Ética, manipulação ÉTICA, MANIPULAÇÃO e o poder da imagem E O PODER DA IMAGEM
O
jornalista Cláudio Abramo dizia que não existe uma ética específica do jornalista: sua ética é a mesma do cidadão. No jornalismo, segundo ele, o limite entre o profissional como cidadão e como trabalhador é o mesmo que existe em qualquer outra profissão. É preciso ter opinião para poder fazer opções e olhar o mundo da maneira que escolhemos. “Se nos eximimos disso, perdemos o senso crítico para julgar qualquer outra coisa. O jornalista não tem ética própria. A ética do jornalista é a ética do cidadão. O que é ruim para o cidadão é ruim para o jornalista.” 3 Não existe na profissão de jornalista uma palavra tão mencionada como a ética, que permeia todas as ações de um profissional da imprensa. O comportamento e a criatividade da maioria dos jornalistas são, na maior parte do tempo, de alta qualidade. A questão ética está em todos os campos de atuação do jornalismo, seja na política, economia, cultura, o que for. É na reportagem investigativa, por exemplo, que se produzem os dilemas éticos para os jornalistas envolvidos, mas também é onde se expõem os males, as atitudes erradas e as boas conseqüências para a nação. O jornalismo, mesmo no seu melhor nível, envolve riscos éticos. O jornalismo investigativo no cinema é o que reflete melhor todo o glamour – se é que ele existe – da profissão. Aquele repórter que corre atrás da notícia, protege suas fontes, dorme na redação se for preciso, coloca a vida em risco por um furo é um herói perfeito para os filmes jornalísticos. O filme O informante (The insider, 1999) confronta-se com os riscos de vida e as questões éticas que envolvem uma investigação jornalística. A história é um drama inspirado num caso real. Em 1994, um ex-executivo da indústria do tabaco deu entrevista-denúncia no programa jornalístico 60 minutes, da rede americana CBS. A emissora não transmitiu a entrevista, alegando que as conseqüências jurídicas poderiam ser 3 - Cláudio Abramo, A regra do jogo. SP: Companhia das letras, 1998, p. 109