Revelado : páginas da fotografia brasiliense V.1

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S171r Salmito, Armando. Revelado: páginas da fotografia brasiliense v.1 / Armando Salmito; Arthur Monteiro; Isabela Lyrio (Orgs.); fotografias Anderson Schneider, Eraldo Peres, Olivier Böels. - 1 ed - São Paulo: Editora Sebo Clepsidra, 2019. 64p. ; il.; 20cm ISBN: 978-65-80559-00-8 1. Literatura brasileira 2. Fotografia. I. Título CDD: B869.91 CDU: 82-1(81)


FOTOGRAFIA ERALDO PERES ANDERSON SCHNEIDER OLIVIER BÖELS ORGANIZAÇÃO ARMANDO SALMITO ARTHUR MONTEIRO ISABELA LYRIO


QUANDO BRASÍLIA ERA IMAGINAÇÃO, UM HOMEM QUE


ESTUDAVA AS ESTRELAS ESCREVEU SUAS FRONTEIRAS COM LUZ.


Em 1892, a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, conhecida também como Missão Cruls, teve a missão de estabelecer a melhor situação física e geográfica para a construção da nova capital, determinada pela Constituição de 1891. Neste grupo, composto por 22 cientistas, estava Henrique Morize, astrônomo, engenheiro e geógrafo, que carregava um pesado equipamento fotográfico em meio a lunetas e bússolas. Enquanto um quadrilátero era desenhado no centro do mapa brasileiro, ele registrava em chapas de vidro e nitrato de prata o dia a dia da expedição, aspectos geológicos e da flora, cursos de água e habitantes da região. Morize é autor das primeiras fotografias do local que décadas depois se tornaria o Distrito Federal. Um documento que preenche o vazio das imagens mentais da cidade antes de ser cidade, a fotografia como chave de uma caixa de memórias que a maioria de seus habitantes nem cogita ter existido.

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E entre quatro cantos, duas linhas se cruzaram

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Era 1957 quando o rabisco no papel se tornou concreto. Os tratores rasgaram o Cerrado e assinalaram a encruzilhada. A gênesis foi vista dos céus por Mario Fontenelle, piauiense que trabalhara como mecânico de aviões. Com a câmera fotográfica que ganhou do Presidente Juscelino Kubitschek, capturou em uma fração de segundo o marco primitivo da capital e o guardou em preto e branco

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PARA QUE O FUTURO PUDESSE CONTEMPLAR ETERNAMENTE A BELEZA DOS ÚLTIMOS MINUTOS DE SILÊNCIO DO PLANALTO CENTRAL

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Acompanhado de uma Leica 35mm, passou os anos seguintes escrevendo a história oficial da construção de Brasília como fotógrafo da Novacap, tendo como personagens seus idealizadores e os milhares de brasileiros que se encontraram no coração do país para erguer uma cidade com tijolos, suor e sonhos. Utilizando a fotografia como linguagem visual que simula a realidade e tem vasto talento informativo, fotógrafos das mais diversas origens convergiram suas lentes para o imenso canteiro de obras a fim de registrar esta ocasião singular – uns a serviço do Governo ou enviados por veículos de imprensa e, outros, visionários que investiram em projetos independentes. Se por um lado apenas imagens que atendiam aos interesses da elite econômica e política eram publicadas, com vistas a legitimar o investimento na ousada empreitada, por outro a periferia da cidade fervilhava com gente de todo canto. Porém, foram poucos os que se dedicaram a compreender e documentar com profundidade o processo histórico que aqui se materializava. Marcel Gautherot, nascido em Paris, fotografou a construção da cidade a convite do arquiteto Oscar Niemeyer. Com apurado senso estético, é autor de registros refinados da arquitetura e da luz monumental. Por todo o mundo suas fotos projetaram a imagem do progresso que se agitava no interior do Brasil, em exposições,

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revistas e propagandas. Sua sensibilidade o levou a retratar a luta dos migrantes que tentavam estabelecer moradia na terra da esperança em um assentamento construído com sacos de cimento. Entretanto, não encontrou editoras dispostas a veicular o ensaio Sacolândia, que só foi apresentado ao público após sua morte. Com interesse pessoal pelo projeto de Juscelino Kubitschek, Thomas Farkas viajou de São Paulo a Brasília por conta própria. Pioneiro da fotografia moderna no Brasil, teve liberdade para fazer uso consciente da imagem como testemunha da história e revelou com elegância o paradoxo erguido entre a ideologia estatal de prosperidade que levantava Brasília como sua bandeira e a realidade dos operários que viviam em condições precárias nos seus arredores. O suíço René Burri, da agência Magnum, documentou o passar do tempo e o crescimento da nova Capital do Brasil. Veio pela primeira vez em 1958 e acompanhou a cidade por quatro décadas, a formação de sua identidade cultural e das cidadessatélite, seus trabalhadores e moradores. A cada vinda sempre se emocionava com o ambicioso projeto que criou uma utopia urbana singular. Após seis décadas, o olhar sensível de fotógrafos documentaristas segue registrando as contradições que edificaram Brasília e escrevendo sua memória visual.

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Se durante sua construção o acesso era limitado pela tecnologia, hoje este obstáculo foi ultrapassado. Os complexos equipamentos se tornaram compactos e velozes, com grande variedade de artefatos capazes de capturar uma boa imagem e muitos meios para difundi-la por todo o mundo. A cidade segue se expandindo com euforia e, assim como tudo no mundo, é cada vez mais vista.

A onipresença das fotos produz um efeito incalculável em nossa sensibilidade ética. Ao munir esse mundo, já abarrotado, de uma duplicata do mundo feita de imagens, a fotografia nos faz sentir que o mundo é mais acessível do que é na realidade. A necessidade de confirmar a realidade e de realçar a experiência por meio de fotos é um consumismo estético em que todos, hoje, estão viciados. (...) Mallarmé, o mais lógico dos estetas do século XIX, disse que tudo no mundo existe para terminar num livro. Hoje, tudo existe para terminar numa foto.” Susan Sontag

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Qual o propósito da cidade, se não for ser humana? Como a fotografia revela o que só é possível sentir? Eraldo Peres lança luz em Yemanjá e mostra como a construção da cidade trouxe braços para erguer o futuro e também louvar o divino. Anderson Schneider pega Brasília desprevenida e captura Brasília Perdida. Em Santuário dos Pajés, Olivier Boëls manifesta a luta dos povos ancestrais por sua terra sagrada, violada para servir à ganância do capital.

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Nestas narrativas visuais se revela uma cidade viva, que rompe a rigidez das plantas urbanas e floresce no concreto.

ETERNAMENTE SE CONSTRUINDO E DESCONSTRUINDO. BRASÍLIA É OBRA QUE NÃO TERMINOU.

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A poética de Eraldo Peres apresenta a síntese de um conjunto de experiências que traduzem um Brasil ancestral. Suas fotografias capturam uma fé encharcada de concretude, embebida da força telúrica do movimento dos corpos e do deslocamento de centralidades. Ao captar o instante, empreende um mergulho nos territórios simbólicos e erige um novo monumento para aqueles cujos sentidos invisíveis também mobilizam nosso imaginário.

Anderson Schneider sempre esteve entre o concreto e a folha de papel. Da Arquitetura à Fotografia – e desta de volta agora àquela –, continua absolutamente fascinado pela dinâmica entre o material e a imaterialidade, e pela maneira como essa dualidade constrói a percepção do observador acerca da realidade.

Olivier Boëls tem o coração aberto a novas vivências e culturas. Viajante nato, percorre o mundo desde 1987 em busca de novos horizontes e povos tradicionais. Com palavras e gestos generosos, sutilmente ensina a dar o tão desejado passo à frente, seja na arte da fotografia, seja na arte da vida.

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Das margens para o centro: poderes migrantes e topografias da memória na poética de Eraldo Peres Brasília surgiu de um sonho. Inaugurada em 1960, agrega dois mitos fundadores: o da Cidade Utópica e o da Terra Prometida. Conforme sublinhou Deis Siqueira (2002), o primeiro, se expressa no planejamento urbano e na arquitetura futurista; e o segundo, de perfil místico, se referenda nas profecias de Dom Bosco. Ambos respaldam o “fenômeno místico-esotérico que designa Brasília como a Capital do Terceiro Milênio ou da Nova Era [...]. Na região, há um número cada vez maior de pessoas e de grupos que estão tentando construir uma nova consciência religiosa ancorada na busca do autoconhecimento e do autoaperfeiçoamento, na construção de uma nova visão, holística, do mundo.” (p. 179). Pessoas das mais variadas regiões e nacionalidades contribuíram para a construção de um espaço marcado pela itinerância, denotando como o coração do Brasil consiste em uma poderosa síntese dos fluxos contemporâneos de migração. Deslocamentos que alcançam referências transatlânticas em diálogo com as concepções africanas de sagrado. Em virtude desses fluxos outrora marcados pela escravização, esse conjunto disperso se reinventou em diversas partes do mundo materializando-se em crenças aglutinadas sobre a denominação de

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candomblé, xangô, batuque (variações do culto aos orixás, divindades da cultura iorubá ou nagô). Todavia, não somente os orixás foram trazidos pelos africanos. Também vieram os inquices (entidades dos povos bantos) e os voduns (dos povos euêfom, do antigo Daomé, conhecidos como jejes no Brasil). Esses cultos ainda foram traduzidos e geraram outras religiões e religiosidades, se espraiando em diferentes espacialidades, a exemplo do Planalto Central do Brasil. Essas devoções também encontraram abrigo na capital do Brasil, situada no Planalto Central, berço das águas no país. Em Brasília assumem centralidade no Lago Paranoá, cuja toponímia de origem tupi pode ser traduzida como “enseada de mar”, especificamente na área conhecida como “Prainha”. É este espaço que acolhe a Praça dos Orixás e a Festa de Yemanjá, metáforas e metonímias das sacralidades que unem a margem do Atlântico, um dos cenários escolhidos por Eraldo Peres para promover uma poética marcada por releituras das culturas populares no Brasil. Na verdade, as narrativas visuais criadas por Eraldo são marcadas por composições pouco comuns. Ao extrapolarem a carga informativa, adentram o plano da expressão e geram uma linguagem autoral personalíssima cujos poderes migrantes transubstanciam em protagonistas personagens até então

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marginalizados. Sua poética centraliza o humano, alcançando a terceira margem e esfacelando as fronteiras. Situação que pode ser evidenciada no conjunto de sua obra, dedicado às reverberações das culturas populares no Brasil. Esse empreendimento se potencializa quando Eraldo Peres (também migrante, radicado em Brasília) elege em sua narrativa manifestações marcadas por trânsitos culturais e espaços cujos fluxos sugerem poderes em deslocamento. Ao observarmos a poética de Eraldo, a partir das narrativas reelaboradas pelos devotos de Yemanjá, é notório uma preocupação em capturar os sentidos do re-ligare. A onipresença do azul e do branco encampados pelos fiéis modificando o ambiente do cinza; o olhar demorado e posicionado que alcança o movimento da rosa-oferenda em busca da luz, atravessando os seres que parecem flutuar sobre as bases da fé ancestral; as pétalas que metaforicamente alcançarão o outro lado do Atlântico representado pelo encontro de margens e pela ponte entre variados mundos; a metalinguagem da fé estampada no corpo em forma de indumentárias, fios de contas e tatuagem, desembocando na onipresença do feminino; traduzem a obstinada preocupação em destacar essa topografia afetiva por meio da memória. Clovis Carvalho Britto

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Eraldo Peres

Yemanjรก Eraldo Peres

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Acredito que arquitetura é conceito que transcende à obra concreta. É ideia pulsante, primitiva, que sobrevive à construção e invoca o espaço. Arquitetura, mais que resposta, é pergunta. Ao transcender à materialidade, contudo, sua ocorrência depende de um veículo para se manifestar, um sujeito capaz de eventualmente incorporá-la e, então, reproduzi-la como se dele um objeto fosse. Mas o que é da arquitetura quando não há esse sujeito-objeto? Como quem experimenta uma pergunta sem resposta, busco reconstruir o que permanece da cidade enquanto ela transita entre o existir e a inexistência, a partir de vestígios que ecoam pelo espaço sensorial ora desabitado. Faço, então, de minhas dúvidas, pesquisa. E, de minhas descobertas, fotografia.

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Anderson Schneider

BrasĂ­lia Perdida

Anderson Schneider

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B RASÍLI A PER D IDA

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Santuário dos Pajés Olivier Böels

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Desde tempos imemoráveis, o ser humano dedica uma energia fenomenal para conquistar terras, mesmo que isso signifique fazer guerras e matar outros seres. Hoje, as estratégias são diversas. Uma delas, quando não é possível matar escancaradamente os moradores, é dizer que a região a ser invadida é inabitada. É o caso do Setor Noroeste, em Brasília. Há séculos, dezenas de grupos indígenas viviam no centro-oeste do país e com a chegada dos bandeirantes, migraram para o norte. Quando iniciada a construção da nova capital, alguns membros da etnia Fulniô, de Pernambuco, vieram para trabalhar. Durante as horas vagas, descansavam e faziam seus rituais na Terra Indígena Bananal, onde se encontrava um antigo cemitério Kayapó. Ao longo dos anos o lugar atraiu mais indígenas, que precisavam de um pouso quando transitavam pela região.

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Desde 69, o local se fortaleceu com o Pajé Santxié Tapuia, vindo de Águas Belas (PE) com a missão de trazer dignidade e respeito aos povos indígenas. Sanxtié cuidava de um herbário de plantas medicinais do Cerrado com o qual recebeu o Prêmio Cultura Indígena Xicão Xucuru 2007, do Ministério da Cultura. Este fato fortaleceu o herbário do pajé ao mostrar a importância do local e o reconhecimento do Estado. Na época em que Lúcio Costa idealizou Brasília, o setor habitacional chamado hoje de “Setor Noroeste” não fazia parte do planejamento da cidade. Contudo, poderia ser construído, caso necessário, e seria destinado às classes sociais C e D. Em 87, Costa aceitou a proposta “Brasília Revisitada” e autorizou a expansão do plano urbanístico com a criação dos setores Noroeste e Sudoeste. Em 2008, começou a descida aos infernos. A Terracap, agência de desenvolvimento imobiliário do Distrito Federal, tentou convencer os indígenas a se retirarem da área. Ressalta-se que o então governador do DF, José Arruda regularizou aproximadamente 200 igrejas em 2009, mas nenhum terreiro de Candomblé, Umbanda ou o Santuário dos Pajés. 55


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A especulação imobiliária, que previa uma movimentação de 11 bilhões de reais, crescia junto às ameaças cada vez mais intensas ao Santxié, mas ele não se dobrou. Com sua fabulosa energia, fez nascer o movimento popular “O Santuário Não Se MOVE”. Os povos, que viviam no local há décadas, e os 800 hectares de Cerrado intocado, estavam seriamente ameaçados. Essa região serve de tampão ao Parque Nacional de Brasília e é reconhecidamente essencial para drenagem das águas que abastecem a cidade. A presença do movimento popular era necessária diariamente, pois as empreiteiras aproveitavam qualquer momento para destruir um pouco mais o Cerrado. Ações de plantio em áreas devastadas eram feitas assim que tratores passavam. Manifestantes cercavam os maquinários para impedir que se movimentassem. Ocupações de área ainda intocadas eram feitas para barrar o avanço dos tratores. 57


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Mesmo sem autorização legal da Justiça, mas com o aval de corruptos do governo, as empreiteiras invadiam a área com a contribuição da Polícia Militar, que chegou a mobilizar 800 policiais para apoiar essa quadrilha. A mídia colaborava com o governo e seus afiliados, especialmente a empresa Paulo Octavio, que publicou propagandas do “bairro verde” num dos principais jornais da cidade. Usando a tática da invisibilidade, não citavam os povos originários que ocupavam o Santuário, mas exaltavam o novo “bairro ecológico” que a capital estava “ganhando”.

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Já anunciadas pelos especialistas, Brasília hoje enfrenta as consequências dessa absurda devastação ambiental. Além de ser o novo “bairro ecológico”, a Terra Indígena se transformou na região mais cara do Brasil e uma das mais caras do mundo, com preços iniciais de R$ 10 mil o metro quadrado. O Setor Noroeste foi idealizado para atender à população mais modesta, que poderia crescer junto com a cidade. Mas, indo ao contrário de um pensamento democrático, é um bairro acessível somente às classes privilegiadas. Durante uma entrevista, Paulo Octavio declarou: “Vamos fazer uma cidade ambientalmente correta, esse é um projeto feito pelo Secretário do Meio Ambiente, Cassio Taniguchi”. Pouco tempo depois, o Secretário foi condenado por desvio de dinheiro público. Por outros crimes, o ex-governador Arruda foi sentenciado a dez anos de prisão. Entretanto, teve a pena reduzida e, em 2019, aguarda em liberdade o resultado de mais 11 ações criminais. Ao então procurador do GDF, Peterson de Paulo, Santxié perguntou: “Será que o senhor representa esta casa? Aqui é a casa da Lei. Nós estamos procurando a Lei! Se ela não existe, tem alguém vendido. Aqui é um balcão de negócios? Porque nós sabemos que o senhor Paulo Octavio está por trás disso”. 61


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Se a humanidade se mantiver cega pelo capitalismo descontrolado, nossa sociedade estará se suicidando a fogo baixo. Se decidirmos nos manter anestesiados e não proteger os indígenas, o meio ambiente e a natureza, seremos coniventes e devorados também. Com esse relato, venho honrar a memória de Santxié, falecido em 2014, e de tantos outros que lutaram e lutam para preservar suas terras e culturas e que buscam viver de modo verdadeiramente sustentável. Se alguns grupos se entregaram à pressão brutal do capitalismo, não tenham dúvida: isso partiu dos não indígenas. Essa pressão sempre foi por poder e ganância, mesmo se isso significar matar até o último indígena e a última árvore.

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Fotografia

Organização Editorial

Eraldo Peres Anderson Schneider Olivier Böels

Armando Salmito Arthur Monteiro Isabela Lyrio

Coordenação geral

Prólogo

Arthur Monteiro

Isabela Lyrio

Design

Designer Assistente

Armando Salmito

Tayelen Castro

Revisão de textos

Gestão Financeira

Patrícia Lira

Katiane Brito

Apoio



ISBN: 978-65-80559-00-8

9 786580 559008

Este projeto é realizado com recursos do fundo de apoio à cultura do DF


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