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Matéria Especial do Mês

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MÊS DOS TRABALHADORES

Bancários enfrentam sobrecarga e desrespeito dos bancos na pandemia

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Demissão, filas imensas, pressão por metas, sobrecarga, descomissionamento, home office, transtornos mentais e ataques contra direitos trabalhistas vindos do governo federal. A pandemia transformou a rotina bancária num pesadelo.

Mesmo com a gravidade da crise, os bancos, com lucros bilionários, não abrem mão do abuso de metas, seguido de assédio moral e muitas demissões. Desde o início da pandemia, o Sindicato vem atuando para garantir o respeito à vida dos trabalhadores e clientes.

Sendo uma categoria de serviço essencial, os bancários tiveram que se virar para atender a avalanche de demandas, assombrados pelo pavor da Covid.

Home Office

Com a necessidade do distanciamento social, bancários que fazem parte do grupo de risco conquistaram o direito a trabalhar remotamente, mas, ao mesmo tempo, foram jogados para o home office sem receber estrutura do banco e submetidos a uma jornada de trabalho exaustiva, sem controle de ponto e metas elevadas. Os sindicatos têm sido imprescindíveis nessa luta, cobrando dos bancos uma estrutura mínima para os profissionais remotos, como fornecimento de notebooks e auxílio com as contas de luz e internet.

Após um ano de pandemia, os casos de Síndrome de Burnout explodiram nos consultórios médicos. O distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema é resultado de um estresse ocupacional crônico, que a pandemia potencializou. Não somente no ambiente de trabalho, com demandas em larga escala e metas abusivas. O Burnout também acomete quem está trabalhando em home office. As atribuições da vida profissional invadiram os lares sem que as pessoas tivessem tempo para se preparar emocionalmente. Trabalhar fora do horário do expediente, se dedicar demais à preparação de trabalho nos finais de semana e se afastar do convívio social podem ser alertas para a síndrome.Em alguns casos, requer afastamento temporário e mudanças nas condições do trabalho, com retorno gradual, de acordo com orientações médicas.

Burnout

13 mil bancários na rua

Apesar de terem se comprometido com o movimento sindical logo no início da pandemia, em não demitir, bancos descumpriram acordo e desligaram milhares de trabalhadores, em plena crise sanitária e econômica. Os sindicatos vêm cobrando que o setor bancário pare de demitir nesse momento tão grave e seguem se mobilizando contra as demissões, até porque, apesar da crise financeira pela qual passa o país, os bancos continuam lucrando muito.

Juntos, Itaú, Bradesco, Santander e BB fecharam 11,4 mil postos de trabalho nos últimos 12 meses. A Caixa registrou fechamento de 1.819 postos no mesmo período.

Para os empregados Caixa, a mudança na rotina tem sido extrema. Responsável por conduzir a maior parte das políticas públicas para conter a crise econômica, pelo segundo ano, a Caixa está na linha de frente do pagamento do auxílio emergencial. Enquanto parte da categoria consegue atuar de forma remota, o empregado Caixa precisa ir para a linha de frente do atendimento, enfrentando aglomeração, pressão e, muitas vezes, sacrificando a família para socorrer quem mais precisa.

A Contraf-CUT e os sindicatos querem abrir a negociação sobre as sequelas da Covid na categoria. ‘’Vamos procurar banco a banco para saber quais providências eles estão tomando para esses trabalhadores, que tipo de acompanhamento e atendimento estão ofertando’’, disse Juvandia Moreira, presidenta da Contraf/CUT em webnário sobre o tema.

Dentre os sintomas mais comuns no pós-Covid estão a falta de ar, fadiga intensa, perda de olfato e paladar, confusão mental e depressão.

Para proteger a categoria durante a pandemia, a Contraf-CUT e as comissões de trabalhadores de cada banco realizaram mais de 40 rodadas de negociação. Dentre as principais conquistas estão: •Protocolo de Saúde, com fechamento de agências e afastamento dos casos confirmados e suspeitos •Grupos de risco em home office •Vacinação da H1N1 para bancários e dependentes •Oferta de EPIs, como máscara, viseira e álcool em gel

Emendas à MP do Auxílio Emergencial e PL em tramitação podem incluir os bancários em ações prioritárias de vacinação, por prestarem um serviço essencial à população.

Os sindicatos e a Contraf-CUT lutam pela vacina para todos e por um um plano nacional de vacinação transparente e com critérios técnicos, além da luta para que a categoria entre na lista de prioridades devido à característica da atividade que tem grande potencial de contaminação do vírus.

Confira em nosso site as sete emendas parlamentares apresentadas para que os bancários sejam considerados grupo prioritário. Clique aqui!

Linha de frente

Sequelas da Covid

Proteção da categoria

Grupo prioritário

Sindicato luta pela vacina na base territorial da entidade

Morte por Covid X acidente de trabalho

CPI da Covid

Nosso Sindicato também tem cobrado a inclusão dos bancários como grupo prioritário nas nove cidades que compõem sua base. ‘’Mesmo sabendo se tratar de uma doença letal e altamente contagiosa, as agências não podem parar’’, lembra Paulo Malerba, presidente do Sindicato. ‘’Muitos bancários já foram contaminados, outros morreram, e com a nova variante nossa preocupação é ainda maior, haja vista que, nesse momento, além de benefícios como aposentadoria e pensão, os trabalhadores ficam mais expostos com o pagamento do auxílio emergencial’’. Por ora, apenas a prefeitura de Jundiaí respondeu ao ofício enviado pelo Sindicato e informou que não há vacina suficiente e que, inclusive, profissionais de saúde ainda estão na lista de espera. Malerba disse que, sem dúvida, esse atraso é decorrente da total falta de planejamento do governo federal, que se negou a negociar a compra das vacinas logo que começaram a ser fabricadas, resultando em milhares de mortes em todo o país.

A Justiça do Trabalho mineira já reconheceu como acidente de trabalho a morte por Covid de um motorista de transportadora. No ano passado a Fenae já alertava para a importância de reconhecer a doença como acidente de trabalho. A Federação conseguiu derrubar a MP do governo Bolsonaro, no STF, que vetava a Covid nessa categoria e prossegue lutando para que a Caixa e o INSS reconheçam a realidade que atinge milhares de trabalhadores essenciais no país.

A pesquisadora Maria Maeno, uma das coordenadoras da pesquisa “Covid 19 como Doença relacionada ao trabalho”, é taxativa: existe conhecimento amplo de que os locais e as atividades de trabalho são fontes de disseminação do vírus que causam a Covid-19. A contaminação por Covid 19 é um acidente de trabalho e os trabalhadores precisam garantir esse reconhecimento, entende ela.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, além de atacar o isolamento social, Bolsonaro defendeu remédios que não funcionam contra a covid, atrasou e desestimulou a vacinação, aglomerou pessoas e questionou sem base científica o uso de máscaras.

Em decorrência de tantas mortes e tantos descasos, e por pressão popular, o Senado criou a CPI da Covid. A comissão parlamentar de inquérito investigará ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia e o colapso da saúde no estado do Amazonas no começo do ano.

Nas primeiras 24 horas de funcionamento, a CPI, instalada no dia 27/4, já acumulava 176 pedidos de informação a órgãos públicos e convocação de ministros, ex-ministros e auxiliares do governo de Jair Bolsonaro.

A CPI investiga fatos determinados e produz um relatório final com suas conclusões. O relatório pode —ou não— servir de base para que o Ministério Público tome as providências necessárias que, eventualmente, levem à condenação daqueles que praticaram atos ilícitos.

Para Sergio Nobre, presidente da CUT, o 1º de Maio deve ser o momento para acumular forças, traçar e debater com os trabalhadores e trabalhadoras a estratégia para os embates mais gerais que temos pela frente. Precisamos derrotar Bolsonaro e as forças políticas que o levaram ao poder e ainda o sustentam.

“Queremos uma sociedade de cidadania plena, que não aceita o preconceito e a discriminação de raça, gênero e orientação sexual; que não aceita as desigualdades e assegura emprego, renda e proteção social a todos. Uma sociedade que contesta e coíbe a ofensiva do capital contra o trabalho e não aceita o enfraquecimento dos sindicatos ou a precarização das relações de trabalho. Onde saúde, educação, segurança, cultura sejam asseguradas universalmente, ao lado da preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Essas são as questões que nos unem internamente e dão grande força à Central Única dos Trabalhadores’’.

Só a luta nos garante!

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