Água pra que te quero! : caderno de viagem

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CADERNO DE VIAGEM NÍVIA UCHÔA

2 a EDIÇÃO - SÉRIE ESPECIAL

FORTALEZA - 2012


Caderno de Viagem - Água pra que te quero! Ponto2 design

Samara Amaral Cristina do Vale Nívia Uchôa

Projeto Gráfico

Local Foto Bila Foto

Pesquisadoras

Cristina do Vale Nívia Uchôa

Regina Coeli Mara Lopes Virgínia Adélia Carvalho Evaneida Peixoto Edilene Queiroz João Josa de Melo Lusimeire Ramos de Melo

Edição de Textos

Educadores Ambientais (Semace)

Orlando Bezerra

Virgínia Uchôa Carla Uchôa

Tratamento de Imagem

Celso Oliveira Curadoria e Edição de Fotografia

Revisor Ortográfico

Assistentes Locais de Pesquisa e Edição

Grafica Editora Tiprogresso Impressão Gráfica

Pesquisa de Campo

Dra. Nancy Mireya Sierra-Ramírez Consultoria Metodológica e Análise da Pesquisa

Cristina do Vale

Lucivanda Vieira Angelique Abreu Andria Magalhães Lili Aragão Juliana Muniz Transcrição de diálogos e entrevistas

Coordenação e Análise da Pesquisa

www.aguapraquetequero.blogspot.com | agua.praquetequero@gmail.com

© Todos os direitos reservados.


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO A ÁGUA É TUDO.................................... GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS....... EDUCAR PARA CONSERVAR..................... PACTO DAS ÁGUAS................................

04 05 06 07

O PÉRIPLO DAS ÁGUAS......................... 08 DOCUMENTAR PARA REFLETIR.............. 09 SOB A LUZ DAS ÁGUAS DO CEARÁ...... 10 BACIA DO BANABUIÚ................................ BANABUIÚ................................................. BOA VIAGEM........................................... MONSENHOR TABOSA............................ QUIXADÁ..................................................

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BACIA DO ALTO JAGUARIBE................... ARNEIROZ............................................... ORÓS....................................................... SALITRE................................................... TAUÁ.......................................................

44 46 52 58 66

BACIA DO SALGADO............................... BARBALHA................................................ BREJO SANTO......................................... CRATO..................................................... JUAZEIRO...............................................

78 80 86 94 102

FICHA TÉCNICA........................................ 112


A água é tudo As fotos de Nívia são molhadas de poesia e denúncia. Este diário de viagem por todo o Estado do Ceará confirma o que já sabemos: a água é um bem escasso em nosso Estado. Quantas secas o velho e o novo homem do sertão já enfrentaram? A falta de água está batendo em nossas portas todos os dias. Nada fazemos. É preciso criar a fundação água da terra. É preciso incentivar a sociedade a gastar menos esse recurso que ainda temos como pagar. Nada é inesgotável. Acredito na força do homem para mudar as coisas. Não podemos morrer por falta de água. Isto seria aniquilar a sabedoria que acumulamos durante séculos! A água nos fez navegar... devagar... por mares nunca antes navegados. Somos inteligentes. Não vamos deixar de ser tudo isso... à toa... Sim, esse texto era para falar da Nívia e de suas imagens, mas prefiro que vocês apreciem com seus próprios olhos e sintam o que devemos fazer por nosso planeta.

Celso Oliveira fotógrafo


Gestão dos Recursos Hídricos preservação, conservação e uso racional da água A Política Estadual dos Recursos Hídricos estabelece que a gestão da água deve ser integrada, descentralizada e participativa. Para isso é desenvolvido um processo continuado de sensibilização, mobilização, comunicação e capacitação dos atores sociais; divulgação e implementação dos instrumentos de gestão e descentralização das ações de gerenciamento nas bacias, garantindo assim um envolvimento social efetivo e consciente na gestão da água. Todo esse processo é desenvolvido pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos - COGERH, criada através da Lei nº 12.217, de 18 de novembro de 1993, constituindo-se organismo de gerenciamento dos recursos hídricos do Ceará. A COGERH é vinculada à Secretaria dos Recursos Hídricos - SRH, atuando no monitoramento quantitativo e qualitativo da água, operação e manutenção da infraestrutura hídrica, implementação dos instrumentos de gestão, alocação negociada de água, apoio à organização dos usuários de água e exercendo a função de Secretaria Executiva dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Para esse trabalho de gestão participativa da água, é desenvolvido pela COGERH um amplo processo de mobilização social nas bacias, levando em consideração a complexidade do processo de participação social e sua importância para a gestão dos recursos hídricos. Nesse sentido, mobilizar não se trata apenas de animar a comunidade, organizar reuniões, conscientizar ou sensibilizar as pessoas sobre a importância da água, mas fundamentalmente garantir a participação efetiva dos atores sociais em relação ao uso, controle e conservação da água. Iniciativas como a do projeto Água pra que te quero! têm o objetivo de divulgar informações sobre a importância da relação do ser humano com a água e da necessidade de sua gestão sustentável, contribuindo com a ampliação de multiplicadores sociais na missão de educar a população para, juntos – poder público e sociedade civil –, enfrentarmos a questão da água no Ceará de forma preventiva, participativa e efetiva na solução de problemas e alternativas sustentáveis.

Francisco José Coelho Teixeira

Presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH


Educar para conservar Água é um recurso natural essencial para a vida. Nos últimos anos, estamos acompanhando o aumento da preocupação da população em virtude da escassez e da poluição do que podemos considerar como o combustível do ser humano, já que somos capazes de passar alguns dias sem comer, mas, jamais, sem nos hidratar. A Semace pôde ser parceira do projeto “Água pra que te quero!”, que retratou com fidelidade, através de registros fotográficos, a atual situação dos nossos recursos hídricos, além de mostrar a relação de proximidade existente entre o homem e a água. Em cada uma das 12 cidades visitadas pela equipe, os moradores puderam ver fotos de rara beleza cênica e também de agressões inconcebíveis a esse bem precioso. Colaborando com o propósito do projeto, a Semace acompanhou essas exposições e disponibilizou diversas atividades de educação ambiental através de palestras sobre o uso sustentável da água. Temos certeza de que as ações serviram para que os públicos dos diferentes municípios refletissem sobre hábitos corriqueiros que prejudicam a qualidade e seguridade da água para estas e futuras gerações. Contudo, alertamos para a importância da continuidade do trabalho de educação ambiental no Ceará, pois não se mudam as situações mais adversas do dia para a noite. É preciso mostrar à sociedade as diversas situações em que se encontram os recursos hídricos do nosso Estado, para trazer as pessoas à reflexão. É necessário dividir o conhecimento, para multiplicar os educadores ambientais que lutam por um meio ambiente justo e equilibrado. Não adianta saber de casos de degradação de rios e açudes pelo adensamento urbano ou poluição industrial e não fazer nada para evitá-los. O conhecimento sobre o nosso espaço territorial deve servir de impulsionador para levantarmos a bandeira da preservação hídrica de lugares como a reserva indígena dos tabajaras, em Monsenhor Tabosa. O trabalho de educação ambiental é de fundamental importância nesse processo de conscientização e mudança da realidade. O projeto “Água pra que te quero!” será mais um componente nessa caminhada de conscientização da humanidade, pois a fotografia tem o poder de se eternizar na história.

Virgínia Adélia Rodrigues Carvalho

Coordenadora de Extensão e Educação Ambiental da Semace


Pacto das águas fortaleceu os comitês de bacias hidrográficas do Ceará De acordo com a Legislação Estadual, os Comitês de Bacias Hidrográficas compõem o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos (SIGERH). São colegiados de visão regional, tendo como unidade de gestão a bacia hidrográfica ou região hidrográfica, possibilitando o controle social sobre a política de recursos hídricos a partir da participação dos agentes locais. O Pacto das Águas, desde o princípio, reconheceu o Comitê de Bacia como o ente fundamental capaz de gerar um dinamismo regional que proporcionasse a execução do que foi pactuado, ainda sob a égide do controle social, monitorando a implementação e cobrando os compromissos assumidos pelos atores locais e regionais. Esse é seu papel com o produto final do Pacto em mãos – o “Plano Estratégico dos Recursos Hídricos do Ceará”. O Ceará precisa avançar em alguns aspectos da Política de Recursos Hídricos, especialmente no saneamento, na gestão dos pequenos sistemas de abastecimento rural, na gestão dos reservatórios de menor porte, na distribuição da água armazenada, nos aspectos qualitativos da água ofertada, entre outros aspectos. Para tanto, é necessária uma maior articulação institucional e de comitês fortes, que representem uma sociedade atenta. Neste sentido, acreditamos que o projeto Água pra que te quero!, junto ao Pacto das Águas, gera na comunidade a oportunidade para que os comitês se fortaleçam, ao utilizar a articulação política e a arte como mecanismos de articulação e mobilização da sociedade, firmando compromissos entre os agentes públicos e cidadãos do Estado do Ceará.

Eudoro Santana

Secretário Executivo do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa do Ceará


O périplo das águas como experiência antropológica “Porque, para conseguir aceitar-se nos outros, objetivo que o etnólogo consigna ao conhecimento do homem, é necessário, primeiro, recusar-se em si mesmo” (Rousseau)

Falar da experiência do projeto Água pra que te quero! é trazer à tona com lentes ampliadas um recorte sobre a cultura da água do povo cearense. O périplo, que durou seis meses de estrada no caloroso chão do interior do Ceará, nos levou ao encontro de pessoas que vivem nas cidades, comunidades, vilarejos e assentamentos, possibilitando assim, uma vivência singular como pesquisadores-aprendizes. Experiência esta, extremamente valorosa para todos os envolvidos no projeto para o qual seguimos os ensinamentos de Mills que diz, “o trabalhador é livre pra sua própria ação de trabalho” – criamos, experimentamos e moldamos, de forma livre e responsável no sentido de guiar o olhar para o “outro” na busca dos objetivos almejados na pesquisa. Esse direcionamento nos fez conhecer narrativas e imagens que emolduram belíssimas histórias de vida e luta pela água. O relato dessas pessoas sobre o uso da água nos permitiu ir além dos hábitos e práticas cotidianas, os quais perpassam gerações antigas e atuais. Conhecer a história do lugar, como vivem seus moradores, as condições de saneamento, as dificuldades enfrentadas, a importância da água, o desperdício, as soluções, as alternativas locais, o abastecimento e o consumo da água nesses lugares a partir do saber popular de homens e mulheres foi fundamental. Tais histórias, verdadeiras janelas da alma, nos conduziram a uma compreensão de como estas comunidades se relacionam com a água de forma sagrada, sujeitas às bênçãos e castigos divinos numa alusão ao imaginário dos rituais antropológicos decorrentes de nossa origem indígena. Sob uma práxis intuitiva e cultural, apontam caminhos sustentáveis para o enfrentamento da falta de água, da geração de emprego e renda no campo, da organização social e política das comunidades através das associações comunitárias, do acesso à (in)formação implantada em algumas das comunidades visitadas. Esta vivência de observação sociológica, nos mostra que é possível sim, com participação popular, informação e canais de acesso às políticas públicas, construir coletivamente alternativas viáveis de convivência com o semiárido. Apesar dos desafios apresentados, ainda acreditam e lutam pela construção de uma sociedade mais justa e cidadã, que se realize de fato e de direito. Ao término da caminhada, reunimos um relicário valioso de histórias de vida, de expectativas de futuro e desejos de centenas de famílias, os quais ficarão registradas no caderno de viagem do projeto para reflexão e memória dessa viagem etnográfica nas bacias hidrográficas de Banabuiú, Alto Jaguaribe e Salgado por onde passamos. Alargamos nossa percepção sobre a destruição da natureza e o reflexo dessas atitudes na vida de cada um de nós, seja no campo ou na cidade, e sinalizam que a revolução é individual, e deve começar dentro de nossa casa,


na escola, na rua, no trabalho. Somente assim, com a mobilização da sociedade e atitudes responsáveis com a natureza, conseguiremos ganhar a luta pelo abastecimento, conservação, preservação e distribuição da água nos mais distantes rincões do Ceará.

Cris Vale

Documentar para refletir Participar deste projeto para mim é uma honra. Estar preparada para os desafios propostos à equipe que trabalha em campo, estando aqui na base da produção, é estimulante. Considero imprescindível documentar, através da fotografia e da fala da população, a realidade da sociedade. Isso tudo nos faz refletir. Torço para que este trabalho apresentado agora à sociedade seja bem utilizado e nos deixe conscientes ainda mais da imprescindibilidade do bom uso da água. Água pra que te quero!

Andreza Magalhães


Sob a luz das águas do Ceará A água é a principal fonte de desenvolvimento e vida da sociedade e dos seres vivos. Grande parte do desenvolvimento ecológico, social, possui bases firmadas na maneira como utilizamos e respeitamos a água. Pensando na riqueza natural, na sua importância, no desperdício, veio a necessidade de documentar a água e investigar a partir da fotografia documental sua poética visual em ambiente urbano e rural. A fotografia pode documentar a água. Sua estética representa à luz da realidade. Fotografei a água, encontrei beleza, sujeira, texturas, cores, ambiências, também vi alegria, tristeza e, sobretudo vida. No projeto Água pra que te quero! Procurei fotografar como mulheres, homens e crianças utilizam a água, para que serve, onde a água existe e quem cuida da água e se a população sabe e aceita as decisões políticas sobre o curso da água. Por meio das imagens vi que os problemas da água aos poucos iam sendo revelados através do meu olhar apontando como causa principal a forma como a população a trata e como dela se utiliza. Procuro descobrir os “nós” da água, para que, como, porque, para quem e principalmente porque não cuidamos dela e diante disso quem somos nós. Água pra que te quero! Esboça uma linguagem do olhar para documentar a água, à luz de seu espelho, onde a criação de instantes fragmentados, pontos de velocidade da luz unem-se à velocidade da água, do cotidiano, das cidades, dos sertões. Encontrei localidades no Ceará onde famílias sobrevivem da comercialização da água; mulheres carregam água de barreiros, nascentes e açudes são usados para lavagem de roupas, para beber e cozinhar. Crianças e idosos ainda transportam água em carroças, jumentos e em latas d´agua na cabeça. Esse é o cotidiano da água por onde passei. Ela não chega para todos. A escassez, o mau uso e a má distribuição da água é um problema sério que ameaça e inviabiliza o desenvolvimento de uma determinada localidade, cidade ou região. Frases como “a água está em tudo”, “serve para tudo” ou “água é vida” permeou noventa por cento das respostas dos questionários. O ser humano sabe que a água é um bem precioso, mas, culturalmente não cuida dela. Nas conversas nos terreiros, cozinhas, calçadas, associações, hortas, percebi o quanto predomina um imaginário ingênuo nos indivíduos pesquisados porque atribuem a seca ou as enchentes a vontade divina. No entanto, em áreas urbanas vi às dolorosas incompreensões e atitudes quanto aos rios que passam por dentro


de cidades que lamentavelmente servem como esgoto, deixando assim os seres vivos aprisionados pela sujeira e fedentina no lugar. É nessa profusão de significantes e significados que a fotografia arquiteta a representação daquilo que ela é em si, “uma imagem ato” DUBOIS (1994:15), pois com a luz que a faz ser, ela se metamorfoseia em sua pluralidade de ser ela própria sem nada esconder. A beleza, a poesia da água está nas matas, no berço da natureza através das nascentes, onde o alimento busca preservação, está nos mares onde as cores dos oceanos guardam o que há de mais misterioso, esta no ventre da mãe com toda intensidade do amor materno, no ato de amamentar, em nosso corpo para nos fazer viver, no olhar de cada um de nós, em nossas lágrimas, a água está em tudo.

Nívia Uchôa Fotógrafa


A sub-bacia do rio Banabuiú compreende, essencialmente, os sertões centrais do Ceará mais fortemente submetidos aos rigores da semiaridez. Por sua localização central, limitase com quase todas as bacias hidrográficas do Estado, excetuando-se as bacias do Coreaú, do Litoral e a sub-bacia do Salgado. É uma das cinco subbacias que compõem a bacia do Jaguaribe. O rio Banabuiú é o mais importante rio desta sub-bacia, desaguando no rio Jaguaribe, nas proximidades da cidade de Limoeiro do Norte, com área equivalente a 13% do território cearense. Este rio tem como principais afluentes pela margem esquerda os rios Patú, Quixeramobim e Sitiá, e, pela margem direita, destaca-se apenas o riacho Livramento. A sub-bacia do Banabuiú drena 15 municípios: Banabuiú, Boa Viagem, Ibicuitinga, Itatira, Madalena, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Morada Nova, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Quixadá, Quixeramobim, Senador Pompeu, Limoeiro do Norte e Milhã, estes dois últimos drenados parcialmente. FONTE: Caderno regional da sub-bacia do Banabuiú / Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos, Assembleia Legislativa do Estado do Ceará; Eudoro Walter de Santana (Coordenador) – Fortaleza: INESP, 2009.

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Bacia do Banabuiú


BACIA DO BANABUIÚ BANABUIÚ, BOA VIAGEM, MONSENHOR TABOSA, QUIXADÁ.



BANABUIÚ Bacia do Banabuiú

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BANABUIÚ E SUAS ÁGUAS Banabuiú é sede de uma das maiores barragens do Nordeste, o açude Arrojado Lisboa. O desenvolvimento do município se deu juntamente com a construção do açude, iniciada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, em 1958 – a barragem foi inaugurada em 1966. Já em relação a atrativo natural, o principal do município é o rio Banabuiú, atualmente perenizado e ponto de lazer durante o ano todo. Distritos e localidades visitados: Carcará, Buraco, Pedras Brancas, Barra do Sitiá, Boa Água, Governo I, Jiqui, Malacacheta, Rinaré 7, Laranjeiras e Banabuiú (sede). Atrativos: O açude Arrojado Lisboa é o cartão-postal do município, exercendo influência no desenvolvimento local a partir da agricultura irrigada e da pesca de tilápia. É ponto de encontro nos finais de semana e palco para importantes eventos da cidade. Estimativa da População 2009 - 18.388 Área da unidade territorial (km2) - 1.080 Gentílico - banabuiense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 16

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BOA VIAGEM Bacia do Banabuiú

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BOA VIAGEM, VIDA DIFÍCIL Em 1743, o capitão-mor João de Teyve Barreto de Menezes, antigo governador do Ceará Grande, concede a Antônio Domingos Alvarez três léguas de terra, situadas nas ribeiras do riacho Cavalo Morto, que deságua no famoso rio Quixeramobim. Nesta data iniciou-se o povoamento dos vastos sertões de Boa Viagem, região que se prestava admiravelmente ao pastoreio e cultivo da terra. Distritos e localidades visitados: Trapiá dos Lobos, Massangana, Vieirão, Várzea da Ipueira, Boqueirão, Olho d’Água dos Facundos, Boa Ventura, Várzea da Arara, Buenos Aires e Boa Viagem (sede) Atrativos: Projetos de ecoturismo voltados para os atrativos naturais de Boa Viagem, como o Olho d’Água da Timbaúba, onde se encontram vestígios concretos da presença indígena; Cachoeirão, Cachoeira dos Ferreiras, Cachoeira das Almas e Lajes dos Rogérios são excelentes atrativos na região, permitindo contato direto com a natureza. Estimativa da População 2009 - 56.236 Área da unidade territorial (km2) - 2.837 Gentílico - boa-viagense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 Bacia do Banabuiú

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MONSENHOR TABOSA Bacia do Banabuiú

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AS RIQUEZAS DE MONSENHOR TABOSA Antiga Fazenda Forquilha de propriedade dos Teles. Em 1868, mudou o nome para povoação de Telha, em razão de ser encontrada nas escavações para a construção da capela uma olaria de telhas, obra atribuída aos índios que nela habitavam. O atual topônimo é uma homenagem póstuma ao virtuoso Apóstolo do Catecismo Monsenhor Tabosa. Distritos e localidades visitados: Tira-Teima, Bargado, Açude Barra, Aldeia Indígena Tabajara Olho d’Água dos Canuto, Comunidade Quilombola Boqueirão, Tourão, Custódia, Olho d’Água, São Francisco, Nascente do Rio Quixeramobim, Assentamentos Xique-Xique, Paulo Freire e Margarida Alves, Santana, Monsenhor Tabosa (sede). Atrativos: A Unidade de Conservação da Serra das Matas tem uma área aproximada de 195 km2. Situada entre os municípios de Monsenhor Tabosa e Santa Quitéria, abriga um dos pontos mais altos do Estado, conhecido como “Serra Branca”, a 1.154 metros de altitude. A vegetação e as trilhas ecológicas da Serra Branca e das nascentes dos rios Quixeramobim e Acaraú são opções para o ecoturismo. Na Lagoa do Santo, encontram-se sítios paleontológicos submersos. Na Serra das Matas, estão preservados sistemas ambientais típicos de Mata Atlântica. Estimativa da População 2009 - 17.178 Área da unidade territorial (km2) - 886 Gentílico - Tabosense ou taboense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 28

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QUIXADÁ Bacia do Banabuiú

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PARA SEMPRE QUIXADÁ Toda a zona ribeirinha do rio Sitiá – o Gueiru dos indígenas – era habitada pelos índios tapuias e canindés. Em 1698, ocorreram as primeiras concessões de terras. No entanto, sua ocupação efetiva iniciou-se em 1705, quando os colonizadores conseguiram vencer a hostilidade indígena. As origens do município estão no povoado chamado Fazenda Quixadá, no século XVIII. Distritos e localidades visitados: Várzea da Onça, São João dos Pompeu/Custódia, Custódio, Cipó dos Anjos, Lagoa do Mato, Lagoa Nova, Vertente, Boa Vista e Quixadá (sede). Atrativos: O município abriga o Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá, a primeira paisagem natural tombada pelo Iphan no Ceará, e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Não Me Deixes. Do centenário açude do Cedro se descortinam as Pedras da Galinha Choca, do Cruzeiro e a Pedra Falante. Por sua configuração, Quixadá é conhecido como a capital do turismo de aventuras no Ceará. Estimativa da População 2009 - 80.447 Área da unidade territorial (km2) - 2.020 Gentílico - quixadaense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010

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... A gente ver falar aí que, a partir de 2014 vai ter problema de água, que vai chegar o tempo das mulheres nem usar cabelo comprido, porque não tem água pra lavar o cabelo. Mas a gente que estuda, a gente sabe disso, mas essas pessoas que nem se ligam muito, acham que isso não é verdade não e vão aí, lavar uma mão deixam uma torneira ligada, enquanto passa sabão, vai passando o sabonete no corpo é o chuveiro lá, ligado. Se você não se preocupa em desligar uma torneira pra não deixar ela pingando, um chuveiro pra não deixar ela pingando, porque acha assim que, aquele pingo d’água não vai fazer falta que você tem hoje. Porque você vê um açude do tamanho desse do Banabuiú, e aqui nós não vamos ter problema? Não imagina que antes que fale de Banabuiú, a gente tá falando de mundo né? Todo o mundo. Ofélia, 44 anos/Banabuiu Aqui mesmo eu lavo bicicleta, lava as coisa, toma banho, tudo isso é desperdício de água, só que é um desperdício, mas ao mesmo tempo é uma coisa que é necessário. Antonia, São João dos Pompeu, Custódia/Quixadá Eu mesmo pra mim lavar a louça eu gasto tanta água, tanta água que a minha vó quando vem pra cá fica reclamando. Ai o pessoal diz que em 2020 vai ter racionamento de água, aí eu fico só pensando: eu vou morrer, se eu posso lavar louça com pouca água aí como é que eu vou viver, se eu não posso passar sem água? Isso é horrível! Eu mesmo, eu, a minha pessoa, acho que gasto muita água, que eu deveria economizar mais, mas eu não consigo. Evânia Lima, Assentamento Boa Ventura/Boa Viagem No dia que não vem a gente sofre tanto pela água que não tem. Ilda Pereira, Olho D’Água Guia/Boa Viagem Não, nós tem todo um zelo de preservação pelo o açude, até o banho é controlado, pessoas de fora só vai pra lá se for combinado, se a comunidade concordar, então ele é de uso especifico da família indígena, não é aberto pra pessoas de fora, (...) pra entrar aqui na área só se for autorizado aqui pela gente. E na sua opinião porque que acontece as enchentes? Por conta dos maus tratos com a natureza, por nossa culpa mesmo, da gente ser tão ignorante no trato com a natureza, da destruição, da devastação, então a natureza vem dando respostas pra gente, e é alerta pra gente se cuidar né? Se cuidar e cuidar mais da natureza, pra que a gente não venha sofrer danos maiores né? Luiza Canuto, Olho D’Água dos Canutos/Monsenhor Tabosa 38

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Antes de desmatar o serrote, ela era água potável, igual água de chuva, água de cisterna... desmataram ela criou sal, ficou salinizada né? E agora tá voltando a ficar como era porque nós tamo com o projeto de ematar o serrote né? Nós temos que aprender a conviver no semi-árido, e aprender a conviver é não poluindo, é não fazer desperdício, é tentar zelar, plantar árvore que faça com que permaneça a água no subsolo. (...) que cada um se conscientize né? A dá a importância da água, e não poluía, não use veneno nas lavouras, não jogue lixo no rio, tente fazer algum plantiozinho que possa retornar a água pra mais no rio... Ademir, Olho D´Água dos Canutos/Monsenhor Tabosa Toda a água que é encanada aqui é particular. José Rodrigues Bureta, Sítio Lagoa Velha/Monsenhor Tabosa Porque aqui não é cobrado uma taxa nenhuma pra água, é grátis e muita gente, num usa nem torneira no seu quintal, deixa lá derramando esse tempo todinho, desperdício muito. Francisco Eduardo, Pedras Brancas/Banabuiú ...acho que a água já vai tá escassa porque o mundo ele vai tá totalmente industrializado, eu acho que daqui uns dias não vai existir mais nem seres humanos, vai ser só robô... Fabiana Pereira, 16 anos, Laranjeiras/Banabuiú Num existe banheiro não, banheiro daqui é no mato.

Maria do Buraco, Sítio Buraco/Banabuiú

Esse negócio de lavar carro, num existia óleo, esses esgoto, os esgoto era em casa mesmo, hoje em dia não, a maioria dos esgoto, vai todo pro rio. Chico Leiteiro, 71 anos, Profeta da Chuva/Quixadá

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alguns dados sobre bacia do banabuiú Quantidade de pessoas entrevistadas na bacia: 105

Figura 1 - Das pessoas a quem se aplicou o questionário, somente no município de Boa Viagem, 70% possui água encanada. Nos municípios de Banabuiú e Quixadá 60% das casas atingidas pela pesquisa não possuem água encanada. Monsenhor Tabosa é o município com menor proporção de água encanada nas casas (20%).

Figura 2 - Nas casas que possuem água encanada e foram atingidas pela pesquisa, raramente falta água em 80% para Banabuiú, Boa Viagem, Monsenhor Tabosa. Ao serem questionados do por que falta água as respostas passam por razões de ordem econômica: casa em local alto; não tem cisterna; não tem açude; não tem animais; não tem dinheiro para carro pipa; não tem motor ou motor quebra; para pegar água é longe ou por razões climáticas e/ou falta de gerenciamento; a cisterna seca; a barragem seca; rio cheio não dá para pegar água; cacimbão insuficiente e falta de chuva. As pessoas que não possuem água encanada foram questionadas de que forma a obtém, como resposta aparece: a existência de açude e possuir animais para o transporte são as formas mais utilizadas nos municípios de Banabuiú e Boa Viagem. Para os municípios de Monsenhor Tabosa e Quixadá a existência de cacimbão e cisterna fazem a diferença. Para Quixadá, por exemplo, fazem a ressalva de que no verão utilizam o açude e no inverno a cisterna. Procurando gerar nas pessoas inquietações pela situação da água e colaborar para o exercício da cidadania, foram questionados a respeito de soluções para a falta de água na comunidade. As pessoas apontam para os quatro municípios, em primeiro lugar a construção de açude ou adutora como possível solução. Seguindo em ordem de importância, a construção de cisternas. Porém, respostas que em realidade não são solução mas aparecem com freqüência: passar o carro pipa; consertar motor; não faltar energia e água encanada. Uma única pessoa falou de economizar água e uma outra só com chuva.

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Figura 3 - As pessoas atingidas pela pesquisa nos diversos municípios da Bacia de Banabuiú coletam água de chuva, quer tenham água encanada em casa ou não.

Figura 4 - Em três dos quatro municípios da Bacia de Banabuiú as pessoas atingidas pela pesquisa afirmam perceber que ocorre desperdício de água. Somente no município de Boa Viagem, a população se divide proporcionalmente para ambas opções.

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Figura 5 - A água de beber das pessoas atingidas pela pesquisa nos municípios da Bacia de Banabuiú é obtida de Cisterna (50% a 90%). O açude e o rio são considerados importantes somente no município de Banabuiú.

Figura 6 - Ao serem questionados se o rio ou o açude são agredidos pela população, somente no município de Banabuiú, 67% responde afirmativamente. Nos municípios de Boa Viagem, Monsenhor Tabosa e Quixadá, a população reconhece a agressão em menor proporção. No entanto, as pessoas nos quatro municípios ao serem questionadas sobre os tipos de agressões que percebem apontam em Banabuiú: animais soltos nas proximidades; uso de agrotóxico; esgoto; sabão e rio como depósito de lixo. Nos municípios de Boa Viagem, Monsenhor Tabosa e Quixadá, acrescentam-se a retirada de areia do leito do rio, o desmatamento, as queimadas e a existência de pedreiras.

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Figura 7 - As casas das pessoas atingidas pela pesquisa nos quatro municípios da Bacia de Banabuiú, não possuem rede de esgoto numa proporção de 85% a 96%. Fica a dúvida para as respostas afirmativas, uma vez que sabemos que 70% do território nacional não possui rede de esgoto.

Figura 8 - Ao serem questionados se o seu respectivo município participa do Comitê de Bacia, terminam por assumir a falta de conhecimento do assunto (Figura 16, pág. 77). Também foram questionados a respeito das vantagens ou desvantagens de participar ou do papel do Comitê de Bacia; Aparecem como respostas: Não sei; defender a água; estudar sobre as bacias; educar as pessoas sobre o ambiente; fiscalizar a distribuição da água; conservar os rios e ainda defender direitos e deveres de forma organizada. Estas diversas respostas dão esperança para que trabalhemos na geração de uma sociedade com uma democracia participativa.

Bacia do Banabuiú

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A sub-bacia do Alto Jaguaribe localiza-se na porção sudoeste do Estado do Ceará. Limita-se a oeste com o Estado do Piauí e ao sul com o Estado de Pernambuco. Das cinco subbacias que compõem a bacia do rio Jaguaribe (Alto, Médio e Baixo Jaguaribe, Banabuiú e Salgado), é a que possui maior região hidrográfica, sendo também a maior do Estado. Esta sub-bacia inicia-se nas nascentes do rio Jaguaribe e percorre uma extensão de aproximadamente 325 km até alcançar o açude Orós, principal reservatório desta sub-bacia, localizado próximo à sua foz. Os principais afluentes do rio Jaguaribe são os rios Carrapateiras, Trici, Puiú, Jucás, Condado, Cariús, Trussu e o riacho Conceição. Dos 27 municípios pertencentes a esta sub-bacia, 23 estão integralmente dentro dela: Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Arneiroz, Assaré, Catarina, Campos Sales, Cariús, Farias Brito, Iguatu, Jucás, Nova Olinda, Orós, Parambu, Potengi, Quixelô, Saboeiro, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas, Tauá; e quatro parcialmente: Caririaçu (9,90%), Crato (18,31%), Icó (1,61%), Várzea Alegre (18,57%). FONTE:Caderno regional da sub-bacia do Alto Jaguaribe / Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos, Assembleia Legislativa do Estado do Ceará; Eudoro Walter de Santana (Coordenador) – Fortaleza : INESP, 2009.

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BACIA DO ALTO JAGUARIBE ARNEIROZ, ORÓS,SALITRE,TAUÁ



ARNEIROZ Bacia do Alto Jaguaribe

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água em arneiroz Arneiroz recebeu este nome de uma antiga freguesia de Portugal, no Conselho de Lamego, distrito de Viseu, Províncias de Traz-os-Montes e Alto Douro. No início do século XVIII, formou-se no sertão dos Inhamuns um agrupamento de índios da tribo Jucás. A origem do topônimo Arneiroz, segundo Florival Serraine, é o plural do diminuitivo medieval Arneiroz (corruptela de arenaríola), palavra fora de uso em Portugal. Segundo alguns léxicos, a palavra Arneiroz é um vocábulo que significa terreno arenoso e estéril. O município tem base econômica na agricultura e pecuária, caprinocultura e ovinocultura. Distritos e localidades visitados: Sítio Intans, Sítio Zumbi, Açude Arneiroz II, Assentamento Mucuim I e II, Sítio Várzea do Fogo e Arneiroz (sede). Atrativos: As inscrições rupestres datadas de 1727 são vistas como o ponto de partida do realdeamento dos índios Jucás, onde foram identificadas no riacho dos Cágados indícios das tradicionais aglomerações indígenas dos Altos Sertões. Estimativa da População 2009 - 7.486 Área da unidade territorial (km2) - 1.066 Gentílico - arneirozense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 48

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Falta, aqui falta. O rapaz que é empregado acolá na caixa, diz ele que é ordem lá do Arneiroz só ligar duas horas pra soltar a água (...) aí num dá porque enche a caixa, depressa o povo começa a carregar água pro lado, pro outro. Aqueles que tem água encanada pra casa vem, enche as vazia, aí fica tudo seco. Aí domingo diz o rapaz que num é pa soltar água, quer dizer que domingo a pessoa num come, num bebe, né? Luiz Tomás Sampaio, 75 anos, agricultor, Planalto/Arneiroz Primeiro porque é vida, começa pelo consumo humano, precisamos e pra nossa região é de fundamental importância, agrícola, turística. Até cultural, somos conhecidos por, não por Orós em si, mas pelo açude Orós, quer dizer, foi através das águas que o município ficou conhecido, tudo está em torno da água, toda a história está em torno da água, não existe a comunidade sem a água. Ioná Matias Rodrigues, 32 anos, professora/Orós Aqui é o lugar que tem bastante água, só falta benefício. Francisco Luiz de Sousa, 62 anos, agricultor/Salitre O comitê de bacias é um, projeto? É uma associação partidária que envolve poder público e sociedades civis (...) que incentiva as pessoas a não desmatar, a não fazer, não jogar, como é que se diz, não poluir, bom, é isso. Joelma Lopes de Jesus, 21 anos, funcionária pública/Salitre Porque o que vale no terreno é ter o mato, que faz a boniteza e é mais fácil do Nosso Senhor mandar chuva.... No lugar que tem mato é mais fácil dar chuva do que no lugar que não tem. Aquela mata chama o inverno pra gente. E aqui tem muita mata. Maria Raimunda da Conceição, 56 anos, agricultora, Assentamento Baixinha/Salitre Eu acho que é mesma coisa da pessoa num zelar a sua famia, né? Que tem gente aí, o caba tem uma água, uma coisa, num conserva, se vai destruir é porque num tem responsabilidade né? Raimundo Feitosa de Araújo Neto, 68 anos, pecuária e agricultor, Fazenda Nova, Lagoa do Negro/Tauá ...quando vem esse horror de gente pra cá, oi minhas fia de Uberlândia é ligano pra cá e perguntano direto – mãe, e chegano aí a onde é que a gente vai banhar mãe? Vilani Gomes dos SSantos, 65 anos, agricultora, Sítio Extrema,Trici/Tauá

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ORÓS Bacia do Alto Jaguaribe

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orós na rota da água Desde 1911 se falava na existência do Boqueirão de Orós, garganta enorme por onde passam as águas do rio Jaguaribe, local proprício para receber uma enorme barragem de represamento e aproveitamento consequente das águas armazenadas. Em 1961, foi construído o açude do Orós, um dos maiores do Nordeste, pelo presidente Juscelino Kubitscheck. A obra tem barragem de 60 metros de altura, com capacidade de 3.300.000 metros cúbicos de água, num lençol compacto de 380 quilômetros quadrados, com extensão maior que a baía de Guanabara (RJ). Distritos e localidades visitados: Guassussê, Palestina, Santarém, Igarói e Orós (sede). Atrativos: O açude do Orós, seu mirante e balneário são os principais pontos turísticos da cidade. Além do “Small Canyon”, túnel natural para a prática da canoagem, e a Gruta de Curicaca, com fontes de água natural. Estimativa da População 2009 - 21.784 Área da unidade territorial (km2) - 576 Gentílico - oroense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010

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SALITRE Bacia do Alto Jaguaribe

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SALITRE E O DESAFIO DA ÁGUA A povoação de Salitre formou-se em torno da igrejinha local. É um dos municípios mais secos do Ceará, com toponímia originária de uma mina de salitre localizada no sopé da Serra do Araripe. Salitre desenvolve a agricultura de subsistência adequada às condições do solo, sendo destaque o algodão e a mandioca, que se reflete nas casas de farinha e na gastronomia local. Distritos e localidades visitados: Caxias do Morro, Assentamento Baixinha, Sítio Papagaio, Sítio Boa Sorte, Croatá, Lagoa dos Crioulos, Boa Viagem, Fazendinha Campestre, Salitre (sede). Estimativa da População 2009 - 16.845 Área da unidade territorial (km2) - 900 Gentílico - salitrense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 60

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TAUĂ Bacia do Alto Jaguaribe

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TAUÁ, áGUA PARA TODOS O povoamento dos vastos sertões dos Inhamuns data dos princípios do século XVIII. Em 1802, foi elevado a vila, com a denominação de São João do Príncipe. A origem do topônimo tem vários significados como palavra indígena: “irmão do diabo”; “barro vermelho” e “cidade antiga”.Terra fértil em cultura e de natureza monumental, em Tauá se encontra a nascente do rio Jaguaribe. Distritos e localidades visitados: Trici, Sítio Extrema, Lagoa de Santiago, Santa Tereza, Sítio Açude Quebrado, Olho d´Água, Sítio Açude Broco, Carrapateiras, Várzea do Boi, Poço da Onça, Fazenda Nova Carrapateiras (Lagoa do Negro), Sítio Limão, Ingá, Assentamento Lagoa do Jatobá, Sítio Cabeluda, Tauá (sede). Atrativos: O município tem especial vocação para o turismo científico e para o ecoturismo. Na Trilha dos Mamutes são identificados os mais curiosos achados arqueológicos, sítios paleontológicos Jatobá e Várzea do Boi e as diversas inscrições rupestres em Torres e Colonos. Na sede, encontra-se o Museu dos Inhamuns, com rico acervo arqueológico. Estimativa da População 2009 - 56.639 Área da unidade territorial (km2) - 4.018 Gentílico - tauaense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 68

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alguns dados sobre bacia do alto jaguaribe Quantidade de pessoas entrevistadas na bacia: 76

Figura 9 - Mais de 50% das casas nos quatro municípios da Bacia do Alto Jaguaribe atingidos pela pesquisa, possuem água encanada.

Figura 10 - Salitre e Tauá são os municípios que mesmo com água encanada os moradores sofrem pela sua falta. No entanto, deve-se salientar o município de Arneiroz, onde a maior proporção dos atingidos pela pesquisa (55%), diz que raramente carece do precioso líquido. No caso de Orós ainda que em menor proporção parece estar na mesma situação que Arneiroz. Ao serem questionados do por que falta água a resposta mais utilizada foi “o motor quebra” e “cano quebrado”. No intuito de estimular a participação cidadã, foi questionado sobre soluções para a falta de água. Com as seguintes respostas por ordem de importância: falta de gerenciamento por parte da prefeitura; comprar e trocar canos; comprar bombas; transposição de rios; construção de poços por parte do governo e carros pipa. Para a maioria, as soluções estão nas mãos de outras pessoas. Em baixa proporção apareceu gestão e organização por parte da mesma comunidade.

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Figura 11 - A falta de água na região da Bacia do alto Jaguaribe faz com que as comunidades dos quatro municípios pesquisados, Arneiroz, Orós, Salitre e Tauá, coletem o recurso diretamente. É provável que as pessoas que não o fazem, não possuem cisterna ou açude próprio. Quando ocorre a coleta esta é utilizada para tomar banho , beber, aguar plantações, cozinhar. O armazenamento é feito com uso de baldes, cisternas, tanques de cimento, potes e tambores.

Figura 12 - Ao serem questionados a respeito do desperdício de água, as pessoas em três dos quatro municípios pesquisados, se divide de forma proporcional para as duas opções (sim e não); somente no município de Orós predomina significativamente a afirmação de que há desperdício. Ao serem questionadas a respeito do por que acham que ocorre desperdício dizem: Arneiroz: “as pessoas acham que água é de graça”; lavam a rua; cano estoura e fica quebrado; muitos não reaproveitam água; deve haver limite para gastar e irrigação com técnicas atrasadas. Orós: lavam carros e calçadas; canos estourados; torneiras abertas à toa e uso com exagero. Salitre: não tem como armazenar; canos quebrados e lavar motos. Tauá: falta responsabilidade; falta gestão e as pessoas não se preocupam.

Para as pessoas que acham que não ocorre desperdício: Arneiroz: ninguém usa sem controle; sabe como é quando falta; se gastar mais, paga mais; todo mundo aproveita bem e só se consome o necessário. Orós: água é pouca e as pessoas se banham no açude para poupar água. Salitre: usam o que precisam e não vêem desperdício. Tauá: é difícil conseguir; mal dá para o consumo; água é pouca e não respondeu. Ações de Desperdício: Arneiroz: banho e escovar os dentes com muita água; canos estourados e deixar torneira aberta. Orós: usar água tratada para aguar plantações; tanque derramando e banho demorado. Salitre: canos quebrados; torneira aberta e não soube. Tauá: sujar água; lavar moto e carro; brincadeiras com água e irrigação por inundação.

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Figura 13 - Ao serem questionados se existem plantas na beira do rio ou açude, mais de 60 % respondeu que sim, para os quatro municípios da Bacia. No entanto, ao identificar quais plantas, estas correspondem em sua maior proporção a capim e plantações como feijão, frutas, côco, catolé, macaxeira, arroz (ou o que a população chama de vazante). Algumas árvores nativas como jurema, pereiro, currupio e juazeiro para o município de Orós e Cedro e mangueiras para o município de Salitre.

Figura 14 - Em Arneiroz, Orós e Tauá, as pessoas atingidas pela pesquisa consideram que o rio é agredido pela população. Somente em Salitre, ambas respostas (sim e não) foram equivalentes a 40% e 10% das pessoas não souberam responder. Ao serem questionados de que forma ocorrem as agressões, as pessoas pesquisadas nos quatro municípios, citaram o banho das pessoas e animais; a lavagem de carros e roupa; lixo e esgoto jogados no rio ou açude; construções feitas no leito de rio; óleo de trator e diversão. Com as respostas a esta segunda pergunta percebe-se que a população termina mudando de idéia e enxerga que existe agressão no rio ou açude.

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Figura 15 - A respeito da existência de rede de esgoto as pessoas dos municípios de Arneiroz, Salitre e Tauá, pesquisados na Bacia do Alto Jaguaribe, informaram a não existência numa proporção maior que 50%. No entanto, aparece a dúvida a respeito do município de Orós pela resposta afirmativa com 50%.

Figura 16 - A pergunta sobre “O município participa do Comitê de Bacia?” nos municípios de Arneiroz, Salitre e Tauá obteve a maior porcentagem em “Não sabe responder”. O resultado para o município de Orós é mais confuso ainda, uma vez que cerca de 20% diz que o município participa do Comitê de Bacia e 10% diz que não sabe.

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A sub-bacia do rio Salgado posiciona-se na porção meridional do Estado. Limita-se a oeste com a sub-bacia do Alto Jaguaribe, ao sul com o Estado de Pernambuco, ao leste com o Estado da Paraíba e a nordeste com a sub-bacia do Médio Jaguaribe. O principal rio desta sub-bacia é o rio Salgado. Seu trajeto dá-se no sentido sul-norte, até encontrar-se com o rio Jaguaribe, próximo à cidade de Icó, logo a jusante da barragem do açude Orós. O rio Salgado é formado pela confluência do riacho dos Porcos e rio das Batateiras, e é o principal afluente da margem direita do Jaguaribe. A sub-bacia do Salgado compreende 24 municípios: Abaiara, Aurora, Baixio, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Caririaçu, Cedro, Crato, Granjeiro, Icó, Ipaumirim, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Penaforte, Porteiras, Umari, Várzea Alegre e pequena parte do município de Orós, portanto, 23 municípios integralmente. FONTE: Caderno regional da sub-bacia do Salgado / Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos, Assembleia Legislativa do Estado do Ceará; Eudoro Walter de Santana (Coordenador) – Fortaleza: INESP, 2009.

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BACIA DO SALGADO BARBALHA, BREJO SANTO, CRATO, JUAZEIRO



BARBALHA Bacia do Salgado

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BARBALHA, BELEZA E FRESCOR A formação do pequeno arraial, que foi elevado a freguesia em 1838, originou-se nas terras do Capitão Francisco Magalhães Barreto Sá. O município reserva ao visitante valiosos atrativos naturais. Distritos e localidades visitados: Sítio Saco II, Arajara, Sítio Solzinho, Sítio Taquari, Vila Arajara, Sítio Frutuoso, Sítio Cruzinha, Sítio Bela Vista, Caldas, Sítio Santo Antônio, Sítio Riacho do Meio, Sítio Estrela, Barbalha (sede) . Atrativos: Para além dos verdes canaviais, o município reserva valiosos atrativos naturais, como a Floresta Nacional do Araripe, a Estância Hidromineral do Caldas e a Caverna do Farias, esta inserida na Reserva Particular do Arajara Park. Estimativa da População 2009 - 53.011 Área da unidade territorial (km2) - 479,18 Gentílico - barbalhense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010

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BREJO SANTO Bacia do Salgado

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BREJO SANTO, ÁGUAS MIL Conta a história que, no início do século dezoito, a sede do município foi domínio de uma senhora conhecida apenas pelo sobrenome Barbosa, uma mulher habilidosa, destemida, cujo labor agrícola lhe proporcionou grande fortuna e prestígio em toda a região. Distritos e localidades visitados: Bairros na Sede - Canal das Taboqueiras, Alto da Bela Vista e São Francisco. Localidades - Cacimbas, Vila São Sebastião, Cachoeirinha, Sítio Deserto, Sítio Quatro Baraúna, Fazenda Algodões, Açude Atalho, Sítio Atalho, Cacimbinha, Nascença, Barreiro Preto, Barreiro Branco, Sítio Onça, Sítio Olho d´Água, Sítio Timbaúba, Vila Esperança, Vila São Felipe, Riacho da Taboqueira, Brejo Santo (sede). Atrativos: Brejo Santo integra a Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe, abrigando reservas ecológicas com uma rica fauna, grutas, bicas, atraentes formações rochosas além da presença de sítios arqueológicos indígenas. Estimativa da População 2009 - 41.266 Área da unidade territorial (km2) - 662 Gentílico - brejo-santense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010

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...é mais fácil construir uma criança do que concertar um adulto, então só existe uma transformação da sociedade se você forma um individuo. Marcos Maciel Torres, 40 anos, Secretário Adjunto do Meio Ambiente e Professor, Sede/Barbalha

..Escute o que vou falar, através do improviso, quem destrói a natureza é doido não tem juízo. A água é igualmente o sangue, quando corre em nossa vei veia... E eu quero dizer depois pra aquele que bem passeia... Não vai destruir a água, eu acho uma coisa feia. A água é igualmente o sangue, quando corre em nossa veia... ...

Miguel dos Santos, 60 anos, repentista, Balneário do Caldas, Sítio Frutuoso/Barbalha

Bom, as pessoas usam a nascente lá da frente da minha casa as vezes pra tomar banho e as vezes elas vão com garrafas porque eles gostam muito dessa água pra utilizar pra beber que as pessoas falam que lá é muito abençoada essa água porque vem de uma fonte, de uma água bastante natural. ...quando você tá com problema na coluna, você fica assim debaixo d’água e toda aquela água é como se ela fosse um óleo que entrasse dentro no seu corpo e filtrasse. ...porque quanto mais destruição, mais morte haverá né, porque você respira além da natureza, quanto mais poluição, a pessoa já agrava mais aquela coisa e você vai ficando doente, bastante coisa, justo pela poluição. Por culpa da poluição. Maria Emanuela Brito dos Santos, 12, Caldas/Barbalha

O lixo aqui é um erro da própria pessoa que mora, porque como nós mora aqui nós não podemos jogar lixo dentro do riacho, nós temos é que limpar, né? Mas eles não vê isso, eles mesmo jogam o lixo dentro. Tem alguém que limpe, como realmente tem uns menino que tá limpando aqui, né? Ele limpa hoje e amanhã a lixada vai, aí não tem como manter o riacho limpo.

Vicente, 52 anos, agricultor/Brejo Santo

(...) Se chover tudo bem, a gente tem água pra gastar, se não chover a gente pega do pé da serra mesmo de animal. Pra gastar, pra beber, pra lavar roupa lava ali embaixo.

Antonia, 58 anos, dona de casa/Brejo Santo

(...) de oito dia em oito dia que a gente tomava um banho de verdade, um banho legal, o resto era só lavar os pés, os braço e o rosto e ia se deitar. Então se fazia uma boa economia porque a água era difícil de buscar. Antonio da Hora, 69 anos, Sítio Baixa do Maracujá/Crato (...) dizem que aqui o Cariri a gente não precisa de água porque tem um mar aqui debaixo, não é bem assim.

Jackson Antero, 43 anos, geólogo, Sede/Crato

Tem uma historinha do Orlando Villas Boas, se não me engano, ele tava no Amazonas e ele tava tomando banho com os curumins, os índios, num rio muito grande, na Amazônia os rios são enormes, né? E um curumim pegou e deu um mergulho “tibum” e foi nadando, nadando, nadando, e foi até a 92

Bacia do Salgado


margem do rio e foi pra mata, e depois voltou e começou a brincar com os outros, e o antropólogo perguntou: o que ele foi fazer? – foi fazer xixi – quer dizer, foi urinar fora na terra porque o rio é sagrado. (...) a ciência não dá conta disso, o que dá conta é o humanismo indígena que vai dar conta da conscientização disso aí, por que quem foi que ensinou essa criança a fazer isso? Com certeza não foi na peia, quem ensinou essa criança dizer que o rio é sagrado? Que religião é essa que considera o rio sagrado, a terra sagrada? A água também é um excelente instrumento musical, ela auxilia na afinação dos instrumentos musicais.

Ulisses Germano, 48 anos, professor/Crato

A água é a mãe da reciclagem, (...) Quando ela evapora, mesmo que ela esteja impura no solo ela evapora pura para a natureza.

João Josa, gerente regional SEMACE/Crato

A idade que eu tenho, que eu moro aqui, nunca deixei de carregar água na cabeça, ainda continuo carregando água na cabeça.

Rosa, 60 anos, Sítio Poço Dantas/Crato

(...) Se tem água e ninguém pode se utilizar dela é mesmo que não ter.

Bernardo, 93 anos, Sítio Catingueira/Crato

Minha filha, essa falta de água é porque o povo não sabe usar, não sabe gastar. (...) Eu com 45 litros de água eu passo um dia todinho, cozinho, tomo banho, faço tudo. José de Jesus, 77 anos, ourives/Juazeiro do Norte Usando a cabeça ninguém num vai fazer uma casa dentro de uma lagoa, dentro de um riacho, você tem que subir alto, pra você construir sua moradia. Os mais velhos disseram que o meu Padrim Ciço falou com a santa boca dele, que aqui ainda ia passar navio, né? As casas que fossem ia ficar tudo dentro d’água aqui no Cruzeiro, ia usar canoa, barco, um menino com cinco, seis anos ia sustentar a casa das família com peixe, pescando, aí será que essas palavras de meu Padrim Ciço foi dar errada? Foi não.

Isabel, 52 anos, Casa da Mãe Dodô/Juazeiro do Norte

Acho que é porque tem... Como é que eu digo? Tem muita coisa que num dá pra passagem da água desenvolver e sair, desenvolver assim nas terras, eu acho que tem muita coisa que prende a água. Sim, lixo prende muito a água. Marinete Uchôa, 81 anos, costureira/Juazeiro do Norte

Tem o Rio Salgadinho. Que eu brinco e chamo de Rio Esgotinho. (...) Porque tá só o esgoto. E lá perto da escola que eu trabalho o rio corta bem pertinho, quando tá muito suja a água sai aquela catinga de ovo podre de dentro (...)vem aquele cheiro de animal podre e tudo, aí até a população aqui contribui jogando lixo dentro da água do rio. Carla Uchôa, 42 anos, professora/Juazeiro do Norte Bacia do Salgado

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CRATO Bacia do Salgado

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CRATO, QUE TE QUERO ÁGUA Segundo historiadores, os exploradores seguiram o curso do rio Salgado, que banha o fértil vale do Cariri e instalaram nas imediações da cachoeira dos Cariris, hoje conhecida por cachoeira de Missão Velha, o primeiro aldeamento dos índios. A origem do topônimo é portuguesa, certamente uma homenagem a um vilarejo construído sobre as ruínas de uma povoação remotíssima chamada Ucrate ou Ucrato. Todavia, é voz corrente na região caririense que o nome Crato vem da palavra Curato de São Fidélis de Siguaringa, depois Curato de São Fidélis, em seguida simplesmente Curato e, finalmente, Crato. O município tem como cenário a Chapada e a Floresta Nacional do Araripe. Distritos e localidades visitados: Monte Alverne, Ponta da Serra, Santa Fé, Crato (sede). Sítio Fundão, Sítio Catingueira, Sitio Malhada, Sítio Luanda, Sítio Baixa do Maracujá, Chapada do Araripe, Sítio Guaribas, Assentamento 10 de Abril, Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, Sítio Romualdo, Sítio Engenho da Serra, Sítio Poço Dantas (Morro das Corujas) e Sítio Vila Nova. Atrativos: A cidade é beneficiada pela natureza da Chapada do Araripe, com oferta de clubes e balneários serranos como lugar de repouso e lazer, onde se pode optar por banhos, caminhadas em trilhas e práticas de esporte. Estimativa da População 2009 - 116.759 Área da unidade territorial (km2) - 1.009 Gentílico - cratense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 Bacia do Salgado

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JUAZEIRO Bacia do Salgado

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JUAZEIRO DE TODOS Em 1827 foi erigida uma capelinha, pelo Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, no local denominado Tabuleiro Grande, em frente a um frondoso juazeiro, à margem direita do rio Batateira. A denominação deve-se à árvore, notável por manter-se verdejante no rigor das maiores secas. Juazeiro é palavra tupi-portuguesa: jua ou iu-à – “fruto de espinho” (em virtude da grande quantidade de espinhos que defendem os ramos da árvore) – mais o sufixo eiro. Distritos e localidades visitados: Palmeirinha e Juazeiro do Norte. Bairros: Horto, Franciscanos, Parque São Geraldo, Centro e Santa Tereza. Atrativos: O circuito de romarias em torno da figura do Padre Cícero atrai cerca de dois milhões de pessoas por ano. Dentre as opções ecológicas, Serra do Horto e outros atrativos naturais da Chapada e da Floresta Nacional do Araripe. Destaque para Parque Ecológico das Timbaúbas: Unidade de conservação municipal, o Parque das Timbaúbas é um amplo espaço de preservação da natureza, ideal para passeios dentro da cidade. O parque foi revitalizado e ganhou rearborização e novas áreas para esporte e lazer. Estimativa da População 2009 - 249.829 Área da unidade territorial(km2) - 249 Gentílico - juazeirense Bioma - caatinga fonte: IBGE/2010 104

Bacia do Salgado





alguns dados sobre bacia do salgado Quantidade de pessoas entrevistadas na bacia: 68

Figura 17 - Mais de 60% das pessoas atingidas pela pesquisa nos quatro municípios da Bacia do Salgado, possuem água encanada em suas casas. De todo jeito, vale ressaltar o município de Brejo Santo que possui a maior proporção (40%) sem este serviço.

Figura 18 - Das pessoas que possuem água encanada em suas casas, 48% a 70% afirmam que raramente falta o serviço. Quando afirmam faltar com frequência ocorre em proporções menores de 35%.

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Bacia do Salgado


Figura 19 - Três dos quatro municípios pesquisados não coletam água de chuva numa proporção maior de 60%. Somente no Crato aparece com mais de 55% das pessoas afirmam que coletam água. Ao serem questionados sobre qual o uso: Barbalha: para atividades domésticas; lavagem e irrigar roça. Brejo Santo: roça; para beber; cozinhar e limpeza. Crato: plantações; lavar roupa; casa; horta e beber. Juazeiro do Norte: para a horta e não respondeu. O armazenamento de água da chuva ocorre no geral em potes, depósitos plásticos, cisternas, baldes e tambores ou não armazenam. Na questão se “fazem algum tratamento para esta água? “ Barbalha: sim, com hipoclorito e cloro. Brejo Santo e Juazeiro do Norte: não é tratada. Crato: sim, ferve e filtra; também usa o hipoclorito distribuído pelo agente de saúde ou não trata.

Figura 20 - Ao serem questionados se consideram que ocorre desperdício de água: Barbalha e Juazeiro do Norte: mais de 75% afirmam que sim. Brejo Santo: 50% afirma que não. Crato: se divide entre sim, não e não soube de forma equivalente. Ao serem questionados por que consideram que ocorre desperdício? Barbalha: apontam o não reaproveitamento da água na área rural e urbana; falta de consciência da população e os vazamentos de água. Brejo Santo: afirmam que as pessoas não pensam em preservar. No entanto, citam que não ocorre desperdício porque não se tem muita água. Crato: não somos educados para usar e preservar com racionamento. Juazeiro do Norte: aponta manutenção inadequada pela CAGECE e torneiras pingando nas casas. As ações citadas de desperdício no geral foram: lavagem de carros em lava jatos; indústria; agricultura; torneiras abertas sem necessidade; banhos demorados; lavar calçadas e por último, no lazer onde água não é reutilizada.

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Figura 21 - Das pessoas pesquisadas em Brejo Santo (52%), Juazeiro do Norte (68%), Barbalha (88%) e Crato (100%), afirmam a existência de plantas na beira do rio ou açude. Somente em Juazeiro do Norte, ocorre com (10%) a resposta “não soube”. Ao serem questionadas sobre o tipo de vegetação que existe na beira do rio ou açude? Barbalha: hortaliças; bananeiras; capim vermelho; plantas rasteiras; mata nativa da serra; mata úmida; mata ciliar; samambaias; açu; angico; jatobá; marmeleiros; louro; murici; timbaúbas e ingazeiras. Brejo Santo: árvores frutíferas; capim e mata nativa como aroeira e marmeleiro. Crato: plantações de feijão; milho; arroz; árvores frutíferas; capim; palmeiras de babaçu; catolé; mato terciário; mata ciliar; mata nativa como ingazeiras, moquém, cajarana, pequizeiro, cajá e cupuaçu. Juazeiro do Norte: mato, capim, plantas rasteiras, timbaúbas e juazeiros.

Figura 22 - Mais de 65% da população nos quatro municípios da Bacia do Salgado atingidos pela pesquisa, consideram que o rio é agredido pela população. Ao serem questionados especificamente de que forma o rio ou açude é agredido pela população citam: Barbalha: consideram que com os banhos das pessoas, animais e lavagem de roupas, o lixo, dejetos, sacos plásticos, o desmatamento e o esgoto da cidade. Brejo Santo: citam o banho das pessoas e animais, lixo, esgotos das casas, bagaceiras e animais mortos. Crato: citam o veneno das plantações, agrotóxicos, veneno para formigas, animais mortos, lixo da cidade, hotéis, fábricas, prefeitura e desmatamento. Juazeiro do Norte: apontam banho e sujeira em geral.

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Figura 23 - Quase 80% das pessoas atingidas pela pesquisa em Barbalha, Brejo Santo e Juazeiro do Norte, dizem existir rede de esgoto no município. Somente em Crato a resposta negativa possui maior representatividade (70%).

Figura 24 - No caso de Brejo Santo dos 7% da figura anterior, ninguém soube responder se o município participa do Comitê. Dos 83% obtidos na questão anterior para Barbalha, 50% responde que Sim e 50% não soube responder. Finalmente, deve-se salientar a ignorância a respeito da existência e da participação do município no Comitê de Bacia e que perguntas mais esclarecedoras de “como e porque” o município deve participar no Comitê não foram respondidas.

Bacia do Salgado

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Blibliografia DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Campinas: Papirus, 1994. BACHELARD, Gastón. A Água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2002. NOVAES, Adauto. O Olhar. São Paulo: Companhia das letras, 1993. REBOUÇAS, Aldo. BRAGA, Benedito. Tundisi, José. Águas doces no Brasil. São Paulo: Escrituras 1999. SEMAIN, Etienne. O Fotográfico. São Paulo: Hucitec - CNPq, 1998. Plano Estratégico para os Recursos Hídricos do Ceará. Fortaleza: Assembléia Legislativa, 2009. Versão Preliminar. MILLS, Wright C. Sobre O Artesanato Intelectual e Outros Ensaios. 1ª. edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. CUNHA, Euclides da. Os Sertões,São Paulo: Martin Claret, 2002. STRAUSS, Claude Levi. Antropologia Estrutural Dois. 4ª. Edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução a antropologia social. Petrópolis: Vozes, 1981. Site IBGE: www.ibge.gov.br

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