sima2016

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Edição 10 Anos

SIMA

MAGAZINE

2016 ACNUR

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

AGNUR Assembleia Geral das Nações Unidas Guerra Civil Síria

CSNU Conselho de Segurança das Nações Unidas

Revista

Sustentável


EDITORA: Luísa Giffoni DESIGN: Barbara Bruna

CONTEÚDO: Toda Equipe e Participantes da SIMA 2016


Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos.

Santo Agostinho


DÉCIMA EDIÇÃO DA SIMA INICIA COM GRANDES REFLEXÕES A X SIMA contou com presenças ilustres em sua abertura, trazendo, para os participantes de 2016, a inspiração para torná-la inesquecível. A cerimônia de abertura ocorreu no Pilotis, nesta quinta-feira (8), às 18:30, com a presença de um grande e caloroso público. Com a mediação de Alessandra Caixeta, a abertura da SIMA se iniciou com palavras do diretor Eldo Pena Couto sobre a completude do Colégio Magnum. Por conseguinte, Tiago Ávila discursou filosoficamente mostrando as reais diferenças entre desejos e vontades, citando Immanuel Kant. Além deste, Matheus Lara, depois de ser ovacionado de pé pelos diretores, mostrou como sua trajetória no mundo esportivo o tornou preparado como é.

Iniciando a segunda parte da noite, Vítor Costa, professor de Sociologia, incitou uma reflexão sobre as várias faces do terrorismo. Por meio deste, se criou uma discussão fundamentada no pensamento de como atos extremistas devem ser combatidos e de que forma o olhar preconceituoso sobre os povos do Oriente Médio abala o contato com esses. Em seguida, a aluna Ana Clara Sampaio, do 9º Ano, autora do Projeto Discursos Diretos, apresentou textos de vítimas do preconceito religioso e pensamentos sobre a visão maléfica que se têm do Islamismo, assunto que será abordado nos comitês desse ano.


Para encerrar, Bernardo Nicolau, diretor da VI SIMA, proferiu palavras sobre como o evento o ajudou a desbravar o seu eu interior. Depois, Fernanda Rocha, diretora da V SIMA, mostrou que a realidade é feita para que as pessoas consigam retirar o seu melhor para se fortalecer e amadurecer. Por fim, Vítor, diretor da I SIMA, relacionou as soluções para os problemas mundiais aos jogos, visto que se deve lutar para tornar os sonhos possíveis, sem desistências. Os momentos finais contaram com sentenças de amor que Alessandra Caixeta cultiva pelos alunos participantes do evento e o ressoar do malhete de Eldo, que tornou oficial a abertura da X SIMA.

por Maria Antônia Santiago e Júlia Galibaldi

Delegados da CSNU na abertura da SIMA na última sexta-feira, 9 de setembro.


Entrevistado: Tiago Ă vila (coordenador geral)


Entrevistadora: O que você teria a mencionar sobre as últimas SIMAs? Tiago: Bom, eu já acompanho tem um bom tempo e a cada ano percebo a qualificação cada vez maior dos representantes e alunos que vêm estudando muito e o que me chamou a atenção (...) nas últimas SIMAs é como o público do nono ano está ficando mais presente, mais ativo. Então, o modelo, como um todo, vem amadurecendo nos últimos anos. Isso vem me chamando a atenção.

Entrevistadora: conte-me sobre uma experiência difícil que você passou em antigas simulações. Tiago: Quando eu participei pela primeira vez – ainda como estudante –, a SIMA ainda não existia. Então, eu participei de um modelo externo que é a Mini ONU da Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG). E, pra mim, na verdade não foi um momento difícil. Pra mim, foi uma “venção” à barreira pessoal que era a timidez. Eu era muito tímido, tive que trabalhar muito na timidez pra virar, inclusive, o profissional que eu sou hoje – que é professor. E eu tinha muita vergonha de falar em público, então, para mim, vencer a barreira dos primeiros discursos foi o mais difícil. Mas depois fluiu muito bem. Depois que eu criei coragem pra falar as duas, três primeiras vezes e que eu vi que eu tive respostas e as pessoas foram dialogando comigo, eu me senti muito à vontade e a coisa fluiu naturalmente. Mas, entrar em um comitê pela primeira vez com 15, 16 anos e vencer essa barreira pessoal muito forte que eu tinha, pra mim foi muito desafiador.


Entrevistadora: O que você espera da décima edição da SIMA? Tiago: Em um aspecto de gestão do evento, eu espero que ocorra bem. O evento é muito bem organizado, então, (...) é muito improvável qualquer problema. Isso já vem acontecendo nos últimos anos transcorrendo de forma muito legal, então, espero que continue assim. O que eu espero é (aí é uma expectativa e uma alfinetada nos representantes) que eles conduzam os comitês de forma prática e que não produzam propostas de solução vagas. Que eles efetivamente consigam encontrar soluções práticas; que eles consigam encontrar quem vai financiar, verificar, aplicar, quem vai arcar com as responsabilidades pra que as propostas de resolução tentem ser verdadeiramente efetivas e não meramente empurrem pra reuniões futuras do próprio comitê. Isso eu acho que é um grande desafio. É difícil e nem todos os comitês em anos anteriores foram bem-sucedidos nisso. Se esse ano todos os comitês conseguirem alcançar esse nível de proposta de resolução, vai significar um sucesso muito grande por parte dos participantes.

Entrevistadora: Por que você gosta de atuar nesse tipo de evento?

Tiago: Bom, o crescimento acadêmico pessoal é sempre muito bemvindo. Todo ano, eu oriento guias de assuntos que eu não conheço totalmente, então, sempre tenho que ler coisas novas sobre isso e acabo aprendendo muito e isso é muito positivo. E permite uma interação muito boa com todos os alunos. É um ambiente um pouco diferente – um pouco, não, um ambiente bem diferente da sala de aula –, então, eu vejo como vários estudantes, que às vezes eu não conheço tão bem em sala de aula, se desenvolvem em um ambiente diferente. E isso é muito gratificante. Eu vejo alunos superando as mesmas barreiras que eu superei, então, isso é muito prazeroso.


Entrevistadora: Como você acha que os alunos que estão simulando podem se beneficiar no meio acadêmico e social, dando ênfase no tema de cada comitê? Tiago: No aspecto social, acho que o benefício é óbvio. Você interage com turmas (...) de salas diferentes, então, uma pessoa que às vezes passa do seu lado do corredor que você nunca conversou, vai ter a oportunidade de conversar dentro do comitê. (...) Já vi muitas amizades surgindo aqui. Inclusive, além de amizade, muitos flertes (risos) surgem também. É um ponto positivo que tem que aproveitar mesmo. No aspecto acadêmico, eu vejo muito pela trajetória dos ex-alunos: como que muitos, ao se envolverem, ganham gosto, aprendem o modelo e conseguem depois, na faculdade, desenvolver pesquisas com temas afins, inclusive que podem ter penetração internacional e podem ser publicadas ou apresentadas em congressos do mundo inteiro. Tudo isso relacionado com os temas que eles foram descobrir, pela primeira vez, com uma simulação aqui no Colégio Magnum. Então, acho que o ganho acadêmico é positivo e ele se expressa ao máximo depois que a pessoa sai do colégio (se na faculdade ele continua envolvido em discussões parecidas). Entrevistadora: Você vê muita diferença entre a Mini ONU e a SIMA?

Tiago: a Mini ONU já foi o maior modelo da América Latina. Como ele ficou muito grande, (...) isso gerou um público muito heterogêneo. Às vezes, os comitês não tinham muita consistência, mas é um modelo bem organizado. Hoje, eu acho que o nível dos comitês da SIMA é semelhante e (...) até superior ao dos comitês da Mini ONU, que continua sendo um bom modelo, mas acho que a SIMA atingiu um nível de excelência significativo também.


A INEXPLICÁVEL AGNU: OS DOIS LADOS DA MOEDA por Rodrigo Matarelli Durante os debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, foi criado um documento determinando as diretrizes de atuação da ONU na Guerra Civil Síria. Os delegados, por quase duas sessões presos no primeiro tópico da agenda, propuseram colocar a Síria, um Estado falido, como membro do conselho de segurança da ONU. Todavia, o pedido foi negado, visto que grande parte do território sírio está sob controle do Estado Islâmico. A proposta, mesmo que refutada, ainda é absurda. A questão da soberania do país árabe também foi debatida, criticando a falta de poder na tomada de decisões sobre seu território. Sugeriram no Plano de Ação, como solução, que o combinado de países eleitos arbitrariamente nas discussões atuasse em território sírio apenas com a autorização e moderação de Damasco, tópico que foi descartado na votação. Mais um absurdo. É dessa forma que a ONU realiza suas ações sob o controle de grandes potências econômicas, intervindo em países periféricos, sem opção de escolha. Aconteceu no Iraque, Kuwait e está prestes a acontecer na Síria. Sem a última palavra, e com o poder de decisão nas mãos do CSNU, o país árabe tem agora, além do Estado Islâmico, mais um inimigo a temer.


DEMOCRACIA NA SIRIA: ELA REALMENTE EXISTE? por Maria Giulia e Clara Lessa

O segundo dia de simulações no comitê da Guerra Civil Síria (AGNU) foi repleto de decisões. No começo da manhã de sábado, as dicussões tiveram tiveram como pauta o fim do Estado Islâmico e também a apresentação e votação de um plano de ação. Além disso, ocorreram debates sobre os tópicos da agenda, que foram decididos na noite anterior com dificuldade. Antes do coffe break, todo o comitê se envolveu em uma discussão de grande importância: o Estado Islâmico. Além disso, os Estados Unidos foram acusados, pelos delegados libaneses, de fornecer armamento para a guerra de terror. Essa crítica fez com que a potência em questão cancelasse o apoio dentro da Síria, atitude que foi vista como infantil pelos chineses. Ademais, a Síria, grande protagonista dessa discussão, foi reprimida quanto à sua soberania e foi considerada, pelo delegado canadense, como inferior à da mesa. Nesse dia, também, contou-se com a formulação do plano de ação em combate ao Estado Islâmico, que teve de ser alterado diversas vezes, sendo necessárias novas propostas de emenda. Os principais países da discussão apresentaram posicionamentos contrários, o que gerou um retardo na continuação da simulação. A Síria também recebeu críticas intensas em relação ao governo de Bashar Al Assad. Grande parte das delegações discordaram da ideia de democracia apresentada pelo país, dizendo que, na verdade, o governo era autoritário e, quiçá, uma ditadura. Por conseguinte, foi apresentada a ideia de um governo rotativo. Sendo assim, pode-se afirmar que o sábado foi mais produtivo em relação ao dia anterior, visto que diversas propostas foram decididas. Por fim, as delegações conseguiram discutir o primeiro e o segundo tópico da agenda , o que trouxe grande alívio para todo o comitê.


MODA

Estampas e o minimalismo por Jade Rodrigues

Listras, poás, xadrez, floral. Com a força que o minimalismo ganhou nos últimos tempos, as estampas ficaram um pouco de lado. Entretanto, na SIMA X as delegadas apresentaram maestria em como adotar a padronagem e, ainda assim, ficarem atualizadas. Dentre elas, pode-se destacar o vestido listrado, as blusas com estampa étnica e de corações que, combinadas com peças pretas, garantem a simplicidade e elegância ao fazer a famosa e perfeita junção do branco e preto. Um outro modo de usar as estampas foi harmonizá-las com um ponto de cor na roupa, como foi feito com o blazer vermelho pela delegada da Finlândia, Mariana Maia.


Gravatas no centro das atenções Todos os anos, as roupas usadas pelos delegados na Sima são um espetáculo à parte. A formalidade dos looks é combinada com as tendências da época e uma pitada de estilo próprio. Este ano, as gravatas estão no centro das atenções. Os delegados que aderiram a essa moda conseguiram quebrar com a seriedade do terno ao optar por gravatas com tons chamativos e estampas diferentes. Um exemplo dessa variedade são as listras, que sempre estão presentes, elegantemente, no universo da moda. Essa opção, clássica e estilosa, conseguiu criar um visual elegante e moderno.


CAPACETES AZUIS X RETIRADA DA URSS: O embate que liderou as discussões do CSNU por Luísa Giffoni e Maria Antônia No segundo dia de simulação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o debate não se iniciou de forma organizada, apesar de três agendas terem sido criadas na sexta-feira. A lista de oradores se apresentou cheia e heterogênea, o que proporcionou diversas discussões acerca da bipolaridade entre as grandes potências - EUA e URSS - e seus respectivos regimes. Foi evidente a concisão nos argumentos dos delegados, sobretudo, soviéticos, que refutaram, a todo momento, as acusações de que seu regime socialista está sendo imposto ao povo afegão. Nesse sentido, falta de harmonia decorreu da insatisfação dos governos soviético e indiano diante do suposto financiamento norte americano, chinês, francês e italiano às tropas extremistas - mujahidins - e das delegações contrárias à URSS, que acusaram esse país de um plano imperialista com a finalidade de impor o regime socialista em um país frágil politica, social e economicamente. Outro assunto muito discutido foi o desejo dos países contrários a URSS em substituir o exército soviético pelos “Capacetes Azuis” (forças de manutenção da paz das Nações Unidas) para garantir a ordem e a segurança no Afeganistão de forma imparcial. Na sequência, a discussão se problematizou no autorreconhecimento da China como imparcial para resolver a questão e chegar a um consentimento correto e eficaz. Entretanto, muitas delegações discordaram de seu discurso, o que dificultou a concretização da paz.


Crise migratória fora das simulações por Clara Bastos e Bruna Carvalhais

SIMA se preocupa em debater temas de grande relevância mundial. Nesse caso, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR, tem o objetivo de apoiar e proteger os refugiados de todo o mundo. Entretanto, os refugiados são, frequentemente, confundidos com simples imigrantes pelas populações locais. É importante ressaltar que o refugiado é aquele que se encontra fora de sua terra natal, sem a possibilidade de volta, devido a algum tipo de perseguição. A Síria, atualmente, é o país em que há o maior fluxo de emigrantes. Entretanto, países como Afeganistão, Eritreia e Kosovo enfrentam o mesmo problema, seja por motivos de guerra ou por crises políticas. Os cidadãos, que deixam seus países ilegalmente, passam por situações de risco e vivem em condições precárias, que podem resultar, muitas vezes, na morte.

Países europeus, em geral, querem limitar esses fluxos migratórios, alegando a falta de recursos financeiros e a dificuldade em recebê-los, seja por fatores demográficos, geográficos ou sociais. Segundo a Anistia Internacional, embora exista uma visão de que a Europa seja o principal receptor de refugiados, os destinos mais procurados são os países vizinhos - Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. O tema também será discutido na Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 19 de setembro deste ano, a fim de estabelecer compromissos para intensificar os sistemas de proteção aos emigrados. Tal discussão é de extrema relevância para que os membros cheguem a um acordo que definiria a melhor aplicação dos direitos dos refugiados.




CHARGES por Fernanda Siqueira



ENTRETEN IMENTO por Luísa Giffoni ENTENDA OS CENÁRIOS E CONTEXOS COM OS MELHORES FILMES E DOCUMENTÁRIOS GUERRA DO AFEGANISTÃO (1979-1989)

GUERRA CIVIL SÍRIA

LIFE ON THE BORDER

REFUGIADOS NA EUROPA REFUGIADOS O DOCUMENTÁRIO


AGRADECIMENTOS A produção dessa revista só foi possível graças ao esforço coletivo dos alunos, professores e funcionários, que juntos fizeram do evento um marco na educação e formação humana de cada um. Agradecemos à coordenadora Alessandra Caixeta, por apoiar essa nova proposta e se disponibilizar a todo momento em prol do funcionamento do projeto, aos alunos que redigiram as matérias e colaboraram se envolvendo com compromisso e seriedade e ao colégio Magnum pela iniciativa de criar melhores alternativas para o aprendizado do aluno.


“Semear ideias ecológicas e plantar sustentabilidade é ter a garantia de colhermos um futuro fértil e consciente”. Silvado Filho

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