ARTE É IRREGULARIDADE
“Creia somente nesta verdade: tudo é mentira”.
Joan Fontcuberta“
O gesto de fotografar já se inscreveu no mundo. Trata-se, portanto, de uma produção de pensamento, fotografar como maneira de pensar, a imagem como quem pensa lugares, corpos, posturas no mundo. Não se trata de um gesto abstrato de distanciamento e de transcendência. Mas pensamento entendido de forma imanente, como maneira de atuar na vida, produzir variabilidades e fissuras, gerar deslocamentos, fazer política. Pensar torna-se, então, parte integrante da imagem.” (Silas de Paula)
O Maloca Dragão, foi um desafio para os fotógrafos-alunos da Porto Iracema. Construir obras de acordo com o pensamento; fotografar e expressar a forma desse pensar. Compreender o processo fotográfico, não só tecnicamente, mas como forma de ver o mundo. Estamos, todos, amarrados a códigos coletivos com que comunicamos na vida quotidiana. Mas quem fotografa quer dizer coisas que estão além da imagem. O resultado disso? Está em uma citação de Renoir: “A beleza de qualquer descrição vai encontrar seu encanto na variedade. A natureza odeia tanto o vácuo quanto a regularidade. Pela mesma razão, nenhuma obra de arte pode ser assim chamada se não foi criada por um artista que acredita na irregularidade e rejeita qualquer forma estabelecida. Regularidade, ordem, desejo de perfeição (que é sempre uma falsa perfeição) destroem a arte. A única possibilidade de manter o sabor da arte é inculcar nos artistas, e no público, a importância da irregularidade. Irregularidade é a base de qualquer arte”.
O inesperado, a surpresa e o espanto, são uma parte essencial e característica da beleza da arte.
Ademar Assaoka
OLHO de PEIXE é uma publicação editada pela KA Editorial.
EDITORES
A. Assaoka e Celso Oliveira
DIRETOR DE ARTE
A. Assaoka
EDITORES DE FOTOGRAFIA
A. Assaoka, Beto Skeff
Celso Oliveira, Leo Henriques
REVISÃO FINAL
Bete Jaguaribe
Simone Lima
FOTÓGRAFOS CONVIDADOS
Arthur Fonseca, Beto Skeff, Leo Henriques
FOTÓGRAFOS
Andressa Sampaio, Fernanda
Moreira, Guilherme Silva, Ítalo André, Karine Garcêz, Lene Freitas, Leonardo Dias, Luiz Alves, Nicolas Leiva, Priscila Smiths, Rafael Moreira, Sara Parente
ASSISTENTES DE PRODUÇÃO
Luiz Alves e Sara Parente
TRATAMENTO DE IMAGEM
Elton Gomes
PRODUÇÃO E EDITORAÇÃO
Ka Editorial
KA Editorial
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Jornalista responsável:
Ademar Assaoka
MTb: 17.150
OS FOTÓGRAFOS
A MALOCA DRAGÃO
PAULO LINHARES
Presidente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura completou quinze anos, em 2014. Momento por excelência para pensar seu papel no campo cultural cearense e brasileiro. Para melhor pensar o Dragão do Mar, realizamos a I Maloca Dragão. Um momento de congraçamento, encontros, ideias, experiências estéticas, partilhas simbólicas.
Maloca é uma palavra tupi que vem de maroka, a casa coletiva dos índios, uma cabana comunitária. Cada tribo tem sua espécie de maloca. O Dragão tem se constituído na imaginação social do cearense como lugar público onde se faz a articulação social e cultural da nossa produção simbólica. O uso político e social deste imaginário que produz a imagem do Dragão, sua complexidade e oscilações, é que nos leva a uma subjetivação rica de significados. É justamente esta ideia do Centro Dragão do Mar na imaginação social que nos propusemos a realizar na festa de 15 anos.
O imaginário do conceito de maloca traz em seu cerne uma dialética que ultrapassa os limites entre o saberes e as práticas culturais. Assim, o Dragão tem uma potência que nasce em vias de mão dupla e que supera a força oriunda de instituições do Estado. O Dragão simboliza interconexões, relações entre diferentes agentes. O Dragão, como maloca desta imaginação social, é obra e ao mesmo tempo instrumento desta subjetivação.
A Maloca Dragão tem como objetivo estratégico mostrar a força do campo cultural do Ceará e sua capacidade de atrair públicos através de projetos culturais inventivos e ousados. Para tanto, apresentamos os projetos da Escola Porto Iracema das Artes, e também projetos que não
são nossos, mas que se destacaram no Ceará, além de alguns nomes nacionais que dialogam conosco, direta ou indiretamente.
A Maloca Dragão exibiu o potencial do Dragão do Mar como centro aglutinador de todas as tribos. Um espaço democrático e de articulação coletiva do campo cultural do Ceará. Essa perspectiva aponta pra resultados avassaladores: mais de 130 mil pessoas passaram pela Maloca, na edição 2014.
A apresentação dos projetos do Porto Iracema trouxe produtores de todo o país que puderam comprovar a qualidade dos trabalhos aqui realizados. Já os artistas que estão fazendo esses trabalhos consistentes no Ceará, viram o público lhes conferir prestígio e aceitação.
O Maloca Dragão é, essencialmente, a potencialização, o momento extraordinário do trabalho que fazemos diariamente no Dragão e no Porto Iracema das Artes. É resultado de um processo e não início. Um momento fértil, como um choque em que é possível compreender o dualismo entre o processo analítico e o sintético. Há um processo de formação e criação em andamento que vai ter síntese em determinados momentos históricos. Wittgenstein me ensinou “a revolução é o sonho dos metafísicos”. O que existem são processos de mutação. E eles são demorados, custosos e exigem esforço e inteligência. Fazer um projeto como este é como jogar várias partidas de xadrez ao mesmo tempo. A partida da gestão cultural. A partida da formação e criação. A partida da inovação no repertório cultural e, principalmente, a partida da criação da força cultural em relação aos campo politico e econômico. É necessário ter uma equipe que tenha nervos de aço, muito sangue nas veias e bom coração.
Nesta edição da Revista Olho de Peixe, os alunos do Porto Iracema, sob a coordenação dos artistas Ademar Assaoka e Celso Oliveira, registraram esta Maloca de todas as tribos. São fotos vibrantes que captam apenas parte da experiência, que mobilizou corações e mentes durante o período de 30 de abril a 4 de maio de 2014. O que não aparece, ficou no registro do sensível.
REFLEXÕES FOTOGRÁFICAS
BETE JAGUARIBE
Diretora do Porto Iracema das Artes
Esta edição da Revista Olho de Peixe resulta de um encontro muito potente entre os artistas A. Assaoka, Celso Oliveira e alunos do Porto Iracema das Artes, em plena efervescência do Maloca de todas as tribos, em 2014. As imagens produzidas, mais do que o simples registro dos eventos, resultam de um trabalho da imaginação desses criadores que, tocados pela pulsação dos acontecimentos e por uma intensa reflexão sobre o ato fotográfico, reorientaram seus olhares e dispararam suas objetivas para transformar o ocasional em arte, para por em evidência matizes, cores, gestos, formas e sentidos desse Maloca que jamais acessaríamos sem a mediação desses artistas.
Os encontros que produziram o presente número dessa revista são um exemplo significativo da proposta pedagógica da escola de gerar experiências plenas, que nos deslocam das nossas certezas, de nossa vivência comum, e nos envolve num processo do qual saímos transformados. Percorrendo as páginas, as próprias imagens evidenciam a intensidade do processo que as produziu, o quanto o grupo autor se deslocou da mera percepção e se disponibilizou a “ausentar-se e lançar-se a uma vida nova”, como diz Bachelard do ato poético.
ARRIGO BARNABÉ “CLARA CROCODILO”
COLETIVO ARTÍSTICO “AS TRAVESTIDAS”
ALICIA PIETÁ “AS TRAVESTIDAS”
CIA. AS PALAVRAS “USDUM”
EDISCA “DUAS ESTAÇÕES”
EDISCA “DUAS ESTAÇÕES”
CIA DOS PÉS GRANDES “TERRENO BALDIO”
SCENOGRAMAS CIA. CÊNICA “SÓLITO”
SCENOGRAMAS CIA. CÊNICA “SÓLITO”
EXPRESSÕES HUMANAS “OS CACTOS”
VILA DAS ARTES “ALEGRIA, ALEGRIA”
VILA DAS ARTES “ALEGRIA, ALEGRIA”
LA DANÇAS URBANAS
LAYA “GAL FATAL”
SELVAGENS À PROCURA DE LEI
DANIEL GROOVE
MONA GADELHA “SHOW DÉCADA DE 80”
INSTANTÂNEOS
GRUPO BAGACEIRA DE TEATRO “LESADOS”
GRUPO BAGACEIRA DE TEATRO “LESADOS”
GRUPO BAGACEIRA DE TEATRO “LESADOS”
CIA DOS PÉS GRANDES “TERRENO BALDIO”
GRUPO BRICOLEIROS “CRIATURAS DE PAPEL”
RICARDO GUILHERME “RAMADANÇA”
DRAGÃO DAS CRIANÇAS
DRAGÃO DAS CRIANÇAS
HIP KOP - FUNK
CIA. VATÁ “BAGACEIRA CANA E ENGENHO”
GRUPO EMFOCO DE TEATRO “PRICEWORLD”
URGÊNCIAS “PORTO IRACEMA”
AFOXÊ ACABACA
MARACATU VOZES DA ÁFRICA
CÔCO DO IGUAPE
IRMÃOS ANICETO E FILHOS
CIA CATIRINA
MESTRE ZÉ PIO
BILHETERIA DO DRAGÃO DO MAR
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Governador CAMILO SANTANA
Secretário de Cultura GUILHERME SAMPAIO
INSTITUTO DRAGÃO DO MAR
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura Presidência
PAULO SÉRGIO LINHARES BESSA
Diretoria de Planejamento e Gestão MANINHA MORAIS
Diretoria de Formação e Criação BETE JAGUARIBE
Diretoria de Ação Cultural JOÃO WILSON DAMASCENO
Diretoria de Museus VALÉRIA LAENA
PORTO IRACEMA DAS ARTES
Diretora da Escola Porto Iracema BETE JAGUARIBE
Assessoria de Projetos SIMONE DE OLIVEIRA LIMA
Assessora de Desenvolvimento SIMONE IVO
Coordenação de Estágios e Negócios NATÁLIA DA ESCÓSSIA
Coordenação de Formação EDILBERTO MENDES
Coordenação de Criação e Produção NATASHA FARIA
Laboratório de Audiovisual/Cinema - Coordenação Geral KARIM AÏNOUZ, MARCELO GOMES, SÉRGIO MACHADO
Coordenação Laboratório de Audiovisual/Cinema JANAINA MARQUES
Coordenação Laboratório de Artes Visuais BITU-CASSUNDÉ
Coordenação Laboratório de Teatro JULIANA CARVALHO
Coordenação Laboratório de Música MONA GADELHA
Coordenação do Programa de Dança PAULO CALDAS
Coordenação Curso Técnico de Animação Gráfica para Jogos Eletrônicos LIZIE SANCHO
Coordenação dos Cursos Básicos de Audiovisual e Música VALDO SIQUEIRA
Coordenação dos Cursos Básicos de Artes Cênicas HENRIQUE BEZERRA DE SOUZA
Coordenação dos Cursos Básicos de Artes Visuais e Multimídias CAROLINA VIEIRA
Gerente de Produção PEDRO MAURO FIRMIANO
Assessora de Imprensa ANA ALICE NOGUEIRA
Designer
SAMUEL TOMÉ