. p a d p . r p e o . a e e n s i e s a a r e s . a r
A arte de metalinguar é nos dias de hoje e´ muito boa de se usar, por isso eu digo jovens: - Metalíngua, metalíngua.
na ordem do dia
na ordem do dia caos em passadas largas correria sem parada harmonia desregrada sintonia inacabada
e na curva que da volta no mundo onde o Judas as botas perdeu talvez seja o lugar perfeito pra passar o tempo que a monotonia comeu
logo-gênesis
em minhas orelhas queimam flores pétalas voam sonífero de sonhos engodo imbróglio degolo em meus olhos ardem fatos eventos desencadeados fogo fátuo momento dado lapso ralo em meu nariz incendeia nuvem carregada de chuva gelada frio de milagres enclaves som grave em minha boca inflamam fósseis dóceis de sentimentos desejos ao relento invento incêndio em minhas mãos há pó desconstrução inacabada em andamento alienação sublimação negação ... em meu eu infra-estrutura, infla-cosmo, intra-mundo, incha-tudo, intro-specto, onto-lógico, orto-pédico, olho-aolho, semi-ótico, pédi-cure, maria-mole, ab-dómen, sanguesugo, bangue-bangue... big-bang!
Borboleta
Acordou e a vontade de se espreguiçar era tão grande Esticou o braço e as pernas e todo o corpo E o sangue espichou todo Correu solto Aqueceu
Saiu então de baixo das cobertas Pulou da janela Borboleta que era
Vi várias borboletas coloridas voando e passando sobre a estrada. Tinha amarelas e brancas e algumas foram atropeladas. Borboletas
das imperfeições
nos por menores dos menores minuciosos daquele momento foi bom instante bonito desses de cinema que sobe os créditos é claro, faltou um sol poente quem sabe se fosse na praia também ajudasse quiçá, noite estrelada seria melhor mas haveria pouca luz só se fosse lua cheia uma estrela cadente perfeito! digno de Oscar - mas como nada é perfeito...
oxigênio
o oxigênio que respiro me enferruja mas não sou de lata
“to be or not to be? that is the question�
quadra de tênis e campo de já em processo de decomposição futebol mas isso não importa tanto... hidroginástica, salão de jogos José fora executado na favela a cama com colchão d’água ENCONTREI UM MECENAS da favela de concreto de mais e o espelho no teto PARA FINANCIAR A MINHA POESIA uma fotografou esse mórbido NÃO IMPORTA SE É BANDIDO dessas cidades grandes momento TRAFICANTE, POLÍTICO, de algumas dessas capitais mas isso não importa tanto... EMPRESÁRIO mundiais OU TRABALHADOR DE BEM do planeta globalizado que ESTOU PROCURANDO UM ELE VAI TODOS OS DIAS A IGREJA habitamos MECENAS E PERMITIU-ME ESCREVER SEMPRE mas isso não importa tanto... PARA FINANCIAR A MINHA EM LETRA MAIÚSCULA OU COM POESIA O CAPS LOCK PRESSIONADO ESTOU A PROCURA DE UM PARA EU PODER TOCAR OS PARA QUE A VERDADEIRA VOZ MECENAS FAÇA-SE OUVIR PARA FINANCIAR A MINHA POESIA CORAÇÕES PARA EU SAIR DA MARGINALIDADE E ENCHER DE ARTE AS PESSOAS O REALMENTE NECESSÁRIO O MAIS IMPORTANTE A SER PARA A MINHA ARTE ME Jesus foi violentado embaixo FALADO TRANSCENDER do viaduto que dá acesso a maior A ARTE Maria morreu de overdose em e, por que não, a mais importante O QUE REALMENTE avenida da cidade matriz TANTO IMPORTA sua casa uma dessas luxuosas mansões de toda essa nação foi encontrado um dia depois das zonas sul por três mendigos passantes com piscina olímpica
João, Maria e Jesus
BUR(r)OCRACIA
no mar da papelada nado de braçadas azul esferográfica assinaturas timbradas ordem de fachada
em coro grampeadores pregaram as areias da ampulheta para nascer foram necessárias três vias autentificadas em cartório não podemos fazer nada não há nada a fazer diz a voz de taquara rachada aos infernos! aos infernos! por acaso meus braços estão amarrados? é que a tinta do carimbo acabou e a próxima remessa está datada para daqui dez dias PUTA-QUE-LHE-PARIU! PEGUE A CANETA, O CARIMBO, O CARALHO ENFIE NO OLHO afoguei-me por não saber nadar
Aleluias em volta da lâmpada
Aleluias em volta da lâmpada ... cada vez mais Aleluias me voltam da lâmpada se debatendo, se matando lutando com o espectro luminoso que emana da lâmpada umas caem, outras persistem mas nunca acabam as Aleluias um enxame em volta da lâmpada nuvem ou massa disforme a luz se apaga de volta da lâmpada e as Aleluias vão em desordem em busca de mais outra lâmpada Aleluias em volta da lâmpada ... cada vez mais Aleluias me voltam da lâmpada aleluia! aleluia! aleluia!
Arca de Noé E de repente acordou e não conseguiu controlar a imensa vontade do choro que brotara do pé de seus olhos, assim como uma criança manhosa que desaba em lágrimas após ter deixado o doce cair no asfalto, não controlava os soluços que pareciam cada vez mais fundos no peito, não sabia ao certo o que acontecia, com a vista embaçada observava a parede branca de seu quarto e um sentimento de vazio dominava sua mente, cambaleou até a porta e trancou-a para que ninguém presenciasse esta cena absurda, sentia-se como um jesus na cruz tendo que suportar todas as dores da humanidade, e mesmo não acreditando em anjos olhou para o teto implorando misericórdia, e chorou mais e mais, até que sua camisa se encharcasse e o nariz ardesse de tanto escorrer viscoso ranho, sentiu-se como os velhos que choram à toa pelos tempos passados, como as mães que perdem seus filhos prematuramente, e os enamorados que se separam indefinidamente mesmo querendo permanecer juntos, chorou pelos pobres que moram nas favelas sitiadas, pelos que passam fome e pelos que precisam de umas doses de pinga pela manhã para continuarem vivendo, chorou pela borboleta que só vive um dia e pelos animais em extinção, pela flor que amassara no dia anterior, chorou também as lembranças de quando era criança e não sabia muitas coisas da vida, chorou a vida, a morte e as incertezas e reticências, chorou também de felicidade mesmo não entendendo porque o fazia, chorou tanto e tudo que seus olhos secaram ao passo que seu quarto vinha alagado, e não sabendo nadar, morreu afogado de tanto chorar.