Junho 2014 Número 126 Ano X Tiragem 3.000 exemplares
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Pescadores da rua Japão Roberto Mário Ruiz, o Beto Camarão, e Yukito Yumoto, contam histórias da rua Japão, em São Vicente. Págs. 2 e 3
Como aproveitar o coco em receitas doces e salgadas. Pág. 7
A Soca do Arroz é parte importante na festa do Divino A festa do Divino Espírito Santo é comemorada em Itanhaém. Págs. 4 e 5
O jeito sergipano de preparar peixe ou camarão no leite de coco. Pág. 7
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Pescadores da Rua Japão
Tradicional reduto de pescadores artesanais, a antiga rua Guamium abriga pescadores de diferentes descendências A tradição da rua Japão, em São Vicente, começa a se formar no início do século 20 com a chegada de moradores que ali começaram a praticar a pesca artesanal. Muitas famílias ainda permanecem no local e tem muita história para contar. Yukito Yumoto, o Yu, nasceu em 1939 na casa de seus pais, no final da rua Japão, próximo ao Rio da Avó. Ali firmou suas raízes e vive até hoje, sempre voltado para a pesca. A rua, que no passado se chamava Guamium, tem um aspecto singular, pois as casas dão sua frente para um lado urbanizado e pavimentado. Nos fundos existe uma pequena praia na baía de São Vicente, onde ao longe se vê a Ponte Pênsil. Roberto Mário Ruiz Sobrinho, o Beto Camarão, é descendente de espanhóis e franceses e nasceu pelas mãos de parteira na casa de seus pais em 1946, também na rua Japão, no mesmo terreno onde ainda reside. “Tudo que eu fiz estava relacionado ao mar”, afirma falando principalmente de sua experiência na pesca do camarão. Amigos desde a mais tenra idade, Beto e Yu foram companheiros nos jogos de futebol, nas pescarias de lazer e de trabalho. As famílias traçaram diferentes caminhos até chegar a São Vicente, e cada uma trouxe a sua contribuição à cultura local. Os avós de Yu chegaram ao Brasil em 1908 a bordo do Kasato Maru. Moraram na Ponta da Praia em Santos por um ano, e depois se mudaram para São Vicente. No EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br
início do século 20, os avós paternos de Beto moravam na Ilha Barnabé em Santos, na época uma comunidade de pescadores. A partir de 1930 o local se transformou em depósito de combustíveis e produtos químicos que até hoje são movimentados pelo porto de Santos, e os moradores tiveram que abandonar a ilha. Assim a família paterna, entre eles o avô espanhol, Mariano, e o pai de Beto, também Mariano, com cerca de oito anos de idade, partiram com seus familiares para rua Guamium, que em 1998 viria se chamar rua Japão. Além dos Ruiz, as famílias Santana e Casela também saíram da ilha Barnabé e ali se estabeleceram, após aterrar parte do mangue. O avô, que era pescador, passou a profissão para o filho Mariano, e mais tarde Beto também entrou na atividade. Os pescadores antigos praticavam diversas artes, desde a pesca de camarão na tarrafa, como com rede diversas, inclusive a captura de siris no mar e caranguejo e marisco no mangue. O pai de Beto ficou conhecido como o Rei do Camarão, pois conseguia encontrar o crustáceo em qualquer mês do ano. De junho em diante o camarão-branco começava a ficar escasso, mas Mariano ainda pescava camarão em gamboas, pequenos braços dos rios de São Vicente. Naquela época ainda não havia a proibição anual de três meses de defeso e era possível sempre encontrar muito camarão nesses locais. Quando Beto conheceu Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida
Yu e o filho Ricardo com mero de 150 quilos em 1998
Yu e sua antiga canoa
Yu coleciona fotos de suas melhores pescarias
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Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - belacarrari@hotmail.com Impressão: Impressão:Diário Diáriodo do Litoral: Litoral Fone.: Fone.:(013) (013)3226-2051 3226-2051 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia
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Yu, o pai Massachi já possuía a Náutica Cortamar que na época era chamada de estaleiro. “A gente era moleque ia pegar goiaba e siri na própria náutica, pescar de tarrafa no canal e jogar bola no campo na rua Japão”, lembra Beto. “Infância muito boa, a gente tinha liberdade de brincar, andar na rua, passava o verão na maré”, acrescenta. Na pesca, aprendeu muito com o pai e também com o amigo Yu, que até hoje se gaba de ter aprendido muita coisa sozinho, “eu e minha canoa”. Na década de 60 o pai de Yu, Massachi, comprou dois barcos para fazer arrasto de parelha, modalidade de pesca em que duas embarcações operam com uma grande rede cônica. Beto, que na época tinha cerca de 18 anos, quis logo embarcar e viver a experiência de passar 10 dias no mar. Mais tarde os barcos de parelha se separaram e um deles começou a pesca de espinhel grosso para pegar cação. Eram cerca de três dias em alto mar, e Beto pegou gosto pela atividade. Em 1972 saiu do barco de espinhel e começou a pescar camarão sozinho nos rios da região, com tarrafa, que foi substituída pelo jerivá em princípios de 1990. No início ia a remo, numa viagem de cerca de duas horas de São Vicente até o estuário de Santos. “Levava mais tempo navegando do que pescando”,
Adriano e as histórias da Ilha
Yu em sua náutica mantém...
A imagem de Nossa Senhora de Loreto está presente na Ilha desde a década de 80
...o contato com a natureza
lembra-se. Beto passou a usar motor a partir da década de 70. Yu, também se orgulha de conhecer todos os caminhos das águas. Além do estuário, navegou no oceano e pescou em várias cidades como Ilhabela, Iguape e Cananeia. Hoje Yu não pesca muito, mas vai todo dia à Náutica Cortamar, sempre tem o que fazer. Gosta de pesquisar e inventar coisas novas. Há mais de 20 anos fez interessantes transformações no jerivá, aparelho simples de pesca que consta de uma rede presa a um arco de cerca de
3 metros que arrasta o fundo mar. Com o uso de um cano de PVC, o arco ficou mais flexível e muitas pessoas aderiram ao novo modelo. Seus antepassados vindos do Japão desenvolveram a pesca da manjuba em São Vicente, que era vendida salgada e seca principalmente para compradores de São Paulo. Essa pesca prosperou até meados de 60 quando a manjuba começou a rarear. “A minha geração se espelhou nos pescadores mais velhos”, lembra-se Beto. “A gente tinha muito respeito,
o que eles diziam era lei”, acrescenta. Além de seguir os ensinamentos dos próprios pais, ouviam os pescadores antigos como Antônio de Castro Lancha, conhecido como seu Tonico, e Claudemiro Ferreira Nobre, entre outros. Hoje, Beto e Yu mantêm a amizade de infância e puderam ensinar às novas gerações as artes aprendidas com os mais velhos. O filho de Yu, Ricardo, 38 anos, representa uma nova geração que dá continuidade à arte da pesca na rua Japão.
Pescadores de Ubatuba recebem carteira de pescador profissional
Adriano da Silva Alves, nascido em Iguape, em 1946, mora há 51 anos em ilha Diana, na área continental de Santos. Memória viva do local, e um dos mais antigos moradores, tem sua devoção em Nossa Senhora do Loreto e no Bom Jesus. Ambas imagens foram doadas pelo antigo capitão Pedro, da Base Aérea de Santos, na década de 80 à comunidade local. Quando se mudou para Ilha, ali não havia luz, água, coleta de lixo, nem transporte regular. Cada um usava seu barco a remo. “As pessoas saíam de chata a remo para Vicente de Carvalho, em Guarujá, amarravam o barco na Base Aérea, e tinham crachá para se identificar”, lembra-se. “Na época, tinha muito mosquito na ilha, agora está um paraíso”, diz. Ele se casou aos
20 anos com Geny e teve quatro filhos, Elisa, Chilico, Lili e Beto. Depois de separado, casou-se com a Josiane e teve duas meninas, Jéssica e Tainá. Os pescadores nos tempos antigos compravam gelo no mercado e punham no isopor. “Criei quatro filhos à custa de pescaria: ostra, marisco, siri, peixe e camarão na tarrafa”, conta. Vendia um pouco, e outro pouco comiam. É carpinteiro civil, trabalhou na Prefeitura mais de 30 anos. Ajudou na construção do Centro Comunitário, da escola, na colocação do calçamento de paralelepípedos na rua principal da Ilha, em 1983, época do antigo prefeito Paulo Gomes Barbosa, pai do atual. Adriano, com sua memória prodigiosa, mantém viva a história de Ilha Diana.
Curso POP foi ministrado na Plataforma Educativa Repsol Sinopec Dia 22 de maio, 30 pescadores de Ubatuba receberam a carteira POP (Pescador Profissional), em cerimônia realizada às 15h na Câmara Municipal de Ubatuba, com as presenças do prefeito da cidade, Maurício Moromizato, do delegado da Capitania dos Portos em São Sebastião, capitão de fragata Marcelo de Oliveira Sá, do presidente da Câmara dos Vereadores, Eraldo Torão, do Secretário de Pesca, Maurici
Romeu da Silva, e o CEO da Repsol Sinopec Brasil, José María Moreno. O curso foi ministrado em pareceria entre a Repsol Sinopec Brasil, a Marinha e a Prefeitura de Ubatuba, que, durante a estadia da Plataforma Educativa Repsol Sinopec na cidade, entre os dias 17 de março e 11 de maio. “A Repsol Sinopec fica muito feliz por poder contribuir para que a classe dos pescadores
se desenvolva e para que cada vez mais profissionais saiam da informalidade. Este é o quinto ano da Plataforma Educativa Repsol Sinopec, que já atendeu a mais de 10 mil pessoas e percorreu cerca de 40 mil quilômetros, sempre com o objetivo de deixar a educação e desenvolvimento social como legado”, afirma José María Moreno, CEO da Repsol Sinopec Brasil. Os pescadores da cidade
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também tiveram a oportunidade de se inscrever gratuitamente nos cursos de “Mecânica preventiva de motores”, “Gestão de resíduos de embarcações” e “Processamento de pescados”. A Plataforma Educativa Repsol Sinopec opera por meio de um sistema itinerante, no qual as aulas são ministradas em uma unidade móvel de 12 metros de comprimento, equipada com computadores e kit multimídia.
Adriano ao lado da placa comemorativa da inauguração do Centro Comunitário e da vinda da água e energia elétrica em 1983
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Coluna
Embraport promove ação especial para celebrar o Mês do Meio Ambiente
Os devo
Em Itanhaém, fieis celebram a festa de longa tradição
As bandeiras vermelhas desfilaram pela cidade de Itanhaém em comemoração à festa do Divino Espírito Santo de 8 de março a 15 de junho. A celebração nasceu em Portugal no século 14, inspirada na devoção da rainha Isabel de Aragão, que mais tarde se tornou santa, e abdicou da Coroa em favor do Divino Espírito. Foi trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses e hoje está também presente na Bahia, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia. A Folia do Divino, com a chegada das bandeiras, prepara os lares e abençoa a todos. A festa tem início com a Erguida do Mastro na praça da Igreja Matriz de Sant´Anna, coordenada pelo Capitão do Mastro, seguida de procissões pela cidade. A solene abertura do Império conta com a presença do imperador e imperatriz, personagens que revivem os soberanos de Portugal, interpelados a propagar o Império Divino. O encerramento da festa acontece com a Descida do Mastro. Um dos pontos altos no dia 7 de junho foi a tradicional Soca do Arroz para o preparo do cuscuz, que teve início às 20h. O arroz é socado no pilão, peneirado e depois colocado na cuscuzeira para cozer no vapor. Na Alvorada Festiva os devotos seguem em procissão, às 5h da manhã, e depois recebem o cuscuz de arroz com café e pão bento. Segundo Manoel Marques, seu Maneco, que há 16 anos ajuda no preparo do cuscuz, numa noite foram utilizados 120 quilos de arroz. Para um bom resultado todos os detalhes são importantes. Rita de Cássia Sales Padovan, há 30 anos na organização da festa, prepara com carinho a massa pilada na erva-doce, já peneirada duas vezes, e ajeita na cuscuzeira, delicadamente embalada num tecido bem fino e leve. Desembala com cuidado e corta em fatias longas, como se fosse pão. O Divino é comemorado em outros locais do Estado de São Paulo como São Luís do Paraitinga, Conchas e cidades à beira do rio Tietê.
Para destacar a importância da preservação dos recursos naturais, a Embraport, um dos maiores terminais portuários privados do País, comemorou o mês do Meio Ambiente com uma ação especial. A Ecoleta, realizada na última sexta-feira, dia 13, reuniu aproximadamente 50 integrantes da empresa em prol dos manguezais existentes no entorno do Terminal. Juntos, os profissionais foram levados a pontos estratégicos, onde o acúmulo de lixo é mais crítico. No total, mais de meia tonelada de lixo foi retirada e encaminhada para reciclagem. “Ações como a Ecoleta visam conscientizar nossos integrantes sobre a importância de sempre adotar a destinação correta para o lixo e promover a preservação dos manguezais com a retirada do lixo”, comenta Gledson Grigio, coordenador de Meio Ambiente da Embraport.
Ouvidoria Embraport: 0800 779-1000 faleconosco@terminalembraport.com.br www.terminalembraport.com.br
As bandeiras do Divino e seus devotos
O cuscuz é cortado em fatias largas
votos do Divino
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Terezinha e a tradição viva
Amanhece o dia e os fieis vem chegando para a Alvorada Festiva
Kristian Klein, o Capitão do Mastro
Terezinha e Rita de Cássia juntas na organização da festa Seu Maneco há 16 anos ajudando no preparo do cuscuz A procissão sai da Igreja Matriz de Sant´Ana
O arroz pilado é peneirado duas vezes
AOsBandeira do Divino devotos do Divino vão abrir sua morada
de Itanhaém. O casal ainda teve mais três filhos em Itanhaém. Sua mãe foi a primeira vereadora a ser eleita na cidade e no Estado de São Paulo, e construiu a primeira maternidade local. Terezinha já foi imperatriz do Divino por duas vezes, em 1941 e 1942 e hoje trabalha para manter a tradição. Em sua memória ainda guarda as festas do Divino em Iguape vividas em sua infância. Lá, ao invés do cuscuz de arroz eram distribuídos sequilhos e brevidade.
Leonel e a tradição pesqueira
O imperador , Alexsandro e a imperatriz Sheila durante a procissão
O cuscuz é distribuído aos fieis às 5h30 da manhã
Terezinha de Jesus Gatto dos Santos há 73 anos trabalha na organização da festa do Divino em Itanhaém. Hoje, aos 85 anos de idade, ainda se lembra das comemorações na cidade de Iguape de onde veio aos nove anos. Em 1939, Terezinha, seus pais Zulmira Fortes Gatto e Manoel Clodomiro Gatto e seus três irmãos e duas irmãs chegaram a Itanhaém, pois Manoel, promovido pelo Presidente Getulio Vargas, passou a ser coletor federal de Conceição
Missa na Igreja Matriz de Sant´Anna
Pra bandeira do menino ser bem-vinda, ser louvada Deus nos salve esse devoto pela esmola em vosso nome Dando água a quem tem sede, dando pão a quem tem fome A bandeira acredita que a semente seja tanta Que essa mesa seja farta, que essa casa seja santa Que o perdão seja sagrado, que a fé seja infinita Que o homem seja livre, que a justiça sobreviva Assim como os três reis magos que seguiram a estrela guia A bandeira segue em frente atrás de melhores dias No estandarte vai escrito que ele voltará de novo E o Rei será bendito, ele nascerá do povo Compositor Ivan Lins
Moradores da cidade e turistas participam da Soca do Arroz
Leonel de Oliveira Santos, 44 anos, nascido em Itanhaém fala da tradição do cuscuz de arroz nas comunidades pesqueiras locais. Vice-presidente da Colônia de Pescadores Z-13 de Itanhaém, passou sua infância no bairro da Ilha do Rio Acima, onde seu tio, o pescador Adrião Marques e a tia Carolina plantavam arroz. “O cuscuz era feito com o arroz recémcolhido”, lembra-se. Hoje ainda algumas mulheres do local ainda preparam a receita. Ele mesmo faz, usando o arroz comprado no mercado, já que as plantações hoje estão reduzidas a poucos produtos, como a mandioca, batata-doce e banana, entre outros. Leonel explica que o cuscuz geralmente é saboreado com o café.
Leonel de Oliveria Santos
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‘Espaço Albatroz’ leva educação ambiental às crianças
Atividades lúdicas com temas ligados à biologia das aves marinhas estão presentes agora em Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá . A partir de 11 de junho, o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, inicia as atividades do ‘Espaço Albatroz’ nas escolas públicas e particulares da Região. É a segunda etapa do Programa ‘Albatroz na Escola’, que sensibiliza os alunos para a biologia dos Albatrozes e atende alunos do Ensino Fundamental I. Na primeira fase, os professores são capacitados pela equipe de educação ambiental do Projeto Albatroz. Depois de assistirem a uma palestra interativa sobre o Projeto Albatroz e a conservação da biodiversidade marinha, as crianças seguem para os jogos e brincadeiras, quando colocam em prática o que aprenderam. Em ‘A Grande Viagem do Albatroz’, fazem o papel do albatroz que viaja de ilhas distantes da Antártica até águas brasileiras para buscar alimento para o seu filhote. Uma das atividades favoritas dos alunos é o Painel de Envergadura, onde podem comparar seu tama-
Serviço:
nho com as maiores asas da natureza, que podem chegar a 3,5 metros. Além destas brincadeiras, o Espaço Albatroz apresenta o Jogo da Memória Marinha - com peças gigantes - e o Cantinho da Leitura e Desenhos: para colorir, desenhar albatrozes e outros animais marinhos, e ler livros infantis sobre o assunto. Professores e alunos recebem cartilhas de educação ambiental marinha gratuitamente. No Livro do Aluno são reunidas atividades práticas, como Liga Pontos, Caça Palavras e Cruzadinhas, enquanto o Livro do Professor serve como material de apoio aos exercícios. Para participar do ‘Albatroz na Escola’, as escolas públicas e particulares de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande devem se inscrever pelo telefone (13) 3324-6008 e agendar a visita da equipe de educação ambiental do Projeto Albatroz. Entre 2011 e 2013, participaram do programa 4.783 alunos e 235 professores do ensino fundamental I. Um dos resultados deste trabalho foi a conquista do Prêmio Comunidade em Ação, do jornal A Tribuna, na categoria ‘Sustentabilidade’.
@Projeto AlbatroZ
Crianças participam do projeto de educação ambiental
Projeto Albatroz Criado há 23 anos em Santos (SP), o Projeto Albatroz atua, sem fins lucrativos, com o objetivo de reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis, aves oceânicas ameaçadas de extinção. Graças ao patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, o Projeto Albatroz vem ampliando seus trabalhos. Atualmente, além da base em Santos, opera também em Itajaí (SC), Itaipava (ES), Rio Grande (RS) e Cabo Frio (RJ). Além disso, desde 2013 é membro da Rede Biomar, grupo com-
posto também pelos Projetos Tamar, Baleia Jubarte, Coral Vivo e Golfinho Rotador, todos patrocinados pela Petrobras, que juntos desenvolvem ações planejadas pela conservação da biodiversidade marinha. Albatrozes e petréis sofrem especialmente devido a interação com espinhel pelágico, técnica de pesca industrial praticada em alto-mar para capturar peixes grandes como atuns, espadartes (meca) e tubarões. Ao tentarem comer as iscas lançadas ao mar, as aves ficam presas aos anzóis e morrem afogadas.
‘Espaço Albatroz’ - Programa de Ação Voluntária ‘Albatroz na Escola’ Realização: Projeto Albatroz (www.projetoalbatroz.org.br) Cidades de atuação: Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande. Público-Alvo: Escolas públicas e particulares com turmas de Ensino Fundamental I Informações: estange@projetoalbatroz.org.br - Fone: (13) 3324-6008
Defesos
Camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis), camarãobranco (Litopenaeus schmitti), camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus Kroyeri), camarão-santana ou vermelho (Pleoticus muelleri), camarão-barba-ruça (Artemesia longinaris)- 1/03/14 a 31/05/14 Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda) 01/12/13 a 31/05/14 Tainha (Mugil platanus e Mugil liza) 15/03/14 a 15/08/14 (proibida em todas as desembocaduras estuarinolagunares do litoral das Regiões Sudeste e Sul) A partir de 15 de maio, a temporada anual da pesca da tainha será aberta somente no litoral, permanecendo fechada até 15 de agosto nas desembocaduras estuarino-lagunares. (veja Instrução Normativa 171 9/5/2008 em www.jornalmartimpescador.com.br (legislação)
Sardinha (Sardinella brasiliensis) 15/06/14 a 31/07/14 e 1/11/14 a 15/02/15 Emalhe de fundo >20 AB –Parada da frota de 15/05 a 15/06
Moratórias
Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015 Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015 Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)tempo indeterminado Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)tempo indeterminado Raia Manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado Marlim-azul (agulhão-negro) – Makaira nigricanscomercialização proibida Marlim-branco (agulhão-branco) - Tetrapturus albidus –comercialização proibida
A importância da sardinha na alimentação II Nesta edição damos continuidade ao artigo enfocando os aspectos positivos da sardinha na alimentação e as melhores maneiras de conservação. Para adquirir sardinha em boas condições de consumo é importante que os olhos estejam brilhantes e as guelras avermelhadas. Ao se eviscerar este pescado, é importante observar a cor da carne, que deve ser vermelhoescura e suave ao toque. Porém, se a carne apresentar aspecto amolecido é sinal que o peixe está deteriorado. A soltura de escamas nesta espécie não significa anormalidade. Não pode haver cheiro de ranço, que indica que esse alimento está oxidado. Para manter a matéria-prima em boas condições de consumo devem ser aplicadas as Boas Práticas de Manipulação e de Fabricação. Desse modo, para manter a sardinha fresca é importante que esta esteja envolta em grande quantidade de gelo de boa qualidade, para evitar contaminação. O risco da presença de histamina neste alimento é grande e deve ser evitado mantendo-se a temperatura ao redor de 4 graus Celsius. A histamina é formada nesta espécie a partir da elevação da temperatura que favorece a proliferação bacteriana. Esta substância é responsável pelo quadro de alergia que desenvolve nas pessoas após o consumo deste pescado contaminado. Quanto à presença de contaminantes, como por exemplo o mercúrio, a sardinha leva vantagem por ser um peixe de porte menor e por viver menos tempo, quando comparada ao atum, cação, raia, espadarte, entre outros. Deve-se levar em conta também para manter este alimento saudável, o modo
de preparo para não inviabilizar o produto. Deve-se dar preferência para as formas cozidas, assadas ou grelhadas. As frituras devem ser evitadas porque tornam este produto impróprio para o consumo, devido à incorporação de gorduras saturadas da fritura, que inativam o ômega-3. Os métodos de conservação para preservar a matériaprima são o congelamento, salga, defumação e conservas. O congelamento é feito em temperatura a menos 25 graus Celsius e o armazenamento a menos 15 graus Celsius. A sardinha em lata foi um dos primeiros alimentos a ser conservado. O método começou a ser usado na França, há pelo menos 200 anos. A sardinha em lata pode ser guardada por cerca de um ano, desde que as condições de temperatura sejam ao redor de 18 graus Celsius, e o ambiente seja fresco e sem luz. Após abrir a lata, o conteúdo deve ser mantido em geladeira, em recipiente fechado e ser consumido no máximo em dois dias. Segundo alguns nutricionistas a ingestão de sardinha de duas a três vezes por semana configura uma boa alimentação, porém, para outros, o ideal é o consumo de 150 gramas por semana. Podemos afirmar que os benefícios do ômega-3 através do consumo de sardinha são: memória mais ativa, boa concentração, diminuição do estresse, aumento da motivação pessoal, melhora na coordenação motora e velocidade de resposta (ação e reação). Embora a sardinha tenha seu período de defeso de 15 de junho a 31 de julho, e também de 1 de novembro a 15 de fevereiro, ela pode ser encontrada no mercado na forma congelada ou enlatada. Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo
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O coco vai bem no salgado e no doce
Joseane Fraga dá a receita do peixe e camarão sergipano
Joseane Fraga, 37 anos, nasceu em São Domingos, Sergipe, cidade próxima a Itabaiana. Mora em Santos há 29 anos, mas não se esqueceu das receitas saboreadas na infância. Apesar de sua cidade natal estar localizada no nordeste, não havia ali o hábito de usar o azeite de dendê. “Lá a gente não refoga não, é tudo cozido”, explica. Mas para fazer um peixe ou camarão à moda da terra não dispensa outros ingredientes nordestinos típicos como coentro, cominho e colorau. Saudades tem mesmo dos produtos fresquinhos da roça, que ficava a apenas 10 minutos de sua casa. Ali a família ainda planta a macaxeira, batata-doce, melancia, banana. A mandioca brava não pode faltar para fazer a farinha. O ritual para fazer a farinha envolve a família e também os moradores do local. “Os vizinhos lá ajudam muito”, explica. Joseane afirma que as mulheres trabalham mais na roça que os homens. “As mulheres de Sergipe são guerreiras, são lutadoras mesmo”, afirma. Aqui ela nos dá uma receita especial de familia que podia ser feita tanto com peixe de rio como de mar. Não pode faltar o leite de coco que para ficar gostoso mesmo tinha que ser feito com o coco fresco ralado e espremido. O segredinho é depois aproveitar o bagaço do coco para uma bela cocada sergipana! Experimente!
Sarau Caiçara Artistas de diversas linguagens se encontraram na Pinacoteca Benedicto Calixto para celebrar e debater a arte caiçara através da música, teatro, dança e literatura. Em sua 12° edição o Sarau Caiçara - que integra o Mapa Literário de São Paulo, contou com a presença dos escritores Flávio Viegas Amoreira, Madô Martins, Márcio Barreto, Regina Alonso, Teresa Teixeira e Wilton Bastos com interpretação de trechos de seus mais recentes livros. A música teve a participação do coletivo Percutindo Mundos que
improvisou junto à bailarina Célia Faustino e o músico Rogerio Baraquet. Segundo Márcio Barreto, o sarau propõe "discutir através da arte nossa identidade cultural, nosso passado e contemporaneidade, trazer a tona nossas memórias coletivas e celebrar o encontro". O Sarau Caiçara é uma realização do Percutindo Mundos, Imaginário Coletivo de Arte, Cia Instável de Repertório e contou com a organização e apresentação de Márcio Barreto e Flávio Viegas Amoreira.
Do coco fresco se obtém um molho bom para cozinhar peixe ou camarão e o bagaço rende belas cocadas
Peixe no leite de coco Pescado de Sergipe Ingredientes: 1 tainha (corvina, pescada ou cação) de 1 kg em postas- água retirada do coco- 2 xícaras (chá) de água-1 cebola-3 dentes de alho-1/2 pimentão verde- 1 xícara (chá) de coentro ou salsinha picada-1 colher (chá) de cominho moído-1 colher de chá rasa de colorau-1/2 tomate picado-1 coco ralado-sal-vinagre branco de limão Preparo Deixar o peixe temperado em sal e vinagre por duas horas na geladeira. Primeiro, guardar a água retirada do coco fresco. Depois, acrescentá-la ao coco já ralado, mais duas xícaras (chá) de água numa travessa. Espremer num pano bem fino e limpo e reservar o bagaço espremido do coco. Colocar o líquido numa panela e acrescentar cebola, alho, tomate, cominho e colorau. Mexer por dez minutos para não talhar, acrescentar as postas de peixe, deixar cozinhar por mais 10 minutos e no final acrescentar o coentro e o pimentão e deixar
por 3 minutos. A mesma receita pode ser feita com 800 g de camarão, que podem ser refogados separadamente, e depois acrescentados ao molho de água de coco, da mesma maneira que o peixe.
Cocada
Ingredientes: Bagaço de 1 coco ralado 4 xícaras (chá) de açúcar 5 cravos (opcional) 1 xícara (chá) de leite Preparo: Misturar na panela o bagaço do coco ralado, o açúcar, o leite e os cravos. Mexer até dar ponto de cocada, quando a massa começa a desgrudar da panela. Espalhar numa forma de alumínio úmida (para não grudar) espalhar bem com uma faca ou
colher e cortar em losangos ou quadrados. Deixar esfriar. Se quiser fazer cocada mole, para comer de colher, usar apenas o bagaço com 3 xícaras de açúcar e deixar em ponto mole.
fotos: camila oliveira
Márcio Barreto e Flávio Viegas Amoreira
Grupo Percutindo Mundos
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Arraiá da Ilha Diana
A comunidade de Ilha Diana se reuniu sábado, dia 7 de junho, para comemorar a festa junina com a dança das quadrilhas e comilanças típicas da época. Agora, os moradores já começam a pensar nos preparativos para a festa do Bom Jesus dia 6 de agosto.