No entanto (edição #67)

noentanto Novembro 2014 - Edição 67

Os desafios do ES Especialistas apontam as principais questões para o próximo governo

Editorial

Sumário Comportamento

“No Entanto” chega a sua 67° edição, mas para a turma do quarto período de jornalismo essa é só a primeira oportunidade de ver seu trabalho impresso no papel, com reportagens, crônicas, fotos e artigos publicados para o mundo, ou talvez só para a UFES mesmo. Feita a muitas mãos, são 20 páginas de uma revista recheada dos mais variados conteúdos, que reúnem em si um objetivo em comum: informar o leitor.

A turma escolheu as eleições de 2014 como um dos principais temas da revista. Depois de várias reviravoltas no cenário político do país, decidimos ir atrás da opinião dos jovens estudantes da universidade para descobrir quais as suas expectativas em relação ao futuro presidente do Brasil e seu governo.

Vamos abordar os desafios do estado do Espírito Santo em diversas esferas, sendo elas econômica, cultural, social, entre outras. Entrevistamos especialistas e também moradores na busca de respostas e soluções.

E falando em cultura, trouxemos uma matéria sobre a volta do Centro Cultural Sesc Glória, palco de teatros e também exibição de obras audiovisuais, além de exercer o papel de divulgar artistas locais.

No universo da UFES, o Planetário conta agora com sessões para deficientes visuais e pessoas com baixa visão. O material didático tem textos em Braile, desenhos em alto relevo e textos e imagens com muito contraste. E importante: aberto à comunidade.

Nossa equipe produziu uma reportagem sobre a luta das mulheres para vencer o preconceito relacionado ao tipo de cabelo e assumirem suas raízes.

Trouxemos também a problemática da falta de ciclovias em Vitória e como a prefeitura está lidando com a situação.

Além de tudo, a revista ainda conta com uma crônica e um artigo de opinião sobre a guarda municipal armada.

A turma.

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Política Entrevista Capa Cultura Inclusão Opinião Mobilidade

no entanto Jornal experimental do curso de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo.

Produzido por alunos do 4° período.

Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória.

Gráfica Universitária Tiragem: 1.000 exemplares Professora Orientadora: Manuela Santos Neves Projeto Gráfico: Barbara Coutinho, Kayque Fabiano e Luiza Marcondes.

Edição: Jéssyka Saqueto, Marcos Vinícius e Mariana Bergamini.

Equipe: Alena Moreira, Andreia Ferreira, Barbara Coutinho, Bianca Vailant, Brígida Valadares, Bruna Vermeulen, Carina Costa, Caroline Pina, Lucas Donato, Geraldo Júnior, Jéssyka Saqueto, Júlia Pavin, Júlia Zumerle, Juliana Benichio, Kayqe Fabiano, Laís Rocio, Lorraine Paixão, Luiza Marcondes, Marcos Vinícius, Mariah Friedrich, Mariana Bergamini, Mayra Scarpi, Nadine Alves, Paloma de Oliveira, Paulo Santos, Rafaela Laiola, Tatiana Caus e Thalita Mascarelo.

Comportamento

Qual é o pente que te penteia?

M u l heres ca ch ea da s lu tam c ont r a os pr ec onc eit os enr ai z a d o s Por Luiza Marcondes e Mariah Friedrich

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omo um grito de cachos em meio a tantos lisos, jovens decidem assumir suas raízes e enfrentar o preconceito social com a afirmação de sua beleza natural.

Desde o início da nossa colonização, houve tentativas de branqueamento da sociedade através da inferiorização e estigmatização de traços que fugiam ao padrão da beleza europeia, tratando-os como inferiores. O preconceito deu início a uma avalanche de alisamentos, progressivas, plásticas capilares e outros procedimentos aos quais as mulheres se submetem para seguir uma imposição estética na esperança da aceitação social.

Jovens consideram como as principais fragilidades a falta de representação de pessoas com os cabelos cacheados na mídia e de produtos para pessoas com esse tipo de cabelo, que demanda tempo e trabalho para cuidar.

Uma pesquisa realizada pela Pantene Institute e Head&Shoulders revelou que 36% dos brasileiros possui cabelos cacheados ou crespos e dentre estes, 58% já alisaram os fios.

Em geral é durante a infância e adolescência que mais sofrem preconceitos, nessa fase as meninas percebem que há um modelo ideal de beleza que segue um padrão que não é o delas.

“Foi aí que começaram os apelidos sobre o meu cabelo, eu percebi que as minhas amigas todas tinham cabelo liso e eu deveria ter também”, contou Nara Marques, 18 anos, estudante. Isabela Messias, 17 anos, blogueira de moda,

também contou para a reportagem sobre os preconceitos na infância: “eu recebia muitas brincadeiras de mau gosto dos meus amigos e desconhecidos, e quando você tem 10 anos, leva muito a serio a opinião dos outros”.

A queixa faz sentido. No ano passado, um post publicado no blog do Hospital Maternidade Santa Joana, em São Paulo, causou indignação e discussões acaloradas nas redes sociais.

O texto, intitulado “Minha filha tem o cabelo muito crespo. A partir de qual idade posso alisá-lo?” orientava mães a alisar o cabelo de filhos pequenos para deixá-los “mais bonitos”. O post vinha acompanhado de uma foto de uma criança negra com cabelos crespos.

Apesar dos pedidos de desculpas e da retirada do post, o episódio é apenas mais um que reforça o preconceito e mostra que o problema começa cedo.

Cachos para que te quero De uns tempos para cá, tem sido comum encontrar pessoas que optaram por contrariar a pressão social e assumiram a naturalidade dos seus cabelos. Os cachos vêm ganhando espaço e fazendo a cabeça de meninas que não querem mais estar aprisionadas a um

padrão estético que não corresponde ao seu natural e que na verdade esconde o preconceito racial que existe no Brasil.

Os cachos vieram com a força de uma afirmação, não só cultural como de identidade. “Um dia me olhei no espelho e não consegui me reconhecer” contou Nara. Para Jéfica Teixeira, estudante de jornalismo, 21 anos, é difícil ser negro ou negro nessa sociedade.

Ter cabelo liso era pra ela uma questão de inclusão. “Fui me tornando negra a partir do momento que comecei a valorizar cada característica de um cabelo afro e quis mostrar para o mundo a beleza do meu.”

O primeiro passo para a libertação dos cachos é aceitar a diversidade, aprender a valorizar a diferença e afirmar a identidade natural. A melhor coisa que se pode fazer por si mesmo é se amar. Seguir o padrão imposto não vai derrubar as barreiras impostas pelo preconceito. Pelo contrário, vai apenas afirmá-las, Então, não tem porque se esforçar tanto para se adequar a ele.

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Política

O que esperar para o futuro do Brasil?

Est udant es u niversitário s f alam de s eus ans eios quanto à s expecta tiva s d e u m paí s r ec ém s aí do das eleiç ões Por Andreia Ferreira, Brígida Valadares, Geraldo Junior e Lorraine Paixão

O

Fotos: Geraldo Junior

que esperar para o futuro do Brasil é um pensamento corriqueiro em ano de eleições presidenciais, mas em 2014, essa análise ganhou grandes proporções. A explicação para isso vem de 2013, ano pré-eleitoral e que foi marcado por manifestações em todo Brasil. O histórico “Junho de 2013” tomou o país, a princípio, reivindicando a revogação do aumento das tarifas do transporte público paulista - que de R$3,00 passou para R$3,20 levando centenas de pessoas às ruas contra o aumento -, mas não pa-

rou por aí.

Mais que ganhar corpo, o movimento despertou outras reivindicações gerais e de interesse de toda a população brasileira, como a reforma política; o fim da criminalização dos movimentos sociais; educação e saúde pública de qualidade; a crítica aos gastos públicos com a Copa, e a corrupção. Com todas essas reivindicações pautadas, os brasileiros que participaram das históricas jornadas de junho demonstraram a insatisfação com o sistema político brasileiro e com a indiferença dos líderes políticos.

As jornadas de junho trouxeram a tona também a lembrança de importantes movimentos políticos-sociais no Brasil: como o “Diretas Já!”, em 1984, e o “Fora Collor”, em 1992. Recorda-

ções que reavivaram o sonho de todos por um Brasil melhor. Reacenderam a chama da esperança de que a mudança acontece é na rua com a população unida por um projeto de sociedade mais justa e igual. Aqueles que foram às ruas em junho de 2013, sendo a maioria jovem e universitária, sem dúvidas deram uma reoxigenada na agenda política brasileira.

Um ano depois e no contexto das eleições de 2014, fica a pergunta, o que os jovens universitários que foram às ruas no ano passado esperam para o futuro do Brasil? Entrevistados pelo No Entanto, estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo mostraram que temas como educação, saúde e segurança permanecem sendo as questões prioritárias do eleitor brasileiro.

Com a palavra, eles, os universitários!

...

Qual é a sua visão sobre o cenário político brasileiro?

“Eu acho lastimável porque a gente tem uma espécie de mono polaridade política; não tem muita diversidade, muita oposição. Todos os partidos, mais ou menos seguem por uma linha.” (André Felipe, 23, estudante de química) “Eu acho desorganizado, disperso e perderam o foco pra poder resolver os problemas do Brasil.” (Hana Falqueto, 18, estudante de gemologia)

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...

Qual o problema urgente no país? As propostas feitas resolveriam o problema?

“Acho que a educação é o problema mais urgente. As propostas que estão sendo feitas têm melhorado a educação, só que lentamente. Eu acho que precisa melhorar ainda mais.” (Tainara Guerra, 20, estudante de química) “Creio que sejam a segurança, saúde e a educação. E as propostas que eu ouvi, não creio que resolveriam. São propostas boas, mas não sei se poderiam ser colocadas em prática.” (Luan Muller, 17, estudante de economia)

...

Qual o seu anseio de mudança nessa eleição?

“Eu não espero uma grande mudança, até porque todas as propostas se parecem muito.

Mas eu espero que os programas que já foram construídos e que foram benéficos pra sociedade continuem e que eles consigam de alguma forma melhorar a nossa base educacional.” (Tainara Guerra, 20, estudante de química) “Pelos eleitos eu não vejo muita mudança, não vejo muito bem as propostas sendo praticadas. Mas eu torceria que mudasse a segurança e a saúde.” Luan Muller, 17, estudante de economia)

Política

Entrevista com José Antonio Martinuzzo O professor do Departamento de Comunicação Social da Ufes, analisa os anseios da juventude quanto a política e o cenário político brasileiro atual.

As manifestações de junho de 2013 demonstraram a indignação da sociedade, em especial da juventude, com o sistema político vigente. Como você vê essa onda de inquietação política?

Vejo a inquietação como algo extraordinário no campo da política, da democracia, da República. No entanto, manifestações episódicas ou eventuais têm um alcance muito menor de reverberação transformadora quando comparadas a mobilizações continuadas.

Ainda mais quando se trata de uma hecatombe social como ocorreu há pouco mais de um ano. A política ruim aposta no esquecimento da boa política, no caso, a insurreição da sociedade e seus desejos. É preciso manter viva a mobilização, ainda que de outras formas, mas sempre viva.

Você acha que, após esse episódio as pessoas estão mais conscientes quanto a política?

Como você vê o atual cenário político do Brasil?

Em sua opinião, quais são os problemas emergentes no país hoje? Quais as expectativas de mudança, a partir dessas eleições, que a sociedade deve esperar?

Educação é o ponto mais estratégico para as mudanças de que tanto precisamos. Mas o presente pauta questões críticas, como saúde pública, inclusão social produtiva e segurança. Num quadro tão grave, a política, tanto a partidária como a institucional, precisa ampliar sua capacidade de mobilizar e realizar em favor das mudanças. Sobre o próximo governo, se ele for politicamente digno, se tivermos efetivamente uma mobilização social de cobrança, vigilância e participação, avançaremos, mas a história não terá fim. Aos desafios históricos se somam novas demandas. É assim: a vida se faz a cada dia, com conquistas e novos desafios. O que precisamos é trabalhar muito, para quitar déficits do passado e ainda acertar as contas com o presente e o futuro.

Ou seja, temos de trabalhar muito.

Em entrevista realizada com alguns estudantes, os temas priorizados foram educação, segurança e saúde.

Houve também um lamento quanto a monopolaridade política brasileira, que impede uma maior diversidade de escolhas. Como você analisa os anseios desses universitários?

Reverberam o sentimento e a realidade. Mas quanto ao novo, essa parte cabe eminentemente a eles. Que as demandas os inspirem a estudar política e ir para o campo da política digna, nas várias frentes possíveis. Se a história não nos agrada, mudemos o roteiro, pois. Depende de nós, sabendo-se que as mudanças na vida real não se constroem na velocidade de um clique ou com a força momentânea de um evento. Como todos sabemos, a vida é uma caminhada e, para mudar os rumos, muitos passos precisam ser dados. Mas é também verdade que, como já sabiam os chineses há milênios, uma caminhada de milhares de quilômetros se inicia com um primeiro passo.

Foto: Divulgação

Aquele foi um gesto político, mas, da parte de muitos, de recusa à política.

Muitos nem se viam fazendo política e eram explicitamente contra as instituições e partidos políticos. Como sempre digo, política é algo que se aprende, é um dado cultural. E às nossas atuais gerações, principalmente às mais jovens, foi seriamente negado o direito ao aprendizado do sentido real da política, que é a capacidade humana de projetar e produzir mudanças consensuais no caminho do avanço civilizatório. Se a prática política está ruim, devemos buscar superá-la, mas jamais podemos negar ou recusar a política enquanto ferramenta de produção de vida digna e emancipada aos homens.

A política, no geral, não tem honrado as potências e as demandas dos brasileiros. Mas temos, como sempre, raras e portentosas exceções. De toda sorte, a política se faz com instituições e cidadãos e, se algo está errado, temos todos de nos repensar como cidadãos e como institucionalidades. Antes de tudo, acho que precisamos investir na formação política da nossa gente. Sabendo-se poderoso, senhor do seu destino, pois é coautor da sua história e da história da sua comunidade, o cidadão certamente agirá para escrever uma narrativa de vida sem as tantas mazelas que nos afligem historicamente, como resultado de nossa ação individual e coletiva, por omissão ou escolha ou ignorância.

Em entrevista, o professor Jose Antonio Martinuzo ressalta a importância de se manter viva a manifestação política, mesmo após a campanha eleitoral.

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Entrevista

Direitos civis em pauta Natália Becher conta as expectativas futuras da causa LGBT Foto: Luiza Marcondes

Por Bruna Vermeulen, Júlia Zumerle e Mariah Friedrich

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stima-se que 10% da população do país seja LGBT, o que contabiliza 20 milhões de brasileiros.

O preconceito e o conservadorismo são os maiores entraves para a garantia dos direitos humanos da comunidade trans. Mas apesar de alguns avanços dos últimos anos, sobretudo de leis que foram aprovadas visando garantias de direitos civis e humanos desta parcela da população, ainda há questões que estão muito aquém das demandas da causa LGBT. Em meados do mês de novembro, por exemplo, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo não conseguiu aprovar, por falta de quórum e consenso, o projeto de resolução que garantiria o direito de funcionários travestis e transexuais de usarem seus nomes sociais em seus crachás. Deputados chegaram a declarar que a questão não era relevante.

Se a questão não parece relevante para alguns, ela tem se tornado motivo de angústia para outros. Natália Becher, estudante do nono período de medicina e militante do movimento LGBT, em entrevista à No Entanto, relatou algumas das dificuldades mais comuns que o público LGBT enfrenta.

Como atuante do movimento transgênero do estado, conta para gente sobre a sua militância e agenda de luta dentro do movimento.

Bem, meu momento atual é de aprendizado e busca por empoderamento dentro da militância LGBT para poder atuar de forma mais eficaz e focada pelos direitos de minorias. Pessoas trans normalmente são tão excluídas e alijadas de direitos dos mais básicos dentro

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Entrevista de nossa sociedade que sequer estão cientes de os possuírem.

Muitas vezes uma pessoa pode se sentir acuada e ter vergonha de lutar por seus direitos mais básicos e fundamentais como cidadã. Só que se esconder e deixar silenciar não tornará a sociedade mais justa e respeitosa com a diversidade humana.

Como você analisa a articulação de um movimento de luta antitransfobia hoje no Brasil? Há algum esforço nesse sentido por parte do governo?

A luta contra a transfobia encontra-se em estágios muito incipientes em nosso país. Em grande parte isso acontece porque a transexualidade ainda é tratada como um tabu e, portanto reinarem o desconhecimento e a ignorância sobre o assunto. O total desconhecimento de muitos acerta das identidades trans*, das demandas e pautas da luta antitransfobia acaba dando muita margem a pré-conceitos e sensos-comuns sobre o assunto. Por isso, é importante que travestis e transexuais tenham maior espaço de fala e atuação na militância. Acho que auxiliando as pessoas trans a se empoderarem é que a articulação da luta antitransfobia se mostrará mais eficaz.

Quando se pensa em direitos LGBT as necessidades da comunidade trans são esquecidas ou não são colocadas como prioridade. Quais são as principais reivindicações políticas do movimento?

Em primeiro lugar nas reivindicações, está a aprovação imediata do Projeto de Lei 5002/13, conhecido como lei João W. Nery ou Lei da Identidade de Gênero, que trata da desburocratização dos processos de retificação de registros civis para pessoas travestis e transexuais. É inaceitável que em pleno século XXI uma parcela da nossa população seja tão excluída e alijada de cidadania que não possua sequer o direito a um nome que a represente adequadamente.

Outro ponto muito importante é a criação, implementação e capacitação

de mais ambulatórios e centros de referência para a saúde de travestis e transexuais em nosso país. Atualmente há somente quatro hospitais que oferecem o atendimento a quem deseja se submeter ao processo transexualizador.

Essa é mais uma violência institucionalizada com travestis e transexuais que tem que acabar.

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É inaceitável que uma parcela da população não possua o direito a um nome que a represente adequadamente’’

Também reivindicamos a criação de uma lei que criminalize a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, a criação e oferta de cursos profissionalizantes de capacitação e reinserção de pessoas trans em ambientes escolares: a maioria das pessoas travestis e transexuais possui pouquíssima escolaridade em vista da exclusão que sofrem em ambientes familiares e escolares e que culmina em perseguições e na evasão escolar precoce daquela/e jovem cidadã/o. A própria mobilização em defesa de nossos direitos civis dos mais básicos é algo que não ocorre ainda, portanto deveria entrar em pauta como reivindicação.

Apesar das pessoas transexuais terem assegurados o direito ao reconhecimento da identidade de gênero e à cirurgia de transexualização pelo SUS, o número de pessoas atendidas ainda é muito restrito. Quais políticas públicas poderiam ser adotadas no sentido de possibilitar o amplo acesso a serviços de saúde e à mudança para o pronome e nome condizentes com a sua identificação de gênero?

Isso está ótimo no papel, mas na práti-

ca não ocorre o respeito e cumprimento ao que foi estabelecido. Para dar entrada num posto de serviço e se inserir no sistema, a pessoa trans requer que o seu cartão de usuária do SUS seja emitido com o nome social. Mas a maioria dos funcionários desconhece completamente o que consta no artigo 4 da carta de direitos dos usuários do SUS de 2009. Isso sem contar nas inúmeras travestis, homens e mulheres transexuais que sequer sabem que possuem o direito a uso de nome social no SUS. É necessário que implementem na prática as políticas afirmativas que existem na teoria: divulguem para usuárias do SUS a possibilidade de uso e respeito ao nome social, que as usuárias saibam que podem acionar o ministério público ou a secretaria de saúde de seu município a fim de se aplicarem as sanções devidas ao ato discriminatório e desrespeitoso. O respeito por parte da equipe de saúde é algo que evita e muito a evasão dos serviços de saúde por parte da população trans.

Cabe lembrar que o processo transexualizador do SUS não envolve apenas o ato cirúrgico em si, e sim todo o processo desde o acolhimento e encaminhamento no atendimento primário, a assistência social e o apoio psicológico e psiquiátrico que poder ser necessários e o apoio endocrinológico e acesso a hormônios e demais medicamentos necessários durante todo o processo transexualizador, até os cuidados ao longo dos anos. E devemos ter em mente que o objetivo do processo é o bem-estar físico e emocional pleno da usuária com enfoque no atendimento global e atenção à sua saúde enquanto pessoa trans em suas necessidades específicas, não devendo haver direcionamento específico para uma determinada cirurgia se assim não for declarado pela usuária que ingressa no processo transexualizador.

E sim, há poucos ambulatórios e centros de referência para pessoas travestis e transexuais em nosso país. É necessário que se capacitem e habilitem mais equipes de saúde, ampliem-se os locais de atendimento a fim de se obter ampla cobertura nacional. no entanto | 7

Capa

Os desafios do ES Especialistas apontam os principais desafios do estado do Espírito Santo para o próximo governo Por Bianca Vailant, Jéssyka Saqueto, Júlia Pavin, Juliana Benichio, Laís Rocio, Nadine Alves e Thalita Mascarelo

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equipe do “No Entanto” foi a campo ouvir a opinião de professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sobre quais os principais desafios do estado nas áreas da cultura, mobilidade urbana, política social e desenvolvimento econômico.

Desafios econômicos: o mercado ex8 | no entanto

terno torna vulnerável o crescimento do Espírito Santo O estado apresentou um importante crescimento nas últimas décadas, principalmente nas regiões litorâneas, devido a investimentos como a implantação de indústrias como Arcellor e Vale. Porém esse crescimento não tem refletido em desenvolvimento para a sociedade. Apesar da presença de indústrias, a economia do estado é baseada no mercado externo. Boa parte do crescimento se dá em relação ao mercado internacional, mesmo possuindo um consumidor interno significativo.

Este fato torna nosso desenvolvimento vulnerável às oscilações do mercado internacional. “Se os negócios internacionais crescem, o Espírito Santo

cresce em dobro, mas senão, o Estado retrocede também em dobro”, afirma o professor e coordenador do curso de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Celso Bissoli Sessa.

Ele explica que existem diferenças entre crescimento e desenvolvimento de uma economia. Segundo ele, quando falamos em crescimento econômico queremos dizer que a economia está se expandindo, ampliando os indicadores econômicos como, por exemplo, a renda, o lucro e os impostos. Já o desenvolvimento econômico se dá quando a avaliação do seu crescimento reflete na população, como em melhorias na qualidade de vida, educação, segurança e saúde por exemplo.

Pelo fato do estado ser uma região

Capa

Foto: Divulgação

metrópoles já faz parte do cotidiano dos moradores da Grande Vitória. Métodos precisam ser adotados para se enfrentar os transtornos recorrentes de cidades com grande fluxo de veículos.

Constantes congestionamentos, sinali-

zação confusa e a falta de um melhor planejamento das vias tornaram-se alguns dos problemas do trânsito da região.

Para Rodrigo de Alvarenga Rosa, Doutor em transportes e professor da Foto: Caroline Pinna

de passagem, a população não se beneficia do crescimento. Os produtos que exportamos não são produzidos aqui, apenas recebemos as matérias primas para distribuição nacional e internacional. Consequentemente, o desenvolvimento não acompanha o processo de crescimento.

Outro aspecto que prejudica o desenvolvimento do Espírito Santo é o fato da localização de boa parte das atividades industriais estar localizada nas regiões metropolitana e litorânea do estado, deixando o interior com os menores índices de desenvolvimento.

Além disso, a falta de estrutura e mobilidade, implantar indústrias em regiões do interior torna-se um desafio para os investidores. É necessária a criação de políticas para que o interior seja beneficiado e receba investimentos financeiros iguais ao restante do estado.

Aquaviário, quarta ponte e passarelas podem melhorar a mobilidade urbana na Grande Vitória Lidar com desafios comuns às

A Terceira Ponte já não suporta o fluxo de veículos em horários de grande circulação.

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Capa está tomando medidas interessantes.

Expandir as vias, em tese, vai melhorar.

Criar a quarta ponte também. É preciso pensar em alternativas como o aquaviário que é uma alternativa que tem de estar disponível”, completou Rosa.

A sinalização também foi um dos problemas apontados pelo especialista em transportes, porém, a falta de consciência do cidadão em se ver parte dessa circulação nas ruas dificulta a mudança, pois não adianta fazer diferente se não houver adesão de quem passa pelo local todos os dias. “Outra coisa que interdita o trânsito é a quantidade de semáforos. Olha onde acontecem as retenções: nos semáforos. Mas como eu posso substituir os semáforos? Passarela ou passagem inferior são as alternativas, mas o pedestre não respeita esses tipos de passagens”.

Uma melhor mobilidade na Grande Vitória ocorrerá quando população e governo mudarem sua postura diante da crescente necessidade no que diz respeito à mobilidade na região. O governo precisa investir em uma melhor qualidade na vida do capixaba, assim como o cidadão tem de respeitar o modo como a cidade vem sendo construída.

Foto: Grupo Cliques

Índices de violência e criminalidade

No Espírito Santo o maior desafio a ser vencido é o de democratizar o acesso à cultura.

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Foto: Bianca Vailant

Ufes, “o que acontece é que se tem vias que já estão quase saturadas. O governo estimula a compra do carro e isso ocasiona uma grande frota rodando nas cidades. O transporte público também não ajuda. Quem tem carro não quer andar de ônibus, porque é precário”.

Para Tarcísio Bahia de Andrade, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, outro fator que também prejudica o trânsito é a geografia de Vitória: “Trata-se de uma ilha recortada pelo mar, afloramentos e morros que fazem com que a ocupação urbana seja muito restrita.” Além disso, acrescenta a questão da moradia e trabalho. Andrade explica que a concentração da atividade industrial está, normalmente, nos municípios de Serra e Cariacica. “Quando a pessoa se vê incentivada a comprar uma casa, ela compra onde ela pode, perto da família e não do trabalho, agravando o problema do trânsito de passagem.”

Segundo Rosa, é preciso pensar em alternativas, porque devido a esse cenário qualquer distúrbio que houver resultará na paralisação da circulação nas vias. O governo exerce papel fundamental na organização da cidade, portanto, faz parte de sua função a resolução dos problemas. “O governo

Celso Bissoli Sessa explica diferenças entre crescimento e desenvolvimento de uma economia.

destacam o Espírito Santo no cenário nacional O novo governo que assume a direção do estado para os próximos quatro anos, terá que lidar com um cenário social que demandam políticas eficientes nas áreas da educação, saúde e segurança pública. Entre os maiores desafios, o novo governo vai encontrar um quadro de violência contra a mulher que coloca o estado no topo do ranking de homicídios femininos numa escala nacional. A capital Vitória ocupa o primeiro lugar entre os municípios do país com maior número de homicídios de mulheres, de acordo com dados do Mapa da Violência 2012.

Para enfrentar este problema, Gilsa Barcellos, do Núcleo de Estudos sobre Violência (Nevi), ligado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo, considera necessário que haja um planejamento de políticas públicas para combater a mentalidade patriarcal, que determina a desigualdade nas relações de gênero e sustenta essa prática agressiva. O Núcleo tem atuação no Conselho Estadual da Mulher, onde estão sendo discutidas as diretrizes do Plano Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres. A intenção do Nevi é desconstruir a ideia de não intervenção

Capa do Estado nas questões privadas, o que afasta a responsabilidade de diversos governantes na adoção de políticas públicas. “Nosso entendimento é de que o Estado deve estabelecer políticas de enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres e de atendimento humanizado às vítimas.”

A política de segurança pública adotada no Espírito Santo pode ser pensada pelo viés repressivo, com o abastecimento de polícias para combater a criminalidade com a repressão, ou pelo viés preventivo, o que demanda a presença de profissionais qualificados para acompanhar os problemas nos bairros com maior índice de violência, trabalhando com o diálogo para identificar os pontos de conflito.

O professor de ciências políticas do Departamento de Ciências Sociais, Mauro Petersen, acredita que a iniciativa em tratar da criminalidade como um problema social deve partir principalmente da secretaria municipal. “Considerando a situação de vulnerabilidade das classes mais baixas, é fundamental estar presente, acompanhando o cotidiano dessas pessoas e procurando atuar na raiz do problema, buscando gerar renda e trazendo mais programas sociais para o ambiente com histórico de criminalidade.”

Na educação, Petersen, considera ser possível ter avanços significativos se os recursos repassados pelo governo federal para o Espírito Santo forem aplicados para resolver problemas como a precariedade das instalações escolares e na qualificação profissional. Segundo ele, existe um descaso do estado com o trabalhador concursado, sobretudo pela quantidade de contratados por designação temporária, que acarreta a precariedade do vínculo empregatício e a falta de estímulos acarretada pela situação provisória.

Para o professor, apesar de, em 2012, o Espírito Santo ter alcançado o primeiro lugar entre os estados brasileiros no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – que a cada três anos, submete os alunos de escolas dos países membros da OCDE à avaliação do conhecimentos e habilidades deles em matemática, leitura e

ciência –, o estado não foi bem avaliado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede o desempenho dos alunos nas atividades avaliativas e fluxo escolar Na área da saúde pública, a população depende de uma medicina preventiva aplicada a partir do protagonismo do município. Segundo Petersen, as expectativas de melhorias nesta área não são grandes quando se considera o mandato anterior de Paulo Hartung, governador eleito. “A concepção da gestão Hartung é mais voltada para o mercado, caracterizada por grandes investimentos que agregam à economia do estado, e não às práticas públicas de natureza social e preventiva”, explicou.

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Vitória ocupa o primeiro lugar entre os municípios do país com maior número de homicídios de mulheres’’

O desafio de difundir a cultura para todo o estado As últimas eleições colocaram o Espírito Santo diante de um novo quadro político. Novamente Paulo Hartung assumirá o posto mais alto da política capixaba, cargo que já ocupou por quase uma década. O retorno ao Palácio Anchieta, quatro anos depois, traz consigo a responsabilidade de superar a atual gestão. São muitos os desafios para a difusão da cultura no estado que atualmente recebe investimento de menos de 1% do PIB (Produto Interno Bruto).

Na visão do produtor e realizador audiovisual, Vitor Graize, o processo de desenvolvimento da cultura no estado precisa ser compreendido de três formas: produção, reflexão e difusão. Para trabalhar o aperfeiçoamento dos aparelhos culturais, são necessá-

rias políticas públicas que contemplem tanto a democracia, para que todos tenham o direito de consumir produto cultural, quanto ferramentas para fomentar a produção artística. Segundo ele, “o grande desafio para a cultura é difundir o direito do sujeito de assistir um filme e possibilitar que ele também tenha meios para produzi-lo”.

A forma de incentivo mais comum no Brasil e aqui no Espírito Santo é a distribuição das verbas destinadas à cultura por meio de editais. Segundo Graize, essa é a forma mais democrática de viabilizar o acesso de qualquer cidadão à produção cultural. Ele ressalta a criação, em 2012, da Secretaria da Economia Criativa, ligada ao Ministério da Cultura, que tem o objetivo de conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais, transformando-a em um eixo estratégico de desenvolvimento cultural nos estados.

Se de um lado estão os produtores culturais, na outra ponta estão os receptores, um público cada vez menos interessado e afastado do teatro, cinema e exposições. O perfil do capixaba é o de consumir a arte em grandes eventos. No entanto, Graize ressalta que essa cultura precisa ser alimentada diariamente e inserida no cotidiano das pessoas, “Durante muitos anos a cultura esteve fora da ‘cesta básica’, mas aos poucos ela está sendo inserida na rotina dos indivíduos. O primeiro passo é pautar esse tema nas escolas, universidades e na rua. A cultura não é só lazer, ela precisa ser pensada criticamente e refletida”.

No Espírito Santo o maior desafio a ser vencido é o de democratizar o acesso à cultura. Das sete cidades que fazem parte da Grande Vitória, somente a capital, Viana e Vila Velha possuem teatro, isso sem mencionar o interior do estado, onde a difusão da cultura é ainda mais precária. O afastamento geográfico de algumas pessoas dos pontos mais tradicionais de consumo cultural, como teatro, cinema e festivais é uma das razões que impendem a arte de ser acessível a todos. no entanto | 11

Cultura

Sesc Glória: revitalização da agenda cultural do ES O Centro Cultural localizado no Centro de Vitória reabriu as portas para a arte na capital.

Foto: Rafaela Layola

Por Andreia Ferreira, Brígida Valadares e Geraldo Júnior

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om a promessa de restauração e modernização, o Serviço Social do Comercio (Sesc) comprou, em 2006, o prédio do Teatro Glória, localizado no Centro de Vitória. Após oito longos anos, o agora Centro Cultural Sesc Glória reabriu as portas no último dia 27 de setembro, mantendo suas características originais, mas 12 | no entanto

agora destinando os cinco andares de sua estrutura à arte. Com programações culturais desde 1932, quando se chamava “Éden Parque”, o cineteatro recebeu a primeira apresentação de cinema no Espírito Santo e por muito tempo manteve essa dupla função, ora cinema, ora teatro. Antes da última reforma, foi palco também do Vitória Cine Vídeo, festival de filmes e curtas que movimenta a capital todos os anos.

O prédio do teatro que começou a ser construído em 1926, sobre o extinto jardim municipal, era considerado

o maior edifício de Vitória e também um dos primeiros a ser construído em concreto armado.

Palco de muitas transformações físicas e celebrações sociais, o edifício é marcado por um estilo arquitetônico eclético e marcante, além disso, sempre buscou homenagear a partir de seus espaços, figuras e personalidades que se destacaram em propagar a cultura capixaba.

O Sesc Glória é mantido por contribuições de profissionais que atuam no comércio, a partir do recolhimento

Cultura

Reabertura A reabertura do centro, no dia 27 de setembro, contou com a apresentação do cantor Lenine e outras atrações.

O público que compareceu a noite solene pode ainda visitar a exposição ‘O Mundo Mágico de Escher’, que permanecerá até 30 de dezembro; e assistir ao espetáculo infanto-juvenil “A Rainha Procura” (Grupo Quintal/SP).

Foto: Acervo José Tatagiba

de impostos. Como resultado, o espaço cultural busca ser o local que vai promover manifestações de cultura e de entretenimento para essa força de trabalho. O Teatro Glória, atua também como braço cultural do Sistema Fecomércio, e tem como objetivo central a divulgação da cultura e trabalhos dos artistas capixabas.

Segundo a gerente de cultura do Sesc, Beatriz de Oliveira Santos, os projetos culturais do Sesc passarão a acontecer no Centro Cultural. “A proposta é incentivar novos talentos e promover as diversas manifestações culturais artísticas em âmbito estadual, valorizando as produções locais”, explicou. Com a reabertura do Sesc Glória, a Ilha de Vitória têm mais um novo ponto de encontro, rico em cultura e alternativas de diversão, como shows, peças teatrais, e outras demais artes.

Fachada do Cine Glória vista do Teatro Carlos Gomes no ano de 1950.

O novo espaço A nova estrutura do prédio conta com o teatro principal, com capacidade para 690 pessoas, e um bistrô no andar térreo; com um setor para exposições diversas no primeiro andar; com uma sala de dança e o cinema 1 no segundo andar; com duas salas de aula de música, audioteca, ateliês de gravuras e artes visuais, arena acusmática, cinema 2 e um estúdio de música no terceiro andar; uma biblioteca, e um espaço expositivo, com duas salas de produção audiovisual, sala da palavra (para cafés

literários, lançamentos de livros e outros eventos relacionados à literatura) no quarto andar; e o teatro multiconfiguracional e o terraço panorâmico no quinto andar, onde de um lado, o público tem vista para a Av. Jerônimo Monteiro, a Praça Costa Pereira e o Teatro Carlos Gomes. E do outro, é possível avistar a Baía de Vitória.

Nesta primeira fase está em funcionamento o Teatro Multiconfiguracional, o Teatro Glória, os espaços expositivos, e o foyer na entrada principal. A previsão é que em dezembro todo o espaço já esteja funcionando.

Programação Exposição: O Mundo Mágico de Escher A exposição conta com 90 obras do artista gráfico holandês, Maurits Cornelis Escher, apresentando xilogravuras e litografias, além de oferecer experiências que desvendam os efeitos óticos e de espelhamento que Escher usava nos trabalhos.

Local: Centro Cultural Sesc Glória.

Av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória.

Temporada: 30/12/2014

De

28/09

até

Horário: A partir das 09h Telefone para 3223-0720

contato:

(27)

Entrada: R$ 5 reais (inteira) e R$ 2 reais (meia entrada) para quem tiver carteirinha do Sesc, acima de 60 anos e estudantes Vendas: Ingressos vendidos no local

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Cultura

A vida noturna renasce no centro de Vitória Rua Gama Rosa: o novo point no Centro da capital que descobrimos e recomendamos Foto: Paloma de Oliveira

Por Alena Moreira e Paloma de Oliveira

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ra um final de semana como outro qualquer, estávamos animadas pra encontrar uns amigos, beber uma gelada e, de quebra, fazer uma matéria para a disciplina de Laboratório em Jornalismo da faculdade.

Enquanto universitárias, costumávamos frequentar a Rua da Lama, ponto de encontro entre os jovens estudantes, moradores da região, adultos, velhos, loucos, bêbados, gente de todas as cores, de todas as formas e todos os lugares. Apesar da Lama já ter se tornado um ambiente cotidiano para nós, estávamos cansadas de sempre encontrarmos as mesmas pessoas. Decidimos, então, buscar novos lugares e foi aí que descobrimos o centro da cidade.

Ah, o Centro! Como não se apaixonar? O lugar já se transformou em novo ponto cultural da nossa capital.

Os museus, as casas de exposição, os teatros e as praças contribuem para embelezar ainda mais Vitória e propiciam o desenvolvimento do cenário artístico capixaba. Rodeado por uma arquitetura magnífica, parte viva da nossa cultura, contagia aqueles que passam por ali dispostos a desfrutar a noite. O centro foi capaz de nos provocar as mais diversas sensações. Uma cultura de quase 500 anos enriquece sua beleza e garante a harmonia da região, oferecendo uma tranquilidade inexplicável que nos fez sentir como se estivéssemos em casa.

Nossas andanças pelo bairro em busca de uma bebida e um bom papo 14 | no entanto

Rua Gama Rosa: um refúgio dos lugares óbvios da noite capixaba.

nos levaram à Rua Gama Rosa, localizada nas proximidades da Rua Sete de Setembro. Lá encontramos um refúgio dos lugares óbvios da noite capixaba e conhecemos o nascimento de um novo point que reforça o processo de revitalização do Centro Histórico de Vitória. A rua parece ter se tornado a nova zona boêmia da região. Quem gosta de uma pegada mais alternativa de barzinhos no estilo pub com certeza já deve ter passado por algum deles na Gama Rosa. Conhecemos três que vale a pena visitar.

Casa de Bamba O lugar rodeado pela aura cario-

ca dos sambas de Dorival Caymmi e Noel Rosa, mas ao mesmo tempo consegue expor uma identidade capixaba muito forte. A decoração é repleta de fotografias e quadros das paisagens do estado. Lá nos sentimos à vontade para curtir uma boa música, beliscar uns petiscos e conhecer pessoas. A especialidade da casa são os crepes que levam nomes de algumas ruas e teatros do centro da cidade. O cardápio também oferece drinks especiais, chopp e cervejas artesanais e internacionais, além da tradicional long neck. A casa parece agradar um público bem diversificado, desde jovens que gostam da agitação da vida noturna até a dona de casa, o pai de família e o aposentado.

Cultura

Foto: Paloma de Oliveira

O lugar possui um ambiente artístico e aconchegante, propício reunir os amigos, saborear pratos variados e dançar ao som do samba de raiz. A Casa de Bamba já se tornou ponto de encontro dos moradores, tanto do centro quanto de outros bairros, além de turistas que visitam a cidade.

Doca 183

Casa de Bamba. Rua Gama Rosa, 154, Centro – Vitória. Telefone: (27) 3222-3074.

Foto: Paloma de Oliveira

O local funciona como casa de shows e recebe semanalmente bandas, principalmente capixabas, que apostam em ritmos como Jazz, blues, rock, samba e forró raiz. O bar também investe na criação de cardápios diversificados, além de oferecer as tradicionais promoções especiais de Dose Dupla.

Aos amantes de cerveja, o local oferece uma multiplicidade dos rótulos especiais, nacionais e internacionais.

O espaço surgiu com a proposta de ambientar um “armazém”, de acordo com entorno da região, localizada próxima ao porto de Vitória. Antigamente, os armazéns, além de local de trabalho, serviam também como ponto de encontro de músicos, boêmios, passantes que aproveitavam para consumir uma cerveja gelada, jogar cartas, tocar instrumentos e prosear. Daí a ideia de “Doca”. O número 183 é referente ao endereço.

Grappino Rango Bar

Doca 183. Rua Gama Rosa, 183, Centro - Vitória. Telefone: (27) 3029-0079.

Foto: Paloma de Oliveira

Resolvemos também conhecer um novo barzinho que surgiu ali. O Grappino, inaugurado há pouco mais de um mês, oferece um cardápio de sanduíches, saladas e pratos elaborados. O espaço que se divide em ambientes capazes de proporcionar a interação entre os visitantes, mas que também permitem uma privacidade maior. O térreo possui um balcão onde são oferecidas as bebidas e, ao lado, um salão com mesas que ficam a disposição de quem procura relaxar e trocar ideias. A parte superior dispõe de uma varanda fresca, aberta com vista para a rua. Apesar de ser novo no local, o Grappino vem atraindo os frequentadores da Gama Rosa e arredores.

Grappino Rango Bar. Rua Gama Rosa, 128, Centro - Vitóra. Tel.: (27) 3029-5567

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Inclusão

O universo ao alcance de todas as mãos Planetário de Vitória adapta projetos para atender deficientes visuais e pessoa com baixa visão.

Por Bruna Vermeulen e Júlia Zumerle

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visual e baixa visão, fazendo com que, através de texturas, alto relevo e contraste de cores, este visitante possa ter de fato o entendimento do fantástico mundo da astronomia.

Segundo a responsável pelo projeto de adaptação, a professora especialista Rosane Tristão, a principal motivação era tornar o conhecimento realmente acessível a todos. ‘‘Os materiais foram elaborados de forma a complementar as informações recebidas pelos deficientes visuais tanto nas escolas como aqui no Planetário. Não podemos pensar apenas na acessibilidade do espaço físico, devemos pensar também na acessibilidade do conhecimento’’, diz Rosane.

Foto: Júlia Zumerle

m uma sociedade tão guiada pelos estímulos visuais, a vida de quem possui deficiência visual é, na maioria das vezes, ignorada. Só no Brasil, de acordo com o IBGE, são aproximadamente 6, 5 milhões de pessoas com deficiência visual ou baixa visão, que convivem todos os dias com os mais diferentes tipos de adversidades.

Longe de se fazerem de vítimas, essas pessoas buscam maneiras de participar dos espaços sociais, recorrendo aos outros sentidos e, mais recentemente, à tecnologia, de modo a garantir seus direitos. Porém, além do empenho deles, toda a sociedade pode contribuir para facilitar o processo de acessibilidade. E é exatamente o que fez o Planetário de Vitória ao adaptar um projeto para que deficientes visuais tivessem a oportunidade de ‘’sentir o céu’’.

Em atividade desde 1995, o Planetário de Vitória - uma parceria entre a Prefeitura Municipal e a Universidade Federal do Espírito Santo- vem servindo à comunidade de várias formas, através de sessões, visitas pedagógicas e exposições. Novamente, a população é agraciada: inaugurada no dia 22 de setembro de 2014, a sessão ‘‘Universo ao alcance das mãos’’ foi adaptada tanto para deficientes visuais como para pessoas com baixa visão.

Nesta sessão, além de explicações e imagens projetadas na cúpula, há um Teatro de Sombras com áudio descrição, inspirado na obra ‘‘Viagem

ao Céu’’, de Monteiro Lobato. Pensando na acessibilidade e na compreensão dos deficientes visuais, foram elaborados vários materiais didáticos, sendo eles: dois livros retratando a peça realizada no Teatro de Sombras - um para deficientes visuais, contendo textos em Braille e desenhos em alto relevo e outro para pessoas com baixa visão, trazendo textos e desenhos em alto contraste; dois painéis explicando as fases da Lua; dois globos terrestres, um retratando os continentes e outro a estrutura interna da Terra; cinco placas representando a evolução tectônica do Planeta Terra e uma caixa simuladora do nascer e por do sol. Todos esses recursos assistem a quem têm deficiência

Planetário de Vitória desenvolve projeto chamado “O Universo ao alcance das mãos”.

Inclusão

Projetos de inclusão

Globo terrestre retrata a estrutura interna da Terra com recursos em alto relevo e contraste de cores para pessoas com baixa visão e deficiência visual.

Livro narra a peça “O universo ao alcance das mãos” com textos adaptados em Braille e desenhos coloridos em alto relevo.

Local: Av. Fernando Ferrari, 514, no Campus Goiabeiras da Ufes, Horário das sessões: Sexta-feira: 19h Sábado e feriados: 15h, 16h, 17h e 18h *a visitação é gratuita. Visitas escolares devem ser agendadas, sendo que as sessões ocorrem às quartas, sextas-feiras ou sábados. O telefone para o agendamento é (27) 32272531.

Painel com explicações das fases da lua contém texturas, alto relevo e palavras em Braille, acessíveis às pessoas com baixa visão e deficiência visual.

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Fotos: Júlia Zumerle

Ainda de acordo com a coordenadora do projeto, a ideia da adaptação no planetário ocorreu logo após a Escola de Ciência, Biologia e História (ECBH) de Vitória introduzir, no início desse ano, elementos táteis em uma sessão que se dedica à Culinária Capixaba. Várias comidas típicas, como a Moqueca e a Torta Capixaba foram construídas com elementos tateáveis, buscando oferecer o máximo de realidade ao visitante.

Além de pensar nesse ambiente para quem possui deficiência visual, foi considerado também pessoas com dificuldade de locomoção, proporcionando um bom alcance dos objetos e espaço para circulação.

Conforme Rosane Tristão, até o primeiro trimestre do próximo ano, a sessão ‘‘ O Sistema Solar’’ também estará adaptada, dando aos portadores de deficiência visual cada vez mais possibilidades de vencer barreiras e explorar o mundo através das mãos.

Opinião

Guarda Armada Artigo por Bianca Vailant

V

ivemos uma era de proibições.

Cada dia mais as pessoas sentem necessidade de criminalizar as ações, controlar o cotidiano e punir o que até então era banal. Com tantas restrições, o que se vê é muito diferente daquilo que se imaginou conquistar. A cultura de uma polícia que trata à mãos de ferro aqueles que se desvirtuam da conduta imposta, encarcera os “fora da lei”, dizima os subversivos e anda nas ruas preparada para uma guerra, já passou da hora de ser reformulada.

Mas vivemos não só uma era de proibições como também uma era de incoerências. A truculência da polícia brasileira já não é segredo para ninguém. A menos que você viva num mundo “cor-de-rosa”, onde a abordagem policial não seja moderada

por padrões econômicos, sociais e raciais.

Como se já não bastassem as nossas bem armadas polícias militar, civil e federal, foi aprovado pelo Congresso Nacional, o Projeto de Lei 39/2014, que legitima a Guarda Municipal o porte de armas de fogo e concede à categoria um “poder de polícia’’.

E é aí que mora o perigo.

Os guardas municipais, que constitucionalmente tem o dever de zelar pelo patrimônio público, agora o farão munidos de armas de fogo. E o pior, frutos de um treinamento “fast food” para obedecer a lógica de quanto mais polícia, mais segurança pública, menos preparo e humanidade para lidar com a população civil. O que também não é de se estranhar, haja

vista os desprezíveis treinamentos oferecidos aos futuros “homens da lei”.

Por essas e outras razões, pensar segurança pública de qualidade não deve seguir a já conhecida lógica “quanto mais polícia, melhor”. A solução vai além do poder ou falta de poder da guarda municipal, o debate supera o argumento de “sociedade amedrontada”. Nós não precisamos de outra instituição que se assemelhe àquela que já não caminha bem há um tempo. É necessário ajustar o que não funciona antes de investir em outro erro e iniciar uma sucessão de equívocos rumo ao caos.

O caminho para o acerto dessas questões não é imediato, vem a longo prazo, afinal é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Agridoce Crônica por Nadine Alves

E

u te reconheço entre uma multidão de cabeças. Te reconheço em uma multidão de pernas. Eu simplesmente te conheço. É estranho, parece obsessivo, mas é normal, sabe porquê? Eu te gravei.

Gravei seu rosto, seus jeitos, suas roupas e até seus sorrisos. Conheço seu mal e bom humor. E até aquele tique na perna, que é seu charme, eu conheço.

Sua pressa ao andar é algo nítido para meus olhos, que tenta percorrer cada tecido do seu corpo.

Mas uma coisa vem tirando o

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sono, o sossego e até a paciência, é não conhecer o que eu deveria conhecer. É não ter certeza do que você está fazendo quando meu olhar não está sobre você. Não ter a informação sobre os seus pensamentos, desejos e anseios atormenta cada neurônio. Fazem eu perder a conexão com o mundo, não sou mais eu, e por momentos de insanidade não quero pertencer à está dimensão, quero ir para onde possa viver a magia de estar com você.

Deduções, passo o dia todo deduzindo suas ações e reações.

Querido já ultrapassamos o tempo de trocas de olhares e “Oi! Tudo bem?”, poderíamos já ir para a parte onde você deixa eu conhecer por completo, onde eu saberei o que você planeja para o seu futuro, deixa eu desvendar seu mal humor e deixa eu ser o motivo para o bom, deixa eu te fazer rir. Quero poder pegar na sua mão e mostrar minha segurança quando seus braços envolvem meu corpo. Deixa eu conhecer seu coração. Por fim, deixa eu sair desta vida de conhecer e começar à pertencer com você.

Mobilidade

Prefeitura promete interligação de ciclovias Prefeito Luciano Rezende promete melhorias para a população de ciclistas no estado.

Foto: Marcos Vinicius Siqueira

Por Lucas Donato, Paulo Santos e Tatiana Caus

A

ndar de bicicleta em Vitória é tarefa ingrata para muitos moradores da cidade. Com apenas 29 km de ciclovias implantadas e mais 16 km em obras, a equipe de No Entanto foi saber os projetos da Prefeitura de Vitória. Através do Prefeito, Luciano Rezende, e do Secretario de Transporte, José Eduardo de Souza, foi prometido a interligação das ciclovias já existentes na cidade. Enquanto isso os ciclistas continuam se aventurando nos meios dos carros e rodovias importantes ainda não tem ciclovia, como a Reta da Penha, uma das vias mais utilizadas da capital do estado.

Fernando de Almeida é morador da região de São Pedro, sai todos os dias pela manhã para trabalhar no lado extremo da Cidade, em Jardim Camburi. O ciclista falou um pouco sobre sua aventura diária: “O trânsito está muito perigoso, para nós ciclistas que temos que trabalhar todos os dias, infelizmente a falta de ciclovias faz com que pedalemos entre os carros, correndo risco de vida”.

Já a estudante de Direito, Lara santos, alerta para o número crescente de carros na capital e ainda faz um convite aos motoristas “As pessoas vão tendo poder aquisitivo e adquirindo novos carros, algumas famílias tem um carro por pessoa. É frequente a gente ver no trânsito só uma pessoa dirigindo e mais ninguém no carro. É

Ciclista se arrisca ao dividir espaço com carros em rua sem ciclovia da Grande Vitória.

um problema grande, porque atrapalha a locomoção na cidade, temos que fazer nossa parte mudando os hábitos, andando de bicicleta para economizar um dinheiro, fazer exercício físico e evitar a poluição”, disse.

O Secretário de Transporte do Município de Vitória, José Eduardo de Souza explica a importância das pessoas terem o hábito de andar de bicicletas e as ciclovias estarem em boas condições de uso. “Vamos motivar as pessoas a deixarem os carros em casa para trabalharem de bicicleta, vamos continuar investindo neste importante modelo de locomoção em Vitória”, acrescentou.

A equipe de reportagem também procurou o Prefeito Luciano Rezende que prometeu melhorias para a popu-

lação: “Os ciclistas podem ficar absolutamente tranquilos, porque Vitória ganhará melhorias e ampliação no plano cicloviário. Começamos recuperando as condições físicas da ciclovia da Rodovia Serafim Derenze, a mais perigosa e deteriorada da Cidade. Na segunda etapa, vamos interligar todo o anel cicloviário até 2016”, explica.

Luciano Rezende também adiantou que já está em fase de licitação o projeto para o compartilhamento de 250 bicicletas, que serão divididas em 25 pontos estratégicos, onde as pessoas poderão retirar sua bicicleta e devolvê-la logo após a sua utilização. Este projeto já existe em outras cidades do Brasil, como Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, e vem dando certo. no entanto | 19