O retrato da fotografia brasileira

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O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA

A Fotografa Brasileira tem o seu marco inicial em janeiro de 1840 quando, no Rio de Janeiro, um francês realizou as primeiras fotografas no Brasil. Por encomenda de D. Pedro II, então com 14 anos de idade, o abade Louis Compte demonstrou o funcionamento do aparelho que vinha encantando a Europa desde agosto de 1839. O imperador viria a se tornar um grande incentivador e promotor da fotografa no Brasil e é considerado o primeiro fotógrafo brasileiro.

Em abril de 2017 Ale Ruaro começou uma busca por rostos para construir um mosaico com retratos de fotógrafos(as), pensadores(as), produtores(as), professores(as), colecionadores(as) , curadores(as) e editores(as), pessoas que fazem a Fotografa Brasileira acontecer e a estar em constante movimento. Profssionais que chegam a um destino comum, mesmo que impulsionados por motivos e desejos diferentes: contribuem para que a prática da fotografa continue ganhando densidade, relevância, capilaridade e conte as histórias deste país-continente e de sua gente. Histórias pessoais, coletivas, regionais, nacionais e universais. Parafraseando Fernando Pessoa, toda história vale a pena se alma não é pequena. A brasileira é gigante.

Ter uma carreira consagrada, mesmo de importância incontestável, não foi o critério único usado por Ale Ruaro e pela curadoria deste livro. Jovens fotógrafos(as), novos talentos, trabalhos instigantes e fotógrafos e fotógrafas que já têm uma carreira longa, mas não receberam o devido reconhecimento, também fazem parte deste grupo plural e para sempre incompleto. A régua usada para medir a importância de um nome para este conjunto de imagens foi a do afeto, da experimentação e da aposta e não só a da consagração. E é por isso que você vai encontrar nestas páginas desde um fotógrafo nascido em 2000 até o inigualável German Lorca, de 1922. Vida longa à Fotografa Brasileira!

Em janeiro de 2022 já são mais de 350 rostos registrados por este fotógrafo que tem se consagrado por seus retratos densos, sempre em preto e branco.

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Este processo de olhar e registrar rostos que olham para a vida pelas janelas e multi-telas da fotografa foi aceso pela morte da mãe do fotógrafo que o levou a perceber que nunca tinha feito “um retrato incrível dela”. Ato contínuo, “veio uma refexão profunda sobre a importância de um retrato bem feito e do quanto eu amo conhecer pessoas”. Conhecer o outro para conhecer a ti mesmo. Fotografar o outro para encontrarmos nós mesmos e a nossa ancestralidade. Ale empilha inúmeras histórias saborosas de seus encontros com personagens incontornáveis da Fotografa Brasileira. Como quando, depois de dezenas de tentativas de marcar um encontro com umas das fguras mais reconhecidas do meio, resolve seguir o conselho de um amigo e ir sem avisar até onde ela mora. No meio do caminho esbarra com um outro colega que conhece a emblemática fotógrafa e seguem juntos para a sua casa. A porta está aberta, os dois entram e a chamam. A senhora grisalha e atenta aparece sorridente achando aquilo tudo muito natural. Solícita e afável, aceita posar na hora e em 3 minutos Ale tem um dos retratos de que mais gosta. Uma mulher incrível que poderia muito bem ser a sua mãe. Fotografar gente. Um rosto, um corpo, muitas camadas. Em 1958 o multi premiado diretor de cinema Ingmar Bergman lançava o que viria a se tornar uma das suas obras mais conhecidas. O Rosto conta a história de um grupo de atores que viajam pelo interior da Suécia encenando pequenas peças onde a mágica tem um papel central. Como era de se prever, os atores transformam os seus rostos conforme as características de seus personagens. É isso o que se espera deles: uma metamorfose diante de nós. O genial cineasta sueco nos mostra como um rosto pode ser muitos, transmutando-se por nuances sutis porém defnidoras. Um pequeno gesto, um olhar raivoso, um sorriso falso, uma sobrancelha inquieta, tudo é trampolim e nos lança para dentro da personagem e suas profundidades.

Ale extrai de seus personagens não as suas almas, mas faíscas de suas existências, vestígios de suas mágicas. Sim, todo ser humano é mágico. Não se contenta com a lógica monolítica da racionalidade, do caminho reto. Por entre truques, ilusões e sonho nos confguramos, pelo caminho fértil e misterioso da magia, da imagem.

Ale Ruaro mira em um rosto e tira dele uma das suas essências. Um rosto é horizonte e infnito. Quando vamos em direção ao horizonte, ele se desloca, nos escapa. Nunca o alcançamos pois

não existe, infnito é. Em todo rosto está também quem olha. Quem olha é olhado, em uma troca de lugares incessante. Ale trás para dentro de sua caixa preta todos os que fotografa. Uma caixa mágica, que transforma a vida latente de um rosto em imagem, que pulsa, que não se esgota, que é de quem olha e que, imerso no seu horizonte humano, se vê infnito.

005 POR PAULO MARCOS DE MENDONÇA LIMA
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ARQUIVO
176 O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA Adriana Zehbrauskas Alessandro Celante Alex Flemming Alexandre Belém Alexandre Wittboldt Ana Angélica Costa Ana Carolina Fernandes André Cypriano André Penteado Angela Magalhães 007 008 009 010 011 012 013 014 015 016 017 018 019 020 021 022 023 024 025 026 Anna Kahn Antônio Gaudério Araquém Alcântara Armando Prado Arnaldo Pappalardo Arthur Omar Avener Prado Betina Samaia Bob Wolfenson Boris Kossoy 022 021 020 019 018 017 016 015 014 013 012 011 010 009 008 007 026 025 024 023

Celso Oliveira

Christian Braga

Claudia Andujar

Claudia Jaguaribe

Claudio Edinger

Claudio Feijó

Clovis Dariano

Cris Bierrenbach

Cris Veit

Cristiano Mascaro

Daniel Kfouri

Daniel Klajmic

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Cirenza
Carlo
Carlos Carvalho
Cássio Vasconcellos
Clicio Barroso Filho
Dourado Delfm Martins 042 041 040 039 038 037 036 035 034 033 032 031 030 029 028 027 046 045 044 043
Danilo Verpa Davilym
178 O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA Denise Camargo Diógenes Moura Ed Viggiani Eder Chiodetto Eder Ribeiro Edu Simões Egberto Nogueira Elza Lima Eneida Serrano Eugênio Sávio 047 048 049 050 051 052 053 054 055 056 057 058 059 060 061 062 063 064 065 066 Eustáquio Neves Evandro Teixeira Fausto Chermont Feco Hamburger Felipe Abreu Felipe Dana Fernando Bueno Fernando Costa Netto Fernando de Tacca Fernando Lemos 066 065 064 063 062 061 060 059 058 057 056 055 054 053 052 051 050 049 048 047

Iatã

Ignacio

Isabel

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João

João

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Gui

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Oppido
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Kitamura
Rodrigues
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Amado
Padovani
Castilho
de Orleans e Bragança
Farkas
Kulcsár
Marcos Rosa 086 085 084 083 082 081 080 079 078 077 076 075 074 073 072 071 070 069 068 067
João
João
João
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Bisilliat
Lissovsky
Simonetti
Chikaoka
Rio Branco
Guran Miro de Souza Mônica Maia Mônica Zarattini 126 125 124 123 122 121 120 119 118 117 116 115 114 113 112 111 110 109 108 107
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Mauricio
Mauricio
Miguel
Miguel
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184 O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA Valdir Cruz Vania Toledo Victor Dragonetti, Drago Victor Moriyama Vik Muniz Walter Carvalho Walter Firmo Yan Boechat 167 168 169 170 171 172 173 174 173 174 172 171 167 169 168 170
MINIBIOGRAFIAS

A DRIANA ZEHBRAUSKAS (São Paulo, SP, 1968) p. 007

Fotógrafa, é formada em Comunicação e em Linguística e Fonética pela Sorbonne, em Paris. Tem um trabalho documental centrado em questões relacionadas à migração, religião, direitos humanos, comunidades sub-representadas e à violência resultante do tráfco de drogas no México, América Central e do Sul. Contribui regularmente com The New York Times, Unicef, The New Yorker e BuzzFeed News, entre outros. Recebeu o prêmio Troféu Mulher Imprensa (8.ª edição) da revista Imprensa. Utiliza as redes sociais como um complemento do seu trabalho fotojornalístico, atuação que lhe rendeu o primeiro Getty Images Instagram Grant. O prêmio fnanciou seu projeto Family Matters, em que fotografou parentes dos 43 estudantes desaparecidos em Ayotzinapa, México. O trabalho, publicado em sua conta do Instagram, foi selecionado pela revista Time como um dos 29 Instagrams que defniram o Mundo em 2014.

A LESSANDRO CELANTE (Itu, SP, 1972) p. 008

Fotógrafo e designer gráfco, é formado em Comunicação Social pela FAAP e pós-graduado em Fotografa e Arte pelo Centro de Comunicação e Artes Senac-SP, onde pesquisa processos históricos fotográfcos. Lecionou fotografa e Semiótica na Universidade Padre Anchieta, em Jundiaí (SP). Foi co-idealizador e organizou o Interfoto Itu em seus três primeiros anos. Seus projetos, especialmente Máscaras impermanentes, propõem um questionamento da noção de objetividade do meio fotográfco, buscando uma conciliação entre subjetividade e as possibilidades que a fotografa oferece enquanto linguagem.

ALEX FLEMMING (São Paulo, SP, 1954) p. 009

Artista visual, frequentou o curso livre de cinema na FAAP, em São Paulo, entre 1972 e 1974, e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP até 1976. Cursou serigrafa com Regina Silveira e Julio Plaza, em 1979, e gravura em metal com Romildo Paiva, entre 1979 e 1980. A partir da série Body Builders (2001-2002), em que a fotografa do corpo humano se funde aos mapas de regiões em confito, Flemming estabelece uma relação mais direta com o meio fotográfco, sempre em associação a outras técnicas e materiais. O uso de caracteres gráfcos sobre fotografas de pessoas anônimas também está presente nos painéis em vidro da estação Sumaré do metrô de São Paulo, compostos por fotos de pessoas anônimas sobrepostas a trechos de poemas brasileiros. Essa obra desdobrou-se no projeto para a Biblioteca Mário de Andrade (São Paulo, 2016), na forma de 16 grandes placas de vidro com imagens de frequentadores e trabalhadores da biblioteca.

ALEXANDRE BELÉM (Recife, PE, 1974) p. 010

Fotógrafo, editor de fotografa, jornalista. Criador e editor da Olhavê, editora especializada em fotografa, com Georgia Quintas. Em 2012, venceu o Prêmio Abril de Jornalismo na categoria Digitais / Blogs com o blog Sobre Imagens, que editou entre 2010 e 2015. Foi curador do Ciclo de Ideias do Festival de Fotografa de Tiradentes, da Mostra SP de Fotografa e do Encontro Pensamento e Refexão na Fotografa (MIS-SP). Foi membro da comissão de nomeação do World Press Photo Multimedia Contest e da comissão julgadora do Prêmio Conrado Wessel. É autor do livro Olhavê Entrevista (2012).

A LEXANDRE WITTBOLDT (São Paulo, SP, 1971) p. 011 Fotógrafo. Começou a fotografar por paixão em 2000. Estudou na Panamericana Escola de Arte e Design e participou de diversos eventos e exposições de fotografa no Brasil. Observador por natureza e viajante inveterado, seu trabalho, predominantemente em preto e branco, se divide em paisagens, cenas urbanas e cotidianas, retratos, moda, casamentos e sobretudo viagens. Sua fotografa ferta com o documentário em imagens ricas em detalhes e textura, sendo muitas vezes de um minimalismo de singular elegância.

ANA ANG ÉLICA COSTA (Rio de Janeiro, RJ, 1974) p. 012 Artista visual, pesquisadora e produtora cultural, é mestre em Processos Artísticos Contemporâneos (UERJ), especialista em História da Arte e da Arquitetura no Brasil (PUC-Rio) e graduada em Educação Artística com habilitação em História da Arte (UERJ). É autora do livro Possibilidades da câmera obscura, que reúne 20 ensaios textuais e visuais sobre diferentes formas de trabalhar o fenômeno da câmera obscura nos campos da arte, da estética e da educação. Essa obra apresenta parte

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de sua ampla pesquisa em fotografa experimental e métodos artesanais de produção de imagens, especialmente com câmeras obscuras. Sua abordagem artística e pedagógica pretende explicitar o processo de formação da imagem, fenômeno físico, mas que guarda também um componente mágico e lúdico. É colaboradora do Festival Hercule Florence e gestora da Casa de Eva, um espaço de criação e aprendizagem no distrito de Barão Geraldo, Campinas - SP.

A NA CAROLINA FERNANDES (Rio de Janeiro, RJ, 1963) p. 013 Fotógrafa desde os 13 anos de idade, estudou fotografa na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) e atuou por 20 anos em veículos de imprensa, como O Globo, Agência Estado, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. Com um olhar humanista, desenvolve projetos documentais independentes que dão visibilidade a segmentos marginalizados, como em Mem de Sá, 100, série sobre uma comunidade de travestis carioca. Documentou as manifestações de rua em 2013 e 2014 para agências internacionais. Participa dos grandes festivais de fotografa no Brasil. Já expôs no Brasil, França, Itália e Estados Unidos. Participou de livros coletivos, como As praias do Rio, Blocos de rua do carnaval do Rio e World Atlas of street photography, entre outros. Publicou os livros Prainha e Cinderela. Ganhou os prêmios Folha, Troféu Mulher Imprensa (2017), Sony e Julia Margaret Cameron. Entre suas exposições individuais destacam-se Mem de Sá, 100, na Galeria Fotospaço (RJ), em 2013, e Ana Carolina Fernandes, Repórter, no FotoRio 2015. Em 2019, participou da coletiva What’s going on in Brazil no Festival Rencontres d’Arles, na França. Desde 2020 faz parte do Covid Latam, coletivo de 18 profssionais que documenta a Covid-19, com o qual ganhou o Prêmio POY Latam e o World Press Photo.

ANDRÉ CYPRIANO (Piracicaba, SP, 1964) p. 014 Fotógrafo, graduado em Administração de Empresas. Em 1990, um ano após sua mudança para os Estados Unidos, começou a estudar fotografa em São Francisco, Califórnia. Desde então realizou vários projetos premiados, expostos em galerias e museus no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Como parte de um projeto de longo prazo, começou a documentar estilos de vida tradicionais e práticas de sociedades nos remotos cantos do mundo, com uma tendência para o raro e extraordinário. Fotografou o povo da ilha de Nias, Sumatra (Nias - Pulando Pedras), práticas de rituais em Bali (Questão espiritual ), a infame penitenciária de Cândido Mendes, na Ilha Grande, RJ (O Caldeirão do Diabo, livro publicado pela Cosac Naify), a maior favela do Brasil, no Rio de Janeiro (Rocinha, publicado pelo Senac) e as principais favelas do Rio (Cultura Informal ), entre outros.

ANDRÉ PENTEADO (São Paulo, SP, 1970) p. 015 Fotógrafo. Sua obra, tributária da fotografa documental, fcou conhecida em grande parte pelos fotolivros que criou nos últimos anos, publicações que começam por O suicídio de meu pai (2014) e Não estou sozinho  (2016), projetos de forte cunho pessoal. Em Rastros, Traços e Vestígios, realiza uma investigação visual de fatos que ocorreram antes da invenção da fotografa ou não possuem iconografa fotográfca de época. O projeto começa com Cabanagem (2015), seguido por Missão Francesa (2017) e Farroupilha (2020). Nessa trilogia, investiga a própria natureza da imagem fotográfca e sua capacidade de produzir narrativas históricas e investigar o passado, estabelecendo assim um paralelo entre o trabalho do fotógrafo e do historiador. Recebeu vários prêmios, entre eles o Prêmio Nacional de Fotografa Pierre Verger. Foi selecionado em 2014 pelo programa Rumos, do Itaú Cultural, com o projeto Tudo está relacionado. Em 2017 foi fnalista do Prêmio Conrado Wessel de Fotografa, com Missão Francesa, e em 2019 venceu o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografa com Cabanagem.

ANGELA MAGALHÃES (Rio de Janeiro, RJ, 1954) p. 016 Curadora, é formada em Comunicação Social (UFRJ, 1980). Foi bolsista Fulbright-Capes no International Center of Photography / Aperture Foundation (NY, 1988-1989). Como curadora de exposições do Núcleo de Fotografa / Instituto Nacional de Fotografa da Funarte (1979-2003), coordenou as Semanas Nacionais de Fotografa (1982-1989) e diversas mostras fotográfcas. Entre 1990 e 2003 dirigiu o setor de Fotografa, instituindo o I Encontro Nacional de Coordenadores de Eventos Fotográfcos (1991) e o Prêmio Nacional de Fotografa (1995-1998). Atuou em comissões nacionais e internacionais, como Tenth Annual Infnity Awards (ICP NY, 1994) e The International Photography Research Network - Changing

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Views of Brazil and Europe (Inglaterra, 2006-2007). Na área de pesquisa, em parceria com Nadja Peregrino, recebeu os prêmios da Fundação Vitae por Revista Realidade, 1966-1976: paradigma de um fotojornalismo moderno no Brasil e Rio Arte (O Rio de Janeiro de José Medeiros). Publicou os livros Fotografa no Brasil: um olhar das origens ao contemporâneo (MINC / Funarte, 2004) e Fotoclubismo no Brasil - o legado da Sociedade Fluminense de Fotografa (Senac, 2012).

ANNA KAHN (Rio de Janeiro, RJ, 1968) p. 017 Fotógrafa, formada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), estudou fotografa na School of Visual Arts, em Nova York. Aborda diferentes realidades do Rio de Janeiro em seus projetos documentais. Retratos da ausência (2007) é um ensaio fotográfco sobre as balas perdidas nessa cidade, e Olho mágico - Uma visão dos interiores de Copacabana, uma visão a partir do interior das moradias do bairro carioca, revelando a forma de morar e as apropriações domésticas de seus habitantes. Sua instalação 1 minuto, na qual o espectador é confrontado com imagens projetadas, tem como cenário o Rio de Janeiro e os locais atingidos pela violência, e foi mostrada no Festival Internacional de Paraty - Paraty em Foco (2010) e na Galeria 535, da Escola de Fotógrafos do Complexo da Maré (2011).

ANTÔNIO GAUDÉRIO (Ijuí, RS, 1958) p. 018 Fotógrafo. Troca os estudos de arquitetura pela fotografa no início da década de 1980. Colabora com o Diário Catarinense, em Florianópolis (SC), antes de se transferir para São Paulo (SP), em 1989, quando passa a integrar a equipe do jornal Folha de S. Paulo, onde trabalhou de 1990 e 2000, tornando-se um dos mais promissores talentos do fotojornalismo nacional, tendo se destacado pela denúncia social. Abordou, entre outros, o trabalho escravo e a prostituição infantil. O preço de um vestido denunciou a condição análoga à escravidão de bolivianos na indústria de confecções em São Paulo, e Infância Roubada (1998) narra a história de crianças que trabalhavam no garimpo, em Rondônia. Venceu os prêmios Vladimir Herzog (1993, 1995, 1998), Folha (1995, 1998, 2007) e Ayrton Senna (2000). Participa de dois livros coletivos em 1998: Brasil bom de bola e Viagem ao país do futebol.

ARAQUÉM ALCÂNTARA (Florianópolis, SC, 1951) p. 019 Fotógrafo. Considerado um dos precursores da fotografa de natureza no Brasil, foi o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques nacionais do país. Começou a trabalhar como fotojornalista em São Paulo, nos anos 1970, colaborando com jornais como O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde e a revista IstoÉ. Nos anos 1980 inicia o desenvolvimento de seus projetos independentes ligados à ecologia. Araquém Alcântara já publicou mais de 15 livros. Terra Brasil (DBA e, em seguida, Edições Melhoramentos, 1998) é o livro de fotografa brasileiro mais vendido de todos os tempos, tendo ultrapassado a marca dos 100 mil exemplares. Brasileiros (2019) reúne retratos que celebram a diversidade do povo brasileiro. Em Mais Médicos (2015), registra a atuação dos profssionais no programa de saúde de mesmo nome. Para esse projeto o fotógrafo percorreu 38 cidades de 20 estados do país, abordando a dimensão humana no atendimento dos médicos cubanos e sua relação com as populações atendidas.

ARMANDO PRADO (São Paulo, SP, 1952) p. 020 Fotógrafo. Graduado em Comunicação Social (1975), fotografa desde 1972. Trabalhou inicialmente para O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde antes de montar seu próprio estúdio, em 1980, quando passou a se dedicar prioritariamente à fotografa de moda e de publicidade, fotografando a vida e os cenários urbanos da capital paulista, e trabalhando para agências de publicidade e várias editoras no Brasil e no exterior. O ensaio Espaços culturais foi incluído no livro São Paulo - Múltipla Metrópole (1989). Grande entusiasta do Polaroid, tem desenvolvido um trabalho autoral de longo prazo com esse suporte. Suas fotografas puderam ser vistas em diversas exposições em lugares como São Paulo, Rio de Janeiro, Havana (Cuba), Washington (EUA) e Koblenz (Alemanha). Atualmente é curador independente e desenvolve extensa atividade pedagógica em universidades e ofcinas culturais.

A RNALDO PAPPALARDO (São Paulo, SP, 1954) p. 021 Fotógrafo. Graduou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), em 1979, para logo em seguida começar a trabalhar com fotografa publicitária.

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Entre 1977 e 1985, leciona fotografa no Instituto de Arte e Decoração (Iade). Recebeu o prêmio Revelação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) em 1984, ano de sua primeira exposição individual no MASP. Recebeu diversos prêmios, como a menção honrosa do The Leopold Godowsky Jr., Color Photography Awards, Boston, em 1991. A exposição Tensão sobre a Calma (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2008) aborda a cidade de São Paulo, tema recorrente em seus trabalhos, através de imagens da metrópole à noite, retratos de seus habitantes e detalhes gráfcos no asfalto de suas ruas. O livro Tensão Calma, publicado no mesmo ano, toma por base essa exposição. Recentemente passou a incorporar vídeos de linguagem mais experimental à sua extensa produção fotográfca.

ARTHUR OMAR (Poços de Caldas, MG, 1948) p. 022 Artista múltiplo. Formado em sociologia, é cineasta, fotógrafo, artista plástico e escritor teórico da imagem. Sua obra aborda a sensorialidade e as metáforas visuais através de documentários experimentais e instalações conceituais em torno de questões da cultura negra brasileira. Suas imagens transitam em diferentes meios, suportes e linguagens. Desenvolve em paralelo à sua obra artística uma intensa produção teórica sobre o processo de criação e a natureza da imagem. Participou de duas Bienais de São Paulo, com A Grande Muralha, 100 fotos da série Antropologia da Face Gloriosa, em 1998, e com Viagem ao Afeganistão, em 2002, com fotografas de uma aventura na região da catástrofe. Em 1999, teve retrospectiva completa de sua obra em flme e vídeo no MoMA (NY) e CCBB (RJ e SP). Seu longa Triste Trópico é considerado um clássico do cinema brasileiro. Publicou os livros Antropologia da face gloriosa (1998), O Zen e a Arte gloriosa da fotografa  (1999), O esplendor dos contrários (2003), Viagem ao Afeganistão (2010) e Antes de ver (2014). Entre as inúmeras exposições ao longo de sua carreira, destacam-se Zooprismas (2006), doze videoinstalações entrelaçadas, O Esplendor dos Contrários, com paisagens na foresta amazônica, As Portas da Percepção, com fotos experimentais de “antropologia instantânea”, e A Origem do Rosto, soma dos seus métodos antropológicos, com 99 imagens.

AVENER PRADO (Porto Velho, RO, 1991) p. 023

Fotógrafo. Repórter fotográfco do jornal Folha de S.Paulo desde 2012, seu trabalho documental tem foco nos movimentos sociais brasileiros. Desenvolveu reportagens sobre a violência urbana no Brasil, a epidemia de Zika e a mudança climática no mundo. Seu trabalho recebeu vários prêmios, incluindo o Prêmio Internacional de Cobertura Humanitária (CICV), o Rei da Espanha, pelo Jornalismo Digital, e o POY Latam - O Futuro das Cidades. Foi vencedor do prêmio Folha 2014 na categoria Reportagem, com o trabalho Epidemia de ebola na África ocidental. Teve seu trabalho sobre imigrantes publicado no livro O Verso dos Trabalhadores

BETINA SAMAIA (São Paulo, SP, 1964) p. 024

Fotógrafa. Graduada em Psicologia pela PUC-SP, sua fotografa trafega entre o onírico e o surpreendente, a partir de imagens de viagens e paisagens urbanas. Sempre um registro entre realidade e imaginação, em séries como Coreografa do Caos, Noturnos, Amazônia - O Fim do Verde, Índia - Memórias do que nunca vi, Através do Espelho e Florestas do Imaginário, entre outras. É autora de quatro livros: Azul  (2015, editora Madalena), Noite afora Noite adentro (2017, editora Madalena), Multiverso (2021, editora Vento Leste) e Amazônia - O Fim do Verde (2021, editora Bessard, França).

BOB WOLFENSON (São Paulo, SP, 1954) p. 025

Fotógrafo. Iniciou sua carreira nos estúdios da Editora Abril, para em seguida transitar pelos vários gêneros da fotografa, sobretudo moda e retrato, de famosos e anônimos, que traçam um panorama dos costumes e uma espécie de inventário da vida intelectual e cultural brasileira dos últimos 40 anos. Seus projetos pessoais envolvem tanto a representação de identidades humanas em diversas metrópoles, como em Nosoutros  (2017), quanto uma releitura de sua produção de moda, em Fashion Stories (2016), ou os retratos de anônimos realizados em 2014, no complexo de favelas do Alemão, em Deu na telha, ou ainda a série documental de apreensões policiais de mercadorias e animais realizados no Brasil ( Apreensões) e a memória afetiva dos lugares em Belvedere, fotografa dos hotéis de estâncias turísticas. Wolfenson recebeu os prêmios Funarte (1995) e Conrado Wessel de Arte (2013). Realizou exposições individuais no MASP (1996), no Centro Universitário Maria Antonia (SP, 2010),

MINIBIOGRAFIAS 189

no Museu de Arte Moderna da Bahia (2009) e no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado. Atualmente é coeditor da revista S / N, da qual é cocriador.

BORIS KOSSOY (São Paulo, SP, 1941) p. 026 Fotógrafo, teórico e historiador, graduado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, mestre e doutor pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, livre-docente e professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Sua obra conjuga fotografa autoral, projetos curatoriais, pesquisa acadêmica, sobretudo em história da fotografa, e uma extensa produção ensaística que propõe uma refexão sobre o dispositivo fotográfco e suas implicações socioculturais. Suas publicações são referências acadêmicas, caso de Hercules Florence, 1833: a descoberta isolada da fotografa no Brasil (1977) e do Dicionário Histórico-Fotográfco Brasileiro (2002), e um questionamento dos fundamentos teóricos da imagem fotográfca, como em Fotografa e história (1989), Realidades e fccoes na trama fotográfca (1999) e Os Tempos da Fotografa: O Efêmero e o Perpétuo (2007). Sua obra fotográfca integra as coleções permanentes do MoMA (NY) e da Pinacoteca do Estado (SP), entre outras instituições. Em 1984 recebeu a condecoração Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres, do Ministério da Cultura e da Comunicação da França. Em 2013 foi agraciado pela instituição Porto Seguro com o Prêmio Brasil de Fotografa Especial pelo conjunto de sua obra e importante refexão sobre a fotografa.

CAMILA FALCÃO (São Paulo, SP, 1977) p. 027 Fotógrafa, designer de produção, diretora de arte. Artista feminista, pesquisa gênero e sexualidade e trabalha com fotografa. Depois de se formar em artes plásticas pela FAAP (2000), morou alguns anos em Nova York, onde estudou fotografa (SVA) e desenvolveu sua linguagem. De volta ao Brasil, em 2004, começou a trabalhar como designer de produção e fotógrafa freelancer, atividades que desenvolve até hoje. Seus retratos apresentam travestis e mulheres transexuais em momentos de intimidade, com pluralidade e diversidade de corpos, e suas diferentes formas de expressar o universo feminino, em séries como Abaixa que é tiro e Onika, que acompanha em fotos o processo de mudanças corporais da modelo Onika.Teve flmes premiados em festivais nacionais e internacionais e projetos publicados em veículos como ZUM, European Photograph, British Journal of Photography e GUP, entre outros. É membro da Agência Fotografa Feminina e Nativa. Atualmente vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

CARLO CIRENZA (São Paulo, SP, 1960) p. 028 Editor, curador, galerista. Edita a revista Carcara Photo Art Atua na fotografa editorial e artística desde 1974. Foi editor da revista Paparazzi Photo Art entre 1993 e 2003. Foi curador da Paparazzi Galeria de 1997 a 2006. Participou, como curador, da exposição Brasiliens Gesichter no Ludwig Museum em Koblenz, Alemanha. Junto a César Oiticica Filho, foi curador da exposição José Oiticica Filho, no MIS-SP, em 2008. É curador e diretor da Galeria Carcará, em São Paulo, onde em 2019 realizou uma exposição inédita de Hélio Oiticica.

CARLOS CARVALHO (Rio de Janeiro, RJ, 1957) p. 029 Fotógrafo. Trabalhou como freelancer para os principais jornais brasileiros, como O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo e Estado de São Paulo, e para publicações estrangeiras como a revista Newsweek e o jornal The Washington Post. Foi correspondente no Rio da agência de fotojornalismo independente Angular (SP). Deixou o fotojornalismo na metade da década de 1990 para se dedicar aos projetos documentais, que retratam, por exemplo, os seringueiros na Amazônia e a vida cotidiana nos assentamentos do MST. É co-fundador e co-coordenador do FestFoto - Festival Internacional de Fotografa de Porto Alegre. É também leitor convidado de portfólios de festivais internacionais, como FotoFest (Houston, EUA), Encuentros Abiertos de Buenos Aires (Argentina), FotoFest / LensCulture / Paris Photo (França), PhotoVisa (Krasnodar, Rússia), PhotoLucida (Portland, Estados Unidos e FotoFestiwal (Lodz, Polônia).

CÁSSIO VASCONCELLOS (São Paulo, SP, 1965) p. 030 Fotógrafo. Iniciou sua trajetória na fotografa em 1981, na escola Imagem-Ação. Durante sua carreira

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de fotojornalista, trabalhou na Folha de São Paulo. Nos anos 1980, desenvolve projetos autorais tendo as cidades de Nova York e Paris como protagonistas, em séries em que se desloca da fotografa documental para abraçar uma visão mais subjetiva dessas cidades, desdobrando-se em cor, anos depois, na série Noturnos (1998-2002), registro em Polaroid de uma São Paulo fantasmagórica. Desde a década de 1990, se serve da capacidade da imagem fotográfca de ser manipulada e reconfgurada, procedimento presente na série Coletivos (2008-2009) e, mais recentemente, em Viagem Pitoresca pelo Brasil (2015-2019) e Dríades e Fauno (2019-2020). Suas últimas exposições incluem Coletivos, no Today Art Museum (Pequim, China, 2013), Itinerant Languages of Photography, Princeton University Art Museum (Nova Jersey, EUA, 2013), e O Elogio da Vertigem: Colec ão Itaú de Fotografa, Maison Européenne de La Photographie (Paris, França, 2012).

CELSO OLIVEIRA (Rio de Janeiro, RJ, 1957) p. 031

Fotógrafo e editor. Inicia a carreira de fotojornalista na década de 1970, colaborando com diversos jornais e revistas, como O Globo, O Povo (Fortaleza), Veja, IstoÉ, Visão e Tênis Esporte. Em 1994, cria com Tiago Santana a agência e editora Tempo d’Imagem, que desenvolve ensaios documentais e livros de fotografa. Seu trabalho documental aborda sobretudo as manifestações culturais e religiosas e as festas populares do Nordeste. Desenvolve o projeto Brasil sem Fronteiras, com Tiago Santana, Antonio Augusto Fontes, Ed Viggiani e Elza Lima, documentando as cidades fronteiriças do oeste do país. O trabalho dá origem a um livro homônimo, lançado em 2001.

CHRISTIAN BRAGA (Manaus, AM, 1991) p. 032 Fotógrafo e documentarista. É membro da agência Farpa e tem o trabalho direcionado principalmente para questões de direitos humanos e socioambientais, sobretudo na região amazônica, documentando crimes ambientais, a luta pelos direitos indígenas e as histórias diversas da região. Desde 2013 realiza projetos e documentações em territórios indígenas no Brasil. Participou do projeto OFFside Brazil, organizado pela agência Magnum Photos na Copa do Mundo 2014, e documentou as terras Yanomami em parceria com o ISA - Instituto Socioambiental e Canon CPS. Em 2018 acompanhou a CIDH - Comissão Interamericana de Direitos Humanos na visita ao Brasil, documentando as principais violações de direitos humanos no país. Contribuiu com organizações como Greenpeace e WWF Brasil e publicou trabalhos em mídias nacionais e internacionais, como Al Jazeera, Vice Brasil, National Geographic Brasil, The Guardian e The Intercept, entre outras.

CLAUDIA ANDUJAR (Neuchâtel, Suíça, 1931)

p. 033 Fotógrafa. Depois de viver na Hungria e nos Estados Unidos, chega a São Paulo em 1957. Começa sua carreira trabalhando para revistas nacionais, como Realidade e Claudia, e internacionais, como Life, Look e Fortune, entre outras. Em 1971, uma edição especial da revista Realidade, sobre a Amazônia, a conduziu até os yanomami. Recebe duas bolsas da Fundação Guggenheim (1972 e 1974), e posteriormente outra da Fapesp, para estudar os indígenas Yanomami. Três livros publicados nessa época reúnem imagens do período: Amazônia (1978), realizado em parceria com George Love, Yanomami  (1978) e Mitopoemas  (1979). Foi o início de uma longa militância em favor da demarcação das terras Yanomami, o que fnalmente ocorreu em 1992, fazendo da fotógrafa uma militante pela causa indígena reconhecida internacionalmente. Desde então, a Amazônia e a vida dos Yanomami têm sido o tema central de sua obra. Apresenta a instalação Yanomami - nas sombras das luzes na 24.ª Bienal Internacional de São Paulo (1998). Em 2015 é inaugurado um pavilhão dedicado a sua obra no Instituto Inhotim (MG). No mesmo ano, é lançado o documentário A Estrangeira, que mistura vida, obra e ativismo, dirigido pelo curador de seu pavilhão, Rodrigo Moura. Em 2018, o Instituto Moreira Salles lhe consagra uma grande retrospectiva: Claudia Andujar: a luta Yanomami, com curadoria de Thyago Nogueira.

CLAUDIA JAGUARIBE (Rio de Janeiro, RJ, 1955) p. 034 Fotógrafa. Formada em História da Arte, Artes Plásticas e Fotografa pela Boston University (EUA). Seu trabalho mistura realidade e subjetividade, através de intervenções na imagem fotográfca, em temas como a paisagem urbana e a natureza, materializando-se em geral na forma de instalações, buscando uma tridimensionalidade e espacialidade da imagem, explorando assim as possibilidades

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do meio fotográfco. Grande parte de sua produção se materializa também em formato de livro. Em 2013, co-fundou a editora Madalena, de fotolivros, da qual não é mais sócia. Seus trabalhos estão em diversos museus e coleções brasileiras e internacionais, como MAM-SP, Inhotim, Itaú Cultural, Instituto Moreira Salles (RJ), Victoria and Albert Museum (Londres, Inglaterra), Maison Européenne de la Photographie (Paris, França), Instituto Ítalo-Latino Americano (Roma, Itália) e Hangar Art Center (Bruxelas, Bélgica), entre outros.

CLAUDIO EDINGER (Rio de Janeiro, RJ, 1952) p. 035 Fotógrafo. Tem o espaço urbano e sua arquitetura como temas prediletos. Em 1975, realizou sua primeira série, sobre o Edifício Martinelli, em São Paulo, que havia se transformado em uma favela vertical. No ano seguinte mudou-se para Nova York, onde morou por 20 anos. Durante esse tempo, desenvolveu vários projetos pessoais e trabalhou como fotógrafo para as revistas Time, Newsweek, Life, Rolling Stone, Vanity Fair e a revista de domingo do New York Times. Entre 1989 e 1990, fotografou pacientes do Juqueri, o maior asilo para doentes mentais da América Latina. Com esse trabalho recebeu o Prêmio Ernst Haas. Em 1996, voltou ao Brasil. De 1991 a 1995, desenvolveu um projeto sobre o carnaval em cinco regiões diferentes: Rio, Salvador, Recife / Olinda, São Paulo e Paraty, projeto que lhe rendeu a Bolsa Vitae. No ano 2000, começou a fotografar em preto e branco a cidade do Rio de Janeiro, com uma câmera de grande formato, iniciando sua pesquisa com o foco seletivo. Entre 2005 e 2012, empreendeu uma viagem pelo sertão baiano que resultou na série De Bom Jesus a Milagres, projeto em que buscava redescobrir a identidade brasileira após os anos vivendo no exterior.

CLAUDIO FEIJÓ (São Paulo, SP, 1946) p. 036 Fotógrafo. Graduado em pedagogia pela Faculdade Metodista de São Paulo, desde 1972 é diretor e professor da Escola de Fotografa Imagem-Ação. Ainda na década de 1970, iniciou trabalhos fotográfcos em Polaroid. A partir de 1980, coordenou a ofcina Descondicionamento do Olhar, realizada em eventos como a Semana Nacional da Fotografa do Instituto Nacional da Fotografa, da Funarte, no Rio de Janeiro, e o Mês Internacional da Fotografa, promovido pelo Núcleo de Amigos da Fotografa - NAFoto, em São Paulo. De 1989 a 1999, atuou como consultor técnico da Polaroid do Brasil. Em 1991, recebeu a Bolsa Funarte Marc Ferrez de Fotografa. Em 1997, recebeu o Prêmio Performa da Revista Fhox como fotógrafo do ano de 1996. Tem trabalhos fotográfcos na Polaroid World Collection, na Coleção Pirelli / MASP de Fotografa e na Fototeca Cubana, entre outros acervos.

CLICIO BARROSO FILHO (São Paulo, SP, 1954) p. 037 Fotógrafo. Cursou a Camera Photoagenthur / Nikon School of Photography, nos anos 70. Tem formação em design de multimídia pelo Senac-SP. Após passar pelo Estúdio Abril, morou e trabalhou em São Paulo, Rio de Janeiro, Estados Unidos e Europa, fotografando editoriais de moda e publicidade. Atualmente trabalha para agências nacionais e norte-americanas. Recebeu por três vezes o Prêmio Abril de Jornalismo, na categoria Fotografa. Tem ministrado cursos e palestras no Brasil e no exterior, em instituições como Senac, Escola São Paulo, Escola Panamericana e Madalena CEI. Tem mais de 20 cursos online pela plataforma EduK. É um dos sócios do ADI - Atelier de Impressão, especializado em impressões fneart e metacrilatos.

CLOVIS DARIANO (Porto Alegre, RS, 1950) p. 038 Fotógrafo e artista visual, iniciou nas artes na década de 1960, com desenho e pintura, para então fnalmente se dedicar à fotografa. Estudou com Iberê Camargo, fundou e dirige seu próprio estúdio fotográfco desde 1970, alternando fotografa publicitária e autoral utilizando técnicas mistas. Em 1977, idealizou o coletivo Nervo Óptico, com Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Mara Alvares, Telmo Lanes e Vera Chaves Barcellos, publicação que abriu espaço para a discussão de novas poéticas visuais. Foi conselheiro em fotografa para a Casa de Cultura Mario Quintana, com Leopoldo Plentz. Ministra ofcinas e palestras sobre a fotografa e suas possibilidades artísticas em diversas universidades.

CRIS BIERRENBACH (São Paulo, SP, 1964) p. 039

Fotógrafa, artista multimídia, graduada em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), trabalhou por longo tempo como fotojornalista do jornal Folha de

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S.Paulo. Atualmente desenvolve produção em diversos campos das artes visuais: fotografa, vídeo, instalação e performance. Sua pesquisa visual explora as potencialidades técnicas da fotografa, seja dos meios digitais, seja dos processos fotográfcos do século XIX, como o daguerreótipo, pelo qual recebeu o Prêmio Porto Seguro de Pesquisas Contemporâneas (2004).

CRIS VEIT (São Paulo, SP, 1969) p. 040 Fotógrafa e editora. Antes de adotar a fotografa como forma de expressão, atuou como Diretora de Arte e Editora de Fotos em diversas publicações, entre elas a National Geographic Brasil. Desde 2017 dedica-se a realizar projetos autorais em séries como Poc (2019), desenvolvida durante a residência 20 Fotógrafos Atitlán, na Guatemala, A jornada da apaixonada (2020-2021) e Essa casa é liberdade para mim  (em andamento). Nelas, mescla linguagem documental, imagens de arquivo e elementos simbólicos para investigar temas que se baseiam em experiências pessoais e nas escolhas que fez como mulher.

CRISTIANO MASCARO (Catanduva, SP, 1944) p. 041 Fotógrafo. Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, é mestre e doutor pela mesma instituição. Sua extensa obra documenta a paisagem urbana e a arquitetura, especialmente no estado de São Paulo e sua capital, além do patrimônio histórico de todo o Brasil. Após integrar a primeira equipe da revista Veja, onde permaneceu até 1972, realizou para a Pinacoteca do Estado o projeto Bom Retiro e Luz: um roteiro, abordando os dois bairros no entorno do Museu. Esta série inaugura a coleção de fotografa da instituição e anuncia os principais traços de sua obra: seu interesse pelas cenas prosaicas, pelo espaço urbano e seus habitantes, as composições geométricas, além do uso da fotografa em preto e branco, com altos contrastes, presente ao longo de toda sua produção. Na série Luzes da Cidade, reforça essas características para traçar uma cena urbana e arquitetônica reforçada pela luz, sombras e pela presença de seus habitantes. Recebeu o Prêmio Internacional de Fotografa Eugène Atget (1984), a Bolsa Vitae de Fotografa (1989) e o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografa pelo conjunto de sua obra (2007). É autor dos livros A Cidade (1979), Luzes da Cidade (1996), São Paulo (2000) e O Patrimônio Construído - as 100 mais belas edifcacoes do Brasil (2003). Foi homenageado pela 6.ª Bienal Internacional de Arquitetura e Design (2006), com a mostra O Brasil em X, em Y, em Z.

DANIEL KFOURI (São Paulo, SP, 1975) p. 042 Fotógrafo e videomaker. Após uma carreira como designer gráfco, inicia no fotojornalismo, tendo colaborado por 20 anos com Folha de S.Paulo, The New York Times, Nike, revistas da editora Abril e agências de notícias como France Presse, Associated Press e Getty Images, além de desenvolver trabalhos autorais, como os ensaios Não Para, que conta a história do Corinthians na série B, e Mulheres de areia, sobre cariocas jogando ‘altinha’, uma espécie de jogo de futebol. Já foi premiado em três concursos internacionais: World Press Photo (2010), o maior prêmio do fotojornalismo mundial, Picture of the Year Latin America (2011) e Lauréat Prix Canon de Saint-Tropez (2016). Ganhou o Prêmio Foto em Pauta, na categoria Livro de Fotografa (2017), que lhe permitiu editar seu livro HI-FI (2018), resultado de duas viagens a Cuba. Em 2017 migrou para o audiovisual, e vem desenvolvendo flmes documentais com uma linguagem autoral. Teve o seu primeiro curta-metragem premiado em 2019 no 14.º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro.

DANIEL KLAJMIC (Rio de Janeiro, RJ, 1976) p. 043

Fotógrafo e realizador de flmes. Estudou Comunicação Social (PUC-Rio) e começou na área de fotografa de moda, colaborando com publicações como Vogue e Visionaire, além de assinar diversas campanhas publicitárias e editoriais de moda. Tanto nos trabalhos comissionados quanto nos pessoais, se interessa pelo retrato. Nos projetos documentais, retrata temas dos subúrbios do Rio de Janeiro, como o piscinão de Ramos e o Lixão. Tem obras no acervo da Coleção Pirelli / MASP e recebeu o Prêmio Hasselblad Master (2004). Desde 2014 trabalha para a Prodigo Films dirigindo flmes.

DANILO VERPA (Londrina, PR, 1983) p. 044

Fotógrafo. Graduado em jornalismo, atuou em diversos veículos de comunicação e agências, como

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Diário do Comércio, Futura Press e Folha do Norte, de Londrina. Trabalha desde 2009 na Folha de S.Paulo. Participou de coberturas nacionais e internacionais em 18 estados brasileiros e oito países. Esteve presente em eventos como eleições presidenciais, Copa do Mundo, Olimpíadas, Jogos Pan-Americanos e Copa América. Registrou desastres naturais pelo Brasil e operações do Exército Brasileiro no Haiti. Recebeu o prêmio POY Latam (2017) e foi fnalista do POY Internacional. Em 2021, foi vencedor do prêmio Vladimir Herzog na categoria Multimídia. Recentemente exibiu seu trabalho sobre a Cracolândia de São Paulo no Museu Dragão do Mar, em Fortaleza, na exposição Terra em Transe, com curadoria de Diógenes Moura.

DAVILYM DOURADO (São Paulo, SP, 1975) p. 045 Artista visual. Graduado em Sociologia com especialização em Antropologia Visual, começou seus estudos em fotografa em 1999 no ICP - International Center of Photography, em Nova York. Desenvolve projetos que transitam entre fotografa documental, experimental e audiovisual em séries como Santinhos, baseada na apropriação e interferência em imagens de santinhos políticos, e Monster, com forte apelo formal, que registra o que restou de automóveis de luxo após acidentes de trânsito, fnalista do Prêmio Conrado Wessel (2016), ou ainda os ensaios de caráter ecológico Chuva fora de lugar e Três Rios - a Poética das Águas, contemplados, consecutivamente, com o XV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa, na categoria fotolivro (2015), e XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2021), na categoria ensaio.

DELFIM MARTINS (Barcelos, Portugal, 1951) p. 046 Fotógrafo. Dedica-se à fotografa documental e jornalística desde os anos 1970. Começou sua carreira como freelancer da revista Visão, e em 1979 fundou, junto com Nair Benedicto, Juca Martins e Ricardo Malta, a Agência F4 de Fotojornalismo, que desenvolve ensaios sobretudo de cunho social. Tem suas imagens publicadas nos livros São Paulo Além da Metrópole (1990), Interiores (1991), Nossa Gente (1994), Travessia, Do Sertão ao Agrobusiness, em parceria com Juca Martins, e Presença do Brasil (1995).

DENISE CAMARGO (São Paulo, SP, 1964) p. 047

Artista multimídia e pesquisadora. Graduada em Jornalismo (ECA-USP), mestre em Ciências da Comunicação (ECA-USP), doutora em Artes (IA-Unicamp) e pós-graduada (Navarra, Espanha). É docente no Departamento de Artes Visuais do IdA-UnB. Sua atuação artística abrange a poética das relações, as matrizes ancestrais da diáspora negra e os corpos em territórios de resistência social e política. Sua abordagem é autobiográfca e decolonial. O projeto De cor da pele (2015-2019), por exemplo, é uma instalação audiovisual que apresenta o racismo estrutural da brasileiro na autoidentifcação de raça ou cor perguntada pelo IBGE. Já em E o silêncio nagô calou em mim, a artista adentra as cerimônias de candomblé, revelando um espaço de experiências e saberes ancestrais. Ganhou, entre outros, os prêmios Brasil Fotografa (2013) e Palmares (2012). No Ateliê Oju, gesta projetos socioculturais e curatoriais próprios e para outros artistas. Participa de festivais de fotografa no Brasil, integra o júri do World Press Photo e a equipe curatorial da bienal BredaPhoto.

DIÓGENES MOURA (Recife, PE, 1952) p. 048 Escritor, curador, editor. Foi curador de fotografa da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde permaneceu de 1993 a 2013, período em que consolidou o acervo fotográfco da instituição. Fez a curadoria de inúmeras exposições de fotografa, a mais recente sendo Terra em Transe, montada no Museu Afro Brasil, em São Paulo (2021), e no Dragão do Mar, em Fortaleza (2019). Sua produção literária inclui Fic c ão Interrompida  (2010), premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e fnalista do Prêmio Jabuti (2011), Fulana Despedaçou o Verso (2014) e O livro dos monólogos (recuperação para ouvir objetos), de 2019, que conecta seus dois campos de atuação: a literatura e a fotografa.

ED VIGGIANI (São Paulo, SP, 1958) p. 049 Fotógrafo. Começou a carreira de fotojornalista em 1978, em São Paulo, como freelancer do Jornal da Tarde e da revista Manchete, e colaborou em seguida com diversos veículos de imprensa, como

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IstoÉ, Veja, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. Em 1987, com Rosa Gauditano e Emidio Luisi, cria a Agência Fotograma Fotojornalismo e Documentação. A partir dos anos 1980, desenvolve ensaios documentais em torno das manifestações culturais e religiosas brasileiras, em diversas regiões: a procissão dos farricocos, em Goiás Velho, a romaria do padre Cícero em Juazeiro do Norte e a festa de Círio do Nazaré, em Belém, entre outras manifestações populares. Em 1991, seu projeto Irmãos de Fé, sobre manifestações religiosas no Brasil, ganhou o prêmio The Mother Jones International Fund for Documentary Photography, nos Estados Unidos. Também desenvolveu extensa documentação sobre o futebol, entendida como manifestação cultural.

EDER CHIODETTO (São Paulo, SP, 1965) p. 050 Curador, editor especializado em fotografa, jornalista, fotógrafo, mestre em Comunicação e Artes pela ECA-USP. Atuou no jornal Folha de S.Paulo entre 1991 e 2004. Curador do Clube de Colecionadores de Fotografa do MAM-SP desde 2006, além de coordenar o Ateliê Fotô, espaço de estudos e criação em fotografa. É um dos responsáveis, junto com Fabiana Bruno e Elaine Pessoa, pela editora Fotô Editorial, criada em 2016, especializada em livros de fotografa autoral. É autor dos livros O Lugar do Escritor (2003), um dos vencedores do prêmio Jabuti, Curadoria em Fotografa: da pesquisa à exposição, contemplado com o XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2012), Gerac ão 00: A Nova Fotografa Brasileira (2013) e German Lorca (2013). Foi curador das seguintes exposições de fotografa: Olhar e Fingir - Fotografas da Colec ão Auer (MAM-SP, 2009); A Invenção de um Mundo - Acervo da Maison Européenne de la Photographie (Itaú Cultural, 2009); Geração 00: A Nova Fotografa Brasileira  (Sesc Belenzinho, 2011), O Elogio da Vertigem: Colec ão Itaú de Fotografa Brasileira (Maison Européenne de la Photographie, Paris, 2012) e Mythologies (Shiseido Gallery, Tóquio, 2012), entre outras.

EDER RIBEIRO (Cáceres, MT, 1967) p. 051 Curador e editor. Graduado em Arquitetura, possui mestrado em Arquitetura (École Nationale Supérieure d’Architecture Paris-Malaquais) e Artes Visuais / Fotografa (Université Paris 8). É pesquisador e colecionador de fotografa vernacular / anônima. Em 2017, criou com Renata Rosa o projeto Esquina, de pesquisa curatorial em fotografa contemporânea, do qual foi curador e produtor. Desde 2019 coordena o Grupo de Estudos Narrativas Visuais na Casa Contemporânea (São Paulo). Curador das exposições Fotografa e além (2017), A ilusão da casa (2018) e When we left to the moon, de Vitor Bossa (2020). Fundou em 2019 a Alter Edições, editora independente especializada em livros de fotografa.

EDU SIMÕES (São Paulo, SP, 1956) p. 052 Fotógrafo. Iniciou sua carreira em 1976 e foi um dos membros fundadores da agência F4, além de editor-assistente de fotografa da revista IstoÉ e editor de fotografa das revistas Bravo e República. Colaborou com a revista Cadernos de Literatura Brasileira (IMS), em que desenvolveu ensaios fotográfcos sobre as cidades onde moraram importantes escritores brasileiros. A partir dos anos 2000, desenvolve projetos documentais, sobretudo através do retrato, abordando diferentes aspectos da sociedade brasileira e dando protagonismo às populações marginalizadas, como em Projeto 59, uma refexão sobre o extermínio de jovens negros da periferia, Eu tenho um sonho (2013), série que reúne retratos e depoimentos de jovens moradores da favela da Rocinha, Karimu Angola, sobre moradores da zona rural de Angola, e Gastronomia para um dia de trabalho duro (2004), na qual os trabalhadores da construção civil se fazem presentes através de suas marmitas diárias. Recebeu os prêmios Vladimir Herzog de Direitos Humanos (1980), Aberje de Fotografa (1989), Abril de Ensaio Fotográfco (1995) e Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2012).

EGBERTO NOGUEIRA (São Paulo, SP, 1966) p. 053

Fotojornalista, videomaker, produtor cultural e curador. Ingressou na agência Angular, onde pôde trabalhar para as agências internacionais Reuters e France Presse. Publicou, além da imprensa nacional, nas revistas Time, Newsweek e Der Spiegel. Foi contratado como fotógrafo especial da revista Veja em 1991. Em 2001, abre a Ímã Foto Galeria, espaço dedicado à fotografa brasileira. Continua a colaborar com veículos de imprensa, como Veja, piauí, Folha de S.Paulo e O Globo, entre outros. Suas fotografas integram as coleções Pirelli / MASP e MAM.

MINIBIOGRAFIAS 195

ELZA LIMA (Belém, PA, 1952) p. 054

Fotógrafa. Seu trabalho documental resgata as tradições culturais da Amazônia, retratando seus habitantes e suas paisagens. Foi bolsista do Kunstmuseum Thurgau, na Suíça, entre abril e novembro de 1995. Recebeu a bolsa Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1996) pela série Rota d’água, projeto sobre quilombos da região do rio Trombetas. Recebeu ainda a bolsa Vitae (1999) por Viagem ao Cuminá, refazendo, um século depois, a viagem da cartógrafa Otille Coudreau, primeira mulher a fotografar a Amazônia. Atualmente desenvolve trabalho de documentação das manifestações culturais na região conhecida como Baixo Amazonas, no estado do Pará.

ENEIDA SERRANO (Porto Alegre, RS, 1952) p. 055

Fotógrafa. Graduada em jornalismo pela UFRGS, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, integrou a Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (1977-1978) e colaborou nas sucursais das revistas IstoÉ, Veja, Marie Claire e Cláudia, antes de desenvolver seus projetos pessoais, como Santa Soja (1979) e Ponto de Vista (1980). Dedica-se também a pesquisar história da fotografa, sendo responsável pelo resgate de Lunara (1864-1937), pioneiro da fotografa gaúcha, e do patrimônio histórico, tendo documentado para o IPHAN os sítios tombados das Missões e Antônio Prado, entre outros.

EUGÊNIO SÁVIO (Belo Horizonte, MG, 1966) p. 056 Fotógrafo, professor e produtor cultural. Graduou-se em Jornalismo pela UFMG, é mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Como fotojornalista, colaborou com diversas publicações, jornais, revistas e agências internacionais. Cobriu a Olimpíada de Pequim e cinco Copas do Mundo. Criou em 2004 o Festival Foto em Pauta, em Belo Horizonte, e o Festival de Fotografa de Tiradentes, em 2011, projetos dedicados à divulgação e fortalecimento da fotografa contemporânea no Brasil. Foi presidente da Rede de Produtores Culturais da Fotografa no Brasil. Em 2020 e 2021, participou da organização do projeto Por dentro de um tempo suspenso, parceria inédita entre Foto em Pauta, FotoRio, Solar Foto Festival e DOC Galeria, que selecionou imagens produzidas no Brasil durante a pandemia, envolvendo desde trabalhos documentais até os mais poéticos, com imagens de fotógrafos e fotógrafas de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, fato sem precedentes na longa história da fotografa brasileira.

EUSTÁQUIO NEVES (Juatuba, MG, 1955) p. 057 Fotógrafo, artista multimídia. Graduado em química pela Escola Politécnica de Minas Gerais, tornou-se fotógrafo de maneira autodidata. Sua narrativa visual é estruturada através da expansão e reapropriação da fotografa, incluindo manipulação química e física e seu rearranjo em sobreposições e camadas. Tem no cinema uma de suas primeiras referências, e se interessa pela hibridização da fotografa com outros meios, como as artes gráfcas, a pintura e o desenho. A partir de suas memórias e registros pessoais, aborda as questões ligadas à identidade e à memória da cultura afrodescendente no Brasil. Recebeu o VII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1994), o Prêmio Nacional de Fotografa / Funarte (1997) e o Grande Prêmio J.P. Morgan de Fotografa (1999). Expôs no 5.º Rencontres de la Photographie Africaine (Bamako, Mali, 2003) e na Bienal de São Paulo - Valência (2007), entre outras.

EVANDRO TEIXEIRA (Irajuba, BA, 1935) p. 058 Fotógrafo. Começou sua carreira em 1958, no Diário de Notícias de Salvador, indo em seguida para o Diário da Noite, do Rio de Janeiro, para onde se mudou. A partir de 1963, ingressa no Jornal do Brasil, onde permanece até 2010 e produzirá grande parte de sua obra fotojornalística, cobrindo desde temas políticos, durante a ditadura militar, até eventos esportivos. É autor dos livros Fotojornalismo (1983), com textos de Carlos Drummond de Andrade, Antonio Callado e Otto Lara Resende, Canudos 100 anos (1997), um registro histórico e poético do cenário da guerra e de sobreviventes com mais de 100 anos, e 68 destinos: Passeata dos 100 mil (2008), sobre os participantes da manifestação contra a ditadura militar, fotografados quatro décadas mais tarde. Em 1994 foi incluído na Enciclopédia Suíça de Fotografa. Suas fotos integram as coleções do Museu de Belas Artes (Zurique, Suíça), Museu de Arte Moderna La Tertulia (Cali, Colômbia), MASP, MAC-USP e MAM-Rio. Ao longo de sua carreira de mais de 60 anos, participou de incontáveis exposições coletivas e individuais, nacionais e internacionais. Ainda hoje é comum encontrar Evandro com a sua câmera aonde quer que vá.

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FAUSTO CHERMONT (São Paulo, SP, 1961) p. 059 Fotógrafo. Graduou-se em administração de empresas pela PUC-SP. Começou a trabalhar como fotógrafo profssional em 1981. Fundou em 1987, com Mark James Timoner, o Nonsense Studio de São Paulo, especializado em fotografa comercial. Foi diretor da União dos Fotógrafos do Estado de São Paulo entre 1988 e 1991. Em 1991, com Rubens Fernandes Junior, Rosely Nakagawa e Nair Benedicto, fundou o Núcleo de Amigos da Fotografa - NAFoto, sendo um dos organizadores de diversas edições do Mês Internacional da Fotografa. Recebeu prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte em 1994 e 1998. De 1993 a 2003, coordenou projetos de fotografa e novas tecnologias no MIS-SP. Recebeu menção honrosa no Prêmio Porto Seguro de Fotografa, em 2003.

FECO HAMBURGER (São Paulo, SP, 1970) p. 060 Artista visual, fotógrafo e professor. Utiliza a fotografa como meio de sua pesquisa visual, em conexão com a ciência, o tempo e a natureza humana. Atua na fotografa editorial e publicitária, e recebeu o Prêmio Abril de melhor ensaio fotográfco. Já expôs na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no MAM-Rio e no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, entre outras instituições. Publicou O falcão peregrino, seu primeiro livro, no qual mistura fotografa pessoal, memórias familiares e imagens científcas.

FELIPE ABREU (Campinas, SP, 1989) p. 061 Fotógrafo, curador e editor. Graduado em Cinema pela Universidade de São Paulo (2012) e com mestrado em Artes Visuais pela Unicamp (2018). Como fotógrafo, foi premiado no Brasil e na Europa, com trabalhos expostos nos principais festivais brasileiros, como FestFotoPOA, Valongo e Festival de Tiradentes, e em eventos de relevância internacional na Espanha, Itália, Inglaterra e França. Foi coordenador do Espaço Coletivo de Publicações do Valongo (2016 e 2017) e assinou curadorias para o festival e para o Rencontres d’Arles (2019). Um de seus principais projetos dentro do âmbito fotográfco foi a criação e edição da revista OLD (2011-2019), que publicou o trabalho de cerca de 350 fotógrafos divididos em mais de 75 edições. Com grande interesse pelas publicações fotográfcas, Felipe é autor dos livros APROX. 50.300.000 (2017) e Folie à Deux (2019) e editor de uma série de fotolivros, reconhecidos nacional e internacionalmente.

FELIPE DANA (Rio de Janeiro, RJ, 1985) p. 062 Fotojornalista. Graduado em fotografa, ingressou em 2009 na agência Associated Press. Registrou a convulsão social no Rio de Janeiro durante a preparação para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Documentou a violência urbana na América Latina, a epidemia de Zika, a crise de migrantes na Europa e na África e os confitos no Oriente Médio. Seu trabalho já recebeu diversos prêmios, incluindo World Press Photo, POYi - Imagens do Ano Internacional e Latam, OPC - Overseas Press Club, NPPA, CHIPP e Atlanta Photojournalism, entre outros. Fez parte das equipes fnalistas do Pulitzer em 2017, 2018, 2019 e 2021.

FERNANDO BUENO (Porto Alegre, RS, 1954) p. 063 Fotógrafo. Graduou-se em Publicidade e Propaganda e começou a carreira de fotojornalista em 1972 no jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Fundou em 1976 a FBueno Produções Fotográfcas, especializada em fotografa publicitária e corporativa. Nos últimos anos tem produzido sobretudo para o setor do agronegócio. Fez parte da diretoria do Clube de Criação do RS e é membro da Abrafoto desde 1987. Foi professor de Fotografa Publicitária para o Curso de Comunicação Social na PUC em 1997 e 1998. Recebeu Menção Honrosa conferida por Nikon Internacional Contest em 1975 e 1976. Participou da Exposição Coleção Pirelli / MASP (2006) e tem obra nessa mesma coleção.

FERNANDO COSTA NETTO (São Paulo, SP, 1960) p. 064 Jornalista e fotógrafo. Idealizador da Mostra SP de Fotografa, foi um dos fundadores da revista Trip, em 1986. É sócio da DOC, Galeria de Fotografa e Escritório de Projetos Culturais. Foi editor-chefe do jornal Notícias Populares (1997-2000). É integrante do coletivo Polaroid SX70. Cobriu as guerras em El Salvador (1990), Bósnia (1993) e Palestina (2001). É curador da exposição da Av. Paulista, a maior exposição a céu aberto do país. Participou de inúmeras exposições e fez a curadoria, entre

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outras, de Futebol Majestade e Peladas. É conselheiro do Instituto ASAS, voltado para jovens talentos. Participou das exposições Fotocolecionismo (Galeria Luisa Strina, 1999), Imagens da Violência, Retrato da Exclusão (MIS, 2000), SX70 (Galeria Vermelho, 2002), Dear Sarajevo (Caixa Cultural, 2006), entre outras. Curou a coletiva WTC 1973-2011 SP / NY, um olhar brasileiro sobre o WTC, exibida no Brasil e em Nova York em 2011, e Na Linha de Frente, no Museu da Fotografa de Fortaleza, em 2016. Em 2021 publicou o livro Maybe Airlines (Garoa Livros), no aniversário de 25 anos do fm do cerco à cidade de Sarajevo.

FERNANDO DE TACCA (Franca, SP, 1954) p. 065 Professor e pesquisador. Graduou-se em Ciências Sociais, é mestre em Multimeios e doutor em Antropologia. Foi professor livre-docente no Departamento de Multimeios, Mídia & Comunicação do Instituto de Artes (Unicamp), professor brasileiro visitante na Universidade de Estudos Estrangeiros de Osaka, Japão, e assumiu a Cátedra de Estudos Brasileiros na Universidade de Buenos Aires, em 2004. Foi vencedor do I Concurso Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1984) e contemplado pela Bolsa Vitae de Artes em 2002. Em 2006, ganhou o Prêmio Pierre Verger de Fotografa da Associação Brasileira de Antropologia e o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico Zeferino Vaz (Unicamp). Publicou o livro A Imagética da Comissão Rondon (2001). Foi idealizador e coordenador editorial da Revista eletrônica Studium (2000-2019).

FERNANDO LEMOS (Lisboa, 1926 - São Paulo, 2019) p. 066 Fotógrafo. Foi pintor, gravurista, designer gráfco e poeta. Mudou-se para São Paulo em 1952, onde construiu grande parte de sua obra. Realizou inúmeras exposições individuais, entre elas oito edições da Bienal de Arte de São Paulo. Em 1949, inicia uma obra experimental fortemente infuenciada pelo surrealismo, através de retratos de intelectuais e artistas, além de imagens do cotidiano. Lecionou Artes Gráfcas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Publicou o livro Na Casca do Ovo, o Princípio do Desenho Industrial  (2003), com seus escritos sobre design. Recebeu o Prêmio Especial de Fotografa Porto Seguro em 2006. Em 2012, ganhou uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

FLÁVIO DAMM (Porto Alegre, 1928 - Rio de Janeiro, 2020) p. 067 Fotógrafo. Iniciou o contato com a fotografa como auxiliar laboratorista do fotógrafo alemão Ed Kefel. Em 1946, passou a colaborar com a Revista do Globo. Ficou nacionalmente conhecido a partir da série sobre o autoexílio de Getúlio Vargas em sua fazenda após seu afastamento da presidência da República. Passou então a colaborar com O Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores, junto com José Medeiros, da agência fotográfca Image, em 1962. Publicou, entre outros, os livros Ilustrações do Rio (1970), Um Cândido Pintor Portinari (1971) e Fotografas de Flávio Damm (1990). Sua obra foi reunida na exposição 50 Anos de Fotografa - Flávio Damm, Um Fotógrafo (1998), apresentada no CCBB (RJ), além de participar da mostra coletiva As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre o Cruzeiro (1940-1960), no Instituto Moreira Salles.

FRANCISCO PRONER (Curitiba, PR, 2000) p. 068 Fotojornalista, começa a fotografar a partir de uma expedição realizada em 2015, através de 3 continentes. Na mesma época, trabalha com as redes Mídia NINJA e Jornalistas Livres durante a cobertura de protestos e da crise política no Brasil. Em 2017, completou o curso de Dramaturgia e Redação Documental na Escola Internacional de Cinema e Televisão (EICTV), em Cuba, e foi aluno do programa de estudantes da Canon / Magnum Photos no festival Visa Pour L’Image. No mesmo ano começa a desenvolver seu projeto pessoal, Anomia, um trabalho de longo prazo ainda em andamento. É membro das agências Vu (França) e Farpa (Brasil), além de colaborar como freelancer para o The New York Times, The Guardian, Le Monde e El País

GABRIEL CHAIM (Belém, PA, 1982) p. 069 Fotojornalista e cinegrafsta. Especializado em áreas de confito e situações de catástrofe. Colabora com CNN, Spiegel TV e Globo TV. Indicado ao Emmy e duas vezes vencedor do New York Festivals. Desde 2011 tem coberto regularmente o Oriente Médio, incluindo a guerra na Síria, as operações do

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exército curdo Peshmergas, no Curdistão, a operação militar do Iraque, em Mossul, a Faixa de Gaza, o Irã e os campos de refugiados na Jordânia e na Turquia.

GAL OPPIDO (São Paulo, SP, 1952) p. 070

Fotógrafo, músico, designer e professor. Formado em Arquitetura, realizou sua primeira exposição individual, Veracidade (1981), no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SP). Possui trabalhos de fotografa nas áreas de artes cênicas, arquitetura e projetos gráfcos. Sua obra autoral se estrutura sobretudo através de um olhar sobre a cidade e seus habitantes, onde o corpo humano tem protagonismo. Foi professor de design gráfco no Instituto de Arte e Decoração de São Paulo (Iade) e de Linguagem Visual na FAU - PUCCAMP. Expondo desde 1981, sua obra integra o acervo do MASP e do MAM-SP, entre outros. Nesta última instituição, ministra curso de Linguagem Fotográfca desde 2001.

GERMAN LORCA (São Paulo, 1922 - São Paulo, 2021) p. 071 Fotógrafo. Diplomado em ciências contábeis, participou, a partir de 1948, do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB), associação que abrigou grande parte dos fotógrafos modernistas de São Paulo. Registrou sobretudo cenas urbanas e os habitantes da cidade, especialmente da região central. Após a passagem pelo FCCB, abriu o G. Lorca Foto Studio, onde se dedicou à fotografa técnica, comercial e às reportagens. Recebeu o Prêmio Colunistas, concedido pela revista Meio & Mensagem, em 1985 e 1989, além de receber, pelo conjunto da obra, o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografa (2003), ano em que abandona a fotografa comercial e passa a se dedicar exclusivamente aos seus projetos autorais e à organização do seu vasto acervo. Sua produção da época do FCCB, bem como a dos outros participantes, é comentada em A Fotografa Moderna no Brasil (1995). Em 2018, ganhou uma retrospectiva intitulada German Lorca: Mosaico do Tempo, 70 Anos de Fotografa, no Itaú Cultural (SP).

GIANCARLO MECARELLI (Trevi, Itália, 1946) p. 072 Fotógrafo, galerista e produtor cultural. Iniciou sua carreira em 1964, no mercado publicitário, como ilustrador e assistente de direção de arte. Após passar por importantes agências de publicidade brasileiras, como Standard Propaganda, Alcântara Machado, DPZ, McCann Erickson e Denison, se estabelece em Milão a partir de 1984, onde começa a fotografar em paralelo ao trabalho de diretor de arte. Na Europa, trabalhou como diretor de arte em Barcelona, Madri e Milão para a Young & Rubicam, J.W. Thompson, McCann Erickson, entre outras. Em 2004 lança o livro City Angels, e nesse mesmo ano visita Paraty, onde se instala defnitivamente em 2005, abre a Galeria Zoom e cria o Paraty em Foco - Festival Internacional de Fotografa, evento anual que está entre os mais tradicionais do calendário fotográfco brasileiro e latinoamericano.

GILVAN BARRETO (Jaboatão, PE, 1973) p. 073 Fotógrafo, artista visual. Sua obra se debruça sobre as questões políticas e sociais do Brasil, trafegando entre a memória individual, como em Moscouzinho, e a memória coletiva, em Postcards from Brazil. Nesta última, fotografas de bancos de imagem do Governo Federal são transformadas em cartões postais, representando as belezas naturais brasileiras que serviram de cenário para atrocidades cometidas durante a ditadura. Esta série lhe rendeu o Prêmio Nacional de Fotografa Pierre Verger (2017). Recebeu o Prêmio Conrado Wessel e foi um dos artistas selecionados pelo programa Rumos, do Itaú Cultural. Sua extensa produção editorial inclui os livros Suturas (2016), Sobremarinhos (2015), O Livro do Sol (2013) e Moscouzinho (2012).

GUI MOHALLEM (Itajubá, MG, 1979) p. 074 Fotógrafo, artista visual, videomaker. Graduado em Cinema e Vídeo pela ECA-USP, combina fotografa, vídeo e poesia em séries que tratam de território, memória e identidade (Mar Branco, Welcome Home e Tcharafna), ou ainda paisagem e natureza (O rio e O Imanifesto, Terra). Participou do programa Descubrimientos, do PHotoEspaña, e do 18.º Festival Sesc_Videobrasil. Ganhou o 2.º lugar no prêmio Conrado Wessel (2011). Publicou os livros Welcome Home (2012), realizado a partir de diversas viagens de imersão em um santuário queer no interior dos EUA, e Tcharafna (2014), em que empreende uma viagem ao Líbano em busca do ramo da família do seu pai.

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GUI PAGANINI (São Paulo, SP, 1963) p. 075

Fotógrafo. Especializado em fotografa de moda, seu primeiro trabalho foi para a revista Moda Brasil. Fotografou para as principais revistas especializadas, além de ter realizado campanhas publicitárias para o universo da moda. Participou das exposições Fotografa em Revista, no Museu de Arte Brasileira (MAB - FAAP) em 2009, 17.ª Colec ão Pirelli / MASP de Fotografa (2009), Flávio de Carvalho Desveste a Moda da Cabeça aos Pés, no Museu Brasileiro de Escultura (2010), e Fotografas de Moda, na Galeria Mario Cohen (2018).

HIROSUKE KITAMURA (Osaka, Japão, 1967) p. 076

Fotógrafo, videoartista. Graduado em Letras pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Kyoto, veio em 1990 para um intercâmbio em Salvador, onde acabou fxando residência. Trabalhou como estagiário em um banco e deu aulas de japonês. Começa a fotografar a partir de 1995. Sua obra transita entre o real e onírico, com imagens densas que revelam o banal, o cotidiano ou a face escondida da cidade e seus habitantes.

HUDSON RODRIGUES (São Paulo, SP, 1981) p. 077

Fotógrafo e diretor criativo, um homem negro natural de São Paulo. Formado em design gráfco, começou a fotografar em 2007 e tem um trabalho voltado para a cena urbana e seu cotidiano, retratando alguns aspectos da vida em uma cidade grande e seus personagens, mas não deixando de lado outros temas e aspectos que fogem do meio urbano. Sua primeira exposição individual foi Bambas (Nova Fotografa MIS, 2018), seguida de Salão Nacional de Fotografa Pérsio Galembeck (2019) e Central, Arte Ocupa - Heavy House (2020). Em 2020, participou das exposições coletivas Programa Convida, no IMS, e Afrotometria, na Estação Brooklin do metrô. Também em 2020, inicia sua carreira como diretor criativo, dirigindo videoclipes dos artistas brasileiros Projota e Drik Barbosa, entre outros. Seu trabalho foi publicado em veículos como Rolling Stone Brasil, Vice, Eyeshot Street Fashion e omenelick2ato. Ganhou os prêmios Life Framer e Salão Nacional de Fotografa Pérsio Galembeck.

IATÃ CANNABRAVA (São Paulo, SP, 1962) p. 078 Fotógrafo, editor, curador e produtor cultural. Iniciou suas atividades como fotógrafo freelancer, fotojornalista e professor em São Paulo na década de 1980, após ter vivido em diversos países da América Latina. Foi presidente da União dos Fotógrafos de São Paulo e organizou mais de 40 exposições. Criou e dirigiu o Estúdio Madalena, centro de pesquisa e formação da fotografa, onde foram realizados mais de 80 workshops, além de projetos especiais, como Revele o Tietê que Você Vê (1991), Foto São Paulo (2001) e Povos de São Paulo - Uma Centena de Olhares sobre a Cidade Antropofágica (2004). Foi diretor do Festival Paraty em Foco, do Festival de Imagem Valongo (Santos) e fundador e curador do Fórum Latino-Americano de Fotografa de São Paulo, realizado pelo Itaú Cultural. Recebeu os prêmios Kodak (1985) e Marc Ferrez (1988), entre outros.

IGNACIO ARONOVICH (Buenos Aires, Argentina, 1969) p. 079 Fotógrafo. Com trabalhos produzidos em várias partes do mundo, como Jordânia, Laos, Camboja, Alasca, Bolívia, Marrocos e Zâmbia, entre outros destinos, já documentou algumas das competições esportivas mais difíceis do mundo, como o Raid Gauloises e a Race Across America. Cobriu campanhas ambientais da Sea Shepherd na Antártida e no Canadá. Expôs na 202 Gallery, da Otto Design Group, na Philladelphia. Com Louise Chin, é um dos criadores do coletivo Lost Art (São Paulo), que desde 2000 produz trabalhos fotográfcos, audiovisuais e exposições. Participaram da primeira edição Backjumps: Live Issue em Kreuzberg, Berlim, junto com Banksy, Shepard Fairey, WK Interact e Swoon. Publicaram o livro Grafti Brasil pela Thames & Hudson em 2005. Em 2008, participaram do Festival della Creatività em Florença, na Itália, e expuseram Untamed Brazil no Museu Crystal Worlds em Innsbruck, na Áustria. Foi o idealizador do evento Foto_Invasão, realizado em duas edições na Red Bull Station.

ISABEL AMADO (Rio de Janeiro, RJ, 1963) p. 080 Galerista, curadora , colecionadora. Começou sua carreira em meados dos anos 1980, na extinta Galeria Fotoptica, fundada por Thomaz Farkas. Entre 1988 e 1997 realizou 74 exposições de alguns

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dos principais fotógrafos brasileiros. A partir de 1997, passou a coordenar o Departamento de Fotografa do MIS-SP, onde permaneceu até 2000. Dirige a empresa Anima Montagem, especializada na organização e manutenção de arquivos e acervos de fotografa. É uma das responsáveis pela reavaliação crítica e redescoberta da fotografa moderna brasileira, sobretudo dos autores reunidos em torno do Foto Cine Clube Bandeirantes.

IVAN PADOVANI (São Paulo, SP, 1978) p. 081 Fotógrafo, artista multimídia. Graduado em Administração, pós-graduado em Fotografa, é professor na Escola Panamericana de Arte e um dos integrantes do Vão, espaço independente voltado para pesquisa, produção e exposições de arte contemporânea, onde coordena, com o artista Thiago Navas, o grupo de estudos Imagem, História, Cidade. Sua pesquisa visual conecta imagem fotográfca, arquitetura e escultura fazendo uma espécie de arqueologia da cidade. O projeto Campo Cego integrou a exposição Time - Space - Existence, parte da 15.ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. Foi um dos artistas selecionados ao Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografa (2014) e fnalista do Prêmio Conrado Wessel de Fotografa (2016), com o projeto intitulado Superfície. Foi selecionado, entre outros, pelo programa de exposições Transatlântica, do Festival PHotoEspaña 2018. Publicou Campo Cego (2014).

JOÃO CASTILHO (Belo Horizonte, MG, 1978) p. 082 Fotógrafo, artista multimídia. Formado em comunicação visual e mestre em artes visuais, transita em diversos meios, como fotografa, vídeo e instalação. Sua obra tem inspiração na literatura, na arte e na cultura popular, e se relaciona tanto com a memória pessoal quanto a coletiva. Recebeu a Bolsa ZUM de Fotografa (2013), com a série ZOO, e foi um dos indicados ao PIPA (2015). Publicou, entre outros, Paisagem submersa (2008) e Peso Morto (2010), e realizou diversas exposições, como 1.ª Foto Bienal MASP (2013), Elóge du Vertige (Maison Européenne de la Photographie, Paris, 2012), Mythologies (Shiseido Gallery, Tóquio, 2012) e Encubrimientos (PHotoEspaña, Madri, 2010).

JOÃO DE ORLEANS E BRAGANÇA (Rio de Janeiro, RJ, 1954) p. 083 Fotógrafo. Começou a fotografar em 1973 e iniciou na fotografa profssional em 1977, com publicação nas revistas Manchete e Geográfca. Realizou sua primeira exposição, Sombras e grafsmos, em 1987. Publicou 12 livros de fotografa, o primeiro sendo Rio Imperial e os mais recentes Olhar de João (2009) e Paraty, minhas fotos (2012). Sua produção fotográfca e editorial, sobretudo de temas brasileiros, abarca o retrato, a paisagem e as fotografas de viagem e aérea. Entre as diversas exposições que realizou, destacam-se Grafsmos e Sombras, nas galerias Maurício Leite Barbosa (RJ), Montesanti (SP) e Charles Sablon (Paris), e Bienal de Torino (Itália), S / WA, nas galerias Pequena Galeria (RJ), Space Cardin (Paris), Salerno (Itália), e Keven mudou de cor, na H.A.P Galeria (RJ) e Fundação Brasilea (Suíça). Participou do Festival Paraty em Foco como palestrante em 2016.

JOÃO FARKAS (São Paulo, SP, 1955) p. 084 Fotógrafo. Graduou-se em flosofa e posteriormente mudou-se para Nova York, onde estudou no ICP - International Center of Photography e na SVA - School of Visual Arts. Como fotojornalista, trabalhou nas revistas Veja e IstoÉ, na qual foi também editor de fotografa. Nas séries Trancoso, Amazônia e Pantanal, documentou seus habitantes, a paisagem e suas manifestações culturais. Seus trabalhos fazem parte de importantes acervos e museus, entre eles ICP (NY) e Maison Européenne de la Photographie (Paris).

JOÃO KULCSÁ R (São Paulo, SP, 1961) p. 085 Professor, curador. Mestre em Artes pela Universidade de Kent (1996-1997), como bolsista do British Council. Foi professor visitante na Universidade de Harvard (2002-2003), como bolsista da Comissão Fulbright. Foi coordenador e professor do Senac-SP por 30 anos. Curador de exposições fotográfcas, como Claudia Andujar, Henri Cartier-Bresson, Elliott Erwitt, Arno Rafael Minkkinen, Retrato de Mulheres por Mulheres e MAGNUM 60 anos, entre outras. Também fez curadoria em Portugal, Estados Unidos, Cuba, Inglaterra, Itália e Suíça. Foi idealizador e coordenador do projeto de uso de fotografa em sala de aula pelo Itaú Cultural e Secretaria de Educação do Estado de SP.

MINIBIOGRAFIAS 201

Também coordenou projetos de alfabetização visual em diferentes instituições. É autor de diversos livros. Desenvolve desde 2008 projetos de fotografa com pessoas defcientes visuais. É diretor do Festival de Fotografa de Paranapiacaba e do site www.alfabetizacaovisual.com.br.

JOÃO MARCOS ROSA (Nova Lima, MG, 1979) p. 086

Fotógrafo. Graduado em jornalismo, iniciou sua carreira como fotógrafo profssional em 1998, documentando a cultura, a natureza e a vida selvagem. Desde 2004 é colaborador da National Geographic Brasil, e suas imagens também já foram publicadas em edições internacionais da revista. Colaborou também com GEO, BBC Wildlife e Terra Mater, entre outras. Suas fotografas ilustram campanhas de conservação para Greenpeace, Unesco, Ibama e ICMBio. É um dos fundadores da Nitro Imagens.

JOÃO ROBERTO RIPPER (Rio de Janeiro, RJ, 1953) p. 087

Fotógrafo. Fotojornalista autodidata, iniciou a carreira no jornal Luta Democrática, passando em seguida pelos jornais Última Hora e O Globo, antes de se tornar um dos fundadores, com Ricardo Azoury e Rogério Reis, da sucursal carioca da agência F4, em 1985. Criou em 1990 a Imagens da Terra, entidade sem fns lucrativos especializada na fotografa documental de denúncia social. Sua obra documental retrata as lutas e confitos sociais no Brasil, como a série sobre os indígenas Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul, ou sobre as condições dos carvoeiros, incluindo crianças, em diferentes regiões do Brasil. Pela sua destacada atuação no campo dos direitos humanos, a Anistia Internacional escolheu suas imagens para ilustrar quase todo o relatório de 1988 sobre a Violência no Campo no Brasil.

JOÃO WAINER (São Paulo, SP, 1976) p. 088 Fotógrafo, jornalista e cineasta. Trabalhou entre 1996 e 2016 no jornal Folha de S.Paulo. Colaborou, como freelancer, com Vice, New York Times, The Times, Rolling Stone e Trip. Lançou os livros de fotografa Aqui Dentro: Carandiru e Últimas Praias. Expôs seus trabalhos no Museu du Quai Branly (Paris), Fundação Cartier (Paris), MASP (São Paulo), MUBE (São Paulo) e no festival Rencontres d’Arles (Arles), entre outros. Dirigiu videoclipes e fez capas de discos, vencendo o prêmio VMB (MV Bill, 2001) e o prêmio Multishow de Melhor Clipe (Emicida, 2016). Atualmente, além de seus projetos pessoais, dirige flmes documentais e publicitários. Venceu o prêmio Don Quixote de La Perifa por dois anos consecutivos (2007 e 2008) e dirigiu os documentários Pixo (2009) e Junho (2014).

JOAQUIM MARÇAL (Rio de Janeiro, RJ, 1957) p. 089 Designer, fotógrafo, professor e pesquisador. Bacharel em Desenho Industrial, mestre em Design e doutor em História Social, é professor do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio. Coordena a BNDigital e é curador, pela BN, do portal Brasiliana Fotográfca. Na Biblioteca Nacional, implantou o primeiro núcleo de design e chefou a Seção de Promoções Culturais, a Divisão de Fotografa e a Divisão de Iconografa. Idealizou e coordenou o projeto de resgate da coleção de fotografas de D. Pedro II, hoje inscrita no programa Memória do Mundo, da Unesco. Curador de exposições, perito judicial em fotografa e artes gráfcas e autor de ensaios sobre a história da fotografa, das artes gráfcas e do design, é autor de História da Fotorreportagem no Brasil - a fotografa na imprensa do Rio de Janeiro de 1839 a 1900 (2004) e Milan Alram (2015). Entre as exposições das quais foi curador estão A colec ão do imperador - fotografa brasileira e estrangeira no século XIX (Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires, 1997; Porto e Lisboa, 2000) e Sebastião Salgado - territoires et vies na Biblioteca Nacional da França (Paris, 2005).

JOAQUIM PAIVA (Espírito Santo, ES, 1946) p. 090 Fotógrafo, colecionador. Graduou-se em Direito e ingressou na carreira diplomática. Seu primeiro trabalho fotográfco foi sobre o Núcleo Bandeirante, onde viviam os operários durante a construção de Brasília. Começou a colecionar em 1978, quando adquiriu suas primeiras fotografas de Diane Arbus. Desde então formou a maior coleção brasileira privada de fotografa. Em 2006, depositou boa parte dessas imagens em comodato no MAM-Rio. É também pesquisador e traduziu a obra Ensaios Sobre a Fotografa, de Susan Sontag, para o português. Publicou diversos livros, como Olhares refetidos (1989), a partir de entrevistas com 25 fotógrafos brasileiros, Visoes e Alumbramentos: Fotografa Brasileira

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Contemporânea na Coleção Joaquim Paiva (2003) e 1927 - 1970 (2019), livro em homenagem à sua mãe, a partir dos diários autobiográfcos e visuais que faz desde 1998.

JONNE RORIZ (Salvador, BA, 1977) p. 091

Fotógrafo. Fotojornalista especializado em esportes, hard news, ciência e meio ambiente, cobriu vários eventos esportivos, incluindo cinco Jogos Olímpicos, seis Jogos Pan-Americanos e três Copas do Mundo, além de catástrofes como o furacão Katrina, em Nova Orleans (2006), e os terremotos do Haiti e Chile (2010). Com mais de 20 anos de experiência, Roriz é mergulhador com mais de 2 mil mergulhos catalogados durante reportagens subaquáticas. Seus trabalhos já foram publicados por grandes veículos de comunicação no mundo, tais como Bloomberg News, National Geographic, The New York Times, The Washington Post, Sports Illustrated, Google, The Nature Conservancy, Getty Images, entre outros. Possui mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, com destaque para POYi - Picture of the Year International (2006 e 2014), PDN The Best Photo Annual Award (2014) e Prêmio Abril de Jornalismo (2016 e 2017).

JOSÉ BASSIT (São Paulo, SP, 1957) p. 092 Fotógrafo. Fotojornalista desde 1985, passou pelos veículos O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde (1987-1991), Meio e Mensagem (1994-1995) e Revista da Folha (1996-1997). Desenvolveu um grande projeto de documentação das manifestações religiosas brasileiras, reunidas no livro Imagens Fiéis (2003). Participou das exposições Por onde anda a fé (Centro Cultural Fiesp, São Paulo, 2001), Cortes Modernos (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2004) e Rememorações (Espaço Porto Seguro de Fotografa, São Paulo, 2006), entre outras. Suas obras integram acervos de instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o MASP.

JOSÉ DINIZ (Niterói, RJ, 1954) p. 093 Fotógrafo, artista multimídia. Tem a fotografa como eixo e atua também com vídeo, gravura, pintura e escultura. Estudou no MAM-Rio, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Ateliê da Imagem. Expôs individualmente no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Rússia e Portugal. Participou de inúmeras exposições coletivas. Publicou o livro Periscope, indicado por ICP, MEP, Lens Culture e outros como um dos melhores de 2014. Foi indicado pelo British Journal of Photography como One to watch in 2013 e pelo FotoFest como International Discovery em 2011. Ganhou vários prêmios, incluindo o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2012). Seus trabalhos constam em coleções como Museum of Fine Arts Houston, BnF France, MAR, Joaquim Paiva / MAM-Rio, entre outros. Foi indicado ao Prêmio PIPA (2020).

JUAN ESTEVES (Santos, SP, 1957) p. 094 Fotógrafo, crítico de fotografa, educador e curador. Graduado em jornalismo, iniciou a carreira no fotojornalismo em 1980 e trabalhou em diversos órgãos da imprensa. A partir de 1994, como freelancer, colaborou com as revistas Veja, Carta Capital e Time, e com os jornais O Pasquim, O Globo e Jornal do Brasil. Realizou mais de 30 exposições individuais, em sua maioria dedicadas a retratos de artistas e intelectuais. Além dos retratos, desenvolveu um interesse pela arquitetura, patrimônio e cidade, como nas séries Arquitetura Histórica (1990 e 2010) e Paulicéia Imaginada (2003-2004), para as comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo. Em paralelo a sua produção artística, que lhe rendeu mais de 200 exposições coletivas no Brasil e no exterior, é editor, desde 2014, de um blog voltado para a produção editorial brasileira em fotografa. Como educador, coordena o Ciclo de Estudos da Fotografa, dedicado à refexão e produção fotográfca. Foi curador do Paraty em Foco - Festival Internacional de Fotografa, em 2020.

JUCA MARTINS (Barcelos, Portugal, 1949) p. 095 Fotógrafo. Mudou-se para São Paulo em 1957. Começou a fotografar em 1970, sobretudo temas políticos e sociais. Trabalhou como repórter fotográfco nos principais jornais e revistas do Brasil, cobriu as greves dos bancários e metalúrgicos do ABC. Fundou em 1979 a Agência F4 de Fotojornalismo, ao lado de Nair Benedicto, Ricardo Malta e Delfm Martins. Em 1991, fundou a Pulsar Imagens, com Laura Del Mar e Delfm Martins. Foi o primeiro a documentar a mineração da Serra Pelada, no Pará,

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em 1980, um ensaio que lhe valeu o Prêmio Internacional Nikon, em 1981. Recebeu o Prêmio Esso de Fotografa (1980) pelas imagens da reportagem Clínica de Repouso Congonhas, de Cecília Prada, e o Prêmio Internacional Nikon (1979) pela cobertura da greve dos bancários em São Paulo. Venceu o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos (1982) por sua reportagem fotográfca da guerra em El Salvador.

JULIO BITTENCOURT (São Paulo, SP, 1980) p. 096 Fotógrafo, artista visual. Nasceu no Brasil e cresceu entre São Paulo e Nova York. Seus projetos foram exibidos em galerias e museus em vários países, e seu trabalho publicado em revistas como Foam Magazine, GEO, Stern, TIME, The Wall Street Journal, C Photo, The Guardian, The New Yorker, Esquire, Financial Times, Los Angeles Times e Leica World Magazine, entre outras. Após o início como fotojornalista no jornal Valor Econômico, passou a se dedicar aos seus projetos autorais, como as séries Numa janela do Edifício Prestes Maia 911 (2005-2008), em que retrata os habitantes a partir das janelas dessa ocupação no centro de São Paulo, Ramos (2009-2012), na qual registra os usuários dessa praia artifcial do subúrbio carioca, e Plethora (2016-2017). Em seus projetos, investiga as relações estabelecidas entre o homem e o seu entorno em cidades superpovoadas ao redor do mundo. É autor de dois livros Numa janela do Edifício Prestes Maia 911 e Ramos. Atualmente vive e trabalha entre Paris e São Paulo.

JUVENAL PEREIRA (Romaria, MG, 1946) p. 097

Fotojornalista autodidata com passagem pelos principais veículos de comunicação do país, colaborou para a revista O Cruzeiro (1970-1974). Radicou-se em Brasília, onde trabalhou para os jornais Correio Braziliense e Jornal de Brasília (1975-1981), e colaborou para as revistas Veja e IstoÉ. Foi um dos fundadores do Núcleo dos Amigos da Fotografa, NAFoto, e criador do Mês Internacional da Fotografa (SP), em 1993. Representou o Brasil no Mois de la Photographie, Paris, em 1992. Viajou pelo Brasil fotografando etnias, costumes, festejos, arte, política e arquitetura. Fotografou para a Funai e o WWF-Brasil. Documentou os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas de 2015. Entre 2017 e 2019 apresentou o programa Revelando a África na USP FM. Em 2019, criou a Juvenal Projects, de curadoria e projetos artísticos. Desde 1977 realizou inúmeras exposições individuais, entre elas Polivalências (Galeria Barco, São Paulo, 2019), Desobjetos - A fotografa expandida (Biblioteca Nacional de Brasília, 2007), Meu Olhar Enternecido (Centro Cultural SP e MAM-Rio, 2007) e Travessia (Fundação Cultural de Brasília, 1979).

KITTY PARANAGUÁ (Rio de Janeiro, RJ, 1955) p. 098 Fotógrafa e educadora. Formada em Jornalismo e pós-graduada em Fotografa, iniciou sua carreira como fotógrafa no Jornal do Brasil. A partir de 2000, desenvolve projetos autorais como Campos de Altitude, em que contrapõe a vista dos moradores de morros do Rio de Janeiro aos seus espaços domésticos, projetando a paisagem no seu interior, projeto representante do FotoRio 2017 no Festival Internacional de Fotografa de Pequim e exposto no Museu da Casa Brasileira em São Paulo (2020). Editou o livro Copacabana  (2011) e é sócia-fundadora do Ateliê Oriente  (RJ), espaço dedicado à fotografa e às artes visuais. Participou dos livros Torcedores, Vai e Vem e Saara. Entre as muitas exposições de que já participou, destacam-se as individuais Campos de Altitude e Pequenas Infâmias (2017), ambas no Centro Cultural Justiça Federal - RJ, e A Pele da Cidade, no Museu Histórico Nacional (2015). Em 2013 recebeu o Pictures of the Year - POY Latam e está nas coleções da Maison Européenne de Photographie (Paris) e Joaquim Paiva.

LALO DE ALMEIDA (São Paulo, SP, 1970) p. 099 Fotógrafo. Estudou fotografa no Instituto Europeo di Design em Milão, Itália. Há 27 anos trabalha para o jornal Folha de S. Paulo, no qual desenvolve narrativas multimídias premiadas internacionalmente, como Um Mundo de Muros, Desigualdade Global, A Batalha de Belo Monte e Crise do Clima Seu ensaio sobre as vítimas do vírus Zika foi premiado em 2017 no World Press Photo, o prêmio mais importante do fotojornalismo mundial. Por 12 anos foi colaborador do jornal The New York Times. Em 2021, sua série de fotografas Pantanal em Chamas foi premiada em primeiro lugar na categoria Meio Ambiente novamente no World Press Photo. Também em 2021, foi escolhido como fotógrafo

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ibero-americano do ano pelo POY Latam. Paralelamente ao fotojornalismo, sempre desenvolveu trabalhos de documentação fotográfca, como o projeto Distopia Amazônica, que em 2021 foi um dos contemplados do Eugene Smith Grant in Humanistic Photography. É representado pela agência Panos Pictures, de Londres.

LARISSA ZAIDAN (São Paulo, SP, 1991) p. 100 Fotógrafa e diretora de fotografa. Arquiteta com Pós-Graduação, iniciou sua carreira em fotojornalismo na VICE Brasil (2016), documentando principalmente a cultura jovem e o universo LGBTQIA+. Sua obra traça um retrato da juventude urbana em diferentes meios e classes sociais, misturando fotografa autoral e comissionada. Fotografou e dirigiu documentários como Transe, Questionário da Vida e 10 Perguntas. De 2017 a 2020, fez parte da agência de fotografa brasileira Angústia Photo. Seus trabalhos já foram publicados em veículos como Financial Times, Wired, California Sunday Magazine, PHMuseum, AFAR e Business Week. Em 2019 fez seu primeiro trabalho como diretora de fotografa no flme 35, sobre expectativa de vida trans no Brasil. Em 2020 iniciou sua carreira como diretora de cena pela Delicatessen Filmes. Atualmente é diretora representada pela Stink Films.

LEONARDO FINOTTI (Uberlândia, MG, 1977) p. 101 Fotógrafo. Graduado em Arquitetura, com Pós-Graduação na Bauhaus Dessau Foundation (Alemanha), começou sua carreira como fotógrafo em Portugal, colaborando com os mais importantes arquitetos portugueses. Iniciou ali um projeto sistemático de releitura do Modernismo em diferentes continentes, que prosseguiu quando do seu retorno ao Brasil. Contribuiu internacionalmente com diversos arquitetos e publicações enquanto desenvolvia diferentes projetos pessoais (exposições, publicações), como Pelada (2014), Latinitudes (2015), Rio enquadrado (2016) e A Collection of Latin American Modern Architecture (2016). Em 2008, foi convidado por Barry Bergdoll, curador-chefe do MoMA, para fazer parte da exposição Latin America in Construction: Architecture 1955-1980 Desenvolvido ao longo de sete anos, o projeto reinterpreta visualmente o legado da arquitetura moderna latino-americana.

LEOPOLDO PLENTZ (Porto Alegre, RS, 1952) p. 102 Fotógrafo, artista plástico e professor. Graduado em artes plásticas, estudou gravura no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Fotografa desde 1975, dedicando-se ao trabalho autoral e à documentação de bens culturais. A primeira exposição individual aconteceu em 1979, exibindo conjunto de gravuras no Museu da Gravura de Bagé, Rio Grande do Sul. Entre 1980 e 1990, coordenou o Gabinete de Fotografa da Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Recebeu a Bolsa Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1984).

LETÍCIA LAMPERT (Porto Alegre, RS, 1978) p. 103 Artista multimídia, com formação em Artes Visuais e mestrado em Poéticas Visuais, utiliza principalmente a fotografa na sua pesquisa, que tem como eixo principal a paisagem urbana, sua arquitetura e suas transformações. Participou da Bienal do Mercosul (2018), em Porto Alegre, da Bienal de Fotografa de Beijing, na China, e foi também fnalista do Prêmio Fola, em Buenos Aires. Publicou os livros A Escala de Cor das Coisas (2009), Arqueologia da vida privada (2016) e Conhecidos de Vista (2018). Desde 2016, tem ministrado ofcinas sobre arte, fotografa e publicações independentes em diferentes cidades do Brasil. Foi indicada ao Prêmio PIPA 2020.

LUCAS LENCI (São Paulo, SP, 1980) p. 104 Fotógrafo. Formado em fotografa e desenho industrial, trabalhou como produtor executivo de projetos comerciais, editoriais e culturais antes de iniciar sua carreira profssional como fotógrafo. Abriu a Fotospot em 2010, galeria online criada com o objetivo de desenvolver o interesse pela fotografa contemporânea brasileira, tornando-a acessível por meio de uma plataforma virtual. Nos seus projetos autorais, como em Desaudio, investiga a paisagem urbana ou como as pessoas se relacionam nesses espaços, caso da série Movimento Estático  (2014-2016). Já em Still Life, trata das relações que podem ser estabelecidas entre fotografa e taxidermia, vida e morte. Publicou os livros Desaudio, Movimento Estático e Still Life, entre outros.

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LUCIANO CANDISANI (São Paulo, SP, 1970) p. 105

Fotógrafo, começou sua carreira de fotógrafo de natureza enquanto ainda era estudante de Biologia. Em 1996, foi convidado a integrar uma expedição científca com o objetivo de documentar a vida marinha na Antártida para o Instituto Oceanográfco da USP. Desde então tem documentado povos, culturas e ecossistemas ao redor do mundo, com uma clara motivação de alertar para a preservação de territórios, culturas e espécies em risco. Além de ter publicado nas mais importantes revistas, como National Geographic e GEO, integrou o júri de alguns dos mais respeitados prêmios de fotografa, como o World Press Photo e o Wildlife Photographer of the Year.

LUISA DÖRR (Lajeado, RS, 1988) p. 106

Fotógrafa, seu trabalho documental tem como eixo principal a representação da mulher em diferentes contextos, das bolivianas habitantes das montanhas, em El Alto, às participantes da festa de Peão de Barretos, passando pelas Falleras Valencianas ricamente vestidas, série pela qual ganhou o 3.º prêmio na categoria portrait stories do World Press Photo Award. Entre seus trabalhos comissionados está o projeto Firsts  (2016-2017), da TIME Magazine, que retratou mulheres pioneiras em suas áreas de atuação.

LUIZ BRAGA (Belém, PA, 1956) p. 107

Fotógrafo. Graduado em Arquitetura, montou seu primeiro estúdio em 1975. Sua primeira fase foi em preto em branco, sobretudo retratos, nus e arquitetura. Seu encontro com a fotografa colorida se deu através de um projeto na região Amazônica, convidado pela Funarte, que deu origem à exposição No olho da rua (Centro Cultural São Paulo, 1984). Retorna ao preto e branco no ensaio A margem do olhar (1985-1987), em que retrata a população e a paisagem amazônica, projeto que lhe rendeu o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1988). Explora novamente a cor e a luz retratando os habitantes e o cotidiano de Belém na série Anos luz, premiado com o Leopold Godowsky Color Photography Awards (1991), da Boston University, e exibido no MASP em 1992. Sua pesquisa visual com a cor o leva a utilizar uma câmera digital com recurso de captação noturna na série Nightvisions  (2004). A experimentação do uso da cor e dos efeitos da luz sobre o real são as grandes marcas de sua obra, que investiga a cultura e a paisagem local através da fotografa. Foi indicado ao prêmio PIPA em 2015.

LUIZ CARLOS FELIZARDO (Porto Alegre, RS, 1949) p. 108 Fotógrafo. Estudou Arquitetura, para em seguida se dedicar à fotografa publicitária e industrial, além de documentar a paisagem urbana e as paisagens do interior do Rio Grande do Sul. Foi bolsista da CAPES e da Comissão Fulbright, em Prescott, Estados Unidos (1984-1985). Utilizou câmeras de grande formato em grande parte da sua obra, o que lhe permitiu criar imagens em preto e branco de grande detalhamento e rigor técnico, sobretudo de elementos arquitetônicos e da paisagem gaúcha. É autor dos livros O Relógio de Ver (2000) e IMAGO (2010), ambos reunindo artigos e ensaios sobre fotografa, além de Luiz Carlos Felizardo (2004), reunindo parte da sua produção fotográfca.

LUIZ EDUARDO ACHUTTI (Porto Alegre, RS, 1959) p. 109 Fotógrafo, professor. Graduou-se em Ciências Sociais. É mestre em Antropologia Social e doutor em Etnologia. Começou como fotojornalista em 1975 e trabalhou nas sucursais do Jornal do Brasil e da revista IstoÉ em Porto Alegre. Atualmente é professor do Instituto de Artes e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - UFRGS, além de pesquisador associado ao Phanie (Centre de l’Ethnologie et de l’Image), em Paris. Cunhou o termo fotoetnografa, postulando a autonomia da narrativa fotográfca em relação ao texto, em que a análise de uma dada realidade se faz por essas duas linguagens de maneira autônoma e independente. Essa pesquisa de Mestrado resultou no livro Fotoetnografa: um estudo de antropologia visual sobre cotidiano, lixo e trabalho (1997). Durante o doutorado, investigou, através da construção de narrativas fotográfcas, os bastidores e o cotidiano dos funcionários da Biblioteca Nacional da França, em Paris, pesquisa publicada em Fotoetnografa da Biblioteca Jardim (2004).

LUIZ MORIER (Rio de Janeiro, RJ, 1951) p. 110 Fotógrafo. Começou a carreira de repórter fotográfco no extinto jornal Última Hora, em 1977, e

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trabalhou como freelancer para o Estado de São Paulo. Colaborou com O Globo e Jornal do Brasil, onde permaneceu por 25 anos. Venceu o Prêmio Esso em duas ocasiões, pelas imagens Todos Negros (1983), em que registra a humilhação imposta a um grupo de homens negros pela PM em um morro carioca, e Inferno do Paraíso  (1993), registro do assalto a um casal de turistas. Participou do Paraty em Foco como entrevistado (2017). É o único fotógrafo a ganhar duas vezes o Prêmio Esso, o mais importante prêmio do fotojornalismo brasileiro. Mora atualmente em Paraty.

MANUK POLADIAN (São Paulo, SP, 1936) p. 111

Fotógrafo. Desenvolveu o estúdio criado por seu pai, hoje especializado em fotografa de casamento. Foi câmera e diretor de fotografa do flme A vida quis assim. Trabalhou na televisão como câmera e diretor. Em 1997, fotografou o carnaval paulistano desde os preparativos e retratos dos dirigentes até o desfle no sambódromo. Essa série virou a exposição 365 − 65 = Nada no MIS-SP.

MARCELO GRECO (São Paulo, SP, 1966) p. 112

Fotógrafo e professor. Sua pesquisa visual transita entre o íntimo, o banal que nos cerca e o espaço da cidade. Através das imagens do cotidiano, constrói um universo denso, carregado de subjetividade, como no ensaio Abrigo. Se interessa pela exploração de outros territórios, tanto pela prática artística quanto pelos projetos culturais e de residência artística que promove entre Brasil, França e Holanda. Realizou trabalhos em Portugal (2003), França (2016-2018) e Itália (2020). É um dos membros do projeto Territoire Sensible, uma plataforma franco-brasileira idealizada por Pierre Devin e Fabiana Figueiredo, que se articula em torno das artes visuais. Criou a Rios Greco, com Helena Rios, um ateliê de ensino e desenvolvimento de projetos de fotografa e elaboração de livros. Publicou as obras A Sombra da Dúvida (2017), Lágrimas Perdidas (2017), Internal Afair (2013) e Tempos Misturados (2010), entre outros. Desenvolve cursos e ofcinas de fotografa autoral no MAM-SP. Foi curador geral do festival de fotografa Paraty em Foco 2008.

MÁRCIA CHARNIZON (Belo Horizonte, MG, 1970) p. 113 Fotógrafa. Graduada em Comunicação Social, começou a fotografar em 1983. No início de sua carreira, trabalhou a fotografa como elemento cênico no grupo Ofccina Multimédia de Belo Horizonte. Viveu em Israel, onde fez as exposições 5 Mulheres e D’s Oriente um País, além de ter sido responsável pelo núcleo de fotografa da Escola Leo Baeck em Haifa. Com o projeto D’s Oriente um País - Hebraico  (1995-1998), uniu música e fotografa em um espetáculo com as cantoras Marina Machado e Regina Sousa. Nos seus diversos projetos autorais, se interessa pela memória, caso do ensaio Memorabilia da Casa do Azevedo, pelo qual recebeu o XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2013). É especializada em fotografa de casamento.

MARCIA MELLO (Niterói, RJ, 1958) p. 114 Pesquisadora, curadora e conservadora de fotografa. Bacharel em Letras, prestou serviços para o MAM-Rio (1986-1997), o CCPF-Funarte (1987-1997) e o AN (2003-2005). De 2006 a 2015 foi diretora-curadora da Galeria Tempo (RJ). Como pesquisadora, participou das exposições na Maison Européenne de la Photographie, em Paris, sobre as obras de Alair Gomes e Celso Brandão. É co-autora dos livros Só existe um Rio (2008) e Refúgio do olhar, a fotografa de Kurt Klagsbrunn  (2013). Entre suas curadorias, destacam-se Artesania Fotográfca (BNDES, 2017) e Duplo Olhar (Casa Roberto Marinho, 2020). No Paço Imperial, curou mostras de Walter Carvalho, Amador Perez, Antonio Saggese e Luiz Baltar, e foi co-curadora de exposições realizadas no MAR, entre outros espaços institucionais no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tem participado regularmente de festivais e organizado debates em torno da fotografa, como o Quintas na Maison (Espaço Cultural da França, 2017). Recentemente vem atuando em lives em diálogo com renomados artistas e curadores.

MARCIO SCAVONE (São Paulo, SP, 1952) p. 115 Fotógrafo e escritor. Começou a fotografar ainda criança com seu pai, Rubens Teixeira Scavone, importante nome do Foto Cine Clube Bandeirantes. Na década de 1970, estudou fotografa na University of West London, em Londres. Nos anos 1980, desenvolveu sua carreira na área da fotografa publicitária. Voltou a residir e publicar na Europa nos anos 1990. Publicou então seu primeiro livro

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E Entre a Sombra e a Luz, um encontro de suas imagens com o texto do romancista italiano Antonio Tabucchi. Seu segundo livro, Luz invisível, une retratos de celebridades e anônimos ao texto de Luiz Fernando Verissimo. Figurou como um dos 50 fotógrafos no livro comemorativo de 50 anos das câmeras Hasselblad, em 1998. Em seu livro Viagem à Liberdade, restituiu um universo particular deste bairro da colônia japonesa de São Paulo. Criou o selo editorial Alice Publishing, pelo qual publicou seu livro Copo de Luz (2018), obra de ensaios sobre a fotografa e sua própria trajetória. Foi eleito em 2018 para a Academia Paulista de Letras. Atualmente prepara o projeto FUGA, uma restituição afetiva das várias metrópoles por que passou.

M Á RCIO VASCONCELOS (São Luís, MA, 1957) p. 116 Fotógrafo. Sua obra resgata a cultura popular e religiosa dos afrodescendentes no Maranhão, com seus rituais, celebrações e manifestações espirituais, mas também trata das questões de gênero, como no ensaio Incorporados, e antropológicas, em Deslocação. Visões de um poema sujo, em que dialoga suas imagens com o poema de Ferreira Gullar, recebeu o XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa, que já havia recebido em 2010 pelo projeto Na Trilha do Cangaco - Um Ensaio pelo Sertão que Lampião pisou Publicou Nagon Abioton - Um Estudo Fotográfco e Histórico sobre a Casa de Nagô, sobre um dos terreiros mais antigos do Tambor de Mina no Maranhão, e foi vencedor do 1.º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras (2010) com o projeto Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão. Em 2019 foi fnalista do Prêmio Pierre Verger, com Espíritos de Senzalas, e em 2021 venceu a convocatória do Festival de Fotografa de Paraty com o resultado da imersão realizada entre bruxos e curandeiros de Cuba e Maranhão.

MARCOS BONISSON (Rio de Janeiro, RJ, 1958) p. 117 Fotógrafo e artista multimídia, professor. Graduado em Letras, Mestre em Ciência da Arte e Doutorando em Estudos Contemporâneos das Artes. Estudou gravura, desenho, fotografa e cinema na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (1978-1981). Sua obra se relaciona com diferentes suportes e poéticas das artes visuais, tendo a fotografa e o flme como meios principais. Em séries abertas, como Balada do Corpo Solar (1997), ZiGZAG (2001), Contornando Poças (2002), Maquetes de Praia (2007) e Desenhos de Praia (2014), estrutura relações e processos experimentais a partir de caminhadas, mergulhos e interações em diversas geografas, com frequência no espaço específco do Arpoador. Participou de seis edições de Bienais Internacionais, como a Bienal Internacional de São Paulo, a BIENALSUR, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira, em Portugal, e a WRO Media Art Biennale, na Polônia. Publicou os livros Arpoador (Nau Editora, 2011), Pulsar (Editora Binóculo, 2013) e ZiGZAG (Editora Bazar do Tempo, 2017).

MAUREEN BISILLIAT (Englefeld Green, Inglaterra, 1931) p. 118 Fotógrafa. Estudou artes plásticas em Paris (1955) e Nova York (1957) antes de se fxar na cidade de São Paulo, em 1957. Começa a fotografar no início dos anos 1960, na revista Realidade. Tem uma relação estreita com a literatura, tendo produzido livros em diálogo com grandes escritores brasileiros: A João Guimarães Rosa (1966), A Visita (1977), a partir do poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade, Sertoes - Luz e Trevas (1983), em relação com o clássico de Euclides da Cunha, O Cão sem Plumas (1984), mesmo título da obra de João Cabral de Melo Neto, Chorinho Doce (1995), com poemas de Adélia Prado, e Bahia Amada Amado (1996), com textos de Jorge Amado. A partir da década de 1980, desenvolve obras também em vídeo, como Xingu / Terra, documentário flmado em coautoria com Lúcio Kodato na aldeia Mehinaku, Alto Xingu. O IMS lhe dedicou a exposição Agora ou Nunca - devoluc ão: paisagens audiovisuais de Maureen Bisilliat (2020), que restitui a sua produção em vídeo. No ano anterior, seus livros relacionados à literatura foram objeto da exposição Fotografa e literatura nos livros de Maureen Bisilliat (2019), na biblioteca do IMS-SP.

MAURICIO LISSOVSKY (Rio de Janeiro, RJ, 1958) p. 119 Historiador, professor. Graduado em História, doutor em Comunicação, professor da Escola de Comunicação (UFRJ) e com pós-doutorado no Birkbeck College, da Universidade de Londres. Foi membro do Conselho Consultivo do Centre for Iberian and Latin American Visual Studies da Universidade de Londres e professor visitante na UFPE (2019). Foi pesquisador visitante na Universidade de

208 O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA

Princeton (2015) e publicou os livros Escravos Brasileiros do século XIX na fotografa de Christiano Jr. (1988), A Máquina de Esperar (2009) e Pausas do Destino (2014).

MAURICIO SIMONETTI (Santo André, SP, 1959) p. 120

Fotógrafo. Graduado em jornalismo, começou a carreira como laboratorista da agência F4 (19791981). Colaborou com as revistas IstoÉ, Veja e Visão, para em seguida integrar a equipe de fotógrafos da F4 até o fm da agência, em 1991. Em paralelo aos projetos comissionados, desenvolve projetos pessoais, sobretudo de fotografa documental de paisagens naturais e urbanas. Suas fotografas estão nos livros A greve do ABC (1980), Festas populares do Brasil (1988), São Paulo Além da metrópole (1990) e Floresta Atlântica (1991), entre outros.

MIGUEL CHIKAOKA (Registro, SP, 1950) p. 121 Fotógrafo. Graduado em engenharia pela Unicamp, abandonou a carreira de engenheiro em 1980 para atuar como repórter fotográfco independente e ativista cultural em Belém, onde fxou residência. Iniciou colaborando com o jornal Resistência, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, agências F4, N-Imagens e Pulsar. Integrou as editorias da revista Cuíra, da Unipop (Universidade Popular) e da revista GIBI, da Agência Emaús. Em 1991 fundou a agência Kamara Kó (“amigos autênticos”, em tupi). Documentou temas sociais, culturais e ambientais na região amazônica e articulou iniciativas, como o Foto-Varal (mostras de fotografas em espaços públicos), e outras ações coletivas que constituíram um movimento em torno do fazer e pensar fotografa que resultou na criação da Fotoativa. Dedica-se atualmente à pesquisa e experimentação de práticas educativas inspiradas em abordagens do que constitui a gênese do processo fotográfco. Recebeu em 2012 o Prêmio Brasil de Fotografa e a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

MIGUEL RIO BRANCO (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 1946) p. 122 Fotógrafo, pintor, diretor de fotografa. Pintor autodidata, fez sua primeira exposição de pinturas em uma galeria de Berna, na Suíça, em 1964. Em seguida, estudou no New York Institute of Photography (1966) e em 1968, na Escola Superior de Desenho Industrial (RJ). Trabalhou como fotógrafo e diretor de flmes experimentais de 1969 a 1981, além de realizar trabalhos com os cineastas Gilberto Loureiro e Júlio Bressane. Desenvolveu uma obra de caráter documental, mas ao mesmo tempo poética e subjetiva, amparada no uso de cores saturadas. A partir dos anos 1980, começa a produzir instalações multimídias (fotografa, pintura e flme). Recebeu diversos prêmios, entre eles a Bolsa de Artes da Fundação Vitae (1994) e o Prêmio Nacional de Fotografa da Funarte (1995). Publicou os livros Nakta (1996), com poema de Louis Calaferte, Miguel Rio Branco (1998), com ensaio de David Levi Strauss, e Silent Book (1998), entre outros. Desde 2010 conta com uma galeria exclusiva em Inhotim para abrigar suas obras dos últimos 30 anos.

MILTON GURAN (Rio de Janeiro, RJ, 1948) p. 123 Fotógrafo e antropólogo. Mestre em Comunicação Social (UnB) e doutor em antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Marseille, França). Foi um dos criadores da AGIL Fotojornalismo (Brasília, 1980), juntamente com os fotógrafos Eliane Mota, Rolnan Pimenta, Duda Bentes, Beth Cruz, Julio Bernardes, Kim-Ir-Sen e André Dusek. A partir de meados dos anos 1980, passou a se dedicar ao estudo da antropologia visual. Especializando-se na questão indígena, tornou-se fotógrafo do Museu do Índio, no Rio de Janeiro (1986-1989). É autor dos livros Encontro na Bahia (1979) e Agudás - Os “brasileiros” do Benim (2000). Recebeu a Bolsa Vitae de fotografa (1990), o X Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1998) e o Prêmio Pierre Verger da Associação Brasileira de Antropologia (Prêmio Especial do Júri - 2002), entre outros. É o realizador e coordenador-geral do FotoRio, e membro da diretoria da Rede de Produtores Culturais da Fotografa no Brasil.

MIRO DE SOUZA (Bebedouro, SP, 1949) p. 124 Fotógrafo. Começou como estagiário de fotografa na agência Estrada Propaganda. Começou a fotografar no fnal dos anos 1960 e nos anos seguintes viveu em Paris, fazendo editoriais para revistas de moda. Ao longo de sua carreira, produziu sobretudo para o mundo da moda e para o mercado publicitário, além dos retratos, uma das suas especialidades. Parte desse material dos anos 1970

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e 1980 foi reunido em 2020 na Galeria Jarouche, na exposição Outros Retratos em Branco e Preto, que marcou seus 45 anos de carreira.

MÔNICA MAIA (São Paulo, SP, 1963) p. 125

Editora, curadora e produtora. Idealizadora do projeto Mulheres Luz, plataforma de pesquisa e publicação de conteúdos produzidos por fotógrafas e mulheres da imagem, sócia da DOC Galeria, inaugurada em 2012, e produtora executiva da Mostra SP de Fotografa desde 2011. Foi fotógrafa e editora da Agência Estado (1987-2007) e da Folha de S.Paulo, onde mantém colaboração em projetos especiais desde 2008. Em 1999 foi a primeira brasileira a ser jurada do World Press Photo, desde então é membro do Joop Swart Masterclass. Foi curadora do 3.º Encontro de Coletivos Fotográfcos Ibero-Americano, que aconteceu na cidade de Santos, São Paulo. Com a DOC foi gestora da Galeria Nikon (2014-2016) e em 2015 lançou a Foto Feira Cavalete, evento de venda de imagens e fomento da fotografa. Foi jurada e curadora do Programa Nova Fotografa do MIS-SP (2019-2021). Em 2021, foi curadora e produtora dos festivais Everyday Brasil e Imagens Periféricas e da exposição Presença, que apresentou imagens de 30 fotógrafas de diversos temas, tempos e territórios. Atua em leituras de portfólios e acompanhamento de projetos.

MÔNICA ZARATTINI (São Paulo, SP, 1962) p. 126 Fotógrafa. Doutora em Artes pelo MAC-USP e Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Editora de fotografa dos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde (2006-2015), onde trabalhou como fotojornalista por 26 anos. Recebeu os prêmios XXIII Vladimir Herzog, Embratel e Nuevo Periodismo em 2001. Entre suas mostras individuais, destacam-se Raízes e Asas (Sesc, 2016), VIVA LA DIFERENCIA!  (Museu da Ciência de Barcelona, 2007) e Paulicéia 2000 (MIS, 1999). Participou das coletivas As Donas da Bola (CCSP, 2014) e Raros, Vintages & Inéditos (Galeria Virgílio, 2016). É autora do fotolivro Plano, seco e pontiagudo, lançado em 2018 com imagens do sertão da Bahia, onde ocorreu a Guerra de Canudos. Integra os acervos de fotografa do Museu de Arte Moderna de SP e do Museu do Futebol. Participa da Coleção de Fotografas Ricardo Brito e Dadá Junqueira. Foi curadora do Festival de Imagens Periféricas em 2021.

NADJA PEREGRINO (Recife, PE, 1949) p. 127

Pesquisadora. Mestre em Comunicação pela ECO-UFRJ, atuou como professora de pós-gradução na Universidade Cândido Mendes (2002-2018). Na Funarte e no Centro de Artes-UFF (1979-1998), realizou exposições e conferências no Brasil e no exterior. Publicou O Cruzeiro, a revolução da Fotorreportagem (1990), desdobrado na exposição homônima (Museu Nicéphore Niépce, França, 2006). Com Angela Magalhães, editou Fotografa no Brasil, um olhar das origens ao contemporâneo (2005) e Fotoclubismo no Brasil: o legado da Sociedade Fluminense de Fotografa (2012), além de conquistar os prêmios de pesquisa Rio Arte e Fundação Vitae. Como curadora, integrou a seleção de prêmios como Pierre Verger (Bahia, 2017), FotoRio (2016-2019) e Paraty em Foco (2016-2019). Como conferencista convidada do Seminário de Fotografa (UFBA, 2017), publicou o texto Flutuacoes da fotografa contemporânea Desde 2017 é co-curadora da ICON Artes Galeria (RJ).

NAIR BENEDICTO (São Paulo, SP, 1940) p. 128 Fotógrafa. Graduou-se em Rádio e Televisão (USP). Fundou a Agência F4 de Fotojornalismo com Juca Martins, Delfm Martins e Ricardo Malta, que funcionou de 1978 a 1991, quando saiu da F4 e fundou a N Imagens. Com Stefania Bril, Marcos Santilli, Rubens Fernandes Junior e Fausto Chermont, formou a equipe criadora do Núcleo dos Amigos da Fotografa - NAFoto, responsável pela realização do Mês Internacional da Fotografa de São Paulo. Sua obra documental esteve associada às pautas sociais: questão indígena, trabalhadores sem terra, mulher e cultura popular brasileira. Foi escolhida pela Unicef para realizar uma documentação sobre a situação da criança e da mulher na América Latina (1988-1989). É autora dos livros A greve do ABC (1980), A questão do menor (1980), com Juca Martins, e Nair Benedicto: as melhores fotos (1988).

NELLIE SOLITRENICK (São Paulo, SP, 1955) p. 129

Fotógrafa. Tem formação na área de saúde e especialização em gerontologia e arteterapia com foco

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em fotografa terapêutica. Iniciou na fotografa nos anos 70, tendo passado pelo jornal Movimento e em seguida pelo jornal Meio e Mensagem. Nas décadas de 80 e 90, foi editora de fotografa nas revistas Veja, IstoÉ Gente e Caras, além do jornal O Globo. Foi também correspondente da Caras em Nova York. Foi a primeira fotógrafa brasileira credenciada em uma Copa do Mundo (1990) e uma Olimpíada (1988), e a primeira brasileira a cobrir a entrega do Oscar (1995). Proprietária da empresa de fotografa 3×4 Retratos e da Gerolero, especializada em eventos para o público 60+ e em memória fotográfca, desenvolve um trabalho de fotografa terapêutica e organização de arquivos fotográfcos, álbuns e flmes da história das famílias. Autora do projeto Nascidas em 55, hoje tem novos projetos, nos quais a temática predominante é o tempo.

OLGA VLAHOU (Vrysses, Grécia, 1959) p. 130 Fotógrafa. Graduada em Artes (Faculdade de Belas Artes de São Paulo), começou a fotografar em 1977. Trabalhou como fotojornalista na Grécia e na Itália entre os anos 80 e 90. Entre 1984 e 1985 ensinou Artes no Colégio Lourenço Castanho, nos cursos de pré-escola e ginásio. Em 1994, retornou ao Brasil e passou a colaborar com revistas das editoras Abril e a Globo e com a revista Carta Capital, onde foi editora de fotografa até 2012. Especializada em retratos, atualmente desenvolve projetos autorais e trabalha como freelancer. Participou da exposição Nossas mulheres de Atenas (2007) e Delfos Além da Arqueologia, no Centro Europeu de Cultura de Delfos e na Embaixada do Chipre em Atenas. Atualmente dedica-se a pesquisas e projetos autorais, sobretudo com o grupo Platon Rivellis, na Grécia.

ORLANDO AZEVEDO (Ilha Terceira dos Açores, Portugal, 1949) p. 131 Fotógrafo e produtor cultural. Graduado em Direito, desenvolveu toda sua carreira fotográfca em Curitiba, sobretudo no campo da publicidade e dos projetos autorais, em que documentou as paisagens e a cultura brasileira, como no projeto de longa duração Expedic ão Corac ão do Brasil: Terra, Homem, Mito, resultado de mais de um ano de viagem por todo o Brasil (2002). Em paralelo a sua atividade fotográfca, exerceu importante papel de fomentador cultural em Curitiba, tendo sido diretor de Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba em dois períodos (1992 e 1993-1996). Criou a Bienal de Fotografa Cidade de Curitiba, em 1996, que teve três edições. Suas fotos estão nos acervos de: International Center of Photography (Nova York), Centre Georges Pompidou e Museu Francês de Fotografa (Paris) MASP, MAM-SP, Instituto Cultural Itaú, Museu de Fotografa de Curitiba, Biblioteca Nacional (RJ), Museu Afro Brasil (SP), Museu Oscar Niemeyer (Curitiba) e Fototeca de Cuba. Entre os inúmeros livros publicados estão Mestico - Retrato do Brasil (2019) e Coleção Coração do Brasil, três volumes: Homem, Terra e Mito (2002). Em 2021 inaugura no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba) a exposição O labirinto da Luz, numa síntese de sua intensa produção com curadoria de Rubens Fernandes Junior.

PABLO DI GIULIO (Buenos Aires, Argentina, 1957) p. 132 Fotógrafo, galerista. Vive em São Paulo desde 1976. Após ter estudado cinema em Paris em 1981, retornou a São Paulo e se dedicou à fotografa. Colabora com diversas revistas, como Playboy, Interview Brasil e Vogue, entre outras. Dedica-se aos retratos, seja de anônimos, como nos projetos e exposição Retratos Calados (2010) e Arpoador (2000), ou de artistas brasileiros importantes, como Cildo Meireles, Nuno Ramos e Volpi, fotografados em seus ateliês ao longo da década de 80. Fundou em 2007 a Galeria FASS, que a partir de 2017 passou a se chamar Utópica, especializada em fotografa, da qual é diretor. A galeria representa os fotógrafos German Lorca, Evandro Teixeira e Fernando Lemos, entre outros.

PATRICIA VELOSO (Teresina, PI, 1960) p. 133

Produtora cultural, curadora e editora. Fundadora e administradora das empresas Terra da Luz Editorial, dedicada à valorização do patrimônio histórico, cultural, artístico e natural brasileiro, e Imagem Brasil Galeria, que funciona como espaço para exposições, programação de cursos livres e banco de imagens online. Foi idealizadora e diretora do Festival Encontros de Agosto (2011-2017). Em 2018, dá continuidade a este programa com nova proposta, o Verbo Ver Festival de Fotografa, ampliando parcerias e intensifcando ações de circulação e formação. Fundou e preside o Instituto

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Viva Brasil de Cidadania e Cultura. Participou da organização do IFOTO - Instituto de Fotografa do Ceará. É membro da Rede de Produtores Culturais da Fotografa no Brasil e da Câmara Cearense do Livro - CCL. Faz regularmente leituras de portfólio. Integra o conselho de curadores do Museu da Fotografa de Fortaleza.

PAULO FRIDMAN (São Paulo, SP, 1955) p. 134 Fotógrafo. Graduado em Engenharia (Mackenzie, SP), morou em Nova York de 1979 a 1985, onde estudou no International Center of Photography, Rochester Institute of Technology e School of the Visual Arts. Fotografou mais de 500 capas de revistas como Time, The New York Times Magazine, Newsweek e Forbes. Colabora com Bloomberg, NY Times, Stern, Der Spiegel e Paris Match, entre outras. Também se dedica à fotografa publicitária e corporativa, acumulando vários prêmios, dentre eles o Lion em Cannes. Recebeu também os prêmios J.P. Morgan (1999) e Adobe Digital Image (2001), entre outros. É idealizador do projeto Retratos Falantes / Talking images, iniciado em 1999, em que pessoas anônimas foram retratadas nas ruas. O projeto virou livro em 2008. Expôs na The Photographers Gallery (Londres), MASP, Pinacoteca (SP), Museu da Fotografa em Curitiba e Exit Art (SoHo, Nova York), entre outros. Suas fotos estão nas coleções do Instituto Cultural ITAÚ, Pirelli / MASP, Museu da Fotografa de Curitiba, MAM-SP e Library of Congress (EUA). Publicou os livros O Segredo do meu Sucesso (2016) e Lost and Found (2020).

PAULO MARCOS DE MENDONÇA LIMA (Rio de Janeiro, RJ, 1958) p. 135 Fotógrafo, curador e produtor cultural. Formado em Fotografa (Brooks Institute, EUA) e em Jornalismo (UniverCidade, RJ), estudou na pós-graduação do IUPERJ-Candido Mendes. Foi coordenador de fotografa da Veja Rio e editor de fotografa nos jornais O Dia, O Globo e Lance!. Coordenou o curso de cinema da UniverCidade (2008-2010) e publicou Kuarup Quarup, com textos de Antônio Callado e Milton Guran (2007), e Da Minha Porta Vejo o Mundo (2017), entre outros. Participou de cinco edições do projeto A Imagem do Som (Paço Imperial - RJ). Fez a curadoria da exposição Delicadeza, no Centro Cultural da Light (2016). Integrou o corpo curatorial do Festival Paraty em Foco (2016 e 2017). Desde 2015 tem atuação intensa no festival FotoRio como leitor de portfólios, membro da Comissão Gestora e coordenador de exposições. É diretor do Ateliê Oriente (RJ), espaço expositivo e educativo dedicado à imagem fotográfca e às artes visuais, onde já promoveram mais de 500 eventos nos últimos 6 anos.

PEDRO VASQUEZ (Rio de Janeiro, RJ, 1954) p. 136 Fotógrafo, historiador, curador e professor. Mestre em Ciência da Arte (UFF), realizou sua primeira mostra individual em 1973. Viveu em Paris entre 1974 e 1979, onde estudou cinema na Sorbonne e publicou seu primeiro ensaio fotográfco: À la Recherche de l’eu-dourado (1976). Nos anos 1980, teve grande atuação na consolidação institucional da fotografa no Brasil, sendo um dos responsáveis pela criação do Instituto Nacional de Fotografa da Funarte, em 1982, órgão que dirigiu até 1986. Em seguida, trabalhou até 1989 como curador do Departamento de Fotografa, Vídeo e Novas Tecnologias do MAM-Rio. Atuou como editor de fotografa das revistas Photo Camera e Best View e do jornal O Dia Leciona fotografa na PUC-Rio, na UFRJ e no curso de pós-graduação da Universidade da Cidade. Recebeu o Prêmio Nacional de Fotografa da Funarte (1996) e a Bolsa Vitae de Fotografa (1998). Empreendeu uma grande pesquisa sobre a fotografa brasileira do século XIX, tendo como temas a relação do imperador Dom Pedro II e a fotografa e o trabalho de artistas estrangeiros na cidade do Rio de Janeiro nesse período. Publicou inúmeros títulos, como Fotografa: Refexos e Refexoes e Álbum da Estrada União e Indústria, entre outros.

PENNA PREARO (São Roque, SP, 1949) p. 137 Fotógrafo. Nascido em Maylasky, atual distrito da zona rural de São Roque, iniciou a carreira profssional em 1972, retratando o universo da música. Seu primeiro trabalho profssional, um álbum de Tim Maia, foi o início de uma longa produção de capas de discos. Colaborou com jornais e revistas como Placar, Bizz, Trip e Caras, entre outras, e com o jornal O Estado de S. Paulo. Na sua produção autoral, com referências à pintura e ao cinema, produz imagens distorcidas e teatralizadas. Sua obra carrega uma grande dose de surrealismo e ironia, como por exemplo na série que o tornou conhecido, São Todos Filhos de Deus (1999), em que retrata grupos em cenas banais com os rostos substituídos

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pela imagem de Jesus Cristo. Recebeu o prêmio J.P. Morgan de Fotografa (1999). Publicou o livro Jornada do Alumbramento de Apollo (2016), que reúne suas séries produzidas nos últimos anos.

PIO FIGUEIROA (Recife, PE, 1974) p. 138

Fotógrafo e diretor de flmes. Premiado recentemente na Academia Brasileira de Cinema como um dos diretores da série Quebrando O Tabu, exibida no canal GNT. No campo da arte, seus trabalhos integraram mostras importantes, como Ver do meio (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2015), Carnaval (Wexner Center, Ohio, EUA, 2014), Marcha (MASP, São Paulo, 2013) e Agora (Museu Berardo, Lisboa, 2012). Sua pesquisa se pauta por uma estratégia com um forte traço do repertório adquirido no fotojornalismo, e que se expressa no campo da arte. É diretor de cena no time da Piloto.tv, e atua em projetos audiovisuais de entretenimento e de comunicação com marcas, fazendo da sua experiência na arte e no jornalismo uma assinatura estética que preza pela qualidade da informação sem abrir mão de uma fotografa poética.

PISCO DEL GAISO (São Paulo, SP, 1967) p. 139 Fotógrafo, começou profssionalmente em 1989 e é fundador do jornal Hardcore, dedicado ao surf. Trabalhou para a Folha de S.Paulo, onde atuou como correspondente e cobriu as Olimpíadas de Barcelona e a Copa do Mundo dos EUA. Em 1994, recebeu o Prêmio Internacional de Fotografa Rei da Espanha pelo trabalho sobre os indígenas Guajás, realizado no estado do Tocantins. Passou em seguida pela revista Placar e fez parte da equipe de projetos especiais da Editora Abril. Foi editor e um dos fundadores do Fotosite, primeiro site brasileiro dedicado à fotografa, que funcionou entre 2000 e 2010 e contou com edições impressas.

RAFAEL VILELA (São Paulo, SP, 1989)

p. 140

Fotógrafo. Cofundador e gestor da Mídia NINJA (2013), coletivo que busca democratizar a cobertura de causas sociais, políticas e identitárias, com uma visão crítica e distanciada do interesse corporativo da grande imprensa. Documenta a crise climática e social no Brasil a partir da perspectiva decolonial. É um dos articuladores da Rede Latino Americana de Coletivos Fotográfcos. Pela série Cabeças-de-Pipa, foi premiado pelo Prix de La Photographie Paris (2011). Participou da exposição Poder Provisório no MAM-SP (2014), e suas fotografas foram incorporadas ao acervo do Museu. Em 2014 foi convidado pela Magnum Photos para o projeto OfSide Brazil sobre a Copa do Mundo. Foi nomeado para o Joop Swart Masterclass - World Press Photo em 2013, 2014 e 2015. Em 2020 foi um dos selecionados pela National Geographic Society para cobrir a pandemia e colabora com The Washington Post, The Intercept, The Guardian e Vice. Em 2021 seu trabalho com o coletivo Covid Latam foi premiado no Pictures of the Year Latin America e World Press Photo Foto Evidence Book Award.

RENATO DE CARA (Lins, SP, 1963) p. 141 Curador independente, consultor de arte. Formado em Jornalismo em 1985 (PUC-SP), especializou-se em arte e moda contemporânea, produzindo, escrevendo, editando e fotografando para marcas e veículos de comunicação. Dirigiu a Galeria Mezanino (2006-2017). Em 2018, dirigiu o Departamento de Museus Municipais de São Paulo. Atualmente é coordenador do Núcleo de Artes Visuais do Centro Cultural b_arco.

RENATO SOARES (Carmo do Rio Claro, MG, 1966) p. 142 Fotógrafo. Documentarista, forma desde os anos 80 um dos maiores bancos de imagens de paisagens e manifestações culturais de todas as regiões do Brasil. São mais de 60 mil imagens, com especial atenção à documentação das comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas. O projeto Ameríndios do Brasil pretende mapear as quase 300 nações indígenas do país, formando uma espécie de acervo etnográfco desses povos. Além desses projetos autorais, colabora frequentemente com as revistas National Geographic e Scientifc American. Participou das exposições O Último Kuarup (MASP, 2006), da mostra itinerante A Última Viagem de Orlando Villas Bôas, que percorreu 12 capitais brasileiras, e de uma coletiva no Palais de la Découverte, em Paris. Publicou os livros Krahô, os Filhos da Terra (1994), Pavilhão da Criatividade  (1998), Sondagem na Alma do Povo, em parceria com Maureen Bisilliat (2006), Mar de Minas (2008) e Universo Amazônico (2013).

MINIBIOGRAFIAS 213

RICARDO CHAVES, KADÃO (Porto Alegre, RS, 1951) p. 143

Fotógrafo. Fotojornalista, foi editor de fotografa do jornal Zero Hora, onde começou como laboratorista em 1969. Em seguida, ingressou na agência Focontexto, de Assis Hofmann. Teve passagem por diversos órgãos da imprensa como fotojornalista ou editor, tais como Jornal do Brasil, Veja, IstoÉ, entre outros. Publicou o livro A forc a do tempo - Histórias de um repórter fotográfco brasileiro (2016), que conta sua trajetória de 40 anos de fotojornalismo.

RICARDO HANTZSCHEL (São Paulo, SP, 1964) p. 144

Fotógrafo, educador e pesquisador. Mestre em Artes Visuais (Unicamp). Grande entusiasta de processos e técnicas artesanais, como as câmeras pinhole e papéis emulsionados manualmente, utilizados na sua série Homens de Sal (2011-2015). Foi idealizador e coordenador do projeto Cidade invertida, que desde 2006 reúne fotógrafos, educadores e artistas para elaborar ações culturais relacionadas à imagem. Recebeu o Prêmio Porto Seguro de Fotografa (2003), pelos ensaios Cidade Casual e Cidade Múltipla, e o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2014) pela série Homens de Sal. Se dedica também ao ensino, tendo trabalhado nas instituições Museu Lasar Segall, Centro Cultural São Paulo, Sesc Pompéia e na Faculdade de Fotografa Senac-SP, onde foi professor por 15 anos.

RICARDO STUCKERT (Brasília, DF, 1970) p. 145 Fotógrafo. Teve passagens por veículos de imprensa como O Globo, Veja e IstoÉ, antes de se tornar o fotógrafo ofcial do ex-presidente Lula entre 2003 e 2011. Em 1997, fotografou os indígenas Yanomamis para a revista Veja e em 2015 iniciou um projeto autoral junto aos povos originários brasileiros, que até agora registrou 12 etnias indígenas. Foi diretor de fotografa e de imagens exclusivas do flme Democracia em Vertigem

RICARDO TELES (Porto Alegre, RS, 1966) p. 146

Fotógrafo. Dedica-se à documentação e fotojornalismo, tendo colaborado com o Grupo Estado (19962002) e as revistas Caras, Der Spiegel e National Geographic Brasil, pela qual recebeu por três vezes o prêmio Best Edit de melhor reportagem internacional. É membro da agência de fotografa Focus, da Alemanha, e autor dos livros Saga - Retrato das colônias alemãs no Brasil (1997) e Terras de Preto (1996), entre outros.

RICKY ARRUDA (São Paulo, SP, 1969) p. 147

Fotógrafo. Utiliza diferentes meios fotográfcos, do analógico ao digital, passando por técnicas alternativas como a lomografa e a fotografa com telefone celular. Em conjunto com Anna Quast, fotografa casamentos, famílias e eventos. Se dedica a retratos e ensaios relacionados à nudez, incluindo capas da revista Playboy. Em paralelo ao trabalho fotográfco, é também professor, escritor e palestrante.

ROBERTO LINSKER (São Paulo, SP, 1964) p. 148 Fotógrafo e editor. É graduado em Geologia (USP). Autodidata, começou a colaborar em 1987 com os jornais Folha de S.Paulo e Folha da Tarde, além das revistas Veja, Claudia e Caminhos da Terra, entre outras. Em parceria com a jornalista Ana Augusta Rocha, fundou em 1994 a Terra Virgem Editora, e através da série Brasil Aventura se especializou em documentar as paisagens brasileiras e seus habitantes. Como editor, publicou os livros Amazônia, de Pedro Martinelli, Poder, glória e solidão, de Orlando Brito, e O último grito, de Klaus Mitteldorf, entre outros. Consolidado como fotógrafo documental de paisagem e natureza, colabora regularmente com a revista National Geographic Brasil, e em 2003 foi premiado com o Picture of the Year 2002, entregue pela National Geographic em Washington.

ROBERTO WAGNER (Ponta Grossa, PR, 1958) p. 149

Fotógrafo. Estudou cinema no Studio Fátima Toledo, em São Paulo (1995), e na New York Film Academy (1996), onde realizou curta-metragens. Ao longo da carreira, fotografou editoriais para revistas de arquitetura e estilo, como Casa Vogue e Trip. Em seus ensaios pessoais, se interessa sobretudo pela cidade e suas transformações, fotografando o banal e os detalhes da paisagem urbana. Grande entusiasta da fotografa Polaroid, participou do coletivo e da exposição SX70.com.br na Galeria Vermelho (2003), que gerou a publicação de mesmo nome. Finalista do prêmio Conrado Wessel em

214 O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA

2013, foi indicado duas vezes ao Prêmio Porto Seguro de Fotografa. Em 2012, realizou sua primeira exposição individual, O real e o Imaginário, reunindo 15 imagens que resumem seu universo visual. Esse trabalho se expandiu para sua página do Instagram, agora com um olhar que recupera também as composições e formas geométricas escondidas na cidade.

ROCHELLE COSTI (Caxias do Sul, RS, 1961) p. 150 Fotógrafa e artista multimídia. Graduada em Comunicação Social (PUC-RS), em 1982 frequentou ateliês de arte na Escola Guignard e um curso sobre processos fotográfcos do século XIX na UFMG. Estudou na Saint Martin’s School of Art e na Camera Work (Londres), entre 1992 e 1993. Em 1983, realizou sua primeira exposição individual, Tentativa de Vôo, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli. A partir de 1988, se instala em São Paulo, onde trabalha fazendo editoriais para jornais e revistas. Desenvolveu a série Quartos, presente na 24.ª Bienal Internacional de São Paulo (1998). Recebeu o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (1997), a Bolsa de Artes da Fundação Vitae (2000) e o Prêmio Marcantonio Vilaça (2017-2018). Publicou o livro de artista Reprodutor (2020), pela Lovely House.

ROGÉRIO ASSIS (Bélem, PA, 1965) p. 151 Fotógrafo. Iniciou sua vida profssional na produtora DCampos, documentando tribos indígenas para o Museu Emílio Goeldi, em Belém. Trabalhou como fotógrafo para diversos veículos da imprensa, como Agência Angular, Agência Estado e Folha de S.Paulo, onde foi editor de matérias, correspondente em Nova York e bolsista no laboratório de mídia digital do ICP (International Center of Photography). Foi ainda editor de fotografa para a América Latina da Starmedia Network. Grande parte de sua obra documental registra a cultura popular e os povos indígenas da Amazônia, como no ensaio Zo’é, povo isolado da Amazônia brasileira que visitou pela primeira vez em 1989. Em 2000, foi um dos criadores do Fotosite, primeiro site brasileiro dedicado à fotografa brasileira e que teve também sua versão impressa. Atualmente é editor-executivo da Editora Mandioca.

ROGÉRIO REIS (Rio de Janeiro, RJ, 1954) p. 152 Fotógrafo. Graduado em Comunicação Social (Universidade Gama Filho), nos anos 1980 fez parte da agência F4 e passou por alguns dos mais importantes veículos de imprensa, como Jornal do Brasil, O Globo e Veja. Foi editor de fotografa do Jornal do Brasil (1991-1996) e um dos fundadores do banco de imagens Tyba, do qual é editor. De seus anos de fotojornalismo, guarda o interesse pelo cotidiano da cidade do Rio de Janeiro, mote dos seus projetos autorais, como Surfstas de Trem (1988), Na Lona (1987-2001), Travesseiros Vermelhos (2006), Microondas (2004), Av. Brasil 500 (2009), Linha de Campo  (2010) e Exaustão (2018). Recebeu o Prêmio Nacional de Fotografa da Funarte (1999) pela série Na Lona, publicada em 2010, e é autor de Ninguém é de ninguém (2015) e Viagem ao Sul do Real (2018), ganhador do Prêmio Latino-Americano mObgraphia na categoria Fotolivro.

RONALDO ENTLER (São Paulo, SP, 1968) p. 153 Professor, pesquisador e crítico de fotografa. Graduado em Jornalismo (PUC-SP), mestre em Multimeios (IA-Unicamp), doutor em Artes (ECA-USP) e pós-doutor em Multimeios (IA-Unicamp). Foi repórter fotográfco entre 1997 e 2002 e diretor artístico da área de fotografa da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, de São José dos Campos, entre 1991 e 1995. Atuou como professor visitante no Programa de Pós-Graduação em Multimeios do IA-Unicamp (2005-2010). Atualmente, é professor e coordenador de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação e Marketing e professor da Faculdade de Artes Plásticas (FAAP). É articulista do site Icônica, espaço de refexão e crítica de fotografa, e colunista do site da revista ZUM (IMS). Publicou o livro de contos Diante da Sombra (2018).

ROSÂNGELA RENNÓ (Belo Horizonte, MG, 1962)

p. 154

Artista multimídia. Formada em Arquitetura (UFMG) e em Artes Plásticas pela Escola Guignard, é Doutora em Artes pela Escola de Comunicações e Artes (USP). Na década de 1980, criou suas primeiras obras a partir de fotografas de álbuns de família, cujo uso e reapropriação da fotografa vernacular se tornou a marca do seu trabalho, questionando o status e a natureza da imagem fotográfca. A partir de 1992, iniciou o projeto Arquivo Universal, um banco de dados virtual composto por trechos de textos jornalísticos que contêm referências a imagens fotográfcas. Grande interessada nos

MINIBIOGRAFIAS 215

arquivos, desenvolve a série Cicatriz (1996) a partir de reproduções de negativos fotográfcos do Museu Penitenciário Paulista. Recebeu bolsas da Civitella Ranieri Foundation, de Umbertide, Itália (1995), da Fundação Vitae (1998) e da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, de Nova York (1999). Publicou inúmeros livros, como Rosângela Rennó: O arquivo universal e outros arquivos (2003) e Espelho diário (2009), em conjunto com a escritora Alícia Duarte Penna.

ROSELY NAKAGAWA (São Paulo, SP, 1954) p. 155 Curadora e editora de artes visuais. Graduada em Arquitetura (FAU-USP), com especialização em Museologia pela mesma universidade, participou da criação da primeira galeria de Fotografa em São Paulo, a Galeria Fotoptica, com Thomaz Farkas, em 1979. Foi uma das fundadoras do Núcleo dos Amigos da Fotografa - NAFoto, em 1991, que organizou o 1.º Mês Internacional da Fotografa em São Paulo (1993). Coordenou a Casa da Fotografa FUJI e foi curadora das galerias Fnac (20032009). Como curadora independente, atuou nas principais instituições culturais brasileiras, como Pinacoteca do Estado de São Paulo, MASP e IMS, entre outros, e internacionais, como PS1, MoMA, Guggenheim, BOZAR (Bruxelas, Bélgica) e Centro Metropolitano de Fotografa (Nagoya, Japão). Nos últimos anos tem colaborado na edição de livros de diversos fotógrafos brasileiros contemporâneos.

RUBENS FERNANDES JUNIOR (Rio Claro, SP, 1949) p. 156 Pesquisador e curador de fotografa. Graduado em Comunicação Social / Jornalismo (FAAP) e doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. É membro da Associação Paulista de Críticos de Arte. Foi um dos fundadores do Núcleo dos Amigos da Fotografa - NAFoto, coletivo que realizou dez edições do Mês Internacional de Fotografa de São Paulo (1993-2011). Membro do Conselho Curador da Coleção Pirelli / MASP (1991-2015). Foi curador do Prêmio Fundação Conrado Wessel de Fotografa (2002-2017). Recebeu o Prêmio de Melhor Exposição / Curadoria da APCA pelas exposições Mario Cravo Neto (MASP, 1995) e A(s)simetrias - Fotografas de Geraldo de Barros  (Galeria Brito Cimino, 2016). Recebeu o XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (2014), na categoria Pesquisa. Publicou os livros Yalenti - Fotografas de José Yalenti (Editora Madalena, 2019), Papéis Efêmeros da Fotografa (Ed. Tempo D’Imagem, 2015), Geraldo de Barros - Fotoformas e Sobras (Ed. Cosac Naify, 2006), Labirinto e Identidades - Fotografa Brasileira Contemporânea (2003) e O Século XIX na Fotografa Brasileira (2000), entre outros.

RUI MENDES (Assis, SP, 1962)

p. 157

Fotógrafo. Cursou fotografa no Fort Vancouver Junior College, em Vancouver, Washington, nos Estados Unidos (1978-1979), e jornalismo (USP). Entre 1984 e 1986, foi articulista no caderno de informática na seção Fotografe sem Mistério, da Folha de S. Paulo. Nessa época, começou a fotografar capas de discos do incipiente movimento roqueiro dos anos 1980, além de passar por veículos de imprensa que cobriam música, como Bizz e Rolling Stone. Dirigiu e fotografou videoclipes de diversos artistas, como Chico Science e Nação Zumbi, Syang e Charlie Brown Jr., entre outros. Em 1995 começou a trabalhar no mercado de flmes publicitários como diretor de fotografa. Atualmente fotografa retratos para diversas publicações dos mercados editorial e musical.

SILAS DE PAULA (Castelo, ES, 1950)

p. 158

Fotógrafo e professor. Doutor pela Universidade de Loughborough (Inglaterra), foi coordenador do mestrado em Audiovisual da Universidade Federal do Ceará e integrante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, atuante na linha de pesquisa Fotografa e Audiovisual. Ganhou o Concurso Cultural Fotográfco Leica-Fotografe (2008), categoria Ensaio Fotográfco, com uma série realizada no Mercado São Sebastião, e o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografa (2011) na categoria Crônicas Urbanas, com a série Gente no Centro. Realizou em 2011 a exposição Um sábado qualquer… no mercado na Travessa da Imagem, em Fortaleza.

SIMONETTA PERSICHETTI (Roma, Itália, 1958) p. 159

Jornalista e crítica. Graduada em Jornalismo (Faculdade Cásper Líbero), mestre em Comunicação e Artes (Mackenzie), doutora em Psicologia (PUC-SP) e pós-doutora pela Escola de Comunicação e Artes (USP). É professora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade Cásper Líbero na linha de

216 O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA

pesquisa Jornalismo, Imagem e Entretenimento e coordenadora do grupo de pesquisa Comunicação Cultura e Visualidades, na mesma instituição. Editora da revista Líbero (2017), publicou os livros Imagens da Fotografa Brasileira I e Imagens da Fotografa Brasileira II. Foi também autora de entrevistas e textos para o livro Encontros com a Fotografa e professora no bacharelado em Fotografa, além de coordenadora da pós-graduação em Fotografa no Senac, na Pós Graduação da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e no Museu de Arte Moderna (MAM). É crítica de fotografa do Caderno 2 do jornal Estado de S. Paulo e da revista Brasileiros. Organizou, entre 2003 a 2009, a Coleção Senac de Fotografa. É coordenadora do selo Editora Cásper Líbero desde 2018.

TATEWAKI NIO (Kobe, Japão, 1971) p. 160 Fotógrafo. Estudou Sociologia pela Universidade Sophia (Tóquio) e posteriormente obteve bacharelado em Fotografa no Senac (São Paulo), onde trabalha como fotógrafo profssional desde 2001 realizando trabalhos autorais e editoriais. Se interessa pela paisagem urbana, suas transformações e sua arquitetura. Foi contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2011) com a série Escultura do Inconsciente, em que revela a estética existente nos processos de transformação e abandono da paisagem em São Paulo. Na série Neo-andina, documentou a singularidade da arquitetura eclética da cidade de El Alto, na Bolívia, com suas fachadas super coloridas, projeto desenvolvido na residência fotográfca do Museu do Quai Branly em 2016. No projeto Na espiral do Atlântico Sul, pelo qual recebeu a Bolsa de Fotografa ZUM (2017), trata das questões envolvidas no deslocamento de populações entre África e Brasil.

THALES TRIGO (Ribeirão Preto, SP, 1952) p. 161 Fotógrafo e professor. Graduado em Física (USP), é mestre em Astronomia (USP) e doutor em Engenharia (USP). Começou a fotografar profssionalmente em 1983. Nos anos 1990 foi contratado pelo Senac-SP para desenvolver os cursos básicos de fotografa. Ao longo da década, trabalhou na elaboração do bacharelado em Fotografa do Senac-SP, do qual foi coordenador de 1999 a 2007. Publicou o livro Equipamento Fotográfco, teoria e prática (1998). Criou em 2007 a Fullframe - Escola de Fotografa e em 2015 a Contraste Estudos Fotográfcos.

TIAGO SANTANA (Crato, CE, 1966) p. 162 Fotógrafo e editor. Desde 1989 desenvolve ensaios pelo Brasil e América Latina, concentrando principalmente nas tradições culturais, nas festas populares e nas questões de identidade e denúncia social. Em 1994 recebeu a Bolsa Vitae (SP), com o projeto Benditos, livro publicado em 2000; e o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografa (RJ) em 1995. Em 2007 ganhou os Prêmios Conrado Wessel (SP) e APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo ensaio O Chão de Graciliano Em 2010 recebeu o Prêmio Porto Seguro Brasil de Fotografa (SP). Em 2011 teve seu trabalho Sertão publicado na coleção francesa Photo Poche. Em 2014 publicou o livro Céu de Luiz. Está nas coleções do Brooklyn Museum (EUA), Pirelli / MASP e Joaquim Paiva, entre outras. Fez exposições individuais no Sesc Pompéia e na Galeria L’Oeil Nu em Liège (Bélgica). Participou de mais de 60 exposições no Brasil e fora. Integra o comitê editorial da Revista Sueño de La Razón. É diretor artístico do Fotofestival SOLAR e fundador da Editora Tempo d’Imagem em Fortaleza, no Ceará.

TONI PIRES (São Paulo, SP, 1965) p. 163 Fotógrafo. Graduado em Economia e Jornalismo (Unesp), é mestre em Poética Visual (USP) e tem pós-graduação em Fotografa (Centro Universitário Senac-SP) e História da Arte (Fundação Cásper Líbero). Desde 2007 é membro do conselho consultivo da Universidade Anhembi Morumbi para o curso de Fotografa. Trabalhou como fotojornalista e editor na Folha de S.Paulo. Trabalha com diversos veículos de imprensa, além de desenvolver seus projetos pessoais. Foi um dos selecionados ao Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografa (2014).

TUANE FERNANDES (São Paulo, SP, 1991) p. 164

Fotógrafa. Documentarista e fotojornalista com base em São Paulo, começou sua carreira no fotojornalismo em 2016. Colaborou com diferentes veículos de imprensa, entre eles Folha de S.Paulo, Carta Capital, National Geographic e VICE. Integrante da agência independente Farpa, desenvolve trabalhos documentais com temática social, identitária ou de cultura popular, como nos projetos em

MINIBIOGRAFIAS 217

um assentamento extrativista no Pará (2019) ou a série Gaviões, sobre os torcedores do Corinthians. Expôs no Memorial da Resistência (2018) e participou da 8.ª Mostra SP de Fotografa. Acompanhou a CIDH - Comissão Interamericana de Direitos Humanos no Brasil e palestrou sobre fotografa documental e fotojornalismo na PUC-SP, na USP, nos festivais de Tiradentes e Paranapiacaba e no IMS. Seu trabalho foi publicado em veículos como Folha de S. Paulo, National Geographic, VICE, Claudia, Al Jazeera e El País, entre outros. Colabora com o Greenpeace Brasil.

TUCA REINÉS (São Paulo, SP, 1956) p. 165

Fotógrafo. Formado em Arquitetura e Urbanismo (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos), começou a fotografar na década de 1970, sobretudo nas áreas de moda, arquitetura, design de interiores e publicidade. Colabora com diversos veículos de imprensa, como Vogue e Casa Vogue, Wallpaper, A&D e Elle, entre outras. Recebeu o terceiro lugar na 1.ª Bienal Internacional de Fotografa de São Paulo, em 1983, além de dois Leões de Ouro no Festival de Cannes, com 10 Anos do Hotel Emiliano e A Gente Vive Para Contar Histórias. Em seus projetos pessoais, se interessa sobretudo pelas paisagens naturais e urbanas. Em 2015, a exposição individual O Olhar Vertical, no Santander Cultural, em Porto Alegre, e na Sala de Arte Santander, em São Paulo, reuniu grande parte dessa produção.

VALDEMIR CUNHA (São Paulo, SP, 1966) p. 166 Fotógrafo e editor. Foi editor de fotografa e editor-executivo nas editoras Azul, Abril e Peixes. Realizou projetos documentais sobre a natureza, a paisagem e seus habitantes, como Brasil Invisível (2012), livro que retrata brasileiros nas cinco regiões do país. Criou em 2010 a editora Origem para publicar seus livros, e passou também a produzir fotolivros com tiragem limitada. Foi fnalista dos prêmios Porto Seguro de Fotografa (2007 e 2008) e Conrado Wessel (2012 e 2013), e ganhou três prêmios Abril de fotografa. Foi selecionado para a Bienal de Arte de Roma (2014). Viajou por mais de 100 países produzindo reportagens para revistas de viagens. Publicou 26 livros, 14 com o selo de sua editora. Como publisher da editora Origem, lançou 70 títulos de 65 fotógrafos brasileiros.

VALDIR CRUZ (Guarapuava, PR, 1954) p. 167 Fotógrafo, começou a carreira em 1983. Embora viva nos Estados Unidos há mais de 35 anos, o foco principal de seu trabalho é o povo, a arquitetura e a paisagem do Brasil. De 1995 a 2000, concentrou-se em Faces da Floresta, projeto que documentou a vida de comunidades indígenas do norte da Amazônia brasileira e lhe valeu, em 1996, uma bolsa da Fundação Guggenheim. Seu trabalho está presente nas coleções permanentes do MASP, MoMa, Museum of Fine Arts (Houston), Smithsonian Institution (Washington, D.C.) e Biblioteca Pública de Nova York, entre outros. Conta com onze publicações em formato de livro, entre elas Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (1996), Faces da Floresta - Os Yanomami (2004) e O caminho das águas (2007). Atualmente divide seu tempo entre Nova York e São Paulo.

VANIA TOLEDO (Minas Gerais, 1945 - São Paulo, 2020) p. 168 Fotógrafa. Graduada em Ciências Sociais (USP). Autodidata, produziu uma fotografa livre de qualquer academicismo, resultando em imagens espontâneas e íntimas de seus personagens, majoritariamente artistas da cena cultural brasileira, entre eles As Frenéticas, Cazuza, Clodovil, Fernanda Montenegro e Laerte. Foi precursora em fotografar a noite paulistana dos anos 1970, registros que continuaram intensamente nas duas décadas seguintes. Publicou quatro livros. No primeiro, Homens (1980), fotografou 34 homens nus, como Caetano Veloso, Nuno Leal Maia, Walter Franco, Roberto de Carvalho e Ney Matogrosso. Tal ousadia a tornou uma das fotógrafas de retratos mais produtivas e queridas de São Paulo e do Brasil, e Homens a ser uma marca indelével na Fotografa Brasileira. Sua última exposição individual foi Mulheres Espetaculares (SP) em 2008. Em 2007 recebeu a Ordem do Mérito Cultural.

VICTOR DRAGONETTI, DRAGO (São Paulo, SP, 1991) p. 169

Fotógrafo. Cronista visual da metrópole, seus habitantes e suas contradições. Sua produção se consolida na série Em Processo (2013), sobre as manifestações na cidade de São Paulo, pela qual foi premiado na categoria Fotografa do Ano do Prêmio Esso 2013. São Paulo é o cenário de grande parte da sua obra. Drago transita pela fotografa de rua, onde incorpora cenas prosaicas e os signos da

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cidade, além de documentar os principais acontecimentos que a transformam em palco de confitos.

VICTOR MORIYAMA (São Paulo, SP, 1984) p. 170

Fotógrafo. Seus projetos documentais cobrem direitos humanos, meio ambiente, os processos de violência urbana, confitos agrários e o genocídio das populações indígenas. Colabora com The New York Times, Bloomberg, Le Monde e National Geographic Brasil, cobrindo Amazônia e América Latina, além de escrever regularmente para o jornal El País

VIK MUNIZ (São Paulo, SP, 1961) p. 171

Fotógrafo e artista plástico. Cursou publicidade (FAAP). No início de sua carreira se dedicou à escultura, passando logo em seguida à fotografa. Vive e trabalha em Nova York desde 1983. Em sua obra, investiga os temas relacionados à representação através das imagens, fazendo uso da fotografa para questionar nossa percepção. Utiliza materiais tão diversos quanto açúcar, chocolate e lixo para compor suas imagens, que são posteriormente fotografadas em câmeras de grande formato. A ideia é criar uma dúvida no espectador do que são as partes e o que é o todo, além de jogar com a espessura criada pela reprodução fotográfca, ilusão de real e tridimensionalidade. Começa sua pesquisa visual em 1988, com a série de desenhos The best of Life, na qual reproduz parte das fotografas da edição especial da revista Life, fotografando-as e simulando as imagens originais. Essa operação de representação da realidade através da fotografa, relacionando-a com o desenho e a pintura, até hoje forma o eixo principal da sua obra.

WALTER CARVALHO (João Pessoa, PB, 1947) p. 172 Fotógrafo e cineasta. Formado em design gráfco pela ESDI (RJ). Desde 1972, desenvolve intensa atividade como profssional da imagem: em fotografa, no cinema e na TV. No cinema, foi responsável pela direção de fotografa, entre outros, de Lavoura Arcaica, Abril Despedaçado, Madame Satã, Central do Brasil, Amarelo Manga e Terra Estrangeira. Conquistou o Golden Frog no festival Camerimage 98. Seu percurso de fotógrafo e cineasta se refete em todo o seu trabalho autoral. Conta com diversas publicações, como os livros Contrastes simultâneos e Fotografas de um Filme, ambos pela Cosac Naify e Walter Carvalho, Fotógrafo, pelo IMS. Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas e participa do FotoRio desde sua primeira versão. Na TV fotografou a novela Renascer e Rei do Gado, e como diretor fez a série Onde nascem os fortes e a novela Amor de Mãe. Sua obra fotográfca está nas coleções do Museu de Arte do Rio (MAR), Maison Européenne de la Photographie (MEP), Pirelli / MASP, Instituto Moreira Salles e MAM de São Paulo. Integra a Photographers Encyclopaedia International. É membro da Academia de Cinema de Hollywood.

WALTER FIRMO (Rio de Janeiro, RJ, 1937) p. 173

Fotógrafo. Autodidata, iniciou sua carreira como fotojornalista no jornal Última Hora, em 1957, e em seguida no Jornal do Brasil. Integrou a revista Realidade desde o seu lançamento, em 1965. Foi correspondente da editora Bloch em Nova York (1967). Nos anos 1970, desenvolveu trabalhos publicitários para a indústria fonográfca, quando retratava inúmeros cantores da MPB. Nessa época começou seu interesse pelas festas populares, sobretudo o carnaval do Rio de Janeiro e o folclore nacional, como no ensaio Festa do Maracatu-Rural (1997). Esses temas reúnem seu interesse pela fgura humana e a cultura popular brasileira. Foi diretor do Instituto Nacional de Fotografa da Funarte (1986-1991) e recebeu a Bolsa de Artes do banco Icatu, em 1998. No fm da década de 1990, tornou-se editor de fotografa da revista Caros Amigos. Publicou os livros Walter Firmo - Antologia Fotográfca (1989), Paris, Parada Sobre Imagens (2001), Rio de Janeiro Cores e Sentimentos (2002) e Firmo (2005).

YAN BOECHAT (Rio de Janeiro, RJ, 1974) p. 174 Fotógrafo e jornalista. Graduado em jornalismo (UFSC), publicou reportagens em texto, foto e vídeo em diversos veículos, como Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo, Veja, IstoÉ, BBC e Deutsche Welle, cobrindo os mais diversos temas, como economia, política externa e direitos humanos. Na última década, atuou também como fotojornalista freelancer, cobrindo zonas em confito na Síria, no Iraque, em Gaza e no Afeganistão, entre outros. Mais recentemente, cobriu os impactos da pandemia no Brasil.

MINIBIOGRAFIAS 219

As principais fontes utilizadas na elaboração dos verbetes, além dos sites dos próprios fotografados, foram: http://fotoempauta.com.br

http://portais.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes https://enciclopedia.itaucultural.org.br

https://paratyemfoco.wixsite.com/paratyemfoco

https://www.livrosdefotografa.org

https://pt.wikipedia.org

https://www.fparanapiacaba.com.br

SUMÁRIO

Avener

João

Joaquim

Joaquim

Jonne

José

José

Juan

Juca Martins

Julio

Juvenal

Kitty

Lalo de Almeida

Larissa Zaidan

Leonardo Finotti

Leopoldo Plentz

Letícia Lampert

Lucas Lenci

Luciano Candisani

Adriana Zehbrauskas Alessandro Celante Alex Flemming Alexandre Belém Alexandre Wittboldt Ana Angélica Costa Ana Carolina Fernandes André Cypriano André Penteado Angela Magalhães Anna Kahn Antônio Gaudério
Alcântara
Prado
Pappalardo
Omar
Araquém
Armando
Arnaldo
Arthur
Prado
Samaia
Wolfenson
Kossoy Camila Falcão Carlo Cirenza Carlos Carvalho Cássio Vasconcellos Celso Oliveira Christian Braga Claudia Andujar Claudia Jaguaribe Claudio Edinger Claudio Feijó Clicio Barroso Filho Clovis Dariano Cris Bierrenbach Cris Veit Cristiano Mascaro Daniel Kfouri Daniel Klajmic Danilo Verpa Davilym Dourado Delfm Martins Denise Camargo Diógenes Moura Ed Viggiani Eder Chiodetto Eder Ribeiro Edu Simões Egberto Nogueira Elza Lima Eneida Serrano Eugênio Sávio Eustáquio Neves 007 008 009 010 011 012 013 014 015 016 017 018 019 020 021 022 023 024 025 026 027 028 029 030 031 032 033 034 035 036 037 038 039 040 041 042 043 044 045 046 047 048 049 050 051 052 053 054 055 056 057 186 186 186 186 186 186 187 187 187 187 188 188 188 188 188 189 189 189 189 190 190 190 190 190 191 191 191 191 192 192 192 192 192 193 193 193 193 193 194 194 194 194 194 195 195 195 195 196 196 196 196 196 197 197 197 197 197 197 198 198 198 198 198 199 199 199 199 199 200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 202 202 202 202 202 203 203 203 203 203 204 204 204 204 205 205 205 205 205 206 058 059 060 061 062 063 064 065 066 067 068 069 070 071 072 073 074 075 076 077 078 079 080 081 082 083 084 085 086 087 088 089 090 091 092 093 094 095 096 097 098 099 100 101 102 103 104 105 Evandro Teixeira Fausto Chermont Feco Hamburger Felipe Abreu Felipe Dana Fernando Bueno Fernando Costa Netto Fernando de Tacca Fernando Lemos Flávio Damm Francisco Proner Gabriel Chaim Gal Oppido German Lorca Giancarlo Mecarelli Gilvan Barreto Gui Mohallem Gui Paganini Hirosuke Kitamura Hudson Rodrigues Iatã Cannabrava Ignacio Aronovich Isabel Amado Ivan Padovani João Castilho
de Orleans e Bragança João Farkas
Kulcsár
Marcos Rosa
Roberto Ripper
Betina
Bob
Boris
João
João
João
João
Wainer
Marçal
Paiva
Roriz
Bassit
Diniz
Esteves
Bittencourt
Pereira
Paranaguá
BIO BIO RETR. RETR. NOME NOME

Maureen

Mauricio

Mauricio

Nair

Orlando Azevedo

Pablo Di Giulio

Patricia Veloso

Paulo Fridman

Paulo Marcos

Pedro Vasquez

Penna Prearo

Pio Figueiroa

Pisco Del Gaiso

Rafael Vilela

Renato de Cara

Renato Soares

Ricardo Chaves, Kadão

Ricardo Hantzschel

Ricardo Stuckert

Ricardo Teles

Ricky Arruda

Roberto Linsker

Roberto Wagner

Rochelle Costi

Rogério Assis

Rogério Reis

Ronaldo Entler

Rosângela Rennó

Rosely Nakagawa

Rubens Fernandes Junior

Rui Mendes

Silas de Paula Simonetta Persichetti

Tatewaki Nio

Thales Trigo

Tiago Santana

Toni Pires

Tuane Fernandes

Tuca Reinés

Valdemir Cunha

Valdir Cruz

Vania Toledo

Victor Dragonetti, Drago

Victor Moriyama

Vik Muniz

Walter Carvalho

Walter Firmo

Yan Boechat

206 206 206 206 206 207 207 207 207 207 208 208 208 208 209 209 209 209 209 210 210 210 210 210 211 211 211 211 212 212 212 212 213 213 213 213 213 214 214 214 214 214 214 214 215 215 215 215 215 216 216 216 216 216 217 217 217 217 217 218 218 218 218 218 219 219 219 219 219 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 Luisa Dörr Luiz Braga Luiz Carlos Felizardo Luiz Eduardo Achutti Luiz Morier Manuk Poladian Marcelo Greco Márcia Charnizon Marcia Mello Marcio Scavone Márcio Vasconcelos
Bonisson
Marcos
Bisilliat
Lissovsky
Simonetti
Chikaoka
Rio Branco
Guran
de Souza Mônica Maia Mônica Zarattini Nadja Peregrino
Miguel
Miguel
Milton
Miro
Benedicto Nellie Solitrenick
Vlahou
Olga
BIO BIO RETR. RETR. NOME NOME

O RETRATO DA FOTOGRAFIA BRASILEIRA

obra Ale Ruaro; produção executiva Ale Ruaro; texto Paulo Marcos; minibiografas Eder Ribeiro e Paulo Marcos; editora IpsisPUB; projeto gráfco Alyssa Ono; preparação de texto Mateus Baldi; revisão de texto Mateus Baldi

Este livro foi composto em Archivo, impresso em papel Munken Lynx Rough 120 g para o miolo e papel Masterblank 270 g para a capa.

Impressão e acabamento Ipsis Gráfca, Tecnologia exclusiva - 2Black ®

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a permissão do autor.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil); Ruaro, Ale; O retrato da fotografa brasileira / Ale Ruaro; Santo André, SP: IpsisPUB, 2021. ISBN 978-65-89200-07-9

1. arte 2. arte brasileira 3. fotografa 4. fotografa - Brasil 5. fotografa - retratos I. título; 21-95972/ CDD-778.92. índices para catálogo sistemático:

1. fotografas : retratos 778.92; Maria Alice Ferreira - Bibliotecária, CRB-8/7964

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