temendo afastar o olhar do Ty, temendo tirar os olhos de cima da Morte. Jonas correu velozmente através do pasto em direção ao Drew. Jackson se liberou de um puxão da mão de Elle e foi atrás dele. A morte saltou no ar e aterrissou com força. Um tremor percorreu a terra. Alguém gritou. O chão começou a rachar ao longo de todo o escarpado. Barro, rochas, a paliçada e detritos caíram em direção ao mar e as rochas que havia debaixo. Drew escorregou e agitou os braços no ar, tentando recuperar o equilíbrio. Por um momento, a Morte olhou por cima de seu ombro, duvidando ao ver o menino vacilando no ar. 223
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Jonas se lançou e sujeitou as mãos do Drew quando o menino caía, absorvendo seu peso, simplesmente sustentando-o ali enquanto permanecia tendido de barriga para baixo sobre o pasto alto. Jackson ancorou as pernas do Jonas enquanto os bombeiros se aproximavam apressadamente a emprestar ajuda. A Morte se voltou novamente de volta para o mar, olhando às vítimas que havia debaixo, com o rosto convertido em uma máscara de alegria profana, e logo saltou. Elle olhou para baixo e viu o corpo do Ty cobrindo o de Venita. Devia haver ficado em cima da garota no momento em que começou a avalanche e as rochas tinham ricocheteado por toda parte a seu redor. Pôde ver RJ oculto sob uma pilha de rochas e barro. Ty ficou de pé cautelosamente, e se inclinou a um lado para ver o homem esmagado entre as rochas. Houve um leve movimento. Elle viu a sombra estender-se para RJ. — Por favor — sussurrou. — Por favor, que isso tenha sido suficiente. Do helicóptero baixaram a cesta... a cesta onde ficava à vítima para elevá-la... enquanto Ty abria caminho através dos entulhos para tentar ajudar a RJ. A sombra estava escondida sobre o peito de RJ esmagando-o com seu peso, encurvando-se para aproximar-se de seu rosto. Ty se inclinou sobre RJ e começou a praticar a RPC, em um intento por salvar a vida do homem, mas Elle poderia dizer que era muito tarde. Viu a sombra olhar em direção a Venita. A seguinte onda se estrelou sobre a rocha e o helicóptero se cambaleou um pouco. Elle levantou os braços para aplacar as rajadas de vento. Conteve-as, dando ao piloto tempo para estabilizar a nave e dar as ordens para que subissem Venita antes que o clima piorasse. Abandonariam o cadáver no mar com a esperança de poder recuperá-lo mais tarde. O coração de Elle não deixou de palpitar apressadamente até que Ty e a adolescente estiveram a salvo no helicóptero e o piloto teve posto em caminho a nave, trazendo a de retorno a terra para aterrissar no campo onde os esperavam os paramédicos. A Morte se desvaneceu e ela deixou escapar o ar e olhou ao Bomber, somente para estar segura, antes de terminar de acreditar que todos seus seres queridos estavam a salvo. Abriu caminho até onde estava Jackson, que tinha escoltado ao Drew até os paramédicos só para assegurar-se de que estava bem. Jackson imediatamente a rodeou com o braço e intercambiaram um lento e mudo sorriso.
Capítulo 19
— Está formosa, Elle — disse Sarah. — Absolutamente formosa. Elle girou ao redor, olhando-se nos espelhos. Não tinha considerado casar-se realmente com um vestido de noiva branco na praia, mas o vestido que Sarah tinha escolhido era delicioso, embora atrevido. O busto estava franzido em seda, em essência era o Top de um biquíni com duplo suspensórios finos, abraçando os seios de Elle. O encaixe assimétrico transparente orvalhado de folhas e papoulas fluía sobre o abdômen. O vestido de alta costura, de uma
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desenhista popular e talentosa da Nova Zelândia, era perfeito para umas bodas na praia. O cetim branco se abraçava à parte baixa dos quadris com contas brilhando até os tornozelos. — É impressionante — proclamou Hannah. Elle não podia afastar os olhos de sua pele. Libby e suas irmãs se asseguraram de que não houvesse nenhuma só marca, nenhuma cicatriz, nada absolutamente ficava de seu encontro com o Stavros. A pele estava impecável, sem nenhum indício de imperfeição. Piscou contra as lágrimas enquanto olhava a sua irmã mais velha. — Não posso acreditar que as marcas de chicotadas tenham desaparecido. Temia que me tivesse marcado permanentemente. Odiava que Jackson tivesse que ver essas feridas. Embora nunca se estremeceu ante elas. — Ruborizou-se um pouco ao lhe recordar riscando beijos por cada lesão. Libby sorriu. — Vai ficar encantado quando vê-la com este vestido. — Jackson queria que usasse um biquíni, mas eu sabia que não podia ser, nem sequer em uma bodas na praia. Não acreditava que voltasse a usar um outra vez — admitiu Elle. — Obrigado por cuidar do Ty ontem à noite — disse Libby. — Quando ouvi que ia estar pendurado de uma corda, assustei-me. Parecia tal coincidência, o mesmo precipício, o mesmo campo, e ele era o único preparado da rotação para fazer o resgate. — Jonas salvou ao Drew — disse Elle, olhando a Hannah. — Drew teria caído pelo precipício se ele não o tivesse apanhado em seus braços. Realmente tem um dom psíquico tanto se quer acreditá-lo como se não. Estava correndo antes que esse precipício cedesse. Hannah piscou para afastar as lágrimas. — Disse-me que Jackson os salvou a ambos. Que se não tivesse estado justo detrás lhe cobrindo as costas, como tem feito durante anos, teria caído pelo precipício com o Drew. — Cuidam-se um ao outro — disse Elle. Olhou ansiosamente a Sarah. — Mamãe já esta aqui? Disse que o obteriam. Estavam em sua casa da Europa outra vez. — Joley enviou um pequeno avião para que lhes recolhesse. O piloto aterrissou no Aeroporto de Little River faz só uns minutos. Chegarão com tempo de sobra — assegurou Sarah. — E o que tem Tia Carol? — Conduziu até aqui ontem à noite e está com o Reginald — informou Abbey. — Quando chamei, soava um pouco aturdida e não estive segura se devia perguntar por que. Com minha sorte, teria deixado escapar a palavra "verdade" e me houvesse dito muito mais do que jamais quis saber. Desliguei rapidamente. — Tenho notícias — anunciou Joley, ajustando seu vestido e franzindo o sobrecenho ante o diminuto vulto do bebê que não podia ocultar. — Jesus, vê-se totalmente. Vou dar uma patada a Ilya assim que te veja. — Já sabemos que está grávida — indicou Sarah. — Não é grande coisa como notícia depois disso. E não se nota absolutamente. Joley esperou que a risada se acalmasse.
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— Muito graciosas. Todas vocês — bufou indignadamente. — Só por isso não vou contar uma coisa. — Estudou sua figura outra vez e conteve o fôlego. — Não poderia ter escolhido algo um pouco menos ajustado? É formoso, mas honestamente quase parece um vestido de noiva. O vestido era de cor marfim, com um top de pescoço Halter de encaixe transparente bordado com contas de platina e pérolas que se uniam no abdômen com um painel completo de encaixe encravado com mais platino e pérolas. O vestido ressaltava os seios generosos e deixava as costas atrevidamente nua. Sarah tinha escolhido os vestidos da mesma desenhista da Nova Zelândia porque eram perfeitos para as bodas na praia e favoreciam a todas. O crepe de cetim fluía até os tornozelos, criando elegância com cada movimento. — É um vestido de noiva. Eu adorei e queria me casar com ele, mas como vamos ter umas bodas na igreja pensei que não era apropriado, assim que os escolhi para as bodas de Elle. A desenhista é minha amiga e já tinha feito a maioria dos vestidos para madrinhas de bodas. — Genial, vou ter um grande vulto de bebê na dianteira de um vestido de noiva. Quão atrativo resulta isso? — Muito — disse Hannah em tom tranqüilizador. — Está formosa, Joley. Não esteja desgostada. — OH, pelo amor de Deus — disse Sarah — todo mundo sabe que está grávida. Por que arma tanta animação? A Hannah lhe nota, a você não. Joley parecia incômoda. — Hannah está casada. Eu quis esperar até que Elle estivesse em casa. — Joley! — gemeu Elle. — Eu sinto. Não deveria ter feito isto tão rapidamente. Possivelmente deveria esperar até que todas estejam casadas. — Não, não deveria — disse Joley firmemente. — Acho divertido enfrentar a Mamãe e Papai estando grávida. Sabe que sempre fui a problemática. — Encolheu-se de ombros. — Suponho que é estúpido querer estar casada quando estou sempre em algum dos tablóides. E menino, a imprensa está fazendo seu trabalho. — Mamãe e papai não acreditam que seja problemática, boba — disse Sarah, envolvendo o braço ao redor de sua irmã mais jovem. — Estão orgulhosos de você. Adoram a Ilya e sabem por que esperou. É obvio que tinha que esperar a Elle. Adivinho que vão ter que ser tão impulsivos como Jackson e serem os próximos. Podemos organizar algo juntas rapidamente. Abbey e Aleksander vão se casar em seu pátio com apenas a família presente. Joley alisou o vestido outra vez. — Estou louca pelo Ilya — admitiu com um pequeno ofego — mas às vezes, preocupa-me estar tão louca por ele que o chateie. Abigail franziu o sobrecenho. — Joley, Ilya está igualmente louco por você. De onde saíram todas essas inseguranças? — Sempre as tive no que se refere a Mamãe e Papai. Ilya é minha vida. Estou tão absorta nele, que às vezes me sinto obcecada. — Joley se passou a mão pela coxa. — Odeio estar longe dele. Sarah olhou seu relógio.
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— Bom, carinho, só temos uns poucos minutos para acabar ou a noiva chegará tarde e Jackson enviará a um policial a recolhê-la. — Assim nos conte as notícias — insistiu Hannah. — Sylvia Fredrickson vai ter um bebê. — Joley deixou cair a bomba ante suas assombradas irmãs. — Inez convidou ao Mason e Sylvia à bodas e Sylvia quis assegurar -se de que não nos faria sentir incômodas que estivesse ali. Foi realmente doce por telefone e parecia feliz. Disse que Mason não ia se divorciar dela e que estavam solucionando as coisas. Pediu desculpas outra vez a Abigail e queria que soubesse, Abbey, que sua vida é mil vezes melhor graças a você. — E é obvio lhe disse que viesse à bodas — disse Elle. — Fiz-o — confirmou Joley. — Alegra-me que tenha trocado de vida — disse Abbey. Hannah clareou a garganta e esperou até que todas a olharam. — Acredito que aquelas de vocês que pensaram em me exortar por minha decisão de ajudar a Sylvia a aprender sua lição deveriam se desculpar. Estou segura de que foi minha ajuda o que a pôs no bom caminho. — Com o rastro vermelho de uma mão no rosto cada vez que mentia? — disse Joley. — É certo, Hannah, isso foi muito útil. Todas riram. Sarah sacudiu a cabeça. — Como consegue dizê-lo com o rosto sério e nesse tom de moral ultrajada, Hannah, nunca saberei. Elle olhou seu relógio outra vez. — Realmente queria falar com Mamãe antes de me casar. Só um par de minutos. Sarah lhe esfregou o braço. — Dê um pouco mais de tempo. Bomber soltou um curto latido e Elle correu à janela para olhar fora. — Está aqui! — Começou a chorar. Hannah envolveu o braço ao redor da cintura de Elle. — Não arruíne sua maquiagem. — Nunca pensei que a veria outra vez — soluçou Elle. Hannah se pôs-se a chorar com ela. Seus pais entraram para encontrar a todas chorando. A senhora Drake tomou Elle em seus braços e a abraçou. O senhor Drake envolveu os braços apertadamente ao redor de ambas e ficaram ali tremendo, abraçados uns aos outros, agradecidos de que Elle estivesse viva e em casa. *** — Nunca te vi tão limpo — disse Jonas, sacudindo uma bolinha imaginária da jaqueta do traje que sujeitava para o Jackson. — Alguém poderia te chamar menino bonito. Jackson resistiu a tentação de lhe mostrar o dedo meio e ajustou a gravata. — Alguém poderia conseguir uma patada no rabo. Acreditava que umas bodas na praia me evitaria levar traje e gravata. 227
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— Não há tanta sorte — disse Damon. — Sarah desejava que Elle levasse um formoso vestido e você tem que parecer meio decente a seu lado. Jackson deu as costas ao espelho quando Ilya entrou. — Está o iate ancorado em alto mar como suspeitávamos? — Sim. — Ilya lançou um olhar rápido ao Jonas. — Tive que recrutar a ajuda da Hannah para ajudar a situar o iate onde pudéssemos alcançá-lo. Sinto muito, Jonas, mas ninguém pode fazer que o vento obedeça como Hannah. — Falou-lhe do plano? — perguntou Jonas. Todos os homens se giraram para conhecer a resposta, olhando a Ilya com cenhos preocupados. Ilya sacudiu a cabeça. — Só lhe disse que tínhamos um e que estávamos trabalhando nos detalhes. Uma vez que disse que Damon estava ajudando pareceu sentir-se aliviada. Ao que parece, a Jackson e Jonas os considera impulsivos. Ty assentiu em acordo. — Libby disse que Elle estava preocupada porque Jackson fizesse algo amalucado e acabasse no cárcere. Hannah disse que se o fazia, o cabeça oca de seu marido estaria na mesma cela com ele. Jonas soltou um bufido zombador e franziu o cenho ao Damon. — Como faz para que Sarah siga pensando que é tão inocente como um cordeirinho? Damon deu de ombros. — Admira meu cérebro e sabe que sou um homem lógico. — Estendeu um mapa sobre a mesa da cozinha. — E tenho um rosto inocente. — Ou seja, tem via livre para mentir — contribuiu Aleksander enquanto olhava ao mapa. — Faz que isto tenha algum sentido para mim. — O que estamos fazendo, cavalheiros, com a ajuda dos cidadãos do povo e nossas mulheres, é criar um novo Triângulo das Bermudas. Um navio se afundará e com ele, Stavros Gratsos, o magnata naval bilionário, que se perderá tristemente no mar. Não será detido. Ninguém poderá ser culpado de sua morte, e se criará um grande mistério sobre o que as pessoas especularão em anos vindouros. Sem mencionar que proporcionará céus espetaculares para as bodas e todos os convidados jurarão que todos nós estávamos juntos em uma celebração e nenhum poderia ter ferido ao Gratsos de maneira nenhuma. Aleksander sacudiu a cabeça. — Acha realmente que podemos fazer desaparecer um navio? Damon assentiu. — Ele utiliza o mar como arma. No mar está em seu elemento. Ficará em seu iate e fará tanto dano como lhe é possível dali. Mas somos mais preparados que ele. Vamos criar o que se conhece como uma “anomalia física plausível”. Matt pigarreou. — A verdade, Damon, possivelmente você e Ty sim, mas o resto de nós não entende nenhuma palavra.
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— Temos tudo o que necessitamos. Estamos assentados em uma plataforma continental. A falha de São Andrés corre ao longo desta costa, verdade? De fato, somos a tripla junção onde três placas tectônicas se unem — disse Ty. — Não diz a piada constante que o próximo terremoto nos levará a todos com ele? Ilya franziu o cenho. — Morda a língua. Não queremos dar idéias ao Gratsos. — Não pode provocar um terremoto, Damon — objetou Jonas. — O que quer fazer? Criar um tsunami e afogar ao muito bastardo? Levará a Sean Haven com você. — Não, não quero uma onda, nem sequer uma isolada. Estou de acordo em que isso é muito perigoso. Temos algo melhor. Clatrato de metano, do qual temos depósitos significativos no fundo do oceano. Estes hidratos só se formam nas plataformas continentais e estão tipicamente nas profundidades mais superficiais. Quer dizer, a nosso alcance. — Damon parecia agradado consigo mesmo. Sorriu abertamente aos homens e ondeou o braço como se acabasse de realizar um truque de magia. Produziu-se um pequeno silêncio. Matt pigarreou. — Gás metano? Vamos bombardeá-lo? Pesteá-lo? O que? Aonde vai com isto? Damon olhou ao Ty e arqueou a sobrancelha. — Hei-lhe dito isso, vamos afundar seu iate. Não lhe expliquei isso? Vamos proporcionar a todo mundo um enigma científico legítimo. Jackson deu a volta a uma cadeira e se sentou nela escarranchado. — Mostre-nos isso Damon. — O que faremos é bastante singelo. Estaremos celebrando as bodas na praia, e acima no céu todos começarão a ver anomalias estranhas como as associadas com o Triângulo das Bermudas. Daremos-lhes tudo o que possamos encontrar que tenha sido informado ao longo dos anos. Chama no céu, a água trocando de cor, luzes, tudo o que nos ocorra. Tenho a Inez trabalhando nisso para mim. — Inez? — disse Jackson com brutalidade. — Não pode implicá-la nisto. — Ela é aguda, Jackson. Veio a mim e disse que estava segura de que tinha um plano, e que fosse o que fosse não te permitisse fazê-lo e propor um melhor. Jonas riu e deu um murro ao Jackson no ombro. — Essa velha dama ardilosa conhece sua capacidade cerebral, irmão. Jackson se esfregou o rosto com a mão. — Isto seria condenadamente mais limpo se eliminasse simplesmente ao bastardo com um rifle. — É bilionário, Jackson. Não crê que umas poucas pessoas o notariam? — disse Damon. Seu olhar dizia que estava de acordo com Elle e Hannah… Jackson era um impulsivo. Jonas ocupou escarranchado outra cadeira ao lado de Jackson, e estirou o mapa. — Diga-nos como funciona, Damon. — Jackson era propenso a ir pela rota do francoatirador se não acreditava que isto fora a terminar com a ameaça sobre Elle, e Jonas não estava pelo trabalho de deter seu melhor amigo por assassinato.— Como afundamos um navio? Damon intercambiou um olhar alegre com o Ty e inclusive esfregou as mãos. 229
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— Dê-lhes a explicação, Ty. Tyson assentiu. — Há um par de maneiras de afundar um navio. — Voá-lo — murmurou Matt para si. — Sem tocá-lo — reiterou Damon.— Todos estão obcecados com explosivos e armas. — Não há nada mais satisfatório que uma boa explosão — concordou Matt. — Mas estou escutando. Isto começa a me intrigar. — Agora que tenho sua atenção. — Ty franziu o cenho. — Trata de ficar comigo. A maneira mais fácil de pensar nisto é imaginar um submarino. Em termos mais singelos, se encher de ar e permanecer em cima da água porque é mais leve que a água, correto? Quando quer afundar-se, tiram parte do ar e deixam entrar um pouco de água e baixa, porque agora é mais pesado que a água. — Assim vamos abrir um buraco e deixar que entre a água — disse Jackson. Jonas franziu o cenho. — Suponho que poderíamos utilizar a um dos golfinhos para plantar a carga, mas Abbey possivelmente se incomode e se negue. — OH, pelo amor de Deus — estalou Damon. — Não vamos voar o maldito navio. Esqueçam. Não vamos pôr cargas, vamos fazer isto de forma científica e o faremos parecer uma anomalia física, um fenômeno natural que ocorre ocasionalmente. — Em outras palavras, calem-se e escutem — traduziu Ilya de onde estava apoiado contra a parede, com os braços cruzados sobre o peito. Tyson assentiu. — Vamos usar esse método de afundamento de navios de qualquer forma. Utilizaremos a porta número dois… o segundo método. Faremos à água menos densa que o iate. — Um sorriso largo se estendeu pelo rosto do Tyson, seu olhar quase reverente enquanto olhava ao Damon. — Este plano é uma beleza. É definitivamente o mestre Ioda. Jonas soprou furioso, obviamente chiando os dentes. — Bem, Mestre, como fazemos à água mais leve que o navio? — Romperemos o selo de hidrato sobre o depósito na plataforma continental. Isso expulsará gás metano na água. O gás se apressará à superfície em uma coluna, rompendo em borbulhas mais e menores em seu caminho para cima. A chave, e aqui é onde nossa corrente oculta entra em jogo, é ter um escapamento muito rápido e conteúdo de gás, proporcionando um emplastro de água tremendamente agitada e refrigerante. Ty retomou a explicação, vendo as olhadas incrédulas que o rodeavam. — Como a água está cheia de borbulhas diminutas de metano, será principalmente gás metano, não ar. E o metano é a metade de denso que a água. O ar no iate está na realidade sob o nível do mar, o que lhe permite flutuar, mas agora a embarcação está situada em um dos lugares do mar onde é menos denso e esse bebê se afundará. Produziu-se um silêncio aturdido. — Está seguro? — perguntou Jonas. — Poderão baixar do navio antes que se afunde?
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— Vai afundar como uma pedra, embora o inconveniente que posso prever é que o depósito que quero utilizar está situado a meio caminho do fundo. O que quer dizer que quando o navio se afunde ficará apanhado na metade, não afundará até o fundo — disse Damon. — Eu não me preocuparia muito — disse Tyson. — O instinto os fará querer nadar até a superfície utilizando a rota mais curta, mas não poderão. É o Mar Morto, mas ao reverso. Jackson esfregou os dedos sobre os olhos. — O que é o Mar Morto ao reverso? De que falas? Damon deu de ombros. — No Mar Morto, há uma concentração tão pesada de sal que as moléculas estão tão perto umas de outras e é tão denso que a água tem uma flutuabilidade muito elevada. Uma coisa que realmente nunca quererá fazer é mergulhar perpendicularmente nesse mar. Se fosses mergulhar diretamente para baixo, poderia ficar entupido, entupido literalmente, a cabeça para baixo, os pés acima, sem nenhuma forma de sair. A força ascendente da água te apanharia nessa posição e te afogaria. — Está inventando — disse Matt. — Não. É verdade. E se Stavros se desse conta, o qual não fará porque estará assustado e desorientado, pode teoricamente, nadar para baixo e logo afastar-se, saindo da mancha localizada de gás e voltando para a superfície. É obvio a água está fria e se houver uma tormenta no mar, não vai obter, mas há uma ligeira possibilidade. — O que tem os outros navios? — perguntou Jonas. — Duas coisas. Inez convidou a cada pescador daqui ao inferno e volta à bodas e nós criamos um prognóstico de tormenta iminente com advertências sobre o fluxo — disse Damon. — E eu me assegurarei reforçá-lo com um mau pressentimento a respeito de sair à água hoje - acrescentou Ilya. — Quanto tempo teremos que manter afastados a outros navios? — perguntou Jonas. — O gás se dissipará rapidamente. Para então o navio se encheu de água e afundará até o fundo. Se encontrar um rastro do gás, isso só se acrescentará ao mistério. Nenhum outro navio estará em perigo porque somente necessitamos um jorro concentrado para afundá-lo e se acabou-adicionou Damon. — Também vamos assegurar-nos de que haja suficiente energia psíquica em ação para enrolá-lo. Abbey levará a cabo uma representação no mar. Hannah criará um espetáculo no céu. Parecerá, posteriormente quando se voltar a contar a história, como todos estes eventos tivessem sido o prelúdio de um verdadeiro fenômeno da física. Naturalmente, Abbey e Hannah e todos outros participantes na anomalia estarão nessa praia vendo o Jackson e Elle intercambiar votos — adicionou Damon. — Credenciais perfeitas para todos. Ilya passou os dedos pelo cabelo. — Há outro pequeno problema. — Qual seria esse? — Meu irmão. Tentei atraí-lo fora do navio com a idéia de prendê-lo por tentar subornar a um funcionário público — disse Ilya. — Mandei recado de que só você falaria com ele. 231
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Jackson ficou de pé tão rapidamente que a cadeira caiu para trás. Chutou-a fora de seu caminho e avançou para Ilya. — Nunca mencionou que tivesse um irmão trabalhando para o Gratsos. — Não, não o fiz — respondeu Ilya. — Não sabia até que entramos para tirar Elle. Falei com ela e lhe pedi que o mantivesse em segredo até que pudesse averiguar o que estava passando. — Quando? — demandou Jackson. — Esteve comigo cada minuto. — Esta manhã não. Estive na casa Drake quando a deixou para que se preparasse. Jackson amaldiçoou para si, furioso com Ilya, ainda mais zangado com Elle. Merda, Elle. Não me oculte algo como isto, compreende? É meu trabalho te proteger e que me condenem se retiver informação. Não me diga a palavra "F" no dia de nossas bodas. É isso tudo o que tem que me dizer? Estou aqui parado com o pênis duro porque não deixou que soubesse que o irmão de Ilya trabalhava para o Gratsos. Jackson saiu a pernadas da casa, longe de Ilya, tentado a lhe dar um murro. Foi de um lado para outro por seu alpendre. Bom, ponha esse encantador tesouro de volta em suas calças e acalme-se. Pediu-me que o mantivera em segredo. Importa-me uma merda o que te pedisse. Não o faça. Conta-me tudo. Houve uma pausa curta. Sinto muito, Jackson. Não ia ocultar isso. Ilya me disse que se tiveram à vista um ao outro e baixaram as armas. Queria saber que papel tinha jogado seu irmão nos acontecimentos da ilha. Seu irmão era um guarda-costas, mas foi o único que se mostrou amável comigo. Definitivamente queria que eu saísse do iate antes que Stavros me levasse a ilha. Discutiu com o Stavros. Mas não te ajudou a escapar e seguro como o inferno que sabia o que Stavros estava fazendo. Nunca entrou na habitação até o dia que Stavros introduziu a esse guarda e o matou. O guarda- costas estava furioso. Jackson explodiu em uma linguagem muito pior que a palavra "F". Não lhe importava uma merda se o homem era irmão de Ilya, não tinha detido a tortura de Elle. Possivelmente não tinha sabido tudo, mas era culpado e por ele podia afundar-se com o navio. Girou ante o som da porta que se fechava silenciosamente. Ilya se enfrentou a ele. — Está trabalhando encoberto. Foi educado do mesmo modo em que fui eu Jackson, e está encoberto. Sabe que não arrebenta meses ou anos de trabalho para salvar a uma pessoa. Tem que ver o panorama geral. — Não quero ouvir sandices de desculpas. Algo duro piscou nas profundidades dos olhos de Ilya, mas permaneceu tranqüilo. — Você trabalhou encoberto. Estou seguro de que teve que tomar decisões duras. Se está tentando eliminar a organização, salva a centenas, possivelmente milhares de pessoas, ou só a uma? — Não sabe o que está fazendo.
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— Eu sei. Não posso te dizer como sei, mas sei. — Ilya olhou ao Jackson fixamente. — Ele tem que viver consigo mesmo e com o que tem feito para aproximar-se do Gratsos, assim como eu tive que viver com coisas muito desagradáveis. — Pôs a seu chefe a salvo na ilha. Não pode me dizer que não o fez. Assim que o fará de novo se suspeitar do plano. — Razão pela qual não penso fazê-lo. Tentei atraí-lo à costa, mas se não fisgar o anzol, morrerá com o Gratsos. Não estou disposto a arriscar a Joley, ou a Hannah, nem a nenhuma das irmãs Drake mais do que está você. São minha família agora, minha primeira lealdade está com elas. — Me diga que não teve Gratsos à vista e o deixou partir. — Acreditaria em mim? Jackson assentiu e manteve o olhar fixo em Ilya. Ilya negou com a cabeça. — Não tive um disparo. Teria disparado através de seu guarda-costas para eliminá-lo. Jackson deixou escapar o fôlego lentamente. — Bom. Bem então. Vamos fazer isto. Sinto que seu irmão esteja envolto neste assunto. Ilya deu de ombros. — É o mundo no que vivemos. O mundo no que crescemos. Todos sabemos que corremos riscos. Não tem que gostar dele, mas viverei com minha decisão de lhe deixar partir. Jackson? A voz de Elle tremeu. Ainda quer se casar? Jackson tragou o amor que emanava de seu interior. Mais que nunca. Vamos brigar , Elle. Sabe que o faremos. Vai ser ruidoso e vou cometer gafes, direi palavrões e encherei o saco como o inferno com você. Mas isso nunca vai trocar o que sinto por você. Prefiro uma mulher ardente. Não quero uma mulher que diga a tudo que sim. Quero a alguém que esteja a meu lado e discuta seu ponto de vista quando crê que tem razão. É obvio ao final, dará-se conta de que sou eu o que tem razão e desfrutaremos de um sexo genial. Sentiu a risada nela e esta o esquentou. Eu te quero. A voz de Elle foi feroz. Quero-se com cada fôlego que tomo. Não pode me sentir, Jackson? Não pode sentir meu amor por você? Tal emoção se verteu nele, que quase caiu de joelhos. Sinto-te, Elle, ao meu redor. Não posso esperar para me casar com você. Voltou a entrar em sua casa e se girou para os homens que esperavam. Damon tinha recolhido seu mapa e o tinha queimado na chaminé antes de colocar a jaqueta. Outros se endireitavam as gravatas, escovavam fios dos trajes e se certificavam de fazer a Inez muito feliz. — Está bem? — perguntou Jonas, pondo uma mão sobre o ombro do Jackson. Jackson assentiu. — Este é o dia mais feliz de minha vida. Jonas lhe sorriu. — Sei o que quer dizer. — Vamos a isso — disse Aleksander. — Inez está subindo pelas dunas e está franzindo o cenho.
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— Queridos irmãos, estamos aqui reunidos para unir a este homem e a esta mulher em santo matrimônio. O pregador começou e Jackson mal podia escutar. Principalmente a parte não ouvia nada exceto seu coração troando em seus ouvidos do momento em que Elle tinha aparecido à vista e caminhado para ele. Descalça. Vestia a parte superior de um biquíni e um sarong coberto de contas faiscantes. Elle tirava a respiração com sua beleza. O cabelo vermelho estava recolhido para cima em um coque complexo e estava ali de pé, etérea com seu vestido branco e o comprido véu de encaixe que parecia flutuar a seu redor como uma capa. A pele perfeita parecia tão suave baixo essa capa transparente de encaixe que estava fazendo tudo o que podia para não deslizar a mão sobre o abdômen nu. Detrás dele, imensas lonas brancas estavam ancoradas na areia com largas mesas de comida, bebida e um intrincado bolo de bodas de uma das padarias. Os paroquianos se apertavam por toda parte, de pé ombro com ombro. A suave música vagava com a ligeira brisa e um perfume a lavanda impregnava o ar. Tomou a mão de Elle, deslizou o anel em seu dedo e sentiu uma sacudida em resposta no peito. Colocou o anel em seu dedo e lhe agarrou a mão e o beijou. Ilya deu um passo adiante, puxando Joley com ele. — Antes que se declare marido e mulher, nos case. — Tocou o bolso. — Tenho a licença e nossos anéis. Tyson sorriu e agarrou a mão de Libby. — Não pode se liberar disto agora — disse e ficou de pé muito reto, quase a enjaulando. Sustentava dois anéis. — Case a nós também. — Pode fazer isto diante de todas estas pessoas, Abigail? — perguntou Aleksander. Ela assentiu e deu um passo a seu lado, encaixando perfeitamente sob seu ombro. Kate e Matt se olharam um ao outro, riram e ficaram ao lado de Elle e Jackson. — Estamos preparados também. — E nós — disse Damon.— Todos estão aqui, Sarah. — Vamos nos casar. — Estendeu-lhe a mão e ela tomou. Hannah e Jonas sorriram um ao outro. — Adivinho que vamos ser os padrinhos de todos. Jackson deslizou o braço ao redor de Elle e a abraçou enquanto o pregador fazia repetir os votos a cada casal. Jogou um olhar ao céu quando começou a levantar-se um pouco de vento. Estranho, umas luzes dançavam criando formas no alto, quase como a aurora boreal sobre os céus noturnos do Alaska. As cores púrpura, azul, rosa e branco eram quase luminosos. Vários aldeãos ofegaram e assinalaram. Enquanto foram trocando os anéis o céu trocou outra vez adicionando mais cores, verde, laranjas e vermelhos dançaram através das cores luminosas, dando a impressão de chamas nos céus. Jackson olhou para o horizonte. Não tinha o iate à vista, mas sabia que estava ali. Sentia ao homem agora, sentia-o perto. Olhou a Bomber. O cão estava inquieto e tinha girado seu corpo de cara ao mar.
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As ondas golpeavam a costa e se vertiam sobre as pedras. Na lonjura, a água parecia verde escura rodeada pelo mais profundo azul. E então se formou uma espuma branca. Uma aclamação se elevou quando o pregador os declarou marido e mulher, cada casal se beijou e se apresentaram ante a multidão. Soava um pouco estranho ouvir Jackson e Elle Deveau-Drake. Os golfinhos saíram da água, deram um salto mortal e mergulharam, desaparecendo sob o mar espumoso. As baleias apareceram e os pássaros sobrevoaram a modo de saudação. Várias focas apareceram as cabeças entre as ondas, olhando para a praia. Um aplauso estalou enquanto os casais se moviam entre a multidão, para a praia, para as tendas brancas. Jackson manteve a mão de Elle firmemente na sua. — Nunca tinha visto assim o céu — disse Elle, com intranqüilidade na voz. — Damon tem alguma explicação estranha sobre isso. Algo que tinha a ver com a umidade e a pressão barométrica. Não sei. Não entendo a metade do que diz. — Estreitou as mãos de várias pessoas e beijou a Inez, quem seguia enxugando as lágrimas do rosto. — Olhe além das luzes dançantes, para o horizonte, Jackson. — Apertou sua mão. — A névoa está se formando e é espessa e escura. Sua névoa. Está aqui. Ele se inclinou para roçar com um beijo seu cocuruto. — Aqui não, neném. Está aí fora, em algum lugar do oceano. — E vai fazer algo. Vai estar zangado porque me casei com você. — Sua voz tremeu. — E voltei dois de seus ataques em seu contrário. Seu orgulho não suportará isto. — Não pense nele neste momento. — A banda começou a tocar e Jackson puxou Elle a seus braços, varrendo-a sobre a areia, os pés descalços se deslizaram entre os seus e a manteve perto, esquentando-a com seu corpo. — Te disse quão formosa está? Honestamente, Elle, não te mereço. Ela apertou o rosto contra seu ombro durante um momento, mas estava muito preocupada para permanecer ali muito tempo, olhou para trás, ao mar. Ficou sem respiração quando ele a fez girar, forçando-a a olhar às tendas e as pessoas que se reuniram para celebrar com eles. — Olhe a toda as pessoas que te querem, neném. Todos estão aqui. — Todos aos que quero Jackson. — Sua voz se estrangulou agora. — Vai nos atacar. — Eu sei — disse ele calmamente. — Ele tentará… e você o deterá. Elle elevou o olhar, viu a resolução ali e girou para procurar a suas irmãs. Seus maridos dançavam com elas, mas formavam uma linha entre o oceano e os cidadãos, como se fossem guardiães. — Sente a energia, Elle — sussurrou Jackson. — Está por toda parte ao redor de nós. Estas pessoas se preocupam conosco, e estão dançando, cantando e celebrando o amor por nós. O ritmo da música, a risada, a energia aqui é tremenda e é toda positiva. Ela respirou profundamente e olhou ao mar outra vez. O relâmpago cintilou no céu, na lonjura, rasgando através da névoa escura. O trovão retumbou, e sob eles, chão vibrou. Ninguém o notou enquanto dançavam e cantavam. Elle deu um passo longe de Jackson e se uniu a suas irmãs enquanto se giravam e encaravam à água revolta. — Afasta aos animais, diga que nadem pela costa para o Point Areia — sugeriu Damon a Abbey — somente por segurança. 235
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Abigail o fez, e os golfinhos e as focas mergulharam nas profundidades e se foram, abandonando a água revolta e inquieta. — Ele está aqui — murmurou Elle. — Olhem as algas. A cada lado de uns vinte metros, havia algas na água, agitando-se e flutuando como deveriam, mas em meio desses vinte metros, as algas se estiravam plainas, enquanto a água na superfície se movia com uma corrente, um rio que fluía de volta ao mar. Uma onda explodiu na areia, vindo para Elle, detendo -se centímetros de seus pés descalços quando Hannah deu um passo adiante e ondeou a mão. Na água havia uma massa de algas que se estiravam, como se estivessem vivas, procurando uma presa. Jackson chutou desdenhosamente uma madeira flutuante sobre as glutonas trepadeiras e a corrente retrocedeu rapidamente, dirigindo-se para o navio ancorado em algum lugar além das luzes dançantes. A névoa se espessou, tomando um matiz mais escuro, girando agora. O relâmpago ardeu no bordo das nuvens mais escuras e o trovão ressonou. Outra vez o chão tremeu sob seus pés. Elle esticou o corpo. — Vem atrás de nós — advertiu. Suas irmãs estavam de pé com ela, ombro com ombro, Elle no centro. Ela mal podia respirar por causa do medo. Na lonjura podia ver como se formava um muro de água, construindo uma enorme torre. A garganta se fechou. A onda solitária se aproximava rapidamente, um monstro, conduzida pela raiva, o ódio e a selvagem necessidade de controle. Stavros estava decidido a destruir a todos os que ela amava. O ar se espessou ao redor delas, a pressão crescia, a força as sugava como se tentasse atraílas a um redemoinho de violência. Libby deu um passo adiante, junto com a água que retrocedia. Sarah e Abigail a agarraram, mantendo-a imóvel enquanto a areia era arrastada sob seus pés. Quilômetros de água se apressaram a unir-se com a onda que se aproximava. Elle jogou uma olhada por cima do ombro, dando-se conta de que havia um silêncio sobrenatural. Ninguém corria. Ninguém tentava se salvar. As pessoas do povoado estavam ali, olhando como a onda cobrava força e velocidade. Tinham que sabê-lo, tinham que dar-se conta de que a onda mataria a todos, esmagaria suas casas e carros e destruiria tudo a seu passo. Elle não podia acreditar que ninguém se movesse e então compreendeu que a estavam olhando com fé, com absoluta confiança. Acreditavam nela. Acreditavam em suas irmãs. Stavros! Não deixarei que faça isso. Lançou-lhe as palavras e elevou os braços, dando um passo deliberadamente para o fluxo. Abriu a mente para conectar-se com suas irmãs, fundindo-se com elas, expulsando seus temores porque era agora ou nunca. Tinha que deter Stavros. Não tinha escolha. Todos contavam com ela e ele não destruiria a sua família. Não levaria o amor de sua vida. E não levaria a seus amigos nem a seu amado povo. Sentiu que o poder a alagava quando utilizou o vasto fornecimento de energia que havia a seu redor. A força a golpeou fortemente, explodindo contra ela com tal vigor que quase perdeu o equilíbrio, mas se manteve firme e encarou essa parede de água que cobrava mais velocidade e se abatia a trinta metros de altura. Enquanto a onda se aproximava deles, dividiu-se em dois, vindo para a praia de ambos os lados da rápida corrente. Havia tanto ódio vil e raiva mesclados na torre 236
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de água que teve medo de fazer chocar sua própria violência contra ela. Não sabia o que aconteceria. Necessitava algo mais… Tomou um momento para olhar a Ilya em busca de ajuda, mas ele estava girando-se para longe dela, enfrentando alguma outra ameaça que ela não via, esperando… acreditando… que com a ajuda de suas irmãs ela os manteria a todos a salvo. Viu sua mãe dar um passo para colocarse ao lado de Sarah e sua tia Carol ao lado da Abigail, sentiu-as esperando suas ordens. Girou a cabeça uma última vez para observar às pessoas que tinha a suas costas. Vislumbrou a um menino, fazendo bolhas com um contêiner em miniatura e girou rapidamente a cabeça para olhar ao Jackson. Os olhos dele estavam nela. Sua mente na sua. Captou sua idéia e um lento sorriso suavizou os bordes de sua boca. Jackson lhe tinha dado inadvertidamente as ferramentas que necessitava com seu sermão sobre energia positiva. Uma rajada de confiança a percorreu e sentiu a reação foto instantânea nas mentes unidas de suas irmãs. Encarou a onda que se aproximava e uma pequena risada lhe escapou. Enfrentar o ataque de Stavros com violência só alimentaria seu poder. Tinha que dar algo mais, algo que ele não podia compreender e que a rodeava por toda parte. Nem poder. Nem controle. Nem sequer zanga ou vingança. Amizade. Amor. Fé. A onda se separou, aumentando de velocidade ao redor da corrente que percorria a superfície da água de volta ao iate de Stavros. Suas irmãs se abriram em forma de V, com Elle no centro e todas levantaram as mãos. Elle começou a dirigir, alimentando a todas com a energia que a rodeava, energia positiva, alegre e de celebração. Justo como nas classes de química de todos aqueles anos com seus professores lhe franzindo o sobrecenho, Elle começou a mesclar os ingredientes necessários. Espessar a água, esquentar, o calor estalando para cima do fundo enquanto a onda dava a volta, reduzindo a tensão superficial da água, um pouco complicado e emprestou a sua mãe e sua tia um pouco de ajuda. A onda estava mais perto mas agora estava superaquecida e era muito mais grossa, a composição tinha trocado. Podia ver as cores florescendo, como um arco íris iridescente que rodava sobre a água. E então Hannah e Elle proporcionaram um vento violento, dando um passo juntas, elevando as mãos, sorrindo uma à outra como meninas, agitando a mescla, soprando com força, e as duas ondas começaram a romper-se. Grandes esferas subiram para o céu, enchendo os espaços abertos até que durante uns poucos momentos o azul se embotou e só houve um dossel de borbulhas grandes e brilhantes, uma miríade de cores brilhando através das esferas translúcidas. Detrás dela pôde ouvir a risada e o aplauso, como se todos pensassem que isto era uma parte assombrosa da celebração, milhares de borbulhas flutuavam sobre o mar, de volta para o horizonte, e a rajada de ar quente levou o humor alegre da celebração através do oceano. Elle se cambaleou e Jackson esteve ali, rodeando-a com um braço para estabilizá-la, beijando o lado do rosto, vertendo amor sobre e dentro dela. Débil, pegou-se a ele, examinando por cima do ombro a seu cunhado. Risada e conversação estalaram por toda parte a seu redor enquanto começava a música e os meninos corriam acima e abaixo pela praia como se ondas do tamanho de montanhas e milhares de borbulhas fossem um fato cotidiano. Ninguém pareceu notar que a
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corrente destruidora que ia da costa até o mar ganhava força, que a alga jazia plaina agora enquanto a pressão de Stavros sugava a água de volta para ele, para outro intento. Ilya fechou os olhos brevemente e sob a água um pequeno selo explodiu na plataforma continental, expulsando metano na corrente rápida. A corrente arrastou as borbulhas de metano. Ele se concentrou em empurrar a corrente de ressaca sob o iate para que o poder e a energia que Gratsos estava gerando levassem a seu navio mais longe, mar adentro apesar da âncora. O grego se viu forçado a abandonar a construção de outra onda durante uns poucos momentos para evitar que seu iate se movesse. Stavros estava na parte dianteira de seu opulento iate, com as mãos no corrimão, frente à costa onde a celebração continuava como se ele não fosse nada de nada. Nada. Descartado como uma chateação, não como um adversário formidável, um homem para ser levado em conta. Ridicularizava-o com suas borbulhas, rindo dele, fazendo-o parecer débil. Era uma bofetada, um insulto que não seria perdoado. Tinha-o despachado, não o levara a sério, mas aprenderia, saberia, pouco antes que destruísse tudo o que lhe importava, e mostrasse quão poderoso era ele realmente. O rosto ardia por causa do contragolpe da primeira vingança psíquica de Elle, inesperado e surpreendente, a dor ainda atroz. Mal podia andar, cada passo era uma agonia. Não poderia estar com uma mulher em muito tempo, e ela ia pagar por sua traição… por permitir que outro homem tocasse esse corpo que pertencia a ele… todos aqueles aos que amava iam morrer. As borbulhas diminutas do metano formaram espuma e agitaram a água que rodeava o navio no momento em que Gratsos deixou de alimentar a corrente oculta. O iate se cambaleou, estremeceu-se e caiu a chumbo bruscamente como se estivesse em meio de um buraco, afundando-se em uma longa queda. Não houve tempo de fazer nada, a tripulação se inundou no oceano ao redor dele e se afundou também apesar de chutar com força. Tentou nadar freneticamente para a superfície, mas não pôde conseguir que seu corpo avançasse em um movimento ascendente. Pela extremidade do olho viu seu guarda-costas afundar-se mais profundamente, obviamente desorientado, nadando na direção equivocada a metros de distância dele, baixando e afastando-se, e então Sid desapareceu na escuridão. Ao redor dele, sua tripulação parecia suspensa na água, a maioria já imóvel, um par deles lutando fracamente entre o frio e a escuridão. Stavros lutou, chutando e empurrando-se com as mãos, tentando subir. O frio se filtrou em seus ossos, como se a água o penetrasse, como se chegar a ser parte dele. Conteve a respiração, os pulmões ardiam. Ele era Stavros Gratsos. Possuía o mundo. Ninguém, nada podia opor-se a ele, certamente não uma mulher que não valia nada. Comandava o oceano, mas não podia arrastar-se através da água com as mãos. Tinha que respirar. Sacudiu a cabeça, sentindo-se como se fosse explodir pela falta de ar. Frenético agora, abriu a boca para chiar mas não entrou nada mais que água. Os residentes de Sean Haven olharam ao mar e viram o que pareciam ser luzes fosforescentes dançando sob a água. Freqüentemente quando os selos se revolviam no fundo do oceano, cores fosforescentes vermelha, verde e amarelo resplandeciam pela água. Ao longe, a
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névoa se dissipou como se nunca tivesse existido e as luzes do céu dançaram ao ritmo da música. Voltaram para sua celebração, amontoando-se ao redor dos casais, insistindo em dançar. Elle franziu o sobrecenho e olhou a suas irmãs. — Não o sinto, e vocês? Não sinto nenhuma ameaça. — Girou-se para o Jackson e seguiu seu olhar, primeiro até Ilya, a quem captou assentindo, e logo até o Damon, quem sorriu e lhe piscou o olho. — O que fizeram? — perguntou ela suspeita. — Me beije, esposa — disse Jackson, atraindo a de volta a seus braços. — Este vestido, o biquíni e o sarong, ou como é que o chame, está me deixando louco. Teremos que ir logo para casa.
Capítulo 20
A grade se abriu, lhes dando as boas-vindas a casa. Jackson levantou Elle em seus braços e seguiu o atalho de pétalas de rosas pulverizados pelo caminho que se dirigia à casa... a casa familiar Drake. Os pais de Elle lhes tinham doado oficialmente a propriedade e o legado Drake, parecendo muito felizes enquanto beijavam a sua filha mais jovem a modo de despedida. Cada pedra vibrava sob o passo de Jackson, os símbolos ardiam com uma luz própria enquanto sustentava a sua mulher entre seus braços e punha o pé sobre as pedras. Beijava-a a cada dois passos que dava, saboreando a boca suave e disposta, o sabor da paixão e o amor combinados. A risada suave dela flutuava a seu redor, excitando seus sentidos. — Olhe, neném — disse Jackson — para o mar. Elle girou a cabeça e olhou à água azul profunda. Os golfinhos realizavam um balé aquático com a canção das baleias, saltando, retorcendo-se e dando saltos mortais a velocidades espetaculares. Ofegou e o agarrou mais firmemente. — Dão-nos as boas-vindas a nossa casa. — Acredito que sim – concordou ele. A celebração das bodas tinha durado até bem a entrada da noite. Elle se sentia como uma princesa, dançando toda a noite com seu príncipe. As estrelas brilhavam como diamantes no céu e estirou a mão para estudar o resplendor de seu dedo. — Olhe isto. É tão formoso, Jackson. Como pensou nisso em meio de todo o resto? — Não podíamos nos casar sem um anel — disse e lhe beijou o canto da boca. — Tenho-o há meses. — Adoro-o. Ele deu um passo sobre o alpendre e franziu o cenho, girando ao redor, sustentando ainda a Elle contra seu peito. A larga saia brilhou à luz da lua quando se deu a volta. — O alpendre parece um pouco diferente. Quando o trocaram? Antes não havia um beiral, e se envolve completamente ao redor da casa, mas não posso dizer que parte é nova e qual é velha. Tudo está misturado. Acariciou-lhe o ombro com o nariz. 239
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— Parece-se com o alpendre que construiu em sua casa. Ele se deteve durante um momento, estudando o alpendre, tentando averiguar como a madeira nova parecia envelhecida, como se tivesse estado ali durante anos. Sentiu Elle tremer com a brisa fresca da noite e se voltou para a casa. A porta principal se abriu, como por uma mão invisível, orvalhando de luz o alpendre. A habitação dianteira deveria ter estado escura e fria, mas o calor se filtrou, envolvendo-os junto com o aroma de canela e maçã. Aproximou-se da soleira com Elle e olhou dentro. O quarto dianteiro estava transformado. Piso de madeira e tetos altos como de catedral davam à casa o aspecto da que ele teria desenhado. A grande chaminé de pedra estava ainda ali com uma recarregada tela de vidro ao redor, os símbolos resplandeciam em várias cores pelas chamas que dançavam detrás. — Quando fez isto sua família? Eu estava aqui mesmo. — Baixou o olhar, ao grande mosaico na entrada. As peças dançavam com a luz, lançando uma multidão de estrelas para o teto. Pequenas faíscas diminutas saltavam e rangiam no ar, uns mini-foguetes. Vacilou, inclinando-se perto da orelha de Elle . — Neném, tenho que lhe dizer que esta casa é horripilante. Acredito que está viva. Ela girou o rosto para cima para beijá-lo. — Só está dando as boas-vindas à nova geração. Tranqüilizará-se logo que demos um passo dentro. — Está segura? Ela riu. — Dá o passo. Já casou comigo e trocou seu nome por mim. Bem que pode percorrer todo o caminho e aceitar a casa. Notei que já esteve trocando de acordo a suas preferências. Ele tomou posse de sua boca, possivelmente reunindo coragem, não sabia, ou poderia ter sido a alegria que subia como borbulhas de champanha por seu sangue. Ela era formosa. E estava em casa. Era dela. — Você é minha preferência — indicou e deu um passo através da soleira. Os mosaicos brilharam, cobrando a um matiz rosa - púrpura, mas ela tinha razão, no momento em que seu pé tocou o chão, a casa foi só isso.. uma casa. Não, era um lar. Cheirava a lar e consolo, um refúgio para eles. Beijou-a outra vez. — Necessitamos uma cama. — Neste minuto? — acariciou seu pescoço com o nariz, sorrindo ante a urgência de sua voz. — Justo neste minuto — insistiu ele. Rindo, Elle começou a assinalar à escada, para seu velho dormitório da infância, ao andar onde sete dormitórios esperavam a ser ocupados, e então se deu conta de que o dormitório principal era agora o seu. Inalou bruscamente e se apertou mais contra ele, a enormidade de seu legado a alagou. — Irá bem – sussurrou ele, seguindo a direção em sua mente. Começou pelo vestíbulo largo, franzindo a sobrancelha um pouco, pensando que parecia mais largo com os tetos mais altos. As portas estavam abertas e quando passou uma, vislumbrou um piano de meia cauda novíssimo. Deteve-se bruscamente na porta. Jackson permitiu 240
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lentamente que os pés descalços de Elle caíssem suavemente ao chão. Rodeou-lhe a cintura com um braço, jogando um olhar ao redor do quarto assombrado. — Olhe isto. Uma sala de música. Deu um passo dentro, seu olhar subiu para o teto e por toda parte. O quarto estava construído com paredes acústicos, obviamente tirado o som. Outra vez, um quarto espaçoso com apenas duas cadeiras largas e cômodas e um tapete grosso. As velas adornavam os rincões e a chaminé de gás estava incrustada na parede, quase uma cópia exata de seu santuário. Mas o piano... Quase tinha medo de tocá-lo. — Isto é extraordinário. — Cada uma de minhas irmãs nos deixou um presente. Este é de Joley. Ele sacudiu a cabeça. — Isto é muito. Tomou a mão. — Necessitará este quarto como consolo, ambos o necessitaremos. Haverá vezes que precisaremos excluir ao resto do mundo e encontrar paz. Joley nos deu isso. — Nunca poderei compensá-la. —Estamos dando à família Drake a próxima geração, Jackson. Cada uma de minhas irmãs contribui para nossas filhas. O conceito era quase mais do que ele podia compreender, o modo em que as irmãs se sentiam unidas umas a outras, tão estreitamente atadas, entregando-se tão livremente às demais sem esperar nada em troca. Sorrindo, Elle o puxou pela mão. — Vem. Vamos ver nossos presentes de bodas. Jackson quase tinha medo de olhar depois de ver o piano. Olharam o outro quarto, este era bastante grande e descobriram uma biblioteca, livros do chão ao teto com uma escada o rodeando que corria por diante das quatro paredes. Macias poltronas com mesinhas entre cada conjunto proporcionavam lugares cômodos para ler, a iluminação eram tão perfeita como Kate tinha podido fazê-la para eles e suas filhas. Havia livros de consulta, clássicos, uma seção em idioma estrangeiro, toda classe de livros de ficção, com os livros de Kate proeminentes em uma prateleira. — Assinou-os – disse Jackson, depositando um de volta na prateleira. — E há uma seção inteira de livros infantis assim como de livros sobre o cuidado de crianças. — Desdobrou um sorriso. — Acredito que me tinha em mente quando selecionou esses. — Alguns destes são muito estranhos — disse Elle. — Isto é tão Kate. O quarto seguinte tinha que ser de Sarah. Aparelhos de alta tecnologia de toda classe estavam colocados através do quarto. Avançados sistemas de computadores, terminais meteorológicos, terminais interativos e de jogo estavam por toda a habitação. Jackson se inclinou sobre um artigo. — Isto é para você. Um pequeno e bonito bracelete de tornozelo para que possa saber onde está sempre. 241
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A sobrancelha de Elle disparou para cima. — De verdade? Porque estou segura de que minha irmã pretendia que eu rastreasse a você. — Não conheço a metade destas coisas — admitiu Jackson. — OH, não se preocupe, Sarah e Damon se assegurarão de nos ensinar – indicou Elle. — São peritos em segurança e aposto... — Cruzou o quarto para abrir a porta a um quarto muito menor. Este se negou a abrir até que apertou a palma sobre a tela. No interior havia armas. Muitas armas. Elle retrocedeu para que Jackson pudesse olhar dentro, assobiando suavemente, com um sorriso largo no rosto. — Agora sinto que estou em casa. Ela abriu outra porta. Esta era muito diferente, feita de aço, que encaixava comodamente no marco. Jogou um olhar ao redor. Camas. Cadeiras. Estantes. Estojos de primeiro socorros bem sortidos. Água engarrafada. Velas. Olhou-o. — O que é isto? — Um quarto do pânico. Posso empurrar para dentro você e às garotas, e saber que estão a salvo. Elle, ainda envolta apertadamente em sua mente, sentiu que um pouco de tensão o abandonava. Pousou uma mão em seu braço. — Estava preocupado. Ele deu de ombros. — É minha vida, Elle. Quando tivermos nossas meninas, estarão incluídas nesse círculo e não sou um homem de perder tudo. Quero você tão segura como é possível. — Não crê que três cães de guarda, um quarto cheio de armas, um quarto de pânico e uma casa que come pessoas seja um pouco exagerado? Ele a agarrou, aproximando-a de um puxão. — Acredito que necessitaremos três cães, um quarto cheio de armas, um quarto do pânico e uma casa que come pessoas no momento em que tenhamos a nossa primeira filha. Ela riu. — Está tão louco. — Que irmã te deu de presente o quarto do pânico? — Libby. Sem dúvida. Queria a todas a salvo, todo o tempo. E te fixaste em que há todo um equipamento de primeiros socorros aí dentro? Definitivamente Libby. Conseguimos um fornecimento por toda vida de fitas. Ele riu e a conduziu pelo vestíbulo, seu corpo fazendo demandas urgentes. — Como apartamos este top sem arruiná-lo? — Estava olhando a tentação dessa extensão de suave pele nua toda a tarde. As mãos já se estavam deslizando sobre o encaixe, desenganchando e abrindo o delicado material, para quando ela se deteve na porta do quarto mais próximo ao dormitório principal, pôde cavar o peso suave dos seios nas mãos. Jackson pôs o queixo no ombro de Elle, esquadrinhando a creche. Soube imediatamente que este tinha que ser o presente da Hannah para eles. Giravam estrelas no teto. O quarto parecia celestial, com um afresco pintado nas quatro paredes. Os símbolos de amparo estavam tecidos no tema do universo, o quarto era de cores tranqüilizadoras, desenhado para proporcionar paz. 242
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— Quero fazer um bebê com você neste momento. — Mordeu-lhe o lóbulo da orelha, seu cochicho malvado. — Podemos tentá-lo e tentá-lo até que o façamos bem. Precisamos praticar, Elle. — Hmm — refletiu ela, girando a cabeça, levando um braço atrás sobre o ombro para lhe sustentar a cabeça e poder beijá-lo. — Não acredito que tenha muitos problemas nesse departamento. As mãos de Jackson foram aos quadris, empurrando o tecido de cetim. — Se fosse bom, já teria você fora deste vestido. Ela se meneou até que a larga cortina de tecido se deslizou por suas coxas até formar uma piscina no chão, deixando-a com uma tanga branca que deixava suas nádegas nuas. As mãos de Jackson foram imediatamente a cavar o tentador convite, e a empurrou para ele, pondo-a nas pontas dos pés. Fundiu sua boca com a dela e a tirou do vestido enquanto se moviam para o dormitório principal. As mãos de Elle foram aos botões de sua camisa enquanto desciam pelo vestíbulo, abrindo a magra camisa branca do smoking para poder passar as mãos pelo torso nu. No momento que ele levantou a cabeça, ela arrastou beijos quentes por baixo pelo ventre plano. Jackson inalou bruscamente, olhando maravilhado ao redor do quarto enquanto os dedos de Elle se ocupavam rapidamente de suas calças. Ela se ajoelhou, baixando as calças, empurrando o tecido até o chão para que ele pudesse dar um passo fora deles. Duas das paredes do quarto eram de cristal, cheias de água salgada, onde viviam e nadavam coral e peixes em um tanque gigante. Suaves luzes contribuíam com um certo resplendor enquanto peixes de formas estranhas e brilhantes cores se moviam pacificamente atrás do cristal. Soube que isto era o presente de Abbey. O oceano em seu dormitório. Baixou o olhar à mulher ajoelhada a seus pés e o coração se inchou. Esta era uma fantasia que nunca teria imaginado, nem em seu sonho mais selvagem. Estirou-se e tirou as presilhas do glorioso cabelo para que se estendesse por suas costas, as sedosas mechas acariciaram os seios e os mamilos apareceram tentadoramente entre ele. — Elle. — Pronunciou seu nome. Esperou que elevasse o olhar. Muito lentamente a pôs de pé. — Me diga que sou sua escolha. Não da casa. Não do destino. Sua, Elle. Tem que ser sua escolha. Ela levantou ambas as mãos para lhe emoldurar o rosto. — Por toda a eternidade, Jackson. Sempre será minha escolha. Ficou nas pontas dos pés, inclinando a cabeça para alcançá-lo. Ele simplesmente a levantou e a levou a cama regada de pétalas de rosas, estendendo-a, foi com ela, e Elle soube, em seu coração, em sua mente, que estava em casa. O vento soprou desde o mar para à casa que havia justo debaixo da propriedade Drake onde Sarah e Damon viviam, formou redemoinhos ao redor, escutando os suaves sons de amor que provinham do dormitório. O vento se moveu até o velho moinho onde a nova livraria e cafeteria se erguiam orgulhosamente olhando ao mar. Kate e Matt não tinham chegado a entrar em sua casa, justo mais à frente do moinho. Estavam tombados juntos no alpendre, movendo as mãos freneticamente cada um sobre o corpo do outro. Movendo-se pela costa, o vento encontrou a casa da praia sobre o mar da Abigail e Aleksander, onde Abigail estava sentada no regaço do 243
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Aleksander na jacuzzi, uma taça de champanhe na mão, agarrando-se à boca de Aleksander enquanto seus quadris se moviam com um ritmo lento e sensual. Justo um pouco mais acima pela costa em uma imensa propriedade, Ty apertava a Libby contra o cristal, fundindo a boca dela com a sua. Através da estrada, o vento viajou para encontrar a Hannah envolta nos braços de Jonas, seus corpos entrelaçados na imensa cama de postes, e logo golpeou através de acres de árvores até a casa grande do lado, onde Ilya tinha a Joley sujeita contra a parede, ela com os tornozelos fechados ao redor dos quadris dele. Levantando folhas e ramos, o vento voltou sobre seus passos, de volta a casa, dirigindo-se mar adentro, detendo-se somente para rodear a casa Drake um momento, acariciando as janelas enquanto, dentro, Elle e Jackson faziam o amor. Retrocedendo de volta ao mar, o vento acelerou em pequenas rajadas brincalhonas, em celebração, antes de elevar-se sobre o oceano, levando um suave sussurro ao pequeno povo de Sean Haven. As irmãs Drake retornaram. Todas voltaram para casa para ficar. Fim
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