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GENTE NÃO LIXO lixo não gente ANA SALLAS – MILTON GURAN
Sobre o olhar o tempo e a palavra Ana Luisa Fayet Sallas Quase quarenta anos já se passaram. Em meio a uma quarentena e diante da crise planetária, a ssim estamos agora. Olhamos para essas imagens que nos trazem a recordação de um estado de coisas - onde o corpo e a mente foram revolvidos sob a terra vermelha e o céu azul, onde os dejetos de toda a humanidade saem à luz para transformar-se em recursos renováveis. Coisas preciosas naquele m omento e ainda hoje. Lá olhávamos sob a proteção do céu de Brasília, agora olhamos sob a proteção do tempo. Reencontramos algo muito precioso que ficou por tantos anos confinado em nossos arquivos fotográficos. Confinado em nossas memórias, soterrado pelos compromissos do cotidiano e pelos reencontros que prometiam um artigo sobre essa experiência. A promessa quase se transformou em sussurro levado pelo vento. Bem, agora ela se concretiza gestada em condição de isolamento social - face à pandemia do COVID-19. De uma forma inesperada nos colocamos diante do tempo e do sentido de urgência de tornar conhecido este trabalho - originalmente concebido como um audiovisual: Gente não é Lixo. Esse audiovisual foi o produto de uma pesquisa inédita e pioneira em Antropologia Visual, na época sobre as condições de vida de um grupo de moradores de uma invasão nas imediações de Brasília mais precisamente numa parte de cerrado, entre o eixo Estrutural e a cidade satélite de Taguatinga numa área estabelecida como um Aterro Sanitário. Nele eram despejados o lixo de Brasília e de cidades atendidas pelo Serviço de Limpeza Urbana. Vou contar aqui como tudo isso começou. Serei eu, nós e eles. Esse é um gesto que procura sobretudo colocar aquela experiência num lugar que possa ser agora finalmente compartilhada. Estamos no ano de 1982, eu tentando pela segunda vez ingressar no mestrado do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília. O tema da minha pesquisa surgiu quase que por acaso, num dia em que passava pela L2 Sul de ônibus indo para a UnB. Naquele dia fui atraída por uma ocupação diferente de tudo o que fora planejado para aquela jovem capital: tratava-se de um aterro que estava sendo construído ladeado por vários barracos de madeira com seus varais coloridos e que tinham ao seu redor montes de papel, vidro, lata, ferro velho, plástico conformando uma paisagem completamente diferente dos ordenamentos de quadras residenciais, jardins e zonas comerciais da cidade projetada por Lúcio Costa e Oscar Niemayer. Encontrei ali duas coisas: uma descoberta e um tema de pesquisa. A descoberta: naquele espaço entre as quadras 613 e 615 da L2 Sul existia uma invasão que teve por base um aterro onde era despejado o entulho de obras da construção civil da cidade. Tratava-se de um lugar controlado e fiscalizado pelo Serviço de Limpeza Urbana de Brasília, pois não era todo tipo de lixo que poderia ser despejado ali. Mesmo com o c ontrole existente, em suas franjas foi se estabelecendo um espaço de vida e trabalho de a proximadamente 100 pessoas. O tema de pesquisa: o estudo das formas de organização econômica dos trabalhadores informais de uma invasão.
sócio econômico e mantive contatos informais e observações de campo - anotadas no meu diário de pesquisa durante o tempo que estive com esse grupo e posteriormente com a c ontinuidade da p esquisa no aterro sanitário. Para além de todos esses procedimentos da pesquisa etnográfica, uma c oisa me chamou atenção no campo: a riqueza que existia naquele espaço e como sua “desorganização” alterava as minhas próprias percepções sobre a cidade que vi crescer desde 1962. No espaço originalmente planejado para escolas, hospitais, igrejas e instituições públicas, existia um aterro de lixo. Local que era denominado “Lixão” pelos seus próprios moradores. Foi muito importante conhecer as estratégias que esses mais de 100 moradores utilizavam para ganhar a vida. Eram mulheres e homens que saiam bem cedo pela manhã e ao final do dia para recolherem das lixeiras dos prédios, comércio e escritórios materiais como papel, vidro, metais, g arrafas e plástico para revenderem às indústrias de reciclagem. Aquilo que era descartado e c onsiderado lixo virava recurso econômico em outras mãos - servindo a outros consumidores. Descobri com minha pesquisa (que na época era novidade) toda a cadeia de produção que estava associada inicialmente às mãos desses trabalhadores informais, sem qualquer proteção ou recurso. Autores como Luiz Antônio Machado da Silva, Rubens Jorge Oliven, Gilberto Velho e Erving Goffman foram importantes para que eu pudesse avançar nessa temática. Esse era o escopo mais geral da minha pesquisa na entrada no mestrado (que viria a mudar osteriormente). E naquele momento outro caminho também se delineava para mim: o uso da imagem p e da fotografia na pesquisa. Eu tinha amizade com vários fotógrafos de Brasília e falando com um grande amigo, Milton Guran, o convidei a fazer as fotos para o trabalho que eu estava elaborando, pois sentia que minhas palavras seriam insuficientes para descrever aquela realidade que se apresentava diante de meus olhos. Desde os primeiros momentos da minha pesquisa de campo fui afetada pelo impacto visual daquela condição de vida que escapava de qualquer descrição que eu pudesse realizar. Na época, Milton Guran atuava com outros fotógrafos na AGIL Fotojornalismo (Agência de Imprensa Livre) - sendo um de seus fundadores. Além disso, desenvolvia um trabalho significativo de documentação fotográfica referente à questão indígena e tinha familiaridade com o campo da Antropologia. Era um ativista da causa indígena a partir da ANAI – Associação Nacional Indígena, que tinha como propósito apoiar ações voltadas para tal grupo. Mais tarde ele especializou-se em fotografia como instrumento de pesquisa e desenvolveu inúmeros trabalhos nessa perspectiva.
A pesquisa de campo inicial ocorreu entre os meses de junho e julho de 1982. Nesse período realizei várias entrevistas com os moradores, apliquei um pequeno questionário para traçar o seu perfil
Essa nossa aventura inicial pelos caminhos da união entre antropologia e fotografia resultou no primeiro projeto da área financiado pelo CNPq em 1983 (Projeto 40.1979/83). O projeto de p esquisa, intitulado “Gente não é lixo”, deu sequência à pesquisa que comecei no mestrado, mas c ontemplando os moradores de outro Aterro Sanitário de Brasília, que estava localizado na cidade satélite de Taguatinga e a Estrutural. Da atividade dos catadores de lixo realizei também descobertas na leitura de Benjamin (1975) comentando Baudelaire e suas comparações entre os poetas e os trapeiros: “Temos aqui um homem – ele dever apanhar na capital o lixo do dia que passou. Tudo o que a grande cidade deitou fora, tudo o que perdeu, tudo o que despreza, tudo o que destrói – ele registra e coleciona.” (p.16) Baudelaire potencializa ainda mais a imagem que quero aqui evocar: do trapeiro que “coleciona os anais da desordem, o Cafarnaum da devassidão, seleciona as coisas, escolhe-as com inteligência; procede como um avarento em relação a um tesouro e agarra o entulho que nas maxilas da deusa indústria tomará a forma de objetos úteis e agradáveis.” (pg 16)
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Essa imagem do trapeiro descrita por Baudelaire sobre a cidade de Paris do século XIX tinha, e penso que ainda tem, a potência de deslindar os significados mais profundos daquilo que p assamos a viver e reconhecer como sendo a modernidade. Um tempo longe de ser linear e homogêneo, é impregnado de outras temporalidades que se ajustam ao movimento dos mercados ligando formas arcaicas de organização do trabalho e da vida ao desenvolvimento industrial e tecnológico. Eu hoje, aqui da minha janela, ainda os vejo passando pela rua com seus carrinhos - agora mais vazios do que normalmente se encontravam. A crise pandêmica global os coloca mais gravemente numa posição de vulnerabilidade gerada pela escassez das matérias primas que sustenta o seu trabalho, devido a diminuição do consumo e do desperdício. Fomos construindo, no processo mesmo da pesquisa, uma estratégia totalmente inovadora para época - a utilização das fotografias como recurso da entrevista e, também, das descobertas que fomos realizando no gesto de devolução das fotos aos nossos entrevistados. Aqui duas q uestões merecem uma explicação: nas nossas idas ao campo, descobrimos que muitos dos m oradores não tinham qualquer documento ou mesmo qualquer tipo de fotografia. Assim, Guran percebeu que seria útil para aquelas pessoas terem suas fotografias em 3X4, pois isso os ajudaria caso p rocurassem refazer seus documentos de identidade. Aqueles pequenos retratos que foram feitos no lixão da L2-Sul permitiram estabelecer um outro lugar das fotografias na própria pesquisa: marcando os gestos de dar receber trocar. Junto a essas fotos, foram ampliadas outras fotografias, retratos d iante de suas casas e em suas atividades cotidianas de coleta do lixo, das suas formas de organização e venda, bem como de seus momentos lúdicos naquele mesmo espaço. O p rocesso de d evolução das fotografias permitiu a criação de uma instância inovadora de relações e de trocas com as Marias, Pedros, Antonios, Valdivinas, jovens, velhos e crianças que viviam no lixão da L2-Sul e também no aterro sanitário da invasão da Vila São José. O processo nos proporcionou outras visões de sua realidade: “trabalhamos com o lixo, mas não somos lixo”... As fotografias ampliadas, coloridas ou em p&b traziam aos nossos interlocutores outros lugares de fala, de vida e de e xpressão de suas emoções - que iam da surpresa ao não reconhecimento de si – “esse aqui é o Manoel, que morreu atropelado na semana passada...” “Não! Esse aqui é você!” Risadas... Antes de prosseguir trago aqui a lembrança de um momento que me impactou: q uando chegamos pela primeira vez ao Aterro Sanitário, numa manhã de vento frio e seco de inverno, eu fiquei na parte de cima do Aterro - lugar que podia ver todo o movimento dos caminhões chegando e das pessoas lá embaixo trabalhando. Ao meu lado estava uma criança cuidando de um bebê dentro de uma caixa de papelão. O movimento das pessoas era rápido para não d esperdiçarem nada e ao mesmo tempo não serem esmagadas pelo trator que passava tão logo o caminhão se afastava. Guran estava lá embaixo fotografando, quando percebi que ele fora cercado pelos coletores com seus instrumentos de trabalho. Ali foi gerada uma tensão: “o que você está fazendo aqui?” – “Vai colocar no jornal que somos lixo?”... Felizmente tudo foi esclarecido e ele pôde continuar fotografando. Do lugar onde eu estava observava as pessoas, via ao longe a silhueta da cidade onde cresci. Minha visão e todos os meus sentidos estavam aguçados com a força daquela cena e de seus contrastes: pessoas, trator, terra vermelha, céu azul, caixa, bebê... As lágrimas não foram capazes de me conter.
a partir dos anos de 1970. A experiência de acompanhar esse processo, seguindo os caminhões de lixo e posteriormente os das empresas (que negavam a compra de material no lixão) foi m uito desafiadora. De um lado, tínhamos uma população instalada ao redor do Aterro Sanitário e tirando seu sustento dali. Eram crianças, homens e m ulheres a enfrentar aquelas c ondições de trabalho as mais arriscadas e insalubres possíveis. De outro, toda uma estrutura industrial que se estabelecia. Pensar em inovações tecnológicas que favorecessem de fato aqueles moradores, naquele tempo era algo inimaginável. Passados tantos anos, sabemos que esses trabalhadores foram criando outras formas de organização como cooperativas e associações procurando assim gerar benefícios sociais mais abrangentes fruto de suas a tividades. No entanto, o acesso aos avanços tecnológicos ainda está distante do cotidiano do trabalho dos catadores. Essa pesquisa que teve como produto a realização de um audiovisual foi muito importante pois se alinhava a um tipo de trabalho com fotografias alicerçado na promoção e difusão de realidades que exigiam maior engajamento e luta - como eram as bandeiras levantadas s obre a questão da r eforma agrária, da redemocratização do país e das liberdades democráticas entre outras. Nesse sentido, reporto-me a essa ambiência que foi criada, com várias pessoas se reunindo, debatendo e produzindo audiovisuais com esse propósito, como o “Um pé de cana não é nada, juntando é um canavial...” realizado pelo fotografo paulista Valdir Afonso, 1981. Conseguimos finalizar o audiovisual, “Gente não é lixo” em 1984, com 103 slides em cor e P&B. Ele foi apresentado publicamente num evento organizado pela União dos Fotógrafos de Brasília conhecido como “Sextas Visuais” no auditório de Centro Educacional de Brasília/Ceub. Em 1986, um incêndio criminoso na ÁGIL fez com que perdêssemos o acervo de imagens da pesquisa - cerca de 3.000 fotos entre negativos p&b e cromos - nos restando apenas as imagens do audiovisual “Gente não é lixo”, que reproduzimos neste livro. Nós fomos ao longo do tempo seguindo com a promessa de fazer algo com o material fotográfico que nos restava, mas sempre a vida nos arrastava para outros interesses e obrigações. No final do ano de 2011 nos reencontramos em Brasília, sob aquele mesmo céu, e fomos para o lugar aonde era a Invasão da Vila São José e o aterro sanitário. Aquele espaço transformou-se completamente e hoje é o Setor Habitacional Vicente Pires, região originalmente pertencente a Taguatinga. Pudemos localizar e conversar com uma senhora e seu filho, antigos moradores e trabalhadores do aterro, agora instalados numa casa de alvenaria confortável - com água, luz e esgoto. O aterro sanitário ainda existe: está do outro lado da Estrutural, reproduzindo em grande medida as mesmas condições que encontramos por lá nos anos de 1980. Retomar as fotografias do “Gente não é Lixo” e dar vida a esse livro junto com Milton G uran agora, no avanço pandêmico do século XXI, tem um significado profundo, porque converte-se num objeto, numa materialidade que veio retirar dos escombros do século XX a figura desses seres h umanos que seguem vivendo ainda hoje nas mesmas condições degradantes e precárias que marcaram o século XIX. Ao tornar palpável aquela experiência e o que vimos e vivemos juntos com todas essas pessoas, temos a emergência de um outro significado diante de um mundo que está se transformando radicalmente. Nós estivemos lá: de corpo e alma. Nessa radicalidade está nossa esperança e força
Descobrimos juntos os múltiplos sentidos daquela atividade econômica, bem como as diversas formas de apropriação daquele espaço. A pesquisa no Aterro Sanitário fechava o circuito dessas mercadorias, indo para as grandes empresas de reciclagem que começaram a e stabelecer-se no Brasil
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Primeiros passos Milton Guran Quando Ana Luísa me chamou para fotografar o Lixão da L2 Sul para sua pesquisa, me disse uma coisa que me marcou muito: ela estava me chamando porque achava impossível descrever a situação apenas com palavras. Ir além das palavras, então, ficou sendo o objetivo da minha produção fotográfica na pesquisa. Naquela época, eu nunca tinha participado de uma pesquisa em ciências sociais. Desde 1978, no entanto, ainda como fotógrafo documentarista, tinha tomado como tema principal do meu t rabalho os povos indígenas no Brasil, e isso me aproximou do campo da antropologia. A única referência que eu tinha nessa área era a tradução brasileira do clássico de John Collier Jr - “Antropologia Visual a Fotografia Como Método de Pesquisa”, publicada pela Edusp em 1973. Nesse livro, que hoje vejo com uma certa reserva, foi onde encontrei os primeiros procedimentos metodológicos para documentação etnográfica, os quais já vinha aplicando, de forma menos sistemática, no meu trabalho com os povos indígenas. Do Lixão da L2 passamos para o aterro sanitário da Estrutural e aí a pesquisa tomou fôlego. Toda a documentação fotográfica foi feita em estreita articulação com a pesquisa e a seu serviço. Tendo conhecimento em detalhes do que Ana Luísa pesquisava, eu me empenhava em buscar imagens que descrevessem visualmente aspectos que se constituiriam em dados, poderiam corroborar hipóteses ou mesmo abrir novas pistas de pesquisa. Como documentarista, sempre respeitei todos aqueles que fotografava e evitei fotos r oubadas e o confronto, mas ainda assim passamos por vários momentos tensos. Marginalizados, sempre prejudicados, os moradores dessas comunidades são justificadamente desconfiados e até agressivos. O fato de estar acompanhado pela jovem Ana Luísa, grávida do seu terceiro filho, ajudou muito. As mulheres, que são o principal termômetro na interação com qualquer grupo social, acolheram bem a Ana, que se mostrou também bastante hábil em construir relações. A cada ida a campo levávamos fotos feitas na visita anterior e assim conseguimos estabelecer uma convivência bem amistosa e profícua para a pesquisa. Um exemplo de como a fotografia contribuiu para fazer avançar a pesquisa em determinados momentos se deu com relação à posição do principal comprador de material reciclado, a empresa Novo Rio Papéis, que na prática era quem assegurava a maior parte da renda dos trabalhadores do Lixão. Ninguém falava sobre o assunto, era tabu. Um dia eu percebi, de longe, que um sujeito que já tínhamos identificado como um preposto da Novo Rio Papéis discutia, com modos bruscos, com a nossa principal informante, Da. Valdivina. Foi ela quem nos deu o sentido maior da pesquisa: “A gente trabalha no lixo – ela nos disse – mas a gente não é lixo”.
que o sujeito em questão tinha sido socorrido pela nossa informante, trabalhado anos com ela no lixão antes de ser contratado como fiscal da empresa compradora, fato esse que nos permitiu um entendimento mais abrangente das relações sociais e comerciais existentes na comunidade. Além disso, a empresa Novo Rio não tinha admitido, em entrevista à Ana Luísa, que tinha algum tipo de vínculo com aqueles locais “contaminados. Esse vínculo só pode ser demonstrado de forma incontornável através da documentação fotográfica. Além do diálogo direto com a pesquisa, meu trabalho foi de registro e descrição das a tividades, das personagens, das instalações físicas. Trabalhei principalmente a cores (Ektachrome), porque permitia uma descrição mais acurada e, também, porque essa fatura levava a uma identificação mais fácil por parte do grande público, gerando empatia. A foto em preto-e-branco (Tri-X) foi produzida mais como um registro de opinião, através da qual procurei sintetizar ao máximo a problemática e studada. Essa pesquisa deu origem ao Projeto 40.179/83 do CNPq, o primeiro do gênero apoiado pelo órgão. O apoio, no caso, consistiu em fornecimento de um gravador cassete, filmes diapositivos e respectiva revelação. Como contrapartida, fizemos um audiovisual – como era chamada na época a projeção de diapositivos acompanhada de som – intitulado “Gente não é Lixo”, que é apresentado nesse livro. O trabalho fez parte da programação das “Sextas Visuais”, da União dos Fotógrafos de Brasília, conforme noticiado pelo jornal Correio Braziliense, em 14 de junho de 1985. Infelizmente, as fotos originais se perderam em um incêndio na AGIL, em 1986. Também não conseguimos encontrar a gravação da trilha sonora, com os contundentes depoimentos dos trabalhadores do Lixão. Este livro reproduz todas as imagens do audiovisual, digitalizadas a partir de uma cópia, que foi o que nos restou. Como o discurso visual foi pensado para ser projetado, algumas imagens parecem redundantes no livro. Já na proposta original, onde as fotos permanecem em tela por 5 ou 6 segundos apenas, essas imagens cumpriam a função de reforçar uma determinada informação. Outras entraram tão somente para fazer algum tipo de ligação visual entre temas, o que seria d esnecessário em um livro. Optamos por mantê-las todas, já que nossa intenção é, também, perenizar esse trabalho pioneiro na sua forma original. Essa pesquisa – que foi também tema do meu trabalho de conclusão do Curso de Pós-Graduação Especialização Latu Senso em Recursos Audiovisuais em Etnologia (IGPA-UCG/CAPES, 1983-84) me colocou de forma definitiva no rumo da Antropologia. Agradeço, de coração, a Ana Luísa Sallas, coordenadora do que foi o primeiro projeto de pesquisa de que participei. Melhor madrinha, impossível.
De teleobjetiva, fiz o registro da cena da Valdivina com o preposto. Quando ela viu a foto estava acompanhada por uma amiga que comentou, mais ou menos com essas palavras: “Veja só como ele te trata, logo você que tirou ele da lama e fez tudo por ele.” Puxando o fio da meada ficamos sabendo
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About looking at time and the word Ana Luisa Fayet Sallas Almost forty years have passed. In the midst of a quarantine and facing the planetary crisis, this is how we are now. We look at these images that bring us the remembrance of a state of affairs - where the body and the mind have been turned over under the red earth and the blue sky, where the waste of all humanity comes to light to become renewable resources. Precious things then and today. There we looked under the protection of the Brasilia sky, now we look under the protection of the weather. We found something very precious that was confined to our photographic archives for so many years. Confined in our memories, buried by the daily commitments and the reunions that promised an article about this experience. The promise almost became a whisper carried by the wind. Well, now it takes place in a condition of social isolation - in the face of the COVID-19 pandemic. In an unexpected way we put ourselves before the time and the sense of urgency to make this work known - originally conceived as an audiovisual: People are not trash. This audiovisual was the product of an unprecedented and pioneering research in Visual Anthropology, at the time on the living conditions of a group of residents of an invasion in the vicinity of Brasília, more precisely in a part of the cerrado, between the Structural axis and the satellite city of Taguatinga in an area established as a Sanitary Landfill. The garbage from Brasilia and cities served by the Urban Cleaning Service was dumped in it. I will tell here how it all started. It will be me, us and them. This is a gesture that seeks above all to put that experience in a place that can now be finally shared. We are in the year of 1982, I trying for the second time to enter the master’s degree in the Graduate Program in Social Anthropology at the University of Brasilia. The subject of my research came up almost by chance, on a day when I was passing by L2 Sul by bus going to UnB. That day I was attracted to an occupation unlike anything that had been planned for that young capital: it was an embankment that was being built flanked by several wooden shacks with its colored clotheslines and which had heaps of paper, glass around it , tin, scrap iron, plastic forming a completely different landscape from the residential blocks, gardens and commercial areas of the city designed by Lúcio Costa and Oscar Niemayer. I found two things there: a discovery and a research topic. The discovery: in that space between blocks 613 and 615 of L2 Sul there was an invasion that was based on a landfill where the debris of civil construction works in the city was dumped. It was a place controlled and supervised by the Urban Cleaning Service of Brasília, as it was not all garbage that could be dumped there. Even with the existing control, on its fringes a living and working space of approximately 100 people was established. The research theme: the study of the forms of economic organization of informal workers from an invasion.
the city that I saw growing since 1962. In the space originally planned for schools , hospitals, churches and public institutions, there was a landfill. Place that was called “Lixão” by its own residents. It was very important to know the strategies that these more than 100 residents used to make a living. They were women and men who left early in the morning and at the end of the day to collect materials such as paper, glass, metals, bottles and plastic from the recycling bins of buildings, businesses and offices to resell to the recycling industries. What was discarded and considered garbage became an economic resource in other hands serving other consumers. I discovered with my research (which at the time was new) the entire production chain that was initially associated with the hands of these informal workers, without any protection or resources. Authors such as Luiz Antônio Machado da Silva, Rubens Jorge Oliven, Gilberto Velho and Erving Goffman were important for me to be able to advance in this theme. This was the most general scope of my research on entering the master’s degree (which would change later). And at that moment another path was also outlined for me: the use of image and photography in research. I was friends with several photographers from Brasilia and talking to a great friend, Milton Guran, I invited him to take the photos for the work I was doing, because I felt that my words would be insufficient to describe that reality that presented itself before my eyes . From the first moments of my field research I was affected by the visual impact of that condition of life that escaped any description that I could carry out. At the time, Milton Guran worked with other photographers at AGIL Fotojornalismo (Agência de Imprensa Livre) being one of its founders. In addition, he developed a significant work of photographic documentation related to the indigenous issue and was familiar with the field of Anthropology. He was an activist for the indigenous cause from ANAI - National Indigenous Association, whose purpose was to support actions aimed at this group. Later, he specialized in photography as a research tool and developed numerous works in this perspective. Our initial adventure along the paths of the union between anthropology and photography resulted in the first project in the area funded by CNPq in 1983 (Project 40.1979 / 83). The research project, entitled “People are not trash”, continued the research that I started in the master’s program, but contemplating the residents of another Brasília Landfill, which was located in the satellite city of Taguatinga and Estrutural. From the activity of garbage collectors, I also discovered in the reading of Benjamin (1975) commenting on Baudelaire and his comparisons between poets and cheaters: “We have a man here - he must pick up the garbage of the day that has passed. Everything the big city threw away, everything it lost, everything it despises, everything it destroys - it records and collects. ” (p.16) Baudelaire further enhances the image I want to evoke here: of the trapper who “collects the annals of disorder, the Capernaum of debauchery, selects things, chooses them intelligently; he proceeds like a miser in relation to a treasure and grabs the rubble that in the jaws of the goddess industry will take the form of useful and pleasant objects. ” (page 16)
The initial field research took place between the months of June and July 1982. During this period, I conducted several interviews with the residents, applied a small questionnaire to outline their socio-economic profile and maintained informal contacts and field observations - noted in my journal. research during the time I was with this group and then with the continuity of research at the landfill. In addition to all these procedures of ethnographic research, one thing caught my attention in the field: the wealth that existed in that space and how its “disorganization” changed my own perceptions about
This image of the trapper described by Baudelaire about the city of Paris in the 19th century had, and I think it still has, the power to unravel the deeper meanings of what we have come to live and recognize as being modernity. A time far from being linear and homogeneous, it is impregnated with other temporalities that adjust to the movement of the markets, linking archaic forms of work and life organization to industrial and technological development. Today, here from my window, I still see
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them walking down the street with their carts - now more empty than they normally were. The global pandemic crisis places them more seriously in a position of vulnerability generated by the scarcity of raw materials that sustain their work, due to the decrease in consumption and waste. We were building, in the process of the research, a totally innovative strategy for the time - the use of photographs as a resource for the interview and, also, of the discoveries that we were making in the gesture of returning the photos to our interviewees. Here two questions deserve an explanation: on our trips to the countryside, we found that many of the residents had no documents or even any kind of photograph. Thus, Guran realized that it would be useful for those people to have their photographs in 3X4, as this would help them if they tried to remake their identity documents. Those little portraits that were made in the dump of L2-Sul allowed to establish another place of the photographs in the research itself: marking the gestures of giving receiving exchanging. Along with these photos, other photographs were enlarged, portraits in front of their houses and in their daily activities of garbage collection, of their forms of organization and sale, as well as of their playful moments in that same space. The process of returning the photos allowed the creation of an innovative instance of relations and exchanges with Marias, Pedros, Antonios, Valdivinas, young people, old people and children who lived in the L2-Sul dump and also in the landfill of the Vila invasion São José. The process gave us other visions of his reality: “we work with garbage, but we are not garbage” ... The enlarged photographs, colored or in B&W, brought to our interlocutors other places of speech, life and expression of his emotions - which ranged from surprise to not recognizing himself - “this is Manoel, who died of being run over last week ...” “Not! This is you! ” Laughter .. Before proceeding, I bring here the memory of a moment that impacted me: when we first arrived at the Landfill, on a cold and dry winter morning, I stayed at the top of the Embankment - a place where I could see all the movement of the trucks arriving and the people below working. Beside me was a child looking after a baby in a cardboard box. The movement of people was fast so as not to waste anything and at the same time not to be crushed by the tractor that passed as soon as the truck moved away. Guran was downstairs taking pictures, when I realized that he had been surrounded by collectors with his work tools. There was a tension there: “what are you doing here?” - “Are you going to put it in the newspaper that we are garbage?” ... Fortunately everything was clarified and he could continue photographing. From where I was watching people, I could see the silhouette of the city where I grew up in the distance. My vision and all my senses were sharpened by the strength of that scene and its contrasts: people, tractor, red earth, blue sky, box, baby ... Tears were unable to contain me.
This research that produced an audiovisual was very important because it was aligned with a type of work with photographs based on the promotion and diffusion of realities that demanded greater engagement and struggle - as were the flags raised on the issue of land reform, redemocratization of the country and democratic freedoms, among others. In this sense, I am referring to this ambience that was created, with several people gathering, debating and producing audiovisuals for this purpose, such as “A cane tree is nothing, putting together a cane field ...” made by the São Paulo photographer Valdir Afonso, 1981. We managed to finish the audiovisual, “People are not trash” in 1984, with 103 slides in color and B&W. It was publicly presented at an event organized by the Union of Photographers of Brasília known as “Visual Fridays” in the auditorium of Centro Educacional de Brasília / Ceub. In 1986, an arson attack in Ágil caused us to lose the collection of images from the survey - about 3,000 photos between black and white negatives and stickers - leaving only the images of the audiovisual “People are not trash”, which we reproduce in this book. We went over time with the promise of doing something with the photographic material that we had left, but life always dragged us to other interests and obligations. At the end of 2011 we met again in Brasília, under that same sky, and went to the place where it was the Invasion of Vila São José and the landfill. That space was completely transformed and today is the Vicente Pires Housing Sector, a region originally belonging to Taguatinga. We were able to locate and talk to a lady and her son, former residents and workers of the landfill, now installed in a comfortable brick house - with water, electricity and sewage. The landfill still exists: it is on the other side of the Structural, reproducing to a large extent the same conditions that we find over there in the 1980s. Resuming the photographs of “People is not Trash” and giving life to that book together with Milton Guran now, in the pandemic advance of the 21st century, has a profound meaning, because it becomes an object, a materiality that came to be removed from the rubble of the century XX the figure of these human beings who still live today in the same degrading and precarious conditions that marked the 19th century. By making that experience and what we saw and lived together with all these people palpable, we have the emergence of another meaning before a world that is radically changing. We were there: body and soul. In this radicality is our hope and strength
Together we discovered the multiple meanings of that economic activity, as well as the various forms of appropriation of that space. The research at the Sanitary Landfill closed the circuit of these goods, going to the large recycling companies that started to establish themselves in Brazil in the 1970s. The experience of following this process, following the garbage trucks and later those of the companies (who denied buying material at the dump) was very challenging. On the one hand, we had a population installed around the Sanitary Landfill and making a living there. They were children, men and women, facing those working conditions as risky and unhealthy as possible. On the other, an entire industrial structure that was being established. Thinking about technological innovations that actually favored those residents, at that time was unimaginable. After so many years, we know that these workers have created other forms of organization such as cooperatives and associations, thus seeking to generate more comprehensive social benefits as a result of their activities. However, access to technological advances is still far from the daily work of waste pickers.
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First steps
Milton Guran When Ana Luísa asked me to photograph the L2 Sul Lixão for her research, she told me something that marked me a lot: she was calling me because she found it impossible to describe the situation with words alone. Going beyond words, then, became the objective of my photographic production in research. At that time, I had never participated in social science research. Since 1978, however, still as a documentary photographer, I had taken indigenous peoples in Brazil as the main theme of my work, and this brought me closer to the field of anthropology. The only reference I had in this area was the Brazilian translation of the classic by John Collier Jr - “Visual Anthropology - Photography as a Research Method ”, published by Edusp in 1973. In this book, which I see today with a certain reserve, this is where I found the first methodological procedures for ethnographic documentation, which I had already applied, in a less systematic way, in my work with indigenous peoples. From L2’s L2, we went to Estrutural’s landfill and then the research took off. All photographic documentation was made in close conjunction with the research and at its service. Having knowledge in detail of what Ana Luísa researched, I endeavored to search for images that visually described aspects that would constitute data, could corroborate hypotheses or even open new research avenues. As a documentary filmmaker, I have always respected everyone I photographed and avoided stolen photos and confrontation, but we still went through several tense moments. Marginalized, always harmed, the residents of these communities are justifiably suspicious and even aggressive. The fact that he was accompanied by the young Ana Luísa, pregnant with her third child, helped a lot. Women, who are the main thermometer in the interaction with any social group, welcomed Ana, who was also very skilled in building relationships. Each time we went to the field, we took photos taken on the previous visit and thus we managed to establish a very friendly and fruitful coexistence for the research.
allowed a more accurate description and, also, because this invoice led to an easier identification by the general public, generating empathy. The black-and-white photo (Tri-X) was produced more as an opinion record, through which I tried to synthesize the studied problem as much as possible. This research gave rise to Project 40.179 / 83 of CNPq, the first of its kind supported by the agency. The support, in this case, consisted in the supply of a cassette recorder, slide films and respective development. As a counterpart, we made an audiovisual - as it was called at the time the projection of slides accompanied by sound - entitled “People are not trash”, which is presented in this book. The work was part of the “Visual Fridays” program of the Brasília Photographers Union, as reported by the newspaper Correio Braziliense, on June 14, 1985 Unfortunately, the original photos were lost in a fire at AGIL in 1986. We were also unable to find the recording of the soundtrack, with the strong testimonies of the Lixão workers. This book reproduces all thal images, digitized from a copy, which is what we have left. As the visual discourse was designed to be projected, some images seem redundant in the book. In the original proposal, where the photos remain on screen for 5 or 6 seconds only, these images fulfilled the function of reinforcing a certain information. Others just came in to make some kind of visual link between themes, which would be unnecessary in a book. We chose to keep them all, since our intention is also to maintain this pioneering work in its original form. This research - which was also the subject of my work to conclude the Latu Senso Specialization Postgraduate Course in Audiovisual Resources in Ethnology (IGPA-UCG / CAPES, 1983-84) put me definitively in the direction of Anthropology. I warmly thank Ana Luísa Sallas, coordinator of what was the first research project in which I participated. Best godmother, impossible.
An example of how photography contributed to advancing research at certain times was in relation to the position of the main buyer of recycled material, the company Novo Rio Papers, who in practice was responsible for the majority of the income of Lixão workers. Nobody talked about it, it was taboo. One day I realized, from a distance, that a guy we had already identified as a representative of Novo Rio Papers was arguing, abruptly, with our main informant, Da. Valdivina. It was she who gave us the greatest sense of the research: “We work in the garbage - she told us - but we are not garbage”. From the telephoto end, I recorded the scene of Valdivina with the agent. When she saw the photo, she was accompanied by a friend who commented, more or less with these words: “Look how he treats you, then you got him out of the mud and did everything for him.” Pulling the thread, we learn that the subject in question had been rescued by our informant, who had worked with her at the dump for years before being hired as the purchasing company’s inspector, a fact that allowed us to have a more comprehensive understanding of the existing social and commercial relations in the community. In addition, the company Novo Rio had not admitted, in an interview to Ana Luísa, that it had any kind of link with those “contaminated” places. This link can only be demonstrated in an unavoidable way through photographic documentation. In addition to the direct dialogue with the research, my job was to record and describe the activities, the characters, the physical facilities. I worked mainly in color (Ektachrome), because it
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Página 18 – Chegada do caminhão de coleta do lixo na SQN 410 nas primeiras horas do dia.
Página 54 – Conforme o dia vai avançando cada grupo de trabalhadores deixa separado ao redor do lixão o que lhe cabe, marcando seus territórios no local.
Page 18 – Arrival of the garbage collection truck at SQN 410 in the early hours of the day.
Page 54 – As the day progresses, each group of workers leaves what is their own separate around the dump, marking their territories on the spot.
Página 21 – Coletores do lixão na Vila São José iniciam sua jornada.
Página 71 – As mulheres utilizam ganchos de mão menores para a realização da coleta.
Page 21 – Garbage collectors in Vila São José begin their journey.
Page 71 – Women use smaller hand hooks to perform the collection.
Página 22 – Ao longe, podemos observaras casas dos moradores da Vila São José ao redor do Aterro S anitário.
Página 29 – Movimento sincronizado das coletoras e dos coletores entre o caminhão de lixo e o trator que vai cobrindo os dejetos. Observe-se que é nesse pequeno intervalo de tempo que eles realizam a maior parte do seu trabalho. Página 34 – Coletores com seus instrumentos de trabalho que foram por eles desenvolvidos para a atividade.
Página 44 – A coleta inicial é direcionada para todos os objetos que podem ter algum valor no mercado de reciclados.
Página 76 – Ao final da jornada da semana, todos os objetos já classificados segundo a sua natureza (latas, papel, plástico, vidros) são vendidos para a pessoa que faz a mediação entre os moradores/trabalhadores e as empresas que compram o material a ser reciclado. Todos os materiais são vendidos por quilo. O papel é o que tem valor mais baixo.
Página 78 – Caminhão da Novo Rio Papéis fazendo a recolha do material que fora selecionado e separado pelos trabalhadores do aterro sanitário.
Página 80 – Trabalhadoras e trabalhadores se organizam em fila para receberem o pagamento da semana feito pelo comprador da empresa que, por precaução, fica sempre dentro de seu carro.
Page 22 – In the distance, we can see the houses of the residents of Vila São José around the landfill.
Page 29 – Synchronized movement of collectors and collectors between the garbage truck and the tractor that covers the waste. Note that it is in that small amount of time that they do most of their work. Page 34 – Collectors with their work tools that they developed for the a ctivity.
Page 44 – The initial collection is directed to all objects that may have some value in the recycled market.
Página 92 – Entrega das fotografias para as mulheres do local. Página 50 – Momento do trabalho do coletor, já com o resultado de seu trabalho selecionado e acondicionado para a venda.
Page 50 – Moment of the collector’s work, with the result of his work selected and packaged for sale.
Page 76 – At the end of the week’s journey, all objects already classified according to their nature (cans, paper, plastic, glass) are sold to the person who mediates between residents / workers and the companies that buy the material from be recycled. All materials are sold by the kilo. Paper has the lowest value. Page 78 – Novo Rio Papers truck collecting material that had been selected and separated by landfill workers.
Page 80 – Workers and workers organize themselves in line to receive the payment of the week made by the buyer of the company, which, as a precaution, is always inside your car.
Page 92 – Delivery of photographs to local women
Brasília 1984 – Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in (Imagem Google Maps).
Ana Luisa Fayet Sallas • Milton Guran, 2020
Edição | Edition
Ana Luisa Fayet Sallas e Milton Guran
Projeto Gráfico | Graphic Design
Didus Santos
Pré-impressão e Impressão | Prepress and Printing
Gráfica Nono Nononono
Digitalização e tratamento de imagens | Scanning and image processing
Vitor Lopes Leite/Lab:Lab Analógico
Tradução Português/Inglês | Portuguese/English Translation
Nono Nono Nonono
Revisão Português | Portuguese Review
Nono Nono Nonono
Texto | text
Ana Luisa Fayet Sallas e Milton Guran
Fotografia | Photographer
Milton Guran©
Sallas, Ana Luisa Fayet (1957) Guran, Milton (1957) Gente Não é Lixo: Milton Guran e Ana Luisa Fayet Sallas Curitiba: Edição dos Autores 2020 | Authors’ Edition 2020 108 páginas | 108 pages CDD - 770 - Fotografia | Photography ISBN: 978-65-901527-0-1 1ª Edição Fontes | Font Gill Sans (Miolo) - Helvetica (Capa) Papéis | Papers Duodesign 250 Gramas (Capa) | 8,333 Ounce (Cover) Couché 170 Gramas (Miolo) | 5,666 Ounce (Core) Tiragem | Number of copies 200 exemplares | 200 copies