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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA E ACONDICIONAMENTO DO ACERVO DE ALFREDO MAZZEI

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PREFÁCIO

PREFÁCIO

Por Angelica Reckel Conservadora e Artista Plástica pela Universidade Federal do Espírito Santo

O acervo pessoal de Alfredo Mazzei chegou até nossas mãos contendo fotografias em papel, negativos de vidro e plástico, rolos de filmes 16mm, além de documentos textuais e jornais.

A família Mazzei, detentora do acervo, nos cedeu um espaço em um imóvel alugado: uma sala arejada com uma mesa de vidro e uma estante em metal. Durante o manuseio do acervo, fizemos sempre o uso de luvas e qualquer movimentação ocorria sobre a mesa de vidro.

Durante o processo, contei com as destacadas colaborações de Teresinha Mazzei - neta do fotógrafo Alfredo Mazzei, e de seus pais Ary e Carmélia. A identificação do conteúdo das fotografias foi um ponto importante deste processo e a memória de Seu Ary e dona Carmélia muito contribuiu para que nossa empreitada encontrasse êxito.

Iniciei meu trabalho de higienização pelas fotografias em papel, que estavam em bom estado de conservação, salvo raras imagens, que apresentaram pequenas infestações biológicas, gerando perfurações no interior do papel, além de vincos, rasgos e perdas, resultado de forma inadequada de manuseio e acomodação.

Realizamos uma triagem, organizando as fotos nas séries definidas no arranjo arquivístico e lógico. Todas foram avaliadas, uma a uma, para a catalogação, onde descrevi suas condições físicas. Foram retiradas as medidas em centímetros e, na sequência, informadas ao arquivista responsável, Marcello França Furtado, o estado de conservação delas.

Para o trabalho de higienização das fotografias foram utilizados flanela, pincel e, em alguns casos, o bisturi (empregado na retirada de resíduos nas extremidades, nunca no interior da imagem). Em seguida as fotografias em papel foram acondicionadas em envelopes de diferentes tamanhos e uma numeração de controle foi adicionada no verso de cada item, sendo em seguida alocadas em caixas poliondas de cor branca.

No caso dos negativos em vidro, a higienização foi feita com pincel e flanela. Um deles apresentava uma perda na lateral e um outro chegou até nós quebrado ao meio. O restante estava em perfeito estado, embora as imagens contidas apresentem perdas, sem porém, comprometer o seu conteúdo total.

Os negativos em vidro foram acondicionados um a um em caixas para até cinco unidades. Nas caixas, eles foram separados por pranchas de polionda e receberam uma breve identificação para reconhecimento. No exterior da caixa identificamos o objeto como FRÁGIL, para garantir que seu manuseio seja feito com o máximo cuidado possível a fim de não danificar este precioso bem.

Os negativos de polipropileno representavam a parte mais complexo do acervo e exigiram uma dedicação maior para higienizar e conservar, ainda que de forma preventiva. Havia uma quantidade imensa deles, todos enrolados e mal acondicionados. Selecionamos do conjunto uma base de 200 unidades, que entendemos estar em melhor condições de conservação e identificação. Para a avaliação do estado de conservação foi definido realizar um alinhamento dos mesmos, colocando os negativos esticados sobre a mesa de tampo de vidro e cobrindo com papel de seda e placas de gesso cartonado como peso. Conseguimos realizar este procedimento em pelo menos 100 unidades, sendo as outras demais colocadas em quarentena devido ao estado avançado de contaminação. Nestes negativos haviam ainda alguns resíduos de infestação biológica, que foram removidos com o uso de bisturi. A partir desse procedimento foram aguardados alguns dias e daqueles 100 que restaram em boas condições o próximo passo foi recortá-los em frações de 6 a 7 negativos e guarda-los em sequência de tiras em ordem codificada A/B/C/D/E. Todos eles foram higienizados e destes, elegemos 50 rolos que foram identificados, catalogados e posteriormente acondicionados numa caixa de polionda, criada na dimensão específica para acondicionar o material.

Dos rolos de filme 16mm, parte apresentava o fenômeno de vinagre e não foi possível identificar seu conteúdo por completo. Outros porém, em melhor estado de conversação, puderam ter as imagens identificadas e parcialmente descritas pelo técnico do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Sergio Dias, que prestou esta colaboração ao projeto.

Em seguida, os rolos de filmes 16 mm foram retirados de sua embalagem original (a maioria, latas de ferro danificadas pelo tempo) e acondicionados em estojos de plástico, gentilmente doados pelo Cine Metrópolis(Ufes), por intermédio de Vitor Graize. Posteriormente, os estojos foram acondicionados em caixa polionda, confeccionada especialmente para o tamanho dos rolos 16mm. Desta forma, acreditamos que o material esteja protegido, para que não ocorra uma deterioração do suporte original.

Todo este processo foi feito sob a supervisão e a colaboração de Marcello França Furtado, arquivista responsável pelo projeto, e também autor do catálogo, onde as informações sobre o acervo foram descritas.

Após todas as conferências e verificações, o acervo completo foi devidamente acondicionado em uma estante de metal em local ventilado e seco, em um imóvel da família Mazzei.

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