CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC ARQUITETURA E URBANISMO
ISABEL CRISTINA DA SILVA BUSO
Hortas urbanas: ocupação do espaço livre
SÃO PAULO 2015
ISABEL CRISTINA DA SILVA BUSO
Hortas urbanas: ocupação do espaço livre
Trabalho de Conclusão de Graduação apresentado ao Centro Universitário Senac, para requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Profª. Ms. Marcella de Moraes Ocke Mussnich
SÃO PAULO 2015
ISABEL CRISTINA DA SILVA BUSO
Hortas urbanas: ocupação do espaço livre
Trabalho de Conclusão de Graduação apresentado ao Centro Universitário Senac, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.
BANCA EXAMINADORA:
Professor Orientador: Ms. Marcella de Moraes Ocke Mussnich
Professor Arguidor:______________________________
Professor Arguidor:______________________________
SÃO PAULO 2015
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Agradecimentos
Aos meus pais, pelo amor e apoio incondicional. Ao meu marido por seu incentivo a realização da minha graduação. As minhas filhas pela compreensão e cooperação. Aos companheiros da Faculdade pelo permanente diálogo durante este percurso. À professora, minha orientadora, pela confiança, transmissão de conhecimento, e conduta de pesquisa.
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RESUMO
O presente trabalho objetiva o estudo de hortas na cidade de São Paulo e dos espaços em que elas estão inseridas. Foram abordados diversos aspectos relacionados às hortas urbanas, especialmente no que se referem aos seus planejamentos, características físicas e dimensões sociais envolvidas. Seis hortas são analisadas neste trabalho: a Horta das Corujas, a da Praça Victor Civita, da Saúde, da City Lapa, do Shopping Eldorado e a da FMUSP. Através desse olhar sobre o espaço público disponível para a população este Trabalho de Conclusão de Curso propõe a requalificação da Praça José Auriemo com a criação de espaços de horta e outros usos identificados no local a fim de tornar o espaço mais adequado para convívio e recreação. Espera-se que o trabalho possa contribuir para que novos trabalhos sobre a temática venham a ser desenvolvidos.
Palavras-chave: Espaços públicos, Hortas urbanas, Interação social.
ABSTRACT This paper aims the study of vegetable gardens in the city of São Paulo and the spaces where they are inserted. It were approached various aspects related to urban vegetable gardens, especially as regards their planning, physical characteristics and social dimensions involved. Six vegetable gardens are analyzed in this paper: The “Horta das Corujas”, “Praça Victor Civita”, “Saúde”, “City Lapa”, “Shopping Eldorado” and of “FMUSP”. Through this look on the public available for the population, this End-of-Graduation Course Paper suggests the renovation of “Praça José Auriemo”, creating places to vegetable garden and other uses, turning it better for living together and recreation. It is hoped that this work can contribute to the implementation of other projects of this kind in the City.
Keywords: Public Spaces, Urban Gardens, Social Interaction
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SUMÁRIO
Introdução ..................................................................................................... .08 1 - Espaços Livres Urbanos ...........................................................................10 1.1 - Espaços Públicos – Rua, parque e praça ......................................11 1.1.1 Espaços Livres Públicos – Conceitos, experiência e uso......15 1.1.2 Espaço Público Residual .......................................................16 1.1.3 Hortas Urbanas .....................................................................16 2 - Estudo de Caso – Praça e Hortas Urbanas..............................................18 2.1 Praça Dolores Ibarruri (Praça das Corujas) e Horta das Corujas......20 2.2 Praça e Horta Victor Civita ...............................................................28 2.3 Horta Comunitária da Saúde..............................................................36 2.4 Horta Comunitária da City Lapa ........................................................41 2.5 Horta do Shopping Eldorado ............................................................44 2.6 Horta Comunitária da FMUSP ...........................................................48 2.7 Considerações sobres os estudos de casos......................................52 3 – Área Proposta do Projeto de Requalificação do Espaço Urbano ........54 3.1 - Leitura do Lugar ..............................................................................54 3.1.1 A história do bairro Jardim Consórcio...................................55 3.1.2 A Praça José Auriemo e o Córrego Zavuvus........................56 3.1.3 Zoneamento da Praça José Auriemo e seu entorno, conforme Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo ....................................................................................59 3.1.4 Análise do entorno da Praça José Auriemo .........................62
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3.2 - Análise das características da Praça José Auriemo .......................64 3.2.1 Iluminação .............................................................................66 3.2.2 Espaço de permanência e de passagem ..............................67 3.2.3 Permanência na Praça José Auriemo ...................................67 3.2.4 Passagem na Praça José Auriemo .......................................73 4 – Proposta de Requalificação Urbana .......................................................76 4.1 - Diretrizes projetuais .........................................................................76 5 – Projeto ........................................................................................................77 5.1 - Elementos componentes para requalificação da Praça ...................78 5.1.1- A Horta ..................................................................................80 5.1.2- Acessibilidade .......................................................................83 5.1.3- Arquibancada ........................................................................84 5.1.4- Drenagem das águas pluviais ...............................................87 5.1.5- Cascata d’água .....................................................................87 5.1.6- Piso .......................................................................................90 5.1.7- Prática de Grassboard .........................................................90 5.1.8- Quadra poliesportiva .............................................................92 5.1.9- Playground e aparelhos de ginástica ....................................92 5.1.10- Autor na praça .....................................................................93 5.1.11- Pic-Nic ……………………………………………………….….94 5.1.12- Pocket Show ......................…………………......…........…...94 5.1.13- Rua compartilhada ..............................................................95
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6 – Considerações finais ................................................................................97 7 – Lista de figuras .........................................................................................98 7 – Bibliografia ..............................................................................................104
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1 - Introdução O presente trabalho apresenta um estudo sobre o uso e a ocupação do espaço público na cidade de São Paulo. O olhar se desenvolveu através da horta urbana, um elemento contemporâneo de ocupação dessas áreas, que cada vez mais, está presente em grandes centros urbanos. Além da horta, foram identificadas outras demandas de uso que contribuíram para o desenvolvimento do projeto de espaço livre. Para compreendermos o uso e a ocupação do espaço urbano foi necessário conceituá-los e fazer o estudo de casos, através de registros fotográficos e coleta de informações com base nas entrevistas que foram realizadas e nas pesquisas com o objetivo de formar o material, que estruturou a ideia. Foi concluído com estudo analítico comparativo Entre as diversas formas de ocupação, foram abordados em especial os espaços livres de edificação; principalmente quando neles existirem a necessidade de qualificar, analisando onde estão localizados, as suas transformações, as relações sociais existentes, os conflitos e os interesses comuns, como o de uma sociedade mais sustentável. Com a finalidade de comparar a forma como as hortas urbanas ocupam o espaço público, foram abordadas as semelhanças e as divergências entre elas no estudo de casos, como também os principais benefícios decorrentes da sua implantação e os empecilhos para que esta, torne-se parte integrante de áreas públicas e privadas da cidade de São Paulo. Dentro dos espaços públicos que foram estudados na cidade, alguns são áreas residuais abandonadas pelo poder público e não apropriadas pelas pessoas, portanto foi analisado como dar qualidade a esses espaços através das hortas. Este Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolveu projeto de espaço livre público com a implementação de uma horta comunitária e outros elementos de composição do espaço, a fim de requalificar uma área da cidade, bem como contribuir para a melhoria da vida na cidade.
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A metodologia A pesquisa foi desenvolvida com leitura e análise bibliográfica e documentação referentes ao objeto de estudo, aos conceitos abordados e a experiências de uso e ocupação na cidade de São Paulo para formação do conteúdo necessário à análise pretendida, além dos dados oficiais e de campo, para o recolhimento da realidade atual, as atividades desenvolvidas e a qualidade de vida. A pesquisa das hortas urbanas foi focada nas noções e conceitos relacionados, no estudo comparativo, sob as diversas formas de abordagem. O resultado desde processo permitiu a identificação de prioridades e as alternativas de projeto. A conclusão final do trabalho foi elaborada com base no material reunido na leitura crítica dos estudos de caso selecionados, com identificação dos aspectos específicos de cada localidade e de outros gerais, que podem ser rebatidos a outras realidades, com a análise do contexto atual das Hortas e a elaboração de um plano de atuação para a área. O trabalho está estruturado da seguinte forma:
Introdução
Apresenta o objeto de estudo, os objetivos de estudo, os objetivos da pesquisa, hipóteses levantadas, a metodologia adotada e o conteúdo do trabalho.
Capítulo 1 - Espaços Livres Urbanos
Apresenta
as
definições
dos
espaços,
indispensável
para
a
compreensão das áreas estudadas; pois, identifica as prioridades e alternativas de projeto.
Capítulo 2 – Estudos de Casos – Praça e Hortas Urbanas
Faz a leitura do uso e ocupação do espaço urbano com horta na cidade de São Paulo, relevantes para o entendimento da formação do pensamento e, portanto, para o estudo analítico-comparativo realizado.
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Capítulo 3 – Área Proposta do Projeto de Requalificação do Espaço Urbano
Apresenta o local do projeto, a análise do entorno do terreno e diagramas com possibilidades para um projeto conceitual de desenho urbano para a requalificação do espaço.
Capítulo 4 – Proposta de Requalificação Urbana
Após o estudo do local e do seu entorno, este capítulo apresenta a proposta de requalificação da área e as diretrizes projetuais.
Capítulo 5 – Projeto
Apresenta
o
projeto
com
os
elementos
componentes
para
a
requalificação da Praça.
Conclusão
Análise sobre o objeto de estudo, averiguação das hipóteses inicialmente levantadas e a proposição final do trabalho na forma de projeto.
1 - Espaços Livres Urbanos
Os espaços livres urbanos são todas as áreas sem edificação destinadas à circulação, que podem ter ou não vegetação como também podem ser públicos ou privados, tais como: ruas, vielas, avenidas, rotatórias, pátios, quintais e áreas utilizadas para recreação, contemplação, lazer e estar como: a praça, parque e o jardim público; de grande importância na questão da sustentabilidade da cidade. Conforme Miranda Martinelli Magnoli (2006, p.179) “o espaço livre é todo espaço não ocupado por um volume edificado (espaço-solo, espaço-água, espaço-luz ao redor das edificações a que as pessoas têm acesso)”.
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Jan Gehl (2014) afirma que os espaços urbanos com qualidade são aqueles que têm uma densidade razoável, pois eles são atrativos e os preferíveis e para Magnoli (2006, p.182) “A qualidade do espaço urbano, um dos fatores da qualidade da vida urbana, é seriamente influenciada pela configuração física do espaço livre...”, logo a qualidade de vida do homem nos espaços livres é fundamental, pois a vida urbana é influenciada pela qualidade desses espaços. O conceito de qualidade de vida para o homem depende da percepção de cada pessoa e é possível alterar-se ao longo da vida; é um processo de aperfeiçoamento contínuo e para conseguir atingi-la é necessário um conjunto de conhecimento, esforço e comprometimento. Há necessidade de transformar o espaço, quando a vida das pessoas na cidade não possui qualidade. Criar áreas de “respiro”, ou seja, áreas verdes, que ajudam a amenizar altas temperaturas, poluição e barulho; modificam o ambiente e o nosso comportamento. Priorizar outros meios de locomoção além do carro faz diferença no espaço e traz qualidade de vida. O espaço construído com qualidade faz um convite às pessoas para sentar, permanecer, observar, caminhar, pedalar e contemplar a paisagem, contudo trará mais vida para as ruas e fará com que os deslocamentos sejam mais lentos e agradáveis.
1.1 – Espaços Públicos – Rua, praça, parque, horta comunitária.
A rua é o principal espaço livre urbano, é um espaço público, um elemento básico para a organização e conexão da cidade, um local por onde os habitantes transitam e onde ocorre grande parte da vida cotidiana da sociedade urbana. De acordo com Kevin Lynch “a rua é o local principal, em que se forma a imagem da cidade, já que é por ela que os habitantes transitam e têm a oportunidade de observá-la e entendê-la.” (LYNCH, 1982, p.)
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As ruas, rede de linhas habituais ou potenciais de deslocação através do complexo urbano, constituem os meios mais significativos através dos quais o todo pode ser organizado. (LYNCH, 1982, p.108) A praça é um espaço urbano, público, coletivo, de convivência e lazer dos cidadãos, portanto necessário na vida da cidade, pois melhora a qualidade ambiental, principalmente quando tem área verde. Pode também não ter vegetação sendo quase totalmente impermeabilizada como a Praça Roosevelt e a Praça da Sé. Possui programa social, é destinada à recreação, ao lazer e estar, como também pode ter outras funções como incorporar uma horta comunitária. Quando a praça está localizada em um bairro onde existe uma grande diversidade de usos é possível que ela seja mais utilizada, pois está ligada ao contexto urbano no qual está inserida. Quando as praças são construídas nos espaços residuais¹ sem serem elementos organizadores dos espaços urbanos podem se tornar uma ilha. Para Hugo Segawa: Efetivamente, da concentração complexa e caótica da praça, buscouse a concentração organizada e elegante do jardim. Praça pública e jardim público abrigaram dos séculos XVI ao XVIII a convivência dos opostos. Talvez o jardim como antídoto moderno à praça medieval. O jardim como antítese da praça. (SEGAWA, 1996 apud ROBBA;MACEDO, 2010, p.26)
A praça, para nós surgiu organizada no entorno de capelas ou igrejas, nos centros das cidades, onde havia maior circulação e concentração das pessoas; assim, eram as praças coloniais brasileiras. Robba (2010) afirma que para nós, no Brasil, a ideia de praça está associada à presença de ajardinamento. Robba e Macedo (2010, p.17) chegam ao conceito de que “praças são espaços livres de edificação, públicos e urbanos, destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos.’’ ___________________ ¹ Ver conceito de Espaços Residuais na página 16
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Jan Gehl (2010) afirma que através de alguns estudos feitos da vida na cidade, as praças quando combinam a oportunidade de caminhar com a permanência, experiências e conforto, criando um espaço atrativo e vivo registram um nível de atividade maior do que as praças que servem apenas como cruzamento dos pedestres de um lado para o outro. Atualmente, a praça quase sempre é um lugar de passagem, que muitas vezes está degradado, por isso pode tornar-se um lugar desolado e vazio (“não-lugares”2); principalmente, porque ela foi perdendo sua característica de lugar de permanência a partir do momento em que as pessoas passaram a levar uma vida corrida. As pessoas não têm tempo de parar e aproveitar, portanto é de grande importância retomar essa característica fundamental da praça para a vida urbana. Marc Augé, em seu livro, “NÃO-LUGARES Introdução a uma antropologia da supermodernidade” (2014) define não-lugares por ser espaços não geradores de identidade, vazios, que acontecem quando as pessoas em trânsito não se relacionam com o espaço e não criam identidade. A ocupação dos espaços públicos por praças oferece uma área ao nível da rua, que ao abranger o campo visual permite que as pessoas tenham um contato mais próximo e mais intenso com o lugar e quando a praça é ocupada por uma horta comunitária às pessoas observam uma maior riqueza de detalhes e informações. O parque urbano é um espaço público com grande dimensão, que envolve uma série de fatores sociais, econômicos e ambientais e possui vários usos e funções; por isso traz uma diversidade de benefícios dentre eles: o lazer e a recreação aos habitantes da cidade, consequentemente integrando os espaços no tecido urbano e valorizando o entorno.
__________________ 2
Segundo Augé, “se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não-lugar". (Augé, 2014, p.73)
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Magnoli enfatiza que: “Os parques urbanos são inseridos na urbanização como parte dos espaços livres de edificação. Sob esse aspecto, sua distribuição nas várias escalas de urbanização é parte de um projeto da sociedade sobre sua cidade como um todo. Por outro lado, o desenho do espaço em si pode ser lido em face dos contextos em que são implantados como parte dos mecanismos de controle social”. (MAGNOLI, 2006, P.200)
É importante entender o parque e a relação que ele tem com seu entorno, com a população envolvida e com o histórico em que está inserido; pois o conhecimento e a apropriação do espaço em que vivemos nos proporcionam pontos de referência e sentido de pertencimento. O parque deve ser o lugar dos acontecimentos, das manifestações, de novas relações sociais, promovendo assim o direito à cidade. Garantir a qualidade dos espaços urbanos, assim como incentivar o seu uso, é de fundamental importância.
‘’Espera-se muito dos parques urbanos. Longe de transformar qualquer virtude inerente ao encontro, longe de promover as vizinhanças automaticamente, os próprios parques de bairro é que são direta e drasticamente afetados pela maneira como a vizinhança neles interfere.” (JACOB, 2011, p.104)
O acelerado crescimento urbano e a ocupação artificial dos espaços naturais faz com que os espaços livres urbanos se tornem escassos, pois causam alteração no meio ambiente e modificam a vida das pessoas; portanto, é preciso manter, valorizar e criar novos espaços livres no interior das cidades com parques, praças e jardins a fim de reverter esta situação e tornar as cidades mais sustentáveis e ecologicamente equilibradas. Estabelecer uma interação entre a cidade e a natureza através da diversidade de usos do espaço
público,
irá
trazer
o
bem-estar,
a
saúde
consequentemente melhorar o modo de vida da cidade.
da
população
e
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1.1.1 – Espaços Livres Públicos – Conceitos, experiência e uso.
O espaço público pertence ao poder público, portanto é considerado como aquele que é de uso comum e posse de todos, porém, pode ser livre ou possuir algumas restrições de acesso. Os espaços públicos não funcionam de modo isolado, eles são sempre parte de “um complexo sistema continuo e hierarquizado. É pela continuidade da rede dos espaços públicos que a cidade vai tomando a sua forma, e pela permanência no tempo dos espaços públicos que uma cidade constitui sua memoria.” (HUET, 2001 p.148)
Na cidade, o espaço público tem papel determinante, porque é o local onde as atividades coletivas se desenvolvem. É importante que o espaço da cidade seja agradável, convidativo, que cause sensações e tenha significado a fim de tornar a cidade viva. “Atividades sociais exigem a presença de outras pessoas e incluem todas as formas de comunicação entre as pessoas no espaço público. Se há vida e atividade no espaço urbano, então também existem muitas trocas sociais. Se o espaço da cidade for desolado e vazio, nada acontece.” (Gehl, 2014, p.22)
Nos espaços públicos, é de fundamental importância a presença de pessoas que convivem, comunicam-se e fazem trocas sociais entre si; que dão vida a esses lugares, pois a coexistência de grupos diferentes proporciona muitos benefícios. Jan Gehl (2014) ainda enfatiza que “o espaço público deve ser vivo, utilizado por muitos e diferentes grupos de pessoas”. Embora esses espaços sejam de grande importância nas cidades, são frequentemente negligenciados pelo poder público, que na maioria das vezes não os valorizam. Todavia o espaço público deve ser gerido de uma forma democrática com a finalidade da garantir a todos os grupos da sociedade a oportunidade e a liberdade de se expressar. Gehl após analisar áreas habitacionais em algumas cidades diz: “A conclusão é que construir edifícios altos para criar densidades muito altas e spaços públicos ruins não é uma receita útil para cidades vivas, ...”.(GEHL, 2014, p.68)
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1.1.2 – Espaço Público Residual
O espaço público residual é o que sobra entre os espaços privados ocupados (...) um espaço forçosamente sem forma própria, sem sistema simbólico preciso e sem nome, insignificante e inominável no sentido etimológico da palavra. (HUET, 2001, p.147). Espaço residual é um elemento que sempre fez parte dos processos culturais, sendo resultado de uma intervenção específica em um local que originam espaços urbanos que não funcionam, ou seja, é um vazio urbano, muitas vezes caracterizando-o como área ociosa, onde cada espaço residual tem sua característica particular. A intervenção no espaço residual tem como objetivo potencializar o lugar, criando um local de encontro qualificado, que convida e contribui para a vida do local, tornando a cidade um lugar de pessoas e para as pessoas.
1.1.3 – Horta Urbanas
As hortas urbanas tem trazido um novo olhar para o mundo já a alguns anos, na Europa, como em Portugal e na Inglaterra. No Brasil essa consciência é mais recente. Várias iniciativas relacionadas à criação de hortas urbanas em espaços públicos têm acontecido na cidade de São Paulo; como também, programas governamentais e a mídia tem estimulado essa consciência e as ações têm acontecido por iniciativas individuais. A horta comunitária, também chamada de horta coletiva, traz a experiência do contato com a terra aos moradores de cidades grandes, promovendo a ocupação e a revitalização de terrenos ociosos; além de, oferecer vegetais sem o uso de agrotóxicos, portanto demonstram ser um local onde os conceitos da sustentabilidade são colocados em prática. A ocupação dos espaços por horta comunitária traz aos pedestres uma aproximação maior com a natureza, reconectando os moradores da cidade com o meio ambiente.
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[...] na cidade, há uma diversidade de problemas, mas, também, de estratégias locais que buscam a permanência e sobrevivência na cidade. A agricultura é uma dessas estratégias que, no caso em questão, não é consequência da necessidade de produzir alimentos, mas garantir a permanência de um morador em um lugar específico da cidade. (COUTINHO, 2010, p. 148).
A horta traz também a questão da educação; principalmente, quando envolve as crianças; uma vez que, mostrar a importância dos cuidados que devemos ter com a natureza desde cedo, faz a nova geração pensar mais sobre como o espaço está sendo usado e; por isso, incentivar a construir uma sociedade mais sustentável. As hortas urbanas fazem o consórcio3 e a rotação de culturas, fatores importantes para aumentar a diversificação da fauna e flora local, a fim de que os problemas diminuam. Geralmente são orgânicas já que usam alternativas naturais para o controle de pragas e doenças, logo as espécies são cultivadas sem o uso de agrotóxicos; aumentando a qualidade dos produtos consumidos pelas famílias da comunidade. As principais espécies cultivadas nas hortas comunitárias são: alface, repolho, alho, rúcula, couve, espinafre, cenoura, beterraba, rabanete, boldo, sálvia e outras plantas medicinais. Para fazer uma horta urbana comunitária é necessário dispor de espaço, ela inicia-se a partir de um grupo de pessoas que tomam a iniciativa de reutilizar um espaço abandonado da cidade para o cultivo de vegetais (hortaliças, legumes, verduras e frutas) e são mantidas por pessoas pertencentes a uma comunidade que dispõe de tempo e dedicação.
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Fonte:http://www.agencia.cnptia.embrapa.br – O consórcio de culturas é caracterizado pela maximização de espaço mediante o cultivo simultâneo, num mesmo local, de duas ou mais espécies com diferentes características quanto à sua arquitetura vegetal, hábitos de crescimento e fisiologia. As plantas podem ser semeadas ou plantadas ao mesmo tempo ou terem época de implantação levemente defasada, mas compartilham dos mesmos recursos ambientais durante grande parte de seus ciclos de vida, fato que leva a forte interatividade entre as espécies consorciadas e entre elas e o ambiente.
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Todas as ações nas hortas urbanas comunitárias são feitas de maneira voluntária e coletiva e as tarefas devem ser divididas. As mudas, o adubo, a terra, as sementes e a mão de obra ficam por conta da comunidade envolvida, que colaboram e transformam espaços urbanos abandonados em espaços comunitários produtivos.
2 - Estudo caso – Praça e Hortas urbanas
Para este TCC foram estudadas 6 hortas urbanas na cidade de São Paulo e para compreender duas delas foram estudadas as praças em que elas estão inseridas. As hortas foram selecionadas pelo motivo delas serem relevantes e contribuírem para o estudo e para uma possível implantação de um projeto. Foram estudadas as hortas instaladas em praças, espaços residuais e edifícios, analisando as relações sociais, culturais e ambientais com o espaço, a questão da sustentabilidade, da saúde e da qualidade de vida, suas funcionalidades e como elas ocupam os espaços livres. Os estudos de caso foram realizados através de registros fotográficos e coleta de informações com base nas entrevistas que foram realizadas e nas pesquisas, com o objetivo de formar o material, que estruturará e formará a ideia. Foi concluído com o estudo analítico-comparativo.
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03 Figura 01 - Mapa da localização das hortas comunitárias estudadas https://www.google.com.br
01- Horta das Corujas – Praça das Corujas, localizada na Avenida das Corujas, esquina com a Rua Paschoal Vita, no bairro da Vila Madalena, São Paulo-SP. 02- Horta da Praça Victor Civita – Praça Victor Civita, localizada na Rua Sumidouro, 580 – Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo-SP. 03- Horta Comunitária da Saúde, localizada na Rua Paracatu, 66, final da Rua das Uvaias, próximo ao metro Saúde, São Paulo-SP. 04- Horta da City Lapa, localizada na esquina das ruas João Tibiriçá e Barão de Itaúna ao lado da Praça Ângelo Rivetti na Lapa, região oeste de São Paulo-SP. 05- Horta do Shopping Eldorado, localizada na Av. Rebouças, 3970 – no Shopping Eldorado, bairro Pinheiros, São Paulo-SP. 06- Horta da FMUSP, localizada na Avenida Doutor Arnaldo, 455, Cerqueira César, São Paulo-SP. Nestes estudos foi possível perceber que existe comunicação entre os organizadores das hortas e as pessoas que participam; são feitas trocas de informações, de mudas e de sementes. As pessoas estão dispostas a colaborar com outras hortas e entre si, se houver necessidade e até se mobilizarem por algum motivo que seja de interesse das hortas.
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2.1- Praça Dolores Ibarruri (Praça das Corujas) e Horta das Corujas
Horta
Figura 02 - Imagem da Praça das Corujas https://www.google.com.br
A Praça Dolores Ibarruri, conhecida como a Praça das Corujas, está localizada na Avenida das Corujas, esquina com a Rua Paschoal Vita, no bairro da Vila Madalena. A Praça tem incorporada a Horta das Corujas que é aberta à comunidade. A praça tem aproximadamente 800m², possui vegetação variada e seu projeto foi concebido nos preceitos de infraestrutura verde com sistema de drenagem das águas pluviais resolvido por estruturas de “biovaletas” de piso drenante, facilitando sua absorção pelo terreno e lançando o excedente, já limpo, no córrego local.
Figura 03 – Estruturas de biovaletas na Praça das Corujas Arquivo pessoal , 2015
‘
Fonte: http/pracadascorujas.blogspot.com.br
Figura 04 - Planta da Praรงa Dolores Ibarruri (Praรงa das Corujas)
Horta das Corujas
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A presença de áreas verdes no espaço público da Praça das Corujas é de fundamental importância para a cidade, pois contribui para a qualidade ambiental.
Figura 05 – Equipamentos públicos da Praça das Figura 06 – Riacho das Corujas na Praça das Corujas - Arquivo pessoal, 2015 Corujas - Arquivo pessoal, 2015
O Riacho das Corujas que nasce na Rua Heitor Penteado passa pela Praça das Corujas aberto, ao ar livre e limpo, mas em outro trecho, o rio está canalizado e enterrado sob o canteiro central da Avenida Frederico Hermann Jr. Horta das Corujas – da ideia a criação Em uma segunda visita a Horta, Madalena Buzzo, que mora em frente à Praça das Corujas e é membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (Cades-Pinheiros), conta como foi a criação da horta. A ideia de fazer a horta em uma Praça Pública surgiu no início de 2012 dentro de um grupo virtual, que falava sobre hortas urbanas e domésticas, chamado Hortelões Urbanos e, tinha como objetivo inicial, divulgar a ideia de hortas urbanas. O processo de mobilização aconteceu através de uma primeira reunião presencial desse grupo, em um lugar neutro e, posteriormente em um encontro já na Praça, para ver as possibilidades de se fazer a horta. Nessa conversa presencial na Praça, foram levantadas várias questões e uma principal era como usar o espaço público para esta função.
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Um pequeno grupo foi até a Subprefeitura local para levantar as possibilidades de se fazer uma horta e garantir a boa comunicação com o Poder Público. Foi obtida a autorização para a implantação da horta; e além da subprefeitura, obteve-se o apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e do Centro de Controle de Zoonoses 4. Em julho de 2012, pessoas interessadas em fazer a horta compareceram à primeira reunião de voluntários da horta das corujas.
Horta das Corujas – Características
A Horta das Corujas está localizada na Praça Pública das Corujas, usando entorno de 5% do espaço dela e é experimental com o objetivo de criar um ambiente de convívio social e educação ambiental, além de incentivar o contato com a terra.
Figura 07 – Vista Leste da Horta das Corujas Arquivo pessoal, 2015
Figura 08 – Canteiros da Horta das Corujas Arquivo pessoal, 2015
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Conforme a prefeitura de São Paulo: O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São Paulo é o órgão responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais (zoonoses), através do controle de populações de animais domésticos (cães, gatos e animais de grande porte) e controle de populações de animais sinantrópicos (morcegos ... www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/...zoonoses/.../index.php?p...
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O acesso à horta é livre e feito por portões sem cadeados, sendo cercada apenas para evitar que animais entrem e causem danos às plantações. Há boa insolação na horta e existe um olho d’água no local onde foi implantada, que forma um grande lamaçal. A água desse lugar é aproveitada para a irrigação das hortaliças através de cinco cacimbas instaladas na horta, considerando que pelo menos duas delas recolhem sobras de água das outras. Conforme a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), a água da nascente, localizada na Horta das Corujas, destinadas à irrigação das hortaliças está nos limites bacteriológicos do que estabelece a resolução CONAMA n.357/2005 para águas de classe 1 e segundo ela, o solo não se encontra contaminado onde estão sendo cultivadas as hortaliças.
Figura 09 – Cacimbas da Horta das Corujas - Arquivo pessoal, 2015
Foram feitas parcerias com outros movimentos sem fins lucrativos e não aceitam parcerias de empresas que querem usar a horta como greenwashing.5
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Conforme http://www.ecycle.com.br, a tradução do termo greenwashing para português pode ser algo como “lavagem verde” ou "pintando de verde". A definição de greenwashing é relativamente simples. Ele pode ser praticado por empresas e indústrias públicas ou privadas, organizações não governamentais (ONGs), governos ou políticos. Consiste na estratégia de promover discursos, anúncios, ações, documentos, propagandas e campanhas publicitárias sobre ser ambientalmente/ecologicamente correto, green, sustentável, verde, eco-friendly etc. com a intenção primordial de relacionar a imagem de quem divulga essas informações à defesa do ambiente, mas, na verdade, medidas reais que colaborem com a minimização ou solução dos problemas ambientais não são realmente adotadas e, muitas vezes, as ações tomadas geram impactos negativos ao meio ambiente. O greenwashing é como uma propaganda enganosa - uma imagem é passada, porém, a realidade é outra.
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A maioria dos voluntários da horta é da comunidade local e como iniciantes vão aprendendo, com a própria experiência, a lidar com o plantio e a manutenção. Não há um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola responsável pelo projeto, mas quando necessitam de uma informação mais detalhada, procuram por um voluntário que tenha mais conhecimento ou até mesmo, um engenheiro agrônomo do grupo e a proteção contra pragas é feita com defensivos orgânicos. A Horta das Corujas é orgânica, mas não tem selo orgânico. Atualmente o seu principal fim é ser um espaço de educação ambiental para várias reflexões sobre o tema de Agricultura Urbana e também sobre o uso dos espaços públicos de forma participativa. Na visita realizada em fevereiro 2015 foi possível verificar que em todo o espaço da horta comunitária são cultivadas hortaliças e, alguns canteiros estão reservados para projetos educacionais de escolas da região; e tudo é mantido coletivamente. Em conversa informal com algumas pessoas que estavam ali cuidando das plantas, pude perceber a interação, troca de ideias e conhecimentos entre elas e o interesse comum em cuidar do espaço de forma sustentável. Também foi possível vivenciar um ambiente agradável com um caráter diferenciado dentro da cidade de São Paulo. “A ‘participação’ dos habitantes, usuários da cidade e dos actores da sociedade civil na concepção das decisões locais, e mesmo na sua realização, é a primeira necessidade para adaptar a democracia representativa às exigências da sociedade contemporânea. Mas não é uma alternativa. É um complemento”. (ASCHER, 2010, p.128-129)
A horta é adubada pela técnica de compostagem, que
é a
transformação dos restos organicos em composto. O espaço onde ela é feita, a composteira, já existia e possui três baias, que trabalham em sistema de rotação; porém, a horta ainda recebe doação de compostos prontos.
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Figura 10 – Composteira da Horta das Corujas Arquivo pessoal, 2015
Figura 11 – Pessoal retirando os pés de milho na Horta das Corujas - Arquivo pessoal, 2015
Através de uma conversa com uma moradora do bairro, que é membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (Cades-Pinheiros) foram passadas algumas informações, dentre elas, de que além do serviço de limpeza que é feito pela prefeitura, existem dois grupos comunitários cuidando do espaço, que se interagem, são espontâneos, voluntários e que a subprefeitura de Pinheiros tem conhecimento dos mesmos. Um deles cuida da praça como um todo e o outro, chamado grupo base, formado por quatro pessoas, se dedicam as burocracias e comunicação da horta. Quanto à comunicação e trocas de experiências com organizadores de outras hortas urbanas, a moradora confirma que existe sim esse diálogo, até mesmo com hortas não comunitárias e comenta sobre a iniciativa de replicar a horta, afirmando que existe muito interesse; mas no entanto, percebe uma desistência rápida das pessoas, pois uma horta precisa de muitos cuidados e isso não é fácil.
Considerações:
A Praça das Corujas
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A Praça das Corujas é um espaço público e o seu projeto foi concebido nos preceitos de infraestrutura verde, que consiste numa rede de espaços permeáveis e de preferência arborizados (compreendidos os fragmentos de ecossistemas naturais) que se conectam através de ruas e rios renaturalizados, e outros potenciais corredores verdes.6 O projeto da Praça das Corujas, uma praça urbana que integra as seguintes funções: drenagem natural para controle das cheias e tratamento das águas pluviais, recreação e lazer com novos equipamentos e mobiliário, floresta urbana com readequação dos extratos e contenção das margens e taludes, mobilidade urbana, com novos caminhos em pavimentação drenante, com acessibilidade universal e implantação de setor de ciclovia, valorização da vida comunitária e das áreas públicas com o reforço da identidade e imagens locais.
A Horta das Corujas
Contudo, o fato da Horta das Corujas se localizar em uma praça, em um espaço público com fluxo de pessoas constante, faz com que o acesso à horta seja convidativo, prazeroso e destinado ao lazer, porque as pessoas se sentem livres para participar do espaço, influenciados pelo sentimento de direito e pertencimento. A horta comunitária das Corujas, que agrega e fomenta o uso no espaço urbano, tem como principal objetivo ser um espaço de educação ambiental para várias reflexões sobre o tema de Agricultura Urbana e o uso dos espaços públicos de forma participativa e faz parcerias com outros movimentos sem fins lucrativos,
exceto
com
empresas
que
queiram
usar
a
horta
como
greenwashing.(termo definido na página 24)
___________________________ 6
HERZOG, Cecilia P.. Infraestrutura verde. Chegou a hora de priorizar! Minha Cidade, São Paulo, ano 11, n. 130.06, Vitruvius, maio 2011 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/11.130/3900
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Horta das Corujas Local Implantação Conceito Acesso/usos Cultiva
Destino da produção Atividades Manutenção Parcerias
Técnico agrícola/ Engenheiro Agrônomo
Avenida das Corujas Em 2012, na Praça das Corujas / Espaço Público Espaço de convívio social e educação ambiental Livre para todos e uso para plantio de hortaliças Têm plantado aproximadamente 80 espécies entre verduras, legumes e ervas, na qual a maioria é cultivada para demonstração e não para abastecimento. https://hortadascorujas.wordpress.com/japlantamos/ Uso comunitário em que todos podem colher. Espaço reservado para projetos educacionais Oficinas, pic nic, trocas de mudas e sementes. Limpeza feita por voluntários sem uma regra definida Possui parceria com outros movimentos sem fins lucrativos e não aceitam parcerias de empresas que querem usar a horta como greenwashing. ______
Figura 12 – Tabela da Horta das Corujas - Elaboração própria, 2015
2.2 – Horta da Praça Victor Civita
Localização: Rua Sumidouro, 580 – Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. Subprefeitura: Pinheiros Área de aproximadamente 13.468m² O horário de funcionamento da praça: 6h30 às 19h
Horta
Figura 13 – Imagem da Praça Victor Civita
https://www.google.com.br
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A praça é um espaço urbano público de múltiplo uso e de parceria público-privada de gestão, é um exemplo de recuperação urbana. Ocupa uma área, que anteriormente era destinada à incineração de lixo e oferecia riscos à saúde da comunidade através das cinzas enterradas no solo, dos gases e do calor. A praça funciona por meio da portaria nº 139/SPPI/GAB/2008, na qual a Subprefeitura Pinheiros considerou a necessidade de disciplinar o uso, devido às características próprias do lugar e resolve isto através do Regulamento de Uso da Praça Municipal Victor Civita. O fato de a praça ter um horário determinado para funcionar a enquadraria como um parque.
A Associação Amigos da Praça Victor Civita, atua como gestora da Praça. É responsável por sua manutenção e programação sócio cultural, além de estabelecer as regras para o uso do espaço pela comunidade.
Planta da Praça Victor Civita
Fonte:pracavictorcivita.org.br
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Figura 14 –Planta da Praça Victor Civita
Fonte:pracavictorcivita.org.br
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Três cooperativas de material reciclável ocuparam o local depois que o incinerador foi desativado no final dos anos de 1980, dando novo sentido ao espaço. No ano de 2001, a Prefeitura de São Paulo selou um acordo com o Grupo Abril (que tem o prédio em frente à praça). Assinaram um Protocolo de Intenções para viabilizar a recuperação do terreno e transformá-lo em praça pública, revitalizando a área. Conforme o site da Praça Victor Civita, a CETESB, em 2002, realizou as primeiras análises químicas do solo e do prédio do incinerador, junto à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente e com o apoio da Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), confirmando a presença de resíduos contaminantes, de cinzas e metais pesados, acima dos padrões estabelecidos como seguros em toda a área. Foram feitas pesquisas, estudos e projetos para que a nova ocupação do espaço ocorresse sem risco à saúde e em 2006 a recuperação da praça foi iniciada. Foram retirados do solo resíduos e detritos e foi colocada uma camada de 50 cm de terra limpa no local para isolar pontos considerados perigosos e construir superfícies de proteção. Em novembro de 2008, a área já revitalizada como Praça Victor Civita foi entregue à população. Existe um trabalho de conscientização sobre a história do local na praça. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pela Levisky Arquitetos.
Figura 15 – Praça Victor Civita Arquivo pessoal, 2015
Figura 16 – Museu da Sustentabilidade / Antigo Incinerador Pinheiros - Arquivo pessoal, 2015
O prédio do antigo Incinerador Pinheiros sofreu um intenso processo de descontaminação; entretanto, teve suas características arquitetônicas iniciais preservadas e novos usos foram permitidos para o edifício.
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Para evitar o contato com o solo contaminado, foi construído um deck de madeira legalizada na praça. A área do deck possui equipamentos de ginástica, uma pista de caminhada e um palco com arquibancada destinado a eventos culturais abertos à população.
Figura 17 – Parte do bosque original que foi mantido na Praça Victor Civita Arquivo pessoal, 2015
Figura 18 – Deck de madeira e arquibancada na Praça Victor Civita - Arquivo pessoal, 2015
Na Praça de Paralelepípedos, o calçamento original de paralelepípedos foi restaurado e as pedras foram mantidas para garantir a permeabilidade, fundamental para o processo de recuperação natural do solo e ainda contribuir para o escoamento das águas e a diminuição do problema das enchentes.
Figura 19 - Praça de Paralelepípedos na Praça Civita - Arquivo pessoal, 2015
Figura 20 - Área usada para atividades na Victor Civita - Arquivo pessoal, 2015
Atividades de educação ambiental, exercícios físicos, atrações culturais com shows e orquestras gratuitas são feitas na praça. A praça recebe, através de algumas parcerias, atividades como ioga, pilates, cursos de línguas, pintura, danças e oficinas para a terceira idade.
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O conceito de sustentabilidade faz parte do projeto do espaço. A iluminação é feita com LED e a água utilizada nos sanitários e na limpeza sofre tratamento para reuso.
Horta da Praça Victor Civita
Toda a plantação é protegida do solo contaminado e a irrigação é feita com água de reuso e processos de coleta de águas pluviais.
Figura 21 - Canteiros da Praça Victor Civita Figura 22- Irrigação da horta na Praça Civita Arquivo pessoa, 2015 Arquivo pessoal, 2015
As plantas, de todo o jardim e da horta, são irrigadas constantemente a partir de um sistema de irrigação por capilaridade de aproveitamento das águas pluviais, os “tec gardens” 7, que possuem uma estrutura completamente isolada do solo original do terreno.
___________________ 7
www.pracavictorcivita.org.br/Tec garden é um sistema de irrigação que utiliza água de chuva
por capilaridade, sem uso de energia elétrica , bombas ou bicos irrigantes.
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Figura 23 - Sistema Tec Garden - Ilustração Marcelo Corrêa
Há diversos canteiros, que são cultivados por processos de manejo8 sustentável e sem utilização de insumo químico. A colheita de alimentos orgânicos é integralmente doada pela Organização não governamental (ONG) Banco de Alimentos para entidades beneficentes. Um sistema de reaproveitamento de água da praça é feito por um processo de tratamento natural do esgoto do edifício do Museu. O espelho d’água, que contém peixes e plantas aquáticas, é utilizado nesse processo.
Figura 24- Espelho d’água Praça Victor Civita Figura 25 - Horta circular/ Praça Victor Civita Arquivo pessoal, 2015 Arquivo pessoal, 2015
___________________ 8
Manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços.- Fonte: http://www.ibama.gov.br
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O Instituto Verde Escola não faz mais parte do projeto. O instituto desenvolvia programas de educação ambiental com os frequentadores do local.
A horta não fica diretamente no solo, está instalada em vasos suspensos em uma parede. A horta vertical tem como característica principal a possibilidade de aproveitamento de espaços; é indicada para locais onde a introdução de uma horta convencional, isto é, na horizontal se torna impraticável.
Figura 26 - Horta Vertical da Praça Victor Civita Arquivo pessoal, 2015
Considerações: A Praça Victor Civita é um espaço público de múltiplo uso, de parceria público-privada (PPP)
e um exemplo de recuperação urbana,
onde
encontramos um ambiente agradável, que favorece o resgate da convivência, o incentivo cultural, a educação informal, a discussão sobre urbanismo baseada na história do lugar, além do projeto do espaço integrar o conceito de sustentabilidade que abrange as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais, como por exemplo, a parceira pública privada, o espaço cultural inovador, a iluminação feita com LED e o fato da água utilizada nos sanitários e na limpeza sofrerem tratamento para reuso.
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A Horta da Praça Victor Civita se relaciona perfeitamente com a praça, pois ela existe de forma sustentável, cultivando por meio do manejo sustentável, não utilizando insumos químicos e fazendo também o reuso da água.
2.3 - Estudo caso – Horta Comunitária da Saúde
A Horta Comunitária da Saúde fica localizada na Rua Paracatu, 66, final da Rua das Uvaias, próximo ao metro Saúde. O terreno é uma área residual e pertence à Prefeitura Municipal de São Paulo.
Figura 27 – Imagem do terreno da Horta da Saúde - https://www.google.com.br
Passagem através da horta Figura 28 - Planta Baixa da Horta da Saúde Arquivo de Sergio Shigeeda
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A idealizadora do projeto da Horta Comunitária da Saúde é Ana Carolina Ribeiro. Com a ideia de fazer uma horta no espaço público existente na Rua Paracatu, 66, em novembro de 2013, Ana Carolina Ribeiro e Marcela Alecram, distribuíram panfletos pelos prédios da Rua das Uvaias; porém, somente em março de 2014, é que foram iniciados os canteiros e o plantio com várias sementes trazidas do interior por Sergio Shigeeda, que ficou com a responsabilidade de montar a infraestrutura e de conversar com a subprefeitura para conseguir a autorização de uso do espaço. O acesso à horta é livre, porém é fechada com tela e um portão para impedir a entrada de animais; qualquer pessoa pode participar da horta comparecendo ao local, nos encontros, mutirões e acompanhando o projeto.
Figura 29 - Horta Comunitária da Saúde Arquivo pessoal, 2015
Figura 30 - Caixas d’água da Horta da Saúde Arquivo pessoal, 2015
No inicio da horta, surgiram algumas dificuldades, que logo foram superadas; como por exemplo, a quantidade de água necessária para a irrigação. Para fazer a rega das plantas hortaliças era usada água do vizinho do local e de outras pessoas que traziam água de suas residências; porém, percebendo que isso não era suficiente, foram implantadas quatro caixas d’água doadas e, dessa forma, foi possível armazenar a água da chuva, tornando assim, o sistema de irrigação autossuficiente.
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Sergio Shigeeda é o responsável para tratar dos interesses da horta junto à subprefeitura da Vila Mariana e tem o compromisso de ir uma vez por mês na reunião da agenda 219; além de ser participante da Coordenadoria Estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg) da região. Sobre a questão da sustentabilidade, a horta colabora com a natureza, com a cidade, diminuindo o lixo orgânico para o aterro, o transporte e geração de gás poluente. O esterco de cavalo da hípica do parque da Água Branca e as podas de vários prédios do bairro são levados para a horta para fazerem parte da compostagem, além de já ter feito uso de madeiras que estavam nas caçambas das proximidades, reutilizando dentro da horta.
Figura 31- Composteira feita com bambú na Horta da Saúde
Arquivo pessoal, 2015
Hoje a Horta Comunitária da Saúde não solicita mais que a prefeitura faça a limpeza, o pessoal da comunidade tem dado conta dessa tarefa e conseguiram criar uma biodiversidade na horta que não precisa nem usar defensivos. ____________________ 9
A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de
sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Responsabilidade Socioambiental – Ministério do Meio Ambiente
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A horta fez parceria com o Colégio Mika Youtienem, localizado ao lado dela, em junho/2014. Na horta, os alunos do infantil cuidam de um canteiro, aprendem a lidar com a terra e adquirem conhecimento sobre as plantas. Em troca a escola colabora com 3 dias de rega feita pelos próprios alunos, na qual será reduzida para 2 dias, devido a crise da água. Existe a possibilidade de a horta da saúde ser piloto para replicar a iniciativa em outros locais.
Figura 32 - Mutirão do segundo domingo de Abril 2015 - Arquivo pessoal, 2015
Figura 33 – Canteiros da Horta da Saúde Arquivo pessoal, 2015
Considerações:
A Horta Comunitária da Saúde é um espaço público que vem se transformando num local de convivência, envolvendo as pessoas que moram próximas à horta, onde elas plantam, trabalham, cuidam do espaço e tem contato coletivo com os elementos da natureza, tão raro no cotidiano da maioria dos habitantes, nos fazendo repensar a cidade. Pelo motivo da horta se localizar ao lado de uma escola, ocorre também o contato de crianças com esse espaço, um laboratório educacional, experimental e de pesquisas, fazendo com que elas cresçam com a preocupação ambiental, contribuindo para sua formação educacional e formando uma relação nova entre os envolvidos.
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Sobre a questão da sustentabilidade da horta, que colabora com a natureza e com a cidade, os participantes tem a preocupação em gerar alimentos saudáveis e contribuir com a diminuição do lixo orgânico para o aterro, através de ações preventivas visando não afetar o meio ambiente, e de gases poluentes, diminuindo o uso do transporte, colaborando com a natureza e com a cidade.
Horta Comunitária da Saúde Local Implantação Acesso/Usos Cultiva
Destino da produção Atividades
Manutenção
Parcerias Técnico agrícola/ Engenheiro Agrônomo
Rua Paracatu, 66 Espaço público Acesso livre – Possui fechamento com tela e portão Legumes:- Quiabo, berinjela, couve, tomate, chuchu, milho, pepino, pimentão, pimenta biquinho, malagueta e dedo de moça, feijão guandu, .. Verduras:- alface, rúcula, almeirão, repolho, brócolis, couve manteiga, espinafre, mostarda, peixinho, cebolinha, salsinha, coentro, taioba, nirá, shisô, Flor comestível: capuchinha, ora pro nobis, picão, ... Tubérculo: cará-moela , mandioca, cenoura, batata doce, nabo, rabanete, açafrão, yacon, alho, inhame,.. Ervas medicinais:- capim santo, cidreira, boldo, salvia, manjericão, malva, gerânio, poejo, arruda, erva doce, fumo bravo, hortelã, ... A todos as pessoas principalmente aos que tem maior necessidade. Espaço reservado para projetos educacionais Projetos para reservar canteiros para idosos. Projetos de ocupação de espaços osciosos e replicação de hortas, em parceria com a sub prefeitura e AES-EletroPaulo Uso e cuidados com a horta são coletivos Mutirões: 2º domingo do mês das 9 às 13hs Mutirinhos : outros domingos esporádicos Escala de rega na semana (Segunda a sábado) Existe turma participante escala de rega Colégio Mika Youtien Sub prefeitura da Vila Mariana Acessoria particular de amigos e parentes engenheiros agrônomos
Figura 34 – Tabela da Horta Comunitária da Saúde
- Elaboração própria, 2015
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2.4 – Horta Comunitária da City Lapa
A horta está localizada na esquina das ruas João Tibiriçá e Barão de Itaúna ao lado da Praça Ângelo Rivetti na Lapa, região oeste de São Paulo.
Horta
Figura 35 – Imagem do terreno da Horta da City Lapa
www.googleearth.com.br
A Horta da City Lapa fica em um espaço público residual de acesso livre com aproximadamente 70 m² de área não cercada; é frequentada pela comunidade local e por pessoas que trabalham na região e chegam de trem ao bairro. Possui um caminho, que permite a passagem de pessoas e flores de cosmo, que colorem o espaço; além dos bancos de toco de árvore, uma cacimba para a rega, uma caixa de jataís (abelhas sem ferrão) e cerca de cem espécies de plantas medicinais, aromáticas, comestíveis e condimentares bem cuidadas e produzindo, graças à manutenção feita por 15 voluntários.
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Figura 36 – Horta Comunitária da City Lapa Arquivo pessoal, 2015
Em abril de 2014, a nutricionista Neide Rigo, moradora da Rua de Tibiriça, e a dentista Ana Campana incomodadas com o terreno público, próximo à casa delas, que estava abandonado e com entulhos tomaram a iniciativa de chamar vizinhos para limpar o canteiro com o objetivo de melhorar o espaço e criar uma horta. O subprefeito da Lapa, Ricardo Pradas, foi informado da intenção de cuidar do espaço, que contribuiu mandando serventes do Alô Limpeza e todos os moradores da rua João de Tibiriça concordavam que o espaço precisava ser melhorar.
Figura 37-Cacimba para rega na Horta City Lapa Figura 38 – Passagem dentro da Horta City Lapa Arquivo pessoal, 2015 Arquivo pessoal, 2015
Alguns vizinhos mais distantes e incomodados com a horta fizeram críticas recentemente por causa do capim santo plantado na calçada no lugar do mato, alegando que atrapalharia a mobilidade. Conforme a nutricionista Neide Rigo, as críticas se concentravam no fato de o grupo não ter assumido formalmente a administração do espaço. A subprefeitura da Lapa fez obras de reparo nas calçadas no entorno da área.
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Figura 39 - Horta da City Lapa antes do reparo Arquivo pessoal, 2015
Figura 40 - Horta da City Lapa depois do reparo Arquivo pessoal, 2015
Figura 41 – Vista noroeste da Horta City Lapa Arquivo pessoal, 2015
Considerações:
A Horta Comunitária da City Lapa fica em um espaço público residual de acesso livre, um espaço de convivência, mantido pela vizinhança. É uma horta pequena e têm caráter de elemento agregador, pois é um lugar de encontro, de contatos sociais; que fomenta o uso do espaço público, porém nem todos concordam com essa iniciativa de ocupar o espaço com horta, por não gostarem ou acharem que a horta degrada o espaço urbano.
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Horta Comunitária da City Lapa Local
Implantação Acesso/Usos
Cultiva
Destino da produção Atividades Manutenção
A horta está localizada na esquina das ruas João Tibiriçá e Barão de Itaúna ao lado da Praça Ângelo Rivetti na Lapa, região oeste de São Paulo. Espaço urbano público Acesso livre da comunidade, que inclui moradores e pessoas que trabalham na região e chegam de trem ao bairro. Legumes: feijão guandu, feijão mangalô, mini pepino (Melothria Fluminensis), araruta, vinagreira, beldroega, mangarito,... Verduras: Flor comestível: capuchinha, cosmus, malvaviscos, jambu. Tubérculo: batata doce roxa, alho Ervas medicinais: capim santo, manjericão-anis, manjericão-cravo, alfazema, quioiô, planta-curry, folhade –curry, alecrim, pimentas, citronela A todos as pessoas principalmente aos que tem maior necessidade. Uso e cuidados com a horta são coletivos Mutirões: 2º domingo do mês
Parcerias Figura 42 – Tabela da Horta da City Lapa
- Elaboração própria, 2015
2.5- Estudo caso – Horta do Shopping Eldorado
Horta
Figura 43 – Imagem da localização do Shopping Eldorado www.google.com.br
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O projeto da horta do Shopping Eldorado começou há três anos junto com o Núcleo Bioideias e foi uma consequência do projeto de compostagem. A horta no telhado do Shopping produz legumes e verduras livres de agrotóxicos, que são destinados aos próprios colaboradores do Shopping Eldorado; trabalhando, pois com o tripé da sustentabilidade: o meio ambiente, a economia e o social.
Figura 44 – Horta Shopping Eldorado /Telhado Verde Arquivo pessoal, 2015
Para entender o funcionamento e como é a ocupação do espaço pela horta no Shopping Eldorado, foi feito um agendamento para a visita ao Shopping em março de 2015 com Kauan Gomes Ramalho, que faz parte da Empresa Núcleo Bioideias e também pesquisa e desenvolve soluções ao meio ambiente com o uso de tecnologia inovadora. A empresa no Shopping Eldorado realiza a gestão de resíduos orgânicos. O projeto começou inicialmente com uma betoneira e hoje possui uma unidade compacta de tratamento de resíduos orgânicos automatizada.
Figura 45 – Unidade compacta de tratamento de resíduos orgânicos automatizada
Figura 46- Ilhas de triagem no ShoppingEldorado Arquivo pessoal, 2015
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O tratamento de resíduos orgânicos começa na praça de alimentação onde foram criadas ilhas de triagem. Os funcionários da limpeza recebem as bandejas do almoço e separam os resíduos entre orgânico e reciclável, de acordo com as normas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos; portanto, recebem os sacos separados por cor, no qual o destinado ao orgânico possui a cor marrom. Após essa triagem, um funcionário leva o resíduo orgânico, as sobras de alimentos, para a unidade de tratamento, a fim de que recebam serragem para retirar a umidade e dar balanço ao composto e enzimas que aceleram o processo de compostagem, de modo a retirar o odor desagradável; ao final, são transformadas em adubo que será usado na horta.
Figura 47 – Processo de compostagem/Adubo no Shopping Eldorado - Arquivo pessoal, 2015
Figura 48 – Condensador do sistema de refrigeração de ar na cobertura do Shopping Arquivo pessoal, 2015
Figura 49- Plantio em caixas no telhado do Shopping Eldorado - Arquivo pessoal, 2015
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Considerações: A horta do Shopping Eldorado é de uso público controlado, não tem caráter de elemento agregador, de fomentar o uso no espaço urbano por ser uma horta privada, mas usa tecnologia inovadora e exclusiva quando faz o processo do composto orgânico. O Shopping Eldorado com a horta na sua cobertura, um telhado verde, produz alimentos frescos e ajuda a reduzir o consumo de energia com o ar condicionado; resfriando naturalmente o interior do estabelecimento. O fato de o Shopping Eldorado fazer o processo de compostagem no edifício, a fim de reaproveitar o lixo que seria descartado, contribui para a redução da emissão de gases poluentes, consequentemente com o meio ambiente, quando diminui a quantidade de serviços feitos por caminhões, que enviariam o lixo aos aterros sanitários.
Horta no telhado do Shopping Eldorado Local Implantação
Conceito Acesso/Usos Cultiva
Destino da produção Atividades Manutenção Parcerias
Shopping Eldorado No telhado do Shopping Eldorado/Espaço privado e de uso público Acesso controlado Legumes: Tomate, quiabo, berinjela, abóbora, jiló Verduras: alface, Flor comestível: Tubérculo: Ervas aromáticas e medicinais: manjericão, confrei, hortelã, erva cidreira Funcionários Espaço reservado para projetos educacionais Feita pela empresa Bioideias Empresa Bioideias que é responsável pela: Compostagem, gestão resíduos orgânico, reciclagem e unidade de tratamento
Técnico agrícola/ Engenheiro Agrônomo Figura 50 – Tabela da Horta no telhado do Shopping Eldorado - Elaboração própria, 2015
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2.6 – Horta Comunitária da FMUSP
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) está localizada na Avenida Doutor Arnaldo, Cerqueira César, São Paulo.
Horta
Figura 51 – Imagem da localização da FMUSP e do espaço da Horta Fonte: www.googleearth.com
A Horta comunitária da FMUSP ocupa uma área de 300m², está localizada dentro do prédio da FMUSP, no teto do edifício de serviços, que possui área total de cerca de 500m² e o acesso é feito por escada. A Horta teve início em maio de 2013 e a ideia de fazer a horta comunitária partiu da Thais Mauad, professora do Departamento de Patologia da FMUSP.
Figura 52 –Vista noroeste da Horta da FMUSP – Bombonas apoiadas em cavaletes - Arquivo pessoal, 2015
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Na visita feita à Horta Comunitária da FMUSP em abril de 2015, Thais conta que ficava olhando para o espaço vazio inutilizado, árido e cimentado, em frente à sua sala de trabalho através da janela e pensava em fazer uma horta. Por ela morar próximo à Horta das Corujas, esta a inspirou a fazer a Horta da FMUSP e aderiu à ideia de usar as bombonas 10 através do site da Université de Montréal, acessado quando ela fazia pesquisas na internet sobre o assunto. Conversando com pessoas da FMUSP, ficou sabendo que Paulo Zembruski, com formação em Técnico Agrícola e também um Jornalista, cuidava de uma horta no biotério da FMUSP; então entrou em contato com ele, que passou a ser voluntário e colaborar na Horta da FMUSP.
Figura 53 – Uso das bombonas na Horta da FMUSP Arquivo pessoal, 2015
Para o funcionamento da horta Thais solicitou e obteve autorização do diretor da faculdade para ocupar o espaço. Conversou com meia dúzia de pessoas e pelo email institucional informou os funcionários sobre a intenção de fazer a horta. Criou uma página no facebook e a partir daí, através de um primeiro encontro, a horta iniciou-se.
Foram trazidas mudas de plantas do
Ceasa, as primeiras bombonas e foi feita uma festa de inauguração. ___________________ 10
Bombona Conceito geral: recipiente com seção retangular ou poligonal, destinado ao transporte e estocagem de líquidos. Bombona de plástico opaco Abreviação: BOMBO PLAS OPC Bombona de plástico translúcido Abreviação: BOMBO PLAS TRANSL – Fonte: http://portal.anvisa.gov.br/
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O local onde a horta está instalada é em um espaço físico construído, que possui boa incidência solar, disponibilidade de água e é de fácil acesso. O acesso à água para a rega das plantas é através de uma torneira próxima à horta, porém está sendo requisitado à faculdade construir uma caixa d’água para a captura de água pluvial. Os materiais que já foram utilizados em outros locais são reaproveitados na horta, a terra usada vem de uma composteira dos jardins da faculdade e o esterco vem da Agua Branca. Na horta, não é feito o uso de nenhum tipo de agrotóxico para os cuidados com as plantas, estas têm poucas pragas, entretanto as couves sempre estão com pulgão, que tem sido combatido com folhas de fumo e folhas de mamão picada.
Figura 54 – Área de apoio da Horta da FMUSP Arquivo pessoal, 2015
Figura 55 – Caixas de isopor reaproveitadas na Horta da FMUSP Arquivo pessoal, 2015
Um projeto de pesquisa, que estuda o papel da poluição nas hortas, está sendo feito no laboratório de poluição da FMUSP pela Thais. O projeto expôs couve e espinafre em duas bombonas de dez hortas de São Paulo durante três meses para estudar a influência da poluição do ar no conteúdo de metais nas folhas, que já foram recolhidas e encaminhadas para a análise na USP de Ribeirão Preto, no qual a faculdade tem parceria. A horta tem apoio institucional da diretoria da faculdade para a sua manutenção, que é feita por funcionários voluntários da FMUSP e por mutirões semanalmente; contudo, sempre há necessidade de mais voluntários, pois há muito trabalho a ser feito.
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Conforme o que Thais disse: “dificilmente pessoas do entorno vão à horta e que, encontrar voluntários, tem sido uma tarefa difícil.” Existe contato com as pessoas de outras hortas que acabam se conhecendo nos eventos.
Considerações:
A horta da FMUSP de uso público e acesso livre tem caráter educacional, as pessoas e os funcionários ao participarem dela são beneficiados com o espaço por ter grande biodiversidade de plantas, como também ensina sobre alimentação saudável, exige exercício físico dos voluntários ao fazerem a manutenção da horta e os fazem conhecer pessoas de outros setores da FMUSP através da convivência comunitária. Busca ser ecologicamente sustentável, pois preserva a saúde, a natureza e polui menos, quando não faz uso de agrotóxicos e reaproveita os materiais. Horta Comunitária da FMUSP Local Avenida Doutor Arnaldo, Cerqueira César, São Paulo Implantação No prédio da Faculdade de Medicina da USP Espaço privado de uso público Conceito Educacional Acesso/Uso Acesso livre Cultiva Legumes: chuchu, quiabo, tomate, berinjela, pimentão, pimenta... Verduras:- alface, almeirão, rúcula, repolho, acelga suíça, espinafre, chicória, ... Flor comestível: capuchinha, Tubérculo: beterraba, Rizona: gengibre. Ervas aromáticas e medicinais: manjericão, melissa, tomilho, cebolinhas, salsinhas , verbena alecrim Destino da produção Pública Atividades Espaço reservado para projetos educacionais Oficina de ervas medicinais sementes Manutenção É feita por voluntários e um grupo de idosos Mutirões – às quintas após as 17h e sexta feira ao meio-dia. Parcerias Técnico agrícola/ Não possui Engenheiro Agrônomo Figura 56 – Tabela da Horta Comunitária da FMUSP - Elaboração própria, 2015
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2.7 - Considerações finais dos estudos de casos
Por meio das análises das hortas urbanas concluímos que cada uma delas tem a sua história, sua característica, seu entorno, ocupando o espaço de formas diferentes de acordo com os interesses das pessoas que organizam e participam desses espaços.
As hortas são diferentes mesmo estando em condições parecidas, com isso a análise comparativa das hortas foi realizada conforme o espaço em que se encontram, portanto foram divididas entre as localizadas em praças: a Horta das Corujas e a Victor Civita, em edifícios: a Horta do Shopping Eldorado e a da FMUSP e em espaços residuais: a Horta Comunitária da Saúde e a City Lapa.
Hortas que estão em praças A horta comunitária das Corujas é um espaço público com fluxo
constante de pessoas, o lugar é convidativo e as pessoas se sentem livres para participar. Tem como principal objetivo ser um espaço de educação ambiental para várias reflexões sobre o tema de Agricultura Urbana e o uso dos espaços públicos de forma participativa e faz parcerias com outros movimentos sem fins lucrativos, exceto com empresas que querem usar a horta como greenwashing. A Horta comunitária das Corujas foi implantada diretamente no terreno de uma forma natural e é cercada, com acesso livre por um portão sem tranca e bem diferente da Horta da Praça Civita que possui horário para o funcionamento. A Praça e a Horta das Corujas têm como premissa a infraestrutura verde e a Horta da Praça Vitor Civita o manejo sustentável. Esta não fica diretamente no solo como aquela, pois possui seus canteiros suspensos, pelo motivo de ter o terreno contaminado. Então foi necessário construir um deck e o acesso à horta é feito somente pelos responsáveis da Praça Vitor Civita.
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Hortas que estão em edifício
A Horta do Shopping Eldorado não favorece o uso do espaço urbano porque é particular com acesso público controlado, sendo necessário fazer um agendamento, além da horta se localizar na cobertura do edifício e precisar de monitoramento para que não ocorram acidentes, todavia ela colabora com o meio ambiente quando faz a coleta seletiva de lixo. Já a Horta do edifício público da FMUSP é pública, comunitária, de acesso livre, e fomenta o uso do espaço urbano por conseguir fazer o encontro dos funcionários e dar vida ao espaço, mas por localizar-se dentro do grande espaço da Faculdade, a horta está diante da condição de que pessoas em transito na rua dificilmente saberão da existência dela. Na Horta do Shopping Eldorado, o cultivo é feito através de caixas plásticas, enquanto na Horta da FMUSP são utilizadas as bombonas. Porém ambas possuem sua produção, ou seja, o cultivo e a colheita direcionada aos funcionários.
Hortas que estão em espaços residuais
Essas hortas ficam diretamente no solo, de uma forma natural. A Horta da Saúde é comunitária, cercada com tela, com um portão, de acesso público, como também é um elemento agregador, que fomenta o uso do espaço público por ser um lugar onde existe convívio social, encontros, trocas de aprendizado e atividades intensas, quando as pessoas fazem a manutenção e participam da horta diariamente. Está localizada em um terreno de área propícia para horta, contudo diferencia-se da Horta City Lapa que localiza-se em uma área bem menor, uma esquina cortada por uma passagem. A Horta da City Lapa é comunitária de acesso livre e não cercada, na qual pessoas vizinhas à horta fazem a manutenção e pessoas de passagem, que usam o trem para acessar o bairro, acabam se interessando e colaborando com os cuidados na horta, porém algumas críticas foram feitas pela forma com que o espaço é ocupado.
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As hortas comunitárias urbanas como: a Horta a das Corujas, da Saúde, da City Lapa e da FMUSP são elementos de composição que requalificam os espaços livres e são instrumentos que articulam a relação das pessoas com os espaços, portanto é possível resgatar o espaço público como lugar de vivência através delas. Em geral, após as análises, constata-se que em nenhuma das hortas estudadas, a agricultura representa um abastecimento significativo de alimentos nas cidades, todavia elas têm como característica o fortalecimento de comunidades locais e podem potencializar o uso do espaço público com maior qualidade. As pessoas que utilizam a horta podem se tornar “zeladores” do espaço e ajudarem na manutenção da área. Com a pesquisa realizada, foi possível perceber o quão benéfico é implementar um projeto de horta urbana principalmente as comunitárias, sobre os mais diversos aspectos, especialmente no que diz respeito ao meio ambiente, sociedade, economia e políticas públicas.
3 – Área Proposta do Projeto de Requalificação do Espaço Urbano 3.1 – Leitura do Lugar
Na primeira parte deste Trabalho de Conclusão de Curso foi escolhida a Praça Horácio Bortz, localizada na Rua Adão Norberto de Andrade, Jurubatuba, São Paulo – SP, mas, após as considerações apontadas e de uma nova análise do local foi identificado que o entorno pouco residencial da praça, poderia não ser interessante para propor a requalificação e uma horta comunitária no local. A busca por um novo espaço público mais favorável se direcionou para a zona sul identificando áreas já estabelecidas como praça com um uso efetivo, apesar da carência de projeto do espaço livre. A área escolhida para a requalificação do espaço livre com implantação de uma horta comunitária é a Praça José Auriemo, que está localizada entre a Rua Manuel Vaz e Avenida João Batista Di Vitoriano, no bairro Jardim Consórcio, na cidade de São Paulo/SP e possui uma área de aproximadamente 8.297m².
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A seguir a história do local apresentará seu potencial para requalificação e proposta de projeto.
Figura 57 – Localização da Praça José Auriemo
https:// www.google.com
3.1.1 - A história do bairro Jardim Consórcio
O projeto de loteamento do Jardim Consórcio foi feito com “o planejamento de suas vias, onde as de acesso principal são avenidas de duas pistas, separadas por canteiro central.’’(PONCIANO, 2004, p.134). Existem praças e área de lazer no bairro. “O cuidado com a arborização e a cessão de uma grande área onde foi construída e está em funcionamento a Escola Municipal Conde Pereira Carneiro” (PONCIANO, 2004, p.134), que localiza-se próximo a Praça José Auriemo. No bairro foi construído o Shopping Interlagos a partir da segunda metade da década de 1980, que sofreu um grande e positivo impacto, transformando o tranquilo bairro residencial.
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3.1.2 - A Praça José Auriemo e o Córrego Zavuvus
Próximo à Praça José Auriemo, localiza-se o Córrego Zavuvus, também conhecido como Ribeirão do Aterrado, que nasce na Vila Joanisa em território da Subprefeitura de Cidade Ademar e deságua no Rio Jurubatuba (Rio Pinheiros) em território sob jurisdição da Subprefeitura de Santo Amaro, na Zona
Sul
da
cidade
de
São
Paulo,
possuindo
uma
extensão
de
aproximadamente 8.235 metros. O Córrego Zavuvus pertence à bacia hidrográfica do Córrego do Zavuvus.
Figura 58 – Mapa da Bacia Hidrográfica do Córrego Zavuvus – Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/
Uma parte do córrego foi canalizado nos anos 80, pelo Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Vias e Recuperação Ambiental e Social de Fundos de Vale (PROCAV) 11, para a abertura da Avenida Yervant Kissajikian e a outra parte corre aberto.
___________________ 11
Procav, Programa de Canalização de Córregos e Implantação de Vias de Fundo de Vale, foi criado em 1987, e em 1993 a sigla passou a designar o Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Vias e Recuperação Ambiental e Social de Fundos de Vale.
57
O Córrego Zavuvus possui um sistema de macro drenagem, que hoje é insuficiente devido a expansão urbana da região e uma série de obras estruturais ao longo de seu trecho são propostas para o controle de enchentes na região do córrego. Conforme Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) - Readequação Hidráulica da Bacia do Córrego Zavuvus, emitido pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura de São Paulo, as intervenções propostas são estudadas desde a década de 80, visando atendimento ao Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo – PDESP/2002. O artigo 272 do plano diretor vigente define o Programa de Recuperação de Fundos de Vale com a implantação de parques lineares: “Art. 272 - O Programa de Recuperação de Fundos de Vale é composto por intervenções urbanas nos fundos de vales, articulando ações de saneamento, drenagem, implantação de parques lineares e urbanização de favelas.’’
O Anexo XVI – Livro XVI Plano Regional Estratégico da Subprefeitura da Cidade Ademar fica estabelecido a implantação de parque linear no Córrego
Zavuvus, no trecho onde se encontra em seu estado natural com margens ocupadas por habitações precárias, atendendo às seguintes diretrizes:
integrar o caminho verde proposto no PDE ao projeto do parque linear;
recuperar e requalificar as margens do córrego Zavuvus por meio de cobertura vegetal apropriada;
implantar travessias de pedestres para acesso aos fundos dos lotes que o margeiam.
A readequação hidráulica da Bacia do Córrego Zavuvus, tem por objetivo reduzir a frequência de inundações nas Subprefeituras de Santo Amaro e Cidade Ademar, nos bairros por onde o Córrego passa, inclusive no Jardim Consórcio, fazendo também a recuperação dos componentes paisagísticos urbanos, a canalização e a implantação de parques lineares ao longo do Córrego e no entorno do Canal a céu aberto. O vídeo no endereço https://www.youtube.com/watch?v=7x5eDG2zaZQ,
explica
sobre
a
58
readequação do Córrego Zavuvus, mas não apresenta um projeto definido pela Prefeitura do Município de São Paulo. Sendo assim, a escolha deste local fica ainda mais justificada como possível projeto piloto para a continuidade de proposta de parque linear do Zavuvus.
O mapa abaixo identifica as áreas inundáveis na Bacia do Córrego Zavuvus e dentro dessa área mostra a localização da Praça José Auriemo, no Jardim Consórcio.
Figura 59 – Identificação das áreas inundáveis do Córrego Zavuvus – Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br
59
3.1.3- Zoneamento da Praça José Auriemo e seu entorno, conforme Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.
Conforme o Plano Diretor Estratégico (Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014), a área estudada está inserida na: Macroárea de Qualificação da Urbanização: é caracterizada pela existência de usos residenciais e não residenciais instalados em edificações horizontais e verticais, com um padrão médio de urbanização e de oferta de serviço e equipamentos.
A área pertence à Subprefeitura de Santo Amaro e a maior parte é de zona mista. Zona Mista são porções do território em que se pretende promover usos residenciais e não residenciais, inclusive no mesmo lote ou edificação, com predominância do uso residencial, com densidades construtiva e demográfica baixas e médias.
Em uma porção da área lindeira a Avenida Interlagos está demarcada como Zonas de Estruturação da Transformação Urbana Previsto(ZEUP). Zonas de Estruturação da Transformação Urbana Prevista (ZEUP) são porções do território em que pretende promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva altas e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado à implantação do sistema de transporte público coletivo.
Na área do entorno também há presença de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), como as ZEIS 1 e 3 que se classificam como: Zona Especial de Interesse Social – ZEIS são porções do território destinadas, predominantemente, à moradia digna para a população da baixa renda por intermédio de melhorias urbanísticas, recuperação ambiental e regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares, bem como à provisão de novas Habitações de Interesse Social – HIS e Habitações de Mercado Popular – HMP a serem dotadas de equipamentos sociais, infraestruturas, áreas verdes e comércio e serviços locais, situadas na zona urbana. ZEIS 1 são áreas caracterizadas pela presença de favelas, loteamentos irregulares e empreendimentos habitacionais de interesse social, e assentamentos habitacionais populares, habitados predominantemente por população de baixa renda, onde haja interesse público em manter a população moradora e promover a regularização fundiária e urbanística, recuperação ambiental e produção de Habitação de Interesse Social; ZEIS 3 são áreas com ocorrência de imóveis ociosos, subutilizados, não utilizados, encortiçados ou deteriorados localizados em regiões dotadas de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas, boa oferta de empregos onde haja interesse público ou privado em promover Empreendimentos de Habitação de Interesse Social.
60
Figura 60 – Mapa do zoneamento do entorno da Praça José Auriemo Fonte: Conforme Plano Diretor Estratégico
61
Os
dados
do
mapa
acima
retirado
do
http://www.camara.sp.gov.br/zoneamento/mapa-interativo/ em 14/09/2015 às 01:07hs consta uma grande área ao lado do Shopping Interlagos como sendo uma área verde. Esta informação está incorreta pelo fato de no local existir residências e o Shopping Interlar Interlagos.
Figura 61 - Localização do Shopping Interlar Interlagos https://www.google.com.br/maps/@-23.6731688,-46.6758182,575m/data=!3m1!1e3
Figura 62 - Shopping Interlar Interlagos
Arquivo Pessoal, 2015
62
3.1.4 - Análise do entorno da Praça José de Auriemo No entorno da Praça José Auriemo, a ocupação do solo interferiu nos processos e fluxos naturais do local. A ocupação do território é constituída por predomínio de ocupação horizontal residencial, sendo em sua maioria casas e sobrados geminados. Há presença de alguns condomínios verticais e de condomínios horizontais; também existem Instituições de ensino, Instituição religiosa e a Casa de Abrigo Rita Luiza da Cunha. Um pouco mais afastada da praça há favelas, loteamentos irregulares e empreendimento habitacionais de interesse social – ZEIS.
Figura 63 – Sobrados geminados no entorno da Praça José Auriemo -
Arquivo pessoal, 2015
Para a construção do mapa de uso do solo no entorno da Praça José Auriemo, foram feitas várias visitas, registrando e fazendo um mapeamento detalhado e uma análise real do uso e ocupação do solo, sendo possível criar categorias para representar os tipos de uso e ocupação. Esse levantamento foi fundamental para entender o local.
63
Figura 64 – Mapa do Uso e Ocupação Solo e Eixo Estruturação do entorno da Praça José Auriemo - Elaboração própria, 2015
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3.2 – Análise das características da Praça José Auriemo
A topografia do terreno da praça apresenta declive acentuado reforçando a topografia de vale do local.
Figura 65 – Maquete da topografia do terreno da Praça José Auriemo Elaboração própria, 2015
O acesso à praça pode ser feito somente por dois de seus lados, pela Avenida João Batista Di Vitoriano e pela Rua Manuel Vaz, os outros dois lados estão na divisa com muros de residências. O acesso pela avenida, que está no nível mais alto, é feito por duas escadas e este lado da praça possui talude arborizado que dificulta a visão da rua, que é movimentada. O acesso pela Rua Manuel Vaz, que é mais tranquila, também é feito em dois locais, sendo um por escada e outro quase no nível da rua, que é ruim, porém sendo possível ser usado por portadores de necessidades especiais.
Figura 66 - Acesso por escada através da Avenida João Batista Di Vitoriano Arquivo pessoal, 2015
Figura 67 – Acesso pelo nível mais baixo da praça, através da Rua Manuel Vaz Arquivo pessoal, 2015
65
A praça possui árvores de médio e grande porte, bancos ao longo dos canteiros, caminhos distribuídos e rebatidos e não há lixeiras, além de uma pequena arquibancada, equipamentos para ginástica e playground. A partir das análises feitas no local, através de observação, registros fotográficos e elaboração de mapas, foi verificado que a praça é utilizada pelos moradores do bairro e desempenha um importante papel como espaço de uso coletivo.
Figura 68 - Vista da Praça José Auriemo – Arquivo pessoal 2015
Figura 69 – Uso da praça pelos moradores do bairro - Arquivo pessoal, 2015
Figura 70 – Playground e Equipamentos Ginástica Figura 71 – Arquibancada na praça – Arquivo pessoal 2015 Arquivo pessoal, 2015
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3.2.1 - Iluminação
A praça recebe uma boa incidência de raios solares na sua maior área, porém é sombreada nas áreas onde possui espécies arbóreas de médio e grande porte.
Figura 72 – Incidência solar às 10:21hs sob a Praça José Auriemo – Arquivo pessoal, 2015
Figura 73 – Incidência solar às 15:48hs sob a Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
Durante a noite a iluminação da praça é boa e em uma pequena parte da praça, onde a topografia é mais acentuada e há maior quantidade de árvores, a iluminação é menos efetiva.
Figura 74 – Iluminação da Praça José Auriemo – Arquivo pessoal, 2015
Figura 75 – Parte menos iluminada da Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
67
3.2.2 - Espaço de permanência e de passagem
Observar por um tempo a área e fazer um diagnóstico de como as pessoas do entorno a usam, é uma experiência importante; principalmente porque nessa análise é possível entender como ocorre a intervenção humana no ambiente. Através do registro e das análises dos comportamentos,
dos
movimentos, das atividades praticadas, dos fluxos e do tempo de permanência, foram feitos mapas comportamentais de permanência e passagem na praça, analisando também o gênero dessas pessoas.
3.2.3 – Permanência na Praça José Auriemo
Na análise foi constatado que tem sempre alguém usando a quadra de futebol, mesmo nos dias da semana e no sábado a quantidade de pessoas que permanecem na praça é bem maior do que durante a semana. No dia 08/08/2015, um sábado, houve a permanência de muitas pessoas na praça. Na quadra nove pessoas jogavam futebol, dentre elas duas meninas. Seis meninos permaneciam em um ponto da praça e outros quatros em outro canto, no qual praticavam o grassboard, um esporte que mescla pranchas de sandboard com morros de grama.
Figura 76 – Uso da quadra na Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
Figura 77 – Prática de Grassboard na Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
68
Na visita em que fiz à praça no dia 10/08/2015 conheci Dona Cecília, que mora em frente à praça, e ela me disse que na sua infância, existia um pequeno córrego em um espaço da praça, com peixes; comentou também, sobre a existência de um poço d’água na Igreja Batista que mina água na garagem subterrânea e quase escapa água para rua, falou ainda da existência do abrigo ao lado da praça e do seu João que é um guarda da rua, e gostou muito da ideia de ter na praça a horta comunitária. No dia 11/08/2015 conheci seu João, que é guarda da rua há muitos anos. Ele falou da existência da mina d’água na praça e mostrou a caixa coletora de águas pluviais, que se localiza próximo ao campo de futebol.
Figura 78 – Boca de lobo na Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
Figura 79– Presença de água no solo da praça Arquivo pessoal, 2015
A presença da mina d’água na praça e a proximidade do Córrego Zavuvus são fatores que interferiram na tomada de decisões em algumas das intervenções propostas para o espaço no capítulo 5.
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Neste dia três pessoas estavam jogando bola e uma delas ainda andou de bicicleta em volta da quadra, também encontrei novamente a dona Cecília que logo deixou a praça, ela estava com uma amiga e me disse que já tinha feito exercícios nos aparelhos.
Figura 80 – Permanência na Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
Na praça conversei com pessoas que permaneceram por algum tempo e dentre elas eram pessoas que trabalham no entorno, que permaneceram na praça para tomar sol, algumas que esperavam outra pessoa e um senhor que sempre estava na praça em um determinado horário e fazia leitura de um livro.
Figura 81 – Uso da Praça José Auriemo como espaço de permanência
- Arquivo pessoal, 2015
No dia 12/08/2015, um casal com sua filha pequena permaneceram na praça usando os equipamentos, por quase todo o tempo da visita que fiz.
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Figura 82 – Uso dos equipamentos na Praça José Auriemo - Arquivo pessoal, 2015
No dia 13/08/2015, conheci a dona Ivone que mora ao lado da Escola Conde Pereira Carneiro, ela permaneceu na praça por quase uma hora e me contou um pouco de sua história da vida; disse que chegou ao bairro em 1979, que já trabalhou na escola e sabendo do estudo que estou fazendo sobre a praça confirmou a presença do pequeno córrego, que chegava por onde hoje existe a parede do abrigo e disse também, que o rio foi canalizado em 1979, logo depois da chegada dela ao bairro.
Na visita feita no dia 12/10/2015, observa-se que a grama está bem alta na praça, inclusive a grama também cresceu entre os paralelepípedos presente no piso.
Figura 83 – Falta de manutenção na Praça José Auriemo Arquivo pessoal, 2015
A partir das visitas realizadas na praça, foram elaborados os mapas apresentados a seguir que ilustram o gênero e quantidade de pessoas no local, bem como a insolação e localização dos usos.
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Figura 84 – Mapa Comportamental de permanência na Praça José -1 - Elaboração própria, 2015
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Figura 85 – Mapa Comportamental de permanência na Praça José - 2 – Elaboração própria, 2015
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3.2.4 - Passagem na Praça José Auriemo
Conforme análises feitas no local, foi constatado que a maioria das pessoas utiliza a praça na semana apenas como um espaço de passagem. A existência da escola municipal próxima à praça faz com que seja grande o fluxo de pessoas do bairro cruzando o local para deixar e buscar seus filhos. Alguns pais chegam com seus filhos um pouco antes do horário de entrada na escola e permanecem na praça utilizando os equipamentos instalados e o mesmo também acontece quando do retorno para casa após as aulas.
Figura 86 – Uso da Praça José Auriemo como espaço de passagem - Arquivo pessoal, 2015
No período de observação feito na praça, foi constatado que o caminho principal de passagem e com maior número de pessoas cruzando, é o que levam as pessoas até a escola. Foram feitos registros e análises do gênero das pessoas de passagem e ficou confirmado que é maior o número de pessoas do sexo feminino cruzando a praça. Com os dados coletados, foram feitos os mapas apresentados a seguir que ilustram os fluxos conforme usos, no período estudado na Praça José Auriemo. Os caminhos de passagem na praça foram representados como: caminho principal, caminho secundário e secundário 1.
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Figura 87 – Mapa de fluxos na Praça José Auriemo -1 Elaboração própria, 2015
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Figura 88 – Mapa de fluxos na Praça José Auriemo -2 Produção autora, 2015
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4 - Proposta de Requalificação Urbana
Após o entendimento da história do local, da situação topográfica, da bacia hidrográfica e das visitas técnicas de análise a pesquisa propõe elementos para a requalificação deste espaço público. Com base na análise dos dados anteriores foi constatado que a Praça é mais utilizada como um espaço de passagem do que de permanência e que a falta de manutenção do patrimônio público desestimula uma permanência maior no espaço. A proposta de requalificação urbana na Praça José Auriemo propõe o projeto com uma nova mobilidade e novos usos para o local, além da proposta de horta comunitária. O projeto inclui a reorganização dos espaços da praça, alteração nas estruturas físicas, no mobiliário urbano e revestimento de piso. Na vegetação propõe-se manter as espécies existentes e a inclusão de novas de forma a reorganizar e construir um espaço com a configuração de um conjunto harmônico. O estudo da Praça das Corujas colaborou para que toda a proposta fosse fundamentada no conceito de infraestrutura verde, com sistema de drenagem das águas pluviais e piso drenante, buscando melhores condições de vida dos habitantes do entorno, da região, melhorando o clima, a qualidade do ar, água e do solo, trazendo benefícios para as pessoas. Também, o projeto propõe rua compartilhada, que privilegia os pedestres e as bicicletas, integrando a área natural a área urbanizada, além da valorização da escala humana no espaço público.
4.1 – Diretizes projetuais
O projeto objetiva a requalificação do espaço fortalecendo o caráter de permanência e convívio na praça propondo novas áreas de estar e atividades a serem realizadas no local de maneira a atrair e promover novas formas de uso e apropriação, integrando as pessoas.
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Conforme (Jan Gehl, 2014, p.15), através das melhorias urbanas consegue-se “criar convites para movimentação e permanência de pedestres”.
5 – Projeto
Para a Praça José Auriemo, o projeto propõe:
A horta na praça, como elemento ativo da sociabilidade da vida urbana;
A inclusão de uma cascata d’água e outros dois tanques de água na praça;
Novo acesso por rampa, com a remodelação e ampliação da arquibancada e o alargamento da calçada;
Placas de concreto drenantes e granitos para o piso;
Requalificação e criação de novos espaços na praça;
Rua compartilhada
78
5.1 - Elementos componentes para a requalificação da Praça
Horta
Acessibilidade
Arquibancada
Drenagem das águas pluviais
Cascata d’água
Piso
Prática de grassboard
Quadra poliesportiva
Playground e aparelhos de ginástica
Autor na praça
Pic-Nic
Pocket Show
Rua compartilhada
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5.1.1 - A Horta
O projeto propõe a horta urbana na praça, fato que acontece em algumas hortas estudadas, como no caso da Horta na Praça Victor Civita e na Praça das Corujas. Através do estudo da Horta das Corujas localizada na Praça das Corujas, foi constatado que a ocupação do espaço urbano e o trabalho
de
plantio
nele
realizado
pelas
pessoas
proporciona,
coletivamente, um contato com os elementos da natureza. Isto, tão raro no cotidiano dos habitantes, principalmente das crianças que desperta não apenas a preocupação ambiental, mas uma nova relação entre as pessoas envolvidas. A horta é um instrumento de transformação do espaço público e de agregação da comunidade, cuja prática estimula o trabalho em equipe e a troca de experiências, contribui, pois, para melhorar a qualidade de vida dos participantes na cidade. Nos estudos de caso feitos pode-se constatar que o trabalho em equipe e a troca de experiência acontecem realmente na horta e transforma o espaço público. Por isso, instalar a horta comunitária na Praça José Auriemo agregará e promoverá vida social a ela, isto é, requalificá-la como elemento ativo da sociabilidade da vida urbana. Fundamentada nos estudos que comprovam a relação de parceria da Horta da Saúde com o Colégio localizado a seu lado, a proposta de requalificação da Praça José Auriemo propõe ações para que a horta, após a sua instalação na praça, tenha uma função educativa através da parceria com alunos da Escola Conde Pereira Carneiro. Com a intenção de fazer dela um local de convivência a horta oferecerá um ambiente para o desenvolvimento de atividades extraclasse e programas de educação ambiental. Como na Horta da City Lapa, a horta a ser instalada na Praça José Auriemo, também terá o acesso livre, não será cercada e as pessoas de passagem poderão colaborar com os cuidados, fazendo a sua manutenção.
81
O projeto não propõe um único local para horta; a proposta é pulverizar os espaços de horta em toda a praça. Em algumas áreas ela está no piso e em outras na vertical para melhor aproveitamento dos muros que ladeiam o espaço. A escolha das espécies vegetais levará em conta a insolação em cada área específica. A horta espalhada na praça tem o objetivo de convidar mais pessoas a permanecerem no espaço e de criar possibilidades de usos diferenciados: pic nic, educação ambiental.
Figura 90 – Proposta da horta para a Praça José Auriemo Arquivo pessoal, 2015
Para que a criação da horta comunitária urbana funcione no espaço é necessário que um grupo da comunidade local tenha o interesse e abrace essa ideia; contudo, somente isso não garantirá que a horta funcione, portanto partilhar a ideia é um caminho a seguir. Convidar mais pessoas para se juntar ao grupo e ter apoio de organizações, agregará conhecimento e contatos contribuindo para que o projeto funcione. Em conversas informais nas visitas técnicas, alguns moradores do entorno demonstraram interesse nessa requalificação e gostaram da ideia da implantação da horta, portanto estabelecer um processo participativo com a comunidade é fundamental para que efetivamente as demandas do local sejam atendidas.
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83
5.1.2 - Acessibilidade
A acessibilidade ao espaço livre público é fundamental para a qualidade de vida na cidade. Na configuração atual da Praça José Auriemo, o acesso do cadeirante só pode ser feito pela Rua Manuel Vaz, criando assim uma barreira transversal que impede o percurso contínuo no espaço público. O projeto propõe um novo acesso por rampa, através da Avenida João Batista Di Vitoriano, no local onde hoje
possui o acesso por
escada,
eliminando
assim a barreira
e
potencializando a acessibilidade. Também propõe o alargamento da calçada e cria acesso permitindo o food truck na praça. Ao lado da cascata d’água foi proposto um novo acesso a praça, por escada, pela Avenida João Batista Di Vitoriano. Subir e descer a escada ao lado da cascata é uma experiência interessante, é agradável. A escada existente, um pouco mais adiante, mas ainda bem próxima à cascata, foi retirada. Um novo acesso foi proposto no projeto, fazendo convite ás pessoas a usar a praça, através da remodelação e ampliação da arquibancada, que chegará ao nível da Avenida João Batista Di Vitoriano. O acesso à praça, através da Rua Manuel Vaz, existente hoje é feito por dois locais que serão mantidos, porém o acesso existente por escada é limitado e o outro acesso quase ao nível da rua é feito parte por piso de concreto e parte por terra, é muito ruim. A proposta feita para estes locais é de ampliar o acesso feito pela escada e dar qualidade ao outro local, através da inclusão de um novo piso, permitindo um bom acesso aos cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Na página 86, o corte CC mostra o novo acesso proposto pela rampa.
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5.1.3- Arquibancada A arquibancada existente é pequena e o projeto proposto para a requalificação da praça inclui novos usos, alterando a configuração do espaço. Desta maneira propõe-se a remodelação da arquibancada e a sua ampliação, que, tirando partido da declividade da praça, chegará ao nível da Avenida João Batista Di Vitoriano
Figura 92 – Arquibancada existente na praça Arquivo pessoal, 2015
Figura 93 - Arquibancada proposta
Elaboração própria, 2015
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5.1.4- Drenagem das águas pluviais
Conforme análise na Praça José de Auriemo e informações de pessoas do seu entorno, ficou constatado que a drenagem das águas de chuva foi resolvida com a canalização que ocorreu em 1980.
5.1.5- Cascata d’água
Para a revitalização da praça, o projeto previu cascata artificial com placa de concreto, por onde será feito o escoamento das águas por gravidade, que será coletada da mina que fica no nível mais baixo que o topo da cascata, sendo direcionada e reaproveitada na horta, além de ter um sistema de circuito fechado que circulará a água. Os espelhos d’agua refrescam e ajudam a reduzir a temperatura em dias quentes. Lawrence Halprin usa forma geométrica e água corrente em suas obras, de forma harmônica e suave. A figura baixo é da Fonte Ira keller, foi desenvolvido em parceria com a arquiteta Angela Danadjieva .
88 Figura 96 – Fonte Ira Keller – Lawrence Halprin http://landscapevoice.com/wp-content/uploads/2012/08/Portland-Ira_Keller_Fountain.jpg
Aproveitando a configuração do terreno, a cascata está prevista na área da praça onde possui um desnível de 8 metros. A cascata possui quatro tanques de água e vários degraus hidráulicos fazem parte da queda da água quebrando a velocidade de descida nos tanques 1,2 e 3, do tanque 3 a água cai a uma altura de 3,87m para o tanque 4, essa água caindo cria o som de cachoeira no ambiente natural.
Figura 97 – Cascata d’água proposta para a Praça José Auriemo - Elaboração própria, 2015
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5.1.6- Piso
A escolha do piso para praça é um aspecto fundamental principalmente quanto os aspectos de segurança e conforto das pessoas que utilizam. Para o piso da praça propõe-se o uso das placas de concreto drenantes que possuem superfície regular e deixam a água penetrar no solo permitindo a microdrenagem das águas pluviais, além de ajudar a combater inundações e enchentes. O Granito com acabamento antiderrapante irá compor alguns desenhos de piso e foi escolhido por ter sua estrutura resistente a diversos tipos de dano.
5.1.7- Prática de “Grassboard “
Na praça há uma tentativa de praticar o “grassboard ”, no local onde isto ocorre está sendo proposto a readequação do espaço para esse uso, fazendo da praça um lugar que abriga acontecimentos capazes de animar seu uso.
Figura 99 – Prática de “grassboard ” Fonte: http://www.inema.com.br/mat/idmatp026885.htm
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A área onde se pratica grassboard na praça fica localizada próximo a cascata d’água e possui desnível de 8,16 metros e inclinação de 28,87% .
Figura 100 – Área da prática de grassboard na Praça José Auriemo Elaboração própria, 2015
Figura 101– Corte da área de prática de grassboard na Praça José Auriemo Elaboração própria, 2015
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5.1.8- Quadra Poliesportiva
Na praça atual a quadra é somente para futebol, o projeto propõe a quadra poliesportiva com a finalidade de que crianças, jovens e adultos do bairro possam praticar diversas modalidades, promovendo assim a recreação, estimulando o encontro dos alunos da escola vizinha, além de ser palco de eventos esportivos. A quadra proposta possui dimensões de 16m de largura por 27m de comprimento, com piso cimentado.
Figura 102 – Quadra poliesportiva proposta
Elaboração própria, 2015
5.1.9- Playground e Aparelhos de Ginástica
Entre as mudanças propostas para a praça está a criação de um novo local para o playground e aparelhos de ginásticas, que se localiza entre a quadra e as hortas.
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5.1.10- Autor na Praça
O projeto propõe a mesma área onde acontece o Pocket Show para o Autor na Praça, porém há outros locais na praça em que podem também ser usado para esse fim. Na Praça Benedito Calixto, o Autor na Praça é um projeto que acontece duas vezes ao mês.
Conforme o site da Praça Benedito Calixto,
http://www.pracabeneditocalixto.com.br/programacao.htm,
‘’o
AUTOR
NA
PRAÇA surgiu como uma iniciativa da difusão da literatura integrada a outras formas de manifestações artísticas, através do encontro entre escritores, artistas, autores de forma geral com o público, em espaços populares: as praças, parques, etc. Além das atividades recreativas e de entretenimento, existe o compromisso no aspecto cultural, social e pedagógico, como espaço para encontros, atividades literárias, apresentações musicais e outras manifestações que promovam a inclusão e exercício da cidadania. O Autor na Praça da Praça Benedito Calixto recebe o jornalista e crítico de arte Luiz Ernesto Kawall.
Figura 103 – Autor na Praça da Praça Benedito Calixto http://Kleberpatricio.blogspot.com.br/
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5.1.11- Pic-Nic
Para o Pic-Nic a área proposta fica próxima á cascata, onde possui bancos e é sombreada, mas na praça há outras áreas que também podem ser usadas para esse fim.
Figura 104 – Área para pic-nic na praça
Elaboração própria, 2015
5.1.12- Pocket Show
O “Pocket Show” é uma expressão usada para shows de curta duração. A área proposta para o Pocket Show se localiza próximo à entrada da praça, pela Rua Manuel Vaz, onde o acesso é próximo ao nível da rua. Esse evento é importante, porque faz um convite às pessoas a permanecerem na praça. O “Pocket Show”, dos artistas do grupo “Estação do Circo”, diverte o público na Praça XV de novembro em São Carlos, SP.
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Figura 105 – Pocket Show na Praça
http://www.saocarlos.sp.gov.br
5.1.12- Rua Compartilhada
O projeto propõe que a Rua Manuel Vaz seja compartilhada; que a rua seja um local para se estar e não apenas para passar, estimulando as pessoas a usufruírem dos espaços públicos com qualidade e segurança. Para que a rua seja compartilhada serão feitas demarcações que sinalizarão o espaço, porém os carros continuaram a acessá-la, mas a prioridade será sempre do pedestre. A rua compartilhada atende os critérios estabelecidos por Gehl, que dá ênfase na escala do pedestre. Conforme (Gehl , 2014, p.119), “na cidade ao nível dos olhos a vida acontece a pé.” Conforme Michael king (2014) “..... A solução são ruas em que os carros trafeguem devagar, as pessoas caminhem melhor e as conexões sejam mais práticas”. Michael King foi o primeiro Diretor de "traffic calming" de Nova Iorque, projetou as primeiras ruas compartilhadas dos EUA e ajudou a originar as primeiras rotas seguras para escolas.
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Em entrevista dada para Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (Plamus) da Grande Florianópolis, Michael King explica conceito de “ruas completas” e seus benefícios às cidades e diz: “Em sua origem, a rua não era apenas uma via de acesso a um local e, sim, o próprio local. Um espaço para se estar, passar o tempo, interagir com outras pessoas. Essa lógica original das ruas como espaços públicos de convivência e bem-estar voltou à tona de 10 anos para cá”. O bairro planejado Pedra Branca localizado em Palhoça, na Grande Florianópolis, SC, teve a primeira “rua compartilhada” do Brasil.
Figura 106 – Rua compartilhada em Palhoça – Florianópolis, SC. http://embarqbrasil.org/content/ruas-completas-por-mais-qualidade-de-vida-nas-cidades
‘ Figura 107 – Proposta da rua compartilhada no projeto Arquivo pessoal, 2015
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6 - Considerações finais
As praças exercem um papel importante no espaço público urbano, como local de uso comum, de decisões, de convívio e de lazer de toda comunidade, portanto fortalecer a função da praça como local de permanência é fundamental. A presente pesquisa se mostrou relevante para promover subsídios que direcionassem diretrizes para a requalificação do espaço livre público da Praça José Auriemo através da implementação de horta comunitária e outros elementos de composição do espaço. Após analisar as características da área de intervenção e fornecer um diagnóstico a seu respeito, pode-se traçar as diretrizes para a definição e apresentação do partido. O projeto não pretende esgotar o assunto, mas traz a proposta para requalificação da área, com o objetivo de levar à apropriação do local pelos usuários. A praça deve se tornar um lugar de estar, que será visto como um local a ser visitado e não apenas como uma distância a ser percorrida, qualificando o pedestre como usuário, aproximando-o ao uso da praça e potencializando o espaço coletivo. Com isso, solucionando as questões constatadas na Praça José Auriemo, como a de ser mais utilizada como um espaço de passagem do que de permanência e a falta de manutenção do patrimônio público ocasionando a pouca utilização do espaço. A valorização da área livre trará resultados positivos para a praça, como para seu entorno, que virá a ser potencializado. Todas as diretrizes foram essencialmente fundamentadas no conceito da infraestrutura verde, bem como na pesquisa e fundamentação teórica obtida anteriormente para chegar à proposta final. Considera-se que a implementação da proposta trará grandes benefícios para os usuários da área e para a paisagem urbana do bairro.
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Lista de Figuras Figura 01 – Mapa da localização das hortas comunitárias estudadas .......................................19 Fonte: https://www.google.com.br Figura 02 – Imagem da Praça das Corujas ................................................................................20 Fonte: https://www.google.com.br Figura 03 – Estruturas de biovaletas na Praça das Corujas ......................................................20 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 04 – Planta da Praça Dolores Ibarruri (Praça das Corujas) ............................................21 Fonte: https://pracadascorujas.blogspot.com.br Figura 05 – Equipamentos públicos da Praça das Corujas ........................................................22 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 06 – Riacho das Corujas na Praça das Corujas .............................................................22 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 07 – Vista Leste da Horta das Corujas ...........................................................................23 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 08 – Canteiros da Horta das Corujas ..............................................................................23 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 09 – Cacimbas da Horta das Corujas .............................................................................24 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 10 – Composteira da Horta das Corujas..........................................................................26 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 11 – Pessoal retirando os pés de milho na Horta das Corujas......................................26 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 12 – Tabela da Horta das Corujas .................................................................................28 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 13 – Imagem da Praça Victor Civita ................................................................................28 Fonte: https://www.google.com.br Figura 14 – Planta da Praça Victor Civita ..................................................................................30 Fonte: pracavictorcivita.org.br Figura 15 – Praça Victor Civita ...................................................................................................31 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 16 – Museu da Sustentabilidade / Antigo Incinerador Pinheiros .....................................31 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 17 – Parte do bosque original foi mantido na Praça Victor Civita....................................32 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 18 – Deck de madeira e a arquibancada na Praça Victor Civita .....................................32 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 19 – Praça de Paralelepípedos na Praça Victor Civita ...................................................32 Fonte: Arquivo pessoal, 2015
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Figura 20 – Área usada para atividades na Praça Victor Civita .................................................32 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 21 – Canteiros da Praça Victor Civita .............................................................................33 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 22 – Irrigação da horta na Praça Civita ...........................................................................33 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 23 – Sistema Tec Garden - Ilustração Marcelo Corrêa ...................................................34 Fonte: Ilustração Marcelo Corrêa Figura 24 – Espelho d’água Praça Victor Civita .........................................................................34 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 25 – Horta circular da Praça Victor Civita .......................................................................34 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 26 – Horta Vertical da Praça Victor Civita .......................................................................35 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 27 – Imagem do terreno da Horta da Saúde ...................................................................36 Fonte: https://www.google.com.br Figura 28 – Planta Baixa da Horta da Saúde .............................................................................36 Fonte: Arquivo de Sérgio Shigeeda Figura 29 – Horta Comunitária da Saúde ...................................................................................37 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 30 – Caixas d’água da Horta da Saúde ..........................................................................37 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 31 – Composteira feita com bambú na Horta da Saúde .................................................38 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 32 – Mutirão do segundo domingo de abril 2015 ............................................................39 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 33 – Canteiros da Horta da Saúde ..................................................................................39 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 34 – Tabela da Horta Comunitária da Saúde ..................................................................40 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 35 – Imagem do terreno da Horta da City Lapa ..............................................................41 Fonte: www.googleearth.com.br Figura 36 – Horta Comunitária da City Lapa ..............................................................................42 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 37 – Cacimba para rega na Horta City Lapa ...................................................................42 Arquivo pessoal, 2015 Figura 38 – Passagem dentro da Horta City Lapa .....................................................................42 Arquivo pessoal, 2015 Figura 39 – Horta da City Lapa antes do reparo ........................................................................43 Arquivo pessoal, 2015
100 Figura 40 – Horta da City Lapa depois do reparo ......................................................................43 Arquivo pessoal, 2015 Figura 41 – Vista noroeste da Horta City Lapa ..........................................................................43 Arquivo pessoal, 2015 Figura 42 – Tabela da Horta Comunitária da City Lapa..............................................................44 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 43 – Imagem da localização do Shopping Eldorado .......................................................44 Fonte: https://www.google.com.br Figura 44 – Horta Shopping Eldorado /Telhado Verde ..............................................................45 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 45 – Unidade compacta de tratamento de resíduos orgânicos automatizada ................45 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 46 – Ilhas de triagem no Shopping Eldorado ..................................................................45 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 47 – Processo de compostagem/Adubo no Shopping Eldorado .....................................46 Arquivo pessoal, 2015 Figura 48 – Condensador do sistema de refrigeração de ar na cobertura do Shopping ...........46 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 49 – Plantio em caixas no telhado do Shopping Eldorado...............................................46 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 50 – Tabela da Horta no telhado do Shopping Eldorado.................................................47 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 51 – Imagem da localização da FMUSP e do espaço da Horta ......................................48 Fonte: www.googleearth.com Figura 52 – Vista noroeste da Horta da FMUSP- Bombonas apoiadas em cavaletes ...............48 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 53 – Uso das bombonas na Horta da FMUSP ................................................................49 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 54 – Área de apoio da Horta da FMUSP .........................................................................50 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 55 – Caixas de isopor reaproveitadas na Horta da FMUSP ...........................................50 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 56 – Tabela da Horta Comunitária da FMUSP ................................................................51 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 57 – Localização da Praça José Auriemo .......................................................................55 Fonte: https://www.google.com Figura 58 – Mapa da Bacia Hidrográfica do Córrego Zavuvus...................................................56 Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br
101 Figura 59 – Identificação das áreas inundáveis do Córrego do Zavuvus ............................... 58 Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br Figura 60 – Mapa do Zoneamento do entorno da Praça José Auriemo.....................................60 Fonte: Conforme Plano Diretor Estratégico Figura 61 – Localização do Shopping Interlar Interlagos ..........................................................61 Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-23.6731688,-46.6758182,575mldata=!3m1!1e3 Figura 62 – Shopping Interlar Interlagos ...................................................................................61 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 63 – Sobrados geminados no entorno da Praça José Auriemo ......................................62 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 64 – Mapa - Uso Ocupação do Solo e Eixo de Estruturação na Praça José Auriemo....63 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 65 – Maquete da topografia do terreno da Praça José Auriemo ....................................64 Fonte: Elaboração própria Figura 66 – Acesso por escada, através da Avenida João Batista Di Vitoriano ........................64 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 67 – Acesso pelo nível mais baixo da praça, através da Rua Manuel Vaz ...................64 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 68 – Vista da Praça José Auriemo ..................................................................................65 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 69 – Uso da praça pelos moradores do bairro ................................................................65 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 70 – Playground e Equipamentos de ginástica na praça ...............................................65 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 71 – Arquibancada na praça ...........................................................................................65 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 72– Incidência solar às 10:21hs sob a Praça José Auriemo .........................................66 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 73 – Incidência solar às 15:48hs sob a Praça José Auriemo ........................................66 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 74 – Iluminação da Praça José Auriemo ........................................................................66 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 75 – Parte menos iluminada da Praça José Auriemo .....................................................66 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 76 – Uso da quadra na Praça José Auriemo ..................................................................67 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 77 – Prática de grassboard na Praça José Auriemo .......................................................67 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 78 – Boca de lobo na praça José Auriemo .....................................................................68 Fonte: Arquivo pessoal, 2015
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Figura 79 – Presença de água no solo da praça ........................................................................68 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 80 – Permanência na Praça José Auriemo ....................................................................69 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 81 – Uso da Praça José Auriemo como espaço de permanência ..................................69 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 82 – Uso dos equipamentos na Praça José Auriemo ....................................................70 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 83 – Falta de Manutenção na Praça José Auriemo ........................................................70 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 84 – Mapa comportamental de permanência na Praça José Auriemo – 1 .....................71 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 85 – Mapa comportamental de permanência na Praça José Auriemo – 2 .....................72 Fonte: Elaboração próprial, 2015 Figura 86 – Uso da Praça José Auriemo como espaço de passagem .......................................73 Fonte: Arquivo pessoal, 2015 Figura 87 – Mapa de fluxos na Praça José Auriemo – 1 ............................................................74 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 88 – Mapa de fluxos na Praça José Auriemo – 2 ...........................................................75 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 89 – Planta baixa da Requalificação da Praça José Auriemo ........................................79 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 90 – Proposta da horta para a Praça José Auriemo .......................................................81 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 91 – Corte AA longitudinal da Praça Praça José Auriemo .............................................82 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 92 – Arquibancada existente na praça ............................................................................84 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 93 – Arquibancada proposta no projeto ..........................................................................84 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 94 – Corte BB transversal – Arquibancada e escada .....................................................85 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 95 – Corte CC da Praça Praça José Auriemo...............................................................86 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 96 – Fonte Ira Keller .......................................................................................................87 Fonte: http://landscapevoice.com/ira-keller-fountain-park/ e www.google.com.br/search?q=ira+keller+fountain&espv=2&biw=1366&bih=637&tbm=isch&tbo= u&source=univ&sa=X&ved=0CBsQsARqFQoTCKvG58Po_8gCFcWGkAod9GgOVg#imgrc=Cdc ZxkiFLo93GM%3A Figura 97 – Cascata d’água proposta para a Praça José Auriemo ............................................88 Elaboração própria, 2015
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Figura 98 – Corte DD – Cascata d’água....................................................................................89 Elaboração prória, 2015
Figura 99 – Prática de grassboard ............................................................................................90 Fonte: http://www.inema.com.br/mat/idmatp026885.htm
Figura 100 – Área da prática de grassboard na Praça José Auriemo .......................................91 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 101 – Corte da área de prática de grossboard na Praça José Auriemo .........................91 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 102 – Quadra poliesportiva proposta ..............................................................................92 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 103 – Autor na Praça da Praça Benedito Calixto ............................................................93 http://Kleberpatricio.blogspot.com.br/2015/06/0-autor-na-praca-celebra-os-88-anos-do.html
Figura 104 – Área para pic-nic na praça ....................................................................................94 Fonte: Elaboração própria, 2015 Figura 105 – Pocket Show na praça ..........................................................................................95 http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/noticias-2011/158910-o-pinoquio-sera-o-espetaculodeste-domingo-na-praca-xv.html Figura 106 – Rua compartilhada em Palhoça - Florianópolis,SC ...............................................96 http://embarqbrasil.org/content/ruas-completas-por-mais-qualidade-de-vida-nas-cidades Figura 107 – Proposta da rua compartilhada no projeto ............................................................96 http://embarqbrasil.org/content/ruas-completas-por-mais-qualidade-de-vida-nas-cidades
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Processo / Maquete