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Há uma lenda que ronda a Universidade de Fortaleza. Uma história conhecida por muitos, contada por poucos e que ninguém conseguiu explicar.
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uitos anos atrás, enquanto arrumava seu material após a sua aula de desenho na sala 33 do bloco C da UNIFOR, a professora Débora escutou uma voz chama-la. Cansada e apenas pensando no momento que chegaria a casa para finalmente ter o seu tão merecido sono, a mulher levantou o olhar e encontrou um de seus alunos mais dedicados. Ele parecia enfurecido, um tanto transtornado até. Naquele dia, Débora havia aplicado a prova final para os alunos da turma do CD noite na sexta feira. Ela sabia que não era uma boa ideia, mas era necessário, já havia adiado demais o dia em que passaria essa prova. Infelizmente, mesmo com todo o tempo extra que deu para seus alunos se prepararem, muitos não conseguiram terminar os desenhos a tempo e por isso agora reclama-
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vam pelos cantos. A mulher sabia que estavam falando mal dela e dizendo que ela era uma péssima pessoa, mas a culpa não era dela se os alunos não tinham se preparado da maneira correta para tal atividade. Porém, não era assim que o garoto a sua frente pensava. Sempre muito eficiente e o melhor de sua turma, garoto não aceitou não ter conseguido terminar o desenho a tempo e foi até a professora reclamar. Débora até teria considerado passar uma segunda prova se tivesse tido tempo de reagir. Entretanto, o garoto começou a falar alto demais, até a gritar com a mulher, e ela, ofendida e irritada com tamanha ousadia, apenas deu-lhe as costas e saiu. Uma péssima ideia. O garoto ficou ainda mais enfurecido e a seguiu esbravejando. Decidida a ignorar o
menino, que parecia ser um grande mimado que não aceitava tirar uma só nota baixa, Débora seguiu para o seu carro, porém ao entrar no veículo, percebeu que o menino a tinha seguido até ali também, adentrando seu carro e esbravejando com ela ali. A mulher assustada com a ousadia do menino, acelerou e perdeu o controle de seu automóvel, fazendo-o bater em uma da grandes árvores que estão espalhadas pela UNIFOR. O acidente inicialmente afetou a visão da professora, que morreu dias depois no hospital, enquanto o garoto sofreu apenas machucados de baixa gravidade. Dizem que depois desse acidente algo mudou na sala 33 do bloco C. Algo sobrenatural, algo que ninguém consegue explicar ou acreditar até que sinta por si só. Alguns dizem que o espirito da professora ronda aquela sala, a procura do aluno que a matou para se vingar, porém, como sua visão foi afetada, ela não consegue encontra-lo de forma alguma, tendo que se guiar pelo instinto.
Desde então, todo e qualquer aluno que irrita um professor por conta de suas notas, ou reclama de um trabalho, na sala C33 torna-se alvo de Débora. Relatos contam que um aluno foi encontrado morto em um banheiro do bloco C e no chão de um dos boxes havia um esquadro sujo de algo vermelho.
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