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CU RSO D E PAT E RN I D A DE R ESP O N S ÁVEL
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O
novo período de licença paternidade, que salta de cinco para 20 dias, é um dos mais importantes avanços de nossa categoria, conquistada durante a Campanha Nacional de 2016. Essa é uma longa luta iniciada com a defesa pela ampliação da licença maternidade, que passou de quatro para seis meses, conquistada na Campanha Nacional de 2009, na Convenção Coletiva de Trabalho. Com a ampliação da licença paternidade, sindicatos de todo o país iniciaram em 2017 o Curso de Paternidade Responsável, voltado aos pais que pretendem ter acesso a esse novo direito. Atualmente, pela CLT, a licença paternidade é de cinco dias. Com a sanção da presidenta Dilma Rousseff, a licença pode ser ampliada em mais 15 dias para trabalhadores de empresas
que participam do ‘Programa Empresa Cidadã’. Para obter o benefício é necessário que o bancário apresente ao banco, até dois dias após o nascimento do bebê, um requerimento solicitando a ampliação da licença e, posteriormente, apresente o certificado de participação do curso. É, portanto, de suma importância, que o trabalhador se programe para obter a certificação antes de o bebê nascer. No Sindicato dos Bancários de Jundiaí e região o curso tem quatro encontros, com duração total de 12 horas. Um grande abraço e parabéns por fazer parte de mais uma conquista histórica da nossa categoria! Diretoria do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região
Sejam muito bem-vind@s ao ‘Curso de Paternidade Responsável do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e região’.
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Sobre a palestrante Flávia Alves, Doula e Jornalista
F
lávia tem 38 anos, é casada e mãe de cinco filhos. Acompanha partos hospitalares, domiciliares e em casas de parto em Jundiaí e região, Campinas e São Paulo. Formada como Doula pelo Grupo de Apoio a Maternidade Ativa – Gama/ SP, em novembro de 2012, ministra os cursos de consultoria em aleitamento materno, pilates para gestantes, shantala para bebês e crianças, e anualmente participa do Siaparto (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto e Nascimento), além de eventos, congressos e reuniões sobre parto humanizado em toda a região de São Paulo e Campinas. É ativista dos direitos da mulher ao parto com respeito; contribuiu para a elaboração da Lei das Doulas na cidade de Jundiaí ao lado do ex-vereador Paulo Malerba. Atualmente trabalha junto a doulas do Estado para a
aprovação de lei estadual que prevê a entrada das profissionais em hospitais públicos e privados de todo o Estado, além da participação no movimento de parto humanizado em Jundiaí, através da Conferência Municipal de Mulheres 2016, em que foi eleita delegada. Participou como formadora do curso de Doulas Voluntárias na cidade de Itupeva, em 2015. Atua como voluntária no grupo de gestantes do Núcleo Casa do Caminho, em Jundiaí, há três anos. Participa de atividades na rede municipal de saúde de Jundiaí. Em 2012, viabilizou duas sessões do filme ‘O Renascimento do Parto’, no Moviecom Cinemas, em Jundiaí, com a participação de profissionais do parto e debate após as sessões. Jornalista formada em 2002 pela Universidade Anhembi Morumbi, atua na agência de comunicação e marketing (Pena Comunicação e Marketing).
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EXPEDIENTE Produção: Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região Filiado à Contraf/Fetec-SP/CUT Presidente: Douglas Yamagata Diretor Responsável: Antonio Cortezani Colaboração: Letícia Mariano Revisão: Tarantina - Assessoria de Imprensa www.tarantina.com.br Diagramação/ Projeto Gráfico: www.capsula.net Organização: Flavia Alves Contato: (11) 4806-6650 Rua Prudente de Moraes, 843, Centro Jundiaí - SP www.bancariosjundiai.com.br
Fontes: • Fundação Maria Cecília Souto Vidigal • Sindicato dos Bancários de São Paulo • Programa Primeiríssima Infância • Organização Mundial de Saúde • Ministério da Saúde
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TEMAS DO CURSO 6 12 14 20 23 26 32 37 40 45 47 52
RELAÇÕES COMPARTILHADAS
COMO O BEBÊ SE DESENVOLVE
O PARTO VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA DOULAS RECEPÇÃO HUMANIZADA AO RECÉM NASCIDO AMAMENTAÇÃO
PÓS-PARTO O PAPEL DO PAI O SONO DO BEBÊ
CUIDADOS E ESTÍMULOS PRIMEIRISSIMA INFÂNCIA
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Relaçþes Compartilhadas
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N
uma sociedade moderna, lutar por homens e mulheres que juntos participem, partilhem, compartilhem suas atividades diárias no lar, significa quebra de paradigma. A casa ou os espaços públicos devem ser ocupados por todos e todas sem distinção, principalmente os espaços de poder. As tarefas domésticas devem ser partilhadas entre o casal. Compartilhar não significa o homem ajudar a mulher, significa uma divisão justa de atividades. As rotinas de lavar louça, passar roupa, cozinhar, educar os filhos são responsabilidades de todos, do casal e de toda a sociedade. O movimento sindical bancário foi pioneiro ao trazer o tema de relações compartilhadas para os debates dos trabalhadores. Desde 2008, uma proposta ousada faz parte das reivindicações: a ampliação para seis meses também da licença-paternidade que deve ser usufruída pelos homens após o retorno da esposa ao trabalho. Além de garantir um período maior de cuidados para o bebê. A conquista da ampliação da licença-paternidade de cinco para 20 dias foi um dos grandes avanços na Campanha Nacional 2016. Mas temos muito o que avançar. É responsabilidade de toda a sociedade construir um novo comportamento social, um país com igualdade.
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Ninguém engravida sozinho Ao contrário da maternidade que se define inicialmente em marcas e mudanças no corpo - e se estende da gestação à criação dos filhos -, a paternidade não gera no homem mudanças hormonais ou fisiológicas. Porém ela passa a representar um novo lugar, um novo papel, iniciando-se um novo planejamento de vida. Em geral quando se fala sobre gravidez, pouco se fala sobre o pai. Não se pode esquecer que o pai tem direito de:
› Participar do pré-natal (isto pode ser muito importante para ele, para sua companheira e para o bebê).
› Ter suas dúvidas esclarecidas sobre
gravidez, sobre o relacionamento com a mulher e sobre os cuidados com o bebê. (Ele não é apenas acompanhante de sua companheira, mas é também o pai da criança que vai nascer). PARTICIPAR É FUNDAMENTAL.
› Ser informado sobre como a gravidez está evoluindo e sobre qualquer problema que possa aparecer. › Na época do parto, ser reconhecido
como o PAI e não como “visita” nos serviços de saúde.
› Ter serviço facilitado para acom-
panhar sua companheira e o bebê a qualquer hora do dia.
É importante que o pai acompanhe o período pós-parto, compartilhando das informações e as orientações que serão dadas sobre contracepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Ampliar a aceitação da participação do pai, expandindo seu papel junto aos filhos, possibilita aos homens desenvolverem outros tipos de relações e cuidados desde a gestação, o que trará benefícios para as crianças, para as mulheres, para eles mesmos e para a sociedade em geral.
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Quando nasce um bebê, nasce um pai É preciso reconhecer que nem todo pai é ausente e irresponsável. E embora a gravidez aconteça no corpo da mulher, a responsabilidade e o prazer pela gestação, parto e cuidado do filho, são um direito do casal. O principal problema dos homens quanto à paternidade é a ideia de que homem não pode exercer com competência as atribuições do cuidado infantil e, pior ainda, a sociedade o autoriza, através da nossa cultura, a não compartilhar essa tarefa de cuidar. No contexto do cuidado infantil, para a mulher, exige-se ótimo desempenho no plano afetivo, fala-se em amor de mãe ou instinto materno, uma espécie de caraterística supostamente inata que orientaria a prática diária materna, definida como gratificante em si (“ser mãe é padecer no
paraíso!”). Para o homem, a cobrança refere-se, sobretudo ao plano financeiro e econômico. Ele DEVE “assumir” a paternidade e o lar ou, em outras palavras, “não deve deixar faltar nada em casa”. A mãe cuida, o pai sustenta. Assim, mesmo quando um pai quer assumir um papel ativo no cuidado do seu filho, as instituições sociais tentam recusar-lhe essa possibilidade. Mas é importante que o homem possa participar desde os primeiros dias do cuidado do bebê. Homem e mulher podem aprender juntos e se ajudarem mutuamente. E se, por acaso não viverem na mesma casa, ainda assim podem negociar a divisão de tarefas e atividades, podendo compartilhar o dever e o prazer de ser pai e mãe.
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O vínculo pai e bebê Pode-se considerar que o início do vínculo já se estabelece no começo da gestação. Saber da gravidez, observar as transformações em seu corpo provocam na mãe sentimentos de ordem diversa de prazer e acolhimento, mas também são naturais sentimentos de ansiedade e insegurança. A gravidez é uma situação que envolve não somente a mulher, mas também o companheiro. Tornar-se mãe e pai não acontece da noite para o dia, mas é uma função que nos possibilita crescer por meio da experiência dos erros e acertos que praticamos. A presença do amor, portanto, é imprescindível, mas não é só isso. É importante o aprendizado de como exercer estas funções. O bebê humano passa um longo período de dependência em relação a outro ser humano, que garanta sua vida física e psíquica. Dar à luz é uma experiência única e mobiliza intensa carga emocional da mulher. Mas essa experiência comovente e extraordinária precisa ser compartilhada com alguém, num vín-
culo afetivo no qual se sinta acolhida. Compartilhar com o marido suas vivências e sentimentos de alegria ou temor naquele momento inicial do vínculo com o filho ameniza a carga intensa de responsabilidade que acompanha o prazer de ter dado à luz. A figura paterna deverá saber que desempenha um papel importante nesse momento: o de oferecer continência e reasseguramento afetivo à esposa. O pai precisa se sentir útil desde o início, primeiramente para a mãe e indiretamente para o recémnascido, complementando a função de acolhimento da mãe, afinal mãe e filho são reflexo um do outro no primeiro mês de vida. Se a mãe está se sentindo mal, o bebê também estará e irá demostrar isto de diversas formas, a mais comum é chorando. Então, cuidar e estar ao lado da mulher é cuidar e estar ao lado do seu filho. A gestação é uma fase especial não só para o bebê e a mãe, mas, também, para toda a família. Por isso, prepará-la para esse momento, o da
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chegada de uma nova vida, tem de ser prioridade para quem atua com gestantes e bebês. Fazer das consultas de pré-natal encontros de trocas, de esclarecimento de dúvidas, de acolhimento de angústias é muito importante, especialmente para mães de “primeira viagem”. Durante a gestação, a mulher passa por mudanças físicas e emocionais, que precisam ser conversadas, garantindo mais tranquilidade e segurança à gravidez. Também é parte desse acolhimento esclarecer a mãe sobre os tipos de parto, as diferenças, vantagens e desvan-
tagens de cada um, para que ela tenha total conhecimento das opções, fazendo uma escolha consciente. A mulher tem o direito a um parto humanizado e a eleger quem estará presente ao nascimento. Se essa pessoa for o pai, é importante estimulá-lo a participar, o que vai gerar mais confiança à futura mãe. No nascimento, e depois dele, o apoio aos pais e adultos de referência (pessoas que estão ao redor da criança na sua rotina) deve continuar para que possam entender o seu papel no desenvolvimento do bebê, especialmente nos primeiros anos de vida
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Como o bebê 1ª à 6ª semana
7ª
semana
O embrião sente as condições físicas e emocionais da mãe. Sente a voz dela e os batimentos cardíacos.
Apresenta dois hemisférios cerebrais, braços, pernas e fendas nas mãos e pés, que serão os dedos. As estruturas do ouvido também estão em desenvolvimento.
10ª
É considerado um feto e tem vários órgãos presentes (cérebro, pâncreas, intestino, apêndice, rins, fígado, pulmões), mas não completamente desenvolvidos.
12ª
Mede cerca de 6 centímetros e pesa por volta de 14 gramas. Tem rosto com olhos, nariz e boca definidos. Os dedos estão separados.
semana
semana
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se desenvolve O feto mede cerca de 10 centímetros e pesa em torno de 80 gramas. Seus órgãos continuam a se desenvolver e o sistema circulatório se aperfeiçoa.
16ª
semana
Á tem aproximadamente 16 centímetros e pesa em torno de 260 gramas. Seu corpo é coberto por uma substância oleosa e branca, que protege a pele e facilita a passagem pelo canal do parto. O bebê suga o dedo e movimenta-se ativamente.
20ª
Mede cerca de 30 centímetros e pesa em torno de 1 quilo. Todas as principais estruturas já se desenvolveram. Agora só precisa crescer, aumentar de peso e amadurecer os órgãos.
24ª
semana
semana
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O Parto
TÁ CHEGANDO A HORA
1 O PARTO 2 3 4 5 6 15
Nos dias que antecedem o parto, a mãe pode ficar mais inquieta e sentir desconforto para dormir.
Às vezes ocorre também um leve desarranjo intestinal, que não chega a ser diarreia, mas que pode levá-la várias vezes ao banheiro.
A pressão que o bebê passa a fazer na parte de baixo do útero pode provocar a perda do tampão mucoso, uma geleia transparente, que às vezes vem com traços de sangue. A mãe começa a sentir contrações (barriga endurece), que podem ser doloridas ou não.
Essas contrações, ainda sem regularidade, indicam que a hora está se aproximando, mas ainda não constituem o trabalho de parto.
A bolsa pode se romper: nesse caso, a roupa ficará molhada. Por um momento, a mulher pode pensar que urinou, mas o líquido amniótico normalmente é incolor e escorre sem parar.
Vai nascer!
Sinais de que o parto está próximo:
Rompimento da bolsa d’água ou sangramento, mesmo que não tenha dor.
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Para se oferecer a humanização no momento do parto e nascimento é preciso levar em consideração a cultura técnico-assistencial praticada atualmente, a anatomia, a fisiologia do corpo, tendo como direcionamento o uso da medicina baseada em evidência científica (MBE), o respeito aos direitos reprodutivos e sexuais, o acesso universal, o direito a dignidade humana, o tratamento acolhedor e respeitoso, as técnicas para o manejo da dor do parto, o trabalho multiprofissional, os riscos, entre outros fatores. Em 1996, a Organização Mundial da Saúde publicou um extenso documento com recomendações para a assistência ao parto e nascimento tendo como base a medicina baseada em evidências científicas. “Humanizar o parto é um conjunto de condutas e procedimentos que promovem o parto e o nascimento saudáveis, pois respeita o processo natural e evita condutas desnecessárias ou de risco para a mãe e o bebê” (OMS, 2000).
Parto Normal x Cesariana O Brasil é o país campeão de cirurgias cesarianas no mundo. Na rede particular de saúde, 90% dos bebês nascem assim. Na pública chega a mais de 40%. Mais que o dobro da estimativa aceita pela Organização Mundial de Saúde, que é de 15%. Além dos riscos da cirurgia, os procedimentos considerados padrão para os partos feitos nos centros cirúrgicos acabam impedindo medidas que fazem bem para o binômio mãe-bebê. No parto humanizado, por outro lado, o bem-estar da parturiente e do bebê são colocados em primeiro lugar. A mulher tem autonomia para decidir como quer parir. Ela escolhe a melhor posição e tem apoio da equipe médica para se movimentar, comer, beber, tomar banho. Pode reduzir a luminosidade do ambiente, ouvir músicas e contar com o suporte do esposo ou de outras pessoas, como a doula (mulher que presta o serviço de assistência à parturiente). O trabalho dos envolvidos é no sentido de garantir que ela esteja em um ambiente seguro, acolhedor e tranquilo, o que claramente diminui a dor e diminui a duração do trabalho de parto, entre outros benefícios.
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O parto normal deve ser sempre a prioridade porque é o momento em que a mãe e o bebê estão prontos para o nascimento. Além disso, ele evita os riscos de uma cirurgia e a mãe logo estará em boas condições para acolher seu Indicações reais de cesariana: Prolapso de cordão:
quando o cordão umbilical sai antes da cabeça do bebê podendo impedir o fluxo de oxigênio para ele.
Descolamento prematuro da placenta:
quando a placenta se descola do útero antes da hora do período expulsivo, também comprometendo a oferta de oxigênio para o bebê.
Placenta prévia parcial ou total: quando a placenta se desloca e bloqueia a saída do bebê.
Apresentação córmica (situação transversa): quando
o bebe está em posição transversal , durante o trabalho de parto.
Ruptura da vasa prévia:
quando os vasos sanguíneos do cordão umbilical estão sem proteção podendo se romper.
O principal fator que devemos levar em consideração durante uma gestação e parto é o bem estar materno e fetal, com isso torna se necessário entender que cada caso é um caso, e se mãe e bebê estão bem e não há riscos para ambos, não há porque acelerar o parto. A monitorização da saúde do bebê e da mulher devem ser prioridade na assistência à gestação, parto e também pós parto. Situações como pressão alta, diabetes, presença de mecônio por exemplo, não são por si só indicações de cesárea e devem ser avaliadas caso a caso levando em consideração os outros possíveis fatores associados.
Sim, nós podemos! Desde criança, a mulher ouve falar da dor do parto. Mas, não se fala que seu organismo é perfeitamente adaptado para dar à luz. O corpo feminino é capaz de desenvolver filhos e trazê-los ao mundo. Esse momento único, toda mulher tem o direito de viver e o pai também.
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Parto Normal
› Não há necessidade de cirurgia. › Não há necessidade de anestesia (mas pode ser usada, para aliviar a dor). › O parto ocorre por via vaginal. › A recuperação é bem mais rápida e menos dolorosa do que na cesariana. › Complicações como hematomas, dores pélvicas e infecções são menos prováveis. › O parto e o trabalho de parto devem acontecer com liberdade de movimentação, na posição mais confortável para a mulher (deitada, de cócoras, na água, etc.).
Cesariana
› É uma cirurgia. › É feita sempre com anestesia. › A mulher fica acordada com o corpo anestesiado da cintura para baixo. › A cesariana ocorre por meio de um corte feito na região pubiana (parte baixa da barriga). › A recuperação é mais lenta e pode ser dolorosa. › A indicação da cesariana depende de avaliação médica e, na maioria dos casos, só pode ser feita durante o trabalho de parto.
O que é preciso saber na hora da chegada do bebê Quem pode acompanhá-la?
Um acompanhante da sua escolha (companheiro, mãe, amiga, irmão, etc).
Lei do Acompanhante - Pai não é visita! À toda mulher é garantido o direito de ter um acompanhante de livre escolha durante a internação. É o que diz a Lei Federal 11.108, de abril de 2005: Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente. Se o hospital descumpre a lei, denuncie. Desta forma, estamos tentando garantir que outras mulheres não precisem ficar sozinhas em um momento tão importante de suas vidas. As denúncias podem ser realizadas em modo online, através dos sites da ANS, da ANVISA e dos Ministérios Públicos.
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Quais as vantagens do acompanhante? A presença do acompanhante traz benefícios para você, como mais segurança e confiança, redução do uso de medicamentos para alívio da dor e diminuição da duração do trabalho de parto. Como o acompanhante pode ajudar?
› Ajudá-la a caminhar. › Massageá-la e tocá-la para aliviar a dor. › Incentivá-la com palavras adequadas, elogiando-a por seus esforços. › Facilitar o contato e a comunicação com os profissionais do hospital, transmitindo segurança e promovendo atitudes de colaboração entre você e a equipe de saúde.
A Doula e o pai ou acompanhante A Doula não substitui o acompanhante escolhido pela mulher durante o trabalho de parto. Pelo contrário. Na hora do parto, assim como a mulher, ele está inundado por fortes emoções, dúvidas medos e alegrias. É comum que ele não saiba bem como se comportar naquele momento sem atrapalhar a mulher. Eventualmente o pai sente-se emba-
raçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A Doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar alguns pontos de massagem, vai sugerir formas de se prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico.
O plano de parto Toda gestante pode fazer um plano de parto para registrar o que deseja e o que não deseja que seja feito antes, durante e depois do parto. Discuta o plano com o médico ou com membros da equipe que a atenderá no parto. Deixe esse plano junto ao que vai levar para o hospital na hora do nascimento do bebê e entregue-o para o profissional que atendê-la.
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Violência Obstétrica
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e acordo com a Defensoria Pública, violência obstétrica é a apropriação do corpo e processos reprodutivos das mulheres por profissionais da saúde, por meio de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais, causando perda da autonomia e capacidade de decidir livremente sobre seus corpos impactando na sexualidade e negativamente na qualidade de vida das mulheres. A violência obstétrica pode acontecer durante a gestação, durante o parto ou no pós-parto. A violência obstétrica pode estar presente na gestação, durante o pré-natal, no parto e em situações de abortamento.
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Exemplos de Violência Durante a gestação
Durante o parto
› Negar atendimento à mulher ou impor dificuldades ao atendimento
› Recusa da admissão em hospital ou maternidade
› Comentários constrangedores à mulher, por sua cor, raça, etnia, idade, escolaridade, religião ou crença, condição socioeconômica, estado civil ou situação conjugal, orientação sexual, número de filhos, etc › Ofender, humilhar ou xingar a mulher ou a família › Agendar cesárea sem recomendação baseada em evidência científicas, atendendo aos interesses e conveniência do médico
Como denunciar Exija cópia do prontuário junto à instituição de saúde onde foi atendida. Procure a Defensoria Pública, independente se foi usado o serviço público ou privado. Ligue para o 180 (Violência contra a Mulher) ou para o 136 (Disque Saúde).
› Impedimento da entrada do acompanhante › Procedimentos que incidam sobre o corpo da mulher, que interfiram, causem dor ou dano físico, como por exemplo, soro com ocitocina para acelerar o trabalho de parto, exames de toques sucessivos e por diferentes pessoas, privação de alimentos, episiotomia (corte no períneo), imobilização, etc › Toda ação verbal ou comportamental que cause na mulher sentimentos de inferioridade, vulnerabilidade, abandono, instabilidade emocional, medo, insegurança, dissuasão, ludibriamento, alienação, perda de integridade, dignidade e prestígio › Cesariana sem indicação clínica e sem consentimento da mulher › Impedir ou retardar o contato do bebê com a mulher logo após o parto › Impedir ou dificultar o aleitamento materno (impedindo amamentação na primeira hora de vida, afastando o recém-nascido da sua mãe)
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Doulas UM SUPORTE NECESSÁRIO
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A palavra Doula vem do grego “mulher que serve”. Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e depois do parto. Antigamente a parturiente era acompanhada por mulheres mais experientes, geralmente as que já haviam tido filhos. A equipe médica e de enfermagem está ocupada com os aspectos técnicos do parto e com a saúde do bebê. E quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional da mãe que está dando a luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela Doula ou acompanhante de parto.
A Doula não executa qualquer procedimento médico e não faz exames. Portanto ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto.
A doula pode contribuir para: › Reduzir o uso de medicamentos para o alívio da dor. › Diminuir a realização de cesariana. › Promover o parto normal. › Diminuir a tensão durante o trabalho de parto. › Desmistificar as avaliações negativas da experiência de dar à luz.
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O que faz a Doula? Antes do parto ela pode orientar o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. A função principal da Doula nesse momento é mostrar ao casal quais as opções que eles têm para o nascimento de seu bebê. Não cabe a Doula julgar as escolhas que a mulher e seu companheiro (quando houver) façam. Desde que eles conheçam as vantagens e desvantagens de cada opção, cabe a Doula acatar os desejos de seus clientes, por mais que eles pareçam ilógicos, irracionais ou até errados. Assim que entrar em trabalho de parto ou desejar a presença da doula, ela irá à sua casa e ficará até que seja necessário, umas horas após o parto, até que mãe e filho estejam bem. Durante o parto a Doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica
os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens e relaxamento. Durante o trabalho de parto, a Doula será a guardiã da mulher. Dará a ela a proteção para que ela tenha seus desejos, sua privacidade e seus direitos respeitados. Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e a cuidados com o bebê.
Lei das Doulas em Jundiaí A categoria das Doulas conquistou o apoio do vereador Paulo Malerba (PT), autor da Lei das Doulas, profissionais que oferecem apoio físico e emocional às gestantes durante a gestação, parto
e pós-parto, o que promove, de acordo com inúmeras pesquisas, excelentes benefícios para a mulher e também aumenta a participação do pai nesse processo tão importante.
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Recepção Humanizada
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o nascer é recomendável que o bebê seja colocado junto ao seio materno já na primeira hora de vida, o que contribui para o sucesso da amamentação. Colocando-o sobre o peito da mãe, o recém-nascido já busca o seio para mamar. É recomendável que o bebê permaneça com a mãe no mesmo quarto, no chamado alojamento conjunto. Práticas que incentivam o alojamento conjunto resultam em comportamento materno muito mais afetivo, facilitando a amamentação. Práticas que separam a mãe e o bebê ainda existem em muitos hospitais. Estudos indicam que as restrições ao contato mãe-bebê resultam em sentimentos de incompetência, insegurança e comportamento menos afetivo das mães.
Quando o bebê nasce prematuro ou com algum problema que exige a internação na UTI Neonatal, pode ser necessário um esforço emocional maior após o parto, no sentido de ajustar-se à nova situação para que a mãe, o pai e mesmo os familiares consigam lidar com a separação precoce e fortalecer o vínculo com o bebê. Nas primeiras horas de vida, a manipulação do bebê deve ser suave, evitando movimentos bruscos que possam causar desconforto. A essência da assistência humanizada ao recém nascido está em atender da melhor forma possível as necessidades de cada família nesse momento especial, sem ceder aos procedimentos hospitalares rotineiros que, em muitos casos, são desnecessários.
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O que você tem que saber sobre as primeiras horas de vida O Cordão
Quando o procedimento de corte do cordão umbilical é realizado precocemente, o fluxo sanguíneo da mãe para o filho é interrompido antes do que deveria, o que pode gerar deficiência de hemoglobinas – as células vermelhas do sangue – no bebê e posterior anemia e icterícia neonatal. A Organização Mundial de Saúde estima que o clampeamento tardio leva a uma redução de 61% na ocorrência de anemia neonatal, doença relacionada à deficiência do mineral. Por isso, a recomendação do Ministério é esperar que o cordão pare de pulsar, o que leva de um a três minutos- exceto em casos de mães isoimunizadas ou HIV / HTLV positivas, em que o clampeamento deve ser feito de imediato. Quando o recém-nascido precisa de intervenção imediata, a ordenha do cordão – técnica que acelera a transferência do sangue presente nele para o bebê – pode ser feita antes de cortá-lo, para evitar a perda dos benefícios.
Averiguar a respiração
Normalmente, o bebê começa a respirar nos primeiros 30 segundos após o parto e seu maior incentivo é o “choque térmico”. Cerca de 90% dos recém-nascidos respiram naturalmente. Quando isso não acontece, a equipe médica realiza manobras simples e rápidas que geralmente são bem-sucedidas. Trata-se de massagens suaves ou estímulos, como mexer nas pernas e nos braços para incentivá-lo a reagir.
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Nada de tapas!
Os especialistas reforçam que não se usa mais dar um tapinha no bumbum do bebê para que ele choramingue, sinalizando que está respirando. Aliás, nem toda criança chora ao nascer e isso não indica nenhuma anormalidade – em geral, os bebês choram como resposta ao impacto de um ambiente frio e luminoso.
Colírio
No Brasil, desde 1977, é obrigatória a aplicação de uma solução de nitrato de prata a 1% em cada um dos olhos do recém-nascido no prazo de uma hora após o nascimento. A prática é realizada para a prevenção da conjuntivite gonocócica, causada pela bactéria gonococo, que pode ser transmitida pela mãe durante o nascimento, por contato vaginal. A ameaça, porém, pode ser neutralizada durante a gestação, com um pré-natal adequado. O uso do colírio também envolve a possível ocorrência de um quadro irritativo, classificado como conjuntivite química. Portanto, a mãe tem o direito de recusar o procedimento e assinar um termo de responsabilidade no hospital.
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Aspiração
Bebês nascidos de parto normal, que estejam bem, não precisam ser aspirados! Ao passar pelo canal de parto, os pulmões do bebê são massageados, provocando a expulsão natural dos líquidos. Entretanto dos bebês nascidos em hospital são aspirados com a sonda, como parte de protocolo hospitalar. A sonda é um tubo de plástico enorme que é introduzido até o estômago do bebê. É indicado para bebês que nascem de cesárea, justamente porque não recebem essa “massagem” durante a passagem pelo canal de parto.
Higiene do recém-nascido
Segundo a Universidade Católica de Goiás (UCG), a substância gordurosa que recobre a pele do recémnascido, chamada de vérnix caseoso, tem ação protetora e hidratante. O banho, além de removê-la, leva à perda de calor do corpo. Por isso, a recomendação é evitá-lo nas primeiras horas de vida. Para fazer a higiene, o melhor é utilizar água e, se necessário, sabonete neutro. O ideal é evitar produtos que não sejam formulados especificamente para a pele do bebê, pois são capazes de alterar a função da camada superficial da pele, tornando-a vulnerável, o que pode até aumentar o risco de infecção, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria.
Teste do pezinho
Esse teste é importante porque identifica seis doenças genéticas ou congênitas passíveis de tratamento, mas que não apresentam evidências clínicas ao nascimento.
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Evitando complicações
Quanto mais cedo as doenças forem identificadas e tratadas, maior a possibilidade de evitar sequelas nas crianças, como deficiência mental, microcefalia, convulsões, comportamento autista, fibrosamento do pulmão, crises epiléticas, entre outras complicações e até a morte.
Vacinas ao nascer › Vacina BCG: é uma dose única que evita as formas graves de tuberculose e deixa uma cicatriz no braço ao longo da vida; › Vacina da Hepatite B: a 1ª dose da vacina evita a hepatite B, que é um vírus que afeta o fígado, devendo ser aplicada nas primeiras 12 horas após o nascimento.
Protocolo Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde também recomenda a aplicação da Vitamina K para prevenção de sangramento precoce e hemorragia gastrintestinal.
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Amamentação Os benefícios do aleitamento materno são comprovados: além de favorecer esse vínculo, é um alimento adequado, do ponto de vista nutricional. Tem gordura de qualidade na quantidade certa para o desenvolvimento cerebral da criança e contém todos os demais nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento, além dos anticorpos que vão protegê-la das doenças.
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A primeira mamada
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Durante a gestação não é preciso preparar a mama para a amamentação, o próprio organismo se encarrega dessa preparação. Exercícios para aumentar e fortalecer os mamilos, como esticar os mamilos com os dedos, esfregar buchas ou toalhas, também não são recomendados, pois podem ser prejudiciais, aumentando inclusive o risco de indução do parto. O uso de sutiã para sustentação, adequado ao tamanho das mamas, é suficiente.
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Os primeiros dias são essenciais para o sucesso da amamentação. É um período em que mãe e bebê aprendem bastante e estabelecem suas rotinas.
Na hora da amamentação, procure um local tranquilo e confortável para amamentar, para não distraí-lo. Barulho e muita gente por perto podem agitar vocês dois.
Evite lavar os mamilos imediatamente antes ou depois das mamadas. Como o leite tem efeito bactericida e hidratante, passe um pouco nos bicos após o aleitamento.
Para evitar dores e rachaduras no bico dos seios, o bebê deve fazer a pega corretamente, abocanhando a aréola inteira, e não somente o bico do seio. Fazer a mamada na primeira hora de vida da criança traz benefícios para a mãe e para o bebê. Para a mãe, porque o útero se contrai com o estímulo da amamentação e vai voltando ao tamanho normal. E para o bebê, porque estará se alimentando com o primeiro leite produzido pelo seu corpo (o chamado colostro), que é riquíssimo em anticorpos e funciona como uma espécie de vacina.
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Pontos importantes que podem facilitar a amamentação: Para o posicionamento adequado do bebê: › Rosto do bebê de frente para o seio; › Corpo do bebê próximo ao da mãe (barriga com barriga); › Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); › Bebê bem apoiado.
Para a pegaDA adequada: › Mais aréola (parte escura do seio) visível acima da boca do bebê; › Boca do bebê bem aberta; › Lábio inferior virado para fora; › Queixo tocando a mama.
Benefícios da amamentação: › O leite materno protege seu filho de alergias e fortalece o sistema imunológico. › Melhora o desenvolvimento mental do bebê. › É digerido mais facilmente. › O ato da sucção melhora a formação da boca e o alinhamento dos dentes do bebê. › A amamentação protege você contra o câncer de mama e de ovário e contra doenças cardiovasculares. › Uma oportunidade para fortalecer o vínculo
Nos primeiros meses de vida do bebê, quando você e seu filho ainda estão se conhecendo e se adaptando um ao outro, a amamentação é um dos melhores caminhos para o estabelecimento e a construção do vínculo afetivo.
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Muito além do leite Nesta fase, em que a mãe e o bebê estão se conhecendo, a amamentação não pode ser vista apenas como alimentação. Com o leite, a mãe também está oferecendo segurança e acolhimento para o bebê. A mãe sustenta o bebê com seu leite,
seu colo, seu olhar. É um momento especial em que ele consegue compreender, por meio de um conjunto de sinais, que a mãe está ali, presente, enchendo-o de amor e cuidados. Uma experiência que pode gerar satisfação e prazer para os dois.
“O leite do peito nunca é fraco. A cor do leite pode variar, mas ele sempre é de boa qualidade e supre todas as necessidades do bebê. Além disso, o leite materno é personalizado: cada mãe produz leite especialmente para o seu bebê, em diferentes etapas do seu desenvolvimento”.
Apoio fundamental As mães marinheiras de primeira viagem podem estar inseguras, ansiosas, com medo de não acertar, de não conseguir cuidar de seu bebê. Esse sentimento é capaz de influenciar até na amamentação. A receita para superar essa fase é uma mistura de:
calma, orientação profissional correta, apoio familiar e, principalmente, troca de experiência com quem já passou por isso e conseguiu se sair bem. Bater um papo com outra mãe faz com que a mulher perceba que seus temores são normais.
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Pedras no caminho Assim como ser mãe é algo que se precisa aprender, amamentar também requer aprendizado. A mulher não nasce sabendo, nem o bebê. No começo, a amamentação pode ser difícil. Muitas mães chegam a desistir porque o bebê não pega o seio adequadamente e o bico pode ficar machucado pela
sucção, provocando dor. É importante buscar ajuda de profissionais de saúde e de Bancos de Leite Humano para superar os problemas. Mas, tudo isso pode ser superado e a recompensa pelo esforço e persistência é muito boa para os dois.
E na impossibilidade de amamentar?
A amamentação é um ótimo meio para fortalecer e desenvolver o vínculo entre mãe e filho, mas não é o único. Um bebê que não passa pela experiência da amamentação pode se desenvolver também, é claro! Do ponto de vista nutricional,
o profissional de saúde vai avaliar o caso e indicar uma complementação compatível com a idade da criança. E do ponto de vista emocional, há várias outras formas de mãe e bebê ficarem próximos um do outro.
Volta ao trabalho A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o bebê se alimente exclusivamente no peito até os 6 meses de vida. Depois desse tempo, deve-se começar, pouco a pouco, a complementar o leite materno com outros alimentos. A mãe pode procurar um profissional de saúde para ter mais orientações sobre quais alimentos pode oferecer para o bebê nesse momento. O leite materno continua sendo o principal alimento até um ano de idade. No Brasil, a licença-maternida-
de é direito de toda mulher que contribui para a Previdência Social (INSS). O período da licença tem duração mínima de 4 meses ou 120 dias corridos – que valem para todas as mulheres – e de, no máximo, 6 meses, dependendo do tipo de ocupação da mulher e se a empresa que ela trabalha aderiu à licença de 6 meses através do Programa Empresa Cidadã. Isso porque a lei que prevê a ampliação da licença de 4 para 6 meses ainda não foi aprovada para todas as categorias profissionais.
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Pós-Parto O que muda no corpo e na cabeça da mulher depois do parto
A euforia após o nascimento pode ser acompanhada de um grande cansaço. Aproveite a estada na maternidade - geralmente de 2 dias - para aceitar toda a ajuda e orientação com os primeiros cuidados. Em algumas mulheres, a gestação pode provocar transtornos emocionais.
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Nova rotina Adaptação à nova rotina: o pós-parto é um período bastante sensível para a mulher, pois é necessário ajustar-se ao corpo não grávido, ao bebê que antes era imaginado, e agora é real, e à rotina de cuidados com o bebê e com a casa. Amando o bebê real: estudos indicam que o bebê imaginado pelas mães se parece com um bebê de cerca de 3 meses, que já sorri e interage. Então, é necessário fazer um ajuste e vincular-se ao bebê real, ao bebê recém-nascido. Perceba o quanto ele é frágil e precisa dos seus cuidados, e o quão gratificante é poder cuidar do seu bebê.
Baby blues ou tristeza
Depressão
› Sintomas:
› Sintomas:
a mãe sente-se frágil, emocionase facilmente, tem alterações de humor; sente falta de confiança em si própria; pode ter sentimentos de incapacidade (de cuidar do bebê, da casa, da família).
apresenta perturbação do apetite e do sono; sente falta de energia; sente-se incapaz ou muito culpada; sente-se inadequada e rejeita o bebê. › Quanto tempo dura:
› Quanto tempo dura:
entre 30 dias e 2 anos.
cerca de duas semanas.
› Mulheres atingidas:
› Mulheres atingidas:
entre 10% e 15%.
entre 50% e 70% das mulheres apresentam o problema.
› Ajuda profissional:
› Ajuda profissional:
geralmente não é necessária, pois se resolve espontaneamente, com o acolhimento familiar e a experiência do dia a dia com o bebê.
é necessária.
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No corpo › Contração do útero: o ventre começa a retomar o volume normal já nas primeiras horas após o parto. A amamentação ajuda a acelerar o processo de contração, que pode ser acompanhada de cólicas. Ocorre a saída de pequenos coágulos chamados ‘lóquios’, em maior quantidade do que na menstruação. Avise o médico se o sangramento for muito intenso ou tiver odor estranho. › Descida do leite: logo após o nascimento, o organismo fabrica o hormônio prolactina, que dá início à produção do leite. Nas primeiras 48 horas, você nota que o líquido que sai do seio é amarelado. Trata-se do colostro, rico em vitaminas, albumina e anticorpos. Esse “pré- leite” ajuda o organismo da criança a eliminar as primeiras fezes e funciona como uma vacina contra algumas doenças para o bebê. O leite desce geralmente entre o 3º e o 5º dia após o parto. As mamas ficam bem inchadas e, em alguns casos, a mulher pode ter até um pouco de febre. › Recuperação após o parto normal: em geral é rápida e já é possível caminhar sozinha no dia seguinte. Normalmente, a permanência no hospital é de apenas dois dias.
› Recuperação após a cesariana: costuma ser mais demorada, pois se trata de uma cirurgia de porte maior. A mãe talvez demore mais para caminhar sem auxílio e o intestino pode tardar a funcionar. A alta costuma ser dada com 48 após o nascimento do bebê. Com o fim do efeito da anestesia, às vezes há coceira e dor na área da cicatriz. Os pontos são retirados entre o 7º e o 15º dia. › Menstruação: para as mulheres que não amamentam, a menstruação reaparece entre 6 e 8 semanas após o parto. Para as que amamentam, a menstruação pode voltar em torno de 4 meses depois do parto ou apenas após o desmame. › Fertilidade: a mulher pode engravidar logo após o parto, mesmo antes da volta da menstruação. Por isso, é bom tomar providências para evitar uma nova gestação tão próxima da anterior. › Puerpério: é um termo médico que define o período após o parto, quando os órgãos genitais e o corpo da mulher retornam ao seu estado anterior à gestação.
“Resguardo” é um período de 40 dias, em média, para que seu corpo possa se recuperar. A retomada da vida sexual pode acontecer quando a mulher sentir vontade. É preciso lembrar-se de usar métodos anticoncepcionais.
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O papel do pai Manual do pai presente
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Acompanhar a mulher nas consultas do pré- natal, conhecer o médico que acompanhará o parto e, depois, o profissional de saúde que vai cuidar do bebê. Estar presente no parto e apoiar a mãe nesse momento tão especial. Tirar a licença-paternidade (normalmente as empresas oferecem cinco dias. Para os bancários que participam do Curso de Paternidade Responsável no Sindicato, a licença de 20 dias) para aproveitar os primeiros dias do bebê em casa, ao lado da mãe e, sempre que possível, programar as férias para o primeiro mês do bebê. Acompanhar e incentivar a amamentação, estando ao lado da mãe nesse momento. Também pode fazer o bebê arrotar ou trocar as fraldas.
Participar nas tarefas da casa: O pai deve participar nos cuidados com o bebê e dar apoio à mulher, principalmente, nos primeiros meses, quando ela ainda está insegura quanto à sua nova função materna e exausta com os cuidados com o recém-nascido. Dar apoio emocional à nova mãe, que pode se sentir insegura para desempenhar sua função materna.
Mostrar ao bebê que existem outras pessoas no mundo além de sua mãe. Ensinar a criança que a mãe não é só dela. Que é preciso dividir sua atenção de vez em quando, evoluindo de uma extrema dependência para sua independência relativa.
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Pai, marido e fonte de carinho Dar à luz a uma criança é experiência única, intensa e que também representa uma carga emocional muito grande para a mulher. São muitas mudanças (no corpo, na casa, na família, na cabeça...) e tantas novidades, que pode ser difícil para a nova mãe lidar com seus medos e inseguranças sozinha. Ela precisa de atenção e de um
“colinho” de vez em quando. Poder falar de seus sentimentos de alegria e de medo com o parceiro e sentir-se acolhida por ele nessas horas faz toda diferença: ameniza a carga de intensa responsabilidade que acompanha o prazer de ter um bebê sob seus cuidados. E é fundamental que o pai saiba da importância de desempenhar esse papel, desde a gestação.
Disputar a atenção da mãe com o bebê não é o melhor caminho, pois deixará a mulher ainda mais sobrecarregada. Tem que participar!
Participando da vida do bebê Para que o pai consiga oferecer carinho e compreensão à nova mãe, ele próprio precisa estar tranquilo em relação ao seu novo papel. Por isso, deve se sentir útil desde o início, para a mãe e para a criança. Ficar com o bebê enquanto a mãe dá uma saidinha, trocar a fralda, dar banho, ninar.
Participar nos cuidados com o bebê é uma maneira de o homem satisfazer suas aspirações maternais - que, sim, existem! Participar do dia a dia do filho permite ao pai que aprenda como lidar com novas rotinas e aproxima-o afetivamente da criança.
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Muita calma nessa hora! Quando o bebê nasce, sua ligação com a mãe é tão forte que mãe e filho são quase como um só corpo. Uma relação de fusão que geralmente dura até os 3 meses de vida do bebê. Esse período exige maturidade emocional
do pai: é difícil aceitar o fato de que o filho recém-nascido é a prioridade da mãe nos primeiros meses. É preciso compreensão e paciência, pois essa é uma fase com data marcada para acabar.
Abrindo espaço para o pai Se o pai precisa compreender a mãe e o filho nos primeiros meses de vida, a mulher também deve ter sensibilidade para perceber que o pai quer desempenhar seu papel nessa história – e não ficar só como espectador de uma relação intensa de amor entre mãe e bebê. Uma maneira de ajudá-lo a não ceder ao ciúme e não se sentir rejeitado é pedir o auxílio dele, dando oportunidade e espaço para que se sinta parte dessa nova família. Para o bebê, a entrada do pai também tem um sig-
nificado. Se a mãe abre espaço a um “outro”, o bebê percebe que existem outras pessoas além de sua mãe. Percebe também que, às vezes, terá de dividir a mãe com essas outras pessoas. Aprende, então, que o mundo é cheio de regras e limites – a base essencial para suas relações futuras. Compreensão, apoio e carinho: três palavras que devem fazer parte do vocabulário do pai sempre, mas, principalmente, durante a gravidez da mulher e os primeiros meses de vida do bebê.
A presença do pai é fundamental para a mulher sentir-se segura a exercer seu novo papel e para mostrar ao bebê que a vida vai muito além do contato com a mãe.
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Chamando a mulher de volta Durante as primeiras semanas de vida do bebê, mãe e filho estão muito ligados. Mas isso não irá se estender eternamente. A partir do 3º mês, está na hora de a mãe lembrar que também é mulher, amiga, esposa e tem outras necessidades que não podem ser supridas apenas pela relação com a criança. Nem sempre é fácil, porque o filho exerce um fascínio sobre a gente. Mas, é aí que entra o pai, chamando a mulher de volta aos outros papéis que ela costumava desempenhar antes de se tornar mãe. Esse processo de retomada da vida é importante não só para a mulher e o marido, mas para o próprio filho, que precisa perceber que a mãe não é só sua. Quando o pai não vive com a mãe, ele também pode e deve participar. Ser pai é uma experiência maravilhosa, que independe da relação conjugal com a mãe.
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O sono do bebĂŞ
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É preciso uma boa de dose carinho e tranquilidade para conseguir fazer a criança aceitar a pegar no sono sozinha. Atrasar a hora de colocar seu bebê para dormir para fazê-lo acordar mais tarde não funciona. A criança se baseia em seu relógio biológico e, quando a hora de dormir é ultrapassada, pode ficar até mais desperta e irritada! Tente eliminar todas as fontes de luz que possam atrapalhar o sono de seu filho, mas não deixe a criança na escuridão total, pois ela pode ficar
assustada. O ideal é usar uma luz noturna ou até deixar a luz do corredor entrar pela fresta da porta. Se seu bebê mama no peito, faça da última mamada o início da rotina de dormir. Quando a hora de dormir estiver próxima, deixe a casa mais tranquila: diminua os ruídos da televisão e evite brincadeiras que estimulem o bebê. Ler um livro com seu filho e fazer massagem nele antes de dormir são boas atividades para acalmá-lo e prepará-lo para a hora do sono.
Cuidando, observando e conhecendo seu filho O bebê deve ser bem acolhido e cuidado para se sentir protegido e seguro. Não tenha receio de pegá-lo no colo, aproximá-lo do seu corpo e conversar com ele. Embale-o, cante, faça carinho e brinque com seu bebê. Torne o ambiente tranquilo e agradável. Preste atenção aos diversos tipos
de choros do seu bebê. Com o tempo, você aprenderá a identificar os diferentes significados (fome, frio, se está molhado, com dor, se quer um colinho, etc.). Não tenha medo de parecer bobo(a): pode usar uma linguagem infantil com seu bebê. Isso é afeto!
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Cuidados e estĂmulos Desenvolvimento do bebe
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D
esde os primeiros dias, a criança pequena é mais hábil e mais capaz do que se costuma supor: tem sentidos em pleno funcionamento e uma percepção incrível para distinguir pessoas e objetos. Os recém-nascidos conseguem enxergar e diferenciar objetos e figuras. Desde o começo manifestam preferências por olhar para rostos humanos e para os olhos dos que estão próximos, especialmente de sua mãe. A audição da criança é bem desenvolvida desde o nascimento. O bebê sente prazer quando alguém conversa com ele! O recém-nascido consegue distinguir odores e, após as primeiras mamadas, já identifica o seio da mãe pelo cheiro. O sorriso, o balbucio e o choro são formas de seu bebê se comunicar e interagir com você.
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A importância do toque A massagem e o carinho são estímulos importantes para o desenvolvimento sensorial do bebê, capaz de ativar quase todos os seus sentidos: o tato, no contato com outra pele; a audição, se você colocar uma música suave durante a sessão; o olfato, se você utilizar um creme ou óleo.
Esses estímulos, por meio do toque, ajudam o bebê a perceber as partes do corpo, o que é importante para alguém que, nos primeiros anos de vida, ainda não consegue se perceber como uma pessoa separada do corpo da mãe.
O mundo do bebê No primeiro ano de vida, o bebê se comunica com o adulto por meio do toque corporal, do olhar, da voz e dos movimentos. Por isso, converse muito com seu filho, e responda aos balbucios dele. Aos poucos, a criança vai conseguindo se expressar e
vai conquistando a sustentação do próprio corpo por meio de viradas, rolando prá lá e prá cá. Isso tudo é uma preparação para os primeiros passinhos, rumo ao maravilhoso caminho de sua autonomia.
Cada criança tem seu tempo É comum os pais, principalmente os de “primeira viagem”, compararem o desenvolvimento de seu filho com o de outros e ficarem preocupados quando a outra criança demonstra
ter atingido alguma etapa que o seu filho ainda não alcançou. Tranquilize-se: cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento.
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Estimule seu filho e c
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1º
Fale com seu bebê de perto, para ele poder mês enxergá-la. Mostre-lhe objetos de cores fortes.
2ª
Mande beijos e faça caretas. Deixe-o mês observar um móbile bem colorido no berço.
3ª
Deixe-o ficar mais ereto no seu colo, para mês ele ter uma visão diferente do mundo.
Estenda um tecido no chão e estimule seu bebê a rolar para os lados. Coloque mês brinquedos para atrair sua atenção.
4ª
5ª
Estimule a visão de seu filho, brincando mês com objetos de perto e de longe.
Brinque com objetos de diferentes texturas: lisos, macios, frios, mornos... Mantenha os mês mordedores limpos, pois ele vai leva-los à boca.
6ª
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comemore cada conquista
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7º
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Aproveite para brincar de esconde-esconde!
mês
8º
Deixe seu bebê sentadinho e rodeado mês de brinquedos. Logo ele tentará sair engatinhando.
9º
É hora de tomar cuidado com quinas, mês tomadas, escadas e com objetos pequenos para ele não engolir.
10º
Estimule o bebê a explorar o ambiente mês deslocando-se em pequenas distâncias. Ele vai fortalecer a postura quando começar a caminhar.
11º
Fique atenta! A palavra “mamãe” pode mês ser a primeira a ser dita. O primeiro ano do bebê marca para sempre sua vida.
12º mês
Brinque com objetos de diferentes texturas: lisos, macios, frios, mornos... Mantenha os mordedores limpos, pois ele vai leva-los à boca.
Esse período representa a base essencial para o desenvolvimento físico, mental e social. É quando as conexões cerebrais, indispensáveis para o desenvolvimento sadio de sua percepção, pensamento e linguagem, estão em plena formação. Para que seu filho se estruture da melhor forma possível, ele precisará de muito estímulo.
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Primeiríssima Infância
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A
Primeiríssima Infância (da gestação a três anos de idade) é um período no qual ocorre um intenso processo do desenvolvimento cerebral, a formação das estruturas neurológicas e o fortalecimento das conexões entre os neurônios das crianças. Tudo que acontece nesse momento da vida tem efeito sobre a forma como a criança vai aprender, sentir e se relacionar. Segundo os especialistas, o cérebro é o órgão mais moldável do organismo, ou seja, o mais propício a alterações de acordo com as influências que a criança recebe do ambiente em que vive. Aliás, é graças a essa capacidade de se organizar com estímulos externos que o ser humano consegue se adaptar a condições tão variadas ao redor do planeta. A criança, no entanto, necessita dos estímulos vindos do meio para acionar novas conexões dentro do cérebro. Se não for estimulado, o órgão mantém-
se adormecido, já que as áreas existentes nele – linguagem, visão e memória, por exemplo, – precisam receber os estímulos e fazer conexões entre si. Essas ligações são tão poderosas que moldam a forma de como a pessoa aprende, sente ou se comporta para a vida toda. Por isso, as experiências dos primeiros anos de existência são decisivas na formação do caráter da pessoa até a velhice. Também há, logicamente, a importância da genética para a formação. O filho possui a tendência de herdar o comportamento dos pais. Além disso, o meio onde ele vive define se as prédisposições vão ser incrementadas, desenvolvidas ou desestimuladas a aparecer. O mais importante meio para o aprendizado, de acordo com médicos pediatras, é a própria família – o pai e a mãe. O processo continua durante muitos anos, mas não com a mesma intensidade que acontece na infância.
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