Lugares de passagem

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LUGARES DE PASSAGEM elinaldo meira

LUGARES DE PASSAGEM elinaldo meira

PREFÁCIO DE
HELOISA BUARQUE DE HOLLANDA

O que faz o viajante é o caminho. O que faz o pesquisador é se ver lá, parte atenta e vivencial do seu assunto. Quando o assunto nos diz, intrinsicamente, sendo parte de nossas origens, mesmo as mais recônditas, ou por vezes deixadas à parte por um tempo, a retomada vem sempre pejada de tintas fortes, sentidos atentíssimos, em quase retomar de destinos... Não fosse eu sertanejo, nem perceberia o que vejo, o que está além do registro. Mas o sou! E lhe vejo aí, nessas marcas, signos, escolhas de iguais. Vá buscar os seus chãos, suas gentes e bichos e coisas, lugares, marcas do tempo. Esses não lhe esqueceram, mesmo que adiados por um tempo de momentâneas distâncias, pois que aí, já revisitados. Benvindo, de novo, aos seus.

(Jairo Bamberg, malungo e capoeira, em postagem pelo Feicebuque: 11 de maio do 15, 4:28 - madrugada)

PREFÁCIO A QUATRO MÃOS

Conhecendo Elinaldo Meira como professor e pesquisador, por ocasião de seu pós doutorado no Programa Avançado de Cultura Contemporânea que coordeno na UFRJ, me surpreendi quando recebi as fotos que compõem este livro junto a um gentil pedido de prefácio.

Afinal o pesquisador sério e competente que conheci na academia por um período significativo era também (ou sobretudo) um artista? Um fotógrafo-etnógrafo? Um estudioso com paixão pelo gesto documental? Por que o título Lugares de Passagem para designar um ethos e uma estética tão enraizadamente sertaneja? O professor de São Paulo, que conheci, teria saído efetivamente algum dia do sertão?

Estas e outras perguntas imediatamente me vieram à cabeça enquanto admirava um conjunto de fotos coeso, belo e visceralmente ligado a uma estética política do sertão.

Me sentindo incapaz de ouvir seu desejo sem ajuda, recorri a uma conversa por e-mail com o ProfessorFotógrafo, conversa essa que vou reproduzir em fragmentos e que justific o título Prefácio a quatro mãos.

A primeira pergunta que coloquei era a mais óbvia. “Por que fotografar o sertão?” A resposta que recebi foi bela: “Nasci nordestino; me criei suburbano e caipira. Da

primeira idade restam memórias, as quais não sei quantas são as minhas, e quantas foram forjadas em minha imaginação infantil resultante das falas de meus pais ou das insistentes perguntas que a eles fazia”.

Imediatamente minha visão das fotos iluminou-se. Imaginei uma memória em sépia nutrida de contações de histórias, fotos antigas coloridas à mão, fotos em pequenos monóculos, imagens fluidas móveis e precariamente definidas Lembrança com cores esmaecidas e sons distantes altamente investidos de luz e vibração pela imaginação potente do fotógrafo em tensão com o tema fotografado. Imaginei o susto do fotógrafo diante da realidade da caatinga hoje, com sua luz dura, impiedosa, sobre a paisagem craquelada na qual a presença do homem surge como marcas impressas na própria terra. Volto ao depoimento do autor sobre esse ensaio visual, no mínimo, instigante.

Pergunto como foi seu reencontro com o sertão, pensando em ouvir como resposta - ou reação - o relato de um projeto de viagem de reconhecimento pessoal, de seu ponto de partida, de resgate de sua história. Engano. A resposta, desta vez, foi insólita: “Em 2011 por motivo de um trabalho como avaliador de cursos superiores em Alagoas, me deparei com o retorno ao Nordeste.” Imagino como seria esse reencontro, quase casual, mas tão visceral com suas raízes. Um encontro vital, encoberto por

Deus e o diabo, me parece, andam bem juntos, na terra de tantos sóis.

(Heloisa me fez recordar disto que outrora escrevi) motivos meramente burocráticos. Páro para pensar como o autor deve ter processado a superposição de imagens, sons ou camadas de memórias antigas com a realidade da nova paisagem do sertão.

O autor continua narrando sua história: “Um dia, o migrante Analdino, meu Pai, em 1976, vendeu a sanfona, a bicicleta, a montaria, e nos trouxe para São Paulo”. A mãe sempre amargurou saudades, o pai nem tanto. Com o pai aprendeu a não se prender a parentes, mas com a mãe aprendeu a saber voltar. Do pai, as fotos imprimiram cores vibrantes e contrastadas. Da mãe imprimiram o preto e branco e suas nuances em cinza.

O mito da unidade de um nordeste conhecido, desfez-se diante da evidência de sua incrível diversidade. Por toda parte feiras, bares, banheiros públicos, jegues, carroças, varais coloridos dialogando com parabólicas. Por toda parte um traço local definido como a enorme herança de Padre Cicero no Ceará, os ex-votos, fita com os desejos e promessas, moradia de parentes no sertão baiano, os trajes dos vaqueiros, a bela paisagem rochosa piauiense. Em todos, em proporções maiores ou menores, o toque da modernidade que, à sua moda, confere uma certa unidade à paisagem sertaneja. Cá e lá, o susto com uma placa de WIFI ou o barco de turismo no sertão alagoano, motocicletas potentes tangendo animais, ventiladores, fio

elétricos cortando o céu, um garoto com cabelo descolorado nos moldes da moda funk hiper urbana. Penso nas perguntas que foram colocadas pelo fotógrafo e questionadas pelo professor a cada falta ou descoberta que sua imaginação processava. Diz Elinaldo, em nossa conversa: “Tudo era confuso, e ainda me é. Eu era um estrangeiro diante de um Nordeste, o qual pensava me ser natural. O fato era que as idealizações não encontravam encaixe ante o que via, era um ‘ver e não ver’”.

O fato é que após a visita a Alagoas em 2011, o professor e o artista deram-se as mãos em busca do entendimento mais aprofundado das relações de conflit entre memória e realidade percebida.

O roteiro da viagem teve um desenho literário e curioso.

O percurso do registro das cidades nordestinas abordadas ou vividas por livros e autores como Graciliano Ramos ou Ariano Suassuna e de regiões presentes nas letras de Luiz Gonzaga. Roteiro cultural, roteiro de memória. Outras vias foram não menos importantes: questões de fé, passionalidade, cidades históricas, heróis do Sertão, rios e, as estações do ano que configura e reconfigura a paisagem do Brasil profundo. O sertão da memória e o sertão moderno. Sentese ainda o espanto com a devastação da caatinga pelo homem ou pela arquitetura desconfigurad pelo

comércio. Sente-se, observando as fotos, a estrada como meta, o social como paisagem. O impulso da viagem pela viagem. Lugares de passagem. Em todas as paradas salta aos olhos a permanência da fé expressa em tantas igrejinhas, capelas, crucifixos objetos de culto. A força inabalável da esperança num destino muitas vezes traiçoeiro.

Para oferecer alguns dados técnicos também oferecidos pelo autor: “As fotos reunidas para o livro foram produzidas em máquinas digitais de linha profissiona ou não, com lentes variadas. Há uma quantia também realizada em analógico, com film preto e branco, com ISO 400 (prefiro) Seja para o analógico ou digital, regulamente trabalho com configuraçã manual da câmera, porém, não reluto em usar recursos automáticos, se a situação fotográfic solicitar, em particular quando necessito de ajustes rápidos, ainda mais quando na estrada em que a luz varia muito. Trato as fotos, e não reluto em ressaltar uma cor, aumentar o contraste. A experiência do ver ao vivo é única, ela passa. Resta tentar chegar perto daquilo que imagino que vi.”

Quanto ao procedimento da pesquisa e do registro, o movimento contínuo parece ser o grande leitmotif deste trabalho cujo tema é o conflit entre memória e realidade. Através das imagens observamos a estrada percorrida pelo ponto de vista do fotógrafo e dos fotografados: homens, mulheres, velhos, crianças – ambos em carros, de ônibus, mototáxi, bicicleta, carona.

Parei um tempo para contemplar a foto de dois meninos, no sertão do Rio Grande do Norte, dormindo em redes coloridas entrelaçadas e superpostas, numa magnific composição fotográfic e, por que não dizer, narrativa. São vários os sentidos da estrada e dos caminhos nesse trabalho. Temos a estrada que leva de uma cidade a outra, aquela que transporta de um tempo da memória a outro. E também a estrada que também oferece paradas, pousos, prosas, encontros, diálogos, que conduz às histórias, aos cordéis, a um lugar-sertão detentor do sentido maior do Brasil Profundo.

O livro narra em imagens e sombras o percurso do artista por Canudos/BA, Juazeiro do Norte/ CE, Taperoá/PB, Exú/PE, na Serra da Capivara/PI, quilômetros de estradas pernambucanas, nos rios secos no interior do Rio Grande do Norte, trazendo esse difícil sentimento de unidade, de um lugar onde cabem memórias e realidade.

Neste livro não cabem denúncias, exotismos ou teses. Em Lugares de Passagem só cabe sentimentos, melancolia, surpresa. Dou a palavra fina para Elinaldo Meira:

“Quando começo a deitar um pouco a mais na rede, e a fica atrás de casas do norte pelas quebradas e centro de São Paulo, quando começo a me sentir às voltas com certas melancolias e vontades de ver ônibus da Viação São Geraldo na rodoviária do Tietê, eis que sei que está na hora de voltar, de pisar na Caatinga (descalço, como faço, assim que chego nela).” Foi o que ele fez com maestria e sensibilidade.

BAIXA DA AREIA

A Baixa da Areia é a terra dos meus avós maternos, dada como herança pelo bisavô José de Alencar da Silva, em meados da década de 1940, à flha Emília Meira da Silva, minha Avó-Madrinha; Emília casou-se com Rosalvo.

A terra, originalmente, era bastante; foi parcelada entre os herdeiros, irmãos de Dona Emília. Meu Avó Rosalvo, ao documentar a posse, resolveu denominála Baixa da Areia, em alusão ao areal branco, coisa típica de Caatinga, outrora ali sobrepujante. Caatinga, pelo tupi: kaa’tinga, de ka’a ‘mato, vegetação’ e ‘tinga ‘branco, claro’, é a vegetação presente na região onde está a Baixa da Areia, dentro do Município de Manoel Vitorino, Bahia. No começo dos anos 2000, por razões de tratamento de saúde, meu Avô vem para a região do ABC; minha Avó-Madrinha o acompanha. Rosalvo morre sem retornar à terra da Baixa da Areia, e dona Emília se vê morando em Ribeirão Pires/SP sem se esquecer da casa: “gado em terra alheia é bezerro”, me ensinou. Retornei à terra depois de 29 anos, em janeiro de 2015; antes estive por lá, até onde recordo-me, entre os 12 para 13 de idade. Depois muita coisa se passou. Hoje, a casa, abandonada há mais de 12 anos, aguarda pela vinda dos seus. Na parede, ao lado do quarto de meus avós, está o último chapéu de passeio, ali pendurado no lugar onde sempre Seu Rosalvo os colocava; dentro dele mora uma família de passarinhos caatingueiros.

José de Alencar da Silva, meu Bisavô, pelos idos de 1885 nasceu em alguma parte próxima ao Bom Jesus da Lapa/BA. Em 1905 alistou-se na Força Pública baiana, e nela serviu até 1925, quando pediu baixa e passou a se dedicar ao pequeno comércio em Jequié. Foi caixeiro, foi tropeiro. Comprava feijão, farinha, carne e vendia nas sertanias próximas. Por esta época conheceu minha Bisavó, Januária Meira Sertão, de apelido Teté, que contava com 20 anos de idade. José de Alencar tinha seus 40 anos. Teté, filh de Maria Otília Canguçu Meira e Ovídeo Meira Sertão. Os primeiros filho de José de Alencar e Teté nasceram. Tempos depois lançaram-se ao Sertão, além de Cachoeira de Mané Roque, hoje Manoel Vitorino, em busca da lavoura, e do comércio.

Anualmente o Bisavô ajuntava a companheirada para ir ao lugar de nascença, para os lados do Bom Jesus da Lapa. Trinta dias a pé, levando consigo jumentos para o carregamento das tralhas. Sendo terra santa na beira do Rio São Francisco, sempre havia quem seguisse José de Alencar. Ninguém padecia com a viagem, era desejada. Com a ida ao Bom Jesus se pagaria alguma promessa feita, visitaria-se parentes, e comeria do rio surubins, peixe por qual tinha ganas. Feito isto, regressava as 63 léguas de volta à moradia na Fazenda Maravilha, nas Escabaceiras, nas caatingas, ao comércio na Volta dos Meiras (hoje Catingal, distrito de Manoel Vitorino/BA).

Na Semana Santa de 15 repisei a terra do Bisavô: Bom Jesus da Lapa. De fato, a contento da música: “a igreja da Lapa é feita de pedra e luz.”

JUMENTO, NOSSO IRMÃO

Numa série de gravuras de Francisco de Goya figura dentre outros animais, os asnos. Asnos, para nós, é o jumento, o nosso jegue.

Em Goya o jumento está sobre as costas do homem. Ostenta uma bela espora nas patas e no caminho encontra-se com outro amigo jegue, também montado sobre o humano. Uma maravilha! Foi a resposta do artista à nossa incapacidade humana de percepção crítica sobre a vida. Goya tinha seus motivos: andava angustiado com a vida social e política de seu lugar; a barbárie andava à solta. Gente maltratando gente.

Hoje nas estradas nordestinas são famílias inteiras de jumentos largadas ao léu. O bichogente trouxe o jumento para o campo, para o uso no trabalho, para a lida rural. Anos depois, a motocicleta chegou, e tem matado a cultura do jumento; como tem matado os filho dos bichos-gente montado em suas motos. Aquele que um dia fez o jumento viver no campo, hoje, com crueldade e desprezo, tem expulsado da terra os jegues; deixam-no à deriva, deixouno propositadamente fugir sem qualquer amparo. Prefere o bicho-gente vê-lo solto pelas estradas sem qualquer responsabilidade pelos constantes acidentes rodoviários envolvendo animais, carros, caminhões e até as motos que tanto tem gostado as gentes do Sertão. De quem são tais jumentos? Não se sabe mais. É uma atitude criminosa o que se faz em relação ao jumento. Há regiões do Nordeste em que a quantidade de jegues soltos pelas rodovias é enorme, sendo arriscado viajar à noite em razão do fato. É com alegria que notamos quando alguém cuida do seu animal domesticado. Pois quem ama o seu jumento, cuida. Sim!

Aqui é Petrolina/PE, na beira do Rio São Francisco. Ali não é Juazeiro/BA, que também é banhada pelo Velho Chico. É Penedo/AL, que do mesmo rio vive e nasceu.

AÇUDE DA BARRAGEM DE COCOROBÓ

O lugar é Canudos, Sertão baiano. O povoado guerreiro está debaixo d’água, no fundo do açude. Ali entre 1896 e 1897 ocorreram as batalhas que correspondem à Guerra de Canudos. De um lado, o iniciante exército republicano; de outro, o povo organizado em torno da figur de Antônio Conselheiro.

A Canudos atual, da antiga, herdou a memória; histórias difusas.

Estive em Canudos em julho de 2014. Foi meu guia Paulo de Régis, herdeiro do memorialista João de Régis, de parentes Conselheiristas. No Parque Histórico de Canudos, cenário outrora da Guerra, há ainda os resíduos das batalhas: pedaços de crânios, de ossos, cápsulas de balas... e muitas memórias perdidas de um povo que tanto faz o lado pelo qual lutou, fico ali. Entre 1994 e 2000 as águas do açude estiveram baixas em razão da seca; neste período, as ruínas de Canudos puderam ser vistas.

Monteiro, Paraíba. O lugar nasceu por volta de 1800. Fica a 319 km da João Pessoa; localiza-se na microrregião do Cariri Ocidental Paraibano. Limita-se com Prata, Sertânia, Iguaraci/PE, Tuparetama/ PE, São Sebastião do Umbuzeiro, Zabelê, Camalaú e Sumé. Com 1.009,90 km2 é o maior município da Paraíba. Sua bacia hidrográfca é formado pelo Rio Paraíba e mais quatro açudes. Seu clima: semiárido. Nos seus arredores, entre suas serras, diz-se que nasceu a poesia do Repente com Viola.

ACERCA DE UM INVENTÁRIO FOTOPOÉTICO

NOTA

O texto a seguir nasceu como um artigo acadêmico. Depois virou parte de um bate-papo com a Professora Heloisa Buarque, prefaciadora deste livro. Agora tenta preencher um pouco daquilo que seria o contexto aos Lugares de Passagem.

MARGENS

Nasci nordestino; me criei suburbano e caipira. Da primeira idade restam memórias, as quais não sei quantas são as minhas, e quantas foram forjadas em minha imaginação infantil resultante das falas de meus pais ou das insistentes perguntas que a eles fazia. A estas memórias, ou a esta massa imaginativa, misto de verdades e invenções, somavam-se as fotos coloridas dos monóculos, e ainda outras envelhecidas ou desgastadas, os desenhos de meu Pai e as contações de histórias de minha Mãe. As poucas viagens à casa de meus avós no Sertão baiano foram preservadas em minhas lembranças com fervor, fixada na forma de um olhar do menino de 12 anos, e que só voltou a ver tais paisagens nordestinas aos 37 por razões profissionais Dos anos de outrora restavam imagens, registro de um Sertão, de uma vida social, de cores, de um povo. Esta é a primeira margem.

A fotografi sempre foi bem de família. Ela pagou parte de minha educação escolar, ela nos nutriu com comida à mesa; foto que não fosse para a venda, era foto besta. Por ela, me fi artista visual. Foi ela que me ensinou algo de desenho ao compor; foi ela que me ensinou algo de contraste e cor; foi ela que me ensinou a olhar para conteúdos e ver formas, vice-versa. Pai e Primos fizera das fotografia de casamentos, batizados, velórios, ou para o registro das coisas de famílias, meio de ganhar a vida associando-as a outras profissõe que exerciam durante os dias de semana. Meu primeiro olhar organizadamente estético é filh de uma singela câmera Olympus Trip 35. Máquina de fácil manuseio e de resultados esperados. Com ela aprendi pequenos e hábeis procedimentos técnicos com luz natural e flash a brincar com as aberturas e a inquietar-me porque não conseguia ir além daquilo que

nos era ofertado fotograficamente Para meu Pai bastava. Anos depois é que o mundo começou a se ampliar com as possibilidades de foco e abertura com uma Zenit 122, lente f.2-16.

Os enquadramentos praticados neste métier eram os mesmos: a postura do tronco, das mãos, do acolhimento dos filho aos braços; as fotos de velórios eram semelhantes do ponto de vista do fotógrafo, como eram semelhantes as fotos do cruzar de taças das festas de casamento. Quando meu Pai começou a desistir do ofício, o espírito da câmera, em parte, a mim foi designada. Tempos depois, por esta época adolescente, e já dono de algum salário, não era mais coisa besta fotografar paisagens, velas, igrejas, procissões, prédios e monumentos. A Olympus deu lugar a Zenit, e a Zenit a outras. Com o ingresso na universidade ganhou lugar outros modos de perceber as formas e cores, veio a pintura, um pouco de desenho, a palavra, por fim Com ela caminhei por mestrado, doutorado, pós-doutorado... A palavra falou de cor, de forma, de cultura caipira, de festa popular, de arte e processos de criação. Estes residem na segunda margem.

Em 2010, com Celina Yamauchi, no ateliê de fotografi do SESC Pompeia, em São Paulo, a fotografi me revisita. Celina nos inseria na

química da revelação, na caverna escura. Já era um tempo de quase fi da fotografi comercial sobre película; viva é ainda pelos desejos de quem ainda a ama. Por analogia ao meio, a fotografi em preto e branco se revelava enquanto potencial forma de criação. Yamauchi descontruía mistérios e nos inseria em outros; o erro era plástico, e a fotografi forma a ser domada, embora sempre nos pondo gentilmente submissos aos procedimentos de tempo, líquidos e luzes. Fotografi não se faz com medo, mas com cautela. O processo analógico assim nos ensina. Já o digital nos torna perniciosos, exageradamente corajosos, sem tempo e sem cautela. Não há mal misto, não fujo a esta conjuntura. Só por cansaço às facilidades é que começamos a regressar ao tempo da espera. O desafi a isto – no qual me insiro como forma de amenizar as perniciosidades – é o mesclar lentes de máquinas analógicas em máquinas digitais; impressão digital fotográfic em acetato, e este sendo usado como negativo para contato 1:1; fotos se tornando gravuras; gravuras sendo misturadas a fotos digitais; arte gráfica sobreposições e justaposições; montagem; busca por uma narrativa; foto em película; vai e vem de um laboratório entre a minha casa e a de fotoamigos, idas ao laboratório do Sr. Ogawa na Rua Barão de Itapetininga 50, cadernos de desenho, impressões

e intervenções sobre as mesmas, poética visual aplicada. Aqui se dá a terceira margem.

A terceira margem é a do (re) encontro com a fotografi enquanto forma de expressão visual e meio de registro de fatos de tempo e de lugar. Assumo a fotografi como sendo um dos meus meios – mecânico e eletrônico, digital e analógico – para dar conta de me ajudar a pensar sobre as paisagens que ando a ver nos lugares percorridos desde 2011. O lugar, é o Lugar-sertão, dentro de um tempo de passagem. É o lugar do conflito pois o Sertão do meu imaginário infantil, das narrativas familiares, da minha primeira margem, já não existe mais. Melhor, existe: atualizado às regras de um tempo outro, deste que pelejamos. Restam do outro tempo, o das fotos da infância, dos relatos e saudades maternais, reminiscências, e estas percebidas, se intrigam por não visualizarem o imaginário de outrora construído, idealizado. A pieguice do fato – pois isto me parece fundamental à minha análise amorosa – não é desprovida de algum valor crítico, pois a massa imaginativa era limitada a um modo de viver, a um modelo de Sertão, àquilo da ordem do que poderíamos chamar de Brasis-de-Dentro. Aterse a esta configuraçã conflitant é um tema válido para estudos sobre identidade. Identidade cultural?

Também. Enquanto membro de uma coletividade, seja ela qual for, sou herdeiro de fatos comuns e nestes me insiro, me refir e pertenço. Nasci em algo e me formei em outros vários. “Uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influenia e organiza tanto nossas ações, quanto a concepção que temos de nós mesmos”, diz o matutador jamaicano Stuart Hall (HALL, 1999, p. 50)

Cada viagem fotográfic ao lugar-Sertão é como um pedaço de uma colcha de retalhos que se evidencia. A certeza – talvez óbvia – no presente é de que nada, cada retalho desta colcha, não é intacto, e de forma variada é reivenção; alguns pedaços desta colcha escaparam soltos ao acaso e permaneceram, outros desbotaram plenamente, outros foram infiltrado (alusão a HALL, 1999, p. 74). Confronto para a identidade e não confronto de identidade.

SERTÃO

Disse-se aqui sobre Sertão. A palavra sertão originalmente relacionava-se a toda e qualquer área distante, pouco explorada ou desconhecida, além das cidades formadas, no caso do Brasil colonial, próximas às regiões costeiras. Amador Nogueira Cobra, em 1923, publicou a obra Em um recanto do sertão paulista. O teor

do livro de Cobra são as aventuras dos exploradores do oeste paulista a partir de meados do século 19. Escreve:

“Estava para finda o século dezenove e na carta geográfic do Estado de São Paulo, por sobre largo trato de território ali figurad – entre o rio Tietê, ao norte, Paraná, a oeste e Paranapanema ao sul, viase ainda esta legenda: terrenos desconhecidos.” COBRA, 1923, p. 3)

Sertão, portanto, era o não conhecido, o por se desbravar. Vale acrescentar que “desbravar” é “deixar de ser bravo”, o que na visão do colonizador, ou dos paulistas e mineiros do século 19 que ocupariam o oeste de São Paulo, veio a significa a expulsão, o massacre e a ocupação das terras indígenas, comumente, e ainda dentro do imaginário de velhos caipiras, chamados de bugres. Para Sertão há ainda a expressão “boca do sertão”, configurad pelas cidades limítrofes entre a civilidade e o desconhecido. Foi o caso de Botucatu (no interior sertanejo paulista) em meados do século 19 (cf. DI CREDDO, 2003, p. 11) quando do avanço para a ocupação do solo. São Paulo também teve seu tempo de Sertão!

No dicionário Houaiss temos para Sertão as seguintes definições 1. Região agreste, afastada dos

núcleos urbanos e das terras cultivadas. 2. Terreno coberto de mato, afastado do litoral. 3. A terra e a povoação do interior; o interior do país. 4. Toda região pouco povoada do interior, em especial, a zona mais seca que a caatinga, ligada ao ciclo do gado e onde permanecem tradições e costumes antigos. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S., 2001, p. 2558)

Nota-se que a valoração de Sertão enquanto lugar ermo, de tradições antigas repercute em um dos dicionários mais importantes da Língua Portuguesa. Obviamente um dicionário não cumpre, necessariamente, função crítica; dá ao termo o que é corrente ao uso em uma língua. E é no corrente que percebermos que para o termo prevalece a ideia estereotipada quanto ao que é Sertão, por vezes nordestino, e marcado por modelos datados, e que se crê ainda hoje tal como antes. Era o meu próprio ideal, só mais tarde descontruído pelo olhar fotográfico

O professor Fadel David Antonio Filho, do Departamento de Geografi do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP/Campus de Rio Claro, em artigo para a revista Ciência geográfca (ver ANTONIO FILHO, 2011, p. 84 - 87) faz amplo recolhimento das distinções do termo dentro dos

estudos geográfcos. Diz: “De qualquer forma, mesmo admitindo que a palavra “sertão” apresenta uma origem multivariada, o seu signifcado converge para um só sentido. O ‘locus’ cujo sentido é o interior das terras ou do continente, pode ou não vir implicitado à ideia de aridez ou de área despovoada. Os documentos gerados a partir dos diários ou registros das viagens do período das grandes navegações dos séculos XV e XVI, deixam claro que a palavra “sertão” era de uso corrente pelos portugueses. Descarta-se, assim, a possibilidade de ser um ‘brasileirismo’. Como se pode observar, a palavra “sertão” é ainda na atualidade, usada em várias regiões brasileiras para designar áreas interioranas, sejam elas os hervais no Planalto da Serra Geral, no oeste catarinense, como a cimeira das vertentes íngremes das áreas serranas do Sudeste brasileiro, as chapadas e cerrados do Centro-Oeste ou a região de semiaridez do Nordeste.” (ANTONIO FILHO, 2011, p. 87)

Sertão, portanto, não é um, são vários. Geografcamente os Sertões percorridos pelo Lugares de Passagem são os dos interiores dos, até então (ano de 2015), oito Estados do Nordeste do Brasil.

Arapiraca), a fotografa torna-se objeto de interesse artístico e de estudo. Ela possibilitou-me, já com alguns resultados neste primeiro momento, melhor compreender, de modo pausado, as relações de confito entre memória e realidade percebida. Tempos depois retornei a Alagoas, porém já com o intuito de percorrer outros estados, ensejando por meio da fotografa registrar fatos sociais, econômicos e culturais; estes, por sua vez, acabaram motivando o desejo por conhecer cidades temas de obras literárias ou que foram moradias de autores brasileiros como Graciliano Ramos, Ariano Suassuna; lugares citados em músicas e cidade de músicos como Luiz Gonzaga, e que me possibilitou estar nas comemorações de 100 anos de Gonzagão.

Vale melhor esclarecer.

Após a visita a Alagoas em 2011 (a primeira cidade de pouso foi

Outros dados têm me instigado às viagens: questões de fé, passionalidade, cidades de importância histórica, heróis do Sertão, rios e, acima de tudo, a própria confguração da paisagem em suas variedades de clima anuais. Ir, contudo, a estes polos, temse tornado apenas um marco para a defnição de um lugar de chegada, pois o instigante da busca está no percurso, no que se defne nesta pesquisa como os “lugares de passagem”. Entre a chegada, quase sempre num aeroporto de capital, e o ponto almejado, tem-se sido fxado distancias mínimas em torno

de 300 km, chegando-se, porém, a 1000 quilômetros entre a ida e a volta, ocasião em que a realização fotográfic é maior.

LUGAR

Lugar na acepção da Geografi Humanística é um produto da experiência humana: lugar signific muito mais que o sentido geográfic de localização. Não se refere a objetos e atributos de localização, mas a tipos de experiência e envolvimento com o mundo, a necessidade de raízes e segurança (cf. RELPH, 1979). Tuan aponta para o fato de que lugar é um centro de significaos construído pela experiência (TUAN, 1983). Em síntese, poderíamos dizer que se trata de referenciais afetivos os quais são desenvolvidos ao longo das vidas a partir da convivência com o lugar e com o outro. Eles – os lugares – são, portanto, carregados de sensações emotivas principalmente porque nos sentimos seguros e protegidos; ele tanto nos transmite boas lembranças e sensação de lar, como também o oposto.

Essa relação afetiva que os indivíduos desenvolvem com o lugar é em verdade resultante de interesses pré-determinados, dotados de intencionalidade. Relph (1979) afirm que os lugares só adquirem identidade e significad por meio da intenção humana e da

relação existente entre aquelas intenções e os atributos objetivos do lugar, o que em linhas gerais tem a ver com o cenário físico e as atividades ali desenvolvidas. Tuan (1980) é categórico ao afirma que o lugar é criado pelos seres humanos para os propósitos humanos. Esta afirmaçã acaba por ser fundamental no próprio entendimento acerca do que é lugar, pois aponta para a ação humana como principal agente na ordenação deste espaço, dando a ele a condição de lugar. Organizamos, portanto, a nossa noção de lugar sobre a dimensão de espaço; a estrada pode, assim, ser parte do lugar, porque está dentro do meu lugar maior o qual percorro, que é o Lugar-sertão. A noção de “passagem”, neste caso, é relativa, pois se definid o lugar, e este não se defin como ao conceito de território, que é determinado por fronteiras sociais, políticas, históricas ou econômicas, este vai além dos limites demarcados. Seguir por uma estrada no lugar é lançarse na experiência para melhor conhecê-lo; a estrada se configur enquanto uma noção de tempo, pois se não a sobrevoarmos (forma de passagem efetivamente ligeira), cada quilômetro solicitará um tempo da espera, do passo a passo; e cada fração deste tempo requer um estado de pausa que nos possibilita chances de fruição, consequente conhecimento e construção das passionalidades. O passar, a

passagem, ainda, determina-se como função ativa para o conhecimento do lugar; não se consolida como descompromissada travessia de um ponto a outro. Ou se passa para que disto resulte experiências, ou não haverá outra forma de entender tal dimensão espacial enquanto lugar.

Esta relação de tempo e lugar tem resultado em fotografia de paisagens e tipos humanos dos interiores do nordeste brasileiro a partir de um pressuposto de que há “Brasis-de-Dentro”, integrados por formas e conteúdos de perspectivas históricas, sociais, linguísticas e culturais muitas vezes diversos dos modelos mais evidentes sobre o Nordeste brasileiro a partir de suas capitais, as quais têm maior destaque midiático ou turístico em relação aos interiores.

À produção artística de Lugares de Passagem, hoje, somamse cerca de 2500 fotografia (ainda em estado bruto, apenas algumas foram selecionadas para este livro), abrangendo os interiores dos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Bahia e Sergipe; 13 minidocumentários de, em média, 3 minutos cada; 1 caderno de notas e desenhos; 30 gravuras realizadas em neolite ou madeira e finalizaas em suporte digital. Ao dizer-se ser este texto a um

“inventário fotopoético” almejase, ainda, uma reflexã sobre as somas dos bens visuais adquiridos e sobre os processos de construção/ desconstrução de um imaginário sobre as paisagens dos lugares de passagem. Eis, portanto, a minha tentativa em livro de formar minha primeira colcha de retalhos.

Por fm, e não menos importante, vale dizer que muitos lugares não puderam aqui estar representados, serão retomados em outros projetos. Este livro é dedicado aos povos dos Sertões, aos meus Caipiras sudestinos e, de modo especial, aos meus Caatingueiros que lá vivem e aos que por outros cantos andam. Cada sertanejo ou sertaneja com os quais convivi, meu agradecimento eterno.Somos parte integrante da mesma condição e luta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONIO FILHO, Fadel David. Sobre a palavra sertão: origens, significado e usos no Brasil. In: CIÊNCIA GEOGRÁFICA. Bauru/ SP: Associação dos geógrafos brasileiros, 2011, p. 84 -87.

COBRA, Amador Nogueira. Em um recanto do sertão paulista. São Paulo: Hennies, 1923.

DI CREDDO, Maria do Carmo Sampaio. Terra e índios. A propriedade da terra no Vale do Paranapanema. São Paulo: Arte e Ciência, 2003.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

HOUAISS, A.; VILAR, M. Dicionário Houaiss de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

RELPH, Edward C. As bases fenomenológicas da Geografa. Geografa, v. 4, n. 7, abril,1979, p. 1-25.

SONTAG, Susan. Sobre la fotografa. 6a. edição. Barcelona: Debolsillo, 2011.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência.

Tradução Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983.

____________. Topoflia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Tradução Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1980.

Taperoá/PB. Jul/2013

Taperoá, cidade da infância de Ariano Suassuna. É a cidade do Auto da Compadecida.

Menino Lucas. Cemitério em São João do Sabugi/RN. 2013

Ipueira/RN. 2013

Mercado Central Albano Franco, Aracaju/SE.

Monóculos. Ex-votos. Museu Vivo do Padre Cícero. Juazeiro do Norte/CE.2013

Canindé de São Francisco/SE. Mai/2014

Cocorobó/BA. Jul/2014

Casa da Fazenda Baixa da Areia. Sertão. Jan/2015. Manoel Vitorino/BA

Casa da Fazenda Baixa da Areia. Sertão. Jan/2015. Manoel Vitorino/BA

Foto para ex- voto. Santuário do Bom Jesus da Lapa. Semana Santa de 2015. Bom Jesus da Lapa/BA

Santuário do Bom Jesus da Lapa. Semana Santa de 2015. Bom Jesus da Lapa/BA

Brejinho/PE. Nov/2013

Proximidades de Caruaru/PE. Dez/2013

Bar do Biu. Palmeira dos Índios/AL. Nov/2014

Sanitário em restaurante. Penedo/AL. 2011.

Areia/PB. Jan/2014

Areia é a cidade do pintor Pedro Américo.

Cemitério. Taperoá/ PB. Jul/2013

Tio João Batista. Na Fazenda Baixa da Areia. Sertão. Jan/2015. Manoel Vitorino/BA

Tio Landeli. Sertão. Jan/2015. Manoel Vitorino/BA

Milagres/BA. Jan/2013 Pedra/PE.Jul/2015

Circo Vidal. Em Garanhuns/PE. Jul/2014 Garanhuns, terra de Dominguinhos.

Chegando a Caetés/PE. Fev/2013

Caetés, terra de Lula.

Estrada. Interior do Ceará. Dez/2013

Estrada. Interior de Pernambuco. 2014

Jumento na estrada. Proximidades de Tuparetama/PE. Dez/2013

Dois Riachos/AL. Mai/2014

Dois Riachos é a terra da jogadora de futebol Marta.

Na Feira de Caruaru. Caruaru/PE. Jul/2013

Santuário do Bom Jesus da Lapa. Semana Santa de 2015. Bom Jesus da Lapa/BA

Na estrada. Proximidades de Delmiro Gouveia/AL. Mai/2014

Angelo e Lucas. São João do Sabugi/RN Jan/2014 Atalaia/AL.Nov/2012

Sr.Liu. Sertão

baiano. Distrito de Catingal (Zona rural do Mato Cipó/ Cabaceiras). Jan/2015

Na beira do Rio São Francisco. Petrolina/ PE. Jul/2015

Moça e o casario. Penedo/AL. Jul/2011

Piranhas/AL. Abaixo o Rio São Francisco. Mai/2014

BR 316, em Atalaia/ AL. Jul/2014

Josué. São João do Sabugi/RN.Jan/2013

Barraca de carnes. Feira livre. Palmeira dos Índios/AL. Dez/2014

Graciliano Ramos foi prefeito no lugar entre 1928-1930.

Feira livre. Palmeira dos Índio/AL. Jul/2013

Feira livre. Palmeira dos Índio/AL. Jul/2013

Vaqueiro. Rodovia AL 220.

Piranhas/AL. Jul/2014

BR 316, em Plameira dos Índios/AL. Dez/2014

Feira livre. Palmeira dos Índio/AL. Jul/2013

Santana do Ipanema/ AL. Mai/2014

Dona Mocinha. Quixelô/CE. Jan/2015

Sr. Nóti. Catingal, distrito de Manoel Vitorino/BA. Jan/2015

Museu da Colina do Horto. Juazeiro do Norte/CE.Dez/2012

Rio São Francisco em Piranhas/AL. Maio/2014

Estátua do Pe. Cícero. Juazeiro do Norte/CE. Inaugurada em 1 nov 1969. Dez/2012

Estrada. Proximidadades da divida entre Ceará e Pernambuco. Dez/2013

Coronel José Dias/ PI. Proximidades da Serra da Capivara. Jul/2015

Estrada. Proximidadades da divida entre Ceará e Pernambuco. Dez/2013

Açude de Cocorobó. Canudos/BA. Jul/2014

Feira em Juazeiro do Norte/CE. Dez/2013

Fazenda Alto do Malho. Canudos/BA. Jul/2014

Estrada.Feira Nova/ SE. Maio /2014

Paulo de Régis. Fazenda Alto do Malho. Canudos/BA. Jul/2014

Monteiro/PB.Fev/2013

Proximidades de São José do Egito/PE. Jul/2013

BR 316, em Atalaia/ AL. Jul/2013

Paulo de Régis. Fazenda Alto do Malho. Canudos/BA. Jul/2014

Proximidades de São José do Egito/PE. Jul/2013

Dona Eva das Ervas. Feira livre em Palmeira dos Índios/AL. Jul/2014

BR 235, em Jeremoabo/ BA. Jul/2014

Juazeiro do Norte/ CE. Terra de Padin Padre Cícero. Dez/2012

Campinho de futebol. Coronel José Dias/PI. Proximidades da Serra da Capivara. Jul/2015

Ellen. Jequié/BA. Jan/2015

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