Ousadia em Imagens

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fotografia ousadia em imagens Graรงa Seligman e Beatriz Vilela





ousadia em imagens Graรงa Seligman e Beatriz Vilela


ficha técnica do livro realização ITS – Instituto Terceiro Setor coordenação geral Eduardo Cabral coordenação editorial Celso Araújo coordenação de produção Floripes dos Santos e Henrique Cabral produção Alexandre da Conceição de Almeida Leite, Cléa de oliveira, Denise Silva Batista e Guilherme Barros texto Graça Seligman e Beatriz Vilela projeto gráfico Renata Fontenelle editoração eletrônica Renata Fontenelle revisão de textos Cláudio Cortês-Paiva, Fernanda Mourão, Gabriela Artemis,Geraldo Campetti Sobrinho pesquisa documental e iconográfica Beatriz Vilela, Bruno Matos, Carol Matias, Floripes dos Santos, Humberto Pedrancini, José Carvalho da Mata, John Howard Szerman, Maíra Oliveira, Nando Cosac capa foto Mário Fontenelle quarta capa foto Mário Fontenelle guardas primeira guarda e segunda guarda foto de Graça Seligman

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As autoras são responsáveis pelas opiniões expressas neste livro, que não são necessariamente as opiniões do ITS – Instituto Terceiro Setor nem comprometem o Instituto.

assessoria de imprensa Objeto Sim agradecimentos especiais Armando Ferreira de Almeida Junior e Graça Ramos


ARQUITETURA Arquiteturas de Brasília Eduardo Pierrotti Rossetti ARTESANATO Tradição e permanência Malba Aguiar e Mercês Parente ARTES CÊNICAS A cidade teatralizada Celso Araújo ARTES VISUAIS Entre poéticas e políticas Renata Azambuja CINEMA Apontamentos para uma história Sérgio Moriconi ESPORTE Ponto de partida Paulo Rossi e Luiz Roberto Magalhães FOTOGRAFIA Ousadia em imagens Graça Seligman e Beatriz Vilela LITERATURA No compasso das letras Paulo Paniago MANIFESTAÇÕES POPULARES Reinvenção da tradição Lara Amorim MÚSICA Da poeira à eletricidade Severino Francisco



A Vale é uma mineradora presente nos cinco continentes e trabalha diariamente com a missão de transformar recursos naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável. Somos líderes mundiais na produção de minério de ferro e pelotas, matérias-primas para a indústria siderúrgica, bem como o segundo maior produtor de níquel, ingrediente essencial de ligas metálicas usadas em aeronaves, telefones celulares e baterias especiais para veículos elétricos híbridos, entre outros. Também produzimos manganês, ferroligas, carvão, cobre, cobalto, fertilizantes e metais do grupo da platina, e investimos em logística e energia. Todas as nossas atividades são guiadas por uma política de transparência, proteção ao meio ambiente e melhoria da qualidade de vida das comunidades de que fazemos parte, por meio do fortalecimento do capital humano e do respeito às identidades culturais locais. Valorizamos a história, o patrimônio e a arte. Em vista disso, apoiamos a publicação deste livro. A coleção Arte em Brasília - Cinco décadas de cultura, com patrocínio da Vale, revela um rico patrimônio da memória cultural da capital brasileira vista sob os ângulos da atualidade e de diversos autores convidados. Traz ainda o concreto em sua dimensão de recuperação e prospecção, e a arte brasileira em um dos momentos mais marcantes da história.



a presença da arte em Brasília Em sua primeira concepção, esta série de 10 livros se propunha a registrar os 50 anos de Brasília em sua produção artística e cultural mais abrangente. A data pontual dos 50 anos marcou em vários aspectos um novo ciclo da cidade em transformação, diante de outras perspectivas, releituras, descobertas, mas nosso planejamento de três anos ainda constitui um desafio: coletar pensamentos, organizar as informações, contextualizar as diversas paisagens da cidade, em seu passar de tempo, em sua ocupação dos espaços, na cultura feita por brasileiros de todos os recantos. Decidimos intitulá-la mais enfocadamente de “Arte em Brasília”, com o subtítulo “cinco décadas de cultura” e dividi-la (ou multiplicá-la) pelos temas: artesanato, arquitetura, artes cênicas, artes visuais, esporte, cinema, fotografia, literatura, manifestações populares e música. Constituições, textos, documentos, vibrações estéticas, particularidades da cidade que se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade exatamente por ser a nova cidade. O conjunto de livros tem autores identificados com as questões desta Brasília, a cidade em cada campo histórico e cultural abordado; setores, esferas, curvas, retornos e largas vias da linguagem para o viajante. Partimos de um sentimento de vínculo afetivo, da constatação de que Brasília pede de nós mesmos a sua revelação, sua memória ampliada e descoberta, as linhas, os lances, os movimentos que tornam a cidade pulsante, própria em sua realidade, contraditória e complexa. Existe, e estes livros testemunham com sensibilidade, uma cultura brasiliense, uma cultura candanga, do centro às periferias, do hoje populoso Distrito Federal, em rotação e translação, nas satélites que se deslocam também em torno da inteira Brasília como numa constelação de propostas, ações, invenções. Brasília sintetizando os Brasis. Uma história nova para tempos do presente e do futuro. Estes recortes de realidades que alguns de nós vivemos e se projetam rumo às suas estradas, desdobramentos, paradas e continuidade. Apresentamos a você, leitor viajante, Arte em Brasília – cinco décadas de cultura, com satisfação e empenho. Ao lado, foto Graça Seligman, década 1990 Páginas 8 e 9, Marco Zero, foto Mário Fontenelle, 1958

Eduardo Cabral ITS - Instituto Terceiro Setor Brasília, 2012


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Patrick Grosner, Painel de Athos BulcĂŁo, BrasĂ­lia Palace Hotel, 2012


sumário 17

INTRODUÇÃO

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A EPOPEIA DA CONSTRUÇÃO

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BRASÍLIA FOTOGRAFADA

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TEMPO, TRANSFORMAÇÕES E PERMANÊNCIAS

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AGRADECIMENTOS



Vista aérea da construção da Esplanada, 1956-1960 (acervo ArPDF)

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O fotógrafo Mário Fontenelle ao lado do avião da Presidência, 1957/1960 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Os meus contatos com Mário Moreira Fontenelle foram poucos e espaçados. Ele surgia de repente, mostrava fotos, esboçava um sorriso e sumia. Eram fotos precisas porque registravam os primeiros momentos desta epopeia contemporânea que foi construir, na solidão do Cerrado, Brasília. Quando da minha penúltima estada na cidade, indagando por ele, tive a confirmação de que estava muito doente num asilo. Fui então vê-lo, com minha filha, no Lar dos Velhinhos, benemérita instituição espírita. Casa térrea, ampla, clara, bem arejada, limpa. O quarto, de bom tamanho, era compartilhado com dois outros asilados, mas as camas, com anteparos, estavam dispostas de tal modo que garantiam certa privacidade. Ele estava ali, deitado, encolhido. Quando abriu os olhos, nos viu, o seu rosto envelhecido como que se iluminou. Procurou na bolsa onde guardava o seu tesouro algumas fotos, mas o diálogo foi difícil, porque, de parte a parte, se interpunha a consciência de que aquele momento era o da despedida, do sumiço definitivo. Só que, graças às suas fotografias e a esta iniciativa dos irmãos Cavalcante, ele sobrevive e sobreviverá! Lucio Costa 1º de julho de 1988 Texto publicado no livro Minha mala, meu destino, de Raquel Cavalcante (Org.), Editora Alhambra, 1988.

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introdução

Henrique Morize Missão Cruls, travessia do Rio Parnaíba-GO, 1892 (acervo ArPDF)

“A história, assim como a verdade, tem múltiplas facetas e infinitas imagens”

(Boris Kossoy)


O primeiro meio século de Brasília, vista por meio de imagens, é um imenso testemunho de uma linguagem fotográfica diversificada e de qualidade inquestionável. A boa fotografia da capital fixa os fatos e mostra a evolução da construção da cidade e o seu cotidiano, contribuindo decisivamente para compor a história. Nomes de profissionais importantes se destacam no fotojornalismo – o que é compreensível por ser o centro das decisões nacionais – na arquitetura e na fotografia contemporânea, inspirados pela beleza e ousadia das edificações e monumentos, bem como pelo horizonte aberto e pelo céu irretocável de Brasília. Os fotógrafos registram cada vez mais os moradores, as movimentações do poder e as transformações da cidade ao longo de seus 52 anos. Desde a sua construção, Brasília foi acompanhada pela fotografia. A capital é um marco da arquitetura e urbanismo modernos, é detentora da maior área tombada do mundo – 112,25km² – e foi inscrita pela Unesco na lista de bens do Patrimônio Mundial em 7 de dezembro de 1987, sendo o único bem contemporâneo a receber essa diferenciação. Um livro1 emblemático foi publicado em 1980 pela Ágil Fotojornalismo e União dos Fotógrafos. O autor do texto Arqueologia de uma cidade, o antropólogo Gustavo Lins Ribeiro, disse que, aos 20 anos, Brasília poderia dar a impressão de ser uma cidade sem história.

1   Brasília 20 anos - Depoimento de 35 fotógrafos do Brasil. Brasília: Ágil Fotojornalismo, 1980, p. s/n.

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“Pura ilusão, 20 anos são história. Não é a duração ou a distância no tempo que definem a importância de um período. Certamente em Brasília as pessoas acreditam-se um pouco fora da história por não sentirem aquilo que denominam tradição. Brasília, dizem, é terra de ninguém. De fato, ao chegar aqui, hoje ou 10 anos atrás, os indivíduos deixam em seus locais de origem toda uma extensa rede de relações sociais – incluindo, claro, as de parentesco – que definia suas relações com o mundo. (…) A história de Brasília, fora da perspectiva oficial, é tão desconhecida que ao nos dedicarmos ao período anterior à sua inauguração sentimo-nos realizando verdadeira arqueologia.”


Henrique Morize Missão Cruls, acampamento nas margens do Rio Parnaíba-GO, 1892 (acervo ArPDF)

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Henrique Morize Missão Cruls, acampamento em Macacos, Goiás, 1892 (acervo ArPDF)


Ao voltar ao passado, é fundamental lembrar a Missão Cruls, instituída em 1892 para demarcar a área da futura capital federal (Constituição de 1891/art. 31). A missão foi chefiada pelo astrônomo Louis Ferdinand Cruls – conhecido no Brasil como Luís Cruls – e sua equipe era composta por 22 membros, entre eles astrônomos, cartógrafos, médicos, geólogos, botânicos, um farmacêutico, alguns militares e um cientista que desempenhou o papel de fotógrafo: Henrique Morize. Francês, ele chegou ao Brasil com sua família em 1875 com o nome de Henri Charles Morize. O objetivo dessa missão era demarcar posições geográficas e executar serviços topográficos, acidentes físicos da superfície terrestre, aspectos da flora, cursos de água e pessoas que habitavam a região inóspita que circundava o território que se tornaria o Distrito Federal. Henrique Morize, pode-se dizer, foi o primeiro fotógrafo da capital federal, quando se olha dessa perspectiva histórica, desde a pré-construção. Foi um pioneiro no estudo da astrofísica, recepcionou Albert Einstein no Rio de Janeiro, participou da fundação da Sociedade Brasileira de Ciências em 1916, entre outras inúmeras atividades. Porém, na Missão Cruls,

ele se mostrou um mestre na fotografia, como afirma Miguel Freire, autor do texto do volume 7 da série Ciências na Missão Cruls2, organizado por Pedro Jorge de Castro. No texto de Freire, intitulado Para Henrique Morize, Olhar é Narrar, o autor comenta: “Ao olhar as fotografias feitas por Henrique Morize durante a expedição da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, em 1892, o espectador é surpreendido pela quebra do estereótipo do cientista de visão unifocal, admirando-se do apagamento do desenho caricatural que o representa como escravo do dado estatístico. O espectador é obrigado a enxergar, por trás das fotografias, um autor de visão complexa, alguém que procura o novo e não teme o desconhecido, um explorador que deixa a aventura do desbravamento de terras, rios e montanhas invadir de maneira indelével sua expressão, seu modo de representar a natureza e de interagir com o mundo”. Em 1894, depois de percorrer 4 mil quilômetros em sete meses, o relatório da Missão Cruls ficou pronto com informações sobre a região onde hoje é o Distrito Federal. E somente em 1956, após 62 anos, o então presidente eleito, Juscelino Kubitschek, deu início à empreitada da construção da nova capital. “O Planalto estendia-se, reto, infinito e calado como no Gênesis” (JK). 2   Ciências na missão Cruls - 7 volumes. Brasília: Instituto Animatógrafo, 2010, p. 9-12.

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Assim, parece-nos interessante que mergulhemos, ainda que rapidamente, na “pré-história” da cidade.


a epopeia da construção

Mário Fontenelle Superquadra do Iapi, Brasília, 1958 (acervo ArPDF)


A construção de uma obra da proporção de uma capital federal, no interior afastado dos grandes centros, era trabalho que demandava um elenco de decisões e iniciativas. Eram necessárias transformações que comportassem as levas de milhares de operários que corriam para a maior frente de trabalho da época. No puro cerrado goiano, passaria a existir uma obra gigantesca com prazo marcado para a inauguração: três anos e 10 meses. O Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) e o Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico do DF (Depha) possuem em seus arquivos grande parte do passado de Brasília. São registros de momentos vivos de eventos públicos, políticos, festas e toda a fase inicial da capital, que mudava da efervescência cultural do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste, o Cerrado brasileiro. Duas publicações da época se destacaram ao relatar a construção da nova capital. Uma delas foi a revista Módulo, edição brasileira cujo tema principal era a arquitetura. Também era publicado conteúdo relacionado às artes, ao urbanismo, ao design e à cultura de uma forma geral. Foi fundada, em 1955, e editada por Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro. A Módulo circulou de 1955 até 1965, quando foi proibida pela ditadura militar instaurada no Brasil. Só voltou a veicular em 1975 e saiu de circulação definitivamente em 1989. A revista Brasília também foi importante no debate e na divulgação de Brasília. Circulou entre janeiro de 1957 e abril de 1960, e acompanhou o dia a dia da construção da capital. A publicação mensal da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) serve como fonte de pesquisa da história da construção, inauguração e consolidação de Brasília.

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Os documentos fotográficos apresentados pelas publicações brasileiras que divulgavam a construção de Brasília revelam o projeto e a obra de arquitetura e urbanismo da cidade, bem como marcam a trajetória e a história da construção da capital. Tais imagens foram publicadas em várias revistas nacionais e internacionais especializadas, sendo parte da difusão da arquitetura moderna brasileira.


H. Francesci Rio Paranoá, década de 1950 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Marco zero, Brasília, 1958 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Árvore do cerrado, Brasília, década de 1950 (acervo ArPDF)


Mário Fontenelle Flor do cerrado, Brasília, década de 1950 (acervo ArPDF)

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Primeira missa celebrada em BrasĂ­lia, 3 de maio de 1957 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle JK e Lucio Costa, Brasília, década de 1950 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Praça do Cruzeiro, Brasília, 1958 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Marco zero e Esplanada dos Ministérios, 1958 (acervo ArPDF)

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MĂĄrio Fontenelle MinistĂŠrios e Congresso Nacional, 1959-1960 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Palácio do Planalto, 1958 (acervo ArPDF)

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Trabalhadores comemorando o Primeiro de Maio, dĂŠcada de 1950 (acervo ArPDF)

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Trabalhadores comemorando o Primeiro de Maio, dĂŠcada de 1950 (acervo ArPDF)

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Reprodução da revista Brasília (acervo ArPDF)

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Exposição Centro Cultural Brasil-Bolívia, La Paz, Bolívia, 1959 (acervo ArPDF)


Segundo o fotógrafo e antropólogo carioca Milton Guran, “a imagem dos eixos se cruzando é a mais extraordinária fotografia do Brasil moderno, um registro seminal que simboliza o momento em que o brasileiro tomou posse efetiva de seu destino”. Além dessa fotografia, é dele também a imagem de Lucio Costa e JK (foto pg. 27) encostados em uma placa da Avenida Monumental, em 1957. Mário Fontenelle fotografou a construção de Brasília, desde o início até a inauguração, e ali permaneceu até morrer abandonado em um asilo, em 23 de setembro de 1986. Dois anos depois, amigos e admiradores publicaram Minha mala, meu destino3, livro com algumas das suas fotografias que ganharam notoriedade. Ao longo dos seus 50 anos, Brasília foi registrada em todos os seus aspectos como cidade. Alguns acontecimentos, porém, foram fotografados para permanecer na memória e sem possibilidade, obviamente, de repetição. Foram momentos únicos, como a construção e a inauguração da nova capital. As fotos desses eventos marcaram época e são acervos valiosos 3   Minha mala, meu destino. Brasília: Gráfica Brasiliana, 1988.

mantidos como relíquias de um novo tempo, de uma nova capital e da cidade que se iniciava. Esses períodos emblemáticos também foram magnificamente registrados por renomados fotógrafos, como Marcel Gautherot (1910-1996), Peter Scheier (1908-1979) e Tomas Farkas (1924-2011), cujos arquivos pertencem hoje ao Instituto Moreira Salles (IMS). No livro As construções de Brasília4, publicado pelo IMS, a curadora Heloisa Espada salienta que as fotografias desses três fotógrafos, realizadas em Brasília entre 1958 e a década seguinte, “estão entre os mais importantes testemunhos visuais sobre a construção da nova capital”. O coordenador de fotografia do IMS, Sérgio Burgi, no mesmo livro, relata que, em 1957, o fotógrafo Tomas Farkas, por sugestão do arquiteto e urbanista Jorge Wilhelm, que participou do concurso para a escolha do plano-piloto da nova capital, viajou a Brasília para acompanhar a construção dos projetos de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Foram várias viagens que culminaram com as fotografias feitas no dia da inauguração, em 21 de abril de 1960. Diz Burgi: “O conjunto de imagens evidencia o viés humanista de seu trabalho, bem como o interesse pela linguagem do fotojornalismo. Seu olhar está mais focado nas emoções do momento vivenciado pelos personagens daquela epopeia – em suas expressões, ações e gestos – do que nos aspectos formais da arquitetura que gradualmente ocupava a vastidão do Planalto”. 4   As construções de Brasília. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2010.

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Também estão no ArPDF e no Depha as fotos do piauiense Mário Fontenelle (1919-1986), considerado o mais importante fotógrafo da história da construção de Brasília. Ele registrou a nova capital desde seu primeiro “risco” no cerrado do Planalto Central, imagem que mostra o cruzamento da Avenida Monumental com o Eixo Rodoviário de Brasília, e que foi publicada pela primeira vez na revista Brasília nº6, de junho de 1957 (foto páginas 6 e 7). Fontenelle foi mecânico de avião e se tornou amigo e fotógrafo do presidente.


Mário Fontenelle Eixo Rodoviário Sul, década de 1950 (acervo ArPDF)

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Escultura Rito dos ritmos, de Maria Martins, 1958 (acervo ArPDF)


Arlindo Okubo Mercado do NĂşcleo Bandeirante, DF, 1958

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Arlindo Okubo Congresso Nacional, 1959

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Thomaz Farkas Dia da inauguração, 1960 (acervo IMS)

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Marcel Gautherot Palรกcio da Alvorada (acervo ArPDF)


Marcel Gautherot BrasĂ­lia Palace Hotel, 1958-1960 (acervo ArPDF)

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Peter Scheier Crianรงas nos arredores de escola local em superquadra, 1960 (acervo IMS)


Já o ponto de vista de Peter Scheier, fotógrafo alemão que chegou ao Brasil em 1937, com 29 anos – fugindo do nazismo –, mostra o seu “olhar estrangeiro”, segundo Anat Falbel, doutora em arquitetura e urbanismo da USP e pós-doutora pela Universidade Federal de Campinas: “A consciência de pelo menos duas culturas possibilitaria transcender os limites nacionais e usufruir a originalidade de visão que permite operar as antinomias, reconhecer e reconciliar o particular e o universal. (...) Assim, a formação e os ambientes multiculturais frequentados pelo fotógrafo Peter Scheier desde a infância são incidentes na construção do seu olhar sobre a cidade e seus habitantes”. Scheier foi um importante fotógrafo urbano e de arquitetura e possuía um refinado olhar estético, que pode ser apreciado em seu trabalho. Ele fotografou Brasília em viagens realizadas em 1958 e 1960, para agências norte-americanas e para a produção de um livro chamado Brasília vive!5, lançado no início dos anos 1960, cuja intenção era mostrar que a nova capital não se tratava de um lugar inóspito no centro do país. Suas imagens exibem a cidade pós-inauguração, ocupada, em pleno funcionamento. 5   Brasília vive! Brasília: Livraria Kosmos Editora, 1960.

Também se destacou no registro fotográfico da construção Marcel Gautherot, fotógrafo importante na documentação das obras de Oscar Niemeyer. Gautherot registrou a cidade entre 1958 e a década seguinte, especialmente a pedido do arquiteto. As imagens mostram rigor de composição e técnica, com destaque para a arquitetura, quase sempre a protagonista. Outros fotógrafos brasileiros, como W. Jesco von Puttkamer, também se destacaram por fotografar a construção de Brasília, especialmente por documentar as obras de Oscar Niemeyer. Além dele, os irmãos gêmeos José e Humberto Franceschi foram colaboradores da revista Módulo e uma espécie de “os fotógrafos oficiais nacionais” do arquiteto. Atualmente, uma nova geração de fotógrafos tem trabalhado com o registro da obra de Niemeyer, como o mineiro Leonardo Finotti. Pode-se considerar como “fotógrafo oficial” o neto dele, Carlos Eduardo Niemeyer, que aprendeu a fotografar com o avô ainda na época da construção da capital. No dia da inauguração de Brasília, naquele histórico 21 de abril de 1960, Gervásio Baptista, então repórter fotográfico da revista Manchete, tinha a missão de fazer a foto que seria a capa da edição especial sobre a nova capital do país. Gervásio gritou pelo presidente na subida da rampa do Palácio do Planalto e lhe pediu que posasse com a cartola levantada.

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Farkas era húngaro e chegou ao Brasil com sua família em 1930. Foi um precursor da fotografia moderna brasileira.


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Gervásio Baptista Juscelino Kubitschek, inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960


Juscelino obedeceu. Em poucos segundos, o fotógrafo registrou aquela imagem que se tornaria um marco. A foto de Juscelino com as colunas do Congresso Nacional ao fundo correu o mundo. Tempos depois virou símbolo do Memorial JK, em Brasília.

Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

Gervásio fez algumas das mais reconhecidas imagens dos presidentes brasileiros dos últimos 50 anos. Registrou também Copas do Mundo, concursos de misses, guerras e revoluções. Era o preferido de Adolpho Bloch, criador da revista Manchete, onde trabalhou do primeiro número, em 1952, ao último, em 2000.

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Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Juscelino Kubitschek e Dona Sara, inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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F. Fadul Juscelino Kubitschek e João Goulart, inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, autoridades subindo a rampa, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, Parlatório, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, membros do Judiciário, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)


Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, caravana da integração, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)


Inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960 (acervo ArPDF)

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com seus secretários, na L2 Sul, a caminho da embaixada, em 7 de junho de 1960. A foto faz parte do acervo do Itamaraty e mostra um cerrado amplo, quase vazio, sendo desbravado pelo poder.

61 Brasília: ousadia em imagens

Brasília também foi registrada por outro importante fotógrafo nos anos 1960: Raymond Frajmund. Sua foto (acima) mais emblemática, que correu várias publicações, retrata os embaixadores da Noruega e da Austrália


Mรกrio Fontenelle Avenida Comercial W3 Sul, 1960 (acervo ArPDF)

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Mário Fontenelle Comércio local sul, entrequadra, 1960 (acervo ArPDF)

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Escola Classe 403/404 Norte, 1963 (acervo ArPDF)

Supermercado nยบ4 SAB, 1963 (acervo ArPDF)

Interior do Supermercado nยบ4 SAB, 1963 (acervo ArPDF)

W3 Sul, dezembro de 1963 (acervo ArPDF)


Central dos Correios e TelĂŠgrafos, L2 Sul, 1960 (acervo ArPDF)

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Missa em comemoração ao terceiro aniversário de Brasília, Catedral, 21 de abril de 1963 (acervo ArPDF)

Arcebispo D. José Newton, Darcy Ribeiro e Berta Ribeiro, Teatro Nacional, década de 1960 (acervo ArPDF)

Missa em comemoração ao terceiro aniversário de Brasília, Catedral, 21 de abril de 1963 (acervo ArPDF)

Inauguração do Parque Infantil do Jardim Zoológico, Brasília, década de 1960 (acervo ArPDF)


Jardim Zoológico, Brasília, década de 1960 (acervo ArPDF)

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Brasília fotografada

Demonstração de educação física das escolas classes, 1970


Neste livro, a intenção não é abranger nem recuperar rigorosamente tudo em termos de fotografia e nomes de fotógrafos, mas sim registrar com imagens emblemáticas um pouco da história da cidade, no seu primeiro meio século de vida. As imagens falam. Mostram o audacioso projeto de edificar a Brasília monumental e modernista em apenas três anos e 10 meses. No entanto, é importante dizer que Brasília, depois de 50 anos, ainda constrói sua história, a cidade cresce e se modifica. As imagens são fundamentais para narrar esta biografia. Mais além, percebe-se a foto como peça importante da cultura visual, pois esta tem o poder de sintetizar, por meio de uma linguagem não verbal, as interpretações elaboradas sobre ela. As imagens fotográficas retratam a história visual de uma sociedade: documentam situações, estilos de vida, gestos, atores sociais e rituais. Assim, aprofundam a compreensão da cultura material, sua iconografia e suas transformações ao longo do tempo. A fotografia pode ser considerada um grande patrimônio e um valioso documento histórico para o futuro, porém é necessário conhecer o contexto na qual ela se insere. No livro Fotografia e história6, de Boris Kossoy, o autor diz que:

6   KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 99 e p. 155.

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“(...) toda e qualquer fotografia, além de ser um resíduo do passado, é também um testemunho visual no qual se pode detectar – tal como ocorre nos documentos escritos – não apenas os elementos constitutivos que lhe deram origem do ponto de vista material. No que toca à imagem fotográfica, uma série de dados poderão ser revelados, posto que jamais foram mencionados pela linguagem escrita da história”.


Entrega de carro rifado pela barraca de BrasĂ­lia na Festa dos Estados, 1973 (acervo ArPDF)

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E mais: “O fragmento da realidade gravado na fotografia representa o congelamento do gesto e da paisagem, e, portanto, a perpetuação de um momento, em outras palavras, da memória: memória do indivíduo, da comunidade, dos costumes, do fato social, da paisagem urbana, da natureza. A cena registrada na imagem não se repetirá jamais. O momento vivido, congelado pelo registro fotográfico, é irreversível”. Os anos 1970 foram especialmente difíceis para Brasília e sua gente. Como poucas cidades do Brasil, a capital sofreu com os desmandos daqueles anos de tirania. Paradoxalmente, foi a ditadura que consolidou Brasília como capital da República, ao instalar ali o centro das decisões nacionais e as sedes das embaixadas estrangeiras. Com a ditadura, ou apesar dela, os moradores de Brasília continuaram construindo e registrando a cidade e sua identidade, em boa parte traçada na resistência oculta ao poder. Ainda nos anos 1970, surgem os movimentos de cultura de massa de Brasília, as bandas de rock, com suas letras irreverentes e contestadoras. Os espaços públicos da cidade foram ocupados com shows de música, oficinas e exposições de arte. Os muitos encontros reuniam os pioneiros do início da construção da cidade e a nova geração de brasilienses que surgia.

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Mário Fontenelle Congresso Internacional de Críticos de Arte, década de 1970. Páginas 72 e 73, demonstração de educação física das escolas classes, 1970 (acervo ArPDF)


Mário Fontenelle Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, 1970 (acervo ArPDF)

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Rui Faquini Retrato de Nuca, Campanha Butique Bly, 1973

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Luis Humberto Congresso Nacional, 1975

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Juvenal Pereira Iordan, Beda e Archimedes, 1975

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Juvenal Pereira Sombras na Esplanada, 1979

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André Dusek Liga Tripa no Concerto Cabeças, 311 Sul, 1982

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Juan Pratginestos Ensaio da Orquestra Sinfônica do TNB, hoje Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, 1982


AndrĂŠ Dusek Vale do Amanhecer, 1982

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Kim-Ir-Sen Fim de tarde na Esplanada dos Ministérios, década de 1980

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Ivaldo Cavalcante Renato Russo, 1984

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Rubens Rebouças Cássia Eller, maio de 1988. Uma das primeiras fotos que Cássia fez para divulgação de seu trabalho, quando já estava se preparando para deixar Brasília e seguir carreira nacional


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Rubens Rebouças Ponte Costa e Silva, abril de 1986. Foi uma das imagens da exposição Quinas Brasilienses, realizada na UnB, e Funarte Brasília e Rio. A mostra retratava Brasília em fragmentos de lugares que caracterizavam a cidade. “Na época, a ponte estava em reforma para ampliação, quando surgiu a pista do meio, de modo que aproveitei o grafismo de suas formas em contraste com os tapumes que a protegiam” (imagem original em filme Ektachrome 64)


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Kim-Ir-Sen Em 27 de novembro de 1986, seis dias depois do lançamento do desastrado Plano Cruzado II (Governo Sarney), Brasília “pega fogo em vários protestos”, o mais intenso deles na Rodoviária, coração da capital federal


Ă gil fotojornalismo PacotĂŁo, 1979

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Ágil Fotojornalismo Pacotão

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Orlando Brito “Em 25 de abril de 1984, depois da derrota das Diretas Já, eu voltava à redação quando vi a cena que rendeu uma foto mais significativa que todas as que havia feito em 15 horas de trabalho: os militares rondando o Congresso Nacional. Entendi na hora que o vulto dos soldados representava o quanto era sombrio aquele momento” (Orlando Brito/ fonte: Associação Brasileira de Imprensa/www.abi.org.br)


A União dos Fotógrafos de Brasília foi fundada em 1978, no contexto de reestruturação da sociedade civil que marcou a transição entre os dois últimos governos do regime militar. Os repórteres fotográficos debatiam sobre os direitos autorais e as novas regras de trabalho. Havia grande demanda por informação diferenciada e o trabalho de freelance começava a ser amplamente utilizado pela grande imprensa. Assim, questões como a pauta própria e a tabela de preços mínimos passaram a ser pontos importantes do movimento dos fotógrafos, que também

acabou por originar a organização de agências independentes de fotojornalismo. A partir de 1980, a união passou a funcionar na sede do Sindicato dos Jornalistas, sob a presidência de Milton Guran e Kin-Ir-Sen (vice-presidente). Em seguida, a união foi sucessivamente presidida por André Dusek (presidente) e Luisa Venturelli (vice) em 1983-1984, Marcio Barros (1985-1986), Yuuggi Makiushi (19871988), Duda Bentes (1989-1990), Sérgio Seiffert (1991-1991), Ignácio Navarro (1993-1994) e J. Marcos (1995-1996), em cuja gestão se extinguiu. A partir dos anos 1980, com o Plano Piloto praticamente concluído, a cidade começa a ter uma identidade única se comparada a outras capitais brasileiras. Ela se mostra fotogênica com seu horizonte aberto e integrado à arquitetura escultural. A união do horizonte, arquitetura e céu é registrada das mais variadas formas pelos fotógrafos. Nesse período, muitos dos ensaios fotográficos apresentavam a cidade com uma fidedignidade mais presente. A Agência Ágil, uma das primeiras agências independentes criada por fotógrafos em Brasília, foi fundada no começo de 1980. A criação se deu em meio a um grande movimento de repórteres fotográficos que lutavam pela liberdade de imprensa, pela valorização da informação visual e pelo respeito aos direitos autorais e ao trabalho do fotógrafo em geral. A redemocratização do país era prioridade absoluta da sociedade civil. O fotojornalismo era, então, um instrumento de participação desse processo. Mais que uma associação entre fotógrafos, a Ágil participou da construção da democracia no país.

91 Brasília: ousadia em imagens

Na mesma época, sai pela primeira vez o Pacotão, bloco carnavalesco que, desde então, reúne multidões com suas marchas e sátiras aos políticos e dirigentes. As imagens de arquivo registraram todas essas manifestações artísticas e culturais da cidade, que hoje podem ser vistas como testemunho de uma capital que resistiu à ditadura e conseguiu firmar sua identidade apesar da autocracia. Ainda na década de 1970 foi fundada a agência de fotojornalismo da família Stuckert: a Stuckert Press, que fornecia aos principais veículos jornalísticos do país imagens do Planalto Central – até hoje em funcionamento. A família reúne cerca de 30 fotógrafos, entre eles Roberto Stuckert, que veio a Brasília para cobrir a construção e a inauguração da capital federal. Ele e o filho Ricardo partilham de uma incomum coincidência na trajetória profissional: Ricardo foi o fotógrafo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; já Roberto desempenhou o mesmo cargo na gestão do ex-presidente João Baptista Figueiredo, entre 1979 e 1985. As imagens feitas pela família Stuckert se tornaram importante registro da política brasileira.


A memória dos movimentos pela anistia e depois pelas Diretas Já foi registrada pela agência. Em 1986, porém, um incêndio destruiu grande parte desse patrimônio. Milhares de negativos foram queimados, o que determinou o encerramento da Agência Ágil Fotojornalismo. Um importante documento deixado pela Ágil, citado anteriormente, foi o livro Brasília 20 anos - Depoimento de 35 fotógrafos do Brasil, produzido e editado pela própria agência em 1980. Entre os fotógrafos que participaram da publicação estão: A. Dorgivan, André Dusek, Arthur Fernando Costa, Claudio Alves, Eliane Motta, Elza Fiúza, Fernando Ladeira, Franklin Vergara, Jaime de Almeida, Juan Pratginestós, Juvenal Pereira, J. P. Guimarães, Kim-Ir-Sen, Lourdes Calvo, Luis Antônio, Luis Humberto, Márcio Barros, Márcio di Pietro, Marcos Barbosa, Marcos Santilli, Milton Guran, Moreira Mariz, Orlando Brito, Paulo Malheiro, Renata Bittencourt, Ricardo Campos da Nobrega, Roberto Jaime, Roberto Sanson, Rolnan Pimenta, Salomon Cytrynowicz, Sérgio Reis, Sílvio Cavalcante, Victor Barbalho, Walter Sanchez e Wilson Pedrosa. Os anos 1980 foram marcados por mudanças políticas, intensos protestos no centro da cidade fotografia

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e luta pela democracia. Brasília aparece nas fotografias com suas paisagens mais compostas, menos espaços vazios e uma multidão que escolhia a capital como moradia. Fotógrafos como Orlando Brito, Luis Humberto, André Dusek, Kim-Ir-Sen, Salomon Cytrynowicz, Zuleika Souza, U. Detmar, Roberto Castello, Ivaldo Cavalcante e Fernando Bezerra se destacaram no fotojornalismo ou no registro dos bastidores de uma cidade que pulsava. A capital possuía sua própria agenda cultural. Nesse campo, destaca-se a fotógrafa Mila Petrillo, que começou a registrar os palcos brasilienses em meados dos anos 1980. Ela era a única responsável pelas imagens publicadas nas páginas do então caderno de Cultura do jornal Correio Braziliense. Mila também fotografava os ensaios dos grupos de teatro, dança e bastidores de shows. Ao sair do jornal, em 1990, havia se tornado referência em fotografia de espetáculos na cidade e passou a ser contratada por grupos e artistas que desejavam ser fotografados. As imagens feitas por Mila se tornaram importante registro da cena cultural brasiliense.


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Rubens Rebouças Congresso Nacional, 1986 Encontro Nacional de Prefeitos (imagem original em filme TriX400)


Kim-Ir-Sen Procissão de fiéis no dia de Corpus Christi, Esplanada dos Ministérios, 1986

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André Dusek Índio chegando ao Palácio do Planalto, 1987

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Marcelo Feijรณ Escadaria ao lado do Teatro Nacional, 1988

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Marcelo Feijó Ponto de ônibus da 105 Norte, 1989

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Marcelo Feijรณ Via N2, 1989


Mila Petrillo Grande Otelo e Jards MacalĂŠ

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Mila Petrillo Mila fotografando ao lado de Hugo Rodas

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André Dusek Athos Bulcão e seus relevos na parte externa do Teatro Nacional, 1998

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Mila Petrillo Espetรกculo de teatro com Alexandre Ribondi

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Mila Petrillo ZĂŠlia Duncan

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Mila Petrillo Antonio Houaiss, ministro da Cultura, o jornalista Fernando Lemos e o ator José Lewgoy no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Cine Brasília

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Rinaldo Morelli Vale do Amanhecer, 2003

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Ivaldo Cavalcante Bunda-lĂŞ-lĂŞ, estudantes da Ubes em frente ao Congresso Nacional, 2002

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Kim-Ir-Sen Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva toma posse, no primeiro dia de 2003, o povo comemora em frente ao Palácio do Planalto


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Kazuo Okubo Contemplação, Memorial JK, 2006


Kazuo Okubo Rush, Eixo Rodoviário, 2006

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Kim-Ir-Sen Memorial JK, 2005


André Dusek Cúpula da Câmara dos Deputados, Congresso Nacional, à noite, 2006

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André Dusek A Via N2, que passa nos fundos dos ministérios e no fundo do Palácio do Planalto, é rota diária de carroceiros catadores de lixo e papel. Nessa foto, um carroceiro passa no fundo do Palácio do Planalto, perto da Divisão de Transporte da Presidência, 2006


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André Dusek Soldado do 4º Batalhão de combate a incêndios tenta apagar fogo no cerrado próximo a Sobradinho dos Melos, a 40km de Brasília, 2007


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Kim-Ir-Sen O sonho de Dom Bosco na visรฃo de Alfredo Volpi, Palรกcio do Itamaraty


Rinaldo Morelli Igrejinha 307/308, 2009

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Rinaldo Morelli Parque da Cidade, 2007


André Dusek Enxurrada na rua principal do Itapoã, cidade-satélite do Distrito Federal, 2008

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Salomon Cytrynowicz Catedral


André Dusek Trânsito intenso e engarrafado no Eixo Monumental passando pelo Palácio do Buriti, 2009

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Diego Bresani Sala de reuniĂŁo nova

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Diego Bresani Porta de reuniĂŁo

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Brasília possuía uma produção fotográfica significativa. Fotógrafos formavam grupos para pensar a prática e celebrar a cidade. É deste período o grupo Os ladrões de alma, talvez o mais antigo coletivo em funcionamento no país, fundado em 1988 por Susana Dobal, Rinaldo Morelli, Marcelo Feijó e Usha Velasco – que continuam em atividade com o grupo. Tinham como proposta inicial o lançamento de uma coleção de cartões-postais autorais e hoje são reconhecidos pela trajetória de exposições e de dedicação à fotografia de cunho experimental. Juntos ou individualmente, realizaram vários trabalhos explorando formas inovadoras de ver a cidade. Entre eles, estão trabalhos dos fotógrafos Rubens Rebouças, Almir Israel, Adriana Fernandes, Maria Helena Andrade, Rosana Vasconcelos, Arthur Lacerda, Cristina Bastos, Susana Dobal, Rinaldo Morelli, Marcelo Feijó, Usha Velasco, Sandro Alves, Marcello Luniere, Alan Calado, Antonia Márcia e Rogério de La Fuente. A partir dos anos 1990, com as novas tecnologias, as interferências aparecem na fotografia brasiliense. Cortes ousados, experimentalismos de linguagem, montagens antes feitas nos laboratórios e negativos agora são comuns com o advento de ferramentas digitais. A fotografia expande seus limites da realidade e passa a apresentar grandes mudanças de cores, chegando muitas vezes ao surreal.

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As câmeras digitais proporcionam hoje bons ensaios autorais, têm força de expressão e se prestam para a inventividade e criatividade, além de democratizar o ato fotográfico. A internet revolucionou esse cenário em relação à circulação das imagens, e também em relação ao panorama dos museus e galerias nacionais.


Rinaldo Morelli Igrejinha 307/308, 2009

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Mรกrcio Borsoi Igrejinha 307/308 Sul, 2012. Pรกginas 124 e 125, O menino e a fonte, fonte da Torre de TV, 2010 fotografia

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Roberto Castello Eva e o Rito, banheiro feminino do CafĂŠ da Rua 8, Asa Norte, 2009

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Rinaldo Morelli Detalhe do Teatro Nacional

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Rinaldo Morelli Museu da RepĂşblica, 2008

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Susana Dobal BrasĂ­lia Ă noite, 2010

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Usha Velasco Sem título, série Uma outra Brasília, 416 Norte, 2008

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A partir dos anos 2000, Brasília ganha outros espaços para reflexão e prática fotográfica. Um exemplo é o Fotoclube f/508, criado em 2006 com o intuito de promover o encontro entre fotógrafos e amantes da fotografia, onde são realizados exposições, impressão de imagens, cursos, workshops, palestras, entre outros eventos.

2008, promoveu o encontro de vários fotógrafos de Brasília para pensar o fazer fotográfico, com exposições em galerias e ao ar livre. Logo depois da criação da Afoto surgiu o coletivo Lente cultural, coordenado hoje pelo fotógrafo Eraldo Peres. A Afoto encerrou suas atividades no fim de 2010.

A cidade vive um novo momento no mercado de arte. A fotografia ganha outra proporção e passa a ser percebida e desejada como produto artístico. Nesse panorama, nasce A casa da luz vermelha, primeira galeria na cidade voltada unicamente para a fotografia. Foi criada pelo fotógrafo Kazuo Okubo, que, depois de muitos anos de trabalho na área da publicidade, tem se voltado ao mercado de arte e inaugurou o espaço, onde também são realizados eventos e encontros entre profissionais e amantes da fotografia.

Ao completar 50 anos, em abril de 2010, diversos livros foram publicados para mostrar imagens de uma capital madura e moderna. A obra Arquivo Brasília, de Lina Kim e Michael Wesely, publicada pela editora Cosac Naify, se destacou como um grande trabalho de levantamento, catalogação e restauração de fotografias sobre a construção de Brasília, muitas delas com risco de desaparecimento. São 1400 imagens, em cores e P&B, que registram desde as primeiras expedições de JK à região, em 1956, passando pelas obras iniciais, à construção dos edifícios, até a inauguração da capital e as décadas seguintes.

Outros coletivos surgiram. A lista de discussões DF em foco, criada em 2002, foi coordenada pelo fotógrafo Carlos Aversa e dela nasceram os coletivos Candango fotoclube, instituído em 2006, e o Punctum, fundado em 2007. O primeiro foi organizado por Arthur Monteiro, Hélio Rocha, José Erigleidson da Silva, Jorge Diehl e Silvia Rossetto e hoje congrega quase 70 fotógrafos. O Punctum, por sua vez, é constituído por profissionais como Isabela Lyrio, Artur Monteiro, Armando Salmito e Henry Macario.

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Em 2009, surgiu a Associação de fotógrafos de Brasília – Afoto, sob a presidência de Rinaldo Morelli. A intenção era reunir fotógrafos de várias áreas para debater temas como a defesa dos direitos autorais e a realização de eventos artísticos. A associação nasceu dos projetos “Por que eu fotografo?” e “Foto-Grama”, que, em

Em agosto de 2010, ocorreu a 1ª Semana f/508 de fotografia, promovida pelo Fotoclube f/508. O Mês da fotografia passou também a movimentar Brasília em agosto, a cidade se envolveu na atmosfera do evento, cuja primeira edição foi realizada no ano de comemoração de seus 50 anos. Palestras, workshops, oficinas, projeções e exposições fotográficas são realizados nas unidades do Sesc Ceilândia, Gama e 504 Sul, no intuito de levar à comunidade brasiliense uma ampla programação cultural. O Mês da fotografia conseguiu chegar às cidades que estão à margem do centro cultural de Brasília, aproximando a fotografia das regiões administrativas do DF e levando para a população maneiras diferentes de olhar e refletir o dia a dia.


Fotoclube f/508, foto de Janaína Miranda

Hoje, aos 52 anos, Brasília, capital projetada, continua em permanente construção, como qualquer outra cidade. Com belos monumentos modernistas, ruas e largas avenidas, parques e jardins, com sua gente e sua cultura, e com todos os seus problemas, ela se mostra como síntese das contradições do país.

A síntese se faz também na construção constante da identidade, marcada, desde o começo, pela pluralidade cultural dos brasileiros das várias regiões que ali vivem. No sotaque indefinível do brasiliense, na diversidade de pratos típicos, nas bandeiras de todos os times de futebol, nos roqueiros, na produção cultural, nas diversas manifestações populares, nas artes plásticas de expressão moderna e contemporânea; aqui se mesclam as referências culturais do Brasil inteiro. E, por que não, também se misturam aqui fotógrafos de várias partes do país e do mundo que vieram registrar a cidade. Cada um emprestando as próprias maneiras de ver a urbe, de registrá-la, e de contar histórias que apenas em Brasília aconteceram.

133 Brasília: ousadia em imagens

Ainda em 2010, a cidade foi exibida em uma exposição no Espaço Cultural Jornal de Brasília. A Brasília que eu vejo reuniu imagens de oito fotógrafos do Jornal de Brasília e nove fotógrafos convidados. São eles: Andressa Anholete, Eraldo Peres, Fernando Bizerra, Geyson Lenin, Glaucya Braga, Gustavo Miranda, Ivaldo Cavalcanti, Josemar Gonçalves, Kazuo Okubo, Luiz Alves, Minervino Júnior, Orlando Brito, Rafaela Felicciano, Raphael Ribeiro, Renato Araújo, Sérgio Almeida e Sérgio Lima.


Beto Rocha Passagem de pedestres, 2008

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Beto Rocha Cine BrasĂ­lia, 2008

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Beto Rocha 307 Norte, 2008

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Beto Rocha 107/108 Norte, 2007

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Beto Rocha 308 Sul, 2009

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Beto Rocha Conic, 2009

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Beto Rocha Setor Comercial Sul, 2009

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Beto Rocha 308 Norte, 2009

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Zuleika Souza Menina de bicicleta, Brazlândia, 2008

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Zuleika Souza Duas árvores com muro rosa, São Sebastião, 2009

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Zuleika Souza Igrejinha 307/308 Sul, 2012

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Zuleika Souza Grafite, Ceilândia, 2010

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Magno Júnior Série Simulacro; título: Fome; técnica: fotografia, sobreposição e vetorização, 2009


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Magno Júnior Série: Simulacro; título: Uno; técnica: fotografia, sobreposição e vetorização, 2011


Magno Júnior Série: Simulacro; sem título; técnica: fotografia, sobreposição e vetorização, 2011

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José Luis Serzedelo Cubinho, Teatro Nacional, 2010. Páginas 150 e 151, Passarela para o céu, Museu Nacional, 2007 fotografia

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Magno Júnior Série: Simulacro; título: Onda; técnica: fotografia, sobreposição e colorização, 2009


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Magno Júnior Série: Vazio do esquecimento; título: Vestígio pleno; técnica: fotografia panorâmica, 2011

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Magno Júnior Série: Vazio do esquecimento; título: Vestígio pleno; técnica: fotografia panorâmica, 2011

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Magno Júnior Série: Vazio do esquecimento; título: Vestígio pleno; técnica: fotografia panorâmica, 2011

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Bete Coutinho Do registro fotográfico de pequenos detalhes minuciosamente garimpados em restos de edificações demolidas, Brasília é recriada. Da emoção provocada por um fato real, surge o pequeno personagem, que volta do mundo onírico e percorre a noite escura e solitária do Planalto. Observa. Surpreende-se. Chora. Antes do amanhecer, torna-se autor da sua própria história e só então retorna para o lugar de onde veio. Por meio de 12 imagens digitais, composições de fotografia e desenho, Bete Coutinho compartilha com o espectador a pequena Brasília e convida-o a vivenciar a sua experiência procurando na obra detalhes que ao primeiro olhar não são perceptíveis. Brasília pequena é um convite ao lúdico. Apreciá-la significa entrar num universo onde o concreto e o abstrato, o real e o irreal, a razão com a fantasia convivem harmoniosamente. (Texto da exposição Brasília pequena, realizada no Espaço f/508, 2011)


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Janaína Miranda Sem título, 60 x 40cm, 2010, fotografia digital, pigmento mineral sobre papel museológico, Ed. 10 + 2 PA. Em 2010, a fotógrafa foi selecionada para participar de um curso chamado L’Écran, promovido pelo Museu Nacional da República em parceria com a Le Fresnoy. A proposta feita ao grupo foi a de trabalhar em torno do tema “espaço”. Janaína dedicou-se à questão da escala, dos grandes espaços vazios e de como ele reverbera no sujeito. A inspiração para essa foto foi a pintura metafísica do Georgio De Chirico. A imagem registra o atual prédio da Câmara Legislativa, que, na época, estava desocupado


Sérgio Alberto Itamaraty, Memorial JK e Praça dos Três Poderes, 2004

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SĂŠrgio Alberto Catedral, 2009

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AndrĂŠ AbrahĂŁo Interior do Memorial JK

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André Abrahão Interior do Memorial JK

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Vitor Schietti Eixo Monumental, foto feita de cima do Hotel Mercury, 2008


Vitor Schietti 408 Norte, 2009

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Silvio Zamboni Detalhe do Museu Nacional, 2010

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Silvio Zamboni Detalhe da Biblioteca Nacional, 2010

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tempo, transformações e permanências

Graça Seligman Teatro Nacional, 2002


Desde o seu início, Brasília foi muito bem documentada por nomes importantes da fotografia. Nunca deixou de ser fotograficamente muito bem acompanhada naquilo que muda constantemente no seu crescimento urbano e na sua evolução como cidade. As fotografias mostram, nesses 52 anos, as transformações de suas avenidas em termos de vegetação e naquilo que a cerca, como as superquadras, o aumento nítido e desenfreado da população e, claro, na descaracterização do plano original. Mas, sobretudo, revela um crescimento pulsante. A fotografia em Brasília registra a construção da identidade da cidade e, pelo menos em parte neste livro, exibe um conjunto de imagens a partir de conceitos que refletem um pouco de sua história, não só naqueles eventos únicos, como também por meio de comemorações, festas, manifestações públicas e culturais, ruas, pessoas, monumentos, política e panoramas. Um aspecto importante de Brasília é que, ao longo do tempo, o verde vem tomando conta da cidade, antes devastado pela construção e pelo panorama quase desértico de poucas árvores do cerrado que permaneceram naquele momento. Atualmente, vislumbra-se, sobretudo, um Plano Piloto cercado de verde por todos os lados. Brasília não pode ser chamada de “Ilha da fantasia” como assim costumam dizer os forasteiros que não conhecem a cidade. A Brasília de hoje explodiu com as regiões administrativas e o conjunto de seus habitantes forma uma síntese da população brasileira.

169 Brasília: ousadia em imagens

A previsão para o Plano Piloto era de, no máximo, 700 mil habitantes. Somente depois se concretizaria a construção das regiões administrativas do Entorno, disse certa vez Lucio Costa, já talvez inconformado com a explosão populacional da cidade. O Distrito Federal compreende 2.562.962 habitantes e seu Entorno, 1.152.725 mil; é hoje a quarta região metropolitana do Brasil.


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Rubens Rebouças Exposição sobre as obras de Niemeyer, Museu Nacional, 2006


quase ignoram que Brasília recebe pelo voto direto, em uma democracia ainda em maturação, os homens públicos, deputados e senadores de todo o Brasil. Rigorosamente a cidade e seus moradores não são os responsáveis pela política e pelos políticos que aqui chegam e compõem o caldeirão, muitas vezes indigesto, do Congresso Nacional.

Essa é, sem dúvida, uma característica brasiliense: o agrupamento de pessoas em clubes, quadras comerciais, residências e até em locais de trabalho. A cidade transformou o vazio das ruas e avenidas em convivência amistosa e reunião permanente dentro das casas. Embaixo dos prédios, o convívio entre crianças faz história, cria grupos de amigos, grupos de rock e amizades permanentes.

As fotografias, em geral, exibem uma maneira poética e romântica de narrar Brasília. A natureza sobressai exuberante. A política, geralmente associada ao feio, é retratada com beleza. A partir dessas imagens, entende-se melhor por que Brasília foi tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Trata-se de uma capital monumento, futurista, que não é “uma simples cidade”. Os amplos canteiros, as largas avenidas, as cores vibrantes do céu e da natureza enchem os olhos e preenchem de poesia as fotografias.

Mas não se pode fugir da visão que os brasileiros têm sobre Brasília. Existe, sim, um preconceito, uma contrariedade e uma generalização de que a capital federal é terra de privilegiados, dos políticos sem ética e dos marajás que não trabalham. Desconsideram e

Há cidades que são personagens. E há fotógrafos que, com o olhar certeiro, conseguem transformá-las em personalidades e estabelecê-las como participantes de uma história erguida com imagens. As fotografias estão aí para provar: Brasília nasceu para ser fotografada.

171 Brasília: ousadia em imagens

A cidade, concebida para ser de convivência harmoniosa e igualitária e se transformar na capital da esperança, se frustrou. A utopia não vingou e o sonho se esvaiu. Brasília é, hoje, uma cidade com engarrafamentos e com poucas pessoas circulando pelas ruas. A capital não foi concebida para os pedestres caminharem tranquilamente pelas vias. Esse aspecto, porém, fez com que Brasília se tornasse uma cidade de reuniões e encontros.


Clรกudio Moraes Troca da Bandeira

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Cláudio Moraes Criança correndo, Biblioteca Nacional de Brasília

Brasília: ousadia em imagens

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foto: Graça Seligmam

sobre as autoras

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BEATRIZ VILELA é carioca e reside em Brasília desde 1989. É formada em comunicação social, com habilitação em jornalismo, pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub). Tem pós-graduação em comunicação e crítica de arte na Universidade de Girona, na Espanha. Fez cursos nas áreas de jornalismo cultural e história da arte. Possui artigos publicados na área de fotografia, análise da imagem e narrativa visual. Trabalhou em assessoria de imprensa de eventos e projetos culturais, e na coordenação e produção de projetos editoriais e exposições. Atualmente, faz mestrado em comunicação social, na linha de imagem e som, na Universidade de Brasília (UnB). Trabalha como autônoma na execução de pesquisas e redação para publicações.


Brasília Além da Modernidade, exposição indivi-

GRAÇA SELIGMAN, é gaúcha e vive entre São Paulo e Brasília. Formada em comunicação social Pontifícia Universidade Católica, Porto Alegre-RS, 1976. Curso de Fotografia, International Center of Photography/ICP, Nova York, 1990. Diretora do MIS – Museu da Imagem e do Som, São Paulo, 2004-2007. Como jornalista, trabalhou nos jornais Gazeta Mercantil, Estado de São Paulo, Zero Hora, Folha de S. Paulo, 1978-1988. Atualmente, dedica-se inteiramente à fotografia. Em 2008, iniciou Luminárias Fotográficas, projeto que desenvolve até hoje. Exposições individuais ou coletivas: Mestras Bonequeiras, Museu do Homem do Nordeste, Recife-PE, 2011; China um Olhar Estrangeiro, Museu da República, Brasília, 2010-2011;

e Fragmentos de Roma, Galeria Candido Portinari, Roma, Itália 1999; Athos Bulcão, presença na paisagem, exposição coletiva, Palácio do Itamaraty, Brasília, 1997; Carnaval de Veneza, exposição individual, Museu da República, Rio de Janeiro, 1995; Brasília Céu, exposição internacional itinerante. Havana, 1996; Lyon, 1996; Washington, 1995; Madri, 1993; Praga, 1992; Roma, 1992; Mulher Jornalista, exposição itinerante, Teatro Nacional, Brasília, 1988; Museu da Imagem e do Som, São Paulo, 1988; Teatro São Pedro, Porto Alegre, 1989; Publicações/ Livros: Mercados de Ferro do Brasil – aromas e sabores, ITS, 2011; Palácio da Alvorada – majestosamente simples e Palácio do Planalto – entre o cristal e o concreto, Coleção Memória ITS, 2011; China, um olhar estrangeiro, ITS, Brasília, 2010; Oscar Niemeyer – 100 anos 100 obras, publicação do Instituto Tomie Ohtake, 2008; As Cidades do Brasil – Brasília, Publifolha, 2005; Livro oficial do Supremo Tribunal Federal, Brasília, 2004; Patrimônio Mundial no Brasil, Unesco, Brasília, 2000; O Desafio da Utopia, publicação da Ordem dos Advogados do Brasil em comemoração aos 70 anos da OAB, Brasília, 2000. Calendários da Embaixada da Itália e da Cooperação Italiana em Brasília, 2002 e 2003.

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foto: autorretrato

dual, Instituto Brasil Itália – IBRIT, Milão, Itália, 2005; Brasil, exposição individual, Museu Carlos Mérida, Guatemala, 2005; Brasília Foto Arte, exposição coletiva, Brasília, 2003; Texturas


Graรงa Seligmam Fachada do Itamaraty, 2002

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agradecimentos À Casa da luz vermelha, a André Abrahão, André Dusek, Arlindo Okubo, ArPDF, Bete Coutinho, Beto Rocha, Cláudio Moraes, Diego Bresani, Eliane Motta, Fotoclube f/508, Gervásio Baptista, Graça Ramos, Ivaldo Cavalcante, Janaína Miranda, José Luis Serzedelo, Juan Pratginestos, Júlia Salustiano Botelho, Juvenal Pereira, Kazuo Okubo, Kim-Ir-Sen, Lina Borba, Luis Humberto, Magno Júnior, Marcelo Feijó, Marcia Noronha, Márcio Borsoi, Mila Petrillo, Milton Guran, Orlando Brito, Raymond Frajmund, Rinaldo Morelli, Roberto Castello, Rubens Rebouças, Rui Fachini, Salomon Cytrynowicz, Sérgio Alberto, Silvio Zamboni, Susana Dobal, Usha Velasco,

Zuleika Souza.

177 Brasília: ousadia em imagens

Vitor Schietti, Walter Mello,


ITS - Instituto Terceiro Setor

Publicações do ITS - Instituto Terceiro Setor

SCRN 706/7, Bloco D, ent. 12 sl. 301 ed. Fearab, Asa Norte - Brasília CEP: 70740-640 + 55 (61) 3321 9922 www.brasiliagenda.org.br

LIVROS

presidência Humberto Pedrancini

Mercados de Ferro do Brasil — aromas e sabores, 2011 Fotos: Graça Seligman / Textos: Angela Barros Leal,Jorge Derenji, Leyla Martins Leong, Marcelo Lins, Ruth Levy e Severino Francisco Série Arte e Pessoa

direção financeira Carlos Eduardo Chaves Góes

Pedro Recroix — arte em feitio de oração, 2009 Texto: Celso Araújo / Fotos: Graça Seligman

secretaria executiva Eduardo Cabral

Este Espedito — escultura e esperança, 2011 Texto: Celso Araújo / Fotos: Ricardo Almeida

coordenação de produção Floripes dos Santos Henrique Cabral

Coleção Memória

coordenação de projetos Denize Batista

Catetinho — Palácio de Tábuas, 2ª edição, 2011 Texto: Severino Francisco / Fotos: André Abrahão

coordenação administrativa Marcos Medeiros equipe de apoio Pamela Morales conselho fiscal José Roberto Furquim da Silva Juarez da Costa Almeida Glênio da Luz Lima

Teatro Nacional Claudio Santoro, 1ª edição, 2003 Texto: Celso Araújo

Memorial dos Povos Indígenas, 2ª edição, 2011 Texto: Severino Francisco Palácio da Alvorada — majestosamente simples, 2011 Texto: Severino Francisco / Fotos: Graça Seligman Palácio do Planalto — entre o cristal e concreto, 2011 Texto: Graça Ramos / Fotos: Graça Seligman Periódico mensal brasiliagenda (cultura e eventos no Distrito Federal)


Realização:

Patrocínio:

Coleção Arte em Brasília - cinco décadas de cultura, Projeto Original Série Brasília 50 Anos, Pronac nº 096855.






ISBN:978-8589834-13-1

9 788589 834131


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