Jacob Jacquelyn Frank The
Nightwalkers 1
Disponibilização: DHL Tradução: YGMR Revisão: Lu Avanço Revisão Final e Formatação: Preta P R O J E TO R E VIS O R AS TR AD U Ç Õ E S Revisora Lu Avanço: é muito lindo esse livro, que homão e a mocinha decidida. Adorei! Revisora Preta: Muito lindo o livro e o Jacob então... Quero deixar registrado que é meu. rs No com e ço d os te m p os , h ou ve Nigh tw a lk ers , ra ça s d a n oite qu e vive m n a s s om b ra s d a lu z da lua. Apaixonar-s e p elos h u m a n os es tá a b s olu ta m e n te proib id o, e um único homem se a s s e gu ra d e qu e s e cu m p ra e s s a a n tiga le i: J a cob, O Execu tor… Du ran te 7 0 0 an os , ele res is tiu à ten ta çã o. Ma s n ão e s ta n oite... J acob con h ece a s d es cu lp a s qu e s u a ge n te d á qu an d o a lou cu ra os a lca n ça e cae m p res a d a lu xú ria com os h u m anos. Ele ouviu todas e a in d a a s s im lev a a ju s tiça a os qu e u ltra p a s s a m a lin h a . Im u n e aos d es e jos p roib id os , as in con trolá veis fom e s , ou a m ald içã o d a lu a. S eu con trole é tota l... A té o m om en to e m qu e ele vê Is ab e lla n u m a ru a s om b ria d e Nov a York. Salvar a v id a d aqu ela jove m n ã o fa z p a rte d e s eu s pla n os ... Com o ta m b é m n ão faz e m os s en tim e n tos qu e ela d es p erta v a n ele. Ma s n o m om en to e m qu e s u s ten ta e m s eu s b raços o s u av e e d elica d o corp o fe m in in o e s en te a a tra çã o pod eros a qu e exp lod e en tre eles, tudo muda. S u a a tra ção é in egá vel, volá til, com p le ta m e n te con tra a le i. De rep en te tudo no que Jacob sempre acreditou e defendeu é queimado pelo calor do desejo...
ÍNDICE
CAPÍTULO 1................................................................................................................................................................................................ 4 CAPÍTULO 2.............................................................................................................................................................................................. 25 CAPÍTULO 3.............................................................................................................................................................................................. 39 CAPÍTULO 4.............................................................................................................................................................................................. 63 CAPÍTULO 5.............................................................................................................................................................................................. 81 CAPÍTULO 6............................................................................................................................................................................................ 103 CAPÍTULO 7............................................................................................................................................................................................ 118 CAPÍTULO 8............................................................................................................................................................................................ 124 CAPÍTULO 9............................................................................................................................................................................................ 137 CAPÍTULO 10.......................................................................................................................................................................................... 145 CAPÍTULO 11.......................................................................................................................................................................................... 155 CAPÍTULO 12.......................................................................................................................................................................................... 169 CAPÍTULO 13.......................................................................................................................................................................................... 182 CAPÍTULO 14.......................................................................................................................................................................................... 194 CAPÍTULO 15.......................................................................................................................................................................................... 206
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CAPÍTULO 1 Quão ridiculamente simples seria lhes causar dano. Da s a ltura s, o lha va c o m o lho s e sc uro s insondáveis, c om o c a m inha va m na rua sombria. O m a c ho hum a no esta va tã o a b so rto em seu flerte c om a fê me a , q ue nã o teria o p o rtunid a d e d e defendê-la de algum dano se fossem surpreendidos por alguma ameaça. O que aconteceria se caísse sobre eles dessa altura? Em b o ra ne sse c a so , “ surp reso ” nã o seria a d esc riç ã o a d equada. O m a c ho d e fend e r-se também seria inútil. Um humano contra um de sua espécie? Jacob, o Executor deixou escapar uma gargalhada irônica. A mulher ruiva tinha feito um a p é ssim a esc o lha , em sua o p iniã o . Ne nhum m a c ho resp eitá vel teria a nim a d o sua c o m p a nheira a a ventura r-se p a ra fo ra em um a noite d e p ro ib iç ã o . Místic o s a ug úrio s à p a rte , a rua p ela q ual c a m inha va m era no to ria m ente d e m á rep uta ç ã o . So m b ra s a tem o riza ntes ocultavam d e sc onhec id a s a m e a ç a s p a ra o s sentid o s humanos como nuvens ocultavam a luz volúvel da lua. O c a sa l c a m inho u a b a ixo d ele , a lheio a sua c a m ufla d a p resenç a . Se m m enc io na r a chegada do outro. Ja c o b inc lino u a c a b e ç a , observando c uid a d o sa m ente o s d ista ntes m ovim ento s d o o utro . Em b o ra o s ra sg o s ela b o ra d o s p elo ho m em nessa c id a d e d e c rista l, nub la ssem o s p rivileg ia d o s sentid o s d o Exe c uto r, ele a ind a p o d ia seg uir a c heg a d a d o outro fa c ilm ente. O m a is jo vem , m a s m eno s exp eriente Demônio se e sta va d esc uid a nd o , sua a tenç ã o im ersa em seu objetivo. A fêmea humana. Ja c o b re c o nhec eu a fo m e d o Demônio m a is jo vem , sentind o c om o fo rm a va red e m o inho s d entro d ele , o p re ssivo e p ic a nte c o m o a lm ísc a r d a luxúria d esenfre a d a . O jo vem Demônio, Ka ne esse era seu nom e , c a m inha va d entro e fora d a só lid a rea lid a d e e nq ua nto a va nç a va p a ra a ruiva . A fixa ç ã o d e Ka ne o fa zia a tip ic a m ente d ec id id o . Ele nã o tinha id éia que o Executor o estava caçando, por isso estava centrado, resolvido a esperá-lo. Ka ne a p a rec eu a b rup ta m ente , a b a ixo , no p a vim ento , e m um a exp lo sã o d e fum a ç a turva e o d istinto a ro m a d e enxo fre . Esta va a a lg uns m etro s d o d esc o nhec id o c a sa l, sua tele transportação foi completamente despercebida na sombra. Ja c o b esp ero u, a tensã o estira va seus nervo s. E a p esa r d e sta p ressã o q ue o instigava a interferir, e ra seu d ever d eixa r q ue o Demônio seg uisse seu c urso. Só entã o teria justific a tiva p a ra aplicar a s leis d e seu p o vo c o ntra ele. Dura nte to d o tem p o , rezo u a o d estino p a ra q ue Ka ne recuperasse o controle e se afastasse. Dura nte o tem p o q ue d a va a o Demônio um a o p ortunid a d e d e mudar d e o p iniã o , Ja c o b sentou-se imóvel como uma pedra, vendo Kane caminhar pela recente rota que tomou o casal. Qua nd o p a sso u por b a ixo d e o nd e o Executor esta va esc o nd id o , no a lto d o p o ste d e luz p a ra a g a rra r sua p resa , Ja c o b se la nç o u p a ra c im a no a r, c o m um lig e iro e esp a ç o so sa lto d e um poste a o seg uinte , vá rio s metro s sob re a c a lç a d a . Nã o ho uve som d o s p és toc a nd o o frio m eta l, nem o roçar d a ro up a q ue vestia q ua nd o d eslizou em p erfeito b a la nç o . O únic o sina l d e sua p re senç a fo i à rep entina p isc a d a d a luz. Só to m o u um m o m ento c o m p ensa r, fa zend o q ue o s outros a baixo d ele p e rc e b esse m tud o no rm a l, e m b o ra na re a lid a d e , a luz continuou c intila nd o em crescentes espasmos de protesto. Ele ta m b é m m a nteve seus p ensa m entos o c ulto s a trá s da c a m ufla g e m p ro jeta d a . Sa b ia que, me sm o d o m ina d o p o r a q ueles instinto s m a is selva g ens e p rim itivo s, Ka ne o se ntiria se nã o fizesse . E e ntreta nto , um sussurro a trá s d e sua m ente ro g a va a o Exec uto r em seu interio r, q ue p o r um a vez, só p o r esta vez, c o metesse um eng a no . Um p e q ueno e ng a no , m urm uro u, e Ka ne , q ue é tã o q uerid o p a ra ele , sentiria sua p resenç a e seus p ensa m ento s. Dê-lhe a o p o rtunid a d e q ue neg a ste a m uito s o utro s. Ning ué m nunc a sa b e ria o q ue Ja c o b tinha sa c rific a d o p a ra neg a r esse insidioso sussurro. Independentemente do rogo da voz, ele não podia renunciar a seu dever. Em vez d isso , viu c o m o Ka ne envia va um a o rd e m a o vulnerá vel c a sa l. Ab rup ta m ente, o ho m e m hum a no g iro u e c a m inho u a fa sta nd o -se d a mulher, a b a nd o na nd o -a sem ra zã o o u c o nsc iênc ia d o q ue fa zia . A ruiva d eu a vo lta c o m p le ta m ente, e nfrenta nd o o Demônio q ue se a p ro xim a va . Ela era b a sta nte fo rm o sa , no to u Ja c o b q ua nd o se vo lto u p a ra a luz, c o m um exub era nte e c o m p rid o c o rp o , e uns c a c ho s c a sta nho s q ue caíam e m extensa s e sp ira is p o r4
sua s c o sta s. Esta va c la ro p o r q ue tinha a tra íd o Ka ne . Nã o fo i o Executor em Ja c o b q uem se permitiu um pequeno e curvado sorriso que apareceu no canto de seus sombrios lábios. Ka ne p a sseo u a té o nd e esta va a mulher, c o nfia nd o no p o d er q ue tinha so b re ela e c heg o u a to c a r seu ro sto . Ja c o b p ô d e ver a e sc ra vid ã o e m seus o lho s, a m a nip ula ç ã o d e sua mente que a fazia suave e flexível, e a instiga mover sua bochecha para a afetuosa carícia. O a feto era um a m entira . O q ue p o d ia c o m eç a r tã o g entilm ente p o ssivelmente nã o term ina ria a ssim . Era a na tureza d a s c ria tura s q ue eles era m , e era inevitá vel. Isto era p o r q ue não concederia a Kane mais avisos das centenas… não… milhares que antes já tinha lhe dado. Jacob havia visto suficiente. Sa lto u lig eira m ente no a r, seu c o m p rid o c orp o c a ind o c o m ele g â nc ia e m um tem erá rio lançamento a té q ue c heg o u e a terrisso u silenc io sa m ente a trá s d a mulher ruiva . Desc a rto u sua c a m ufla g e m tã o ra p id a mente q ue Ka ne a sp iro u e m um ruid o so e a ssusta d o fô leg o . Co ng elo u q ua nd o viu Ja c o b . E o m a is velho fo i fa c ilm ente c o nsc ie nte d e c o m o d evia m ser o s pensamentos do jovem Demônio. O Executor tinha chego para castigá-lo. Fo i sufic iente p a ra q ue Ka ne tra g a sse visivelm ente c o m a nsie d a d e . Sua m ã o a fa sta d a d e um p uxã o d a b o c hec ha d a ruiva c o m o se o q ueim a sse e a c o nc entra ç ã o so b re ela se ro m p eu. Ela p isc o u, to m a nd o c o nsc iênc ia d e q ue p a rec ia um sanduíche entre d o is ho m ens estra nho s e que não tinha nem idéia de como tinham chego aí. —Toma posse de sua mente, Kane. Não faça piorar tudo a assustando. Kane obedeceu instantaneamente e a encantadora mulher relaxou, brandamente Como se estivesse em companhia de velhos amigos, completamente em paz. —Jacob, o que te trouxe fora em uma noite como esta? Ja c o b nã o se a b ra nd o u a nte o to m c a sua l d e Ka ne ou sua tenta tiva d e sa lva r a p ele d e m o nstra nd o frivo lid a d e . O Exec uto r sa b ia q ue o o utro ho m em no fund o nã o era m a lva d o . Ka ne era rela tiva m ente inexp eriente , e c o nsid e ra nd o a s c o nd iç õ es d a no ite, era fá c il q ue se perdesse por sua própria natureza . Isso nã o mudava a c rua re a lid a d e d o m o m ento . Ka ne tinha sid o , litera lm ente , a panhado c o m a s m ã o s na m a ssa . Sua a ç ã o reflexa, lo g ic a m ente , fo i neg o c ia r sua sa íd a d e um c a stig o q ue ele sa b ia era im inente. Co m eç a ria c o m hum o r c o ntinua nd o c o m a s outra s a rm a s d e se u arsenal. —Sa b e p o r q ue e sto u a q ui —d isse o Exe c uto r, c o ng ela nd o essa s a rm a s d ireta m ente no inicio, com um frio e disciplinado tom, que advertiu Kane de não pôr a prova sua paciência. —Ta lvez sa iba—a p la c o u Ka ne , b a ixa nd o seus esc uro s o lho s a zuis enq ua nto c o lo c a va profundamente as mãos nos bolsos. —Não estava fazendo nada. Só estava… impaciente. —Já vejo . Entã o , p retend ia se d uzir á m ulher p a ra a p a zig ua r sua inq uieta ç ã o ? — p erg unto u Ja c o b se m ro d e ios, enq ua nto c ruza va o s b ra ç o s so b re o p e ito . Sua s m a neira s irra d ia va m a im a g e m d e um p a i censurando um filho difícil. Po d ia se r um p ensa m ento d ivertid o , c o nsid era nd o q ue Ka ne lo g o esta ria entra nd o em se u seg und o séc ulo d e vid a , m a s o a ssunto era muito sério para rir. —Não ia machucá-la —protestou Kane. Jacob se deu conta que na realidade Kane pensava que estava certo. —Não? —rebateu ele. —E o q ue era q ue ia fa ze r? Perg unta r e d uc a d a m e nte se p odia d a r ré d e a so lta à selva g eria p resente em sua na tureza c o m ela ? Co mo func io na isso em um enc o ntro , exatamente? Ka ne c a iu em um o b stina d o silê nc io . Sa b ia q ue o Exe c uto r tinha lid o sua s intenções no momento que decidiu acossar sua presa. Argumentos e negações só piorariam a situação. Além disso, a evidência incriminatória estava parada entre eles. Dura nte um b reve e a p a ixona d o m o m ento , o s p ensa m ento s d e Ka ne se encheram d e vívid a s im a g ens m enta is d o q ue p o d eria ter sid o m a is incriminatório. Re p rim iu um estrem ec im ento p ela p ec a m ino sa resp o sta , seus o lho s c a íra m discretamente na b ela m ulher parada serena a nte ele. Se Ja c o b tivesse sido um p o uc o meno s p erfe ito em seu jo g o irritante e 5
aparecido em cena meia hora depois… —Ka ne , este é um tem p o d ifíc il p a ra nossa g ente. E é susc etível a e sta s p a ixõ es b á sic a s c o mo q ua lq uer o utro Demônio —d isse o Exec uto r c om im p la c á vel reso luç ã o . Era c o m o se Ja c o b p ud esse ler a mente d e Ka ne , e nã o a o contrário. —Aind a a ssim , está a m e no s d e d o is a no s d e te to rna r um a d ulto . Nã o p o sso a c red ita r q ue tenha te p erseg uind o c o m o se fosse um p intinho im a turo . Pensa no q ue p o d eria esta r fa zend o se nã o estivesse a q ui te sa lva nd o d e você mesmo. Os tra ç o s a ng ulo so s d e Ka ne a verm elha ra m c o m a verg o nha q ue Ja c o b tinha depositado a seus p és. Confortou o Exec uto r ver essa re a ç ã o . E lhe d isse q ue a c o nsc iênc ia d e Ka ne esta va o utra vez func io na ndo , seu usua lm ente eng enho so sentid o d e m o ra lid a d e m a is perto da restauração. —Sinto m uito , Ja c o b . Esto u rea lm ente d e c a usa r p e na —disse por fim , d esta vez c o m sinc e rid a d e e nã o c o m o um estra ta g e m a p a ra d esa rm a r o Exec uto r. E Ja c o b p o d ia a sse g ura r q ue era sinc ero p o rq ue fina lm ente d eixo u d e o lha r fixa m ente a ruiva c o m o se ela fo sse ser servida em uma proverbial bandeja de prata. E enq ua nto a d inâ m ic a p resenç a d o Exec uto r esta b iliza va seus p rinc íp io s, Ka ne c o m p reend ia q ue tinha p o sto Ja c o b e m um a insustentá vel situa ç ã o , ta lvez em um a q ue iria arruinar para sempre sua relação filial. A garganta de Kane fechou em uma afiada sensação de remorso que o atravessou esfaqueando-lhe. Era um sentim ento tã o p o d eroso q ua nto o m e d o q ue c resc ia e m seu p eito . Tinha tra íd o a sa ntid a d e d e sua s le is e ha via um c a stig o p a ra isso , um c a stig o q ue fa zia com q ue um a espécie inteira contivesse o fôlego e retrocedesse cada vez que o Executor entrava na vizinhança. Kane, d e re p ente , p ô d e se ntir o p eso d a p o siç ã o d e Ja c o b e isto aumentou seu p esa r a o p o nto d e sentir dor no peito. —Envia rá e sta m ulher d e vo lta sã e sa lva p a ra c a sa , re unind o-a c o m seu a c om p a nha nte e te a sse g ura rá q ue nã o re c o rd a rá na d a d e se u m a u c o m p orta m e nto —instruiu Ja c o b docilmente, enquanto olhava o tumulto de emoções que cruzavam o rosto de Kane. —Então irás para casa. Seu castigo virá depois. —Mas nã o fiz na d a —p ro testou Ka ne , um rá p id o a um ento d e inaudível tem o r infla m o u a objeção. —Teria fe ito , Ka ne . Nã o fa ç a com q ue seja p io r p o r esta r mentind o so b re isto . Só convencerá a vo c ê m esm o q ue sou o vilã o no q ua l to d o s m e c o nvertera m . E só c a usa rá d o r a ambo s. Ka ne c o m p reend e u essa verd a d e c o m o utro a um ento d e c ulp a . Susp ira nd o reso luta m e nte , fe c ho u os o lho s e se c o nc e ntro u em tud o p o r um seg und o . Mo m ento s d e p o is, o acompanhante da ruiva retornou cruzando a rua com um sorriso e chamando-a. —Hey! Onde foi? Virei na esquina e de repente não estava aí. —Sinto muito. Estava distraída por algo e não me dei conta que tinha ido, Charlie. Cha rlie enla ç ou com um b ra ç o sua companheira e , c o m p leta m ente a lheio s a o s d o is Demônios, retirou-se com ela. 6
—Bem —elog io u Ja c o b a Ka ne . Fo i sing elo e a o p o nto . O Demônio m a is jo vem esta va tornando-se bastante eficiente enquanto amadurecia. Kane suspirou, soando gravemente triste. —Ela é tã o fo rm o sa . Viu seu so rriso ? Tud o o q ue p o d ia p ensa r era no m uito q ue q ueria que sorrisse q ua nd o … —Ka ne rub o rizo u q ua nd o o lho u o Exec uto r. Ja c o b era m uito c o nsc iente que esse sorriso não tinha sido sua única motivação. —Nunca pensei que isto aconteceria comigo, Jacob. Tem que acreditar. —Acredito —Ja c o b va c ilo u p o r um m o m e nto , fa zend o evid ente p ela p rim e ira vez p a ra Ka ne a terrível m issã o q ue fo i p a ra ele , p or m a is q ue ho uvesse p ro jeta d o se g ura nç a e firm eza — Não se preocupe, Kane. Eu sei quem é realmente. E sei que esta maldição é difícil de dirigir para nós. Agora, —disse com o tom de volta a os negócios, —Por favor, retorna a casa. Encontrará Abram esperando por você. Esta vez, Ka ne nã o c ed eu à inso nd á vel a nsied a d e d e seu interior. Fez isso p elo b e m d e Ja c o b , sa b end o q ue isto c o rta va p ro fund a m ente a o Demônio m a is velho , e m b o ra se us p ensamentos fossem muito reservados para Kane ler. —Cumpre seu dever como faria com qualquer um. O entendo, Jacob. Ka ne la nç o u a o Exe c uto r um p eq ueno a ssentim ento . Dep o is d e um a b re ve o lha d a p a ra assegurar-se q ue nã o era m o b serva d o s, e xp lo diu e m um a ra ja d a d e fum a ç a e enxo fre q ue o tele transportou. Jacob ficou um longo m o m ento na c a lç a d a , seus sentid o s a tento s a té q ue esteve seg uro q ue Ka ne verd a d e ira m ente retornou a c a sa . Nã o era extra o rd iná rio q ue um Demônio tra ta sse d e esc a p a r e esc o nd er-se d o c a stig o im inente. Entreta nto , Ka ne esta va o utra vez no b o m caminho, em mais de uma forma, uma vez mais. Ja c o b g iro u e jog o u um a o lha d a rua a c im a na d ireç ã o q ue tinha to m a d o o c a sa l hum a no . Nunc a tinha d eixa d o d e a sso m b rá -lo q uã o c a rentes d e instinto s era m o s hum a no s. Po r to d a a c iviliza ç ã o e a va nç o s tec no ló g ic o s, tinha m p erd id o a lg o verd a d e ira m ente va lio so a fa sta nd o seus instinto s naturais. Essa m ulher ig no ra ria se m p re o q uã o p e rto esteve d o p e rig o . Encontrar-se com um Demônio caprichoso era algo do que nenhum humano queria ser parte. Ja c o b se lib ero u d a p re ssã o d a g ra vid a d e e se elevou no a r, provocando um a b risa d e d eslo c a m e nto q ua nd o o fez. Seu c o m p rid o e a tlétic o c orp o a tra vesso u a no ite c o m o um a lâ m ina m a ra vilho sa m ente a fia d a . Voo u p a ssa nd o a rra nha -céus, a lg um a s d a s luzes na s ja nela s mais próximas cintilaram em protesto ante seu passo. Ele explodiu no claro céu da noite. Aq ui, Ja c o b va c ilou. Fez um a p a usa p a ra estud a r a b rilha nte lua c resc e nte c o m um c enho fra nzid o q ue nã o p ô d e rep rim ir. Era sem p re a ssim nas se m a na s a ntes e d ep o is d a lua c heia d o Belta ne na p rim a vera e Sa m ha in em o utono . Essa s fe sta s santificadas celebradas pelos Demônios, m a s a o m esm o tem p o , era m o c entro d e sua m a ld iç ã o . A a g ita ç ã o entre sua g ente ficaria p io r d ura nte a p ró xim a sem a na , e a lc a nç a ria seu p o nto m á xim o c om a lua cheia. Aí causaria mais estragos entre os jovens e as gerações adultas. Inclusive os mais velhos se sentiriam tentados a perder o controle. Ja c o b tinha e sc o lhid o ser Exe c uto r p o r um a ra zã o . Possuía um c ontro le d esmesura do. Inclusive o Demônio monarca, era considerado mais suscetível a esta loucura que ele. E isso era7
d izer m uito , tend o e m c o nta q ue em seus q ua tro c ento s a nos d e Exec uto r, Ja c o b nã o tinha sid o chamado para conter Noah, o Rei Demônio. Ja c o b esta va g ra to p o r isso . Os p o d eres d e No a h, nã o era m a lg o q ue d esfruta ria ter c o ntra si. Seu Rei nã o conquistou o p o sto p o r mera linha g em d e sa ng ue c o mo o s hum a no s. Noah tinha g a nha d o seu lug a r por sua capacidade d e lid era nç a e pela sup erio rid a d e d e seu poder. Ja c o b vo o u p a ra d ia nte , seus p ensa mento s se to rna va m filo só fic o s. Era m a is d ifíc il se r o Exec uto r o u ser o Rei q ue d evia esc o lher o Exe c uto r, c o m o No a h tinha esc o lhid o Ja c o b ? Ao fa zer a escolha, No a h esta va o b rig a d o a re c o nhec er q ue existia a p o ssib ilid a d e d e se encontrar um d ia fa c e a fa c e c o m o Exe c uto r. Era um va lente líd er q ue p o d eria fa zer a m elhor escolha ainda sabendo que um dia poderia viver para lamentá-la . No a h leva ntou o o lha r d e sua leitura , a e nerg ia fo rm a d a re d em o inho s p ela a p ro xim a ç ã o d e Jacob o alcançou antes da chegada do Executor a través da janela na forma de uma suave q ued a d e p ó . O Rei Demônio e ntend eu q ue Ja c o b tinha lhe p erm itid o se r c o nsc iente d e sua c heg a d a , c o m o se m p re fa zia , p o r resp e ito . Se quisesse, o Exe c uto r p o d eria ter c a m ufla d o sua presenç a a té o m o m ento em q ue o p ó se integ ra sse em sua form a no rm a l e a tlétic a , c o m o o estava fazendo agora. No a h o b se rvo u a o o utro m a is velho , q ue esta va flutua nd o so b re o p iso e m um a só lid a fo rm a . Ja c o b vo lto u sua c o nexã o c o m a g ra vid a d e a o no rm a l, a terrissa nd o c o m um a g ra ç a fluída que estava sempre presente em seus movimentos naturais. O Rei se rec lino u. Sua im p ressio na nte c o nstituiç ã o e nc hia o m a rc o d e m o g no d e sua c a d eira d e respaldo a lto. Ond e Ja c o b fo i c ria d o p a ra o rá p id o e á g il p o d er, No a h era a ud a z p o r sua m usc ula tura e c o nstituiç ã o . Isto se via fa c ilm ente no c ô mo d o a juste d e sua s c a lç a s de passeio e a c a m isa d e se d a exp ressa m e nte c o nfe c c io na d a à a m p litud e d e seus o m b ro s. Mesm o a ssim , No a h tinha seu p ró p rio estilo d e eleg â nc ia e o m o stro u q ua nd o c a sualmente c ruzo u seu to rno zelo c a lç a d o d e neg ro no jo elho op o sto . Sentou-se em silenc io d ura nte vá rio s segundos, medindo o Executor. —Devo sup o r q ue enc o ntrou seu irm ã o m a is no vo a tem p o a ntes q ue c a usa sse a lg um caos? —É o b vio —re p lic o u Ja c o b e m tom d ep rec ia tivo , a ssina la nd o im e d ia ta m ente q ue a exec uç ã o d e Ka ne esta va fo ra d a lista d e tó p ic o s q ue esta va d isp o sto a d isc utir nesse momento. No a h rec e b eu a m ensa g e m a lta e c la ra a c e ita nd o g ra c io sa m ente o s term o s. Ob se rvo u Ja c o b se m o ver p a ra servir um a b eb id a , fez um a p a usa p a ra c heira r o c o nteúd o d o c o p o e elevou uma sobrancelha interrogativa em direção a Noah. —Leite —ofereceu Noah. —Isso sei —disse Jacob impaciente. — De onde? —De uma vaca. Mas importada do Canadá, não pasteurizada e sem processar. —Hmmm, esperava melhores coisas em sua mesa, Noah. 8
- As c ria nç a s esta va m a q ui. Qua lq uer c o isa m elho r teria sid o fo rte d em a is p a ra ela s. Se já sã o terríveis se m estim ula nte... Nem q uero p ensa r e m c o mo teria sid o p e rse g uir o s se is p eq ueno s enc renq ueiro s. Minha irm ã nã o e c a p a z d e c o ntê-lo s. Le m b ra -se d e c o m o ela era q ua nd o pequena, não? - O rei balançou a cabeça. - Imagine os filhos dela. E seis! Ja c o b so rriu c o m vonta d e a nte isto , levo u o c o p o a té seus lá b io s e p ro vo u o c o nteúd o . Julgando que o leite estava suficientemente refrescante, bebeu a metade do copo. —Sua irm ã Hannah —recordou-o —, apenas resp ira va a ntes d e c o meç a r a c a usa r p ro b le m a s. Po r e sse m o tivo , nã o so u a p to a d a r a s c o sta s a q ua lq uer um d e sua s rela ç õ es e m algum momento próximo. —Propôs para o Rei com uma insolente inclinação de seu copo. — Estou, é obvio, excluindo Legna do notório lado de sua genética, —acrescentou Jacob generosamente. —É obvio —respondeu secamente Noah. —Assim, c o m o estã o o s m enino s, d e q ua lq uer m a ne ira ? Sua irm ã d eve esta r voltando-se lo uc a tra ta nd o d e m a ntê-lo s so b c o ntro le , d a d a s a s c irc unstâ nc ia s, —assinalou Ja c ob . Olho u para cima por hábito, assinalando a lua que nenhum dos dois podia ver. —Por q ue acha q ue Hannah o s tro uxe a q ui? Esp e ra va q ue a a p reensiva p resenç a d e seu Real tio ajudaria a controlá-los. —Noah se estic ou para esfregar um nó em seu pescoço. —Pod eria ter te usa d o c om o a jud a . Im a g ina q uão b em se c o m p o rta ria m se um Exec uto r entrasse pela porta. Ja c o b sa b ia q ue No a h esta va b rinc a nd o c om ele , m a s nã o tinha achado g ra ç a nesse comentário. O Executor, no mundo Demônio, era o que usavam as mães para assustar seus filhos q ua nd o se c o m p o rta va m mal. Era um m a l nec essá rio , c o nsid era nd o o p o d ero sa m ente p era lta s q ue o s jo vens Demônios era m c a p a zes d e ser, m a s isso nã o sig nific a va q ue Ja c o b se nti-se b e m com isso. Esta va a c o stum a d o a um a existênc ia b a sta nte solitá ria , e m re a lid a d e. Esse s m enino s Demônios se converteriam em adultos e os mais velhos não lhes tirariam o medo d o Executor. Um a vez, que isto fa zia seu tra b a lho um p o uc o m a is fá c il e era um b enefíc io b a sta nte a g ra d á vel q ua nd o to d o s a c e ita ra m q ue sua a p a rênc ia e nc o lhia a té o estôm a g o m a is p o d ero so , fa zend o m eno s p rová vel a s b a ta lha s p elo c o ntro le. Esta va surp re so d e q uã o b e m tinha func io na d o isso e m seu irm ã o . Ka ne fo i infa m e revo lto so q ue , tend o sid o enc ontra d o p elo Executor, se sentia intim id a d o . Isso o b via m ente nã o era c erto e Ja c o b nã o esta va seg uro d e c o mo se sentia a resp e ito . Ag ra d e c id o p o rq ue nã o tinha tid o q ue enfrenta r seu irmãozinho? É o b vio . Ma s, feliz p o rq ue seu irm ã o se sentisse a terro riza d o p o r ele c o m o esta va m o s o utro s? Nã o , não realmente. —Entã o , a p rend eu a lg um a c o isa útil? —a ssina la nd o o g ra nd e e p o eirento livro a b e rto pela metade na mesa de Noah. —Em re a lid a d e nã o —fez um a p a usa , entrec erra nd o um p a r d e o lhos ja d e e c inza so b re Ja c o b , sua íris tã o p á lid a em c o ntra ste c o m sua b ro nzea d a tez, q ue p a re c ia m b rilha r a nte a luz d o fo g o . A insp e ç ã o d e No a h fez perceber q ue nã o p erd eu a eng enho sa m ud a nç a d e tem a . —Co m o a rc a ic o s tend em o s ser em c ultura e c o stum es, estes livro s no s p ro va m q uã o m o d erno s somos verdadeiramente. É como ler outro idioma.
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—O id io m a é um a c o isa vive nte. C om o um estud io so , c erta m ente d eve a p rec ia r q ue inclusive um idioma tão antigo como o nosso pode evoluir com o tempo. —Bo m , isso nã o m e a jud a muito a g o ra . Esta m o s e m m eio d e um a intensa c rise e nã o estou mais perto de encontrar uma solução do que estava antes. —Entã o tem o s q ue no s m a nter, c o m o se m p re tem o s feito —disse Jacob quietamente, seu to m m o d ula d o tinha a intenç ã o d e tra nq üiliza r a irrita nte frustra ç ã o d e No a h. O tem p era m ento de Noah era dez vezes mais famoso que o de sua irmã Hannah, embora usualmente exibisse dez vezes m a is c o ntro le so b re ele. Noa h a c re d ita va firm e mente q ue nenhum ind ivíd uo p o d ia reg er sobre outros a não ser tenha controle sobre suas emoções. — Enfrentei tod o o im a g iná vel e p erseve rei, No a h. Enq ua nto eu resp ira r, ning uém será prejudicado. —Ma s se e stá fa zend o m a is d ifíc il, nã o é a ssim ? —No a h o lho u o s p enetra ntes o lho s d e Jacob. — Ca d a a no vejo c o m o te to rna m a is o c up a d o e d e sanimado. Ca d a a no vejo c o m o a m a io ria d o s a nc iõ es p erd e m o c o ntro le c o m o se estivessem e m seus p rim e iros c e m a no s. Digame se estou equivocado. —Nã o p o sso te d ize r isso —e xp resso u Ja c o b , susp ira nd o p esa d a m ente , enq ua nto percorria com seus largos dedos o grosso e escuro cabelo. —No a h, tive q ue m e im p o r a Gid eo n fa z um a d éc a d a . Do p unha d o d e Demônios q ue p ense i resistiria m à lo uc ura , Gid e o n, o Anc iã o era o q ue m a is p o ssib ilid a d es tinha entre eles. — Gideon! Ja c o b sa c ud iu sua c a b e ç a , m ud o a nte a s p erturb a d o ra s em o ç õ es e a s a rre p ia ntes lembranças desse terrível encontro. —E ainda está lambendo as feridas. Gideon não saiu do seu reduto nos últimos oito anos. —Bo m , c o m c erteza nã o sa irá enq ua nto isto esteja c resc end o p a ra p io r. —Ja c o b fra nziu o cenho severamente ao mesmo tempo em que afundava em uma cadeira frente à Noah. —Seu assento na mesa do Conselho está cheio de pó e nos deixa… incompletos. No a h era c o nsc iente d a a ng ústia p esso a l d e Ja c o b so b re este feito , m a s se rec usa va a deixá-lo fraquejar por isso. —É o melhor no m o m ento —rem a rc o u No a h. —Nã o a c red ito q ue te reg o zije a id é ia d e ter que freá-lo outra vez. —Não, a m im nã o . Ma s a c red ito q ue enc erra r-se a si m esm o lo ng e e so zinho , é a p io r escolha —escolha, que por baixo, nos levara Gideon e a mim a outro devastador conflito. A a m a rg ura na vo z d e Ja c o b nã o p a ssou despercebida p a ra o Rei. No a h nunc a tinha c o nhec id o outro hom e m c o m o sentid o d e resp o nsa b ilid a d e , le a ld a d e e m ora lid a d e d o Exec uto r. A m o rte era a únic a c o isa q ue p o d ia fa zer com q ue Ja c o b renunc ia sse . Este Exec uto r nunca se retiraria enquanto respirasse. Ma s ha via a lg o q ue nã o esta va b em c o m Ja c o b d e um tem p o p a ra c á . Ano a p ó s a no , Ja c o b era forc a d o a c o nter o s a nc iõ es q ue m a is re sp e ita va p a ra d o m ina r a lo uc ura q ue o s dominava temporariamente. E isto, claramente, o estava arrasando em mente e espírito. 10
No a h sup unha q ue o p io r tinha sid o o enfrenta m ento c o m enta d o c o m G id e o n. Anterio rm e nte , Ja c o b era o únic o Demônio q ue , e m re a lid a d e , p o d ia a firm a r se r a m ig o d o g ra nd e Anc iã o . E tinha sid o a ssim a té q ue o Exec uto r se viu fo rç a d o a esc o lher entre a a m iza d e e a p reserva ç ã o d a lei. Verd a d eira mente nã o ho uve o p ç ã o . Nã o p a ra Ja c o b . A lei era c o m o seu sa ng ue vita l. E um Exec uto r, c o m o nível d e d ed ic a ç ã o e sentid o d e o b rig a ç ã o d e Ja cob, podia destruir-se psicologicamente se desafiava a lei. No a h era c o nsc iente d e q ue se p erd esse o controle de suas faculdades durante uma das Sagradas lua s c heia s, Ja c o b seria fo rç a d o a c o rrig i-lo c o m o um m enino teimo so e seria d ifíc il nã o za ng a r-se c o m o Exec uto r p or isso . Cla ro , seria p ara seu p ró p rio b em , p elo b e m d e tod a a raça Demônio e , d e finitiva m ente , p elo b em d o s hum a no s ind efeso s c o m o s q ua is c o nvivia m . Ma s o s Anc iõ es tinha m um p ro fund o o rg ulho e Noa h nã o era a exc eç ã o . Ser vítim a d a debilidade já era sufic ientem ente m a u; q ue Ja c o b fo sse testem unha o fa zia p io r. Ter o Exec uto r lhes castigando brutalmente, como demandava a lei, era insuportável. Noah não invejava o mínimo a posição de Jacob. Na q uele m o m ento , o ho m e m q ue enc hia a s p reo c up a ç õ es d e sua m ente , leva nto u a esc ura c a b e ç a d a e stud a d a re verênc ia p a ssa nd o d e sua se m i-rela xa d a p o siç ã o a e nd ire ita r-se rapidamente. No a h sentiu o p êlo d a nuc a a rre p ia r-se enq ua nto o s p o d ere s extra-sensoriais d o o utro ho m em enc hia m a ha b ita ç ã o . Ca d a Demônio tinha sua s p ró p ria s ha b ilid a d es p a rtic ula re s onde se so b re ssa ía d o resto , e a s p erc ep ç õ es guerreiras d e Ja c o b esta va m entre a s m a is perspicazes. —Myrrh-Ann se a p ro xim a , —d isse Ja c o b , c o lo c a nd o o c o p o no esc ritó rio d e No a h e ficando em pé— está excessivamente nervosa. Na q uele insta nte , a s d ua s g ra nd es portas d o extrem o d o sa lã o se a b rira m vio lenta m e nte. Um red e m o inho d e pó esc uro e vento revo o u no q ua rto , g ira nd o c o m o um p e q ue no to rna d o a lc a nç o u o s d o is ho m ens e m um a p isc a d a . Ab rup ta m ente p a ro u em um g iro fina l, c o m a fig ura d e um a form o sa m ulher d e c a b elo b ra nc o p ra tea d o e tã o sua ve c o m o a s nuvens. Seus ha b itua is o lho s a zuis esta va m o b sc urec id o s ta nto p ela d ila ta ç ã o neg ra d e sua s p up ila s, c o m o pelo medo inexprimível que cintilava neles. —Noah! —ofegou ela, enq ua nto a va nç a va tra nsto rna d a p a ra o Rei c a usa nd o um a o nd a estrem ec e d o ra no a r q ue c o m p rim iu c a d a c ha m a d a ha b ita ç ã o —fo i c a p tura d o ! Deve me ajudar! Não posso perdê-lo! É tudo para mim! —Te tra nq üilize já —sussurro u b ra nd a m ente No a h, ro d ea nd o o esc ritó rio p a ra envo lvê-la em um abraço consolador. —Te acalme, Myrrh-Ann —disse serenamente. — Suponho que está falando de Saul? —Foi horrível! —soluçou a jovem beleza, agarrando a frente da camisa de Noah. — Se desintegrou em minhas próprias mãos! Noah, deve nos ajudar! No a h e Ja c o b fic a ra m im ó ve is, seus o lho s se enc o ntra ra m p o r c im a d a b rilha nte c a b eç a d e Myrrh-Ann. Nã o p rec isa va m fa la r p a ra sa b er o s p e nsa m entos d o o utro , p a ra sentir o rá p id o impulso de alarme no outro. 11
—A que te refere com que “se desintegrou”? —perguntou Jacob cuidadosamente. —Quero dizer que foi Convocado! Escravizado! —c hio u Myrrh-Ann, g ira nd o no s b ra ç o s d e Noah para fulminar o Executor com um olhar cheio de terror e indignação. —Em um m o mento esta va c o m ig o , m e to c a nd o , em b a la nd o a no sso m enino q ua nd o se m ovia d entro d e m im —sua s m ã o s fo ra m inc o nsc ientem ente p a ra o a rred o nd a d o ventre , c o m o se estivesse temerosa de que fosse o próximo que lhe arrebatassem. —E no seg uinte seu ro sto se contorcia em um a terrível d o r. Am a d o e m iseric o rd io so Destino ! Co m e ç ou a d esva nec er-se a partir d o s p és, em um re d em o inho d a m a is horrend a e amarga fumaça que tenha conhecido. Voltou-se p a ra o Re i, a g a rra nd o a sed a d e sua c a m isa c o m d esesp ero , sua s unha s cravando-se no tecido. —Gritou! OH, Noah, como gritava! —Myrrh-Ann, p or fa vo r, sente-se —d isse No a h, usa nd o um a sua ve e rec o nfo rta nte vo z para tranqüilizá-la. — Pre c isa te a c a lm a r, a ntes q ue d ê a luz a seu filho . Fe z o c o rreto a o vir a té nó s. Ja c o b e eu chegaremos até o fundo do assunto. —Mas se é escravizado… —Myrrh-Ann estremeceu violentamente da cabeça a os pés. — Noah, como é possível? Por quê? Por que Saul? Myrrh-Ann b a ixo u a vo z a té um rá p id o e d esa lenta d or sussurro d e p â nic o , b a lb uc ia nd o a s palavras. Os dois homens na sala logo podiam seguir todas as implicações de seus devastadores pensamentos enquanto ela caminhava sem rumo. Po d ia ser verd a d e? Dura nte q ua se um séc ulo nã o tinha m tid o no tíc ia d e um a Convocatória a um Demônio. Era p o ssível q ue e stivesse e q uivo c a d a . No p a ssa d o o s Demônios se vira m a me a ç a d o s de extinç ã o , c o m o c o nse q üênc ia d a ho rro ro sa esc ra vid ã o . Fo i um truq ue nig ro m a nte , b ruxa ria neg ra q ue se d esva ne c eu a o m e sm o tem p o em q ue o Cristia nism o , a c iênc ia e a tec no log ia tinha m c o m e ç a d o seu reina d o . Co m o d esa p a re c imento d essa s m a g ia s, tinha chego à paz. Os p a rênteses nessa ha rm o nia , o b via m ente, era m o s inc o ntro lá veis p erío d o s d e lo uc ura q ue o s inva d ia m d ura nte a s lua s Sa g ra d a s, fug ind o d e inc a nsá ve is c a ç a d o res hum a no s e ocasionais encontros com outras raças Nightwalker. Desd e q ue o m und o fo i c ria d o , e xistira m Nig htw a lke rs: ra ç a s d a no ite q ue d esfruta ra m d o m elho r a r d o a no itec er, revigoravam-se à luz d a lua e usa m o so l c o m o c írc ulo c elestia l d esig na d o p a ra d o rm ir. Demônios, Va m p iro s, Lic a ntro p o s e o utro s c o m p a rtilha va m esta s qualidades, embora não sempre a mesma moralidade e crenças. Assim c o m o existira m Nig htw a lkers, existira m ta m b é m a q ueles q ue q uise ra m c a ç á -los, hum a no s a rm a d o s c om ig no râ nc ia e m ito s q ue fa lha ra m no intento d e a ssa ssiná -lo s. Esses hum a no s, tem end o o q ue nã o p o d ia m c o m p reend er, era m fa ná tic o s na b usc a p a ra sa lva r o mundo das chamadas diabólicas criaturas. E embora o caçador humano não perturbasse muito à ra ç a Demônio, os seres hum a no s m á g ic o s c ha m a d o s nig ro m a ntes, era m c o m p leta m ente 12
outra coisa. Seus feitiços entranhavam destinos piores que a morte do Demônio capturado. As acusações de Myrrh-Ann poderiam significar uma inquietante perturbação na balança d e seu m und o . De a lg um m o d o , sig nific a ria q ue esta últim a a m ea ç a m á g ic a tinha re na sc id o . Alg uns p o d eria m d izer q ue ta l c o isa se ria inevitá vel d evid o à rec ente fa sc ina ç ã o hum a na p o r c ulto s e m a g ia ne g ra , q ue tinha m se intensific a d o , m a s a esp e c ula ç ã o esta va m a is à frente d o incidente rea l. Um se r hum a no m á g ic o ? Dep o is d e to d o este tem p o ? A histó ria d e Myrrh-Ann se tornava alarmantemente crível. —Noah, cuida de Myrrh-Ann. Rastrearei Saul. —Não! OH, por favor! —gritou Myrrh-Ann. Equilibrou-se so b re Ja c o b , q uem flutuou fa c ilmente long e e c o m eç o u a eleva r-se lenta m ente no a r, c o m a intenç ã o d e se g uir a d ia nte c o m seu im p la c á vel d ever. De rep ente sentiu o vento form a r red e m o inho s em um lug a r d o sa lã o o nd e nã o d evia sentir-se na d a , sentia a tempestuosa indignação crescer, um reflexo de seu temor. —Myrrh-Ann, nã o há tem p o —d isse Ja c o b , a vo z á sp era resso a va c o ntra o teto q ue se aproximava. A histeria d entro d e seu p eito c o ng elo u. O a r c o nd e nso u e se m a nteve a ssim enq ua nto obtinha sua atenção. —Se p o sso enc ontrá -lo a tem p o , tra ta rei d e sa lvá -lo . Se nã o , sa b e q ua l é m eu d eve r. Acredite-me quando digo que prefiro trazê-lo de volta contigo e com o bebê. Com essas palavras, o Executor desapareceu deixando uma esteira de pó. —O matará! Assassinará meu Saul! —chorou Myrrh-Ann, os soluços rasgando seu corpo. —Se c heg a r a isso —m urm uro u No a h b ra nd a m ente— sig nific a rá q ue o Saul q ue a m a m o s desapareceu para sempre.
Isabella se separou da janela quando escutou na porta o som da chave de sua irmã. —Hey, Corr, divertiu-te? —a saudou enquanto retornava a observar as estrelas. —Estive b e m , —resp o nd eu sua irm ã , jogando a s c ha ves na mesa e tira nd o o c a sa c o — é um tipo agradável. Talvez muito agradável. Isabella pôs os olhos em branco, procurando a orientação das estrelas. —Como pode ser um homem “muito agradável” nestes dias e época? —Fa lo u a g ra nd e p erita e m encontros —rep lic o u Co rrine iro nic a m ente. Nã o p od ia rec o rd a r Isa b ella tend o um encontro, ne m se q uer na escola sec und á ria . Co rrine e nc o lheu o s ombros, claramente sem entender a atitude anti-social de sua irmã. Isabella a olhou, abandonando sua observação da lua. —Então, me explique que significa “muito agradável”. 13
—Bo m , va m o s ver… —Disse Co rrine , d etend o -se seu la d o e unind o -se a c o ntem p la ç ã o dessa noite de Outubro. — É m uito a g ra d á vel, m uito e d uc a d o e m uito previsível. Ac re d ito q ue é isso o q ue q uero dizer. É agradável mas nada excitante. Talvez devesse sair com ele. Isabella riu, e arregalou os olhos com humor —Acaba de me insultar? —Nã o , p a ra na d a —riu Co rrine b a ixo , enq ua nto ro d ea va c o m o b ra ç o seus o m b ro s e a estreitava fortemente. — É q ue eu g o sta ria d e ver q ue c o nhec e um tip o a g ra d á vel. Inc lusive se fo r “ m uito a g ra d á vel” . Em b o ra nã o a c re d ito q ue p ud esse a c o stum a r-se fa c ilm ente a o s c o m e ntá rio s q ue soltas à s vezes. OH, e p o ssivelm ente d eva lhe a d vertir q ue e m b o ra seja a irm ã ruiva , é vo c ê quem tem o temperamento desafiante. —Ah! Não fui eu quem afligiu mamãe com a maldita rebeldia adolescente. Corrine riu. —E não foi nenhuma das duas, quem saturou papai com o gênio de mamãe. As irm ã s rira m c o m c um p lic id a d e. Ca d a um a sa b ia p erfeita m ente d e o nd e ha via m herdado sua franqueza e obstinação, geneticamente falando. —Bo m , o b rig a d o p o r m e o fere c er seu namorado d e seg und a m ã o —d isse Isa b ella c o m um sorriso— mas acredito que passarei. —Te sirva vo c ê m esm a —resp o nd eu Co rrine , leva nta nd o o s o m b ro s e a fa sta nd o -se d e Isabella para ir à cozinha. Jogou um olhar à geladeira. Isabella retornou a janela e observou a lua um pouco mais. Havia algo nisso que sempre a fa zia sentir úm id a . Ultim a m ente, esta va inq uieta , a nsio sa … a lg o. Nã o sa b ia o q ue. Ficar enc la usura d a e m c a sa esta va a d e ixa nd o lo uc a , p enso u. O q ue re a lm ente d eseja va era sa ir fora, passear pelos arredores. Ou correr. Sa c ud iu a c a b eç a m enta lm e nte. Co rrer a meia -no ite p ela p io r zo na d o Bro nx? Co m ra zã o a s p essoas p ensa va m q ue a lua cheia a s to rna va lo uc a s. Se a lg ué m lesse seus p ensa m ento s a g o ra , nã o re c o nhec eria m à calma e c ulta Isa b ella q ue to d o s c o nhec ia m e amavam. Provavelmente, a prenderiam no chão para sua própria segurança. De fa to , Isa b ella se p e rg unta va c o m fre q üê nc ia se a s pessoas q ue c o nhec ia e a m a va na re a lid a d e a c o nhec ia m d e tud o . Co m o p o d ia m c o nhec ê-la , q ua nd o ela m esm a c o m eç a va a duvidá-lo? Tinha um a vid a c o nfo rtá vel e a p ra zível, em b o ra fosse o p a té tic o estereó tip o d e um a b ib lio tec á ria so lteira . Inc lusive tinha o re q uerid o p a r d e g a to s. Am a va o s livro s. Podia-se o b ter ta nta info rmação va lio sa , ta nto q ue a p rend er, ta nta s histó ria s q ue c o nta r. Seu a p etite p o r tud o isso nunc a tinha diminuído d esd e d ia e m q ue a p re nd eu a ler. Pro va velm ente tinha adquirido mais informação do que muita gente leria jamais. Entreta nto , o nd e o s livro s tinha m sid o a c ha ve d e sua a ntig a a le g ria , Isa b ella a g o ra 14
estava de algum jeito… insatisfeita. Isa b ella a lc a nç o u a ja nela e a a b riu ra p id a m ente , a p a rec end o no m a rc o sem c o rrim ã o p a ra a no ite fresc a e b rilha nte. Tud o sem p re p a rec ia d iferente q ua nd o a lua b rilha va tã o intensa m e nte c o m o o so l. A d iferenç a d o so l c o m se u b rilho d o ura d o , a lua vo lta va tud o p á lid o o u p ra ta . As so m b ra s era m la rg a s e m isterio sa s, o a b o rrec id o a sfa lto neg ro se c o nvertia e m um a estrada de incandescente cinza. —Se cair de cabeça, que te sirva de lição —avisou Corrine sarcasticamente, a trás dela. — Pensei que voltaria a pôr o corrimão. —Nã o d isse q ue ia para cama? —pergunto u Isa b ella , se m inc o m o d a r-se em o lha r para trás. Esc uto u o esta lo d e sua irm ã a o lhe atirar a líng ua , a resp o sta ha b itua l d e Co rr q ua nd o não podia pensar bastante rápido em uma resposta. —Sim, já vo u para c a m a . Assegure-te d e fe c ha r a p o rta a ntes d e ir d o rm ir. E nã o te entretenha tanto olhando as estrelas, disse que a manhã tinha que ir trabalhar cedo. —Sei. Boa noite —disse Isabella, se despedindo olhá-la. Não viu Corrine pôr os olhos em branco antes de sair no corredor para seu quarto. Isa b ella se inc lino u p a ra fo ra d a ja nela , a b ra ç a nd o -se c ruzou o s b ra ç o s so b o p eito , enq ua nto o lha va c inc o p iso s a b a ixo , a c a lç a d a . Se u c a b elo d eslizou b ra nd a m ente so b re o ombro, como se fosse um a se d o sa serp ente neg ra q ue d esc ia p elo p e ito a té p end ura r susp ensa no ar da noite. Seus o lhos va g a ra m a té q ue o b servo u um ho m e m , vestid o d e neg ro e eleg a nte , q ue se a p ro xim a va d e seu ed ifíc io . Sua s p e g a d a s so a va m b ra nd a m e nte a tra vés d a no ite , seu p a sso comprido e seguro. Não sabia como, mas de sua posição podia assegurar que seu andar casual era um a p o se. Ha via a lg o ne ssa á g il fig ura m a sc ulina q ue estava m uito , m uito em g ua rd a e muito… desumano. Calculou que era bastante alto, comparando-o com a altura das portas que acabava de p a ssa r. Seu c a b elo era exc ep c io na lmente escuro a p esa r d a b rilha nte luz d a lua , p ro va velm ente neg ro o u m a rro m e sc uro . Nã o esta va seg ura , m a s p enso u q ue esta va preso. Vestia um comprido sobretudo c inza , se m c inturã o e d esa b o to a d o , c o m a s m ã o s c o lo c a d a s c a sua lm ente no s b o lso s. Este se d eslo c a va e m torno d a s p erna s q ua nd o se m o via , a b rind o -se continuamente, revela nd o um a c a m isa c inza a zula d a e c a lç a s neg ra s. Ca ro , so fistic a d o e fa sc ina nte , a ind a na distância. Dific ilmente esta era um a vizinha nç a d e luxo , e nã o esta va a c o stum a d a a enc o ntra r ho m ens eleg a ntes e b em vestid os c o m freq üênc ia . Nestes b a irro s, era m a is um a fonte d e ganhos. Em algum lugar nos contêineres do próximo beco, o sino do jantar soaria. Lo g o q ue fo rm ulou o p ensa m ento , o ho m e m se d eteve re p entina m ente. Viu c intila r a lg o na esc urid ã o esfum a d o p ela lua so b re se u ro sto , e teve a estra nha sensa ç ã o d e q ue tinha sorrido. Estava olhando ao redor, obviamente procurando algo. Então, olhou para cima. 15
Insp iro u b ra nd a m ente enq ua nto ele m a ntinha seu o lha r fixo , seu c o ra ç ã o sa lta va inexp lic a ve lm ente d entro d o p eito . Esta vez lhe so rriu visivelm ente , um rep entino to q ue d e b ra nc o entre luz e so m b ra . Deu um p a sso , jo g o u um a o lha d a a a m b o s o s la d o s d a rua , e apoiando-se de maneira casual no poste do telefone, voltou a olhá-la. —Vai cair. Isa b ella p isc o u q ua nd o essa vo z so no ra a a lc a nç o u, e nvo lvend o-a . Nã o esta va g rita nd o . A voz tinha se elevado cinco pisos e, sem esforço, tinha chego até seu ouvido. —Parece minha irmã. Ta m p o uc o g rito u, c o m o se so ub esse q ue nã o ha via nenhuma nec essid a d e. Por q ue nã o achou estranho? Bom, na realidade achou estranho. Simplesmente não lhe incomodou. —Então já somos dois os que pensamos que não deveria permanecer assim na janela. —Tomarei nota de sua preocupação —respondeu secamente. Riu. O p ro fund o , m a sc ulino e tenta d o r so m p a re c eu c onc e ntra r-se em to rno d ele , envolvendo-a em sua diversão. Isto a fez sorrir e apertar os braços a seu redor mais forte. —Alé m d isso —c o ntinuo u ela — o lhe q uem fa la . O q ue fa z p era m b ula nd o p o r esta zo na na metade da noite? Tem tantas vontade de morrer? —Posso cuidar de mim mesmo. Não me preocuparia. —Bem. Mas não respondeu minha primeira pergunta. —Fá-lo-ei —respondeu ele— se me disser por que está pendurando da janela. —Não estou pendurada. Estou assomada. E só estou olhando. —Bisbilhotando? —Não. Se quiser saber, estava olhando a lua. Ob servo u c o m o jo g a va um olha r a o a stro so b re seu o m b ro , o o lha r fo i tã o rá p id o q ue pensou que não o impressionava tanto como a ela. —E enq ua nto o b serva va , no tou a lg o e stra nho p o r a q ui? —fez a p e rg unta c o m um to m ind ife rente , m a s a lg o a d vertiu Isa b ella q ue sua resp o sta lhe p reo c up a va muito m a is d o q ue demonstrava. —O estranho é algo normal hoje em dia. Poderia especificar mais? Sentiu-o va c ila r, sa b ia q ue esta va d e b a tend o so b re a lg o . So lto u um c urto e p esa d o suspiro. —Esquece, sinto te haver incomodado. —Não, espera! Isa b ella se eq uilib rou, m a ntend o a m ã o eleva d a no a r. O m o vim ento d esesta b ilizou sua p re c á ria p o siç ã o e , d e re p ente , fo i sa c ud id a p ela estra nha sensa ç ã o d e d eslo c a m ento e p ro p ulsã o d e seu c o rp o . Sua s m eia s três - q ua rto s d e sliza ra m , o c hã o d e m a d e ira era um a p o io 16
nulo , seus p és se ele va ra m e a m a io r p a rte d e seu p eso c o rp o ra l c a iu so b re o b a tente. Um estrangulado som de surpresa escapou de seus lábios enquanto caía de cabeça na noite negra e p ra ta . A sensa ç ã o d e c a ir d eu um to m b o a o estô m a g o e p enso u q ue p ro va velm ente vomitaria se não estivesse a ponto de morrer. Ma s e m ve z d e estela r -se no d uro c o nc reto , a terrisso u c o ntra a lg o só lid o m a s a g ra d á vel. Sentiu um a c hic o ta d a no c o rp o q ua nd o a veloc id a d e c esso u a b rup ta mente , b rilha ntes estrela s flutuavam atrás das pálpebras firmemente fechadas. Isa b ella luta va p ara resp ira r, a a d rena lina a so b ressa lto u enq ua nto se a g a rra va a a lg o sólido que estava à mão. —Está bem. Já pode abrir os olhos. Essa voz. Essa masculina, profunda, sexy, viva-e-não-esmagada-no-chão, voz. Isa b ella a b riu um o lho e o lho u sua s m ã o s p o ssessiva s. Esta va m a g a rra d a s a o tec id o c inza das lapelas de seu casaco. —Santa merda, —o feg o u, seus o lho s o lha va m b o q uia b e rto s o ro sto d o ho m em q ue a o que parecia a tinha salvo de romper o crânio. — Sa nta … —Term ino u d e sep a ra r-se , o b te nd o um a b o a p ersp ec tiva d os seus tra ç o s e fazendo com que seu sistema voltasse a entrar em crise. Era incrível e irresistivelmente formoso. Nã o ha via fo rm a m elho r d e d esc revê-lo . Era m uito m a is q ue sim p lesm ente a tra tivo . Bo nito era um a d jetivo m a sc ulino c o rrente q ue nã o servia p a ra descrevê-lo . Este ho m e m era fra nc a m ente fo rm o so . Os traços fa c ia is era m tã o eleg a ntes, q ue leva va m o term o rég io a o extrem o . So b ra nc elha s esc ura s c o m o largas p lum a s so b re se us o lho s esc uro s, d e um a c o r ind eterm iná vel na s so m b ra s d a no ite. Tã o a ssusta d o res, e d e um a vez, tã o destoantes p ela rid íc ula lo ng itud e infa ntil d a s exub era ntes p esta na s. Esses m a g nífic o s o lho s se a viva ra m c o m um a sua ve e q uente c ha m a d e d iversã o , enq ua nto sua b o c a sensua l se a rq ue a va e m um sorriso que só poderia descrever como pecador. —Co m o fe z… m a s isso é… p o ssivelm ente nã o p o d eria ! —b a lb uc io u, a s m ã o s a g a rra va m e soltavam inconscientemente as lapelas. —Fiz. Nã o é. Ao que parece podia —a g o ra so rria a m p la mente e Isa b ella teve c erteza d e que ela era a causa desse invisível indício de diversão. Olhou-o furiosa, esquecendo que acabava de lhe salvar o pescoço. Literalmente. —Estou tão contente de que ache divertido! Ja c o b nã o p ô d e evita r so rrir. Esta va tã o c o nc entra d a nele , q ue nã o se d eu c o nta q ue a ind a esta va m a uns b o ns trê s m etro s d o c hã o , flutua nd o no p onto exa to ond e a tinha a lc a nç a d o a trá s d e sua p rec ip ita d a q ue d a . Melho r, p enso u, p o sa nd o na c a lç a d a enq ua nto esta va d istra íd a e za ng a d a p o r sua d iversã o . Ia ter m uito s p rob lem a s p a ra exp lic a r c o m o tinha conseguido a p a nha r um a m ulhe r q ue c a ía d e c inc o p iso s d e a ltura p a ra sua m o rte. Veja m os… c inc o p iso s m ultip lic a d o s p elo OH, p erto d e c inq üenta e sete q uilo g ra m a s… g ra vid a d e multiplicada... 17
—Eu nã o a c ho sua situa ç ã o d ivertid a —d isse ele ho nesta m ente, c o m m uito c uid a d o d e monopolizar sua atenção quando trouxe seu peso de novo a normas humanas. —Eu, em realidade, estou feliz de ver que não está ferida. Isa b ella p e sta nejo u um p a r d e vezes, d a nd o -se c o nta d e re p e nte d o q ue este estra nho tinha feito por ela. Ja c o b o b servo u a m ud a nç a e m sua exp ressã o , d a b eleza b rinc a lho na , d a ind ig na ç ã o mal-humorada a um p ro fund o horro r. Me nta lm ente se d eu uns ta p a s, re c ord a nd o sua c urta c ha m a d a , a ind a q ua nd o lo g ic a m ente nã o tinha evita d o . Ele o b servo u c o m o ela m o rd eu seu lá b io inferio r p a ra im p e d ir q ue trem esse . Essa sim p les vulnera b ilid a d e e nvio u um a sensa ç ã o d ila c era d o ra p o r seu p eito , d e ixa nd o -o inexp lic a velm ente sem fô leg o . A c o nsc iênc ia e a emo ç ã o e xp lo diram a seu red o r e Ja c o b se enc o ntro u o lha nd o fixa m ente to d o s e c a d a um d o s matizes da mulher que estava seus braços. Ela era um a coisinha c o m p a c ta e c urvilínea , e seu pequeno corpo era sua ve e fe m inino em to d o s o s lug a res nos q uais o s ho m ens g o sta m q ue fo sse m a b und a ntes. A luz d a lua re a lç a va um a im p e c á vel c o m p le iç ã o , p á lid a c o m o a tra nsp a rênc ia d e a lg um a s d a s Ca m inha ntes No turna s q ue ele tinha visto a o long o d e sua extensa vid a . Ela tinha um sinuo so c a b elo neg ro , rid ic ula m e nte long o e g ro sso , e p o d ia sentir o p eso d ele q ua nd o se a p roxim o u de se u p e ito e se aderiu a se us b íc e p s. Seus traços era m p e q ueno s e d e lic a d o s, sua exub era nte b oc a , seus olho s tã o g ra nd es c o m o o s d e um ino c ente m e nino . Um a fa d a c o m o lho s vio leta , q ue se to rna ra m la va nd a s à luz d a lua . Era a sso m b ro so c o m o a luz d a lua re a lç a va sua b eleza . Enq ua nto a em b a la va c o ntra seu p e ito , ele se m a ra vilhou d e q uã o c á lid a era ela . Nã o tinha se d a d o c o nta de quão atrativo podia ser o calor humano. Ja c o b se viu a p a nha d o no lim ite d e um p ensa m ento ilíc ito e a re a lid a d e reto rno u e m um a exp lo sã o d e c o m o ç ã o . Qua se a d e ixo u c a ir e m sua p ressa de afastá-la dele. Estalando um á c id o o lha r a lua so b re seu o m b ro , enterro u sua s m ã o s nos b o lso s d a s c a lç a s p a ra resistir à bizarra urgência de atraí-la para si. Encontrando-se sobre seus p és o utra vez, Isa b ella se sentiu enjoa d a e d esc o nc erta d a . O ho m e m se p ô s a b ruptamente a uma d istâ nc ia c onsid erá vel, c o m o se ela fo sse p o rta d o ra de a lg um a enferm id a d e . Po r o utro lado, a m a io ria d o s ho m ens se se ntia m inc ô m o d o s q ua nd o um a m ulher m o stra va q ua lq uer sinal d e a ng ustiosa s em o ções. Aind a a ssim , ele fic o u b a sta nte p erto para c heg a r a ela se nec essita sse , m a s só to m o u um a p a usa o u d uas p a ra q ue ela vo lta sse a estar clara e firme outra vez. Ja c o b a o b se rvou suspeitosamente enq ua nto ela enro sc a va um a g ra nd e m e c ha d e seus cabelos atrás d a o relha , lug a r nã o sufic ientem ente g ra nd e p a ra m a ntê-lo fixo . A e sp e ssa e sed o sa nuvem reto rno u a d ia nte no m o m ento em q ue o so ltou. Encontrou-se a flito p ela necessidade d e p rend ê-lo p o r ela , só p o rq ue a ssim d esc o b riria a textura d ele. Tra g o u p esa d a m ente , a m a ld iç o a nd o -se e m sua p ró p ria ling ua g e m , sua m a nd íb ula a p erta d a rigidamente. —Não sei como lhe agradecer, senhor… uh… —Jacob —completou ele. Seu tom de grunhido a fez começar a retroceder. —Senhor Jacob —disse ela inquietamente. 18
—Nã o , só Ja c o b —c o rrig iu ele , forç a nd o -se a fa la r m a is unifo rm em ente , o d ia nd o a id éia d e q ue ta m b é m lhe tem esse c o mo o utro s. Era hum a na . Nã o tinha nenhum a ra zã o p a ra lhe temer. —Bo m , Ja c o b —d isse ela , seus o lhos la va nd a o estud a va m c a utelo sa m e nte. Entreta nto , um momento depois, mostrou-se audaz. — Eu so u Isa b ella Russ, e esto u extrem a m e nte a g ra d ec id a p o r… p elo q ue fez. Nã o p o sso acreditar que não rompesse o pescoço. —Sou muito mais forte do que se vê —ofereceu ele como explicação. Bela achou isso d ifíc il d e a c re d ita r. Ele se m o stra va c a d a c entím etro p o d ero so c o m o d evia ser p a ra ha vê-la a p a nha d o c o m o o fez. Nã o esta va b ruta lm ente c o nstituíd o, m a s tinha um to rso a g ra d a velm ente a m p lo , la rg o s o m b ro s, e d efinitiva m e nte , sua s ro up a s nã o esc o nd ia m na d a d e seu esta d o físic o . Era m a g ro , a tlétic o , tenso e a p erta d o no s lug a res p re c isos d o p o uc o q ue p o d ia ver e tinha sentid o p o r d e b a ixo d e seu c a sa c o c inza . Ma s a lém d e sua esc ura b o a aparência, grande corpo e seu acréscimo de pirata, Jacob tinha um ar de poder como ela não tinha encontrado em nenhum outro. Sim, ele era, definitivamente, mais forte do que se via e não só fisicamente. Fo i sufic iente p a ra fa zer tremer, inc lusive , a um a im p a ssível b ib lio tec á ria . Um p a c o te tota l, completo por um a c ento euro p eu tã o ric o e eleg a nte , c o m o o resto d ele , húng a ro o u c ro ata, possivelmente. Ele esta va c a lmo , eleg a nte e c o ntrola d o , exa la nd o um a c o nfia nç a e m si m esm o q ue p erfura va e um a sub ja c ente p eric ulo sid a d e q ue envia va esses trem o res a tra vés d e sua espinha. Certamente, um total e atrativo pacote. Um que provavelmente fosse casado e com seis filhos. Isa b ella susp iro u q ua nd o reencontrou a rea lid a d e , a lib era ç ã o d e seu fôleg o rem o veu o cabelo sobre sua fro nte. —Bo m , d e to d o s o s m o d o s, o b rig a d o , p o r… b e m … já sa b e . —Ela a ssina lo u c o m d esc uid o a janela de onde tinha caído. Suas sobrancelhas se uniram com perplexidade por um momento. Como, exatamente, tinha podido ele apanhá-la sem machucar as costas? Parecia impossível. Repentinamente, Isabella sentiu os pêlos de sua nuca arrepiar-se. Ja c o b o b servo u a p eq uena c a b e ç a d a fa d a g ira r a o red o r b rusc a m ente , seus b o nito s o lho s se entrec erra ram c o m c a utela . Fo i sufic iente p a ra a tiva r seus p ró p rio s instinto s e sentiu, na no ite , o q ue fo i q ue a tinha p erturb a d o . Pa ra seu a sso m b ro , ela tinha apontado a m e sm a c o isa que ele tinha estado procurando. Malevolênc ia . Terro r. O terro r a b so luto d e Saul. Ja c o b p ô d e c heira r seu m ed o . Pod ia sa b o re a r a m a rc a a c re d a m a g ia neg ra . Esta va p erto , justo c o m o Ja c o b tinha susp eita d o q ue estivesse quando seu rastro term ino u nessa á re a . O q ue fo sse q ue tirou Saul chutando e gritando p a ra a esc urid ã o , um a vez m a is esta va invo c a nd o , envenena nd o e to rtura nd o a o Demônio encarcerado. Ainda a ssim , o s sentid o s c a ç a d o res d e Ja c o b nã o a p a nha va m nenhum ra stro , nã o encontravam direção. Perp lexo , g iro u a c a b e ç a a o red o r e fixo u seu o lha r na p e q uena mulher hum a na , q ue c o ntinua va p a ra d a c o m sua c a b e ç a voltada p a ra o d esc o nhec id o m a is à frente. Seria 19
p o ssível? Po d ia essa m ulher ter retid o a q ueles instinto s q ue, um p a r d e ho ra s a nte s, ele tinha a c usa d o sua ra ç a d e ter p erd id o , sentind o inc lusive a q uilo q ue ele nã o p o d ia ver, p a ra c he g a r a uma solução? Ele nunca tinha escutado tal coisa. Ma s Ja c o b sentia sua p e rturb a ç ã o , c he ira nd o a m ud a nç a em sua q uím ic a c o rp o ra l enq ua nto sua a d rena lina se a rm a va e m um a re a ç ã o d e vô o o u luta c lá ssic a . OH, sim , ela definitivamente tinha a sensação do mal que se aproximava. —Seria m elho r se saíssemos d a rua —d isse ela ra p id a m ente , a lc a nç a nd o -o p a ra to m a r seu braço. —Por quê? —perguntou, resistindo a seu arrasto. —Porque não é seguro —disse ela, como se explicasse a um menino de dois anos. — Agora deixa de te fazer de macho e faz o que eu digo. Fa zer o q ue ela d iz? Esta m ulher d im inuta está tra ta nd o d e m e p roteg er? O c o nc e ito o impressionou. —Não estou m e fa zend o de macho —re p lic o u ele , send o d elib e ra d a m ente o b tuso a g o ra q ue via c o m o sua a nsie d a d e e re a ç ões c resc ia m c o mo um a o nd a . Fo i hipnotizante o b se rva r c o mo ela se rub o riza va , seu p ulso c o rrer c o m o lo uc o p o r sua d elic a d a g a rg a nta e seus p e ito s incharem-se com sua crescente respiração. —Oy! —Isabella pôs em branco seus olhos. — Está bem! Como quer. Só saiamos da rua. —Por quê? —insistiu. Ele o b servo u fa sc ina d o c o m o um a vez m a is fez voa r p a ra trá s seu c a b elo c o m um exa sp era d o susp iro e p la nta r se us p unho s a o red o r d e seus a rred o nd a d a s q ua d ris, seus p és reforçados e obstinadamente separados. —Olhe , há a lg uns lug a res o nd e nã o é um a b o a id éia esta r p a ra d o e m m e io d a rua discutindo, e este é um deles! Se estiver empenhado em ficar aqui, bem. Eu vou… Ela se d ete ve c om g uinc ho d e a sso m b ro , sua m ã o vo o u a té sua g a rg a nta e um g o rjeio d é b il p a re c id o com um b o rb ulho . Ja c o b instintiva m ente a a lc a nç o u p a ra a jud á -la , nã o gostando do amplo e selvagem olhar de seus aflitos olhos lavanda. —Isabella? O que é? —demandou ele, puxando ela para protegê-la em seu abraço. —Alguém… OH, Deus! É que não pode cheirá-lo? Po d ia . Esta va a seu red o r, fra c o m a s inc o nfund ível. O a ro m a d a c a rne a rd end o . Enxo fre ta m b ém . Ma s ele tinha a p erfeiç o a d o o s sentid o s c a ç a d o res d e c a d a esp é c ie p re d a d o ra q ue q uisesse , e nã o era ne nhum d esses sentid o s o q ue tro uxe o a ro m a a té ele. Nã o ha via ind ic a ç ã o d e um c a m inho a se g uir. Ocultava-se d ele. Esta va p erp lexo , m a s só p a sso u um m o m ento a ssim . Aí esta va esta hum a na q ue nã o tinha ta is ha b ilid a d es c o m o a s sua s, o fe g a nd o p o r resp ira r, comportando-se c o m o se tivesse resp ira nd o esp essa s nuvens d e fum a ç a e enxo fre q ua nd o claramente não estava. Não fisicamente. 20
Era alguém mais. Saul. Um tip o d e c la rid a d e a rd eu a través d o c ére b ro d e Ja c o b , em b o ra e stivesse m a is d esc o nc erta d o q ue nunc a . O Exec uto r nã o fez um a p a usa p a ra refletir o s p o r q ue , o s c o m o o u as complicações do que estava passando. Ele só queria saber uma coisa. —Onde? Pode me dizer isso Isabella? Onde está? —Perto ! Dentro d e m im ! —sua s m ã o s a g a rra ra m o tec id o d e sua b lusa so b re seu p eito c o mo se q uisesse tira r essa p re se nç a . Seus olho s la c rim eja ra m , g rossa s g o ta s fluíra m p or seu rosto tratando de lavar a fumaça que nem sequer estava aí. —Não. Me escute —ele tomou seu rosto entre suas mãos, percebendo quão pequena era entre eles, e delicadamente, elevou seu rosto até o seu. —Esta perto, mas não dentro. Onde? Olhe e me diga onde! Isa b ella esc a p o u e c o m eç o u a c o rrer, to ssind o e a fo g a nd o -se na fum a ç a fa nta sm a enq ua nto a g ita va e esc a p a va . Ja c o b fo i ra p id a m ente a trá s d ela e d era m a vo lta na esq uina e cruzara m a rua . Ela virou uma esq uina m a is e se c ho c o u d e frente c o m um a s im p o ne ntes p o rta s oxidadas de aço corrugado. Um d e p ó sito . Po r m uito tem p o a b a nd o na d o , e entreta nto , p or um a ja nela sup erio r se via o vio lento p isc a r d e um a s luzes. Um a a ntina tura l e fria luz q ue Ja c o b b o b a m ente p ensou q ue nunc a vo lta ria a ver em sua vid a . Ag a rro u sua p e q uena g uia p elo s o m b ros, a p o ia nd o sua s c o sta s c o ntra seu c o rp o a o m esm o tem p o em q ue se inc lina va sob re seu o uvid o . Ap esa r d a disparidade de alturas, ela encaixou contra ele impecavelmente. —Escuta —murmurou ele brandamente, enquanto ela continuava lutando pa ra respirar. — Esta nã o é sua a g o nia , Bela . Nã o a fa ç a tua. —ele jo g o u um a o lha d a p a ra c im a , a o sinistro b rilho na ja nela , seu c o ra ç ã o p a lp ita nd o c o m fo rç a p ela p ressã o d e a tua r, m a s nã o p o d ia d e ixá -la a li sufo c a nd o -se . Se sua m e nte a ssum ia o c o ntro le o sufic ie nte p a ra rea g ir c o m lágrimas e uma voz rouca, então ela podia achar mesmo que estava asfixiando. — Pode ver que não há fumaça. Está me escutando, Isabella? Ela esc uta va . Em b o ra nã o p ud esse fa la r, exp resso u em sua p rim e ira c la ra e p ro fund a aspiração, que sentiu como se passassem anos para ambos. —Bem —sussurrou ele, seu fôlego quente roçou seu sensível pescoço. — Agora fique aqui, fora de vista, e só respira. Jaco b c he g o u a té a junç ã o d a s p o rta s e puxou e la s, a s a b rind o , c o m o se estive sse ra sg a nd o p a p el e nã o eno rm es folhas d e a ç o , c a m ufla nd o o so m c o mo era típ ic o d e sua natureza. Alguém de dentro perceberia simplesmente como metal rangendo pelo vento. Instintivam ente , Isa b e lla o seg uiu d entro d essa esc urid ã o , a lé m d a s p o rta s, se m fa zer c a so d e sua s instruç õ es. Tem ia o q ue esta va p a ssa nd o , m a s tinha m a is m ed o d e fic a r so zinha . Ela se a rra sto u a trá s d ele , sua s m ã o s se a g a rra va m a seu o nd e a nte c a sa c o enq ua nto c ruza va um limiar a través d a luz e d a so m b ra . Ho uve lampejos d e luzes e log o esc urid ã o , essa c o m b ina ç ã o a c eg o u d o loro sa m e nte. Ja c o b c a m inho u sem va c ila ç ã o , c o m o se estivesse em p lena luz d o 21
d ia , m o vend o-se p a ra essa luz c o m um sentid o d e a m e a ç a q ue era evid ente p a ra ela . Ine sp era d a m ente , se ntiu-o eleva r-se a nte ela , a p a rentem ente sub ind o um a esc a d a . Ele se soltou dela e ela ficou procurando a escada por sua conta. Não pôde encontrá-la. Não importava o muito que tivesse procurado ao redor, não pôde enc o ntra r o m eio q ue ele utilizo u p a ra c heg a r ao nível sup erio r d o d e p ó sito . Tud o o q ue p ô d e fa zer fo i g ira r em vo lta d a luz q ue a g o ra ilum ina va sua fig ura , e nq ua nto ele , lenta e furtiva m ente se a p roxim a va d a fo nte d isso . Sua á sp era resp ira ç ã o p a rec ia fa zer m uito ruíd o enq ua nto ela lutava por oxigênio. Jacob se moveu mais e mais perto. De repente, ele saltou. Realmente saltou. Isa b ella p o d ia ter visto c o isa s e m m e io d essa neb lina e p enum b ra , m a s p o d ia jura r q ue o ho m e m re a lizo u um á g il sa lto d e q ua se o ito m etro s d e ond e e sta va p a ra d o a té a refreg a c o m o que fosse que estivesse ali acima. O inferno, sem demora, desatou-se. Sem a d vertênc ia , a fum a ç a q ue ela tinha c heira d o se a g ito u na luz d o entia , d erra m o u-se c o mo um a c a sc a ta d e á g ua verd e , ó xid o e neg ra s nuvens. Lo g o ho uve um a eno rm e exp lo são, refug o s e c o rp o s c a íra m d o vã o c o m o mísseis, fo rç a nd o Isa b ella a e sq uivá -lo s e c o b rir-se , seus olhos arderam com os clarões de luz. Incrivelmente, choviam homens. Ja c o b se estatelou no c hã o a q ua se 3 m etro s a esq uerd a d e Isa b ella , c o m um surd o e dissonante som d e o sso s q ue leva nto u um a eno rme nuvem d e p ó . Outro c o rp o c a iu entre um a s c a ixa s nã o muito lo ng e. Um terc e iro g o lp eo u o c hã o p erto d a s p o rta s a b erta s, d e fa to , aterrissando a seus p és. O hom em a b so rveu o c ho q ue d e sua a terrissa g em c o m o um g a to . Entã o , c o m um red e m o inho d o tec id o d e seu c a sa c o , o u e ra um a c a p a , g iro u e c o rreu p a ra a s portas abertas. Ignorando todo o resto, Isabella agarrou pelos amplos ombros o homem que se esforçava pesadamente pa ra respirar, no chão. —Jacob! —Isa b ella , sa i d a q ui! —Ja c o b rug iu a o rd em enq ua nto se sa c ud ia torpe a seus p é s, agarrando-a e e m p urra nd o -a p a ra trá s e long e d ele , c o m ta l fo rç a q ue ela c a iu embaraçosamente e aterrissou sobre seu traseiro. Chispou durante um momento, amaldiçoando sem ele g â nc ia e c o m d o r, c o m to d a a intenç ã o d e d izer a o Sr. Ja c o b Ma c ho q ue fosse a o inferno. As p a la vra s c o ng ela ra m na g a rg a nta q ua nd o o ho m em q ue tinha caído e ntre a s c a ixa s, elevou-se rapidamente em cima deles. Literalmente, elevou-se. Flutuando diretamente no ar. Isa b ella o feg o u q ua nd o fo i testemunha d isso e entã o se d e u c o nta d e vá ria s c oisa s extrem a m ente im p o rta ntes. O ho m e m q ue se a b a tia sob re ela e Ja c o b , nã o era a b so luta m ente 22
um ho m em . Em b o ra b íp ed e e rela tiva m e nte humanóide, era e m re a lid a d e a lg um a c la sse d e eno rm e c ria tura c o m inferna is o lho s verd es q ue b rilha va m c o m fe ro c id a d e fo ra d e sua d isfo rme c a b e ç a . Tinha la rg a s e eno rm es orelhas q ue em p urra va m p a ra frente e p a ra cima, abanando como se fossem bandas ou aletas em lugar de orelhas. Tinha presas. OH, e eram muito , muito grandes. Isabella teve uma estranha e histérica necessidade de rir. Está b e m . Qua nd o e xa ta m ente, p e rg untou-se , fiq uei adormeci? É o b vio , a g ente nã o a p a nha p esso a s q ue c a e m p ela ja nela . Ela nunc a teria seg uid o um estra nho a té um d e p ó sito a b a nd o na d o . E nã o existia m ta is c o isa s c o m o dentudas c ria tura s c o m c a ra d e m o rc eg o , voando sobre o Bronx. Então a criatura se dirigiu diretamente para ela. Muito bem, é tempo de despertar, pensou enquanto o pânico crescia em sua garganta. A coisa alada começou a fazer um salto para ela. Co m o um interm itente relâ m p a g o , Ja c o b vo o u d o c hã o e m um inc rível sa lto , enla ç a nd o o m o nstro no a r. A c o lisã o fo i um d o entio so m d e c a rne e o sso s im p a c ta nd o -se , q ue fez com q ue Isa b ella estrem ec esse . O ím p eto d e Ja c o b envio um e m a ra nha d o d e c o rp o s, la nç a nd o-os a través do quarto para outras caixas. Frenetic a m ente , Isa b e lla exp lo ro u a seu red o r e m b usc a d e a lg um a c la sse d e arma. O p rim e iro q ue enc o ntro u fo i um a p esa d a b a rra , a ferrug e m d e sc a sc a va e m sua s m ã o s, a rra nha nd o sua s p a lm a s q ua nd o a rec o lheu. Go lp eo u-a no s p é s, sustenta nd o -a c o mo um b o xe a d o r d e Lo uiseville , a g ita nd o-a a m e açadoramente no c a so d e q ue Ja c o b nã o p ud esse terminar o trabalho. Não o fez. De rep ente os d o is c o rp o s em luta sa lta ra m d entre a s c a ixa s em um a ra ja d a d e c a rtõ e s voadores. Desta ve z, a visc o sa c ria tura tinha um a m ã o leva nta d a , sua s eno rm es a sa s a um enta ra m a velo c id a d e , la nç a nd o Ja c o b vulnera velm ente p a ra c im a , g o lp e a nd o o em c heio e envia nd o-o a o teto . O so m d a s g ra nd es g ra d es d e m e ta l p a ra liso u a tra vés d a s so m b ra s e Isa b ella o b se rvo u c o m ho rro r c o m o Ja c o b c a ía como c hum b o na terra ig ua l a um a p esa d a pedra. Ele golpeou com um a velo c id a d e ensurd e c ed o ra , o a tro z im p a c to leva nto u o utra nuvem d e p ó . Isa b ella a fo g o u, ho rro riza d a , q ua nd o viu um a to leiro neg ro q ue sa ía d e a trá s d a fo rm o sa e escura cabeça de seu intrépido salvador. Deteve-se , c o ng ela d a em seu lug a r, enq ua nto a c ria tura so b revo a va em c im a um a vez, d ua s vezes, e lo g o vo lta va so b re ela c o m o se fosse um p re d a d o r a té q ue sutilm ente a terrisso u d esc a nsa nd o na s a lm ofa d inha s c o m g a rra s d e seus p és. La nç o u-lhe um b o m o lha r, a d m ira nd o sua visc o sa p ele a verm elha d a , seu p ro tub e ra nte p eito e o c ô nc a vo a b d ô m en. Seus lá b io s era m finos e se a b rira m p a ra mo stra r d ua s file ira s d e p re sa s, a ssim c o m o o s d o is c a nino s q ue se a la rg a ra m em um a terrível m e d id a . As m ã o s era m o p io r, term ina d a s e m um a s esverd e a d a s g a rra s d e 15 c entím etro s d e lo ng itud e , g o teja nd o um líq uid o neg ro suspeito parecido c o m o 23
atoleiro que se formava sob Jacob. —Bonita —vaiou isso. Muito bem, então a voz é pior que as mãos, retificou Isabella mentalmente. —Sei, b o m , p o d eria fa zer um a lim p eza fa c ia l o u a lg o a ssim —Isa b ella c o b riu a b o c a c o m um a m ã o c heia d e ó xid o . OH, g ra nd io so , Bela , c ha teia a g ra nd e c ria tura m a lva d a , p o r q ue não? —Bonita carne —processou a horripilante coisa. Bom, isso não soou muito bem que se diga, determinou ela. —Um … sa b e , esc utei q ue ser veg eta ria no é a m o d a nestes d ia s —exc la m o u, c o m um a voz rouca enquanto a besta avançava para ela um passo, forçando-a a retroceder. —Ca rne m o rna . Ca rne q uente —entã o a c o isa fez um a c rua e sp ec ula ç ã o a resp e ito d e certa parte de sua anatomia feminina. —Hey... Cuid a sua b o c a , a m ig o ! E fiq ue o nd e está o u... o u —Isa b ella leva nto u a b a rra d e m o d o a m ea ç a d o r, tra ta nd o d e p ensa r na m elho r m a neira d e intim id a r a um a g á rg ula .— Ou será você o que se verá golpeado em sua carne. Bom, era um homem depois de tudo, e há coisas que devem ser universais. Po r o utra p a rte , p enso u ela c o m um m a lva d o sorriso , estend e nd o -se p a ra a c a riciar-se entre a s p erna s, p o d e q ue nã o . O o lha r q ue rec e b eu d a c ria tura era d e p ura la sc ívia , seus o lho s ficaram em branco, a baba gotejava por seu queixo. Agora, se isso não era universal, ela não sabia o que era. Rep entina m ente , a c o isa c a nsou d e jo g a r c o m ela e sa lto u p a ra d ia nte. Isa b ella c hio u alarmada, instintivamente se atirou no chão, rodando para fora da área de objetivo da criatura. Fic o u em p é com m a is fa c ilidade d o q ue tinha p ensa d o q ue um a d evo ra d o ra d e livros c o m o ela p o d eria ser c a p a z. Giro u, se u c ora ç ã o p a lp ita va vio lenta m e nte , b e m a tem p o p a ra ver a c o isa rec up era r-se e a rre m eter c o m ira p a ra ela um a vez m a is. Esta vez, q uã o únic o p od ia fa zer era bater com a vara em suas mãos, rogando fazer contato o suficientemente forte. Não obteve. Em vez disso, fez um giro de 360 graus. Sem demora, caiu de costas. Tud o isto a o mesm o tem p o e m q ue a c ria tura c a ía so b re ela , rind o e b a b a nd o c o m reg o zijo em um m inuto e g rita nd o terrivelm ente d e d o r, no se g uinte , enq ua nto se c ra va va na va ra q ue ela a ind a sustentava, enterrada em seu p eito. Isa b ella p isc o u, surp reend e nd o -se d e q uã o fá c il p a rec ia d e sliza r d entro d a c ria tura , se m ne nhum a p re ssã o ou contra força nec essá ria d e sua s m ã o s. Em se g uid a fo i c onsc iente d e q ue p o tentes m ã o s a tira ra m d e d e b a ixo d o retorc id o m o nstro b e m a tem p o p a ra lhe sa lva r d e inc end ia r-se q ua nd o a c ria tura irro m p eu e m uma conflagração de chamas. De p o is d e um a selva g em e q ue nte la b a re d a , a c ria tura se d esinteg ro u em um so p ro d e fum a ç a e c inza s. O a ssusta d o r fed o r d e enxo fre p ro vo c o u a rq uejo s em Isa b ella , a ind a q ua nd o se p ro teg e u em um a g o ra fa m ilia r c a sa c o , send o retira d a ra p id a m ente d a li. Um a vez m a is, 24
a sp iro u vá ria s vezes ar fre sc o e p ô d e sec a r a s lá g rim a s q ue c a ía m p o r se u ro sto , o lhou p a ra aqueles escuros e preocupados olhos, que já começava a conhecer. —Jacob! Pensei que tinha morrido! —Dificilmente —lhe a sseg uro u, limpando a sujeira e a s lá g rim a s q ue m a nc ha va m se m compaixão suas bochechas. — Só foi o vento que me nocauteou. —É claro que sei! Está sangrando! Ela tra to u d e revisa r a ferid a d a c a b e ç a , m a s ele a p a nho u seu p ulso c o m um a m ã o firm e antes que pudesse tocá-lo. —Estou bem —insistiu ele. — So u eu q uem d everia esta r p re o c up a d o p or você. Co m o c o nseg uiu mantê-lo afastado de ti? —Não sei. Só agarrei a primeira coisa que pude. Ela a b riu a m ã o , d a nd o -se c o nta d e q ue a ind a tinha a o xid a d a va ra fo rtemente segura. Esta va c o b erta p o r um a p e g a jo sa sub stâ nc ia q ue nã o esta va certa d e id entific a r. Sustentou-a para Ja c o b , q ue sa lto u p a ra trá s c o m o se fosse a tear fo g o . Ag a rrou-lhe o pulso, g iro u afastando-a dele, e lhe deu umas pequenas sacudidas até que a vara ofensiva caiu golpeando o chão. —Ferro —disse ele, com tom claramente perplexo. — Como diabos sabia que devia usar ferro? —Não sabia. Era o único que havia aí. Foi sorte, suponho. De jeito nenhum , Ja c o b d uvid o u. Ma s g ua rd o u sua o p iniã o . Evid entem ente , este oportuno encontro estava se tornando um pouco mais complexo. —Jacob, o que era essa coisa? Quero dizer, era real? Espera. Não responda a isso É obvio q ue era rea l. Ma s c o m o ? Era a lg um a c la sse d e exp erim ento q ue sa iu mal? Nunc a tinha visto nada como isso. —Isso… —Jacob vacilou, suspirando uma vez. — Isso costumava ser um de meus amigos.
CAPÍTULO 2 Ja c o b p a sse a va d e um la d o a o utro d o sa lã o , p a ssa nd o os d ed o s d e a m b a s às m ãos p elo c a b elo q ue já tinha m a rc a d e p a ssa d a s a nterio res. Em b o ra nã o tinha g o sta d o muito de dizer a Myrrh-Ann q ue seu m a rid o tinha m o rrid o , Ja c o b tinha cumprido c o m seu d ever. Ela tinha entend id o a s im p lic a ç õ es d a c a p tura d e Sa ul e No a h tinha tenta d o p re p ará-la p a ra o p io r, m a s Myrrh-Ann tinha re a g id o c o m p re ensivelmente c o m um a m esc la d e p ena e fúria . Tinha a ta c a d o Jacob com seu poder e com o contato mais pessoal de seus punhos. Nã o tinha tid o o p o rtunid a d e d e lhe fa zer d a no físic o . No a h tinha estend id o a m ã o p a ra tocá-la , d rena nd o a energ ia d e seu c o rp o . Desm a io u no s b ra ç o s d o Exec uto r. Ja c o b tinha 25
sid o inc a p a z d e sujeitá -la . Enq ua nto seu p eso rep o usa va c o ntra ele tinha p o d id o sentir o sussurro d e um a no va vid a c o ntra ele a tra vés d e seu inc ha d o a b d ô m e n. Ha via se ntid o c o m o se fo sse um a tra iç ã o ter essa classe d e intim id a d e q ua nd o a m ã e nunc a o teria p erm itid o se tivesse tid o a oportunidade. Myrrh-Ann nã o p rec isa va sa b er q ue um hum a no tinha m a ta d o Sa ul. Era p refe rível q ue amaldiçoasse Ja c o b , q ue o d ia sse aquele q ue, p ela s leis, enc a rreg a va -se d e empregar ta is sentenças do q ue o d ia sse um a m ulher vulnerá vel q ue q ua se nã o sa b ia o q ue tinha feito . No a h notou q ue esta va re tend o info rm a ç ã o . O Exec utor era c o nsc iente d a s p erc ep ç õ e s d e seu m ona rc a m a s a ind a nã o tinha conseguido exp lic a r. Antes nec essita va de tem p o p a ra p ensa r. Precisa va a rrum a r a s im p lic a ç õ es d esta no ite a ntes q ue a lg ué m m a is so ub esse o q ue tinha acontecido realmente naquele armazém. Prim e iro e p rinc ip a lm ente esta va a p ro va d a existênc ia d e um a utêntic o nec ro m á ntic o , g ente na sc id a c o m p o d er e d estreza sufic ientes na s a rtes esc ura s p a ra c o nvoc a r a um Demônio. O tinha visto c o m se us p ró p rios o lhos em b o ra lhe e nverg o nha sse e lhe enfurec esse admiti-lo , p o rq ue entã o ta m b ém teria q ue a d m itir q ue tivesse p erm itid o q ue esse m a nc ha d o se r esc a p a sse p elo m und o d esenfre a d o . A súb ita a p a riç ã o d e um m a g o nã o e ra d e b o m a g ouro p a ra a ra ç a d e Ja c o b . Em rea lid a d e nã o era d e b o m a g o uro p a ra nenhum d o s c lã s d o Nightwalker. Estava seguro que haveria outros e os Demônios não eram suas únicas vítimas. E também estava… Pa ro u seus p a sseio s eleva nd o o o lha r, a o teto , o nd e a g o ra d o rm ia Isa b ella e m um quarto p o r c im a d ele. Tinha q ue b ra d o um a c á p sula d e erva s so b o na riz; a c o m p o siç ã o a ind uziu a o sono, permitindo levá-la a sua casa na Inglaterra passando despercebidos. A m ulher tinha feito o im p o ssível. Tinha m a ta d o a um Demônio. Inc lusive m a is im p o ssíve l, a ntes d e m a tá -lo, o tinha p e rc eb id o , ha via e m p a tiza d o c o m ele e tinha seg uid o o ra stro . Um a hum a na c a p a z d e m a ta r um Demônio e ra a lg o ina ud ito . A m eno s q ue a hum a na fo sse um a necroma nte. Isa b ella nã o era um m a g o . Ja c o b teria sa b id o insta nta nea m ente. Ha via um a ura a ntina tura l, um fe d o r infa me p eg o a o s m a g o s. O b o d e q ue tinha c a p tura d o Sa ul o tinha espalhado p o r to d o g a lp ã o . A p utrefa ç ã o a ind a c ha m usc a va o sensitivo na riz d e Ja c o b . O a ro m a d e Isa b ella era sua ve , lim p o e d elic io sa m ente p uro . Inc lusive so b to d a a sujeira d a q uele a rm a zé m , Ja c o b a ind a era c a p a z d e c heira r a sed uto ra sub stâ nc ia d e seu a ro m a . Ne m p erfum e nem lo ç ã o nem há b ito s d isso lutos, ne m seq uer o a lm ísc a r territo ria l d e um m a c ho danificavam seu aroma. Ta m p o uc o era a lg um d o s o utro s im o rta is q ue va g a va m na no ite. Os Nig htw a lker q ue esc o lhia m m o ver-se entre o s hum a no s era m q ua se ind isting uíveis entre eles. De q ua lq uer fo rm a a s ra ç a s p o d ia m id e ntific a r um a s a o utra s p ela s p e q uena s d iferenç a s q ue o s id entific a va m . Na mente de Jacob não havia dúvida de que Isabella era humana . Ma s, um a hum a na q ue p o d ia m a ta r um Demônio? Inc lusive o s Demônios eram difíceis de m a ta r entre eles. Po r isso ser Exe c uto r era um tra b a lho leta l. Só o s m a is a ntigos d e sua ra ç a era m o sufic ientem ente poderosos p a ra c a usa r d a no m o rta l e só Ja c o b esta va a uto riza d o se m reservas para fazê-lo. A pena capital era terrivelmente estranha e não era tarefa fácil cumprir tal sentença.
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Como tinha provado esta noite. Isa b ella sim p lesm ente tinha p e g a d o um a b a rra d e ferro e a tinha a fundado no c o ra ç ã o d e Sa ul. Ja c o b nã o p o d ia fa zê-lo . Nenhum Demônio p o d ia sup o rta r to c a r o ferro . O c o nta to era como á c id o violento c o ntra a p ele. Se a ferid a era p ro fund a , a a g o nia era a tro z. Se p enetra va no c o ra ç ã o o u o c éreb ro sig nific a va a m o rte. Ja c o b olho u a s m ã os; seus p oleg a re s esta va m lig e ira m ente q ue im a d o s p elo ó xid o q ue se m esc lo u c o m a s lá g rim a s d a Isa b ella . Nã o se tinha dado conta do contato até que começou a irritar a pele. Ap esa r d e tud o o esq ueleto d e um Demônio era c o m o a ç o , q ua se im une. Co mo tinha conseguido a fund a r a b a rra entre a s c o stela s e o esterno a té a lc a nç a r o c o ra ç ã o um a coisinha c o mo ela ? Alé m d isso , a o c o ntrário d a vulnera b ilid a d e d o s lic á ntrop o s a p ra ta , amplamente c o nhec id a p ela fic ç ã o , a d e b ilid a d e d e um Demônio a nte o ferro nã o esta va na va ng ua rd a d o c o nhec im ento hum a no . De a lg um jeito tinha ela d esc o b erto este esc uro d eta lhe? Neste c aso poderia presumir q ue ela sa b ia o q ue era Sa ul em b o ra , d e p o is d e tra nsfo rm a r-se , Sa ul tinha p a rec id o o ep íto m e d o id e a l hum a no d e um Demônio. Ou, c o m o p a rec ia , tud o tinha sid o um a afortunada casualidade? Ja c o b re c o rd a va ter vo lta d o a si e se enc o ntra nd o no c hã o d o a rm a zé m , sa c ud ind o d o s o lho s o sa ng ue e o c a b elo . Justo no m o m ento q ue viu o mo nstruo so Sa ul to rna nd o e m c im a d a p e q uena m ulher e d a nd o -se c o nta d e q ue nã o p o d eria a lc a nç á -la a tem p o . Esta va zum b ind o a cabeça de tão má maneira que nem sequer podia concentrar-se para usar seu poder. Nunca antes tinha tido tal sentimento de frustração ou desamparo. Cometeu enganos imperdoáveis no enc o ntro e ha via a rrisc a d o sua s vidas. A p ro vid ênc ia nã o teria q ue ter entra d o na situa ç ã o . Co m o u sem os c e m a no s entre enc o ntro s d everia ter rec o rd a d o c o m o era ver-se c o m um Transformado. Ja c o b d e veria sa b e r o nd e se enfo c a va a lo uc a m ente e o c o rp o d e Sa ul q ua nd o avançava sobre a pequena e chamativa mulher. Um Demônio tão adiantado como estava Saul nesse m o m ento , só tinha d ua s ne c essid a d e s b á sic a s e urg entes. A p rim eira era a autoconservação. Po r isso era um a va nta g em fo rm id á vel ter um Demônio esc ra viza d o . Um a vez q ue se elim ina va sua c iviliza ç ã o m e d ia nte o s feitiç os á c id o s q ue o enc a d e a va m , a c ria tura capturada q ua lq uer c o isa p o r seu a m o se lhe p ro m e tia m a vid a o u a lib e rd a d e , inc lusive usa r seus poderes elementares. Um a vez q ue a a utoc o nserva ção esta va sa tisfe ita , o seg uinte p ensa m ento d o Demônio Tra nsfo rm a d o era , é o b vio , sa tisfa zer sua d esenfre a d a luxúria , um esta d o q ue se ampliava espec ia lm ente na lua c he ia d o Sa mha in. Era um a fo rm a sim ila r d e re a ç ã o a q ue o o b rig a ra a p erseg uir e c o nter o irm ã o . Era o q ue a m ulher ruiva teria exp erim entado se ele nã o tivesse tid o vigiado a Ka ne. Ma s o tra ta m e nto d e Ka ne p a ra e ssa m ulher em p a lid ec ia e m c o m p a ra ç ã o c o m a fo rm a como Sa ul tivesse vio la d o Isa b ella , tra nsfo rm a d o e p ervertid o c o m o esta va . Só o p ensa m ento fa zia q ue com a rep ug nâ nc ia resvalasse p esc o ç o a b a ixo fa zend o com q ue seu c o ra ç ã o g a g ueja sse c o m um p a lp ita r rá p id o e d o lo ro so . Ja c o b tinha visto o fa lo d ila ta d o d e Sa ul enq ua nto se c o lo c a va e m c im a d e Isa b ella . Fe c ho u o s o lho s c o ntra a s vis im a g ens d e sua imaginação, fechando as mãos em punhos ferozes enquanto desprezava as imagens. Esta va p ro ib id o a um Demônio m a c huc a r um hum a no ino c ente d e q ua lq uer fo rm a . Era sua reg ra d e o uro e era a lei q ue Ja c o b tinha jura d o d efend er a c im a d e tud o. Po r c im a inc lusive d o s d esejo s d e No a h se fo ssem contra a lei. Era p a rtic ula rm ente ta b u tenta r casar c o m um humano. Eram muito frágeis para tal volátil suplício. Jacob pensou uma vez mais em Isabella, tã o d elic a d a e tã o p e q uena , m uito menor q ue o s d e sua esp é c ie. Fa zer o a m o r c o m um 27
Demônio leva va c o nsig o um a fero c id a d e elem enta r q ue fre q üentem ente ultra p a ssa va a s a g ressõ e s exc essiva s. Isa b ella se quebraria como um frá g il ra m o a nte a a va la nc he d e um a paixão como essa. Isto nã o sig nific a va q ue Ka ne o u Gid eo n o u ta nto s o utro s q ue Ja c o b tinha a p lic a d o a lei d ura nte séc ulo s, fosse m p ervertid o s d a p io r esp é c ie . Era m m era m ente vítim a s d a m a ld iç ã o d e sua ra ç a . Os Demônios p a ssa va m a to ta lid a d e d o s q ua rto s c resc ente e m ing ua nte d a lua d o s Sa g ra d o s Sa m ha in e Belta ne luta nd o p o r m a nter o c o ntro le. Ca d a m inuto d essa s p o tentes festivid a d e s era m um exerc íc io d e to rtura enq ua nto seus c o rp o s e seus esp írito s g rita va m a lua enlouquecedora. Em a lg um a p a rte d e seus c ó d ig o s g enétic o s esta va esc rito q ue , d ura nte essa s fa ses d a lua , a nec essid a d e d e transar ultra p a ssa va to d o o resto . Co m o um a nim a l no c io , so fria m o im p ulso irrefre á vel q ue , inc lusive o s m a is refina d o s e c iviliza d o s d e sua e sp é c ie , tinha m q ue luta r p a ra c o ntrola r. No rm a lm ente , o s Demônios se sa tisfa zia m entre eles; m a s vivend o entre humanos como viviam, era muito fácil mal orientar o instinto de transar. Cada ano se achava caçando a os mais respeitados dos Anciões que tinham caído presa d esta c o nd iç ã o . C ausava-lhe p ena terrivelm ente ver a louc ura nesses rostos q ue estim a va . Ou, no caso de Kane, que amava. Ja c o b nunc a tinha sid o vítim a d a lo uc ura . Ne m inc lusive q ua nd o no vo se d eb ilito u a té o p o nto d e d eseja r a um a fê m e a huma na . Ma s tinha sid o novo p o r vo lta d e c entena s d e a no s e entã o nã o ha via se is trilhõ es d e hum a no s no p la neta . Inc lusive a ssim , sem p re tinha tid o d ific uld a d e em im a g ina r c o m o se ria essa a tra ç ã o . Em b o ra parecessem ig ua is, o s Demônios e o s hum a no s era m m uito d iferentes q uím ic a , m enta l e intelec tua lmente. Aind a a ssim , p erg unta r a um Demônio a ra zã o p ela q ual se sentia a tra íd o p o r um se r m a is fra c o q ua nd o esta va m na a g o nia d o im p ulso , e ra inútil. E tinha q ue ser c o m p le ta m ente ho nesto c onsig o m e smo , a ntes houve um momento no qual inclusive sentiu a poderosa a tra ç ã o d e um c o rp o sua ve e q uente e de uns olhos formosos cor de lavanda. Jacob xingou b ra nd a m ente , p a ssa nd o a m ã o p elo c a b elo o utra vez enq ua nto ia servir se um g o le . Nã o era o á lc o o l d o s m o rta is q ue p ro c ura va a nã o ser leite a nim a l, a tem p era tura corporal p referivelm e nte , e m b o ra ta m b é m servisse a tem p e ra tura a m b iente. O leite d e c a b ra , d e o velha e inc lusive outra s c la sses d e le ites m a is exó tic o s q ue se ela b o ra va m p a ra m enino s p ro c e d entes d o s m a is inc o m uns a nim a is, era m into xic a nte s p a ra o s Demônios, d e fo rm a p a rec id a c o m o o á lc o o l p ro d uzia no s m o rta is; o leite c o m um p a steuriza d o e hom o g eneiza d o q ue se vend ia no s sup erm e rc a d o s tinha um e fe ito tã o p o tente c o m o um a ta ç a d e vinho e p o r exem p lo o leite d e g ira fa p o d eria ser o e q uiva lente a um b ra nd y fo rte e exó tic o . O resto era m m a is o u m enos fo rtes d ep end e nd o d o a nim a l e d e o nd e se c rio u, d a m e sm a fo rm a q ue um vinhateiro ou um cultivador de vinhedos elaboraria um produto específico. Jacob se serviu um copo de leite de cabra do Himalaya e afundou nas profundidades da p o ltro na . Giro u a c a b e ç a tenta nd o a livia r o s nó s d o p esc o ç o , d a nd o volta s a o s m esm o s p ensa m ento s o utra vez e sa b end o q ue lo g o , enc o ntra sse o u nã o sentid o no a ssunto , ia ter q ue falar com Noah. —Olá? Ja c o b se so b ressa lto u a nte a sua ve sa ud a ç ã o inseg ura e fic o u em p é vo lta nd o -se b rusc a m ente p a ra o lha r Isa b ella q ue esfre g a va o s so nolento s o lho s enq ua nto descia pesadamente um degrau atrás do outro. 28
Impossível! Ele nã o era c a p a z c o m o Ka ne d e ind uzir a m ente d e um a p esso a a o so no , ne m p o d ia forçar o so no d rena nd o a ene rg ia c o mo fa zia No a h, m a s caramba, sim , sa b ia m esc la r erva s o suficientemente potentes para que servissem. Ela deveria ter dormido durante horas! —Olá —disse sorrindo com ar sonolento quando o pegou olhando-a abaixo. — Jacob, verdade? —Sim —respondeu sem poder fazer outra coisa que responder. Seus o lho s d esliza ra m so b re ela enq ua nto d esfiava o s m io lo s p a ra enc o ntra r um a so luç ã o m a s só p ô d e re c o rd a r-se a si m esmo a fig ura fa b ulosa e d elic io sa q ue tinha ela . Manchou a ro up a no a rm a zé m , a ssim a tinha d e sp id o d e seu je a ns, c a m iseta e m e ia s três - q ua rto s e tinha lhe p osto um a d e sua s c a m isa s. De a lg um a fo rm a , vê-la c o m ela , resp ira nd o , a c o rd a d a e vita l fo i um a tra tivo estím ulo visua l. Movia-se c o m o um g a tinho , d eva g a r e vulnerá vel e irresistivelm ente p ro vo c a d o ra . O sed o so c a b elo c o m p rid o e neg ro p end ia em a m b o s o s la d o s d e seu p e sc o ç o estend end o -se so b re o s o m b ros. O p ro fund o “ v” d a c a m isa so b o p esc o ç o c a usa d a p ela p re ssa em a b o to á -la, d eixava lugar p a ra q ue um a m ec ha d e c a b elo neg ro d esliza sse p elo esterno no inc ita nte va le entre seus p eito s. Sua fig ura tirou o fô leg o , o stento sa s e a m p la s c urva s p a ra tã o d elic a d a a rm a ç ã o. Pe ito s c heio s e m a ra vilho so s, a c intura e streita e a s curvas no s la d o s p e rm itia m p ô r a m b a s a s m ã o s so b re ela c o m o s d e d o s estend id o s so b re o sua ve ventre o u o s tenta d o res q ua d ris. Ja c o b sentiu surg ir em se u sa ng ue um a q uente resp o sta a sua im a g ina ç ã o , seu c o rp o se end urec eu tã o inesp era d a e ra p id a m ente q ue lhe tiro u o fôlego . Vo lto u à c a b eç a d e p re ssa a rra nc a nd o o s o lho s d ela e murm ura nd o entre d entes um feroz impropério. Tirou o copo sobre a mesa e apertou as mãos sobre a superfície, como se sentir a m a d e ira p ud esse d e a lg um a fo rm a lhe a nc o ra r a o c hã o . Seus o uvid o s, se m p re sensíveis, c a p ta ra m o so m d e seu c o rp o e sua ro up a a o term ina r d e descer a té o sa lã o . Po d ia c heirá -la embora estivesse na m eta d e d o sa lã o . Essa fra g râ nc ia lim p a se a ltero u, a q uec id a p elo so no e perfumada p elo s lenç ó is rec é m la va d o s d o quarto d e c o nvid a d o s. Re c o rd a va um a a b a fa d iç a no ite d o verã o , c he ia d e flores a ind a q ue ntes d a luz d o so l, g ra m a c o rta d a e úm id a e o a ro m a almiscarado, doce e delicado, de um ser claramente do sexo oposto. Fresco, puro, calidamente tentador. E aproximando-se a cada passo. —Deveria esta r d o rm ind o —d isse a b rup ta m ente sentind o -a so b ressa lta r-se q ua nd o rompeu o pesado silêncio do salão. —Despertei. Ouviu-a enc o lher-se os om b ro s. Tinha to d o sentid o p a ra ela , m a s nenhum p a ra ele. Deu o utro p a sso , e outro . De re p ente , Ja c o b e sta va a flito p ela urg ê nc ia d e c ha m a r No a h. Era um im p ulso tã o a b surd o q ue q ua se se p ô s a rir. Ta is c onvo c a tória s nã o tinha m p rec ed ente e p ro va velm ente o Rei c a iria so b re eles c o m d o is p ro verb ia is c a nhõ es la nç a nd o fo g o p o sto q ue Ja c o b nã o fosse d o tip o q ue nec essita a jud a e nunc a a p e d ia . Ma s q uem —se p erg untou em um momento de pânico quando o calor dela lhe assaltou—, vigia ao Executor? Nã o ! Ma ld ita seja ! Vo c ê é m a is forte q ue um a frá g il fêm e a d a ra ç a hum a na ! E ela ne m sequer está fazendo nada! Jacob não ia permitir que a loucura da maldita lua lhe arrebatasse o m elho r d e si. Nunc a e m sua vid a tinha p erd id o o c ontro le e nã o ia c o m e ç a r a g o ra . Tinha sid o 29
um sério exem p lo d ura nte q ua tro c ento s a no s e nã o ia em p a na r sua sup erla tiva re p uta ç ã o , nã o quando os Demônios como Kane necessitavam desesperadamente de seu guia e sua censura. Com a mandíbula franzida, voltou-se para enfrentá-la. —O que estou fazendo aqui? —perguntou ela. Seus lo ng os d ed o s to c a ra m um d o s m uito s b ib elô s a ntig o s q ue esta va m so b re a m e sa . Riscando seu c o nto rno b ra nd a mente , exp lo ra nd o sua textura e o a rtesa na to c o m q ue p a rec ia a té q ue so rriu c o m um a d elíc ia q ue fez q ue seus o lho s se a c end esse m e m um vio le ta elétric o . Agarrou outro bibelô, um de seus favorito s da extensa coleção de toda uma vida. Impaciente os dedos deslizaram com fascinação e um toque preciso que lhe cativaram. —Suponho que esta é sua casa? —Sim. —Nã o re c o rd o ter c heg a d o a q ui. É enc a nta d a —lhe felic ito u c o m o s eno rm es o lho s abrangendo a extensa sala e suas ricas lembranças. —Vejo que tem predileção pelas antiguidades. Assentiu sa b end o c o m c erteza q ue o q ue ela c ha m a va a ntig uid a d es tinha m sid o no va s quando as comprou fazia tantos anos. É obvio, não tinha sentido dizer-lhe assim ficou calado. —Nã o fa la muito , verd a d e? —perguntou desp reo c up a d a m ente enq ua nto a g a rra va um a p e q uena fig ura d e m a d e ira d a q ual nunc a fa ria id é ia d e q ue tinha sid o esc ulp id a p o r um a mulher de uma tribo africana extinta fazia centenas de anos, lustrada e suavizada pela saliva da mulher e conscienciosamente esfregada. —Em b ora d e p o is d o q ue p a sso u a ntes, c o m p reend o q ue nã o se sinta esp ec ia lm ente falador. Isa b ella d e ixo u a fig ura d e m a d eira e a c a ric io u c o m seu to q ue lig eiro e a c a ric iou a seguinte figura e a seguinte, devorando com sua curiosidade sensorial todas as curvas e texturas d e seus p e rtenc es. Se us d ed o s g entis ro ç a ra m a m esa a p ro xim a nd o -se d e sua m ã o esq uerd a que repousava sobre ela ligeiramente encurvada. Ja c o b se afastou inc ô m o d o , to d a sua g ra ç a ha b itua l se eva p o ro u q ua nd o retro c ed e u um p a sso to rp e p a ra esc a p a r d e sua c e rc a nia . Merda —p enso u veem ente— esta m ulhe r d everia ter sentid o c o mum o sufic iente p a ra nã o a p ro xim a r-se ta nto de um ho m e m q ue q ua se nã o c o nhe c e . Esp ec ia lm ente um a m ulher hum a na . Nã o tinha p o d eres nem q ua lid a d es ina ta s para proteger-se a si mesma e aqui estava, perambulando confidencialmente a seu alcance. E ainda assim acabava de matar um dos de sua espécie fazia só umas horas. —Nã o q uero p a re c er a ntip á tic o —d isse c o m c o rtesia a p esa r d e seus d eso rd ena d o s pensamentos. — Mas não estou acostumando à companhia de outros, isso é tudo. Bom, ao menos isso era verdade… Isa b ella inc lino u a c a b e ç a , o q ue fez c o m q ue m a is c abelo neg ro c o m o a sa d e c o rvo c a ísse p a ra frente c o m o sed a neg ra c o ntra seu p e ito enq ua nto lhe o lha va d e c im a a baixo. 30
O toq ue d e seus o lho s era c o m o um c o nta to físic o . O d elic io so b rilho vio leta d e c urio sid a d e c o m eç o u c o m o um a d a nç a lig eira p elo ro sto d e Ja c o b , d eslizo u b ra nd a m ente p o r seus o m b ro s e lenta m e nte seg uiu o c a m inho d e seu a m p lo p e ito . Lá o nd e c a ía seu o lha r, Ja c o b se ntia a rd e r à p ele , avultar o s m úsc ulo s tenso s, a insig nific â nc ia d e sua s ro up a s a b a ixo d e sua insp e ç ã o visua l. Flexio no u seu a b d ô m en; o s nervos d a s c o xa s se sa c ud ia m insuportavelm ente enq ua nto lhe inspecionava implacável. De nenhuma forma poderia não notar quão excitado estava. Ap erto u o m úsc ulo d a m a nd íb ula a o sentir o p ro fund o esc rutínio c o m o um a m a rc a . Dava-se c o nta d e c o m o esta va lhe o lha nd o ? Ning uém a tinha a d vertid o q ue baixar d a s esp essa s p esta na s q ue em o ld ura va m seus o lho s nã o era m a is q ue d e um a sensua lid a d e na tura l da mais potente? —Um solitário —disse por fim. Era um fato e assentiu para si mesmo. —Im a g ino q ue nã o tem seis p irra lho s c o rrend o p o r a í c o m to d o o va lio so m a teria l a o alcance da mão. Por certo —olhou diretamente nos olhos e Jacob sentiu que ficava sem fôlego. — Você me despiu? Nesse m o m ento Ja c o b se c o nvenc eu d e q ue nã o p o d ia ser hum a na . Nenhum a fê m e a hum a na p o d ia p ô r ta nta inflexã o em um a sim p les p erg unta . Nenhum a mulher m o rta l se a treveu a p erg unta r ta l c o isa enq ua nto esta va nua a esc a sso s c entím etro s d e um m a c ho d esc o nhec id o e evidentemente excitado. Isa b ella nem se q uer o viu m o ver-se. Em um m o m e nto esta va em p é a fa sta d o e no seguinte suas mãos estavam sobre ela. O dominante apertão rodeava seus braços, levantou-a e a a p erto u c o ntra o p eito . De ixo u esc a p a r um so m d e surp resa q ua nd o lhe a c elero u o fô leg o. Antes que pudesse respirar a boca dele tinha tomado a sua com uma ferocidade controlada. Sub iu a s m ã o s re flexiva m ente a g a rra nd o o p e ito d e sua c a m isa p a ra esta b iliza r-se e p a ra inic ia r um p ro testo . Protesto q ue lo g o q ue term ino u q ua nd o sua p siq ue a tlétic a q ueim ou, c o m fo rç a m a sc ulina , a sua m a is sua ve e flexível. Esta va to ta lm ente e m fo rm a , o s m úsc ulo s enc a ixa nd o p erfeita m ente e lhe sentia a b so luta m e nte vib ra nte d e vid a . Ma c ho e p o d ero so , esta va e m to d a s a s p a rtes. Sua s m ã o s era m c ha m a tiva s e seg ura s a o a p ro xim á -la m a is de se u poderoso corpo. A b o c a d e Ja c o b q ueim a va c o ntra a sua c o m um a a rd ilo sa se nsua lid a d e q ue e ra e m p a rte a rte e em p a rte ta lento na tura l. Nã o era c o m o o s b eijo s to rp es q ue tinha d a d o no p a ssa d o e nã o ha via na d a p la tô nic o o u remo ta m ente risível na sensa ç ã o q ue lhe p ro vo c a va , ta nto se tinha a nim a d o ou nã o . Beija va -a a g ressiva m ente , sua b o c a q uente e a c hic o ta d a d e sua líng ua to c a nd o seus lá b io s, a m b o s p ersua d ind o e exig ind o tud o , c o m o se ele so ub esse a lg o d ela q ue nunc a tinha d esc o b erto . Era vertig em e q ue b ra s d e o nd a d e c a lo r e o s p ulso s p a lp ita ntes d o sa ng ue. Os p e ito s form ig a va m a té q ue se rub o rizo u. Se ntiu um a onda d e a d rena lina e d e p o is um a esteira d e d esejo sensua l q ue nunc a tinha a c red ita d o q ue existisse . Rela xo u o s lá b io s c o ntra o s se us c om o c o ra ç ã o p a lp ita nd o c o m o um p á ssa ro selva g e m apanhado em uma armadilha inesperada. Ja c o b sentiu intensa m ente o inerente c onvite. Tinha esta d o esp era nd o -o . Ac e ito u-o um roçar inva sor d e sua líng ua , entra nd o p ro fund a m ente a lém d e seus lá b io s, p ro c ura nd o a m o m entâ nea ne g a ç ã o q ue ela esc o nd ia tim id a m ente. Era o únic o q ue tinha na c a b eç a , fa ze r contato, saboreá-la de uma forma específica, provar seu sabor em dimensões o suficientemente ric a s p a ra vo lta r lo uc o um sa nto . To d os o utro s p ensa m ento s esta va m enfo c a d o s no p o rto d e um 31
beijo quente e doce. Não havia nada mais. Isa b ella era c o nsc iente d a o nd a d e c a lo r q ue esta la va na p ro fund id a d e d e seu c o rp o , sa lp ic a nd o e g o teja nd o em c a d a veia e c a d a poro. A sensa ç ã o era extra o rd iná ria . Até q ue nã o tinha sentid o p o r si m esm a nã o se d eu c o nta d e seu efe ito so b re e le. Ag o ra a c a lid e z d esliza va c o m o fo g o líq uid o p o r sua p ele e p erg unta va se ele sentiria o m esm o . Sua líng ua tocou a dele como se tivesse vontade própria. Tornou-se mais valente e inegavelmente curiosa. A b o c a d e le fez estra g o s na d ela c o m um d esesp ero e um a nec essid a d e p rim itiva q ue ela nã o esp era va p o d er entend er e m sua ing enuid a d e. Era c o m o se fo sse à últim a m ulher no mundo , a únic a m ulher q ue valia a p ena b e ija r. Sentiu o b rum o so c a lo r d o fô leg o d e Ja c o b q ua nd o se p rec ip ito u so b re seu ro sto e sua b o c a . Seus d e d o s a c a ric ia ra m a p ronunc ia d a c urva da parte baixa de sua coluna. Ja c o b so lto u um g runhid o b a ixo q ua nd o sua b o c a lhe d eu a s b oas-vindas. Sentia d oc e , inc rivelm ente d oc e , c o m o a d elic a d a doçura d e um c a ra m elo p ro ib id o . A temp era tura d e sua p ele esta va sub ind o potenc ia lmente , e m na d a p a rec id a c o m a p ele fresc a d e um a fêm e a Demônio e p o d ia sentir c a d a g ra u c o m o um to q ue zo m b a d o r. Inc lusive sua p ele , na tura lm ente fresc a , e ra a rro ja d a a extrem o s d e c a lo r na d a no rm a is e m sua esp é c ie. Um a c a c o fo nia d e d esejo s lhe inva d ia , ta nto s q ue lhe nub la va a c a b e ç a . O instinto to m o u a s réd ea s q ua nd o sua s m ã o s ro ç a ra m a s c urva s d a q ue la p ele inc rivelm ente q uente , d o o m b ro a té a c urva d e sua cintura e mais abaixo sobre a redondez de seu tentador traseiro. Ela era exc essiva m e nte sua ve , a d e q ua nd o -se a se u ta to c o m d elic io sa p erfeiç ã o . Seus d ed o s flexio na d o s firm e m ente em seu bumbum, puxando ela p o nd o -a na s p onta s d o s p és e aprofundando na curva de seu corpo. Ele lib ero u sua b o c a d e re p ente, sua resp ira ç ã o se tornou tã o d ura q ue estrem ec ia m a o ritmo d ela q ua nd o se enred a ra m junto s. Seus o lho s p ro c ura ra m se m d esc a nso seu rosto , estudando-a c o m o se fosse a lg um a c la sse d e c o m p le xo q ue b ra -c a b e ç a s. Isa b ella p o uc o p od ia fazer mais q ue a ferra r-se a ele , a p a nha d a c o m o esta va e m se u exig ente e d o m ina nte c o rp o . Ela o b servo u c o m o a s ja nela s d e seu na riz se a la rg a va m enq ua nto to m a va um p ro fund o fô leg o , como se e stivesse a b so rvend o sua fra g râ nc ia a p e sa r d e nã o usa r p erfum e . Entã o ele se inc lino u e incitou seu p esc o ç o nu, ina la nd o c o ntra sua p ele . Tratava-se d e um a to erótic o e Isa b ella sentiu seu ventre c o ntra ir-se em resp o sta . Sua líng ua a c a ric io u o p ulso , seus d entes ra sp a nd o a sensível zona, fazendo-a tremer ante a estimulação. Ja c o b sentiu c o mo seu c o rp o trem ia e um p ro fund o so m d e a p rec ia ç ã o sa iu d e sua g a rg a nta enq ua nto p ro c ura va sua b o c a um a vez m a is, m a rc a nd o -a c o m seu sa b o r, d eixa nd o sua p ró p ria e ssênc ia em seu fra g ra nte c o rp o . Ela fez um p e q ueno , sua ve e sexy ruíd o q ue queimou seus sentidos super estimulados. Seus corpos d erretid o s se sa c ud ira m q ua nd o o b ra ç o d ele p a sso u va rrend o a p a rte sup erio r d a m esa d etrá s d e Isa b ella , envia nd o um a c a sc a ta d e bibelôs e sp a rra m a nd o -se p elo c hã o . Ela se leva nto u e seu tra seiro c onta to u c o m a m a d e ira d a m esa so b a d ireç ã o d e sua s urg entes m ã o s, senta nd o -se na p o siç ã o na tura l enq ua nto a c a ric ia va sua s c o xa s. Seus joelho s a b ra ç a ra m seus q ua d ris, seus to rno zelo s se eng a nc ha ra m a o red o r d e sua s p erna s c o m o se tivesse fe ito c entena s d e vezes a ntes. Nã o d eu im p o rtâ nc ia a o p ensa mento d e q ue nã o tinha feito . Sentia o g o lp e ensurd ec ed o r d o c o ra ç ã o c o ntra seu p eito , a vib ra ç ã o q ue p a lp ita va diretamente a tra vés d e to d o seu c o rp o . As p a lm a s d e Ja c o b em b a la ra m sua c a b e ç a , seus d ed o s enred a nd o-se no s fino s fio s d e sua jub a . Esta era p esa d a e flexível sed a , c heia d a 32
fragrância de um xampu floral. O calor que corria pela pele era divino. Ele a tua va p ura m ente p o r im p ulso , c a d a selva g em giro de sua boca contra a sua era um reflexo dessa despreocupada necessidade de satisfação. As mãos de Jacob caíram, seus dedos la rg o s e a nsio so s envo lvera m a o red o r d e seus q ua d ris e a a rra sta ra m p a ra d ia nte a borda d a m esa , sustenta nd o -a justo a li e nq ua nto ele se a fund a va na uniã o d e sua s c o xa s. Ela o feg o u a nte a fo rç a c o m a q ue ele d irig ia seu flexível c o rp o , e entã o g em eu so b seus exig e ntes lá b io s q ua nd o se d eu c o nta q ue p o d ia sentir seu im p ressio na nte d e sp e rta r c o ntra o c entro d e si m esm a . Se u c o rp o esta va d uro , q uente , a s sensa ç õ es se filtra va m a tra vés d a b a rreira d a ro up a sentindo-as m uito fund o . Ela fe z um a b a nd o na d o so m d e p ra zer, serp entea nd o p a ra seu a g ressivo m a rc o instintiva m ente. Deslizo u a s m ã o s d e sc end o p o r sua s c osta s, so b re seu p eito e sobre suas tensas nádegas, onde podia sentir cada músculo esticando-se para ela. Ja c o b g e meu c o m c o m p leta sa tisfa ç ã o a nte sua im p a c iente resp o sta . Fez um selva g e m uso d e sua b o c a , b e ija nd o -a a té m a c huc á -la , o feg a nd o p o r a r e virtua lm ente c a nta nd o um so m d e estím ulo q ue a rra nho u so b re seus já sup er estim ula d o s sentid o s. Se u p erfum e na tura l o b o m b a rd eo u, seu d e sp e rta r sexua l, e seu sa ng ue enq ua nto se reunia e esq uenta va sua s zo na s erógenas. A mescla era embriagadora, e sentia como se estivesse nadando nela. Isa b ella esta va se a fo g a nd o e m sua fero z p a ixã o , hip no tiza d a p ela ro c ha d e seu c o rp o , q ua nd o ele utiliza va sua b o c a c o m tra vessa ha b ilid a d e. Moveu-se c o ntra ela c o mo se nec essita sse urg entemente a c a ric iá -la to d a im ed ia ta m ente. Entã o sentiu os d ed o s e m p urra ndo fa m into s so b a c a m isa q ue usa va , vo lta nd o a q ue im a r so b re seus q ua d ris e ventre a té q ue ele to m o u seus seio s e m suas im p a c iente p a lm a s. Seu ta to era d o lo ro sa m ente há b il, um a c onfia nte m a nip ula ç ã o q ue m old a va seu flexível p e so enq ua nto esfreg a va sua p alm a c o ntra ela . Entã o c o nd uziu um já ha ste a d o m a m ilo entre seu p o le g a r e indicador e o reto rc eu ha b ilmente d entro do sutiens. Isa b ella o feg ou, seu to rso inc lina nd o -se p a ra ele. Gem eu q ua nd o ele jog o u c o m o p e ito o p o sto d e uma m a ne ira sim ila r, d erre tend o o líq uid o q ue descia d o c entro d e seu c o rp o até estar empapada por ele. Fo i c o nsc iente d e sua essência p esso a l, a lm isc a ra d a e esc ura m ente esp ec ia d a , e a rra nc o u sua b o c a d e m o d o q ue p ud esse enterra r o ro sto e m seu p esc o ç o e lhe a rra sta r profundamente a seus p ulm õ es, justo c o m o ele tinha feito c o m e la . Sua líng ua la m b ia a o long o d e seu p ulso na c a ró tid a e ele sussurro u um a rá p id a e estra nha fra se a tra vés d o s d entes enquanto estremecia em resposta. —Diga-me!- exig iu ela d esp reo c up a d a . Afastou-se d ele rep entina m ente, d eixa nd o q ue a lc a nç a sse a p a rte d ia nteira d e sua b lusa e a ra sg a sse a b rind o -a , sem p a ra r p a ra p ensa r e m q uã o inse nsível era esse g esto . Ba ixo u o o lha r, cativada p elo c o ntra ste d e sua pele escura c o ntra seus p á lid o s p eito s enq ua nto ele a so va va . Co lo c o u sua p a lm a so b re o d o rso d e sua s mãos, impulsionando-o, acendendo-o, apartando seu tato. — Diga me repetiu em voz baixa, com angústia. Os sentid o s d e Ja c o b rug ira m , c a d a nervo em seu c o rp o term ina nd o e m seu c a lo r, e m sua a b a fa d iç a tra nsp ira ç ã o q ue um ed ec ia sua ro up a e sua d elic io sa e fina p ele . Sua s unha s levemente lo ng a s, re flexiva m ente , e ele se ntiu a rre p ia r o p êlo d a p a rte p osterio r d o p e sc oç o . O a nim a l d entro d ele esta va a g o ra tã o p erto d a sup erfíc ie q ue p o d eria o uvi-lo g rita r na s g reta s d e sua mente. Esta mulher, este impossível corpo tentador, todo dele. —Minha —grunhiu ele, baixo e de maneira perigosa. 33
O impulso de transar com ela rodou sobre ele em tórridas ondas. Poderia rasgar o resto da ro up a d e seus c orp o s c o m sua s unhas nua s. Po d eria e nterrar-se p ro fund a m ente em seu interio r um segundo depois. —Sim —o feg o u ela b ra nd a m e nte , c o m o se lesse sua m ente. Sua s m ã o s ra stela ra m seu c a b elo , se us d ed o s c urva nd o -se a té q ue sua s unha s c o rrera m so b re a sensível p a rte d e a trá s d e seu p esc o ç o , tenta nd o -o eroticamente e p o nd o -o inc lusive m a is d uro d o q ue já esta va . Ela a rra sto u a s unha s a tra vés d o tec id o d a c a m isa q ue c o b ria sua s c osta s, ro d e a nd o -a e sub ind o a té seu p e ito , lhe c o nd uzind o simulta ne a m ente p ro fund a m ente a o interio r d a tenra a rm a d ilha de suas fechadas pernas. —Isabella. Seu nom e retum b ou sa ind o d ele , o so m d e sua b ruta l vo z esta va c a rre g a d o d e sentim ento . Sua nec e ssid a d e p rim itiva e ra d o miná -la , p a ra senti-la reto rc er-se d e p ra zer, p a ra fazê-la sua c o m p a nheira . Ele se la nç o u d e no vo e a a fa sto u p o r um c o m p leto seg und o , agarrando-a fo rtem e nte pelo s o m b ro s, e em um a ta q ue d e vertig em e d e rud e m a nip ula ç ã o , foi lançada ao chão sobre suas mãos e joelhos. Esteve imediatamente a trás dela, seu musculoso b ra ç o um a b a nd a d e a ç o c ruza nd o se u a b d ô m e n d e q ua dril a q ua d ril, sua o utra m ã o agarrando-a a tra vés d o c a b elo a té ter a firm e sujeiç ã o d a p a rte p o sterio r d e seu p esc o ç o. Voltou a puxar ela c o m fo rç a c o ntra ele, se u tra seiro e nc a ixa d o p ro fund a m ente no o c o d e seus quadris enquanto suas coxas a separavam. Isa b ella c ho ra m ing o u, um o feg o d e a tô nito a sso m b ro e c o nhec im ento c a rna l. Alg o em sua m ente tenta va lhe d izer q ue d everia esta r a ssusta d a , m a s nã o esta va . Justa m ente o c o ntrá rio . Seu c o rp o esta va im p a c iente , úm id o e lhe d a va a b oa-vind a , e se tornava m a is urg ente c o m c a d a e ró tic o esfre g ã o d e se u o c o c o ntra ela . Nã o sa b ia q ue p o d ia c heira r ele , q ue a um e nta va sua em b ria g a d ora essênc ia e q ue p unha ela e m um a esc a la perigosa. Tud o o que sabia era que, pela primeira vez, queria saber como seria ser tomada por um homem. Então foi quando explodiu a casa. Isa b ella fo i em p urra d a a o c hã o p ela fo rç a d isso . Violenta s ra ja d a s d e vento a rra nha ra m rep entina m ente seu c o rp o , leva nta nd o -a e la nç a nd o -a a tra vés d o a r ig ua l a um a leviana b o nec a e m b o ra um p a r d e m ã o s tentasse sustentá-la , o insistente a p ertã o m a c huc a va sua c a rne q ua nd o ela g iro u nessa sujeiç ã o . Isa b ella a terrisso u c o m um g runhid o so b re o sua ve móvel. Sentou-se e sa c ud iu a c a b e ç a a fa sta nd o o s revo lto s fio s d e seu c a b elo , a ne b lina d a p a ixã o , e sua d esorie nta ç ã o . Sua visã o clareou b e m a tem p o d e ver Ja c o b c ruza nd o o q ua rto , im p a c ta nd o c o m fo rç a c o ntra a p a re d e , c o nd uzid o p a ra o g esso p ela fo rç a im p etuo sa d o s ventos. Rec e b end o o lo iro estra nho instintiva m ente c o mo um a a m e a ç a e o uvind o rug ir Ja c o b p elo ultra je , Isa b ella se leva nto u d o so fá e se la nç o u c o ntra o intruso . Infelizm ente , ele esta va c o nstruíd o c o m o um a fo rta leza d e tijolo s, e se sentiu c o m o um a inefic a z b o linha d e p ó c o ntra ele. Ele vo ltou à c a b e ç a , um p reg uiç o so e d esp reo c up a d o m o vim ento e inc lino u um a arque a d a so b ra nc elha d o ura d a a nte ela e m surp resa e… d iversã o ? Ele o nd eo u um a m ã o em sua direção e a varreu de novo em um redemoinho de vento que lhe roubou a respiração. Um segundo mais tarde sentia que todo seu peso desaparecia, seu corpo convertendo-se em c o nsistente p ó , fa zend o c o m q ue o s c o nfina d o s vento s p a ssa sse m a tra vés d ela . Ob servo u a terra d a c o mo a s ruína s a passavam ta m b ém e m sua esteira a tra vessa nd o -a . Isa b ella o uviu o 34
recém-chegado xingar a sp e ra m ente e so ub e p or instinto q ue o visita nte d e c a b elo lo iro ia fa ze r algo para ferir Jacob quando centrou toda sua atenção sobre ele. Ela sentiu um a fo rç a d e p o d er emanando d o g ig a nte e p ô d e ver o s red e m o inhos d a s c o rrentes d e a r enq ua nto g o lp ea va m Ja c o b c o m o um a ra ja d a nuc le a r. Ao m esm o tem p o o la d o d a c a sa se vo la tilizo u e e nvio u Ja c o b vo a nd o fora , Isa b ella se fez só lid a o utra vez. Sua aterrissagem sobre seus pés foi precipitada e torpe. Po r a g o ra , esta va tra b a lha nd o p ura mente p o r instinto . Ja c o b tinha sa lva d o sua vid a e esta va e m terrível p erig o ; tinha q ue fa zer a lg o . Antes q ue p ud esse p a ssa r o utro milissegundo, ela se elevo u um a vez m a is a tra vés d o a r. Co m o se Bruc e Lê a tivesse inva d id o re p entina m ente , Isa b ella se enc o ntro u q ua se c huta nd o a c a b e ç a d o hom e m fo ra d e se u c o rp o . Ela g iro u e g o lp eo u no va m ente , seu surp reso g runhid o a sa tisfez enq ua nto b a la nç a va sua p erna e o rodeava com bastante força para forçar o calcanhar em seu românico nariz. O intruso voou para trás pelo impacto, aterrissando com dureza sobre seu traseiro com um p etrific a d o o feg o . Antes q ue tivesse o c a siã o d e re a g rup a r-se , ela esta va so b re ele , mo nta nd o seu im enso p e ito esc a rra nc ha d o e a g a rra nd o o q ue estivesse m a is p ró xim o e p esa d o para lhe a m e a ç a r c o m ele. Resultou ser um a p esa d a p la nta , d e a lg um a c la sse . Nã o era um a b a rra d e ferro , m a s esta va seg ura d e q ue m a c huc a ria . Ela o m a nteve so b re sua c a b e ç a c o m a confiança do fato que irradiava por cada um de seus poros. —Nã o , esp era ! —Ele elevo u sua s m ã o s e m um g esto p ro teto r, e a p esa r d e si m e sm a , Isabella vacilou. — Estava-te protegendo! —E uma merda! —pigarreou, apontando o vaso de barro com uma só intenção. —Juro! Me escute, por favor. Ele teria ferido! Não entende, mulher estúpida? —Tsk… nã o é intelig ente insulta r um a m ulher c o m um a a rm a na m ã o —o a m e a ç o u, balançando o vaso de barro em suas mãos até que as folhas a planta se sacudiram. —Que infernos faz aqui? Isa b ella e o estra nho o lha ra m o um a o o utro , a m b o s d e m o ra ra m um mo m ento para d a rse c o nta d e q ue nenhum d eles tinha fa la d o , inc lusive em b o ra essa tivesse sid o a fra se na p o nta d e c a d a um a d e sua s líng ua s. Vo lta ra m à c a b eç a em unísso no p a ra ver o utro estra nho , este c o m esc uro c a b elo a verm elha d o e um a im p eriosa a ura , d e a lg um jeito , a Isa b ella rec o rd a va Jacob. Este novo estranho emprestava a energia e autoridade na soleira do lar de Jacob. —Noah! —disse o primeiro estranho, em uma mescla entre admiração e vergonha em sua voz. — Tire este furacão de cima de mim. —Te aproxime um passo e afundarei seu minúsculo cérebro — advertiu Isabella. No a h nã o se m o veu, ne m se q uer p a rec ia p reo c up a d o . Em vez d isso , o b se rvo u-os d e o nd e esta va , a p o nto d e explodir e m g a rg a lha d a s. Isa b ella era c o nsc iente d e seus olho s via ja nd o sem p ressa so b re ela , e entã o fo i q ua nd o se d eu c o nta d o e no rm e ra sg o d e sua camisa, expondo bastante de seus seios. 35
Co m um g rito , Isa b ella d e ixo u c a ir sua c a rg a e a g a rro u sua c a m isa , fe c ha nd o-a. Infelizm ente , e sq uec eu-se d e q ue tinha esta d o sustenta nd o o va so d e b a rro so b re a lo ira c a b e ç a . C o m um g rito d e esp a nto , a p a rto u a um la d o a c a b e ç a , evita nd o a p a rte m a is d ura q ue teria sid o a a rm a , m a s a c a b a nd o c o m o ro sto c heio d o s resto s d a p la nta q ua nd o c a iu o vaso de barro e se rompeu derramando seu conteúdo por toda parte. Isa b ella se ho rro rizo u q ua nd o o ho m e m c usp iu um a s p a la vra s q ue so a va m susp e ita m ente iguais a a m a ld iç o a r em um estra nho id io m a . Separou-se d e seu p eito , sem q uerer esta r a se u a lc a nc e q ua nd o re c up era sse a vista . O g ig a nte lo iro se sentou e sa c ud iu a c a b e ç a . Isa b ella retrocedeu afastando-se d o s d o is estra ng e iro s, seus olho s c uid a d o sa m ente p eg o s a eles, sua s mãos ainda agarrando sua camisa. No a h o b se rvou a fê m ea c o m o c a b elo d e c o r é b a no o b serva nd o a o red o r d ela c o m o o lho d e um p erito c a ç a d o r. O Rei esta va c he io d e p erg unta s, m a s nã o a c red ita va q ue fo sse obter muita satisfação dela. Ele se voltou para outro homem na habitação. —Elijah, Poderia me dizer que está acontecendo? O eno rm e ho m e m fic o u em p é , sa c ud ind o o p ó e sujeira d e seu c a b elo c o m um so m d e contrariedade enquanto voltava com uma tosca expressão a seu rei. —Pa ssa va p erto e no tei um a enorm e m ud a nç a na a tm o sfera . Era tã o forte q ue m e a rra nc o u litera lmente d o c éu. Investig uei e resultou ser um a m ud a nç a na fo rç a g ra vita c io na l. Um efeito sec und á rio d e… b o m … Ja c o b esta va fo ra d e c o ntro le. Ele esta va … Enc o ntre i Jacob… um… — Elijah transladou seu peso incômodo. — Ele estava confraternizando com esta fêmea… ou quase. Detive-o bem a tempo. —Jacob? —o feg o u No a h, seu a sso m b ro era tã o evid ente q ue Isa b ella se se ntiu interiormente insultada. —Ning uém te p ed iu q ue o detivesse —d isse ela c o m a sp ereza , seus o lhos d isparando adagas ao chamado Elijah. — E a você que diabos te importa se Jacob… uh… confraternizava comigo? —Isto requer uma longa explicação. —Tenho tempo. No a h se a d ia nto u, se us olho s fa zend o c o nta to c o m o s d ela , e eleva nd o sua m ã o e m um gracioso floreio de seus dedos. —Parece cansada —remarcou ele. Isa b ela p isc o u, fo i ve nc id a p o r um a ond a d e c a nsa ç o , e b o c ejo u a p esa r d ele. Leva ntou o queixo obstinada enquanto balançava sobre seus pés. Noah foi mais à frente e Elijah bocejou também. Noah manipulou sua energia pessoal ainda mais, sugando a força dela com tal força que Elija h p o d ia sentir o fo rm ig a m e nto q ue a tra vessa va a p ele. Isa b ella d eu um b rusc o p a sso a trá s c o mo se fo sse im p a c ta d a fisic a m ente. Se m p o d er fa zer na d a c o ntra o im p re ssio na nte p o d er d e No a h, d errub o u-se no c hã o , enc o lhend o -se em p o siç ã o feta l e c a ind o im ed ia ta m ente em um 36
esgotado sono. Ja c o b a b riu o s o lho s e insta nta nea m ente se a rrep end eu. Sua c a b e ç a era um g iná sio d e b o xe , na d a nd o em d o r. Co m um g runhid o , o b rig o u-se a fic a r d e b a rrig a p a ra c im a , tenta nd o sacudir a névo a d e sua c a b eç a . Leva nto u o o lha r, enfo c a nd o d ua s m a nc ha s a nte ele , um a mancha parecia escura, a outra era definitivamente mais dourada. Noah e… —Que d ia b o s está fa zend o vo c ê a q ui? —exig iu ele um a vez rec o nhec eu Elija h, c edendo a hostilidade, embora nem pudesse explicá-la. — Sa lva r o teu cu —d isse Elija h sarcasticamente, c o m um a c o m b ina ç ã o d e sa tisfa ç ã o juvenil e puro feroz prazer. —Ao diabo que tem feito! —la d ro u Ja c o b , seu org ulho era a p rim e ira id é ia . Po ssivelm ente estivesse d esc o nc erta d o , m a s sa b ia c uid a r d e si m esm o e nã o nec essita va q ue ning uém o salvasse de nada. —Sinto dizer isto, meu amigo, mas ele está dizendo a verdade. Ja c o b b a la nç o u seu o lha r p a ra o Re i Demônio. Os o lho s verd e m a r e c inza s d e Noa h eram tão sérios como a firme linha cruel de sua boca. —Olhe, Jacob —Noah indicou o sofá perto de seu quadril. Isabella. Bela Isa b ella . Aconchegada ig ua l a um d o c e g a tinho e resp ira nd o tã o p rofund a m e nte q ue fa zia um ruíd o c o m o fund o d a g a rg a nta c o m c a d a exa la ç ã o . Esta va a d o rm ec id a , ig ua l a um etéreo anjo, e… Ferida. Ele fic o u o lha nd o ho rro riza d o a o d a r-se c o nta d e q ue esses ra stro s p ressiona d o s tã o p ro fund a m ente em seu p esc o ç o e g a rg a nta era m d e seus d ed o s, c o m o o s q ue esta va m ta m b ém na c urva d e sua d esc o b erta c o xa . Tud o se p re c ip ito u so b re ele , a s im p lic a ç õ e s g o lp e a ra m ig ua l a um m urro no estô m a g o , lhe ro ub a nd o a resp ira ç ã o enq ua nto seu ro sto a rd ia de horrorizada vergonha. —OH, nã o —p ig a rre o u, sua c o nsterna ç ã o e d eva sta ç ã o im p reg na nd o -se nessa s d ua s simples palavras. —Calma, Jacob —disse Noah rapidamente. — Elijah chegou a tempo para evitar que o dano fosse mais longe. Ap ena s, re c o rd o u Ja c o b . Re c o rd a va a luxúria , a a tra ç ã o p ela Isa b ella q ue o tinha m a flig id o . Rec o rd a va q uã o p erto tinha esta d o d e tom á -la, transando c o m ela e a merda a s c o nse q üênc ia s. De fa to , a s c o nse q üênc ia s nunc a a ntes ha via m esta d o e m sua mente. Inc lusive agora , e m b ora estivesse c heio d e d esesp ero p o r sua fa lta d e c o ntro le , nã o p o d ia sa c ud ir a urg ênc ia q ue tinha d e esta r m a is p erto d ela , p a ra toc á -la , d e a rra sta r e sse d elic a d o c o rp o amontoando-o contra o seu e prová-la outra vez. Isto o sobressaltava com força, arraigando em sua trip a e virilha , e o enc hia d a terrível c o nvic ç ã o d e q ue nunc a p o d eria tira r essa ne c essid a d e 37
da alma. Nunca. —Nunc a fo i m inha intenç ã o m a c huc á -la —d isse Ja c o b b ra nd a m ente. A iro nia d e p ro nunc ia r a s p a la vra s exa ta s q ue Ka ne tinha utiliza d o o estrip a ra m c o m ra iva , um a fúria c ontra si mesm o e frustra ç ã o p o r a q ueles q ue resp eita va a lta m ente , send o testem unha s d e sua humilhação. —Sabemos —disse Noah eventualmente, esperando lhe dar algum tipo de consolo. — O que não sabemos é como ela chegou a sua casa —Noah se inclinou para frente. — O q ue no m und o te há possuído p a ra tra zer ta l tenta ç ã o c o m o esta a se u territó rio ? — exigiu o Rei Demônio a seu campeão. — Vo c ê nã o é infa lível, Ja c o b , inc lusive se fo r o Exe c uto r. É um Demônio. Vo c ê ta m b é m pode cair na loucura da Lua Sagrada. —Sei! —Então por que —exigiu Elijah—, por que a trouxe para seu lar? —Porq ue e la … p o rq ue eu p re c isa va m e c e rtific a r d e a lg o so b re ela . Nã o é um a fê m e a humana comum. —O q ue me está d izend o —d isse Elija h sec a m ente , toc a nd o -se c uid a d o sa m ente a machucado nariz. —O que te faz pensar que não é normal? —perguntou Noah. Jacob tomou ar antes de deixar cair à bomba. —Ela matou Saul. Os d o is Demônios a sp ira ra m a r c om o se re p entina m e nte fic a sse m se m fô leg o . Ja c o b se p ô s instintiva m ente e m p é e sento u no b ra ç o d o so fá a o la d o d a c a b e ç a d e Isa b ella , c ruza nd o um braço sobre o respaldo do sofá em um gesto claramente protetor. —Isso é impossível —disse Noah brandamente. —Vi c o m m eus p ró p rio s o lho s. Saul tinha se tra nsfo rm a d o to ta lm ente. Ca lc ulei m a l se u p o d er… sua fo rç a . Tinha p a ssa d o m uito tem p o d a últim a vez q ue lutei c o m um Demônio alterado. Feriu-me gravemente, mas ela o deteve. —Esta pequena criatura humana matou a um dos nossos? Um dos Transformados? —Elijah soprou com incredulidade. — Deve ter estado inconsciente. Incapacitado. —A m e sm a p e q uena c ria tura te rom p eu o na riz nã o fa z ne m vinte m inuto s, Elija h —lhe recordou Noah com secura.— Estava inconsciente ou incapacitado? O re i fra nziu o c enho , a s linha s d e p reo c up a ç ã o g ra va d a s a á g ua fo rte p ro fund a m e nte em sua ampla frente. —Nunca ouvi falar de tal coisa —os informou Noah. 38
— Tinha ra zã o e m d etê-la , m a s está m a l q ue nã o no s tivesse fe ito participantes d isto a ntes. Nã o entend o p o r q ue p od e p ô r a s vidas d e a m b o s e m p erig o , Ja c o b . Evita rá ela , q ue possivelmente nos matem? E então a maneira como Elijah te encontrou com ela… —Nã o p o sso exp lic á -lo. Na d a d isso . Eu só … eu só sei q ue ela nã o era um p erig o p a ra m im . Inc lusive a p esa r d e sa b er que ela m e a feto u, a ind a nã o a olho c o m o um a a m ea ç a p a ra m im o u eu nã o m e vejo m esm o c o m o um a a m e a ç a p a ra ela . Nã o p o sso exp lic a r, No a h. Fui o Exec uto r p o r q ua tro c ento s a no s. Nunc a e m tod o esse tem p o m e p erd i. Nunc a um a só vez tive o m a is leve d esejo d e fa zê-lo . Ma s, c o m ela , nã o há c o nsc ientiza ção e m m im . Já nã o há m a is sentid o d e m inha c ultura . Ela … — Ja c o b se d eteve b revem ente p a ra a p a rta r um a m e c ha d e cabelo de sua bochecha. — Sinto c o m o q ue nã o há na d a d e erra d o no q ue fiz. Tud o em q ue c heg uei a a c red ita r no transcurso de minha vida me diz que isto é totalmente incorreto, mas não sinto assim. —É a loucura que está falando - bufou Elijah com repugnância. — Foi igual a um animal quando cheguei, Jacob. Tê-la-ia feito em pedaços. —Não! —particularizou com fúria Jacob enquanto grunhia a Elijah. — O im p ulso d e transar c o m ela nã o era c o m p leta m ente o d e um a b esta q ue usa ria q ua lq uer fêm e a se m d isc rim ina ç õ es. Isto fo i d iferente. Eu… —e le se p erd eu, a fa sta nd o o o lha r das atônitas expressões dos outros dois varões. — Era p rim itivo , sim , m a s nã o era só um luxurio so instinto . Isto era m a is… p ro fund o … a lg o que não podia resistir. Não, nem sequer eu. No a h p erm a ne c eu em p é , sentind o q ue era um a b o a id éia nã o esta r se nta d o tã o p erto d essa m ulher; q ue tinha p ro vo c a d o a rup tura d o c o ntro le d e Ja c ob p o r nã o d efo rm a r-se e não quebrar-se. O c ó d ig o m o ra l d e Ja c o b e ra o q ue o fa zia m elho r Exec uto r q ue jamais tivessem tid o . Era o q ue o p ro teg ia . Se tivesse suc um b id o a louc ura , ha veria a lg o m a is q ue teria encontrado em seus olhos. Quem era esta m ulher q ue p o d eria m a ta r um Demônio, q ue tinha derrubado Elija h, o c a p itã o d a s fo rç a s d a luta d e No a h? Sed uzind o Ja c o b , o im p la c á vel Exec uto r? E d e q ue maneira re sistiu à d re na g em d e energ ia ? Sim , p enso u Noa h, a li ha via d efinitiva m ente m a is p o r descobrir. Só podia esperar que aquilo não fossem as más notícias que pensava que eram.
CAPÍTULO 3 Isa b ella a b riu o s o lho s, p isc a nd o ra p id a m ente p a ra c la re a r a mente e c o nseg uir c entra rse. Sentou-se d e re p ente , o rá p id o m o vimento fic o u d esm entid o p ela sensa ç ã o d e q ue seu c o rp o esta va imerso em á g ua p esa d a . Gem eu, sua c a b e ç a p a lp ita va , c o m um im p ulso q ua se irresistível de retroceder no canapé e dormir. Entã o rec o rd o u. Tud o . Co m um p â nic o rep entino , olho u a o red o r p a ra ver Ja c o b , a terro riza d a p o rq ue tinha lhe fa lha d o e tinha p erm itid o q ue o s d o is intruso s lhe fizessem mal. Divisou-lhe a o lo ng e d e um eno rme salão d e p ed ra , sua fig ura alta e sta va e m p é a o la d o d e 39
um a c ha m iné q ue p ro jeta va um a m iría d e d e luzes d oura d a s e so m b ra s esc ura s. Susp iro u, aliviada porque parecia tão são como sempre. Ja c o b sentiu q ue a lg o d esliza va c a lid a m ente sub ind o p o r sua nuc a e d entro d e sua m ente. A sensa ç ã o d e a lívio fo i tã o fo rte q ue p o d eria ha vê-lo c o nfund id o fa c ilm ente c o m seu p ró p rio , exc eto q ue ha via a lg o m a is sua ve neste d o q ue ele era c a p a z. Giro u a c a b eç a e a viu sentar-se, olhando- lhe. Esta va m e no s surpreso esta vez d e q ue ela se lib e rasse d e o utra tenta tiva d e p ô -la a d o rm ir, m a s isto a ind a o a feta va , so b re tud o sa b end o q ue No a h tinha e sta d o por trás d este últim o esfo rç o . Ja c o b c o lo c o u a s m ã o s no s b o lso s, a s fec ha nd o c o m fo rç a . E c o m eç o u a a nd a r p a ra ela , sa b end o q ue tinha q ue c o nfro ntá -la ha vend o -a ferid o , o a rre p end im ento se a rrastava p o r seu c o ra ç ã o c o m um d uro p esa r. Entreta nto seus p a sso s nunc a va c ila ra m . Esta va enverg o nha d o , m a s era b a sta nte fo rte p a ra rec onhe c er q ua nd o se eq uivo c o u e c o nfro nta r a s conseqüências. Isa b ella o o b se rvo u a p ro xim a r-se , sua p o d ero sa g ra ç a felina em a na va d eterm ina ç ã o . Sentiu como seu coração dava um tombo, recordando como a havia tocado, o domínio de seu a b ra ç o e a e m b ria g a d o ra sensua lid a d e d e seus b eijo s. Re c o rd o u q uã o terrivelm ente fá c il tinha sid o p a ra ele p o ssuir seu c o rp o esc ra vo , c o m o ha via sentid o sua s m a sc ulina s m ã o s p erc o rre r a s curvas de sua figura, e a habilidade dos dedos elegantes que tinham feito um mapa dela. Ja c o b fic o u p a ra d o a m eia sala d e d istâ nc ia , m a s inexp lic a velm ente ro d ea d o p elo s p ensa m ento s d ela enq ua nto esta re c o rd a va o q ue tinha lhe fe ito . Sua vívid a m e m ó ria la nç a va imagem a trás de imagem a ele, trazendo to d a a sensa ç ã o e a ro m a , um a lem b ra nç a tã o re a l q ue era c o m o se ele a p o ssuísse nesse me sm o insta nte. Seu c o rp o inteiro e strem ec eu c o m fo rç a em resp o sta , seu p ulso p a lp ito u em sua g a rg a nta enq ua nto ela rec o rd a va a q uele p rim itivo , excitante tato dele. Ja c o b nã o era um telep a ta o u um e m p á tic o , a ssim o q ue esta va a b so rvend o seus p ensa m ento s lhe c o nfund ia . O q ue era m a is, sentiu q ue ela esta va ig ua lm ente p erto d e sua m ente , fa zend o d isto um p ro fund o interc â m b io íntim o . Deveria ter esta d o d esc o nc erta d o a nte essa idéia, mas em lugar disso, algo mais tinha captado sua atenção. Ele nã o d e sc o b riu nenhum m ed o em sua s lem b ra nç a s. Inc lusive q ua nd o ela se p erg untou so b re seu p ró p rio a b a nd o no , p ensa nd o e m q uã o a típ ic o tinha sid o , nã o ha via inq uie ta ç ã o o u p esa r. De fa to , a la rm a ntem ente, esta va -o a c e ita nd o . Em re a lid a d e , tinha c urio sid a d e , intrig a e entretid o s p ensa m ento s d e c o m o seria ser to c a d a p o r ele o utra vez, b e ija r e p rova r sua b o c a . Ja c o b e strem ec eu c o m seu ser completamente sinto niza d o na q uele c anto d e sereia d e seus pensamentos e seu corpo. —Jacob. Seu no m e fo i usa d o c o m o um a a d vertênc ia , e isto o afastou d o enc a nta m ento q ue tinha Isa b ella so b re ele , vo lta nd o sua a tenç ã o para o s três q ue tinha m entra d o no q ua rto . Isa b ella também olhou, reconhecendo os dois varões como os invasores da casa de Jacob. Cambaleou so b re seus p és, a rre p ia nd o -se d efensiva m ente enq ua nto se d eslo c a va p a ra c o lo c a r-se entre eles e Jacob. O no vo d esc o nhec id o era um a m ulher. Isa b ella fo i p o sitiva m ente c o nsc iente d e q ue nunc a tinha visto ning uém tã o fo rm o sa e m to d a sua vid a . Ela era b a sta nte a lta c o m p erna s m a lva d a m ente long a s e tinha o c a b elo c o r d e c a fé q ue d esc ia c a c he a d o em um a fo rm o sa 40
c a sc a ta tã o long a c o m o to d o seu c o rp o . O vestid o , sem elha nte a um a to g a b ra nc a , q ue tinha p o sto era lig eiro e va p o ro so , exc eto o nd e esta va preso a justa d o p o r d e b a ixo e entre seus p e ito s em um p a trã o entrec ruza d o c o m b a nd a s g ro ssa s d e intrinc a d o b ro c a d o . Este fa vo rec ia sua impecável c útis b ro nzea d a e re a lç a va a c o r verd e c inzenta d e seus o lho s. Mantinha-se em um p o rte sere no q ue rec o rd o u a Isa b ella o p orte d e um a d eusa , m a s o so rriso c o m p a ssivo q ue esq uenta va seus ra sg o s refina d o s a fez p a rec er m uito m a is a c essível q ue q ua lq uer d o s hom ens. Destacava-se como um anjo entre diabos sinistros. —Em no m e d e m eu irm ã o e m e u p ró p rio , d o u-te a s b oas-vindas a no ssa c a sa , Isa b ella — disse com sua voz cativante graças a seu acento exótico e sofisticada modulação. —Nã o tenha m ed o , —seg uiu a d eusa, —ning uém a q ui te fa rá m a l o u p erm itirá q ue seja d a nific a d a . Meu nom e é Ma g d eleg na . Meus a m ig o s m e c ha m a m Le g na , e vo c ê ta m b é m pode, se o desejar. —Onde estou? Que é sua gente? —Depois, mais contundentemente, com a voz cheia de advertência, disse— por que atacaram a Jacob? Os o utro s três Demônios o lha ra m c o m interesse c o m o a d im inuta m ulher hum a na dava a p e sa r d e tud o o utro p a sso p ro teto r d e resp a ld o p a ra Ja c o b . A id é ia d e q ue um a c ria tura tã o frágil defendesse o Executor fez que suas bocas se contraíssem com diversão. —Isso nã o fo i ta nto um a ta q ue c o ntra Ja c o b c o m o um a to d e a m p a ro p a ra você. Quando Elijah encontrou contigo, temeu que Jacob sem querer te fizesse mal - explicou Legna. —Bem-disse c o m um bufado Isa b ella , c ra va nd o o s p unho s em se us q ua d ris e d esta c a nd o seu q ueixo irrita d o , - Eu c ha m a ria a isso hip ó tese , ve rd a d e? Ele só esta va ... —deu-se c o nta , exa ta m ente , d e c o m o tinha m sid o c a p tura d o s e im ed ia ta m ente se rub o rizo u a té a ra iz d o cabelo. —Quero d izer... —Go lp eo u o c hã o c o m o p é frustra d a , enq ua nto c o me ç a va m a d eixa r q ue o s so rriso s se estend esse m so b re seus rostos. Inc lusive ouviu a risa d a sufo c a d a d e Ja c o b brandamente detrás dela. —Vá , e o q ue d everia im p o rta r a q ua lq uer d e vocês o q ue está va mo s fa zend o ? —exigiu beligerante. —Realmente importa. E também importará a você uma vez saiba tudo. Isabella foi arrasada imediatamente pelo temor e em seu coração revoou o pânico. Cem c o isa s p re c ip ita ra m -se p o r sua c a b e ç a e nq ua nto tenta va enc a ixa r um a exp lic a ç ã o ló g ic a a sua inquietação. Compreendeu a mais plausível. —Está casado! —declarou girando em volta para encarar Jacob. —Nã o . Nã o esto u casado - resp o nd eu ele , seus olho s esc uro s nã o irra d ia va m hum o r com este ponto. —Isa b ella , nã o achou algo ao m eno s um p o uc o estra nho so b re c o m o , e xa ta mente, fui atacado? O a p o nta m ento a fe z va c ila r. Rec o rd o u o vento , o vó rtic e d e p o d er q ue tinha a rroja d o a ambos ao red o r c o m o se fo sse m fo lha s se c a s em ve z d e seres hum a no s. Rec ord o u o c ha m a d o No a h c a m inha d o a té ela e m um m o m e nto , e no seg uinte d esp erta r a q ui. Rec o rd ou ser 41
agarrada p elo Ja c o b d ep o is d e um a q ue d a d e c inc o p iso s e a luta c o ntra um a c ria tura horrível que ele afirmou tinha sido uma vez um amigo. —De a c o rd o , q ue Demônio está a c ontec end o a q ui? —Exig iu. Re a lm e nte nã o tinha m ed o . Tinha na sc id o c o m um a insa c iá vel nec essid a d e d e info rm a ç ã o q ue a nula va q ua lq uer m ed o q ue p ud esse ter sentid o so b re ver-se a feta d a por esta s p e c ulia rid a d e s. Dava-se c o nta d e q ue tinha esta d o ig no ra nd o c o m p leta m e nte a lg uns a c o ntec im ento s m uito estra nho s e , se tivesse tid o um d esses enorm e s m a ç os d o s d esenho s a nim a d o s entã o , d everia esta r g o lp e a nd o a si mesma na cabeça com este e dizendo: «Obvioooo!» —Prim eiro , d eseja m o s q ue rec o rd e q ue nã o c o rre nenhum p erig o conosco - d isse o q ue chamavam Noah com sua voz fumegante estendendo-se para tranqüilizá-la. —Ouç a , ro m p i o na riz d o Arno ld Sc hw a rzeneg g er d a í, nã o esq ue ç a . Nã o tenho m ed o d e nenhum d e vo c ês. —Disse Isa b ella assinalando a Elija h c o m um a sa c ud id a d e sua c a b e ç a . O rosto d e Elija h se c o lo riu c o m verg o nha . Ela so rriu interio rm ente. Ao m eno s tinha derrubado o lo iro . Alé m d isso , esta va m uito seg ura q ue em b o ra e le mantivesse um a d istâ nc ia , Ja c o b nã o permitiria a nenhum só deles tocá-la. —Isabella —d isse Le g na , a ind a e m to m g entil, a ind a d a nd o c o nfia nç a . —Embora possamos nos parecer muito com você e outros de sua espécie, somos... diferentes. —Espécie? O que são, como, extraterrestres ou algo assim? —Não, somos oriundos da Terra —disse Jacob. Isabella girou a o so m d e sua voz, sentind o , d e rep ente, q ue ind ep end entem ente d o q ue estava a ponto de ouvir, queria ouvir de sua boca. —Então por favor me explique isso Não sou nenhuma idiota e não vou enlouquecer como uma heroína de uma série. Deixa de me mimar e tão somente me dê algumas respostas. —Muito b em . —Ja c o b c a m inho u a p roxim a nd o -se m a is d ela , d eseja va p o d er to c á -la enq ua nto lhe c o nta va o q ue já sa b ia ia ser q ua se im p o ssível p a ra ela entend er, c o m sua s c o nvic ç õ e s hum a na s. O im p ulso o frustrou p orq ue este o sacudiu a p esa r d e q ue conscientemente tratava de controlá-lo. —O fo lc lo re hum a no está c he io d e m ito s e lend a s so b re c ria tura s q ue c a m inha m d e no ite. Vo c ê o s c ha m a mo nstros. Pa ra nó s, sã o só o utra s esp éc ies. Pa ra nó s e xistem , ta l c o m o nó s existim o s, junto à ra ç a hum a na . Os Nig htw a lkers. As Cultura s Esc ura s. Nó s, q ue vivemos m elho r durante os ciclos escuros da Terra. Isa b ella inc lino u a c a b e ç a , a p a rentemente a b so rvend o a q uela p a rte d e c o nhec im ento . Ele p o d ia sentir seus rá p id os p ensa m ento s enq ua nto ela tra ta va d e enc a ixa r junta s a s p e ç a s d e inform a ç ã o , a s d esc a rta nd o , e lo g o c o m eç a nd o d e novo . Era tã o intelig ente, tã o a g ud a q ue lhe maravilhava o funcionamento de sua mente prática. —Entã o , o q ue m e e stá c o nta nd o? Que vocês sã o va m p iro s? —A id é ia c o nferiu to d a sorte d e no va s im p lic a ç õ es a o enc o ntro q ue tinha tid o c o m Ja c o b , fa zend o -a tre m er c o m um a emo ç ã o q ue , envergonhada, rec ha ç o u id entific a r. Isto p o d eria exp lic a r p o r q ue os outros p ensa ra m q ue ela esta va em p erig o com ele. Ap e sa r d e tud o , esta g ente nã o esta va m uito perfeitamente bronzeada para estar evitando o sol? 42
—Não. Não somos desses, embora existam realmente —disse Legna. —Seriamente? Está tirando o sarro! —Soprou Isabella com jocosidade incrédula. —Existe muito mais no universo do que o homem pode saber. —Sim mas monstros chupadores de sangue não mortos? Ja c o b riu entre d entes b ra nd a m e nte , c a m inho u a té ela e elevo u a m ã o p a ra to c a r c o m d ed o s tenro s seu ro sto enq ua nto a s g em a s d estes, d e m a ne ira manifestamente reverente , deslizavam sobre a curva suave de sua bochecha. —Os va m p iro s se o fend eria m a nte essa d esc riç ã o . A p a rte d e a lg um a s ha b ilid a d es e fra q ueza s esp ec ia is, e a ne c e ssid a d e d e sa ng ue , a m a io r p a rte d o s va m p iro s nã o sã o esp ec ia lm ente d ifere ntes d e q ua lq uer o utro q ue p o ssa c o nhe c e r. Po d eria c o nhec er um o u d o is e nem sequer te dar conta. —Certo! E d e p o is m e d irá q ue existe o Co elhinho d a Pá sc o a e o s ho m ens lo b o ! — exclamou Isabella. —Bo m , nã o p o sso g a ra ntir o Co elhinho d a Pá sc o a , m a s o s Lic a ntro p o s d efinitivamente estão fundamentados, embora não sempre se transformam em lobos. Isabella olhou Jacob como se tivessem crescido presas e pelagem nele mesmo. —Então —murmurou aturdida, —se não é nenhuma dessas coisas, o que diz que é? —Dir-lhe-ei isso , Isa b ella — d isse Ja c o b b ra nd a m e nte , seus d ed o s a c a ric ia va m sua b o c hec ha um a vez m a is, a c a lm a nd o seus c risp a d o s nervo s, — m a s re c ord a , só p o rq ue um a p a la vra tem im p lic a ç õ es terríveis e m seus m ito s nã o q uer d izer q ue re a lm ente isto seja d esse modo. —Simplesmente diga - sussurrou ela com seus grandes olhos suplicantes. —Chamam nos Demônios. So m o s um a ra ç a d e e lem enta res, imo rta is e d o ta d os d e p o d eres o rienta d o s p a ra a na tureza . So m o s um a esp é c ie m uito c iviliza d a c o m um c ó d ig o estrito d e ho nra , m o ra lid a d e e c renç a s. De seja m o s c o existir p a c ific a m ente c om sua esp é c ie , p ro teg er a nossos amigos humanos de todos os aspectos mais vis que há em nossa natureza. Por isso Elijah me afastou de você, Bela. Está proibido para um Demônio machucar a um humano e, portanto, é tabu para um Demônio E... o provar e transar com um humano. Sempre foi assim. —Mas... —Isa b ella sa c ud iu a c a b eç a , tra ta nd o d e lim p a r um a c orrente d e im p lic a ç õ e s e confusão. — Era isso a coisa o que estava no armazém? Um de vocês? Um... Demônio? —Sim e nã o . Os Demônios, e m sua maioria, p a re c e m c o m o no s vê a g o ra . Co m p o rta m o no s tã o c iviliza d a m e nte c o m o no s vê c o m p o rta r a g o ra , a exc eç ã o constitui momentos o c a sio na is d e c o m p o rta m ento p rim itivo q ue tra ta m o s d e fisc a liza r c o m m uito c uid a d o . Sa ul, a c ria tura q ue d estruiu, era um d e p ra va d o Demônio c o rro m p id o . Pa ra q ue esta extrem a tra nsfo rm a ç ã o a c o nteç a se nec essita d e um c o njunto m uito esp e c ífic o d e c irc unstâ nc ia s, e isto não tinha acontecido em mais de um século. Até esta noite. —O que é mais — falou Legna, chamando a atenção de Isabella. 43
—Esta noite foi a primeira vez que temos soubemos que um humano tenha sido capaz de matar a um de nossa classe. Tentado, sim. Obtido, nunca. —Também, esta no ite fo i a no ite d a s p rim e ira vezes —a c resc ento u No a h, —é a p rim e ira vez que Jacob, um dos mais controlados e disciplinados de entre nós, perdeu, em toda sua vida, o c o ntro le c o m um a fêm e a hum a na . Vo c ê nã o p o d e entend ê-lo , m a s isto tem um sig nific a d o tremendo para nós. —Me a c re d ite , fo i trem end a m ente sig nific a tivo p a ra m im ta m b é m —d isse ela c o m secura. — Entã o tra ta d e me d izer q ue vocês nã o p o d e m ser a niq uila d o s? É isto o q ue q ueria dizer com o imortal? Porque nesse caso, aquele era um imortal bastante morto nesse armazém. —Pod e m o s ser a niq uila d o s. Um a o o utro , p o r o utro Nig htw a lke r p o d ero so , e… p elo s q ue usam a magia — a corrigiu Noah meticulosamente. —Imortal significa que vivemos muito tempo, muitos de nossos séculos. —Séculos? —Isabella tragou saliva visivelmente. —Quantos séculos? —perguntou a Jacob. —Um pouco mais de seis. —Seisc ento s a no s? —Isa b ella rep rim iu o utra d essa s risadinha s histéric a s q ue era p ro p ensa desde que conheceu Jacob. —Fa la nd o d o ho me m m a is velho . OH, e sp era !, ne m seq uer é um hom e m . —Os o lho s d e Isa b ella se a b rira m d e p a r e m p a r enq ua nto a c o m p ree nsã o d a s im p lic a ç õ es d e ssa circunstância a golpeavam. —O que... ehh... é o que tivesse passado se...? Quero dizer... se... ehh ... já sabe... Desta vez todos na habitação se moveram incômodos. —De fato, realmente não sabemos — disse Noah. — Nunc a a c o ntec eu a ntes. Ao m eno s, nã o c o m o Demônios nã o c o rro m p id o s. Transformados… bom, houve casos trágicos onde mulheres e homens foram encontrados... —Esquartejados —d isse Ja c o b sem ro d eio s. Tinha visto a d ura re a lid a d e d isto . Era m d e p ra va d a s e b ruta is fa ta lid a d es. Fo i o q ue o b rig o u sua vig ilâ nc ia e o levo u a nã o c o m eter enganos. Seus fracassos simplesmente cobravam um pedágio muito caro. —Entretanto —c o ntinuo u Leg na ra p id a m e nte c o m seus o lho s c o m p a ssivo s no ro sto d e Jacob, —sem p re c o nsid era m os q ue ta l e m p a relha m ento seria m uito p a ra q ue um hum a no sobrevivesse, inclusive com um Demônio não corrompido. Isa b ella p o d eria a c red ita r. A a sc end ênc ia p rim itiva d e Ja c o b tinha esta d o lhe c o nsum ind o . Nã o q ueria p ensa r no q ue teria acontecido se Elija h e No a h nã o se revela ssem q ua nd o o fizera m . Esta va c la ro p ela exp re ssã o no ro sto d e Ja c o b q ue tinha um p e nsa m ento similar. —Nunca quis te fazer dano. Deve acreditar Bela — disse quedamente. —Ja c o b está d izend o a verd a d e. Alg o a c o ntec e c o m nossa g ente nesta é p o c a d o a no 44
q ue fa z com q ue no sso im p ulso instintivo d e transar seja muito d ifíc il d e c o ntrola r — explicou Noah. — Vig ia m o -nos a nó s m esm o s estreita m ente , m a s a lg um a s vezes isso a feta a o m elho r d e nós. —Esp era . Esp e ra um m inuto . —Isa b ella leva ntou a s m ã o s lhe d etend o , sa c ud iu a c a b e ç a na medida em que tudo do que estava se inteirando invadia o interior desta. —É um a histó ria m uito im a g ina tiva , m a s c o m o sup õ e q ue vo u a c re d ita r em a lg o d isto ? Quero dizer... parecem tão normais. Asquerosamente arrumados, mas normais. Ja c o b sentiu q ue seus lá b io s se m ovia m nervo sa m e nte. Esta m ulher c o nsta ntem ente o fa zia d eseja r rir a g a rg a lha d a s. Ante ele m esm o , a nte sua ha b itua l so lenid a d e , a c im a d e tud o sentia q ue tinha esta d o to rnando-se exc essiva m ente sério d ura nte m uito tem p o . Pelo c o ntrá rio , estic ou a s m ã o s e a g a rro u sua s p eq uena s m ã o s na s sua s, d esfruta nd o d o m o d o como ela c urvo u a s g e m a s e ntre seus d ed o s, c o nfia nd o nele sem ter e m c o nta tud o o q ue tinha descoberto. —Não tenha medo —murmurou ele. Isa b ella a b riu a b o c a p a ra lhe p erg unta r p o r q ue d everia ter m e d o , m a s um a re p entina sensa ç ã o d e leveza fluiu so b re e la e levou seu fô leg o . Olho u seus o lho s estra nho s enq ua nto seus p és se leva nta va m fa c ilm ente d o c hã o e seu c o rp o seg uiu seu exem p lo q ua nd o ele o s p uxo u p a ra c im a no a r, junto s. La nç o u o s b ra ç o s a o re d o r d e seu p esc o ç o c o m o c o ra ç ã o p a lp ita nte d e inq uieta ç ã o e a d rena lina q ua nd o sub ira m m a is a lto . Ele sentiu q ue o c o rp o inteiro d ela tremia, como os rápidos golpes da cauda de um gato. —O destino me tem feito da Terra, Bela —sussurrou brandamente em seu ouvido. — Posso manipular a gravidade, me comunicar com todas as criaturas, e mover as placas tec tô nic a s um a c o ntra o utra se a ssim esc o lhesse. Po sso c ultiva r um a sem e nte a té sua m a tura ç ã o c o m um p ensa m ento e fa zer q ue m urc he e m o rra c o m o utro . So u c a p a z d e sentir a s fo rç a s vita is d e c a d a c ria tura na sc id a d a Terra . Po sso c a ç a r a lg o q ue tra nsite o s c a m inho s d este m und o c o m to d o s o s sentid os a um enta d o s d o s d e p red a d o res m a is capazes. So u a Na tureza , e ela sou eu. Isa b ella exa lo u um sua ve «OH», vend o c o m o a g o ra sub ia m m a is a lto a fa sta nd o -se d os outros que estavam lhes olhando, até que alcançare m as vigas. Não foi até que olhou tudo que estava a b a ixo , q ue percebeu q ue d evia m esta r e m um c a stelo . Era o únic o lugar em q ue p o d eria m esta r q ue ajustasse c o m a s p a red es, c hã o s, e teto s d a enorm e esta d ia na q ua l se encontravam. De p o is d e um m o m ento , Ja c o b o s b a ixo u d eva g a r d e vo lta a o c hã o d e m á rm o re , sustentando-a protetoramente contra ele quando seus corpos se tornaram pesados de novo. Ela viu a p reo c up a ç ã o e m seus o lho s e o im p ulso d e ser seu p ro teto r. E m a is, inc lusive sentiu. Deu-se conta que estava desenvolvendo uma ligação com as emoções e pensamentos de Jacob. Não sa b ia c o m o esta va a c o ntec end o , m a s c o m o p o d eria p erg unta r se a c a b a va d e vo a r a o red o r do quarto em seus braços? Enquanto provava esta capacidade recém descoberta, sentiu algo dizendo que o desejo d ele p o r ela e sta va sim p lesm e nte c o ntid o e c o ntro la d o , nã o d esa p a rec eu c o m o ela tinha começado a susp eita r. Pela ra zã o q ue fosse isto lhe p ro p o rc io no u um a se nsa ç ã o d e a lívio. 45
Im p rud ente em b o ra pudesse existir, ha via um a p a rte m uito grande d ela q ue nã o q ueria ser só um passageiro impulso primitivo para ele. Deu um passo fora do círculo de seus braços e olhou a Elijah. —O vento? —Perguntou. —O d estino m e esc o lheu p a ra o Vento — d isse ele c o m to m resso na nte enq ua nto m o via majestosamente suas mãos em um gesto teatral, inclusive até piscou um olho. —Atm o sfera s, tem p era tura , a r, sã o m eus p a ra exe rc er m inha a tra ç ã o . —E o fez, va rre nd o um a b risa p elo q ua rto o b a sta nte fo rte p a ra fa zer c o m q ue o vestid o d e Leg na se a g ita sse . De rep ente , sem nem seq uer um b rilho d e luz ou a d vertênc ia , a fo rm a d e Elija h se d issip o u em um na d a , c o nvertend o -se em a r. Sua vo z fo rm o u red em o inho s p o r to d a p a rte a o red o r d ela enq ua nto ele brincalhão lhe leva nta va o c a b elo d o s o m b ro s, estira nd o -o c o mo um a b a nd e ira que revoava por cima de sua cabeça, provocando sua risada. —O c lim a o sc ila a m inha vo nta d e , a s tem p esta d es e p ressõ es sã o m inha s p a ra a s m a nip ula r. Po sso infund ir c o m o xig ênio um lug a r ou tira r c o m p leta m ente. O Vento é o fô leg o d a vida, e ela respira a través de mim. —Elijah — esp eto u Ja c o b c o m um esc uro b rilho d e d esa p ro va ç ã o p o r um a m ud a nç a g ra vita c io na l p erc e p tível q ue p retend ia a um enta r sua a d vertênc ia . Nã o g o sto u q ue Elija h jogasse com ela, e estava deixando muito claro. —O d estino esc o lheu o Fo g o p a ra mim — intro d uziu No a h enq ua nto a esva íd a fo rm a d e Elija h se c o nso lid a va e a b risa se exting uia , chamando a a te nç ã o d e volta a s revela ç õ es. A maneira como eles fa la va m , c o m ta l o rg ulho e reverênc ia , a e nerg ia q ue ha via nisto c o m o ve u Isa b ella . Ela o feg o u q ua nd o o c o rp o p o d ero so d e No a h g iro u neb uloso e lo g o se fo rm o u red e m o inho s e m um a c o luna d e fum a ç a . Ficou nesta fo rm a d ura nte um mo m ento a ntes d e fazer-se sólido uma vez mais. —Sou a la va q ue p a lp ita p ro fund a m ente no c o ra ç ã o d a Te rra , a c o nfla g ra ç ã o q ue q ueim a o velho d e m o d o q ue o no vo p o ssa na sc er em sua esteira . Sou a q uilo q ue fa z e b uliç ã o e ferve e é vo lá til e exp lo sivo . So u o c a lo r d o sol, o m a nip ula d o r d e to d a s a s energ ia s. O fog o se queima em mim e por mim, e e le é tudo o que sou. —O fo g o e o s Demônios d a Terra estã o entre o s m a is e xc e p c iona is d e no ssa ra ç a , o s m a is poderosos de nossa raça. —disse Jacob. –Noah é o Rei. Nosso líder. —Ma s o fo g o nã o p o d e viver se m o a r —c o m ento u Elija h, c o m um im p rud e nte b rilho e m seus olhos verdes. —O ar não pode ser purificado sem a Terra — respondeu Jacob. —Cavalheiros, por favor — falou alto Legna suspirando exasperadamente. — Ab a nd o na m o s Be la e eu a sala p a ra q ue d este m o d o p o ssa m m ed ir um a o o utro no tabuleiro? Isa b ella riu a s la rg a s. Leg na tinha se a trevid o a d izer semelha nte c oisa a estes hom ens d e p o d eres p ro d ig io so s! Entã o lhe o c o rreu q ue o s m a c ho s d a s e sp éc ies p o d eria m nã o ser o s únic o s 46
com capacidades de tal magnitude. —E você o que é Legna? —O Destino me dotou com a Mente — confessou ela sossegada. — So u a ilusã o , a q uilo q ue é c ria d o e re a l só na Mente. Sou a enc a rna ç ã o d a e m p a tia , a ló g ic a e a ra zã o , o im p ulso e o d esejo . Desejo esta r e m a lg um lugar, e a li a p a rec erei. —Ilustrou isto explodind o em um a nuvem d e fum a ç a p esa d a m ente p erfum a d a d e e nxo fre. Um a seg und a explosão a fez a p a re c er a trá s d e um a o fe g a nte Bela . Inc a p a z d e evita r, Isa b ella riu e a p la ud iu ante a façanha. — So u a sed uç ã o , o c a rism a , e o a p a zig ua m ento —term ino u Ma g d eleg na - estes sã o o s poderes verdadeiros da Mente, e ela os compartilha comigo. —Espera um minuto, Fogo, Terra, Vento, e ... Mente? O que aconteceu com a Água? —Nã o e stá nesta sala, m a s c ha m a rei um Demônio d a Ág ua se d eseja r — o ferec eu No a h graciosamente. —De m o d o q ue q uer d izer q ue há c inc o c la sse s d ife rentes d e Demônios? Um p a ra c a d a elemento? Embora o elemento da Mente seja novo para mim. —Na realidade — sorriu Jacob amavelmente—, isto é verdade, as pessoas acreditam que só há quatro elementos. Atualmente temos seis. Terra, Vento, Fogo, Água, Mente, e Corpo. —Atualmente? —A g ente nunc a sa b e o q ue o futuro no s p ro p o rc io na . Rec o rd a q ue o s Demônios só apareceram faz aproximadamente quatrocentos anos. É evolutivo. —Já vejo. —Ela jogou uma olhada a Legna, sua testa franzida refletindo. —Sente curiosidade sobre algo? —incitou-a Legna. —Sim. Sinto muito, mas é que parece como se eles pudessem entrar em uma habitação e carregar tudo, mas o que você tem é mais... benigno? —Os Demônios fê m ea s sã o m uito d ife rentes d e seus hom ó lo g o s m a c ho s. Nossa s c a p a c id a d es tend e m p a ra , d ig a m o s, a na tureza m a is insid io sa d e no sso s elem ento s. Aq uela s p a rtes d e to d o s o s e lem ento s q ue têm um efeito p o tente , m a s q ue nã o sã o p lena m ente percebidos a té q ue é m uito ta rd e. Po r exe m p lo , um Demônio d o Fog o fê m e a p o d e m a nip ula r a temperatura de uma pequena sala quando a mantém, em comparação com um macho como No a h, m a s o nd e se e nc o ntra se u verd a d eiro Fo g o é no tem p era m ento . O Fo g o a rd e em to d o s nó s, e m no ssa ra iva , no ssa s p a ixõ es, no sso c iúm e s, e d e m a is. Im a g ina a c a p a c id a d e d e manipular tais coisas. Só a paixão mudou o rosto do mundo. —Por so rte, só te m os, três Demônios d e Fo g o — b rinc o u Elija h, d a nd o um a c o to vela d a divertida nas costelas de Noah. —Um dos quais é Noah e a irmã de Legna, Hannah — explicou Jacob em voz baixa. —Também — seg uiu Leg na , c la ra mente entusia sm a d a e m seu tem a —, há c a p a c id a d e s c o m p a rtilha d a s, q ue c ruza m nã o só sexo s, m a s ta m b ém elem e nto s. Po r e xem p lo , Elija h p o d e fa zer névo a , um a c o nd iç ã o m e teo roló g ic a , m a s ta m b é m consegue fa ze r um Demônio d a 47
Ág ua , p o rq ue a névo a é isto . Ta nto o m a c ho c o m o a fê m e a d o s Demônios da Mente p o d e m tele-transportar, mas só os machos são telepatas e só as fêmeas são empáticas. —Entendi. E, p o r m a is estra nho q ue p ud esse so a r, fa zia sentid o . Ter to d o a q uele p o d er na p o nta d o s d ed o s era um a id éia exc ita nte. Era um a fo rç a q ue p od ia c o rro m p er a b so luta m ente , c o m o se costumava dizer. o poder corrompe ... mas não era o que acontecia com essa raça orgulhosa e d e tã o eleva d a a uto c rític a . Ha via c o nso lo p a ra ela nisto , p o rq ue nec essita va a lg o p a ra re b a ter a inq uieta nte descoberta d e q ue c o isa s c o m o o s ho m ens lo b o e os va m p iro s era m , d e fa to , reais. Também entendia muito claramente por que se mantinham em segredo para sua raça. Se a lg um a ve z o s hum a no s enc o ntra sse m um m o d o d e a p a nha r a os Demônios, estes p o d eria m ser usados e corrompidos ao extremo. Esse fo i o m o m ento em q ue o últim o p e d a ç o d o q ueb ra -cabeça se encaixou em seu lugar. —O q ue a c ontec eu c o m Saul? Disse q ue fo i Tra nsfo rm a d o . Co mo ? Esta va o c a ç a nd o — acrescentou dando a volta para olhar Jacob. — Po r isso m e p erg unto u se eu tinha visto a lg o . E q ua nd o o enc o ntra m o s, essa luz azulada... o outro homem... me diga, Jacob. O que aconteceu? —Fo i c a p tura d o . Cha m a m d e Co nvo c a tória . Há c erto s hum a no s, q ue sa b e m d e nó s c o mo o s nig ro m a ntes, q ue fa z muito a p rend era m um m é to d o sec reto d e c onvocar um Demônio, a p a nha nd o-o , e fic a nd o c o m seus p o d eres so b seu d o m ínio p o r um p erío d o d e tempo. —A mandíbula de Jacob se esticou com seriedade. — Co m c a d a o rd em , o usuá rio m á g ic o fa z com que um a tra nsfo rm a ç ã o c o m e c e , avance, e fina lm ente , um Demônio se c o nverte no q ue viu na d esc e reb ra d a c ria tura sem controle ou uma sem percepção do bem ou do mal. Este é nosso pior pesadelo. —OH, Meu deus. —Isabella levou a mão na boca, expressando em seus olhos horror. — Quer dizer que poderia acontecer a qualquer de vocês? To d o s eles a ssentira m c o m a c a b eç a em unísso na seried a d e e ela sentiu q ue seu estômago dava um tombo em protesto. Estas formosas criaturas? Sua graça, vigor, e percepção do bem e o mal, destruídos? Distorcidas em uma daquelas babantes gárgulas descerebradas? —Por q ue m e c o nta m isto ? Nã o têm m ed o d e q ue lhes p o nha em p erig o d e a lg um jeito ? Por que confiam em mim? Quero dizer, pelo amor de Deus, matei a um de vocês. OH! — ofegou horrorizada. — Não tive intenção! Juro! —As lágrimas escorregaram de seus olhos violetas e Jacob não p ô d e resistir a o im p ulso d e envo lvê-la em seus b ra ç o s. Atra iu-a p a ra seu p eito , e m b a la nd o a cabeça com uma mão, acalmando-a com sons suaves enquanto ela estremecia. No a h esta va fa sc ina d o p elo s tenro s g esto s d e Ja c o b p a ra c o m ela . Esta s nã o era m a s a ç õ es d e um De m ô nio interessa d o unic a m ente em um a to d e luxúria . Quanto mais olhava, mais via q ue a lg o unia Ja c o b à p e q uena hum a na , a lg o q ue nã o p o d ia c o m p reend er completamente ainda. 48
—Isabella —lhe d isse No a h — c o nsid era m os o q ue fez c o m o um a to d e p ie d a d e . Saul estava além de nossa ajuda. Se não tivesse o destruído, Jacob esta ria obrigado a fazê-lo. —Teria sid o p io r p a ra ele so b reviver c o m o um m o nstro , m a c huc a nd o q ua lq uer um de qualquer raça com que cruzasse — indicou Legna brandamente. — Isa b ella , se tivesse m á intenç ã o , se p ensa sse e m fa zer mal a q ua lq uer um d e nó s, eu saberia. Senti-lo-ia e m sua s em o ç õ es. Em re a lid a d e, tud o o q ue sinto é honestid a d e e um a coragem admirável. —Dizemos-lhe tud o isto p o rq ue a c red ita m os q ue d e a lg um jeito faz p a rte d e no sso futuro . —Meu futuro. Jacob lutou contra o impulso de personalizá-lo. — Demonstrou algumas habilidades estranhas ontem à noite, Bela. Acredito que o Destino decidiu cruzar nossos caminhos, até ao ponto de te lançar pela janela. —Ela riu indecisa frente a isso enq ua nto ele d esliza va sua s m ã o s q uentes p or seus o m b ro s e b ra ç o s e se exp lic a va —: Send o c ria tura s d o s elem ento s, a c red ita m os no Destino e em to d a s a s c o isa s inevitá veis. A flutua ç ã o d a m a ré , a c a m b ia nte c a ra d a Terra , a vid a e a m o rte. Estes sã o d estino s na tura is. Os indivíduos têm destinos especiais, coisas que nós faremos e que esse Destino desenhou para que nós façamos. Uniste-te a nosso destino por uma razão, e desejamos averiguar qual é. —Por q uê? —p e rg unto u ela , sua vo z c a p ta va c o m sensib ilid a d e a p erg unta enq ua nto tratava corajosamente de fazer retroceder suas lágrimas. —Quero d izer, a té a g o ra tud o o q ue tenho feito é m a ta r a um , d a r um a surra a o utro , e incitar a … —Se quebrou, ruborizada. — Por que diabos queriam fazer algo comigo depois de tudo isto? —Eu nã o d iria q ue d este um a surra a ning uém — d isse Elija h c o m o q ue ixo eleva d o d e forma beligerante. O c o m entá rio fez c o m q ue Isabella risse a través das lágrimas. Jogou um olhar de soslaio a Legna. —Vejo que algumas coisas são uma constante entre os machos de ambas as raças. Leg na riu entre d entes e a ssentiu c o m a c a b e ç a e m resp o sta . Elija h resm ung o u entre dentes. —Assim o q ue fa ze m o s a g o ra ? Quero d izer, d e q ue m a ne ira a verig ua m o s c o m o me encaixo por completo nessa coisa do destino? —A histó ria inadvertid a m ente se rep ete , c o nvertend o -se na p lanilha p a ra o futuro — disse Noah. — Po ssivelm ente me eq uivo c o q ua nd o d ig o q ue ne nhum hum a no m a to u nunc a a um Demônio a ntes. Investig a nd o a histó ria p o d e m o s jogar um p o uc o d e luz nesta situa ç ã o únic a . Po sto q ue fa z um sé c ulo d esd e q ue vim o s o últim o nig ro m a nte , d evería m o s re c o nsid e ra r o s c o m p o nentes d e um a Co nvo c a ç ã o e o s d eta lhes reg istra d o s d e um a tra nsfo rm a ç ã o . Po ssivelm e nte isto no s d ê um a p ista q ua nto a o p o r q ue , a o m esm o tem p o em q ue esta s m a g ia s estã o vo lta nd o a c o m eç a r, vo c ê ta m b ém a p a re c e . Ire m o s a no ssa b ib lio tec a . É re a lm e nte enorme e contém a história completa de nossa gente. 49
A c a b e ç a d e Isa b ella se elevo u b rusc a m ente c o m o s o lho s b rilha ntes c o m re p entina avareza. —Disse biblioteca? Fo i uns d ia s m a is ta rd e q ua nd o Isa b ella sub iu a esc a d a d a b ib lio tec a lenta m e nte , d eixa nd o o a m b iente fresc o e sec o , esfre g a nd o c o m g esto s d o lorid o s o o m b ro . A luz d o so l se vertia a tra vés d o c o njunto d e a lta s ja nela s na s p a red es d e p e d ra d o enorm e sa lã o q ue encontrou tão logo entrou pela porta que conduzia a abóbada subterrânea de livros. O a m b iente a sua vo lta era surp reend entem ente tra nq üilo , p riva d o d e a tivid a d e e vid a . Nã o leva va reló g io , m a s susp e ita va q ue fossem p erto d a s d ez o u onze d a m a nhã . Era tã o estra nho e sta r à p lena luz d o d ia e m um c a stelo q ue era o c entro d e um a c ultura , e q ue , contudo nã o ho uvesse nem se q uer um rastro d e a tivid a d e. Sua resp ira ç ã o p a rec ia resso a r na s vigas d o la r d e No a h. A p e d ra se fechava c o m p leta m ente a o re d o r, e a p e sa r d e q ue houvesse refina d a s p e ç a s d e m o b iliá rio no Gra nd e Sa lã o , a sua m a ne ira , tud o era m uito sim p les. Era a escassez em tanto espaço o que dava a sensação de ter retrocedido no tempo. Isto e o fato de q ue nã o ha via eletric id a d e . Entreta nto , a im p o rta nte q uestã o c o m p ensa va d e um a m a ne ira o u o utra . Tinha ilum ina ç ã o a g á s, insta la ç õ es b a sta nte m o d erna s, e to d a a c o m od id a d e q ue pudesse imaginar… salvo um telefone. A b ib lio tec a e m si m e sm a era um a b a se d e d a d o s, a m a io r p a rte sec c io na d a seg uind o um a fa sc ina nte ló g ic a p ró p ria , a d a referênc ia . O sistem a e ra im p ressio na nte , c om o era a a ntig üid a d e p ura d o s d a d o s re g istra d o s. Os Demônios era m fe rvo ro so s histo ria d o res, e ha via m ilha res e m ilha res d e livro s e p erg a m inho s p a ra c a d a sé c ulo , p o r c a d a era . Tinha d e scoberto q ue No a h era um erud ito c o m o ela . Esta va muito o rg ulho so d e sua b ib lio tec a , im p a c iente p ara compartilhá-la c o m a lg uém no vo q ue a p rec ia sse se u va lo r ta nto c o m o ele fa zia . O la b irinto d e livro s, p ra teleira s, m esa s, e vitrines esp a lhadas so b a c o nstruç ã o d o eno rm e c a stelo , inc lusive a lé m d o q ue No a h tinha a d m itid o a nte ela . Ha via a b ó b a d a s q ue seg uia m o s q ua tro p onto s d a b ússo la . Esta s, ha via -lhe d ito , p o ssuía m o s tra b a lho s m a is a ntig o s e m a is d elic a d o s. Ha via c oisa s na q uela s a b ó b a d a s, ha via -lhe d ito o Rei, d a s q uais inc lusive o s Demônios c o m m a is tem p o de vida nunc a tinha m visto o u tinha m o uvid o . A b ib lio tec a p ro m eteu-lhe, e ra tã o eno rm e q ue leva ria inc lusive m uito m a is q ue o tem p o d e vid a d e um Demônio p a ra c o nhec er tudo o que continha. No presente, os Demônios eruditos registravam tão fielmente como seus predecessores tinha m feito a ntes. O m und o e sta va c resc end o a p a sso s largo s, e eles esta va m b rig a nd o p ara não atrasar-se com isto. Ma s o Re i, o s erud ito s, e tod o s o s o utro s Demônios esta va m e m sua s c a m a s. A o c up a ç ã o d e sua s vid a s p end ura va susp ensa a té q ue a s so m b ra s d o a no itec er c o m eç a sse m a aparecer. Isa b ella o lhou p a ra c im a e a se u red o r. Ha via ja nela s p o r tod a p a rte e o Gra nd e Sa lã o e sta va c heio d e luz, exc eto esta área. Ca d a c entím etro d e c rista l esta va m a nc ha d o . As p intura s era m im p ressio na ntes, d e um a m a estria c o m o na d a q ue Isa b ella tivesse visto a ntes, retra to s d e tud o , d a m ito lo g ia a té um a b e m g a sta rep ro d uç ã o d o s Nenúfa res d e Mo net. O efe ito era lig eiro , m a s em precipitações brilhantes da cor. Fic o u em p é no c entro d o q ua rto , sa lp ic a d a p o r um c a le id o sc ó p io d e q uente luz d o d ia . Pelo que haviam dito, e o que tinha lido recentemente, isto era a luz do dia mais suportável para os Demônios. O im p a c to d ireto d o so l a tua va c o m o um na rc ó tic o d e a ç ã o rá p id a . A inc o nsc iênc ia c he g a ria c o m entristec e d o ra ra p id ez a o Demônio q ue fo sse surp reso p o r eng a no desprotegido em p le na luz d o d ia . Inc lusive c o m estes sp ra ys a m ortec e d o res, o efe ito era tã o poderoso q ue um Demônio p o d eria fa zer p o uc o m a is q ue enro la r-se e m um a b o la p a ra 50
d o rm ir c o ntente d entro d ela . O sol, ha via -lhe dito Noah, não os d a nific a va c om o fa zia a m a io ria d a s o utra s esp éc ies d o s Nig htw a lker. Os fa zia vulnerá veis. Era q ua se im p o ssível resistir à a tra ç ã o d e d o rm ir, fa zend o c o m q ue fo sse d ifíc il d o m ina r q ua lq uer e feito d ura nte o c ic lo d o so l p a ra to d o s exc e to p a ra o s Demônios m a is p o d ero so s. Isa b ella esta va c o ntente q ue o so l rea lm ente nã o c a usa sse d a no a os Demônios. Ao m eno s, p o d ia m ver o a m a nhe c e r, sem p re e q ua nd o tivessem a q uele nível d e p o d e r. Pelo q ue tinha entend id o , a m a io r p a rte d a s o utra s ra ç a s d o Nightwalker torrariam como uma batata frita apenas ao pensar em tentá-lo. De re p ente sentiu q ue já nã o e sta va so zinha . Ja c o b a esta va o lha nd o , g iro u a c a b e ç a ra p id a mente , seu c a b elo c a iu d esd o b ra ndo-se e m leq ue c o m o um neg ro xa le g ra nd e d e franjas durante um momento, antes de assentar-se como um sussurro de seda contra suas costas e o m b ro s. Ela m o veu seu c o rp o ta m b ém d ura nte o g iro , a m a g ra e flexível fig ura to d a c urva s e proporção, as costas e cintura arqueada enquanto tratava localizá-lo. Ele sentiu o batimento do c o ra ç ã o d e seu p ró p rio p ulso , p ro fund a m e nte a b a ixo , no c entro d e seu c o rp o , a resp osta ina ta apenas ao contemplar seu movimento. Deu-se c o nta d e q ue era um a im ita d o ra . Que re c o lhia a ro m a s e m q ua lq uer lug a r q ue fosse e os fazia parte dela ou conseguia uma sincronização com eles. Misturado com seu próprio a ro m a esta va o a ro m a d e livro s e p ó d a b ib lio tec a e o a ro m a sua ve d a c inza d a c ha m iné q ue p erm a ne c ia sem p re a rd end o no Gra nd e Sa lã o d e No a h. Cheira va sedutoramente a la r e sabedoria, a terra e a fa m ilia rid a d e , e a um a ino c ente sensua lid a d e q ue era p rofund a m ente tentadora. Era, percebeu a essência da natureza que levava. Esta era a marca pessoal da Terra, e p a ra Ja c o b , um Demônio d a Terra , isto era a m b ró sia . Puxava-o , a tra ind o -o , sussurra nd o o m uito q ue isto o sa tisfa zia , a té q ue c a d a m inúsc ulo c a b elo d e seu c o rp o se m o veu c o m eletrizante interesse. Ja c o b sa iu d a s so m b ra s d e um a esq uina d o Gra nd e Sa lã o , seu c o rp o c o m p rid o e enxuto enc hia o va sto sa lã o c o m sua serena m a s entristec ed o ra p rese nç a . Isa b ella esfreg o u a s m ã o s, nervo sa p e lo tec id o jeans so b re sua s c o xa s, a p a g a nd o a um id a d e rep entina q ue a s c o b riu a nte a sim p les visã o d ele . Seu c o ra ç ã o red o b ro u um b a tim ento , g o lp ea nd o c o ntra a s c o stela s c o m o se estivesse frustra d o p or esta r enc a rc era d o lo ng e d ele. Inc lusive sa b end o tud o o q ue sa b ia , em b o ra ele m esm o a tivesse a d vertid o d e q ue d everia ter um sa ud á vel m ed o , seu c o rp o virtua lm ente c a nto u q ua nd o ele entro u no q ua rto. To d o o seu ser atraía se u interesse. Sua a ura seg ura e a uto ritá ria era a lg o evid ente , a ro up a e sc ura q ue envo lvia seu c o rp o a justa nd o -o c o m atraente so fistic a ç ã o e insinua va so b re o físic o q ue esta s o c ulta va m . Leva va p o sto s um a s c a lç a s c a ra s, d e sed a p entea d a a jo g o c o m sua c a m isa q ua nto à q ua lid a d e e c or. A c a m isa d e etiqueta negra levava de uma maneira relaxada, os primeiros botões desabotoados, as mangas arregaçadas a m e io c a m inho d e seus p ro p o rc io na d o s a nteb ra ç o s, exp o nd o o p êlo esc uro p o lvilha d o neles. Se m reló g io ou a d o rno d e nenhum tip o , a sim p les fivela d e p ra ta q ue g ra m p e a va o m a g ro c inturã o d e c o uro era o únic o ind íc io d e a d o rno . Fic o u a o lo ng e na esta d ia , sua s p erna s sep a ra d a s, esc o ra d a s c o m o se e stivesse enra iza d o na q uele lug a r a o c hã o d e m á rm o re , m a s a ind a a ssim ela sentiu sua energ ia e seu c a lor. Era c o m o se estivesse em p é a sua s c o sta s, o b a sta nte p erto p a ra interc a m b ia r o c a lo r d o c o rp o , c o m sua c a b e ç a inc lina nd o se enquanto seu fôlego lhe movia o cabelo. Isa b ella trem eu e la m b eu o s lá b io s sec o s d e re p ente , inc o nsc iente d e q ue a a g ud a vista do caçador observava fixa mente a ação. —Tenho que falar com minha irmã — disse ela depois do que pareceram anos de silêncio,
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— Se i q ue No a h envio u um Demônio d e Mente m a c ho à No va Io rq ue p a ra «ino culá-la» c o m a im p ressã o d e q ue esta ria fo ra d ura nte vá rio s d ia s e a ssim ela nã o p e rg unta ria p o r q ue desapareci, mas eu mesma quero falar com ela por telefone. —Aqui não há telefone —respondeu. Entã o se m o veu p a ra ela , sua s p a ssa d a s d evo ra nd o terreno c o m o um m a g nífic o ja g ua r, elegante e p re m ed ita d o e um a ond ula nte sinfo nia d e m úsc ulo s. Fez com q ue a g ra nd e esta d ia d e re p ente p a rec e sse m uito p eq uena . Seus o lho s esc uro s esta va m inq uieto s d ura nte to d o o p erc urso , m o vend o -se c o m ra p id ez e sucintamente, a ind a c o m to d o este a b so rto exa m e p erm a ne c ia c entra d o , a va nç a nd o , lim ita d o só p elo e sp a ç o no q ua l ela e sta va e m p é. Qua nd o se d eu c o nta d e q ue a q ueles inso nd á veis o lho s neg ro s esta va m fixo s nela e só nela , q ua nd o p ô d e sentir o s to rm ento so s im p ulso s p o ssessivos q ue ha via m p o r detrás, o s q ua is esta va luta nd o p o r re fre a r, seu c o ra ç ã o insistiu p a lp ita nd o c o m fo rç a sufic iente p a ra lhe a rre b enta r o tó ra x. Virtualmente ofegava em busca de fôlego quando a alcançou. Ja c o b p a ro u d ia nte d ela , fa zend o c a so o m isso d e to d o sig nific a d o d e esp a ç o p e sso a l. Estend eu a m ã o , va c ila nd o b revem ente enq ua nto p ro c ura va se us o lho s. Sa tisfe ito c o m o q ue fosse q ue viu, elevo u o s d ed o s e o s d eslizo u p o r sua b o c he c ha . Ela p o d ia sentir c o m o a m b o s esta va m vib ra nd o c o m intensid a d e . Ac a ric io u-a , d e ixa nd o -se leva r c o m o seu p ró p rio c a b elo c o ntra ela , m o ld a nd o seu rosto c o m um a sua ve re verenc ia q ue fez com q ue lhe d o esse a garganta em resposta. —Conseguir-te-ei um telefo ne. Inc lusive p o d e ir p a ra casa se prefere. Não quero que sinta que esperamos que descuidasse de sua vida. O sentim ento era a sério , refletiu Ja c o b , m a s fo i se g uid o ra p id a m ente p ela sensa ç ã o d e q ue nã o d everia p erd er-la d e vista . Nã o p o d ia entend er esta imperiosa ne c essid a d e q ue tinha d e m a ntê-la p erto , so b re tud o q ua nd o era tã o c o nsc iente d e q uã o p erig o so p o d e ria ser isto . Esta va o b c ec a d o c o m o d esejo a rd ente d e to c á -la , a ind a q ua nd o só fo sse esta sim p les c a ríc ia q ue esta va p erm itind o a g o ra , o tra ç a d o e a a p rend iza g e m d e seus enc a nta d o res traço s d e duend e. O fa zia sentir-se sub lim em ente c o nec ta d o c o m a Terra , um a lívio sing ula r d e p o is d a tensão opressiva que sofria sempre que se mantinha muito longe dela. Observava-a c o nsta ntem ente , d ia e no ite, inc lusive enq ua nto o so l o p uxa va e exig ia sua o b e d iênc ia a o so no . Esta va e sg o ta d o e a ind a a ssim , a q ui e sta va o utra vez a o m e io d ia , sentado nas sombras por cima da biblioteca só então seus sentidos podiam senti-la mover-se por d e b a ixo d e seus p é s e esc uta r a sua ve litania d e sua m ente enq ua nto ela estud a va e raciocinava a informação que estava absorvendo. —Nós lhe conseguiremos um telefone, Isabella. Co rrig iu Leg na , que p a rec ia ha ver se m a teria liza d o c o m o caída d o c éu. Isa b ella sentiu o insta ntâ ne o enc resp a mento d e Ja c o b , um a sensa ç ã o d e inc ô mo d o fo rm ig a m ento q ue sa lta va d esc end o p ela nuc a enq ua nto a b so rvia isto d ele. Separou-se d ela c o m um lento e d ec id id o passo p a ra trá s, d e ixa nd o esp a ç o p a ra resp ira r, m a s d e a lg um jeito sua resp ira ç ã o p a re c ia estrangular-se e m seu p eito a nte a se p a ra ç ã o . Sa c ud iu a c a b eç a e o lho u a um e a o utro . O sem b la nte d e Leg na esta va tã o sereno c o m o se m p re , e m b o ra fo sse m uito ó b vio q ue tinha sid o inc o m o d a d a p elo resto d o d ia . Os tra ç o s d e Ja c o b , entreta nto , era m um a to rm enta esc ura d e energ ia e em o ç ã o . Sua testa enrug a d a , o c enho fra nzid o e o s o lhos, m a rro m neg ro irra d ia va m a lg o q ue c o nfina va c om a ho stilid a d e. O p eito d e Isa b ella fo rm ig o u a nte esse sentim e nto , sua s 52
mortificadas emoções explodiram como foguetes dentro de seu cérebro. —Obrigado, m a s tenho c erteza d e q ue p o sso enc o ntra r o telefo ne so zinha — insistiu, seus sentim ento s ra sg a d o s entre o d esg o sto d e ter p erturb a d o o d e sc a nso d e Leg na e q ue Ja c o b esta va c la ra m ente d e sa sso sse g ado. Tud o o q ue q ueria é q ue estivessem tra nq üilo s e seg uisse m com suas rotinas normais. —Isabella — fa lo u d e no vo Leg na c o m a q uela vo z sua ve , irresistível d e d ip lo m á tic a , q ue como tinha descoberto Bela era o papel de Legna na corte de seu irmão. — Em b o ra nã o d eseja m os re p rim ir sua lib erd a d e , No a h exp re sso u g ra nd e p reo c up a ç ã o a nte o p ensa m ento d e q ue d e ixe no sso c írc ulo d e a m p a ro . Po r fa vo r, c o nsid era -o , c o nhec end o tud o o q ue sa b e a g o ra , há p e rig o s q ue p o d eria m se a p resenta r. Até q ue nã o sa ib a m o s a na tureza d e seu sig nific a d o p a ra nó s, e d o no sso p a ra você, nos sentiríam o s m uito m a is seg uro s se permanecer aqui ou consente em estar protegida por um escolta Demônio quando sair. —Legna... —Advertiu-a Ja c o b , a a m e a ç a d e sua vo z surg iu c o m tota l a uto rid a d e masculina. — Não temos nenhum direito de lhe pedir tal coisa. —Na rea lid a d e —d isse c la ra m e nte Isa b ella , c o rta nd o a ré p lic a d a Demônio fe m inino — nã o esta va p la neja nd o p a rtir. Só q ueria fa la r c o m m inha irm ã , m e p ô r e m c o nta to c o m ela , lhe d izer o lá . Já sa b e , p a na q uic es d essa s. Este é um tra b a lho b a sta nte m und a no e c erta m ente nã o m ere c e to d a esta p reo c up a ç ã o . A verd a d e — d isse b a ixa nd o o olha r p a ra sua s m ã o s c o b erta s d e p ó e a s esfreg a nd o — va i p a ssa r b a sta nte m a l m e a rra nc a nd o d esta sua b ib lio tec a . Nã o se p a rec e c o m na d a q ue tenha visto c o m a ntec e d ênc ia . Tã o c o m p lexa , tã o ... —Olho u Ja c o b , encontrando seus olhos embora tal intensidade a afligisse. — Sua c ultura é fa sc ina nte. Nã o p o sso seq uer c o m eç a r a c o m p reend er a té o nd e retro c ed e m estes a rq uivo s. A d ed ic a ç ã o q ue d eve ter leva d o p a ra c o nstruir este a rq uivo é incompreensível. Não poderiam me separar dela apesar do que tentassem. Isa b ella a p a rto u o s o lho s d o p ro fund o , irresistível e p enetra nte o lha r neg ro c o m o q ual e le a observava tão absorto. Era um enigma para ele, e sabia. Podia sentir que sua reação ante sua p re senç a era p rim ord ia lm ente um a c o nfusã o e um a to rm enta m o ra l e m seu interio r. Sentia a urg ênc ia d e retira r-se no vamente a b ib lio tec a , fic a r a um a d istâ nc ia seg ura d ele . Nã o é q ue tivesse m e d o , re a lm ente , p a ra ser sinc e ra , sua surp reend ente c a rênc ia d e m ed o a nte ta is espantosa p ersp e c tiva e ra o q ue a p erturb a va . Nã o e m p re g a va a d isc riç ã o e m seus p ensa m ento s o u a s re a ç õ es im p ulsiva s d e sua fisio lo g ia q ua nd o esta va p erto. Co m o to d a s a s c o isa s, a sa b e d o ria c heg a va c o m a exp e riênc ia . Nã o tinha na d a q ue lhe servisse d e g uia so b re a maneira como se sentia quando estava ao redor de Jacob. —Não nos deve tanto de seu tempo, Bela — disse Jacob tirando-a de seus pensamentos. — De fa to , so m o s nós o s q ue lhe d eve m o s isso . Po r q ue fa z nosso p ro b le m a seu próprio tão gostosamente? —Vo c ê m esm o d isse — resp o nd eu q ue d a m ente , sem d a r-se c o nta d e q ue seus p és a leva va m p a ra ele , fe c ha nd o o esp a ç o entre eles p o r vonta d e p ró p ria . — De a lg um jeito so u parte de tudo isto. De algum jeito meu destino se uniu com o seu.
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Leg na p o d eria ig ua lm ente nã o esta r a li nesse m o m ento , d e tã o inc o nsc ientes q ue fo ra m d ela . A irm ã d o Re i fo i d o m ina d a p o r um a sensa ç ã o d e uniã o , um a c o ne xã o elétric a entre o s d o is q ue e ra evid ente a ssim c o m o ig ua lm ente ig no ra nte d a s fro nteira s p ro ib id a s c o m a s que esta va m jo g a nd o . Co m o e m p á tic a , Le g na era um a interm ed iá ria p a ra a tensã o sexua l e emo c io na l na sa la . Esta va exc ita nd o -se c o m isto e sua p ele se em p a p a va c o m o c a lo r. Estes era m sentim ento s p e rm issíveis, a p e sa r d e q ue fo sse m o m a is em b ria g a d o r c o m p ênd io d e desejos que havia sentido alguma vez como empática. No a h tinha d e ixa d o c la ro seu d e ver. Devia fisc a liza r o Exec uto r. Ante o m ínim o ind íc io d e comportamento d esc o ntrola d o , d evia a visa r o Re i c o m to d a c elerid a d e. Ma s nã o sentia nenhum a a m ea ç a , nenhum a luxúria d e senfre a d a a lim enta d a p ela lua . Tinha sentid o no p a ssa d o e m ho m ens e m ulheres c o nd uzid o s a c onfro nta r No a h p ela m ã o d a justiç a d e Ja c o b . Era a lg o selva g e m , fero z. Ab rind o c a m inho m a is à frente d o sentid o c o m um e d o resp e ito , esmiuçando até o menor sentim ento d e c o nsid e ra ç ã o o u c ontrole. No c o ntro le esta va a c ha ve. As e m o ç õ es d o Exe c uto r surg ia m c o m o um a m a ré selva g e m e esc ura d entro d ele , e m b o ra ainda tivesse o c o ntro le. Ja c o b virtua lm ente vib ra va c o m isso , c la ra m ente usa nd o c a d a re c urso que possuía para conter seus impulsos e desejos. Ela não pensava chamar Noah até que sentisse a p rim eira g reta na q uela fo rm id á vel forta le za m enta l. Ja c o b era um a c ria tura o rg ulho sa . Se ela p e d isse um a interferê nc ia se m m otivo , far-lhe-ia m a l e lhe enverg o nha ria , e nã o p o d ia sup o rta r a idéia de lhe causar essa dor. —Acredite - d izia Isa b ella b ra nd a m ente a o Exec uto r, a q uem p resta va a tenção a c a d a palavra e movimento. — Quero sa b e r a s resp o sta s a esta s p erg unta s ta nto c o m o q ua lq uer um de vocês. Po sso sentir... —Va c ilo u, e Ja c o b a o b se rvo u enq ua nto ela fec ha va seu p e q ueno p unho so b re o esterno. — Há a lg o d entro d e m im . Nã o p o sso exp lic á -lo , m a s nã o é c o m p leta m ente m eu. Quero dizer, não é familiar para mim. É como se algum estranho tivesse nascido dentro de mim e esta... esta no va vid a c he g a sse c o m um a sensa ç ã o d e b usc a q ue esm a g a inc lusive a m inha vo ra z curiosidade. Não pode senti-lo? —Posso se nti-lo - resp ond eu Ja c o b . Seus íntim o s o lhos neg ros p erc o rrera m o p e q ueno corpo de Isabella, atrasando-se no caminho de volta até seu olhar. — Po sso se ntir sua fo m e d e c o nhec im ento . Bo rb ulha e m m eu c ére b ro c o m o á g ua c o m g á s. Em b o ra nã o te c o nhec esse a ntes d isto , se i q ue há novo s lug a res e m sua m ente q ue nã o estavam ali antes, voltando para a vida. Leg na sentiu q ue seu c o ra ç ã o se p a ra va emocionado. Ja c ob era a Terra . Só um Demônio d e Mente p o d ia ler ta is p ensa m ento s, se ntir ta l e m p a tia sutilm ente sinc ro niza d a . O c o nhec im ento d e Ja c o b esta va m uito a fa sta d o d o p esso a l... m uito íntim o . Era ta m b é m m a is d o q ue Le g na m esm a p o d ia sentir. Pa re c ia c o m o se c o m c a d a ho ra q ue p a ssa va , fosse m a is e mais difícil perceber Isabella. Ela se estava tornando um lugar em branco. Jacob não deveria ter nenhum a c a p a c id a d e e m p á tic a a b so luta m ente , exc eto p o ssivelm ente c o m sua p re sa d ura nte um a c a ç a , em b o ra estivesse c la ro q ue o Demônio d a Terra sa b ia m a is so b re o func io na m ento da mente de Bela que ela. As pestanas de Jacob baixaram devagar enquanto aspirava profundamente pelo nariz, o leve m o vim ento d e sua c a b e ç a e a c onc entra ç ã o e m sua exp ressã o d izia m q ue esta va 54
a na lisa nd o o sentid o q ue usa va . Isto era sem elha nte a um b á sic o , esta d o a nim a l, c la ra m ente predador e agressivo. —E a s p erc e p ç õ es. —Ja c o b e Isa b ella fa la ra m c o m tem p o , sua s vo zes e nto a ra m junto s perfeitamente. — Tudo é muito mais do que era antes. O re c ita d o a g ito u Ma g d eleg na a té seu c entro . Nunc a tinha visto na d a c o m o isto a ntes. Seus sentid o s esta va m a la g a d o s p o r info rm a ç ã o e m o c io na lm ente c a rre g a d a , o b rig a nd o -a a retro c ed er e p re p a ra r sua s d e fesa s m a is a rd ua m e nte. A resp o sta refle xa d e Leg na a isto foi chamar Noah com todas suas capacidades mentais. Isa b ella esta va tã o a ssusta d a p e lo b rilho d e c ha m a s e sta la nd o tã o p erto q ue q ua se c a iu. Ja c o b e stend eu a m ã o p o r instinto p a ra esta b ilizá -la , m a s seu la rg o p ulso fo i a p a nha d o em um férreo aperto a ntes q ue p ud esse to c á -la . Ja c o b se sa c ud iu, e seus o lho s c o rta ra m a tra vés d o alcance de Noah com inata irritação até que encontrou o penetrante olhar implacável do Rei. —Não a toques, Jacob. —Me solte - o rd eno u o Exec uto r em vo z b a ixa c he ia d e g ra nd e q ua ntid a d e d e ultra je e ameaça. —Sei q ue nã o tem intenç ã o d e lhe fa zer Dano , Exe c uto r, m a s a m b o s sa b e m o s q ue a s intenç ões fic a m e m na d a no m o m ento e m q ue a to c a s. Ela resultou ser um p erig o so c ha m a riz. Não te torture mais com sua proximidade. Isa b ella a verm elho u a nte o c o m p o rta me nto a rb itrá rio d o Re i Demônio e sua s insulta ntes alusões. —Ei, d esculpe-me? Ofende-me que me trate como Mary a Tifóide! No a h a ig no ro u, sua c o m p leta a tenç ã o e sta va em Ja c o b . Era evid ente q ue o Rei tinha leva nta d o d a c a m a c o m a b rusc a no tíc ia , seu c a b elo neg ro d esp entea d o p elo so no , p ro vo c a va reflexo s a vermelha d o s q ue d e sta c a va m a luz d o so l. Esta va em p a relha d o c o m Ja c o b q ua nto à a ltura , m a s esta va c la ro p elo s m úsc ulo s q ue p a ssa va m o s la ç o s so b re seu la rg o c o rp o , q ue ultra p a ssa va e m p eso e fund a m enta lm e nte fo rç a físic a a o Exec uto r. Isa b ella p od ia vê-lo m uito c la ra m ente p o rq ue só leva va p ostos um p a r d e c a lç as c urta s c inza fe itos d e um material de suave algodão que também era do mais revelador. A inesp era d a p erc e p ç ã o lhe fez a p a rta r ra p id a m ente o s o lho s p a ra um a á re a neutra , e um a s a rd e ntes m a nc ha s verm elha s a p a rec era m so b re seu ro sto e p e ito . Ja c o b sentiu a rea ç ã o cintilando a tra vés d e sua p ele c o m o fo g o , sentiu sua verg o nha e o m o tivo d esta c o m o um choque ácido no cérebro. No a h o uviu o baixo so m p red a d o r retum b a nd o , eleva nd o -se d esd e Ja c o b c o m o um a rá p id a to rm enta c re sc ente. O Rei p o r instinto se p re p a ro u, sa b e nd o q ue p o d eria ser o b rig a d o a tra ta r c o m Ja c o b e m sua p io r lo uc ura d e lua . Ele c o m eteu o e ng a no d e p ensa r q ue Ja c o b ia atacá lo. Ja c o b uso u sua im p ressio na nte velo c id a d e p a ra g ira r na frente d o o utro m a c ho , ro m p end o o a p ertã o d e No a h so b re ele , a o m esmo tem p o em q ue a rreb a ta va ra p id a m ente Isa b ella d o c hã o e a leva va uns três m etro s d o o utro m a c ho . Ele a e m p urro u p a ra sua s c o sta s, 55
colocando-se entre ela e a linha de visão do Rei Demônio. Os p unho s d e No a h se a p erta ra m , seu c orp o se c urvo u p re p a ra nd o -se q ua nd o d e u a vo lta p a ra c o nfro nta r seu selva g em a m ig o. Ja c o b d eu boas-vindas a sua c la ra m ente visível investid a c o m o utro g runhid o territo ria l. O c o ra ç ã o d e Isa b ella p a lp ita va c o m m e d o e c o nsterna ç ã o . Sa b ia o q ue tinha feito explodir Ja c o b . Po d ia senti-lo irra d ia nd o p or sua p siq ue c o m p a rtilha d a . Po sse , a m p a ro ... e ultra je. Tud o isto esta va envo lto c o m um a territo ria lid a d e p ura m ente a nim a l. Ja c o b era d a Terra , d a na tureza e to d a s sua s c ria tura s. Deu-se c o nta entã o d e q ue nã o ha via ne nhum a d istinç ã o entre a q uilo e ele , nã o im p o rta va o q ua nto c iviliza d o e intelig ente q ue se to rno u. Co m um a c o m b ina ç ã o d e m o ra l e d e instinto , Ja c o b viu No a h c o m o uma afronta e uma ameaça para seus sentimentos de posse por ela. Afa sta d a d e No a h c o m o e sta va , Isa b ella só p o d ia enc o ntra r um a p esso a a q ue m a c ud ir. Olho u Leg na , seus o lhos vio leta s c om p leta mente a b erto s p ed ia m a Demônio fe m inino q ue fizesse algo, rezando por que a empática entendesse o que acontecia. Entretanto os olhos cinza d e Leg na , um a c ó p ia tã o p e rfe ita d o s d e seu irm ã o m a io r, e sta va m d esvia d o s. Da d o q ue a sala estava c heia d e m uita vola tilid a d e , tinha p ro teg id o sua mente c o ntra a to rm enta a seu red o r. Ap esa r d isso no m o m ento e m q ue Isa b ella tra nsm itiu sua nec essid a d e e seu d esesp ero emocional, a empática elevou rapidamente o olhar para ela. Po r q ue nã o p od e se ntir Ja c o b ? Po r q ue nã o p o d e entend er o q ue está a c o ntec end o ? Perg unto u Isa b ella d e sesp era d a m ente. Ac a so esta va m a l inform a d a so b re o p o d e r d a fo rm o sa d ip lo m á tic a ? Era tã o nova nisto ; p o ssivelm ente o c onc eito q ue tinha d e seus p o d eres era e m sua m aior parte imaginação. Este pensamento foi facilmente descartado quando uma onda de calor irradiou de Noah, o esta lo o s g o lp eo u c o m o um sufo c a nte vento d o d eserto . O a p erta d o p unho d o Rei Demônio relaxou, abrindo-se com uma piscada superficial de dedos, e uma bola de fogo fez erupção em sua palma. —Legna, te ocupe da segurança — ordenou o Rei Demônio com voz áspera e esgrimindo seu poder ameaçadoramente. Ho uve um trem end o estro nd o e Isa b ella se ntiu o estrem e c im ento d a terra so b seus p é s. Estirou a m ã o p a ra a g a rra r a c a m isa d e Ja c o b , a ferra nd o -a p a ra e q uilib ra sse a ind a q ua nd o o braço protetor dele a mantinha presa atrás de si para atraí-la mais perto. —Noah, espera! O g rito veio d e Leg na , q uem c o nfro nto u o c a lo r intenso q ue ro d e a va se u ho stil irm ã o e a g a rro u o b ra ç o q ue ele tinha c a rre g a d o c o m m uniç õ es c ha m eja ntes. A p rim e ira re a ç ã o d e Noah foi absorver de novo a bola de fogo para não queimá-la. —OH, g ra ç a s a Deus —a rtic ulo u Isa b ella e m um b a ixo e a livia d o susp iro . Sep ulto u o rosto nas costas de Jacob enquanto seguia agarrada a ele para apoiar-se. —Legna! —Noah castigou sua irmã com um grunhido severo de mau humor. —No a h, nã o é o q ue vo c ê p e nsa . Pa re! —Puxo u c o m m a is fo rç a q ua nd o ele tra tou d e tirar-lhe d e c im a . Leg na era b e m c o nsc iente d e q uã o d ifíc il era afastar seu irm ã o d o enfrenta m ento e d a c ó lera um a vez q ue a lg o a c end ia a m e c ha . Era a e ssênc ia d o Fo g o , e nã o era c ulp a dele. Ela sentiu sua justific a ç ã o , sentiu seu tra nstorno turb ulento p orq ue esta va sendo obrigado a enfrenta r um a m ig o . Esta va furio so . Furio so c o m a lua Sa g ra d a , a q ua l pensava 56
q ue esta va e m b rutec end o Ja c o b , e m b rutec end o to d a sua g ente e a ç oita nd o se us esp írito s honoráveis afundando-os na vergonha e d e um comportamento mais baixo que bestial. — Noah, escuta—d isse a e m p á tic a c o m vo z b a ixa , sua ve e a ento na ç ã o d o c e e m usic a l. Isa b ella se ntiu um so b re ssa lto em Ja c o b , m ínim o , m a s detectável. O b a ixo rug id o q ue tinha estado saindo de sua garganta se reduziu a um ocasional grunhido de advertência. — Ja c o b nã o esta enlo uq uec id o p ela lua — seg uiu ela c o m a q uela a velud a d a suavidade nas palavras que fluíam tanto sobre os tensos homens como sobre Isabella. —Me escute, meu querido irmão. Sinto o que ele sente. Sei. Confia que sei. —Ja c o b nunc a m e a m e a ç a ria se estivesse c o rd a to —a rg um ento u o Rei, m a s tinha a fa sta d o fina lm ente a vista d e seu o b jetivo , enc o ntra nd o o o lha r sup lic a nte d e sua irm ã m a is jovem. —A meno s q ue —resp o nd eu ela b ra nd a mente— fizesse a lg o q ue ele sentisse q ue ameaçava a Isa b ella . No a h d eve rec o rd a r q ue há a lg o q ue o s une , a lg o q ue o s a tra i um a o outro. —Essa maldita lua é a causa —mordeu Noah. —Um a a m p lific a ç ã o . É verd a d e , e sa b e mo s. A lua Sa g ra d a a m p lific a tud o o q ue sentim o s. No c o ra ç ã o d e Ja c o b , no c entro d e seu ser, ele é um p ro teto r d e ino c entes. Fre q üentem ente ino c entes hum a no s. É o q ue se m p re fa rá a ntes q ue na d a . Inc lusive c o ntra você. Ta m b é m , este é seu m a io r tem o r, q ue um d ia tenha q ue luta r c o ntra você p o r um inocente. —Le g na elevo u a m ã o p a ra p a ssá -la c a rinho sa m ente p elo c a b elo d e seu irm ã o enq ua nto seg uia lhe m urm ura nd o d o c e m ente—: Junta tud o , e a m eno r o fensa p e rc e b id a se converte em algo como passear pelo território de um Vampiro sem convite. —A c o m p a ra ç ã o fez com q ue o Rei Demônio leva nta sse a s so b ra nc elha s a o entend er. O ardor da batalha se desvaneceu de seus olhos de jade e jogou um rápido olhar menos agressivo em direção a Jacob. Ma g d eleg na a nd o u a o red o r d e No a h e se m o veu o usa d a m ente em m e io a o s d o is poderosos homens. —Jacob — disse, outra vez sua voz era como o mel, estendendo-se p a ra a c a lm a r a b e sta desencadeada sem querer dentro de Jacob. — Ning ué m fa rá m a l a Isa b ella . Nunc a fa ría m o s isso . Nunc a p o d ería m o s fa zê-lo q ua nd o você é seu protetor. —Não podem me manter afastado dela. Isa b ella exp ulso u um a re p entina exa la ç ã o q ua nd o ele fa lo u. Esta e ra a p rim e ira c o isa c iviliza d a q ue ele tinha fe ito no q ue p a re c ia a no s, e m b ora sua vo z fo ra á sp era e c a rente d e toda cortesia. —Nã o o fa rem o s. Nã o a m eno s, c o m o sa b e q ue esta m o s o b rig a d o s a fa zê-lo, que lhe vás fazer-lhe dano realmente. Isa b ella jo g o u um olhar a o red o r d o b íc e p s tensa m ente flexio na d o d e Ja c o b p a ra p o d e r ver sua exp re ssã o . Seus traço s b ro nze a d o s a ind a e sta va m m a rc a d o s e esc uro s, a ind a era m 57
a g ressivo s, m a s ha via ra zã o p enetra nd o em seus reluzentes o lho s neg ro s. Sentiu sua m ente e em o ç õ es situa nd o -se mais pro fund a m ente so b o p o d er sutil d e Leg na p a ra p ersua d ir e a c a lm a r. De re p ente d eu-se c o nta d e q ue a s fêm ea s Demônio e m efeito tinha m um p o d er q ue nã o devia ser subestimado. Legna podia ser potencialmente uma mulher muito perigosa. —Nunc a lhe fa re i m a l. Da ria m inha vid a a ntes d e p e rm itir isso. - Seus o lho s jo g a ra m um olhar ácido a Noah—, Ou que alguém mais faça mal a Bela. —Quando lhe fiz mal? —protestou Noah indignado. — Nem sequer a olhei. —Mas ela te olhou. Isabella ofegou e se escondeu retrocedendo atrás das costas de Jacob. Estremeceu com fo rç a q ua nd o seu rosto flo resc eu c o m m o rtific a nte c a lo r. Se p ultou o ro sto c o ntra sua s c o sta s e rezou para que um repentino poço negro se abrisse baixo ela. A c o m p re ensã o a lvo rec eu no ro sto d e No a h c o m o um b rilha nte a m a nhec er. Ab riu a b o c a p a ra fa la r, m a s esta va m uito p a sm o p a ra a rtic ula r p a la vra . Isa b ella p ô d e o uvir o p a sso d e seus p é s nus na p ed ra enq ua nto ele se a p ro xim a va d e Ja c o b . Ja c o b se viu o b rig a d o a d a r um passo à frente para manter o equilíbrio, pois ela tentava enterrar-se em sua coluna vertebral. —Já vejo —disse Noah por fim—, que depois de tudo foi minha culpa. Isabella me perdoe, m a s é o p rim e iro hum a no e m to d a a vid a a ser um c o nvid a d o a m inha c a sa , e eu nã o parei p a ra pensar nas cortesias habituais. —Nunca pensei que isto se convertesse em semelhante bagunça. —resmungou ela. —Sere i m a is c uid a d o so no futuro . Esp ero q ue p o ssa no s p erd o a r a Ja c o b e a m im p o r no ssos a rre b a ta m ento s. Nó s... esta m o s... Há um m o ntã o d e resp o nsa b ilid a d e e c o ntro le q ue d eve vir c o m p o d eres d e ta l p o tenc ia l vo la tilid a d e c o m o s q ue o s m a c ho s d e m inha g ente sã o c ria d o s. Ma s no fina l, so m o s seres a ind a elem enta res. Co m eti o eng a no d e sub e stim a r o verdadeiro sentido de custódia que Jacob sente no que concerne a você. No a h interc a m b io u um o lha r silenc io so e intenso c o m Ja c o b q ue fo i m a is q ue a q uela d esc ulp a exp o sta . Ja c o b tinha c o nsid era d o Isa b ella d e sua p ro p rie d a d e , um a fê m ea so b seu a m p a ro e p o sse. Qua nd o o Rei sem d a r-se c o nta a tinha enverg o nha d o c o m sua c a rênc ia d e ro up a a p ro p ria d a , fez com q ue Ja c o b fo sse c o nsc iente d e q ue ela tinha esta d o o lha nd o a o utro m a c ho p o d ero so , e isto tinha sid o a b so luta m e nte ina c e itá vel p a ra ele d a d o seu instá vel esta d o me nta l. O Demônio d o Fo g o tinha c o nfund id o a a g ressã o q ue se g uiu c o m um a ta q ue contra Bela, uma tentativa de seqüestro, para tirá-la do amparo deles. Entreta nto , p a ra ser sinc ero , No a h nã o tinha ne m id éia d e c o m o exp lic a r esta p e c ulia r uniã o q ue o Exec uto r p a re c ia ter c o m a p e q uena fêm e a hum a na . To d a a situa ç ã o era m uito desconcertante. O Exe c uto r nã o se so b re p ô s a ind a a seus im p ulso s inic ia is d e leva r p o r a rte d e m a g ia Isa b ella lo ng e d a p resenç a d e No a h. Era im p o rta nte p a ra a rela ç ã o d eles q ue lhe d esse a o p o rtunid a d e d e re c up era r o c o ntro le d e si m esm o c o m d ig nid a d e. Ele o c o nhec ia sufic ientem ente b em p a ra sa b er c o mo d e via esta r doendo à c o nseq üênc ia p elo fa to d e ter sido Elija h q ue o tro uxesse d e volta a sua p o siç ã o . Ag o ra , além d isso , surg ia este m a l-entendido. Ning ué m p o d ia ser m a is d uro c o m o Exe c uto r d o q ue ele era c o nsig o m esm o , e No a h c onfia va que essa fosse à parte que recuperaria o controle. 58
—Me d esc ulp em enq ua nto m e visto — d isse No a h c o rtesm ente. Jo g o u um o lha r a sua irm ã , sa b e nd o q ue nã o teria m ed o d e esta r a só s c o m eles. Retira r-se era p ro va velm ente a m elho r c oisa q ue p o d ia fa ze r nesse m o m ento , em b o ra vo lta sse ra p id a m ente. Sa b ia q ue Leg na entend ia q ue esp era va q ue tirasse b ra nd a mente Isa b ella d o a b ra ç o d e Ja c o b a fim d e a jud a r a a livia r a s turb ulenta s em o ç ões q ue sua p ro xim id a d e intensific a va . Se No a h se a trevesse a tentar tal coisa, provavelmente perderia um membro. O Rei fo rm o u red em o inho s e m um a re p e ntina nuvem d e fum a ç a . A nuvem se m o veu para a escada e as habitações superiores na asa norte do castelo. Legna tinha elegido aproximar-se. —Bela — d isse , a uto m a tic a m ente usa nd o o a p elido q ue Ja c o b lhe tinha d a d o —, c o m o ficou a roupa que te emprestei? Bela se m o veu a um la d o d e Ja c o b ta nto c o m o a b ra ç a d e ira d a m ã o e m seu q ua d ril e o braço a través de seu corpo permitiriam para poder ver a outra mulher. —É m uito c ô mo d a —d isse ela , — Deve ter tid o q ue cortar um a eno rm e q ua ntid a d e d e tecido. —Tolices — Leg na d e sc a rto u o d eta lhe. — A ro up a é fá c il d e sub stituir e m e a le g rei d e ajudar. —Seus olhos cintilaram com cálida risada. — Alé m d isso , se lhe d eixa m o s c o rrer p o r a q ui nua teria ha vid o : cipós, b a tid a s no p e ito , e ta lvez a té a lg o d e m a rc a r o territó rio. —Leg na enrug ou o na riz e teve um p e q ue no estremecimento. —Já vale com isso, Magdelegna. Um Ja c o b a b so luta m ente a o s 100% pronunciou a q uela irrita d a re p rim e nd a . Fez q ue o c o ra ç ã o d e Isa b ella sa lta sse felizm ente , o d ilúvio d e a lívio a inva d iu a té q ue Ja c o b riu entre d entes b ra nd a m ente. Ele exa lo u um c o m p rid o e d e sc o m p rim id o susp iro , fec ha nd o os olho s b reve m ente enq ua nto to d o s o s im p ulso s irra c io na is se a livia va m c o m a sa íd a d e No a h. O q ue d eixo u fo i um a doentia c onsc ie ntiza ção e o b rilho d a verg o nha q ua nd o rec ord o u seu p rim itivo comportamento. Olhou para a pequena Bela, sua cabeça escura inclinada de maneira que ela p o d ia ver a lém d e se u b ra ç o p a ra fa la r c o m Leg na . Preo c up a va -lhe o q ue d evia p ensa r d ele a esta s a ltura s. A m ente d ela esta va enfo c a d a unic a m ente em seu a lívio e em sua d iversã o c o m Legna, de tal modo que ele não tinha nenhuma pista. O b ra ç o d e Ja c o b q ue a tinha segurado baixo u a um la d o , m a s seus ele g a ntes d e d o s largos c risp a ra m -se lig eira m ente , c o m o se e stes q uisessem to c a r Isa b ella a p e sa r d e seu d o m ínio so b re eles. A m a nd íb ula d o Exe c uto r se to rnou ríg id a e juro u b ra nd a m ente em sua líng ua na ta l a ntes d e vo lta r a s c o sta s a Isa b ella e m o ver-se p a ra p ô r uma d istâ nc ia se g ura entre eles. Sua m ente esta va tra b a lha nd o c o rreta mente d e no vo , sa b ia q ue No a h vo lta ria tã o ra p id a m ente c o mo p a rtiu e q ue tinha q ue afastar-se d ela se p o r a c a so o u p o r p ró p ria d ec isã o , houvesse o utra c o nfronta ç ã o . Aind a q ue isto tivesse sid o um m a l-entend id o , tinha sid o inc a p a z d e exp re ssa r seus sentim ento s c o m o um se r c iviliza d o , intelig ente, a lg o q ue nunc a l tinha lhe acontecido antes. Isto, percebeu, era o m a lva d o hum o r d a lua Sa g ra d a . Ha via visto sa ud á veis pedaços d e sua m eta d e m a is b e stia l d ura nte um a b a ta lha intensa o u a c a ç a , m a s inc lusive entã o se m a nteve lóg ic o e a rd ilo so , essa q ue c ontro la va ha b ilid a d es tã o im p o rta ntes c o m o a s tá tic a s 59
d e luta . Nunc a ha via sentid o sem elha nte p a ra lisia to ta l d e p rud ênc ia e resp e ito . Lo g o sentia a lg o d e ve rd a d eiro a rrep end im e nto p elo q ue tinha p a ssa d o . De ntro d e sua p siq ue fo rm ig a va um a sensa ç ã o d e triunfo , o sentim ento d e q ue tinha d e fend id o o q ue era d ele e d eseja va deleitar-se no luc ro . Sentiu a q ueb ra d e o nd a d e resp osta d entro d e si e nã o p ô d e c o ntro la r o sentimento, não pôde desterrar sua existência. Isa b ella a ind a e sta va em m eio a um a ino fe nsiva c o nversa ç ã o c o m Le g na , a p ro xim a nd o se o bastante de maneira que a beleza mais alta pôde estender a mão e esfregar brandamente o b ra ç o d e Bela . Nã o ho uve nenhum a ta q ue d e p o ssesividade d entro d ele q ua nd o o lho u a em p á tic a irra d ia r ra p id a m ente seu c resc ente a feto a Isa b ella . Ele sa b ia q ue esta rá p id a a m iza d e e xistia p orq ue Leg na era a únic a junto a ele q ue tinha c o nhec id o Bela e q ue so ub e im ed ia ta m ente d e to d a s e c a d a um a d a s b o a s e no b re s q ua lid a d es d entro d ela . A Demônio Mental, compreendeu, acabaria por querer algum dia a Bela. Ig ua l ele d eu-se c o nta d e q ue nunc a seria c a p a z d e d eslo c á -lo b a sta nte lo ng e d e Isa b ella . O p ensa m e nto esq uentou sua consciência p o r c o m p leto fa zend o com q ue sua resp ira ç ã o fosse p ro fund a e rá p id a . Ela o seg uia e m q ua lq uer p a rte. Sua p resenç a se p eg a va a ele como uma carga estática. Lentamente passou os olhos ao longo de sua curvada altura, seus olhos p o usa ra m so b re ela c o m evid ente fo me re fletid a e m sua s p ro fund id a d es. Nã o p o d eria havê-lo esc o nd id o e m nenhum a c irc unstâ nc ia . Ne m se q uer sa b end o q ue esta va send o tã o estreitamente fiscalizado podia dissuadir a quebra de onda em seu desejo por ela. —Jacob… —disse Legna de repente. — Jacob, não… Seus o lho s se mo vera m a nsiosa m ente a um p o nto a lém d e seu o m b ro , e e le se p rec a veu d e q ue No a h tinha vo lta d o p a ra a esta d ia . Nã o teve q ue o lha r p a ra trá s p a ra sa b er. Tod o s seus sentid os refletira m a p resenç a im p o nente d o Rei Demônio: sua hum o sa fra g râ nc ia , o sussurro d e seu c o rp o , a g o ra , tota lm ente vestid o , e a a uto rid a d e q ue fo rm a va re d e m o inho s em to rno d ele inc lusive q ua nd o estivesse em rep o uso . Isa b ella o olho u q ua nd o Leg na lhe fa lou, o b rilho d o s o lho s p urp úreos d ela no a b a jur d e g á s fo ra m c o m o um a fle c ha q ue a tra vesso u d ire ta m ente se u coração. Como era possível? Como podia uma mulher humana fazer com que se sentisse como tinha jura d o q ue ja m a is esta ria d estina d o a sentir? Ag ita va -o tã o p ro fund a m ente , e tud o o q ue estava fazendo, uma vez mais, era olhá-lo. —Legna? —perguntou Noah com cautela. —Jacob está… —Jacob — d isse o Exec uto r b rusc a m ente c ra va nd o c o m seus temp estuoso s o lho s na Demônio fem inina e sua b o c a sensua l p ressio na d a a um severo c enho . — está b e m . Seja c o nsc iente, jo ve m , d e q ue há um a g ra nd e d iferenç a entre o q ue sinto e c o m o a tuo . Meu c o ntro le está a lé m d e a lg o q ue q ua lq uer d e vocês será c a p a z a lg um a vez, a ssim nã o p ense que é você quem me mantém a raia. Nem sequer de você. Isabella não perdeu o detalhe de que a referência por parte de Jacob a idade de Legna era a lg um tip o d e insulto intenc io na d o . As b o c hec ha s d a enc a nta d o ra fê m ea fla m eja ra m c o m c o r, sua s m ã os ele g a ntes se fe c ha ra m e m p unho s. Isa b ella susp iro u, p ô s o s o lhos em b ra nc o , e colocou as mãos em seus redondos quadris. —Certo, já é sufic iente. Ca d a um d e vo lta a sua e sq uina . Cé us. Se eu p ensa sse q ue 60
p o d eria se r resp o nsá vel p o r fa zer q ue três a m ig o s p erfe ita m ente intelig e ntes se a tira sse m a o p esc o ç o m utua m ente , nunc a teria c ruza d o essa so leira — d isse a ssina la nd o um a entra d a grande ao fundo, no outro lado do Grande Salão para dar ênfase. — Ou —va c ilo u, lo g o olhou o la d o o p o sto d a esta d ia , q ue ta m b é m tinha um a sa íd a —, aquela soleira. Ja c o b sentiu q ue um so rriso se insta la va so b re seus lá b io s e c la reo u a g a rg a nta . O so m d elib era d a m ente a tra iu a a tenç ã o d ela , e , o utra vez c o m g ra nd e d eterm ina ç ã o , elevo u a vista p o r c im a d e seu om b ro a um a d a s vid ra ç a s d e c o res, q ue tinha m um a p e q uena ja nela d e dobradiça na parte de abaixo e que permanentemente se deixava aberta. —Aq uela so leira ? —p erg untou ela , sua vo z se elevo u c o m surp resa . Ele se ntiu q ue seu c o ra ç ã o p erd ia um b a tim ento a nte sua c o m o ç ã o e se sentiu m a l p elo g o lp e d e risa d a q ue tenta va sa ir. Tinha a sensa ç ã o d e q ue se risse, ela se ria m uito m a is a m e a ç a d o ra d o q ue tinha sido Noah. Leg na , entreta nto , nã o tinha ta l c o ntro le. Ela riu c o m um incontrolável risinho tolo e lo g o p ô s ra p id a m ente um a m ã o so b re seu tra iç o eiro so rriso q ua nd o Bela g iro u p a ra fulm iná -la c o m um indignado olhar. —Sinto muitíssimo — disse ela atrás do amortecido de sua mão- é culpa deles. A e m p á tic a a ssina lo u seu irm ã o e seu Exec uto r, e Bela p ô d e ve r q ue p o r d etrá s d e sua s expressões a fo rç a estó ic a , seus o lho s esta va m b rilha ntes p ela vo nta d e d e rir d ela . Isa b ella sorriu abertam ente , vo lta nd o seus o lho s p a ra estud a r o p a d rã o d a s nervura s d e m á rm o re no c hã o enquanto ambos começavam a rir. A tensão de Jacob de horas antes se dissolveu imediatamente com sua diversão. —Continua, Bela, deixa que Legna fique contigo para chamar sua irmã — disse ele depois que recuperou a calma. — Ma s nã o d eixe q ue Leg na fiq ue na luz d o d ia m uito tem p o . Ela nã o é tã o fo rte c o m o seu irm ã o e eu. Tenho um a s q ua nta s c o isa s q ue fa zer a ntes d e ir d esc a nsa r d ura nte o d ia . —Ele olhou Noah durante um comprido minuto. — Me atrevo a dizer que você tem coisas que fazer aqui também? No a h fo i c o nsc iente d e q ue Ja c o b esta va lhe a d vertind o d e q ue a id éia d ele a c o m p a nha nd o Isa b ella nã o se ria m uito b em a c o lhid a . O Rei nã o p retend ia fa ze r o utra c o isa q ue vo lta r para seu interro m p id o sono uma vez q ue tud o estivesse e m o rd e m . Em fa c e d a recente briga, ainda estava desconcertado pela possesividade por detrás da velada ameaça. A verd a d e é q ue a lea ld a d e d e Ja c o b p a ra com ele esta va p ro fund a m e nte inc ulc a d a em tud o o q ue fa zia , m a s No a h nã o se fa zia ilud ir o c ulta ndo o fa to d e q ue Ja c o b tinha m a rc a d o d e a lg um jeito esta m ulher na m ente c o m o sua p o sse . Sa b ia q ue isto era um a a titud e p erig o sa e insa lub re p a ra Ja c o b sim p lesm ente p o rq ue nã o tinha nenhum d ireito d e fa zê-lo a ssim . Po r o utra p a rte , nã o p o d ia evita r um a sensa ç ã o c o nsta nte a trá s d e seu c é reb ro d e q ue este d esa fio p a ra ser o d efenso r d e Isa b ella sig nific a va a lg o m uito im p o rta nte. Isto era m uito c urio so , m uito p ro fund a m ente enra iza d o no extra o rd iná rio c o mo p a ra sig nific a r pouca im p o rtâ nc ia . Teria q ue refletir so b re isto enq ua nto c o nc ilia va no sono . No a h esp era va q ue q ua nd o d esp erta sse tivesse os p ensa m e nto s e a p ersp ec tiva d o a ssunto m a is c la ros. A 61
lo uc ura , o s nig ro m a ntes, e o q ue fosse q ue p e rm itia a Isa b ella Russ vo lta r tod o s o s a m ig o s m a is poderosos d e No a h e a lia d o s d o a vesso e m seus esfo rç o s p a ra p ro teg ê-la , p o r instinto sa b ia q ue to d o s estes esta va m rela c io na d o s. Tud o o q ue nec e ssita va a g o ra e ra a lg um a luz q ua nto a o p o r que. —Vo lto p a ra m inha c â m a ra — a nunc iou No a h, m a is p a ra tranqüilizar Ja c o b q ue o utra coisa. — Le g na , nã o va c ile em m e c ha m a r se Isa b ella o u vo c ê nec e ssita rem. —Fez um a p a usa durante dois segundos. —Se sua seg ura nç a é a m e a ç a d a d e q ua lq uer m o d o , sug iro q ue c ha m e ta m b é m a Jacob. Ele pode ser capaz de te alcançar muito mais rápido do que eu posso. No a h era m uito c o nsc iente d a rep entina lib era ç ã o d e tensã o d o c o rp o d e seu Exec uto r. Tinha q uerid o rela xa r o s instinto s p ro teto res d e Ja c o b , e tinha tid o êxito c om inc rível d ip lo m a c ia . O c onhec im ento d e q ue nã o lhe d eixa va à m a rg em p a rec eu rela xa r o Demônio d a Terra enormemente. Esta vez empregou a aborrecida escada convencional para sair do quarto. Ja c o b d ec id iu q ue um a sa íd a rá p id a seria o únic o m od o p elo q ua l p o d eria colocar-se a um a d istâ nc ia ne c essá ria entre Isa b ella e ele. Assim , se m se q uer um a o nd a , g iro u em um a explosão d e m o vim ento , c o nvertend o -se e m um a nuvem d e p ó q ue fluiu velo zmente p a ra c im a e saiu pela estreita janela de cristal tinto. —Isso é extremamente formoso —suspirou Isabella. —Sup onho q ue é — esteve d e a c o rd o Ma g d ele g na c o m um a risa d a , c a rinho sa m e nte enquanto estendia a mão para esfregar o ombro de Bela em um gesto amistoso de consolo. — Lhe consigo um telefone? —Por que não há nenhum telefone por aqui? — perguntou. —Bom, a melhor maneira que posso explicar é que a tecnologia como a eletricidade e os telefo nes nem se m p re ha rm o niza m c o m o s Demônios. Ac red ita m q ue é p o rq ue esta m o s m uito a rra ig a d o s na na tureza , há a lg o a resp e ito d o s o b jeto s tec no ló g ic os fe ito s p elo ho m e m q ue sim p lesm e nte nã o func io na m c o rreta m ente q ua nd o esta m os m uito p erto d eles. Se ... «Ava ria m » acredito é a expressão. Desenvolvem problemas técnicos. —Ah — disse brandamente Isabella. —Às vezes, não passa nada absolutamente. —Legna encolheu os ombros. — Outra s vezes, sim p lesm ente no ssa p ro xim id a d e fa z c o isa s q ue c o nseg uem ... d a nific á lo s. Este é um d o s m o tivo s p elo s q uais o s Demônios nã o se integ ra m to ta lm e nte c o m o s hum a no s. Sã o m uito d ep end e ntes d e sua s tec no lo g ia s. Muito s d e nós p re ferim os viver exiladamente... em enclaves rurais como este. —Em lugares onde os métodos de vida arcaicos não saem tanto do normal — refletiu Bela — Já vejo. —Fez uma pausa durante só uns segundos. — Uma última pergunta? —Duvido que esta seja a última. —Riu Legna. — Todas as suas perguntas são bem-vindas. 62
—Co m o é q ue estã o to d o s a c o rd a d o s? Pense i q ue vocês tinha m um a p o d ero sa compulsão por dormir durante o dia. —Os Ma iores Perito s c om o No a h e Ja c o b p od e m p o sterg a r e sta c o m p ulsã o d o so no c o m esfo rç o e um a vid a d e c o ntro le d o p o d er. Os Demônios mais jo vens, c o m o eu, so m o s m uito m a is suscetíveis. Esta manhã cobrou seu preço de todos nós. —Lhe sustentou as mãos e Isabella notou pela primeira vez que tremiam. — Nó s nã o g o sta m o s d e m o stra r d e b ilid a d e. Ja c o b e No a h o c ulta m b em a sua , e m b o ra No a h p o d e nã o esta r a feta d o . Nunc a estou seg ura , m a s sua c a p a c id a d e p a ra m a nip ula r energ ia ... Susp e ito q ue p o d eria p erm a nec er a c o rd a d o se m p a ra r d ura nte d ia s se a ssim o d eseja sse . Ele é d o Fo g o , e p o uc o s d e nó s entend em p o r c o m p leto a s c a p a c id a d es d o s Demônios machos de Fogo. —Sinto m uito . Nã o tinha intenç ã o d e a g ita r to d o m und o . Po r q ue nã o d eixa m os isto p a ra m a is ta rd e q ua nd o chegue à no ite? Um a s ho ra s nã o farão nenhum a d ife re nç a p a ra Co rrine o u para mim. —Está segura? —Sim . Não tem nenhum sentido que passe por tal esforço por algo que pode esperar sem problema. —Eu estaria bem —lhe assegurou Legna. — Só um bocejo por aqui e por lá. —Ainda assim. Volto para meus livros. Vem me buscar quando despertar.
CAPÍTULO 4 Era d e d ia um a vez m a is q ua nd o Ja c o b flutuo u d esc end o p elo vestíb ulo d e No a h a té q ue esteve na c â m a ra , e m um m o mento era p ó d a nç a nd o a tra vés d a inc a nd esc ente luz, no seg uinte p a ra nd o lig eira mente em seus p és. Olho u a o red o r d a b e m ilum ina d a c a ta c um b a , p ro c ura nd o sua p resa . Esc uto u um sussurrante som d o s m o ntõ es m a is p ró xim o s e se m o veu p a ra ali. Ha via um a sua ve m a ld iç ã o , um g runhid o , e o rep entino g o lp e d e a lg o im p a c ta nd o c o ntra o c hã o . Ja c o b se vo lto u b e m a te m p o p a ra enc o ntra r Isa b ella b a la nç a nd o-se em um a d a s m uita s esta ntes, c o m seus p és o sc ila nd o uns três m etro s a c im a d o c hã o enq ua nto p ro c ura va c o m seus p és um c a b o . No c hã o b a ixo e la ha via um livro q ue se via se r b a sta nte a ntig o , ele lim p o u a b o linha d e p ó q ue se d esp rend eu d o o b jeto q ua nd o o tinha o uvid o c a ir. Longe a esquerda dela, estava a escada que ela aparentemente tinha estado utilizando. Co m um leve susp iro d e exa sp era ç ã o , Ja c o b a ltero u a g ra vid a d e p a ra ele m esm o e elevando-se detrás dela. —Vais romper o pescoço. Isa b ella nã o esp era va a q uela vo z em seu o uvid o , tend o em c o nta sua s p ec ulia res c irc unstâ nc ia s, e so lto u um p eq ueno c hia d o . Um a m ã o p e rd eu o c a b o e ela b a la nç o u diretamente na d ura p a red e d e seu p e ito . Ele a re c o lheu c o ntra si, seu b ra ç o esc o rreg a nd o para seus joelhos de modo que pudesse sustentá-la sem perigo, seu calor lhe infundiu um sentido 63
d e seg ura nç a e a lívio q ua nd o a b a ixo u a o c hã o sem esfo rç o . Ap esa r d e si m esm a , ela a p erto u a bochecha contra seu peito. —Deve aproximar-se de mim no meio do ar dessa maneira? É muito desconcertante. Ela tinha p ensa d o so a r za ng a d a , m a s a a c usa ç ã o fo i a lg o sua ve e o feg a nte. De to d o s o s m o d o s, q uã o za ng a d a p o d ia lhe fa zer a c red ita r q ue esta va q ua nd o se a p ro xim a va a ele c o m o um g a tinho ? Maldito fosse Demônio ou nã o , a ind a era um ho m em p ec a m ino sa m e nte b o nito . Ja c o b era eleg a nte , sem d e feito , seus m o vim ento s e a titud e c o nc entra va m um a e fic iênc ia d e a ç õ es q ue esta va à vista . Esta va vestid o o utra vez c o m c a lç a s neg ras sob m e d id a , e esta vez c o m um a c a m isa a zul m eia -no ite c o m o s p unho s a rre g a ç a d o s. Ela p o d ia sentir a ric a q ua lid a d e d a se d a so b a b o c he c ha , e q ua nd o ela a sp iro u, Ja c o b c heira va c o mo a ric a e vertig ino sa terra da qual ele reclamava suas habilidades. Além d o tod o externa m ente a tra ente fisic a m ente , Isa b ella sa b ia q ue ele era extrem a m ente sensível a resp eito d e intera g ir c o m o utro s. Ela p o d ia sentir seu im p e rio so fo rm ig a m e nto mo ra l a tra vés d e sua m ente sem p re q ue ele esta va p erto . Seu c o ra ç ã o , ela sa b ia , era feito d e um m a teria l inc rivelm ente hono rá vel. Co m o p o d eria c o nsid e ra r ela m esm a ter m ed o d isso ? Esp ec ia lm ente q ua nd o ele nunc a a tinha ferid o nem um a vez, em b o ra houvesse muita s influências que o compeliam a isso . —Pod eria te d evo lver e p erm itir c a ir para sua m o rte? —perguntou-lhe , so lta nd o sua s p erna s e p erm itind o q ue seu c o rp o esc o rreg a sse lenta m ente p a ra b a ixo a té q ue seus p é s tocaram o piso. O m urm úrio d a fric ç ã o d e sua s ro up a s zum b iu a tra vés d a p ele d e Ja c o b , e ele sentiu seus sentid os e nfo c a nd o -se e m c a d a m a tiz d e sensa ç ã o q ue lhe sub m inistra va . A q ued a d e seu c a b elo d e sed a a ind a em seu enred a d o esta d o a tua l, o d o c e c a lo r d e seu fô leg o e c o rp o , a perfeição de sua pele de marfim. Ele se esticou para limpar uma mancha de pó de seu delicioso e p e q ueno na riz. Ela era um a c o m p lic a ç ã o . Nã o ha via d isc ussã o nisso . Da c a b e ç a a o s p és esta va c o b erta d e p ó e im und íc ie , e c he ira va c o m o um livro velho , m a s esses a ro m a s d e terra nunc a seria a lg o p o uc o a tra tivo p a ra um demônio d e sua c la sse. Ja c o b resp iro u p ro fund a m ente q ua nd o o c a lo r q ue norm a lm ente ela lhe insp ira va e q ue a q uec eu se u sa ng ue frio. Era m a is fo rte a c a d a m o m ento q ue p a ssa va , c o m c a d a d ia p ro g ressivo , e ele nunc a chegou a ser ig no ra nte d esse fa to . E tra to u d e c o nvenc er-se q ue era m so mente o s efe ito s d a lua c resc e nte , m a s esse ra c io c ínio nã o o sa tisfez. Co nsa g ra d a a lo uc ura nã o teria e m c o nta a inesp era d a c o m p ulsã o p a ra a ternura q ue ele c o ntinua va exp e rim enta nd o sem p re q ue o lha va seu rosto angelical. Nunca permitiria desfrutar destes simples embora significativos indícios de sua c o nsc iênc ia se m fo rç á -lo a p erd er o c o ntro le. Certo , ele m a ntinha seu c o ntrole c o m um poderoso cinturão de determinação. Estavam calcadas embaixo as quebras de onda de desejo e luxúria q ue o a g a rra va m tã o fo rte a lg um a s vezes q ue q ua se p a ra lisa va , m a s d e a lg um m o d o era ainda diferente. Entã o teve q ue rec o nhec er ta m b é m a a lusã o d e se us p ensa m ento s c o m o verdadeira m ente extra o rd iná rio . Po ssivelm ente um hum a no p o d eria inic ia r ta l c o nta to se fo sse m éd ium o u p síq uic o d e no tá vel c a p a c id a d e , m a s ela nã o re c la m a va ta is ta lento s esp ec ia is. Ca d a d ia a s im a g ens d e sua m ente se vo lta va m m a is c la ra s p a ra ele . Ela ha via inc lusive lhe enviado c o nsc iente m ente im p ressões visua is e m resp o sta a a lg um a d isc ussã o q ue eles tinha m com Noah, com Elijah, e com Legna. Ele acreditava nisso, se as coisas continuavam progredindo d esta m a neira , ele e Bela lo g o esta ria m entra nd o e m verd a d e ira s discussões um c o m o o utro 64
sem nem sequer abrir a boca. Ele não tinha provas para apoiar-se nesta hipótese, mas parecia a evolução natural d a crescente comunicação silenciosa entre eles. Ele tinha visto Leg na o lhá -los c o m c urio sid a d e em vá ria s o c a siõ es. Felizm ente , p o r q ue ela era um Demônio da Mente feminino, não era uma telepata completa. Se tivesse sido um macho teria estado ciente de alguns intercâmbios bastante privados entre ele e Isabella. Nada picante, re a lm ente , m a s ele descobriu q ue Isa b ella tinha ta l irreverente senso d e hum o r q ue nã o esta va seguro de que outros o entendessem como ele parecia fazer. Fo i a intim id a d e d o interc a m b io q ue se e nc o ntro u c ob iç a nd o . Era a únic a m a ne ira na qual p o d ia m e sta r junto s sem Le g na o u No a h intervind o . Já era b a sta nte m a u q ue o em p á tic o fa reja sse c o nsta ntem ente sua s em o ç õ es, a sseg ura nd o -se q ue ele m a ntivesse em c uid a d o so c o ntro le seu la d o m a is d esp rezível. Já q ue o Rei nã o era c a p a z d e sub m etê-lo a o c a stig o usua l q ue era im p o sto p a ra o s q ue tinha m c ruza d o a linha c o m o ele tinha fe ito c o m Isa b ella , tinha sid o o b rig a d o a ser um p o uc o m a is c ria tivo . Deixa nd o o rastreador d e sa ng ue telep á tic o d e Leg na oc up a do com o a ssunto . Isso o esta va fodendo seria m ente. Ele sa b ia q ue ela se m p re estava ali, e incendiava seu orgulho como fogo nuclear. Alé m d isso , ele nã o p o d ia m a nter sua m ente lo ng e d e Isa b ella . E d esd e q ue a ind a o menor p e nsa m ento d ela tinha o c o stum e d e fa isc a r um a ta q ue vio lento d e fa nta sia s q ue traziam uma resposta física a seu corpo, quão último ele queria era audiência. Tinha re q uerid o b a sta nte p la ne ja m ento , e o uso d e um a eng a no sa m esc la d e c há d e erva s, p a ra esc a p a r d a sup ervisã o d e Leg na d e m o d o q ue p ud esse esc a p ulir p a ra a c â m a ra . A empática dormia tão solidamente como um morto, e permaneceria assim até essa tarde. —Não teria caído para minha morte, — discutiu Bela, sua veia teimosa cravando-o . — No m á xim o , teria caído quebrando a p erna ou p ro vo c a d o um a c o m o ç ã o o u a lg o . Menino, vocês o s Demônio s têm e ssa m a nia d e fa zer com q ue tud o p a reç a tã o intenso e essencial. —Somos umas pessoas muito intensas, Bela. —Me fa le so b re isso — Ela sa iu d e seu a b ra ç o , p o nd o d istâ nc ia entre eles c o m um só passo atrás. Jacob se deu conta ante a determinação do ato. — Estive lend o o s livro s e c ilind ro s d e setec ento s a no s. Vo c ê so zinho fo i um b rilho no s o lho s de seu pai, imagino. —Demônios p o d e m ter lo ng o s p erío d o s d e g esta ç ã o p a ra seus jo vens, m a s nã o setenta e oito anos de conceito. —Sim. Li a respeito disso. É verdade que leva treze meses a uma fêmea dar a luz? — No mínimo — Disse com tal casualidade que Bela riu. —Para você é fá c il d izê-lo . Vo c ê nã o tem q ue leva r o m enino d entro d e você to d o esse tempo. Vocês igual a sua c o ntra p a rte hum a na , têm a p a rte d ivertid a e m tudo isso. —Ela estalou os dedos diante de seu rosto. Seus o lho s esc uro s se entrec erra ra m e estend eu p a ra e nc erra r sua m ã o na d ele , puxando seu p ulso p a ra o lento e d eterm ina d o passar d e seus lá b io s se m p erd er o sensua l c o nta to visua l 65
que estava cheio de muitas promessas. Isabella recuperou o fôlego com uma insidiosa sensação de quente formigamento e uma aguda necessidade subindo pelo braço. —Eu te prometo Bela , q ue a p a rte d e um Demônio m a c ho em um em p a relha m ento nunc a é na d a p a rec id o a isto, im ito u seu o feg o , lhe fa zend o sa lta r no tem p o e a celerando o batimento de seu coração. —Bem, —p ig a rreo u ela — sup o nho q ue terei q ue a c e ita r sua p a la vra nisso —Ja c o b nã o respondeu em acordo, e isso aumentou ainda mais seu desconcerto. Instintivamente, ela mudou de rumo. — Assim , q ue , o q ue te levou a descer a p o eirenta a tm o sfera d a Gra nd e b ib lio te c a Demônio? _perguntou ela, sabendo que soava igual a uma brilhante caricatura. —Você. OH, c o m o essa p a la vra tã o sing ula r esta va c a rre g a d a d e sig nific a d o , intenç ã o , e c o m a trem end a m ente p a tente ho nra d ez. Isa b ella se viu o b rig a d a a re c o rd a r a si m esm a to d o o ta b u so b re o e m p a relha m ento Demônio - Hum a no q ua nd o a resp o sta p ro ib id a d e c a lo r c o ntinuo u retorcendo-se so b sua p ele , c resc end o d e m a neira exp o nenc ia l intensid a d e c a d a m o m ento q ue ele ro nd a va p erto . Ela tra to u d e im a g ina r to d a s as c la sse s d e c o isa s esp a ntosa s q ue p o d eria m a c o ntec er se ela nã o d e ixa va jo g a r c o m o q ueria ele. Co m o fa ria , nã o sa b ia , m a s sempre soube o que era jogar. _ Po r q ue q ueria m e ver? Perguntou, se p a ra nd o -se d ele e d o b ra nd o -se p a ra re c up e ra r o livro q ue tinha d e ixa d o c a ir. Era eno rm e e p esa d o e ela g runhiu b ra nd a m ente so b o p eso d isso . Este a terrisso u c o m um g o lp e e o utro so p ro q ue tiro u o p ó so b re a m e sa d a q ual ela tinha feito seu próprio estudo privado. —Porque não posso a parecer e te ajudar, pequena encantada Bela. A espessa voz sedosa escorregou por seu pescoço e espinha dorsal, fazendo-a tremer. Ela se endireitou e jogou pra trás o poeirento cabelo, negando-se a fazer contato visual com ele. —Okay, umm... Demônio mais humano igual a ... grandes coisas más, recorda? Lua cheia? Outubro? Algo disso te soa? —Crê que não sei?A p ergunta foi baixa, soando perigosa. — Te p a reç o fo ra d e c o ntro le , Bela ? Crê rea lm ente , seq uer p o r um m o m e nto , q ue eu te machucaria? —Nã o , nã o a c red ito . —Ela fina lm ente enc o ntro u seu o lha r p enetra nte. Ma s vo c ê nã o é exa ta m ente seu o ntem , É a g o ra ? E a p rim e ira no ite q ue nos enc o ntra m o s? Nã o d isse vo c ê m esm o q ue isto p o d ia g o lp e a r a q ua lq uer um de vocês e m q ua lq uer m o m ento ? Ning uém é imune. —Bela se m oveu p a ra e nc a rá -lo , seus b ra ç o s c ruza nd o seu ventre d e q ua d ril a q ua d ril. Esquece-se q ue vi o p io r d a luxúria d e um Demônio? Às vezes fec ho o s olho s e vejo Sa ul equilibrando-se sobre mim. Isso me aterra, Jacob. Não queria, mas passou. Os d e d o s d o Ja c o b se c urva ra m so b re si m esm o s, fo rm a nd o a p erta d o s p unho s q ue era o sina l d e se u tra nsto rno . Ela p ressentia q ue o inc o m o d a va sa b e r o m uito q ue ela o tem ia , q ue esta va c o m p a ra nd o a s p o ssib ilid a d es entre eles c o m seu enc o ntro c o m um p ervertid o mo nstro . Entreta nto , era a verd a d e d e seus sentim e ntos, ou d e a lg uns d eles, e ele p rec isa va sa b ê-lo . Ela p ô d e ter sid o intro d uzid a e m seu m und o p elo Destino o u q ua lq uer o utra c o isa , m a s isso nã o 66
q ueria d izer q ue ela fo sse ser d esa tenta c o m sua seg ura nç a p esso a l. Nem ta m p o uc o q ue p usesse a nenhum d e seus a m ig o s e m p e rig o . Ela já estava se p reo c up a nd o a g ora p ela Le g na , a p ureza d a a lm a d a e m p á tic a tã o b e la e ino c e nte q ue nã o p o d eria a jud a r a a fe iç ã o c resc ente nela . De p o is d a d e m o nstra ç ã o d e o ntem de m a nhã d o p o d er d e No a h, ela se negava a p ensa r se q uer em p ô r Ja c o b e m um a c o nfro nta ç ã o c o m ele . Ela ta m b ém tinha o c la ro p ressentim ento d e q ue o Demônio Exec uto r, q ue No a h tinha o s d ireito s exc lusivo s d e ta l exaltada posição na estima do Jacob. O que incomodava a Bela é que ela perturbasse tanto Jacob. Era como uma brincadeira incrivelmente aborrecida, revo lvend o e se m ter a m eno r intenç ã o d e le vá -la a té o fina l. Nã o importava quanto tratava de não fazê-lo, somente importava que fizesse. —Possivelm ente d everia ir, — d isse ela fra c a m ente , g ira nd o p a ra desemb a ra lha r p a p é is em inócuas posições sobre seu escritório. — Po ssivelm ente o utra p esso a d eva fa zer esta investig a ç ã o . No a h tem m a is exp eriê nc ia nisto q ue e u. Po sso ler o s textos ing leses, inc lusive o s la tino s, m a s nã o p o sso ler o s tra b a lho s q ue esteja m no id io m a qualquer q ue seja q ue esteja m estes. Vocês têm Demônios erud ito s, e eu só sou uma humana… —Não. Nós lhe necessitamos. —Seu tom era tão firme como uma rocha. —Se vo c ê o d isser. Tud o o q ue sei é q ue so u um a d istra ç ã o p a ra você, Ja c o b . Um a q ue não necessita neste momento, pelo que tenho lido. —Nã o irá —Era um a o rd e m , p ro fund a e fo rte , c he ia d e sua frustra ç ã o . Entã o ele p a re c eu dar-se c o nta d o q ue d izia e susp iro u, passando a m ã o p o r seu c o m p rid o c a b elo so lto d e maneira agitada. — Se fosse d e meu reino... d o a m p a ro d e minha g ente, entã o veria o sig nific a d o d a palavra distração —lhe prometeu ele. —Aí estamos outra vez. É tudo tão extremo para sua gente? —Sim — Sua m ã o fo i enq ua d ra r seu ro sto , g ira nd o -a p a ra olhá -la c o m p le ta m ente nos o lho s, a s p onta s d o s d ed o s m o vend o -se sua ve , m a ssa g e a nd o tenta tiva m e nte o lug a r d ia nte d e sua orelha onde começava o limite do cabelo. — Dir-te-ei isto , Isa b ella . Em m inha longa vid a , estive reso lvid o e m m inha d evo ç ã o p a ra um monte d e c o isa s p a ra um m o ntã o d e o utra s p esso a s. Ma s vo c ê... vo c ê é a p rim eira c o isa p ela q ue m e vejo o b rig a d o a ser d evo to p o r m im e ning ué m m a is. Nã o p ense q ue é a Lua Co nsa g ra d a a q ue m e fa z fa la r d esta fo rm a . Asseg uro -te , q ue é a lg o m uito m a is p rofund o q ue isso, algo muito mais convincente que tal inconstância astrológica. —Jacob... —Isa b ella esta va o feg a nte. Po r q ue nã o p o d ia lhe d izer um ho me m norm a l essa s c o isa s? Fina lm e nte a lg uém ro m â ntic o , fa sc ina nte, e intelig ente vem , e re sulta q ue nã o é de sua mesma espécie. Boa sorte. Jacob sorriu, com uma larga careta dentuça. —Eu sou um homem normal —insistiu ele. —Hey! Deixa de fazer isso! —Ela cobriu a cabeça com ambas as mãos. 67
— Não leia a minha mente. Isso não é justo. —Justo ? O q ue tem q ue ver isto c o m a justiç a ? Nã o sei p o r q ue so u c a p a z d e sentir se us pensamentos, mas já que tenho a capacidade, é prático utilizá-lo. —Bem, não é ético! —As mãos pressionando sobre seus quadris, fazendo-o sorrir. —Às vezes c o isas m uito p riva d a s a tra vessa m m inha c a b e ç a , e vo c ê nã o tem que inconvenientemente b isb ilho ta r a li. Sim p lesm ente p o rq ue p o ssa fa zer a lg o nã o sig nific a q ue deva. —Isso eu entend o. Entreta nto , é vo c ê q uem m a ntém essa s im a g ens de m im q ua nd o estamos em público. Alguns dela s muito desrespeitosas de meu Rei e Elijah. Indicou. Seus olhos brilhavam com cintilante diversão quando ela elevou o queixo com teima. —Deram-m e isso , nã o to m e i. Pod eria ter a s c o isa s fo ra d a m inha c a b e ç a se m a sua permissão? —Deseja ria q ue o fize sse —d isse ele b ra nd a m ente , a insinua ç ã o d a sim p les d ec la ra ç ã o enviou um tremor por sua nuca. —Bem — ela clareou a garganta. —Te agradeço p o r te m a nter fo ra d e m inha c a b e ç a . E já q ue mencionou vo c ê é tã o normal como um furacão. —Sim, mas inclusive houve um tempo em que os furacões foram considerados normais. Ja c o b riu q ua nd o ela lib ero u um p e q ueno g runhid o frustra d o , o so m o g o lp e a va mais atraente q ue irritá vel o u p erig o so , c o mo p o ssivelm ente teria d eseja d o q ue fo sse. Ele se estic ou p a ra lhe a c a ric ia r a g a rg a nta a ntes q ue p ud esse c o nter o im p ulso , sentind o -a vib ra r c o m o so m p a ra to d o um seg und o antes q ue sua c a ríc ia a so b ressa lta sse e a fizesse o feg a r. Ele a sentiu tra g a r, sentiu sua resp ira ç ã o . Tã o vívid o s reflexo s vita is. Ele p o d eria sentir seu p ulso . Sentir c o m o se a c elera va . Lo g o q ue tinha c o m e ç a d o a c o rrer p rec ip ita d a m ente seu sa ng ue q ue já estava o utra vez c heio d e sua essênc ia . Isto o intoxicava ig ua l a m uito s c a ra melo s, fa zend o c o m q ue seu m und o se inc lina sse so mente um p o uc o d e seu eixo . Essa p a rte p rim itiva d ele se revo lvia , levantando a cabeça para sair desse controlado sono. Isa b ella viu o esc uro fo g o p rend end o e m seus o lho s c ho c ola te esc uro . Ela c onteve o fô leg o , enc a nta d a m o m enta nea m ente q ua nd o a fo m e la m b ia c o m veem ênc ia p o r sua íris, voltando-o s c o m p leta m ente neg ro s. Aq ueles o lhos b rilha ntes p a ssa va m ro ç a nd o so b re ela , devorando-a sem necessidade de contato. Ela era extremamente consciente de seu poder, sua força, e todas as coisas que poderia girar e dobrar a sua vontade se concentrava com bastante fo rç a . A ela nã o esc a p o u q ue esta va c o nvertend o -se ra p id a m ente em uma d a q uela s c o isa s. Sem p re q ue ele estivesse p erto , ela se inc lina ria ind evid a m ente p a ra ele c o m o um a flo r procurando o sol. —Co m o ra ízes p ro c ura nd o nutrientes d o solo. —c o rrig iu ele , a rra nc a nd o seu sím ile m enta l dela e convertendo-o em um que satisfizesse mais a ele e a sua natureza. — Ma s p o ssivelm ente isso m e d e sc reveria m elho r, p e q uena flo r —Sua vo z era tã o q uente como a terra assada pelo sol. 68
— Se m p re q ue te vejo , venc e-m e o im p ulso d e esta r enra iza d o em você, esta r enterra d o tão profundamente que seu corpo possa me alimentar. As im a g ens p a re c ia m um relâ m p a g o a tra vessa nd o -a . Isto d e ixo u Isa b ella cuidadosamente p ro c ura nd o p o r fô leg o e tro uxe la sc a s d e m e rc úrio fund id o p o r sua s veia s. Sua cabeça estava dobrava para trás, inclinando seu rosto para cima para encontrar-se com a leve baixada de sua cabeça. Seus olhos apontavam a separada elevação de sua boca. Ela b a la nç o u a p ro xim a nd o-se d ele , seu c o rp o tã o e m sinto nia c o m o seu q ue , se m o via um o m b ro p a ra d ia nte , ela e m p a relha ria o m o vim ento . Ela o fez d e ta l m o d o q ue , d e pois d e ter entra d o e m c o nta to , ela enc a ixa ria p erfe ita m ente na linha d e seu c o rp o . A fo m e a rra nha va a tra vés d e Ja c o b sem p ie d a d e , sua s fo ssa s na sa is a rd ia m q ua nd o se encheram d e ssa exó tic a essência que era 100% Bela. Desta vez, a b o c a d e Ja c o b fo i im ensa m e nte tenra q ua nd o p o so u c o ntra a sua . Ta nto a ssim se nã o fo sse p elo b rilho d e c a lo r q ue a verme lha va seus lá b io s, ela nã o haveria sentid o nenhum c o nta to . Ele se p ressio no u so b re ela inc re m enta nd o -o , rind o c o ntra sua b oc a q ua nd o ela fez um p e q ueno so m d e frustra ç ã o e m seu insulta nte a va nç o . Ele a d eixo u d ec id ir q ua nd o estivesse p rep a ra d a , sustenta nd o -a a ind a m a s c o m g entileza , ro ç a nd o a resp ira ç ã o d e seus lá b ios c o ntra o s d ela . Estend eu a s m ã o s e a s fec ho u c o m inc o nsc iente d esejo em sua c a m iseta . Ela tratava de aproximá-lo, mas não lhe obedeceria. Vem para mim, pequena flor, se me quiser. Vem para mim. O sa ng ue d e Isa b ella rug ia e m seus o uvid o s tã o fo rte q ue ela q ua se nã o o uviu o sua ve chamando d a vo z em sua m ente. De um a o u o utra m a ne ira , ela tinha d e c id id o q ue seg uiria o jo g o . Ela fic o u na s p o nta s d o s p és, e m p urra nd o seu c o rp o c ontra o seu, sua b o c a c a p tura nd o a sua c o m g ula . Ele a a b riu im ed ia ta m ente p a ra o va rrer agressivo de sua língua, gemendo desde sua alma quando ela revoava igual a uma mariposa suave e sensual dentro de sua boca. Sua s m ã o s se b a nha ra m e m seu sed o so c a b elo s, c a p tura nd o sua d elic a d a c a b eç a , puxando ela p ro fund a m ente d entro d ele. Qua nd o a a g re ssã o a c end eu a s m ã o s, o c o rp o d e Isa b ella se inc lino u p a ra trá s, c urva nd o -se , p eg a nd o -se a ele e a b so rvend o o d uro c a lo r q ue ele em itia e m o nd a s g ra nd es, a to rd o a ntes. As m ã o s d e Ja c o b se flexio na ra m q ua nd o ela se a p e rto u p eg a nd o -se a ele . Sua líng ua va rria so b re a sua c o m ó b via fo m e. Sua resp ira ç ã o se p re c ip itou tã o veem e nte a tra vés d e sua b o c a e b o c hec ha q ue ela se sentiu c ha m usc a d a p o r isso . Isa b ella d evo lveu a intensid a d e d esliza nd o sua s m ã o s p or c im a d o d o rso d e se u p esc o ç o e entra nd o na s p ro fund id a d es d e seu esp e sso c a b elo , sustenta nd o tã o fo rte o b eijo c o m o ele a sustentava. Ja c o b sentiu a lig eira a c uid a d e d e sua s unha s q ua nd o via ja ra m p o r c im a d a sensível lo ng itud e d e seu p esc o ç o , e a resp o sta q ue sa lto u p o r seu c orp o era im p o nente ta nto em c a lo r c o mo p rim itiva . Eles d esd o b ra ra m d entro d ele , flexio na nd o c a d a m úsc ulo em a ntec ip a ç ã o a té q ue Isa b ella enc o ntra sse a si me sm a a d erid a a um ho m e m fe ito d e g ra nito . Os c ontra stes d o s sua ves tra b a lho s d e sua b oc a m a ra vilho sa m ente se d uto ra era m a sso m b ro so s. É o b vio nã o lhe im p o rta va q ue sua b o c a fo sse a únic a p a rte rela xa d a d e seu c o rp o . Quer d izer, se p od ia chamar a sua a g re ssiva fo m e enq ua nto d evora va seu d o c e sa b o r, um a exib iç ã o d e relaxamento. Deixou-lhe esmagá-la contra seu corpo duro de p e d ra , e ela se sub m eteu d e b o m grado sob sua intensidade enquanto a beijava. Sua b o c a era q uente e luxurio sa , c o m o um a selva b ra sile ira , e ig ua lm ente c heia d e surp resa s m a ra vilho sa s. Ela b e ija va c o m p erita e m a lva d a ha b ilid a d e , m elho ra nd o a c a d a 69
segundo. De algum modo ela sempre sabia justamente como emparelhá-lo, como atormentá-lo a o lim ite a té q ue ele g e m esse c o ntra seus lá b io s. A m esm a Bela o fe g a va em sua b oc a , seus dedos agarravam seu cabelo com urgência e exigência. Seu miúdo e luxurioso corpo se retorcia contra ele como uma serpente do deserto que metendo-se em um apertado oco de rochas. Um a vio lenta e urg ente d em a nd a a rra nho u a tra vés d ele ; esta se m ovia c o mo pedaços d e g elo c o ntra a c o m b ustã o d e seu c o rp o , so mente p a ra a sseg ura r-se q ue ele se ntiria ta nto quanto fosse possível, assegurando toda sua atenção. Ja c o b d e rep ente se d esp rend eu, puxando p a ra trá s Isa b ella p elo c a b elo c o m o se ele p ud esse d ista nc iá -la . Ela se b a la nç o u em seu a g a rre , susp enso entre seus d esejo s enq ua nto a guerra d a va vo lta s em seus o lho s o b sid ia na . Seus d ed o s a g a rra va m seu c o uro c a b elud o e m uma d e sesp era d a m ensa g e m d e c o nflito d e nec e ssid a d es. Ele tremia , e ela p o d ia sentir. Tã o fo rte , tã o p o d ero so , a ind a tre m end o c o m o se a s p la c a s d a Terra se esfreg a sse m um a c o ntra outra. A d isc órd ia d urou um p a r d e b a tim ento s completos d o c o ra ç ã o , e entã o a na tureza selva g em a ssum iu o m a nd o . Isa b ella g rito u quando se us b ra ç os a ro d e a ra m ig ua l a fitas d e a ç o e puxou ela se m p ied a d e c o ntra seu c orp o d uro c o m o um a p e d ra . Sua b o c a vo lto u p a ra a sua , devorando-a p ro fund a m ente , p rova nd o -a c o m o se e la fosse à d elíc ia fa vo rita d e um g lutã o . Seu d esp erta r era um a c o isa sa b o ro sa , e ela o sa b o reo u c ontra sua líng ua , o b uq uê d isso era tã o e m b ria g a d o r c o mo o vinho fo rte. Ele tinha sa b o r d e to d a s a s esp e c ia ria s d a Te rra c o m b ina d a s e m um sa b o r e m b ria g a d o r q ue c a nta va c o m o m úsic a sensua l p o r se us sentid o s. Isa b ella sentiu seus fortes d ed o s m old a nd o a c urva d e sua s c o sta s, d esliza nd o d eva g a r so b re cada contorno, dirigindo-se para o arco de sua cintura, a chama de seus quadris. Ela se retiro u lig eira m ente p a ra to m a r fô le g o , seus lá b io s b rilha va m c o m o m el d e sua s b o c a s. Ja c o b nã o p o d ia sup o rta r a vista o u a se p a ra ç ã o . Parecia m uito com neg a ç ã o , e ele nã o esta va p o r isso . Ela se estic o u p a ra capturar se u b eijo c a stig a nd o em p o d er e d o m ina ç ã o , uma reprimenda na paixão por privá-lo dele quando ela sabia que ele não podia suportar. Ja c o b g e meu, o so m fervend o d a s reg iõ es m a is p ro fund a s d e seu c o rp o . Ele esta va send o estra ng ula d o p ela re striç ã o d e sua ro up a , m a is p ela p rensa d e se u c o rp o e sua s m ã o s q ua nd o c o me ç a ra m a m o ver-se so b re ele c o m re p entina lib e rd a d e. Ele c a vo u se u d o c e e arredondado traseiro em a m b a s a s m ã o s e ela sa lto u c o m im p a c iênc ia enq ua nto leva nta va o s p és d o c hã o . Ela era tã o leve, tã o d im inuta , c o m o um a p rec io sa e d elic a d a fa d a vo a nd o so b re seu muito alto corpo. Ma s o d uend ezinho mordia c o m o re c o rd o u lo g o . Ela enla ç o u um jo elho em seu q ua d ril e beliscou brincalhonamente seu lá b io inferio r e m d istra ç ã o . Ele nã o esp e ra va q ue sua o utra p erna serp entea sse tã o ra p id a m ente a o red or d ele d e m o d o q ue se enc o ntro u rep e ntina m ente a p a nha d o na eró tic a ro sc a d e sua s p erna s. Seu to rso elevando-se em seu a b ra ç o , sua s b o c a s separando-se quando lhe agarrou a nuca puxando-o para a plenitude de seus peitos. Esta era o utra essênc ia , d ifere nte e ig ua l a o m esm o tem p o . Pura , p e nso u ele c o m veemênc ia , c o m o o a g ud o sa b o r d o a lm ísc a r im p re g na nd o sua p ele. Ela e strem ec e u vio lenta m e nte em se u a feto . Se ntiu a s lem b ra nç a s d e seu p rim eiro enc o ntro revo a nd o e m sua m ente , se ntiu seu d esejo p o r rep etir o q ue sentia a o ter sua s c a ríc ia s so b re seus p e ito s. Seu im p a c iente d esejo o a la g o u, e em se g und o s já lhe tinha tira d o a c a m iseta p ela c a b eç a , jogando-a a um lado descuidadamente. 70
Ela o o b servo u q ua nd o ele c entro u em seus peitos nus, seu olha r a tra nsp a ssa va , sua m ã o se d e sliza va lenta m e nte so b re um , via ja nd o d e p ois a o outro . Seu to q ue era leve c o m o uma p lum a e enfurecido. Esta c urio sa exp lo ra ç ã o nã o era na d a parecida à d e m a nd a q ue rec la m a va nela e q ue o tinha m o tiva d o a últim a vez, na d a p a re c id o a s m a is a g ressiva s nec essid a d es q ue ela p o d ia se ntir irra d ia nd o d ele a g ora c o m c a d a fib ra d e seu ser. Ela nã o e ra ig no ra nte d o p erig o no q ua l se a c ha va . Nã o p o d ia sê-lo m a is. Ela p o d ia senti-lo q ua nd o ele insinuava a si m esm o a o red o r d e to d o s se us p ensa m ento s e em o ç õ es, e ela a o re d o r d o s seus. Um d entro d o o utro. A a tua l c o nexã o d e se us c o rp o s físic o s seria nec essá ria p a ra a p erfeiç o á -los. Esse c onhec im ento d eixo u um va zio d entro d ela , c o m o se estivesse va zia e inc o m p leta p o rq ue ele já não estava dentro dela. O to q ue d e Ja c o b se limitou a um a sim p les g em a d o d e d o q ue esq uia va b a ixa nd o à costa de seu peito esquerdo até ser uma solitária unha arranhando seu rígido mamilo. Isabella se so b ressa lto u b rusc a m ente , nã o esta va p re p a ra d a p a ra a la nç a d e c a lo r q ue a sim p les c a ríc ia enviava a tra vés d ela . Sua b o c a c a p turo u seu m a m ilo no seg und o seg uinte , c o nd uzind o -o profund a m ente a o q uente la r d e sua m o lha d a e b rinc a lho na líng ua . Ele a sug o u e ela g e m eu fo rte , m enea nd o-se c o m frustra ç ã o e p ra zer no o c o d e um únic o b ra ç o . Um a p o nta d a d e c a lo r g o teja va d esc end o d e seu c entro tã o q uente e m o lha d o q ue a rd ia no s lim ites d e seu c o rp o . Ela esta va a la g a d a c o m a um id a d e , o c ha m a d o q uente néc ta r q ue se reunia na uniã o d e sua s coxas. Ja c o b a lib ero u d e sua b oc a , seu c o rp o sensível rep entina m ente em p erig o p e la necessidade que rugia a través dele enquanto sua fragrância varria seus extraordinários sentidos. Ele a a tra iu c o ntra ele , seu ro sto p inç a nd o so b seu c a b elo o nd e seu p esc o ç o se unia a o o m b ro . Seus d entes se fec ha ra m nela se m nenhum a a d vertênc ia . Ele nã o p o d ia fa zer na d a . Ela era sua c o m p a nhe ira , e tinha q ue fa zer isto p a ra q ue so ub e sse ela e to d o s a q ueles q ue p e nsa ssem aproximar-se dela. Isabella ofegou em voz alta quando seus dentes perfuraram sua pele, com bastante força p a ra m a rc á -la , m a s d etend o-se a ntes d e lhe c a usa r um re a lm ente d o lo ro so d a no . Sua m ã o envo lveu a o red o r d e sua g a rg a nta , sustenta nd o -a a ind a q ua nd o um g runhid o b estia l d e p o sse saiu dele. Seus pensamentos, escuros e primitivos, varriam com ferocidade a través dela. So u Ja c o b o Exterm ina d o r, um Demônio d a d o m ina nte Terra . Sou c a d a folha d e erva , c a d a c a nç ã o d e vid a q ue é c a nta d a no p la neta . So u o q ue fui d o c o m eç o d o s tem p o s, ta nto conhecido como desconhecido. Sou cada predador, e igual a eles, faço para que se saiba que esta fê m e a é m inha d eixa nd o m inha m a rc a so b re ela . Minha e ssênc ia fluirá na sua , ta l c o m o a sua já é um a p a rte d e m im . Ela c heira rá a meu c o rp o , a essê nc ia , e isso ta m b é m a m a rc a rá como minha. Sa tisfeito p o r este c o nhec im ento , Ja c o b a lib ero u, sua líng ua la m b eu a fe rid a q ue tinha feito a ntes d e c o ntinua r p ela linha d e sua g a rg a nta c o m fo m e vo ra z p elo sa b o r d e sua p ele e o a ro m a d e seu c o rp o . De tem p o em tem p o sua líng ua m a rc a va o c a m inho e seus d entes ra sp a va m seu sensível p esc o ç o . Ca d a vez q ue isso a c o ntec ia , se u p eq ueno c o rp o se e stic a va e borbulhava com expectativa por toda sua pele. Entã o sua s m ã o s a e leva ra m a té sua b o c a fa m inta q ua nd o enc o ntro u o o c o d e sua g a rg a nta , sua c la víc ula , e a linha d e seu esterno. Ele se sep a ro u p a ra p erseg uir um a g ota d e suo r q ue esc o rre g a va b a ixa nd o o va le entre seus p eito s, a g a rra nd o -a c o m a p o nta d a líng ua . Ele a rra sto u a q uele a velud a d o instrum ento a tra vés d e sua p ele a té q ue fez entra r um m a m ilo 71
em sua boca. Isa b ella já esta va meio a to rd o a d a c o m o d esp erta r q ua nd o Ja c o b tro c o u sua sujeiç ã o e eq uilíb rio . Aind a fe c ha d a a o re d o r d e sua c intura , ela o sentiu p ressio na r sua s c o sta s c o ntra um a sup erfíc ie d esig ua l. Ela se d eu c o nta q ue esta va m se a p o ia nd o c o ntra a lo m b a d a d a s fila s d e livro s em p ilha d o s so b re a s esta ntes q ue ha via d etrá s d ela . Entã o sua s m ã o s esta va m no fechamento de seu jeans, e toda sua atenção mudou de repente. Instintiva m ente , sua s m ã o s vo a ra m p a ra lhe c o b rir, m a s sua b o c a d evo ra va a sua ne sse p re c iso se g und o , d eixa nd o -a fra c a d a c a b e ç a a o s p és, b e ija nd o -a sem p ied a d e a té q ue sua s m ã o s c a íra m inertes. Tud o q ue ela p o d ia fa zer era p ro c ura r forças para sustenta r-se e m seus o m b ro s, re sp o nd end o a to rd o a d a a p a ixã o q ue a fa zia a rd er ao lhe b e ija r c o m c a d a força d e sua vontade. Ela sentiu sua m ã o d esliza r-se p a ra b a ixo o utra vez so b re seu b o tã o , m a s d esta vez ele esta va inc lusive m a is p erto d e sua p ele , tinha esc o rreg a d o seus d e d o s p a ssa nd o o a fro uxa d o fec ha m ento d e sua c a lç a . O m a teria l d eslizo u p a ra b a ixo , b a ixa nd o a ind a m a is. O tec id o d eixa va sua p ele tã o sensível p a ra g rita r q ua nd o e sta d eslizo u d esc end o p o r sua s c o xa s. Sua s p erna s fic a ra m fro uxa s q ua nd o ele a p o iou tod o seu p eso e m um a só m ã o , tira nd o o s jea ns se m esforço e logo impulsionando suas pernas para trás para lhe abraçar a cintura, sem dar-se conta em sua p ressa e p a ixã o q ue sua s unha s tinha m d eixa d o b rilha ntes e selva g ens linha s verm elha s ao longo da parte superior de sua coxa. Todo o momento, sua boca nunca se separou da sua, e ela estava concentrada além da preocupação. Ja c o b viu se d e re p e nte livre p a ra to c á -la p o r to d a a p a rte q ue ele q uise sse , o enc a ixe d e sua c a lc inha era a únic a b a rreira q ue p erm a ne c ia entre ele e sua ha b ilid a d e p a ra experimentar sua pele. Ele estendeu os dedos sobre os trêmulos músculos de seu ventre. —É tã o sua ve —g e m eu ele , ro m p end o o c o nta to c o m sua b o c a e enterra nd o seu rosto outra vez no lado de seu pescoço. — Sua essência, Bela. Intoxica-me. Sua vo z era ro uc a , inc lusive a seus p ró p rio s o uvid o s. Ab riu a b o c a no la d o d o p esc o ç o , enq ua nto a líng ua q uente p erc o rria a d elic a d a lo ng itud e , d esc end end o p o r d e b a ixo d e seu ló b ulo . Seu q uente fôleg o b a la nç o u seu c a b elo , a c a ric ia nd o a p ele , esfria nd o ra p id a m ente o dorso sensível do pescoço face à acalorada temperatura. A m ã o d e Ja c o b e sc o rreg ou p a ra b a ixo p o r seu ventre , e Isa b ella se encheu c o m sensa ç õ es q ue p a re c ia m vir d e to d a s a s p a rtes a o m esm o tem p o . Nunc a tinha m sid o tã o intensa s, tã o a to rm enta d a s. Na q uele m o m ento , a s g e m a s d o s d ed o s b a ixa ra m m a is à frente d a borda d e sua c a lc inha , esc orreg a nd o b ra nd a m ente entre o s c a c ho s e sc ond id o s d ep o is d o encaixe. Sua re a ç ã o fo i c o m o o p a vio q ue d e rep ente c a p tura um a c ha m a . Fez um so m selva g em , e c ho ro so , sua s m ã o s p ro c ura ra m a lg o no q ue sustenta r-se. Seus d ed o s se enro sc a ra m firm em e nte a o red o r d a lo m b a d a e enc a ixa nd o p erfe ita me nte entre a s p á g ina s. Seu c o rp o inteiro se a p erto u vio lenta m e nte , sua s m ã o s tira ra m o s livro s d a s p ra teleiras. Esc o rreg a ra m a té o c hã o , g o lp es q ue m a rc a ra m o esc o rre g ã o d o p rim e iro d e d o , e seg uid o d e outro, dentro da úmida e sedosa carne. Isa b ella se ntiu um terro r inesp era d o e selva g e m . Ning uém a ha via tocado nunc a d essa 72
m a neira . De fa to , na vid a ning uém lhe tinha fe ito ne m a m eta d e d a s c o isa s q ue Ja c o b esta va fa zend o . Em lug a r d e resp ira r, o feg o u histericamente e o lho u p a ra b a ixo p a ra c o ntem p la r seus corpos abraçados, dando-se conta que nunca tinha experimentado essas reações lascivas. —Jacob! —c ho ro u, c o m a s m ã o s a rra nha nd o frenetic a m ente o s o m b ro s enq ua nto o medo aumentava, limitando sua capacidade para respirar. —Shh, p e q uena flo r, nã o te ferire i — o to m c onso la d or d e sua vo z tra nq üiliza d o ra , empanava ligeiramente a borda afiada do medo. — Só sente, Bela. Sente o que meu toque pode produzir em você. Sua vo z era hip nó tic a e se d utora , c o m o se tivesse o p o d er d e Leg na p a ra d o mina r a vo nta d e d e o utro s... Sa b ia se m d úvid a nenhum a q ue d izia a verd a d e . Se rela xa sse, ele ensinaria tud o , c a d a c o isa q ue tinha so nha d o , e inc lusive o utra s q ue nunc a tinha im a g ina d o . Duvid o u um insta nte , a ntes d e ser sed uzid a p ela te nta ç ã o . Ja c o b d irig iu um d e seus lo ng o s d e d o s, introduzindo-o na vagem de seu corpo. Bela o fe g o u, um so m inc o nsta nte q ue resso no u ruid o sa m ente na eno rm e b ib lio tec a . Ja c o b g em eu um a a c a lo ra d a m a ld iç ã o em seu id io m a , era c la ra m ente um c o m p le mento intenso e expressivo. Riu dele entrecortadamente, sem saber por que. Provavelmente, devido ao inc re mento d a s sensa ç õ es c o m b ina d a s c o m a frustra ç ã o q ue o íntim o to q ue esta va lhe produzindo. Ja c o b sentia sua s c o nvulsõ es, m a ra vilha d o d e q uã o a p e rta d a a no ta va a o red o r d e seu d ed o , m uito d entro trem ia c o m esp a sm o s p e q ueno s, d elic io so s e á vid o s. Po d ia lhe d a r prazer, simplesmente assim, voltá-la completamente louca com sensações e paixão até que não tivesse nenhum a eleiç ã o exc eto exp lo dir p a ra ele. Do c e d e stino , q ue m teria p e nsa d o q ue ela seria tã o sensível? Nenhum a m ulher exc ito u- se tã o a rd entem ente so b seu to q ue. Nem nenhum a tinha p o d id o a c end ê-lo c o mo sua p e q uena Bela esta va fa zend o . Ela tinha a m b a s a s p erna s envo lta s a seu re d o r, um a b esta d isfa rç a d a q ue nã o p o d eria p erm a ne c er m a is te m p o o c ulta , ning ué m lhe ha via tocado tã o p ro fund a m ente a ntes. Ap erto u o d ed o p o leg a r c o ntra a to rc id a c a rne fe m inina q ue sa b ia a encheria d e sensa ç õ es, esfreg a nd o -a c o m lento s c írc ulo s, exerc end o seu to q ue c o m d estreza p a ra c onvertê-lo em um a zo m b a d o ra c a ríc ia d o q ue lo g o esta ria fa zend o a seu c o rp o . Gem eu, reto rc end o -se c o ntra ele , sua s rea ç õ es o a c end ia m d e m a neira a rd ente , voltando-o tã o d uro q ue p enso u q ue exp lodiria p ela erótic a p ressã o. Quis ra sg a r livrem ente o s lim ites d a ro up a , p a ra e sc o rreg a r a p ulsante e d o lo ro sa d ureza d e seu se xo m a ltra ta d o c o ntra ela ... jo g a nd o nessa ro d e a d a entra d a um m o m ento a ntes d e a fund a r-se p ro fund a m ente na tensa e m e lo sa p risã o , d eseja va c a p turá -lo e retê-lo p a ra se m p re. Em p urro u seu insistente d ed o um p o uc o m a is no c o rp o , p refa c ia nd o um insta nte , q uerend o esta r c o m p leta m ente seg uro d e que ela estava pronta para ele... Resistência. Ja c o b fo i m uito , m uito sua ve. Um momento extrem a m ente im p orta nte esta va a fund a nd o m a is à frente d o lim ite d e sua c o nsc iênc ia , m a s esta va c o nsum id o p or sua nec essid a d e d ela , o s instinto s c ria d os na o rig e m d a Terra o enc a d e a ra m a seu c urso . Esta lo u em um suo r terrível q ua nd o ela reto rc eu d esp reo c up a d a m ente c ontra seu frustra nte e súb ito to q ue. Tã o úm id a , e quente... e tão apertada. Livre. 73
A realidade golpeou Jacob como se fosse água gelada. De rep ente , a verd a d e c heg ou, a rra sa nd o -o . Ca d a c o isa . Tud o . Fe c ho u o s olho s, gemendo a nte a a g o nia d e se u c o rp o q ue se re b ela ria c o ntra seus im p ulso s d e seg uir o sentid o da justa m o ra l. A b esta nele a rg umenta va q ue já tinha id o m uito long e, q ue tinha q ueb ra d o to d o s os la ç o s c o m a ho nra no insta nte em q ue tinha d ec id id o ir vê-la . O q ue era m a is, Isa b ella estava protestando contra o toque cruel que tinha contatado, mas não consumado a promessa d e p ra zere s, d a nd o -se c o nta d e q ue ela nã o tinha c o m p ree nd id o re a lmente. Co m o tinha p a ssa d o p o r c im a d a im p o rta nte verd a d e to d o este tem p o q ue tinha via ja d o c o m o um a sombra por sua mente? Ja c o b c o m p reend e u q ue nã o tinha p a ssa d o p o r c im a . Sim p lesm ente tinha esc o lhid o ig no ra r a s p ista s a um nível sub c o nsc iente p o rq ue teria interferid o , c o m o esta va fa zend o a g o ra , c o m seus d esejo s eg o ísta s. Assim nesse insta nte , enc o ntra va -se num a p o siç ã o q ue o d ivid iu e m d ua s d ireç õ es c ontra d itó ria s. Se nã o a d eixa va im ed ia ta m ente , danificá-la-ia g ra vem ente , p o ssivelm e nte a lé m d e to d a rep a ra ç ã o . To d o o p erig o d e sua esc ura na tureza to m a ria o c o ntro le. Ma s p or o utro la d o , deixando-a , esta ria lhe fa zend o mal em o utro sentid o . Ja c o b amaldiçoou a tud o , nã o p o d ia a b a nd o ná -la esta nd o tã o a to rm enta d a , tã o p erto d o p ra zer, sabendo a dor que causaria a interrupção. Ja c o b fez um a eleiç ã o , retira nd o o s d ed o s fo ra d e seu c o rp o , enc o lhendo-se a nte a agonia de sua confusa resposta. Melhor isto que a alternativa. Tinham estado muito perto. Isa b ella se ntia a s lá g rim a s e m p a na nd o seus o lho s, seu ro sto se se p a ro u d o d ele q ua nd o esc o rre g o u g entilm ente a té seus p és. Isto só serviu p a ra d eseja r d estro ç á -lo . Sua s m ã o s se a b rira m e fec ha ra m na frente d a c a m isa q ua nd o rep rim iu o im p etuo so im p ulso d e c ho ra r ruidosamente. —Por quê? —gemeu em lugar disso. — Por quê? A aflita pergunta produziu tal sensação de traição que atravessou o diafragma de Jacob. Tinha id o , sa b end o q ue nã o d evia . Tinha sid o inc a p a z d e resistir à tenta ç ã o , tinha m entid o a a m b o s a o d izer q ue esta va no com a nd o , e q ua se tinha ro ub a d o tudo de p re c io so e ino c ente q ue p ossuía . Ma s sua c o nd iç ã o d e ing enuid a d e nã o era se q ue r o p ro b lem a . Sentiu-se vítim a um a vez m a is d e sua involuntá ria se d uç ã o , d e sc uid a nd o a s leis q ue a nte to d o s o utro s, tinha jurado respeitar. —Bela —gemeu, a umidade de selvagem frustração enchia seus olhos escuros. A raiva formou redemoinhos em seu interior. Isto era tudo o que podia fazer por falar. —Me perdoe. Rogo-lhe isso. Me perdoe. Entã o esc a p o u d a li, m o vend o -se ra p id a mente p elo a r, d esinteg ra nd o -se em um d ia b ó lic o p ó q ue fug iu d o q ua rto tã o rá p id o c o m o um a p isc a d a . A ha b ita ç ã o trem eu c o m sua sa íd a , o c hã o estrem e c eu e a s p ra teleira s se b a la nç a ra m lig eira m ente c o m o se um estrid ente rugido o sacudisse. As luzes de gás que penduravam do teto cambalearam. Isabella d esa b o u d e jo elho s, rep entina m ente m uito fra c a p a ra esta r em p é , m uito a turd id a p a ra c ho ra r. Co m o s d ed o s intumesc id o s, a rrum o u-se . Perm a ne c eu m eio c eg a d e a ng ustia d ura nte um tem p o a té q ue o q ua rto se a c a lm o u. To ta lm ente vestid a um a vez m a is, 74
tentou p re tend er q ue c a d a ne rvo d e seu c o rp o nã o esta va d eseja nd o , p o d er vo a r p elo c éu noturno para perseguir o Demônio que a tinha deixado tão necessitada. Nã o p o d ia a p ela r p o r seus sentim ento s. Tinha um a ho rrível sensa ç ã o d e c a rênc ia e p erd a , um a e mo ç ã o q ue só p o d ia d esc rever-se c o m o d o r. Nã o o entend ia , e nã o ha via ning uém c om q uem p ud esse fa la r p a ra a jud á -la. Logicamente, sa b ia p or q ue se d eteve , p o r q ue tinha p a rtid o se m d a r nenhum a exp lic a ç ã o . Era ó b vio . Era hum a na e m uito frá g il p a ra fa zer a m o r c o m ele. Co nsid era va -a um se r m enor, um intelig ente m a sc ote , e um rec urso ta b u p a ra a paixão. Começou a esfreg a r a p ro fund a e d o lo ro sa m a rc a q ue tinha lhe feito no o m b ro . Esta nã o tinha sido irrefletida. Tinha-o feito de propósito. Tinha conhecido a intenção quando o tinha feito. Ja c o b nã o p ensa va q ue era ind ig na . Leva va a p ro va im p ressa e m sua p ele . Nã o o b sta nte tinha sido um ato primitivo, um símbolo de devoção, e tinha significado muito para ela. Muito za ng a d a lim p o u a s lá g rim a s d a s b o c hec ha s e so rvend o g iro u p a ra o lha r a seu red o r. Era m a s leis e p a la vra s q ue tinha m sussurra d o o q ue tinha fe ito c o m q ue a a b a nd o na sse. Po is era a histó ria d e um a ra ç a d e elitista s. Esno b es, um a p a rte d e um m a lva d o p e nsa m ento. Sua s tra d iç õ es esta va m c he ia s d e c renç a s im p la c á veis, e o únic o o q ue se esta va enfrenta nd o , a c re d ita va q ue era um p rejuízo . Os Demônios sentia m a lg o a resp e ito d a p ureza . Nã o era m só hum a no s q ue g a nha va m título s so b sua o nip o tente c ultura . Tinha lid o a lei, a q ue tinha d a d o nascimento fazia tanto tempo a os deveres de Jacob. ... p o r c o nseg uinte se proíbe a q ua lq uer um do Reino Demônio em p a relha r-se c o m c ria tura s q ue nã o sã o d e sua na tureza , fo rç a o u p o d er. Essa s c ria tura s m eno res sã o nossa s p a ra protegê-las d e nó s m e sm o s, nã o p a ra ser vio la d a s e m a b o m ina ç õ es sexua is im p ura s. Esta é a le i. O c ã o nã o se d eita c o m o g a to ; o g a to nã o se d e ita c o m o c a m und o ng o . Seja q uem fo r q ue quebrasse esta sagrada confiança deverá sofrer sob a mão da lei... Queria a c red ita r q ue ha via ló g ic a nesta s p a la vra s. Era um a p e sso a ló g ic a . Ma s nunc a existia a sensa tez na s d ec la ra ç õ es g lob a is, esp e c ia lm ente na q uela s esc rita s m ilha res d e a no s a ntes, e opinava que esta era uma. Tinha visto Saul. Era a prova do perigo que existia dentro de cada Demônio, podia aceitar q ue fo sse m um a esp é c ie vo lá til a p esa r d e seus m uito s esfo rç o s p o r se r d e o utra m a ne ira . Nã o o b sta nte, se ela fo sse um g a to e Ja c o b um c ã o p o r q ue se sentia m a ssim ? Po r q ue d ua s espécies incompatíveis se sentiriam tão... Tão perfeitas um para o outro? No a h a c re d ita va q ue era únic a , q ue tinha um p ro p ó sito p a ra o futuro d a So c ied a d e Demônio. A p rinc íp io , Isa b ella tinha esta d o d e a c o rd o c o m a id éia d e fic a r e d esc o b rir tud o o q ue p ud esse so b re o m und o d esses sere s q ue vivia m p a ra lela mente a o seu. Tinha e sta d o c o ntente d e m o rrer c o mo um a a nc iã p á lid a e m sua b ib lio tec a . Ond e ha via c o nhec im ento m a is que suficiente para ficar saciada para toda a vida. Mas agora... Ag o ra esta va c o m e ç a nd o a a c re d ita r q ue tinha um m o tivo rea l p a ra esta r a li. Po ssivelm e nte era nec essá rio p a ra d e ixá -lo s c o m a s c a lç a s b a ixa d a s. Sim . Po ssivelm ente ho uvesse a lg o na b ib liotec a q ue p o d eria exp lic a r p o r q ue q ua nd o Ja c o b la d ra va , ela ronronava. Riu fra c a m ente d e si mesm a , sutilmente. Olho u a seu red o r e viu o s livro s q ue tinha 75
d errub a d o p o r a c id ente a tira d os p elo c hã o . Moveu-se p o r c im a p a ra re c o lhê-los. Tratou-o s c om cuidado, com p ena p o r m a ltra tá -lo s e m um m o m ento tã o im p ró p rio . Lim p o u o p ó d a c a p a d e um, lendo o título. Destruição. Estremeceu, nã o g o sto u d o sinistro titulo o m ínim o . Outra vez lhe era entreg ue um a p ro va d o extrem ism o d a ra ç a Demônio. Deteve-se d e rep ente a o d e ixa r o livro . Pesta nejo u lenta m ente , e lim p o u sua m ente d o s resto s d e seus a ltera d o s sentim ento s, p a ra o lha r o título d e novo. Destruição. Sentiu-se d esfa le c er d e rep ente , o m und o g ira va ao seu red o r à m e d id a q ue o livro escorria entre os dedos. Ac a b a va d e ler o título d e um livro esc rito em um id io m a q ue nã o tinha sido capaz de entender vinte minutos antes. Os o lho s verd es e felino s d e No a h seg uira m Ja c o b p a c ientem e nte em se u p a sse io p elo q ua rto d e rec e p ç ã o , um a c a reta d e form a va sua b o c a c o m o se a p erturb a ç ã o d e seu Exec uto r alcançasse seus sentidos. Esta va c la ro q ue Ja c o b nã o ia c o m p a rtilha r seus p ensa m ento s, e No a h renunc io u a esp ec ula r. Ja c o b era ho nra d o , o b ed iente e a a lm a m a is fiel q ue tinha enc o ntra d o a lg um a vez. Era , inc lusive , m a is d evo to q ue os Eld er Demônio. As c o nvic ç õ es so b re sua s c renç a s, leis e c ó d ig o d e ho nra era m tã o firm es q ue nã o p o d ia evita r resp e itá -lo . Po r isso lhe p reo c up a va o ver tã o c o nfund id o , no q ue se m lug a r a d uvid a , era um sentim ento d e m á c o nsc iênc ia . Nã o a b o rd o u a o Exec uto r, se m im p o rta r q uã o p o d ero so fosse seu im p ulso . Em lug a r d isso , sento u-se em silêncio enquanto o outro Demônio formava sulcos no chão. Entã o , a m b o s d e um a vez a b a nd o na ra m seus p ensa m ento s e volta ra m às c a b e ç a s p a ra a p o rta q ue d a va a c esso a o Gra nd e Ve stíb ulo . Uns insta ntes d ep o is se a b rira m vio lentamente, dando passo a um bando de Demônios e a um consternado servente. —Me p erd oe , Senhor, nã o m e p erm itira m a nunc iá -lo s! Em p urra ra m-m e e p a ssa ra m ! — ofegou o servente, a consternação ruborizava a pele morena de seu rosto. —Está b e m , Eze q uiel — disse No a h, fa zend o um sua ve sina l p a ra d e sp ed i-lo e a b so lve-lo da responsabilidade. No a h fixo u sua a tenç ã o no s nove Demônios q ue a va nç a va m p a ra ele , rec o nhec e nd o Aos Elders que restavam do Grande Concílio, guardas do Capitão Guerreiro, Elijah. —Bem-vindos a m eu la r, Co nselheiro s — lhes sa ud o u a ntes d e e stud a r a o q ue aparentemente era o líder declarado. — Ruth, poderia tentar me explicar que é o que lhes trouxe até aqui? —No a h, c heg o u a no sso s o uvid o s q ue e stá a p a r d e a lg uns a c o ntec im ento s q ue nã o compartilha ste c o m o Co nc ílio — a nunc io u Ruth, c o m um to m frio e c a rre g a d o d e recriminação. — Poderia compartilhá-los conosco agora? —Se q ueria fa zê-lo , teria te c ha m a d o — resp o nd eu No a h, se m d esc ulp a r-se lhe s 76
recordando seu fracasso em matéria de protocolo. — Entreta nto , já q ue to m a ste ta nto s a b o rrec im ento s p a ra vir fa la r c o m ig o , d isc utirei o s recentes dados contigo. No a h se le va nto u d e seu a ssento e c a m inho u d o Vestíb ulo a té a Gra nd e Câ m a ra d o Co nc ílio , c o nsc iente d a c o nfro nta ç ã o d e id é ia s q ue Ja c o b tinha a sua s c o sta s, to d a s sua s p erturb a ç õ es p esso a is tinha m sid o a p a rta d a s so b a p ressã o d e uns fa to s p o tenc ia lm ente c o m b ustíveis. No a h to m o u a sse nto em um a d a s p o nta s d a la rg a m esa tria ng ula r, Ja c o b e m um a se g und a e o s o utro s encheram o s três la d o s em seus lug a res ha b itua is. Só a terc e ira p o nta , a cadeira de Elijah, permanecia visivelmente vazia, como tinha estado durante oito anos. —Muito b em , Ruth, o q ue q uer sa b er? —animou-a No a h, c o m um to m lig e ira m ente paternal que fez com que a fêmea Demônio se arrepiasse defensivamente. — É verd a d e q ue um d e nós fo i c o nvo c a d o e d estruíd o ? —Ruth nunc a tinha tid o c a b elo s na língua, por todos era conhecida sua natureza persistente e aborrecida. — Sim . É Saul está p erd id o p a ra nó s. Um murm úrio d e fô leg o e d o r soo u a os la d o s d a mesa . No a h o lho u nos o lhos de Ja c o b , percebendo q ue o olha r c a sta nho e esc uro d o Exec uto r permanecia frio e ilegível. —Executor —disse Ruth, como sempre se negando a usar seu nome.— assumo que caçou e destruiu a criatura responsável por isto? —O nig ro m a nte nã o leva um a c a m p a inha a o re d o r d e seu p e sc o ç o , Co nselheira Ruth. Mas sim, caçar-lhe-ei.
— Caçar-lhe-á — re p etiu ela fa zend o um a b rinc a d eira g ro sseira . — Isso q uer d izer q ue somos ainda vulneráveis? —Essa seria a dedução lógica — replicou Jacob friamente. — Po ssivelm ente , d e veria te rec o rd a r q ue a a p lic a ç ã o d e justiç a a o utro s sere s sobrenaturais entra no reino d os g uerre iro s. Seg und o no ssa s leis e d istinç õ es, a c a ç a d o nig ro m a nte está so b a jurisd iç ã o d o Elija h. Entreta nto, m a ntenho -lhe info rm a d o so b re o a ssunto , em q ue p e se ser o únic o q ue c o nseg uiu a p ro xim a r-se d este p ra tic a nte d e m a g ia . E c o ntinua rei ajudando ao Capitão Guerreiro a lhe dar caça. A c a lm a d e Ja c o b fe z c o m p ree nd er a Ruth q uã o mal esta va leva nd o a situa ç ã o , e seu rosto se ruborizou pela vergonha. Entretanto, não se desculpou. Jacob sabia que nunca o faria. —O q ue fa rem o s enq ua nto isso , No a h? Nos senta r e esp era r q ue a lg uém m a is seja assassinado? —Neste m o mento , tem o s um a p e q uena p ista . Co m o sa b e m , nã o há ne nhum a m p a ro c o nhec id o c o ntra o s feitiç o s d o Conjuro . Entreta nto , p o d e m esta r seg uros q ue Elija h, Ja c o b , e eu estamos trabalhando no problema. —E a ind a a ssim , o Exec uto r a ind a te m tem p o p a ra o utra s o b rig a ç õ e s — fa lo u e m vo z a lta o Conselheiro Simon, seus magros lábios apertados com força. 77
Ob via m ente , esta va -se referind o a o fe ito d e q ue , a no ite a nterior, Ja c o b tinha tid o q ue perseguir e apanhar ao filho do Simon para trazê-lo de volta antes que cruzasse o limite. —Tenho tem p o p a ra tud o —a ssentiu Ja c o b , c o m um so rriso selva g e m a p a rec end o no s lábios. —Noah! Jacob! O Concilio em c o m p leto d eu um sa lto p e la surp re sa q ua nd o a p o rta d a ha b ita ç ã o se a b riu d e re p ente, d a nd o p a sso a Isa b ella , seus b ra ç o s c a rreg a dos c o m p erg a m inho s, seus o lho s la va nd a c heio s d e c o nhec im ento , q ue esta va d eseja nd o c o m p a rtilha r. Deteve-se b rusc a m ente a o d a r-se conta d e q ue tinha interro m p id o um a reuniã o , e olho u c o m d e sc o nfo rto p elo q ua rto quando uma dúzia de olhos Demônio se fixaram nela. —Um humano! —sussurrou Simon. —Tem os sagrados pergaminhos! —gemeu outro, cambaleando. —No a h, q ue sig nific a isto ? —explodiu Ruth, esq uec end o -se d e a q uem estava se dirigindo. Ou p o ssivelm ente nã o . Ruth sem p re esta va p ro c ura nd o a m a ne ira d e usurp a r de No a h à autoridade. —Uh-OH... —murmurou Isabella. —Nem sequer me dava conta de sua presença —sussurrou alguém. —Eu tampouco. Ja c o b fic o u em p é , o so m d a c a d e ira a rra nha nd o lenta m e nte o c hã o d e m á rm o re invadiu o quarto atraindo a atenção. Todos lhe observaram quando rodeou a mesa e posou sua m ã o so b re o o m b ro d a m ulher. Envo lveu-a protetoramente c o m o b ra ç o e a g uio u a té sua c a d eira p a ra sentá -la . Co lo c a nd o Isa b ella no q ue era c o nhec id o c o m o um a d a s três p o siç õ e s mais capitalista da mesa do Concilio provocando um ofego coletivo. —Co m o te a treve , Exec uto r? —va io u Ruth, fic a nd o de p é c o m o se tivesse a intenç ã o d e rodear a mesa para apartar a mulher. Mas a força no frio olhar de Jacob fez com que ficasse na metade da ação. —No ssa le i m a is sa g ra d a é a d e nã o m a c huc a r a um hum a no se nã o no s p rejud ic a r, Co nselheira Ruth. Po d eria infringi-la a nte o s o lho s d o s Demônios q ue lhe c a stig ariam? — perguntou, com uma voz calma que continha tinturas de ameaça. Em c o ntra ste a sua d ura a d vertênc ia , a m ã o d e Ja c o b esc o rre g o u so b o p esa d o c a b elo de Isa b ella e ro d eo u c o m sua vid a d e seu p esc o ç o . No a h a p re c io u q ue o Exec uto r nã o era consciente da possesividade do gesto. —Ela nã o tem nenhum d ire ito a q ui —a rg um ento u Ruth, fra c a m ente d evid o a o im p a c to de ver o homem mais cruel de sua espécie proteger a alguém de uma maneira tão tenra. —Tem resp o sta s p a ra m uita s d a s p e rg unta s q ue estiveste fa zend o —reb a teu Ja c ob facilmente, depois de haver sussurrado na mente. 78
—Jacob, não acredito que seja um bom momento —murmurou Bela. —Tolices, humana. Fala se souber algo — exigiu Simon. Os olhos da Isabella se estreitaram olhando ao Conselheiro. —Meu nome é Isabella — replicou. Simon p esta nejo u, se m d a r-se c o nta em um p rime iro m o mento q ue um hum a no o ha via repreendido abruptamente. Ao notá-lo, o rubor se precipitou por seu pescoço. A cadeira de Noah sendo empurrada de novo atraiu a atenção de todos. —Pa rte... Ouvire i o q ue Isa b ella tem q ue d izer e m p riva d o e no s reunire m o s d e no vo amanhã de noite. Isa b ella d e m a ne ira instintiva p ô s o s d e d o s no d orso d a m ã o q ue ro d e a va seu p esc o ç o . Ob servo u o q ua rto c heio d e Demônio s q ue p ro testa va m d esc o ntentes, la nç a nd o a Ja c o b o lha d a s re c eo sa s. Nã o g o sta va d a fo rm a como se sentia . Qua nd o o s p re sentes se leva nta ra m para obedecer a seu monarca, Isabella podia notar seu desgosto. E fo i q ua nd o o p rim eiro em p urrã o g olp eo u em seu c ére bro. Inic io u c o m o se uns d ed o s frio s se a rra sta sse m a o lo ng o d a p a rte tra seira d e seu c o uro c a b elud o . Os fra g m ento s d e g e lo ferro a va m no interio r d e sua c a b e ç a , c ra va nd o -se em sua m ente c om o d úzia s d e a g ulha s, c a d a um a estra teg ic a m ente se lo c a liza nd o em sua m e m ó ria a c urto e médio prazo p a ra absorver o conhecimento que as sinapses continham. Isa b ella estrem ec eu d e m ed o , a lerta nd o a Ja c o b q ue esta va em p e rig o . Qua nd o o s Demônios c o ntinua ra m sa ind o , um seg und o em p urrã o a g o lp eo u em sua c a d e ira , fazendo com q ue seu tra b a lho c a ísse p re c ip ita d a m ente no c hã o enq ua nto leva va à s m ã o s a c a b e ç a . Qua nd o esta inva sã o fa lho u, ho uve im ed ia ta m ente um a terc e ira . Bela se d eu c o nta d a fo nte em um a terra d o r m o m ento . Esta va m tenta nd o o b ter a inform a ç ã o q ue No a h nã o compartilharia . Esta va m lhe d a nd o d o r d e c a b eç a , e la menta va b ra nd a m ente p ela a g o nia . Seus p ensa m ento s se vo lta ra m p a ra Ja c o b , e ele so ub e insta nta nea me nte o q ue lhe esta va causando dor. —Detenham -se ! —g rito u, sua vo z ric o c heteo u fo ra d a c â m a ra , o b rig a nd o -os a d eter-se por sua indignada ameaça. — Obedecerão a No a h e esp era rã o q ue ele dê qualquer informação. Deixarão de tentar examinar Isabella agora ou respondereis ante mim! Havia três Demônios d e Mente no Co nc ílio d o Eld er, inc lusive Ruth p o d eria ser resp o nsá ve l pelo a ta q ue. Os três p a rec ia m m uito a ssusta d o s, junto c o m o resto d o s Eld e rs d o q ua rto . Ja c o b não podia dizer se era porque os tinha descoberto ou por suas ameaças. Era um Executor, e não ha via na d a m a is atemorizante em seu m und o q ue seu sentid o d e justiç a . Sua a m ea ç a nã o era em vã o , e to d o s sa b ia m . Te m ia m-lhe. Inc lusive a intra tá vel Ruth. Isa b ella rela xou visivelm ente quando a dor começou a desaparecer e os Demônios saíram silenciosamente. Noah fechou a porta quando não ficou ninguém, caminhou até a Isabella, ajoelhando-se a o la d o d a c a d eira e a a g a rro u p elo q ueixo p a ra vo lta r sua c a b e ç a e enc o ntra r seus o lho s. Só entã o c o m p reend e u q uã o za ng a d o o silenc io so Rei tinha esta d o p o r sua se g ura nç a . Em b o ra seu ro sto nã o d e mo nstra -se nenhuma exp ressã o p o d ia vê-lo na s nuvens c inza e to rm ento sa s 79
escondidas depois do verde de seus olhos. —Bela esta bem? —perguntou-lhe brandamente. Isa b ella a p rec io u sua p reo c up a ç ã o , so b re tud o d e p o is d e enfrenta r a ho stilid a d e dos estranhos que tinham abandonado o quarto, mas havia algo perturbando seu cérebro de novo. Nã o era d o lo ro so , m a s sim fa m ilia r. Seu o lha r vio leta a b a nd ono u o d e Noa h, p a ra estud a r o ho m e m erg uid o d o o utro la d o d a c a d e ira q ua nd o seus la rg o s d ed o s c o m e ç a ra m a fec ha r-se em um p unho . Seu c o ra ç ã o c o m e ç o u a p a lp ita r m a is rá p id o q ua nd o o lho u Ja c o b fe c ha nd o o s o lho s, sua m a nd íb ula a p erta nd o -se c o m ta nta fo rç a q ue p o d ia o uvir c o m o o s d ente s rangiam. Entend eu q ue esta va tenta nd o c o m p o rta r-se d e m a neira ra c io na l, sem to m a r c o m o um a violenta ofensa que as mãos de Noah estivessem sobre ela, pela ciumenta preocupação do Rei. —Estou bem — disse brandamente, obrigando seus lábios a formar um amável sorriso. Em re a lid a d e , e sta va d esc o nc erta d a e exa usta . As c o nd uta s d e Ja c o b p a rec ia m va c ila r fo rte e intensa m ente em d ua s d ireç õ e s o p o sta s. De c id iu q ue nesse m o m ento o m elho r era centrar-se em suas necessidades. Isa b ella lib ero u c o m sua vid a d e o q ueixo d o a g a rre de No a h d issim ula nd o enq ua nto rec o lhia se u tra b a lho d o c hã o . O Rei se a g a c ho u p a ra a jud á -la , tom a nd o a lg o d e sua c a rg a antes d e leva nta r-se . Era um b o m ho m em , re p enso u Isa b ella , a m á vel e intelig ente , se m p re pensando a ntes nos o utro s. O sinal d e um ho m e m q ue evid enc ia va ser um líd er. Qua nd o No a h nã o esta va inva d ind o seu esp a ç o p esso a l, p o d ia sentir q ua nto Ja c o b o resp e ita va c o m o sem p re lhe seg uiria e m c a d a c a usa . Tud o o q ue tinha q ue fa zer era p erg unta r, e Ja c o b lhe serviria sem perguntas, sem ter em conta sua vida ou segurança. Transtornou-a m uito ha ver se tornado um p o nto d e d isc ó rd ia d entro d essa ha rm o nio sa rela ç ã o . Penso u na s revela ç õ es q ue sustenta va em b a la d a s c o ntra seu p eito , d e c o m o p o d eria m c ria r m a is d isc ó rd ia , p erturb a ç ã o e c o ntrovérsia . Esta ria fa zend o o c erto a o revela r o que tinha descoberto? —Eu... —tragou com dificuldade. — Eu sinto . Nã o q uis te p erturb a r. Em re a lid a d e , nã o é na d a q ue nã o p o ssa esp era r. Em realidade —se leva nto u e a g a rro u o s p erg a m inho s q ue sustenta va No a h—, tud o o q ue q ueria era , uh... a jud a c o m um p o uc o d e interp reta ç ã o . Ma s está o c up a d o ... —ro d eo u a p ec ulia r m esa tria ng ula r tã o d esp reo c up a d a m ente c o m o p od ia a o mesm o te m p o e m q ue fa la va , inc lusive c a m inha nd o p a ra trá s enq ua nto lhes so rria d e um a m a neira tã o b rilha nte q ue esperava não parecer tão falsa como notava. — Sa b e , há m uito s livro s a li a b a ixo e c erta m ente existe um a tra d uç ã o — d isse d a nd o um golpezinho na testa, como se censurando por não pensar apropriadamente. Isabella chegou à porta e a fechou mais rápido do antes a tinha aberto. No a h exa m ino u Ja c o b , a s so b ra nc elha s esc ura s se eleva va m p a ra a esp essa linha d e cabelo. — Tem...? —levantou uma mão para apontar a porta, olhando absolutamente perplexo. — Tem idéia de quão mal mente? 80
—Pelo visto não —disse Jacob com um suspiro comprido e baixo. — Acredito que foi por minha culpa— especulou ironicamente. —Sua culpa? —Sim... é... uma larga história. Recuperaremo-la. —Relaxe — Noah riu entre dentes. — Está do outro lado da porta, tentando acalmar sua respiração. —Sei. Só pensava que seria divertido se a abrimos de repente. —Nã o sa b ia q ue d esfruta va send o c ruel —c o m ento u o Re i, c o m o humo r b rilha nd o e m seus o lho s q ua nd o c a m inha ra m p a ra a sa íd a . No a h a b riu a p o rta , e Ja c o b a pegou c o m pergaminhos e tudo.
CAPÍTULO 5 Na re a lid a d e , q ue ela recordasse esta era a p rim eira via g e m q ue tinha fe ito a m a ne ira dos Demônios. Prime iro , Ja c o b o s tinha c o nvertid o em p ó e g uia d o a tra vés d a p e q uena ja nela . Um a vez que fo ra m tra nsp o rta d o s, mudou d e no vo para sua s fo rm a s o rig ina is, enq ua nto a sustentava embalando-a protetoramente contra seu peito. —Não está longe. Me avise se tiver muito frio. Frio ? Esta va tenta nd o enc o ntra r fo rç a s p a ra a fa star o ro sto d a se g ura c oluna d e seu p esc o ç o ; nã o tinha ânimo sufic iente p a ra ter frio . Aferrava-se a c a m isa c o m ta nta fo rç a q ue esta va seg ura d e q ue a esta va rasgando. Entreta nto , p a ssa d o s uns insta ntes, a sensa ç ã o d e estab ilid a d e p ro p o rc io na d a p or seus firm es o m b ro s so b a s pontas d o s d ed o s e a ind o m á vel fo rç a d o casulo d e seus b ra ç o s fez com q ue seu c o ra ç ã o d e ixa sse d e estra ng ulá -la fa zend o-a entender que estava segura a seu lado. Isto nã o lhe d eu a fo rç a ne c essá ria p a ra olhar a se u red o r, m a s elevo u a c a b e ç a e se c o nc entro u em seu ro sto . Seus o lho s c a sta nhos e sc uro s e neg ro s b a ixa ra m a té o s seus q ua nd o sentiu que o olhava. —Como vai? —perguntou. —Estarei bem —lhe assegurou temerosamente. Até que me estatele contra o chão. Jacob a c o nc heg o u sua c a b e ç a na seg ura nç a d e seu o m b ro , escondendo um so rriso no esp esso c a b elo enq ua nto seu c ô mic o sa rc a sm o revo a va a tra vés d e sua m ente. Tend ia a esquecer-se d e q ue p o d ia ler a m ente , a ssim c o m o se esq uec ia q ue p o r sua vez, ela p o d eria fazê-lo fa c ilm ente se tenta sse m a is freq üentem ente. Ma s tinha essa p e c ulia r inc lina ç ã o hum a na chamada privacidade, um costume que não era de tudo prevalecente na cultura Demônio. —Me diga aonde vamos — murmurou no seu ouvido. Os sua ves lá b io s se m o vera m c o ntra seu p esc o ç o c o m a c o nversa ç ã o , a q uente resp ira ç ã o c o ntra a p ele, enchendo-o d e ternura . Qua se no mesmo m o m e nto , o c onhec im ento lhe fez estrem e c er, seu c o rp o se a p erto u c o m um a nec essid a d e re p entina . Já tinha se d a d o c o nta q ue d entro em p o uc o sua s b o a s intenç õ es nã o lhe im p o rta ria m . Se fic a va p erto d ela , fá81
la-ia em p ed a ç o s c o m seu vio lento d esejo . Era esse c o nhec im ento q ue o tinha o b rig a d o a ir perante Noah antes que o Concílio os interrompesse sua s obsessões egoístas. O Exec uto r sa b ia , entreta nto , q ue nã o p o d ia m a nter sua íntim a c o nexã o no la r d e No a h enq ua nto Isa b ella estivesse resid ind o a li. Fa zia tem p o q ue o tenta va c o m m uita p ro fund id a d e . Assim , p a sseo u a nte o esc ritó rio d e No a h, tenta nd o enc o ntra r a m a neira d e d izer a o Rei Demônio q ue d evia a fastar-se d o c entro d e sua c ultura ta nto quanto p ud e sse . Ta m b é m p re c isa va fa zê-lo sem c ulp a r esta m ulher ino c ente. O p ro b le m a nã o era d ela . O únic o q ue esta va fo ra d e c o ntro le era ele. Tornou-se d esc uid a d o , fa zend o o mesm o p elo q ue tinha rep reend id o Ka ne . Tinha leva d o Ja c o b a o o utro extremo d a lei. Ag o ra sa b ia o q ue se sentia a o ser d irig id o p o r e ssa s p ro fund a s a ç õ es im o ra is, e m b o ra seus p rinc íp io s p ed isse m a g rito s que fizesse o correto. —Jacob? O nome em seus lábios o fez dar-se conta de que não tinha respondido a pergunta. —Ao meu la r — d isse , usa nd o a resp o sta c o m o um a ra zã o p a ra a p o ia r o rosto m a is p erto , enterrando-se em seu cabelo. Era ela , c o m p reend e u, a rre b a ta nd o m a is d e sua essê nc ia a c a d a d ia . Em b o ra tivesse se b a nha d o e se sujado no va me nte d esd e seu último enc o ntro a p a ixo na d o , a ind a e xsud a va o p erfum e d e sua p ele e c a b elo . Sa b ia q ue era um a rep etiç ã o q ua nd o vinha m a ro m a s, m a s nunca tinha encontrado um camaleão que pudesse guardar um aroma do que já se desfez. Isto lhe encheu d e um a a le g ria p o ssessiva . Rec o rd o u-lhe q ue , justo so b se u q ueixo , so b a sua ve malha de sua camisa, estava a marca que tinha lhe deixado no ombro. Chegaram à b a se d e um extenso p re c ip íc io , e q ua nd o Isa b ella elevo u a c a b e ç a d o amparo d o p esc o ç o d e Ja c o b , a vista a d eixo u se m resp ira ç ã o . Esta va na mesm a b o rd a d o q ue p a rec ia ser o litora l ing lês. A c a sa q ue ele tinha tom a d o o rig ina lm ente se eleva va g ra nd io sa a trá s d eles, c o m a exc eç ã o d o m uro q ue nec essita va re p a ra ç ã o . Qua nd o No a h se uniu c o m a fo rm a ha b itua l a seu la d o , c a m inha ra m p a ra a c a sa e entra ra m a tra vés d e um a p o rta convencional. —Alguém pensaria que com tudo o que pode fazer, poderia estalar os dedos e arrumar a parede —disse ofegando. —Se tud o fo sse tã o fá c il, p o d ería m o s no s p ro teg er d a q ueles q ue insistem e m p ra tic a r a s artes escuras —assinalou Jacob brandamente. —Be m , nã o é nenhum a d e sc ulp a , m a s o s hum a no s nã o se d ã o c o nta d e q ue o s d e sua raça sã o um a ra ç a rea l d e p esso a s c o m intelig ênc ia , fa mília s, c o stum es e c ultura — fra nziu o sobrecenho e suspirou, compreendendo exatamente quão pobre era esse pretexto. — Mas esta foi nossa justificativa sobre a história durante muito tempo. Sinto muito. Ja c o b d e sc a nso u o q ueixo na p o nta d o s d e d o s, sua d o c e c o m p a ixã o p or sua g ente , so b re tud o d ep o is d a m a neira como o s q ue era m c ha m a d o s o s m elho re s a tinha m tra ta d o , tocava-lhe profundamente. Esqueceu por completo a presença de Noah no quarto e se estic ou p a ra b e ija r seus sua ves lá b ios c om d o lo ro sa ternura , ig no ra nd o q ua lq uer d a no q ue p ud esse lhe causar.
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—Sinto flo rzinha. Os Eld ers nunc a d everia m ter te tra ta d o c o m ta nta d esc o nsid era ç ã o quando estiveste trabalhando tanto para nos ajudar. —Nã o sa b ia m — m urm uro u c o m ind ulg ênc ia , fa zend o com q ue o c o ra ç ã o se a p e rta sse ante sua benevolência. — Têm medo, e com razão — se estic ou e deslizou um fio de seu cabelo entre dois dedos, colocando-o a fetuo sa m ente a trá s d a o relha e m um m o vim ento sua ve e sed o so . — O m e d o fa z com que até os melhores se comportem de uma forma terrível. Noah c la re o u a g a rg a nta , em um e sforç o p a ra recordar a o c a sa l q ue e sta va no q ua rto . Sa lta ra m sep a ra nd o -se , e p a re c eu a sso m b ra d o q ua nd o um a eletric id a d e q ue só ele p o d ia ve r ra ng eu entre a m b o s c re p ita nd o e m instáveis a rc o s a zuis a ntes d e re d uzir-se e ro m p er a c o nexã o . No a h nunc a tinha visto a ntes ta l efe ito entre um Demônio e um hum a no , e ra ra m ente entre o s Demônios. Fa sc ino u-o ta nto q ue se sentiu p erturb a d o . O relâ m p a g o era o fo g o d a uniã o entre a lm a s gêmeas. Um a Demônio fêm e a d o Fo g o c o m o sua irm ã Ha nna h sa b eria m a is so b re este a sp ec to d e ta l c o nexã o ele menta r, p o is entend ia o fo g o entre d o is seres e p o d ia vêlo c o m m a is c la rid a d e d o q ue ele fa zia . Ma s sa b ia o sufic ie nte p a ra rec o nhec er q ue era significativo, e extremamente estranho. —Isabella, tem algo a nos dizer? —recordou-lhe. —Sim. No a h to m o u no va no ta d e sua va c ila ç ã o , a luta esta va muito c la ra e m seu exp ressivo rosto. Era refrescante para o Rei ver que tal transparência ainda podia existir no mundo. Ela a g a rro u a m ã o d e Ja c o b e o em p urro u p a ra a m esa m a is p ró xim a , d eixa nd o c a ir à b o lsa c heia d e p erg a m inho s e m sua d ire ç ã o . No a h a se g uiu, e streita nd o o olha r q ua nd o extra iu o p rim e iro fora d e seu rec ip ie nte p ro teto r e o d esenro lo u usa nd o o s o b jeto s d a m esa p a ra mantê-lo a b e rto . Tra to u o p erg a m inho c a utelo sa m ente , c o m g ra nd e c uid a d o e resp eito , e No a h fic o u im p ressio na d o d e no vo . Esta m ulher era um a verd a d eira estud io sa , p o ssivelm ente mais do que ele seria na vida. De p o is d e uns insta ntes, a m b o s c o m p reend era m q ue o texto q ue d esd o b ra va esta va e m seu a ntig o id io m a . Interc a m b ia ra m o lha re s p erp lexo s exa m ina nd o c uid a d o sa mente sua esc ura c a b e ç a q ua nd o se c o nc entro u na ta refa d e situa r o p erg a m inho . Este era o mesm o tip o d e esc ritura q ue No a h tinha tid o d ific uld a d e p a ra tra d uzir na no ite q ue Ja c o b tinha enc o ntra d o pela primeira vez Isabella. —De a c o rd o , o lhe m a q ui —disse , a nim a nd o seu im inente d isc urso q ua nd o ind ic o u a metade do documento. — Este é o Perg a m inho d e Destruiç ã o o rig ina l. Gra nd e no m e , p o r c erto . Entreta nto , fo i esc rito séc ulo s a ntes d o livro q ue enc o ntrei c o m o m esm o no m e. Esse livro era um a tra d uç ã o deste p erg a minho . Olhe m , vê em ? Seja q ue m é q ue d eseja sse c o nhe c er o d estino d o Re i Demônio d everia c o nsulta r esta s p ro fe c ia s... Ya d d a , o ya d d a , o ya d d a , Co rreto ? É d e c e rta forma similar a sua Revelação. Verdade? No a h a sse ntiu lenta mente. Este era um d e seus m a is sa g ra d o s d o c um ento s. A Lista d o s Destino s Esp e c ia is e Le is Orig ina is. Olho u-a q ua nd o d esd o b ro u b ra nd a m ente a s p rim eira s páginas do pergaminho. 83
—Está fa m ilia riza d o c o m esta s p a ssa g ens, nã o c a b e d úvid a . Sã o o s únic o s q ue se refere m a o na sc im ento d a Crista nd a d e entre o s hum a no s, a feta nd o a o d estino d os Demônios a o m esm o tem p o . Vê ? Exp lic a c o m o a Crista nd a d e se c o nverterá na relig iã o majoritária entre o s hum a no s, c o m o a m a g ia se irá d esva nec end o , red uzind o a a m e a ç a d o s “ intend entes d o Demônio” , q ue a ssumo sig nific a nig ro m a ntes. Isto nã o é d e tud o esp e c ífic o , a ssim q ue to m a rei como uma hipótese. —Boa conjetura, florzinha— elogiou Jacob. — Está completamente certa . Ela aceitou o elogio assentindo quando se estic ou para desenrolar mais páginas. —Be m , entã o seg ue m a s p á g ina s d e vá ria s p ro fe c ia s. Ag o ra , na versã o m o d erna d o livro d este p e rg a m inho , a tra d uç ã o só está lig eira m ente m o d ific a d a neste p o nto . Ma s entã o vêem aqui... —Indicou uma passagem afastada dentro do pergaminho. — Aq ui é o nd e se tra nsforma por com p leto . Bo m , a p rinc íp io nã o p o d ia entend er p o r q ue a tradução era errônea. Pensei que possivelmente se devia a uma mudança nos tradutores. Mas entã o rec o rd ei q ue c o m o e m m uita s d o utrina s relig io sa s, a influênc ia d e q uem o rd ena a s tra d uç õ es, c o m m uita fre q üênc ia a s d ita nd o , fo i c o nsid e ra d a a c eitá vel e unifo rm e a c renç a g era l. Sig nific a tivo s tra b a lho s, nestes d ia s, nã o sã o a c eito s c o m sua tra d uç ã o o rig ina l p o rq ue a g ita ria m m uito o s fund a m ento s d o s sistem a s d e c renç a s... Qua nd o o tra d uzi apropriadamente, pude ver p o r q ue era m resiste ntes a p erm a ne c er fiel a fo rm a d o p erg a m inho . Ler-lhes-ei a passagem: “E assim chegarão a passar nesta grande Era coisas que devolverão o enfoque de pureza p elo q ue os Demônios sem p re se e sfo rç a ra m . Aq ui virá o sig nific a d o e p ro p ó sito d e nossa s estrita s leis, q ue nenhum huma no inc o rrup to será p rejud ic a d o , q ue a p a c ífic a c o existênc ia entre as raças se voltará superior...” —Nã o há na d a d iferente d o q ue já se c o nhec e usua lme nte —c o m ento u No a h, esforçando-se em seguir sua veloz tradução. —Espera, estou chegando a isso —ela virou a página— escuta: “ Devem o s no s esfo rç a r c o m m a is a finc o q ua nd o o tem p o se a p roxim e . Na Era d a reb eliã o d a Terra e Céu, q ua nd o Fo g o e Ág ua irro m p a m c o m o d estruiç ã o so b re to d a s a s terra s, o Ma is Anc iã o d os a ntig o s vo lta rá , to m a rá a sua c o m p a nheira , e o p rim e iro m enino d o elem ento Esp a ç o nascerá c o m p a nhe iro d o p rim eiro m enino d o Tem p o , ilum ina nd o o s Executores. O Demônio. O Druida. E tudo voltará para o estado inicial. Pureza restaurada” —Agora — seg uiu Isa b ella , ig no ra nte d o s ho m ens q ue esta va m im ó veis a seu la d o —, so u inc a p a z d e d ed uzir, p or q ue se o m itiu isto . Pa rec e um a p ro fec ia b a sta nte sim p les. Po r q ue seria tão aterrador? Foi quando li todas suas leis que compreendi. —Todas? —p ronunc io u No a h d e rep ente , so a nd o c la ra m ente surp reso . — Só e steve a li abaixo uns poucos dias. —Leio rápido — encolheu os ombros. Noah agarrou o respaldo de uma cadeira até que os nódulos dos dedos ficaram brancos, enq ua nto p ro c ura va a lívio nos o lho s esc uro s d o Exec utor, só p a ra encontrá-lo ig ua lmente 84
preocupado. Não tinha outra opção exceto olhar como a pequena mulher abria caminho entre a informação como um trem de carga. —De q ua lq uer m o d o —continuou—, a q ui é o nd e sua s le is d e hib rid a ç ã o entra m e m c ena . De sd e o c o m eç o p ense i q ue p ossivelm ente era a inc o m p a tib ilid a d e q uím ic a ou q ue d evid o a sua na tureza a nim a l nã o c a usa ria m d a no a um c o m p a nhe iro d e sua ra ç a . Inc lusive têm livro s q ue a p ó ia m essa s teo ria s. Pureza . Essa p a la vra é a c ha ve… Se usa m uito fre q üentemente neste p erg a m inho e nã o p o sso te d izer em q ua nta s leis. De a c o rd o , esc utem , mais adiante no Pergaminho da Destruição. Diz justo aqui: “ Um Exe c uto r na sc erá e a lc a nç a rá a m a turid a d e q ua nd o a m a g ia a m ea c e um a vez mais o Tem p o , à m ed id a q ue a ha rm o nia d o Demônio se inc line p a ra a lo uc ura . O Exe c uto r na sc erá p a ra c a ç a r a o s Tra nsfo rm a d o s, terá o p o d er p a ra d e struir, p a ra c a m inha r se m essênc ia , para rastrear, para ver o invisível, para lutar com os mais poderosos e corruptos… “ Os p ensa mento s d e ste Exec uto r se sela rã o exc eto a Kin e a sua Co m p a nheira , p a ssa rã o o caminho do Demônio em corpo e alma, embora nunca nascessem para ele.” —Assim , vê em ? Co m o p o d e q ue se refira a “ p ureza ” se um Exec uto r d eterm ina sse q ue m nã o é um Demônio? Hm m ? Ma s isso nã o é tud o —seg uiu c o m a vid ez, tira nd o ra p id a m ente um segundo pergaminho de seu envoltório. — Este p erg a m inho , seg und o m eus c á lc ulo s p a re c e a té m a is velho q ue o o utro , isto va i fazer voar suas mentes. Comprovem. Diz aqui: “ Demônio e Druid a c a m inha nd o c o m o um , em p a re lha d o s, fund id o s, a lm a s c o mpletas. Um sem o outro estarão perdidos e privados, uma raça sem a outra está condenada a loucura e ao desalento, a impureza e a destruição.” —Sa b e o q ue sig nific a ? Sua ra ç a , c ha m a d a d e sa ng ue p uro esta va a c o stum a d a a se r só a m eta d e d e o utra ra ç a , a ra ç a c o m b ina d a q ue um a vez fo ra m Druid a s e Demônios! Se isto fo r verd a d e , e ntã o to d o este sem sentid o so b re p ureza ra c ia l é a lg o q ue a lg um fa ná tic o invento u fa z um m ilhã o d e a no s. É p ro p a g a nd a , c a va lhe iro s! Co m sua s histó ric a s o p iniõ es fa ná tic a s p a ra a p ureza d e ra ç a , a me sm a id éia d e intruso s c om o sa lva d o res, tivera m q ue a m e a ç a r a os tra d utores. Po r c o nseg uinte , o m itira m d a s no va s tra d uç õ es. E sig nific a q ue nec essita ria m o s forasteiros para sobreviver. Estavam procurando uma cura ? Bem, aqui esta! Escrito em branco e preto em suas próprias abóbadas! Os Druidas são a cura para a b endita loucura! —Então nossa raça está condenada —disse Noah brandamente. Isa b ella leva nto u c o nsterna d a se us o lhos p a ra o Re i. Se u c o ra ç ã o sa lto u q ua nd o viu se us pálidos e caídos traço s arrastados, branqueados e sua sinistra tranqüilidade. —Por que diz? —protestou ela. — Quero d izer, só tem q ue enc o ntra r... m a s d isse q ue ha via o utra s esp éc ies d e Ca m inha ntes No turnos no m und o. Tenho lid o a resp e ito d e muito s no s a rq uivo s. Ad m ito q ue só comecei a me inteirar sobre coisas dos Druidas quando entrei na abóbada oriental... —Porque a abóbada oriental é o arquivo Druida, Bela —disse Jacob secamente. Isabella pestanejou confusa, enquanto voltava para olhar sobre seu ombro a Jacob. 85
—Não entendo. —Isa b ella , fa z q ua se um m ilênio , o g o verna nte d a ra ç a Druid a enlo uq uec eu e a ssassinou ao governante da raça Demônio — explicou Noah. — Nó s fo m o s luta r. Nã o há m a is Druid a s, Bela . Os Demônios o s d e struíra m a to d os. Tud o o q ue fic o u d eles está nessa a b ó b a d a . De struím os um a c ultura inteira , a ssa ssina m o s a té o último fô leg o d e vid a q ue p ud esse fa la r e m b e nefíc io d o s Druid a s, e xc eto essa s a ntig a s p a rtes d e história. —Se o q ue d iz é verd a d e , entã o no s d estruím o s no p ro c esso — Ja c o b p a sso u uma m ã o cansada em cima de seu rosto e através de seu cabelo, encontrando os olhos de Noah. — Dura nte séc ulo s e séc ulo s só no s hã o d ito q ue o s Druid a s era m no sso s inim ig o s p o r c a usa d a m o rte d o Rei. Nunc a no s d issera m q ue um a vez c a m inha m o s juntos, vivem o s junto s... tivemos uma história comum. —Historia revisionista —interrompeu Noah. — Um a histó ria q ue o s líd eres d o tem p o o b via m ente re esc reveram p a ra se us p ró p rio s fins d ura nte e d e p o is d a g uerra . Quã o a rro g a nte fui p ensa r q ue no sso s esp ec ia liza d o s histo ria d o re s estavam por cima de tais coisas. —Nã o ... Nã o , a c red ito q ue está e q uivo c a d o —g rito u Bela , o m ed o im p re g na va sua vo z, quando lutou com as implicações que seus inocentes resultados podiam significar. — O q ue há so b re a p ro fec ia ? Co m o um a ra ç a c ond ena d a p o d e d a r d e re p ente nascimento a no vo s elem ento s? Os m enino s p o d end o so b re o tem p o e o esp a ç o muda rã o o m und o p a ra se m p re ! Certa m ente q ua nd o vir este a c o ntec im ento sob seu na riz nã o será c a p a z de negá-lo! —Assume que agora é o tempo profetizado —comentou Noah. —Bem , é o b vio q ue é. Quero d ize r, o lhe o q ue e stá a c o ntec end o a seu red o r! “ Da reb eliã o d a Terra e Céu, q ua nd o Fo g o e Ág ua irro m p a m c o m o d estruiç ã o so b re to d a s a s terra s” Seu p o vo sã o o s ele m ento s, a ssim lhe d isse isso ... Fo g o , Terra e o resto . “ Reb eliã o ... irro m p endo c o mo d estruiç ã o e m to d a s a s terra s.” Po d e ver, e m m uito s texto s histó ric o s, “ terra s” nã o sig nific a “ terra ” c o mo m od era d o . Sig nific a c ultura … O q ue e stá d izend o é q ue o s Demônios c a usa rã o a d estruiç ã o em o utra s c ultura s. O Exec uto r a c im a c ha m a d o existe c o m o “ a ha rm o nia d o Demônio q ue se inc lina p a ra a louc ura .” Isto é um m a rc a d o r q ue une a s d ua s p ro fec ia s a o m esm o te m p o . Vo c ê m e d isse q ue c a d a a no a lo uc ura se vo lta p io r p a ra sua g ente. E c o m a súbita aparição do nigromante, não diria que a magia retornou? —Isso! —exclamou de repente. — Nã o m a ta ra m a tod o s os Druid a s! Sim p lesm e nte , p ossivelmente , fo rç a ra m -nos a ina tivid a d e . Po d e q ue a lg uns esc a p a sse m . Que c o m o tem p o , so b a influênc ia d a c iênc ia e a c iviliza ç ã o , sua hera nç a e c o nhec im ento se p erd esse m p a ra se us d esc end entes a ssim c o m o a lg um a s d a s sua s se p erd era m p a ra vocês. E p o ssivelmente , a lg um d ia no futuro , q ua nd o começarem a a c e ita r a o utra s ra ç a s no c írc ulo d a c ultura , isto p erm itirá a c heg a d a d e um Druid a q ue... q ua nd o Ja c o b seja substituído... —fez um a p a usa , p ensa nd o q uã o ra p id a m ente retorceu as mãos em seu abrupto desespero. 86
Noah entendeu. Se tivesse razão, e o tempo da profecia estava perto, significava a morte d e Ja c o b e a sub stituiç ã o era um evento im inente. Ag o ra tinha q ue justific a r sua p ró p ria ló g ic a para impedir que o inevitável acontecesse muito cedo para poder agüentá-lo. —Possivelmente seja muito extremo —a consolou Noah. —Doce misericordioso Destino. Ambos, Isabella e Noah voltaram sua atenção a Jacob que tinha expressão de choque. —O que? O que é? —perguntou Noah. —Disse , e q ua se p a ssa p o r c im a . No a h, na p ro fe c ia , justo d ep o is d o c o m e ç o , d isse: “ ... o p rim e iro m enino d o e lem ento Esp a ç o nascerá c o m p a nhe iro d o p rim e iro menino d o elem ento Tempo, dando origem a os Executores” —E? —perguntou Bela. —Está segura que dizia Executores? Está segura que era plural? —exigiu. —Claro que estou segura. Olhe justo aqui —disse assinalando a passagem. —Bela , nunc a ho uve d o is Exec uto res a o m esm o tem p o . Só ho uve um . Nunc a d o is. Nã o é a resp e ito d e m im d e q ue m se está fa la nd o , ne m d e nenhum Druida d e sc o nhec id o d e um futuro longínquo —pestanejou, a realidade caía sobre ele. — É você. Noah, É ela! —Pod eria ser? —sussurro u No a h, exa m ina nd o a d im inuta admiração, seguindo rapidamente o que Jacob estava pensando.
mulher hum a na
c om
—Um Executor humano? —Wo a h! Quieto s a í, m enino s. Nã o no s vo ltem o s irra c io na is —choramingou a p ressa d a m ente Isa b ella , leva nta nd o a s m ã o s d efe nsiva m ente e retro c ed end o a lg uns p a sso s fora de seu alcance, como se estivessem tentando atacá-la. — Nã o é q ue a lg um a vez p ud esse g a nha r e m um a m a ra to na , m a s, entreta nto era um pequeno consolo. —Não sou um Executor. Sou muito pequena! Além disso... Sou um rato de biblioteca estão loucos! —“ O Exec utor na sc e rá p a ra c a ç a r a o Tra nsfo rm a d o , terá o p o d er p a ra d estruir.” Saul, florzinha. Rec o rd a ? “ ... p a ra ra stre a r, p a ra ver o invisível, p a ra luta r c o m o s m a is p o d ero so s e o s mais depravados.” Você o matou. —Isso foi um acidente! —“ ... p a ra c a m inha r sem essênc ia ...” Ne m seq uer o s m a is Antigos soub era m q ue esta va em minha casa, - adicionou Noah, claramente assombrado. — Nã o p o d ia m c he irá -la , nã o p o d ia m senti-la . Os p ensa m ento s d este Exec uto r se sela rã o exceto a Kin... 87
—Isso é rid íc ulo ! Ja c o b está fa reja nd o c o nsta ntem ente d entro d e m inha c a b e ç a , e te asseguro que não estou de maneira nenhuma relacionada com ele! —... E Companheiro... Isabella ouviu as fatídicas palavras saindo dos lábios de Jacob como se ressonassem. Tinha sa b id o , em a lg um nível, q ue esta c onexã o c o m Ja c o b esta va m a is à frente q ue um tã o sim p les c a so d e a m o r p a ssa g e iro . Ja c o b tinha sa b id o . Tinha -a to m a d o e m se us b ra ç o s a p e sa r d e tud o o q ue re p resenta va , p o rq ue d e a lg um jeito sa b ia q ue esta nã o era um a sim p le s Bendita Loucura. Fa zia só uns d ia s nunc a teria p o d id o im a g ina r a lg o a ssim , nã o im p o rta q uã o c ria tiva p ud esse se r. Os fa to s e fa nta sia s turva va m sua m ente , lhe nub la nd o a visã o c o m o um a névo a sufo c a nte. To d o o sa ng ue p a rtia d a p a rte sup erio r d e seu c o rp o , c o rrend o p a ra sa tisfa zer a s súb ita s d e m a nd a s d e seus ó rg ã os enq ua nto se sentia tã o q uente q ua nto fria c o m c a la frio s, medo, e, sobre tudo, a excitação ante as perigosas possibilidades. Caiu no chão igual a uma pedra. —Tem idéia de como isto vai afetar a todo mundo? Jacob levantou o o lha r d e sd e seu a ssento a o la d o d e Isa b ella , sua m ã o a c a lm a nd o -a e lhe a c a ric ia nd o o c a b elo , a s pontas dos dedos aconchegando-se nos suaves e sedosos fios que ta nto o a tra ía m . Nã o tinha se m o vid o o sufic ientem ente rá p id o , e ela caiu c o m fo rç a . A outra m ã o a p erta va um p a no so b re o c o rte d a fro nte , tenta nd o d eter o sa ng ue q ue c o ntinua va emanando. —Sei como isto vai afetar a você. —respondeu Noah de sua posição na janela, olhando a paisagem do oceano. — Sei que isso explica por que não foste capaz de resistir a ela. —Pod ería m o s esta r eq uivo c a d os —Jaco b rec o lheu um fio esp esso d o liso c a b elo neg ro , esfregando-o entre seus dedos. — É tão pequena e tão jovem. Como pode querer sequer fazer o que faço? —Ne m se q uer esta treina d a , e a ind a a ssim ra streo u a Saul. Ma to u-o —a ssina lo u o monarca. — Mais acidente que outra coisa —replicou Jacob. —Então me explique o que aconteceu a Elijah. Ja c o b nã o p o d ia , e No a h sa b ia . Elija h era um se c ula r, um g uerreiro exp eriente, o líd er d e um exérc ito d o Demônios q ue d ed ic a ra m sua s vid a s à a rte d a g uerra e a d efe sa . Era p o d eroso, assim como dominante em seus deveres escolhidos como Jacob era nos seus. E ainda assim... —Não posso explicá-lo —admitiu resistente. —Estava te protegendo —a ssina lo u No a h c o m um a p rud ênc ia e um a c a lm a exasperante e silenciosa. — Saiu-lhe por instinto. Igual a uma loba protegeria seu companheiro. 88
—No a h, ela é um se r hum a no ! Cresc i d ura nte c ente na s d e a no s o uvind o q ue nã o p o sso ser seu c o m p a nhe iro , e q ue nã o p o d e ser m inha ! Machucá-la-ei! Inferno s, já o fiz! —Jacob c urvo u o s la rg o s d e d o s e m se u a velud a d o c a b elo , fixa nd o a s e sp essa s c o rd a s e ntre seus nó d ulo s c o m ira . Dizer o q ue tinha c o m p ree nd id o em vo z a lta , d a nific a va sua c onsc iê nc ia e lhe furava o coração com centenas de afiadas agulhas. —Há…? —Nã o ! É o b vio q ue nã o ! Já lhe d isse isso , esto u a p a vo ra d o d e feri-la . Alé m d isso , se a s c o isa s tivessem id o tã o lo ng e , nã o c rê q ue Elija h, Leg na , o u vo c ê teria m vind o p a ra m e m o e r a pauladas? —Ontem ninguém interrompeu seu interlúdio nas abóbadas —assinalou Noah. Jacob estreitou perigosamente os olhos sobre o Rei Demônio. —Sabia. Era uma afirmação, não uma pergunta. A pergunta era tácita, e os dois sabiam. —De p o is d o o c orrid o — lhe assegurou. — Co nfio q ue tenha feito o c o rreto , Ja c o b . Ao fim e ao cabo é o Executor. —Lo g o q ue fiz o q ue devia No a h — A vo z d e Ja c o b e ra b a ixa e seus o lho s d isp a ra va m adagas de fogo negro. — Não posso te explicar a intensidade... —Pigarreou para clarear a garganta. — Qua nd o ela está p erto , c o m a p ena s um olha r p o r d e b a ixo d e sua s p e sta na s o u um sorriso… — Noah podia escutar o distintivo som das molas do Executor chiando. — Já não me reconheço, já não sei o que é correto. —Bo m , se esta m o s interp reta nd o esta p ro fec ia c o rreta m ente entã o o a p ro p ria d o se ria que a tomasse. —Ma ld ito seja ! Co m o p o d e se r tã o d esp reo c up a d o ? —Ja c o b rug iu, a p ressa nd o seus p a sso s e a p ro xim a nd o -se d o rei.— A usa ria tã o fa c ilm ente p a ra um exp erim ento d e ta l magnitude? Me usa r? Co nhec end o q ue p o d eria m uito b em m a tá -la e m e c o nd e na r p a ra o resto de minha vida? —Melhor vocês d o is q ue to d a no ssa ra ç a —respondeu No a h. Lo g o a c resc ento u rapidamente a ntes q ue Ja c o b p ud esse fa la r— O d ig o , c o m o o reg ente d e m uita s p esso a s, Ja c o b . Este é o tip o d e d e c isõ es q ue esto u d estina d o a fa zer. O b em -e sta r d a m a io ria é m a is im p o rta nte q ue o d e um ; ou neste c a so d o is. E nã o m e p ressio ne c o m sua c o nd ena ç ã o , Exec uto r. To m o u a m esm a d e c isã o c a d a vez q ue c a stig o u a um d e nós p o r a fa sta r-se , d ec id iu ig ua l q ua nd o d isse a Myrrh-Ann q ue p ro c ura ria Sa ul sa b end o m uito b em q ue nenhum Demônio foi resgatado de uma Evocação intacto e que teria que matá-lo. Ja c o b sa b ia q ue o q ue No a h d izia era verd a d e , m a s isso nã o a p la c a va sua c o nsc iênc ia . De a lg um jeito o b em -esta r d e Isa b ella era m uito m a is p esso a l, a lé m d e se r m uito m a is im p o rta nte. Ela era ino c ente d e tod a s a s fo rm a s, nunc a tinha p ed id o para se r p a rte d e sua s políticas ou de sua salvação. 89
—Tã o b e m c o m o c o nheç o seus ta b us, Ja c o b , c o nhe c e no ssa c renç a no d estino . Se e ste fo r seu d estino , entã o nã o há na d a q ue p o ssa m o s fa zer — No a h rec o rd o u, sussurra nd o p a ra lhe acalmar. — Te re b ela , m a s sinto q ue e m seu c o ra ç ã o , e m sua a lm a , re c o nhec e q ue é seu ig ua l, q ue é seu par. É a únic a m ulher d e q ua lq uer ra ç a q ue a lg um a vez insp iro u ta l lea ld a d e no Exec uto r q ue está a nte m im . É a únic a hum a na q ue te tentou, p e la m a ld ita sa g ra d a lua . Viveste m a is d e m eio m ilênio , Ja c o b , e justo a g o ra , é se d uzid o p ela p rim eira vez, inc lusive a té o p o nto d e ir c o ntra tud o o q ue te ed uc o u p a ra a c red ita r. É tua , Ja c o b —d isse No a h vee m e ntem ente— É seu destino, e ela é o teu. —Nã o a m a c huc a re i. Nã o a c o a g irei c o m no ssa s p ro fec ias —Ja c o b reto rno u tenso p a ra a p o ltrona , a tend end o um a vez m a is sua s ferid a s e a c a ric ia nd o seu sed uto r c a b elo c o m o s dedos. —Nã o tem o p ç ã o . Se nã o fo sse hum a na , acusar-lhes-ia d e esta r na s p rim e ira s eta p a s d a Impressão. A conexão telepática, a inegável tentação de transar. —É hum a na , No a h, a Im p ressã o nã o se m a nifesta nela . Ap ena s se m a nifesta e m nó s! Nã o ho uve um a Im p ressã o e m m a is d e d o is sé c ulo s, e m esm o a c o ntec eu a ntes d isso . Nã o im p o rta q ua nto tente a d a p tá -la a nosso s c o stum es, nã o im p o rta c o m o tra te d e m e m a nip ula r p a ra acalmar minha consciência, Não te deixarei me persuadir para sua causa e não a forçarei! —Pod e p a rec er q ue tem a lg um a o p ç ã o —d isse No a h p a c ientem ente— Ma s sa b e q ue o d estino enc o ntra a m a ne ira . Nã o a fo rç a rá p o rq ue nã o terá q ue fa zê-lo . Ning uém está d izend o que o faça. Só passará. —Nunca deveria tê-la trazido para nosso mundo. —Estava destinado a trazê-la. —Deveria ... Po d e ria ha ver... —Ja c o b se a fo g o u na frustra ç ã o q ue o p rim ia sua g a rg a nta , girando a cabeça para que Noah não visse a angústia condensando-se em seus olhos. —Já está m e io a p a ixo na d o p o r ela , verd a d e? —No a h p erg unto u g entilm ente , fixa nd o seu agudo olhar verde cinzento em seu amigo. —Nã o a la rd eie d izend o c o m o m e sinto ! Já é sufic ientem ente m a l q ue um a ntig o pedaço de papel trate de fazê-lo — ladrou Jacob em resposta. —Muito b e m , deixá-lo-ei. Em q ua lq uer c a so , há o utra s c o isa s na s q uais c o nc entra r-se. A a d m issã o d esta s p ro fec ia s e história s e m no ssa c ultura terá p o d ero sa s ra m ific a ç õ es. Será rec e b id a c o m g ra nd e resistênc ia . Olhe o fo rte q ue resiste , a ind a q ua nd o enc o ntra c o nso lo em qualquer desculpa para estar com ela. Imagina o que farão os puristas fanáticos como Ruth. O mero pensamento enviou uma onda de pavor a través da coluna de Jacob. Finalmente girou os olhos para Noah. —Está-m e d izend o q ue m inha vid a p esso a l nã o va le na d a c om p a ra d a c om o va i me afetar este outro assunto — afirmou gravemente. —É o Exec uto r. Ha verá m uito c a o s, Ja c o b . Facilitarei o m áximo q ue p o ssa . Co m eç a re i contando a os eruditos, e logo, com o tempo, ao Conselho. 90
Ja c o b viu a sa b ed o ria d a c o lo c a ç ã o e se d eu c o nta nesse m om ento d o p o r q ue No a h estava destinado a guiá-los, e o resto, destinados a servi-lo. Com o apoio dos eruditos, Noah não p o d ia ser refuta d o m e d ia nte a ló g ic a , inc lusive p elo m a is influente d os Anc iões. Co m essa seg ura nç a , No a h p o d eria c ha m a r o s g uerreiro s e o Exec uto r p a ra q ue o a p o ia sse m em c a so d e c o nflito. A id é ia d e um p o ssível c o nflito c ivil fez com q ue seu estô m a g o se revolvesse. Olho u o pequeno duend ezinho a o la d o d ele. Isa b ella tinha caído p o r um a ja nela e tinha c o m eç a d o uma cadeia de acontecimentos de incríveis proporções. —Olha-a a tenta m ente , velho a m ig o , esse —d isse No a h b ra nd a m ente— b em p o d eria se r o rosto que faça partir mil navios. Os olhos de Isabella revoaram abrindo-se, o violeta expandindo-se enquanto as pupilas se c o ntra ía m so b a luz. Pesta nejo u ra p id a m ente , tra ta nd o d e a d a p ta r-se. Leva ntou a c a b e ç a um p o uc o e g runhiu q ua nd o estiro u um m úsc ulo m a c huc a d o d o p e sc o ç o , fa zend o q ue o sa ng ue de sua cabeça começasse a palpitar incomodamente. Sentiu uns d ed o s g entis d esliza rem so b re sua b o c hec ha , um p o leg a r esfregando brandamente a orelha, uma tranqüilizadora voz silenciando-a. —Silêncio. Tranqüila, Bela. Está a salvo. Sentia-se a sa lvo . Enq ua nto d esp erta va d e to d o , fo i c o nsc iente d e esta r a g a sa lha d a e m fo rm a d e c o lher c o ntra a c o nfo rtá vel lo ng itud e d e um c o rp o ; um a p esa d a p erna se a ventura va entre a s sua s, um fo rte b ra ç o c o m o tra vesseiro . Nunc a e m sua vid a d esp e rto u a o la d o d e um ho m e m , m a s sentia c o m o se fo sse p erfeito, a c a lid ez e o amparo. Era o q ue sem p re im a g ino u que sentiria . Esta va m na c a m a junto s, m a s esse fa to nã o a p reo c up o u. Nã o a tinha d e ixa d o sozinha. Manteve-se o m a is p erto p o ssível, sem d úvid a o b serva nd o -a a c a d a insta nte a té q ue a havia sentido agitar-se. —Jacob —m urm uro u, carinhosamente.
g ira nd o
sua
b o c hec ha
p a ra
seu
to q ue,
mordiscando
—Nenhum outro —lhe assegurou. Deslizo u a s m ã os so b re o s lenç ó is a té q ue seus d ed o s se entrela ç a ra m . To m o u sua m ã o , apertando os dedos brandamente. —Surpreendo-me que não esteja me golpeando — observou. —Ainda estou despertando, chutar-te-ei o traseiro depois. Jacob enterrou o rosto em seu cabelo. —Obrigado pela advertência. —A verd a d e — g iro u seu c o rp o o sufic iente p a ra ficarem c a ra a c a ra , o lho s c a fé esc uro s contra violeta. — Acredito que chutarei o traseiro de Noah, isso me faria sentir melhor. —Por fa vo r, faz. Ta m b ém m e fa ria sentir b e m — a m ã o d e Ja c o b c a iu d e no vo so b re sua bochecha, movendo-se sobre a pele suave como a seda, o polegar acariciou seu lábio inferior. —Pode responder uma pergunta? 91
—Por q ue sentim o s c o m o se no s c o nhec êssem o s fa z séc ulo s, q ua nd o e m rea lid a d e fo ra m só uns poucos dias? —Trapaceiro —o acusou. —Sinto muito, tem uma mente muito aberta para que resista. —Isso é uma desculpa? Porque soa c omo se eliminasse minha personalidade. —Quer que te responda ou debater a semântica sobre quem teria que ter perguntado? —A resp o sta tem a lg o q ue ver c o m p ro fec ia s e d estino ? Po rq ue se fo r a ssim , a c red ito q ue terei uma terrível dor de cabeça. —A verdade —disse— é que me inclinava para a antiquada teoria da química. —OH. Bom, isso soa normal. De fato, virtualmente humano. —Morda a língua —replicou, olhando-a com um brilho perverso. —Você primeiro. Jogou sua cabeça para trás, elevando uma sobrancelha surpreso. —Isabella, está paquerando comigo? Isabella suspirou dramaticamente. —Não sou muito sutil, huh? Jacob riu inc a p a z d e resistir a a p ro xim a r sua testa a seus lá b io s e b e ijá -la . Ap erto u sua cabeça sob o queixo e abraçou o pequeno corpo contra ele. —Não posso compreendê-lo, Bela. Quando tem todo o direito de lavar as mãos comigo e c o m to d a m inha ra ç a , nã o o fa z. Nã o p o sso entend er seu ra c io c ínio , sem im p o rta r q ua nto indague em sua cabeça. —Bom, — d isse p ensa tiva m ente. — Ac re d ito q ue é p o rq ue c a d a vez q ue m e a ltero , m inha m e nte ra c io na l to m a o m a nd o , d esterra nd o a s e m o ç õ es a o últim o lug a r. Com e ç o a p ensa r. Co m p reend o sua s m o tiva ç õ es e vejo a ra zã o . Tira a vo nta d e d e b rig a r q ua nd o te d á conta que só estão lutando pela sobrevivência e paz mental da melhor forma que sabem. —Bela? —Mmm? —Se está d estina d a a ser m inha , eu seria a c ria tura m a is a fo rtuna d a neste p la neta — se deteve algo desagradável cruzou seus pensamentos. — Não sei se você poderia dizer o mesmo. Isa b ella leva nto u a c a b eç a , a p o ia nd o -se no c o to velo p a ra p o d er ver seu ro sto . Perg unto u se d a va c onta q ue c a d a vez q ue m o via a c a b e ç a , sua s m ã o s a uto m a tic a m ente a seguiam, encontrando uma maneira de tocar seu rosto e trançar seu cabelo. —Por que diria algo tão horrível? 92
Um a e m o ç ã o ind esc ritível b rilho u em sua s p up ila s. Susp e ito u q ue esta va p ensa nd o e m sua resposta. Compreendeu que sempre meditava antes de falar. —É só q ue a m a io ria d o s d e mô nio s p e nsa m m a l d e m im . Consideram-me um m a l necessário. —Noah não te vê assim —lhe respondeu. Refletiu um momento e depois assentiu. —Certo , m a s nunc a tive q ue exe c uta r No a h o u sua família. Dura nte os q ua tro c ento s a no s passados, e o s m a is rec entes, nã o há a p e na s uma fa m ília q ue nã o tenha sid o d e a lg um jeito d a nific a d a p ela s a ç õ es d o Exe c utor. O c a stig o é um neg ó c io m uito d uro , e nunc a se esq uec e. Nã o me p eç a q ue lhe d e d eta lhes, p o rq ue nã o o farei. É suficiente dizer q ue nã o me fa z ser bem quisto pelos outros. —E o q ue há so b re você? Quero d izer, a lg uém te c a stig ou p o r… p o r m im ? —a preocupação em seus grandes olhos revelava o quão desagradável era o pensamento. Ja c o b nã o resp o nd e u im e d ia ta m ente. Co m o p o d eria ? Era um territó rio tã o no vo p a ra to d o s q ue , c o m o p o d eria esta r seg uro d e a lg o ? A re a lid a d e o p erturb o u. Tinha vivid o sua vid a c o m um p ro p ó sito c la ro , inc lusive q ua nd o esse p ro p ó sito lhe d esa g ra d a va. Ag ora só existia mistério, confusão e especulação. —Honesta m ente nã o sei, Bela . —Disse b ra nd a m ente , a inq uieta ç ã o d essa c o nfissã o se lia em seus o lho s— E q ua nto m a is no s envo lva m o s nesta situa ç ã o , m a is m e d o u c o nta d o p o uc o que conheço sobre coisas que antes via com absoluta certeza. É difícil para um homem aceitar. —Pa ra um a m ulher ta m b é m — acrescentou lhe rec o rd a nd o o q ua nto sua vid a se transformou também. — Um d ia so u um a b ib lio tec á ria , a o o utro um a guerreira d e demônios, imagine. So rriu-lhe enq ua nto g ira va seus o lho s c o m ic a m ente. Ma s ele sa b ia q ue ha via um a g ra nd e a ng ustia por d etrá s d essa s p a la vra s— d e p o is d e esc uta r c o mo sua so c ied a d e tra ta a vo c ê e a o s q ue estã o em sua posição, não estou segura de querer saber como reagirão com uma humana — fez uma imitação perfeita de Ruth com a palavra. — Executora. —Ha verá enfrenta m ento s e c o nflito s, nã o te m entirei nisso , florzinha. —Acariciou-lhe a b o c hec ha b ra nd a m ente c o m o p o leg a r enq ua nto fa la va — Entreta nto , tenho fé em no ssa c o munid a d e. So m o s intelig entes, a c re d ita m os na id é ia d o d estino , e no ssa s filo so fia s e p ro fe c ia s estão arraigadas profundamente, por muito que nos desagradem. Nos adaptaremos. Nã o fo i a té q ue m enc io no u q ue se d eu c o nta d o q ue fa la va . Sentiu. Ele ta m b é m se d e u c o nta q ue a g o ra esta va fa la nd o d a p ro fe c ia c o m o a lg o inevitá vel. Achou m uito m a is na tural aceitar a g o ra , q ue a o d isc utir c o m No a h. A c o nvic ç ã o d evia ha vê-la c o nvenc id o , p o rq ue p a rec ia rela xa d a . Ela , inc o nsc ientem ente , e sfreg o u o s lá b io s e o na riz e m sua p a lm a enq ua nto sua s so b ra nc elha s arqueavam-se p ensa tiva s. Era um d o s a sp ec to s q ue a m a va nela , a fo rm a como p ensa va e m to d a s a s c o isa s g lo b a lmente e sem p rejuízo s. Era o q ue a fa zia tã o excepcional, e não necessitava que uma profecia dissesse. —Por q ue sua g ente nec essita ria d o is Exe c uto res? Pelo q ue sei o fa z m uito b e m so zinho. 93
Não me necessita. —Isso nã o é c o m p leta m ente c erto —lhe disse, c o m vo z q uieta e a tra ente. Sim a nec essita va . Tinha necessitado dela fa zia m uito tem p o . Era a lg o q ue só a g o ra c o m e ç a va a c o m p reend er. Ao m e sm o tem p o , nã o p o d ia d ize r a s p a la vra s e m vo z a lta , nã o p o d ia p ressio ná la c o m se us p ró p rios d esejo s. Se ela esc o lhia e ste c a m inho , nã o q ueria ser a ra zã o . Bo m , a o menos não a única. Qua nd o ele c a lo u, Isa b ella d e c id iu d eixa r o a ssunto m o rre r no m o m ento . Aind a nã o via da mesma forma, mas possivelmente com o tempo faria. —Crê que é certo? Crê que sou a quela de quem fala a profecia? E se for assim, pode me dizer por que acredita? —Pense i q ue já o tinha fe ito . Fez com q ue c a ísse d e c a b e ç a , seg und o lem b ro — sua vo z estava cheia de pesar por isso, as pontas de seus dedos tocavam as bandagens das feridas. Bela leva nto u a m ã o p a ra a band a g e m e a p a lp o u. Do ía um p o uc o , m a s nã o ta nto c o mo esp era va . Puxou a a ta d ura se m saber o q ua nto se c o rto u. Retiro u-a a ntes q ue Ja c o b pudesse detê-la. Im ed ia ta m ente o a r q ue lhes ro d e a va mudo u. Ja c o b se m a nteve m uito , m uito q uieto , a tensão fez c o m q ue seu c orp o a ntes relaxado, se tra nsfo rm a sse em um a p a red e d e m úsc ulo s. Os olhos estavam fixos em seu rosto, e estava contendo o fôlego. —O que? Está mau? —tocou-se instintivamente. —Estava, era um corte muito mal, Bela. — Logo que pode fa la r. Era c o mo se nã o p ud esse dizer por medo de que ao fazê-lo se tornasse uma mentira. — Ma s está c ura d o . Sa lvo p o r um a c ic a triz rec ente e a lg um a s m a rc a s, seu c o rte está curado. —De verdade? Santo Deus, quanto tempo estive inconsciente? —Só umas horas. —OH — m o rd eu o lá b io inferio r p or um c o m p rid o m inuto enq ua nto olha va seus esc uro s e turvados olhos - é significativo para você, verdade? —Sempre sara tão rápido? —Não, é obvio que não. Curo-me como um humano normal. —Já não. —Remarcou— Agora sara igual a um de nós. —Faço? Ele nã o d isse na d a m a is. Pelo c o ntrá rio a lc a nç o u o s b o tões d e sua b lusa , seus d e dos la rg o s e esc uro s m a nip ula va m o sua ve c etim tã o fa c ilm ente q ue a d esa b o to o u a té p a ssa d o s o s seios a ntes q ue p ud esse p isc a r. Lo g o to c o u seu p esc o ç o , d esliza nd o a s la te ra is entre seus d ed o s enquanto empurrava o material negro e expor seu ombro. Os o lho s d e Ja c o b , neg ro s e c la ra m ente a c o ssa d o s p o r sentim e nto s, c a íra m o nd e a tinha marcado de p ro p ó sito no d ia a nterio r. Se u p o leg a r a a c a ric io u d esliza nd o-se so b re sua p á lid a , 94
p erfeita p ele , p ro c ura nd o a m a is m ínim a marca o u irreg ula rid a d e o nd e tinha fe ito sua brutal marca. —Sim, faz. — observou po r fim, voltando o olhar a seus expectantes olhos. —Por quê? Como? É, algo… contagioso ou algo assim? —Não acredito —disse Jacob, mostrando um pequeno sorriso. — Dura nte séc ulo s e stivem o s e ntre hum a no s p o r longos p erío d o s d e te m p o e nunc a aconteceu isto. —Bom possivelmente não sou como os humanos normais. —Isso p o sso c o nfirm a r c o m to ta l seg ura nç a —d isse b ra nd a m ente , to c a nd o o lug a r recentemente curado de seu ombro para beijá-lo. —Adulador. —Disse ela , fe c ha nd o o s o lho s q ua nd o seus lá b io s a c a ric ia ra m e p erm a ne c era m e m sua p ele nua . Sentiu o b e ijo p o r to d o seu c o rp o , p ele a rd end o e seio s famintos por seu toque. —O q ue q uero d izer é —c o nseg uiu d izer c o m um a vo z tã o b a ixa e sem fôleg o q ue quase não re c o nhec eu— Que p o ssivelm ente d everia fa zer um a á rvo re g e nea ló g ic a e ver tem ancestrais druidas. —Nã o seria a lg o q ue fo sse p úb lic o , c o nsid era nd o q ue p ro va velm ente se us a nc estrais se escondiam de nós. Não foi um dos momentos mais gloriosos de nossa história, castigar e extinguir uma raça completa —Jacob suspirou, refletindo a profundidade de seu pesar. —Bo m , vo c ê nã o o fez, fize ra m seus a nc estrais. Tud o o q ue p o d e fa zer é rep a ra r o d a no d a m elho r m a ne ira q ue p o ssa . Se sua ra ç a fo r sup era r a lo uc ura d a lua , d eve m enc o ntra r druid a s, se m im p o rta r q uã o d e svinc ula d o s esteja m a g ora , e reintro d uzi-los e m sua s vid a s e culturas. Ao menos, assim é como vejo. —Noah vê da mesma forma — Jacob assentiu. — Ma s isso sig nific a rá tra ze r hum a no s a no sso m und o , p o rq ue a p a rentem ente se esconderam entre hum a no s. Se casaram c o m eles. Se to m a rm o s você c o m o exe m p lo , q uero dizer. Se em realidade é uma descendente druida. —Jacob fechou seus olhos e grunhiu. Girou p a ra a fa sta r-se , d eita nd o em c im a d o tra vesseiro e a p e rta nd o a p o nte d o na riz como se de repente tivesse dor de cabeça. —O que? —Bela, quando isto se faça público… se a necessidade de druidas é real e reconhecida... Se fore m o s hum a no s entre o s q uais o s d ruid a s se esc o nd era m , va i p a rec er c o m o se a b risse a tem p o ra d a d e c a ç a p a ra o s d a sua ra ç a . Do c e d estino , a g o ra m e d o u c o nta “ Ma s, Ja c o b , pensei que era uma druida”, Como diabos se supõe que devo dirigir isto? —OH, c a rinho —murmurou Isa b ella , c o m p reend end o seu p o nto d e vista . Seu c o ra ç ã o d o ía a o lhe ver p reo c up a d o . Po d ia sentir seu a la rm e e p reo c up a ç ã o p elo futuro b em -esta r d e sua raça. 95
— Mas Jacob, e se a natureza já o compensou? Comigo. Ja c o b g iro u a c a b e ç a p a ra o lhá -la , seus o lho s im p enetrá veis fixo s nela c o m um a m e sc la de lento entendimento, assim como de esperança. — Tenho que — clareou a garganta ao ver a resposta de suas emoções nesses olhos. — Vim te ajudar, Jacob. Isa b ella se ntiu d entro d e seu esp írito a p o d ero sa re a ç ã o q ue te ve ele a sua s p a la vra s, a o rec o nhec im ento d e q ue essa verd a d e p o d eria m ud á -lo p a ra sem p re . Irro m p eu e m um a p a rte d ele q ue nunc a a ntes ha via m tocado, sentind o o quinhão d e so lid ã o q ue d ura nte to d a sua vid a lhe tinha a c o m p a nha d o . Estendia-se a tra vés d ele , c he io d a s m o rtes d e a m ig o s e fa m ilia res q ue nã o p ud era m so b reviver a o s inim ig o s d e seu m und o , q ue tinha m lhe d e ixa d o só na fria re a lid a d e d e ser um rec ha ç a d o p or sua g ente. Ma is a ind a , ele nunc a tinha c o m p a rtilha d o seus sentimentos de isolamento completamente com ninguém. Isa b ella se d eu c o nta d e q ue ning uém o c o nhec ia . Ning uém sa b ia q uã o so zinho esta va realmente o Exec uto r, exc eto ela , e só sa b ia p o r q ue p o d ia to c a r sua m ente. E a g o ra , q ue c o nfro nta va o q ue lhe sug eria , esta va d eva sta d o d e m e d o p or ela . Nã o q ueria q ue vivesse a vida que ele tinha vivido. Mas Bela via diferente. Sentiu uma repentina satisfação e sorriu. —Wo w . So u c o m o … A m ulher m a ra vilha ! — fic ou d e jo elho s na c a m a , ric o c hetea nd o um p o uc o no c o lc hã o e m sua exc ita ç ã o . Pô s a s m ã o s no s q ua d ris e fez um a p o se.— Já sa b e , brigando pela verdade, a justiça e a forma de vida demoníaca. —Acreditei que esse era Superman —disse secamente. —Se c a le — lhe d isse c o m um to rc id o so rriso —, este é m eu m o m ento . Sa b e , p o d eria tira r tud o isso d e c a ç a r e m a ta r, c o m o fa tor “ p ua c h” q ue tem — tirito u d os p és a c a b e ç a teatralmente. — Mas eu adoro os poderes especiais, pergunto-me c omo é que aparecem agora? —Queria poder responder a isso, mas estou tão assustado como e sta você — disse ele. —Bo m , a p rime ira vez q ue no tei fo i na livra ria — fe z um to rp e mo vim ento d e esq uiva r, claramente para liberar-lo da culpa, mas Jacob a sentia igual a uma bofetada. — Quando de repente pude ler seu idioma. —Nã o , a ntes d isso — d isse silenc io sa m ente—, justo a ntes d e c a ir p ela essa ja nela , fo i empática com Saul, recorda? —Ou sim , entã o essa fo i à p rim eira vez. Justo d ep o is q ue m e a p a nha sse — so lto u um a pequena risada. — Po ssivelm ente é vo c ê d e p o is d e tud o , p o ssivelm ente sim é c o nta g ioso — Isabella notou que sua sobrancelha disparou para cima em repentina contemplação. — Ou não, não é. Era só uma brincadeira — disse rapidamente. — Não te escutarei dizer o que esta pensando. 96
—Só seria m a d ivinha ç õ es —lhe rec o rd ou c o m um p e rturb a d o so rriso d esenha nd o -se em seus lábios. —Bo m , d eixa d e a d ivinha r — m a nd o u, a c entua nd o o m a nd a m ento a o inc lina r-se p a ra ele para poder golpear seu ombro. —Certamente, é um a p e q uena m a nd o na — observou, a p ro p ó sito a p roxim a nd o -se p a ra to c a r seus o m b ro s, a c a utela nd o de que não sa ísse d a p o siç ã o em q ue esta va a ntes q ue ele permitisse . Tinha sa ud a d es de senti-la, de q ua lq uer fo rm a p o ssíve l. Nã o p o d eria ha ver p erig o e m um pouco de inocente intercâmbio de calor corporal. —Sim , b o m , estou la m enta nd o q ue me tenha a p a nha d o essa no ite — resmungou, se m dar-se c o nta d e sua s m a q uina ç õ es enq ua nto m o via o c a b elo nesse enc a nta d o r há b ito q ue tinha. Era um convite que não podia resistir. Suas mãos tomaram seu formoso cabelo, as luxuosas tiras entre seus dedos. —Hey, carinho, era ou eu ou o concreto. Um dos dois tinha que fazê-lo. —Agora penso que o concreto teria sido menos doloroso… E menos complicado. Jacob sabia que estava sendo melindrosa, tratando de incomodar e de ser graciosa, mas seu comentário tocou uma corda dolorida —Foi? —A seriedade alagou sua voz— foi doloroso para você? Hei… machuquei-te, Bela? Isa b ella fic o u q uieta , o lha nd o a esses so lenes o lho s esc uro s d e sua p osiç ã o superior, sa b end o q ue sua resp o sta seria vita l p a ra ele. Co m o era seu c ostum e , p enso u d ura nte um minuto sua resposta cuidadosamente. Ele obteria a verdade, como sempre fazia. —Só um a vez —a d m itiu b ra nd a mente. Se ntiu sua s m ã o s fechar-se em punhos no seu cabelo. Emocionou-a que estivesse tão preocupado com ela. — Mas não como crê , Jacob. Foi essa vez na livraria… —Então é o que estou pensando. Maldição, Isabella sinto tanto. —Ja c o b m e esc ute. Nã o fo i o q ue fez — g iro u sua c a b e ç a , ting ira m se a s b o c hec ha s d e rubor, incapaz de confessar que foi o que não fez. Foi… quando parou. Seu ro sto esta va tã o q uente neste m o m ento q ue p o d ia im a g ina r q ue esta va tã o vermelha quanto um rub i, m a s p rec isa va resp o nd er c o m ho nestid a d e . Ja c o b esta va im ó vel d e b a ixo d ela , m a s nã o se a nim a va a o lhá -lo , se m ter id é ia d e c o m o sua a trevid a d e c la ra ç ã o seria re c e b id a . Era m uito a b e rta c o m a s c o isa s d a s q uais esta va inseg ura , m a s tud o isto era território novo para ela. Nem sequer podia senti-lo respirar. Entã o , re p entina m ente , ele se a fa sto u d a c a m a , a a fa sta nd o d e seu c o rp o , d eixa nd o-a ric o c hete a r no c o lc hã o . Perp lexa , Isa b ella rec o lheu o c a b elo q ue tinha caído so b re seu ro sto e o p ô s p a ra trá s d e sua c a b e ç a . Rec up era d a sua vista , viu Ja c o b c ruza nd o o q ua rto , sua s m ã os percorrendo furiosamente seu próprio cabelo. —Jacob? —Isabella. Não fale — brad ou. 97
Isabella se incomodou. Pôs ambas as mãos na cintura. —Bom , sinto sa b er q ue o q ue tenho a d izer é tã o o fensivo ! Po r fa vo r m e d esc ulp e ! Prometo que nunca mais voltará a acontecer! Lutando c o ntra a s lá g rim a s, se m vo nta d e d e p a ssa r por uma boba, Isa b ella se leva nto u d a c a m a e p a rtiu p a ra a p o rta . Peg o u no trinc o e o mo veu, m a s na d a aconteceu. Revisou o ferro lho sa b end o q ue esta va a rruina nd o um a exc elente sa íd a , e tento u d e no vo . A p o rta permane c eu fec ha d a . Isa b ella nã o p o d ia sup rimir o p ra nto q ue tra ta va d e esc a p a r d e se u p e ito p o r m uito m a is e p iso teo u o p iso e m sua frustra ç ã o . Se nã o tivesse esta d o tã o furio sa , p o ssivelm e nte se teria d a d o c o nta d e q ue Ja c o b se a p ro xim a va p o r trá s. Co mo esta va , sa lto u quase um metro no ar quando lhe tocou o ombro. —O que? —perguntou, girando. Muito lenta m ente , Ja c o b se a p ro xim o u d ela , leva nd o -a p a ra a p o rta a ntes d e p ô r um a p a lm a e lo g o a o utra c o ntra a p o rta , a o la d o d e c a d a um d e seus o m b ro s. Lo g o em um movimento p re m e d ita d o , inc lino u seu c o rp o m a is p erto d ela . Qua nd o fez c o nta to visua l, o m ínimo e sp a ç o se p a ra va seus c o rp o s. Esta va a b a nha nd o no p erig o so c a lo r d e se u p od e ro so corpo, e seu coração estava pulsando o dobro do normal. —Bela — c o m e ç o u lentamente , seu no m e retum b a nd o em sua b o c a c o m o se fo sse um rude ronrono. — Me interp reta m a l. Nunc a , nunc a c o m eta o eng a no d e p e nsa r q ue nã o te d ese jo , p e q uena flo r —se inc lino u m a is p erto , seu p e ito m o vend o-se tã o p erto q ue ela teve q ue g ira r sua c a b e ç a . Seu ro uc o to m c a iu a um sussurro enq ua nto se a p roxim a va d e sua o relha , banhando seu pescoço com a quente exalação de sua hesitante respiração. — Ao c o ntrá rio . Se m e a fa sta r d e você, d eve sa b er q ue é p o rq ue te d esejo ta nto q ue q ua nd o d iz c oisa s c o m o a q ue a c a b a d e d izer, sinto -m e tã o infesta d o p o r m inha s re a ç ões q ue tem o p erd er o c o ntro le. Bela , nã o há um lug a r a sa lvo d entro d e m im q ua nd o se tra ta d este d esejo c o nsum id o r d e to m a r você c o m o m inha esp o sa . Meu sentid o d e m o ra lid a d e m e a b a nd o no u ta m b é m . Até o m a is seg uro d e m eus p ensa m ento s se uniu a o c la mo r q ue q ueim a m eu c o rp o enq ua nto d e m a nd a o teu. Entend e? Nã o m e entend a m a l, p eq uena flo r. Sim te desejo. Tanto que dói. Machucou tanto a mim quanto a você, esse dia na livraria. —Se voc ê se sente d a maneira q ue d iz, — d isse silenc io sa m ente—, entã o p o r q ue a ind a me ignora? Especialmente agora, sabendo da profecia e tudo? Afastou-se ligeiramente. —Nã o q ue ro q ue te a p ro xim e d e m im p o r c ulp a d e a ntig a s esc ritura s, c uja s verd a d es e p ro p ósito s sã o m era teo ria a g o ra , q ue lhe d item c o m o tem q ue te sentir a resp e ito d e m im . Qua nta s ho ra s passaram d e sd e q ue d isse q ue m e te m ia ? Aind a esta a terrorizada, a p esa r d o que diga. Posso sentir e ler em seus pensamentos. Considerou como me sinto em relação a isso! _ É um a ino c ente , Isa b ella . Ne m seq uer p o d e d izer a p a la vra se xo e te rub oriza q ua nd o eu a d ig o —Ja c o b inc lino u sua c a b eç a c o m um o lha r p ro voc a d o r, fa zend o -a ta m p a r sua s acusadoras bochechas com as mãos. — Ap esa r d e q ua nd o seu c o rp o resp o nd e a o m eu, e m e a c red ite q ue o fa z e m uma formosa magnitude, sua mente inclusive não está completamente decidida. Não forçarei essa 98
d ec isã o m enta l, e m o c io na l, ne m seq uer fisic a m ente —sua s esc ura s p up ila s reg istra ra m seu ro sto tão a fundo que sentiu não ter nenhum segredo restante. — Ma s nã o interprete a m inha nec essid a d e d e p ô r um a d istâ nc ia entre nó s c o m o o utra c o isa exc eto q ue é m era m ente um esfo rç o d e m e c o ntro la r a té q ue tenha d ec id id o , p o r vontade própria, com ou sem profecia. —Mas Jacob —disse, suas mãos jogando com a lapela de sua camisa . — Qua nd o está va m o s na livra ria , e a té a ntes d isso , nã o sa b ía m os q ue ha via um a profecia. Tã o sim p le s, tã o ló g ic o , tã o verd a d eiro . As m ã o s d e Ja c o b se fizera m p unho s c o ntra a p o rta , seus d esejo s e em o ç õ es fo rç a d a s a o fina l d e seus tenso res. Seus se ntid o s c la m a va m p o r sua interferênc ia . Ne m a essênc ia q ue e nc hia seu na riz p o d ia c o m e ç a r a a c a lm a r a s â nsia s desses outros sentidos que ficavam desatendidos. Jacob apertou seus dentes por um breve, tenso momento. —Isabella, deve tomar cuidado com o que me diz —lhe advertiu duramente. — Esto u se g ura nd o m eu c o ntro le p ela m a is fina d a s c o rd a s. Entende a s c o nseq üênc ia s d e q ue se essa corda se rompe será a lg o q ue nã o p o d erá devolver e q ue nã o p o d erá mudar. Entende? —Sim, entendo. E quero que você entenda algo também —lhe respondeu rapidamente. — Po ssivelm ente sim seja virg e m , m a s isso é só p o r q ue ning uém c ha m ou m inha a tenç ã o o sufic iente p a ra tro c á -lo . Nã o p o r q ue fo sse tã o im p o rta nte p a ra m im . Ad m ito -o , se m p re esp erei q ue tivesse um a p rim eira exp eriênc ia esp ec ia l, m a s q ua nd o p enso nã o p o sso a nã o se r d ec id ir q ue já a tenho . Ja c o b , nunc a p o d eria ter so nha d o com a fo rm a como m e fa z sentir. Nunc a ha via me sentid o tã o m ulher c o m o q ua nd o m e to c a c o m sua s m ã o s, q ua nd o m e toca com sua boca. _Ning ué m nunc a m e o lho u c o m a p a ixã o q ue vo c ê m e o lha — resp iro u c o m se d o sa intensid a d e , seu sensua l susp iro a fa sto u tod o seu nervo sism o a ssim c o m o a s d esejo sa s p o nta s d e seus dedos deslizando por sua coluna. — É um sentim ento tã o m a ra vilho so ser d eseja d a a ssim . Alg um a s m ulheres têm sexo to d a sua vid a e nunc a sentem isto . Assim a g o ra m inha ino c ênc ia é so mente um a ssunto físic o . Emocionalmente, converti-me em uma mulher entre seus braços na primeira noite que estivemos juntos. Jacob suspirou. Uma indulgente pausa que agitou seu cabelo contra sua bochecha. —A ing enuid a d e d essa d ec la ra ç ã o se rve p o r si só p a ra m e re c o rd a r q uã o ino c ente é na verdade, Bela. A d ura c o lo c a ç ã o a p ô s e m seu lug a r, fosse intenc io na l o u nã o , fez c o m q ue Bela resistisse a o im p ulso d e g o lp eá -lo . Sua c o nd esc end ênc ia esta va c o m e ç a nd o a irritá -la. Possivelmente era inexp eriente, m a s a o m eno s sa b ia q ue tinha trop e ç a d o c o m a lg o extra o rd iná rio nele. Mund o s d iferentes, a ssim c o m o ser d e esp éc ies d iferentes, e m esm o a ssim entendia que esta conexão era preciosa. Uma oportunidade. 99
Mesm o q ue a intim id a va , m esm o q ue esta va envo lto em m istério era um a b o a ra zã o p a ra sentir m a is q ue um p o uc o d e m ed o , nã o esta va a p onto d e d eixá -lo ir c o m o se fo sse um a m a rip o sa . Po ssivelm e nte to d a sua vid a tinha sid o um a introd uç ã o a este encontro c o m Ja c o b e to das as rápidas mudanças que lhe acompanhavam. Possivelmente, todo este tempo, sua fome p o r c o nhec im ento tinha sid o um a b usc a inc o nsc iente d e Ja c o b e sua g ente, p o ssivelm ente ha via a lg o a ssim c o mo o d estino , e p o ssivelm ente ele era o d ela . Isa b e lla sa b ia q ue so mente havia uma forma de saber e era uma descoberta que desejava além de toda razão. —Bo m , entend o — d isse fra nzind o levem e nte o c enho , g ira nd o um p o uc o sua c a b e ç a para que não pudesse ver os olhos. — Se for tã o im p o rta nte p a ra você, irei ter sexo c o m um m a c ho hum a no p rime iro . Entã o saberei do que estou falando antes de falar de novo contigo sobre isto. Ja c o b sentiu a a firm a ç ã o d a m esm a fo rm a como se ntiu a ra ja d a q ue fo i a intervenç ã o de Elija h na p rim eira no ite q ue a ha via tocado. Go lp eou-lhe c om ta l b ruta lid a d e q ue lhe tiro u o fô leg o , d estruind o seu sentid o d e d ireç ã o e b a la nç o . A ira irro m p eu nele, tra nsfo rm a nd o seus o lho s em b rilha ntes o c o s neg ro s. A id é ia d e o utro hom e m to c a nd o sua p rec io sa p ele , b eija nd o sua d o c e , d elic io sa b o c a , era m uito m a is d o q ue p o d ia sup o rta r. O q ue esta va sugerindo era muito. Muito mais que muito. —So b re m eu c a d á ver… so b re m inha d e struíd a a lm a . Nunc a p erm itire i a lg o a ssim —a declaração foi um cruzamento entre um uivo e um suave rugido. Bela podia vê-lo sacudir-se dos pés a cabeça, podia senti-lo vibrar a través da porta a trás dela. Em um instante, o frio, sofisticado Jacob tinha desaparecido e a possessiva besta mostrou sua cabeça em seu lugar. —Agora isso é o que eu esperava — murmurou Isabella, com um sorriso mental. —Mas —piscou com seus olhos olhando-o em toda sua inocência—, você disse. —Disse que esquecesse Isa b ella —o Exe c uto r a um ento u a p ressã o d e sua s m ã o s na p o rta , a suas costas, fazendo com que a madeira se rompesse e rangesse de forma abominável. — Ninguém te tocará, entende? Isabella c o lo c o u os p unho s nos q ua d ris, sua d elic a d a m a nd íb ula e m p urra nd o p a ra fo ra teimosamente. —Bo m , nã o vo u p erm a ne c er virg e m p elo resto d e m inha vid a , Ja c o b ! —d e c la ro u c o m frustração. — Eventua lm ente a lg uém va i to c a r m e , p o rq ue nã o tenho intenç ã o d e ser um a m o nja ! Esp ec ia lm e nte a g o ra q ue se i o q ue é ser d eseja d a p or um ho m e m e lhe d eseja r ta m b é m . E como sou muito frágil para você, terá que ser com alguém mais! Isa b ella d e re p ente se viu envo lta nessa s e no rm es m ã o s, seus o lho s fo rç a d o s a enc o ntra r o s seus, o b rig a d a a ver o c iúm e s no fo g o q ue ela tinha inc end ia d o e m se u esc uro o lha r. Sua s emo ç õ es a g o lp e a ra m selvagens, seu rep entino , d esesp e ra d o d esejo e m ed o g o lp eo u sua p siq ue c o m o um milhã o d e p erfura ntes a d a g a s. A id é ia d e o utro ho m em lhe toc a nd o o d estro ç o u p o r d entro , físic a e esp iritua lm ente. A c rueld a d e e o veneno d isso se esta m p o u e m sua a lm a c o m o um a ta tua g e m , em um b a timento d o c o ra ç ã o se a rre p end eu d e seu jo g o . Nunca quis machucá-lo. Somente motivá-lo para que superasse seus conflitos. 100
Ja c o b sa b ia q ue nã o tinha justific a tiva p a ra sentir-se a ssim , esp ec ia lm ente e m vista d a s rápidas e d esenha d a s reg ra s d e c o nd uta q ue esta va tra ta nd o d e fo rç a r a a m b o s. Ma s a selva g em nec essid a d e d e d eixá -la a se u la d o , m ente e a lm a , estra ng ula va -o b ruta lm ente. Mataria a q ua lq uer q ue seq uer p ensa sse e m to c á -la . Nesse m o mento jurou a si m e smo , e em seus olhos cheios de desespero jurou a ela. —Alguma vez — disse, a palavra saindo dele em respirações quentes, rápidas. — Me escuta, Bela? Nunca outro terá permissão para te tocar. —Então restam d ua s o p ç õ es — lhe rec ord o u, tã o d e sa lenta d a c o m o ele enq ua nto seus incendiados sentidos os golpeavam de todos os lados. — Você ou ninguém — tomou uma longa, relaxante respiração, forçando-se a afastar sua influência de sua m ente p a ra p o d er b a ixa r a vo z e m o ver seu c o rp o p a ra sua s p ró xim a s m urmura d a s p a la vra s. Dec id iu q ue essa seria sua d esc ulp a p o r seu eg oísm o , p o r sua s m o lesta s m a neira s. Já nã o o fa zia p o r m uito q ue o d eseja sse , m a s sim p elo m uito q ue ele a d eseja va . Ap esa r d e to d a s a s b a ta lha s p o r sua a uto -p re serva ç ã o , ele se re c usa va a p erc e b er o q ua nto a nec essita va na verd a d e. E p ela p rim eira vez, Isa b ella entend ia d e verd a d e q ua nto a necessitava realmente. —Fra nc a m ente , Ja c o b — d isse b ra nd a m e nte , seus o lho s g uia nd o seu o lha r, um c o nvite p o r seu c o rp o —, p enso q ue seria um a p ena d esp erd iç a r um c o rp o c o m o o m eu, tã o sua ve , tã o á vid o d e sa b e r o q ue se sente a o fa zer a m o r, e tã o se nsível a fo rm a com o to c a . Se ria um c rim e desperdiçá-lo no celibato. Não c rê? Em um nível distante, Jacob sabia que estava tratando de manipulá-lo, mas que soubesse isso nã o fa zia com q ue a tá tic a fo sse m enos efe tiva . A exc ita ç ã o fe rveu a tra vés d ele e m vulcânico castigo, queimando d o sangue aos ossos até que esteve ardendo e rígido. —Tenta-me de p ro p ó sito sem sa b e r c o m o q ue esta jo g a nd o —a a c uso u tensa m e nte , seus olho s um a vez m a is a tra íd o s p a ra a s exub era ntes c urva s d e seu c o rp o , q ue esta va m tocando tão brandamente os duros contornos do seu— por que faria algo tão tolo? —Possivelm ente p o rq ue é m eu d estino ser sua p erd iç ã o , Ja c o b —murmurou brandamente, seus dedos marcando sua sensual boca com um lento toque explorador. —Ou possivelmente é o teu ser a minha. Tudo o que sei é que quero estar contigo mais do que nunca quis algo em toda minha vida. A resp ira ç ã o d e Ja c o b se fez m a is rá p id a , sua b o c a esq uenta nd o -se so b seu to q ue exp lo ra tó rio , sua s p up ila s d ila tando-se a nte seus o lhos. Deixo u, sua s m ã o s p re ssio na nd o a p o rta d etrá s d ela um a vez m a is. Isa b e lla se d a va c o nta d e seus d ed o s a fund a nd o -se na m a d eira , d e q ue sua luta interna nã o tinha term ina d o . Em o c io no u-a q ue estivesse tã o p reo c up a d o p o r ela . Fê-la q uere r esta r c o m ele a té m a is. Sa b ia q ue nunc a a tra ta ria mal, q ue nã o c o nsid e ra ria estar com ela um ato casual. Saía-lhe por cada poro de sua pele. —Nunc a p o d eria fa zer a lg o c o ntig o q ue fo sse leve o u c a sua l — d isse Ja c o b fero zm ente , sem dar-se conta, na intensidade do momento, de que na realidade tinha escutado as palavras em sua cabeça, em sua voz interna. — Mas tem razão, estou preocupado. E me acredite quando te digo que é com uma boa ra zã o . Re c o rd a a p rim e ira vez q ue te b eijei? No la p so d e um a lo ng a resp ira ç ã o , esta va fo ra 101
d e c o ntro le. Esta va a tua nd o so m ente c o m meu instinto , c o m o a nim a l e m m e u sa ng ue na sup erfíc ie , o ho m e m c iviliza d o d esa p a rec eu se m se q uer lutar. Se Elija h nã o tivesse nos interro m p id o , teria sid o b ruta l c o m seu c o rp o , d esc o nsid era d o e sem p ensa r em sua ino c ênc ia . Te teria m a c huc a d o , c o m so mente a urg ê nc ia d e transar na b a se d e m eus p ensa m ento s. Nã o quer isso. Não quero isso para você, merece muito mais. —Ma is? Co m o o m a is q ue m e d eu a seg und a vez q ue no s b eija mo s, na livra ria ? — perguntou aprazível. — Nã o ha via a nim a l e ntã o , Ja c o b . Ao m eno s nã o no c o ntro le. A fo rm a como m e to c o u, a fo rm a como m e fez sentir — sua s m ã o s se d esliza ra m e m um a lenta c a ríc ia p e rc o rrend o a longitude de seu pescoço, seus olhos fixos na viagem de seus próprio s dedos. — E a forma como te deteve. Esses foram os atos de um amante preocupado e carinhoso — seus dedos se inundaram na concha da base de seu pescoço, logo deslizando para o morno, aberto pescoço da camisa. — Foi atento, fez-me sentir tão desejada. Jacob, quero senti-lo de novo. —Esquece —d isse ro uc a m ente, seus o lho s c a ind o e m seu nu o m b ro , so b o c o la r d e sua blusa . — Agora está revisando a história. —Nã o , Ja c ob . Nã o esto u fa zend o . Sei o q ue era … nã o sou um a idiota. Hei sentid o essa parte de você mais que somente essa vez — se aproximou para passar seus tenros lábios a través de sua mandíbula e orelhas enquanto lhe murmurava brandamente. — Eu sinto na fo m e d e seus olhos q ua nd o m e o lha . Sinto q ua nd o resp ira p rofund a m e nte p a ra c a p ta r m eu a ro m a p ro fund a m ente e m você. Sim — lhe a sseg uro u q ua nd o ele tencionou em sua p o sse—, d a va -me c o nta . Se m p re m e d a va c o nta . Esc utei c a d a uivo d essa b e sta q ue a m a rra s tã o a p erta d a m ente. Hei sentid o sua ardente urg ênc ia em sua s e leg a ntes m ã o s, sua s m ord id a s na ra sp a d ura d e seus d entes, Ja c o b . Olhei na s p ro fund id a d es ond e vive a b esta , e já nã o m e a ssusta . Na livra ria , nunc a tem i a b esta em você. Minha únic a d úvid a veio d o m ed o d a m ulher q ue so u, e m c o m o luta r c o m m inha inexp eriê nc ia , m a s entã o vo c ê , o Demônio q ue c rê q ue é , enc ontro u a fo rm a d e m e g uia r, a lé m d isso . Era na tura l, Ja c o b e esta va b e m , esta m o s bem. Ja c o b tra g o u d ura m e nte a esp e ra nç a e o d esejo a p erta ra m se u p eito e sua g a rg a nta . Esta va to c a nd o sua m ente de p ro p ó sito , fo rç a nd o -o a ver e sentir to d a a verd a d e em sua s c renç a s. Ela tinha um a fé inq ueb rá vel nele e na fo rm a como se sentia so b re o q ue esta va lhes acontecendo. —Não sabe o poder que tem — murmurou em uma voz dura como lixa. — É tão formosa —alcançou seu rosto e pôs suas mãos nela. — Tã o sua ve e tã o m o rna —seus d ed o s se d isp ersa ra m em sua p ele , d esliza nd o -se b ra nd a m e nte so b re sua b o c he c ha , seu q ueixo e sua g a rg a nta . Ina lo u p elo na riz, um a longa respiração. — E isso, seu aroma. Volta-me louco. 102
—Me diga por que — insistiu, sua voz soava longínqua e sonhadora. —É —se a p ro xim o u e fa rejo u o la d o d e seu p esc o ç o , ina la nd o p ro fund a m ente d ela —, limpa… e d o c e , c o m o noz m o sc a d a e b o lo d e m a ç ã . E lo g o a m ud a nç a … —p re ssio no u sua b o c a so b re sua o relha , ro ç a nd o seus lá b io s c ontra ela , a fund a nd o sua líng ua na a b ertura q ue havia ali. — Sim justo aí —murmurou.— Qua nd o seu sa ng ue se a g ita , q ua nd o sua exc ita ç ã o se a fia . O aroma de toda essência de mulher. —Já vejo — d isse sem fô leg o , sentind o a m ud a nç a a tra vés d e seu c o rp o m a is q ue c heira nd o , c o m o p a ra ele. Sua s m ã o s to c a ra m o s m úsc ulo s esc o nd id o s d e b a ixo d e sua se d o sa c a m isa , era tã o p o d ero so , e p o d ia senti-lo em c a d a c entím etro q ue a lg um a vez ho uvesse tocado. Nem sequer tinha começado a fazê-lo, quando de repente se deu conta. Sempre tinha esta d o a flita p o r sua nec essid a d e d ela , p o r seu d o m ínio . Queria to c á -lo , m a is q ue na d a , e sentir todos os contornos do corpo escondido debaixo da sofisticação da seda e os trajes sob medida. Ja c o b se mo veu para um la d o d e seu p esc o ç o , a b rind o sua b o c a , sentind o c o m sua líng ua seu p ulso , c hup a nd o b ra nd a m ente e fa zend o -a tirita r enq ua nto sua p ele se a rre p ia va , so rriu c o ntra ela , sa b o re a nd o b em a s p e q uena s p éro la s d e p ele q ue a flo ra va m so b a s c a ríc ia s d e sua líng ua . Leva ntou sua c a b e ç a , ro ç a nd o seu na riz e lá b io s c o ntra seu p esc o ç o , so b re sua s bochechas até que pôde ver seus obscurecidos olhos. —Ond e está Ja c o b ?—perguntou-lhe b ra nd a m ente , sua resp ira ç ã o rá p id a c o ntra sua próxima boca. — Esse animal que temia que me faria mal, onde esta agora? —Mais perto do que c rê — lhe assegurou.
CAPÍTULO 6 _ Estaria assustada se pensasse inclusive por um momento que tenho que estar Jacob. Desta vez Ja c o b se p re c a veu d e sua vo z c a d enc io sa e m sua m ente. O elo entre eles estava fazendo-se mais forte, ao que parece com cada toque. Estou em sua mente, Executor. Saberia se tivesse que temer algo. Ja c o b o lho u p ro fund a m ente em seus intensos o lho s vio leta s, a c o nfia nç a neles irra d ia va p a ra ele c o m o um a c á lid a luz. Era a p rim eira vez q ue q ua nd o a lg uém o c ha m o u “ Exec uto r” o tinha feito como um termo bem-vind o , c a rinhoso . Sentiu seu c o ra ç ã o esp rem er-se dentro de seu p e ito . Sua g a rg a nta se fe c ho u c o m tensã o emo c io na l. Até e sse m o m ento nã o tinha p erc e b id o o quanto tinha esperado alguém que o quisesse com calidez e afeto fora da conexão com seus sobrinhos e mais à frente do respeitoso reconhecimento devotado por Noah. O sentimento era profundo. Não podia esperar esconder dela e viu seus olhos cheios com sua ve c o m p a ixã o p o r sua so lid ã o , p or to d o o a b uso q ue tinha sup o rta d o p ela m esm a ra ç a q ue o nec essita va . A g entileza d e Bela era um p reza d o p re sente q ue ele nã o p o d ia d esp e rd iç a r. Era g enero sa e c o nfia va nele , se m p re se m p ensa r no q ue custaria . Era o ra io d e so l q ue p o d ia desfrutar sem sentir-se doente. Seria cuidadoso com ela, ou morreria tratando de sê-lo. Foi nesse momento que se deu conta quão fácil seria perder seu coração por ela. 103
Talvez já o tinha perdido. Gua rd o u o p ensa m ento , sentind o q ue ela já esta va sobre sufic iente p ressã o . Se ela fo sse p a ra ele , e o Destino sa b ia q ue a queria, e la nã o d everia fa zê-lo p or c a rid a d e a sua g ente ou p ela p ressã o d e seus c resc entes sentim ento s. Ela d evia to m a r sua s d e c isõ es livre d e q ua lq uer pressão. Não poderia estar satisfeito de outra maneira. Isa b ella o viu a fund a r em p esa d o s p ensa m ento s, e m b o ra tenta sse m a ntê-los enc erra d o s, a sa lvo e lo ng e d ela . Na verd a d e, ela nã o d everia esta r p ro c ura nd o e m sua c a b e ç a d e p o is d a leitura , d everia d a r lhe privacidade, mas tinha se acostumado a compartilhar seus sentimentos e im p ressõ es c o m ele . Sentia-se se g ura c o m essa c o nexã o . Ela o lho u a m ã o , q ue esta va a usente jo g a nd o c o m o p rim eiro b o tã o d e sua c a m isa , seus nó d ulo s a p erta nd o -se c a lid a m ente so b re a p ele exp o sta so b re eles. Tinha lid o q ue a tem p era tura c o rp o ra l d e um Demônio era c inc o g ra us mais fria que a humana, mas de algum jeito ele sempre parecia esquentá-la. Ela d eslizo u um d ed o so b re à c a sa d o b o tã o , a b rind o sua c a m isa uns c entím etro s m a is. Intro d uziu to d a sua m ã o so b o tec id o , c o nc entra nd o -se c o m p leta m ente na sua ve textura d e sua p ele e a fo rm a como se esq uenta va so b seu to q ue. Ele susp iro u, sua s p esta na s b a tend o -se p a ra b a ixo p a ra o b sc urec er se us o lho s. Qua nd o ele o lho u p a ra c im a no va m ente , a esc ura flama que estava se tornando tão familiar aparecia em seu olhar. Ja c o b to m o u o trinc o d a p orta e o d e ixo u c a ir c o m o p ro p ó sito d e to m a r a la p ela d e sua b lusa d e sed a . Ele c om e ç o u a d esliza r a p o nta d e um só d e d o so b re a p ele d e um a m a neira tranqüila, de um lado de sua clavícula ao outro. _ Um pequeno toque, Bela, e me põe de cabeça. Pode senti-lo? Po d ia . Fec ha nd o seus olho s e p erm itind o a sua c o nsc iênc ia m esc la r-se c o m a dele, sentind o d e sua p ersp e c tiva a form a como seu c orp o d esp erta va e seu sa ng ue se e squentava. Seus m úsc ulo s se d o b ra ra m e e stic a ra m c o m a ntec ip a ç ã o , ela sentiu o p eso , p ulsa ç ã o e a d o r da ereção que pulsava incomodamente dentro de sua roupa. Isa b ella fic ou insta nta nea m ente fa sc ina d a . Nã o p o d ia a jud a r a si m esm o . No m o m ento em q ue re tornou a sua p ró p ria m ente e rub o riza d o c o rp o , d eslizo u a s m ã o s p a ra b a ixo p ela lo ng itud e d e seu to rso , via ja nd o a tra vés d e sua ro up a ra p id a m ente e b revem ente a té q ue seus d ed o s d esliza ra m d entro d e seu c inturã o e a o lo ng o d a c o stura d e sua b ra g uilha . Ja c o b ina lou em uma rápida e brutal respiração enquanto ela ansiosamente procurava sua dureza entre suas calças até que a teve audaz e intimamente colocada na mão. —Va i m e va is enlouquecer — d isse Ja c o b com uma voz estra ng ula d a , c o m um to m escuro, sua voz transpassando seus sentidos como o rugido de um grande leão. —Entã o ta lvez seja p o r m inha inexp e riênc ia , p o rq ue nã o esta va tra ta nd o d e te enlouquecer — d isse ela , c urva nd o seus d ed o s lig e ira m ente p a ra q ue sua s unha s to c a sse m o tecido de sua calça, confinando-o. Grunhiu, o so m na sc e u m uito d e ntro d ele , seu c o rp o inc lina nd o -se p a ra ela c o m o se o sim p les p ra zer q ue esta va d a nd o tivesse d eb ilita d o sua ha b ilid a d e d e m a nter-se reto . Isa b ella percebeu q ue se d ivertia c o m essa id é ia . Enc a nta d a c o m sua s re a ç õ es, m a s insa tisfeita c o m sua vo lum o sa ro up a , ela elevo u a m b a s a s m ã o s a ta refa d e d e sa b o to a r o resto d e sua c a m isa a b rind o um c a m inho . Deslizou-se p a ra ele p a ra a c a ric ia r c o ra jo sa m ente sua só lid a c a rne enq ua nto o d esp ia , p a ssa nd o a s m ã o s so b a eno rm e c a m isa , seu to q ue cruzava 104
c o m p leta m ente seu p eito , seus fla nc os e sua s c osta s. Ja c o b esta va tã o p erd id o na sensa ç ã o q ue p a re c ia nã o d a r-se c o nta q ue sua m ã o se mo ve u p a ra e m b a la r seu p eito , a c a ric ia nd o -a gentilmente sobre seu sutiens. Ele estrem ec eu enq ua nto sua s unha s a rra nha va m lig eira m ente sua s c o sta s, a s p o nta s d e seus d ed o s jogando, revo a nd o so b re sua p ele c o m d elic a d a c urio sid a d e . Um to q ue tã o sim p les e tão profundo de uma vez, sentiu a dolorosa excitação, pulsando duramente com demanda. —Segura —o feg o u d e re p ente , sua m ã o a p erta nd o sua b ra nd a p ele , seu p o le g a r acariciando seu excitado mamilo. — Se assegure completamente, Bela. _Nunc a estive tã o seg ura e m to d a m inha vid a . Entra e m m inha m ente e voc ê saberá,como que eu sei. Ele o fez enq ua nto ela o c ha m a va e nã o p o d ia interp reta r m a l a c a lm a q ue ha via no núc leo d e sua c o m o ved o ra p a ixã o . Ta l e c o m o ha via d ito , se m d úvid a ne nhum a . E m a is, sua c urio sid a d e c resc ia espontaneamente e o s d esejo s e p ensa m ento s q ue revo a va m e m sua m ente sob re o q ue q ueria fa zer, tra ta r, a p re nd er e c o nhec er fez c o m q ue ultrapassasse o p o nto de rechaçá-la. Ele se sep a ro u d ela o sufic iente p a ra envo lver seu lig eiro c o rp o em um a b ra ç o d e ferro , leva nta nd o seus p és d o c hã o a té q ue seus seio s se c o lo c a ra m a ltos sob re seu p e ito e seu c a b elo c a iu so b re seus o m b ro s, a b o c a d e Bela sorrindo a ntes q ue a c a p tura sse c o m um lig e iro estirão de seu pescoço. Enq ua nto q ue a b e ija va a té d eixá -la se m fô leg o , mo veu-se a tra vés d a ha b ita ç ã o c o m ela . Entã o , re agiu d im inuindo g ra d ua lm ente seu b e ijo , a joelha nd o -se na c a m a e c o lo c a nd o-a g entilm ente no c entro . Ela se estiro u, num sensua l m o vim ento e seu so rriso b rinc a lhã o refletia m a sa tisfa ç ã o q ue lhe d a va seu d o m ínio so b re ele. Ma s ela lo g o q ue tinha p ro va d o o q ue era c a p a z d e fa zer e o sa ng ue d e Ja c o b c o rreu c o m o fo g o a tra vés d e sua s ve ia s e nq ua nto a nsio sa me nte se p re c a via d isso . Tinha o sentim ento d e q ue seria extrem a m ente a fo rtuna d o d e ser seu a m a nte , q ua nd o ela verd a d eira m e nte a p rend esse o q ue sua influênc ia so b re e le p o d ia fazer. Co m um a m ã o , ele d esa b o to o u o resto d o s b o tõ es d e sua b lusa . Ja c o b c o lo c o u sua b o c a so b re sua re c é m exp o sta p ele. Ela ina lo u p ro fund a m ente , exa la nd o d e p o is c o m um b a ixo e estremecido so m d e p ra zer, sua s c o sta s c urva nd o -se p a ra seus há b eis lá b io s. Ele d eslizo u seu nariz a tra vés d o enc a ixe d e se u sutiens, seus lá b io s ro ç a nd o o exc ita d o b ic o d e se u m a m ilo . Entã o ele a b riu sua b oc a so b re ela , seus d entes to m a ra m c o m um d elic a d o p uxã o , a um id a d e d e seus lá b io s sug a nd o so b re o enc a ixe. Ela se c o nvulsio no u em resp o sta a o p ra zer q ue p erc o rria seu c o rp o , d o p e q ueno p o nto q ue ele a tend ia . Ela a lc a nç o u a to c a r sua b o c hec ha , em sub m issã o e ele elevou sua c a b eç a uns c entímetro s enq ua nto d esliza va o m a teria l d e seu sutiens a um la d o , exp o nd o o fo rm o so e esc uro b ic o . Sua b o c a reto rno u a ela c o m rá p id o entusia sm o , sua m ã o livre p erc o rreu sua s d elic a d a s c o stela s, a c urva d e sua c intura e a tenra curvatura de seu lábio. Nos minutos seg uintes, sua b lusa e sutiens p a rec era m d esva ne c er-se d e seu c o rp o . De rep ente esta va nua d a c intura p a ra a c im a , sua s m ã o s se enred a ra m e m se u c a b elo e nq ua nto seus d o lo rid o s seio s e ra m p rovo c a d o s p o r sua b o c a . As exp lo ra d o ra s m ã o s q ue p erc orria m seu 105
c o rp o a vo lta ra m ig ua lmente lo uc a c o m sua a rd ilo sa c o m b ina ç ã o d e c a ríc ia s. Sentiu q ue ele encontrava a costura interior entre suas pernas. Ja c o b p ressio no u seus d ed o s lenta m ente so b re a ro up a d a entre p erna , d esfruta nd o do c a lo r q ue p ro vo c a va c a d a c entím etro p erc o rrid o . Ele d eixo u seus seio s e sua c resc ente sensib ilid a d e , enc o ntra nd o sua q uente b o c a . Ele b e ijo u e sug o u fervo ro sa mente c o m sua líng ua o sa b o r d e seus lá b io s, vo lta nd o a si m esmo lo uc o p elo p ra ze r q ue lhe p ro vo c a va , enq ua nto se d eleita va em seus g rito s e g em id o s d e selva g e m p ra zer q ue enc hia m seus o uvid o s... enchendo sua boca. Nesse m o m ento ela tiro u sua c a m isa d e sua s c a lç a s, d irig id a p ela urg ênc ia d e sentir sua p ele so b re a sua . Ja c o b sa tisfe z sua urg ênc ia enfurec id o p o r seus selva g ens p ensa m ento s, b a ixa nd o sua q uente p ele a té c o nta ta r c o m a sua , tud o enq ua nto c o ntinua va lenta mente o pad rã o na c o stura d e sua c a lç a c o m seus d e d os. Ela ne m se q uer era c o nsc iente d e c o m o serp entea va e se reto rc ia em um intento d e fa zer com q ue ele a c elera sse sua ta refa . Nã o tinha se d a d o c o nta c o m o c a d a g iro d e seu p e q ueno e q uente c o rp o a baixo d ele , d isp a ra va d esesp e ra d a m ente sua s urg ênc ia s p rim á ria s. Sua essênc ia im p re g na va c a d a p o ro d e seu corpo, fazendo que ele rugisse baixo e intenso, enquanto finalmente cavava o centro de todo o p o d ero so c a lo r e m sua s fe rventes m ã o s. Sua s p a lm a s p re ssio na ra m c o ntra seu mo ntíc ulo e seus d ed o s p ressio na ra m a p erta d a m ente. Ele g runhiu, q ua nd o p erc e b eu q ue a um id a d e transpassava a calça. Ja c o b d e rep ente se elevo u so b re seus jo elho s, tira nd o a c a m isa enq ua nto o fa zia . Suas a ç õ es era m a rd entes, p o ntua d a s p o r um selva g e m e p ro fund o g runhid o , m a s Isa b ella esta va longe de ser intimidada. Ela insistia e m sua ves sussurro s d e â nim o , eleva nd o seus q ua d ris q ua nd o ele se dirigiu para lhe tirar a calça e a calcinha, desabotoando o magro cinturão com urgência. Qua nd o e steve c o m p leta m ente nu, a rra sto u-se sob re a c a m a , sua s m ã o s sep a ra nd o se us jo elho s tenta nd o p o usa r d ireta m ente so b re o c entro d e seu c o rp o . Ela tinha olhado com a ntec ip a ç ã o sua a p ro xim a ç ã o , c o m os o lho s m uito a b e rto s, e Ja c o b se fo rç o u a a c a lm a r-se, q ua nd o ela ina d vertid a m ente envio u um a im p ressã o d e a nsie d a d e. Ele p ro c uro u sua m ente , introduzindo-se em seus pensamentos, procurando rapidamente a causa de sua apreensão. - É… é isso normal? Ja c o b tra to u d e nã o so rrir, c o m a c erteza d e q ue ha via um a b o a o p o rtunid a d e d e se r esb o fete a d o p o r isso . Ele seg uiu seu c urio so o lha r so b re seu c o rp o . Ba sta nte no rm a l, a sseg uro u ele. Mas então incapaz de resistir, adicionou: para um Demônio. Ela o fe g ou, o lha nd o em seus o lho s, to m a nd o só um seg und o ver a d iversã o b rilha nd o a través das chamas do desejo. —É tão mau. —E vo c ê é tã o a d o rá vel —re b a teu, rind o b ra nd a m ente enq ua nto p erc o rria o sensível p o nto q ue tinha enc o ntra d o a o la d o d e se u p esc o ç o c o m seus lá b ios. Isto a d istra iu o sufic iente para que ele fechasse as mãos sobre as suas e guiá-la para tocá-lo. — Agora pode escolher vingança... ou não. Sua m ã o se c urvou b ra nd a m ente , essa irre p rim ível c urio sid a d e d ela sa lta nd o a va ng ua rd a , enq ua nto o d uro p e so d e sua exc ita ç ã o d esc a nsa va e m sua p a lm a . Ele d eslizo u no va m ente e m sua m ente , sentind o seu a sso m b ro enq ua nto d e sc o b ria o q ue se sentia to c a r a o 106
um ho m e m tã o intim a m ente p ela p rim eira vez. Prime iro ela percebeu a c o ntra d iç ã o d e sensa ç õ es, tã o d uro c o m o o ferro q ue q ua se a ssusta va , e , entreta nto , essa d ureza esta va c o b erta p o r a velud a d a p ele q uente. Sua ve e Lisa em um toq ue sup e rfic ia l, m a s ríg id o e poderoso em um toque mais forte. Sua c urio sa exp lo ra ç ã o se g uiu e Ja c o b e sta lo u em suo r enq ua nto seu c o rp o trem ia . Sua c a ríc ia era p uro êxta se , la nç a nd o o nd a s d e c a lo r e inc ríveis p ulsa ç õ es, inc rementa nd o a d ureza q ue tinha entre seus c urio so s d e d o s. Ela d e sc o b riu a um id a d e q ue seu to q ue tinha o rd enha d o d ele , to m a nd o -o c o m sua p a lm a d e ta l fo rm a q ue um g runhid o sa iu d e sua a lm a . Ele d isp a ro u p a ra sua m ente , fa zend o -a se ntir o q ue esta va se ntind o , fa zend o q ue c ho ra sse em um a delicada surpresa. Sente isto Bela. Sente como me queima. Ele to mo u o m a nd o de sua m ente e ela o b ed ec eu. Po d ia sentir o d o lo roso p ra ze r q ue lhe c a usa va , p o d ia sentir o s im p ulso s q ue o p erc o rria m p o r c a d a to q ue , c a d a a b ra ç o . Ela esta va o feg a nd o b ra nd a m e nte , c o m so ns d e exc ita ç ã o , to ta lmente inc onsc ie nte d o q ue esta va fa zend o , enq ua nto d esliza va sua m ã o a o lo ng o d ele , d a b a se a té a p o nta e d e vo lta no va m ente. A nec e ssid a d e , a p re ssa d a c o m a c ha m a d a d a a lm a se lva g e m d a na tureza , explodiu na mente d e Ja c o b e em seu esp írito . Ela o sentiu g o lp e a r em sua m ente , a b ra sa nd o sua p siq ue c o m sua feroz d e m a nd a . Ab sorveu o so frimento igual a ele , e q ua nd o eles olha ra m de volta nos olhos de cada um, a besta estava pronta em ambos. Isa b ella esc utou o so m d e um g runhid o c ha m a nd o -a. Deu-se c onta q ue a b a ixa e sed uto ra c ha m a d a era ela m esm a , p ro c ura nd o a resp o sta d e seu c a sa l. Vo c a lizo u nova m ente, o envo lvente so m e um ro nro no eletriza nte p a ra atraí-lo a ela . Ja c o b resp o nd eu, o ensurd ec e d o r so m a p ro fund a nd o e reverb e ra nd o enq ua nto era exp ulso . Ele tom o u sua b rinc a lho na m ã o p elo pulso c o m um p od ero so a p ertã o , p a ra im o b iliza r o torturante a p ênd ic e so b re o tra vesse iro p erto d e sua c a b eç a . Seus o lho s fixo s no s d ela , um b rilho d e m e ia no ite refletia a selvagem urgência, procurando-a a través de cada fresta. Ele b a ixo u sua c a b e ç a à eleva ç ã o d e seus seio s, d esc o b rind o seus d entes enq ua nto o fa zia . Ela e sta va re sp ira nd o tã o fo rte q ue seu p eito se eleva va p a ra enc o ntra r a sua e ela viu a sa tisfa ç ã o q ue entra va e m seus turb ulentos o lho s. Se us d entes ro ç a ra m so b re ela e o s sentiu m ord isc a nd o so b re sua p ele . No va m ente , ele se m o veu d a c urva d e sua c la víc ula p a ra seu ombro. Entã o sua s m ã os estivera m so b re ela , g ira nd o -a g ro sseira m ente , p re ssio na nd o-a so b re a c a m a enq ua nto sua b o c a se p ressio na va so b re sua o mo p la ta . Sua s m ã o s esta va m so b re seus q ua d ris sustenta nd o -a e m p o siç ã o enq ua nto usa va sua s panturrilhas p a ra c o lo c á -la so b re se us jo elho s, p a ra c o lo c a r a si m esm o c o ntra ela c o m um selva g e m a rra sto d e seu c o rp o c o ntra a ríg id a e q uente lo ng itud e d e seu sexo . Isa b ella re sp ira va c o m um rá p id o o fe g o d e p ra zer enq ua nto sentia seu a ta q ue d o m ina nte a o long o d o s lim ites externo s d e sua s d o b ra s fe m inina s. Ela sentiu flo resc er se u c o rp o c o m fo m e , p ro c ura nd o e ro g a nd o ser c heio . A m o rd id a d e se u c o rp o so b re a p ele d e seu ho m e m e a p o d ero sa fo rç a d e sua s m ã o s nã o fa zia m a is q ue intensificar esses desejos. Ja c o b sentiu a urg ênc ia d e seu c o rp o , tã o p erto a g o ra c o m o esta va na s p ro fund id a d e s d o c éu esp era nd o p o r ele , a úm id a evid ê nc ia d e sua b oa-vind a o b a nha va convidativa . Entã o retorceu de novo contra ele, buscando-o com selvagem provocação, seu selvagem e pequeno corpo procurando ser cheio, sua pulsante dureza contra ela prometia ser quente. 107
Jacob não podia conter-se. Ele apertou seu quadril mais forte, adicionando m a is m arcas d e intensid a d e e a rra sta nd o a p a ra a p o nta d e seu ríg id o eixo . Ela g rito u seu no m e c o m selva g e m d em a nd a e sentiu insta nta ne a m ente a p erta nd o -se c ontra ele, tra ta nd o d e fo rç a r o q ue sua c o ntenç ã o so b re ela a c a utela va . Ma s inc lusive a b e sta d entro d ele tinha e sp e ra d o m uito p o r isso , p a ra nã o sa b o re a r o m o mento . Enq ua nto a p ro va va , ele d esfruta va d e seus p e q ueno s ruíd o s e m ovim ento s desesperados. Esfregou-se c o ntra ela um a e o utra vez fazendo c o m q ue se a fund a sse e m prazeres fora de si, enquanto estimulava seu sentido espectador. Entã o ele esta va na p re c io sa so leira , o suo r g o teja va d e seu c a b elo e so b re sua s c o sta s enquanto a dominação castigava a ele tanto quanto torturava a ela. Finalmente, ele se liberou. Ja c o b se a fund o u nela em um b ruta l c ho q ue d e sua p élvis. Nã o fez de p ro p ó sito . Propunha-se a b so rver a c a d a seg und o d e p ra zer q ue p ud esse no m o m ento d e entra r nela . Entretanto, um momento antes de seu erótico mergulho, ela o tinha chamado. —Jacob... —tinha o feg a d o , sua c a b e ç a g ira nd o g ro sseira m ente d e la d o a la d o , sua carne tremendo contra ele. — Por favor! Entra em mim. Por favor… Isto tinha sid o a fa c a q ue d eslizo u a tra vés d e seu últim o fio d e c o ntro le. Rá p id o o u lento , esta va tã o a p erta d a , tã o d eslum b ra ntem ente q uente e úm id a , tã o p erfeita m ente fa b ric a d a p a ra ele q ue tinha sid o a exp e riênc ia m a is trem end a d e sua vid a , fina lm ente esta r unid o tã o profundamente dentro dela. Isa b ella esta va tã o cheia p elo Ja c o b q ue se surp ree nd eu d e nã o q ueim a r-se. Tinha tid o um a p e q uena d o r, m a s nã o m a is nem m e no s q ue a lg uns g o lp es q ue já tinha esq uec id o . Nã o p o d ia esta r aborrecida p o r isso . Esta va m uito lo ng e d e em p re sta r a tenç ã o , d evid o a seu p ra zer. Ja c o b a esta va c ha m a nd o , um p ro fund o retum b o p erc o rreu seu p e ito , enq ua nto ele se dobrava sobre seu pequeno corpo, permitindo a ambos absorver sua primeira invasão. Ela nã o era paciente o sufic ie nte p a ra e sp e rá -lo. Mo veu seus q ua d ris e se im p ulsio no u para frente, d eleita nd o -se no d uro d e sliza m ento d o g ra nito q ue se m o via d entro d e seu c o rp o , instintiva m ente a p e rta nd o seus m úsc ulo s fe m inino s p a ra m antê-lo d entro d ela . A rea ç ã o d e Ja c o b fo i exp lo siva ta nto em so m c o m o e m a ç ã o . Ele a m a ld iç o o u, no va m ente um a p a ixo na d o c o m p leto fo i to m a d o em c o ntexto , e d e p o is la nç o u um g runhid o d o fund o d e sua a lm a . Ele se elevo u a té a lc a nç a r seu p esc o ç o , seus p o d ero so s d ed o s a p erta ra m e d o b ra ra m so b re sua d elic a d a c o luna , sua m ã o livre d irig iu d e seu q ua d ril a sua c intura , a c a p a d e suo r so b re sua p ele fez com q ue e ste mo vim ento fo sse m a is d elic a d o . Ja c o b se intro d uziu d e no vo , um emp urrã o tã o p ro fund o e fo rte q ue d e fa to elevo u seus jo elho s d a c a m a , um ruid oso e selva g em so m e m erg iu d e seus lá b ios enq ua nto ela se reto rc ia urg entem ente c o nfo rm e sua áspera respiração se notava sob a pressão de seu dedo indicador sobre sua garganta. O q ua rto estrem ec eu, a terra refletind o sua p erd a d e c o ntro le , o s g a ses d a c ha m iné e o s p a iné is d e c rista l esfumaçad o d a s ja nela s tilinta va m enq ua nto o tremo r a um enta va . Ja c o b se intro d uziu d entro d ela no va m ente , a rra ig a nd o -se tã o p ro fund a m ente quanto o sa g ra d o terreno de seu corpo fazia possível. Todo o tempo, a cama vibrava com o tremor dos alicerces da casa. 108
Ela esta va a b ra sa d o ra m ente q uente, se d uto ra m ente úm id a , a im p o ssível estreiteza d e sua primeira experiência sexual. Jacob... não... Por favor... não te detenha. Nunca te detenha. Jacob grunhiu brandamente, movendo-se com um lento e contínuo ritmo dentro dela. Ele c a va lg o u d entro d e seu a p erta d o e fo rm oso c o rp o e c a m b a leou p ela fervente a ltura q ue a lc a nç o u. Sua p a ixã o era um b rilha nte p rism a d e luz e q ueria g uiá -lo m a is p erto d ela em form a s a lé m d a s físic a s. Ele nã o tinha p ro b le m a p a ra c o ntro la r o vib ra nte m und o fo ra d a esfera d e sua consciência. Jacob entendeu somente agora que ele c o m p a rtilha va e sp a ç o c o m a im p la c á ve l e feroz c ria tura q ue vo c a liza va , sentind o a nec essid a d e d e m a rc á -la c o m seus d entes e a lo ng itud e d e sua s unha s q ue m a rc a va m seu sua ve c o rp o e m la rg a s linha s verm elha s. Ma s a o m esm o tem p o era tã o fo rmo sa p a ra nã o a rra sta r seu c o ra ç ã o e sua a lm a na m esc la . Verdadeiramente no momento, sentia como se tudo sobre e dentro dele estivesse unindo-se. —Jacob —ronronou Bela respirando-o . — OH, sim... Ele so rriu c o m lento p ra ze r q ua nd o seu no m e sa iu d e seus lá b io s nessa sensua l fo rm a q ue m ostro u a urg ente nec essid a d e q ue ela nã o p o d ia o c ulta r, ele se retiro u, d eleita nd o -se c o m a sensa ç ã o p or um seg und o. Isa b ella o feg o u, so b ressa lta d a c o m um a se nsa ç ã o d e d o loro sa perda, seus quadris retorcendo-se de retorno a ele instintivamente. Não é suficiente, florzinha. Ela nã o teve tem p o p a ra p erg unta r. Leva ntou-a , lhe p ro vo c a nd o um g e m id o d e surp re sa e c o nsterna ç ã o . Ma s entã o ele a esta va g ira nd o no va m ente , esta vez c om inc rível g entileza leva nta nd o sua s p erna s, a s c o lo c a nd o a o red o r d e seus q ua d ris enq ua nto ele se rec o sta va sobre seu estirado corpo. Devo p ro va r sua b o c a , flo rzinha, enq ua nto estou d entro d e você. Devo o b se rva r d e ntro de seus olhos e ver seu prazer. Entã o ele a lc a nç o u sua b o c a c o m g ra nd e nec essid a d e , d evora nd o a d elic a d eza q ue lhe oferecia, enquanto se introduzia profundamente em seu faminto corpo. —Bela. —Grunhiu c o ntra sua b o c a , re p etind o a p ro fund id a d e d e seu im p ulso e send o rec o m p ensa d o c o m um a inc rível resp o sta . Ca lo r. Ab ra ç o . Desejo , exc ita nte c o m b ina ç ã o . To d a ela d irig ia d entro d ele. Era p erfeita , ele nã o tinha c o nhec id o ta nta p erfe iç ã o ; e m to d o s o s séc ulo s q ue tinha vivid o ning uém tinha esta d o p erto . Isto era um a uniã o d e c o rp o , m ente e a lm a . Era sufic iente p a ra fa zer q ue se a m a ld iç o a sse a si m esm o p o r esp e ra r ta nto p a ra e sta r c o m ela , inc lusive se só a c onhe c ia p o r uns p o uc o s d ia s. Pela p o ssib ilid a d e d e ha vê-la d eixa d o ir, a pesar de que sabia que não poderia a ter tido se tivesse forçado seu abraço. Sua essênc ia , sua s textura s e seus p ensa m ento s, tod o s eles o ro d e a ra m e o encheram enq ua nto ele a enc hia . Ele so ub e nesse seg und o , enq ua nto se m o via energ ic a m ente d entro d e seu corpo e sentia o urgente ritmo vir dela tão naturalmente, que estava de fato completando o Destino. Deslizou dentro da mente de Isabela, sentindo o prazer aumentar quente e tenso dentro d ela . Deslizo u sua s m ã o s so b re ela , e m b usc a d e seus p onto s sensíveis, a lim enta nd o intenc io na lm ente a cha m a . Era inc rível sentir d e sua p ersp ec tiva , o c resc im ento d e sua p rim e ira exp eriênc ia d e lib era ç ã o , d e êxta se. Guio u seus m ovim ento s d e ntro d ela seg uind o o s esta lo s d e 109
p ra ze r q ue g ira va m e m sua c o nsc iênc ia um a p ó s o o utro . Ap rend eu a m elho r m a neira d e lhe causar sua entusiasta resposta. Ela c o m eç o u a o feg a r c o m c a d a m o vim ento suc essivo q ue ele fazia d entro d e seu c o rp o , sua s m ã o s a p erta nd o seus o m b ro s vio lenta mente , seus p e nsa m ento s gritando sua euforia p a ra sua a lm a . E d e rep ente Isa b ella exp lo diu, um fla meja nte g rito d e êxta se q ue se sentiu quente e brilhante, a pureza de seu clímax forçando-o a unir-se a ela na cataclísmica liberação. —Isabella — Ja c o b c ha mo u seu no m e enq ua nto sentia a d eto na ç ã o d o c lím a x elevando-se d entro d ele. Ve io c o m vio lento s esp a sm o s d e p ra zer q ue seg uira m e se g uira m a té que esteve expulsando as partes mais profundas de sua alma dentro dela. A intensidade era tão p ro fund a q ue ele teve a c erte za , no m o mento q ue term ina ra m , q ue ela c o nhec e ria c a d a um de seus segredos, sonhos, necessidades e esperanças. Ca d a ja ne la d a c a sa exp lo diu, a tensã o nas sua s d o b ra d iç a s fina lm ente a lc a nç a ra m o p o nto d e q ue b ra . Ja c o b puxou a c a b eç a d e Isa b ella p a ra seu p e ito , sua s la rg a s c o sta s e ombros protegendo da chuva do colorido cristal que chovia da s janelas sobre a cabeceira. Pa ssa ra m vá rio s e lo ng o s m inutos no s q ue nã o p o d ia m resp ira r a ntes q ue eles pudessem se m o ver. Isa b ella d e re p ente se d eu c o nta q ue a ha b ita ç ã o esta va e m c a o s e elevo u sua c a b e ç a fo ra d e seu a m p a ro p a ra o b serva r a d estruiç ã o . Os m ó veis esta va m c heio s d e vidro que estava disperso em todas as partes, incluindo a cama onde se encontravam. Fina lm ente, o lho u no s o lho s d e Ja c o b , ig no ra nd o a p reo c up a ç ã o c la ra m ente refletid a neles e como o gato que acaba de descobrir que a jaula dos pássaros sem ferrolho. —É bom que não viva na Califórnia — realçou ela. —Esta de brincadeira? Com to do esses enguiços ativos? Ja c o b to c o u seu na riz c o m a p onta d e seu d ed o um m o m ento a ntes q ue seus c o rp o s se fizesse m p ó . Quã o seg uinte so ub e fo i q ue era só lid a d e no vo e to d o o vid ro q ue o s ro d e a va tinha sido retirado. —Lim p o . Vo c ê c o m c erteza seria um a exc elente a m a d e c ha ves — riu, lhe p erm itind o que a arrastasse sobre seu corpo enquanto ele se recostava sobre suas costas. —Sou excelente limpando —disse ele. —Dei-m e c o nta — Isa b ella d eslizo u um jo elho a c a d a la d o d e sua s p erna s e lenta m e nte se sento u, p re ssio na nd o sua s m ã o s so b re seu p e ito c om o p o nto d e a p o io , a ind a sentind o-se um p ouco fraca depois de suas tumultuosas atividades. Ja c o b so rriu, b e b end o a inc rível visã o q ue rep resenta va frente a ele , seus nus p eito s e se u c o rp o m a rc a d o p o r sua b o c a e m ã o s, seu a lvo ro ç a d o c a b elo frisa nd o -se c o m o se d o sa fum a ç a neg ra a o red o r d ela , um a m a g ra m e c ha eng a nc ha nd o -se a o red o r d e seu m a m ilo esq uerd o . Ele c o lo c o u a s m ã o s so b sua c a b e ç a e d e sfruto u, se m lhe im p o rta r se ela sa b ia q uã o sa tisfe ito consigo mesmo estava. —Bo m , p a rec e m uito c o ntente c o ntig o m esm o —d isse , sua s m ã o s c o lo c a d a s e m seus q ua d ris nesse fa m ilia r g esto . Ja c o b se p erg unto u se ela se d a va c o nta d e que c o m essa p o se seus p eito s se so b ressa íssem d e um a form a m uito a tra tiva . Inc a p a z d e resistir, ele m o veu um a mão debaixo de sua cabeça e seguiu o cacho de cabelo enganchado sobre seu mamilo. 110
Isa b ella sustento u sua resp ira ç ã o e d e p o is susp iro u a nte a estim ula ç ã o p ro fund a d esse to q ue tã o sim p les. Justo q ua nd o p ensa va q ue esta va c o m p leta m ente exa usta , percebeu q ue o d eseja va d e no vo . Tinha a c erteza d e q ue tinha m uito q ue a p rend er a ind a . Isso fez com que seus lábios se torcessem e seus olhos brilhassem com renovado desejo. —Oh céus — grunhiu Jacob—, conheço esse olhar. —Sério? —p erg unto u m a lic io sa m ente , risc a nd o o s m úsc ulo s d e seu p eito c o m a p o nta d e um dedo. —Inc lusive se nã o p ud esse ler seus p ensa m ento s, florzinha, sa b eria . Te m o a sp e c to d e uma jovem que acaba de descobrir sua lib ido. —De verdade? —Estendeu as mãos por suas costelas, inclinando-se até que pôde tocar o mamilo com a boca enquanto não deixava de lhe olhar a os olhos. —Mencionei —grunhiu— que provavelmente sou muito velho para isto? Pô s os o lho s em b ra nc o , a p a rentem ente nã o m uito im p ressiona d a p o r sua p e rsp e c tiva . Roçou com os dentes a pequena protuberância que suas atenções tinham criado. —Não está dolorida?—perguntou medindo-a. Alguma sugestão? Isa b ella a b riu o s o lho s, a g a rra nd o fô leg o estrem e c end o c o m um c a la frio . Olha va a esc urid ã o ; a lua c o b e rta d e nuvens era a únic a luz e q ue tra nsp a ssa va a s ja nela s d e d o b ra d iç a . Ja c o b ja zia p e sa d a m ente sob re seu c o rp o c o m um b ra ç o rod e a nd o p o ssessiva m ente sua c intura , um a d e sua s c o xa s esta va presa a baixo d ele e seu rosto esta va enterrado tã o p ro fund a m ente em se u p esc o ç o q ue p o d ia sentir o to q ue d e seus lá b io s na p ele. Pod e ria ha ver gostado de d esp erta r d esta fo rm a , d e fa to a d o ra va , m a s a lg o esta va m a u. Estrem e c eu e nã o p o rq ue tivesse frio , e m b o ra a s p a rtes q ue nã o esta va m e m c o nta to c o m Ja c o b esta va m a p o nto d e c o ng ela r. A Bela so b reveio d e rep ente um ho rrip ila nte p ressentim ento so b re a no ite , um a sensa ç ã o que sub ia p o r sua c o luna . Sa b ia q ue nã o q ueria esta r na c a m a o u nua nesse m o m ento nem q ueria q ue Ja c o b estivesse d o rmind o . Atuo u p o r instinto lhe b elisc a nd o o o m b ro , fazendo despertar bruscamente mas a sensação de pavor seguia enchendo-a e soube que não era momento para aprimoramentos. —Ai. Que caralho...? —Sai de cima. Ja c o b resp o nd eu ime d ia ta m ente , o tom d e sua vo z lhe o b rig o u a o b ed ec er se m p erg unta r. Sa iu d a c a m a e os m o vim ento s rá p id o s e p rec iso s c o m q ue rec o lheu sua s ro up a s p usera m Ja c o b em m o d o d e a lerta tota l. Desd o b ro u seus instinto s enq ua nto sa ía d a c a m a e se a g a c ha va no c hã o . Coloc o u a s c a lç a s enq ua nto Bela , vá rio s p a sso s a d ia nte d ele , esc a la va a o estreito m a rc o d a ja nela q ue ha via so b re a cabeceira e se b a la nç a va so b re o s calcanhares no marco. Me espere. Ordenou-lhe. Pode senti-lo? Não. Me diga o que sente. 111
Não sei. É... escuro. Sinto... o mal. Olhou e ela levo u o s d ed o s à líng ua tenta nd o ver na esc urid ã o . Sentiu o q ue estava p ro c ura nd o. Esta va sa b ore a nd o o inc o nfund ível sa b o r fo rte d o sa ng ue na b o c a , m a s nã o era seu sangue. É uma ilusão. Recorda-o. Sua empatia é a realidade de outra pessoa, não a tua. Ja c o b se c o lo c o u d etrá s d ela , te nta nd o ver p o r c im a d e seu o m b ro , tenta nd o enc o ntra r o que a tinha apanhado . De repente, Bela ofegou e se virou. Mas era tarde, só um instante tarde. O intruso q ue tinha e ntra d o na ha b ita ç ã o o sc ilo u na esc urid ã o q ue d eu c o m a p a rte d e trá s d a c a b e ç a d e Ja c o b e o m a nd o u estela r se c o ntra o a p a ra d o r a o la d o d a c a m a . Bela g rito u e d esc eu d e um sa lto d o marco o nd e esta va enc a ra p ita d a fa ze nd o c onta to p re c iso c o ntra a m a levo lênc ia q ue tinha d errub a d o Ja c o b . Estrelo u a s m ã o s c o ntra seu p eito , a g a rra nd o a roup a c o m o s p unho s, lhe puxando p a ra frente enq ua nto a fund a va seu jo elho no vulnerável ventre. Então lhe empurrou para trás e deu com a mão aberta no nariz do atacante. O inva so r retro c ed eu, m a s lig eira m ente. Recuperou-se rá p id o c o nsid era nd o a fo rç a d o a ta q ue. O intruso b a la nç o u o b ra ç o , lhe d a nd o um m urro tã o fo rte no ro sto q ue a c a b e ç a jogou p a ra trá s. Bela esta va p a sm a d a m a s em a lg um a p a rte d e seu c ére b ro era c o nsc iente d e q ue esta va ferid a tã o so m ente um a fra ç ã o d o q ue p o d eria esta r. Ata c o u-a d e no vo e lhe b lo q ueo u c o m o s b ra ç o s; la nç ou-lhe um m urro e ela d eslizo u ra p id a mente fo ra d e seu a lc a nc e e então disparou o canto da mão com força contra a vulnerável garganta. O g rito d e d o r e ra m a sc ulino e d urou p o uc o . Ava nç o u e a a g a rro u p elo c a b elo , a tira nd o tã o fo rte q ue d eu um a vo lta d e 180 g ra us so b re o s calcanhares. Esta va c a ind o p a ra trá s, desequilibrada, no b ra ç o s d e seu inim ig o q ua nd o um a estra nha luz a zul inva d iu a ha b ita ç ã o destacando a mão levantada que se dirigia a sua garganta. —Puta Demônio — vaiou, tossindo pela satisfação de seu último golpe. O raio azul de magia que saiu de seus dedos a alcançou com uma dor espantosa que fez com que todo seu corpo se convulsionasse, cada cabelo arrepiou pela carga elétrica. —Seu nom e! Me d ig a seu no m e ! —soltou-lhe o c a b elo c o m o b ra ç o a o re d o r d a g a rg a nta a fo g a nd o -a enq ua nto la nç a va o utro ra io d e energ ia a tra vés d e seu c o rp o . A a g a rro u durante um comprido minuto antes que terminasse e a deixou cair brandamente sujeitando-a. —Me diga seu nome ou lhe m ato. —Nunca — g ra snou sem ne m seq uer sa b er p o r q ue d everia p ro teg er o no m e d e Ja c o b d este m o nstro . Quã o únic o sa b ia era q ue , se nã o se lib erta va lo g o , ia desmaiar p o r fa lta d e oxigênio ou ele ia fritar por dentro. Afrouxou seu agarre para poder tirar uma faca da manga e colocar na garganta. —Isto co nta, puta Demônio? —Apertou o fio contra sua carne . — É fe ito d e ferro . Asseguro-lhe q ue te m to d os o s fe itiç o s ne c essá rio s p a ra te sep a ra r a 112
cabeça dos ombros. Fo i entã o q ua nd o Isa b ella c a iu na c o nta d e q ue a c red ita va q ue era um a Demônio. De repente, isto se converteu em uma vantagem e gritou como se o ferro lhe estivesse fazendo mal. —Sim , isso . Dó i verd a d e? Ag o ra m e d ig a seu no m e o u lhe m a to . E d e p o is d e te m a ta r, matarei a seu amante. Olhe! Girou-a p a ra q ue p ud esse ver Ja c o b a tira d o no c hã o . Inc lusive c o m sua m a g ia , fez com q ue a ha b ita ç ã o se ilum ina sse p a ra q ue p ud esse ver o sa ng ue q ue se estend ia a o red o r d o corpo de Jacob. O imenso vazio de seus pensamentos a horrorizou muito mais que a vista de seu sa ng ue. O p â nic o b ro to u em um rinc ã o d ista nte d e sua m ente e o c o ra ç ã o lhe d o eu em resposta, mas separou de sua mente zangada e enfocou. —Aposto q ue te p erg unta c o m o lhe red uzi tã o fa c ilm ente. Bo m , sa b erá se nã o a b rir e ssa tua boca e me diz seu nome! —Seu nome... —grasnou. —Sim, diga me disse ele ansiosamente. —Bond, James Bond. Isa b ella jo g o u p a ra trá s a c a b e ç a , lhe e sm a g a nd o o ro sto c o m o c râ nio . Co m o im p a c to viu estrelas, m a s a g a rro u a m ã o q ue tinha a fa c a e lhe g o lp eo u o m a is fo rte q ue p ô d e. Chio u m a s ela a p erto u a m a nd íb ula a té a fa c a c a ir d e seus d e d o s. Entã o g irou e lhe d eu uma joelhada na entre p e rna c o m sua fo rç a rec é m d esc o b erta . Ca iu no c hã o c o m o utro c hia d o , retorcendo-se d e d o r, c o m a s m ã o s e m sua s d o lorid a s p a rtes. Isa b ella jo g o u o c a b elo p a ra trá s e olhou ferozmente a sua vítima. —Que tenha uma boa mudança de sexo, filho da puta. Jog o u o p é p a ra trá s e lhe d eu um a p a ta d a na c a b e ç a . Perd eu o s sentid o s c o m um g em id o , a c a b e ç a c a iu e fic o u o lha nd o p a ra ela . Deu-lhe fo rte em sua s p a rtes c o m o p é sabendo que seria impossível fingir que estava inconsciente dadas as circunstâncias. Sa tisfeita , d eixo u-se c a ir a o la d o d e Ja c o b se m d a r-se c o nta d e q ue esta va d e jo elho s so b re seu sa ng ue . A d é b il luz, p roc urou a ferid a d e o nd e p ro vinha . A p rinc íp io , p enso u q ue era sa ng ue d a b o c a , a p a rentem ente p o r ha ver m o rd id o a líng ua q ua nd o g o lp eo u a c a b e ç a a o cair contra o aparador. Até que deu a volta e se deu conta que tinha uma profunda navalhada no o m b ro e a p a rte d e trá s d a c a b e ç a . Esta va m e m linha a um a c om a outra , a ssim fo sse o que fo sse q ue lhe tinha cortado, e ra c o m p rid o e a fia d o . Certa m ente a lg um a c la sse d e fio m a lig no . Provavelmente feita de ferro. Isa b ella c o m e ç o u a sentir um a firm e p ressã o d e m ed o no p e ito . Rec o rd a va ter lid o q ue o ferro e m m ã o s d e um nig ro m a nte p o d ia m a ta r um Demônio. O ser m a g nífic o e vita l c o m o q ua l tinha fe ito a m o r tã o inc rivelm ente fa zia um m o m ento p o d eria muito b e m esta r m o rrend o e m seus braços. —OH, por favor —rezou com um soluço,— que Legna me ouça. LEGNA! Sua m ente g rito u o nom e d a Demônio Em p á tic a c o m a d o r d e seu c o ra ç ã o uivando ao fundo. LEGNA! me ajude! 113
Leg na d eu um c o ic e na c a d e ira , fa zend o q ue No a h leva nta sse a vista d o ta b uleiro d e xa d rez q ue ha via e ntre eles. Fo i a c o r d o ro sto e No a h so ub e im e d ia ta m ente q ue a lg o ia extremamente mal. —Legna? —Isabella... Noah ficou em pé com uma sacudida, rodeou a mesa e ficou a trás de Legna. —Me diga. —Está aterrorizada... Jacob. Algo terrível aconteceu a Jacob. Necessita-nos. Isa b ella esta va so luç a nd o q ua nd o No a h e Leg na se m a teria liza ra m d ra m a tic a m ente e m m eio d a ha b ita ç ã o . O p rim e iro q ue fez No a h fo i la nç a r um a b o la d e fo g o p a ra o teto , deixando-a ino c ua m ente susp ensa p a ra q ue a luz iluminasse a c ena . Leg na fo i d ireto a o la d o d e Isa b ella e c o m eç o u a c ho ra r b ra nd a m e nte q ua nd o viu Ja c o b e tod o o sa ng ue p ulveriza d o a o re d o r. No a h se d eu c o nta em seg uid a d o o utro m a c ho q ue ja zia inc o nsc iente no c hã o . O aroma do nigromante golpeou fisicamente a Noah lhe revolvendo o estômago com o fedor. —Le g na , c ha m a Elija h —o rd eno u. Dep o is o lho u Ja c o b . Ap erto u o s lá b io s a té fo rm a r c o m eles uma sombria linha. — E Gideon. Legna ofegou, olhando seu irmão como se estivesse em estado de choque. —Tem que haver outro médico, Noah. Gideon despreza Jacob. —Não há outro mais ancião, nem mais sábio, nem mais capaz que Gideon. Lhe chame. —Não responderá. —Sim o fará. Lhe chame. Me obedeça. Já. Leg na o fe g o u e se a fa stou d o s o utro s p ro c ura nd o um p onto a fa sta d o o nd e p ud esse concentrar-se em sua ta refa . No a h se a joelhou junto à Isa b ella q ue se b a la nç a va lig eira m ente em sua d o r, sua s p e q uena s m ã o s p ressio na va m a s ferid a s d o c o rp o d e Ja c o b em um intento d e frear o fluxo de sangue. —Como aconteceu? —Não sei —soluçou. — Ne m se q uer sentiu a o nig ro m a nte. Eu sim , m a s ele nã o . Nã o c o m p reend o . Ja c o b p o d e sentir algo. —Essa é um a d e m uita s p erg unta s, Isa b ella . Ag o ra m esm o va m o s ter q ue no s c o nc entra r em c o nseg uir um m éd ic o p a ra Ja c o b e d e p o is tem os q ue p ô r o m o nstro em c ustó d ia . Pro m eto te que não descansarei até que tenha respostas. —Não fazia mais que me perguntar o nome de Jacob — murmurou intumescida. — Por quê? Por que queria seu nome? 114
—Explicar-lhe-ei isso d ep o is — p ro m eteu No a h. Leva nto u a c a b e ç a q ua nd o um a viole nta b risa so p ro u p ela ha b ita ç ã o , enrosc o u-se e se c o nverteu em Elija h. O g uerre iro jo g ou um rá p id o olhar pela habitação e lançou um olhar a Noah. —Elijah — chamou Noah levantando a mão. — Leve ao nigromante daqui. Elija h a ssentiu e c o m um g o lp e d e pulso, e le e o nig ro m a nte se d esva ne c era m e m um a ra ja d a d e vento . Lo g o q ue Elija h se esfum o u, um Demônio q ue Isa b ella nã o tinha visto nunc a apareceu em um redemoinho de fumaça e enxofre justo onde Legna foi e tinha reaparecido. Os o lho s d e Isa b ella se a b rira m c o m o p ra to s q ua nd o viu o m a c ho d e c a b elo p ra tea d o p ela p rim eira vez. O c a b elo esp esso e a té a a ltura d o s o m b ro s c o ntra d izia o s traç o s d e um ho m e m d e nã o m a is d e q ua renta a no s e c o m um a g ra nd e p siq ue vita l. Deu-se c o nta d e q ue a q uele era Gid eon e ta m b é m d e q ue era c o m c erteza , m uito m a is velho q ue q ua lq uer d o s q ue esta va m na ha b ita ç ã o . Notava-se e m seu p o rte e na m a neira q ue e xa m ina va o c a o s d a ha b ita ç ã o c o m o lho s sereno s e c a lm o s. Olho s ho rrip ila ntes q ue fa zia m conjunto com seu cabelo prate a d o . Inc lusive se nã o tivesse o uvid o No a h, teria sa b id o q ue tinha um p o d er trem end o . Cheirava a poder. Seus olhos a enfocaram, contraindo as pupilas ligeiramente. —Uma humana. —Pelo a m o r d e Deus — sa lto u Isa b ella c a nsa d a d o s Demônios q ue fa zia m essa d istinção, como se fosse portadora de uma praga. — Sim, sou humano. E também vou encher o saco se não ajudarem Jacob rápido. —De Nova Iorque. —Gideon notou seus olhos movendo-se rapidamente pela forma inerte de Jacob. — Lhe feriram com um fio de ferro. Enfeitiçado . Até que não levantemos o feitiço, a ferida se manterá aberta e sangrando. Seus intentos de conter a hemorragia com as mãos são inúteis. —Noah — d isse Isa b ella b ra nd a m ente va ia nd o a s p a la vra s a tra vés d o s d entes apertados—,diga a e ste imbecil q ue c ure a Ja c o b o q ua nto a ntes p o ssa o u eu vo u c huta r seu sagrado traseiro por todo o continente. Uma sobrancelha chapeada se elevou com curiosidade. —É bastante impertinente para ser uma Druida —comentou Gideon. A c a b e ç a d e No a h se elevo u d e re p e nte c o m o s o lho s a b erto s e m um evid e nte choque... —Sabe que é uma Druida? Como sabe? —É b a sta nte fá c il, a sseg uro -lhe isso . —Gid eo n se a ntec ip o u a p ró xim a a m e a ç a enfurecida da mulher com a mão levantada e se ajoelhou ao lado do Executor. — É m elho r q ue esteja inc o nsc iente. Im a g ino q ue nã o a d o ra rá sa b er q ue so u eu q ue m vai curar lhe. 115
—Não te guarda rancor, Gideon — disse Noah pausadamente. — De fato, seu auto-exílio lhe pesou bastante. Gid eo n nã o resp o nd eu. Toc o u o p á lid o ro sto d e Ja c o b c o m um a c a ríc ia q ue q ua se se p o d ia c o nsid era r a fe tuo sa . Os o lho s d o a nc iã o se fec ha ra m e d e ixo u e sc a p a r um c o m p rid o fô leg o . Isa b ella o feg o u q ua nd o a s ferid a s so b sua s m ã o s c o m e ç a ra m a fe c ha r-se . Fe z um ruído de alívio misturado com um soluço. —Necessita sangue. Vêem, Noah. No a h se a d ia nto u e se a jo elho u a o la d o d e Gid eo n sem va c ila r. Estend eu seu b ra ç o e Gid eo n o sujeitou c o m um a m ã o p o r c im a d o p ulso enq ua nto a o utra m ã o p ro c ura va o b ra ç o esq uerd o d e Ja c o b d a m esm a fo rm a . A c o r fla m ejo u na s feiç õ es d e Ja c o b enq ua nto se d esva nec ia d a s d e No a h. Isa b ella era c o nsc iente d e q ue esta va p resenc ia nd o a lg um a c la sse d e tra nsfusã o , um a q ue nã o nec essita va a g ulha s, e sem a m e a ç a s d e c o nta m ina ç ã o d o exterior. Era incrível e estava mais que agradecida quando Jacob por fim se moveu. —Levará a cicatriz para sempre. Isso não posso curar — admitiu Gideon com pesar. —Nã o im p o rta — sussurrou Isa b ella a c a ric ia nd o m e ig a m ente o c a b elo e o ro sto d e Jacob. Ele grunhiu brandamente e ela se inclinou para posar os lábios sobre os seu. — Jacob, Jacob... — sussurrou beijando sua boca uma e outra vez. Gid eo n la nç o u um elo q üente o lha r a No a h, m a s nã o d isse na d a so b re a inc rível iro nia d o Exec uto r tend o um a m ulher hum a na q ue o to c a va e b eija va c o m um a ó b via intim id a d e e afeto. —Nã o d esp erta rá a ind a . Pre c isa d esc a nsar. —Gid eo n p a sso u um a m ã o so b re Ja c o b q ue rapidamente relaxou e começou a dormir. — Sug iro q ue o levem a um lug a r seg uro . Se um nig ro m a nte o e nc o ntro u a q ui p o d e fa zêlo outro. —Levá-lo-ei a minha casa — assegurou Noah ao médico. —Outro? Quer dizer que pode haver mais de um? —Perguntou Isabella. — Pensei que só havia um nigromante. —Nunc a ho uve só um . De q ua lq uer fo rm a vo c ê... é um a c urio sid a d e sing ula r. Um híb rid o d e hum a no e d ruida. —Ala rg o u a m ã o c o m o se fosse a tocá-la e se viu rec o m p ensa d o c o m um m ovim ento extrem a m ente rá p id o q ue a c a b o u c o m seu p ulso a p a nha d o e reto rc id o . Entreta nto , nã o re a g iu à d o r, só leva nto u um a so b ra nc elha c o m c urio sid a d e. Em um m o vim ento igualmente rápido rompeu seu agarre e agarrou o pulso dela. Isabella ofegou ao disparar uma luz branca desde seu braço até seu corpo. —O nigromante tentou te eletrocutar e entretanto sobreviveste —murmurou Gideon. —Sara ra p id a m ente. Seu sa ng ue é m uito p e c ulia r e... — Gid e o n d eixo u d e fa la r e p e la primeira vez sua expressão era de clara surpresa. — Você não é mortal. 116
- O que? —Gideon... —advertiu Noah. Gideon olhou Noah com dureza. —Sabia —lhe disse diretamente. —O que? —Isabella balbuciou. — Nã o sa b ia na d a . Nã o há na d a q ue sa b er. So u hum a na e c o m o ta l, m o rta l. Lhe cruzaram os cabos, cara . —É im p o ssível —d isse Gid eo n. Isa b ella tinha a ne c essid a d e urg ente d e lhe esb o fete a r. Devia por lhe haver retorcido o pulso. —Noah, nos tire daqui —rogou Isabella. — Quero Jacob a salvo. Já. —É obvio. Já haverá tempo de falar quando Jacob estiver mais forte. Dito isto , Noa h se inc lino u so b re Isa b ella e Ja c o b e o s toc o u e o s três desapareceram em uma coluna de fumaça que logo se desvaneceu da habitação. Gid eo n se erg ueu em to d a sua esta tura o lha nd o-o s enq ua nto se d esva ne c ia m na noite. Entã o vo lto u seus o lho s d e d ia m a nte a té q ue se estreita ra m o lha nd o a fêm e a De mo nio q ue p erm a ne c ia silenc io sa e im ó vel e q ue tinha p a ssa d o d esp erc e b id a . Co nsid erá vel fa ç a nha tendo em conta sua notável beleza. —Tem-te feito forte, Legna — constatou calmamente. —Em só uma década? Estou segura de que não há tanta diferença. —Teletransportar-m e d esd e tã o lo ng a d istâ nc ia re q uer g ra nd e d estreza e fo rç a . Sa b e muito bem. —Ob rig a d o . Tere i q ue m e lem b ra r d e m e sentir d é b il e p a lp ita nte p o r d entro a g o ra q ue me fez um elogio completo. Gideon estreitou os olhos friamente. —Fala como essa sarcástica humana. Essa não é você. —Falo como eu mesma. —Contradisse-lhe Legna, a irritação rangia em seus pensamentos e a emoção transbordava seu controle. — Ou esqueceste que sou muito imatura para seu gosto? —Nunca te disse tal coisa. —Disse . Disse q ue era m uito jo vem p a ra nem se q uer c o m e ç a r a te c o m p reend er.— Levantou o queixo, tão perdida em seu orgulho ferido que falava antes de pensar. — Ao m eno s nã o fui tã o im a tura p a ra q ue Ja c o b tive sse q ue m e c a stig a r p o r a c o ssa r um humano. 117
A c oluna d e Gideon ficou extremamente reta, os olhos cintilavam advertindo-a enquanto ela pinçava na ferida ainda aberta. —A m a turid a d e nã o tem na d a q ue ver c o m isto e sa b e m uito b em . Está m uito p o r a baixo de você ser tão mesquinha, Magdelegna. —Já vejo , a g o ra esto u me a rra sta nd o p ela s b o c a s-de-lo b o nã o ? Que infa ntil q ue so u. Como pode me suportar? Tenho que partir imediatamente. Antes q ue Gid eo n p ud esse resp o nd er, Leg na esta lo u em fum a ç a e enxo fre , desaparecendo, m a s seg uia o uvind o sua risa d a na c a b e ç a . Gid eo n susp iro u rec o nhec end o q ue sua risa d a e ra um a b rinc a d eira p a ra lhe rec o rd a r q ue c o m sua p a rtid a ta m b é m tinha d esa p a rec id o seu m e io d e tra nsp o rte p a ra c a sa . Nã o o b sta nte , e sta va m a is p erturb a d o a o d a rse c o nta d e q ue , o utra vez, nã o tinha lhe d ito o c o rreto . Po ssivelm ente a lg um d ia p o d eria conseguir falar sem zangá-la. Entretanto, não acreditou que isso fosse acontecer neste milênio.
CAPÍTULO 7 Jacob despertou com a sensação de que estavam tocando-lhe o ventre com suavidade, d elic a d a m ente e sem p ressa . So rriu, c he ira nd o seu p erfum e a ntes d e volta r-se p a ra o lhá -la. Enred ou o b ra ç o so b re o q ue ela se a p o ia va e m seu o m b ro , a p ro xim a nd o m a is seu c o rp o quente e enterrou o rosto no sedoso ninho de seu cabelo. —Jacob —sussurrou. Esc uto u o so luç o q ue ela tento u a fo g a r c o m a m ã o e fic o u m uito q uieto . As lá g rim a s q ue tinha d erra m a d o so b re ele c o nfirm a va m o s q ue seus sentid o s já tinha m a d ivinha d o e se a fa sto u para pôr suficiente distancia entre eles para poder ver lhe o rosto. —Por q ue chora florzinha?—p erg untou a c a lm a nd o -a c o m a vo z enq ua nto seus d e d o s recolhiam uma das gotas salgadas e logo outra. Então foi quando viu os sinais em seu rosto. Rec o rd o u tud o. Levantou-se b rusc a m ente c olo c a nd o -a a sua s c o sta s enq ua nto o lhava a seu red o r g ro sse ira m ente. Re c o nhec eu a ha b ita ç ã o e m seg uid a , a s p a red es d e p ed ra pertenciam inconfundivelmente à c a sa d e No a h. O fa to fez com q ue a fro uxa sse um p o uc o a tensão de seu corpo. Voltou-se para olhar Isabella, a qual se aferrava a suas costas. —Está bem?—perguntou inspecionando-a ele mesmo. Qua nd o a ssentiu, fic o u a vista o sinal d e seu p esc o ç o . Ag o ra era um a d éb il m a rc a verm elha no lug a r o nd e a fa c a tinha ro ç a d o sua c a rne , um a linha d e uns sete c entím etro s, m a s não passava despercebida. Tantas emoções varreram Jacob a vista da cicatriz que não pôde identificar uma sozinha. Tud o o q ue p o d ia fa zer era a fe rrá -la c ontra seu p e ito se m p a la vra s, esp re m ê-la em um fervente a b ra ç o , c o m o fô leg o estrem e c id o p elo m e d o a tra sa d o e a ind ig na ç ã o a nte o fa to d e q ue a tinha m ferid o. E o p io r, tinha sid o d ia nte d e seu na riz. A luz da lógica, o advertia p ensa r q ue , m a s bem tinha sido ela a quem tinha lhe salvo, outra vez, da ameaça da escuridão.
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A a p re c ia ç ã o nã o d eixo u ileso seu eg o , m a s esta va m a is d o q ue a livia d o q ue estivessem na c a sa d e No a h e junto s. Pô s Isa b ella e m seu reg a ç o , c ruza nd o a s p erna s so b seu tra seiro e embalando-a mais perto, balançando-a gentilmente, clamando-a. —Boa garota—lhe disse elogiando-a em voz baixa. — Shh, está b e m . Esse b o d e e sg rim id or d e m a g ia nã o teve nenhum a o p o rtunid a d e contra minha pequena Executora . Shh, Bela, estamos a salvo por agora. —Pensei que te tinha matado. Havia tanto sangue. Estava por toda parte. Sobre mim. Ja c o b fez um g esto d e d o r, se u p eito se c o ntra iu c o m o se tivesse rec e b id o um g o lp e no esterno . Sentiu sua d o r, sua a ng ústia e o choque intumescedor d e ver-se c o m o ela o tinha visto . O inc id ente inteiro vo ltou a p a ssa r p o r sua m e m ó ria e se viu fo rç a d o a vê-lo d esd o b ra d o e m sua s m entes unid a s e um a vez m a is inc a p a z d e a jud á -la . O d esp rezo d e si m esm o o a g uilho o u, embora se sentisse o rg ulho so d e sua s resolutas a ç õ es. Tinha feito tud o b e m , lhe sa lva nd o a vid a e sabia que recordar lhe aliviaria. Fê-lo, sussurra nd o b ra nd a m ente em seu o uvid o enq ua nto a b a la nç a va , adulando-a em vo z b a ixa , a fa sta nd o -a c o m sua s p a la vra s d o m ero feito d e lhe ver fe rid o e p erto d a m orte . Sabia que tinha estado muito perto para que Noah tivesse chamado Gideon. Isa b ella esta va se a c a lm a nd o e m seu a b ra ç o , seu p ra nto se re d uziu a um interm itente c ho ra m ing o . Ao d im inuir sua d o r, sua s m ã o s c o m e ç a ra m a m o ver-se so b re ele , lhe to c a nd o , to m a nd o sua tem p era tura , sua vita lid a d e , o fa to d e q ue resp ira va e esta va vivo e q ue d e novo era fo rte e p o d eroso c o m o se m p re tinha sid o. Ja c o b se d eu c o nta d a incrível ironia de tudo isto, vend o c o m o a s d ua s vezes q ue lhe tinha visto em c o m b a te tinha term ina d o se m se ntid o . Trê s vezes, se c o nta va q ua nd o Elija h ha via lhe caído e m c im a , m a s tinha q ue a d m itir q ue nã o tinha estado muito centrado nesse momento. —Está sendo muito duro contigo mesmo. Sua vo z ia à d eriva sob re ele placidamente, seus lá b io s d e ixa va m b e ijo s c a rinho so s e m seu p esc o ç o . Susp iro u p ro fund a m ente p a ssa nd o a s m ã o s so b re ela tra nsm itind o q ue nã o necessitava consolo. Era ela que o necessitava. —Posso a c eita r q ue tenha na sc id o p a ra luta r a meu la d o , Bela m a s é d ifíc il a c e ita r q ue tenha q ue te va ler p o r você m esm a q ua nd o eu so u o c o m p a nhe iro m a is fo rte e c o m m a is experiência dos dois. Ela leva nto u a c a b eç a d eixa nd o d a ta refa d e mordiscar o p esc o ç o e lhe b usc o u o s olhos. —Jacob, o cara te deixou inconsciente. Não tem culpa. —Deveria ha ver sentid o a lg o . Haver sentid o seu cheiro, ha ver o uvid o . Qua nd o p enso no que teria podido te acontecer... —Deixa. - d eslizo u so b re o s jo elho s e lhe em p urro u p a ra trá s lhe a m e a ç a nd o c o m o o lha r enquanto estava debaixo dela. — Te vejo m a is c la ra m ente d o q ue voc ê vê a si m esm o . O todo-poderoso Exec utor—Fez um ruído muito pouco delicado. 119
— Não é mais que um policial Demônio. E os policiais, a pesar de todo o treinamento, toda sua exp eriênc ia , a s vezes se enc o ntra m c o m o cara equivocado, no d ia e q uivo c a d o , no momento equivocado e lhes vem em cima. Isso passa, Jacob. —Isso não é desculpa. —Quem necessita desculpas? Assim são as coisas. Pensa que estaria viva se não houvesse estado naquele armazém comigo? —Quer dizer, se não tivesse incitado te a agir? —Ma ld ita seja , Ja c o b , c urta o c ilind ro . Esto u fa rta d isto . Esto u fa rta d e q ue te m eno sp reze e estou d up la m ente fa rta d e q ue o utro s lhe m eno sp rezem . Fa z c um p rir a s leis, c a stig a aqueles q ue a s q ueb ra m e d estró i a quanto s c rim inoso s q ue têm q ue ser d estruíd o s. Alg um a s vezes p o r vonta d e , a lg um a s vezes nec essita a jud a , a lg um a s vezes... a h, e sto u tã o c o ntente d e ter esta d o a li p a ra e vita r o “ a lg um a s vezes p erd e” , Ja c o b , p o rq ue nã o sei o q ue fa ria se...—c alou-se a b rup ta me nte esfreg a nd o a b a se d a p a lm a d a m ã o energ ic a m ente p elo s o lho s p a ra d eter a umidade que estava se armazenando ali outra vez. —E me deixe te dizer algo, Jacob. Se terminar sendo uma desses policiais Demônio, certas a titud es vã o ter q ue muda r. Entend e? Chamam-se rela ç õ es p úb lic a s e se a s p esso a s não começarem a rela c io na r-se c o m vo c ê c o m o d e vid o resp eito em se g uid a , vã o ter q ue resp o nd er a nte m im . Estou a té o na riz d a fo rm a como lhe tra ta m e ta m b é m esto u a té o na riz d e q ue se re fira m p a ra m im c o m o “ a hum a na ” d a m esm a fo rm a q ue p o d eria m d izer “ a va río la ” . Sua g ente é enrijec id a , esno b e , c heia d e idiotices p rejuízo s e nec essita m d e alguém que lhes dê lições de educação. —Já vejo —disse brandamente, com um tom de diversão na voz. —O q ue “ vê” ?— Perg untou senta nd o -se so b re o s calcanhares e c ruza nd o o s b ra ç o s embaixo d o peito na defensiva. —Vejo — rep etiu senta nd o -se e fic a nd o na riz c o m na riz c o m ela —, e o q ue querem d ize r c o m: “ Está fo rm o sa q ua nd o te za ng a ” —particularizou a ob se rva ç ã o p a ssa nd o a s m ã os p elo esp esso c a b elo d e sua nuc a e inc lina nd o -a so b re sua b o c a . Beijo u-a sua ve m a s profundamente, deixando-a sem fôlego e ruborizada quando se apartou para olhá-la. —Ah, isso —murmurou sem fôlego. —E isto. Vo lto u a to m a r sua b o c a , e sta vez d esliza nd o a líng ua d e p o is d o s exub era ntes lá b io s, a p o rrinha nd o a o c o m p a nheiro q ue esc o nd ia , e m p urra nd o -a a jo g a r c o m ele d entro d e sua b o c a . Ela susp iro u fra c a m ente, seu d o c e fôleg o d esliza nd o -se d elic io sa m ente so b re suas p a p ila s. Resp o nd ia-lhe tã o fa c ilm ente , tã o c o m p leta m ente , se m esc o nd er na d a e se m vacilação, como sempre. Sua fé nele era absoluta. Afastou-se d e seus tenta d ores lá b io s reluta ntes, flexio na nd o a s m ã o s em p unha d o s d e seu sed o so c a b elo . Pressiono u a b o c a c o ntra sua fro nte, sua s b o c hec ha s, sua s esp essa s p esta na s, esc uta nd o c o m o resp ira va e d ep o is c o m o seu fô leg o p a ra va esp era nd o c o m a ntec ip a ç ã o quando ele se dirigia para um novo objetivo. O to q ue d e seus d ed o s, c o m o o s d e um a fa d a , esc o rreg a va p or sua p ele o utra ve z, riscand o a s c urva s e a s c rista s d o s m úsc ulo s d e seu p e ito nu fa zend o com q ue to d o s e c a d a 120
um d eles se sacudissem c o m a estim ula ç ã o . Ja c o b soltou seu c a b elo e a s pontas d e seus d ed o s se deslizaram por cada lado da flexível curva de sua mandíbula até que se encontraram em seu q ueixo . De sc eu p o r sua g a rg a nta , a c a ric ia nd o b ra nd a m ente o s sinais rec entes e a linha verm elha o nd e a fa c a a tinha cortado. Nã o sa b ia q ua nta s ho ra s tinha esta d o inc o nsc iente , q ua nta s ho ra s tinha leva d o ela c ura ndo-se a ntes q ue p ud esse ver a ferid a . Pa ra c o m eç a r, nã o queria pensar quão profunda podia ter sido. Para. Por favor. Doeu-te muito, coração? Está bem? Estou bem. É estranho, não me doeu nem a metade do que se supõe que devia me doer. Ba sta nte g ra c io so , c o nsid e ra nd o c o mo esta va a c o stum ada a uiva r q ua nd o m e c o rta va c o m um papel. Né, eu me cortei com papel. Dói como uma cadela. Ela riu e o b rilha nte esta lo fez q ue sua a ng ústia se d issip a sse , d e ixa nd o o so rriso só feito d o som. —Sabe o que? —O que?—Perguntou ele. _ Acredito que realmente começo a te ter aqui, dentro da cabeça. _ Só na c a b e ç a ? Ac o m p a nho u a p erg unta c o m um p uxã o q ue a sento u m a is d entro d e seu reg a ç o , ig ua la nd o c a lo r c o m c a lo r, fa zend o -a d a r-se c o nta d e c o m o lhe exc ita va se m sequer tentá-lo e provavelmente sempre o faria. —Jacob —a rreg a nhou c o m um a risa d a b o b a a p e sa r d e seus esfo rç o s p a ra lhe repreender. — Já não estamos em sua casa. —E o q ue ?—Perg unto u b a ixa nd o a c a b eç a p a ra b e ijá -la entre o s p e ito s em um preguiçoso jogo de lábios e língua. —Vale, por um lado Legna pode ler nossos pensamentos. —E o q ue?—Perg unto u d e no vo d etend o -o justo em sua b rinc a d e ira p a ra exib ir um d eixe de travessura cintilando em seus olhos escuros. —Chupa-m e ela riu q uerend o lhe d a r na c a b eç a m a s d e a lg um a fo rm a term ino u enredando os dedos em seu rico cabelo. —Seus desejos são ordens —disse ele enquanto mordiscava em sua blusa e capturava um m a m ilo c o m a líng ua . Isa b ella e xa lo u um susp iro d e p ra ze r reto rc end o -se lig eira m ente p a ra lhe facilitar o acesso. —Vale, você chupa muito bem —disse sem fôlego. — Jacob... mmm... o que acontece Noah? —Que se b usq ue sua p ró p ria m ulher. Nã o p enso te c om p a rtilha r.— Co m esta s p a la vra s a c o lo c o u so b seu c orp o estend end o -a so b re a c a m a , o lha nd o -a c o m o se fo ra um a mesa d e bufê cheia de delicatessen. 121
— Um c o rp o tã o p e q ueno m a s te a justa tã o b e m a ele. Tã o c he io e sua ve o nd e d eve se r e tão suculento. Beijo u o ventre a tra vés d o tec id o e d ep o is a a p a rto u c o m um to q ue d a la rg a m ã o e a b e ijo u o utra vez. Ad ora va a fo rm a como c o ntra ía o estô ma g o e estrem e c ia , ele va va -se e o nd ula va enq ua nto a a to rm enta va c o m a b o c a , os lá b io s e a líng ua d esenha nd o c o m ele s contornos eróticos. Tocou com a boca a cintura de seu jeans, deteve-se e suspirou. “ Alg um a vez leva sa ia ? Bo m , p erd o a , m a s ultim a m e nte nã o estive em c a sa p a ra m e ocupa r d o g ua rd a -ro up a . Tenho so rte d e q ue Leg na tenha me em p resta d o isto o u te g a ra nto q ue nã o teria enc a nta d o em na d a com o esta d o d e meu c esto d e ro up a suja . E a g o ra d e ixa de aporrinhar e te dedique de cheio ao assunto dos beijos.” Ja c o b riu a m o rtec end o o esta lo d e p ra ze r na sua vid a d e d e se u estô m a g o fa zend o q ue se retorcesse baixo com a interessante vibração que lhe produzia. “Estiveste tentando me manipular desde que te conheci.“ “ Bom, se me escutasse não teria que te manipular.”
Ala rg o u a m ã o e lenta m ente so b o c into d e sua s c a lç a s, a b rind o -a p a ra revela r m a is d e seu delicioso ventre e o princípio dos cachos negros e amaciados. “ Ah, assim está melhor. Sem calcinhas.” Isa b ella riu entre d entes q ua nd o c o lo c o u a s m ã os d e b a ixo d ela e a g a rro u seu tra seiro m a ntend o q uieto s seus q ua d ris e nq ua nto a c a ric ia va c o m a b o c a a linha d esd e seu ventre a té seus cachos. “ O que está fazendo, Jacob? Intento averiguar quanto tempo vou levar para fazer com que pare de rir. “ No se g und o seg uinte tinha lhe tirado o je a ns ig no ra nd o p o r c o m p leto o fa to d e q ue estava tão aflita pela risada que se havia posto vermelha e arquejava tratando de respirar. “ Vale, pois deixa de me fazer cócegas. Assim é isso o estou fazendo? Então o deixo.” Ma nteve sua p a la vra . O seg uinte lugar o nd e lhe p ôs a b o c a nã o lhe fez c ó c eg a s a b so luta m ente. Isa b e lla o feg o u d e a sso m b ro d eixa nd o d e rir e seu c o rp o d eu um a sacudida. Ja c o b p a ro u, b a tend o a sa s a s la rg a s p esta na s revela nd o seus o lho s neg ro s o lha nd o-a diretamente enquanto brincava com uma delicada la mbida. —Jacob —disse com a voz enredada de trepidação e curiosidade. Sua s g ra nd es m ã o s se d esliza ra m p o r sua s c o xa s, fa zend o -a sentir vulnerá vel e tã o pequena enquanto lhe separava as pernas um pouco mais revelando seu centro como uma flor a nte sua b o c a e seus a c a ric ia ntes d ed o s. Isa b ella sentiu q ue d e re p ente , a ha b ita ç ã o d a va voltas ao seu redor e era arrastada a um vórtice de sensações e prazer completamente novo. Fo i um m o m ento m uito p ro fund o q ua nd o se d eu c onta d a e no rm id a d e d e a rte q ue 122
podia encontrar em fazer amor. Ou somente em fazer amor com Jacob? Estava tão seguro de si m esm o , tã o enfo c a d o em c a d a p e q ueno to q ue , c a d a sing elo d eta lhe, a c resc e nta nd o a m a g nitud e, a c resc enta nd o c a p a s p a ra c ria r to d a um a c o m p lexid a d e . Se a to c a va d e um a forma, saboreava-a de outra. Se fazia o mais ligeiro som de prazer ele o seguia, incrementava-o, subindo o volume até que a deixava muito perto de gritar. A q ueb ra d a o nd a d e nec essid a d e e m se us p ensa m entos e a rea ç ã o a sua resp o sta a a rra sto u enq ua nto p ro c ura va sua p ersp e c tiva . Esta va na mente d ele e p o r isso soub e c o m o seu sa b o r na líng ua d ele aguçava a s nec e ssid a d es d e sua b esta interio r. Iam à d eriva p elo eflúvio q ue era m seus c o ere ntes p ensa m entos c o mo m a rés d e no va s sensa ç õ es va rrid o s sob re seu c o rp o . Ta l p ra ze r, p a rec id o c o m o q ue já c o nhec ia , m a s tã o d iferente. Seus d ed o s insensíveis se flexio na ra m q ua nd o se enterra ra m em seu c a b elo , a eufo ria se aconchegava e m seu interio r c o mo um g a to à esp re ita ; um a p a rte d e la q ueria lhe g rita r q ue se detivesse q ue nã o p od ia suportá-lo e a outra parte se retorcia e pedia mais. Era uma selvagem sob suas mãos e sua boca. Não podia estar quieta, constantemente se a rq ue a va e se reto rc ia , o s so ns sa ía m d ela c o m o esta lo s p rim itivo s enq ua nto a exc ita ç ã o a rra nha va seu c o rp o . Ele q ue ria q ue se lib era sse , q ue se eleva sse . Em p urro u-a a té o lim ite a turd id o p or sua c a p a c id a d e d e resistênc ia a ntes d e lib e ra r-se. Meteu-se em sua tó rrid a m ente a c resc enta nd o o m e nta l a o físic o , tra nsb o rd a nd o -a c o m im a g ens eró tic a s, um a a trá s d e o utra , d e sua s le m b ra nç a s d a p rim e ira vez q ue se unira m , d e c o m o se ha via sentid o q ua nd o se lib ero u dentro dela, uma sensação que não se podia comparar com nada no mundo. Isa b ella se a c end eu. Lhe a rq ueo u a s c osta s e m um esp a sm o c o m p rid o e inc o nc e b ível. Chio u e m um fô le g o q ue se g uia e se g uia q ua nd o sua lib era ç ã o c a va lg o u o to p o d o m und o enq ua nto o tem p o se fa zia p e d a ç o s interm ina velm ente. Lo g o q ue tinha d esc id o d a s a ltura s q ua nd o Ja c o b a c o b riu c o m seu c o rp o , c o m a b o c a p eg a g ro sseira m ente a sua , c o m p a rtilha nd o o sa b o r d e se u p ra zer e nq ua nto em p urra va d entro d e seu c o rp o c o m a brutalidade da urgência. As m ã o s d e Ja c o b se a ferra ra m vio lenta m ente a c a m a , a s unha s ra sg a va m audivelm e nte o tec id o enq ua nto se inund a va no c o rp o q uente e a c essível d ela . Bela g rito u; c a d a so m o fazia em p ed a ç o s red uzind o seu m und o à selva g eria d ela e a sua resp o sta , na d a salvo o b o m b e a nte ritm o d e sua p a ixã o q ue ela ig ua la va nã o só a c e ita nd o -o , m a s ta m b ém c o m a s p ró p ria s e urg entes d em a nd a s d e seu c orp o . A c a rne d oc e e a rd ente q ue o ro d e a va lhe a ferro u em um insistente a b ra ç o , tã o a p a ixo na d o e selva g e m q ue d up lic a va a se nsa ç ã o d e cada movimento que fazia em seu interior. Qua nd o d e re p ente lhe a p e rto u o utra vez, seu ro uc o g em id o d e êxta se lhe d esp ojo u d e qualquer rastro de prudência que ficava. Ficou em zona zero, um cataclismo de excesso que lhe voltou completamente do reverso. Derrubou-se so b re ela , q ue tinha o s b ra ç o s d éb e is caídos so b re a c a m a . Ja zera m junto s, o feg a nd o vio lenta m e nte c o m o s c o ra ç õ es p a lp ita nd o c o ntra o p e ito d o outro e o suo r encharcando-se no corpo dela, uma gota cada vez. Ja c o b vo lto u à c a b e ç a na c urva d e seu p esc o ç o q ue a g o ra lhe p a re c ia seu la r e so ub e o q ue sig nific a va esta r c o m p le to . Queria rir, g rita r, c ho ra r, d a nç a r, c a nta r e jura r em c a d a id io m a q ue sa b ia . A c onfusã o d e im p ulso s era tã o a b surd a q ue riu em b o ra estivesse se m fô leg o . Dep o is d e um o u d ois m inuto s a risa d a fo i m a is fá c il e m a is forte. Entã o a a g a rro u e a p ô s e m cima dele, assim podia estender-se por toda a amplitude da cama. Jogou a cabeça para trás e 123
riu até que as vigas rangeram. No a h olho u p a ra o teto d e p e d ra entre d entes. Sa b ia q ue p a ssa va a lg o a c im a q ua nd o Leg na tinha sa íd o d a c a sa c o m o se tivesse o s sa p a to s a rd end o e o p o ç o m a is p ró xim o estivesse a vá rio s q uilô m etro s. Sua s susp eita s se c o nfirm a ra m q ua nd o sua c a sa se c o nverteu no ep ic entro d e um terrem o to d e esc a la infe rio r. E a g o ra , esc uta nd o a Ja c o b rir d e um a fo rm a q ue nã o recordava ter o uvid o em m uito tem p o , sentiu um a g ra nd e c a lm a . O Destino , c o m o era sua vontade, tinha sido satisfeito. O Executor, o não amado, o indesejável... já não existia. —Amém—sussurrou Noah.
CAPÍTULO 8 O c hã o tre meu embaixo d a s b o ta s q ue c a lç a va Elija h, foi o únic o a viso d a c heg a d a d e Ja c o b . Olho u a o nig ro m a nte enc a d ea d o a o m uro c o m a s p erna s e stend id a s e so rriu c o m o um lobo. —Uh, Uh —grunhiu quando o chão voltou a tremer mais violentamente. Os o lho s d o nig ro m a nte se a la rg a ra m lig e ira m ente q ua nd o lhe c a iu na c a b e ç a polvilho d e g esso . Elija h se se ntou e seu so rriso c ruel a um ento u q ua nd o p ôs o s p és so b re a m esa q ue tinha em frente , c ruza nd o -o s p elo s to rno zelo s e b a la nç a nd o -se so b re a s p erna s tra seira s d a cadeira. Elija h elo g io u a Ja c o b p o r sua d ra m á tic a entra d a . O p ó q ue ha via no c hã o d o p o rã o erupcionou c o m o um vulc ã o jo rra nd o terra e um Demônio d a Terra p o d ero sa m ente d e saco cheio. De p o is c a d a p a rtíc ula d e terra fo i sug a d a p elo b ura c o q ue tinha feito Ja c o b , q ue se fechou como se nunca tivesse existido. Ja c o b flutua va a m e io metro d o c hã o e sua s neg ra s p up ila s fla meja va m d e a m e a ç a e ra iva , o p o d er p uro d e sua p resenç a p ressio na va o a r d a ha b ita ç ã o . Ja c o b p or fim to c o u o c hã o e o lho u a o nig ro m a nte d os p és a c a b e ç a se m d izer na d a . Olho u a Elija h p o r c im a d o o m b ro em um a m ensa g e m silenc io sa a o g uerreiro , lhe ind ic a nd o q ue já ha via sentid o a lg o . Elija h a ssentiu ed uc a d a m ente. Este nig rom a nte nã o era o q ue Ja c o b esp e ra va ver, nã o era o que estava no armazém. Embora isso não mudasse o fato de que este nigromante se colocou em sérios problemas. —É esta a criatura que ousou pôr as mãos em cima da minha companheira? É obvio que era, mas Elijah sabia apreciar uma boa encenação. Assentiu ante a pergunta d e Jacob com expressão adequadamente grave. —Não tenho feito mal a ele sabendo que esse é seu direito. Jacob voltou às costas ao nigromante. —Encontraste a arma com a que me feriu? —Não. Ainda não. —Nã o a e nc o ntra rá — d isse o nig ro m a nte c o m um to m m uito fa nfa rrã o p a ra um id io ta 124
encadeado a um m uro e a m erc ê d e d o is Demônios inc rivelm ente p o d ero so s, um d os q ua is estava claramente no humor para lhe esmurrar a cabeça. —Não importa. Não voltará a ter oportunidade de usá-la —disse Jacob brandamente. —Va lentes p a la vra s vind o d e um c o va rd e m uito a ssusta d o p a ra m e enfrenta r e m igualdade de condições —vaiou o nigromante. Em um a p isc a d a , Ja c o b tinha c o rta d o a d istâ nc ia entre eles e g runhia na c a ra d aquele q ue usava magia mostrando as presas que normalmente estavam retraídas. —Va lente estup id ez vind o d e um c o va rd e q ue tenta me a p a nha r utiliza d o uma fê m e a — grunhiu Jacob com raiva claramente contida. — Sa b e o q ue fa ze m o s d e m inha esp éc ie a o s d a tua q ua nd o a m e a ç a m a lg o q ue lhes é precioso? —Não sei o que quer que façam esses monstros — cuspiu o nigromante. — Fa ze m q ue p a reç a m c o m o nó s, m a s nã o eng a na m a ning uém. Vi o q ue re a lm ente parecem quando lhes despojam de seus disfarces. Outra vez Ja c o b la nç o u um b reve o lha r a Elija h. O g uerreiro b a ixo u o s p és a o c hã o tã o d e re p ente q ue o nig ro m a nte d eu um c o ic e d e m e d o . Qua nd o o c a p itã o g uerreiro se erg ueu em to d a sua esta tura mo stra nd o sua ra iva , teve ta l e fe ito q ue p o d eria sufo c a r a q ua lq ue r homem vivo . O c o lo sso lo iro p a rec ia p o d e r esm a g a r o m und o e ntre sua s m ã o s e seus b rilha ntes olhos esmeralda continham a raiva que necessitaria para fazê-lo. —Importar-te-ia exp lic a r c o m o viu isso ? —p erg unto Ja c o b , sua há b il vo z esc o nd ia claramente a ameaça atrás da pergunta tão educada. —Vi muitas coisas. —alardeou o nigromante. — Vi va m p iro s a b ra sa r-se a o so l, vi ho m ens lo b o explodir a o lhe s a lc a nç a r um a b a la d e p ra ta . Vi a o s d e sua esp éc ie esc ra viza d o s, b a b a nd o enc erra d o s em um sing elo p enta g ra m a d esenha d o no c hã o . A m a q uia g e m d e hum a no q ue leva c om e ç a a fund ir-se ra p id a m ente depois que foste convocado. —Re a lm ente , a g o ra sim va m o s m a ta r-te, nã o im p o rta q ua nto sa ib a . Seja o q ue seja , morrerá contigo — disse, encolhendo os ombros e e m óbvio deleite ante a idéia. —Esta bem, mas nunca agarrarão a todos. Fomos preparados para que nos apanhem. —Já vejo . Assim tem o s um a esp é c ie d e a sso c ia ç ã o nã o ? —Ja c o b so rriu d e no vo c o m esse sorriso dentuço. — Tenho seisc ento s a no s, nig ro m a nte. Te m um a lig e ira id é ia d e q uã o c o m p rid o é isso ? Vi os de sua espécie ir e vir. O Demônio que está frente a ti, conheceu mais formas de vencer a sua esp éc ie d a s q ue p o ssa im a g ina r—. Ja c o b se inc lino u tã o p erto d o ro sto d o nig ro m a nte q ue podia ver as bolinhas de sua íris. Haviam-lhe d ito q ue esta s c ria tura s d e m o nía c a s tinha m um a sso m b ro so p o d er. Tud o o q ue p rec isa va m era um no m e. Da va -lhes m a is p o d er q ue q ua lq uer o utro q ue tivessem a ssim ila d o , p enso u o nig ro m a nte enq ua nto o lha va o seu cobiçado alvo. Co nhec ia a s 125
p o ssib ilid a d es d e p o d er q ue tinha o re c ip iente q ue sujeita va e seu fra c a sso lhe fez g rita r c o m raiva em sua cabeça. —E a ind a c o m tod a esta lo ng evid a d e e to d o s no sso s p o d eres — c o ntinuo u Ja c o b c o m um to m eng a no sa m e nte intelec tua l, c o m o se estivesse d a nd o aula—, nó s nã o a m e a ç a m o s a s outras ra ç a s. A m eno s q ue um ind ivíd uo o u um a so c ie d a d e a tua nd o so b re no s d ê um a d esc ulp a . Ma s sua ra ç a tenta p erverter no sso s p o d eres p a ra usá -los vocês m e sm o s… c o m um p ro p ósito q ue nem seq uer q ue ro im a g ina r. Pelo q ue d iz, a nossa nã o é a únic a ra ç a a q ue perseg ue m , d estro e m m a lic iosa m ente e sem justific a ç ã o . Me d ig a , nig ro m a nte , q ua l d e nó s é o monstro? —Quer justificação?Olhe a vocês mesmos. Olhe como te encontrei. Ja c o b leva nto u um a so b ra nc elha se m tra ir d e m a neira nenhum a q ua nto q ueria esse pingo de informação. —Diz q ue nã o d estro em… b e m , o q ue m e d iz d a q uele terrem o to no Do ver q ue me c o nd uziu a té você? Sim, sa b e m o s d o q ue sã o c a p a zes e sa b e m o s q ue o s d esa stres na tura is a lg um a s vezes nã o sã o tã o na tura is. Ond e q uer q ue haja um terre m o to o u um tsuna m i o u uma to rmenta inusita d a m ente vio lenta o u um a p ra g a o u um inc ênd io d esp ro p o rc io na d o , sa b e m o s q ue c o m to d a p ro b a b ilid a d e um d e vocês, a nim a is, estã o no ep ic entro . Sã o tã o fá c e is d e rastrear e nem sequer sabem. — O nigromante rugiu rindo. — Nã o e sta m o s fa z seisc ento s a no s, c o le g a . A tec no lo g ia lhes a lc a nç o u. Já nã o p o d e m se esc o nd er. Qua nto s d a no s g era ra m no p e q ueno terrem o to q ue organizaram Demônio? Qua nto s fe rid o s? Mo rto s? Aq uele fo i p eq ue no , m a s q ua ntos o utros nã o fo ra m ta nto ? Po r q ue o fazem? Estão jogando? Presumindo ante sua puta? Elija h se m o veu litera lm ente a velo c id a d e d o vento p a ra c o nter c o m um a m ã o no o m b ro a Ja c o b q ua nd o a re ferênc ia d o nig ro m a nte a Isa b e lla g o lp eo u o Exec uto r. Elija h esta va se g uro d e q ue no rm a lm ente o o utro Demônio nã o teria sid o tã o sensível a o s m e ro s insulto s, m a s susp e ita va q ue a s tênues verd a d es q ue se o c ulta va m d e p o is d a s c o njetura s d o nig rom a nte estavam tirando Jacob do sério.
—É tã o hum a no —d isse Ja c o b b ra nd a m ente c o m a vo z b a ixa e g elada—, julg a r a s p esso a s só p o rq ue sã o d iferentes. Nã o to m a te m p o p a ra entend ê-lo s. Vê-o s c o m o um a a m e a ç a só p o r ter na sc id o um p o uc o m a is fo rtes o u um p o uc o m a is p re p a ra d o s. Ig no râ nc ia e tem o r, o s a ntig o s sím b o lo s d a o p ressã o d e sua esp é c ie. Nã o terá êxito esta vez. Nã o c o no sc o . E me ocuparei pessoalmente de que não tenha êxito com nenhuma outra raça da noite. —De ho je em d ia nte, sua esp é c ie já nã o se sentirá se g ura . Crê q ue so mo s tã o fá c e is d e ra strea r? Seu fed o r se p ulveriza p o r q uilô m etros. Nã o sa b ia ? Po d e m o s lhes c he ira r, nig ro m a nte. Quando estão às compras ou jogando ou conspirando ou simplesmente estando, é vulnerável a nó s, sim p le sm ente p o r seu fed o r, a lg o d o q ue nã o p o d e m d esfa zer o u no s esc o nd er. Qua nta s vezes te a g a rro u um d e nó s usa nd o essa s c ha m a d a s tec no lo g ia s o u a s a sso m b ro sa s téc nic a s d e ra strea m ento ? Um a vez? Duas? Po rq ue , d e a lg um m o d o , p o r a c id ente , um d e nó s c o m eteu um d o s p o uc o s eng a no s a o p e rd er o enfo q ue o u um d e no sso s jo vens nã o tinha a p rend id o a ind a a ter o controle total sobre o que a natureza nos outorgou? —Seg ue p ensa ndo-o . Nã o é a únic a fo rm a e sa b e tã o b e m c o m o eu, Demônio. Um 126
m inuto m a is e essa tua c o m p a nheira d e p esc o ç o tã o sua ve haveria d ito seu no m e a g rito s, fazendo que fosse a presa de qualquer nigromante para o resto de sua vida... A qual te prometo que será tão curta ou tão longa como nós queiramos. Esta vez Elija h nã o tinha esp e ra nç a d e p o d er c o nter a Ja c o b . O Demônio se c o nverteu em p ó p a ra p o d e r p a ssa r so b re ele, materializand o -se c o m um rug id o d e ra iva , c o m um a m ã o a g a rra nd o a g a rg a nta d o nig ro m a nte e g o lp ea nd o sua c a b eç a c o ntra o m uro d e p e d ra se m misericórdia. —Ela nã o sa b e meu no me , nig ro m a nte. No ssa s fê me a s nunc a sa b e m p o r e sta esp e c ífic a razão. E te juro que pagará pela dor que lhe causaste. De forma que não poderia imaginar, não im p o rta q uã o c o m p rid o tem p o d eixe sua p a tétic a carcaça enc a d e a d a a e ste m uro . Entend e o , utiliza d o r d a m a g ia . Seu p ró xim o fôleg o e c a d a um d e p o is d esse lhe p ertenc e m só p o rq ue eu o dito assim. Recorda a próxima vez em que pense em falar de minha mulher. Isa b ella susp iro u b ra nd a mente , estira nd o -se so b o s le nç ó is e d esfruta nd o d a sensa ç ã o d e d esp erta r entre zo na s c á lid a s e fresc a s a o d esliza r seus m em b ro s p ela m a lha . Estirou-se, b o c eja nd o furio sa m e nte , p ro c ura nd o a s c eg a s a c a lid ez d o c o rp o m a sc ulino q ue , p o r a lg um a ra zã o , nã o esta va p e g o a ela . Qua nd o e nc o ntro u só um esp a ç o va zio , leva nto u a c a b e ç a d o tra vesseiro e p isc o u a luz d o so l q ue entra va na ha b ita ç ã o . Grunhiu, c o b rind o os o lho s c o m a mão lassa. —Vejo que já te ajustaste a noite. Isa b ella o feg o u se se nta nd o e d a nd o -a vo lta d e um a vez p a ra enfrenta r a vo z q ue se dirigiu a ela . Um seg und o d e p o is se le m b ro u d e c o m o esta va vestid a , o u m elho r, d esp id a e atirou do lençol até colocar sobre os peitos enquanto olhava Gideon. —O que está fazendo aqui? —Um Demônio Co rp o ra l p o d e ir o nd e q ueira — d eslizou o o lha r d e c rista l lenta m e nte sobre seu corpo. — E nã o sig a tenta nd o m e sentir c o mo a o s o utro s d e m inha esp é c ie. Esto u m uito a lé m disso. Isa b ella p isc o u tenta nd o im a g ina r c o m o p o d eria c o nsid e ra r-se “ muito m a is à fre nte” e estar sentado em uma cadeira a os pés da cama. —Chama-se projeção astral — explicou Gideon. — É c o mo via ja m o s o s Co rp o ra is. A sep a ra ç ã o d o c o rp o e a a lm a , existind o e m d o is lugares d e um a vez. Ma s, a o c o ntrá rio d o s c o nc e ito s hum a no s d a insub sta nc ia lid a d e d a projeção astral, eu posso tocar, ver, cheirar, ouvir e saborear algo que queira nesta forma. —Isso nã o exp lic a p o r q ue está o lha nd o ... q uero d izer... está senta d o em m inha habitação. —Precisava te conhecer. —Quem diz? —Ning uém . Aind a . Ma s é só q uestã o d e tem p o q ue No a h e o s o utro s venha m m e p ed ir que lhe avalie. 127
—E, re p ito , p re c isa fa zê-lo na p riva c id a d e d e m inha ha b ita ç ã o enq ua nto d urm o ? Vestid a inapropriadamente, d evo a c resc enta r. Isto nã o fa rá m uito p o r a livia r a d e sa venç a e ntre Ja c o b e você. Os olhos do Demônio se estreitaram e ela afogou um sorriso presunçoso. —Exatamente o que te contou sobre isso? —Realmente —confessou—, ele nada. Tem-no feito você. —Eu? —a irritação fez que elevasse uma sobrancelha chapeada. —Sim . Re c o rd a q ue d isse q ue era b o m q ue estivesse inc onsc iente p o rq ue p ro va velm e nte não gostaria que você lhe curasse. O qual, por certo, nem sequer pensou quando soube. —Não? —Não. Se tivesse que pôr um qualificativo ao assunto... parecia resignado. —Já vejo. Os o lho s d e Gid eo n se d esliza ra m so b re ela lenta m ente. Era m uito p e q uena p a ra ser um a Druid a . Ma s p o d ia ver a m a rc a nela , c la ra c om o a luz d o d ia . Nã o ha via e q uívo c o p o ssível. E seu p o d er se fo rta lec ia a c a d a m inuto. Inc lusive nessa s p o uc a s ho ra s, tinha mudado, convertendo-se em algo mais potente como ela já viu e outras que não tinha descoberto ainda. Gid eo n ta m b é m p o d ia ver a m a rc a d o Ja c o b nela , p o d ia lhe c heira r em seu c o rp o , em b e b id o em seus p o ro s e sua q uím ic a p a ra se m p re. Nã o teve tem p o d e no tá -lo a ntes, m a s esta va c la ro q ue se e m p a relha ra m . O Exe c uto r tinha q ue b ra d o to d o s os ta b us que tinha jura d o p ro teg er. Os q ue p ô s p o r c im a d e sua a m iza d e c o m o Anc iã o . Nã o é q ue Gid eo n nã o so ub esse d e fo rm a d o lo ro sa , fa zia o ito a no s q ue Ja c o b tinha esta d o no justo q ua nd o to m o u q uã o medidas to m o u c o ntra ele . O Exec uto r tinha feito o q ue seu d ever exig ia . De ixo u d e la d o o resp eito e a a m iza d e entre eles, inc lusive e nfrento u um p erig o inc rível p a ra sua p ró p ria vid a e tud o p a ra p ro teg er a fê m ea hum a na q ue se c o nverteu no alvo d a re a lid a d e momenta nea m ente c o nfusa d e Gid eo n. Nã o g ua rd a va ra nc o r a o Exec uto r, m a s tinha ferid o seu orgulho e pela primeira vez em um milênio, tinha descoberto o medo de algo. Fez-lhe p ó d a r-se c o nta q ue tend o o p o d e r to ta l e a exp eriênc ia e c o nhec im ento d e m il a no s, p o d ia suc um b ir a os m a is b a ixo s c o m p orta m e nto s. Ac re d ito u sem p re p o r c im a d essa s c o isa s. Ag o ra temia a si m esm o c o m o nunc a tem eu a ntes. Seu iso la m ento tinha sid o p a ra proteger os o utro s, nã o p a ra c a stig a r Ja c o b . Alivia va -lhe sa b er q ue Ja c o b nã o g ua rd a va rancor. O q ue lhe p e rturb a va era q ue a p eq uena híb rid a tinha sa b id o d e a lg um jeito q ue ele precisava sabê-lo. —Esto u a q ui p a ra fa la r so b re sua existênc ia . Desc ulp o -m e p elo q ue c la ra m ente p erc e b e c o mo g ro sseria . Peç o -te q ue rec o rd e q ue m inha c ultura nã o é a tua . A p riva c id a d e , em b o ra se valorize e m no ssa c ultura , esp era -se q ue se interro m p a . Verá , nó s nã o usa m o s a te c no lo g ia d e sua espécie, como telefones, carros e tudo isso. Estou seguro de que te deste conta. —Tenho feito — disse. —Assim vamos e vamos por esta cultura. A maioria de nós nasce com meios de transporte e comunicação a longa distancia. —Gideon fez notar sua presença. 128
— Se q uise r, p o d e d izer q ue é um a d e b ilid a d e c ultura l no ssa fa lta d e p ro toc o lo c o m a privacidade. O que me leva a você. Você, aparentemente, é um sinal de debilidade. —Perdoa? —respondeu Isabella. — Tenho descoberto uma profecia... —Sim , já se i. Nã o sã o c o nto s. Nã o d e tud o . Se m p re há a lg o d e verd a d e e m c a d a c o isa . Pode aceitar a sabedoria de alguém que sabe. Isa b ella a ssentiu. A únic a c o isa c o ntra a q ue nã o p o d ia d isc utir é q ue ele era m uitíssim o mais sábio que ela. —Me diga, então, por que isso é tão terrível? Fará- mal a Jacob? A Gid eo n nã o e sc a p o u q ue nem seq uer tinha p ensa d o e m p erg unta r so b re ela mesm a , nem sequer em vista das drásticas mudanças e descobrimentos pelos que tinha passado. —Antes q ue no s m eta m o s nisso , d eve a c e ita r vo lunta ria m e nte q ue estou d izend o a verd a d e . De fa to . Nã o c o m o c o njetura s o u hip ó teses. O q ue lhe c o nto , sei d e c erto . De o utra forma não lhe diria isso. Assim faço as coisas. —Bo m , sup o nho q ue no s q uinze m inuto s q ue estive c o ntig o na m esm a ha b ita ç ã o m e d e i c o nta d e q ue é um a p esso a c â nd id a . Pre p a ra d o . Sá b io , se o p referir. E c erta m ente o suficientemente ancião para saber. Me diga, quantos anos tem, por certo? —Isso é irrelevante. —Ah —Isabella pôs os olhos em branco. — Vale lhe demos cano nisto e assim poderá voltar para seu corpo ou o que seja. Tomarei o que diga como verdade até que não ouça outra coisa. —Ninguém me refuta. —Já veremos. Teria q ue va ler. Gid eo n se d eu c o nta . Era inc rivelm ente teim o sa . Ma l pensada. O maravilhava que Jacob a agüentasse. Decidiu pôr a prova sua integridade. —É imortal. Isabella abriu a boca para discutir, pensou melhor e apertou os lábios com irritação. —Como? —perguntou. —Os Druidas são imortais. É meio Druida. Portanto, é imortal. —Quase morro de pequena quando me tiraram as amídalas. —Nã o hei d ito q ue nã o p ossa m te m a ta r. Im orta l, p a ra nó s, sig nific a long a vid a . Nã o indestrutível. Embora te prometo que não será fácil te destruir agora. —E como soubeste isso? —Pense i q ue tínha m o s concordado q ue nã o fa ria p erg unta s — Gid eo n susp iro u d e 129
maneira que parecia que estava se aproveitando dele. — Siga a corrente. —Os im o rta is têm um c ó d ig o g enétic o esp e c ífic o . Co m o Demônio Co rp o ra l p o sso sentir esse código em você. Da mesma forma que posso sentir que o se acordar d o DNA latente que é a causa das mudanças que está experimentando. —É? —perguntou Isabella com um claro tom de surpresa. — Mas, por que despertou? —Um a p e rg unta exc elente —d isse Gid eo n, c la ra m ente a g ra d a d o c o m a a c uid a d e d e sua mente. — Despertou no momento em que entrou em contato com Jacob. —Como? Isa b ella e Gid eo n leva nta ra m a c a b e ç a a nte a p erg unta feita c o m vo z p ro fund a , ve nd o Jacob em pé ante a janela aberta, os pés separados e a expressão tensa. —Jacob! —Isa b ella rea g iu exp lo siva m ente sa ind o d a c a m a c om o um to rna d o c o m um a q ue b ra d e o nd a d e lenç ó is, c a ta p ulta nd o -se c o ntra Ja c o b q ue a b riu o s b ra ç os p a ra a g a rrá -la. Envolveu-a em seu a b ra ç o , lhe leva nta nd o o s p é s d o c hã o e b a la nç a nd o -a lig eira m ente enq ua nto ria entre d e ntes a nte a a c o lhid a entusiasmada. Ela p ro c uro u sua b o c a a vid a m ente, erradicando completamente o outro Demônio de sua mente. Ja c o b nã o p ô d e resistir a té send o c o nsc ie nte d o o lha r d e g elo q ue lhe e stud a va c o m intensid a d e. Rec e b e u seu b e ijo c o m felic id a d e e o d evo lveu m a s teve b o m c uid a d o d e a sseg ura r o lenç o l a o red o r d a s c o sta s nua s p ro teg end o seu c o rp o d o s mo lesto s o lho s d e Gid eo n. Po r um m o mento se d eleito u na sensa ç ã o d a p ele c á lid a so b o a lg o d ã o fro uxo e tênue. Entã o p a sso u o s b ra ç o s so b sua s p e rna s, to m a nd o -a e m seus b ra ç o s e fo i p a ra a c a m a , sentou-se c o m a Isa b ella e m seu reg a ç o e a g a rro u o ed red o m q ue ha via a o s p é s d a c a m a p a ra envo lvê-la c o m ele. Ela p ô s a b o c hec ha e m seu o m b ro , lhe a c a ric ia nd o d e fo rm a carinhosa e ausente. Gid eo n o s o lha va c o m surp resa . Rec o rd a va ter tid o um a o u d ua s d isc ussõ e s c o m Ja c o b a o lo ng o d o s séc ulo s so b re c o m o nenhum d eles sentia d ese jos d e ter um a c o m p a nhe ira . Inc lusive e m b o ra ho uvessem sentid o a inc lina ç ã o , a s rela ç õ es e ntre a q ueles q ue era m im o rta is era m c o m p lic a d a s e exig entes. Se a g ente a m a va e vivia c o m um a c o m p a nhe ira d ura nte séc ulo s, a p erd a d a c o m p a nhe ira e ra d eva sta d o ra . Am b o s, Ja c o b e Gid eo n tinha m p e rd id o fa m ília s g ra nd es, tinha m vivid o p a ra ver c o m o p ere c ia m os p a is e o s filhos e filho s d o s filho s. Guerra s, Cha m a d a s e Ca ç a s. Demônios q ue tinha m so b revivid o a s g uerra s c o m Va m p iro s e Lic á ntrop o s, q ue tinha m p a d ec id o a s estra nha s a rtim a nha s d o s Mo ra d o res d as So m b ra s c o m seus m ó rb id o s resulta d o s e a m a is d eva sta d o ra elim ina ç ã o d a g uerra c o m o s Druid a s tinha m a g o ra q ue enfrenta r sua s vid a s c o m p leta m ente d esp o ja d o s d a q ueles q ue a m a va m . Dep o is d e ta nto s séc ulo s era m uito d ifíc il c o rrer esse risc o o utra vez. Po r q ue c o m eç a r um a rela ç ã o e envo lver o s sentim ento s? O m a trim ô nio e ra esc a sso e a s rela ç õ e s sexua is às vezes se lim ita va m a s semanas da Lua Santa quando se sentiam forçados. O amor era para os jovens e os loucos… 130
E para os Vinculados. À luz d o fa to d e q ue ha via um a fêm e a m eio Druid a senta d a no reg a ç o d e Ja c o b , Gid eo n nã o d everia ha ver-se surp reend id o p o r ta nto. Aind a a ssim , ela esta va d esc o njura d a e m um a c ultura q ue d efinia c a d a p a rte d o q ue era Ja c o b . Ma s nã o ha via re m é d io . Um a força além dos poderes dos Demonios os tinha emparelhado. Jacob p ro c uro u c o m o o lha r Gid eo n um a vez q ue teve a sua m ulher c o nfo rta velm ente insta la d a no a m p a ro d e seu a b ra ç o . Gid eo n sa b ia q ue esta va esp era nd o um a resp osta a sua p erg unta , tã o c erto c o m o sa b ia q ue Ja c o b nã o tinha g o sta d o d e lhe enc o ntra r e m sua habitação c o m sua c o m p a nhe ira esta nd o nua . Gid e o n nã o se a rrep end ia . Tinha sua s ra zõ es e não precisava defender a si mesmo. —Pergunta-m e c o mo é q ue d esp erta ste sua s ha b ilid a d es la tentes? Se m no s c o lo c a r e m um a c o m p lexa ponta d e d eta lhes, há um c ó d ig o esc rito em seu DNA, q ue a ssim q ue te a p ro xim a d ela d isp a ra m a c iç a s e sistem á tic a s a ltera ç õ es e m seu DNA e sim ila res no teu em b o ra a uma escala menor. —No meu? Eu não mudei—insistiu Jacob. —Não te deste conta de suas novas habilidades? —Não. Dar-me-ia conta se algo tivesse mudado. “ Jacob, se esquece de algo. Do que, florzinha? Tem um novo poder. “Está o usando agora mesmo.” Jacob ficou quieto, os dedos se flexionavam no cabelo dela enquanto lhe olhava o rosto. Seus olhos estavam cheios de estímulo, bordejando a aceitação. —Isa b ella a c a b a d e me re c o rd a r um p o d er q ue é no vo p a ra m im —d isse Ja c o b brandamente. Gideon se inclinou um pouco para diante na cadeira. —Telepatia —disse. — Isso enq ua d ra ria nã o só c o m o q ue eu sei, m a s ta m b é m c o m a p ro fec ia . Isto é o primeiro dos sinais. —Também parece que tenho empatia no que a os inimigos concerne —fez notar Bela. —Não, não a tem. —Vou dar — gruiu Isabella dirigindo-se a Jacob. Seus olhos violetas brilhavam com ira. — Como pode sabê-lo?—saltou. —Pa re c e q ue nã o rec o rd a no sso a c o rd o d e a c eita r o q ue d ig o c o m o c erto — disse Gideon calmamente. —Bela , a m o r — d isse g entilm ente Ja c o b —, um Demônio Co rp ora l d a id a d e e ha b ilid a d e s 131
de Gid eo n sim p lesm e nte lhe olha e sa b e q ua is sã o se us p o d eres — vo ltou o s esc uro s o lhos p a ra Gideon notando um olhar de advertência no Ancião. — Gid eo n sim p lesm ente exp ressa o s fa to s c o m o o s vê. Nã o tem intenç ã o d e te insulta r. É um ser extrem a m ente litera l. Ao c o ntrá rio de sua c ultura nó s nã o a ltera m o s o sig nific a d o d a s p a la vra s. So m o s um a esp é c ie m uito d ireta e em b o ra m uito s d e nó s a d e q ua m o s no ssa ling ua g e m p a ra q ue se a d a p te a sensib ilid a d e hum a na , Gid eon é o m a is a nc iã o d e e ntre nó s e ta m b ém um d o s m a is iso la d o s. Po r tud o isto , é b a sta nte m eno s d ip lo m á tic o d o q ue está acostumada com o resto de nós. —Sim, claro—assentiu Isabella, mas não se sentia muito segura disso. —Por m inha p a rte , Isa b ella , fa re i um esfo rç o p a ra rec o rd a r q ue há m a tize s e m sua líng ua c o m o s q uais nã o esto u fa m ilia riza d o . Esp e ro q ue tenha p a c iênc ia c o m ig o . —Gid eo n utilizo u b e m sua g enero sid a d e. Isa b ella rela xo u c o m p leta m e nte a ssentind o c o m verd a d e ira a c e ita ç ã o esta vez. Gideon voltou a sentar-se antes de continuar. — Conta me o último incidente com o nigromante. Os detalhes. Isa b ella e Ja c o b c o m e ç a ra m d e um a vez, Isa b ella d a nd o d eta lhes m a is c o nc re to s e Jacob acrescentando as impressões que tinha recolhido do nigromante confinado. —Disse que a sua boca tinha sabor de sangue, mas não havia sangue? —Sim. —confirmou Isabella. —Não viu um paralelismo? —Não — Isabella sentiu que a mão de Jacob se flexionava e se meteu em sua mente. — Suas feridas? Golpeou-te a boca com a cômoda —lhe disse. — Mas isso passou depois. Pre m o niç ã o! Nã o é em p a tia ... é p re mo niç ã o . Sentiu o futuro , Bela . —Ja c o b se d eu c o nta de repente. — Po is c la ro . Che iro u a fum a ç a , o enxo fre ; esta va -te a sfixia nd o a no ite a nterio r a nte s inc lusive d e q ue c he g á sse m o s a o a rm a zé m , m a s d a fum a ç a nã o aconteceu a té q ue m eu ataque rompeu a concentração do nigromante e Saul se liberou do feitiço. —Assim o ntem à no ite esta va sentind o a tensã o d e no sso enc o ntro c o m o nig ro m a nte , uns minutos antes que acontecesse realmente? —Alg o a ssim , sim . E a ferid a e m m inha b o c a . Sa b o reo u o q ue eu ia sa b o re a r uns p o uc o s minutos depois. —Grr! Ahh. Que p o d er m a is a sq uero so . O q ue tem d e b o m a p re mo niç ã o , se esta o c o rrer tão pouco tempo antes que acontecer? —Co m tem p o , treina m ento e exp eriênc ia , a um enta rem o s o tem p o entre a p re m o niç ã o e o fato e também a compreensão do que estas vendo — disse Gideon. —Fenomenal. E d e p o is d e to d o o tem p o q ue p a ssei p ensa nd o q ue c um p rir o s vinte e um era o p onto c ulm ina nte d e m inha vid a ... Ob rig a d o —se p erm itiu p ô r o s o lho s em b ra nc o e 132
Jacob riu entre dentes. —A p rem o niç ã o é um a a no m a lia em um Druid a , m a s no tei a d isp osiç ã o g enétic a quando agarrei sua mão. Verá, os Druidas tinham... —corrigiu-se. — Os Druid a s têm ha b ilid a d es esp ec ífic a s, c o m o tem q ua lq ue r ra ç a d e fo rm a inere nte. Está esc rito em no sso c ó d ig o p a ra se m p re , ina lterá vel c o m a s exc e ç õ e s d a evo luç ã o e a m uta ç ã o , é o b vio . Ag o ra b e m , é p o ssível q ue os séc ulo s d e m esc la entre Druid a s e hum a no s q ue o rig ina ra m o q ue vo c ê é , tenha m c a usa d o a lg um a m uta ç ã o inesp era d a , um a hip ó tese que se sustenta em sua incomum habilidade para a premonição. —Co m o nó s, o s Druid a s utiliza m a fo rç a d a na tureza . Po r exe m p lo , seus sentid o s inc re menta d o s, a ha b ilid a d e d e sarar c o m ra p id ez, um a extra o rd iná ria resistênc ia . Sua s no va s ha b ilid a d e s instintiva s p a ra luta r ta m b é m sã o um a a no m a lia , m a s é p ura m ente p o r na tureza q ue vo c ê to m a e m p resta d a a ha b ilid a d e d e sentir o p o d er, e sp e c ia lm e nte o m a lig no . É um a intuição parecida com a de qualquer presa que sente a presença de um predador. —O nig ro m a nte. Ela o sentiu q ua nd o eu nã o p ud e , p ela p re m o niç ã o ? —Ja c o b fra nziu o cenho. — Aind a nã o entend o c o m p leta m ente c o m o fui inc a p a z d e ra streá -lo a ntes d o primeiro golpe. —Nã o te fa lta na d a , Ja c o b , e xc eto info rm a ç ã o . Há m uito s Demônios q ue vive m e m so lid ã o . Se sã o Co nvo c a d o s ning uém sa b eria . É só q uestã o d e tem p o q ue o nig ro m a nte se valesse de alguém que chamasse sua atenção. —Como indica isto, que não estou perdendo nada? —Rec ente m ente tenho d esc o b erto q ue Luc a s, o Anc iã o , d esa p a rec eu. Presum o q ue fo i Convocado. Ja c o b c o nteve o fô leg o , seu c orp o fic o u tã o tenso q ue Isa b ella se viu c om p elid a a abraçá-lo. Devolveu-lhe o gesto de maneira ausente enquanto a olhava nos olhos. —Luc a s é um a nc iã o Demônio d a Mente. Se o d eixa rem p risio neiro , p o d e m-lhe o b rig a r a que os tele transporte onde eles queiram, o que lhes permite aparecer sem avisar. —Ma s nã o ho uve fum a ç a ne m a ro m a d e enxo fre , c o m o q ua nd o Leg na no s tele transportou. —Os a nc iõ es nã o d eixa m esse ra stro . Sua s ha b ilid a d es sã o ta is q ue p o d e m tele transportar-se a si m e sm os e a o utro s lim p a m ente. Enq ua nto Luc a s esteja so b seu d o m ínio p o d e transportar a q ua lq ue r d eles se m a d vertênc ia . E esta é o utra ra zã o p ela q ue no ssa seg ura nç a está terrivelm ente em p erig o . Esp e c ia lm ente q ua lq uer q ue lhe c o nheç a o u lhe tenha conhecido. —Vamos nos centrar nos poderes de Bela — disse Jacob rapidamente. — Há algo mais que podemos esperar? —Infelizmente, sim. —Infelizmente? — repetiu Bela. 133
—Fa lo , é obvio d a p ersp ec tiva d e um Demônio q ue to m o u p a rte na s g uerra s c o ntra o s Druidas. Tentarei me abster de qualquer anterior prejuízo sobre a matéria. —Faça isso. - respirou Isabella com secura. —Nã o so u o únic o q ue p ensa rá ne sses p rejuízo s q ua nd o so ub er este p o d er. Po d e-te encontrar com certas predisposições. —Igual a ser humano? —disse, pondo os olhos em branco outra vez. —Possivelm ente esto u sub estim a nd o -o . Po d e m te c o nsid e ra r b a sta nte a me a ç a p a ra reatar as hostilidades entre o Demônios e Druidas. Sua vida pode estar em perigo. —Esp era um m o m ento . Ac re d itei q ue fa zer m a l a o s hum a no s esta va m a l — d isse Be la , retorcendo-se q ua nd o o a p e rtã o d o Ja c o b no b ra ç o se fez incomodamente forte. Nã o tinha que ler a mente para saber o que sentia. —Nã o é c o m p leta m ente hum a na . Nã o m e interp rete m a l, evo luím o s m uito d esd e aqueles tem p os. Ma s tem o s fa ná tic o s, igual a q ua lq uer o utra esp é c ie . E e m b o ra nó s g o sta m o s d e p ensa r q ue evo luím o s a lé m d e c erto s c o m p o rta m ento s, o m e d o p o d e ser um m otivo poderoso. —Vai nos dizer — disse Jacob brandamente. —Ela p o d e d rena r o p o d er. De q ua lq uer ser so b rena tura l. Nig ro m a ntes, va m p iro s, licántropos... —Demônios. —Sim —confirmou Gideon. — E nã o é só d rená -lo s, a m eno s q ue a mesc la d e sua hera nç a tenha mud a d o a lg o. Po d e litera lm ente d e ixá -lo s tem p o ra lm ente sem p o d eres. Verá , um a vez a ha b ilid a d e vier a luz em vo c ê , Isa b ella , se m p re a terá . Terá q ue a p rend er a c o ntro lá -la . Foi esta ha b ilid a d e q ue p erm itiu a o m o na rc a Druid a m a ta r a o rei Demônio. Encontraram-se fing ind o um a trég ua p a ra a paz. Quando estiveram sozinhos, o Druida drenou o poder do Demônio e o assassinou. —OH, Meu Deus! Co m o é q ue c o nfia ra m uns no s o utro s? Sa b end o q ue tinha m e ssa va nta g e m so b re vocês, c o m o p ud era m c o m p a rtilha r sua c ultura c o m eles? E c o m o p ud era m erra d ic a r um a ra ç a q ue nem se q uer p o d ia m se a p ro xim a r se m fic a r to ta lm ente c a rentes d e poder? Gid eo n d uvid o u, m o stra nd o p ela p rim eira vez um a c o m p ulsã o m uito hum a na d e subversão. Isabella sentiu que Jacob emprestava muita mais atenção. —Em p rim eiro lug a r, nã o fo i q uestã o d e c o nfia nç a ta nto c o mo um a q uestã o d e nec essid a d e. Os Druid a s e o s Demônios esta va m d estina d o s a ter um a rela ç ã o sim b ió tic a . O Druid a nec essita o Demônio p a ra trazer a luz seu p o d er. O Demônio nec e ssita o Druid a p a ra drenar o poder. —Por q ue q uereria um Demônio volunta ria m ente...? Ai, De us. A lo uc ura luna r — respondeu a si mesmo. —Sim , esse é um d o s m o tivo s, e m b o ra nosso s a nc estrais luta sse m c o m isso c o m um g ra u d istinto . De q ua lq uer fo rm a , se revisa rm o s a s a d vertênc ia s sob re o s risc o s q ue sup o rta 134
emparelhar-se c o m hum a no s, enc o ntra rá ta m b é m um a esp é c ie d e c o m p ulsã o — o s olhos horripilantes de Gideon passaram de Isabella a Jacob. — A evid ê nc ia d esse fa to o c o rre u em sua c a sa o ntem à no ite , Ja c o b . Se e la tivesse sid o só um a hum a na , a p erd a d e c o ntrole q ue exp erime ntou p o d eria ter sid o leta l nã o só p a ra ela , m a s ta m b ém p a ra q ua lq uer o utro na s p ro xim id a d es. Felizm e nte , seu p o d er já c o m e ç o u a desperta r, Isa b ella . Co nsid e ra nd o o g ra u q ue tem e a s c irc unstâ nc ia s d esses... m o m ento s desfocados... tê-lo-á notado. —E p elo q ue se refere à erra d ic a ç ã o d o s Druid a s, nã o fo i ta re fa fá c il. A g uerra nunc a é. De to d a s a s fo rm a s, o s Druid a s têm sua d eb ilid a d e ig ua l q ue o s Demônios e b a ste d izer q ue essa s d eb ilid a d es fo ra m m inuc io sa m ente a p ro ve ita das. —Gid e o n leva nto u a m ã o q ua nd o Jacob tentou questionar. —Cheg a m os a este p o nto — d isse p o r fim —, isto é o q ue d e vo revela r a o Co nselho : o s Demônios tend em a nã o enc o ntra r c o m p a nheiro s entre nó s m esm o s. Na m a io ria d o s c a so s estã o d estina d o s a enc o ntrá -los entre o s Druid a s. Destruind o o s Druid a s, sa c rific a m o s a p o ssib ilid a d e d e enc o ntra r no sso esp írito c o m p le menta r p erfeito . Ac re d ito q ue o s hum a no s se refere m isto a c o m o “ a a lm a gêmea” . Nó s o c ha m a m o s o Im p rinted . É p o r isso q ue a m a io ria d e nó s esta m o s so zinho s e o p o rq uê ta nto s d e nó s nã o enc o ntra m o s c o nso lo no s m em b ro s d o sexo oposto... E o porquê não houve um Imprinted ou vinculação em séculos... —Até agora — se contradisse a si mesmo com tom reverencial. — Ja c o b , fo ste b ento entre o s Demônios. Po r isso , no m o m ento em q ue se enc o ntra ra m , a m b o s fo ram inc a p a zes d e esta r se p a ra d o s. A vinc ula ç ã o é uma g lo rio sa e c o m p ulsiva intensid a d e q ue nã o se p o d e im p ed ir. Qua nd o um Demônio e um a Druid isa q ue estã o predestinados a vinc ula r-se entra m e m c o nta to , d isp a ra m -se im ed ia ta m ente a s a ltera ç õ es d o DNA q ue m enc io ne i. Já vêe m , esta va m d estina d o s a se enc o ntra rem p o r este p ro p ó sito inclusive antes que nascessem a pesar da profecia. Isa b ella o lha va o Anc iã o c o m o lho s c o m o p ra to s, m a s esta va enfo c a d a na re a ç ã o emocional d e Ja c o b . Tinha enterra d o o ro sto c o m p leta m ente e m seu c a b elo e a sensa ç ã o d e euforia era em igual medida de agonia, corria por ele. —Isto no s leva a sua d e b ilid a d e , Isa b ella — c o ntinuo u o m é d ic o evita nd o a s e m o ç õ e s que corriam pelo casal a quem estava lecionando. — Um a vez q ue um Druid a entra e m p o sse d e seu p o d er d esa ta d o p o r um Demônio, d esd e esse m o m ento d eve ter reg ula rm ente d o ses d e exp o siç ã o a e sse Demônio, a lg o a ssim como que os humanos devem absorver luz solar para estar sãos. —Quer d izer q ue Ja c o b é a lg o a ssim c o m o ... um a vita m ina p a ra m im? —p erg untou Bela intumescida. —Seria m a is a c e rta d o d izer q ue é c o m o um a fo nte d e e nerg ia . Sua p resenç a te rec a rreg a , esp e c ia lm ente d e p o is d e um g ra nd e d esg a ste d e sua s ha b ilid a d e s. Se m essa recarga... Bom, já sabe o que acontece com as pilhas que perdem a energia. —Morrem —sussurrou Isabella com uma sensação de horror percorrendo-a . — Quer d izer... Significa q ue d erro ta ra m o s Druid a s lhes tira nd o sua s fo ntes d e energ ia ? Vocês —tragou com força—, deixaram-nos morrer de fome? 135
—É p io r q ue isso , Bela — a vo z d e Ja c o b c hia va , sufo c a d a e á sp era enq ua nto o ho rro r enchia seus olhos. — Sig nific a q ue d e ixa m o s m o rrer d e fo m e a no ssa s a lm a s gêmeas. Deus sa nto , Gid e o n como pudemos destruir a s criaturas que mais amávamos e necessitávamos? —Poucos o fizera m volunta ria m ente. Qua se nenhum , d e fa to . Convocou-se a q ueles d e nós que não tínhamos companheiros para que não nos impressionasse a ordem. —Jacob — o feg o u Isa b ella , trem end o em seu a b ra ç o e estrem ec e nd o p o r seus pensamentos. —Não estou orgulhoso desta história, Druida —disse Gideon brandamente. — Eu fo rm a va p a rte d a s fo rç a s d esig na d a s p a ra enc a rc era r o s m e m b ros reluta ntes d e m inha p ró p ria esp éc ie , p a ra d esse m o d o o b rig á -los a m a ta r seus a m a d o s c o m p a nhe iro s. Ta m p o uc o é d esc ulp a d izer q ue era m uito jovem entã o . Quã o únic o p o sso fa zer é sup lic a r se u p erd ã o p o r no ssa b a rb á rie , a ssim c o m o p erd o a ria a qualquer so c ie d a d e p ela s fa lta s q ue c o mete q ua nd o é jo vem . Em b o ra nã o p e ç o p ied a d e p o r isso , so fre m o s ig ua lm ente p o r sua s loucuras. Dep o is d a g uerra , a erup ç ã o d e suic íd ios q ue seg uiu q ua se d estruiu no ssa p o p ulação. Ho je vivem o s sem a m o r, vid a s inc o m p leta s c o m a lo uc ura no s calcanhares. So m o s d e serto s, p o r assim dizê-lo. Isa b ella nã o c o nc e b ia o q ue esta va o uvind o . Tinha a c a b eç a c heia d e im a g ens d o Demônios enc a rc era d o s p o r sua p ró p ria esp éc ie , c o m a s a lm a s g rita nd o p elos c o m p a nhe iro s q ue sa b ia m q ue esta va m m o rrend o sem eles. Ela m esm a , inc lusive d e p o is d esse s p o uc o s d ia s, não podia imaginar o que seria se a separavam de Jacob. —Guardaste tudo isto para você mesmo todos estes séculos, Gideon? —perguntou Jacob roucamente. — Sabe as implicações que tem para a existência da Isabella? —Sim. Sou consciente disso. Isa b ella o lho u Ja c o b c o m o lhos inq uisitivo s. Tinha o s lá b io s bordejados d e b ra nc o d evid o à tensão. —Isa b ella , isto sig nific a , q ue o s Druid a s existira m to d o este tem p o e e m b ora p o ssa m esta r d e b ilita d o s, a lg uns d e les poderia ha ver-se c ruza d o no c a m inho d e seus ho m ó lo g o s Demônios. E nenhum d eles seria c o nsc iente d o fa to d e q ue o Druid a p o d eria ter m o rrid o inexp lic a velm ente d evid o à p erd a d eriva d a d o enc o ntro. Ta m b ém sig nific a ... —Isa b ella sentiu c o m o se estrem ec ia de repulsão. — Sig nific a q ue em to d o s estes séc ulo s c o m o Exec uto r p od e q ue tenha d e ixa d o instintivamente a o utros híb rid o s d e Druid a e hum a no s se m seus verd a d eiro s c o m p a nhe iro s. Gideon, como pôde calar tudo isto? —perguntou. —Nã o so ub e a té q ue te c o nhec i, Isa b ella . Pelo q ue sa b ia , tinha visto m eu últim o Druid a fa z m il a no s. Me a c re d ite , Exe c uto r, so u trem end a m ente c o nsc iente d a s ra m ific a ç õ es q ue m e u silênc io so b re no ssa histó ria p o d e ter c a usa d o . Nã o nec essito sua c o nd ena ç ã o p a ra sustenta r a minha. —O Demônio Co rp o ra l se erg ueu e p a rec ia q ue se m o via so b o p eso d e to d a esta informação. 136
— Fa re i com q ue No a h c o nvo q ue o Co nselho esta no ite. Contar-lhes-ei o q ue c o ntei a vocês. Tem em c onta , Exec uto r. Sua c o m p a nhe ira p o d e esta r em p e rig o p o tenc ia l um a vez q ue o fa ç a . É p o rq ue tenho um a g ra nd e d ívid a c o ntig o q ue a visei a vo c ê p rim e iro . Deve to m a r medidas para sua própria segurança. Isabella não sobreviverá muito tempo se algo te passar. Com esta observação e uma piscada prateada, Gideon desapareceu.
CAPÍTULO 9 Ja c o b esta va a flito p elo p eso q ue lhe o p rim ia o p e ito . Nã o ha via um a m a ne ira fá c il d e a ssum ir a s c entena s d e im p lic a ç õ es d o q ue Gid eo n lhes tinha c o nta d o . Entreta nto , send o c o m o era sua c ultura e seu m und o , im a g ina va q ue esta va m uito m a is p re p a ra d o p a ra tra ta r c o m isso q ue a silenc io sa m ulher q ue a b ra ç a va os jo elho s c o ntra o p e ito enq ua nto se a p oia va c o ntra a cabeceira. O q ue p o d ia lhe d izer nesse m o m ento ? Era o resp o nsá vel p o r tud o o q ue esta va passando, do afundamento de uma vida a que, ela estava se dando conta agora, não poderia retornar. Se fosse viver, teria q ue p e rm a ne c er junto a ele d ura nte sua long a existênc ia , q uisesseo ou não. Não era a ssim que Jacob queria que se sentisse, obrigada a permanecer ao seu lado, ligada a ele sem querer. —Isabella —sussurrou com o arrependimento pesando na palavra. Olhou para cima com seus bonitos olhos lavanda tão grandes, vulneráveis e tristes. —Sei o q ue p ensa , Exec uto r. Nã o c o nverta em o utra ra zã o p a ra te sentir c ulp a d o — retirou para as costas a incrível cascata de cabelo lhe dando de presente um pálido sorriso. — Esc o lhe o s m o m ento s m a is estra nho s p a ra re sp eita r a p riva c id a d e d e m inha m ente. Se lesse nela, saberia que não te faço responsável por nada do que passou. —Como que não? Desde não nos haver conhecido… —Desd e nã o no s ha ver c o nhec id o , e sta ria vivend o a m eta d e d e um a vid a e m vez d e um a c o m p leta . Ja c o b , o q ue p ensa q ue d eixe i a trá s? —estirou-se um m o m ento a ntes d e sub ir a cama para aproximar-se dele. Sua c erc a nia o c o nfo rto u a uto m a tic a m e nte , enchendo-o d e um a sensa ç ã o d e p a z q ue contradizia seus pensamentos. —Dura nte to d a m inha vid a , nunc a enc a ixei. Vivia no s lim ites d a so c ie d a d e hum a na Jacob, a exc eç ã o d e m inha irm ã e uns p o uc o s a m ig o s p o r c o m p a nhia , era um a p esso a m uito solitária. À no ite em q ue te c o nhec i o lha va a lua , c o m o tinha fe ito m ilha res d e vezes a ntes. Aind a entã o , sa b ia q ue ha via a lg o m a is e q ue a noite g ua rd a va im p o rta ntes segredos. Pa ssei a no s lend o vo ra zm e nte , e m b usc a d e info rm a ç ã o . Ac red ito q ue esta s resp o sta s sã o a s q ue estive procurando todo o tempo. É o que tanto esperei, Jacob. —Pergunto-me se sentiria igual se tivesse tido escolha — respondeu com dificuldade. —E a tenho Jacob — se aproximou agarrando a mão entre as suas. — Po sso vo lta r ond e esta va e d esa p a rec er lenta m e nte. Ma s nã o teria na d a q ue ve r esta nd o p riva d a d a energ ia ne c essá ria , Ja c o b , a nã o ser c o m a fa lta d e to d a s a s c o isa s q ue 137
tenho descoberto contigo. Tem idéia do presente que sua presença tem sido em minha vida? Pensou que era parecido a o que lhe tinha contribuído, então devia ser muito profundo. —Assim é, Jacob — respirou com suavidade. — Tud o na vid a é p a rte d o g ra nd e p la no d o d estino q ue nenhum d e nó s c o nhec e a té que acontece. —Sempre pensei que o Destino nos deu o livre-arbítrio, Bela. Que todos têm uma opção — fez uma pausa, jogando com seus dedos antes de levar-lhe a os lábios. — Sim , a c red ita va no s d estino s e sp e c ia is, m a s…Queria q ue viesse c o m ig o p o rq ue era sua esco lha, não porque tivesse que fazê-lo. —Jacob, não está me escutando. —Faço-o ! Ma s nã o a c red ito q ue sa ib a o q ue está d izend o . Co m o p o d eria c o m to d a s a s coisas assustadoras que lhe estão passando? Soltou sua mão, para fechá-la em um punho que colocou em seu quadril. —Co m o um a m ulher a d ulta c o m um a m ente p ró p ria , Ja c o b ! Esp era q ue tud o isto m e faça zangar, q ue m e sinta a p a nha d a , e c o m o nã o o fa ç o , está d ec e p c iona d o e te esfo rç a p a ra fa zer-m e ver! Po ssivelm ente nã o sou eu q uem tem p ro b le m a s d e a d a p ta ç ã o , Exec uto r. Estou começando a pensar que é você quem não quer complicar a vida me tendo aqui. —Não é verdade! —Entã o m e p ro va isso Nã o c o m seus p e nsa mento s, a nã o ser c o m a ç õ es e p a la vra s. Diga-me q ue m e q uer a q ui, q ue q uer q ue seja p a rte d e sua vid a d a m esm a fo rm a q ue q ue ro q ue seja p a rte d a m inha — sua vo z trem ia , e Ja c o b sentiu um a a va la nc he d e d o r so b re a p ele similar a pequenas espetadas. — Me d ig a q ue nã o so u a únic a q ue está a p rend end o a a m a r a a lg ué m tã o intensamente que no final podemos sentir que temos a oportunidade de estar completos. Po r um c o m p rid o m inuto , Ja c o b fic o u se m p a la vra s, o s esc uros o lho s a um enta ra m a o compreendê-lo . Seu olha r a p erc o rreu d a c a b e ç a a o s p és, e m p a p a nd o -se d e c a d a p e q ueno detalhe se m enc o ntra r na d a q ue nã o tivesse a d o ra d o já . Tinha -o sa b id o d esd e m uito a ntes d a d isc ussã o . Pro va velm ente tinha se a p a ixo na d o p or ela no insta nte em q ue ha via sentid o a efê m era im p ressã o d e um irre verente p ensa mento flutua nd o p a ra ele d e um a ja nela c inc o andares acima. Destino não poderia ter escolhido melhor. A verd a d e era q ue nã o tinha d uvid a d o d e seus sentim ento s. Ma s sim d e si m esm o . Po d eria ser o q ue ela nec essita va ? Po d e ria um ho mem , q ue tinha vivid o um a existênc ia so litá ria , q ue p a ssa va ta nto tem p o a b so rvid o p elo tra b a lho e a s resp o nsa b ilid a d es, sa b e r c o m o tra ta r uma mulher tão vital e carinhosa? —Isa b ella , nunc a d uvid ei q ue m inha c a p a c id a d e p a ra te a m a r. — p a sso u um b ra ç o p o r d e b a ixo d o p esa d o c a b elo p a ra ro d e a r um a g ra nd e mão a o re d o r d e sua nuc a , a p ro xim a nd o a mais de seu corpo para sentir seu calor. 138
— Tenho medo de que, a pesar do muito que te amo, não saberei como ser digno disso. —Isso é p o rq ue nunc a tiveste a ning uém q ue te d ig a q uã o d ig no é , Ja c o b . Tud o o q ue c o nhec este nestes q ua tro c ento s a no s fo i c ensura e ho stilid a d e —Isa b ella d eslizo u o s b ra ç o s a o redor de sua cintura, rodeando seu corpo com fervente afeto. — Ma s a g o ra e sto u a q ui, e nã o d eixa rei q ue o c o rra nunc a m a is. Vo u te d a r ta nta s resp o sta s p o sitiva s q ue va is q uerer g rita r. Juro — d isse c o m fe roc id a d e , a b ra ç a nd o -o c o m m a is força. — Se ficar comigo, ensinar-te-ei como acredito que deve ser o amor. Fica comigo, Jacob. Ja c o b p re ssiono u o ro sto c o ntra seu c a b elo , refletind o a p ro fund a em o ç ã o q ue o embargava enquanto a apertava fortemente entre seus braços. —Gideon estava equivocado, pequena flor — disse roucamente. — Sua habilidade de me deixar rendido já tem força suficiente. Mal posso falar. “ Então não fale.” Ela a p a rto u a c a b e ç a enq ua nto o enc hia d e p e nsa m ento s e intensa s im p ressõ e s d e emoção e desejo que o elevaram. Capturou sua boca e a beijou profundamente. “ Amo-te, pequena flor.“ O silênc io na c â m a ra d o Co nselho era m uito p e sa d o , Ja c o b se p erg unta va se a g ra vid a d e tinha mudad o . To d o s esta va m sem p a la vra s, q ua se sem resp ira r. Inc lusive Ruth, q ue sempre tinha uma resposta, estava subjugada. Pa ra c o m e ç a r, a p resenç a d e Gid eo n fa zia com q ue a info rm a ç ã o q ue lhes tinha d a d o fosse impactante. Ja c o b sup unha q ue nã o era fá c il esc uta r q ue um a ra ç a tã o o rg ulho sa d e sua p ureza d e c a sta , e m re a lid a d e esta va c o nd ena nd o -se c o m o s p rejuízo s ig no ra ntes d o p a ssa d o e d o p resente. A ra ç a Demônio esta va sa tisfe ita d e sua intelig ênc ia e c o nhec im ento , a ssim c o mo d e sua c ultura e p o d er. Sa b end o q ue seus a ntep a ssa d o s tinha m sid o c a p a zes d e atrocidades sim ila res à s q ue tinha m c o nd e na d o na “ m eno s evo luíd a ” ra ç a hum a na p o r meno s que nada, era estarrecedor. —Parece — d isse No a h p or fim ro m p end o o silênc io —, q ue nosso futuro c o m o ra ç a va i muda r d ra stic a m ente. O Co nselho terá q ue d e b a ter to d a s a s im p lic a ç õ e s em d eta lhe. Quero q ue fiq ue c la ro neste m o m ento q ue ning uém se a p ro xim a rá d e nenhum ser hum a no so b nenhum a c irc unstâ nc ia . As leis q ue g o verna ra m no ssa s rela ç õ es p erm a nec erã o e m vig o r a té que possamos as revisar. O Executor castigará aqueles que não possam controlar o impulso. Está claro? —Claro e sábio —coincidiu Elijah. — Emprestarei meus guerreiros a Jacob assim que os necessite. —A verd a d e é q ue isto evid ênc ia a nec essid a d e d e a b o rd a r a lg o im p orta nte —disse Noah. — A Druida, Isabella. 139
Jacob ficou rígido em seu assento, apertando os dedos sobre a mesa. Noah não lhe tinha c o nsulta d o se d evia a b o rd a r o tem a d e Isa b ella a nte o Co nselho . Esta va p re p a ra d o p a ra que Gideon lhes tinha contado, mas não tinha nem idéia do que o Rei estava pensando. —Será d ever d e c a d a p esso a d esta ha b ita ç ã o p ro c ura r q ue o a m p a ro e seg ura nç a d a Isa b ella entre o s d e no ssa ra ç a seja prioridade. Esta m ulher no s tro uxe a sa lva ç ã o . Devem o s rec o nhec e r isso e lhe o fere c er resp eito p o r sua s a ç õ es q ue ta nto no s c o ntrib uíra m . Fo i q ue m desc o b riu a p ro fe c ia , sem nenhum a o utra ra zã o q ue d eseja r d e c o ra ç ã o o m elho r p a ra nó s. E até agora não fomos nada amáveis. Os o lho s d e No a h estud a ra m Ruth e um p a r d o s m e m b ro s, q ue tivera m a d ec ênc ia d e baixar os olhos. —A p ro fe c ia tra nsto rno u seu futuro , e é no ssa resp o nsa b ilid a d e q ue esteja sa tisfe ita , e m boa saúde e espírito —Noah fez uma pausa o suficientemente longa para olhar seu Executor. — O rol d e Exec uto r mudará p a ra se m p re. Sua s re sp o nsa b ilid a d es, já va sta s, se m d úvid a se trip lic a rã o . Gid eo n e eu d isc utim o s c o m p ro fund id a d e , e o p ina m o s q ue o treina m ento d e Isabella como Executora deveria começar imediatamente. Ho uve o fe g o s c o letivo s d e to d o s o s g rup o s d o s d istinto s seto res d a sa la e No a h era c o nsc iente d e q ue o s o lho s d e Ja c o b se entrec erra vam p erig osa m ente o lha nd o -o . Ja c o b esta va m uito p reo c up a d o p ela seg ura nç a d e Isa b ella , e No a h nã o o c ulp a va . Ma s ha via um a razão para seus atos. —Tão jovem? O que é o que pode…?—Começou Ruth. —Nã o re c o rd o ter inic ia d o um d e b a te — d isse No a h friamente, o olha r d e seus o lho s esfumaçados enviou um raio de alarme a través das costas de Jacob. Só podia imaginar como se sentiria Ruth ser sua receptora. —Este é um d ia tra nsc end enta l na histó ria d e no ssa ra ç a — c o ntinuo u o Rei, sa c ud ind o o poder que tinha usado para reprimir Ruth. — Nesta d a ta c o nverteremo s tud o o q ue tem o s fe ito m a l em a lg o b o m . Isa b ella será a p rim e ira e m unir se a no sso s irm ã o s, m a s nã o será a últim a . Pensem no p resente q ue no s o fere c eu. Po r fim tem o s a so luç ã o p a ra um a existênc ia p a c ífic a — capturou o olha r d e Ja c o b e o sustentou com intensidade. — Ja c o b e Isa b ella sã o a entra d a p a ra o futuro . Guiar-nos-ão a té o s Druid a s q ue tã o desesperadamente necessitamos. A bênção de Jacob nos facilitou o futuro. Se tivesse sid o p o ssível, o silênc io em re sp o sta fo i a ind a m a is p esa d o q ue a ntes. Ja c o b tragou com dificuldade, olhando na distância a Noah enquanto a gratidão o embargava. O Rei tinha feito uma declaração que mudaria a forma como se via o Executor. “ Executores,” corrigiu-se Jacob. “ Executores.” Isabella jo g o u a c a b eç a p a ra trá s, lib era nd o um roçar d e tra nsp ira ç ã o d e sua fro nte. To m a nd o la rg a s b a fo ra d a s d e a r, esta va esc o nd id a no c hã o enq ua nto p erc e b ia um m ovim ento revela d o r na p o stura d e seu a d versá rio . Pa ssa d o um insta nte , Elija h g iro u no a r e se 140
equilibrou sobre ela com violência. —Nã o é justo , tra p a c eiro b a sta rd o ! —Grito u, d a nd o d o is p a sso s p a ra sa lta r a nte o a ta q ue , m erg ulha nd o p o r sua fo rç a c o m o mergulharia na á g ua , m o vend o seu p e q ueno c o rp o e passando sobre ela sem machucá-la no mínimo. Golpeou o chão dando um salto mortal, rodou e ficou em pé com um grito triunfante. Elijah se materializou instantaneamente, sua risada se ouviu antes que solidificasse. —Que me condenem, Jacob, pensa rápido! Isa b ella sa lta va d e c im a a b a ixo , rind o e b urla nd o -se d e Elija h. Po so u flexio na nd o se us diminutos bíceps como se tivesse uma figura poderosa e musculosa como os guerreiros. —Super Druida ganha outra vez! Ja c o b ria em silênc io d e sua s p a lha ç a d a s, enc o lhend o os o m b ro s a nte Elija h c o m o d izend o a o g uerreiro q ue nã o p o d ia esp era r m a is d a c o m p a nhe ira d o Exec utor. Isa b ella c o rreu a tra vés d o p ra d o e sa lto u a o s b ra ç o s esp ec ta d o res d e Ja c o b , o s seus fec ha nd o -se a o red o r d e seu pescoço enquanto as pernas subiam em uma carícia. — Diga-lhe q ue p a re d e fa zer a rm a d ilha s! —De m a nd o u, b eija nd o -o a té q ue nã o teve nem fôlego para fazer nada mais que obedecer. —Detém a s a rm a d ilha s —o rd eno u a o g uerreiro a ntes d e c a p tura r sua c a p ric ho sa b o c a firmemente contra a sua. —OH, irmão. Consigam um quarto —ladrou secamente Elijah. — Va mos treinar ou vão praticar sexo em público? Jacob gargalhou e deixou sua suave carga no chão. —Qua nd o seus p o d eres adorm ecid o s d isp a re m , nã o será c a p a z d e usa r o s teus e tampouco ninguém mais. Por isso precisa ser melhor no combate corpo a corpo. —E diplomacia —lhe recordou ela rapidamente. — Só vou brigar se for absolutamente necessário. —Isso é exatamente o que quero —afirmou Jacob. —Só rec o rd a Isa b ella , a d iversã o e o s jo g o s c o m Ja c o b e c o m ig o sã o um a c oisa . Ver-te obrigada machucar alguém é uma decisão muito difícil. —Nã o seja c o nd esc end ente c o m ig o — se za ng o u d e re p ente Isa b ella , to d o o hum o r d esa p a rec eu insta nta nea m ente enq ua nto sua s m ã o s p o sa va m em seus q ua d ris e o s o lho s lhe cintilavam com indignada irritação. — Ou tenho q ue te ro m p er o na riz o utra vez p a ra te rec o rd a r q ue p o sso m e p ô r séria e machucar alguém em qualquer momento? Ma ld iç ã o , sa b e a ta c a r d ireta m ente o eg o d e um ho m e m , p enso u Ja c o b c o m a sso m b ro q ua nd o o g uerreiro estrem ec e u visivelm e nte. Nã o lhe surp ree nd eria q ue sua ha b ilid a d e d e 141
d esc o b rir a d e b ilid a d e m enta l d e um a d versá rio se c o nvertesse em um d e seus m elho res talentos. —Muito b e m , fo i sufic iente treina m ento p a ra um d ia —a nunc io u Ja c o b , ro d e a nd o seus quadris com um braço para aproximá-la mais a seu lado. —Ja c o b , p ro m eteu q ue m e leva ria lo g o a p a trulha r c o ntig o. Quero a p rend er a ra strea r adequadamente. Quero ver-te trabalhar. —Ainda não, pequena flor. —Quando? —Demandou. —Logo —lhe prometeu. —Não quer que vá contigo —afirmou de repente. Condenada seja esta conexão, pensou Jacob com irritação. —Não é isso exatamente… —Começou com cuidado. —É isso justamente —insistiu. Uh-OH, lá vão as mãos a os quadris, ironizou Jacob em sua mente. —Está c erto q ua nd o d iz q ue e sto u m elhora nd o —re sp o nd eu a fia d a m ente , fa zend o -o amaldiçoar o errante pensamento. — Não confia em mim. —Nã o é ve rd a d e. No ssa c o m unic a ç ã o m e nta l a ind a nã o é p e rfeita . Bela , nã o p ense q ue está lend o b e m . Nã o é q ue nã o c o nfie e m você, é só q ue… Tenho m e d o d e q ue se estivesse em p erig o , nã o m a nteria um a d istâ nc ia seg ura a p e sa r d e q ue tivesse p ro m etid o , sa lta ria a refrega sem ter em conta sua segurança. Até que tenha o amparo natural que está destinada a ter para estes encontros, não arriscarei sua integridade. —Jacob — seus o lho s se estreita ra m lhe o lha nd o , lend o a s im inentes p a la vra s d e seu p ensamento antes que saíssem de seus lábios para seu ego. —E nã o ressa lte o fa to d e q ue já b rig a ste d ua s vezes p a ra m e sa lva r se nã o quiser passar a noite com o traseiro machucado — advertiu. O tem p e ra m ento d e Isa b ella se a p a zig uo u a o d a r-se c o nta d e q ue teria sid o um g o lp e b a ixo , e m a is sa b end o q uã o d uro Ja c o b era c o nsig o m esm o . Ba ixo u o s o lho s, jo g a nd o um a olhada a d ireita p a ra ver Elija h p a rtind o d isc reta m ente. É o b vio q ue nã o fic a ria , o to lo. Tinha esta d o a í em p é d ura nte to d o o interc â m b io c o m a d iversã o d a nç a nd o e m seus o lho s. Po r um m o m ento d esejo u ser q uem p ud esse c o nvertê-lo s em p ó e esp írito e m a nd á -lo s lo ng e a um lugar tranqüilo. Lo g o q ue o p ensa m ento c ruzou p or sua m ente , um a lig eireza m isterio sa a a tra vesso u. Olhou Jacob, tentando antecipar sua necessidade com o pensamento. Ma s o olha r no ro sto d o Ja c o b era d e to ta l c o m o ç ã o . De re p e nte a m b o s vo lta ra m p a ra sua s fo rm a s só lid a s e Isa b ella se c a m b a leo u a nte a to rp e vo lta d e seu p eso . No rm a lm ente essa s transições eram muito suaves. 142
—Não fui eu —disse Jacob com tom rouco. Seus o lho s esc uro s a um enta ra m inq uieto s. Afastou-se , a b rind o o s b ra ç o s a té q ue esteve litera lm ente to c a nd o a energ ia c irc und a nte. Exa m ino u-a estend end o seus sentid o s c o m o um a a m p la m a nta , m o nta nd o a s c o rrentes d a na tureza , p ro va nd o o s ritm o s na tura is e a s ha rm o nia s p erturb a d a s p o r a lg um intruso . Era evid e nte q ue o utro Demônio d e terra teria m a sc a ra d o c o m fa c ilid a d e estes sinais revela d o res, m a s necessitaria ser um Maior p a ra fa zê-lo . Ele era , no m o m ento , um d o s três Ma iores c o m esta ha b ilid a d e , e c o nhec ia sua s a ssina tura s d e energ ia tã o bem para saber que não estavam ali. —Jacob? —Perg unto u Elija h, a tensã o irra d ia va d e seu eno rm e c o rp o em g ra nd e s quebras de onda. Ja c o b o lho u Elija h e um seg und o d ep o is a m b o s se tra nsm uta ra m em p ó e a r respectivamente, voando para o céu a uma velocidade incrível. Fique onde está, ordenou Jacob. O que vai mal? O que está passando, Jacob? Não sei a lg uém está tra ta nd o d e te c o nverter em p ó , e seg uro c o m o o inferno q ue nã o sou eu. Isabella se sacudiu ante as conseqüências dessa possibilidade. Sentou-se, de repente seus jo elho s esta va m m uito fra c o s p a ra sustentá -la . Era isto o q ue Gid eon tem ia ? Era o utro Demônio tra ta nd o d e m a c huc á -la p o r a lg um a velha ho stilid a d e p a ra um a ra ç a q ue seus a nc estrais tinham açoitado injustamente? Nã o , Bela , tra ta -se d e a lg ué m m a is, a sse g uro u-lhe Ja c o b b ra nd a m ente. Ac red ito q ue p o sso a firm a r q ue nestes últimos d ia s m e u p ovo te a c e ito u, junto c o m a s c o nse q üênc ia s q ue representa. Então quem…? É o q ue estou tra ta nd o d e a ve rig ua r. Crê q ue p o d e c heg a r a té o nd e e sta No a h c o m segurança? Sim. É obvio. Só tenho que atravessar o prado, Jacob. Acredite-me, q ua nd o se a p roxim a um p o d er c o mo este , a tra vessa r o p ra d o é c o m o atravessar o mundo, pequena flor. Vai. Vai rápido. Proteger-te-á . Isa b ella nã o p e rd eu o tem p o . Levantou-se e la nç o u em um a c a rreira velo z. Sua no va fo rç a a tinha c o nvertid o e m um a inc rível velo c ista e c ruzo u o a c re d o p ra d o a té a c a sa d e Noah em apenas um minuto. No a h q ue tinha um a d isc ussã o so b re um p erg a m inho c o m d o is a luno s, d istra iu-se q ua nd o irrompeu a tra vés d a p o rta rub o riza d a e se m fô leg o . Nã o nec essita va d a c o nexã o q ue ela tinha c o m Ja c o b p a ra sa b er q ue a lg o a tinha p erturb a d o . Pa re c ia terrivelm e nte a ssusta d a , um a expressão que nunca tinha visto antes. Ainda quando pensava que Jacob podia estar sangrando até morrer, só mostrava raiva e d eterm ina ç ã o p a ra im p ed i-lo . Ma s d esta vez, ha via a utêntic o terro r em seus o lho s, e instintiva m ente a m a g ia p ro tetora d e No a h b rilho u a p a rec end o . Sua c a sa era fe ita d e p e d ra e 143
a ç o p o r um a ra zã o . Assim na d a p o d eria d erreter-se se esq uenta va a s p a red es externa s a velo c id a d e vio lenta q ue esta va usa nd o a g o ra . Alg o q ue a to c a sse se c ha m usc a ria so m ente aproximando-se do exterior da estrutura. — Diga-m e — ordenou a pequena Executora. Fê-lo, c o nta nd o tud o q ue tinha p a ssa d o nesses b re ves m o m e nto s. No a h, nã o p o d ia culpá-la p o r seu m ed o . Ter um d esc o nhec id o a feta nd o a s m o lé c ula s d e se u c o rp o tinha q ue ser muito desconcertante. —Traz Legna. Estará em sua habitação. Não se preocupe. Está a salvo entre nós. De p o is d e q ue sa ísse a p ressa d a m ente , No a h d esp e d iu o s d ois a luno s d e fo rm a c o rta nte . Quem esta va a sua e sq uerd a , no Co nselho, sentou-se a b rup ta m e nte , e e m um seg und o seu ser astral saiu de seu c o rp o . O Demônio m ental a sua d ireita fe c ho u o s o lho s e d esa p a rec eu c o m uma suave sucção de ar deslocado. Noah estava orgulhoso de como os dois estudantes tinham ido a to d a velo c id a d e , o b e d e c er a ta re fa q ue tinha enc o m end a d o a c a d a Demônio p a ra proteger a Druida. Isabella nã o entra va d e m a neira tra d ic io na l no ro l d a Exec uto ra , c o m to d a s a s a p reensõ e s e ho stilid a d es q ue isto tra zia . Seu p o vo nã o era p rá tic o a ssim . Era um a m ud a nç a que trazia o que mais temiam. A loucura da Lua Sagrada e o insultante castigo podiam ser coisa d o p a ssa d o . Era um p o d ero so m o tivo p a ra sua g ente q ua nd o c heg o u o m o m ento d e d a r à bem-vinda a pequena híbrida na comunidade. Uma vez que Isabella retornou com Legna, irmão e irmã se sentaram um frente ao outro e lentamente começaram a erigir novos amparos ao redor da fortaleza de Noah, trabalhando em um a fluid a e d ua l d a nç a d e instruç õ es c o m um a p a la vra . Leg na se a b riu a o s p ensa mento s e intenç ões d e to d o s e m um q uilô m etro a o red o r. No a h esta b ele c eu um p e rím etro d e fo rç a q ue d rena va e nerg ia . Le g na c irc und o u o p erím etro c o m um a la rm e. Qua lq uer q ue c ruza sse essa barreira seria vencido pela urgente necessidade de escapar. Isa b ella se ntiu c o mo to d o o p êlo d e seu corpo se a rrep ia va q ua nd o o p o d er encheu a habitação. Esfre g o u o s b ra ç o s, em c o m p a ra ç ã o c o m o c a lo r q ue No a h tra nsm itia , esta va m frio s. O lá b io sup e rio r d e Le g na se um ed ec eu c o m tra nsp ira ç ã o , p o ssivelm ente d evid o à p ro xim id a d e c o m se u irm ã o , o u p o rq ue esta va c o nc entra nd o m uito , e stend end o -se a té o s limites de sua habilidade. Só pa ra protegê-la. Isabella se sentiu hum ild e a nte este p ensa m ento . Instintiva m ente se m o veu m a is p erto d e seus protetores, sua pele gelada dava a bem-vinda ao calor ambiental de Noah. De re p ente , o m und o resp la nd ec eu e m sua c o nsc iênc ia . O c ére b ro d e Isa b ella fo i b o m b a rd ea d o p o r m ilha res d e sentim ento s e instinto s q ue nã o era m p ró p rio s, c a d a um a transpassava a um a velo c id a d e vertig ino sa c o m o se fo sse m fo g uetes. Perc e b eu o m e d o d e d úzia s d e a nim a is q ua nd o a tensã o c irc und a nte o s o b rig ou a c o rrer. Sentiu d isc ussõ es, g ente fazendo amor, hum o r e a reverênc ia d e p esso a s vive nd o nã o m uito lo ng e , o c la m or a fo rç a va cobriu a s o relha s em um esfo rç o p o r p ro teg er-se d a c a c o fo nia d e em o ç õ es. No to u a tensã o d e Ja c o b , a ind ig na ç ã o d e Elija h. Desc o b riu q ue o g ig a nte g uerreiro lhe tinha a feto a pesa r d e haver mostrado o contrário ao burlar-se dela. 144
Aflita , Isa b ella se sento u no d uro c hã o d e m á rm o re , seus o lho s esta va m d ila ta d o s q ua nd o olhou inexpressivamente tratando de afastá-lo. O instinto de conservação ardeu intensamente… … E logo tudo desapareceu. Um a c o nfla g ra ç ã o d e c ha m a s exp lo d iu a o seu red o r, fluind o p a ra o exterio r e m um a rá p id a o nd a c irc ula r d a q ue era o eixo c entra l. Leg na g rito u. No a h g rito u. E entã o tud o se deteve.
CAPÍTULO 10 De sua s p o siç ões d e p a trulha no c éu, Ja c o b e Elija h sentira m o red e mo inho d e um a enorme rajada de calor. Ambos se solidificaram, dando voltas procurando a fonte. Horrorizaramse a o ver um c írc ulo d e c ha m a s sa ind o d a c a sa d e No a h, p erc o rrend o a g ra m a e q ueim a nd o instantaneamente até a terra. Ambos os Demônios reagiram imediatamente, Jacob levantou seus braços e uma parede d e terra d isp a ro u p a ra enc ontra r-se c o m o fo g o q ue a va nç a va . Elija h se ele vo u p a ra a s nuvens, e c o m o se a tira sse um a la nç a , a rro jo u um a fo rç a inc rível d e vento p a ra trá s d a p a re d e d e fo g o para a sseg ura r sua a tua l d ire ç ã o , e p o sterio rmente seu fa lec im ento , em vez p o ssivelm ente d e voltar a d up lic a r-se. A terra fe c ho u a s c ha m a s, a s a p a g a nd o im ed ia ta m ente já q ue esta va m p riva d a s d e oxigênio. Pa ra a sseg ura r-se Elija h c a uso u m uita c huva , um ed ec end o tud o em questão de segundos. Um b a tim ento d e c o ra ç ã o d e p o is, esta va m vo a nd o p a ra a c a sa d e No a h a to d a velocidade. Jacob notou imediatamente que não havia guardas protegendo o lar. Sabia que Isabella tinha ro g a d o a No a h p o r a m p a ro e re fúg io , d everia ter sid o q ua se im p ossível p a ra q ue ele se a p ro xim a sse. Pro c uro u sua c o nexã o c o m a Isa b ella , c o m o tem o r a p erta nd o -se em sua g a rg a nta . Sentiu um a p o d e ro sa exp lo sã o d e terro r p o r ela um m o m ento a ntes d a exp lo sã o . Ma s agora não havia nada mais que silêncio onde seus mornos pensamentos deveriam estar. Elija h e Ja c o b p a ssa ra m p ela a lta ja nela c o m o flec ha s d e p ó e vento , send o sólid o s no milissegundo em que tocaram o piso. Ho rro riza d o , Ja c o b se d eu c o nta q ue a té a ultim a sup erfíc ie d o g ra nd e sa lã o tinha sid o carbonizada. E no centro do negrume jaziam três corpos. —Bela! —g ritou Ja c o b , c a m b a lea nd o e e sc o rre g a nd o so b re o eneg re c id o m á rm o re em sua p ressa d e a g a rra r a inc o nsc iente fo rm a e m seus b ra ç o s. Atra vé s d o s a g ua d o s o lho s, c eg a d os p elo terro r, c o m eç o u a a va lia r o d a no , esta va e m c a rne viva e c o m a m p o la s, q ueim a d a c o m o se tivesse esta d o no so l p o r ho ra s. Seu c a b elo esta va le vem ente q ueim a d o e sua s ro up a s se d erretera m em sua p ele , o a ro m a d e a m b a s a s c oisa s a fo g a nd o a seu par c o m fúria. —Sã o No a h e Leg na —Elija h se a jo elho u a o la d o d o rei e sua irm ã . Esta va m a p e na s rec o nhec íveis, sua p ele e ro up a s q ueim a d a s q ua se a té ser neg ra s, o fo rmo so c a b elo d a Leg na se fo i. Ja c ob o lho u so b re sua c a rg a , vend o lá g rim a s trem end o nos o lho s d e Elija h enq ua nto o cuidadosamente procurava o pulso na garganta de seu monarca. 145
—Impossível — disse Jacob roucamente. — Noah é imune ao fogo! —Necessitamos Gideon. Agora! Ja c o b o lho u enq ua nto Elija h se leva nto u, seus p unho s a p erta nd o -se , sua c o nsc iê nc ia a lc a nç a nd o o m a is inc rível d esd o b ra m ento d e p o d er q ue Ja c o b tinha visto o o utro Demônio usar. Gid eo n se ntiu a p erturb a ç ã o a p ro xim a r-se seg und o s a ntes q ue g o lp ea sse c o m fo rç a impetuosa a ja nela d e sua c a sa . Pô s o livro q ue tinha e sta d o lend o a um la d o e se leva nto u, m ovend o sua c a b e ç a p ensa tiva m ente. Esta va send o c o nvo c a d o , e p elo p o d er susp e ita va q ue m p o d ia ser. Sua s so b ra nc elha s se fra nzira m a o p ec ulia r p ro sp e c to , m a s nã o d e sp e rd iç o u tem p o e m a b rir sua p o rta e sa ir no red e m o inho d e vento . Um m o mento d ep o is se tra nsfo rm o u em parte disso e estava viajando pela atmosfera. As c inza s se a verm elha ra m em um a selva g em névo a d e d estruiç ã o à m ed id a q ue Elija h a rra sta va Gid eo n a ha b ita ç ã o c o m inc rível fo rç a , m a teria liza nd o -o em um b a tim ento d o c o ra ç ã o . No m inuto q ue o a ntig o Demônio era só lid o , Elija h retro c e d eu e c a iu fra c a m ente no p iso . Tinha to m a d o to d a s suas forças p a ra rea liza r um a fa ç a nha tã o inc rível d e tã o g ra nd e distancia. Lo g o o s c ha p e a d o s o lho s esta va m p erc o rre nd o tud o o q ue ha via na ha b ita ç ã o a o re d o r dele. Em um estranho gesto de emoção Gideon disse brandamente: —Que aconteceu? —Não sabemos —respondeu Jacob. Rapidamente lhe disse o que ele e Elijah tinham visto enquanto o Demônio se ajoelhou ao lado das formas inertes de Noah e Legna. Aproximou-se primeiro do re i, to c a nd o a c a lc ina d a p ele d e se u p ulso , a fund a nd o sua c o nsc iênc ia no c o rp o d e No a h. Seus p ulm õ es esta va m q ue im a d o s p ela ina la ç ã o d e um inc rível c a lo r, m a s era m a p ele e o c a b elo o s q ue m a is tinha m so frid o . Pa ra um hum a no isso teria sid o fa ta l, m a s era um a sim p les re p a ra ç ã o p a ra Gid eo n. Com e ç o u p o r a p a g a r to d o s o s rec e p to re s d e d o r no m a c huc a d o c o rp o d o Demônio. Sa no u primeiro os p ulm õ es e lo g o lhes fe z tra b alhar m a is rá p id o , p a ra a la g a r o rei c o m um a a lta c o nc entra ç ã o d e o xig ênio. Lo g o Gid eo n c o m e ç o u meticulosamente a rejuvenescer partes da pele, uma célula de cada vez. Tomou quinze minutos p a ra q ue c o meç a sse a ser visível p a ra o s d o is Demônios esp era nd o a nsio sa m ente c o m a resp ira ç ã o c o ntid a . Um a vez q ue Gid e o n tinha re p a ra d o c o m p le ta mente 50 p or c ento d a p ele d a nific a d a d e No a h, a fastou-se e g iro u p a ra Leg na . Se tivesse esp era d o a té q ue No a h estivesse c o m p leta m ente sã o , te ria p erd id o Leg na . Seus d e d o s se a p ro xim a ra m p a ra to c a r a a ntes formosa bochecha do Demonio feminino. Nã o se d a va c o nta q ue esta va sussurra nd o em vo z b a ixa , a o m esm o tem p o d o p ro c e sso m enta l d e rec onstruç ã o . Ja c o b o lha va c o m fa sc ina ç ã o enq ua nto Gid eo n rep etia a lista d e o rd ens m e nta is re q ue rid a s p a ra a to ta l re p a ra ç ã o . Era rá p id o e sem eng uiç o s. A c o r na tura l d a pele de Legna começou a sair sobre seus membros, sua garganta e seu elegante rosto. Uma vez mais era rosada e bronzeada, suave e formosa. Ma s a ind a Gid eon nã o vo lta va p a ra o re i. Desc a nso u Leg na e m sua s c o xa s e a lc a nç o u a c a m isa p a ra tira r-lhe c o m c uid a d o a d eslizo u p o r seus b ra ç o s c o b rind o seu c o rp o nu, d eslizando o s la rg o s d ed o s so b re sua s c o xa s p a ra c he g a r a té o s joelhos. Lo g o leva nto u a inc o nsc iente 146
m ulher e m seus b ra ç o s, e esc o va nd o m eig a mente a c a lva c a b e ç a recém rep a ra d a , so b sua b o c a tã o p erto d e sua p ele q ue seu sussurra d o c a nto p a rec eu um b e ijo . Em um minuto, c a c ho s levem ente c olo rid o s d e c a fé c o m e ç a ra m a c resc e r so b re a nua p ele. Em c inc o m inuto s, tinha m c resc id o a té o o m b ro , Gid eo n nã o se d eteve a té q ue o c a b elo d a Leg na esta va e m sua dramática longitude normal sobre seus braços e coxas. Finalmente, d esenre d o u-se a ssim m esm o d o c resc im ento q ue tinha c ria d o . Cuid a d o sa m ente p ô s sua s c o sta s so b re o p iso , seus d ed os fic a nd o p o r um m o mento na c urva d e seu p esc o ç o . Lo g o , so lta nd o um susp iro , Gid eo n se vo ltou p a ra No a h. O poderoso Demônio c o rp o ra l se esta va enc a rre g a nd o d e um a g ra nd e e d ifíc il ta refa , m a s nã o ha via nenhum a amostra disso na frieza de seus olhos. Qua nd o a sub stituiç ã o d o c a b elo d e No a h era o únic o fa lta va , Gid eo n p a uso u um a vez m a is e m seu c uid a d o d o rei p a ra a va lia r a c o nd iç ã o d e Isa b ella . Gid eo n se leva nto u, p a sso u sobre os corpos adormecidos dos recém curados Demônios, e então se ajoelhou frente a Jacob. Aind a q ua nd o sa b ia q ue Gid eo n fa ria tud o o q ue p ud esse p a ra a jud a r a Isa b ella , Ja c o b nã o p o d ia c o ntro la r a urg ente p etiç ã o d e a jud a q ue em a na va d e se us o lhos. Gid eo n a va nç o u para a Isabella, mas duvido antes de lhe tocar a pele. —Jacob, tenho que tocá-la para poder curá-la. —Sei. Po r q ue d úvid a ? —o Exe c uto r nã o p o d ia evita r a a g ud a im p a c iê nc ia e m se u tom de voz. —Em minha experiência, algumas vezes os casais com a vinculação não respondem bem q ua nd o um m e m b ro d o sexo o p o sto to c a a seus c o m p a nheiro s, se m lhes im p o rta r q uã o inocente ou intencionado seja o tato. Ja c o b fra nziu o c enho , seu p rim eiro im p ulso era neg a r a rid ic ula ria d e p e rm itir q ue a lg um zelo sem im p o rtâ nc ia se interp o r na sa úd e d e Isa b e lla . Ma s lo g o rec ord o u a s ho stis em o ções c o m a s q ue tinha luta d o se m p re q ue No a h tinha m o stra d o c a rinho p or ela , o u q ua nd o Elija h e Isa b ella tinha m treina d o junto s estes últim o s d ia s, q ue tinha tid o q ue ir-se p a ra nã o vê-lo p ôr sua s mãos sobre ela pretendendo machucá-la. Sentiu uma risada desgraciosa sair de seus lábios. —Cure-a —sussurrou a Gideon, sua voz rouca pela emoção. Gid eo n a ssentiu um a vez, a c e ita nd o . Concentrou-se em red uzir a instintiva ternura d e seu ta to , a sseg ura nd o -se q ue na d a d o q ue fizesse p ud esse ser m a l interp reta d o p elo p o ssessivo Exec uto r. Nã o ha via nenhum d a no interno p a ra a Isa b ella , e ela era d e lo ng e a meno s d a nific a d a d o s três. Era c o nfuso e c o m p leta m ente ilóg ic o . Se a lg uém d everia ter p a ssa d o p o r esta d eva sta ç ã o se m d a no s teria q ue ter sid o No a h. O m a c huc a d o d a p ele d a Isa b ella fo i ra p id a mente rep a ra d o , e Gid eo n p ro c uro u um a e o utra vez, p ista s d e p or q ue era a meno s machucada. Só tomou um pensamento rápido tirar as queimadas pontas de cabelo, e que crescesse a m a ssa d e c a b elo sã o d e vo lta a sua lo ng itud e o rig ina l. Co njuro um so no c ura tivo p esa d o nela , reforçando-o p a ra q ue nã o fo sse c a p a z d e d esp erta r. Lo g o se end ireito u e se a fa sto u d o c írc ulo do Demônios no p iso . Fo i p a ra um c o rp o q ue nem o Demônio d a terra ne m o d o ve nto tinha m notado que estava aí. 147
—Samson —disse Gideon, respondendo a pergunta sem fazer. Elija h tinha rec up era d o um a p e q uena q ua ntid a d e d e fo rç a , e c o m isso p ô d e m o ver p a ra ajudar a Jacob levar suas cargas a um lugar mais seguro e limpo. —Não. Descansa. Eu os levarei a minha casa… —disse Jacob. —Nã o . Nã o p o d e . Aind a nã o sa b e mo s se o utro s feitic eiro s têm a lo c a liza ç ã o d e sua c a sa desde essa noite. —Nã o têm a d o Do ver. Nã o so u um id io ta —b ra m o u. Lo g o se d eu c o nta c o m o so o u se u tom e se desculpou. —Não —Elijah levantou sua mão em sinal de desculpa—, tem razão. Não é um idiota e de seg uro nã o nec essita q ue te d ig a c o isa s q ue a ind a o m a is idiota d o s no va to s sa b eria . Sinto muito. É só que estou caído e todo este assunto me assustou muito. —Me sig a . Tenho m uito esp a ç o e p rec isa d esc a nsa r e m um lug a r seg uro — insistiu Ja c o b , levantando-se com o débil corpo de Isabella em seus braços. Qua nd o Gid eo n entro u na ha b ita ç ã o , Ja c o b esta va senta d o e m um a c a d eira a o la d o d a c a m a d e Isa b ella , sua s d ua s m ã o s o b stina d a s a um a d e sua s p e q uena s m ã o s. Esta va a c a ric ia nd o seus lá b io s c o m a p o nta d e seus d ed os, lhe fa la nd o b ra nd a m ente m esm o q ue ela não podia lhe ouvir. —Qua nd o d esp erta rá ? —perguntou Jacob, a p erg unta c he ia d e p re o c up a ç ã o mal reprimida. —Nã o a c red ito q ue d eva ser d esp erta d a a o m eno s a té d entro d e um p a r d e d ia s —lhe inform o u Gid eo n— Ja c o b , o q ue esta s sentind o é no rm a l p a ra um c a sa l vinc ula d o . É… d ifíc il para você sup o rta r a p erd a d e seus p ensa mento s d e ntro d e sua m ente. Fo i ig ua l d ifíc il p a ra ela suportá-lo quando você estava inconsciente — logo Gideon se aventurou mais. — Justo c o mo seria m o rta l p a ra ela te p erd er, é se m p re ig ua l m o rta l p a ra o Demônio. Rec o rd a , so m o s o s p o uc o s q ue so m o s p o r c ulp a d isto . Isto é o q ue sig nific a esta r vinc ula d o , e à medida que passe o tempo à conexão só se fará mais forte. —Sei —m urm uro u Ja c o b , g ira nd o seu ro sto , seus olhos fixo s na lua q ue b rilha va q ua se completamente na janela. Ja c o b nunc a teria q ue tem er a s a tra entes tenta ç õ es d a c o nd iç ã o va zia d e no vo . Pe nso u Gid eo n. Aind a a g o ra sentiu o m éd ic o o s p ersistentes a rra nhõ es d a s g a rra s d e c o m p ulsã o p elo s c a m inho s d e sua m ente. Perguntou-se , p o r um p e q ueno m o m ento , c o m o se sentiria viver livre dessa desorientada a m e a ç a a sa nid a d e m enta l. Os a ntig o s tinha m p a ssa d o no a no a nterio r estud a nd o fo rm a s d e m a nter a p a z interio r d ura nte estes tem p o s sa g ra d o s. Podia-se rec ha ç a r, inclusive ignorar, mas nunca se podia expulsar completamente. A Vinculação era a única cura. Ma s ha via um a c o nd iç ã o . Na s no ites d e lua c heia d o Sa m ha in e Belta ne , um c a sa l vinculado se atrairia em um só p ensa m ento d e nec essid a d e sexua l, um desespero que não seria ignorado. Era p o r isso q ue histo ric a m ente , o Exec uto r lhes fo rç a va a retira r-se se a lg um a vez caíam na vinc ula ç ã o ... Co m o p o d ia m esta r vig ila ntes na s d ua s p io res no ites d o a no d e lo uc ura 148
d e m o nía c a q ua nd o esta va m o b c ec a d o s c o m seus c a sa is essa s me sm a s no ites? Aind a a g o ra Jacob estava sentado e não se movia do lado de seu par. Gid eo n tinha m a ntid o silênc io neste a ssunto , a fa sta ndo-o d o Co nselho , p ensa nd o q ue ter a um c a sa l d e Exec uto res p o d ia servir d e va nta g e m , esp era nd o nã o ser a c a usa d e ro ub a r aquilo pelo qual Jacob tinha vivido pelos últimos quatro séculos de sua vida. —Ja c o b , d eve ir — Ja c o b o lho u o a ntig o tã o rá p id o q ue Gid eo n esc uto u o so m d e seu p esc o ç o a o g ira r-se. Encontrou um g ra nd e nível d e c ensura q ue esta va no s o lho s o b sc urec id o s do Executor. — Nã o nec essita d e sua c erc a nia c o nsta nte esta no ite. Já esta c o m p leta m ente sa na d a , e d o rm ir se rá sufic iente p a ra preencher sua s reserva s d e energ ia s a té q ue retorne com a vo lta do sol. O exec uto r nã o resp o nd eu. A nã o se r p a ra g ira r e ver o b o nito ro sto d e Isa b ella descansando. —Jacob… —tentou Gideon de novo. — Jacob não pode ficar aqui até que desperte. Tem outros deveres que realizar esta noite. —A noite acabou —disse Jacob friamente. —Faltam três horas. Deve te assegurar. —Nã o p retend a m e d izer q ue d evo o u nã o d evo fa zer —g rito u Ja c o b , sua s m ã o s e m p unho s, c huta nd o sua c a d e ira tã o vio lenta mente, q ue se d estro ç o u na lo ng ínq ua p a re d e , estilhaçando-se em pequenos pedaços. — Não te atreva a me dizer quando e como devo realizar meus deveres! Sabe muito bem a excelência de minhas obrigações, antigo! Os o lho s frio s d e Gid e o n nem se q uer p isc a ra m p elo vio lento rec ha ç o . O b rilho m etá lic o d e sua s p up ila s passaram d a s p a rtes q ue fic a va m d a c a d eira d e Ja c o b e d e volta a seu a ntig o ocupante. —Aind a nã o c o m p reend e a intensid a d e d a uniã o em q ue entra ste , Ja c o b . Co nto s d e fa d a s e m em ó ria s a ntig a s d o s p a is d o No a h nã o p o d e m lhe p rep a ra r p a ra sa b er o q ue d e verdade significa estar Vinculado. —Sério? Importar-te-ia d izer isso a No a h? —Ja c o b so rriu, só d ente e sem hum o r o u a m iza d e. Era o so rriso d e um p red a d or o lha nd o sua p re sa , d istra ind o -a a té q ue se a ssusta sse e c ometia um engano. —No a h sa b e m uito b e m a s fo rtuna s e info rtúnio s d a Vinc ula ç ã o . Viver c o m p a is Vinc ula d o s é m uito d iferente d o lhá -lo d e lo ng e. E m esm o a ssim vo c ê sa b e m a is q ue ele , m a is d o q ue nunc a sa b e rá , a resp e ito d o q ue se sente a o esta r tã o m istura d o a p re senç a e a nec essid a d e d a existênc ia d o o utro . É im p era tivo q ue rec o rd e q ue eu se i m a is a re sp e ito d esta histó ria q ue vo c ê e q ue tem q ue c o nfia r e m m e u c o nselho. Isa b ella nunc a p o d e ser m a is importante que seu trabalho. 149
Ja c o b resp o nd eu c o m um a ntig o insulto , um q ue d isse a o m ed ic o a ntig o m uito c la ro o que pensava de suas observações. —Isto vem é o b vio d a q uele q ue era tã o susc etível so b re sua c o nexã o fa z um m ilênio — disse Jacob. Esta vez o g o lp e d o Exec uto r im p a c to u p ro fund a m ente. Fo i só entã o q ue ocorreu a Gid eo n q ue um tã o d ip lo m á tic o c o m o Ja c o b p o d ia ser tã o ig ua lmente a d e p to d a c rueld a d e com palavras. —Há uma lei, Jacob, que retira ao Executor de seus deveres uma vez que foi Vinculado. Ap esa r d e ser m a is d ireto q ue c ruel, a info rm a ç ã o d e Gid eo n d eu um im p a c to considerável no outro macho. —Eu nunca —Jacob se afogou. —Sim, m a s ta m p o uc o nunc a se esc uto u d e d ruid a s send o e m p a relha d o s c o m o Demônios — disse Gideon impacientemente. — Ja c o b , um a vez fom o s c o m p a nhe iro s, e d ig o isto c o m o um q ue la m e nta q ue tenha tid o q ue muda r. Nã o esto u d izend o q ue esta le i seja p o sta em efe ito , nem ta m p o uc o q ue alguém a vá descobrir. Espero que ninguém o faça até que passe tempo suficiente para você… para que prove que já não é necessária. O punho esquerdo de Jacob se soltou, flexionando e estirando seus dedos em agitação. —Ma s se só um Demônio p a ssa d e sua vig ília , se só um hum a no é m a c huc a d o , especialmente no começo das rápidas notícias sobre os druidas, as ramificações serão rápidas e d o lo ro sa s. Le i o u nã o , nã o a c re d ito q ue p ossa viver c o m a c ulp a d e a lg o a ssim . Nunc a fa lha ste , justo c o m o seu irm ã o a ntes d e você. Nã o te a rrisq ue a c o nd ena ç ã o q ua nd o a felic id a d e esta tão perto para você. —Nunc a d everia ha vê-la d eixa d o — c o nfesso u Ja c o b em um súb ito im p ulso , sua m ã o tomand o a de Isabella cegamente, apertando-se contra suas coxas. — Deveria ter sido minha primeira prioridade. —Era. Ou Elijah e você só estavam passeando nas nuvens quando a deixou? —Maldição, Gideon! Está começando a me zangar. —Que eloqüente frase humana —remarcou Gideon. — Posso ver que não tomou muito tempo para começar a te influenciar. —Me influenc ia r? Gid eo n, ela é eu. E c a d a p a rte d e m inha é ela . Ma s nã o entend e isso , verdade? se o fizesse, nunca teria formado parte da atrocidade que nossa gente fez a os druidas —finalmente Jacob voltou seus olhos a Isabella, a luz de lua tocando seu perfil podendo. — Rezo p o r ver o m o m ento q ua nd o d esc o b rir o q ue sig nific a enc o ntra r a o utra m eta d e d e sua essênc ia e m um a d elic a d a e fo rm o sa c ria tura c o m o Isa b ella . Vivo no mo m ento em q ue la m ente a s a b surd a s reitera ç õ es d e sup erio rid a d e m ora l q ue tra ta d e m e fa zer so frer — Jacob rompeu a união dos olhos escuros dessa alma adormecida e olhou ao médico. 150
— Sabe o que me faz o Executor e a nenhum outro? —Foi eleito pelo Noah. —Ao igual que meu irmão antes de mim. Eleito, como meu avô e uma dúzia de ancestrais a ntes d e m im o fo ra m . Há -se d ito q ue este é o únic o tro no no mund o d e m o nía c o q ue le va um a a sc ensã o b io ló g ic a . Há a lg o no sa ng ue d e m inha fa mília q ue nos p red e stina a ser Exec uto res. Qua nd o Ad a m fo i eleito , p ensei q ue nunc a seria c ha m a d o . Era m uito ... Muito d iferente a nte s, quando viveu. —Foi faz muito tempo, Jacob. Todos fomos muito distintos então. —Tinha d uzento s a no s m a is o u m eno s —Ja c o b riu um a vez, m uito b ra nd a m e nte , q ua nd o recordou isso. — Era o m a is jo vem d e m inha m ã e , seu b e b ê sem im p o rta r q ue ta nto c resc ia . Era m a l c ria d o , ra ia nd o na inso lênc ia , e a c red ito q ue eu g o sta va d a s b rinc a d e ira s nesse tem p o . O recordar lhe fez sorrir um sorriso de um só lado que lhe tirou os anos do olhar. —Estávamos em Guerra com os vampiros —acrescentou Gideon solenemente. — Te converteu em um impressionante caça recompensas. —Em o ç õ e s e g ló ria —exp lic o u Ja c o b . So rriu d e no vo , p a rec end o re p entina m e nte estranho— e mulheres —sussurrou. Como se Bela pudesse escutá-lo. — Aind a nã o esta va fa rto d a s m ulheres nesse tem p o —susp iro u, se u b o m hum o r desvanecendo. — Lo g o Ad a m d e rep ente d e sa p a re c eu, se m exp lic a ç ã o , e entend em o s q ue tinha morrido… e entendi que seria chamado a tomar seu lugar — Jacob chegou a seu ponto e olhou ao antigo para fazê-lo. — Nunc a p erd i a a lg uém . E nunc a o fa re i, enq ua nto viva nunc a d eixa rei a um Demônio machucar a o utra esp é c ie , e nunc a d e ixa rei q ue a lg um d e nó s q ue tenha m a c huc a d o a o utro d e no ssa ra ç a esc a p e a justiç a . Esta é m inha c ha m a d a , isto é tud o o q ue c o nheç o e tud o p a ra o q ue sirvo . Nem le i, nem a m o r m e p od e m tira r isso . Só a m o rte. Minha lei, a le i a tua l q ue c o nhec e m o s, d iz q ue só a m o rte sep a ra a este Exec uto r d e sua ung id a p o siç ã o . Se a lg um a vez lhe fa la r d essa lei a a lg ué m , d a rá a esses q ue m e o d eia m no Co nselho , q ue é d efinitiva m ente um a m a io ria , c a usa p a ra m e rem over. Ka ne nã o e sta p re p a ra d o , Gid e o n, e só ele tem esse s instintos que nascem em nossa família que nos fazem ser bem-sucedidos como Executores. —Um a a no m a lia g enétic a — d isse Gid e o n, insta nta ne a m ente o lha nd o o Exec uto r, procurando a marca da que falou. —Sim. Um a q ue m a nd a um a sensa ç ã o a tra vés d e m inha m ente im e d ia ta m ente q ue um Demônio c o m e ç a a p isa r na linha d a ra zã o em seus p ensa m ento s. É c o m o um a tra nsm issã o . E so u o únic o ser vivo q ue p o d e esc utá -la … senti-la . Po r q ue c rê q ue se m p re sei? Só uso minha s ha b ilid a d e s elem enta res no ra strea m ento e a d etenç ã o d a transgressão. Isto nã o é c o nhec id o , Gid eo n. Aind a vo c ê tem d ific uld a d es p a ra enc o ntra r o q ue p ro c ura em m im , a p e sa r d e q ue p o ssivelm e nte nã o há um gene no universo q ue nã o p o ssa d etec ta r. Se o s nig ro m a ntes soubessem d isto , q ua nto tem p o c rê q ue seg uiria vivo ? Qua nto c rê q ue viveria Bela , a g o ra q ue vimos à m esm a ha b ilid a d e nela ? O q ue no s p ro teg e é a id éia q ue se um Exec uto r mo rre r, sim p lesm e nte o utro to m a seu lug a r. Que o seg uinte nã o será d iferente d o a nterior. Há a lg uns151
q ue m e a ssa ssina ria m felizm ente , e m eu irm ã o , p a ra lib era r-se d isto , p o rq ue so mo s o s últim o s d a linha. —Então se me sento aqui por intermináveis horas, é por que não sinto a necessidade de ir. Se fic a r, é p a ra p ro teg er o futuro d o s Demônios, p ro teg ê-los d e si m esm o s. Esta m ulher… — de novo tocou a mão que tinha em seu quadril. — Esta mulher a lg um d ia d a rá a luz a m eu herd e iro . O herd eiro d e meu sa ng ue , he rd e iro d e meu d e ver. Assim se m e sento a q ui e lhe d o u vo nta d e d e viver, d e re sp ira r e d e m e a m a r, é por meu dever —Jacob piscou seus olhos planos e sem emoção para o médico. — E acredito que nunca voltaremos a ter esta conversação de novo, Gideon. Nã o ha via nenhum a a m ea ç a , nem na d a p a rec id o , m a s Gid eo n entend eu. Ja c o b nã o sentiria nenhuma culpa que lhe infestavam quando devia proteger a sua família —Esto u a g ra d ec id o q ue tenha sa lva d o m inha vid a e a vid a d a q ueles q ue m a is a m o , Gideon. Devo-te muito se alguma vez quiser cobrá-lo. —Nã o há d úvid a d e q ue se m p re esta re i p a ra te servir, se a lg um a vez m e p rec isa r — disse Gideon silenciosamente. —Entendo-o, mas… — a boca de Jacob se voltou sombria. — Já nã o te entend o , Velho a m ig o . Co nverteste-te em um estra nho p a ra mim . Se m p re p ense i q ue foi um ho m e m d e sa b e d o ria e b enevolê nc ia , um q ue , c o m o eu, nunc a p o d eria ve r um ino c ente m a c huc a d o . Nã o p o sso a c red ita r q ue em to d o s estes a no s nunc a ha ja d ito a No a h, q ue esta va p ro c ura nd o incessantemente a cura d e no ssa lo uc ura , q ue a cura tinha sid o d estruíd a c o m os d ruid a s. Pelo c o ntrá rio o d eixo u esp era nç a r-se, a to d o s, fo i c ruel e a rro g a nte . Sem p ensa r e m ning uém . Po uc o d ig no d e um tã o a ntig o e a p rec ia d o — Ja c o b sa c ud iu sua cabeça em assombro. — Já não temos nada em comum, Gideon, e isso lamento. No a h fo i o p rim e iro a sa ir d a fo rm id á vel sug estã o d e so no d e Gid eo n, um testemunho d o inc rível p o d er d o re i. Ma s, surp re end eu a Ja c o b ver seu m o na rc a senta d o na q uieta esc urid ã o , q ua nd o se leva nto u. Ja c o b fo i p a ra o la d o d e No a h, senta nd o -se à frente d o Demônio d e fo g o na ponta de uma mesa para o café. —Não esperava ver-te até outro dia mais — disse sua voz claramente refletindo seu alívio. —Nã o é p ró p rio d e m im p erm a nec er se m fa zer na d a p o r muito tem p o . To d o m eu ser é a resp eito d e m a nip ula r energ ia . Seria um a p o b re a m o stra d e no sso m a is p o d ero so elem ento se não pudesse recolher energia de fontes externas para preencher as que perdi — a expressão de Noah permaneceu preocupada a pesar do esforço de parecer despreocupado. — Onde esta minha irmã? —Esta aqui. Dormindo. Isabella também. No a h p a re c eu end urec er-se d e rep ente, e Ja c o b sentiu a se nsa ç ã o trep id a nte so b a pele de seu estomago. —Por quanto tempo dormirá? 152
—Legna? Gideon diz que um dia ou dois. —Referia a druida. Isso p ô s Ja c o b em a lerta . No a h se m p re tinha sid o o únic o além d ele q ue d a va fre q üentemente seu resp eito a Isa b ella a o usa r seu no m e , e m vez d e c ha m á -la e m termos frio s como “a humana” ou “a druida”. —No a h, q ue a c o ntec eu? —perguntou Ja c o b , m a s d e re p ente nã o esta va tã o a nsio so pela resposta como tinha acreditado. —Nã o p o sso te d a r d a d o s esp ec ífic o s. A veloc id a d e c o m q ue oc o rreu o inc id ente fo i cegante. Ma s o q ue p o sso te d izer é q ue e sto u seg uro q ue Isa b ella q ua se m a to u a m inha irm ã e a mim. —O q ue? —p erg unto u Ja c o b , sua vo z b a ixa e p erig o sa enq ua nto seus o lho s se esgotavam defensivamente. —Está va m o s p o nd o a s b a rre ira s p roteto ra s, Leg na e eu. Isa b ella esta va a ssusta d a p elo q ue esta va p a ssa nd o , a ssim na tura lm ente, a p ro xim o u-se d os q ue a p ro teg eria m , no m o m ento em que o fez… —Noah se deteve, agitando sua cabeça em mudo assombro. — A fo rm a em q ue se esg o ta ra m m inha s energ ia s fo i c o m o na d a q ue c o nhec i e m to d a m inha vid a . Fo i c o m o se a lg uém tivesse p ulsa d o um interrup to r em m e u interio r, leva nd o -se c a d a um a d a s m olé c ula s d e m inha energ ia . Esta va ... va zio , m o rto … c eg o , surd o e p a ra lisa d o a um poder que dominei desde a primeira vez que despertou em mim quando tinha oito anos. —Despertou seu poder paralizador? —Despertou gritando, amigo. —Mas se você e Legna não tinham poderes, como geraram tão maciça explosão? —Eu nã o o fiz, Ja c o b , Isa b ella , nã o só p a ra liso u no ssa s ha b ilid a d es, ro ub o u-a s. Fo i Isa b ella quem gerou a explosão. Foram minha energia e poder que usou para fazê-lo. —Isso é im p o ssível —d isse Ja c o b fo rtem ente. Nã o q ueria a c red ita r no q ue No a h esta va dizendo. —Im a g ina p o r um mo m ento , o terro r q ue Isa b ella d evia esta r sentind o. Esc utei a c hora r, vi-a re a g ir c o m d o r, p ressio na nd o sua s m ã o s c o ntra a c a b e ç a , e d e rep e nte to d a e ssênc ia d e p o d er fo i a fa sta d a p o r m im e envia d a a um a m a c iç a exp lo sã o , d a q ua l ela era o ep ic entro . Nã o rec o rd o na d a m a is d e p o is d isso . Cla ra m ente d evo a g ra d ec er isso . Alg o q ue m e fa ç a fic a r sa na nd o p o r um d ia c o m p leto d e p o is d o q ue p a sso u nã o d eve ser um a exp eriênc ia q ue desfrutaria recordar. —Gid eo n nã o d isse na d a d isto ! No a h te rog o nã o a c ulp e p o r na d a . Certa m ente vê q ue nã o fo i intenc io na l. Co m o se sup õ e q ue sa b eria ? Nenhum d e nó s sa b ia . E se Gid eo n sa b ia e o ocultou, matá-lo-ei eu mesmo. —Nã o a c red ito q ue sa ib a . Antes q ue viesse a c a sa , esta va lend o um p erg a m inho c o m d o is d e q uã o sá b io s d eline a va a na tureza d o s d ruid a s e m g ra nd e d eta lhe. Em nenhum a p a rte d o q ue li se m enc io na va a lg o q ue Gid eo n nã o no s ha ja d ito . Nã o , Ja c o b , isto é a lg o d iferente , algo que ninguém podia ter esperado —o rei suspirou profundamente. 153
— Nã o a c ulp o . Ma s serei ho nesto e d ire i q ue em vista d este a c o ntec im ento , a g o ra sei o q ue sig nific a te m er a a lg o , a a lg uém. E esto u seg uro q ue p o d e entend er q ua nd o d ig o q ue a idéia de estar sob o mesmo teto que ela é aterradora. —Isso sig nific a q ue nã o fo i um a fo nte externa a q ue tra to u d e d esa rm a r a Isa b ella a té voltá-la p ó — o s o utro s d o is Demônios o lha ra m p a ra o la d o p a ra d esc a nsa r o s olho s no m éd ic o antigo que tinha aparecido em forma astral sem som nem advertência. — Fo i mesmo Isa b ella . To m a nd o p o d e r d e você Ja c o b e usa nd o -o p a ra sa tisfa zer o q ue provavelmente era um forte desejo em sua mente nesse momento. —Sim. Rec o rd o seus p ensa m entos, d e q uerer p riva c id a d e , d e d e seja r ter m eu p o d er p a ra poder ser ela a q ue no s leva sse a a lg um lug a r. Só d uro u um m o mento . Fo i estra nho , to rp e , m a s nunca suspeitei da Isabella. Mas como? Nunca mencionou tal habilidade! —Um a a b erra ç ã o . Po ssivelm ente um a m uta ç ã o d evid o a o c ruza m ento entre d ruid a s e hum a no s. Nã o se i c o m exa tid ã o . É um a m uta ç ã o q ue d e mo ra séc ulo s em fa zer-se . Pe rm itiu q ue algumas coisas mudassem. Entretanto admito que esperava que fossem debilidades, uma perda d e ha b ilid a d es d evid o à estra nha m e sc la g enétic a . Nunc a susp e itei q ue um d ruid a fosse m a is poderoso m istura d o c o m a so p a g enétic a hum a na . Do u-me c o nta ta m b é m , q ue se Bela nã o é q uã o únic a existe , e sta s a b erra ç õ es esta rã o p rese ntes em o utro s. Os d ruid a s nã o sã o to d o s ig ua is. É m uito p ro vá vel q ue se u p o d er d ep end a d e seus c a sa is. Bela é q ua se um esp elho d e Ja c o b , a b so rvend o sua im a g e m , seu p o d er, e tra nsfo rm a nd o -se em seu reflexo . É p o ssivelm ente p o r isso q ue sã o tã o p erfeitos p a ra nó s, p o r q ue a jud a m a e nc urra la r no sso p o d er e no ssa natureza. Gideon girou seus frios olhos de mercúrio para Noah. —Isa b ella nã o é d iferente d e vo c ê o u de m im em no ssa s p rim e ira s eta p a s d e d esenvo lvim ento . Se tivesse um p o uc o d e p o d er p o r c a d a vez q ue um jo vem d e no ssa ra ç a teve a c id e ntes p elo uso d e sua s ha b ilid a d e s sem p ro va r, se ria c a p a z d e curar a o m und o c o m apenas um esta lo d e m eus d e d o s. O q ue fa z isto tã o d ifíc il p a ra vo c ê , No a h, é o hum ild e q ue no s d eixa nã o sa b er. Esp ec ia lm ente p elo resulta d o d e a lg o q ue fo i teu p a ra c o ntro la r c o m fa c ilid a d e há ta nto s séc ulos. Estes eng a no s sã o fá c e is d e c o ntro la r c o m p rá tic a e treina m ento. Quem estará em mais perigo é o que a treine — o olhar de Gideon se movia para o Executor. —Estou de acordo — assentiu Noah gravemente. — E entend o . Ma s p o d e fa zer isto a to d o s o s Nig htWa lkers? Ao s fe itic e iro s? Tem id éia d o poderoso e perigoso que faz isso a um indivíduo? —Um indivíduo que tem muitos problemas para encontrar justificativa para golpear a uma mosca — recordou duramente Jacob. — Isa b ella é um a a lm a g entil, d ip lo m á tic a . Será no ssa resp o nsa b ilid a d e q ue c o nstrua no resp eito , c onsid e ra ç ã o q ue já esta m uito g ra va d a e m seu m o ra l. Rec o rd o -lhes que ela daria sua vid a p o r q ua lq uer d e vo c ês, a ssim é o muito q ue c heg a ra m a lhe im p o rta r. Já é m a u q ue e u seja o q ue tenha q ue lhe d izer o q ue p a sso u. Tenho q ue ir a sua ha b ita ç ã o q ua nd o d e sp e rta r e lhe c o nta r a lg o so b re o q ue nã o tinha nenhum c o ntro le q ua se m a ta a d o is Demônios q ue chegou a ver c o mo sua fa m ília e a m ig o s. Co nhec end o Isa b ella c o m o a c o nhec e , No a h, me diga como c rê que se sentirá quando souber isso. 154
Dito isso , Ja c o b se leva nto u e d eixo u o s d o is Demônios para trá s enq ua nto c o meç a va subir as escadas.
CAPÍTULO 11 —Acredito que vou vomitar. Ja c o b fra nziu o c enho , m o vend o -se d e sua c a d e ira a o utra mais próxima de sua c a m a , onde podia tocar, atraindo-a ao consolo de seu abraço. —Não. Nã o o fa ç a , a ind a nã o q uero m e sentir m elho r —d isse c o m o s lá b io s a p erta d o s apartando o ro sto long e d ele q ua nd o a s lá g rim a s c a íra m d e seus o lhos. Ja c o b se retiro u, resp eita nd o seus d esejo s o m elho r q ue p o d ia , inc lusive q ua nd o c a d a fib ra d e seu c o rp o desejava fazer justo o contrário. —Bela, tudo está bem agora. Foi um acidente. —Acidente? Carinho, chutar o cu de um policial é um acidente. Isto é uma catástrofe. Ja c o b nunc a a tinha esc uta d o tã o a m a rg ura d a e d erro ta d a , d o eu-lhe a té a a lm a sentila tão ferida. —Devia m e ha ver d a d o c o nta . Era m eu c o rp o , m e us p ensa m entos. Po r q ue nã o fiz a conexão? OH Deus, quando penso no que podia ter passado... no que aconteceu... —O q ue p a ssou, a c o ntec eu, p o r q ua se um m ilênio , a c a d a no va to d o ta d o c o m tã o no tá veis p o d eres nesta ra ç a e p ro va ve lm ente em q ua lq uer outra ra ç a d o Nig htw a lke rs. Ninguém, nem sequer Noah ou Legna, faz-te responsável por algo que nenhum de nós podia ter esp era d o . Se p ud esse te d izer q ua nta s vezes se d e sa to u o m a u hum o r d o No a h e c o m o um menino tocou m uito fo g o na c a sa d e seus p a is… fo ra m inc o ntá veis —ele a sse ntiu c o m a cabeça. —Demônios, Bela , a p rim eira vez q ue tro q uei d e form a demorou um a se m a na enc o ntra r a maneira de retornar a minha forma original. Isso fez que Bela soltasse uma fraca e suave gargalhada. —OH, fica melhor, me pergunte qual foi o primeiro animal que escolhi. —Nooo… —Um p o rc o . Nã o q ua lq uer p o rc o c o m o p o d erá p ensa r —d isse leva nta nd o sua vo z so b re inc ip iente g a rg a lha d a —um g ra nd e ja va li verrug oso , b a b o so e resm ung ã o . Tinha visto um no zo o ló g ic o , e a ntes d e m e d a r c o nta ... —Bela g a rg a lha va c o ntra seus p unho s, tra ta nd o d e suavizar sua gargalhada com seus dedos. — Durante anos, meu pai se regozijou contando a história de como teve que seqüestrar a seu p ró p rio filho d o zo o lóg ic o , seu filho q ue esta va tã o p erturb a d o q ue g rito u to d o o tem p o enq ua nto seu p a i tra ta va d e esc o nd ê-lo p a ra tirá -lo d a í. Meu p a i era um Demônio d o Co rp o , p o rta nto nã o p o d ia m e tra nsfo rm a r e m um a c ria tura m eno s susp e ita . Nunc a m e d e ixo u em p a z. 155
Pode imaginá-lo por séculos me recordando o momento mais ridículo de minha vida. Nesse m o m ento Bela esta va rind o tã o fo rte q ue teve q ue enroscar-se na c a m a , gargalhando e apertando seu flanco. —Detenha — Rogou ela, lhe golpeando no flanco com os dedos de um pé. — Te disse que não queria me sentir melhor. —É o b vio a c re d ito q ue Leg na p õ e a c e reja a o b o lo . Verá , q ua nd o o s Demônios Menta is se tele transportam, têm que lembrar-se de tele transportar sua roupa com eles. —OH não... —OH sim . No a niversá rio d a c o ro a ç ã o d e No a h. Há um a inc rível c eleb ra ç ã o c a d a d e z a no s, e to d o s vã o , inc lusive o m a is so litá rio d e nó s. Leg na tinha 16 a no s, e c heg a va ta rd e c o m o q ua lq uer a d o lesc ente. Materializou-se na ha b ita ç ã o . Imagine o b serva r a lg uém tã o jo vem q ue é dez vezes o que você viu agora, então ela tinha a atenção de todos. Essa moça se ruborizou em lugares que eu pensei que as mulheres não se ruborizavam. Foi um momento esclarecedor. —É claro que sim — disse Isabella rindo, sua pele se ruborizou em empatia com a Legna. — Pobrezinha. —Bo m No ah resp o nd eu m uito rá p id o , a sseg uro -te q ue so mente teve tem p o p a ra um rá p id o rub or a ntes q ue a c o b risse e m fum a ç a , o c ulta nd o a d e um a multid ã o d e a sso m b ra d o s olhos. Entretanto não fizemos brincadeiras sobre isso. De fato Noah promulgou uma lei proibindoo. De ssa m a neira o b teve q ue Leg na se m o stra sse em p úb lic o no va m ente. Esto u p o nd o e m p erig o a p a z d e m inha m ente a o te d izer isto . Um sorriso frente a ela , flo rzinha, e m e c o nd ena rá . Assim... —É o b vio q ue nã o fa rei —riu ela , senta nd o-se d e no vo e d esc a nsa nd o sua b o c hec ha na parte posterior de seu ombro—, Jacob —suspirou brandamente, esfregando seu nariz contra ele. — O que fiz eu para te merecer? —Nã o há d úvid a q ue fo i a lg o m a u, m uito m a u—Brinc o ele , g ira nd o -se p a ra a b ra ç á -la e aproximá-la a seu peito. Ela seg uiu vo lunta ria m ente seu im p ulso , c o lo c a nd o -se esc a rra nc ha d o frente a ele , sentando-se so b re se us calcanhares c o m seus o lhos vio leta s o b serva nd o c a d a d eta lhe d e seu formoso rosto . Via-se caído e um p o uc o d esp entea d o p elo q ue sem d úvid a era o re p e titivo a to d e p a ssa r sua s m ã o s a tra vés d e seu c a b elo. Perc e b e u-o p ensa tivo , to m a nd o um a m ec ha d e seu cabelo entre seus dedos, acariciando sua consistência. —Sem d úvid a —m enc io no u b ra nd a m ente— acho g ra c io so c o m o evita q ue me sinta culpada sobre uma coisa tão terrível, e, entretanto não possa fazer o mesmo por você. —Bom —d isse Ja c o b b ra nd a me nte , tra ta nd o d e im ita r a c a ríc ia e m seu c a b elo c o m um dedo enroscando-se ao redor de um escuro cacho. — Sup o nho q ue é p o r isso q ue tenho a você. Vo c ê é b a sta nte b e m -suc ed id a e m m e distrair dessas coisas. 156
—Ter-te-ei bem treinado em qualquer momento — Lhe assegurou ela. —Sim flo rzinha. E nó s lhe treina rem o s ig ua l. Isso sup o rá um a g ra nd e q ua ntid a d e d e tra b a lho físic o , m uita exp erim enta ç ã o e se m d úvid a a lg uns a c id entes m a is, m a s vo c ê sem p re m e p a re c eu um a estud a nte m uito d ed ic a d a . E m uito rá p id a ta m b é m . Está a m eno s d e um a década por a trás da idade do Fosterig, logo que é uma novata e seu poder cresceu mais que o da maioria dos jovens Demônios. Bela suspirou, levantou seu olhar ao céu. —Muito b e m , p erd e ste-m e , Fo stering ? Qua l é a d ifere nç a entre um no va to, um a d ulto e um ancião? —O Fo stering é um a tra d iç ã o m uito im p orta nte em nossa c ultura . Qua nd o o p o d er d e um m enino a m a d urec id o a té o p o nto ond e c o m eç a m a ter... ele a c id amente leva nto u um a so b ra nc elha e m sua d ireç ã o — reg ula rm ente em q ua lq uer m o m ento d a a d o lesc ênc ia a té o s 20 a no s d e id a d e , o m e nino é c uid a d o p o r seu Sid d a h, Um m —Pro c uro u a p a la vra q ue m elho r a descrevesse por um momento. —Pa d rinho s? Sim ? Dua s p e sso a s esc o lhid a s no seu na sc im ento p a ra ed uc a r e d isc ip lina r ao menino. —Então, entregam seus filhos? —Bela parecia tão aterrorizava como soava. —Shh — tra nq üilizo u ele ra p id a m ente , sua s m ã o s se d esliza ra m m a is p ro fund a m ente entre seu c a b elo e m a ssa g ea ra m seu c o uro c a b elud o p a ra rela xá -la—, vocês o s c o nsid era m a d ulto s em sua so c ie d a d e e m m a is o u m eno s o tem p o q ue o fa z a m a io ria . É a lg o a ssim c o m o o colégio. —E que com os principiantes? Os adolescentes? Jacob suspirou, sabia que ela não responderia bem a o que lhe responderia. —É o mesmo que com os humanos. Tão logo cumprem os nove, algumas vezes os oito... é extremamente estranho que cheguem a os 16. —Por q ue nã o p o d e treina r a seus p ró p rio s filho s? Nã o o entend o ! Deve ser ho rrível se r empacotado e jogado fora da casa de seus pais. —Pa ra c o m e ç a r — d isse Ja c o b firm e m e nte , fo rç a nd o-a a o lhá -lo no s o lho s, ver seus formosos olhos violeta nadando em lágrimas era mais do que podia suportar. — A fina l d e c o nta s o s m enino s nunc a se sentem a b a nd o na d o s. Os fins d e sem a na se reserva m p a ra d esc a nsa r e c o nviver c o m a fa m ília , e o s Sid d a h a m a m a se us a filha d o s c o m o se fo sse m d eles. Sã o p a rte d a vid a d o s me nino s d o m o m ento q ue na sc e m e se b a tiza m . Sã o família, só outro ramo da mesma. —Mas... —Me d e ixe term ina r —a interro m p eu— o s p a is nã o c ria m se us filho s d ep o is d e c erto tem p o p o r um a ra zã o . É fre q üentem ente c o nflitivo p a ra um p a i exerc e r o esto ic ism o e a influênc ia nec essá ria p a ra c o ntro la r o p o d er d e um m enino . Os Demônios tend em a a m a r e consentir a no sso s filho s a té o p o nto d e... b o m , se a m a r m uito a um filho é ser m a u p a i, entã o so m o s ho rríveis. De p o is d e m uito tem p o tiro u o c ha p é u q ue a d isc ip lina era m a is fá c il d e re p a rtir 157
p o r tia s, tio s e a m ig o s d a fa m ília . Sei q ue isto p a ssa ta m b é m na so c ie d a d e hum a na . Os m enino s escutam a o utro s, c o m p o rta m -se frente a o utro s e rea liza m sua s a tivid a d e s c o m o utro s m uito m a is fa c ilm ente q ue o fa ria m c o m seus p a is. É p o r isso q ue se c rio u o Fostering . Os m enino s c resc e m m a is rá p id o d esta m a ne ira , c o m um m a ior a uto c o ntro le , c o nhec im ento e estrutura . Damos-lhes m o ra l. Bela , o Sid d a h lhes a jud a a enfo c a r-se e a m b o s lhes d ã o a m o r e p a c iênc ia . Meu Fo stering é um a d e m inha s lem b ra nç a s fa vorita s. Co m p a rtilha m inha m ente , m eu a m o r, e m inha s le m b ra nç a s. Verá c o m o m e a m a ra m m eus Sid d a h, e q ue m eu a m o r p o r m eus p a is nunca diminuiu por isso. Conheço seus temores. Isso não passará. —Quantos anos tinha? —Perguntou, alcançando as lembranças que lhe oferecia. —Quase doze. —Onze, tinha onze anos? —Bela , se esq ue c e q ue so u um Demônio d a terra . Nó s c o mo o s Demônios d e fo g o so m o s estra nho s e p o d ero so s. Vo c ê viu o q ue a c o ntec e q ua nd o fa zem o s o a m o r, Bela , e eu so u um a nc iã o c o m c o ntrole, treina d o e c o m sé c ulo s d e exp eriênc ia . Como eu nã o esta va p re p a ra d o para você, o a d olesc ente ta m p o uc o está p a ra o na sc im ento d e ta nto p o d er. Muito p o d er, m uita s ho rm ô nio s — p a rtic ula rizo u ele — e sem a m e nor idéia d e c o m o c o ntro lá -lo . Meu Sid d a h m a c ho fo i p rim e ira e únic a p esso a q ue fa lou c o m ig o so b re c o isa s c o m o o sexo . Nunc a p ud e havê-lo fa la d o c o m m inha m ã e. Ela teria se d eslo c a d o p o r to d a a ha b ita ç ã o g rita nd o e chorando Meu bebê! Meu bebê!—Disse imitando a voz de sua mãe e atirando do cabelo. —Esta bem, está bem, mas te asseguro que seu pai... —Eu a m a va a m eu p a i m a s nã o esta va a c o stum a d o a vê-lo m uito d ia ria m ente. É o b vio que nesse momento havia uma guerra... —Outra g uerra ? —Susp iro u ela — Esp era . Nã o vá a té q ue m eu c o ra ç ã o se rec up ere d o golpe —disse com sarcasmo. Os Ca m inha ntes No turno s sã o esp é c ies m uito a g ressiva s —a sse g uro u ele— o s lic á ntro p o s sã o o s p io res d eles. Verd a d eira m ente sã o em sua m a io ria a nim a is e sã o m uito territo ria is. Havemos guerreado com eles pelos últimos trezentos anos. —Trezentos! —ela soou horrorizada. —É um a long a história c o m um ho m em d o ente como p ro ta g o nista —d isse a b o rre c id o — sua filha é a g o ra a Rainha . E d esejou p a z p elo s últim o s q uinze a no s. Esta m o s d isp o sto s a a g ra d á la . Ag o ra . Vo lta nd o p a ra a seg und a p a rte d e sua p erg unta , o s no va to s sã o d a p ub e rd a d e a os c e m a no s, a d ulto s d e c em a no s a trezento s e o s a ntig o s sã o d o s trezentos a setec ento s e os anciões são os de mais de setecentos. —Por que é quase um ancião? —disse entre risadas— Então é muito velho para mim. —E serei o primeiro Demônio de terra em me converter em um— Disse ele. —OH —Ele sentiu que ela entendia que nenhum outro tinha sobrevivido tanto como ele. —É outra época —assegurou a ela, com um morno abraço de fortaleza e confiança. — Esta m o s em p a z o u p elo m eno s c o existind o p a c ific a m ente c o m tod o s o utro s Caminhantes Noturnos. Agora não há guerras. 158
Ela baixou p ela metade suas pestanas e ele escutou seus pensamentos alto e claro. “ Sim há perigo. E temo por você.” ‘ “Os Necromantes.” Demônios, quase se tinha esquecido deles. —Sã o d o d o m ínio d e Elija h, c o m o o sã o to d o s o s p ro b le m a s entre esp éc ies q ue tivem o s. Ele sufo c a rá isto ig ua l q ue o tem fe ito no s séc ulo s p a ssa d o s. Co nfia nele , nã o será venc id o fa c ilm ente. E tenho m uita s ta re fa s d o m éstic a s q ue nã o m e p erm itirã o nã o c ruza r m eu c a m inho com este muito seguido... —Já vejo . Entã o ele enc o ntra ra esses nig ro m a ntes só … pedindo-lhes q ue se mo strem? Não me trate como uma idiota. Empurrou-o c o m c o ra g e m , a d ia nta nd o -se e c o lo c a nd o -se lo ng e d ele. Co lo c o u sua s mãos sobre seus quadris. —Bela —exclamou, ficando em pé. — Nunca o faria. Sua inteligência é uma das coisas que mais respeito de ti. —Já vejo. Então me diga algo, olhos brilhantes, como fez para descobrir em primeiro lugar a existência de um nigromante? Seu d isp a ro d eu no a lvo e fez um a c a reta p ela d o r. Ela tinha ra zã o . A únic a m a ne ira q ue poderia encontrar a os feiticeiros era localizando ao Summoned. O que era seu trabalho, e o que o poria em batalha com os nigromantes indevidamente. —É nosso trabalho, Jacob —lhe recordou firmemente. — É no sso tra b a lho c a ç á -lo s. No sso tra b a lho c a ç a r a o Tra nsfo rm ista e d estruí-lo , e é no sso trabalho lutar contra os nigromantes que se metam em nosso caminho. E Jacob —caminhou até q ue esta va frente a frente c o m ele , p eito a p eito , tã o p ró xim o s c o m o p o d ia m —enq ua nto m e c o nsinta , p ro teja -m e e seja tã o c o nd ena d a m ente c a va lhe iresc o c o m ig o , p o d erã o rapidamente me fazer voar a cabeça. É o que quer? Porque eu facilmente... —Claro que não —gritou Jacob, o horror apareceu em seus negros olhos só pensando-o. —Então detenha! —Esta bem! Sinto muito. —Nã o o sinta . Seja intelig ente , seja um c o m p a nhe iro , nã o um p ro teto r. vo u esta r a sua s c o sta s Ja c o b . Ac a so m e q uer c a m inha nd o p o r a í, o lha nd o a s a ves q ua nd o d e veria esta r p re p a ra d a ... e a lg o q ue seja o q ue p re c ise fa zer? Po rq ue eu nã o q uero isso , nã o q uero mo rre r... e nã o q uero ta m p o uc o q ue vo c ê m o rra —b ufo u ela , seu c a b elo vo a nd o p a ra c im a c o m o um gêiser —de todas as maneiras, eles tendem a ir juntos agora sabia? —Sim , sim , sei—Ja c o b to m o u seu ro sto , a s p o nta s d e seus d ed o s p ro c ura nd o refúg io no início do cabelo, seus polegares nas esquinas de seus franzidos lábios. — Ajudaria se te digo que estou um pouco oxidado no que se refere a uma relação? —Um pouco? Podem te escutar chiar até Marte —disse ela irreverentemente. 159
Ele riu, b a ixo u a c a b eç a p a ra b e ija r a p a rte sup erio r d e seus lá b io s e sua so b ra nc elha . Seus lá b io s esta va m a um susp iro d e suas longas p esta na s q ua nd o sua s c a ríc ia s fo ra m interrompidas por um súbito bocejo. Separou a cabeça, obrigando a seus olhos a focar-se. —Está caído. —Não dormi bem estes últimos dias. —Jacob, tenho o impulso de te golpear novamente. —advertiu ela. — Te estou drenando Não? “ Estou... estou drenando a energia de você.” —Sim, bom é verdade —admitiu ele. — Mas é como você disse, florzinha. Você a absorve de boa maneira —riu quando lhe fez uma careta. — A sério . Dá -te c o nta q ue a g o ra p o d e m o s fa zer a m o r sem c a usa r q ue a Ing la terra c a ia no oceano? Ela não tinha pensado nisso. Um lento sorriso nasceu em sua pequena e sexy boca. —É verdade —esteve de acordo ela, deslizando suas mãos sobre seu peito, seus ombros e deslizando-se entre o suave cabelo de sua nuca. — Me dei conta que estiveste evitando a parte mais física de nossa relação. —Só p or seu b e m -esta r, Bela —m urm uro u b ra nd a m e nte , seus o lho s d evo ra nd o o c á lid o c o nvite q ue p o d ia nota r p ela fo rm a e m q ue ela sustenta va seu c o rp o . Co m a m o d ific a ç ã o d e um p ensa m ento , ela p a sso u d e esta r ríg id a e c he ia d e rec rim ina ç õ es a se d osa e sensua l. Nunc a o deixaria passar. — Nã o q uero d e ixa r d e fa zer a m o r p o r b rig a r c o m o últim o nig ro m a nte q ue no s ameace devido a meu desejo por você é tão poderoso, tão incontrolável que... que... —Move a terra? —Perguntou acidamente. —Precisamente. Sim, menina —Alcançou a beliscar seu traseiro e ela riu brandamente. —Uh, entreta nto tenho q ue te rec o rd a r... — ela m o rd e u o lá b io inferio r, va rrend o c o m um olhar faminto seu torso nu— poderia ser eu agora quem faz que a terra se mova. —OH. OH Demônios, esq ue c i-m e d isso — ela sentiu q ue sua s m ã o s se d o b ra va m e m sua cintura. Aproximou-se um p o uc o m a is a ela , a b so rvend o sua essênc ia , a q ua l p a rec ia q ue d esfruta va m uitíssim o . Ele susp iro u p ro fund a m ente, a lc a nç a nd o a lhe a c a ric ia r o p esc o ç o c o m o ro sto — m e m a nter long e d e você é um esfo rç o m o num enta l, florzinha. Ne m se q uer p osso te expressar quão difícil estes últimos dias foram para mim. —Tampouco posso expressá-lo —murmurou ela — estava começando a pensar em tudo o q ue esta va interessa d o em fa zer a m eu c o rp o era tra b a lhá -lo a té a m o rte no treina m ento c o m Elija h e vo c ê . É o b vio , to me i a lg uns p ensa m entos c la ra m e nte g rá fic o s d e você q ue m e a sseg ura va m o c o ntrá rio —Isa b ella se m o veu p a ra seus lá b io s leva nta nd o b ra nd a m ente seus lá b ios, o lha nd o -o mo ver-se e m um a na tura l p re p a ra ç ã o p a ra o b e ijo q ue nã o c heg o u. Ela so rriu 160
zombadora de seus olhos. —E esses era m o s q ue eu nã o tra ta va d e esc o nd e r —to c a nd o c o m se us d ed o s sua b o c hec ha , d eslizando-o s so b sua g a rg a nta e c la víc ula s, b a ixa nd o a c urva d e seus p e ito s m a s detendo-se a ntes d e a lc a nç a r a sensitiva p o nta . Ela se a d ia nto u um p o uc o , seu c o rp o tra ta nd o d e a lc a nç a r a m ã o q ue lhe tinha feito a p ro m essa inc ompleta. Recuperou-se rapidamente, seus sentimentos se mostraram afiadamente no profundo púrpura de seus olhos. —De q ua lq uer m a ne ira — d isse ela c o ntinua nd o a c o nversa ç ã o— nã o m ud a o fa to d e q ue vim o s o p ro b lem a q ue p o sso c a usa r c om e ste p o d er e m m inha s ine xp erientes m ã os. E se p ud esse te d esc rever c o m o p e rc o a c a b e ç a so b seu ta to , seria b a sta nte c la ro c o m o fa zer o amor contigo poderia ser um projeto inclusive mais perigoso para nós.
—Perd er a c a b eç a ? —p erg untou ele , o lha nd o e sentind o enq ua nto ela va rria seus d e d o s g entilm ente so b re se u p eito , p ro va nd o , lo g o o to c a nd o c o m esse lig e iro to q ue p a ra q ue c a d a terminação nervosa ficasse encantada. —Mmm —a firm ou ela — esp e c ia lm ente q ua nd o p õ e sua b o c a so b re m eu —se inc lino u p a ra p ô r seus lá b io s c o ntra a fo rte c o luna d e seu p esc o ç o . La m b eu-a ra p idamente— a d o ro o que me faz com sua boca —sussurrou contra sua pele. Jacob respirou entrecortadamente, o desejo elevando-se em todo seu corpo e alma. —Bela —sussurrou— sua garganta apertada com o calor que ela enviou a través dele. —Perguntei-me — d isse d e m a neira d esc uid a d a enq ua nto seus d ed o s c o m eç a ra m a d esliza r os b o tõ es d e sua c a m isa . Fina lizo u seu p ensa m ento rec osta nd o -o so b re a c a m a , sua boca tocando a pele que ficava exposta. Ele sentiu sua pequena língua curiosa deslizar-se sobre ele. Devia ter g em id o d evid o à sensa ç ã o q ue esse sim p les to q ue c a uso u, m a s ela o im p ed iu. Sentou-se sobre seus calcanhares, olhando-o para baixo com uma expressão maravilhada. —Ja c o b , a g o ra p o sso ... —interrompeu-se , fec ho u o s olho s e ina lo em b usc a d e um delicado aroma a través de seu nariz é o que você diz?— perguntou com sua voz em um sussurro erótico— isto a que se refere quando diz que amas minha essência? Jacob mal p o d ia resp ira r, nã o im p orta a resp o sta , e nq ua nto ele o b serva va c o mo ela usava suas habilidades para excitá-la. —Sim, querida —conseguiu dizer. Ela fez um so m d e c o m p la c ênc ia , sua s m ã o s tra ta nd o d e a rra nc a r sua c a m isa p a ra p o d er d irig ir sua b o c a p a ra ele um a vez m a is, esta vez, unind o seus a g ud o s sentid o s a sua c urio sid a d e ta tea nte na tura l. Pro vou-o c o m urg ênc ia , esc uta nd o -o , enc ontra nd o insta nta ne a m ente o m elho r lug a r p a ra estim ulá -lo e m seu p esc o ç o , c la víc ula e p e ito . Ela b a ixo so b re seu c o rp o sua tra b a lha d o ra b o c a d esliza nd o -se p a ra b a ixo em seu a b d ô m en. Ja c o b nã o p o d ia fa ze r na d a m a is q ue p a ssa r seus d e d o s d entro d e seu se d o so c a b elo , a p erta nd o e m seus punhos. —Bela —g runhiu enq ua nto p a ssa va sua b o c a p or ele , com to rtura , c o m seu d o c e , sua ve rosto, sexy lá b io s e q uente líng ua . Seus á g eis d ed o s se d irig ia m a sua b ra g uilha , lib era nd o o s fechamentos antes que se leva nta sse e lhe a jud a sse a tira r o tra je q ue lhe b lo q ue a va sua 161
entusia sta exp lo ra ç ã o . Ele se rec o sto u d e no vo e ela im ed ia ta m ente se c o lo c o u so b re ele, beijando sua boca, refletindo o prazer que estava experimentando. Entã o sua b o c a reto rno u a sua p ele , p ro c ura nd o sem d e sc a nso se u sa b o r, sua g ra tific a ç ã o . As p o nta s d e seus d ed o s ro ç a ra m seus q ua d ris e panturrilhas, exp lo ra nd o a ntes q ue seus lá b io s inq uisitivo s. Seu c a b elo c a ía g ro sse ira m ente so b re ele e se estirou a retirá -lo, inc a p a z d e resistir à tenta ç ã o d e ver c o m o ela exp lo ra va seu c o rp o . Ele sentiu seu fô leg o so b re sua exc ita ç ã o , seu c o rp o p a lp ita nd o c o m a ntec ip a ç ã o . To c o u-o c o m sua líng ua , seg uira m seus lá b ios, sua inc rível b o c a a rra sta nd o -o p a ra sua c á lid a um id a d e . Vê-la fa zer isso tinha q ue ser a c o isa m a is eró tic a q ue Ja c o b tinha experimentado em tod o s o s séc ulo s d e sua vid a . Ela era p erfeita . Inc lusive a o sa tisfa zê-lo , ela se esta va exc ita nd o m a is. Ele se ntiu no trem or d e se u c o rp o , no s sua ves e intrig a ntes so ns q ue vib ra va m fo ra d e sua g a rg a nta e c o ntra sua exc ita d a carne. Ele podia vê-lo no quente olhar violeta que lhe enviou. Co m o e m a c o rd o e m mútua a ç ã o , Ja c o b e Isa b e lla , leva ntou-a so b re seu c o rp o . Ela montou escarranchada so b re seus q ua d ris c o ra jo sa m ente, se leva nta nd o e d esp rend end o d a camisola. Jogou-a long e e ra p id a m ente c o m eç o u a m a ssa g e a r seu p e ito e a b d ô m en fo rtem ente e b a ixo ela m esm a o nd e ele se sentia d uro e q uente c o ntra a uniã o d e sua s p erna s. Ja c o b fez um so m b a ixo , m eta d e d esejo m eta d e sa tisfa ç ã o p o r seu a trevid o c o m p o rta mento sexua l. Ele d evia sa b e r q ue ela seria a ssim . Ele d isse a si m esm o m uita s vezes. Ma s na d a p o d ia havê-lo p rep a ra d o p a ra o sentim ento q ue o fa zia sentir, c o m o se o q ueim a sse c o mo um a marca todo o tempo. Ela estava em sua mente, lendo o mínimo pensamento e desejo. Algo que desejasse sentir o u exp erim enta r o d a va a p ena s um seg und o d e p o is d e q ue o p ensa sse . Ela estava p erversa m ente e conscientemente, vo lta nd o -o lo uc o . E justo no m o mento q ue o p ensa m ento d e q ue já nã o p o d ia sup o rta r sua d o c e to rtura eró tic a p or m uito m a is tem p o c ruzo u sua m ente , ela deslizou a si m esm a so b re a lo ng itud e d ele , inc lina nd o se us q ua d ris na p o siç ã o c o rreta e tomando-o dentro de seu ansioso corpo em um rápido movimento. Seu gemido de prazer o alagou, o som de uma rica nota de prazer exultante. —Jacob —grunhiu ela— se sente maravilhoso. Ja c o b elevo u seus q ua d ris p a ra a lc a nç á -la , tra ta nd o d e a nc o ra r-se no m eio d a to rm e nta d e sensa ç õ es q ue e sta va m exp erim enta nd o . Ela se d o b ro u a o re d o r d ele e um im p ro p ério cruzou seus lábios. —Isso o q ue sig nific a ? — Dem a nd o u ela , p a rtic ula riza nd o sua p etiç ã o c o m um movimento ondulante de seu corpo que o inundou inclusive mais profundo nela. —Significa... —Susp iro u, tra ta nd o d e c o nc entra r-se e nq ua nto ela se m o via d e no vo e m c im a d ele , intro d uzind o -o tã o p ro fund a m ente c o mo era p o ssível em seu a rd ente c o rp o — Significa que roubaste meus pensamentos e alma e os puseste ao serviço de seu prazer. —Mm m , e u g o sto d e c o m o isso so nha —ro nro no u b ra nd a m ente , m o vend o -se d e um a maneira tão sublime e talentosa que terminou por lhe perder completamente. Co ntem p lo u a c re m o sa p ele b rilha nd o p elo suo r e a exc ita ç ã o c resc ente. Em sua m ente sentia quanto prazer lhe davam suas reações. Os olhos fechados, os quadris montando-o em um ritmo d e c a d ente e vib ra nte , sentia -a muito quente ao seu red o r, c o b rind o -o c o m o d o c e né c ta r d e seu c o rp o . No to u c o m o se d irig ia p a ra o c lím a x, usa nd o o im p ulso d e seu c o rp o c o m ta nta 162
perícia como lhe era possível. —Bela , será m inha m o rte —g e m eu Ja c o b , seus q ua d ris seg uind o instintiva m ente o s loucos movimentos, os pensamentos registrando cada sensação que sentia. Esta va tã o p erto , c a d a m o léc ula e m seu interio r vib ra nd o c o m p a ixã o re p rim id a . Entã o sentiu o brilho de inquietação correr dentro dela. Estava quase perdida e de repente se assustou ao deixar-se ir. Sabia a razão, mas Demônios se negava seu próprio prazer enquanto ele tomava o seu! To c ou o sensível c o rp o , surp reend e nd o -a enq ua nto seu p o leg a r c o m e ç a va a a c a ric iá -la intim a m ente. Efic ientem ente enc o ntrou o b o tã o d e p ra zer, e a c o m b ina ç ã o d e sua c a ríc ia c o m a potente pressão de seu membro foi muito para conter-se. Jog o u sua c a b e ç a p a ra trá s, g rita nd o a c o rp o se c o nvulsiona va . Nesse m o m ento ele ro d e a va m , p elo d o c e c a lo r q ue se d erra m a va c o nhec id a . Sua lib era ç ã o fo i vio lenta , exp lo siva e ao mesmo tempo ser muito breve.
p leno p ulm ã o enq ua nto c a d a m úsc ulo d e se u p a ra liso u p ela p ressã o d o s m úsc ulo s q ue o so b re ele , ultra p a ssa nd o q ua lq uer tem p era tura e p erfeita . Pa rec ia ter d ura d o um a eternidade,
Bela c a iu so b re ele , sentia c a d a m úsc ulo d e seu c o rp o c o m o se fo sse d e b o rra c ha , incapaz de articular nenhum movimento. Jacob a envolveu em seu abraço, seu rosto cheirando o formoso cabelo, a rápida respiração ainda ofegante. Permaneceu em seu interior, de todas as fo rm a s e sta va seg uro d e q ue nã o teria lhe p erm itid o retira r-se . Ela seg uia ofeg a nd o fo rtem ente d e p o is d a c a va lg a d a , o ro sto e sfreg a nd o seu fo rte p esc o ç o , tremend o c o m os esp a sm o s d a paixão. —Nunca voltarei a sentir algo igual —disse sem fôlego. —Bebê —murmurou em seu delicado ouvido— me dê uns minutos, essa sua travessa boca e te prometo que voltará a senti-lo. —Jacob! —riu tratando de repreendê-lo sem êxito. Então levantou a cabeça na altura de seus olhos. — A terra não se moveu! —Demônios, d evo esta r p erd end o meu to q ue — b rinc o u d esliza nd o sua a trevid a líng ua sobre um mamilo sedutor. —Jacob, sabe o que quero dizer —riu— Detenha! —Deter o que? Deter isto? Isa b ella to m o u a r, surp reend id a a o d a r-se c o nta d e q ue nã o esta va tã o exa usta c o m o acreditava. E tampouco ele. A prova disso estava agitando-se muito dentro de seu corpo. —E você brinca sobre minha luxúria? —exclamou. —Freia esse pensamento. Adoro sua luxúria. —Entretanto… Jacob, Estou tratando de dizer algo! —E eu estou tratando de lhe calar — se mofou, repetindo o suave roçar uma vez mais. —Há m elhores uso s p a ra m inha b o c a , nã o c rê? — Perg untou p íc a ra , seus o lho s b rilha nd o 163
com humor. —Dúzias deles Deveria apontá-los? —OH, não. Me permita. —Responde-me algo? —O q ue? —Perg unto Ja c o b , d esfruta nd o d a sensa ç ã o d o c a b elo so b sua s m ã os enquanto ela esfregava a bochecha sobre seu peito em uma cálida e brincalhona carícia. —Ninguém me explicou por que os nigromantes queriam saber seu nome. Ja c o b fic o m uito q uieto , e Isa b ella lhe d eixo u um m o m ento p a ra p ô r em o rd e m o s p ensa m ento s. Sa b ia q ue era uma p erg unta muito im p o rta nte , e m b ora nã o c o nhec ia exatamente a razão. —Em m uita s c ultura s se tem a c renç a d e q ue d a r seu no m e a a lg uém é lhe d a r p o d e r sobre você. Pa ra um Demônio é a ssim e m rea lid a d e . O no m e d e um Demônio é o ing red iente princip a l e m um Sum m oning . Se m ele , o nig ro m a nte nã o p o d e fa zer um Sum m o n, nã o p o d e controlá-lo, e isso se traduz em que não tem poder sobre ele. Isabella levanto a bochecha de seu peito para poder olhar dentro desses olhos escuros. —Ma s to d o s c o nhec em seu no m e , Ja c o b . Qua lq uer Demônio c a p tura d o p o d eria d ize r seu nome a um Nigromante. —Não, sou o único que conhece meu nome. —Não entendo. Ja c o b se sento u, d esliza nd o p a ra a p o ia r-se so b re a c a b e c eira enq ua nto ela se m o via arqueando-se, colocando o queixo em cima do joelho flexionado e mantendo seu olhar. —Qua nd o um Demônio na sc e , há um a c erim ô nia d e no me a ç ã o . —Começou— Há só q ua tro p e sso a s p ressentes. A m ã e , o p a i e o Sid d a h. Esta s q ua tro p esso a s sã o as únic a s conhecem o nome verdadeiro de um Demônio. Jacob se deteve um minuto, passando o polegar sobre a elevação da suave bochecha. —Pensa nisso c o mo … Contro le d e d a no s? —Mo veu a c a b e ç a sa b end o q ue era um a explicação muito pouco apropriada. — Pensa q ue nã o é um c rime ter um p ouc o d e c o ntro le. Os m éto d os q ue tem o s q ue utilizar com os Demônios no va to s req uere m q ue o s p a is e o Sid d a h c o nheç a m o no m e d o jo vem Demônio. É um me c a nism o q ue lhes p e rm ite p o d er tra nq üiliza r e p ro teg er a m ente d o jo vem . Ajuda-os a c o nc entrá -lo sufic iente p a ra c o ntro la r-se a si m esm o . Ta m b é m é útil q ua nd o adquirem muito seneta yu vai. Tra to u d e p ensa r no eq uiva lente na ling ua g e m hum a na e riu: —Muito g ra nd e p a ra sua cueca. —Então Jacob não é seu nome? —Cla ro q ue sim . Po d eria ser irô nic o , m a s d e p o is d e q ue no s a trib uem o no m e d e p o d e r, 164
os pais escolhem um nome como Jacob, Noah e Elijah, e normalmente os selecionam da ... — Bíblia! —Sim —Ja c o b so rriu— c o m o verá , o s Demônios têm um g ra nd e resp e ito p ela relig iã o Cristã . Co m o sa b e , rec o m p ensa ra m -no s c o m um a p a z e um a lib erd a d e q ue nunc a p o d erá ser igualada. Escolher da Bíblia os nomes de nossos filhos é uma comemoração. —Acredito que é maravilhoso. —É uma tradição familiar para os pais que estão esperando um filho, passar um dia inteiro selecionando um nome para chamá-lo. Leva-se a cabo com a mãe e o pai isolados do resto do m und o . Co m e ç a c o m a le m b ra nç a d e c o m o se c o nhec era m , a histó ria d e c o m o se apaixonaram, o momento de como foi concebido o menino. —Isso so a d efinitiva m ente fo rm o so , Ja c o b —Sussurro u Isa b ella . Ap a rtou o o lha r p o r um momento e Jacob se deu conta de que estava lhe escondendo um pensamento. —Que te ocorre, florzinha? Voltou a lhe o lha r, c o lo c a nd o o lá b io inferio r entre seus d entes e m um c la ro sinal de apreensão. —Jacob, de acordo com a profecia, teremos um filho algum dia? Ja c o b p erm a ne c eu q uieto , o fô leg o d etid o no p eito enq ua nto sentia um a sensa ç ã o inexplicável de medo. —Isso te incomoda? —Perguntou tão baixo como lhe era possível. Isa b ella p e rg untou se tinha p erc eb id o o q uã o tra nsp a rente era nesse m o m ento . Ne ssa s ocasiões Ja c o b p a rec ia esq uec er q ue sem p re era p a rte d e seus p ensa m e nto s. Esta va virtualmente aterrorizado de que lhe desgostasse a idéia de ter um filho com ele. —Bo m , fra nc a m ente o fa z —c o m eç ou, g ira nd o seu ro sto p a ra q ue nã o p ud esse ver o pícaro sorriso. —Entendo. —Me alegro que o faça. É absurdo e espero que remedeie a situação. Jacob estava sem palavras. Sentia o coração retorcendo-se de dor no peito. Nesse momento voltou a girar, com os olhos brilhantes de felicidade. —Então, como se casam os Demônios? Ja c o b insp iro u p o r fim , a verm elha nd o c o m a sensa ç ã o q ue nte d e g ig a ntes c heiros emocionais. —Isabella… —disse, seu tom perigosamente cheio de reprovação. — Isabella Russ, está tirando sarro de mim? —Por que não Jacob? —declarou, toda inocente. 165
— Estava-te pedindo para m e fa zer um a m ulher ho nesta . Se c rer q ue isso é um a brincadeira, então acredito que é o momento de retornar a casa. Fez g esto d e sa ir d a c a m a , m a s ele a a g a rro u c o m fo rç a , c o lo c a nd o a d e c o sta s so b re a suave comodidade do colchão e olhando-a ameaçadoramente. —Vou golpear te —gritou, lhe dando um ligeiro empurrão nos ombros. — Te diverte me torturando! —Nem mais nem menos do que você se diverte! —Isabella! —grunhiu seu no m e , m a s term ino u c o m um a g a rg a lha d a q ue nã o p ô d e conter. —Então, me vais responder ou não? —Perguntou-me algo? —respondeu. —Acredito que te pedi que te casasse comigo. —Ah... bom, não recordo que pusesse de joelhos ou algo assim—replicou. —Olhe. Po sso ser um a m ulher m o d erna , m a s isso é ir m uito lo ng e. O p ró xim o será q ue espere um anel de diamantes. —De fato as esmeraldas me favorecem mais. —riu. —Estou segura. Escuta Executor, não tenho toda a noite. —Nesse caso, Executor —respondeu. — Devo te d izer q ue o s Demônios nã o têm um a c erim ô nia d e m a trim ô nio c o m o esperaria. —Claro que não —respondeu seca, rodando os olhos. — Estou se g ura q ue seja c o m o fo r, é o stento sa e m uito intensa . Essa é , d e p o is d e tud o , a forma de fazer dos Demônio. —Sim, muito curiosa para nós — sua expressão trocou, os olhos escuros se tornaram sérios. — Ac o ntec era m m uita s c o isa s neste c urto p erío d o d e tem p o , Bela . Co m o p o d e p a re c er tão segura sobre isto? —Jacob —disse brandamente. — Co m o p o sso m e sentir d e q ua lq uer o utra fo rm a exc eto seg ura ? É m eu únic o d estino . Não necessito uma profecia ou algo mais para que me digam o que devo fazer. Levantou-se percorrendo brandamente com os dedos as curvas e planos de sua pele. —Minha a lm a p ertenc e a sua . Seu c o ra ç ã o c o rresp o nd e a o m eu. Sinto -o c o m c a d a molécula d e m eu ser. Senti-o no m e sm o m o m ento no q ua l vi um id io ta c a m inha nd o p o r um a sinistra rua do Bronx durante a hora mais escura da noite.
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—Mm m . Ta m b é m te a m o — m urm uro u, c o ntra seu ro sto e b eija nd o -a a té tira r suficientemente o fôlego para que não seguisse rindo dele. Colocou-se so b re se u c o rp o , a justa ndo-se a ela c o m inc rível fa c ilid a d e . Esta va feita p a ra ele, e podia sentir cada vez que se tocavam. —Tive um a vid a em q ue vi e exp erimentei m uita s c o isa s inc ríveis —sussurro u, a vo z ro uc a p ela intensid a d e d e sua e m o ç ã o — m a s a té q ue te c o nhec i, nã o so ub e o q ue era a m a r uma m ulher d a fo rm a q ue sei q ue te a m o . E nã o p o sso te p ro m eter q ue fic a r junto a m im seja a lg o singelo. Há muita incerteza em nosso futuro. —Sei, Jacob. Sei que não é um conto de fadas. De todas as maneiras, o feliz para sempre, em b o ra seja um a id éia m uito sed uto ra , resulta ser m uita p re ssã o p a ra m im . Seg uire m o s d isc utind o , seg uire i send o m uita o b stina d a p a ra ra c io c ina r e se m d úvid a te vo lta rei completamente louco. Mas te recompensarei te amando tanto como seja capaz. —Seg uirei send o d uro c o mig o m esm o , e sem d úvid a , esta re i freq üentem ente a trá s d e voc ê. Pro va velm ente c o nseg uirei te c o nfund ir d e m a neira terrível p o rq ue nã o tenho exp eriênc ia em m a nter um a rela ç ã o . Estive so zinho p o r muito tem p o , florzinha, e tenho m e d o d e q ue isso exp o nha o b stá c ulo s c o ntinua m e nte. Ma s o fa re i p o r você, e a c o m p ensa rei, Isa b ella , p o rq ue te a m o m a is à frente inc lusive q ue a m elho r d e m inha s ha b ilid a d es —Ja c o b sorriu lenta m ente , enxaguando as repentinas lágrimas com os polegares. — Não pretendia te fazer chorar, Bela. —Nã o p o sso evitá -lo . Meu c o ra ç ã o —e sfreg o u a p a lm a so b re o p o nto o nd e se encontrava o órgão mencionado. — Sinto como se queimasse. —Que incomodo, florzinha. Desde que te conheci, meu coração não tem feito nada mais q ue c re sc e r p a ra a sse g ura r poder te a c olher d entro — inc lino u a c a b e ç a p a ra ela , b eija nd o-a brandamente e se separou, ficando em pé e tomando suas mãos para levantar a cama. — Vêem há algo que temos que fazer. —O que? —Já verá. No a h elevou o o lha r a o esc uta r p a sso s na esc a d a . Sentiu um a sensa ç ã o estra nha q ua nd o viu seus Exec uto res a p ro xim a r-se p a ra ele . Im e d ia ta m ente retroc ed eu e d esp rezo u a sensa ç ã o , rec ord a nd o -se a si m esm o q ue Isa b ella nunc a lhe fa ria m a l intenc io na lm e nte nem a ele nem a ning uém m a is. Em q ua lq uer c a so , a flo ro u nele um instinto p ro fund a mente enra iza d o , uma necessidade de pô-la em seu lugar. Lo g o q ue estivera m a seu a lc a nc e , Isa b ella se p ro stro u d e joelho s frente a ele , seus fo rm o so s o lho s vio leta s b rilha nd o c o m re m orso enq ua nto to m a va sua m ã o e a p re ssio na va contra sua bochecha com grande emoção. —Me perdoe, Noah —rogou com um sussurrou. No a h sentiu um to m b o no c o ra ç ã o e im e d ia ta m ente la m entou to d o s o s se ntim ento s q ue seu medo tinha engendrado em seu interior. Ajoelhou-se e girou seus olhos para ele. 167
—Nã o há na d a q ue p erd o a r, p e q uena Executora —d isse g e ntilm ente. Olho u Ja c o b , lend o c la ra mente a g ra tid ã o e m sua exp ressã o — tud o o q ue p rec isa fa ze r p a ra m e c o m p ensa r Isabella, é continuar fazendo a este Demônio, o qual é como um irmão para mim, tão feliz como nunca o tinha visto até que chegou. Ja c o b exp ulso u um a sua ve e rá p id a resp ira ç ã o . Nunc a tinha p ensa d o q ue sig nific a sse tanto para Noah. —Nã o há p enitenc ia em fa zer a lg o q ue m e d á ta nto p ra ze r, No a h — d isse a o Rei d e Ja c o b . Seus d ed o s to m a ra m o p ulso c o m c a rinho , a c a ríc ia tra to u d e sub stituir o im p ulso na tura l de abraçá-lo, algo que sabia que incomodaria a seu possessivo companheiro. —Ma s p o sso te jura r q ue sem p re sere i tua q ua nd o nec essita r a lg o . Sem p re te serei completamente leal, só detrás de Jacob e minha irmã. —Vem — Noah ficou de pé, arrastando-a com ele. — Há d ito o sufic iente , esto u c o ntente. Nã o d uvid a rei d e você so b re este a c id ente nem um segundo mais. Entã o Ja c ob se a d ia nto u um p a sso , to m a nd o a m ã o livre d e sua c om p a nhe ira e olhando-a . Os Exec uto res sincronizados ficaram d e jo elho s frente a o Rei um a vez m a is. La d o a lado, mão a mão, olharam para Noah ao mesmo tempo. Noah sentiu oprimir-se o peito com um prazer exultante. —Meu rei —c o m e ç o u Ja c o b , sua vo z b a ixa m a s a p a ixo na d a enq ua nto p ro nunc ia va a s palavras de um ritual mais velho que o tempo. — Antes d e p e d irm o s sua b ênç ã o . Dê a seus lea is servid o re s p erm issã o p a ra unir-se na no ite d a lua cheia, c om o m eus p a is se unira m , c o m o o s teus se unira m , p a ra q ue c o m o um p a r c o m p leto , no sso p o d er e no ssa lea ld a d e possamos te servir e a to d o s o s d e no sso c lã p elo resto de nossas vidas. —Meu rei —continuou Isabella brandamente, os formosos olhos cheios de lágrimas. — Pe d im o s sua b ênç ã o . Dê a seus lea is servo s p erm issã o p a ra unir-se na no ite d e lua cheia, p a ra q ue a ssim , c o m o um p a r c o m p leto , p o ssa m o s p ro ver a os Demônios c o m a futura g era ç ã o . Juro q ue se rã o tã o le a is a vo c ê c o m o so u eu e c o mo é seu p a i, a ssim será c o m o o s educaremos. No a h p erm a ne c eu em silenc io a nte eles, tra ta nd o d e so b re p o r-se a s em o ç ões q ue o embarg a va m . Nunc a p enso u q ue veria este d ia , o d ia no q ua l Ja c o b se a jo elha ria a nte ele , sua escura cabeça junto à da mulher que seria sua esposa. Apesar de que não era Demônio, Jacob tinha animado nela as palavras rituais e Isabella as havia dito com todo seu coração. —Executores —d isse a o fina l, sua s m ã o s se c o lo c a ra m b ra nd a m ente so b re a s c a b e ç a s inclinadas. — Minha bênção é sua. Somente lhes peço uma coisa. As cabeças se elevaram em uníssono. —Permitir a seu rei rea liza r a c erim ônia , p o rq ue nã o tolera ria q ue ning uém m a is lhes unisse. 168
Ja c o b fic o u sem p a la vra s. No a h só tinha unid o a o utro c a sa l d ura nte seu reina d o , a sua irm ã Ha nna h e seu c o m p a nhe iro . A honra q ue lhes o uto rg a va e ra extra o rd iná rio . Isa b ella leu a re a ç ã o d e Ja c o b a lta e c la ra , e c o m p ree nd eu im ed ia ta m ente o sig nific a d o d o o ferec im ento de No a h. So luç o u b ra nd a m ente p ela m a g nitud e d e seu a g ra d ec im ento e sem ter em c o nta qualquer protocolo, ficou em pé e literalmente se jogou aos braços de Noah. —Obrigado! Noah Muito obrigado! —soluçou, lhe beijando na bochecha sonoramente. O rei a o lha va d esc o nc erta d o e nq ua nto se rub o riza va p or sua p ro fusa a m o stra d e a feto . Instintiva m ente a b ra ç o u a sua nova Executora. Depois d e q ue seu fo rte a b ra ç o d ura sse um minuto ou mais, riu e olhou Jacob, quem também se pôs em pé. —Executor, separa sua mulher de mim antes que me afogue em suas lágrimas — riu. Ja c o b d e u um p a sso à frente e o fez, tom a nd o a em o tiva Isa b ella em seus b ra ç o s, rodeando-a contra o peito. —Honra-me Noah. Aceitamos de todo coração —disse Jacob. —Essa impressão me deu —riu Noah. — Então Isabella, tem dois dias para planejar as bodas. Deteve-se em um bocejo, e viu que Bela ficava rígida nos braços de Jacob. —Ma is im p orta nte —disse acidamente— tenho d o is d ia s p a ra a p rend er a m e c o nter e não fazer que meus convidados se deprimam. —Bom —d isse No a h c o m lig e ireza — p o r a g o ra p a re c e q ue o e feito está lim ita d o a o s q ue se m a ntêm m uito p erto d e você. Assim , p o d eria p ensa r q ue p re c isa m se p reo c up a r m a is p o r manter aos padrinhos conscientes. —Vem, florzinha, vamos procurar Elijah. Quero que também esteja presente nas bodas. —Ainda não —ele deteve elevando a mão sobre o peito. — Tenho que me desculpar com alguém mais. Elevou-se p a ra lhe b e ija r a b oc hec ha b ra nd a m e nte e se sep a ro u d e seu a b ra ç o , dirigindo-se para as escadas, girando no patamar por volta do quarto de Legna.
CAPÍTULO 12 Isabella e Jacob caminharam pela rua, passando sob a janela onde se conheceram pela p rim e ira ve z. Ela se d e teve , o lha nd o p a ra o lug a r d e o nd e c a iu, a terrissa nd o nos b ra ç o s d e seu futuro. —Espero que minha irmã esteja em casa. Não respondeu o telefone, e não costuma estar fora tão tarde. —Talvez tivesse so rte — b rinc o u Ja c o b , p o sa nd o um a m ã o so b re seu tra seiro e aproximando-a de seu corpo. —Jacob! —Entrem o s. Te rmine m o s c o m este c o nvite p o rq ue q uero esta r a só s c o ntig o . —Murmurou, 169
lhe tocando o pescoço com seus lábios. Isabella riu, apartando as mãos longe de seu corpo. Aind a esta va rind o inc o ntro la velm ente q ua nd o c o lo c o u a c ha ve na p o rta e entro u e m seu a p a rta m ento . Esta va tã o c heia d e a le g ria e energ ia q ue nã o esp ero u Ja c o b p a ra entra r e logo correr loucamente para a habitação de sua irmã. —Hey preguiçosa! Sã o d ua s d a m a nhã , ho ra d e levantar se! —Anunc io u, sa lta nd o p a ra a c a m a d e sua irm ã e sa lta nd o nela c o m entusia sm o . Co rrine g runhiu b ra nd a m ente m a s nã o parecia ter intenção de ser despertada pela Isabella. — Esto u em c a sa , a c o rd a !—Isa b ella ric o c hetea va e a g ita va o c o lc hã o sem d esc a nso , sa b end o q ue Corrine eventua lm ente d e sp e rta ria . To m o u o tra vesseiro c o lo c a d o so b re a cabeça de sua irmã e golpeou seu traseiro com ela. —Co rr, va m o s —Isa b ella fra nziu o c enho , tra ta nd o d e se p a ra r o s c a b elo s m o g no q ue cobriam o rosto de sua irmã. Ja c o b se a ssusto u q ua nd o Isa b e lla g rito u d a p a rte d e trá s d o a p a rta m ento . c o lo c o u-se a seu la d o e m um b a tim ento d o c o ra ç ã o , e nc o ntro u-a a rra sta nd o a m ulher q ue p resum iu era sua irmã, levantando seu torso com seus braços. —Jacob está doente. Não posso despertá-la! Ja c o b se a p resso u e m c heg a r junto a se u par, to m a nd o a sua irm ã entre sua s m ã o s calmantes, g ira nd o -a e em b a la nd o -a e m seus b ra ç o s. O se d o so c a b elo vermelho q ue c o b ria o ro sto se d e slizo u a um la d o , revela nd o um a c o m p leiç ã o c inza , c o m g ra nd es c írc ulo s neg ro s so b os olhos e um rosto que Jacob teve a estranha sensação de ter visto antes. —Conhece-a? —perguntou surpreendida Isabella, lendo o vago reconhecimento em seus pensamentos. —Sim. Não sei como, mas a vi antes. Recentemente. —Jacob — Isabella estava virtualmente hiper ventilando com preocupação. — Ja c o b , só há um a ra zã o p ela q ua l vo c ê entra em c o nta to c o m hum a no s nesta ép o c a do ano! Ina lo u b rusc a m ente enq ua nto sua m e m ó ria se a b ria em um a rá p id a b usc a . Nã o , Demônios Nã o ! A ra iva estre m ec eu vio le nta m ente seu c o rp o , ta nto q ue Bela p ô d e sentir a cama mover-se. Ja c o b leva nto u a irm ã d e Bela e a se p a ro u d ela , c o m c o m p rid o s p a ssos a tra vés d a habitação. Bela se sentiu doída e estressada. —Devolva-me- gritou ela, estendendo as mãos, choramingando. —Devolva ela . —Não posso. Deve te manter longe Bela. —É m inha irm ã — Grito u, revo lve u na c a m a , a lc a nç a nd o a s c o sta s d e Ja c o b q ua nd o se a g a c ho u p a ra d e ixa r Co rrine no c hã o . Ele a lib ero u, g ira nd o p a ra rec e b er o vio le nto vô o d e 170
Bela com o único poder que tinha, o poder de seu forte corpo e suas agudas palavras. —Te concentre Bela! A o rd e m fo i la nç a d a em seu ro sto , c a usa nd o q ue fic a sse q uieta entre sua s m ã o s c risp a d a s. Pela p rim e ira vez ela sentiu a vib ra ç ã o d e um c a la frio a tra vés d o ed ifíc io , d a nd o -se c o nta d e q ue tinha q ue c o ntro la r sua s e m o ç õ es. Ja c o b c o m eç o u a e m p urrá -la p a ra trá s a té tira r a d a ha b ita ç ã o . Qua nto m a is lo ng e se enc o ntra va d e sua irm ã m a is trem ia m ela e o ed ifíc io . Ja c o b a a p ro xim o u no m o m ento em q ue sa íra m d a ha b ita ç ã o , p ressio na nd o o s lá b io s em sua nuca, murmurando tranqüilizadores sons e sussurrando palavras. —Escuta, florzinha, esc uta —levantou seu ro sto entre a s m ã o s, d irig iu o selva g e m o lha r violeta para ele. — Está viva. Está muito débil e sua respiração é dificultosa. —Pre c iso e sta r a í. Po r fa vo r! —pressionou-se urg entem ente c ontra ele , d irig ind o -se p a ra a habitação onde sua irmã estava prostrada sem ajuda no chão. —Não! Precisa te acalmar e confiar em mim —Novamente a forçou a olhá-lo. — Se entrar nessa habitação enquanto está tão débil, só será um aporrinho. —Como pode dizer isso? Sou sua irmã! —Sei! —devolveu-lhe o grito. — Sua fa m ília ! Que c o nhec eu m inha fa m ília ! Ka ne , Bela . Ka ne fo i o Demônio q ue esteve observando a sua irm ã a se m a na p a ssa d a — Se d eteve p a ra fe c ha r o s o lho s, c huta nd o -se a si mesmo por não ver algo tão óbvio. —Quem? —perguntou ela bobamente. —Kane. Meu irm ã o m eno r. A no ite q ue te c o nhec i, tinha q ue c a ç á -lo e executá-lo depois de que tratasse de encantar a uma preciosa ruiva. Sua irmã era essa ruiva. —Minha irmã... Kane… Ou céus, Jacob… é minha irmã. É uma Druida. —Pelo menos é o que parece —disse entre dentes. — E, maldita seja, permiti-lhe tocá-la para me provar a mim mesmo —moveu a cabeça. — Nã o im p o rta q uã o b reve fo i seu c o nta to c o m o Ka ne, c la ra m ente fo i sufic iente. Está drenada, morrendo de fome. O entend im ento p a rec eu d eb ilita r a Isa b ella . Seus jo elho s p a ra lisa ra m e Ja c o b se forç o u a levantá-la e aproximá-la ao sofá próximo a janela. —Por q ue nã o m e levo u c o m ela? —Bela c horo u la stim o sa m ente—Po r q ue está fa zend o isto? — Shh —a c a lo u enq ua nto o p iso e o e d ifíc io se e strem ec ia m a seu re d o r. Os o b jetos pequenos caíram das superfícies, esperava que o efeito estivesse limitado a seu a partamento ou muita gente estaria muito acordada. 171
— Meu doce amor —sussurrou contra seu ouvido. — Olhe a habitação. Olhe por que não posso deixar ir com ela. Fez q ue se c o nc entra sse em a lg o m a is q ue em sua d o r, entã o fo i c a p a z d e c o lo c á -la no so fá . Pô d e sentir q ua nd o ela c o me ç o u a c o m p reend er. Um a c oisa d etrá s d e o utra a terrissa va no c hã o , a lg um a s a sa lvo , a lg um a s q ueb ra nd o -se a nte o im p a c to se era m m uito d elic a d a s. Entretanto , a c o m p re ensã o nã o fez sua d o r m a is sup o rtá vel. Lançou-se c o ntra ele , sa c ud ind o -se e chorando com todo o coração. —Nã o p o sso entra r a í —o fe g ou entre lá g rim a s, o so m ra sg o u o c o ra ç ã o e a a lm a d o Jacob. — Porque se entro roubarei seu poder e a matarei. Ou Deus! Jacob, e se... —Não, não, não, não, não — murmurou rapidamente. — Po sso esc utá -la re sp ira r, p o sso sentir sua vid a . Alg um a s d e m inha s ha b ilid a d es sã o puramente físicas, amor e não pode as roubar. —Tem q ue ir c o m ela —d isse d e sesp era d a m ente , e m p urrando-o , tra ta nd o d e fo rç á -lo a deixá-la. — Não a deixe sozinha assim, Jacob lhe rogo isso! —Bela , esc uta ! —To d a a ha b ita ç ã o p a ra liso u enq ua nto o s ob jeto s m a is p e sa d o s era m levantados e jogados. — Se c o nc entre! Se c o ntinua fa zend o isto No va Io rq ue term ina rá no o c e a no , no s matando a você a mim e a sua irmã! Fo i rud e , m a s tinha q ue a p ela r a sua ló g ic a . Nunc a a tinha visto tã o escrava d e sua s emoções. Exceto quando fazia amor com ele. —Me olhe! —ordenou-lhe, tomando sua cabeça e fazendo que o olhasse. — Ne c essito m eu p o d er d e volta , Bela , e sei q ue está em você m e d evo lver isso. Preciso c ha m a r Gid eon p a ra q ue venha a nó s. Levar-me-á m uito tem p o se tra to d e m e encher d e energ ia e nunc a será sufic iente p a ra a tra vessa r o s o c ea no s e c o ntinentes a tem p o p a ra a jud ar Corrine. Ina lo u, o lha nd o seu ro sto m a rc a d o p ela s lá g rim a s e o s eno rm e s o lhos enchendo se c o m novas. — Se i q ue p o d e fa zê-lo m eu a m o r. Rec o rd a q ua nd o fizem o s a m o r m a is c ed o? —Beijou sua s lá g rim a s a s lim p a nd o , sentiu sua aceitação. — Se nti q ue te c o ntinha . Senti o m ed o d e q ue se te liberava faria voar metade da Inglaterra. Sua s m ã o s se leva nta ra m p a ra a b ra ç á -lo fo rtem ente , sua nuc a c a iu no o c o d e seu ombro. —Não permiti que fizesse isso — Esfregou os sussurrantes lábios contra seu ouvido. — Mas disse você mesma. A Terra não se moveu. Recorda? 172
—Sim. —disse ela, assentindo contra seu ombro. —Aonde foi o poder, florzinha? Levantou a cabeça depois de um momento de dúvida. —O que quer dizer? — Quero d izer justo o q ue disse. Enq ua nto c o ntinua va vivend o e a m ando o q ue fez c o m m eu p o d e r? Sa b ia q ue nã o esta va e m m im . Co ntinua va m e ro ub a nd o a c a d a m o m ento — brincou brandamente. —Jacob —o rep reend eu, c o m o ro sto rub o riza d o . —Roubou-o , p e q uena benjamim e o esc o nd eu m uito d entro d e você. Se i q ue rec o rd a ta m b é m o nd e está . Se tra ta r d e rec ord a r no m o m ento d e d úvid a , justo a ntes q ue to c a sse esse d o c e p o nto q ue te exc ita tanto... —Passou seu polegar sobre a ruborizada bochecha. — To m o u um a d ec isã o c o nsc ie nte d e b lo q ue á -lo , a p a g a nd o -o p a ra p o d er sentir p ra ze r seg ura . Bela Ond e está a m or? Esse lug a r o nd e o m a ntém enc erra d o . Proc ura d entro d e você. Ela fe c ho u o s o lho s e ele p o d ia senti-la p e nsa nd o , p ro c ura nd o p elo q ue e sta va d izend o . Po d ia suavizá-la e d irig i-la d o c e m ente c o m seu b a te-p a p o a mo ro so , a rra sta nd o-a lo ng e d a d o r d esse m o m ento p a ra q ue se p ud esse c o nc entra r. Im e d ia ta m ente seg uinte Ja c o b fo i jogado fo ra d o so fá , a terrissa nd o fo rtem ente so b re o c hã o d e m a d eira , d e sliza nd o um m etro so b re a sua ve sup erfíc ie. Sentiu ressurg ir seu p o d er c o m o o im p a c to d e um a b o m b a . Tra to u d e leva nta r-se, separando-a q ua nd o reto rno u p a ra a jud á -lo , p reo c up a ç ã o e surp resa a p a rec ia m e m seus olhos. —Isso me acontece por não pôr atenção —grunhiu ironicamente. — Esto u b em , m a is q ue b em Uff! —m o veu a c a b eç a enq ua nto se leva nta va e a p re ssa fluía a tra vé s d e si. Ela era um a rm a zé m . Enq ua nto seu c o rp o tinha luta d o p a ra lhe d evo lver seu p o d er hora d etrá s ho ra , ela o tinha a b sorvid o e g ua rd a d o . Ne sse m o mento se p rec a ve u d e q ue tinha sid o a fo rtuna d o d e nã o ter exp lo did o q ua nd o o d evo lveu. Qua nd o tinha p a ssa d o , la b o rio sa m ente tinha c o nseg uid o c o nc entra r-se. Era d e fe ito um a sensa ç ã o eró tic a , ta nta vid a e energ ia a tra vessa nd o -o , to d a ela e m p a p a d a d e sua p resenç a e sua e ssênc ia p o rq ue tinha estado muito profundo dentro dela portanto tempo. Isa b ella o o b se rvo u c o m fa sc ina ç ã o enq ua nto Ja c o b d esfruta va c o m o p eso d e se u p o d er d evo lvid o . Nã o sa b ia c o m o o tinha fe ito , m a s m a ld iç ã o fez. Mesm o a ssim p o d ia senti-lo d e no vo d entro d ele sentind o -se c o m o ele, q uente e terrestre , d erra m a nd o -se d entro c o m o m ilha res d e g rã o s d e sem entes ... lenta m e nte... e lo g o m a is ra p id a m ente , a p o rta d e seu silo esta va a b erta e nã o tinha fo rm a d e fe c há -la . Ja c o b m o veu seus esc uro s o lho s p a ra ela e ela p ô d e sentir o ero tism o d o q ue esta va sentind o a tra vés d e sua m ente. Pô d e ver seus o lhos b rilha nd o c o m fa c eta s índ ig o , sentir c a d a m úsc ulo d e seu c o rp o c o ntra ind o -se e end urec end o se podendo enquanto o enchia. Olhou-o, tão magnífico como era, enquanto elevava os braços para tocar a energia natural do mundo a seu redor. Viu como seus olhos se fechavam com uma sensual piscada de suas pestanas. Ele la nç o u seu p o d e r, m a nd a nd o urg entes c o nvo c a tó ria s a q ueles q ue m nec essita va q ue viessem a eles. Ka ne leva ntou a c a b e ç a , sentind o a p re senç a d e seu irm ã o na m ente , sentind o se u p o d er e fa m ilia rid a d e . Nã o q ueria resp o nd er a sua c o nvoc a tó ria , a ssim o ig noro u. Nã o tinha 173
sid o c a p a z d e o lha r Ja c o b d esd e a q uela terrível no ite e c o m seu c a stig o a ind a p end ente , nã o p ensa va q ue p ud e sse. De to d a s a s m a ne ira s, esta va so b a rresto d o m ic iliá rio , p enso u amargamente , o b serva nd o a o Anc iã o Demônio d a Mente q ue um a vez c ha m o Sid d a h. Esta va aborrecido e não lhe importava quem o conhecia. —Está-te c o m p o rta nd o c o m o um m enino —o rep ree ndeu Ab ra m , p a ssa nd o a p á g ina d a revista humana que estava lendo chamada Cosmopolitan. — Responde à convocatória. —O q ue te im p orta ? —Explodiu Ka ne , p a ssea nd o p ela s ha b ita ç õ es d e seu sa g uã o c o m frustração. — So u um m a ld ito c rim ino so . O q ue p o d eria ne c essita r d e m im Ja c o b ? Que m e sente e o lhe c o m o enc o ntrou a sua m ulher? Me c o nvid a r, nã o meno s Já se i! Po sso ser seu p a d rinho . Parar-me-ei a í c ium ento , o d ia nd o a meu p ró p rio irm ã o . Inc lusive m a is, e sto u c a stig a d o , p o r to d o o bom castigo que farei, não posso tirar essa mulher de minha cabeça e seu rosto está marcada a fo g o e m m inha m e m ó ria . Po sso sentir sua p ele e m m inha m ã o . Dó i-m e d a c a b eç a a o s p é s com a necessidade dessa formosa criatura quem é... é... —Humana —ofereceu Abram gentilmente, seu rosto cheio de compassivo entendimento. —Do c e d e stino p o r q ue nã o d e ixa isto a trá s já ? Pe rm ite q ue o c a stig o a a p a g ue d e minha mente. Mereço-o. —Kane... —Ab ra m se sento u, p end ura nd o seus p és a o p iso enq ua nto a lc a nç a va a sentir a convocatória recebida, esta última golpeando em ambos com destrutiva força. Abram tomou sua d o lo ro sa c a b eç a enq ua nto p a ssa va a ond a . Só p o d ia senti-la a tra vés d o Ka ne q uem tinha recebido o sofrimento dela. Kane estava recostado sobre suas costas, sua cabeça tamborilava com dor. —OH —Kane se sentou e moveu seu cérebro de volta a seu lugar. — Demônios, tud o o q ue tinha q ue fa zer era d izer q ue é im p o rta nte —Disse Ka ne secamente. —Ac red ito q ue o a c a b a d e fa zer. Nunc a p ense i q ue sua c o nexã o c o m ele fo ra tã o poderosa, bem feito Kane. —Pensa q ue tive a lg o q ue ve r c o m isso ? Nã o . Nã o , esse fo i Ja c o b fe z q ue Ka ne se detivesse. — Muito bem —riu ele. — Que bem que nunca enfrentei a ele em uma briga — disse irreverente, brincando sobre o momento do castigo pela primeira vez desde que passou. —Melhor ir. —disse Abram. —Me c o nsid ere ... —ho uve um a exp losã o d e fum a ç a e sulfure to q ue d eixo u o Anc ião sacudindo sua revista freneticamente. —Fora —finalizou Abram com um divertido gesto. 174
Isa b ella c heiro u o revela d o r a ro m a d e sulfureto p erto d e trinta m inuto s d ep o is, m o ve u a c a b e ç a e Ja c o b g iro u p a ra ela d esd e sua p o siç ã o na c a m a junto a sua irm ã . Bela esta va no c o rre d or, inc a p a z d e sup o rta r e sta r long e d a vista d e Co rrine. G id eo n tinha d ec id id o q ue seria seguro o lugar onde se mantinha por agora. Estava confusa, entrecerrou os olhos e moveu a cabeça para Jacob. —Está chegando —lhe informou, identificando sua premonição de quem era. Aind a a ssim , nã o esta va p re p a ra d a p a ra o p o d ero so esta lo d e fum a ç a e sulfureto q ue to m o u lug a r justo a trá s d ela , sufo c a nd o -a e m um a nuvem q ue teve q ue m o ve r a s m ã o s frenetic a m ente. Viu um fo rm o so m a c ho jo vem q ue nunc a tinha visto no ep ic entro d o d istúrb io , mas instantaneamente reconheceu o quanto se parecia com Jacob. —Isabella, te retire neste instante —disse Gideon. — É muito forte para ele. Necessita todo seu poder para ajudar rapidamente a sua irmã. Isa b ella a ssentiu, tra g a nd o fo rtem ente e sentind o -se terrivelm ente fria enq ua nto o b e d e c ia . Pensa r q ue era um esto rvo d e to d a s a s m a neira s p a ra o b em -esta r d e sua irm ã , deixava-lhe o p e ito c o m um p esa d o p â nic o . Resistia a b a nd o na r Corrine, m a s sa b ia q ue nã o tinha eleição. Permitiu Jacob tomá-la em seus braços e afastá-la d a ha b ita ç ã o . Ele a d eixou e m um sofá na sa la , se nta nd o -se e a rra sta nd o -a so b re seu reg a ç o . Em b a lo u-a e lhe sussurrou b ra nd a m e nte, rela xa ntes p ensa mento s a sua m ente. Ela se a ferro u a ele , so luç a nd o silenciosamente. —Detenha Bela, sei que está se culpando. Posso escutar. —Nã o p o sso evitá -lo . Dura nte ta nto s d ia s c o nhec i a m a io r felic id a d e d e m inha vid a , e enq ua nto a d esfruta va tã o eg o ísta m ente , m inha irm ã esta va a q ui, so zinha ... m o rrend o . Nã o posso suportá-lo. —Não podia saber. —Devia m e d a r c o nta ! Supõe-se q ue so u intelig ente! Devia ha ver d a d o c o nta q ue alguém tão próxima a minha era tão Druida como era eu. Como pude ser tão estúpida? —To d o s nó s. Que m e sc uta seu b a te-p a p o so b re ela d úzia s d e vezes nos d ia s p a ssa d o s d evem o s no s d a r c o nta ta m b ém . Entende-se q ue tenha m o s p a ssa d o p o r c im a , Bela . Co m o podia saber que tinha conhecido um Demônio na mesma noite que o tinha feito você? Carinho, eu estava aí. Logo que me dei conta do que implicava tudo o que Gideon nos havia dito, devia ter c a ç a d o a c a d a hum a no q ue tinha “ sa lva d o ” d o s Demônios este m ê s e m e ha ver a sseg ura d o q ue nenhum d eles era Druid a . Nã o p ud e fa ze r na d a no p a ssa d o , m a s c o m c erteza podia havê-los salvo nesse tempo. —Quantos Jacob? Quantos há lá fora agora, desvanecendo-se como Corrine? —Pod e nã o ha ver nenhum , o u p o d e ha ver p elo m eno s um a dúzia. — inesp era d a mente a fez a um lado, incapaz de ficar quieto, levantou-se e caminhou pela habitação. — E m e a trevo a d izer q ue nunc a p us a tenç ã o a q uã o hum a no s p ro teg ia . Usua lm e nte esto u m a is c onc entra d o no Demônio c o nvertid o . Nã o sei se sa b eria inc lusive c o m o fa zer p a ra encontrá-los. 175
—Vo c ê nã o , m a s estou c erta q ue o s Demônios punidos no c a stig o nã o esq uec e ra m p o r quem tem quebrado tão sagradas leis. Jacob olhou para seus sérios olhos violetas, uma sensação de alívio o percorreu. Levantou sua palma para seus lábios, beijando-a com a intensidade de sua liberação. “ Deve ir meu amor, e fazer o certo. Você me necessita. “ —Por fa vo r, Ja c o b , enc o ntra -os e te a sseg ure d e q ue nenhum está so frend o c o m o m inha irmã. São irmãos e irmãs de outras pessoas. Por favor, vai e encontra-os. Ele só p ô d e a ssentir. Esta va suplantado p o r sua fa lta d e eg o ísm o e , entreta nto via a si m esm o c o m p leta m e nte eg o ísta . Em b a lo u sua nuc a c o m um a la rg a m ã o , c o lo c a nd o a b o c a sobre a sua a beijou suave e profundamente. —Amo-te, florzinha —sussurrou grosseiramente— esta vez o farei corretamente por você. —Sei que o fará —esteve de acordo ela confidencialmente. Ka ne nã o entend eu o q ue esta va p a ssa nd o enq ua nto entra va na estra nha ha b ita ç ã o . Nã o p ô d e ver o q ue o ro d e a va a o p rinc íp io p o rq ue seus p erp lexo s o lho s tinha m seg uid o a s c o sta s d e seu irm ã o fo ra d a ha b ita ç ã o . Ja c o b nã o ha via d ito nem se q ue r um o lá , m a s o tinha empurrado para tomar a uma pequena mulher em seus braços. Kane girou para olhar a Gid eo n e ina lo u tem erosa m e nte. Nunc a tinha esta d o a um m etro e me io d o Anc iã o a ntes, e nã o p o d ia entend er o q ue p o d ia q uerer d ele. No rm a lm ente teria e sta d o lend o m entes a m ã o d ireita e sinistra , to m a nd o a ta lho s p a ra enc o ntra r a s re sp o sta s q ue q ueria , m a s nã o esp era va tra nsp a ssa r a s d efesa s d o Anc iã o . A m ulher era um esp a ç o ne g a tivo , c o m o se nã o e stivesse a í, e Ja c o b o tivesse golpeado levantando sua cabeça por ter pensado que podia usar seu poder sobre ele. Ka ne riu b ra nd a m ente p a ra si m esm o . Era estra nho m a s, a p esa r d e sua a p reensã o de conhecer o ancião Demônio q ue m p erm a ne c ia a í o lha nd o tud o severo e im p la c á vel, era o m a is d e p ra va d o q ue se sentiu em d ia s. Esse sentim ento , c o m o se estivesse a va nç a nd o p a ra escapar de sua própria pele o estava relaxando rapidamente e suspirou com alívio —Então o que é isto? —Perguntou por fim Kane. —Na p ró xim a vez q ue lhe c ha m e m — d isse o Anc iã o c o m vo z b a ixa e p la ina , seus o lho s cor mercúrio brilharam com desaprovação. — Sugiro que te apresse. —Sei, m a s ha via um p e q ueno a rresto d o m ic iliá rio q ue tinha q ue a rrum a r — disse secamente. A resp o sta d e Gid eo n foi leva nta r um a so b ra nc elha e d ep o is d a r um p a sso p a ra a esquerda, revelando a mulher que estava recostada na cama. Kane ina lo u d e fo rm a entrec orta d a , eng a sg a nd o -se. Esta va tã o p á lid a c o m o a m o rte , inclusive um pouco cinza, claramente esvaziada de vida e energia, mas não se podia equivocar nos compridos e selvagens mechas vermelhas de cabelo e na forma de seu rosto que queimaria nele para sempre. 176
—Que De m ô nio s é isto ? —p erg unto u rouc a m ente , se us esc uro s o lho s a zuis tã o p a rec id o s c o m o s d o Ja c o b q ua nd o b rilha va m c o m c o ra g e m . Seu c o ra ç ã o c o meç o u a p ulsa r fo rtem ente só ao estar na mesma habitação com ela. —Isto — disse Gideon com um floreio de sua mão. — é Corrine. —Co nheç o seu no m e — esta lo u Ka ne. Afa sto u seus o lho s d o ro sto em fo rm a d e c o ra ç ã o de Corrine, ainda formoso a pesar de sua óbvia enfermidade. —É a irm ã d e Isa b ella —exp lic o u Gid eo n a nte sua c o nfusã o — e será a q ue a lg um d ia se tornará parte de sua família. Entretanto não porque Isabella se casará com seu irmão. Kane abriu a boca para exigir uma explicação, mas de repente soube. Ele sabia. Aproximou-se d a c a m a , um a p a rte d ele a ind a e sp era va q ue Ja c o b aparecesse p a ra lhe c huta r o rabo c o m o tinha fe ito a p rim e ira vez. Resp ira va laboriosamente enq ua nto a lc a nç a va c o m d e d o s trêmulos a frá g il mão q ue d esc a nsa va so b re a s cobertas. Seus d ed o s era m longos, graciosos, sua s unha s la rg a s e c o m um a m a nic ura p e rfe ita . Po d ia ver c o m o se so b ressa ía m o s o sso s so b re a tra nsp a rente p ele e seu ro sto se c o ntra iu d e d o r a o vê-lo , sua g a rg a nta se fe c ho u com um estalo de emoção que estava seguro, não havia sentido antes. —Ela a ind a tem q ue to m a r um a d e c isã o . Esta nã o é um a resp o sta d efinitiva entend e Kane? —A advertência foi suave e séria para seu ouvido. — Po d eria nã o te a m a r a té q ue a g a nhe. Ma s a ntes q ue isso a c o nteç a , m eu jo ve m a m ig o , d e ve a jud á -la a m elho ra r. Aproxime-te. Sente-se. Seja p a c iente. Tud o se revela rá no seu devido tempo. Kane obedeceu ao grandioso Ancião sem dizer uma palavra. Isa b ella esta va esq ua d rinha nd o o p iso q ua nd o um a rep entina ra ja d a d e vento so p ro u franqueando-a . Ho uve um ruid o so va ivé m b a ixo e ela g iro u p a ra ver Elija h e sp a rra m a d o d e forma revoltante no chão. —Demônios, isso foi estúpido —murmurou ele. Ap esa r d e sua p reo c up a ç ã o , Isa b ella nã o p ô d e evita r a risa d a q ue esc a p o u enq ua nto o gigante ficava em pé e sacudia o pó de seu traseiro. —Sinto muito, Elijah. —Sim, sim. Não é tua culpa. Aproximei-me muito — lhe ofereceu um sorriso de cordeirinho. —Está bem? Jacob me disse que viesse até você. O que está acontecendo? Deu-lhe um rá p id o resumo d a situa ç ã o . Pa ra sua surp re sa , Elija h se a p ro xim o u e c olo c o u um braço sobre seus ombros. —Nã o te m q ue p reo c up a r-se p o r na d a , Bela . Gid eo n se o rg ulha d e nã o ter p erd id o nunca um paciente. —Elijah, Quantos anos tem? —perguntou repentinamente. 177
— Não atua como qualquer dos outros Demônios que conheci. Não quero te insultar, mas a tua virtua lm ente c o m o hum a no . Quer d izer, a únic a vez q ue te vi a tua r c o m o me sm o a r d e formalidade e reverência dos outros foi durante o Conselho. —De fa to , tenho q uinhento s e setenta e seis a no s. Além d o Gid eo n, Ja c o b , No a h e eu somos os Demônios mais velhos vivos. —O q ue a c o ntec eu com seus p a is? Co m o s p a is d o Ja c o b ? —Isa b ella se p erg unta va p o r q ue essa p erg unta nunc a lhe tinha o c o rrid o a ntes. E o lha nd o a fo rm a e m q ue Elija h b a ixo u o s olhos e empalideceu, deu-se conta que era uma pergunta significativa. —Bo m , va m o s d izer q ue a últim a vez q ue ho uve nig ro m a ntes existind o em m a ssa , fize ra m m uito m a is d a no . Me us p a is, o p a i d o No a h e o p a i d o Ja c o b fo ra m Co nvo c a d o s em vá ria s ép o c a s p elo s p a ssa d o s q uinhento s a no s. A m ã e d o Ja c o b nã o viveu m uito tem p o d e p o is d e te r d a d o luz a Ka ne . Nã o c o nheç o m uito d e o utros. Sup o nho q ue d e p o is d e q ue m eus p a is fo ra m apanhados, fui um pouco mais rápido e perdi toda a seriedade de minha cultura. —Sup onho q ue p o sso entend er isso . Ob rig a d o p o r c o m p a rtilhá -lo c o m ig o . Po sso im a g ina r que não é fácil falar disso. —Faz-se m a is d ifíc il sa b end o q ue o s nig rom a ntes reto rna ra m . Ma s te ter a q ui é um m ila g re . Ta lvez nesta oc a siã o nã o seja m o s vítim a s tã o fa c ilm ente, se so m o s b ento s c o m Druid a s com tão boas intenções como as que você tem. —Esp ero q ue seja verd a d e Elija h. Ma s c o nhec end o o s hum a no s c o mo os c o nheç o , d o ume conta de que ser uma Druida não necessariamente os farão boas pessoas. —Isso é c e rto em q ua lq uer ra ç a , Bela . Só p rec isa ver a q ueles c o m o Ruth p a ra te d a r conta —disse com uma piscada. —É incorrigível Elijah —Isabella se deteve por um comprido momento. — Elija h, m e d ig a a lg o . Co m o sa b e m o s nig ro m a ntes q ua l é seu verd a d e iro no me se tã o pouca gente é privilegiada com a informação? —Bo m , esto u enverg o nha d o d e rec o nhe c er q ue p o d e ser c o nsid e ra d o c o m o no ssa p ró p ria fa lta . Antes d e m a nter o ritua l sec reto está va m o s a c o stum a d o s a m a nter um reg istro d e no m es e na sc im ento s. Em a lg um mo m ento no temp o , o s nig ro m a ntes o b tivera m a lista d e na sc im ento s. A d eva sta ç ã o nã o será esq uec id a . Gid eo n fo i o únic o Anc iã o q ue so b reviveu a matança. Jacob, Noah e eu somos três das três dúzias de Velhos restantes. —Nã o tenho nem a m eno r idéia d e c o m o o s nig ro m a ntes o b tivera m o p rim e iro no m e d o Demônio. Susp e ito q ue fo i Luc a s, p o rq ue fo i o Sid d a h d e Saul e o s o utros q ue fa lta m . Nã o há dúvida que em sua tortura revelou seus nomes. Verá, um Siddah... —Jacob me disse isso. Sei o que é um Siddah. Lucas foi Siddah de alguém mais? Tem filhos cujos nomes pudesse revelar? —Luc a s tem d ua s filha s d e sa ng ue — Elija h o lho u a o lo ng e , puxando um a rug a d o tec id o do sofá. — E era considerado um grande professor entre nós. Foi Siddah de muitos mais. —OH não. Elijah — inalou Isabella. 178
— Como poderão protegê-los? —Não podemos. Cada um deles tem em conta que poderia ser o seguinte em ir-se. —É horrível —disse Isabella com surpresa. — Vocês souberam todo o tempo? Por que ninguém me disse isso? —Co m q ue p ro p ó sito , Bela ? Nã o há na d a q ue p o ssa fa zer. Tud o o q ue p o d e m o s fa zer é começar a caçar esses bastardos. Isa b ella a ssim ilo u sua s p a la vra s em silênc io , o b serva nd o o pad rã o d o s p iso s d e m a d eira por um longo tempo enquanto ele a observava. —Sinto —d isse tra nq üila m ente— m e sinto tã o im p restá vel. So u um eno rm e esto rvo p a ra qualquer um de quem me aproximo. Eu não gosto. —É um a frustra ç ã o q ue to d o s c o m p a rtilha m o s, Bela . Sei exa ta m ente c om o se se nte . Todos sentimos. —Elijah —o contemplou por um minuto, uma malícia iluminou seus olhos. — Sa b e . C om e ç o a me p erg unta r se nã o ha p o r a í um a sá b ia Druid isa e m a lg um a p a rte com seu nome tatuado em seus genes. Ela riu quando a olhou com uma horrorizada expressão. —Não há razão para ser presunçosa. —replicou ele. — Te p ro m eto p e q uena Executora, q ue nã o há um De m ô nio o u um a m ulher Druid a nenhum lug a r d este p la neta q ue p ud esse m e c o nvenc er d e esta r m elho r c o m e la . Esta ria perdendo tempo tratando de jogar de casamenteira comigo. Qua lq uer resp o sta q ue p ud esse ter d a d o fo i interro m p id a p elo so m d a p o rta d a habitação que finalmente se abriu. Ela se apressou a alcançar Gideon. —Está bem? —Está-lo-á depois de uns quantos dias constantemente exposta a Kane — respondeu. — Nã o esp ero q ue d esp erte neste m o m ento , m a s já está fora d e p erig o . Mo stro u um a impressionante fortaleza, Executora. Usua lm ente to m a m eno s tem p o c a usa r este nível d e d a no . Talvez seja por que seu contato com Kane foi breve. Isabella mordeu o lábio, mastigando-o apreensivamente por um momento. —Suponho que isto significa que ela e Kane... são... como Jacob e eu? —Nã o d e ve c a usa r ta nta estranheza, Druid a . Ja c o b e Ka ne têm m a p a s g enétic o s similares, como vo c ê e sua irm ã . Essa p o d e ser a ra zã o d e q ue se Ja c o b e vo c ê sã o complementares então seus irmãos também o serão. —Perderá a cerimônia —disse Isabella com pesar. —Mas viverá para ver a sua. 179
Isabella assentiu. Poderia facilmente viver com isso. Ja c o b entro u b ra nd a m ente na ha b ita ç ã o , irro m p end o na ja nela p ela q ua l tinha caído Isa b ella , c o lo c a nd o -a e m sua vid a c o m o um a c huva d e p re c io so o uro . Uniu-se em sua fo rm a natural, observando a iluminada habitação procurando até que a encontrou. Estava enroscada no sofá, tremendo em sonhos porque o frio de outubro estava entrando pela janela aberta igual q ue ele o tinha feito. Essa no ite a lua esta ria cheia p o r fim . Seria a p rim e ira lua sa g ra d a q ue aconteceria para o c a sa l e o fina l d e c entena s d e va zia s e so litá ria s no ites q ue tinha p a ssado. Esta noite tomaria a seu par como esposa. Moveu-se ao seu la d o silenc io sa m ente , a jo elha nd o -se junto à im p ro visa d a c a m a , c o lo c a nd o um a m a nta so b re o trem ente c o rp o . Retiro u o c a b elo d a fria b o c hec ha , b e b end o lenta m ente a s c urva s d e seu fo rm o so ro sto . Nã o p re c isa va fa zê-lo , p o rq ue esta va im p resso c o m fogo em sua memória e em seu coração. “ Eu também te amo, Jacob.” Sua s p esta na s se eleva ra m enq ua nto o p ensa m ento e nc hia sua c a b eç a e seu c o ra ç ã o . Ele sorriu olhando-a. —Não queria despertar — murmurou. —Entã o teria q ue te vo lta r o utra p esso a , Ja c o b , p o rq ue esto u b a sta nte seg ura q ue sempre sentirei sua presença quando te aproximar para mim. —Ne m p or to d o m und o , florzinha. Esto u b a sta nte c o ntente d e ser exa ta m ente q uem so u e estar gratamente honrado por quem é você exatamente. To c o u sua b o c a c o m a sua reverentemente. Ela so rriu c o ntra seus lá b io s, e sp era nd o q ue se retirasse para ver seu rosto mais claramente. —Parece exausto. —Sou um Nightwalker, florzinha. Supõe-se que nós não saímos de dia. —Encontrou a todos? Por favor, me diga. —Sim . To d o s o s d este m ês. Gid eon d isse q ue só o s d a s d ua s sem a na s passadas se ria m suficientes, mas preferi estar seguro considerando o que tinha passado. —Havia algum Druida? —Só uma, Bela. Não necessitou que lhe dissesse o que tinha acontecido, estava escrito em seu rosto e em seus atormentados pensamentos. —OH, nã o ... —a s lá g rim a s a la g a ra m seus o lho s e se se ntou p a ra to m á -lo e m seus b ra ç o s tão forte como podia. — OH, Jacob. Esta va q uieto e em silênc io enq ua nto lhe p erm itia c o nso lá -lo . O Druid a q ue tinha p erd id o era m a c ho e o Dem ô nio q ue tinha c a stig a d o p o r enc o ntra r seu par era a jo vem filha d e nem mais nem menos que a Vereadora Ruth. 180
Ruth nunc a se c o nsid ero u nem se q uer c o m o neutra , m a s este inc id ente a tinha convertid o em um a poderosa inim ig a . Co m o c o nseq üênc ia , a g o ra seria ta m b é m um a p o d ero sa inim iza d e p a ra Isa b ella . Seu futuro nã o seria fá c il, e p esa va fo rtem ente so b re ele. Em sua c o nsc iênc ia luta va c o m o c o nhec im ento d e que fazê-la p a rte d e sua vid a , ta m b é m a fa ria o b jetivo p a ra seus inim ig o s, tanto estra nho s c o m o d o m éstic o s, m a s em se u c o ra ç ã o sa b ia q ue nunc a p o d eria p riva r-se d e sua d o c e c o m p a nhia e logicamente nã o p o d eria privá-la d a sua . Ele tinha visto a prova nesse mesmo dia. Ja c o b nã o estava a ssusta d o , m a s esta va q ua nd o c o nsid e ra va o q ue p o d ia acontecer a Bela se algo lhe acontecesse. —Jacob — sussurro u b ra nd a m ente em seu o uvid o , seus p e q ueno s d e d o s d esliza nd o -se brandamente sobre o cabelo da nuca. — Jacob além do psicológico como poderia meu coração sobreviver a sua perda? Jacob amaldiçoou brandamente. —Aí terminou o respeito à privacidade de meus pensamentos — brincou ele sem senti-lo. —Está p rojeta nd o , ta l c o m o fa zem o s a m b o s q ua nd o a lg o no s a feta p ro fund a mente — ela empurrou sua c a b e ç a p a ra trá s, o b se rva nd o se us p ro fund o s e a to rm enta d o s o lhos. Ma s deve parar e deixar de esconder seus assustadores pensamentos de mim Jacob. — Nã o c o nfia q ue se rei c a p a z d e d irig i-lo s? De ser c a p a z d e te a jud a r c o m m inha s g a rra s se p ud er? Nã o só d e sejo ser se u par p o rq ue fui esc o lhid a p o r meu Destino p a ra fa zê-lo . Quero ser sua outra m eta d e , nã o im p o rta o q ue a c o nteç a , Ja c o b e nã o m e c o nfo rm a re i c o m na d a m eno s. Pelo b o m e p elo ruim, na a leg ria e na tristeza . Isso é p a rte d e sua vid a , e nã o p o d e pensar em me proteger de tudo isso. —Ma ld ito seja se p o sso c o nsig o fa zê-lo — d isse o b stina d a m ente , to c a nd o a fronte c o m a sua enquanto franzia o cenho profundamente. — Que par em p o sse d e sua s fa c uld a d es menta is q uereria exp o r sua o utra m eta d e a o perigo e a ameaça? —Um q ue a p rend e a c onfia r e m sua s ha b ilid a d es d e luta r a se u la d o se nec essita r, ig ua l q ue ela c o nfia q ue ele será fo rte e p ro teto r. Um a vez d isse q ue p o d eria a c eita r q ue tinha nascido para lutar a seu lado. Mudou de idéia? —Nã o Bela . Po sso a c eitá -lo . Ma s tem q ue m e p erd o a r se achar m a is d ifíc il d e a c e ita r e m alguns momentos do que em outros. —É obvio —disse brandamente, posando a boca sobre a sua confortando-o . _ Entend o m a s c o m e c ei a viver no m o m e nto em q ue te enc o ntrei em to d a s a s fo rm a s q ue d evia fa zê-lo : e essa vid a term ina rá no m o m ento q ue vo c ê m e d e ixe. Esto u d eterm ina d a , Ja c o b q ue isto nã o a c o nteç a em m uito s, m uito s séc ulo s — Ele so rriu g entilm ente , seus olho s brilharam com tenro e resplandecente humor. — Po d e ria m uito b e m q ue nesses séc ulo s futuro s p ud esse te a b o rrec er c o m p leta m ente d essa s c o isa s q ue lhe p a rec e m tã o enc a nta d a s neste m o m ento . Co m fra nq ueza , so u um a d o r no traseiro. 181
—Asseguro-te —resp o nd eu Ja c o b c o m um a risada e nq ua nto a a b ra ç a va fo rtem ente contra seu peito. — Que sou muito consciente disso. Isabella riu, a b ra ç a nd o -o fo rtem ente enq ua nto esfre g a va o rosto c o ntra o tec id o d e sua camisa.
CAPÍTULO 13 Isa b ella exa lou, seu fô leg o se va p o riza va no ar frio d a no ite. Ela brincava nervo sa m ente c o m a s fitas q ue Le g na tinha tec id o a o lo ng o d e seu b ra ç o em um p a d rã o c ruza d o , q ue terminavam em seu pulso pendurando em duas largas e sedosas espirais. —De ixa d e preocupar-se a d m o esto u Leg na , a p o nta nd o c o m o d ed o a d istra íd a , m a s enérgica mão de Isabella. —Eu vo u c a sa r em uns m inuto s, Leg na , a c re d ito q ue tenho o d ireito d e esta r p reo c up a d a — Isa b ella sentiu seu c o ra ç ã o re vo lver-se q ua nd o se o uviu fa la r em vo z a lta sobre se u im inente matrimônio. —Bo m , a s no iva s se sup õ e que deva m esta r rub oriza d a s, a ssim é c o m o e ntend o . Ma s vo c ê está a abaixo d e c inc o to ns d e c inza . —Leg na c o ntinuo u c o m seu interrupto tra b a lho d e trançar fitas no cabelo de Isabella. — E p o r m uito q ue c om b ine c o m a p ra ta d e seu vestid o , a c red ito q ue seria m elho r c o m um p o uq uinho d e c o r na tura l. —Le g na a liso u um a p orç ã o d o b rilha nte tec id o c ha p e a d o q ue cobria o ombro da noiva em um modelo Grego. — Sa b e —p re ssio no u ela — só há d ua s no ites no a no em q ue o s Demônios c ele b ra m um a c erim ô nia d e uniã o . Sa m ha in e Belta ne. Se desmaiar a g o ra , terá q ue esp era r a té a p róxim a primavera. —Obrigado pela notícia. É muito amável —replicou Isabella secamente. —Na re a lid a d e , fo ra d e to d a a m a b ilid a d e , dir-te-ei q ue seu futuro esposo está a ssusta d o de soltar a bolacha, assim pode te reconfortar sabendo que ele está tão nervoso como você. —Legna! —riu Isabella. — É terrível! Ela g iro u o o lha r p a ra a m ulher Demônio, a d m ira nd o b re vem ente q uã o bonita estava em seu suave vestido de chifón branco. — E c o mo p o d eria vo c ê sa b ê-lo? Estiveste p a ra d a m uito próxima a m im p a ra p o d er se ntir suas emoções. —Porq ue q ua nd o fui rec o lher a s fita s, e sta va senta d o junto a No a h c o m a c a b e ç a e ntre os joelhos — riu Legna. — Nunca tinha visto nada que agitasse Jacob antes. E não pude evitar achá-lo gracioso. Isabella sorriu palidamente, esfregando a dor de sua fro nte. —Me diga algo, Legna, como sorteias tudo isto? 182
—Tudo o que? —To d a s a s emo ç õ e s. Ac re d ito q ue eu p osso sentir tud o d e tod o s, a c inc o m etro s ao redor. —Bo m , já esto u a c o stum a d a , sup o nho . De sc a rto tud o o q ue fo r im p restá vel e b lo q ueio o q ue m e p erturb a . Acredite, levou a lg uns a no s a p erfeiç o a r a s b a rreira s q ue utilizo p a ra fa zê-lo. Necessita que me mova? Ajudaria isso? —Nã o , p o r fa vo r. Vo c ê é a únic a q ue m e m a ntém e m p é ne stes m o m ento s. É… é c o m o uma espécie de música de fundo. —Achou interessante que minha empatia te afete sem nenhum esforço de sua parte, mas quando absorve o poder dos machos, realmente tem que te esforçar para fazê-lo. —Ou estar em pânico —recordou Isabella ironicamente. — Ma s tem ra zã o . Po ssivelm ente é p o rq ue , igual as minha s ha b ilid a d es, a na tureza d e vocês não está em como atraí-lo, mas sim como fechá-lo. Jacob e Noah têm que concentrar-se para usar suas habilidades, mas você tem que fazê-lo para não usar as tuas. —Não de to do. A tele transportação requer um alto grau de concentração. —Bo m isso exp lic a p o r q ue estou a ind a a q ui, e m vez d e a p a rec er sa lta nd o no Peru d e repente. Leg na riu a nte isso , d a nd o o s to q ues fina is no c a b elo d e Isa b e lla . Leg na d eu um p a sso atrás, emitindo um som de aprovação. —Já está, toda pronta. Está adorável, Isabella. —Obrigado — replicou ela nervosa m ente, to c a nd o seu c a b elo p a ra sentir o intrinc a d o trabalho de Legna. — E Leg na , o b rig a d o p o r esta r a q ui a meu la d o . Deveria ser o lug a r d e Co rrine , m a s e la está tã o d o ente. E, d e to d a s a s m a ne ira s, vo c ê fo i tã o a m á vel e g enero sa c o m ig o . Isto significa muito para mim. —Significa muito para mim, também — insistiu Lena, apertando as mãos de Isabella. —Sinto-me honrada de que me considere digna de ocupar o lugar de sua irmã. —OH, Le g na , vo c ê é m a is q ue d ig na . Esto u m uito feliz d e q ue no s c o nvertêssem o s e m b o a s a m ig a s. Tinha ta nto m ed o q ue nã o q uisesse estar nem a três metros de mim depois do que aconteceu. —Acred ite, se te c o nta sse a lg um a d a s travessuras q ue fiz quando jovem, rir-te-ia d e m im — sorriu calidamente, dando a Isabella um último apertão. — Chega disto. Está preparada? —Sim . Ag o ra , m e d ig a o utra ve z, p o r q ue esto u c o ng ela nd o o tra seiro na m eta d e d o bosque? Legna riu em silêncio. 183
—Porq ue é a tra d iç ã o . Seu c o m p a nhe iro d eve te e nc o ntra r e lo g o te leva r a té o a lta r. Sua busca é símbolo de seu desejo de não deixar que nada se interponha entre os dois. Te trazer a té o a lta r é o reflexo d e c om o d eve ser seu tra b a lho p a ra te a jud a r a venc er o s o b stá c ulo s e assim possam alcançar os momentos de felicidade juntos. —Isso é muito romântico — disse Isabella. — embora um pouco chauvinista. —Nã o , a b so luta m ente. O c o m p a rtilha r a s resp o nsa b ilid a d es d entro d e um a uniã o é sím b o lo d e fo rta leza . A no iva d eve a ta r à fita resiste nte no p ulso d e seu par. A fita b ra nc a rep resenta a ho nestid a d e , o a m o r e a fid elid a d e , e ao p erm itir-se a si m e sm a ser a m a rra d o , o namorado d e m o nstra q ue d eve p ro vê-la em to d o mo m ento , a ssim c o m o ela p ro verá p a ra ele . O ne g ro é a p ro m essa q ue ele s fa rã o , d e utiliza r sem p re o q ue estiver a seu a lc a nc e p a ra proteger esta união, a seus filhos e a perpetuação do que é essencial em nossa cultura. —Mas você atou uma fita vermelha no final da negra, Legna. Isso o que significa? —Na re a lid a d e —a m ulher Demônio so rriu— nã o há p rec e d e nte p a ra a fita verm e lha . Entreta nto , p a rec eu-m e justo ter um a viso físic o d e q ue vo c ê tem sua p ró p ria c ultura e q ue terá o direito de perpetuá-la tal como Jacob faz. —Legna — riu Isa b ella , lhe d a nd o um o lha r c o m um p ouc o d e rep reensã o - é positivamente rebelde e feminista de sua parte. —Eu nunca afirmei ser uma menina antiquada — confiou Legna com uma piscada. — Agora devo ir e dizer a Jacob que já está pronta e esperando sua chegada. —inclinouse para lhe dar um afetuoso beijo na bochecha. — Boa sorte. Desejo-te felicidade. —Agradeço-lhe muito, Legna. A m ulher Demônio so rriu, log o g iro u e sa iu c o rrend o . Dep o is q ue sa ísse d e sua vista , o so m d e sua rá p id a sa íd a d esa p a rec eu d e tud o e um a sua ve b risa tro uxe o a ro m a d o e nxo fre a té Isabella. Alivia d a d e esta r livre d a s ha b ilid a d es em p á tic a s d e Leg na , Isa b ella se se ntou em um a grande rocha que descansava entre os altos pinheiros próximos a ela. Brincou com seu vestido e as fitas p o r um m o m e nto e lo g o envo lveu seus b ra ç o s a seu red o r p a ra c o nserva r o c a lo r d e seu corpo. Era um a no ite terrivelm ente fria , e se nã o fo sse p o rq ue era Outub ro , a té jura ria q ue c heiro u o a ro m a d a neve no a r. Ela exa lo u, jo g a nd o c o m seu fôleg o no a r frio , fa zend o nuvens de várias espessuras e velocidades. —Maldição, Jacob, estou congelando o traseiro. —Vo u tã o rá p id o c o m o p osso , c o nsid era nd o q ue a c red itei q ue seria p rud ente c a m inha r os últimos metros. Isa b ella d e u vo lta s a seu red o r, seu ro sto so rrid ente ilum ina va a no ite prateada m a is fa c ilm ente q ue q ua lq uer lua cheia. Ela sa lto u a té seu a b ra ç o , b e b end o c o m im p a c iênc ia o calor e o afeto de seu corpo. 184
—Já p o sso vê-lo . “ Pa p a i, m e c o nte so b re o d ia d e sua s b o d a s. Bo m filho —se b urlo u ela , a p ro fund a nd o sua voz a té seu tim b re e im ita nd o seu a c ento inc rivelm ente— a s p rim eira s palavras que saíram da boca de sua mãe foram estou congelando o traseiro!”. —Muito romântico, não c rê? —tirou o sarro ele. — Assim, pensa que será um menino, então? Nosso primeiro filho? —Bom, estou cinqüenta por cento segura —riu ela. —Sabe a s p ro b a b ilid a d es. Vem p e q uena flo r, tenho a intenç ã o d e m e c a sa r c ontig o antes que a hora termine. Com isso, levantou-a em seus braços e a carregou contra seu peito. — Infelizmente, vamos ter que fazer esta caminhada da maneira difícil. —Como disse Legna, é o que se supõe que deve fazer. —Sim, b o m , a sse g uro -te q ue um g ra nd e núm ero d e namorados p ud era m e vita r isto . —Ele deslizou seu congelado rosto dentro da cálida curva de seu pescoço. —Certa m ente o s c o nvid a d o s sa b e ria m . To m a m a is tempo a p é d o q ue se a tra sa voando… ou o que seja… fora do bosque. —Isso é c erto , p e q uena flo r. Ma s p a ssa r o tem p o na so lid ã o d o b o sq ue nã o é necessariamente uma tarefa difícil para um homem e uma mulher a ponto de casar-se. —Jacob! —ofegou ela, rindo. —Algumas tradições não são necessariamente feitas para o público — tirou sarro. —São revoltantes. —Mm m , e se tivesse a ha b ilid a d e d e te volta r e m p ó a g o ra m esm o , dir-me-ia q ue nã o , se lhe p e d isse … p a ssa r o tem p o c o ntig o ? Isa b ella e strem e c eu, m a s fo i m a is p ela c a lid ez d e seu sussurro e a intenção, e não pelo frio que fazia. —Hei-te dito alguma vez que não? —Nã o , m a s a g o ra seria um b o m m o m ento p a ra c o m e ç a r, o u c heg a re m o s ta rd e a no ssa própria boda — riu em silencio ele. —Tud o b e m , nã o … p o r a g o ra ? —p erg unto u ela se d o sa m ente , p ressio na nd o seus lá b io s na coluna de seu pescoço, debaixo de seu comprido cabelo solto. Seus d ed o s se flexio na ra m e m sua c a rne , seus b ra ç o s a a p roxim a ra m m a is firm e m ente d ele. Tratava de concentrar-se aonde punha os pés. —Se essa fo r sua resp o sta , Bela , entã o sug iro d e ixe d e to m a r o c a b elo c o m essa m a lva d a boquinha, antes que me adiante e nos faça cair na terra. —Está bem —conveio ela, enquanto sua língua tocava seu pulso. —Bela… —Jacob, quero passar a noite inteira fazendo amor — murmurou ela. 185
Jacob deteve seus passos, tomando um momento para recuperar o fôlego. —Be m , p o r q ue é q ue sem p re p ense i q ue é o namorado q uem se sup õe d eve ter p ensa m ento s la sc ivo s so b re a no ite d e b o d a s, enq ua nto q ue a no iva leva a c erim ô nia m a is seriamente? —Você começou — recordou ela, rindo brandamente. —Rogo-lhe isso , Bela , m e p erm ita d e ixa r estes b o sq ues c o m um p o uc o d e m inha d ig nid a d e inta c ta . — Susp iro u p ro fund a m ente, g ira nd o sua c a b e ç a p a ra esfreg a r seu ro sto sobre seu cabelo. — Nã o to m a m uito esfo rç o m e a c end e r e d esp erta r m inha fo m e d e você. Se seg uir c o m essa s b rinc a d e ira s g ra tuita s, esta rá rub o riza d a e q uente q ua nd o c heg a r a o a lta r, e no sso s convidados não terão que ser Demônios mentais para adivinhar por que. —Sinto muito. Tem razão. —Ela girou o rosto longe de seu pescoço. Jacob retomou sua caminhada ritual por trinta segundos antes de deter-se outra vez. —Bela… —lhe advertiu perigosamente. —Sinto muito, isso só apareceu em minha cabeça! —O q ue esto u rec e b end o d entro dramaticamente enquanto retomava o passo.
da
minha ?
—p erg unto u
a lto ,
susp ira nd o
—Bom, dentro de uma hora, espero ser eu. —Por que diabos se atrasam tanto?— queixou-se Elijah. —Elijah, te acalme —arreganhou Legna— é sua união. Deixa estar. Leg na se mo veu p a ra aconchegar-se c o ntra seu irm ã o , lhe p erm itind o m a ntê-la abrigada enquanto os três esperavam a noiva e seu namorado . —Jacob! Juro-te que se não aparecer neste instante vou casar com alguém mais! A vo z d e Isa b ella p e rc o rreu estridente a tra vés d a noite, m eta d e aborrecida, m eta d e rind o . Os três q ue esp era va m no a lta r g ira ra m em unísso no p a ra ver o c a sa l fre a r na linha de á rvo res. Ja c o b ha via , d e fa to , c a rre g a d o a sua no iva fo ra d o b o sq ue , m a s o tinha fe ito atirando-a sobre seu ombro, deixando seu traseiro exposto. Elija h se a fo g o u na risa d a , Leg na so lto u um ofeg o ho rro riza d o . No a h insistiu q ue permanecessem sem mover-se. —Deixa estar, Legna. O que esperava desses dois? —Porque te serve pequena brincalhona. —Jacob, por favor! Está me envergonhando! —E ter que sair do bosque em estado de excitação, não teria me envergonhado? —Disse que sentia. 186
—Isso foi antes ou depois do strip-tease mental que me enviou? Isabella suspirou com exasperação, a seguir riu. —Sabe, Emily Pós está tendo um ataque do coração agora mesmo. —Bem, então já somos dois. Ja c o b se a p ro xim o u a té a entretid a c o ng reg a ç ã o q ue esta va p a ra d a a nte o a lta r feito d e um to c o d e á rvo re. Enc o lhe nd o o s om b ro s, a ssento u a no iva so b re se us p és. Isa b ella girou p a ra c o nfrontá -lo s, p entea nd o seu c a b elo p a ra trá s, a tua nd o a nte to d o s c o m o se tivesse chegado em uma limusine. —Isa b ella , Ja c o b se c o lo q uem a nte o a lta r — instruiu No a h, sua vo z impressionantemente oficial a p esa r d o hum o r q ue ro nd a va seus o lho s. O c a sa l o fez ra p id a m ente , to d a s a s risa d a s e sorrisos reprimidos. — Isabella, agarra a mão direita de Jacob nas tuas. Isa b ella estend eu seus b ra ç o s c heio d e fitas, d esliza nd o sua c á lid a p a lm a e ntre a d e se u companheiro. —Agora, enrola a fita ao redor de seu pulso. Um a vez q ue o fez, Isa b ella sentiu Leg na p a ra d a a trá s d ela p o sa nd o sua s m ã o s e m ambos os ombros, ao mesmo tempo em que Elijah fazia o mesmo com Jacob. —Neste p o nto d evo p erg unta r se tem a p erm issã o d e seu Mo na rc a , m a s… a c re d ito q ue seria um pouco idiota, considerando tudo. A pequena congregação riu. —Os dois Demônios atrás de vocês e que lhes sustentam, vão agora expressar seu apoio a esta uniã o . Nã o lhes so lta rã o a té q ue a c o nexã o esteja c o m p leta , d e p o is será vocês q uem a sustente e exp ressa rão seu a p o io um a o o utro p elo resto d e sua s vid a s. —No a h g iro u p a ra Jacob. — Ja c o b , o Exec uto r, a m a d o d esta m ulher, p a i d e seus futuro s filho s, g ua rd iã o d e se u c o ra ç ã o , sua a lm a e sua vid a , te a joelhe a nte ela p a ra d e m o nstra r sua a c e ita ç ã o d e se u presente de converter-se em sua companheira, esposa, alegria e o centro de seu destino. Ja c o b o fez c o m p ressa , a jo elha nd o -se na úm id a grama, enla ç a nd o se u o lha r c o m o dela. —Isa b ella , vo c ê é m eu d estino — d isse b ra nd a me nte , a tra ind o sua s m ã o s p a ra seus lábios. —Te levante Jacob — Noah girou para Isabella, quando Jacob obedeceu. — Isa b ella , a Executora, a m a d a d este ho m em , m ã e d e seus futuro s filho s, g ua rd iã d e seu cora ç ã o , sua a lm a e sua vid a , te a jo elhe a nte ele , p a ra lhe d e m o nstra r sua a c e ita ç ã o d e seu presente de converter-se em seu companheiro, seu marido, a alegria… Leg na so lto u um o feg o entrec o rta d o , interro m p end o No a h, o inesp era d o so m em m e io da tranqüila reverência do momento atraiu a atenção de todos. 187
—Le g na , e stá m e m a c huc a nd o — queixou se Bela , q ua nd o a mulher Demônio re fo rç o u violentamente seu agarre. Isa b ella vo lto u p a ra ver o q ue p erturb a va sua a m ig a e se enc o ntro u o lha nd o d entro d o s olhos cheios de terror da mulher Demônio. Leg na g rito u. Fo i um e sp a nto so so m d e m ed o q ue fez com q ue o s p êlo s d o s b ra ç os e d a nuc a d e Isa b ella se a rrep ia sse m . Instintiva m ente , Bela a lc a nç o u sua a m ig a c o m a ng ústia , a g a rra nd o c o m sua m ã o livre o b íc e p s d o b ra ç o m a is próximo da mulher Demônio. —Legna! Era a p rim eira vez q ue Isa b ella esc uta va No a h leva nta r a vo z d essa m a neira , e o m e d o a b so luto q ue esc utou em seu g rito era a la rm a nte. Ocorreu-lhe nesse insta nte , q ue ha via m uitas p o uc a s c ria tura s tã o poderosas c o m o o s três ho mens a trá s d ela , e d o s q ue p o d ia d ize r q ue realmente a atemorizavam. Isa b ella se a fo g o u q ua nd o se d eu c onta q ue o s p és e a p a rte inferio r d a s p erna s d e Leg na esta va m d esa p a rec end o. Nesse m o m ento , ela era c o m o um a espécie d e esp e c tro , um a m ulher m e io p resente flutua nd o so b re o c hã o . Le g na g rito u o utra vez, c la ra m ente em um a ho rrível a g o nia , seu a g a rre na no iva se fa zia m a is a p erta d o , enq ua nto q ue a o m esm o tem p o , Jacob tratava de puxar Isabella para escapar de suas mãos unidas. Isa b ella im ed ia ta m ente se d eu c o nta d o q ue a c o ntec ia , ha via um no me p a ra o q ue via e todas as ramificações a golpearam como um milhão de brutais punhos. —Nã o ! Nã o ! —c ho ro u ela , enre d a nd o -se c o m Leg na , envolvend o seu b ra ç o a o re d o r d e seu cada vez mais desvanecido corpo. —Bela! Deixa-a ir! —gritou Jacob. Mas devido à fortaleza de Isabella, sua presença, nenhum deles tinha o poder de detê-la. —Nã o vá , Leg na ! Luta ! Nã o d eixe q ue ele s lhe levem ! —c ho ra va Isa b ella , sua s lá g rim a s fluíam por suas pálidas e geladas bochechas enquanto os gritos de Le g na reto rna va m , um m a is horripilante que o anterior. De re p ente , Isa b ella fo i a la g a d a c o m d o r, a m a is im p re ssio na nte a g o nia q ue a lg um a ve z conhecesse. Um a b rilha nte exp lo sã o d e luz la ra nja a g olp eo u c o m o um a o nd a a tô m ic a d e c ho q ue , fazendo voar seu corpo em pedaços, até a última molécula. Ja c o b uivou d e ind ig na ç ã o q ua nd o a m ã o d e Isa b ella se so lto u d a sua , ra sg a nd o a s fitas que os atava em duas partes, justo depois que ela e Legna desaparecessem completamente. —Bela!—b ra m o u Ja c o b , to d a sua a leg ria se c onverteu em um a re p entina e paralisante a g o nia . Ca iu d e jo elho s, a g a rra nd o -se a terra q ue a ind a m a ntinha a im p re ssã o d e o nd e ela tinha esta d o p a ra d a fa zia só um b a tim ento d o c o ra ç ã o . Seus d e d o s c ra va d o s p e rsistentem ente na erva e terra do sagrado lugar. Rugiu, seu grito igual ao de um selvagem e torturado animal. O im p o ssível p eso d e sua p ena ec o o u no frio e a esc urid ã o d o s b o sq ues, c o rrend o d a s fo lha s a té a s ra ízes c o m seu som . Re m o veu seu c o rp o , seus p unho s g o lp ea nd o o a lta r, um ra ng id o se c o ressonou na noite quando a madeira se partiu. 188
—Jacob… Jacob abaixou seus b ra ç o s, g o lp e a nd o a s m ã o s d e Elija h vio lenta m ente q ua nd o se moveu para tocá-lo. —Como?—demandou ferozmente a ning uém e m p a rtic ula r, se u o lha r a m p lo e selva g em , m a s c la ra m ente o lha nd o na d a d e na d a q ue nã o fo sse a d o r e o m ed o no ro sto d e Isa b ella no momento em que tinha sido arrancada dele. — Ela não é uma Demônio! Não pode ser Convocada! Quem saberia para fazê-lo assim, quem conheceria seu valor? Nenhum pôde lhe responder. Elija h se m o veu c o m surp resa e p erd eu o e q uilíb rio q ua nd o a terra so b seus p és retum b o u e rodou, ondeando como uma manta sacudida. O guerreiro agarrou o Executor. —Jacob! Detenha! O Exec utor o lho u a o Demônio d e Vento inexp ressiva m ente. A terra so b o s p és d e Elija h se dividiu. O guerreiro foi para o ar em reflexo. Jogou uma olhada para baixo e viu o vapor explodir da terra. Um momento depois um líquido de rocha fundida super quente começou a filtrar-se da multidão de pequenas gretas que se abriu em torno deles. Fo i entã o q ua nd o Elija h se d eu c o nta d e q ue e sta va re p reend end o a o Demônio equivocado. Voltou-se p a ra o firm a m ento , sujeita nd o -se no esp a ç o a té q ue a s nuvens se a g rup a ra m e explodissem. A c huva b ro tou, m o lha nd o o m a g m a q ue tra ta va d e esc a p a r d a s p ro fund id a d es d e o nd e d evia p erm a ne c er c o nfina d o . A á re a exp lo diu e m va p o r q ua nd o Elija h se p re c ip itou para a terra, aterrissando atrás de seu Monarca. Noah estava parado com seus pés bem plantados e suas mãos apertadas em punhos tão firm es q ue o sa ng ue g o teja va d o s c ortes d e sua s p ró p ria s unha s. Elija h p o d ia ver q ue o Demônio tremia com força, mas isto nada tinha que ver com o retumbar da terra sob seus pés. Elija h se e nc o ntro u p erd id o p o r um m o me nto , m a s e ntã o a ferrou o Re i p elo b ra ç o e o sacudiu para chamar sua atenção. —Tempo —soltou c o m d ureza — Ja c o b . No a h. O tem p o é essenc ia l. Nó s três so m o s os únicos que temos esp era nç a d e c o rrig ir isto . Prec isa rem o s d e todos no ssos esfo rç o s e m c o njunto e p re c isa re m o s c o m e ç a r a g o ra . Neste mesm o m o m e nto . Nã o há tem p o para perder com dor, raiva ou alguma coisa mais, não importa o quanto justifique! Ja c o b se o b rig o u a fic a r e m p é , sentind o c o m o se se u c o ra ç ã o tivesse sid o sug a d o p elo mesmo vértice que tinha roubado sua Isabella. Dirigiu um frio olhar para Elijah e ao Rei. Observou no vazio o lha r d e No a h o mesmo q ue ele esta va p ensa nd o . O tem p o nã o é na d a . Nenhum Demônio, nenhum só, tinha sid o sa lvo inta c to d e um a Co nvo c a tó ria . Ma s Bela nã o era um a Demônio e Legna… ninguém ia renunciar a Legna sem lutar. O c hã o trem ulo fina lmente d eu p a sso a q uietud e , a ssenta nd o -se e m p a z, só a s incrustadas fra nja s d e ro c ha s va p o ro sa s fic a ra m p a ra rec o rd a r a fúria d e No a h. O Re i Demônio tomou uma profunda respiração, como se limpasse a raiva com oxigênio. 189
—Quatro, Elijah — corrigiu rudemente. — So m o s q ua tro . Vê o nd e Gid eo n está e exija q ue se a p resente neste m esm o insta nte — a vo z d e No a h era c o m p leta m ente irre c o nhec ível, Elija h p o d eria d izer q ue se enc ontra va em a lg um a e sp é c ie d e p ilo to a uto m á tic o . Entreta nto , fo i sufic iente p a ra q ue o Rei se m o vesse em conseqüência. — Qua nd o a s enc o ntra rm o s — No a h fixo u seu o lha r no d e seu Exec uto r, sua s b o c hec ha s tensas com o apertar de suas mandíbulas. — Mais va le q ue rec o rd e exa ta m ente q ue m é e q ua l é seu d ever, Exec uto r. Se ela so frer por tão somente um segundo… —Ela não sofrerá— jurou Jacob, sua voz refletia o gelo de suas veias. — Nunca trairia sua confiança em mim. Então o Executor volteou essa fria e áspera voz para o Capitão Guerreiro. —Traz Gideon. Agora. Elija h c o nhec eu o c a ç a d o r no Exec uto r q ua nd o o viu, sentind o -o ressurg ir, e so ub e q ue q ue m q uer q ue seja q ue tivesse ra p ta d o a no iva d e Ja c o b p a g a ria d e vio lenta s e p rim itivas maneiras por tão desalmada transgressão. Quanto a Legna… um experiente guerreiro como era ele, não contemplaria essa questão até que se visse forçado a fazer uma conjetura disso. Elija h se c o nverteu em p a rte d o vento no seg und o q ue p enso u. Ja c o b fixo u seus frio s e desumanos olhos no Rei. —Há esp e ra nç a . Se Bela e stiver c o m ela , se so b reviver a esta magia… — Ja c o b teve q ue fa zer um a p a usa e sa c ud ir a o nd a d e ra iva q ue surg iu c o m o c o nc eito d e struid o r d e q ue ta lvez ela não pudesse. — Enq ua nto ha ja um fô leg o em Bela , há esp era nç a . Fa rá to d o o p o ssível p o r p ro te g er Legna. —E se nã o houver esp era nç a ?—p erg untou No a h c o m um esto ic ism o q ue a ind a b ulia c o mo a terra em a lg uns m om e nto s. — Esp era rá sua no iva e p erm itirá a m inha irmã… — No a h fec ho u seus o lho s, a p erto u seus d entes c o m um a ra iva q ue o fe z trem er e resp ira r c o m vio lênc ia sufic iente p a ra jogar fo g o . — Se rá m uito im a tura , tã o sensível c o m o p oderá d a r p a z a Leg na se nã o c o nseg uir a lc a nç á -la ? Enc o ntra re i m inha irm ã c o m o um m o nstro , a p ressa nd o -se a a ssa ssina r e fo rnic a r a c a d a demente c a p ric ho d ele? Proteg i, c uid ei e nutri Leg na d e sd e o dia q ue nossa m ã e m o rre u q ua nd o ela nã o tinha ne m cinco anos. — d isse No a h c o m um a vo z q ue parecia ter sido arrastada dos carvões do inferno. — Me p erd o a rá se nã o c onfia r a um a inexp eriente tã o p rec io sa ta refa . Nã o fic a rei parado e permitirei isto. —Juro-te , No a h, q ue ta m p o uc o o p erm itirei. E d eve c o nfia r e m Bela . A sua vid a d e q ue vê esc o nd e um p e q ueno g uerreiro feroz e um c ó d ig o m o ra l q ue riva liza c o m o m eu. Desc a nsa tranqüilo com isso. —Desc a nsa rei q ua nd o Le g na esteja a sa lvo . A sa lvo d e seus c a p to res… o u a sa lvo d e la mesma. 190
—Sei. E eu estarei tranqüilo quando estiver casado. —Fa z tud o o q ue esteja e m seu p o d er p a ra m e tra ze r p a ra um a , Exec uto r, e eu fa re i o que esteja a meu alcance para trazer a outra. Ja c o b estend eu sua m ã o e No a h a eng a nc ho u p a ra sela r o jura m ento , se m d a r-se c o nta de que o toque do Noah queimou ligeiramente as fitas rasgadas que cobriam a mão do Jacob. Isabella estava caindo rápido e fora de controle. Entã o e m um a p isc a d a , c a iu na terra c o m fo rç a , tira nd o o fô leg o d e seu c orp o e enviando uma chuva de estrelas a través de seus olhos. —Faíscas, dois pelo preço de uma!—exclamou uma distante voz masculina. —Isso é impossível —replicou um segundo homem. —Bom, está vendo, não? Assim suponho que não é tão impossível depois de tudo. —Você! Demônio! O que significa isto? Ho uve um c o m p rid o , sua ve e gorgolejante a sso b io e entã o um a terrível vo z q ue Isa b ella já havia ouvido uma vez, respondeu. —Isto é… sem p rec e d entes, m eu a m o . Ma s a g o ra tem d ois. Do is. Sere i re c o m p ensa d o ? Deixe-me livre, meu amo. —Não, Demônio. Nã o estou sa tisfeito a ind a. —A exp ressiva vo z mudo u, to rna nd o -se suave, hipnótica. —Mas te prometo que tão logo meus experimentos estejam completos, libertar-te-ei. Bela p isc o u seus m eio a b e rto s olho s, c e g a nd o-se c om a eno rm e q ua ntid a d e d e luz q ue brilhava a seu red or. A ha b ita ç ã o esta va c heia d a q uela m isterio sa luz a zul q ue tinha visto no p rim e iro a rm a zé m d ep o is d e enc ontra r-se c o m Ja c o b . Sentou-se lenta m ente , c o m a p reo c up a ç ã o d e q ue c a d a o sso d e seu c orp o se ro m p esse c o m o m o vim e nto . Ma s d ep o is d e um a rá p id a a va lia ç ã o interna , percebeu q ue esta va só um p o uc o m a c huc a d a . Ento rta nd o o s olhos contra a luz, deu uma olhada a seu redor. Ja zia no c entro d e um eno rme p enta g ra m a q ue tinha sid o d e senha d o so b re a s ta b uas d e m a d e ira . A luz a zul se d esva nec ia ra p id a mente , p erm itind o q ue sua vista m elho ra sse , e viu a encolhida forma de Legna a menos de 30 centímetros de seus pés. Tudo vo ltou a sua m em ó ria rep entina m ente e rec o rd o u o q ue tinha a c o ntec id o e entend eu exa ta m ente o nd e esta va . Ma s, c o m o tinha acontecido ? Ela nã o era um a Demônio. Pelo q ue ha via m d ito , q ua nd o um Demônio era Co nvo c a d o , isto nã o c a usa va nenhum m a l a ning uém na s im e d ia ç õ es; um a Co nvo c a tó ria era e sp e c ífic a e lim ita d a a fo nte d e p o d e r conectada com o nome usado no ato de aprisionamento. Então, como tinha sido apanhada em meio disto? Deu-se c o nta q ue c o m o e o porquê d evia m esp era r ser atendidos lo g o . Giro u so b re sua s m ã o s e jo elho s e d eslizo u p a ra Leg na . Qua nd o to c o u a b o c hec ha d a o utra mulher, sentiu-a c o mo se estivesse a rd end o de fe b re . O q ue a via d ito Ja c o b sob re a Co nvo c a tó ria ? Ha via em a lg um m o m ento m e nc io na d o q ua nto tem p o to m a va p a ra q ue um a tra nsfo rm a ç ã o se 191
tornasse p erm a nentem ente? OH, p o r q ue nã o p re stei a tenç ã o ? Co m o é q ue nã o tinha enc o ntra d o um livro c o m o tem a d a Co nvo c a tó ria , c o m to d o s o s livro s, c ilind ro s, p ro fec ia s e leis que tinha devorado? —Olhe, uma já está acordada. —São mulheres. Não sabia que houvesse mulheres. —Alguma vez ouviste sobre os Súcubos? É obvio que essas criaturas do inferno têm ambos os sexos. Olhe a formosura que eles mesmos criam. Quem não estaria tentado com isto? Isabella, finalmente, olhou para as pessoas que falavam. Aí estavam dois homens parados rela tiva m e nte p erto d o p enta g ra m a no q ua l ja zia um ho m e m e um a m ulher senta d o s em um a mesa muito longe. Foi então quando notou o aroma. Tratava-se d e um horrível fed o r, c o m o se q ueim a sse m c a b elo s d e a nim a l, g a so lina , o vo s p o d res, c o m b ina d o s. Sentiu seu estô m a g o revo lver-se, e sua b o c a encher-se d e á g ua p ela ná use a . Pressio no u a m a ng a c o ntra a b o c a e na riz, c o m a esp era nç a d e a livia r o d esagradável aroma. —Esta é uma pequena—riu a mulher. — Acredito que deveria devolvê-la. Os homens riram quietamente pelo humor feminino. O mais alto se moveu perto da borda do pentagrama, agachando para ficar no nível dos olhos de Isabella. —O que pensa você, reprodutora? Deveríamos te devolver? Isa b ella nã o resp o nd eu. Em vez d isso , m oveu Leg na p elo to rso a té c olo c á -la e m seu reg a ç o , tra ta nd o d e p ô r a sua inc o nsc ie nte a mig a m a is c o nfortá vel, em b a la nd o sua c a b e ç a contra seu peito, de maneira protetora. —Aww… que doce. Acredito que realmente se preocupa com seu amiga. —Deixa-o já , Ing rid . Em um a s p ouc a s ho ra s estas d uas se estarão feia s e lerdas c o m o o s o utro s. Lo g o c usp irã o no m es p a ra sa lva r seus p ró p rio s p e sc o ç o s c o mo fa z esse o utro . Estes monstros não sabem nada a respeito de lealdade. Os o lho s d e Isa b ella seg uira m o g esto d esc uid a d o d a m ã o q ue o a lto nig ro m a nte fe z e p ela p rim e ira vez no tou q ue ha via um seg und o p enta g ra m a na ha b ita ç ã o e e m seu c entro , senta d o , ha via um Demônio tra nsfo rm a d o c o m p leta m ente , luzind o exa ta m ente c om o Saul antes de sua morte. —Sabe, Kyle, acredito que esta pequena é mais forte do que se vê. O homem levou horas despertar no princípio. A outra mulher está fria, mas esta já está consciente. —Tem razão. —concordou Kyle Levanto u a lg o d o c hã o e a tiro u a Isa b e lla na c a b eç a . Ela nã o p ô d e fa zer m a is q ue agüentar com Legna aconchegada e m seu reg a ç o . O o b jeto ric o c heteo u em seu o m b ro . Recuperou-se e olhou iradamente a seus captores. 192
—Zangaste-a —riu Ingrid, segurando -se enquanto se balançava com humor. —Aww, Zanguei-te, pequena reprodutora?—burlou-se Kyle. —Nã o a c red ito q ue fa le — re p lic o u o nig ro m a nte m a is c orp ule nto , q ue e sta va senta d o com a feiticeira. —Esto u seg uro q ue o fa z, só e stá send o o b stina d a . Nã o é verd a d e , re p ro d utora ? Ca d e la Demônio?—Kyle sorriu malvadamente a Isabella. — Quer ir, nã o , p e q uena re p ro d uto ra ? Se te c o m p o rta r, deixar-te-ei ir lo g o . Va m o s. Diga algo. Sei que quer. Isa b ella vo lto u sua c a b e ç a , luta nd o c o m a s a g ud a s lá g rim a s d e ra iva . Tinha c erteza q ue nã o esta va e m p erig o im e d ia to , m a s a vid a d e Le g na d e p e nd ia d o q ue p ud esse o b ter no s p ró ximo s c ruc ia is m inuto s. Tra ta va d e a c a lm a r seus p ensa m ento s, tenta nd o enc o ntra r a m ente d e Ja c o b , m a s ele esta va m ud o p a ra ela . Nã o tinha id éia d e q uã o lo ng e tinha m sid o transp o rta d a s e im a g ino u q ue o q ua rto esta va rec oberto d e feitiç o s p a ra lhes im p ed ir d e p e d ir ajuda. Ma s entã o , refletiu, se sua re p rim id a ha b ilid a d e tra b a lha va ta l c o m o p ro c la m o u Gid eo n, d everia ser c a p a z d e neutra liza r q ua lq uer m a g ia . Assim , esta era um a c a rta o c ulta e d evia manter-se tra nq üila a té tra ta r d e enc o ntra r a m elho r fo rm a d e a postar sua s fic ha s. Jog o u um a olhada a o s d esenhos d eb a ixo e a seu red o r. Esta va m fe ito s p a ra reter um Demônio. Po d eria m reter um Druida? Ou talvez, tinha-os desarmado com sua mera presença. Seus q ua tro c a p to res esta va m m uito o c up a d o s se nd o a rro g a ntes e a uto-suficientes. Pro va velm ente nunc a tinha m tid o em c onta q ue seus c a tivo s p ud esse m ro m p er um sím b o lo d e p o d er tã o infa lível. Fixou-se no outro Demônio, q ue esta va no m o m ento m a stig a nd o um a d a s g a rra s d e sua p a ta . Po r q ue d e veria m d uvid a r d o p e nta g ra m a ? Ap a rentem ente tinha esta d o trabalhando bem com este outro Demônio. OH, Jacob, onde está? Não sei se estou pronta para fazer tudo isto por mim mesma. Ma s teria q ue fa zê-lo , q ua nd o se d eu c o nta q ue na d a m a is q ue o silênc io lhe resp o nd eu. Nã o p o d ia p erm itir q ue Leg na se c o nvertesse em sua p ró xim a vítim a . Nã o só era um a q uestã o d e esc a p a r. Tinha q ue vela r para q ue to d o s a q ueles q ue p o ssivelm ente c o nhec esse m o verd a d e iro no m e d e Leg na nã o o usa sse m p a ra p rejud ic á -la. Isso sig nific a va nã o só d estruir a os nigromantes, m a s ta m b é m a o p ervertido Demônio q ue tinha sa c rific a d o Leg na , reve la nd o seu nome por uma esperança de liberdade. Isa b ella c o m eç ou a b a la nç a r sua c a rg a b ra nd a m ente , m a is p a ra sua p ró p ria c o mo d id a d e q ue q ua lq uer o utra c o isa . Tra ta va d e p ensa r o m a is c la ra m ente q ue p o d ia , c o nsid era nd o a s m uita s o p ç õ es e p o ssib ilid a d es q ue tinha . Se , em re a lid a d e , seu rep rim id o p o d er esta va a feta nd o sua p risã o , isto fa c ilm ente p o d eria a fe ta r a seus c a p to res. Entreta nto , seria d esc o b erta se a lg um se a p roxim a sse e se percebessem q ue a lg o estava m a l a ntes q ue estivesse pronta para atuar. Fisic a m ente fa la nd o , nenhum a p re senta va um d esa fio ó b vio . A verd a d e é q ue o g rup o parecia um a c o leç ã o d e lo uc o s. Re c o rd a va m-lhe o c lub e d e xa d rez d a escola secundária. Esta va c la ro q ue era m intelig entes, p ro va velm ente extra o rd iná rio s, p a ra ha ver-se c o nvertid o em usuá rio s d e m a g ia s tã o c o m p lexa s. Isa b ella c o m p reend eu q ue p o d eria sentir o utra s c o isa s so b re 193
eles, sem dúvida, porque ainda estava conectada a Legna. Estavam cheios de uma estranha falsa confiança. Sabiam que eram poderosos, que eram intelig entes, q ue p o d ia m fa zer c o isa s inc ríveis, m a s no fund o isto nã o mudava os profundamente a rra ig a d o s sentim ento s d e insufic iênc ia q ue tra ta va m d e afastar. Isa b ella c onhec ia esse sentim ento . Tinha sid o c o nsid era d a m eno s q ue a c eitá vel em seus d ia s d e escola secundária. Mas a d iferenç a d e sses q ua tro a nte ela c o m p re end eu q ue nenhum d o s c o m p o rta m ento s adolescentes contava no mundo real. Deixou esses sentimentos para trás no dia que se graduou em um mundo que elogiava a inteligência e a criatividade e lutava para consegui-lo. Os q ua tro esta va m a p a nha d o s em sua s m enta lid a d e s esc ola res, e m b o ra nenhum d eles p o d ia ter um d ia m eno s que trinta a no s. Nã o era d e estranhar q ue se c o nvertera m a esta d esp rezível c ruza d a , c o m to d a s sua s ho rríveis c o nse q üênc ia s. Deu-lhes a o p o rtunid a d e d e ser, pelo contrário, os valentões, pondo um grupo de criaturas abaixo deles. Isa b ella a b so rveu tud o isto q uieta m ente , a rq uiva nd o em um lug a r a c essível. Tinha o pressentimento de que poderia ser prático. O c ha m a d o Kyle fina lm ente se m o veu p a ra lo ng e , lo g o d e p o is d e ha ver se aborrecido c o m sua fa lta d e interesse e m sua provocaç ã o . Ve stia um m a nto a zul e d o urado d e c o nto d e fa d a s d o Merlin, e os outros ig ua lmente. Isa b ella teve q ue c uid a r p a ra nã o rir d o a b surd o tea tra l de tudo. —Por que supõe que capturamos dois?—perguntou o nigromante. —Possivelm ente a m b a s têm o m esm o no m e . Nã o sei, Ric k. Pe ro ya sa b e o q ue se d iz, a cavalo dado nã o se o o lha o d ente. Sa nto va i esta r m uito im p ressio na d o . Enq ua nto c a p turem o s m a is d esta s c o isa s, m aior será a m a g ia q ue ele c o m p a rtilhe c o no sc o . Mo rro p o r a p rend er esse feitiço de fogo do qual esteve falando. —Quero a p rend er o feitiç o d e g la m o ur—d isse a fe itic eira . — Ma ta ria para m e p a re c e r com uma supermodelo e ir ensinar a alguns tipos uma lição de humildade. —Nã o ne c essita na d a d isso . Ag o ra m e tem — lhe rec o rd o u Ric k, a p roxim a nd o -se velozmente d ela e deixando cair um braço sobre seus ombros. Isabella focou sua a tenç ã o lo ng e d esse interc a m b io p a ra o lha r p a ra Le g na . Esta va um p o uc o p á lid a , a ind a fria , m a s no resto p a rec ia nã o ter mudad o na d a . E p o r m a is q ue isso a aliviou, também a deixava p erp lexa . De a lg um jeito , tinha a im p ressão de q ue a tra nsfo rm a ç ã o c o meç a va im ed ia ta m ente d e p o is d a C onvo c a tó ria . Ma s entã o , nã o p o d ia d ize r se existia a lg um p ro b le m a inte rno c o m Leg na . Mo rd eu p reo c up a d a m ente seu lá b io , fe c ho u seus o lho s e uma vez mais tratou de encontrar Jacob em seus pensamentos.
CAPÍTULO 14 Ja c o b fic o u d e cócoras em um a d a s c a b eç a s d a s muita s g á rg ula s q ue d ec o ra va m o a ntig o e d ifíc io d e tijo lo s. Estend e u seu sentid o d o o lfa to na vig o rosa b risa no turna , p ro c ura nd o extra ir info rm a ç ã o ao mesmo tem p o e m q ue tra ta va d e a c a lm a r o p â nic o q ue fa zia com que seu c o ra ç ã o c o rresse c om o lo uc o . Olho u p a ra o a sfa lto , d ez andares m a is a b a ixo , o nd e No a h se a p o ia va c o m a p a rente ind iferenç a c o ntra a p a red e d e tijo lo s d o m esmo e d ifíc io . Em re a lid a d e , No a h ra strea va o fluxo e a va za nte d a e nerg ia q ue lhe ro d e a va . Ca d a ser vivo no universo tinha um rastro de energia própria. 194
O q ue o s nig ro m a ntes nã o tinha m leva d o em c onta é q ue e m um a C o nvo c a tó ria , o s Demônios nã o sa lta va m d e um lug a r a o utro . A Co nvo c a tó ria c onvertia a vítim a e m um a fo rm a pura d e e nerg ia , a rra sta nd o -a a tra vés d e um a ro ta extre m a m ente físic a . Entreta nto , ha via m uito s q uilô m etro s d e p e rc urso d o p o nto d e p a rtid a a té o p o nto fina l. Isto p o d ia se r ra strea d o com muita facilidade por aqueles que tinham a habilidade de fazê-lo. O p ro b le m a c he g a va a o fina l d o ra stro . Qua nto m a is p erto esta va o lug a r o c ulto d o s nig ro m a ntes, m a is c o nfusa se to rna va a b usc a . Ja c o b tinha a p rend id o na últim a febre d e Co nvo c a tó ria s q ue o s nig ro m a ntes era m m uito b o ns c a m ufla nd o -se. Usa va m fe itiç os, sina is e outros métodos para fazerem-se invisíveis ainda para o mais forte dos caçadores Demônios. Nesse m o m ento , Ja c o b se o b rig o u a c o nfia r m a is no s instinto s e a ló g ic a , q ue no s sentid os. Era o m o m ento no q ua l d evia tra ta r d e estud a r a tenta m ente o lug a r m a is susc etível o nd e um nig ro m a nte d ec id isse esc o nd e r-se. Infelizm ente , ig ua l a o c a so d o Saul, a s á re a s superpovoadas c o m o o Bro nx fa zia m infinita s a s p o ssib ilid a d es. Ha via d úzia s d e a rm a zéns na zo na d o a p a rta m ento d e Isa b ella . Se nã o fo sse p o r sua intuiç ã o , teria leva d o m uito tem p o inspecioná-los todos. Entreta nto , o s nig ro m a ntes nã o era m m uito b o ns send o d isc re to s. Em m uita s o c a siõ es, Ja c o b os tinha elim ina d o p ena s a fa zer a p erg unta q ue tinha feito a Isa b ella na p rim e ira no ite em q ue se c o nhec era m . Fre q üentem ente, a s p ec ulia res a tivid a d es nig rom a ntes c ha m a va m a tenç ã o . E ha via um elem ento q ue nã o p o d ia m o c ulta r: seu a ro m a . Se re c entem ente tivessem andado pela rua, Jacob os encontraria em um segundo. Jacob d esc eu d a g á rg ula , a o c hã o c om d iverso s inc rem ento s d e p eso e m a nip ula ç õ es de gravidade. Aterrissou silenciosamente ao lado de Noah. —Meu rastro está frio. Tiveste sorte? —Não — Noah suspirou, esfregando a rigidez do pescoço. —Não podem estar muito longe daqui. —Já pôde sentir a Bela? —Não, não posso —Jacob apertou os dentes. De repente, Jacob sentiu um aroma familiar no ar. —Elijah —disseram ao uníssono ele e Noah. Um momento depois, Elijah apareceu diante deles. —Há notícias? —Gideon acredita que pode encontrá-los — disse Elijah. — Está p erc o rrend o a zo na na fo rm a a stra l. Fa la d e a lg o a re sp e ito d e q ue o c ó d ig o g enétic o d e Bela é c om o um fa ro l d e néo n. Nã o tenho nem id éia d o q ue sig nific a , m a s seg uro como o inferno que soou como algo bom para mim. Isa b ella p a sse a va ro d e a nd o o la d o m a is a fa sta d o d o p e nta g ra m a , a o d e c id ir q ue m a nter c e rta d istâ nc ia entre ela e Leg na p o d e ria a jud a r a m ulher Demônio rec up era r a consciência. 195
Do is d o s nig ro m a ntes tinha m a b a nd o na d o o q ua rto . O terc eiro esta va a um a b o a d istâ nc ia , na im p ro visa d a c o zinha . A fe itic eira esta va a ind a senta d a na m esa , m a stig a nd o c hic lete enq ua nto lia um livro q ue era tã o a ntig o c o m o o s q ue Isa b ella tinha lid o na b ib lio tec a Demônio. Entreta nto , esta va c la ro q ue a a tenç ã o d a m ulher esta va d ivid id a entre a p á g ina aberta ante ela e os movimentos de Isabella, os quais observava com curiosidade. De p o is d e uns q ua nto s m inuto s, a fe itic eira d eixo u o livro e se leva nto u d a mesa . Colo c o u as mãos nos bolsos e se aproximou d o pentagrama. —Ouça, você — se dirigiu a Isabella. — O que são essas roupas? As fitas e o vestido? Isabella deteve sua caminhada, inclinando a cabeça e observando a mulher. —Estava em um casamento — disse com serenidade. Os o lho s d e Ing rid se a um e nta ra m , o b via m ente nã o esp era va q ue Isa b ella lhe respondesse. —Um casamento? Vocês têm casamentos? —Sim — Isabella parou na borda do pentagrama. — Tem o s b o d a s, m a rid o s, esposas e filho s. Tem o s a rtista s, p o eta s, d o uto res e m inistro s, igual a vocês. —Sim, seguro que os têm —se mofou Ingrid, rindo. —Que sentido teria mentir? —Porque qualquer coisa para salvar a pele. —E no sso instinto d e sob revivênc ia é tã o d iferente d o d e vocês se o s p a p é is estivesse m trocados? Essa o b serva ç ã o p a rec eu d esa g ra d a r à feitic e ira . Mud o u o p eso d e um p é a o o utro , mastigou o chiclete e colocou as mãos mais dentro dos bolsos. —Sim b o m , se tro c á ssem o s o s p a p é is, nã o term ina ria a ssim . —Assina lo u a o Demônio d o outro pentagrama. —Está segura? A magia que usa está cheia de veneno e maldade. Isso poderia fazer com que qualquer um se visse assim. Inclusive um humano. —Sim, claro —Ingrid riu com um latido curto. — A m a g ia só tira to d o esse enc a nto m á g ic o q ue m o stra m . Ca d a Demônio q ue convocamos é incrivelmente arrumado. Não é natural. Isso é o natural para vocês, monstros. —Mo nstro s? O q ue é q ue no s fa z m a is m o nstruo so s q ue vocês? Vocês q ue esc ra viza m a vid a , o fô leg o d e um a p esso a , usa nd o -o c ruelm ente sem nenhum tip o d e p ied a d e o u compaixão? —Vo c ê nã o é um a p esso a , é um Demônio d o inferno. Tenho lid o a s histó ria s d e m a ld a d e , c rueld a d e e se d uç ã o q ue ta nto lhes a g ra d a m . O q ue fa ze m está m a u. Ma s a d iferença d e 196
o utro s hum a no s, nó s nã o e sta mo s c eg o s a p resenç a d a m a g ia e a o s rep ug na ntes seres d a noite, que envenenam gente inocente com vampirismo, licantropía e Deus sabe que mais. —Parece muito segura. —Porque sei que tenho razão. —Pergunto-me —o b servo u Isa b ella c o m c a lm a — me p erg unto c o m o se sentiria se trocássemos de posição e a lg uém a c red ita sse isso d e vocês. Dep o is d e tud o , usa m m a g ia . As pessoas se assustariam com vocês por isso. —Nã o seja estúp id a . Nã o é o mesm o a b soluta mente. E nã o p ense q ue sua s a rd ilo sa s palavras vão dar resultado, spawn. Conheço seus truques. —Nã o c o nhec e nem a m eta d e d e m eus truq ues — d isse Isa b ella , c o m seus o lho s cintilando ameaçadoramente. —Continue — burlou Ingrid. — Tenta . Tenta e usa seus fe itiç o s e m a g ia . Eu a d o ra ria ver-te reto rc er d e a g o nia q ua nd o o pentagrama os reflita contra você. Servir-te-ia de lição por tratar de foder-me. —Você primeiro .—a repreendeu Isabella. — De ixe-me ver a lg um d esses p o d eres q ue usa tã o honesta me nte. O m a is seg uro é q ue p o ssa m a tra vessa r a b a rre ira . Va mo s, sa b e q ue q uer frita r m inha s vísc era s c o m essa c a rg a elétrica que possui. —OH, sim — d isse Isa b ella c o m um so rriso q ua nd o os o lho s d e Ing rid virtua lm ente saíram de suas órbitas. — Já c o nhec i o s d e seu tip o . OH! E o lhe isto ! Aind a sig o viva e inteira . _Imagine. —vaiou Isabella. —É uma mentirosa. É perversa, mentirosa cadela do Demônio! —Provavelmente o conhecia —continuou Isabella com toda naturalidade. — Disse q ue tinha m a lg um tip o d e so c ie d a d e. Nã o p osso im a g ina r q ue seja um a so c ied a d e m uito g ra nd e. Um tip o a lto , d e c a b elo esc uro ? Um c ruza m ento entre louc o e a tleta ? Não? —Te c a le! —va io u a m ulher, tira nd o a s m ã o s d o s b o lso s e a s a p erta nd o furio sa m ente. Fantasmas azuis de energia começaram a chispar em sua aura. — Melho r te c a lar o u rea lm ente verá q uã o rá p id o e fá c il m inha m a g ia a tra vessa o pentagrama. Isa b ella se a p ro xim o u um p a sso , p erm itind o q ue um so rriso zo m b a d o r a p a re c esse e m se us lábios. —Ing rid , inferno s, te a fa ste d a í! —Kyle a g a rro u o b ra ç o d a m ulher, afastando-a d o pentagrama. — O que é, estúpida? —Me solte! —Ingrid se quebrou, soltando o braço de seu agarre. 197
— Não pode cruzar o pentagrama. Estava perfeitamente segura. Kyle o lho u fixa mente a Isa b e lla . Lhe d eu d e p resente um a rd iloso so rriso send o recompensado pelo tremor de desagrado que lhe percorreu. —Então —disse— fala, depois de tudo. —Não posso assegurar minha pronúncia, mas sim, falo. —Kyle, não parece falar como os outros —alegou Ingrid bruscamente. — To d o s o utros têm esse a c ento estra nho . Ela so a c o m o … nã o sei… c o m o se fo sse d o Brooklin ou algo assim. —Que d ife renç a há nisso ? —esp eto u Kyle irrita d o . — Po d e fa la r c o mo Sc a rlett O’hara p elo q ue m e im p o rta . Aind a é um Demônio. To d o s sã o m entiro so s e a to res, tra ta nd o d e no s enganar. Deixa de ser tão ingênua, Ingrid. —Nã o esto u send o ing ênua ! Dig o -te q ue tenho um m a u p ressentim ento c o m esta . É como se nem sequer tivesse medo. Os outros estavam aterrorizados ao estar apanhados. Kyle p a re c eu d eter-se e p ensa r nisso p or um m o m e nto . Giro u e c a m inho u p o r vo lta d o segundo pentagrama. —Você! Conhece essa ? —apontou a Isabella. —Essa… — O Demônio g o rjeo u c o m a p re c ia ç ã o , a s g a rra s ra sg a va m e m a rc a va m a madeira do chão de um extremo ao outro. Justo entã o , Leg na fez um sua ve so m a trá s d a Isa b ella . Bela girou d ivid id a entre o q ue o Demônio ia d izer o u a uxilia r Le g na . Esp era va q ue , q ue m q uer q ue fo sse o Demônio, nã o a c o nhec esse. Entreta nto , no fund o nã o im p o rta va . Ia d izer o q ue fosse e ela nã o ia se r c a p a z d e detê-lo. Girou p a ra Leg na , o b serva nd o -a leva nta r a c a b e ç a e lo g o inc o rp o ra r-se so b re sua s m ã o s e jo e lho s fra c a m ente. Bela nã o se a p ro xim o u, p o r m ed o q ue isso p ud esse a feta r a energ ia recuperada de Legna. —Aine já hulli c a un —d isse Isa b ella d e re p e nte , d a nd o -se c o nta d e q ue p o d ia utiliza r sua s habilidades lingüísticas para algo mais que interpretar profecias. Legna girou a cabeça para ela, ampliando os olhos pela comoção e o medo. — Língua de Demônio—riu o outro Demônio preso. — Demônio é. Sim. —O que é que disse? —perguntou Kyle. Maldição, pensou Isabella furiosamente. —Demônio fala. Sim… — o Demônio tirou uma lasca extraordinariamente larga do chão. — Te m o r, nã o tenha . Disse q ue Le g na nã o d eve ter me d o … Ind iria nna … fo rm o sa , deliciosa Indirianna. Isa b ella tra g ou c o m d ific uld a d e , a b ra ç a nd o -se em b usc a d e c a lo r. Sa b ia q ue o Demônio ha via d ito o no m e d e p o d er d e Leg na , p ô d e ver no s o lho s d a d éb il m ulher c o mo sua exp re ssã o se convertia em uma de profundo horror. 198
—Lucas —disse roucamente. —Indirianna! —burlou-se Luc a s, sa lta nd o d e re p ente em sua ja ula c o m o um c him p a nzé louco. — Rentinon Siddah to Indirianna! —Lucas! —so luç o u Leg na , eng a tinha nd o p elo la d o d e Isa b ella no p enta g ra m a c o m o fim de aproximar-se de Lucas. —Legna — a d vertiu Isa b ella b ra nd a mente , to m a nd o a m ulher pelo b ra ç o e p o nd o -a so b seu amparo. — Não é o Lucas que conhece. Sussurrou no tremente ouvido da mulher. —Não o provoque, suas reações só farão mal a seu coração. Legna tragou com força e Isabella pôde sentir a náusea que atravessou sua amiga. —Qua nto tem p o ? —c o nseg uiu p erg unta r Leg na , senta nd o-se d e re p ente e exa mina nd o se, passando as mãos trementes sobre seu corpo e mantendo suas extremidades a altura de sua vista. —Pouco mais de uma hora. Legna, Quanto tempo tem? —Nã o se i. Nenhum d e nó s sa b e . Em to d o s estes séc ulo s, só sa lva mo s a um Demônio d a Convocatória. —Só um? —repetiu Isabella transtornada. —Sim . E nunc a fo i o m esm o depois d isso . Era c o m o se em seu interio r, sua ed uc a ç ã o lutasse contra um louco animal. —O que aconteceu com ele? Os olhos de Legna se encheram de lágrimas e medo. —Ja c o b o m a tou. Teve q ue fa zê-lo . Co m e ç o u a a ta c a r a no ssa s m ulheres. Qua nd o Ja c o b o a p a nho u, tivera m um a terrível b rig a , Ja c o b teve q ue m a tá -lo p a ra sa lva r sua p ró p ria vida. OH, Bela... Estou tão assustada. O que fará Jacob quando me encontrar? —Legna… Legna, Jacob não vai matar te. —Ja c o b o Exec uto r! Exec uto r vem ! Mate-me! Mate-me, Exe c uto r! —o selva g e m a nim a l frente a ela s c o m e ç o u a b urla r-se , rind o d e form a c o m p ulsiva enq ua nto sa lta va e ro d a va a o redor de sua prisão grosseiramente. Legna ofegou e Isabella empalideceu. —Sabe o nome do Jacob? —sussurrou com ferocidade Legna. —Não. Não sei. Leg na susp iro u c o m a lívio , rela xa nd o p ela p rim e ira vez d e sd e q ue rec up e ro u a consciência. 199
—Be m. Luc a s é um Demônio Menta l, q uer d izer, q ue é um telep a ta c o nsum a d o . Poderia roubar isso. —Nã o , Le g na . Se esq uec eu. So u im une a o s telep a ta s. Nenhum p o d e m e ler exc eto Jacob. —Sim , é c erto. Sim , b o m —a d ic io no u Leg na se m fô leg o , seu p eito sub ia e b a ixa va c o m rapidez. —Ma s… o Destino me a jud e , se m m eus p o d eres nã o p o sso evita r q ue o b tenha o s no m e s de mim. —Te afaste de mim, Legna, pode que isso ajude. —Não. Não me aparte —suplicou Legna cheia de medo. —Está bem. Shh. Está bem —sussurrou Isabella, abraçando-a contra si. — Va m o s tenta r entend er a lg o . Sa b e q ua nto tem p o esteve a p a nha d o a q uele Demônio resgatado? —Não sei. Mas Jacob me disse que tinha demorado quatro horas a encontrar Saul. —Está bem. Não tenha medo. Não deixarei que aconteça a você. —Ouç a , sp a w n. De ixa d e ta g a rela r. Se estiverem p la neja nd o esc a p a r, já p o d e m ir esquecendo — ladrou Kyle, fazendo Legna saltar nos braços de Isabella. —Seus ho m ens nã o p ud era m esc a p a r p o r m uito q ue tenta ssem , a ssim p o d e m a p o sta r que vos falta muito para sequer tentá-lo. —Genia l. Um nig ro m a nte c ha uvinista . Justo o q ue nec essita o m und o —d isse Isa b ella secamente. —Melhor controlar sua boca —advertiu Kyle. —Isabella, não o provoque —suplicou Legna. —Está b e m . Nã o o fa re i —Isa b ella a c a ric io u a s m ec ha s c o lo rid a s d e c a fé d e m a ne ira consoladora. Fic o u em silênc io e o nig ro m a nte p a rec eu a g ra d a d o c o m sua o b e d iênc ia . Caminhou para Ingrid outra vez, andando com uma resolvida arrogância. —Vê? Está tão assustada como outros. Só tratava de escondê-lo, Ingrid. —Se voc ê d isser. Qua nd o fa rem o s o p rim e iro fe itiç o ? Quero ver de que c la sse sã o esta s. Em especial a menor. —Me dê uma meia hora. Quando os outros retornem. Isabella exa m ino u o s olho s d e Leg na . Ta m b é m tinha o uvid o Kyle e esta va c la ro q ue tinha a fa sta d o o m ed o enq ua nto tra ta va d e p ensa r logicamente. Bela d esejo u q ue nã o o fizesse . Se Leg na c o m e ç a va a p ensa r a resp eito d o s p o d eres d a Isa b ella , c o m o Demônio m enta l tã o perto para ler seus pensamentos… —Elefantes rosados —murmurou Legna. 200
— Elefantes rosados. Isabella sorriu, permitindo uma pequena gargalhada. —Elefantes rosados com vestidos de pontos de polka1 —acrescentou ela. 1 Estampado de pontos grandes de cores brilhantes. —Elefantes rosados com vestidos de pontos de polka e sombrinhas vermelhas brilhantes. —Elefa ntes ro sa d o s! Pa q uid erm es ro sa d o s! Po nto s! Po nto s p o r to d a p a rte! —riu Luc a s felizmente. Leg na e Isa b ella trocara m o lha res d e triunfo . Enq ua nto Leg na g ua rd a sse a a b surd a im a g e m e m sua c a b eç a , a id e ntid a d e e ha b ilid a d e s d e Isa b ella esta ria m a sa lvo d e serem d esc o b erta s. Bela teve q ue a d m itir q ue nã o teria tid o ta l c o ntro le. Ina d vertid a m ente teria ro ub a d o o p o d er, m a s nã o p o d eria ter ro ub a d o a exp e riênc ia e sa b e d oria d e Le g na , seus séculos de formação para dominar-se em todo momento. Assim , esta va m so zinha s c o m d o is seres m á g ic o s. Isa b ella c o nsid era va q ue este era um b o m m o m ento p a ra tra ta r d e esc a p a r, m a s isso d eixa ria o utro s d o is livres q ue c o nhec ia m o no m e d e Leg na . Ta m p o uc o p o d ia d ep end er d e q ue Ja c o b c heg a sse a tem p o , e m b o ra fosse de muita ajuda que o fizesse. —Deus, Jacob, onde está? —murmurou contra o cabelo de Legna. Isa b ella a p o ia va seu p eso e m um a m ã o , a s p o nta s d e seus d ed o s ro ç a va m o c írc ulo d esenha d o q ue a s vinc ula va . To m o u no ta d isto e jo g o u um a o lha d a p a ra ver se esta va send o o b se rva d a d e a lg um jeito . Os nig ro m a ntes esta va m d istra íd os. Usa nd o o c o rp o d e Leg na p a ra o c ulta r sua s a ç õ es, p ô d e p ro va r sua ha b ilid a d e p a ra c ruza r o d esenho . Le nta mente , mo rd end o c o m fo rç a o lá b io , a rra sto u o s d ed o s so b re a b o rd a d e sua p risã o , e lo g o , ra p id a m ente , retiro uos. Prim e ira p rova exito sa m ente c o m p leta d a , p enso u Bela , c o m um susp iro d e a lívio q ua nd o viu que não havia nenhuma reação adversa. Não estava vinculada ao pentagrama. De re p ente , Le g na trem ia , seu c o rp o inteiro se estic o u. A e m p á tic a d e rep ente se d e b ilitou, c a ind o no c hã o , d e p rim ind o-se . Ma s entã o , um a sua ve b risa misterio sa d esa rrum o u o vestid o e o c a b elo d a inc o nsc iente m ulher. Um m o m ento d ep o is, seus o lho s se a b rira m e se sentou. Olhava fixamente a Isabella. —Sa ud a ç õ es, p e q ue na Executora —d isse ela , o s olho s c ha p e a d o s b rilha va m c o m um a experiência de anos. —Gideon? —sussurrou Bela agitada. —Nenhum o utro —Gid eo n se leva ntou, a fo rm a d e c o nd uzir a si m esm o irra d ia va distintivamente a tra vés d a fig ura d e Le g na . Olho u a o red o r, a va lia nd o tud o o q ue via . Entã o fechou seus olhos e se concentrou. Depois d e um longo um m o m e nto , o m é d ic o a c o m o d o u o c o rp o d e Le g na frente a ela , sentando-se c o m um joelho leva nta d o e o p ulso d e sc a nsa nd o rela xa d a mente so b re ele . Era um a p o stura tã o c la ra mente m a sc ulina q ue Isa b ella teve q ue b a ixa r o s o lho s a ntes d e a c a b a r rindo . 201
—Me diga o que sabe — instruiu ele com sua habitual carência de gentileza. —Qua tro nig ro m a ntes, três ho m ens e um a m ulher, e , c o m o vê , Luc a s — a ssina lo u a o Demônio em frente. — Gideon, como é que estou aqui? —Nã o sei, p a ra fa la r a verd a d e. Tenho uma hip ó tese , e q ua nd o m inha so nd a g e m esteja completa, dar-te-ei os fatos. —Gideon — grunhiu baixo, entre dentes—, conformar-me-ei com sua melhor conjetura. —Muito b e m . O no m e d e p o d e r d e um Demônio está c o nec ta d o a essênc ia d e p o d e r desse Demônio. Um p od er q ue esta va a b sorvend o no m o m ento d a Co nvo c a tó ria d e Le g na . Minha c o njetura é q ue , d evid o a isto , fo i c o nfund id a c o m o o b jetivo rea l e a tra íd a na Convocatória ao mesmo tempo em que Legna o fazia. —OH. Já vejo. —Um a to d a p ro vid ênc ia , Executora. Me u d ia g nó stic o interno m e d iz q ue Leg na está inta c ta e b em , nã o se viu a feta d a p ela a rm a d ilha . Susp e ito q ue a nula ste a energ ia q ue p o d eria causar sua transformação. —Hey! Nã o d isse a vo c ês d uas q ue p a ra ssem d e ta g a rela r? —Kyle la d ro u d o o utro la d o da habitação. Gideon olhou ao nigromante como se fosse algum tipo de mosca irritante. Ela se inclinou em um sussurro. —Onde está Legna? —Enviei-a a dormir. Está segura em seu subconsciente. —Não sabia que podia fazer isso. —Alguma vez ouviste sobre a possessão Demoníaca? A c o luna d e Isa b ella se end ire ito u c o m surp resa . Se nã o so ub e sse b e m , teria jura d o q ue Gideon acabava de soltar uma brincadeira. Mas seu semblante era tão normal como sempre. —É sufic ie nte. Vou ensinar-te um a liç ã o , Spawn — c usp iu Kyle , p a rtind o p a ra o pentagrama, seus olhos marrons estavam cheios de uma revoltante fúria. —O q ue te im p o rta se fa la rm o s um a c o m a outra , nig ro m a nte? Tem ta nto m e d o d e nã o ser c a p a z d e nos d o m ina r? —reb a teu Isa b ella , tra ta nd o d e jog a r c o m sua p sic o lo g ia c o m o fim de mantê-lo afastado de algo que pudesse revelar a verdade da questão. —Dificilmente! —bufou ele. — Mas aprenderá a me obedecer, pequena cadela. Kyle o lho u a o re d o r, c la ra m ente tra ta nd o d e d ec id ir um a fo rm a d e c a stig o . A re sp ira ç ã o d e Isa b ella c o m eç o u a a c elera r-se e p ro c uro u a c o mo d id a d e d o s o lho s c ha p e a d os d e Gideon. Em vez disso, viu-os fechar-se e um momento depois o corpo de Legna caiu sem vida ao chão. —Fez com q ue a q uela desmaiasse —riu Ing rid — é m uito g ra c io so ! Va m o s, Kyle. Ensinaste 202
uma lição. Essa merece. Isa b ella fic o u em p é rep entina m ente , revita liza nd o a c irc ula ç ã o , a ssento u o s p unho s no s quadris. Não aceitaria sua ameaça sentada no chão como uma débil. —Kyle, o que está acontecendo? O nigromante girou para ver os outros dois que tinham retornado. —Bem. Reto rna ra m . Co m e c em o s c o m o feitiç o . Nã o p osso esp era r p a ra esc uta r e sta s duas gritar. Isa b ella c ruzo u o c o m p rid o sím b o lo , c heg a nd o justo a té a b o rd a m a is p ró xim a a os usuá rio s d e m a g ia . Eles a ig no ra ra m enq ua nto junta va m sua s m ã o s p a ra fo rm a r um rud imenta r c írc ulo . Ouviu Leg na m o ver-se e m a lg um a p a rte a trá s d ela , ao mesmo tem p o e m q ue Luc a s começava a c hia r. Mo nstro ou nã o , era ó b vio q ue esta va fa m ilia riza d o c o m o ritua l q ue esta va começando e isso o aterrorizava profundamente. —Bela? —Fique atrás. Conserva sua força —vaiou Isabella a Legna. Fa ísc a s d e luz a zul c o m eç a ra m a c intila r c o m o p eq ueno s fo g uetes a o red o r d os nigromantes. “ Date pressa, Gideon, date pressa!, rezava com ferocidade.” “ Estamos chegando, pequena flor.” Isa b ella esta va tã o inc rivelm ente a livia d a d e esc uta r essa p o d ero sa e a m a d a vo z e m sua cabeça que sentiu vontade de chorar. “ Ja c o b ! Po r fa vo r, nã o p o sso fa zer isto so zinha ! Nã o p o sso p ro teg er Leg na , luta r c o m o s nigromantes e com o Transformado, tudo sozinha. Sei que não sou tão forte!” “ Acalme-te, Isa b ella , é c a p a z d e fa zer o q ue fo r q ue p rec ise fa zer p a ra so b reviver. Sempre foi assim. Já estamos quase chegamos.” “ Há q ua tro d eles, e sa b e m c o m o c o m b ina r sua s fo rç a s. Estã o c o m e ç a nd o um fe itiç o . Po r favor, tome cuidado, Jacob. Se te aproximar muito de mim não terá seu poder!” “ Sei c a rinho . Rela xe e c o nfia e m nó s. Qua nd o eu d isser, te p rep a re p a ra distraí-los. Se quebrar sua concentração, isso os enganará e o vento os golpeará fora.” “ Já sei o que tenho que fazer.” “ Essa é m inha p e q uena Executora. Só rec ord a , um a vez q ue ro m p a a m a g ia , lib era rá Lucas também. Encarregaremo-nos dos nigromantes. Você deve te concentrar em Lucas.” Isa b ella a ssentiu p ensa nd o q ue ele p o d ia ver o g esto . Enfocou-se inteira m ente no q ua rteto a nte ela , se us o lhos d ila ta nd o -se em fresta s la va nd a s d e c o nc e ntra ç ã o e intenç ã o . Tud o se d esva ne c eu d e sua c o nsc iênc ia , só a s fitas d e luz a zul q ue o nd e a va m entre o s nigromantes chamavam sua atenção. Se tivesse visto seu sorriso nesse momento, dar-se-ia conta que se converteu na guerreira que estava destinada a ser. 203
“ Bela, faz agora. Seja cuidadosa.” Ne m se q uer resp o nd eu. Da nd o um p a sso fo ra d a b o rd a d o p enta g ra m a , clareou sua garganta de forma audível e avançou rapidamente para eles. —Me desculpem, mas, onde pode uma garota conseguir algo de comer por aqui? Ingrid foi primeira a olhá-la. —Kyle! —g rito u ela , se us olhos virtua lm ente p end ura nd o d e sua c a b e ç a . — Kyle , e stá fo ra do pentagrama! Kyle saltou de repente para olhar Isabella, a energia azul cintilava como selvagens cordas retorcidas, como se seu fluxo tivesse sido perturbado. —Isso é p o rq ue nã o sou um a Demônio. Ho m e m , p a ra se r um g rup o d e id io ta s, sim q ue são estúpidos. Isso o c o rto u. A c o nc entra ç ã o se fo i a o inferno a ssim c o m o a m a g ia q ue c o ntro la va m . Um a eno rm e exp lo sã o d e fo rç a o s la nç o u lo ng e. As c o sta s d e Isa b ella bateram vio le nta m ente c o ntra um a p a red e e sua resp ira ç ã o se forç o u d e seus p ulm õ es, o so m sinistro d e um o sso rompendo-se resso no u em seu ouvid o m e nta l. Ca iu no c hã o c o m o um a p e d ra , a te rrissando c o m um fra c o g runhid o . Tra to u d e leva nta r-se , inc o rp o ra nd o -se so b re sua s m ã o s e joelhos, o feg a nd o p o r a r e lo g o o p erd end o um a vez m a is em um g rito d e d o r q ue flo resc eu brutalmente de seu lado direito. Ap erto u o s d entes, d ec id id a a venc er a d o r e fic a r e m p é. Ja c o b e o s o utro s a nec essita va m . Era a Executora, na sc id a p a ra c a ç a r a o Tra nsfo rm a d o , e p re c isa va fa zer seu trabalho. Cambaleando sobre seus pés, apartou seu selvagem cabelo longe do rosto, causando outra pontada de dor em seu flanco. Então viu Jacob. Entro u no q ua rto em um a d eto na ç ã o d e p ó esc uro e m a lic io so , q ue se integ ro u p a ra fo rm a r sua a lta e p o d ero sa fig ura e m um so p ro . A ra iva irra d ia va d ele c o m o um resp lend o r, c a d a m úsc ulo d e seu c o rp o e sc ulp id o c o m um a b eleza m o rta l, c a d a fo rm o sa linha d e seu rosto impressa no mármore da vingança. Vê-lo p o r fim , d eu-lhe um a a va la nc he d e fo rç a e d eterm ina ç ã o d ifere ntes a q ua lq uer q ue tivesse c o nhec id o a ntes. Endireitou-se, c heia d e o rg ulho p o r seu c o m p a nhe iro , sua m ã o caindo longe de suas costelas enquanto a dor foi empurrada para o esquecimento. Uma rajada de vento a golpeou, Revo a nd o seu c a b elo rec o lhid o em um a sed o sa c a sc a ta ne g ra d etrá s d e sua c a b eç a . Ne m se q uer se fixo u em Elija h vo lta nd o -se só lid o . Sua to ta l a tenç ã o e sta va no seg und o pentagrama. Luc a s sa lto u no a r. Sua s p o d ero sa s a sa s em fim livres p a ra c a rreg á -lo fora d e sua p risã o . Dirigia-se p a ra um a ja nela g ra nd e , o b via m ente im p erturb a d o p elo c rista l em seu c a m inho . Isa b ella o p erseg uiu, esc a la nd o um a série d e c a ixa s em p ilha d a s a té o nível d a ja nela . Nã o p o d ia ter d eseja d o m elho r so rte. Se a m b o s to m a va m b a ta lha fora , nã o teria q ue p re o c up a r-se com a interrupção dos poderes dos Demônios que lutavam com os nigromantes detrás dela. 204
“ Bela! Fora não! Se chegar a abri-la, ele escapará.” “ Confia e m m im , a mo r, ele nã o q uer isso . Vo c ê m esm o m e d isse q ue o Tra nsfo rm a d o só tinha d o is p ensa mento s. Ag o ra o p rim e iro , d e lib erd a d e e a utop re serva ç ã o , estã o sa tisfeito , isso só deixa o segundo, e a lua cheia o amplia milhares de vezes.” Sentiu a inq uieta ç ã o e a d úvid a rond a nd o d entro d ele , m a s nã o d isse nem p enso u na d a p a ra c ontra d izê-la . Reto rno u a sua ta refa , sa lta nd o p rec ip ita d a m ente d a ja nela m inuto s d ep o is de que Lucas se estrelasse contra o cristal. Elijah g iro u p a ra o nig ro m a nte m a is p ró xim o , um b a ixo e g o rd inho tip o , q ue já ia ao chão devido ao medo. Enviou-lhe um malvado sorriso e um grunhido de saudação. —Va m o s, nig ro m a nte, a o m eno s faz interessa nte. Sa b e … m o rrer no fo g o d a g ló ria e tudo isso. Elija h re c e b eu um p o tente ra io d e p o d e r no c entro d a s c o sta s em resp o sta . Cambaleou para frente pela força do impacto, e sentiu como se sua c a rne tivesse sid o esfo la d a . O g uerreiro fo i c a p a z d e ig no ra r a d o r, e c o ntinuou, p o is fo i treina d o p a ra p erm a ne c er em p é c o m a p io r das feridas, recuperou o equilíbrio para enfrentar seu atacante. —Deixa-o em paz, monstruoso bastardo! Um a mulher. E e ra c inc o vezes m a is poderosa q ue a q uela q ue esta va p ro teg end o . Antes q ue Elija h p ud esse m o ver-se , um a linha b ra nc a e b ro nzea d a bateu na m ulher, la nç a nd o -a no chão. Le g na d eixo u esc a p a r um g rito d e triunfo enq ua nto to m a va a outra m ulher p ela garganta, forçando-a a ficar quieta e enlaçando os olhos com ela. —Sp a w n2 , nã o ? Direta m ente d o inferno , sim ? —va io u m a lic io sa m ente , um resso na nte e selvagem som que triplicou fora dela. A avalanche de poder que retornou para ela a fez enjoar, a ssim c o m o a a fia d a influênc ia d a lua fo rta le c e u sua rud eza . Seu o lha r d e p re d a d o ra tra nsp a sso u a lente e a retina , c o nd uzind o -se a tra vés d o túnel d a neg ra p up ila , o rienta nd o -se até a mente da nigromante. — Olhe feiticeira. Se olhe no inferno. Leg na a tra vesso u c a d a m e m ó ria , c a d a fonte d e im a g ens d e m e d o q ue o s c a tivo s tinha m tid o . Deva sto u a m ente d a m ulher, c om o um m ineiro d eva sta a terra , a rra sta nd o d ela preciosos minerais de pecado e diabólicas injustiças que tinha cometido. Ing rid g rito u em to m ho rrip ila nte q ua nd o se sentiu em p urra d a p a ra a s vísc era s d a s im a g ens d e seu infe rno p esso a l, esses q ue a tinha m a terroriza d o d esd e q ue a p rend eu o c o nc e ito q ua nd o tinha se is a no s. Esta va atirada e m um a fo ssa d e fog o e veneno , sentind o sua c a rne c orro er-se q ua nd o esc uto u o infe rno g rita r seu no m e , c o m p rid o e fo rte c o m to d a a intenç ã o d e c a stig a r. C a d a p esso a q ue tinha injustiç a d o e m sua vid a e m e rg iu d o fund o veneno so o nd e esta va a fund a d a , c a d a um a g a rra nd o -a, arranhando-a e uiva nd o em vingança. Esta va m uito viva q ua nd o seus a c usa d o res c o m e ç a ra m a ra sg á -la e m p e d a ç o s. E bastante morta sob as mãos de Legna, para no instante em que eles terminaram. 2 Faz referência a um conhecido personagem de gibi 205
—O inferno está em sua m ente , nig ro m a nte — sussurro u p a ra sua derrotada inimiga, e assim como a morte, no mesmo momento em que acreditou nisso. Enquanto isso, a forma astral de Gideon estava abatendo o terceiro homem. O usuário de magia estava considerando suas opções, tratando de averiguar o que fazer, e Gideon pôde vêlo na furtiva mudança em seus olhos. —Um a ta q ue se rá inútil. Nã o p o d e m e m a c huc a r, m enino — d e c la ro u Gid eo n inexpressivamente. Infelizm ente , o nig ro m a nte nã o se d eu c o nta d e q ue Gid eo n esta va m e ra m ente estabelecendo um fato. O nig ro m a nte c o m e ç o u a c o njura r um a nuvem d e veneno , usa nd o um g esto d e sua s m ã o s p a ra envia r o red e m o inho a o red o r d o c o rp o d o Demônio. Resp a ld o u-o c o m um im p ulso d e fo rç a , tra ta nd o d e d irig ir o veneno a estrutura c elula r d o Demônio. Gid eo n o b servo u o veneno filtra r-se a tra vés d ele c o m o se estivesse estud a nd o o p a d rã o d e m a rc ha d a s fo rmig a s. Entreta nto , c o m o esta va na a d erênc ia c o rp ó re a m a is lig e ira d e sua fo rm a a stra l, o veneno nã o tinha aonde ir, p elo q ue a c a b o u d esliza nd o p a ra fo ra d ele e d erra m a nd o -se no p iso . Os o lho s d o nig ro m a nte q ua se sa íra m d e sua s ó rb ita s a o ser testem unha d isto . Lo g o fo i im o b iliza d o p o r um par de implacáveis olhos prateados. —Que trágico como tão débil e patético ser conseguiu causar dor a os de minha classe — observou Gideon friamente. Entã o , c o m a ra p id e z d e um p ensa m ento , Gid eo n se fez to ta lm ente c o rp ó reo , sua fo rm a a stra l se so lid ific o u na p erfeita m a nifesta ç ã o d e seus fero zes reflexo s e d ura musc ula tura . Lançou-se p a ra frente c o m g ra ç a selva g e m , um a m ã o sa iu d isp a ra d a p a ra eng a nc ha r-se a o red o r d a g a rg a nta d o nig ro m a nte. Giro u em um só m ovim e nto , a ç o ita nd o a d esa g ra d á vel c ria tura c o ntra a p a re d e a c resc enta nd o um a c o ntra forç a e m seu jo g o p a ra estra ng ula r a vid a d o nig ro m a nte q ue c huta va e luta va . Co m só a p ressã o d o s d e d o s e a p a lm a , d esem p enho u o p a p el d a m o rte q ue se a b a tia so b re o m a ld ito idiota m o rta l. Ma g ia p o d ero sa o u nã o , era c o m o q ua lq uer frá g il hum a no , nenhum a oposição p a ra a fo rç a d o Demônio. Isto sem fa ze r m enç ã o da feroz e controlada fúria com que o Antigo combateu. —Nunc a m a is a m e a ç a rá a Ma g d eleg na o u a q ua lq uer o utro Demônio c o m sua ignorância e avareza. Sua morte é um castigo muito fácil. Esteja agradecido por isso. Um últim o o feg o sa iu d o nig ro m a nte , e Gid eo n o so lto u c o m um a a usente a g ita ç ã o d a mão, como se sacudisse algo poluente, enquanto o corpo caía no piso. Deu-lhe as costas sem o mínimo pesar. Seu o lha r d e merc úrio p ro c uro u Leg na , p o sa nd o nela q ua nd o se leva nta va d e sua p o siç ã o so b re a m ulher nig ro m a nte. Ela a tiro u p a ra trá s a c a b e ç a e o s o m b ro s, to m a nd o uma p ro fund a e longa re sp ira ç ã o d e um a m ulher p red a d o ra sa tisfe ita com sua vítim a . Sem p re tinha sid o a m ulher m a is form o sa q ue tinha visto , m a s a g o ra , neste m o m ento d e vitó ria , esta va im p ressio na nte. Gid eo n sentiu um a resp o sta selva g e m d entro d ele , um a urg ênc ia tã o vita l q ue to m o u c a d a grama d e seu form id á vel c o ntro le p a ra b lo q ue a r seus p ensa m entos e q ue a ssim , ela, não se desse conta.
CAPÍTULO 15 206
Foram Jacob e Noah, cotovelo com cotovelo, os que enfrentaram Kyle. De lo ng e o mais poderoso d o s q ua tro , lançou um a d esc a rg a d e la nç a s elétric a s d e se us d ed o s. No a h estend eu um a m ã o e c a d a um d o s ra io s re p entina m ente se d irig ira m p a ra ele c o mo se fo ssem a tra íd o s p o r a lg um tip o d e ím ã . Ho uve uma p e q uena exp lo sã o sô nic a q ua nd o No a h a b so rveu o fero z a ta q ue e litera lmente a b so rveu a energ ia na sua p ró p ria . No a h esta va impressionado c o m o o nig ro m a nte p e rm a ne c ia inalterado, lançando insta nta ne a m ente um segundo ataque. Ine sp era d a m ente , o c hã o so b No a h e Ja c o b ra c ho u, lhes fazendo c ho c a r-se c o ntra ele. Co m um rá p id o p ensa m ento , Ja c o b a lterou seu p eso e a fo rç a d a g ra vid a d e , lhes p erm itind o c a ir so b re seus p é s em um a sua ve a terrissa g e m . Giraram p a ra la nç a r-se d e vo lta a o nível d o nig ro m a nte , m a s a d esc a ra d a c ria tura o s tinha seg uid o a b a ixo , levita nd o p or c im a d eles enquanto lançava uma terceira ofensiva. Saídos de nenhuma parte, uma chuva de pregos de ferro voou de repente frente aos dois Demônios. Ja c o b o s sentiu a fund a nd o -se em seu o m b ro , q ua d ril e c o xa a ntes q ue se d esse c o nta seq uer q ue esta va m vind o p a ra ele . Vá rio s m a is g o lp e a ra m No a h, d errub a nd o o Rei. A sensa ç ã o d e c a d a p reg o era c o m o se a lg uém estivesse a p a g a nd o um c ha ruto aceso na pele d e seu c o rp o . Ard ia m , queimand o a c a rne , c o m a d o r os p o nd o d e jo elho s. Utiliza nd o c a d a grama d e c onc entra ç ã o q ue p ô d e reunir, estend eu a m ã o p a ra No a h e , lhe a g a rra nd o o braço, d esfa zend o se us c o rp o s em red em oinho s d e p ó esc uro . Os p reg o s fic a ra m para trás e caíram com estrépito no chão de cimento. Os Demônios se re m a teria liza ram, ig no ra nd o a d o r e nq ua nto p o r fim a b ria m um c o ntra ataque. No a h lib ero u um a b o la d e fo g o , c a ta p ulta nd o -a p a ra o nig ro m a nte c o m surp reend e nte velo c id a d e. O nig ro m a nte m urm uro u um rá p id o fe itiç o e a b o la d e fo g o g o lp eo u um a b a rre ira invisível a nã o m a is d e uns 30 c m , d e se u o b jetivo . No a h xingo u b a ixo justo q ua nd o Ja c o b enfo c ou seus p ensa m ento s. No a h sentiu q ue a a tm o sfera d a ha b ita ç ã o muda va e viu o nig ro m a nte trem er. Ja c o b lim ito u seu efeito , nã o d eseja nd o jo g a r o e d ifíc io inteiro a b a ixo enq ua nto m a nip ula va a g ra vid a d e. O nig ro m a nte c a m b a leou so b seu p ró p rio p e so aumentado, caindo de joelhos. Entã o d e rep ente Ja c o b fo i g o lp e a d o c o m um a p o d erosa d e vo luç ã o d e seu p ró p rio p o d er. Cho c o u-se c o ntra ele , lhe va rrend o e lhe a tira nd o ruid o sa m ente a o c hã o to ssind o e m b usc a d e fôleg o . Nunc a tinha exp erim enta d o isto a ntes. Sua exp eriê nc ia na s lutas c o m nig ro m a ntes na histó ria esta va lim ita d a a c a ç a d o Tra nsfo rm a d o . Era Elija h o q ue tinha o m elho r c o nhec im ento p a ra d erro ta r a e sta s c ria tura s. Enc o ntro u um no vo resp eito p e lo Ca p itã o Guerreiro e nq ua nto se d a va c o nta d e q ue o nig ro m a nte era m uito m a is p erig o so d o q ue ele e Noah tinham pensado. O nig ro m a nte esta va b rinc a nd o c o m eles, c la ra m ente d ivertid o p elo s frustra d o s intento s d e lhe a ta c a r. Entã o estend eu a s m ã o s e nq ua nto m urm ura va outro enc a nta m ento . Esta vez o g ra nizo d e ferro q ue ia ra p id a m ente p a ra eles era um a m ultid ã o d e ada gas c o m o a s d e um a serra circular, enchendo a habitação com um som agudo enquanto giravam a través do ar para eles. Ja c o b e No a h p ro nunc ia ra m exa ta m ente o m esm o p a la vrã o enq ua nto explodiam e m fumaça e pó, escapando ilesos por pouco. 207
—Isso, Spawn! —burlou-se o nig ro m a nte. — Esc a p e m enq ua nto esteja m b e m . Tenho m a is maneiras de lançar ferro do que nunca tenham imaginado! —Tem o s q ue sa ir d a q ui. Esta m o s ento rp ec e nd o a b a ta lha d e Ja c o b e No a h. Nã o p o d e m lutar à plena capacidade conosco no edifício — disse Legna rapidamente. Gid eo n d e sa p a re c eu insta nta nea mente , Elija h a g a rro u a seu p risio neiro nig ro m a nte p e la nuc a e se d isse m ino u p elo a r. Leg na sub iu ra p id a m ente p ela esc a d a d e c a ixa s q ue Isa b ella tinha p o sto a té a ja nela d e m o d o q ue p ud esse ver fora . Concentrou-se na esq uina d a rua p ró xim a e lo g o d e sa p a rec eu d o ed ifíc io c o m um silenc io so “ p o p ” re a p a rec end o na esq uina escolhida. Girou para olhar de frente os homens enquanto se rematerializavam perto dela. —Onde está Isabella? —Bem. —Sim , sim , sei tud o — m urm uro u Isa b ella e nq ua nto o Demônio a ltera d o a ro d e a va e m uma obscena dança de interesse luxurioso. Nã o esta va m m uito lo ng e d o e d ifíc io q ue a c a b a va m d e d e ixa r, e m um a fo ssa d e lixo escavada rec entem ente , a p a renteme nte um a no va o b ra d e a lg um tip o . Isa b ella era c o nsc iente d o s esfo rç o s d e Ja c o b c o m o nig ro m a nte no ed ifíc io a trá s d ela , m a s esta va c o nc entra d a p rinc ip a lm ente na s la sc iva s c o ntem p la ç õ es d o Demônio Tra nsfo rm a d o frente a ela . Jo g ou um o lha r a o red o r, p erg unta nd o -se se a lg um a m a q uina ria d a c o nstruç ã o lhe p ro p orc io na ria o a rse na l d e ferro q ue ta nto nec essita va . Ma s o ferro era um m eta l o b so leto , o aço era o eleito fazia muito tempo por sua força e resistência a corrosão. As fo ssa s na sa is d o Demônio se a la rg a va m enq ua nto cheiravam rep etid a m ente se u aroma, e a língua bífida lambia uma das largas presas em óbvia avareza. —Va m o s, b o nito , sa b e q ue o q uer. —Convidou-lhe b ra nd a m e nte , jogando p a ra trá s o c a b elo d e m o d o q ue p ud e sse fa zer a la rd e d a s exub era ntes c urva s d e seu c o rp o . So a va m uito confiante em si m esm a , o q ua l era re a lm ente surp reend ente tend o em c o nta q ue o c o ra ç ã o estava a ponto de sair do peito pela ansiedade. Poderia fazer isto sem uma arma de ferro? “ Recorda, florzinha…” Sua m ente se encheu d e re p ente c o m um a im a g e m a trá s d a o utra d o treina m ento c o m Elija h, a ssim c o m o c o m a s vitó ria s c o rp o a c orp o q ue tinha o b tid o c o m um p e q ueno esfo rç o d esd e q ue esta a ventura em sua no va vid a tinha c o m e ç a d o . Tinha sid o o instinto q ue a tinha feito seg uir a d ia nte , e era o instinto c o m b ina d o c o m o treina m ento o q ue a fa ria sa ir vitorio sa inclusive mais facilmente. O Demônio se eq uilib ro u so b re ela , c a ind o no c hã o e esc a va nd o no lixo q ua nd o seu o b jetivo se m o veu m uito rá p id o p a ra que ele o entendesse. Levantou-se quatro pés, soprando e sa c ud ind o o p ó c o m o um c ã o sa c ud ia a á g ua , vo lta nd o -se p a ra ver o nd e tinha ela tinha id o . Esta va e m p é exa ta m ente o nd e tinha e sta d o q ua nd o tinha c o me ç a d o o a ta q ue, lim p a nd o a sujeira invisível da saia de seu vestido prateado. O Tra nsfo rm a d o a o lho u c o nfuso d ura nte um m o m e nto , fa reja nd o c o m c a utela p a ra ve r se ela era o m e sm o o b jetivo q ue tinha tenta d o o b ter. Esta vez fo i ele o q ue se m o veu m uito rá p id o p a ra q ue o d isting uisse , e sua s g a rra s ra sg a ra m a se d o sa m a lha d o vestid o q ua nd o 208
ela sa lto u afastando-se no últim o m inuto. Isa b ella o feg ou p e la surp re sa enq ua nto no fla nc o flo resc ia a d o r um a vez m a is, e sta vez c o m a ferid a feita p ela s suja s g a rra s p enetra nd o sua frá g il p ele . O Demônio a esb o feteo u, d errubando-a e envia nd o -a a o lixo c o m um a fo rte to sse. Fo i torpe a o o utro la d o d ela , enc a ra p ita nd o -se so b re seu c o rp o , a g a rra nd o -a a vid a m ente e manuseando-a com mãos de garras. —Bela! A c a b eç a d e No a h se sa c ud iu q ua nd o Ja c o b d e rep ente g runhiu o nom e d e seu par. Esta va c la ro q ue a c o nc entra ç ã o d o Exec uto r esta va d ivid id a nesse m o mento entre d ua s b a ta lha s, e No a h nec essita va q ue se c o nc entra sse so zinho em um a . Ag a rro u Ja c o b pela m a ng a , lhe tira nd o d e um p uxã o d o a lc a nc e d o últim o a ta q ue d o nig ro m a nte, lhe g olpeando fisicamente contra uma parede próxima de modo que tivesse sua total atenção. —Presta atenção! —grunhiu Noah. A ind ig na ç ã o d e Ja c ob serviu p a ra q ue Be la trip lic a sse a s uniõ es entre seu c ora ç ã o e sua a lm a , im p ulsio na nd o sua re a ç ã o . Estend eu a m ã o p a ra c im a e p a sso u a s unha s so b re o s o lho s d a p estilenta c ria tura . Esta imediatamente jo g ou p a ra trá s a c a b e ç a , uiva nd o d e d o r e ira . Isa b ella g iro u no c hã o so b re seu q ua d ril e sua s p erna s voa ra m c o m um a fo rç a esp eta c ula r p a ra a cabeça do Demônio. Houve um satisfatório crack quando os dois se encontraram. Um a vez q ue o Demônio esteve caído, a p e q uena Executora fo i p a ra ele c o m fo rç a incontável. Lutou como uma gata selvagem, aplicando cada golpe nos lugares mais vulneráveis c o m a stúc ia d e um a p re d a d o ra . Se a lg uém a tivesse visto , teria p ensa d o q ue esta va jo g a nd o c o m a p o d ero sa c ria tura , jo g a nd o c o m ele c o m o um menino jo g a c o m a d esa g ra d á vel c o mid a d e seu p ra to . O Demônio uivo u d e d o r e frustra ç ã o enq ua nto o sua ve e b o nito brinquedo que tinha desejado se voltava contra ele com a vingança de vinte infernos. Bela m urm uro u um a velo z o ra ç ã o a o d estino d e Ja c o b a ntes d e la nç a r-se c o m tod a s sua s forç a s p a ra o Demônio, c o m a m ã o fec ha d a em um p unho fero z enq ua nto a p onta va a deformada cavidade torácica que protegia seu venenoso coração. O grito de um felino selvagem uivou através da noite. Ja c o b e No a h tenta ra m d eslo c a r-se ra p id a mente p a ra o nig ro m a nte e m sua s fo rm a s insustanciais, m a s fo ra m rec ha ç a d o s p o r o utra b a rreira q ue o s m a ntinha a ra ia . O Exe c utor e o Rei caíram sobre seus pés com suas formas completas. —Como Demônios nos aproximamos dele? —Outro s estã o fo ra d o ed ifíc io . Nã o p re c isa m o s no s a p ro xim a r m a is d ele — anunciou Jacob misteriosamente. Estendeu os braços e literalmente sacudiu o mundo. O nig ro m a nte nã o esta va p re p a ra d o p a ra o terrem o to e sua rea ç ã o foi instintivamente hum a na d e me d o enq ua nto o ed ifíc io c o m eç a va a c a ir a seu red o r. Isso ro m p eu sua c o nc entra ç ã o , e No a h to m o u va nta g e m em um b a tim ento d o c o ra ç ã o . La nç ou um a eno rm e b o la d e c a lo r, fa zend o q ue tud o o q ue fo sse infla m á vel a rd esse . Somente d eixo u a sa lvo a zona im ed ia ta m ente a o red o r d e Ja c o b . A ha b ita ç ã o esta lo u em c ha m a s. O nig ro m a nte g rito u enq ua nto sua rid íc ula c a p a e o resto d e sua s ro up a s se transformavam c inza s instantaneamente. O aroma da carne queimada encheu o ar. E assim, nenhum momento, a batalha acabou. 209
Ja c o b e No a h d eixa ra m o inferno . No a h nã o e sta va em p erig o , m a s Ja c o b só p od ia sup o rta r o c a lo r d ura nte um tem p o . Ap a rec era m na c a lç a d a junto a os o utro s, a rra sta nd o o aroma da fumaça e a fuligem com eles. —Mm m , um a c o lhe d o r fo g o d e a c a m p a m ento , q uerid o irm ã o . —Le g na riu, jo g a nd o o s braços a seu redor e deixando que a abraçasse com o devastador alívio de seu coração. —Está b e m ? Diga-me q ue está b em — d isse c o m fero c id a d e , virtua lm ente elim ina nd o o ar de seu corpo. —Estou bem Noah. Não me aconteceu nada. Gideon disse que foi graças a Isabella. —Obrigado Destino —disse febrilmente. — Obrigado pela Isabella, Destino. —Onde está Isabella? Todos ficaram quietos e giraram para olhar Jacob. —Não sabe? —perguntou Elijah. —Nã o . Nã o p o sso … Ela nã o e stá c o m ig o … —Leva nto u a c a b eç a c o m o se e sc uta sse algo. — Esperem… está perto… e está zangada. Maldita seja, está chorando. Como se tivessem coreografado, todos exceto Elijah deixaram a calçada, cada um a sua maneira, apressando-se depois do pó diabólico que era Jacob. Ja c o b se tra nsfo rm ou em sua fo rm a só lid a no c hã o d a o b ra , g ira nd o energ ic a m ente p a ra p ro c ura r sua Bela . O a lívio o b a nho u q ua nd o a viu senta d a e m um m a d e iro a fa sta d a vá rio s m etro s. Co rreu p a ra ela c o m a veloc id a d e d e um g uep a rd o , p a tina nd o a o d eter-se no pó sujo que a rodeava. —Bela? Ela o lho u p a ra c im a q ua nd o ele fa lo u, e Ja c o b nã o p ôd e evita r o g rito a fo g a d o q ue lhe escapou. O som ressonou várias vezes enquanto outros lhe alcançavam. Isabella estava coberta de sujeira , fulig em e a lg o q ue so mente p o d ia ser d e sc rito c o m o um a sub stâ nc ia visc o sa . O lug a r m a is lim p o nela era m o s d o is rio s d e p ele d o ro sto q ue tinha m sid o esc la re c id o s p o r sua s lágrimas. E a lé m d isso esta va seu c a b elo . So b ressa ía -se em c urto s e q ueim a d o s b ic o s, p eq ue no s brincos de fumaça se elevavam ainda da torrada massa. Bela ro m p eu a c ho ra r d e no vo , so luç a nd o c o m ta l m iserá vel d esd ita q ue Ja c o b c a iu d e joelhos e a recolheu contra si mesmo. —OH, m eu a m o r, calma. Tud o e sta rá b e m . —Acalmou-a , a b ra ç a nd o -a e c o nso la nd o -a o melhor que pôde. — O q ue o c orreu? —Cheira va fa ta l, via -se fa ta l, m a s em sua m aior p a rte p a rec ia ilesa , e nada podia ter aliviado mais Jacob. Deu boas-vindas a vitalidade e a emoção de suas lágrimas. Esta va c ho ra nd o , e nverg o nha d a e za ng a d a c o m o o Demônio c o nsig o m esm a p o r a lg um a 210
ra zã o q ue ele nã o p o d ia c o m p reend er ne sse m o m e nto , m a s e sta va viva e a sa lvo e em seus braços aonde pertencia. Nada mais importava. —Eu… esqueci… — soluçou miseravelmente. — É tão estúpido. — estremeceu com outro soluço. — Esq uec i q ue d e p o is d e q ue m a ta essa s c o isa s… esta la m em c ha m a s! OH, Ja c o b , queimei todo meu cabelo! —gemeu lastimosamente. Ja c o b vo lto u o ro sto a um la d o , tenta nd o p o r tud o o q ue valia a p ena nem se q uer pensar em rir. Se ela captava um pingo de humor nele, não duvidaria que o matasse. Entretanto era d ifíc il, a c a usa d a inund a ç ã o d e a lívio q ue a p o ia va a esteira d e hum o r q ue b o rb ulha va nele. Infelizm ente , No a h nã o exe rc eu a m esm a q ua ntid a d e d e c o ntro le. Fez um so m a m o rtec id o d e um a risa d a insufic ientemente a m o rtec id a , g a nha nd o um g o lp e na m eta d e d a cabeça de sua irmã pequena. —Noah! Não te atreva! —vaiou Legna. —Sinto Bela — b a lb uc io u o Rei so b re seu e sc a p a m ento d e risa d a —, m a s nã o p o sso e vitá lo! —Bem. — Isabella sorveu com indignação. — Co ntinua e ri. Me reç o isso . —Vo lto u os o lhos p a ra No a h, a fa ísc a d e tem p e ra m ento neles foi muito rápida para que Jacob a captasse. — De p o is d e tud o , q ueim e i-te e te d eixei c a lvo , No a h, e e sto u seg ura d e q ue te via d ua s vezes mais ridículo que eu agora! —Bela! —Leg na o feg o u inc réd ula , so lta nd o um a g a rg a lha d a enq ua nto o hum o r d e se u irmão se desvanecia instantaneamente e ficava vermelho como uma papoula. Então Bela riu, um som curto que foi metade risada metade soluço. —Sup onho q ue m e vejo m uito g ra c iosa . E sei q uã o fo rte está tenta nd o nã o rir, Ja c o b , assim também pode desistir. —Não, não rirei de você, florzinha. Estou muito aliviado em te ter de volta para rir. Bela lim p o u a s lá g rim a s c o m a s m ã o s suja s, p ro vo c a nd o q ue um d esenho d e redemoinhos aparecesse na sujeira de suas bochechas. Olhou-lhe com olhos tímidos. —Podemos ir para casa? Necessito uma ducha. —Claro que podemos —lhe disse, recolhendo-a contra ele enquanto ficava em pé. — Teve um d uro serã o esta noite , m inha p e q uena Executora. Um a d uc ha é o mínimo que merece. —Agarrou-os a todos? OH, claro que o fez. Você é você. —Ela sorveu as últimas lágrimas. — Esto u c ontente. Isso sig nific a —fo i g o lp ea d a p o r um b o c ejo , a c a b a nd o c o m seus 211
pensamentos sobre a distorção que o causou— que ninguém pode ferir Legna nunca mais. —So m o s a fortuna d o s d e q ue nã o fo sse m tã o poderosos em c o njunto . Vi nig ro m a ntes m uito m a is p o d ero so s, e nã o sã o tã o fá c e is d e d erro ta r —d isse No a h, c o m seu to m so a nd o um pouco mais que grave. —Ob rig a d o Isabella. —Leg na se estiro u p a ra a p erta r a fetuo sa mente a m ã o suja d a pequena Executora. — E não se preocupe por seu cabelo. Gideon pode arrumá-lo. Verdade, Gideon? —Se o desejar. Leg na se d eteve e o lho u d entro d o s firm es olho s prateados d o Demônio, p erg untando-se p o r q ue tinha form ula d o sua resp o sta d essa m a neira . Era sua im a g ina ç ã o , o u tinha dirigido a ela e nã o a Bela ? De q ua lq uer fo rm a , p a re c ia tã o ind iferente c o m o se m p re , e ela e enc olheu os ombros. —E não o esqueçam —disse Legna ansiosamente a Isabella. — Esta noite ainda é sua noite de bodas! —A c ond iç ã o d e q ue a c a b e m o s a c erim ônia a ntes q ue a lua se esc o nd a . —remarcou Noah. —Né… nã o é p o r a rruina r essa idéia — Isa b ella elevo u a vo z—, m a s a c red ito q ue rompi uma costela ou algo. —OH Demônios! —exclamou Jacob, pondo-a cuidadosamente em pé. — Por que não disse? Levar-te assim deve doer! —Isso é um fato —coincidiu Gideon—, tendo em conta que tem três costelas quebradas e sofreu profundas lacerações. Sob esse tecido torrado, está sangrando bastante. —OH. Bom, suponho que é por isso que dói —apontou Isabella com uma irônica risada. —Você c rê? —disse Legna com secura. —Não posso te curar em meu corpo astral. Esperarei que volte para casa de Noah. Gideon desapareceu com uma piscada de luz branca. —Isso é fácil de dizer para você. —Nã o é p a ra p reo c up a r-se , Bela — c ha mo u Leg na enq ua nto d a va um p a sso a trá s se afastando de Isabella rapidamente. — A agência de viagens da Legna a seu serviço. Co m um a sua ve exp lo sã o d e a r d eslo c a ndo-se, Leg na fez d esa p a rec er a Druid a . Os homens esperaram até que Legna saiu de sua concentração. —Sã e salva —informou. Então, com um amplo sorriso, saiu disparada. Gid eo n esta va fic a nd o em p é q ua nd o Bela e Leg na se m a teria liza ra m na c a sa d e No a h um m o me nto d ep o is. Em b o ra b o a p a rte d o tra b a lho d e resta ura r a c a sa d o Re i já tinha 212
começado a ter lug a r, Isa b ella nã o p ô d e esc a p a r d a sensa ç ã o d e q ue a fulig e m q ue lhes ro d e a va e nc a ixa va p erfe ita m e nte c o m o m o d o com o se via e se se ntia nesse m o m ento . Enc o ntrou um b a nc o d e p ed ra e se sento u c o m um susp iro enq ua nto Le g na se m o via rapidamente a seu lado. Bela lhe agarrou a mão. O Antig o m é d ic o se m o veu m a is p erto d a Executora fêm e a , fic a nd o d e cócoras frente a ela enq ua nto a exa m ina va le nta m ente c o m o s o lho s e o s sentid os. Os o lho s prateado s d o m éd ic o se c onc entra ra m no jo rro d e sa ng ue q ue se estend ia d e b a ixo d o p eito d ireito d e Isabella. —É a fo rtuna d a d e nã o ha ver p erfura d o um p ulm ã o . —estirou-se p a ra a c ostura d o q ua d ril d e seu vestid o fo rm a l d e b o d a s e a a g a rro u c o m a m ã o livre. Com um rá p id o p uxã o sep a ro u um a g ra nd e fra nja d a c o stura , exp o nd o sua b ruta l ferid a . Le g na fez um sua ve so m d e d o lo ro sa sim p a tia q ua nd o viu o a fia d o fra g m ento d e o sso se so b re ssa ind o a tra vés d a p ele d e Bela. —Suporta-o bem —remarcou Gideon. Bela o olhou surpreendida. —Gid eo n… d e verd a d e m e está fa zend o um elogio? —p e rg unto u, a sseg ura nd o -se d e q ue a surp resa estivesse b e m disfarçada e m sua vo z. Leg na a rruino u, entreta nto , rind o c o m um irreprimível bufado do nariz, fazendo Bela primeiro rir, e logo ofegar de dor. —Ta lvez a g o ra tenha re sp eito por um Antig o — d isse Gid eo n c o m sua no rm a l e incomensurável superioridade. As pálpebras dos olhos de Gideon meio se fecharam e seus dedos começaram a deslizarse p a ra b a ixo p elo d ec ote d o vestid o , a o lo ng o d a linha d o este rno . Bela se sa c ud iu dolorosamente e Legna ofegou. —Não pode deter sua dor? —Isso é o q ue esto u fa zend o —d isse Gid e o n c o m to m p erp lexo enq ua nto c la ra m e nte tentava concentrar-se mais à frente. — Deve rela xa r Bela . —Instruiu-a enq ua nto estira va a m ã o p a ra a ferid a ra sg a d a procurando começar com a cura das costelas sob o peito. —Espera! Isa b ella a g a rro u a m ã o d e Gid e o n e sim ulta ne a m ente sustento u a o utra p a lm a c o ntra a fronte como se de repente fosse golpeada por uma dor de cabeça muito forte. —OH, m e nino —d isse Le g na b ra nd a m ente , so lta nd o um a risada enq ua nto p erc eb ia rapidamente o que Gideon não podia. — Gideon, sugiro que espere um pouco. —Tolices. Quanto mais esperemos, mais difícil será para ela. —Exp liq ue isso a seu futuro m a rid o — d isse Leg na intenc io na lm e nte , estira nd o d o is d e d o s para agarrar o pulso do médico e arrancar de Bela como se fosse poluí-la. 213
Aparentemente, a p esa r d a d istâ nc ia d e seu p a r, Ja c o b se neg a va a to lera r a s m ã o s d e Gid eo n na Isa b ella sem esta r p re sente ele m esm o . Gid eo n susp iro u, m a s esp ero u a té q ue a tríade completa de poderosos Demônios se agrupou no Grande Salão algum tempo depois. Ja c o b jurou b ra nd a m ente , p a ssa nd o a m ã o p elo c a b elo enq ua nto ia c o lo c a r se a o la d o de Bela como um guarda. —Nunca —d isse c o m to m g ra ve— d eixe q ue o utro ho m em te to q ue sem m e a visa r primeiro com bastante antecipação. Melhor ainda, nunca deixe que outro homem te toque. —Jacob, está sendo ridículo — recriminou ela. —Só me obedeça neste único assunto, Bela. Olhou-lhe c o m o se q uisesse d isc utir, m a s só q ueria q ue a c ura a c a b a sse rá p id o , a ssim encolheu os ombros com uma concordância pouco entusiasta. —Minhas desculpas, Gideon —disse tenso ao médico. — Sinta-se liberado para continuar. Gid eo n a ssentiu, estud a nd o a o Exec uto r d ura nte um c o m p rid o m inuto a ntes d e vo lta r lenta m ente sua a tenç ã o p a ra a no iva ferid a d e Ja c o b . Estend eu a m ã o p a ra um lug a r meno s a b e rta m ente sexua l em seu c o rp o e sta ve z, p erm itind o o s d ed o s ro ç a r a frente enq ua nto ia tocar os chamuscados restos de seu precioso cabelo. O g runhid o q ue surg iu d o Exec uto r foi tã o a rre p ia nte q ue Gid eo n re a lm ente sa lto u afastando-se d e Isa b ella c o m o se a lg o tivesse tenta d o lhe m ord er a m ã o . Qua nd o seus olhos p a ssa ra m velo zm ente p ela exp re ssã o a nim a l no s olho s d e Ja c o b , surp reend eu-se d e q ue o Exec uto r nã o tivesse feito exa ta m ente isso . Dep o is d e um m o m e nto , Ja c o b p a re c eu rec up e ra rse, dando-se conta com óbvio horror que tinha assustado ao mais velho dos de sua raça. —Ah, De m ô nio s — susp iro u Ja c o b , d a nd o a vo lta e a fa sta nd o -se d e sua no iva e o médico. — Vou… a algum outro lugar. Jacob estalou em uma chuva de pó, fugindo na brisa mais rápida que pôde encontrar. Perplexa por esta completa contradição, Isabella olhou a Gideon. —A lua tem efeitos que inclusive você não pode sufocar, Druida —lhe explicou. — Po d e evita r q ue ele p erc a o c o ntro le e c a use d a no c o m sua s c a p a c id a d es, m a s sua p ro xim id a d e só p od e a feta r a s m a nifesta ç õ es d e seu p o d er, nã o d a b esta em seu interio r, o u d o s instinto s q ue vêm c o m ela . Fra nc a m e nte , esto u surp reso d e nã o ter sid o p riva d o d e um membro agora mesmo. Bela ficou boquiaberta de repente, com os olhos totalmente abertos. —Nã o tenha m ed o , Executora. Esto u seg uro d e q ue No a h e Leg na teria m me m a ntid o a salvo. —Isso nã o m e p re o c up a — exc la m o u ela , p erd end o a leve c o nsterna ç ã o q ue revoava nos olhos prateados do médico. 214
— Jacob se foi! —Deu-se conta de que não podia controlar a si mesmo. Foi uma sábia decisão. —Sei —ladrou com mais que leve irritação. — E se supõe que é um todo-poderoso Antigo? —Pôs os olhos em branco. — Quero d izer q ue se fo i q ua nd o esta va e m p é junto a m im ! — Susp iro u p esa d a m ente quando seguiram olhando-a esperando uma explicação. — Está b e m , tentem o s isto . Ja c o b , a q ui. —Assina lo u o chão sujo d e fulig e m p erto d e seus pés que ainda conservava o rastro dos sapatos. — Bela, aqui. Jacob… Bela… Demônio… Druida… Poder… amortecedor de poder! —Hey! —exclamou Legna enquanto se iluminava entendendo. — Como fez isso? —Eu… não sei? —Bom deve ter feito algo — apontou Noah. —Fez — afirmou Gideon com calma. — Feriu-se a si mesmo. —Fiz — concordou Isabella. Então franziu o cenho. — E isso o que significa exatamente? —Qua nd o o s rec e p to res d a d or d isp a ra m em ta l m a g nitud e , isso interro m p e o fluxo d e energ ia d e seu c o rp o . É m uito p a rec id o a o m o d o como ferid a s e g ra nd e s d o res d ificultam a c a p a c id a d e d o Demônio p a ra c o nc entra r-se. Pa ra você, entreta nto , isto está tend o lug a r a um nível subconsciente. —OH! Tenho! —Isabella sorriu triunfante. — Mm m , m elho r m e c ura r enq ua nto a c ura esteja b em . Po sso o uvir Ja c o b resm ung a nd o em minha cabeça. —Sugiro-te q ue p ense em a lg o m a is q ue em meu to q ue , Druid a . Eu nã o g o sta ria q ue se m te dar conta lhe envie as mesmas imagens das que ele está tentado distanciar-se. —Hey Bela — disse Legna com uma risadinha tola. — Viu elefantes rosa ultimamente? Isa b ella enc o ntro u Ja c o b senta d o no a lta r, c o m o p unho no jo elho eleva d o , e o q ue ixo no p unho c o m o se c o ntem p la sse a s nuvens q ue esc urec ia m a lua . Inclinou-se p a ra lhe b eija r a b o c hec ha , c o m o c a b elo no va mente c o m p rid o c a ind o sed o sa m ente so b re seu na riz e boca. Ele levantou o queixo, abrindo a palma para capturar as suaves mechas de ébano. —Deve estar cansada —disse ele em voz baixa.
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— Sei que ser curado esgota ao corpo. —Ta m b é m tira r p etró leo d e nig ro m a ntes d esp re zíveis — d isse ela , c o m a m ã o pressionando contra sua coxa até que ele deixou cair à perna ante sua insistência. Ela girou e se sento u em seu reg a ç o , c o m o s b ra ç o s enla ç a d o s c a lid a m ente a o red o r d e seu p esc o ç o . Ele se p erg unto u se ela teria a lg um a id éia d e c o mo o a b ra ç o o a feta va . Ha via a lg o e m sustentar-la d este m o d o em p a rtic ula r q ue o fa zia sentir-se c o m o o rei d e se u mund o . Atra iu-a m a is p erto d e seu peito, pressionando os lábios contra sua fro nte. —Você é o rei de meu mundo —lhe disse em um sussurro, lhe devolvendo o beijo com um próprio. — Sou afortunada de ter uma alma tão romântica e amorosa para meu monarca. —E vo c ê é a ra inha q ue g o verna m eu c o ra ç ã o . Be la —d isse c o m feroc id a d e—, nunc a c o nhec i ta l a c eita ç ã o , ta l a mo r. Às vezes sinto q ue é um a m a ra vilha q ue nã o exploda em chamas pela intensidade disto. —Por fa vo r, Ja c o b —suspirou— se m e a m a , nã o usa rá a fra se “ explodir em c ha m a s” nunca mais. Ele riu entre d entes p o r isso , b e ija nd o -a na b o c hec ha e o p esc o ç o a ntes d e p ro va r seus lábios brandamente. —A noite termina. Não haverá tempo de acabar a cerimônia —disse com pesar. —Imagino que isso significa que você e eu temos um encontro, no Beltane. —Sinto m uito . Queria q ue este fosse um d ia esp e c ia l p a ra você. Inc lusive p ense i q ue podia ser normal… quase humano —disse com arrependimento. —Tud o o q ue p o d e ir mal, e va i m a l no d ia d a s b o d a s d e um a no iva é tã o no rm a l c o m o vem, Jacob. —Sim m a s q ua nta s no iva s se c o nvertem em to rra d a d e p o is d e ter uma b a ta lha c o m um monstro? —perguntou amargamente. —Aq uela s q ue se esq uec em d e esc a p a r o b a sta nte rá p id o . Va m o s Ja c o b . Nã o fa ç a isto . Se vo c ê nã o g osta no q ue m e c o nverti p o r vo c ê , e ntã o vo c ê nã o g osta d e q uem so u… vo c ê não gosta de mim. —Nunca —disse ele com ferocidade. — Nunca deixarei de gostar de você. —ficou quieto durante um longo momento. — Ma s nunc a esta re i c o ntente d e ver-te p a rtir p a ra o p erig o . Te m q ue m e p erd o a r esta parte machista de meu amor por você, Bela, mas nunca me sentirei completamente cômodo te vendo arriscar a vida. —E c rê q ue é m a is fá c il p a ra m im , Exec utor? Nã o sa b e q uã o d uro foi p a ra m im te d e ixa r para trá s, te d eixa r p a ra q ue luta sse c o m esse p rec o nc eituo so filho d a p uta ? Sei q uã o poderoso era, podia senti-lo da cabeça a os pés. —Descansou a cabeça na curva de seu pescoço. — Ma s esto u c o ntente d e q ue seja q uem é , e m b o ra só seja p o r ter a a lg ué m p a ra q ue m 216
me voltar e perguntar… alguma vez será mais fácil? —O que? —Matar, Jacob. Eu alguma vez… alguma vez a propósito… é sempre tão duro? —Sempre —lhe assegurou tensamente. — O dia de hoje já não é tão duro de suportar, como deve começar a preocupar-se. Assentiu em silêncio enquanto se aconchegava ainda mais perto contra ele. —Crê, florzinha, q ue c heg a rá um d ia e m q ue te a rre p end a d e ha ver me conhecido? — perguntou em voz baixa. —Sim —disse simplesmente. —Já vejo —disse tenso. —Você gostaria de uma data em concreto? —Está tirando sarro. —deu-se conta de repente. —Não, estou mortalmente séria. Tenho uma data exata em mente. Ja c o b se tombo u p a ra trá s p a ra lhe ver o s o lho s, o lha nd o c o m p leta m ente p erp lexo sua s pupilas brilhando com malícia. —Que data é essa? E por que está pensando em elefantes rosa? —A d a ta é 8 d e setem b ro , p o rq ue , d e a c o rd o c o m Gid eo n, é p o ssivelm ente o d ia e m que c o m e ç a ra m eu p a rto. Dig o “ p o ssivelmente” p o rq ue a c o m b ina ç ã o d e tod o este DNA hum a no / Druid a e Demônio “ p o d e fa zer com q ue o p erío d o d e g esta ç ã o seja m a is c o m p rid o q ue o no rm a l e m um hum a no ” , c o m o o Antig o m é d ic o rec entem ente c ito u. Ag o ra , ta l e c o m o o entendo, as mulheres sempre se arrependem nesse dia de deixar que um homem as tocasse. Ja c o b fic o u em p é d e um sa lto , d e ixa nd o -a c a ir e m p é , a g a rra nd o -a p elo s b ra ç o s e sustentando-a quieta enquanto passava um selvagem e indagador olhar por seu corpo. —Está grávida? —perguntou-lhe, sacudindo-a um pouco. — Faz quanto que sabe? Foi à batalha com esse monstro enquanto levava a meu filho? —No sso filho —lhe c o rrig iu c o m ind ig na ç ã o , e os p unho s firm e m ente c o lo c a d o s no s quadris— e Gid eo n a c a b a d e m e d izer isso fa z c inc o seg und o s, a ssim nã o sa b ia q ue esta va grávida quando fui lutar contra essa coisa! —Mas… ele te curou faz só uns poucos dias! Por que não lhe disse isso então? —Porq ue entã o nã o esta va g rá vid a , Ja c o b . Se re c o rd a r, fize m o s a m o r entre entã o e agora. —OH… OH Bela —disse com o fôlego saindo dele de repente. Pa re c ia c o mo se p rec isa sse senta r-se e c o lo c a r a c a b e ç a e m um a b o lsa d e p a p el. Ela se estiro u p a ra esta b ilizá -lo enq ua nto ele vo lta va a senta r to rp e no a lta r. Ap o io u o s a nteb ra ç o s na s 217
c o xa s, inc lina nd o -se so b re eles enq ua nto tenta va re c up era r o fô leg o . Bela tinha o estra nho impulso de rir, mas mordeu o lábio inferior para reprimi-lo. Muito p a ra o tra nq üilo , frio e sereno Exec uto r q ue sem e a va o terro r no s c o ra ç õ es d o s Demônios de todas as partes. —Isso não é gracioso —resmungou com indignação. —De verdade? Deveria ver como te vê daqui —se burlou. —Se rir de mim te juro que vou pôr-te sobre meus joelhos. —Pro m essa s, p ro m essa s —riu lhe a b ra ç a nd o c o m d eleite. Ao fim , Ja c o b riu ta m b é m , alargando o braço para lhe rodear a cintura e atraí-la de volta a seu regaço. —Perguntou-lhe… quero dizer, sabe o que é? —É um b e b ê . Disse-lhe q ue nã o q ueria sa b e r o q ue é. E nã o te a treva a a verig uá -lo, porque sabe que no momento em que o faça saberei, e se me danifica a surpresa te matarei. —Ma ld iç ã o … m a ta a um p a r d e Demônios e d e re p ente a c re d ita q ue p o d e d a r o rd ens a todos — se m o fo u a p roxim a nd o -a a té q ue esteve lhe a c a ric ia nd o o p esc o ç o c o m o na riz, perguntando-se se era p o ssível q ue um c o ra ç ã o p ouc o utiliza d o c o m o o seu c o ntivesse ta nta felicidade. Sentia-se como se seu peito fosse explodir. —Adorarei ver quão feliz é trocando fraldas e conseguindo fazer que arrote. —Está brincando? Essa será sem dúvida a melhor parte —se burlou. —Está seguro? —De repente ela estava muito séria . — Ja c o b esteve tã o só d ura nte ta nto tem p o . Se a d a p ta r a m im va i se r b a sta nte d ifícil mas a um bebê também? —Bela , m inha d o c e florzinha — d isse b ra nd a m ente e c o m resp e ito enq ua nto to m a va a cabeça entre as mãos e punha suas fro ntes juntas. — Dep o is d e uns q ua tro c ento s a no s d e so lid ã o , a c re d ito q ue esto u p re p a ra d o p a ra você e um barril inteiro cheio de meninos. Nada poderia me agradar mais. —OH Jacob —suspirou com deleite lhe beijando os lábios ansiosamente. — Como fui tão afortunada? —Bom tal como eu recordo… teve a má sorte de cair de uma janela. —Ah, mas isso foi boa sorte, porque me apanhou. —Não, florzinha —murmurou, detendo-se para beijá-la profunda e minuciosamente. — Acredito que é mais seguro dizer que você foi q uem me apanhou. Fim
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