TFG - ArquiteCURA

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u n i vers id ade p res bi te r i ana mac kenz i e facu l d ade de a rq u i te t u ra e u r ban i smo t u r ma – 4 1 3 1 1 1 2 -4

ARQUITETURA & CURA Trabal ho f i nal ap resentado como req u i s i to da Monog raf i a em Arq u i te t u ra e U r ban i smo na Facu l dade de Arq u i te t u ra e Ur ban i smo , Cam pu s Higi enópol i s . or i entad or : p ro fº. rod r igo l oeb são pau l o, 2 01 8 ba r ba ra r ios a zam buj a


Primeiramente gostaria de agradecer a minha família. Minha mãe e meu irmão por todo suporte emocional que estes anos careceram, por nunca desacreditar da minha capacidade mesmo quando até eu mesmo duvidei. Meu pai pela ajuda financeira ao longos destes 5 anos de faculdade. Ao meu namorado, André por todas as madrugadas de companheirismo, de ajuda, de incentivo e pela paciência e compreensão nos momentos que estive ausente ou estressada. Agradeço aos meus amigos pela compreensão quando tive que ser ausente em eventos por conta dos trabalhos, que me ajudaram em alguma parte dos meus trabalhos, com palavras de incentivo, com companhias na madrugada e ajudas em maquetes. Agradeço a oportunidade de ter conhecido e trocado experiências com pessoas tão queridas ao longo da faculdade,

que me ajudaram a enfrentar as dificuldades e vencer os obstáculos dessa jornada, Giovanna Maschio, Felipe Faulin, Gabriela Lima, Luiza Takata, Paula Lilian e Rafaela Girao. Aos professores da FAU-MACKENZIE por todos os ensinamentos ao longo do curso. Aos professores que me desafiaram como Anne Marie e Denise Polonio, aos que me mostraram que a arquitetura poderia ser muito além de uma construção, mas que ela transmitia emoção como Rafael Manzo e Maria Teresa Stockler e, por último, porém não menos importantes, meus orientadores deste último ano de curso Francisco Petracco e Rodrigo Loeb. Gostaria de agradecer a todos que cruzaram meu caminho durante estes 5 anos de faculdade. Sejam eles colegas de turma ou amigos de fora que me acompanharam. À todas essas pessoas, meu mais sincero obrigada.






O homem e o espaço em que habita são dois aspectos que possuem estreita relação, apesar de muitas vezes serem vistos e trabalhados de maneira isolada. Diante desta relação, se põe como importante o olhar do arquiteto para os lugares que se cria, buscando entender as interações entre ambiente e o comportamento humano diante dele (ELALI, 1997). “[...] a Psicologia Ambiental habilita-se a ser este espaço, constituindo-se locus onde a soma entre o conhecimento psicológico e o arquitetônico pode alimentar a produção de um ambiente mais humanizado e ecologicamente coerente.” (ELALI, 1997, p. 352).

Tratando de uma enfermidade como o câncer, esta doença se mostra cada vez mais afetar outras áreas da vida do seu paciente além da sua saúde propriamente dita, uma vez que sua vida social e a maneira com que o mundo passa a enxerga-la muda, seu aspecto físico é alterado tanto na questão de limitações físicas como na aparência do paciente, o que gera queda da sua autoestima. E ao contrário do que se imagina, as causas de câncer, em sua maioria (de 80% a 90%) são relacionadas a fatores externos, do próprio ambiente e qualidade de vida do indivíduo como é o caso do cigarro (câncer de pulmão), exposição exacerbada ao sol (câncer de pele) e alguns vírus que podem ocasionar em leucemia, ainda que todos eles necessitem de um fator interno para ocorrer (INCA). O que nos leva a uma reflexão e questionamento de como a arquitetura pode contribuir para que seu usuário possa ter uma qualidade de vida melhor através do espaço vivenciado, dando, ainda

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que com suas limitações, suporte emocional para essas pessoas através de uma boa arquitetura. De que maneira a arquitetura pode contribuir para uma enfermidade que se mostra cada vez mais necessitada de olhares não apenas médico-oncológicos, mas interdisciplinares. Tendo como grande referência os Centros Meggie, legado deixado por Margaret KeswickJencks (paciente oncológia) e propagado por grandes nomes da arquitetura pelo mundo como Frank Gehry, ZahaHadid e Snohetta, a pesquisa tem como objeto final o projeto de um centro de apoio para pacientes com câncer aliado a um hotel, como habitação temporária para pacientes em tratamento na cidade de São Paulo. E a grande reflexão trazida por Margareth e abraçada por arquitetos neste trabalho é justamente o questionamento de que se a arquitetura pode desmoralizar um paciente, contribuindo para um nervosismo extremo como observou KewickJencks, não poderia ela também se mostrar restauradora? Segundo o INCA, em sua publicação “ABC do Câncer atenta para três questões: “Cuidados não dizem respeito apenas a procedimentos clínicos.” “A pessoas devem ser vistas como sujeitos, na singularidade de suas histórias de vida, condições socioculturais, anseios e expectativas” “A abordagem dos indivíduos com a doença deve contemplar as diversas dimensões do sofrimento (físico, espiritual e psicossocial) e buscar o controle do câncer com a preservação da qualidade de vida”

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O câncer por ser uma doença que não apenas deixa marcas visíveis de sua presença como tantas outras doenças, mas também supera as expectativas no sentido de deformar o âmbito emocional, psicológico e espiritual de sua grande maioria de enfermos e por consequência, atingindo familiares também. A arquitetura, além de cumprir seu papel de“utilitas”, “firmitas”e “venustas”de Vitruvio,deve garantir a qualidade de vida das pessoas que fazem uso dos edifícios. Desta maneira, o objetivo central desta pesquisa é estudar e analisar como as questões de humanização através da relação pessoa-espaço e questões relacionadas à eficiência energética, podem impactar positivamente na qualidade de vida dos usuários de um edifício. Buscando uma integração destas pessoas e sua ativação através de programas adaptados às suas necessidades de maneira dar ao espaço construído um novo significado. Ao tratar da questão da arquitetura hospitalar e seu desenvolvimento ao longo do século XX, se tem uma concepção de volumes rígidos com enfoque único: a distribuição de diversos setores de maneira extremamente racional e funcional (CAMARGO, 2002). É evidente que questões racionais e funcionais, em um ambiente hospitalar não são apenas necessários como fundamentais, porém este caráter único tecnicista acabou por criar espaços “despersonalizados”, “frios” e até mesmo desumanos, uma vez que o usuário não é estudado de maneira a influenciar em decisões arquitetônicas deste espaço, o que passa a repercutir na qualidade de vida desta pessoa e o significado negativo que ela dá àquele ambiente.

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Na busca de fornecer aos usuários condições para realizar atividades cotidianas e de se expressarem como indivíduos, a humanização hospitalar tem justamente como característica atribuir significado aos ambientes e fazer com que o usuário se identifique com ele. A questão de apropriação do espaço, neste caso, situa-se não somente na posição de ambientes agradáveis e confortáveis estruturalmente, mas que permitam a criação de reações e vínculos afetivos dos usuários e também da apropriação simbólica deste espaço, de forma que ele seja passível de ser moldado pelos indivíduos para desenvolvimento de sua identidade. (CAVALCANTI, AZEVEDO E ELY, 2009) Este conceito de humanização do atendimento vem cada vez mais ganhando relevância e sendo largamente aplicado nos mais recentes projetos arquitetônicos voltados para a área a saúde, representando desta forma um desdobramento de um novo foco: o usuário. Que passa a ser compreendido de forma holística e como parte deste contexto e não apenas como um conjunto de sintomas e patologias estudadas pelas especialidades médicas(FONTES, 2004 p.59). “A arquitetura do hospital deve ser fator e instrumento de cura. O hospital exclusão, onde se rejeitam os doentes para a morte, não deve mais existir.” (FOUCAULT, 1979, p. 108-109)

Quando se trata de pacientes com doenças mais graves, como o câncer, a questão de humanização através de práticas sustentáveis pode ser levantada como ponto-chave para o bem-estar durante a hospitalização e procedimento, sendo importante entender a

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percepção que os usuários e profissionais têm quanto ao ambiente em que estão. Dado que aquele espaço passa muitas vezes a ser mais frequentado que sua própria casa. Em questão desta sustentabilidade, é possível notar nas edificações de todos os usos, inclusive o hospitalar um condicionamento artificial dos espaços por meio de aparelhos mecânicos e elétricos para ventilar, iluminar e aquecer. E como consequência o envoltório do edifício deixou de exercer a função de principal moderador do clima exterior no ambiente interno, e arquitetos passaram a não priorizar sua responsabilidade com a climatização natural e da suficiência energética.Apoiando-se na ideia de edifícios hermeticamente fechados, com sistemas que controlassem a luminosidade e temperatura se caracterizandopor uma falta de interação com o ambiente exterior e suas variações climáticas. Criando assim, ambientes cada vez mais fechados, com aberturas mínimas de ventilação e trazendo como consequência a diminuição de trocas entre o ar externo com o interno e com uma alta concentração de poluentes químicos e biológicos. Dada a crescente preocupação ambiental e energética no mundo, cada vez mais se torna necessária a busca por novas alternativas para solucionar esta dependência através de estratégias passivas de climatização natural e geração de energia. Ainda que em ambientes hospitalares haja uma preocupação com o controle de bactérias no ar, preocupações com essa falta de troca entre o ar externo e interno se tornam bastante pertinentes.

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O uso da iluminação e ventilação natural em edifícios sempre compôs a gama de desafios enfrentados na arquitetura, porém ganhou-se grande visibilidade tais questões com o início da crise energética na década de 70. Uma pesquisa realizada pelo escritório de Jorge Wilheim Consultores Associados, coordenada pelo economista Alessandro Barghini em 1985, “concluiu que quanto maior a área do edifício, maior é o consumo por unidade de área, ou seja, a escala e a proporção da planta arquitetônica potencializam o consumo de energia” (ROMÉRIO; BRUNA, p. 104, 2010). Os autores afirmam que cerca de 50% da energia elétrica consumida em um edifício advém da iluminação artificial, enquanto o ar condicionado consome 34% da mesma. Definido pela OMS em 1984, a “Síndrome do Edifício Doente” (SBS SickBuildingSyndrome) é um conjunto de desconfortos e doenças causadas por descompensação de temperatura e umidade relativa do ar, má ventilação, condições inadequadas de iluminação, barulhos excessivos, cargas iônicas e eletromagnéticas, partículas em suspensão, gases e vapores de origem química. As causas conhecidas e aplicadas na área da arquitetura são de caráter físico, sendo caracterizadas pela iluminação excessiva ou deficiente dos ambientes causando fadiga visual, dores de cabeça, baixo rendimento e possíveis acidentes. Já os ruídos, são considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como 3o maior problema ambiental perdendo apenas para a poluição da água e do ar (LACERDA, 2005). E temperaturas elevadas ou muito baixas causadas pelos sistemas de ar condicionado que causam cefaleia,

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letargia e cansaço e, por último, a umidade que aumenta em 40% os sintomas de incômodo na mucosa e vias respiratórias e contribuem 60% na condensação da água e crescimento de microrganismos patogênicos. (INMETRO, 2009) Desta forma, os impactos causados vão além do ponto de vista energético, mas também fisiológicos. No Brasil, foi realizado um estudo em 1998 pelo Inmetro no qual recolheram amostras de 78 estabelecimentos de uso público e coletivo para averiguação de condições gerais de manutenção, limpeza e controle do sistema de climatização.Compostos por 22 shoppings, 37 salas de cinema e 19 supermercados pelas cidades de São Paulo, Belém, Brasília, Florianópolis, Recife e Rio de Janeiro. Constatou-se que 42,3% se encontravam contaminados por poluentes químicos com aumento da concentração de CO2 e 56,4% com problemas de baixa temperatura e umidade. O que fez com que a ANVISA criasse padrões referenciais de qualidade do ar interno dos edifícios. São Paulo é uma cidade de caráter subtropical com intenso tráfego de pessoas e automóveis, causando intensa poluição sonora e grande preocupação em evitar o aquecimento de ambientes internos de um edifício. A solução mais utilizada, ainda que contraditória, é a utilização de vidros de controle solar para redução de gastos com ar condicionado. Mas os mesmos vidros bloqueiam parte significativa de luz natural e do próprio calor, tendo que ser compensada com o uso de iluminação artificial, elevando o custo do uso e da manutenção do edifício.

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Entretanto, mesmo em meio a tantas inovações, acaba por se ver a necessidade da retomada de certas medidas vernaculares em benefício do próprio ser humano, usuário do edifício e do meio ambiente no qual ele se insere. Pode-se conseguir arquitetura sustentável usando “o melhor do antigo e o melhor do novo.” Aproveitando a ciência moderna, tecnologia e ideias de estética aliadas a ideias tradicionais que atenderam as necessidades humanas, regionalismo e clima, é possível criar uma nova arquitetura. (LECHNERM 2008, p2)

É de grande importância que os arquitetos utilizem soluções pertinentes ao clima e que, apesar das exigências de mercado, se encontre em uma linguagem regional, compatível com a cultura e o clima do local inserido uma vez que isso melhora a qualidade de vida do usuário e consequentemente traz um ambiente mais agradável, passível de humanização, onde a arquitetura, ainda que não seja capaz de curar, sozinha, uma doença, ela possa agir como uma “terapia secundária, de retorno” para usuários hospitalares, contribuindo positivamente no seu estado emocional e sua relação com o ambiente.

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O CÂNCER de f i n i ç ão , cau s as e t ra t amen tos . No Brasil, estima-se para os anos de 2018-2019, uma ocorrência de 600 mil casos novos da doença para cada ano, excluindo o câncer de pele não melanoma. Seu tratamento exige uma alta complexidade e possui grande impacto socioeconômico. Em 2017, A região sudeste do Brasil contabilizou cerca de 596.070 novos casos de diagnósticos, sendo São Paulo o estado mais afetado do país. (ONCOGUIA, 2017)

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Carl Simonton, oncologista, fundador do Câncer Center Simonton em Malibu (EUA) e um dos pioneiros da psiconcologia afirma que a doença começa a partir de uma célula que contém informações incorretas incapazes de cumprir suas funções originais. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer deve ser analisada como um problema de saúde pública que atinge pessoas de todas as idades, continentes e se coloca na segunda principal causa geral de morte por doença pelo mundo todo, totalizando 6 milhões de óbitos por ano.

FIGURA 01: Distribuição proporcional dos 10 tipos de câncer mais incidentes estimados

para 2018 por sexo, exceto pele não melanoma no Brasil. Fonte: http://www.inca. gov.br/estimativa/2018/estimativa-2018.pdf, acesso em 02/03/2018

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FIGURA 02: Taxa Bruta de incidĂŞncia estimada para 2018 por sexo, segundo

Estado e Capital /9valos por 100mil habitantes. Fonte: http://www.inca.gov.br/ estimativa/2018/estimativa-2018.pdf, acesso em 02/03/2018

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Por tratar-se de uma doença crônica com prognóstico na maioria das vezes não favorável, responsável por um número relevante de óbitos cujo tratamento pode demandar altos nível de tolerância, tem sido observado nas últimas décadas do séx. XX uma mobilização profissional e científica de muitas áreas da saúde na busca de novos recursos terapêuticos de prevenção e tratamento do câncer.

p ro b l e m á t i ca d a d oen ç a / / pac i en te e fam í l i a O câncer é uma doença carregada de preconceitos em que o indivíduo, na maioria das vezes se sente inadequado, sendo afastado ou se afastando de seu grupo e tendo como consequência a solidão. Seu diagnóstico ainda é visto como sentença de morte, vinculandose sempre a muita dor, sofrimento e mutilações de carácter físico e psíquico. (KOVÁXS, 1998; QUINTANA et al., 1999). Em meio a este período de crise vital ao receber o diagnóstico, o indivíduo e seus familiares passar por uma fase extensa de adaptações com situações que exigem redefinições, formas de enfrentamento e mudanças no funcionamento familiar. Estudos em áreas como a psiconcologia e apsiconeuroimunologia relacionam tal baixa condição imunológica trazida pelos tratamentos, estados de profundo desânimo como fatores de risco, destacando o papel das sucessões comportamentais e psicológicas no desenvolvimento da doença (SIMONTON & MATTHEWS-SIMONTON, 1987; LESHAN 1992; CARVALHO, 1998; LA ROCHE, 1998, BALLONE, 2001).

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O curso da doença possui três formas: progressiva, constante ou reincidente/episódica: Progressiva e Constante – o indivíduo e a família se deparam com a situação e efeitos de um membro infindavelmente sintomático, de modo que sua incapacidade aumenta gradualmente de maneira progressiva. (Rolland, 2001). Reincidente – as doenças reincidentes demandam uma adaptação diferente por parte da família, pois requerem menos cuidados contínuos ou ainda mesmo redistribuições de papéis. A família deve estar preparada para reestabelecer a estrutura da crise, presente em todas as três formas, para lidar com as exacerbações do câncer. A tensão familiar e do indivíduo é gerada tanto pela contínua incerteza de quando ocorrerá a próxima crise quanto pela frequência das transições entre crise e não crise (Rolland, 2001) A característica interdisciplinar da doença faz com que a arquitetura tenha um espaço para contribuir para o bem estar destes pacientes, elegendo espaços íntegros que promovam o bem-estar necessário e que haja a compreensão de que a proximidade familiar nestes casos é algo de extrema importância para o bem estar psicológico destes pacientes. “O aconselhamento psicológico familiar é útil para alargar a comunicação e proporcionar um clima de segurança para enfrentar os problemas que podem originar ansiedade. Também pode ajudar os pacientes a tratar de alguns fatores que possam ser contribuídos para criar uma sustentabilidade à doença”. (SIMONTON, 1987)

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s í nd rom e d o ed i f í c i o d oen te Abrindo o questionamento de como a arquitetura pode influenciar positiva e negativamente nas questões de saúde do ser humano, é encontrado o caso da Síndrome do Edifício Doente. Em 1982, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou o que chamamos de Síndrome do Edifico Doente após dois episódios de epidemias causados por uma deficiência no ar condicionado. É evidente que ambientes muitos fechados, com pouca ou nenhuma renovação do ar, o torna rapidamente desagradável devido ao acúmulo de poluentes gerados internamente, que acabam não sendo eliminados ou diluídos devido às condições projetuais com ausência de janelas. A primeira ocorrência se deu em 1968 em Pontiac, Michigan, que afetou 114 pessoas em um edifício do departamento de saúde e outra, que ganhou maior visibilidade, em 1977, no hotel BelleuveStrafford (Filadélfia, EUA) que afetou 182 pessoas, das quais 32 faleceram.Construído em 1904, o edifício era o hotel mais luxuoso do país, contando com 1090 quartos. Desde seu início, o hotel era o centro de atividades culturais, sociais e empresariais da Filadélfia, onde seu hóspede poderia jantar, dormir, ter suas reuniões e exercer sua função social em um único local, caracterizando-o como de uso misto. Em 1976 ganhou notoriedade mundial ao receber uma convenção estadual da Legião Americana, contando com 400 membros.

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FIGURA 03: Bellevue-

FIGURA 04:

StratfordHolet, Philadelphia.

Lobby em 1976.

Fonte: https://en.wikipedia.

Fonte: https://en.wiki-

org/wiki/The_BellevueStratford_Hotel

Porém, logo após o evento, uma doença parecida com pneumonia matou 29 dos 400 membros da Legião e deixou 182 internados, contando com alguns hóspedes. A causa do surto foi, em última análise, teorizada nas unidades de refrigeração do ar condicionado do hotel Belleuve-Strafford que acabaram por contaminar não apenas hóspedes, mas também pessoas que passavam em frente ao edifício.

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pedia.org/wiki/The_Bellevue-Stratford_Hotel


Casos pelo mundo todo foram investigados com os mesmos problemas:

1 96 5

1 96 8

1 9 73 - 1 9 8 0 1 9 8 5

Hospital Psiquiátrico de St. Elizabeth, Washington, DC – 14 mortos e 67 internados – bactéria proveniente da torre de resfriamento da planta;

Departamento de Saúde de Pontiac, Michigan – 144 internados – vazamento no duto de ar do edifício;

Hotel Rio Park em Benindom, Espanha – 150 turistas internados – sistema de encanamento, cloração da água e manutenção de temperatura da água quente;

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Hospital do Distrito de Stanford, Inglaterra – 28 mortos e 175 internados;




FIGURA 06: Imagem ilustrativa - Eficiência Energética.

Fonte: https://www.holisticadobrasil.com/single-post/2016/07/26/ Efici%C3%AAncia-Energ%C3%A9tica-como-funciona-e-formas-de-economizar.

Tendo em vista a relação estabelecida pelos conceitos de saúde, estilo de vida e habitat, um projeto, ao ser concebido, necessita levar em consideração o uso de fontes limpasde energia, economia de recursos naturais, aproveitamento da iluminação e ventilação natural do locus, entre outros aspectos sustentáveis que, somados, garantem boa qualidade de vida pare os usuários finais. (ALVARIÑO DE LA FLUENTE, 2013)

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C L I M AT O L O G I A ARQUITETURA

A P L I CA DA

À

A climatologia aplicada à arquitetura teve como seus pioneiros J. M. Fitch (1940) que publicou o “American Buildings: The environment forces thatshapeip”, B. Givoni (1969) com sua publicação “Man, ClimateandArquitecture” e V. Olgyay e A. Olgyay (1963) com “Design withclimate: bioclimatic approach regionalismo”. A cada projeto há de certa forma uma adaptação às características climáticas e microclimáticas do local onde está inserido e há de se levar em consideração seu potencial de ventilação e o percurso do sol, conforme a latitude do lugar. (CARVALHO, 2002) Algumas definições de conceitos foram caracterizados na arquitetura bioclimática: (IZARD e GUYOT; MASCARÓ, BARDOU e ARZOUMANIAN, apud BOGO, 1994;8)

a t i vo Princípio de distribuição, armazenamento e captação de energia externa através da aplicação de alta tecnologia.

pass i vo Princípio de distribuição, armazenamento e captação de energia que não necessita de energia externa para seu funcionamento. É feito através da aplicação de técnicas simples.

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solar Arquitetura composta de elementos utilizadores de energia solar em seu invólucro

tec nol og i smo Destinadas a atender as necessidades de condicionamento de interiores, esta tendência busca integrar à arquitetura um conjunto de técnicas da helioengenharia que são independentes da reação da própria arquitetura.

biocl i mat i smo Princípio de concepção arquitetônica que busca fazer uso de elementos que favoreçam o clima com objetivo de atender às exigências de bem estar hidrotérmico A partir destes conceitos, foram listados pelos mesmos autores três possíveis movimentos de intervenção arquitetônica no espaço:

a rq u i te t u ra so l a r i zad a Faz uso de de sistemas de captação de energia com a ausência de elementos da própria arquitetura, chamada erroneamente de “arquitetura solar”. (Baseia-se na helioengenharia)

a rq u i te t u ra a u t ô noma ou a rq u i te t u ra en e rg i a ze ro : Concepção ae arquitetura com autonomia total de energia.

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a rq u i te t u ra b i oc l i m á t i ca Com o propósito de obter ambientes com alto grau de conforto higrotérmico e baixo consumo de energia, esta concepção arquitetônica se utiliza de tecnologia com base na aplicação de elementos arquitetônicos para excercer tal resultado.

Na arquitetura bioclimática, o próprio ambiente construído é que atua como mecanismo de controle das variáveis do meio através de elementos de projeto (como paredes, pisos, coberturas), seu entorno (terras, sombras, vegetação, água) e através do seu aproveitamento dos fatores e elementos climáticos para obtenção de um melhor controle do vento e do sol.

CONFORTO TÉRMICO Definido pela ASHRAE (American SocietyofHeating, Refrigerating Air-ConditioningEngineers), conforto térmico é “um estado de espírito que reflete a satisfação com o meio ambiente térmico que envolve a pessoa”. Suas condições exigem uma série de análises de suas variáveis como: clima, umidade relativa do ar, a temperatura radiante, velocidade dos ventos e até mesmo a atividade desenvolvida no meio projetado, vestimentas, podendo ainda ser considerado sexo, raça, idade, hábitos alimentares, entre muitos outros.

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Com objetivo de englobar o efeito de tais variáveis em um parâmetro, foram desenvolvidos índices de conforto térmico geralmente fixando uma atividade e uma vestimenta para isso. Índices biofísicos, índices fisiológicos e índices subjetivos (FROTA, 1988:17); Índices metereológicos e índices fisiológicos (VILLAS BOAS, apud BOGO, 1994:17); Índices termométricos ou fisiológicos, índices subjetivos e índices psico-fisiológicos (SCARAZZATTO BOAS,apud BOG, 1994:17). As soluções adotadas para obtenção de conforto térmico em um projeto dependem do contexto climático em que está inserido, matérias construtivos aplicados, a ocupação do local além de equipamentos e sistemas que serão utilizados. Desta forma, é importante a priorização de estratégias passivas de condicionamento térmico, condições que a própria natureza do local pode oferecer ao projeto como: espelhos d’água para resfriamento evaporativo em locais quentes e secos, coberturas translucidas voltadas para o sol para aquecimento solar passivo em locais frios, ventilações cruzadas, pé-direito duplo, beirais, brises, telhados verdes, jardins verticais entre muitas outras tecnologias que, atreladas, muitas vezes são capazes de atingir o patamar de conforto térmico sem a utilização de outros mecanismos para condicionamento térmico do ambiente.

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I L U M I N A Ç Ã O N AT U R A L Os seres humanos são, em sua essência, visuais e contam com a informação óptica para a maioria dos aspectos de seu cotidiano. A luz, aparentemente imaterial, foi determinante na dimensão dos espaços antes do advento da luz artificial e possui significados, traz sensações e mensagens à arquitetura. Priorizála no momento de concepção projetual automaticamente define relações formais e espaciais. Ainda se tratando de habitats, pode ser entendida até como material construtivo. “No processo de concepção arquitetônica interagem múltiplas relações e elementos que definem aspectos específicos do objeto construído. Dentre tantas possibilidades a luz pode: revelar ou desmaterializar formas, espaços e superfícies; relacionar a obra com seu contexto físico-cultural, seu clima e sua orientação; promover a percepção do tempo com dinâmicos efeitos cinéticos; condicionar a escolha de uma pele, de uma matéria, pois os mesmos reforçam o caráter tátil, ótico e natural com cores e texturas diversas, além de interferir no grau de transparência e opacidade; conectar ou separar o interior do exterior – as interferências feitas no envoltório (tipos de aberturas, filtros evãos) serão decisivas na forma como a luz adentrará nos espaços interiores e na maneira como o jogo de luz e sombra modificará a articulação volumétrica; unir, diferenciar, conectar ambientes; dirigir e orientar, estabelecendo pontos focais, hierarquias e movimentos dinâmicos [...] Enfim, uma boa iluminação

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molda e modifica a realidade, condiciona o estado de ânimo das pessoas e a percepção geral dos ambientes que vivenciam” (BARNABÉ, 2007, p.80).

O olho humano se adapta melhor à luz natural e a luz artificial além de não reproduzir com precisão as cores, também não possui variação de tons ao longo do dia (CORBELLA & YANAS, 2003). Tal variação nos tons das cores possui grande relevância para o relógio biológico porque "informa ao nosso corpo que horas são” (LOCKLEY, 2008). Ao longo do dia, o aumento e a diminuição da produção de hormônios em nosso corpo e neurotransmissores acontecem em alguns períodos, e a luz natural é uma das maiores responsáveis por este processo (SHARMAN E ROBERTS, 2008) Embora o discurso de arquitetos modernista fosse de que o vidro possibilita a relação interior com o exterior e maior entrada de luz natural nos ambientes, isto, passando para o uso diário, se torna mais um simbolismo do que exerce tal função, uma vez que a excessiva quantidade de luz que atinge as áreas de maior proximidade às aberturas ou mesmo a posição do sol em determinados horários resulta em desconforto e obriga o usuário à se proteger com persianas ou outros recurso que eliminem tal ofuscamento. Gonçalves (2010) faz um paralelo interessante sobre a questão do uso do vidro com relação à sustentabilidade e a abordagem do tema na economia de energia:

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“(...)a fim de acompanhar as tendências do design e ao mesmo tempo obedecer aos novos interesses ambientalistas internacionais, na América do Norte, o edifício alto usa o chamado ‘vidro de alto desempenho energético’, enquanto na Europa é possível constatar o amplo uso de fachadas com vidro duplo, baseando-se ambos os casos, no argumento de melhor desempenho energético. Ao mesmo tempo, em nível global, parte da tendência emergente nos modelos comerciais de edifícios altos é construir um marco em forma icônica. Nesse sentido, o desenho ambientalmente aclamado dos edifícios altos entrou na fase da forma ‘espetacular’, e seu desempenho ambiental deve ser avaliado com maior profundidade do que aquela com que é apresentada na mídia internacional a fim de serem considerados efiícios de melhor desempenho (GOLÇAVES, 2010, p.83)

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SISTEMA DE COBERTURA VERDE De acordo com Osmundson (1999), uma cobertura verde é considerada como qualquer espaço aberto, plantado, com o objetivo de proporcionar satisfação ao ser humano e melhorias ambientais, e que seja separado do solo por uma edificação ou qualquer outra estrutura. A solução de coberturas verdes é um elemento da arquitetura vernacular há séculos e tem como objetivo a regulação térmica de suas edificações, atrasando o processo de transferência de calor para o ambiente interno e, retardando as perdas de calor dos ambientes internos para o exterior (InternationalGreedRoofAssociation – IGRA).

FIGURA 07: Benefícios

das Coberturas Verdes. Fonte de dados: Minke (2004) e IGRA (International Green RoofAssociation). Fonte imagem: autoral

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FIGURA 08: Corte ilustrativo de camadas de cobertura verde. Fonte imagem: autoral

Em geral, as coberturas verdes são classificadas de acordo com seu uso, tipo de vegetação e espessura de seu substrato. A partir destes dados, é possível o dimensionamento da estrutura da cobertura. Sua classificação com as seguintes características:

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c o be r t u r a v e r d e e x t e n s i v a Este tipo de cobertura é geralmente construído para atenuar efeitos das águas pluviais da rede pública, utilizando espécies rústicas e rasteiras (grama e forrações que não carecem de cuidado e manutenção constante). Nesta classificação, o substrato tem sua espessura variando de 60 a 20cm e pode ser executado em coberturas com até 45º de inclinação desde que haja uma malha de estrutura para estabilização do solo que o impeça de deslizar.

FIGURA 09: Exemplo de

Cobertura Verde Extensiva. Fonte: American Hydrotec Inc., 2011.

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c o be r t u r a v e r d e s e m i - i n t e n s i v a Caracterizada como cobertura intermediária entre a intensiva e a extensiva, esta cobertura possui profundidade do substrato entre 15 a 25cm e uma variedade de espécies que permite porte de arbustos médios. Necessita de manutenção periódica e sua inclinação é inversamente proporcional à espessura de seu substrato.

FIGURA 10: Exemplo

de Cobertura Verde Semi-Intensiva. Fonde: American Hydrotec Inc., 2011.

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c o be r t u r a v e r d e i n t e n s i v a Este tipo de cobertura possui a característica de se assemelhar a um jardim, podendo ser elaborada com espécies de grande porte (árvores e arbustos) e são utilizadas, em sua maioria, para espaços públicos, ou seja, ambientes em que o usuário do edifício possui acesso. É o tipo de cobertura que mais exige manutenção e cuidados (poda e irrigação constantes). Seu substrato pode variar de 10 a 1,20m de espessura devido à presença de espécies de grande porte e não devem ser executadas em telhados inclinados, sendo somente construídas em bases horizontas devido aos riscos de deslizamento.

FIGURA 11: Exemplo de Cobertura

Verde Intensiva. Fonte: American Hydrotec Inc., 2011.

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RUÍDOS A poluição sonora por sua vez, tem se tornado cada vez mais evidente na cidade contemporânea. “A questão acústica urbana passou a ter mais importância do que até então, pois o número de fontes produtoras de ruído é cada vez maior, e as consequências desses ruídos para o homem são cada vez mais prejudiciais” (SOUZA, ALMEIDA, ALMEIDA, BRAGANÇA, 2009, p.23). Atualmente, o ser humano ao redor de uma paisagem sonora tão hostil causada por meios de transporte e o movimento frenético nas grandes cidades (SCHAFER apud ZARDINI, 2005, p.183) que sente a necessidade de isolamento sensível da mesma. SOUZA afirma que os ruídos são objetos de inúmeros estudos por seus efeitos nocivos que não se limitam à lesões do aparelho auditivo, mas também causam efeitos físicos e psicológicos. Além dos problemas evidenciados de intensidade sonora, “nas últimas décadas, pesquisas científicas alertam para o fato de que o homem parece estar cada dia mais habituado com o ruído”(SCMID, 2005, p.246) o que faz com que o indivíduo não perceba os danos auditivos que causam, podendo se tornar cada vez maiores devido ao tempo prolongado. O ruído, dependendo de suas características físicas e de seu teor de informação, sujeita-nos a certo estado de tensão que não conseguimos evitar (SCHMID, 2005, pag.260). Desta forma, não se deve apenas avaliar a intensidade sonora do entorno de uma edificação e se esta está dentro das normas brasileiras ou não, mas sim investigar o comportamento dos

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usuários no espaço construído. Uma vez que, como observou o arquiteto Richard Neutra, “são raras as influências ambientais cuja percepção consciente é garantida, entretanto, podem tornar-se particularmente perniciosas se faltas consciência para corrigi-las, ou neutralizá-las” (NEUTRA apud SCHMID, 2005, p.99). Sendo necessária uma completa avaliação da paisagem sonora com o intuito de estabelecer parâmetros para que se obtenha uma melhoria sonora através da arquitetura. A sensação no espaço é também em grande parte resultado da percepção do ser humano fazendo com a análise apenas com valores numéricos de intensidade seja insuficiente para que haja compreensão do impacto sonoro no espaço. Schmid acredita que se o espaço não estiver em harmonia com sua função, o fará dele desconfortável havendo um numero maior ou menor de pessoas. (SCHMID, 2005, p.14)

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A ideia de humanizar é a criação de algo perceptível e aprazível aos sentidos humanos (visão, olfato, audição, tato). Desta maneira, humanizar um espaço significa criar algo quase ergonômico, adaptado para a experiência do indivíduo. O cuidado e a humanização constituem-se de uma atividade que lida com o ser humano em situações de vulnerabilidade. Suas ações ultrapassam as tradicionais de cunho mais técnico e se tornam objetivos quase que exclusivamente terapêuticos (WALDOW E BORGES, 2011). Abrangendo diversos setores e programas, a humanização se caracteriza por incluir diferentes iniciativas e sentidos, sendo um conceito em constante evolução, associado à experiência humana com relação ao espaço. Através de estímulos sensoriais, Edward T. Hall, antropólogo norte-americano, realiza uma síntese do espaço ocupado pelo homem. Baseado na cultura, o ser humano tem um entendimento distinto do lugar, que interfere em sua ação e percepção do espaço. (HALL, 2005) Muitas pesquisar foram realizadas para comprovar a real necessidade de um ambiente condizente com as necessidades físicas, sociais e psicológicas de um pacientes, em especial um paciente oncológico. Abraham Maslow, psicólogo americano (1908-1970) desenvolveu ao longo de sua carreira um programa de Hierarquia de Necessidades Humanas, o qual tem como base para seus conceitos a realização pessoal, autoestima, segurança, relacionamento e fisiologia, pontos estes que hoje são englobados em programas de Humanização.

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Segundo Maslow, na base desta pirâmide se encontram as necessidades fisiológicas do ser humano como: alimentação, abrigo, sono e água, denotando a sensação de segurança (ou insegurança) no indivíduo, de proteção e estabilidade como segunda camada da pirâmide. Após estas camadas, surge o carácter social do ser humano, no qual se aponta a necessidade de integração do paciente oncológico com a sociedade, em se sentir aceito, capaz e superar a barreira de como as pessoas passam a enxerga-lo, ponto este considerado um dos mais difíceis. Tendo cumprido estas etapas, o indivíduo melhora sua autoestima sentindo-se realizado quando atinge o topo da pirâmide, o qual se realiza moralmente, sendo capaz de desenvolver sua criatividade e alcançando autodesenvolvimento e prestígio.

human ização hospi tal ar Ainda que este trabalho não tenha como foco a humanização especificamente hospitalar, se considerou importante entender seu funcionamento para poder dimensionar a necessidade de humanização dentro de outros aspectos que não apenas o hospitalar, mas que sirva de apoio à ele. Com diferentes analogias e conceitos, a humanização hospitalar se mostra muito ampla em suas discussões para definição do termo. Porém, se tem como premissa básica proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente enquanto este encontra-se em regime de tratamento. Analisadas como as mais recorrentes, a humanização hospitalar pode ser agrupada nas seguintes figuras metafóricas:

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FIGURA 12: Pirâmide de Maslow. Fonte: http://www.

psicologialaboral.net/articulos/2326/abraham-maslowmotivacion-necesidades-y-piramide/ Data: 18/05/18

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hotel Dentro desta analogia encontrada (bastante frequente na arquitetura hospitalar americana contemporânea), busca-se a humanização através da analogia de paciente visto como cliente e sua internação como hospedagem, justificada pela questão de permanência, encontrada em ambos (KARMAN, 1997). Através desta análise comparativa, a humanização dos espaços hospitalares proporcionaria um maior bem-estar aos usuários amenizando suas angústias e reduzindo, consequentemente, seu tempo de internação na medida de possível (FIGUEIROLA, 2002). Desta forma, a busca por um padrão de excelência através de recursos físicos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes internados. “A meta é multiplicar exemplos de excelência para que possamos, daqui a pouco, entrar em um hotel bem planejado e ouvir alguém dizer que parece um hospital.” (MIQUELIN, 1997).

re l a ç ão com a n a t u reza e i n te g ra ç ão com obras de a r te Apesar dos hospitais serem projetados com extremo rigor em relação a sua funcionalidade – sendo muito importante a atenção a sua distribuição de fluxos e espacialidades – a beleza não pode ser excluída. Segundo João Filgueiras Lima (Lelé), a beleza é vista como a chave para a humanização com intuito de “alimentar o espírito”, devendo possibilitar que um projeto hospitalar seja trabalhado em junção da sua beleza e funcionalidade através da natureza e a arte.

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FIGURA 13: https://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-

arquitetura-hospital-sarah-kubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima-lele 23.04.18

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Jardins e obras de arte são inseridos como uma forma de dotar o edifício da capacidade de contribuir no processo de cura. Utilizando, dentro desse contexto a utilização de soluções energéticas passivas, como ventilação e iluminação naturais nas unidades hospitalares a fim de evitar os frequentes espaços herméticos e conseguir proporcionar ambientes mais humanos, além de combater a infecção hospitalar. (LELE, 2004)

FIGURA 14: https://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-

hospital-sarah-kubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima-lele 23.04.18

“Os painéis e equipamentos criados por AthosBulcão, presentes nos hospitais da rede, confirmam essa filosofia. São usados como uma contribuição integrada à arquitetura do local. [...] Os painéis de Athos fazem parte do ambiente. O paciente vai se sentir valorizado, mais respeitado, quando convive com uma obra de arte” (LELE, 2004)

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o l a r e a poss i bi l idade da i nt i m idade Esta humanização tem por excelênciaa busca pela redução da distância entre o hospital e o paciente baseada na metáfora do lar, não sendo apenas uma redução de escala de seus compartimentos. Ao passo que este espaço não permite a personalização por parte de seu usuário (como ocorre no lar), o usuário não se apropria, não se identifica com o espaço em que está hospedado e sua angústia aumenta.Este sentimento de se sentir em um ambiente estranho e impessoal acaba por prejudicar o processo de cura do paciente, tanto física como emocional. “O hospital, enquanto equipamento social especializado tem em sua estrutura espacial um sentido de impessoalidade, pois os usuários não podem marcar e personalizar o espaço que utilizam de forma objetiva. A forma já está estabelecida, não havendo oportunidade para redimensioná-la”

Um período de estadia em um hospital torna-se muitas vezes algo traumatizante e um dos motivos é o fato de se tratar de um “rito de passagem”, ou seja, o indivíduo sai do seu ambiente familiar (domínio privado) e entra em um hospital (domínio público). Com dimensões reduzidas de espaço, o ambiente familiar transmite sensações de bem-estar e acolhimento para ele o que não ocorre no hospital, que por sua vez possui grandes dimensões extensos corredores que transformam a experiência distante, impessoal e estranha para o usuário, impedindo desta forma, sua apropriação.

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Jorge Ricardo de Lima Costa discute sobre tais repercussões que uma estadia em um ambiente hospitalar exerce na vida do paciente e coloca em questão também a invasão corporal que este é submetido por ações e pensamentos de profissionais da saúde, deixando-o submetido às forcas e normas daquele espaço. “A forma dos espaços internos sugere a dimensão do infinito, as circulações são extremamente extensas [...]. Parece que as referências físicas e de cura estão demasiadamente distantes do sujeito, visto que em um estado de enfermidade o indivíduo se torna fragilizado. A questão da proximidade nesse espaço é fundamental para pensarmos em um ambiente que se proponha a harmonizar e curar o indivíduo. A escala dos objetos e espaços internos parece que se amplia, em vez de reduzir-se e atingir um estado de bem-estar humano. O sentido de proximidade entre os objetos, sujeitos e espaços é necessário para a amenização do vazio do homem em crise. Urge a necessidade de uma aproximação física, de um preenchimento pelo afeto, com a respectiva atenuação da dor e a conquista da aceitação individual e social” (COSTA, 2001).

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FIGURA 15: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/03/hospitais-

di ferenciam-tratamento-de-cancer-de-adolescentes-e-jovens-adul tos.shtml 23.04.18

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a f i g u r a d o e s p a ç o u r ba n o e d o convív io soc ial A crítica que configura neste conceito é a questão de os ambientes hospitalares acabam por promover a exclusão social de seus pacientes. Desta forma, e a fim de responder às questões levantadas os arquitetos começaram experimentações no conceito de humanização através da possibilidade de trazer a sociedade para dentro do hospital e não excluí-la, inserindo o espaço hospitalar no meio urbano. (FERMAND, 1999) “Durante os últimos vinte anos, os estabelecimentos hospitalares adquiriram, lentamente, uma nova imagem. Certamente, a evolução das técnicas e práticas medicais tiveram

grande

importância

nas

metamorfoses

das

‘máquinas de curar’ dos anos sessenta. Entretanto, se os edifícios ‘base-torre’ antes edificados nas franjas das cidades – símbolos de ruptura do espaço urbano, como do tempo da vida cotidiana – dão lugar, progressivamente, a edificações melhores integradas em seu entorno, é também graças a uma evolução mais generalizada das mentalidades e às reformas que lhe acompanharam. [...] O hospital hoje deve ser aberto para a cidade e romper com esta imagem de fortaleza implantada no coração ou nas franjas de nossas cidades, que durante séculos simbolizou a exclusão, a doença e a morte” (FERMAND, 1999, p. 79-80)

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Esta busca da analogia com o espaço urbano não é muito corrente em discursos brasileiros quando se trata de humanização hospitalar, entretanto esta analogia se mostra latente em alguns projetos relevantes dentro do contexto nacional, como por exemplo, a ampliação do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desenvolvido por Jarbas Karman, Domingos Fiorentini e Jorge Wilheim com intenção de trocar espaços frios e que causam estresse em espaços semipúblicos com galeria como ocorre na recepção do projeto.

FIGURA

16:

https://www.arcoweb.com.br/

projetodesign/arquitetura/levisky-arquitetosassoc iados-kahn-brasi l-hospital-10-01-201 1 23.04.18

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O projeto arquitetônico que se estabelece como linguagem organiza elementos para a solução de um determinado problema. Linguagem esta que transmite uma mensagem (intenção projetual), estabelecendo uma relação entre emissor-receptor, arquitetocliente, arquiteto-comunidade, arquitetura-usuário.Ao refletir sobre a questão do espaço, Bruno Zevi afirma em seu livro “Saber ver a arquitetura” que as fachadas de um edifício consistem em ser apenas a caixa da qual guarda em seu interior a grande preciosidade da arquitetura: o espaço, o vazio, considerando ambas as palavras como sinônimas, fazendo da arquitetura não somente a organização de espaço, mas também se caracteriza pelo ato de cria-lo.

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O E S PA Ç O O significado do espaço está frequentemente atrelado com o de lugar uma vez que ambas as categorias não podem ser entendidas uma sem a outra. Segundo Tuan, o que conhecemos como espaço indiferenciado se transforma em lugar à medida que tomamos conhecimento dele e o dotamos de valor, ou seja, a medida que um espaço adquire definição e significado ele passa a ser lugar para o ser humano. Esta relação se constrói ao longo de um determinado tempo, ou seja, através da dimensão temporal é que podemos conhecer e vivenciar o espaço a fim de dotá-lo de valor e Zevi trás para esta questão a ideia de uma quarta dimensão além das três tradicionais da perspectiva: o tempo.

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TEMPO E LUGAR Tuan faz a relação entre tempo e espaço de três maneiras: adquirimos afeição por um determinado lugar em função do tempo vivido nele; o lugar como uma pausa na corrente temporal de um movimento, ou seja, uma parada para um descanso, para a defesa; e por último, o lugar como algo pertencente à memória, como lembrança de tempos passados, ou seja, o lugar como sendo o tempo tornado visível. Desta forma, um espaço hospitalar é apenas um espaço carente de valores para se tornar um lugar para o paciente, podendo ser chamado de “não-lugar”, ou seja lugares que induzam um movimento rápido associado a uma não personalização daquele espaço para com o indivíduo. O antropólogo Augé refere-se à supermodernidade como uma produtora de não-lugares, fazendo uma comparação ao lar, que é definido como completamente oposto à essa ideia, uma vez que o lar é um espaço personalizado, carregado de memória afetiva e valores como vimos no capítulo anterior quando a abordagem de humanização remete à questões ligadas a personalização do espaço. Ou seja, a humanização tem como grande papel justamente fazer com que este tempo seja carregado que memória e valores para a constituição de uma memória.

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A P R O P R I AÇÃO E I D E N T I DA D E A apropriação de um determinado espaço é constituída por inúmeros processos relativos à cognição, percepção e comportamento do ser humano, uma vez que está diretamente ligada à sua interação com as características e informações que provém do ambiente. (CAVALCANTE, AZEVEDO E ELY).É um processo subjetivo no qual depende não apenas das características físicas, simbólicas e culturais do ambiente, mas também de aspectos relacionados à percepção deste indivíduo que é baseada em suas experiências vividas, seus valores e sentimentos. A identificação deste indivíduo com o local acontece a partir da sua identificação com o ambiente, ou seja, da sua sensação de pertencimento e reconhecimento dentro do ambiente de aspectos relativos à sua própria identidade, sua própria vivência. Esta apropriação está relacionada diretamente com a vivência dos espaços e a realização de quaisquer atividades nele e agregados significados ao ambiente, além do modo com que este r=responde aos anseios e expectativas do indivíduo.O conceito de identificação se refere ao “reconhecimento e pertinência” que permeiam o ideal de como cada um quer ser visto, reconhecido e estabelecendo sua imagem. (SOARES, NARCISO VIEIRA) A impossibilidade de identificação ou pertencimento a um determinado ambiente acaba por gerar indiferença, reações negativas ou até mesmo a falta de cuidado com ele. Ao que se refere do ambiente hospitalar e seus pacientes internados, tais

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reações podem ser comuns e frequentes em função da dificuldade de identificação com ambientes em sua grande maioria estéreis e que passam a dificultar o estabelecimento de marcadores pessoais.

P S I C O L O G I A A M B I E N TA L A Psicologia Ambiental surge da necessidade de se estudar a reciprocidade e troca entre a relação indivíduo-ambiente, cujo comportamento humano é baseado.Este tema coloca o mundo em um local de pesquisa, na intenção de se estudar o local do cotidiano da vida humana trazendo análises para inúmeras questõescomo planejamento urbano, mudanças climáticas e gestão dos espaços (CAVALCANTI, ELALI, 2011, p.15). Na busca por estudos que tratem esta relação entre arquitetura e planejamento ambiental, tem-se assunto os autores Robert Sommer (1973-1979), Kevin Lynch (1982) e Terence Lee (1977) como os primeiros a voltarem seus olhares em como os espaços edificados influenciavam o comportamento humano (PINHEIRO, 1997). Outro elemento determinante da conformação da psicologia ambiental é a crescente preocupação com o meio ambiente devido aos problemas naturais enfrentados na atualidade e a inserção do homem nesse contexto, seu papel. Como fundamentação, pode-se mencionar a somatória entre as dimensões espaciais e temporais com a percepção ambientar, de acordo com os processos cognitivos e afetivos que um ambiente representa para o seu usuário e comunidade. (PINHEIRO, 1997)

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O tema tem a necessidade de se trabalhar em conjunto, envolvendo: componentes físicos (arquitetura, iluminação, acústica, mobiliário, cores, ente outros), componentes não físicos (motivações, expectativas, crenças, culturas, etc), aspectos sociais (atividades, valore, papéis, etc) fora fatores econômicos e políticos. (CAVALCANTE E ELALI, 2011) “O homem e suas extensões constituem um sistema interrelacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa e sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sua língua, fossem algo diferente. Devido à inter-relação entre o homem e suas extensões é conveniente prestarmos uma atenção bem maior ao tipo de extensões que criamos (...). Como as extensões são inanimadas, é preciso alimentá-las com feedback (pesquisa), para sabermos o que está acontecendo, em particular no caso das extensões modeladoras ou substitutivas do meio ambiente natural.” (E. Hall, 1966, pp. 166-167)

a saúde do habi tat const r uído O significado de “saúde”, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é um completo bem-estar físico, cultural e mental, que não se limita à ausência de doença, apenas (OMS, 1946)O habitat se vincula com o local em que vivemos e fazemos nossas atividades de lazer e de trabalho, que pode ser natural, modificado ou sofrido intervenções do homem (ALVARIÑO DE LA FLUENTE, 2013). Ambos os conceitos citados demonstram a íntima relação da saúde com o estilo de vida e habitat que possuímos.

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Compreende-se a importância de estudar boas referências de projetuais, uma vez que, estas norteiam o projeto a ser desenvolvido. Deste modo, as referências escolhidas proporcionaram novas perspectivas de espaços, qualificando o entorno destes. Portanto, as referências projetuais estudadas geram reflexão da preocupação com sua eficiência energética, a escolha de seus materiais, sua volumetria ou ainda, como conectar tal sustentabilidade com o uso das construções, dando um caráter singular e único a cada uma delas.

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L E VA N TA M E N T O S P R O J E T U A I S cen t ro i n te r n ac i on al s a rah de n eu ror rea b i l i t a ç ão e reu roc i ê nc i as , r i o de j ane i ro / / j o ão f i l g ue i ras l i ma (l e lé) Sendo a mais nova unidade, última da Rede construída, foi inaugurada em maio de 2009. O atendimento desse hospital é focado na reabilitação, que dá chances aos pacientes à reinserção no seu cotidiano, com qualidade de vida. Com 52.000 m² de área construída impressiona, sobretudo, pela riqueza e diversidade da plástica do conjunto.

FIGURA 17: Hospital Sarah Rio de Janeiro. Fonte: www.sarah.br

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O edifício mantém as premissas adotadas em outros hospitais da Rede, que adotam soluções horizontais como ideal, além da flexibilidade dos espaços internos, potencializada em função das dimensões do complexo; e o sistema de iluminação natural por todas as áreas, com exceção do centro cirúrgico e das salas de equipamentos.

FIGURA 18: Hospital Sarah Rio de Janeiro. Fonte: https://arcoweb.com.br/

projetodesign/arquitetura/arquiteto-joao-fi lgueiras-l ima-lele-hospital-redesarah-27-10-2009

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FICHA TÉCNICA: A R QU I T ETO : João Filgueiras Lima (Lelé) LOC A L: Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 1500 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ Á R E A : 54.376 m² A N O D E PROJ ETO: 2001

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FIGURA 19: Implantação Sarah Rio. Fonte: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/arquiteto-joao-

filgueiras-lima-lele-hospital-rede-sarah-27-10-2009

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FIGURA 20: Planta TĂŠrreo Sarah Rio. Fonte: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/arquiteto-

joao-filgueiras-lima-lele-hospital-rede-sarah-27-10-2009

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FIGURA 21: Cortes Sarah Rio. Fonte: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/arquiteto-joao-

filgueiras-lima-lele-hospital-rede-sarah-27-10-2009

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FIGURA

22:

CorteSarah Rio. Fonte: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/arquiteto-joao-

filgueiras-lima-lele-hospital-rede-sarah-27-10-2009

FIGURA 23: Hospital Sarah

Rio de Janeiro. Fonte: https://arcoweb. com.br/projetodesign/ arquitetura/arquitetojoao-filgueiras-limalele-hospital-redesarah-27-10-2009

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hote l pass i ve hou sebr uc k / / pe te r r u g e a rc h i te kten O empreendimento Bruck Passive House, projetado pela Peter Ruge Architekten é um hotel butique com 46 quartos construídos com os princípios de construção de casa passiva. O empreendimento possui uma estrutura externa avançada para melhor desempenho térmico, mantendo o ar na parte interior temperado e fresco para os hóspedes em todas as estações do ano. O gabarito foi pensado para melhor integração com o entorno. Além de possuir a certificação EDGE, o hotel possui o selo verde 3 estrelas da China e foi certificado pelo Conselho de Construções Sustentáveis da Alemanha (DGN) possuindo 47% de economia de energia, 42% de economia de água e 34% menos energia incorporada nos materiais. Energia: possuem dispositivos externos de sombreamento, isolamento de telhados e paredes externas, vidro de desempenho térmico mais alto, ar condicionado eficiente em termos de energia com refrigerador parafuso a ar, recuperação de calor sensível de ar de exaustão, sistema de iluminação de baixo consumo e células fotovoltaicas solares.

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FIGURA 24: Passive HouseBruck. Fonte: http://www.archdaily.com/569638/passive-house-bruck-peter-

ruge-architekten-2

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Água: fluxo de chuveiro, torneiras com fluxo reduzido, vasos com descarga dupla, sistema de coleta de aguas pluviais, sistema de reciclagem e tratamento de aguas residuais domésticas. Materiais: blocos de concreto denso e sólido para paredes internas e externas, piso de madeira laminada e molduras de janelas em madeira. Economia de CO2: 245 tCO2/Ano

FIGURA 25: Sistema de Ventilação.

Fonte: http://www.archdaily. com/569638/passive-house-bruckpeter-ruge-architekten-2

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FIGURA 26: Planta 1º pavimento. Fonte: http://www.archdaily.com/569638/passive-house-

bruck-peter-ruge-architekten-2

FICHA TÉCNICA: A R QU I T ETOS: Peter Ruge, KayokoUchiyama, Matthias Matschewski, Jan Müllender, Alejandra Pérez Siller, DuanFu LOCA L I ZAÇÃO: Changxing, Huzhou, Zhejiang, China Á R E A : 2974 m² A N O DO PROJ ETO: 2014

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FIGURA 27: Planta 2º Pavimento. Fonte: http://www.archdaily.com/569638/passive-house-

bruck-peter-ruge-architekten-2

FIGURA 28: Elevação Sul. Fonte: http://www.archdaily.com/569638/passive-house-bruck-peter-ruge-

architekten-27

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FIGURA 29: Brise. Fonte: http://www.archdaily.com/569638/passive-house-bruck-peter-ruge-architekten-2

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cen t ro de t ra t amen to n e wc a s t l e / / c u l l i n a n

de

câncer,

FICHA TÉCNICA: A R Q U I T E TOS: Cullinan Studio LOCAL I Z AÇÃO: Newcastle upon Tyne, Tyne andWear, Reino Unido Á R E A : 300.0 m² A N O DO PROJ E TO : 2013 Localizado no entorno do Hospital de Referência Freeman, em Melville Grove, Newcastle, Reino Unido, o projeto é rodeado por diversas espécies de vegetação que mudam com as estações do ano. Ambos os espaços (internos e externos) foram projetados com o intuito de trazer calma e luminosidade. O conforto é obtido através do uso de materiais como madeira e telhas de barro, quentes e táteis, para uma região onde o frio. Os paços variam de acordo com os graus de interação e intimidade.

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O Centro mantém a essência de todos os outros centros ao redor do mundo ao manter a área da cozinha como a mais importante do projeto, fazendo dela sua área de convivência caracterizadamente doméstica em torno de uma grande mesa de jantar.

FIGURA

30:

Centro

de

Tratamento

de

Câncer

Newcastle.

Fonte:

http://www.archdaily.com.

br / br / 0 1 - 1 4 27 39 / cen t ro - de - t ra t amen to - de - cance r - mag g i es - em - newcast l e - s l as h - c u l l i n an studio/520a4557e8e44e80d1000054-maggie-s-newcastle-cullinan-studio-photo

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FIGURA 31: Conjunto de imagens do Centro Meggie em Newcastle. Arquiteto : Ted Cullian. Fonte: https://

www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-newcastle/architecture-and-desing/

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FIGURA 32: Implantação Centro Newcastle. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-

tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio/520a4646e8e44e8d40000058-maggies-newcastle-cullinan-studio-ground-floor-plan

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FIGURA 33: Planta 1ยบ Pavimento. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-

cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio/520a463de8e44e80d1000056-maggie-s-newcastlecullinan-studio-first-floor-plan

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FIGURA 34: Planta de Cobertura. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-

cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio/520a46a0e8e44e80d1000058-maggie-s-newcastlecullinan-studio-roof-floor-plan

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FIGURA 35: Corte Centro de Tratamento Newcastle. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-

de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cull inan-studio/520a4675e8e44e80d1000057maggie-s-newcastle-cullinan-studio-northeast-elevation

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FIGURA

36:

Elevação

Centro

de

Tratamento

Newcastle.

Fonte:

http://www.archdaily.com.

br / br / 0 1 - 1 4 27 39 / cen t ro - de - t ra t amen to - de - cance r - mag g i es - em - newcast l e - s l as h - c u l l i n an studio/520a46cbe8e44e8d4000005b-maggie-s-newcastle-cullinan-studio-southwest-elevation

FIGURA 37: Elevação Centro de Tratamento Newcastle. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-

de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio/520a46cbe8e44e8d4000005b-maggie-snewcastle-cullinan-studio-southwest-elevation

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LOCALIZAÇÃO A área escolhida para implantação do Centro de Apoio foi na região do centro expandido da cidade de São Paulo, mais especificamente no bairro da Liberdade-Bela Vista. Inicialmente a escolha da área partiu de sua proximidade com um grande centro de referência oncológica brasileira, como o Centro Integrado de Diagnósticos, Tratamento Ensino e Pesquisa A.C. Camargo Câncer Center, além de outros hospitais que também possuem tratamento oncológico em sua rede de atendimentos como é o caso do Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Oswaldo Cruz, Hospital São Joaquim, Hospital São José, Hospital Santa Catarina e o da Rede Municipal. No entanto, ao aprofundar as pesquisas e fechar um programa de necessidades para o projeto, viu-se a necessidade uma boa infraestrutura de transporte para locomoção destes usuários uma vez que o hotel atende não somente a população local, mas também (e principalmente) pacientes que vêm de outras cidades ou estados brasileiros em busca de um tratamento especializado para a doença.

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FIGURA 38: 3D da รกrea de projeto com principais equipamentos hospitalares. Fonte: autoral.

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FIGURA 39: Localização da área de projeto. Fonte: Google Earth. Data: 18/05/18

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O terreno encontra-se em uma ZEU, ou seja, uma Zona de Estruturação Urbana a qual se pretende promover usos residenciais e não residenciais (uso misto do solo) com densidades demográficas e construtivas relativamente altas e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte público coletivo. Desta forma, foram respeitados no projeto a taxa de ocupação máxima de 70% e coeficiente de aproveitamento máximo de 4.

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O terreno localizado na Rua Vergueiro na altura do número 1000 possui 7.474m2 onde hoje se encontra como inutilizado. A região da Liberdade mostrou-se ainda mais interessante para o desenvolvimento do projeto, uma vez que conta com a infraestrutura de metrôs, tendo próximo ao terreno as estações Vergueiro e São Joaquim e bem servido de pontos de ônibus e vias que conectam a cidade como a Avenida Vinte e Três de Maio e a Rua Vergueiro (vias estruturais N3) além de contar como “vizinho” o Centro Cultural São Paulo, equipamento que servirá de ligação e extensão das atividades propostas no projeto.

FIGURA 40: Localização do terren. Fonte: autoral.

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ESTUDO DE RUÍDOS

Em contraponto à boa localização e fácil acesso, a área conta com

avenidas de grande tráfico de automóveis e pedestres, fazendo com que o nível de ruído do local tenha sido uma questão levantada e estudada para desenvolvimento do projeto. Chegou-se à conclusão que a área, apesar de contar com vias altamente movimentadas, contava com o auxílio de uma grande massa arbórea (mancha verde) que amenizava os ruídos que seriam provocados pelas vias.

FIGURA 41: Mapa

desenvolvido pela aluna com dados colhidos no local com decibelímetro mostrando níveis de ruído das ruas envolta do terreno. Marrom: até 75db; Laranja: até 70db; Rosa claro: 65db.

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ESTUDOS DE INSOLAÇÃO // VENTOS PREDOMINANTES O volume final do projeto partiu inicialmente da disposição do terreno quanto à sua orientação do sol, tendo como suas maiores fachadas leste - oeste buscou-se um volume que inclinasse alguns pontos do edifício para uma orientação nordeste e que esta privilegiasse os apartamentos de enfermos cujo cuidado com orientação de sol e ventos são de extrema importância, como mostra a pesquisa. Logo, o estudo da insolação teve como influência em inúmeras decisões de projeto como sua materialidade, disposição do programa e escolha de uma cobertura adequada para altas temperaturas.

FIGURA 42: Análise de insolação das fachadas através do Sketchup. Fonte: autoral.

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FIGURA 43: Anรกlise dos Ventos. Fonte: autoral.

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O PA R T I D O Tendo como partido para o desenvolvimento do Centro de Apoio a intençãi de promover um ambiente que traga ao usuário a sensação de pertencimento, reintegração e acolhimento, a premissa principal do projeto desenvolvido é permitir que o Centro de Apoio haja com as premissas estudadas de eficiência energética voltada para o bem estar do ser humano, com aberturas que possibilitem a ventilação natural e orientação do volume de acordo com estudos de insolação e, também pela premissa estudada da humanização hospitalar, contando com espaços em que haja comunicação com o meio externo através do verde, de obras de artes produzidas pelos próprios pacientes e tudo contando com a excelência de um hotel, o qual se torna personalizável a partir do momento em que o usuário pode intervir em alguns espaços do projeto. A consciência do espaço criado que estimula o paciente faz parte do processo de cura psicológica e social, ao inseri-lo em um ambiente pensado nas suas necessidades. Intencionalmente criado para agregar valores e melhorias na vida social do paciente, o projeto tem como intenção que a experiência negativa de um diagnóstico de câncer seja amenizada e se transforme em valorização da vida, permitindo que o paciente oncológico passe pelo processo de maneira a viver e conviver com qualidade de vida.

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O PROGRAMA

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O projeto pode ser subdividido em 3 grandes grupos de programa: Convençþes (vermelho), Hotel (azul) e Centro de Apoio (roxo), no qual contam com os seguintes ambientes:

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DESENHOS TÉCNICOS E IMAGENS

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Diante da complexidade e variabilidade dos problemas decorrentes do tratamento oncológico, reconhecidos em diversos estudos bibliográficos, é relevante considerar não somente os aspectos clínicos, mas também os sociais, psicológicos, espirituais e econômicos associados ao câncer. A partir da interdisciplinaridade, em que diferentes profissionais estabelecem uma relação recíproca entre si e com os pacientes, há o favorecimento de intervenções técnicas e humanizadas no cuidado do mesmo, visando à reabilitação integral. Ainda que a arquitetura não seja capaz de curar uma enfermidade de uma doença como o câncer em questão, é possível que esta seja pensada de forma a amenizar o sofrimento deste usuário que se mostra tão sensível e vulnerável psicologicamente. Concluo este trabalho com a satisfação de projetar, não somente um edifício, mas um conjunto arquitetônico que envolve tanto a área interna quanto a externa de forma a integrar socialmente pessoas que necessitam tanto de cuidado e um olhar diferenciado como o paciente oncológico, proporcionando espaços fluídos, permeáveis iluminados e dotados de ventilação natural.

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