Voz Portuguesa

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Jornal Da Comunidade Portuguesa Na África Do Sul / Portuguese Community Paper of South Africa

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Director Dr. Fernando S. Capão

Ano 6 Número 76

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Julho 2010

Uma ilha secular de um povo peregrino e aventureiro

Q

Os muitos milhares de portugueses da Pérola do Atlântico sabem muito bem disso, porque o sentem na carne e na alma, tantas vezes dolorida e acabrunhada.

uando celebramos um facto histórico, quase sempre ignoramus a realidade que o rodeia, ou, pelo menos, tiramoslhe muito da sua contextualidade. Dia da Madeira, em si mesmo pouco dirá aos que ouvem soar os significantes, pois a mensagem profunda aponta para uma maior dimensão que envolve pessoas, emoções, vivências, necessidades e interesses. Falar sobre o DIA DA MADEIRA, neste caso especifico, torna-se contrário à minha natureza genético-cultural, pois embora seja tão português, como qualquer um dos nossos compatriotas da Madeira, como um transmontano, alfacinha ou funchalense, não nasci no remanso daquela celestial terra, nunca a visitei, infelizmente, e não absorvi, pelo contacto quotidiano, a cultura rica e exuberante de que se pode orgulhar o seu povo.

Por isso, neste dia em que celebramos o DIA DA MADEIRA ou da REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA, rendemos a todo este povo espalhado pelo mundo da Emigração, vasto, complexo diverso e intrincado, a homenagem de respeito e admiração que lhe tributamos. Sabemos quão atribulada se mostra a vida dos que procuram no estrangeiro, longe da terra-mâe dos amigos e tantas vezes da familia melhoras meios de vida para` si e os seus, em especial, para os filhos para quem querem futuro promissory e mais alto e conhecemos os obstáculos implicados neste processo, quantas atitudes corajosas e abnegadas e dolorosas.

Pela história que comungamos, pela lingua que nos identifica, pela coragem que possuimos e pela alma que nos anima na luta de todos os dias, todos sabemos que somos genuinamente PORTUGUESES e herdeiros da existência histórico-cultural que nos liga e une. O conhecimento desta Ilha pode situar-se ainda antes de os Portugueses a terem encontrado, pois nos primeiros anos de 400 já um frade mendicante espanhol referiu no seu Libro del Conocimiento ( 1348-1349 ) onde as Ilhas são referidas pelos nomes de Leiname, Diserta e Puerto Santo. Sabemos que os contactos dos portugueses, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, foram seguidos pelos dois navegadores e Bartolomeu Perestrelo em 1419 e em 1423, por inicitiva de D.João I ou do Infante D. Henrique, procedeuse ao seu povoamento em sistema de capitanias doadas aos três descobridores. Por razões económicas o Infante para acorrer às enormes despesas acarretadas pelo plano de descoberta e expansão, aceitou o plano de povoamento e aproveitamento do muito fertil das Ilhas, plano que provou ser proveitoso,

Porque temos um conhecimento quase aproximado da justeza da sua sutuação, seriamos injustos e ingratos se calássemos estes sentimentos.

porque posteriormente ali foram. Construidos caberia em muitos e bem recheados volumes usados nas viagens transoceânicas. e, certamente, que traria aos nossos espiritos casos de verdadeiras odisseias, tragédias Terra de bom solo e com abundância de água que nos encheriam de orgulho e também de era propicio à agro-pecuária e nesse campo se tristezas proivocadoras de lágtimas bem notabilizou. peadas e angustiantes. Mas saberiamos, Com uma população actual de cerca de 250 igualmente, de verdadeiros milagres de mil pessoas e incapaz de dar condições de coragem, de fé, de amor, dedicação e vida a todos os seus habitantes, o êxodo altruismo. Emigrar não é decisão fácil de ermigratõriorio registou-se para diversos tomar, mas, sobretudo, não é pontos do Mundo, particularmente, África do situação agradável de viver. Os sacrificios Sul, Venezuela, Austrália, Brasil, Estados que envolve, as privações que exige, as Unidos, e Europa. Na África do Sul, fala-se renúncias que dita, as saudades que ferem e em cerca de 300 mil portugueses da Madeira, as memórias que matam, constituem peso mais, portanto, dos que residem nas Ilhas demasiado pesado para a débil alma estratégicas do Atlântico. A história excitante humana, para o espirito « deste bicho da terra e cheia de coragem, sucesso e fracassos da tão pequenos ». emigração do povo português das Ilhas, não

Diáspora madeirense na África do Sul No passado, as correntes migratórias dos povos europeus seguiam, na maioria, o movimento aparente do Sol no sentido nascente poente. Quando se chegava à costa oeste da Peninsula Ibérica, surgia uma grande barreira intransponivel : o mar. Entao ficava-se por ali ou circulava-se de volta ao centro da Europa. Com a arte de navegar em pleno desenvolvimento, surge a possibilidade de se continuar a expandir, ideia que cresce e se impoe e nao faltam os candidatos a essa viagem que nós os madeirenses da diaspora pelo mundo fora julgamos ser os fieis depositarios desse espirito aventureiro e arrogante que herdámos

dessas gentes do continente europeu que por algum tempo tinham ficado ali retidas. O desejo de emigrar do madeirense já vem de nascença, corre-nos no sangue e alerta os traços geneticos ligados a esses clãs antigos errantes, inconformados que nao sabem bem donde partiram. O primeiro porto-seguro alémmar foi a Iha da Madeira que com o andar dos tempos se tornou pequena para conter esse espirito de expansão. No século XVI, apos a estabilização do povoamento da Madeira tivemos um grande contingente de soldados madeirenses a combater nas praças militares do norte de África, e cedemos os primeiros mestres da indústria açucareira ao Brasil, Nos séculos seguintes, para onde mais se emigrou

foi para o Brasil e algumas ilhas das Caraibas ate que em 1835 começou a grande revolução da emigração madeirense com a primeira leva de naturais da ilha para Demerara, colónia inglesa entre o Brasil e a Venezuela, donde regressaram os primeiros emigrantes com capitais que aplicaram fortemente na compra de propriedade. Outrora, o homem rico da Madeira era aquele que era dono de muitas terras. Os relatos historicos mencionam ser no ano de 1872 a chegada dos primeiros emigrantes madeirenses ao Cabo da Boa Esperança, ou simplesmente o Cabo como o povo apelida esta terra. É claro que a guerra anglo-boer que só terminou am 1902 este recanto de África não foi muito cobiçado pelos emigrantes. Na verdade o primeiro relato que ouvimos dum madeirense e por volta de 1900

Que este dia seja para todos os Portugueses um dia de alegre celebração, particularmente com os nossos irmãos da MADEIRA, unidos nos mesmos sentimentos de fraternidade, coesos na mesma identidade, emocinados pelos desejos de um Portugal Maior e mais consolidado nas bases da sua origem e uma Região Autónoma da Madeira fiel ao seu passado, coerente com a sua história e tradições seculars. Com a sua experiência rica e única no mundo emigrante, este rincão paradisiaco pode ser um livro aberto de exemplos e modelos para todos os que andamos peregrinando pelo Mundo da Diáspora. VIVA A REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA E O SEU POVO TRABALHADOR , EMPREENDEDOR E CORAJOSO! se bem que houvesse outros mais antigos que desconhecemos. Um nosso patricio natural do Loreto, Arco da Calheta, António Roque Gomes, trabalhava numa vacaria na área de Brits juntamente com os boers fazendeiros. Foram cercados por tropas, presos e alguns fusilados. O nosso conterrâneo fingiu-se morto, escondendo-se no meio dos outros cadaveres para para, para na escuridão da noite fugir com exito. Refugiou-se em Moçambique e dali vai para os Estados Unidos. Com a formação da União Sul Africana em 1910, o pais começou a desenvolver-se, sobretudo, na indústria mineira. Na década de 1920-1930 a maior parte dos nossos emigrantes começaram a

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