Revista Curta – Edição nº46 – novembro/2019

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CURTA

EDITORIAL Novembro é o mês da consciência negra, e como de costume teremos nossa sessão temática.

Resolvemos trazer para vocês o longa que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme em 2019, Infiltrado na Klan (2018). Dirigido por Spike Lee, o filme conta a história de um detetive negro e novato que se infiltra na Ku Klux Klan, uma seita supremacista branca, nos Estados Unidos dos anos 60.

Além do intenso regime segrega-

cionista, ele se vê dentro de uma corporação policial racista e em meio aos protestos pelos direitos civis e ataques armados contra negros.

Se passa nos anos 60 o filme, mas as semelhanças com o momento atual são inúmeras, não é atoa que rendeu a Spike Lee a indicação de Melhor Diretor.

Se acomode e vem ver com a gente esse filme extremamente realista.

Mariana Ribeiro

NESTA EDIÇÃO 3

Ficha Técnica e Sinopse

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Klan além do infiltrado

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White Savior em BlacKkKlansman

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Luta pelos direitos civis

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Dicas de cinéfilo, playlist e dicas cinecom

Inf i ltrado na Klan BlacKkKlansman, 2018 Direção: Spike Lee Roteiro: Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel, Kevin Willmott Elenco: John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier, Topher Grace Nacionalidade: Estados Unidos

Sinopse

​ m 1978, Ron Stallworth (John E David Washington), um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar.

Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.

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Klan além do inf i ltrado

A Ku Klux Klan é um grupo terrorista que é um dos grandes temas de “Infiltrado na Klan” filme da sessão de hoje. A organização criminosa nasceu nos Estados Unidos, no século XIX, e seus principais atos eram violentar grupos minoritários da época como negros, judeus, católicos.

Vestindo roupas macabras e pregando a supremacia branca o grupo se concentrava principalmente nos negros estadunidenses recém-libertos causando incêndios criminosos nas casas, espancando e matando cruelmente. Foi somente quase um século mais tarde, na década de sessenta,

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graças a pressão da comunidade afro-americana que a Ku Klux Klan perdeu seu poderio e se tornou o que sempre deveria ter sido: um sinal de vergonha na história da humanidade.

Mas seus atos não surgiram do nada, os EUA daquela época - e o quadro se arrasta na atualidade - já era uma nação extremamente racista e seu histórico de escravidão e desumanização dos povos negros somente contribuiu. Discursos de ódio e intolerância dão margem para que ainda na atualidade grupos se reúnam em nome da KKK, mas assim como na época, a comunidade negra, continua combatendo as atrocidades daqueles cuja as únicas características são a estupidez, intolerância e incapacidade de viver em sociedade.

Julia Lourenço

white savior em BlacKKKlansman O termo white savior em tradução literal significa salvador branco, ele está relacionado a questões raciais e se refere a alguma pessoa branca que ‘a juda’ uma pessoa não branca ou um grupo dessas pessoas, com o objetivo que mais parece servir a si mesmo do que à quem precisa de a juda.

White savior representa um fenômeno intimamente ligado à exploração do continente africano, em que algumas pessoas acreditam que a judar populações exploradas seria uma espécie de fardo do homem branco, devido a sua posição de privilégio.

Esse fenômeno aparece em alguns filmes, onde esse papel é representado por um herói que precisa resgatar pessoas negras de algum perigo e que durante esse processo descobre algo sobre si mesmo. No caso do filme Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman) a personagem do detetive Philip “Flip” Zimmerman (Adam Driver)

pode ser interpretada como um salvador branco. Isso porque no filme a personagem é responsável por uma grande revelação que salva outras pessoas, em especial negros (as).

Mas qual é o problema disso? A personagem que deveria ser secundária, uma vez que entra na investigação se passando pelo detetive negro, Ron Stallworth (John David Washington), se torna quem revela os objetivos da Ku Klux Klan, tirando, de certa forma, o protagonismo da personagem negra.

Maria Cecília Couto 5

Luta pelos Direitos CIVIS A questão do racismo no Estados Unidos é o tema principal retratado no filme e tal problema possui um grande contexto histórico.

Desde o fim da Guerra Civil Americana (1865), a escravidão foi abolida. Em contrapartida, aos negros ex-escravizados não foi dado os direitos civis. Na região do sul, os homens brancos não aceitavam terem direitos iguais aos negros levando a politicas estaduais de segregação.

Isso era sustentado pelo federalismo estadunidense que permite aos estados terem suas próprias leis.

A resistência a esse preconceito vem desde do advento dessas leis, mas ganhou mais força no póssegunda guerra.

Tendo sido o incidente da Rosa Parks um dos primeiros acontecimentos que acenderam ainda mais essa faísca. Logo depois ela se uniu a Martin Luther King líder de movimentos no sul do país e pacifista. Sendo o

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principal articulador da Marcha sobre Washington, que reuniu 250 mil pessoas em uma manifestação pacífica. Essa pressão popular teve como consequência leis que acabaram com a segregação em todo o território estadunidense.

Além de King houveram outros líderes com estratégias diferentes. Malcom X é o exemplo mais famoso, ele fundou a união dos afro-americanos em 1964, que tinha tendência separatista e propunha a união na luta contra a opressão.

Mesmo após o fim da segregação constitucional a luta contra o preconceito perdura até os dias de hoje.

João Martins

dicas de Márlon é graduando em História, professor de atualidades no cursinho Estanteando e modelo nas horas vagas. Fã de animações desde sempre. Apaixonado pela Pixar e tudo o que ela representa no universo da animação. Os filmes pra ele são uma válvula de escape do cotidiano e um jeito de colocar a imaginação pra voar. Confira seus filmes favoritos:

Top 5 favoritos 1. Sexta-Feira em Apuros (F. Gary Gray, 1995) 2. Corra (Jordan Peele, 2017) 3. O Ódio que Você Semeia (George Tillman, Jr.), 4. Um Deslize Perigoso (Rick Famuyiwa,, 2015) 5. Pantera Negra (Ryan Coogler, 2018) 2018)

playlist

Limonada Freedom - Beyoncè feat. Kendrick Lamar •

Kanye West da Bahía- Baco Exu do Blues • Apeshit - The Carters • They Don’t Care About Us - Michael Jackson • This Is America - Childish Gambino •

dica cinecom

BLACK POWER • A Cor Púrpura - (1986) • Histórias Cruzadas - (2011) • Preciosa - (2009) • Moonlight: Sob a Luz do Luar - (2017) • Estrelas Além do Tempo - (2017)

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Nossa próxima Sessão

Mulan A próxima sessão será dia 24 de Novembro.

Revista curta | edição 46 - Novembro/2019 Orientador: Albert Ferreira Edição Geral: Mariana Ribeiro Projeto Gráfico: Brenda Scota,

Beatriz Valente Reportagem e Redação: Maria

Cecília Couto, João Martins e Júlia Lourenço Revisão: Beatriz Valente Diagramação: Ana Vitória Messias Crédito imagens: Reprodução (pag. 2-3, 5-8). Capa: Matheus Garcia, Pág 4: Júlio Cleber