Álbum do Rio Antigo

Page 1




fllburT)

d o

I

Texto e organização de —

EDiTÔRA

C. J. D U N L O P

RIO

ANTIGO

LTDA,

Rua de Ouvidor, 130 - 5.° pav. - sala 513 Rio de Janeiro



"Para que El Rei, a Pátria, o Brasil e o mundo todo conheçam o nosso denodado valor, levantemos esta Cidade que ficará por memória do nosso heroísmo e exemplo às vindouras gerações! Levantemos esta Cidade para ser a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo!" São Sebastião do Rio de Janeiro, 1.° de março de 1565. Estácio de Sá



FUNDIÇÃO Oi CIDADE Descoberta em 1502, a enseada do Rio de Janeiro permaneceu, j durante a metade do século XVI, abandonada à ambição dos aventureiros e flibusteiros em busca d e pau-brasil e outras riquezas, e à pirataria dos normandos e bretões. As preocupações dos portuguêses orientavam-se para outros pontos da colônia, principalmente a Bahia, onde era a sede do Govêrno Geral. sií Disso se aproveitou o cavaleiro da Ordem de Malta e viçealmirante da Bretanha, Nicolau Durand de Villegaignon, que, saindo do Havre (então Franciscópoiis), a 6 de, p a i o de 1555, com dois navios, pólvora, artilharia, arraas .e materiais, aqui aportou no dia 14 de novembro, com colonos, condenados colhidos nos cárceres de Paris e Ruão, homens de armas e. alguns padres protestantes, com o intúito cie fundar a "França Antártica".Nenhum óbice encontrando à sua incursão, apoderou-se da enseada e, após deter-se no ilhéu da Laje, por êle chamado "Ratier", construiu o fortim "Coligny" na Ilha dos Franceses de quase mil pés de circunferência, denominada pelos indígenas de "Cehéype" ou "Serigipe" e que tomou mais tarde o seu nome — Villegaignon (onde hoje se acha a Escola Naval).; íèiCii.nn: £ si".. ::: Habitava o continente a l tribo. de índios tamoios, que os missionários protestantes em breve converteram à sua causa. ah Em 1557, chegaram da França» sob o comando cie Bois-le-Comte, sobrinho de Villegaignon, mais três navios com perto de 300 tripulantes, colonos, aventureiros e alguns missionários calvinistas enviados pela igreja protestante de Genebra. Com os reforços recebidos, deram os franceses início à c o l o n i z a ç ã o , çyj o projeto era

DIO DE JANEIRO


estender suas conquistas à terra firme e aí, na praia fronteira à ilha (antiga praia de Santa Luzia, onde está hoje a Santa Casa da Misericórdia), fundar a cidade de "Henriville", em homenagem ao rei Henrique II de França. Tal colônia não deixava de causar apreensões aos portuguêses, e o terceiro Governador Geral, Mem de Sá, sabedor disso, tratou de expulsar os intrusos, partindo, municiado, da Bahia, e, com auxílio de reforços que a êle se juntaram em São Vicente, atacou os francêses em suas posições, desbaratando o forte Coligny. Villegaignon já aqui não estava — retirara-se para a França havia oito ou nove meses. • '( Os sobreviventes refugiaram-se no continente, entre os selvagens aliados, retornando Mem de Sá, vitorioso, à Bahia. Isto, em 1560. Vencidos, porém não repelidos do país, os franceses reuniramse de novo, retomaram suas antigas posições e, com a ajuda dos aguerridos tamoios, fortificaram-se, principalmente no outeiro da Glória e na ilha depois chamada "do Governador". Contra êles, porém, viria, mais tarde, a mando de D. a Catarina d'Áustria, rainha regente de Portugal, Estácio de Sá, sobrinho do Governador Geral, com dois galeões bem providos de petrechos bélicos, que foram reforçados, na Bahia, pela esquadra de Mem de Sá. A 1 . ° de março de 1565 a armada entrou na enseada, fundeando, na preamar, junto ao morro Cara de Cão (onde se acha atualmente a fortaleza de São João), sendo aí, na várzea e istmo compreendidos


entre o Pão de Açúcar e o penedo da Urca, lançados os fundamentos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, assim denominada em homenagem ao então rei-menino de Portugal, Infante D. Sebastião, e, também, ao santo-martir. O padre José de Anchieta, testemunha de vista, narrou o memorável acontecimento. Roçado o mato, levantadas tranqueiras, armadas cabanas e erigidas as primeiras casas de pau-a-pique, Estácio de Sá ordenou o retorno dos navios para que a ninguém acudisse o desejo de próximo regresso. O novo núcleo de povoação contou, desde logo, com uma tôsca ermida, guaritas, baluarte de taipa de pilão, casa forte e outros estabelecimentos administrativos. Estácio de Sá deu-lhe foros de "Cidade" com o simbólico ato de fundação na forma do ritual da época, sendo empossado no cargo de alcaide-mor Francisco Dias Pinto. Conta Baltazar da Silva Lisboa que, naquele dia, "detendo-se o Governador com as mais pessoas presentes à porta principal da Cidade e Fortaleza, lhe disse que cerrasse as portas, o que fêz o Alcaide-mor com as próprias mãos, bem como os dois postigos sobrepostos nelas com suas aldravas de ferro; e ficando Estácio de Sá fora das portas e muros, lhe perguntou o Alcaide-mor, que estava dentro, se queria entrar, e quem era êle, ao que respondeu Estácio que queria entrar e que era o Capitão da Cidade de São Sebastião, em nome d'El Rei Nosso Senhor, e imediatamente lhe foi aberta a porta, dizendo o Alcaide-mor que o reconhecia por seu Capitão, em nome de Sua Alteza".


1

Os outros primeiros servidores do nascente aldeamento foram: Pedro Martins Namorado, juiz ordinário; Miguel Ferrão, tabelião público; João Prosse, almotacé; João Luiz de Campos, escrivão; Estevão Perez, provedor da Fazenda; Francisco Fernandes, alcaide pequeno e carcereiro; Pedro da Costa, tabelião de notas e escrivão de sesmarias (depois nomeado tesoureiro de defuntos e ausentes); Gaspar Rodrigues de Góis, tabelião judicial; Batista Fernandes, porteiro e pregoeiro da cidade e da Câmara, e Antonio Martins, meirinho. Por brasão, deu Estácio de Sá à cidade um molho de setas alusivas ao suplício de São Sebastião e, talvez, às armas homicidas dos francêses e índios tamoios, de que haveria êle próprio de ser vítima. Criou a "Câmara Municipal" ou "Conselho de Vereança", presidido pelo juiz ordinário e formado pelos "homens bons da terra", que serviam gratuitamente nas suas funções. Delimitou o têrmo da cidade, concedeu sesmarias e deu chão "para o rossio do Conselho e pastos de gado", baixou editais e posturas, uma delas contra o jôgo, impondo multas em benefício da Confraria de São Sebastião, por êle também fundada. Não cessaram, porém, as escaramuças dos francêses e tamoios contra os portuguêses; tampouco os aflitivos apelos de auxílio dêstes. Finalmente, depois de quase dois anos, chega reforço do Reino. Mem de Sá agrega-se a êle na Bahia e desembarca no Rio de Janeiro com uma esquadra composta de três galeões vindos de Lisboa sob o comando de Cristóvão de Barros, dois outros navios que cruzavam as costas do Brasil e seis caravelões.

<


Logo no dia seguinte — a 20 de janeiro de 1567 — dia da festa do padroeiro da cidade, no renhido combate de Uruçumirim, contra o reduto do outeiro da Glória, foram desbaratados os invasores. Pouco depois, caía, também, o reduto da ilha do Governador, sendo expulsados definitivamente os francêses. Estácio de Sá, ferido no rosto por um flechaço ervado de peçonha, veio a morrer, um mês depois, em sua cabana de pau-a-pique coberta de sapé, na "terra baixa e chã", junto ao Pão de Açúcar. * *

*

Assim se conta, em linhas gerais, a história da fundação do Rio de Janeiro. Passados quatro séculos, a cidade, que recebera o título simbolicamente, mas logo lhe incorporou o conteúdo de uma esplêndida realidade, cresceu, progrediu, desenvolveu-se em área, população, recursos econômicos, produção, técnicas e cultura, até transformar-se no que é hoje: a metrópole que figura entre as primeiras, a Cidade que é Estado, o Estado que, sendo o menor em área, é o segundo do país em desenvolvimento industrial. Para atingir a esta posição que lhe permite, com área de Município, concorrer tão airosamente com os maiores Estados, o Rio de Janeiro, nos últimos 60 anos, contou com uma fôrça propulsora magnífica, que foi a decisiva contribuição da Light. Na história da cidade, no século XX, o papel dessa emprêsa não se limitou, porém, à influência da sua contribuição ao desenvolvi-


mento econômico, mas tem sido, igualmente, de relêvo na própria vida social da cidade, marcada em seus costumes pelos serviços públicos por ela desempenhados e que têm condicionado não apenas a produtividade, mas o próprio cotidiano e os hábitos do carioca, refletindo-se no seu espírito criador, elevando o padrão de vida da população em todos os níveis sociais, e participando de tôdas as manifestações do seu progresso material e cultural. A Light pode, pois, orgulhar-se dos serviços prestados, que excedem, de muito, ao âmbito das suas concessões. A modernização da cidade, que se vem processando desde o início do século, foi planejada e executada, ontem e hoje, por seus grandes administradores, por homens de primeiro plano na história do país. Mas, a obra grandiosa, gloriosa e benemérita dêsses vultos extraordinários não poderia ter sido o que foi, sem o concurso essencial, e de todos os instantes, dos serviços da Light, serviços êsses muitas vêzes anônimos e esquecidos, como a importância das coisas com que se conta segura e infalivelmente, mas sempre imprescindíveis.


Ilustrações

Fotografias e gravuras selecionadas do livro "Rio Antigo".


ILUMINAÇÃO

PÚBLICA (I)

Até fins do século XVIII, a iluminação do Rio de Janeiro consistia, ùnicamente, nesses oratórios murais, em que se acendia um candeeiro de óleo de baleia ou uma vela de cêra. O da fotografia, na esquina das Ruas da Alfândega e Regente Feijó, contava quase duzentos anos quando foi demolido em 1906.

*


Lampião a "azeite de peixe" utilizado até ao advento do gás em 1854. O Rio de Janeiro foi a primeira cidade do Brasil a gozar da iluminação a gás.

16


ILUMINAÇÃO PÚBLICA (III) A antiga fábrica de gás no Caminho do Aterrado (hoje Avenida Presidente Vargas n.° 2610), construída pelo Barão de Mauá. A gravura é anterior à abertura do Canal do Mangue, cujas obras tiveram início em 1857.


MEIOS DE TRANSPORTE (I) Eis o primeiro bonde que trafegou no Rio de Janeiro, na manhã de 30 de janeiro de 1859. Pertencia à "Companhia de Carris de Ferro da Cidade à Boa-Vista na Tijuca". O carioca deu a êsses veículos o apelido de "maxambombas".

18


M E I O S D E T R A N S P O R T E (!!) Por incrível que pareça, até ao ano de 1928 houve bondes puxados a burro, em plena Capital da República. Faziam o percurso entre os subúrbios de Madureira e Irajá.


p.

í.

MEIOS DE TRANSPORTE (III) O "coupé" foi, no século passado, a carruagem aristocrática por excelência. Note-se a curiosa indumentária do cocheiro e do trintanário: sobrecasaca fechada, de côr marron e com botões dourados, culotes brancos, botas escuras e cartola com rosêta.


21

O tílburi, pequena viatura de praça puxada por um só cavalo, surgiu no Rio de Janeiro por volta de 1830, desaparecendo com o advento do automóvel. Na fotografia vêem-se três dêsses veículos estacionados na Rua Primeiro de Março, em 1890.


MEIOS DE TRANSPORTE

(V)

A linha elevada da Estrada de Ferro Central do Brasil, nas proximidades da Ponte dos Marinheiros, no dia de sua inauguração, a 12 de outubro de 1907.

22

J


23

A chegada ao alto do Morro do Corcovado, quando o trem era, ainda, a vapor. Esta via-férrea foi eletrificada em 1910.


2

J

RUA DIREITA (I) Um dos mais velhos logradouros da cidade, passou a chamar-se Rua Primeiro de Março, em memória da terminação da Guerra do Paraguai em 1870. A gravura, de João Maurício Rugendas, é do comêço do século XIX. A o fundo, o Morro do Castelo.

24


RUA PRIMEIRO DE MARÇO (I) Mesmo trecho da gravura anterior, em 1908, vendo-se, em frente, a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo; a seu lado, a Catedral Metropolitana e, atravessando-se a Rua Sete de Setembro, o antigo Convento do Carmo (atual Academia de Comércio).


RUA DIREITA (II) Outro trecho da antiga Rua Direita. No primeiro plano, vê-se a "Casa dos Contos" (Erário). Segue-se-lhe a Praça do Comércio, que, desde 1867, passou a denominar-se Associação Comercial. O quarteirão é ocupado, hoje, pelo edifício do Banco do Brasil.

26


R U A P R I M E I R O D E M A R Ç O (II)

27

Mesmo lado da gravura anterior, em 1905. À direita, na esquina da Rua do Ouvidor, a Igreja da Santa Cruz dos Militares; o prédio contíguo é, hoje, o Tribunal Eleitoral. A seguir, na esquina da Rua do Rosário, o casarão do Correio.


F T

IGREJA DE SÄO SEBASTIÃO 1KOr,Englda

no.aIto do Morro do Castelo, quando para lá se mudou a cidade em 15b7, era a mais antiga igreja do Rio de Janeiro. A 2 de novembro de 1921, indo adiantados os trabalhos de arrasamento do morro, celebrou-se nela a última missa A fotografia é um aspecto da saída da missa, naquele dia


IGREJA E COLÉGIO DOS JESUÍTAS Antiga Igreja de Santo Inácio de Loiola, no Morro do Castelo. À esquerda, a casa conventual. Expulsos os jesuítas do Brasil em 1760, o casarão foi transformado em palácio do Govêrno e, por fim, em hospital militar.


ESPLANADA DO CASTELO Parte da esplanada resultante do desmonte do Morro do Castelo. O arrasamento dêsse morro (1921-1922) conquistou para a cidade imensa área útil de quase 700.000 m2. À esquerda, vê-se o antigo prédio da Associação Cristã de Moços e, à direita, a Igreja de Santa Luzia.


AVENIDA CENTRAL (I)

31

Cerimônia oficial do início das obras de abertura da Avenida Central, no dia 8 de março de 1904, a que compareceram o Presidente da República, Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, seu Ministério, a Comissão Construtora da Avenida e o Prefeito Dr. Francisco Pereira Passos.


A V E N I D A CENTRAL (II) Construída pelo Govêrno Federal, sob a direção do engenheiro Paulo de Frontin, foi solenemente inaugurada e entregue ao tráfego público no dia 15 de novembro de 1905. Passou a chamar-se Avenida Rio Branco em 10 de março de 1912, data do falecimento do Barão do Rio Branco.

32


MH

AVENIDA CENTRAL (II!) 33

Outro aspecto da atual Avenida Rio Branco. No canto à esquerda, a Rua São José; a seguir, a Rua da Assembléia e, mais adiante, o torreão do antigo edifício do jornal "O Paiz", na esquina da Rua Sete de Setembro.


\ AVENIDA CENTRAL (IV) A fotografia é um flagrante dos escombros do prédio do Clube de Engenharia, que desabou no dia 14 de fevereiro de 1906, quando em construção. No mesmo local, esquina da Rua Sete de Setembro, ergue-se hoje o majestoso Edifício Édison Passos.

34


RUA DO PASSEIO 35

A Rua do Passeio vista do Largo da Lapa, em 1906. À esquerda, a antiga Biblioteca Real e, a seguir, o Clube dos Diários.


PASSEIO PÚBLICO Teatrinho ao ar livre, dos apelidados de "chopp berrante", no Passeio Público, onde, à noite, exibiam-se cançonetistas acompanhados ao piano. A fotografia é de 1904, vendo-se, ao fundo, o gradil do jardim, retirado em 1922.

36


CONVENTO DA AJUDA O convento das religiosas de Nossa Senhora da Conceição, construído em 1750 e demolido .em fins de 1911. Por ficar situado na antiga Rua da Ajuda (desaparecida com a abertura da Avenida Rio Branco), era mais conhecido por Convento da Ajuda. No local é hoje a "Cinelândia".


CONSELHO MUNICIPAL Edifício no antigo Largo da Mãe do Bispo, onde foi, a partir de 1895, o Conselho Municipal. Antes, o prédio era ocupado pela Escola Municipal São José. Nesse mesmo local, ergue-se, hoje, o Palácio Pedro Ernesto (Assembléia Legislativa).

38


RUA TREZE DE MAIO

39

A Rua Treze de Maio tem êsse nome em memória da abolição da escravatura no Brasil em 1888. Até então, chamava-se Rua da Guarda Velha. No canto à direita, vê-se o Teatro Municipal, e à esquerda, na Rua Evaristo da Veiga, o antigo prédio da Igreja Inglêsa ("Christ Church").


TEATRO LÍRICO Situado onde é hoje o "Tabuleiro da Bahiana", no Largo da Carioca, foi a mais luxuosa casa de espetáculos do Rio de Janeiro, com 1.400 cadeiras de platéia e dois camarotes para a Família Imperial. Inaugurado em 1871, foi demolido em 1934.

40


• H l

iPiiM

IMPRENSA NACIONAL

41

Antigo edifício da Imprensa Nacional, em estilo gótico manuelino. A gravura é de 1863, vendo-se, no canto à direita, a escadaria para o Convento e as Igrejas de Santo Antônio e São Francisco da Penitência, e parte do velho Chafariz da Carioca.


f

LARGO DA CARIOCA (I) Êste local era, outrora, um brejal, cheio de jacarés. Na fotografia, o antigo Chafariz com 40 torneiras. À esquerda, a Rua da Guarda Velha (atual Treze de Maio) e, à direita, o Hospital de São Francisco da Penitência.

42


LARGO DA CARIOCA (II)

43

Outro aspecto do Largo da Carioca, vendo-se o velho e triste casarão do Hospital da Penitência, construído em meados do século passado e demolido em 1906. No canto à direita, a Rua da Carioca.


í

LARGO DA CARIOCA (III) Trecho entre as Ruas Uruguaiana (à esquerda) e Gonçalves Dias. A loja à direita é uma sortida venda, autêntico armazém de secos e molhados.

44


L A R G O D A C A R I O C A (IV)

45

Lado compreendido entre as Ruas da Assembléia (à esquerda) e São José. As seis estatuetas no alto do prédio do centro representavam as estacões do ano: Primavera Verão, Outono, Inverno... Indústria e Estrada de Ferro'


4

1

RUA DA CARIOCA Aspecto das obras de alargamento da antiga Rua do Piolho em 1905. Ao fundo, vislumbra-se a Praça Tiradentes.


RUA PEDRO I Devido aos teatros, cafés-concêrto, cafés-cantante, cabarés e restaurantes que lá funcionavam até alta madrugada, a antiga Rua do Espírito Santo foi o logradouro de maior movimento noturno no Rio de Janeiro. À direita, o teatro de variedades "Moulin Rouge" e, no fim da rua, o Recreio Dramático.


PRAÇA TIRADENTES Desfile militar no antigo Largo do Rossio, no dia 24 de maio de 1906, data comemorativa da Batalha de Tuiuti. Ao fundo, na esquina da Rua Visconde do Rio Branco, a velha mansão do Barão do Rio Sêco, onde era, então, o Ministério da Justiça (hoje, Diretoria do Serviço de Trânsito).

48


CANAL DO MANGUE O Canal do Mangue, quando foi construído, se estendia do Rossio Pequeno (Praça Onze de Junho) à Ponte do Aterrado (Ponte dos Marinheiros). Somente no quadriénio do Presidente Dr. Rodrigues Alves (1902-1906) foi prolongado até ao mar, acabando com os alagadiços das antigas praias Formosa e dos Lázaros.


LARGO DE SÃO DOMINGOS Desaparecido em 1934, com a abertura da Avenida Presidente Vargas, o pequeno Largo ficava fronteiro à Avenida Passos, fazendo esquina com a antiga Rua General Câmara. Até 1820, foi o Cemitério dos Mulatos. A Igreja de São Domingos datava de 1791.


L A R G O DO C A P I M

51

Desaparecido, também, com a abertura da Avenida Presidente Vargas, ficava entre um lado e outro dessa Avenida, fronteiro à Rua dos Andradas. Teve aquêle nome porque a Câmara o destinara a mercado oficial de capim. A fotografia é de 1909.


PRAÇA DA REPÚBLICA A fotografia, tirada no dia 21 de maio de 1905, mostra numeroso público aguardando a abertura do portão do Campo de Santana, a fim de assistir à proeza de um "arrojado viajor dos ares", que iria subir em um balão. À esquerda, vê-se o antigo edifício do Ministério da Guerra.


SACO DA GAMBOA A enseada da Gamboa, tal como era em 1840. Na encosta do morro, cercado por muro alto, vê-se o "British Burial Ground", mais conhecido por Cemitério dos Ingleses (hoje Rua da Gamboa n.° 181). É o campo-santo mais antigo da cidade, datando de 15 de janeiro de 1811 o primeiro sepultamento ali realizado.


RUA LARGA DE SÃO JOAQUIM Foi-lhe dado êsse nome em razão da sua largura, que destoava das demais ruas da cidade. Ia do Campo da Aclamação ao Largo de São Joaquim (trecho da Avenida Marechal Floriano, entre a Praça da República e a Rua Camerino). À direita, entre duas palmeiras reais, o antigo solar do Barão de Itamarati, hoje Ministério do Exterior.

54


RUA ESTREITA DE SÃO JOAQUIM

55

Com apenas quatro metros de largura, ia da Rua da Vala ao Largo de São Joaquim, o que corresponde, hoje, ao trecho da Avenida Marechal Floriano, entre a Rua Uruguaiana e a Avenida Passos. Daí para cima era a Rua Larga.


LARGO DE SANTA RITA Neste local existiu, outrora, um cemitério de escravos. A fotografia é pouco anterior ao alargamento da Rua Visconde de Inhaúma (em frente), começado em 1904. A demolição, no canto à direita, é para o prolongamento da antiga Rua Estreita de São Joaquim que, na época, terminava na Rua Uruguaiana.


N

>45

PRAÇA DA BANDEIRA Chamou-se, antes, Largo do Matadouro, por ter sido aí, de 1841 a 1881, quando transferido para Santa Cruz, o matadouro da cidade. O velho portão, restaurado em 1906, ainda lá se encontra.


PRAÇA QUINZE DE NOVEMBRO (I) A antiga estação das barcas, no Cais Pharoux, pertencente à Companhia Cantareira, que também explorava os serviços de bondes e abastecimento dágua na cidade vizinha de Niterói.


F

PRAÇA QUINZE DE NOVEMBRO (II)

59

O Cais Pharoux, na Praça Quinze de Novembro, no comêço dêste século. Ao fundo, os pilares de ferro da antiga Ponte Alexandrino de Alencar, em construção, ligando o continente à Ilha das Cobras.


ILHA F I S C A L A ilhota Fiscal, hoje ligada à Ilha das Cobras por um molhe, chamava-se, outrora, Ilha dos Ratos. O curioso edifício, mais parecendo um castelinho gótico do século XIV, foi construído entre 1887 e 1889.

60


> PONTA DO CALABOUÇO

61

Nesse sítio estratégico, Villegaígnon levantou, em 1555, uma fortificação; posteriormente, sôbre as ruínas da praça de guerra, Mem de Sá construiu o Forte de Santiago; mais tarde, foi uma grande prisão e, durante quase um século, a "Casa do Trem" (Arsenal de Guerra). Desde 1922 é o Museu Histórico Nacional.


RUA SANTA LUZIA Chamou-se, antes, Caminho da Praia, da Fôrca e do Vintém. Em 1817, quando foi prolongada até ao Convento da Ajuda ("Cinelândia"), passou a ter a denominação atual. A fotografia, tirada do alto da Igreja de Santa Luzia, mostra os barracões dos principais clubes de regatas da cidade, da época.


r

PRAÍA DA LAPA

63

i

Eis o que restava da Praia da Lapa, em 1905. À direita, no fim do Becoi do Campo dos Frades (hoje Rua Teixeira de Freitas), o barracão do Clube de Natação e Regatas. O prédio branco, que se entrevê atrás, foi construído para servir de maternidade, mas acabou sendo o Silogeu Brasileiro.


RELÓGIO DA GLÓRIA O relógio de quatro mostradores luminosos, existente no extremo sul da Rua Augusto Severo, na Glória, funciona desde o dia 15 de abril de 1905, antes, portanto, da generalização da eletricidade no Rio de Janeiro. A energia era obtida da rede aérea dos bondes da Cia. Jardim Botânico.


MONUMENTO DE CABRAL

65

Inauguração do Monumento do IV Centenário do Descobrimento do Brasil, a 3 de maio de 1900, no Largo da Glória. Compareceram ao memorável ato o Dr. Campos Salles, Presidente da República, todo o Ministério e mais de 50.000 pessoas.


PAVILHÃO MOURISCO Situado no fim da Praia de Botafogo, defronte da Rua Voluntários da Pátria, foi construído pelo Prefeito Dr. Pereira Passos, para servir de "music-hall"; mas não passou de simples bar-restaurante, perseguido que sempre foi por incrível "caveira de burro". Recentemente, foi demolido.


BOTAFOGO A primeira denominação desta enseada foi "Le Lac", dada pelos francêses. Somente a partir de 1641 passou a ter o nome atual, por ter ali residido João Pereira de Souza Botafogo, dono da fazenda que se estendia até à Lagoa Rodrigo de Freitas. A fotografia é de 1907.


MORRO DA VIÚVA Antigamente, quem quizesse ir da Praia do Flamengo à de Botafogo, não podia contornar o Morro da Viúva, como agora se faz, pela Avenida Rui Barbosa, devido a esta enorme pedreira que interceptava o caminho.

68


URCA Foi na administração do Prefeito Dr. Carlos Sampaio que se construiu a Avenida Portugal, ligando a Praia da Saudade (Avenida Pasteur) ao portão da Fortaleza de São João, permitindo, com isso, a formação do novo bairro da Urca.


JARDIM BOTÂNICO Portão de entrada do Jardim Botânico, em 1878. Fronteiro a êsse portão, no outro lado da rua, ficava o famoso Chalet Restaurant Campestre que cobrava por um "bom almoço sem vinho" a exorbitância de Cr$ 1,50 e por um jantar idem Cr$ 2,00.

70


LADEIRA DO LEME Vestígios do Forte do Leme, no tôpo da Ladeira do mesmo nome, levantado liá dois séculos atrás, para opôr resistência a tropas inimigas que, desembarcando em Copacabana, procurassem atingir o coração da metrópole. Ainda hoje lá está a velha muralha.


COPACABANA (I) Não faz muito tempo, Copacabana nada mais era que um vasto campo arenoso semeado de alagadiços e brejos, coberto de cajueiros e pitangueiras e habitado por um ou outro humilde pescador. A fotografia, tirada no século passado, mostra onde é hoje o Pôsto 6.


COPACABANA (II) Vista tomada da encosta do morro do Leme, no comêço dêste século. No primeiro plano, vêem-se dois casebres de pescadores e, ao longe, na altura da atual Rua Rodolfo Dantas, as pedras do Inhangá, as quais, por ocasião da maré alta, dividiam a grande praia em duas: Leme e Copacabana propriamente dita.


COPACABANA (III) Aberto em 1892, o Túnel Velho ligava o fim da Rua Real Grandeza ao "deserto" de Copacabana. Os trabalhos de perfuração duraram oito meses, tendo a obra, inclusive desapropriações, custado 500 contos.Em 1927 foi alargado, passando a denominar-se "Alaor Prata".


COPACABANA (IV)

75

A Igrejinha ficava situada no promontório onde é hoje o Forte de Copacabana. O tempo apagou o nome do fundador e a data em que foi edificada; sabe-se, unicamente, que já existia em 1732. Foi demolida em 1918.

J


COPACABANA (V) O bar-restaurante-balneário do Leme, em 1905, com rinque de patinação, tiro ao alvo etc. O nível da praia fôra elevado, de modo a formar extenso terraço, muito frequentado nas noites de canícula.

76


77

Pôsto 6, no primeiro decênio dêste século. À direita, na esquina da atual Rua Francisco Otaviano, o restaurante-bar Mère-Louise, de má reputação, que lembrava, exteriormente, um cabaré de filme de "far-west".


AVENIDA

NIEMEYiR

Flagrante de uma excursão por essa Avenida, em 1919, vendo-se o Prefeito Dr. Paulo de Frontin (no primeiro carro, ao lado do motorista), acompanhado do Comendador Conrado Niemeyer e de amigos e convidados.

78


VISTA CHINESA Mirante da Vista Chinesa, na estrada que liga o bairro do Jardim Botânico ao Alto da Boa-Vista, na Tijuca. A fotografia é de 1906, quando já havia 143 automóveis no Rio de Janeiro. Três anos antes, a Prefeitura licenciara apenas 6 carros.


1


PAG.

PAG. I L U M I N A Ç Ã O PÚBLICA ( I ) ILUMINAÇAO PÚBLICA ( I I ) I L U M I N A Ç Ã O PÚBLICA ( I I I )

15 16 17

MEIOS DE T R A N S P O R T E ( I ) MEIOS DE TRANSPORTE (II) MEIOS DE T R A N S P O R T E ( I I I )

18 19 20

MEIOS DE T R A N S P O R T E ( I V ) MEIOS DE T R A N S P O R T E V MEIOS DE T R A N S P O R T E ( V I ) RUA DIREITA (I) R U A P R I M E I R O DE M A R Ç O ( I ) RUA DIREITA (II)

21 22 23 24 25 26

R U A P R I M E I R O DE M A R Ç O ( I I ) IGREJA DE SAO SEBASTIÃO I G R E J A E COLÉGIO DOS JESUÍTAS

27 28 29

ESPLANADA D O CASTELO AVENIDA CENTRAL ( I ) AVENIDA CENTRAL ( I I ) AVENIDA CENTRAL (III) AVENIDA CENTRAL ( I V )

30 31 32 33 34

R U A D O PASSEIO PASSEIO PÚBLICO

35 36

CONVENTO DA AJUDA CONSELHO MUNICIPAL

37 38

R U A T R E Z E DE M A I O TEATRO LÍRICO

39 40

IMPRENSA NACIONAL L A R G O DA CARIOCA ( I )

41 42

L A R G O DA CARIOCA ( I I ) L A R G O DA CARIOCA (III)

43 44

L A R G O DA CARIOCA R U A DA CARIOCA

45 46

(IV)

RUA PEDRO I PRAÇA T I R A D E N T E S CANAL D O MANGUE L A R G O DE S Ã O D O M I N G O S L A R G O D O CAPIM — - P R A Ç A DA REPÚBLICA SACO DA G A M B O A R U A L A R G A DE SÃO JOAQUIM RUA E S T R E I T A DE SAO JOAQUIM L A R G O DE SANTA R I T A PRAÇA DA BANDEIRA P R A Ç A QUINZE DE N O V E M B R O ( I ) P R A Ç A Q U I N Z E DE N O V E M B R O ( I I ) ILHA FISCAL PONTA D O CALABOUÇO R U A SANTA LUZIA P R A I A DA LAPA R E L Ó G I O DA G L Ó R I A M O M U M E N T O DE CABRAL PAVILHÃO MOURISCO BOTAFOGO M O R R O DA VIÚVA URCA JARDIM BOTÂNICO L A D E I R A D O LEME COPACABANA ( I ) COPACABANA ( I I ) COPACABANA (III) COPACABANA ( I V ) COPACABANA ( V ) COPACABANA ( V I AVENIDA NIEMEYER VISTA CHINESA

47 48

49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79


DO MESMO AUTOR: "Apontamentos para a História dos Bondes no Rio de Janeiro" (esgotado) "Subsídios para a História do Rio de Janeiro". "Rio Antigo" (3 volumes).




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.