H e i to r R o d r i g u e s
Pirilampos da caatinga
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Pirilampos da caatinga
bahia . 2021
Apoio Financeiro:
AGRADECIMENTOS Este não é um livro produzido individualmente, mas fruto de uma junção de mãos, vontades e histórias que se constroem coletivamente; por isso sou grato a todas as pessoas que, de algum modo, direta ou indiretamente, contribuiram para que o Pirilampos da Caatinga alcançasse outros olhares e corações. Agradeço aos gestores e trabalhadores da Cultura, em especial da FUNCEB que, através da Lei Aldir Blanc, viabilizaram a realização deste sonho. Deixo o meu agradecimento aos vaqueiros e vaqueiras que, ao longo da sua história, teceram caminhos de resistência pela valorização da Cultura Vaqueira, emanando luz por este chão e voando livres, como vagalumes, almejando somente o essencial: viver em comunhão com a Caatinga, a família e os amigos. Agradeço, ainda, a todos aqueles que preencheram meu olhar e sentido, ao longo da cobertura das Missas do Vaqueiro, em Uauá – BA, mesmo que eu ainda não saiba seus nomes. E, por fim, agradeço ao fotógrafo Rui Rezende, fonte de inspiração, e um ser incrível de coração gigante, pelo acolhimento e aprendizado, mais do que especial, mesmo à distância, e aos vaqueiros e à vaqueira que compartilharam suas lidas, saberes e memórias, mais de perto, nos últimos meses, os quais nomeio a seguir:
Adailton Pereira Alex Ferreira Alioni Félix Ancelmo Santana Antônio Ribeiro Breno Dantas Gilberto Gonçalves Heleno Moura
Jaime Borges Jaime Ribeiro Jhoyce Moura José Adilson Moura José Eulício da Silva José Ilson Pereira José Loiola de Moura José Pereira
Juarez Ferreira Luis Carlos Silva Manoel Pereira Manoel Ribeiro Onofre Dias Valdemar Moura Vilson Ribeiro
apresentação Uauá é uma palavra do dialeto tupi-guarani que significa vagalume. Desse modo, paira no município a mística de que quem nasce na “Terra da Luz” não é um habitante qualquer, mas sim um Ser Pirilampo, com luz própria. É nas nuances dessa perspectiva que nasceu, em 2014, o projeto Pirilampos da Caatinga, que mergulha no Universo do vaqueiro, repleto de diversidade sociocultural, buscando refletir e enxergar as luminosidades emitidas por essas pessoas. Além disso, o ofício vaqueiro, desde 2011, é considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, tendo em vista a sua importância histórica na formação do povo e território baiano. Entretanto, apesar dessa imensa conquista, é uma profissão marcada pela falta de visibilidade e dizibilidade, sem contar a reprodução dos inúmeros estereótipos imputados aos vaqueiros, visto que se criou um imaginário de pessoa rude, que está atrelada somente aos afazeres da lida na Caatinga, sem considerar os aspectos e tradições culturais da profissão, as produções artísticas, extremamente marcadas pela oralidade, sonoridade e artesanato em couro, e pela valorização da relação do homem com a fauna e flora, numa relação holística. Deste modo, diante desse cenário reducionista, surge a necessidade de revelar as identidades tão diversas desses sujeitos, manifestando o caráter artístico que habita esse Universo cultural tão rico e extenso, ressaltando a importância de realizar um resgate epistemológico dessa profissão, tão marcante por sua indumentária, visto que, por detrás do couro, existem contadores de histórias, cordelistas, repentistas, cantadores e poetas populares. É a essência de um ser épico que muitos desconhecem e, é baseado nessa mudança de pré-conceitos e olhares, que o projeto Pirilampos da Caatinga surge, a fim de que não se esvaia no tempo toda a luta sociocultural que foi conquistada, contribuindo desse modo para a valorização das manifestações artísticas, bem como para a difusão da Cultura Vaqueira. Cabe destacar que, durante o processo de pesquisa, buscou-se pelas mulheres vaqueiras, por vezes invisíveis e podadas, pelo ambiente, predominantemente, masculino. O livro Pirilampos da Caatinga apresenta um trabalho fotoetnográfico que flutua por essa narrativa imagética, em busca da construção desse novo olhar. Para tal, faz-se necessário
ressaltar, também, a importância do diálogo com outras linguagens que ajudem a compreender e reforçar o caráter do projeto, afinal, a Cultura Vaqueira se reflete na transmissão de saberes pela oralidade, gerando produções de sua própria existência, resultadas de suas vivências, em formas particulares de comunicação e de registro. Com base nisso, as fotografias estão mescladas com epígrafes colhidas de conversas informais, aboios, cordéis, depoimentos, fragmentos de lembranças, poemas e repentes, almejando o poder polissêmico da arte, promovendo a sensibilidade e reflexão, em quem está dentro e fora desse círculo social. Todas as fotografias foram registradas em preto e branco, não com o intuito de reforçar as estereotipias do Sertão, mas sim com a proposta de dar destaque aos nossos personagens, vaqueiras e vaqueiros, foco do nosso trabalho, afinal essa técnica, com toda a gama de tons de cinza, permite destacar as texturas, as formas, o contraste entre luz e sombra, o gesto, a ação, o momento. Afinal o Sertão é repleto de cores, matizes e a presença de colorido, nas imagens, poderia contribuir para desviar o foco da singularidade dos nossos personagens. Assim, sabendo da importância da Cultura Vaqueira para os povos do Sertão e compreendendo o valor dos livros na formação cultural humana, bem como nos processos de ensino–aprendizagem, e do poder da fotografia nos aspectos de preservação da memória para as gerações futuras, o Pirilampos da Caatinga, contribuirá, de modo geral, para o respeito a outras culturas, agregando novas visões de mundo e exalando liberdade poética capaz de despertar e sensibilizar reflexões e sentimentos diversos. Como bem disse o genial Guimarães Rosa, “O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”. Foi durante esse caminhar que as luzes dos vaqueiros encantaram os meus olhos, assim como a escuta de suas narrativas envolveram meus sentidos e guiaram a construção poética das imagens e identidades que aqui compartilho. São 146 fotografias, produzidas durante minha vivência, desde 2014, em Uauá – BA, incluindo a cobertura das Missas do Vaqueiro, nos anos 2014 e 2015 e em visitas, escutas e observações da lida dos vaqueiros, em 2021, nas Fazendas Ipoeira Grande, Santana, Umbuzeiro, Área, Pedra do Olho D’água e Logradouro do Juvenal.
Heitor Rodrigues
Fotógrafo abril de 2021
PREFÁCIO Com o declínio da cultura da cana-de-açúcar, a criação de gado começou a ganhar destaque e como as terras no litoral já estavam ocupadas pelos engenhos, gradualmente, houve um adentramento no território nacional, rumo ao Sertão nordestino. À medida que, os primeiros vaqueiros foram tendo contato com a mata branca, Caatinga, em Tupi-Guarani, mata fechada, espinhenta, com plantas muitas vezes venenosas, era necessário usar uma roupa de proteção que pudesse resistir às agruras do terreno. Surge, então, a figura do vaqueiro encourado, que tem em sua indumentária, uma espécie de armadura capaz de protegê-lo de todos os perigos, tanto da vegetação, como de animais peçonhentos que abundavam na região. É nesse contexto da Cultura Vaqueira que, o Pirilampos da Caatinga, primeiro livro físico de Heitor Rodrigues, torna-se um convite a uma viagem por um Brasil inaugural, muitas vezes esquecido, nas lonjuras do Sertão sem fim. Ao transitar por suas páginas, o leitor poderá conhecer a bravura de personagens que trazem em seu semblante, as marcas de uma luta ancestral por sobrevivência. Luta que é travada diariamente, seja pra pegar uma rês desgarrada no meio da Caatinga, para capturar e curar um animal ferido, seja para encontrar forças e motivação para continuar seguindo em frente, durante a seca causticante, caracterizada por períodos de longa estiagem, quando o alimento e a água se tornam escassos, tanto para os animais como para o homem. Os pirilampos são guerreiros formidáveis, homens bravos e destemidos que, ao mesmo tempo, trazem no olhar a doçura rara do mel da Mandaçaia. É importante notar que Heitor teve o cuidado de não seguir o estereótipo do vaqueiro rude, grosseiro, calejado pela labuta diária. Ele nos brinda com a delicadeza de homens que, antes de qualquer coisa, primam pela amizade e pelo companheirismo para com seus irmãos. O ofício do vaqueiro vai muito além da lida com os animais e com o couro. Ele passa, sobretudo, pela oralidade; muitos são também cordelistas, poetas, contadores de causos e histórias.
O cenário escolhido por Heitor, para coletar as imagens dos vaqueiros de seu livro, foi o município de Uauá – BA, que significa vagalume em Tupi-Guarani. O local faz parte do semiárido baiano conhecido como polígono da seca, fica na região nordeste do estado e, em 2013 passou pela pior estiagem dos últimos 70 anos, segundo a agência Reuters. Por Uauá passaram a Coluna Prestes e o bando de Lampião e seu solo também foi cenário da Guerra de Canudos, quando tropas do governo montaram acampamento em terreno uauaense, antes de seguirem para aquela que seria umas das mais covardes ações promovidas pelo Estado brasileiro contra o povo do Sertão, mas como diria Euclides da Cunha, ao final de seu antológico Os Sertões, “Canudos não se rendeu”. Isso nos mostra o caráter de resistência e força que Rodrigues buscou ao retratar os encourados da região, herdeiros desse espírito bravo e resiliente, que não se deixa intimidar nem por um exército com superioridade numérica e bélica, nem quando o inimigo se apresenta como adversidade climática num terreno árido. Do alto de seus alazões, de cabeça erguida, os pirilampos estão sempre prontos para enfrentar qualquer batalha. Sem jamais retroceder ou desistir da luta. Nesse aspecto, a região de Uauá representa bem a nação sertaneja em toda sua riqueza e força. Outra característica que não pode ser ignorada, na obra, é a fé e quando se conhece de perto ou se estuda a vida e a labuta do vaqueiro, é só através da compreensão do sobrenatural que podemos entender de onde vem tamanha resistência diante das adversidades. Em 2014, Heitor teve seu primeiro contato com os encourados de Uauá, quando esteve presente na Missa do Vaqueiro, ato religioso que acontece todos os anos e agrega centenas de vaqueiros da região. Eles se reúnem para orar, pedir por dias melhores e agradecer às graças alcançadas ou até mesmo a sorte de ter nascido nesta condição, tão dura e ao mesmo tempo tão nobre que é a lida com o gado, a vida de vaqueiro encourado. Foi paixão à primeira vista e nos anos seguintes ele voltou muitas vezes ao município para registrar não só a missa, mas também as atividades corriqueiras do dia-a-dia desses personagens fabulosos. O resultado é este belo livro que os convido a conhecer, forjado sob o sol da Caatinga, na terra dos pirilampos.
Ricardo Prado Fotógrafo maio de 2021
ANCESTRAIS “Para aqueles que já foram Em outra dimensão morar Ao Senhor peço licença Para lhes homenagear O eco do seu aboio No infinito sempre estará.” Fátima Ribeiro Professora e Cordelista
Paredes e terreiros onde (re)pousam histórias de vaqueiros e suas lidas
Os utensílios, a luz e a fé balançam na rede da memória
VEREDAS “Ser vaqueiro não é só querer não. Acho que o vaqueiro tem o espírito mais forte que os outros (...) Vaqueiro só é vaqueiro dentro do mato”. Tonho do Teté Vaqueiro
Pelas veredas da Área
Palmeiam histórias: palmatória
Texturas
Fauna caatingueira
LAÇOS “Irmão meu (Zuquinha) era vaqueiro que só a gota, agora eu era meio mole (...) O irmão se botasse uma reis pegava”. Manoel Ribeiro (Nequinha) PRODUTOR RURAL
Criôlo e o fiel escudeiro, Leão
Felicidade tem abraço
Zumão e seu companheiro, sob os pés da Pedra do Olho D’água
Família Moura revivendo lembranças
Até logo
Nequinha e seu filho Lalau
LABUTA “Destemido vai pra Labuta Levando Deus no coração Tem orgulho do uniforme Perneira, chapéu, gibão Vaqueiro é parte integrante Das riquezas do Sertão”. Fátima Ribeiro Professora e Cordelista
Mãos que afagam e ordenham
Zumão, entre espinhos e frutos
Estrada de cada dia
“Quem tem água, tem tudo” (Criôlo)
HISTÓRIAS “Tinha uma reis que era premiada, mas ninguém sabia qual era (...) De repente tava dando uma garoinha, os vaqueiros passaram e eu vi o gado choteando. Vi passando uma novilha e eu botei o cavalo, cheguei lá e entrei no umbuzeiro, quando eu saí da sela tinha caído pau por cima, um pau pegou, ainda assim dei uma chamada na frente, dei uns dois gritos e me encarquei pra cima até pegar”. Vilson Ribeiro (Zumão) Vaqueiro
Manoel Pereira: a força e a doçura de um vaqueiro, infinito como o Sertão
Homem e Caatinga num misto de forças
A leveza do Ser: sorrir também é resistência
Tonho do Teté e Zé do João: lendo histórias nos riscos dos lajedos
Caminhos da memória de vaqueiros e seus parentes
abc do vaqueiro “Eu comecei a ler cordel, comprava na feira, chamava ABC naquela época, não era cordel. Ia pra feira e comprava porque achava bonito, tinha aquelas bancas no meio da feira e eu ficava lá, só com boca aberta, olhando o dia todo, aí comprava um. Montava num burro pra casa e saia lendo. Lendo não, pelejando pra ler. Eu nunca fui numa escola, minha mãe que ensinava”. Jaime Ribeiro Aposentado
Dedos que batucam em versos
Jaime Ribeiro e seus livretos
ARTE Boi da Cochinha “Amigo você me escute O meu verso eu vou dizer De um boi mandigueiro Que nasceu para correr Esse é o mandigueiro Nascido em 43 Nasceu no Pé da Serra Era filho de uma vaca Da Fazenda Santa Fé A dita era corredeira Mas era cocha dum pé (...)”. Autoria de
Dedé Ribeiro e Ernandes Ribeiro Entoado por
Bibi do Roque Vaqueiro
Cama de gato
Arte-encouro
Por mais sorrisos de Jhoyce Moura e Bibi do Roque
Trovas, toadas e aboios
Impávido Guerreiro
FÉ “A gente precisa primeiramente de Deus (...) Viva nosso Senhor Jesus Cristo e os filhos de Deus”. Manoel Pereira Vaqueiro
José Alberto, o padre vaqueiro e a Divina Providência
FESTA “Viva a festa do Uauá Com toda animação Viva a festa do vaqueiro Que é na quadra de São João”. Bibi do Roque Vaqueiro
Olhares
Vaqueirama reunida
A magia do 22 de junho
BIBI DO ROQUE é um artista da voz e um menestrel da labuta vaqueira. Canta e encanta com as suas toadas e aboios. Aprendeu que o tempo pode até confundir as palavras, mas quando entoa um verso, os outros vêm no embalo. É um dos vaqueiros fundadores da tradicional festa do vaqueiro de Uauá. Adquiriu do avô, que ele considera como pai, o amor por montar em jegue e pelo ofício de vaqueiro.
MANOEL PEREIRA é um vaqueiro muito respeitado e morador da comunidade Santana. De personalidade forte e sincera é também carregado de leveza e graça. O humor aguçado se soma ao olhar antenado e crítico sobre questões sociais e políticas do país e da sua comunidade. Em seus relatos há um Universo de saberes, afetos e fazeres. Junto com seu cavalo e seus dois cachorros parece flutuar nas veredas da Caatinga.
HELENO MOURA, vaqueiro de sorriso largo e amigo de todos, companheiro da lida, se encarrega da preparação do café, em meio à Caatinga, antes de se embrenhar no mato e buscar o boi. O café é seu elixir de força, mas é também a comunhão entre os vaqueiros camaradas que ao retornarem da pega, tomam outro gole, “porque o primeiro nem deu pra sentir o gosto direito”. Não tem medo de boi brabo e encara de frente os desafios que a Caatinga oferece. Transmitiu para a filha Jhoyce o amor pelo ofício.
MANOEL RIBEIRO, o Nequinha, morador da Ipoeira Grande é dono de um sorriso largo e fala mansa. Irmão do inesquecível Zuquinha, um dos maiores e mais respeitados vaqueiros da região. Criador de animais e admirador da Caatinga, sabe quando o período de estiagem vai castigar ou quando a chuva chega para banhar a terra. Pai e avô, ama a família que tem e guarda na lembrança as pessoas que passaram por sua vida.
JAIME BORGES, o Criôlo do Umbuzeiro, vive em contato direto com a terra e os bichos, sempre acompanhado do seu amigo fiel Leão, e carrega no corpo e na memória as marcas da lida de vaqueiro. Se orgulha de cada gota de água que armazena, valorizando a Caatinga e tudo que a envolve. É perceptível em seu olhar a paixão pela lida de vaqueiro e o orgulho da sua história.
TONHO é um vaqueiro ligado às raízes familiares e muito em razão disso é conhecido como Tonho do Teté, seu pai. Tem zelo pela história dos antepassados e sente falta de ver, nos mais novos, a paixão dos mais velhos, em ser vaqueiro. Gosta de estar no mato como criança que estripulia livre pelos terreiros. O gibão, a luva, o colete lhe são armaduras de um guerreiro da Caatinga, afinal como ele diz, “vaqueiro não pode ter medo. Tem que gostar do mato. Passamos horas na Caatinga”.
JAIME RIBEIRO, vaqueiro aposentado, continua respirando a cultura vaqueira e carrega na memória as veredas da Caatinga, os causos vividos e ouvidos e as mandigas dos bois. Dono de uma voz grave e afinada, entoa velhas toadas e cria outras com bom humor. Leitor voraz, autodidata e doutor da natureza, reconhece os pássaros pelo canto. Aprendeu com a mãe o segredo das plantas e raízes e o poder das rezas fortes.
VILSON RIBEIRO, o extrovertido Zumão. Reside aos pés da Pedra do Olho D’água, um dos locais mais lindos do município de Uauá, e que deu origem à fazenda homônima. Vaqueiro cosmopolita que soube se adaptar às novidades do mundo, sem abdicar dos seus costumes e tradições. Gosta de estar rodeado dos familiares, amigas e amigos para ter um bom dedo de prosa, acompanhado de uma cerveja gelada.
JHOYCE MOURA traz no sangue o amor pela labuta. Sobrinha do vaqueiro Bibi do Roque e filha do Vaqueiro Heleno, cresceu entre o mato, os bois e o couro. Desde nova, acompanha a tradicional Festa do Vaqueiro, percorrendo a cavalo, aproximadamente 6 léguas, para comemorar a Cultura Vaqueira, com o tio e o pai. Sente falta de encontrar mais mulheres na lida, mas faz a sua parte incentivando e mostrando que as mulheres podem ocupar os espaços que desejarem.
ZÉ DO JOÃO tem uma mansidão e olhar desconfiado de quem sabe bem o valor de, primeiro observar em silêncio e profundidade, para mais adiante soltar palavras certeiras. Diz não ser propriamente um vaqueiro, mas um “encourado”, em respeito e honra a outros que já se foram e, segundo ele, eram muito melhores. Entretanto, seus amigos e companheiros de labuta garantem ser ele um dos mais hábeis de seu tempo. É também pela generosidade dos seus gestos e fala que comprovamos a grandiosidade da sua história de vaqueiro e o respeito por aqueles que o inspiraram pelas veredas da Caatinga.
Copyright © 2021, por Heitor Rodrigues Direitos desta edição reservados. Nenhuma parte pode ser duplicada ou reproduzida sem a expressa autorização
Coordenação do projeto e fotografias Heitor Rodrigues
pirilamposdacaatinga@gmail.com
Coordenação editorial, projeto gráfico, capa e diagramação P55 Edição / André Portugal e Marcelo Portugal Legendas e textos Heitor Rodrigues e Erika Jane Ribeiro (Pók Ribeiro) Produção e revisão ortográfica Erika Jane Ribeiro (Pók Ribeiro)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R696p
Rodrigues, Heitor. Pirilampos da caatinga / Heitor Rodrigues ; prefácio por Ricardo Prado. – Salvador : P55 Edição, 2021. 1 recurso eletrônico. E-book: formatos ePub e PDF. Livro fotográfico sobre a tradição dos vaqueiros do município de Uauá (BA). ISBN: 978-65-88597-22-4
Este projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal
1. Fotografias. 2. Vaqueiros - costumes e tradições. 3. Uauá (BA). 4. Cultura sertaneja. I. Título. CDD 779.81 Ficha catalográfica – Karina Ribeiro Barbosa CRB-5/1783
Apoio Financeiro:
Este livro foi composto pela família tipográfica Open Sans Regular. Impressão e acabamento de 500 exemplares produzidos pela JM Gráfica, em Salvador-Bahia, junho de 2021
www.p55.com.br
“A gratidão na fé dos encourados Forma os olhares de um povo resistente Cria costumes, se faz resiliente Inatingível, no amor encouraçado. A resistência à luz, do abraçado É o mesmo forte traquejo, o couro quente Diz do passado sofrido e do presente Que não se entrega, nem é acovardado A vestimenta que adorna cada um Traz no gibão o sentimento tão comum Sem ser bandeira, ser feliz sempre lutando E aos galopes pela praça em harmonia Cada vaqueiro é carregado na poesia Que abastece a sua sina aboiando”. Maviael Melo Poeta e Cantandor
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