Pretérito imperfeito de territórios móveis

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FLAVYA MUTRAN

1ª EDIÇÃO

PORTO ALEGRE 2011


Em 2011, o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul inicia uma nova fase na sua trajetória de conquistas e transformações, sem abdicar de oferecer ao público significativas criações artísticas contemporâneas que possam imprimir uma nova face cultural em nossa sociedade. Sensível a este momento de renovação, a artista paraense Flavya Mutran, vencedora da XI Edição do Prêmio Funarte Marc Ferrez de fotografia inaugura o programa de exposições do MAC-RS deste ano. Sob o título de “Pretérito Imperfeito de Territórios Móveis” a mostra reúne uma coleção de retratos em que se relacionam questões que dizem respeito à publicação, o uso e a apropriação de imagens privadas no espaço público virtual e real. A artista atualmente está em conclusão de mestrado no Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais, do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com orientação da professora e artista Maristela Salvatori. Desse modo, o museu com esse projeto, além de estabelecer o intercâmbio com a produção representativa de outro estado e a parceria com a Funarte, também se reaproxima da nossa principal instituição de formação artística para estabelecer, respectivamente, a relação tripartite entre artista, estado e universidade na gestão do museu, a nosso ver mais abrangente, democrática e participativa. A exposição de Flavya Mutran ainda nos parece emblemática na medida em que coloca diante de nós uma identidade que não é mais fixa e que muda diariamente com os avanços tecnológicos, tornando público àquilo que era privado, íntimo, pessoal, trazendo o universo da internet e da rede social para dentro do museu e, ao construir através da poética do seu olhar um novo e poderoso território para a diversidade da subjetividade humana, está colaborando para a construção de uma nova idéia de museu a ser construído dentro de nós. ANDRÉ VENZON Diretor do MAC-RS


PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS é uma pesquisa experimental sobre a visualidade dos álbuns de Redes Sociais e sobre as possibilidades de transposições de imagens do meio virtual para o físico. As experimentações foram divididas em duas linhas, cujo enfoque se deu no uso interativo da fotografia com dispositivos online, que abordam o rosto como território e territórios como rostos/caras de pessoas ou de lugares. É no rosto, e até na ausência dele, que se situam as séries EGOSHOT, BIOSHOT e THERE’S NO PLACE LIKE 127.0.0.1, com imagens que são chaves, portas e espelhos que refletem o eu, o outro e o lugar. É o ego que dispara toda a operação de autoexebição dos nossos dias, em que as mais diferentes camadas sociais passam a adotar o próprio rosto como o principal eixo de mudanças. Tal fenômeno, caracterizado pela moda dos daily videos, inspirou a série EGOSHOT. Como páginas de uma história inconclusa, a série é produzida a partir de longas tomadas condicionadas ao tempo de exibição de cada um desses relatos audiovisuais. O complexo processo de produção social, política e ideológica que constitui um rosto orientaram a construção de BIOSHOT. Os autorretratos da série são criações imperfeitas que simulam vidas paralelas, como retratos de seres híbridos e sem nomes, vestígios descolados de um referente direto presos num passado inexistente, que poderia ou deveria ter acontecido, não fosse apenas imaginação de um tempo que não chegará jamais acontecer... São documentos de um Pretérito Imperfeito. Já a série THERE’S NO PLACE LIKE 127.0.0.1 representa a postura do internauta diante do seu monitor e sua relação com o lugar. É através do localhost (127.0.0.1), ou IP local dos computadores, que o internauta estabelece uma espécie de lugar utópico, como um intervalo no tempo e no espaço, em que realidade e ficção são projeções invertidas de uma mesma imagem. Os rostos que se apresentam nos ambientes virtuais da web são móveis e multifacetados. São fragmentos visuais de territórios de passado incerto, presente inconcluso e futuro fragmentado em pixels. FLAVYA MUTRAN PORTO ALEGRE/RS - 2011


Na exposição, abaixo de cada imagem da série EGOSHOT, um QR-Code armazenava as informações dos vídeos que originaram as fotos. Ao lado da série, um texto indicava instruções para a leitura dos códigos, quais dispositivos usar, como e onde baixar o programa na web de forma gratuita. Ao juntar os EGOSHOTs com os QR-Codes se expõem partes dos métodos e questionamentos que fizeram parte do trabalho de ateliêr, estendendoos para além dos muros da academia e do espaço expositivo, propondo uma reflexão silenciosa sobre os meios de comunicação e exibição que hoje fazemos uso.












PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS apresenta algumas das séries recentemente desenvolvidas por Flavya Mutran. Com um olhar atento e curioso sobre os fenômenos da comunicação e ávida internauta, ela recolhe da web, sobretudo das redes sociais, matéria prima para suas criações. Desta profusão de imagens, o rosto, agora publicizado em bits, bytes, shots, egoshots, fotoblogs, torna-se seu foco de interesse. Na série There´s no place like 127.0.0.1, tal qual Morel, de Bioy Casares, ela cria espaços virtuais através de superposições de projeções para logo fotografá-las novamente num incessante jogo especular. Suas imagens nos envolvem e cativam na mesma proporção que Flavya partilha com entusiasmo suas descobertas – aprecie sem moderação! MARISTELA SALVATORI


PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS apresenta algumas das séries recentemente desenvolvidas por Flavya Mutran. Com um olhar atento e curioso sobre os fenômenos da comunicação e ávida internauta, ela recolhe da web, sobretudo das redes sociais, matéria prima para suas criações. Desta profusão de imagens, o rosto, agora publicizado em bits, bytes, shots, egoshots, fotoblogs, torna-se seu foco de interesse. Na série There´s no place like 127.0.0.1, tal qual Morel, de Bioy Casares, ela cria espaços virtuais através de superposições de projeções para logo fotografá-las novamente num incessante jogo especular. Suas imagens nos envolvem e cativam na mesma proporção que Flavya partilha com entusiasmo suas descobertas – aprecie sem moderação! MARISTELA SALVATORI




FLAVYA MUTRAN É paraense e atua na área da Arte e da Comunicação desde 1989. É formada em Arquitetura e Urbanismo com especialização em Semiótica e Artes Visuais pela UFPA. Pretérito Imperfeito de Territórios Móveis é sua pesquisa de Mestrado em poética (ênfase em fotografia) sobre Novas Tecnologias e Processos Tradicionais de Fotografia e Imagem, do PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS (Porto Alegre/RS), desenvolvida com Bolsa da CAPES, entre 2009 e 2010, e contemplada com recursos do XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, na categoria Pesquisa, Experimentação e Criação em Linguagem Fotográfica, em 2010. PARA SABER MAIS E ACOMPANHAR AS NOTÍCIAS DO PROJETO ACESSE: http://territoriosmoveis.wordpress.com CONTATO: flavyamutran@gmail.com HOMEPAGE: http://flavyamutran.wordpress.com


Flavya Mutran FOTOGRAFIAS Maristela Salvatori ORIENTAÇÃO DA PESQUISA Alberto Bitar e Flavya Mutran SELEÇÃO E EDIÇÃO DE IMAGENS Gaby Benedyct e Mario Terrazas MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA, PROIBIDA A VENDA M992

Mutran, Flavya Pretérito Imperfeito de Territórios Móveis /[fotografias, textos] Flavya Mutran – Porto Alegre, 2011 20 p.

Textos de André Venzon e Maristela Salvatori. ISBN 978-85-912050-0-4

1. Arte Contemporânea. 2. Fotografias sobre álbuns de Redes Sociais I. Título

CDD - 779

Tatiana Rayol PROJETO GRÁFICO APOIO INSTITUCIONAL Governo do Estado do Rio Grande do Sul Secretaria de Estado de Cultura Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul Casa de Cultura Mario Quintana Instituto Estadual de Artes Visuais Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Capes APOIO EMPRESARIAL Dinamize

AGRADECIMENTOS Afonso Medeiros Alberto Bitar Alexandre dos Santos Ana Cristina Gonzales (MAC-RS) Arciliano Santos (Molduras Santos) Cristiano Soares (Sul Fotos) Duda Bentes Eduardo Vieira da Cunha Eneida Michel da Silva (CCMQ) Elza Lima Fábio Cabral (Sul Fotos) Fernanda Magalhães Laura Fróes Lauro Barbosa Marcelo Paes (Ovelha Negra) Marcos Barreto (CCMQ) Maria Tereza Mutran Pereira Maristela Salvatori Miguel Chikaoka Nadja Peregrino Roberta Maiorana Sandra Rey Sérgio Sakakibara Tatiana Rayol Barbosa Tiago Santana Vânia Leal Valmyr Matos Pereira




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