Ana Paula Albé Nascida em 09 de dezembro de 1974 no Rio de Janeiro/ RJ. Bacharel em comunicação na PUC Rio Mora e trabalha em São Paulo email : anapaulaalbe@gmail.com celular : 011. 8266-1814 site : http://www.anapaulaalbe.com.br Prêmios Bolsa de artes DIVA (Dinamarca) para residência artística em Copenhagen junto ao grupo Hello!Earth. 2009/2010 Prêmio viagem e Difusão Cultural do Ministério da Cultura(MinC) para desenvolvimento de projeto em Bangalore/ India durante ao evento “Building a City for Women”. Exposições Individual Paisagens, na Casa da América Latina, Lisboa (Portugal). 2009 Coletivas MARP, Centro Cultural da Caixa, Instituto Telemar, Casa França Brasil, Galeira Ojo Ajeno (Peru), Bogotá (Bolívia), International Video Art & Architecture Festival (Miami) e nas Galeria Mercedes Viegas e Vilaseca, Rio de Janeiro. Entre os professores relevantes estão Carlos Fajardo (grupo de estudo), Nelson Leiner (workshop Itaucultural), Eduardo Brandão (FAAP), Marcos Bonisson (Ateliê da Imagem), Denise Cathilina (EAV –Parque Lage). Entre seus parceiros de trabalho estão a cia. Hello!Earth (Dinamarca), as performers Micheline Torres (Rio de Janeiro), Marcela Levi (Rio de Janeiro).
TERRA DISTANTE
Ana Paula Albé expõe em Portugal pela primeira vez - suponho - duas séries de trabalhos fotográficos recentes que remetem directamente para o universo da paisagem. Fotografando tacos de madeira, rodapés parcialmente destruídos e pedaços de parede rachada, a artista entretece relações de correspondência - à maneira dos trompe l’oeil - entre os seus ínf(t)imos destroços quotidianos e paisagens naturais. Noutros casos, simula a rememoração ou reconstrução emocional de paisagens que o tempo varreu do seu olhar vivente, remetendo-as para o tempo forte e utópico das origens, que T. S. Eliot designou de “Waste Land” e a poetisa italiana Alda Merini (a quem retirei o título deste texto) chamou “A Terra Santa” – “lugar novo/ que quando convém/te envia o seu raio nu/para dentro da cela muda.” Linhas de água, horizontes recortados, superfícies aquáticas em repouso ou agitadas, composições de matriz simbolista, privilegiando os aspectos plásticos da imagem, trabalhos de extrema depuração formal, nos quais se instaura uma radical abstracção geométrica em formato digital ou infiltrações que abrem nas paredes linhas horizontais – desenhos singelos – foram coligidos pela artista, numa espécie de cartografia exaustiva de como os estragos construtivos podem favorecer a criação. Ou antes, a artista instala aqui uma polaridade constante entre a destruição e a possibilidade de criação ou renovação. À maneira dos apocalipses, para os quais se exige a completa ruína do presente como condição necessária ao ressurgimento de uma nova criação liberta da matéria espúria. Por outro lado, a exaltação do detalhe e a celebração do pormenor como local de culto por excelência, estabelece um novo nível de correspondências ambígua entre o substancial e o desprezível.
José Sousa Machado
* Texto escrito para a exposição Paisagens realizada na Casa da América Latina em Abril de 2009. Lisboa, Portugal
Do cot id ia no a o s on h o e m q uat ro art ist as - L uisa Du arte para Ga le ria M er ce des Vie gas
(…) A obra de Ana Paula Albé deriva de um olhar atento às entrelinhas do cotidiano. Suas fotografias surgem como pequenas paisagens que remetem à natureza, mas são, efetivamente, realizadas no tecido da vida doméstica. A artista registra rodapés em estado de decomposição. Entre a desconstrução e a reconstrução, vemos pequenas ruínas. Focos de obras inacabadas, infiltrações, que aqui assumem o papel de desenhos. Postas uma ao lado da outra, torna-se potente a identificação com paisagens naturais de horizontes e montanhas, quando o que está sendo fotografado são linhas incertas, formadas arbitrariamente em fragmentos de paredes. A produção destas imagens se deu no contexto de mudança da artista do Rio de Janeiro para São Paulo. De uma cidade à beira-mar, repleta de horizontes e morros, ocorre a deriva para uma cartografia fechada, sem horizonte. É nessa nova casa, que ainda está em processo de construção, é nesse novo lugar, que ainda está por ser reconhecido, é nesse estado de transição que Ana Paula devota atenção para estas paisagens possíveis, domésticas, que se encontram ali, bem próximas, morando de maneira insuspeita aos seus pés. Estamos diante da descoberta de horizontes improváveis, ponto no qual nunca se chega, mas que nos serve de guia diante de territórios ainda desconhecidos. (…) continua 1) Essa tomada da casa como espaço poético pode ser vista também, de maneira forte e constante, na obra da artista Brígida Baltar.
Texto para exposição de Ana Paula Albé, Claudia Backer, Maria Laet e Mika Chermont ocorrida em 2005 na Galeira Mercedes Viegas