Kratz Hotel Fazenda - FTFG

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KRATZ HOTEL FAZENDA EM SÃO BONIFÁCIO - SC

BÁRBARA COSTA HENRIQUE


CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SANTA CATARINA ARQUITETURA E URBANISMO

FUNDAMENTOS PARA O TFG DISCENTE: BÁRBARA COSTA HENRIQUE DOCENTE: JÚLIA FIUZA CERCAL

SÃO JOSÉ-SC 2020


KRATZ HOTEL FAZENDA – O USO DA ARQUITETURA NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RURAL DIRETRIZES DE ANTEPROJETO PARA HOTEL FAZENDA NA SERRA CATARINENSE

Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo realizado em cumprimento as exigências da Disciplina CCE0909 – Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação.


BÁRBARA COSTA HENRIQUE

KRATZ HOTEL FAZENDA – O USO DA ARQUITETURA NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RURAL DIRETRIZES DE ANTEPROJETO PARA HOTEL FAZENDA NA SERRA CATARINENSE

Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo realizado em cumprimento as exigências da Disciplina CCE0909 – Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação.

São José, 26 de Junho de 2020

Professora da disciplina de Fundamentos para o Trabalho Final de Graduação Professora Júlia Fiuza Cercal Centro Universitário Estácio de Santa Catarina


“A arquitetura deve falar de seu tempo e lugar, porém anseia por intemporalidade.” (Frank Gehry)


KRATZ HOTEL FAZENDA EM SÃO BONIFÁCIO - SC Dedico este trabalho a todos os meus professores do curso, que foram tão importantes na minha formação pessoal e acadêmica. Dedico este trabalho aos meus familiares

que

essêncial

durante

formação

e

tiveram são

um

papel

a

minha

toda os

maiores

incentivadores das realizações dos meus sonhos. Dedico

este

trabalho

aos

amigos que estiveram presentes, mesmo que distantes, na minha vida, sendo compreensivos com a minha ausência e me apoiando nessa trajetória.


Com o êxodo rural, fenômeno que ganhou forças principalmente na metade do século XX, muitas pessoas saíram do campo em busca de oportunidade de trabalho, estudo e uma melhor condição de vida para suas famílias no meio urbano. Um dos motivos que desencadeou a migração do meio rural para o meio urbano foi a mecanização das atividades agrícolas, onde o pequeno agricultor não consegue competir com os grandes produtores. Ao passar dos anos a cultura do campo e a conexão das pessoas com a natureza foi se perdendo com a rotina das grandes cidades, as selvas de pedra. Hoje, o turismo rural tem ganhado cada vez mais destaque, as pessoas estão buscando se reconectar com a natureza e suas origens. Além da conexão com a

RESUMO

natureza e com a cultura local, o turismo rural possibilita aos produtores locais uma alternativa econômica além da agricultura, o que provoca um aumento na renda dos trabalhadores e consequentemente ameniza o processo do êxodo rural. O objetivo final desta primeira etapa do trabalho final de graduação, é desenvolver diretrizes de anteprojeto para um Hotel Fazenda na Serra Catarinense, que contribua com a população local, valorizando a cultura regional, trazendo elementos de São Bonifácio como elementos centrais do projeto arquitetônico.

Palavras-chave: Turismo, hotelaria, meio rural, natureza, cultura local.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Matriz conceitual para a tipologia municipal rural-urbana Figura 02: Mapa de tipologia municipal rural-urbana Figura 03: Representação do Turismo Rural Figura 04: Ilustração Hotel Pharoux Figura 05: Tipologias de apartamentos padrão econômico e médio Figura 06: Tipologias de apartamentos padrão superior com e sem terraço Figura 07: Circulação mínima dormitório acessível Figura 08: Recepção Casa Cook Chania Hotel Figura 09: Restaurante Casa Cook Chania Hotel Figura 10: Interligação entre diversos elementos de uma propriedade rural Figura 11: Sistemas de ventilação para estábulo Figura 12: Planta baixa estábulo Figura 13: Dimensões cavalo acompanho e porta do estábulo Figura 14: Layout e dimensões para estabulação, balaustradas de treinamento e depósito de selas. Figura 15: Layout e dimensões da arena de adestramento, local de treinamento interno e altura manjedouras Figura 16: Rancho La Stella Figura 17: Centro Equestre com Estrutura em madeira Figura 18: Cabanas do Hotel Awasi Patagônia Figura 19: Mapa de localização Hotel Awasi Patagônia Figura 20: Cabanas com vista para o Parque Nacional Torres del Paine Figura 21: Implantação do Hotel Awasi Patagônia Figura 22: Imagem da implantação do Hotel Awasi Patagônia Figura 23: Gráficos de condicionantes ambientais


Figura 24: Esquema de condicionantes climáticas Figura 25: Detalhamento da parede das cabanas e área central Figura 26: Cabana com 1 suíte do Hotel Awasi Patagônia Figura 27: Planta baixa área central do Hotel Awasi Patagônia Figura 28: Imagem área central do Hotel Awasi Patagônia Figura 29: Sala de estar da área central Figura 30: Sala de jantar na área central Figura 31: Planta baixa área central do Hotel Awasi Patagônia Figura 32: Cortes área central do Hotel Awasi Patagônia Figura 33: Imagem da vista na suíte das cabanas Figura 34: Planta baixa cabanas do Hotel Awasi Patagônia Figura 35: Banheiro da suíte nas cabanas

Figura 36: Sala de estar das cabanas Figura 37: Fachadas cabanas do Hotel Awasi Patagônia Figura 38: Cabanas do Hotel Awasi Patagônia Figura 39: Varanda suíte Hotel Fasano Boa Vista Figura 40: Mapa de localização Hotel Fasano Boa Vista

Figura 41: Implantação Fazenda Boa Vista Figura 42: Condicionantes Hotel Fasano Boa Vista Figura 43: Fachada Sudoeste Hotel Fasano Boa Vista Figura 44: Vista da fachada Sudoeste do Hotel Fasano Boa Vista Figura 45: Planta esquemática segundo pavimento Hotel Fasano Boa Vista

Figura 46: Caminho de entrada do Hotel Fasano Boa Vista Figura 47: Lobby Hotel Fasano Boa Vista Figura 48: Sala de estar Hotel Fasano Boa Vista


Figura 49: Sala de jogos Hotel Fasano Boa Vista Figura 50: Business Center Hotel Fasano Boa Vista Figura 51: Planta esquemática primeiro pavimento Hotel Fasano Boa Vista Figura 52: Restaurante Hotel Fasano Boa Vista Figura 53: Corredor de acesso aos apartamentos Figura 54: Sacada dos apartamentos do Hotel Fasano Boa Vista Figura 55: Mesa de jantar do apartamento deluxe Figura 56: Apartamento no segundo pavimento Figura 57: Sala de estar apartamento duplex Figura 58: Varanda do apartamento de dois quartos Figura 59: Espaços da Fazenda Boa Vista e Hotel Fasano Boa Vista Figura 60: Centro Equestre – Estábulo

Figura 61: Hotel Fasano Boa Vista Figura 62: Hotel Awasi Patagônia Figura 63: Botanique Hotel e Spa Figura 64: Casa Ponte Figura 65: Mapa distância entre Florianópolis e São Bonifácio

Figura 66: Arquitetura Enxaimel Figura 67: Belezas naturais – São Bonifácio Figura 68: Distância do centro até o terreno Figura 69: Perímetro do terreno com recorte de interesse arquitetônico Figura 70: Mapa com as Macrozonas do município

Figura 71: Gráfico de chuva e umidade relativa Figura 72: Gráficos de ventos predominantes dia e noite Figura 73: Diagrama com resumo das condicionantes ambientais


Figura 74: Carta solar inserida no recorte do terreno Figura 75: Condições de conforto e estratégias Figura 76: Acessos para o terreno Figura 77: Topografia terreno Figura 78: Topografia no recorte de interesse arquitetônico Figura 79: Córrego e açude Figura 80: Córrego próximo ao acesso do terreno Figura 81: Imagem das vegetações Figura 82: Imagem das vegetações Figura 83: Fachada da casa Figura 84: Zoneamento proposta Figura 85: Programa de necessidades bloco hotel

Figura 86: Programa de necessidades bloco hotel e cabanas Figura 87: Programa de necessidades café colonial, oficinas, área de lazer e estábulo. Figura 88: Fluxograma hotel Figura 89: Fluxograma café colonial, área de lazer e estábulo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT

Associação Brasileira de Normas Técnicas

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NBR

Norma Brasileira

TRAF

Turismo Rural na Agricultura Familiar

SBClass

Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem


01

02

03

INTRODUÇÃO

REFERENCIAL TEÓRICO

ESTUDO DE CASO

1.1 Objetivos

p.15

1.1.1 Objetivo geral 1.1.2 Objetivos

2.1 O meio rural

p.18

3.1 Hotel Awasi Patagônia

2.2 Turismo rural

p.22

3.1.1 Ficha técnica

2.2.1 Aspectos históricos

3.1.2 Localização

específicos

2.2.2 Definições

3.1.3 O projeto

1.2 Metodologia de

2.2.3 Serviços e atividades oferecidas

pesquisa

p.15

1.3 Estrutura do trabalho

p.16

3.2 Fasano Boa Vista

2.2.4 Perfil do turista 2.3 Hotelaria

p.31

3.3 Referênciais projetuais

2.3.3 Hotel fazenda 2.3.4 O projeto p.46

2.4.1 Estábulos e condições ambientais 2.4.2 Projeto e dimensões

SUMÁRIO

3.2.2 Localização 3.2.3 O projeto

2.3.2 Tipos de hotel

2.5 Sistema construtivo

p.75

3.2.1 Ficha técnica

2.3.1 Breve histórico

2.4 Construções Rurais

p.56

p.53

p.97


04

05

06

ANALÍSE DO TERRENO

ESTUDO PARA ANTEPROJETO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 Localização

p.102

5.1 O usuário

p.120

4.2 São Bonifácio

p.103

5.2 Partido e conceito

p.123

4.3 Terreno

p.105

5.3 Zoneamento

p.125

4.3.1 Legislação

5.4 Programa de

p.126

4.3.2 Condicionantes

necessidades

bioclimáticos

5.5 Fluxograma

6.1 Cronograma TFG

p.129

4.2.3 Características físicas 4.2.3 Edificação existente

07 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

p.132


INTRODUÇÃO

01

Com o êxodo rural, fênomeno que ganhou forças principalmente na metade do século XX, muitas pessoas saíram do campo em busca de oportunidade de trabalho, estudo e uma melhor condição de vida para suas famílias no meio urbano. Um dos motivos que desencadeou a migração do meio rural para o meio urbano foi a mecanização e modernização das atividades agrículas, onde o pequeno agricultor não consegue compertir com os grandes produtores e empresas. Ao passar dos anos a cultura do campo e a conexão das pessoas com a natureza foi perdendo valor nas rotinas das grandes cidades, conhecidas como selvas de pedra. Hoje, muitos anos depois, as pessoas estão buscando se reconectar com suas raízes e com a paisagem, descobrindo a

importância ambiental e o valor da conservação da natureza. Com esse cenário, pequenos agricultores encontraram uma maneira

de

garantir

sua

permanência

no

campo,

os

investimentos deixaram de ser apenas na agricultura e abriram espaço para o turismo rural como uma fonte alternativa.

Segundo o ministério do turismo o turismo rural, diferente do

turismo

em

meio

rural

que

não

tem

nenhuma

obrigatóriedade com a população ou com a cultura local, é uma atividade turística desenvolvida no meio rural e Fonte: Sabrina Pinheiro


comprometida com a produção agropecuária, com o resgate do patrimônio cultural e natural do local. Assim, o turismo rural trás muitos benefícios para a região como: a diversificação da economia regional, geração de novas oportunidades de trabalho e renda, agrega valor ao produto primário, diminui o exôdo rural, incentiva melhorias na infra-estrutura e conservasão do patrimônio cultural. Nessa problemática, entra o papel do arquiteto e urbanista com a concepção de um espaço de hospedagem e lazer, que traduza em sua forma e atividade

uma

relação

linguagem

contemporânea,

entre

que

tradição

não

e

interfira

uma

de

maneira negativa na paisagem do local e ainda, valorize os materiais regionais. Esta pesquisa visa buscar embasamento para um Hotel Fazenda na região

de

São

Bonifácio -

SC, proporcionando

atividades que conectam o turista com a vida no campo e um contato direto com a natureza como: o cultivo de espécieis vegetais, produção de compotas e farinhas, trilhas e caminhadas, pesca, piscina natural, restaurante com comida regional.


1.1 OBJETIVOS

Para a elaboração deste trabalho, foram traçados os objetivos abaixo. 1.1.1 OBJETIVO GERAL Desenvolver diretrizes para anteprojeto arquitetônico de Hotel Fazenda, em São Bonifácio - Santa Catarina, com enfase na experiência do usuários e na melhora significativa da qualidade de vida do morador local. 1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Foram estabelicidos os seguintes objetivos específicos: A) Estudar através de referencial teórico, as normas, diretrizes e legislações pertinentes ao tema de hotelaria, turismo rural e arquitetura. B) Analisar, através de estudos, a influência do turismo rural na comunidade em que está inserido. C) Relacionar, através de referencial teórico os hoteis fazenda, e como utilizar da arquitetura como influência no resgate do patrimônio natural e cultural da comunidade. D) Verificar, através de estudos de caso indiretos, a adequação dos espaços físicos e arquitetônicos, para atividade de hospedagem, sem descaracterizar a paisagem; e identificar problemas e soluções arquitetônicas para suas necessidades de acordo com as atividades a serem realizadas. E) Propor, programa de necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma, zoneamento e partido arquitetônico.

1.2 METODOLOGIA DE PESQUISA

A etapa de fundamentos do trabalho final de graduação, pode ser caracterizado como pesquisa exploratória. Onde será abordada de maneira qualitativa, para fazer um levantamento, análise e coleta de dados, buscando compreender e interpretar todo o processo e comportamentos, sem o intuito de quantificar, mas sim com o objetivo de promover maior proximidade do pesquisador com o tema escolhido. Para a coleta de dados será realizado pesquisa bibliográfica em livros, sites, artigos, e através de documentos, normas e regulamentos, realizando também, estudos de caso indiretos, com projetos nacionais e internacionais, para que se possa explorar os problemas, funcionalidades e utilização da edificação.


1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em sete capítulos, sendo o primeiro dedicado para a introdução, onde será apresentado a delimitação do tema escolhido através de objetivos gerais e específicos, bem como metodologia empregada e a estrutura composto do artigo. No segundo capítulo, será apresentado o referencial teórico, esta etapa será dedicada ao levantamento bibliográfico do tema e o que abrange, aquilo que atinge direta e indiretamente no sentido de fundamentação para a criação das diretrizes de projeto arquitetônico. No terceiro capítulo, serão apresentados os estudos de caso indiretos realizados durante o desenvolvimento da pesquisa aqui apresentada, bem como referenciais projetuais, programáticas, conceituais, estruturais e organizacionais. No quarto capítulo, serão apresentados os dados do município, e os dados obtidos durante o estudo realizado no lote para a inserção de uma futura proposta entre (apresentada somente no TFG), que corresponde as condicionantes legais, sociais, físicas e climáticas. No quinto capítulo será apresentada as necessidades de cada usuário, partido e conceito arquitetônico, e será apresentado também, o estudo para elaboração da proposta arquitetônica (esta, apresentada somente no TFG), que se refere a explicação do

funcionamento da proposta, esquemas explicativos, programa de necessidades com pré-dimensionamento e fluxograma. No sexto capítulo será composto pelas conclusões finais, referentes a todas as pesquisas de referenciais teóricos e projetuais. O sétimo capitulo será composto pela listagem de referencial bibliográfico.


02

REFERENCIAL TEÓRICO


Neste capítulo será apresentado uma ánalise de definições, caracteristicas e atividades do turismo rural relacionando com os meios de hospedagem e suas classificações, considerando também a importância de uma arquitetura inclusiva, eficiente e que conserve a memória de uma população.

2.1 O MEIO RURAL Define-se o termo rural como: “referente ao campo, que é próprio do campo ou está situado no campo; agrícola, campestre: vida rural, paisagem rural” (Dicionário Online de Português, 2020), e tem como antônimos os termos urbano e citadino. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017, p.16) “o debate sobre o rural e o urbano admite muitas interpretações e é composto de muitos elementos analíticos que compõe um mosaico vasto e diverso de interpretações”. A autora Rodrigues (2000, p.52) destaca a realidade brasileira que muitas vezes faz uma classificação modernista que não cabe mais para os dias de hoje, onde os espaços rural e urbano tinham características muito distintas com uma divisão de território muito definida. Atualmente existem ainda os territórios com caracteristas extremas de ruralidade e urbanidade, porém a divisão dos territórios apresentam caracteristicas mais tênues. “Apesar de tradicionalmente estabelecidas como modos de qualificar as sociedades e o espaço, as categorias rural e urbano estão sujeitas às transformações que vem sendo operadas no decorrer do tempo.” (IBGE, 2017, p.11) Fonte: Sabrina Pinheiro


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica (IBGE, 2017) foi observado diretrizes internacionais para a busca de uma metodologia que se enquadre com a nova realidade do país, assim a nova tipologia dos espaços rurais e urbanos no Brasil é basicamente o cruzamento de três informações: população em áreas de ocupação densa, proporção da população em áreas de ocupação densa em relação à população total e localização. Figura 01: Matriz conceitual para a tipologia municipal rural-urbana

Fonte: IBGE – Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100643.pdf

Na figura 01, pode-se observar as variaveis de população em áreas de ocupação densa e proporção da população em

áreas de ocupação densa em relação à população total resultando em 3 categorias de municípios: predominantemente urbana, predominantemente rural e intermediário.


Já na figura 02, além das duas variaveis é observado também a localização, resultando em 5 categorias de municípios: predominantemente urbana, intermediario adjacente, intermediario remoto, rural adjacente e rural remoto. Vale destacar a grande área territorial classificada como município rural adjacente no estado de Santa Catarina. Figura 02: Mapa de tipologia municipal rural-urbana

Fonte: IBGE – Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100643.pdf


Segundo o Ministério do Turismo o espaço urbano ou rural é “caracterizado por critérios multidimensionais, como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004, p.12). Sendo que: “Nos territórios rurais, tais elementos manifestam-se, predominantemente, pela destinação da terra, notadamente focada nas práticas agrícolas e na noção de ruralidade, ou seja, no valor que a sociedade contemporânea concebe ao rural, e que contempla as características mais gerais do meio rural: a produção territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de vida, que se manifestam pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura comunitária, a identificação com os ciclos da natureza.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2004, p.12)

O Ministério do Turismo (2010, p.11) aponta que as transformações no meio rural são decorrentes da intensificação

da globalização e também da modernização da agricultura, o que interfere diretamente nas relações de trabalho no campo, onde o pequeno e médio agricultor perdem seu espaço, levandoos para uma busca de novas fontes de renda para garantir sua permanência no campo. A descoberta das novas possibilidades

de rendas complementares com as atividades não-agrículas levam os agricultores a desenvolver atividades como o turismo, trazendo novas funções econômicas e sociais para o meio rural.


2.2 TURISMO RURAL Conforme

o

Ministério

do

Turismo

(2004,

p.06),

o

crescimento do turismo rural no Brasil é explicado principalmente por duas razões: a necessidade que o agricultor tem de buscar novas fontes de renda, para garantir sua permanência no campo, e a vontade dos moradores de zonas urbanas de se reconectar com a natureza, reencontrar suas raízes e conhecer o modo de vida das pessoas no campo. “Muitos moradores urbanos viajam com o intuito de reencontrar suas raízes, interagir com a comunidade local, participar de suas festas tradicionais, desfrutar da hospitalidade e do aconchego nas propriedades, conhecer o patrimônio histórico e natural no meio rural, conviver com os modos de vida, tradições, costumes e com as formas de produção das populações do interior, vivenciar novas experiências, buscar novos conhecimentos, saberes, descansar física e mentalmente, fugir da rotina da vida urbana e adquirir produtos típicos.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.14)

“O turismo rural estaria correlacionado a atividades agrárias passadas e presentes que conferem à paisagem sua

fisionomia nitidamente rural” (RODRIGUES, 2000, p.54). O Ministério do Turismo (2010, p.45) destaca também a premissa do envolvimento da comunidade e do desenvolvimento do local, enfatizando a importância da apropriação da Fonte: Sabrina Pinheiro


comunidade por sua herança cultural, tendo como consequência a apresiação do lugar onde vivem e a valorizaçao de seus patrimônios culturais, conseguindo assim uma interação mais significativa com o visitante. “Além dos aspectos já mencionados, cabe destaque o surgimento de um novo e complementar mercado para os agricultores, já que o Turismo Rural propicia o contato direto do consumidor com o produtor rural que, além de vender serviços de hospedagem, alimentação e entretenimento, pode comercializar produtos in natura (frutas, ovos, verduras) ou beneficiados (compotas, queijos, artesanato) aos visitantes. Dessa maneira, o produtor incrementa a sua renda e o turista tem acesso a produtos de qualidade e acessíveis.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.15)

Os autores Schneider e Fialho (2000, p.32) também reforçam duas caracteristicas do turismo rural, a primeira sobre o potencial econômico que está ligado a um desenvolvimento cultural bem estabelecido na comunidade, trazendo como atração para o turista uma arquitetura apreciável, a conservação dos costumes e uma gastronomia regional, ainda destacam como o desenvolvimento cultural é mais relevante do que grandes atrativos naturais, e por último o benefício da sociedade, com a geração de empregos ligados ao turismo rural. “Como em toda atividade, o turismo no meio rural também possui aspectos positivos e negativos. Ele proporciona benefícios, mas também pode causar consequências que trazem problemas para a população local” (SCHNEIDER; FIALHO, 2000, p.35) O Ministério do Turismo (2004, p.09) listou alguns benefícios do desenvolvimento do turismo rural como: a difusão de conhecimento e valorização de práticas rurais, a dinamização econômica diminuindo o êxodo rural, melhorias na infraestrutura do local, troca experiências entre moradores do espaço rural e urbano, além do resgate da autoestima do campo e reencontro dos visitantes com suas origens rurais e também com a natureza. “Em suma, um trabalho contínuo de sensibilização poderá resultar na descoberta de informações sobre a história local, na elevação da autoestima da população, na geração de atitudes positivas entre comunidade e turista, na melhoria do processo de interpretação, no desenvolvimento do respeito mútuo e na compreensão do Turismo Rural como forma de melhoria do ambiente rural e de redução da migração para as grandes cidades.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.46)


“Em suma, um trabalho contínuo de sensibilização poderá resultar na descoberta de informações sobre a história local, na elevação da autoestima da população, na geração de atitudes positivas entre comunidade e turista, na melhoria do processo de interpretação, no desenvolvimento do respeito mútuo e na compreensão do Turismo Rural como forma de melhoria do ambiente rural e de redução da migração para as grandes cidades.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.46)

Schneider e Fialho (2000, p.33) ressaltam sobre a quantidade de empregos no turismo que exigem mão-de-obra pouco qualificada, mesmo que geralmente significa uma baixa remuneração, sendo um ponto positivo para os moradores mais jovens do meio rural, reduzindo ou retardando suas saídas para o espaço urbano. Como os benefícios do turismo rural foram se difundindo pelo país, muitos empreendedores começaram a investir no meio rural, a prática começou a ganhar forças de maneira inicial com pouco profissionalismo e pouco embasamento técnico, isso gerou consequências para o meio rural como: sobre carga da infra-estrutura da cidade, pelo número elevado de pessoas, degradação ambiental e da atividade rural e uma descaracterização do espaço (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004). “Por outro lado, a agricultura, em vez de ser estimulada e alavancada pelo turismo, pode acabar substituída por outras atividades mais rentáveis, perdendo a competição em termos de trabalho e terra, especialmente em regiões geográficas desfavoráveis. É desejável que as atividades relacionadas ao turismo rural sejam complementares à atividade agrícula da propriedade” (SCHNEIDER; FIALHO, 2000, p.34)

De acordo com o Ministério do Turismo (2010, p.29) uma preocupação no que diz a respeito ao Turismo Rural no Brasil é sobre a legislação que não tem acompanhado o desenvolvimento e transformações do meio rural e suas novas atividades econômicas, deixando margem para informalidade. No Estado de Santa Catarina podemos destacar a Lei 14.361, de 25 de janeiro de 2008 – Estabelece a política de apoio ao Turismo Rural na Agricultura Familiar. Deve-se lembrar que “o turismo é uma atividade que sofre mudanças e inovações constantes, em função de novas exigências da demanda e da contínua e acirrada competitividade dos mercados.” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004, p.08)


2.2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS No século XX, o turismo rural começou a aparecer como uma possível atividade econômica nos Estados Unidos e Europa. Na década de 1980 foi expandido para America do Sul, mais precisamente na Argentina, Uruguai e Brasil, e em 1990 ganhou espaço no Japão, África e Oceania. Quase uma década depois, o turismo rural ganhou espaço na Mongólia, Madagascar e Ucrânia. Conforme ficou evidente os benefícios do turismo rural o crecimento pelo mundo se deu de maneira empírica, uma prátrica que uni a necessidade do pequeno e médio agricultor em encontrar uma alternativa econômica para conseguir garantir sua permanência no

campo e ao mesmo tempo visa a preservação da paisagem e da identidade do povo, preservando sua cultura e difundindo seus hábitos. Em 1991, com a repercusão da nova prática turistica, a União Européia sentiu a necessidade de criar um programa de desenvolvimento para o turismo rural, o que incentivou a criação de políticas públicas em diversos países pelo mundo. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010)

No Brasil, o turismo rural é considerado uma prática relativamente nova, principalmente quando comparada com outras atividades de turismo, e devido a extensão territorial do país não há dados extremamente precisos marcando o seu início. (RODRIGUES, 2000, p.51) “Embora a visitação a propriedades rurais seja uma prática antiga e comum no Brasil, apenas há pouco mais de vinte anos passou a ser considerada uma atividade econômica e caracterizada como Turismo Rural. Esse deslocamento para áreas rurais começou a ser encarado com profissionalismo na década de 80, quando algumas propriedades em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, devido às dificuldades do setor agropecuário, resolveram diversificar suas atividades e passaram a receber turistas.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2004, p.08)

As primeiras iniciativas com o titulo de turismo rural ocorreram no município de Lages, no estado de Santa Catarina (RODRIGUES, 2000, p.51)


“Em 1986, a fazenda propôs a acolher visitantes para passar “um dia no campo”. Oferecendo pernoite e participação nas lidas do campo, são consideradas pioneiras também a fazenda do Barreiro e a fazenda Boqueirão. As iniciativas multiplicaram-se rapidamente não somente em Lages, mas em todo o território brasileiro, particularmente nas regiões Sul e Sudeste.” RODRIGUES (2000, p.51)

2.2.2 DEFINIÇÕES

2.2.2 DEFINIÇÕES Assim como no mundo, o crescimento do turismo rural no Brasil têm acontecido de maneira empírica. A extensão territorial do país faz com que tenha uma grande diversificação cultural, e assim apresente caracteristicas e denominações diferentes, por isso, viu-se a necessidade de incentivar e oficializar

a prática turística, trazendo definições e orientações evitando o crescimento desordenado. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) “Pode-se apresentar as definições aqui expostas pela figura seguinte, pela qual se pode perceber que as terminologias Agroturismo e Turismo Rural na Agricultura Familiar podem ser admitidas, em um nível estratégico, como componentes de uma mesma definição: o Turismo Rural. Este, por sua vez, é um componente do Turismo no Espaço Rural, que também engloba outros segmentos turísticos. Em suma, o TRAF pressupõe o Agroturismo, que pressupõe o Turismo Rural, que, por sua vez, pressupõe o Turismo no Espaço Rural.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.22) Fonte: Sabrina Pinheiro


Figura 03: Representação do Turismo Rural

Turismo no Espaço Rural Turismo Rural Agroturismo TRAF Fonte: Ministério do Turismo – Turismo Rural: Orientações básicas p.22

O Turismo no Espaço Rural são práticas turísticas que ocorrem no meio rural mas que não, necessariamente, são atividades comprometidas com costumes rurais, como a agricultura. Geralmente são atividades de lazer e aventura, que não tem relações com o meio rural além de basicamente estar localizado no território rural, a atividade poderia ser realizada sem qualquer

prejuízo no meio urbano. Como pode-se observar na Figura 03, o Turismo no Espaço Rural é um recorte, onde o Turismo Rual está inserido. Por sua vez, o Turismo Rural são atividades comprometidas com o desenvolvimento do meio rural, com a produção agropecuária, agregando valor ao produto e serviços, comprometindo também com o resgate do patrimônio cultural e natural da sociedade a qual a atividade está inserida. Atividades que tem como principal atividade econômica o turismo mas que também tenha como premissa de seu serviço oferecido a ruralidade, como por exemplo um hotel fazenda, é considerado como Turismo Rural. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010)


“Agora, uma propriedade rural, com produção ativa, que plante morangos, por exemplo, que viva dessa produção e que receba turistas em decorrência dessa produção, estaria oferecendo a prática do Turismo Rural, mas também do Agroturismo. Por último, se esta mesma propriedade estivesse composta por agricultores familiares (conforme Lei 11.326), ofereceria também o Turismo Rural na Agricultura Familiar.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.23)

O Agroturismo tem como premissa a atratividade nas propriedades rurais, onde o turista pode acompanhar a produção de produtos e vivenciar o dia-a-dia de uma propriedade rural como: plantio, colheita, manejo de animais e produções de geléias, pães, vinhos e entre outras atividades. O Turismo Rural na Agricultura Familiar (TRAF) também apresenta como premissa a atração dos turistas para o dia-a-dia de uma propriedade rural, mas por sua vez se restringe para uma gestão e exploração

familiar com pequenas e médias áreas. Tanto no Agroturismo como no TRAF, a prática do turismo se apresenta como uma atividade complementar das atividades agrícolas, sempre agregando valor aos serviços, produtos e costumes rurais. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) 2.2.3 SERVIÇOS E ATIVIDADES OFERECIDAS Segundo o Ministério do Turismo (2010, p. 33) “o meio rural oferece uma série de serviços e atividades aos seus visitantes.” Os serviços para o desenvolvimento de atividades de turismo rural podem ser divididos em instalações, edificações ou serviços como: hospedagem, alimentação, guiamento, condução ou transporte no local. A hospedagem são os estabelecimentos que oferecem alojamento, no turismo rural a maior parte dos meios de hospedagem são: hotéis fazenda, hospedagem domiciliar (quarto nas propriedades rurais) e pousadas. No setor de alimentação os restaurantes tradicionais ou propriedades rurais oferecem para os turistas pratos típicos e/ou degustação de produtos orgânicos e caseiros, além das refeições tradicionais como o almoço e jantar, o café colonial têm uma grande procura por parte dos visitantes. O guiamento, condução e recepção são os atendimentos e orientações turísticas, geralmente procurado para os viajantes em grupos, o serviço muitas vezes é realizado por agricultores, artesões ou proprietários rurais em parceria com agências e operadoras de turismo. Os serviços de transporte abrange tanto o deslocamento necessário como ônibus e vans, mas também passeios em veículos rurais como trator e charretes. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010)


“Para aumentar a amplitude do públicoalvo, é preciso conhecer o que leva os consumidores a optarem pelo empreendimento ou localidade e, assim, combinar atrativos com públicos diferenciados. Neste caso, deve-se tomar cuidado para não se perder de vista a identidade rural do produto, sua ruralidade, sob o risco de descaracterização.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.49)

Existem diversas atividades que podem ser

desenvolvidas

visando

o

comprometimento

com

a

ruralidade, levando conhecimento de costumes, culturas e atividades do meio rural para os turistas, por exemplo: atividades agropecuárias como o cultivo de vegetais e criação de animais; atividades de tranformação onde transforma-se a materia-prima em produtos como compotas, doces, panificação e etc; atividades ecoturísticas que promovem

integração

com

a

natureza

como

trilhas,

caminhadas e banhos de rios e cachoeiras; atividades de aventura como rapel, tirolesa e montanhismo; atividades interativas com gado envolve a interação do homem com os animais como cavalo, boi e carneiro com atividades de lida do campo como ordenha, cavalgadas, tropeadas; atividades de pesca como pesque-pague ou pesca em rios e lagos; atividades pedagógicas desenvolvidas principalmente com grupos de excursão e tem como


objetivo fornecer aulas práticas, e também atividades culturais que envolvem desde manifestações populares, produções de produtos e artesanatos,

observação

de

arquitetura

típica,

degustação

da

gastronomia e pratos típicos e atividades recreativas. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) 2.2.4 PERFIL DO TURISTA

2.2.4 PERFIL DO TURISTA

O turista rural não está em busca de apenas uma viagem, está em busca de experiências, de atividades que indique que estão fora da correria do meio urbano. O visitante busca uma conexão com a natureza e com o estilo de vida simples do campo. Pode-se apontar algumas características gerais como: na maioria das vezes são moradores

de grandes centros urbanos em busca de um ambiente completamente diferente; viajam em casais com filhos e amigos, possuem uma idade entre 22 e 55 anos com ensino médio e/ou ensino superior completo; fazem viagens de curta duração, onde os mesmos as programam pela internet e deslocam-se com seus automóveis em um raio de até 150km; pessoas que

valorizam a gastronomia regional e produtos locais. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010) “Vale ressaltar que as características aqui apresentadas representam o segmento em seu conjunto, não sendo necessariamente observadas em todos os casos. É crescente, por exemplo, a procura de jovens sem filhos pelo Turismo Rural e nada impede que um turista desfrute do meio rural por 10 dias.” MINISTÉRIO DO TURISMO (2010, p.28)

Fonte: Sabrina Pinheiro


2.3 HOTELARIA Após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) dois fatores influenciaram diretamente para as transformações do turismo: a expansão acelerada da economia, que melhorou a renda de varias faixas da população, principalmente em países desenvolvidos da Europa Central, Estados Unidos e Canadá, e a melhoria considerável nos sistemas de transporte e comunicação. Com esse cenário, a população passou a ter mais disponibilidade de tempo e também mais recursos financeiros para atividades de lazer, o que gerou um maior fluxo de viagens regionais e internacionais, ampliando o setor de turismo e consequentemente as redes hoteleiras. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) Hoje, de acordo com o Artigo 23 da Lei nº 11.771/2008, define-se hotelaria como:

"Os empreendimentos ou estabelecimentos, independentemente de sua forma de constituição, destinados a prestar serviços de alojamento temporário, ofertados em unidades de frequência individual e de uso exclusivo do hóspede, bem como outros serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança de diária". (Artigo 23 da Lei n° 11.771/2008)

Os empreendimentos hoteleiros, geralmente, são considerados como investimentos de risco. Além da sua rentabilidade depender da captação diária de hóspedes, os riscos também podem começar desde a fase de planejamento e projeto com erros que na

maioria dos casos devem ser evitados com os estudos de mercado em conjunto com uma análise da localização. Basicamente, o estudo de mercado faz uma análise econômica, ou seja, se o empreendimento será rentável, e uma análise de viabilidade financeira, se o empreendedor tem recursos financeiros suficientes para a aplicação do projeto, em paralelo a isso, com a análise da localização é feito um estudo que compara a procura dos turistas por hospedagens no local, para assim, identificar quais os segmentos não atendidos, ampliando a oferta existente. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


2.3.1 BREVE HISTÓRICO Desde a Antiguidade, os comércios são os principais responsáveis pela demanda de ofertas hoteleiras, as rotas comerciais na Ásia, Europa e na África, geraram a necessidade de atender os viajantes. Na idade média, atender os viajantes era uma obrigação moral e espiritual, com isso, as hospedagens eram feitas em mosteiros e abadias. Mais tarde, com as monarquias nacionais, hospedagem passou a ser um dever do Estado, assim, alguns viajantes se hospedavam em palácios, instalações militares ou administrativas do próprio Estado, outros, eram atendidos em albergues e estalagens, com um serviço mais precário. Posteriormente, com o avanço do capitalismo e da revolução industrial, a hospedagem começou a ser tratada como uma atividade econômica, e apenas do início do século XIX os hotéis passaram por uma padronização, com uma equipe de recepcionistas, gerencia e outros cargos de staff. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) No Brasil, ainda no período colonial, era muito comum as famílias receberem hóspedes em suas casas, além disso, os viajantes se hospedavam também nas casas-grandes das fazendas, nos casarões das cidades e nos conventos. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) “Sem considerar o período colonial, quando os viajantes se hospedavam nas casas-grandes dos engenhos e fazendas, nos casarões das cidades, conventos ou na beira das estradas, em ranchos construídos ao lado das sedes das propriedades rurais, onde eram fornecidos alimentos e bebidas, a hotelaria começa a ser uma realidade quando os conventos, mais movidos pela caridade, recebem personalidades ilustres, e algumas famílias introduzem o quarto de hóspedes entre as dependências. O mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, construiu, no século XVIII, um pavilhão só para hóspedes. Nesse mesmo período, surgiram as primeiras estruturas, inicialmente dedicados apenas às refeições, mas que eventualmente serviam como alojamento” GOES (2015, p.16)

Como reflexo da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, e também, da abertura dos portos país, em 1808, houve um aumento considerável na procura de locais para hospedagem. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


“É desse período a iniciativa dos proprietários de pensões, pousadas e hospedarias de denominar hotel seus estabelecimentos, numa tentativa de conferir mais respeitabilidade ao incipiente negócio. Também é desse período a construção do Hotel Pharoux no Largo do Paço, nas proximidades do cais do porto, marco na história da hotelaria no Brasil” GOES (2015, p.16)

“Cabe destacar, nessa época, o Hotel Pharoux, pela localização estratégica junto ao cais do porto, no largo do Paço, considerado um dos estabelecimentos de maior prestígio no Rio de Janeiro” (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019, p. 21) Posteriormente, foram criados incentivos para construções de novos hotéis no Brasil, em função do aumento de estrangeiros atraídos por alguns eventos que aconteceriam no país somado a escassez de hotéis para atender essa nova demanda. (GOES, 2015, p.16) “O problema de escassez de hotéis no Rio de Janeiro, que já acontecia em meados do século XIX, prosseguiu no século XX, levando o governo a criar n 1.160, de 23 de dezembro de 1907, que isentava por sete anos, de todos os emolumentos e impostos municipais, os cinco primeiros grandes hotéis que se instalassem no Rio de Janeiro.” (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019, p. 21)

Em São Paulo, partir de 1870, a imigração europeia vem substituir a mão de obra escrava no Brasil, principalmente nas lavouras de café, com isso, a produção de café é consolidada no país tornando-se o principal produto de exportação, e gerando um crescimento econômico. O número de habitantes na cidade de São Paulo aumenta consideravelmente, de 1890 à 1900, a população passou de 65 mil para 240 mil habitantes, e depois disso passou a ter 900 mil habitantes, quando a quebra da bolsa de valores de Nova York afetou diretamente na exportação de café, sofrendo uma grande desvalorização. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


Figura 04: Ilustração Hotel Pharoux

Fonte: História do Rio para Todos – Disponível em: https://historiadorioparatodos.com.br/timeline/1836-hotel-pharoux/


“A construção hoteleira alcançou, no século XX, dois momentos de grande expansão. O primeiro deles entre as décadas de 1920 e 1930, e o segundo, que representou o grande boom da indústria hoteleira, a partir do final da década de 1960. Foi o período de aumentos surpreendentes no número de hotéis das grandes cadeias hoteleiras.” (GOES, 2015, p.13)

Com o intuito de hospedar os barões de café e os emergentes industriais, surgiram luxuosos hotéis em São Paulo, como o Hotel Terminus, na rua Brigadeiro Tobias, o Hotel Esplanada, na praça Ramos de Azevedo, e o Hotel São Bento, na avenida São João. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) A criação da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur, atual Instituto Brasileiro de Turismo), e o Fundo Geral de Turismo (Fungetur), em 1966, atuam diretamente nos incentivos para implantação de novos hotéis, principalmente, hotéis de luxo, tornando as leis de zoneamento mais flexíveis nas capitais brasileiras. Nessa mesma época as redes internacionais chegam ao país, incentivando ainda mais uma legislação favorável ao ramo hoteleiro. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) As transformações do turismo nas últimas décadas, somado com o encurtamento das distâncias e ao barateamento de passagens e viagens, criou uma diversificação das atividades de lazer e necessidades dos viajantes, com isso, diversificou também, os nichos de mercado de hospedagem. Destaca-se que apesar da grande influência dos turistas estrangeiros para o turismo no Brasil, a principal demanda de turistas ainda é nacional, com viagens regionais. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)

2.3.2 TIPOS DE HOTEL

A diversidade da demanda gerou uma competitividade no setor hoteleiro, fazendo com que os hotéis tenham que se adaptar a nova realidade para a captação de clientes, surgindo assim, muitos tipos de hotéis, com características diferentes em razão da localização, e também, do segmento ao qual estão voltados, por exemplo: hotéis centrais e hotéis rurais tem públicos totalmente diferentes, com necessidades e buscas por padrões de serviços diferentes. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) Segundo Andrade, Brito e Jorge (2019), os hotéis podem ser definidos e classificados conforme: o seu padrão ou características de suas instalações, indicando o nível de conforto e serviços oferecidos; a sua localização, como hotéis de


cidade, de praia, campo; e também, sua destinação, podendo ser hotéis voltado para turismo, negócios, lazer, convenções ou econômicos. De acordo com a cartilha de orientação básica do sistema brasileiro de classificação de meios de hospedagem (SBClass), publicada pelo Ministério do Turismo em parceria com a Fundação Universa (2010), a classificação está fundamentada em oito princípios: legalidade, consistência, transparência, simplicidade, agregação de valor, imparcialidade, melhoria contínua e flexibilidade. Basicamente, os meios de hospedagem são classificados como: 1

Hotel : Meio de hospedagem com serviços de recepção, com ou sem alimentação, com opções de unidades individuais e de uso exclusivo. Classificado de 1 a 5 estrelas.

2

Resort: Com as mesmas características do hotel, porém apresenta uma infraestrutura de lazer, como, serviços de estética, atividades físicas e recreação no interior do próprio empreendimento. Classificado como 4 ou 5 estrelas.

3

Hotel Fazenda: Hotel localizado em meio rural, oferecendo entretenimento e vivencia do campo. Classificado de 1 a 5 estrelas.

4

Cama & Café: Residências com no máximo três acomodações para uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza do local. É importante destacar que, nessa modalidade, o proprietário do estabelecimento deve morar no local. Classificado de 1 a 4 estrelas.

5

Hotel Histórico: Hotéis instalados em edificações que foram palco de acontecimentos históricos, podendo ser reconhecida de maneira formal, por parte do Estado, ou informal, com base no conhecimento popular. Classificado de 3 a 5 estrelas.

6

Pousada: Empreendimento composto de no máximo 30 acomodações, edificação com característica horizontal, com no máximo 3 andares, e com serviços de alimentação e alojamento. Classificado de 1 a 5 estrelas.

7

Flat/Apart-Hotel: As unidades habitacionais são constituídas por dormitório, banheiro, sala e cozinha equipada, e a edificação do empreendimento conta com administração, possuindo serviços de recepção, limpeza e arrumação. Classificado de 3 a 5 estrelas.


Cada meio de hospedagem é avaliado em relação a infraestrutura, com as instalações e equipamentos, aos serviços oferecidos, e a sustentabilidade, em relação ao uso de recursos de maneira responsável, onde o atendimento das necessidades atuais não afetem a possibilidade do uso das futuras gerações. Os requisitos são divididos em itens mandatórios, ou seja, obrigatórios para o tipo de hospedagem e ao nível pretendido (estrelas), e itens eletivos, de livre escolha. MINISTÉRIO DO TURISMO; UNIVERSA (2010)

2.3.3 HOTEL FAZENDA

Segundo Rodrigues (2000, p.51), os hotéis fazenda são empreendimentos localizados em meio rural e estão totalmente vinculados com o desenvolvimento do Turismo Rural, valorizando

assim, a cultura local, a gastronomia regional e as atividades rurais. Os hotéis fazenda apresentam características muito próximas de um Resort, em menor escala e com menor diversidade de serviços, mas com o regime de diárias completas, onde inclui refeições e atividades. Como seu público é predominantemente familiar, os apartamentos devem ser maiores, para assim, acomodar camas adicionais. Outra característica importante é sempre que

possível os quartos devem possuir terraços, de pelo menos 1,5m, com algum mobiliário de descanso e com o posicionamento privilegiando a vista do hóspede para a paisagem. As atividades são sempre relacionadas ao estilo de vida do campo, como a interação do homem com os animais, e com a natureza. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) Apesar da administração dos hotéis fazenda serem basicamente familiar, são altamente

profissionais devido à alta competitividade de mercado nos últimos anos, e mesmo em hotéis que possuem um grande número de unidades habitacionais a característica do atendimento aos hóspedes é bastante pessoal. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


2.3.4 O PROJETO

Para o desenvolvimento do projeto do hotel deve-se fazer um estudo de cada setor específico, com a localização espacial e relações funcionais dos setores. Cada setor tem sua contribuição para o funcionamento integral do hotel, basicamente o projeto é divido em: áreas de hospedagem, públicas e sociais, administrativas, de recebimento, alimentos e bebidas, serviços e equipamentos. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)

1

Área de hospedagem: Para determinar a área de hospedagem é necessário ter bem definido o mercado para o qual o hotel será

projetado, conhecendo assim, a necessidade do cliente e o que ele busca em sua viagem. É importante lembrar que a área de hospedagem representa de 60% a 90% da área total do empreendimento, sua configuração pode ser escolhida em relação terreno, características da paisagem, eficiência operacional no atendimento das necessidades dos hóspedes e entre outros fatores. A área de hospedagem é a primeira parte a ser definida no projeto, devido a sua importância no volume total do prédio, modulação estrutural e decisões fundamentais como: a posição das prumadas (shafts), circulações verticais sociais, da escada de emergência, dos pilares, áreas de serviço como dutos de roupas e etc. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) De acordo com a NBR 9050 (2015), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pelo menos 10% das suítes e apartamentos devem ser acessíveis. Define-se acessibilidade para usos públicos e privados, em zonas urbanas ou rurais, como: “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações”. NBR 9050 (2015, p.2) Para determinar o projeto dos apartamentos deve-se levar em consideração o tipo do hotel, e o tipo de hóspedes, para assim, definir os requisitos de conforto de cada apartamento, como: escolha adequada de mobiliário, tamanho e tipos de cama, luminárias, se deve existir um local exclusivo para trabalho e etc. No mesmo hotel têm variações do nível de conforto e quantidade de equipamentos nos apartamentos, mas deve sempre manter a

identidade do hotel, como pode-se observar nas figuras seguintes. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


Figura 05: Tipologias de apartamentos padrão econômico e médio – Editado pela autora

PLANTA APARTAMENTO PADRÃO ECONÔMICO

PLANTA APARTAMENTO PADRÃO MÉDIO

LEGENDA 1. Poltrona - 2. Cama - 3. Mesa de cabeceira - 4. Sofá - 5. Armário – 6. Maleiro – 7. Mesa – 8. Mesa de trabalho – 9. Cadeira – 10. Cômoda – 11. Televisão – 12. Frigobar – 13. Abajur – 14. Espelho de aumento – 15. Espelho – 16. Barra de segurança – 17. Luminária – 18. Telefone – 19. Cortina para box – 20. Box de vidro temperado – 21. Blackout/cortina decorativa Fonte: ANDRADE; BRITO; JORGE, Hotel – Planejamento e Projeto, 2019


Figura 06: Tipologias de apartamentos padrão superior com e sem terraço - editado pela autora

PLANTA APARTAMENTO PADRÃO SUPERIOR

PLANTA APARTAMENTO PADRÃO SUPERIOR COM TERRAÇO

LEGENDA 1. Poltrona - 2. Cama - 3. Mesa de cabeceira - 4. Sofá - 5. Armário – 6. Maleiro – 7. Mesa – 8. Mesa de trabalho – 9. Cadeira – 10. Cômoda – 11. Televisão – 12. Frigobar – 13. Abajur – 14. Espelho de aumento – 15. Espelho – 16. Barra de segurança – 17. Luminária – 18. Telefone – 19. Cortina para box – 20. Box de vidro temperado – 21. Blackout/cortina decorativa Fonte: ANDRADE; BRITO; JORGE, Hotel – Planejamento e Projeto, 2019


Segundo a NBR 9050 (2015), em hotéis e pousadas os apartamentos acessíveis não devem estar isolados dos demais, precisam estar distribuídos em toda a edificação com rotas acessíveis. Os mobiliários dos dormitórios devem atender às condições de alcance manual e visual, com uma faixa mínima de circulação de 0,90cm e pelo menos uma área, com diâmetro de no mínimo 1,50m, prevendo assim, acesso a todas as áreas do quarto, como: banheiro, armários e camas. Figura 07: Circulação mínima dormitório acessível

1

Fonte: NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. p.130


2

Áreas públicas e sociais: O primeiro contato dos hóspedes com o Hotel é a entrada principal com a área de manobra e o

estacionamento, dependendo do tipo de hotel diferencia muito o meio de transporte que os hóspedes chegam de viagem, por exemplo: hotéis mais centrais muitos chegam de táxis e veículos próprios, mas em outras modalidades de hotéis pode ser mais comum a chegada com ônibus de excursão, embarcações e etc. O projeto deve prever a área de manobra e a área de embarque e desembarque para os horários de maiores fluxos, para não ter problemas de congestionamento, além de, lugares protegidos da chuva ou do sol para os hóspedes desembarcarem. Deve-se pensar também, em hotéis onde o estacionamento é ao livre, é importante que os veículos estejam protegidos com uma cobertura leve ou árvores específicas para sombreamento. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) O lobby é o primeiro contato do hóspede com a edificação em si, deve passar ao visitante a primeira impressão de como serão seus próximos dias. O local deve transmitir a imagem do hotel, por meio da decoração,

conforto, iluminações cuidadosamente pensadas para formar um ambiente extremamente aconchegante. A entrada principal deve ter dimensão confortável para a entrada dos hóspedes com as malas, assim que os visitantes passam pela porta principal devem visualizar seus pontos de interesse, como: a recepção, os elevadores, balcão de informações, bares e restaurantes, e se for o caso, a área de eventos. Os bares e restaurantes são elementos presentes em quase todos os tipos de hotel, com exceção de hotéis econômicos, e apresentam diferentes tamanhos e necessidades, os

acessos para esses ambientes devem ser claros e desimpedidos, e com acessos externos independentes. A área de eventos, geralmente localizadas no andar térreo, podem variar de tamanho dependendo da necessidade do hotel, desde poucas salas para reuniões ou grandes salões para congressos, eventos ou festas, no caso de áreas maiores a área de eventos pode contar com um foyer e com acesso alternativo independente. As áreas recreativas variam também conforme a tipologia do hotel, em hotéis centrais as áreas recreativas são bastante reduzidas, em contraponto

nos resorts as áreas recreativas são bastante amplas com diversas atividades, desde piscinas e quadras até trilhas para caminhadas. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


Figura 08: Recepção Casa Cook Chania Hotel - editado pela autora

Recepção Administrativo

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/939972/casa-cook-chania-hotel-k-studio-plus-lambs-and-lions?ad_medium=gallery


Figura 09: Restaurante Casa Cook Chania Hotel

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/939972/casa-cook-chania-hotel-k-studio-plus-lambs-and-lions?ad_medium=gallery


3

Áreas administrativas:

A recepção é responsável pelo check-in/check-out e pelo controle e informações para os hóspedes. Na recepção é onde acontece o primeiro contato pessoal do visitante o atendimento do hotel. O balcão deve ser confortável e acessível, deve ser dimensionado para conseguir atender grupos maiores, é onde fica também o depósito de bagagens. A recepção deve ficar próxima a outras áreas administrativas, como: gerência, setor de vendas e reservas, contabilidade e recursos humanos, setor de compra, marketing, e também o ambulatório. As áreas

administrativas devem ter acessos controlados, e a quantidade de serviços e funcionários depende do tipo e necessidade do hotel. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019) 4

Áreas de serviço: O acesso dos funcionários deve ser feito de maneira independente e exclusiva, com identificação e

controlada 24h por dia. O funcionário após se identificar, vai para o vestiário para tomar banho, trocar de roupa, e ir para o posto de trabalho. Entre o vestiário e o elevador de serviço deve estar localizado o refeitório e o espaço de convívio e estar para os funcionários repousarem nos momentos de folga. Os hotéis são locais com grande fluxo de cargas destinadas ao consumo dos hóspedes, entende-se como áreas de recebimento ambientes como: a área de estacionamento e manobra de caminhões, plataforma para descarga de alimentos e produtos para o hotel, área para triagem de alimentos, escritório de controle, compartimentos para lixos e depósitos de vasilhames, todas essas áreas dependem da tipologia do hotel e suas realidades. Outra importante área no setor de serviço é o ambiente de lavanderia e governança, são salas que precisam de uma metragem quadrada relativamente grande, devido ao tamanho dos equipamentos especiais, e as instalações com características industriais, geralmente as lavanderias tem áreas distintas para as roupas dos hóspedes e para as roupas do hotel (roupa de cama, mesa e banho), deve ter uma sala destinada a costura e uma quarta sala destinada a montagem dos carrinhos para abastecer os apartamentos, devido a necessidade de grandes áreas e logísticas para este ambiente, muitos hotéis terceirizam este serviço. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)


5 Áreas de equipamentos e sistemas de instalações: Os hotéis funcionam 24h por dia, todos os dias da semana, todas as semanas do mês e todos os meses do ano, pensando nisso, a instalação de equipamentos de boa qualidade é imprescindível, todas as áreas devem ser pensadas para minimizar ao máximo as manutenções. A quantidade de sistemas e equipamentos pode variar conforme o tamanho do hotel, mas basicamente deve-se pensar em áreas para: o sistema de suprimento de energia e instalações elétricas, sistemas eletrônicos, instalações hidráulico-sanitárias, ar-condicionado e ventilação, proteção contra incêndios e sistemas de refrigeração para alimentos. (ANDRADE; BRITO; JORGE, 2019)

2.4 CONSTRUÇÕES RURAIS

Para a implantação de estabelecimentos agrícolas devem-se observar alguns fatores como: condicionantes, fluxos e zoneamento, para assim ter um funcionamento fluido da fazenda. Os fatores topográficos e climáticos são as principais condicionantes para serem observados na implantação de estabelecimentos agrícolas, para assim, evitar erros na climatização dos estábulos, como correntes de ar indesejáveis. A análise climática dos estábulos se aproxima muito das exigências residenciais e o período que de maior importância na análise dos ventos é o inverno.

Os fluxos são diferenciados como tráfego “externo” e

“interno”, sendo que, basicamente: o tráfego externo é a ligação entre os estabelecimentos com suas áreas de produção, ou seja, possibilitando a venda dos produtos agrícolas para estabelecimentos externos, sendo importante observar o sistema de vias públicas, e o tráfego interno está relacionado a qualidade de circulação interna da propriedade, os caminhos e ligações entre as áreas produtivas. (NEUFERT, 2013, p.455) “Para a implantação dos diversos edifícios devem-se considerar os seguintes distanciamentos: no mínimo 10m entre todos os edifícios; da sede (residência) até o estábulo, no mín. 15m; da sede até o limite sul do terreno, no mín. 10m; nas direções leste e oeste, no mín. 6m” NEUFERT (2013, p.455)


O jardim integrado a residência funciona como um prolongamento da edificação, geralmente é escolhido uma área sem desníveis topográficos e com no mínimo 100m², podendo ser maior dependendo do número de pessoas, uma cerca deve proteger a área para os animais não danificarem a horta, flores e arbustos. (NEUFERT, 2013, p.455) Figura 10: Interligação entre diversos elementos de uma propriedade rural

Fonte: NEUFERT– Arte de projetar em arquitetura. p.455


2.4.1 ESTÁBULOS E CONDIÇÕES AMBIENTAIS

“A forma correta de criar cavalos é aquela que

satisfaz

às

necessidades

do

animal,

Figura 11: Sistemas de ventilação para estábulo – Editado pela autora

sendo

pressuposto para sua saúde, habilidade e longevidade, assim como para a sua docilidade e equilíbrio psíquico” (NEUFERT, 2013, p.468). Neufert (2013, p.468) ainda afirma que, o clima dos estábulos exerce uma grande influência na

saúde

e

disposição

dos

animais, por

isso, na

construção dos estábulos alguns fatores são importantes, como: a temperatura e umidade, composição do ar e luz,

Poço de ventilação Efeito chaminé

Ventilação com sistema de circulação de ar

Poço de ventilação Efeito chaminé

Ventilação com sistema de circulação de ar

Ventilação com sistema De pressão equalizada

Ventilação de baixa pressão e ventiladores/exautores

superfícies e janelas, a orientação e volume da edificação, e também, as medidas construtivas para o isolamento térmico. Segundo Buxton (2017) os principais fatores para o projeto do estábulo são: ambiente seco e aquecido, a ventilação adequada sem correntes de ar, fornecimento adequado de água e drenagem, e boa iluminação

artificial

e

natural.

A

localização

da

edificação, além de ter uma boa drenagem, deve-se: evitar topos de colinas e baixadas, protegida de ventos fortes e dominantes evitando os extremos das condições externas, muito frio ou muito calor, e deve-se evitar também, locais com barulhos repentinos, para não perturbar os animais.

Fonte: NEUFERT– Arte de projetar em arquitetura. p.468


2.4.2 PROJETO E DIMENSÕES

Para a realização do projeto do estábulo, além das condicionantes ambientais e físicas deve-se ter em mente que os cavalos são animais que vivem em grupos, assim o contato social para eles é de extrema importância, pensando nisso a primeira decisão espacial é o tipo de estabulação, sendo: estabulação coletiva ou individual. (NEUFERT, 2013, p.468) “Estabulação coletiva (ou em boxes coletivos): diferencia-se entre box de espaço único, com possibilidade de movimentação interna para os animais, ou coletivo com manjedouras e acesso para áreas externas de movimentação. Estabulação individual: deve ser rejeitada como forma permanente. Para boxes individuais é fundamental a presença de uma área de movimentação anexa, no mínimo do mesmo tamanho que o box.” NEUFERT(2013, p.468)

Segundo Neufert (2013, p.468) devido a característica de coletividade dos cavalos para a estabulação individual é necessário manter o contato visual ou auditivo entre os animais. Para potros e cavalos jovens deve-se optar sempre pela estabulação coletiva. Figura 12: Planta baixa estábulo

Fonte: BUXTON – Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto


Além

das

disposições

dimensões

espaciais,

características

são

e

Figura 13: Dimensões cavalo acompanhado e porta do estábulo – Editado pela autora

algumas importante,

como: o pé-direito não deve ser menor que 3,05m e o material da cobertura deve evitaBr o acúmulo de condensação; a escolha do material

para

o

piso

deve

impermeável,

ser

resistente,

Dimensões do cavalo acompanho em vista e planta

antiderrapante e fácil de limpar, para

o

conforto

do

animal,

manutenção e limpeza do local; As

paredes devem ser lisas e com a alvenaria pintada de branco ou alguma cor clara, para incentivar a limpeza

constante

alguns

ambientes

ainda

que

protegidas

as por

do

local,

em

animal, é essencial que

recomenda-se

tenha uma porta para

paredes um

Para o bem estar do

sejam

que ele possa olhar

de

para fora. Imagem à

painel

madeira. A divisória entre as baias

esquerda com as

deve ser sólida, com espessuras que

dimensões

podem variar de 12 a 15cm, e

recomendadas

ainda

nas

baias

deve

ter

um

estrado com altura de 21cm em relação ao chão. (BUXTON, 2017)

Fonte: BUXTON – Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto


Figura 14: Layout e dimensões para estabulação, balaustradas de treinamento e depósito de selas – Editado pela autora

Possíveis layouts de estabulação individual ou coletiva

Balaustradas para treinamento

Depósito de selas e arreios.

Fonte: BUXTON – Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto


Figura 15: Layout e dimensões da arena de adestramento, local de treinamento interno e altura manjedouras – Editado pela autora

Figura 16: Rancho La Stella

Arena de adestramento

Altura

manjedouras

Local de treinamento interno

Fonte: BUXTON – Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/869885/rancho-la-stellaae-arquitectos?ad_medium=gallery


2.5 SISTEMA CONSTRUTIVO

A construção civil brasileira é dominada pela utilização do concreto armado, e nos últimos 100 anos pouco se evoluiu sobre o modo de construir, porém alguns fatores sobre a construção em um

ambiente

insalubre

para

os

trabalhadores,

além

da

necessidade de grandes equipes para tarefas simples; a grande quantidade de resíduos gerados com este método construtivo, 30% da construção é apenas resíduos; e o número mais alarmante, 40% dos recursos naturais retirados do planeta são destinados para a construção civil, sendo o maior consumidor de recursos naturais. (DIAS, 2019) Um método construtivo alternativo para está realidade, são as estruturas de madeira. A madeira é muito explorada no país a nível de interiores e coberturas, pela sensação de conforto que trás para o ambiente, mas é pouco explorada nível estrutural, por questões culturais, a falta de mão de obra qualificada, e também, pela falsa sensação de limitação estrutural, quando comparado com o concreto e o aço. No Japão eram construídos templos verticais com estrutura de madeira a milhares de anos atrás. Cada vez mais, vem se discutindo sobre a utilização de estruturas em madeira como elementos pré-fabricados, entende-se como madeira engenheirada, toda a madeira que é transformada em um novo produto em uma fábrica. (DIAS, 2019)

Figura 17: Centro Equestre com Estrutura em madeira

concreto devem ser ponderadas: em geral o canteiro de obras é


Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/762752/centro-equestre-carlos-castanheiraand-clara-bastai?ad_medium=gallery

A pré-fabricação de elementos estruturais apresentam diversos benefícios: rapidez na montagem, peças perfeitas permitindo uma montagem sem erros, com mais eficiência e rapidez; custo-benefício, reduzindo o desperdício; local de trabalho mais limpo e seguro, pois muitas das tarefas são feitas na fábrica; redução de mão de obra no local, menos pessoas para realizar o trabalho; e também, maior qualidade, com menor possibilidades de erros. (DIAS, 2019) A construção em madeira oferece soluções viáveis e com alto desempenho, apresentando benefícios para o projeto e também para a construção, como:

velocidade de construção, sendo um material fácil de trabalhar e com pouco desperdício; impacto ambiental reduzido, por ser um recurso 100% renovável; peso estrutural reduzido em relação ao concreto; desempenho térmico, pela suas propriedades de isolamento natural; e

também, benefícios biofílicos, impactando positivamente no bem

estar

humano.

À

medida

que

as

tecnologias

construtivas melhoram, e a conscientização ecológica cresce, a tendência dos limites construtivos evoluem. Apesar da construção ser majoritariamente em madeira, ainda

assim, é trabalhada em conjunto com o aço e concreto, com fundações, conexões, caixa de elevador e escada, os chamados prédios híbridos. (DIAS, 2019)


03

ESTUDO DE CASO


Figura 18: Cabanas do Hotel Awasi Patagônia

Neste capítulo será analisado estudos de casos e referenciais projetuais nacionais e internacionais para verificar adequação de espaços físicos e arquitetônicos no âmbito da arquitetura hoteleira, principalmente em ambiente rural com estratégias para a valorização da paisagem e da identidade do local. Todos os estudos e referenciais serão realizados de maneira indireta devido ao cenário atual do país e do mundo de isolamento social para o enfrentamento da pandemia causada pelo covid-19. 3.1 HOTEL AWASI PATAGONIA O Hotel Awasi Patagônia tem como principal diretriz a preservação da identidade do local, o projeto tem a condição de criar edificações que se camuflem na paisagem, sem gerar interrupções e grandes volumes, isso gerou uma implantação com cabanas dispersas pelo grande terreno, trazendo também privacidade para os visitantes. (ASSADI; PULIDO, 2015) 3.1.1 FICHA TÉCNICA Arquitetos: Felipe Assadi e Francisca Pulido Ano: 2014

Implantação: 12 habitações e 1 área comum Materiais: Madeira e aço Fotografias: Fernando Alda Fabricantes: CHC Localização: Torres del Paine, Chile Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagoniafelipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 19: Mapa de Localização Hotel Awasi Patagônia

3.1.2 LOCALIZAÇÃO O Hotel Awasi Patagônia está localizado em uma reserva particular no extremo sul do Chile, na Região de Magalhães e Antárctida Chilena, em uma comuna da província de Última Esperanza chamada Torres del Paine. A

A – HOTEL

comuna foi fundada em 1927, tem

AWASI PATAGÔNIA B – PARQUE NACIONAL TORRES DEL PAINE

N

fronteira

com

a

Argentina

e

uma

extensão territorial de 6630km². Com uma

população

de

apenas

739

habitantes o local está rodeado de belezas naturais, seu nome provém das montanhas Cordilheira Paine e significa

cor celeste em Mapuche, idioma do povo ameríndio das regiões do Chile e Argentina. Está localizado a 6 quilômetros do Parque Nacional Torres del Paine.

“O

projeto

começou

condição

de

paisagem.

A

ficar

com

uma

escondido

vastidão

da

na

pampa

patagônica não permitia a interrupção de

um

“edifício”

num

silêncio

permanente” (ASSADI; PULIDO, 2015) Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 20: Cabanas com vista para o Parque Nacional Torres del Paine

O Parque Nacional Torres del Paine oferece atividades para diversos perfis de turistas e suas diferenças

de

preparo

físico,

tornando o local um ambiente bem democrático para a contemplação da paisagem, desde caminhadas longas subindo e descendo morros, trilhas

a

cavalo

e

até

mesmo

passeios de barco e carros. Hoje o local atrai cerca de 500 mil pessoas por temporada, mas há 20 anos atrás o parque recebia mais ou menos 8 mil visitantes por ano, o crescimento

da

visibilidade

e

procura do turista pelo parque promoveu regulamentação

processos das

de

atividades,

tendo a preservação do local como uma prioridade. Afinal, os turistas são

atraídos

pela

paisagem,

o

encontro com a história do local, e sua riqueza natural de fauna e flora,

uma experiência de tirar o fôlego. (FAVERO, 2019) Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g670171-d5614949-ReviewsAwasi_Patagonia_Relais_ChateauxTorres_del_Paine_National_Park_Magallanes_Region.html


Figura 21: Implantação do Hotel Awasi Patagônia – Editado pela autora

3.1.3 O PROJETO A

implantação

Patagônia edificações

é

do

bastante

isoladas

Hotel

Awasi

dispersa,

e

N

com

independentes,

MAIOR NÍVEL TOPOGRÁFICO

trazendo privacidade para os hóspedes e habitações,

sendo

que

onze

cabanas

oferecem a opção com uma suíte e apenas

uma cabana oferece a opção de duas suítes, além da edificação central onde estão as áreas sociais como restaurante, recepção, sala de estar e serviços de apoio.

Como pode-se observar na Figura 21, as habitações estão espalhadas na implantação de maneira que não tenha obstrução da paisagem para os hóspedes, encontrando

condicionantes

um

equilíbrio

ambientais,

entre

físicas

VISTA PARQUE NACIONAL TORRES DEL PAINE

um menor impacto na paisagem. São doze

MENOR NÍVEL TOPOGRÁFICO

as

e

a

paisagem. Todas as edificações estão com suas fachadas de observação orientadas

LEGENDA

predominantemente para oeste e sul, pois o

ACESSO HOTEL

maior nível topográfico do terreno está ao

ÁREA CENTRAL

ACESSO CABANAS

CABANAS 1 SUÍTE

CABANA 2 SUÍTES

norte do terreno, fazendo com que as edificações fiquem escalonadas entre si.

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipeassadi-plus-francisca-pulido


Figura 22: Imagem da implantação do Hotel Awasi Patagônia – Editado pela autora

CABANAS

ÁREA CENTRAL

ACESSO AO HOTEL

O terreno fica isolado, e tem seu acesso por uma estrada de chão batido. Devido ao tamanho do terreno e a distância entre as edificações os hóspedes podem fazer o percurso com um carro oferecido pelo hotel ou fazer as trilhas em meio as árvores nativas. A orientação de cada edificação foi pensada para que o hóspede pudesse desfrutar da melhor vista possível.

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 23: Gráficos de condicionantes ambientais

De acordo com os gráficos da Figura 23, o vento Oeste é predominante durante todo o ano, a quantidade de luz diária varia muito de acordo com o período do ano, sendo que nos meses de dezembro e janeiro os dias são mais longos, consequentemente, nesse mesmo período apresenta-se temperaturas mais amenas, que variam de 13°C a 18°C, as temperaturas mais confortáveis do local, período também que atraí mais turistas e visitantes. Nos meses de maio a agosto a temperatura pode variar de 0°C a 7°C. Pensando nessas condições, foi utilizado um sistema de isolamento térmico nas paredes, e a escolha da madeira como principal material construtivo e de revestimento trás a sensação de conforto e aconchego para os hóspedes. Figura 24: Esquema de condicionantes climáticas – Editado pela autora

N

Fonte: WEATHER SPARK – Disponível em: https://pt.weatherspark.com/y/25103/Clima-caracter%C3%ADstico-emPuerto-Natales-Chile-durante-o-ano

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasipatagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 25: Detalhamento da parede das cabanas e área central

Figura 26: Cabana com 1 suíte do Hotel Awasi Patagônia

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotelawasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido

Toda a modulação do projeto foi pensada para que pudesse ser realizada com tecnologias e mão de obra locais, com isso foi adotado como metodologia de projeto as construções tradicionais evitando assim, possibilidades de

VENTILAÇÃO

erros e gastos desnecessários. Os pilares e a escolha da madeira, além do conforto térmico que trazem para o projeto, com o desgaste natural do material traz um tom platinado se camuflando na paisagem (ASSADI; PULIDO, 2015) “A arquitetura, tanto das cabanas como das áreas comuns, tem sua origem nas construções tradicionais do extremo sul chileno, onde a estrutura fica praticamente no exterior dos recintos mediante pilares que seguem uma modulação de aproximadamente um metro. A fragilidade e umidade do terreno sugeria construções elevadas tipo "palafitas", e a distância e inclemências climáticas fizeram com que maior parte do hotel fosse préfabricado.” ASSADI; PULIDO (2015)

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasipatagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 27: Planta baixa área central do Hotel Awasi Patagônia – Editado pela autora

Na figura 27 pode-se observar que a edificação

ÁREA CENTRAL 1. ACESSO 2. ÁREAS COMUNS 3. COZINHA 4. ADEGAS 5. SALA DE MÁQUINAS (ROUPARIA) 6. ESTACIONAMENTO

N

da área central é dividida em dois grandes blocos, o bloco social

para atendimento

e

utilização dos hóspedes, e o bloco

de

serviço

que

é

constituído por 3 ambientes: a cozinha, a adega e a casa de maquinas (rouparia), os três ambientes são ligados entre si por um corredor de serviço. A ligação entre os dois blocos é feita de duas formas:

a

primeira

pelo

corredor de serviço para a recepção, e a segunda que é uma ligação direta entre a cozinha e a sala de jantar, esse acesso é exclusivo para

a entrada e saída de pratos.

LEGENDA ESTRADA ACESSO HOTEL

ESTACIONAMENTO

SERVIÇO

ÁREA DE USO COMUM

Ao lado do acesso a área central

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plusfrancisca-pulido

tem

uma

área

destinada a estacionamento.


Figura 28: Imagem área central do Hotel Awasi Patagônia – Editado pela autora

BLOCO SERVIÇO

BLOCO SOCIAL

HÓSPEDES SERVIÇO HÓSPEDES

ESTACIONAMENTO

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 29: Sala de estar da área central

A

área

aconchegante,

social com

é

um

bastante pé

direito

confortável e ambientes integrados, a

madeira está presente em todos os revestimentos térmico,

trazendo

além

das

conforto

aberturas

para

entrada de luz e calor. A planta da área social é simples e funcional, o acesso fica no centro da planta e o hall separa a área de atendimento, na parte superior da planta e a área de convivência,

na

parte

inferior

da

planta. A recepção tem ambientes de apoio como: sala de malas, escritórios, sala

de

elétrica

e

banheiros,

os

banheiros são de uso dos hóspedes. A sala de estar, sala de jantar e bar formam um grande ambiente integrado de convivência dos hóspedes e nos dois volumes que formam este ambiente tem

terraços

para

os

turistas

aproveitarem ainda mais a vista. A disposição dos mobiliários e o desnível da sala de estar formam pequenos espaços de convívio. Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadiplus-francisca-pulido


Figura 30: Sala de jantar na área central

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g670171-d5614949-ReviewsAwasi_Patagonia_Relais_ChateauxTorres_del_Paine_National_Park_Magallanes_Region.html


Figura 31: Planta baixa área central do Hotel Awasi Patagônia – Editado pela autora

N

Área de atendimento Área de atendimento ao hóspede com sala de malas, recepção e banheiros

LEGENDA AMBIENTES BLOCO SOCIAL 1. ACESSO 2. CAMÂRA DE AR 3. HALL 4. RECEPÇÃO 5. SALA DE ESTAR 6. SALA DE JANTAR 7. BAR 8. TERRAÇO 9. ESCRITÓRIOS 10.BANHEIROS 11.SALA DE MALAS 12.SALA DE ELÉTRICA

Área de convivência Área de convivência integrada entre sala de estar, sala de jantar e terraços.

Acesso serviço Acesso entre a Sala de Jantar e a Cozinha

SETORIZAÇÃO ÁREA DE USO COMUM SERVIÇO ACESSOS

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plusfrancisca-pulido


Figura 32: Cortes área central do Hotel Awasi Patagônia - Editado pela autora

Sala de estar

Os terraços priorizam a vista para o Parque Nacional Torres del Paine

Os diferentes níveis e disposição dos móveis na sala de estar criam pequenos ambientes de convívio

Acesso Acesso dos hóspedes para o hall de entrada

Terraços

CORTE A-A Sistema Construtivo Pela dificuldade de acesso ao terreno e mão de obra qualificada, foi utilizado sistemas pré-moldados unindo o aço e a madeira

Acesso Acesso do estacionamento para a área de atendimento ao hóspede

Sistema de “Palafitas”

CORTE B-B

Fachada leste da área de atendimento

Solução adotada como alternativa pela umidade e fragilidade do terreno.

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 33: Imagem da vista na suíte das cabanas

As possuem

cabanas 80m²,

com

uma

divididos

suíte

em

4

ambientes: o hall de entrada, sala de estar, quarto e um grande banheiro, a planta é bastante simples, com o quarto, sala e hall integrados. O banheiro

é

espaçoso, a

banheira

divide a vista do quarto e as áreas de chuveiro e vaso sanitário são reservadas e separadas do restante do

ambiente,

trazendo

mais

privacidade. A única cabana com

duas suítes possui 140m², divididos em 6 ambientes: hall de entrada, sala e os dois quartos com banheiros individuais, todas as características se mantem nas duas tipologias. A disposição de

todas as cabanas na implantação tem como prioridade a contemplação do

melhor

paisagem,

e

ângulo

possível

da

com

exceção

da

fachada do quarto que tem grandes

aberturas, o restante das fachadas tem poucas aberturas, trazendo ainda mais privacidade para os hóspedes. Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g670171-d5614949Reviews-Awasi_Patagonia_Relais_ChateauxTorres_del_Paine_National_Park_Magallanes_Region.html


Figura 34: Planta baixa cabanas do Hotel Awasi Patagônia - Editado pela autora

Sala de estar

N

Acesso e Hall de entrada

A sala de estar é um lugar aconchegante com lareira, sofá e poltrona de leitura. O quarto e a sala de estar é dividido por um móvel baixo que tem a função de integrar os ambientes, dando uma sensação de ambiente amplo, e ao mesmo tempo criar um fluxo setorizado.

O banheiro é bem amplo, com um misto de conforto com uma banheira com a vista voltada para oeste e uma pia dupla, e privacidade com chuveiro e vaso sanitários mais reservados.

Banheiro

Fachada predominantemente Oeste Voltada para o Parque Nacional Torres del Paine garante um visual incrível, principalmente no por do sol. É a fachada que predomina as aberturas.

Quarto O quarto é espaço, a cama de frente para as janelas que garantem um visual incrível do Parque Nacional Torres del Paine.

PLANTA BAIXA CABANA 1 SUÍTE ÁREA 80M²

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 35: Banheiro da suíte nas cabanas

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g670171-d5614949-ReviewsAwasi_Patagonia_Relais_ChateauxTorres_del_Paine_National_Park_Magallanes_Region.html


Figura 36: Sala de estar das cabanas

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g670171-d5614949-ReviewsAwasi_Patagonia_Relais_ChateauxTorres_del_Paine_National_Park_Magallanes_Region.html


Figura 37: Fachadas cabanas do Hotel Awasi Patagônia – Editado pela autora

Acesso Parede banheiro

FACHADA LESTE

FACHADA NORTE Lareira

Janelas da banheira

FACHADA OESTE

Janelas do quarto

Janelas da sala

Janelas da sala

FACHADA SUL

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 38: Cabanas do Hotel Awasi Patagonia

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plus-francisca-pulido


Figura 39: Varanda suíte Hotel Fasano Boa Vista

3.2 HOTEL FASANO BOA VISTA O Hotel Fasano Boa Vista promove a integração

elementos

entre

naturais,

a

arquitetura

e

proporcionando

os

assim:

conforto, bem estar e a despretensão da vida no campo. O projeto oferece aos seus usuários um clima de tranquilidade e aconchego, e ao mesmo tempo elegante e despretensioso com a

escolha de materiais como: madeira, pedra, fibras naturais, couro e muito verde. O Hotel Fasano Boa Vista é o primeiro hotel da rede Fasano voltado para o campo.

3.2.1 FICHA TÉCNICA Arquitetos: Isay Weinfeld Ano: 2011 Área do terreno: 750 hectares Área do hotel: 8600m² Materiais: Madeira, pedra e concreto Localização: Porto Feliz, Brasil Categoria: 5 estrelas Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g2345096-d2448841Reviews-Hotel_Fasano_Boa_Vista-Porto_Feliz_State_of_Sao_Paulo.html


Figura 40: Mapa de Localização Hotel Fasano Boa Vista

3.2.2 LOCALIZAÇÃO Localizado na cidade de Porto Feliz, no estado de São Paulo. A cidade tem a sua economia baseada em pequenos e médios estabelecimentos industriais, e na zona

rural

pela

agricultura,

principalmente pela monocultura da

A– HOTEL FASANO

cana-de-açúcar. O Hotel Fasano

BOA

Boa

VISTA

Vista

foi

construído

na

Fazenda da Boa Vista, além do hotel, o empreendimento dispõe de uma

infraestrutura

atividades

de

completa

lazer

e

com

N

BFAZENDA BOA VISTA

esportes,

como: spa, centro equestre, campos de golfe, quadras de tênis, squash e

poliesportivas, trilhas para bicicletas, cavalgadas

e

caminhadas.

A

propriedade da Fazenda da Boa Vista,

conta

com

41

hectares

cobertos de matas nativas, lagos,

bosques e jardins, um paisagismo cuidadosamente trabalhado para integrarem

com

a

vegetação

natural. Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 41: Implantação Fazenda Boa Vista – Editado pela autora

N

LEGENDA Acesso a Fazenda Boa Vista

1. HELIPONTO

1

2. CENTRO ESPORTIVO

3

2

3. FAZENDINHA (Local para as crianças

4

interagirem com os animais) 4. CENTRO EQUESTRE

7

5. PICADEIRO COBERTO

12

8

(local para treinar cavalos)

5

6

13

10

9

6. HORTA 7. SEDE HÍPICA 8. POLO 01 9. POLO 02 10.KIDS CLUB 11.QUADRAS DE TÊNIS 12.AMBULATÓRIO

11

Hotel Fasano Boa Vista

13.GOLF CLUB HOUSE CAMINHO DO ACESSO AO HOTEL RODOVIA

Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 42: Condicionantes Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

3.2.3 O PROJETO O

projeto

está

acomodado entre dois taludes, e está localizado em um dos pontos mais altos da Fazenda Boa Vista, de frente para

um

grande

lago, todos

os

quartos estão voltados para o sol poente, tornando a vista um grande atrativo para os hóspedes. O volume segue uma característica bem linear, com

apenas

dois

pavimentos.

No

volume central encontra-se os serviços, áreas de lazer e atendimento do

N

P

hotel, como: lobby, restaurante, salão de eventos, sala de estar, e nos volumes laterais, em um formato suave

de

“s”,

estão

localizados

os

apartamentos. VOLUME CENTRAL

LAGO

N

VENTO SUL

VOLUMES LATERAIS

Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 43: Fachada Sudoeste Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

O Volume Central, corresponde as áreas de convívio, estar, recepção e serviço.

Os Volumes Laterais correspondem a área das suítes.

Os Volumes Laterais correspondem a área das suítes.

Deck em frente a área de estar e restaurante.

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g2345096-d2448841-Reviews-Hotel_Fasano_Boa_VistaPorto_Feliz_State_of_Sao_Paulo.html


Figura 44: Vista da fachada sudoeste do Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

O Volume Central No andar térreo encontra-se o restaurante, e um grande deck com vista para o lago. No segundo andar encontra-se o lobby, com a sala de estar, sala de jogos, deck com vista Os Volumes Laterais correspondem a área das suítes.

para o lago, bar, sala de eventos e recepção.

Parede chanfrada de pedra do volume central

“Bem delimitado entre duas paredes chanfradas de pedra, o corpo central se distingue pela combinação da alvenaria de pedra rústica e irregular com os diversos tipos de madeira – perobinha mica, goibão, ipê e freijó – presentes na estrutura” (WEINFELD)

Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento


Figura 45: Planta esquemática segundo pavimento Hotel Fasano Boa Vista

N

O acesso principal ao O caminho de entrada para o Hotel Fasano Boa Vista com o pergolado e muita vegetação, faz com que o hóspede tenha uma sensação prévia de como vai ser sua estádia.

Circulação horizontal para acesso as suítes

pavimento da volumetria central, onde o visitante passará por um envolto

de

muita

vegetação, para assim, chegar na

6

recepção. Entre a recepção e a sala de estar têm o desnível de

7

poucos

1

4 destinada

hóspedes, se dá pelo segundo

pergolado

o

5

Área suítes

lobby, para a chega de novos

7

2

as

degraus,

separação

3

6 5

dos

fazendo ambientes

a sem

obstrução da vista. A sala de estar,

está centralizada com conexões com a sala de eventos, bar e sala de jogos. A

conexão

entre

o

deck e a sala de estar é feita por O volume central é dividido em áreas de atendimento, como a recepção (1) e bar, áreas administrativas (7), que ficam próximas a recepção, e áreas de estar/lazer, como a sala de estar e jogos (2,4) que através da disposição dos mobiliários fazem ambientes aconchegantes para aproveitar a paisagem, e a sala de eventos (3). A fachada do volume central, direcionada ao lago, é composta por aberturas do chão até o teto, privilegiando a vista para a paisagem.

grandes aberturas, do chão até o O deck compõe um espaço de descanso com os mobiliários espalhados por toda a sua extensão e observação devido sua altura, trazendo assim, um outro olhar para o observador. Além disso, o deck diversifica a circulação, com duas possibilidades de acessos externos para a área do lobby.

teto, fazendo com que a paisagem fique emoldurada para quem está no ambiente, o deck possuí dois acessos

do

terreno

para

o

segundo pavimento, deixando o fluxo mais fluído, criando assim,

PLANTA ESQUEMÁTICA SEGUNDO PAVIMENTO Fonte: Autora

alternativas de acessos.


Figura 46: Caminho de entrada do Hotel Fasano Boa Vista

Fonte: ISAY WEINFELD – Disponível em: http://isayweinfeld.com/projects/fazenda-boa-vista-hotel-Fasano/


Figura 47: Lobby Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

Aberturas do deck para o lobby

Recepção

Desnível

Acesso principal dos hóspedes, o caminho para entrada é coberto com um pergolado e muito vegetação.

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g2345096-d2448841-Reviews-Hotel_Fasano_Boa_VistaPorto_Feliz_State_of_Sao_Paulo.html


Figura 48: Sala de estar Hotel Fasano Boa Vista

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g2345096-d2448841-Reviews-Hotel_Fasano_Boa_VistaPorto_Feliz_State_of_Sao_Paulo.html


Figura 49: Sala de jogos Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

Sala de jogos Sala de estar

Divisória entre os ambientes

Sala de jogos com mesas de sinuca, mesas para carteado e mobiliário de descanso. Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento


Figura 50: Business Center Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

A

sala

de

eventos, ou business center, permite uma variedade

de

disposições

nos

mobiliários assim,

para atender

diversos usos. Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g2345096-d2448841-Reviews-Hotel_Fasano_Boa_Vista Porto_Feliz_State_of_Sao_Paulo.html


Figura 51: Planta esquemática primeiro pavimento Hotel Fasano Boa Vista

N

No primeiro pavimento, no volume central encontra-se o Área destinadas para serviços do hotel e restaurante.

restaurante do hotel e sua área de serviço. O Restaurante, assim como todo

Circulação horizontal para acesso as suítes

o

hotel,

é

um

ambiente

aconchegante, aberto todos os o

dias para café da manhã, almoço

e jantar, não apenas para os hóspedes mas atende também os moradores da Fazenda Boa Vista. O cardápio traz nos sabores a Área suítes

destinada

as

cultura brasileira em harmonia com

a

tradição

italiana

do

Grupo

Fasano, e ainda, “para os fãs do movimento

locavore,

a

equipe

colhe diariamente frutas, legumes e

Deck com mesas para refeição e mobiliários de descanso, como: bancos e espreguiçadeiras.

ervas aromáticas da Fazenda Boa Vista Área de salão do restaurante.

para

a

cozinha

do

restaurante”. (Grupo Fasano) O

atendimento

do

restaurante não limita-se apenas no salão, mas estende-se também para o deck, onde além de mesas PLANTA ESQUEMÁTICA PRIMEIRO PAVIMENTO Fonte: Autora

para refeição tem mobiliários de descanso.


Figura 52: Restaurante Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

Aberturas do deck para o restaurante

Atendimento do restaurante no deck

Fonte: TRIPADVISOR – Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g2345096-d2448841-Reviews-Hotel_Fasano_Boa_Vista Porto_Feliz_State_of_Sao_Paulo.html

Assentos para descanso


Figura 53: Corredor de acesso aos apartamentos – Editado pela autora

N

Suítes. Circulação.

Elemento vazado

VISTA PAISAGEM

VISTA PAISAGEM

Nos

volumes

laterais

estão

distribuídos os 39 apartamentos, com 3 tipologias diferentes, e apenas um apartamento acessível, todos os apartamentos estão voltados para a

vista em direção ao lago. Como o hotel está em um dos pontos mais alto do terreno e o local é Entrada dos apartamentos.

bastante plano a vista dos dois andares é bastante

ampla.

As

tipologias

com

maior

metragem quadrada são apartamentos de dois

andares, o restante tem opções no primeiro ou Elemento vazado

segundo andar. Nos corredores, foi aplicado um elemento vazado servindo como brise para proteger da insolação direta, e ao mesmo tempo, permitir entrada de luz e ventilação.

Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento


Figura 54: Sacada dos apartamentos do Hotel Fasano Boa Vista – Editado pela autora

Os

apartamentos

são emoldurados com um Guarda-corpo de vidro para não obstruir a vista da paisagem

elemento

de

concreto,

servindo como: elemento arquitetônico, ritmo

a

dando

fachada,

e

também, como brise misto, devido a sua extensão além

da

área

de

sacada. As

esquadrias,

assim como em todo o projeto, são do piso ao teto de cada ambiente, emoldurando

a

paisagem

para

o

observador.

Todas

as

faces

internas

do

elemento que compõe a sacada

dos

apartamentos

são

revestidos

em

madeira,

dando uma sensação de

conforto

e

para o local. Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento

rusticidade


Figura 55: Mesa de jantar do apartamento deluxe

APARTAMENTO DELUXE 60M² •

Cama king-size (ou 2 camas twin)

Mesa de jantar

Varanda

Smart TV, com tv a cabo

Workstation

Duas linhas telefônicas

Wi-fi

Ar-condicionado

Mini bar

Banheiro de Mármore (com um espaço box, banheira de imersão e bidet)

Fonte: HOTEL FASANO BOA VISTA - Disponível em: https://www.fasano.com.br/hoteis/fasano-boa-vista


Figura 56: Apartamento no segundo pavimento – Editado pela autora

Todos os apartamentos mantêm a mesma linguagem de estilo, disposições e materiais. Alterando apenas a quantidade de serviços oferecidos.

Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento


Figura 57: Sala de estar apartamento duplex

APARTAMENTO DUPLEX 120M² •

Cama king-size

Mesa de jantar

Espaçosa sala de estar com sofá

Duas varandas, uma com lareira

ecológica •

Duas Smart TVs, com tv a cabo

Workstation

Duas linhas telefônicas

Wi-fi

Ar-condicionado

Mini bar

Lavabo

Banheiro de Mármore (com um espaço box, banheira de imersão e bidet)

Fonte: HOTEL FASANO BOA VISTA - Disponível em: https://www.fasano.com.br/hoteis/fasano-boa-vista


Figura 58: Varanda do apartamento de dois quartos

APARTAMENTO DE DOIS QUARTOS 180M² •

Quarto com cama king-size

Quarto com duas camas full

Mesa de jantar

Espaçosa sala de estar com sofá

Três varandas, uma com lareira ecológica

Três Smart TVs, com tv a cabo

Workstation

Três linhas telefônicas

Wi-fi

Ar-condicionado

Mini bar

Lavabo

Dois banheiros de Mármore (com um espaço box, banheira de imersão e bidet)

Fonte: HOTEL FASANO BOA VISTA - Disponível em: https://www.fasano.com.br/hoteis/fasano-boa-vista


Figura 59: Espaços da Fazenda Boa Vista e Hotel Fazenda Boa Vista – Editado pela autora

Na

Fazenda

Boa

Vista tem um espaço destinado para

as

crianças,

fazendinha,

onde

chamado as

a

crianças

podem ter contato de maneira supervisionada com os animais. No local também tem brinquedos de PISCINA

madeira,

como:

balanços

e

gangorras. Além disso, uma parte da implantação é toda voltada para

a

edificações

equestres,

com: o centro equestre, projetado também pelo Isay Weinfeld como apoio para os eventos de hipismo que acontecem no local, as baias e SPA

picadeiros para o treinamento e

descanso dos animai, a sede hípica e

os

campos

de

polo,

onde

acontecem os esportes. O hotel também tem serviços de spa, uma piscina com

borda infinita de 25m, trilhas e um espaço voltado para piquenique e FAZENDINHA

CENTRO EQUESTRE

Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento

locais sombreados para redes.


Figura 60: Centro Equestre - Estábulo

Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento


Figura 61: Hotel Fasano Boa Vista

3.4 REFERÊNCIAIS PROJETUAIS 1

REFERENCIAL PROGRAMÁTICO

FICHA TÉCNICA Projeto: Hotel Fasano Boa Vista Arquitetos: Isay Weinfeld Ano: 2011 Área do terreno: 750 hectares

Área do hotel: 8600m² Materiais: Madeira, pedra e concreto Localização: Porto Feliz, Brasil Categoria: 5 estrelas DESCRIÇÃO Meio de hospedagem que trás no seu

programa

de

necessidades

a

possibilidade do hóspede ter contato com a

natureza.

Com

apartamentos,

e

diferentes

com

tipos

ambiente

de

sociais

como: sala de jogos, sala de estar e eventos, restaurante, piscina, espaços para piqueniques e redes, decks de observação da paisagem, e também espaços voltados para

os

animais,

como:

edificações

equestres, a fazendinha (voltada para crianças) e etc. Fonte: FAZENDA BOA VISTA – Disponível em: https://boavista.com.br/#empreendimento


Figura 62: Hotel Awasi Patagônia

2

REFERENCIAL ORGANIZACIONAL

FICHA TÉCNICA Projeto: Hotel Awasi Patagônia Arquitetos:

Felipe

Assadi

e

Francisca Pulido Ano: 2014 Implantação: 12 habitações e 1 área comum Materiais: Madeira e aço Fotografias: Fernando Alda Fabricantes: CHC Localização: Torres del Paine, Chile DESCRIÇÃO Edificações distribuídas pela implantação, para assim, ter menor impacto

sobre

a

paisagem. As

cabanas priorizando a melhor vista e uma edificação com as áreas de serviço,

atendimento,

áreas sociais e de estar.

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/771918/hotel-awasi-patagonia-felipe-assadi-plusfrancisca-pulido

e

também


Figura 63: Botanique Hotel e Spa

3 REFERENCIAL CONCEITUAL

FICHA TÉCNICA Projeto: Botanique Hotel e Spa Arquitetos: Candida Tabet Arquitetura Ano: 2006 Área do terreno: 80.000m² Área do hotel: 7000m² Materiais: Madeira, pedra e vidro

Localização: São Carlos, Brasil Fotografias: Tuca Reinés DESCRIÇÃO Um hotel que ofereça uma experiência

silêncio

com

de

a

privacidade

natureza.

e

Uma

arquitetura que faz uma relação entre

a

tradição

e

a

estética

contemporânea, com utilização de madeiras históricas como estrutura,

pedras e painéis de vidro como moldura da paisagem.

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/772859/botanique-hotel-and-spa-candida-tabetarquitetura?ad_medium=gallery


Figura 64: Casa Ponte

4

REFERENCIAL ESTRUTURAL

FICHA TÉCNICA Projeto: Casa Ponte Arquitetos:

Aranguiz-Bunster

Arquitectos. Ano: 2010 Área: 220m² Materiais: Madeira, aço e concreto. Fotografias: Nico Saieh Fabricantes: Onduline Localização: Puerto Varas, Chile DESCRIÇÃO

A combinação entre o aço e a

madeira

como

elementos

estruturais,

permitindo

assim,

grandes

aberturas

para

contemplação da paisagem, e ao

mesmo tempo, uma sensação de conforto trazido pela madeira, além do ponto de vista ecológico.

Fonte: ArchDaily – Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/733953/casa-ponte-slash-aranguiz-bunsterarquitectos?ad_medium=gallery


04

ANÁLISE DO TERRENO


Figura 65: Mapa distância entre Florianópolis e São Bonifácio – Editado pela autora

A

análise

do

terreno

tem

como

objetivo

auxiliar

no

desenvolvimento da proposta do Anteprojeto Kratz Hotel Fazenda através de estudos de legislação, condicionantes físicos, climáticos e culturais do local onde o terreno está inserido, podendo assim, entender melhor as possibilidades, desafios e identificando também as áreas de interesse.

CENTRO,

4.1 LOCALIZAÇÃO N Figura XX: Mapa de aproximação

RIO DO PONCHO, Fonte: Autora

O centro de São Bonifácio, localiza-se a 83,7km do centro de Florianópolis. A distância entre o centro de Florianópolis e o terreno, localizado em Rio do Poncho - São Bonifácio, é de 107km Fonte: Software Google Earth Pro


4.2 SÃO BONIFÁCIO

São Bonifácio é conhecida como a Capital Catarinense das Cachoeiras (Lei Estadual nº 13.096 de 18/08/2004), com um relevo bastante sinuoso e serras com vegetações nativas, a cidade está rodeada de trilhas, cachoeiras e rios, atraindo turistas por suas belezas naturais, principalmente nos finais de semana. A cidade tem 25% do seu território pertencente ao Parque Estadual da serra do Tabuleiro e seu Bioma pertence a Mata Atlântica. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no último censo de 2010 São Bonifácio possuía 3.008 habitantes, com uma área territorial de 458,486 km², e uma densidade demográfica de 6,53 habitantes/km². O salário médio mensal é de 1,9 salários mínimos, a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade é de 98.9% e apresenta 62,2% de esgotamento sanitário adequado. A

cidade

colonizada

por

alemães, que chegaram no local por volta de 1863, trás ainda hoje muitos costumes e culturas em seu cotidiano. Município

De de

aproximadamente

acordo São 50%

com

o

Bonifácio da

população compreende ou fala a língua alemã, a gastronomia com pratos típicos e as festas locais contribuem com a manutenção da cultura, além da arquitetura no estilo enxaimel, que se destaca com Figura 66: Arquitetura enxaimel Fonte: VOUNOMUNDO – Disponível em: https://vounomundo.com.br/pomerode/

mais de 130 casas mapeadas e cadastradas na cidade.


Figura 67: Belezas naturais – São Bonifácio

Fonte: SÃO BONIFÁCIO - https://turismo.saobonifacio.sc.gov.br/equipamento/index/codEquipamento/11536


Figura 68: Distância do centro até o terreno–Editado pela autora

4.3 TERRENO

CENTRO, SÃO BONIFÁCIO

O terreno está situado no bairro Rio do Poncho, um local mais afastado do centro de São Bonifácio, com estrada de chão batido, envolto de muita vegetação e assim como toda a cidade, o bairro de Rio do Poncho é marcado por um relevo bastante sinuoso. O bairro que está localizado em uma zona rural, tem como característica grandes glebas de terra, trazendo privacidade e tranquilidade para o local. Próximo ao terreno, existem pequenos agricultores de produtos orgânicos, que atendem a região, e também pequenos mercados da grande Florianópolis. Figura 69: Perímetro do terreno com recorte de interesse arquitetônico – Editado pela autora

LEGENDA

SC 435 (asfaltada) Estrada de chão batido até o terreno

A

B =23,3KM Devido

ao

tamanho

terreno, área total de aprox. 107 hec, e também por sua grande densidade TERRENO EM RIO DO PONCHO, SÃO BONIFÁCIO Fonte: Software Google Earth Pro

em

vegetação,

foi

feito um recorte para análise das condicionantes, focando na área de interesse arquitetônico. Fonte: Software Google Earth Pro

N


4.3.1 LEGISLAÇÃO

O Plano Diretor de São Bonifácio, tem como objetivos gerais: a ampliação de atividades turísticas e industriais da região; geração

Figura 70: Mapa com as Macrozonas do município – Editado pela autora

N

de emprego, renda e fortalecimento da capacitação profissional; melhoria no sistema viário; qualificação urbana; preservação do patrimônio histórico e cultural do Município, além de preservação de recursos naturais e qualificação ambiental, valorização do produtor rural e combate do êxodo rural. De acordo com o Plano Diretor de São Bonifácio, anexo III, a tabela descritiva de Macrozoneamento, o bairro Rio do Poncho está inserido na Macrozona do Médio Capivari, basicamente é uma região rural com densidade populacional média, quando comparada com o restante do munícipio, que tem como objetivos, a implantação de infraestrutura básica, incremento da oferta de equipamentos comunitários (educação, saúde, cultura e lazer), resgate do patrimônio cultural e programas de geração de renda. Tem como um dos programas de interesse, o programa de Preservação da Cultura e Patrimônio Histórico, que tem como característica a preservação do patrimônio histórico, cultural, arquitetônico e natural do Município, incluindo a preservação das paisagens e ambiências. Os objetivos e carências da zona a qual o terreno está inserido e as características do Programa Da Cultura e Patrimônio Histórico

Rio do Poncho

influenciaram diretamente nas intenções e programa de necessidade do anteprojeto, trazendo assim benefícios para a comunidade local.

Fonte: Plano Diretor de São Bonifácio


4.3.2 CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS

O clima de São Bonifácio é Subtropical Úmido, com as estações bem definidas e com chuvas constantes durante o ano. As temperaturas podem variar de 23 ºC a 30 ºC durante o verão e no inverno variam de 8 ºC a 20 ºC, podendo chegar a 0 ºC em dias mais frios, devido a sua vasta rede hidrográfica, topografia montanhosa e vegetação abundante, dependendo do local a sensação térmica pode mudar repentinamente, com oscilações de mais ou menos 5 ºC em poucas horas. A temperatura média anual é de 17 ºC. A umidade relativa do local é bastante estável, tendo maiores variações entre os meses de julho a setembro, os meses de julho e setembro apresentam os maiores índices de percentual de umidade, sendo que setembro é o segundo mês com maior nível de chuvas. Figura 71: Gráfico de Chuva e Umidade Relativa

Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=SC++Florian%C3%B3polis&id_cidade=bra_sc_florianopolisluz.ap.838990_try.1963


As direções e intensidades dos ventos

Figura 72: Gráficos de ventos predominantes, dia e noite – Editado pela autora

DIA

variam muito entre o dia e a noite, sendo que

NOITE

durante o dia os ventos de maior frequência e intensidade são os ventos sul e sudeste, mas devido a características topográficas e de densidade de vegetações do terreno, o vento que tem maior influência no local durante o dia é o vento sul, tendo variação de intensidade de 0-4 m/s. Durante o período da noite o local apresenta ventos com menos intensidade, o vento de maior influência é sudoeste com intensidade de 0-2m/s.

Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=SC++Florian%C3%B3polis&id_cidade=bra_sc_florianopolisluz.ap.838990_try.1963

Figura 73: Diagrama com resumo das condicionantes ambientais – Editado pela autora Fonte: Software Google Earth Pro


N

Figura 74: Carta solar inserida no recorte do terreno – Editado pela autora

Fonte: Software Google Earth Pro


A partir da Figura 74 pode-se observar

Figura 75: Condições de conforto e estratégias – Editado pela autora

que a fachada norte é a que mais recebe incidência solar, na maior parte do dia e também na maior parte do ano, os brises horizontais são uma das alternativas de sombreamento para esta fachada, além da fachada norte, a fachada oeste recebe incidência solar durante o período da tarde, fazendo com que os cômodos voltados para está orientação sejam bastante quentes, os brises verticais servem como alternativa para o controle de insolação nesta fachada. Devido a topografia do terreno, a fachada leste recebe um sombreamento natural por mais tempo.

RADIAÇÃO SOLAR DIRETA

Apenas 20% do ano o local apresenta características de conforto térmico, sendo que, em 51% do ano as pessoas sintam desconforto por frio e 29% do ano desconforto por calor. Pensando nisso, deve-se adotar algumas estratégias bioclimáticas como: aquecimento solar passivo, com a utilização

estratégica

de

radiação

solar

direta

para

aquecimento ambiental da edificação; a ventilação

VENTILAÇÃO NATURAL

natural, para a renovação do ar, resfriamento psicofisiológico e resfriamento convectivo através do efeito chaminé e ventilação cruzada; e sombreamento

através de brises, evitando ganhos solares no verão, sem perde-los no inverno.

Fonte: PROJETEEE – Disponível em: http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=SC++Florian%C3%B3polis&id_cidade=bra_sc_florianopolisluz.ap.838990_try.1963


Figura 76: Acessos para o terreno – Editado pela autora

4.3.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS A área total do terreno da proposta é de aproximadamente 107 hectares, onde em sua maioria apresenta vegetação densa, e em grande parte com caminhos de chão batido para carros e pedestres, a área de recorte para análise como área de interesse arquitetônico aproximadamente apresenta acentuadas,

14,8

hectares.

características com

O

terreno

topográficas

grandes

desníveis,

principalmente onde a vegetação é mais densa. Na Figura 76, pode-se observar que a estrada de chão batido (em amarelo) do bairro Rio do Poncho corta o terreno. A seta vermelha marca o acesso da estrada para a parte do terreno onde está localizada a edificação já existente, local com vegetações mais rasteiras e árvores pontuais, a seta em azul marca o acesso para a parte do terreno onde a topografia é mais acentuada com vegetação densa. A Figura 76 destaca em amarelo a área do terreno com características mais planas, em laranja níveis intermediários e em vermelhos as áreas com topografias mais acentuadas. Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 77: Topografia terreno – Editado pela autora Fonte: Software Google Earth Pro

MENOR NÍVEL TOPOGRÁFICO

MAIOR NÍVEL TOPOGRÁFICO

Figura 78: Topografia no recorte de interesse arquitetônico – Editado pela autora

Maior nível topográfico com vegetações densas

RECORTE DE INTERESSE ARQUITETÔNICO Acesso para o terreno

Menor nível topográfico com vegetação rasteira e pontos isolados com árvores de diferentes tamanhos.

Estrada de chão batido

Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 79: Córrego e Açude – Editado pela autora

N

Uma característica que vale destacar é a presença da água no terreno, a área de açude como potencial elemento para atividades de lazer e também, o córrego que corta o terreno, trazendo desde o acesso estímulos sonoros da água correndo pelo local. VEGETAÇÃO, CÓRREGO E AÇUDE

EDIFICAÇÃO EXISTENTE

RECORTE DO TERRENO

Fonte: Software Google Earth Pro


Figura 80: Córrego próximo ao acesso do terreno – Editado pela autora Fonte: Autora


Figura 81: Imagem das vegetações

Melia Azedarach, conhecida também como cinamomo Pyrus Pyrifolia, árvore frutífera, conhecida como Pereira Fonte: Sabrina Pinheiro


Figura 82: Imagem das vegetações

Como o Município de São Bonifácio apresenta características de clima subtropical de encosta,

associado

a

um

conjunto

morfológico

diversificado, com diversos tipos de solos, privilegia o surgimento de diversas espécies. No terreno, a maior parte das árvores seguem

características

parecidas,

com

altura

acentuada, troncos relativamente finos e árvores com copas altas, salvo exceções como mostrado na Figura 82, com as árvores com copas cheias como a Pereira e o Cinamomo. PALETA DE CORES

Pinheiro Larício Araucária

Fonte: Sabrina Pinheiro


4.3.4 EDIFICAÇÃO EXISTENTE

A casa começou a ser construída pela própria família em 1957, e só foi finalizada em 1960, devido a dificuldade de acesso ao terreno na época, o transporte era feito

apenas

materiais

com

foram

carro

fabricados

de

boi. Muitos

com

matérias-

primas do local, como os tijolos, com a areia do córrego e os ladrilhos hidráulicos. A casa tem uma planta bastante simples, com uma varanda grande, pé-direito alto e esquadrias altas e estreitas. A edificação passou por reformas e modificações, desde a cor das fachadas e esquadrias até disposição e ampliação de moldando-se

para

novas

necessidades dos moradores. Por exemplo, no primeiro layout a casa não tinha banheiro e a cozinha não tinha pontos hidráulicos. Ao redor da casa, a implantação tem características bem rurais, com hortas e canteiros para flores e arbustos, com cercado para proteção, e ranchos para a criação dos animais.

Figura 83: Fachada da casa Fonte: Sabrina Pinheiro

ambientes,


Todas

as

REFORMAS

esquadrias originais estão em boas condições.

01

FACHADA

ESQUADRIA

1960 1990 2000 02 Na formulação

primeira

da

casa,

o

banheiro ficava na parte externa. Como

a

cozinha

não tinha pontos hidráulicos a

louça

era

lavada

no

lavatório, onde tinha uma

03

mesa de apoio com uma pia. Na despensa era guardado equipamentos de manuseio do

leite,

desnatadeira.

como

a


05

ESTUDO PARA ANTEPROJETO


A proposta de anteprojeto de um hotel fazenda para o terreno escolhido, sustenta-se na procura de novas experiências dos turistas somado com a necessidade de alternativas econômicas para as pessoas do campo, garantindo assim sua permanência no meio rural. Um projeto que tem como objetivo apresentar e resgatar os costumes e vivências do campo para os turistas, valorizando assim, o patrimônio cultural e ambiental, visando a preservação da paisagem, e agregando valor aos serviços da comunidade ao qual está inserido.

5.1 O USUÁRIO O

projeto

é

voltado

para

pessoas

que

buscam

experiências, e não apenas viagens. Pessoas que estão em busca de atividades que saiam da sua zona de conforto, da correria do

seu dia-a-dia do meio urbano, que possam trazer uma conexão com a natureza e com a cultura simples do campo. Acordar com os pássaros cantando, tomar um café da manhã com calma e ter um dia com atividades que possam ter um contato maior com a natureza e com os animais. De acordo com o Ministério do Turismo (2010), o turista rural tem um perfil traçado: geralmente moradores urbanos em busca de um ambiente completamente diferente; viajam em casais com filhos e amigos; possuem de 22 e 55 anos; fazem viagens de curta duração; deslocam-se com seus automóveis em um raio de até Fonte: Sabrina Pinheiro


150km e são pessoas que valorizam a

gastronomia

regional

e

os

produtos locais. Além de turistas com essas características, casais que buscam por um ambiente de tranquilidade, paz e relaxamento, e ainda, grupos de idosos ou crianças, são públicos a serem atingidos pelo projeto. Os funcionários do hotel, todos aqueles que trabalham para manter

o

local

funcionamento, limpeza,

ou

seja

em

perfeito

na

cozinha,

responsáveis

pelos

passeios e atividades do hotel, são os usuários diários do local, e com acessos a lugares restritos. São

pessoas da comunidade do local, principalmente

jovens

que

naturalmente teriam que sair do campo

para

buscar

por

qualificação profissional e emprego

no

meio

urbano,

como

única

alternativa de trabalho além da agricultura. Fonte: Sabrina Pinheiro


“PESSOAS QUE BUSCAM UMA CONEXÃO COM A NATUREZA E COM A CULTURA SIMPLES DO CAMPO”

Fonte: Sabrina Pinheiro


5.2 PARTIDO E CONCEITO Como

reflexo

de

estudos

preliminares

o

partido

arquitetônico para o Anteprojeto Kratz Hotel Fazenda está no equilíbrio entre: paisagem, patrimônio cultural e a arquitetura contemporânea. Com isso, é necessário desenvolver um projeto onde a edificação respeite a paisagem na qual está inserida, de maneira que seja harmônica com o espaço, e também enfatize para os usuários todas as sensações que o meio rural remete, possibilitando assim, o contato do homem com a natureza,

a contemplação da paisagem e com a cultura rural. A cultura alemã tem forte influência na comunidade de São Bonifácio, desde a arquitetura com as casas enxaimel, costumes, gastronomia e até dialetos, pensando nisso, a arquitetura deverá fazer relação

entre

a

tradição

do

local

com

a

estética

contemporânea, com a utilização de estruturas de madeira aparente, e trazendo a pedra e os tijolos como revestimentos em menor

escala,

e

grandes

aberturas

de

vidro

para

a

contemplação da paisagem. Outro fator importante na cultura do local é a presença da água, São Bonifácio é a capital

catarinense

das

cachoeiras

(Lei

Estadual

13.096

de

18/08/2004), o posicionamento da edificação se dará entre os córregos existentes no terreno, trazendo assim, o elemento para perto da edificação influenciando diretamente a relação das Fonte: Sabrina Pinheiro

pessoas com a edificação.


O nome para o hotel

foi

pensando

em

homenagem a famĂ­lia que construiu

e

reside

ainda

hoje na edificação existente no terreno. Uma identidade

visual

limpa,

simbolizando

com a

linhas sinuosa

topografia e com a cor predominante do meio rural, o verde. Fonte: Sabrina Pinheiro


Figura 84: Zoneamento proposta – Editado pela autora

N LEGENDA Acesso hóspedes Acesso de serviço Córrego e açude

A área de lazer próximo ao café, estábulo e oficina serve como elemento integrador, trazendo os hóspedes para perto dos animais, horta e etc.

Recepção/Serviço/Adm

Sala de estar/social Restaurante e eventos Suítes (2 andar)

As cabanas no nível topográfico mais elevado prioriza a vista e trás mais privacidade para o hóspede

Cabanas Café Colonial

5.2 ZONEAMENTO Lembrando

Sala de Oficinas

tratar diversas

Área de lazer/estar

de

um

que

por

Hotel

atividades

se

Fazenda de

lazer

estarão espalhadas pelo terreno, como as trilhas e mirantes.

Estábulo Fonte: Software Google Earth Pro


5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES Figura 85: Programa de necessidades bloco hotel

O programa

de

necessidades para

o

anteprojeto do Kratz Hotel Fazenda

foi

elaborado

conforme

os

pré-requisitos Hotel

de

Fazenda com categoria de

5

estrelas

pelo

sistema

de classificação de meios de

hospedagem, e

também

partido

e

conceito arquitetônico. Fonte: Autora


Figura 86: Programa de necessidades bloco hotel e cabanas

Fonte: Autora


Figura 87: Programa de necessidades café colonial, oficinas, área de lazer e estábulo

Fonte: Autora


Figura 88: Fluxograma hotel

5.5 FLUXOGRAMA

LEGENDA PÚBLICO HÓSPEDE SERVIÇO CIRCULAÇÃO HÓSPEDES CIRCULALÇAO SERVIÇO

HOTEL

Fonte: Autora


Figura 89: Fluxograma café colonial, área de lazer e estábulo

ACESSO PÚBLICO

CAFÉ COLONIAL

ÁREA DE LAZER

ACESSO PÚBLICO

ACESSO SERVIÇOS

ACESSO SERVIÇOS

ESTÁBULO

Fonte: Autora

ACESSO PÚBLICO


06

CONSIDERAÇÕES FINAIS


O objetivo do trabalho era compreender a relação do turismo rural na comunidade da qual está inserida, compreender também o funcionamento dos hotéis fazenda como a arquitetura pode proporcionar e influenciar o resgate do patrimônio natural e cultural e a partir daí, criar diretrizes de anteprojeto arquitetônico para um Hotel Fazenda. No fim deste processo, conclui-se que investimento na arquitetura dedica ao turismo rural, de uma maneira que respeite o seu entorno, contexto em que está inserido, meio ambiente e paisagem, proporcionam diversos benefícios não só para a comunidade local, mas para todos aqueles que vem desfrutar das atividades ali oferecida. A construção de hotéis em meio rural atrai investidores para a região melhorando assim a infraestrutura básica do local, como melhorias nas estradas, saneamento, meios de comunicação, atendimento a saúde, educação e cursos profissionalizantes. Uma forte motivação e que se tornou o partido arquitetônico foi o desafio de equilibrar três questões relevantes para qualquer projeto arquitetônico, mas que é muito mais evidente em meio a paisagem, com poucas construções no entorno e muita vegetação, que são elas: a própria paisagem natural e a relação entre a cultura e a arquitetura contemporânea, além da valorização de edificações já existentes. Trazendo assim um hotel fazenda com classificação máxima (cinco estrelas) sem ignorar a simplicidade da vida no campo.

6.1 CRONOGRAMA TFG


07

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


IBGE

Instituto

Brasileiro

de

Geografia

e

Estatística.

Disponível

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https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/sao-

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WEATHER

SPARK.

Condições

meteorológicas

médias

de

Puerto

Natales

Chile.

Disponível

em:

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