ROTA DO PATRIMÓNIO FERROVIÁRIO DO BARREIRO
Movimento Civico de Salvaguarda do Património Ferroviário do Barreiro
Razão de Ser do Movimento A valorização do património ferroviário, enquanto memória do passado e ponte para o futuro! O transporte ferroviário foi o paradigma do desenvolvimento industrial do Barreiro em meados do século XIX, num processo dinâmico que se prolongou pelo século XX adentro. Todavia, no início dos século XIX, os comboios quase morreram no Barreiro, colocando em risco um valioso conjunto de património arquitectónico construído que, rapidamente entrou em degradação, podendo a situação agravar-se ainda mais, com o encerramento das Oficinas Gerais. Hoje, o abandono a que parte das instalações ferroviárias estão votadas, consequência da retirada de valências ao Pólo Ferroviário do Barreiro, em termos operativos e oficinais, que tem significado a perda contínua de postos de trabalho, é uma situação que urge denunciar. São estas as preocupações que nos unem, em torno deste Movimento, porque, entendemos que os barreirenses não podem ficar indiferentes ao abandono e destruição do património da sua terra. Porque ele faz parte integrante da memória e da história da cidade. Só interessa cuidar do património e da memória, se houver vida no presente e perspectivas de futuro. O paradigma deverá ser o de assegurar no presente, os interesses da população e da economia regional, projectando para o futuro as iniciativas que melhorem a qualidade de vida dos portugueses, em geral, e da população do Barreiro em particular. Movimento Cívico de Salvaguarda do Património Ferroviário do Barreiro
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Em 1855 a Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo adquiriu terrenos para implantação da rede ferroviária do Sul, ficando concluído o troço inicial Barreiro/Vendas Novas no ano de 1859. Este troço na extensão de 56 Km, foi inaugurado pelo rei D. Pedro V em 2 de Fevereiro de 1859, no meio de grandes manifestações de regozijo da população do Barreiro e arredores, embora a abertura à circulação só se iniciasse no dia 1 de Fevereiro de 1861. O caminho-de-ferro foi portador de inovação e transformações profundas, colocando o Barreiro como o principal eixo de ligação entre o Norte e o Sul do País. A influência que o caminho-de-ferro exerceu sobre a vida dos barreirenses e os desenvolvimentos daí resultantes, deu origem a um fenómeno que configura múltiplos aspectos sociais que, designaremos como cultura ferroviária. Para o conceito de cultura ferroviária concorrem um conjunto de manifestações, de que se destaca: Pag. Nº 3
1. Uma Cultura Técnica Própria; 2. O surgimento de um associativismo ferroviário com características próprias, mas de relevante valor social; 3. Um significativo conjunto patrimonial arquitectónico que detém uma presença marcante, ainda hoje, no urbanismo da cidade. Neste contexto, considera-se que a cultura ferroviária constitui um pilar nas referências da memória e da história da cidade. A sua preservação, classificação, valorização e divulgação, através de uma Rota do Património Ferroviário, constitui, assim, um factor essencial para a construção do futuro harmonioso que se pretende para o Barreiro.
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1. A Cultura Técnica
Com o caminho-de-ferro, o Barreiro beneficiou da presença de uma elite, de pessoas instruídas e letradas: os engenheiros franceses e equipas técnicas que os acompanhavam. Esta elite, foi portadora de novidades que, representaram autênticos avanços do conhecimento e da ciência, à época. O trabalho no caminho de ferro, especialmente nas oficinas e no vapor, exigia pessoas com instrução e preparação técnica muito específica, o que vai contribuir para a formação de um núcleo especializado em distintas profissões. Esta cultura técnica, necessária para trabalhar levou, em última análise, ao desenvolvimento de uma classe profissional instruída e à existência de uma predisposição para a aprendizagem que, nas pequenas e grandes bibliotecas das inúmeras associações existentes a cada canto da vila, transformará do Barreiro num pólo de cultura tecnológica. Pag. Nº 5
2. Associativismo Ferroviário
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste Uma das primeiras associações criadas por ferroviários foi a Associação Humanitária do Pessoal do Caminho de Ferro ao Sul do Tejo, em 1872. Esta oferecia uma espécie de seguro aos seus associados, vítimas de doenças, acidentes de trabalho e prestava assistência aos familiares, em caso de morte. Subsidiava ainda os que «fossem presos ou suspensos das suas funções, quando a causa não fosse roubo ou outro qualquer crime infamante».. Esta associação desapareceu mas poucos anos depois surgiu a Caixa de Socorros dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste em 1883, embrião do primeiro sistema de segurança social dos ferroviários do Sul. A frequência com que sucediam os acidentes, principalmente incêndios, Pag. Nº 6
levou um grupo de ferroviários a formar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste em 1894, a qual chegou até aos nossos dias e continua prestando um precioso auxílio à população do Barreiro.
Casa dos Ferroviários - Sindicato A Casa dos Ferroviários representa um marco na cultura e na memória histórica da classe ferroviária do Barreiro. O edifício foi projectado para teatro e «exploração de um animatógrafo» na Vila do Barreiro, e abriu portas como “Teatro República”, em 10 de Outubro de 1920. Em 1922 o “Teatro República” foi vendido à Sociedade Industrial, Tipográfica e Teatral de Ferroviários (SITTF), constituída exclusivamente por sócios do Sindicato do Pessoal dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, que irá ceder as instalações ao Sindicato em 1922, e é a partir dali que, a associação de classe vai desenvolver as suas actividades. Desde Março de 1920, que o Jornal Sul e Sueste, lançara uma “Campanha Pró-Casa dos Ferroviários”, com a emissão de 12 mil acções no valor global de 70 contos, para a sua edificação. Em Setembro desse ano já possuíam parte do dinheiro, porém, devido à greve de 70 dias, iniciada nesse mês contra a militarização dos caminhos de ferro, da qual resultaram prisões e despedimentos de muitos ferroviários, o Sindicato viu-se na contingência de auxiliar com esse dinheiro as famílias dos activistas sindicais, atingidas pela miséria. Assim, em 1922 quando se efectua a compra e inauguração da Casa dos Pag. Nº 7
Ferroviários esta representou o corolário de uma série de acções e esforços levados a cabo pelos ferroviários, incluindo descontos nos seus magros salários e outras contribuições para a “Pró-Casa”. O edifício adquire então a sua actual designação: “Casa dos Ferroviários”. Actualmente o edifício “Casa dos Ferroviários” já não existe. No seu local foi construído um edifício, onde se prevê a reconstituição do antigo espaço do Sindicato Ferroviário. A sua requalificação, no contexto do Barreiro Antigo e integração numa provável “Rota do Património Ferroviário” seria desejável, contribuindo assim para a preservação da memória e da cultura ferroviária no Barreiro.
O Instituto dos Ferroviários do Sul e Sueste O Cofre de Amparo às Viúvas e Órfãos dos Ferroviários do Sul e Sueste surgiu em 1912, influenciado pelo ideário democrático e republicano. A insuficiência de meios de protecção social fez, com que os ferroviários se organizassem, para fazer face aos infortúnios, sobretudo os inúmeros acidentes de trabalho que tantas vítimas provocavam. Teve em João dos Santos Pimenta, chefe de estação do Barreiro, alentejano de Elvas, um generoso e dedicado incentivador no auxílio às mulheres e crianças órfãs, descendentes dos ferroviários falecidos em serviço. Apesar das dificuldades financeiras, em 1919, o Cofre de Amparo prestava auxílio a 34 viúvas e a 70 crianças órfãs. O socorro às viúvas e órfãos consistia no pagamento de pensões, proporcionar alimentos, vestuário e calçado, mas o Cofre de Amparo almejava evoluir para uma associação com objectivos mais vastos. Pretendia Pag. Nº 8
facultar instrução literária e profissional, que habilitasse os filhos dos ferroviários com uma profissão, preferencialmente dentro da empresa. A evolução do Cofre para o Instituto dos Ferroviários do Sul e Sueste, constituiu um passo natural, tendo sido aprovados os Estatutos em Assembleia Geral de 11 de Dezembro de 1923 e datando a sua inauguração oficial de Janeiro de 1927. O Instituto constituiu uma importante referência histórica para a cidade, representativa da cultura e do espírito solidário dos ferroviários dos Sul, acolhendo, desde então, inúmeras crianças de famílias ferroviárias, a quem a desventura batia à porta.
Cooperativa Cultural Popular Barreirense A Cooperativa Popular Barreirense, nasceu no seio de um grupo de operários do caminho-de-ferro em Maio de 1913, quase em simultâneo com a 1ª República, e estava vocacionada para o fornecimento de bens alimentares de primeira necessidade, principalmente o pão que, pela sua falta e má qualidade era o mais sentido pelos associados. A Cooperativa atravessou momentos difíceis, chegando a encerrar. Reabriu em Janeiro de 2001 sob a mesma bandeira mas com uma nova história e um nome, agora diferenciado pelo novo objecto de referência, a cultura, ficando a chamar-se Cooperativa Cultural Popular Barreirense. Sem esquecer as suas origens ferroviárias, a Cooperativa Cultural Popular Barreirense abraça um novo projecto que toma o rumo da cultura, na sua forma cooperativista, tendo como destinatários os cidadãos locais, Pag. Nº 9
mas não deixando de colaborar com movimentos culturais que venham de fora do Barreiro.
Grupo Desportivo dos Ferroviários do Barreiro A 19 de Abril de 1930, por iniciativa de um engenheiro dos Caminhos de Ferro, Francisco de Almeida Mendia, foi fundado o Grupo Desportivo das Oficinas Gerais do Barreiro, hoje Grupo Desportivo dos Ferroviários do Barreiro. Criado numa época em que todas as manifestações sociais, culturais ou desportivas, para já não falar das de carácter político, só podiam ser exercidas no espírito restritivo do corporativismo, a fundação do Grupo Desportivo procurava o enquadramento dos indivíduos - operários ferroviários num determinado modelo político-ideológico. Contudo, muitos foram os ferroviários que beneficiaram com a criação do Grupo, através de uma prática desportiva saudável. Os "Ferroviários" alcançaram lugar de destaque no desporto ferroviário, sobretudo ao nível do remo, e ganharam notoriedade no panorama do desporto regional e nacional com inúmeros troféus conquistados ao longo dos anos, em diversas modalidades. Hoje o Grupo Desportivo está perfeitamente integrado no movimento associativo do Concelho do Barreiro e é, sem dúvida alguma, uma colectividade de prestígio, com um riquíssimo historial e uma das referências da cultura ferroviária no Barreiro. Pag. Nº 10
IMÓVEIS RECOMENDADOS NA ROTA DO PATRIMÓNIO FERROVIÁRIO DO BARREIRO 3. Património Ferroviário Construído
Oficinas Gerais dos Caminhos-de-Ferro Em 1859 a primitiva estação ferroviária do Barreiro localizava-se no sítio onde hoje se pretende, continuem vivas e activas, as Oficinas Gerais, que foram gerando trabalho e riqueza, ao longo de mais de 150 anos. Pese embora tenham perdido valências e mão-de-obra, nos últimos tempos. Em 1886 as Oficinas eram consideradas “excepcionais”, empregando então 500 operários, ao mesmo tempo que funcionavam como gare terminal da linha do Sul. Como estação ferroviária o edifício é, portanto, anterior a Sta. Apolónia (1865). Em 1884 passa, definitivamente, a Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, quando é inaugurada a Estação Fluvial do Barreiro. Este edifício oitocentista representa um exemplo notável da arquitectuPag. Nº 11
ra industrial, moderna e funcionalista e, continua e pode continuar, apto à sua função, ou, no futuro, a receber outro tipo de valências e usos. Assim sendo, porque não continuar como Oficinas, onde se repara o histórico material diesel e/ou se poderá reparar o futurístico material de alta velocidade? Competências não faltam, a tecnologia pode ser renovada, o espaço pode ser reinventado. Com a necessária formação/renovação da mão-de-obra altamente capacitada, poderá continuar a assegurar a vitória para o Barreiro dos desafios do futuro, como sempre assim foi!
Estação Ferro-Fluvial do Barreiro Mas o trânsito de pessoas e mercadorias, do comboio para “o vapor que passa o Tejo”, fazia-se penosamente, num transbordo de quase dois quilómetros pela Estrada do Rosário ou pelos areais, até ao Mexilhoeiro, local de embarque dos vapores para Lisboa. Manifesta-se então o espírito empreendedor do engenheiro Miguel Paes, de formação militar, ao serviço da Companhia Real, responsável pelo projecto e concretização das obras de construção da Gare Marítima, em terrenos conquistados ao rio. Finalmente, a 4 de Outubro de 1884 é inaugurada a nova estação ferro-fluvial do Barreiro. Estavam criadas as condições para a vila ribeirinha se tornar a grande plataforma giratória dos produtos e pessoas oriundos do Alentejo, e, mais tarde, do Algarve, com a expansão até Faro da Linha do Sul, em 1889, e tornar-se a próspera urbe por que ambicionavam os profetas barreirenses. Pag. Nº 12
A estação terminús foi dotada de um cais acessível que possibilitava o transbordo mais cómodo a pessoas e mercadorias, entre as duas margens do Tejo. Arte e técnica conjugam-se nos elementos arquitectónicos do edifício. A fachada Poente virada ao rio, articula elementos decorativos de temática marítima e vegetalista, em estilo neo-manuelino, característico do período romântico. Na fachada Sul, de carácter mecanicista e funcional, local do hângar de embarque dos passageiros, é utilizada arquitectura do ferro e o vidro, transparente e colorido, materiais construtivos inovadores na época. Em 1934 foi construída a Avenida de Sapadores que veio facilitar o acesso rodoviário ao local. A estação sofreu obras de ampliação e remodelação em 1943. Em 1995 é inaugurado o novo Terminal Rodo-Ferro-Fluvial do Barreiro. A antiga estação Sul e Sueste perde alguma importância, ficando remetida apenas ao transporte ferroviário. Com as novas acessibilidades, cujo nó de ligação ferroviária passou para o Pinhal Novo, o Barreiro perdeu de vez a importância histórica que sempre deteve no contexto do transporte ferroviário português, como eixo de ligação Norte/Sul.
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Bairro Ferroviário O Bairro Ferroviário do Barreiro foi construído pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (CP) entre 1933 e 1935. Insere-se, tal como outros exemplos portugueses bem conhecidos da mesma época e até anteriores (caso do Bairro Operário da CUF 1908-1932), na política “paternalista” e corporativista do Estado dito “Novo” que, ao mesmo tempo que facilitava a vida à empresa, passava a dispor de um conjunto de mão-de-obra mais dócil e sempre disponível para o serviço, respondia ao aflitivo problema da falta de habitação que caracterizou o Barreiro naquela época. Trata-se de um conjunto urbanístico composto por 23 moradias unifamiliares geminadas, localizado no Largo do Palácio do Coimbra e Rua da Bandeira. O Bairro é constituído por duas tipologias de habitação, uma destinada ao «pessoal graduado» outra ao «pessoal braçal», as quais possuem algumas características distintivas que evidenciam o estatuto socioprofissional dos seus moradores. No total contam-se onze moradias para o "Pessoal Graduado", com a porta principal para o Largo do Palácio do Coimbra, e doze para o "Pessoal Braçal", com a porta de entrada nas traseiras do referido Largo. Este conjunto, com o Palácio do Coimbra e o jardim envolvente, formam um quarteirão habitacional equilibrado, harmonioso e de qualidade que importa preservar, como exemplo da arquitectura ferroviária no Barreiro, especialmente a destinada às famílias ferroviárias. Pag. Nº 14
Palácio do Coimbra Foi edificado para habitação própria por José Pedro da Costa Coimbra, um dos capitalistas ligados á construção dos caminhos de ferro do Sul, em meados do século XIX. Em 1893, por falecimento de Costa Coimbra foi leiloado em praça pública, constando então de casa apalaçada com 4 frentes, lojas, primeiro andar e águas furtadas e uma fazenda, que foi antigamente vinha, com terras de semeadura, oliveiras e figueiras. Antes da construção do edifício dos Paços do Concelho (1904) a Câmara do Barreiro chegou a ponderar a aquisição do Palácio do Coimbra para instalação do novo edifício municipal. O Palácio e terrenos anexos terão sido adquiridos, posteriormente, pela CP para a construção do Bairro Ferroviário que hoje ali existe.
Bairro da Linha do Seixal Junto ao antigo ramal da linha do Seixal, construiu a CP um outro bairro destinado ao seu pessoal. Data de 1964 e é composto por várias moradias geminadas, à semelhança do Bairro do Palácio do Coimbra, embora de características arquitectónicas diferentes deste. Pag. Nº 15
Rotunda das Locomotivas A Rotunda, ou “cocheira das máquinas”, foi construída em 1886. Com a sua característica estrutura em planta semi-circular, constituiu na época uma das obras de maior vulto do complexo ferroviário do Barreiro. Comportava alojamento para 20 locomotivas a vapor e através de um mecanismo, o “charriot”, era ali que as máquinas faziam as manobras de inversão. Actualmente constitui um exemplar raro deste tipo de construção ferroviária. Com os tempos a Rotunda de máquinas modernizou-se, passando a albergar o material ferroviário diesel e actualmente, constitui o depósito de máquinas do Barreiro. Tendo em conta que o Barreiro foi sempre considerado a “Catedral do Diesel” pelos ferroviários, é do maior interesse preservar a velha Rotunda e dota-la com locomotiva, tractor e automotora, em estado de marcha, para no futuro se organizarem viagens históricas, quer pelas linhas do Sul e Sueste, quer pelo interior do antigo ramal industrial da CUF no Barreiro.
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Armazéns dos Despachos e Telheiro de Mercadorias Existentes na Avenida de Sapadores, são, provavelmente da autoria do Engº Miguel Pais, contemporâneos da Estação Fluvial inaugurada em 1884.
Armazém Regional Instalação anexa às Oficinas, destinada ao acondicionamento dos materiais, quer oficinais, quer para a Via e Obras. Terá sido construído nos anos de 1935, aquando da reconstrução e alargamento das Oficinas Gerais.
Armazém de Víveres O Armazém de Víveres do Barreiro, junto à estação do Barreiro-A, foi desenhado pelo arquitecto Cottinelli Telmo e inaugurado em 1936. Serviu por largos anos, para abastecimento de géneros aos ferroviários, a preços Pag. Nº 17
inferiores aos do mercado, um pouco á semelhança do que sucedia com a “Despensa” da CUF. Poderá ter sofrido algumas ampliações, uma das quais em 1945. Do ponto de vista arquitectónico o edifício apresenta um estilo sóbrio e utilitário, características dominantes da chamada corrente modernista, de que Cottinelli Telmo é um dos principais autores.
Barreiro A O apeadeiro do Barreiro-A fazia parte das infraestruturas iniciais da linha do Sul. Com a construção da via dupla Barreiro-Pinhal Novo deu lugar à actual estação, construída em 1935, denominada Barreiro-A. Após a electrificação da linha em 2009, o Barreiro-A continua servindo de apoio e resguardo ao material circulante, formação e manobras dos comboios.
Passadiço do Bairro das Palmeiras O passadiço do Bairro das Palmeiras foi construído 1935, a fim de acautelar os atravessamentos da via, sobretudo por operários da CUF, que habitavam nos inúmeros pátios existentes no Alto do Seixalinho, Pag. Nº 18
quando se dirigiam à fábrica para trabalhar. Em betão, constitui um exemplar típico da arquitectura ferroviária.
Estação e Conjunto Ferroviário do Lavradio Com a introdução do sistema eléctrico na linha do Sul foram destruídas, desnecessariamente, algumas estações antigas, caso de Alhos Vedros e Moita, outras foram modificadas, quebrando harmoniosos conjuntos, típicos da arquitectura ferroviária, para lhe introduzir “modernidades”. É o caso do conjunto ferroviário do Lavradio formado pela estação, casa do guarda da estação, armazém e sanitários públicos. Tendo perdido alguns destes elementos possui, hoje, apenas, a estação e o armazém.
Ramal Industrial da CUF Terá pesado na decisão de Alfredo da Silva em relação á localização de um novo complexo industrial no Barreiro, em 1907, a existência de uma ligação ferroviária à linha do Sul e Sueste, na então empresa de cortiça proprietária dos terrenos primordiais, a Bensaúde e Cª. Pag. Nº 19
Em 1909 arrancava a primeira fábrica de extracção de óleos de bagaço de azeitona e em 1910, a primeira fábrica de ácido sulfúrico, fundamental para a produção de adubos em pó, os primeiros feitos em Portugal numa escala industrial. Nessa altura iniciava-se a exploração da vasta rede ferroviária interna, com o Ramal Particular das Lezírias, que chegou a ter 20 quilómetros de extensão nos anos 50, período áureo do transporte ferroviário. Começou a funcionar em 1910, com quatro pequenas locomotivas a vapor, que durante muitos anos percorreram, diariamente, o complexo industrial com o seu apito característico, avisando gerações e gerações da presença da formidável concentração industrial. É longa a historia de 96 anos deste ramal, ex - CUF, ex - Quimigal e hoje propriedade da Quimiparque, ainda utilizado diariamente para receber matéria prima da refinaria de Sines (resíduo de alta viscosidade) e para expedir amoníaco, embora já muito encurtado por efeito do encerramento, nas década de 80/90, de muitas fábricas - clientes do antigo complexo químico, hoje transformado em parque empresarial. Essa história plena de acontecimentos, factos, memórias, vivências, aprendizagens, poderá ser fruída culturalmente e aproveitada pedagogicamente, se ligada à preservação de material circulante ferroviário diesel, na efectivação de viagens de turismo cultural ou de estudo pedagógico.
Nota: A Rota do Património Ferroviario do Barreiro, e a produção deste documento, texto e imagens, são da responsabilidade do Movimento Civico de Salvaguarda do Património Ferroviario do Barreiro. Barreiro, Agosto de 2012 Pag. Nº 20
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Mapa da Rota do Património Ferroviario do Barreiro 1 - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste 2 - Casa dos Ferroviários 3 - Instituto dos Ferroviários do Sul e Sueste 4 - Cooperativa Cultural Popular Barreirense 5 - Grupo Desportivo dos Ferroviários do Barreiro 6 - Oficinas Gerais dos Caminhos-de-Ferro 7 - Estação Ferro/fluvial 8 - Bairro Ferroviário 9 - Palácio do Coimbra 10 - Bairro da linha do Seixal 11 - Rotunda das Maquinas 12 - Armazéns e Telheiro de Mercadorias 13 - Armazém Regional 14 - Armazém de Víveres 15 - Barreiro A 16 - Passadiço do Bairro das Palmeiras 17 - Estação e conjunto ferroviário do Lavradio 18 - Inicio do Ramal Industrial da CUF Pag. Nº 22
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