Abandonados

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O livro que reĂşne os 38 lugares abandonados mais chocantes ao redor do mundo. 1



ABANDONADOS



ABANDONADOS O livro que reúne os 38 lugares abandonados mais chocantes do mundo

Bárbara Lobianco Silveira Organizadora

1ª Edição 2016



I

PREFACIO

T

odo lugar tem uma história, memórias e lembranças. Em todo o mundo existem ruínas, ou até mesmo cidades perfeitas, de locais que foram construídos há milhares de anos. Cada um deles com sua própria arquitetura, suas cores, sua natureza, seu objetivo, suas marcas, e as marcas de pessoas que viveram ali. Grécia, Itália, China, África, México, França, Escócia, Índia, Rússia, são pequenos exemplos de países que possuem lugares em que viveram famílias, gênios, mendigos, prisioneiros, idosos, doentes, reis e rainhas, e continuam preservados, servindo como símbolo histórico, guardando valores, folclores, lendas que são passadas de geração em geração.

Alguns lugares, entretanto, não tiveram a mesma sorte. Construções antigas, recentes, de pedra, madeira, concreto, ciades inteiras, templos, hotéis, castelos, hospitais, parques de diversão, entre tantos outros, foram abandonados pelos humanos e deixados de lado, às vezes repentinamente, outras aos poucos. Este livro traz 38 lugares ao redor do mundo que foram abandonados, esquecidos, transformados em pontos de exploração para os mais aventureiros e ousados. Desde Prypyat, a cidade da Ucrânia que foi abandonada depois do acidente radioativo de Chernobyl, até o Hotel Rádio no Brasil, alvo de muitas histórias fantasmas. Além disso, grandes castelos, onde viveram reis, rainhas, condes e duques da Escócia, Estados Unidos, Portugal, também estão nessas páginas. 7


Espero que você, ao ler esse livro, se sinta nem cada um desses locais, imagine como eles eram antes de ficarem vazios. Doentes feridos da guerra nos hospitais, grandes bailes nos salões dos castelos, famílias se divertindo nos parques de diversão, entidades religiosas fazendo suas orações no templos, viajantes de navios, atletas profissionais participando de olímpiadas, pessoas visitando o shopping, esperando o trem, presos, idosos em um asilo, e apreciadores de uma bela peça de teatro ou orquestra. Todas essas cenas existiram, e ainda existem, só não mais nesses locais que você verá. Elas andaram por ali, viveram, construiram suas vidas, memórias, lembranças e famílias. Algumas nunca saíram desses locais, eles eram tudo que elas conheciam. Ao ler essas páginas você vai descobrir histórias fascinantes, paisagens incríveis, ou assustadoras, e um vazio imenso. Se ao ler cada linha desse livro você sentir que conhecer a história é importante, que saber mais sobre o passado é fundamental, perceber que pesquisar, ir além e descobrir o porquê das coisas, assim como foi preciso pesquisar o porquê cad alugar foi abandonado; se ao imaginar cada cena que desccrevi mais acima você pensar numa história para cada um desses mistérios e desvendá-los na sua cabeça, então o meu objetivo com esse livro está cumprido É sempre importante lembrarmos da história, é isso que nos impede de cometer os mesmos erros no futuro. Em alguns capítulos você lerá sobre ilhas que foram usadas para trabalho escravo, asilos onde se internaram idosos porque não queriam mais sua compania, e até peninteciárias onde ficaram presas indetidades horríveis. Em nossa mente supomos que todo lugar tem passado, presente e futuro, mas alguns dos locais listados aqui foram destruídos ou demolidos para dar lugar à uma nova construção, enquanto outros vão permanecer vazios por muito tempo.

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Algumas das construções foram destruídas ou abandonas pelo prórpio homem, enquanto outras a natureza tomou de volta para si. Lugares como parques de diversões e cidades inteiras foram deixadas para trás por terremotos, enchentes, tsunamis, entre outras forças da natureza. Outras cidades, hospitais, colégios, teatros, castelos faliram, ou o próprio homem destruiu aos poucos. Enquanto construções de milhares de anos sobrevivem ao tempo para contar sua história, outras, mais recentes, foram abandonadas e esquecidas. Até agora.

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Sumário Hospital em Beelitz 15 Prypyat 23 Chateau Miranda 30 Six Flags Jazzland Park

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Disney Discovery Island

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Dadipark 45 Parque as Viagens de Gulliver

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Holy Land Park

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Auditório Orpheum 55 SS America 58 Eastern State Penitentiary Philadelphia

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Estação Central de Michigan

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Sanzhi UFO houses 92 Ilha Hashima 95 Asilo Willard 107 Shicheng 115 Angkor Wat 118 Castelo de Bodiam 131 Craco 135 Instalações Olímpicas 140 Kolmanskop 143


Hotel Del Salto 146 Nara Dreamland 154 New World Mall 157 Saint Dunstan in the East

159

Warehouse 162 Bennett School for Girls

164

Castelo Buchanan 168 Castelo de Dona Chica

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Castelo Bannerman 178 Estação Canfrac 181 Fordlândia 188 Kayakoy 198 Chalé da Condessa D’edla

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Hotel Rádio 206 Paranapiacaba 208 Velho Airão 211


“Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente.” Dalai Lama


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1 Hospital em Beelitz Alemanha

O

Sanatório de Beelitz (Beelitz Heilstätten, em alemão) é um complexo hospitalar que foi construído em 1898, com o intuito de atender, principalmente, pessoas com tuberculose e problemas respiratórios. A floresta de Beelitzer (a 60 km da capital alemã) foi a escolhida para abrigar o sanatório, pois era considerada uma região tranquila e de paisagem agradável. O hospital em si possui uma arquitetura bem bonita e ampla, sendo que conta com, ao todo, 60 prédios. Em 1914, quando começou a Primeira Guerra Mundial, o local foi bastante requisitado para cuidar dos militares e feridos do exército alemão. Inclusive, o ainda soldado Adolf Hitler foi enviado até lá para o tratamento de uma lesão na coxa e para curar os ferimentos causados durante a Batalha de Somme. Até Adolf Hitler já recebeu cuidados no hospital, em 1914. O pós-guerra fez com que o hospital se expandisse no 15


início dos anos 20, graças aos avanços nos tratamentos de enfermos e militares. Para facilitar a vida de quem trabalhava no sanatório, foram construídos açougues, padarias, restaurantes e lavanderias. Em 1928 o hospital ganhou 200 hectares e no ano seguinte já haviam 1.338 leitos disponíveis (dois terços deles para tratamentos pulmonares). Durante a Segunda Guerra Mundial e comandados pelo exército nazista, o sanatório foi utilizado para diversos tipos de experimentos desumanos nos porões dos prédios, enquanto o hospital funcionava normalmente. Em 1945, após a derrota alemã, o país se dividiu entre Alemanha Oriental e Ocidental, e a União Soviética assumiu a gerência de Beelitz, que ficou com a posse até 1995, mesmo após a queda do Muro de Berlim e da reunificação do país. Algumas tentativas de privatização foram realizadas, mas nenhuma se concretizou de fato. Algumas partes do conjunto de prédios foram destinadas às pesquisas de reabilitação neurológica e assistência às vítimas de Parkinson. O resto da agregação, que inclui um campo de tiro, uma ala psiquiátrica e as seções de cirurgias, foi abandonado no ano de 2000, tornando-se um mausoléu a céu aberto, sem nenhum tipo de segurança. Hoje, o local serve como referência para historiadores, ensaios fotográficos e gravações de filmes – cenas de O 16


Pianista (2002), do diretor Roman Polanski, foram gravadas em Beelitz. Para os adoradores de locais mórbidos e assustadores, as ruínas do hospital também servem como inspiração. Às vezes, edifícios abandonados simplesmente parecem assustadores, mas na verdade, eram o lar de alguma fábrica chata, ou algum processo industrial benigno. A história do hospital Beelitz Heilstätten, no entanto, faz jus a sua aparência obscura. Construído em 1898, este complexo hospitalar em desuso de aproximadamente 60 prédios está localizado no distrito de Beelitz Heilstätten, em Berlim. Entre 1898 e 1930, o complexo serviu como um sanatório para doenças pulmonares, abrigando geralmente aqueles com condições então fatais, como a tuberculose. Durante a primeira guerra mundial, serviu como um hospital de campo que tratou as primeiras vítimas de armas como metralhadoras e gás mostarda, novidades na época. Durante esta época, ele também tratou um jovem soldado com o nome de Adolf Hitler, que tinha sido cegado por um ataque de gás britânico e ferido na perna na batalha do Somme. Ironicamente, essas experiências e seu tratamento bem-sucedido definiriam o cenário para o hospital para mais uma vez ser usado como um hospital militar de campanha, 17


tratando feridos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Ocupado pelos russos em 1945, ele serviu como um hospital militar soviético nos próximos 50 anos, até 1995, muito tempo depois da queda do muro de Berlim. O hospital tratou desde membros do Partido Comunista até membros do governo da Alemanha Oriental, que foram enviados para lá depois de serem forçados a sair em 1990. Hoje, enquanto algumas pequenas seções do imenso hospital são usadas para a reabilitação neurológica e mal de Parkinson, a maioria do complexo, incluindo a unidade de cirurgia, o hospital psiquiátrico, e um campo de tiro, foi abandonada e deixada para a floresta circundante. Em 2002, foi utilizado como cenário para o filme de Roman Polanski “O Pianista”. Como nenhuma parte do complexo é guardada, o hospital é um local popular para a exploração urbana, adolescentes bêbados, e pessoas que gostam de lugares abandonados assustadores. Um pouco de informações Sobre: Beelitz foi uma clínica e sanatório que se transformou em um hospital militar durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, e também continuou em atividade após ser tomado pelos russos. Hitler e Honecker foram os pacientes mais famosos. 18


Onde: Beelitz-Heilätten, nº14547 em Beelitz – Alemanha. Você pode pegar um trem regional de Ostbahnhof, Alexanderplatz, Friederichreaße ou Hauptbahnhof usw. O trajeto leva 50 minutos a partir da estação de Alexanderplatz.

Entrando: A maioria dos prédios são extremamente fáceis de se entrar, com portas que praticamente te convidam para entrar, enquanto outros estão trancados e tornam a entrada difícil. A maioria dos prédios que estão trancados (e que estão mais conservados) estão à esquerda da entrada principal, enquanto os que estão localizados à direita não são nenhum desafio.

Quando ir: É melhor ir durante a semana, porque você terá menos chances de evitar visitas em grupo, inclusive você pode checar os sites de tour em grupo para saber as datas e horários que eles planejam a visita. De qualquer forma vá cedo porque assim terá bastante luz do dia. Beelitz não é um lugar indicado para ir à noite, apesar de nada te impedir de fazer isso. 19


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Nível de dificuldade: 5/10 Chegar ao local é fácil, assim como entrar em alguns dos prédios, mas alguns deles são quase impossíveis de entrar.

O que levar: Leve roupas ruins, roupas que possam ser sujas e o mesmo para os sapatos. Também leve câmera e algo para comer e beber. Não há lojas no local então você deve levar seus próprios suprimentos. E também não se esqueça da lanterna, pois você pode querer explorar os tuneis, que são muito escuros.

Perigos: Voce deve ser muito cuidadoso e prestar total atenção ao andar por aqueles prédios, já que alguns estão em péssimo estado. Não esqueca de prestar atenção em guardas e seguranças que estejam ao redor.

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2 Prypyat

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Ucrânia

acidente nuclear de Chernobyl, que deixou um saldo direto de 56 mortos e milhares de contaminados com material radioativo em todo o leste europeu, assustou o mundo há 23 anos. No entanto, ninguém viu o terror mais de perto do que os quase 50 mil moradores da cidade de Pripyat, vizinha à usina, na Ucrânia, que teve de ser completamente abandonada após o acidente. Hoje, o local é uma cidade fantasma.Nos anos que antecederam o desastre, a região onde mais tarde seria instalada Chernobyl era conhecida por ser um modesto reduto de agricultores. A história começou a mudar quando em 1970 a pedra fundamental de Chernobyl, então primeira usina nuclear da Ucrânia, na época território da URSS, foi assentada. Ao mesmo tempo, a 18 km dali, a cidade de Pripyat começou a ser construída, com o objetivo de ser o lar dos trabalhadores da usina e enriquecer às custas da indústria nuclear. A cidade fui meticulosamente planejada. Uma ampla rede de atrativos culturais foi construída, como loja de livros, teatro, bibliotecas, escola de arte e sala de concertos. 23


A infra-estrutura local contava, também, com centro médico, escolas secundárias, escola técnica, mercados e restaurantes. “Uma atenção especial foi dada para a construção e desenvolvimento de diversas pré-escolas e opções para a prática de atividades físicas, já que a média de idade dos habitantes era de apenas 26 anos”, disse o antigo habitante local, Yu. Yevsyukov, ao site www.pripyat.com, organizado para reunir as memórias dos ex-moradores. Mais de mil crianças nasciam anualmente na cidade. “Era comum, ao entardecer, ver mães e pais orgulhosos levando seus filhos para um passeio”. Pripyat estava confiante sobre o seu futuro, lembra o antigo morador. Nos próximos anos estavam previstas diversas obras de infra-estrutura na cidade, como uma clínica dental especializada, uma grande loja de brinquedos e até um cinema com duas salas de exibição. Um novo “deslumbrante” parque adornaria a entrada de Pripyat. “O plano de desenvolvimento da cidade foi feito com base na expectativa de que 80 mil pessoas morariam em Pripyat no futuro”, disse Yu. Yevsyukov. “A região era para ser uma das mais belas em toda a Ucrânia”. Os planos de Yu. Yevsyukov e dos outros quase 50 mil moradores foram arruinados no dia 28 de abril de 1986, dois dias após a explosão que resultou em um incêndio e no 24


conseqüente vazamento de resíduos nucleares da usina de Chernobyl. A cidade fez parte da zona de exclusão elaborada a partir de um raio de 30 km do local do acidente, local contaminado com altíssimos níveis de radiação. Todos os moradores foram retirados do local. Na época do acidente, o governo soviético tentou abafar o caso e informações detalhadas sobre os mortos não foram efetivamente divulgadas. Especulou-se, na época, que os mortos seriam dezenas de milhares. No entanto, em investigação da ONU, em meados de 2005, calculou em 4 mil as vítimas comprovadas ou futuras em decorrência, principalmente, do câncer. Os números são constados por ONGs, principalmente pelo Greenpeace, que calcula que 93 mil pessoas morreram ou morrerão contaminadas pelo material radioativo. “A catástrofe de Chernobyl liberou 100 vezes mais radiação do que as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki”, diz a organização. Três décadas depois da tragédia, milhares de viajantes estão visitando anualmente Pripyat, a cidade fantasma onde viviam, junto com suas famílias, cientistas e operários que trabalhavam por ali. Existem prédios residenciais, um hotel, escolas, restaurantes, um hospital e centros esportivos que hoje, com seu aspecto fantasmagórico, atraem curiosos do mundo inteiro. 25


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No centro de tudo isso, um triste parque de diversões ainda exibe uma roda-gigante projetada para fazer a alegria das crianças locais. Atualmente, os forasteiros chegam a bordo de tours guiados vindos principalmente da cidade ucraniana de Kiev, a 150 quilômetros de distância. Os passeios exploram as entranhas de Pripyat, ingressando nas antigas salas de aula, ginásios esportivos e apartamentos da cidade. Em muitos dos lugares, ainda é possível ver sinais de um local que foi abandonado às pressas, com objetos pessoais jogados pelo chão e até máscaras respiratórias espalhadas no interior de um dos prédios da área. Os ambientes estão completamente deteriorados: em um antigo ginásio esportivo, uma tabela de basquete aparece sobre uma parede cinza e descascada. Ali perto, uma piscina vazia é iluminada através de janelas enferrujadas e quebradas. Em algumas casas, é possível ver objetos pessoais de seus antigos moradores, como quadros e bonecas. E, em uma antiga maternidade, surgem camas enferrujadas em uma visão que inspira tristeza.

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3 Chateau Miranda

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Bélgica

ua história começou nos tempos feudais, quando durante a revolução francesa, a família do Conde de Liedekerke-Beaufort abandonou um dos castelos feudais para se refugiar em uma fazenda fora do vilarejo. Conhecido como Château de Noisy ou de Miranda, ele teve sua origem nessa fazenda, que após a revolução, acabou se tornando em um gigante castelo. O castelo foi construído em 1866 por um arquiteto inglês chamado Edward Milner, para ser a casa de veraneio da família, entretanto, o arquiteto acabou morrendo antes de ver sua criação terminada, o que só aconteceu quando o francês Pelchner concluiu o projeto. O castelo pertenceu a família todo esse tempo, sendo ocupado durante a Segunda Guerra Mundial pelos soldados nazistas. Nos anos 50 o lugar foi administrado pelo National Railway Company of Belgium (NMBS) e serviu como acampamento de férias para crianças que sofreram problemas de saúde. O castelo fornecia ar fresco, uma área grande de lazer e comida saudável. Durante essa época o local era digirido por mulheres e as crianças usavam uniformes. No es30


paço entre os prédios foi providenciado um pequeno campo de futebol e a fonte do jardim foi transformada em uma piscina. As crianças tinham entre 5 e 14 anos e eram da França e da Bélgica, embora o lugar recebesse crianças da Itália durante o período de férias. Após os anos 70 o local foi usado para atividades ao ar livre além de vários esportes durante as férias, ficando muito famoso na Bélgica. Já os anos 90 os donos começaram a procurar investidores com o desejo de transformar o Châteu em um hotel, mas devido aos custos de manutenção e de reforma os planos foram deixados de lado e o local ficou abandonado desde 1991.

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Em 1995 um incêndio queimou parte do telhado e logo depois disso o dono removeu os pisos de madeira nobre, as lareiras e o mármore azul italiano para usar em outro castelo na Itália. Foi em 2006 que uma tempestade violenta derrubou a parte estável do telhado. O local possui 550 janelas, uma torre de relógio de 56 metros de altura que só foi concluída em 1903. Apesar de sua imponência, aparentemente o local se tornou objeto de desinteresse e infelizmente está fadado a acabar. O castelo está em péssimas condições e apesar de diversas ofertas os donos se recusam a vende-lo. Ele sofreu muito com vandalismo e os detalhes do interior foram removidos para serem usados em outro castelo. Em dezembro de 2013 os donos do castelo concediram licença para demolir o local.

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4 Six Flags Jazzland Park

O

EUA

riginalmente conhecido como Jazzland, o parque de diversões de Nova Orleans abriu em 2000 e era pequeno, conhecido por suas atrações temáticas relacionadas à cidade. Em 2002 os donos venderam o parque para a Six Flags Entertainment Corporations (a maior corporação que administra parques de diversão do mundo) por considerarem muito grande para administrarem corretamente. A nova administração funcinou tão bem que em 2005 a empresa havia feito planos para expandir o parque e criar um parque aquático também. Os planos foram por água abaixo quando o Furacão Katrina, em 2005, dizimou a cidade. Todo o parque ficou alagado, com 1-2 metros de água por mais de um mês. O jornal New Orleans Times-Picayune relatou que depois de analizar a devastação causada pelo furacão e o preço exorbitante para reparar os danos, a empresa Six Flags terminou seu contrato de 75 anos com a cidade, que começou em julho de 2006 e terminou em setembro de 2009. O parque está abandonado desde agosto de 2005, e todos os planos para fazer o parque voltar a funcionar foram deixados de 35


lado devido aos custos. O alagamento recuou, mas todo o parque precisa de reparo. As estruturas enferrujadas, as atrações irregulares, quebradas, o amianto podre eo influxo de animais selvagens perigosos, são um grande risco para a saúde. O Departamento de Polícia de Nova Orleães patrulha o site diariamente para manter os visitantes de fora, mas isso não impediu o fotógrafo e explorador urbano Jason Lanier de entrar no local diversas vezes e documentar todas as visitas em seu site, como ele diz: “Há algo de Waling Dead nesse parque, misturado com um pouco de alegria. Eu amo explorar locais urbanos e eu tenho feito isso ao redor do mundo, mas não há nenhum lugar que me atraia tanto quanto esse parque. ” “Algumas pessoas que vivem perto desse parque me disseram que recentemente (abril de 2015) o local está sendo usado por um estúdio de cinema e que eles estão construindo um grande set de filmagens no local. Se isso foir verdade, parece que o parque logo será ocupado, durante um tempo, por caras ricos de Hollywood. ”

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5 Disney Discovery Island

A

EUA

leste do parque Magic Kingdom, no Walt Disney World, Estado americano da Flórida, existe um lago chamado Bay Lake. No meio do lago existe uma ilha, onde ficava o Discovery Island – um parque abandonado que, segundo depoimentos, a Disney prefere manter escondido e não deixa ninguém se aproximar. Em um local um pouco mais distante fica outro parque deserto, o River Country. Estes são os únicos parques da Disney fechados permanentemente. O Discovery Island era uma reserva natural que funcionou entre os anos de 1974 e 1999 e o River Country, um parque aquático que funcionou entre 1976 e 2001. E o local é muito valorizado. Saindo do parque Discovery Island, basta cruzar a água do lago que cerca a ilha para chegar ao Magic Kingdom. Seph Lawless é um fotojornalista do Estado americano de Ohio que se dedica a fotografar esses espaços e tem postado as fotos em sua conta no Instagram. Em entrevista à BBC, ele disse que espera que a divulgação das fotos convença a Disney a limpar estes locais.

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“Acho que a Disney pode fazer algo melhor e sinto que eles vão. Não sei por que (os parques ficaram fechados) há tanto tempo. Talvez seja porque eles ficam tão escondidos e não se toca no assunto”, afirmou. “É uma excelente oportunidade imobiliária para eles. É totalmente incompreensível que eles não explorem e usem esta terra de uma forma positiva.” A Disney não permite que ninguém chegue perto dos parques abandonados, mas é possível alugar barcos para a navegação no lago onde fica o antigo parque Discovery Island, o Bay Lake. Segundo Lawless, a área é muito vigiada e as pessoas só conseguem chegar a 15 metros da ilha. “Quando você está no Bay Lake, você é quase acompanhado (todo o tempo). Vários seguranças em barcos ficam te observando. Se você chegar perto demais da ilha, eles te empurram para longe. Eles gritam com você”, disse. “Eu provavelmente cheguei um pouco mais perto da ilha do que deveria.” O fotógrafo alega que acabou sendo banido da Disney World, mesmo que ele não tenha conseguido entrar na ilha ou no antigo parque River Country. “O objetivo aqui não é apenas dizer que a Disney está arruinando a terra... A mensagem é que eles construíram algo, se beneficiaram disso e agora deixam lá para apo39


drecer. Eles poderiam ter feito alguma coisa com aquela terra que poderia ter beneficiado o meio ambiente e a vida selvagem de lá” Lawless tentou descobrir por que a Disney não fez nada com a área. “Eles nem tiveram uma resposta clara a respeito. Um funcionário da Disney disse que é por causa da poluição do show de fogos de artifício à noite e dos parques e barcos. Outros dizem que é por causa de algum tipo de bactéria que causou uma morte na década de 1980.” O fotógrafo se refere a um caso relatado pela agência de notícias Associated Press, de um menino de 11 anos que morreu depois de nadar no River Country. Uma ameba teria entrado no nariz do menino e atacado seu sistema nervoso. Ele não tinha nadado em nenhum outro lugar na época, mas esse caso ocorreu 19 anos antes do fechamento dos dois parques. Localizada no meio do lago Bay existe uma ilha chamada atualmente de Discovery Island, que é propriedade da Walt Disney World. Contudo a história da ilha já é registrada desde o começo nos anos 1900, quando a ilha ainda era chamada de Raz. A família Raz, que era proprietária da ilha, a usava para cultivo até o fim dos anos 1930, época em que o local foi comprado por Delmar “Radio Nick” Nicholson por 800 doláres, que renomeou a ilha como Isles Bay. Ele viveu na 40


ilha com sua esposa por 20 anos antes do local ser vendido novamente e usado como retiro de caça, renomeado agora como Ilha Riles. O local só foi comprado pela Disney em 1965. A ilha foi renomeada para Blackbeard’s, mas permaneceu sem investimentos ou desenvolvimento até 1974. A Buena Vista Constructiion Company acrescentou quase 14.000 metros cúbicos de solo, aumentando o tamanho da ilha para 4,5 hectares. Mais de 100 toneladas de pedregulhos e árvores foram exportadas de países como China, África do Sul e Himalaia fpara criar uma atmosfera especifica para a nova atração da Disney na época: Ilha do Tesouro. Em 8 de abril de 1974 a Ilha do Tesouro abriu e era possível chegar até ela pela doca do resort ou como parte do “Cruzeiro Walt Disney World” – um tour pela Lagoa dos Sete Mates e o Lago Bay. A ilha foi nomeada assim devido ao filme de 1950 do mesmo nome, mas o tema pirata do local foi ignorado devido as exposições de animais. A Disney renomeou o parque em 1978, para Discovery Island, retirando todas as referências a piratas e focando na riqueza botânica do lugar. A responsabilidade em questões ambientais e os cuidados animais foram questões públicas muito importantes para a Companhia. O empenho da empresa em conservação da natureza foi reconhecido em 1981, quando o parque se tornou creden41


ciado como zoológico pela Associação Americana de Zoológicos e Aquários. O local era muito conhecido por criar a última andorinha nativa do sul dos EUA viva, até a sua morte em 1987, para em 1990 ser declarada extinta. De acordo com funcionários da Disney, os abutres atacavam os animais do parque, enquanto os falcões e as corujas atacavam os pombos, e as garças eram muito barulhentas. Investigadores encontraram um galpão de metal que media 6 metros de comprimento, 2 metros e meio de largura e 2 metros de altura, sem janelas, ventilação, água ou poleiros. Comida velha, fezes e penas estavam no chão. 19 abutres estavam no local no momento, um deles morto. Um dos funcionários disse aos investigadores que 72 abutres já haviam sido mantidos no local de uma única vez. Jim Foung, gerente da Discovery Island, disse aos investigadores que eles inclusive já ponderaram destruir os abutres anteriormente. A empresa decidiu fechar o parque depois de inaugurar o Animal Kingdom. Em 8 de abril de 1999, 25 anos após a abertura, a Discovery Island foi fechada ao público. Em 2009, o assunto se tornou popular quando o fotógrafo Shane Pereza postou uma história em seu blog sobre a aventura que ele e seus amigos fizeram na ilha. A historia exploca como eles conseguiram chegar ao River Country, outro parque abandonado da Disney, e que isso lhes deu

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acesso à Discovery Island. Usando uma mochila a pova d’água que mantinha suas roupas extras secas e o equipamento de câmera protegido, eles nadaram pelo lago até a ilha. O post no blog se tornou viral, aparecendo em centenas de outros sites. A Disney não pode prestar queixa por conta das leis na Flórida sobre locais abandonados, ao invés disso a empresa decidiu banir o fotógrafo de seus parques pra sempre.

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Dadipark

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Bélgica

arques de diversão sempre foram palco para histórias de terror e pensamentos macabros, afinal, quando as luzes do dia vão embora e as famílias se divertindo também, o que sobra nesses locais são estruturas gigantes, multicoloridas, castelos do terror e túneis misteriosos. Por isso, não é raro ouvir história de lugares desse tipo sendo alvo de assombrações, em especial quando há casos de mortes e acidentes neles. O exemplo de hoje é um parque em Dadizele, na Bélgica, chamado “Dadipark”, que foi fundado por um por um pastor local, chamado Gaston Deweer, para crianças estrangeiras brincarem. Tendo em mente a acessibilidade e popularização, o parquinho cresceu até se tornar um parque temático, mas manteve sua essência humilde e simples até o fi De 1950 à 2002, nada demais aconteceu ali. Mas em 2000, um garoto perdeu o braço em uma atração aquática do local, chamada “Nautic Jet” (foto abaixo). Depois disso, eventos bizarros começaram a acontecer, seguidos de vários acidentes, e, com a notícia do garoto, o parque foi logo 45


decaindo, até ser decretada sua interdição, em 2012. Com o tempo, pichadores e vândalos começaram a frequentar o local, onde sempre são relatados sons estranhos e um clima pesado em geral, que não melhora com a destruição, ferrugem, janelas quebradas, animais selvagens e drogados que frequentam a área. Além do garoto que perdeu o braço, fala-se em mortes que teriam ocorrido no local, mas não há nada registrado na imprensa.

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Parque as Viagens de Gulliver

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Japão

ivemos atualmente numa sociedade em que o património por vezes é deixado em segundo plano, acabando abandonado, esquecido e devoluto, situação recorrente um pouco por todo o mundo, inclusive no Japão. Ora pelos vistos no Japão este problema também é visível, foco o caso do Parque das Viagens de Gulliver, localizado em Kawaguchi e que seria um espaço de lazer e divertimento destinado às crianças e também suas famílias, mas por ser pouco popular e conhecido, acabou por ser olvidado, não tendo sobrevivido praticamente nada da sua existência.

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Mandado edificar no ano de 1997/1998, à sobra da imponente beleza do Monte Fuji, baseado na obra britânica “As Viagens de Gulliver” da autoria de Jonathan Swift, o Reino de Gulliver apenas esteve em funcionamento cerca de quatro anos, tendo a roda da fortuna ditado assim o seu desfecho prematuro. Foi implementado numa zona geográfica pouco considerável, na província de Yamanashi, erguido ao lado da conhecida e intitulada “Floresta do Suicídio” – Aokigahara e perto de Kamikuishiki, cidade onde se fixava a sede terrorista do grupo religioso Aum Shinrikyo (jap. オウム真 理教) fundado por Shoko Asahara em 1984, responsável pelas 13 mortes com gás sarin ocorridas no metro da capital japonesa no ano de 1995.

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A sua área de inauguração não foi de todo a mais indicada, tendo em conta que não era um ponto turístico atrativo, levando o impopular parque temático financiado por Niigata Chuo Bank a encerrar as suas instalações em Outubro de 2001. Tanta história para contar, um parque que marcava pela inovação, acabou no final completamente perdido nas memórias do tempo, terminando no ano de 2007 por ser completamente desmantelado, sobrando apenas pequenos objetos de ferro, telhas e entulho que pelo terreno ficaram dispersos, na tentativa de relembrar a existência de um parque que poderia ter sido um empreendimento de bastante sucesso.

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Holy Land Park EUA

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quantidade de produtos relacionados à religião no mundo inteiro é tão grande que não causa muito espanto saber que alguém teve a ideia de construir um parque temático de Deus. Espanta menos ainda saber que essa ideia saiu do papel e esse parque efetivamente existiu. Agora, é difícil entender porque esse parque fracassou, mesmo com o imenso número de religiosos ao redor do planeta. Holy Land, USA foi um parque temático cristão construído em Waterbury, estado americano de Connecticut, em 1940. Durante 44 anos ele foi uma das grandes atrações turísticas do estado, com seus 72 mil m² de área dedicada à recontar as histórias do Novo Testamento. Ali estavam réplicas de Jerusalém e de Belém, além de marcos dos grandes feitos de Jesus Cristo e lugares que aparecem nas escrituras cristãs como locais importantes na vida do messias. A ideia principal do parque era a de proporcionar dias de paz a quem se hospedasse lá, não importando a reli-

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gião. Qualquer pessoa era bem-vinda, independente da crença. A maioria dos trabalhadores que construíram a cidade era de voluntários, que usaram uma grande quantidade de material reaproveitado e reciclado para fazer da Holy Land algo verdadeiramente diferente do que existia nos Estados Unidos naquela época. Inclusive, visualmente, o impacto era bem grande para quem chegava lá. A cidade era uma réplica bastante fiel de Belém e de pontos conhecidos da Terra Santa. Tudo era milimetricamente pensado para deixar os visitantes o mais próximo possível do contato com o seu Deus. Para se ter uma ideia, a área de recreação recebeu o nome de Jardim do Éden. Nos tempos de sucesso chegou a atrair cerca de 40 mil visitantes por ano, um número pequeno se comparado com outros parques temáticos, mas o suficiente para mantê-la funcionando sem grandes problemas financeiros. 51


Depois de quase três décadas de funcionamento ininterrupto, a Holy Land USA começou a dar sinais de desgaste e necessidade de algumas reformas começou a ficar evidente. Até que em 1984 não houve escapatória: a cidade foi fechada para uma reconstrução completa. Assim como na construção, a mão-de-obra voluntária fazia o trabalho nas horas vagas, já que os trabalhadores tinham seus empregos normais para sustentar as famílias. Dessa forma, o ritmo das obras foi muito mais lento do que de um trabalho normal. Em 1986, enquanto a reforma estava em andamento, um duro golpe se abateu sobre a Holy Land: o seu fundador, John Baptist Greco, morreu repentinamente, deixando os trabalhadores sem nenhum direcionamento do que fazer com a obra pela metade. Sem o seu grande mentor, as obras foram imediatamente paralisa52


das e a Holy Land jamais foi reaberta. Hoje, 29 anos depois do fechamento, a cidade é um lugar assustadoramente abandonado. Como a maioria desses locais, ela atrai muitos aventureiros em busca de boas fotos e quem sabe, alguma relíquia que possa ter sido esquecida por lá. O estado de degradação é tão grande, que os sites especializados em exploração de locais abandonados recomendam cuidado extremo, principalmente com a possibilidade de se contrair tétano com a ferrugem que tomou conta das instalações. Depois dessas décadas de abandono, finalmente apareceu uma luz no fim do túnel: a Holy Land foi comprada em junho de 2013 pelo valor de 350 mil dólares, por dois homens da região. Eles têm o audacioso plano de revitalizar e tornar o parque novamente um centro de visitação. Mas, por enquanto, essa ideia ainda não saiu do papel.

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Fechado desde então, o local hoje mantém suas antigas atrações, que estão abandonadas ao sabor do tempo. Quase perdidos em meio a montanhas de mato e ferrugem estão o Jardim do Éden, o Santo Sepulcro e o palácio de Heródes e uma imensa cruz fincada no topo da colina que imita a vista do Monte das Oliveiras, na Jerusalém original. Assim, o parque virou um paraíso dos exploradores urbanos americanos, que visitam o local para fotografar e passear pelo parque abandonado. Até hoje, a secretaria de turismo de Waterbury recebe cerca de 150 ligações anuais pedindo informações sobre o local. No auge da popularidade, que aconteceu entre 1962 e 1976, o parque chegou a receber 40 mil visitantes anuais.

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9 Auditório Orpheum EUA

O

Auditório Orpheum é um antigo teatro localizado na Water Street em New Bedford, Massachusetts, nos Estados Unidos. Originalmente chamado de Majestic Opera House, o local abriu em 15 de abril de 1912 (o mesmo dia em que o Titanic afundou). Sob a posse do clube francês Sharpshooter’s of New Bedford, o auditorio esteve aberto por quase 50 anos e contava com um campo de tiro blindado e um salão para bailes. O lugar ficou conhecido por ajudar tropas durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. O clube vendeu o local para o Circiuto Orpheum de Boston. Não só tinha espetáculos variados, mas na época em que caiu em declínio, o auditório começou a passar filmes. O Auditório Orpheum é conhecido por ser o segundo mais antigo (foi construído um ano depois do Teatro Orpheum de Los Angeles). Quando o lugar abriu, havia lugar para 1.500 pessoas. Na época em que foi fechado, em 1958-1959, continuava em funcionamento apenas para eventos especiais. O clube Sharpshooters o vendeu em 1962, e foi usado como depósi55


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to por uma empresa de tabaco. O fundo do auditório agora funciona como supermercado, mas o resto do espaço continua vazio. O local ainda é propriedade privada. Existiam planos da Orph Inc. de trazer de volta o local e revitalizar a economia de New Bedford. A missai deles diz que pretendem ‘criar e gerenciar um lugar multi-cultural, que promova arte, cultura, diversidade e educação, para organizar e promover eventos que contem com a participação pública. Eles pretendem gerenciar o auditório para que cumpra com esses propósitos. ”

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10 SS America Grécia

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S América era um transatlântico construído em 1940 para os Estados Unidos Lines e desenhado pelo arquiteto naval William Francis Gibbs. Levou muitos nomes nos 54 anos desde a sua construção e sua demolição em 1994, ele atuou como a SS America (levando este nome três vezes diferentes durante sua carreira), o USS West Point, o Australis SS, a SS Italis, a SS Noga, o SS Alferdoss, e o American Star SS. Ele serviu principalmente em serviço de passageiros como a América do SS, e como o grego com bandeira SS Australis para Chandris. Em 1941, ela levou dois espiões nazistas do em sua equipe: Erwin Wilhelm Siegler e Franz Joseph Stigler. Os dois homensforam acusados ​​pelo FBI de espionagem e condenado a 10 anos e 16 anos de prisão. CONSTRUÇÃO (1936-1939) O SS América foi estabelecido de acordo com o primeiro contrato Comissão Marítima em 22 de agosto de 1938, em Newport News, Virginia, pela Newport 58


News Shipbuilding Company. Ele era um dos poucas transatlânticos, americanos ou não, que teve seus interiores projetados por mulheres - a empresa New York Smyth Urquhart &Marckwald. A decoração exagerada de forros do passado foi descartada para criar um navio confortável e amigável. Design de interiores e mobiliário foram feitos para proporcionar uma atmosfera de alegria e encanto sofisticado. América foi lançado no dia 31 de agosto de 1939 e foi patrocinado por Eleanor Roosevelt, esposa do ,então presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt.America entrou em serviço como o carro-chefe dos Estados Unidos Lines em 10 de agosto de 1940, quando ele omeçou sua viagem inaugural.

INÍCIO DA CARREIRA

Como originalmente concebido , SS América poderia levar 543 na classe de cabine, 418 em classe turística , 241 em terceira classe , e da tripulação 643. As acomodações interiores foram projetadas por arquitetos da Eggers & Higgins para ser o melhor em design americano contemporâneo, fazendo uso de aço inoxidável , cerâmica e materiais sintéticos . Devido ao progresso europeu da Segunda Guerra Mun59


dial, em que os Estados Unidos ainda era neutro, o nome do navio, “ United States Lines” , e duas bandeiras americanas foram pintados em tamanho grande em ambos os lados de seu casco. À noite, ele partiu totalmente iluminado. Além disso, ela não levou imediatamente para o seu serviço do Atlântico Norte que se destina, em vez navegando em águas mais seguras. Ele foi, no entanto, tranquilamente equipado com um cabo de desmagnetização para proteção contra minas navais em 3 de janeiro de 1941. Em 28 de maio de 1941, o SS América foi convocado para o serviço pela Marinha dos Estados Unidos, enquanto o navio estava em Saint Thomas nas Ilhas Virgens Americanas.

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SERVIÇO DA MARINHA DOS EUA (1941-1946) 1941 SS América estava atracado em Norfolk, Virgínia, e adquirido pela Marinha em 01 de junho de 1941 para ser usado como um transporte de tropa. O navio foi rebatizado o USS West Point (AP- 23), o segundo EUA navio da Marinha do nome e foi contratado para prestar serviços sob o comando do capitão Frank H. Kelley, Jr. No momento em que a conversão foi concluída , barcos salva-vidas cobertas as janelas da cabina de passeio, “ pessoa de pé “ beliches poderia ser encontrado em toda parte, várias armas antiaéreas foram instaladas , todas as suas janelas estavam cobertas , ele foi pintada na cor cinza camuflagem, e sua capacidade de transporte de tropa eraaumentada para 7678. O USS West Point logo começou a Nova York e , ao mesmo tempo ancorado na estação de quarentena Staten Island em 16 de julho , levou a bordo 137 cidadãos italianos e 327 cidadãos alemães dos consulados dessas nações , nos Estados Unidos , que tinha sido fechadas. West Point teve início em 1455, naquela tarde , com destino a Portugal, e chegou a Lisboa em 23 de Julho . Enquanto estava lá, o navio foi visitado por dignitários navais e diplomáticos portugueses, e transferiu suprimentos para a Guarda Costeira Ingham, a “Estação de navio “ em Lisboa, Portugal. Depois que seu passageiro italiano final tinha sido desembarcado em 23 de julho e a última alemã em 24 de julho de West Point inicia61


do um assumir 321 cidadãos norte-americanos e 67 funcionários chineses consular e suas famílias - em 26 de julho . Voltando a Nova York, em 1 de agosto de West Point descarregado seus passageiros e seguiu para o sul para uma revisão em Portsmouth, Virginia . Em seguida, participou de exercícios táticos fora da Virginia Capes de 26 a 29 de agosto em companhia de Wakefield e Mount Vernon. Em 3 de novembro, partiu de águas Carolina e chegou a Halifax, Nova Escócia, no dia 5 do mesmo mês . Lá, em 8 de novembro e 9 de Novembro, embarcou 241 oficiais e 5.202 homens da 55 Brigada, e 100 homens de uma empresa Exército dos EUA Field Service. Em 10 de novembro, West Point - em companhia de cinco outros transportes: Wakefield, em Mount Vernon , Orizaba , Leonard Wood , e Joseph T. Dickman - teve início para a Índia. No caminho, eles se juntaram pelo porta-aviões Ranger, os cruzadores Vincennes e Quincy. Alcançando Cidade do Cabo, África do Sul, em 9 de dezembro, West Point e Wakefield foram destacadas em 23 de dezembro.. Escoltado pelo cruzador pesado britânico HMS Dorsetshire, o comboio passou sem intercorrências para a Índia. 1942 Tendo concluído seu descarga até 31 de dezembro de 62


1941, West Point ancorada na corrente , na manhã de 02 de janeiro de 1942 e aguardava novas ordens até 4 de Janeiro , quando as autoridades britânicas pediram Captain Kelley, de West Point , se o seu navio e Wakefield poderia ser trouxe menos de 30 pés ( 9,1 m) proposta para fazer a passagem para Cingapura. Kelley respondeu que isso poderia ser feito , mas isso implicaria descarga de lastro e expulsando alguns dos frescos de abastecimento de água , portanto, do navio em perigo a estabilidade do navio . Devido às condições de baixa-mar predominante em Bombaim, neste ponto, nem West Point nem Wakefield poderia ir ao lado de cais no porto , quer equipamento de carga ou tropas. Assim, os procedimentos de embarque e de carga tiveram que ser realizados pelo tedioso processo de embarcar tropas e suprimentos de carregamento de navios menores e isqueiros trazidos ao lado. Wakefield embarcou quase a um homem - as tropas que tinha trazido de Halifax, um total de 4.506, enquanto o West Point embarcou dois terços das tropas que tinha transportado , além de alguns que tinham saído em outros navios.Tudo dito, que ela carregava algumas 5.272 homens. USS West Point chegar a Nova York, com tropas da Europa, em julho de 1945.West Point embarcou para Cingapura em 9 de janeiro , em um comboio “ 15 - nó “ , com o Capitão Kelley como o Convoy Commodore . Além dos dois navios americanos , três transportes britânicos - Duquesa 63


de Bedford , a imperatriz do Japão, e Império Estrelas compunham o restante da van . Escoltado por cruzador leve britânico HMS Caledon até este navio foi aliviada pela cruzador ligeiro HMS Glasgow em 1630 , em 22 de janeiro de escolta do comboio logo aumentou para três cruzadores e quatro destroyers como o comboio se aproximava Java. Atividades submarino japonês perto do arquipélago indonésio solicitado preocupação com a chegada segura dos navios de valor, portanto, um desvio de 200 milhas (320 quilômetros) através do raso, coral cravejado de Sunda . Liderados pelo cruzador britânico HMS Exeter, os navios diminuiu para 10 nós (19 km / h) , e as artes de streaming paravane , começou a passagem . Um destróier escolta vapor entre cada transporte , uma vez que no vapor , a fim de coluna única . Foi uma passagem perigosa , uma pequena divergência com o caminho traçado poderia significar uma base desastroso . 64


O comandante da tela , o capitão Oliver L. Gordon , RN , comandando Exeter, desejava chegar a Cingapura, com o maior número de navios possível pela madrugada do dia 29 de janeiro, e dividir , assim, o comboio se , enviando o mais rápido navios de West Point, Wakefield, e Imperatriz do Japão em frente ao aumento da velocidade , sob escolta de cruzadores HMS Exeter , HMS Durban , HMS do dragão, e destróieres HMS Express e HMS Electra . Prosseguindo para Cingapura via Berhala Strait, Durian Strait, e Philips Channel, o grupo vapor através destes corpos de água em lua brilhante que fez ajudas à navegação desnecessário. Após a sua chegada fora de Cingapura , os navios colocar a em uma posição exposta, além do alcance das armas antiaéreas baseadas em terra , até que os pilotos poderiam ser obtidos para trazer os navios dentro Desde a base naval ficou sob ataques aéreos pesados ​​por dia, os transportes procedeu a Keppel Harbor, a bacia comercial em Cingapura, onde eles poderiam cumprir as suas tropas e carga. Protegendo a par godowns (armazéns ) 52, 53, e 54 , West Point começou equipamentos off -loading e desembarque suas tropas . Todos com exceção de 670 tropas de engenharia, que tinham sido ordenados a bordo, estavam em terra antes do anoitecer. Ataques aéreos, enquanto isso, continuou até a meia-noite , como os japoneses constantemente bateu Cingapura do ar. Em cada alerta , os trabalhadores locais que trabalham no cais desapareceria , levando para os abrigos e deixando a carga vital ainda descarrega65


do.Como resultado, o descarregamento foi realizado pela equipe de West Point, suas tropas embarcaram , e 22 trabalhadores locais que foram trazidos a bordo para ajudar. Em 30 de janeiro , sete bombardeiros japoneses apareceu sobre a cidade e foram contratados por caças britânicos Brewster Buffalo . Como o alerta continua, 30 aviões mais japoneses apareceu em cima, no curso sobre Keppel Harbor. Várias bombas caíram em terra, em direção ao leste de amarras de West Point, enquanto a outra vara caiu na água para o sul. Nesse ínterim, bombas atingiram outros alvos. Um pequeno petroleiro ancorado perto de Wakefield foi afundado no cai ; bombas caíram a par Imperatriz do Japão , e Wakefield teve um impacto direto para a frente , que destruiu sua enfermaria , matou cinco homens e feriu nove. As últimas bombas neste vara montou West Point e a cobriu de estilhaços. Como o ataque levantou, West Point enviou dois oficiais médicos e 11 paramédicos a bordo Wakefield, a pedido deste último, para prestar assistência médica. Mais tarde naquela manhã , o capitão Kelley participou de uma conferência com as autoridades britânicas, que o informaram que o navio estava a ser utilizado para transportar um contingente de tropas australianas do Suez para Singapura e para o transporte de refugiados e desabrigados para o Ceilão . Com a situação de emergência “ aguda “, Kelley concordou em levar a bordo até mil mulheres e crianças e os tais adicionais como o britânico desejava enviar . Com o abandono do estaleiro naval, insustentável em face de 66


cada vez mais pesados bombardeios ​​ japoneses da artilharia e aviões, vários marinheiros e civis estaleiro e suas famílias foram designados para West Point para a evacuação. A maioria realizada apenas bagagem de mão; tinha pouca, ou nenhuma, o dinheiro , mas estavam todos a sorte de escapar da cidade condenada antes de sua queda para as tropas japonesas onrushing do General Yamashita . Ao todo, cerca de 1.276 oficiais de marinha , suas famílias, civis estaleiro , desalojados civis, a 16 -man Royal Air Force (RAF ) , contingente e 225 classificações navais compunham as 1.276 pessoas embarcaram em 1800 no dia 30 de janeiro. Clearing Singapura, West Point e Wakefield chefiada oeste , escoltado por HMS Durban.Tempo nublado e coberto squally sua partida e permitiu-lhes o trânsito Banka Estreito sem serem molestados pela aeronave japonesa aparentemente onipresente. Direcionado para a Batávia, Java, para embarcar mais refugiados , West Point levou Wakefield e Durban através de campos minados e ancorado em Batavia Roads em 0305 em 31 de janeiro . HMS Electraque seriam perdidos na Batalha do Mar de Java 27 de fevereiro, veio ao lado de oito horas depois e transferidos 20 funcionários Estaleiro Naval , três mulheres , esposas cinco dos oficiais navais, um oficial francês grátis , e um oficial da RAF para West Pointpara a passagem para o Ceilão . No 1240 em 1 de fevereiro de West Point -in da empresa com Wakefield e sob escolta de Exeter, HMS Encounter , e

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HMAS Vampiro tem - curso. Os destróieres, eventualmente, saiu para realizar outras funções, e Exeter , assim logo se afastaram para escoltar um outro comboio , deixando os dois grandes de tropas por conta própria. Enquanto eles estavam a caminho, a notícia desconcertante veio pelo rádio. I- barcos japoneses (identificadas após a guerra como I- 162 e I- 153) tinha sido ativo na vizinhança, afundando seis navios entre eles. West Point adquiriu um passageiro extra quando estava a caminho , pois , em 4 de fevereiro , um menino nasceu a bordo. Colombo Harbor, Ceilão , onde chegaram em 06 de janeiro , estava tão lotado que as autoridades britânicas não podia permitir Wakefield para reparar seu dano lá. Os passageiros , por sua vez , teve muita dificuldade em arranjar transporte para terra adequado. Além disso, nem o transporte poderia totalmente disposição. Autoridades britânicas solicitaram os navios norte-americanos para evacuar o pessoal para Bombaim. Assim, West Point levou a bordo oito homens , 55 mulheres e 53 crianças , assim como 670 soldados , para a passagem para a Índia. Wakefield, apesar de sua condição enfraquecida causada pela batida direta em 29 de janeiro, iniciou duas classificações navais, seis pessoal da RAF, e 25 homens e um oficial de British Bofors desapego arma. Os dois navios partiram Colombo em 8 de fevereiro e, escoltado pelo destróier grego Queen Olga, procedeu a 20 nós (37

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km / h) . Captain Kelley tarde muito elogiado as operações desta único acompanhante. Embora o mau tempo foi encontrado no caminho, o destruidor grego idosos absolvido se bem , continuando a patrulhar sua estação “ em todas as vezes em alta velocidade à frente do nosso zig -zag “.

Depois de descarregar seus evacuados em Bombaim , West Point separou-se de Wakefield e passou a Suez , onde ela pegou as tropas australianas que estavam sendo retirados da Campanha Norte Africano para lutar contra os japoneses no Sudeste Asiático. Enquanto isso, um desastre após o outro 69


havia atormentado as forças aliadas. Cingapura caiu em 15 de fevereiro; Java em 4 de março. West Point realizou suas tropas embarcaram para a Austrália e desembarcaram -los em Adelaide e Melbourne antes de ir através do Pacífico em direção a San Francisco. Como os aliados construído para o longo caminho de volta, West Point participaram do esforço para ajudar aliados dos Estados Unidos no Pacífico sudoeste com contingentes maciços de tropas. Por conseguinte, o transporte efectuado homens para Wellington, Nova Zelândia, e chegou em 30 de maio. Lá, ela recebeu ordens para voltar para Nova York, e ela teve início a partir de Melbourne em 8 de junho, com destino ao Canal do Panamá. Ela entrou no Atlântico em 26 de junho e chegou a Nova York em 2 de julho. Depois de duas viagens para o Reino Unido, West Point partiu para a Índia, através da rota do Atlântico Sul, e chegou a Bombaim em 29 de novembro , antes de empurrar para Auckland, na Nova Zelândia, no mês seguinte. 1943 O transporte devolvido via Nouméa, Nova Caledônia, para San Francisco em 31 de janeirode 1943. Ela permaneceu na Costa Oeste até 16 de fevereiro, quando ela chegou emandamento para o Pacífico Sul e refez seu caminho para Wellington, Nova Zelândia, eportos australianos. Ela, então, continuou a oeste-chamada em Bom70


baim, Massawa, Adene Suez-e parou brevemente na Cidade do Cabo em rota para o Rio de Janeiro, Brasil. Eventualmente chegar a Nova York, em 04 de maio, o navio posteriormente fez duas viagens para Casablanca, Marrocos francês antes de embarcar para Bombaim via a rota do Atlântico sul. Chamando no Rio de Janeiro e Cidade do Cabo a caminho, o grandetransporte continuou, via Bombaim e Melbourne, no para a Costa Oeste dos Estados Unidos. Logo depois, West Point começou a transportar tropas para a Austrália e continuou a fazerviagens lá e bases aliadas no Pacífico Central e do Sul até o final de 1943. 1944 Em 1944, o transporte continuou seus deveres laborioso vitais, partindo de San Francisco em 12 de Janeiro, com destino a Nouméa e Guadalcanal, e de San Pedro, Califórnia em 22 de fevereiro, com destino a Nouméa e Milne Bay. Ela partiu de último porto e vaporatravés do Canal do Panamá para Boston, Massachusetts, onde chegou em 12 de junho. Ela realizou cinco viagens sucessivas ao Reino Unido antes de partir Boston em 06 de dezembro de 1944 para Oran, Argélia; Casablanca, Marrocos francês, e Marselha, na França. O transporte saiu do Mediterrâ-

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neo em 26 de dezembro e passou a Norfolk, Virginia.

1945-1946 Em 1945, West Point viajou para portos italianos e franceses , através de Oran ou Gibraltar , encenação de Hampton Roads, Virgínia , Boston ou Nova York. Depois que a Alemanha se rendeu, ela participou de algumas das viagens “ Tapete mágico “ iniciais , levando para casa as tropas americanas a partir das frentes de batalha europeus. Após sua última viagem europeia a Le Havre , França West Point foi transferido para a Frota do Pacífico . Ela partiu de Boston em 10 de dezembro de 1945, o Canal do Panamá , e começou a Manila , Filipinas via Pearl Harbor. Refazendo o mesmo caminho , ela atracou no cais 88 em Nova York, em 07 fevereiro de 1946 e logo teve início em Hampton Roads, onde ela foi liberada do serviço de transporte de tropa em 22 de fevereiro . Sua última viagem sob o nome de West Point foi uma curta viagem de Portsmouth a Newport News para re- conversão para um navio de passageiros . Lá, seis dias depois, ela foi oficialmente encerrado, e retirado do navio Register Naval em 12 de março e transferido para Guerra Administração de envio da Comissão Marítima . Durante seu serviço naval ela transportou um total de mais de 350.000 tropas que foi o maior total de qualquer troopship Marinha em serviço durante II Guerra Mundial , 72


em 1944 , ela foi capaz de transportar 9.305 pessoas. Além disso, o transporte de tropas transportadas funcionários da Cruz Vermelha , funcionários das Nações Unidas , crianças, civis, prisioneiros de guerra, e artistas . CARREIRA APÓS GUERRA (1946-1964) Carreira pós-guerra dos Estados Unidos foi bem sucedida, se sem interferências. Finalmente, ela foi capaz de navegar sua rota Nova Iorque-Le Havre-Bremerhaven-Cobhque tinha sido adiada pela Segunda Guerra Mundial. Para muitos amantes do navio, ela era a embarcação mais lindamente decorado para voar a bandeira americana, menos rígida e não tão ameaçadora para o futuro como seu FLEETMATE prestes a estrear, a SSUnited States. Muitos turistas americanos preferiram viajar em um navio americanoconstruído e de propriedade, como alguns deles considerado mais seguro e mais limpo. Com a introdução do maior e mais rápido dos Estados Unidos em 1952, reinado da América como rainha da marinha mercante dos EUA foi tirada. Sua disparidade detamanho e velocidade impediu de se tornar verdadeiros companheiros de chapa, como oRMS Queen Mary e RMS Queen Elizabeth da Cunard Line. Mas ela ainda era um dos favoritos de muitos. Depois de 1955, ela partiu para a portos tropicais, como Bermudas e Caribe. Em 1962, ela par73


tiu em 14 viagens transatlânticas. Em 1963, ela partiu em 8viagens transatlânticas.

1964-1979 América foi vendido para o Grupo Chandris de propriedade grega em 1964. Aos vinte e quatro anos, ele estava ficando mais velho e enfrentar a concorrência dos novos navios, mais rápidos, assim como o avião. O emigrante prazo pós-guerra da Europa para a Austrália tornou-se um mercado lucrativo para os navios de passageiros, apesar da crescente popularidade das viagens aéreas.

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América, agora renomeada Australis (do antigo nome latino para a Austrália, Terra Australis “terra do sul”), foi reformado extensivamente. Este aumento da sua capacidade de passageiros de menos de 1.200 a 2.258. Cerca de 350 cabines adicionais foram instalados e muitas cabines existentes receberam leitos extras. Sua viagem inaugural foi a partir de Piraeus em 21 de agosto de 1965 para a Austrália e Nova Zelândia via Suez, retornando para Southampton através do Pacífico e Panamá e Miami. Depois disso ela navegou regularmente a partir de Southampton, ocasionalmente Rotterdam, nesta rota-mundo da rodada. No fechamento do Canal de Suez em 1967, Piraeus foi descartada como uma chamada de Port-of-e navegou para sul via Cidade do Cabo. Em 11 de julho de 1974, Australis foi envolvido em uma pequena colisão com o porta-aviões australiano HMAS Melbourne, enquanto em Sydney Harbour. Ambos os navios foram ligeiramente danificado, mas não houve vítimas. Ela foi a última forro proporcionando um serviço regular para a Austrália e Nova Zelândia a partir de Southampton até sua viagem final que deixou em 18 de Novembro de 1977.Depois de chegar a Auckland, ela foi colocada acima em Timaru em 23 de dezembro de 1977. Australis também foi popular como um navio de cruzeiro na Europa e fora da Austrália e Nova Zelândia, embora seu objetivo principal era a transferência de imigrantes. Ela continuou este comércio por quatorze anos, mas o aumento 75


dos custos de combustível e a infra-estrutura envelhecida, o tiraram de uso.

CARREIRA NO TURISMO Após um período de inatividade em Timaru, Nova Zelândia, o SS Australia foi vendido para a Venture Cruzeiros de Nova York. O casco do navio foi pintado de azul escuro e os funis foram repintados em um esquema de cores azul e vermelho. O navio partiu em seu primeiro cruzeiro no dia 30 de junho de 1978. Porém, estava em péssimo estado, com pilhas de roupas sujas e colchões usados, lixo espalhado e cheiro de óleo de motor. Além disso, a água de grande parte da tubulação vazou. Junto com os problemas de manutenção, as tentativas de enfeitar o navio levaram a outros problemas, como erros de pintura. O navio mal havia passado pela Estátua da Liberdade e o capitão fez meia volta em direção a Nova York outra vez, pois os passageiros estavam mal acomodados. Em 18 de julho de 1978, o navio foi apreendido por falta de pagamento de dívidas. Foi vendido para a Intercommerce Corporação em 1980, e foi rebatizado de SS Noga. A intenção da empresa 76


era converter o navio a um navio-prisão, e ancorá-lo em Beirute, mas isso nunca aconteceu. Novamente vendido em 1984, dessa vez para a Silver Moon Ferries, ele foi novamente rebatizado, dessa vez com o nome Alferdoss, que significa “paraíso” em árabe. Contudo, uma ruptura no tubo de esgoto causou inundações na sala de máquinas e em alguns alojamentos da tripulação, fazendo com que, no final dos anos 80, fosse vendido por US $ 2 milhões de dólares para ser demolido, o que não aconteceu. Em fevereiro de 1993, o navio foi vendido (OUTRA VEZ!), coma intenção de ser reformado e se tornar um hotel de cinco estrelas na Tailândia. Em agosto do mesmo ano ele foi renomeado de American Star. Suas hélices foram removidas e colocadas no convés, o funil e a ponte foram pintadas de vermelho e as escadas foram soldadas para estibordo, porém, ao tentar deixar a Grécia, encalhou, e mesmo após tentar de diversas formas, ninguém conseguiu retirá-lo do local. Enquanto as discussões entre os proprietários do navio, a empresa de reboque e as empresas seguradoras aconteciam, o navio foi deixado com a natureza e a parte da frente encalhou em um banco de areia. Em 6 de julho de 1994 o navio foi declarado como perda total. A seção de popa desabou completamente e a porta 77


afundou em 1996. O lado da porta teve um colapso na estrutura em 2005, e em 2006 casco começou a romper. Desde 2013 o navio só é completamente visível durante a maré baixa.

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11 Eastern State Penitentiary Philadelphia

U

EUA

ma das prisões mais antigas e históricas dos EUA. Considerada por alguns como o primeiro edifício moderno da história dos EUA. Construída numa época que nem a Casa Branca tinha canalizações, a penitenciaria de Philadelphia foi construída com um sistema de aquecimento, água e esgoto em cada uma de suas celas. E que ainda abrigou alguns dos mais famosos criminosos americanos como “Slick Willie” Sutton e Al Capone. A História desta penitenciária começa em 1787, cerca de quatro anos após a Guerra Revolucionária Americana, uma época em que os Estados Unidos era um país repleto de oportunidades e desafios. E nenhuma outra cidade deste país sentiu toda a efervescência deste período como Philadelphia, onde delegados se reuniam no Independence Hall para elaborar o que mais tarde se tornaria a Constituição deste país. Neste mesmo ano, à cerca de alguns quarteirões de distância do Independence Hall, na casa de Benjamin Franklin, um outro grupo de líderes encabeçados por Benjamin Rush se reunia para debater um assunto totalmente 79


diferente: a reforma das prisões. Tudo isso motivado pela situação deplorável da Prisão em Walnut Street, localizada logo atrás do Independence Hall, onde homens e mulheres, adultos e crianças, ladrões e assassinos eram encarcerados juntos. Num local onde doença, estupro, roubo e morte eram ocorrências comuns sob a conivência dos carcereiros que faziam pouco ou nenhum esforço em proteger os prisioneiros uns dos outros. Ao invés disso, vendiam álcool, comida e vestuário. Não era raro ver prisioneiros morrendo de frio ou fome. Tendo em vista estas condições sub-humanas este grupo de cidadãos interessados em resolver este assunto, auto-intitulado de Sociedade Philadelphia de alívio as misérias das prisões públicas, decidiu que isto não deveria continuar desta forma. E literalmente preparou o terreno para reforma do sistema prisonal não somente na Pennsylvania, mas

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também em todo o mundo. Desde o seu início, a então colônia da Pennsylvania, estava determinada a ser diferente das outras colónias estadunidenses. Seu Fundador William Penn, que desembarcou nos EUA em New Castle em Delaware, levou seus valores religiosos protestantes de Quaker para a nova colônia. Que entre outras coisas evitava o código penal impiedoso praticado em grande parte da América do Norte Britânica fosse seguido à risca. Código este em que a pena capital era o castigo normal de uma série de crimes como, a negação de um “verdadeiro” Deus, o seqüestro e a sodomia. A Pennsylvania por sua vez, baseou suas penas em trabalhos forçados e multas como o tratamento para a maioria dos crimes, enquanto manteve a pena de morte apenas para o homicídio. Mas quando em 1718 grupos conservadores

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assumiram o controle da Pennsylvania, eles acabaram com este sistema e passaram a incorporar as duras normas aplicadas em outros lugares. Desta forma as cadeias simplesmente tornaram-se depósitos humanos, centros de detenção para os prisioneiros, à espera de alguma forma de punição corporal ou capital. Apenas setenta anos depois alguma coisa foi feita no intuito de tentar acabar com este código penal. Quando o Dr. Benjamin Rush um proeminente médico, signatário da Declaração da Independência na Philadelphia e que mais tarde ganhou o título de “pai da psiquiatria americana” por sua inovadora observações sobre as “doenças da mente.” Teve a idéia em reformar o sistema prisonal da Pennsylvania.

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Depois retornar aos EUA após uma temporada pela Europa em 1787 Rush e Benjamin Franklin entre outros intelectuais americanos contemporâneos proclamam que uma mudança radical não era necessária apenas na prisão de Walnut Street em Philadelphia, mas sim em todo o mundo. Eles estavam convencidos de que o crime era uma “doença moral”, e foi assim então que sugeriu a idéia da penitenciária como “casa de arrependimento”, onde os presos pudessem meditar sobre seus crimes, remorsos através de uma experiência espiritual e desta forma passar por uma reabilitação. As primeiras alterações propostas e feitas na Prisão de Walnut Street, foram a separação por sexo e tipos de crime. Oficinas vocacionais foram instituídas para ocupar o tempo dos prisioneiros, e muito do comportamento abusivo dos oficiais foi abolido. Mas como tais medidas não foram ainda suficiente para minimizar o elemento criminal uma população carcerária crescente como era a de Philadelphia. Surgiu assim a necessidade de um presídio em grande escala. Necessária para cumprir a missão da sociedade com o encarceramento dos indivíduos que representassem perigo para ela, onde o isolamento completo de cada prisioneiro precisaria ocorrer. Como isso era impossível acontecer nas prisões super-

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lotadas. Começou a ser construída em 1822 a Eastern State Penitentiary. O desenho escolhido, criado pelo arquiteto britânico John Haviland, era diferente de qualquer visto antes: Com sete asas com celas individuais que irradiam a partir de um hub central. Em que os presos teriam suas celas individuais e um pequeno pátio de sol. O presídio foi inaugurado sete anos mais tarde em 1829 e provou ser uma maravilha tecnológica. Comaquecimento central, sanitários, duchas em cada cela privada. A penitenciária ostentava um luxo que nem mesmo o presidente da época Andrew Jackson poderia desfrutar na Casa Branca. Charles Williams, um fazendeiro condenado a dois anos por roubo, foi o primeiro detento do lugar. Em 23 de Outubro de 1829, Williams foi escoltado para a prisão com uma venda sobre sua cabeça. Isso foi feito para proteger seu anonimato e uma eventual integração na sociedade após a libertação, já que ninguém iria reconhecer o rosto da prisão. Mas também serviu a outro propósito: assegurar que não haveria nenhuma chance de escapar. Uma vez que o detento não veria como era a prisão por fora, apenas o interior de sua cela individual. O objetivo era a reclusão total, tanto que a comunicação com os guardas era feita através de um orifício de alimentação pequeno. Os presos viviam em completo isolamento,

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apenas com uma Bíblia como sua única posse, e com tarefas como calçados e tecelagem para ocupar seu tempo ocioso. Os reclusos além de suas celas solitárias, tinham também acesso a um pátio privado (ao qual tinha acesso 1h por dia) e durante o tempo da sua pena não podiam se comunicar com ninguém! Total silêncio era a palavra de ordem. Os guardas usavam até meias por cima das botas para abafar o som dos passos. Delegados de todo o mundo foram para Philadelphia para estudar o famoso sistema Prisional da Pennsylvania. Um deles elogiando o conceito, escreveu sobre a sua viagem de 1831: “Pode haver uma combinação mais poderosa para a reforma que a solidão?… leva prisioneiro através da reflexão de remorso, por meio da religião de esperança, torna-trabalhador por … ociosidade? Ao todo, mais de 300 prisões em toda a Europa, América do Sul, Rússia, China e Japão se basearam no modelo da Eastern State Penitentiary. Mas alguns não estavam tão convencidos do método. Charles Dickens, depois de sua visita em 1842, disse que o isolamento era uma forma de os detentos premeditarem sua “vingança”no futuro. A partir de 1913, o modelo teve que ser abandonado devido à falta de espaço. O sistema de isolamento passou a ser impossível de se manter e entrou em colapso. E, assim como a prisão de Walnut Street, a Eastern State Penitentiary 85


foi condenada pelo rápido crescimento da população carcerária da Pennsylvania. Presos passaram então a compartilhar celas, trabalhar juntos e, até mesmo jogar em esportes organizados. Originalmente concebida para armazenar cerca de 300 prisioneiros, na década de 1930 abrigava cerca de 2.000. Mais e mais celas foram construídas no decorrer do tempo, muitas delas abaixo do solo, sem janelas, luz ou esgoto. Eventualmente, a solidão não era a redenção, mas sim o castigo. O local além de uma capela passou a abrigar também uma sinagoga. Inclusive nesta parte da visita descobrimos que em 1924 um labrador preto foi condenado a prisão perpetua nesta penitenciária acusado de matar o gato da esposa do governador da Pennsylvania. Cada uma! Bem já na década de 1960, com o sistema penitenciário estadual desmoronando, os princípios corregionacionais já tinham sido abandonados havia muito tempo e a prisão estava superlotada e não demorou muito para algumas rebeliões despontarem. Todas controladas com força pela polícia do estado. Uma coisa que chamou a atenção foram as cerca de 100 tentativas de fuga na história desta penitenciária. Apenas um destes detentos conseguiu escapar sem ser recapturado, desta que foi construída para ser uma prisão à prova de fugas. 86


Em 1971, a Eastern State Penitentiary foi oficialmente fechada pelo estado da Pennsylvania. Ao longo dos seus 142 anos de existência, a penitenciária abrigou cerca de 75.000 presos, incluindo o famoso gangster Al Caponeque além da fama, foi um dos únicos com certas regalias, incluindo mobília de luxo, ‘melhor’ localização e ‘serviços’. Declarado um marco histórico nacional em 1965, a prisão foi aberta como um local histórico em 1994. Hoje nós turistas podemos caminhar sob as abododas e clarabóias do edifício em estilo neo-gótico, que uma vez que representou as ambições morais dos pais fundadores da América.

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Hoje, a prisão encontra-se num estado controlado de ruína o que torna o espaço ainda mais assustador. É objeto de estudo por parte de muitos historiadores, é palco de intervenções artísticas e cenário de séries e filmes. Mas aberta aos turistas e consegue transmitir um pouco do que foi a vida dentro destes muros durante o seu mais de quase 1 século e meio de funcionamento. Apesar de cobrar a entrada, o lugar é realmente muito interessante e tem um audio tour muito interessante, com relatos de guardas, médicos e reclusos que por lá passaram e relatam como era a vida dentro deste lugar. Embora visitar um lugar desses possa parecer esquisito, é extremamente importante conhecer a história para se aprender com ela. É conhecendo um lugar assim ou visitando um campo de concentração que passamos de fato entender e aprender com o passado. Este é um dos mais interessantes monumentos para se visitar na cidade berço dos EUA.

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12 Estação Central de Michigan

A

EUA

estação Central de Michigan, em Detroit, foi construída na primeira década do século passado e passou a funcionar em 1913. Nesta época, era a estação ferroviária mais alta do mundo e realizava o transporte de cargas e de passageiros. O prédio foi reformado em 1978 e, em 1988, o último trem da estação partiu de lá. Apesar de várias tentativas de reforma, o prédio está abandonado. Michigan Central Station (também conhecido como Michigan Central Depot ou MCS), construído em meados de 1912 até 1913 para a estrada de ferro Central Michigan, foi Detroit, depósito de Michigan ferroviário de passageiros desde a sua abertura, em 1913, depois que o anterior Michigan Central Station queimado, até à cessação Amtrak de serviço em 6 de janeiro de 1988. Na altura da sua construção, foi a mais alta estação ferroviária no Mundo. O edifício está localizado no bairro Corktown de Detroit, perto da Ponte Embaixador aproximadamente 3/4mile (1,2 km) a sudoeste do centro de Detroit. Ele fica atrás de Roosevelt Park, e do Armazém Roosevelt é adjacente a leste. A cidade de Roosevelt Park serve como uma maneira 89


grande entrada para a estação. Foi adicionado ao Registro Nacional de Lugares Históricos em 1975. Projetos de restauração e os planos de ter ido tão longe como o processo de negociação, mas nenhuma delas se concretizou. Em 2011, o edifício foi conseguir novas janelas, mas o proprietário nunca seguido por. Restauração completa da Estação Central de Michigan seria um projeto de grande escala exige um investimento significativo. Por 75 anos a estação mandou cidadãos locais para a guerra, e os trouxe de volta. Os levou para passar férias em outros lugares, e visitar parentes distantes. Foi o lugar onde muitas pessoas que iam trabalhar nas fábricas pisaram pela primeira vez. Um lugar que já foi cheio de boas-vindas e despedidas. Mas quase 25 anos depois, o lugar é a ponto para vândalos, lixo e sem-teto. Os únicos sons que se ouve 90


por lĂĄ agora sĂŁo do encanamento e de spray de tinta. O barulho dos trens vindo e indo foi substituĂ­do pelo vento passando pelas janelas quebradas.

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13 Sanzhi UFO houses

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China

ssas estruturas estranhas foram originalmente pensadas para hospedar turistas... atÊ que uma sÊrie de eventos misteriosos levaram o local a ficar abandonado, e depois ser demolido. As bizarras casas Sanzhi UFO foram parte de um projeto que começou em 1978, na costa ao norte da China, perto

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de Taipei. Os investidores tinham certea que o mar logo a frente do resort iria atrair viajantes ricos. Afinal, quem não gostaria de relaxar em uma piscina perto de casas com aspecto extraterrestre e pintadas de cores neon? O entusiasmo durou pouco. Vários acidentes de carro e até mesmo um suicídio ocorreram no local durante sua construção, impedindo o avanço. Moradores locais acreditam que os trabalhadores da obra descobriram restos mortais de centenas de soldados holandeses do século 17. Depois houve a decisão de destruir uma enorme estátua de dragão cerimonial para ampliar a estrada de entrada Os registros do local foram destruídos e no final da década a notória cidade do futuro já havia se tornardo uma cidade fantasma assustadora. Em um dado momento alguns viajantes decidiram visi93


tar o local. Exploradores urbanos andaram pelas ruínas de Sanzhi fazendo fotos e registrando o abandono. Contudo, o local não teve investidores ou qualquer tipo de progresso, até que em 2010 ele foi demolidor para dar lugar a construção de outro resort. O que gerou polemica não foi a demolição em si, mas foi o fato das bizarras casas coloridas ainda poderem ser vistas pelo Google Earth, meses após as estruturas serem retiradas.

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14 Ilha Hashima Japão

E

m 1890 a Mitsubishi deu início no Japão a um projeto ambicioso: construir uma cidade inteira no meio do mar. Para isso, a empresa comprou a ilha de Hashima, localizada na província de Nagasaki. O local que em seu ápice chegou a abrigar 5.259 moradores, hoje é conhecido como uma cidade fantasma, servindo até de inspiração para o quartel general do vilão no filme 007 – Operação Skyfall. Os prédios construídos na ilha abandonada de Hashima (Gunkanjima ou Gunkanshima, que significa “Ilha Encouraçado” em português) serviam como moradia para os trabalhadores das minas de carvão submarinas. Quando em pleno funcionamento, a densidade populacional chegou a 835 pessoas por hectare, isso se contarmos toda a extensão da ilha. Levando-se em conta apenas as áreas residenciais, o número registrado foi de 1.391 pessoas hectare. Na década de 1960, o carvão começou a perder espaço para outro combustível, o petróleo. As minas japonesas co95


meçaram a ser fechadas e em 1974 chegou a vez da ilha de Hashima. O local foi totalmente evacuado e demorou pouco até que ganhasse o sombrio apelido de Ilha Fantasma. Apenas em 22 de abril de 2009, 35 anos após o fechamento, o acesso à Hashima foi restabelecido. Locais abandonados costumam despertar a curiosidade das pessoas, ainda mais quando se trata de uma cidade fantasma distante 15 km da costa. Após a reabertura das visitas, alguns turistas têm se interessado por Hashima. Os criadores de 007 – Operação Skyfall (2012) também se encantaram pelas ruínas do lugar, tanto que, na ficção, estabeleceram ali a casa do personagem Raoul Silva – criminoso interpretado por Javier Bardem. Depois de aparecer no cinema, foi a vez do Google se 96


interessar pela ilha abandonada. A empresa recebeu autorização para que o local fosse mapeado e inserido no Google Street View. Com isso, tornou-se possível passear virtualmente pelos destroços de Hashima. A ilha japonesa de Hashima, a 15 quilômetros de Nagasaki, recebeu status de “patrimônio mundial” neste domingo (5). O anúncio feito pela Unesco, braço cultural da ONU, ocorreu após Japão e Coreia do Sul resolverem impasse sobre trabalhos forçados de guerra. Em nova rodada de decisões, o comitê da Unesco aprovou a entrada uma série de localidades históricas japonesas, que representam a revolução industrial do país. Além do Japão, países como Turquia, México, Uruguai e Espanha também tiveram novos locais adicionados aos “patrimônios mundiais”. No dia anterior, regiões de Champagne e Borgonha, ambas na França, também entraram para a lista da Unesco. Com uma área de menos de 1 km², Hashima é atualmente uma “ilha fantasma” e foi cenário para o filme “007: Operação Skyfall”. A ilha já foi parte da atividade mineradora em águas profundas no país e era habitada pelos trabalhadores que faziam essa exploração. Quando a atividade foi suspensa em 1974, os poucos habitantes deixaram o local, que hoje é deserto, mas pode ser visitado – apesar de a condição decrépita dos prédios 97


não ser muito convidativa. Os primeiros trabalhos mineradores na região foram em 1887 e, 3 anos depois a Mitsubishi comprou o local, o que fez expandir a população e a construção de edifícios. O Japão havia feito o pedido para o local, também conhecido como Gunkanjima (barco de guerra), se tornar património mundial, juntamente com total de 23 instalações industriais para ilustrar revolução industrial do país durante o século 19. Seul se opunha ao status, com a solicitação que o papel dos prisioneiros coreanos forçados a trabalhar na ilha durante e outros locais, durante a Segunda Guerra Mundial, fosse formalmente reconhecido.

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Era 1890 quando a empresa japonesa Mitsubishi comprou uma ilha e decidiu construir lá uma pequena cidade. O local seria destinado a abrigar indústria e trabalhadores das minas de carvão submarinas da região. A ilha de Hashima (também conhecida como Gunkanjima ou Gunkanshima – algo próximo a “Ilha Encouraçado”, em português) chegou a ter 5.259 moradores, mas hoje é uma ilha fantasma. Localizada na província de Nagasaki, Japão, a 15 km da costa, a ilha passou a ser desabitada na década de 1960, quando o carvão perdia cada vez mais espaço para o petróleo no mercado mundial de energia. Em 1974, Hashima foi totalmente evacuada. A ilha ficou “fechada” por 35 anos, até que o governo japonês reabrisse as visitações ao espaço – já então apelidado de “fantasma” por seu aspecto abandonado. Em 1890 descobriu-se que a ilha era rica em minérios e carvão. Foi então que a Mitsubishi Corporation se apossou da ilha e contratou milhares de trabalhadores, para trabalhar na extração de carvão. Era muita gente para uma ilha tão pequena, eram 5 mil pessoas aglomeradas numa pequena ilha com um pouco mais de 1 km quadrado de extensão. Em 1959, foi considerada o lugar mais densamente povoada do mundo, com uma densidade de 835 pessoas por hectare. No bairro residencial da ilha chegava a ter 1.391 por hectare. Para acomodar tantas pessoas em uma área tão

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pequena, grandes edifícios residenciais e industriais foram construídos, assim como escola, hospital, lojas, restaurantes, uma piscina pública e até um cinema. Havia também passagens subterrâneas que davam acesso à várias partes da ilha. Foram erguidas também paredes de concreto “quebra mar”, pois a região era acometida constantemente por tufões e ondas grandes. Devido à tantas construções, a ilha, ao ser avistada de longe parecia um navio de guerra. Por este motivo, a ilha recebeu o apelido de “Gunkanjima”, que significa “ilha de batalha” em japonês. O nome verdadeiro da ilha é Hashima.

Em 1960, houve redução drástica na produção de carvão por causa do petróleo que passou a ser usado no seu lugar. Em abril de 1974, a mina foi desativada, e seus moradores tiveram que deixar Gunkanjima em questões de semanas, deixando todos os seus pertences para trás. 100


Após quase 40 anos, a ilha se encontra deserta e em ruínas e durante esse longo tempo a Ilha foi fechada ao público, devido ao perigo de desmoronamentos, já que as instalações estavam bem deterioradas devido às exposições dos tufões. Ela podia ser vista apenas à partir de cruzeiros que circulavam a ilha, dando a ela, uma atmosfera ainda mais misteriosa e assustadora. Em abril de 2009, a ilha foi aberta a visitação. Segundo visitantes, ainda é possível ver muitos vestígios deixados pelos moradores há quase 40 anos atrás. Isso, dá um aspecto sobrenatural à ilha, parecendo cenário de filme de terror. Talvez por esse motivo que a tenham escolhido para serem gravadas cenas de “Battle Royale II”, um filme de terror japonês, em 2003. A ilha também inspirou um jogo de videogame muito popular japonês, o “Killer 7. Segundo contam, cerca de 500 estrangeiros (coreanos) 101


eram mantidos prisioneiros e submetidos ao trabalho escravo durante a segunda guerra mundial para substituir japoneses que haviam partido em guerra. Houve muitas mortes, decorrentes da bomba atômica, doenças, desnutrição e problemas de saúde devido às péssimas condições de trabalho. Outros tentaram inutilmente fugir, pulando em alto mar, como tentativa de chegar do outro lado do continente. Infelizmente não há muitas provas concretas sobre o fato, e até hoje muitas famílias dos coreanos forçados ao trabalho escravo, esperam receber indenizações do governo japonês.

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15 Mina Mir Rússia

P

essoas curiosas geralmente fazem perguntas interessantes, e foi respondendo a uma dessas perguntas que Matthew Alice escreveu sobre a Mina Mir, um gigantesco buraco que você talvez nem saiba que existe, em sua coluna no San Diego Reader. Só para você ter ideia, a Mir tem quase 525 metros de profundidade por 1.200 de largura. Se você já está espantado com o tamanho da coisa toda, lá vem outra informação que vai servir para que esse rombo gigantesco faça sentido: a Mina Mir fica na Sibéria, no município de Mirny, e é resultado de uma grande operação russa de extração de diamantes.

Proporções A mina acabou ficando tão gigantesca e tão profunda que o governo russo precisou interferir no tráfego aéreo da região, alterando a frota de aviões que eventualmente acabassem sobrevoando o local. A medida foi tomada depois 103


que alguns helicópteros acabaram sendo “engolidos” pela Mir. Esses acidentes provavelmente aconteciam devido às diferentes massas de ar criadas pelas variações de temperatura na superfície do buraco. A construção da mina grandiosa teve início graças a um plano de Joseph Stalin, que via, na construção da mina, uma forma de proporcionar independência à União Soviética. Na época, a mina era monopolizada pela companhia de diamantes De Beers. Os primeiros vestígios de diamantes foram encontrados no dia 13 de junho de 1955, quando alguns geólogos soviéticos encontraram traços da pedra vulcânica conhecida como Kimberlito, uma formação rochosa que geralmente está associada à presença de diamantes. A descoberta rendeu à Rússia o Prêmio Lenin, em 1957. Estrutura Quando a escavação realmente começou, os mineradores enfrentaram problemas principalmente por causa do inverno siberiano, que não apenas é extremamente frio como costuma durar longos períodos. No início, o solo estava congelado, o que dificultava ainda mais a escavação – só para você ter ideia, até mesmo o combustível e os pneus dos carros congelavam. Para driblar o problema, os funcionários precisaram 104


utilizar meios mais sofisticados de maquinários. Com a ajuda de dinamites, o gigantesco buraco era aberto aos poucos e, à noite, tudo precisava ser coberto para evitar o congelamento das máquinas. Exploração Apesar de toda a dificuldade de escavação, a mina rendia 10 milhões de quilates de diamantes por ano – desses, 20% eram considerados de alta qualidade. Depois de dez anos de exploração, a Rússia já tinha se tornado a terceira maior produtora de diamantes de todos os tempos. O maior diamante descoberto na Mir foi encontrado no dia 23 de dezembro de 1980, quando uma pedra de 342,5 quilates pesando 68 gramas foi localizada. Nos anos de 1990, a mina passou a ser explorada pela empresa Sakha,

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que chegou a lucrar mais de US$ 600 milhões por ano com a venda das pedras preciosas. Considerada o segundo maior buraco feito pelo homem em todo o mundo, essa mina é conhecida também como o “Umbigo da Terra”, devido ao seu formato. A Mir esteve em funcionamento de 1957 a 2001, quando foi fechada – ainda assim, é uma fonte de trilhões de quilates de diamantes, que poderiam suprir as necessidades do planeta por mais de um milênio.

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Asilo Willard EUA

E

m 1995, o famoso manicômio de Willard – vilarejo localizado no estado de Nova York (EUA), encerrou suas atividades. O lugar funcionava desde 1869 (a partir de 1975 como patrimônio histórico dos Estados Unidos), época em que as práticas em asilos para pessoas com problemas mentais eram rudimentares – muitas delas consideradas futuramente como cruéis e ineficientes.

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A própria internação em um manicômio poderia não ter nada a ver com problemas mentais. Pessoas deprimidas, gays, negros que eram considerados “perturbadores”, ou outras pessoas que, para a manutenção das relações sociais e valores morais da época, precisavam ser mantidas longe da sociedade, eram trancadas em lugares assim. Onde, por vezes, acabariam passando boa parte da vida.

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Assim que o Willard Asylum for the Chronic Insane (Asilo para cronicamente insanos de Willard, em tradução livre), foram encontradas centenas de malas de pacientes que passaram por lá – e que provavelmente por lá morreram. O material foi então incorporado ao acervo do Museu do Estado de Nova York, ganhando visibilidade pública. O fotógrafo Jon Crispin, “cronicamente” interessado em temas diferentes incluindo manicômios abandonados, voltou suas atenções a essas relíquias carregadas de história. Ele então iniciou um registro fotográfico que contemplou todas as mais de 400 malas encontradas.

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Viagens sem volta Elas foram encontradas por acaso 20 anos atrás no empoeirado sótão de um asilo para doentes mentais do estado de Nova York. Pareciam múmias ensacadas em papel de embrulho branco e seladas com barbante de nós bem atados. Foi só o que restou da imponente mansarda conhecida como Willard Lunatic Asylum [Asilo de lunáticos Willard], que abrigou mais de 5460 pacientes ao longo de 130 anos de atividade. Só que não eram múmias os 429 volumes descobertos por funcionários durante a última inspeção antes do casarão ser demolido, por desuso. Eram malas, valises e baús que haviam pertencido a pacientes internados no Willard entre 1910 e 1960 e que adquiriram vida post-mortem graças ao

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trabalho de sísifo empreendido pelo fotógrafo americano Jon Crispin. Desde a infância, Crispin domava o medo e cedia à curiosidade para se aproximar de mansões em ruínas ou propriedades abandonadas e tidas como mal-assombradas

– lugares onde a cautela recomenda que crianças passem ao largo. Quando adulto, essa curiosidade levou-o a se tornar fotógrafo. Hoje profissional freelance, aos 62 anos Crispin tem um amplo leque de clientes – do mundo da moda, esportes, corporações, eventos. Quando possível, continua a perseguir projetos não comerciais de cunho social. Foi no início dos anos 1980 que Crispin conheceu mais intimamente o misterioso asilo de Willard de sua infân-

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cia. O casarão construído no alto de uma das margens do lago Seneca, o maior dos onze lagos glaciais do estado de Nova York, abrira as portas para uma visitação pública à qual acorreram profissionais de psiquiatria e apreciadores de construções antigas , além de curiosos como o fotógrafo.

O tour guiado levou-o a conhecer quase todas as edificações da imensa propriedade que hoje abriga um centro de tratamento de presos reincidentes no uso de drogas. Data daquele passeio o interesse de Crispin pelo dia-a-dia dos milhares de internados como loucos que viveram na edificação de tijolos inaugurada em meados do século 19. “Era uma época”, conta o fotógrafo, “em que o diagnóstico de doença mental podia ser aplicado a alguém que apenas expressasse emoções ou frustrações, ou que fosse gay,

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tivesse sofrido algum trauma, fosse alcoólatra ou incapaz de se expressar corretamente em inglês. Jovens consideradas promíscuas ou mães desconsoladas pela perda de um bebê recém-nascido também podiam ser despachadas para asilos mentais por seus familiares – todos comportamentos mal aceitos socialmente até meados do século XX.” Ao final da visita em grupo, Crispin comprou a obra que ele mesmo classifica como detonador de sua futura obsessão: The Lives They Left Behind [Vidas deixadas para trás], de Darby Penney e Peter Stastny, uma minuciosa crônica da vida dos antigos pacientes de Willard, dos tratamentos a que foram submetidos e que fim levaram. Uma mostra posterior organizada em 2000 pelo Museu do Estado de Nova York, intitulada Lost Cases, Recovered Lives [Malas perdidas, vidas recuperadas], fisgou Jon Crispin definitivamente pela ideia de fotografar essas vidas através do conteúdo de suas bagagens abandonadas. À época ele já tinha concluído um laborioso levantamento fotográfico dos mais de 20 asilos psiquiátricos do Estado de Nova York que começaram a funcionar em meados do século 19. E foi graças a esse trabalho que ele obteve a autorização para desnudar e revelar ao mundo o conteúdo das 429 malas de Willard.

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Três internos do museu histórico estadual já haviam catalogado todos os itens encontrados em cada mala, embrulhado um a um com a sua etiqueta e recolocado cada lote embrulhado nas respectivas valises. O compromisso do fotógrafo era refazer um caminho igualmente trabalhoso: após desnudar por completo o conteúdo de cada mala e montar a composição desejada escondendo as etiquetas no momento de clicar, ensacar tudo de novo e devolver os volumes novamente à sua forma de “múmias”. Crispin conseguiu fotografar um primeiro lote de 82 bagagens com os 20 mil dólares que arrecadou através de crowdsourcing. Foi um trabalho insano, delirante, metafísico-documental, que lhe consumiu um ano inteiro. Interrompeu a labuta apenas para expor as primeiras fotos em San Francisco, no ano de 2013, sob o título Changing Face of What is Normal [Mudando a cara do que é normal].

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17 Shicheng

U

China

m gigantesco continente, no meio do oceano Atlântico, em frente às Portas de Hércules, que fechavam o mar Mediterrâneo, onde atualmente se localiza o estreito de Gibraltar. Calma, ainda não ficamos completamente loucos! Isto, na verdade, é o que os antigos mitos dizem que estava localizada a cidade de Atlântida. Composta por cenários paradisíacos, a cidade supostamente foi engolida pelo mar e se perdeu para sempre. Foi inspiração para muitos filmes, séries e até buscas arqueológicas. Mas nada tirou o status de “lenda” da história.

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A localização está longe de ser sequer parecida, mas uma antiga cidade na China teve um destino similar à lendária cidade de Atlântida. A cidade de Shicheng, datada do ano de 20 D.C., foi submersa pelo lago Qiandao, em 1959, quando foi criado a hidrelétrica do rio Qiantang. Na época, cerca de 290 mil pessoas que moravam na cidade tiveram que ser realocadas por causa da construção, deixando para trás a cidade que abrigara seus antepassados por mais de 1.300 anos. A reserva planejada para a criação do lago, feito totalmente pelo homem, definiu uma área de inundação de tudo o que tivesse abaixo de 108 metros de altura. Isso fez com que a cidade de Shicheng, também conhecida como cidade do leão (em tradução livre), que ficava no pé da montanha Wu Shi (montanha dos cinco leões), ficasse cerca de 30 me-

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tros debaixo d’água. O lago, que ocupa uma área de 573km², se tornou um ponto turístico, devido à incrível beleza das mais de 1.000 ilhas e ilhotas, todas formadas pelo homem, e à água azul cristalina e, por muitas vezes, bebível. A água é utilizada pela marca Nongfu Spring, engarrafadora de água mineral da região. Seja por qual motivo o governo Chinês tenha optado por criar a hidroelétrica Xin’na e, consequentemente, alagar a região, o que restou de tudo isso foi um espetáculo mesclando a capacidade humana e a força da natureza

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18 Angkor Wat

A

Camboja

ngkor Wat (ou Angkor Vat) é um templo situado 5,5 km a norte da cidade de Siem Reap, na província homônima do Camboja. É o maior e mais bem preservado templo dos que integram o assentamento de Angkor. É também o único que restou com importante significado religioso - inicialmente hindu, e depois budista - desde a sua fundação. O templo é o ponto máximo do estilo clássico da arquitetura Khmer. É considerado como a maior estrutura religiosa já construída, e um dos tesouros arqueológicos mais importantes do mundo. Tornou-se símbolo do Camboja, aparecendo em sua bandeira e sendo sua principal atração turística. Em 14 de dezembro de 1992 foi declarado pela UNESCO Patrimônio da Humanidade.

Localização Angkor Wat faz parte do complexo de templos construídos na zona de Angkor, a antiga capital do Império khmer durante a sua época de esplendor, entre os séculos IX e XV. Angkor abrange uma extensão em torno de 200 km², 118


embora recentes pesquisas estimem uma extensão de 3 000 km² e uma população de até meio milhão de habitantes, o que o tornaria o maior assentamento pré-industrial da humanidade. Foi construído pelo rei Suryavarman II, no começo do século XII, como o seu templo central e capital do seu reino. Desde a sua construção, e até o translado da sede real ao próximo Bayon, em finais do mesmo século, Angkor Wat foi o centro político e religioso do império. O recinto —entre cujos muros se calculou que viviam 20 000 pessoas— cumpria as funções de templo principal e, além disso, abrigava o palácio real. Dedicado inicialmente ao deus Vixnu, o templo combina a tipologia hinduísta do templo-monte —representando o Monte Meru, morada dos deuses— com a tipologia de galerias própria de períodos posteriores. O templo consta de três recintos retangulares concêntricos de

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altura crescente, rodeados por um lago perimetral de 3,6 km de comprimento e de uma largura de 200 m. No recinto interior erguem-se cinco torres em forma de loto, atingindo a torre central uma altura de 42 m sobre o santuário e 65 m sobre o nível do solo. A palavra Angkor vêm do cambojano Nokor, e pela sua vez da voz sânscrito Nagara que significa “capital”, enquanto a palavra Wat é de origem khmer e traduz-se como «templo». O nome de Angkor Wat é em todo caso posterior à sua criação, pois originalmente recebeu o nome de Preah Pisnulok; nome póstumo do seu fundador Suryavarman II. Angkor Wat é o expoente máximo da arquitetura do Império khmer, cujos primeiros templos remontam ao século VI. O promotor deste gigantesco monte-templo foi Surya120


varman II, que reinou de 1113 até 1150 d.C. Suryavarman II alcançou o poder após assassinar o então rei Dharanindravarman, saltando sobre ele enquanto o monarca passeava no seu elefante, pelo qual alguns historiadores opinam que as colossais dimensões deste templo estão motivadas em parte pelo desejo de contra-arrestar a aparente ilegitimidade do seu reinado. Segundo conta a lenda, o rei quis situar o templo num local do agrado dos deuses, pelo qual soltou um boi na planície e resolveu construir o templo onde o animal tombasse. Seja certa a lenda ou não, Suryavarman II estabeleceu o templo junto à antiga cidade de Yashodharapura (que em sânscrito significa “cidade sagra”), situada a escassos quilômetros da atual cidade de Siem Reap, e assim como os seus predecessores, dispôs o palácio dentro do recinto murado do complexo. Os trabalhos no templo foram interrompidos pela morte do rei e não foram continuados, de modo que a construção do complexo durou unicamente 37 anos. Em 1177 Angkor foi saqueada pelo Cham, um situados no atual Vietnã e inimigo tradicional dos Khmer. Poucos anos depois, com o advento do rei Jayavarman VII os invasores foram expulsos e as fronteiras do império ampliadas. Este importante rei, cujo reinado se estendeu de 1181 a 1220 d.C., abandonou o hinduísmo e converteu-se ao budismo do ramo Mahāyāna, estabelecendo a nova capital no vizinho Angkor Thom, com Bayon como novo templo. 121


No fim do século XIII, o rei Jayavarman VIII retornou às crenças hinduístas, destruindo parte do legado de Jayavarman VII e melhorando alguns templos hinduístas, incluído Angkor Wat. A Jayavarman VIII foi sucedido por Srindravarman em 1295: este novo rei, que nos anos anteriores fora ordenado monge budista em Sri Lanka, mudou novamente a religião do império para o budismo, embora adotando esta vez as crenças do ramo Teravada. Entre os séculos XIV e XV, o Império khmer viu chegar do Sri Lanka os primeiros monges budistas Teravadas, que transformariam os templos para a nova religião. O templo de Angkor Wat foi então remodelado para se adaptar ao culto budista Teravada, fatos que aconteceram pouco antes do abandono final de Angkor. Os monges de Angkor Wat foram os únicos que permaneceram durante os séculos do abandono. Apesar da decadência do império e do abandono dos templos durante os séculos seguintes, os monges budistas

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permaneceram em Angkor Wat até ser redescoberto pelos franceses. Nas galerias do Preah Poan —uma galeria cruciforme que serve de entrada para o terceiro recinto do templo— encontraram-se estátuas de Buda de madeira, pedra e metal. Algumas destas esculturas foram datadas entre os séculos XVI e XVIII, o qual confirma que o templo de Angkor, ao contrário de outros na região, nunca foi abandonado. A aparição de inscrições em idiomas como o birmano ou japonês permitem inferir a repercussão do templo para além das fronteiras cambojanas. Não se conhecem com certeza as razões pelas quais Angkor foi abandonada: uma das mais prováveis foi a decadência do Império khmer, nomeadamente por causa das incursões mongóis (1283) e siamesas (entre 1369 e 1431), que evidenciaram a excessiva cercania da capital a respeito dos invasores, pelo qual os governantes puderam determinar a procura de um sítio mais seguro a sul do lago Tonlé Sap, nas zonas próximas às atuais cidades de Phnom Penh e Udong. Além disso, a localização destes novos locais ao delta e ao Mar da China dotava-os de uma melhor situação estratégica para o comércio e o intercâmbio marítimo, tão importante numa região em que o transporte por terra praticamente ficava interrompido à época das Monções. Argumenta-se também a possibilidade de epidemias ou fome (motivadas talvez pela pequena Idade do Gelo experimentada na Idade Média), que obrigaram a monarquia a mudar

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o seu trono para sul. Em qualquer caso, Angkor foi abandonada em 1432 e a nova capital estabelecida em Lovek, perto da atual Phnom Penh. Porém, Angkor foi novamente habitada na segunda metade do século XVI: em 1550, o rei Ang Chan (1516–1566) deslocou-se para Angkor Thom, embora mantivesse a capital em Lovek, e em 1576, o rei Satha transladou novamente a corte para Angkor. Como consequência, diversas tarefas de restauração foram realizadas em Angkor Wat, as quais ficam constadas numa inscrição de 1577. Contudo, esta nova ocupação de Angkor durou pouco, em 1594 os siameses conquistaram o débil império cambojano, e Angkor foi abandonada definitivamente.

Descobrimento no ocidente Após o seu abandono em finais do século XVI, Angkor ficou sepultada pela selva, com a única exceção do templo de Angkor Wat, que permaneceu habitado por monges budistas. Ainda persiste a lenda de que Angkor Wat caiu no olvido até ser redescoberto em finais do século XIX pelo naturalista francês Henri Mouhot, encontrando o templo acidentalmente enquanto caçava borboletas. Esta história é um mito, pois Mouhot não foi o primeiro ocidental a visitar o templo, e este nunca foi completamente abandonado, 124


permanecendo na memória coletiva do povo khmer e até mesmo transcendendo as fronteiras do seu império. A primeira visita documentada de um ocidental a Angkor Wat aconteceu em 1586 e foi realizada pelo freire capuchinho português António da Madalena. Após esta visita, outros pioneiros europeus, especialmente espanhóis e portugueses, continuaram visitando as ruínas, embora sem repercussão pública. Também se tem registro de uma carta de 1668 na qual um freire francês de nome Chevreul menciona o local. O templo também recebeu visitas do oriente: o mapa mais antigo de Angkor Wat, datado entre 1623 e 1636, foi obra de um peregrino japonês de nome Kenryo Shimano. Em 1857, o missionário francês Charles Emile Bouillevaux foi o primeiro a deixar constância “moderna” da visita de um ocidental a Angkor Wat, ao publicar no seu livro Viagem à Indochina 1848–1856, os Annam e Camboja, uma breve resenha sobre a visita realizada ao templo em 1850. Mas não seria até 1860, que um compatriota seu, o naturalista e explorador Henri Mouhot, conseguiu por fim atrair a atenção popular para Angkor. Após uma viagem financiada pela Royal Geographical Society e a Zoological Society of London, os desenhos e a apaixonada descrição do templo registrados nos cadernos da viagem deste naturalista foram publicados postumamente em Paris em 1868, com o nome de “Voyage dans les royaumes de Siam, de Cambodge de 125


Laos” (Viagem aos reinos do Sião, do Camboja e do Laos). Nas suas observações, o francês exaltava a beleza e magnificência do templo. Em 1863, entre a visita de Mouhot e a publicação dos seus cadernos de viagem, Camboja tornou-se protetorado francês, e vários grupos de exploradores chegaram a Angkor: um dos primeiros foi o fotógrafo escocês John Thomson, que trabalhou também para a Royal Geographical Society, e que após ler as crônicas de Mouhot decidiu visitar Angkor. Em 1866 realizou uma série de cinquenta fotografias, especialmente de Angkor Wat, publicadas um ano depois. Estas fotos, com o Livro de Mouhot, lançaram definitivamente à fama o templo de Angkor Wat, enquanto o número de viajantes e exploradores que chegavam em Angkor seguiu em aumento.

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Restauração Em 1898 foi fundada a École Française d’Extrême-Orient visando estudar o patrimônio artístico da Indochina sob domínio francês. Em 1907 o Sião (a atual Tailândia) cedeu vários territórios ao Camboja, entre os quais se encontra a zona de Angkor. A partir deste fato a conservação dos monumentos passou a ser responsabilidade da École, a qual, um ano depois, iniciou os trabalhos de conservação. A tarefa foi encomendada a um militar e administrativo francês chamado Jean Commaille, que entre 1908 e 1910 decidiu concentrar os esforços em Angkor Wat. Após o assassinato de Commaille em 1916, este foi sucedido pelo arquiteto Henri Marchal, já um verdadeiro técnico, que levou a Angkor o método da anastilose, aprendido dos holandeses durante uma viagem a Java na década de 1930. Marchal foi sucedido por Maurice Glaize em 1937 e por outros mais tarde, até os trabalhos de restauração da École serem interrompidos na década de 1970 pela devastadora revolução dos Khmer Vermelho. Em 1993, um ano depois da declaração de Angkor como Patrimônio da Humanidade e por causa de uma conferência intergovernamental em Tóquio, um Comitê de Coordenação Internacional foi estabelecido para restaurar e preservar o patrimônio de Angkor. Paralelamente, o governo cambo-

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jano criou a APSARA (Autoridade para a gestão e proteção de Angkor e a região de Siem Reap) com o objetivo de obter o status permanente de Patrimônio da Humanidade por parte da UNESCO; um status que se conseguiu em 1995. Diversas equipas internacionais intervieram ou ainda continuam os trabalhos de restauração no templo, destacando-se as restaurações da esquina norte do muro oeste (iniciada em 1995) e da biblioteca norte. Assim como em outros templos de Angkor, a maioria das trabalhos de restauração são levados mediante o método da “reintegração” ou anastilose; um processo de reconstrução que consiste em recolocar as peças originais derrubadas, ou em alguns casos até mesmo elaborar novamente as peças em falta —desde que exista informação suficiente para o fazer fielmente. Outra técnica utilizada consiste em desmontar peça por peça o monumento para proceder à sua limpeza ou a sua consolidação, para posteriormente restituí-lo ao seu estado original. Uma das “bibliotecas”. Apesar do nome, não se tem certeza sobre a função original destes edifícios. Porém, os trabalhos de restauração nem sempre foram os mais adequados: entre 1986 e 1992 o Levantamento Arqueológico da Índia manteve um projeto para retirar toda a vegetação, musgo e líquenes das pedras. Nesta limpeza, a equipa indiana empregou alguns produtos químicos dani128


nhos a meio prazo para a pedra, o que validou as críticas de vários arqueólogos ocidentais. Nos anos seguintes, a equipa alemã encarregada das apsarás encontrou amostras desta deterioração em alguns dos baixo-relevos. Além disso, recentemente alertou-se sobre a presença de uma bactéria que poderia estar acelerando a degradação da superfície das pedras, e cuja proliferação poderia dever-se à ausência de uns minúsculos líquenes eliminados durante os trabalhos de limpeza e restauração. Nem as primeiras intervenções francesas no templo estiveram isentas de críticas: várias das atuações mais antigas, sobre monumentos cuja integridade estrutural estava ameaçada, foram apressadas e sem os meios adequados. Como resultado, atualmente há pilares reforçados com abraçadei-

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ras metálicas oxidadas, emplastes de concreto rachando ou até mesmo rodeando pilares danificados, ou barras de aço embutidas na pedra; intervenções procedentes da época de Henri Marchal, e geralmente justificadas como um “mal menor”. Contudo, uma das intervenções francesas mais criticadas foi a reconstrução de um antigo artesoado de madeira empregando concreto em lugar do material original, uma obra realizada na galeria sul do templo em tempos mais recentes. Aparentemente, o teto de madeira original desapareceu na década de 1970, utilizado pelas guerrilhas dos khmer vermelho para fazer fogo. Não foram estes os únicos danos contemporâneos que sofreu o templo: também um projetil perdido norte-americano destruiu acidentalmente um dos pavilhões. Porém, os maiores danos procedem da pilhagem e do contrabando de antiguidades que padeceu o templo nas últimas décadas, especialmente durante a década de 1990. Felizmente, a conscientização popular e a crescente vigilância, tanto por parte governamental como pela UNESCO, parecem estar melhorando a situação.

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Castelo de Bodiam

O

Inglaterra

condado de East Sussex, no sudeste da Inglaterra, atrai uma avalanche de turistas graças às inusitadas praias de pedras de Brighton - segundo dados oficiais, o destino de certa de 270 mil habitantes já chegou a receber 200 mil visitantes em apenas um fim de semana! Mas a região guarda muito mais atrativos. A pacata Rye, a cerca de 130 km de Londres (e a uma hora de trem), chama atenção com ruas de paralelepípedo, seus antiquários e as lojas de chá. O sossego é tanto que a reportagem encontrou, durante a passagem pela cidade, pepinos, abobrinhas e frutas locais, como amoras e “damsons” (um parente da ameixa), colocados à venda simplesmente sobre uma cadeira na rua. Interessados poderiam levar o produto e depositar a quantia correspondente em um cofrinho. Na base da confiança e sem uma alma viva para conferir. No Rye Castle Museum (www.ryemuseum.co.uk), fique atento ao horário de funcionamento da Ypres Tower, torre erguida no século 14 e que serviu a diferentes propósitos, como fortificação para defender a região, prisão e necroté131


rio. Durante a baixa temporada (entre outubro e março), ela funciona das 10h às 15h30, com entrada permitida até 15h. O valor do ingresso é de 3 libras (R$ 17). Há poucos pubs e restaurantes, mas que dão conta do recado. No The George in Rye (www.thegeorgeinrye.com), o serviço e a boa execução dos pratos mais se assemelham a um restaurante de capital do que o de uma pequena cidade. Há opções de vinhos britânicos (peça ao sommelier indicações de produtores da região) e um conselho é provar as ostras bitelas colhidas nas proximidades, de criadouro próprio.

Medieval moderno Construído em 1385, o Bodiam Castle (www.nationaltrust.org.uk/bodiam-castle) é um castelo considerado mo132


derno para a sua época, mas guarda vários aspectos de edificações rústicas medievais, como a ponte que dá acesso à sua porta principal. Ele era um dos poucos que possuíam vidros em suas janelas. O aparato, entretanto, era temporário. Tido como um objeto caro e restrito aos endinheirados, o vidro era levado com seus proprietários em viagens para que somente fosse instalado no local quando estivessem presentes. “Sir” Edward Dallingridge, o dono, tinha água corrente em seu banheiro, que, dizem, exalava aromas de alecrim e lavanda. Chão e paredes deveriam estar sempre limpos, pois acreditava que a sujeira era sinônimo do mal. Bem conservadas, as ruínas de seu interior ainda con-

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seguem transmitir a ideia de como eram divididos os cômodos. Em horários específicos, atores encenam parte da história do local e interagem (em inglês) com crianças. A visita pode ser feita diariamente das 10h30 às 17h, com entrada ao valor de 7,80 libras (R$ 44,17). Atenção: o castelo não estará aberto nas semanas entre o natal e o Ano-Novo. Consulte o site oficial antes de planejar sua viagem.

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20 Craco

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Itália

raco (Graculum em latim) é uma comunidade italiana da região da Basilicata, província de Matera. O centro histórico fica no topo de um penhasco de 400 metros com vista para o vale do rio Cavone. A cidade medieval foi abandonada em 1975, devido a um deslizamento de terra, transformando-se em uma cidade fantasma. Hoje, o velho aglomerado tornou-se um destino turístico e um popular local de filmagem. Foi a consequência indesejada de uma falha geológica contra a qual não podia lutar: Craco está localizada sobre uma colina de areia e argila que não resistiria o mínimo tremor durante muito tempo. Hoje, embora as autoridades locais tenham feito tentativas para reabilitar a cidade como uma atração turística, permanece misteriosamente abandonada. As origens de Craco remontam ao século VIII a.C, quando era chamada de Montedoro. É provável que tenha oferecido abrigo para os colonos gregos de Metaponto, quando eles se mudaram para fugir da malária. Craco foi subsequentemente um centro bizantino. O primeiro teste-

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munho sobre o nome da cidade remonta a 1060, quando o território foi sob a autoridade do arcebispo Arnaldo de Tricarico, que lhe deu o nome de Graculum, que significa “pequeno campo arado”. Erberto, talvez de origem normanda, foi o primeiro senhor feudal entre 1154 e 1168 e a estrutura do centro histórico remonta a este período. Durante o reino de Frederico II, Craco foi um importante centro militar estratégico, sendo a torre do castelo usada como prisão. Em 1799, durante a República Napolitana, a população aderiu aos ideais republicanos e se rebelou contra o poder feudal mas a revolta foi reprimida com violência após a restauração bourbônica. Como a maioria dos centros em Basilicata, a cidade foi envolvida no fenômeno do brigantaggio. Durante a ocupação napoleônica, foi saqueada por quadrilhas de bandidos o 18 de julho de 1807, que roubaram e mataram os senhores pró franceses. Em 1861, durante a reação bourbônica após

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a unificação da Itália, Craco foi invadida pela armada do famoso brigante Carmine Crocco. A população de Craco cresceu de 450 em 1277 para 2.590 em 1561, com uma média de cerca de 1.500 nos séculos seguintes. A construção do Mosteiro de São Pedro em 1630 ajudou a estabelecer uma ordem monástica permanente. Em uma comunidade agrícola construída em grande parte da produção de grãos, óleo, legumes, vinho e algodão, o mosteiro ajudou a impulsionar a economia através da introdução da ciência e da religião. No entanto, em 1656 a praga atingiu Craco, matando centenas de pessoas e reduzindo a população de forma significativa. Perto do final do século 19, a cidade atingiu os seus limites máximos de expansão. A fome severa devido às condições agrícolas pobres causou uma migração em massa da população de Craco, cerca de 1.300 habitantes para a América do Norte entre os anos de 1892 e 1922. Sobrevivendo por mais de mil anos, às pragas, ladrões e bandidos, mas finalmente sucumbiu a um desastre natural quando deslizamento de terra ocorreram durante a década de 1950 à 1970. Devido a um deslizamento de terra de grandes proporções, em 1963 a cidade começou a ser evacuada e uma parte dos habitantes se mudou para o vale, em Craco Peschiera. Durante anos, os cidadãos deslocados foram forçados a viver em cidades de tendas e barracas, enquanto o governo se esforçou para criar opções de moradia para os 137


atingidos. O desastre foi causado pelas obras de infra estrutura, na construção de um aqueduto nos anos 40, seguido de infiltração de água, decisões infelizes no uso da terra e a erradicação das poucas árvores que sustentavam a terra. Em 1972, uma enchente piorou ainda mais a situação, evitando um possível repovoamento do centro histórico e, após o sismo de 1980, Craco antiga foi completamente abandonada. Apesar das precárias condições de vida, muitos dos “Crachesi” (habitantes de Craco) eram ainda muito ligados à sua bela cidade medieval e se recusaram a sair. Na década de 1950, as condições do solo da cidade se deteriorou ainda mais, causando mais deslizamentos de terra e fazendo a cidade e os edifícios muito perigosos para se viver. Terremotos periódicos foram uma causa secundária de destruição. Alguns filmes que usaram Craco como cenário: A Loba, em 1953 de ALberto Lattuada; Cristo parou em Eboli, 1979, de Francesco Rosi; Três Irmãos, 1981, de Francesco Rosi; O Rei David, em 1985 de Bruce Beresford; Sua Santidade e os Homens, em 1986 de Robert M. Young; A Paixão de Cristo, 2004 de Mel Gibson; The Nativity Story em 2006, de Catherine Hardwicke; 007 – Quantum of Solace, 2008, de Marc Forster. Carco também foi escolhida entre os locais de filmagem para a telenovela O Rei do Gado (1996-1997) de Luiz Fernando Carvalho.

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Em 2010, iniciou-se uma tentativa de melhorar o vilarejo, o que levou à criação do Parque Museu da Cidade Velha de Craco, visitado por poucos turistas corajosos. Algumas rotas pelas ruas do centro da cidade foram colocadas em segurança para que os visitantes possam descobrir o que resta da antiga cidade. No centro de Craco ainda resistem as paredes da igreja dedicada a São Nicolau, embora os tesouros do seu interior tenham sido vítimas de saques. Existem ainda vestígios de afrescos que datam do século XVII e XVIII.

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21 Instalações Olímpicas

O

Bósnia

bloco americano boicotou os Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980 e o bloco soviético boicotou os Jogos de Los Angeles em 1984. Mas toda a gente foi aos Jogos Olímpicos de Inverno de 1984 em Sarajevo, na República Socialista Federal da Jugoslávia. Era a primeira vez que um país comunista recebia os Jogos de Inverno, tendo batido na votação Saporo (Japão) e Gotemburgo (Suécia). Participaram um recorde de 49 países, incluindo as primeiras presenças em Jogos de Inverno das Ilhas Virgens Britânicas, do Mónaco e do Senegal. República Democrática Alemã e União Soviética dominaram os pódios. A mascote

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era um simpático lobo chamado Vucko. Tal como acontece em qualquer cidade que acolhe os Jogos Olímpicos, pretende-se uma transformação para melhor, dotar a cidade de infra-estruturas que atraiam turismo, projectar uma determinada imagem para o exterior e melhorar a auto-estima local. Era esse o objectivo de Sarajevo. Mas, depois, veio a desintegração da federação jugoslava, a guerra e o cerco a Sarajevo, entre Abril de 1992 e Fevereiro de 1996. Estima-se que terão morrido mais de 11 mil pessoas neste palco da sangrenta guerra pela independência da Bósnia-Herzegovina. O sonho olímpico ficou em ruínas e, 30 anos depois, é assim que continua.

PUB Muito do que em 1984 foi palco de competição desportiva é hoje uma ruína. Como a pista de bobsleigh, que ainda recebeu alguma competição depois dos Jogos, e que hoje é de difícil acesso, coberta por vegetação e grafiti. Mas também de buracos de balas. A pista de betão armado por onde deslizavam trenós a mais de 100km/h também serviu como ponto de artilharia para os bósnios-sérvios durante o cerco. No mesmo estado estão as duas pistas de saltos de esqui também nunca mais foram usadas depois da guerra. O Monte Bjelasnica, onde decorreram as provas de esqui alpino, também foi palco de combates durante a guerra e ainda 141


existe o risco de se pisar uma mina enterrada. O Zetra Hall, pavilhão onde se disputaram as provas de patinagem e o hóquei no gelo, foi um dos palcos olímpicos reconstruídos depois da guerra e continua a ser utilizado, mas tem, nas imediações, um dos muitos cemitérios que povoam Sarajevo. O mesmo acontece com o Estádio Olímpico, que foi o palco da cerimónia de abertura. Num esforço para recuperar alguns dos palcos olímpicos de 1984, Sarajevo ainda se candidatou aos Jogos de Inverno de 2010, mas não chegou à votação final, com o evento a ser atribuído a Vancouver, no Canadá.

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Kolmanskop

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Namímbia

olmanskop, que significa Colina de Coleman em Afrikaans, está localizada no sul do Deserto do Namibe. Ela foi colonizada por mineiros alemães depois de uma descoberta de minas de diamantes em 1908. Os mineiros que lá chegaram construíram casas e instituições locais fortemente inspiradas pela arquitetura alemã. Após cerca de 40 anos, no entanto, a cidade encontrava-se em declínio, já que seus recursos se esgotaram, levando ao seu eventual abandono. Segundo rumores, os prédios e casas que permanecem de pé em Kolmanskop estão agora habitados por fantasmas e, de fato, possuem um certo ar de cidade mal-assombrada. Os interiores das casas mostram como o deserto lentamente devorou a cidade após longos 70 anos. O que nos leva a crer que a cidade estranha, agora atração turística que precisa de autorização para entrar, pode desaparecer de vez em menos de 1 século. As ruínas de Kolmanskop estão localizadas na Namíbia, sudoeste da África. Namíbia era colônia alemã e, no início de 1900, jazidas de diamantes foram descobertas na área 143


do deserto, nos arredores de Luderitz (atual Namíbia). Os diamantes, muitas vezes eram encontrados totalmente expostos na superfície da areia e isso provocou uma corrida à região, por pessoas provenientes de todas as partes do mundo em busca de uma fortuna fácil. Neste deserto cresceu a elegante cidade de Kolmasnkop, com seus chalés em estilo eclético, a qual possuía cassino, teatro e pista de boliche, açougue, padaria, água encanada, rede telefônica, piscinas, estrada de ferro e um hospital com a primeira máquina de raio-x do hemisfpério sul. Cerca de 700 familias viviam na cidade, incluindo 300 adultos, 40 crianças e cerca de 800 trabalhadores. Todas as manhãs um vendedor de gelo distribuía ração diária de blocos de gelos e bebidas geladas para

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cada família. Os salários locais eram muito bons e as casas eram proteidas por grandes telas de metal ao redor do jardim e nos cantos das casas, para manter a areia fora delas. A cidade possuía também um esquadrão de limpeza de areia que mantinha as ruas limpas todos os dias. Logo após o esgotamento das jazidas, pós Primeira Guerra Mundial, a descoberta de depósitos maiores ao sul, em Oranjemund, fez com que o fim de Kolmasnkop se aproximasse. Assim, no prazo de 40 anos a cidade nasceu, floresceu e morreu. Na fase da decadência da cidade, a limpeza da areia já não aparecia, nem o responsável por distribuir gelo para as famílias. O sino da escola nunca mais tocou. Durante a década de 1950, a cidade já estava completamente deserta e depois disso as dunas do deserto começaram a recuperar o que sempre foi delas.

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Hotel Del Salto

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Colômbia

róximo a cidade de Soacha, no Departamento de Cundinamarca, a cerca de 30 quilômetros ao sudoeste de Bogotá, na Colômbia, o Salto del Tequendama ou Cascata dos Suicidas como é conhecida localmente, é uma impressionante cascata de 185 metros de altura que, após percorrer 100 quilômetros pelo planalto Cundiboyacense, o rio Bogotá, cai sobre um abismo rochoso, que os moradores chamam de lago da morte (Lake of the Dead). A beleza da imponente queda d’água atrai milhares de turistas à região, mas paira no lugar, uma névoa de maldito, de assombrado, onde forças ocultas influenciam através dos espíritos que o habitam. Devido aos suicídios que no passado, eram constantes, quase um por dia, o governo colombiano, disponibilizou por anos, policiais guardando o lugar e espalhou placas pelo local, orientando as pessoas a buscarem a solução de seus problemas de outras formas. Segundo uma antiga lenda do povo muisca, a cachoeira se formou pela ação divina de Bochica, que quebrou a rocha para escoar as águas que inundavam a savana de Bogotá. Alguns estudiosos acreditam que isso pode não ser apenas 146


uma lenda, pois há indícios que mostram que este fenômeno pode ter ocorrido de verdade. Mas por ação da natureza, e não divina! Uma outra lenda diz que, durante a época em que os conquistadores espanhóis invadiram a América do Sul, o povo indígena da região, para escapar da escravidão, pulavam do Salto del Tequendama e se transformavam em águias que voavam para sua liberdade. Na década de 30, ocorreu a quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos, época conhecida como a Grande Depressão, o que arruinou os produtores de café de toda a América Latina, com a ajuda também das duas grandes guerras mundiais. Tais acontecimentos fez muitas pessoas se suicidarem, se jogando da cascata, e os suicídios trou147


xeram ao lugar a fama de amaldiçoado. Mado Martinez, um escrito espanhol em seu livro “Colômbia Supernatural“, relata várias histórias de mortes e assombrações do lugar. Entre elas, a da morte de uma freira, que caiu acidentalmente tentando retirar uma cabra do rio e do suicídio de Maria Prieto de 18 anos, por não ter seu amor correspondido, entre outras. O Hotel del Salto, é uma antiga mansão com cinco níveis e 1.480 metros quadrados, transformada num luxuoso hotel situado na beira de um penhasco, bem diante da queda d’água. A mansão, cuja construção iniciou-se em 1923 e concluído em 1928, foi construída por uma empresa alemã, e recebia os viajantes ricaços que visitavam a região e, por causa de sua localização, proporcionava aos seus convidados uma vista simplesmente espetacular e de tirar o fôlego! O arquiteto responsável pelo seu projeto foi Carlos Arturo Tapias e ele o fez como um símbolo da alegria e da elegância dos cidadãos de elite dos anos 20. O exterior do prédio tem características da arquitetura francesa e a única maneira de chegar à mansão era através de um trem que partia da capital colombiana. A obra era iniciativa do presidente do país na época, Pedro Nel Ospina, que tinha a intenção de criar uma estação ferroviária, mas que no fim acabou sendo o Hotel El Refugio del Salto, que funcionou por um tempo e depois fechado e abandonado por anos, e no início da década de 50, foi vendido a mansão reconstru148


ída e novamente transformada em um hotel. Porém, nas próximas décadas, houve um crescimento desordenado da capital colombiana, o que provocou a contaminação do Rio Bogotá e seus afluentes e fez com que muitos dos atrativos naturais da área da cachoeira perdessem sua beleza. Com isso, os turistas foram perdendo o interesse pela região, culminando novamente, com o fechamento do belo hotel no início da década de 90, e assim abandonado por muitos anos. Com seu visual supernatural e o fato de que no passado muitas pessoas escolhiam aquele ponto para cometerem suicídio alimentou os rumores de que o Hotel Del Salto era mal-assombrado! Em 2013, o Instituto de Ciências Naturais da Universidade Nacional da Colômbia e a Ecological Farm Foun-

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dation of Porvenir se uniram num projeto de renovação da área e foram os responsáveis em transformar o hotel abandonado no museu Casa Museo del Salto del Tequendama, onde se realizam exposições e palestras sobre ecossistemas, natureza e ecologia e também sobre a restauração do antigo hotel, inspirados no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que apresenta aos visitantes a evolução da restauração e encorajando os visitantes a apoiar os trabalhos! Há anos, o grupo está trabalhando para recuperar a fauna e a flora ao redor do rio Bogotá, e a recuperação do hotel é o símbolo de tal processo. Atualmente, o edifício é de propriedade de Maria Victoria White, veterinária e diretora executiva da Fundación El Porvenir, que busca constantemente apoio financeiro para que o lugar continue sendo um museu.

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Localizado na cidade de Soacha, a apenas 30 km ao sudoeste de Bogotá, encontramos um dos principais pontos turísticos da Colômbia: o Salto del Tequendama, uma impressionante cascata de 157 metros de altura que, após percorrer quilômetros pelas belas paisagens naturais da região, cai sobre um abismo rochoso em formato circular. A beleza da imponente queda d’água atrai milhares de turistas à região. Segundo uma antiga lenda muisca, o Salto del Tequendama se formou pela ação divina de Bochica, que quebrou a rocha para escoar as águas que inundavam a savana de Bogotá. Mas alguns estudos indicam que isso pode não ser apenas uma lenda… há indícios que mostram que este fenômeno pode ter ocorrido de verdade! Mas por ação da natureza, e não divina! Uma outra lenda diz que, durante a época em que os conquistadores espanhois invadiram a América do Sul, o povo indígena da região, para escapar da escravidão, pulava do Salto del Tequendama e se transformavam em águias que voavam para sua liberdade! Mas, além da cachoeira (que merece uma visita por si só), uma outra atração é muito procurada pelos turistas: o Hotel Del Salto, um luxuoso hotel situado na beira de um penhasco, bem diante da queda d’água. A mansão, cuja construção iniciou-se em 1923 e sua inauguração se deu em

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1928, recebia os viajantes ricaços que visitavam a região e, por causa de sua localização, proporcionava aos seus convidados uma vista simplesmente espetacular e de tirar o fôlego! O arquiteto responsável pelo seu projeto foi Carlos Arturo Tapias e ele o fez como um símbolo da alegria e da elegância dos cidadãos de elite dos anos 20. O exterior do prédio tem características da arquitetura francesa e a única maneira de chegar à mansão era através de um trem que partia da capital colombiana. No início da década de 50, a mansão foi reconstruída e transformada em um hotel… Porém, nas próximas décadas, houve um crescimento desordenado da capital colombiana, o que provocou a contaminação do Rio Bogotá e seus afluentes e fez com que muitos dos atrativos naturais da área da cachoeira perdessem sua beleza. Com isso, os turistas foram perdendo o interesse pela região, culminando com o fechamento do belo hotel no início da década de 90, que se encontra abandonado desde então. Com seu visual abandonado e o fato de que no passado muitas pessoas escolhiam aquele ponto para cometerem suicídio alimentou os rumores de que o Hotel Del Salto seja mal-assombrado! O Instituto de Ciências Naturais da Universidade Nacional da Colômbia e a Ecological Farm Foundation of 152


Porvenir se uniram em um projeto de renovação da área e agora são responsáveis em transformar o hotel abandonado em um museu: a Casa Museu Salto de Tequendama de Biodiversidade e Cultura, onde se espera realizar exposições e palestras sobre ecossistemas, natureza e ecologia! Há cerca de 15 anos, o grupo está trabalhando para recuperar a fauna e a flora ao redor do rio Bogotá… e a recuperação do hotel seria o símbolo de tal processo. No futuro, quando a região estiver ecologicamente recuperada, o grupo espera tirar um pouco o foco das questões ambientais e voltá-lo para o turismo, já que a região sempre teve um potencial turístico (e, consequentemente, econômico) gigantesco! Com a criação de uma hidroelétrica na região, e a poluição do rio, os turistas foram escasseando e o hotel acabou sendo fechado. Seu aspecto abandonado e o fato de que muitas pessoas escolhiam a região para cometer suicídio reforçaram as lendas de que o local seria amaldiçoado. Depois de 26 anos de abandono, a Casona abriu novamente as portas em 2013, como um museu gerido por uma fundação e uma universidade.

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Nara Dreamland

A

Japão

rquitetos, engenheiros, iluminadores, carpinteiros, eletricistas, curiosos, todos se interessariam em visitar um lugar como este, onde teve mão de obra de muitos destes profissionais e hoje se encontra vazio e entregue à ação destrutiva do tempo. No final do mês de julho na cidade de São Paulo, houve o fechamento do parque de diversões Playcenter. Parques de diversões são grandes projetos arquitetônicos voltados à diversão e quando são fechados dão lugar a novos parques ou então a empresas, condomínios, grandes torres, etc. Mas não é o caso deste. Pense em um parque do porte da

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Disney World, aliás, com sua construção baseada na própria. Imagine todo o projeto feito, arquitetura, engenharia, o tamanho do terreno, todo o dinheiro investido e quantas pessoas passaram por ali. Tudo muito bem planejado para a diversão e segurança dos visitantes. Agora imagina tudo isso ter sido fechado e absolutamente abandonado. Em 1961 o parque temático Nara Dreamland foi aberto e fez muito sucesso durante décadas. Durante os anos 90 uma crise se abateu sobre o empreendimento que deixou de ter investimentos e seus brinquedos foram ficando velhos e ultrapassados. Em 31/08/2006 o parque finalmente fechou suas portas devido a muitas dívidas, porém não foi demolido. Tudo continua lá, em pé, esperando pelos visitantes de todos os dias, mas se deteriorando com o passar do tempo. Hoje no Japão existe o Haykio, o nome que se dá ao 155


turismo, muitas vezes ilegal, que visita as ruínas da civilização moderna, como hospitais, prédios públicos, locais abandonados, mas que ainda estão de pé, mesmo tipo de turismo mostrado no filme Chernobyl A visita ao parque é ilegal, mas não impediu a estes turistas que entrassem e fizessem os vídeos e as fotos abaixo. Interessante demais não é? Seria muito interessante se o local fosse reformado e reaberto ou então demolido e o terreno virasse um novo parque de diversões ou para passeio, com muita natureza. Mais área verde, mais beleza e mais diversão para os visitantes e moradores da região.

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25 New World Mall

P

Tailândia

arece mentira, mas um shopping na cidade de Bangkok, na Tailândia, esconde algo inacreditável entre suas paredes: milhares de peixes vivem no chão alagado do lugar competindo por comida e luz do sol. Chamado de “New World Mall“, este shopping era um centro comercial de quatro andares que sofreu um incêndio criminoso em 1999 onde várias pessoas morreram e o prédio permaneceu abandonado desde então. Mas como os peixes foram parar lá, já que o prédio se quer ficava perto de um rio? Bem, o incêndio e o abandono culminaram com o enfraquecimento da cobertura superior do lugar que rompeu deixando o shopping completamente sem teto. Durante a estação chuvosa, o shopping rapidamente teve seu primeiro pavimento inundado pela água da chuva. O alagamento preocupou os moradores da região, mas as autoridades não deram importância aos perigos de água empoçada. Mosquitos começaram a usar aquela água parada para se reproduzirem e de longe via-se uma manto negro de larvas de mosquitos se desenvolvendo na água. Em 2000, preocupado com o incômodo causado pelos 157


mosquitos, um morador, até hoje desconhecido, teve a ideia de colocar, na água, alguns exemplares de carpas e bagres exóticos que obviamente comeriam as larvas de mosquito. Muita comida junto com a proteção contra predadores e a população de peixes começou a aumentar devagar. Hoje, quase 15 anos depois milhares de carpas e bagres vivem no local que se auto sustenta. Quem conhece “aquário do shopping abandonado” diz que a quantidade de peixes é assustadora!

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Saint Dunstan in the East Londres

S

t. Dunstan in-the-East foi uma igreja inglesa que ficava no caminho entre a ponte de Londres e a Torre de Londres. O local sofreu grandes danos e foi quase totalmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial, e agora as ruínas são um jardim público. A igreja foi originalmente construída em 1100, aproximadamente. Um corredor sul foi adicionado em 1391 e a igreja teve diversar reparações em 1631 que custaram mais de £2,400. Ela sofreu danos demais no Grande Incêndio de Londres em 1666. Ao invés de ser reconstruída, a igreja sofreu reparações novamente, entre 1668 e 1671. Um campanário foi acrescentado entre 1695-1701 de acordo com Sir Christopher Wren. Foi construído num estilo gótico, que simpatizou com o estilo do resto da igreja. Agora reparada, a igreja tinha entalhes de madeira feitos por Grinling Gibbons e um órgão do Padre Smith, que foi transferido para um mosteiro em St. Albans, em 1818. 159


Em 1817 foi descoberto que o peso do telhado da nave havia empurrado as paredes quase 18 cm fora da perpendicular, e decidiram reconstruir a igreja desde os seus arcos, mas o estado da estrutura estava tão ruim que toda a igreja foi derrubada. Foi reconstruída em um design perpendicular feito por David Laing e William Tite. A pedra de base foi colocada em novembro de 1817, e a igreja reabriu em 1821. Construída com pedra de Porland, ela era agora 35 metros mais comprida e 20 metros mais larga, podendo receber entre 600-700 pessoas. O custo do trabalho final foi de £36,000 e a antiga torre permaneceu na nova construção. A igreja sofreu danos com os ataques repentinos de 1941. A torre sobreviveu ao impacto da bomba, mas só as paredes norte e sul do local continuaram no lugar, mas foi

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decidido não reconstruir a igreja dessa vez. Em 1967 a Corporação da Cidade de Londres decidiu tornar a igreja um jardim público, que abriu em 1971. Um gramado e árvores foram adicionadas às ruínas e uma fonte foi colocada no centro da nave. Agora a torre é parte do All Hallows House Foundation, uma organização de caridade.

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Warehouse EUA

O

armazém Roosevelt, também conhecido como Depóstio de Livros das Escolas Públicas de Detroit está localizado na rua Dalzelle, em Detroit, Michigan. Dizem que o design do lugar foi feito pelo arquiteto Albert Kahn e que foi construído nos anos 1910, aproximadamente. Inicialmente seria um departamento de polícia, mas os policiais decidiram mudar de local, e as escolas públicas de Michigan compraram o local para armazenar os materiais escolares. Em 1987 o lugar pegou fogo, o que danificou não só os materiais que estavam dentro como a estrutura do lugar. As escolas públicas abandonaram o armazém com equipamentos esportivos e até giz de cera dentro. Também haviam documentos de escolas desde os anos 1900 guardados no local, além de muitos livros que foram danificados. Posteriormente investigado, o lugar revelou ter várias caixas de livros novos totalmente intactos, e que também foram deixados para trás.

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Hoje em dia o local é totalmente vandalizado, e muita quantidade de metal de seu interior foi retirada. Em 2009 um sem-teto, que estava congelado, foi encontrado em um elevador inundado. O nome dele era Johnnie Reddig e sua face estava ainda em decomposição. A autópsia revelou que ele morreu por uma overdose de cocaína, e que deveria estar congelado por amis de um mês. Ele estava sendo procurado por sua família, e os exploradores urbanos que encontraram seu corpo o ignoraram para jogar hóquei no gelo que havia ali. Mesmo com autorização, ele não foi demolido.

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28 Bennett School for Girls EUA

A Escola Bennett para Garotas (tradução livre), também chamada de Colégio Bennett até os anos 1970, provoca arrepios naqueles que se atrevem a visita-la. O local já foi um luxuoso hotel que hospedou gente de elite, e então se tornou uma escola preparatória só para meninas em Millbrook, Nova Iorque, uma das cidades mais influentes no país. A escola agora é visitada frequentemente apenas por exploradores urbanos e fotógrafos. Seus quartos e salões estão vazios, uma vez cheio de artefatos da Biblioteca Livre de Millbrook, mas ainda é possível reparar no esplendor que havia ali. O prédio principal, chamado Halcyon Hall, foi construído em 1890 e era um projeto de hotel luxuoso. Ele seria composto em parte por alojamentos e em parte por museu, colecionando livros e artefatos do mundo todo. Um site de exploração urbana, chamado opacity.us, caracterizou o edifício original como um retiro, destinado para os ricos a se esconderem pelos quartos e pelo salão, com um bom livro. 164


James E. Ware foi responsável pelo design do lugar, que incluía 200 quartos e 5 andares, que foi construído usando painéis de madeira escura e pedra típica do estilo Queen Anne. Infelizmente, o hotel nunca abriu. Em 1901, Halcyon Hall fechou devido a falta de interesse e dívidas. Em 1907, May F. Bennett, uma professora de Irvington, Nova Iorque, levou sua escola para meninas até o edifício. The Bennett School for Girls tinha 120 estudantes matriculadas. As ga-

rotas estudavam lá por 6 anos, 4 anos de ensino médio e mais 2 anos adicionais como um ensino complementar. Durante esse tempo, a escola adicionou ao campus capela, estábulos, dormitório e teatro ao ar livre. Dentre as aulas oferecidas estavam linguagens, cultura e artes. Os prédios originalmente eram dormitórios, mas se transformaram ems alas de aula, escritórios e outros. No começo do século 20, a escola deixou de lado 165


as turmas de ensino médio e se fornou uma faculdade, sendo conhecida oficialmente como Bennett College. A transição para faculdade fez com que o campus sofresse ainda mais alterações, incluindo a construção do Gage Hall, que continua de pé até hoje, e o Alumnae Hall, um dormitório. Também foi acrescentado uma biblioteca, que foi construída junto ao Gag Hall em 1956. Na década de 1970, a faculdade lutou para permanecer relevante. Ela trouxe sobre si uma montanha de dívidas de tentar converter a escola em uma faculdade de quatro anos e tentou fundir-se com a casa de campo próxima de Briarcliffe, mas as negociações falharam e o lugar faliu em 1977. O edifício foi fechado e seus livros, equipamentos, e outros artefatos foram movidos à biblioteca da cidade. Está vazio desde então.

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Em 1993, o prédio foi adicionado ao Registro Nacional e Histórico de Lugares (em tradução livre). Contudo, em 2014, o complexo dos dormitórios foi condicionado a demolição, mesmo com os protestos da comunidade. O campus foi vendido para a The Thorne Farm LLC ‘para prevenir um tipo de desenvolvimento que não beneficiaria a comunidade’. O terreno de quase 30 acres será convertido, parcialmente, em um parque.

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29 Castelo Buchanan Inglaterra

O

Castelo Buchanan é a ruína de uma casa de campo em Stirlingshire, na Escócia.foi originalmente o lar da família Buchanan e passada aos Grahams no século 17. A casa queimou em 1850 e foi arruinada, sendo a casa atual construída por James Graham, 4º Duque de Montrose, em 1854. O telhado foi removido 100 anos depois, em 1954, mas ainda é da família Graham.

História A propriedade estava na posse da familia Buchanan desde 1231, mas a linha dessa família terminou em 1682. O lugar foi comprado por James Graham, 3º Duque de Montrose (1657-1684), cujo filho se tornou o 1º Duque de Montrose em 1707. O arquiteto William Adam preparou plantas para a construção da casa em 1745. Em 1790, William Henry Playfair foi designado para fazer algumas alterações à planta ante168


rior. James Graham, 4º Duque de Montrose (1799-1874) e sua esposa criaram e treinaram cavalos de corrida na propriedade durante o século 19. A antiga casa foi destruída em um incêndio em 1850, e o Duque epediu que William Burn a reconstruísse. Ele construiu uma mansão extravagante no estilo escocês, incluindo uma torre. O Duque viveu no lugar até 1925, quando ele foi vendido. Nos anos 30 a casa abriu como um hotel e campo de golfe nos gramados. Os planos idealizados para o local foram deixados de lado com a Segunda Guerra Mundial, durante a qual a mansão foi requisitada. Ela serviu como hospital, incluindo pacientes como Rudolf Hess, que foi levado após seu vôo para a Escócia em 1941. Após a guerra o local serviu brevemente como escola militar. O telhado foi removido em 1954, e algumas partes 169


do exterior da casa foram demolidas. Algumas outras estruturas foram construídas no castelo e nos fundos. Algumas propostas foram feitas para revitalizer a mansão, em 2002 e 2004, mas as duas foram recusadas. As paredes da mansão continuam intactas e estão em boas condições. As ruínas do local são progressivamente tomadas por árvores e plantas.

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Castelo de Dona Chica

O

Portugal

Castelo da D. Chica – também conhecido como Palácio da D. Chica ou Castelo de Palmeira – é um edifício apalaçado de caraterísticas ecléticas sobre um estilo romântico que está localizado em Palmeira, no concelho de Braga. Foi desenhado/projetado pelo arquiteto suíço Ernesto Korrodi e começou a ser construído em 1915, tendo sido classificado Monumento de Interesse Público em 2013. Tendo em tempos despertado o interesse de Lady Di, está devoluto e custa dois milhões de euros. A origem do Castelo da D. Chica remonta a 1915 e o imóvel foi concebido para servir de habitação a J. Ferreira do Rego e sua mulher, a brasileira Francisca Peixoto Rego, a quem se refere a designação popular do monumento, lê-se no site da Direção Geral do Património Cultural (DGPC). Reza a história que a construção do edifício foi interrompida em 1919, tendo a obra ficado incompleta, nomeadamente no interior do imóvel. “Embora a estrutura edificada apresente algumas soluções que diferem do projeto desenhado por Korrodi, essa “evolução” assinala “(...) a persistência de um gosto que lhe permitiu materializar a 171


sua ‘Habitação Nobre’ ideal”, que remetia sobretudo para referências neogóticas, refere a DGCP. Uma descrição, de resto, que também consta no anúncio de venda do Castelo da D. Chica colocado no idealista – está a ser negociado por dois milhões de euros pela mediadora Imoleite sociedade de mediação imobiliária, Lda. Ao longo dos anos são muitas as histórias relacionadas com este palácio, que já teve vários proprietários. Diz-se que foi vendido pela primeira vez em 1938, por 165 contos, por um fidalgo inglês que posteriormente o revendeu. O novo proprietário terá sido Francisco Joaquim Alves de Macedo, mas o Castelo da D. Chica foi parar às mãos da Junta de Freguesia de Palmeira já na segunda metade

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do século XX, que o concessionou empresa à IPALTUR, Investimentos Turísticos, S.A. Em 1992, Joaquim Costa, gestor da IPALTUR, terá trespassou o palácio à empresa “Veloso - Empreendimentos Turísticos e Residenciais”, tendo em vista o pagamento de uma alegada dívida, o que não foi aceite pelos credores, e no ano seguinte foi proposto o pedido de falência da IPALTUR por parte da CGD, principal credora desta empresa. 173


Mais tarde, em 1998, o imóvel foi adquirido pelo banco estatal, que o vendeu em hasta pública em 2004 por cerca de dois milhões de euros à imobiliária Europovoa – Construções e Imobiliária,Lda., liderada por José Campos. Esteve no mercado desde então e foi adquirido, no ano passado, por José Veloso Azevedo, empresário da construção civil da região de Braga. Consta que o Castelo da D. Chica, que continua à procura de novo dono, como podes ver no anúncio de venda publicado no site idealista, chamou a atenção da princesa Diana. Lady Di, dizia-se, queria comprar um palácio às portas da cidade e teria estado interessada neste palácio. A história foi relatada pelo Público, em 2012. O Castelo da D. Chica foi mandado construir por Francisca Peixoto de Sousa, quando decorria o ano de 1915. D. Francisca, ou D. Chica, tinha nascido no Brasil, tendo por isso mandado trazer diversas espécies arbóreas do seu país, espécies essas que ainda hoje existem na mata envolvente. Ao longo dos anos, este castelo mudou de proprietário por diversas vezes, o que fez com que as suas obras de construção se fossem arrastando ao longo dos tempos, de modo que só ficaram concluídas já em 1991. Ainda antes da sua conclusão, o Castelo foi reconhecido como Imóvel de Interesse Público, mediante o despacho 174


de 20 de Fevereiro de 1985. Apesar de ter recebido essa classificação, atualmente o Castelo da D. Chica encontra-se abandonado e num processo de degradação que se tem vindo a arrastar, devido a uma disputa judicial que envolve várias entidades. No ano 1990, a Junta de Freguesia de Palmeira adquiriu o Castelo da D. Chica por aproximadamente 95 mil euros, tendo depois arrendado o imóvel à IPALTUR, uma empresa de turismo que procedeu a algumas obras de beneficiação, adaptando o Castelo a uma zona de lazer com discoteca, bar e restaurante, bem como salas de reuniões e de congressos. Mais tarde, com o acordo da autarquia, esta empresa hipotecou o Castelo da D. Chica por 750 mil euros, junto da Caixa Geral de Depósitos, constando do acordo que a Junta de Freguesia não receberia rendas do imóvel por um período de 10 anos. Em 1994, porém, a IPALTUR entrou em processo de falência, tendo a Caixa Geral de Depósitos adquirido o imóvel em hasta pública, já no ano de 1998, por um milhão e meio de euros. Deste modo, a instituição financeira conseguiu reaver o seu crédito, mas os restantes credores (cerca de vinte) ficaram sem receber qualquer valor. Assim, em 2001, o tribunal de Braga decidiu que os demais credores deveriam receber os valores em dívida da parte da Caixa Geral de Depósito. No entanto, essa decisão 175


foi mais tarde anulada, em 2002 pelo Tribunal da Relação de Guimarães, e em 2003 pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Aspetos Arquitetónicos do Castelo da D. Chica O edifício do Castelo da D. Chica é composto por 4 pisos, sendo caraterizado por uma grande diversidade de materiais e linguagens, misturando vários estilos arquitetónicos, entre os quais o neogótico, o rústico e o neoárabe. O projeto deste edifício, evidencia que foi dada a principal importância à imagem, deixando para trás alguns métodos relevantes de construção. O material das janelas do edifício não obedece a nenhum padrão, sendo algumas em madeira, outras em ferro, e ainda outras utilizam ambos os materiais, não se sabendo 176


se tal ficou decidido logo no projeto inicial de Korrodi, ou se os vários artistas que foram executando a obra ao longo do século foram tomando as decisões sobre esse assunto a seu bel prazer. Além das janelas, utiliza-se também o ferro como material do gradeamento, do coroamento da cobertura e também do catavento. Como elemento decorativo principal, utiliza-se a folha-de-hera, que aparece não só no desenho das grades de ferro, como também em algumas das molduras de mármore e pelo meio dos diversos motivos florais presentes nos capitéis das colunatas. As telhas do edifício foram pintadas de verde, com o objetivo de se integrarem na paisagem. A mata envolvente é essencialmente de origem brasileira, sendo composta de amendoeiras, pau-santo, eucaliptos, japoneiras, palmeiras, pinheiros brasileiros, apesar de aí também se encontrarem algumas árvores de origem nacional, tais como cedros, pinheiros bravos, carvalhos, mimosas, salgueiros, sobreiros e outras. O lago no jardim, conjuntamente com uma gruta, pretendem imitar o período medieval e o estilo barroco, traduzindo assim uma visão romântica Atualmente, o Castelo da D. Chica encontra-se à venda por dois milhões e meio de euros, estando já em processo de degradação. 177


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Castelo Bannerman

I

EUA

lha Pollepel, ou Ilha Pollopel, ou Ilha Bannerman, no Rio Hudson, é o local do Castelo Bannerman, e fica a 50 milhas ao norte de Nova Iorque, a 300 metros na costas leste do Rio Hudson. O castelo, hoje abandonado, foi usado como depósito de equipamentos militares. Francis Bannerman, nasceu em 1851, filho de imigrantes escoceses que começaram, no Brooklyn, um negócio de venda de excedentes militares, após o fim da Guerra Civil Americana. A loja aberta pela família, ajudou a equipar voluntários para a guerra hispano-americana (1897). Possuia um catálogo de mais de 300 páginas e foi, durante anos referência para colecionadores de equipamentos militares. Bannerman comprou a ilha em 1900 e construiu um castelo que servia tanto de sua casa, como de propaganda para seu negócio. Em uma de suas fachadas, a mais visível do outro lado do rio, ainda se vê inscrições gigantes em alto relevo que diziam “Arsenal da Ilha Bannerman”. A construção do castelo cessou com a morte de Bannerman em 1918 e, em agosto de 1920, 200 toneladas de pó de conchas explodiu em uma estrutura auxiliar, destruindo 178


uma parte do complexo na ilha. Durante o século 20 seu império declinou e, em 1950, após uma tempestade, a balsa, que fazia o transporte até a ilha, afundou. O que restou do arsenal e da ilha, foi comprado pelo Estado de Nova Iorque, o qual promovia passeios turísticos pela ilha, até que um incêndio devastou o castelo, o qual teve seus telhados, forros e pisos completamente destruídos, em 1969. Hoje a ilha faz parte da Secretaria Estadual de Parques, Recreação e Preservação Histórica, e está totalmente em ruínas. Apenas suas paredes externas permanecem, pois seu interior foi consumido pelo fogo. A ilha tem sido vítima de vandalismos e invasões, negligência e decadência. Em Dezembro de 2009, partes do castelo desmoronou. Mas visitas ainda são permitidas e guiadas. Tudo com capacete. Vamos agora fazer a nossa visita ao castelo. 179


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Estação Canfrac

C

Espanha

anfranc podia ser a cena de um filme como Casablanca, embora a história dessa travessia de fronteiras durante a Segunda Guerra Mundial ainda está por se escrever. A rota do ouro nazi para a Península Ibérica, a presença das SS e da Gestapo, a porta para a fuga de muitos judeus e até dos vencidos alemães, e os episódios de contra-espionagem dignos de um romance de John Le Carré. Tudo isto aconteceu em Canfranc entre 1942 e 1945. A Alfandega internacional foi reaberta após ter sido fechada durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) para impedir uma invasão de França. Pouco depois, em 1942 e 1943, viveu uma actividade que nunca mais foi a mesma até ao seu encerramento em 1970. A suposta neutralidade da Espanha durante o conflito que resultou num período de turbulência na Europa vai chegar para movimentar 1.200 toneladas de mercadorias por mês na rota Alemanha-Suíça-Espanha-Portugal, entre elas 86 de ouro nazi, roubado aos judeus. Alemanha controlou a Alfandega internacional de Canfranc durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com 181


um grupo de oficiais da SS e o membros da Gestapo, que viviam no hotel da estação e numa cidade próxima. A Espanha não estava em guerra, mas Franco tinha uma posição de não-beligerância ‘sui generis’. Devia devolver a ajuda que Hitler lhe deu na guerra Civil o que se traduziu no envio de toneladas de Volfrâmio de minas na Galiza, um mineral essencial para proteger os seus tanques e canhões. Muitas dessas explorações foram abertas por empresas alemãs que operavam em Espanha através da Sociedade Sofindus(Sociedade Financeira Industrial), uma holding alemã muito bem relacionado com Demetrio Carceller, diretor do Instituto Espanhol de Moeda Estrangeira (IEME), o único órgão que poderia comprar ouro... Os “Documentos de Canfranc”, cujo conteúdo Herald revelou esta semana, provando que em troca do apoio estra182


tégico para o prolongamento da guerra, a Espanha recebeu, no mínimo, 12 toneladas de ouro e 4 de ópio, enquanto Portugal atingiu 74 toneladas de ouro, quatro de prata, 44 armas, 10 relógios e outros itens, o resultado da pilhagem dos judeus. Esses dados podem ser apenas a ponta do iceberg. Os originais desses documentos, enviados para o chefe de tráfego de mercadorias de Madrid, não existem. Portugal foi a porta de entrada de mercadorias da América do Sul e, no final da II Guerra Mundial, a saída de muitos alemães que encontraram refúgio na Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai. Por isso, recebia mais ouro. “Havia queijos da Argentina, com uma pele muito espessa para suportar a viagem ou o açúcar que chegava a Lisboa”, recorda Julio Ara. Em Irun e Port Bou os nazis permaneceram no outro lado da fronteira, na França ocupada, mas em Canfranc viviam do lado espanhol na estação, localizada na Espanha, havia dupla jurisdição.

Concertos na estação Os alemães viviam na estação e realizavam concertos de piano na sala de jantar. Eles eram muito educados. Dançavam Valsa com as meninas de Canfranc e ofereciam-lhes chocolates. Eles eram engenheiros ou químicos e nós ignorantes que tínhamos muita fome durante a guerra, confessa 183


um vizinho de Canfranc que na altura teria 14 anos e agora prefere manter-se no anonimato. Se alguma história de amor foi idealizada, como em Casablanca, não perdurou. “Embora estivessem a servir no lado francês não havia nenhum problema a passar para o lado espanhol. Alguns viviam na pousada Marraco. Havia seis oficiais fixos e outros á paisana da Gestapo, mas às vezes chegavam grupos de vinte soldados uniformizados que vinham da frente para descansar”, acrescenta. Os vizinhos de Canfranc, abalados ainda pelos efeitos da Guerra Civil fugiram para França, mas agora não podiam atravessar a fronteira. Precisavam de um Salvo Conduto. “Desde Anzánigo, era uma área impermeabilizada”, diz um vizinho. Um dos documentos “Canfranc”, datado de 24 de maio de 1940 e assinado pelo super intendente da Unidade de Pesquisa e Vigilância, disse que “todo aquele que vivia na área a partir de 18 de Julho de 1936 devia apresentar-se num prazo de oito dias na Esquadra com a relação dos que viviam em sua casa, com os certificados das pessoas e empresas. “O não cumprimento levava ao regresso forçado á sua antiga residência “, avisa. Os Carabinieri, a Guardia Civil e os oficiais SS eram inflexíveis com o roubo de bens, como relógios, que eram transportados para Portugal. “Roubaram uma caixa e eles procuraram-na. Um rapaz chegou a ser enforcado e outro

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multado em muito dinheiro “, contam em Canfranc. A falta de liberdade de movimento juntava-se á fome mitigada pelas mercadorias que eram descarregadas. O salário médio de um trabalhador era de 200 pesetas por mês. Então, sempre se desviava alguma coisa dos comboios para casa. “Sacavam-se latas de sardinha, açúcar, óleo, café ou vinho que enviavam os portugueses da Madeira. Menos mal, pois passava muitas mercadorias e podíamos levar umas coisas, porque havia muita fome “, diz Daniel Sanchez, 87 anos, um dos poucos canfraneros que pode contar que carregou caixas com lingotes de ouro ás suas costas. O ouro nazi chegava por comboio a Canfranc de acordo com os documentos descobertos pelo francês Jonathan Diaz na estação em novembro do ano passado, após a gravação de um anúncio da loteria de Natal. Entre julho 1942 e dezembro de 1943 atingiu 45 comboios, seis deles com destino a Espanha (“importação” aparece no papel) com 12 toneladas de ouro, e o resto do “trânsito” com destino a Portugal, que recebeu 74 toneladas de metais preciosos. Daniel descarregava o ouro dos comboios suíços pela ponte internacional e colocava-o em camiões suiços que se encarregavam de leva-lo para Madrid e Portugal, através das fronteiras de Badajoz, Valencia de Alcántara e Fuentes de Oñoro. O historiador Pablo Martín Aceña, director da comis-

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são espanhola que investigou as compras de ouro nazi pela Espanha, disse que a Península Ibérica recebeu estes carregamentos até agosto de 1945, por Hendaya, Port Bou e Canfranc, mas não sabe em que proporção.«Os serviços de inteligência dos aliados contabilizaram 135 saídas da fronteira franco-suíça de Bellegarde para a Península Ibérica», aponta. Estes comboios transportavam “um total de 300 toneladas “. Portugal comprou muito ouro que saiu da Bélgica e Holanda. O que foi recebido por Espanha (IEME), é evidente a partir das contas que foram investigadas no Reichbank, o Banco Nacional Suíço e o IEME. Outra coisa é que as empresas espanholas na Alemanha cobraram em ouro e depositaram-no em Londres ou Zurique. Calcula-se que 20 toneladas de ouro entraram em Espanha pela troca de Vol186


frâmio “, assinala Martin Aceña. Esse Volfrâmio que ainda pode ser visto, 60 anos mais tarde, no cais e nas vias mortas da estação de Canfranc. Portugal e Espanha exportaram esse minério para a Alemanha, no entanto, em 1944 os aliados pressionaram o regime de Franco e de Salazar parar com as exportações, a fim de acabar com a guerra. A ultima Visão História (nº8, Portugal e a II Guerra Mundial) escreve também algo muito interessante sobre o tema, referindo-se que muito do ouro vindo para Portugal foi “comprado” pelo Santuário de Fátima entre outros pormenores dos quais se cita o seguinte: Os negócios entre o Portugal de Salazar e a Alemanha de Hitler ainda escondem mais do que revelam. E a versão oficial da “Comissão Soares” sobre o ouro nazi deixou uma série de pontas soltas. Lentamente, porém, segredos comprometedores vieram à tona...» Do livro “Portugal e o Plano Marshall” da historiadora Fernanda Rollo também se extrai o seguinte:

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33 Fordlândia Brasil

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este 2015 completam-se sete décadas da ruína de um pedaço de império no meio da floresta amazônica. Era uma área extensa, de aproximadamente 15 mil quilômetros quadrados no sudoeste do Pará, na região de Santarém, a 800 quilômetros de Belém. Foi onde se construiu a Fordlândia, referência ao empresário norte-americano Henry Ford, que planejava estabelecer ali sua base de fornecimento de borracha. A aventura começou em 1927 e terminou em 1945, sem sucesso. A área hoje está em ruínas. No início deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou rapidez ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) no processo de tombamento, mas ambos concordam que isso não será suficiente para recuperar e preservar o local. Na primeira década do século passado, Henry Ford causou sensação com seu modelo T, pioneiro na fabricação em série. O modelo de produção inovador para a época foi batizado de fordismo. Surgia a linha de montagem. Para os pneus dos automóveis, ele precisava de borracha – e aí sur188


ge o projeto da Fordlândia. O ciclo da borracha no Brasil já estava superado. No início do século 20, quem produzia eram colônias inglesas do Sudeste Asiático. O empresário viu na Amazônia oportunidade de investimento e de fornecimento contínuo e mais barato para seus produtos, fugindo do monopólio britânico. Adquiriu o terreno e, em pouco tempo, criou não apenas uma fábrica, mas uma típica cidade dos Estados Unidos em plena Amazônia, no final dos anos 1920. Uma little town (cidadezinha) à beira do Rio Tapajós, que chegou a ter mais de 3 mil trabalhadores. Cidade chegou a ter 3 mil trabalhadores, que não se adaptaram ao estilo norte-americano de vida. Na foto, vila operária em 1933 A produção da borracha, no entanto, nunca se firmou. As pragas atacaram as seringueiras e as plantações ainda foram transferidas – outra cidade foi erguida, em Belterra, que faz parte do processo de tombamento em análise pelo Iphan. Mas a indústria também já havia descoberto a borracha sintética. O projeto brasileiro perdia sentido. A empresa teve ainda problemas com seus funcionários brasileiros, ao tentar impor uma cultura norte-americana, que não se limitava ao modelo de produção, e incluía novos hábitos de comportamento e alimentares. Em 1930, por exemplo, houve uma rebelião de trabalhadores, que se bati189


zou de Revolta das Panelas, descrita em detalhes pelo historiador norte-americano Greg Grandin, no livro Fordlândia – Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva, lançado no Brasil cinco anos atrás. Segundo a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa de Lima, o processo de tombamento encontra-se “em vias de finalização”, com algumas pendências. Mas os problemas são muitos, acrescenta. “Na prática, quem responde pela gestão local é a prefeitura de Aveiro, pois Fordlândia é um distrito municipal. Porém, trata-se de área da União, o que dificulta a atuação do município no que se refere à fiscalização”, diz Dorotéa, que conta ter experimentado “sensações contraditórias de fascínio e desolação” ao visitar o local. “O desafio está em superar o isolamento e encontrar soluções que associem preservação, sustentabilidade e gestão.”

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“Só o tombamento não vai resolver, se não houver outros canais de proteção”, afirma a procuradora Janaína Andrade, do MPF paraense, que vê necessidade de políticas públicas para cuidar efetivamente da área. “A situação é difícil. Com o passar do tempo, as intempéries vêm, e são perdas que não serão recompostas. E não é só esse patrimônio. Assim como na Fordlândia, infelizmente o patrimônio cultural não tem valor. O próprio Iphan não tem estrutura”, lamenta Janaína. No começo de junho, a procuradora esteve em contato com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), que atua junto com o Iphan no caso. Foi feito um pedido de seis meses para conclusão do inventário. Apesar do prazo elevado, o Ministério Público tende a aceitar, até por uma questão prática: uma possível ação civil pública não teria efeito nenhum, porque não haveria como cumpri-la. Para Janaína, é preciso tentar despertar a consciência da população. “A sociedade não valoriza o patrimônio que tem lá”, afirma. Uma ideia em estudo, que está sendo discutida com professores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), é levar um curso de extensão (de Arqueologia) de Santarém para Aveiro, cidade onde fica a Fordlândia, com população estimada em 16 mil pessoas, segundo o IBGE.

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Mato e ruínas A Fordlândia deixou de existir, definitivamente, em 1945. O governo brasileiro indenizou a empresa e ficou com a infraestrutura, que aos poucos se perdeu. O local chegou a receber instalações federais e fazendas, com casas habitadas por servidores do Ministério da Agricultura. Mas a área foi abandonada aos poucos e os prédios se deterioraram ou foram alvo de vandalismo. Ainda há moradores na região. Alguns ocuparam casas remanescentes da chamada Vila Americana. Recentemente, o repórter Daniel Camargos, do jornal Estado de Minas, visitou o local. Sua descrição a respeito do hospital que funcionava ali ajuda a dar uma ideia do que aconteceu com o passar do tempo: “O projeto do hospi192


tal foi elaborado pelo arquiteto Albert Khan, o mesmo que projetou as fábricas da Ford em Highland e River Rouge, nos Estados Unidos. A capacidade era de 100 leitos e foi um dos mais modernos do país, sendo o primeiro a realizar um transplante de pele. Hoje, é só mato e ruínas. No local abandonado, somente o zumbido de mosquito interrompe o silêncio”. Dorotéa considera que a experiência pioneira, no sentido de implementação de um grande projeto internacional na Amazônia, não deve ser desprezada, mas faz ressalvas. “Os muitos estudos e trabalhos a respeito revelam que o desprezo do componente cultural e da realidade local muito contribuiu para os desacertos”, analisa a superintendente do Iphan. “Muitos projetos vieram depois e, apesar de um outro entendimento da região e do componente local, pode-se dizer que continuamos a ser meros fornecedores de matéria-prima, inclusive no caso da energia. Muitas vezes o que fica na região é apenas o lado perverso desses investimentos: desmatamento, poluição, aumento da população nas periferias dos projetos em áreas de ocupação irregular, inchando as cidades que, em geral, não têm as condições devidas para atendê-las.” Henry Ford morreu em 1947, sem conhecer sua cidade amazônica. Em meio a cerca de 300 mil seringueiras, na Amazô-

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nia, é possível encontrar ruínas que parecem ter saído dos subúrbios dos Estados Unidos, com casas pré-fabricadas, cinemas, hospitais e escolas. E, de certa forma, foi isso que aconteceu: no final da década de 20, Henry Ford tentou construir no Brasil uma espécie de Detroit, cidade norte-americana cuja principal indústria é a automobilística. Para isso, Ford contava com um latifúndio de 1 milhão de hectares nas margens do rio Tapajós, a cerca de um dia e meio de viagem de barco de Santarém, no Pará. A “cidade” planejada pelo empresário deveria abrigar milhares de trabalhadores brasileiros e estrangeiros, além de servir como fonte de látex para a produção mundial da companhia. Porém, envolto em muitas dificuldades, o projeto acabou falhando.

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Terreno inapropriado e cultura conflitante O projeto da Fordlândia começou errado. Sem saber que poderia negociar terras diretamente com o governo brasileiro — e consegui-las gratuitamente —, Henry Ford acabou comprando a propriedade de um cafeicultor por cerca de R$ 125 mil. Porém, havia um problema: a terra, montanhosa demais, também era inapropriada para o cultivo de seringueira. Mesmo assim, a cidade começou a ser erguida em meio à floresta e o projeto foi sendo estruturado. Madeira, telhas e até mesmo as mudas das seringueiras foram trazidas dos EUA de navio. Pessoas do Brasil todo seguiam para o norte do país na expectativa de um emprego na Fordlândia, mas nem todos eram aceitos, visto que o exame médico era bastante rigoroso. Mesmo assim, muita gente sem experiência foi contratada, o que causou uma espécie de debilidade de mão de obra. A cidade possuía vilas para administradores, com campo de golfe, cinema e piscina, e para funcionários, com estruturas mais modestas. Além disso, ali também ficava um dos melhores hospitais da região e, como se não bastasse, o salário era pago quinzenalmente e em dinheiro, algo muito bom para a época. Mas como dizem, dinheiro não é tudo. Com o passar do tempo, os funcionários começaram a ficar insatisfeitos 195


com regras que, na época, eram muito novas para os trabalhadores, como relógios de ponto, sirenes e regras de comportamento que desmotivavam a permanência no local. Isso gerou uma rotatividade muito grande de funcionários. “Abaixo ao espinafre!” Também foi na Fordlândia que aconteceu um protesto curioso. Cansados da alimentação à moda americana, os funcionários se rebelaram e prometeram greve caso a empresa continuasse a servir espinafre com tanta frequência. No lugar do vegetal rico em ferro, os moradores queriam o bom feijão brasileiro, além de peixe e farinha.

Praga e mudança de mercado E apesar de um ou outro momento que indicaram um possível sucesso na empreitada de Ford, o projeto acabou fracassando. Além dos problemas já mencionados, as seringueiras foram afetadas por um fungo que se espalhou rapidamente. Na floresta, as seringueiras existem com mais espaçamento entre elas e, portanto, as doenças não se espalham com essa facilidade. Mas os americanos plantaram as árvores muito próximas uma das outras, de maneira semelhante ao plantio de eucalipto. Além disso, o aparecimento da borracha sintética tam196


bém atrapalhou os planos da empresa, já que grandes potências começaram a trocar a borracha natural por essa variante. No total, Ford teria gasto cerca de meio bilhão de reais no projeto, que no fim acabou sendo vendido ao governo brasileiro por US$ 250 mil (cerca de R$ 574 mil). Hoje, as instalações se encontram abandonadas e sofrem saques e desmanches constantes enquanto aguardam o tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

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34 Kayakoy Turquia

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8 km ao sul da cidade de Fethiye, na Turquia, se encontram as ruínas de cerca de quinhentas casas que pertenciam à comunidade de Livissi, que eram cristãos gregos. Livissi, agora conhecida como Kayakoy ou a Vila Rock, foi construída provavelmente no século 18 na antiga cidade de Lebessus, e pode ter sido o lugar onde os habitantes da ilha fugiram para escapar dos piratas saqueadores. Depois de um devastador terremoto e incêndios, a cidade ficou acabada, muitos se mudaram para Livissi e a cidade

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cresceu depois de um tempo. Durante seu auge, Livissi tinha uma população de 10.000 ou 20.000, de acordo com diferentes fontes. Antes da Primeira Guerra Mundial, havia muitas populações gregas que viviam pacificamente em toda a Turquia ocidental. Mas quando a Primeira Guerra começou, estes gregos de repente se viram na terra do inimigo e à mercê dos otomanos. Centenas de milhares de gregos foram massacrados durante a guerra como parte da limpeza étnica feita pelos turcos. Alguns fugiram para a Grécia. Outros foram deportados à força. Os habitantes de Livissi foram expulsos de suas casas e marcharam a pé para outro local a 220 km de distância. Muitos pereceram, sucumbindo à fome e fadiga. Eventualmente, um tratado de paz foi assinado em 1923, e ambos os países chegaram a um acordo com a população. Mais de um milhão de cristãos gregos que viviam na Turquia voltaram para a Grécia. De forma semelhante, cerca de 500.000 muçulmanos deixaram territórios gregos e voltaram para a Turquia. No momento em que a guerra terminou, Livissi foi mais ou menos abandonada. As poucas famílias restantes foram novamente deportadas. Em 1957, um terremoto de magnitude 7.1 fez seu golpe final, destruindo a maior parte dos edifícios da cidade. 199


A cidade de Livissi, agora renomeada Kayakoy, permanece deserta, mas preservada como um museu e um monumento histรณrico.

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35 Chalé da Condessa D’edla

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Portugal

a segunda metade do século XIX, D. Fernando II e a sua futura segunda mulher, Elise Hensler, Condessa d’Edla, criaram na zona ocidental do Parque da Pena um Chalet e um Jardim de caráter privado e sensibilidade romântica, espaço de refúgio e recreio do casal. Localizado de forma estratégica a poente do Palácio da Pena, o edifício segue o modelo dos Chalets Alpinos, então em voga na Europa. Da eclética decoração sobressaem as pinturas murais, os estuques, os azulejos e o uso exaustivo da cortiça como elemento ornamental. No exterior, o jardim que envolve o Chalet – e também a Quinta da Pena – reúne vegetação autóctone e espécies botânicas provenientes dos quatro cantos do mundo, conformando uma paisagem exótica em que se destacam a Feteira da Condessa, o Jardim da Joina, o Caramanchão e os lagos. Entre 1864 e 1869 foi construído o denominado Chalet da Condessa d’Edla e desenvolvida uma forte intervenção paisagista na área envolvente. Influenciados pelo espírito 201


romântico da época, D. Fernando e Elise Hensler, futura Condessa d’Edla, idealizaram uma das zonas mais idílicas e pitorescas dentro de aquele que é considerado o maior e mais emblemático parque romântico alguma vez concebido em Portugal. O Chalet é um pequeno edifício de forte carga cénica, caracterizado no exterior pela marcação horizontal da pintura do reboco exterior, a simular pranchas de madeira, e pela cortiça que reveste balaústres, perfila beirados, emoldura vãos e finge trepadeiras. A proximidade de um grupo de pedras de granito monumentais, inserido no jardim, e as vistas para o vale, o mar, o Palácio da Pena, o Castelo dos Mouros e a Cruz Alta, acentuam o dramatismo, quer da construção, quer do conjunto paisagístico.

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O Jardim integra uma colorida zona formal com camélias, rododendros e azáleas, e uma exótica intervenção na paisagem – composta por mais de duzentas espécies botânicas e repleta de recantos, caminhos, bancos e miradouros – que permite um passeio entre o Chalet e o Palácio da Pena. Os elementos ornamentais e de fruição da ambiência, presentes de forma quase inesperada, integram-se neste percurso ao longo da descida até à Feteira da Condessa. O vale situado a nascente foi o local escolhido para a criação da Feteira, primeira coleção de fetos no Parque da Pena, de que são especial exemplo os fetos arbóreos da Austrália e Nova Zelândia.

Adjacentes ao Jardim da Condessa encontram-se as estruturas da Quinta da Pena, que inclui a Abegoaria, novas cavalariças e um espaço para as charretes que realizam passeios no Parque da Pena.

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A intervenção de recuperação e restauro Na sequência do incêndio que destruiu parcialmente o Chalet, a empresa Parques de Sintra-Monte da Lua assumiu a recuperação do Chalet e do Jardim como a reconstrução de um grande valor cultural, histórico e artístico, no intuito de devolver o edifício ao seu estado original e de requalificar a envolvente e a coleção botânica, e ainda repor e instalar as infraestruturas e equipamentos necessários para a manutenção da zona. Para atingir este objetivo foi reunida uma equipa técnica multidisciplinar, tendo sempre presente as recomendações das cartas internacionais para o restauro, proteção e valorização do património.

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Em 2011, após um minucioso processo de recuperação e restauro, apoiado pela EEA Grants, o Chalet e Jardim da Condessa d’Edla reabriram ao público. Um edifício singular e um jardim de sensações, para descobrir e experienciar à medida da visita. O Jardim e Chalet da Condessa d’Edla foram classificados como Imóvel de Interesse Público em 1993, integrando-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995. Em 2012 o projeto de recuperação do Chalet e Jardim da Condessa d’Edla recebeu o Prémio do Turismo de Portugal para Novo Projeto Público, bem como o Prémio Grémio Literário.

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36 Hotel Rádio

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naugurado em 1919, o Hotel Rádio foi famoso e abrigou grandes personalidades, como Getúlio Vargas e Santos Dumont. Possui esse nome devido às águas radioativas encontradas na região. É dito que a decadência do hotel se iniciou após o suicídio de uma mulher em um dos quartos. A partir de então, os funcionários relataram visão de vultos e sons estranhos no local. O hotel foi abandonado em 1940, e suas ruínas hoje são ponto turístico. As árvores cresceram ao redor de toda a construção e tomaram o seu interior, e a maior parte de sua estrutura ainda está preservada.

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Ao redor do hotel está a Mata de Cascatinha. A lenda diz que Dona Beja, figura-símbolo de Araxá e mulher à frente de seu tempo, se banhava nas águas termais da fonte que existia na mata. É dito também que o Hotel Rádio era o prostíbulo de Dona Beja, o que não é verdade. A mulher viveu até o ano de 1873, enquanto o hotel foi inaugurado em 1919. Há dúvidas inclusive se Beja era prostituta, visto que mulheres politizadas e cultas geravam muito falatório, e escandalizavam a sociedade no século XIX.

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Paranapiacaba

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distrito de Paranapiacaba, talvez seja o maior exemplo de incompetência e ignorância do poder público ante ao patrimônio histórico em São Paulo senão no Brasil todo. Uma vila histórica, em plena Serra do Mar, que poderia ser o grande atrativo de Santo André, que não é uma cidade frequentada por turistas, e com isso atrair não só a frequentação turística como também aumentar a arrecadação do município. Entretanto a cegueira das autoridades locais e a falta de colaboração da MRS Logística não conseguem dar uma destinação digna ao seu maior tesouro, que é a Vila de Paranapiacaba que, vejam bem, foi comprada da RFFSA por Santo André em 2002 por R$2.1 milhões. A compra da vila foi o último ato do então Prefeito Celso Daniel, que seria sequestrado horas depois. Desde a compra, pouco foi feito pela preservação da vila que vive entre um impasse entre a prefeitura de Santo André e a MRS Logística que não chegam a um acordo que possa permitir a preservação e recuperação do lugar. Para tentar reverter esta situação de uma vez por todas, 208


o juiz substituto da 1ª Vara Federal de Santo André, Paulo Bueno de Azevedo, deu prazo de 180 dias para que município e a União apresentem projeto visando à recuperação dos bens de valor histórico, artístico e cultural da Vila da Paranapiacaba. Este projeto deverá abordar o que será restaurado e o prazo previsto para a recuperação. O IPHAN, órgão federal de defesa do patrimônio histórico e artístico, já confirmou a inclusão da vila no PAC Cidades Históricas. Na medida, o juiz ainda determinou à MRS Logística, concessionária do trecho da ferrovia, que apresente relação dos bens que se encontram na área da concessão, especificando medidas de proteção, principalmente em relação à Torre do Relógio, um dos pontos mais emblemáticos da vila.

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O abandono não é de hoje: O descaso com a histórica Vila de Paranapiacaba não é algo recente. O despreparo para lidar com uma parte da importante história paulista e também do Brasil vem de muito antes, quando a vila ainda pertencia a RFFSA. Para mostrar um pouco do descaso que atravessa décadas, todas as fotografias que ilustram este artigo são de 1984 e foram tiradas por Erta Tamberg e algumas por sua irmã Ellen Tamberg, em uma visita que fizeram ao local naquele ano. É possível notar que já haviam locomotivas estragando a céu aberto, casas abandonadas e galpões destelhados.

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38 Velho Airão Brasil

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uem gosta de conhecer destinos insólitos, ampliar horizontes, precisa conhecer a cidade-fantasma de Airão Velho. Ali, na Amazônia, o imaginário da floresta deixa as histórias do Barão de Munchausen parecerem verdadeiras. Uma das mais singulares viagens que fizemos aconteceu às margens do rio Negro, diante das ruínas de Airão Velho, cidade abandonada por seus habitantes na década de 1950. Os ribeirinhos dizem que a fuga dos moradores ocorreu depois do ataque de ferozes e gigantes formigas de fogo. Outros, vão ao Além, e categóricos afirmam que todos deram no pé por causa dos fantasmas de índios escravizados. Curiosos, embora desaconselhados por nosso barqueiro, um índio baniwa, lá fomos nós para Airão Velho. No meio da travessia, o que era um céu azul de repente se fechou em cinza chumbo, as águas antes tranquilas começaram a criar ondas para surfistas. De súbito uma tempestade furiosa nos acertou em cheio e a água nos envolvia de todos os lados.

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O barco sacudia com violência de um lado para outro, igual um cavalo indomável que quer arremessar para longe o cavaleiro. A escuridão desceu sobre nós, e um clarão de raio se fez para logo a seguir dissolver num estrondo de tremer a Terra. Então, começou o vento. Primeiro em rajadas esparsas, depois mais frequentes, até que uma permaneceu constante, sem pausa, sem alívio, e tinha algo de um sopro sobrenatural. Sobressaltados conseguimos atracar, mas não foi preciso esperar muito para perceber que não éramos bem-vindos, pois logo a seguir fomos recepcionados por um bombardeio de mangas comandado pelo vento forte que chicoteava as copas das árvores furiosamente. O índio baniwa evoca os espíritos dos antepassados e assume que foram eles que quase nos impediram que atracássemos na cidade fantas-

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ma. E completa: “se não estivesse com vocês o barco teria virado. Os espíritos de nossos antepassados ainda não perdoaram os brancos”. O que não deixa de ser justificado se pensarmos na história da colonização. Camadas de histórias da Amazônia estão em Airão Velho: pinturas rupestres deixadas por povos indígenas que habitaram há milhares de anos e expedições escravagistas de São Paulo que provocaram danos irreparáveis às tribos ao longo do rio Negro. E, mais de missionários e portugueses que ali construíram um importante entreposto comercial que iria crescer ainda mais com o ciclo da borracha no início do século passado. Hoje, numa ampla visão, se vê uma série de imponentes ruínas caindo aos pedaços, que antes serviram como igreja, escola, casas coloniais, cemitério (passamos longe) e prédios municipais. Tudo abraçado por um labirinto de raízes e cipós. Nada ali alivia sua barra. Naquele momento, caminhar pelas antigas ruas de pedra de Airão Velho é estar preparado para esbarrar numa alma penada, e então você vê a figura espectral do sr. Shigeru Nakayama. O japa é o único habitante dali, espécie de ermitão que guarda a vila. Profundo conhecedor da história da cidade abandonada, ele desfez nosso espanto explicando que as ondas tumultuadas, conhecidas como banzeiro e a ventania que nos sau213


daram na chegada eram comuns daquela estação do ano. E por fim contou a verdadeira história do abandono da cidade. Isolada e empobrecida pela escassa comunicação com outros centros urbanos, ela perdeu a vez, e virou mais uma vila-fantasma. O mais inusitado e, talvez, fascinante em uma viagem pela Amazônia são suas histórias e lendas. A cada momento, em todos os lugares, surgem evidências dos deuses e espíritos. Eles são um som inexplicável, o pisca-pisca do vagalume, o canto de um pássaro, ou uma nuvem. Menos delirantes e mais realistas embarcamos de volta para Manaus, agora acompanhados de um arco-íris em dia ensolarado, para logo a seguir novamente nos sobremaravilhar com a Amazônia. Num flash, vimos um nevoeiro baixo e espesso ocultar a velha vila. Shigeru Nakayama, o guardião desta cidade fantasma na floresta amazônica, contempla o Rio Negro, um vasto afluente do Amazonas. Dependendo da ótica, parece mais um mar do que um rio, o que lhe traz lembranças do Japão. “Fukuoka ficava fria no inverno”, disse Nakayama, de 66 anos, que deixou a ilha de Kyushu, no sul do Japão, com seus pais e três irmãos em meados da década de 1960 para iniciar uma nova vida no Brasil. A gente trabalhava no campo procurando prosperar. O Japão ficou reduzido a cinzas depois da guerra. A vida ainda era difícil”. 214


“Mas a terra dos nossos sonhos era o Brasil”, disse Nakayama, espremendo os olhos sob o sol forte do meio-dia enquanto apoiava seu corpo franzino contra uma das estruturas de pedra em ruínas de Airão Velho, uma cidade tão abandonada e agora coberta por um labirinto de raízes de árvores e trepadeiras. Se tem alguém neste canto remoto da Amazônia que possa atestar como os sonhos se revelam de maneiras inesperadas, este certamente é Nakayama. Assim que os visitantes chegam até as ruínas de Velho Airão ele começa a introduzi-los educadamente, em português com sotaque japonês, à história do enigmático e remoto local que ele jurou proteger.

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Os povos indígenas habitaram a região por milhares de anos, e deixaram sua marca em pinturas rupestres nas proximidades, indica Nakayama. Mais recentemente, no século XVII, expedições em busca de escravos provenientes de São Paulo penetraram nos confins da Amazônia provocando uma devastação genocida entre as tribos que viviam ao longo do Rio Negro. Em 1694, os portugueses resolveram constituir um posto de conversão neste local, o qual chamaram de Santo Elias do Jaú, estabelecendo-se assim, na enorme floresta tropical que já era cobiçada por Portugal e pela Espanha. Os historiadores afirmam que este assentamento da Amazônia precedeu às cidades mais conhecidas da região sudeste do Brasil na era colonial, como Ouro Preto e São João del Rei, estabelecidas no início do século XVIII. Por quase dois séculos os missionários dedicaram-se a catequizar os habitantes, dando sermões aos povos indígenas em uma igreja de pedra. Antes do Brasil conquistar sua independência, em 1822, as autoridades da longínqua Lisboa mudaram o nome do local para Airão, que permaneceu nos mapas como um pequeno ponto dentro de uma vasta fronteira. Nakayama demora ao falar sobre esses detalhes depois de abrir a porta da cabana de chão de terra batida onde mora. Um insinuante pôster retratando uma morena praticamente


nua, montada sobre um tigre e segurando uma lança, está pendurado logo na entrada ao lado de um mapa rodoviário do Brasil, embora esta região de selva densa quase não tenha estradas (os barcos representam o modo de transporte predominante). Para honrar Airão Velho, Nakayama criou uma espécie de museu em um dos quartos do casebre. Ele chegou aqui em 2001, depois que as autoridades criaram um parque nacional numa área vizinha da Amazônia, e da qual ele e outros colonos foram expulsos. Naquela época, um descendente do clã Bizerra, que controlava Airão Velho, pediu ao Nakayama que cuidasse do posto abandonado. Uma pintura a óleo em seu museu descreve como Airão Velho devia ter sido durante seu apogeu na época do ciclo da borracha na Amazônia no final do século IXX e inícios do XX, quando o assentamento desenvolveu-se como centro de seringueiros e comerciantes. No auge de sua história, acredita-se que ali moravam centenas de pessoas que circulavam pelas ruas de paralelepípedos entre os prédios comerciais de estilo colonial, lojas e edifícios municipais, protegidos dos dilúvios tropicais por tetos de telha portuguesa. Fotografias desbotadas dos Bizerra, lembrando uma peça de arte conceitual, mostram uma família orgulhosa de sua influência na região.


“Esta era a lei naquela época”, diz Nakayama, segurando um rifle enferrujado, achado entre as ruínas. O velho colono conhece bem a justiça nas regiões fronteiriças do Brasil. Depois de deixar o Japão, sua família mudou-se para Belém, em uma das últimas migrações japonesas ao Brasil, um êxodo que criou a que se acredita ser a maior colônia de japoneses e seus descendentes fora do Japão.

Nakayama se enche de orgulho ao descrever os feitos dos compatriotas que também seguiram seu caminho até a Amazônia, apontando para a colônia agrícola pioneira de Tomé-Açu. Quando era mais jovem, Nakayama tentou viver em São Paulo, onde se assentaram a maioria dos imigrantes japoneses, mas logo sentiu que a floresta o chamava de volta.


“A cidade não concordava comigo, e eu não concordava com a cidade”, disse ele ao justificar por que se dedicou à agricultura tropical, ainda que seus irmãos prosperassem em empreendimentos urbanos. Antes do Nakayama mudar-se para Airão Velho, onde os visitantes das ruínas o apelidaram “o eremita da selva”, sua existência nem sempre foi assim tão solitária. Ele conta que já teve duas companheiras no passado. A última delas, uma professora, morreu de uma doença desconhecida na época em ele que decidiu fazer sua vida por aqui. Ele não tem filhos. No início, Airão Velho, que fica a várias horas de barco da cidade de Manaus, não era tão desamparado. Embora muitos moradores haviam abandonado o posto depois do boom da borracha, algumas famílias tentaram repovoar a cidade. Uma escola para crianças de comunidades vizinhas trouxe alguma vitalidade a Airão Velho. Mas, assim como nas fantasmagóricas imagens dos locais abandonados nos arredores da cidade ucraniana de Chernobyl, a escola, que agora está vazia, ainda apresenta rabiscos na lousa e livros escolares casualmente jogados pelo chão, como se os alunos tivessem saído para uma excursão de vários anos. Empunhando um facão, Nakayama continua a limpar a vegetação que rodeia o prédio, num esforço para manter


uma aparência mais arrumada. “Fico satisfeito por alguém estar cuidando de Airão Velho”, disse Victor Leonardi, um historiador que estuda a Amazônia na Universidade de Brasília, e que explorou as ruínas na década de 1990. “Naquela época (a área) fedia a urina de onça, mas obviamente foi um lugar de riqueza em algum momento, onde as pessoas jantavam com porcelana inglesa e consumiam conhaque francês”. Um eremita na Amazônia tem muito tempo livre. Um gerador elétrico e uma antena permitem que Nakayama assista televisão; ele gosta de acompanhar os jogos do Flamengo, seu time. Às vezes caça, somente para seu consumo, animais como a paca, e mantém uma pequena horta. “Eu nunca fui para o hospital em toda minha vida”, disse Nakayama, lambendo os lábios após comer um prato de tracajá, uma tartaruga de manchas amarelas. Dando uma tragada no cigarro Euro, ele emenda. “Bem, teve aquela vez quando uma jararaca me mordeu no pulso e fui ver um médico em Novo Airão”, acrescentou. “Ele me disse que eu teria perdido o braço se não tivesse ido vê-lo”. Agora que está ficando mais velho, Nakayama disse que passa alguns dias por mês em um assentamento um pouco menos remoto chamado Novo Airão, visitando amigos e abastecendo-se de mantimentos, que ele paga com a magra aposentadora que o governo outorga aos idosos. Mas quan-


do um viajante entusiasta ou um pesquisador acadêmico passa por Airão Velho ele quase sempre está disponível para mostrar-lhes a região. Uma equipe de filmagem japonesa o visitou recentemente para fazer uma matéria sobre seu estilo de vida espartano, que ele descreve como “normal”. “O Japão transformou-se em um país próspero, e eu acho que é bom para as pessoas de lá”, disse Nakayama. “Mas eu nunca almejei este estilo de vida”. Nakayama reconheceu que proteger Airão Velho da invasão da selva é uma luta difícil. Um olhar ao redor sugere que os apuís estão ganhando a batalha. No meio das ruínas as vespas rondam, as formigas de fogo marcham e as cigarras cantam.


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