Chagaller

CHAGALLer

2

Apresentação

Este livro resulta de um projeto desenvolvido pelas disciplinas de Português e Educação Tecnológica que consistiu em sensibilizar para a arte, estimular a criatividade e aperfeiçoar a escrita.

Numa oficina de escrita, realizada no ano letivo 2014/ 2015, foi pedido aos alunos da turma J, do 6.º ano, da Escola Básica Frei João de Vila do Conde, que contassem as histórias que conseguiam ler nas obras de Marc Chagall.

Perante as pinturas do artista russo-francês, este grupo de alunos criou os textos que compõem este livro e, a partir da história lida na pintura, construiu uma marioneta. Fotografias de algumas das marionetas criadas acompanham os textos.

CHAGALLer é viajar no mundo fantástico de Marc Chagall. Boa viagem!

As professoras Rosa Sousa e Ana Margarida Simões

3

4

Interior with flowers

5

Naquela casa Dentro de uma casa, no centro da sala, estava uma mesa com uma jarra lindíssima trabalhada à mão. Nessa grande casa vivia um fantasma que todos os dias ia à janela ver o sol. Este fantasma sentia-se só numa casa enorme como aquela.

Pobre fantasma!

Naquela casa Vivia um fantasma.

Não via televisão Porque não tinha plasma.

Ele sentava-se a ler Numa cadeira. À noite, quando estava frio, Acendia a lareira.

Não tinha cama Para descansar.

Iria morrer à fome Pois não sabia cozinhar.

Se não morresse pela idade, Morreria de solidão.

Pobre fantasma vivia Sozinho naquele casarão.

José Pedro Frasco dos Santos

6

Flores dentro de casa

Dentro de uma casa azul, havia uma jarra colorida e dentro as flores eram muitas. Havia flores verdes, vermelhas e também cor-de-rosa. À volta da casa existia um jardim que parecia uma floresta.

Viam-se árvores e flores de várias cores. Um baloiço a embelezar.

Combinava com a cor das flores.

O sol entrava pela janela e aquecia as flores. Vivia lá um fantasma. Vivia na solidão. Pobre fantasma vivia apenas com flores, flores e ainda mais flores.

De vez em quando ia para a janela, olhar para o jardim. As flores não viviam na solidão, ajudavam a sua jarra a melhorar a decoração.

Juvina Filipe Vieira Fernandes

7

Marioneta criada por JosĂŠ Pedro Santos 8

Circus

9

Circo

Diante de um público muito emocionado, todos os artistas estavam nervosos, mas todos prontos para tudo.

Assim que entraram no palco, começaram com o espetáculo.

Palhaços divertidos, engraçados e até ginastas. Todos os adoravam.

O público era muito e com opiniões diferentes, mas todos eles gostaram.

Bem treinados e com esperança, todos estiveram bem. Até as ações mais perigosas foram bem-sucedidas.

A parte mais engraçada foi ver o palhaço irritado com o outro por causa de um balão.

O mais espantoso foi ver um dragão a tocar uma linda música numa flauta.

Foi maravilhoso.

O final foi triste, porque, quando tudo acabou, todos queriam mais.

Todos gritavam: — Continuem! Continuem!...

A única coisa que podiam fazer era irem embora.

Pedro Ramos Miranda

10

No circo

Caranio era um camaleão, cujo sonho era ser grande, maior do que um prédio. Ele queria chegar ao céu e ser muito famoso.

Um dia, homens de negro pegaram nele. Ele ficou assustado, mas pensou que poderia ser por uma boa razão. Até que chegou a um circo. Ele viu tantos animais e tantas pessoas que ficou com a cor vermelha. Um cavalo aproximou-se dele e disse-lhe: — És muito pequeno.

Ele ficou muito intimidado e exclamou: — Mas um dia vou ser maior do que tu!

O cavalo ria-se e ria-se. Caranio chorava, chorava e chorava, pela vergonha que sentia.

Chegou o dia do espetáculo. Caranio estreava-se e estava tão nervoso que desejava fugir. Chamavam-no ao palco e ele, com medo que se rissem, não ia. Mas pensou melhor e foi.

Quando apareceu, transformou-se num dragão cheio de cores e nunca mais ninguém gozou com ele.

Leandro Fangueiro Maio

11

Over the Town

12

Sobre a vila

Um casal apaixonado voa por cima de uma vila.

O homem segura a mulher pelo tronco e sobrevoa a vila com casas coloridas: amarelas, vermelhas, azuis, verdes.

Uma árvore destaca-se na paisagem com as suas espessas folhas. Entre as casas há pequenos caminhos bem cuidados. Ao fundo, vê-se a torre de uma igreja entre as casas.

A vila parece um bom lugar para se viver, pois é um local calmo, sossegado e bonito. Tal como num sonho terno.

Ana Rita Gomes Castro

13

Marioneta criada por Ana Rita Castro

14

A casa colorida

Numa aldeia colorida, cheia de natureza e sol a brilhar, vivia um casal de namorados, numa casa pequena e velha.

O homem tinha poderes: era capaz de flutuar e voar. Já a mulher era uma simples mulher com uma blusa azul e uma saia azul-escuro.

Foram procurar uma casa no paraíso, cheia de cor e árvores e um quintal grande. Passadas algumas horas, encontraram no paraíso a casa dos sonhos: estava pintada com as cores amarelo, vermelho e azul e tinha janelas castanhas. A mulher, fascinada com a casa, entrou imediatamente para vê-la.

Um mês depois teve gémeos: o Miguel e a Mariana. Os filhos muito amados nasceram saudáveis, mas com pouca visão. Eles foram ao médico. Ao ver o que se passava o médico disse que tinha de fazer uma operação. A mulher, preocupada, começou a chorar.

Foi para casa sem os filhos.

No dia seguinte, foi buscar os gémeos ao hospital e disseram-lhe que tudo tinha corrido bem, que os filhos dela já conseguiam ver.

Filipa Cristelo Pacheco

15

Bonjour Paris

16

O amanhecer de Paris

Todos os dias, ao amanhecer, a cidade parecia mágica. No céu havia duas luas, uma brilhante e a outra escura. Não sabia o que queria dizer, mas sei que uma iluminava tudo o que a rodeava. A outra lua, escura e redonda, apontava para todos os cantos onde havia tristeza. Parecia ser atraída pela infelicidade. O chão vermelho parecia uma chama que tocava no céu como se não houvesse nenhuma barreira.

A Torre Eiffel ficava linda. Era iluminada por todos os seus cantos e refletia a luz por toda a cidade. Ficava repleta de várias cores. E à sua frente, apareciam sempre uns animais esquisitos, só de noite, e tinham a cabeça de cor diferente de todas as outras partes do corpo.

No topo da casa mais alta, estava sempre o galo mais belo que se podia imaginar. Os seus olhos eram grandes, tinha o bico dourado e as suas penas eram vermelhas e azuis. Quando cantava de madrugada, acordava o anjo adormecido que ia tratar dos jardins que eram uma beleza. Era tudo magia!

Maria Inês Gomes Dinis

17

O segredo de Paris

Todas as noites, quando não estava ninguém presente, Paris virava ao contrário.

Anjos maravilhosos no céu, animais nunca imaginados, a própria Torre Eiffel ganhava vida.

Até que um dia, um turista com insónias decidiu ir à rua.

Os animais esquisitos, a Torre Eiffel e até os anjos no céu desapareceram, como uma estrela cadente.

Na noite seguinte, a mesma pessoa voltou à rua, não por causa de insónias, mas por curiosidade. Algo lhe dizia que ia acontecer algo fantástico, mágico, contudo ficou a saber o mesmo.

Teve um sonho e imaginou precisamente aquilo que aconteceu, embora já tivesse desistido da ideia de encontrar algo no centro de Paris.

Chegou então a hora de regressar a casa. Quando chegou a casa viu os animais, uma pequena torre da aldeia e um anjo no céu.

António Naia Ferreira Rei Amorim

18

Marioneta criada por Maria InĂŞs Dinis

19

Bride with Fan

20

A noiva

Madalena estava noiva de um rapaz chamado Diogo. Estavam noivos há cerca de um mês. Madalena contava os dias para o seu casamento, já Diogo sempre foi um noivo aluado, nunca quis saber de coisa alguma.

Na noite anterior ao casamento, Madalena nem dormiu, pois ficou a pensar o que seria a sua vida após o casamento.

De manhã, levantou-se cedo, uma vez que o nervosismo era muito. Sentou-se na sua secretária e escreveu os seus desejos para aquele dia. Às dez horas, vestiu o vestido de noiva, arranjou o cabelo e esperou que chegasse a hora de se dirigir para a igreja.

Quando lá chegou, Diogo ainda não estava lá…

Esperou, esperou e Diogo não aparecia. Subitamente, um mensageiro entregou-lhe uma carta que dizia “Não te mereço”.

Lendo isto, Madalena seguiu o seu caminho de cabeça baixa, chorando…

Érica Sabrina dos Santos

21

Marioneta criada por Érica dos Santos 22

Blue Lovers

23

Amor impossível

Era uma vez uma mulher que à nascença foi presenteada por Deus com um lindo cabelo de folhas verdes. Deus também lhe deu a importante tarefa de representar a primavera. Seu nome era Flor.

Certo dia, Flor apaixonou-se por um homem chamado Filipe que, tal como ela, tinha sido eleito à nascença representante de uma estação: o outono.

Filipe tinha o cabelo com algumas folhas castanhas a representar o outono. Também gostava de Flor, mas o que eles não sabiam era que, como representavam estações diferentes, iriam magoar-se um ao outro.

Como o amor de um pelo outro era tanto, eles decidiram desafiar a dor para ficarem juntos. Mas Deus falou com eles, dizendo que isso iria perturbar a vida dos humanos e não puderam ficar juntos, ficando tristes. Viam-se sempre que tinham a oportunidade.

E assim viveram felizes dois representantes das estações.

Rodrigo Barbosa Simão

24

Primavera e Outono

Dois jovens, Primavera e Outono, eram namorados. Os seus países estavam em guerra e, por isso, não podiam estar juntos. Eles encontravam-se em segredo.

O namorado da Primavera estava no exército e não podiam continuar a encontrar-se. Na noite em que pensavam que era a última vez que se iam ver, deram um grande beijo.

Após dez anos, quando a guerra acabou, já Primavera pensava que o seu namorado estava morto, viu-o chegar ao fundo da rua. Deram mais uma vez um beijo, tal como na outra noite.

Viveram felizes para sempre, nunca esquecendo aquele beijo.

Roberto Nunes Pereira

25

I and the village

26

O pastor e a ovelha

Era uma vez um senhor que era pastor e tinha uma ovelha. Esse pastor vivia numa aldeia.

Um dia, o pastor decidiu ir à cidade. Quis entrar na igreja, mas não tinha com quem deixar a sua ovelha. Ao longe avistou um senhor. Tinha um aspeto nobre e honrado. Então o pastor pediulhe: — Por favor, não se importa de ficar com a minha ovelha?

— Posso sim - respondeu ele.

Mas na verdade aquele senhor era um diabo e decidiu matar a ovelha ali mesmo ao pé da igreja.

Ao sair da missa, o pastor viu aquilo e pensou: — Nunca devia ter confiado o meu bem mais precioso a um desconhecido.

Filipa Raquel Graça Tavares

27

A ovelha e o pastor

Há muito tempo existia uma aldeia nas nuvens. A aldeia era fantástica e montanhosa, tinha casas com o telhado no chão e as paredes para o ar. Nela havia mãos a segurar árvores, a cuidar delas.

Nesta aldeia havia um pastor diferente de todos os outros, era verde e só tinha uma ovelha. A ovelha era mágica, única e fazia uma coisa inesquecível, falava.

Ela era um deus algo surpreendente, era a guardiã da aldeia.

Ajudava tudo e todos, era amiga, e, como o pastor, não tinha amigos. Ela fazia-lhe companhia, compreendia-o, pois ninguém falava com ele por ser diferente. Já que ela também era, ajudavamse mutuamente. Eram amigos e serão sempre.

Leonor Pereira Martins Vales dos Santos

28

Marioneta criada por Leonor dos Santos 29

30

O pássaro e a sombra

Um pássaro livre voava no lindo céu azul, muito feliz.

Ele tinha umas belas penas com algumas manchas verdes, olhos vermelhos e um bico grande muito afiado.

Um dia, foi atingido por uma bala de um caçador. Caía dos céus como se fosse um foguete e pelo caminho encontrou um anjo.

O anjo tinha cabelos longos, olhos grandes e verdes e trazia um grande trompete na boca. Ele soprava no trompete muito alto e parou para ajudar o pássaro. O pássaro perguntou: — Quem és tu?

— Sou um anjo que te quer ajudar - declarou o anjo.

— Mas por que razão queres ajudar?

— Porque sou teu amigo - disse o anjo.

Assim foi. O anjo salvou-o da morte.

Depois disso nunca mais viu o anjo que lhe salvou a vida. No dia seguinte, quando acordou, pensou que fosse apenas um sonho.

João Guilherme Novo da Silva

31

A Village in Winter

32

Um sonho real

Era Natal, o mais frio de todos, e a senhora e o senhor Winters foram cedo para a cama.

Acordaram a meio da noite e tiveram um pressentimento estranho, por isso, foram à rua e olharam para o telhado. O local que antes era ocupado por uma rena estava vazio. Ficaram aflitos e foram à procura dela. No caminho, encontraram uma estrela cintilante a voar e seguiram-na.

— Espera! – ordenou o homem.

— Eu sei onde a rena está – disse a estrela.

— Onde? – perguntou a mulher.

— Só a poderão encontrar quando acordarem.

Eles voltaram para casa e foram para a cama, sem perceber o que ela queria dizer.

Na manhã seguinte, acordaram, foram à rua, olharam para o telhado e lá estava a rena como se nunca tivesse desaparecido. Ela sorriu para eles e naquele momento perceberam que foi tudo um sonho real.

Ana Rita Pereira Marafona

33

Marioneta criada por Ana Rita Marafona

34

O amor

Naquela aldeia no paraíso, a maior parte dos habitantes eram ricos.

No meio da aldeia, atraía o olhar de quem lá passava uma casa feita apenas com tijolos. Lá vivia um casal. O homem ia trabalhar bem cedo para o campo e a mulher trabalhava na casa de um homem rico.

Mas, ao contrário do que se passava nas outras casas, lá havia muito amor, sobretudo carinho. Nas outras era só discussão.

Discutiam pelo dinheiro, pela comida, por tudo…

Um dia, pela aldeia passeava uma rena que parava em todos os telhados. Os ricos não a queriam e expulsavam-na, mas o casal aceitou-a. Ela dormia lá no telhado. Era a mulher que lhe dava de comer.

O casal, mesmo não tendo muitos rendimentos, deu um lar a outro ser. Este casal era feliz, mas com a rena ficou ainda mais.

Há sempre lugar para mais um.

Ana Francisca Cunha Areias

35

Marioneta criada por Ana Francisca Areias

36

Blue Circus

37

O monstro marinho e a rapariga

Num dia como todos os outros, a mãe estava a tocar violino e o pai dava de comer às galinhas.

A rapariga foi à beira do farol. De repente, viu uma coisa esquisita a mexer-se e saltou para dentro de água, onde viu um bicho enorme que desconhecia. Ele estava doente.

Ela aproximou-se dele. Ele mal podia dizer alguma coisa. Ela não se importava, queria ajudá-lo. Acabou por lá ficar.

Os pais dela ficaram preocupados, procuraram-na por todo o lado. A rapariga tinha adormecido junto do monstro. Quando acordou, lembrou-se dos pais. Despertou o monstro e viu que ele estava bem. Disse que ia embora, mas que voltava. Despediu-se e foi para casa. Mal dormiu a pensar no monstro.

Daí em diante, ela foi todos os dias visitá-lo e com ele brincar.

Sofia Rocha da Rosa

38

Marioneta criada por Sofia Rocha da Rosa

39

A gruta azul

Uma rapariga chamada Joana, com um vestido laranja e uns calções azuis, estava à procura de um rapaz. Ele tinha-se perdido e ninguém sabia dele. Ela ficou muito preocupada e, quando estava à procura dele, caiu num buraco bem fundo e gritou: — Onde estou?

Era uma gruta pintada toda de azul. Chamavam-na a gruta azul.

Entretanto apareceram algumas pessoas e começaram a perguntar: — Quem és tu?

— Sou a Joana.

— Como entraste aqui?

— Ali por cima - disse ela. - Mas o que é isto?

— Não conheces a gruta azul? – exclamou uma mulher, enquanto tocava violoncelo.

Joana ficou muito admirada com o que ela disse, porque nunca tinha ouvido falar naquela gruta. Mas, mesmo surpreendida, disselhes que andava à procura de um rapaz alto e louro. Ele também podia ter caído naquela gruta.

— Viram-no?.

— Não sei. Pergunta ali ao cavalo.

— Vi, sim. Ele está aqui – respondeu o animal com satisfação.

Eduardo Daniel da Silva Sousa

40

The Blue House

41

A casa azul

Era uma vez uma casa azul, longe de todas as outras. Mas ela escondia algo extraordinário: ela estava viva!

Desde que a construíram gostava de ser mimada.

Todas as outras não sentiam e não percebiam o que se passava.

Em 1999, aqueles que a mandaram construir desapareceram ou morreram. Ninguém sabe. Esta casa ficou triste.

Ao longo dos anos, desde o desaparecimento dos seus donos, ninguém a quis habitar.

Sem se aperceber, desfizera-se e deixara rastos da sua existência. Hoje é conhecida como a velha casa azul.

José Filipe Sousa da Silva

42

The blue house

Nesta cidade, o mais importante era a igreja, por isso todas as casas foram construídas à sua volta. Puseram muros, areia e outras coisas para se protegerem da casa azul.

Segundo o povo, a casa azul era uma casa assustadora, porque vivia lá uma bruxa.

Nessa casa não vivia uma bruxa, mas sim uma menina que transformava pessoas em ratos. Mas ela fazia aquilo sem querer. Os seus feitiços tornavam o céu de outras cores e as pessoas assustavam-se. Também fez crescer a relva e as heras e isso piorou a sua relação com o povo.

Houve um dia em que transformou uma ovelha numa pedra e um miúdo viu e foi contar à mãe. A mãe foi falar com a polícia. A polícia apresentou o assunto ao governo.

O governo fez uma lei para se livrar da casa azul. E nunca mais viram The Blue House.

Maria Pontes Pereira

43

Marioneta criada por Maria Pontes Pereira

44

Romeu and Juliet

45

O amor proibido

Era uma vez um rapaz e uma rapariga que sentiam um amor proibido, Romeu e Julieta. Viviam ambos numa aldeia, onde muita gente habitava.

Eles amavam-se profundamente, mas não se podiam tocar, pois se se tocassem, nascia-lhes uma ferida que sangraria e depois acabavam por morrer.

Passavam todos os dias, todas as horas e minutos juntos, eram inseparáveis. E quanto mais tempo passava, o amor entre os dois maior ficava.

Chegou a um certo ponto que pensaram: — A vida vai acabar, mais tarde ou mais cedo, mais vale morrer feliz do que morrer com medo da felicidade.

Decidiram ir para um lugar especial, a Ponte Medrosa, que ficava em cima do mar.

Veio uma pomba branca com uma carta nas patas, em direção a Romeu e Julieta.

Pegaram na carta, abriram-na e leram-na. Era uma quadra, que os encorajou a avançarem.

Foram, então, até à ponte e olharam ambos para o luar. Viam os seus rostos refletidos na lua. Mas nesse instante veio um cavalosereia e comeu-os.

Maria João Marques

46

Marioneta criada por Maria Jo達o Marques 47

Homem detestado

Era uma vez um homem que nasceu numa aldeia pouco habitada. Ele era feio, mas bom homem. Ninguém queria namorar com ele quando andava na escola e levava pancada de todos. Ele sofreu muito.

Até que um dia encontrou alguém que gostava dele.

Amaram-se e divertiram-se muitos anos.

Certo dia, foram para outro país num cavalo que o homem tinha. Eles viveram lá durante alguns anos. Porém, ela foi atropelada e, como ninguém gostava dele, deu a sua vida por terminada.

José Luís Baptista e Silva

48

Marioneta criada por José Luís Baptista e Silva

49

Le Violoncelliste

50

O violino preso à Virgínia

Lá na aldeia havia muitas casas e algumas tinham escadas que serviam para ir ao telhado limpar a chaminé e para o Pai Natal por lá atirar as prendas.

Nessa noite tão escura de lua cheia, estava a Rita e a Virgínia, a professora de violino, à frente das casas da aldeia a prepararemse para tocarem violino e violoncelo.

A Rita perguntou: — Que música vamos tocar?

— Uma música de Natal! - respondeu a professora Virgínia.

— Qual? - perguntou a Rita.

— Surpresa! - exclamou a professora.

Pois elas começaram a ensaiar e tocaram, tocaram até à meianoite, e a professora disse: — Acabou a aula!

A professora ia tirar o violoncelo, quando este ficou preso na sua roupa. Então foi para casa e teve de cortar a sua camisola.

Quando ela cortou, chorou e chorou , porque era a sua camisola preferida. Mas parou de chorar, porque viu que era a única solução.

Bruna Rocha da Rosa

51

Marioneta criada por Bruna da Rosa 52

O sonho — Como estás? - ouviu Andreia perguntarem lá de baixo.

Ela não ligou, sentia-se feliz e continuou a tocar o seu violoncelo.

Quando deu por isso, tinha uma cabra a acompanhar o seu ritmo.

— Porque és uma cabra?

— Estás a falar de mim? E porque não olhas para ti, és uma violoncelista. Como te chamas violoncelista?

— Andreia!

— Oh, desculpa, pensei que te chamasses violoncelista.

Chamo-me Josefina.

— Ó Josefina, queres tocar comigo?

— Sim, era um prazer. Vamos ser uma ótima equipa.

E assim tocaram as duas no fundo da rua. Naquela noite tornaram-se amigas, a mulher violoncelista e a cabra sentada na cadeira.

Tiago Manuel Amaral Espogeira

53

Marioneta criada por Tiago Espogeira

54

Le paysage bleu

55

Amor

Um homem nobre queria casar com uma mulher bonita e não lhe interessava se a sua amada era pobre ou rica.

Então, ele foi à procura de uma esposa. Em primeiro lugar foi ao reino de Elmor, que lá havia um castelo muito bonito e um pássaro azul com pintas brilhantes que falava.

O nobre príncipe perguntou ao pássaro: — Olá, eu sou Juventus. E tu, como te chamas?

— Chamo-me Azul – disse o pássaro envergonhado.

— E sabes se aqui vive uma princesa bela?

— Sim. Aqui vive uma princesa, mas de bonita não tem nada.

O príncipe começou a rir perante aquela resposta e perguntou: — Queres ser meu companheiro nesta viagem?

— Está bem – aceitou o pássaro.

Eles partiram à procura e encontraram uma casa de palha, onde vivia uma menina muito pobre, mas muito bela.

Deslumbrado, o príncipe pediu-a em casamento e ela aceitou.

O pássaro, o príncipe e a menina pobre que se tornou princesa viveram felizes para sempre.

Bruno Filipe Maio Barbosa

56

Marc Chagall Pintor, gravador, decorador francês de origem russa, nasceu a 7 de julho de 1887, em Vitebsk, numa família judia.

Estudou pintura em São Petersburgo e, de 1910 a 1914, em Paris. Esta estadia na capital francesa revelou-se fundamental para a sua formação artística. O Fauvismo e o Surrealismo, em particular, influenciaram as cores profundas do seu estilo, mas à arte popular russa foi buscar a fantasia e a simplicidade dos temas.

De visita à sua terra natal, a Primeira Grande Guerra impediu-o de voltar a Paris.

Casou-se com Bella Rosenfeld e esta ligação inspirou-lhe novos motivos para a sua pintura. Depois da revolução de outubro, tornou-se diretor da academia de arte de Vitebsk. Em Moscovo, onde se instalou em 1919, pintou uma série de murais para o Teatro Judeu, mas o novo clima político tornou-se-lhe rapidamente desfavorável. Voltou a Paris, sendo muito bem acolhido pelos surrealistas, que encontram afinidades entre as conceções do Surrealismo e o universo onírico e fabuloso que habita a obra de Chagall.

Nas décadas seguintes dedicou-se à gravura, ilustrando Almas Mortas de Gogol, as Fábulas de La Fontaine e a Bíblia. Um dos seus projetos mais importantes, foram os desenhos para os vitrais da sinagoga da clínica de Hadassah, em Jerusalém, sobre o tema das doze tribos de Israel (1960-61). Concebeu ainda um projeto de mosaicos para o Banco Nacional de Chicago, os murais do teto da Ópera de Paris e da Ópera de Nova Iorque, as janelas da Catedral de Metz e do edifício da Nações Unidas em Nova Iorque. Em Nice, as pinturas que correspondem à Mensagem Bíblica estão patentes no Museu Nacional.

Vem a falecer em Saint-Paul-de-Vance, na Riviera Francesa, a 28 de março de 1985.

Chagall criou um mundo sem densidade nem peso físico, sobrenatural, com base em elementos líricos como ramos de flores, pares de namorados, violinos e artistas de circo flutuando através do espaço e do tempo.

in http://www.infopedia.pt

57

Índice Apresentação ................................................................................................

2

Naquela casa ................................................................................................

4

Flores dentro de casa ....................................................................................

5

Circo ..............................................................................................................

8

No circo .........................................................................................................

9

Sobre a vila ...................................................................................................

11

A casa colorida ..............................................................................................

13

O amanhecer de Paris ...................................................................................

15

O segredo de Paris ........................................................................................

16

A noiva ..........................................................................................................

19

Amor impossível ............................................................................................

22

Primavera e Outono ......................................................................................

23

O pastor e a ovelha .......................................................................................

25

A ovelha e o pastor .......................................................................................

26

O pássaro e a sombra ...................................................................................

29

Um sonho real ...............................................................................................

31

O amor ..........................................................................................................

33

O monstro marinho e a rapariga ..................................................................

36

A gruta azul ..................................................................................................

38

A casa azul ....................................................................................................

40

The blue house ..............................................................................................

41

O amor proibido ............................................................................................

44

Homem detestado .....................................................................................

46

O violino preso à Virgínia ..............................................................................

49

O sonho .........................................................................................................

51

Amor .............................................................................................................

54

Marc Chagall .................................................................................................

55

58

59

60