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N O U S V I V O N S D A N S L’ O U B L I D E N O S M É TA M O R P H O S E S As linhas de contorno escavam o lodaçal de tinta. O desenho nasce abrindo veios na camada espessa de cor – ele é difícil, luta contra uma matéria espessa; pode-se quase dizer que não há pincelada, mas corte; em outras, mais e mais avalanches saídas dos tubos. No entanto, tamanha aspereza não obstrui em nada a sensibilidade particular irradiada. Tal duplicidade parece refletir algo que perpassa os trabalhos: a onipresença da metamorfose. São pinturas capazes de promover uma orgia temperada. Dito de outro modo, a efusão se equilibra com um controle sutil e ponderado – as cores vibram, se contém na interação entre planos chapados e outros que permitem aceder às camadas inferiores sobre a tela, fulgurando, rebaixando-se. Interessa assinalar o quanto elas são, de certo modo, “duras” e estranhamente hipnóticas, volumosas e densas, reverberando os diversos extratos que as cimentam. É também uma exploração pictórica que lança mão de cores que guardam em si outro dilema, o de serem extremamente “pósmodernas” (são cores de um outro tipo de visualidade nascida da coexistência entre a pintura, a televisão, o computador, a publicidade, a indústria, as urbes – o mundo, enfim) e se estruturarem numa paleta incomum. Basta pensar em algumas variações de azul que ocupam as telas: elas possuem uma solidez, são peculiarmente compactas e, em certas ocasiões, conferem uma espacialidade quase escultórica às formas. As pinturas de Maria Lynch aparentam possuir uma iconografia simples: uma figura que ao longo da tela gradualmente se transforma em outra, planos circundando diferentes cantos, um cogumelo isolado contra um fundo homogêneo. Todas estas imagens correspondem ao sentimento de devir incorporado pela artista. No entanto, há algo surpreendente neste desenho áspero, pois ele não só no fundo – mas, sobretudo, na superfície – retém a intensidade advinda deste atrito fundador exposto nos sulcos executados pelo pincel. O desenho nasce com a pintura; ambos são contíguos, sobrepostos. É uma pintura-desenho em processo que por si só participa das narrativas ali desenroladas e incorpora a mutabilidade como seu motor, seu dispositivo. A imagem é uma etapa e um duplo de algo que permeia toda a materialização do trabalho; ela é metalingüística e metonímica. Uma pintura cujo fim é também o reinício contínuo, uma obsessão serena e solar capaz de perguntar sempre se o que foi encontrado, ao invés de concluir a tela, não é antes a premissa para algo novo que a continuará, agregando significados a cada rearticulação interna. Em suma, uma energia cuja razão de ser é todo instante tornar-se a outro (evocando a famosa máxima de Rimbaud – je est un autre), uma pintura que se faz ela mesma ao ativar permanentemente a redescoberta de seu vir a existir.
Guilherme Bueno
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Voadoras, 2010| Ă“leo sobre tela
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Armada, 2009 | Ă“leo sobre tela
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Mulher Bolha, 2010| Ă“leo sobre tela
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Moleca, 2010| Ă“leo sobre tela
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Reino, 2009 | Ă“leo sobre tela
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Devirneando | Exposição - Galeria Mercedes Viegas - RJ
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SĂŠrie Parque Londrino, 2009 | Grafite sob tela
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Visions + Emaranhado Red + Umbilical + Lado a Lado, 2009 | TĂŠcnica mista
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Porra 19, 2009 | Porra 20, 2009 | Porra 17, 2009 | TĂŠcnica mista
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Incorporรกveis | Performance, 2010
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Incorporรกveis | Performance, 2010
B I O Maria Lynch nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1981, onde vive e trabalha. É formada pela Chelsea College of Art and Design, onde concluiu pós- graduação e mestrado em 2008. Suas principais exposições foram: ‘The Jerwood Drawing Prize’, com itinerância por Londres e outras cidades da Inglaterra, em 2008; ‘Nova Arte Nova’, no CCBB do Rio de Janeiro e São Paulo, 2008 e a individual ‘Devirneando’, na Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro. Foi artista convidada para o Salão Paranaense, Curitiba, apresentou a performance ‘Incorporáveis’ no Oi Futuro e no SESC 24 Horas, Rio de Janeiro. Em 2010, foi artista convidada para a exposição coletiva ‘] entre [‘ na Galeria IBEU, ganhou o Prêmio Marcantônio Vilaça e foi indicada ao Prêmio Pipa.
C U R R I C U L U M FORMAÇÃO
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
2008 MA Fine Art, Chelsea College of Art & Design, Londres, UK 2007 Pós-graduaçâo em Belas Artes, Chelsea School of Art and Design, Londres, UK 2006 BA One term Fine Art Study Abroad, Central Saint Martins, Londres, UK 2006 Graduaçâo em Desenho Industrial, Univercidade, Rio de Janeiro, Brasil
2010 Rio de Janeiro, Brasil - W4, Galeria HAP 2009 Rio de Janeiro, Brasil - Devirneando, Galeria Mercedes Viegas 2006 Rio de Janeiro, Brasil - Retalhos, Galeria Candido Mendes Ipanema 2005 Rio de Janeiro, Brasil - Immanência, Galeria Tarsila do Amaral
SALÕES E PRÊMIOS 2010 Rio de Janeiro, Brasil - W4, Galeria HAP Rio de Janeiro, Brasil - Oficina Montáveis (sobre escultura), Casa França Brasil Rio de Janeiro, Brasil - Prêmio Marcantonio Vilaça 2009 Curitiba, Brasil - 63º Salão Paranaense, Mac - artista convidada 2007 Salvadador, Brasil - 13º Salão da Bahia, Museu de Arte Moderna 2006 Rio de Janeiro, Brasil - Novíssimos, Galeria IBEU Copacabana São Paulo, Brasil - Salão de Arte de Ribeirão Preto, MARP 2004 Belém, Brasil - Arte Pará, Fundação Rômulo Maiorana
COLEÇÕES Centro Cultural Candido Mendes - Rio de Janeiro, Brasil Mac Niteroi- Rio de Janeiro, Brasil Coleções privadas no Rio de Janeiro e em São Paulo
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E X P O S I Ç Õ E S C O L E T I VA S 2010 Rio de Janeiro, Brasil - Arquivo Geral, Centro Helio Oiticica Rio de Janeiro, Brasil – ] entre [ , Galeria Ibeu Rio de Janeiro, Brasil – Corespaçoforma (performance), SESC Píer Mauá 2009 Rio de Janeiro, Brasil - Estranho Cotidiano, Galeria Movimento Rio de Janeiro, Brasil - Corespaçoforma, Oi Futuro 2008 Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil - Nova Arte Nova, Centro Cultural Banco do Brasil (curadoria de Paulo Venâncio Filho) Bergen, Noruega - 59 Seconds Video Festival, Landmark Bergen Nurtingen, Alemanha - 59 Seconds Video Festival, Kunsthall Gallery Londres, UK - 59 Seconds Video Festival, Studio 29 Londres, UK - 59 Seconds Video Festival, ARTPROJX SPACE Artists Film Club Londres, UK - Condensation, Decima Gallery Austin, EUA - 59 Seconds Video Festival, University of Texas Londres, UK - Crouch End Open Studios, The Town Hall São Paulo, Brasil - Exposição Coletiva, Galeria Virgílio Rio de Janeiro, Brasil - Abre Alas 2008, Galeria A Gentil Carioca 2007 Londres, UK - Post-Graduate Final Show, Chelsea College of Art & Design Rio de Janeiro, Brasil - Inauguração Galeria do Convento, Galeria do Convento, Universidade Candido Mendes Londres, UK - Group Exhibition, Salon Gallery 2006 Rio de Janeiro, Brasil - Arquivo Geral, Centro Helio Oiticica Rio de Janeiro, Brasil - Conexão Contemporânea, FUNARTE 2005 Rio de Janeiro, Brasil - Acessos Possíveis, Escola de Artes Visuais do Parque Lage Niterói, Brasil - Evento Pyrata (com Grupo Py), Balsa de Niteroi Rio de Janeiro, Brasil - Conexão Contemporânea, FUNARTE