UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO ARQUITETURA E URBANISMO BÁRBARA CLARES RODRIGUES PEREIRA
ARTE E FENOMENOLOGIA: Anteprojeto para uma Escola superior de Arte no centro do Recife
Trabalho de graduação desenvolvido pela aluna Bárbara Clares Rodrigues Pereira, sob orientação da professora Andrea Storch, apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.
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Ar te e Fenomenologia
Recife Junho de 2019
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“A arte existe porque a vida não basta ” Ferreira Gullar, 2010.
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AGRADECIMENTOS Gostaria de conseguir mensurar em palavras a dimensão e o significado desse projeto para mim, mas não poderia deixar de demonstrar toda a minha gratidão a todos que me ajudaram a estar aqui de alguma forma, posso assegurar que todo o esforço coletivo valeu a pena. Dedico esse mérito de Graduação à aquele que é o criador de todas as coisas, dono de todo conhecimento e único detentor de toda a sabedoria que passamos a vida inteira almejando alcançar, Jesus. Minha eterna honra aos meus pais Edileusa e Francis, que ao longo dessa jornada estiveram a minha disposição, atendendo necessidades de incontáveis gêneros, prontos para enfrentarmos juntos adversidades encontradas no caminho. Tudo que vivi, aprendi e aquilo que ainda pretendo ser, devo a exaustiva dedicação de vocês, que desde sempre não medem esforços para estarem presentes. Meus sinceros agradecimentos à todos os meus amigos, líderes e família que me acompanharam desde o início e em incontáveis momentos me apoiaram emocional e espiritualmente. Não poderia me limitar a citar um em específico, uma vez que todos os que fazem parte do meu convívio próximo são de extrema importância em minha vida. Também não poderia deixar de registrar toda a minha gratidão ao Luiz Alberto, o parceiro mais presente apesar da ainda distância física, que desde que chegou em minha vida foi peça fundamental para o meu equilíbrio, paz e crescimento, além de ser o dono do meu coração. E por último mas não menos importante, minha eterna gratidão à todos os meus professores e agora colegas de profissão, doscentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicap. Todos foram absolutamente importantes para o meu crescimento pessoal e profissional ao longo desses anos. Em especial agradeço a Paula Maciel , representante dessa equipe linda que tem feito tanta diferença na cidade do Recife, e a minha orientadora Andréa Storch, que conseguiu me conduzir além das minhas próprias expectativas nesse processo. À todos, a minha eterna dão por tanto apoio, essa
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admiração conquista,
e gratié nossa.
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2 1 Introdução 1.1 Justificativa 1.1.1 Arte no Recife 1.1.2 A abordagem na Arquitetura fenomenológica 1.1.3 A escolha do terreno
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral 1.2.2 Objetivo Específico
1.3 Procedimentos metodológicos
Conceituação temática Arte e Arquitetura fenomenológica 2.1 Arquitetura Fenomenológica 2.1.1 Precedentes Filosóficos 2.1.2 Arquitetura Fenomenológica 2.1.3 Relações espaciais: Materialidade e Luz 2.1.3.1 Lina Bo Bardi: A experiência com a materialidade 2.1.3.2 Steven Holl: O despertar dos sentidos e a
Território 3.1 Área de Estudo 3.2 Aspectos históricos 3.3 Características da Área 3.4 Aspectos da legislativos
4 Referências Projetuais 4.1 Escola de Arte de Manchester 4.2 Praça das Artes
5A proposta 5.1 Diretrizes 5.2 Programa
7 Lista de Figuras 6 Considerações
8 Referências
Finais
relação com a luz 2.1.4 Critérios de Análise fenomenológica a partir da experiência humana 2.2 Conceito de Arte 2.2.1 O que é arte? 2.2.2 Um breve histórico sobre Arte 2.2.3 A experiência pedagógica Russa 2.2.3.1 Vkhutemas: Instituto superior de Arte e Técnica 2.2.3.2 Faculdades
2.2.4 Contribuição da Bauhaus - 100 anos 2.2.4.1 Base de Formação 2.2.4.2 Análise da Bauhaus Dessau
2.2.5 The Black Mountain
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2.3 Arte no Recife: 2.3.1 A Belas artes 2.3.2 liceu de artes e ofício
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1. FIGURA 1 : Discรณbolo, c. 450 a.C. Cรณpia romana em mรกrmore da original de bronze de Myron II A histรณria da arte, Gombrich E.H , pรกg 91
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1.1 JUSTIFICATIVA Arte simboliza a expressão humana, no passado e presente, mantém-se relacionada à materialização das nossas diversas maneiras de comunicar, visto que historicamente a arte de pinturas rupestres já existia antes da própria oralidade. A produção arquitetônica, há algum tempo tem buscado uma relação extremamente visual e artística entre objeto e observador, onde a sensibilidade adquirida através dos sentidos poderia ser melhor explorada. A reprodução de edifícios com mesma escala, materiais de revestimento e aberturas é uma realidade para nossas cidades, e o poder do detalhe, capaz de tornar cada obra singular através de resoluções formais e espaciais é cada vez menos utilizado. De acordo com os escritos de Juhani Pallasmaa (2011), o significado final de qualquer edificação ultrapassa a arquitetura e redireciona nossa consciência para o mundo e nossa própria sensação de termos uma identidade para estarmos vivos. Pallasmaa defende que uma arquitetura significativa faz com que nos sintamos como seres corpóreos e espiritualizados, sendo essa a grande missão de qualquer arte significativa. Através do entendimento sobre os escritos de Pallasmaa a respeito de uma arquitetura que explore a sensibilidade humana, somados à uma leitura dos processos de desenvolvimento das grandes escolas de arte do século XIX. Seu legado que influencia ainda contemporaneamente as artes, o design e a arquitetura mundiais, busca-se uma reflexão sobre como a influência das artes na cidade do Recife. Trata-se de um contexto de cidade cultural somadas à grande repercussão do polo tecnológico e econômico existentes no centro da cidade e como podem acrescentar e somar ao ambiente acadêmico, tecnológico e artístico. Utilizando conceitos da Fenomenologia, o anteprojeto para uma Escola superior de Arte busca explorar questões como a matéria, o lugar, a conectividade, os fluxos e a percepção dos espaços, que funcione como um local de aprendizado e de integração social que além da espacialidade. Atendendo as necessidades naturais de pessoas, incorporando suas dinâmicas para dentro dos espaços, possibilitando um fluxo de aprendizado dinâmico e interativo. Debruçando-se sobre cenários fenomenológicos, o presente trabalho objetiva explorar, em forma de anteprojeto um Edifício para uma Escola de Artes e tecnologia, que pudesse não apenas ser observado, ou visto, mas pudesse ser ativado outros sentidos (como tato, olfato e audição) das pessoas ao vivenciarem os espaços. Mas como isto seria possível, como
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FIGURA 2 A arte na cidade do Recife
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e porque alguém necessitaria utilizar outros sentidos além da visão para se locomover e entender o edifício em que estuda. Este trabalho se inicia com a justificativa que ressalta a relevância do estudo e abordagem do tema, os quais estão descritos tanto nos aspectos cultural, tecnológico e acadêmico, quanto na fenomenologia e escolha do território. Posteriormente, têm-se os objetivos geral, específicos e os procedimentos metodológicos, nos quais são mostradas as etapas necessárias ao atendimento dos objetivos propostos. Em seguida, têm-se a conceituação temática, que visa expor a contribuição e estudo da arte e do fenômeno para o projeto. Esta parte é dividida em quatro aspectos, o primeiro traz um breve apanhado histórico da relação entre arte e ciência ao longo dos anos até a contemporaneidade, seus movimentos de vanguarda com a experiência pedagógica russa e o surgimento da Bauhaus na alemanha e “The Black Mountain” apontando uma experiência atual. Posteriormente, é apresentado o contexto histórico da Escola de Belas Artes e o Liceu de artes e ofício no Recife. Na terceira parte é feito um estudo acerca da fenomenologia na arquitetura, descreve-se o contexto filosófico em ordem cronológica, em seguida a aplicação à arquitetura ressaltando a importância de despertar os sentidos para arte. Algumas teorias fenomenológicas, são utilizadas projetualmente por arquitetos como Steven Holl, Peter Zumthor e outros. E por último diretrizes e critérios avaliativos através dos quais suas relações com espaços de permanência (associando materialidade, dimensões, visibilidade, luz e sombra e cores e texturas) através das suas relações com a tipologia, conceito e programa adotados. Após a conceituação temática, apresenta-se as precedências projetuais, onde foram escolhidos algumas obras que possam auxiliar na elaboração de diretrizes projetuais através das suas relações com a tipologia, conceito e programa adotados para o presente trabalho. Em seguida está a análise do território, onde o trabalho será inserido. Foram levantados dados necessários para o entendimento da área, através de mapas e imagens, que possam justificar a escolha do território. Evidenciando, quais as intenções projetuais com base nessas análises. E Por fim, apresenta-se a proposta composta pelas diretrizes projetuais, o programa e respectivo dimensionamento, determinando os principais fatores a serem incorporados na proposta.
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1.1.1 ARTE NO RECIFE
No mundo contemporâneo, a arte é modificada pela tecnologia, assim como a técnica cria novas formas de representá-la. Essa interação se faz valer positivamente, especialmente na educação. Os diálogos estabelecidos entre ambas faz nascer novas tendências de interatividade humana. Na cidade do Recife, a arte quanto se faz presente e influencia várias esferas da sociedade ao longo da história de Pernambuco. A meneira de expressão da arte ao longos dos anos também foi sendo modificada por questões relacionadas ao avanço tecnológico. Com a criação do porto Digital em 2000, um dos principais parques tecnológicos do Brasil e um dos representantes da nova economia do Estado de Pernambuco foi inaugurado em 2016 o Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.CO) que é um laboratório aberto a sociedade. Idealizado para criação, desenvolvimento e prototipagem rápida de soluções que evidenciam uma nova demanda criativa e reiteram a ligação da arte em uma nova linguagem na capital Pernambucana, segundo as demandas contemporâneas.
LITERATURA PERNAMBUCANA
1601 surge em Pernambuco o primeiro poema da literatura Brasileira de Bento Teixeira, Prosopoéia. Século XIX Joaquim Nabuco conclui Minha Formação obra clássica da literatura Brasileira Anos depois, Manuel Bandeira escreve o poema Os Sapos, considerado o “abre alas” do movimento moderno lançado na semana de Arte Moderna de 1922.
MÚSICA
O Maracatu Nação, também conhecido como “Maracatu do baque virado”, é uma manifestação folclórica pernambucana, primeiro ritmo Afro-Brasileiro. O Maracatu Rural ou “Maracatu do baque solto”, também é conhecido pelo “caboclo de lança” e se difere pelo ritmo e personagens. O Frevo um dos principais gêneros musicais do estado, símbolo do carnaval de Recife e Olinda, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram capoeira. Em 2012 se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, eleito pela UNESCO. O movimento Manguebeat contracultura surgido no Brasil a partir de 1991 em Recife , mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip hop, funk americano e música eletrônica. O movimento tem como principais características nas letras, críticas ao abandono econômico-social do mangue, da desigualdade de Recife sendo apenas um reflexo do descaso do estado fora do eixo sudeste.
A escola superior de arte é proposta com bases no estímulo dos sentidos sendo o ponto de ligação entre as características já existentes na capital do estado à essa nova demanda criativa contemporânea de maneira intencional. O objetivo é permear o campo acadêmico das artes, entretanto sempre tendo o objetivo final de conceber suas produções, ou seja , a materialização da arte. 3.
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FIGURA 3 Linha do tempo arte e cultura Pernambucana
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II
Bárbara Clares
ARTES VISUAIS
ARTES PLÁSTICAS
No teatro, destacam-se a origem do Mamulengo, nome dado ao teatro de bonecos de origem Pernambucana, tidos como um rico espetáculo da cultura popular Brasileira.
As artes plásticas estão presentes na cidade de uma maneira marcante, onde há uma admirável coleção de arte espalhada pelos espaços públicos que transformam a cidade em uma grande exposição.
Um dos maiores teatros ao ar livre do mundo, localizado no distrito de Fazenda Nova, onde acontece o espetáculo da Paixão de Cristo. A cidade teatro se destaca pela arquitetura que caracteriza uma réplica da Judeia sagrada. O cinema estreou em 1923 com a película Retribuição, que foi o primeiro filme com enredo realizado no nordeste, anteriormente foram realizados apenas documentários. A partir desse momento, o cinema do estado começou a ganhar destaque com obras como O auto da compadecida, entre outros grandes clássicos.
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Ao longo da história de Pernambuco, existem alguns pontos marcantes de forte influência nas artes que também se relacionam com a técnica desenvolvida por cada um deles. Literatura, Música, Artes visuais, Artes plásticas e Arquitetura fizeram o estado se destacar por sua diversidade cultural.
Murais de cerâmica, azulejaria e Pintura que datam do século XVIII até os dias atuais. Na década de 30 acontece em Recife a primeira exposição de uma quadro de Picasso no Brasil, no teatro Santa Isabel. Contato feito pelo artista plástico Joaquim do Rego Monteiro. Entre as décadas de 40 e 60, muitos murais foram produzidos por Francisco Brennand, Luiz Cardoso Ayres, Cícero Dias, Abelardo da Hora, entre outros.
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ARQUITETURA
A arquitetura colonial do estado é uma marca presente nos seus centros históricos, com destaque para as construções religiosas, que começaram a ser construídas ao longo do século XVI, e hoje formam os cartões postais do estado. Entre 1951-1970, os protagonistas atuantes na aquitetura Pernambucana foram os arquitetos Acácio Gil Borsoi e Delfim Fernandes Amorim. Ambos ensinaram na escola de Belas Artes de Pernambuco e trouxeram a arquitetura moderna do estado a um destaque por expressões brutalistas adequadas ao clima tropical e adaptações aos materiais regionais.
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1.1.2 A ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA
1.1.3 A ESCOLHA DO TERRENO
A proposta para a Escola Superior de Arte busca na fenomenologia uma base para gerar o espaço onde os usuários tenham os diversos sentidos estimulados, incitando a uma produção artística criativa. Nesse sentido, a fenomenologia aplicada à arquitetura vai permitir que os sentidos sejam exteriorizados.
Com a localização em área histórica, dentro do perímetro do Porto Digital, próximo às margens do Rio Capibaribe, o terreno limitado pela Rua do Sol e a Av. Dantas Barreto, também se localiza por trás do edf. histórico do antigo Liceu de Artes e Ofício. Todas essas características favorecem a localização, dentro do bairro de Santo Antônio no Recife, próximo a inúmeros marcos da história e da Arte Pernambucanas, o que apenas enriquece o contexto da Escola Superior de Artes.
O progresso da Arquitetura fenomenológica, faz lembrar o valor da experiência e o entendimento dos sentidos. Para que haja uma arquitetura que se sobressaia a sua condição física, o seu valor como espaço deve preencher um espaço correspondente, funcionando como um sistema. Nesta pesquisa, o destaque à fenomenologia tem como função proporcionar a experiência em um ambiente que permita a formação de uma perspectiva orgânica a partir da qual os usuários serão capacitados a realizar trabalhos criativos. A predileção pelos olhos nunca foi tão evidente na arte da arquitetura como nos últimos 30 anos, nos quais tem predominado um tipo de obra que busca imagens visuais surpreendentes e memoráveis. Em vez de uma experiência plástica e espacial embasada na existência humana. (PALLASMAA, 2011 p. 29)
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FIGURA 4 Localização do Terreno
II Fonte: Google Earth, editado pela autora.
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral Propor um anteprojeto arquitetônico de uma Escola Superior de Arte na cidade do Recife.
1.2.2 Objetivos Específicos 1. Investigar as relações humanas com a arte, dados determinados recortes ao longo da história.
2. Explorar os aspectos da fenomenologia aplicada a arquitetura ressaltando a importância de despertar os sentidos para arte. 3. Analisar como as relações espaciais da Escola de Manchester (2013) e da Praça das Artes (2012) podem contribuir com estratégias para conectar o campo artístico à arquitetura. 4. Desenvolver um edifício capaz de atender as necessidades dos usuários da Escola superior de Artes.
fenomenologia
arte
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FIGURA 5 Diagrama explicativo sobre a Conceituação Temática
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II Bárbara Clares
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1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto em desenvolvimento segue as seguintes metodologias de pesquisa e análise para o cumprimento dos objetivos propostos:
Revisão Bibliográfica: Quanto ao estudo e entendimento do contexto sobre a arte ao longo da história e as escolas superiores de arte, são relevantes os autores E. H. GomBrich (1999), Walter Gropius (1972) e Rickey George (1907); Quanto à Fenomenologia, recorre-se aos autores Pallasmaa (2011), Zumthor (2009) e Montaner (2016), que ajudam a identificar diferentes classificações tipológicas fenomenológicas, a fim de futuramente serem aplicadas ao projeto.
Coleta de dados urbanos: Análise do território através de parâmetros urbanos da área de intervenção tais como caminhabilidade, tipologias, densidade, permeabilidade, gabaritos e fotografias, cuja finalidade é compreender a melhor forma de propor uma edificação que atenda as demandas do equipamento estudantil, mas também se integre ao contexto urbano. Estudo de precedências projetuais com o objetivo de compreender as diversas formas de abordagem do programa a ser desenvolvido, da arquitetura fenomenológica e de edifícios que abrigam escolas e institutos superiores de arte. Determinação de diretrizes projetuais para elaboração do projeto.
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FIGURA 6 Leonardo da Vinci Estudos anatômicos II A história da arte, Gombrich E.H , pág 294.
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7. FIGURA 7 : Ulisses reconhecido por sua velha ama, século V a.C. II A história da arte, Gombrich E.H , pág 95
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2.1 ARQUITETURA FENOMENOLÓGICA
2.1.1 PECEDENTES FILOSÓFICOS A fenomenologia é uma filosofia existencial que estuda a relação do ser com o mundo. De acordo com Smith (2013), trata-se do estudo de estruturas da consciência experimentadas em primeira pessoa. No século XX, considerado fundador da fenomenologia, o filósofo Edmund Husserl (1859),Através do livro As investigações lógicas (1900) faz as primeiras reflexões sobre a ciência. Para o autor, os fenômenos do mundo devem ser pensados a partir das percepções mentais de cada ser humano, e devem ser estudados por suas essências, ou seja, “ ir ao encontro das coisas em si mesmas “ (HUSSERL, 2008, p.17). Para Heidegger, que foi assistente e sucessor de Husserl, a sua abordagem fenomenológico se deu em 1927 através do livro Ser e tempo. O trabalho do filósofo Heidegger é considerado um dos mais influentes na arquitetura fenomenológica. Sua classificação aborda a temática como existencial e define o habitar como se identificar e ter o sentido de pertencer ao lugar. Afirma ainda que habita uma casa significa habitar o mundo (Heidegger, 2002) e a ação de projetar ou construir faz parte desse processo, uma vez que toma consciência de como é habitar aquele lugar de maneira intencional.
Já em 1945, Maurice Merleau-Ponty publica A estrutura do comportamento, enfatizando a corporalidade na experiência humana, onde o conhecimento do fenômeno é gerado pelo próprio fenômeno. Em 1963, o arquiteto e teórico Christian Noerberg Schulz , introduz a teoria fenomenológica na arquitetura, e em 1971 pública Existência, espaço e arquitetura, livro que foi influenciado pelos ideais de Heidegger. Ele traz a interpretação do habitar com estar em paz em lugar protegido, considerando esse o principal objetivo da arquitetura. Noerberg Schulz Identifica arquitetura como potencial fenomenológico por sua capacidade de dar significado ao ambiente, onde é fundamental conceito de “Genius Loci”, o “espírito do lugar”, através de elementos como materialidade, forma, luz e cor.
A obra de Juhani Pallasma Também é influenciada por MerleauPonty levando em consideração a corporalidade da fenomenologia. Pallasma afirma a necessidade de integração dos sentidos humanos para a perfeita intenção sensorial no ambiente. Em Os olhos da pele (2009) , defende uma arquitetura como experiência sensorial ressaltando a importância dos sentidos na arquitetura.
Em 1943, o Filósofo Francês Jean-Paul Sartre publica O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. O seu aporte à fenomenologia estava relacionado ao existencialismo diante dos objetos e do outro, e para ele a intencionalidade é uma liberdade de escolha, sendo sempre relacionada a algo ou a consciência de algo.
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Precedentes Filosóficos
1901
Hursserl
1913
Max Scheler
1927
Heiddeger
Arquitetura Fenomenológica
1943
Sartre
1945
Merleau - Ponty
1996
Peter Zumthor
2007
2001
Pallasmaa
Steven Hol
“Ir ao encontro das coisas em si mesmas” “O ser e o nada”
“O estudo do valor geral compreendido no sentido moral, é anterior a sua existência”
“O conhecimento do fenômeno é gerado em torno do próprio fenômeno”
“É essencial o discurso transmitido pela matéria e pelos diversos fatores que compõe a obra arquitetônica”
8. FIGURA 8 : Linha do Tempo sobre aspectos fenomenológicos II Bárbara Clares
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2.1.2 ARQUITETURA FENOMENOLÓGICA
De acordo com Montaner (2016) a força crescente da arquitetura associada a fenomenologia nos últimos anos está na maneira como os edifícios se relacionam com observador. A sensibilidade dos sentidos e a experiência humana são princípios abordados para a percepção espacial. A fenomenologia surge como base teórica a partir da década de 1960, buscando uma ruptura com o modernismo, fazendo uma crítica a uma arquitetura que nutria os olhos e o intelecto mas não se relacionava com os demais sentidos. Os autores abordam a matéria edificada relacionando ao momento em que é experimentada, o que quebra a relação com a historiografia tradicional, que considera a edificação uma parte do momento que foi idealizado e construído. Diante das críticas, o movimento pós moderno resgata relação entre o corpo e o inconsciente voltando a se conectar com a arquitetura. Segundo Serroy Lipovetsky (2011) esse novo ideal de vida mas qualitativo artístico e cultural preza pela qualidade vida. Os relatos de Nesbit (2006) mostram que esses períodos de tantas mudanças levou também a uma crise de sentido na Arquitetura. Podemos observar essa relação conforme o diagrama da Fig 9 , que ilustra as conxões entre as sensações humanas e os espaços, vinculadas através da experiência, de maneira não linear .
Sensações Humanas
Espaço
vis ão
ESCALA
ta to
FORMA
olfa to
MATERIA L
pa la dar
TEMPERA TURA
a udiç ão
SOM Experiência 9. FIGURA 9 : Diagrama sensações e Experiências Humanas II Bárbara Clares
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2.1.3 RELAÇÕES ESPACIAIS: MATERIALIDADE E LUZ
2.1.3.1 LINA BO BARDI: A EXPERIÊNCIA COM A MATERIALIDADE
Segundo Pallasma (2011) uma obra de arquitetura não deve ser experimentada como uma série de imagens isoladas na retina, e sim em sua essência material, corpórea e espiritual totalmente integradas. Dentro desse princípio da percepção, o uso e articulação da entrada de luz natural no interior dos edifícios, além da materialidade exposta podem controlar o tipo de experiências propostas ao indivíduo.
A arquitetura fenomenológica explora a experiência humana nos espaços. Pode-se compreender que a arquiteta Lina Bo Bardi explorou os sentidos humanos a partir da riqueza espacial presente em seus projetos. De acordo com Grinover (2010) o projeto do Sesc Pompéia de Lina (1977), é um exemplar da harmonia entre racionalidade e ambientação fluida, e um projeto que combina espaços absolutamente definidos funcionalmente, e outros opostos, indeterminados e flexíveis. Segundo a autora, trata-se de um projeto em que a profundidade do léxico popular é colocada como conexão entre arte e vida na esfera urbana.
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FIGURA11 : Sesc Pompéia II Bárbara Clares 2018
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FIGURA12 : Sesc Pompéia II Pedro kok
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FIGURA13 : Sesc Pompéia II Pedro kok
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FIGURA14 : Sesc Pompéia II Pedro kok
A arquiteta passou dez anos na fábrica da Pompéia, construindo o lugar da experiência do espaço não só funcional, mas daquela elaborada em seu uso. Em sua função comunitária, abrigado por elementos construídos sob regras geométricas sofisticadas, acreditando no racionalismo mas impondo a ele uma adaptação de circunstância como ferramenta para aproximar a obra, sua forma e seus valores estéticos, do universo público, que são as características destacadas por Grinover (2010) sobre a obra de Lina. A relação entre forma, dimensões das aberturas, conexões e escala compõem todo esse cenário de interação com os sentidos humanos. Sendo a maneira como a arquiteta aborda as soluções pro Sesc o exemplo em que a percepção humana se relaciona direta ou indiretamente com as cores e as diferentes texturas de tijolos e concreto, que evidencia o estimulo dos sentidos.
fenomenologia 10.
FIGURA : Diagrama Fenomenologia II Bárbara Clares
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2.1.4 CRITÉRIOS DE ANÁLISE FENOMENOLÓGICA A PARTIR DA EXPERIÊNCIA HUMANA
Steven Holl assim como Pallasmaa, sofre influência de Merleau- Ponty, uma vez que ambos têm uma preocupação com a multisensorialidade em seus projetos. De acordo com Pallasmaa (2011) a obra arquitetônica deve ser em sua essência corpórea, espiritual e integrada e não experimentada como uma série de imagens isoladas na retina. Nos projetos de Holl, através do princípio da percepção, o uso de uma articulação de entrada de luz natural no interior dos edifícios controlam o tipo de experiência de cada indivíduo de maneira particular.
Com base na análise das obras de Lina BoBardi e Steven Holl, é importante destacar quais critérios possibilitam a materialização do projeto arquitetônico pensado de maneira intencional fenomenologicamente. No presente trabalho serão utilizados os seguintes critérios (ver Fig 18.) que podem ser destacados nos projetos vistos anteriormente e seguirão presentes nas novas análises de algumas escolas superiores de arte, pouco mais adiante.
15. FIGURA15 : Croqui Capela de Santo Inácio II Em foco: Steven Holl , Archdaily, 2019.
“ O que eu sou interessa-me: penso não querer provocar emoções com as obras, mas sim permitir emoções. E manter-se fiel a natureza das coisas de criar, e confiar que a obra, desde que seja inventada com adequada precisam para o lugar de função, desenvolveu sua própria força sem necessitar de nenhum acessório artístico. “ (ZUMTHOR , 2015,p.29 )
Em construções religiosas da antiguidade, com destaque para o período medieval, a luz era aplicada de forma que despertasse sentimentos místicos para afirmar a sacra idade do ambiente. Na contemporaneidade, um dos arquitetos mais importantes pela sua proximidade com a fenomenologia é Steven Holl, que por meio de estudos em maquete consegue prever os efeitos da luz natural para que os espaços sejam sentidos, percebidos, tocados e cheirados, e também em temperatura e cor.
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2.1.3.2 STEVEN HOLL: O DESPERTAR DOS SENTIDOS E A RELAÇÃO COM A LUZ
Capela de Santo Inácio, de 1995-1997 localizada no campus da Universidade de Seattle, é um de seus projetos que seguem essa linha fenomenológica. A depender do ambiente, não são em todas as situações que a presença forte de luz natural e desejável. A imaginação e a fantasia são estimuladas pela luz fraca e pela sombra. Para que possamos pensar com clareza, a precisão da visão tem que ser reprimida, uma vez que as ideias viagem longe quando nosso olhar fica mais distraído e não focado. A forma modesta do exterior da capela não revela os deslumbramentos que acontecem em seu interior. O comportamento das cores refletidas nas paredes e nos pisos, que adentram a edificação através das luzes, criam diferentes composições de cores, marcando o ambiente de forma nada tradicional, tornando-se o diferencial da capela. Holl consegue nessa obra criar diferentes atmosferas para cada espaço, que acabam sofrendo alterações em cada estação do ano, clima, e horário.
16. FIGURA16 : Capela de Santo Inácio II Em foco: Steven Holl , Archdaily, 2019.
17. FIGURA17 : Capela de Santo Inácio II Em foco: Steven Holl , Archdaily, 2019.
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2.2 CONCEITO DE ARTE E TÉCNICA
É essencial, antes de tudo, entender a definição que compõe a abordagem sobre a escola superior, que é o conceito em constante análise ao longo do presente trabalho, arte. Assim,
conforme
definido
por
Deve-se notar que na definição o centro é a pessoa, o humano. A pessoa como um elemento chave, e de acordo com Mumford, faltando nas políticas atuais. O problema e a solução. “Qual é o elemento que falta? Eu sugiro que é a pessoa (“Arte y Técnica” LEWIS MUMFORD 1954, pág. 15).
Mumford:
Segundo Spinelli (2017) Para William Morris (poeta, romancista, tradutor e ativista socialista inglês) associado com o movimento artístico britânico Arts & crafts, um dos principais contribuidores para o revivalismo das artes têxteis e métodos tradicionais de produção. Para ele a produção mecânica de mercadorias em série, de baixa qualidade e exatamente iguais, dissemina não apenas uma vulgaridade estética, mas, impõe a miséria à existência moderna. Segundo Morris, o processo industrial não apenas é incapaz de produzir objetos com valor artístico, pois, a “esfera da autenticidade como um todo, escapa à reprodutibilidade técnica” (Benjamin, 1996, p. 167), como destrói a possibilidade de produzi-los. De modo que, a reprodução mecânica de artigos em série, além de colocar em questão a unicidade, a autenticidade e irrepetibilidade de um objeto, eliminando todo o seu potencial artístico, desumaniza não só os produtores mas transforma-os em meras engrenagens operacionais do sistema.
arte “... principalmente o domínio da pessoa e sua finalidade é alargar a província da personalidade, de modo que sentimentos, emoções, atitudes e valores, naquele individualizado e especial em que eles aparecem em uma determinada pessoa, em uma determinada cultura, pode ser transmitido com força total e significado para outras pessoas e outras culturas (“Arte y Técnica” ” LEWIS MUMFORD, 1954 pág. 18).
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Segundo observações de Mumford a máquina reduziu a incerteza sobre o futuro e atendeu a muitas necessidades no Ocidente, mas em vez de nos dar mais liberdade ou reduzir as guerras, causou a oposto. Diante da maturidade intelectual e da ordem externa, a imaturidade moral e caos interno. Nós vivemos em uma segurança falsa que nos dá a ordem aparente que foi alcançada através da técnica, enquanto a melhoria da qualidade de vida não é proporcional ao desenvolvimento tecnológico. Mumford aponta que essa necessidade de repetição não existe e, ao descobri-la, seremos homens livres. É especialmente na arquitetura onde símbolo e função se fundem, já que ela deve receber a parte objetiva e subjetiva do homem, que se compõe o cenário da cultura. Na arquitetura, essa adoração à máquina foi vivida, tomando apenas o intelecto e deixando de lado nuances humanas. As análises a seguir, no presente trabalho, reiteram a conexão entre arte e os sentidos humanos ao longo dos anos, dando enfoque em alguns movimentos e escolas de arte.
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18. FIGURA19 : Diagrama ilustrativo sobre a definição de Arte II Bárbara Clares
Para Mumford (1954), a arte está enraizadas no uso que o homem faz de seu próprio corpo. Arte é um aspecto formativo do homem: arte para o conhecimento interior, técnica para enfrentar as condições externas da vida.
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2.2.2 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE ARTE E TÉCNICA
1 O destaque de cada período relatados por E.H.Gombrich (1999) dá o auxílio necessário para a compreensão de uma linha cronológica sobre o desenvolvimento de movimentos artísticos ao longo da história. Segundo o autor, nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas. Antes eram homens que modelavam de maneira crua as formas de um bisão nas paredes das cavernas; hoje, compram suas tintas e desenham em suas telas; eles faziam e ainda fazem muitas outras coisas. Em sua obra, Gombrich (1999) examina a história da arte que aborda a história da construção, da feitura de quadros e da realização de estátuas. Sendo o conhecimento dessa história o que nos ajuda a compreender porque os artistas trabalham de determinada forma ou tem interesse em certos efeitos. Sobretudo, esta é uma excelente maneira de exercitarmos nossa percepção para características particulares das obras de arte e consequentemente aumentarmos a nossa sensibilidade para as mais sutis diferenças. É possível observar que ao longo da história, a arte sempre esteve ligada à técnica. As variações de representação, o avanço científico e tecnológico foram intervindo no que era produzido. Ao longo dos anos a forma do produto gerado pela expressão artística se relaciona com o seu sentido e significado. O que também pode ser entendido pela máxima “form follows function” de Walter Gropius (1919) , traduzida por A forma segue o sentido.
1. Sabe-se que é desconhecida a origem exata da arte assim como da linguagem, porém se considerarmos que a arte é um amplo campo de atividades, não existe nenhum povo que não produza nenhum tipo de arte. É importante essa compreensão para que haja clareza que a história da Arte apenas uma evolução técnica, mas ideias, concepções e necessidades que estarão para sempre em evolução. 2. Foram nos oásis dos grandes desertos orientais que surgiram os estilos de arte mais antigos. Apesar da grande influência egípcia, o destaque dos artistas gregos se deu porque sua arte não se baseava apenas no conhecimento mas nos seus próprios olhos. Com a base mínima necessária, eles ensaiaram novas ideias. As obras gregas mostram sabedoria e habilidade para representar o corpo humano de maneira comovente e viva.
3. O período que se seguiu, a chamada era cristã primitiva, logo após a queda do império Romano, se destacou por homens e mulheres, especialmente em mosteiros e conventos, amantes do conhecimento da arte. Nessa época, a arte passa a ser estudada por monges cultos e educados que tinham poder e influência na corte. Eles tentavam reproduzir as artes que tanto admiravam, mas seu trabalho fora reduzido a zero pela eclosão de novas guerras e invasões por tribos de bárbaros, Saxões e Vikings. 4. O significado da palavra renascença vem do ato ou efeito de renascer, ressurgir. A ideia de renovação ganhava terreno na itália, o renascimento vem com um significado novo. Apesar do domínio pela técnica e da ciência, existia uma vontade apaixonada de criar uma nova arte, mais fiel a natureza do que tudo que já se havia visto até então.
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3
5. O chamado il Cinquecento, no século XVI é o período da arte italiana mais famoso. Época dos grandes mestres Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo assim como tantos outros. Foi um longo período de grandes descobertas, onde os artistas começaram a estudar matemática e as leis da perspectiva, além de anatomia e tantas outras áreas de conhecimento científico. O artista deixou de ser um artífice entre artífices e passou a ser um mestre dotado de autonomia. Leonardo Da Vinci, considerado um gênio com intelecto poderoso, considerava que a função do artista era explorar o mundo visível, assim como os seus antecessores, porém de maneira mais abrangente e maiores intensidade e precisão.
Ar te e Fenomenologia
2
4 PRÉ - HISTÓRIA
RUPTURA NA TRADIÇÃO
EUROPA SÉC VI A XI
GRÉCIA
A CONQUISTA DA REALIDADE
CUBISMO FUTURISMO
IMPRESSIONISMO
6 8 7
5 6. No século XIX, a Europa vivia um momento conhecido por Belle Époque, momento do surgimento do movimento impressionista na pintura Francesa. O nome Impressionismo surgiu da obra Impressão: nascer do sol (1872), de Claude Monet. A busca por elementos fundamentais de cada arte levou os pintores a pesquisar a respeito de uma nova produção pictórica, não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel à realidade.
19. FIGURA21 : Linha do Tempo sobre a relação entreArte e Técnica II Bárbara Clares
8. Em 20 de fevereiro de 1909, com a publicação do manifesto futurista pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro. Os artistas desta fase baseavam suas obras em velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. O movimento futurista se desenvolveu em todas as artes, influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos modernistas.
7. Tendo como um dos principais fundadores Pablo Picasso, o movimento cubista surge no século XX nas artes plásticas, com o tempo se expandindo para a literatura e a poesia. O predomínio de linhas retas e figuras geométricas para representar as formas da natureza, mostram que a representação passou a não ter comprometimento com a aparência real das coisas.
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2.2.3 A EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA RUSSA 2.2.3.1 VKHUTEMAS: INSTITUTO SUPERIOR DE ARTE E TÉCNICA Publicação revistas
de 300 satíricas.
As transformações implantadas pela vanguarda Russa na esfera das artes, incluíram uma nova e efetiva repercussão social. Segundo dados obtidos na exposição Vkhutemas: o futuro em construção (2018) , promovida pelo Sesc Pompéia no estado de São Paulo, o modo de inserção desse movimento teve lugar de destaque nos ambientes educacionais. Atraindo a atenção de artistas, arquitetos, teóricos e técnicos às dinâmicas de ensino- aprendizagem que inauguram um arrojado modelo de Escola de Artes e Ofício, investindo em uma lógica de aprendizagem e criação vinculadas às transformações sociais que estavam em andamento. Segundo Celso Lima (2018), curador responsável pelos escritos da exposição, a experiência pedagógica Russa foi revolucionária. Desenvolvida entre 1918 e 1930, resultou na criação da primeira instituição universitária do mundo que cobiçou reunir em diversas faculdades, um rico conjunto interdisciplinar de artes e técnica. Foi em 1918, dentro dos anseios do que eclodiu como Revolução Russa que foram criados os Svomas (Ateliês Livres), substituindo as antigas e conservadoras academias imperiais de Arte. Em 1920, os Svomas passaram ao nível de Instituições Universitárias conhecidas como Vkhutemas, sigla Russa para Vyschie Khudójestvenno - Tekhnítcheskie Masterskíe (Ateliês Superiores de Arte e Técnica), com sede em Moscou. A criação da universidade transpôs os anseios de liberdade de expressão em uma visão tão ampla que seus objetivos promoveram iniciativas e metodologias que foram espalhadas pelo mundo, como por exemplo a origem da Bauhaus.
5 de Outubro Lunatchárski faz uma série de conferências sob o nome Proletariado e Cultura. 16-17 de Outubro. Formação do Proletkult (Organização da Cultura Proletária) por Aleksandr Bogdánov. 12 de Outubro. Criação do Narkompros (Comissariado do Povo para a Educação). 30 de Outubro. Lunatchárski declara o Palácio de Inverno em Petrogrado como Museu Estatal. r
29 de Janeiro. Criação do IZO (Departamento de artes visuais) em Petrogrado sob direção de David Shteremberg. 29 de Janeiro. A fábrica de Porcelanas Imperial é nacionalizada e renomeada Fábrica Estatal de Porcelana. 1° de Maio. Primeira parada militar bolchevique. Petrogrado é decorada por artistas de vanguarda. 5 de setembro. A Tcheka desencadeia o Terror Vermelho ( entre 1918 e 1923 cerca de duzentas mil pessoas são mortas). No mesmo dia são fundados os Svomas (Ateliês de Livres de Arte) em Moscou congregando a Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou e a Escola de artes industriais de
1905 1917 Guerra so -
RusJaponesa
9 de Janeiro. Greve geral em São Petersburgo. 22 de Janeiro. Domingo sangrento, massacre de uma manifestação pacífica de trabalhadores em São Petesburgo. Estabelecimento da DUMA e sistema multi-partidário na Rússia que logo foi anulado pelo Tsar
20.
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10 de Março. Artistas (Púnin, Ródtchenko, Tátlin, entre outros) se manifestam para que a arte se desvincule do Estado e fundam o movimento Liberdade para as Artes. 1° de Junho. Fechamento da maior parte dos museus de arte em petrogrado. 7 de Agosto. União de artistas na Galeria Tretiakóv declara a proteção dos monumentos como prioridade absoluta. S e t e m b r o . Obras de arte são evacuadas do Museu Hermitage para Moscou.
Ar te e Fenomenologia
23 de fevereiro. Operárias de Petrogrado em greve vão às ruas pedir por “Pão e paz” . O governo ordena que o exército as reprima, mas as tropas se rebelam e a cidade entra em caos. 27 de fevereiro. Primeira Revolução 2 de Março. Cossacos entram na insurreição e o Tsar Nikolai II abdica. Governo provisório, a primeira composição. 7 de Março. Prisão de Nikolai II e sua esposa Aleksandra. 4 de Abril. Lênin desembarca na Estação da finlandia em Petrogrado e apresenta para os Bolcheviques as “teses de Abril” com o famoso slogam “Todo poder aos sovietes”
A g o s t o Lênin retorna à finlândia para fugir à prisão. 7 de Outubro. Lênin retorna a Russia ilegalmente 25 de Outubro. Tomada do palácio de Inverno e deposição do Governo provisório. 26-27 de Outubro. Lênin anuncia a formação do novo governo no II° Congresso dos Sovietes de toda a Rússia, à revelia de todos os outros partidos. 27 de Outubro. Os sovietes proclamam a desapropriação das terras e o cessar fogo com a Alemanha. 17 de Novembro. Eclode a Guerra Civil entre os bolcheviques e os contra - revolucionários. D e z e m b r o Criação da Tcheka (Órgão Militar e de segurança Armada do Partido Bolchevique) e dos comissariados para os Sovietes
1918 J a n e i r o . Declaração dos direitos dos trabalhadores e dos explorados aprovada pelo lll° Congresso soviético. 3 de Março. Assinatura do tratado de Brest-Litóvsk com a Alemanha, finalizando a guerra. 5 de março. Transferência da capital da Rússia de Petrogrado para Moscou, no mesmo dia o partido Bolchevique é renomeado partido comunista. 17 de Julho. A família imperial é executada em Ecaterimburgo. 31 de Agosto. Segundo atentado contra Lênin.
1° de Outubro. Pegoskhum (Ateliês Livres de Arte de Petrogrado) são nomeados Svomas (Ateliês Livres de Arte) de Petrogrado. O u t u b r o . Visita de Walter Gropius ao Svomas de Moscou. 7 de Novembro. Primeiro aniversário da revolução de outubro. Artistas decoram as cidades. Maiakóvski estréia. O mistério bufo em Petrogrado. Morte de Olga Rozánova. 11 de Novembro. Aberta a Escola de Arte para o Povo em Vítebski sob direção de Marc Chagall.
14 de Abril. Maliévitch e seu grupo de alunos na escola em Vítebski criam a Associação de Autores na Nova Arte (Unovis) M a i o Fundado Instituto de Cultura Artística (Inkhuk), sob direção em Kandínski, em Moscou. J u l h o . É formado o novo setor de política educacional do Narkompros, Glavpolitprovest. A g o s t o . Naum Gabo e Aton Pevsner definem o surgimento do Construtivismo por meio do Manifesto Realista. S e t e m b r o . Svomas são reorganizados nos Ateliês Superiores Técnico-Artísticos do Estados: Vkhutemas. Os edifícios educacionais estavam localizados em Moscou.
1919
5 de Outubro. Icorporação do Proletkult ao Narkompros. 7 de novembro. Apresentação do espetáculo de massa Tempestade no Palácio de Inverno na Praça do Palácio de Inverno com 6000 figurantes. 8 de Novembro. Tátlin apresenta um modelo para o Monumento à terceira Internacional. Meyerhold funda o seu próprio teatro.
Pavel Novitskiy é nomeado o reitor do Vkhutemas e fica nessa posição até o encerramento da escola. F e v e r e i r o . Maliévitch é demitido como diretor do Glnkhuk. 1° de Dezembro. F e c h a m e n to do Glnkhuk. r
A g o s t o . Vkhutemas são reorganizados e renomeados como Institutos Superiores Técnicos Artísticos do Estado (Vkhutein). 7 de Novembro. Première do filme Outubro, de Serguei Eisenstein, no Teatro Bolshoi, em Moscou. Morte de Ana G u l ú k i n a .
30 de Janeiro. Hitler é nomeado chanceler da Alemanha. 26 de fevereiro. Condenação de Pável Floriênski a dez anos de trabalhos forçados no Gulag. 26 de Dezembro. Morte de Anatoli Lunatchárski. Morte de Nikolai Kuprianov.
Decreto oficial de Stálin proibindo a exibição de arte de vanguarda na URSS.
1926
23 de Outubro. Trótski e Kamennev, fundadores do Partido Bolchevique são expulsos do Politburo.
1927 J a n e i r o . O primeiro número de revista Novi LEF, editada por Maiakóvski. 25 de fevereiro. Artigo 58 é adotado dando carta branca à GPU para prender e executar cidadãos proeminentes resultando na morte de numerosos inocentes. M a i o . URSS rompe relações diplomáticas com Grã-Bretanha. 12 de novembro. Trótski e Kamenev são expulsos do Partido Comunista.
1933
193 18 de Junho. Morte de Máximo Górki. Início do Grande terror por meio dos processos de Moscou: julgamento dos opositores de Stalin. Dentre os julgados e executados estavam Kamenev e Zinoviév.
FIGURA22 : Linha do Tempo Vhkutemas II Acervo Sesc Pompeia, 2018
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3. FACULDADE DE CERÂMICA
2.2.3.2 FACULDADES VKHUTEMAS
1.ARQUITETURA Diante de um contexto de ideais revolucionários de 1917, a formação arquitetônica traz novos requisitos para moradia e espaço público: o coletivo. A proposta comunal socialista fixava um enorme desafio, uma vez que essa nova arquitetura estaria lidando com grandes mudanças necessárias a respeito da Educação e formação de novos valores sociais. Desta forma, a arquitetura aliada às novas tecnologias se tornou uma nova ferramenta de construção social. A geometria dissolve as massas para uma harmonia funcional, gerando uma nova forma de morar e viver. Um grande maquinário social da era moderna, conforme afirmou Lázar Lissítzki, um dos grandes mestres dessa revolução na Arquitetura. Os trabalhos propostos na Faculdade de Arquitetura do Vkhutemas, apresentam um novo espaço público urbano pelas premissas do movimento moderno construtivismo soviético, matriz da arquitetura moderna no século XX, cujas linhas integram paisagens de inúmeras cidades no mundo.
2. FACULDADE DE MADEIRA E METAL A faculdade de madeira e metal são exemplos da proposta de integração pedagógica, baseando-se no caráter complementar dos projetos propostos; alinhava-se estreitamente com a faculdade de arquitetura e muitos alunos cursaram os dois cursos simultaneamente. Mobiliários, luminárias, objetos de usos múltiplos: todos os projetos da oficina atendiam a demandas para a construção de um novo modo de vida coletivo. Projetos conjuntos dos alunos da faculdade de madeira e metal e da faculdade de arquitetura integravam propostas completas.
Em 1920, a faculdade de cerâmica surge a partir de uma proposta do professor de cerâmica Aleksei Vassílievitch Filippov ao reitor do Vkhutemas. Sendo a primeira vez que o ofício foi ensinado em curso de nível superior. A faculdade era composta por três eixos: Disciplinas Artísticas, Tecnológicas e Projetos. Na sua criação artística havia uma variedade de temas, desde vindos das repúblicas da URSS até as linguagens cubistas, futuristas, suprematistas e construtivista.
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2.2.3 A EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA RUSSA
A faculdade de cerâmica do Vkhutemas não apenas desenvolveu a cerâmica como um ofício para transformação do cotidiano, mas também foi uma das que mais estabeleceu relação com as outras faculdades. Conectava-se com a de madeira e metal e a de escultura, em uma proposta inovadora, que renovou o desenho de objetos em todo o mundo.
4. FACULDADE TÊXTIL Dentre todas as faculdades do Vkhutemas, a têxtil foi uma das que mais formou parcerias com a produção industrial soviética. Mestres da tecelagem como Stépanova e Popóva trazem para os ateliês os movimentos e o cubofuturismo. Além do ensino de criação, também foram elaborados conceitos importantes para a produção e o consumo do objeto têxtil, que entendiam como um projeto único envolvendo tecido estampa e roupa. Houveram inúmeras parcerias importantes de produção que foram estabelecidas com indústrias têxteis.
21. FIGURA23 : Vladimir Tatlin monument to the third international II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018
5. FACULDADE POLIGRÁFICA Com origem nos ateliês de Artes gráficas da Escola de Arte Industrial Strôganov, criada em 1903 por Goluchev, a Faculdade de Artes Gráficas foi responsável de uma maneira decisiva para o desenvolvimento de campos que transformara. O design editorial e gráfico da União Soviética se expandiu por todo o mundo através de livros, revistas, cartazes e fotocolagens. Técnicas como litografia, teoria da composição, desenho, xilogravuras, gravura em metal, aquarela e tipografia eram algumas das abordagens de conhecimento. Seus ateliês eram responsáveis por finalizar, imprimir e muitas vezes conceber livros e cartazes.
22. FIGURA24 : Peça da Faculdade de Cerâmica II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018
24. FIGURA26 : Sala de Aula da Faculdade de Tecido II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018
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Ar te e Fenomenologia
23. FIGURA25 : Peça da Faculdade Poligráfica II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018
25. FIGURA27 : Panfleto informativo sobre a Faculdade de Madeira e Metal II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018
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2.2.4 CONTRIBUIÇÃO DA BAUHAUS - 100 ANOS
“ Criemos uma nova guilda de artesãos, sem distinções de classe que erguem uma barreira de arrogância entre o artesão e o artista. Juntos, vamos conceber e criar o novo edifício do futuro, que abrangerá arquitetura, escultura e pintura em uma só unidade e que um dia se erguerá para o céu a partir das mãos de um milhão de operários, como símbolo cristalino de uma nova fé”
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26.
Ar te e Fenomenologia
FIGURA28 : Estudantes reunidos fora do edifício da oficina da Bauhaus, Weimar 1920 ll Carmel Arthur, Judith.
Proclamação da Bauhaus de Weimar, por Walter Gropius, 1919
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2.2.4 CONTRIBUIÇÃO DA BAUHAUS - 100 ANOS
Segundo Will Gompertz (2012), a Bauhaus é uma obra de arte total em que todas as formas de arte se reúnem para realizar uma entidade gloriosa, afirmadora de vida. A idealização do arquiteto Walter Gropius, como criador da Bauhaus, formulava um plano de criação para um novo tipo de escola de arte, em que o objetivo seria equipar a nova geração de estudantes com habilidades práticas e intelectuais necessárias à formação de uma sociedade mais civilizada e menos egoísta. Sua formação seria democrática, coeducacional e não convencional, estimulando os estudantes a encontrar os artistas que existiam em seu interior.
Quanto ao Método, Gropius defendia a preponderância da transmissão de experiências alegando que se um artista ou arquiteto não foi treinado a ter uma Perspectiva do desenvolvimento orgânico da questão, nenhum conhecimento moderno por mais elaborado que seja, pode servir para capacitá-lo à um trabalho criativo. Com a inauguração da Bauhaus em 1919 nasce também o seu propósito que era concretizar uma Arquitetura moderna que assim como a natureza humana, abrangesse a vida em sua totalidade. A mescla entre o “currículo teórico de uma academia de artes” com o “currículo prático de uma escola de artes e ofício”, proporcionou o surgimento de uma comunidade de todas as formas de trabalho criativo, e uma interdependência de um para com o outro. A crítica a formação especializada feita por Gropius foi enfática alegando que essa metodologia não lhe torna compreensível o sentido e a razão do seu trabalho nem a sua relação do mundo como um todo. Esse contexto foi enfrentado pela Bauhaus destacando-se em primeiro plano na formação, desde o início da profissão, a disposição humana entender a vida em sua totalidade. . 44 .
TRABALHO SIMPLES 2.2.4.1 BASE DA FORMAÇÃO
27. FIGURA29 : Diagrama explicativo sobre o curso da Bauhaus II theartstory, Johanes Itten, 2019
1. A metodologia de ensino da escola era composta por uma base teórica sobre textura, cor, aspecto, forma e materiais. Os alunos desenvolviam vários experimentos com elementos formais, composição e práticas. A ligação entre arte e tecnologia era a maneira efetiva de elevação da qualidade do produto. As aulas eram em forma de oficinas de metal, cerâmica, cenografia, marcenaria, vitral, tipografia, pintura mural e arquitetura. Deste modo, como ressalta Carmel Arthur (2001) os estudantes da Bauhaus obtinham na prática as bases para produção artística. Caristi (1997) define Que a Bauhaus conectou dois processos produtivos: o artístico - criativo e o técnico material, buscando a recuperação da qualidade de produtos que eram industrializados ou produzidos em larga escala. 2. Ao entrarem na Bauhaus, os estudantes frequentavam o curso básico, cujo objetivo segundo cura Caristi (1997) , era integrar os alunos como um todo. Inicialmente o curso base era lecionado por Johannes itten, pintor e professor suíço. Segundo Frampton (2000) , estas aulas se baseavam em libertar a criatividade do aluno para que mais tarde ele pudesse desenvolver melhor a sua habilidade específica. Em seguida, acontecia o curso trienal em que a escola se conectavam com as oficinas, onde aprendiam o modo de executar os objetos concretamente . Em 1926, o atelier de mobiliário foi liderado por Marcel Breuer. Na sua produção estavam mesas e cadeiras Leves, de aço tubular, práticas e econômicas. Conforme expõe Frampton (2000), o principal objetivo das aulas práticas era manter a conexão entre o conhecimento teórico dos materiais e do processo de produção com o conhecimento operacional da técnica.
Ar te e Fenomenologia .
DOMÍNIO TÉCNICO CRIAÇÃO FORMAL DOMÍNIO ECONÔMICO 28. FIGURA 30: Diagrama explicativo sobre base de formação da Bauhaus II Bárbara Clares
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“Um método de abordagem que nos permita tratar um problema de acordo com suas condições peculiares. Quero que o Jovem arquiteto seja capaz de encontrar seu próprio caminho, quaisquer que sejam as circunstâncias que ele crie independentemente formas autênticas, a partir de condições técnicas, econômicas e sociais a ele dadas, em vez de impor uma fórmula aprendida a um ambiente que talvez exija uma solução completamente diversa” Proclamação da Bauhaus de Weimar, por Walter Gropius, 1919
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2.2.4.2 ANÁLISE BAUHAUS DESSAU
A Bauhaus foi pensada de maneira que explorava bem os sentidos, mas não intencionalmente com embasamento fenomenológico, uma vez que o debate a respeito da temática dentro da arquitetura começa a ser levantado por volta de duas décadas depois da construção da escola. Mostrando-se então à frente de seu tempo, a Bauhaus Dessau possui detalhes discretos que vão além do funcionalismo puro. . .
CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES 29.
FIGURA 31: Auditório da Bauhaus Dessau II Carmel - Arthur, Judith.
ESPAÇOS PARA ENSINO +HABITAÇÃO PARA ESTUDANTES ESCOLA E OFICINAS ASSOCIADAS ÁTRIOS DE CONVIVÊNCIA
CONEXÕES
MATERIAIS APARENTES
VISIBILIDADE
I
LUZ E SOMBRA
“EDIFÍCIO PASSARELA”
30.
FIGURA 32: Professores Bauhaus Dessau II Carmel Arthur, Judith.
CONEXÕES VISIBILIDADE
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FIGURA 33: Sala de Exposição na Bauhaus ll Carmel Arthur, Judith.
Ar te e Fenomenologia
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31.
I
LUZ
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Conexões A ligação entre os blocos se dá pelo Edf. Passarela, de modo que a parte administrativa da escola se concentrava nessa etapa. Quanto às circulações verticais e horizontais possuem finalidade estritamente funcional.
Materialidade Em relação a técnica construtiva, a Bauhaus Dessau foi construída no auge do movimento moderno. Se apropriando do sistema racional e das novas tecnologias da época e utilizando materiais como concreto, aço e grandes planos de vidro.
Dimensão
PLANTA BAIXA TÉRREO
O dimensionamento dos espaços de ensino se configuram de maneira que as salas de aula tradicionais eram menores em área do que os ateliês e oficinas, porém havia uma relação de proximidade entre a escola técnica e as oficinas. Havia uma certa relação de proximidade entre as salas tradicionais e as de criação.
PLANTA BAIXA 1° PAVIMENTO
Visibilidade Dispõe de variações de pés direitos em alguns momentos, porém o que viabilizava essa permeabilidade visual eram os grandes planos de vidro através da transparência das fachadas. Seguindo esse princípio, o bloco principal possui grandes planos de vidro que se abrem para a via mais importante do entorno imediato, o que muda a percepção do espaço tradicional de oficinas “escondidas”, em que o pedestre passa a ter contato visual com as produções da escola.
CONEXÕES
VISIBILIDADE
I
OFICINAS
ATELIÊS
l
LUZ
Luz e Sombra Como característica do modernismo, a estrutura era solta da fachada, o que possibilita a continuidade dos planos de vidro e a relação de luz natural e sombra no interior do edifício.
SALAS CONVENCIONAIS
Cores e Texturas Apesar dro e nal a Branco
PLANTA BAIXA 2° PAVIMENTO
Ar te e Fenomenologia
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de se utilizar dos materiais da época (aço, viconcreto), não se explora de maneira intenciovariação de cores, sendo predominantemente o e os tons escuros dos castilhos das esquadrias.
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2.2.5 THE BLACK MOUNTAIN A Black Mountain foi uma faculdade de artes liberais progressistas fundada em 1933, na Carolina do Norte, Estados Unidos. Durante seu período de funcionamento, (1933-1956) ganhou reputação internacional como “O Centro de vanguarda de arte, arquitetura, literatura, música e dança”. O seu currículo educacional era baseado em uma filosofia pedagógica pragmatista de John Dewey (1879).
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Segundo Jonathan Fischer (2013) a faculdade tornou-se famosa com um retiro para artistas como Franz Kline, o compositor John Cage, o arquiteto Buckminster Fuller, o poeta Charles Olson e tantos outros. A fundação da Black Mountain College tinha uma estreita e objetiva afinidade com os ideais educacionais progressistas. De acordo com Fisher (2013), Dewey(1879) tinha uma marca específica de filosofia política, com ênfase na educação progressiva, que compreendia aprendizagem dos alunos como experiências educativas. .
32.
FIGURA 34: Planta Baixa Black Mountain ll WSJ. Magazine 2019
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FIGURA 35: Residência Estudantil Black Mountain ll WSJ. Magazine 2019
“O processo de expor o aluno a arte é feito de maneira indireta, por exemplo, na hora em que acontecia um curso importante, outras aulas não aconteciam, de maneira que qualquer aluno pudesse se inscrever.” Burlletin ,1934.
Segundo o mesmo documento a maioria das faculdades americanas considera a escola de belas-artes como uma referência de talento. Porém, a exceção de alguns casos, a maioria dos alunos saindo da faculdade sem uma ideia de que participar de arte criativa tem a ver conosco. Os cursos de arte aplicados na Black Mountain não são para artistas mais para pessoas. Arte se tornou o foco havendo uma liberação de poderes pessoais para uma criação original.
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Ar te e Fenomenologia
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34. FIGURA 36: Alunos e Professores BMC ll WSJ. Magazine 2019
35. FIGURA 37: Campus BMC ll WSJ. Magazine 2019
ANOS 30
Fundada no outono de 1933 por John Andrew Rice e Theodore, a instituição procurou educar os alunos através dos estudos, experiências e vivendo em uma pequena comunidade, adquirindo conhecimento e vivendo em comunidade. Nos primeiros oito anos as aulas aconteciam pela manhã e à noite e o programa de atividades ocorriam à tarde. Para entretenimento havia dança depois do jantar e peças de teatro e consertos dos alunos no final de semana. Em 1933 Josef Albers artista professor e sua esposa Ami Albers, Designer Foram para black Mountain Para ensinar. A presença deles foi fundamental para o desenvolvimento acadêmico da escola.
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2.2.5 THE BLACK MOUNTAIN
36. FIGURA 38: Geodésia ll WSJ. Magazine 2019
ANOS 4 0
Em 1941, a faculdade passou para o seu próprio Campos, a construção Do edifício principal foi feita por alunos e professores.Os anos de guerra trouxeram grandes dificuldades, sendo muito jovens recrutados para guerra. Em 1944 foi realizada a primeira das sessões especiais de verão nas artes. O Instituto de música de 1944 fez uma celebração do 70º aniversário de Arnold Schoenberg E trouxe para o campus os principais intérpretes da música do compositor. Na primavera de 1949, após um ano de dissensão do triste conflito, Joseph e Anne Albers e Theodor entre outros professores renunciaram.
Ar te e Fenomenologia
37. FIGURA 39: Alunos do curso de Dança ll WSJ. Magazine 2019
ANOS 50
A partir de 1949 a comunidade existente na black Mountain College Estava fraturado e precisava levantar fundos e rezar minar os objetivos da faculdade. Em 1951 o poeta Charles Olson, que lecionou um fim de semana por mês para o ano de 1948 e 1949, retornou do Yucatán para ensinar e permanecer a figura dominante até o fechamento da faculdade.
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2.3 ESCOLAS DE ARTE NO RECIFE 2.3.1 A BELAS ARTES Instituída por artistas como Murilo Lagreca e Baltazar da câmera, foi a primeira instituição voltada para a formação artística no Estado de Pernambuco. No período de 1932 a 1946 a escola foi fundada para ser um local voltado para o estudo de conhecimentos artísticos, seguindo os parâmetros da Escola Nacional de belas-artes. Suas atividades tiveram início em 15 de julho de 1932, na rua Benfica, 150, bairro da Madalena. Apenas após 13 anos de atividades é que é belas-artes de Pernambuco ganhou reconhecimento federal, passando a emitir diplomas válidos por todo Brasil. Em 1976 a escola é extinta ao se juntar Universidade Federal de Pernambuco dando lugar ao atual CAC (centro de artes e comunicação) , que hoje contempla os cursos de letras, comunicação, dança, artes visuais, arquitetura, música, teatro, biblioteconomia e audiovisual.
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A Academia Imperial de Belas Artes foi implantada no Brasil pela Missão Francesa em 1808, (VALE, 1998, p. 349) afirma que esta missão “[...] caracterizou-se pela diversidade de atividades de seus membros, tendo em comum a especialização profissional [...]”. Para que esta formação fosse implantada, inicialmente, como material didático, “a Missão trouxe consigo 54 quadros ingleses e franceses, destinados a darem início a uma pinacoteca. Podemos ver nestes acontecimentos o desejo de se montar na antiga colônia, todo o aparato laico de relações arte - sociedade, diversos ligados à colônia (VALE, 1998, p. 349). Para Silva (1998), a vinda da Missão Artística Francesa significou o início da construção de um modo de adoção de padrões estéticos segundo os moldes europeus, em contraposição à tradição anterior, denominada como Barroco, e fundadora, a partir daquele momento, de um novo formato de produção artística no Brasil.
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38. FIGURA 40: Escola de Belas Arte de Pernambuco ll BARBOSA, Virgínia. Escola de Belas Artes de Pernambuco. Pesquisa Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, 2019.
Escola superior de Ar te e Design
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2.3.2 LICEU DE ARTES E OFÍCIOS
O liceu de Artes e ofícios faz parte do sítio histórico da Praça da República. Em 1880 o edifício é inaugurado para abrigar a sociedade dos artistas mecânicos e liberais de Pernambuco, que reunia profissionais ligados às artes e oferecia aos interessados aulas de desenho, arquitetura, aritmética e primeiras letras. O início do convênio com a Secretaria de Educação foi por volta dos anos 80, passando a funcionar como uma escola filantrópica, mantida pela Unicap, instituição ligada à Companhia de Jesus. A Unicap através de convênio firmado com a Secretaria de Educação de Pernambuco, passa a receber os professores da rede. Segundo Bielinski (2009), A pretensão da SPBA¹ com a instituição do Liceu era quebrar a dicotomia: bacharelismo versus analfabetismo e implantar um segmento intermediário de estudo que permitisse o exercício profícuo e digno de uma profissão nos diversos ramos das chamadas artes industriais ou artes menores. Visava, também, estimular o talento e as habilidades dos alunos-operários através do ensino artístico aplicado às artes e ofícios, e aperfeiçoado como desenho industrial,. Assim sendo, as artes se propagaram, e, conseqüentemente, uma nova estética nos produtos brasileiros acabaria por alavancar a elementar indústria do país tornando-a competitiva no mercado em geral. O edifício possui uma arquitetura colonial, com grandes salas de aula e espaços bem delimitados, pés direitos altos, e as aberturas seguem um ritmo padrão, com esquadrias arqueadas e a fachada rebuscada com uma série de ornatos, uma imponente escadaria de acesso e um telhado tradicional da época coberto por platibanda também trabalhada com ornamentos.
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“O homem que concebeu a idéia deste instituto criou para o seu país um mundo novo. Nos anais do progresso brasileiro a justiça lhe assegura um lugar entre os grandes descobridores, entre os antecipadores imortais do futuro.Vós conheceis a Odisséia desta loucura sublime”. Rui Barbosa, O Desenho e a Arte Industrial, p.11.
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Ar te e Fenomenologia
39.
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SOBE
SOBE
SOBE
SOBE
SOBE
SOBE
SOBE
SOBE
Planta Baixa-Térreo 01
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Planta Baixa-Pavimento 1 01
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35
PLANTA BAIXA TÉRREO Liceu de Artes e Ofícios
10
10
PLANTA BAIXA 1° PAVIMENTO Liceu de Artes e Ofícios
Ar te e Fenomenologia
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Atualmente em pernambuco, existem algumas escolas que se relacionam a arte e ao design espalhadas pelo estado , assim como a Belas Artes e o antigo Liceu de Artes e Ofícios tiveram importante papel, são estas (A, B,C,D,E) as escolas que trazem vizibilidade para a artedo estado atualmente. D
A
E B
Apesar da abordagem específica da arte de cada escola citada, há uma necessidade de uma nova abordagem que consiga unir a metodologia de ensino acadêmico à prática. Atualmente o Liceu de Artes e Ofício pertence à Universidade Católica de Pernambuco, que já possui projetos de intervenção para o edifício. Destacando-se então o valor arquitetônico adquirido ao conjunto da Escola Superior de Artes e Design estando conectada à um projeto de restauração que será executado e possui imensurável valor cultural e patrimonial. Veremos a seguir na análise territorial que a edificação (Liceu de Artes e Ofício) não será incorporado à proposta do anteprojeto mas será levada em consideração quanto ao contexto, visto sua relevancia ao entorno.
C 40. FIGURA 41: Mapeamento das Escolas de Arte da Região metropolitana do Recife ll Google earth, tratado pela autora. 2019.
A - CEN TRO DE AR TES E COMUNICAÇÃO B - INST IT UT O DE AR TE CON TEMPORÂNEA C - LAL U ACADEMIA DE AR TES D - OFICINA DE ATORES E - UNIVERSIDADE C ATÓLICA DE PERNAMBUCO
Ar te e Fenomenologia
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Escola superior de Ar te e Design
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........ 3
3.0 ANÁLISE TERRITORIAL 3.1 ÁREA DE ESTUDO O bairro de Santo Antônio, localizado na cidade do Recife - PE encontra-se na RPA1 e pertence a Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPH). Por estar localizado em uma ilha, é delimitado pelas águas do Rio Capibaribe, no bairro de Santo Antônio, que totaliza uma região de 81 ha que equivale a 80.3036.1075 m², possuindo 285 habitantes. Com base em análises feitas anteriormente para a disciplina de Urbanismo II , pode-se chegar a conclusão que a área possui forte identidade. Encontra-se ao todo oito tipos arquitetônicos distintos e apesar da predominância ser do tipo porta e Janela, o que mais identifica o local são os edifícios singulares de uso institucional, que são responsáveis em transmitir o senso de lugar da área. Contudo, é importante ressaltar que mesmo a área tendo forte identidade, boa vegetação e boas alternativas de transportes, a população não se apropria do lugar. Isso se dá porque esses edifícios singulares possuem uso apenas institucional, e as praças do entorno não possuem vitalidade, não estimulando as pessoas a utilizarem essa área como ponto de encontro. Dentre os edifícios singulares, o único que se encontra sem uso é o Liceu de Artes e Ofício.
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Ar te e Fenomenologia
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41. FIGURA 42: Vista Satélite da área ll Google Earth, Tratado pela Autora.
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VISTA DO DIAGRAMA X
6 54
3 2
AV. DANTAS BARRE TO
1
RU A DO SOL
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Ar te e Fenomenologia
Diagrama que ilustra a roposta de remenbramento dos lotes 1 a 5 , que se tratam de edificações abandonadas e estacionamentos .
Escola superior de Ar te e Design
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3.2 ASPÉCTOS HISTÓRICOS
O território estudado possui uma carga significativa da história da cidade, revelando diferentes fases do processo de urbanização do Recife. Com a chegada dos conceitos modernos, a área em questão sofreu uma mudança drástica na sua forma de ocupação, passando de uma região predominantemente residencial para um setor de comércio e serviços, devido a mudança da população dos centros para os subúrbios.
Sendo assim é possível identificar três fases de urbanização da cidade. Sendo a primeira delas a Urbanização tradicional, que é o início do desenvolvimento das áreas centrais, fenômeno que ocorreu na cidade do Recife no final do século XIX e início do século XX. A segunda fase, sub-urbanização, se caracteriza pelo esvaziamento das áreas centrais afastadas do centro, que passa a funcionar predominantemente como comércio e serviço, tendo assim um maior crescimento das regiões suburbanas. Atualmente estamos observando a consolidação da terceira fase, a desurbanização, que se qualifica com o esvaziamento das áreas monofuncionais. Pode-se dizer que o bairro de Santo Antônio está localizado no “coração da cidade” cercado por vias de grande importância, como por exemplo a Rua do Sol e a Av. Dantas Barreto que se caracteriza um dos mais importantes corredores de transporte público da Região Metropolitana. Nesse sentido, é importante destacar inicialmente que o objetivo da escola superior de arte é permitir a consolidação desse senso de apropriação da população. Tomando medidas como conectar os corredores importantes existentes na Rua do Sol e na Av. Dantas Barreto. 42. FIGURA 44: Processo de Urbanização ll Turma de Urbanismo 2 , 2018.1
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
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Escola superior de Ar te e Design
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3.3 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA A partir da análise dos mapas previamente feitos para a disciplina de Urbanismo II é possível declarar que a multimodalidade do local é bastante diversa e positiva. A área em estudo possui vias urbanas que comportam pedestres, automóveis, e transporte coletivo, bem como eixos locais, que disponibilizam modalidades para pedestres e automóveis. Outro ponto a ser exposto é que a região adjacente à área de estudo é um eixo metropolitano, que liga a cidade entre pontos extremos, com uma oferta bastante densa de transporte público. Além disso, grande parte da área possui uma boa caminhabilidade, com calçadas conservadas, percursos contínuos e com um conforto ambiental agradável, proporcionado pelo sombreamento da vegetação presente. Entretanto, é válido ressaltar que a região, apesar de conter uma ciclofaixa em uma de suas vias, e um para-ciclo do Itaú, que contribuem positivamente na cidade, por se tratar de um transporte limpo e sustentável, infelizmente, esse meio de locomoção é restrito até certo ponto da área. Assim, a ciclofaixa termina, e os ciclistas se veem obrigados a compartilhar a via com os carros, motos e ônibus, o que traz certa insegurança aos usuários.
........ ........ ........
Entretanto, é possível afirmar que a variedade de transporte na área é bastante favorável, o que contribui com a conectividade da região, tornando a cidade mais ativa.
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43. FIGURA 45: Conjunto de Fotos da área ll Vasconcelos 2019
Guilherme
Escola superior de Ar te e Design
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44. FIGURA 47: Mapa de Usos ll Unicap, 2018.1
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Ar te e Fenomenologia
Turma de Urbanismo 2,
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3.4 ASPECTOS LEGISLATIVOS A área de análise se encontra no bairro de Santo Antônio que está localizado em uma Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPH) que está subdivida em duas partes, o Setor de Preservação Rigorosa (SPR) e o Setor de Preservação (SPA). Cerca de 95% das quadras da área estão dentro da SPR porém há uma pequena parcela que faz parte da SPA. A SPR atende a requisitos especiais enquanto a SPA também atende aos requisitos espaciais e a parâmetros das Zonas Especiais de Centro ZECP.
SPA MAN
ZE
ZEPH SPR
Os parâmetros referentes a ZECP estão na tabela abaixo: As edificações com até 2 pavimentos poderão colar em 2 das divisas laterais e/ou de fundos, obedecendo às seguintes condições: A) I - Quando colar em 2 divisas laterais , deverão manter um afastamento mínimo de 3 metros da divisa de fundos; II - Quando colar em uma divisa lateral e uma divisa de fundos, deverão manter um afastamento mínimo de 1,50m da outra divisa lateral; III - A altura total das edificações coladas nas divisas laterais e/ou de fundos não poderá exceder a gota de 7,50m cota esta medida a partir do nível do meio fio. B) As edificações com mais de dois pavimentos poderão colar em 2 das divisas laterais e/ou de fundos, os dois primeiros pavimentos, se houver, desde que atendido o disposto no item anterior. C) Para as edificações com até 2 pavimentos, quando não colarem nas divisas laterais e/ou fundos e apresentem vãos abertos, o afastamento mínimo para as respectivas será de 1,50m. D) Para as edificações com mais de 2 pavimentos, quando não colarem nas divisas laterais e de fundos o afastamento mínimo para os dois primeiros pavimentos será de 1,50m. Na área de análise o que existe hoje é uma predominância de edifícios singulares de uso institucional e por fazer parte da história do recife são preservados. Observa-se também a predominância de edifícios com gabaritos de dois à cinco pavimentos dando caráter mais horizontal a área.
45. FIGURA 49: Mapa de Legislação ll mo 2, Unicap, 2018.1
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
Turma de Urbanis-
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4
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Escola superior de Ar te e Design
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As referências projetuais adotadas tem algumas caractarísticas também encontradas em outros projetos analisados anteriormente. Esse embasamento permitirá chegar às diretrizes projetuais que irão direcionar o anteprojeto.
4.1 ESCOLA DE ARTE DE MANCHESTER, A Escola de Arte de Manchester celebrou em 2013 seu aniversário n° 175. É uma das instituições mais antigas do seu gênero no Reino Unido. Sendo fundada no século XIX para manter esta região no mercado internacional e assim, apoiar o desenvolvimento da indústria regional. Seu principal enfoque é reduzir a distância entre a Universidade e a vida profissional. O novo edifício celebra a relação de distintas disciplinas de arte e desenho, que anima os estudantes do século XXI a trabalharem junto aos demais e desfrutar da mistura de estilos ao invés de concentrar-se sempre nas diferenças. . . .
ARQUITETOS Feilden Clegg Bradley Studios LOCALIZAÇÃO Cavendish Street, Manchester, Greater Manchester M15, Reino Unido ARQUITETOS RESPONSÁVEIS Feilden Clegg Bradley Studios ÁREA 17320.0 m² ANO DO PROJETO 2013
46. FIGURA 51: Conjunto de Fotos Escola de Manchester ll Hufton+Crow, ArchDaily Brasil, Acessado 28 de Maio 2019.
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Escola superior de Ar te e Design
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Conexões As conexões internas são feitas por passarelas e circulações verticais que aliadas a variação de pé direito possibilitam maior permeabilidade visual entre os espaços, que causam sensações variadas no usuário conforme sua composição.
Materialidade A leveza da estrutura metálica adotada como técnica construtiva, utiliza a estrutura exposta com uso de vidro e placas metálicas no seu revestimento. Internamente o uso do concreto aparente e alguns revestimentos de madeira ressaltam os diferentes tipos de texturas.
PLANTA BAIXA TÉRREO
Dimensão O dimensionamento dos espaços de ensino desse projeto se configuram de maneira que todas as salas de aula são grandes ateliês e salas de criação.
Visibilidade Com uma enorme abertura frontal, o edifício é também uma obra imponente, produto que mostra o trabalho de todos que passam por ali. A disposição de pavimentos por lâminas alternadas possibilitam uma relação de visibilidade oblíqua onde uns conseguem ver os outros em diferentes pontos, de maneira que salas e oficinas também se integram.
Luz e Sombra
CONEXÕES
PLANTA BAIXA 1° PAVIMENTO
A estrutura metálica independente possibilita uma maior liberdade em relação às aberturas proporcionando uma dinamicidade correspondente à luz natural e sombra no interior do edifício.
Cores e Texturas
VIZIBILIDADE I LUZ E SOMBRA
Quanto a cores e texturas, devido a diversidade de materiais explorados no projeto, encontra-se uma pluralidade de cores desses materiais que despertam os sentidos como visão e o tato por causa das texturas.
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
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4.2 PRAÇA DAS ARTES O projeto da praça das artes se enquadra em situações adversas com espaços mínimos, faixas de terrenos comprimidos por construções preexistentes, em que os critérios para o seu desenvolvimento são ditados pelas dificuldades. Segundo afirmação do próprio escritório sobre o projeto, o que os leva a uma escolha e decisão conceitual é a sua compreensão do espaço resultante de fatores sócio-políticos ao longo de muitos anos - ou séculos - de formação da cidade. Se, por um lado, o projeto deve atender à demanda de um programa de diversos novos usos ligados às artes musicais e do corpo, deve também responder de maneira clara e transformadora a uma situação física e espacial preexistente, com vida intensa e com uma vizinhança fortemente presente. Mais ainda, deverá criar novos espaços de convivência a partir da geografia urbana, da história local e dos valores contemporâneos da vida pública.
47.
FIGURA 52: Praça das Artes ll
Nelson Kon 2017.
48.
FIGURA 53: Praça das Artes ll
Bárbara Clares 2018.
. . .
ARQUITETOS Brasil Arquitetura LOCALIZAÇÃO Av. São João, 281 - Centro São Paulo SP, Brasil AUTORES Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz + Luciana Dornellas ÁREA 28500.0 m²
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ANO DO PROJETO 2012
Escola superior de Ar te e Design
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Conexões As soluções adotadas são feitas por passarelas e circulações verticais que aliadas a variação de pé direito possibilitam maior permeabilidade visual entre os espaços, que causam sensações variadas no usuário conforme sua composição.
Materialidade Um conjunto de edifício em concreto aparente pigmentado é o elemento principal que estabelece um novo diálogo, tanto com os remanescentes integrantes do conjunto como com a vizinhança. Essa exposição de texturas possibilitam a indução de experiências específicas em cada usuário.
CONEXÕES DIMENSÃO
Dimensão A proporção das aberturas brinca com a percepção do observador, que tem interpretações diversas estando fora ou dentro da edificação. Outro ponto em destaque está relacionado ao dimensionamento das salas de música, dança e criação que posuem área maior em m² do que ambientes de salas de aula tradicionais.
49. FIGURA 54: Praça das Artes Vista interna ll Nelson Kon 2017.
Visibilidade No que diz respeito a disposição de pavimentos, lâminas alternadas permitem uma relação de visibilidade oblíqua entre os andares, essa integração visual possibilita uma forte diversidade de interpretações.
Luz e Sombra A multiplicidade das aberturas oferecem particularidades na maneira como luz natural permeia o interior do edifício, induzindo de maneira subjetiva o percurso dos usuários.
Cores e Texturas O uso específico de concreto aparente pigmentado limita quanto ao uso de cores, porém possui uma singularidade quanto às texturas que promovem possibilidades de sensações conforme o usuário explora o edifício.
CONEXÕES VIZIBILIDADE I LUZ E SOMBRA
Ar te e Fenomenologia
................
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Escola superior de Ar te e Design
91
5
92
........ ........ ........
................
Escola superior de Ar te e Design
93
5.0 A proposta As diretrizes para a Escola Superior de Arte e Técnica, visam conectar os objetivos, os temas da conceituação temática e o entorno para a geração de um edifício que atenda a demanda acadêmica dos estudantes e professores, mas também da população em geral.
5.1 DIRETRIZES PROJETUAIS A conceituação temática somada às análises do território e precedentes projetuais permitiram chegar à parâmetros de como a fenomenologia pode influenciar na produção artística e acadêmica e de como essa relação reverbera positivamente para a cidade. O estudo do território nos mostra o contexto favorável dos precedentes históricos da área, o que foi determinante para a escolha do terreno. Tendo em vista essa composição, as diretrizes para a evolução projetual são:
1. Criar conexões através de rampas e passarelas internas e externas, estimulando e induzindo a circulação o usuário pelo edifício atendendo questões de acessibilidade segundo a NBR-9050/2015.
51.
FIGURA 56: Diagrama 2 Diretrizes ll
Bárbara Clares.
2. A lógica dos espaços seguirá o entendimento da fenomenologia como estratégia projetual, utilizando diferentes materiais e texturas, controlando a entrada da luz e elementos da arquitetura capazes de estimular a produção artística e criativa acadêmica.
3. Criar uma modulação que permita trabalhar a variação na proporção das aberturas de todas as fachadas, criando grandes aberturas de modo que o observador tenha interpretações espaciais diversas estando fora ou dentro da edificação e potencializando a integração e permeabilidade física e visual do entorno.
50.
94
FIGURA 57: Diagrama 3 Diretrizes ll
Bárbara Clares.
4. Concentrar as salas de criação voltadas para as fachadas norte e leste, voltadas para a Praça da República e Av . Dantas Barreto respectivamente.
53.
FIGURA 58: Diagrama 4 Diretrizes ll
Bárbara Clares.
5. Criar espaços de convivência que se conectem com a cidade
54. 52.
FIGURA 55: Diagrama 1 Diretrizes ll
FIGURA 59: Diagrama 5 Diretrizes ll
Bárbara Clares.
Bárbara Clares.
95
PRÉ DIMENSIONAMENTO I QUADRO DE ÁREAS CURSOS
PROGRAMA ESPECÍFICO
SENTIDO EXPLORADO ÁREA m²
Design Interiores Ateliê de Criação
100
lab Informática
80
Publicidade e Propaganda lab TV 8 lab Áudio
0 8
lab Edição
........ ........ ........
5.2 PROGRAMA
REMEMBRAMENTO DOS LOTES
0 80
Agência Experimental
150
Ateliê de Criação
100
Design de Produto lab Informática
80
Design de Moda Ateliê de Modelagem
150
Ateliê de Costura
150
Ateliê de Criação
150
Ateliê de Desenho
150
Ateliê Tec. (Laser, 3D, Ploter)
150
Arquitetura e Urbanismo
lab Informática
80
Escritório Modelo
150
Oficina
200
Marcenaria e Prototipagem Ateliê de Criação
80
Artes Cênicas/ Cinema Studio Gravação
8
65 4 3
0
Ateliê Cenografia
200
Ateliê Sonoplastia
100
Ateliê Performace
100
Auditório
400
Ateliê de Performace
100
2
Dança Auditório
1000
Música Studio de Gravação
8
0
Studio de Instrumentos
8
0
Cabines de Treinamento
1
0
AV. DANTAS BARRETO
1
Artes Plásticas Ateliê de Plástica
100
Ateliê de Escultura
100
Ateliê de Desenho
100
Coordenação Geral
80
Coordenação por curso
30
Necessidades Gerais
Secretaria 3
0
Tesouraria 6
0
Recepção
60
Vestiário
200
Biblioteca
1300
Refeitório
800
Salas de Estudos
60
Salas tradicionais 12
HABITAÇÃO ESTUDANTIL P MÓDULOS FEMININOS MÓDULOS MASCULINOS D MÓDULOS MISTOS
ROGRAMA ESPECÍFICO
720
QUANTIDADE
De 4 a 6 pessoas
15 de 80m²
1200
e 4 a 6 pessoas
15 de 80m²
1200
11 de +/- 120m²
1200
De 6 a 10 pessoas
RUA DO SOL
281 Pessoas Estacionamento área total
96
5000 16400
Escola superior de Ar te e Design
97
ZONEAMENTOS Memorial Descritivo Arte e Fenomenologia como metodologia para o desenvolvimento do anteprojeto da Escola Superior de Arte e Design no centro do Recife.
O projeto foi desenvolvido com base metodológica na fenomenologia e exploração dos sentidos humanos conforme o usuário tem as suas próprias experiências com o espaço. Inicialmente a proposta explora os aspectos da fenomenologia aplicada à arquitetura, utilizando estratégias de conexão entre o campo artístico à Arquitetura. A área de intervenção está localizada no Bairro de Santo Antônio, localizado na cidade do Recife - PE, encontra-se na RPA 1 e pertence a Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural (ZEPH) na parcela de SPA da quadra. Conforme o diagrama ilustra, o terreno escolhido é uma proposta de remembramento dos lotes de 1 a 6, que se trata de edificações abandonadas, deterioradas e estacionamentos.
ZONA EDUC ACIONAL
ZONA COM PART ILHADA
ZONA HAB ITACIONAL
A conceituação temática somada às análises do território deram base à precedentes projetuais que permitiram chegar a parâmetros de como a fenomenologia pode influenciar a produção artística e acadêmica e de como essa produção pode reverberar positivamente para a cidade.
ZONA ADMINISTR ATIVA ZONA DE ABSTR AÇÃO
O desenvolvimento do projeto se dá inicialmente pela distribuição do programa dividido em 5 zonas (zona escolar, zona compartilhada, zona habitacional, zona de abstração e zona administrativa). Conforme a necessidade de entendimento da exploração dos sentidos, o segundo passo foi o zoneamento de todas as zonas conforme a necessidade de mais ou
98
Ar te e Fenomenologia
menos estímulo dos sentidos. Sendo de maneira clara a zona escolar, a zona compartilhada e a zona de abstração as maiores demandas de fluxo de estímulos, em concordância com as atividades desenvolvidas. A partir disso iniciou-se um estudo de implantação, concentrando-se em todo o térreo os usos de compartilhamento da escola com a cidade. Próximo a Rua do Sol elevou-se todo o volume do solo em Pé direito duplo, criando um grande pórtico de entrada à quadra, que logo de esquina tem um restaurante e uma grande praça central. O acesso pela Av. Dantas barreto leva a uma galeria expositiva e auditório, como apoio dos trabalhos dos próprios alunos e eventualmente eventos locais. Os acessos da rua Ulhoa Cintra levam a zona de habitação estudantil e a zona de abstração que tem salas recreativas e usos de descontração. Em todos os acessos foram trabalhadas aberturas que levam à praça central e conectam de maneira fluida às vias da cidade. Baseando-se nas diretrizes projetuais estabelecidas inicialmente, foram trabalhados cheios e vazios nas lâminas e jardins internos. O fechamento das salas criativas foi cuidadosamente tratado para que houvesse permeabilidade visual entre a sua relação com as fachadas, tanto as voltadas para a praça central, quanto as voltadas para a circulação visível da rua. O sistema estrutural em concreto e laje cabacinha somados a variações dos cheios e vazios e a pele metálica que ora compõem a fachada, constituem o jogo de materialidade intencionalmente para explorar os sentidos, trazendo dinamicidade ao projeto.
Escola superior de Ar te e Design
....... ....... ....... 99
5.3 ESTUDOS DA FORMA
Os testes de estudos volumétricos partiram sempre de recortes feitos à volumetria extrudada do terreno. A partir dai foram feitos recortes que interligavam a preexistência das linhas de força da própria malha urbana com variações das diretrizes projetuais, tomadas como partidos projetuais. Nos testes 01, 02 e 03, foram levadas em consideração as diretrizes 1,4 e 5 , visando estabelecer relação entre elas. Nos testes 04,05 e 06, o enfoque foi nas diretrizes 2,3 e 4 .
TESTE
01
TESTE
04
Em todas as situações observou-se que havia coerência entre as conexões feitas entre as diretrizes , mas ainda faltava uma melhor relação com o entorno. No sétimo teste, a tentativa de conciliar ao máximo todas as diretrizes projetuais levou à um resultado diferente de todos os anteriores , e supriu todas as necessidades tanto relacionadas ao contexto urbano, quanto ao conteúdo programático. O passo a passo das medidas tomadas serão explicados a seguir.
100
TESTE
02
TESTE
05
TESTE
03
TESTE
06
Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
101
102
Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
103
CIRCULAÇÃO
A circulação Vertical foi desenvolvida para que cada uma das 05 zonas em que a Escola atende possuísse a própria torre de circulção com escada de emergência e elevadores. Somados a essa solução, tem-se o jogo de escadas externas no pátio central, que permitem uma integração e contato maior entre alunos, professores e usuários do edifício enquanto percorrem os pavimentos pela circulação horizontal voltada para dentro do pátio. A escada central em estrutura metálica gera maior leveza em contraste com as torres de circulação em concreto aparente.
Circulação Vertical
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
105
MEMBRANA METÁLICA
.
CONCEPÇÃO
.1
1. A solução adotada para proteção solar das fachadas foi feita por uma menbrana metálica.
.2
2. A membrana é composta por placas metálicas que somadas formam o desenho da fachada como um todo. O ritmo de espaçamento e dimensão dessas placas foi desenhado a partir das aberturas dos edifícios do entorno. 3. Levando em consideração a verticalidade das aberturas dos edifícios, chegou-se a uma média de um padrão que se repete em algumas edificações. A partir dele foram desenhadas mais 2 variações de abertura.
.3
.4
4. A disposição dessas aberturas na membrana se dão conforme a necessidade de iluminação de acordo com o uso interno, além de que, propositalmente, na maioria das aberturas elas não coincidem exatamente ao pavimento. Essa variação gera percepções diversas aos sentidos dos usuários tanto intena quanto externamente. 5. Resultado final de um recorte feito na Fachada Norte
.5
106
Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
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D'
B'
A
BRT
AV. DANTAS BARRETO
B
RUA ULHÔA CINTRA C' N
C
Planta Baixa - TÉRREO
D
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
RUA DO SOL
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
A'
RUA ULHÔA CINTRA
Maiores detalhamentos feitos na planta em escala 1:200 anexa ao livro.
108
Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
109
110
Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
111
Ar te e Fenomenologia
D'
D'
A
B
N
Planta Baixa - PRIMEIRO PAVIMENTO
C C'
D
C'
D
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
B'
B'
B
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
Planta Baixa - PRIMEIRO PAVIMENTO
o
N
A'
Vazi
112
A'
Escola superior de Ar te e Design
113
B'
C'
Ar te e Fenomenologia
D'
B'
Planta Baixa - SEGUNDO PAVIMENTO
A'
A
B
Administração Biblioteca 13.80m²
N
C
Planta Baixa - SEGUNDO PAVIMENTO
C'
D
N
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
B
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
114
A'
Escola superior de Ar te e Design
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Ar te e Fenomenologia
D' B
A
C'
C
Planta Baixa - TERCEIRO PAVIMENTO C'
D
N
D
Planta Baixa - TERCEIRO PAVIMENTO
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
B'
D'
B'
B
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
N
A'
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
116
A'
Escola superior de Ar te e Design
117
Ar te e Fenomenologia
D'
D' B
A
N
Planta Baixa - QUARTO PAVIMENTO
C'
C
C'
D
Planta Baixa - QUARTO PAVIMENTO
A'
D
N
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
B'
B' B
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 118
A'
Escola superior de Ar te e Design
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Planta Baixa - QUINTO PAVIMENTO C'
Ar te e Fenomenologia
D' A'
B
A
N
Planta Baixa - QUINTO PAVIMENTO
C
C'
D
N
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
B'
B'
B
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 120
A'
Escola superior de Ar te e Design
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Ar te e Fenomenologia
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Planta Baixa - SUBSOLO ESTACIONAMENTO
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Ar te e Fenomenologia
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
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Corte AA'
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
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Detalhe Estrutural
Laje Cabacinha Pilar circular em Concreto 2r = 50cm Piso Elevado placa Pisoag: Com dimensões nominais de 600x600x33mm.
Detalhe Estrutural
Forro em gesso liso 50x50cm
Laje Cabacinha Pilar circular em Concreto 2r = 50cm Piso Elevado placa Pisoag: Com dimensões nominais de 600x600x33mm.
Pele em placa metálica perfurada
Forro em gesso liso 50x50cm Pele em placa metálica perfurada
Parede em alvenaria
Parede em alvenaria
Viga estrutural em concreto 20x30cm
Viga estrutural em concreto 20x30cm
Detalhe Estrutural
Detalhe Estrutural
Corte BB'
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Ar te e Fenomenologia
Escola superior de Ar te e Design
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Membrana de Absorção Módulo Aveolar Membrana de Absorção Membrana de Absorção
Módulo Aveolar
Substrato
Módulo Aveolar
Ralo
Substrato Substrato
Ralo Regularização
Regularização
PVC ( 100 Detalhe Tetomm) Jardim Cano PVC ( Cano 100 mm)
Ralo Regularização Cano PVC ( 100 mm)
Detalhe Teto Jardim
Detalhe Teto Jardim
Detalhe Teto Jardim Detalhe Teto Jardim
Detalhe Teto Jardim
Corte CC'
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Corte DD'
Ar te e Fenomenologia
Corte DD'
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Ar te e Fenomenologia
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Fachada Norte 0
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Ar te e Fenomenologia
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Ar te e Fenomenologia
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0
Fachada Leste - Av. Dantas Barreto 9m 0 Fachada Leste -3 Av.6 Dantas Barreto
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Fachada sul - Rua Ulhôa Cintra 6 9m 3 Fachada sul 0- Rua Ulhôa Cintra
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6
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0
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3
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6
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Elevação Pátio Central Sul
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3
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Fachada Leste 0
Elevação Pátio Central Sul Elevação 0Pátio Central Sul 9m 6 3
Fachada Leste Fachada Leste 3 6 9m 0
Elevação Pátio Central - Norte Elevação Pátio Central - Norte 3
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Elevação Pátio Central - Norte
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6.0 Considerações Finais
A Escola Superior de Arte tem a importante função de formar seres humanos com habilidades de criação aflorada, cujas intervenções influenciarão diretamente a nossa sociedade. A proposta tem em seu uso, junto a Fenomenologia, o cuidado de explorar os detalhes nos ambientes e espaços para que estes possam ser percebidos de forma mais sensitiva pelo seus usuários e contextualizando o edifício com o seu entorno, resultando na mescla entre programa (Escola de Arte e Técnica) e conceito (Fenomenologia), ajudando a atingir estes objetivos. Por fim, ressalto a importância de se pensar em ambientes acadêmicos de qualidade, sobretudo e principalmente se tratando de espaços utilizados para aprender e produzir arte. A arquitetura e Arte caminham juntas e aliar o imaginário criativo à espaços que possibilitam experiências ímpares torna cada detalhe, cada linha e cada traço que colocaremos das pontas dos nossos lápis no papel sejam vivenciados e transformados em novas artes.
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“Nossos esforços visavam descobrir uma nova postura que deveria desenvolver uma consciência criadora dos participantes para finalmente levar uma nova concepção de vida” Walter Gropius, 1919.
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7.0 LISTA DE FIGURAS
Lista de Figuras FIGURA 1 : Discóbolo, c. 450 a.C. Cópia romana em mármore da original de bronze de Myron II A história da arte, Gombrich E.H , pág 91. FIGURA 2 A arte na cidade do Recife II Bárbara Clares. FIGURA 3 Linha do tempo arte e cultura Pernambucana II Bárbara Clares. FIGURA 4 Localização do Terreno II Fonte: Google Earth, editado pela autora. FIGURA 5 Diagrama explicativo sobre a Conceituação Temática II Bárbara Clares . FIGURA 6 Leonardo da Vinci Estudos anatômicos II A história da arte, Gombrich E.H , pág 294. FIGURA 7 : Ulisses reconhecido por sua velha ama, século V a.C. II A história da arte, Gombrich E.H , pág 95 FIGURA 8 : Linha do Tempo sobre aspectos fenomenológicos II Bárbara Clares . FIGURA 9 : Diagrama sensações e Experiências Humanas II Bárbara Clares . FIGURA 10 : Diagrama Fenomenologia II Bárbara Clares. FIGURA11 : Sesc Pompéia II Bárbara Clares 2018. FIGURA12 : Sesc Pompéia II Pedro kok . FIGURA13 : Sesc Pompéia II Pedro kok . FIGURA14 : Sesc Pompéia II Pedro kok. FIGURA15 : Croqui Capela de Santo Inácio II Em foco: Steven Holl , Archdaily, 2019. FIGURA16 : Capela de Santo Inácio II Em foco: Steven Holl , Archdaily, 2019. FIGURA17 : Capela de Santo Inácio II Em foco: Steven Holl , Archdaily, 2019. FIGURA18 : Diagrama de Critérios de Análise II Bárbara Clares . FIGURA19 : Diagrama ilustrativo sobre a definição de Arte II Bárbara Clares. FIGURA20 : Diagrama ilustrativo sobre a definição de Técnica II Bárbara Clares. FIGURA21 : Linha do Tempo sobre a relação entreArte e Técnica II Bárbara Clares FIGURA22 : Linha do Tempo Vhkutemas II Acervo Sesc Pompeia, 2018 FIGURA23 : Vladimir Tatlin monument to the third international II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018 FIGURA24 : Peça da Faculdade de Cerâmica II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018 FIGURA25 : Peça da Faculdade Poligráfica II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018 FIGURA26 : Sala de Aula da Faculdade de Tecido II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018 FIGURA27 : Panfleto informativo sobre a Faculdade de Madeira e Metal II Acervo Sesc Pompeia,São Paulo 2018 FIGURA28 : Estudantes reunidos fora do edifício da oficina da Bauhaus, Weimar 1920 ll Carmel Arthur, Judith. FIGURA29 : Diagrama explicativo sobre o curso da Bauhaus II theartstory, Johanes Itten, 2019 FIGURA 30: Diagrama explicativo sobre base de formação da Bauhaus II Bárbara Clares FIGURA 31: Auditório da Bauhaus Dessau II Carmel - Arthur, Judith. FIGURA 32: Professores Bauhaus Dessau II Carmel Arthur, Judith. FIGURA 33: Sala de Exposição na Bauhaus ll Carmel Arthur, Judith. FIGURA 34: Planta Baixa Black Mountain ll WSJ. Magazine 2019 FIGURA 35: Residência Estudantil Black Mountain ll WSJ. Magazine 2019 FIGURA 36: Alunos e Professores BMC ll WSJ. Magazine 2019 FIGURA 37: Campus BMC ll WSJ. Magazine 2019 FIGURA 38: Geodésia ll WSJ. Magazine 2019 FIGURA 39: Alunos do curso de Dança ll WSJ. Magazine 2019 FIGURA 40: Escola de Belas Arte de Pernambuco ll BARBOSA, Virgínia. Escola de Belas Artes de Pernambuco. Pesquisa Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, 2019. FIGURA 41: Liceu de Artes e Ofício ll Amanda Câmara Lima FIGURA 42: Vista Satélite da área ll Google Earth, Tratado pela Autora. FIGURA 43: Conjunto de Fotos da área ll Bárbara Clares 2019 FIGURA 44: Processo de Urbanização ll Turma de Urbanismo 2 , 2018.1 FIGURA 45: Conjunto de Fotos da área ll Guilherme Vasconcelos 2019 FIGURA 46: Mapa de Gabarito ll Turma de Urbanismo 2, Unicap, 2018.1 FIGURA 47: Mapa de Usos ll Turma de Urbanismo 2, Unicap, 2018.1 FIGURA 48: Mapa de Caminhabilidade ll Turma de Urbanismo 2, Unicap, 2018.1 FIGURA 49: Mapa de Legislação ll Turma de Urbanismo 2, Unicap, 2018.1 FIGURA 50: Situação em Escala ll Bárbara Clares FIGURA 51: Conjunto de Fotos Escola de Manchester ll Hufton+Crow, ArchDaily Brasil, Acessado 28 de Maio 2019. FIGURA 52: Praça das Artes ll Nelson Kon 2017. FIGURA 53: Praça das Artes ll Bárbara Clares 2018. FIGURA 54: Praça das Artes Vista interna ll Nelson Kon 2017. FIGURA 55: Diagrama 1 Diretrizes ll Bárbara Clares. FIGURA 56: Diagrama 2 Diretrizes ll Bárbara Clares. FIGURA 57: Diagrama 3 Diretrizes ll Bárbara Clares. FIGURA 58: Diagrama 4 Diretrizes ll Bárbara Clares. FIGURA 59: Diagrama 5 Diretrizes ll Bárbara Clares. FIGURA 60: Programa e Dimensionamento ll Bárbara Clares.
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8.0 REFERÊNCIAS
MONTANER, Josep Maria. A condição contemporânea na arquitetura. 1a. Ed. Gustavo Gili, 2016. WERNECK, Clara C.. A arquitetura de resistência de Peter Zumthor: fenomenologia, lugar e experiência. 2017. Disponível em: <https://issuu.com/clarachahinwerneck/ docs/a_arquitetura_de_resistencia_de_zth>. Acessado em 3 de Março de 2018. ZUMTHOR, Peter. Pensar a Arquitetura. 1a. Ed. Gustavo Gili, 2009. PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele. 1a. Ed. Bookman, 2011. PLOT. Entrevista a Steven Holl. 33a. Ed. Piedra, Papel & Tijera, 2016. PLUMER, Henry. La arquitectura de la luz natural. 1a. Ed. Blume, 2009. BIELINSKI (2003), p.188. Estatutos da Sociedade Propagadora das Belas Artes, capítulo II. GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1993. MORRIS, William. Lavoro utile fatica inutile. Donzelli editore, 2009. RUSKIN, John. A economia política da arte. Rio de Janeiro: Record, 2004.
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RUBINO, Silvana; GRINOVER, Marina (org.). Lina por escrito. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
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