Batata sem umbigo #17

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Jovem redatora morre após três dias seguidos de trabalho "Causa da morte seria a combinação entre jornada excessiva e uso de bebida energética" SÃO PAULO - A redatora Mita Diran, da agência de publicidade Young & Rubicam da Indonésia, morreu após três dias seguidos de trabalho. Segundo informações da imprensa local, além da jornada excessiva, ela teria abusado do uso da bebida energética Kratingdaeng. Ela trabalhava na agência há um ano e meio, de acordo com sua página no LinkedIn. Sua última postagem no Twitter, datada de 14 de dezembro, dizia: "30 horas de trabalho e continuo forte". Pela internet circula um print de uma mensagem do pai de Mita, Yani Sharizal, um diretor de criação de outra agência, na rede social Path. Na mensagem, ele diz que o filha entrou em coma após ter trabalhado três dias. Uma hora depois, um empregado da agência comentou a postagem, informando que Mita havia falecido. A Young & Rubicam publicou um comunicado à respeito da morte da jovem em sua página no Facebook. No texto, diz que Mita "era um talentosa redatora com um sorriso gentil que sempre viverá em nossos corações". O funeral da jovem ocorre nesta segundafeira, 16, data em que a agência informou que permanecerá fechada em sua homenagem.

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Depoimento: Em Itaquera, PM dizia a quem passava: 'Vou arrebentar você' No estacionamento do shopping Metrô Itaquera, 11 jovens de bermudas coloridas e tênis chamativos estavam sendo revistados. Tinham um olhar vazio e sem expressão; cederam as mochilas, os documentos e explicaram o que tinham ido fazer ali: dar um "rolezinho". O tenente encarregado da operação não encontrou nada de ilícito nos pertences dos jovens, a maioria negros e menores de idade. Explicou que a polícia estava abordando pessoas que pudessem ter ido para o evento, pois tinha um mandado de proibição. Anotaram nome e endereço de todos e avisaram que, se causassem tumulto, seriam multados em R$ 10 mil. Os adolescentes não me olhavam nos olhos e pareciam resignados. "Não vou embora não, quero ir ao cinema", disse Rodney Batista, 20. No grupo de 11, só um tinha o olhar duro de quem estava engolindo a raiva. Não vi ninguém com armas; ninguém roubando, depredando ou fazendo arrastão. Ainda assim, os lojistas entraram em pânico. Segundo a opinião pública, são bandidos com histórico de crimes; no melhor dos casos, vagabundos que vão lá tumultuar, cometer delitos e assustar "gente de bem". São tratados como tais pelas autoridades: passando pelo corredor, um policial repetia no ouvido de todos: "Vou arrebentar vocês, vou arrebentar" –e plaf, deu um chute em um menino. Pedi: "Licença, gostaria de saber o nome do senhor, ouvi o que o senhor disse e vi o que fez", ao que ele tirou a etiqueta de identificação e escondeu no bolso. Insisti em saber o nome, tentei tirar uma foto, recorri ao tenente e falei com outros policiais –todos identificados. Me acovardei e pensei que ele poderia ter ficado assustado por ter sido flagrado, que talvez tenha sido um momento do qual se arrependeu... Pensei também que arrogar qualquer tipo de coisa –"Sou da imprensa, olha só o meu crachá lustroso" –rebaixaria ao nível dele, que usou do poder para fazer algo contra alguém mais fraco. Vi gente filmando e sendo obrigada a apagar o arquivo, e a imprensa foi orientada a não registrar o que ocorria. A gente fica só imaginando o que não devem fazer quando ninguém está realmente olhando.





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Eu nunca consegui chegar em casa. Era simples. Só comprar um livro bacana ou um gibi legal e eu não conseguia chegar em casa. Era urgente. Nada de esperar chegar em casa, relaxar no sofá e abrir o livro. Porra nenhuma. Eu ia lendo no meio da rua, tropeçando em quebra-molas improvisados para pedestres incautos, me deliciando com a nova descoberta, com a dança das palavras. Não é necessário uma doença terminal para descobrir a urgência da descoberta. As pessoas têm a estranha necessidade de chegar em casa.


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