LITORÂNEAS
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A FOTOGRAFIA DE ALESSANDRO GRUETZMACHER por Claudio Edinger A fotografia foi inventada porque o homem cansou-se de ver o tempo passar sem poder fazer nada. Esta angústia de se saber mortal, de ver cada dia a morte chegar mais perto, o fim da jornada, como resolver isto? O fotógrafo japonês Hiroshi Sugimoto, um dos melhores e mais complexos da atualidade, enfrenta este desafio assim: entra num cinema monta sua câmera em um tripé e assim que o filme começa abre o diafragma da câmera. Quando termina o filme, duas horas depois ele fecha o diafragma e a luz deixa de ser registrada no filme. Com isso procura capturar o tempo. O trabalho de Alessandro continua esta pesquisa de uma forma absolutamente pessoal. Olhamos seu trabalho e não há dúvidas, este é o Alessandro Gruetzmacher, capturando o tempo, capturando a paisagem, o céu, as montanhas, o mar, de uma forma poética, linda e misteriosa. Compondo o caos em um quadrado Alessandro nos traz um semblante de harmonia. O mundo redondo enquadrado levanta questões para nossa reflexão. Esta é a função da fotografia quando utilizada da melhor forma possível. E em preto e branco o mistério aumenta, o essencial fica claro – e escuro. Vivemos num mundo ambíguo de luz e sombras, noite e dia, amor e ódio, ignorância e sabedoria. Nada melhor que o preto e branco para gravar o que não pode ser registrado. Mas o belíssimo trabalho de Alessandro vai além, fala da solidão, fala do infinito, fala da importância de se olhar o mar. Em seu manifesto sobre arte, a fotógrafa e performer Marina Abramovic diz que o artista deve passar horas vendo o mar, deve passar horas vendo as estrelas – e que o artista deve criar um espaço para que o silêncio adentre sua obra. A obra deste nosso artista catarinense aprofunda o mistério, mostra o som do silêncio, passa horas vendo o mar e alegra a alma.
TEMPO REVELADO EM FLUXO Lucila Horn A fotografia de Alessandro Gruetzmacher torna o tempo suspenso ao abrir o dispositivo fotográfico para o espaço da paisagem. Na técnica antiga esmaecida o artista encontra um processo de pertencimento, onde o ato fotográfico é uma forma para registrar sua passagem pelo litoral catarinense, como um testemunho. O espaço é seu estar presente, a luz sua matéria prima, e o tempo é a alma do seu trabalho. Um tempo duplamente inquietante, por um lado na relação anacrônica com o passado da linguagem fotográfica, por outro, na gramática que expressa em si o tempo em imagens monocromáticas, tons grafite, calma e solidão, que apesar de não evidenciarem o humano, sugerem seu rastro através de um longo olhar de contemplação. Contrariando a lógica do consumo acelerado de imagens, a série documental “Litorâneas” pede um andar calmo, um tempo necessário para que se coloque em obra uma leitura que vai além da representação, ampliando o sentido do que vemos, abrindo-se para múltiplas interpretações.
LITORÂNEAS Alessandro Gruetzmacher
Nossos olhos fortuitos, apressados sempre em busca de novas imagens, esquecem por vezes de observar e admirar o entorno, como o belo litoral catarinense, com suas praias de areias brancas, grandes costões rochosos e ilhas de várias formas e tamanhos. Mesmo fotografado sob olhares diversos de moradores a turistas, este ainda esconde refúgios e detalhes desconhecidos por muitos. Com o intuito de descobrir e redescobrir nosso litoral, a série Litorâneas se apropria de uma linguagem há muito esquecida pelas necessidades diárias na produção fotográfica. Utilizando longa exposição, tão necessária nos meados do século XIX, busca-se uma nova leitura imagética sobre as paisagens litorâneas, a qual nos faz contemplar as paisagens num ritmo desacelerado. Esta resignificação do nosso litoral, traz a documentação e o registro fotográfico de um determinando momento da história, atestando que algo, alguém ou a paisagem existiu, tornando assim a fotografia uma interpretação temporal da realidade.
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FOTOGRAFIAS Submersa, 2010, p. 08
Praia da Galheta I, 2011, p. 22
Praia do Moçambique I, 2012, p. 09
Ponta do Gravatá II, 2012, p. 23
Praia do Matadeiro IV, 2011, p. 10
Rocha e Pedras I, 2011, p. 24
Praia do Saquinho IV, 2011, p. 11
Sem título, 2011, p. 25
Armação I, 2011, p. 12
Prainha I, 2012, p. 26
Ponta do Gravatá III, 2012, p.13
Trapiche IV, 2012, p. 26
Praia do Saquinho II, 2011, p.14
Stairway to Heaven, 2010, p. 27
Retiro dos Padres II, 2011, p. 14
Ponta do Coral I, 2010, p. 28
Praia do Saquinho VI, 2012, p. 15
Trapiche III, 2012, p. 29
Praia da Joaquina II, 2011, p. 16 Praia da Joaquinha I, 2011, p. 17 Itaguaçu I, 2010, p.18 Retiro dos Padres V, 2011, p. 19 Costão do Pântano do Sul, 2011, p. 20 Praia do Estaleiro, 2011, p. 20 Praia do Matadeiro V, 2011, p. 21
FICHA TÉCNICA Litorâneas Alessandro Gruetzmacher Coordenação e Curadoria Lucila Horn Textos Alessandro Gruetzmacher, Claudio Edinger e Lucila Horn Produção Lu Renata Assistente de Produção Anna Luzia Cantú Montagem e Iluminação Flavio Brunetto Identidade visual Tatiana Kito Arte Educação Ana Beatriz Camorlinga Assessoria de Imprensa Fifo Lima
gruetzmacher.com.br
Realização
Apoio
Patrocínio
Este projeto foi contemplado com o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 2012.