Saude Business 16

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SAÚDE

Ilustração: Dedê Paiva

A revista da saúde para um novo conceito de gestão • Ano 03 • nº 16

TURISMO MÉDICO O Brasil se prepara para ser um dos destinos mais procurados para saúde

MISSÃO

CUMPRIDA Depois de quase sete anos na Philips, Daurio Speranzini Junior deixa o cargo de vice-presidente de Cuidados com a Saúde para a América Latina. Em entrevista, o executivo fala sobre os projetos que tornaram a subsidiária nacional foco da atenção do grupo holandês e revela que novas aquisições estão a caminho

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SB | Índice

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12 ENTREVISTA Daurio Speranzini Junior fala sobre a sua saída da Philips e comenta os projetos que tornaram a subsidiária brasileira a atração do grupo holandês 16 .COM Confira as notícias que foram destaques no Saúde Business Web

42 ESPAÇO JURÍDICO Na onda os investimentos estrangeiros, restrições para o mercado de saúde 44 ECONOMIA E NEGÓCIOS Brasil está na mira da GE Healthcare: confira as estratégias de crescimento da companhia na América Latina

22 PANORAMA Aterrissagem segura: veja quais são os atributos mais procurados pelo Turismo de Saúde no Brasil, que cresce e ganha cada vez mais espaço no mercado liderado pelos asiáticos

46 ARTIGO Para onde vai o déficit externo?

36 GESTÃO Momento transitório: Pesquisas apontam mudanças na liderança do departamento financeiro das companhias. Saiba como fazer

48 TECNOLOGIA Cuidado em casa: home telemedicina – um mercado promissor

47 GOVERNANÇA Qualidade em conselhos de administração (parte I)

52 SAÚDE CORPORATIVA Crônico e invisível: Presente em grande parte das famílias brasileiras, as doenças crônicas custam milhões à saúde todos os anos 56 LADO B Especialista em desenhar história em quadrinhos, Alexandre Pereira, da Samcil, usa seu talento para várias utilidades 60 RECURSOS HUMANOS Diversidade cult ural – você está aproveitando plenamente as suas viagens? 66 HOT SPOT Saúde: direito ou negócio?

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A comunidade de quem entende de saúde.

Dr. Paulo Zimmer, Diretor Médico Assistencial Clínica São Vicente (RJ)

Valdesir Galvan, Diretor Geral Rede São Camilo (SP)

Francisco de Assis Figueiredo, Superintendente Geral Hospital da Baleia (MG)

Dr. Wenceslau Alonso Diz, Preceptor de Clínica Médica Hospital São Rafael (BA)

Dra. Tânia Moreira Grillo Pedrosa, Coord. de Padronização e Garantia da Qualidade Hospital Mater Dei (MG)

Paulo Augusto Ruschi de Aragão, Superint. de Recursos Próprios Unimed Vitória (ES)

Milton Alves, Gerente de TI Hospital Santa Catarina (SP)

Dr. Mário Vrandecic, Diretor Geral Biocor Instituto (MG)

José Henrique Salvador, Gerente Administrativo Hospital Mater Dei (MG)

Mafalda Dittrich, Gerente de Enfermagem Grupo Meridional (ES)

Eliana Delfino Rocha, Gerente de TI Hospital Estadual Sumaré (SP)

Patrícia Ruas Gerente Comercial Hospital Mãe de Deus (RS)

A Comunidade MV reúne mais de 200 mil profissionais, executivos, médicos e gestores de referência da área de saúde. Você pode trocar experiências, conhecimentos, práticas de mercado, compartilhar informações e inovações na área, com privacidade e total segurança. Fórum, Blog, Notícias, Agenda e TV MV. Tenha acesso ao mais completo conteúdo apresentado por clientes, profissionais e amigos MV. Inscreva-se agora. Comunidade MV. Melhor para sua instituição. Melhor com você.

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Adelson de Sousa • adelson@itmidia.com.br

PRESIDENTE-EXECUTIVO

Miguel Petrilli • mpetrilli@itmidia.com.br

vice-presidente executivo

João Paulo Colombo • jpaulo@itmidia.com.br

DIRETOR de recursos e finanças

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Marketing – Emerson Moraes • emoraes@itmidia.com.br

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Editora – Silvia Noara Paladino – spaladino@itmidia.com.br Analista – Andreia Marchione – amarchione@itmidia.com.br

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Gerente – Marcos Toledo • mtoledo@itmidia.com.br

WEB

Analista – Andreia Marchione – amarchione@itmidia.com.br

CIRCULAÇÃO E DATABASE

Gerente – Marcos Lopes • marcos@itmidia.com.br

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www.saudebusiness.­com.br UNIDADE SETORES E NEGÓCIOS • SAÚDE DIRETOR-EXECUTIVO E PUBLISHER

Alberto Leite • aleite@itmidia.com.br

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REPÓRTERES

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PRODUTOR DE ARTE

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Djalma Rodrigues • Executivo Industrial da Fanem Glauco Marcondes • Diretor de Unidade de Negócios (Hospitalar/Oncologia/Hormônio) Olímpio Bittar • Médico especialista em Administraçao de Serviços de Saúde e Políticas de Saúde Paulo Marcos Senra Souza • Diretor da Amil Sérgio Lopez Bento • Superintendente geral de Operações do Hospital Samaritano Sílvio Possa • Diretor Geral do Hospital Municipal M’Boi Mirim - Dr. Moysés Deutsch

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saúde business Saúde Business é uma publicação bimestral dirigida ao setor médico-hospitalar. Sua distribuição é controlada e ocorre em todo o território nacional, além de gratuita e entregue apenas a leitores previamente qualificados.

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Foto: Ricardo Benichio

SB | CARTA DO EDITOR

EXPLOSÃO

Pergunta que frequentemente tentamos responder nas páginas desta revista é como o setor de saúde pode aproveitar as oportunidades que o cenário econômico apresenta. Ser um dos países mais promissores do globo significa atrair mais holofote e atenção, o que exige também mais comprometimento para provar que tamanha expectativa é merecida. Os players globais viram essa oportunidade e começam a movimentar os tentáculos para garantir uma fatia ainda maior de participação no segmento nacional. A GE Healthcare inaugurou sua fábrica e a Philips já promete mais uma aquisição. Você confere nas próximas páginas. A relevância no cenário mundial também é buscada pelos prestadores de serviço, e o Brasil briga para ser uma alternativa num mercado já dominado pelos asiáticos no turismo de saúde. Qualificação dos serviços e prospecção dos clientes internacionais passam a fazer parte da agenda das empresas do setor. É o que você confere no Panorama desta edição. E também, provando a relevância do mercado de saúde brasileiro numa perspectiva mundial, o executivo Daurio Speranzini Junior fala sobre sua trajetória na Philips e as manobras que tornaram a operação no Brasil tão atraente para os holandeses. De saída da empresa, o vice-presidente avalia com otimismo o momento do Brasil e aposta que o mercado de saúde “vai explodir”. E eu assino embaixo.

Boa leitura!

Ana Paula Martins Editora P.S.: envie comentários para amartins@itmidia.com.br

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SB | Canal aberto

Eu leio a Foto: Divulgação

Saúde Business Solange Plebani Diretora comercial da Wheb Sistemas

O grande diferencial da revista Saúde Business é abordar assuntos relacionados a gestão e estratégia empresarial no contexto mais específico do mercado de saúde. Desta forma, por meio dos diversos cases e exemplos publicados, esta mídia torna-se uma importante ferramenta de atualização e benchmarking para os executivos

Pró­xi­ma Edi­ção Panorama

Em primeiro lugar – O futuro exige uma melhor organização do setor de saúde e o fortalecimento da atenção primária é o grande desafio

Para anunciar lig ue: (11) 3823-6633 • E-mail: comercialsaude@itmidia.com.br 10 | edição 16 | Saúde Business

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Tradição e Modernidade em versão 100% digital. TA P I O C A

novo Centro de diAgnóstiCo por imAgem dA CAsA de sAúde são José. mAior AgilidAde pArA os médiCos, mAior Conforto pArA os pACientes.

A CssJ acaba de reafirmar sua vocação para o pioneirismo e consolidar sua imagem como um dos mais bem equipados hospitais do país. Com investimentos que somam mais de 3 milhões de dólares em equipamentos e reformas, inaugura seu novo Centro de diagnóstico por imagem, alinhado com as mais modernas técnicas e tendências internacionais. exemplo disto é a contratação da solução de digitalização de imagens médicas ris/pACs, da Agfa Healthcare, que aumentará a velocidade, segurança e acuidade no

diagnóstico. A modernidade do sistema permite disponibilização imediata dos resultados para o corpo clínico, além de maior conforto aos pacientes, que receberão os exames em formato totalmente digital, em cd ou dvd. Conheça o novo Centro de diagnóstico por imagem da Casa de saúde são José e entenda porque a CssJ continua saindo tão bem na foto.

R u a M a c e d o S o b R i n h o , 2 1 - h u M a i tá | t e l . : ( 2 1 ) 2 5 3 8 - 7 6 2 6 A CAsA de sAúde são José é mAntidA pelA AssoCiAção CongregAção de sAntA CAtArinA

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SB | Entrevista

Decisão

tranquila Ana Paula Martins – amartins@itmidia.com.br

Depois de sete anos na Philips, Daurio Speranzini Junior anuncia a sua saída da empresa. Considerando o fim de um ciclo, o executivo fala sobre sua trajetória dentro da companhia, as aquisições que colocaram o Brasil numa posição de protagonismo para o grupo holandês e os projetos futuros Cidade de São Paulo. Uma tarde fria de quarta-feira, preparo-me para entrevistar, outra vez, um dos executivos mais respeitados do setor de saúde: Daurio Speranzini Junior, vice-presidente de Cuidados com a Saúde da Philips para a América Latina. Acostumada a tratar de assuntos estratégicos, e lidar com um semblante sério, quase sisudo, de quem usa palavras diretas, seguras e tem no desafio seu principal aliado, surpreendo-me ao encontrar a serenidade e um sorriso. Não um simples sorriso de educação ou simpatia, mas sim aquele pleno de satisfação, que diz: “missão cumprida”. A pauta de nossa reunião não trata de um assunto menos estratégico. A diferença é que o foco da estratégia mudou da empresa para a carreira: Daurio anuncia a sua saída da Philips, após quase sete anos na companhia, e três como líder da operação de saúde no Brasil. Se fosse uma simples troca de comando, a notícia seria simples de ser anunciada também. No entanto, vale ressaltar os resultados alcançados pela Philips Bra-

sil no mercado de saúde neste período. Foram feitas três aquisições– e uma quarta está para ser anunciada – em áreas distintas (VMI, no segmento de raio X, em 2007; Dixtal, no segmento de cuidados críticos; e mais recentemente, a Tecso, especializada em RIS), de companhias nacionais e que contribuíram para consolidar a presença da empresa no mercado brasileiro, fazendo com que os resultados saltassem dos 200 milhões para os 700 milhões de euros, com um market share de 35%. Um crescimento considerável, para quem, ao assumir o cargo em 2007, tinha o desafio de aumentar a divisão de saúde em 20%. Essa empreitada fez com que a multinacional holandesa voltasse o seu olhar para a América Latina e tornasse este um dos mercados mais promissores para a companhia. Para o segmento de equipamentos médicos no Brasil, as negociações também colaboraram para o aquecimento do mercado, resultando em mais competitividade entre os grandes players do segmento, provocando uma briga de preços entre eles, e dando assim,

mais opções aos compradores. Outro ponto relevante foi o desenvolvimento trazido pela nacionalização da produção dos equipamentos. Com a compra das empresas locais, a Philips pôde transferir tecnologia e knowhow para os fornecedores e para os profissionais brasileiros, o que colabora também para o avanço da cadeia produtiva de saúde no Brasil. A pergunta que fica é, por que, diante de tanto sucesso, chegou a hora de deixar o posto? E a resposta aparece na própria pergunta: “Porque chegou a hora de novos desafios”. Simples assim. Daurio fica na Philips até outubro, tempo definido para escolher um sucessor e fazer a transição dos projetos. Aqui você confere o resultado desse bate-papo, onde falamos sobre a decisão de deixar o cargo, os projetos futuros, as aquisições realizadas, a necessidade de ajudar o outro e até sobre futebol, outra função do executivo, que além de jogar, está envolvido com a equipe de administração do São Paulo Futebol Clube.

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PERFIL

Foto: Ricardo Benichio

Nome: Daurio Speranzini Junior Idade: 49 anos Estado Civil: Casado, três filhos Cargo: Vice-presidente da divisão de Cuidados com a Saúde da Philips para a América Latina Formação: Engenharia Mecânica, com pós-graduação em Administração de Negócios pela Universidade Mackenzie e extensão em negócios pelo MIT, Massachusetts Institute of Technology (USA) Projetos: Em quase quatro anos liderando a área de saúde da Philips na América Latina, o executivo realizou três aquisições, aumentou o market share da empresa e fez o resultado salta de 200 milhões para 700 milhões de euros Realização: “O que me motiva é ajudar as pessoas”

DECISÃO

MISSÃO CUMPRIDA

SAÚDE NO BRASIL

“Eu sou movido por desafios, e acredito que tenha cumprido o meu papel dentro da organização. É como ter um filho, criá-lo, prepará-lo, e de repente ele não é mais seu. Faz parte do ciclo. Estou tranquilo com a minha decisão e em busca de novos desafios”

“Fico feliz em ver o planejamento estratégico sendo concretizado. Tudo está dentro do planejado e os resultados são consequência disso. Fizemos um desenho com crescimento baseado em inovação, em um novo modelo de negócios, e isso é que trará resultados. Então, sim, me sinto realizado”

“O momento pelo qual o Brasil passa favorece e muito o setor de saúde. Essa é uma das áreas que vai ‘explodir’. E estão certas as empresas, como a Philips, que começam a olhar para esse mercado com uma visão mais estratégica. O momento é este”

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SB | Entrevista

AQUISIÇÕES

SUCESSÃO

FOCO EM AJUDAR

“Convencer a matriz sobre a necessidade da primeira aquisição no Brasil não foi uma tarefa fácil. Houve um trabalho intenso de defesa sobre a aquisição e sobre o mercado brasileiro. Quando compramos a VMI, ela faturava 9 milhões de euros, hoje fatura 45 milhões de euros. Essa aquisição também nos permitiu, de fato, produzir no Brasil, com transferência de tecnologia, o que foi muito positivo. Ainda fortalecemos as parcerias com universidades para pesquisa, e hoje, são 120 pesquisadores brasileiros trabalhando com a Philips. As outras aquisições seguiram a mesma linha, mas elas nada têm a ver com o crescimento inorgânico, com aquisição de base. Na verdade, elas serviram para trazer inovação ao modelo de negócios da Philips”

“Estamos em fase de seleção do novo executivo que irá assumir o cargo. Neste processo também foi interessante a convivência com o Marcos Bicudo (que assumiu a presidência na Philips no Brasil). Estamos alinhados com o futuro da vertical de saúde e o planejamento estratégico será concluído”

“O que me motiva é ver que posso ajudar as pessoas. Faço parte de uma associação que conduz projetos educacionais, e é preocupante você ver que 30% dos alunos de terceira ou quarta série não sabem ler, ou se sabem, não compreendem o que leem. É necessário olhar para esse público dentro de um contexto econômico e social. Isso me motiva. É preciso olhar para o mercado emergente como um todo”

PROJETOS FUTUROS “Ainda não defini minha escolha. Estou em fase de avaliação. Tenho um projeto voltado para preparar as pessoas da classe C para entrar no mercado de trabalho. Já está difícil encontrar mão de obra qualificada e diante do crescimento acelerado pelo qual o país passa, essa classe vai precisar também ingressar no mercado. O projeto inclui uma preparação não só educacional, mas também relacionado ao bem-estar. Está caminhando. Outro projeto seria ajudar empresas em processos de internacionalização, e ainda estão aparecendo propostas. Estou avaliando as opções”

FUTEBOL “Há projetos importantes envolvendo o São Paulo [Daurio integra a equipe de administração do São Paulo Futebol Clube], e talvez agora eu consiga me dedicar. Olhamos alguns projetos de clubes internacionais e queremos fazer algo parecido. Vamos ver” REALIZAÇÃO “Posso dizer que me sinto realizado dentro da minha carreira. Gosto de olhar para o resultado do que fiz e saber que posso fazer ainda mais. Ainda tenho muito para realizar”

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as 10 MaIs ClICaDas

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enfermeiros podem solicitar e prescrever medicamentos “vai ter enfermeiro agindo como se fosse médico” Hospital são caetano fecha as portas qualicorp é vendida por r$ 1,1 bilhão Hospital albert einstein abre 114 vagas

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Fiocruz anuncia concurso público para 850 vagas como será o hospital do futuro? cartão pré-pago de saúde deve ter 20 milhões de usuários amil aposta no segmento de assistência médica de alto padrão amil anuncia fechamento de capital da Medial

WEBCasT ENTrEVIsTa Desafios do P4P no Brasil

o modelo de pagamento por performance (P4P) enfrenta desafios como modelo de avaliação e quebra da resistência dos avaliados. essa é a opinião do diretor da impacto, césar abicalaffe, que falou sobre um modelo diferente da avaliação dos profissionais assista esta e outras entrevistas no WWW.SAUDEBUSINESSWEB.COM.BR /WEBCASTS

MARCA DA DASA RECEBE ACREDITAÇÃO

de LaBORatÓRIOS CLÍnICOS

Foto: Glowimages

a científicaLab, marca da dasa que atua no sistema público de saúde, recebeu certificação do Programa de acreditação de Laboratórios clínicos (PaLc). o objetivo da unidade é ampliar a ofer-

ta de medicina de qualidade à população que utiliza o sus. de acordo com a dasa, a receita da companhia cresceu 21,7% no primeiro trimestre do ano, quando comparado com o mesmo período de 2009.

Leia mais: www.saudebusinessweb.com.br – Seção Gestão 16 | edição 16 | Saúde BuSineSS

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Blogs

Leia e discuta com nossos blogueiros os assuntos mais quentes do mês: www.saudebusinessweb.com.br/blogs Érico Bueno Último post: Ergonomia: Faça o ambiente trabalhar a seu favor Érico Bueno é especialista em sistemas de saúde e diretor da Health Consult

Gustavo de Martini Último post: Informação: Do dado à tomada de decisão Gustavo de Martini é administrador de empresas, com especialização em Gestão Empresarial, possui diversos cursos internacionais de liderança, gestão de projetos, técnicas de vendas consultivas, entre outros Henrique Oti Shinomata Último post: Saúde em todas as sit uações laborativas Henrique Oti Shinomata é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Seguro Pedro Fazio Último post: A Copa da Saúde Pedro Fazio é economista e diretor da Fazio Consultoria

Resultado

da enquete Entrou em vigor no início de junho desse ano a Resolução Normativa 211 (RN211), criada pela ANS, que obriga às operadoras de saúde a incluírem 70 novos procedimentos na cobertura obrigatória. Entre eles estão transplante de medula, exames genéticos, cirurgias torácicas realizadas por vídeo e 17 novos exames laboratoriais. Além do aumento no leque de prestação de serviços as novas medidas também impõem alterações contratuais como, alteração no tempo de contrato, elegibilidade de novos prestadores de serviço e reajuste anual de contratos. A estimativa é que a RN leve a grandes mudanças no meio corporativo, pois haverá uma sinergia entre a saúde do trabalhador e a do cidadão, podendo até diminuir as taxas tributárias das empresas. Para 71,43% dos leitores do portal Saúde Business Web, a resolução 211, da ANS, além de aumentar o número de cobertura, destaca os casos de acidente do trabalho e consequentemente haverá um interesse comum para a prevenção e uma melhora na qualidade de vida e diminuição da tributação para as empresas. Já 28,57% dos leitores não concordam com a RN sob o argumento de que as mudanças favorecem apenas os usuários dos planos de saúde.

No ar

Participe da nossa enquete! Vote em www.saudebusinessweb.com.br/enquetes Os enfermeiros estão capacitados para solicitar e prescrever medicamentos?

Roberto Latini Último post: O lançamento de produtos médicos para 2011 Roberto Latini é diretor da Latini & A s sociados e irá abordar as regulações do setor de Vigilância Sanitária

m Sim. Diretrizes do MEC exigem que os enfermeiros estejam capacitados para atuar com essa conduta, pois determinam que esses profissionais são generalistas preparados para diagnosticar e atuar nos níveis de atenção primária, secundária e terciária m Não. Cabe apenas aos médicos a autoridade para solicitar e prescrever medicamentos, mesmo para diagnosticar patologias simples e correntes m Os enfermeiros estão capacitados, mas não podem substituir os médicos Saúde Business | edição 16 | 17

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Opiniões

Confira os quatro artigos mais lidos do mês Os Impactos da Lei de Rastreabilidade de medicamentos Gerente de contas para a indústria financeira da IBM Brasil, Mário Brenga, fala sobre os impactos da lei de rastreabilidade de medicamentos e a implantação do novo sistema

Sindicato dos Enfermeiros e o PCCS de Bauru Para o diretor do Sindicato dos Enfermeiros de SP, Natanael Costa, a base de atuação dos seus trabalhadores é ligada as políticas públicas

Coberturas para Medicamentos: Dois pesos, duas medidas Em artigo, a advogada Melissa Pires relata a alteração nos artigos que dispõe sobre planos e seguros privados de assistência à saúde

País jovem, vício velho Para o advogado Ricardo Castilho o consumo de álcool é um dos maiores entraves do Brasil

“Vai ter enfermeiro agindo

como se fosse médico” Thaia Duó - tduo@itmidia.com.br

A decisão unânime do Tribunal Regional Federal do Espírito Santo, que derrubou a ação civil pública aberta pelo Ministério Público Federal em abril de 2008 impondo restrições à atividade dos enfermeiros, não deve afetar o exercício desses profissionais no Estado de São Paulo. O Coren do Espírito Santo ganhou a ação e junto à vara federal, com repercussão em todo território nacional, que permite aos enfermeiros solicitarem exames e prescreverem medicamentos mediante protocolo elaborado pelos programas de saúde do Ministério da Saúde ou da própria instituição em que o profissional é atuante. A partir de agora está sob competência do enfermeiro fazer diagnóstico de patologia simples e corrente, como é o caso de uma gripe, um resfriado ou uma verminose por exemplo. A Secretaria de Saúde deve elaborar um protocolo de segurança para que os profissionais de enfermagem assumam tal responsabilidade. “Para todos os efeitos em todo Brasil os enfermeiros terão competência legal e técnica para atuar na prescrição de medicamentos. A lei diz e permite isso, agora cabe aos conselhos trabalharem junto com seus profissionais para ter consciência e limite dessa ação”, comenta o presidente do Coren-SP, Cláudio Porto ao citar que o seu temor é que os limites sejam extrapolados, impedindo que a população tenha acesso aos médicos - o que é um direito de lei

para todo cidadão. “Caso contrário vai ter enfermeiro agindo, trabalhando e se comportando como se fosse médico e aí a coisa vai ficar feia porque já vimos isso acontecer em São Paulo e naquela ocasião foi preciso intervir”, completa. Embora Porto já tenha presenciado algumas situações de conflito acredita que o estado paulista não tem grandes problemas com efeito judicial, ao contrario do que vem acontecendo em outras regiões. Uma das iniciativas do Coren-SP para evitar conflito jurídico é trabalhar em conjunto com o Conselho Regional de Medicina. “Isso tem surtido efeitos positivos e caso seja detectado alguma situação irregular de imediato ambos os conselhos já intervém para uma adequação protocolar”, ressalta. Recentemente, as classes desses profissionais se desentenderam após os enfermeiros anunciarem sua busca pela redução da carga horária para 30 horas e por um aumento do piso salarial. De acordo com Porto, a proposta da carga horária já está aprovada por todas as comissões e aguarda apenas votação em plenário. “Existe um movimento político contrário ao projeto de redução, está existindo uma obstrução”. Já a proposta do piso salarial passou por três comissões e está para apreciação. O executivo afirma que esse é um projeto mais complexo, pois gera custo e por isso não acredita na aprovação ainda neste ano.

Veja mais: www.saudebusinessweb.com.br – Seção Política

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ANS autoriza reajuste

GE e Intel anunciam joint venture

para planos antigos

para a área da saúde

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) comunicou o índice máximo de reajuste que pode ser aplicado a planos individuais contratados antes de 1999, quando a Lei 9656/98 entrar em vigor. A autorização foi dada às cinco operadoras que mantém o Termo de Compromisso sobre cláusulas de reajuste: Amil e Golden Gross, medicina de grupo; e as seguradoras Sul América, Bradesco Saúde e Itauseg Saúde. Os índices autorizados foram de 7,90% para as empresas de medicina de grupo e de 10,91% para as seguradoras. O reajuste está autorizado para aplicação, a partir de julho de 2010, aos contratos com data de aniversário entre junho de 2010 e maio de 2011 para a operadora Amil, e entre julho de 2010 e junho de 2011 para as demais, não podendo haver cobrança retroativa ao período anterior a julho de 2010. Além disso, deve ser respeitado o princípio da anualidade dos contratos.

Intel e GE estão lançando uma nova joint venture para desenvolver e vender produtos de telessaúde e serviços a nível mundial. A nova empresa terá formação de 50% para cada companhia, combinando ativos da divisão GE Healthcare e do grupo de Saúde Digital da Intel. O novo empreendimento deverá entrar em operação até ao final do ano, na cidade de Sacramento, na Califórnia, EUA. A nova empresa vai se concentrar em três segmentos principais, incluindo a gestão de doenças crônicas, uma vida independente em casa e na vida das comunidades assistidas, e tecnologias assistidas.

Leia mais: www.saudebusinessweb.com.br – Seção Política

Veja mais: www.saubusinessweb.com.br – Seção Economia Saúde Business | edição 16 | 19

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Novo negócio da Tempo requer aporte

de R$ 75 milhões

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A Caixa Econômica Federal (CEF) faz sua estreia na área de seguros saúde e odontológico. A seguradora do banco e a Tempo Assist, holding que tem como principal acionista o fundo GP, anunciaram a criação da Caixa Seguradora Saúde. A Caixa Seguradora Saúde será controlada pela Caixa Seguros, com 75% do capital, e pela Tempo que terá 25% das ações. Segundo informou o Valor Econômico, a holding está fazendo um aporte de R$ 75 milhões no novo negócio, sendo que R$ 10 milhões foram colocados neste momento, R$ 20 milhões serão aplicados daqui a um ano e os outros R$ 45 milhões serão pagos por meio de prestação de serviços. Com previsão para ser vendido a partir de janeiro, o novo seguro será oferecido inicialmente aos clientes da CEF. O plano de saúde será voltado apenas para empresas, sendo que os clientes corporativos do banco terão preferência nessa primeira fase de comercialização.

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Estratégia é ir às compras

e segmentar os produtos Thaia Duó - tduo@itmidia.com.br A Nossa Saúde operadora de planos de saúde tem como estratégia expandir o seu volume de negócios por meio da aquisição de novas carteiras e da segmentação de produtos para os diversos mercados. O plano estratégico da operadora deve resultar na ampliação significativa da sua carteira no Paraná. “Nosso primeiro passo foi dado no início de 2009 com a segmentação de produtos. A compra de carteiras é um segundo passo que a Nossa Saúde está empreendendo”, ressalta a diretora-geral da operadora, Dulcimar De Conto. A segunda etapa da estratégia foi oficializada no final de julho último com a aquisição da carteira do sistema Proclin Saúde, que vai agregar cerca de quatro mil beneficiários à Nossa Saúde. O valor da compra representa em média três faturamentos da Proclin, segundo a executiva. A busca por operadoras com interesse em sair do mercado levou a Nossa Saúde até a Proclin, que manteve negociação de compra e venda por três meses. “O processo de análise da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] foi o que mais demorou”, revela Dulcimar ao citar que no Paraná a operadora já cogita novas aquisições. Próxima meta da Nossa Saúde é atingir outras regiões do País num prazo de dois anos, sendo que o planejamento estratégico se estende até 2014. Atualmente, a operadora trabalha na terceira fase do projeto, que inclui a implantação da segmentação de produtos para o estado do Paraná. “Nosso projeto principal desde 2009 foi o redimensionamento

de toda nossa base de atendimento, estrutura interna e investimento no sistema de comunicação com a padronização das informações e descentralização do atendimento”, comenta Dulcimar. A Nossa Saúde também tem projetos para o hospital próprio da rede, localizado em Curitiba. A unidade conta com 20 leitos, centro de especialidades e de diagnósticos, que abrange praticamente 50% da assistência. De acordo com a executiva, o hospital é um diferencial para seus clientes. “O hospital registra os mais baixos índices de infecção hospitalar do Paraná e trabalha com maior número de infectologistas com uma equipe multidisciplinar através de prevenção e promoção da saúde”, avalia. A ideia é que no próximo ano o plano preventivo seja expandido para as unidades regionais da Nossa Saúde, no litoral do Paraná - em Apucarana, Cascavel e Paranaguá. O objetivo é que a evolução dos pacientes possa ser acompanhada passo a passo. A partir do dia 2 de agosto a Nossa Saúde vai dar início a um programa, denominado Inteligência, para que possa ser feita toda a análise do cliente por meio do Prontuário Eletrônico. “É um investimento para levar até os consultórios médicos uma interface capaz de identificar, por exemplo, o paciente obeso, diabético e hipertenso”, conclui Dulcimar ao dizer que o maior desafio da Nossa Saúde é o monitoramento e adesão dos clientes.

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Turismo de saúde no Brasil cresce e ganha espaço no mercado liderado pelos asiáticos. Hospitais acreditados, cultura internacionalizada, infraestrutura hoteleira e tratamentos até 85% mais acessíveis são os atributos procurados

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Um novo nicho de negócios tem se configurado no segmento hospitalar. Embora há décadas as pessoas se desloquem em busca de tratamento médico, é cada vez maior o número de estrangeiros que chegam ao Brasil para submeter-se a procedimentos e cirurgias. O potencial do Turismo Médico é grande. Estima-se que em 2009, São Paulo tenha recebido 900 mil pessoas para realizar algum tipo de tratamento médico ou estético, sendo 50 mil deles do exterior. Segundo dados do Ministério do Turismo, o número de turistas desse tipo mais que dobra a cada ano. E de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a busca por tratamento médico é a quarta principal motivação das visitas em viagens de curta duração. O contingente de estrangeiros já responde por 18% dos hóspedes dos hotéis, que permanecem, em média, 3,3 dias na capital, segundo dados do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB). A boa

notícia para a economia do País é que, a cada US$ 1 gasto em medicina, US$ 8 são investidos em atividades de turismo. A agenda de eventos do SPCVB registra 1.214 eventos no ano, sendo 330 (27,18%) na área de saúde. As viagens de negócios vêm aumentando em torno de 10% ao ano, e muitas pessoas aproveitam a ocasião para procedimentos médicos. Entre as vantagens estão a qualidade e o preço. O custo de uma angioplastia com implantação de stent nos Estados Unidos é 85% mais caro, como mostra o portal All Medical Tourism. Assim, só em 2009, a equipe de atendimento a estrangeiros do Hospital Sírio-Libanês recebeu 2.190 pacientes, 29% a mais do que no ano anterior. O Hospital do Coração também registrou índices expressivos. Em 2008, o número de pacientes cresceu 20%, em 2009 chegou a 40% e a perspectiva para 2010 é de 60%, sendo o carro chefe a cardiologia, com 40% dos procedimentos.

“Temos observado a tendência de o paciente passar em outras especialidades, como ortopedia, urologia e realizar seus check-ups”, comenta a gerente Comercial do HCor, Fernanda Crema. Se continuar nesse ritmo, em breve, o país conquistará espaço de destaque no mercado global de Turismo de Saúde - que movimenta US$ 60 bilhões por ano no mundo -, e concorrerá com os líderes mundiais como Índia, Tailândia e Singapura. “A cada ano, mais de 6 milhões de pacientes cruzam fronteiras para tratamentos médicos e destinos que oferecem economia de 30% a 90% e mais facilidades do que Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Japão”, aponta em entrevista à Saúde Business o ex-professor da escola de medicina de Harvard e presidente da Healthy Travel Media, Josef Woodman. O especialista já viajou o planeta para pesquisar os serviços de atendimento e os reuniu no livro “Patients Beyond Borders”.

MAIS INFORMAÇÕES • Comparativos de preços - www.allmedicaltourism.com • Livro Patients Beyond Borders - www.patientsbeyondborders.com • Pesquisa de destinos - www.medeguide.com • Medical Travel Meeting Brazil - Programação - www.medicaltravelmeetingbrazil.com

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TORAL, DA MEDIGUIDE: Falta aos hospitais um plano de desenvolvimento e uma campanha de marca

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CENÁRIO

A expansão do turismo médico, na análise de Woodman, está calcada no advento da internet, facilitadora no acesso à informação sobre saúde e ao crescimento de acreditação internacional dos hospitais como a Joint Commission International (JCI), a Niaho e a Acreditação Canadense. “Há atualmente mais de 320 instituições ao redor do mundo oferecendo uma ampla gama de especialidades médicas e procedimentos, com padrão assegurado, o que proporciona ao paciente garantia de segurança e qualidade”.

Nesse sentido, o Brasil é um dos líderes do mercado latinoamericano, com 21 hospitais acreditados pela JCI, por exemplo. “É mais do que todos os outros países da América Latina combinados. O primeiro hospital no mundo com acreditação JCI foi o Hospital Israelita Albert Einstein, exemplifica Woodman. Assim, o mercado latinoamericano continuará maduro e mais pacientes dos Estados Unidos, Canadá e outras partes do mundo se beneficiarão dos tempos de voos mais curtos do que os da Ásia, das semelhanças culturais, e da qualidade dos tratamentos médicos. “Se o setor

público apoiar o privado, promovendo o País e trazendo facilidades, não vejo razão para a América Latina não competir tanto regionalmente quanto globalmente. E o Brasil já tem as bases de excelência e preços razoáveis no tratamento em saúde”, pontua o pesquisador. Para o tailandês Ruben Toral, diretor do portal Medeguide e ex-diretor de marketing do Hospital Bumrungrad International, o mais popular do mundo em turismo médico, nos próximos 10 anos mais pacientes norte-americanos olharão para a América Latina e Caribe e, em especial, para São Paulo. Tanto

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que ele foi contratado por um pool de empresas do segmento para identificar como explorar o segmento. “Obviamente a cidade tem os melhores hospitais e médicos da América Latina, mas falta aos hospitais um plano de desenvolvimento e uma campanha de marca. Se ninguém está consciente do que o Brasil oferece, então não se pode esperar que o escolham como destino, além de Tailândia ou Singapura. A exceção é para a cirurgia cosmética, claramente uma área onde o país brilha como uma marca Premium”. Woodman diz que muitos países em desenvolvimento, como Índia, Malásia e México identificaram o turismo médico como uma área para competir em preço. Já o Brasil, como Singapura e Coréia, há anos oferece cuidados de alta qualidade, e agora mira a comercialização de suas especialidades para determinadas regiões geográficas. O pesquisador Woodman lembra que no passado, Brasil, Argentina, Costa Rica, México e Panamá destacavam-se em odontologia e cirurgias cosméticas, mas agora são as cardiovasculares, de ortopedia, oncologia, reprodução e visão que chamam a atenção. Por sua vez, Toral afirma que pacientes viajam regionalmente em busca de medicina de ponta em especialidades como tratamento de câncer, enquanto os procedimentos populares entre turistas dos EUA e Europa são as cirurgias plásticas, dentais e fertilização in vitro, já que eles são seduzidos pelos preços eletivos. Dessa forma, a regionalização que o Brasil terá de enfrentar na disputa de market share inclui destinos conhecidos como México, mas Woodman diz que há oportunidades e não há um país que se destaque como o melhor. “A escolha depende de onde o paciente mora, que

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Unimos esforços para fortalecer o trade de São Paulo como destino de saúde Fernanda Crema, do HCor

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Vamos traçar um plano estratégico para identificar especialidades passíveis de internacionalização Mariana Palha, do Medical Travel Meeting

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tipo de procedimento precisa, quão longe está disposto a viajar, suas preferências culturais e assim por diante”. Porém, o docente ressalta que a Tailândia atrai mais pacientes por sua história de excelência em padrão de qualidade, principalmente no Hospital Bumrungrad. “Que combina um marketing inteligente e agressivo, e um país que tem muito a oferecer para férias ou recuperação de viagem médica”. Atributos que o Brasil dispõe em pé de igualdade, no entanto,

precisa driblar a falta de proficiência no idioma inglês e questões de segurança, na opinião dos dois especialistas. Sócia-fundadora da empresa Medical Travel Meeting, promotora do evento em agosto, Mariana Palha afirma serem vários os nossos pontos positivos. “Temos hospitais internacionalmente acreditados, tecnologia de ponta, profissionais especializados, estrutura de concierge, relação carismática médico e paciente, proximidade geográfica com países da

América Latina e até do Norte, voos diretos, e, em alguns casos, redução de custo, dentre outros. Oferecemos uma cultura internacionalizada. Sabemos dos hábitos alimentares diferentes do Sudeste Asiático, por exemplo”. Portanto, a executiva elabora um programa de desenvolvimento do turismo médico nacional. “Vamos traçar um plano estratégico para identificar as especialidades possíveis de internacionalização, exceto na área de transplantes,

50 MIL PACIENTES DO EXTERIOR/ANO NO BRASIL • Turistas de saúde = 18% dos hóspedes dos hotéis SP • US$ 1 gasto em medicina + US$ 8 gastos em turismo • 330 eventos em SP são na área de saúde • Indústria movimenta US$ 60 bilhões por ano no mundo

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que depende de doação e não comporta estrangeiros. Enquanto que, em outros países, os órgãos são comercializados”.

FOCO

Para atrair os pacientes internacionais, Woodman acredita que ministros de Turismo, Saúde e associações devem assumir a promoção do Brasil como o principal destino médico na América Latina. E cabem aos hospitais planejar formas colaborativas para mostrar suas especialidades, pacotes, médicos, custos e outros atributos ao exterior. Mote adotado pelo G 5, grupo formado pelos cinco hospitais de excelência do país – Albert Einsten, Sírio-Libanês, Samaritano, Osvaldo Cruz e HCor – que estarão no mesmo estande no evento de agosto. “Unimos forças para fortalecer o trade de São Paulo como destino de saúde, porque México e outros países da América Latina estão se movimentando nesse sentido”, comenta a gerente Comercial do Hcor, Fernanda Crema. O primeiro passo para o fomento institucional do mercado também já foi dado. Mariana Palha conta que várias entidades do setor entraram em consenso sobre o tema em fórum ocorrido em 18 de junho. “Pretendemos organizar e estruturar um fluxo para o mercado de turismo médico no país”. Para isso, foi criada uma organização nacional amparada pela Associação Médica Brasileira, com apoio de entidades de classe e que terá grupos de trabalho por especialidade definindo as melhores condutas. A próxima etapa das discussões ocorre durante a Medical Travel Meeting Brazil que conta com apoio do Ministério do Turismo, SPTuris (São Paulo Turismo), APM (Associação Paulista de Medicina), SPCVB (São Paulo Conven-

FOCO INTERNACIONAL: A exemplo do HCor, hospitais investem em área de relações internacionais

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tion & Visitors Bureau), Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), Sindhosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) e patrocínio da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). E Mariana adianta que o mercado brasileiro não quer ser visto como destino barato. “A estratégia para a inserção do Brasil na rota internacional da medicina será qualidade. Queremos que nos procurem pelo reconhecimento da excelência médica”. A executiva diz que haverá um trabalho conjunto com o Itamaraty. “Na Índia, há um visto médico, de saúde. No Brasil, incluiremos na ficha de imigração o item ‘tratamento médico’, para ajudar a montar um banco de dados sobre o segmento”.

Com o avanço do segmento, novos recursos financeiros auxiliarão a especialização da mão de obra, abrirá novos leitos e incrementará o setor de turismo, preenchendo o gap de vacância de hotéis e restaurantes nos períodos de férias escolares, segundo Mariana.

EXEMPLO

O Hospital do Coração, em São Paulo, tem dois departamentos de acompanhamento dos pacientes internacionais, com profissionais da área de hotelaria, sendo que a responsável pela área tem vivência no exterior e é fluente em quatro idiomas. “É uma coordenação que vai da cotação de preços até a recepção do paciente no aeroporto ou no hospital, com ambulância se necessário. Temos parcerias com hotéis da região para descontos e fornecemos relação de

eventos da cidade”, detalha a gerente Comercial, Fernanda Crema. Os pacientes são captados pelos próprios médicos, de renome no exterior, e há poucos contratos com seguradoras internacionais. “Entendemos que a certificação da Joint Comission leva o nome do hospital para fora, sendo que americanos e canadenses têm o selo como referência”. Os estrangeiros dão entrada como particulares e, em alguns casos, quando dispõem de plano de saúde, o Hcor dá o suporte para serem reembolsados em seu país de origem. A maioria tem mais de 30 anos, e são angolanos. “A questão cultural é importante. Eles se sentem acolhidos no Brasil. Antes, iam para África do Sul, mas aqui o idioma facilita a relação e o atendimento”. Entre as peculiaridades para recebê-los,

É preciso uma consultoria jurídica para prever pagamentos e direitos do paciente Luiz Carlos Marzano, da DNV Foto: Divulgação

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Fernanda lembra que o paciente tem data para voltar, então sua equipe agiliza a liberação de laudos, exames e agenda de consultas. “Ele vem para o check up, recebe o diagnóstico e já quer tratar imediatamente, aproveitando a viagem”. E o pós-evento recebe atenção semelhante. “Dada a responsabilidade do hospital, acompanhamos a recuperação do paciente por meio da área de relacionamento que mantém contato para os feedbacks”.

CERTIFICAÇÃO

No Brasil, 22 instituições são acreditadas pela Joint Commission International (JCI), organização não-governamental que certifica instituições médicas, em todo o mundo e sob os mais rigorosos padrões de qualidade. Do total, 13 são no Rio de Janeiro, oito em São Paulo e uma em Porto Alegre (RS). Já em Belo Horizonte, cinco hospitais contam com certificação da ONA (Organização Nacional de Acreditação).

A executiva Mariana afirma que o reconhecimento da qualidade dos serviços de saúde, por meio da acreditação, é importante para a consolidação do turismo médico e elevará o padrão hospitalar do país como um todo, já que é o critério inicial para atuar no segmento. “As empresas e segurados internacionais exigem uma certificação internacional. Para o mercado norte-americano, o selo da JCI é fundamental. Por isso, a região Centro Oeste não está tão em evidência quanto o Sudeste, principalmente a cidade de São Paulo, com mais instituições acreditadas”. Superintendente da CBA, responsável no Brasil pela certificação da JCI, Maria Manuela explica que as 315 instituições médicas no mundo que passaram por esse crivo estão preparadas para seguir as regras de atendimento a pacientes, inclusive nos quesitos jurídicos e protocolos de procedimentos da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Os padrões de excelên-

cia da JCI usados no Brasil são iguais. A única exceção ocorre nos Estados Unidos, por conta da legislação norte-americana que tem seu próprio manual”. Programas de gestão qualidade como o ISO 1400 e o Sistema Brasileiro de Acreditação são alicerces para a demanda estrangeira, na visão do coordenador técnico da área de saúde da DNV Brasil, Luiz Carlos Marzano. “Demonstra que a instituição tem como atender com segurança ambiental, técnica, cientifica e gerencial a pacientes que são mais exigentes e conhecedores de seus direitos”. A DNV audita a certificação norueguesa Niaho, baseada na norma americana, e visa o prontuário para rastreabilidade e comunicação nos processos internos, verificação de como a instituição hospitalar estabelece requisitos para a qualificação de seu corpo clínico e, entre outros pontos, observa a corresponsabilidade e como o Código de Defesa do

O PASSO A PASSO DO CONCIERGE • Reservas e compras

• Compra e entrega de medicamentos

de passagens aéreas;

mediante receituário médico;

• Acompanhamento no

• Agendamento de

embarque e desembarque;

consultas e/ou exames;

• Reservas e atendimento especial

• Home Care -

em todas as categorias de hotéis;

enfermeiros (as) bilíngues;

• Transportes (carro executivo, blindado, táxi

• Entrega diária de jornal

comum), condutores mono ou bilíngues;

(nacionais ou estrangeiros);

Fonte: Prime Medical Concierge

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Consumidor é incorporado às práticas. Para hospitais que começam a criar departamentos de atendimento específicos, o auditor pondera a importância da gestão de contratos em situações cujos convênios internacionais solicitam documentações específicas. “É preciso uma consultoria jurídica para prever pagamentos e direitos do paciente, como o consentimento informado, com o compromisso de o hospital informar os riscos do processo médico como uma garantia que clareia a relação entre ambos”.

R ECEPÇÃO

Há dois meios de o paciente estrangeiro chegar ao país: com a assessoria do próprio hospital ou de uma empresa de concierge, com know how em hotelaria hospitalar. Para o professor Woodman, a escolha depende do procedimento. Em função da distância de casa, após a alta, o pa-

ciente deve ficar por, pelo menos, mais uma semana hospedado próximo da vigilância dos médicos. “Por menor que seja a cirurgia ou tratamento, seja odontológico, de triagem ou ambulatorial, ele deve seguir a recomendação médica e não partir para casa ou férias tão cedo”. Como o paciente precisará de amparo nesse meio tempo, os concierges dão suporte antes mesmo de sua chegada à cidade, planejando a viagem, hospedagem, transporte, exames, consulta pré e pós-cirúrgica, até seu retorno. Mariana Palha fundou a Prime Medical Concierge e afirma que, boa parte das vezes, o primeiro contato do paciente é com esse tipo de empresas ou diretamente com o médico. Para captá-los, é comum os concierges entrarem em contato com as clínicas e hospitais no exterior. O paciente também encontra o serviço por meio de facilitadores e brokers. Mas, por aqui, os profissionais não in-

termediam a relação entre médico e paciente, uma vez que a prática é proibida pela legislação brasileira e o Código de Ética Médica. “Damos o caminho para o cliente chegar lá”. Daqui em diante, a ideia é levar para o exterior mais informações sobre a medicina brasileira. “Em parceria com o Conselho Regional de Medicina e a Associação Paulista de Medicina, trabalharemos o marketing ético, pois o fluxo do mercado não é de paciente Business to Consumer. Então, vamos prospectar clientes como seguradoras internacionais, de autogestão, corporativas e multinacionais sediadas no Brasil”. Para esse fim, players internacionais virão ao país durante o Medical Travel Meeting Brazil e visitarão hospitais para ver de perto a excelência e tecnologia nas instituições. “É um marco no mercado, uma vez que, quando as apresentávamos nos congressos, eles nos conheciam apenas no papel”.

• Tratamentos massoterapêuticos

• Nutricionista para

com preços diferenciados;

dieta balanceada (*);

• Atendimento 24 horas

• Personal trainner para assegurar

/ 7 dias por semana;

benefícios dos exercícios (*); • Cursos rápidos: culinária, vinho, cerâmica,

• Planejamento de passeio e entretenimento

scrapbook, automaquiagem, Yoga e Tai Chi,

para o paciente e/ou acompanhantes;

com o objetivo de amenizar o estresse (*);

• Roteiro cultural com acesso aos principais pontos turísticos e culturais, ingressos para cinema, peças de teatro, shows e concertos (*);

• Personal stylist – ajuda você a fazer as melhores escolhas(*);

(*) Produtos ou serviços somente disponibilizados após aconselhamento médico.

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Mercado aquecido, investimentos, divulgação de resultados positivos pelas empresas, fusões e incorporações, novos projetos. Não há dúvida sobre o aquecimento da economia e o fôlego do mercado interno. Porém, há desafios que as empresas, a cada dia, enfrentam em seus departamentos financeiros, como os escândalos ligados à má gestão de recursos, questões de crédito e risco e, mais recente, os impactos avassaladores da crise econômica mundial iniciada em 2008. De volta às perspectivas, são os resultados do PIB que apontam para o crescimento no país, como a divulgação do recorde do primeiro trimestre neste ano, quando chegou a 9% comparado ao mesmo período de 2009. Somados a isso fatores como a continuação do processo de ascensão nas classes sociais e, consequentemente, o aumento do consumo, os investimentos relacionados aos eventos esportivos em 2014 e 2016 e a camada pré-sal tem-se a formação de um terreno fértil e próspero. Ainda mais quando se trata de um gigante como o setor de saúde que movimenta cerca de 8% do PIB nacional. Diante desse cenário, a área financeira das empresas se transforma em um ponto-chave para as organizações e começa a exigir um novo perfil de profissional, com um papel cada vez mais estratégico. Segundo o estudo da Deloitte, intitulado Finance Transformation, Novos Papéis e Perspectivas para o CFO, o executivo dessa área nunca viveu tantas pressões. Estas se devem às embaraçosas situações financeiras enfrentadas nos últimos anos, como os escândalos envolvendo grandes corporações e os problemas na divulgação dos balanços. E perante à competividade acirrada, o corte de custos, o retorno sobre ativos, o aumento de receitas e controles inter-

MONTEAH, ROBERT HALF: Brasileiros lideram mudanças na área financeira e contábil

nos estruturados que resultem nas boas práticas de governança corporativa também figuram nas exigências feitas ao profissional dessa área. Outra pesquisa, da consultoria em recrutamento Robert Half, realizada com 2819 executivos de alta e média gerência de 13 países ao redor do globo, reafirma que este departamento está passando por um período de transformação. Antes eram áreas mais voltadas à rotina técnica das atividades, agora há um movimento rumo à participação mais estratégica e de apoio aos momentos decisórios na empresa. De acordo com o estudo, os brasileiros lideram quando se trata de modificação na área financeira e contábil. Para 96% das empresas brasileiras, o departamento deixou de ser um ambiente técnico para se tornar parte fundamental das decisões das organizações. O país está acima da média global – mundialmente 68% dos entrevistados acreditam no papel do financeiro como parceiro estratégico. Além do Brasil, participaram

da pesquisa Aústria, Bélgica, República Tcheca, Dubai, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Espanha, Suíça e Holanda. A liderança do Brasil é atribuída ao momento pelo qual o mercado nacional passa em relação ao continente europeu. “A Europa passa hoje por um momento de crise. Já o Brasil faz parte dos Brics (sigla que refere-se aos países emergentes que ainda inclui Rússia, Índia e China) e as empresas de outros países passam a olhar para o Brasil, uma economia que tem demonstrado muita força e potencial de crescimento”, analisa o diretor de operações da Robert Half, William Monteath. O que o financeiro tem hoje é um grande desafio pela frente. É deixar o lado mais operacional ser substituído pelo mais estratégico. De acordo com a Deloitte, há um crescente desaparecimento da função do Chief Operating Officer (COO) e uma sobrecarga de responsabilidades no CFO, o que torna o cargo ainda mais desafiador. Entre ou-

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tros desafios, esse líder ainda tem que lidar com a produção de relatórios precisos, controle de custos sustentáveis, retenção e atração de talentos, fatores fiscais e valor dos acionistas.

NA CADEIA

Ao tentar analisar os dados para a realidade da cadeia há de se considerar o desafio do complexo setor de saúde. “Para a operadora, o grande desafio é realmente controlar a sinistralidade, porque a inflação médica é maior que a inflação dos preços, e a questão de tecnologia”, é o que explica o líder de Life Science e Healthcare da Deloitte, Enrico Vettori. No caso das farmacêuticas e indústrias no geral, há o percalço da concessão de crédito que deve ser mais cautelosa, pois existe uma deterioração cadastral. Algumas minimizam eventuais prejuízos repassando esse risco para uma distribuidora, segundo Vettori. Já os hospitais, explica o especialista, enfrentam um grande desencaixe com os prazos de pagamento das despesas correntes, folha de pagamento e a cultura de pagamento do setor em torno de 60 dias. “Há casos que o paciente entra (no hospital) e até que isso seja processado são 90 dias, isso se não existir glosa, pois se levar o ciclo inteiro são cem dias até receber. Esse é o grande desafio financeiro: trabalhar o fluxo de caixa”. Há sete anos, ao criar o MBA Executivo em Gestão de Saúde HIAE do Ins-

per, o diretor executivo do Instituto Central do Hospital das Clínicas e coordenador do curso, Carlos Alberto Suslik, já percebia o movimento rumo à profissionalização do setor. Segundo ele, há perspectivas de aumento de 50% no número de leitos dentro de quatro ou cinco anos e isso deve ser apoiado por uma gestão profissionalizada. “Os hospitais estão crescendo e precisam ter apoio na enorme expansão nos próximos anos. O setor tem um investimento tecnológico muito grande, investimentos na área de recursos humanos e não menos importante a gestão de suprimentos”. Essa última é um desafio dado o número de itens que é enorme se comparada a outras indústrias. A Seguros Unimed, holding composta por Seguros Saúde Unimed e Unimed Seguradora S A, possui uma estrutura que somadas as áreas financeira e contábil possui 35 pessoas. Recentemente a empresa contratou um profissional vindo do mercado financeiro para ocupar o cargo de superintendente de finanças. “Uma seguradora precisa ter uma gestão de ativos que maximize os resultados. Nesse momento, no Brasil, onde temos aplicações em renda variável e clientes que aplicam em previdência privada, precisamos ter uma expertise bastante madura e eficaz”, explica o diretor técnico da empresa, responsável pela área financeira, contábil, logística, atuarial e operacional, Alexandre Ruschi.

VETTORI, DELOITTE: Desafio está em garantir o giro com diferentes prazos de pagamento

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NA PRÁTICA

A mudança da visão de um departamento financeiro mais técnico e voltado à gestão administrativa para mais um olhar estratégico e focado no negócio foi transformadora para a empresa de produtos hospitalares, KTK (antiga K.Takaoka). Em setembro de 2009, ao retornar à empresa depois de uma primeira incursão ao tentar mudar a gestão da companhia em 2005, o diretor geral Sammy Roger Ewald tinha o desafio de reestruturar a fabricante que à época acumulava uma dívida de R$14 milhões. A companhia produzia praticamente todos os produtos que fornecia ao mercado, alguns profissionais da linha de produção, por exemplo, trabalhavam apenas dez dias voltados a apenas uma parte de um processo, soma-se a isso os desperdícios de materiais que não eram aproveitados integralmente. Era uma

empresa desorganizada, mal administrada e com o faturamento em queda. “A empresa trabalhava de maneira verticalizada, produzia tudo o que utilizava para desenvolver seus produtos, o que implicava em altos custos e despesas. Com a adoção de parcerias de fornecedores, houve redução de custo e de despesa excedente de ociosidades do processo de escala”, conta Ewald. Ao enxugar processos e estabelecer parcerias com fornecedores, a KTK conseguiu ampliar o prazo para pagamento da dívida para cinco anos e estimular a gestão com o foco no negócio da companhia. O resultado foi a redução no custo da dívida de 25% e com a reestruturação a KTK foi de 300 a 150 funcionários, o que se deve à compra de materiais de fornecedores que antes eram produzidos pela própria KTK. Se por um lado houve cortes, nas áreas

financeira, logística e contábil foram contratados colaboradores. Atualmente são 12 pessoas que atuam nesse departamento. “Nós focamos muito na sistematização e relacionamento, hoje tenho coisas que só foram possíveis por trazer pessoas com essa visão sistêmica”, acrescentou.

H ABILIDADES

Para os executivos e especialistas ouvidos por Saúde Business, os departamentos financeiros, realmente, passam por um momento em que uma visão integrada e mais estratégica tem sido mais necessária a uma boa gestão dos recursos e processos da área. Seja por um amadurecimento de alguns segmentos dentro da saúde, pelo crescimento do País e até pela adequação aos novos modelos contábeis e órgãos de regulamentação do setor.

RUSCHI, SEGUROS UNIMED: Precisamos ter uma expertise bastante madura e eficaz

Foto: Divulgação

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SB | GESTÃO

Foto: Divulgação

O estudo da Robert Half mostrou também que, no Brasil, os profissionais mais desejados na área financeira e contábil são aqueles com conhecimentos em tecnologia da informação (48%) e conhecimento das regulamentações como o International Financial Reporting Standart (IFRS) e US GAAP (39%). Outras habilidades são indicadas por Monteath da Robert Half. “Além da capacidade técnica, ter bom nível de interação com outros departamentos na empresa como marketing, TI e entender a parte de sistemas para extrair bons relatórios”. Suslik, do HC, concorda sobre a importância da tecnologia no setor. “Cada vez mais o diretor financeiro ganha importância. Ele deve observar a viabilidade dos investimentos tanto na expansão e na parte tecnológica.” E, comenta sobre a questão da governança no setor. “A partir do momento, inclusive, que vários hospitais estão usando mecanismos para buscar capital financeiro fora tem que ampliar a governança. A maioria dos hospitais está partindo para isso, antigamente você tinha hospitais que tinham dono.” Essa também é a opinião de Ewald da KTK. “Nosso setor ainda é muito marcado por empresas familiares, o caminho para sair é buscar investimentos com fundos e bancos. E esses só sentem mais à vontade em investir se a empresa estiver profissionalizada com demonstrativos contábeis adequados, gestão de custos e receitas e transparência”. Além disso, o perfil do líder também começa a mudar. Segundo Vettori, conhecimentos como: compliance, riscos, gestão caixa e financeira são importantes e saber aplicar e girar o dinheiro corretamente na atual conjuntura. “Hoje, ele tem que estar alinhado com a estratégia da empresa. O líder tem que ser um grande negociador”.

EWALD, KTK: Reestruturação garantida com visão mais profissional e estratégica

Foto: Divulgação

SUSLIK, HC: Com abertura de capital haverá ampliação dos mecanismos de governança no setor

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SB | Espaço jurÍdico

Felipe Hannickel Souza Foto: Divulgação

Advogado especialista em direito regulatório na área de saúde suplementar. Integrante de Neumann, Salusse, Marangoni Advogados

Na onda dos investimentos estrangeiros, restrições para o mercado de saúde* Após a crise financeira que abalou a economia das grandes potências mundiais, principalmente nos Estados Unidos e Europa, o mercado nacional passou por um período de incertezas, gerado principalmente pela expectativa de absorção deste impacto pelo mercado interno. Contrariando todas as previsões pessimistas, o Brasil reagiu muito bem à crise, mostrando-se sólido e estável, conquistando seu reconhecimento no mercado internacional. Neste sentido, o Brasil tem despertado interesse de empresas internacionais, que buscam diversificação dos seus investimentos. Assim, é grande o número de empresas brasileiras que optaram pela abertura de capital na bolsa de valores ou que têm recebido aportes de fundos de investimentos (private equity). Além disto, é crescente o número dos processos de fusão e aquisição entre empresas. Ocorre que, na contramão desta tendência está o mercado de saúde nacional, tendo em vista a restrição constitucional que impede a participação de capital estrangeiro no setor de saúde. Vejamos o que diz o artigo 199 da Constituição Federal: “CF - Art. 199 - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei”.

De acordo com esta norma constitucional o mercado de saúde está impedido de receber qualquer investimento estrangeiro de forma direta ou indireta, exceto quando houver expressa previsão legal. Esta hipótese de previsão legal se verificou por meio da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, que permitiu às operadoras e seguradoras que operam planos privados de assistência à saúde na Brasil receberem investimentos estrangeiros. Além disto, pelo fato das empresas de diagnósticos por imagem e análises clínicas serem consideradas prestadoras de serviços de apoio médico, não de assistência à saúde, também não estariam impedidas de receber investimentos. Os hospitais, entretanto, não estão incluídos entre as empresas beneficiadas pela lei acima mencionadas, ficando atados às restrições da constituição. Por tal razão, se veem impedidos de, a exemplo de outros atores do mercado de saúde, abrir seu capital social ou receber investimentos estrangeiros. Há casos notórios de grandes hospitais que, na expectativa de se capitalizar e receber investimentos estrangeiros, após aderir a políticas severas de governança corporativa, se viram impedidos de buscar no mercado internacional parceiros para viabilizar seu crescimento interno. É fato que tal distorção somente traz prejuízos ao setor como um todo, tendo em vista que as atividades desenvolvidas pelas

operadoras e seguradoras de planos privados de assistência à saúde estão diretamente ligadas aos serviços prestados pelos hospitais, ambos com foco no atendimento aos pacientes. Somado a isto está o fato de determinadas operadoras que, ao receberem capital estrangeiro, de forma indireta acabam utilizando tais recursos para gerirem seus hospitais próprios. É indiscutível a necessidade de vultosos investimentos tanto para os hospitais como outros serviços de saúde do País, de modo a manter sua saúde financeira e manter sempre atualizados os seus equipamentos e instalações. Neste sentido, os investimentos estrangeiros seriam muito bem-vindos. Como forma de contornar a vedação alguns hospitais, constituídos sob a forma de sociedade anônima, têm recebido investimento estrangeiro por meio da emissão de debêntures. Entendemos que esta pode ser uma saída viável a estas empresas, tendo em vista que estes títulos não representam, a rigor, participação no capital social das empresas emissoras, mas apenas conferem alguns direitos aos detentores, que podem variar da participação nos lucros, direito na gestão e até mesmo conversão em ações futuras. *Com a colaboração de Carlos Eduardo Martins Mammana, Advogado especialista em direito societário e contratual. Integrante de Salusse Marangoni Advogados

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Além de nosso paciente, queremos que você se sinta nosso hóspede. A qualidade técnica e o conforto das instalações do Hospital Santa Paula fazem toda a diferença na hora da sua internação, onde você poderá contar com a sofisticação do serviço de hotelaria hospitalar aliado à tecnologia, modernidade e atendimento humanizado. Tudo isso para que seu reestabelecimento seja o mais breve e confortável possível. Confie em quem há 52 anos sabe exatamente o que é melhor para você. Hospital Santa Paula. Referência em neurologia, cardiologia, oncologia e ortopedia.

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SB | economia e negócios

Brasil está na mira da

Verena Souza – vsouza@itmidia.com.br

GE Healthcare Primeira fábrica de equipamentos médicos no País e o desenvolvimento de centros de treinamento e pesquisa fazem parte da estratégia de crescimento da companhia na América Latina

GE Healthcare inaugura primeira fábrica no Brasil http://bit.ly/9mr9tD

Mark vachon, da ge: Brasil está entre os três maiores focos de investimento da GE Healthcare no mundo

Fotos: Henrique Pimentel

GE Healthcare pretende dobrar faturamento até 2013 http://bit.ly/awsBxh

Uma série de investimentos destinados ao Brasil já foram traçados pela GE Healthcare para os próximos três anos. Alguns, ainda não divulgados, mas “bastante ambiciosos”, segundo fez questão de enfatizar a presidente da indústria de equipamentos médicos para América Latina, Cláudia Goulart. Entre os projetos conhecidos pelo mercado, está a inauguração da primeira fábrica de equipamentos médicos em Contagem, Minas Gerais. O primeiro empreendimento da companhia no Brasil, e também na América do Sul. Em um período de dez anos, a GE pretende desembolsar US$ 50 milhões para o completo funcionamento da nova planta. Ao mesmo tempo, a expectativa é de que a investida dobre o faturamento anual da organização em três anos, atingindo US$ 6 bilhões. Para se ter ideia, em 2009, a companhia apresentou receita de US$ 2,6 bilhões. E a previsão para 2010 é de US$ 3 bilhões.

E xpansão de portfólio

Os primeiros produtos a serem montados em Contagem, a partir de outubro, serão: equipamentos de Raios X e Mamografia, além da linha de recondicionamento. Todos, no primeiro momento, ainda por meio de fornecedores internacionais. Entretanto, o grande objetivo da empresa é chegar a 60% da produção dos equipamentos de maneira local até 2013. Para isso, a GE já está mapeando possíveis fornecedores - tendo identificado, até o momento, cerca de 23.

“Começaremos com montagem de equipamentos. Em paralelo, prospectaremos parceiros locais para, posteriormente, produzirmos no Brasil”, explicou o gerente geral de Supply Chain da GE Healthcare, Phillip Griffith. Os planos não param por aí. A companhia, com sede no Reino Unido, já programou aumentar o portfólio em 2011, incluindo linhas, como: PET/CT, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética e Sistemas de Monitoração. “Estamos em 4º lugar em relação ao market share de Raios X. Com a fábrica, pretendemos evoluir para o topo dessa lista em dois anos. Temos também outros planos ambiciosos para meados de 2012 e 2013, mas que ainda são sigilosos”, diz Cláudia.

Centros de pesquisa

e treinamento

Outro projeto de peso da GE deve ser anunciado em agosto. Trata-se do primeiro Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico no Brasil, voltado para as áreas de aviação, óleo, gás, energia, saúde, transporte e locomotiva. De acordo com o CEO da indústria no Brasil, João Geraldo Ferreira, vários aspectos, como localização, acesso, segurança e qualidade de vida, estão sendo considerados para a escolha da cidade. Outra proposta prevista para o País, a partir de 2011, é a construção de um centro de treinamento da GE para América Latina, destinado à capacitação de engenheiros da região.

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e

Benefícios

Confira etapas de implantação para fábrica da GE no País http://bit.ly/d3Phru e quais são os diferenciais competitivos da empresa no mercado http://bit.ly/7HA1

Claudia, da GE: Com a fábrica, empresa pretende sair do quarto lugar de market share de Raio X no Brasil

Além dos benefícios próprios, decorrentes da forte entrada em um país emergente, a empreitada da GE deve garantir melhorias às instituições brasileiras de saúde. De acordo com a Cláudia, alguns exemplos deles serão: redução de impostos, diminuição do tempo do ciclo de venda e simplificação logística. Para o presidente e CEO da GE Healthcare para as Américas, Mark Vachon, as três investidas no Brasil mostram o compromisso da empresa em relação ao País. “Tenho acompanhado a transformação por que o Brasil está passando e ele está certamente entre os três maiores focos de investimentos para a GE”, afirmou Vachon.

Healthymagination da GE supera expectativas, diz CEO http://bit.ly/d63Pat

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SB | economia

Eduardo Perillo

Foto: Elias Kitosato

Médico, mestre em administração, doutor em história econômica

Maria Cristina Amorim Economista, professora titular da PUC/SP

Para onde vai o déficit externo? A expectativa de crescimento da economia brasileira é consenso entre todos os avaliadores de plantão, oriundos dos mais diversos setores econômicos. A divergência reside apenas na esperada variação do PIB, estimada entre 5,5 a 7%. Interessado na elevação dos juros expressos na taxa SELIC, o setor financeiro está entre os mais otimistas, arriscando até 7,5% de crescimento no final de 2010. Na outra ponta está a indústria, admitindo, se tanto, a taxa anual de 5,5%. Quanto maior a taxa projetada de crescimento do PIB, melhor para os argumentos favoráveis ao aumento dos juros, supostamente a única arma para conter o aumento de uma temida inflação futura, assumida como resultado inexorável do crescimento. A situação faz lembrar a última copa de futebol, quando reinava a certeza de que a seleção brasileira faturaria o hexacampeonato, até ser desclassificada pela seleção da Holanda. Todo mundo está feliz com o crescimento econômico, mas convém perguntar qual a fonte do financiamento desse lindo espetáculo? A resposta não é lá muito bonita: parte considerável da

conta é paga pelo capital externo, entenda-se, por meio do endividamento junto a credores internacionais. O déficit em transações correntes, que vem a ser o resultado das operações de compra e venda de bens e serviços entre o Brasil e o resto do mundo, cresceu no 1º semestre, atingindo US$ 23 bilhões e podendo chegar, segundo estimativas do Banco Central, a US$ 50 bilhões no final do ano, ou 2,5% do PIB. O déficit reflete o aumento da remessa de lucros das empresas multinacionais a suas matrizes no exterior, o crescimento das importações de bens de consumo e de bens de capital (equipamentos, máquinas), além dos investimentos da Petrobrás no pré-sal. Do lado da entrada de recursos, as exportações, em alta após a crise de 2008, ainda assim apresentaram no 1º semestre o menor resultado dos últimos oito anos. O saldo dos recursos externos em julho de 2010 foi de US$ 709 milhões, contra US$ 3,5 bilhões em maio, o que já faz acender a luz de atenção. O lado bom do aumento das importações é dado pelas compras de bens de capital, consequência inevitável do

crescimento da economia e da necessidade de atualização do parque produtivo nacional. Em contrapartida, a taxa de câmbio, com o dólar barato relativamente ao real, não só facilita as importações — e aumenta o consumo, insuflado pelo crescimento da renda — como prejudica as exportações e a produção industrial local. Em outras palavras, cria empregos no exterior. A deterioração das contas externas não surpreende o governo, tampouco os agentes privados, tal como a grande imprensa fartamente divulgou. A potencial surpresa é outra: o governo, em algum momento terá que intervir na política monetária para deter o movimento do déficit externo. A questão é: quando e como o fará? O setor saúde é fortemente dependente das importações — insumos e produtos acabados — e a indústria de medicamentos está em plena expansão, com ajuda do BNDES. Dessa forma, alterações nas taxas de câmbio podem trazer muitíssimos transtornos para a ponta importadora, e algum alívio e incentivo para as exportações brasileiras do setor, mas resta saber qual será o novo ponto de equilíbrio.

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Governança | SB

Foto: Divulgação

Carlos Airton Pestana Rodrigues Diretor presidente da Governance Solutions. (carlos.airton@governancesolutions.com.br)

Qualidade em Conselhos de Administração (Parte I) A contribuição que bons Conselhos de Administração (CA) trazem para as organizações pode ser inestimável. Mas para entendermos isso precisamos antes entender as características que definem um bom CA. Embora a existência de um conselho seja prática obrigatória para muitas empresas, existem muitos aspectos que, se não forem devidamente cuidados, podem comprometer a eficácia e eficiência desse importante elemento da Governança Corporativa. Dentre esses aspectos, destacamos: 1) a quantidade de conselheiros; 2) o perfil dos conselheiros; 3) o mix de experiências do grupo; 4) as práticas gerais de funcionamento, como: frequência das reuniões, a pauta das reuniões, o percentual de tempo despendido em discussões estratégicas versus outros assuntos, a existência de comitês de apoio e a duração dos mandatos dos conselheiros; 5) a interação do CA com Acionistas, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal; 6) a avaliação periódica de desempenho do CA e, principalmente, 7) a independência dos con-

selheiros. A seguir analisaremos alguns desses aspectos. Muitos empresários, diante da necessidade de montar um Conselho de Administração, optam por escolher algumas pessoas de destaque no meio político ou empresarial para, dessa forma, dizer ao mercado que seu Conselho possui “integrantes de peso”. Entretanto, muitos desses profissionais participam simultaneamente de vários outros conselhos, convidados pelo mesmo motivo e, na prática, não conseguem se aprofundar devidamente nas questões da empresa, o que acaba por limitar fortemente sua contribuição. Acabam por se tornar quase “conselheiros de fachada”. Úteis para dar algum status ao CA. Outros empresários preferem contratar pessoas extremamente leais a eles para assim ter maior controle das votações. Muitas vezes são diretores da própria empresa ou do seu grupo econômico. Nesse momento, o Conselho perde uma de suas maiores riquezas, que é a possibilidade de se obter diferentes opiniões, o que só pode ser conseguida com a independência dos seus membros.

Em muitos conselhos também se observa uma predominância de conselheiros com o mesmo perfil. É bastante comum ver, por exemplo, uma grande quantidade de profissionais com perfil financeiro. Nesse caso, o resultado é um só: a reunião do conselho vira uma reunião de finanças, concentrada em números e indicadores econômico-financeiros e a discussão e acompanhamento da estratégia de negócios fica em segundo plano, quando deveria estar em primeiro. É saudável que conselhos sejam compostos por integrantes com perfis variados, que possam enriquecer a discussão abordando diferentes aspectos da estratégia e da gestão como: mercadológico, tecnológico, jurídico e, claro, financeiro. (Certa vez comemorei quando vi uma grande rede varejista de moda contratar para seu conselho uma renomada colunista de etiqueta e moda). Conselhos muito pequenos ou muito grandes também não são eficazes. O ideal fica em cinco ou sete membros. No próximo número comentaremos outros aspectos que interferem na qualidade dos Conselhos.

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SB | Tecnologia

Cuidado em

casa

Danilo Sanches – editorialsaude@itmidia.com.br

O avanço da tecnologia e a demanda por prevenção tornam a home telemedicina um mercado promissor

Foto:Glowimages

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Nos próximos anos, cuidar da própria saúde pode ser um tema bem mais amplo do que apenas cuidar da alimentação ou praticar esportes. Tendências que se aproximam do mercado brasileiro com a mesma velocidade que nossa economia galga o quinto lugar dentre as maiores do mundo, trazem para dentro da casa dos pacientes equipamentos que monitoram, analisam dados sobre a saúde e acionam médicos automaticamente em casos de emergência. Aliando mercados em franca expansão no país, como os de tecnologia da informação e telecomunicações, a home telemedicina disputa um mercado bilionário no Brasil como a principal tendência em medicina preventiva e no tratamento de doenças crônicas. “No Brasil, atualmente, o mercado de home care — cuidados domésticos com o paciente — movimenta acima dos US$ 5 bilhões”, afirma o gerente de Marketing da divisão de saúde da Philips para a América Latina, Braulio Sumida. Segundo ele, o mercado de saúde como um todo no país passa dos US$ 100 bilhões. “O mercado no Brasil é inicial. Mas tem potencial bilionário a partir do tripé que envolve fornecimento de produtos, serviços e o armazenamento dos dados obtidos dos pacientes”, completa o executivo. A Philips, que vem de um crescimento de 30% nas vendas do último semestre nos mercados emergentes, é uma das empresas que apostam no segmento de telemedicina. “Nós estamos trabalhando intensamente para atender projetos como o Saúde da Família (do Governo Federal)”, afirma Javier Libré, líder do negócio Philips Home Healthcare Solutions para América Latina. O conceito de prevenção e acompanhamento proposto pela home tele-

medicina associa o monitoramento de parâmetros do paciente como pressão arterial, pulsação e exames do sangue ou urina com a transmissão em tempo real destes dados para um prontuário que fica à disposição do médico. Em certos casos, como o de doentes crônicos ou do acompanhamento de idosos, alguns dados críticos podem acionar um atendimento de urgência. “Então este é um tema de dignidade no envelhecimento ou um tratamento mais adequado e confortável no âmbito da sua casa”, afirma Sumida. Na ponta deste processo está a Benner, que desenvolve softwares para sistemas de home telemedicina. A empresa está implantando no país o My Vitali, um sistema de monitoramento de saúde, de origem austríaca, que capta informações do paciente e as disponibiliza num portal na internet para serem cruzadas com outros serviços de saúde. Com o investimento inicial de R$ 1 milhão, a empresa finalizou a adaptação do produto para o mercado brasileiro e deve colocá-lo em prática ainda no mês de agosto deste ano. Segundo o presidente da empresa, Severino Benner, será implantado o Programa Saúde da Família Digital. O projeto é uma melhoria do Programa Saúde da Família, do Governo Federal, que deve incluir soluções de home telemedicina. “As equipes que visitam os pacientes em casa, além de levar só uma ficha em papel, vão levar também um tablet com um prontuário médico. Eles vão fazer uma série de exames que vão ser atualizados automaticamente no prontuário do paciente”, explica Benner. O programa, segundo o executivo, deve atender inicialmente a 200 mil pessoas no Estado de São Paulo. Apesar de não revelar o valor do contrato, o executivo prevê que o inves-

timento tenha retorno nos próximos três anos. “Este será um piloto que depois será estendido para todo o Brasil”, afirma. Atualmente, cerca de 100 milhões de pessoas são atendidas pelo Programa Saúde da Família, do Ministério da Saúde. Além da implantação do produto em programas de saúde pública, a empresa tem como objetivo disponibilizar o My Vitali para operadoras de saúde, empresas que prestam serviços de gerenciamento de programas e gestão de crônicos, também a academias e empresas interessadas em medicina preventiva, segundo Benner.

Tratamento

A importância de manter o paciente em casa, muitas vezes, vai além do conforto. “A hospitalização traz riscos que aumentaram, por consequência, o interesse pelo tratamento em casa”, afirma Sumida. Outro ponto que reforça a importância de tecnologias que monitorem o paciente à distância é a dificuldade que os médicos têm em controlar a adesão dos pacientes aos tratamentos propostos. “Muitas vezes a telemedicina tem também o papel de certificar a aderência do paciente ao tratamento”, conclui. “O grande desafio é que não temos hoje todos os equipamentos necessários em versão portátil. Eu não consigo hoje realizar todos os exames que um laboratório consegue fazer”, aponta Benner. “Mas dentro de um ano, teremos mais ou menos mil equipamentos novos sendo desenvolvidos.” Para o executivo da Philips, este serviço torna o processo mais econômico, uma vez que o tratamento de doenças crônicas sobrecarrega a estrutura dos hospitais, que é mais adaptada para o tratamento de casos agudos. “E tamSaúde Business | edição 16 | 49

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SB | Tecnologia

bém você antevê ou prevê situações que vão levar o paciente a uma situação aguda e trata isso”, completa.

Idosos

Com o desenvolvimento da medicina preventiva, a média de longevidade das pessoas aumenta e cuidados decorrentes do envelhecimento tornam-se uma demanda também crescente. As soluções de home telemedicina têm como potenciais clientes, também, segundo Benner, as vilas de idosos. A exemplo de países da Europa, o Brasil tem investido neste tipo de construção, que incorpora uma série de cuidados dos quais demanda a terceira idade. “Até 2025, serão 40 milhões de idosos no Brasil”, afirma Benner. “Em países como Áustria e Alemanha, as vilas dos idosos monitoram até a qualidade do ar. O My Vitali está preparado para controlar informações do corpo e do ambiente em que vive o paciente”, conclui. Segundo Benner, a tecnologia de monitoramento destas casas, permite inclusive, acionar automaticamente o atendimento médico em caso de queda do idoso. Este projeto, segundo ele, tem um mercado com enorme potencial no Brasil.

recentes fusões envolvendo as operadoras Telefônica, Vivo, Oi e Portugal Telecom, o setor ganha destaque e deve buscar em serviços como este um investimento rentável. “A situação no Brasil é única. Hoje, o País está atravessando um momento ótimo para a aquisição de novas tecnologias. Primeiro pelo momento econômico e também pelo momento social, em que se quer melhorar a forma de vida da população”, afirma Javier Libré. “Outro aspecto positivo, neste caso, é que existe uma consistência no sistema de saúde brasileiro, tanto público quanto privado, de que tratar precocemente é mais adequado para o paciente e economicamente mais interessante”, completa Sumida.

Telecomunicações

O desenvolvimento de produtos que permitam às operadoras de telefonia gerar serviços de valor agregado tem despertado grande atenção em todo o mundo. Gigantes das telecomunicações como Orange (da France Telecom), AT&T, Sprint Nextel e a maior operadora de telefonia móvel do mundo, a Vodafone, têm investido em serviços móveis destinados à área da saúde. No Brasil, após as

Severino benner, da benner solutions: Avanço das telecomunicações permitirá um maior tráfego de informações na rede Foto: Ricardo Benichio

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SB | saúde corporativa

Maria Carolina Buriti – mburiti@itmidia.com.br

Crônico e invisível Presente em grande parte da população brasileira, as doenças crônicas custam milhões à saúde todos os anos e o impacto afeta empresas e profissionais Dados do Ministério da Previdência Social do Brasil mostram que em 2008, os benefícios pagos pelo INSS referente a acidentes e doenças do trabalho juntos com aposentadorias especiais decorrentes das condições ambientais do trabalho são da ordem de R$ 11,60 bilhões/ano. Algumas começaram a evoluir com o nexo técnico epidemiológico, um estudo que relacionou a incidência e o agravamento de determinadas doenças à atividade do trabalhador. Os vigilantes, por exemplo, tem maior probabilidade de desenvolver diabetes e isso pode ser caracterizado como doença do trabalho, pois ele ficou exposto devido à função. “Recentemente cerca de 7% das doenças anteriormente consideradas de caráter geral foram consideradas ocupacionais. Houve uma mudança de metodologia nos últimos dois anos, antes eram doenças comuns e não geravam custos para empresários como, por exemplo, depressão, síndrome do pânico no setor hospitalar e diabetes em vigilantes”, explica o vice-presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Mário Bonciani. Autor da tese de doutorado sobre o Nexo Técnico Epidemiológico, o professor da Universidade de Brasília (UNB) e coordenador geral de políticas e saúde do trabalhador do Ministério da Previdência Social, Paulo Rogério Albuquerque Oliveira explica que o documento foi uma vitória para o trabalhador, pois agora

é possível identificar essas doenças e o trabalhador consegue receber auxílio da empresa. “Se enquadrado como ‘benefício acidentário’, (a empresa) continua pagando o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)”. Ou seja, se antes o crônico era uma responsabilidade do governo, hoje os empresários arcam com o custo direto ou indiretamente.

“Presenteísmo”

Especialistas ouvidos por Saúde Business acreditam que ainda não existe no Brasil uma pesquisa ampla que relacione as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ao “presenteísmo” termo que classifica o trabalhador que comparece ao trabalho, mas acaba não rendendo o que poderia por conta de algum problema de saúde.

Ogata, (ABVQ): Presenteísmo afeta diretamente às empresas

Foto: Divulgação

A produtividade do trabalhador é posta em xeque quando analisada sob o ponto de vista de saúde e bem-estar. Além da preocupação legal com a saúde e a segurança do funcionário, as companhias começam a olhar para as doenças não ligadas às atividades profissionais com mais atenção. Afinal, não são só os custos que se elevam com os tratamentos, mas ter funcionários saudáveis e com alta produtividade torna-se imperativo dentro de um cenário competitivo. Com exceção das doenças infecciosas e das chamadas ocupacionais, as doenças crônicas são responsáveis pelo mal-estar dos colaboradores dentro da empresa e, consequentemente, pela baixa produtividade e o absenteísmo. Acrescenta-se isso ao custo da assistência à saúde suplementar oferecida pelas empresas e tem-se uma questão que, cedo ou tarde, as companhias começarão a enfrentar: os doentes crônicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas as cardiovasculares (cérebrovasculares, isquêmicas), neoplasias, respiratórias crônicas e diabetes mellitus. A entidade também inclui nesse grupo os males que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, das famílias e da sociedade como: as mentais e neurológicas, as bucais, ósseas e articulares, as desordens genéticas e as patologias oculares e auditivas. Segundo a entidade, em 2005, cerca de 35 milhões de pessoas morreram em decorrência de problemas advindos das doenças crônicas no mundo, o que corresponde ao dobro das mortes referentes às doenças infecciosas. 52 | edição 16 | Saúde Business

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Prevenção

Impulsionado pelo estudo do nexo técnico epidemiológico, o Serviço Social da Indústria (Sesi) iniciou em 2007 um estudo intitulado Diagnóstico da Saúde do Trabalhador da Indústria.“Com o nexo técnico epidemiológico percebemos que o cruzamento de dados dos afastamentos nas indústrias com o código internacional de doenças. A prevalência de doenças crônicas foi muito alta”, conta a gerente de segurança e saúde do Sesi do Paraná, Carmem Weber. Foi realizada uma longa pesquisa sobre doenças e estilo de vida do trabalhador com 771.332 trabalhadores em 6.030 indústrias no país, desde 2007, e os resultados mostram as doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade e as do-

Carmem, do Sesi: 67 mil profissionais entrevistados no Paraná

enças mentais comuns como depressão e ansiedade estão presentes na lista em números bem significativos no quadro. Tão relevante quanto a incidência dos males são as informações sobre estilo de vida dos profissionais, o que podem levar os profissionais a ocuparem as estátisticas de futuros doentes. Os dados mostram que: 70,6% dos trabalhadores não consomem frutas e verduras diariamente, 6,6% consomem sal em excesso, 57,4% não praticam atividade física em quantidade suficiente para beneficiar a saúde, 51,6% não praticam atividade física no lazer e 12,5% são fumantes. “Um obeso tem três fatores de risco para doenças cardiovasculares. Passamos a perceber que, se o empresário investisse mais em na saúde do seu trabalhador, maior seria a produtividade, e diminuiriam os afastamentos.” No projeto regional, a unidade do Paraná realizou a entrevista com 67 mil profissionais de 535 indústrias no estado e tem a meta de chegar 104 mil até o final do ano. O levantamento com os trabalhadores é bem detalhado: são cerca de 80 perguntas que se estendem aos hábitos da família, realização de exames de glicemia, medições antropométricas e IMC e diagnóstico dentário. Após a pesquisa, a entidade oferece palestras com nutricionistas e atividades

Foto: Mauro Frasson

Às vezes, esse funcionário comparece à empresa nessa situação por questões organizacionais como excesso de tarefas, risco de perder o emprego entre outras. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABVQ), Alberto Ogata, as doenças crônicas não transmissíveis frequentes entre profissionais estão classificadas em dois grupos: as cardiovasculares são as crônicas como a diabetes, doenças cardíacas (problemas cardíacos, derrame cerebral), diabete e câncer relacionadas ao estilo de vida inadequado tabagismo, alimentação inadequada e obesidade. E o segundo conjunto relacionado aos problemas emocionais ligados ao estresse, depressão e ansiedade. Essas enfermidades resultam em afastamento dos funcionários e ao chamado “presenteísmo”. “Vivemos atualmente, em nosso país, uma situação de grande carência de mão-de-obra especializada, particularmente em alguns setores. Quando um profissional se afasta do trabalho por uma questão de saúde, o impacto na empresa é imediato”, analisa Ogata.

voltadas à orientação. “No trabalho realizado, ações mais simples como palestras são feitas nas empresas sem custo. Mas projetos mais personalizados em cima do diagnóstico são cobrados de acordo o programa”, explica. O recolhimento de informações não identifica o trabalhador, pois a metodologia usada identifica o profissional e suas informações por meio de um código. Após o levantamento, os dados são enviados à empresa. “O Sesi que faz o relatório e devolve para a empresa. Caso a empresa tenha um médico do trabalho, ele tem acesso aos dados das pessoas ou o órgão pode fazer isso”, diz Carmem. Com posse dos dados, a empresa está ciente da condição de sua população e seus riscos, a partir desse momento ela pode decidir iniciar ou não um programa de gestão de saúde dos trabalhadores. A pesquisa é feita sem custo com as indústrias que são associadas ao órgão, pois já existe uma contribuição de pagamento do setor. Já a Serasa Experian coloca em prática ações preventivas e de tratamento da saúde de seus funcionários. Em 1999, a empresa iniciou uma pesquisa para saber o perfil de doenças de sua população e hoje já colhe os frutos. A ação antitabagista, por exemplo, é acompanhada por um pneu-

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SB | saúde corporativa

Foto: Carol Carquejeiro

mologista, funcionário da organização, que realiza cinco reuniões por semestre com os fumantes. Na pesquisa de 2005, 10,5% eram fumantes de uma base de 1740 vidas, o que engloba todos os funcionários da empresa no Brasil e as agências de atendimento. No último levantamento, realizado em 2009, o número caiu para 7,6% de uma base maior de pessoas, 1944 colaboradores. “A primeira, em 1999, precisávamos de informação, saber os nossos riscos e a expectativa da nossa população”, conta o gerente de sustentabilidade da Serasa, Tomáz Carmona. O executivo é responsável pela área qualidade de vida que coordena as ações ligadas à gestão de saúde dos funcionários. Junto com a pesquisa são atreladas questões sobre o estilo de vida do profissional e também mapeados alguns interesses. Carmona conta que a partir desse passo foi montado um grupo de corrida. A estratégia da Serasa foi alinhar as questões da saúde com atividades de qualidade de vida. Na sede em São Paulo, a empresa tem uma área própria estruturada para gestão da saúde dos colaboradores composta por um médico, dois enfermeiros e um atendente. Durante a semana, os profissionais têm atendimento com fisioterapuetas, acupunturista, ginecologista e

ToMáz Carmona, Serasa: Saúde alinhada à atividade em prol da qualidade de vida

nutricionista e dentista, alé,m de uma academia de ginástica. As consultas são, primeiramente, individuais para acompanhamento dos tratamentos. Depois os funcionários são orientados em grupos sobre nutrição, diabetes e etc. A empresa também tem um programa com foco na saúde da mulher que inclui o acompanhamento de grávidas da empresa e a coleta do exame Papanicolau, preventivo do câncer de colo do útero. Ao todo são investidos cerca de R$1 milhão por ano na área. O impacto das ações teve reflexo direto na produtividade dos funcionários, medida por um índice de absenteísmo, calculado pelo departamento. “Eu acho que a gente tem resultados. O índice de absenteísmo é bastante baixo 0,2 a 0,6% mensal. Em 1996 era 2,28% e a partir de 2003 ele ficou abaixo de 1%”, comemora Carmona. Em 2009, o ano fechou com 0,76%, o executivo explica que poderia ter sido mais baixo, mas os números foram

afetados pela incidência de pessoas com a gripe H1N1.

Amadurecimento

Embora existam exemplos como o da Serasa, no Brasil, a grande maioria das empresas ainda está no movimento contrário. Segundo Ogata, da ABVQ, um estudo nos Estados Unidos revelou que os custos com doenças relacionadas ao presenteísmo geram mais custos com assistência médica do que os atribuídos diretamente à saúde. “Em nosso país a maioria das empresas não oferece planos privados de saúde. Deste modo, as empresas sofrem o impacto dos custos indiretos, como faltas ao trabalho, o presenteísmo, as aposentadorias precoces e as doenças ocupacionais”, analisa. Bonciani, da ANAMT, aponta para um novo período. “ O empresario começou a ter as chamadas doenças crônicas no campo dos custos da empresa. Estamos em uma fase de transição”, conclui.

Raio X (Doenças crônicas e outras) 16,0%

Referiram diagnóstico médico prévio de problemas coluna

8,8%

Declararam ter hipertensão

6,2%

Disseram ter tendinite ou LER (lesão por esforço repetitivo)

1,9%

Têm diabetes

1,8%

Têm doença renal

12,7%

São obesos

11,5%

Apresentaram resultados que indicam transtornos de depressão e ansiedade

*Dados nacionais do Serviço Social da Indústria (SESI) realizado com 771. 332 trabalhadores da indústria. Levantamento realizado entre 5 de junho de 2007 e 29 de abril de 2010.

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A grande plataforma para negócios, relacionamento e atualização em saúde

M

aior evento de saúde das Américas, a HOSPITALAR encerrou sua edição 2010 (realizada de 25 a 28 de maio) com resultados extremamente positivos, que reafirmam sua posição de eficiente plataforma para negócios, relacionamento e atualização no setor de saúde. Ocupando totalmente os cinco pavilhões do Expo Center Norte, esta foi a maior edição da HOSPITALAR já realizada, com recordes de expositores, visitantes, eventos simultâneos e negócios. Com um total de 89.000 visitas em quatro dias, o movimento geral foi 4% maior do que na edição de 2009. Na área internacional, contudo, a presença de compradores foi 22% maior, representando 54 países.

Números comprovam força do evento R$ 5,3 bilhões em negócios 93.000 m2 de área ocupada 1.250 expositores de 36 países 89.000 visitas profissionais de 54 países

Termômetro do setor Considerada o grande “termômetro” do setor de saúde do Brasil, cujo movimento total representa mais de 8% do PIB, a HOSPITALAR vem crescendo perto de 20% ao ano nas três últimas edições. Expositores destacaram que o movimento da edição 2010 “foi o melhor dos últimos anos” e o perfil dos visitantes foi “extremamente profissional e representativo de toda a cadeia da saúde”.

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SB | LADO B

Desenhos: Alexandre Pereira

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Fred Linardi - editorialsaude@itmidia.com.br

Tracos e sombras Especialista em desenhar histórias em quadrinho, Alexandre Pereria, da Samcil, usa seu talento para várias utilidades Uma das primeiras atividades que o ser humano aprende a fazer é o que levou Alexandre Grolla Pereira a ir fundo, seguir como prática constante e se aperfeiçoar com o tempo. Enquanto toda criança pede um lápis e um papel para desenhar, ele percebeu que por trás dos traços e rabiscos estava seu talento. Tinha facilidades para noções de perspectivas e espaço. Criou gosto pelas ilustrações e com estudos foi adquirindo noções mais exatas. “Entendo que desenhar é a capacidade de transformar o volume em traços. A partir de uma mão ou um rosto, observamos essas formas e, com traços, passamos para um papel plano, dando profundidade. Com técnicas de luz e sombra, aplicamos a ideia de volume”, diz, apontando o maior desafio do ilustrador e explicando a importância de ser um bom observador de ambientes e formas no cotidiano. Alexandre trabalha na área de marketing, mantendo sua prática de compor imagens sobre o papel apenas como atividade a que se dedica quando sobra mais tempo. Aos 37 anos, tem um belo portfólio. São ilustrações de paisagens, cenários e, principalmente, super-heróis e histórias em quadrinhos. Estudos de naves, castelos e

personagem fazem parte da bagagem que adquiriu quando se formou na arte das histórias em quadrinho num curso feito na Academia Brasileira de Arte (ABRA). “Desenhar nunca me trouxe retorno financeiro. É um hobby mesmo, pelo menos até agora”, diz Alexandre, sem descartar a chance de um dia fazer um trabalho ou outro a partir desse talento, conciliando com sua vida executiva. De qualquer maneira, usar facilidade em levar traços perfeitos ao papel já lhe trouxe um diferencial no seu trabalho, como responsável pelo marketing da Samcil Planos de Saúde. Para comunicações internas e boletins da empresa, Alexandre já trabalhou em elaboração de personagens. “Tenho alguns de minha criação, mas são poucos. Na verdade, minha maneira de desenvolver um desenho quando ilustro como hobby é a partir de ambientes, fotos ou ilustrações que já existem”, explica. Da mesma maneira, é ele quem pensa no planejamento de móveis e instalações quando é preciso solucionar uma disposição para o espaço de sua casa. Faz os desenhos pensando na composição real dos ambientes, com medidas e perspectivas certas. E haja referências para desenhar. Em sua casa, ele mantém um armário em um

dos quartos somente para guardar revistinhas, encadernações, junto aos livros comuns, que lê normalmente, desatrelado das histórias em quadrinhos. Hoje em dia, ele precisa desfazer-se de revistas de quadrinhos mais comuns devido ao espaço, doando para bibliotecas. Mas existem encadernações que nunca serão excluídas de sua biblioteca. “Gosto muito das histórias, de acompanhar as séries da Marvel. Mas gosto também de comprar algumas outras publicações apenas pela arte, pelo trabalho do artista”. Entre heróis e monstros, é possível identificar que a falta de tempo para as ilustrações é a grande vilã na vida de Alexandre. Hoje em dia ele tem se dedicado menos a elas devido a este fator. “É importante continuar sempre praticando. Desenhar é parecido com andar de bicicleta: quando paramos um tempo, não desaprendemos, mas perdemos a prática”. Para se ter uma ideia, um desenho mais complexo de um personagem, cenário ou paisagem pode levar em torno de duas horas. Tempo que pode ser ainda mais escasso considerando que as atividades esportivas também são importantes para Alexandre, que divide seus compromissos da agenda dedicando às práticas físicas e participando de maratonas pela cidade.

Para ver mais desenhos do Alexandre Pereira: http://www.flickr.com/photos/alegrolla/ SAÚDE BUSINESS | EDIÇÃO 16 | 57

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SB | LIVROS

“Eu recomendo”

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Foto: Divulgação

Biógrafo e historiador premiado, o norte-americano Laurence Bergreen produziu, com riqueza de detalhes e revelações curiosas, uma crônica da primeira viagem de circunavegação do planeta. Lançada ao mar em 1519, a frota de cinco navios e 260 homens comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães buscava uma nova rota marítima para o Oriente das especiarias. A descoberta de uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico, no extremo sul das Américas – hoje batizada como Estreito de Magalhães – foi o que tornou possível a proeza. A viagem terminaria em 1522, reduzida a apenas um navio e 18 esquálidos marinheiros, que retornaram à Europa sem o seu comandante, um homem visionário, mas contraditório, morto violentamente em batalha na região das Filipinas. Fruto de extensa pesquisa, o livro pode ser lido por seu valor histórico ou pelos registros antropológicos que coleciona, mas também como uma parábola sobre estratégia, planejamento, liderança, sonho e legado.

“A LÉM DO FIM DO MUNDO” AUTOR: LAURENCE BERGREEN EDITORA: OBJETIVA NÚMERO DE PÁGINAS: 472 P REÇO SUGERIDO: R$ 62,90

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No mercado atual, a Logística e a gestão de cadeia de suprimentos são os artifícios que, se planejados estrategicamente, podem alavancar o nível de competitividade e inovação das corporações. Este livro, escrito a partir da experiência do autor numa multinacional, reúne a abrangência e qualidade referencial como contribuição aos profissionais de diferentes departamentos que interagem com as atividades atreladas à logística. Nesta segunda edição, revisada e ampliada, este guia rápido de consulta vem com novos termos e informações.

A crescente preocupação em sustentabilidade ética, social e ambiental nas empreses se deve, além das questões planetárias, também pelo interesse da boa imagem, já que clientes têm procurado este perfil em empresas e prestadoras de serviço. Essa sustentabilidade, que se torna ferramenta de marketing, também é abordada na coletânea de artigos que compõem este livro. Autores de trabalhos reconhecidos de pesquisa e desenvolvimento de projetos na Faculdade Getúlio Vargas apresentam aqui ferramentas e estratégias para a adoção de ações concretas em empresas brasileiras.

As pressões pela qualidade passaram vir de todos os lados. Tanto clientes quanto sociedade e modelos de qualidade como ISO 9001, ISSO 10006, FNQ entre outros... Todos passaram a ter uma postura mais exigente, inclusive tendo como modelo a padrão internacional de produção e serviço de qualidade. Baseado nesta realidade, este livro procura apresentar de forma simples e didática os fundamentos e aspectos práticos das principais ferramentas e técnicas utilizadas pelas organizações para a melhoria de sua produtividade e competitividade, que são as chaves para os lucros das empresas.

Autor: Eduardo Panitz Editora: Clio Número de páginas: 200 Preço sugerido: R$ 34,90

Organizadora: Ana Paula Arbache Editora: Arbache Número de páginas: 96 Preço sugerido: R$ 25,00

Autor: Marco Antônio Lucinda Editora: Brasport Número de páginas: 180 Preço: R$ 48,00

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SB | recursos humanos

ADILSON SOUZA

Foto: Divulgação

Sócio-diretor da Estação RH Consultoria Empresarial. Mestre em Psicologia e pósgraduado em Administração de Empresas e RH. Bacharel em Economia. Coach de Empresários e executivos. Desenvolve programas de liderança com foco estratégico. adilson.souza@estacaorh.com.br

Diversidade Cultural –

Você está aproveitando plenamente suas viagens? Em julho passado tive minha melhor experiência profissional e pessoal. Passei 12 dias na China, especificamente em Shanghai, Tianjin e Beijin. Aproveitei cada milésimo de segundo. Mas o que tornou essa experiência algo também surpreendente? Primeiramente meu desejo em aprender e absorver o que minha consciência permitisse; em segundo lugar, a ampliação do meu mapa mental, o que possibilitou várias quebras de paradigmas e, além disso, uma coisa é certa, nada substitui a vivência (experiência). Uma das grandes forças da China é certamente o turismo interno, o governo inclusive tem incentivado esse mercado. Somando-se a isso, o turismo externo e de negócios vem numa crescente e, cada vez mais, a China tem atraído diversas nações, empresários e executivos, não podemos deixar de afirmar que é claramente um mercado de oportunidades. No entanto, a oportunidade em conhecer uma pequena parte da China e de sua cultura nos remete a algumas reflexões, a começar com uma primeira experiência marcante. Ao chegarmos ao aeroporto de Shanghai fomos recebidos e presenteados com uma bolsa ecológi-

ca e é claro que o tema da Expo Shanghai foi sustentabilidade, e o que há de novo nisso? Aparentemente nada! No entanto, a coerência é o primeiro desafio das nações e lideranças. Não basta discursarem, é necessário praticar. E essa evidência foi percebida no próprio evento: carros elétricos, reciclagem de lixo e grandes propostas feitas na direção do tema. Mas particularmente, uma experiência foi especial: tivemos um jantar de boas vindas na cidade de Tiajin. Esse jantar foi servido para 16 pessoas, a mesa era redonda e no centro havia um círculo giratório, no qual os pratos eram colocados. E o que há de novo nisso? Primeiro a condição de mesa redonda permite que todos vejam todos e todos possam ser vistos, simples assim. No entanto, o maior exercício estava por vir. Quando os pratos foram colocados no círculo, se fez necessário o seguinte exercício: antes de girarmos o circulo, era necessário observarmos cada integrante da mesa. Nossa cultura não estimula esse olhar. Aqui é primeiro o individual, depois o coletivo. E o que isso tem a ver com a primeira experiência Expo Shanghai? Particularmente tudo a ver. Acredito que nossas solu-

ções estão cada vez mais na capacidade de enxergarmos o coletivo. Como disse, aproveitei cada instante dessa viagem e fiquei identificando oportunidades para os meus clientes na área da construção civil (a China é verdadeiramente um canteiro de obras); na logística (relação China e os diversos continentes/nações); no turismo interno (há uma valorização das riquezas culturais e da história do país); no turismo externo (todo mundo quer conhecer); nos negócios (o mundo de possibilidades); na cordialidade (fomos sempre muito bem recebidos, estavam sempre nos aguardando na entrada dos edifícios e ao final nos acompanhavam até nossa entrada no ônibus e nos acenavam com sorriso e simpatia); nas relações (se mostraram sempre interessados em nossa cultura); na segurança (tranquilidade mesmo!); na gestão de projetos (além de recurso, há competência e vontade política para executar). A China já é o maior investidor no Brasil, não estaria na hora de conhecer melhor a cultura chinesa? A próxima década sinaliza uma boa aproximação Brasil e China, e aqui, nenhuma área é excludente.

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SB | CARTÃO DE VISITA

Unimed-BH

DENISE VIEIRA Foto: Divulgação

SUPERINTENDÊNCIA JURÍDICA

E DE RH

nos do Grudiretoria de Recursos Huma a pel em sag pas tem iva cut A exe ntencioso da s anos, pela Gerência de Co po Usiminas nos últimos doi sil, onde acuanos no Grupo V&M do Bra ArcelorMittal e atuou por 13 ídico e a presidente do Departamento Jur mulou os cargos de superinten em saúde. , autogestão do grupo focada dência da Fundação Sidertube Administraem o G, com pós-graduaçã Denise é formada pela PUC-M especializae s pela Fundação Getúlio Varga ção de Recursos Humanos pelo Ibmec. ção em Gestão Empresarial

FERNANDO LOUREIRO

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO E

Roche ACESSO AO MERCADO

ANS MAURÍCIO

CESCHIN E

T RESIDEN DIRETOR-P

pós ser no ste ano. A e d o lh o ju rg de o ca , osse em 16 Silva para p a u d o la m u to L concio Executivo mento” do te Luiz Iná ra n e e d d o si p re p m “e o meado pelo tre outras. suas metas e Saúde; en aca como d st e o ã d rt a in h C olvimento Cesc o do de Desenv lementaçã r p to e im ir a d r, e o stroentergo d sumid médico ga é upava o ca c , o 9 0 e 0 u 2 q e , alar. Já ro d Ceschin ão Hospit ç esde outub a d tr S is N in A m a MeAd Setorial d lização em setor como ia o c d e s sp e sa re m p o nte em em rologista c perintende su ualicorp. o Q m e o s c ê atuou -Liban io ír S l a it , Hosp dial Saúde

Fernando Loureiro e Marco s Freire foram nomeados diretor de Comunicação e Acesso ao mercado e gerente de com unicação da multinacional suíça, respec tivamente. Loureiro atuou 12 anos na Dell como diretor global de localização estratégica e ambiente de neg ócios da empresa. Já Freire, tem passagem pela área de comunica ção da Unilever.

ALLAN FINKEL

DIRETOR DE ALIANÇAS ESTR

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Eli Lilly A LATINA ATÉGICAS NA A MÉRIC

rativos da subo diretor de Assuntos Corpo O executivo, que atuava com pela UNC Keem engenharia, tem MBA sidiária brasileira, é formado ciou sua carreira , nos Estados Unidos, e ini nan Flagler Business School na Lilly Brasil em 2004. Regiane Salateo, , foi promovida a executiva Para ocupar o lugar de Finkel vos. Regiane é etoria de Assuntos Corporati que passa a responder pela dir Brasil também há Pediátrica, e iniciou na Lilly especializada em Oncologia o diversas posia e, desde então, tem ocupad dic mé e ent ger o com s ano seis sua promoção, e marketing na empresa. Até ções de liderança em vendas opro. Re des de negócios oncologia e Regiane era gerente das unida

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Foto: Ricardo Benichio

SB | hot spot

Alberto Leite Alberto Leite é Diretor Executivo e Publisher da IT Mídia S.A

Saúde: direito ou negócio? A discussão é ótima e tem inúmeras variáveis. Do lado dos usuários, compradores do sistema, as variáveis são: ignorância sobre o real valor do sistema e a dúvida se saúde seria um direito ou apenas um negócio, que se compra e se avalia o resultado. Do lado do operador as variáveis são muitas: fluxo de caixa para a prestação dos serviços a quem pagou por eles, carência para poder levantar esse fluxo e no final o aumento do ciclo de prestação, obtido através da glosa ou do aumento no prazo da autorização (procedimento comum). Do lado do prestador as variáveis são: prestação a quem usa, mas não paga; retenção de um talento que não é seu: o médico; aumento considerável nos investimentos em ativos (CAPEX); prestação de serviços com custo alto, principalmente de mão de obra, exames. Seria ótimo se houvesse uma entidade neutra capaz de regulamentar um setor com tantas variáveis. E não há. Com tudo isso o setor se autorregulamenta. Como um novo prédio após a construção ou uma nova ponte, os tijo-

los, argamassas, parafusos, ferros, cimentos, vivem tentando se ajustar. Um se move um pouco para a direita, o outro um pouco para a esquerda. No fundo tudo acontece para que acomode a ponte ou o prédio. Assim é na saúde. Quando há crise financeira, as taxas de sinistro aumentam, em decorrência do mau uso pelo cliente, levando prestadores a faturarem mais e ao mesmo tempo elevando os custos do operador. Este, pressionado pelo custo alto, aumenta o ciclo do pagamento (de qualquer uma das formas), e no aniversário da anualidade, aumenta o preço cobrado do cliente. O prestador recebe uma taxa maior de glosa, o que reduz as margens. Quando o mercado está aquecido, pessoas vão menos ao prestador, as taxas caem; o prestador também não gosta, pois taxas baixas significam pequeno aumento nos preços dos planos; o prestador não fatura, e o cliente não usa o serviço como devia dando a ele a falsa impressão de que paga algo que não utiliza. Tudo isso tem a ver com as variáveis todas apontadas lá em cima.

Seria interessante um sistema como o de seguros de carro. Você paga por algo e tem previamente qual o limite da brincadeira. Bateu numa Mercedes e o seguro não cobre? Pague do bolso. Quer que o seguro cubra a BMW? Pague por isso. Nada pode ser como era antes, temos que tratar o assunto com responsabilidade. Além de todas essas questões apresentadas, existe a questão da mutualidade, ou seja, o sistema prevê que você sempre paga pelo grupo. Se um do grupo utiliza demais o sistema, todos pagam por isso. Nada é individual nesse nosso setor. É como se você pagasse um seguro de automóvel e ao mesmo tempo se preocupe se o seu vizinho dirige mal. Se ele bate o carro, você paga também. Tudo sempre no coletivo. As últimas notícias do setor apontam para uma consolidação. Torço para isso, pois só assim poderemos ver alguém com uma visão mais ampla do sistema todo. O operador poderá pagar para um prestador e tudo isso com uma única visão sobre a saúde do cliente, e não sobre a saúde do sistema.

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HOSPITAL SANTA ISABEL II Um novo caminho,

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103 leitos de internação

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