Caminhantes fantasmas 05 jogo mortal

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Christine Feehan Jogo Mortal Caminhantes Fantasmas 05

Começou como uma missão para encontrar a um político muito conhecido cujo avião se estrelou no Congo. Mas a arriscada operação tomou um giro inesperado quando Mari, um membro fisicamente melhorado da equipe de resgate, foi tomada como refém pelas forças rebeldes. Agora, encarcerada em um recinto isolado, Mari tem só uma oportunidade para sobreviver: escapar. Mas ela não contava com o Ken Norton, um perito assassino e um guerreiro Fantasma, que luta para deixar atrás as paredes da prisão em uma missão por si mesmo... Uma que envolve ao próprio passado de Mari e ao destino misterioso de sua irmã gêmea… e que unirá Ken e Mari em uma paixão embriagadora que subirá as apostas no jogo mais mortal de sobrevivência que eles tenham jogado alguma vez. Disponibilização/Tradução: YGMR Revisão: Tina Y Revisão Final: Karina Formatação: Gisa PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES


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Caminhantes Fantasmas 05

Somos os Caminhantes Fantasmas e vivemos nas sombras. O mar, a terra e o ar são nossos domínios. Nenhum camarada cansado será deixado atrás. Somos leais e honoráveis. Somos invisíveis a nossos inimigos e os destruímos ali onde os encontramos. Acreditam na justiça e protegemos nosso país e aqueles que não podem proteger a si mesmos. Os que passam inadvertidos, desconhecidos e sem ser ouvidos são os Caminhantes Fantasmas. Há honra entre as sombras e isso somos nós. Movemo-nos em completo silêncio, tanto na selva como no deserto. Caminhamos entre nossos inimigos passando inadvertidos e sem ser ouvidos. Atacamos sem fazer ruído e pulverizamos os ventos antes que tenham conhecimento de nossa existência. Reunimos a informação e esperamos com paciência o momento perfeito para aplicar uma pronta justiça. Somos misericordiosos e desumanos. Somos inflexíveis e implacáveis em nossa resolução. Somos os Caminhantes Fantasmas e a noite é nossa.

Capítulo 1 Ken Norton olhou as nuvens escuras que formavam redemoinhos escurecendo as estrelas e projetavam um sinistro véu cinzento através da lua. Notou as sombras das árvores, próximos ao velho edifício, comprovando constantemente qualquer alteração, qualquer signo de alguém se deslizando através da escuridão fora do alcance das câmeras, mas seu olhar não se separava da grande cabana de caça e os dois cadáveres que se balançavam dos ganchos para carne no alpendre. O aroma de sangue e a morte assaltaram as janelas de seu nariz e teve arcada, uma reação estúpida pelos dois cervos esfolados que penduravam dos suportes da entrada, quando era um franco-atirador e tinha tido mais que sua cota de mortes. A cor de sua pele trocou para mesclar-se melhor com os arredores, e suas roupas especialmente desenhadas refletiram as cores a seu redor, lhe dando o efeito de desaparecer totalmente na folhagem que lhe rodeava, ocultando-o dos olhos curiosos. Por milésima vez olhou longe dos cadáveres que se balançavam ainda gotejando sangue. —Quem demônios ordena um golpe contra um senador dos Estados Unidos? —perguntou, seus olhos cinza como o aço se voltou mercúrio turbulento—. E não qualquer senador, um senador que é considerado como o candidato a vice-presidente. Eu não gosto disto. Eu não gostei desde o momento em que nos disseram quem era o objetivo. —Demônios, Ken. Este não é um homem inocente - seu gêmeo, Jack, respondeu, movendo-se com cuidado para conseguir uma posição melhor para cobrir a cabana. Sabe melhor que ninguém. Não sei por que demônios estamos protegendo a este filho da puta. Quero matá-lo eu mesmo. Este é o bastardo que foi a ceva para te atrair ao Congo. Ele saiu e você foi deixado ali para ser talhado em pequenos pedaços e esfolado vivo. —As palavras foram amargas, mas a voz do Jack era completamente acalmada—. Não me diga que não pensa que estava envolvido. Qualquer pessoa podia havê-lo ordenado. O senador te estendeu uma armadilha, Ken, te entregando ao líder dos rebeldes e Ekabela esteve perto de te matar. Poderia lhe golpear cem vezes e nunca perder o sonho por isso, ou me manter a margem e deixar que o golpeassem.

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—Exatamente. - Ken se girou, tomando cuidado de manter os arbustos rodeando-o ainda. Esperava que a escuridão tivesse escondido seu leve estremecimento quando seu gêmeo fez reluzir o passado. Não pensava muito na tortura, sendo talhado em pedaços diminutos, seu traseiro esfolado, ou como sentia deslizar a faca através de sua pele. Mas tinha pesadelos cada vez que fechava os olhos. Então recordava tudo. Cada corte, seus próprios gritos ecoando profundamente onde ninguém podia ouvi-los. O cervo que pendurava dos ganchos para carne trouxe tudo de volta com detalhes duros e vívidos. Não podia evitar perguntar-se se tudo isto não era parte de um plano muito maior. Estirou a mão, comprovando os tremores. As cicatrizes eram rígidas e suspensórias, mas sua mão já estava estável. —Por que crê que nos escolheram para lhe proteger? Temos uma rixa contra este homem. Sabemos que é mais do que todos pensam, por isso quem melhor que nós para lhe tirar sem perguntas? Quem melhor para lhe jogar a culpa? Algo não está bem. —O que não está bem é proteger a este bastardo. Deixemos que o matem. Ken olhou a seu gêmeo. —Está escutando a ti mesmo? Não somos quão únicos sabemos que o senador Freeman não é tão limpo como levaram a acreditar no público. Todos foram interrogados quando voltamos do Congo, ambas as equipes e chegamos à mesma conclusão, que o senador estava sujo, embora nunca foi questionado, nunca repreendido ou exposto. E agora nos ordenaram protege- lo de um intento de assassinato. Jack esteve em silencio por um momento. —E crê que nos tenderam uma armadilha para pagar o pato se o conseguirem. —Demônios, sim, acredito isso. A ordem veio diretamente? Em realidade o disse ao Logan pessoalmente? Por que não o prendem, se sabem que este tipo esta sujo? E só rechaçamos um trabalho para nos desfazer do General Ekabela, outro velho inimigo nosso, a gente relacionado com este senador. Parece-me um pouco como uma pauta. —Ekabela foi eliminado de todas as formas. Só enviaram a outro atirador e não consegui o prazer de pôr ao tipo no chão. Ken franziu o cenho a seu gêmeo. —O estas fazendo pessoal. —O senador o fez pessoal quando o entregou a Ekabela para que esse sádico pudesse te torturar. Não vou fingir. Quero ao senador morto. Ken. Não me importa olhar para outro lado se alguém quer lhe cortar a garganta. Se viver e segue o caminho no que está, está obrigado a converter-se em presidente ou ao menos em vice-presidente, e então onde vamos estar? É consciente que sabemos que está sujo. A primeira coisa que faria é nos mandar em uma missão suicida. —Como quando quiseram nos mandar de volta ao Congo para matar a Ekabela? —Teve que deixar de olhar aqueles cadáveres. Ia ficar doente, seu estômago se revolveu em protesto. Quase podia ouvir a destilação constante de sangue ainda quando estava a várias jardas de distância. Corria como uma pequena corrente através das pranchas e se acumulava em um atoleiro escuro e brilhante. Tratou de isolar o som de seu próprio grito na cabeça, mas subia por sua pele e cada cicatriz palpitou como se cada nervo recordasse as navalhadas estáveis da implacável faca. —Ekabela merecia morrer - disse Jack—. Merecia mais que isso e sabe. Destruiu povos, cometeu genocídio, controlou a indústria da droga e roubou às Nações Unidas quando trataram de levar comida e remédios à área. —É verdade, mas olhe quem ocupou seu lugar. O general Armine, mais temido e odiado que Ekabela, e que estranho foi que a transmissão de poder fosse tão fácil. 3


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—Que demônios está tratando de dizer, Ken? Ken elevou a vista para as nuvens que obscureciam uma parte da lua, as olhando tecer um escuro véu lento e vagamente sem nenhum lugar aonde ir. Recordou a pauta das nuvens na selva, o balanço da canopia e o aroma de seu próprio suor e sangue. —Estou dizendo que nunca fazemos as coisas pessoais, mas alguém o esteve fazendo por nós. Eu não gosto disso e este trabalho eu gosto ainda menos. Acredito que nos estão estendendo uma armadilha de novo. Não acredito em coincidências, e esta é uma enorme. Jack jurou baixo e pôs seu olho na mira, inspecionando com cuidado a cabana da montanha várias centenas de jardas daí. —Está aí com sua esposa. Poderíamos lhe tirar e sair graciosos; ninguém se daria conta. —Só nossa equipe inteira. Jack dirigiu um pequeno sorriso sem humor a seu irmão. —Me teriam ajudado e sabe. Odeiam a esse homem quase tanto como eu. —Alguém quis ao Armine em uma posição de poder. Alguém aqui, nos Estados Unidos. Pensei muito sobre isto, Jack. Cada missão a que fomos atribuídos o ano passado criou um vazio, um buraco pelo que algum outro dos baixos recursos se metesse. Dos senhores da droga colombianos até o General Ekabela no Congo, criamos uma vacante naquelas posições de poder e alguém esta manipulando isto. Simplesmente não penso que seja o presidente dos Estados Unidos. —Jogou uma olhada rápida a seu irmão—. Verdade? Jack jurou de novo. —Não. Penso que estamos fodidos. —Não posso perguntar ao Logan se o almirante lhe deu a ordem cara a cara, porque Jesse Calhoun contatou com ele, disse que era urgente, e Logan foi ver o. Jesse esteve dirigindo uma investigação sobre o vínculo do senador e Ekabela. Isso é pelo que Kadan Montague tomou seu lugar na equipe. —Pensei que Jesse estava ainda em uma cadeira de rodas - disse Jack—. Quão último escutei é que estava inativo e fazendo fisioterapia. —Bem, aparentemente está trabalhando de novo. É um dos psíquicos mais capitalistas em nossa equipe e tem cérebro. O almirante não ia deixá-lo. É um inferno de coisa o que lhe fizeram. Entre o realce, os experimentos psíquicos e as pernas do Jesse, têm o palito mais curto. —Todos o temos. Quando nos oferecemos para as provas psíquicas - disse Jack—, não tínhamos nem idéia de que apontávamos uma arma contra nossa cabeça. Estamos fodidos, Ken. Estamos metidos nisto tão profundamente. Demônios! Todos os Caminhantes Fantasmas o estão. Em que nos colocamos nós mesmos? Ao menos se ofereceram voluntários para a experimentação. Todos os Forças Especiais, todos militarmente treinados. As mulheres tinham sido bebês, órfãs que Whitney tinha adotado em países estrangeiros, meninas que tinha comprado e pago, experimentando com elas sem pensar em suas vidas. Ken sacudiu a cabeça. —Não sei, mas temos que averiguá-lo. O coronel Heggens tratou de tirar o Ryland Miller da equipe. Assassinou a um par deles antes que escapassem e o expuseram. Talvez não conseguissem a cabeça da serpente. —Sabemos que a cabeça é o doutor Whitney. É o cérebro. Levantou os experimentos, tinha os contatos, o dinheiro e a autorização para ter luz verde, e fingiu sua própria morte. Encontrando ao Whitney, matamos a serpente. —Talvez. —Não houve duvida na voz do Ken todos cremos que Whitney foi assassinado. Então cremos que fingiu sua própria morte para continuar com seus experimentos ilegais, que 4


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estava dirigindo sem interrupções justo com seus experimentos militares. Agora… - Se acalmou, olhando as nuvens de novo. A contínua destilação de sangue parecia muito alta na noite. Nunca antes seu passado lhe tinha consumido até o ponto de pôr em perigo uma missão, mas pela primeira vez, estava começando a duvidar de sua habilidade para manter-se concentrado. —Crê que alguém esta detrás do Whitney para matá-lo de verdade e teve que fingir sua própria morte, não para ocultar-se da exposição e de nós, a não ser para não estar no ponto de mira? —Jack se esfregou as têmporas—. Como demônios nos colocamos nesta confusão? —Importava-nos um nada em seu momento - disse Ken—. Agora tem uma esposa e gêmeos em caminho e tem algo pelo que viver. Vamos retirar-nos, nos reagrupar com nossa equipe, e realizar algumas perguntas incômodas. Podemos fazer que Logan fique em contato com a equipe do Ryland Miller e entre todos poderíamos ter o suficiente cérebro para averiguar que está passando. Jack franziu o cenho, retrocedendo, e usando os cotovelos e os dedos dos pés, movendo-se pouco a pouco através da pesada folhagem. —Não podemos abandonar ao bastardo a um disparo fácil, verdade? Se alguém mais o quiser morto, provavelmente deveríamos averiguar quem e como nos afeta. Ken se moveu através de um caminho de coelho, com o estômago pego ao chão, a arma embalada fora da sujeira. Por um momento teve um mau pressentimento. —Sente-o, Jack - sussurrou Ken, o olho na mira. Algo está mau. Comunicou-se telepaticamente com seu irmão gêmeo. Era uma habilidade prática quando queriam permanecer ocultos. Tinham estado falando uma e outra vez assim desde que Ken podia recordar, nunca precisaram comunicar-se verbalmente quando a telepatia era tão útil. Por conseguinte, tinham um vínculo forte que os tinha mantido em um bom lugar durante anos. O experimento psíquico com o que tinham estado de acordo depois do treinamento nos SEAL só tinha potencializado esta poderosa ferramenta. Também o sinto. Kadan envia o alerta. Vão vir duro e rápido. Vamos ter que proteger a este bastardo. Quem quer que o queira morto já está aqui. Ken manteve o olho no senador através da janela. A esposa troféu jovem e bela do senador é consciente de que têm visita também. Olha-a. Jack tratou de ver através da mira. Através da janela da cabana uma loira se agachou para dar um beijo na bochecha de seu marido. Ela disse algo, sorriu, mostrando um montão de dentes e o senador lhe respondeu, tocando seu queixo. Girou-se, para a janela, lhes dando uma visão de sua cara. OH sim, sabe. E não há dito nenhuma palavra a ele, disse Jack. Uns montões de bons homens poderiam cair esta noite. Ken logo que podia resistir o impulso de deslizar-se na casa e salvá-los do problema cortando a garganta do bastardo. O senador tinha traído o seu país por dinheiro, ou poder, ou a combinação de ambos. Ao Ken importava um nada quais fossem seus motivos; vendeu-se. E tinha sido a ceva que tinha enviado Ken ao Congo em uma missão de resgate, uma missão que lhe tinha enviado direto ao inferno, e a seu irmão detrás dele. E agora, ironicamente, estavam protegendo ao traidor. —Demônios qual é o nome de sua esposa? —perguntou Jack—. Não crê que seja uma de nós? Um Caminhante Fantasmas? Ambos estudaram à loira alta cuidadosamente. Afastou-se do senador para a seguinte habitação, onde alcançou várias armas, as sujeitando como se soubesse o que estava fazendo. Ken inspirou profundamente e o deixou sair. A esposa do senador? Um Caminhante Fantasmas? Qual era seu nome? Violet Smythe. No relatório havia pouco de sua vida antes de casar-se com o senador. Violet. O nome de uma flor. Quando tinham sido informados a respeito 5


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dos experimentos psicológicos com os meninos, os órfãos nos que trabalhou tinham sido todas fêmeas e lhes tinha dado nomes de flores. —Violet - disse alto. Onde encaixava ela em tudo isto? Como poderia um Caminhante Fantasma trair a seus companheiros soldados? Sabia pelo que tinham passado. Olhou fixamente através de sua mira outra vez, apontando ao olho esquerdo do senador. Tudo o que tinha que fazer era empurrar o gatilho e se teria acabado. Ninguém mais seria assassinado. Um disparo e o homem que lhe tinha entregado nas mãos de um louco estaria morto. Sei o que está pensando, disse Jack. Deus sabe que se alguém tiver uma razão para matar a esse filho de puta, é você. Se quiser fazê-lo, Ken, diga uma palavra e o faço agora. Jack o faria em um batimento do coração. Ken tocou sua mandíbula cheia de cicatrizes. Havia pouca sensação em qualquer parte de sua pele, e pouco deixou do que uma vez foi sua formosa cara ou corpo. Um tremor percorreu seu corpo, e por um momento, a raiva explorou quente, pura e sem estar coberta pelo gelo que usualmente levava. Vacilou, sabendo que poderia assentir com a cabeça e Jack apertaria o gatilho. Ou, ainda melhor, poderia fazê-lo por si mesmo e teria a satisfação de saber que tinha eliminado a um traidor. Inalou profundamente e respirou longe toda emoção. Este caminho levava a loucura, e se negava a seguir com a herança com a que tinha nascido. Sentiu o alívio do Jack e compreendeu como perto tinha estado vigiando seu irmão ultimamente. Estou bem. É obvio Jack sabia que suava profusamente e escutava gritos. Jack e Ken viviam na mente do outro. Jack sabia. E o conhecimento de que não tinha sido capaz de tirar ao Ken antes que Ekabela lhe torturasse o corroia. Isso não importava ao final Jack lhe tinha tirado e tinha sido feito prisioneiro. Jack acreditava que tinha que havê-lo impedido. Estou bem. Repetiu Ken. Sei. Mas não estava bem. Não tinha nascido bem, não tinha estado bem de menino, ou em sua carreira militar. Estava pior desde sua captura e tortura no Congo, os demônios o montavam duro, dia e noite. E agora, com o senador necessitando amparo, provavelmente do mesmo homem que lhe tinha estado pagando por anos, Ken sabia que a perigosa sombra dentro dele se converteu em uma ameaça muito real para sua saúde. Temos companhia, anunciou Kadan telepaticamente. Estejam alerta. Empurrarei ao senador a uma habitação segura. Kadan. Vigia à esposa, advertiu Ken. Acreditamos que pode ser uma das nossas. Está armada até os dentes e sentiu a presença de intrusos no momento em que nós o fizemos. Kadan nunca expressava surpresa. Ninguém estava realmente seguro de se sentia emoções depois de tudo. Parecia uma máquina, de fato, simplesmente para seu trabalho. E era bom nisso. Entendido. Ken se colocou em sua posição. A vida do Kadan dependeria dele. Jack manteria ao senador vivo. Se Violet fazia um movimento contra Kadan, era mulher morta. Manteve-se concentrado em seu objetivo principal. Kadan se moveu através das sombras. Era quase impossível lhe ver. Um bordo impreciso às vezes, uma percepção de movimento, só porque Ken sabia onde ia estar. Tinham revisado sua rota várias vezes. Ken o manteve claro, varrendo a área circundante com a consciência aumentada. Uma equipe de assassinos estava movendo-se pelo lugar, e tratariam de reduzir qualquer número contra eles. Neil Campbell e Rique Aikens eram impossíveis de localizar, mas estavam ali. Martin Howard tinha retrocedido para ajudar Kadan a assegurar ao senador.

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Kadan alcançou o alpendre, movendo-se por diante dos cervos mortos que se balançavam, para entrar na cabana. Falou brevemente com a Violet e ambos se apressaram à habitação do senador, lhe empurrando de volta à cozinha onde estava a “habitação segura”. O quarto incombustível estava debaixo do chão principal. Os cervos mortos que se balançavam macabramente chamaram a atenção do Ken de novo. O sangue gotejava. A brisa da noite trazia o aroma. Tragou a bílis, limpou as gotas de suor da frente, e pôs de novo o olho na mira. Algo sobre os cervos lhe incomodava, não o deixaria ir. Uma sombra parecia crescer no lado oposto dos cervos, emergindo na parte superior perto do gancho de carne. Ken apertou o gatilho e a sombra caiu com um forte ruído surdo, um braço se estirou como se suplicasse. Inclusive enquanto Ken disparava, a arma do Jack soou, e um segundo corpo caiu simultaneamente, no lado mais longínquo do telhado. Um terceiro disparo ressonou enquanto Jack se escapulia entre os arbustos para cobrir-se, a bala golpeou onde tinha estado antes sua cabeça. Ken já estava apontando ao breve brilho. Tomando seu tempo, apertou seu dedo sobre o gatilho enquanto trocava a uma posição de caçador. A bala golpeou a casa, conduzindo ao atirador para trás, com o rifle ainda em suas mãos. Ken seguiu com uma segunda ronda, mas seu objetivo estava caindo através dos ramos da árvore. Sabia que nenhuma de suas balas tinha matado a seu objetivo, um acontecimento estranho. Com o olho na mira, seguiu o caminho do atirador enquanto caía para baixo pelo pendente, chocando através das árvores e os arbustos. Imediatamente a consciência golpeou através da mente do Ken, como se todos os membros dos Caminhantes Fantasmas e o esquadrão assassino estivessem conectados de algum jeito com o atirador cansado. Retire-te, Ken! Kadan emitiu a ordem. Estão dando meia volta para proteger a esse homem. Alcança-o primeiro. Quem quer que seja, é mais importante que o objetivo principal. Assegura ao atirador imediatamente. Sujeitaremos a sua equipe enquanto tenta fugir. Cubro suas costas, disse Jack desnecessariamente. Cada membro da equipe dos Caminhantes Fantasmas sabia onde fora Ken, também o fazia Jack, e vice-versa. Houve um instante de tranqüilidade e logo uma corrente elétrica chispou no ar, fazendo um ruído seco e com um brilho, tão real que os borde das nuvens se iluminaram em resposta à corrente. O poder aumentou. Não havia duvida pela ansiedade repentina do ambiente. Brilhou sobre a brisa da noite, um alarme repentino que os outros membros da unidade do atirador não puderam controlar. Ken se levou o rifle ao ombro e aliviou o passo. Sabia a localização do corpo, e a julgar pela maneira em que o franco-atirador tinha cansado, tinha estado caindo inconsciente. Isso não queria dizer que seguisse inconsciente. Igual aos outros, era um súper-soldado, realçado tanto física como psicologicamente. E isso queria dizer contê-lo tanto como fosse possível. Ken planejava cada movimento enquanto corria confiando em que Jack manteria ao inimigo afastado dele. Dois disparos soaram quase simultaneamente. Uma bala zumbiu a sua direita, cortando a casca da árvore perto de onde girou. O atirador lhe tinha antecipado saltando de um tronco cansado a outro para ganhar a colina longínqua. Jack sem dúvida tinha estado mais acertado com sua bala, porque ninguém mais disparou ao Ken apesar do ardor entre suas omoplatas. Temo-lo imobilizado. A voz do Kadan foi de ultra calma. Estou-lhes impedindo de comunicar-se, mas não poderei sujeitá-los para sempre. Agarra ao atirador, lhe tire daqui, e por Deus, o mantenha vivo para que possamos lhe tirar informação. O resto tirará o senador e a sua

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esposa fora daqui. Chamei a um segundo helicóptero. Tomaremos a rota de escape secundária. Vão com Nico e consigam uma casa segura. Entendido. Enviou de volta Jack. Estariam sozinhos uma vez que determinassem uma localização para manter ao prisioneiro, ao menos até que Kadan e o resto da equipe estivessem seguros de que o senador estava a salvo. Ken se moveu através da sujeira solta e as folhas, cuidando de não deixar rastro. A velocidade era essencial, Jack disparou duas vezes mais. Estão tomando posições, Ken. Não querem que consiga a esse homem. Estou justo detrás de ti, só não me pegue um tiro. Jack recarregou enquanto corria mantendo a pesada folhagem quando varreu a região procurando algum signo do inimigo, protegendo ao Ken enquanto ziguezagueava através das pesadas árvores e arbustos para alcançar ao inimigo cansado. Ken reduziu a marcha enquanto se aproximava de sua presa. Se o homem ainda estava vivo como Ken acreditava que estava - poderia estar muito bem armado e preparado para o ataque. Havia um zumbido na cabeça do Ken, a pressão que acompanhava à comunicação telepática. Alguém que não era de sua própria equipe estava tratando de falar, mas Kadan era um escudo forte e tinha êxito em interferir em todas as interações psíquicas. Poucos soldados realçados poderiam fazer o que Kadan podia, e era provavelmente uma surpresa para a equipe de assassinos. Mas também estava claro que a outra equipe também estava realçada não só fisicamente, a não ser psiquicamente também, o que significava que também eram Caçadores Fantasmas. Tinha que ser Whitney vindo atrás do senador. Queria dizer que tinham discutido? Ken continuou com mais cautela, cuidando de mover-se com o vento, e evitando pisar nos ramos do chão. O atirador saberia que vinha, mas vacilaria ao disparar, assustado de ferir um dos seus. Estava pedindo ajuda, o zumbido frenético e contínuo na cabeça do Ken o dizia. Não havia palavras, Kadan se encarregava disso, mas todos os abertos a uma interação extra sensorial saberiam que o atirador estava vivo e pedindo ajuda. Ken teve que fechar todos os contatos psíquicos imediatamente antes que os esforços combinados da outra equipe lhe sobrecarregassem. Apartou a folhagem e viu o atirador caído justo diante dele, ocultando-se. A primeira bala lhe tinha golpeado no peito, e tinha posto ao menos um, possivelmente dois coletes, fazendo que seu peito parecesse como um barril baixo sua roupa refletivo. A armadura corporal lhe tinha salvado a vida, mas a segunda bala lhe tinha talhado a perna. O sangue salpicava as folhas e a erva com grandes manchas negras. Às vezes Ken pensava que não voltaria a ver sangue tão vermelho. Na selva o sangue tinha parecido negro, reunindo-se a seu redor como em um rio. Pendurou o rifle ao redor do pescoço e tirou a pistola, sendo cuidadoso agora enquanto se aproximava do franco-atirador. A arma do homem devia haver-se enredado nos arbustos, mas o atirador a tinha sujeitado com força, e isso dizia ao Ken que o homem não estava inconsciente. Não se movia e não tinha a arma em uma posição de disparo, embora estivesse em sua mão e o dedo no gatilho. Ken se moveu fora do campo de visão do atirador, assegurando-se que o homem ferido teria que girar-se em um ângulo incômodo. E isso não ia passar devido à forma que apresentava a perna. O homem estava completamente em silêncio, enroscado como uma cascavel, esperando por um amigo ou um inimigo para ficar em ação. Ken se moveu muito depressa, enganchando o rifle e arrojando-o longe antes que o atirador fosse consciente de que estava em cima dele. O atirador não brigou pela arma; em troca, sua mão livre se moveu como um relâmpago, arrastando brandamente uma pistola do afeto em sua bota sangrenta, a mão se deslizou muito rápido, um dedo no gatilho, levantando-o para sua própria cabeça. 8


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O coração do Ken quase parou. Reagiu quase sem pensá-lo, chutando duro, conduzindo a ponteira de sua bota para a mão, mandando a pistola a voar e escutando com satisfação o rangido dos ossos. O atirador ainda não fazia nem um ruído, mas sua outra mão foi pela faca escondida. Tão brandamente. Tão rápido. O atirador ia matar se para evitar a captura. Com que tipos de fanáticos estavam tratando? O atirador usou sua mão quebrada, embora não se estremeceu enquanto tirava a faca, mas esta vez gritou quando Ken pisou muito forte a mão, imobilizando a faca no chão. O grito foi em um tom agudo e enviou um calafrio pela coluna do Ken. Agachou-se junto ao homem ferido e olhou seus grandes olhos com largas pestanas. Olhos que reconheceu. Olhos que lhe tinham estado olhando com risada e carinho. Os músculos de seu estômago se apertaram, e jurou brandamente baixo enquanto tirava de um puxão a touca da cabeça do homem. Não parecia um homem, e malditos fossem todos, sabia exatamente quem era. Esse pequeno segundo de reconhecimento foi suficiente para ela. Golpeou com o cotovelo sua garganta, procurando um golpe mortal, tratando de passar através de sua traquéia e esmagar sua via respiratória. Definitivamente estava realçada fisicamente. Tinha a velocidade e a força apesar de suas feridas, mas Ken evitou o golpe e tirou seu estojo de primeiro socorros, logo apoiou seu peso sobre ela, a sujeitou, e preparou a agulha. Usando os dentes, tirou a capa e deu ao êmbolo, injetando-a rápido, rezando que não fosse alérgica e pudesse lhe fazer uma rápida verificação e fugir. Jack subiu atrás dele, tomando posição olhando longe deles, fazendo um varrido com seu rifle para manter atrás a qualquer do esquadro do franco-atirador que pudesse deslizar-se através da rede de sua equipe. —Depressa - grunhiu Jack—. Nocauteia-o e deixa de ser tão amável. —É Mari - sussurrou Ken, precisando dizê-lo alto. —O que? —Jack se girou, olhando ao atirador enquanto seus olhos revoavam até fechar-se—. Está seguro? Ken atirou do cinturão solto da mulher e o grampeou ao redor de sua perna. —É isso ou sua esposa está jogando a franco-atirador com a outra equipe. Tem que ser Mari. Vê-se exatamente como Briony. Jack se deu a volta até que teve uma boa visão da cara da mulher. Havia sujeira, arranhões e sangue, mas a visão de seu pálido cabelo, platina e ouro que se derramava ao redor de sua cara, quase lhe pararam o coração. —Vai superar? —Estou tentando. Perdeu muito sangue. Jack. Kadan e os outros não serão capazes de mantê-los muito mais. Quem é nosso médico? —Nico é o mais próximo. Virá no helicóptero, aproximadamente em uma hora. —lhe diga que nos encontraremos no ponto. Vamos carregá-la e esperar que não sangre enquanto fugimos. —Ken alcançou a parte superior da mulher para agarrar seu braço. Inalou enquanto o fazia. Tinha estado contendo o fôlego sem dar-se conta, assustado por cheirar sua essência. Whitney para muitos experimentos, tudo sobre o realce genético das feromonas. Ken não queria ser parte disso. Já tinha bastante ao que enfrentar-se. Mari era pequena e proporcionada baixo o colete, as roupas de camuflagem e as botas de regulamento. No momento que Ken fez entrar seu aroma em seus pulmões, soube que estava em problemas. Pouco importou que estivessem rodeados pelo inimigo, ou que cheirasse a suor e sangue; seu aroma natural atuou como uma droga poderosa, um afrodisíaco e encontrou a seu corpo reagindo apesar da perigosa situação. Apertou os dentes e a carregou no ombro, logo se moveu rapidamente através dos arbustos para o ponto de encontro com o helicóptero. 9


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Jack recuperou sua arma, pendurando-lhe ao redor do pescoço e foi detrás de seu irmão, forçando sua atenção em mantê-los vivos e não se preocupando com o que podia passar à irmã de sua mulher. Kadan e o resto da equipe poriam a salvo ao senador e a sua mulher, utilizando os veículos. Kadan já tinha pedido outro helicóptero para um recolhimento em uma localização oposta. Ken e Jack estavam bastante seguros de que a equipe de assassinos ia carregar contra eles e seu prisioneiro, ou ao menos dividir-se. Em qualquer caso, Kadan precisava fazer perguntas à esposa do senador. Ao menos precisavam lhe jogar uma olhada mais de perto. Ken correu sentindo com cada passo que dava o peso do conhecimento de que tinha sido ele que tinha disparado à mulher. Se morria, não seria capaz de fazer frente à Briony, a mulher do Jack. Queria a Briony. Aceitou-o com sua feia cara e seu corpo, nunca se estremeceu ou apartou os olhos. Mas mais que sua aceitação, tinha trocado a vida do Jack. Havia trazido felicidade e esperança a ambos quando seu mundo tinha sido triste e implacável. Briony e sua irmã gêmea tinham sido duas das órfãs sobre as que Whitney tinha feito experiências e tinha separado às gêmeas, mantendo Marigold e dando Briony em adoção. Briony estava desesperada por encontrar Mari, e se Ken a tinha matado, não tinha nem idéia do que faria a sua família. Mandou uma silenciosa prece enquanto corria tratando de ignorar o aroma do sangue e a sensação de umidade em sua camisa. Tinham estado procurando Marigold, desembaraçando as pistas que lhes levariam até ela durante semanas. Começaram pela premissa de que Whitney ainda a tinha encerrada em um de seus muitos recintos. As localizações eram secretas e difíceis de encontrar, já que tinha uma autorização de alta segurança e alguém de muito acima estava lhe ajudando a cobrir seus rastros. Mas tinham o nome e o número de registro do jato privado que tinha aterrissado no Congo levando ao senador. E havia um jato privado levando aos homens que tinham seguido Briony através do país. Os jatos eram propriedade de duas corporações diferentes. A companhia em Nevada tinha um secretário que simplesmente declarou que o proprietário, um tal Earl Thomas Barlett, não estava disponível. Assinava todos os documentos e possuía uma casa, embora não havia nenhum documento público sobre ele, nem sequer uma carteira de motorista. Bastante estranhamente, a companhia de Wyoming refletia a de Nevada. Ambas as companhias consultoras estavam representadas pelo mesmo advogado, que tinha comprado os jatos para cada uma. A corporação em Wyoming possuía bastante terra selvagem nas Cascatas, inacessível para todos exceto para pequenos aviões que tomavam terra em uma pista de aterrissagem muita cara ou por um rio rápido e perigoso. O senador resultou que só possuía sua própria cabana de caça em uma terra limite e tinha privilégios de aterrissagem jogo de dados pela companhia consultora de Wyoming. O mesmo advogado tinha sido usado para adquirir esses direitos. Jack e Ken tinham estado a ponto de fazer um pequeno reconhecimento quando chegaram às ordens de proteger ao senador. Sua equipe tinha tomado o helicóptero em uma zona remota, tinha estabelecido à vigilância e um plano de saída. O senador tinha insistido em que ele e sua mulher deviam continuar com sua viagem de caça apesar do perigo, e ela tinha coincidido, rechaçando a recomendação da equipe de mover-se a uma área mais segura. Ken tratou de não pensar na mulher pendurada sobre seus ombros, ou como seu corpo se sentia contra o dele. Não queria tocar sua pele ou procurar seu pulso, ou reconhecer como seu cabelo sedoso se deslizava ao longo de sua mandíbula onde sua cabeça ricocheteava. Parecia envolvê-lo, e seu aroma o empapava através de seus poros, seus pulmões, profundamente em suas vísceras e ossos onde sabia que não poderia eliminá-la.

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Queria estar intumescido para o resto de sua vida. Não queria confrontar outra prova de fogo. Não estava seguro de ser o suficientemente forte para vencer a raiva que vivia e respirava dentro dele. Não podia permitir-se sentir. Não podia permitir-se desejar ou necessitar. Vivia para o trabalho. Vivia para manter Jack a salvo e agora a Briony e aos gêmeos que levava. A vida para ele parou quase antes que tivesse nascido e era muito mais seguro para todos assim. Esta mulher desconhecida, o inimigo, podia lhe destruir não só a ele, a não ser a sua família. Não era por culpa dela, mas não permitiria que a compaixão influísse em sua razão. Não ia converter se em mais monstro do que já era. Lentamente, polegada a polegada, sua vida tinha sido posta em perigo, até que sua pele refletia as escuras sombras dentro dele onde ninguém podia as ver. Os sabujos foram liberados, advertiu Kadan. Nenhum ficou para perseguir o senador. Vão detrás de vocês, não me atrevo a deixar ao senador, no caso de ser uma armadilha, mas tomem cuidado. Não estou seguro de quem é o atirador, ou por que é tão importante, mas saiam daqui. Estão em território inimigo. E será capaz de comunicar-se com eles se não o tirarem fora de alcance. Entendido, disse Jack. Tinha retrocedido inclusive mais longe para protegê-los enquanto corriam para a segurança. E nosso ele, é uma ela. Ken não se incomodou em lhe agradecer. Chapinhou através de três correntes estreitas e subiu por um aterro escarpado, agradecido pelo fato de que estivesse realçado geneticamente. Podiam correr largas distâncias sem lutar por tomar ar e levando a mulher, pequena que era não era um problema. Mas os soldados que vinham atrás deles estavam também realçados, e levavam armas. Tratou de permanecer na folhagem mais espessa quando era possível, profundamente nas árvores, cuidando de não expor seu corpo enquanto corriam para o ponto de encontro. O som do helicóptero o alcançou. Estava voando baixo e rápido. Kadan tinha sujeitado a outra equipe para lhes dar a pausa que necessitavam. Poderiam voltar-se por ti, por pura frustração, advertiu Ken ao Kadan. Nico voou sobre aquela extensão de terreno da corporação que vocês disseram que possuíam. É uma instalação de treinamento militar, anunciou Kadan. Tome cuidado, poderiam rastreá-los no ar. Ken jurou brandamente e se moveu a uma posição justo ao lado do claro, onde poderia permanecer coberto pela folhagem. Jack subiu atrás dele, mas vigiando o caminho pelo que tinham vindo. —Precisa permanecer fora disto, Jack - disse Ken—. Farei que Nico me deixe cair em uma casa a salvo e você estará em casa com Briony. O mais provável é que isto não acabe bem. —Não sairei correndo e te deixarei neste ninho de vespas. —E o que se a matamos? Então o que? Só vá a casa e estará fora disto. Nunca lhe diga que encontramos sua irmã. —Mentir a Briony? Viver uma mentira com ela? Isso é o que todos fizeram com ela todos estes anos. E maldito seja se o faço. Prometi-lhe que sempre lhe diria a verdade, e não importa como de sujo fique isto, direi-lhe tudo da maneira em que aconteceu. —Não tem porque estar nisto. —Não trocamos as coisas a estas alturas. Briony não quererá isso e nunca o faria. O que esteja pensando, Ken, esquece-o. Se houver uma oportunidade de tirar a irmã do Briony limpa, fálo-emos. Se não puder recuperá-la, então não temos eleição aqui e o aceitaremos. —Briony não o fará. —É mais forte do que crê que é. Não quer que Whitney ponha suas mãos em nosso bebê mais do que eu o faço. Não parto, assim deixa-o. 11


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Ken manteve seu olhar no helicóptero enquanto baixava para o claro. Nico estava na porta, às mãos prontas, o olhar fixo para cobri-los enquanto corriam.

Capítulo 2

Marigold Smith parecia estar flutuando em muito dor. Não era inteiramente incomum despertar dessa maneira, mas esta vez seu coração estava pulsando com total temor. Tinha estragado a missão. Não tinha conseguido falar com o senador e rogar por seu caso. Não o tinha protegido, e quando foi capturada, não tinha arrumado para acabar com sua própria vida. Não tinha nem idéia de se o senador estava a salvo ou se tinha sido assassinado. Não seria tão fácil para ninguém chegar até ele através da Violet, mas então Marigold não tinha considerado que ela tampouco teria êxito. Brevemente permitiu que esse fracasso escavasse sua confiança em si mesma. Queria manter os olhos fechados fortemente e derrubar-se na miséria. Tinha sido tomada prisioneira pelo inimigo e era muito tarde para terminar com sua vida e salvar às outras. Isto lhe deixava uma opção, tinha que escapar. Sua perna, suas costas, seu peito e inclusive sua mão pulsavam e queimavam. O pior de tudo, não tinha uma âncora para evitar que a sobrecarga psíquica lhe fritasse o cérebro. Estava totalmente aberto para o assalto, e isso era mais aterrador que todas as feridas físicas do mundo. Sentiu mais que ouviu um movimento perto dela e manteve seus olhos fechados, quase sem respirar. Não houve som de passos, mas teve a impressão de que alguém grande e muito capitalista se inclinava sobre ela. Queria agüentar a respiração, a sobrevivência elevando-se bruscamente, mas então ele saberia que estava acordada. Tomou ar e o manteve em seus pulmões. Ele cheirava a morte, a sangue, a especiarias e a ar livre. Cheirava perigoso e como tudo o que não queria tudo o que temia. Mas seu coração se acelerou e sua matriz se apertou, o estômago fez um pequeno salto assustado. Seus olhos se abriram de repente, apesar de toda sua resolução. Apesar do perigo. Apesar dos anos de treinamento e disciplina. Seu olhar se chocou com o dele. Seus olhos eram os mais aterradores que tinha visto nunca. Frio aço. Uma geleira, tão gelado que sentia como se o frio queimasse sua pele em qualquer lugar que seu olhar a tocasse. Não havia misericórdia. Nenhuma compaixão. Os olhos de um assassino. Duros, vigilantes e totalmente sem emoção. Pareciam cinza, mas eram bastante claros para ser chapeados. Suas pestanas eram negro azeviche como seu cabelo. Sua cara deveria ter sido formosas –estava construída com cuidado e atenção aos detalhes e à estrutura óssea– mas várias cicatrizes brilhantes e rígidas entrecruzavam sua pele, baixando desde debaixo de ambos os olhos até sua mandíbula e através de suas bochechas até sua frente. Uma cicatriz cortava seus lábios, quase os cortando pela metade. As cicatrizes baixavam por seu pescoço e desaparecia em sua camisa, criando uma máscara inexorável, um efeito Frankenstein. Os cortes eram precisos e frios e tinham sido obviamente infligidos com grande cuidado. —Olhaste bastante ou necessita um pouco mais de tempo? Sua voz fez que seus dedos do pé quisessem curvar-se. Sua reação para ele era perturbadora e nada absolutamente a de um soldado - estava reagindo inteiramente como uma mulher, e nunca tinha sabido que isso fosse possível. Não podia apartar seu olhar do dele, e antes que pudesse deter-se, as pontas de seus dedos riscaram uma rígida cicatriz baixando por sua bochecha. Reforçou-se para o contragolpe psíquico o violento ataque de seus pensamentos e emoções, os fragmentos de vidro em seu crânio que sempre acompanhavam ao toque, e inclusive a 12


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proximidade a outros, mas só podia sentir o calor de sua pele e os bordos duros que tinham sido cortados nela. Agarrou-lhe a mão, o som forte de carne golpeando carne. Seu punho era como umas tenazes, mas apesar de tudo isso, surpreendentemente gentil. —O que está fazendo? Ela tragou o nó de sua garganta que ameaçava afogando-a. O que estava fazendo? Este homem era seu inimigo. Mais importante, era um homem e detestava aos homens e tudo o que eles significavam. Podia respeitar e admirar aos soldados, mas não se relacionava com eles quando estavam fora de serviço. Os homens eram bestas sem lealdade, apesar da camaradagem entre os soldados. Não ia sentir compaixão pelo inimigo, especialmente um que obviamente não podia sentir simpatia pelos outros. Era provavelmente um interrogador, um sádico inclinado a ferir outros da maneira em que ele tinha sido ferido. Deveria ter soltado o braço, mas se sentia impotente para fazer algo que o apaziguasse. Sua máscara era só isso, uma capa sobre a estranha beleza masculina de sua cara. Parecia tão sozinho. Tão incomunicável e distante. —Ainda dói? —O polegar se deslizou em uma pequena carícia sobre seu braço onde as borde continuavam. Sua voz era estranhamente rouca e não tinha idéia do que ia fazer só que quando lhe tocava, a dor de seu corpo retrocedia e todo o feminino dentro dela se estendia para este único homem. Ele piscou. Sua única reação. Não houve troca em sua expressão. Nenhum sorriso. Nada exceto essa pequena baixada de pestanas. Pensou que possivelmente tinha tragado, mas ele girou a cabeça ligeiramente, seus peculiares olhos claros vagando por sua cara, vendo dentro dela, vendo quão vulnerável se sentia, mais mulher que soldado, meio envergonhada, meio hipnotizada. Deu-se conta de que ele não tinha afastado o braço. Era como tocar a um tigre, uma experiência selvagem e estimulante. Enrolou sua cooperação com essa pequena carícia, a almofadinha do polegar acariciando brandamente daqui para lá sobre essas terríveis e implacáveis cicatrize, evitando que girasse e possivelmente a matasse com um golpe, ou partisse correndo, para sempre perdido antes que ela pudesse descobrir seus segredos e conhecer o homem detrás da máscara. Ele tremeu a menor das reações, mas ela a sentiu, o bastante como um selvagem predador estremecendo baixo um primeiro toque. Ele girou a mão, envolvendo seus dedos ao redor dos seus, sossegando efetivamente seus esforços. Outra vez, ela foi golpeada pela gentileza de seu toque. Não tinha conhecido gentileza em sua vida. Nunca havia tocado a outro ser humano da maneira em que tocava a ele. Olhou para baixo a suas mãos unidas e viu as cicatrizes subindo por seu braço e sua manga. O momento parecia de algum modo surrealista e longínquo a ela. Sua vida tinha sido cheia com treinamento e exercício, um estreito túnel de habilidade e pouco mais que o dever. A vida dele parecia exótica e misteriosa. Havia uma riqueza de conhecimento detrás desses frios olhos. Havia algo quente e perigoso ardendo baixo à geleira que a chamava. O polegar se deslizou sobre a sensível pele do interior de seu pulso. Uma simples carícia. Ligeira como uma pluma. Ela sentiu o espasmo em sua matriz. Seu toque era elétrico. A seda lisa de sua pele em contraste com as violentas cicatrizes dele. Ela não estava sem defeitos, mas esse pequeno toque a fez sentir-se perfeita e formosa quando nunca se havia sentido dessa maneira. Não estava inteira nem completa, mas ele a fazia sentir-se assim quando nada o tinha feito. Onde o polegar passava por sua pele, diminutas chamas lambiam e se estendiam até que sentiu a queimadura subindo a seus peitos e baixando até a união entre suas pernas. Um toque. Isso era tudo e ela era totalmente consciente dele como homem e de si mesma como mulher. Arrancou a mão, afligida pela ruptura do contato, mas atemorizada em revelar muito de si mesma. 13


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Seu olhar permaneceu fixo no seu como se ele a mantivesse ali sem piedade. Tratou de não estremecer, tratou de não umedecer seus repentinamente secos lábios. Tinha sido interrogadas centenas de vezes, mais inclusive, e nunca se havia sentido tão nervosa. —Por que quer matar ao senador? —Sua voz era temperada, não acusadora, a inflexão quase suave. A pergunta a sacudiu. Olhou-lhe fixamente, franzindo o cenho, tratando de assimilar por que perguntaria tal coisa. —Você estava ali para matar ao senador. Estávamos lhe protegendo. —Se você estava ali para lhe proteger, por que toda sua equipe o deixou atrás quando lhe capturamos? Mordeu-se o lábio. Não sabia como podia estar ele geneticamente realçado sem ser parte de sua unidade, uma unidade especial do exército designada para operações secretas, mas nunca lhe tinha visto antes. E ele estava realçado. Podia sentir a força e o poder nele inclusive sem contato físico. —Não posso responder a isso - disse verdadeiramente. —Não estava ali para assassinar ao senador? —Não, é obvio que não. Fomos sua equipe protetora. —Uma equipe protetora não se retira e abandona ao cliente quando uma de sua equipe causou baixa ou é capturado. Sua unidade fez justamente isso. —Não posso responder por minha unidade. —Por que pensou que estávamos ali para matar ao senador? Sem seu toque, a dor a rodeava outra vez. Sua perna bastante ferida para trazer lagrimas ardentes detrás dos olhos. Arriscou-se a olhá-la. A perna estava torcida, mas tinha sido atendida. Suas roupas tinham sido cortadas, o qual queria dizer: não armas escondidas. Só levava uma larga camiseta e sua roupa interior. —Vou perder a perna? —Não. Nico trabalhou em ti antes que o doutor chegasse. Estará bem. Sua mão também está quebrada. Não me deu muita opção. Por que tratou de te matar se estava aqui para proteger ao senador? —Não posso responder a isso. Nenhuma piscada de impaciência cruzou sua cara. Ele não piscou, olhando-a atentamente com olhos frios e gelados. Não tinha medo dele do modo em que sabia que deveria. —Deixe-me te ajudar a sentar. Demos-lhe fluídos, mas não deve tentar beber sozinha. Perdeu muito sangue. Antes que pudesse protestar, deslizou um braço em baixo de suas costas e a ajudou a sentarse, arrumando os travesseiros detrás dela. Ela respirou seu aroma e sentiu imediatamente uma corrente elétrica entre eles. Jurou que pequenas faíscas dançavam sobre sua pele. Sua gentileza a desarmou. Era um autentico assassino. Ela tinha sido soldado toda sua vida e reconhecia a um letal predador quando o via, mas quando a tocava, não havia signos de agressão ou a necessidade de tratar brutalmente ou dominar. Simplesmente a ajudava quando poderia ter retrocedido e olhar sua luta. —Ken? —A voz veio da outra habitação e seu captor deu meia volta para encarar a porta—. Briony diz que traga sua irmã e lhe envia seu carinho. Ela olhou ao homem parado ao lado da cama e seu coração quase se parou. A cara do homem parado na porta era tudo o que deveria ter sido a do Ken. Forte. Bonita. Classicamente formosa. Era a cara que tinha imaginado em um anjo vingador, a estrutura óssea, as linhas e a perfeição masculina. O estranho tinha os mesmos olhos, a mesma boca. Tinha evitado olhar muito 14


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à boca do Ken porque poderia haver ficado fixa nela. A cicatriz que danificava a plenitude suave de seus lábios desde o lábio superior ao inferior e abaixo pelo queixo em uma linha reta, tinha a mesma precisa simetria que as outras cicatrizes que tinha. O homem na porta parou. —Não me dei conta de que estava acordada. Ken se girou para ela, seu braço sustentando ainda seu corpo, enquanto agarrava um copo de água. —Lhe pode arrumar isso com uma mão? Podia disparar uma arma ou lançar uma faca com uma mão. Certamente podia beber água, mas tendo ao Ken perto dela era intoxicante. Nunca tinha sido intoxicada antes tampouco. Permitiu-lhe sustentar o copo contra seus lábios. Suas mãos eram rochas estáveis. Ela tremia. O que fosse que estava afetando-a, certamente não era o mesmo para ele. Mari vacilou, olhando fixamente ao líquido claro com um repentino pensamento de que ela era uma prisioneira e eles queriam informação. Como se lhe lesse a mente, Ken levou o copo a seus lábios e tomou um comprido sorvo. Ela olhou o copo contra sua boca, a maneira em que sua garganta trabalhava enquanto tragava, e não pôde evitar notar essas mesmas horríveis cicatrize em seu pescoço e, ainda mais abaixo, em baixo da camisa. Aonde mais chegariam? Deixou-lhe pôr o copo nos lábios, surpreendida como de boa podia ser a água. Não se tinha dado conta de que estava tão sedenta. Enquanto bebia, teve que forçar sua mente a apartar-se do Ken. Saboreou-o no copo, sentiu-lhe através do fino material da camiseta, ou possivelmente era sua camiseta. Possivelmente isso era pelo que o sentia impresso profundamente em seus ossos. Sustentou o copo contra sua frente, lutando por respirar. Com cada fôlego que levava aos pulmões uma dor aguda lhe apunhalava o peito. —Tem sorte de estar viva - disse Ken, tomando o copo e pondo-o na mesinha junto à cama—. Se não tivesse estado levando dois coletes, estaria morta neste momento. Cami tinha insistido em que levasse dois coletes. Teria que recordar agradecer a sua amiga. Tocou o lugar dolorido. — Foi você? —Apontava a seu olho. Moveu-te enquanto apertava o gatilho. —Figurei-me que dispararia logo que soubesse onde estava. Segui rodando, mas me feriram com ambos os disparos. —Não te matei. —Assinalou sua voz temperada—. E isso é uma coisa estranha. Ela piscou, vendo a beleza de sua cara quando ele queria que visse sua máscara. Sabia que se ocultava detrás da máscara de completa indiferença. Ocultava-se onde ninguém podia chegar a ele e porque lhe importava, não tinha nem idéia. Tinha obrigações e tinha que escapar tão rapidamente como fosse possível. Só sabia que não queria somar-se às cicatrizes deste homem. —Afortunada de mim. Não te matei e isso deveria ser mais estranho. Levantou uma sobrancelha, a única sem uma cicatriz branca cortando os cabelos negros. —Realmente, foi Jack quem quase te feriu. Necessita um analgésico? Mari negou com a cabeça. —Deste-me algo. Estou flutuando. Quão mal é o da perna? —Digamos apenas que vai ter que postergar seus planos de escapamento durante um tempo. Estava-lhe lendo a mente? Era possível. Ela era uma forte telepata; possivelmente ele também. Possivelmente lhe tocando permitia entrar em sua mente. O pânico formou redemoinhos em seu ventre, seu estômago revolvendo-se. O Dr. Whitney tinha feito experiências nos soldados com a idéia de criar uma única equipe de operações secreta capaz de entrar e sair com sigilo das situações, e dirigir qualquer problema que surgisse incluído o interrogatório. Com a habilidade 15


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psíquica correta, possivelmente só seria necessário tocar a outro para extrair a informação requerida. —Não o faço. —O que? —Não estou lendo sua mente. Ela piscou. —Se não o fizer, como sabia o que estava pensando? —Não tem uma cara de pôquer e conheço sua irmã muito bem. —Seu olhar se cravou no seu mantendo-a—. Ela tem um montão das mesmas expressões. O murro lhe roubou o fôlego, roubou-lhe cada fibra de ar em seus pulmões. Como sabia que tinha uma irmã? Quem era ele? Sentiu-se doente, a bílis subindo tão rápido que pressionou o dorso da mão contra sua boca. Tinha falado quando estava inconsciente? Não seria usada para capturar a sua irmã. Nunca. —Minha irmã? Inclusive enquanto ressonavam suas palavras, recordou ao Jack chamando o seu irmão. Briony diz que leve a sua irmã a casa. Briony não era um nome comum. Como sabiam? Nem sequer tinha contado a Cami sobre a Briony. Guardava as lembranças da Briony selosamente, temerosa de que Whitney as tirasse. Permaneceu muito quieta, fazendo-se menor na cama. Possivelmente estava a sua mercê justo nesse momento, mas a subestimariam, especialmente pela maneira em que estava atuando ao redor do Ken. Haveria um momento, quando se voltariam complacentes, quando esqueceriam que era um soldado treinado; que poderia escapar. Estendeu-se telepaticamente chamando os outros membros de sua unidade, esperando que alguém estivesse na freqüência. Às vezes, quando estavam todos conectados podiam estender-se longe, milhas incluso, mas a maior parte do tempo tinha que estar bastante perto. Ken pressionou vários dedos nas têmporas, esfregando-os como se doessem. —Para. Quando te estende para seus amigos, soa como abelhas zumbindo em minha cabeça. Não só é incômodo, mas sim pode ser doloroso. Ruborizou-se, incapaz de evitar que a cor alcançasse suas bochechas. —Sinto muito. Não queria te ferir. —Olhou ao Jack. Estava olhando a seu irmão, sua expressão cautelosa, por que, não podia dizê-lo—. Estava verificando. —Arrumado a que o para - disse Jack—. Ken, por que não toma um momento, eu terei um pequeno bate-papo com nossa hóspede? A tensão na habitação se disparou perceptivelmente. Ken se girou lentamente, as mãos a seus flancos. Não havia nada abertamente ameaçador em suas maneiras, mas o coração da Marigold começou a pulsar com alarme. Estirou-se sem pensar, seus dedos deslizando-se pelo braço do Ken. Sentiu seus músculos ondulando em baixo do fino material de sua camisa e então as pontas de seus dedos se deslizaram sobre a pele morna e ficaram ali. Podia sentir as cicatrizes contra sua suave palma. Outra vez a consciência realçada dele como homem e ela como mulher se disparou através dela. Ken se deteve, permitindo que os dedos se envolvessem ao redor de sua mão, mas não se girou. Encarou a seu irmão, e Mari olhou à janela, tratando de ver sua expressão. No cristal, suas cicatrizes não se mostravam e podia ver a mesma beleza masculina que estava esculpida tão esquisitamente na cara de seu irmão. Seu coração emitiu uma curiosa sensação de afundamento. Tinha o estranho desejo de emoldurar essa cara com suas mãos, de beijar cada cicatriz e lhe dizer que nenhuma delas importava. Mas sabia que não podia. Algo mortal jazia baixo a superfície da destruição, e de algum jeito estava presa a cada uma dessas terríveis marca feitas na carne e o osso. 16


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Jack estendeu as mãos diante dele, mantendo a palma direita para cima. —Era uma sugestão. —Posso dirigir as coisas aqui, sem nenhum problema - disse Ken. Jack se encolheu de ombros e saiu da habitação. —O que foi isso? —perguntou Mari. Ken se voltou para ela, sua cara tão inexpressiva como sempre. —Não sabe? Sabia? Mari estava tão confundida com sua reação para ele, com sua conduta e o fato de que não sofria uma terrível dor enquanto estava perto dele que não podia pensar com a cabeça clara. Ele tinha admitido que lhe tinha dado analgésicos: possivelmente lhe estavam fazendo pensar borrosamente, porque nada tinha sentido. A menos que… Não podia ser. Saberia verdade? Sua boca se secou com o pensamento de que Whitney a tinha emparelhado de algum jeito com este homem. Os dedos se apertaram ao redor de sua mão. —Vem mais perto de mim. Whitney tinha muitos, muitos experimentos e o pior era combinar casais... Seu programa de cria. Foi por isso pelo que tinha convencido aos outros de sua unidade de deixá-la unir-se a eles uma vez mais para que pudesse falar pessoalmente com o senador. Violet a conhecia. Violet responderia por ela. Falando com o senador e pedindo, lhe rogando que interviesse era a única maneira de que ela e as outras mulheres pudessem continuar cumprindo seu dever como soldados. E se ela não voltava para o recinto, muitas pessoas iriam resultar feridas. —Sabe - disse ele, sua voz suave. Ela fechou os olhos e apartou o olhar. Tinha sido treinada como um soldado quase desde dia em que tinha nascido, e estava orgulhosa de suas habilidades. Mas de repente, Whitney tinha tirado as mulheres das unidades e as levou a uma nova localização, um novo centro de treinamento, e se tinham convertido em virtuais prisioneiras. Whitney tinha emparelhado a alguns dos homens com as mulheres usando alguma classe de aroma de compatibilidade. Era mais complicado que isso, mas tinha visto os resultados e não eram muito agradáveis. Os homens estavam obcecados, se as mulheres respondiam ou não a eles. E não parecia lhe importar à maioria deles de uma maneira ou de outra. Ela e as outras mulheres tinham conspirado para conseguir que uma delas saísse do recinto para aproximar-se do Senador Freeman e Violet com a esperança de que fechasse a operação do Whitney e as devolvessem a suas unidades. Mari nunca tinha estado atraída por qualquer desses homens aos que conhecia e respeitava, e agora estava fascinada por um total estranho, seu inimigo, um homem que a teria matado. Não estava só atraída; o sentimento abrangia tudo. Queria aliviar suas feridas. Precisava encontrar uma maneira de levar a solidão absoluta que via nele. De algum jeito Whitney a tinha emparelhado com este homem. Ele não atuava como se fosse recíproco, e Mari estava envergonhada de si mesma. Detestava aos homens do programa de cria por sua falta de disciplina e controle, e agora ela estava atuando quase tão mal. Era uma situação horrível e uma que não ia ser fácil de vencer. O que queria ela de todos os modos? Dormir com ele, justo como os homens para com ela? Pensava que ele ia cair apaixonado como um louco dela? Não havia tal coisa. O amor era uma ilusão. Segundo Whitney, era seu dever dormir com seus companheiros para ter um menino. Até agora, resistiu, e tinha sido castigada em numerosas ocasiões, mas a idéia da intimidade com o Bret, de todos os homens - uma besta viciosa de homem que desfrutava infligindo castigos - era um pouco muito para sua veia teimosa. 17


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Ken não se afastou dela, e lhe deixou ir, o calor de sua pele queimava em sua palma. Ele se negava a apartar o olhar. Podia sentir seu olhar nela, e sacudiu a cabeça. —Conhece o Whitney - disse ele. —Também você. Por que não nos conhecemos? —Levantou suas pestanas, e rogou em silêncio que estivesse equivocada, que ele não ia ter nenhum efeito nela. Os olhos se encontraram com os seus e seu estômago deu esse estúpido salto que estava começando odiar. O formigamento da compreensão se estendeu, convertendo-se em uma rajada de calor que fez que seus peitos se apertassem. Queria chorar. Estava mal manipular a alguém sexualmente, inclusive a soldados educados no dever e a disciplina. —Whitney tem vários experimentos em marcha. Estamos só começando a entender quantos. Adotou a várias meninas de países estrangeiros e experimentou com elas. Apesar de sua autorização, ninguém ia autorizar isso, assim manteve as meninas ocultas usando vários meios. Briony foi adotada por uma família, mas a manteve vigiada, insistindo em planejar sua educação e treinamento ao igual a enviando o seu médico privado para controlar sua saúde. Conheci-a faz umas poucas semanas. Ela tratou de não reagir. Podia ser uma armadilha, uma montagem. Outra prova. Whitney freqüentemente os provava e se falhavam, as conseqüências eram horríveis. Não disse nada, só lhe olhou fixamente. A máscara não revelava nada. Era boa lendo às pessoas, mas não a ele. Nem sequer lhe tocar lhe dava informação, só uma estranha e calmante paz. E não deveria sentir-se em paz; deveria se sentir alerta. Podia ser uma nova classe de droga para interrogar? Quase desejava que o fosse. Temia que fora o princípio de um vício a um homem, e isso simplesmente não era aceitável. —São gêmeas idênticas, obviamente. Parece-se com você. Mari apartou a cara, sabendo que não podia ocultar sua expressão. Tinha desejado informação sobre sua irmã durante anos. Agora, aqui estava se podia acreditá-lo. Debaixo de sua cara, e não era uma grande coincidência? Mordeu o lábio para conter uma resposta sarcástica. Tinha que ser uma montagem. Não havia maneira de que pudesse conhecer casualmente a este homem e de que conhecesse sua longamente perdida irmã. Mas inclusive se estava mentindo, estava muito faminta de notícias de Briony que queria que seguisse falando, e isso era simplesmente patético. —Está escutando? É obvio que escutava. —Eu gosto dos contos de fadas. —Posso parar então. Eu não gostaria de te aborrecer. Afastou-se uns passos, de volta às sombras, longe da luz. Era o primeiro movimento inquieto que lhe tinha visto fazer, quando ele estava tão em controle. O movimento recordou a um grande tigre enjaulado, passeando com impaciência e frustração. Ele precisava estar fora, nas montanhas, longe da civilização. Era muito selvagem, muito predador para estar enjaulado em uma casa. —Estava desfrutando da história. —Tinha revelado muito, ou as tinha arrumado para soar como se isso fora tudo o que era para ela, um conto de fadas? Queria que voltasse, queria-lhe mais perto. Logo que se retirou, a dor a tragou—. É uma âncora - disse. Sem uma âncora para rebater os contragolpes psíquicos, estava sempre totalmente aberto aos assaltos. Como alguém nascido autista, não tinha os filtros necessários para evitar que seu cérebro estivesse baixo os constantes ataques de todos os estímulos a seu redor. Deu-se conta de que ele estava controlando isso para ela. —Sim. Também Jack.

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Jack. O atrativo. O único que tinha a cara do Ken. Como se sentia estando ao lado de seu irmão cada dia, olhando a cara que deveria ter tido? Tinha que doer. Não importava quão estóico fosse não importava quanto quisesse a seu irmão, tinha que olhar essa cara e sentir dor. Mari lhe estudou enquanto inclinava um quadril perigosamente contra a parede distante, ali nas sombras. Estava segura de que era um lugar onde estava mais cômodo. Dava-se conta de que as cicatrizes não eram tão óbvias como à luz deslumbrante? De que quando a escuridão lhe tocava, sua cara era quase tão atrativa como a do Jack? Duvidava-o. Era partidário das sombras porque podia desaparecer nelas. — E Jack conhece esta Briony que afirma que é minha irmã? Ele suspirou. —Vamos jogar? —É um soldado, provavelmente de operações especiais. Quanto está disposto a entregar? Nem sequer seu nome, fila e número de série. Não existe no exército, verdade? —Sei seu nome. É Marigold. Sua irmã me disse isso. Sofre tremenda dor quando trata de te recordar, porque Whitney manipulou suas lembranças. Esteve frenética tratando de te encontrar. Whitney matou a seus pais adotivos quando se negaram a permitir ir à Colômbia. Sabe por que estava tão decidido a que ela fosse ali? —Não esperou pela resposta—. Queria que se encontrasse com o Jack. Queria que lhe conhecesse e assim ele poderia continuar com seu último experimento. Quer seu filho. Seu coração pulsou fortemente em seu peito e a bílis subiu outra vez. Esta vez não poderia pará-la. —Vou adoecer. Esteve ali em um instante, lhe entregando uma pequena bacia. Era humilhante estar na cama vomitando as vísceras baixo seu penetrante olhar. Queria lhe gritar que se fosse e a deixasse assim poderia gritar pela injustiça, e a traição. Tinha sacrificado tudo por manter Briony a salvo. Tudo. Tinha agüentado sua vida estéril, vivendo sem uma casa ou uma família, não vendo nunca o exterior do recinto a menos que estivesse em uma missão, o treinamento castigador, a disciplina e os experimentos, tudo isso. Agüentou-o sem protestar para que Briony pudesse ter uma vida em algum lugar. Esse foi o trato que tinha feito de menina, com o diabo. Tinha-lhe prometido que se cooperava, Briony poderia viver uma vida de sonho. Poderia ter um conto de fadas. Amor. Risadas. Família. Supunha-se que Briony tinha tudo isso. Ken lhe entregou um tecido molhado para limpar a boca. Não se encontrou com esses olhos brilhantes. Não podia. Se estiver dizendo a verdade - e de repente suspeitava que assim fosse toda sua vida tinha sido uma mentira, e se Ken via sua cara justo então, saberia. Whitney não cuidava de quão soldados albergava em seus recintos. Tinha-lhe vigiado enquanto ele para suas observações sobre todos eles, seus frios olhos de serpente excitados e fanáticos quando conseguia seus resultados, e zangados e malévolos quando não. Não eram reais para ele –não eram pessoas– só sujeitos de prova. —Conheceram-se na Colômbia?— Sua voz era um sussurro, um som estrangulado que estava muito perto das lágrimas. As lágrimas eram uma debilidade... Uma que os soldados não consentiam. Quão freqüentemente tinha ouvido isso quando era uma menina? Os soldados não jogavam. Os soldados eram dever, privações e habilidades. —Não. Seus pais se negaram a permitir ir e ele os assassinou. Ela entrou justo depois e os encontrou. —Sua voz era suave, como se soubesse que estava sofrendo com o relato—. Tem irmãos, mas como você, necessita uma âncora. Viver em proximidade sem uma, era um inferno para ela às vezes. Particularmente quando era menina, antes que fosse o bastante forte para construir alguns pequenos amparos. 19


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Mari assentiu. Sabia o que era ser bombardeada com muitas emoções, e um menino vivendo em uma casa com pais e irmãos teria tido dores de cabeça, desmaios, possivelmente inclusive derrames cerebrais. —Fê-lo com o propósito de ver quão dura seria, verdade? Eu estive em um ambiente controlado e estéril, e ela foi levada a uma casa caótica e concorrida. Queria comparar como o dirigíamos. —Isso é o que acreditamos. —E queria que tivesse ao bebê de seu irmão porque ele é geneticamente realçado, verdade? Ken assentiu. —Sim. Acreditamos que queria a ti grávida ao mesmo tempo. Outra vez não houve inflexão em sua voz, nenhuma mudança de expressão, seus olhos frios completamente insondáveis, os seus fizeram uma careta de dor, pressentindo o perigo extremo. Era estranho que nunca se movesse, nem sequer um músculo ondulasse, mas a aura de perigo, a tensão da habitação parecia crescer às vezes como se ela logo que pudesse respirar, esperando o desastre. Tinha estado ao redor de soldados geneticamente alterados durante a maior parte de sua vida –ela mesma o era– e alguns, como Bret, eram cruéis; outros eram homens que ela respeitava, mas todos eles eram perigosos. Somente acabava de sentir algo mais no Ken. Não podia pôr seu dedo exatamente no que era, mas sabia que nunca quereria entrar em combate contra ele outra vez. Tinha tido sorte. —Mari? A maneira em que disse seu nome a sacudiu. Uma carícia. Um roce de veludo. Criava intimidade quando não havia nenhuma. Sempre soava tão suave. Os homens não eram suaves. Os soldados não eram suaves. Os homens como Ken, predadores, caçadores, não eram suaves. Como podia fazê-la sentir tão vulnerável com só sua voz? —O que quer que diga? Sim, tem razão. —Deveria ter mantido sua boca fechada. Qualquer teria ouvido a tensão, a ira, o temor reprimido e a dor. Sua vida tinha sido um inferno desde que Whitney tinha decidido emparelhar a mulheres geneticamente alteradas com soldados. Não lhe preocupava se as mulheres queriam aos homens; de fato, parecia encantado vendo quão longe estavam os homens dispostos a chegar para conseguir a cooperação das mulheres. Tudo estava meticulosamente detalhado e documentado. E homens como Bret não gostava de falhar. —Tentou forçar a cooperação das mulheres? Suprimiu uma pequena risada histérica. Era uma maneira suave de dizê-lo. —Whitney não o poria desse modo. Cria uma situação e se senta detrás a observar. Não é o suficientemente sujo para nos forçar. Deixa isso aos homens. — Pressionou os lábios juntos e se deu a volta. Como podia estar revelando informação? Informação pessoal, essencial. Tinha que estar drogada. —Whitney é um bastardo de primeira classe. —Ken se moveu, um ondular de músculos, um deslizar de silenciosos passos pela habitação até que esteve uma vez mais a seu lado e pôde lhe respirar em seus pulmões. Sua palma estava fria em sua frente enquanto lhe retirava o cabelo. —Falsificou sua própria morte e foi clandestinamente. Alguém no mais alto lhe ajuda. Depois de que Jack encontrasse a Briony… —Como? Tudo isto parece uma coincidência muito grande para tragar-se. Ocorreu que você foi o atirador quando supúnhamos que protegíamos ao senador. Falhou quando provavelmente nunca perdeste em sua vida. —Não falhei. —Falhou. 20


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O Fantasma de um sorriso atirou de sua boca. Seus dentes brancos cintilaram. O efeito foi impressionante. O estômago deu um salto mortal. Inclusive seus dedos quebrados sentiram um formigamento, dedos que ele tinha esmagado. Recordou o rápido ataque, tão rápido que ele parecia uma mancha em movimento. Inclusive embora tivesse tratado de cumprir suas promessas às outras mulheres, tinha admirado sua eficiência. —Me diga - insistiu ela. —Começou com o Senador Freeman. Voava sobre o Congo, sobre território inimigo, e seu avião baixou. Misteriosamente. O General Ekabela, que era célebre por torturar prisioneiros não tocou ao senador, ao piloto, ou a qualquer que viajasse no avião. Como mínimo o piloto deveria ter sido assassinado. —Esperou um momento, deixando que as implicações penetrassem—. Supunha-se que Jack lideraria uma missão de resgate e tiraria o senador. As ordens vieram, mas Jack estava ainda na Colômbia. Topou com inconvenientes ali, assim tomei seu lugar. —Liderou a equipe em território inimigo para liberar o senador e a sua gente, mas as coisas não saíram bem. —Seu olhar vagou pelas terríveis cicatrize. —Estavam nos esperando. Estenderam uma emboscada e fiquei isolado de minha unidade. Estavam definitivamente detrás de mim, me deixando só e enviando a tantos soldados que não tive nenhuma oportunidade. Meus homens liberaram os prisioneiros e eu fui capturado. Outra vez, chocou-lhe a completa falta de inflexão em sua voz. Não mostrava nenhuma emoção quando ela sentia as emoções como um vulcão furioso agitando-se baixo a tranqüila superfície. Não podia imaginar o que tinha que ter sido a dor, ou o medo. —Quanto tempo te teve? —Uma eternidade. Sabia que Jack viria por mim. Mais tarde averigüei que tinham sido feitos três intentos de resgate, mas os rebeldes me moviam constantemente de um campo a outro. Quando Jack me encontrou, estava em bastante má forma. Não recordo nada exceto ver sua cara. Não tinham deixado muito de mim. —Ekabela te cortou? —Cortou-me em pequenas partes e então esfolou minhas costas. Cortou-a, como esses cervos no alpendre do senador. —Assim tinha razões para querer morto ao Senador Freeman. —Fez a declaração em voz baixa, olhando sua cara em busca de uma reação. —Ainda o quero morto.

Capítulo 3

—Bem, pelo menos não me memore. Mari conteve a respiração, temendo mover-se. Tinha passado da suspeita à certeza e agora tinha que retroceder. —Por que seria alguém o suficientemente estúpido enviando a um perito atirador a proteger ao senador quando ele claramente tinha uma razão para lhe ver morto? Tem pouco sentido. Ken encolheu seus largos ombros. —Por que vou negar? Pensei em matá-lo e assim lhe economizar a todo mundo a moléstia. Também Jack. Mas emprestava muito, como um pouco preparado para mim. Se alguém tinha ordenado lhe matar, então estávamos justo ali, os parvos para ver a queda. Por que nos ordenou proteger a esse homem? —Em efeito, não tem sentido - respondeu ela evasivamente. 21


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—Por curiosidade, como pode estar adestrada como franco-atirador quando não tem uma âncora? Briony não pode usar uma arma contra ninguém sem terríveis repercussões. —Tenho uma âncora. Faz-me esquecer as seqüelas da violência. —Seu sentinela. Ela inclinou a cabeça, observando sua cara. As sombras oscilaram em seus olhos chapeados, voltando-os cinza escuro, lhes dando uma aparência infernal, como se de um momento a outro pudessem soltar chamas. Apertou a mandíbula. Não era feito de pedra, como queria fazer acreditar. —Seu sentinela está emparelhado contigo? Havia irritação em sua voz? Não, realmente. Mas a alerta se intensificou. —Não, é um amigo. Mataram a algum de minha unidade? —Não perguntei. Posso fazer que Jack o averigúe. Foi estranho que no momento em que lhe dispararam, todo mundo em sua unidade fizesse retroceder ao senador e retornassem para tratar de te proteger. Por que fariam isso? Sejam tinha que ter resultado ferido. Era o que tinha estado mais perto dela e deveria ter conseguido posicionar-se antes que o inimigo. Elevou uma silenciosa oração para que ainda estivesse vivo. Era um bom soldado e o mais próximo a um amigo masculino que tinha tido. —Não posso responder a isso. —Parece-me te haver dado um montão de informação, mas você não me dá nada em troca. Ela dava mais do que recebia, e os dois sabiam. —Se fosse simplesmente minha vida a que arriscava então te diria o que quer saber. Não devo lealdade ao Whitney, ou não teria saído sem permissão e tratado de me aproximar do senador. —Protege a outros, às mulheres, não é certo? —perguntou com um fio de voz. O gelo se rachou um pouco, o suficiente para deixar escapar uma onda de calor. —Machucá-las-á se não retornar. Ela não disse nada, seu coração palpitava. Era tão transparente? Whitney mataria a alguma delas. Tinha começado com sete, todas convivendo juntas nesse miserável complexo, uma vida de dever e disciplina onde poucas coisas do mundo exterior estavam permitidas e todo se gravava. Tinham aprendido a mover-se entre as sombras e a cronometrar as câmaras para evitar ser detectadas. A falar bem entrada à noite, reunindo-se no quarto de banho com a água correndo e conversando com gestos, até que Marigold descobriu que podia construir uma ponte telepática e assim poder comunicar-se entre elas. Essas mulheres eram sua família. Tinha aceitado sua vida e estava orgulhosa de suas habilidades, até que Whitney trocou tudo. Cami protestou e tratou de escapar. Foi apanhada e Whitney ordenou que desse um nome. Uma das outras mulher, Ivy, saiu fora, e uns poucos minutos mais tarde se ouviram disparos. Houve sangue nas paredes, mas ninguém viu o corpo. Trataram de convencer-se que realmente não a tinham matado, mas ninguém tratou de escapar a partir de então. —Por isso tentou suicidar-se. Se estivesse morta, então não teria uma razão para castigar às demais. E sua unidade sabia que podia matar a uma das outras mulheres, uma mulher com quem poderiam ser emparelhados. —Soltou brandamente uma maldição contendo o fôlego—. Alguém tem que matar a esse filho da puta e rápido. Por que pensou que o senador te ajudaria? É amigo do Whitney. Esteve lhe ajudando. Ela arqueou a sobrancelha. —Você não sabe nada sobre o senador. Ken estudou sua cara. Tinha-lhe causado uma série de rápidos sobressaltos. Estava dopada, seus olhos desencaixados, e as notícias sobre sua irmã a tinham deixado totalmente fora de jogo. 22


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As revelações a respeito do Whitney lhe deram um pouco de confiança. Suas hipóteses a respeito das ameaças para as outras mulheres tinham sido corretas. Whitney não se preocupava com os sujeitos humanos já que todos eles eram dispensáveis. Franziu o cenho. Talvez não as mulheres. Poderia fazer mais súper-soldado, mas seria difícil encontrar a mulheres sobre as quais tivessem dados quase desde seu nascimento. —Me conte sobre o senador Freeman. —Não é amigo do Whitney. Não se levam bem. Acredito que foram juntos à escola, mas o pai do senador e Jacob Abrams são bons amigos. Ambos trataram de evitar que Whitney fizesse numerosos experimentos. Falaram com ele muitas vezes. Ouvi-os. Disseram-lhe que se detivesse que estava fazendo perigar tudo. —O senador Freeman desaprova rotundamente as coisas que tem feito Whitney - continuou ela—. Diante do Whitney, reprovou a seu pai por formar parte dos experimentos. Não há maneira de que o senador pudesse trair a nossos homens e a nosso país pelo Whitney. Se seu avião aterrissou no Congo, e ali há algum tipo de conexão entre a Ekabela e Whitney, aconteceu porque Whitney queria ao senador morto. Jacob Abrams provavelmente deu a ordem para que você entrasse e resgatasse ao senador, não Whitney. Ouviste falar do Jacob Abrams? Ken localizou mentalmente o seu irmão. Grande banqueiro. Forrado. Talvez mais que Whitney. Definitivamente um bilionário que tem muito que ver com o mercado de valores mundial. Considerado um gênio. Não sei muito a respeito dele, mas lhe farei vigiar pelo Lily. Ela saberá. Por quê? Mari descartou seu nome, disse que é um amigo do senador e ambos não estão muito contentes com o Whitney, que vai pôr tudo em perigo. Lily deverá comprovar o pai do senador, Whitney e Abrams foram juntos à mesma escola. —Está falando com alguém - disse Mari, passando uma mão por sua têmpora. Havia acusação em sua voz e reprimenda em seus olhos. —Com meu irmão. Não disse que falava constantemente com sua irmã quando estavam juntas? Mari franziu o cenho, pensando nisso. Tinha sido faz tanto tempo. A telepatia era forte entre elas. É obvio que tinham falado, apenas sem pensá-lo, compartilhando cada pensamento. Estava ciumenta de seu irmão e dessa forte união? Ou era suspicaz porque era o inimigo? Deveria sabê-lo, mas se era honesta consigo mesma, não tinha nem idéia de qual era a resposta. Suspeitava que fosse inveja. Frustrada e envergonhada por sua falta de disciplina, tratou de mover a perna. Uma agonia dilaceradora se deslizava por seu ventre. Afogou um gemido apertando um punho contra a boca e mordendo fortemente sua mão, deu as costas ao Ken, incapaz de parar as lágrimas que ardiam em seus olhos. Sua mão estava ali, balançando-se sobre ela. —Agarra ar. Deve necessitar seus remédios outra vez. Dispararam-lhe. Tivemos que te operar depois que o Nico te examinou, e ao estar alterados geneticamente, deve cicatrizar rapidamente, mas ides ter que tomar um tempo. Jack necessitamos remédios aqui, agora. Está tão pálida que parece que vai desfalecer. Já vou. Sujeita lhe as calças. —Não tenho tempo. Não me ouve? Ela não podia recordar o que lhe tinha contado sobre as outras mulheres. Se não retornava, então Whitney lhes poderia fazer mal. Não teria mais oportunidades; tinha que retornar. A dor aumentava, expandindo-se através de seu sistema, fazendo-a incapaz de enfocar o olhar

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corretamente. Havia algo sobre o sistema geneticamente realçado que lhes permitia eliminar o efeito da droga muito mais rápido, mas nesta ocasião não era um benefício. —Por agora Whitney sabe que lhe dispararam. Tratará de atravessar a cadeia de mando para te localizar. Qualquer que pertença a nossas equipes vai encerrar e fustigar com perguntas e mais pergunta. Whitney não tocará às outras mulheres porque não as pode substituir. Os homens são dispensáveis, as mulheres não. —Whitney matou a minha amiga Cami quando tratou de escapar. Ele guardou silêncio um momento. —Há alguma testemunha que o presenciasse? Negou com a cabeça. —Só o sangue que ficou depois. —Você não viu seu corpo e Whitney é um professor da ilusão. Minha suspeita é que foi levada a outra das instalações. —Mas você não sabe. —Não, mas nós tivemos um montão de tempo para estudar ao Whitney. —De verdade? —Sua voz soou com ironia—. Passei minha vida em suas instalações, com seus experimentos. É um megalômano. Acredita que as regras não valem para ele e que é mais preparado que qualquer. Acredita que todos outros são ovelhas e que as pode manipular sem dificuldade. E pode… o faz continuamente. —É só um homem, Mari - disse amavelmente. —Se os homens como o senador e Jacob Abrams não lhe podem manter baixo controle, como podemos nós? Se ordenou um golpe contra um deles, então conta com os meios para poder terminá-lo. —Talvez - disse Ken. Que diabos te entretém tanto, Jack? Ela esta tremendo e começa a suar. Jack apareceu na habitação. —Sinto muito. Chamou Kadan. —Podia esperar. —A voz do Ken foi brusca. Cravou a agulha no intravenoso—. Sentir-se-á melhor em uns poucos minutos - reconfortou a Mari, com seu polegar deslizando-se sobre sua pele como se fosse de forma casual—. Em caso contrário, chamaremos o doutor. Havia preocupação em sua voz, mas sua cara era tão inexpressiva como sempre. Não a ajudava a lhe compreender olhar a cara de seu irmão. Jack tinha um par de cicatrizes que lhe percorriam um lado da cara, como se Ekabela tivesse colocado suas mãos e as tivesse miserável por ela. Só serviam para acrescentar mais beleza a sua cara. Davam-lhe um aspecto rude que era intrigante. A cara do Ken era um quadriculado de cicatrizes, lhe dando a aparência de alguém muito atemorizante. Um menino correria ao lhe ver. Ela sentiu seu olhar e girou a cabeça para lhe cravar o olhar com um brilho intenso. Mostrou um pequeno sorriso. —Vós dois têm o mesmo olhar. Faz o mesmo gesto com a mandíbula que você. Ele inundou um trapo em água fresca e limpou as gotas de suor de sua frente. —Quanto tempo crê que temos antes que encontrem este lugar? —Com as conexões do Whitney? Se usasse um helicóptero ou qualquer empregado militar ou pessoal dos soldados robôs, terá a informação em poucas horas. —Isso pensava. Transladamo-lhe uma vez depois da operação, mas tivemos que usar um helicóptero. Vamos ter que te transladar novamente. —Deixe-lhes que me apanhem.

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—Não. —Sua voz foi suave com um vaio baixo e enviando calafrios através de seu corpo—. Já chamamos ao helicóptero. Quando despertar, estaremos em outro refúgio. —E será questão de horas que tenha essa informação. De todas as formas nos alcançará e alguém resultará morto. —Teremos que esperar para poder te tirar o intravenoso. O doutor diz que outras vinte e quatro horas. Podemos esperar. Impactou-lhe o que disse: Quando despertar. —Drogaste-me. —Não sou estúpido. No momento que pensasse em seus seres queridos, usaria a telepatia para chamá-los. É obvio que te droguei. Pensa que não vi seu corpo quando cortaram totalmente sua roupa? Alguém se enfureceu como um diabo te golpeando com uma fortificação. Sua voz era tão baixa que logo que podia fixar-se nos brilhos de fúria reprimida. Ele subiu devagar a camisa para mostrar o cruzamento de cicatrizes, grandes e profundas, como formando um mosaico com partes de várias cores em seu corpo. —Sei o que se sente ao ter sido talhado e esfolado como um animal, que lhe tratem como se não tivesse direitos nem sentimentos, ao final não é nada. —Detenha. Ken se deu meia volta, assim pôde ver o desastre de suas costas, as numerosas suturas na pele e as terríveis cicatrizes que permaneciam no que uma vez foi um homem belo. Deu-se a volta aproximando-se, sua cara perto da dela, seus olhos chapeados ferozes, estáveis e completamente implacáveis. —Vi o que lhe fizeram e não vai voltar ali. —Detenha - sussurrou—. Não diga nada mais. Tinha-a reduzido a uma criatura indefesa, engatinhando através do chão, dando a entender que nunca mendigaria misericórdia. Nunca a pediu. Viu a si mesmo através desses olhos chapeados, não ao soldado que lhe ordenou respeito, mas esse animal, meio louco pela dor e o desespero, quebrado e sangrando, sem esperança. De toda a gente no mundo, tinha que ser Ken o que visse o desastre que Bret fazia de seu corpo. “Posso esperar toda a noite, Mari; dar-me-á o que quero de todas as maneiras. Posso fazer bastante mais mal, mas isso não me importa”. Envergonhada, empurrou a manta mais perto a seu redor, enquanto as palavras do Bret ecoaram em sua mente. É obvio que não havia batido em sua cara. Whitney lhe teria matado, mas cedo ou tarde, as ameaças do Whitney não seriam suficientes para dissuadir ao Bret. Em certo modo sentiu lástima. Whitney o tinha programado, tinha-lhe convertido em um animal que já não distinguia o mal do bem, somente o que queria, e ele queria a Mari. Integraria a equipe que iria por ela, e mataria a qualquer que se interpor em seu caminho. Estirou a mão para tocar o quadril. Havia uma vendagem ali. Tinham encontrado e tirado o dispositivo rastreador que Whitney lhe tinha implantado. Deveria ter sabido que o encontrariam. Sabia que sua equipe poderia encontrá-la rapidamente, usando esse sistema rastreador, mas agora teriam que confiar no Whitney ou no Abrams e seus contatos militares e isso levaria bastante tempo. Ali havia poucos rastros que conduzissem para os Caminhantes Fantasmas e ninguém levava identificação. Se morrerem durante uma missão, seriam enterrados silenciosamente, sem que ninguém se inteirasse, porque ninguém sabia de sua existência. Ken se baixou a camisa, cobrindo a série de cicatrizes de seu estômago, desaparecendo cada vez mais até chegar a suas calças jeans. Recostou-se sobre ela. Sua mão estendendo-se ao longo de sua garganta, assinalava com o dedo fazendo uma cruz, lhe fazendo uma carícia sobre sua pele sedosa. Um sussurro suave, seus lábios em sua orelha, sua respiração se voltou cálidas, como rajadas de calor através de seu corpo. 25


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—Não vivo com as regras de ninguém. Tenho minhas próprias regras. Ela envolveu os dedos ao redor de sua mão, um bracelete que lhe dava meia volta, mas seus dedos escavaram em sua pele, nas cordilheiras de suas cicatrizes que baixavam como látegos. —Não deixe que ninguém mais me veja. Especialmente Briony. Ken fechou seus olhos e pressionou sua frente contra a dela. Era um inferno para ele estar assim perto e não poder tocá-la. Ainda com sangue, suor e as drogas, seu perfume lhe voltou louco. O experimento do Whitney de atrair a um casal através do perfume era mais que um êxito. Mas mais que uma necessidade física, sentia a urgente necessidade de protegê-la. Talvez tivesse sido a visão de seu corpo quebrado quando tinham talhado totalmente sua roupa. Talvez tivesse sido o som do Nico e o cirurgião jurando, ou o vaio de raiva do Jack. Tudo o que podia recordar foi sentir o impacto como um punção em seu intestino, e então mais tarde, quando a tinham girado para examinar suas costas, sentiu que seu coração estava rasgando seu corpo. Sabia que havia monstros no mundo, encontrou-se uns poucos, e destruiu outros tantos, mas quem quereria fazer isto a uma mulher? Alguém como seu pai. Abruptamente empurrou sua mente nessa direção. —Está bem, Ken? —perguntou Jack, lhe tocando o braço. —Juro-lhe isso Jack, é como voltar a passar por isso outra vez. Primeiro os veados e logo Mari. Não acredito que volte a fechar os olhos outra vez. —Temos que sair daqui. Não nos aventuremos a estar aqui mais tempo. —Ficarei atrás. Leva-a um lugar seguro e descansa. Assegurar-me-ei que não possam vir a nos buscar. —Não pode matá-los a todos, Ken. E em todo caso, não conhecemos quem são os tipos maus. Disse que não estavam ali para matar ao senador, supõe-se que lhe protegem. Se a ordem foi dada desse modo, então não eram tão diferentes deles. Querem-na de volta por que não deixamos atrás a um Caminhante Fantasma? —Um deles lhe fez isto. —Não sabemos qual deles. Ken se incorporou lentamente e girou a cara para seu irmão. —Não quer que Briony saiba. —Briony não é nenhuma cria. Não lhe minto, nem sequer por ti, e não me pergunte Ken. — Jack estendeu suas mãos—. Deixemo-la no helicóptero e ordenemos tudo isto depois. Levá-laemos a casa pequena que Lily nos alugou e ficaremos umas quantas horas. A caminhonete nos irá procurar ali e poderemos desaparecer com ela. —Vais trazer Briony? Jack negou com a cabeça. —É muito perigoso. Está grávida e Whitney a quer. Não estou disposto a arriscar sua vida, embora queira ver sua irmã. Fica agora com Lily na casa grande. Kadan e a equipe do Ryland a protegerão enquanto saímos a toda pressa. —Quer dizer enquanto, averiguaremos como usar Mari em nosso pequeno jogo com o Whitney. Jack empurrou a maca para a porta, ignorando o tom de voz de seu irmão. —Retornará à primeira oportunidade que tenha. Ken, não pode confiar nela. Ouviste-a, viu-a. Não é Briony, embora se pareçam tanto. É tão certo quanto te pode arrancar o coração com as unhas se lhe tirar os olhos de cima. Não esqueça isso. Neste ponto, não lhe confiaria à vida de Briony, e muito menos a tua.

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—Não o esqueci - Ken se pendurou o rifle ao redor do pescoço, comprovou suas armas e seu cinturão de munições—, simplesmente não estou disposto a lhe dar as costas para que alguém lhe faça mal. —Não te implique com ela. É nossa prisioneira. E facilmente poderia cortar sua garganta ou a minha. Não sabemos nada a respeito dela. É capaz de funcionar com o justo. Está adestrada como um soldado, assim que sua prioridade é escapar. —Entendido, papai - disse Ken. Jack parou tão de repente que Ken caiu sobre a maca. Em seus olhos se refletia um brilho de espadas aceradas sobre a cabeça de Mari. —Vou cuidar de ti, Ken, você goste ou não. Pensa que não sei como te alterou quando vimos os restos dos ossos dos veados? Estava-te identificando com eles. —Talvez, mas não deixarei que ninguém leve a esta mulher ante o Whitney. —Se retornar, então a poderemos seguir, poderemos resgatar a outros, e poderemos selar o traseiro do Whitney —assinalou Jack—. Todo isso me soa muito bem. —Alguma vez alguém te há dito que é um filho da puta sedento de sangue? —perguntou Ken. —sim - assentiu Jack—. Mais de uma vez. —Pois bem, é certo. Ken agarrou Mari entre seus braços enquanto Jack balançava sua perna agarrando o instrumental médico. O helicóptero estava a uns metros. Nico esperava rifle em mãos, investigando a área ao redor em busca do inimigo. —Você sempre pensa em termos de matar, Jack. Pensei que uma vez que estivesse com Briony, deixá-lo-ia. Jack se encolheu de ombros. —É mais fácil que falar de estupidez com todo mundo da forma que você faz. Quando termina de lhes dirigir a palavra, precavemo-nos de que temos que matá-los de todos os modos. Assim te economizo o problema. Ken franziu o cenho a seu irmão. —Dar-te-á conta de que todo mundo pensa que é um menino bonito, agora que minha cara está cheia de cicatrizes. Não vai bem com sua imagem de “Doutor Morte”. —Menino Bonito! —Exclamou Jack—. Se não tivesse as mãos ocupadas, pegava-te um tiro por esse comentário. —Quer dizer que Briony não te disse quão bonito é quando estiveram os dois sozinhos ontem à noite? —Não lhe penso dizer isso Ameaçou Jack. Ken sorriu repentina e genuinamente esta vez. —Fez-o, não? —Pensa que pareço grosseiro e duro - corrigiu Jack. —Ouça Nico - gritou Ken quando subiam ao helicóptero, não era nada fácil tentar tratar de resguardar a perna de Mari com tanta sacudida—. Crê que Jack é aqui o menino bonito? Nico percorreu com o olhar a cara do Jack e sorriu abertamente. —Sim, estou de acordo, é um ardente bebê que voltam loucas a todas as mulheres. —Vão os dois ao inferno - disse Jack. Ken partiu dando meia volta, deixando Mari em seu lugar, cuidadosamente assegurada na pequena maca. Jack assegurou a equipe médica e Nico se sentou no assento do piloto. Esperaram ao doutor, o qual corria atrás deles levando o resto de fornecimentos que necessitavam. Eric 27


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Lambert era um bom doutor e freqüentemente auxiliava aos Caminhantes Fantasmas, embora não estava realçado fisicamente nem psiquicamente. Sabia muito de terapia genética e estava interessado nos experimentos do Whitney, era muito brilhante, assim, era freqüentemente o homem ao que Lily mandava fora, ao campo para proteger aos Caminhantes Fantasmas. Foi o cirurgião que salvou a vida do Jesse Calhoun quando recebeu vários disparos deliberadamente nas duas pernas. Jack e Ken foram amáveis com ele, simplesmente porque Jesse era seu amigo e eles não tinham tido muitos amigos reais. Ken se moveu para preparar uma habitação para ele. —Está nervoso, Doc.? —Não, não dispares a ninguém. Jack bufou. —Olhe, não é como eu. Sabe que diz um montão de tolices e que ao final os disparas de qualquer maneira. Ken entrecerrou seus olhos ao tempo que Eric se levantava para observar seu paciente. —Seu pulso é mais forte do que pensei que estaria com a dose que lhe demos. Eu gostaria de tomar alguma amostra mais de sangue. Penso que se cura mais rápido do que pensamos. Whitney incluiu um par adicional de cromossomos quando os alterava geneticamente a todos vós e isso lhe dá um sem número de código genético com o que trabalhar. Quanto mais os estudos, mais me precavi de que não sabemos nem a terceira parte do que podem fazer. —Tiraram-lhe muito sangue - objetou Ken—. Foi utilizada como um porco de guine para os experimentos do Whitney durante toda sua vida. Não penso que seja necessário que nós façamos o mesmo com ela. Como sempre Eric soou humilde, mas Ken ouviu a nota preventiva em sua voz e percorreu com o olhar ao Jack, o qual simplesmente negou com a cabeça. Eric se tornou para trás em seu assento. —Precisamos entender o que está passando com todos vocês - acrescentou—. -se se cura mais rápido e pode expulsar os calmantes através de seu sistema, então precisamos sabê-lo. Não queríamos estar em meio de uma operação complicada e que um de vós despertasse de repente. Eric se afundou no assento e se aferrou como se o helicóptero parasse. Nunca lhe tinha gostado de voar. Ken recordou, e deveriam estar agradecidos, de que estivesse sempre disposto a ir quando um deles resultava ferido, mas em lugar disso, Ken sentiu um torvelinho de emoções que realmente não podia identificar. Apertou os dentes quando lhe vieram inesperadamente às imagens de despertar em metade da operação, como Eric expôs. Era esse o tipo de experimento que Whitney dirigia regularmente? De todas as formas, amava a ciência e não vivia para nada mais. Estava sua mente tão retorcida que podia fazer passar a um ser humano por esse tipo de tortura uma e outra vez simplesmente para ver os resultados? Ken tinha sido torturado, sabia o que era sentir o corte de uma faca sobre sua pele enquanto estava completamente acordado e incapaz de contra-atacar. A idéia de que Whitney poderia ter feito o mesmo a outro ser humano em nome da ciência lhe punha doente. Um pequeno calafrio lhe transpassou e teve que agüentar uma quebra de onda de náuseas. Por que voltava tudo isso outra vez depois de todos estes meses? Seu estômago pulsou, e muito, muito fracamente podia sentir a dor que lhe recordava sua mente, uma agonia através de seu corpo, ouvia ecos de uma risada louca através de sua cabeça. Estava finalmente perdendo o julgamento? A fúria em seu interior, que seguia tão cuidadosamente encerrada, subiu através de seu estômago e garganta até que quis gritar e fazer migalhas a alguém com suas próprias mãos nuas. As gotas de suor caíram de sua frente em cima de seu braço. Pelo modo que sua mente 28


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distorcia nunca mais veria o sangue como alguma coisa mais de cor vermelha, por isso era incapaz de dizer se as gotas de suor eram simplesmente uma ilusão, ou sangue real. —Ken - disse Jack, com voz aguda. Seus olhos se cruzaram através da maca quando o helicóptero vibrou, sacudindo-os como se voassem através do ar, roçando as taças das árvores. Ken logo que podia agüentar ver o conhecimento e a compaixão nos olhos de seu irmão. Sua boca ficou seca, mas conseguiu lhe arrancar um leve sorriso com astúcia, a que guardava para momentos como este. Estava bem, muito bem. Tinham-lhe roubado sua pele, seu aspecto em geral, inclusive sua virilidade, e tinham convertido seu corpo em algo pior que um filme de terror, mas ele estava muito bem. Nenhum dos pesadelos, nenhum grito, simplesmente o brilho de um sorriso aberto, dizendo ao mundo que um monstro não vivia e respirava dentro dele, lhe arranhando com suas garras, querendo sair e aniquilar a todo mundo que lhe rodeia. Às vezes Ken pensava que o monstro lhe abriria a barriga de um puxão para sair fora. Jack pensava que queria contar-lhe a todo mundo para morrer. Ele era o gêmeo bom. O gêmeo com a vida fácil, que se levava bem com todo mundo. Seus dedos fechados em seus punhos, apertados, e logo, consciente do que transmitia o seu observador irmão, estendeu os dedos diante dele. Estável como uma rocha. Sempre poderia contar com isso. Sua mão podia estar cheia de cicatrizes, seus dedos não tão flexíveis como deveriam, Ekabela e seus sádicos amigos tinham cometido o engano de mutilá-los, mas não de lhes tirar a habilidade para disparar. Estavam muito ansiosos de dedicar-se ao prazer de lhe rachar em outros muitos lugares mais dolorosos e atemorizantes. Desviou o olhar de seu irmão. Jack poderia ler sua mente. Caramba tinham estado entrando silenciosamente por suas mentes desde que eram meninos e começavam a andar. Inclusive então tinha tido auto conservação. Aprenderam muito cedo a contar só com o outro. Jack lhe conhecia muito bem. Sabia que o monstro que vivia no interior dos dois estava muito perto da superfície durante estes dias. Jack tinha que estar preocupado por Ken não fosse capaz de contê-lo. A loucura era uma possibilidade muito real que terei que confrontar. O doutor Peter Whitney era um homem com muito dinheiro e poder. Não acreditou que as regras estivessem feitas para alguém como ele, e infelizmente tinha o apoio de alguns homens muito poderosos. Jack e Ken, como vários outros homens nas forças armadas, tinham cansado por seu entusiasmo nos experimentos psíquicos. Naquele momento tinha um sentido perfeito para escolher e treinar a homens de todo os ramos do serviço das Forças Especiais pondo-os a prova para ver seu potencial e o uso das habilidades psíquicas. O doutor realçaria o talento inerente e criaria uma unidade de homens que poderiam salvar vidas com suas habilidades. Whitney não havia dito uma reveste palavra sobre o enlace de genes e de terapia genética. Não tinha mencionado o câncer, nem a hemorragia cerebral, nem qualquer apoplexia. Nunca tinha admitido que enfrentaria inconscientemente a um homem contra outro. E nunca mencionou um programa reprodutor, usando feromonas para acasalar a um súper-soldado com uma mulher. Ken apalpou os implantes de suas têmporas. Whitney não os tinha oculto muito cuidadosamente, ou talvez fosse. Talvez soubesse sobre o pai do Jack e Ken, era extremamente ciumento e estava tão obcecado com a mãe de ambos, até o ponto que não podia agüentar compartilhá-la com seus meninos. A obsessão era uma palavra muito feia, e no Whitney certamente se agravou pelo demônio de gêmeos que enfrentava diariamente. Tinham jurado que nunca se arriscariam a converter-se no homem que foi seu pai, mas ambos já tinham sido escolhidos, sem seu conhecimento, para participar do experimento de reprodução do Whitney.

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É obvio que ele sabia do velho, disse Jack. É a razão pela que Whitney nos escolheu. Somos os ganhadores. Emparelhou-nos com as gêmeas e ao final estará esperando prazerosamente ver os resultados. Está dando paus de cego, irmão, respondeu Ken. Quer saber se estou afetado de algum jeito pela fragrância da Mari. Não é assim? Ken percorreu com o olhar o seu irmão. Não podia dizer nada, e menos um pouco relacionado com a Mari. Ela teve uma oportunidade então, uma pequena, mas ao fim e ao cabo uma oportunidade quando ele pensou que todos estavam perdidos. Nunca tinha visto filmes dramáticos e não ia viver uma vida assim sem dúvida alguma, não o ia permitir ao Jack e Briony e tampouco quereria viver uma com Mari. Whitney estava condenado e seus experimentos também. Se for necessário Ken sairia a caçá-lo. Não? Repetiu Jack. Deveria sabê-lo se assim fosse não? Jack amaldiçoou pelo baixo. Essa não é uma resposta e sabe. Ken se encolheu de ombros, fazendo-o tão natural como podia. Evidentemente, meus genes não estão tão solicitados como os teus. Jack entrecerrou seus olhos e olhou zangado a seu gêmeo. A suspeita se abria na mente do Ken. Jack não estava para nada satisfeito com sua resposta. Está atuando como um possesso com ela. Disparei-lhe. É a irmã de Briony, não é simplesmente uma irmã, é sua irmã gêmea. Se isto não acabar bem, de verdade pensa que Briony vai estar de acordo com isso? Não pode estar perto de Mari, porque se morrer, então Briony te culpará queira Mari ou não. É a natureza humana. Não pode Jack. Tem que deixar que me ocupe disto. Jack apartou os dedos de seu cabelo, em um estranho momento de agitação. Não está bem. Porque cuidando de mim, destruirá sua relação com Briony. Não estou casado com ela. E isso é o que fazemos. Cuidar-nos um ao outro. Recorda isso se decide tomar qualquer risco desnecessário somente para me proteger junto com minha esposa. Não sabia que fora um risco desnecessário. Ken lançou um pequeno sorriso aberto, arrogante a seu irmão que se dissipou ao lhe ver depravado. Nico manobrou o helicóptero sobrevoando brandamente a casa que Lily Whitney Miller tinha alugado para eles. Uma mulher genial foi à única órfã que Peter Whitney tinha criado como se fosse sua própria filha, e a traição que sentiu ao saber que tudo era mentira, foi devastadora. Casada com um Caminhante Fantasma, Ryland Miller, tinha aberto sua casa, uma fazenda enorme, e seus recursos, para os Caminhantes Fantasmas. Foi Lily a que encontrou formas de construir escudos para proteger seus cérebros de um assalto contínuo. E foi Lily a que atalhou o câncer do Flame. E foi sempre Lily que esteve um passo diante de seu pai para conservar aos Caminhantes Fantasmas a salvo. Quando não sabiam onde esconder-se, chamavam-na. Logo que o helicóptero tocou a terra, Nico saltou. Eric levantando-se de seu assento se inclinou sobre seu paciente, outra vez, para auscultar seu coração. Sua mão se deslizou pelo braço até que encontrou a mão, procurando seu pulso. O olhar fixo do Ken se lançou sobre sua mão, deslizando-se sobre a carne nua de Mari, e um rugido de protesto soou profundamente em seu peito. O homem primitivo e feio, o monstro de seu interior chiava os dentes e dava arranhões para ser livre.

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—Não escutaste seu ritmo cardíaco? —Perguntou Ken, conservando a voz baixa—. Algo anda mal e não nos diz isso? Eric girou a cabeça com o cenho franzido. —Perdeu uma grande quantidade de sangue e nós só lhe podemos dar… Sua voz se cortou abruptamente quando Mari lhe agarrou do cabelo, lhe sacudindo para acima e abaixo com força. A mão se deslizou até seu cinturão, agarrando a faca e pondo-o ao redor de sua garganta. Jack tirou sua pistola, apontando-a entre os olhos. —Vou colocar te uma puta bala na cabeça se não largar a faca agora mesmo. Sua voz foi baixa e atemorizante, sentindo cada palavra. Mari apertou o punho da faca, empurrando-a contra a garganta do doutor. —Tira o intravenoso. Se me dispara terei tempo para lhe cortar a garganta. —Talvez, mas não acredito— disse Jack— e de todas as formas já estará morta. —Acalmem-se! Ken se moveu mantendo-se à vista de Mari. Seus olhos eram puro mercúrio, como uma navalhada de aço líquido. —Isto só pode terminar mal, Mari, e ninguém quer isso. Ken se deslizou lentamente até a parte de trás do helicóptero, estava muito tenso, era uma mescla de músculo e tendão, tão intimidante como o inferno. —Quieto! —disse ela apertando os dentes e o punho da faca até que seus nódulos se voltaram brancos. Afaste-te dela Ken, não se ponha no meio. Matá-la-ei agora mesmo, advertiu Jack. —Não é necessário, não pode ir a nenhuma parte. —É a fodida verdade, a vou jogar fora. —Te acalme e pensa nisto - disse Ken. Não se precaveu da advertência, e não ficou quieto. —Ainda tem um cateter dentro. Até onde pensa que vais chegar com isso dentro? —O doutor te vai dizer como lhe tirar isso. Digo-o a sério, Doc., desengancha o intravenoso e faz-o já. —Jack não é um bom homem, carinho - disse Ken. —Tem boa pinta e uma voz suave, por isso te pode levar uma impressão equivocada dele. Recorda quando te contei como me tirou do acampamento da Ekabela? Capturaram-no e escapou. Agora, qualquer em seu lugar continuaria correndo, especialmente quando está em meio de território rebelde, mas Jack não. —Sua voz era suave e convidava a conversar, como se os dois estivessem sentados a uma mesa. Seguia aproximando-se, espreitando, como um caçador em um posto silencioso, fazendo-a sentir pequena e vulnerável. Estava a bastante distancia? Não parecia ter uma arma, mas estava repentinamente aterrorizada. Não do fato que pudesse cortar a garganta de um homem, ou de que Jack lhe disparasse, mas desses olhos brilhantes que não lhe deixavam de olhar, uns olhos tão frios que se fez pedacinhos. —Manten longe de mim - disse, com voz sufocada. —Jack retornou ao acampamento e arrasou tudo. Roubou armas, subiu às árvores, examinou-os com cuidado um por um, e depois não deixou boneco com cabeça, matou-os a todos. Ken explorou metido na ação, movendo-se tão rápido que era como um borrão, seu cotovelo estrelando-se contra sua cabeça, suas mãos fechadas em um punho ao redor da faca, sacudindo-o com força para baixo e longe do doutor, sua força enorme sujeitando sua mão à maca. Por um momento tudo se voltou negro e um milhão de estrelas brilhavam diante de seus olhos. Seu 31


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polegar fazendo pressão em um ponto e seus dedos se abriram com força em um movimento reflexo. Ken lhe tirou a faca e lançou para Eric, mas reteve a pressão em sua mão. —Manten o inferno longe dela. Jack jurou em voz alta, uma maldição larga e criativa que era anatomicamente impossível. Ken lhe percorreu com o olhar. —Vigia sua boca. —Não me fodas, diz-me que vigie minha boca. Em que diabo estava pensando? Cruza-te na linha de fogo, a propósito, filho da puta. —Estava pensando que deveria ter solucionado a situação - respondeu Ken, em um tom tão humilde como sempre—. Supõe-se que teria escapado Jack. Isso é o que fazemos quando somos capturados. Figurava-me que o tentaria de todos os modos. Mas não pensei que seria tão logo. — Percorreu com o olhar ao Eric, o qual ainda estava esfregando-a garganta e olhando horrorizado—. É verdade que pode tirar os calmantes fora de seu sistema, não? Obteve sua resposta sem tirar mais sangue. Ken a estava tocando, os dedos fechados ao redor de sua mão, assim que se zangou com ele, como um rio partindo profundo e feroz, quando por fora parecia tão frio, como o gelo.

Capítulo 4

Ken se inclinou para Mari, criando intimidade entre eles, como se fossem as únicas duas pessoas no helicóptero. —Está bem? Mari fechou os olhos contra o som de sua voz. Tão preocupado. Tão incrivelmente amável. Não era amável. Não havia nada amável nele. Suas mãos ainda a sujeitavam com firmeza a mão à maca e sentia a cabeça como se tivesse uma bomba dentro. Girou a cara longe da sua, determinada a não deixar-se enganar por sua falsa preocupação. Ele se moveu inclusive mais perto, soube por seu aroma. De repente estava por toda parte, ao redor dela, dentro dela. Sentiu a calidez de seu fôlego nas têmporas, o ligeiro toque de seus lábios. Eram suaves exceto por uma pequena aspereza de sua pele, fazendo-a consciente da cicatriz de faca que lhe cruzava a boca. Aquela ligeira aspereza lhe enviou uma espiral de calor por todo o corpo. De fato, lhe contraiu o útero. Mari não queria responder a ele. Não queria sentir nada mais que a necessidade de escapar. Não queria sentir-se culpado por ter usado a navalha, lhe recordando a forma em que seu corpo tinha sido mutilado. —Tudo vai bem, Mari. Ninguém te culpa por tentá-lo. Todos o fazemos, é para o que estamos treinados. Ao menos espera a que esteja algo mais forte e solucionaremos este desastre. Não chegará muito longe tal e como está agora. Se esperava até que estivesse mais forte, teriam tempo de assegurar-se de que não houvesse oportunidade de escapar. A respeito de voltar-se mais forte, seu corpo se curava mais rápido do que acreditavam. A perna estava mal –pode que não pudesse usá-la– mas havia formas… Esta vez seus lábios lhe roçaram a orelha. —Estou-te lendo a mente, sabe? Moveu a mão bruscamente em reação. Ivy, antes que Whitney a matasse, tinha podido ler às pessoas tão bem como se fossem objetos, simplesmente tocando-os. Era mais que possível que Ken tivesse o mesmo talento… e então saberia o que sentia quando a tocava. 32


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Apareceu a humilhação que se mesclou com a fúria. Levantou a mão quebrada sem pensar, em direção a seu nariz, desejando esmagar-lhe contra o crânio. Era seu inimigo e não voltaria a apoiar-se na atração que havia entre ambos. Ou possivelmente tão somente se sentia mortificada porque não havia atração entre os dois, a não ser unicamente de um lado. Agarrou sua mão com uma força quase despreocupada, lhe agarrando ambos os braços sobre a cabeça e sujeitando-os ali, atraindo seu corpo sobre o dela em uma posição bastante dominante. Aquilo a fez ferver de fúria. Mari teve que lutar contra o impulso de arremeter para diante e mordê-lo como um animal raivoso… ou possivelmente lhe arrancar a roupa do peito para ver-se a rede de cicatrizes que estava segura lhe cobria o peito e o estômago desaparecia mais abaixo, para seus estreitos quadris e suas virilhas. —Deixa de te remover. —Sai de cima. —Te acalme primeiro. Acabo de te salvar a vida, uva sem semente ingrata. Ria dela. Maldito fosse, estava rindo dela. Mari pôde ver o rastro de humor em seus olhos. Não sorriu nem trocou de expressão, mas sentia sua risada, e a para desejar explorar… ou possivelmente pressionar a boca contra a suavidade da sua, só para sentir a carícia daquela ardente aspereza uma vez mais. Furiosa consigo mesma, quase caiu da cama, a adrenalina corria por seu corpo, mas não cederia ante ele. Permaneceu pega à maca como se não se desse conta de suas próprias resistências. —Sai de cima. —Soltou cada palavra entre os apertados dentes—. Juro-te que te arrancarei o coração com minhas próprias mãos. O brilhante olhar dele vagou lento e quase possessivamente sobre sua cara. —Não quer me falar dessa maneira. Está-me excitando. O coração de Mari se acelerou e os peitos lhe formigaram de antecipação. O peito dele estava muito perto. A um suspiro de seus doloridos seios. Era um pouco pervertido sentir-se daquela maneira, sentir - se cativa de um homem, lhe estampar o cotovelo na cabeça e que ainda assim, seu corpo reagisse como o de uma gata em zelo. Naquele momento odiou a si mesmo, odiou a forma em que desprezava ao Bret e aos outros homens. Agora o entendia, entendia como podia o desejo controlar os sentidos e fazer a um lado à disciplina e o treinamento, até que tudo no que alguém pudesse pensar fosse acalmar uma necessidade química. Sabia ele? Estava alimentando o vício de propósito com sua proximidade? Se esse era o caso, estava jogando a um jogo verdadeiramente mortal. Obrigou o seu corpo a relaxar-se e o olhou, franzindo o cenho, desejando parecer intimidadora. —As viúvas negras comem a seus amantes. Liberou-lhe as mãos e deslizou um dedo por sua bochecha, a ponta do dedo rodou sobre seus lábios, ficando como se pertencesse ali. Quando a olhava, quando a tocava, sentia a fúria afastar-se antes de poder agarrá-la e mantê-la. O fazia algo, a fazia sentir completa e em paz. Possivelmente era um peculiar talento psíquico dele. Poderia lhe fazer isso Whitney às pessoas? Podia fazê-lo de maneira que tremesse com necessidade e ainda assim se sentisse inteira por dentro só tocando a aquele homem? —Não acredito que me importe muito se me odeia - respondeu, sua voz quase um ronrono. Uma vez mais Mari sentiu a corrente elétrica que corria entre os dois, provocando faíscas em sua pele e esquentando seu sangue até convertê-la em uma espessa corrente líquida. Um calafrio de necessidade lhe percorreu a coluna. Só pôde olhá-lo, sentindo-se vulnerável e feminina em lugar de como o soldado que sabia que era. Nunca se havia sentido assim, tão feminina que não podia referir-se a ele de outra maneira que não fosse vendo-o como um homem em sua totalidade. 33


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Não se atreveu a falar, assustada de que se desse conta de que estava tremendo devido a seu toque, não de medo nem de fúria. Agarrou seu queixo com a mão e lhe moveu a cabeça a um lado para lhe examinar a frente. —Vais ter um colapso. Deixarei que o doutor lhe jogue uma olhada, mas acredito que nos podemos arrumar isso sem ele. Necessita mais medicação para a dor? Os dedos se moveram sobre sua aguda têmpora, aliviando algo da ardência. —Não. Era uma descarada mentira, mas lhe olhou diretamente aos olhos, porque não poderia encarregar-se daquele homem se estava drogada. Necessitava toda sua inteligência se queria sobreviver. —Vamos mover-te, Mari, e vai doer. —Já senti dor antes. Algo cruzou brevemente o inexpressivo rosto, um rápido espiono de uma emoção que soube que era importante, mas não pôde vê-la bem nem identificá-la. Mas não era feito de pedra. —Está preparada? Mari se deu conta de que era o doutor, e não Jack, que ocupava a posição aos pés da maca. Jack parecia sombrio e levava uma pistola na mão. Não houve dúvidas em sua mente de que tinha intenções de usá-la contra ela se fazia algum mal movimento para seu irmão. Uma parte dela admirou aquilo; outra parte arquivou a informação para um futuro uso. Era um soldado e seu dever era escapar. Já não devia lealdade a seu trabalho, mas sim a sua unidade, e estava decidida a que Whitney não a apanhasse em sua armadilha, não importava quão aditivo fosse à ceva, porque aquilo tinha que ser outra sádica armadilha do Whitney. Mari assentiu e se tocou os lábios secos com a língua. Preferia ser torturada antes que sentirse dessa forma, confusa e indefesa e tão feminina que morria de necessidade. A tortura, o dever e a disciplina eram coisas que entendia. Não havia forma de entender o calor de seu corpo e o sangue que pulsava em suas veias. Sua consciência do Ken era incrível, como se cada sentido cada célula de seu corpo - estivesse sintonizada com ele. Tentou endurecer-se quando a levantaram, mas nada podia prepará-la para a dor que a rasgou, afugentando todo o resto, lhe roubando o fôlego e o pensamento, lhe esclarecendo a cabeça por um momento para poder ser o que era forte e valente, e manter o controle. Era aquela a que as outras mulheres admiravam a rebelde que se negou a ceder às últimas exigências do Whitney. Era a que tinha animado à idéia de escapar –-se aquilo era tudo o que ficava - e a que tinha prometido que se todas a ajudavam a conseguir uma oportunidade para ver o senador, convencer-lhe-ia para que as liberasse. As outras mulheres acreditavam nela, e lhes tinha falhado deixando-se capturar. Era possível que Whitney já tivesse matado a uma delas, mas ele tinha estado longe do recinto, e enquanto ninguém lhe dissesse que se foi, estariam a salvo. Os homens a estariam procurando freneticamente, sem querer que a ira do Whitney caísse sobre algum deles. Às vezes seus castigos eram letais. Agora que sabia o que era ser absorvida na forma de outro ser humano, sentir a necessidade de seu toque, ouvir sua voz, enquanto ele parecia indiferente a ela exceto como prisioneira, quis retirar tudo o que havia dito e feito os passados anos vendo os homens ajudar ao Whitney com seu programa de educação. Os homens eram tão prisioneiros como as mulheres, só que não se davam conta… mas os experimentos do Whitney não podiam continuar. Sabia com segurança. Não era natural e estava intrinsecamente mal não deixar oportunidade de eleição. Inclusive se se apaixonasse - e não estava segura de que fosse possível se tinha em conta a forma em que se sentia para os homens - nunca 34


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deixaria de desejar ao Ken. Aquilo lhe proporcionava um entendimento e uma compaixão que nunca antes tinha sentido pelo homem que se emparelhava de maneira pouco natural com uma mulher. Como podia nenhum encontrar a felicidade? Ken viu as conflitivas emoções revoar por sua cara enquanto ajudava a levá-la ao interior da pequena casa onde esperariam um transporte de terra enquanto Nico escapava dos caçadores. Ele continuaria com o plano de vôo a outra localização, uma casa que Lili tinha alugado também. Quando a equipe de Mari chegasse até ali, estaria vazia e Nico já haveria devolvido o helicóptero à base onde pertencia. Permaneceria perto do chão por um tempo em caso de que decidissem aproveitá-lo para conseguir informação. Nico não era um homem fácil de encontrar. Só estava esperando ao doutor para ir-se, evitando ter tempo de dar-se conta de que se deteve. Ken descobriu quão duro era ver as gotas de suor que cobriam a cara de Mari com cada passo que davam. Negou-se a mais medicação contra a dor porque queria estar alerta. Pôde ler sua confusão e sua humilhação. Era inegável que se sentia atraída, com a mesma aterradora e aditiva força que sentia ele cada vez que inalava seu aroma. Agora entendia o que tinha levado ao Jack a esforçar-se tanto para ter Briony. Jack as tinha arrumado para afastar-se da mulher que uma vez o tinha sido tudo para ele, mas não pôde fazê-lo uma segunda vez. Ken não estava seguro de como as tinha arrumado seu gêmeo a primeira vez, mas sabia que precisava encontrar a mesma força. Não podia ter Mari. Não importava que ela o desejasse, ou que pudesse persuadi-la. Não podia tê-la. Não se atreveria. Jack o tinha superado, mas ele era diferente. Jack não tinha acreditado ser um bom homem, mas Ken sempre tinha sabido que o era. Ken o tinha observado atentamente em busca de algum sinal que lhe tivesse deixado como legado a loucura de seu pai. Manteve-se perto do Jack, e lhe tinha aplainado o terreno em qualquer situação, assegurando-se de que Jack não tinha que fazer nada que preferisse não fazer, para que assim não houvesse razões para que sentisse a ardente fúria, uma fúria tão profunda, ardentemente gelada, não quente. Uma raiva horrível, que ia além da loucura e endemoniadamente desumana. Jack levava o mesmo gelo nas veias, a mesma habilidade de cortar as emoções como um interruptor, um rasgo que era perigoso embora manejável, mas Jack sabia como proteger a outros. Cuidava dos homens de sua unidade, à mulher que os tinha salvado tantos anos atrás quando ainda eram uns adolescentes selvagens ansiosos de sangue e vingança contra o mundo, e cuidava de qualquer pessoa que cruzasse em sua vida que necessitasse amparo. Cuidava de todo o mundo, incluído Ken. Ken ocultava sua raiva depois de um sorriso preparado e uma rápida piada, e custodiava o seu irmão com sua vida. Cuidava de uma única pessoa, e esse era Jack. Amava a seu gêmeo de uma forma fera e protetora, e estava determinado a que Jack tivesse uma boa vida com Briony e seus filhos. Ken manteria o seu irmão e a sua família a salvo, inclusive dele mesmo e a certeza que tinha a respeito de que a loucura de seu pai habitava em seu interior. Era um monstro com o que tinha que lutar cada dia, ao que conhecia intimamente, e que logo que podia ocultar e controlar. —Está franzindo o cenho. A voz de Mari o tirou com um sobressalto de sua introspecção. Voltou a colocar-se em seguida a máscara. Pareceu-lhe irônico que a máscara que agora via a gente, revelava também o que havia baixo a pele, só que ninguém se dava conta. —Não estou franzindo o cenho. Teria que ser mais cuidadoso. Se lhe pilhava com a guarda baixa, também o faria Jack, e isso não podia passar.

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—O doutor te vai voltar a examinar, e se puder, tirar-te-á o cateter e a intravenosa. —A voz do Jack soou totalmente tranqüila. Tinha a pistola desencapada, as mãos quietas e os olhos frios—. Se fizer algum movimento rápido, matar-te-ei. Ela se girou para olhá-lo, forçando um sorriso quando o que queria era gritar de dor. —Possivelmente me faria um favor. Algo perigoso cruzou os olhos do Jack. —Não jogue comigo, Mari. Não sei nada sobre ti. Briony é meu mundo, e se de alguma forma é uma ameaça para ela, estará acabada. Briony. Mari não podia pensar na Briony. Sua gêmea estava em algum lugar do mundo, longe de toda aquela loucura. Estava a salvo e feliz e tinha um marido que a adorava, não um desumano assassino com fulminantes olhos cinza e sem sequer um pingo de piedade. O doutor se aproximou mais. A Mari levou um momento dar-se conta de quão humilhante seria. Ia-lhe tirar o cateter com ambos os homens na habitação. E não levava quase nada debaixo da fina manta. —Respira - avisou Ken—. Não podemos escolher, e em qualquer caso, ocuparemo-nos de suas necessidades até que possa voltar a caminhar. —Durante quanto tempo tiveste a gente te ajudando com as funções corporais depois de que lhe cortassem em pedacinhos? Tiraram-lhe isso tudo, ou só parte? O suave movimento rápido da pistola se pôde ouvir na repentinamente quietude da habitação. O doutor ofegou e evitou cuidadosamente olhar ao Ken. Não era difícil para ninguém imaginar a que parte se referiu. Mari teria dado algo por poder devolver as palavras a sua boca no momento em que saíram. Tinha arremetido contra ele por vergonha, tentando lhe ferir, tentando lhe tirar alguma reação. Era algo baixo e mesquinho. Não lhe importavam suas cicatrizes, embora tivesse que admitir que se perguntava se teriam talhado por toda parte. Não podia imaginar-se a um sádico como Ekabela - um homem capaz de genocídios - sem fazer todo o dano que fosse possível a outro homem que odiava e temia. Aquilo afugentou qualquer outro pensamento. Ekabela tinha temido a aquele homem, e ainda assim lhe provocava deliberadamente, estava empurrando uma víbora enroscada com um pau, escavando nas feridas de um predador simplesmente para cobrir sua própria humilhação. Levantou a vista para ele, sem fazer caso da furiosa tensão na habitação e de que seu irmão queria apertar o gatilho. Os dois homens estavam muito conectados. Jack devia haver sentido a punhalada de dor cortando tão grosseiramente como a faca que alguma vez tinha rachado a seu gêmeo cada vez que olhava ao Ken. Ela o sentiria se alguém tivesse torturado a Briony e tivesse deixado uma marca visível detrás. —Saque o cateter, doutor - disse Ken, com tom tranqüilo—. E não crê que é um pouco dramático apontá-la com a pistola, Jack? —suspirou e lhe apartou mais mechas de cabelo da cara—. Ao Jack gosta de disparar primeiro e perguntar depois. Enviei a um par de psiquiatras, mas sempre me devolvem isso e me dizem que não há ajuda possível para ele. Mari não pôde desculpar-se, não podia dizê-lo diante de outros. Só pôde lhe olhar sua cuidadosamente inexpressiva cara e desejar que Jack apertasse o gatilho. Duvidava que Ken se permitisse sentir-se ferido facilmente, mas seu dardo tinha dado no alvo. Não o demonstrava, mas Jack foi e isso pareceu pior. Como se seu irrefletido comentário lhe tivesse chegado tão adentro que Ken não tivesse podido mostrar sua reação. Era seu inimigo. Repetiu-se as palavras uma e outra vez enquanto o doutor lhe tirava a intravenosa e o cateter. Enquanto isso manteve o olhar fixo no Ken, observando cada detalhe, a perfeita estrutura óssea, pesadas e escuras pestanas em contraste com seus reluzentes olhos cinza. 36


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Havia uma sensualidade latente ali, mas Mari sabia que as cicatrizes de seu rosto eram tudo o que a gente ia poder ver dele. —O que disse minha irmã quando te viu? —sussurrou as palavras em voz alta, precisando saber, sabendo que a pergunta seria mal interpretada, mas que lhe diria a verdade, diria-lhe coisas que precisava saber para poder manter-se em sua eleição. Tinha que estar segura sobre o caráter de Briony. —Malditas seja - vaiou Jack, dando um agressivo passo para diante—. Fecha a boca, antes que lhe a feche eu. Ken lhe cortou dando um tranqüilo passo adiante, bloqueando o caminho de seu gêmeo até a cama, e com razão, Mari esteve totalmente segura. Jack não a houvesse simplesmente golpeado com a culatra. —Briony não parece dar-se conta a menos que alguém o note, e então se converte em uma protetora mamãe tigre - respondeu Ken—. Isso te incomoda? Deveria haver dito que sim. Necessitava desesperadamente amparo, algum tipo de armadura, algo de distancia entre eles, mas não pôde mentir. —Não. Jack conteve o fôlego e o deixou sair, tirando a arma da vista e girando-se. —Doutor, acabou-se o tempo. Mantenha-se perto até que contatemos com você e lhe diga que é seguro. Já sabe o que terá que fazer. Obrigado por sua ajuda e o sinto pela faca. Subestimei as habilidades da garota - brocou Mari com o olhar—. Não voltará a passar. Lançou-lhe um olhar rápido. —É obvio que sim. Você é o grande homem das cavernas e eu só uma mulher, muito estúpida para saber como me defender. Jack deixou a habitação, seguindo ao doutor até o helicóptero, e deixando-a à sós com Ken. Ao momento, a habitação pareceu muito pequena, muito íntima. —Deixa de provocar ao tigre - disse Ken. Deslizou o braço ao redor de suas costas e lhe deu outro sorvo de água fria—. Só vamos estar aqui durante uma hora ou assim, tempo suficiente para que descanse. —Ele só acredita que é o tigre. É o que faz pensar a todo mundo, verdade? —adivinhou, embora soubesse que era a verdade. —Não pense nem por um momento que Jack não tivesse apertado o gatilho. Não é um gatinho - disse Ken. Ken viu como se movia sua garganta enquanto tragava água. Logo que pôde conter-se para não inclinar-se e tocar com sua língua, com os dentes e os dedos aquela frágil extensão de pele. Morria por saboreá-la. Por colocar uma marca de propriedade nela. De marcá-la como sua ante o resto do mundo. E aquela necessidade lhe desgostava. Enfrentou-se ao perigo toda sua vida, mas aquela mulher era mais uma ameaça para ele que milhares de rifles. Esquecer-se-ia de sua honra e seu auto respeito e revelaria seus mais profundos e horríveis segredos ao mundo. —Por que não veio Briony a ver-me, se de verdade a conhecer? —Jack não confia em ti. —A mim isso não pararia. Estava inexplicavelmente ferida. Se descobria onde estava sua irmã, moveria céu e terra para poder vê-la… sempre que estivesse segura de que Whitney não a encontraria jamais. Ken a deixou deitar-se, e se endireitou, lhe deixando outra vez aquela sensação de perda. —Disse que estava ali para proteger ao senador. Sabe quem deu a sua equipe essa ordem? Assumo que alguém disse que ia haver um intento de assassinato contra ele.

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Parecia tão longínquo tão completamente sozinho. Ela se sentia igual em seu interior, onde nunca ninguém a tinha visto como era. A ninguém tinha importado nunca quem era. Mari era um soldado. Era tudo e nada de uma vez. Às vezes sentia, especialmente nos últimos tempos, como se não ficasse humanidade... Como se a tivessem arrancado a patadas. Não estava segura do que, mas se tinha ido. Sente-se assim? Perguntou em silêncio, querendo chegar até ele, precisando conectar com ele depois de lhe haver arranhado com suas garras. Sente-se como se já não ficasse nenhuma pingo de humanidade? De que lhe arrancaram isso e lhe converteram em algo que já não reconhece? O olhar dele se moveu sobre sua cara, vendo muito. Por um momento, Mari se sentiu conectar, como se as tivesse arrumado para arrastar-se dentro de sua pele e compartilhá-lo com ela. Eu nasci sem humanidade assim nunca a tive para poder perdê-la. As palavras foram duras, mas a voz, movendo-se por sua mente, era como uma carícia, acariciando-a por dentro, aumentando sua temperatura e fazendo-a arder. Estava assombrada por sua total honestidade, quando o que dizia era impossível. Era óbvio que Ken acreditava o que dizia, e isso a confundiu. Que classe de monstros se ocultavam detrás da máscara de cicatrizes? Alguma vez aquela cara tinha sido belamente masculina. Tinha sido esse rosto também uma máscara? Mari o estudou, tentando ser objetiva, tentando vê-lo de verdade enquanto a química em seu corpo reagia e se lançava por seu fluxo sangüíneo com selvagem abandono. Ao Whitney adorava os experimentos. Tinha uma forma de voltar todo o bom em algo que deixava um mau sabor na boca. Mari tinha sido criada com disciplina e controle, mas para sua ordenada memoria tudo o que Whitney fazia parecia caótico e errôneo. Uma sutil ou não tão sutil forma de tortura. Mari negou com a cabeça. —Whitney não tem humanidade. É cruel e insensível e não tem nenhuma pingo de amabilidade nem de compaixão. Você não é assim. —Não te engane, sou exatamente assim. —Você faz coisas amáveis. Ken se encolheu de ombros. A maioria do tempo não sentia nada, mas quando o fazia, era uma fúria gelada que ardia profundamente e que o aterrorizava. Agora suas emoções estavam desfocadas e desejou poder voltar para o que lhe era familiar. Para coisas amáveis porque tinha que as fazer... Eram necessárias para manter a salvo ao Jack. E sobre tudo, Ken queria que Jack estivesse no mundo, feliz e são e vivendo sua vida. Um deles tinha que sobreviver, e Jack era extraordinário. Ken se inclinou uma vez mais, seu fôlego removeu a Mari algumas mechas de cabelo da cara, a expressão dele era dura. —Conseguem resultados. Ela estudou as cicatrizes de mais perto. A tortura tinha sido recente. Deveria ter estado intimidada, mas Mari não se assustava com facilidade. Sabia de soldados, e reconhecia o controle quando o via. Para Ken a disciplina e o domínio de si mesmo eram uma arte. Alargou a mão para cima e roçou a cara dele com a ponta dos dedos, precisando tocá-lo, necessitando a corrente de informação que acompanharia o simples roce de pele contra pele. Tudo dentro do Ken permaneceu quieto enquanto os dedos dela riscavam o contorno de suas cicatrizes. Ela deixava detrás de si pequenos pontos de calor em sua cara, onde nem sequer podia sentir seu próprio toque. Não tinha sensações na maior parte de seu corpo, entretanto podia sentir Mari debaixo da pele, fazendo saltar seus machucados nervos e crepitassem de eletricidade. A sensação se expandiu desde sua cara até o peito, um calor tão espesso que parecia lava correndo pelas veias. O fogo se assentou em sua virilha, trazendo-o dolorosamente à vida. 38


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Sempre tinha sido um homem grande, bem dotado, e os homens da Ekabela tinham tirado o máximo proveito disso. Um deles tinha sido um professor da tortura, e lhe tinha infligido àqueles pequenos e profundos cortes com um padrão preciso sobre cada centímetro de seu corpo. Tinha-o chamado carinhosamente arte, e os homens a seu redor tinham admirado e alimentado àqueles pulcros cortes desenhados para infringir a maior dor possível sem permitir nunca que a vítima perdesse a consciência. Cortes desenhados para arruinar a um homem no caso de que conseguisse fugir. Tinha-lhe esfolado as costas, mas não tinha sido tão mau… nada tinha sido tão mau como a faca deslizando-se por suas partes mais íntimas e privadas. Ainda podia sentir a agonia alagando seu corpo, a urgência de lhes rogar que lhe matassem. A necessidade de impor justiça sobre alguém... Qualquer. Quando despertou no hospital e viu as caras das enfermeiras soube que o monstro vivente de seu interior tinha saído à luz. E tinha sabido que não voltaria a funcionar como um homem normal outra vez. A torcida linha de cicatrizes lhe tinha deixado com poucas sensações, e se queria poder voltar a sentir, sentir algum prazer, a estimulação tinha que ser o suficientemente forte para ir mais à frente da dor. —Filho da puta. —Soltou o juramento entre os dentes apertados, com voz rouca. Seu palpitante sangue correu ardente por suas veias até assentar-se em sua virilha, e apertou os dentes contra a inevitável dor enquanto a rígida malha se alargava a contra gosto, inchando-se em um comprido e grosso vulto que não tinha acreditado possível. O fôlego lhe saiu com urgência dos pulmões e tinha gotas de suor sobre a frente. Agarrou com força o bordo da cama e se obrigou a respirar apesar da dor. Enquanto isso não deixou de olhar a Mari. Tinha conseguido, só com um toque dos dedos sobre sua cara, o que acreditou que já ninguém poderia conseguir. —Filho da puta - repetiu, lutando por respirar, lutando por não deixar que a dor e o prazer, agora se mesclando, convertessem-se em um. —Ken? —Mari tentou sentar-se—. O que ocorre? Estava curvado para diante, e o queria admitir ou não, necessitava ajuda. Ela não podia sentar-se; sua perna estava fortemente sujeita, e mover-se ameaçava seu precário controle, assim Mari fez o único no que pôde pensar. —Jack! Jack! Entra! As mãos do Ken se fecharam com dureza sobre sua boca, e se inclinou até que seus lábios estiveram diretamente sobre os dela, separados unicamente por sua mão. —Não lhe necessito. O som do helicóptero se ouvia fora, e estava bastante segura de que Jack não a tinha ouvido lhe chamar. Ken tinha sido tão rápido que tinha afogado a maior parte do que havia dito. Uma gota de suor caiu sobre a cara de Mari e seus olhos se alargaram. Agarrou a mão dele com a mão boa e atirou dela. Quando levantou a contra gosto a mão de sua boca uns poucos centímetros, ela tocou a gota. —Me diga o que te passa. —Cada certo tempo sinto alguns restos de minhas pequenas férias no Congo - se encolheu de ombros—. Não é nada importante para preocupar ao Jack. —Não incômoda ao Jack com nada, verdade? —adivinhou. —Não é necessário. Deixa de te retorcer ou te fará mal. Fez a prova e endireitou um pouco o corpo, tentando ignorar a suavidade dos lábios dela contra sua palma. Podia sentir coisas com ela, cada sentido se realçava mais do normal até que quase podia senti-la em sua boca. —Quanto conhece o Whitney? —Ninguém conhece o Whitney, nem sequer seus amigos. É como um camaleão; troca de pele quando quer. Apresenta uma cara, uma personalidade um dia, e o seguinte é totalmente diferente. 39


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Pessoalmente acredito que é um bêbado lunático. O governo lhe deu muita autoridade sem ter que responder ante ninguém, e tem muito dinheiro, assim é como o megalomaníaco número um do mundo. E é algo que lhe disse em várias ocasiões recentemente. —É consciente de que tem um perfil muito preciso? Quero dizer que não comete enganos, Mari. Mari soube que a estava levando a algo, e ela já estava ali. —Deve ter algum tipo de habilidade psíquica. De outra forma, como poderia fazer para conseguir escolher os meninos corretos de um orfanato? Conhece todos seus talentos. Tocava-nos, ou de algum jeito era atraído até nós, devido a nossas habilidades psíquicas. Teria sido impossível a menos que também fosse um psíquico. Dessa forma sabe coisas sobre nós. Ken tragou a bílis repentina que lhe subiu à garganta. Tinha tido o mau pressentimento, desde que tinha aceitado a missão do Jack no Congo e tinha sido capturado, de que tudo tinha sido uma armadilha. Inclusive quando Jack se atrasou na Colômbia e, portanto não tinha podido liderar a equipe de resgate quando o avião do senador tinha cansado. Esclareceu-se garganta. —Disse que Whitney e o senador não são exatamente amigos. Soube Whitney que o avião do senador tinha sido abatido a tiros no Congo pelos rebeldes uns meses antes? —Sim. Disse-nos isso. —E souberam que a primeira missão de resgate foi um êxito, mas que um homem ficou detrás? Soube Whitney? —Ouvi por acaso como Sam o contava. —E como reagiu Whitney? Doía-lhe o peito. Ardiam-lhe os pulmões pela falta de ar. —Parecia entusiasmado. Acreditei que estava entusiasmado porque o senador tinha sido resgatado, mas então disse algo a respeito de que era algo mau que Freeman tivesse sobrevivido. Ken manteve a cara cuidadosamente inexpressiva enquanto seu mundo se derrubava a seu redor. Deveria havê-lo sabido. O doutor Peter Whitney encontrava grande regozijo em usar seres humanos em seus experimentos. Tinha chegado a limites extraordinários, como manipular a gente para poder recolher os fatos e provocar as reações que havia predito. Tinha-o feito com o Jack e Briony, e agora, Ken estava seguro, estava-o fazendo enviando Mari a proteger ao senador. —Quem te deu a ordem de proteger ao senador Freeman? Mari vacilou, mas soube que Ken estava tentando chegar a algo e era completamente possível que ambos estivessem do mesmo lado. O que podia perder? Enquanto ele a sondava em busca de informação, ela estava recolhendo seus próprios dados. —Eu já não era parte do grupo de amparo. Trocaram a outro programa novo. Whitney se foi, e com um pouco de ajuda dos outros, convenci a minha velha equipe para que me deixasse ir poder falar com o senador de outro assunto. Ken inalou bruscamente. —Melhorou Whitney? Negou com a cabeça. Era leal a sua unidade, mas é obvio não ao Whitney, e se aquilo era uma armadilha posta, já sabia o que opinava dele e de seus desprezíveis experimentos. —Tentei-o um par de vezes, só para ver. Seu guarda-costas teve que me apartar dele. Não acredito que tenha melhorado. Provavelmente é muito covarde. —Atacou-lhe? —Estava esperando ter sorte e lhe romper o pescoço, mas tinha um guarda, Seam, que é realmente, realmente bom.

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A admiração em sua voz fez estalar algo agressivo e perigoso dentro dele que sempre lhe havia custado muito manter oculto. Afastou-se dela abruptamente, lhe dando as costas até que pôde voltar a controlar-se. Curvou os dedos em dois apertados punhos e tragou com dureza. Uma negra sombra se moveu em sua mente. —Como reagiu quando lhe atacou? —Sorriu. Gosta de sorrir justo antes de fazer algo desagradável. Foi então quando me separaram de minha unidade e trocaram a outro programa. —Ao programa de reprodução. Ela se obrigou a manter o controle, sem estremecer-se, nem apartar o olhar. —Enviou ao Bret. Ao Ken lhe contraiu o estômago e a sombra em sua mente se fez maior. Pôde ouvir o ruído surdo de seu coração bombeando em seus ouvidos como o rugido de um animal ferido. —E o que fez Bret? —Bret é parte do novo programa de reprodução, está emparelhado comigo. O rugido aumentou. Sua vista se voltou uma representação ardente, brilhantes sombras de amarelo e vermelho, aparecendo e desaparecendo como um sinal de alarme quando se girou para ela, lhe abrangendo a garganta com a mão. —O que é exatamente que te fez Bret? Tocou-te assim? —Deslizou a palma por sua garganta até a cúpula de seus peitos, acariciando-a. Retirou a manta, expondo seu corpo, as suaves e firmes linhas e as exuberantes curvas—. Assim? —Inclinou a cabeça para mover a língua sobre seu mamilo. Mari ficou rígida enquanto as sensações exploravam através de seu corpo. Deveria gritar lutar, fazer algo exceto o que desejava fazer. Sabia o que era aquilo. Sabia que estava aproveitando-se de suas feridas e que estava usando deliberadamente o sexo contra ela, mas nunca havia sentido a intensa explosão que lhe provocava o mero roce de sua língua. Suas mãos se fecharam em seu cabelo, mas em lugar de atirar para afastá-lo, sustentou-o contra ela, fechando os olhos e saboreando a sensação de sua língua, seus dentes, e o calor de sua boca ao sugar. Ken não era gentil; podia sentir que a raspadura de seus dentes e sua boca era mais arruda que sensual, como se estivesse zangado com ela, mas seu corpo reagia com tal urgência que quase a fez soluçar. Uma das mãos viajou sobre seu estômago, deslizou-se mais abaixo, acariciando uma e outra vez, e logo seu dedo se introduziu em seu acolhedor corpo, seus músculos se esticaram ao redor dele, querendo mantê-lo contra ela. O corpo lhe ameaçava explorando, o orgasmo se precipitou por ela quando não havia outra razão para isso que aquele único afundamento de seu dedo. Mari gritou quando a sensação a agarrou despreparada, fazendo-a tremer, fazendo balançar sua fé em si mesma e sua habilidade para resistir algo que lhe fizesse. —Droga. —Soltou Ken, afastando o dedo de seu corpo, envolvendo a mão uma vez mais contra a garganta dela—. Fez-te sentir assim? Umedeceu-te? Veio-te pelo assim? Maldição fez-te sentir morrer? —Ken! Que pensa está fazendo? —perguntou Jack. Ken ficou rígido, sua cara se voltou completamente branca, os olhos abertos de comoção e horror. Afastou-se dela tropeçando, parecendo impotente a seu irmão, alargando uma mão para ele. Com total e completa desesperança no rosto, na desolação de seus olhos, na forma em que se secou a boca com o dorso da mão como se o sabor lhe desgostasse. Jack deu um passo para seu irmão, sacudindo a cabeça.

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O tempo parou. Mari sabia. Viu tudo passar em sua cabeça como se de algum modo, aquele breve momento de conexão tivesse deixado parte dela dentro do Ken e pudesse lhe ler a mente. Soube com exatidão, como se a cena inteira tivesse sido ensaiada com antecedência. Ken tirou a arma em um tranqüilo movimento e se girou para ela. —Sinto muito, Mari - disse tranqüilamente e colocou a arma na cabeça.

Capítulo 5

O estrondo na cabeça do Ken se voltou mais forte. Nunca esqueceria o sabor ou o aroma de Mari em sua mente; nunca deixaria de precisar alcançá-la, tocá-la, possuí-la. Finalmente, tão seguro quanto vivia e respirava, podia ir a ela, tomá-la, fazê-la sua. E uma vez que isso ocorresse ambos estariam perdidos. Tinha-lhes demonstrado, a ela e a ele mesmo, que não era de confiança. Destruí-la-ia da mesma forma em que seu pai tinha destruído a sua mãe. Primeiro o ciúmes e depois os maus entendimentos, e finalmente a loucura venceriam ao amor, e o assassinato seria rápido e brutal. E então Jack se veria obrigado a caçá-lo e matá-lo. Enviou a seu irmão um pequeno e triste sorriso e moveu a outra mão para tampar os olhos do Mari. Sempre te quis, Jack, e não quero te fazer isto. Seus dedos se esticaram no gatilho. —Não! —Havia medo e angústia na voz do Jack—. Maldito seja, não, Ken! Saltou para frente, cem anos muito tarde, ainda com sua força e velocidade realçada, nunca chegaria a tempo. A forma em que Ken tinha tirado a arma era tranqüila e perita. Não havia indecisão, só resolução, como se soubesse que algum dia teria que usar essa última linha de defesa por seu irmão. No instante em que levantou a arma, Mari estava já em movimento. Saltou da cama, cada movimento cuidadosamente calculado. Sua cabeça se chocou contra a arma do Ken. Ela sentiu o calor da explosão quando a bala saiu da pistola, muito perto de sua cara. O ruído foi ensurdecedor perto de seu ouvido, mas se agarrou à mão do Ken e caíram ambos ao chão. Aterrissou com força, incapaz de proteger sua perna. Escutou-se gritar. O grito saiu de sua garganta, mas se pendurou com todas suas forças do braço do Ken, sujeitando-o com o peso do corpo quando viu as estrelas, assustada de perder o conhecimento antes que Jack detivesse seu gêmeo. Ken não lutou. Em vez disso a envolveu com os braços e pôs a boca contra seu ouvido. —Tentava te salvar. Whitney também tem meu perfil. Conhece meu interior, onde ninguém mais o faz, e pensou que seria divertido te emparelhar com o diabo. Ela girou a cabeça para olhar fixamente os olhos estranhamente coloridos. —O diabo não teria tentado acabar com sua própria vida para me manter segura. Houve um momento, um pequeno batimento do coração, em que vislumbrou uma crua emoção naqueles chapeados olhos e seu coração saltou em resposta. —Nunca estará segura de novo, Mari, não enquanto eu viva. Jack apartou a pistola de uma patada através do chão longe do Ken e se afundou junto a eles, a mão tremente indo ao ombro de seu irmão. Mari não tinha acreditado que pudesse estar tão afetado. —No que estava pensando? Ken teria que me deixar te ajudar.

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Ken sacudiu a cabeça, agarrando Mari perto dele, estirando a mão para o lençol para uma vez mais cobrir seu corpo. Suas mãos eram impessoais, como se sua boca nunca tivesse saboreado a carne dela, levando-a a um febril ponto de prazer sensual sem tentá-lo sequer. —Não há forma de me ajudar Jack, e sabe. Só pode ajudá-la. Já sabe o que tem que fazer para mantê-la segura. —Isso é uma panaquice Ken. Posso colocar uma bala em sua cabeça e acabar com isto. Mari levantou a mão. —Tenho voto? —Estas sangrando outra vez pelo mesmo lugar - disse Ken. Estava de pé, elevando-a em seus braços, a dor empurrava o ar de seus pulmões—. Não pode matá-la, Jack. Tem que protege-la de qualquer... Inclusive de mim. Mari tentou desesperadamente aferrar-se a sua consciência. O movimento lhe girou a perna e fez que seu estômago protestasse com um violento puxão, mas recusou deprimir-se, precisando escutar cada palavra. Jack moveu a cabeça. —Não tem que ser assim. —Que? Não me viu atuar como um animal? Sabe exatamente como vai ser... Uma larga queda no inferno... Não vou fazer- o. Rechaço ser ele. Prefiro estar morto. —Ken colocou Mari sobre a maca, com cuidado para evitar sacudir sua perna—. Jogue-Lhe uma olhada, Jack, olhe quanto dano se fez. Afastou-se dela, sem olhá-la, sem tocá-la, sua voz tão vazia como sua expressão. —A ver - Jack se estirou e enganchou a pistola—. Vai fazer o imbecil de novo? Ken rechaçou responder. Jack caminhou perto da maca, e de repente colocou a arma contra a cabeça de Mari. —Juro-te, por nossa mãe, que se pensa fazê-lo de novo, arrebentar-lhe-ei os miolos. Imediatamente Ken voltou a viver, escurecendo-se a cara, os olhos estreitando-se para reduzir-se até chapeadas fendas. —Aparta a fodida pistola de sua cabeça ou vamos ter um problema Jack. —Por mim pode sangrar-se. Algo que te ocorra, qualquer, por sua mão ou pela de outros e ela está morta. Agarra-o? Dou-te minha fodida palavra a respeito disso. Está morta. Conhece-me. Sabe que nunca paro. Pensa comprido e tendido sobre isso antes de tentar esta idiotice comigo outra vez. Jack retirou a arma, a atirou ao Ken, e o empurrou ao passar para ir-se para a entrada. Ken permaneceu só um momento sujeitando a arma, olhando fixamente atrás de seu gêmeo. Não disse nada, só permaneceu em silêncio, os nódulos brancos onde sujeitava a culatra da arma. Por fim, meteu-a na capa em baixo de seu braço e agarrou uma profunda e relaxante baforada antes de examinar o sangue que se filtrava pelo lençol. Mari inalou com aspereza, tentando encontrar alguma forma de aliviar a tensão. —Bom isto foi bem. Posso ver que tem o cacoete de querer disparar às pessoas. Não estava brincando. —Não, não o fazia - Ken tirou o lençol da perna—. Tinha que cair tão forte? Realmente isto é um desastre. —Dói - admitiu e alargou a mão para lhe agarrar o braço—. Não me machucou. Eu tomei parte, não era tudo por sua culpa, sabe. Poderia haver dito que não. Ele moveu a cabeça e ela sentiu o tremor que lhe percorria o corpo. —Não tem forma de entender o que passa aqui. —Entendo mais do que você crê - disse Mari. 43


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Jack apoiou o quadril na porta, lhes lançando um olhar de ódio a ambos. —Então nos conte. Jogou-lhe uma rápida olhada. —Isto é sobre o programa de reprodução do Whitney, é obvio. Todos estão apanhados nele. Este é um grande experimento. Briony está grávida? Jack ficou rígido. —Por que pensaria isso? —Porque Whitney estava desesperado por me deixar grávida. Estava furioso com o Bret por não conseguir terminar o trabalho. Quando averigüei que estava contigo, não foi tão difícil dar-se conta de que a queria na mesma situação. Ken assentiu. —É muito mais que isso. —Já sabíamos o que estava fazendo, Ken - disse Jack—. O soubemos desde que enviou a sua equipe a recuperar Briony. Quer os bebês. —Que fez o que? —Mari empurrou ao Ken, exigindo uma resposta. Ignorou-a, assinalando com a cabeça o seu irmão. —Não o entende? Sabe. Fez isto. Sabe tudo sobre mim. —Não estas sendo razoável - disse Jack. —Ele quer dizer Whitney - interpretou Mari Ken assentiu, cobrindo-a cara com a mão, estendendo o sangue de Mari pela mandíbula. —Sempre suspeitei que fosse psíquico. Sabe tudo sobre mim. Sabe como sou e estabeleceu isto. Não pode ser por nada mais, Jack. Sabia o que eu faria se enviava a ela. —Pensa que te conhece, igual pensava que me conhecia. Ainda tenho Briony. E estou bem com ela. Vê-nos juntos, pude ter um pouco de ciúmes agora e depois também, mas não sou como ele e você tampouco. Mari passeou o olhar de um a outro. —Quem é ele? Já não estão falando do Whitney. —Sou - disse Ken ao Jack. Sua voz era um baixo e suave sussurro de som, mas o impacto que levava era letal—. Sou exatamente como ele. —Não é verdade - negou Jack. —Ao diabo que não é - estalou Ken—. Sabe o que queria lhe fazer quando soube que outro homem tinha estado dentro dela? Tocando-a? Demônios, Jack. Nem sequer a conheço. Não sei nem a menor coisa sobre ela. Não a amo. Não me ama como poderia fazê-lo? Mas dá no mesmo. Queria martelar dentro dela, fazer esquecer a qualquer outro, castigá-la por atrever-se, atrever-se, a permitir que outro homem a tocasse dessa maneira. Não tomei cuidado com ela, não queria o ter. Queria que soubesse com quem estava. Jack golpeou com a parte traseira de sua cabeça contra a ombreira da porta. —Isso não é são. —Sempre soube que ele estava vivo, vivendo em mim. Sempre o soube. E aquele filho de puta do Whitney sabia também. Ele queria ver que nos ocorreria. Como seu pequeno jogo destruiria nossa família. Rápido. Lento. Uma grande explosão, uma silenciosa bala na cabeça. Agora mesmo está comodamente sentado e nos observando, Jack. O bastado está conectado a nós de algum jeito. Quer forçar o assunto para ver se você faz o trabalho de me colocar uma bala. —E isso em que lhe beneficia? —perguntou Jack. —Quer ver que acontece com Briony, ver se ambos são o bastante forte e o bastantes dignos para que seus filhos sejam súper-soldado. Mari é dispensável para ele, sempre o foi. Por que crê

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que tentou conseguir um bebê dela através de outra pessoa? Não queria que seu trabalho fosse uma perda total Mari apartou a cabeça de ambos. Podia ouvir a tortura na voz do Ken, e isso a rasgava por dentro. Não a amava. Como poderia? Não sabia tudo o que havia no passado do Ken e Jack, mas ouvia o timbre de verdade na voz do Ken e as coisas estavam tomando sentido. Whitney a odiava porque não podia controlá-la muito bem. Tinha utilizado ameaças contra as outras mulheres para mantê-la a raia. E ela era forte, sempre uma ameaça para ele e seus programas. Fazia muitas perguntas. Whitney tinha estado furioso quando Bret foi incapaz de deixá-la grávida. Tentou separar-se do que ele estava dizendo. Era como se tudo ocorresse a alguém mais. Uma mulher que ela não conhecia. Era um soldado e precisava voltar para sua unidade. Onde pertencia... Ao que compreendia. Não era do tipo de estar tombada inútil com as lágrimas queimando seus olhos, enquanto um homem usava seu corpo, mas tinha feito justo isso, incapaz de resistir à boca e as mãos do Ken. Com o Bret, era uma tensão todos os simples momentos que ele conseguia estar perto dela. Estava destinada a defender-se e a seu direito como uma pessoa a escolher com quem queria estar. Com Ken, necessitava-o desesperadamente perto. Cada momento que passava em sua companhia piorava o vício pelo, até que se sentia desesperada querendo seu toque. —Poderia Whitney fazer isso? —perguntou, procurando em sua memória algum descuidado momento em que ele poderia ter cometido algum deslize—. Qual é seu sobrenome? —Norton. —Foi Jack quem respondeu os olhos ainda travados em seu irmão. O coração lhe saltou de novo. Reconheceu o nome e devia havê-lo sabido. Franco-atiradores. Não só franco-atiradores. A elite. Ken limpou o sangue de sua perna, todo o tempo evitando tocar sua pele. O orgulho deveria lhe haver evitado olhá-lo, mas estava fascinada pela forma em que seu corpo se movia, pelo deslizar de suas mãos, sempre cuidadoso de evitar seu contato. A lembrança saía de um nada, desencadeado pelo hipnotizante ondular dos músculos baixo a pele. A cara do Whitney contorsionada de ira. Ao inferno os Norton de todas as formas. Como lhes deixou escapulir, Seam? Fiz-o fácil e a pifaste. Não voltará a ocorrer, Doutor. Seam tinha permanecido perto dela enquanto Whitney a cravava com uma agulha antes de uma de suas missões. Recordava o sub-reptício roce de sua mão para respirá-la. Sempre odiou as agulhas, e só Seam tinha sabido daquela pequena debilidade. Ken ficou rígido, os dedos lhe rodeando o pé como um torno. —Quem é? Mari piscou, olhando ao Jack e de volta ao Ken. —Não sei que me está perguntando. E me está fazendo mal. Ken se afastou dela como se lhe tivesse queimado, limpando-a palma na coxa. —O homem no que estava pensando agora mesmo. Captei a impressão dele. Um homem grande, respaldando ao Whitney. Gosta. —Capta tudo isso só por me tocar? —Demônios, me respondam - ordenou Ken. —Ken, se retire - lhe advertiu Jack. —Fez sua eleição, Jack. —Ken lhe lançou um duro olhar—. Agora todos nós temos que viver com as conseqüências.

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Mari colocou a cabeça na manta colocada baixo ela, os olhos estreitando-se em sua cara, deixando uma espécie de túnel de visão. Reconheceu os familiares signos de seu caráter golpeando. —Espera um minuto. Tenho a horrível sensação de estar começando a compreender que está acontecendo aqui. Chame-me lenta, mas por alguma razão, embora sejam homens, esperava que atuassem com inteligência. —Mari... —Não me conhece o suficiente para utilizar meu nome. Não tem a menor idéia sobre mim ou minha vida. Sou sua prisioneira, recorda? Disparou-me. - Sua voz estava cheia de fúria, assim que a mantinha ultra–baixa, mas era muito tarde para sujeitar seu gênio. Já estava procurando algo que romper sobre a cabeça dele—. Não te atreva a me chamar Mari. Não me importa se tiver uma perna quebrada. Se quer me torturar, adiante, mas estarei condenada se permito seguir sendo um presunçoso atuando como um amante ciumento por causa do Bret, Bret, de entre toda a gente. Isso é o que te faz saltar. Agora me dou conta. Ele “te tocou assim” e depois perde a cabeça. Que completo idiota. —Mari... —Que imbecil. Não me fale. Não toque minha perna. —A adrenalina corria por seu corpo, enquanto ela se encontrava tremendo—. Tem alguma idéia de como é esse homem? O que é para uma mulher ter a alguém que lhe desagrada tocando-a? Vá ao inferno, Ken. A próxima vez que queira pôr uma pistola em sua cabeça, ajudar-te-ei a apertar o gatilho. —Não o entende - disse Jack. —Estas brincando? Sou a única que tem que agüentar ao Bret... Ou qualquer outro... Ao capricho do Whitney. Não você, não Ken. E captar um brilho de um soldado que me tratou com decência e respeito, um ao que admiro, é motivo de ciúmes também? Ken ficou muito quieto, os dedos ainda lhe rodeando o pé, o contato físico enviando faíscas elétricas assobiando pelas terminações nervosas, aumentando a corrente de ira que se levantava como um vulcão. —Quem é? —repetiu Ken. Já lhe doía. Que demônios. Usou a perna boa, encolhendo-a e sacudindo-a, direta a sua cara, usando a realçada força, necessitando a satisfação de marcar sozinho uma vez contra ele. Estava interferindo com sua mente e Mari encontrava isso inaceitável. Ele bloqueou o golpe com um braço, o bastante forte para fazer que a perna se intumescesse, sem soltar o outro pé, nem sequer perdeu o agarre, como se seu ataque tivesse sido tão intrascendente que quase nem o tinha notado. —Era Seam, não é verdade? —Vá ao inferno. —Não o entende - repetiu Jack—. Whitney não fez isto. Mari apertou com força os lábios, estudando suas caras. Ken não tinha movido um músculo, a mão ainda permanecia ao redor dos dedos de seus pés. Podia sentir o calor de sua palma, era muito consciente dele como homem, não como captor, não como inimigo. —Me informe. —O velho as arrumou para deixar seu legado em um de nós. —Ken o disse em tom prosaico. Mas estava afetado. Ocultava-o muito bem, tão bem que ela duvidava que Jack pudesse atravessar sua máscara, aquela falsa máscara sem emoção que Ken mostrava ao mundo. Mas quando a tocava, quando estavam pele com pele, ela via mais, sentia mais, soube mais do que ele nunca teve intenção... E estava definitivamente afetado.

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—Fui o afortunado ao que nosso pai deu sua herança, e Whitney sabia desde o começo. Acreditava que o tinha enterrado onde ninguém poderia sabê-lo nunca, mas ele é psíquico e leu em mim como um livro aberto, e todo este tempo esteve esperando sua oportunidade. Jack se esclareceu garganta. —Pensa que quer ver sua reação para ela quando a acasalar com outro homem? —Pensa que os matarei... Ou a matarei O estômago de Mari deu um salto. Havia uma tranqüila verdade na voz do Ken. Molhou os lábios repentinamente secos. —Realmente alguém precisa me pôr à corrente aqui porque, para ser totalmente sincera, eu não gosto como isto sonha. Whitney tem uma forma de manipular as pessoas para que façam exatamente o que ele quer que façam e eu não sou exatamente sua pessoa favorita. —Ken. —Jack a ignorou—. Ele não te está lendo. Não tem idéia de seu caráter. Crê que o velho está rondando dentro de ti. Demônios, eu pensava o mesmo, mas não é verdade. Fomos investigados. Whitney tem uma alta ficha de segurança e leu tudo em nossos expedientes. —O que é tudo isto? —perguntou Mari, tentando desesperadamente ignorar a forma em que cada ponta dos dedos do Ken estava levando pontos de fogo a seu tornozelo. —Jack, não tem nada que ver com isso. Provavelmente leu os expedientes, mas sabe. Pôs isto em marcha porque quer ver como reagirei e como reagirá Mari, e agora que tem Briony para protegê-la, quer ver como reagirá você. —Os dedos do Ken se removeram no tornozelo de Mari, e de repente voltou seu olhar glacial para ela—. Meu pai era um homem louco de ciúmes. Assassinou brutalmente a nossa mãe e tentou nos matar. Whitney sabe e planejou isto. Você. Eu. Jack. Briony. Tudo é um grande jogo para ele. —Bem, está jogando um jogo mortal então - disse Jack—. Porque ninguém nos controla, Ken. Fazemos o que sempre temos feito, criamos nossas regras e agüentamos juntos. —Que há a respeito dela? — A replica do Ken era tão baixa que Mari logo que captou as palavras. Jack suspirou. —Sabe que é impossível deixá-la atrás, assim vamos ter que trabalhar com isso. Não foi fácil para mim com Briony, mas nos arrumamos. —Não sou você, Jack. Estou-lhe dizendo isso. Sou como era ele. —Não, não o é. - Mari era firme, obrigando a ambos a que se fixassem nela—. Se Whitney viu algo em algum relatório em algum lugar, sim, usou-o contra vós. É muito bom envolvendo as pessoas em enredos, explodindo suas debilidades, mas se tiver habilidades psíquicas e te tocou, não tem lido isto em ti. —Como sabe? Os dedos do Ken reataram aquele gentil roce ao longo de seus tornozelos, o apertão tão forte como sempre, mas o toque tinha perdido seu aviso e se converteu em uma involuntária carícia. —Porque eu te toquei. Ken piscou. Foi seu único movimento. Não houve mudança de expressão em sua cara, mas sabia que tinha reagido. Jack se aproximou lentamente. —Tem essa aula de habilidade? Vê às pessoas quando as toca? —Não a tem - negou Ken—. Está mentindo para tentar relaxar minha mente. —Já quisesse. Não o faria nem sequer por ti. Por que quereria aliviar sua mente? Pior se sente você, mais feliz sou eu. —Os olhos do Ken era aço quente, mas ela sustentava seu olhar e se encolheu de ombros com fingida despreocupação—. Não poderia me preocupar menos que me creia ou não. 47


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—Faz-o? —perguntou Jack. Mari estudou suas caras. Havia indubitáveis gretas em suas armaduras, tanto se o queriam admitir como se não. —Não muito forte, mas o bastante intenso para saber que Ken não é um assassino, especialmente não de mulheres. Cumpriria uma ordem, mas não poderia girar-se assassinando a alguém sem uma razão séria. —É bom sabê-lo. —Ken lhe soltou o pé e se levou o calor—. Se for tão boa em tudo isto, por que não me diz quem é este homem e podemos deixá-lo? Ela franziu o cenho. —Sabe que era Seam. —E virá detrás de ti. —Whitney o enviará, sim, mas se estiver no certo de que isto é um experimento, por que o faria? Por que enviaria a alguém a me devolver a ele? Não queria ver que ocorria entre nós? —Enviará primeiro Bret - replicou Ken—. Tudo isto é parte de seu pequeno e feliz plano. E então enviará ao outro porque há um vínculo entre vós e Whitney sabe... E ele sabe que eu sei e sabe que os matarei. Havia um fio em sua voz que a alarmou, o tom baixo, medido e sem piedade. Queria dizer que não deveria importar, mas já conhecia o poder dos experimentos do Whitney, e tinha um aroma realçado, igual a Ken o tinha igual a Jack. Isso fazia a feromona responsável muito mais potente. Whitney tinha criado uma poderosa atração sexual que ultrapassava o autodomínio comum e ameaçava a disciplina inclusive o soldado mais forte... Justo como o doutor tinha planejado. Se Ken era realmente como seu pai, como evidentemente temia, ela estaria em mais problemas dos que jamais tinha sonhado. Duvidava que pudesse resistir ao Ken Norton se ele fazia insinuações sexuais para ela, mas o tentaria. Com o que não tinha contado era interessandose de uma forma ou outra pelo homem. Era atraída a ele, não só sexualmente, também emocionalmente, e aquilo não tinha sentido e quase a assustava mais que a atração física. —Dói-me a perna e esta conversação me está fazendo sentir doente. Não deveria estar lhes revelando informação. Somos inimigos. Jack sacudiu a cabeça. —Não acredito que o sejamos. Se de verdade lhes tinham ordenado proteger ao senador, como estávamos nós, então estamos do mesmo lado. Tem o emblema dos Caminhantes Fantasmas tatuado no alto do braço - se levantou a manga—. Somos membros de uma unidade de elite das Forças Especiais e todos trabalhamos para os Estados Unidos. Estamos do mesmo lado, Mari. Não sei como se cruzaram os cabos, mas suspeito que Whitney tenha algo que ver com isto. —Crê que Whitney foi por livre. —Todos acreditavam que estava morto… assassinado - replicou Jack—. Desapareceu faz oito meses, e sua filha “viu” sua morte, viu-o assassinado. —Lhe posso assegurar isso está muito, muito vivo. —Ninguém viu ou ouvido dele. Só recentemente, começamos a suspeitar que simulasse sua própria morte. Mari franziu o cenho, movendo-se ligeiramente para aliviar a dor dos quadris. Nada podia parar a dor da perna, assim que a ignorou da forma em que tinha sido treinada. Chateava-lhe que Jack falasse sempre, como se Ken estivesse ainda dando voltas a outras coisas... Coisas sobre as que não queria que pensasse.

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—É possível que simulasse sua própria morte assim não poderia ser assassinado. Se o governo, ou seus amigos decidissem que era uma responsabilidade, ou um lunático, poderiam ter decidido desfazer-se dele, ou ao final o ter encerrado em uma instituição. Arriscou um olhar para Ken, mas estava lhe olhando a perna. —Que amigos? —perguntou Ken. —Tem um par de pessoas que o visitam agora e então. O complexo está baixo forte vigilância quando vêm, e estão rodeados de guarda-costas. A maior parte do tempo nos move ao final do complexo e só captamos olhadas deles. Seam trabalha com o Whitney agora, só umas poucas vezes nos falou das discussões entre eles. Ken se afastou dela, cruzando os braços sobre o peito e observando-a com olhos frios. —Não te ocorreu que matar a uma mulher porque alguém não retornou poderia estar um pouco fora do normal? Mari se deu conta de que seu corpo estava ainda ligeiramente entre ela e seu irmão. Algo em sua enganosamente casual postura e seu tom enviou um calafrio por sua coluna. —O que é normal? Criei-me no quartel com outras garotas. Fomos soldados, treinadas como soldado participei de missões dos doze anos. Nenhuma de nós esteve nunca fora exceto em uma missão ou exercício de treinamento. Normal era o que Whitney nos dizia que era. —E agora? —apontou Jack, disparando a seu irmão um olhar de advertência. Mari se encolheu de ombros. —Whitney está piorando. Quando era uma menina, só parecia mal, e distante, mas com os anos, está de verdade deteriorado, especialmente os últimos dois anos. Durante um tempo pareceu como se tivesse um lado humano. Acredito que possivelmente sua filha, Lily, estava lhe dando raízes, mas... —Conhece Lily? —interrompeu Jack. Mari inclinou a cabeça, tentando não estremecer enquanto Ken lhe limpava a perna. Mais sangue se escorreu. —Falava dela com freqüência, e parecia como se realmente pudesse amá-la, embora, para ser sincera, não podia imaginar que fosse capaz de querer de verdade. Não via nenhuma de nós como seres humanos. Nos dois últimos anos se tornou fanático. Inclusive seus amigos parecem estar tendo problemas para controlá-lo. —Nos fale de seus amigos - a animou Jack, dando outro passo. Mari tentou impedir que seu olhar vagasse para a arma em sua cintura, ou as outras duas armas nos arnês gêmeo baixo seus braços. Estava tão perto que seria capaz de enganchar uma das armas se era rápida... Muito rápida. —Há algo no rosto de meu irmão que encontre fascinante? —perguntou Ken. O tom baixo a fez tiritar. Podia soar tão completamente ameaçador ao mesmo tempo. —Neste momento não - lhe fez frente, determinada a não ser intimidada—. Perguntava-me se estava me tentando deliberadamente a fazer um intento por suas armas ou se estava tão imerso na conversação que esqueceu que sou sua prisioneira. —De verdade pensa que é tão rápida? —perguntou Jack. —Pelo geral, mas me está doendo um pouco agora, assim que minha cronometragem poderia baixar. Em qualquer caso vós são dobro–combinado. Ken está esperando que me jogue em cima de ti, e francamente, é realmente uma armadilha aborrecida. Nenhum de vós pensou muito nisso. —Desculpa, era um estímulo no momento, só para ver onde estávamos - disse Jack—. Você pensava ir pela pistola.

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—Tenho que escapar. Não tenho eleição. Por muito que desfrute sua companhia, em realidade, realmente tenho que voltar... Todos me estão esperando. —E todo este tempo acreditava que estávamos começando a ser amigos. Não estava de acordo em que estávamos do mesmo lado? Ken os ignorou a ambos e uma vez mais tomou posição em sua cabeceira. Limpou sua cara com um tecido fresco. —Adia o intento de escapar um pouco mais. A perna não está para isso ainda. —Desejaria poder, mas embora estejamos do mesmo lado, vão vir me buscar e alguém acabará ferido. Posso ser capaz de entrar no acampamento antes que Whitney se dê conta de que fui alguma vez. Minha gente vai tentar que aconteça. —Nos dê só a localização do acampamento, e estaremos encantados de te escoltar a casa sugeriu Jack. —E levará alguns amigos só para fazê-lo divertido - disse Mari. Rechaçou-o—. Estou cansada. Pode me interrogar mais tarde, vale? —Toma outro copo de água. —Ken deslizou o braço atrás de suas costas de novo—. Não podemos nos arriscar a que te desidrate. —Fez-se muito mal na perna? —perguntou Jack. Mari fechou os olhos e apartou a cabeça deles. Gostava. Inclusive os entendia. Eram soldados. Respeitava isso. Estavam fazendo seu trabalho e bem podiam estar do mesmo lado, estava bastante segura de que o estavam, mas não podia escolher arriscar a vida de todos por descobri-lo. Inalou, arrastando a masculina fragrância do Ken a seus pulmões. Tinha estado mais estimulada, mais humilhada e mais entusiasmada do que nunca o tinha estado em sua vida. Tinha que escapar. Nada do que dissesse ou fizesse os ia convencer para deixá-la ir. —Mari, bebe a água. O aço na voz do Ken lhe fez chiar os dentes. Sabia que o murmúrio de ira atravessando seu corpo o avisaria. Tinha uma obstinação de uma milha de largura, e era o que tinha levado a sua separação de Briony, por sua incomum infância, e pela degradação do louco programa de procriação do Whitney. Ken apertou o braço a seu redor e baixou a cara enquanto seu quente fôlego tocava sua bochecha, até que esteve envolta em seu aroma e seu corpo começou a responder. Tentou desesperadamente centrar-se na dor da perna, em sua desesperada situação, ou algo menos a sensação dos músculos de seu braço, o calor de sua pele tão perto dela. Está fazendo isto a propósito? Porque é rasteiro. Não me desafie só para provar alguma estúpida questão. Necessita a água para recuperar sua saúde. Bebe. Voltou à cabeça para olhá-lo, os lábios a polegadas dos dele, o olhar travado com o dele. Era uma boa coisa que fosse telepata, porque não tinha fôlego nos pulmões para respirar... Ou falar. Mencionou-te alguém alguma vez que é um completo idiota? Acredito que meu irmão o tem feito em muitas ocasiões. Ela assentiu com a cabeça. Bem. De acordo então. Enquanto alguém o faça. Tomou um pequeno sorvo de água e o deixo gotejar por sua garganta, surpreendida da morta de sede que estava. As drogas estavam começando a abandonar seu sistema, e as coisas estavam bruscamente muito mais enfocadas. O tempo tinha passado. Entendia por que a tinham tido sem sentido enquanto a moviam de lugar em lugar, provavelmente um passo por diante de sua unidade, mas não tinha idéia de se tinham sido horas ou dias.

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O pânico a oprimiu por um momento e o conteve. As cinco mulheres abandonadas no acampamento eram sua verdadeira família. Bom, estava Seam e um par dos outros homens que não tinham sido agarrados na loucura de engano do Whitney. Mas tinha sido criada com as outras mulheres. Estavam todas unidas, irmãs. Não tinham pais, nem outros amigos, assim que o vínculo entre elas era forte. Ao final não importava se estava do mesmo lado que Ken e Jack, porque tinha que voltar. Não podia deixar que as outras encarassem uma possível morte a mãos do Whitney. Estava absolutamente segura de que Whitney tinha começado a cair na loucura. Poderia ter começado como um brilhante cientista, mas em algum lugar do caminho tinha começado a convencer-se de que era de longe mais inteligente que qualquer outro e que o fim justifica os meios. As regras não eram para ele. Tinha muito poder e muita pouca responsabilidade. Mari bebeu mais água. Tinha que recuperar forças. —Quanto tempo me reteve? —Um par de dias - respondeu Jack—. Não podemos deixar chamar a sua unidade, e nos estão pisando nos pés. Dirigiu-lhe um breve sorriso, deliberadamente se recostou contra o braço do Ken, determinada a lhe demonstrar, e a ela mesma, que podia ter baixo controle seus sentimentos físicos. —São boas. —Não tão boas - discrepou Jack—. Elas não lhe têm e nós sim. Se tivéssemos estado te buscando, lhe teríamos encontrado. —É muito arrogante. As sobrancelhas do Jack se arquearam —Isso não é ser arrogante, é um fato. —Estou cansada e me dói a cabeça. —Levantou a vista ao Ken—. Provavelmente desde que me cravou o cotovelo. —Recordo-o. E nunca me deu obrigado por te salvar à vida. —Tivesse preferido que fosse um pouco mais gentil ao fazê-lo. Estava jogando, tentando aliviar a situação, ou perder tempo, não estava segura de que, mas uma sombra cruzou a cara do Ken. Tão perto dele, captou aquela fugaz reação a suas palavras. Ken lhe colocou a cabeça nos travesseiros. —Esteve fora um par de dias. Estivemos apartando a sua unidade de alguém que podia nos ter apanhados em fogo cruzado. Mari lançou um olhar ao Jack. Tinham um plano. Com tudo o que estavam fazendo, ela não podia ser parte disso. —Tenho que voltar. Não o entendem. Se não voltar, Whitney vai ferir uma das outras. Não posso deixar que ocorra. —Nos dê a localização e nós iremos e as tiraremos - disse Ken. Ela empurrou seu peito. —Sabe que não posso fazê-lo. Não as trairei. Não tenho idéia de quem são realmente. Os reluzentes olhos enfrentaram os dela como o fio de uma espada. Frios. Possessivos. Muito aterradores. Seu pulso empreendeu um ritmo frenético. Ele mostrou uma pequena emoção, e aquilo tinha sido aterrador, mas isto parecia pior. Baixo a máscara, sua mente estava trabalhando rápido, calculando, formulando, processando dados cada parte tão rápido, ou mais, que a dela. A que outros atributos tinha realçado Whitney nele? Que outros códigos genéticos tinham deslizado Whitney em seu corpo, porque justo naquele momento parecia mais um predador que um homem.

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O batimento do coração em sua cabeça se incrementou. Captou o intercâmbio entre o Jack e Ken. Um simples olhar, nada mais, mas foi suficiente. Fez uma inspiração profunda e calmante e relaxou mente e corpo. Seam? Alguém? Estão aí fora? A cabeça lhe doía não pela cotovelada, mas sim porque alguém estava aí fora, chamando, usando a telepatia. E os Norton tinham sido alertados. A mão do Ken lhe rodeou o pescoço, os dedos deslizando-se ao ponto de pressão. Tentou lhe parar, mas era uma eternidade muito tarde. Sentiu as ondas de vertigem, a habitação girando ao redor dela, e tudo se voltou negro.

Capítulo 6

—Vem, Ken, saiamos daqui - disse Jack. Abrindo o rádio—. Que demônios está fazendo para demorar tanto, Logan? Outro par de minutos e estaremos no tiroteio. Nico trata de levar-lhe, mas se não estiver ali, tudo isto é para nada. —Levo aproximadamente cinco minutos, correndo sem luzes. —Ken tinha entrado na escura habitação antes de tomar posição ao lado de Mari. Sentiu seu pulso, as pontas dos dedos deslizando-se em uma carícia sobre sua pele suave. Estava doente pelo medo, por seu irmão e pela Mari. Desde que tinha inalado seu aroma, o monstro que tão cuidadosamente tinha fechado baixo chave se tornou mais forte com cada momento passado em sua companhia. Estava ciumento daqueles homens, Bret e Seam. Era feio, ácido e cortante como a dor de um corte de faca sobre sua pele. Conhecia o Jack, sabia o que Jack faria exatamente o que lhe advertiu e matando-a, Ken tentaria sair-se da equação. Jack tinha eliminado eficazmente as opções do Ken. E era impossível estar vivo no mundo e saber que outro homem abraçaria a Mari, beijando-a e tocando-a. Quase grunhiu em voz alta. Ela havia trazido seu corpo dolorosamente à vida quando Ken e os doutores tinham estado seguros de que estava destroçado. Mas ainda se a tinha, o que significa isto para ambos? Maldição, só por que sua franga estivesse dura não significava que a maldita coisa pudesse funcionar de todas as formas. Jack pressionou uma mão sobre sua cabeça. —Estão-na chamando e não ficarão em silencio sobre isto. —Devem estar procurando em quadriculados e utilizando mais de um helicóptero ou não poderiam cobrir tanto território tão rápido - acrescentou Ken. A telepatia poderia estar em silêncio. Jack e Ken a tinham estado usando-a desde que eram meninos, e podiam enviar-se facilmente um ao outro sem gastar muita energia que os delatasse. Os Caminhantes Fantasmas se treinavam enviando ondas precisas de comunicação, porque qualquer familiarizado com o estranho zumbido e palpitação na cabeça o reconheciam pelo que era, mas não era um talento fácil de adestrar. Agora mesmo não parecia que a equipe de Caminhantes Fantasmas de Mari se preocupasse de uma ou outra forma de que alguém mais pudesse ouvi-los. Estavam frenéticos por encontrá-la e começavam a chamá-la a gritos. Sua equipe queria que retornasse. Ken entendia o credo dos Caminhantes Fantasmas. Nunca abandonavam a um homem. Se um era capturado, iam a ele ou ela. Mas não lhe ajudava perguntar-se se Bret ou Seam conduziam à missão de resgate e se era completamente pessoal. A equipe tinha estado pressionando-os duramente durante dois dias e estavam definitivamente seguindo os planos de vôo do Nico, arquivados com um só acesso de autorização de alta segurança. 52


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Amaldiçoou brandamente a si mesmo. Parecia não haver nenhum controle para o ciúme. Nunca tinha permitido que lhe preocupasse algo ou alguém além do Jack, assim que isto nunca tinha acontecido. Quando Briony tinha entrado em suas vidas e Jack tinha cansado com tanta força sobre ela, ao Ken só lhe tinha preocupado que Jack perdesse a única coisa boa que lhe tinha acontecido. Ken tocou a cara de Mari, riscando a estrutura óssea, imprimindo-a para sempre em sua mente, pele e órgãos. Queria-a para ele. Era inesperado e espantoso. Inclusive estava assustado de poder querer algo tanto, mas o fazia. Ela estava ali. Em seu interior. Todo o tempo enquanto falava, via cada expressão, cada gesto e tinha descansado sua palma sobre seu corpo, absorvendo o que podia de sua natureza e caráter. Não era um de seus dons mais fortes, mas apanhou impressões de sua vida, dura, estéril e freqüentemente desagradável. Era a classe de mulher que lhe teria atraído sem a interferência do Whitney. Era forte e teimosa e não se intimidava facilmente. Era formosa. Embora soubesse que ela não o pensava; as mulheres nunca o faziam. Sempre queriam ser mais magras ou ter a cor do cabelo diferente ou ser mais altas ou mais baixas, mas tinha sido o que a tinha despido e seu corpo era perfeito para ele. Queria-a com uma necessidade quase selvagem, primitiva e agora que tinha despertado a sua franga, isto também, para um monstro, que clamava por atenção.. Sempre tinha tido uma grande resistência, um forte impulso sexual e agora que tinha retornado e que sabia que estava nua e receptiva isto confinava com a obsessão. E que faria para satisfazê-lo? Estimulá-lo? Estava bastante seguro de que necessitaria muito estímulo para chegar ao orgasmo e uma mulher que tinha suportado a classe de coisas que Mari tinha tido não quereria para nada sexo duro. Jurou pelo baixo e se deu a volta afastando-se dela. Em que demônio estava pensando? Não podia tê-la. Não podia pensar com sua franga; tinha que pensar com o cérebro e não podia tê-la. Era assim de simples. Não podia pensar na maneira que lhe iluminavam os olhos quando lhe sorria ou na atrativa curva de seus lábios e como parecia… Gemeu brandamente e se esfregou a parte dianteira dos jeans, amaldiçoando outra vez quando teve que fazer uma pressão dura para sentir a onda de prazer que bordeava muito perto a dor. —Estarão fora em dois minutos, Ken. A voz do Jack o sobressaltou, não era um bom sinal quando tinha que estar alerta. Para muito tempo que não sentia prazer sexual e estando perto dela, sentindo seu corpo endurecer-se e encher-se de palpitante necessidade era um milagre e uma maldição que não tinha esperado. —Está seguro de que está inconsciente? Não podemos nos arriscar de que advirta a alguém. Se não seguir ao Nico, não poderemos levá-la com Lily. E você e eu sabemos que Whitney tem algo mais na manga para assegurar-se de que irá a casa. Quero que Lily lhe faça uma verificação a fundo antes que se aproxime de Briony. —Está fora de combate. Vamos cortar porque estamos muito perto. Estão à uma hora detrás de nós. Nico pode estar em problemas. O zumbido em sua cabeça começava a desvanecer-se, indicando que a equipe se afastava deles. —Queríamos que acreditassem que estavam ganhando terreno. Têm que segui-lo. Nico sabe o que faz. Logan estará aqui em qualquer momento, Ken. Preciso te perguntar… —Não o faça. Tratei de lhe dizer isso e agora é muito tarde. —Temos que falar disso. Tive que me enfrentar quando Briony veio me pedindo amparo. Existia a possibilidade de que nosso pai vivesse em mim. —Nunca existiu essa possibilidade. Fizemos um pacto, Jack, que nunca nos aproximaríamos o suficiente a uma mulher para cair apaixonados, mas sempre soube que estaria bem se chegava a passar. 53


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—Como? Não sabia. Não sinto nada absolutamente ter disparado Ken, sabe. Não senti remorsos quando matei a nosso pai. —Quando terminou o que comecei. —Recordou-lhe Ken—. Mamãe já estava morta quando fui por ela. Deveria a ter deslocado, mas só podia pensar em matá-lo. —Ainda podia recordar com um vivo detalhe dilacerador o taco de beisebol de seu pai que agarrou e o forte vaivém. Houve um prazer absoluto quando o taco de beisebol conectou com um crack satisfatório e seu pai gritou. Pela primeira vez em sua vida, Ken se havia sentido poderoso e com o controle. Já não era um adolescente e embora tivesse planejado a morte de seu pai um milhão de vezes, quando encontrou a seu pai com o sangue de sua mãe por toda parte, algo frio e grotesco, vicioso e desumano, tinha saltado à vida e o tinha apanhado. —Pensa que não sentia o mesmo, Ken? Fez que nossas vidas fosse um inferno. Golpeou-nos até a merda e a mamãe, ridicularizou-nos e envergonhou. Queria-nos mortos e a castigou cada dia de sua vida por nos amar. É obvio que queria que morresse. Isto não tem nada que ver com ela. — Jack se aproximou, gesticulando para Mari. —Isto tem todo que ver com ela e sabe. —Ken estava muito envergonhado para admitir seus sentimentos a seu irmão, a pessoa a que mais amava e respeitava no mundo. Era suficientemente mau que conhecesse seu próprio e nefasto defeito, que tinha que olhar-se ao espelho cada dia e ver que seu pai lhe devolvia o olhar, mas estava malditamente seguro de que não queria que Jack visse o que fez—. Poderia sentir isso, não querer compartilhá-la com ninguém. Não posso pensar na possibilidade de ter meninos e não me voltar completamente louco. Quando ouvi falar do Bret… - Lhe custou dizer o nome e em sua voz houve um aumento de repugnância e cólera—. Deveria estar pensando no que ela tinha passado, mas tudo no que podia pensar era que ele a havia tocado, tinha estado dentro dela e que o queria morto. —Tinha a impressão de que o desprezava. Se a forçou, merece morrer. Inferno quereria matá-lo. —O ponto é que não estava pensando nela, pensava em meus próprios pensamentos e não eram exatamente nobres. Queria estar em seu interior, apagando dela qualquer lembrança dele. — Havia vergonha em sua voz. —Ken - disse Jack, mantendo a voz baixa—, somos diferentes. Devemos tomar cuidado, mas não nos faz como ele. Tão só somos um pouco mais dominantes. Ken soprou. —Um pouco? —E um pouco mais ciumentos do que é um homem médio… —um pouco? —repetiu Ken—. Maldição, Jack, Briony é muito doce e te deixa te comportar muito mal com ela; pensa que é bonito ou algo assim. Quem sabe o que lhe passa pela cabeça. E não te volta louco quando ela tem ao redor outros homens. —Incomoda-me - confessou Jack—. O dirijo. —E se não puder? O que faria isto a sua relação com a Briony? Como pensa que se sentiria cada vez que um homem sorrisse e te zangasse imediatamente? —Teria o sentido comum de guardar isso para mim. Confio nela. Ainda não conhece esta mulher, Ken. Não te ama; não a ama por que esperas ser capaz de tratar com algo como o ciúme quando ainda não construíste uma relação com ela? Se confiasse nela e a amasse, seria diferente. Ken negou com a cabeça. —Logan está aqui. Vá os manter longe dela. Temos que nos desfazer de sua roupa e pensar que qualquer outro a vendo nua é suficiente para me provocar, já será bastante difícil o tempo com o doutor.

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Pela primeira vez, a expressão do Jack foi suspicaz, como se com isto pudesse cair em que Ken dizia uma verdade absoluta, que sua natureza possessiva e dominante poderia ser muito difícil de controlar, como ele temia. —Dirigi-lo-emos - disse Jack—. O faremos do modo que sempre o fazemos. —Indicou-lhe a maca—. Vamos sair daqui. Ken se levantou ao final, mas vacilou. —Se tivesse caminhado para o pátio traseiro primeiro e tivesse visto mamãe morta e ele com aquele sorriso, coberto com seu sangue, tivesse ido a ele ou teria sido sensato e o teria deixado? Jack suspirou. —Foi faz tempo, Ken. Vi como te golpeava, rompeu-te os braços e fui para ele. Não sei o que teria feito se o tivesse encontrado com mamãe. Provavelmente o que fez. Sou dos que disparam primeiro e pergunta depois, recorda? Você é o que impede que me incomodem, mantendo-os a salvo. Não é nosso pai, Ken e nunca me vais convencer de que é como era ele. Logan Maxell, o líder da equipe dos Caminhantes Fantasmas SEAL, montava guarda e Neil Campbell conduzia. Logan abriu as portas e retrocedeu para permitir que os Norton guiassem à maca dentro da Expedição. Ken e Jack subiram ao lado de Mari. Ken remeteu o lençol com cuidado a seu redor de modo que não mostrasse nada de pele. Alargou a mão em busca do estojo de primeiro socorros ao lado dos pés do Jack. —Vou lhe dar outro analgésico enquanto está assim. As drogas não lhe duram muito, mas a aliviará durante o passeio. Provavelmente tentaria me apartar se a injetasse enquanto está consciente. —Tem-te feito acontecer um mau momento? —perguntou Logan—. Vê-se pequena deste lado. Pensei que entre os dois poderia dirigi-lo, sem nenhuma preocupação, papai está aqui agora. —Sorriu - abertamente ao Ken estudando evitar olhar ao Jack. Ken sempre tinha encontrado divertido que todo mundo, inclusive a seus companheiros Caminhantes Fantasmas provocassem o Jack, punha-os nervosos e Ken era ao que consideravam amigável. Tinha cultivado a imagem com cuidado, escondendo o que era depois de um preparado sorriso e uma brincadeira. Isto relaxava de algum jeito a personalidade mais mordaz do Jack e não deixava entrar os princípios rigorosos que Ken sabia se voltariam mortais no momento em que alguém ameaçasse ao Jack. Enquanto havia muita gente que estava assustada do Jack, não era do Jack ao que deviam ter temido mais. Jack tinha um grande controle e disciplina, mas Ken nunca vacilaria em destruir a qualquer que ameaçasse ao Jack. Faria-o rápido, brutal e sem remorsos e com esse conhecimento em seu interior mantinha o sorriso firmemente no lugar e esperava a chegada das brincadeiras porque acontecesse o que acontecesse, Jack estava atrás dele, como o tinha estado durante tantos anos antes. Jack sempre pensou que, depois de descobrir a seus pais, as lágrimas do Ken tinham sido tanto pela pena como pela dor dos braços quebrados, mas a pena tinha sido por sua mãe e o terrível conhecimento de que tinha posto a seu gêmeo na posição de necessidade de matar a seu pai. Anos mais tarde, quando tinha sido torturado pelos homens da Ekabela, Ken sabia que Jack iria por ele. Morto ou vivo, Jack iria e Ken decidiu manter-se vivo para esperar que Jack sem ajuda tratasse de aniquilar aos rebeldes no Congo. Ken sempre se havia sentido responsável por seu irmão. Conhecia a personalidade do Jack, os demônios que o dirigiam e sempre se sentiria responsável por tirar o pior de seu irmão. Depois de injetar a Mari o analgésico, passou uma mão por sua cara. Tinham-na despojado de sua roupa e de sua dignidade. Como poderia lhes perdoar isto? Sabia o que era que lhe despissem o medo que acompanhava a vulnerabilidade completa que sentia um detento. Enredou os dedos em seu cabelo, acariciando as mechas baixo a capa de escuridão. Tinha que tocá-la, tinha 55


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que estar perto dela e era muito perigoso para ambos. Tinha trabalhado toda a vida para refrear ao monstro e em um breve momento, ela o tinha tirado a vida rugindo, todo unhas e dentes, varrendo seu intestino e sua mente. Sabia o momento em que tinha inalado seu aroma, levando-o profundamente para seus pulmões, que Whitney a tinha emparelhado com ele. A cólera tinha sido sua primeira reação, cólera que facilmente teria podido produzir uma vítima, mas então, quando Jack se aproximou dela, sentiu a afiada faca do ciúmes, tão desagradável e perigosa como os que seu pai manifestava. Tinha sido uma reação cruel, atando seu intestino, cortante escuridão, formando redemoinhos a névoa em sua mente até que pôde provar na boca a violenta necessidade que tinha estado perto de afligi-lo. E logo sentiu medo, mais medo que quando os homens da Ekabela o despiram completamente, estenderam-no e começaram seu lento e meticuloso trabalho sobre seu corpo. Secou-lhe a boca só de pensar em como tinha querido fechar os dedos ao redor do pescoço do Jack para mantê-lo afastado de Mari enquanto ela tinha olhado sua cara, sua perfeita cara. Ken se passou uma mão pela cara, sentindo as cristas e a pele brilhante, ao bordo de seu lábio. Era engraçado que nunca antes o tivesse preocupado. Tinha tido ferroadas, é obvio, mas em sua maior parte aceitava tudo o que tinham feito a seu corpo e em sua vida. Era um fato e estava de acordo com isso. Além disso, sua cara não era nada comparada com o dano que tinham feito a sua franga. Fechou os olhos brevemente, recordando como eles cortavam mais e mais perto e a bílis e o medo se levantavam o momento aterrador quando estiveram finalmente ali e fizeram aquele primeiro corte que lhe rasgou o intestino. —Ken - disse Jack em voz baixa—. Está bem? Ken se limpou as gotas de suor da frente. Jack estava muito bem sintonizado com ele para que lhe escondesse qualquer reação emocional forte. Jack voluntariamente não perderia a seu gêmeo, mas isto só era um assunto temporário antes que Jack fosse obrigado a aceitar a verdade e que poderia pôr em perigo a vida de Mari e o bem-estar de Briony. Ken estendeu uma mão. Tão estável como uma rocha. —Estou bem. Só estou tratando de entender o que vamos fazer sobre esta situação. —Lily diz que se levantará para esperá-la. A esposa do Gator trabalha no pirateio dos computadores do Whitney - lhes informou Logan—. É muito perita e não deixa nenhum rastro, com a esperança de que Whitney não se de conta de que é capaz de ter acesso a seus arquivos. Até agora, Lily não tem nenhum dado real sobre Mari. Ninguém realmente recorda muito sobre ela antes que levassem a ela e ao Briony. Ken sabia que Gator estava fora da equipe original dos Caminhantes Fantasmas. As duas equipes se aproximaram depois de que Nico e sua esposa Dahlia, ambos membros da equipe original, tivessem resgatado ao Jesse Calhoun, um membro da equipe dos Seal Caminhantes Fantasmas, roubando seu corpo cheio de balas diretamente fora do amparo de seus captores. Tinham combinado seus recursos e tinham jogado mão à confiança um no outro mais que na cadeia de mando. —Falou com o almirante, Logan, para confirmar quem deu a ordem de proteger ao Senador Freeman e de onde vinha a ameaça?— perguntou Ken. Logan negou com a cabeça. —Tentei-o. Ken, mas disseram que se foi a Boston, que tinha uma reunião e que entraria em contato comigo quanto antes. Estive mantendo silêncio no caso de algo do que fazemos é fiscalizado. Definitivamente há atividade em todas as bases. Querem a esta mulher de volta. Será capaz de averiguar algo? —Só que é um Caminhantes Fantasmas e que sua equipe parecia proteger ao senador da mesma ameaça que nós - respondeu Ken—. Ela se cura muito rapidamente. Se Lily nos pode 56


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acrescentar isso seria muito proveitoso. Sua perna estava em má forma e tinha perdido muito sangue. Não posso acreditar na velocidade com a que se está curando. —Realmente, Lily notou isto no Flame. Foi atacada por um jacaré e seu braço cicatrizou a uma velocidade assombrosa - respondeu Logan. —Chutou Flame o câncer? —Parece estar remetendo. Lily tem a esperança de que tenha uma recuperação completa. Ela pede a todos que estão realçados fisicamente que venham para fazer provas quanto antes, só para maior segurança. —Whitney deliberadamente lhe deu o câncer. Não gostava dela - disse Ken, enquanto sua cara ia à deriva sobre a cara de Mari. Soube o momento em que recuperou o conhecimento. Não se moveu, não falou, escutando a conversação, mas sua consciência aumentava e suas realçadas capacidades na escuridão a fazia muito consciente de suas mudanças na respiração e o aroma que ela emitia de medo. Ele conteve a necessidade de agarrá-la nos braços e abraçá-la, tranqüilizá-la e protegê-la, uma reação que não tinha esperado quando cada reação relacionada com ela parecia tão violenta. Sabia que devia romper o contato, mas não podia, não quando ela tinha tanto medo. Jack o olhou e soube imediatamente que ela estava acordada. Ken negou com a cabeça ligeiramente e Jack olhou pela janela, não lhes fazendo caso. —Whitney tem muito pelo que responder - disse Ken em tom grave. —Ryland esteve preocupado, Whitney pode tratar de arrebatar o bebê de Lily. Estiveram reforçando todos os sistemas de segurança se por acaso tenta entrar na casa, meter-se-á em problemas. —Seria ridículo que Whitney tentasse desmontar a equipe de Caminhantes Fantasmas de Milhar, sobretudo ali. Aquela casa é uma fortaleza. Ken sentiu que um tremor atravessava a Mari e ele deslizou a mão ao longo de seu ombro e baixou pelo braço ileso até que encontrou a mão. Seus dedos se entrelaçaram com os seus. Pela metade esperava que ela se apartasse, mas ela apertou os dedos ao redor dos seus e se agarrou. Drogaste-me. Sabia que o passeio seria doloroso. Diria-te que o sinto, mas não seria verdade, por isso não me incomodarei em te mentir. Seu polegar se deslizou sobre o dorso da mão em uma pequena carícia. Ninguém vai fazer-te mal, Mari. Nenhuma tortura? Havia uma pequena nota de humor que pôde cortar diretamente o medo. Não. Lily vai fazer-te algumas prova, só para ter a certeza de que Whitney não se guarda nenhuma surpresa repugnante na manga. Ken jogou uma olhada ao Logan, que se esfregava as têmporas. Logan tinha um poderoso talento e estava bastante seguro de que era bem consciente de que se estavam comunicando telepaticamente, mas não permitiu que sua expressão ou seu olhar pudesse delatá-lo. Mari, às ondas de energia gostam de estender-se e atravessar todas as superfícies, inclusive aos seres humanos. Encontramo-lo incômodo, então a gente de nosso redor reage com dores de cabeça. Quando te dirigir para mim, te concentre só em mim. Pensa em uma pequena corrente com exatas bordas. Envia as ondas de energia diretamente pelo caminho, desde ti até mim. Está acostumada fazer o envio a uma equipe, não a uma só pessoa. Tentá-lo-ei. Ken? Quero te dizer algo importante. Agora estou um pouco amodorrada, por isso posso não dizê-lo corretamente, mas todo o do assunto de que te parece com seu pai, bem, tão só é que não é certo. Não pode sabê-lo, Mari. Não pode confiar em mim. Maldição, eu não confio em mim mesmo. Bret faz que me gele o sangue cada vê que entra em uma habitação comigo. As outras mulheres o sentem também. Não tenho essa reação contigo. 57


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Whitney te programou para ter comigo uma reação física; isso é tudo o que é Mari. Não faça algo mais disso. Mari manteve os olhos fechados, não querendo tratar com qualquer dos outros. O veículo se balançava, os pneumáticos se chocavam com os obstáculos de vez em quando ocasionalmente sacudindo-a, mas ainda estava tranqüila. Podia cheirar a noite, clara e fresca depois da recente chuva. Não tinha nem idéia de onde estava não havia modo de escapar e estava nua debaixo do lençol, sentindo-se muito vulnerável, sobretudo agora que havia outros homens perto. Sabia pelos aromas que havia dois homens, o condutor e um que estava mais perto dela. Ele era perigoso. Sentiu sua vigilância, o modo em que ainda a sustentava e a tranqüilidade. Eram sempre os mais mortais dos soldados. Seam era igual. Jack se parecia. Ken o parecia. Os homens, alertas e preparados, quietos e tranqüilos, mas capazes de golpear tão rápido que ninguém saberia nunca quem o tinha golpeado. Deveria ter estado aterrorizada, mas Ken a fazia sentir segura e protegida, o que era uma loucura quando ele era mais que uma ameaça, talvez inclusive mais para ela, mais que outros. Ficou imóvel, os olhos cerrados, fingindo que lhe sustentava a mão como em um encontro. Nunca tinha tido um encontro. Nunca tinha visto um filme que não fosse um filme de treinamento. Nunca tinha caminhado pelas ruas da cidade com as mãos agarradas e nunca tinha saído a comer a um restaurante. Não saberia como atuar em um ato familiar. Isto era um sonho, um sonho tolo, parvo, mas que a satisfazia fingi-lo embora só fosse durante alguns minutos. O recinto a esperaria até que encontrasse o caminho de volta e logo suas “irmãs” teriam que ficar sérias sobre escapar, porque não agüentava ao Bret e seus castigos por não cooperar. Tinha pensado uma dúzia de maneiras de matá-lo, mas sabia que Whitney castigaria às outras mulheres. Ivy era a prova disso. Mari tinha que retornar sem ter em conta se os Norton e sua equipe estavam do mesmo lado. Tinha que voltar porque Whitney era um megalomaníaco e tinha tentáculos de grande alcance. Pensa que Whitney ordenou o golpe contra o senador? O homem perguntou ao Ken. Amava o som de sua voz. Parecia mover-se por seu interior, lenta e espessa como o melado quente. O som parecia uma carícia dentro de sua cabeça, deslizando-se sobre sua pele e seu corpo lhe esquentando a corrente sanguínea. Ele não tratava de seduzi-la e era espantoso pensar o que se pensaria se metesse na mente. Apertou seus dedos, insensível ante o estado emocional que lhe revelava. Por que ele, a menos que o senador fora a deixá-lo? Tomod como que Freeman conhecia o do laboratório de experimentos do Whitney? Depois de tudo se casou com uma delas. Violet. Violet tinha sido uma boa amiga. Whitney a tinha emparelhado com o senador. Tinha-a enviado a que fosse seu guarda-costas e o seguinte que se soube é que Violet estava casada. Se Whitney ainda tocava suas teclas –e Mari não podia imaginar que a deixasse partir– parecia que amava a seu marido. Que laço há entre o Senador Freeman e Whitney? Perguntou-lhe Ken. Seu pai e Whitney foram juntos à escola. Ken considerou a resposta. Não era a primeira vez que o tinha ouvido. Logan ponha em contato com Lily. Têm que encontrar tão rapidamente como é possível a quem foi amigos da escola do Whitney. Só os mais inteligentes e muito ricos. Marigold apartou a mão, os olhos se abriram rapidamente, fulminando-o com o olhar. Sabia que podia vê-la na escuridão igual a sua visão realçada lhe permitia vê-lo. Deu a informação a seu amigo. Ken ficou olhando a cara furiosa. Não derramava energia, nunca. Ela entrava em seu interior justo pelas feromonas. Que demônios lhe tinha feito Whitney? E como? Quando? Lia-lhe os 58


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pensamentos sem a vantagem da expressão, a queda da energia ou algo mais. Que classe de capacidades psíquicas tinha? Quão perigosa era? Tanto como queria protegê-la, tinha que pensar primeiro no Jack, Briony e os gêmeos que levava. Whitney chegaria até onde fosse para conseguir pôr as mãos em cima daqueles meninos, inclusive enviando à própria irmã do Briony. Jack. Briony não te espera em casa do Lily, verdade? Jack se moveu um tigre predador estirando-se. O olhar era calmo e frio enquanto se dirigiu à deriva sobre a Mari. Sim. Era o único lugar onde podia escondê-la. Ryland e sua equipe a vigiam. E pensei que se ia se encontrar com sua gêmea pela primeira vez, esse seria um lugar fora de perigo. Havia uma pergunta em seu tom, embora não a expressasse. Não o faça! Mari piscou para trás as repentinas lágrimas. Ele advertia a seu irmão que enviasse a Briony. Pela primeira vez Mari realmente se permitiu pensar em ver sua irmã. Só uma rápida imagem, que era tudo o que necessitava. Só para saber que estava viva e feliz. Mari desesperadamente necessitava a Briony para ser feliz. Mari não o tocava, mas sabia. Ken podia vê-lo em sua cara, lê-lo em sua mente. Havia pânico, pena, cólera, tudo misturado, como se Mari não pudesse decidir completamente como sentir-se pelo que lhe tinha feito. Mas ele não tinha nenhuma opção. Tira-a dali, Jack. Envia-a com o Jesse Calhoun ou com o Nico e Dahlia. Temos que fazer que Lily examine a Mari e não podemos tomar a possibilidade sem saber o que acontece. Ela tem talentos sobre os que não temos nenhuma pista. Jack jurou brandamente. Briony estava preocupada com ver sua irmã. Tinha-lhe feito à promessa de encontrar a Marigold, e queria fazê-lo. Mas Ken tinha razão. Não terei que tomar regas com ela. Até que não soubessem que Whitney estava à altura e se Mari estava realmente de seu lado, eles não se podiam arriscar. Como pudeste lhe advertir de mim desta maneira? Que tipo de ameaça poderia ser eu para minha irmã? Isto é o que tem feito verdade? Sou uma presa, rodeada de Caminhantes Fantasmas treinados e tenho uma mão e uma perna quebrada. Deve pensar que estou realmente bem. Tremendo de cólera, olhou para a impassível cara do Ken. Era igual de frio e insensível como havia pensando ao princípio dele. Tinha conseguido enganá-la porque Whitney o tinha estabelecido dessa maneira, tinha-a feito vulnerável a ele. Whitney amava essas pequenas brincadeiras. Amava sentir-se superior e ela o tinha desafiado muito freqüentemente. Este era provavelmente seu castigo, lhe fazer acreditar que estava perto de ver a Briony. Tinha tido razão em não pensar nela, em não esperá-lo. Mari temos que protegê-la até que saibamos que é seguro. Ela não voltaria a escutar aquela voz lhe acariciando, como o veludo suave e que jogava por seu corpo como um instrumento musical. Não outra vez, nunca outra vez. Sentiu a garganta em carne viva e os olhos queimavam, mas olhou ao Ken de modo provocador. Deixando-lhe que tentasse derrotá-la. Ninguém, nem sequer Whitney, com todas suas humilhações e seus enganos, tinha-a derrotado. Não quereria que Briony estivesse protegida? Não quero que diga seu nome. Está morta para mim. Não é minha irmã. Minhas irmãs estão de retorno no recinto me esperando e me acredite, retornarei. Não há nenhuma Briony. Era um engano, um bastante cruel. Aceitei sua morte faz tempo. Ele não ia usar a sua irmã para fazer mal a ela. Tinha que tirar tudo de sua cabeça exceto o desejo de escapar. Se não o fazia logo, antes que chegassem a seu destino, seria quase impossível. Foram a uma fortaleza; tinha escutado como o dizia Ken. Ken sabia que era melhor tocá-la e inclusive, até sem tocá-la, sabia o que estava pensando. Apanhava imagens, emoções, impressões que ela não quereria que fosse consciente. Alguma coisa 59


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está acontecendo que não entendo Jack. Sei o que está pensando e não mantenho o contato físico. E ela pode fazer o mesmo comigo. Não é perfeito, mas recolhemos a idéia essencial como se houvesse alguma classe de transmissor silencioso entre nós. Tem algo similar com a Briony? Jack negou com a cabeça e trocou seu peso ligeiramente, deixando sua arma em uma posição mais fácil para atirar dela se a necessitava. Mari se fechou a tudo o que havia a seu redor. À dor. A seu cérebro impreciso. Aos homens. O mais difícil era bloquear a imagem do Ken e a máscara que era sua cara. Aqueles olhos que sempre olhavam diretamente aos seus. Obrigou a que seus pensamentos se dirigissem para um túnel comprido, escuro, fazendo entrar ondas de água para tirar lavando os pensamentos arbitrários. Tinha que concentrar-se em uma outra coisa. O volante. Esta era sua única possibilidade. Planejou cada passo com cuidado e então travou a roda. Realmente não podia vê-lo, então construiu a imagem em sua mente. Podia vê-lo claramente, senti-lo em suas mãos, fortes e refinadas, prontas para fazer um intento. Provou-o somente uma vez, um muito pequeno movimento à direita. O veículo se sacudiu para a direita e logo voltou para a pista, correndo brandamente rua abaixo. Esta não era uma estrada, era mais um caminho secundário. E isso significava que ali havia folhagem. —Importaria-te abrir uma janela? Não posso respirar. —Não muito comovedora, só o equilíbrio justo entre a necessidade e o desafio. Não se atreveu a olhar a nenhum deles; eram muito peritos, então manteve a cara apartada, os dedos obstinados ao lençol. Logan pressionou o botão para que entrasse o ar noturno. Ela inalou, tomando os aromas da tarde. Com segurança árvores. Muitas delas. Erva. Animais. OH, certo, se se dirigiam para a cidade, tomariam um caminho secundário. Poderia tratar com isto! Algo em que esteja pensando, Mari, não o faça. Ela não ia falar lhe telepaticamente outra vez. Esta era uma sombra muito íntima para seu gosto. Tinha que encontrar a maneira de romper a hipnótica trama sexual em que a tinha apanhado. —Não tenho nenhuma maneira de saber que esta não é uma das armadilhas do Whitney. Ama jogar com as mentes da gente. —Como assim? —Sabe o que penso sobre seu programa de reprodução. É sabido de todos que as outras mulheres seguem meu exemplo e resistem. Seria algo assim como me emparelhar contigo, usar meu próprio corpo contra mim, me castigar e me obrigar a cumprir suas ordens. —Lhe jogou uma olhada, quando sabia que era uma má idéia. A noite escondia a máscara que cobria sua formosa cara, lhe deixando parecer muito bonito com seus brilhantes olhos. Seus olhos pareciam jóias, diamantes duros e intrigantes. Em um momento tão frio se sentiu ardente por seu toque, ao seguinte viva com alguma dor escondida que ela queria acalmar afastando-o. —Não vi ao Whitney há um par de anos e ele certamente não toca minhas teclas. —Sei que está desgostada pela Briony, Mari, mas se realmente se preocupa por sua irmã, quereria saber que tem o melhor amparo que podemos lhe dar. Não se deixaria convencer por sua aparência ou por sua voz. Concentrou-se no caminho, utilizando cada parte de informação que o ar lhe proporcionava. Estava sozinho a débil luz da lua, parcialmente obscurecida pelas nuvens. Não havia nenhum som que indicasse granjas ou ranchos ou inclusive alguma casa ocasional. Não sabia em que Estado estava. Não podia cheirar o oceano, por isso tinham que estar no interior. Concentrou-se no freio, construindo a forma e a sensação disso em sua mente, os cabos e o modo que funcionavam. Deu um toque, só durante um momento e o carro deu tombos e correu 60


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tranqüilo. Foi só uma fração de segundo, apenas sensível, mas ouviu a voz de um homem do assento do condutor, jurar. Imediatamente encheu a mente de outras coisas, resolvendo-se Whitney tinha pagado a estes homens para que a enganassem. Isto tinha que ser uma armadilha. Recordou ao Whitney, a última vez que o tinha visto, furioso não só por que as mulheres estavam desgostadas e não cooperavam se não porque alguns homens se tornaram relutantes. Ele os tinha encerrado com chave em seus quartos, rechaçando permitir que se relacionassem, culpando a Mari do motim. Tinha prometido vingar-se se não fizesse o que ele queria. Ela pensou que enviaria ao Bret tinha sido o que queria dizer, mas claramente se equivocava. Não era surpreendente que tivesse sido tão fácil convencer a sua unidade que lhe permitissem advogar no caso do senador Freeman. Whitney tinha que ter orquestrado virtualmente tudo. E isso significava que estes eram seus homens e que suas “irmãs” no recinto estavam em perigo. —Fala comigo, Mari. Seu plano tinha que ser realizado com precisão e sem vacilar. Tinham cometido o engano de não atá-la. Para manter ao Ken fora do equilíbrio e ler seu plano, pôs imagens do Bret em sua mente. Bret inclinando-se. Bret tocando-a. Bret atando-a para impedir que lutasse contra ele. Ken apertou os dentes, um músculo fazendo tic ao longo da mandíbula. Os dedos enroscados em punhos. Os olhos brilhando na noite, as espadas gêmeas de aço perfurando seu corpo, vendo muito mais do que ela queria que visse. Sabia que estava rindo deliberadamente dele. Está jogando com fogo, Mari. Ele mordia as palavras entre os dentes apertados, o som apunhalava as paredes de sua mente. Olhou, apartou a cara, muito consciente de que ele poderia vê-la claramente na escuridão. Ela cravou os olhos na porta que tinha diretamente em frente dele. O veículo reduziu a marcha para girar. Gemeu, elevou-se, se dobrando para frente para agarrar a perna. O lençol escorregou para baixo, expondo seus peitos. Os homens se congelaram, contemplando-a. Ken soltou um profundo grunhido com a garganta, acrescentando-o a sua imobilidade. Isto lhe deu o precioso segundo que necessitava. Ela atacou, usando sua mente, aplicando a pressão sobre o freio, torcendo o volante do condutor e abrindo a porta que havia diante dela. Usando a força realçada, atirou-se, as mãos diante dela, como se derramasse azeite sobre uma tabela, preparou-se para parar a queda em um rolamento tipo aikido, justo então trocou a cor de sua pele para mesclar-se com os arredores. Ela ouviu o chiado dos freios quando o condutor tratou de recuperar-se e parar. Houve um estalo de vozes jurando, mas ela já o tinha conseguido, camuflou-se com a espessa folhagem, os ramos partindo-se com suas mãos e braços, quando rodava, tratando de proteger sua perna.

Capítulo 7

A fúria atravessou ao Ken. Ela o tinha feito deliberadamente, expondo os peitos a cada homem presente. Maldita fosse por isso. Ken não esperou que Neil tivesse o Rover sob controle; mergulhou atrás dela, caindo no mesmo lugar, rodando sobre folhas e ramos quebrados com o passar do chão molhado para ficar imóvel, olhando o céu noturno. Estavam em uma área com muitas árvores. Podia escutar a corrente correndo a sua esquerda. Agora me encheste o saco. Poderia te estrangular por isso. Não precisava lhes dar um espetáculo. 61


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Estava assustado por ela. Tinha uma mão e uma perna quebrada. Não tinha armas nem roupa. E devia estar mais zangado por receio que a apanhassem que porque se expusera a todos os homens. E se tinha golpeado com uma das árvores e quebrado o pescoço? Facilmente poderia ter passado. Não podia imaginar encontrar seu corpo morto. Responda-me, maldição. Esse era ele? Tão próximo ao pânico quando sempre era tão frio sob o fogo. Não lhe importava morrer, nunca lhe importou, isso fazia fáceis as missões encobertas ao redor do mundo, mas isto era algo totalmente diferente. Ela se tinha metido baixo sua pele. Tratou de dizer que era simplesmente um experimento do Whitney e uma vez que se foi, Jack e Briony estariam a salvo e tudo voltaria a ser normal, mas isso não deteve o pânico dentro dele. O medo se transformou em um verdadeiro terror por ela. Não podia estar morta. A terra trocou ligeiramente em baixo de seus pés, as árvores e os arbustos tremeram. Elevouse sobre seus pés e tratou de respirar normalmente. Mari. Preciso saber que está viva. Deveria sentir-se humilhado e envergonhado de que houvesse súplica em sua voz, mas não o estava. Estava simplesmente dizendo a verdade. Necessitava-o. Era simples e não tinha sentido. Se for simplesmente uma atração psíquica entre eles, tão poderosa e tão potente como era, por que sentiria tal terror de que pudesse estar morta? É obvio não lhe responderia. Ele era o inimigo. Tinha que ser lógico, superar o medo e usar o cérebro. Tinha muita mais experiência da que tinha ela. Tinha que continuar com a premissa de que estava viva. Poderia rastreá-la. Cada pessoa perdia células da pele, e seu sentido do olfato era fenomenal, graças ao realce genético do Whitney, embora houvesse outros caminhos mais fáceis que caminhar ao redor na escuridão farejando o chão. Importava pouco se tinha sido treinada desde seu nascimento; tinha anos de duras batalhas sob seu cinturão, mas, sobretudo, Jack e Ken tinham usado suas habilidades psíquicas muito antes dos experimentos do Whitney, e ambos tinham talentos fortes. Com os enriquecimentos, eram capazes de fazer coisas que se soubesse Whitney os mataria. Afundou-se no chão coberto de folhas, afundando-se na terra fria e úmida, sentou-se com uma perna cruzada sobre a outra e as mãos descansando sobre os joelhos. Deixou que sua mente se expandisse para tomar o mundo a seu redor, elevando-se livre, fazendo-se poderoso. Mari vem a mim. Não tem eleição. Vem a mim. Sente-me. Estou dentro de ti. Ao redor de ti. Vem a mim. Necessita-me. Tem que estar comigo. Não há eleição para nós. Vem a mim. Converteu-se em uma letanía, um mantra, difundindo a ordem uma e outra vez, esquecendo aos homens que vinham e foram enquanto procuravam a sua prisioneira perdida. Ken se concentrou em Marigold, construindo sua imagem na mente. Conhecia a sensação de sua pele acetinada, a luxúria de suas curvas e seu sexy corpo. Conhecia cada detalhe: as feridas sobre seu corpo, a forma em que sua boca estava cheia e prometia pesadas pestanas que se frisavam e emolduravam seus grandes olhos. Vem a mim agora. Depressa, Mari. Precisa vir comigo. Pode me encontrar. Somos um, na mesma pele; precisamos estar juntos. Sobretudo, encontrava-se em sua mente, conhecendo-a a um nível mais íntimo. Não podia defender-se dele ou ignorá-lo. Sua mente trocou, imaginando-a, chamando-a repetidamente. Sua pele estaria sombreada de verde, negro e canela, harmonizando com as folhas e os arbustos ao redor deles. Não seria capaz de estar de pé com sua perna rota, por isso avançaria lentamente, um deslizamento sensual através da cobertura, seus peitos nus que se balançavam brandamente, de forma atraente. Imaginou a carícia de sua mão para baixo pela curva de seu traseiro nu, enquanto se movia para ele como uma gata da selva, movendo-se lentamente através da folhagem para abrir-se caminho para ele.

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Não houve nenhum som, mas abriu os olhos, sabendo que estava ali. A primeira visão lhe tirou o fôlego. Nunca tinha visto algo mais sensual. Avançou lentamente para ele, seu corpo perfeito na noite, um fluido de músculos e curvas rogando sua atenção. Seu corpo voltou para a vida, uma reação selvagem e dolorosa, sua franga perto de arrebentar, pulsando com urgência. Tinha uma urgência privada de baixar as calças e montá-la como um animal, duro e dominante, marcando-a. Ela levantou a cara, e pôde ver as lágrimas correndo por suas bochechas. Havia vários arranhões sobre seus ombros e através de seu peito esquerdo. Seu coração deu um tombo, uma sensação estranha e muito surpreendente. Seguiu movendo-se para ele, uma mescla de desafio e submissão em seus olhos. Arrastou sua perna detrás dela, mas conseguiu avançar lentamente quase até seu regaço. —É isto o que quer? Alguém que te obedeça cegamente? É isto o que necessita para desfrutar? —Seus braços rodearam seu pescoço antes de poder detê-la, e sua boca encontrou a dele quase desesperadamente. Ele queria sua submissão, mas não devido a seu controle mental. Suas fantasias eram de dominação sexual, não levando sua identidade ou seu livre-arbítrio. Se fosse total, necessitava que ela quisesse dar-se a ele, que confiasse muito nele, mas no momento em que sua boca encontrou a sua, o vulcão dentro dele esteve a ponto de explodir. Para muito desde que tinha sido capaz de sentir prazer. Tinha pensado que o sexo estava perdido para ele. Seus braços rodearam seu corpo para aproximá-la mais, assim poderia sentir seus peitos pressionando contra o torso. Tomou o mando do beijo, um punho em seu espesso cabelo loiro, forçando para trás sua cabeça enquanto explorava sua boca, sua língua cercou um duelo com a dela, tomando posse, não lhe deu uma oportunidade de fazer nada mais que responder. Jurou que uma corrente elétrica atravessou seu corpo e enviou fogo a correr por sua corrente sanguínea. Por um momento não podia articular um pensamento coerentemente, só sentir sua ereção rugindo, a surpresa de seu corpo mais vivo do que nunca tinha estado. Seu corpo se moveu contra o dele como seda quente, sua boca quente, úmida e perfeita, seus sensuais lábios. Seus dentes atiraram de seu lábio inferior cheio, os dedos mordendo sua pele. Queria-a, justo ali, justo então. Nada podia interferir com eles. Necessitava isso mais do que precisava respirar. Suas lágrimas se registraram; um soluço suave atravessou o calor da luxúria e o deteve abruptamente. Sentiu sua cara, o rastro das lágrimas, sentiu as lágrimas em seu pescoço. Abruptamente se separou dela, respirando fortemente, tratando de recuperar sua prudência. —Que droga tenho feito?— perguntou brandamente—. O sinto, Mari. Sabia que era um bastardo, mas não isto, nunca isto e não contigo. Quando sua ordem se tornou sexual e por quê? Por que faria algo como isso, sabendo o capitalista que era a química entre eles? Não podia recordar trocar a ordem, forçando a conformidade sexual. Para isso? Que tipo de homem era? —Juro-lhe isso, não queria que isto acontecesse. Limpou as lágrimas de sua cara. —Nunca passará de novo. Chamava-te para mim, te devolver, não tratando de fazer que me aceitasse sexualmente. —tirou a camisa por cima da cabeça e atirando-a sobre ela, rodeando-a com seu calor, lhe dando amparo e a ele certo alívio. Era tão formosa, e estava destruindo qualquer oportunidade de que pudesse pensar alguma vez bem dele. —Estava me castigando. —Outro soluço lhe escapou, embora lutasse por contê-lo—. Devido a que o outro homem me viu nua. Estava me castigando. 63


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Para isso? Sacudiu a cabeça. —Não. Estava-te chamando para mim. —Realmente poderia ser tão desprezível? Já não confiaria em si mesmo com ela. Não podia estar a seu redor. Não estava a salvo e nunca o estaria de novo. Maldito seu pai. Maldito Whitney. Mais que nada maldito Ken Norton Jack! Era uma ordem afiada, algo que poucas vezes fazia com seu irmão, sempre permitia que Jack tomasse a iniciativa, mas esta vez era diferente. Esta vez, Mari estava implicada, não ia arriscar se com ela. E se não tivesse parado? Seu corpo ainda se estremecia pela necessidade. Suas mãos não a deixariam ir, precisando permanecer em contato com ela. Se havia um inferno, já estava nele. Jack explorou através dos arbustos, a arma na mão. Captou a cara de Mari sulcada pelas lágrimas, seus soluços e a terrorífica máscara do Ken. —Que demônios passou aqui? —Lhe encontre um par de jeans. Se forem suficientemente grandes, deslizam-se sobre essa coisa ligeira que o doutor lhe pôs na perna. Ken tratou de distanciar-se do que estava fazendo. Não havia volta atrás, nem mudança. O monstro vivia e respirava, estava vivo e bem e arranhava pela supremacia. Quase a violei, Jack. Ela parece bastante disposta. Droga te cale e te ocupe disto. Tínhamos um trato. Fizemos um pacto. Estava tudo bem e suficiente quando pensou que foi você. Fez-me te prometer pôr uma fodida bala em sua cabeça, mas agora sou eu, a ameaça em vez de te ocupar de mim. Jack o olhou duramente e deu um passo adiante, deliberadamente perto, tão perto que o corpo de Mari se apertava contra seu peito. Rodeou-a com seus braços como se pudesse levá-la longe do Ken, tudo enquanto olhava cuidadosamente a seu irmão. Quando nada passou, enterrou a cara em seu pescoço e inalou profundamente. Ken permaneceu muito quieto, seus olhos chapeados nunca abandonaram a cara de seu irmão. —Sabe minha irmã que é um pervertido? Tira suas mãos de mim. Não me compartilharão. A indignação diminuiu a corrente de lágrimas. —Se for tal bastardo ciumento, por que não está arrancando minha cabeça, Ken? —exigiu Jack, ignorando o comentário de Mari enquanto caminhava longe dela—. O velho tivesse tirado sua pistola e nos teria disparado a ambos. —Lhe consiga as calças e tira a daqui. Mari conteve o fôlego. Estava abandonando-a com os outros. Deveria estar feliz, emocionada, mas em troca estava aterrorizada. —Não. —Sacudiu a cabeça, disse-o brandamente, uma súplica que não podia deter—. Não, tem que ficar comigo. Ele emoldurou sua cara com ambas as mãos. —Não posso. Tem que entendê-lo. Não confio em mim mesmo contigo. —Está tudo bem. Isto é. Lancei-me sobre ti. Senti a conexão quão mesmo você. Não foi só você. Seus polegares roçaram as marcas das lágrimas quase meigamente. —Não te lançou sobre mim e sabe. Mari, não vou correr o risco de te fazer mal. Não sou um bom homem. —Como o demônio que não o é, Ken - o interrompeu Jack—. Não sei o que acontece, mas nunca trataste a uma mulher com falta de respeito em sua vida. Ken dirigiu a seu irmão um olhar de advertência, e resmungou uma maldição, Jack girou para chamar os outros e encontrar um par de jeans para Mari. 64


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Cuidadoso com a perna, Ken a levantou até seu regaço, sujeitando-a perto para consolá-la, balançando-a com cuidado para diante e para trás. —Sinto muito, doce, de verdade. Atirei de ti para mim, mas não se supunha que fosse sexual. —Não sabia que tinha passado, não podia recordar ter trocado a ordem. Descansou a frente contra a dela, respirando profundamente para tratar de acalmar a tormenta de necessidade e o rugido de ódio. Sua perna estava sangrando de novo, e havia um fio de sangue perto de sua orelha. Outro na esquina de sua boca. Ken o apagou com o polegar, uma advertência soou em sua mente. O magro fio voltou. —Posso mover coisas, e fazer sugestões, fazer que um guarda aparte o olhar, esse tipo de coisas, mas nunca vi a ninguém mais com o poder de controlar com a mente os movimentos de outra pessoa. Não quis vir contigo, mas não podia me deter - admitiu Mari. Sacudiu a cabeça e limpou o sangue que manchava sua boca—. Whitney nunca pode adivinhá-lo. Nunca, Ken, nem sequer acidentalmente. Não pode fazer isto diante de alguém que possa lhe informar. —Levantou a cara, a cor sumindo de sua cara—. Não informou disto, verdade? Não está escrito em um arquivo em algum lugar? —Realmente lhe afeta. Não, não há arquivo. Jack e eu tratamos de usar vários talentos por nós mesmos. Se os tivermos, praticamos até que nos fazemos bons neles. Vivemos silenciosamente e só tratamos coisas diferentes. —Se Whitney soubesse que podem controlar a outros seres humanos, tomar o mando de suas mentes assim, nunca descansaria até os ter. E definitivamente quereria seus filhos, ou… - se interrompeu—. Jack pode fazer isto? Está Briony grávida? Whitney está detrás dela porque vai ter um bebê? É isso, verdade? Isso é pelo que enviaram ao Bret e estava tão determinado a que ficasse grávida. Já sabe. —Te acalme. Está tremendo, Mari. Whitney é um burro. É obvio que quereria a nossos filhos. É um louco e pensa que podemos ter um super-bebê. Não sabe o que posso ou não posso fazer, além do que deliberadamente realçou. —Usou a esquina da camisa que ela levava para limpar o sangue que gotejava constantemente de sua perna. Dê pressa, Jack! —Quando apontou a certos talentos psíquicos, reforçou outros também, verdade? — perguntou isso Mari é o que aconteceu com todos nós. Não lhe dissemos tudo tampouco, mas Ken, este é um talento importante. Querê-lo-ia mais que qualquer outra coisa. Quereria a um menino que o tivesse. Pode formar e modelar meninos onde tem mais problemas com os adultos. Os adultos não têm muitos efeitos secundários, mas não pode controlá-los tão facilmente. Não pode averiguar o que faz. Ken esteve em silêncio um momento, escutando o som de seus próprios batimentos do coração. —Sei, se revelasse, quereria dizer que teve acesso a um arquivo meu que foi registrado, faria um agarre para mim, verdade? —Moveria céu e terra para te ter. Atiraria de cada fio que tem no exército e de cada funcionário que lhe deve favores para ter acesso a ti. —Sacudiu a cabeça—. Não pense nisso. Vilhe desmontar gente para ver se seu cérebro é diferente. Passaria o resto de sua vida enganchado a máquinas para que pudesse estudar a atividade de seu cérebro. Ken não respondeu. Sabia que era um filho de puta doente para fazer as coisas que tinha feito a Mari. Apesar do que Mari e Jack acreditavam, Ken estava seguro de que Whitney tinha a capacidade psíquica e tinha descoberto o monstro escondido nele. Seus dedos se enterraram no cabelo de Mari, inclinou a cabeça para roçar um beijo no alto da cabeça. 65


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—Tem que deixar de tratar de escapar. Podia te haver matado, sabe. Atirou-te de um carro em marcha sem saber onde foste aterrissar. Podia ter golpeado uma árvore. Assim é, está sangrando outra vez. —Não o faço. E teria feito o mesmo. —É diferente. —Por que sou uma mulher? —soprou—. Antes de tudo sou um soldado. É meu dever escapar. Fechou os olhos brevemente e então os abriu para encontrar seu olhar fixo. Teve que dizer a verdade, só uma vez. Devia-lhe tanto. —Porque é minha mulher. Não poderia ser capaz de te ter, mas não quero sua morte. —Seus dedos se moveram sobre sua mão ferida e a deixou cair até sua perna—. Ou que seja ferida. Mari o olhou. —Não posso ser sua mulher se planeja escapar de mim, Ken. Destrói a vida de todo o mundo. Tem que ser detido. Não sou só eu. Há outros, homens e mulheres, mantém-nos encerrados por seu estúpido programa de cria. Podemos nos aproximar com um plano para fazer isto bem. —Não sou um produto de seu programa de cria, Mari; desejaria sê-lo. Desejaria ter essa desculpa para meu comportamento, mas não a tenho. A gente nasce com coisas más neles, pequenas falhas que muita gente ignora ou não podem nunca ver. O meu é perigoso. Posso estar atraído por ti fisicamente porque Whitney nos emparelhou, mas é mais que isso, e independentemente do que seja, está crescendo forte. —Comigo também. Quanto mais perto estou de ti, mais pareço me preocupar com ti. O sexo e as emoções se entretecem juntos. Whitney nunca teria sido capaz de me obrigar a fazer o que não quero fazer. Não posso controlar minha mente ou as emoções, assim não está fazendo isto. Atanos juntos, química e sexualmente, mas não poderia me fazer querer fazer todo o melhor para ti. —Não há nenhuma preparação melhor para mim, Mari. Quanto mais logo ambos o aceitemos, melhor estaremos. A única coisa que posso te dar é a segurança de que não estarei com outra mulher. Independentemente do que acontecer a sua vida, juro-lhe isso, não posso pensar em ti com outro homem porque me voltaria louco, mas independentemente do que acontecer, onde quer que esteja sempre saberá que não há ninguém mais comigo. —Tem que haver uma forma para fazer isto bem. —Mari. —Sua voz foi baixa e irresistível, movendo-se através de seu corpo como um toque dos dedos nesta pele assustada, e tem boas razões para está-lo. Não confio em mim mesmo e não vou estragar sua vida mais do que Whitney já o tem feito. A última coisa que precisa é estar atada a um homem que pode voar a uma raiva ciumenta e te fazer Mal físico. —Sou capaz de proteger a mim mesma, Ken e não acredito que seja o tipo de homem que pegue às mulheres. —Não, só perco a razão e estou perto de te violar porque outro homem te olhou. —Passou uma mão através de seu cabelo, deixando-o mais despenteado que antes. —Desejo-te. Não me preocupam as circunstâncias, ou a desculpa. Desejo-te. —Há coisas que não sabe de mim, nada disso bom. Tiveste suficiente com Whitney e seu programa. Estamo-lhe levando com a Lily. Assegurará que está sã e te ajudará a começar uma nova vida. —Lily Whitney, a filha do doutor? —Não diga seu nome assim. É tão vítima, talvez mais, que o resto de nós. —De verdade confia nela? Trabalhei com o Whitney perto e longe durante anos e seguro que não confio nele ou em seus amigos. Eles sabem o que esta fazendo; não o passam, mas não o detêm ou dizem a alguém mais alto o que esta passando. 66


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—Nos diga onde esta o complexo, Mari. Tiraremos as mulheres. Ela sacudiu a cabeça. —Sabe que haverá uma briga. Os homens protegerão os laboratórios. Demônios. Estão sob ordens. Têm que proteger a base. —Então faremos que o almirante o feche. —No momento em que as ordens baixem, Whitney moverá a todo mundo. Tem lugares por toda parte, e nunca permitiria de boa vontade que lhe fechassem. Está protegido, Ken. Não pode entrar e lhe agarrar. —Mas pensou que o Senador Freeman seria capaz de te ajudar. —Esperava-o. Seu pai tem muita influência com o Whitney. Pensamos que se falava com ele e lhe explicava o que estava passando, intercederia por nós. Sabemos que seu pai está aborrecido com o experimento. Whitney quer bebês. Está seguro que pode produzir a arma perfeita, psíquica e fisicamente, de modo que ninguém suspeitará alguma vez de um menino gasto ao país e fazer o que se precise ser feito. —Whitney não te daria essa informação de qualquer jeito. —Não, mas tenho amigos. Não todos os implicados estão de acordo com o que está fazendo. Uma das mulheres está grávida de verdade, Ken. Ele vai levar o seu bebê se não a tirarmos dali. Tenho que voltar e ajudá-los. —Não teria que fazê-lo se deixasse que Whitney me capturasse. —Não! Nunca te deixaria perto dos outros. Ter-te-ia em um laboratório e te dissecaria tão rápido que não saberia o que aconteceu. Jack voltou, dando a Mari os jeans, seu olhar estreitando-se quando viu o sangue correndo por sua perna. —Esta pensando em permitir que Whitney o tome prisioneiro - disse Mari—. Não pode deixar que faça isso. —Realmente é uma opção, mas penso que talvez o almirante possa me atribuir ao complexo. Se usar ao exército como cobertura, e tem soldados vigiando o lugar, então seremos capazes de conseguir a atribuição - disse Ken—. Ponha seu braço ao redor de meu pescoço. Vou levantar-te um pouco para poder te pôr os jeans. Não é necessário que esteja nua com um grupo de homem ao redor. —Está sangrando de novo. Por que demônios está sangrando tanto? —perguntou Jack. —Tome cuidado - advertiu Ken enquanto via Jack limpar a ferida —. Feriu-se de novo? Jack foi suave enquanto deslizava os jeans pelo estuque ligeiro de sua perna. O médico tinha posto mais uma tabuleta que um estuque atual porque queria que a ferida de bala tivesse ar. —Não se vê como isso. —Mais que o sangrado excessivo, seu corpo parecia extraordinário, curando-se tão rápido que ambos os homens sabiam que era impossível ainda com um realce genético—. Whitney te injetou algum tipo de droga que acelera verdade? —perguntou Jack, sua voz sombria—. Devia ter suspeitado que fizesse algo como isto. Os dedos do Ken se esticaram até o ponto da dor nos ombros de Mari. —Deu-te Zenith? OH, Deus, carinho, me diga que não lhe deixou te chutar com esse produto. —Sempre nos injetam isso antes de cada missão, só em caso de que fôssemos feridos. Não o fazem com todo mundo? —Quando? —falou Ken bruscamente, ficando de pé. Mari em seus braços. Teve que agarrarse a seu pescoço e sujeitar-se enquanto cortava para o Escalade em uma carreira suicida—. Maldição, Mari, quando lhe injetou isso? Dia e hora. Diga-me isso agora. O medo pôs seu coração a cem. Ambos os Norton pareciam alarmados. —O que sabem do Zenith que eu não? 67


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—Pode te matar, Mari. Diga-me isso agora, quanto tempo esteve em seu sistema? Logan sustentou a porta aberta e Ken virtualmente saltou dentro, Jack detrás dele. — Diga a Lily que mande um avião. Não um militar, privado. Um de sua companhia de aviões. —Não podemos nos arriscar a isso, Ken - protestou Logan—. O que passa? —Injetaram-lhe um Zenith completo antes de enviá-la fora - respondeu Ken—. Temos que nos arriscar. Neil pôs em marcha o veículo, baixando depressa pela estrada. —Posso lhes ter ali pela manhã. Estamos a poucas horas de distância. Quanto tempo tem? Ken jurou amargamente, seus olhos chapeados brilhando com muita ameaça enquanto intercambiava um olhar largo com seu irmão. —Faz que Lily mande o avião, Logan. Diga-lhe que se encontre conosco em um dos laboratórios com instalações médicas. Diga-lhe que necessitamos o antídoto do Zenith. —Ryland não vai pôr sua vida em perigo. Mas se girou para ligar o rádio e começou a falar por ela. Mari se manteve muito quieta. Não estavam brincando ao redor dela. A tensão no Escalade podia ter sido cotada com uma proverbial faca. Zenith, a droga usada para acelerar a cura, era perigosa, e todos sabiam. Por que Whitney bombeava a todos seus homens até os ter enchido disso antes que os enviasse em uma missão se sabia que a medicina era perigosa? E se esse homem sabia que era perigosa Whitney tinha que sabê-lo. Era o inventor do Zenith. —Deveria havê-lo sabido; curava-te muito depressa inclusive para um Caminhante Fantasma. Maldição—Golpeou violentamente seu punho contra o assento diante. Em que demônio estava pensando? Mas sabia. E Jack sabia. Podia vê-lo nos olhos de seu irmão. Esteve tão fodido pensando em sexo, que não se preocupou com nada mais. —Há uma pista de aterrissagem a 80 milhas daqui. Uma pequena granja com um avião para fumigar. Lily o mandou ali e terá um piloto esperando, um amigo dela, não militar. Encontrar-se-á conosco no laboratório subterrâneo onde Ryland e seus homens foram encarcerados primeiro. Não está longe de sua casa, e ninguém pensaria duas vezes que iria ali. Trabalha ali às vezes. Kadan estará com ela para protegê-la, junto com a maior parte da companhia do Ryland, assim não se preocupa desse resultado - anunciou Logan. Ken se inclinou perto de Mari, seu fôlego quente contra sua orelha. —Está esquecendo respirar. Levar-lhe-emos ali a tempo. —Quanto faz que sabem do Zenith? —Lily encontrou o componente no laboratório com todos os dados sobre ele. Claramente trabalha para regenerar as células, mas se lhe deixa no corpo muito, começa a romper as células e ocorre à hemorragia E sim, Whitney é bem consciente disso. Este é seu descobrimento, seus resultados. Dois homens morreram em seu laboratório além de dúzias de animais de investigação - disse Ken—. Nem sequer nos incomodamos com as coisas em curto prazo. Mari enterrou sua cara contra o ombro do Ken, insensível a se os outros o viam como uma debilidade. Não tinha medo de ser uma prisioneira. Podia suportar a tortura se tinha que fazê-lo, mas a contínua traição do Whitney era difícil de aceitar. Tinha-a melhorado, tinha sido sua única fonte de informação. Havia trazido professores, mas finalmente, tinha seguido seu plano de estudos. Tinha aprendido idiomas, estudado e dominado temas rapidamente, e seguido o treinamento de um soldado. Estava disciplinada e era muito competente com armas e no combate corpo a corpo, assim como muito hábil com seus talentos psíquicos. Whitney deveria ter estado orgulhoso dela, de todos eles, mas continuava enganando os de todas as formas.

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Era a coisa mais próxima que todas elas tinham a um pai, e era cruel e frio, completamente sem emoção enquanto dirigia seus últimos experimentos. Havia-se posto pior com os anos, e agora averiguava que não era só às mulheres às que tinha enganado. Tinha dado aos homens da unidade das operações especiais Zenith antes que saíssem. Os dedos do Ken se enredaram em seu cabelo, uma massagem lenta que pareceu mais calmante que sensual. Estava segura que lhe deu um beijo na parte superior da cabeça. —A unidade tinha ordens de sair à segunda-feira pela tarde. Whitney se foi, mas deixou o Zenith para que os homens tomassem antes de ir. Seu doutor o injetou a todo mundo. Seam roubou uma seringa de injeçãocheia para mim. Pensamos que era uma coisa boa. Sentiu a reação do Ken no nome. Tomou uma respiração profunda e a deixou sair. —Esse Seam, estava com a equipe? Mari sacudiu a cabeça. —Não, já não, mas sabia que ia e não tratou de me deter. Não tivesse podido. Defende Whitney e não queria que fosse. Disse que era muito perigoso, mas foi junto a eles esta vez para me proteger. —É um soldado treinado, por que disse que era muito perigoso? —perguntou Ken. Ela franziu o cenho. —Não sei. Somos amigos. Acredito que só se preocupa comigo. Esse Seam parece estar muito ao redor dela. Crê que Whitney mentiu para emparelhá-la com ele assim como com o Bret e comigo? Jack o olhou bruscamente ante o fio de voz do Ken. Não a menos que quisesse que Seam e Bret se matassem entre eles. Não compartilharia Briony com nenhum outro homem, e ninguém emparelhado vai querer compartilhar tampouco. Mais provavelmente é alguém de que esteve ao redor e é um amigo. Ela pode pensar que são amigos, mas o velho Seam está quente por ela. Jack franziu o cenho a seu irmão. Podia tentar manter sob controle esse ciúmes, sinto-os quando um homem olha a Briony, mas os tenho sob controle. Este sou eu estando controlando. Não estou lhe caçando para lhe colocar uma fodida bala na cabeça, agora, verdade? Porque muito em breve tinha que deixar que Mari partisse e queria que fosse feliz. Bret ia morrer, e se tocava Mari outra vez, Ken destroçaria ao bastardo com suas mãos nuas. Era tudo o que havia. Ele ia assegurar se disso, mas Seam, agora Seam poderia ser alguém a quem Ken podia respeitar ao menos o suficiente para deixá-lo vivo, embora nunca pensasse no Mari e Seam juntos. Tratou de não gemer alto e mostrar seus pensamentos. Mari era tão afim a ele agora que, como ele, podia captar impressões do que estava pensando. Não queria que pensasse pior dele do que já o fazia. Sustentá-la em seu regaço foi claramente estúpido, mas não podia deixá-la ir. Não podia controlar a reação de seu corpo, e era tão bom sentir-se vivo de novo. E quanto mais estava a seu redor, mais forte era a reação que tinha e mais rápida. A dolorosa e contínua ereção era parte do prazer agora, mas a dor era um pequeno preço a pagar por ser capaz de sentir como um homem. Tinha acreditado que tinha sido despojado disso. Sujeitando-a, sentindo seu corpo tão suave e flexível, a maneira em que encaixava nele, a curva de seu traseiro se acocorava em seu regaço, a carícia de seu peito contra seu braço, lhe roubando o fôlego e a maior parte de sua prudência. Seu corpo palpitava e se esquentava, sua aguda ereção constante. Demônios, não tinha sido capaz de despertá-lo depois da tortura, e agora não podia partir, sobressaindo-se e dolorosamente inchado com necessidade, cunhado ao longo da costura de suas nádegas. Ela não podia deixar de 69


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sentir quanto a desejava. O balanço do Escalada só se acrescentou a seu desconforto crescente, quando seu traseiro se roçou contra ele. Estava faminto por provar cada maldita polegada dela, estava desesperado por sentir a pele nua contra ele, e o calor de seu corpo estava afetando-a também. Sua respiração se acelerou, seus peitos se elevaram em baixo da camisa que vestia, seu corpo se movia inquietamente, deslizandose sobre ele, causando um estalo de prazer palpitante por seu pênis. Precisava deslizar as mãos em baixo de sua camisa e sentir sua pele quente, cavar seus peitos e converter seus mamilos em picos duros. Queria mais que isso, muito mais. Queria comerlhe como a um caramelo, tomá-la rápido e duro, escutando seus pequenos gritos suaves, seus gemidos, lhe pedindo por mais. Sempre mais. Tinha que mantê-la desejando-o, atá-la a ele sexualmente. Podia fazê-lo, não tinha dúvidas disso. Sua boca estava feita para beijar, para o sexo. Só podia fantasiar sobre sua boca ao redor de seu pênis, seus dentes mordendo sobre as cicatrizes, sua língua dançando sobre ele. Ajoelhar-se-ia diante dele, cavando seu saco, tomando-o rápido e duro, suas unhas arranhando sobre ele, prolongando seu prazer, e tudo enquanto seus olhos chocolate estariam fechados com o seu, enquanto tomava em sua apertada e quente garganta, olhando o que lhe fazia, adorando o que lhe estava fazendo. Nunca tinha desejado a uma mulher da forma que o fazia com a Mari. Seu coração pulsava tão forte que pensou que lhe estalaria através do peito. Seu sangue quente até a ebulição, precipitava-se por suas veias chispando com fogo, e estendendo-se por seu corpo para sensibilizar cada nervo final. Seu pulso troou em seu ouvido, rugindo por enterrar seu corpo no dela. Seduzi-la-ia lentamente, provocando-a, lamberia, chuparia e morderia seus peitos e mamilos. Só um bordo de dor. Olhar-lhe-ia com seus grandes olhos, um pouco surpreendidos, mas respirando com necessidade, lhe suplicando por mais e se obrigaria. Ensinar-lhe-ia quem era seu homem, arruinando-a para qualquer outro, fazendo-a ansiar seu toque, a quente lambida de sua língua sobre cada polegada de seu corpo. Não ia ser capaz de ser fácil quando tomasse; lutaria pelo controle, mas ela estaria muito quente, muito apertada, seus suaves músculos de veludo apertando-se a seu redor enquanto se afundava nela, conduzindo-se duro, tomando posse não só de seu corpo, mas sim de sua alma. Ela era dele e ia assegurar se de que soubesse. Mari podia ver imagens eróticas dançando em sua cabeça. Os músculos de seu estômago se apertaram fortemente, seu útero se contraiu. Não podia não ser reagir à fome desesperada para ele. Era uma sedução escura, dura e ao bordo da violência, as imagens dominantes e cheias de uma crua luxúria. Engoliu várias vezes, sua boca seca, seu coração palpitante enquanto se encontrava com a intensidade afiada de seu olhar de prata. Sua respiração se deteve apanhada em seus pulmões enquanto seu olhar foi à deriva possessivamente sobre ela, quente, excitada e cheia de desejo nu. Podia sentir seus dedos acariciando seus peitos, quase sentia a dentada de seus dentes, a lambida de sua língua acariciando seus mamilos, os dedos acariciando o interior de suas coxas até que seu corpo chorasse com necessidade. Para! Mari rodeou seu pescoço com as mãos, pressionando-o tão perto que podia sentir os duros picos de seus mamilos. Está-me matando. Não pode fazer isto com os outros aqui. Não estamos sozinhos. Não posso fazer isto sem eles aqui. Deus, Mari, tem idéia de quanto quero me sentar e foderte até a loucura? Maldição. Isso não saiu bem. É mais que isso, muito mais que isso. Porque queria que me pertencesse. Queria levantar-se cada manhã vendo sua cara, encontrar maneiras de fazê-la

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rir, ter anos para conhecer cada faceta de sua personalidade. Não sabia por que, mas aquela necessidade era tão forte como a necessidade de estar profundamente dentro dela. Podia cheirar seu almiscarado aroma, lhe chamando. Estava úmida pela necessidade, reagindo a sua fantasia gráfica e a sua linguagem. Em vez de estar assustada ou rechaçá-lo estava reagindo. Uma parte de si mesmo quis chorar. Qualquer mulher sairia correndo por seu corpo mutilado. Em sua fantasia, as imagens em sua cabeça, tinham sido explicitas seu pênis marcado com múltiplos cortes, sua Pelotas cobertas com elas. Não tinha contido a necessidade de sexo duro, ainda assim o desejava. Só o pensamento dela desejando-o pôs tão duro que pensou que poderia arrebentar, e cada vez que seu traseiro se deslizava sedutoramente sobre o grosso vulto em seu regaço, seu sangue golpeava grosseiramente. Houve algo como isto antes para ti? Ken podia escutar a repentina nota tímida em sua voz. Estava envergonhada por lhe perguntar, embora precisasse sabê-lo. Enterrou os dedos através da grossa massa de cabelo dourado e platina. Não. O que vamos fazer sobre isto? Nada. Absolutamente nada. Vou pôr tanta distância entre nós como é possível. E não tenho nada que dizer em sua decisão? Inclinou a cabeça para ela, enterrando a cara em seu cabelo e só a sujeitou perto dele, saboreando seu aroma e a suavidade de seu corpo. Não sabe o que é Mari. Um presente. Algo para entesourar, um pouco tão precioso que não tenho oportunidade de estar ao seu redor. Se te tiver, só uma vez, não serei capaz de te deixar partir. Beijou seu cabelo, insensível a que seu irmão o estivesse olhando. Só tinha algumas horas preciosas com ela e depois estaria fora de sua vida para sempre. Ia tomar o que pudesse conseguir. Nunca poderia te dizer estas coisas em voz alta. Pareceria brega, e me sentiria como um idiota, mas precisa as ouvir. Talvez não seja capaz de deixar ir, aventurou Mari. Não tem eleição.

Capítulo 8

—Teve duas hemorragias nasais no avião e não podemos parar esta - anunciou Logan, correndo para abrir a porta a Lily—. Tirou sua ficha para que possamos conhecer seu tipo sangüíneo? Ken levava Mari em braços, correndo detrás da mulher de cabelo negro enquanto se apressava pelo vestíbulo da pequena clínica no gigante complexo do laboratório. —Jack ou Ken podem doar. Ambos têm o mesmo tipo de sangue - respondeu Lily, gesticulando para a cama—. Ponham aqui rápido. Tudo estava passando tão rapidamente, Mari não teve tempo para pensar nisso. No momento em que seu nariz começou a sangrar, os homens estavam na rádio falando com o Lily Whitney, recebendo instruções e falando um ao outro em um rápido código. Soube que estavam preocupados quando a moveram desde o avião a um carro fortemente blindado com cristais escuros e conduziram a uma velocidade suicida até uma instalação muito custodiada. Ken a colocou cuidadosamente na cama, e a contra gosto deixou cair o braço desde seu pescoço. No momento em que já não esteve em contato físico com ele, sentiu-se só e vulnerável. Lily Whitney coxeava e estava muito grávida. 71


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Tinha cabelo negro e um olhar preocupado em sua cara. Entretanto, era a filha do Peter Whitney, a única pessoa pela que o sádico megalômano se preocupava. Enviou um sorriso distraído para Mari, obviamente destinado a tranqüilizá-la. —Quem de vós vai lhe dar sangre? Ken se enrolou a manga. —Eu. —Te tombe na cama a seu lado. Tenho que administrar o antídoto, mas vai chocar-se e chocar-se duro. Tenho uma equipe reunida, não te assuste. —O que quer dizer chocando-se? —pergunto Mari. Estendeu a mão instintivamente ao Ken, agarrando sua mão—. O que quer dizer? —Não há tempo - disse bruscamente Lily—. Teve a droga em seu sistema muito tempo. Suas células se estão rompendo. Tenho que te pôr a via justo agora. Não lute comigo nisto. —Mari. —A voz do Ken era baixa e acalmada. Envolveu o braço ao redor de seus ombros—. Vou estar justo aqui. Deixa-a te pôr a via e te dar o antídoto. Mari tratou de sufocar o pânico que se elevava rapidamente. Estavam todos assustados, especialmente Ken. Tinha aquela mesma máscara inexpressiva que normalmente levava, mas seus olhos a observavam com uma advertência. Ele a obrigaria a aceitar o tratamento se não se tranqüilizava. O terror reinou. Ela não os conhecia. Não confiava neles, especialmente na filha do Peter Whitney. Tinha conhecido a traição a maior parte de sua vida. Poderia ser tudo isto uma conspiração elaborada de algum tipo? Ken emoldurou sua cara com ambas as mãos. —Embora nunca volte a confiar em mim de novo, esta vez, peço-te que ponha sua vida a meu resguardo. Vais chocar logo que Lily te dê o antídoto, mas sangrará se não o consente. Traremo-lhe de volta. Juro-lhe isso, Mari, não é um truque. Lily não esperou que Mari decidisse. Estava-lhe pondo a via em seu braço e uma em cada perna com uma eficiência assombrosa. — Tombe na cama ao lado do Mari, Ken. —Dirigiu um pequeno sorriso na direção de Mari. Ajudará a mantê-la calma. Necessitamo-la muito tranqüila—. Sou Lily. Estou segura de que não me recorda - disse Lily em voz alta. —Conheço-te. —Mari tratou de não estremecer quando a agulha entrou. Odeio as agulhas confessou, envergonhada. É realmente estúpido. Posso romper ossos e disparar a alguém a centenas de jardas sem pestanejar, mas odeio as agulhas. Deveria estar acostumada a elas: Whitney estava sempre tomando sangue para algo, ou lhes injetando algo, ou a atava com correias a uma mesa e lhe acrescentava realces genéticos. Usava-a como uma cobaia muito mais freqüentemente que às outras mulheres porque a considerava difícil de controlar. Fazia muitas perguntas, incitando às outras mulheres à rebelião. Sentiu Ken instalar-se a seu lado, seu peso fez que seu corpo rodasse para ele. Seus quadris se tocaram. Sua coxa se deslizou com o passar do dele. O calor de seu corpo esquentou o frio do dele. Foi muito consciente dele instantaneamente, de seu aroma masculino e sua força total, e do fato de que era uma mulher e ele um homem. — Relaxe, Mari. —Seus dedos se enredaram com os seus. Lily e outro homem estavam trabalhando para colocar bolsas de algo denso e amarelo nas vias enquanto alguém mais estava injetando agulhas no braço do Ken. Diga-me o que está passando. Não te assuste. Vou passar por isso contigo. Lily é realmente boa. Esteve estudando esta droga, porque o Zenith obviamente pode regenerar nossas células, mas depois de estar em nosso 72


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sistema durante um tempo, começa a ter um impacto negativo. As células se deterioram a um ritmo muito rápido, quase ao mesmo ritmo que ocorre a cura. Apertou sua mão para tranqüilizá-la. As hemorragias maciças sobrevêm. Vai te dar o antídoto mais rápido, por isso tantas vias. Injetará algo do antídoto em seus músculos também. E isto de verdade está me acontecendo. Isso é pelo que a perna segue sangrando e agora tenho hemorragias nasais. Um calafrio de medo se arrastou para baixo por sua espinha dorsal. Poderia tratar com algo se sabia o que estava passando. Não se assustaria. Por que continua nos dando a droga se sabia que pode nos matar? O polegar do Ken a acariciava a mão uma e outra vez. O sangue começou a correr pelo tubo de seu braço ao dela. Se forem capturados e não podem chegar até ele, morrem. É outro amparo para ele. Se voltarem, administra-lhes um antídoto e ninguém se inteira. Se alguém chegar tarde, os salva onde ninguém pode vê-lo ou essa pessoa simplesmente desaparece. Ele ganha de qualquer forma em que o olhe. Todos nós somos descartáveis. Apostaria que Lily não o é. Mari estudou a cara da filha do doutor. Tinha um olhar de determinação total. Ninguém era tão boa como atriz. Lily Whitney estava totalmente enfocada em salvar a vida de Mari. Falou dela ultimamente? Ninguém esta tão perto dele, bom, ninguém mais que Seam. Seam é um súper-soldado, e Whitney o mantém ao redor como um guarda-costas. Aí estava esse nome de novo. Seam. Ken freqüentemente captava retalhos de Seam na mente de Mari. Mais que isso, havia respeito, inclusive admiração. Sua tripa se retorceu em duros nós com a menção do homem, algo escuro e um redemoinho sombrio em seu cérebro. Poderia realmente morrer? Levou os nódulos aos lábios desejando confortá-la, não querendo lhe responder ou pensar nas possibilidades. Soava abandonada e vulnerável. Seu coração reagiu com uma estranha mudança. Havia mais sangue na esquina de sua boca. Ken ignorou a maneira em que o ar se precipitava desde seus pulmões, deixando-o lutando por respirar. Negou-se assustar-se se Mari não o estava. Lily a salvaria porque não havia outra opção. Se algo me passar, diga a Briony que pensei nela cada dia, que sua felicidade me importava mais que algo. Inclusive em sua mente, sua voz soava longínqua, débil, como se lutasse por respirar, por viver. Ken permaneceu quieto, sujeitando a mão fortemente contra seus lábios. Sua pele era tão suave, inclusive através da cicatriz que partia seu lábio. —Não vais morrer Mari. Não deixaremos que aconteça. —Disse as palavras em alto porque queria que Lily o ouvisse. Lutou por manter sua voz acalmada, sem uma ameaça, quando sabia que queria dizê-lo como uma ameaça, quando todos na habitação sabiam que era uma ameaça. Seu coração golpeou com terror. Não podia perdê-la desta forma. Não deixaria que Whitney ganhasse essa batalha. Mari tinha que viver. Lily pôs sua mão brevemente em seu ombro. —Está bem, Ken. Entendo-o. Talvez o entendesse, mas ele não. Sentia-se partido em dois. Mary era virtualmente uma estranha, embora sentisse como se a conhecesse intimamente. Tinha conhecido aos Caminhantes Fantasmas por algum tempo, muitos deles por anos, mas era a Mari a quem queria proteger, precisava saber que estava a salvo, viva e bem em algum lugar no mundo, inclusive se não podia estar com ele. —Como pôde fazer isto? —Ken fez a pergunta antes que pudesse deter-se, fulminando com o olhar a Lily, um brilho repentino de raiva sacudindo-o. 73


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Ryland, o marido do Lily, franziu o cenho, endireitando-se lentamente de onde estava inclinado sobre o braço do Ken, assegurando-se de que o sangue flua-se lentamente de um paciente a outro. Havia uma ameaça segura em sua postura. Lily sacudiu a cabeça ligeiramente para evitar que seu marido interferisse. —Não sei Ken. Perguntei-me isso um milhão de vezes. Dizem que a linha entre a genialidade e a loucura é muito fina. E ele se está deteriorando cada dia. —Por que diz que se está deteriorando? —Estiveram espionado seus computadores desde o dia em que desapareceu. Flame encontrou a maneira de colocar um programa em seu computador pelo que podemos lhe espiar. Por suas notas posso ver que seu estado mental se deteriora cada vez mais com cada novo projeto. Não tenho nem idéia de como vamos para-lo. Havia um grande cansaço em sua voz. Linhas de preocupação bordeavam sua formosa cara. Seus olhos continham pena, muita pena e responsabilidade para uma mulher de sua idade. Ken se estirou para tocar a mão de Lily. —Faremo-lo. —Disse-o com convicção, esperando que lhe acreditasse, querendo aliviar seu sofrimento. Mari agarrou seu braço e puxou um gesto débil, mas insistente. Girou a cabeça para ela. Estava-lhe olhando. O que está mau? Piscou, sua expressão troco a uma de confusão. Não sei. Eu não gosto disso, você tocando-a, o que é totalmente absurdo. Só a está consolando, e seu marido está justo aí, assim não tem sentido sentir-me zangada por isso. Soava perplexa, desprotegida e de repente muito frágil. O alarme se estendeu através de seu corpo. Ken quis agarrá-la entre seus braços e sujeitá-la fortemente, assustado de perdê-la. A vida já se estava escorrendo dela. O sangue corria por sua boca e seu nariz. Estou aqui, Mari, justo a seu lado. Passarei contigo por isso. Sei que o fará. Tratou de lhe sorrir, mas seus olhos se fecharam e ficou frouxa. —Maldição! Necessito mais tempo. Jack entra aqui. — Ordenou Lily—. Não temos suficiente antídoto dentro. —Me fale Lily - disse bruscamente Ken—. Diga-Me o que está passando. —Esta em choque! —A voz do Lily era tensa—. Jack! Jack montou escarranchado ao de Mari e começou com a massagem cardíaca enquanto Lily agarrava uma seringa de injeção com uma agulha muito larga e de aspecto horroroso da maleta médica. —Abre sua camisa, Jack - instruiu Lily. Soou calma e controlada. Tomou o lugar do Jack, sentando-se em cima de Mari, conduzindo a agulha através de seu peito, ao coração, para administrar o estimulante. O estômago do Ken se sacudiu. Por um momento houve silêncio. Escutou o tic tac do relógio. A respiração de Lily. Alguém arrastando os pés. A seu lado, Mari resfolegou, tomando uma difícil baforada de ar, seus olhos se abriram rapidamente, o terror em sua cara, sua mão apertou a sua como se sua vida dependesse de seu contato, e então ficou frouxa outra vez. Lily se inclinou sobre ela, sentindo seu pulso, escutando a seu coração. —Está de volta. Ponha-lhe o antídoto e tanto sangue como podemos. Podemos te necessitar antes que tudo isto acabe, Jack. Enquanto trabalhava na Mari, Lily seguiu jogando uma olhada ao Ken. —Disse que acreditava que tinha uma maneira de lhe deter. Enquanto lhe permitam manter seus experimentos, nenhum de nós está a salvo. De verdade tem um plano?

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—Posso controlar as ações das pessoas com minha mente - disse Ken, seu olhar trocou para seu irmão para captar o olhar de surpresa que sabia estaria ali. Não admita que você possa fazer o mesmo. Tem que pensar na Briony e nos meninos. —Isso não é possível. —Lily retrocedeu, sacudindo a cabeça, lhe olhando com um repentino medo nos olhos—. Não pôde encontrar a maneira de fazer isso. —Sabia que o estava tentando? —perguntou-lhe Ryland amavelmente a sua esposa. Estirou-se para ela, agarrando-a em seus braços, e sujeitando-a, a ternura era evidente em sua cara enquanto tratava de consolá-la. Limpar o que tinha feito seu pai, estava custando um preço muito caro. —É obvio. Esse seria o triunfo final, verdade? —soltou-se dos braços de seu marido para voltar a trabalhar na Mari, embora sua cara estava muito pálida—. Há muitas discussões sobre o assunto. Meu pai acreditava que o controle mental era possível e podia ser usado com uma multidão de propósitos. Tratou de vender a idéia de que o controle mental podia ser usado para fazer que os líderes estrangeiros vissem a luz, inclusive em adolescentes problemáticos quando seus pais não podiam conseguir que cooperassem. —Discutiu freqüentemente com seu pai sobre o assunto, ou alguém mais o fez? —perguntou Ken. —Argumentei contra isso, mas de fato, um par de seus amigos era firme em que não devia tentar desenvolver o controle mental. Jacob Abrams freqüentemente argumentava contra isso. Acredito que estava preocupado porque meu pai tivesse controle sobre esse tipo de poder. Ninguém seria capaz de permanecer contra ele. Ao Jacob não gostava da idéia absolutamente, e freqüentemente tinham discussões acaloradas quando saía o tema. Estava aterrorizada de que realmente pudesse encontrar uma maneira de fazê-lo. —Não o fez. Tinha a habilidade natural e a desenvolvi por mim mesmo. Franziu o cenho ao Ken. —Quando soube que podia fazer isto? Encolheu-se de ombros e se estirou, tratando de parecer casual enquanto fechava os lados da camisa de Mari. Odiava que estivesse exposta a qualquer. —Fui capaz de fazê-lo desde que posso recordar. Quando era um menino o usava, sobretudo nos professores e nos pais de adoção, mas meu controle não era de tudo confiável. —Fez uma careta—. Finalmente fui capaz de conseguir controlá-lo, embora requeira uma completa concentração e se usar por uma grande quantidade de tempo, ou para uma tarefa complicada, fico totalmente incapacitado. Tampouco posso usá-lo em mais de uma pessoa de uma vez, ou em um pouco de verdade significativo, sem enormes repercussões. Posso fazer que os guardas olhem para outro lado, mas todos nós temos essa habilidade para influenciar. O controle mental real me deixa inútil por horas. —Por que não está em seu arquivo? Não provou esta habilidade. —Imaginei que era melhor reter algumas coisas. Ponha em meu arquivo agora como se acabasse de descobri-lo. Estou seguro que Whitney estará muito interessado tanto no Jack como em mim agora, e não será capaz de resistir a olhar se vir que estiveste nos desenterrando no computador. Diz que fiscaliza seu trabalho, mas não se deu conta de que é consciente disso - disse Ken. Seus nódulos se atrasaram ao longo do inchaço dos peitos do Mari enquanto mantinha a camisa fechada—. Ponha ali como se nos tivesse estudado a ambos e quão estranho é que eu seja capaz do controle mental e Jack não, e que necessita mais tempo para nos avaliar. Posso imaginar um lugar para que me agarre, sem pôr em perigo a ninguém mais.

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—Não. —Jack disse a palavra em um tom baixo que disse mais que se tivesse levantado à voz—. Não vou deixar que monte uma armadilha para que esse bastardo possa te agarrar. Não vai passar Ken. —Podemos lhe apanhar, Jack. Virá por mim. —Lily, não lhe escute - lhe advertiu Jack—. Esta um pouco louco justo agora. Encontrar Mari há comocionado e está em modo mártir. Não vou permitir, e todos tratarão de ajudá-lo se for estar em problemas. Lily continuou o trabalho na Mari, limpando sua cara com um pano frio, acrescentando outra bolsa do líquido amarelo e controlando a quantidade de sangue que Ken a estava dando. Vendo que Ken não podia deixar de colocar a camisa de Mari, tiro um lençol magro para acrescentar privacidade a seu paciente enquanto Logan tirava a agulha do braço do Ken. Ken se sentou e deixou que seus pés caíssem ao chão. —Sente-se ali por um minuto e deixa que Ryland te dê um pouco de suco - lhe advertiu Lily. Seu olhar se deslizou para Jack—. Não precisa me ameaçar Jack. Não tenho intenção de entregar alguém a meu pai. Independentemente dos motivos do Ken, e estou segura de que os tem nada é pior que isso. —Podemos encontrá-lo - insistiu Ken—. Agora mesmo está nas sombras. Têm todo tipo de amparos, leis de cobertura que não podemos atravessar. Sua autorização de segurança alcança alarmes vermelhos cada vez que tratamos de caçá-lo usando os computadores. Se passarmos pelo almirante ou o general, conseguem a mesma evasiva. Alguém muito alto esta lhe protegendo. A única oportunidade que vamos ter alguma vez de detê-lo é fazê-lo sair. —E então o que, Ken? —pergunto Lily—. O que pensa que vai passar? Se tomarmos prisioneiro, quem quer que o esteja protegendo simplesmente vai sair e nos tirar isso. Houve um pequeno silêncio. Lily olhou do Ken ao Jack e logo a seu marido. Sacudiu a cabeça. —Quer me usar para tirá-lo ao descoberto para que assim o possam matar? Esse é seu grande plano? —Realmente não, Lily - respondeu Ken—. Estava planejando me usar como isca para tirar seu pai e assim poderíamos eliminá-lo. —Por eliminá-lo quer dizer matá-lo - insistiu. —Que crê que deveríamos fazer com ele? Devolver-lhe a seus amigos para que possam lhe dar um tapinha nas costas e lhe dar um orçamento maior para seus experimentos? Lily o fulminou com o olhar. —Fiz tudo o que pude para ajudar a todos vocês, mas não vou atrair o para que o matem. Não vou fazer. —retirou-se da cama e olhou a seu marido—. Isso não, por nenhum de nós. Não importa o há tenha feito, ainda é meu pai. Quero lhe conseguir ajuda. —Inclusive enquanto o dizia, pressionava uma mão contra seu redondo estômago e sacudia a cabeça. Estava claro que sabia que tinha que ser feito; só que não podia aceitá-lo ainda. Ryland estendeu sua mão para ela. —Não há nós ou eles, Lily. É somente nós. Estamos todos juntos nisto. Somos Caminhantes Fantasmas: somos o que seu pai nos fez e permanecemos unidos. Só podemos confiar uns nos outros. Isso. Nem sequer podemos confiar nos homens que enviam às missões. Lily abriu a boca para protestar, e depois a voltou a fechá-la de novo. Era bem conhecido que sua família tinha estado muito próxima ao General Ranier, o homem ao cargo da equipe de operações especiais do que Ryland Miller era responsável. Whitney e Ranier tinham sido bons amigos. Lily tinha crescido virtualmente na casa do Ranier. Também tinha acreditado que Peter Whitney tinha sido assassinado, e parecia estar do lado dos Caminhantes Fantasmas. —Alguém tentou assassinar ao General Ranier. —Assinalou Lily—. Não é parte de tudo isto. 76


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—Sua esposa não estava em casa, Lily - disse amavelmente Ryland—, e você e eu sabemos que quase sempre está ali. Curiosa coincidência. —Não confia no general, Ryland? Jantamos em sua casa várias vezes. Como pode te sentar a sua mesa ao mesmo tempo em que suspeitas que conspire com meu pai para fazer todas essas coisas horríveis? —Que coisas horríveis, Lily? —perguntou Jack—. Peter Whitney tinha trabalhado para o governo em um trabalho ou outro por anos. Tem a autorização de segurança mais alta, proporcionou armas e sistema de defesa assim como drogas e realce genético mais longe antes que o resto do mundo soubesse inclusive que existia. Foi inestimável. Subiu com a idéia dos súpersoldados, realçando tanto as habilidades psíquicas e físicas, e pode proporcionar ambas destas coisas. Por isso às pessoas ante a que responde, Whitney cumpriu. Ryland assentiu. —O coronel Higgen tratou de seqüestrar seu programa, vender a informação a outros países, e foi detido. Se Whitney disse a sua gente que precisava falsificar sua própria morte e desaparecer, bem, era um sacrifício mais por seu país. Ranier o veria dessa forma. Falsificaria a dor, prometeria cuidar de ti, assumir o comando de todos nós, e estar agradecido que um homem como Peter Whitney exista no mundo. Lily se inclinou de novo contra a cama como se suas pernas não pudessem sustentá-la. —Por que não me disse isto antes? Mencionaste o que passava, mas nunca veio direito e me explicou porque acreditava que era possível. Posto assim, tudo é possível, porque isso faz que meu pai pareça um herói, mais que um traidor. Jack olhou ao Ken. Lily é uma mulher brilhante quando tem que ver com o acadêmico, mas esta totalmente cega quando tem que ver com gente. Isto era uma pequena advertência para impedir que a cólera do Ken saísse. Luta por aceitar que Whitney precisa morrer, mas necessita mais tempo. O embaraço provavelmente também a tem feito mais emocional quando tem que ver com seu pai. Quando demônios te tornaste tão inteligente? Exigiu Ken. Estive lendo todos os livros de embaraço. Jack soou um pouco presunçoso. —Não está vendendo seu trabalho a um país estrangeiro. Derruba seu trabalho no governo, e enquanto ninguém saiba como consegue seus resultados, todos estão felizes - disse Jack em alto—. Não querem saber como o faz só que consegue fazer o trabalho. E Whitney tem um histórico de proporcionar resultados. —Podemos fode-lo completamente ao expô-lo e isso significa expor ao governo, ao menos a um grupo de homens da elite que têm conhecimento - disse Ken, tratando que sua voz fosse suave quando realmente queria lhe gritar. —O presidente? —perguntou Lily. —Provavelmente não. Minha conjetura é que sabe que tem súper-soldados e umas poucas equipes de operações especiais chamados Caminhantes Fantasmas, mas duvido que saiba algo mais de como podemos ser usados - acrescentou Ken—. Alguém vai antes ao comitê e consegue o financiamento para alguns desses projetos. Tem que informar os resultados e adoçá-lo para que os extremos do Whitney nunca saiam à luz. Arrumado a que o programa de cria é chamado completamente diferente. O presidente e o comitê de senadores certamente não foram aprovar nada com a palavra reprodução nisso. —Tudo o que fazemos é classificado - disse Ryland—. Ninguém sabe que o fazemos, e ninguém vai admitir. Se tirarmos a um senhor da droga na Colômbia, ou inclinamos à balança de poder no Congo, a última coisa que quer o governo é que alguém saiba que estamos ali. Há um ponto inteiro em nos ter. Os Caminhantes Fantasmas não existem. 77


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—Então por que estamos competindo uns contra os outros? —perguntou Jack—. Por que disseram à equipe de Mari sobre o intento de assassinato quando nossa equipe estava já nisso? Sabe que o almirante está falando com o general, e quem quer que esteja dando as ordens à equipe do Whitney tem que saber o que estamos fazendo todo o tempo. De que outra forma a rastreava a equipe de Mari? —A outra coisa que acredito que temos que aceitar - disse Ken—, é que Whitney tem sua própria equipe, tem homens, que como nós, passaram pela Escola da Guerra, treinados nas forças especiais, e têm muita experiência. Whitney provou suas habilidades psíquicas e os perfilou igual a fez conosco. Algo em seus arquivos lhe atraiu, assim que se propôs acumular seu próprio exército de super-soldados. Jack e eu topamos com eles quando os enviou detrás de Briony. Jack reconheceu a um deles de quando foi provado. Foi supostamente assassinado na Colômbia justo depois de uma missão que levou a cabo com Jack. Lily lhes franziu o cenho. —O que seria diferente naqueles soldados? Ryland e Ken intercambiaram um largo olhar. Houve um pequeno silêncio. Lily se esticou. —Não me mantenham na escuridão. Sei que meu pai perdeu a prudência. Sei que têm que fazer algo com ele. Preciso conhecer todos os fatos. Ryland acariciou seu cabelo. —O fato é que alguns soldados se divertem matando. Não importa muito se for um soldado ou um civil, gostam da ascensão que lhes dá ter o poder sobre a vida ou a morte. Pensamos que esteve reunindo a uns poucos deles, realçou-os com poderes físicos e psíquicos, e agora os usa para seus próprios fins. Tem caído na paranóia neste momento, Lily. —Então criem que tem soldados que ninguém sabe, para seu uso pessoal, assim como uma equipe de operações negras que pode liderar quando chegam às ordens. —Sim, isso é exatamente o que pensamos - disse Ryland. —Onde entram Mari e as outras mulheres? —Em princípio eram órfãs, educadas e treinadas como soldados. Necessita-as para continuar com seus experimentos assim para ter mulheres que pudesse estudar que não tinham sido criadas em famílias - disse Ken—. Quando decidiu que era muito difícil emparelhar às mulheres com os homens, teve a intenção das emparelhar com... —Sei que escolheu mulheres e homens por suas habilidades genéticas e seu nível de inteligência assim como por sua força e seus presentes psíquicos e quais eram aqueles presentes admitiu Lily—. Estive lendo bastante desde que fiquei grávida. —Ele foi pelo plano B - disse Ken, mantendo sua voz plaina, calma e sem críticas, quando sentia sua ira fria e completamente mortal construindo-se com uma força que lhe sacudiu—. Está forçando às mulheres a estar com os homens com as que estejam emparelhadas, homens que são obsessivos a respeito delas, mas que não têm verdadeiros sentimentos pelas mulheres. A mão do Lily foi até sua garganta em um gesto defensivo. —O que quer dizer forçando? Violação? Está dizendo que está consentindo a violação de mulheres? —É ciência - disse Ken. —Acredito que vou vomitar - disse Lily—. Está dando câncer a meninos, mandando a homens à selva para ser torturados, não posso agüentar isto. Não sei o que fazer. —Começou a chorar silenciosamente—. Como pode fazer estas coisas? Seguia pensando que se trabalhava o suficientemente duro para compensar as coisas que fez, poderia fazer de alguma forma melhor, mas não posso. Não para. Segue fazendo coisas horríveis e imperdoáveis.

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—Sente-se por um minuto. — Ryland agarrou sua mão e a conduziu a cadeira é muito para ti neste momento Lily. Sacudiu a cabeça. —Não, tenho que saber. Não pode ocultar algo como isto aqui. Quando estava crescendo, sabia que sempre empurrava os limites, mas acreditava que sabia o que estava mau e o que estava bem. Quando descobri que nos tinha pegado de orfanatos, que nos tinha comprado para experimentar com meninos, soube que algo ia mal com ele. —Pressionou ambas as mãos protetoramente contra seu estômago—. Queria aos bebês, e se tiver a oportunidade, tomará. Tem razão. Sei. —Soava perdida, desesperada. Houve um pequeno silêncio. Lily suspirou, seus lábios se apertaram. —Temos que tirar as mulheres dali e temos que proteger a nossos filhos dele. —Lily - disse Ken—, acredito que tem um talento psíquico se por acaso mesmo. —Sempre disse que não o tinha. —Mas ninguém pode lê-lo e como é possível que saiba que bebes têm talentos psíquicos. Tem que senti-lo de algum jeito. Não há outra resposta. É provável porque sempre esteve obcecado com o tema - insistiu Ken. —Nunca o admitiria não a alguém - disse Lily—. Não queria ser considerado nada mais exceto um homem de ciência. O talento psíquico é considerado ainda peculiar, e Peter Whitney nunca quereria, em nenhum momento, que alguém risse a suas costas. —Qualquer que se ria do Whitney está em risco de desaparecer - disse Ken—. Entendo que esteja destroçada por isso, mas a verdade é que, a menos que Whitney morra, nenhum de nós vai estar a salvo alguma vez, e nenhum de nossos filhos. —Necessita ajuda. Podemos pô-lo em um hospital. —Sabe muito. Sabe que está considerado um dos homens mais inteligentes do planeta. Conhece segredos e tem amigos poderosos. Poderia dar nomes. Nunca o deixariam em um hospital. Lily sacudiu a cabeça e permaneceu em silêncio. Ryland manteve a mão em seu ombro em um intento por consolá-la. Sabia que deviam matar a seu pai. Seus experimentos não parariam até que Whitney estivesse morto. Finalmente estava aceitando que não havia uma maneira real de lhe salvar, e Ryland queria lhe economizar a inevitável pena. Ken compadeceu ao Ryland. Ken não estava casado com ' Mari. Mari não estava levando o seu bebê. Não tinha tido tempo para chegar a conhecê-la, mas se sentia protetor. Ken não sabia que tinha genes protetores em sua constituição, ou inclusive ternura. Não sabia que a luxúria pudesse ser tão aguda, urgente e intensa. Isto poderia abraçar-se dentro de um homem e comerlhe desde o interior. Não sabia que a luxúria pudesse estar envolta com emoções escuras, ciúmes negros e obsessão, a necessidade de controlar e dominar. Não sabia que as emoções mais suaves pudessem ser uma conexão direta com todo o escuro e feio dentro dele e lhe fazer desejar ser um homem melhor, lhe fazer precisar ser o melhor de modo que fora digno de uma mulher, a única mulher. Ryland tinha encontrado essas coisas com Lily, e Jack tinha conseguido descobri-los com Briony. Ken poderia querer ser um homem melhor, mas não estava seguro de que fosse suficientemente forte para vencer suas tendências mais escuras. Mari não era uma mulher total como sua irmã. Não tinha uma natureza suave e doce, disposta a comprometer-se e suavizar o lado mais duro do Ken. Mari lutaria com sua natureza dominante, querendo liberdade e controle, e nunca seria capaz de conceder-lhe quanto mais lutasse com ele, pior se voltaria, até que fosse igual o seu pai, um monstro sem igual, até que suas brigas fossem reais e se fizesse um choque de vontades para ver quem ganhava. 79


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Não se apaixona por ela, Ken. A voz telepática do Jack interrompeu seus pensamentos. Não incluíste isso na equação. Briony não está me trocando exatamente, mas saca o melhor de mim. E se não houvesse nada melhor? Ken olhou o pálido rosto ainda a seu lado. Parecia muito jovem para um homem como ele. Era diferente quando abria os olhos, e via seus olhos muito velhos, onde lia à mesma fome afiada e necessidade. Então podia imaginar-se com ela, embora fosse só por um momento, mas não como isto, não quando era tão pequena e parecia tão frágil. Então o velho ganhou depois de tudo, respondeu Jack duramente. E você deixa. Que lhe fodan, Jack. A ti também. Nunca fugiste de uma briga em sua vida. Esta é a maior, a batalha, a mais importante que alguma vez terá. Vais deixar o Bret? Ou a Seam? Demônios, se o fizer, Ken, não merece isso e não é suficiente homem para tê-la. Necessita a alguém que a defenda. Pe cale a fodida boca. Só juras quando sabe que está cheio de merda. Ken olhou a seu irmão. Você fugiu de Briony. A primeira vez, sim'. Não era bastante forte para deixá-la uma segunda vez, e tive que aprender mais de mim mesmo do que nunca quis saber, e isso foi uma coisa boa, Ken, porque aprendi que poderia controlar as coisas que feririam a Briony. Não quero vê-la desiludida ou ferida por algo que diga ou faça. E se não pudesse controlá-lo? Como saber se não o tenta? Os olhos do Ken brilharam com ameaça. Sei que não quero me arriscar com sua vida. Viu-me atuar como um animal. As coisas que quero lhe fazer me assustam como o inferno. Se terminar por lhe fazer mal, não crê que seja uma vitória para o velho? Nunca a feriria. Conheço-te melhor do que crê. Jack de repente girou sua atenção a Lily. —O que sabe do stress pós–traumático, Lily? Pode um menino sofrer um trauma que cause os sintomas? E anos de rastrear e matar aos inimigos? E a tortura, Lily, tiraria os sintomas? Logan e Ryland olharam a cara do Ken, a máscara marcada de cicatrizes que desapareciam no pescoço da camisa. Pela primeira vez em sua vida, Ken se ruborizou e foi plenamente consciente de sua pele remendada. Parecia-se com um espetáculo insólito, costurado para impedir o seu corpo desfazer-se. —Vá ao inferno, Jack. —Seu tom baixou a uma carícia suave, um grunhido de advertência. —É obvio que um menino pode sofrer um trauma - disse Lily—. As desordens do stress pos traumático são muito comuns em homens que entram em situações de vida ou morte. É usual ter pesadelos e não ser capaz de dormir. Freqüentemente alguém que experimenta desordens de stress pos traumático tenha sentimentos de indiferença e uma crença de que não têm futuro. —Não quero escutar isto - disse Ken. —Eu sim—insistiu Jack, mantendo um olho cauteloso em seu irmão. Lily respirou profundamente e continuou. —Facilmente se podem voltar irascíveis e ter arrebatamentos de cólera aparentemente irracional. Poderiam voltar-se cada vez mais vigilantes e podem voltar-se paranóicos de que um ser amado esteja em perigo, por isso sua reação é intensa até o extremo. —Isso é uma idiotice, Jack. —Advertiu-lhe Ken. A ira formando redemoinhos perto da superfície, tratando de romper através da calma gelada que apresentava aos outros na habitação. Se te está castigando por uma briga, farei-te o favor, mas não aqui, não ao redor das mulheres, acrescentou. Esta escutando Lily ou a ti mesmo? Quase nunca dorme. Tem pesadelos todo o tempo. Passeia a metade da noite. 80


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Assim o fazia você. Não mais. Briony está ali agora. Sim, Jack, obrigado pela visão. Não quero escutar nada mais. Demônios me deixe sozinho. A seu lado, Mari se agitou sua mão deslizando-se ao longo da cama até que encontrou seu braço. Está bem? Porque estou um pouquinho dolorida aqui. Sinto-me como se alguém golpeasse o sagrado inferno em meu peito, mas se necessitar apoio, estou por toda parte. Sua voz era suave e levava um matiz de humor e inclusive de determinação. Seu coração fez aquela coisa curiosa, super aquecer e fundir em um atoleiro, que estava começando a reconhecer que só a Mari podia lhe provocar. Shh, doce. Volte a dormir. Tudo está bem. Estava dormindo? Pensei que estava morta, mas então pensei que talvez me necessitasse assim voltei para ti. Seus pensamentos estavam completamente desprotegidos, por completo abertos para ele quando se estirou para fazer a conexão. Acredito que me necessita, Ken. Nunca de fato pensei em ser necessitada ou ter um lar. Parecia melancólica? Ken só sabia que desejava que estivessem eles dois sozinhos. Vá dormir Mari. Estarei justo aqui. Não dê uma surra a seu irmão. A minha irmã não gostaria, e então teria que te defender e entraríamos em um assunto grande e tudo ficaria feio. A tensão se aliviou de seu ventre e ombros. O batimento ao redor de suas têmporas diminuiu. Não queremos isso. Por esta vez o deixarei passar, mas foi um pouco bode. Jack pode ser assim algumas vezes. Estava olhando sua cara, e inclusive através de seus olhos que estavam fechados, ela sorriu, seus lábios cheios e sexys se curvaram em um sorriso que lhe fez querer beijá-la. Jack pode ser um bastardo algumas vezes? Quem o teria pensado? Não é absolutamente como você, verdade? Talvez, concedeu. Deslizou a mão desde seu braço até seu ombro, acariciou seu corpo, e enterrou os dedos em seu cabelo. —Estamos incomodando a Mari. Precisa descansar. —Era uma boa desculpa para calar a seu irmão. Lily se levantou imediatamente e uma vez mais revisou o coração e o pulso do Mari. —Estará bem. Precisa descansar. Podemos ir à outra habitação e deixá-la estar. —Teremos que encerrá-la com chave. —Recordou Logan—. Quase escapa. Ken lhe disparou um olhar de advertência. —Ficarei aqui com ela. Não vai a nenhuma parte. —Realmente vai estar muito débil. Os Caminhantes Fantasmas têm uma capacidade tremenda para curar-se, mas seus corpos não podem suportar tantos traumas. Ken tratou de não estremecer com a palavra. Sabia o que Jack estava tratando de dizer, mas se arriscasse e mantivesse Mari, e terminasse sendo como seu pai, seria a única que sofreria. Lily tirou os outros da habitação, deixando Ken só com ela. Sabia que deveria haver-se ido. Ela era uma tentação e ele muito fraco, mas não podia persuadir-se de deixá-la tão logo, e ela estava a salvo dele em seu fraco estado, estava bastante seguro.

Capítulo 9

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—Então, está disposta a dar uma surra ao mundo por mim - sussurrou Ken, estirando-se ao lado do Marigold. Girou-se para ela, atraindo-a mais perto de si com uma mão, apanhando sua perna com a coxa. —Mmm. —Sua voz foi sonolenta—. É obvio. É o mínimo que posso fazer. Depois de tudo, salvou minha vida quando seu irmão ia disparar-me com essa arma dele. Necessita ajuda, sabe. Não pode ir por aí assassinado às pessoas que não gosta. Ken sorriu, pela primeira vez em muito tempo, o sentimento era genuíno. —Estive lhe dizendo isso por anos. —Encontrou a nota sonolenta em sua voz irracionalmente sexy. —Que me fizeram? —Uma pequena tortura. Tratamos de te extrair nomes, mas te manteve firme. Olhou sua cara, bastante seguro, foi recompensado com esse mesmo breve e intrigante sorriso. —Bem por mim. Teria cantado como um pássaro se tivesse tratado de fazer comer ervilhas. —Ela se estremeceu e abriu seus olhos, piscando para ele—. Assim é como todos os interrogadores conseguem a informação de mim. —Tomei nota e iremos por essa rota a próxima vez. —A abraçou, sujeitando-a perto do calor de seu corpo—. Assustei-me como o demônio, Mari. Isso esteve perto. Muito perto. Moveu-se para ele, estremecendo um pouco. —Acredito que o Zenith fez o trabalho curando as feridas de bala e os ossos quebrados, mas me sinto como se um caminhão me tivesse passado por cima. Ele acariciou com os dedos sua cara em uma pequena carícia. —Sentir-se-á melhor em um par de dias. Precisa dormir muito. Os lábios do Mari se esticaram e seus olhos escuros se escureceram. —Sabe que virão por mim, Ken. Todos, incluindo Lily, estão em perigo. —Sabemos. Estamos tomando precauções. —Mais vale que realmente sejam boas precauções. Não os subestime. —Não o vamos fazer, asseguro-lhe isso. l Gostava de tê-lo deitado a seu lado. —Nunca vivi em nenhum lado exceto no complexo. Nunca saí exceto quando mandavam a uma missão, e sempre fomos estreitamente vigiados. Estive em muitas missões, e em realidade era um alívio ir a algum lugar e sair dali. É gracioso como o estar aqui o sinto tão diferente, quando deveria me sentir igual. Isto é um laboratório, verdade? —Sim. É parte da companhia do Whitney. Lily herdou tudo quando Peter Whitney supostamente foi assassinado. Manteve tudo em marcha, é tudo legítimo. —Sobre um lado, apoiado sobre o cotovelo, retirou o cabelo de sua cara com dedos gentis—. Tem que descansar, Mari. Tem ainda três vias e Lily ainda esta administrando fluídos. O Zenith não é nada com o que brincar. Devia havê-lo sabido quando te curou tão rápido, mas ninguém o usa. Não me ocorreu que Whitney poria em perigo deliberadamente sua vida. Mari desfrutou do sentimento de seus dedos acariciando sua frente. Seu toque era ligeiro e suave, e ninguém a tinha acariciado nunca dessa forma. —Por que é tão amável comigo, Ken? —Não queria confiar nele, ou nos estranhos sentimentos que estava começando a desenvolver. —Nunca sou amável com ninguém, Mari - negou um sorriso em sua voz, embora não se mostrou em seus olhos cinzas—. Não vá arruinar minha reputação.

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Ela fechou os olhos porque não podia lhe olhar sem sentir a queimação das lágrimas. Disse a si mesma que era devido a que esteve perto de morrer, mas sabia a verdade. Ken Norton estava lhe dando a provar como poderia ser a vida, e ela não tinha essa vida, nunca poderia ter essa vida. —Possui-nos, já sabe. Falamos de escapar, mas não o fazemos, porque não sabemos como sobreviver fora do complexo. Nunca caminhamos por uma verdadeira rua de cidade. Treinamos em uma guerra urbana, em simuladores, e temos cidades simuladas em que entramos para nos enfrentar na batalha, mas nunca estivemos realmente fora das instalações, mais que para ir à selva ou algum pequeno reino dos senhores da droga. Como ir a missão era uma espécie de férias, tão estúpido como soa isso. Sua voz era suave e sonolenta, a nota golpeando justo o tom que fez a seu corpo voltar para a vida. Demônios. Tudo o que fazia ou dizia, tudo o que era, tirava o pior dele. Ken lutou por manter sua mente centrada na conversação. —Esteve alguma vez no Congo? —Estive em cada selva, bosque e deserto que há - disse sem abrir os olhos—. E em cada lugar tinha sanguessugas, consegui as encontrar. As sanguessugas estão justo ali com agulhas e ervilhas para mim. Antes do programa de cria do Whitney, era um maldito bom soldado. —Ainda é um maldito bom soldado. Mostrou um sorriso pequeno e agradecido e se moveu ligeiramente, uma pequena mudança em sua posição, mas atraiu seus suaves seios contra seu peito. Conseguiu reprimir um grunhido, sentindo-se mais pervertido do que alguma vez se havia sentido. —Se puser meu braço ao redor de ti, vais empurrar-me da cama? —Não. Deveria? —Quer que seja sincero? Mari sorriu e se acocorou mais perto dele. —Não. Dói-me e quero dormir. Você se sente a salvo. Preciso me sentir a salvo. —Então está perfeitamente a salvo comigo. Ken envolveu seus braços ao redor dela e tratou de não sentir a quebra de onda de consciência sexual que o calor e a suavidade de seu corpo lhe trouxeram. As emoções eram algo com as que se negava a tratar. Parecia tão jovem, suas pestanas largas e espessas, contra sua pálida pele. Seu cabelo brilhava com fios de platina e ouro. Lily devia ter deslizado algo em quão fluídos a fazia dormir, ou Mari nunca teria feito uma declaração tão indefesa. Esperava que não o recordasse quando despertasse. —Estou aqui, céu. Só durma e eu vigiarei - murmurou seus lábios contra sua têmpora. Ela deveria ter cheirado a morte não a vida, mas quando inalou seu aroma, podia saboreá-la em sua boca, sentiu seu coração pulsando ao mesmo tempo em que o dela, forte e regular com um ritmo perfeito. —Não posso dormir; está muito silencioso aqui. Ele grunhiu brandamente. —Vais me fazer ficar como um idiota, verdade? —Olhou para a porta—. Melhor que não diga a ninguém que fiz isto. Ken pôs seu braço ao redor de sua cabeça, seu braço bloqueando a luz da janela, desejando ter seu violão. Jack se tinha dedicado a seus livros nos largos anos da adolescência e Ken à música. Podia tocar quase todo instrumento, mas preferia o violão. A sensação disso em suas mãos e contra seu corpo era quão mesma sentia quando sujeitava seu rifle, uma extensão de si mesmo. Era calmante e o tirava do mundo, justo como o fazia o rifle. Não podia tocar para ela, por isso cantou brandamente, enchendo a habitação com sua rica voz, usando suas próprias criações, canções que 83


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tinha escrito através dos anos, canções de solidão e angústia, de raiva e morte, e canções sobre a beleza da terra e o mar. Manteve-se vigilante enquanto sua respiração se aplanava e dormia ligeiramente. Sempre que parava, seu corpo se sacudia e um ligeiro cenho cruzava sua cara, insistindo-o a continuar. Olhou seu relógio quando Lily entrou na habitação; estava surpreso de que tivessem passado várias horas. Envergonhado de ser pego cantando, ocupou-se em alisar o cabelo de Mari, enquanto Lily comprovava seu pulso e o ritmo do coração. —Como vai? —perguntou finalmente. —Muito melhor. Salvou sua vida, Ken, trazendo-a tão rápido. Outros poucos minutos e não poderia ter feito nada. —Lily começou a tirar as vias do corpo de Mari—. O Zenith é um curador assombroso, mas como a dinamite, é altamente instável. Nunca fui capaz de isolar as causas pelas que as células se rompem, e em que tempo exatamente. Sempre varia de paciente a paciente. Seria uma droga milagrosa se parasse depois de curar o corpo. Olhe sua mão. Ken continuou convexo na cama, sujeitando Mari perto dele. Estava acordada; podia dizê-lo pela energia correndo em sua mente. Despertou no momento em que Lily abriu a porta, mas não se moveu, mantendo sua respiração lenta e Lisa. Lily cuidadosamente cortou o estuque e com cuidado pegou a mão. —Provavelmente tem uma capacidade de cura notável de todas as formas e o Zenith só empurrou seu corpo implacavelmente. —Pôs o braço de Mari de volta no colchão e a cobriu com um lençol—. Mencionou muito o meu pai? Ken não respondeu. Não ia mentir lhe, mas Lily estava frágil com seu estado de embaraço e não era sua culpa que seu pai fosse um louco. Ela suspirou. —Tenho que saber sobre o programa de cria que está levando a cabo, Ken. —Olhou para a porta onde os outros estavam descansando, um pequeno cenho em sua cara—. Acredito que está inserindo DNA animal nos soldados. Acredito que algum de vós já o levas, especialmente os homens. Mencionou agressões? Algo que pode indicar a uns poucos soldados em seus programas estão mostrando signos de instinto mais que de comportamento intelectual? Os dedos do Mari o tocavam. Ele envolveu sua mão com a sua. —Perguntar-lhe-ei sobre isso, Lily. —Necessita ajuda desesperadamente, Ken. —Lily sacudiu a cabeça—. Deveria havê-lo sabido. Deveria lhe haver conseguido ajuda. Olhe isso. —Empurrou o magro lençol da perna do Mari, percorrendo com sua mão a pele dali, sentindo o osso—. Realmente tampouco necessita mais esta férula. Dispararam-na. Sua perna estava quebrada, e em umas poucas horas seu corpo curou. Peter Whitney fez isto. Criou a droga e manipulou os realces bióticos para acelerar as capacidades de cura do corpo a uma velocidade fenomenal. Só imagina como se poderia beneficiar o mundo com seus descobrimentos se não se tornou louco. Ken esticou os dedos ao redor dos do Mari enquanto Lily tirava a férula. —Mas se voltou louco, Lily. Não importa como de brilhante seja, ou é, converteu-se em um monstro. Não podemos permitir que continuei e sabe. Mantém a mulheres cativas e as força a ficar grávidas. Estão prisioneiras, mantidas em uma instalação remota em algum lugar, sem esperança de sair alguma vez. E planeja experimentar com bebês. Lily deixou sair o ar em um comprido som de dor. —Estou fazendo tudo o que posso para encontrar às mulheres, Ken. Pergunte-lhe se o que Whitney está fazendo com os homens pode ser invertido. Se está inserindo DNA animal neles ou aumentando seus níveis de testosterona, Pode desfazer o que ele tem feito? 84


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Ken se esclareceu garganta e tratou de parecer intelectual. —Lily, se o doutor Whitney usando DNA animal, ou aumentando os níveis de testosterona em alguns soldados, há uma maneira de inverter ou desfazer-se disso? O olhar do Lily saltou de sua cara a de Mari, então retirou o olhar como se estivesse vendo muito. —Os níveis de testosterona devem ser controlados com drogas. Dependendo do que fizesse e quanto aumentasse os níveis, poderia ser capaz de nivelar aos homens. Mas se realmente esta inserindo DNA animal neles, que é o que comecei a suspeitar, não há nada que possa fazer. Com o par extra de cromossomos que inseriu, tem um montão de código genético para trabalhar com ele. Examinou a perna de Mari uma segunda vez, pondo uma atenção mais estreita na ferida. —Necessita mais descanso. Trata de mantê-la dormindo o máximo possível, e precisará beber muitos líquidos. Realmente obriga-a com a água. O quarto de banho está aí. —Assinalou uma porta a sua esquerda—. Caminha com ela para que possa provar a perna, mas só até o quarto de banho e volta até que tome uma radiografia. Parecia bem quando a senti, mas a habilidade psíquica não sempre pode captar os pequenos matizes. —Obrigado Lily. Vigiarei-a. Ken esperou até que Lily o deixou de novo só com o Mari. —Em que está pensando? Mari abriu os olhos, e seu coração reagiu com um pequeno salto. Tinha os olhos marrons escuros, uma franja comprida e pesada. Não o tinha notado antes porque tinha estado muito ocupado fixando-se em sua boca, mas um homem poderia estar seriamente perdido em seus olhos. Estava em problemas e entrando mais profundamente por momentos. —Bret atua mais como um animal que como um homem. Não se preocupa absolutamente pelo que quero ou não quero. Não lhe importa realmente mais que coopere com ele. Quando não o faço, enfurece-se. Nem sempre foi assim. Não quer dizer que não tenha um comportamento bruto. Acredito que gosta de ser forte e busca briga, e a nenhum de nós gostamos do suficiente, mas seu comportamento é inclusive pior agora. Ken respirou profundamente e o deixou sair. Jack e ele sempre tinham estado melhores de visão que a média, mas agora ambos podiam ver melhor não só de noite, a não ser em grandes distancia como uma águia podia ver que como um homem. Tinham assumido que foi devido ao realce genético de visão e ouvido, simplesmente incrementando suas próprias capacidades, mas ambos podiam ver fontes de calor também. Podiam trocar a cor da pele e manter a temperatura externa de sua pele a diferentes temperaturas que o calor interno do corpo, o que anulava a habilidade de qualquer outro para ver suas imagens de calor. Queria isto dizer que Whitney tinha inserido DNA animal neles? Era essa parte da razão pela que tinha sido tão firme em que Briony tivesse ao bebê do Jack? —O que é? —Mari girou a cabeça para lhe olhar diretamente aos olhos. Seu dedo riscou o comprimento de seus lábios. —Jack e eu sempre tivemos personalidades dominantes - disse Ken, Whitney não pôde ter acrescentado DNA animal a nosso código genético, poderia mentir Jack? É possíveis que nos fizesse inclusive mais agressivos, conhecendo nossa história?—. Ambos somos agressivos e não temos respaldo. Temos certos rasgos, tanto física como mentalmente muito antes que nos apresentássemos voluntários para o programa psíquico do Whitney. Ken há possibilidades. Não quero considerá-lo, mas nossa visão não é como a visão humana. E ambos nos convertemos muito como ursos peludos grunhindo no bosque. Houve um rastro de humor na voz do Jack, e os duros nós no ventre do Ken se relaxaram um pouco. Inclusive se o bastardo inseriu DNA animal, vivemos com isso uns quantos anos e não comemos a ninguém. 85


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Teria-nos dado algo difícil de controlar, algo que se mesclaria com os ciúmes e a agressividade e aumentaria aqueles rasgos. Provavelmente. Jack soou satisfeito. Podia estar satisfeito. Tinha ao Briony atada a ele e estava grávida de gêmeos. Estava totalmente comprometida com ele. Jack era um homem bonito com um físico pelo que qualquer mulher se sentiria atraída. Mari, por outro lado, estava atraída sexualmente porque Whitney os tinha emparelhado. Tinha a cara de um monstro e seu corpo era uma colcha de retalhos costurada ao azar. Mari não quereria ser vista andando pela rua com ele, sem falar de dançar com ele, se Whitney não tivesse intercedido. Jack tinha conseguido escapar do legado de violência, ciúmes e comportamento asqueroso que seu pai lhes tinha legado, mas Ken não o fez. Sabia que não o faria, e Mari cedo ou tarde sofreria seus maus entendimentos se estivessem juntos. A auto compaixão era um passatempo miserável e inútil. Negava-se a dar o gosto. Os dedos de Mari eram ligeiros como plumas em sua cara quando riscou o patrão de suas cicatrizes. —É tão idiota às vezes, Ken. Não te vê como realmente é absolutamente. —Como me vê? —Queria afundar os dentes em seu dedo, fazê-lo entrar no calor de sua boca, mas ficou completamente quieto, não se atrevendo quase a respirar, pelas dúvidas que parasse de lhe tocar. —É extraordinário. Absolutamente extraordinário. Sua boca se curvou em uma biografia de sorriso, a cicatriz se estirou rígida. Assombrou-lhe como aquela pele brilhante podia estar tão tirante e não sentir absolutamente até que se estirava, e então podia ser doloroso. Não parecia haver um ponto médio. —Está dopada. —Sei. Estou flutuando. Mas isso não o faz falso. Se tiver DNA animal, parece ser capaz de dirigir quão muito melhor qualquer de outros. —Não quererá dizer isso quando estiver dormindo e desperte coaxando como uma rã e minha língua saia disparada e encontre essa perfeita orelha tentadora tua. —Minha orelha te provoca?— meteu os fios do cabelo detrás da orelha. —Demônios sim. Tudo a respeito de ti me provoca. Mari sentiu que ruborizava. Nenhum homem lhe tinha prestado tanta atenção da forma que ele o fazia. A fazia sentir quase tímida, quando não era uma mulher tímida. O calor se estendeu por seu corpo, e quando estava perto dela, logo que podia respirar. Seu útero se apertou, e entre suas pernas ficou quente, úmida e palpitou com impaciência, como se seu corpo tivesse uma mente própria. Ela estava superestimando-se. Sabia o que fazer em uma situação de combate, e sabia como rechaçar aos cuidados não desejados, mas não tinha nenhuma pista de como seduzir ao Ken Norton para que a desejasse com a mesma intensidade febril com que lhe desejava. Tragou com força e trocou de tema, decidindo que a segurança era preferível quando não tinha seu engenho com ela. —Está Jack realmente com minha irmã? —Covarde. —Apanhou sua mão contra seus lábios de novo, esta vez, introduziu seu dedo sedutoramente no calor aveludado de sua boca. Seu coração saltou e começou a golpear depressa. Ele fazia que o gesto menor parecesse extremamente erótico. Tinha tido sexo, odiava-o, e tinha decidido que nunca participaria de bom grau, inclusive com o mais simples chupão de sua boca, seus peitos formigaram e os músculos se apertaram com urgente necessidade. 86


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—Sim, sou - esteve de acordo—. Não tenho muita experiência. —Eu sim. Esta vez seu estômago dar um tombo. Sua voz foi baixa, um sussurro que se deslizou sobre sua pele em uma tentação demoníaca. Por um momento não pôde apartar o olhar de sua boca e a maneira em que atirava de seu dedo. Seus peitos reagiram como se pudessem sentir seus lábios, língua e dentes deslizando-se sobre sua cremosa pele, chupando seus mamilos até que lhe doessem e suplicassem. Gostava de olhar sua cara, sua forma, as cicatrizes só chamavam a atenção sobre a perfeição de sua estrutura óssea e a maneira em que seus lábios estavam sensualmente cinzelados. Não podia ajudar o fato de que estivesse atraída por seus largos ombros e seu peito densamente musculado. Gostava de seus braços grandes e musculosos e seus estreitos quadris. O homem estava construído exatamente da forma em que pensava que um homem deveria estar formado. Mari tragou com força e tratou de não sentir o dança de sua língua ou imaginar a carícia dela ao longo de sua pele. Era o homem mais erótico que nunca tinha encontrado. Tudo sobre ele, incluindo esse bordo de perigo, atraía-lhe. —Me conte algo a respeito de Briony, sei que Jack está sendo cuidadoso em caso de que seja uma ameaça para ela, mas preciso escutar algo sobre ela. Pensei nela todos os dias de minha vida e em certa forma desenvolvi uma vida de fantasia para ela. Preciso saber que é feliz. Parece-se comigo? Como é como pessoa? Seus dentes acariciaram uma e outra vez a ponta de seu dedo, suas sobrancelhas se juntaram enquanto pensava. —Briony é como a luz do sol. É brilhante, alegre e ilumina a habitação quando sorri, faz-te querer rir com ela. Vê-se como você, preciosos olhos escuros e o mesmo formoso cabelo. — Esfregou os fios entre seus dedos—. Quando a luz do sol brilha sobre ele, com todo esse ouro, prata e platina, parecem como um milhão de dólares. Havia afeto genuíno por sua irmã em sua voz, e Mari abraçou esse conhecimento para si mesmo. Precisava saber que com tudo o que tinha perdido, a sua irmã tinha sido permitido viver uma vida real. —O que tem sua família? Foram bons com ela? —Cresceu em uma família do circo com quatro irmãos maiores. Acredito que atuar era difícil para ela porque nenhum deles é uma âncora e teve que aprender a arrumar-se por sua conta, inclusive quando era uma menina, mas é forte, Mari e tem coragem. —O que tem que seus pais? Foram bons com ela? —Queria-os muito, e sim, foram bons com ela. Sempre tinham querido uma filha. Um de seus irmãos serviu conosco por um tempo. É um bom homem. —A ama Jack? —O que crê? —Acredito que poria uma arma em minha cabeça e apertaria o gatilho se acreditasse inclusive por um momento que era uma ameaça para ela ou para ti. —Não sabia a respeito de ti. Whitney apagou sua memória. Sempre que tratava de recordar sentia dor. Quando finalmente foi capaz de destruir o que fez para bloquear sua memória, fez-nos prometer que lhe encontraríamos. —E você me disparou. Um débil sorriso tocou sua boca. —Bem. Posso não lhe contar essa parte. Um sorriso fantasmal em resposta curvou seus lábios. —Imagino que não. —Tragou e olhou longe dele—. Preciso ir ao quarto de banho. 87


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Ken se moveu, deslizando-se da cama para lhe dar seu espaço, tratando de ser casual e não envergonhá-la. —Me deixe te ajudar a te sentar. Vais estar um pouco fraca por um dia ou dois. Esse coquetel que Lily te deu pode te fazer sentir bastante mal. Mari lhe franziu o cenho, olhando-o alarmada. —Não podemos ficar muito mais que um dia ou dois, especialmente com Lily aqui. Seguirão vindo até que me encontrem. E por que a punha tão triste? Enquanto tinha desejado a liberdade, sua parte tinha estado aterrorizada de sair ao mundo sem uma pista do que confrontaria. Ken lhe rodeou as costas com seu braço e a levantou uma posição sentada, estabilizando-a quando se balançou com debilidade. —Por que não escapou? Não pode me dizer que você e as outras mulheres, todas soldados treinados, todas realçadas psíquica e fisicamente, não puderam sair em todo este tempo. Mari pressionou uma mão contra seu coração que golpeava rapidamente. Alguém podia admitir covardia ao homem que tinha sido torturado tão horrivelmente? Não podia encontrar seus olhos. Ken agarrou seu queixo e a forçou a levantar a cabeça. —Mari, para isto. Foi criada por um louco em um ambiente de disciplina e dever. —Ao princípio, não pensei nisso absolutamente. Eu gostava do treinamento e a disciplina. Havia um montão de atividade psíquica, e me sobressaía no treinamento com armas e o mano à mano, assim era simplesmente um estilo de vida para mim. Não conhecia que outro tipo de vida realmente existia. E estava Briony. Estava muito assustada por ela. Ele prometeu que teria uma boa vida se cooperava com ele. Quando lia sobre as famílias, só imaginava a Briony no papel e estava tudo bem. Mari balançou suas pernas pelo lado da cama, provando a força de sua perna ferida. O Zenith curava rápido, mas ainda tinha que trabalhar os músculos para pô-los em forma, e Ken tinha razão estava tremente pela debilidade. —Quando começou a se dar conta de que nem todas as pessoas viviam da mesma forma? —Whitney nos deu uma excelente educação. Queria soldados inteligentes capazes de tomar decisões rápidas quando fôssemos isolados de nossa unidade, mas fazendo isso, animou-nos a pensar por nós mesmos. Não levou muito tempo dar-se conta de que nosso complexo era uma prisão, não uma casa. Deu um passo no chão, extremamente consciente do calor do corpo do Ken que gotejava de seus poros quando seu braço rodeou sua cintura para estabilizá-la. Seu aroma lhe envolveu, nublando sua mente por um momento, até que tudo no que pôde pensar era na sensação de sua pele contra a dela. Queria lhe tirar a camisa para poder examinar as cicatrizes de seu peito e mais abaixo de seu ventre… —Detenha. Não sou um santo, Mari. Manteve o sorriso para si mesmo. Gostava do bordo áspero em sua voz e a maneira em que seus olhos, de um prata tão alarmante, obscureciam-se com uma fome tão intensa sempre que pensava em tocar seu corpo. —Não é muito difícil muito sê-lo, verdade? Ken tragou sua resposta. Não tinha tomado muito antes de sua captura no Congo, mas tinha pensado que essa parte de sua vida se foi fazia muito. Mari tinha trocado tudo. Seu corpo estava duro, cheio e muito dolorido com só a ligeira carícia de sua suave pele contra ele. Nada tinha conseguido acelerá-lo desde seu retorno da África, nada nem ninguém até Mari. Podia as

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feromonas ser tão poderosas? Tão capitalistas que não só lhe atraísse sexualmente, mas também emocionalmente? Caminhou com ela através da habitação sem lhe responder. Só pensar em sexo era suficiente para lhe fazer sentir um selvagem. Depois de uns minutos, Mari saiu do banho pálida, seu corpo se cambaleava. Ken não esperou que tratasse de caminhar de volta à cama. Agarrou-a em braços, embalando-a contra seu peito. Por um momento se esticou, mantendo seu corpo afastado do dele, a resistência percorreu seu corpo. —Não lute comigo. Está tão fraca como um gatinho agora mesmo. Pode fazer flexões amanhã, mas por agora vou levar-te de volta à cama. Ela o olhou com seus grandes olhos escuros, seus lábios pecaminosamente cheios e um olhar entre inocente e tentador, e sabia que estava perdido. —Condenados infernos - murmurou, seguindo através da habitação e colocando-a na cama—. Não pode me olhar assim, Mari. Inclinou-se, emoldurando sua cara com as mãos deslizando os polegares por sua suave pele uma vez, antes de tomar posse de sua boca. Tinha pensado, esperado, que este primeiro beijo tivesse sido um desengano, mas no momento em que tocou seus lábios, provocando e atirando com seus dentes até que ela se abriu para ele, esteve imediatamente fundido. Beijou-a uma e outra vez, roubando seu fôlego, lhe dando o dele, afogando-se na necessidade. Ela fritava seu cérebro. Nem sequer podia pensar claramente, sua cabeça rugia o trovão em seus ouvidos, seu coração palpitava, e seu corpo tão duro e rígido, esfregou sua palma sobre o grosso vulto desesperado por aliviar-se. Ela tinha feito isto, fê-lo voltar a viver, sentir-se como um homem de novo. Havia-lhe devolvido sua vida, e se tomava o que seu escuro olhar estava oferecendo, poderia destroçá-la completamente. Ken se forçou a afastar do bordo da loucura, afastando sua mão dela e dando um passo atrás para empurrar seus dedos através de seu cabelo com agitação. Sua respiração saía em ofegos irregulares. Desejava-a tanto que por um momento não podia pensar coerentemente, não podia pensar em nada mais que em sua suave pele e em seu exuberante corpo. Deu outro passo atrás. —Isto é uma loucura. Volte a dormir. —Estou sedenta. Seu olhar saltou a sua cara. —Estou fazendo todo o possível para estar perto de ti, Mari, mas não me está pondo isso fácil. —Serei boa, mas realmente estou sedenta. Sentou-se um pouco indecisa, e ele se inclinou para colocar os travesseiros. Seu braço roçou seu peito, e soltou uma maldição entre seus apertados dentes. Ken verteu água em um copo e o empurrou para ela, tomando cuidado de não deixar que seus dedos se tocassem. Ela levou o copo aos lábios, atraindo sua atenção de volta a sua boca. Quase grunhiu vendo sua garganta trabalhar enquanto tragava a água. Arrastou uma cadeira ao lado da cama e se sentou escarranchado, apoiando os braços na parte superior do respaldo e descansando seu queixo em suas mãos. —Nunca te estremece ou aparta os olhos quando me olha. Mari pressionou o copo contra sua têmpora. —De verdade as pessoas fazem isso? —É obvio que o fazem me olhe.

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—Estive te olhando. —Seu olhar foi à deriva sobre sua cara e baixou mais abaixo para seguir as cicatrizes que desapareciam em sua camisa. Havia um interesse evidente em seus olhos—. As pessoas são idiotas. —Deus, mulher, não está a salvo. —Aspirou, deixou-o sair e forçou a sua mente a afastar-se de sua pecaminosa boca—. Conte-Me sobre o complexo. Como poderia o pessoal militar e, adivinho técnicos de laboratório estar ali e não dar-se conta do que estava passando? —Era muito mais que uma tentação sentada ali parecendo vulnerável, sonolenta e lhe olhando como se pudesse ser um caramelo. Ela se encolheu de ombros, escondendo seu sorriso pela reação dele para ela. —O complexo tem muitas capas e rodam a quão soldados entram bastante freqüentemente. Por fora, o lugar parece bastante inócuo. Em nível da terra têm uns poucos edifícios, cabanas, a pista de aterrissagem, o heliporto, esse tipo de coisas, com grades altas e um sistema de segurança. Os guardas militares normais se encontram sobre terra e têm as casas em barracões sobre terra. Muitos dos técnicos de laboratório normais têm seus barracões sobre terra também. —Vivem clandestinamente? —Sempre o temos feito. Quatro metros por debaixo. Há dois laboratórios sobre nós. O primeiro é para o espetáculo. Aí é onde levam os homens como o senador Freeman, e os técnicos deste piso assinam contratos de rotação de seis meses. Nunca vão por debaixo desse nível. Treinamos no quarto nível e somos transportados em avião a vários lugares ao ar livre, sempre sob o olhar dos guardas do Whitney. O quarto nível tem todo tipo de habitações e módulos de treinamento e simuladores. Escutou o que não estava dizendo, a informação entre linhas, a existência dura e fria de crescer com um homem que pensava usar aos meninos só para experimentar. Não era assombroso que estivesse tão perto das outras mulheres. Elas só tinham umas às outras enquanto cresciam. —E Seam? Onde entra ele?— Porque sentia o carinho em sua mente quando pensava nele, e isso o estava voltando louco. —No último par de anos treinei com vários homens. Seam é um deles. Estavam realçados tanto física como psiquicamente. Era a primeira vez que Whitney nos permitia estar ao redor de alguém mais por períodos prolongados de tempo. Inclusive rodava a nossos instrutores assim não estávamos atados a ninguém. Ao menos, ao princípio, isto era o que pensávamos. —Mas agora? Deslizou-se para baixo do lençol, incapaz de sentar-se direita mais tempo. —Acredito que estava assustado de que se atassem a nós e nos dissessem que estava passando ou tratassem de nos ajudar a ir. Ao tempo que trouxe os homens com os que trabalhamos, também trouxe seus próprios guardas. Eram muito agressivos e acelerados todo o tempo. —Seus dedos agarraram o lençol, o único signo de nervosismo que deu. Ken se estirou e cobriu sua mão. —E Seam não é um de seus guardas? Ela franziu o cenho. —Não o era. Era parte de nossa equipe. Trabalhávamos bem juntos e fomos a várias missões. Ele e um homem chamado Rob Tate eram os mais amáveis, além de ser os melhores no que faziam. Bret trabalhou conosco por um tempo. A menção do Bret a fez estremecer por dentro. Escondeu bem, sua cara nenhuma mudança de expressão. Seu tom neutro, mas ele estava tocando-a e sua mente estava aberta para ele. Desprezou ao Bret.

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—Esse é o homem responsável por aquelas marcas em suas costas. —Ken manteve a cara completamente inexpressiva, seu tom neutro, mas baixo a acalmada máscara, a adrenalina surgiu e uma raiva gelada se instalou na boca do estômago. —Tudo trocou quando Whitney anunciou seu programa de cria. Fomos extraídas das missões que nos tiravam do complexo, e postas em habitações fechadas. Depois a vida se voltou insuportável. Sua simples declaração pendurou no ar entre eles. As paredes se ondularam e baixo eles o chão mudou. Mari ofegou e atirou de sua mão. Ken olhou para baixo. Estava estrangulando sua mão, esmagando os finos ossos enquanto apertava o punho. Instantaneamente afrouxou seu afeto e se inclinou para examinar o dano. —Sinto muito, Mari. —Deixou pequenos beijos sobre o dorso de sua mão—. Não sei que demônios está mal comigo. Normalmente mantenho minhas habilidades psíquicas e físicas ocultas. Ela descansou sua mão na parte traseira de seu pescoço, sentindo as cicatrizes ali, o início das cristas que não eram tão precisas como os cortes menores que atravessavam seu corpo. Ele descansou sua cabeça em seu regaço, e lhe esfregou carícias calmantes ao longo da nuca e acima em seu cabelo negro azeviche. —Exceto pela mão um pouco esmagada, é agradável ter a alguém zangado em meu nome. — Deslumbrou-o com um sorriso, pequena e provocadora. Ninguém se tinha preocupado o suficiente para estar zangado, nem sequer as mulheres até que Whitney começou seu programa de cria. Suas vidas tinham sido tudo o que conheciam, uma parte boa, outra parte má, mas não questionaram como viviam ou tinham sido educadas. Qual era o sentido? Não conhecia como se sentia ter a alguém preocupada com ela, mas lhe deu um resplendor quente dentro que não podia descrever. —Ken que aconteceu com suas costas? Houve um pequeno silêncio. Ele começou a trocar baixo sua mão, mas exerceu pressão, sujeitando-o. —Só me diga isso lhe olhou brandamente. Não queria dizer-lhe. A verdade desta vida, não podia pensar nisso, pensar sobre a dilaceradora agonia que nunca parecia ter fim. Não queria sentir-se como aqueles cervos, balançando-se esfolados em ganchos de carne na cabana de caça do senador. Não queria escutar o zumbido das moscas, ou a contínua destilação de sangue, ou sentir as centenas de dentadas de insetos que não deveriam ter sido nada mais que um chateio em meio de tal extrema tortura, mas de noite, quando estava sozinho, recordava cada detalhe vividamente. Seus dedos se enterraram em seu cabelo e os apertou como se reunisse coragem. —Não cooperei com Bret e me odeia por isso. Whitney não lhe deixava que marcasse minha cara, assim golpeou minhas costas e minhas pernas com seu cinturão e algumas vezes com um cano. Ainda não coopero, força-me quando estou muito fraca. —Havia humilhação em sua voz. Não entendeu porque o contava, só que tinha que fazê-lo. Ken se esticou. Podia ouvir seu próprio coração troando em seu peito. Havia um grunhido de protesto em sua cabeça. Havia-lhe ferido seu orgulho dizer-lhe. Ele quis romper algo e ir a uma farra de morte, fazer cair ao Whitney e ao Bret e a qualquer outro que lhe ajudou a perpetuar um crime tão vil. Ela permaneceu muito quieta. Tinha-lhe dado algo importante de si mesmo, e estava esperando sua reação. Não podia derrubar as paredes e grunhir como um animal ferido. Tinha que lhe dar algo igual de importante. —Ekabela cortou a pele de minhas costas. Adivinho que estavam cansados de fazer todos aqueles agradáveis cortes limpos no frente e queriam terminar com isso. 91


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Esteve em silêncio um momento, seus dedos massagearam seu pescoço e seu couro cabeludo. Não havia dito uma palavra sobre a dor ou o fato de que não podia ter evitado uma infecção importante por estar na selva. Era um milagre que estivesse vivo. E isto a fez ainda mais curiosa sobre quão longe tinham ido com essa faca —Sobe aqui comigo - disse finalmente—. Canta para mim. Essa é a coisa mais formosa que escutei nunca. Não tive ninguém somente pesadelos. Ken se deslizou sobre a cama, curvando seu corpo protetoramente ao redor do dela, seus braços sujeitando-a perto. Cantou brandamente enquanto ela ia à deriva no sonho, e então permaneceu quieto, as lágrimas queimando atrás de seus olhos e seu coração golpeando alto e desesperado em seu peito.

Capítulo 10

Mari dormiu intermitentemente nos seguintes dois dias, recuperando lentamente suas forças. Ken esteve com ela a maior parte do tempo, mas era livre para mover-se ao redor da habitação fortalecendo os músculos de sua perna de novo. Ken treinava com ela, flexões, abdominais e esfregava o músculo de sua panturrilha por ela. Cada vez que ia dormir, estava ali, sujeitando-a perto e cantando brandamente para ela. Se alguém mais entrava na habitação, parava bruscamente como se se envergonhasse, mas quando estavam a sós e o pedia, cantava. O fazia sentir como se houvesse uma conexão, uma intimidade entre eles dois. Despertou de noite, olhando ao teto e saboreando a sensação do corpo dele tão perto do dele. Sabia que estava acordado, incapaz de dormir. Desejava encontrar uma forma de eliminar seus pesadelos da maneira em que ele o tinha feito para ela. Podia dizer por sua respiração desigual e o intenso calor de seu corpo que as lembranças estavam muito perto. Estava sentado a seu lado, o lençol e pouco mais, separava-os. Sempre era consciente dele como homem. —Má noite? Girou a cabeça para olhá-la, e ela captou uma olhada do inferno em seus olhos antes que sorrisse, cobrindo seus pensamentos. Seus dedos subiram para enredar-se na seda ouro e prata de seu cabelo. —Não muito. —Atirava de seu cabelo, esfregando os fios entre o polegar e o índice como se saboreasse a sensação—. Adoro ver-te dormir. Deveria havê-la incomodado, sendo tão vulnerável enquanto dormia com um homem olhando-a, mas de algum modo, a fazia sentir a salvo. Queria isso para ele. Era um sentinela silencioso, montando guarda sobre ela, seus próprios pesadelos próximos e vívidos enquanto se assegurava que fosse capaz de dormir como um bebê. Logo que parecia justo. —Desejaria que pudesse dormir também. Preciso encontrar algo para te ajudar com isso. — Havia um convite inconsciente em sua voz. Ken se sentou a seu lado, sentindo o calor de seu corpo, a rajada de eletricidade que crepitava ao longo de sua pele. Tinha boas intenções, deu-se muitos sermões, mas estando com ela dia e noite, olhando as sombras passar através de sua cara, conhecendo o que sua vida tinha sido, o que seria se Whitney saísse com a sua lhe fez sentir-se menos monstro do que era. E isso era perigoso. —Ken. —Houve uma dor de saudade em sua voz. Elevou-se e tocou seus lábios riscando a linha externa com uma carícia ligeira. Ele sacudiu a cabeça. 92


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—Esta tentando ao diabo, Mari. —Não penso em ti como em um diabo. Ken emoldurou sua cara com as mãos, os dedos explodindo, riscando a estrutura de finos ossos de sua cara e deslizando-se para baixo a seu queixo e pescoço. —É tão delicada. Como pode haver tanta força envolta em um corpo tão delicadamente pequeno? —Nunca ninguém antes me havia dito algo assim. —Girou a cabeça em sua palma e se esfregou como um gato—. Tem mãos grandes. Ken encontrou a forma em que sua cara se movia sobre sua mão muito sensual para seu gosto. Sua língua se moveu para provar sua pele, um gesto suave que parou seu coração ao longo de seu polegar, mandando imagens eróticas a sua cabeça antes que pudesse as censurar. Necessitava que Mari se sentisse a salvo com ele, mas era naturalmente sexy, respondendo a sua potente química com uma pequena inibição devido às drogas em seu sistema. Seus suaves seios empurraram contra seu peito, mandando uma corrente elétrica através de seu corpo. —Talvez devesse voltar a dormir. —por quê? —É mais seguro para ti. —Quer dizer mais seguro para ti - disse, rindo-se dele—. É como um bebê. Acariciou suas mãos de novo, sua língua e dentes esta vez se deslizaram pela mão. Seus lábios foram ligeiros como plumas contra as cicatrizes, pequenos beijos desenhados para voltá-lo louco. Ken se esclareceu garganta, seu coração correndo. —Não sei que tipo de drogas está te dando Lily, mas estou seguro que é uma combinação potente. —É a droga? Desejo-te porque Lily me dá drogas? —Sua boca se tragou o polegar e chupou dura, sua língua agitando-se provocativamente. Tudo enquanto os olhos de cor chocolate permaneciam centrados nos seus. Seu coração quase se deteve. Seu corpo reagiu, o sangue palpitando, enchendo sua virilha até lotá-la, centrando a consciência em uma dor lhe pulsando. —Carinho, não pode fazer coisas como esta. Está jogando com fogo. Os dentes rasparam e atiraram da ponta do polegar. Sua franga se sacudiu em resposta, antecipando o prazer dos dentes raspando ao longo das cicatrizes, a língua e a boca apertada e quente e OH! tão úmida. Deslizou a mão em baixo de sua camisa, deslizando-se sobre seu estômago nu e para cima sobre as costelas até cobrir os peitos. Tomou seu tempo, lhe dando bastante tempo para que o apartasse, para que o detivesse. Ela se arqueou contra ele, empurrando os mamilos contra suas mãos. Estavam já duros e eretos, suplicando atenção. —Me diga como é sua casa. Nunca estive em uma casa. Ken apoiou a cabeça no travesseiro ao lado da sua, os dedos acariciando brandamente. —Jack e eu construímos uma casa em Montana. Temos muitos acres e um bosque nacional rodeia nossa propriedade por três lados, assim estamos bastante isolados. Somos totalmente auto suficientes. Jack fez a maior parte do mobiliário. Temos uma mina de ouro, nunca a trabalhamos, mas há uma nervura ali segura. —É bonita? Ele subiu a camisa, agrupando o material pouco a pouco para revelar a pele lisa de seu ventre e a cintura, chegando à estreita caixa torácica, até que expôs a parte inferior de seus peitos—. Nunca pensei muito sobre isso, mas sim, a região é formosa e a casa é ampla com um montão de espaço para duas famílias. A vista desde quase todas as habitações é assombrosa. 93


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Seus nódulos esfregaram uma e outra vez em baixo de seus peitos, saboreando a pele suave e acetinada. Ninguém tinha sua incrível pele. Mari relaxou mais, seu corpo se suavizou e flexibilizou pelo movimento hipnótico de sua mão. O ardor de seu corpo a esquentou. —Tem chaminé? Sempre pensei que as imagens de chaminés eram românticas e caseiras ao mesmo tempo. —Temos uma chaminé no salão, uma habitação comum compartilhada pelo Jack e eu. Ambos temos nossa própria ala da casa. Ele tem duas habitações, um par de banhos e um escritório. Ambos temos chaminés no dormitório. A casa é grande e muito ampla, e nos esquentamos principalmente com lenha. Ali neva, assim faz muito frio de noite. Sua pele lhe fascinava. Era mais suave que algo que houvesse sentido antes. Tinha que admitir, que no que se referia ao sexo, gostava de duro, rápido e em quantidade, mas havia algo mágico em tombar-se a seu lado simplesmente saboreando a sensação de sua pele. Desfrutou do aumento de temperatura, o batimento do sangue através de sua franga torcida. Sentiu-se vivo e feliz. Quase não reconhecia a emoção. —Cresci nos barracões. Agora tenho minha própria habitação, mas não há nada nela. Só o beliche e meu armário. Não nos são permitidas coisas pessoais. Há uma televisão na habitação de jogos, mas somos observadas todo o tempo, e tudo o que fazemos é gravado. Principalmente treinamos, trabalhamos em educação e reforçamos nossos talentos psíquicos para nos fazer melhores soldados. Bom, ao menos o fazíamos até que Whitney veio com seu último brilhante programa. —O que faz quando tem tempo livre? —Pelas tardes? Eu gosto de ler e escutar música. Eu adoro a música. —E em férias? Viaja? —Não temos férias. E a única viagem que nos permitem é quando estamos em uma missão. —Mari se pressionou contra sua mão. As sensações foram à deriva através dela como a fumaça preguiçosa, até que a consciência sexual ardeu através de seu corpo inteiro. Seus dedos agarraram as dores e as moléstias e os converteram em um pouco completamente diferente—. É obvio agora, desde que começou o programa de cria, todas as mulheres são virtualmente prisioneiras. —Cresceu com essas mulheres? Criou-lhes nos barracões desde que foram pequenas? —Sim. São minha família. Considero-as minhas irmãs. Cami é dura, escapará sem problemas, e as demais seguirão a nossa líder, mas tenho uma irmã que suspeito está já grávida. Temos que tirá-la dali antes que controle as provas semanais e tenha os resultados. Está aterrorizada de que a descubra. —Tirá-la-emos. —Ken não perguntou qual das mulheres estava grávida. Mari já lamentava lhe dar tanta informação; podia vê-lo em sua cara e não a culpou. Deslizou seu corpo para baixo, só um pouquinho, o suficiente para que pudesse descansar o queixo na parte alta de sua cabeça e sua cara estivesse de frente a seus preciosos seios. Seu fôlego se enganchou. Os raios de lua da clarabóia sobre suas cabeças se derramaram através de seu corpo, iluminando sua pele, convertendo-a em nata. Subiu mais acima a camisa, expondo seus peitos ao ar frio da noite, e a seu quente olhar. Sua própria respiração abandonou os pulmões em uma rajada acalorada. Esta mulher lhe dava algo que ninguém mais lhe tinha dado nunca. Não era a combinação de luxúria e necessidade, ou inclusive que seu corpo saltasse de volta à vida dura e vividamente; era a felicidade simplesmente. Sentia-se diferente quando estava com ela. Mais ligeiro. A lembrança de seu aroma e a visão de sangue, do suor escuro, os sons de seus próprios gritos, a raiva que nunca o abandonava, que lhe consumia até que pensava que seu mundo era só

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de completa escuridão, desprovido de algo bom, ela forçava tudo a retirar-se, só com sua presença. Whitney, o filho da puta, não podia ter feito que isso passasse com sua intromissão, era muito real. Mari levantou a mão, penteando com os dedos seu grosso cabelo ondulado. Seu corpo quase vibrava com a necessidade de sentir suas mãos, e boca sobre ela. Seu corpo se sentia como se estivesse derretendo, tão suave e flexível que podia modelá-la em algo. Seus peitos formigaram quando o ar frio golpeou seus mamilos como o movimento rápido de uma língua, convertendo-os em duros picos gêmeos. Seus dedos se fecharam em punhos em seu cabelo quando se moveu de novo, e sentiu a sombra da barba raspar contra seus mamilos, mandando pequenos relâmpagos através de seu sistema sangüíneo. —Ken. Disse seu nome em um sussurro ofegante que ameaçou rompendo seu rígido controle. Ken pensou que tinha seu desejo bem controlado, mas não tinha contado com a maneira em que seu corpo respondia ao dele. Seus peitos nus dispostos diante dele como um festim, bebeu com a vista de sua carne luxuriosa, torcida e avermelhada pelo desejo, subindo e baixando com cada respiração, atraindo-o perto dos apertados casulos rosa que se levantavam para lhe chamar. Desejava-o, não, necessitava-o e esse era o afrodisíaco mais potente de todos. Parecia não ver as cicatrizes em sua cara ou corpo. Tocou-o, roçando com sua boca para baixo pela carne cheia de cicatrizes, como se estivesse inteiro. Parecia tão voraz pelo como ele por ela. —É incrivelmente bela, Mari - sussurrou—. Não são as feromonas do Whitney falando. Sou eu, te desejando tanto que quase me assusta te tocar. “Quase não era verdade, estava assustado”. Se sabia como se sentia o paraíso, poderia voltar para mundo estéril do deserto? Acariciou com sua mão entre os peitos, baixando por seu corpo até o plano estômago. Músculos firmes atuavam em baixo da suave pele. Descansou a mão sobre seu estômago possessivamente, os dedos se estenderam amplamente para tomar cada polegada dela que pudesse. Baixo sua palma, os músculos de seu estômago se apertaram. Ela não tinha conhecido casa ou família. Ele tinha tido casas de acolhida e ao Jack. Demônios, tinham-nos jogado de dúzias de lugares, fugido de mais, e ainda estava completamente seguro que tinha estado melhor que Mari. Tinham-lhe tirado Briony quando eram meninas pequenas, e tinha crescido em um mundo brutal e disciplinado. Seu mundo tinha sido brutal e disciplinado, mas tinha tido ao Jack. Sempre tinha tido a seu irmão. Moveu as pontas dos dedos sobre sua pele, riscando seu pequeno umbigo sexy. Nada de piercings para Mari. Nem jóias ou roupas elaboradas. Não tinha tido compridos vestidos ou perfumes caros. Tinha tido botas militares e vulgares roupas de camuflagem. Com cada carícia de seus dedos, sentiu a ondulação em resposta de seu estômago, seus músculos se contraíam baixo a menor carícia. Estremeceu-se com o esforço de manter a mente afastada de seus pensamentos dela nua embaixo dele. Podia necessitá-lo, e seguro como o inferno que podia fazer que ela o necessitasse também, mas o sexo ardente não era o melhor para ela, não nesse momento. Havia uma parte dele que detestava a maneira em que a luxúria se entremetia tão aguda e terrível que podia saboreá-la na língua. Começava a ansiá-la como uma droga a que fora viciado. Queria consolá-la e tranqüilizá-la, falar de coisas que lhe importassem, mas sua franga pulsava e queimava por ela, estirando-se até o ponto de estalar, uma urgente lembrança de que estava vivo e era imensamente mais que um homem normal. Talvez fosse a necessidade de lhe ensinar que em baixo da máscara não era um monstro, que por ela poderia apartar seus instintos basicamente animais e ser um homem melhor. Esteve perto 95


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de morrer. Tecnicamente, embora não pensava nela como em uma prisioneira, era-o, e isso a fazia vulnerável. Queria pensar sobre isso, tinha que pensar nisso, para impedir de subir em cima dela e perder a cabeça como ambos. Uma vez que começasse, não estava de todo seguro de parar alguma vez. —Ken? —Os dedos do Mari se moveram entre seu cabelo, massageando sua nuca e mandando um estremecimento de consciência por sua coluna. —Por que sempre que esta fazendo o melhor para ser nobre, seu corpo põe a direta e não pode pensar com o cérebro? —Te ocorreu que poderia não querer que fosse nobre? Quase morro. Tenho que voltar para uma existência em que não quero pensar. Esta poderia ser minha oportunidade, minha única oportunidade, de estar com um homem que escolha. —Aqui? No laboratório fechado que é uma lembrança constante de tudo o que alguma vez tiveste? Nesta cama estreita e dura? Quero-te em algum lugar onde possa passar horas, dias, explorando cada polegada de seu corpo. Algum lugar formoso com o fogo rugindo na chaminé e cascatas fora da janela. Seu fôlego se enganchou de novo, a menor das reações, mas ele a captou. Ela não acreditava que teria essas coisas, e nesse momento, decidiu que se asseguraria que as tivesse, que teria tudo o que pudesse lhe dar. Mari se moveu outra vez, seus peitos roçando sua mandíbula escurecida. O corpo do Ken ficou rígido, cada músculo apertado e quente, contraindo-se em duros nós. Seu fôlego acariciou a tentação de seus mamilos. Necessitava-a mais que ao ar em seus pulmões, mas uma vez que a tocasse, uma vez que a reclamasse, não haveria volta atrás. —Mari… - o tentou de novo, sua cara, por própria decisão, movendo uma escassa polegada de modo que sua língua pudesse baixar mais abaixo e lamber com o passar do mamilo. Mari saltou embaixo dele, seus quadris se moveram agitadamente, seus peitos se elevaram bruscamente com a respiração ofegante, arqueando-se contra ele, na caverna escura e quente de sua boca. Sua mão acolheu o peito, amassando, enquanto chupava, usando os dentes para afiar o desejo, sua língua provocando-a e afogando-a de prazer. Ela fez um único som, um grito afogado de surpresa, seus quadris corcovearam, o quente montículo se deslizou sobre sua coxa em um esforço por conseguir algum alívio. Imediatamente, enterrou os dedos mais abaixo, para encontrar um forno de calor. Seus dentes se fecharam sobre o mamilo com uma pequena dentada de dor, quando seus dedos encontraram a escorregadia entrada, provando sua resposta a sua necessidade de um pouco de jogo rude. Uma onda fresca de denso aroma se elevou e os dedos estiveram úmidos com suas bem-vinda. O gemido foi tão suave que apenas o escutou, mas sentiu a vibração através do corpo inteiro. Sua franga se sacudiu, esfregando-se contra o material dos jeans, inchando-se até o ponto de estalar. Tinha que ter algum tipo de alívio antes que explodisse. Trocou ao outro peito, chupando forte enquanto sua mão se deslizava até os jeans, abrindo-os, deslizando-os sobre os quadris até que a enorme ereção pôde saltar fora. Não podia deter-se, sua mão se deslizou sobre a franga dura e grossa, sentindo as cristas, espremendo apertadamente em um esforço por criar a sensação. Demônios, nem sequer sabia se sua equipe realmente funcionava de todas as formas. Os dentes atiraram do mamilo, mantendo seu desejo agudo e afiado, arrastou os jeans por seus quadris. Tornou-se para trás, levantando a cabeça de seus peitos suaves e perfeitos, para olhá-la. Mari jazia na cama, seus olhos o olhavam com desejo, os lábios abertos, com a respiração subindo e baixando rapidamente. Seus peitos empurravam para cima pela camisa aberta, as pernas nuas e abertas, o corpo aberto a ele. Era a vista mais formosa que nunca tinha tido. Seu olhar descendeu até o punho rodeando a grossa ereção. Havia uma gota brilhando como uma 96


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pérola na grande cabeça torcida. Seu olhar se centrou no seu. Mari se inclinou para diante e o chupou. Seu corpo inteiro se paralisou, uma tormenta de fogo se estendeu quente e selvagem, uma febre crescendo tão rápida, tão intensa, que se estremeceu, seu coração pulsando ruidosamente nos ouvidos. O suor brotou, gotejando por sua frente. Estava matando-o. Agarrou sua cara entre as mãos e forçou aos olhos escuros a encontrar-se com seu ardente olhar. —Mari, doce, tem que estar segura. —Sua voz era rouca—. Não vou ser capaz de parar em outro minuto. Não tenho uma maldita coisa que usar como amparo e é uma estupidez, tomar aqui. Não vou ser suave e carinhoso como merece. E não quero te ferir. Estou malditamente assustado de te ferir, mas juro te dar mais agradar de que tiveste em sua vida. Se não puder fazer isto comigo, ir até o final, tomar tudo o que preciso te dar, tem que me dizer que me detenha agora e o juro, encontrar a força para te deixar sozinha. —Ken, por favor - sussurrou seus olhos escuros suplicantes—. Desejo-te tanto que não posso pensar com claridade. Este é nosso momento. Temos que agarrá-lo ou pode que não volte de novo. Dê-me isto, me dê uma lembrança, algo real, que dure para sempre. Ele tomou seus lábios, tratando de ser suave, mas no momento em que deslizou a língua na escuridão aveludada de sua boca, esteve perdido em uma bruma de loucura. A luxúria se elevou, tão afiada e terrível que lhe consumia, comendo-lhe vivo. Tomou sua boca, cedendo aos demônios que o conduziam com força. Mãos duras a mantiveram quieta. Mari estava surpreendida com sua enorme força, com sua própria excitação ante sua agressividade, tão quente, rápida e dura, sacudindo seu corpo antes que estivesse preparada, quase a empurrando ao orgasmo antes que realmente a houvesse tocado. Seu fôlego desigual era áspero quando mordeu seu lábio, seus dentes e língua fazendo coisas selvagens a sua boca até que não pôde ver, sem falar de pensar. Os lábios baixaram por seu pescoço, pequenos beijos picantes que deixaram fogo dançando sobre suas terminações nervosas. Agarrou um mamilo entre o polegar e o índice, fazendo-o rodar e atirando até que sua cabeça se retorceu de um lado a outro sobre o travesseiro e soluçou seu nome. Não sabia que podia sentir-se desta maneira, não sabia que uma pequena explosão de dor poderia brindar uma labareda de calor e sua língua se poderia sentir como veludo sobre a pele hipersensível. Ele baixou beijando até seus peitos, parando ali para dar um festim, desejando-a em um frenesi de necessidade, necessitando sua conformidade, assustado de que se lutava contra ele, voltar-se-ia louco. Sua mão se moveu mais abaixo, saboreando a forma e a textura dela, cavando o monte quente e úmido, sentindo satisfação quando seus quadris corcovearam e outro suave soluço escapou. Deslizou o dedo no profundo oco, procurando o mel e a especiaria e um modo de fazê-la sua para a eternidade. —Estende as pernas para mim, Mari. —Sua voz foi áspera, as mãos ásperas em suas coxas, forçando-a a obedecer antes que pudesse dar-lhe, posicionando-a de modo que pudesse beijar até seu umbigo, fazendo uma pausa para mordiscar a parte debaixo de seus peitos, riscando cada costela, e prodigalizando atenção a seu abdômen com quentes lambidas como se fosse um sorvete. —Ken. —Desesperada, agarrou seu cabelo, tratando de arrastá-lo sobre ela, para cobri-la. Agarrou suas mãos e as moveu para baixo. —Te comporte —ordenou —. Faremos isto a minha maneira. Adverti-lhe isso, tem que ser a minha maneira.

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Porque a vendo perder o controle, olhando a luxúria construir a necessidade em sua mente, alimentava seus instintos violentos e incrementava seu prazer. Quanto mais se separasse dele, melhor era para ele. —Não posso fazê-lo. É muito lento. —Permanece quieta - repetiu a voz áspera. Sua língua seguiu ao dedo em um varrido comprido e lento que procurava o néctar que ansiava. Quase caiu da cama, seus soluços reais, os quadris movendo-se grosseiramente. Golpeou seu traseiro em advertência e viu a labareda de desejo em resposta em seus olhos. Ken colocou um braço sobre seus quadris, sujeitando-a. Sua necessidade rugia pura agora, fluindo através de seu corpo com a força de uma onda gigante, uma tormenta de fogo tão fora de controle que foi culminante. Não só necessitava seu corpo, desejava sua alma, queria-a tão atada que fizesse tudo o que lhe pedisse, tudo o que mandasse. Mari elevou a cabeça para olhá-lo, a escura sensualidade de sua cara, a intensidade de seu desejo que se estremeceu através de seu corpo. Seus olhos eram prata pura, adagas gêmeas de luz que se concentrava somente nela. Suas mãos eram duras e terrivelmente fortes. As cicatrizes viajavam para baixo por seu estômago até a enorme franga. Os cortes da faca tinham sido feitos com precisão cirúrgica, cada corte desenhado para causar o máximo dano sem matá-lo. Seus testículos estavam cortados, como o estava seu ventre, quadris e para baixo através das coxas até que as cicatrizes desapareciam nas pernas das calças jeans. Pensou que ninguém podia repor-se a tal experiência traumática, mas estava o suficientemente duro, grosso e grande para ser inteiramente intimidante, e desejava tocá-lo, prová-lo e aliviá-lo, fazer o melhor para ele. O que queria era levá-lo além da loucura, do mesmo modo que a estava levando a ela. Lambeu-se os lábios para umedecê-los, abrindo-os enquanto olhava a larga e desalentadora longitude dele. Estava desatada, seu corpo se enroscava mais e mais apertado até que esteve assustada de estar gritando, lançando-se sobre ele, suplicando pela liberação. Ele sussurrou algo gutural e ligeiramente obsceno, a voz tão rouca que a encontrou sexy. Os olhos chapeados marcaram seu nome em sua carne e em seus ossos enquanto sujeitava para baixo as coxas e baixava a cabeça, a boca sobre seus lábios mais íntimos, a língua empurrando profundamente nela. Tudo a seu redor pareceu explodir. Rompeu-se absoluta e completamente, fragmentando-se em um milhão de pedaços, sua mente desintegrando-se até que não houve um pensamento consciente, só onda detrás onda de sensações, ondas gigantes que a afundavam, levando-a longe ao mar, onde não tinha âncora nem caminho de volta. Lutou por escapar, usando a força, aterrorizada de perder a si mesma para sempre, assustada de que se não parava poderia morrer do intenso prazer. Sua visão se estreitou, e viu raias escuras cobertas de estrelas azuis brilhantes enquanto seus peitos se esticavam, seu útero se contraía e cada músculo de seu corpo se apertava e se rebelava, enroscando-se mais e mais apertado. Manteve-a quieta, como ninguém mais podia fazer, sua força realçada impossibilitava a luta enquanto conduzia a língua implacavelmente em seu canal feminino, arpoando profundamente, uma e outra vez. Não podia suportá-lo. Tinha que parar. Tinha que fazê-lo. A língua passou de apunhalar a revoar; os dentes encontraram seu ponto mais sensível e começou um assalto lento e tortuoso. Seus dedos se acrescentaram à loucura, empurrando profundamente e saindo para estender o líquido quente sobre suas partes mais íntimas. Sua boca foi a seu broto mais sensível, a língua se moveu sem piedade de um lado a outro, lançando-a a um selvagem orgasmo sem fim. Quanto mais sensitiva se voltava, mais insistia, sujeitando-a enquanto a chupava, antes de uma vez mais tomar seu casulo entre os dentes e acariciá-lo com a língua. Ela perdeu a habilidade para respirar, retorcendo-se de um lado a outro para escapar de sua boca. 98


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Sua respiração saiu em soluços desiguais. —Não posso tomar mais. Não mais. —As sensações se construíam continuamente. Tinha perdido a conta de quantas vezes gozou cada orgasmo mais forte que o anterior, até que o sentiu através do estômago, acima nos peitos, até que cada parte dela esteve estimulada além de sua imaginação. —Sim. Mais. Gozará para mim, Mari, uma e outra vez. —Sua voz foi gutural enquanto chupava vorazmente, lançando-a a outro clímax. Era muito. Nunca tinha tido a ninguém que lhe desse tanto, exigisse tanto, tomasse tanto. Cravou os dedos em seus ombros, desesperada por sujeitar-se quando o mundo se estava partindo. Seus aromas combinados eram potentes e pesados, tão sexy que não podia pensar. Suas mãos estavam em todas as partes, fazendo seu corpo dele, tomando posse de cada parte separada dela. Quando ficou tensa em protesto, assustada, sua boca a devorou, comendo-lhe como a um caramelo como ele a tinha chamado antes, devorando tudo até que esteve segura que não havia nada de Mari. Levantou a cabeça para olhar, sua cara, pura sensualidade carnal. —Pertence-me - sussurrou bruscamente—. Corpo e alma. Independentemente do que ele quisesse ou necessitasse, ia ser a que o subministrasse. A escura violência nele poderia ser aproveitada e usada para propósitos muito mais prazerosos, os demônios encerrados por uma mulher, Mari. Ela fazia que sua franga doesse, sua Pelotas queimassem e seu controle se escapulisse, até que tudo no que podia pensar era em tê-la. Era um homem que podia montar a uma mulher toda a noite e nunca sentir-se completamente satisfeito. Ainda olhando-a estendida em baixo ele a mercê de seu corpo, escutando suas súplicas e soluços para que tomasse, soube que tudo era diferente com ela. Sua vida seria sempre diferente. Ela o agarrou apertadamente, seu corpo se retorcia baixo sua língua e dentes, sua respiração saía em soluços enquanto lhe suplicava que a possuísse. Os gritos sem fôlego se acrescentavam à intensidade de seu prazer. As unhas morderam profundamente em sua pele, os arranhões de suas costas, que sabia que não se dava conta de que lhe estava fazendo tudo se acrescentava ao crescente fogo. Retendo agarrados seus quadris, Ken se deslizou da cama, atraindo seu traseiro até o bordo para elevar suas pernas até seus ombros. Os dedos cavando profundamente, pressionando contra o úmido calor. Embora estivesse molhada, escorregadia, e faminta por ele, parecia uma tarefa impossível estirar o apertado canal o suficiente para acomodar seu tamanho. E então se moveu, penetrando-a dura e profundamente, conduzindo-se através dos músculos apertados até enterrar-se até as Pelotas. Um suave grito escapou de sua garganta, apressadamente amortecido pelo dorso da mão. Ela o olhou, os olhos amplos pela surpresa e vidrados pelo desejo febril. As cristas duras de sua franga raspavam contra os músculos internos suaves como veludo, acrescentando-se ao doloroso prazer de sua profunda penetração. Necessitava isto, necessitava-a e a aceitação de seu controle sobre ela. Ela não fez uma careta por seu aspecto, e cada golpe duro e áspero levou seu prazer mais alto. Assegurou-se absolutamente disso. Controlou o ritmo, duro e rápido, e depois lento e profundo, arrastando seus quadris para ele para duplicar o impacto, ou mantendo-a quieta de modo que só pudesse aceitar sua profunda invasão. Estava apertada, mais apertada do que esperava e muito quente, lhe inundando em um inferno aveludado. Montou-a duro, golpeando asperamente para estimular sua franga, a gloriosa dentada de prazer e dor enquanto estirava e engrossava, enquanto a forçava a tomar cada polegada dele, estirando-a até o impossível. Voltou-se selvagem em baixo dele, rasgando seus braços com as unhas, arranhando seu peito, arranhões grandes e profundos enquanto a conduzia mais e mais alto, obrigando-a a um nível de 99


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sexualidade que nunca tinha imaginado. Sujeitou suas coxas separadas, atirando de suas pernas mais alto, negando-se a ceder uma polegada, negando-se a lhe permitir conter a respiração. O prazer cresceu rapidamente fora de controle, convertendo-se em um tornado que girava através de ambos, levando-lhe fora de toda realidade. Agarrou suas mãos, as colocando a ambos os lados de sua cabeça sobre a cama, possuindo-a em um frenesi de necessidade furiosa, levando sua franga tão profundo que pensou que podia encerrá-los juntos para sempre. As linhas de sua cara estavam gravadas profundamente, as cicatrizes destacavam cruamente contra sua pele enquanto seus músculos se apertavam mais e mais, acrescentando mais e mais fricção e calor. O suor gotejou por seu corpo, obscurecendo seu cabelo, mas seguiu empurrando, uma e outra vez, enquanto sua Pelotas se endureciam e sua franga gritava por misericórdia. Sentiu a explosão romper através de seu corpo, uma onda gigante escura que se elevou e elevou, negando-se a ser detida. Ela soluçou, enquanto ele se introduzia nela, o calor líquido de sua nata mandando-o ao bordo. Sua própria ejaculação rasgou através dele tão forte que seu corpo se sacudiu. Estava eufórico, extasiado, mais vivo do que nunca tinha estado. Talvez fosse porque pensava que tinha perdido sua habilidade na tortura no Congo, mas suspeitou que o prazer fosse tão intenso porque finalmente estava com a mulher correta. Sua respiração saía em ofegos irregulares. Paralisou-se sobre ela. —Droga, Mari, quase me mata. O braço dela se deslizou ao redor de seu pescoço, os dedos se enredaram em seu grosso cabelo. —Não posso pensar. E nunca caminhar de novo. —tocou-se os lábios com a língua. Doíamlhe os peitos, as coxas. Palpitava entre as pernas. Havia uma sensação ardente como se a tivesse estirado e a tivesse deixado com marcas de queimaduras—. Acredito que estou irritada. —Seu coração não ia nunca pulsar normalmente, e ninguém, ninguém, ia ser capaz de satisfazê-la de novo. Ken levantou a cabeça para olhá-la. Sua estrutura óssea era muito delicada, embora houvesse aço nela. Tinha estado assustada, mas ficou em suas mãos. Seus dedos roçaram sua cara, sobre as cicatrizes, as riscando por seu pescoço até o peito. Inclinou-se para diante para pressionar beijos onde a pele estava exposta. Seu coração deu um tombo. Ela tinha visto o monstro e não se assustou. Não pôde evitar o sentimento possessivo que se elevou para afogá-lo. Ela não ia voltar e ele não estava fazendo as coisas bem. Não poderia deixá-la agora mais do que poderia disparar a seu irmão. —Limparei-nos em um minuto, doce. Só me dê um minuto. — Nunca se havia sentido assim, tal orgasmo explosivo, tão completo e tão inesperado quando seu corpo estava tão prejudicado. Sabia a pressão que necessitava contra a pele para ter sensações, e seu estreito canal lhe tinha dado mais do que tinha pensado que fosse possível. Surpreendeu-lhe que pudesse necessitar tanto a esta mulher. Não era que estivesse sinistro total, pelo contrário, queria tomar uns poucos minutos para descansar e começar outra vez, mas parecia um pouco exausta por lhe haver dado tanto de si mesma. Ele se tinha aproveitado de sua cooperação, lhe dando pouca eleição na matéria, mas só brigou contra ele quando o prazer se estava convertendo em dor e isso a tinha assustado. Não queria lhe mentir, ser algo que não era algo que não podia ser. Seu corpo estava arruinado para tudo exceto para certo tipo de estimulação e ela tinha que aceitá-lo. Demônios. Tinha-lhe levado meses convencer-se da idéia de que não podia funcionar, e logo umas semanas mais para reconhecer que podia fazê-lo gozar.

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—Tenho-te feito mal? —suas mãos emolduraram sua cara, os polegares deslizando-se sobre a pele suave e lisa. Era tão bela que doía. —Não sei. —inclinou-se para diante e arrastou os lábios, suaves como plumas, sobre ele—. Foi selvagem, incrível e um pouco atemorizante. Não sabia que o sexo pudesse ser como isto. — Seu olhar se separou dele—. Não sou virgem nem nada assim, mas nunca tinha tido um orgasmo. — Tocou uma larga cicatriz em seu peito—. Estava assustada, mas o desejava muito. Não queria que parasse, nem inclusive quando disse para. Ele levantou seu queixo. —Disse que parasse? Porque se o fez não o ouvi. —Não em alto. Ninguém alguma vez fez isto antes. Franziu o cenho. —Fazer o que? A cor se arrastou baixo sua pele, avermelhando sua cara e seus peitos, chamando sua atenção sobre as marcas na carne cremosa. Suas marcas. Seus dedos. As débeis marcas de dentes e numerosas vermelhidões contrastavam contra a pálida pele. Tinha-as no interior das coxas também. Tocou uma, satisfeito. Sua cor se aprofundou, voltando uma interessante sombra carmesim. —Sexo oral. Sua sobrancelha se elevou. Parecia inocente quase tímida, tanto que não pôde por menos que inclinar-se para beijá-la. —Sexo oral? É isso o que pensou que era? —Esfregou a cicatriz que partia seus lábios com o polegar—. Não penso isso, doce. Isto foi mais como te engolir. Comer-te viva. E só falar disso me põe duro outra vez. A cor se estendeu sobre seu corpo. —Bom, apesar de tudo, ninguém tem feito isso antes. O sorriso em sua cara se murchou. —Alguma vez? Ela sacudiu a cabeça. Franziu o cenho. —Que demônios faz esse idiota do Bret para te preparar? —Não lhe preocupa se meu corpo o aceita ou não. Usa lubrificante para sua própria conveniência, não a minha. Ken jurou em voz alta. —Alguém tem que lhe arrancar o coração. Um pequeno sorriso curvou sua boca. —Ao Jack gosta de disparar às pessoas. Talvez deveríamos apresentá-los. Ken se deslizou da cama, subindo os jeans antes de encontrar um pano. Afundando-o na água, lavou cuidadosamente seu corpo, acariciando-a deliberadamente entre as pernas. —O que outras coisas conseguiste perder? —Por quê? Não lhe deveria haver dito isso. —Se não souber o que perdeste, não saberei todas as coisas nas que te tenho que introduzir. — Secou seu corpo com cuidadosas carícias. —Nunca celebrei meu aniversário ou uma festa. —Quando conseguia presentes? Ela riu. —Que tipo de presentes? Seam me deu uma faca uma vez, mas me tirou isso quando fui incluída no programa de cria. Acredito que temiam que tirasse certas partes da anatomia do Bret. 101


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Isso o incomodou. Bom, incomodou-lhe um montão, que não tivesse tido festas, chaminés e presentes. Na pior casa em que tinha estado, ainda celebravam aniversários. —Quando é seu aniversário? Uma vez mais seu olhar se deslizou sobre ele, e se encolheu de ombros com exagerada naturalidade. —Não tenho nem idéia. Whitney me encontrou em um orfanato em algum lugar e não pensou exatamente que essa data fosse importante, de modo que por que crê que celebraria nossos aniversários? O ventre do Ken se atou outra vez, mas manteve a voz e o rosto inexpressivos. Cavou sua cara e a inclinou para outro beijo dos que param o coração. A mulher sabia igual a mel e espécies exóticas, tão aditivas que pensou em beijá-la até que nenhum dos dois recordasse seus próprios nomes. —É um cientista. Não é a idade de seus coelhinhos de índias importante? Vamos entrar em seus arquivos e conseguir a informação. Apostarei que a tem. Ela riu. Realmente riu. O som foi muito suave, mas lhe fez querer sorrir. Tirou-se o cordão do pescoço. Feito de ouro trancado sujeitava uma pequena cruz de ouro. Deslizou-a sobre sua cabeça, retirando seu cabelo de modo que a cadeia se deslizasse pela parte traseira de seu pescoço e a medalha descansasse entre seus peitos. —Seu primeiro presente, um de muitos. Não sou muito religioso, mas sempre gosto de manter minhas opções abertas. Manter-te-á a salvo quando não esteja a seu lado. Ela inalou bruscamente e piscou várias vezes. Ken tocou as largas pestanas e as encontrou úmidas. De repente parecia triste. Sombras substituíram a risada em seus olhos. —Os presentes supostamente têm que te fazer feliz. Acredito que não está captando o conceito aqui. Mari deslizou os braços ao redor de seu pescoço. —Surpreendentemente este foi o melhor dia de minha vida. Obrigado. —Levantou a boca para um beijo, os dedos deslizando-se sobre seu pescoço. Golpeou duro e rápido, encontrando o ponto de pressão sem problemas e usando sua força realçada, afundando-os profundamente. Nunca o teria feito se não o tivesse pego completamente por surpresa, mas sucumbiu, escorregando em um vazio escuro, desabando-se sobre a cama e depois deslizando-se até o chão.

Capítulo 11

Mari saltou da cama de armar, ficando em agachada para comprovar o pulso do Ken. O sussurro de alerta zumbiu em sua cabeça como o longínquo som das abelhas. Estavam aqui. Tinham-na encontrado, e se não atuava rápido, matariam ao Ken, Jack, Logan e Ryland. Lily seria tomada prisioneira. Aspirou uma profunda baforada e abriu sua mente à líder da equipe. Retrocede. Aqui há civis e inocentes. Esta equipe estava para proteger ao senador, não para assassiná-lo. Até que não saibamos como se cruzaram os cabos, não podemos nos arriscar a matar inocentes. Rezou porque Seam a escutasse. Não ia ser responsável pelo derramamento de sangue, e ninguém ia ferir Ken Norton, não se ela podia evitá-lo. Se ele estivesse consciente, lutaria até a morte para ficar com ela; isso sabia a respeito dele.

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Tinha que manter a Seam e à equipe afastada desta habitação e longe dos outros. Mas como? Só tinha segundos antes que alguém fizesse saltar um alarme ou alertasse algum outro sentido altamente agudo dos Caminhantes Fantasmas.Colocando rapidamente um par de jeans, apoiou a mão na parede quando se inclinou para a porta para escutar, esperando ouvir-se já tinham alertado ao Jack Norton do perigo que se abatia sobre eles. Silêncio. Completo e total silêncio. Não tinha sentido. Captou o rastro de um aroma peculiar, débil, mas desagradável, como de ovos podres. Com cautela, Mari abriu a porta. Havia corpos pulverizados por todo o chão. Seu coração quase deixou de pulsar. Isto não podia estar acontecendo. Estavam todos mortos? Jack, o irmão do Ken? Ken se voltaria louco e perseguiria a cada membro de sua equipe, e os executaria. O que tem feito Seam? Meu deus, a mulher está grávida. Matou-os a todos? Saboreou medo e ira. As lágrimas queimaram seus olhos e entupiram sua garganta. Aspirou bruscamente e soube que o aroma era uma mescla de gases. Do que está falando? Pôde escutar um suave vaio enquanto o gás entrava através de um tubo na parede. Seu coração quase deixou de pulsar, e Mari correu para as janelas, abrindo várias com violência antes de agarrar o braço de Lily e arrastá-la dentro da habitação com Ken, antes de voltar apressada pelo Jack. Para o gás, maldição! Digo-o a sério, Seam, para o fodido gás. Gás? Eu não… Sua voz se calou, logo voltou bruscamente. Sai de uma fodida vez daí, agora. É uma ordem, Mari. Ela ignorou as coordenadas do ponto de encontro que lhe enviou e arrastou o corpo inconsciente do Jack à habitação com o Ken e Lily. Ryland foi o seguinte, e logo Logan. Logo que os teve a todos no pequeno quarto médico, fechou a porta e selou a parte de baixo usando toalhas e objetos de roupa, algo que pôde encontrar. As lágrimas se derramavam por seu rosto, causadas pelo gás ou por quão temerosa estava por todos, não estava segura, mas tinha a vista imprecisa. Pôs um pano úmido na parte de atrás do pescoço do Ken, com a esperança de que despertasse mais rápido. Maldição, Mari, não podemos entrar mais no edifício sem disparar o alarme. Supõe-se que tem que te dirigir para nós. Te mova rápido. Pôs uma máscara de oxigênio a Lily. Se vós não fizeram isto, quem foi? Seam jurou, um comprido broto de maldições eloqüentes e sujas. Arrasta seu traseiro fora daí, soldado. Não vou deixá-los para que morram. Não tivemos nada que ver matando a ninguém. A voz de Seam trocou, baixou uma oitava, teve uma leve súplica. Whitney tem a alguém aí dentro. Viemos para te tirar, mas ele queria que os matássemos a todos e tirássemos sua filha, Lily. As ordens vieram enquanto estávamos entrando no complexo. Fingi estar fora de alcance, mas tem a alguém dentro supostamente nos ajudando. Mari se voltou a pôr agachada ao lado do Ken e o sacudiu, passando por sua cara um pano úmido para que despertasse. Estava sem forças, e completamente inconsciente em um momento, e ao seguinte explodiu em ação, lançando um murro, lhe golpeando uma lateral da cara enquanto ela tentava apartar-se engatinhando. —Para! Para, Ken. Temos problemas. A cabeça do Ken estava pulsando, sua visão nadava. Sacudiu a cabeça, viu Mari agarrando o queixo. Dando-se conta do que tinha feito, engatinhou até ficar de joelhos e estirou o braço para 103


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ela, agarrando sua cara entre as mãos, seu polegar deslizando-se sobre a brilhante mancha vermelha. —Meu deus, Mari. Poderia-te ter matado. —Não tive tempo para me levantar a outro lado do quarto. Alguém está tentando matá-los. A habitação do lado está cheia de gás, e temo que alguém lance um fósforo. Tem que me ajudar a tirar todos dali, agora. Depressa… não temos muito tempo. A dor de cabeça duraria muito tempo, mas sua visão se estava esclarecendo. Não a repreendeu por deixá-lo sem conhecimento, nem fez perguntas. Tirou a camiseta com um movimento de ombros e a deu a ela, apurando-se primeiro para Jack. Mari estava um pouco assombrada pelo fato de que escolheu o seu irmão por cima de Lily, pela maneira gentil em que levantou o Jack sobre suas costas e o levou a janela. Mari engatinhou para eles e estirou os braços. Ken lhe aconteceu o corpo do Jack. Com o ar limpo, já estava começando a estirar-se, e ela se apurou para pôr algo de distancia com o edifício antes de voltar correndo. Não queria que Jack despertasse e a atacasse. Mari! A voz de Seam soou insistente e preocupada. Vou entrar e te buscar. Os outros me cobrirão. Não! Dê-me dois minutos, Seam. Não posso deixá-los morrer. Não sei por que alguém ordenaria que os matassem, mas isso não é o que fazemos, e você sabe. Se Whitney quer cometer assassinato, pode enviar a seus valentões. Correu com o corpo inconsciente de Lily em seus braços, para deixá-la tombada ao lado do Jack. Este já se estava sentando, apertando a parte de trás do pescoço, tossindo e olhando a seu redor. Pôs-lhe uma mão no ombro. —Conserva sua força; vai ter que correr em um minuto. Ela tinha que partir antes que alguém suspeitasse que sua equipe estivesse perto. Se Ken ou Jack suspeitavam que os homens estivessem aqui, jogariam a culpa a seus meninos. E se um de seus amigos morresse, cada membro de sua equipe viveria baixo uma sentença de morte. Sabia do que eram capazes homens como Ken e Jack. Sabia que seguiriam vindo até que seu sentido de justiça estivesse satisfeito. Voltou para a janela e tirou o Logan, arrastando-o tão longe como pôde. Disse-lhe isso, têm a alguém dentro. Vai fazer explodir o lugar. Está fora de tempo. Estamolos contendo para te tirar com segurança, mas estão obstaculizando. O coração de Mari golpeou surdamente. Jack estava avançando a tropeções para o edifício para ajudar com o Ryland, mas Ken não tinha saído. Ken! O que está fazendo? Vão fazer voar o edifício. Jack tinha ao Ryland pendurado sobre o ombro, seu rosto mostrava linhas sombrias. Ken estava falando com ele, ela estava segura. Ken sabia que iam voar o edifício e havia dito a seu irmão que corresse. Jack levantou Logan de um puxão, gritou-lhe algo e estirou a mão para Lily. —Vamos, Mari! Temos que ir agora. —O que está fazendo Ken? —Há outras pessoas trabalhando no edifício. Está disparando os alarmes. —Jack já estava correndo enquanto lhe dava a informação, com o Ryland sobre suas costas. Logan tropeçava atrás dele com a Lily em seus braços. Mari duvidou, dividida entre correr para unir-se a sua equipe e tirá-los todos dali a salvo, ou ir pelo Ken. Ken ganhou. Ela saltou de volta ao edifício, aterrissando com uma cambalhota e levantando-se, correndo apressada pela habitação para o vestíbulo. Escutou gritos e o som de gente correndo. Técnicos de laboratório e investigadores se apuravam para sair ao exterior. Não podia ver Ken por nenhuma parte, e avançou pelo vestíbulo, ignorando a um homem que lhe agarrou a camiseta e tentou atirar dela para uma porta. 104


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O chiado de uma sirene atravessou o ar, um ruidoso alarme que elevou significativamente a tensão. Comportas se abriram e mais gente se derramou no vestíbulo, apressando-se para a saída mais próxima. Ken! Onde está? E se ainda estava aturdido e se deprimiu? E se o homem do Whitney no interior já o tinha encontrado e lhe tinha fincado uma faca nas costas? Durante um momento não pôde respirar, um completo terror a consumiu, uma sensação que nunca antes tinha conhecido. Mari está segura? Sai de uma condenada vez do edifício. Onde está? A voz do Ken penetrou em sua mente. O alívio foi instantâneo, varrendo-a de maneira que por um momento suas pernas se voltaram de borracha. Reclinou-se contra a parede para apoiar-se, sentindo-se doente, e seu punho se fechou sobre a cruz que Ken lhe tinha dado, agarrando-a com força, como se de algum jeito pudesse mantê-lo mais perto dela. —Mari! —a voz de Seam a sobressaltou. Deu-se a volta para vê-lo correndo para ela, fazendo gestos para a saída umas poucas jardas por diante dela—. Corre. Ela se girou e se chocou contra alguém, ricocheteou e se deslizou para o chão. Seam a alcançou. Sem romper a pernada, agarrou-a pela camiseta e atirou dela atrás dele. —Corre! Vamos, Mari, corre. Dirigiram-se a toda velocidade para a saída, usando uma velocidade borrosamente elevada, passando a porta com um salto e correndo pelo terreno. Sabia que estava no lado oposto do laboratório respeito ao outra equipe de Caminhantes Fantasmas. Ainda não sabia onde estava Ken, mas sua gente os estava cobrindo e disparariam a qualquer que os tentasse deter. Tinha que voltar com eles ao complexo. Sem importar o que acontecesse, tinha que ir. Era a única maneira de proteger a suas irmãs… e ao Ken. Nada podia passar ao Ken. Manteve o ritmo detrás de Seam, mantendo-se perto das sebes para ter o maior amparo possível. Seam lhe deu uma pistola enquanto corriam lhe indicando com gestos que transbordasse a cerca de segurança. Ela guardou a pistola na cintura de seu jeans e saltou para agarrar a parte superior da alta cerca passar por cima e cair no outro lado. Ken tentaria segui-los. No momento que soubesse que se foram, iria atrás deles. E recordaria que ela o tinha deixado inconsciente. Ken Norton não era um homem que esquecesse tais coisas. A respiração de Mari saiu em um pequeno soluço, e Seam lhe lançou um brusco olhar, e ficou atrás para protegê-la. A explosão foi ensurdecedora, escombros voando enquanto o edifício explodia. A cerca estalou para fora, para eles. A comoção os lançou e os fez voar pelo ar sobre uma pequena superfície de erva, para cair com força no chão. O ar saiu dos pulmões de Mari em uma tremenda rajada, deixando-a ofegando e resfolegando. Seam se arrastou até seu lado. —Pode-te mover? Temos que seguir avançando. Ela assentiu. Doía-lhe tudo. Não podia ouvir muito bem, mas não importava. Tinha que sair daí, e tinha que fazê-lo rápido. Ficou de pé de forma insegura, usando a Seam como muleta. Seu braço estava sangrando. Em vez de correr, Seam manteve seu agarre sobre ela, inspecionando-a em busca de danos. Observou as feridas em suas mãos e rosto, as marcas em seu pescoço, e o par de jeans muito grandes. Aproximou-se mais e inalou. —Algum filho da puta te possuiu. Posso cheirar seu fedor sobre todo seu corpo - grunhiu. Era o último que Mari esperava que dissesse. —O que? Nenhuma compaixão? Nada de, como lhe trataram? Nada de, vá, dispararam-lhe, é um milagre que esteja viva? —Mari franziu o cenho para ele—. Bom de sua parte te zangar tanto 105


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por mim, Seam. Que mal que não se sinta da mesma maneira quando Bret vem a meu quarto e o deixa passar. É um hipócrita. —Isso é uma idiotice. Não é o mesmo. —Por quê? Porque não obtém sua habitual experiência observando? O que faz? Fica ali e escutas enquanto me dá uma surra e obtém o que quer de mim? Não finja estar todo preocupado porque um homem me tocou. Dá a chave ao Bret cada vez que fica excitado. —Faço meu trabalho. Você está em um programa especial. Fica grávida e as visitas pararão. Sei que está fazendo algo para acautelá-lo. Whitney conhece seu ciclo. Deveria estar já prenhe, e então ele não deixaria que Bret te voltasse a aproximar. Seam lhe deu uma bofetada. Sem duvidar. Mari lhe deu um forte murro, metendo-se nisso, empurrando com seu pé direito para usar cada pedaço de força que possuía. Seam caiu como uma pedra quando o punho dela o golpeou na maçã do rosto. Simultaneamente, uma bala assobiou justo por cima dele, exatamente onde tinha estado sua cabeça. Não te atreva a lhe disparar, Ken. Deveria ter sabido que o homem não deixaria que ninguém partisse com ela. Tenho que voltar. E uma merda. Ela detestava a implacável firmeza em sua voz… em sua mente. Sabe como se sente respeito ao Jack? Essa é a maneira em que me sinto a respeito de minhas irmãs. Não vou correr um risco com suas vidas. Assim não lhe vais disparar. Seam ficou torpemente de pé. Mari não retrocedeu, nem sequer se estremeceu, olhando-o diretamente aos olhos. —Posso ver que está muito destroçado com meu aspecto. A ferida de bala, a perna e mão quebrada, e por certo, o Zenith mata se estiver em seu sistema muito tempo… mas talvez já soubesse isso. Morri e tive que ser revivida. —O Zenith te salvou a vida. —Seam se esfregou a cara, olhando-a enfurecido. Aspirou sua essência e franziu o cenho, ainda obviamente furioso com a idéia de que tivesse estado com um homem—. Um homem te tratou como uma puta de acampamento, e está pensando que pode que dê a luz a seu bebê? De maneira nenhuma, Mari. Quando voltar, vais assegurar-te condenadamente bem de não estar grávida. —Como sabe a maneira em que me tratou Seam? Talvez me lancei sobre ele. Nunca sabe comigo. Depois do Bret, um macaco poderia parecer bom. —Conheci-te durante anos, Mari. Por que crê que ficaria nesse inferno e suportaria a loucura do Whitney? —Por que te importa? É o que vais dizer? Economize-lhe isso Te leva como meu fanfarrão com esse imbecil e logo tem o atrevimento de fingir que ainda somos amigos. Não obrigado, Seam. Matou isso faz muito tempo. O discurso do Whitney de “tomar um pelo bem da humanidade” te lavou o cérebro, mas sabe, parece que sempre sou eu a que tomo, não você. — aproximou-se mais a ele, seus dedos apertados em dois tensos punhos—. E se alguma vez me voltar a golpear, melhor te assegure condenadamente bem de que não possa voltar a me levantar, porque te matarei. Mari se deu a volta e começou a correr a passo ligeiro para a linha de árvores, com a cabeça alta, tremendo de fúria. Seam tinha sido seu amigo, alguém que lhe importava muito. O que fora que se deu procuração dele, tinha-a enojado. Sua visão ficou imprecisa e tropeçou; deu-se conta de que estava chorando e se apartou as lágrimas com o dorso da mão. Ken. Pode-me ouvir? Ela se estirou para ele, necessitando a alguém. Nunca tinha necessitado a ninguém, mas estava sacudida, zangada, e aterrorizada de que algo lhe tivesse passado. Seam a alcançou e ficou a seu passo, lhe lançando olhadas rápidas e duras, mas ela se negou a reconhecê-lo. 106


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Escutei-te, e tenho um rifle apontando a seu amigo, Mari. Ela escutou o som de seu coração pulsando em seus ouvidos. Sua mão voltou a ir à cruz que descansava entre seus peitos. —Seam. Alguma vez ouviste falar de um par de franco-atiradores chamados Norton? —Demônios, sim. Todo mundo ouviu falar deles. —Um deles te tem em seu alcance, agora. Quase te matou antes. Não escutou a bala quando te golpeou contra o chão? Não pode lhe disparar Ken. Se o fizer, como vais seguir-me de volta ao complexo? Estou-me sentindo um pouco mesquinho agora, Mari. O fôlego de Seam soou como um comprido fôlego. Olhou grosseiramente a seu redor. —Está segura, Mari? Suponho que tem razões para te sentir dessa maneira, concedeu ao Ken. Tive que pensar em algo para evitar que matassem a todo mundo, e depois de tudo, você o fez primeiro por mim. Estava te salvando à vida, justo como você salvou a minha. É assim como o chama? —OH, sim. Estou segura — disse a Seam. Assim é como o chamou você, recordou ao Ken. E só para que saiba, não sabia nada sobre o gás ou do edifício voando nesse momento. Não era minha equipe. Alguém no interior trabalhando para o Whitney fez tudo. Tenho uma condenada dor de cabeça, graças a ti. Gira à esquerda. Eu gosto de vê-lo suar. Se for à esquerda, dar-me-á mais de uma oportunidade para alcançá-lo. Ela olhou a um lado. Seam estava suando. Gotas baixavam por seu rosto e sua camiseta tinha manchas úmidas. Estas sendo mesquinho. Não precisa alcançá-lo. E teria mais compaixão pela dor de cabeça, salvo porque me deu uma primeiro e acredito que de algum jeito mereceu isso. Vou disparar ao bastardo, Mari. Bem. Tenho compaixão. Um montão de compaixão. O filho da puta não precisava te esbofetear. O coração de Mari voltou a saltar. Ken soava letal, toda a alegria desaparecida. Necessito que me ajude a tirar os outros. Realmente crê que te vou deixar partir? Tem que fazê-lo, Ken. Digo-o a sério. Seu coração trovejou em seus ouvidos. Só eram uns poucos passos mais. Uma vez que chegassem às árvores, Seam estaria a salvo de uma bala e ela poderia descobrir o que estava mal com ele. Não poderia viver comigo mesma se algo acontecesse com alguma das outras mulheres. Houve um pequeno silêncio. Ela agora estava contando os passos, tentando julgar quantos mais até chegar à segurança das árvores. Mari, se te tocar, é um homem morto. É melhor que saiba. E vou estar contigo cada passo do caminho. Não tente confundir o rastro. Isso só me vai encher o saco, e não quer ver esse meu lado. Não, não queria. Conhecia homens como Ken, e não tinham esse olhar frio glacial em seus olhos porque eram agradáveis. Conto com que me siga. Não quero voltar a ficar apanhada aqui, nunca. Então ambos estão seguros. O alivio a atravessou. Seam aumentou bruscamente a velocidade, vendo as árvores perto, e ela ficou um par de passos atrás para ajudar a defender seu corpo no caso de Ken trocava de idéia. Com cada passo que dava, o alívio se convertia em temor. Embora retornar era sua eleição, e sabia que Ken lhe guardava as costas, a idéia de voltar a estar apanhada no mundo de pesadelo do Whitney a adoecia. As outras mulheres estavam tão desesperadas como ela por escapar, indo tão longe para planejá-lo, mas inclusive seus aliados no complexo temiam ao Whitney e seu guarda107


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costas. Os homens eram cruéis e brutais. Bret tinha sido um deles. Todos haviam visto muitos combates e estavam realçados. Crê que te deixaria ir aí sozinha, carinho? Jack e eu estamos seguindo seu pequeno e quente rastro. Podemos seguir um Fantasma. Sua voz roçava contra as paredes de sua mente como uma carícia física, estabilizando-a. Poderia voltar e tirar as outras. Whitney parecia invencível, mas era só porque tinha sido a figura autoritária de sua infância. Tinha estado observando a tudo com esse olhar desapaixonado em seu rosto, tão indiferente sem importar o que acontecesse, o terrível meio sorriso em sua cara enquanto forçava obediência. Ken, a maioria das pessoas no complexo é boa gente, seguindo ordens e lutando para que todo isso tenha sentido. Não sou o demônio. Mas talvez o fosse. Ken viu Mari desaparecer entre as árvores com Seam e a contra gosto deixou cair o rifle de seu ombro. Queria apertar o gatilho. No momento que viu Seam - e soube que o homem alto era o Seam do Mari– Ken o quis morto. O disparo que tinha recebido tinha sido um tiro mortal, e Mari tinha que saber isso. Se não tivesse golpeado ao bastardo e arrojado ao chão, o filho de puta estaria morto. E por que demônios o necessitavam vivo? Mari precisava voltar para complexo secreto do Whitney, e isso ia contra todos os instintos que Ken tinha, mas demônio estava em sua cabeça e sabia que ela não se deteria tentando-o até que o fizesse. A menos que a encerrasse - e tinha contemplado fazer semelhante coisa - tinha que deixá-la retornar. Deu-se a volta, limpando a frente com a manga. Jack veio por trás. —Como demônios fazem isto os homens? Porque deixa que te diga isto, irmão é algo fodido. Está-me pedindo algo que não acredito que lhe possa dar. —Vamos - disse Jack, seu rosto sombrio—. Tomou a decisão de deixá-la partir e temos que fazê-lo agora. Não podemos perdê-la. —Lily se assegurou que o aparelho de rastreamento estava em sua corrente sangüínea? —Sim. Não gostou, mas o fez. —Como vai? —Ryland a levou ao hospital para assegurar-se de que o bebê está bem. Todos estão em seu lugar. Façamos isto e tiremos Mari dali tão rápido como podemos - insistiu Jack. Ken ficou de pé e seguiu Jack desde seu ponto de vantagem. —Sem importar o que acontecer, temos que pôr esse aparelho de rastreamento em seu lugar. Você tem um no Briony e Lily tem um. Se Whitney as agarrar, podemos as recuperar. —Não gostariam se soubessem, especialmente Mari. —A quem importa uma merda? —perguntou Ken—. Mari pode viver condenadamente bem com ele. Pedir-me que lhe deixe fazer isto é uma merda, e ela sabe. —As mulheres já não vão pela palavra “permitir”, irmão. Não é politicamente correta - Jack manteve suas costas girada enquanto escutava a seu irmão cuspir maldições. Pode que Mari se parecesse com o Briony, mas nunca ia atuar como ela. Ken tinha suas mãos atadas. —Estou surpreso de que não a encadeasse dentro de uma cova em alguma parte. —Como você tem feito com a Briony? Bry tem a inteligência para te escutar. Mari lutaria cada polegada do caminho. A tensão na voz do Ken fez que Jack o olhasse bruscamente. —Ken, sei que está lutando… Ken negou com a cabeça.

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—Nunca vá aí. Quis matar a esse homem só por estar perto dela. Não foi que a golpeasse. Foi um homem morto no momento que o fez, ambos sabemos, mas quis isso antes que fosse tão estúpido. Jack lançou um pequeno e tenso sorriso na direção de seu irmão. —Eu também o quis matar, Ken. Isso não quer dizer que algum de nós seja como nosso pai. Quer dizer que talvez necessitemos ajuda psiquiátrica, mas não o que você pensa. —Ela me volta louco. —Supõe-se que tem que voltar louco. Ken sacudiu a cabeça com desgosto. —Não sabe Jack. Tenho esta necessidade impulsiva de mantê-la em um pequeno casulo, envolvê-la em um pacote de borbulhas e obrigá-la a fazer algo que eu diga. Que tipo de homem pensa dessa forma? Jack soprou. —Virtualmente todos. Não estamos tão longe de nos pendurar das árvores, Ken - Uma sobrancelha se elevou interrogadora—. Assim, se quer obrigá-la a que faça o que lhe diga, por que não o faz? Ken se encolheu de ombros, balbuciando em voz baixa enquanto alcançavam seu veículo. —Mari é preparada, sabe. É rápida e eficaz e não o chateia. Cara deixou-me inconsciente tão rápido que não soube o que estava fazendo até que foi muito tarde - Se esfregou a parte de atrás do pescoço, mas havia admiração em sua voz—. Tentar controlar a alguém assim é como tentar sustentar água na mão. Simplesmente volta louco a um homem. —Assim, basicamente, se a encerrasse, poderia te golpear as Pelotas até o estômago e depois te sorrir enquanto jazesse no chão. —Basicamente. Jack lhe lançou um amplo sorriso. —Bom pra ela. —Certo, pode dizer isso. Não é sua mulher. Ia retornar a esse complexo sem importar o que dissesse, mas Jack, não me conhece. Só acredita que o faz. Se lhe fizerem mal –se a tocam– são homens mortos. Não serei capaz de me deter. Não importará se ela acreditar que as mulheres estão em perigo. Nada importará. —Isso não é uma grande surpresa, Ken - disse Jack—. Ambos somos bastante unilaterais em nosso enfoque para resolver problemas. Freud teria desfrutado muitíssimo conosco. Ken suspirou. Mari era preparada e sexy, muito independente, e tão dura como o que mais. Era extremamente habilidosa, estava bem treinada e era resolvida no combate. Nem sequer tinha duvidado ao golpear a Seam, atirando-o como uma pedra. E tinha sabido que sua equipe estava ali antes que ele, embora a tivesse possuído com força e ele estava convexo sem forças como uma bucha, incapaz de escutar nada salvo o batimento de seu próprio coração. Uma suave risada tocou sua mente. Agora simplesmente está sendo tolo. Involuntariamente se tinha conectado com ela e compartilhado seus pensamentos. Bom, você te recuperou primeiro, quando deveria estar te deprimindo, ou algo assim. Isso é um desafio, Mari. Desafiaste-me. Não posso deixar que creia que depois do sexo fico incapacitado. Tomarei meu tempo à próxima vez. Lenta tortura. Farei que me deseje tanto que de novo gritará por mim. Tem tanto ego. Com boa causa. Deliberadamente soou presunçoso. Qual é seu plano? Tem um plano, verdade? 109


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Estivemos trabalhando em um. Abruptamente se calou. O alarme se estendeu. Mari? Jurou. —Acredito que alguém nos ouviu. Mantive o vertido de energia em um mínimo, mas Mari não tem tanta experiência com isso. Seam está perto dela. Pode que tenha captado a quebra de onda de energia. Maldição. Que Logan nos dê um relatório. —Ken - advertiu Jack—. Não queremos nos arriscar a que Seam descubra ao Logan. Temos homens por toda parte. A tripulação do Ryland nos está ajudando. Whitney não tem isto ou acesso a isso. Relaxe um pouco. Ela não vai se escapar de nós. —Não me importa se toda a marinha está olhando. Quero que um de nós a observe diretamente e me faça saber que está viva e bem, e nos manteremos justo sobre ela. O fio em sua voz fez que Jack lhe lançasse outro olhar rápido, como se avaliasse seu humor. Começou a protestar, encontrou o brilhante olhar enfurecido do Ken e se encolheu de ombros. —O farei saber. Mas se o chateiam, teremos problemas. —Já temos problemas - pelo menos Ken os tinha. Seu estômago era uma série de duros nós que não se relaxavam. Nunca tinha tido nenhum problema realizando uma missão, mas nunca havia sentido nada antes quando as fazia. Sempre estava emocionalmente afastado. Agora mesmo tinha medo de que se alguém dizia ou fazia algo incorreto em suas cercanias, não seria capaz de controlar a violência que golpeava por sair livre. Tinha despertado de pesadelos com o coração pulsando com força contra seu peito e seu corpo empapado de suor. Despertou com uma pistola na mão. Inclusive tinha apunhalado um par de vezes o colchão, e uma vez, quando as lembranças tinham sido particularmente más, tinha rasgado seu edredom tanto que tinha estado tirando plumas do chão durante semanas. Nenhuma dessas vezes se havia sentido como esta. Sua boca estava seca, ardiam-lhe os pulmões, suas palmas se sentiam suarentas. Estava se queimando no inferno por seus pecados e tinha cometido muitos para contá-los. Nenhum dos outros sabia, mas Jack sim. Jack sempre soube. Tinha-o coberto, sempre se cobriam um ao outro, mas era horrendo ter que enfrentar-se repentinamente à aterradora compreensão de que alguém sobre o que não tinha controle podia trocar sua vida para sempre. —Logan tem Mari visualmente - informou Jack—. Seam deve havê-la deixado inconsciente. Está tombada no assento, dobrada, mas a está algemando. Ken amaldiçoou uma abrasadora fileira de obscenidades que teriam assombrado a um marinheiro. —Sabia que teria que ter encarregado desse bastardo. Em que demônios estava pensando Mari para confiar nele? —Não sei se ela confiava nele, Ken. Tudo o que captei foi sua necessidade de voltar com as mulheres que ama… sua família. —Deveria havê-la detido. Poderia havê-lo feito. Simplesmente a deixei voltar para o acampamento inimigo - seu olhar cintilou intensamente, sua boca formou uma linha severa e implacável—. Ela é a missão principal, Jack. Assegure-te de que os outros entendem isso. Não quer ter que me caçar, e isso é o que passará se chatearem isto. É o principal. As outras mulheres e Whitney são algo secundário. —Está entendido, Ken - lhe assegurou Jack—. Está permitindo que isto te afete. É um soldado e atuará como tal. Confia nela. Demônios, Ken, salvou nossas vidas e te superou, inclusive te fez cair de traseiro. Mari atua com rapidez, golpeia com força e faz o inesperado. Deunos suficiente informação para nos enrolar a uma falsa segurança, mas nada que lhe pusesse a rasteira a sua equipe ou nos levasse de volta a sua base. —Havia respeito na voz do Jack—. Puslhe uma pistola na cabeça, Ken, e nem sequer se estremeceu. Notou isso? Sua mente estava 110


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trabalhando em todo momento. Não se deixa levar pelo pânico e determina todas as possibilidades com rapidez. Não há reserva nela. —Deve ter tornado louco ao Whitney. Não gosta de nenhum tipo de oposição, mas quer esses mesmos rasgos em seus súper-soldados. Quereria controlá-la, mas não romper seu espírito disse Ken—. Estou planejando usar sexo. Montões e montões de sexo. —Sim, boa sorte com isso. —Jack arqueou uma sobrancelha para ele enquanto giravam para a estrada que levava ao pequeno campo de aviação onde Lily tinha transporte privado esperando—. Estou perdendo algo ou não teve já sexo com ela, realmente sexo genial, e sua resposta foi te deixar inconsciente? Estou equivocado? Não passou isso? —Te cale, droga. Ken colocou a mochila ao ombro e caminhou a pernadas pelo asfalto para o avião que esperava. Jack o seguiu a um passo mais depravado, assobiando desafinadamente... Kadan, o segundo ao mando do Ryland, uniu-se a eles, olhando de um a outro. —Não trocastes papéis conosco, não? —perguntou—. Porque sinceramente, Ken tem um aspecto algo hostil. —Sim. Eu sou o Norton despreocupado - disse Jack, golpeando o seu irmão com sua carteira—. Não é certo, Ken? Uma garota lhe deu uma surra e está carrancudo. —Segue assim, Jack - disse Ken—, não vais chegar a seu seguinte aniversário. —Mas então Briony estará toda desgostada e chorará todo o tempo. Provavelmente nunca sairá da cama, e você terá que te ocupar dos bebês. A sobrancelha do Kadan subiu. —Alguém te deve ter dado uma pílula de felicidade, Jack. Jack se encolheu de ombros. —Não há nada como ver uma mulher apanhar a meu irmão ao redor de seu pequeno dedo. Está açoitado… - sorriu amplamente. Literalmente. Ken balbuciou uma sugestão que era anatomicamente impossível. —Se estiver aqui, Kadan, quem está vigiando Briony? Não sentiria saudades que Whitney tentasse recaptura-lá. Jack lhe lançou rapidamente um olhar de advertência. —Já pode parar aí, Ken. A colocamos em outro lugar muito seguro, um lugar que Whitney nunca pensará em olhar. —Sabe onde vive todos os Caminhantes Fantasmas, Jack. Provavelmente também conhece as casas seguras. Agora mesmo deveria estar em casa com o Briony, protegendo-a. —Whitney não conhece essa casa. Ken esteve em silencio durante um momento. —Ela não está com um Caminhante Fantasma. Jack negou com a cabeça. —Primeiro a mandei a casa de Lily, e logo se supunha que tinha que ir visitar o Nico e Dahlia. Lily a tirou às escondidas e está segura com a senhorita Judith. Quis que se conhecessem por isso Jeff acompanhou Briony a sua casa. Prometeu-me que não deixará a casa e se manterá fora da vista. Tenho dois guardas com elas, mas Whitney nunca pensará em procurá-la ali. A senhorita Judith era a mulher que tinha dado a volta a suas vidas e que os manteve a ambos fora da prisão. Tinha sido uma voluntária, trabalhando no grupo da casa onde tinham sido colocados, e tinha visto a cólera sob o gelado e muito espantoso comportamento dos dois meninos que tinham sido arrastados constantemente de uma casa de acolhida a outra. Não lhe tinham dissuadido suas más reputações ou o fato de que se vingaram de um casal de pais adotivos por mau trato, ou o fato de que se negavam a que os separassem, escapando cada vez que o sistema 111


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tinha insistido em dividi-los. Tinha cuidadoso além de seu horrível passado, o fato de que tinham matado a seu pai e se negaram a que os separassem, sem importar o que dissesse o sistema. Era a senhorita Judith a que os tinha salvado, lhes dando amor pela música e os livros, e educação. Tinha-lhes ensinado a aproveitar a ira sem fim de maneiras positivas, e quando se uniram ao exército e, finalmente, as Forças Especiais e logo as Operações Especiais, tinham criado uma briga muito pública e acalorada para assegurar o amparo dela contra seus inimigos. A senhorita Judith tinha desaparecido de suas vidas. Partiu-se durante um ano ou assim antes de voltar para Montana. Ninguém nunca encontraria um só contato entre eles. Ken olhou fora da janela, sua mente uma vez mais procurando a de Mari. Como tinha acontecido? Tinha estado tão seguro de que ia se afastar dela, mas agora que Mari não estava, sabia que não podia estar sem ela. Tinha que encontrar uma maneira de controlar seus rasgos mais básicos. Não podia ser ciumento e dominante. Seria um desses homens dos que as mulheres sempre estavam falando, sensíveis e socialmente corretos. Observou seu reflexo na janela. Que tolice. A quem estava tentando enganar? Olhou o monstro que era. Sinceramente, toda sua intenção era controlá-la. Queria-a completamente de baixo de seu polegar. Não era um santo, nem sequer estava perto, e não ia fingir. Ela ia ter que aprender a amar ao verdadeiro homem. Tinha-lhe dado uma eleição. Havia-lhe dito que estivesse segura. Tinha-a advertido. Uma e outra vez. Seu punho golpeou sua coxa em um protesto frustrado. Mari. Maldita seja. Onde demônios está? Passou os dedos pelo cabelo, delatando sua agitação. Vamos, neném. Tem que me responder. Só toca minha mente com a tua.

Capítulo 12

—Mari, vamos, carinho, tem que despertar. A voz era insistente. Mari moveu a cabeça, e imediatamente um martelar começou a expandir-se enchendo sua cabeça. Suprimindo um gemido se obrigou a estender seus sentidos psíquicos para saber onde e em que tipo de problemas estava. Rose. Nunca podia confundir o aroma feminino e suave de Rose. Também estava Seam. O bastardo a tinha golpeado e deixado inconsciente. Pagaria por isso. Ouviu a fechadura de uma porta de metal. Som de passos. Estava no complexo. Doía-lhe o corpo, sobretudo seus braços. Tratou de aliviar a dor aproximando-os e se encontrou que estava amarrada ao sulco metálico da cama. —Mari - repetiu Rose—, acorda. Um tecido frio pressionava sua cara. Rose se inclinou. —Whitney vai estar aqui em qualquer momento venha, carinho. Precisa estar alerta. Mari entreabriu suas pálpebras e olhou a cara preocupada de Rose. Parecia um pequeno duende com seus olhos muito grandes, boca sensual e cara pequena em forma de coração. Rose era delicada e um pouco mais jovem que o resto delas, não completamente resistente no exterior, mas tinha aço baixo aquela pele suave e estrutura delicada. Sorria a Mari. —Por fim. Estávamos alarmados. —Seam me algemou. —Sacudiu suas mãos e girou sua cabeça para o homem que montava guarda—. Por quê? —Comunicava-te com o inimigo - disse ele. 112


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—Eu salvava seu traseiro, e justo neste mesmo momento, não posso pensar por que. —Mari se sentou, apertando seus dentes contra a palpitação de sua cabeça. —Me diga como o fez? Jogou a Seam um de seus melhores olhares de ira, escuro e cheio de desprezo, até fulminá-lo. Queria que fosse fulminado. Desviou sua atenção a Rose, forçando um sorriso sereno. —Estou acordada, carinho. Dói-me a cabeça como um urso, e estou pior com a roupa, mas não tive oportunidade de me dirigir ao senador. O sorriso do Rose se murchou. —Contávamos com isso. —Baixou a voz—. Whitney fez entrar seus outros guardas. Inclusive se alguns homens nos ajudassem... Aqueles homens são assassinos - tremeu, esfregando os braços—. Odeio o modo lascivo com que nos olham quando estamos no pátio. Não podemos confiar em Seam. Há algo diferente nele. Mari quis aperfeiçoar sua técnica telepática. A manipulação de energia diretamente a um indivíduo sem que outros psíquicos recebessem nem um zumbido débil era muito difícil. Se Ken e Jack Norton podiam fazê-lo, então significava que era um nível de habilidade. Mari sempre era primeira de sua classe em tudo. A competência só podia levá-la a ter êxito. Estava histérico quando nos disseram que lhe tinham disparado. E Bret estava louco. Destroçou o complexo como um louco. Assim foi como Whitney o averiguou. Todos tratamos de guardar a calma, esperando que a equipe te encontrasse e te trouxesse, mas Bret não se preocupou conosco. Ele o disse ao Whitney. —Para, Mari - rompeu Seam—, se quer dizer algo, diga-o em voz alta. Mari se encolheu de ombros. —Só contava a Rose quão desagradável é. Ela esteve de acordo. Sobretudo gostou da parte onde esteve tão preocupado por como fui tratada como uma prisioneira e trabalhei com força para me assegurar que estava curada da bala que quase me matou. Bem, o Zenith quase me matou. E isto, Seam? Sabia o limite de tempo do Zenith? Sabem todos os homens, ou Whitney só escolheu a uns quantos? A porta se abriu. Mari ficou rígida. Embora estivesse de costas à porta, soube o momento em que Peter Whitney entrou no quarto. Havia um aroma distinto nele que não podia identificar completamente, algo... Apagado. —Bem, bem - disse o doutor Whitney como saudação—. Nossa pequena Mari metida em problemas como de costume. Foste retirada da aventura. Mari não tinha idéia do que Whitney havia dito, mas não ia lhe dar algo grátis. Deu-se a volta, estirando-se perigosamente, esforçando-se por parecer aborrecida. —Sou um soldado. Sentar-me a esperar ao idiota do Bret era aborrecido. Arrisquei-me e fui por um pouco de ação. É para o que fui treinada. —Está treinada para seguir ordens - corrigiu Whitney—. Rose sai agora. Rose apertou o braço de sua companheira. Seu corpo bloqueou o gesto. Sem uma palavra saiu do quarto, deixando sozinha a Mari com o Whitney e Seam. —Seam me diz que necessita a pílula do dia seguinte para estar seguros que não está grávida. Estiveste confraternizando com o inimigo? Ela levantou a cabeça e o olhou fixamente aos olhos. —Ken Norton. Foi quem me disparou. Parece que também o fez parte de seu programa. — Viu a mudança em sua expressão. Euforia. Esperança. As emoções jogavam detrás de sua expressão superior. Queria-a grávida do Ken Norton. —Então Seam tem razão e poderia estar grávida? —Whitney sabia seu ciclo melhor que ela. Mari se encolheu de ombros. 113


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—Tivemos sexo. Suponho que poderia passar. Whitney a estudou com a mesma indiferença que tinha notado quando estudava a seus animais no laboratório. —Esperaremos uns dias e a examinaremos. Seam avançou agressivamente. —Não. Não. Se esperarmos, será muito tarde e terá que abortar. —Norton tem um código genético extraordinário - disse Whitney—. Treinado no Centro, o menino poderia ser tudo o que estivemos esperando. Não, esperaremos e veremos. Enquanto isso, Mari, necessita uma verificação para determinar se suas feridas de todos os modos podem lhe prejudicar, e é obvio, estará encerrada durante uns dias para estar seguros de que não temos uma repetição deste incidente. Se pudesse estabelecer que tivesse desertado por motivos de inatividade, que a rebelião entre as mulheres era, sobretudo devido ao aborrecimento, ele poderia entendê-lo. Whitney os tinha educado em um ambiente militar, e estava preparado para raciocinar que depois de ter exercícios físicos e aprender sobre armas durante horas cada dia, não poderiam só estar sentadas. —Necessito ação. Doutor Whitney. Espera que fique sentada porque um homem me golpeou? Voltar-me-ei louca. Sou um soldado. Ao menos me dê alguns exercícios de formação. As outras mulheres sentem o mesmo. Ele riu dela, um frio e vazio sorriso. —Quer que creia que a inatividade é a razão pela que esteve causando tantos problemas ultimamente? —Algumas vezes tratei de lhe falar - fulminou com o olhar a Seam como se não lhe tivesse levado as mensagens ao doutor—. Não me deixava me aproximar. —E seu rechaço ao Bret? Também era aborrecimento? Mari esfregou a palpitação de sua cabeça. —Bret é um asno. Não quero ter a seu bebê. Deixei isto muito claro. Não é tão inteligente como você parece pensar. E é muito fácil lhe fazer perder os nervos. Meu menino sempre vai estar tranqüilo baixo o fogo. Nunca perdi durante uma missão, nem uma vez. Li o arquivo do Bret, e tem questões que melhor não passar a seguinte geração. —Bem pensado Mari, como sempre - disse Peter Whitney—. E tem objeção em ter um menino do Ken Norton? —Não tenho nenhuma, embora eu gostasse de ler seu arquivo se tiver um. Por isso posso ver, tem extraordinários talentos psíquicos, e ganhou uma reputação como um dos melhores francoatiradores no negócio. Disse-me Seam isso. —Não o fiz. —Estava em sua mente quando te perguntei sobre o Norton. —Quer que creia que deixou esta instalação a fim de participar de uma missão porque estava aborrecida? Olhou-o sem estremecer-se. —Fui. E o farei outra vez na primeira oportunidade se me faz seguir vivendo como até agora. Ninguém pode viver assim. Temos que correr e seguir trabalhando em nossas habilidades, tanto físicas como mentais. Estamo-nos voltando loucas sem fazer nada todo o dia. Whitney levantou uma sobrancelha. —Suponho que poderíamos fingir que não me ameaçaste cortando minha garganta na primeira oportunidade que tenha e que a única razão de que não o tem feito é porque comprei sua cooperação sustentando uma arma na cabeça das outras mulheres, suas aborrecidas irmãs soldados. 114


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Mari, silenciosamente amaldiçoou sua grande boca. Tinha-o ameaçado em muitas ocasiões, querendo dizer cada ameaça. Whitney não ia comprar seu ato de cooperação. Tentaria outro recurso. Mari baixou o olhar a suas mãos algemadas, tratando de parecer bronca. Seam grunhiu com incredulidade e lhe lançou um rápido olhar. —Há uma coisa mais que deveria saber. Encontrei Lily. Encontrei a sua filha. Salvou minha vida. —Depressa elevou a vista para ver a expressão de sua cara. Houve um comprido silencio. Whitney estava de pé sem mover-se ou falar, piscando como se estivesse confundido. —Doutor Whitney? —Seam rompeu o silêncio—. Necessita um copo com água? Whitney sacudiu a cabeça. —Lily é brilhante. Ultimamente estive tão orgulhoso de seu trabalho. Ela foi uma principiante rápida e muito ardilosa. Parecia sã? Mari assentiu. —Parece muito sã e é obviamente feliz. —E grávida. Por que não me disse de seu embaraço? —Whitney se inclinou, pegando sua cara perto da sua, com olhos furiosos. Podia zangar-se notavelmente quando alguém frustrava seus projetos. E agora estava zangado. —Não tive oportunidade, e não sabia se estava informado, e quis dizer-lhe brandamente. Sei que a boa criação é importante para você, e eu estava… assustada. —Deixou que sua voz se acalmasse tentando parecer indefesa e causar pena. Não era boa nesta merda de ser atriz. Preferiria ferver em azeite a fingir preocupação e ser uma pequena moça de olhar nervoso. Rose lhe assegurou que o da moça funcionava, entretanto, sentia-se ao bordo do desespero. Elas lhe disseram que os soldados sempre se apaixonavam por ela, e Whitney se sentiria repugnado e se afastaria. As outras mulheres realmente tinham muita prática em parecer chorosas. Todas tinham rido dela, e agora mesmo lamentava não ter prestado mais atenção a suas lições. Realmente, queria que Whitney se afastasse. —Viu seu marido? Mari outra vez assentiu. Uma coisa que tinha aprendido sobre o Whitney durante todos estes anos consistia em que tinha poucas habilidades sociais. Estranha vez se incomodava em ler às pessoas, certamente não o bastante para saber se dizia a verdade ou não. Se pudesse lhe dizer o que queria ouvir… Escolheu suas palavras com cuidado. —Sim, é definitivamente um bom soldado e psiquicamente talentoso. —Manteve seu tom relutante. —Mas… - pressionou Whitney. —Duvido que seja seu igual intelectual. —Por que o pensa? Whitney nunca antes tinha perguntado sua opinião. Esta era uma pergunta de brincadeira; sabia por seu tom e o olhar agudo que lhe dirigia. —Não tenho nem idéia. —Lily é inquestionavelmente brilhante. —Como primeiro salvou minha vida. Tem descoberto que o Zenith mata se ficar em nossos sistemas muito tempo, mas você já deve sabê-lo. —É obvio. —E os riscos são aceitáveis por que…? —Não tenho que lhe responder. —Não, não tem que me responder. Mas cálculo que é aceitável porque as vantagens são mais que os riscos. Aqueles de nós que necessitamos âncoras podemos funcionar sem que estejam 115


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muito perto. Se somos feridos, curamo-nos muito mais rápido, e se somos capturados, não temos tempo para dar informação baixo tortura. — Manteve a cara séria, simplesmente informando, não pensando que lhe poderiam romper seu magro pescoço. Quis recitar os motivos diante de Seam. Porque freqüentemente Seam dirigia as missões e o tinham enchido desta medicina. Seam que tinha traído às pessoas que tinham sido sua família. Seam encontrou seu fixo olhar e desviou os olhos. Bom. Finalmente o conseguiria. —Mari será levada à instalação médica para que lhe examinem. Em uns dias faremos à prova de embaraço. Enviar-te-ei o arquivo do Norton assim pode ler os dados que compilei. Acredito que verá que é uma boa partida. O homem saudou com a cabeça. Contendo seu fôlego, com medo, não foi capaz de esconder o alívio que sentiu. A história era plausível, e Whitney estava feliz com a possibilidade de que tivesse concebido ao menino do Ken, por isso não indagaria muito. Esperou até que se foi e procurou a Seam. —Abre as algemas. —Mari, isto não terminou. Se não tiver ao bebê desse homem... —Melhor dele que do Bret. —Tomarei cuidado do Bret. — Alcançou suas mãos e abriu as algemas. Esfregou suas maltratadas mãos e lhe dirigiu outro olhar de ódio. —Não tinha que as pôr tão apertadas. Seam tomou sua mão, deslizando o polegar sobre as contusões. —Forçou-te Norton? Retirou suas mãos. —Deveria haver me perguntado isso faz horas. Maldição é muito tarde para mostrar preocupação. Vá ao diabo Seam. —levantou-se, e se teve que agarrar para impedir de cair e manter-se parada, apertando seus dentes contra a feroz palpitação de sua cabeça—. Golpeou-me outra vez? —De maneira nenhuma. Não ia te dar uma desculpa para que me matasse. E sabia que despertaria zangada. —Estendeu a mão e capturou sua mão outra vez—. Pus realmente aquelas coisas muito apertadas, tem contusões. Separou sua mão outra vez e esfregou sua palma pela coxa de seu jeans. —Seam, realmente estou zangada contigo. —Sei. Realmente nos assustou como o inferno. Maldição Mari, dispararam-lhe. —Tudo foi perda de tempo. Ninguém estava ali para matar ao senador Freeman. Ambas as equipes o protegiam. Poderia ter sido a ameaça um truque de publicidade? E por que enviariam duas equipes especiais de Caminhantes Fantasmas para fazer o mesmo trabalho? Não há muitos de nós. Não poderiam ter incorrido em um equívoco. —Lentamente deu um passo e o quarto girou—. De todos os modos, que demônios me fez Seam? Estabilizou-a agarrando-a do braço. —Droguei-te. Provavelmente é a reação com o que já tinha em seu sistema. —Bem, então isto está bem - o disse em seu melhor tom sarcástico, desejando ter uma faca para cortá-lo da garganta até o ventre—. Ainda estou realmente zangada contigo. Atuou como um estúpido. Deveria ter deixado que Norton te disparasse. —Realmente falavam de me matar? —Sim. Não gosta, mas lhe disse que tinha um lado bom. Quando perguntou qual era, não o pude recordar. Tenho que passar por meu quarto antes de ir com o doutor. —Supõe-se que te levo diretamente à ala médica.

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—Seam, não me faça te dar uma patada. Tenho que parar em meu quarto. Isto tomará dois minutos. Não posso levar estes sapatos um minuto mais. Se por acaso não o notaste, não são meus. —Troquei-os para rastrear dispositivos. —Trocou-me os sapatos por uns que fazem mal a meus pés e me dão calos? —Correto. —Seam jogou uma olhada a seu relógio—. Mas temos que nos apressar. Sabe como é Whitney; quer que lhe expliquemos cada minuto. —Pode lhe falar sobre os calos de meus pés. O primeiro que lhe ensinam para ser um bom soldado é tomar cuidado de seus pés. —separou-se dele—. Estou bem agora exceto pela dor de cabeça. Não lhe perdoarei isso por um tempo muito comprido, se por acaso está interessado. —Não sei que me passou. Mari, quando começou a falar de ter sexo com o Norton, perdi a cabeça. Sinto te haver golpeado. Mari o olhou fixamente. A cólera estava viva, emanando e vivendo baixo a superfície de sua expressão deliberadamente tranqüila. —Teria estado perdido se não tivesse respondido. Norton pelo visto não esta muito afeiçoado com os homens que golpeiam as mulheres. Teria-te disparado diretamente na cabeça. —Está realmente zangada comigo, verdade? —Seam sustentou a porta aberta para ela. —Crê? Fui tomada prisioneira e eles me trataram melhor que você. Seam conheci-te durante anos. Pensei que fossemos amigos. Converteste-te em um estúpido. —sentou-se no bordo de sua cama de armar e se inclinou para desatar os sapatos. —Sim, trataram-lhe tão bem que dormiu com um deles. —A irritação estava em sua voz. Mari lhe lançou o sapato com mortal pontaria, golpeando-o no centro do peito. —Não sabe nada do que me aconteceu, é tão obtuso. — Deu-lhe as costas, atirando de seu cabelo com frustração, e soltando um assobio de cólera. Deslizou sua mão rapidamente para tirar a cadeia trancada de ouro que tinha ao redor do pescoço. O movimento foi rápido, a cadeia fico amontoada em sua mão fora de sua vista—. Vê minhas sapatilhas em alguma parte? Pensei que estavam aqui. Ajoelhou-se para olhar em baixo da cama, empurrando a mão em baixo do colchão quando apoiou seu peso contra a cama de armar. —Vê-as? Seam abriu as portas do armário. O quarto de Mari era austero, nada fora de seu lugar. Não podia imaginar que as sapatilhas estivessem em baixo da cama. —Não vejo nenhumas sapatilhas em nenhuma parte. Por que não agarra um par de meias três - quartos se não quer levar postos os sapatos? —sacudiu-lhe um par. Mari os agarrou e se afundou na cama de armar outra vez. —Seam, como passou tudo isto? Quando se foi ao demônio? —Só te ponha as meias três - quartos. —Se Bret voltar, juro que um de nós não vai sair deste quarto vivo. —Fez uma pausa, a meia três - quartos aparecia perto dos dedos do pé. Seu olhar fixo encontrou o de Seam—. O que quero dizer, é que não posso deixar que me toque outra vez. Odeio-o tanto. —Tomarei cuidado disso. Encontrarei a maneira. —Me estiveste dizendo isso durante semanas. Não sou quão única é forçada a fazer algo asqueroso, Seam. Falamos disto e me disse que conseguiria que Whitney te escutasse, mas não o fez. Honestamente quereria viver desta maneira? —Colocando os sapatos se levantou, seguindo-o para a porta. —É Bret a razão pelo que o fez? Esperas que Whitney o afaste de ti se estiver grávida do bebê do Norton? —Conduziu-a pelo corredor para o elevador. Mari passou os dedos pelo cabelo, traindo sua agitação. 117


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—Não o aceito. De uma ou outra forma, não o aceito. —Whitney me disse que não quer que as mulheres tenham sentimentos com respeito aos homens, porque se o emparelhamento não funcionar, por alguma razão ela não fica grávida, ou o bebê não é o que ele espera, enviará a outro companheiro. Ficou rígida. —O bebê não é o que espera? Exatamente o que planeja fazer com um bebê que não é o que ele espera? Seam franziu o cenho. —Eu não o tinha pensado. Talvez dá-lo em adoção? —Dá-lo em adoção? —Arrastou os pés, reduzindo a marcha enquanto caminhavam pelo corredor para o laboratório. —Bem, venha. Mari, não pode me dizer que quer vadiar com um menino choroso pendurado a ti. —Se for meu menino, sim. É o que desejaria? Que seu filho fosse enviado longe? —Não sei o que quero. Quando Whitney fala de como o realce genético pode salvar tantas vidas e se só desenvolvêssemos um batalhão com habilidades superiores, tanto os homens jovens e as mulheres nunca teriam que perder suas vidas ou ter sérias feridas, tem sentido. Eu posso sair e realizar o trabalho para o que fui treinado e saber que alguém mais, alguém inexperiente, seria provavelmente assassinado se eu não fizesse meu trabalho. Não tem sentido trabalhar para o descobrimento de uma solução contra a guerra? —Os bebês ainda são nossos meninos, Seam - indicou—. Não são robôs: merecem ter a mesma opção que tem um adulto. Merecem os mesmos direitos que têm outros meninos. Seam abriu a porta do laboratório médico e esperou que entrasse primeiro. —Se só o pudesse escutar, Mari. —Ouvi-o. Ele me criou. Encontrou-me em um orfanato, as instalações e laboratórios como estes foram minha casa desde aquele dia. Não joguei como outros meninos, não sabia que era normal. As artes marciais e as armas de fogo eram o normal para mim. Nunca estive em um parque. Nunca subi em um balanço ou me baixei que um tobogã, Seam. Eu jogava no campo de batalha dos seis anos. Nunca tive férias. Ninguém me agasalhou de noite. É a classe de vida que quer para seu filho ou filha? Seam sacudiu sua cabeça. —Falarei com ele outra vez. —Isso não servirá. Sabe. “Só apresentará seu argumento é pelo bem da humanidade”, e ninguém pode opor-se a isso. Não tem emoções Seam. Oferta à emoção totalmente. Quando conforma a um casal, é só atração física. Ou é o que parece ser. Não quer o risco de uma emoção, porque então os pais se poderiam preocupar um pelo outro assim como por seu menino. O que acontecerá experimentar com o menino ou se pensar que o emparelhamento não é o que queria depois de tudo e quer que o casal rompa? —Não o faria. —Não? Penso que te engana e não entendo por que. Tivemos centenas de discussões a respeito e sempre estiveste de acordo com o resto de nós. Seam o que esta Whitney fazendo está mau. Mari olhou ao redor dos mostradores frios de aço inoxidável, as pias, e as mesas cirúrgicas. Odiava este quarto. Tão frio, embora quando acendiam os focos, era absolutamente quente. Os instrumentos cirúrgicos pareciam instrumentos de tortura ordenados em pequenas bandejas. Tirou seu olhar dos bisturis e se obrigou a rir do pequeno homem magro que a esperava. —Doutor Prauder, reporto-me para uma verificação. 118


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—É o que ouvi. Whitney quer um reconhecimento completo teu. —Estou aqui para lhe dar o que precisa - disse forçando um tom alegre. Seu estômago era um nó pensando no que vinha. Não olhou a Seam. Ele sabia bastante bem que detestava os golpes e as espetadas. Whitney até tratou de extrair suas memórias. Não importava humilhá-la ou que tão privado fosse, tudo era registrado. Tomou a bata que o doutor lhe deu e se trocou em um pequeno quarto, discorrendo em sua cabeça para controlar o tremor. Ken, onde está? Se alguma vez necessitou a outro ser humano para obter algo, agora era esse momento. Não queria que eles lhe dessem a pílula do dia seguinte. Não queria que tocassem seu corpo decidindo se necessitava mais disparos ou outro dispositivo de rastreamento. Detestava perder o controle, quão vulnerável e desesperada se sentia quando era atada com correias e saber o que os doutores eram capazes de fazer independentemente de que Whitney decidisse seu destino. Sobretudo detestava o modo dissimulado, muito pessoal com que Prauder a tocava pretendendo ser impessoal. Whitney freqüentemente via os exames. Parado ao outro lado do cristal, contemplando-a com aquele terrível e pequeno sorriso como se fosse uma rã que ele dissecava. A que distância estava Norton e sua equipe? Teriam perdido sua pista? Tinha conseguido Seam lhes disparar e estava apanhada aqui sozinha? E se estivesse grávida? Whitney levaria o seu bebê e nunca o veria - não se sabia que era do Ken Norton. Tinha parecido muito contente, e era estranho que Whitney estivesse contente. —Mari está preparada?— perguntou Seam. —Em um minuto. —Dobrando a camisa com cuidado, passou sua mão sobre o material acariciando-o. Era estúpido e infantil e a fez querer afogar-se, mas não podia parar. Vão examinar me. Sabe o que implica? Enquanto me examinam, têm um guarda que está parado aí mesmo, olhando a coisa inteira. E uma câmara registra tudo e ao Whitney me olhando fixamente através do cristal. Não havia nenhuma razão de dizê-lo. Era estóica sobre isto - bom, usualmente era estóica. Às vezes lutava e os guardas terminavam com os ossos quebrados e os olhos morados, logo a sedavam. Suprimiu outro tremor e sustentou a camisa em sua cara, inalando o aroma do Ken, esperando guardá-lo com ela nas próximas provas. —Que demônios toma tanto tempo? —exigiu Seam. —Pegaram-me um tiro, idiota. Minha perna estava quebrada. Embora esteja de tudo curada, ainda me dói, então sou uma pequena inútil me tirando os jeans. Tem uma entrevista? Estou-te atrasando um pouco para sua importante entrevista, porque francamente, Seam, não me oponho se quer pospor este pequeno acontecimento. Seam murmurou uma obscenidade que pretendeu não entender. Respirou fundo e soltou o ar antes de tirar os jeans. Só uma vez, por um momento em sua vida, queria que a apoiassem. Era estúpido. Sua educação inteira foi sobre independência e disciplina. Sobre confrontar a dor, tarefas impossíveis e completar a missão acontecesse o que acontecesse, ainda se o preço fosse pessoal. Tinha saboreado a liberdade, ironicamente como uma prisioneira, e era muito mais difícil confrontar o estéril de sua vida. A contra gosto, Mari colocou a camisa do Ken na cadeira e se cobriu com a bata. Fez um gesto a Seam quando subiu à mesa. Odiava isto. Odiava-o. Whitney também sabia. Tinha tentado durante anos vários modos de distrair-se, advogando com música, tentando um diálogo fluido, nada funcionava. Era um inseto, fixado à mesa, preso com correias e completamente nua, para ser examinado e dissecado justo como as rãs, outros animais e répteis na classe de biologia. 119


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A luz fez clique e se acendeu brilhante e quente; brilhando sobre seu corpo, iam ver cada sinal que Ken lhe tinha deixado. Fotografariam-na e registrariam, converteriam uma lembrança formosa em algo feio e depravado. Sentou-se antes que o doutor pudesse atá-la com as correias. —Não posso fazê-lo agora mesmo. Sinto-o Seam, não posso. —Venha Mari, não me volte louco - disse Seam, lhe sustentando à mão. O doutor retrocedeu, jogando uma olhada para o cristal. Ela seguiu seu fixo olhar vendo Whitney parado olhando-a com seus olhos mortos. Mari se deslizou da mesa e foi à janela. —Não posso. Não posso fazer isto agora mesmo. Não posso lhe dizer por que, não sei por quê; só que não posso fazê-lo. —Mari, estou extremamente decepcionado - disse Whitney pelo intercomunicador—. Deixou esta instalação sem permissão e não te castiguei. Este exame é necessário. Tiveste-os centenas de vezes e não há nenhuma razão para que esteja desgostada. Retorna à mesa. —Meu corpo me pertence. Não quero compartilhá-lo com a ciência. —É um sujeito de prova de laboratório e segue ordens. —É o que sou? —afastou-se da janela, sentindo que Seam se aproximava—. O que é Seam? É também um sujeito de prova? —Mari. Não existe fora desta instalação - disse Whitney—. Ponha-Te na mesa ou te castigarei. —Vai enviar-me ao Bret? Drogar-me? Golpear-me? O que acontecerá com seu precioso bebê se o fizer, Doutor? Dano cerebral? Talvez fracasse. Isto também poderia passar verdade? Nunca tive medo de seus castigos. Seam estava perto. Muito perto. Era perito e a diferença dos outros guardas, realmente se tinha treinado com ela e sabia suas debilidades. Trocou a posição do corpo ligeiramente, só ligeiramente, o bastante para ser capaz de mover-se rápido e bloqueá-lo se se lançava sobre ela. —Não temos que fazer isto, Mari. Não pode ganhar. Inclusive se por algum milagre consegue me derrubar, outros dez guardas entrariam para me ajudar. Qual é o ponto? —Já te derrubei uma vez. Terei mais possibilidades. —Permiti-o. Tinha que me aproximar e ambos sabemos. —Como me vais derrubar, Seam? Golpeando-me no estômago? Deixar-me inconsciente com a seringa de injeção que sempre leva?— Chamou-o com um dedo—. Vem. —Espera! —Whitney estalou—. Mari, não seja ridícula. Ninguém vai tocar-te. —Falou por seu rádio e lhe enviou seu meio sorriso, a que ela detestava—. É obvio não vamos forçar-te. Queremos sua total cooperação. Durante um breve momento celebrou regozijada. Tinha tido razão. Whitney não queria arriscar-se e possivelmente machucar a um menino não nascido de um dos gêmeos Norton. Estudou sua cara quando se afastou a Seam. Seu coração saltou. Tramava algo. —Mari - Seam vaiou seu nome, pouco mais que um sussurro—. Sobe à mesa. Ela sacudiu sua cabeça, mas seu desafio minguava. Whitney era a única pessoa que a aterrorizava. Quando mais sorria ou parecia amável, mais espantoso chegava a ser. Retrocedeu ante Seam. Se só pudesse ter uns dias, talvez às marcas que Ken tinha deixado se desvaneceriam, não poderiam ser fotografadas e registradas e postas em um arquivo do Whitney para mostrar e divulgar a quem quisesse. Era muito íntimo, como se ele tivesse testemunhado a loucura de sua paixão. —Mari, está baixando a uma das outras mulheres. Mari fechou seus olhos contra a incineração repentina. —Está seguro? 120


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Mas não teve que perguntar. Cami apareceu, seu cabelo escuro lhe caía debaixo de suas costas, era uma concessão por ser mulher. Era um bom combatente e Whitney a detestava quase como detestava a Mari. Cami caminhava com os ombros retos como um soldado que tinha sido tomado prisioneiro e rechaçava ceder. —Mari. Voltou - disse saudando—. Estávamos preocupadas com ti. As notícias foram que lhe dispararam. —Minha perna. O Zenith me arrumou e logo quase me matou. Pelo visto quando está em nossos sistemas muito tempo às células começam a deteriorar-se e morremos sangrados. —Mari riu do Whitney—. Só uma informação que foi passada por cima quando fomos informados. —Então, por que estou aqui?— perguntou - Cami ao Whitney. —Deixarei a sua companheira explicar lhe disse isso Whitney. Cami girou seu olho azul vivo para Mari. —Está bem, Mari. —Sua voz foi suave, tranqüila—. Independentemente do que te faça fazer; pode ir-se ao diabo. —Eu esperava isto de ti Camélia. —Whitney seguiu rindo delas com seu habitual modo frio, seus olhos mortos olhavam com interesse. —Mari, não vale a pena - repetiu Seam—. Ao final… —Sempre consegue o que quer - terminou Mari—. Tem razão, Cami. Torturar-te-á, derrubarme-ei e minha pequena rebelião será por nada. Cami lhe jogou uma brusca olhada. —Não é por nada, Mari. Somos uma equipe e nos cuidamos mutuamente. É o que nos ensinaram e como trabalhamos. Mari se girou para esconder seu repentino desejo de sorrir. Cami estava alimentando o ego do Whitney. É obvio o amaria ouvir como a formação que lhes tinha dado funcionava. Eram uma equipe e como equipe se cuidavam um ao outro. Sentir-se-ia contente por isso, como se ele lhes tivesse lavado o cérebro com tal lealdade, que suportavam tudo pelo outro. Era tão vão, tinha um ego tão enorme, isto era uma arma que poderiam usar contra ele. Todas eram cuidadosas para usá-lo frugalmente, mas o tiravam quando queriam desativar uma situação. Whitney sempre usava seu profundo afeto um para o outro contra elas. Ele tratou de lhes indicar que isto era uma debilidade, que elas deveriam ser uma unidade sem emoções pelas outras. Disse-lhes que seriam mais fortes, e provavelmente tinha razão de algum modo. Se se tivessem apegado a sua filosofia, não tivesse sido capaz das usar umas contra as outras. —Cami está pronta para tomar seu castigo, Mari - disse Whitney. Não havia nenhuma inflexão em sua voz, mas quando a olhou, seus olhos brilharam com regozijo fanático. Desfrutava destes momentos - as decisões que tinham que tomar. Tudo isto era muito interessante para saber até onde iriam pelo outro. O estômago lhe revolveu. Teria que encontrar um modo de suportar a humilhação. Tudo isto era parte do processo de desumanização. Trata-os como espécimes de laboratório, e não só os doutores e guardas, a não ser as mulheres, começariam a verem-se como objetos. Tragou a bílis que se elevava por sua garganta. Podia confrontar o combate corpo a corpo, que lhe disparassem, podia correr milhas, e que a deixassem no meio do território inimigo, e não estremecer-se, mas isto, isto era seu próprio inferno pessoal. Retrocedeu até que suas pernas golpearam a mesa. —Vais estar bem - disse Seam brandamente quando agarrou seu braço e o sujeitou com a correia—. Sabe que não vou deixar que te passe nada. Não o olhou.

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—Quantas vezes me despiram completamente e examinado diante do mundo. Seam? — perguntou. —Sei que vós dois sussurram - repreendeu Whitney—. Não está permitido. —Ele me chama idiota - disse Mari. Reclinou-se, tratando de não parecer tão desesperada como se sentia. Onde está? Preocupa-se? E isto é o que era tão completamente estúpido. Provavelmente não se preocupava. Tinham tido sexo. Grande sexo. Mas ainda sexo. Não era amor. Ele não sabia quanto o amava. Nem sequer ela sabia o que era o amor. Talvez não houvesse tal coisa. Ele provavelmente estava centenas de milhas longe. Estendeu a mão de todos os modos, porque tinha que encontrar um modo de passar isto. É obvio não se preocupa. Por que o faria? Não é como se fôssemos à classe de gente dos filmes. Era sexual. Só sexo e nada mais. Manteve seus olhos fortemente fechados quando fecharam as correias de couro em suas mãos e tornozelos. Seam lhe tirou a bata e a deixou exposta às brilhantes luzes, ao olhar de soslaio do Prauder, e os olhos mortos do Whitney.

Capítulo 13

Mari não gritaria. Nunca daria ao Peter Whitney essa satisfação. Ouviu quando contiveram o fôlego e soube que olhava as marcas no interior de suas coxas e peitos, virtualmente por toda parte de seu corpo. Poderia ser mais humilhante? Cami estava ainda no quarto. Todos a contemplavam. Podia ouvir o zumbido da câmera e o estalo distinto quando o doutor tomou as provas fotográficas. Parecia um vil filme pornográfico com ela como estrela. —São marcas de dentes?— estalou Seam—. O bastardo a atacou. —Seam, se não pode observar simplesmente em silêncio, chamo a outro guarda - disse bruscamente Whitney—. Os homens mostram sua paixão sexual de várias maneiras. Este é um quebra-cabeça interessante. Agora fique tranqüilo, para que possa processá-lo. Cami tocou a mão do Mari em um esforço por consolá-la. Uma inundação fresca de lágrimas queimou detrás das pálpebras de Mari, lutou por conter-se, manter sua cara tranqüila quando parecia pedaços. —Penso que podemos prescindir da presença de Camélia. Levem-na de novo a seu quarto. —Havia um fio na voz do Whitney, como se sua paciência se estivesse acabando. O doutor começou a falar em seu gravador, uma descrição lenta e cuidadosa de cada polegada de seu corpo. Era uma narrativa desapaixonada, uma clínica descrição que só servia para fazer que a situação parecesse pior. Sentiu um fôlego ao longo de seu pescoço, um sussurro de um toque contra sua garganta. Fóde-os, Mari. Pensa em mim. Pensa em nós. Posso te levar longe desse quarto e daqueles velhos verdes. Este é provavelmente o único modo em que podem acabar atando e expondo a uma mulher dessa maneira. É tão formosa que têm medo de te tocar, e isso agora mesmo está bem. Eu teria que matá-los e isto significaria revelar o grande plano. Agora se eu te atasse, não soaria como um réptil morto, eu lhe fodería tão quente que provavelmente me desonraria. E provavelmente não deveria nem ter soprado a palavra. Infernos, mulher, nem sequer posso pensar em ti sem me pôr duro como o inferno. A voz do Ken se deslizou em sua mente, um sussurro jocoso que a fez querer rir. Lutou para manter a energia só em uma linha, longe de todas as demais, mas ainda se a descobrissem, suspeitariam que se comunicava com as outras mulheres. Pode realmente me afastar deste quarto enquanto eles fazem isto? 122


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Ken descansou sua cabeça em seu braço. O que poderia lhe dar para que se desligasse, enquanto Whitney e seu patético doutor a torturavam? Havia uma hipótese, mas não seria hoje. Sua equipe estava no lugar. Agora que tinham encontrado o refúgio diabólico, tinham que preparar um plano para tirar as mulheres vivas. Whitney não vacilaria em matar e destruir todas as provas de sua investigação. Ken não tinha dúvida de que o complexo inteiro estava alambrado para fazê-lo voar se fosse descoberto. Ken? Sua voz era instável. Sua cólera golpeava nela. Golpeando em sua cabeça de maneira que esta palpitava. Lamento-o neném, só me concentrei muito em sua situação. Não podiam entrar somente disparando suas armas, mas Peter Whitney, com tudo o que Lily havia dito, tinha que morrer. Não podiam lhe permitir seguir com seus vis experimentos. Só podia imaginar como se sentia Mari. Este lugar tinha sido sua casa, aquele homem seu único guia estável, e de todos os modos era tratada da mesma maneira que Ekabela o tinha tratado. Despindo-o completamente, desumanizando-o, despojando de seu orgulho de sua decência e reduzindo-o a algo menos que um animal. Mari cheirava a selva, sentia o calor e a umidade das gotas de chuva em sua pele. A sensação era real, tanto que ouviu o grito de um macaco e a chamada persistente das aves. Manteve seus olhos fechados, sabendo que via uma lembrança do Ken devido a um descuido provocado pelo que sentia. O aroma de sangue atacou suas fossas nasais e provou o sabor acobreado em sua boca. Uma cara estava ali, um homem com os mesmos olhos mortos do Peter Whitney, e a faca em sua mão estava coberta de sangue. Ken estava estirado, preso fortemente com magros arames que cortavam sua pele. Mari não tinha notado que tivesse cicatrizes em suas mãos e tornozelos, mas com este pequeno vislumbre de seu passado, estava segura que as tinha. Por que não tinha notado algo tão importante? Bebê. Sussurrou com carinho como uma carícia física. Não poderia notá-lo com todas as demais cicatrize. Sinto te haver levado aí. Foi um acidente. Sei. Lamento que eu não possa te confortar. Porque ao lado do que ele tinha agüentado, os castigos humilhantes do Peter Whitney eram coisas de meninos. E esta era uma forma de castigo mais que um registro documentado para o Whitney. Tinha deixado o complexo sem permissão, e isto era uma coisa que ela sabia que ele odiava. Mas não se agachava diante dela, desapaixonadamente cortando com uma faca muita afiada sua pele enquanto outros se agrupavam a seu redor rindo. Mulher supõe-se que lhe consolo não que compartilhamos lembranças. A lembrança me estabilizou. Posso passar por isso. Odiava a idéia de que vissem as marcas que me deixou no corpo e que soubessem como as tinha posto. Pensei que converteriam algo especial em um pouco totalmente diferente, mas estou orgulhosa das marcas que me deixou. Que se foda Whitney. Não vai afastar-te de mim. Outra vez sentiu a carícia de seus dedos com o passar do pescoço, como se a acariciasse como a um gatinho. Bom pra ti. Esse homem não pode levar nada do que fizemos ou tivemos juntos, não é nada Mari, nada absolutamente. Estou contigo. Aqui mesmo. Não pode nos separar agora, não importa quanto o deseje. Tomei na selva, e posso tomar em algum lugar muito melhor. Mas, amor tenho que ser capaz de imaginar com roupa. Está-me matando. Outra vez quis rir e teve que manter sua expressão exatamente igual. Custou-lhe muita disciplina, mas o conseguiu. Não podia acreditar que a fizesse querer rir quando estava exposta e vulnerável com Whitney e seu doutor dissecando-a como um inseto, bem possivelmente não a dissecando. Ken tinha sido dissecado, talhado em pedaços, despojado de sua dignidade e logo 123


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depois da pele de suas costas. Não se imaginava a dor ou a raiva ou o completo desespero. Era o pior desespero, sentir-se totalmente indefeso. Whitney estava louco. Tinha-lhe tomado anos reconhecê-lo –para todos eles admiti-lo– porque eram totalmente dependentes dele para tudo. Não tinham verdadeiramente nenhum contato com o mundo exterior nem podiam ir a alguma parte para evitar as demandas intermináveis e os experimentos. Com a lembrança do passado do Ken, sentia-se mais relacionada com ele, e a união se sentia mais íntima. Agarrou-se a sua mente, querendo que a mantivesse centrada. O sexo é grandioso contigo. Estava alegre com todo seu ser - tinham tido bom sexo e esperava ter mais - mas por outro lado, queria lhe importar mais que nesse nível. Sim, o sexo é grandioso enquanto é com minha companheira. Não tive exatamente muito disso ultimamente. Não pensei que pudesse. Havia tal honestidade em sua voz, que sentiu que as lágrimas a queimavam outra vez e teve que lutar para não trair-se. Não tinha que dizer-lhe, mas o entendia. Tinha sido machucado e talhado, quando ele estava totalmente erguido, tinha que doer. É doloroso? Houve um pequeno silêncio e se encontrou contendo seu fôlego. Sabia que não queria responder, que sopesava suas palavras. Ken suspirou e olhou acima ao céu. Sábia que chegaria o momento em que lhe teria que explicar isto, lhe confessar que não era só sua cara a que revelava ao monstro, que Ekabela havia trazido para aquele monstro a cada aspecto de sua vida. Maldição não o ia dizer, não quando estava estirada em uma mesa e algum filho da puta fotografava as marcas que tinha deixado no interior de suas coxas. Não tem que me dizer isso Não é isso. Não quero que te afaste de mim. Houve uma impressão de risada. Estou amarrada neste momento. Enviou-lhe uma impressão de um gemido. Não diga amarrada. Sabe o que me passa ao minuto em que o diz. As coisas que poderia te fazer, o modo em que poderia te fazer sentir. A risada em sua mente foi como uma carícia, esfregando todo seu corpo até que o sentiu por toda parte, até que o sentiu em sua alma. Sim, há dor, mas de um modo bom. Não há muita sensação por regra geral, e quando estou cheio e preparado, a pele se estira tão firmemente apertando, que toma muito para me estimular. Sou áspero e tenho que sê-lo. A coisa é Mari… Se sentia como um pervertido. Era a última pessoa que ela necessitava a seu redor. Só me diga. Não sou exatamente uma virgem, Ken. Sua mão se fechou em um punho e golpeou a terra a seu lado. Sim, é-o. Não sabe nada de fazer o amor. Alguém deveria te fazer o amor. Suave, sensível, lento, e fácil. Um homem deveria entesourar cada momento contigo, te saborear e te fazer gritar de prazer. Queria tudo isto para ela, desesperadamente o queria para ela, ainda se ele nunca fosse esse homem. A impressão de risada veio outra vez. Como o fez. Ken franziu o cenho. Ela não o entendia. Não exatamente como o fiz. Fui muito áspero, Mari. Se estiver comigo, sempre serei áspero. Quereria coisas de ti; quereria que aprendesse a ter a aula de sexo que necessito, e não é o melhor para ti. Parecia um idiota meditando cada palavra em sua mente antes de enviar-lhe Que demônios poderia lhe dizer? Queria fazê-la sua prisioneira sexual? Fez-o. Desde que havia tocado sua pele, tinha querido lhe fazer tudo, atando-a, como ninguém mais o faria. Não se oporia a atá-la e tê-la a sua mercê. Poderia amá-la durante horas.

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Empurrou sua cabeça com a palma de sua mão. Ela estava atada a uma mesa, e ele pensava como poderia trazê-la a tal prazer que se afogaria. Talvez estivesse tão doente como Whitney ou Ekabela. Não seja ridículo. Ninguém está tão doente como qualquer deles. E fantasiar com o que me faria se me tivesse atada - ao melhor como veterano me deixou dizer isso, mas me poria quente e Whitney saberia que está aqui comigo. Nada de sexo na mesa e nenhum pensamento sobre me amarrar. Pode fazê-lo depois. Outra vez sua suave risada o percorreu. As lágrimas queimaram seus olhos e em sua garganta. Condenada. Matava-o com sua aceitação. Se não se podia aceitar, como poderia aceitá-lo ela? Cairia apaixonado por ela. Era um grande passo, cairia com força e estava assustado como o inferno. Não tinha sentido e não queria que acontecesse. Que demônios ia sair deste trato? Mari? Não foi só sexo. Seu coração se acelerou. Sabia que Whitney daria voltas a este ponto, mas Ken a fez sentir viva outra vez de um modo que fazia muito tempo não sentia. Deu-lhe esperança e tinha o direito de esperá-la, então. Se não foi só sexo, então o que foi? Não sei o que pensar. Nenhum dos homens emparelhados com alguma das mulheres parecia sentir emoção por elas, além de possessividade. Não lhes podia preocupar menos se realmente tirarmos qualquer prazer deles nos tocando. O que passou entre nós parecia mais que algo que Whitney fizesse, ou tenho lido eu mais do que havia? Ela esperou sua resposta, sua boca de repente se secou. Logo que sentiu os dedos do doutor sondando-a quando empurrou nela. Parecia que passava mais tempo examinando as contusões e as marcas vermelhas em sua pele que a ferida da arma ou a mão quebrada, mas a resposta do Ken era mais importante que sua modéstia. Conteve o fôlego. Maldição sabe bem que é muito mais. Não te escondo nada, tanto como quero. Que se foda Whitney. Não tem nada que ver conosco. Ken passou sua mão sobre sua cara e suspirou outra vez. Talvez o fizesse ao princípio. Talvez sua manipulação permitisse que me aceitasse sexualmente quando poderia ter tido medo de mim. Mari deu voltas em sua mente. Era verdade? Tinha-o aceito sim, mas eram muitos os sentimentos nisto. A decisão definitivamente era dela e não tudo foi sexo. Então O que foi o que lhe atraiu emocionalmente? Como se tinham unido tão rápido e tão fortemente? Não acredito que seja assim, Ken. Realmente não o faço. Tem razão. Independentemente do que há entre nós não se trata do Whitney. Ansiava sustentá-la em seus braços. Não sou um bom homem, nunca vou ser. Tem que sabêlo. Não te deixarei ir uma vez que seja minha. O que significa isto, Ken? Não sabe se será feliz comigo. Ninguém tem idéia do que será nosso futuro. Não posso conceber estar fora deste lugar. A idéia é espantosa. Não sei nada sobre a vida no mundo verdadeiro. Como pode saber o que acontecerá se estivéssemos juntos? Mari representa minha esperança. Deixei minha vida faz tempo e tudo o que implica inclusive o sexo. Devolveu-me tudo isso e não sou o suficiente homem para me afastar da tentação. Esperança. A Mari gostou da palavra. E gostou da idéia de ser a esperança de alguém. Talvez isto fosse tudo sobre sua estranha relação. Mari nunca tinha tido esperança, nem ainda quando saiu com sua equipe para falar com o senador. Peter Whitney parecia tão invencível. Ninguém poderia derrotá-lo alguma vez, sobretudo o Senador Freeman. Ele nunca superaria o argumento do Whitney. Mas Ken a tinha feito sentir de maneira diferente. Tinha-lhe dado o gosto da liberdade. Ken jurou em seu ouvido. Eu nunca te liberaria. Mari pensa nisso, pensa no que sou. Seria possessivo e ciumento e quereria que estivesse ao alcance de minha vista cada minuto de cada dia. 125


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Estaria aterrorizado se te perdesse, quereria te tocar, te comer viva, te beijar sem parar, e tomar sempre que quisesse que, a propósito, seria todo o tempo. Disse-te que não falasse disso. Fará que me ponha quente. Tratou de não estremecer-se quando o doutor tocou seu peito, supostamente para conseguir um melhor ângulo com a câmara, mas seus dedos se atrasaram. Ken se congelou, a cólera o percorria como se fosse um vulcão em erupção. Podia entrar apesar da segurança. Entrar e cortar a garganta do doutor e logo ir pelo Whitney. Era um Caminhante Fantasma e poucos podiam detectá-los, e muitos menos detê-los. Não, te acalme. Sério, Ken, não é grande coisa. Mari estava mentindo. Odiava esta humilhação, mas tratou de respirar através dele e concentrar-se unicamente nele. Enquanto se dirigia a ele, não pensava no que lhe faziam. E se não pensava nisso, tampouco ele. Segue te dirigindo a mim. Não te quero cortando gargantas. É tão violento. Era um homem violento. Não o entendia? Quase gemeu pela frustração. Não podia trocar o que era ou quem era, nem por ela. Às vezes logo que pendurava em sua prudência. Sua feia infância o tinha formado, e seu pai lhe tinha dado uma herança escura de ciúmes conectados com um forte apetite sexual. Ekabela tinha acrescentado capas à escuridão e raiva, de modo que isto pudesse até ameaçar consumindo-o. Tinha-o escondido, até do Jack, mas estava ali, ficando em espera como uma besta, esperando destruí-lo, e a quem se atrevesse a amá-lo. Como poderia realmente amá-lo? Podia atá-la com o sexo, sabia que podia, mas como poderia olhá-lo à cara todos os dias e amá-lo? Como poderia ela saber o que ele era e ainda sentir tudo menos medo e desprezo? Inclusive meus filhos se separariam de mim, Mari e não poderia culpá-los. Realmente se compadecia? Era tão lamentável quando ela estava estirada em uma mesa de exames? Que o diabo o condenasse por seu egoísmo. Queria-a sorrindo, e aceitando-o. Queria que o amasse apesar das cicatrizes de sua alma que mostrava tão claramente em seu corpo. Agora estas sendo um parvo. Um menino te amaria Ken. Pensa que não mostra ternura, mas a sinto cada vez que olho em sua mente. Mostraste-me mais respeito e me deste mais do que alguma vez tive, e não pode saber o muito que significa. Se não sair, nunca lamentarei ter estado contigo. Whitney pode levar-se muitas coisas, mas não pode tomar o que me deste. Bem. Que o levasse o diabo. Isto é tudo que havia. Não ia ser nobre e deixá-la. Por nenhuma razão. Como podia o universo lhe dar a alguém tão perfeito e logo esperar que a devolvesse? Ela tinha bastante tolerância, compaixão, e bastante coragem, para ambos. Sabia amar. Como tinha aprendido a amar quando nenhuma vez a amaram? Brevemente, tinha tido a sua mãe e sempre tinha tido ao Jack, mas a Mari tinham afastado de sua gêmea, deixando-a completamente sozinha nas frias condições do laboratório. Humilhava-o com sua capacidade de aceitação incondicional. Sentiu o puxão de sua mente longe dele, de repente consciente de que o doutor tocava suas partes íntimas. Sentia a repugnância e a humilhação em aumento, o desgosto completo quando o homem sondou mais profundo e moveu sua mão dentro dela. Repentinamente tratou de cortar com o Ken, fazendo todo o possível para protegê-lo do que lhe passava. A bílis se elevou em sua garganta. Uma pessoa que deveria ser capaz de proteger tinha que ficar imóvel, e deixar que a torturassem. Deu-lhe quão único tinha embora lhe custasse o que ficava de seu orgulho. Mari estou meio apaixonado por ti. Talvez mais que meio apaixonado, é difícil de confessar. Quero fazer o melhor para ti, não te tirar o sol e te rebaixar completamente a um novo nível, mas não sou bastante homem para te tirar e me afastar. Maldição vou levar-te comigo. Ela chorava por dentro. Pranto. Sentia-o como uma faca atravessando seu coração. Descansou sua cabeça em seu braço. Estava a uns pés de um guarda, e o homem não se moveu na 126


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última meia hora. Estava sentado em uma rocha lendo um livro. Não tinha elevado a vista ou cuidadoso a seu redor e não tinha nem idéia que Ken estava a um golpe de distância e que agora mesmo, cada emoção estava sendo conduzida devagar pelo Ken então não sentiu nada absolutamente quando foi por sua presa. Quero ir contigo. Só estou sendo criança, não te desgoste. Posso te sentir te separando de mim. As mulheres são emocionais às vezes, isso é tudo. Essa não é toda a merda, Mari. Que o bastardo tenha sua mão dentro de ti e que não viverá outro dia. Quem demônios pensa Whitney que é te sujeitando a esta classe de merda? E que tipo é seu amigo Seam que o permite? Seam estava acostumado a estar de pé sempre conosco. Ajudou-me a sair para ver o senador, mas agora parece diferente. Não sei como ou por que faz e diz coisas, mas não é ele. Whitney de algum jeito o submeteu. Não confie nele, Mari. Não o faço. Está bem agora? Merda, não me pergunte se estiver bem quando esse bastardo te está tocando. Eu lhe deveria perguntar isso, mas não tenho... Sei que não está. Toca-me de um modo completamente impessoal, de forma médica. Mari tratou de acalmá-lo mentindo, mordendo seu lábio inferior, esperando que o doutor se dessa pressa em seu exame. Prauder era um pervertido. Sempre sentia grande prazer tocando às mulheres intimamente assim que lhe era possível, as fotografar nas piores posições, sabendo que não podiam fazer nada para evitá-lo. Todas tratavam de fingir que era impessoal, porque era o único modo que tinham para agüentá-lo. Ken tem que estar perto do laboratório para que possa ser capaz de te comunicar e isto significa que estas perto dos guardas. Não pode te zangar e nos fazer voar. Conto contigo. Ken respirou e desejou um poder mais alto para que lhe desse a força e o controle para resistir. Se ela o podia suportar, ele também. Havia suor em sua frente e agachou a cara para que gotejasse em lugar de tirar as formigas que avançavam lentamente por seu corpo, não se moveu e só deixou entrar e sair o ar de seus pulmões.. A noite estava caindo e sempre –sempre– a noite pertencia aos Caminhantes Fantasmas. Ken? Estou aqui contigo, neném. Tive uma breve crise, mas já estou de volta no caminho. Vive o doutor no complexo? Todo mundo vive aqui. A maioria dos soldados vive em um quartel externo. Os homens do Whitney têm sua própria seção. São as que estão mais perto das pequenas casas de campo. O pessoal do Whitney vive nessas casas, separadas do resto de nós. E onde está, Mari? Estávamos acostumados a ter nosso próprio quartel, mas com o novo programa fomos transladadas ao centro do laboratório. Onde tem barras nas portas. Sempre estamos encerradas e tratam de nos apartar. Todas as mulheres são telepáticas? Sou forte e Cami também. Nós podemos construir e sustentar uma ponte entre todas as mulheres, por isso planejamos quando estamos encerradas em nossas habitações. Quantas têm que sair? Há cinco de nós, mas temos um plano. Pensamos que podemos nos desfazer das barras nas portas. Não nos atrevemos a provar ainda, mas se pudermos, sairíamos pela porta que dá ao sul. É mais fácil mover-se pelo laboratório; há menos segurança porque as câmeras estão mal anguladas. Uma vez que cheguemos à superfície podemos nos dirigir para a cerca elétrica que está aproximadamente a duas milhas de nós. Os bosques são densos e há água. Têm cães, mas um par 127


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das mulheres podem controlá-los. Não faça nada até que estejamos preparadas. Não deixarei a ninguém. Bem, esteja segura que estejam prontas para ir-se, porque quando for por ti, sairá comigo de uma ou outra forma. Mari abriu seus olhos e olhou para a luz brilhante, tratando de não sorrir de novo. Ele tinha esse mando em sua voz, que não tolerava nenhum argumento, dizia-lhe que era o chefe e que devia obedecê-lo. Fez que seu coração pulsasse mais rápido e que seu sangue corresse mais rápido por suas veias. Sua temperatura subia um par de graus cada vez que falava dessa maneira. Estava preocupado e preparado por derrubar o laboratório para chegar a ela, e contava a que distância estava. —Muito bem Mari - disse o doutor Prauder. Terminamos. —Assinalou a Seam, o guarda avançou e tirou as correias de seus braços e pernas e lhe deu a bata. Ela rechaçou olhá-lo. Levam-me a meu quarto. Obrigado, Ken. Não sei o que teria feito sem ti para me distrair. Ken se limpou o suor da cara. Tinha resistido. Ela sabia e ele o sabia, porque quando estava nas mãos de um louco, resistia tanto como fosse possível e esperava aquele momento para golpear ou correr. Resistência era tudo o que tinha. Qual é o nome do doutor e como é? Inclusive enquanto estava ao amparo dos arbustos e a erva, tinha visto meia dúzia de homens com batas de laboratório que entravam e saíam da instalação. Prauder. É o médico chefe do Whitney. O homem é um verme. Não estou completamente segura se é humano. Atua mas como um robô. Mari se colocou a bata e caminhou para o pequeno quarto. —O que faz? —perguntou Seam. —Vou me vestir. Não tenho vontades de desfilar pelos corredores com esta bata de hospital. Necessito minha roupa. Seam jogou uma olhada ao Whitney e logo sacudiu sua cabeça. —Temos que revisá-la para procurar dispositivos. Queria a camisa do Ken. Era estúpido, mas a queria. Não olhou o pequeno quarto nem a Seam. —Não vou caminhar pelo corredor com este estúpido traje. Quero uma descrição do Prauder. A voz do Ken era insistente. Mari estava orgulhosa por usar a comunicação telepática sem que Whitney ou Seam se dessem conta, aí mesmo onde ambos podiam ser capazes de descobri-lo. Mas agora que estava sentada frente a eles, tinha medo de cometer um engano. Respirando e soltando o ar. Ele é baixo e magro, parcialmente calvo com uma pequena barba de cabrito. Manteve o cabelo è sucinto. Ken poderia sentir seu nervosismo e sua relutância por seguir a conversação. Bem, neném faz o que tenha que fazer e te ponha em contato comigo quando estiver sozinha outra vez. Mari não respondeu, mas estava agradecida que lhe avisasse que estava dentro do alcance de sua mente. Estalou os dedos. —Ao menos me consiga outra bata, Seam. Não vou caminhar diante de ti meio nua. Seam murmurou algo baixo, mas pegou outra bata de debaixo da prateleira da mesa e a arrojou. Mari a agarrou e encolheu os ombros, colocando-lhe ao redor de suas costas. Nunca olhou ao Whitney, mas podia senti-lo, olhando cada movimento que fazia. Saiu do quarto com os ombros e queixo em alto. Whitney não a tinha quebrado, graças ao Ken, nem sequer quando tinha estado mais vulnerável. Resistiu lançar ao Whitney um satisfeito sorriso triunfante, porque ele 128


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responderia com algo mais e não tinha o tempo para dedicá-lo a sua habitual batalha. Deixando acreditar que sua falta de resistência era por que lhe tinham disparado. Teria dado tudo por ser capaz de ler sua mente. Pensava que estar prisioneira tinha sido uma experiência terrível? Pensava que Ken a tinha forçado? As provas em seu corpo certamente poderiam justificar aquela teoria. Whitney sabia que Ken estava emparelhado com ela –que estava sexualmente atraída– mas isto não significava necessariamente que tivesse cedido ante a tentação. Conhecia o Whitney. A pergunta o transtornaria. Se ainda tivesse alguma dúvida, não seria capaz de deixá-la ir até que soubesse a resposta. Era uma de suas maiores debilidades e freqüentemente a usava em seu contrário. Ele necessitava respostas. Se podia lhe expor uma simples pergunta, isto o voltaria louco até que soubesse a resposta. E quereria saber - não, precisava saber–-se Ken a tinha forçado. Seam caminhava detrás dela e podia sentir seu caráter arder em chama. Ele tinha visto cada sinal em seu corpo. Seguiu caminhando, até que alcançou seu quarto. Era pequeno, uma cela efetivamente, com uma pesada porta de aço. —Fez-te mal? —Seam jogou uma olhada à câmera no vestíbulo e se girou, de modo que quando falasse fosse impossível ver o movimento de seus lábios. —Não vou falar contigo, Seam. Não esteve preocupado antes, não há nenhuma necessidade agora - disse deliberadamente rígida, mantendo-se na entrada. Esperava que Whitney escutasse ou olhasse. Se por acaso Seam pudesse conseguir a informação, não lhes daria nada. —Sei que estas zangada comigo… —Pensa? Foi um asno. O que está mal contigo de todos os modos? Um timbre soou e Seam fez uma careta. —Teremos que falar disto mais tarde. Tem que entrar em seu quarto. Estão te controlando. Ficou parada, o ódio os tinha trocado a todos. Tinha sido um deles, treinaram-se juntos, tinha sido um bom amigo. —O que te fez Whitney? O que faz aos outros homens? É ele, verdade? Ainda experimenta e os usa também a todos como coelhinhos de índias. —Te mova para trás, Mari. — Insistiu Seam, levantando sua arma ligeiramente, era uma pequena advertência, mas aí estava. Guardando uma distância segura, olhando-a com olhos cautelosos que nunca perdia nenhum movimento de seu corpo. Marigold não deu marcha atrás, deliberadamente reagia, nunca tirando o olhar de Seam. Sempre foi um dos melhores. Não havia enganos em Seam, nenhuma distração que permitisse a possibilidade de atacar seu ponto débil, Seam nunca baixava o guarda, e estava realçado fortemente e tão bem treinado como ela, o mais importante, estava psiquicamente realçado. Tinha provado sua mente repetidamente e seus escudos eram fortes, impossíveis de penetrar. Lutar contra Seam era perder, mas não se opunha a rir. Voltou a parar, na entrada, obrigando-o a tomar uma decisão. Estava tão zangada com ele, por permitir que Whitney o usasse quando tinha visto o que fez aos outros e estava segura de ter razão. Whitney teve que levantar os níveis de testosterona nos homens, fazendo algo para torná-los mais agressivos. Seam sacudiu a cabeça. —Sempre tem que pressionar verdade? —Quereria viver como um detento sua vida inteira? —Agitou a mão assinalando o complexo inteiro, olhando o modo que seu olhar saltou ao movimento elegante—. Apostaria que ninguém te diz quando tem que te deitar de noite, ou o que pode ler. Não há uma câmera em seu quarto, verdade Seam?

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—Entra em seu quarto. Fechá-lo-ão em três minutos. —Ele se aproximou e quando se moveu, inalou profundamente. Seu coração saltou. Viu a labareda de calor em seus olhos. A adrenalina se levantou e durante um momento não pôde respirar. —Deixou que nos emparelhassem. — Isto foi uma acusação, sua voz soou estrangulada, uma porção de medo baixou por sua coluna. Por que não o tinha pensado? Não lhe ocorreu que Seam se oferecesse alguma vez para o programa de cria, não quando sabia que todas as mulheres objetavam energicamente e eram obrigadas a cooperar. —É a melhor opção Mari - disse, em um tom prático ainda quando seus olhos se moveram sobre ela possessivamente—, é uma psíquica forte e eu também. Nossos meninos seriam extraordinários. —Baixou a voz e lhe deu as costas à câmera para que não houvesse nenhuma possibilidade de que lessem seus lábios—. Sempre me senti atraído, desde a primeira vez que te vi, não é uma âncora e eu sem. Duvido que qualquer dos outros homens possa dirigir suas capacidades. Não acredito que Whitney tenha conhecimento do que pode ou não pode fazer. Sua boca se secou. Obrigou a sua úmida palma a permanecer em seu lugar quando queria esfregar-lhe por sua coxa pela agitação. Seam via muito. Sempre foi o guarda ao que mais temia. Tinham treinado corpo a corpo, e ele podia sempre, sempre, ser melhor que ela. Poucos dos guardas podiam, embora fosse um tanto menor. —E não te importa que Whitney experimentasse com seu filho? —desafiou-o. Ele estudou sua cara durante muito tempo antes de responder, seu olhar outra vez fixo girou para a câmera. —Nosso filho nascerá na grandeza. —Usou seu queixo para indicar o quarto—. Entra agora. —Não te aceitarei Seam - lhe advertiu—, não vou lhe dar outro menino para que o torture. —Sei. Sabia quando tomei a decisão. Mas não estou preparado para olhar outro homem te engendrar um menino. Aceitar-me-á de uma ou outra forma. Retrocedeu por volta da pequena cela que tinha sido sua casa durante os passados meses. —Tinha-te tanto respeito, Seam. É um dos poucos aos que respeitava realmente, mas quer te fazer um monstro a fim de agradar ao professor de marionetes. —Sacudiu sua cabeça, a pena percorreu seu corpo—. E Bret? Um brilho de repugnância cruzou sua cara. Caminhou avançando, com uma mão deslizando-se por sua cara, tocando as contusões. —Não fez o trabalho, verdade? Seu estômago se contraiu, em um protesto violento, mas a conteve. —Então tomará seu lugar? Pensa que pode me obrigar a conceber, assim Whitney pode ter outro brinquedo para jogar com ele? —inclinou-se para diante, baixando sua voz—. O que passou Seam? Pensei que foi um de nós. Ao momento soube por seu fôlego em sua pele que tinha cometido um terrível engano. Whitney e seus experimentos com feromonas, junto com subir os níveis de testosterona nos machos, tinha criado uma situação perigosa, muito explosiva. Ele queria soldados agressivos e se tinha êxito, queria meninos daqueles soldados. Seam reagiu imediatamente a seu aroma, à proximidade de seu corpo. Fechou seus dedos ao redor da parte posterior de seu pescoço e a arrastou as escassas polegadas que os separavam, sua boca baixou com força à sua. O metal frio do rifle se cravou em sua carne como as pontas de seus dedos se cravavam em sua pele. Girou sua cabeça apartando-a do caminho, suas mãos agarraram o rifle e subiu seu joelho entre as pernas com força. Seam atirou para trás, equilibrando-se, girou para evitar seu joelho, fazendo-a girar quando o fez, seu braço se deslizou para baixo de seu queixo estrangulando-a. 130


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Mari seguiu dirigindo-o, usando seu peso e ímpeto para fazer pressão em seu braço, dobrando-o longe de seu pescoço até conseguir fazer alavanca contra ele, tinham sido treinados na mesma escola. Era maior e forte. Ele sabia qual seria sua reação e estava preparado. Agarrou seu braço e exerceu mais pressão, teve êxito mantendo-a em uma chave. Mari girou a cabeça e o mordeu com força nas costelas, ao mesmo tempo pressionou seu polegar em um ponto de pressão detrás de seu joelho. A perna se torceu e ele jurou dobrando-se pela metade para não cair, arrastou-a com ele, negando-se a deixá-la ir. Terminaram tombados no chão. Mari respirava com força, tratando de não fazer caso da dor que sentia ao estar em tão torpe posição. —Detenha Mari - assobiou—, não me converterei em outro Bret. —Apoiou seu peso nela. Sujeitando-a. Juntando sua força, dispunha-se a tirar-lhe de cima, quando o corredor se encheu de um ponto sufocante de escura maldade. O chão de baixo deles tremeu e as paredes a seu redor ondularam. Mari sabia quem era estando ainda em baixo de Seam, seu coração palpitou com tanta força que teve medo que pudesse romper-se. Conhecia aquele aroma, aquela aura. O aroma de sua ardilosa maldade. Só havia um homem que podia fazer que seu estômago se revolvesse com tal bílis. Bret chegava. —Seam - sussurrou seu nome com desespero. Seam tinha sido um bom amigo e agora a tinha enganado. Bret chegava, e se a tocava, nunca seria capaz de parar seu grito, de derramar ondas de energia do asco que sentia quando a tocava, e Ken saberia e viria e a fuga que tinha planejado com tanto cuidado com as outras mulheres seria impossível. Seam se moveu rapidamente, mais rápido do que imaginou, saltando ficou de pé, agarrandoa e empurrando-a em sua cela com uma mão, enquanto fechava de repente a fechadura com a palma de sua outra mão. A pesada porta metálica se deslizou e fechou com um horrível som metálico, abandonando-a indefesa para fazer tudo menos olhar quando os dois homens pararam em círculos um ao redor do outro.

Capítulo 14

Ken retornou para trás, para a sombra mais profunda, seu olhar fixo constante sobre o guarda. O homem certamente estava absorto no livro e isso dizia muito ao Ken sobre a situação do recinto. O funcionamento em um laboratório secreto era um trabalho lento, aborrecido. Ninguém realmente considerava que os pudessem atacar ou que pudessem tentar entrar a força. A maior parte do recinto era subterrânea, por isso qualquer caçador perdido ou extraviado só encontraria perto, uma pequena pista de aterrissagem e umas dependências. Ninguém se tinha aproximado do lugar durante anos, e Whitney tinha alguns bonitos e sofisticados sistemas de alarme. Ao parecer, os guardas tinham estado muito tempo sem incidentes. Tornaram-se preguiçosos e se aborreciam. Olhou como o guarda deixava o livro, mas nem sequer uma vez fez mais que dar uma olhada superficial pelos arredores, antes de passear ao longo da linha de perto. Ken esperou até que se fosse antes de consultar com seu irmão. ––Não vou ser capaz de agüentar muito mais tempo antes de entrar para ir detrás de Mari, Jack. Temos que fazê-lo e rápido. —Sabe que necessitamos mais de Inteligência - disse Jack—. Pedi as imagens por satélite do recinto inteiro assim como as imagens da câmera de infravermelhos ao tempo que o movimento dos homens. Temos que ter esquemas exatos do recinto inteiro, a disposição, a altura e Lily 131


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precisará encontrar a quem desenhou os edifícios clandestinamente, então saberemos ao que nos enfrentamos antes de expor à equipe ao perigo. Esta base é muito enganosa. —São capas. A capa superior é o que se vê no mundo exterior. —Sim, uma custódia fácil com umas dependências e uma pista para aterrissar. Tem que conseguir que Mari te diga que há por debaixo do terreno. —Falei o que ela me disse. Quatro níveis, Jack. É feito de concreto, por isso sabemos haverá alguns lugares ocos como os que encontramos nas bases militares. Não é tão impenetrável como gostaria o Whitney. —Olhe Ken, não podemos entrar violentamente atirando. Claramente há civis que trabalham aqui e Whitney tem militares soldados regulares sortidos com seu próprio exército pessoal. Eu gostaria de agarrar às mulheres e escapar sem que ninguém nos descubra, quão último temos que fazer é golpear ou ser golpeados por um amigo. —Por isso estou preocupado alguém está trabalhando neste lugar que é um objeto legítimo de perseguição. —Eles são soldados que obedecem ordens. Não têm uma pista de que Whitney é um louco. Minha conjectura é que a maior parte deles nunca o viram, dirigiram-se a ele ou inclusive nem sabem que está aqui. Sua atribuição é de segredo máximo, a convocação o é, e fazem sua rotação e obtêm como alma que se leva o diabo as oportunidades de apresentá-los a si mesmos. —Sabe Jack, realmente me importa um nada. Sabe tão bem como eu que quando se fica um tempo em um lugar, sabe do que vai e se não souber, ouve rumores e adivinhas. Ao guarda lhe importa uma merda se umas mulheres inocentes estejam sendo usadas para experimentação. E onde demônio está à lealdade da equipe de Mari e outros treinados? A voz do Ken se voltou como o gelo. Seus olhos cinza frios como as geleiras. Jack escolheu as palavras com cuidado. —Estou de acordo de maneira que são perguntas que temos que responder Ken, mas não aqui. Nossa missão primária é de resgate. É por isso que estamos aqui. —Alguém tem que matar o Whitney. Sabe que tem que ser feito Jack. —Sim, sei. Não quero ser o que explique a Lily. —Jack tomou um lento gole de água e deixou que baixasse por sua garganta, dando a seu irmão um pouco mais de tempo. Jack era sempre o que tinha uma resposta rápida e o invertimento de papéis não era cômodo—. Temos muito trabalho que fazer antes de trazer a equipe. Estão preparados Ken, por isso se queremos tirá-la, temos que planejá-lo. Isto estará escuro em outra meia hora mais ou menos. —Posso senti-la. Está muito alterada. Tentei estender uma mão a sua mente, mas não me responde. Independentemente do que acontece, ela não quer que saiba sobre isso. —A voz do Ken foi forçada—. E se ela não quiser que saiba sobre isso, é que algo mal está passando. Jack automaticamente tocou sua mente, como tinha estado fazendo desde que eram uns meninos, tal e como Ken sabia que faria. Ken estava preparado e manteve os escudos altos. Não era fácil manter ao Jack a raia: tinham sido sombras na mente de cada um desde que qualquer deles pudesse recordar, mas ambos tinham trabalhado muito para construir escudos uma vez que se deram conta que outros também tinham o poder psíquico e a prática lhes deu resultado. Jack não precisava saber o perto que estava de voltar-se louco. Naquele momento, Ken não se preocupava com as outras mulheres ou pelos inocentes que trabalhavam no instituto de formação profissional, investigadores ou guardas. Se Mari não lhe avisava que estava bem muito em breve, entraria por ela e que Deus ajudasse a quem ficasse em seu caminho. Sentia-se cruel, não frio e impassível. A disciplina estava saindo rapidamente pela janela.

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—Ken, pensa que não sei como se sente com ela encerrada com esse louco? —Jack avançou lentamente para uma posição melhor, seu olhar fazendo um varrido sobre a rota que o guarda tinha tomado. —Whitney foi detrás de Briony porque estava grávida; não a deixou completamente nua, nem a pôs sobre uma mesa de exame para que algum doutor pervertido a fotografasse. Maldição. Jack posso sentir como toca a Mari. Não atua como nenhum doutor aos que conheci anteriormente. E Whitney tem ali a homens dispostos a violar a uma mulher se não cooperar. —Os nós em seu ventre se apertaram em seu interior como duras massas que ameaçavam subir e afogá-lo. —Tem que te distanciar irmão - disse Jack, mantendo a voz firme—. Conseguiremos a informação de Inteligência e tiraremos as mulheres quanto antes. —Ken não respondeu, Jack suspirou e lhe jogou uma olhada—. Sabe que entrarei contigo e atirarei se algo fracassa. Diga-lhe que… dê-lhe alguma coisa a que agarrar. —Se o dissesse, enlouqueceria por mim. Está disposta a sacrificar-se pelas outras mulheres. Considera-as sua família e não está disposta a ir sem elas. —Então faremos que funcione - disse Jack—. Eu não te deixaria atrás. Não podemos lhe pedir que faça algo que não estaríamos dispostos a fazer conosco mesmos. Não seria capaz de viver consigo mesma. Ken mordeu uma réplica. Odiava-o, mas sabia que Jack tinha razão. Queria entrar e arrastar Mari sobre seu ombro e encerrá-la em algum lugar seguro, mas não podia fazer isto a ela, ao menos não agora. Ela não seria capaz de viver consigo mesma se algo acontecesse com as outras mulheres, o qual queria dizer que teriam que as tirar todas antes que invadisse e a tirasse sem seu consentimento, o qual lhe faria quase tanto dano como todos outros que tinham tomado sua vida apartando-a. Tinha que lhe dar seu tempo e a oportunidade de pôr a salvo a aquelas que considerava sua família. Mari era uma mulher que queria o controle de sua vida, merecia controlar sua vida. Ele era um homem cujo ser inteiro exigia ter o controle total e absoluto daqueles que estavam a seu redor. Sabia que para as pessoas Jack parecia o gêmeo dominante, sempre à cabeça, Ken tinha compreendido que Jack precisava sentir o controle, do modo que ele se distanciou, velando por seu irmão com cuidado, sempre o protegendo, lhe proporcionando o ambiente que Jack necessitava. Ken tentou recordar quando tomou a decisão de ser o homem que iria por diante do Jack nas situações sociais, teve que ser depois de que seu pai tivesse sido assassinado. Tinha cultivado um sorriso plaino e uma rápida intervenção. Jack, igual a Ken, era absolutamente capaz de dar um tiro certeiro. Era um presente com que ambos tinham nascido. Trabalhavam bem como equipe, cada um olhando pelo outro, Ken deixava que Jack fizesse –passasse o que passasse– o que necessitava para ser capaz de sobreviver. Mas fazer o mesmo pela Mari era impossível. Necessitava que estivesse a salvo. Necessitava-o. —Viemos usando o rio para evitar que nos detectassem, mas nossa equipe terá que utilizar uma grande altura, baixar abrindo os pára-quedas - disse Ken—. Sabe que não vão elevar a vista a não ser que ouçam algo, e não ouvirão nada se nossos moços vêm utilizando HALO. Nossa equipe está treinada e preferiria utilizá-los antes que a gente com a que não temos familiaridade para trabalhar. Podemos atirar de algumas cordas e cancelar um vôo comercial no último momento. Há bastante tráfico aéreo regular sobre a área para que ninguém possa perceber uma ameaça se tomemos a rota do vôo comercial e a altitude. Quem quer que faça a supervisão nunca suspeitará. Jack assentiu com a cabeça. —Definitivamente o melhor plano. Os guardas não estão alerta. Nada lhes jogou em cima nos dois últimos anos. 133


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—Os homens do Ryland podem nos assistir, mas podemos chamar o Logan e lhe dizer que queremos a nossa unidade para isto. Jack assentiu com a cabeça de acordo. —Está concedido, Ken, e preparado para fazê-lo. Os homens sabem que isto é pessoal para ti, e estão reunidos preparados e esperando a Inteligência. Não vão te decepcionar. Ken sabia que Jack tinha razão, mas isto não desenredava os nós em seu ventre. —Comprovo a casa do doutor. Acaba de entrar. —Indicou a pequena casa passando por cima das casas de campo—. Descenderei pouco a pouco até esse ponto e entrarei por ali. Você me cobrirá. —Comprovar a casa do doutor para que? —perguntou Jack—. Não pode entrar ali e voar isto para nós. —Fez-lhe fotografias. —Esse é seu trabalho. Deve as ter deixado no laboratório. —Assegurar-me-ei. Vou averiguar onde está o laboratório onde as deixou. —Maldição, Ken. Não pode te arriscar a informar a ninguém do fato de que estamos aqui. Só fica quieto. —Tem fotografias e sabe onde estão as outras fotografias. Tocou-a, Jack. Quando estava necessitada e quando se supunha que a examinaria impessoalmente, tocou-a. Mari tinha atenuado suas emoções, até arrancar-lhe, mas não antes que ele tivesse captado a aversão, o sentimento de completa impotência, a mescla de dor, o desespero e a impotente raiva que conhecia estreitamente. Não podia deixar Mari ali e afastar-se para algum lugar seguro naquele momento, mas certo como o inferno que o doutor poderia pagar com uma pequena visita. Nunca poderia ser capaz de dar a Mari as coisas que merecia como equilíbrio, tolerância de companheiros, mas poderia lhe dar as fotografias e lhe devolver a dignidade. Jack se esfregou a boca para abster-se de protestar. Nada ia deter Ken e Jack não podia culpálo. Se fosse Briony, o homem já estaria morto. Pela primeira vez em sua vida, Jack temeu pela prudência de seu irmão. O homem era um desconhecido, mas ela era a irmã gêmea de sua esposa e a mulher escolhida por seu irmão, isto a fazia tão importante e uma ameaça ao bem-estar de sua família. Ken era, e sempre seria, um homem perigoso. Era, por turnos, controlado e prudente, frio e eficiente, mas sempre capaz da violência rápida e brutal se a situação o requeria. Onde Jack era fácil de ler pelos que tinha a seu redor, Ken parecia tolerante e afável. Os homens de sua unidade o encontravam muito mais acessível. Jack sempre tinha sabido que em algum nível Ken se obrigou a ser o homem “dianteiro” em um esforço por proteger a seu gêmeo. Não o tinha compreendido, até agora, quão estranho tinha sido o comportamento à natureza do Ken. Ken tinha os mesmos demônios ocultos, os mesmos pesadelos e medos e tinha uma dose ainda mais forte da herança de seu pai, o escuro ciúme e a necessidade da vingança rápida e violenta. Ken tinha levado uma máscara todos àqueles anos, ocultando inclusive a seu gêmeo a raiva que bulia debaixo da superfície. Entre o trauma da recente captura, a tortura e encontrar a Mari, o modo de vida do Ken tinha sido posto de cabeça pra baixo. A suave fachada, tolerante tinha desaparecido. Jack suspirou e jogou uma olhada ao relógio. —Não deixe que lhe apanhem. Lamentaria ter que matar a alguém antes que comecemos. Ken estendeu a mão para golpear ligeiramente os nódulos de seu irmão com seu próprio silencioso ritual familiar. Retornou rapidamente para a folhagem, com cuidado, impedindo que os magros ramos se balançassem por onde passava. Movendo-se a passo de caracol, Ken se moveu pouco a pouco enquanto baixava pela ladeira até que esteve a umas jardas da casa de campo que 134


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estava bastante seguro que era a do doutor. A pequena casa estava um pouco separada das outras e a segurança era estrita. Os guardas caminhavam pelo perímetro cada dez minutos, dois deles, trocavam sua rotina continuamente. O doutor tinha algo que ocultar. Ken escorregou silenciosamente por entre as arvores que rodeavam a pequena comunidade de casas quando um guarda deu a volta por uma lateral da casa e parou os pés de suas botas a um pé do cotovelo do Ken. O fôlego do Ken ficou apanhado nos pulmões, ficou absolutamente quieto, permitindo as formigas e escaravelhos avançassem lentamente sobre ele. Um lagarto fazia cócegas enquanto corria por cima de seu braço fazendo pequenos arranques e paradas, até que se pousou sobre seu ombro, movendo-se de cima para abaixo, cheirando o ar. O guarda deu três passos para diante e parou outra vez, girando rapidamente enquanto tentava descobrir algo ou a alguém. As sobrancelhas do Ken se uniram. Fazia algum som? O sussurro da roupa arrastando-se pelo chão? Tinha tomado cuidado de que sua pele refletisse a folhagem de seu redor. Sua roupa, sobretudo estava desenhada para refletir as cores de seu entorno. O que tinha avisado ao guarda? Ken deslizou polegada a polegada a mão ao longo da jaqueta até que alcançou a faca presa com uma correia na parte dianteira. Os dedos se fecharam ao redor do punho, mas o deixou na vagem. Podia tirá-lo e lançá-lo quase antes que pudessem apertar o gatilho. A manobra tinha sido praticada durante centenas de horas durante os últimos anos e era tão mortal no lançamento como com o rifle. Tenho-o. Na voz do Jack não havia emoção, era uma declaração de fato. Se o guarda atirava mal, morreria. E logo todo o inferno se desencadearia rapidamente. Tirá-lo-ei e ocultarei o corpo. Ken começava a suar. Podia ouvir a respiração do homem, cheirar seu medo, ver os nervos quando procurava nas ladeiras com cuidado. Foi realçado, Jack. Usa a visão ou o ouvido, mas não te enganchou. Não podia permitir que o guarda desse o alarme. Algo o punha nervoso, mas Ken não podia entendê-lo. Não havia nenhum signo delator onde uma parte da arma do Jack podia estar mostrando-se ao longo de um lado do tronco de uma árvore. Nenhum objeto brilhante. Jack tinha a mesma capacidade de camuflar sua pele, a mesma roupa reflexiva. Desaparecia no entorno até que se tornava invisível. Ken sabia exatamente onde estava Jack, inclusive não podendo descobri-lo com sua vista de águia, mas tinha a maldita segurança de que o guarda tampouco poderia. É psíquico. Não sente nossa energia enquanto falamos, mas agarra algo mais, advertiu a seu irmão. Não mova nem um músculo. Ambos observavam como o guarda esquartejava a área em uma busca lenta e cuidadosa. Não agarrou os gêmeos e isto disse a ambos que tinha a vista realçada. Ken tentou entrar nele, com cuidado de manter o fôlego suave e inclusive silencioso. Todo o tempo manteve a atenção sobre o guarda, não se atrevendo a arriscar-se a voltar a olhar a seu irmão. Se o guarda descobria ao Jack, Ken teria que matá-lo rapidamente e em completo silêncio, antes que o homem tivesse a oportunidade de dar o alarme ou girar a arma ao Jack. Não sentiu que o medo de Mari lhe enchia a mente. Fluiu sobre ele como se houvesse totalmente aberto sem os cuidadosos escudos construídos para protegê-lo. Seu corpo se sacudiu pela sobrecarga. O ar abandonou seus pulmões rapidamente, lhe secou a boca e parecia que lhe tinha parado o coração, depois começou a palpitar tão ruidosamente que teve medo de que o guarda o ouvisse por acaso. O suor estalou sobre sua frente, nada disso era bom quando estava aos pés de um soldado realçado. Fez que entrasse ar em seus pulmões, empurrando o medo de Mari para trás, e concentrando-se em seu inimigo. Estava muito perto do homem, sabia que podia ficar de pé, 135


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colocar o braço ao redor do soldado e inundar a faca na zona mortal, tudo em uns segundos, mas o homem ainda teria tempo para reagir. O realce físico os fortalecia anormalmente e os Caminhantes Fantasmas, lutavam até seu último fôlego. O guarda só tinha que ser o suficientemente resistente para ter tempo de dar o alarme. O desespero começava a instalar-se. Ken obrigou seu corpo a controlar-se e permaneceu quieto, mas todo o tempo com o crescente terror pela extensão da segurança de Mari. Estará bem. Tem que confiar nela. A tranqüila voz do Jack ajudava a impedir que Ken se levantasse e se arriscasse a eliminar ao guarda só então poderia ir detrás a Mari tão rápido como o fosse possível. Esperou disposto a que o homem seguisse adiante. Se usasse o controle da mente para conseguir que o homem se afastasse, a efusão de energia poderia informar a qualquer outro psíquico do recinto. Respirou profundamente e a sentiu. Mari. Seu medo era por alguém mais. Poderia viver com isto. O guarda relaxou depois de outra comprida e lenta olhada aos arredores e se desviou rumo à esquina da pequena casa. Ken esperou outros três minutos para assegurar-se de que o homem não se giraria e retornaria. Está espaçoso, disse Jack. Ken avançou lentamente para diante, deslizando-se pelo bem cuidado jardim de flores, uma capa, mas bem estranha e afetada de cor em meio de nenhuma parte. As janelas da casa estavam pintadas de negro e onde havia um pequeno espaço, pôde ver que as pesadas cortinas bloqueavam qualquer vista do interior. O doutor não quer a ninguém se metendo em seus assuntos. Por que além todas as janelas estariam sem luz? Provavelmente é um paranóico. Não estaria vivendo aqui com Whitney como chefe? Ken não respondeu. A janela aparentava estar livre de alarmes, mas não o convencia. O doutor tinha algo que ocultar e ele ia averiguar o que era. Escutou, procurando o zumbido baixo de um alarme eletrônico. Seus dedos varreram o batente, procurando cabos ocultos. Ah, sim, o lugar estava fechado rigorosamente. Ken colocou a mão justo sobre o cristal. Era muito mais difícil descobrir as correntes de energia com seu corpo tão cheio de cicatrizes, em particular as mãos. Às vezes não conseguia sentir as coisas como deveria. Esperou, contando os segundos, concentrando-se, dispondo-se a sentir a corrente se estivesse ali. Se não a encontrava, deduziria que era devido à falta de habilidade nas pontas dos dedos e procederia sobre a premissa de que houvesse uma ali, mas se só pudesse descobrir a corrente atravessando o cabo metálico no cristal, as coisas iriam muito mais rápidas. Ken amaldiçoou as cicatrizes que lhe deixavam tão pouca sensibilidade. Não podia descobrir a fraca corrente, mas quando a escutou, esteve absolutamente seguro de que o doutor tinha um alarme no perímetro exterior. Mas o doutor não confiaria só nisto. Teria algo mais sofisticado dentro. Um sistema de sensores que descobririam a temperatura do corpo humano. Diante de cada porta havia umas cataporas no chão que se viam inofensivas, mas Ken estava seguro de que tinham um gatilho disparador. O doc. protege algo. Vou procurar a caixa de controles. Tem que estar oculta por aqui em algum lugar. Talvez não seja uma boa idéia, disse Jack com inquietação. Entrará ali e possivelmente matará ao bastardo. Como o vamos ocultar? Certamente que ia matar ao doutor. O homem havia tocado a Mari. Tinha-a humilhado, envergonhado e tinha desfrutado com isso. Talvez Ken não devesse ter compartilhado seus pensamentos, mas era muito tarde, a informação tinha sido intercambiada e tinha permitido que 136


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acontecesse. Odiava-se por isso. Ela merecia muito mais. Deveria ter entrado, armas jogando faíscas e tirado, mas não tinha sido assim. Ficou parado e lhes tinha deixado que a atormentassem. Que maldita classe de homem era? Ken. Está-me escutando? Temos uma equipe para entrar. Vamos tirar as mulheres dali. Que diabos faria se fosse Briony? Perguntou-lhe Ken. Houve um pequeno silêncio. Sabe o que faria. Então fecha o inferno e se manten fora de meu traseiro. Ken encontrou a caixa do controle pulcramente guardada debaixo do beiral perto do apartamento de cobertura. Tinha descoberto um pequeno cabo oculto ao longo de um tubo e o tinha seguido até que descobriu a caixa. Os mandos tinham que ter sido postos por alguém aparecido na janela do apartamento de cobertura ou pelo terraço mesmo. O doutor tinha pensado que era inteligente, mas a não ser que o terraço estivesse alambrado também, isto só fazia que as coisas fossem mais fáceis. Vou subir. Agora está seguro, mas tem a dois guardas que estão dando a volta ao redor para sua posição. Ken foi para o lado da casa tão silenciosamente como foi possível, deslizando-se pelo terraço enquanto um dos guardas caminhava a pernadas em direção à vista. O segundo guarda lhe uniu e falaram brevemente antes que cada um se fora por caminhos separados. Ken permaneceu quieto até que o ruído de passos se desvaneceu. Está seguro. A caixa dos controles estava conectada a vários circuitos de alarme, mas tinha sua própria fonte de energia. Não foi tão difícil desarmá-la e desativar os numerosos alarmes que o doutor tinha posto. Ken entrou pelo ralo do apartamento de cobertura. Imediatamente pôde ouvir a música clássica ressonando pela casa. O aroma das velas, o suor e o sêmen o atacaram no momento em que entrou. Embora o doutor tivesse a música alta, Ken manteve seu peso uniformemente distribuído enquanto se arrastava através do chão para a escada, impedindo que qualquer rangido pudesse alertar ao homem do perigo que o ameaçava. Passou a pequena porta que conduzia para baixo e olhou atentamente. A casa estava às escuras, com apenas a piscada de umas velas, lançando estranhas sombras sobre as paredes. Ken apertou a mandíbula e a adrenalina se elevou outra vez. As luzes das velas iluminaram a um quadro, projetando caras e partes do corpo feminino no pronunciado relevo. Ken se deu a volta enquanto caía ao chão e depois se corrigindo, aterrissou sobre os pés tão silenciosamente como um gato. O quadro desde o chão até o teto da parede era de mulheres nuas estiradas em posição horizontal sobre uma mesa em um esboço repugnante de arte médica. Reconheceu a Mari, em todas as idades. A luz derramada através de sua cara, podia ver cada emoção em várias fotografias, do medo ao desafio e a cólera. Toda a habitação estava dedicada a Mari. Havia imagens de suas costas marcadas com sinais de tortura, sobre as pernas e as nádegas nuas, toda nua. Havia primeiros planos da boca, olhos, peito e a zona vaginal. Parou ao bordo da parede onde o doutor tinha colocado as últimas imagens. Primeiros planos do interior das coxas de Mari revelavam hematomas e pequenos sinais de dentes, marcas que Ken lhe tinha feito quando lhe tinha feito o amor. As imagens eram cruas. Quase de natureza sexual, uma representação obscena do que tinham sido os momentos mais importantes de sua vida. Sustentando a Mari em seus braços, tomando-a com selvagem abandono, seu corpo disposto e receptivo apesar da brutalidade, apesar de suas cicatrizes e seu aspecto, havia-lhe devolvido a 137


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vida. Tinha-lhe dado esperança e o doutor tinha reduzido o que tinham tido juntos a algo vil de uma mente doente. A bílis lhe subiu à garganta e lutou mantendo o estômago enquanto examinava os olhos de Mari. Esta vez viu humilhação e degradação. Ela odiava o que Whitney e o doutor lhe tinham feito, a cada parte de seu ato de amor, tanto como o fazia Ken. A raiva o sacudia deixando-o gelado e isso sempre era um mau sinal. Moveu-se para a seguinte habitação e encontrou as paredes de um modo similar cobertas, esta vez com uma mulher com uma abundante cabeleira negra e luminosos olhos. Desde o chão até o teto, em cada habitação da casa de campo, as paredes estavam cobertas de fotografias das sete mulheres nuas. Reconheceu a uma delas como a Violet, a esposa do senador. Ken nunca se havia sentido tão sujo ou doente. Encontrou ao doutor em seu dormitório, jogado sobre a cama nu, olhando para o teto e para o colagem das sete mulheres nuas. A música estava alta e o homem cantarolava enquanto se retorcia sobre a cama. Nunca absolutamente viu o Ken, só sentiu a ponta da faca lhe cortando a carne. —Eu estaria muito quieto se estivesse em sua situação - lhe vaiou Ken. O doutor se congelou, mantendo-se rígido sobre a cama com o afiado bordo da navalha pressionando contra sua garganta. —O que quer? —É um doente filho da puta - lhe disse Ken—. Whitney sabe o fodidamente doente que está em realidade? —Ele disse que tudo estava bem, que podia ter às moças comigo sempre. —A voz do homem era aguda e chorona—. Sabe. Pergunte-lhe O dirá. Entra às vezes para ver o que tenho feito com elas. —Onde guarda as fotografias originais? —Whitney as tem todas. Tem lugares onde não podemos ir e guardamos as fotografias e arquivos com ele. —A voz se voltou ardilosa—. Só as compartilha comigo. —Onde está Whitney? —Se o digo, matar-me-á. —Vou o matar agora mesmo se não me disser isso. —Tem habitações nas que ninguém pode entrar sobre o quarto nível, abaixo perto dos túneis. —Levantou a vista para as caras das mulheres que olhavam fixamente—. Não são formosas? Gostam que as toque e tome fotografias. O estômago do Ken se sacudiu, ameaçando derramar seu conteúdo. Deslizou a faca apartando-o e agarrou a cabeça do homem com ambas as mãos, girando-a com força, escutando como se rachava com satisfação. Qualquer legitimidade que Whitney tivesse tido alguma vez, com esta casa e este homem eram um testamento de sua crescente loucura. Vou colocar fogo à casa. Maldição, Ken, não faça nenhuma loucura. Tem que conseguir baixar. Farei que se veja como se parecesse que o doutor teve um pequeno acidente com o gás. Mas esta casa tem que queimar-se. Por que nunca mais ninguém veria a perversão que este homem tinha feito a essas mulheres. Ia fazer voar ao filho de puta até o céu e quando o investigassem, encontrariam ao doutor com suas velas, fósforos e um tubo frouxo do gás. Não podia olhar as paredes enquanto trabalhava, sentia-se rasteiro rodeado pelas imagens das mulheres com as que Whitney tinha experiente e que tinha permitido que um homem muito doente abusasse delas. Quem tinha defendido a Mari quando era uma menina? Quando foi uma adolescente? Jack e ele tinham estado entrando e saindo de muitas casas de acolhida e seu pai tinha sido um corrupto, mas tinham tido a sua mãe e depois um ao outro e finalmente uma 138


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amável mulher que os tinha defendido quando ninguém mais o fez. Doía-lhe o coração pela Mari. Ia ficar doente se não conseguia sair desse inferno, lhe agitava e se fazia um nó no estômago pela repulsa enquanto estabelecia a cena, cuidando de não deixar nada que indicasse que não fosse um acidente. Uma fuga lenta que não apanhava a ninguém, a casa cheia de gás, e o doutor, saltando com sua música e velas, nu diante de seu Santo lugar obsceno, voando em pedaços com sua casa, bastante tragicamente. Entrincheire-te baixo o inferno, Jack. Vão pentear o campo quando isto esteja em marcha. Cobrir-te-ei. Entro. Preciso chegar até ela. Maldição, não. Grunhiu Jack. Digo-o a sério, Ken. Devolve seu traseiro aqui. Não é tão estúpido. Sou exatamente estúpido. Pensar na Mari colocada sobre essa mesa de exame, fixada como um inseto enquanto um pervertido doente a fotografava e a tocava era mais do que podia agüentar. Tinha que chegar até ela e abraçá-la. Este podia ser o engano maior que alguma vez tivesse cometido, mas ia fazer- o. Ela não estaria sozinha esta noite. Jack jurou uma abrasadora ronda de maldições às que Ken não fez conta. Saiu da casa e recompôs os alarmes, deixando tudo exatamente do mesmo modo em que o tinha encontrado. Em lugar de abrir-se caminho até a parte superior saindo para unir-se a seu irmão, começou a avançar lentamente pela erva para chegar até o edifício maior. Havia um caminho, um conduto, um tubo, um túnel, algo mais no cimento que poderia usar. Sempre havia uma forma. Usou o som, um talento menor que tinha e que não era o melhor utilizando-o, mas poderia procurar nas paredes de cimento um ponto oco. O cimento era magro na parte superior de um ponto perto da parede que dava ao sul. Havia caixas e plataformas de madeira e gavetas de todos os tamanhos amontoados ao redor. Obviamente os fornecimentos tinham sido deixados cair perto e tinham sido descarregados. Empilhou de novo as gavetas maiores e as caixas próximas dos arredores para ajudar a proporcionar um pequeno refúgio enquanto trabalhava. Custou-lhe meia hora abrir caminho pela magra capa e outros poucos minutos tirar o concreto no espaço oco que encontrou dentro. Sabia que freqüentemente havia amplas áreas reforçadas com a nova barra que deixavam aberta nas paredes no meio das maiores, principalmente nos recintos militares e uma vez dentro, ninguém o ouviria ou descobriria enquanto se movia pelos arredores, com a esperança de chegar até os níveis inferiores. Estou dentro. Encontrou uma caixa de madeira e a deslizou sobre a abertura para esconder o oco. Tinha que fazê-lo e provavelmente não se notaria com tantas caixas amontoadas ao redor da área. Enquanto se escorregava para o interior, colocando a caixa sobre ele, a casa do doutor voou, fazendo voar os escombros, enviando os restos como chuva; chamas vermelhas e alaranjadas ondeavam enquanto a negra fumaça se elevava para o ar. Os homens saíram precipitadamente do quartel e começaram a correr em todas as direções, perfilados pelo furioso fogo. Um alarme começou a soar, rompendo o silêncio da noite com um rugido infernal. Ken fez uma pausa para ver como se queimava a casa. Os cristais caíam para baixo em forma de chuva e pontos negros apareciam sobre as paredes, depois eram consumidos pelas famintas chamas. Havia uma intensa satisfação ao saber que ninguém poderia aproximar-se desse lugar, até que começassem a tentar controlá-lo com a água. Era muito tarde. Tinha aberto cada porta para assegurar-se de que o gás tinha enchido a casa e com isto pareceria que o Doutor Pervertido tinha tentado acender uma de suas muitas velas, que acidentalmente tinha estalado e pirado ele mesmo através da habitação, onde se golpeou diretamente rompendo o pescoço.

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Os cães saíram precipitadamente de algum lugar, de um túnel oculto a sua esquerda. Sabiam que havia cães, mas não sabiam que os mantinham dentro. Desde sua vantajosa posição podia ver que a porta não se abria de repente para permitir aos cães escapar do espaço entre as cercas dobre. Whitney não dava nenhuma possibilidade às mulheres para que pudessem aproveitar o caos e tentassem escapar. Se tiverem um túnel, terão mais. Observou Jack. Está a salvo? Cedo ou tarde chegarão aos arredores enviando aos cães a procurar a alguém, esteja no lado seguro. Não acredito que Whitney de muito por sentado. Estou bem, assegurou-lhe Jack. Sabe que tem que ter um par de rotas de escapamento. Quando este lugar caia, ele não tem a intenção de estar aqui. Deve ter mais de uma dúzia de laboratórios como este. Figuro-me que mais. Houve um pequeno silêncio enquanto escutavam as chamas rugir com cólera, ameaçando a folhagem e as próximas árvores. É um formoso fogo infernal, comentou Jack. Quero que se queimem as paredes por fora e por dentro. Tinha fotografias desde o chão até o teto de todas elas, Jack. Inclusive de quando eram meninas. Whitney não só sabia, mas também o animava. Foi uma das coisas mais doentias que nunca tinha visto. É uma maldita boa coisa que o filho de puta esteja morto então. Ken deu um último olhar às furiosas chamas, desejando que lhe tirasse a má sensação do estômago, mas seu ventre ainda se rebelava e teve que lutar para não vomitar cada vez que se lembrava da parede desde o chão ao teto onde estavam as fotografias de Mari. Sua vida feita uma crônica por um pervertido extravagante. Era-lhe indiferente ceder ante suas violentas emoções. Quando saía de uma atribuição, era sempre um negócio. Estava completamente desprovido de todo sentimento, não se preocupando com nada disso para conseguir fazer o trabalho. Quando alguém tentava matá-lo, poucas vezes tomava como algo pessoal; isto era parte de quem e do que era. Mas isto… Está apaixonado por esta garota. Vá ao inferno, Jack. Não é isso. Ela necessita amparo. Então faz-o pelas outras mulheres. Sente o mesmo por elas? Como posso me haver apaixonado por alguém que acabo de conhecer? É superficial. Sempre lhe disse isso, mas nunca me escutou. Isto não é amor. Ela só... Deixou-o bruscamente. Isto não era amor. Não se atrevia a amar. O amor podia converter-se em um pouco realmente feio em um homem como ele. Queria-a… queria cuidá-la e ver que tinha uma vida melhor. Estava de brincadeira? Queria despertar com ela em seus braços, com as pernas lhe rodeando a cintura, o corpo avançando lentamente com força contra o dele, a boca em seus peitos e beijá-la, esquentá-la, largos beijos que não acabassem nunca. Isto é sexo. Somente. Ponho-me duro só de pensar nela. Somente é sexo. É um bastardo mentiroso. Jack bufou mofando-se. Caminha para o sexo. Ela não só é sexo para ti, irmão. Ela é o fodido Quatro de julho e o Natal envolto tudo em um atrativo pacote. Kenny está apaixonado. Segue com isso, Jack, e direi a Briony que golpeou com uma arma a cabeça de sua irmã. Não te atreverá. Maldição. Rechaçava amar a uma mulher. Não o faria. Não ia arriscar-se que pudesse voltar perigoso para ela. Só a manteria. Atá-la-ia a ele. Tinha muita experiência com sexo e ela não. Mantê-la-ia quente para ele, querendo-o. Esta era a chave. Esquecer do amor. Jack estava cheio 140


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disso. Por isso era um desastre. Desta maneira poderia mantê-la sempre e nunca sentiria a pontada do ciúme. Guardaria suas emoções e se manteria a salvo. Ken se limpou o suor da cara e começou a caminhar pelo estreito corredor de cimento, encontrando o caminho pelo labirinto tão somente com o toque de Mari dirigindo-o, porque por um caminho ou outro… tinha que localizá-la.

Capítulo 15

Mari agarrou os barrotes da janela da porta e os sacudiu, o olhar fixo sobre os dois homens que se rondavam o um ao outro. —Não necessitamos as armas - disse Seam. —Não. Posso te golpear até a morte com minhas mãos nuas - respondeu Bret. —Alto - suplicou Mari—. Bret detenha. —Te cale. Mari. —Bret golpeou um punho como um martelo contra a porta, provocando que o coração dela se acelerasse—. Ocuparei-me de ti mais tarde. A câmera na esquina fez um leve zumbido ao trocar de ângulo para capturar melhor a luta entre os dois homens. O fôlego dos homens contido nos pulmões. Naquele momento ela de repente entendeu o que acontecia. O recinto inteiro era um experimento de laboratório, e cada um deles era um participante. Whitney queria emoções fora de controle. Queria ver se podia manipular aos homens em um frenesi assassino. Queria ver se podia adestrá-los para assassinar a seus próprios filhos, se o menino não cumpria as rigorosas normas para ser súper-soldado. E queria ver-se as mães eram o bastante fortes para conter aos homens para lhes impedir de fazê-lo. Punha a prova à natureza humana. Talvez quem quer que o financiava não conhecia os extremos aos que chegava, mas ele já tinha matado a uma das sete mulheres que tinha começado a treinar, e se Whitney se saía com a sua, as demais facilmente podiam morrer. Mari e suas irmãs não eram soldados. Isto nunca tinha sido seu lar. Elas eram experimentos de laboratório, nada mais, e se queriam sobreviver com o corpo e a alma intacta, tinham que escapar. Tinham que deixar de falar disso, fazê-lo, e logo. Imediatamente. —Seam, não o faça. É o que querem o que ele quer. —Ela sentiu a necessidade de lhe salvar, um companheiro soldado, um homem que tinha jurado cumprir seu dever e obedecer a ordens. Ela sempre o tinha respeitado como soldado tinha respeitado suas capacidades incluso quando se feito evidente que ele não as considerava a ela e às outras mulheres parte da unidade. Whitney lhe tinha feito algo terrível para trocar sua personalidade, para convertê-lo em outro Bret, brutal e sem a capacidade de discernir o bem do mal. —Atrás, Mari - vaiou Seam, os olhos sobre seu inimigo. —Se fizer isto, não há volta atrás. Ele te terá para assassinar. Não o vê, estará tão prisioneiro aqui como eu. —Era já muito tarde para ele; soube quase ao momento em que tinha vindo para ela e tinha atuado de modo diferente. O homem de sorriso fácil tinha desaparecido, e um estranho tinha tomado seu lugar. Ele tinha feito sua eleição; ainda depois de ver o que os experimentos do Whitney faziam aos homens, Seam tinha feito a eleição de participar. —Já o estou - disse Seam, apertando os dentes—. Ele não vai torturar-te mais. Mari sentiu as lágrimas queimarem atrás dos olhos. As facas tinham substituído às pistolas e não havia nenhum modo de parar o que ia passar. Em algum lugar, tudo estava sendo registrado 141


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como se fosse um vídeo-jogo em vez da vida real. Um homem com os olhos apagados os olhava sem mais compaixão que a que teria por uns insetos. Ele jogava com suas vidas e registrava tudo com diligência, tudo em nome da ciência e o patriotismo. Seam estava equivocado. Whitney ainda a torturava. Ele tinha afastado longe dela a outra pessoa pela que se preocupava. Não conhecia nenhuma outra vida, nem nenhuma das outras mulheres. Tinham falado de escapar, tinham planejado durante meses, mas até agora sempre encontravam uma razão para esperar, para permanecer um dia mais. Apesar de seu treinamento e suas capacidades físicas e psíquicas realçadas, a simples verdade era que tinham medo do que encontrariam fora do complexo. Em toda sua vida nunca tinham falado com alguém que não estivesse associado ao complexo. Os guardas e as cercas não eram as únicas coisas que as mantinham prisioneiras. O medo as retinha de maneira tão eficiente como os guardas. O medo pelo que Whitney faria a Briony. Medo pelas outras mulheres. Medo de não ser um soldado bastante bom. Medo do mundo exterior. Ela francamente não sabia se poderia sobreviver longe deste lugar. Os brutais anos de treinamento, de disciplina, armas, e controle, tinham sido seu modo de viver desde que podia recordar. Cada momento de educação que alguma vez tinha recebido tinha sido desenhado para convertê-la em um melhor soldado, uma arma melhor. Era o mesmo para as demais. Não tinham nenhuma família, nenhum amigo, e ninguém para advogar por elas. Disparou-se um alarme, uivando loucamente, e seu coração quase se deteve. E se Ken tinha sido descoberto? Agarrou os barrotes, suas pernas se voltavam de borracha quando estava muito assustada. Matariam-no. Ken. Estendeu-se para ele, cuidando-se de manter a energia baixa, como se dirigisse às outras mulheres como freqüentemente faziam pela tarde. Tenho que saber que está vivo. Estou aqui, céu, vou para ti. Ouço as sereias. Toquei a todas as moças e estão todas seguras em suas habitações. A casa daquele pequeno doente e pervertido doutor voou. É uma verdadeira tragédia. Ela forçou o ar por seus pulmões. Não te arriscou, verdade? Posso dirigir ao Prauder. É tudo parte do trabalho. Idiotices. O peito do Ken se contraiu. Ele não a queria em nenhuma parte perto do Prauder, Whitney, Seam, ou o valentão do Bret. Diga-me o que vai mau. E não diga nada. Posso senti-lo. Ela vacilou. Maldição, Mari. Estou perdendo a cabeça. Posso imaginar todo tipo de coisas realmente desagradáveis, somente me dê isso diretamente. Estou a salvo. Encerrada. Seam e Bret tratam de matar o um ao outro diante de minha porta. Ela tomou um profundo fôlego e o soltou, enfocando a câmera do vestíbulo. Bret era um bruto que desfrutava fazendo mal a outros. Tinha tratado de rompê-la, ao ponto de chegar ao limite das restrições que Whitney lhe impunha, mas não tinha tido êxito. Bret tinha sido bem treinado e realçado fisicamente assim que sua força era fenomenal. Ela deveria sabê-lo; ele a tinha usado em seu contrário repetidamente. Seam era o soldado máximo, rápido, forte e experiente na batalha, capaz de separar a emoção e centrar-se na zona de batalha, e era mortal com uma faca. Mataria ao Bret. Tinha a intenção de matar ao Brent, e o faria ante a câmera justo como Whitney queria, e não haveria volta atrás para ele nunca mais. Whitney o possuiria em corpo e alma. Mari o tentou de novo. —Seam, detenha! Só lhe jogou uma olhada, sem piscar quando Bret fingiu um ataque. Trocou seu peso sobre os pés, os olhos sobre seu objetivo. Ela voltou sua atenção outra vez à câmera. Tinha vários

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poderes psíquicos, mas a destruição do funcionamento interno de uma máquina não era uma de suas maiores habilidades. Ken podia provar o medo em sua boca. Já que quem quer que não morresse ia visita-la, e Ken sabia que era melhor chegar ali primeiro. Céu. Sua voz era suave, calmante; tinha que estar tranqüilo por ambos quando realmente tinha medo por ela. Juntas energia para te proteger? Ele podia sentir a acumulação em sua mente ao absorver ela a energia psíquica de seu redor. Estava concentrando-se, preparando-se para um ataque? Se encontrasse a Seam ou Bret tocando-a, nunca seria capaz de controlar-se. Cada músculo, cada célula em seu corpo, esticado e apertado, esperando uma resposta. Intento fundir a estúpida câmara. Não posso me concentrar. Havia um pequeno soluço em sua mente, cortando a toda pressa, mas ele o ouviu –e sentiu– o som dilacerador, e seu corpo inteiro reagiu. Abre sua mente à minha. A maior parte dos psíquicos desenvolvia escudos naturais, não desejando a ninguém correndo por toda parte em suas cabeças. Ken estava acostumado a compartilhar seus pensamentos com o Jack, assim como enviar e receber energia. Eles tinham experimentado freqüentemente e tinham praticado durante anos para aperfeiçoar suas habilidades de comunicação. A Mari tomou um momento ou dois para vencer sua reticência natural e permitir-se baixar suas barreiras. Ele verteu não só a energia, mas também indicações em sua mente de modo que ela soubesse exatamente onde concentrar a quebra de onda de poder na câmera e enviar a interrupção pelas linhas, apagando outras câmeras também. Para assegurar-se incluiu toda a equipe de áudio também. Ken estava impressionado de que confiasse nele o suficiente para lhe permitir entrar tanto nela. Tal como lhe tinha dado seu corpo, lhe dava sua mente. A sensação era muito mais íntima do que alguma vez imaginou que pudesse ser, como se sua alma tivesse roçado a dela. Seam está matando ao Bret, Ken. Diretamente diante de mim. Whitney lhe tem feito algo e está louco, igual à Bret. Está a salvo? Ele tinha encontrado a rota ao segundo nível e baixava, mas a zona de ventilação nas paredes de cimento era um labirinto. Estava salpicada de barras que se sobressaíam como estacas mortais. Havia becos sem saída e lugares onde tinha que acontecer estreitas bocas de cimento. Tomava tempo, um tempo precioso que temeu não ter. Não lhe respondeu em seguida, e durante um momento ele pensou que poderia perder a cabeça. Maldição, Mari, me diga a verdade. Está a salvo? Não sei. Estava preocupada e isto se acrescentou a seu alarme. Ele tomou ar e o soltou, procurando um modo de ser objetivo. Tinha que deixar de atuar como um idiota e pensar com o cérebro. Estou chegando, Mari. Aconteça o que acontecer com Seam e Bret, pensa que estou em caminho. Não o faça. Este lugar é uma fortaleza. Já estou dentro, amor. Sou um Caminhante Fantasma. Não sabe que andamos através das paredes? Ele tratou de brincar, com cuidado, tranqüilizá-la sobre seu estado. Mari tratou de olhar pelos barrotes da janela e viu manchas de sangue sobre a parede em frente. O sangue salpicado caía através do posto de guarda e se reunia no chão. Bret avançou lentamente para sua porta, sua camisa de um vermelho vivo, várias manchas grandes que começavam a juntar-se. Seus dentes se apertaram, grunhiu; todo o tempo o sangue gotejava de sua boca. Seam lhe seguiu sem piedade, agarrando uma faca ensangüentada, sua cara retorcida na de um estranho. 143


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Ela se separou da janela, pressionando sua mão contra seus trementes lábios. Sabia que Seam mataria ao Bret, mas a expressão desumana, a satisfação completa e o triunfo em sua cara era mais do que ela podia suportar. Havia uma qualidade selvagem em sua expressão ao espreitar ao Bret. O dorso de suas pernas golpeou sua cama de armar e se afundou, empurrando-se para trás até que esteve apoiada na esquina contra a parede, fazendo-se o menor possível. Sua mão se deslizou em baixo do colchão da cama de armar para sustentar o colar do Ken para consolar-se. Ken sentiu o rechaço repentino de Mari, sua retirada completa como se ela não pudesse suportar sua mente tocando-a. A violência sempre tinha sido sua vida, mas não como isto, não a fria, cruel, animal agressão que os dois homens mostravam. Ela não queria ser parte disso. Seu coração se apertou uma estranha sensação, sobressaltando-o com outro medo, esta vez pelo que ela pensaria dele. Se havia um homem violento no mundo, um que podia separar de toda emoção, era Ken. Pior que isso, quando permitia à emoção prevalecer, podia ser tão brutalmente eficiente como qualquer predador selvagem. Não me aparte. Ele suplicou por dentro, mas lhe saiu como uma ordem, e a sentiu apartar-se da brutalidade de sua voz. Estava bufando inclusive antes que ele começasse. Havia um limite ao que qualquer pessoa podia suportar, e Mari estava no dele. Ela precisava sair deste lugar. Necessitava a liberdade e ser capaz de escolher suas próprias opções. Alguém vem. Mari conteve o fôlego, ouvindo passos frente a sua porta. A toda pressa comprovou para estar segura de que a cadeia e a cruz estavam bem ocultas. Havia murmúrio de vozes. Seam não estava sozinho. Desejou permanecer acocorada contra a parede, mas não podia deixar que a vissem sentir-se tão frágil. Levantando o queixo, levantou-se e confrontou a porta. Seu coração palpitava. Estou contigo, amor. Vou pelo segundo nível. É difícil, com alguns obstáculos no caminho, mas custe o que custar, chegarei até ti. O complexo inteiro tem câmaras de segurança por toda parte assim como detectores de movimento e infravermelhos. Obrigado pela advertência. E, Mari? Permanece aberta a minha mente. Tenho que saber se estiver no perigo. Nem que se desatasse um inferno, poderia fazer muito de onde estava. As altas paredes de cimento eram estreitas e o labirinto parecia infinito. Não sentia claustrofobia, que já era algo bom, porque quanto mais entrava nas grosas paredes, mais lhe parecia que o labirinto era infinito. A porta se abriu e Seam esteve de pé emoldurado na entrada. Havia sangue sobre suas mãos, um sorriso sobre sua cara. Detrás dele estava Whitney com seu traje imaculado, com seus olhos apagados e seu meio sorriso espantoso. —Seam decidiu ser seu novo companheiro, Mari - disse Whitney—. Estou seguro de que as notícias lhe agradam já que sempre se opôs ao Bret. Ela forçou seu olhar a ficar enfocada nos dois homens longe do corpo caido no chão. Seus olhos encontraram ao Whitney. Permaneceu calada, não lhe dando a satisfação de uma resposta. —Não saberá algo sobre uma explosão na casa do doutor Prauder, verdade? —Não havia nenhuma inflexão em sua voz, nem um mínimo interesse. —Não ouvi nenhuma explosão - se encolheu de ombros—, baixo quatro níveis subterrâneos freqüentemente não sabemos que passa acima até que alguém nos diz isso. —Tampouco saberia nada sobre a chegada de um visitante, verdade? —Whitney persistiu. Seu coração saltou e logo começou a palpitar pelo alarme. Tinham descoberto aos Norton? —Temo-me que tenho muito poucas visitas. Doutor Whitney, como você bem sabe. Por que pergunta?

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—Abandonou estas instalações sem permissão. Por que reuniria a sua antiga equipe a não ser que tivesse um plano? Ou planejava escapar, em cujo caso sabe que uma de suas amigas provavelmente encontraria a morte, ou, mais provavelmente, desejava falar com o Senador Freeman. Ela manteve sua cara tão inexpressiva como lhe era possível. —Por que quereria fazer isso? —Em apoio a seu passado. Diria que removerá o problema outra vez. Parece ser seu talento mais impressionante no momento. — Com os olhos entrecerrados deu um passo para ela—. Seam vai ficar contigo um pouquinho. Esperemos que se Norton não fez o trabalho, Seam o faça, porque depois disto, não vais ser muito importante para mim. Seu estômago deu sacudidas. —Não lhe entendo. —Ah. É uma mulher muito esperta Mari. Estou seguro que realmente me entende. O Senador Freeman vem para aqui e quer dirigir-se a todas as mulheres, mas te mencionou expressamente. Freeman não tem nenhuma autoridade aqui. —Pensei que Freeman era amigo dele. Seu olhar frio passou sobre ela. Quando era uma menina, esse particular olhar murchava todo desafio imediatamente. Agora a deixou com as palmas suarentas e a boca seca. —As pessoas que fazem muitas perguntas sobre coisas das que não deveriam ter nenhum conhecimento tende a desaparecer. Ela sabia que ele tomava a repentina exalação quando o ar abandonou seus pulmões como uma rápida compreensão. —Você ordenou o golpe contra o Senador Freeman. Não teria enviado a nossa equipe para protegê-lo se estava ali para nos deter. —Coopera esta vez, Mari, me dê o que quero. Estou muito cansado de seus ataques. —Por quê? Por que faria você isto? Ele é o marido da Violet. —Violet esqueceu onde está seu principal dever e o senador também. Pusemo-lo nessa posição, mas ele se volta mais arrogante e ingrato cada dia. —Não lhe pedi que viesse aqui. Nunca estive perto dele. Dispararam-me. Os olhos apagados permaneceram fixos em sua cara com acusação. —Encontrou um modo de lhe mandar uma mensagem. Violet te escutaria, é obvio, e o persuadiria. Ela descobrirá que sou muito melhor como aliado que como inimigo. Mari quis permanecer silenciosa, temendo que algo que dissesse empurraria ao Whitney sobre o limite e machucaria a alguém, mas não podia lhe deixar partir sem tratar de salvar-se. Não se atreveu a olhar a Seam. O mesmo sorriso brutal permanecia em sua cara durante a conversação. Fortaleceu a atenção, convertendo-se no soldado perfeito informando ao Whitney. —Não deveria me haver partido sem permissão, mas ia voltar-me louca encerrada. Pensei que se pudesse controlar uma missão ou duas me sentiria melhor. Você nos treinou como soldados. A permanência nestas células diminutas nos volta loucas. Não falei com o senador, e quando fui capturada, tratei de me estender para minha unidade. Minha primeira prioridade era escapar, e tão logo a oportunidade se apresentasse. Assim o fiz. Seam pode verificá-lo. Whitney estudou sua cara com seus olhos apagados, não mostrando nada do que pensava. —É correto - disse Seam. Whitney não fez caso do soldado. —Partiu sem permissão. —Fui, é certo. E hei mais que pago meu engano. —Mas como, Mari? —Ele estava de repente impaciente. 145


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Ela forçou seu olhar ao chão em um papel mais submisso. —Estou cansada e esgotada esta noite e me perguntava se você esperaria antes de me enviar a Seam. Ao menos espere até que saibamos se Norton me deixou grávida. —Não! —Seam era firme—. Deu-me sua palavra, senhor. O doutor Whitney elevou a mão e Seam se calou. —Certamente aumentei suas possibilidades com todas as injeções de fertilidade que te dava disse Whitney a Mari enquanto estudava sua cara—. Não te acredito. Acredito que tem seu próprio plano, e como Seam indicou. Realmente lhe dei minha palavra. Mari ficou rígida como uma vara, mantendo sua expressão em branco, mas não podia controlar a palpitação repentina de seu coração. Quis derrubar-se e cair em um montão de soluços no chão. Não podia passar por isso outra vez, não com Seam. O que o havia possuído para permitir ao Whitney incluí-lo em seu demente programa? Eles freqüentemente falavam de como os homens se convertiam em brutos depois de tomar o coquetel químico do Whitney. O Doutor Whitney jogou uma olhada para a câmera. —Depois que termine aqui, irá ao laboratório médico para umas provas mais. Não sabia que seus poderes psíquicos se desenvolveram o suficiente para machucar não somente uma, a não ser várias das câmaras e a equipe de áudio. Ele esperou, mas ela rechaçou tomar a ceva, permaneceu calada. —Ah bem. Desejo-te uma tarde muito agradável - disse Whitney. Seu sorriso permaneceu firmemente em seu lugar enquanto apartava o pé do Bret com a ponta de um sapato imaculado—. Farei que alguém recolha o corpo. —voltou-se e os deixou. A porta se fechou detrás dele com um familiar som metálico. Mari se estremeceu ao pensar no cadáver do Bret jazendo a poucos centímetros de sua porta enquanto seu assassino a confrontava, o sangue sobre suas roupas e mãos. Ela sacudiu a cabeça. —Por que o fez, Seam? —Sabe o porquê, Mari. Sempre soubeste como me sentia sobre ti. —Ele deu um passo adiante no pequeno quarto de banho, seu ombro roçando-a, quase a golpeando. Ela se apertou contra a parede, as lágrimas lhe queimavam atrás das pálpebras e obstruíam sua garganta. —Não sei Seam. Juro-lhe isso, realmente não sei. Ele saiu, secando as mãos. —Como pensa que me fez sentir deixar entrar o Bret aqui e ouvir sua luta, ouvir que ele te golpeava? Não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Ele não era para ti; nunca foi. Sabe, e disse ao Whitney que ele não era para ti. Whitney esteve de acordo comigo. —Então tomou seu lugar? Isto não tem nenhum sentido. —Melhor eu que alguém mais. Sempre te desejei. Não lhe ocultei isso. Foi você a que quis nos manter só como amigos. —E isto deveria te dizer algo. Permite ao Whitney nos acasalar sabendo que não queria ser mais que uma amiga para ti. Isto não me salva Seam. —Pela primeira vez ela sentiu o desespero absoluto. Ele a olhava sem compreensão, insensível ao que ela pensasse ou sentisse—. Isto é por ti. Você me desejava, e este era seu modo de me conseguir. Não se preocupou absolutamente como me sentiria, verdade? Ele se encolheu de ombros. —Melhor eu que Bret ou alguém mais. Devia me aceitar uma das cem vezes que fiz a oferta. —Não sinto outra coisa por ti mais que amizade.

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—Whitney tem razão, é obstinada. Rechaçou tentá-lo. Não me deu nenhuma outra opção, Mari. Isto é por ti. —Ele deu um passo mais perto dela, ameaçando-a—. Quero que entre na ducha e apague o aroma desse homem de ti. —Vá ao inferno. Ele sacudiu a cabeça. —Não faremos isso, Mari. Não tem nenhuma opção. Pertence-me, e vou assegurar-me que se houver um bebê, é meu. Entra na ducha e faça o que te digo. Franziu-lhe o cenho. —Realmente pensou que seria tão fácil? Que chegaria aqui e te levaria as poucas opções de eleição pessoais que tenho e que o aceitaria? Bret era um bruto vicioso e o desprezava. Você foi sempre especial para mim. Não podia te haver respeitado mais. Mas isto… - Ela estendeu as mãos e sacudiu sua cabeça é um ato desprezível, e o que queira de mim terá que tomá-lo. E pode viver sabendo que é um violador doente de merda como Bret. —Dei minha vida por ti, Mari. Fará o que digo. Vendi minha alma ao Whitney por ti. —Você não tem alma. —Entra ali e te lace antes que te arraste e te esfregue eu mesmo. —Foda-se Seam. Seam a agarrou pelo cabelo e a arrastou por volta do quarto de banho, estalando furioso quando ela não fez o que lhe ordenava. Empurrou-a com força. —Entra. Ela chutou a porta fechando-a em sua cara. Mari. Céu. O que acontece? Assusta-me, carinho. Deixa de tentar te apartar de mim. Ela pensava que tinha afastado sua mente do Ken, não só tentado. Devia haver-se estendido porque estava tão tensa e assustada. Não queria que ele soubesse, testemunhasse sua total humilhação. Permaneceu um momento apoiada contra a porta de quarto de banho e logo começou a despir-se. Uma vez que Seam ouvisse a ducha, poderia acalmar-se e ela poderia falar razoavelmente com ele. Mari deu um passo em baixo da cascata de água e fechou os olhos, levantando a cara. Não pode me ajudar agora Ken. Este lugar está fechado e não posso escapar sem as demais. Não irei sem elas. Nunca me perdoaria isso. Por favor, parte. Que diabos diz? Ela se apoiou contra a ducha e deixou que as lágrimas se filtrassem em baixo do deslizar de água quente, pretendendo não ceder ante o sentimento de desespero, mas se afogava nele. Seu peito se sentia oprimido. Logo que podia respirar, e sua garganta era áspera e a afogava. Pela primeira vez que pudesse recordar, sentiu pânico. Carinho. A voz dele se moveu em sua mente. Suave. Tão tenra que provocou uma nova inundação de lágrimas. Estou aqui, Mari. Fale-me. Compartilha-o comigo. Apóie-te um pouquinho por Deus. Não posso. Ela desejou estender-se. Desejou sentir o conforto de seus braços, e talvez fosse um engano. Ken a tinha feito fraca, para que lhe necessitasse. Sempre tinha sido capaz de agüentar, de estar sozinha, mas agora desejava a rocha sólida de seu corpo, a força de seus braços. Quis que ele abrigasse seu final e parasse a loucura antes que perdesse a cabeça. Whitney a rasgava em pedaços, tal como Ekabela tinha talhado o corpo do Ken em seções lineares. Pode-me dizer isso Zangar-te-á. Tinha tido suficiente de homens zangados. Abraçou-se e se acocorou, desejando poder desaparecer pelo deságüe com a água.

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Não contigo. Tenho raiva em mim que nunca soltei, e talvez saia fervendo à superfície, mas nunca contigo, Mari. Só quero o melhor para ti. Diga-me isso Ia dizer. Porém sabia que era um engano, mas não podia deter-se. Desesperadamente, necessitava a alguém. Whitney me ofereceu a Seam. Seam matou ao Bret. O corpo está diante de minha porta e Seam me espera. Ele não vai aceitar um não por resposta e é mais forte que eu. Não pode chegar para mim a tempo. Não se estiver no segundo nível. Durante um momento ele se foi; sua mente se apartou bruscamente da sua, abandonando-a e privando-a e fazendo que se sentisse doente. Um ruidoso golpe sobre a porta a fez saltar. Seam vinha a tomá-la e não havia nenhuma saída. Céu me escute. Havia dor em sua voz, em sua mente, dor e culpa mesclada com a raiva mais fria que ela alguma vez havia visto. Não posso chegar a ti. Perfuro por capas para tentar encontrar um caminho na parede debaixo de mim. Todos são becos sem saída. Está bem. De verdade. Não o estava e ambos sabiam. Permanece comigo. Manten sua mente na minha. Não. Não te quero aqui comigo quando passe. Sinto-me suja. Não poderia suportar que fosse testemunha disto. Ela teve a sensação de uns lábios que roçavam a comissura de sua boca, e tocou seus lábios maravilhada. Como fez isso? A porta se abriu de repente e Seam rasgou a cortina de banho. Mari lhe olhou com a cara molhada de lágrimas, sentindo um total desespero. Tenta te unir com ele mentalmente. É um telepata? Sim. Durante um momento ela não compreendeu, e logo uma pequena esperança piscou e floresceu. Ela não se atrevia a acreditar que poderia, porque seria terrível se ele não pudesse fazêlo. Pode usar o controle mental sobre ele? Estou malditamente seguro de que o vou tentar. Não pode cometer um engano, Mari, e delatar por acaso o fato que estou aqui e nos comunicamos. —Te levante Mari - Seam estendeu a mão. Devagar ela desdobrou as pernas, rechaçando sentir-se intimidada porque não tinha nenhuma roupa. Por que faz isto, Seam? Por favor, me fale assim poderei deixar de tremer. Tenhote medo. Eu não gosto de te ter medo. Com amostras de relutância pôs sua mão na dele e permitiu que a ajudasse a levantar-se. Ele atirou até que o corpo dela roçou o dele. Ela não podia evitar estar rígida, mas obteve não lutar. Por que usamos a telepatia? Seam a empurrou diante dele para o dormitório, revisando cuidadosa as paredes, procurando uma câmera oculta. Estou quase segura de que Whitney tem vigilância de áudio aqui. Coisas que me repetiu só podia as saber se as escutou em minha habitação. Sente-se na cama comigo, durante um minuto, Seam, me deixe me acostumar à idéia disto. Não disse que danificou todo o áudio quando rompeu as câmaras? Não me quero arriscar. Sabe que ele sempre mente. Ela sentiu ao Ken movendo-se em sua mente quando se distanciou de Seam. Ele estudava o campo de energia, os rastros esquecidos de Seam. Ela sentiu a quebra de onda repentina de energia que entrava em sua mente, juntando tudo o que ela tinha e atando aos dois juntos em uma unidade poderosa. Isto a assustou tanto que quase se retirou. Ela não era Mari, permanecendo sozinha, era parte do Ken, abrindo-se a ele, todos seus medos e esperanças e cada lembrança que tinha. Era assombroso estar tão perto de outro ser humano, tão completamente vulnerável a ele. Deixou que seu corpo se afundasse na cama, alcançando a magra manta para tentar proteger seu corpo da luxúria nos olhos de Seam. Por que lhe repugnava tanto? Quando Ken a tinha olhado 148


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com cem vezes mais fome, ela se tinha derretido para ele, derreteu-se nele. O instinto de conservação exigia que o apartasse antes que sua mente liberasse cada fantasia secreta, cada desejo secreto, real e imaginário, e Ken respondesse do mesmo modo. Um tremor a transpassou. A mente dele já enchia a sua de tanta informação, e com suas lembranças veio o poder. Sua energia fundida em uma corrente estável, um fluxo poderoso, uma corrente tão forte que ela temeu que pudesse sair antes que Ken pudesse tomar o controle por completo. Seam atirou da manta. Mari opôs resistência, mas esta escorregou o suficiente para revelar a elevação de seus peitos. Ele atirou mais forte da manta, seu cotovelo lhe empurrou as costas até que ficou tombada através da cama. Não quero esperar. Conhece-me de anos, Mari. Pertence-me, sempre o tem feito. Tomo o que é meu. Sua boca sujeitou com força seu peito, uma mão rodeando sua garganta, os dedos apertando para lhe recordar não lutar. —Seam, faz-me mal. —Ela golpeou com ambas as mãos contra seu peito, tratando de apartálo. Esperou que Ken o perdesse. Era consciente da raiva nele, uma entidade viva, negra, fera e brutal. Utiliza a telepatia, obriga-o a te responder. Seam, por favor, dói. Então não lute. Ela sentiu a reação instintiva do Ken, as emoções vertendo-se, formando redemoinhos juntos para fazer a raiva ainda mais poderosa. Mas ele se manteve tão frio como o gelo, mais frio ainda, completamente silencioso e centrado, apartando a raiva como se nunca tivesse existido, até que sua mente foi o tranqüilo olho de um furacão que dá voltas. Ela ouviu a cadência suave de sua voz, hipnotizando, ordenando, baixa e aprazível, mas tão insistente que não podia negar-se. As palavras se deslizavam por ela, impossível as compreender, montando a cavalo sobre a corrente de energia que escorregava de sua mente para a de Seam. Seam se sentou, sua cara sobressaltada. Sacudiu a cabeça várias vezes como se a limpasse. A voz nunca se deteve nunca se elevou o tom nunca trocou. Era implacável em seu assalto e empurrava na mente de Seam, exigindo a obediência. A cara de Seam empalideceu grandemente, seus olhos de olhar ausente. Ela reconheceu o peso em sua mente. Experimentava-o em muito menor grau. Ken tinha agarrado a mente de Seam com força e rechaçava soltá-la. Seam se levantou, arrastando os pés para trás, olhando-a fixamente com um medo selvagem, necessitado. Ela teve medo de mover-se, por medo a romper o feitiço que Ken tecia com sua voz. Não sabia como funcionava, mas a energia a deixava esgotada. Seam resistiu, lutando contra o murmúrio contínuo daquela ordem implacável. Cada passo que o separava dela se arrastava pelo chão como se ele resistisse a levantar o pé. Mari conteve o fôlego quando golpeou seu cartão de acesso pela fechadura para abrir a porta. Para seu assombro soltou o cartão ao chão antes de andar arrastando os pés para fora. A porta se fechou de repente atrás dele, mas seguiu movendo-se, apartando-se longe dela. Podia ouvir seus passos afastando-se. De todos os modos a enorme inundação de energia seguiu. Esgotada, Mari se tornou atrás, atirando-se em cima a manta, seu corpo inteiro tremia de modo incontrolável. Ouviu o tic–tac do relógio e o próprio batimento do coração. A energia rangeu ao redor dela, rangeu em sua mente, que se levantava com tal poder que a assustou pensar o que Ken e ela poderiam fazer juntos se se inclinassem à destruição. A voz seguiu, e ela tratou de entender as ordens, determinada a averiguar o que Ken exigia de Seam. Não podia interromper, por medo de que Seam voltasse, já que ele saberia que não tinha 149


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estado sozinha para afugentá-lo. Viu o cartão no chão, mas não podia encontrar a força nem para aproximar-se lentamente. Tudo o que era estava naquele rio de energia. Permaneceu com os olhos fechados, sentindo a quebra de onda que se inchava, e compreendido que não estava sozinha com o Ken. Jack lhes tinha unido, lançando sua energia psíquica na participação de Seam em sua ordem. A mente de Seam já não era a sua própria, pois tinha sido assumida totalmente pelos gêmeos Norton. Ela tentou atirar de sua própria energia para trás, com medo de estar tão exposta ao irmão do Ken, mas a união era muito forte. Foi empurrada mais e mais longe de sua mente, andando por um labirinto de corredores, procurando com um objetivo mortal, escuro.

Capítulo 16

Muito depois de que a sensação de energia fluindo entre as mentes fundidas se desvanecesse, Mari se tornou na cama, olhando fixamente ao teto. As lágrimas brotaram de seus olhos, mas não podia fazer o esforço das secar. Ouviu alguém fora da porta movendo o corpo do Bret, mas ninguém falou com ela. Dava o mesmo. Não se acreditava capaz de poder responder. De repente, sentiu um revoou em sua mente e reconheceu o toque de Cami, mas não tinha a força para responder, embora soubesse que causaria desassossego na outra mulher. Haveriam sentido seus medos. E certamente, haveriam sentido o aumento da energia psíquica... Qualquer psíquico o teria notado. Não havia maneira de conter esse tipo de poder. Sentia a mente esgotada, o corpo tão pesado como o chumbo. Não podia imaginar-se como se sentia Ken, mas tinha que estar pior. A cabeça lhe palpitava com um dos piores, e mais descontroladas dores de cabeça que alguma vez tinha experiente, usar a telepatia e outros talentos psíquicos freqüentemente os causavam. O coração lhe pulsava muito forte e rápido, estava enjoada e doente. Imaginou ao Ken convexo no chão, em algum lugar do grande complexo, rodeado de inimigos, vulnerável ao ataque, e o corpo coberto de suor. Logo que podia respirar pela necessidade de saber que estava vivo, bem e a salvo. Não podia tocar sua mente, e estava segura que se ele pudesse tocar a sua para reconfortá-la, o teria feito. Só podia estar tombada ali, aterrorizada, imaginando o pior sem poder lhe ajudar. Ninguém poderia ter gasto essa quantidade de energia e não ter tremendas repercussões físicas. Tinha dado tudo para salvá-la. Ouviu-se soluçando. O peito subindo e baixando. Comoveu-a estar soluçando na cama de armar. Não pequenas lágrimas, a não ser chorando em voz alta para que a ouvisse todo mundo. Nunca tinha feito isto. Nunca. Era um soldado, adestrada para a sobrevivência. Nunca, nunca, dê munição ao inimigo em seu contrário, e certamente, nunca lhes dê a satisfação de meter-se com suas emoções. Todo treinamento parecia ter desaparecido nesse instante, deixando-a vulnerável. Precisava saber que ele estava a salvo. Como era possível que sua conexão se fortaleceu tanto que já não era tão só sexo? Pensava que podia haver momentos em sua vida que faria que o resto fora passível, mas o estar com o Ken Norton o tinha trocado tudo. Ela tinha trocado. Tinha-lhe mostrado que a vida podia ser diferente, que podia haver esperança para ela, podia ter sonhos. Durante umas boas duas horas esteve tombada na escuridão, perguntando-se se estava vivo. Pela primeira vez em sua vida, rezou. Whitney lhes tinha ensinado a acreditar só na ciência e que a gente que acreditava em um poder mais alto eram pessoas que necessitavam um apoio. Não havia tal coisa como Deus, ou um salvador, ou inclusive, um modo de vida além da disciplina e o 150


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dever. Tinha sido doutrinada desde menina na crença de que aqueles que eram piedosos e compassivos eram novilhos, gente esperando que alguém com inteligência e poder os guiasse. A maior parte de sua vida, acreditou-se uma fracassada porque não estava estritamente apegada aos ensinos do Whitney. Amava a suas irmãs, e a maior parte do que ela era, desejava as proteger e estar com elas... Não por seu tremendo sentido do dever. Nunca tinha acreditado em nada exceto em suas irmãs, mas agora, no caso de, rezou. E logo, como se realmente alguém tivesse escutado sua súplica (sem ruído, sem nada que a advertisse) quase morre do susto quando a porta se abriu e um homem se deslizou dentro. —Ken? —chamou-o com voz rouca, ainda incapaz de levantar a palpitante cabeça do travesseiro. Era ele, amplos ombros, braços como o aço deslizando-se a seu redor, aproximando-a. Voltou a cara úmida pelas lágrimas contra seu peito. Derrubou-se na cama e se precaveu que ele estava tremendo de debilidade—. Como conseguiu chegar aqui? Ainda não posso me mover. —Não tem que te mover; acabo de me unir a ti. Minha cabeça parece a ponto de explodir. — estirou-se sobre a cama a seu lado, as mãos lhe percorrendo o corpo para assegurar-se de que estava bem—. Sua coragem me aterroriza. —Na verdade lhe humilhava. Suportar as coisas que tinha suportado durante toda sua vida, permanecer ali e enfrentar a Seam e o que ele tinha a intenção de lhe fazer, entregar-se completamente ao Ken, um homem que ela sabia era totalmente perigoso –possivelmente mais– era inclusive mais do que podia compreender. De repente se esticou. —OH, Deus, neném, está chorando. Vais romper-me o coração. Foi-se. Está a salvo. Está a salvo comigo. Envolveu seu corpo protetoramente, sentindo seus tremores e a cara úmida pelas lágrimas contra o peito. Os dedos enterrados no espesso cabelo enquanto a atraía tão perto como podia, tratando de defender a de qualquer outro dano. —Sinto muito, carinho. Tratei de chegar aqui o mais breve possível. Fizeram-lhe atravessar um inferno e eu não estava aqui. —Com seu pranto não podia respirar. O peito tenso, a garganta áspera e o pânico em aumento—. Para. As mãos lhe acariciando o cabelo. Uma chuva de beijos sobre sua cara e lhe lambendo as lágrimas em um esforço para detê-las—. O tentei. Juro que o tentei. —Estava aqui, Ken, estava-o; salvou-me quando pensava que não era possível. —Agora que estava com ela, são e salvo, deveria ser capaz de deixar de chorar, mas por alguma razão, tinha as comportas abertas e foi pior, alternando entre o soluço e, aferrando-se a ele como uma menina. Mari sabia que se envergonharia pela manhã, mas o casaco da escuridão lhe deu a coragem para ser honesta—. Estava tão assustada por ti. —Assustada por mim? —Ken cobriu com mais beijos o topo de sua cabeça e descendeu pela cara. Roçou com os dentes o queixo e logo lhe beijou as comissuras da boca—. Estava a salvo. Foi a única em perigo. Pensei que me voltaria louco.— Roçou-lhe as lágrimas com os polegares. Mari se esforçou em recuperar o controle. Não estava brincando; estava muito emocionado por suas lágrimas. Tomou várias profundas respirações recuperando a calma. —Deu-se conta Seam que utilizou o controle da mente nele? Porque se o fez, Whitney saberá que provavelmente eu não pude havê-lo feito, poder-se-ia voltar louco e nos matar a todos. —Não, não tem nem idéia. Você sabe por que me detive antes de te dar à ordem de esquecer o que te tinha passado. Posso implantar lembranças. —Fez-o com Seam? —Para te proteger, fiz. Acredita que tiveram relações sexuais. Acredita que cooperou com ele. Não quero que volte pela manhã. —Como pôde lhe fazer acreditar isso? 151


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—Foi bastante fácil. Seus desejos eram muito poderosos, e as imagens de ti nua em sua mente eram vívidas. Não foi difícil manipulá-lo uma vez que estive conectado a ele. Não queria Mari, mas senti que não tinha opção. Foi na única coisa que pude pensar, além de lhe matar, para te proteger. E se o matava, Whitney descobriria que nos tínhamos introduzido em sua fortaleza. Forjei a Seam e se tivermos sorte, será cuidadoso quando der uma prova ao Whitney. —Está-me pedindo perdão?— Jogou a cabeça para trás o suficiente para olhá-lo, emocionada que estivesse aborrecido quando o que ele tinha feito lhe havia agradado muitíssimo. —Sinto muito, neném. É um inimigo capitalista, e deveria ter encontrado uma forma melhor de eliminá-lo permanentemente, mas só tinha uns poucos segundos para tomar uma decisão e isso foi tudo o que me veio à mente se queríamos a sua família a salvo. —E tinha estado angustiado e amaldiçoando sobre essa decisão cada instante após. Queria a Seam morto. Necessitava a Seam morto, mas tinha que viver com o fato que tinha deixado vivo ao bastardo e Mari não estava a salvo. —Não tenho nem idéia que teria feito se não me tivesse ajudado - disse. Os dedos nervosos lhe roçaram o cabelo, em uma carícia inconsciente. Enterrou a cara contra a calidez de seu pescoço—. Whitney disse que o senador vem para aqui, que em concreto pediu falar comigo. Não tenho nem idéia por que perguntaria por mim, mas Whitney estava realmente zangado. Tenho a segurança de que é por isso que me enviou a Seam esta noite. Esforçou-se para ocultar a quebra de onda quente de fúria e não transbordá-la onde ela pudesse notá-lo. Roçou com um beijo os suaves fios de seu cabelo no alto da cabeça. Nunca tinha estado tão asfixiado em sua vida. Era aterrador como esta mulher o fazia sentir. Tinha sido cuidadoso toda sua vida para nunca mais envolver-se emocionalmente, e agora ela o tinha envolvido tão forte que logo que podia respirar... E não sabia como tinha passado, nem quando. —O senador Freeman vem aqui? —Isso é o que disse Whitney. Não acredito que seja uma boa idéia. Whitney parece realmente zangado com ele. Freeman não está realçado. —Mas sua esposa sim. —Sim. Whitney e o pai do senador, Andrew Freeman, conhecem-se faz tempo. Andrew Freeman está navegando. Violet nos contou que estava sendo preparada para ser a esposa do senador... Que Whitney queria apresentar ao Senador Freeman para vice-presidente e que teriam a um homem no poder ao que poderiam controlar. —Assim Violet é uma das Caminhantes Fantasmas do Whitney. Tem um pequeno exército. —Não! —Mari jogou para trás a cabeça para olhá-lo—. Violet nunca nos trairia, não importa o que Whitney lhe oferecesse. Acredito que sinceramente ama a seu marido, mas não nos trairia. Whitney tem acesso à autêntica equipe de Caminhantes Fantasmas. Violet era parte desse grupo e também eu. Whitney tem outra unidade composta por súper-soldados. Não é realmente o mesmo. Estão realçados, mas suas habilidades psíquicas não são tão fortes e a maior parte deles são muito violentos. Sei que Violet não forma parte disso; não nos trairia. —Seam o fez. Houve um silêncio e se amaldiçoou por lhe fazer mal. Seus braços a estreitaram ainda mais, como se a esmagando contra ele e acariciando o topo de sua cabeça pudesse compensar a mete dura de pata. —Certo fê-lo - disse Mari—. Culpo-me por isso. —Isso é uma sandice e sabe. Fez sua eleição; todos o fazemos. Tem que assumir sua responsabilidade. Se eu me chatear contigo Mari, assumo-o eu. Alcançou a perfilar seus lábios com a ponta do dedo, ouvindo a dor em sua voz. —Por que persiste em pensar que é algum tipo de monstro? 152


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—Não quero que tenha uma idéia equivocada de mim. —A voz soou áspera inclusive para seus ouvidos. Ela sorriu na escuridão. —Estive em sua mente. Sei que é mandão e você gosta de tudo a seu modo. Pensa que é ciumento... —Sou ciumento. O pensamento de outro homem lhe tocando me volta louco. —Apertou os olhos fechados—. Meu pai também era ciumento, Mari, não podia suportar a minha mãe falando e rindo com seus próprios filhos. Golpeava-a cada vez que um homem a percorria com o olhar, o qual era freqüentemente. Era uma mulher bela. Já me sinto muito possessivo contigo. A idéia de algum homem te sujeitando em seus braços, te beijando, compartilhando seu corpo, simplesmente o pensamento, tira-me de gonzo. Honestamente não sei o que faria. Envergonhado, envolveu-lhe o braço ao redor da cabeça, lhe pressionando a cara no peito para que não pudesse olhá-lo. Não podia olhá-la de frente. —Podia sentir suas emoções quando estava brigando com o Bret. Desgostou-te ser a causa disso. Posso ser muito pior, Mari, sei que sou capaz. Esperava te manter a distância e não sentir isto tão forte, mas ocorreu e não posso detê-lo. —Não é seu pai, Ken. Levaste uma vida completamente diferente. Formaste-te com suas próprias experiências. Riu brevemente sem humor. —Exatamente, Mari, maravilhosas experiências. Presenciando o meu pai matando a minha mãe. Tratando de me fazer o adulto... Demônios, não era nem um adolescente. Tramei mil formas de matá-lo. Moí a golpes a dois de meus pais adotivos e não tenho nem idéia a quantos meninos e homens adultos. Escolhi as operações especiais, Mari, escolhi ser realçado psíquica e fisicamente; depois de tudo, converter-me-ia em um assassino mais eficiente. Estas são as coisas que formaram minha vida. —Manteve o tom absolutamente carente de emoção, separando-se da realidade de sua infância como sempre o fazia. A maneira que tinha a fim de sobreviver. As lágrimas arderam uma vez mais. Não tinha chorado bastante esta noite? Esta vez as lágrimas não eram por ela, a não ser por esse garotinho, o adolescente abandonado pelos adultos. Sua vida podia ter sido austera e fria, mas não tinha conhecido nada distinto. Não tinha nada para comparar. De algum jeito até tinha sido divertido, todo o treinamento físico e psíquico. Havia-se sentido especial e finalmente respeitada. Mas Ken tinha conhecido o amor. Sua mãe o tinha amado; Mari podia sentir o eco desse longínquo amor em sua mente. Fez-lhe tanto dano embora ele não soubesse. Não era consciente disto, só do fogo da fúria ou o frio gelo de sua falta de emoções. Com o Ken era tudo ou nada. Fúria ou Gelo. —Ken... —Não o faça! —disse bruscamente, porque se chorava por ele, seria o fim. Ninguém nunca tinha chorado por ele. Sua mãe tinha estado morta, e o resto do mundo olhava ao Ken e ao Jack como se fossem os monstros que seu pai tinha criado. Inclusive naquele tempo, as pessoas tinha tido razão em ter medo. Apartou-lhe as lágrimas com os polegares. —Arrancar-me-á o que fica de coração, Mari. Para. Não posso trocar o que sou. Eu gostaria neném, mas não posso. —Se em realidade fosse à mesma classe de homem que seu pai - disse brandamente, refreando o pequeno soluço que ameaçava escapar—, teria matado a Seam ali e nesse momento, enquanto tinha a oportunidade, e ao inferno com minhas irmãs. Seu pai não se teria posto a cruzar o inferno ao saber que outro homem me estava tocando e negar o prazer de matar a esse homem. Meus sentimentos não teriam tido importância absolutamente, mas importaram a ti. 153


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Possivelmente teria querido matar a Seam (demônios, eu queria matá-lo), mas não o fez. — retorceu-se para sair debaixo do braço e lhe beijou brandamente ao longo da parte inferior da mandíbula. Gemeu brandamente. —Neném, está mentindo a ti mesma. Não sou um bom homem. Seguro como o inferno que desejo estar, sempre e em qualquer lugar perto de ti, mas a verdade é que tenho feito coisas em minha vida, e as farei de novo, me eliminando completamente dessa categoria. Quero matar a esse filho da puta, e algum dia o farei. —Porque é uma ameaça para mim, Ken, não porque me tocou. —Não te engane, Mari, são ambas as coisas - replicou sombriamente. Sabia que essa admissão condenava toda oportunidade de ser feliz com ela. Não era o tipo de mulher que andaria atrás de um homem. Era um homem que constantemente precisaria protegê-la, tomar as decisões, e não havia uma maldita coisa que pudesse trocar isso. A diferença de Briony, que aceitou a dominação do Jack, a Mari irritariam as restrições. Tinha tido muitas restrições, e intercambiar uma por outra não lhe ia gostar. Uma vez provada a verdadeira liberdade, quereria lhe deixar e não olhar atrás. O pensamento foi esmagador. Arrancou-lhe as vísceras até que logo que pôde pensar corretamente. Precisava concentrar-se em outra coisa... Algo. Ken se esclareceu garganta. —Logo que o cérebro se cure um pouco, conseguirei falar com Jack. Talvez possa advertir ao senador que se afaste se realmente crê que Whitney pode lhe fazer mal. —Certamente que acredito que Whitney pretende lhe fazer mal - disse Mari—. Acredito que jogou por terra o golpe em primeiro lugar. Quando o comando foi proteger ao senador, penso que foi um estratagema para nos levar ali e algum de nossa unidade ia assassinar - lhe. —Seam? —Possivelmente. Disse algo que me incomodou algo sobre já ser o prisioneiro do Whitney. Seam sempre foi capaz de ir e vir. Tinha muitas menos restrições que todos nós. —Pode ter pagado um alto preço por isso. Tem que ter em conta a possibilidade que ele pactuasse com o diabo faz muito tempo. Houve outro pequeno silêncio. Mari se mordiscou o lábio inferior enquanto dava voltas à idéia uma e outra vez em sua mente. —Se o fez, e todo este tempo dava partes ao Whitney, lhe teria contado que saía com a equipe para tratar de falar com o Senador Freeman e Violet. —O qual explica porque Whitney se assegurou que Seam te abarrotasse do Zenith. Foi Seam, verdade? —Normalmente Whitney nos dava isso antes de ir a uma missão. Tinha desaparecido. Seam queria me proteger. —Whitney lhe tinha dado uma dose particularmente forte. Isso é pelo que sanou tão rápido e logo te quebrou tão forte. —Crê que Seam sabia o que me estava dando? Ken queria lhe contar que Seam era o bastante bastardo para assegurar-se que nenhum outro homem a tivesse se ela não retornava a ele, mas já tinha sido suficientemente machucada. —Duvido-o, doçura. Whitney distribuiu o Zenith rotineiramente. Era mais para seu amparo que qualquer outra coisa. —Porque os mortos ou mortas não podem falar. —Exatamente. —Depois que utilizasse o controle da mente sobre mim - disse Mari—, perguntei-me por que não o fez com os homens da Ekabela. Não é fácil e tem um alto preço. 154


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Ele assentiu. —Não é fácil apagar sua mente e mantê-la enfocada quando alguém te está cortando em pedacinhos. —Suponho que não. E a seqüela é mortal. Teria que estar em algum lugar completamente protegido para usá-lo. De todas as formas lhe teriam tido a sua mercê. —Como qualquer uso psíquico, o controle da mente tem tremendos inconvenientes, inclusive mais que a maioria de talentos psíquicos, porque está usando uma potente energia. Não acredito que Whitney possa aceitar isso. Quer que seus Caminhantes Fantasmas sejam perfeitos. Isso é pelo que está esperando à próxima geração. Tem a crença que nossos meninos não terão as repercussões de usar as habilidades psíquicas porque terão nascido com elas. —Não pensei nisso. Só pensei no Whitney como demente. Piora mais e mais com os anos. Não parece render contas a ninguém, e por isso, seus experimentos se tornaram mais estranhos. —Pensa que o Senador Freeman sabe o que passa aqui? Ela negou com a cabeça. —Violet se casou com ele antes que Whitney começasse com o programa de reprodução. Não podia sabê-lo. Por isso é tão importante que algum de nós fale com ela. Por que Seam me deixou escapar se planejava matar ao Freeman? —Porque se Violet e o Senador Freeman estavam mortos, não importaria que estivesse ali. E você é um franco-atirador. Poder-lhe-iam ter feito cúmplice de matar ao candidato vicepresidencial. Não teria sido capaz de ir a nenhuma parte ou fazer nada com essa ameaça pendurando sobre a cabeça. Mari atirou da cruz e a cadeia baixo o colchão e os deslizou sobre a cabeça a fim de que seu presente descansasse no vale entre os seios. Gostava da percepção e o peso disso. Os dedos foram para o bordo da camiseta dele. —O guarda não estará aqui até aproximadamente às cinco e meia da manhã. Temos tempo antes que tenha que ir. —Levantou-lhe a prega, expondo as cicatrizes entrecruzadas—. Quis fazer isto desde a primeira vez que te vi. —Dobrou a cabeça e lhe beijou, os suaves e acetinados lábios contra as formadas cristas—. Pode sentir isto? Podia... Com muita dificuldade. Não mais que um suave resplendor de promessa, patinou sobre sua pele. Deveria detê-la. Quanto mais a tocasse, quanto mais a possuísse, mais difícil seria mais tarde renunciar a ela. —Como um sussurro. —Sua voz foi rouca. Não era o bastante homem para detê-la. Sua errante e pequena boca estava justo baixo o umbigo, os dentes provocadores nas cicatrizes, raspando sobre a rígida pele, a língua fazendo uma pequena dança aliviando cada ardente dentada. —O que tem que isso? Fechou os olhos, movendo-se sobre as costas, deixando-a lhe desabotoar as calças e baixar dos quadris. A habitação estava às escuras, mas ela podia ver o padrão das cicatrizes indo mais abaixo e cobrindo a grossa e larga ereção que estava provocando com esses diminutos dentes afiados, suaves lábios, e a úmida língua de veludo. —Mais abaixo - grunhiu—. Mais abaixo e um pouco mais forte. —Não tem paciência. —Sua risada suave revoava sobre o abdômen como uma pluma—. Chegarei. Primeiro quero explorar um pouco, só ver que se sente melhor. Matá-lo-ia antes que acabasse a noite. Seus lábios eram sedas quente, deslizando-se sobre ele como a manteiga, uma sensação quase além de sua capacidade de sentir... Quase. Foi justo a quantidade adequada para fazer reagir a sua franga e captou sua atenção em ofegante antecipação.

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Os dentes empurraram o fôlego de seus pulmões e enviaram fogo intenso na barriga. Diminutas e ardentes dentadas revesava com golpes de língua. Espontaneamente seu corpo se arqueou para ela, os punhos lhe agarrando o cabelo enquanto um gemido lhe rasgava a garganta. As Pelotas realmente se levantaram oprimidas, tão oprimidas que temia explodir enquanto seu pênis se inchava, estirando as cicatrizes dolorosamente, a ereção engrossando-se, alargando-se, e sobressaindo com urgente necessidade. Pensou dizer algo - talvez um protesto, com um pouco de sorte não uma súplica - mas nem sua mente nem sua língua podiam encontrar as palavras quando lhe rodeou com os dedos a base do eixo em um apertado punho. Baixou o olhar para ela, aos grandes olhos chocolate, tão escuros pela fome, a expressão ansiosa e faminta. Estava grosseiramente formosa, as sombras escuras jogavam sobre o corpo nu. A cruz de ouro se balançou entre seus seios, provocadora sobre a pele, acariciando-a enquanto se movia sobre ele. Podia ver as marcas de posse sobre sua pele de sua anterior relação sexual e isso enviou outra rajada de calor avançando através de suas veias. Mari não se retraiu pelas intensas cicatrizes, às rígidas linhas cruzavam uma e outra vez sobre a virilha e o escroto. Estudou-o, fascinada, como se fosse um cartucho de sorvete e não pudesse esperar para começar, mas sem estar segura por onde começar. Agüentou a respiração quando descendeu a cabeça e lambeu a reluzente gota da parte superior da larga e enrugada cabeça. Não só lambeu. Teve a mesma sensação como se as asas de uma mariposa passassem roçando sobre ele, e logo seguiram os dentes, raspando ao longo da pele machucada, lhe arrancando um grito de prazer. Ficou sem respiração. A mandíbula tensa. Cada músculo do corpo contraído. Lutando pelo controle. Um toque e o destruiria. Atirou-a do cabelo, tratando de apartá-la, mas inclusive enquanto o fazia, seus quadris se elevavam para diante, forçando a franga contra os suaves e acetinados lábios. Gemeu outra vez quando soprou o quente fôlego sobre ele, enquanto abria a boca e se deslizava sobre a larga cabeça, a língua enroscando-se e os dentes encontrando o ponto mais sensível em baixo da crista, que seus inimigos tinham tratado de destruir. Mordeu experimentalmente e o fogo o atravessou como um relâmpago, pulsando em ondas, até que não pôde respirar, lutando por ar, lutando pela prudência. O prazer era tão intenso que estava seguro de não sobreviver. Eficazmente estava destruindo a confiança de seu próprio controle. Não podia lhe permitir lhe arrebatar isto... Era muito perigoso. Seus dentes raspando-o de novo, diretamente sobre esse doce ponto, e se retorceu em baixo dela, esquecendo-se completamente do perigo. As unhas participaram, arranhando uma e outra vez as bordas das linhas no apertado saco, e não estava seguro de saber seu próprio nome. Estava-o matando, estrelas explodinho depois das pálpebras, açoites de candentes raios fustigavam velozmente através de sua corrente sanguínea. —Mais, Mari. Duro e quente. —Ordenou entre dentes. Fechou a boca sobre a cabeça de seu eixo, tirante e quente e tão delicioso, acrescentando a sucção à combinação de dentes e língua, e ele quase saltou da cama. Não havia preparação para o que lhe estava fazendo. Doce inferno estava-o queimando vivo com sua boca. Seus dentes se encontravam cada terminação nervosa, estava seguro que tinham sido machucados, e estavam fazendo uma reparação acelerada. Ela gemeu profundamente na parte posterior da garganta, e a vibração viajou diretamente da franga até suas Pelotas, propagando-se abaixo para as coxas e acima para a barriga. Não podia deter o duro impulso de seus quadris. Provou-o, esforçando-se por recuperar o controle, mas foi impossível com o bramido na cabeça e o coração palpitando como o trovão em seus ouvidos.

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Soltou uma débil maldição enquanto se deslizava mais profundo, enquanto a garganta se constrangia apertada a seu redor, lhe ordenhando até que sua semente ferveu cálida e viciosa. Agarrou-a pela cabeça, agarrando-a para ele enquanto a ardente paixão o alagava, as chamas crepitavam na base da coluna e invadiam todo seu corpo. Os dentes encontraram esse único lugar baixo o bordo da larga cabeça, lhe mordiscando enquanto tomava profundamente de novo, a garganta uma vez mais constrangendo. Fez-se pedaços, uma violenta explosão do corpo e os sentidos, sua vida já não lhe pertencia, o prazer o consumia, comendo-lhe vivo. Tremia pela liberação, os quadris quase inverificado, empurrando profundo e inutilmente, e cada vez que seus dente ou língua aumentavam a quente e forte sucção, agarrava-a mais forte, sujeitando-se na seda de seu cabelo. Pertencia-lhe, em corpo e alma. Podia pensar que a poderia fazer dependente dele sexualmente, atá-la a ele pela forma em que podia controlar seu corpo, mas ela nunca o tinha necessitado da forma em que ele necessitava a ela. Soube tão certo como sabia que seu coração e alma estavam para sempre em suas mãos. Deu-lhe uma última passada em espiral com a língua e o soltou. Jogou-a de costas sobre o colchão, lhe apanhando as mãos, lhe levantando os braços sobre a cabeça, com o corpo ainda duro, agressivo e vibrante de necessidade. Com as coxas abriu as suas empurrando em seu interior, conduzindo-se através das estreitas e aveludadas dobras, forçando sua entrada tão profundo como fosse possível, necessitando dela que tomasse cada polegada de sua grosa e cicatrizada franga. Houve resistência, o corpo escorregadio e acolhedor, mas muito estreito, e apesar de seus entrecortados ofegos e gemidos suplicantes, os músculos tratavam de bloquear a invasão. A reação só acrescentou sua excitação e necessidade de possuí-la, aumentando o prazer enquanto forçava seu eixo mais profundo, os músculos a contra gosto, e apenas, separando-se para ele, apertando duramente contra as cicatrizes, arrastando através das machucadas terminações nervosas até que sentiu o fogo chispando acima e debaixo de sua coluna. —Passa as pernas ao redor de minha cintura. —Amou olhá-la, dando um festim com a visão de seu corpo estendido ante ele como um bufê interminável. Os olhos frágeis pela necessidade, o cabelo selvagem e esparramado como fios de seda através do travesseiro. Um brilho parecia resplandecer dos seios, carne cremosa com apertados mamilos implorando atenção e sua cruz cintilando na pele dela. Amava a entrada de sua cintura e a curva dos quadris, mas em geral o que amava eram os suaves e pequenos ruídos de desespero provenientes de sua garganta enquanto seu corpo se voltava fogo líquido a seu redor—. É tão fodidamente bela, Mari. Inclinou-se para lhe beijar o pescoço, a deliberada ação produziu uma elétrica fricção sobre o lugar mais sensível. Sugou o fraco e palpitante pulso na garganta, descendendo mais abaixo para encontrar o peito, e fez o mesmo, sentindo a empapada resposta dela, a cálida nata fez mais fácil o seguinte impulso. Os dentes e língua a adoraram durante um momento, enquanto esperava que seu estreito corpo aceitasse sua invasão. —Por favor - sussurrou urgentemente, com o corpo empurrando para ele, enquanto se afundava de novo nela e se manteve quieto, saboreando a sensação de seu corpo rodeando-o. —Shh, farei-o bom para ti, carinho. Necessita um pouco de tempo para me alcançar. —Estou no nível - protestou, com a voz entrecortada. Seu corpo estava já nervoso de necessidade. Não queria esperar. Precisava sentir que a enchia, esmagava-a, que a impulsionava tão alto que nunca descenderia. Cada contorção de seu corpo lhe enviava ondas expansivas lhe alagando. Estava muito apertada, muito pequena para seu tamanho, mas isso só servia para lhe aumentar o prazer.

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Necessitava a sensação de um apertado punho agarrando, apertando e roçando sua vara cicatrizada com ardente calor, para obter a liberação. —Põe-me condenadamente duro, Mari. —O fazia. Um toque. Um olhar. Ela era tudo o que alguma vez quis em uma mulher. Não tinha medo de suas incomuns necessidades... Combatia o fogo com fogo. Ainda quando a dominava, seu corpo lhe respondia com uma selvagem e quase desesperada necessidade. Tinha os músculos tendo cãibras pelo esforço de conter-se. Cada célula de seu corpo lhe gritava para que tomasse rápido, duro e tão violento como fosse possível, lhe dando o máximo prazer. Sua respiração se converteu em uma rajada de ásperos ofegos. Desejava isto diferente. Desejava ser tenro. Tenro não pegava a seu ser, mas ela merecia muito mais, um lento e tenro amante, alguém que persuadisse o seu corpo até a submissão, não introduzir-se nela e tomar pela força o que ela estava já disposta a dar. Moveu-se lentamente, provando seu corpo, um comprido empurrão através das quentes e úmidas dobras. A sensação foi prazerosa, mas não houve um fogo verdadeiro, não a labareda de paixão além de sua imaginação. Escapou um gemido, um suave vaio de necessidade que não pôde deter. Fechou as pernas ao redor da cintura e empurrou contra ele com desesperada necessidade. —Ken. Por favor. Essa pequena súplica sem disfarces foi sua perdição, lhe fazendo pedacinhos o controle e roubando seu coração. Baixou a mão a seu traseiro, sentindo a labareda de calor assaltando-a, a inundação de rica nata banhando sua vara em resposta. —Não me está ajudando, Mari. Precisamos trabalhar nisso. —É muito lento. —Eu prometi que o faria bom para ti. Te comporte. —Não estava seguro de que pudesse fazer outro golpe lento, provocando seu corpo conforme, mas só para lhe ensinar as coisas que faria dessa forma, as arrumou para um mais. Gritou em baixo dele, fechando os dedos em seus ombros, as unhas cravadas nele de modo que as terminações nervosas responderam com uma descarga elétrica. Apanhou-lhe os quadris e aproximando-a e subindo-a para ele, pondo seu corpo em um ângulo para tomá-lo mais, tomar sua completa longitude. Queria enterrar cada polegada de si mesmo nela, fundindo-se de tal modo que ninguém fosse capaz de desenredá-los. No momento que golpeou seu corpo contra o dela, indo profundo, indo a casa, esqueceu cada boa intenção. Os quadris bombeando, os dedos afundados em suas nádegas levantando seu corpo para ele. Estar no céu era estar em sua estreita capa, aparentemente fez o justo para esfregar em cima das cicatrizes e trazer para a vida viril a sua franga. Poderia viver aqui durante horas, empurrando-a além de qualquer limite sexual que ela tivesse concebido, trazendo-a uma e outra vez ao ponto mais alto da liberação, só para tornar-se atrás para ouvir suas suaves e pequenas súplicas de misericórdia e ver crescer a luxúria nos escuros olhos. Gemeu seu nome, lhe atirando do cabelo, contorsendo-se em baixo dele, as pernas fechadas em um apertado agarre como se não o fosse deixar ir nunca. Levantou-se para encontrar cada golpe, gritando, voltando-o louco pela maneira em que seus pequenos e quentes músculos o agarravam e seu corpo ansioso. Tinha invadido cada célula de seu cérebro, cada osso, e cada órgão, até o que ele sabia, não importava quanto vivesse ela seria a única mulher que sempre desejaria. O conhecimento era alarmante, aterrador, definitivamente perigoso, mas não podia trocar o que sentia. As emoções foram envoltas em sua totalidade, tão escuras e fortes como sua paixão por ela. O calor ia aumentando, até que pôde jurar que seu sêmen estava fervendo em suas Pelotas, até que as luzes cintilavam atrás das pálpebras e sua mente rugia com a fúria do desejo. O pênis 158


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aumentou para estalar, empurrando as paredes apertadas de seu canal encerrando-o e constrangendo-o, forçando o aveludado calor sobre as cicatrizes até que as correntes de prazer alagaram suas terminações nervosas, arrasando seu corpo. Mari gritou e enterrou a cara em seu peito para silenciar os gritos enquanto seu corpo se esticava, pulsava e se estremecia com o orgasmo, sujeitando os músculos, convulsionando-se ao redor, lhe tirando jorro detrás jorro de sua quente liberação. O orgasmo parecia interminável, o corpo dela esticando-se a seu redor, primeiro duro e forte e logo com tremores secundários mais suaves. Jazeram juntos, abraçados, tratando de encontrar a forma de respirar enquanto os pulmões estavam famintos de ar e seus corpos estavam cobertos por uma fina capa de suor. Manteve a mão em seu cabelo, os dedos massageando prazerosamente o couro cabeludo enquanto o coração se acalmava e se sentia estranhamente em paz. —Poderia domir contigo para sempre, Mari, justo como agora. Sorriu, deslizando as mãos possessivamente sobre suas costas. —Estava pensando o mesmo. Moveu-se para apartar o peso dela, a contra gosto deixando o refúgio de seu corpo, mas envolvendo um braço a seu redor para pôr a de lado, cara a ele. Amava a maneira em que seus mamilos estavam eretos e duros, um convite a ficar contra a doce e torcida carne. —Merece ternura, Mari - disse brandamente, beijando-a tão meigamente como sabia—. Não posso sentir quando sou tenro. Deus me ajude, quero-te sentir quando estou profundamente em ti. Trato de retroceder, em minha mente o tento, mas a necessidade de te sentir ao meu ao redor, estar tão perto de ti, não posso ser tenro. —Não lhe pedi isso. —Está cheia de marcas. Não posso te tocar sem deixar atrás machucados e pequenas dentadas. —Acariciou-lhe o peito, atirando do mamilo, e foi compensado com sua brusca respiração. —Deixei-te uns quantos arranhões e dentadas. —Recordou-lhe, entrelaçando os dedos juntos detrás de seu pescoço, lhe oferecendo os seios para sua atenção—. Direi-lhe se te põe muito rude. Não pôde resistir o convite e lambeu ao descarado mamilo, acariciando com sua língua por cima e logo atirando meigamente com os dentes. —Vim aqui para te consolar, para te abraçar, não para me aproveitar assim, neste horrível lugar. Quero te levar a casa, neném, algum lugar seguro, longe daqui. Vem para casa comigo. Juro-o, não tenho intenções de fazer nada mais que te abraçar. Um gemido escapou quando fechou a boca sobre o peito e sugou, a boca atirava fortemente enquanto os dentes provocavam e sua língua lambia. —Quero ir a casa contigo. —As palavras soaram estranguladas. Sua mão se deslizou baixo a barriga para ficar na união entre as pernas. —Posso te tirar daqui - a tentou, a língua lhe dando golpes perversamente. Dois dedos a acariciaram ao longo de sua pulsante entrada. —Todas as garotas têm que ir. —Seu corpo saltou pelo contato, os dedos se introduziram nela e encontraram o clitóris com preguiçosas carícias. Cada toque enviava uma vibração através dos seios para os mamilos, onde os dentes e língua estavam jogando—. E temos que nos assegurar que Violet e seu marido estão a salvo. Beijou-lhe o peito esquerdo e se transladou ao direito, ao tempo que empurrava profundo com sua mão até que lhe estava montando. Não tinham muito tempo para estar juntos, e tinha que partir e a deixar encerrada à misericórdia do Whitney. Era um pensamento terrível, um que lhe esticava o estômago com apertados e duros nós. 159


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—Depois, virá a Montana comigo e verá nossa casa? —Manteve a mão quieta, a boca, a respiração... Esperando. Passou um batimento do coração. Empurrou contra seus dedos, tratando de aliviar-se, mas não se moveu. —Minha irmã está ali? —Quando soubermos que é seguro, Jack a levará ali. Também é sua casa, mas não quero que venha pela Briony. Quero que venha por mim. Aconteça o que acontecer, Briony quererá ver-te. Fez-nos prometer te encontrar e te levar com ela. —Sugou de novo, sentindo a quebra de onda de seu líquido em resposta, sobre sua mão, e seus dedos começaram seu lento assalto outra vez. —Tenho terror a me encontrar com ela, Ken. —Não podia quase respirar, mas nunca, nunca desejou que parasse. Jazendo na escuridão com as mãos e boca vagando por seu corpo a fez sentir como se pertencesse a alguma parte. Isto era para ela, esta lenta, tenra quebra de onda de prazer, completamente para ela e sabia. —Não deveria. Ela quer te amar, Mari. Quer a sua irmã de volta. E dará a bem-vinda ao resto de sua família. Briony é uma mulher generosa, compassiva e o bastante valente para enfrentar a meu irmão. —Sua mão se moveu a sério, o polegar e os dedos acariciando sobre cada lugar sensível até que pôde sentir a tensão aumentar mais e mais outra vez. —Enquanto Whitney esteja com vida, estará em perigo. —Mas não por sua culpa. Tinha matado a seus pais adotivos, e tratou de raptá-la no momento em que se inteirou que estava grávida. —Não posso acreditar que vá ter um bebê. —Seu fôlego se converteu em ofegos. —Ela tampouco acreditava. A equipe de súper-soldados do Whitney à machucou, mas foi reparada. —Agora seus dedos foram realmente malvados, exploradores, provocadores e nunca lhe dando bastante do que necessitava. Mari tratou de empurrar mais forte contra sua mão, enganando-o para que lhe desse alívio. —Prometeu-me que enquanto cooperasse com ele, deixaria em paz a Briony. Os dentes do Ken atiraram do mamilo em um tenro castigo. —Nunca a deixou em paz. Vigiou-a todos estes anos. Esboçou sua educação e exigiu que tratasse todas as enfermidades seu próprio médico. Whitney mentiu sobre Briony assim como mentiu todos estes anos a Lily. —Sinto-me muito mal pela Lily. É terrível averiguar que toda sua infância se construiu como um castelo de naipes. —Introduziu os dedos, retirou-os, logo empurraram contra seus clitóris até que quis soluçar de prazer. Fechou os olhos. Ken se inclinou e lhe beijou o umbigo. Era tão próprio da Mari preocupar-se com a Lily. Mari que não tinha tido infância, que tinha sido tratada como um soldado adulto antes apenas de poder caminhar. —Me olhe, coração. Abre seus olhos e me olhe. Sua voz era baixa e dominante, as pestanas de Mari se levantaram. Seus olhares se encontraram, ali viu autêntica posse, a crua necessidade e o selo do controle desumano misturado com algo que poderia ser amor. Nunca tinha visto a emoção, assim não estava segura do que estava vendo, mas manteve o olhar fixo nele quando a levou ao topo e lhe fez gritar seu nome.

Capítulo 17

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Choveram pára-quedas ontem à noite. Anunciou Jack. Nossos moços apareceram, e foi formoso vê-los flutuando baixo o céu. A quem temos? Perguntou Ken. Logan é obvio Neil Campbell. Jesse Calhoun coordena e organiza a missão de resgate se por acaso algo sai mal. Isto surpreendeu ao Ken. Jesse Calhoun era um membro valorado da equipe, mas foi seriamente ferido e estava em uma cadeira de rodas. Principalmente dirigia as investigações. Rique Aikens e Martín Howard estão aqui também. Jack nomeou aos dois últimos membros de sua equipe SEAL de Caminhantes Fantasmas. Ninguém queria ser excluído. É um homem muito popular Ken. Tomou um momento dar-se conta de que Jack não brincava, isto impressionou ao Ken. Treinou com esses homens e juntos lutavam, trabalhavam, e às vezes conviviam, mas nunca se deu conta que contava com suas lealdades. Jack e ele sempre estavam apartados e freqüentemente outros homens suspeitavam deles. Ken se esclareceu a garganta, agradecendo que ninguém pudesse vê-lo. A emoção jogava com ele muito estes dias. Todos estão em seu lugar? Todos em posição. Falaste com o senador? Perguntou Ken. O Senador Freeman pediu à equipe do Ryland que o protegesse quando visitou uma instalação de alta segurança hoje, informou Jack. O general deu realmente a ordem ao princípio, logo uma hora mais tarde a rescindiu e atribuiu a outra equipe. Filho da puta. Whitney tem mais poder de que suspeitamos. Quem poderia estar por cima do general? Ken se sentou no estreito corredor de paredes de cimento. O quarto nível era mais forte do que considerou que poderia ser. Em um princípio tinha sido construído como uma base militar secreta, antes de fechá-lo. Whitney obviamente o descobriu e comprou ou persuadiu a algum de seus patrocinadores de que lhe permitissem usá-lo para seus experimentos. Eram muito poucos os que conheciam a existência dos Caminhantes Fantasmas. Os homens do Whitney eram capazes de encontrar um modo de esconder o trabalho a vários comitês que se haveriam oposto energicamente a seus experimentos desumanos e ilegais. Não sei quem poderia revogar uma das ordens do general. O presidente certamente, respondeu Jack. O secretário de defesa. Mas não posso ver nenhum deles aliado com um louco como Whitney. É muito instável, e a classe de coisas que está fazendo comoveria à Nação –ao mundo– se se dessem a conhecer. Nenhum presidente se arriscaria a ter algo que ver com ele se soubesse o que tem feito com os meninos e as mulheres. Era verdade. Ken não podia ver nenhum arriscando sua carreira política. Demônios, passariam tempo no cárcere, se não a pena de morte, junto com o Whitney. Só Mari, daria seu testemunho da violação e o assassinato de várias mulheres. Não tinha sentido especular. Ryland teria que aproximar-se do general, e se não funcionava, então a equipe do Ryland teria que averiguar em quem podiam confiar. O contralmirante Henderson, o homem responsável da equipe SEAL de Caminhantes Fantasmas, estava já baixo investigação, é obvio não estava informado e se não encontravam nenhuma prova em seu contrário, nunca o diriam. Jesse Calhoun trabalhava para averiguar quem tinha enganado a sua equipe e os tinha enviado ao Congo. Ken olhou com atenção as paredes ao redor de sua tumba de cimento. Depois de deixar a Mari, tinha estado ocupado marcando o caminho, assim Cami poderia conduzir às outras mulheres, quando Mari desse o sinal para escapar. Tratou de encontrar a habitação e os túneis 161


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privados do Whitney para poder recuperar as fotos das mulheres, mas parecia impossível quando o concreto terminava tão freqüentemente e era arriscado passar pela maioria das partes. Conseguiu Logan os planos do complexo? Ken os queria para destruir as fotos das mulheres que Whitney lhes tinha estado tomando durante anos. E mais, queria pôr uma bala na cabeça do Whitney. Já que era uma antiga base militar, deviam ser capazes de ter acesso a eles com a autorização do almirante. Se não, Lily ficará com isso, é capaz de conseguir o que quiser. O nome do Whitney obra maravilhas, disse Ken. Logan os tem. Estão os estudando. São necessários para realizar o resgate enquanto o senador esta aqui. Vamos ter que adiantar nosso horário. Sem dúvida Whitney planeja alguma classe de acidente para o Senador Freeman e sua esposa. Talvez, refletiu Ken. Mas não quererá uma investigação a respeito deste lugar. Não penso que ataque aqui ao senador. Penso que fará um intento antes ou depois que partam. Séria estúpido armar uma tormenta de fogo em seu laboratório, e uma coisa que não é Whitney... É estúpido. Tem que fazê-lo parecer um acidente esta vez, disse Jack. Consegue falar com a Marigold e ver se pode advertir a Violet. Não. Absolutamente não, Jack. Ken foi firme. Avançou lentamente arrastando o ventre, cuidando-se de uma nova barra que estava presa às paredes, apartando suas pernas e as afastando. Era fácil perder-se no labirinto, e Mari tinha estado trabalhando em um novo plano de fuga com as outras mulheres, quando temeu que houvesse dito muito a Seam. Não temos outra opção. Violet tem que saber contra o que está tratando. Não temos uma equipe no lugar para protegê-la. Se ela for realmente inimizade do Whitney… Ken enviou a Jack a impressão de desgosto. Não, não ia arriscar a Mari. Já assumiu muitos riscos neste inferno. Se Violet trabalhar em segredo para o Whitney, então Mari estará morta. E se não, o senador está morto, Jack recordou sua posição vantajosa no penhasco. O ar era frio. Lamentava não poder enviar-lhe a seu irmão apanhado como um rato nas paredes da prisão do Whitney. Não é meu problema. Francamente, não arriscarei sua vida por alguém que se uniu ao Senador Freeman. Não confio nele ou em sua esposa. Não arriscarei a Mari. Vou pelo que quero ir, por sua família. Tirá-las-emos hoje, porque se Seam não morre hoje, voltará esta noite. Matá-lo-ei se faz algo a ela. Mari saberá quão bastardo sou não estará bem, porque se decidir que não me quer, terei que seqüestrá-la para tratar que troque de opinião. Jack suspirou. Tirou o cavernícola sobre mim, irmão. Mari tem esse efeito em mim. E, a propósito, Briony realmente se se desgostará algo acontece com Mari, e isto afetará sua vida, e acabará conseguindo-o por querer que Mari advirta a Violet. Homem está nervoso. Frieza. Ken franziu o cenho. Estava nervoso. Não queria deixar Mari naquela cela, encerrada e apanhada como um coelho em uma jaula. Quando Seam podia retornar em qualquer momento. Obrigou sua mente a concentrar-se no assunto que tinha entre mãos. Falando de monstros doentes e fanáticos, viu ao bastardo? Jack deu um breve e expressivo bufo. Ummm, isso significa uma negativa. Realmente nunca vi a Seam. Enviei-te uma imagem. As caudas e os chifres não são exatamente reais. Ken. Mandou-me uma foto do diabo. Ken fez um ruído grosseiro, acompanhando-o com um gesto grosseiro que seu irmão não podia ver, mas saberia que o tinha feito de todos os modos. Fiz todo o possível para lhe dar um empurrão a Seam na fabricação de um intento contra Whitney. Com sorte, matará ao doutor, e os

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homens do Whitney o matarão, poderemos os ter a ambos fora. Obrigado por me dar uma mão ontem à noite. Sinto muito, não atuei o suficientemente rápido. Fui à parte mais alta e me enterrei no caso de que a energia se sentisse mais. Deve ter sido completamente limpo. Ken tratou de sentar-se, e se golpeou a cabeça com a barra. Jurou brandamente e jogou uma olhada a suas mãos. Não havia sentido os arranhões quando se movia pelo cimento sem acabar e irregular, deixando manchas de sangue. Não importava. Nada importava mais que tirar Mari daí. Por um par de horas, não pude chegar a Mari e pensei que perderia a prudência. Não me dava conta de que tenho uma imaginação tão viva. Estou aqui tão assustado. O único momento em que estive tão assustado foi quando o homem da Ekabela cortou minha franga em diminutos pedaços. Nunca o tinha admitido. Nunca falou disto com o Jack, mas Jack tinha que saber que não podia estar sem Mari. Tinha que tirá-la. Houve um pequeno silêncio. Ela está bem? Seam ia forçá-la. Era seu amigo, treinaram-se juntos na equipe de Caminhantes Fantasmas. É óbvio que lhe tinha genuíno afeto ao filho da puta, e por enganá-la dessa forma… Ken golpeou o cimento com a palma da mão, tinha que expulsar sua cólera de algum modo físico. Jack está devastada. Ken respirou fundo e fez retroceder sua mente e corpo ao controle. Vou tirar as mulheres pelo corredor no minuto em que me dê o sinal. Marquei a forma de fazer o percurso mais rápido, mas se consegue ter na olho a Seam, o mate. Está seguro? Nunca parará. Inclusive se não conseguir ao Whitney, e se Whitney lhe dá uma ordem direta, Seam ira detrás dela. Ao final vou ter que matar ao filho de cadela e ela demorará um tempo em me perdoar Não é uma mulher estúpida, Ken. Subestima-a. Não é que me oponha a matar o de uma ou outra forma. Mata-o, Jack, se tiver a possibilidade. Jack brevemente apoiou sua cabeça no braço. As emoções de seu irmão às vezes o afundavam; então se recuperava, retirava-se, e se reagrupava. Mas Ken estava em ponto de ebulição. Compreendido. Esta Mari organizando as mulheres? Ken tendeu a mão a Mari. Ouça neném. Como o estão fazendo? Este é um grande dia para a liberdade. Houve um silencio enquanto contava os batimentos de seu coração. Sim, é. Havia um sorriso em sua voz. Todas estão excitadas. Adverti-lhes que não digam a ninguém nenhuma palavra da nova rota de escapamento, e esperam o sinal. Sua voz caiu uma oitava, o som que acariciou como o veludo as paredes de sua mente e moveu seu corpo apesar do quarto apertado e incomodo. Não posso esperar a estar contigo em sua casa. Ken fechou os olhos e permitiu que o sexy som entrecortado e atrativo, passasse por seu corpo. Podia confessar, nesse lugar onde as paredes o apertavam e a escuridão lhe rodeava, que tinha caído com força pela Marigold. Isto não tinha nada que ver com o sexo e todo isso era uma emoção que ameaçava afogando-o. Seguiria negando-o, mas agora mesmo, neste lugar, com sua alma e com as paredes de cimento que os separavam, admitia-o. —Amo-te mais que a minha vida, mulher. Tragou e apoiou sua cabeça contra os blocos de concreto. Tampouco posso esperar a que estejamos juntos. A suavidade de Mari desapareceu e foi ao grão. Whitney tem a Rose. É a que tinha medo de estar grávida. Ele faz com que nós urinemos em uma taça todas as manhãs, se o estiver, ele sabe. Vai reter -la sobre nossas cabeças enquanto o senador esteja aqui, para que guardemos as formas. 163


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Ken esfregou suas têmporas palpitantes. Havia tantos fios, e tinha que levar a cabo a fuga com suma precisão para tirar todas as mulheres. Não se preocupe por ela. Se ele souber que está grávida, tomou se por acaso vocês maquinavam uma fuga. Minha conjetura é que Seam lhe informou de todo o planejamento, e não quer arriscar-se a perdê-la. Sabe onde a têm? O homem com o que está emparelhada se chama Kane. Está com ela. Rose pensa que ele ajudará, mas tenho medo por ela, e não tenho nem idéia de onde está. Maldição. Isto se complica. Tenho que retornar com Jack, doçura. Espera um momento. Ken jurou outra vez, esfregando sua mão sobre sua cara. Jack captou-o? Sim, captei. Digo que muita confusão espera ao senador. As águas ficam turbulentas. Agarra a sua mulher e consegue esquivar este inferno. Jack parecia terminante. Ken tinha estado contemplando exatamente isso toda a manhã. Tinha-a abandonado a contra gosto antes que o guarda chegasse com seu alimento. Não se tinha obstinado a ele. Não houve nenhum último beijo, nenhum protesto, e nenhum pranto. Simplesmente o olhou afastar-se sigilosamente, como um ladrão de noite. Sentiu vergonha por abandoná-la. Fez-lhe o amor e deixou seus rastros. O sexo foi áspero e selvagem. Deu-lhe tudo o que era, e ele acabou abandonando-a nessa jaula. Desprezava-se. Que tipo de homem fazia isto? Nenhum. Os monstros o faziam. Os homens doentes, depravados que não respeitavam à mulher. Golpeou sua cabeça contra a parede de cimento e sentiu um estalo de dor. Acalme-te, hermanito, temos companhia, Jack olhou o pequeno avião fazendo círculos em cima de sua cabeça e descendo. Está chegando o senador. Jesse fez algumas indagações, e pensa que Whitney poderia ter não menos de uns vinte súper-soldados empregados. Outra prova psíquica foi feita faz aproximadamente seis meses. Ken jurou brandamente. Não há quem pare ao Whitney. Jack, Whitney não é só um científico louco que conduz experimentos ilegais. Tem muita ajuda e está muito protegido. Está à altura de algo muito maior do que alguma vez imaginamos. Não pode estar sozinho nisto como pensamos. O avião aterrissou. Vejo dois homens baixar-se. Nenhum me é familiar. Jack avançou lentamente pela grossa folhagem para ter melhor vista. Ajustou o visor. Nop! Não reconheço a nenhum deles, mas Violet os conhece. Atua muito cômoda com eles. Quem quer que sejam, são Caminhantes Fantasmas. Cobrem ao senador como uma manta. Ken lamentou estar apanhado dentro das paredes, incapaz de ver o que acontecia. Não confiava na Violet totalmente. Queria tirar a Mari. Seu objetivo se estreitou a uma pessoa. Temos problemas, Ken. Há um franco-atirador que está nas árvores, aproximadamente a cento e cinqüenta jardas de mim. Ah sim. Reconheço ao filho de puta. Recorda ao Mitch? Tipo grande. Que pensou que podia tomar ao instrutor e terminou em cama durante uma semana? Tem que ser um dos súper-soldados do Whitney. Jack olhou à mulher que caminhava ao lado do senador. Parecia segura e dura. Seu olhar impaciente procurava entre as árvores e penhascos, e duas vezes lhe disse algo a um dos guardas do senador e imediatamente se moveu um passo ou dois para cobrir a seu marido. O Senador Freeman estendeu a mão e tomou a de Violet justo quando saudava com a cabeça e sorria, claramente sentindo que estava seguro. Não há nenhum modo em que o senador e Violet creiam que Whitney os vai atacar, Informou Jack. Caminham como se possuíssem o lugar. São cautelosos, mas não “são extremamente” cautelosos. E Violet pensa que está segura porque conseguiu ter sua própria equipe no lugar. O senador deve ter sido o que deu um toque a alguém de acima para trocar à equipe, concluiu Ken. Mari tem que lhes advertir Ken. 164


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Ken descansou a cabeça em suas mãos. Não queria que Mari ficasse em meio do Whitney e a batalha do senador. E ela no centro. Havia um profundo afeto na voz da Mari quando falava de Violet. Obviamente pensava na mulher como da família. E se Mari ficava em meio da luta do Whitney com o senador, suas possibilidades de sobrevivência tomavam uma descida aguda. Ao Whitney já desgostava. Era uma rebelde e movia às outras mulheres para amotinar-se. Se ele decidia eliminar a uma das mulheres para guardar às demais em linha, sua opção mais provável seria Mari. Se caminharem como se possuíssem o lugar, talvez o possuam. Talvez tenham todo mal, Jack. Sabemos que Freeman ajudou ao Whitney a nos atrair ao Congo. Talvez estejam seguros porque têm razões. Mari confia na Violet, mas isto não significa que Violet não seja parte de tudo isto. Poderia haver-se vendido por dinheiro e poder. A gente o faz todo o tempo. Que se fodam o senador e sua esposa, não deixarei que Mari arrisque sua vida por eles. Ken sentiu ao Mari movendo-se em sua mente. Violet diz que eles estão em caminho. Não pode lhe dizer nada, Mari, sobre seus projetos de fuga. Advertiu Ken. Pensa nas outras mulheres. Fiscalizarei a conversação, não se preocupe sobre me retransmitir a informação. O Senador Ed. Freeman e sua esposa, Violet, entraram na instalação, rodeados pela equipe de segurança. Mari viemos para falar contigo sobre algumas coisas e logo Ed. arrumará tudo com o doutor Whitney. A voz da Violet era tranqüila, controlada, e com muita confiança. Queremos sair desta instalação, Violet. Houve uma leve vacilação por parte da Violet. Mas quando respondeu, sua voz foi até suave. Ed. vai tratar de ajudar. Disse-lhe sobre o programa de cria e ele pensa que é espantoso. Está envergonhado porque alguma vez ajudou ao Whitney. Mari se retirou repentinamente. Em algum nível sabia, mas a confirmação da cumplicidade do senador ainda a impressionava. O que fez para o Whitney? Houve um pequeno silêncio. Mari, não sabia sobre nós. Não me dê desculpas; só me diga o que fez. Violet suspirou claramente receosa. Era do comitê de atribuições e guardou ao Whitney bem financiado. E… apontou Mari. Violet guardou silêncio por um comprido momento. O estômago do Ken se endureceu. Resistindo a enviar outra advertência a Mari. Mari estamos aqui para te ajudar. Isto é desnecessário. Talvez para ti. Não penso que tudo seja seguro, Violet. Você e seu marido podem ser os que necessitem ajuda. Esteve afastada do Whitney muito tempo. O que significa isto? O que sabe? Mari agarrou a impressão de Violet cruzando um corredor estreito, de repente olhou ao redor cautelosamente ela mesma. Responda-me, Violet, ou está por sua conta. Maldição, Mari! Vamos a te ajudar. Violet vacilou outra vez e logo capitulou. Ajudou ao Whitney a mandar a um par de Caminhantes Fantasmas ao Congo para um experimento que conduzia. Ed. não se incomodou em perguntar qual era. Só foi a ceva para mandar aos homens. Em troca, Whitney e outros o puseram em uma boa posição para a candidatura vice-presidencial. O estômago de Mari se revolveu. Sabia que Ken escutava, sentiu-o ir-se. Desesperadamente quis abrigar seus braços ao redor dele. Era consciente que o homem que foi resgatar foi capturado e torturado? Que Ekabela o esperava? Violet tinha que havê-lo sabido, e os conduziu ali de todos os modos a fim de conseguir uma melhor posição política. Sei. Foi terrível o que fez, e o lamenta. Falei com ele, fiz-lhe ver o monstro que é Whitney. 165


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Mari fechou seus olhos. Ed. Freeman era diretamente responsável pela captura e tortura do Ken pelo Ekabela. Ken foi ao Congo para resgatar ao senador. Tinha posto literalmente sua vida em perigo para salvá-lo. E Freeman o enganou por um lugar na votação vice-presidencial. Nem Violet nem seu marido podiam conceber os danos, Ed. Freeman fez tal mal ao Ken, que duraria toda a vida. Isto pôs doente a Mari, que Violet pudesse amar a tal homem. Ken se considerava um monstro. Temia a violência nele, mas Mari sabia que um Ken era melhor que um milhão de Ed. Freeman. Ken nunca, em nenhuma circunstância, entregaria a outro homem ao inimigo, sobretudo sabendo como era sanguinário e brutal Ekabela. Todos sabiam de sua reputação para o genocídio, para a tortura, para o assassinato de massas por opor-se a suas forças. Embora Whitney fizesse um trato com ele, o Senador Ed. Freeman tinha aceitado aquele trato por sua carreira política. De repente suspeitava que Freeman fosse capaz de enganar a um soldado pelo ganho política, só poderia ter sua própria ordem do dia ao vir a este lugar. Mari rompeu o contato com Violet. Ken sinto tanto que ouvisse isto. Estou bem, neném. Mas não o estava. Sabia que não estava bem. As lágrimas queimaram seus olhos por ele. Ed. Freeman é um asno, Ken, e Violet uma idiota se realmente pode amar a semelhante homem. Não estou segura de lhes dizer. É uma armadilha, Mari. Não sei o que esperam tirar desta visita, mas querem algo, e não deve dizer nada, nem às outras mulheres. Advirta-lhes às demais que não se dirijam a ela absolutamente, que não lhe dêem nenhuma informação. Não o farão. Mari podia sentir atirar a Violet em sua mente, tratando de abrir-se caminho entre eles. Mari não a deixou passar. Mas não era fácil. Sua cabeça palpitou, e sentiu um escorrer magro de sangre em seu ouvido. Diga-me o que quer fazer neném. Ela se decidiu. Tinham que ir-se agora. Independentemente do que acontecesse, não podiam esperar, tinham que tentar a fuga. Ken vá para as outras mulheres e abre suas celas. Faz-o agora! Compreendido. Darei ao Jack o sinal de que elas saem. Violet empurrou com força em sua mente e Mari a deixou entrar. Mari, doçura, tenho medo por ti. O Doutor Whitney parece realmente aborrecido contigo. Não quis que Ed. te falasse. Ofereceu permitir o acesso a todas as outras mulheres, mas o convenci de insistir em te falar. Mari se afundou em sua cama. Fechou de repente sua mente outra vez a Violet. Ken, Violet é consciente de que qualquer das mulheres poderia dizer a seu marido o que acontece. Isto não é sobre o programa de bebes, é seguro. Vamos seguir seus instintos, amor. Cubro suas costas. Mari soltou o fôlego. É obvio que o fazia. Podia contar com o Ken. Rápido abre as celas antes que Whitney tire seu ás da manga. Violet está jogando com uma cobra e pode ser mordida. O pequeno grupo chegou à esquina, o Senador Freeman e Violet rodeados por sua equipe de segurança. Whitney mostrava o caminho e seu desgosto, Seam caminhava ao lado do Whitney. Whitney se parou diante de sua cela, com o mesmo pequeno sorriso em sua cara. —O senador quer falar contigo, Mari. Retrocedendo ante a porta da cela, jogou uma olhada a Seam. Seu olhar estava fixo nos sinais e hematomas de sua garganta e baixou para o decote de sua blusa. Sua expressão mostrava satisfação, e se deu conta que acreditava que tinha cooperado com ele e que era ele o que tinha deixado os sinais de posse em seu corpo. Por alguma razão, isto a envergonhava e encontrou mais difícil girar-se a olhar a Violet e a seu marido. O Senador Freeman se moveu no círculo de seus guardas de segurança. 166


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—Ouvi rumores sobre seu programa de cria. Pelo que ouvi me custa lhe dar crédito. O Dr. Whitney está obrigando às mulheres psiquicamente realçadas a reproduzir-se contra sua vontade com soldados realçados para produzir descendência e usá-los como armas. Ken, soa como se o tivesse ensaiado repetidas vezes. Mari umedeceu seus lábios e jogou uma olhada para Whitney. —Está bem, Mari - assegurou Freeman—. Sou um senador dos Estados Unidos. O Doutor Whitney não vai fazer - lhe mal por dizer a verdade. Conhece minha esposa, Violet. Minha palavra é boa. Procurarei que não lhe façam nenhum dano. Afastando-se mais da porta, para o fundo da cela, sacudiu sua cabeça. —Tem medo de que o Dr. Whitney faça mal às outras mulheres - ofereceu Violet voluntariamente—. Tratamos de te ajudar - acrescentou—. Só lhe diga a verdade. Com os olhos fixos na Violet, Mari disse claramente: —Sim, Senador, tudo é verdade. Há várias mulheres. O Dr. Whitney as tem ameaçadas a fim de assegurar a cooperação do resto de nós. —Já sabe Ken. Posso vê-lo em seus olhos. Parece triunfante e Violet também. Não podem ser tão estúpidos para pensar que Whitney os deixaria sair daqui se pensasse durante um minuto que o delatariam. O que se trazem entre mãos? —Diz-me que estas mulheres estão contra sua vontade? E que o doutor envia a soldados para forçar sua cooperação? —Não tem que atuar como se estivesse ultrajado, Ed., sabe o que está em jogo. O que tratamos de conseguir. Além disso, fez mais, ajudou a entregar a um soldado das Forças especiais americanos a Ekabela para que o cortasse vivo. E quanto a ti Violet, minha querida, realmente deveria ter feito um melhor trabalho em guardar a atenção de seu marido corretamente enfocada. —Levamos a Mari - disse Freeman, com uma voz desnecessariamente forte e exigente. Tinha sido tudo definitivamente ensaiado. Whitney nunca deixaria ao senador levar-lhe por sua importância. —Não, não é assim. Decididamente não irei com você. —Violet, independentemente do trato que tem com ele não o vais conseguir, sabe, não pode confiar no Whitney. Se nos revender outra vez baixo corda para permanecer no passe eleitoral… Amo a meu marido, Mari. Não o quero morto. O entendimento alvoreceu. Mari parecia uma parva. Foi você. Fez o trato com o Whitney. Independentemente do que queira em troca da vida do Ed. Sabia quem foi o que afastou o êxito dele. Não havia outra explicação. Whitney queria um pouco de Violet e do Ed. Freeman, e queria fazer um trato. Em troca, Whitney suspenderia o golpe e os amigos do Freeman o ajudariam pela vice-presidência. O que teve que fazer Violet? O que vendeu? A ti, é obvio Mari. É tudo sobre ti, sua irmã e os Norton. Ken tinha estado correndo pelo labirinto para retornar com Mari. Quando ouviu a resposta de Violet, seu coração saltou. Jack! Se não chegar a ela a tempo a tirarão com o grupo do senador. Maldição. Maldição tudo irá ao diabo. O Senador Freeman caminhou para a porta. —Virá conosco. —Quando cortar sua garganta, Senador, vou fazer lentamente, então poderá senti-lo, justo do mesmo modo em que Ekabela o fez com o Ken Norton. Os olhos do Freeman se dirigiram a seus guardas e logo ao Whitney. —Então realmente conhece o Ken Norton. —Não diga seu nome - assobiou—. O advirto. Não se atreva. —Deixou a promessa de morte arder em chamas em seus olhos.

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O senador retrocedeu, jogando outro olhar rápido ao redor para assegurar que seus guardacostas estavam em posição. Violet caminhou protetoramente diante dele. Mari estendeu a mão telepaticamente a sua irmã mais vulnerável. Rose. Está espaçoso? Pode sair? Kane me leva até o nível de terra. Usamos os elevadores de serviço. Ajuda-me a escapar porque tem medo do que Whitney fará ao bebê. Violet esclareceu sua garganta. —Dirige-se a alguém. Whitney tinha aquele pequeno sorriso em sua cara. —Fala com ele. Ken Norton. Não é verdade? Está perto. Eu sabia que não a abandonaria, não mais do que Jack deixaria a Briony. —Vá ao diabo, Whitney. Levantou a sobrancelha e fez um gesto ao Freeman, ao Violet e a seu guarda-costas para o corredor. —Não há forma de tratar de raciocinar com ela quando fica assim - disse—. Deixaremos que meus homens a dirijam. Quererá um café, Ed.? —partiu sem olhar para trás, Seam seguindo-o. —Parece seu cão, Seam - o chamou furiosa, porque tanto Violet como Seam fossem semelhantes traidores. Mari ouviu pesados passos aproximando-se de sua cela. Queriam que soubesse que chegavam. Que tivesse medo. O medo entrava sigilosamente o quisesse ela ou não. Whitney sempre parecia tão poderoso. Tinha encontrado algum modo de usar a Mari para capturar ao Ken, Jack, e Briony? Sentiu-se doente. A porta da cela se abriu e confrontou a dois dos guardas de segurança do Whitney. Reconheceu-os a ambos. Dom Bascom pensava que era resistente, mas Gerald Robard realmente o era. Os dois ficaram ombro com ombro, com expressões sombrias. Ela forçou um sorriso. —Não os tinha visto por aqui. Como estiveram? —obrigou-se a parecer despreocupada, tanto como foi possível. Mari tratou de parecer cooperativa. Não houve advertência. Robard estava sobre ela antes que fosse consciente do perigo. Golpeou-a com a força de um tigre de novecentas libras, lançando-a através do quarto, com tal força que viu mil estrelas, o quarto girou e começou a ver negro. —Sinto muito, menina - disse Robard, agarrando-a antes que se golpeasse com o chão—. Não há nenhuma necessidade de fazê-lo mais difícil do que já é. - Pô-la em sua cama—. Te quer em mal estado, independentemente do que faça. Mari, não o desafie como sempre. Só coopera e não será tão mau. Dom Bascom tirou uma agulha e a seringa de injeção. Os olhos de Mari se alargaram e sacudiu a cabeça violentamente em protesto. Quando Robard se inclinou, juntou ambos os pés e o empurrou com tanta força como podia contra seu peito, enviando-o para trás. Golpeou com força a parede do fundo, grunhindo um pouco, sua cara se obscureceu pela cólera. —Trato de fazê-lo mais fácil, pequena diabresa. Venha. Mari são as ordens do ancião. Qualquer outro só tomaria o chute e iria dormir. Posso trabalhar enquanto está inconsciente e é um fato. Assombrou-se de quão razoável soava, como se deixar inconsciente a uma mulher e golpeála enquanto não sentia estivesse bem. Robard tirou as mantas da cama e foi por ela outra vez. Queriam que Ken visse seu corpo arroxeado. Estava segura que planejavam deixar que a visse quando a levassem ao avião. Estavam seguros de que os seguiria, até ao Congo.

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Bascomb estava afastado, sorrindo abertamente, quando tirou um par de frascos com um líquido claro do bolso de sua camisa. —Te divirta Ger. Não houve nenhum som, nada absolutamente que o delatasse. Em um momento Bascomb estava aí parecendo um macaco, rindo de seu companheiro, logo estava no chão, com uma agulha no pescoço e Ken enchendo o quarto e parecendo um anjo vingador. O guarda da porta da entrada estava em um atoleiro de sangue, com a garganta cortada. —Vá golpear a alguém de seu tamanho - disse Ken brandamente. Muito brandamente. Mari se estremeceu pelo tom. Um que reconheceu como letal. Sendo uma mulher prática, rodou da cama e procurou no corpo do Bascomb o outro frasco, rapidamente encheu uma seringa de injeção, e deu voltas ao redor do Robard. Que se concentrava no Ken, não pensando que ela fosse uma ameaça absolutamente. Ken não deveria estar ali. Não podia ser agarrado, e acontecesse o que acontecesse, Robard tinha que estar morto quando Whitney chegasse. —Ken Norton. Como diabos chegou aqui? —perguntou Robard e fingiu um gancho direito, só balançando-se ao redor com uma patada voadora. Ken bloqueou o ataque e lançou um punho com a potência de sua força realçada assim como o peso de seu corpo, diretamente à cara do homem. Robard se cambaleou pelo impacto, dando um passo atrás em um esforço por recuperar o equilíbrio. Ken o esquivou com os punhos levantados e golpeou com força com três golpes consecutivos, esquerda, direita, e um gancho que atordoou ao Robard. Mari avançou e inundou a agulha nas nádegas do guarda, empurrando o êmbolo e liberando o líquido transparente. O som de uma porta fechando-se de repente pelo corredor a alertou. Seu coração quase deixou de pulsar. Agarrando o braço do Ken o empurrou. —Sai daqui. Eles vêm. Sério, vá agora. Ele juntou a frente de sua camisa em seu punho e a atirou contra ele. Sua boca baixou com força sobre a sua. —Se te meter em mais problemas, chama-me. Sério, Mari... Que se tratar de dirigir a um par de soldados realçados outra vez, por-te-ei sobre meus joelhos e golpearei seu traseiro. —Passou os dedos por sua machucada cara, isto tem que terminar. —Estamos quase aí, Ken. Juro-o, irei contigo quanto antes. Dê-me um pouco mais de tempo. Esmagou sua boca com a sua, seus dentes a machucaram até que se abriu a ele, sua língua arrasou e assumiu. Podia provar a cólera e o medo desesperado. Ninguém se tinha preocupado alguma vez tanto por ela. Sentia-se realizada por sua preocupação. Mari o beijou, por um momento sentiu seu fôlego, quente como a seda, a eletricidade chispou, e emanou a paixão, e logo com resolução o apartou. —Vá. Estão chegando Sem liberar sua camisa. —Está segura, Mari. Ouve-me? Está segura. Aconteça o que acontecer, independentemente do que aquele filho de cadela do Whitney consiga fazer. Tirar-te-ei daqui. Entende? Manten viva sabe que virei por ti. A língua quente de desejo que se mesclava com seus medos converteu seu coração em gelatina. Empurrou a parede de seu peito outra vez, sentindo-se um pouco frenética. —Estarei bem. Só vá. Tem que ir. Seu polegar se deslizou pela curva de sua bochecha; pressionou a faca sangrenta em sua mão, e se foi, escapulindo quando ouviu vozes pelo corredor. Mari retrocedeu, longe dos dois corpos, acomodando sua roupa e esperando ao Whitney com o queixo elevado.

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O doutor parou repentinamente quando viu a porta de sua cela aberta e a ambos súpersoldados inconscientes no chão e a seu guarda morto. Seu fixo olhar foi de confusão obscurecendo sua cara e logo à faca que tinha em sua mão. —Marigold. Parece que tem um pequeno problema. Estendendo suas mãos inocentemente. —Os dois chegaram para me golpear sem razão aparente. Disseram algo sobre vitaminas, mas você sabe que tenho fobia às agulhas. Violet limpou sua garganta, parecendo de repente nervosa, seu olhar fixo varreu o corredor e o teto, até o chão. —Vamos. Ed. terá que sair daqui - disse Violet, atirando de seu braço—. Este não é nosso problema. —Fez gestos a sua equipe e eles rodearam ao senador, empurrando-o para o elevador. Dando-se conta que faltavam a sua palavra, Whitney chamou a seus guardas e logo retrocedeu olhando, como sempre fazia, separado e impassível, esperando a ver o que acontecia estivesse em meio de um experimento científico e não em um drama de vida ou morte chegando a seu fim diante de seus olhos. A equipe de Violet e os homens do Whitney foram um contra o outro, lutando brutalmente. Violet empurrou ao senador diante dela. —Corre ao elevador! —Não há nenhum escapamento - disse Whitney, satisfeito. Não fez conta, correndo detrás de seu marido, com sua arma na mão. Mari tirou uma arma e começou a segui-la. Um guarda de segurança derrubado agarrou seu tornozelo quando passou e a derrubou com força. —Detenham-nos - pediu Whitney. Antes que alguém mais pudesse mover-se, Seam caminhou e com um movimento liso e eficiente, golpeou a garganta do Whitney com uma faca muita afiada. Capítulo 18 O soldado mais próximo ao Whitney o agarrou e o baixou de um puxão. A folha cortou a parte posterior do braço do soldado. Quando tirou sua pistola com rapidez e a apontou para Seam, Whitney gritou: —Não! Não o mate. Necessito-o vivo. Seam não olhou a nenhum da equipe de segurança. Olhava unicamente ao Whitney, como se fosse um robô programado para destruir. Apesar dos homens que rodeavam ao doutor se abriu passo, punhos voando, tentando alcançar seu objetivo. Mari lutou por ficar em pé. Violet e o senador já estavam no elevador, e não a estavam esperando. As tinha que arrumar sozinha, enfrentar-se ao Whitney, a seus súper-soldados e a um demoníaco Seam. Tomou um profundo fôlego e se dirigiu lentamente para o vestíbulo. A maioria dos guardas estavam vigiando a Seam, tentando encontrar uma maneira de dominá-lo sem sair feridos. Era rápido e perigoso e a maioria deles, em um momento ou outro, tinham sido vencidos por ele. Não podia usar o elevador, por isso as escadas eram suas únicas opções. Avançou seis pés antes que Whitney desviasse sua atenção para ela. —Fique onde está, Mari. Não quer que Rose saia ferida, verdade? Rose? Está fora? Mari duvidou, necessitando consolo. Kane me fez correr. Lutou contra um par de guardas. Alguém deviam ser seus amigos, proporcionaram fogo de cobertura. Saltei por cima da cerca e estou correndo livre. Alguém tentou 170


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me deter; todo o momento gritava que me podiam tirar fora, mas não confio em ninguém. Estou seguindo o plano original. Dispersar-se e evadir-se. Posso chegar ao contrabando do dinheiro e agarrar minha parte. Mari soube que tinha duvidado muito. A maioria dos soldados do Whitney nas cercanias tombaram a Seam no chão, lutando. Estava soltando sons desumanos e tentando arrastar-se, com a força de segurança a suas costas, para Whitney. Cami. Estão todas as garotas a salvo e fora? Estamos perto. Dispersar-nos-emos e nos encontraremos contigo no ponto de encontro, confirmou Cami. Está fora? Voltarei e ajudarei. O doutor suspirou. —Tem muito mais talento do que alguma vez suspeitei verdade Mari? E pensar que quase dava a ordem de te eliminar. Está grávida do menino do Norton? —Enviou-me a Seam a noite passada. Não saberei até que nasça não? —Retrocedeu outro passo, mas dois dos guardas do Whitney estavam centrados nela. Cada passo que dava, eles o imitavam, por isso estavam dançando uma dança macabra com ela. Era estranho e muito difícil estar em uma dança mortal e ainda assim manter uma conversação telepática com sua irmã. Claro que Cami arriscaria sua vida para voltar e ajudar a Mari. Mari o faria por ela. Não! Segue te movendo. Vou com o Ken a sua casa em Montana. Enviou as imagens de sua localização, que tinha obtido da cabeça dele. —Não entendo como pude perder suas habilidades durante todos estes anos. —Whitney franziu o cenho e se esfregou a ponte do nariz. —Sabia que foi psíquico. Usa o contato, não? —conjeturou ela sagazmente, esperando despistar aos guardas ao falar com o Whitney. Ganhou umas poucas polegadas mais, mas a entrada às escadas ainda estava muito longe. Era rápida, muito rápida, mas a equipe do Whitney estava realçada. Não! Objetou Cami. Não confie em nenhum deles. Segue o plano. Vá, Cami. Agora estou em uma briga. Parte! —Muito bem, querida minha. Claro que o faço. Tenho um cérebro superior além de ser psíquico. Há muito poucos psíquicos verdadeiros e fortes no mundo. —Olhou a Seam. O homem estava pego ao chão e assegurado com algemas flexíveis em ambos os tornozelos e mãos. Ainda estava lutando por chegar até o Whitney—. Controlou sua mente, Mari. Plantou uma sugestão, além disso, uma desagradável. Não te tocou, verdade? Simplesmente acredita que o fez. Mas Bret... —disse pensativamente, um pequeno cenho de concentração em sua cara. Mari saltou para cobrir a distância, usando a habilidade física realçada para chegar à escada. Agarrou o corrimão, saltou sobre ela e usando-a como um trampolim, saltou meio lance de escadas. Correu até o patamar do terceiro nível. Escutou ao Whitney gritar a seus homens que fossem atrás dela, agarrou o segundo passamanes e realizou um segundo salto. Ken. Estou fugindo. As outras mulheres conseguiram escapar? Não gostava da forma em que Cami quase a tinha exposto e desejava que ele estivesse com ela. Podia ouvir os homens, saltando atrás dela, o outro subindo as escadas ao galope, falando por rádio, e lhe dizendo a alguém que a interceptasse. Alguém estava esperando na seguinte escada: ouviu o rádio e o zumbido de vozes masculinas. Guiei-as para fora pelo corredor. Sua amiga Cami as está levando o resto do caminho. Depende delas sair uma vez que estejam na superfície. Jack diz que tudo se está descontrolando. Estou voltando para ti. Estou nas escadas, tentando chegar ao nível dois, mas estou apanhada entre duas equipes de segurança. Não acredito que possa chegar até ti. Terá que ir sem mim. 171


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Como o inferno, não seja ridícula. Não partirei sem ti. Quão perto está do nível dois? Pode vencer a equipe que te persegue? Sim, mas estou correndo direta para os homens que me estão esperando. Mari se deteve incapaz de decidir que direção seria a mais prometedora. Segue avançando, doçura. Rápido. Quer estar no topo; golpeia-os forte e com intenção, faz que ganhemos um par de segundos. O que vais fazer? Vou derrubar esta casa. Suponho que Seam não o derrubou? Não, e Whitney se deu conta de que estava baixo uma sugestão, mas acredita que o fiz eu. Tinha deslocado o mais rápido que podia subindo a larga escada. Sem afrouxar o passo, golpeou a porta e se chocou contra o guarda de segurança que a estava esperando ali. Ambos caíram, Mari golpeando-o com força na cara. O guarda lhe agarrou o pé esquerdo e o girou, fazendo-a rodar sobre seu estômago, mas ela o chutou com o pé direito, golpeando-o com suficiente força como para que seu agarre se debilitasse. Ainda usando o impulso da queda, deu-se a volta ficando agachada e saltou para ficar em pé. O segundo guarda se equilibrava sobre ela, e Mari se chocou contra seu peito antes de poder evitar seu movimento para diante. Ele rodeou com os braços sua pequena forma, lhe pressionando os braços contra os flancos. Mari usou os joelhos, movendo-se para cima para lhe golpearem baixo do queixo com o topo de sua cabeça. Cravou-lhe ambos os polegares em baixo das costelas, e quando os braços dele se soltaram, deixou-se cair, estirando os cotovelos para ganhar mais preciosas polegadas de habitação. Foi capaz de liberar um braço e golpeou ao guarda no nariz com a palma da mão, rodando para lançar seu peso corporal no golpe. Liberando-se, tentou correr de novo, sabendo que os outros dois guardas que a tinham estado perseguindo estavam somente um par de passos mais atrás. Te agache! Ela se deixou cair, ambas as mãos cobrindo-a cabeça, quando uma ensurdecedora explosão os tombou a todos. Ken saiu bruscamente dos escombros, lhe agarrando o braço e levantando-a de um puxão. Enquanto se girava, golpeou o pé de sua bota contra a cabeça de um dos guardas, fazendo que caísse como uma pedra. —Corre, Mari! Ken lhe lançou uma pistola e uma faca, depois retrocedeu para protegê-la enquanto ela se abria caminho entre a sujeira e os escombros. Vá à esquerda. Segue o corredor, ordenou-lhe enquanto descarregava uma rajada de balas, fazendo retroceder a seus perseguidores. Mari se deu a volta, toda concentrada, quando dois técnicos de laboratório apareceram levando armas. Disparou a ambos, sua pontaria foi mortal. Continuou movendo-se pelo estreito corredor, arrancando duas câmeras pelo caminho, suas pernas levando-a quando sua mente se sentia embotada. —Os outros, Ken, escutaste algo? —perguntou-lhe Mari ansiosamente. Ken a moveu contra a parede, cobrindo seu corpo com o seu enquanto as balas se incrustavam no muro que tinham detrás. Devolveu o fogo, empurrando-a para diante, insistindo a que corresse enquanto ele saía e enviava fogo de cobertura pelo comprido corredor. Os cristais se destroçaram, e os guardas saltaram às entradas das portas, utilizando qualquer refúgio que encontravam. Ken correu de costas, mantendo o fogo até que rodearam a seguinte esquina e se pôde dar a volta e correr com rapidez atrás dela. —Jack diz que as mulheres partiram em distintas direções. Minha equipe teve um momento infernal proporcionando fogo de cobertura para elas, mas ninguém as pôde deter o tempo suficiente para levá-las ao helicóptero que esperava. Foram para cima e saltaram à cerca, e se 172


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dispersaram no bosque. Detivemos a maioria de seus perseguidores, mas há uma condenada luta entre os homens do Violet protegendo ao senador e os súper-soldados do Whitney. Nisso realidade ajudou a que saíssem as mulheres. Ken lhe agarrou o braço, fazendo que se detivesse abruptamente enquanto abria de um puxão a pequena porta de manutenção situada na parede. —O ralo, te coloque dentro do buraco. Depressa. Mari não perdeu o tempo fazendo perguntas. Só tinham segundos. Quando os guardas girassem a esquina e vissem que se partiram, comprovariam a pequena habitação de manutenção. Abriu de um puxão o ralo e se lançou ao oco, engatinhando para lhe dar ao Ken espaço suficiente. Ele fechou o ralo e lhe indicou que fosse para diante. Quase imediatamente, balas transpassaram a porta e as paredes que tinham detrás. Mari duvidou seu coração golpeando, mas Ken a empurrou pelo traseiro, insistindo-a a que continuasse avançando. Mari engatinhou o mais rápido que pôde, tentando estar tranqüila. Os tubos eram surpreendentemente grandes, e se ia ampliando à medida que se movia. Ken lhe deu um golpezinho no tornozelo quando ela chegou a outro ralo. Mari a tirou e como na outra, o ralo se abriu com facilidade, os parafusos já tinham sido tirados. Mari se deslizou com a cabeça por diante, rodando, com a arma preparada, rastreando a habitação. Encontrou-se em outro quarto de manutenção, ferramentas pulverizadas por toda parte, e um cubo de água suja com uma faxineira afastada da parede. O cubo lhe parecia desconjurado com todas as ferramentas. Olhou ao redor, respirando com força, lutando por controlar seu medo. Tinha estado em várias missões com balas voando, mas nada a tinha preparado para isto… escapar do Whitney. Este tinha controlado sua vida tanto tempo, que não estava segura de que alguma vez pudesse pensar por si mesmo. A mão do Ken roçou sua nuca. —Estiveste pensando por ti mesma há muito tempo, carinho. Deixa de preocupar-se. —Não me estava tocando e sabia o que pensava. Isso odeio. Às vezes me dá medo. Lançou-lhe um pequeno sorriso ao passar a seu lado para abrir um pouco a porta, o suficiente para espiar por ela. —Não tem exatamente cara de pôquer, carinho - disse arrastando a voz. —Oxalá te pudesse acreditar, mas não sou tão transparente. Passei muito tempo enganando ao Whitney. Tem muito mais talento psíquico do que mostra. O alarme estava soando com força através do complexo, e o caos tinha se instalado. Técnicos de laboratório saíam apurados ao corredor. Ken estirou a mão e agarrou a um homem por sua bata, colocando o de um puxão no quarto e lhe cravando um cotovelo na cabeça. O técnico se desabou ao chão e jazeu ali gemendo. —Lhe tire a bata. Mari se agachou para tirar. Whitney fazia obrigatório que todos os técnicos no terceiro nível levassem uma bata negra de laboratório e os do segundo uma branca. O homem levava uma bata branca, mas Mari tinha jogado uma fugaz olhada a vários técnicos de nível três. Estavam subindo em turba as escadas junto às equipes de segurança que varriam cada nível. —O que foi essa explosão? —Golpeou ao homem quando se tentou levantar, e este caiu pela segunda vez. Mari colocou a bata e jogou uma olhada pela habitação em busca de um chapéu. —Coloquei umas poucas cargas programadas. Continuarão estalando a intervalos irregulares, justo o suficiente para manter ao Whitney e seus homens desconcertados. As mulheres passaram à cerca e presumivelmente já estão fora. Jack diz que infelizmente o senador está quase no avião. Jack nos está esperando. 173


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—Não têm a minhas irmãs? —Mari fez uma careta de dor quando Ken agarrou um segundo técnico vestido de branco e o estampou contra a parede. Ricocheteou e Ken o arrastou dentro do pequeno quarto—. Nem sequer uma? —Suas irmãs não são muito transparentes. —Seu vívido olhar a imobilizou—. Sabia que não o seriam. Todas o tinham discutido com antecipação, verdade? Para evitar seus olhos glacialmente frios, Mari se agachou para tirar a bata ao técnico. —Sim. Sabia que não estaria contente. E estaria menos contente sabendo que se supunha que ela tinha que escapar dele e encontrarse com as outras o antes possível. —Só porque meus homens estão arriscando suas vidas para tirá-las? Suas irmãs sabiam que foram estar ali, com balas voando e um helicóptero esperando, e saltaram pela cerca e se dispersaram no bosque. —Estirou a mão e a pôs em pé—. Está planejando fazer o mesmo? Ela evitou seus olhos. O que estava planejando? Ia ver o Briony. Ia tentar com o Ken. —Estou planejando ir contigo, lutando com tudo o que tenho, e ganhar a liberdade. Conhece essa palavra que se supõe representa a vida Americana? Liberdade, Ken. Queríamos a liberdade para tomar nossas próprias decisões. —São psíquicas, muitas sem âncoras, igual a você. Como vão elas, ou você, sobreviver sem ajuda? E realmente crê que Whitney simplesmente vai deixar as partir? Enviará a cada soldado que tem para as recuperar. As teríamos protegido. —E intercambiar uma prisão por outra? O coração do Ken se sentiu como se estivesse sendo apertado com força. —É o que crê que está fazendo, Mari? Seus olhos se encontraram. Ele contou os batimentos de seu coração. Ela tinha falado com suas irmãs a respeito de sair por sua conta. Tinha-lhe dado sua alma, e ela estava pensando em escapar dele. E por que não? A vida com ele seria uma forma de prisão. Não o podia negar… inclusive a si mesmo. Quereria governar sua vida, rodeá-la em um pacote de borbulhas e mantê-la escondida do mundo e de qualquer perigo que se pudesse apresentar. Mari desesperadamente queria, necessitava e merecia liberdade. Ken tragou tudo o que queria dizer e agarrou a bata das mãos dela, colocando a com um movimento de ombros. A bata era muito pequena, e lhe apertava nos braços e as costas, mas serviria para atravessar o corredor. Com explosivos saltando a cada poucos minutos, duvidava que Whitney estivesse olhando as câmeras de segurança. Ken tinha passado uma boa quantidade de tempo colocando as cargas para que tivessem o máximo efeito caótico. Mari lhe agarrou o braço antes que voltasse a abrir a porta das ferramentas. —Não acredito que esteja intercambiando de prisão, Ken. É só que tenho medo. Estou aterrorizada, de fato. Não tenho nem idéia do que vou encontrar fora destas instalações. Sinto-me como se fosse a desertar. Preciso encontrar quem sou e o que sou, e se posso viver com o resto do mundo. Não acrescentou antes de poder entrar em uma relação de casal, mas ele escutou o eco das palavras em seu coração. Talvez as escutassem na cabeça dela. E uma relação com ele não seria a eleição do Mari, uma vez que estivesse no mundo real onde homens normais, talvez com afeição pelo romance e a amabilidade, estavam disponíveis para ela. Ken. A voz do Jack se entremeteu aguda marcada pelo mando. Aqui se está descontrolando tudo. Pode chegar ao primeiro nível? Logan e Neil se estão dirigindo para ti. Estou-os apoiando, mas se não ver seu traseiro nos próximos minutos, romperei o protocolo e irei te buscar. Mova-te, agora. Havia urgência na voz do Jack.

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Ken sabia que Jack o faria. Jack poria sua própria vida e a de qualquer outro em perigo para tirar Ken do problema, justo como Ken faria. Estou de caminho. Estamos no segundo nível tentando chegar ao primeiro. Dê-me uns poucos minutos. Pode que não tenha uns poucos minutos. OH, merda! Houve um momento de completa concentração. Ken reconheceu a vazia e impassível vontade de ferro de seu irmão, que queria dizer que estava disparando uma bala a alguém. Esperou, sabendo que algo mal tinha acontecido. Um dos guardas de segurança que guiava ao senador ao avião lhe acaba de disparar na cabeça. Violet derrubou ao filho de puta e colocou seu marido no avião, mas não tem bom aspecto. Não podemos distinguir os tipos maus dos bons, Ken. Tem que sair daí e chegar ao helicóptero. Estão saindo desse edifício como abelhas. Entendido. Ken abriu um pouco a porta, o suficiente para espiar o corredor. A maioria dos técnicos corriam para as escadas. Uns poucos guardas de segurança e soldados empurravam pelo corredor tentando ver os indivíduos, o que lhe dizia que Whitney não tinha abandonado a esperança de encontrá-los. Alguém viu o Whitney? Você e eu sabemos que tem um ou dois túneis. Não vai ficar apanhado aí. Provavelmente está a metade de caminho de sua seguinte guarida. Pulsa um botão em um computador, sua informação é enviada a outros computadores, e ele abandona este laboratório. Ken se aproximou de Mari. —Permanece perto de mim. Caminha diretamente para as escadas. Manten a pistola em seu bolso e pronta para usar. Não levante a vista para as câmeras, simplesmente caminha na corrente dos outros técnicos. —Reconhecer-me-ão. Aqui não têm mulheres técnicas. Whitney pensava que seria muita distração. —Seu cabelo não é tão comprido. Pode subir a jaqueta pondo-a ao redor do pescoço. Temos que ir agora, Mari. E se disser que corra, sai disparada e não olhe atrás. —Não te vou deixar. —Estarei justo detrás de ti. Não sou um herói, carinho. Não vou deixar que Whitney conecte a alguma máquina pelo resto de minha vida. Agarrou-lhe a parte frontal da bata. —Pode que tivesse medo e duvidasse, mas tenho intenção de ir contigo. Assegure-te de estar justo detrás de mim. Digo-o a sério, Ken, porque voltarei por ti. —Deixando a um lado as dúvidas sobre o futuro, nunca deixaria Ken a mercê do Whitney. —Sonhas como meu irmão, e te advirto Mari. Como faz algo estúpido como isso, te vou pôr sobre meus joelhos. Ela pôs os olhos em branco. —Pegaram-me com uma vara, Ken. A ameaça de uns açoites não me assusta muito. Deu-lhe um pequeno empurrão. —Te mova. Segue te movendo. Mari ia com ele. Tinha uma pausa. Não tinha nem idéia de como a ia conservar, mas pelo menos ela não ia saltar sobre a cerca e partir por sua conta. As mulheres tinham planejado a fuga fazia tempo, e embora Ken e sua equipe tivesse estado ali oferecendo amparo, não tinham deslocado o risco de desviar-se de seu plano. Acreditavam umas nas outras, e em ninguém mais. Inclusive Violet estava fora de seu círculo. Isso preocupava ao Ken. Se as mulheres se voltavam contra Mari por escolher ficar com ele, terminaria sentindo-se ressentida com ele?

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Apartou todos os pensamentos de sua mente e ficou em modo guerreiro no momento que saiu do quarto de ferramentas. Atrasou-se vários passos para proteger melhor a Mari enquanto ela se abria passo a empurrões pelo corredor. Ela se dava espaço para lutar, o notou com aprovação, e se movia com confiança, mas mantinha a cara separada das câmeras. Caminhava como uma mulher, balançando os quadris, e viu dois soldados reagir quando passou. Os homens estavam parados em uma entrada, procurando nas caras de quão técnicos passavam. Antes que nenhum dos homens pudesse falar por seus rádios, Ken lhes disparou. Usou um disparo mortal, derrubando-os com rapidez e dureza, dois ataques seguidos que fizeram que os homens se afundassem para o chão antes que os disparos se registrassem entre a multidão que fugia. Continuou movendo-se, escondendo a pistola com seu corpo, reagindo como os outros, quase correndo. Um disparo passou assobiando ao lado de sua orelha e alcançou a um técnico que tinha perto, levando o homem contra a parede. O sangue salpicou e o técnico gritou, colocando uma mão com força no ombro. Imediatamente todo mundo correu, chocando uns contra outros, empurrando e dando trancos ao correr para as escadas. Ken perdeu Mari de vista ao agachar-se, deixando que a multidão o ocultasse, enquanto procurava o inimigo. Uma descarga de balas varreu a massa que corria, derrubando as pessoas, de modo que alguns ficaram atirados no chão, e outros os pisotearam. O sangue corria pelo corredor. Ken se deslizou na sombra de uma das entradas e disparou com rapidez às luzes, sumindo o corredor em sombras. Instantaneamente subiu pela parede, subindo como uma aranha até que chegou às vigas que percorriam o suporte do teto. Ken! Mari soava ligeiramente aterrorizada. Estou vivo. Sai de uma condenada vez. Jack te cobrirá. Pode confiar no Neil e Logan. Levarlhe-ão ao helicóptero. Não partirei sem ti. Mais balas percorreram a zona onde tinham estado, o inimigo sistematicamente varrendo as zonas baixa e logo as altas, derrubando sem piedade a qualquer que se metesse na zona dos disparos. Ken disparou à luz, concentrando-se em um objetivo de quatro pontos onde devia estar o coração. Mari juro-lhe isso, golpearei-te esse teimoso e pequeno traseiro se não fizer o que te digo. Vá! Deixou-se cair ao chão e se tombou, esperando uma resposta, mas só houve o som dos mortos ao cair e os temerosos gritos de quão técnicos queriam sair, mas que não eram capazes de reunir a coragem para voltar a mover-se. Jogou uma cuidadosa olhada a seu redor, usando sua realçada visão noturna. Um homem estava morto a vários pés a sua esquerda, com a pistola ainda na mão, um atoleiro de sangue estendendo-se baixo ele. Ken se levantou de um salto e correu a toda velocidade para as escadas, saltando sobre os homens cansados, ignorando seus gritos pedindo ajuda. Saltou a metade das escadas, subiu correndo o resto, e saiu repentinamente ao corredor do primeiro nível. Abaixo! Abaixo! O grito frenético de Mari fez que se lançasse ao chão, rodando o mais perto possível de uma entrada, enquanto sua arma estava fora rastreando. Uma descarga de balas o manteve rodando, o som ensurdecedor nos estreitos limites do corredor. Conseguiu arrastar-se até uma porta aberta e subir pela lateral de uma parede para colocar seu corpo diretamente sobre a porta. A jaqueta se rasgou quando seus músculos se sobressaíram, agarrando seu peso estendido por cima da entrada. Pôde ver onde uma bala tinha perfurado o material, deixando um oco no tecido. Estão entrando. Equipe padrão de dois homens. Tome cuidado. Havia medo em sua voz. 176


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Está bem, carinho? Ele soava acalmado, tranqüilizador. Isto era pelo que vivia. Mais valia a ela sabê-lo. Tinha nascido sendo um guerreiro, e qualquer o suficientemente estúpido para ir atrás dele simplesmente tinha o desejo de morrer. Tenho uma faca. O idiota não fez uma busca rigorosa. Assinala quando estiver fora de perigo. Ele ignorou a ansiedade na voz de Mari, mantendo seu tom com a mesma nota acalmada. Saberá. Quantos guardas tem centrados em ti? Dois. Posso me encarregar deles; simplesmente te assegure de te ocupar dos dois teus. O tom do Mari igualava o dele, tranqüilo e seguro, cheio de confiança. Os dois soldados esvaziaram suas pistolas na porta e as paredes da habitação antes de colocar com um golpe novos carregadores e abrir de uma patada o que ficava da porta. Fizeram-se lascas e se desencaixou das dobradiças, e os dois entraram no quarto, costas com costas, pulverizando balas em um semicírculo para cobrir cada polegada de habitação. Agora, Mari. Ken saltou do teto, apertando sua pistola e lhe disparando ao soldado mais próximo enquanto caía. Aterrissou abaixado e lhe disparou ao outro. Tirou-lhe de um puxão a bata de técnico, embora não gostava da cor branca para sair na escuridão. Está fora de perigo, neném? Espiou pela esquina. Um guarda jazia aos pés de Mari, obviamente morto. O outro guarda estava lutando com ela pela faca. Ken viu que o homem girava o ombro e golpeava duas vezes a Mari, indo pela garganta. Ela conseguiu girar o corpo o suficiente para que ele falhasse seu objetivo, mas os golpes a tinham sacudido. Ken se aproximou do guarda por trás e usou sua própria faca, enterrando a folha até o punho no rim do homem. Golpeou a cabeça do guarda com o dorso da mão, jogando-o a um lado e contra o chão, e estirou a mão para pegar a de Mari para fugir. Fez uma rápida avaliação, assegurando-se de que não sangrava enquanto giravam para correr pelo corredor. —Vão golpear-nos com tudo o que tenham - disse—. Ele não vai querer que escape. —Não me matará - disse Mari com absoluta confiança—. Acredita que controlei a Seam e plantei a sugestão de que tivemos sexo. Ken lhe lançou um olhar incluso enquanto seguia vigiando o corredor. É muito fácil, Jack. Está tramando algo. —Descobriu isso? —Whitney não deixa acontecer muito. Tampouco deixou que os guardas matassem a Seam. Disse-lhes que não o fizessem, e isso significa que enviará Seam detrás de mim. —Conto com isso - disse Ken, mantendo seus escudos firmemente em seu lugar. Quão último ela precisava era sentir a crua violência formando redemoinhos em seu cérebro. Queria destroçar a Seam peça a peça, e tinha toda a intenção de fazê-lo. —Mas fará tudo o que possa por te matar - disse Mari—. Quero te cobrir. Vá você diante e eu ficarei detrás. Ken apontou para diante. —Faremo-lo da maneira em que eu sempre o tenho feito. Temos ajuda esperando. Simplesmente te dirija ao helicóptero. Tirar-lhe-emos daqui. —Enquanto lhe dava mais carregadores, tocou-lhe a mente, não querendo insubordinação no meio do que sabia seria um infernal tiroteio. Mari planejava se entregar se chegava à situação de estar entre a vida dele ou sua liberdade… e queria liberdade agora que tinha uma amostra dela. Mas estava decidido a que ele não fosse, capturado e atormentado pelo Peter Whitney. A mulher poderia lhe rasgar o coração se

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fosse o suficientemente estúpido para deixá-la. Ken fez uma pausa, mantendo-se à esquerda da porta, sujeitando a Mari contra si mesmo. Seus lábios lhe roçaram a parte de trás da cabeça. Sem importar o que acontecer, Jack, jura-me isso dirá à equipe que temos que tirá-la. Não me importa se a tem que golpear na cabeça e levá-la inconsciente. Não vai fazer-se a heroína e salvar meu traseiro a custa do dela. A diversão do Jack era um bálsamo tranqüilizador em uma dolorosa ferida. OH, deixa-o mau, irmão. Essa mulher te tem tudo pilhado. Saiam de uma condenada vez e vamos. Não vamos deixar ninguém atrás. Ken acreditava em poucas coisas, mas acreditava em seu irmão. Deu a Mari a localização do helicóptero. —Corre. Deixa que a equipe te proporcione fogo de cobertura. Segue avançando, e te seguirei pegado a seus pés. Vamos sair, advertiu a sua equipe. Têm inimigos pulverizados em um semicírculo disperso, advertiu-lhe Jack. Mitch está tentando atirar um farol, mas não o vai conseguir. Houve um momento de silêncio e logo um rifle se disparou. OH, merda, retrocedeu e não se move. Mari saiu, correndo com a velocidade imprecisa de um soldado realçado. Ken manteve o passo justo atrás dela. Ela não correu em linha reta, mas sim ziguezagueou, tentando encontrar cobertura, em um lugar onde se podia encontrar pouca. Estalaram disparos a seu redor, mas continuaram correndo. Ken confiava em que Jack e os outros mantivesse o inimigo sujeito. Estão chegando. Abaixo, Mari, ao chão. Ken saltou para diante para derrubá-la, atirando-a inclusive enquanto lhe advertia, protegendo seu corpo com o dele. Abelhas furiosas lhe picaram nas costas e pernas, mas se estirou sobre a Mari, esforçando-se por lhe cobrir a cabeça com os braços e mantê-la a salvo dos pequenos e mortais mísseis que a mini–bomba estava expulsando. Jack jurou em sua cabeça, as maldições largas e eloqüentes. Pregos. Puseram pregos na condenada coisa. Pode correr? Tenho que fazê-lo. Posso fazê-lo. Somente não deixe que voltem a lançar outro desses. Doía como um filho da puta, mas não ia deixar que lhe disparasse… ou o capturassem. Levantou-se, as costas e os músculos de suas panturrilhas lhe gritando. Mari obviamente sentia a dor em sua mente, porque todo o momento tentava girar-se, para olhá-lo, mas ele a empurrava firmemente para diante. Tirou a dor de sua mente. Ter compartimentos era uma ferramenta útil, e Ken e Jack a tinham aprendido cedo na vida. Correu a toda velocidade, os pregos em seu corpo não o ralentizaram. Várias pessoas empunhando armas, incluindo Neil e Logan, fecharam-se a cada lado deles, e apoiados sobre um joelho, matavam sistematicamente ao inimigo. Mari alcançou o helicóptero e agarrou a mão do Martín, lhe permitindo que a subisse de um puxão. Ken saltou e agarrou o rifle que lhe lançaram, agarrando-o no ar com uma só mão, deslizando-lhe sobre o ombro e deixando cair para cobrir a seu irmão enquanto este saía da folhagem. Escutou o grito sufocado de Mari quando ela viu os pregos em seu corpo, mas sua concentração estava no inimigo e em cobrir o traseiro do Jack. Jack saiu a campo aberto, disparando a ritmo constante. Ken viu um soldado seguindo a seu gêmeo e apertou o gatilho. O homem se desabou, e imediatamente Ken varreu a área procurando a outros. Alguém se levantou justo diante do Jack, disparando muito rápido. Ken viu o Jack cambalear-se. Te atire. Inclusive enquanto dava a ordem, estava apertando o gatilho. Jack golpeou o chão e o soldado caiu quase em cima dele. É grave a ferida? 178


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Só me roçou, levou um pouco de músculo, mas viverei. Jack já estava de pé e cortava rapidamente à distância, com aspecto tão letal como sempre apesar do sangue em seu braço direito. Deixa de tentar parecer legal e coloca o traseiro no helicóptero. Todos sabem que é um tipo duro. Ken manteve a preocupação fora de sua voz, cobrindo-a com suas habituais brincadeiras. Estava esperando que viesse e me levasse; sinto-me algo fraco. Jack disparou outra rajada, e um soldado usando uma pedra bruta como escudo parcial, desabou-se. Ken localizou a dois inimigos com o olhar posto no Jack e lhes disparou. Briony vai estar mortalmente cheia o saco contigo por voltar para casa prejudicado. Levo a sua irmã. Tratar-me-á como a um herói. Jack cobriu os últimos pés e saltou ao interior. Martin e Neil o seguiram. —Vamos, vamos - ordenou Neil, e todos desviaram sua atenção a qualquer fogo antiaéreo que viesse em sua direção. Logan empurrou Ken para baixo e se sentou a seu lado. —Me passe a equipe médica. —Assinalou detrás da cabeça de Mari. Esta o agarrou e o lançou, seu olhar ainda no terreno, observando. Uma vez o rifle foi a seu ombro e apertou o gatilho. —Estamos a salvo. Nenhum pássaro no ar. Ela notou que não havia relaxação. Neil e Martin ocuparam posições para proteger o helicóptero enquanto Logan começava a tirar os pregos das costas e panturrilhas do Ken. A maioria eram superficiais; só um ou dois estavam mais profundamente. Logan rasgou a camiseta do Ken e ela pilhou a todos os homens olhando uns aos outros. Mari se deixou cair ao lado do Ken e lhe pôs a mão na parte de atrás da cabeça. Aproximouse mais a ele, sentindo-se protetora, sabendo que ele não o demonstraria, mas odiava que outros vissem as cicatrizes e que suas costas parecessem como se um ralador gigante a tivesse raspado, como se a pele fora queijo branco grumoso. A parte dianteira de seu peito tinha o mesmo fino padrão de cicatrizes que sua cara e pescoço. Não havia maneira de bloquear a linha de visão que tinham todos os membros da equipe. Ela detestava as olhadas em seus rostos. Né, querido, leva-o bem? Ela queria perguntar em voz alta, para que todos ouvissem a preocupação em sua voz, que ouvissem o que sentia, mas não se podia fazer tão vulnerável. Perguntou-o brandamente, intimamente, em sua mente, tentando uni-los, para que Ken pudesse sentir que estava com ele. Seus dedos se enredaram com os dela. Houve dor física, mas facilmente podia suportar isso. Era muito, muito mais difícil ter a seus amigos observando-o fixamente –olhando-o– vendo a terrível destruição de seu corpo. A Mari doía, sentia lágrimas lhe queimando os olhos e a garganta por ele. Tinha sido um homem bonito com um rosto e um físico incrível, e Ekabela se tomou muito cuidado de destruí-lo, polegada a polegada. Mari se inclinou mais perto, seus lábios roçando sua têmpora como uma pluma, em um esforço por distraí-lo. Obrigado por vir me tirar. Realmente não queria ficar aí. Ele apertou os dedos sobre os dela e se levou sua mão à boca. —Que demônios passa aqui? —exigiu Jack—. Dispararam-me. A alguém importa uma merda, ou me tenho que ficar aqui sentado e sangrar até morrer enquanto todos mimam o meu irmão? Instantaneamente, Neil e Martin desviaram sua atenção para Jack. —Sinto muito. Não tinha tão mau aspecto - disse Neil. —Tão mau aspecto? —repetiu Jack—. Estou perdendo sangue.

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Ken se engasgou. Quando Mari tocou sua mente, estava rindo. Pela primeira vez desde que tinha conhecido ao Jack, realmente gostou dele um pouco. Respeitava-o como soldado, estava cheia de assombro e admiração para ele como franco-atirador, mas não lhe tinha gostado muito e não estava de todo segura de querer Briony com ele. Com uma pequena atuação, Jack tinha trocado sua opinião sobre ele. Não era o tipo de homem que chamasse a atenção sobre si mesmo, ou que se incomodasse por uma pequena ferida. Tinha suas próprias cicatrizes, evidência de sua tortura a mãos do mesmo homem que tinha tido ao Ken durante tanto tempo. Jack Norton tinha a reputação de ser muito duro. Lançou-lhe um pequeno sorriso e o ajudou com seu jogo. —Assegurar-me-ei de dizer a Briony quão duro é. —Briony provavelmente vai golpear-me com algo quando me vir. Prometi-lhe que tomaria cuidado. —Dir-lhe-ei que te estava gabando. —Se lhe disser isso vou tomar represálias. Essa tua irmã pode ser malvada. Ken fechou os olhos, seus dedos apertando com força os de Mari, e se permitiu deixar-se ir. Estava fisicamente exausto, levava três dias sem dormir e seu corpo ardia pelos pregos, mas tinha a Marigold, e isso era tudo o que importava. Relaxou-se, escutando a seu irmão brincar com ela enquanto o helicóptero os levava bem longe do Peter Whitney e seus loucos experimentos.

Capítulo 19

O lar do Ken, situado na profundeza da selvagem Montana e rodeado pelo bosque nacional por três lados, era a coisa mais formosa que Mari tinha visto. Ken parou a seu lado enquanto ela olhava fixamente com admiração a cabana de troncos gigantescos. Para ela, a casa parecia o paradigma dos lares maravilhosos com os que tinha fantasiado quando olhava velhos filmes que os homens tinham passado de contrabando ocasionalmente para as mulheres. —Temos dois mil e quatrocentos acres. Mari, assim definitivamente tem liberdade. —Ken cobriu sua ansiedade repentina com um pequeno sorriso—. A menos que pense que preferiria ser uma garota de cidade. Ele nunca poderia viver confortavelmente na cidade, mas sabia que se ela queria, necessitava ao menos tentá-lo, iria com ela. Mari negou com a cabeça. —Não iria bem na cidade. Muita gente, muito tráfico e ruído. Prefiro a solidão. Ken deixou sair o fôlego. —Somos completamente auto-suficientes aqui. Se alguma vez andássemos necessitados de recursos poderíamos colher algumas árvores. Atualmente temos uma mina de ouro também, embora nunca nos preocupamos em explorá-la. O fornecimento de água à propriedade é alimentado pela gravidade e usamos um sistema hidrelétrico que aciona as baterias. —Queria que ela amasse o lugar do modo em que o fazia ele, que sentisse a sensação de liberdade no bosque exuberante que os rodeava e a completa auto-suficiência de seu lar—. Justo agora estamos usando somente uma pequena percentagem do poder disponível. Jack e eu podemos viver da terra, caçando e colhendo se for necessário, assim que este é o lugar perfeito para nós. —Não esperava que fosse tão grande. —Neste momento a casa tem sobre os três mil pés quadrados. Jack e Briony têm a ala maior. Estivemos trabalhando em uma creche para eles. Compartilhamos a cozinha, o comilão e uma 180


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grande habitação com eles, e nossa ala está no outro lado. Atualmente temos um dormitório, um banho e o escritório, mas tenho um segundo dormitório esboçado. A garagem quase duplica o espaço, assim temos lugar de sobra para nos expandir se quisermos, e se Jack e Briony mantêm o ritmo, teremos que fazê-lo muito em breve. —Sorriu abertamente—. Estão esperando gêmeos. —Nunca mencionaste isso. —Eu gosto de reservar o melhor para o final. Sorriu-lhe. —É arrepiante. Gêmeos correndo em sua família, verdade? Ele assentiu. —Grande momento. Ela voltou o olhar a casa. —Adoro os troncos. O que são? Ken não permitiu que mostrasse sua desilusão. Ela não estava preparada para o compromisso. Tinha conseguido levá-la a seu lar no bosque de Montana; tinha que estar feliz com isso e esperar convence-la a ficar. —Pinheiro branco ocidental. Tratamo-los com marquise sueca e usamos azeite para rematálo. Jack fez a maioria dos móveis da casa. É muito bom trabalhando a madeira. —É formosa. Adoro o alpendre. —O teto está construído como zona de guerra, e temos um túnel de escapamento. Temos alarmes e umas poucas armadilhas que nos permitem saber se aparecerem visitantes não desejados. A loja de madeira está justo nessa pradaria, e a garagem menor alberga a equipe. Temos um jardim de vegetais nessa zona pequena de terra onde o sol brilha a maior parte do tempo. Briony plantou flores por toda parte. A mão do Mari agarrou a sua. —Está ela aqui? —Não soe tão assustada. Não, Jack a trará amanhã. Queria vê-la primeiro. É protetor com ela. —Ainda não confia o bastante em mim, verdade? —Jack não confia em nada ou ninguém quando se trata de Briony - disse Ken—. Ela é seu mundo, e se algo lhe acontecesse se voltaria louco. Estará aqui, doçura, confia em mim; está emocionada por saber que está viva e bem. Nada vai impedir que volte para casa. —Exceto Jack. —Durante uma noite. Queria-a para ele esta noite, e eu esperava que tivéssemos umas poucas horas juntos. Mari se deteve nos degraus olhando à galeria que a rodeava. A noite estava caindo e o vento sussurrava entre as árvores. Havia uma dentada de frio no ar, o bastante para fazê-la tremer. —Tem-me medo, Mari? —perguntou Ken. Ela levantou uma mão até sua cara. Como sempre, nas sombras da noite, as cicatrizes se desvaneciam, deixando a perfeição masculina. —Não. Ken, não é você. —Duvidou como se procurasse as palavras corretas, ou a confiança que necessitava para expor seus medos—. Sou eu. Não sei nada sobre quem sou ou o que quero. Quando estou longe de ti, sinto-me como se não pudesse respirar sem ti. Como posso aprender alguma vez a estar completa se alguma vez for tomar uma simples decisão por mim mesma estando em uma relação tão intensa? —Parecia emocionada—. Acabo de dar por certo que quer uma relação. Nunca o há dito. Nem uma vez. Ela deu um passo atrás se afastando dele, da casa. O bosque, com todas as árvores brandamente oscilantes e a espessa folhagem, parecia um refúgio, algo que conhecia, onde podia ocultar-se. Sentia-se exposta, vulnerável e muito confusa. 181


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—Direi-o agora, Mari. Não quero que me deixe nunca. Quero-te mais que do que quis algo em minha vida. Posso te dar tempo, o que seja que necessite. —Inclusive enquanto o dizia, não sabia se estava dizendo a verdade. Queria lhe dar tempo, lhe dar liberdade, mas havia limites a suas habilidades e as conhecia melhor que a maioria da gente. Riscou-lhe a comissura dos lábios. —Está franzindo o cenho. —Estava mentindo. Não posso te mentir. Não sou um homem perfeito, Mari. Quero ser tudo o que necessite, mas não posso ver-te com outros homens enquanto averigua-se esta relação é a que quer ou não. —Outros homens? —Seus olhos escuros brilharam—. O que têm que ver outros homens com isto? —Não te quero olhando a outros homens para te ajudar a compreender coisas. As sobrancelhas se juntaram, e ambas as mãos se apertaram em punhos. Olhou para o bosque outra vez, então resolutamente girou para a casa e subiu lentamente as escadas do alpendre para evitar lhe golpear. —Outros homens? Tem que estar louco. Já esqueceste de onde venho? Mari andou pelo alpendre, furiosa com ele e consigo mesma. Pôs-se em uma posição vulnerável. Ela não pertencia a aqui. Roubou outro olhar ao bosque. Pertencia a ali. Pertencia a suas irmãs. Podia confiar nelas. Tinham tido um plano juntas, e ela se desviou do plano. Pressionou seus dedos contra suas latentes têmporas. O que tinha feito? Ele se esclareceu a garganta, esfregando a ponte do nariz, e então passou a mão pelo cabelo com agitação. Como demônios faziam os homens esta classe de coisas diariamente? Era como caminhar por um campo de minas, um passo em falso e tudo explodiria em sua cara. —Tem razão, isso foi estúpido por minha parte. Não estou fazendo isto muito bem. —Supera essa preocupação sobre mim e outros homens, Ken - disse bruscamente. Ele assentiu. Tinha que encontrar uma maneira de dominar seus ciúmes rapidamente. Ela não era uma mulher que o agüentasse. Não havia maneira de não perceber o punho apertado. —A maioria das mulheres teria problemas com a solidão daqui acima. No inverno, o caminho é intransitável sem moto neves. Não há telefones. Temos uma rádio é obvio, mas não muitas mulheres querem estar tão isoladas. O olhar dela se moveu rapidamente a sua cara. —Pareço-te a classe de mulher que tem que ser entretida todo o tempo? Estou acostumada ao isolamento. —Mari, nunca tinha feito isto antes. Nunca. Nunca trouxe uma mulher a esta casa ou quis uma relação com alguma. Posso estar cometendo cada engano de livro aqui, mas estou tentando ser honesto, não te julgar. —Alguma vez? —Alguma vez o que? —Alguma vez trouxeste uma mulher aqui antes? —Este é meu santuário, carinho. Meu lar. Venho aqui quando o mundo me rodeia e preciso me reagrupar. É tranqüilo e pacífico e se parece com um lar. Pertence a aqui, ninguém mais. —Não sei realmente como se sente um lar. —Fez gestos para o bosque—. Isso me sinto como se me chamasse. Quero correr livre, Ken. Somente correr entre as árvores. —Seus olhos se encontraram com os seus—. Posso fazer isso? Ele tentou tranqüilizar o batimento de seu coração. Sabia melhor que ninguém o que era tentar reter um pássaro silvestre, mas queria agarrá-la com ambas as mãos.

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—É obvio. Amanhã lhe conseguiremos um par de sapatilhas. Pode sair quando quiser. Eu prefiro as manhãs, mas é formoso todo o tempo. Ela não respondeu, só ficou de pé olhando fixamente às árvores que a chamavam. Ken estirou a mão para ela. Possivelmente não estava completamente comprometida em uma relação com ele, mas ele o estava com ela. Ela parecia correta e se sentia bem em seu santuário. Por cima de tudo, por toda sua intranqüilidade sobre o que dizer e fazer sentia-se feliz, realmente feliz com ela em sua propriedade. Tudo o que tinha que fazer era encontrar uma maneira de lhe fazer sentir o mesmo. Mari pôs a mão na sua e a contra gosto lhe seguiu à sólida porta, tratando de não mostrar medo. —Como mantêm a casa quente quando neva? —Usamos o calor da madeira. Temos chaminés muito eficientes nos dormitórios, o grande salão e na cozinha. Podemos bloquear cada ala da casa para que seja privada e isolada, ou as abrir e ter uma grande casa. —E Briony vive aqui todo o ano? —Ela se aferrou a isso. Queria ver Briony, uma vez nada mais. Uma vez tinha vivido com lembranças e fantasias sobre sua gêmea durante tanto tempo, queria vê-la. —Não a deixaríamos aqui sozinha se sairmos em uma missão. Jack nunca o permitiria. —As palavras escaparam antes que pudesse as censurar. Mari lhe olhou bruscamente enquanto dava um passo pela soleira. —Permitir? —Quando se trata de Briony, somos muito conscientes de sua segurança. Imagino que você também o será. Está esperando gêmeos, e Whitney fez vários intentos de agarrá-la. Seu último intento nos custou parte da casa e um edifício exterior, mas o filho de puta não a agarrou. Mari olhou a seu redor. Podia ver o toque de uma mulher na casa, e seu coração fez um pequeno e divertido salto. Sua irmã. Briony estava viva realmente e bem e vivia justo aqui, nesta casa. Sua irmã, a quem não tinha visto em anos, mas em quem tinha pensado cada dia. Havia grossas colchas colocadas nos móveis bem feitos, a classe de colchas que Mari sabia que estavam feitas com amor, à mão. Havia vidraças sobre cada janela, um trabalho intrincado e formoso, as cores se formavam redemoinhos para formar imagens de fantasia indubitavelmente escolhidos, ou feitos, por sua irmã. Mari andou pelas habitações vazias, ouvindo o eco de risadas, sentindo os laços do amor tecidos nas paredes. Quando alcançou o dormitório do Ken, lágrimas ardiam em seus olhos e se entupiam em sua garganta. Não podia fazer isto. Por que tinha pensado que poderia? Não era nem um pouquinho feminina. Não podia decorar uma casa, ou ser alguma classe de esposa ou companheira. Não sabia nada exceto lutar em uma batalha. Deveria haver ido com suas irmãs, quão única conhecia as únicas diferentes na maneira em que ela o era. Nunca tinham vivido em uma casa e não sabiam nenhuma coisa sobre viver em uma relação. Briony vivia aqui, e Briony sabia exatamente como ser esposa e mãe. Obviamente se preocupava com ambos os homens, não só pelo Jack. Mari nunca seria capaz de estar à altura de sua irmã. E estava feliz pela Briony, realmente o estava. Só estava triste por ela mesma e se sentia como uma completa parva por ter pensado que podia ser alguém que não era. O coração do Ken quase se deteve quando entrou em seu dormitório. Mari parou na metade, chorando. —O que acontece, carinho? O que está mau? Ela abriu os braços tanto como pôde.

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—Olhe este lugar. Não sei o que fazer com todo este quarto. Minhas roupas entram em um armário ao final de minha cama de armar. Não sei cozinhar, ou cuidar de uma casa, ou inclusive ter uma relação. No que estava pensando? A atraiu para seus braços, mantendo-a perto. Seu corpo tremia contra o dele e lhe sujeitou a cabeça com sua palma, pressionando sua cara contra seu coração, refugiando-a o melhor que podia contra seu próprio corpo. —Me escute, carinho. Nenhum de nós tem feito isto alguma vez. Assustar-nos-emos, mas não importa. Ouve-me, Mari? Não importa. Isto somos nós. Os dois. O que é normal para os outros não importa. Construiremos nossa relação tijolo a tijolo, e será tão forte que ninguém jamais a derrubará. Nunca me afastarei de ti. Nunca. Se houver uma coisa com a que pode contar, é que estarei a seu lado. Não haverá enganos aqui. Trabalharemos a nosso próprio ritmo. —Mas Briony fez deste lugar um lar, não só para o Jack, mas também para ti. Posso ver que o fez. Ela é sua família quão mesmo Jack. —Ela ilumina o mundo do Jack, Mari - disse, tratando de seguir seu trem de pensamentos—. Não quer que me preocupe com ela? —É obvio que quero. Deveria, mas não posso ser como ela. Não tenho nem idéia do que fazer. Nem sequer tenho roupas, Ken. Estou aqui com absolutamente nada. Levantou-lhe o queixo e lhe acariciou a boca com a sua. Ela soava tão assustada que ele se sentiu causar pena. —Não tem que fazer nada. Quero-te, Mari, não às roupas nem a um servente. —Deveria estar pondo flores em um vaso? Ou fingindo cozinhar o jantar? —Ela parecia totalmente alarmada—. Não tenho nem idéia de como cozinhar. Nunca cozinhei. Nunca. Isto não vai funcionar, Ken. Ele se deu conta de que estava totalmente aterrorizada. Olhava fixamente a estante e aos CD de música. Ken a beijou outra vez. —Crê que isso importa? Amanhã podemos ir à cidade e te conseguir suficiente roupa para encher o armário e o vestidor se for o que quer. E comprarei flores e um vaso, e colocaremos as malditas coisas juntos. Nada disso realmente me importa. —Possivelmente não agora, este minuto, mas alguma vez quererá que saiba como levar uma casa. —sentia-se totalmente inadequada pensando em todas as coisas que não sabia fazer, mas que sua irmã sim. Sua irmã era uma estranha para ela, tinha vivido em uma família amorosa, não em barracões militares. Cami! Necessito-te. OH, Deus, O que tenho feito? O pânico era novo para ela. Não tinha estado assustada quando tinha sido capturada. Não tinha estado assustada quando foi disparada, mas estando de pé em uma casa real rodeada de coisas não familiares para ela… —Se quer levá-la, averiguará como; se não, bem, esteve bem durante anos. Ela se pendurou dele, sua confiança sacudida. —Nunca decidi quando ir à cama de noite. Luz fora as onze, a menos que tivesse causado problemas, e então era as nove ou dez. —Pode estar levantada toda a noite, carinho. —Nunca tive permissão para estar fora de meu quarto depois das nove. —Se sentir que você gostaria de conduzir até Califórnia, saltaremos ao carro e iremos. Ou se só quer ir à cozinha e conseguir uma peça de fruta, faz-o. —E me sentar fora no alpendre? —Apertou os dentes para evitar que tocassem castanholas. Não podia evitar o pensamento de abandonar ao Ken, mas não podia ficar. Esta não era ela. Nunca o seria. Pertencia a suas irmãs, as mulheres que conheciam tudo o que era a vida com o Whitney.

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—Toda a noite, Mari. Briony gosta do teto, embora Jack pusesse um pouco de inclinação agora. Mas se for o teto, subirei contigo. É um de meus lugares favoritos. E há árvores para escalar e subir. Montaste alguma vez em bicicleta? Ela negou com a cabeça, uma nova corrente de lágrimas enchendo seus olhos. —Os meninos pequenos montam em bicicleta e nem sequer posso fazer isso. Tampouco montei nunca a cavalo. —Temos bicicletas de montanha. Ensinar-te-ei. —É aterrador. Sigo pensando nas outras, minhas irmãs estão aí fora neste momento, perguntando-se como tomar decisões como estas. Whitney incluso mantinha a dieta. Detesto tomar vitaminas. —Olhou-lhe de perto para ver a reação. —Mesclo os meu no liquidificador com uma receita assassina de fruta e suco que me ensinou sua irmã, mas se não quiser tomar vitaminas, então não o faça. Mais da metade do mundo não o faz. Tem o direito de tomar suas próprias decisões em tudo, carinho. —Ken descansou o queixo no topo de sua cabeça—. A menos que inclua a segurança pessoal; então meus instintos vão tomar o mando e vou ter a última palavra. —Ou outros homens. —Tinha que encontrar a maneira de agüentá-lo. Tinha que fazê-lo ou ia correr tão rápido e tão longe como pudesse. Ele quase se afogou. —Nem sequer vamos ali. Meu coração não resiste. Nossa relação é exclusiva de nós dois. Matrimônio. Marido e mulher. Associação. Equipe. Posso tratar com todo o resto, mas não com outro homem. —Assim há regras - insistiu, seu estômago assentando-se enquanto deliberadamente lhe provocava. —Bom seguro. Inclusive Jack e eu temos regras vivendo na mesma propriedade. É uma questão de respeito. —Assim que nenhuma relação de dois homens e uma mulher. —Nós não. —Ele era decisivo. —Mas há algumas - insistiu—. Porque, sabe, possivelmente haja algumas vantagens… Sustentou-a distância de um braço, olhando a sua cara levantada. Havia risada em seus escuros olhos, a pena desvanecendo-se enquanto lhe gracejava. —Não é divertido. Mas era impossível não sorrir quando ela estava sorrindo. —Merece isso. É um idiota, sabia? Por que segue pensando que quero outros homens em minha vida? Nem sequer eu gosto dos homens. Bem - se corrigiu—, a maioria. —Assim está tomando otempo para me tirar de gonzo. —Era fácil. É muito fácil. —Isso está mau, Mari - disse e se inclinou para tomar posse de sua boca. Ela tinha sabor de liberdade, doce e fresca como a chuva do verão. Os braços a encerraram e sua boca se moveu sobre a sua, lhe atirando do lábio inferior, o único que era tão cheio e sexy e que o voltava selvagem sempre que a olhava. —Adoro te olhar. —Sussurrou-lhe, mas então trocou a uma forma muito mais íntima de comunicação, sua mente se deslizando contra a sua como fundindo uma alma na outra. E tocar sua pele. É tão suave, neném, e quente. Ela não podia responder, porque lhe estava tomando o fôlego diretamente de seus pulmões, trazendo seu corpo à vida com apenas sua boca, dente e língua. Ele podia criar um torvelinho que a varria longe de sua vida à outra cheia de amor, paixão e família. Tudo com um beijo. Ken, com

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suas cicatrizes e demônios ocultos, com sua vulnerabilidade e intenso calor, era uma mescla emocionante de suavidade e rudeza. Como podia pensar que alguma vez quereria a outro homem? Seus braços se deslizaram ao redor de seu pescoço e pressionou o corpo contra o dele, querendo compartilhar sua pele, para aliviar a violenta tensão que sempre estava baixo a acalmada superfície. A fazia sentir como se fosse a única mulher no mundo, quão única alguma vez tinha visto ou querido ou necessitado. Devolvia-lhe os beijos, deixando que a boca dele a guiasse. Ela tinha mantido muitos encontros sexuais, mas nenhum deles bom até que Ken tinha entrado em sua vida, e não tinha nem idéia de como beijar ou amar a alguém. Sabia a mecânica melhor que a maioria, mas não como amar a um homem, e queria amar a este homem com todo seu ser. Era a única coisa que tinha para lhe dar, antes que dissesse adeus. —O que está mau? —As mãos do Ken emolduraram sua cara—. Conte-Me. Ela não podia encontrar seu preocupado olhar. Tinha estado voltando-a selvagem com beijos, e ela estava pensando que queria que fosse o melhor momento de sua vida, e agora, para ela seria o pior, sabendo que não podia ficar. Inclinou-se para beijá-la outra vez, esta vez brandamente, ligeiro como uma pluma, um mero roce de seus lábios contra os seus. O pequeno roçar de sua cicatriz misturada com a suavidade de sua boca enviou asas que revoavam no fundo de seu estômago. Ele não tinha tido a intenção de provocar uma resposta sexual, podia assegurá-lo, mas quaisquer que fossem suas intenções tinha enviado uma quebra de onda de calor por todo seu corpo. —Mari. —Deu-lhe uma pequena sacudida—. Temos que fazer isto juntos. Não quero que te oculte de mim. —É impossível quando parece saber o que estou pensando todo o tempo. —Precisa falar comigo. Mari se soltou de seu abraço e foi à janela. —Como se supõe que te conte que me sinto completamente inadequada para isto? Especialmente quando me está beijando até me deixar sem sentido. Para sua consternação, ele se pôs a rir enquanto a seguia, situando-se detrás dela e envolvendo-a em seus braços, atraindo suas costas contra ele. Suas mãos se fecharam sobre suas costelas, as palmas acariciando a parte inferior de seus peitos. Ela foi imediatamente consciente de sua ereção, grossa e dura pressionando apertadamente contra suas nádegas. —Então ambos nos sentimos inadequados. Não tenho nenhuma pista do que estou fazendo, além de que estou tentando te seduzir o melhor que posso porque quero que fique comigo. Não conheço outra maneira. Queria ser bom em uma relação, mas olhe como vivo. —Gesticulou para a janela—. Sou um solitário. Sempre o fui. Possivelmente minha vida foi formada dessa maneira por necessidade. Reajo violentamente quando as coisas vão mal, e sempre foi melhor controlar meu ambiente. Em realidade, não sou bom com as relações. —Beijou-lhe um lado do pescoço, demorando a boca ali—. Mas é agradável saber que posso te beijar até te fazer perder o sentido. —Isso não é verdade de tudo, Ken - protestou—. É realmente bom nisto. —Sou bom no sexo, Mari, ou estava acostumado a sê-lo, mas nunca tive relações sexuais quando realmente importava. Não como estas. Nunca conheci a um homem que pudesse sentir-se desta maneira com uma mulher. Não posso imaginar tocando a alguém mais, ou querendo que elas me toquem. Mas não sou melhor que você nas relações. Encontraremos a maneira juntos, inclusive se temos que procurar provas na escuridão durante um momento. —Como posso ter estado ali tanto tempo? Deve ter havido maneiras de averiguar se Briony estava a salvo.

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—Whitney a controlava igual controlava a ti. Só lhe deu a ilusão de liberdade. Ao final, quando seus pais deixaram de cooperar com seus planos para ela, enviou a um casal de súper– soldados para matá-los. Em qualquer momento durante sua infância podia havê-la recuperado, e provavelmente o tivesse feito se tivesse arrumado para escapar. Manteve-a a salvo. Ela apoiou a cabeça em seu peito. —Ao final fiz o correto. —Não fique por ela, Mari. Fica por mim. Seu tom foi totalmente sem expressão, mas as palavras transmitiam dor. Havia tantos matizes e ela sabia que a maioria das pessoas nunca entenderia ao Ken. Apresentava uma imagem ao mundo e tratava com seus monstros sozinho. Ela sabia o que isso era e não queria que estivesse sozinho mais do que ela queria estar sozinha. —Não vou mentir e dizer que não quero vê-la desesperadamente. Ela me manteve todos estes anos. Tudo o que quis. Sonhei que ela o tinha. Quero conseguir conhecê-la e olhá-la aos olhos e saber, não só esperar, que é feliz, mas vim aqui por ti. —Tinha-o feito. Isso era verdade, mas o pensamento de ficar aterrorizava. Tinha habilidades, mas nenhuma delas era necessária aqui. Ken queria lhe acreditar, e queria acreditar que ficaria por ele também, mas estava começando a conhecê-la e podia lhe dizer que estava quebrada. Não podia culpá-la. Ele nunca seria capaz de apartar-se da maneira em que Jack o fez. Estaria diante dela, e se ela queria a seu lado. Ela queria completa liberdade, e nunca seria capaz de dar-lhe. Nesse momento ela girou a cabeça para lhe olhar. —Tem sombras em seus olhos, Ken. Não é estranho como Whitney pensa que nos controla com feromonas, mas nenhum de nós se sentiria tão vulnerável se fosse só isso? De algum modo nossas emoções estão implicadas, como se realmente fora o destino ou algum poder mais alto e parecêssemos um para o outro. Não importa o que faça com seus experimentos, não pode ter nisso conta. Ele deslizou uma mão por seu cabelo. —Não, não pode. É um homem triste, solitário. Está dirigido por sua loucura, e sua inabilidade para averiguar por que os humanos reagem do modo em que o fazem. Quer robôs capazes de tomar decisões, mas as decisões que ele crê melhores. Não importa que insira DNA animal e capacidades genéticas, nunca encontrará a perfeição que busca. —Ele pensa que é perfeito. —Quer acreditar nisso - corrigiu Ken—, mas sabe que não é verdade. A única coisa decente que tem feito alguma vez em sua vida é afastar-se de Lily. Espero que continue fazendo-o, mas lhe tem quebrado o coração. —Monitorava-a todo o tempo. Faz-o com todo mundo. Têm um arquivo sobre ti, sobre mim, seu irmão e Briony. —A única coisa que gosta ao Whitney de nós - disse Ken—, é que te quer para ter a meu bebê e quer a Briony para ter o do Jack. Depois que os meninos nasçam, estarão em alto risco, mas até então, devemos lhe deixar só para ver que acontece. Ela girou e começou a lhe levantar a camisa para poder enterrar-se mais perto de sua pele. —Não saberia mais a respeito de cuidar de um bebê que a um marido. —Felizmente, ambos somos estudantes rápidos. —Fala por ti. —Não sei carinho, conseguiu entender como fazer amor muito rápido. Mari o queria outra vez, com cada terminação nervosa de repente viva e chiando por seu corpo, mas o empurrou para lhe ver, realmente lhe olhar. Ken Norton podia lhe romper o coração. 187


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Ken as tinha arrumado de algum modo para arrastar-se em seu coração, pior, para encontrar um caminho até sua alma. Se sua reação a ele fosse só física, estaria tudo bem, mas ele a ameaçava a um nível emocional que a assustava. Ken grunhiu brandamente. —Não posso te deixar pensar durante muito tempo ou perderá o julgamento. Sem preâmbulos lhe tirou a camisa sobre sua cabeça e a atirou a um lado, deixando sua parte superior nua ante ele. Sua boca desceu sobre a sua, os dentes forçando-a a abrir-se para ele, a língua deslizando-se em um calor dominante e agora familiar. Não lhe dava a oportunidade de pensar, mas sim a beijava, lhe demandando uma resposta e recebendo-a. Mari não pôde evitar o gemido de prazer enquanto suas mãos embalavam seus peitos, os polegares excitando os mamilos até convertê-los em duros picos de desejo. Era surpreendente quão rapidamente seu corpo respondia ante ele. Inclinou-a para trás, sua boca faminta enquanto a beijava uma e outra vez. O sabor dele enchia seus sentidos e a deixava ardendo. Sua boca excitava a dela, os dentes mordiscavam seu lábio superior, a língua lambia a dor. Cada beijo ardente se acrescentava ao calor que crescia em seu centro, até que começou a sentir-se incômoda com a intensidade de sua excitação. A necessidade se construía muito rápido, seus músculos se contraíam dolorosamente, sua matriz se estreitava com necessidade. Cada vez que lhe sugava a língua ou a dele dançava ao redor da sua, sentia a rajada de calor pulverizando-se, crescendo, construindo-se até que se sentiu quase selvagem pela necessidade. As mãos apertaram possessivamente seus peitos, sua força refreada aparentemente enquanto massageava a carne cremosa e dolorida. Empurrou-a até que esteve contra a parede, apanhada entre seu corpo e a dura superfície, uma coxa deslizando-se entre suas pernas para abri-las para ele. O material de seu jeans estava muito apertado e era muito pesado em seu corpo. Queria-o fora. Imediatamente as mãos dele se deixaram cair na cremalheira e a rompeu abrindo-a. Apartou o ofensivo material de seu corpo, permitindo chutá-lo a um lado, levando suas calcinhas também, deixando-a nua enquanto ele ainda estava vestido. Ela se deu conta que tinham conectado de algum jeito mente com mente. Estava sentindo seu desejo crescente tão fortemente como ele sentia o dele. Cada um elevava a excitação do outro. Era uma coisa íntima, era surpreendente ser capaz de sentir o desesperado desejo por ela. Seu corpo se ruborizou pelas coisas em que ele estava pensando as eróticas imagens em sua mente. Empurrou-a contra a parede outra vez, sua coxa deslizando-se entre suas pernas, o áspero material estendendo suas coxas. Ela se esfregou contra ele, a fricção enviando correntes elétricas por sua matriz até os seios. O calor era vicioso, sacudindo-a com sua intensidade. —Tire as roupas, Ken. —Os polegares enviavam relâmpagos através de seus mamilos. Ia tratar que esta vez juntos fosse tão perfeita como pudesse fazê-la. Empurrou a um lado às dúvidas e a pena e deslizou as mãos em baixo de sua camisa —Ainda não. Quero ver-te deste modo, nua me desejando. —Sua voz era áspera pelo cru desejo. Precisava vê-la deste modo, tão formosa lhe desejando, seu corpo suave e maleável, ruborizado pelo calor, os mamilos eretos, a boca torcida e os olhos frágeis. Sustentou-a indefesa contra a parede, sua boca deslizando-se por sua garganta, suas mãos explorando seu corpo. Sujeita ali, seu corpo completamente dele, fez-o sentir-se invencível. Embriagado com o desejo e o amor por ela, estava humilhado e excitado de que ela confiasse nele o bastante depois de que tudo pelo que tinha atravessado a deixasse tão vulnerável ante ele. Ken a agarrou pelas mãos e lhe estirou os braços sobre a cabeça, sujeitando-os juntos enquanto inclinava a cabeça para os seios. O fôlego se entupiu na garganta dela. Não podia parar de montar seu joelho, quase chorando quando ele levantou a coxa, pressionando-o contra seu 188


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dolorido corpo. Olhou fixamente a seus seios, o suave oscilar enquanto respirava dentro e fora, seu olhar quente. Através de seus ligados sentidos sentiu o rápido espasmo quente do desejo que apertava sua matriz quando se lambeu os lábios. Arqueou-se para ele, mas a manteve sujeita em seu lugar, forçando-a a esperar por ele. A dor cresceu mais quente, mais concentrada. Tirou a língua outra vez e a curvou sobre um extremamente sensibilizado mamilo. Profundamente dentro dela, a temperatura se disparou, transformando seu corpo em lava fundida. Um grito rasgou sua garganta e empurrou seu corpo mais duramente contra o dele, lutando por aliviar a terrível pressão. Sua coxa baixou inclusive enquanto a língua a lambia como se fosse um cartucho de sorvete, saboreando cada lambida. Mari pensou que explodiria pelo calor. A mão livre se deslizou por seu estômago, aliviando os tensos músculos com uma acariciadora massagem. Ela era agudamente consciente dos dedos deslizando-se tão perto de seu dolorido montículo. A boca perto de seu duro mamilo, tão quente e úmida, a língua movendo-se rapidamente sobre o apertado broto, para que sua atenção se centrasse instantaneamente ali, o relâmpago passando como um raio desde o estômago até o canal feminino. Os músculos se apertaram duramente, o espasmo açoitando interminavelmente através dela enquanto se amamentava, sem aliviar a pressão. Esta continuava construindo-se, mais alta e mais quente, até que se retorceu contra ele. —Não posso suportá-lo mais. Não posso Ken. É muito. —Sim, pode. Os dedos lhe acariciaram a barriga outra vez, uma suave carícia, quase tenra, e então seus dentes atiraram de mamilo e os dedos se afundaram profundamente em seu centro fundido. Ela chiou enquanto o fogo cintilava através dele, sua cabeça arremessou para trás, pressionando seus seios mais profundamente no inferno de sua boca. —Vou olhar como te desfaz em meus braços. Os dedos malvados e pecadores acariciaram profundamente, sua boca se moveu sobre o outro seio e ela quase explodiu outra vez. Quase. Mas não o fez. A liberação que necessitava, desejava, nunca vinha o bastante. Só mais pressão, mais sensações, até que cada terminação nervosa estava chiando pela liberação. De repente a levantou, tomando-a por surpresa. Seu corpo estava tão maleável, tão instável que não podia ter feito nada exceto agarrar-se de todos os modos. Estendeu-a na cama, os braços sobre a cabeça, as pernas abertas. Tirou a camisa, deixando-a cair ao chão, tudo enquanto bebia da riqueza de seu corpo. —É tão malditamente formosa. —Dói. —A mão se deslizou por um lado do seio, seu ventre, acariciando seu montículo. Ele a agarrou, lambeu-lhe os dedos, nunca apartando o olhar dela, e o recolocou o braço, mas seu olhar era mais quente, ardendo com tanta luxúria que adicionava combustível a seu corpo já ardente. —Não te mova. —Sua voz era mais áspera que nunca. Ela esperava ali, seu corpo pulsando com a excitação, as ordens ásperas e demandas que só se acrescentavam ao inferno em construção em seu corpo. Logo que podia respirar enquanto o olhava soltar os jeans com deliberada preguiça, elevando sua urgência ainda mais. Era impressionante, o corpo duro e quente, a mão apertando seu grosso membro, seu punho apertado enquanto se aproximava dela. Ajoelhou-se na cama entre suas pernas. Mari levantou os quadris em uma súplica silenciosa. —É tão má, mulher. Tenha um pouco de paciência. —Esmagou a palma em baixo de suas nádegas, enviando uma labareda de calor através de sua matriz. Baixou a cabeça a seu estômago. Os músculos ondularam e se esticaram. Beijou-lhe o umbigo, rodeando-o com a língua. 189


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—Adoro seu aroma quando está excitada. Poderia viver em ti, realmente poderia. —Não. —Os dedos se enredaram em seu cabelo em um intento de pará-lo. Tinha pensado que tomaria, aliviaria seu terrível desejo, mas ele afundava a cabeça, inalando seu aroma, seu fôlego morno soprando sobre seu centro. Ele se movia com deliberada lentidão, para que o quarto se expandisse com o calor que se estava construindo, para que sua pele ficasse tão sensível que apenas uma leve brisa da janela através de seus mamilos enviasse chamas por todo seu corpo, queimando a de dentro a fora. —Não pode. —Estava quase soluçando, rogando. Aterrorizada de que pudesse matar a de prazer. —Posso - murmurou sua boca contra seu calor úmido. Acariciou-a com um gasto sensual sobre seus clitóris inchado e outro chiado escapou. A boca se fechou ao redor do broto, amamentando-o, os braços sujeitando os quadris que se moviam, mantendo-a quieta enquanto a língua continuava atormentando-a. Mari não podia pensar, não podia respirar, só podia sentir os raios de fogo que a queimavam viva. As mãos eram duras em suas coxas, sujeitando-a aberta para seu prazer. Fez-lhe pequenos círculos com a língua, e os dentes rasparam sobre as sensíveis terminações nervosas, lambeu-a e chupou, e ela perdeu a prudência no êxtase. Todo o tempo ele controlava os quadris que corcoveavam, mantendo-a firme contra sua boca, tomando o que queria, conduzindo-a mais e mais alto, mas nunca lhe permitindo a liberação. Só quando estava implorando impotentemente, seus pequenos músculos ondulando e contraindo-se, levantou a cabeça, a luxúria gravada profundamente nas linhas de sua cara. Moveu-se sobre ela, apanhando seu corpo esbelto em baixo do dele, a cabeça de seu membro em sua entrada, empurrando apenas dentro, insistindo para que ela acomodasse sua longitude e grossura. —Me olhe, Mari. Continua me olhando. Mari abriu os olhos e fixou seu olhar no dele. Ele empurrou duro, entrando através de músculos apertados e inchados, enterrando-se profundamente, estirando-a, enchendo-a, enviando-a disparada sobre o bordo com esse único golpe. Ela se ouviu gritar, mas não podia recuperar o fôlego, não podia encontrar sua voz, só podia mover-se indefesa em baixo dele, tratando de cravar seus dedos no colchão para ancorar-se. Subiu em cima dela, sua cara delineada com duras linhas enquanto começava a montá-la. Cada golpe foi brutalmente duro, forçando seu membro pelos músculos apertados e escorregadios de sua vagem, a fricção mais quente e crescendo em intensidade com cada golpe. A terrível fome nunca teve uma oportunidade de aliviar-se, elevava-se alto, construindo-se outra vez, enquanto ela estava cavalgando o bordo da dor com ele. A sensação só parecia acrescentar-se à violência de sua excitação. As cicatrizes se arrastavam por seus músculos interiores, sedosos e inchados, para que sua vagem lhe agarrasse e apertasse com avidez. Não podia apartar seu olhar dele, não podia parar de apertar seus músculos, encerrando-o dentro, sujeitando-o, apertando-o e contraindo-se ao redor dele enquanto seu prazer começava a inchar-se até proporções agonizantes. Era terrível sentir tanto, não saber onde começava a dor e terminava o prazer. Lutou contra essas sensações, contra ele, retorcendo-se e golpeando, mas ele nunca parou os duros, brutais impulsos tomando-a mais e mais alto. Sentia realmente seu membro inchado dentro dela. Crescendo mais quente, estirando-a impossivelmente. Ofegou enquanto seu corpo tremia, as sensações erupcionando em uma selvagem explosão. O orgasmo rasgou por ela, feroz e poderoso, enquanto ele dava um puxão, os músculos de sua cara tensos, os dentes apertados. Ela sentiu os corações pulsando através de seu

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membro, lhe sentindo ainda mais inchado, e então seus quadris corcovearam e jorros quentes de sua liberação golpearam seus trementes músculos. —Sim, neném, isso, me esprema. Ela não podia parar. Seu corpo se sujeitava ao redor do dele, drenando-o, faminto dele. Um duro gemido escapou da garganta do Ken enquanto seu corpo bombeava no dela. Ela se sentia realmente débil tudo ao redor dela escurecido. Aderiu-se à realidade, negando-se a estar tão fraca que se deprimiria pelo completo prazer. Havia lágrimas em seus olhos, em sua garganta. Nada podia ser tão bom. Nada podia sentir-se como isto outra vez. Ken levantou seu peso sobre os cotovelos, pendurando a cabeça enquanto lutava por respirar. Lambeu-lhe as lágrimas com a língua e logo lhe beijou a comissura da boca. Mari lhe tocou a cara. Estava ainda encerrados juntos e ele estava sorrindo, um pouco muito próximo ao amor em sua cara. Ela tragou duramente. —Não posso me mover. —Não tem que te mover. Só te tombe aqui luz formosa. Só acabo de começar. Seus olhos se alargaram. —Começou o que? —Você, carinho. Tenho toda a noite para aprender o que mais você gosta.

Capítulo 20

Sentindo-se sonolenta e completamente satisfeita, Mari despertou para encontrar-se envolta nos braços do Ken. Seu corpo apertado contra o dela, sua ereção pressionando contra seu traseiro. Não podia acreditar que pudesse estar duro novamente e preparado, mas a idéia a excitou. Tinhaa montado toda a noite, uma e outra vez, sua voz grunhindo ásperas ordens na orelha. Suas mãos totalmente tão exigentes como sua boca e corpo, como se não pudesse jamais ter suficiente. Não queria que tivesse suficiente jamais. Antes que se pudesse mover, acariciou a palma da mão sobre a tentadora ereção, sua risada suave lhe fez cócegas na orelha. —Sai daqui, Briony. É uma malcriada. Estamos dormindo. —Estivestes dormindo durante horas. Quero conhecer minha irmã. O coração de Mari palpitou, mas não pôde elevar a vista. Não importava. A boca secou e lhe revolveu o estômago. —Jack! Maldição. Estou nu aqui e isto simplesmente está mau. Sua mulher não tem nenhum sentido de decoro. —Deixa de ser um pirralho. Só estou olhando a minha irmã, não a ti, não adule a ti mesmo. Ken riu e o som atravessou Mari como um tsunami, atando-a o estômago com algo muito próximo ao ciúme. Reconheceu o sentimento embora nunca o tivesse experimentado antes. Ken não ria tão freqüentemente, mas podia ouvir o singelo carinho na voz. Genuinamente se preocupava com a Briony, e Ken não se preocupava com muita gente. Nunca tinha ocorrido a Mari que pudesse sentir-se ciumenta de outra mulher… em especial, quando essa mulher era sua irmã grávida. Envergonhada, tomou um profundo fôlego para acalmar-se. A vida estava acontecendo muito rápido para ela. Tinha querido ver Briony toda sua vida, até agora, enfrentada com a realidade, estava assustada. Mari se obrigou a elevar o olhar, a sorrir, pretender que o coração não lhe estava movendo ruidosamente no peito e que uma palavra equivocada, um olhar desaprovador a quebraria… a destruiria. 191


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Briony era pequena, com cabelo de platina e ouro. Levava-o um pouco mais comprido que Mari, um estilo um pouco mais ligeiro. Emoldurava a cara e atraía a atenção para os grandes olhos escuros. Tinha uma barriguinha obviamente arredondada, mas o resto dela permanecia magro. Mari olhou a sua irmã, atônita de como se pareciam, e ainda assim que diferentes ao mesmo tempo. Briony era tudo o que não era ela. Suave. Feminina. Notava-se claramente. Inclusive seu corpo era sutilmente diferente, e não tinha nada que ver com o embaraço. Tinha curvas mais suaves, onde os músculos de Mari eram pequenos, mas definidos. Briony parecia estar tendo problemas em olhá-la, mantendo sua concentração no Ken. —É tão preguiçoso. Sai da cama, Ken. Esperei e esperei. Arrojou um travesseiro a Briony. —Não esperaste o suficiente. E te olhe! Sua barriguinha é maior que uma bola de praia. Briony lhe atirou de volta o travesseiro. —Isso não é o que uma mulher grávida quer ouvir. Sai da cama e traga minha irmã fora agora! —Seu olhar trocou para Mari, lágrimas nadando em seus olhos. Conteve um soluço e se girou e saiu correndo da habitação. Ken deu a volta a Mari para encará-la, seus peitos pressionados estreitamente contra seu peito, a coxa estirada despreocupadamente sobre os seus, imobilizou-a em baixo ele. —Está tremendo, carinho. Você não lhe disse nenhuma palavra e ela não te disse nada. Fala comigo. Meneou a cabeça. —É perfeita. Sabe que o é. É tão feminina. Ken conteve a primeira reação e inclinou a cabeça para seus peitos. Os dentes atiraram e provocaram, a língua deslizando-se pela cremosa pele. —É a mulher mais formosa que jamais tenha visto Mari. Certamente não pode pensar que não gosta? Tremeu e atraiu sua cabeça para ela. A fazia sentir-se formosa e querida. Permanecer na cama com ele parecia seu único recurso. —Nunca estive tão assustada de conhecer alguém em minha vida. A boca pinçava entre os peitos, abrindo um caminho de fogo subindo sua garganta e queixo até a comissura de seus lábios. —Fará-o bem. Toma uma ducha rápida e iremos juntos. Estarei justo ali contigo. Tinha o corpo deliciosamente dolorido. Despreguiçou-se languidamente, roçando-se contra ele, pele contra pele, amando a sensação de estar contra ele. Deu-lhe a coragem que necessitava para tomar o controle de sua vida, e este era o dia mais importante. Briony tinha sido tão importante para ela. Mari a tinha convertido em uma fantasia. Algo que sempre tinha querido ser (algo que quis ter) Mari tinha imaginado tudo isso para Briony. Mari não tinha nada salvo uma dura, fria e muito disciplinada vida, e queria o mundo para Briony. Deslizou os braços ao redor do Ken e lhe abraçou com ferocidade. Sentia-se quase desesperada, querendo se encaixar em seu mundo, mas sabendo que não o faria. Briony encaixava. Vendo que o tinha feito claramente. Mari era um soldado. Era seu modo de vida. Ken não a via como um soldado; via-a suave e amável, e a realidade estava muito longínqua dessa imagem. Ao final, Briony era uma estranha para ela. Se Briony não podia aceitá-la com todos seus defeitos, isso ia doer, mas estaria bem. As irmãs tinham sido forjadas no fogo, justo como tinha sido ela. Conhecia a disciplina e o dever e como era ser capturada prisioneira, vulnerável e indefesa. Conheciam-na. Entendiam-na. E a amavam. Estavam dispostas a arriscar tudo por ela. Seu lugar estava com elas.

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Engasgada com as lágrimas, o coração aflito, beijou ao Ken, mordiscou seus lábios e lambeu a cicatriz que partia sua boca em dois segmentos. Apaixonou-se por essa cicatriz. —Vem comigo à ducha. Ken lhe fez o amor, tomando seu tempo, com a água lhes salpicando, fazendo seu melhor intento para ser tão amável como podia enquanto a sustentava entre os braços. Não parecia possível que a tivesse com ele em sua casa, essa vida poderia ser realmente boa. Ao final, não importava quanto o tentasse, o único modo para ele, para estar o suficientemente estimulado para conseguir alívio era uma penetração brusca. Escutou o som das peles ao encontrar-se, como a bofetada de uma mão, o corpo pulsando fortemente no seu quando estava tão dolorido de toda uma noite de exigências. Afundou os dedos em seus quadris, levando-a ao chão onde não havia nada dado, onde a penetração fosse profunda e sua vagem lhe apertasse estreitamente do modo que necessitava. Quanto mais brusco era, mais torcida e apertada se voltava e mais agradada se sentia. Olhou-a, a água corria sobre eles, as pontas dos dedos destacavam em sua suave pele, e odiava seu próprio corpo, odiava o que era. Desejava-lhe, seu corpo respondia a tudo o que lhe dava, empurrando a habilidade de aceitar o prazer e dor mesclados juntos para acomodar a luxúria, mas, como poderia lhe amar quando era tão depravado e saído? Quando um monstro espreitava dentro dele, um que tinha vislumbrado. Ela sabia que era capaz de lhe fazer a vida um inferno, e apesar de amá-la com seu corpo (adorando-a) podia-a sentir afastando-se dele. Elevou-se para o jorro, deixando-o emanar sobre sua cara e que lavasse o molho de lágrimas. Mari não disse nada enquanto a ajudava a levantar do chão, mas se deu conta de que ela parecia como se tivesse estado chorando também. Pressionou-lhe um beijo no peito e saiu da ducha para secar-se. Ken ficou um pouco mais, desejando que a água pudesse limpá-lo de novo. Viu-o correr dentro do deságüe, desejou que o pequeno riacho pudesse levar-se seus pecados com ele. Briony esperava na cozinha, descansando inquietamente frente a Jack. Girou-se quando Mari e Ken entraram, franzindo o cenho um pouco como uma pequena reprimenda. Sobre o maldito tempo. Vai ter uma depressão nervosa. Ken deu a seu irmão um rápido olhar de advertência. Também o está Mari. Está aterrorizada. Não diga nada para ofendê-la. Jack lhe dedicou um amplo sorriso. Papai urso está ficando todo resmungão ao redor de seu pequeno cachorrinho. De todos os modos ele posicionou seu corpo de modo que pudesse proteger Briony se fosse necessário. Ken manteve sua mão na nuca de Mari, querendo lhe dar apoio. Podia sentir os calafrios atravessando o suave corpo. A mulher tinha a suficiente coragem para dez pessoas, mas encarar a sua gêmea pela primeira vez em anos era traumático. —Briony - disse Ken brandamente—. Jack e eu prometemos que lhe traríamos sua irmã e o temos feito. Esta é Marigold... Mari. Os olhos de Briony se encheram de lágrimas. —Sinto muito. Não posso deixar de chorar. Estou segura que é o embaraço. Estou tão feliz de que tenha vindo ao fim. Mari simplesmente a olhou, embebendo-se dela, quase não podia acreditar que estivessem na mesma habitação. —Te olhe. Parece feliz.

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—Estou feliz. —Briony se secou as fluentes lágrimas—. Whitney fez algo a minha memória, e não posso pensar sobre meu passado sem sentir dor. Não podia recordar nada, mas logo que o fiz, tratei de te encontrar. —Deu dois passos mais perto, mas parou de novo, temerosa do rechaço. Mari tomou um passo para ela. —Whitney fez isso a qualquer que deixava o recinto. Gostava de me contar que sabia onde estava, e o que poderia te fazer-se não cooperava. Briony agachou à cabeça. —Sinto muito. Deve ter sido terrível para ti. —Não - disse Mari rapidamente—. Não foi. Não realmente. —Deu outro passo para sua irmã—. Não conhecia nenhuma outra forma de vida, e como um menino, era muito excitante. Senti-te falta cada dia. Um riacho fresco de lágrimas tornou a cara de Briony em vermelho brilhante. Jack começou a cruzar a habitação, mas Mari chegou primeiro. Reuniu a sua irmã entre os braços e a abraçou. Jack parou a metade do caminho de sua esposa, a garganta lhe trabalhando convulsivamente. Se havia uma coisa que não podia suportar, eram as lágrimas de Briony. Ken pegou uma taça de café, e se sentaram à mesa da cozinha enquanto suas mulheres estavam juntas, rodeando-se com os braços, na sala de estar. Jack se esfregou a mão sobre a cara. —Briony me está matando com suas lágrimas. Espero que Mari possa fazê-la parar. Ken mordiscou um pequeno sorriso. —Vê-te um pouco pálido, hermanito. O que vais fazer quando ficar de parto? —Estou considerando a idéia de disparar a mim mesmo. —Dava golpezinhos à mesa incansavelmente—. O que tem para dizer? Como estão indo as coisas? O sorriso se esfumou, e por um momento Jack vislumbrou dor deslizando-se nas sombras dos olhos do Ken. —Não vai ficar. —Seguro? —Por que o faria? Conseguiu tudo por si mesmo. Não sou exatamente normal. E não é como Briony, ela não vai aceitar de mim o que tem que fazer em todo momento. Jack quase expulsou café por seu nariz. —É o que crê? Briony muito freqüentemente me diz como vai ser, exceto possivelmente na habitação, e inclusive então, gosta do que lhe faço ou não o faria. Não engane a ti mesmo, hermanito, minha mulher põe as normas e a tua o fará também. —Possivelmente. —Ken não podia contar a seu irmão muito bem o que suportava sentir sua pele cortando-se em rodelas… embora possivelmente Jack já o tivesse adivinhado. Mais de uma vez tinha reparado o dano quando Ken tinha sido incapaz de sentir a dor de uma serra lhe atravessando a mão até que era muito tarde. Não queria chegar aí e ver piedade nos olhos do Jack—. Ouviu algo sobre o senador? —Está sendo oculto em um lugar sem revelar. Ninguém diz como de grave foi ferido. Nada nas notícias. Nenhuma mínima coisa sobre que fora disparado e nada nos meios sobre o laboratório do Whitney. O general mandou dentro uma equipe, mas o lugar está abandonado e todos os documentos parecem estar destruídos. É obvio, levar-lhes-á semanas pentear tudo. Whitney se transladou. —Jack franziu o sobrecenho—. Logan chamou por rádio a passada noite para nos advertir que Seam tinha sido visto por última vez tomando um avião em Montana. Está dirigindo-se para cá. Sabe que o está. Ken assentiu.

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—Estava seguro que a seguiria, mas não pensei que viesse tão rápido. Agarra às mulheres e vá daqui, Jack. Ocuparei-me dele. Jack grunhiu. —Como se isso fosse passar. Já chamei ao Logan. Estará aqui em uma hora, e ele protegerá às mulheres. Vou estar te apoiando do mesmo modo que o fazemos sempre. —Seam não vai parar até que ela ou ele morram. O que quer que Whitney faça a esses homens faz acreditar que têm direitos sobre as mulheres. Não importa se as mulheres lhes querem ou não; ela é uma posse. —Agarrar-lhe-emos. —Os dedos do Jack tamborilaram contra a superfície da mesa—. Te deste conta que Whitney não está sozinho nisto? O pai do senador Freeman está comprometido, e Mari deixou cair o nome de um banqueiro. Viu ao menos a dois dos outros, e isso significa que as outras mulheres provavelmente os tenham visto também. —O que acrescenta o risco para elas. Whitney e os outros vão querer as de volta por muitas razões. Deveria me haver dado conta quando Mari realmente não queria falar deles ou me deixar ver qual era seu aspecto quando estava pensando neles, que eles planejavam apagarem-se a si mesmos. —Não pode as condenar por não confiar em ninguém - disse Jack. —Não, mas estou um pouco de saco cheio com Mari. Se me tivesse avisado, poderia ter tratado de persuadir as de que havia ajuda para elas aí fora. —Manteve a cara separada de seu irmão. Mari estava pensando em lhe deixar. Ia unir-se com suas irmãs e seguir com seu plano original. Estava desesperado por encerrá-la… mas, como? —Confiou em ti com sua vida, não só com as outras mulheres. —Fez isso - Ken assentiu, e olhou fora pela janela enquanto sorvia seu café. Uma hora depois. Logan chegou, com a cara sombria e zangada. —Divisei a Seam, estou muito seguro que era ele - disse—. Agachou-se entre as árvores e é muito cuidadoso para cometer o mesmo engano duas vezes. Não tinha uma identificação segura assim não pude lhe tirar daqui. —Como de perto está? —Perto, Ken. Está-se movendo rápido. Diga-me o que quer e o farei. —Vais ficar e proteger Mari e Briony. Jack vai escalar a montanha e deixar que Seam tome uma imagem clara dele. Com sorte pensará que sou eu. Tentarei me parecer com Mari e irei dar um pequeno passeio, lhe levando longe da casa até o manancial que flui junto ao precipício. Estou pensando que fará seu intento com a Mari. Se não, irá detrás do Jack. De qualquer modo, Jack estará esperando ou o estarei eu. —E eu faço de canguru. —Tem o trabalho mais importante, Logan - disse Jack, aproximando-se detrás deles—. Se algo acontecer a Briony não serei bom para ninguém nunca mais. —Sinto-me do mesmo modo com o Mari - acrescentou Ken—. Se conseguir passar sobre nós, tem que lhe matar. Sem importar o que, tem que morrer. Logan assentiu e olhou às duas mulheres enquanto entravam na habitação. —Por que as caras lúgubres? —perguntou Briony. Jack tomou sua mão com um puxão até que seu corpo menor descansava contra o dele. —Vais ter que baixar ao túnel, Bri. Temos um visitante desagradável e não podemos tomar nenhum risco. Toma sua bolsa de emergência e vá com Mari e Logan. Mari franziu o cenho e meneou a cabeça. —É Seam verdade? Encontrou-nos.

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—Isso é certo, carinho, e tem que começar a te mover - disse Ken—. Vá com sua irmã e Logan. Nos faremos cargo disto. —O que? Pensa que vou esconder-me enquanto você e seu irmão põem suas vidas em risco por mim? Pensa de novo - disse Mari bruscamente, os olhos escuros cintilando. Parecia furiosa—. Seam é minha responsabilidade, não sua. —Nem em sonhos. Te coloque no maldito túnel, Mari, onde não tenha que me preocupar com ti enquanto me ocupo deste bastardo. —Vou permanecer contigo. Um alarme luminoso se ativou na casa. Um suave alarme zumbia. Jack e Ken enviaram ao Logan um rápido e duro olhar. —Uma hora? —disse Jack. —Não tenho tempo para isto - disse Ken bruscamente, a voz gélida—. Fará o que digo. Isto é sobre segurança, e quando é uma questão de segurança, põe-te à cauda, sem discussões. —Ninguém me controla. Ninguém. Whitney não pôde me controlar e estarei condenada se você o faz. Não vou esconder-me enquanto te põe em perigo. Ken se aproximou dela. Os olhos glaciais. —Fará exatamente o que digo quando o digo, Mari. Não estou de brincadeira aqui. Não vou deixar que consiga que lhe disparem de modo que possa provar seu ponto de vista. Isto não é sobre a liberdade ou o que queira que você creia que é. Seam te quer de qualquer modo que possa ter. Tem que passar sobre mim para fazê-lo. Se eu falhar, e Jack falha e Logan falha, será bemvinda para liquidá-lo. A cara de Mari empalideceu e retrocedeu um passo. —Não te atreva a me olhar como se estivesse temerosa de que te pegasse! —Ken lhe agarrou o braço e a sacudiu para ele. As mãos do Mari se elevaram em uma posição ligeiramente defensiva. —Te afaste de mim. —Isso foi realmente sensível de sua parte - declarou Jack—. Caramba Ken Pode ser mais tolo? Ken ignorou o seu irmão e empurrou Mari estreitamente contra seu corpo. —A noite passada estava tão profundamente dentro de ti que compartilhávamos a mesma pele. E hoje está me olhando como se fosse um maldito monstro. —Olhou os próprios dedos fincar-se profundamente em seu braço, abruptamente a liberou, e olhou a seu irmão em busca de ajuda. Jack pôs um grande cuidado em não olhar a Briony. Carinho, você é o cérebro da equipe. Faz algo rápido. Sem hesitações. Briony fez um pequeno som de aflição. Instantaneamente todo mundo a olhou. Enlaçou os braços protetoramente sobre seu grande estômago. —Jack. Estou tão assustada. A última vez... —Diminuiu. Instintivamente Mari se aproximou dela. —Seam não vai aproximar se de ti. Não há nenhum modo de que isso passe. —Vieram à última vez. Mari, com helicópteros, e escapamos por um fio. Não posso escalar o escarpado agora. Não posso correr. O doutor me pôs em repouso absoluto porque tinha umas contrações. Não posso lutar esta vez. —Mari é um muito bom soldado, Briony - disse Ken—. É uma genial atiradora e a vi lutar. Não vai permitir que ninguém chegue a ti. Mari lhe disparou um sufocante olhar, mas sorriu consoladoramente a sua irmã. —Não vou deixar nada acontecer com ti ou aos meninos. Prometo-o. Por que não te adianta para o túnel? 196


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—Mari... —Ken não tinha nem idéia do que ia dizer, mas não queria afastar-se assim. Estava duvidando a respeito de ficar com ele, e desde que havia a trazido para a casa tinha estado diferente. —Vá. Termina-o. Necessito outra pistola e um par de clipes de munição, só para nos assegurar. —Posso te mostrar onde está tudo - disse Briony, deslizando a mão na de Mari. Ken meneou a cabeça e seguiu ao Jack fora da casa, comprovando o rifle e as pistolas automaticamente enquanto escondiam as armas com o passar do jardim. —Mantén sua mente no que ocorre aqui - disse Jack—. De outro modo é homem morto. Ela não vai a nenhuma parte. —Como sabe? —Vejo o modo em que lhe olha. Qualquer louco pode vê-lo. —Não é como Briony, Jack. Não importa como o corte, na habitação ou fora, vou ser rude com ela. Mais cedo ou mais tarde vai fugir daqui. E não sei o que farei então. —E não sabia. Não podia pensar nela lhe deixando porque sabia que ela estava contemplando a idéia. A mente ficou em branco. —Ken. —Jack pôs as mãos sobre os ombros de seu irmão—. Seam é um assassino treinado. Isto não vai ser fácil. Tem que manter sua mente no que está fazendo. Por que não me deixa intercambiar posições contigo? Ele não saberá a diferença. Ken meneou a cabeça. —Estarei bem. Esta é minha guerra, Jack. Cuida de ti lá em cima. Se te vê escalando e pensa que você sou eu, poderia perfeitamente ir detrás de ti ou tentar te eliminar com um bom e bem situado disparo. Jack se encolheu de ombros. —Então será melhor que esteja em posição me cobrindo. Ken assentiu e entrou na loja, saindo uns poucos minutos mais tarde com uma peruca loira na cabeça. Encurvou-se tratando de fazer-se menor, permanecendo na grossa folhagem de modo que qualquer que olhasse pudesse captar um brilho dele. Seam precisava ver o Jack, acreditar que era Ken escalando a cara da montanha. A ilusão iria mais longe se Mari estivesse caminhando entre as árvores por acaso. Ken assumiu sua posição, sentado em uma pedra bruta perto do arroio, as folhas de samambaia a modo de encaixe cobrindo a maior parte de seu corpo enquanto esperava a que Seam lhe visse. Em todo momento seu olhar procurava a crista da colina para assegurar-se que o inimigo não estava mentindo em esperar para conseguir um branco do Jack. Passaram os minutos. Quinze. Pôde ver Jack movendo-se acima da escarpada cara da rocha a seu lugar favorito de observação. Para um forasteiro parecia estar ocupado em um pequeno passeio de escalada. Ken sabia que uma vez que Jack estivesse no topo, deslizar-se-ia na sombra do escarpado, justo dentro de uma magnífica pequena depressão onde ninguém poderia lhe divisar, e ele teria uma vista de pássaro da região ao redor. Vinte minutos. Ken curvado agarrou uns poucos pequenos cascalhos, e ociosamente os jogou no arroio. A parte traseira de seu pescoço lhe picou. Sentiu um ardor entre as omoplatas. Houve um sussurro de folhas roçando-se contra roupa. Seria todo instinto agora e Ken tinha instintos de sobrevivência aperfeiçoados desde sua infância, quando seu pai entrava na casa bêbado, tentando infligir tanto dor e dano como pudesse em seus filhos. Sabia que estava em perigo. Estava sendo espreitado. Ken se agachou de novo como se agarrasse mais pedras. Permaneceu baixo, varrendo a área com um olhar casual. Fez um grande espetáculo selecionando boas pedras para lançar. Um ramo se rompeu à direita no estreito atalho de cervo que zigue-zagueava pelas colinas. O atalho tinha 197


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um ponto favorito para tombar-se na sombra perto do arroio. Ken olhou para a área onde as ervas estavam constantemente pisoteadas e viu parte de uma perna de calça. Aplaudiu a faca em sua bota enquanto se endireitava o cabelo, cuidando de permanecer em meio das crescidas samambaias. —Olá Mari. —Saudou Seam —. -se ficar muito, muito quieta, pode que deixe a todo mundo viver salvo a seu amante. Se me der problemas, a primeira pessoa que matarei será à puta de sua irmã. Ken se girou lentamente, ocultando a faca junto a mão. —Vigia sua boca quando falas de minha cunhada. —Você! —Seam franziu o cenho, a ira cruzou rapidamente sua cara; então sua boca se estreitou em um resmungão sorriso—. Justo ao bastardo que queria conhecer. —Não é muito inteligente, verdade? —perguntou Ken, tomando um passo à direita para ver se Seam lhe seguia—. Pensou que não a protegeria? Seam rodeou a Ken. Olhos incansáveis procurando a área ao redor deles, medindo a distância que lhes separava. —Vi-te na montanha, escalando - disse conversando—. Como pode estar aqui acima? —Meu irmão, Jack - replicou Ken sem emoção. Toda a raiva tinha desaparecido, e sentiu o inevitável gelo fluindo pelas veias, ralentizando o tempo morto, escavando, assim que tudo o que viu foi um homem com alvos pintados em seu corpo. —Não pode tê-la. Sabe que a afastaste de mim. —Nunca foi tua. É sua própria pessoa, Seam. Não pode tratá-la como uma posse. Tem sua própria mente e sua própria vontade. —Inclusive enquanto Ken dizia as palavras alto, o coração lhe afundava. Era tão mau como Seam, tentando retê-la com ele quando sabia que precisava voar livre. Não podia trocar sua natureza nada mais do que Seam podia desfazer o que fora que tinha permitido ao Whitney lhe fazer. Seam aplaudiu sua faca. —Vai ser um prazer te matar. —Realmente crê que vai ser assim fácil? Estas acabado, idiota, e nem sequer o faz graciosamente. Deveu amá-la uma vez, amá-la o suficiente para decidir que podia tomá-la… possuí-la. —Como você? Vi o que lhe fez. Ken retrocedeu longe do arroio, atraindo a Seam para terreno aberto, onde Jack poderia ter uma visão clara dele. —Amava-a tanto que deixou que aqueles bastardos a despissem e a fotografassem. Deixou que os médicos colocassem os dedos dentro dela, que a tocassem quando sabia quanto o odiava. Não merece isso. Seam lançou a faca de uma mão à outra, tudo enquanto rodeava, forçando ao Ken a continuar dando terreno. O sorriso nunca fraquejou, um pequeno e demoníaco sorriso, o olhar duro enquanto forçava ao Ken a retroceder uns poucos passos mais. Ken estava seguro que estava perto do precário bordo do precipício. Trocou de posição com as pontas dos pés… esperando. Seam fingiu um ataque. Ken não respondeu. O sorriso de suficiência se apagou um pouco. —Sempre foi importante para mim. Whitney me prometeu isso. —Em compensação pela traição? Informou das conversações das mulheres? Seus planos para escapar? Foi o único a que contou que Mari ia tentar falar com o senador sobre a repugnante fábrica de meninos do Whitney. Estava muito cheio o saco sobre isso, verdade? Deu-te a dose mais forte do Zenith, e você a injetou nela como o pequeno bom sapo que é.

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Seam vaiou enquanto soltava o fôlego, fingindo outro ataque com uma rapidez incrível e atacando com uma boa pose e movimento da cintura e do tronco com uns fluidos murros em giro, Ken as arrumou para tirar de um puxão a cabeça da trajetória e colocar a barriga o suficiente para evitar o corte da faca. —Não tinha nem idéia de que podia matá-la. Disse que se fosse ferida isso a sanaria. Jamais deixaria que a machucasse. —Não, só deixou que um pervertido médico a tocasse e tomasse fotos para cobrir todas as paredes, assim poderia masturbar-se toda a noite. —Ken se deslizou, uma imprecisa figura, a mão movendo-se rapidamente várias vezes, enquanto se moveu além de Seam. Estava agora a uns poucos pés da beira do precipício—. Só a moeu a golpes e a violou. Doente, retorcido. Seam olhou o sangue lhe correndo pelo braço, ventre, e peito. Magras linhas se estendiam através da pele. Jurou e investiu de novo, esta vez, faca acima, indo pelas partes mais brandas do corpo. No último segundo Ken girou, permitindo que o movimento para diante de Seam o colocasse a seu lado, a mão movendo-se de novo. Esta vez a bochecha direita, o pescoço, o quadril, e a coxa ostentavam a longos cortes de mau aspecto. Seam chiou, com a fúria ardendo nos olhos. Balançou-se, um grande homem, ligeiro sobre os pés, dando um rápido empurrão e continuando com uma rápida patada diretamente à coxa do Ken. A segunda patada tocou ao Ken exatamente no mesmo ponto, amortecendo sua perna. Antes que Seam pudesse retirar a perna. Ken conduziu a ponta da faca profundamente na panturrilha do homem, retorceu-se, e saltou para trás, precariamente perto da beira do escarpado. Era uma ferida particularmente brutal. O sangue saiu em largos arcos, e Seam gritou obscenidades, o desespero movendo-se em seus olhos. —Fodido monstro. Realmente acha que Mari poderia querer a um homem como você? Possivelmente se levasse uma máscara que cobrisse o espanto de sua cara. —Cuspiu ao Ken, agachando-se para tirar a faca da panturrilha, mas repentinamente se ergueu, lançando sua própria faca ao peito do Ken. Ken se moveu com uma velocidade imprecisa, encolhendo o ombro e girando a um lado para evitar a arma. Queimou através de seus bíceps direito, cortando a pele. Seam seguiu à faca, assaltando ao Ken, seguro de que seu corpo mais pesado enviaria Ken pelo bordo. Ken agarrou a Seam com duas mãos, uma na garganta, a outra no antebraço, força sobre-humana, um parafuso fixamente fechado, lhe esmagando. Puro terror varreu a Seam. Tinha estado contando com seu próprio aumento de força e o ódio a este homem, mas nunca esperou a enorme força do corpo do Ken. Seam lutava como um animal selvagem, desesperadamente tentando fechar as pernas debaixo do Ken, encontrando duas vezes mais o ponto na coxa que tinha chutado. Ken parecia desumano, um monstro! Nada lhe afetava, esse agarre estreitando-se implacavelmente. Afogado, tossindo, Seam se impulsionou para trás com todo o peso, os pés apalpando por um agarre enquanto a terra se desmoronava e se desprendia baixo ele. O peso do corpo de Seam era de repente um peso morto ao final do braço do Ken. O agarre na garganta de Seam era a única coisa que mantinha ao homem de cair. Olharam-se um a outro, Ken de joelhos, tentando encontrar um modo de cravar os pés na suave sujeira por um agarre, para evitar ir-se pelo precipício com o inimigo. Seam apertou o braço do Ken, determinado a que se ia a estelar se contra as rochas de abaixo, levaria ao Ken com ele. O sangue fazia que seu agarre escorregasse, mas o desespero lhe deu mais força. Fincou os dedos na pele do Ken. O bordo se desmoronou mais, enviou pedaços ricocheteando abaixo pela cara do escarpado. Ken abriu a mão para permitir que Seam caísse, mas o homem o agarrou pela mão com ambas as mãos. 199


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—Se eu for você também — grunhiu—. Suba maldito seja. —Não nesta vida, filho da puta. Está fora de sua vida para sempre. —Assim o está você também. —Os dentes de Seam se apertaram, agarrou-se estreitamente como um parafuso. A beirada estava cedendo, mais sujeira e rocha caía, Ken escorregava com o peso do corpo de Seam lhe atirando. Não tinha modo de fazer alavanca para lutar, nada no que agarrar-se, e a terra a seu redor estava movendo-se e deslizando-se. Não te mova. A voz do Jack estava completamente calma. Infernos. Ken jurou a seu irmão, tentando ficar absolutamente quieto. Estava deslizando-se pelo escarpado enquanto Seam se mantinha como um terrier. De repente um buraco floresceu de repente no meio da frente de Seam, e então Ken escutou o estalo do disparo. A bala tinha passado perto da parte superior de sua própria cabeça, barbeando uns poucos cabelos enquanto passava assobiando. O apertão de Seam se afrouxou abruptamente, os dedos deslizando-se longe enquanto o corpo caía às pedras de abaixo. Ken atirou o corpo para trás, girou sobre si, e olhou ao céu azul, sentia o braço como se tivesse sido arrancado de sua articulação. Estava empapado em transpiração, e a perna, onde Seam tinha descarregado várias patadas, sentia-se como se um trator tivesse passado por cima. Arrastou ar aos pulmões e esperou ali, sabendo que Jack viria. Nuvens giravam através do céu, criando sombras no chão. Ken fechou os olhos e sentiu que o cansaço tomava o controle. Sentia-se doente por dentro, corpo e mente fatigados. As feridas pulsavam dolorosamente, lhe recordando que Seam estava correto. Não podia ocultar por mais tempo que era deste mundo. Mari sabia. Mari o viu como o que era. Não podia esconder-se detrás de uma cara bonita nunca mais. E sempre teria a comparação olhando-a cada manhã se ficava. Como poderia olhar ao Jack e não sentir-se envergonhada de estar com o Ken? Inclusive assim não importava. Era tão patético como Seam. Queria que ela ficasse. Que o amasse. Necessitava-a, quando nunca se permitiu necessitar algo ou a ninguém. Ken se inclinou para roçar a mente com a sua, necessitando o toque quase mais do que necessitava o ar pelo que lutava. Mari. Terminou-se. Sei. Jack enviou uma mensagem a Briony. Havia uma pequena dúvida. Sabe que não me posso ficar. Sabe que não posso. Tinha que sabê-lo, mas não podia aceitá-lo. Quase se desfazia o coração. Não. Não faça isto. Estou chegando até ti, carinho. Não quero que o faça. E então só havia um negro vazio. O vazio. Nenhum suave roce íntimo, nenhum eco de risada ou companheirismo. Simplesmente vazio. Foi-se, deixando-o fora de sua vida. Não mais felicidade. Não mais sentir-se vivo. Tudo se tinha esfumado. Apertaram-lhe as tripas, ficou de joelhos, doente com a idéia de perdê-la. Teve arcadas uma e outra vez, sabendo absolutamente que se ia. Não podia condená-la. Era a única coisa inteligente que podia fazer, e Mari era inteligente. Estrelou o punho contra o chão. Uma. Duas vezes. —Ken. —Jack estava ali, ajoelhado ao seu lado—. Pensei que te tinha perdido. Elevou a vista para olhar ao Jack, não lhe vendo realmente. Ken se deu conta que estava perdido… tinha estado perdido por muito tempo. Mari lhe havia devolvido à vida. —Foi-se. —Seu olhar saltou à cara do Jack; viu o indício de culpa movendo-se em seus olhos e desaparecer—. Sabia? Jack se sentou em seus pés, seu olhar vigilante, cauteloso. —Briony está chorando. Contou-me que Mari a abraçou e disse que não podia ficar… que seu lugar estava com as outras mulheres. 200


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—E não disse ao Logan que a detivesse? —Mari é um soldado treinado. Não queria me arriscar a que Logan ou Briony fossem feridos. Não pode manter Mari atada pelo resto de sua vida; sabe que não pode. —Filho da puta. —Ken. Seja razoável. Não se sentia razoável. Sentia como se seu mundo estivesse desmoronando ao redor. Sentiu que sua mente se quebrava, sua cabeça uivava, um relâmpago estrelando-se em seus ouvidos. —Quanto tempo faz? —Toma-o com calma, Ken - disse Jack para lhe tranqüilizar. —Maldição. —O punho do Ken se afundou na sujeira, embora quisesse esmagá-lo na cara de seu irmão—. Quanto tempo faz? —Foi logo que soube que Seam estava morto. Ken ficou de pé, uma repentina explosão estendendo-se através do corpo. Os nós do ventre se apertaram até o ponto de doer. A boca lhe secou, o ar nos pulmões saindo em corrente, para lhe deixar ofegando. Tinha tempo. Tinha que ter tempo para pará-la. Empurrou ao Jack e começou a trotar montanha abaixo. Não se atreveu a correr; o terreno era muito perigoso e sua perna estava ardendo. Seu firme trote devorador de terreno lhe levaria ali rapidamente. Seu sorriso, seus olhos chocolate negro, o modo que elevava o queixo. Reteve um pranto, sentiu o coração estalar, chorando em seu peito. A montanha, o bosque, seu mundo, seu santuário, era um hostil e ermo lugar. Não podia ver sua beleza, não queria sua beleza. Nada –ninguém– podia afastá-la dele. Era sua vida. Sua felicidade. Sua única razão para continuar. Necessitava-a desesperadamente. Suas irmãs não podiam tê-la. Elas não a necessitavam do modo em que ele o fazia. Tinha estado só, vazio. Cada dia tinha trabalhado, respirado, vivido como um autômato, e então tinha chegado a sua vida e tudo nele tinha voltado para a vida. Não a podiam afastar dele. O universo não podia ser tão cruel. Queria gritar sua negativa, mas precisava guardar forças. Correu através das árvores, saltou sobre rochas, a vegetação lhe rasgava a pele. A perna machucada pulsava e queimava junto com os pulmões, mas a visão de sua insurreição o tentou para lhe manter correndo. Por que a tinha deixado? Por que lhe tinha permitido estar separados quando ela estava tão insegura de seu futuro? Sabia que estava duvidando… sentindo-se incômoda e insegura de si mesmo em um entorno estranho. Não devia ter sido tão arrogante e mandão. Deveria lhe haver pedido - não ordenado ir aos túneis. Não deixaria que ninguém a afastasse dele. Ela poderia entender o turbulento de sua natureza, os desejos selvagens, e ele entendia sua necessidade de liberdade. Reconhecia a força nela, a vontade de aço, quão mesma havia nele. Reconhecia sua lealdade; profunda e pura, quão mesmo nele. Encaixavam juntos, duas metades de um todo. Pertenciam-se. Saiu do bosque e meio correndo, meio deslizando-se pelo atalho no jardim, o peito pesava pelo esforço, os olhos um pouco selvagens. Correu através do acidentado terreno. O entardecer estava caindo. A casa estava escura, ameaçadora, silenciosa. Não havia nenhuma luz no interior. Abriu de uma portada a porta da cozinha, o coração palpitando, uma enorme ferida aberta nas vísceras. Foi-se. Sabia com tanta certeza que não precisava procurar pela casa, correndo loucamente de habitação em habitação, gritando seu nome roucamente, mas o fez de todos os modos. —Mari! Maldita seja Mari. Volta para mim. Ouviu seu próprio grito de angústia, embora devessem estilhaçar as janelas, mas havia só silêncio.

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De volta na cozinha agarrou as chaves do caminhão com a idéia vaga de ir detrás dela, mas as lágrimas estavam cegando sua visão. Olhou sem ver, ao tabuleiro, derrotado, a extensão dos ombros se desabaram, a roupa rasgada e suja pendurava de seu suarento e tenso corpo. Tinha que ser sua eleição ou ele seria tão mau como Seam, Whitney e seu pai. Rechaçou que o legado de seu pai lhe consumisse. Ele não era esse homem, egoísta e incapaz de ver que uma mulher não era uma posse. Mari tinha que lhe escolher. Querer estar com ele. Tinha que aceitar os defeitos nele como teria que aceitar o fato de que ela não era Briony, com sua personalidade muito mais total. O amor era uma eleição, e se Mari sentia a necessidade de estar com suas irmãs, se o impulso que havia era mais forte que seus sentimentos por ele, não poderia –não quereria– forçá-la. Pressionou as mãos sobre os olhos e não fez nenhum esforço para parar a corrente de lágrimas porque a amava o suficiente para deixá-la ir. Podia ouvir o tic–tac do relógio. O passar do tempo. Não podia parar os soluços que lhe partiam o peito, as lágrimas que nunca tinha vertido por sua perdida cara e sua dignidade destruída. De mau modo podia suportar a dor esta vez. Tinha-o levado muito estoicamente, mas perder Mari era perder a vida, a esperança, tudo de novo, e a garganta ardia aberta com uma pena asfixiante. —Ken? —Uma suave pergunta, uma formosa voz. Esticou-se, não acreditando, não se atrevendo a acreditar. Passou uma mão pela cara, apertou o nó na garganta, e se girou muito devagar. Mari permanecia na entrada ansiosa e desalinhada. O suor banhava seu corpo. Folhas e ramos estavam apanhados no cabelo. Havia arranhões em seus braços e um rasgão na camisa. Era a visão mais formosa que tivesse visto jamais. —Pensei que te tinha ido. —A voz estava estrangulada. —Corri até a metade da estrada e então não pude correr mais. Simplesmente parei e fiquei ali chorando. Não quis ir mais à frente. Não me importa se devo estar com minhas irmãs. Amo-te. Sei que o faço. Não posso ir. Não tenho nem idéia de como ser algo que quer que seja, mas o tentarei. Deu um passo para ela, os olhos cinza movendo-se velozmente sobre ela. —Nunca antes me disse que me ama. Inclinou a cabeça e lhe olhou. —Vê-te horrível. Ken. Está ferido? Deixou o tema de lado, agarrando-a entre os braços. —Não quero que seja nada salvo o que é. —Bem, isso é uma coisa boa porque te estava dando um discurso de merda para que quisesse que ficasse. —Depositou-lhe pequenos beijos ao longo da garganta, sobre a marcada mandíbula. O jorro de adrenalina se esgotou lhe deixando tremente e doente. O corpo lhe rugia, lhe chamando com todo tipo de nomes pelo abuso. Não lhe importava. Nada importava salvo que a tinha entre os braços e podia acariciar seu corpo, atraí-la mais perto, encaixar os quadris com os seus. E queria sorrir de novo. Fez-o sorrir de novo. —Sabia. Sempre vais ser um problema. —Muito certo. —Mari enlaçou as mãos ao redor de seu pescoço, movendo o corpo intencionadamente contra o seu—. Alegro-me que te tenha dado conta. Os lábios se inclinaram sobre os dela, forçando-os a separar-se para alimentar-se com ânsia. —O que há sobre Seam? —murmurou quando elevou a cabeça. —Está morto - disse sinceramente—. Deixa que isso seja o final disso. Assentiu. 202


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—Sente-se. Deixe-me te olhar. —As mãos já estavam deslizando-se por seu corpo, procurando danos. Tocou-lhe a cara com dedos suaves—. Estava assustada por ti, Ken. E precisava estar contigo, não estar apanhada em um túnel, em alguma parte. —Sinto muito, neném. —levou-se as mãos à boca—. Sei como é, e deveria ter tentado mais duramente ver seu ponto de vista. Juro-te que quero ver seu ponto de vista, mas a idéia de sua vida em perigo… —É como me sinto eu quando arrisca a tua - disse—. Tem que aceitar o que sou realmente, Ken. Vejo-te com a necessidade de me manter perto, e me proteger. Isso amo de ti. Inclusive posso aceitar o fato de que vais ser um idiota cada vez que um homem me olhe, mas tem que me aceitar por quem sou. Fui educada virtualmente desde meu nascimento como um soldado. Isso é o que sou e não vais trocar isso. Não vou trocar isso. Vais ter que me aceitar como um companheiro. Com o tempo, se o fizer, seu irmão o fará. Juntos os três podemos proteger Briony e a qualquer menino que qualquer de nossas duas famílias tenha. —E se não puder chegar ali, Mari? E se não tiver esse tipo de coragem? —Tem-no - lhe assegurou—, ou tivesse seguido correndo montanha abaixo. Vamos. — Atirou-lhe da mão—. Necessita uma ducha. Por que não deixa que Jack cuide dos detalhes sem importância, e me deixa cuidar de ti? —Diga-o de novo. —O que? —Firmemente fechou a porta, e começou a tirar a andrajosa camisa dos potentes ombros. Agarrou-a em um duro abraço, apertando estreitamente, deu-lhe uma pequena sacudida. —Pára de tomar tempo. Esperei muito tempo. —Sempre poderemos nos comprometer - lhe ofereceu docemente—. Dá-me o que quero, e te dou o que quer. Elevou-a entre seus braços. —Vais dizer uma centena de vezes antes que tenhamos terminado —advertiu. E o fez. Fim

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