Fevereiro 2014 Número 122 Ano X Tiragem 3.000 exemplares
www.jornalmartimpescador.com.br www. jornalmartimpescador.com.br O pescador Arara e o diretor da Colônia Z-4, de Cabo Frio-RJ , Ideraldo Rodrigues, falam das dificuldades da pesca. Pág. 8 Seu Chico, ao lado da filha Janeci, é um pescador de Cabo Frio - RJ, que passou sua arte às novas gerações. Pág. 4 e 5
Maria de Fátima Sousa dá a receita do mungunzá cearense (foto abaixo). Pág. 7
Feijão de corda e canjica amarela são a base do mungunzá salgado
Chico redeiro
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Modesto Roma, o gigante da Vila e dos homens do mar
Rosemarie Roma Vianna, filha do falecido dirigente do Santos Futebol Clube, lembra com carinho das grandes obras do pai
Christina Amorim
Embora Modesto Roma seja lembrado pelo importante papel na direção do Santos Futebol Clube de 1951 a 1978, seus trabalhos com a comunidade santista foram além do futebol. Como presidente da Associação Santa Cruz dos Navegantes passou à Mitra Diocesana o terreno e a Igreja Pessoal da Nossa Senhora dos Navegantes na Ponta da Praia, em Santos, toda reformada. Também fez obras beneméritas em comunidades de pescadores. Seu incessante trabalho no Santos Futebol Clube contribuiu para que a entidade vivesse uma época de ouro nas décadas e 60 e 70, período em que Pelé se destacou. “Papai sempre se esforçou para manter Pelé no clube”, lembra-se Rosemarie Roma Vianna, a Rose. Nascido em São Vicente em 1907, filho de imigrantes italianos, faleceu em 6 de março de 1986. A filha lembra-se do homem de 1,90 m, quase sempre de terno de linho branco, que se dedicou de corpo e alma ao clube alvinegro. “Papai era um homem que nunca se aposentou”, comenta. “Acordava às 7h, ia para o escritório onde ficava até tarde”, recorda. Numa noite, já aos 78 anos de idade, foi assistir o jogo do Santos, e voltou com forte dor de cabeça. Ao sair de um banho frio, passou mal e morreu de infarto. “Ele investiu muito dinheiro no Santos”, afirma referindo-se á época em que foi dirigente do Peixe e gastava do próprio bolso para trazer melhorias para o clube. Seu patrimônio pessoal foi construído numa vida de muito trabalho. Roma começou como empregado no estaleiro Nami Jafet, que depois comprou. Além dos estaleiros, foi armador de navios de transporte de sal do norte para cá. Da casa na Alexandre Martins, o empresário escutava o apito de seus navios quando entravam no Porto de Santos. “O Guarapiranga entrou”, dizia ao reconhecer o som. Muito ligado à Igreja Católica, desde o final da década de 40 ia com a esposa Maria e os filhos, à missa das 8h30 da capelinha de Nossa Senhora dos Navegantes, na Ponta da Praia em Santos. “Foi presidente de uma associação na igreja e mamãe participava da Cruzada das senhoras católicas”, conta Rose. Organizava as procissões da Festa de São Pedro em junho e Nossa Senhora dos Navegantes em fevereiro, hábito que a família cultivou
da década de 40 à de 70. Por sua devoção à Nossa Senhora, levou água e luz ao bairro de Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá, no início da década de 50. Ali também fazia as festas de Natal e Páscoa para as crianças. “Papai era muito caridoso”, lembra-se. Rose passou a juventude em Santos, mas mudou-se em 1959 para São Paulo para estudar Matemática na Pontífícia Universidade Católica-PUC. Casou-se em 1963, teve três filhos, e voltou à cidade natal em 1965. Dedicou sua vida ao magistério, na Escola Escolástica Rosa. Em 1980 fundou duas escolas, Jardim do Garibaldo (da creche ao Ensino Médio) e Sedes Sapientae (Ensino Fundamental e Médio), onde até hoje é a mantenedora. Herdou a disposição para o trabalho do pai. Admiradora da obra benemérita de Modesto Roma, gostaria de dar continuidade a ações em comunidades de pesca, com o apoio da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes. “Penso em fazer um trabalho com os pescadores, pois é um chamado para o trabalho apostólico”, conclui Rose, que tem no pai um grande exemplo de generosidade. A sociedade santista homenageou este grande homem dando seu nome ao Complexo Modesto Roma, uma divisão do centro de treinamento de futebol Rei Pelé, do Santos Futebol Clube, inaugurado em 2006.
Modesto Roma inaugura a instalação de água no bairro de Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá. Ao seu lado a esposa Maria, a filha Regina (vestida de anjo) e o filho mais velho Carlos Henrique
Troca da carteira de pescador artesanal: -A partir da data de seu aniversário você tem 30 (trinta) dias para solicitar a troca de sua carteira de pescador (RGP-Registro Geral de Pesca). -Procure a Colônia de Pescadores mais próxima, ou o escritório do Ministério de Pesca Aquicultura-MPA para mais informações. -Se perder o prazo, deve comparecer ao escritório do MPA para fazer o registro. Se até 60 (sessenta dias) após a data de seu aniversário a solicitação de troca de carteira não tiver sido feita, sua licença ficará suspensa por 2 (dois) anos. Mais informações no escritório do MPA em Santos: (13) 3261.3278/ ou em São Paulo: (011) 3541-1380 ou 3541-1383.
EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br
Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida
Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP CEP: 11030-350 Fone: (013) 3261-2992
Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - belacarrari@hotmail.com Impressão: Impressão:Diário Diáriodo do Litoral: Litoral Fone.: Fone.:(013) (013)3226-2051 3226-2051 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia
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Fotos:Arquivo pessoal Família Roma
Chegada da imagem de Nossa Senhora à praia de Santa Cruz dos Navegantes, Guarujá, no barco de pesca Primavera Festa de Nossa Senhora dos Navegantes bem do início da década de 50. A procissão saia do Guarujá no rebocador, seguida de barcos de pesca. Ao lado do andor de Nossa Senhora, estão: Modesto Roma, a esposa Maria, alguns irmãos, empregados do estaleiro Nami Jaffet, armadores de pesca e as irmãs de São Vicente de Paula que ajudavam a preparar a festa. Naquela época, a responsabilidade pela capela era dos frades da Igreja do Embaré.
No início da década de 50, Frei Celso, da Igreja do Embaré, celebra missa na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes em Santos Bairro de Santa Cruz dos Navegantes, também conhecido como Pouca Farinha, comemora a chegada da água
Festa de Nossa Senhora dos Navegantes Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos marinheiros e pescadores, foi festejada de 31 de janeiro a 2 de fevereiro em Santos. A tradição nasceu no século 15 e foi trazida ao Brasil pelos navegantes portugueses e espanhóis. No início das comemorações em Santos, o pároco Rovílio Guizzardi, da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, fez visitação com bênçãos ao Museu de Pesca, Píer dos Pescadores, Terminal Pesqueiro Público, Mercado de Peixes, Museu do Mar, Rua do Peixe e Federação dos Pescadores.
Dia 1 de fevereiro, houve a bênção de carros, motos e bicicletas na porta da Igreja. O padre Rovílio se mostrou surpreso com o grande número de veículos que compareceram das 9h às 11h30. “Até um barco atracou no canal para receber a bênção”, afirmou o padre. Em 2 de fevereiro, dia da padroeira, houve missa solene às 18h, procissão às 19h15 e consagração à Nossa Senhora. A Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes fica na Av. Almirante Saldanha da Gama, 114, Ponta da Praia em Santos.
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Coluna
Embraport realiza 7ª edição do Ecoférias na Ilha Diana
A Embraport promoveu no mês de janeiro a 7ª edição do Ecoférias na Ilha Diana. A iniciativa ocorre todos os anos nos meses de janeiro e julho, e conscientizou mais de 25 crianças da comunidade de maneira lúdica e prática sobre as atitudes que os pequenos moradores devem ter perante o ambiente em que vivem. O programa visa inserir, ainda, novos conceitos no dia a dia dos participantes, que no papel de jovens são responsáveis pela construção de uma sociedade mais sustentável e responsável. A ação ocorreu na brinquedoteca da Ilha e contou com rodas de conversa, vídeos educativos e outras atividades em grupo, como artesanato, música e oficinas. Todas as atividades destacam a ecologia, o consumo consciente de recursos naturais e a reciclagem de materiais.
Aniversário da comunidade
Outra ação realizada na comunidade da Ilha Diana no dia 19 de janeiro, com o apoio da Embraport e em parceria com a Prefeitura de Santos, foi a festa em comemoração ao aniversário
Chico Red Pescador de Cabo Frio-RJ chega aos 85 anos passando os ensinamentos da pesca às novas gerações
“Nasci na beira da praia, eu e minha irmandade toda”, afirma seu Chico, referindo-se aos quatro irmãos e duas irmãs. Chegou ao mundo nas mãos de parteira em maio de 1929 na praia do Peró, em Cabo Frio-RJ, com o nome de Erotildes José Rodrigues, e aprendeu a pesca do arrastão e outras artes, como tecer e remendar redes, ainda pequeno. Essas habilidades de tratar das redes são sua distração hoje, após a aposentadoria, e o fizeram conhecido como Chico Redeiro. “Com oito anos já pescava na pedra com linha e caniço de bambu”, recorda. “A companhia de sal do Henrique Lajes que mandou fazer as casas onde morávamos”, lembra-se. Eram de pau a pique emboçadas com barro e pintadas de cal. “A madeira que sustentava era pau-ferro, pau-brasil (que acabaram com tudo, complementa), e o telhado de sapé”, explica. As famílias da comunidade, cerca de 40, praticavam a pesca, embora a ocupação principal fosse o trabalho na salina local. Como todo mundo se conhecia, um ajudava o outro. “Pescador fui eu, o Manoel, mais velho que eu, o Oto, o Osnero e o Amâncio”, diz referindo-se aos irmãos. “Matava muito peixe naquela época, passava a rede do arrastão vinha cheia”, explica falando da fartura de xaréus, xareletes, tainhas, anchovas e bonitos, entre outros. Ali, assim como em Arraial do Cabo, era praticada a pesca de vigia, em que um morador ia para o alto do morro e ao avistar um cardume de peixes chegando acenava com um lenço e os pescadores corriam para lançar a rede de arrasto no mar. Faziam roça nos morros do Peró, plantavam milho, feijão, aipim. “Depois que o dono da salina trouxe os bois para pastar ali, nos anos 40, acabou com a roça”, lamenta. A família foi toda para o bairro da Gamboa, mais perto do centro, e começou a fazer suas saídas de pesca na Prainha do Canto do Forte. “Na época não tinha nada na Gamboa”, lembra-se e assim a família foi fazendo casas de pau a pique no local. Hoje mora no bairro da Passagem com o filho Juca, a filha Janeci, o genro Márcio e quatro netos. A esposa Carmen faleceu há 10 anos e juntos tiveram dois filhos, um já falecido, quatro filhas, e ainda 15 netos 14 bisnetos e dois tataranetos. Chico ensinou o filho Juarez, o Juca, a pescar, e alguns netos e bisnetos. Embora a pesca estivesse sempre presente, trabalhou na estiva carregando sacos de sal de 60 kg, e se aposentou-se na salina Pereira Bastos por invalidez. A vida de antigamente tinha muito trabalho, e também boas horas de diversão. As comunidades comemoravam São Pedro com procissão na Praia do Peró,
Coopera
da comunidade caiçara (dia 15 de janeiro). Na ocasião, foi realizado um churrasco para aproximadamente 200 moradores, que aproveitaram o dia de sol para confraternizar e jogar futebol.
Ouvidoria Embraport: 0800 362-7276 faleconosco@terminalembraport.com.br www.terminalembraport.com.br
Márcio e Janeci preparam delícias com frutos do mar
A filha de Chico, Janeci, e o do Márcio Braga se uniram a a e parentes pescadores para mo Cooperativa de Produtores de Artesanal de Cabo Frio. Os frut mar chegam fresquinhos da Pr do Canto do Forte e vão direto o processamento, que tem início a seleção e filetagem, para depo rem adicionar temperos especiai
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edeiro, uma vida de sal e sol Chico saiu da Praia do Peró para...
...a prainha do Canto do Forte
Chico com o neto José Márcio e o bisneto Victor
O filho Juca sai todo dia para pescar da Prainha do Canto do Forte às 3h e volta às 7h da manhã
no bairro da passagem. “O pessoal tocava viola pra caramba, faziam baile nas casas”, lembra com saudades. Gostava de muitas coisas do tempo antigo, mas não costuma comparar com a vida de agora. “Para mim é a mesma coisa, quem faz é a pessoa”, acredita. “Quem não sabe viver não vive”, conclui. E saber viver é com ele mesmo. Sua pequena horta no quintal tem remédio para tudo. “Saião é pra colar osso”, explica, mostrando ainda beladona e outras plantas tradicionais, capim-limão e hortelã
Chico, o neto Leonardo, a filha Janeci e o genro Márcio
A prainha do Canto do Forte ainda é um reduto de pescadores artesanais em Cabo Frio
para fazer chá, mais alfavaca, manjericão e hortelã-pimenta para temperar a comida. ”Conheço um bocado de história do mundo, mas não sei ler”, conta, mostrando sua sabedoria de vida. A história mais engraçada é de sua briga com um carneiro chamado Chico. Não é que o bicho cismava com o menino de apenas seis anos, e o atacou mesmo no colo do pai Marcelino. Ele conta que quebrou as duas pernas, e foi curado depois de dois anos, com as compressas de saião. “Quando cresci, o
carneiro bravo veio me atacar, se machucou e morreu”, conta Chico com ar vitorioso. De lembrança da história ficou o apelido que Erotildes José usa até hoje, Chico, o nome do carneiro bravo. Hoje acha graça das ironias da vida e aceita tudo com bom humor e alegria de estar junto da família ensinando suas artes de pesca aos mais novos, e ali sentadinho num banco do quintal se distrai remendando as redes de toda a família que ele orgulhosamente ensinou a pescar.
erativa fluminense produz delícias com peixe
neci, e o mariram a amigos para montar a ores de Pesca Os frutos do os da Prainha o direto para m início com ara depois seespeciais para
diferentes receitas. Segundo Márcio, os peixes mais usados para produzir a lingüiça de peixe são ubarana, espada e perna de moça. Após cinco meses de trabalho, hoje produzem também quibe de peixe, escondidinho de camarão e siri, entre outros. As coordenadoras do projeto, Simone Sillos e Sonia Pereira contam que há projetos para comprar mais
maquinário e incrementar a produção no futuro. Quem estiver em Cabo Frio e quiser experimentar os produtos tem endereço certo, o Bar do Soldadinho na rua Manoel Francisco Valentim, 14 –Bairro da Passagem. Horário: de segunda à sexta das 11h30 às 19h. Sábado e domingo das 11h30 às 20h e no verão até a hora que tiver movimento. Mais informações: www.facebook. com/pescaartesanaldecabofrio
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A família à porta do Bar onde Janeci serve seus quitutes feitos com frutos do mar
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Congelamento do pescado A técnica de congelamento serve para conservar diversas espécies de pescado durante meses. Para esse procedimento é necessário ser bastante exigente com a qualidade e frescor da matéria-prima. O congelamento preserva a qualidade sanitária, nutricional e as características de textura, sabor, aroma e coloração. Um bom resultado irá depender da qualidade inicial do pescado, da velocidade e da temperatura de congelamento, do tipo de embalagem e do armazenamento. Para que esses fatores não interfiram na qualidade, é necessário levar em conta a forma de criação de animais e a despesca, quando estes provenientes da aquicultura, ou o modo como foram capturados na pesca extrativa. Muitas vezes o produto proveniente da aquicultura, como por exemplo o camarão, chega mais íntegro ao mercado devido à maneira mais cuidadosa
que é retirado do tanque.O pescado é um alimento de constituição delicada que propicia a decomposição, processo que se inicia assim que o peixe morre, graças a ações de enzimas, bactérias e reações químicas. A qualidade é bem melhor quanto menos tempo ocorrer entre a captura e o congelamento. De um modo geral o congelamento do pescado inicia ao redor de um grau Celsius negativo. O melhor sistema para congelar é o ultra-congelamento. A legislação brasileira exige que todo pescado na indústria seja congelado à temperatura de 25 graus Celsius negativos, isto é para que o centro do produto seja devidamente congelado. Quando o produto sofre congelamento de maneira adequada o armazenamento a 18 graus Celsius negativos garantirá que este produto não se deteriore pelo período determinado pelo fabricante.Outro fator responsável pela qualidade é a embalagem, que impede
Embarque nessa Está disponível a consulta pública do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), referente ao Projeto de Instrução Normativa que institui o Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Embarcações Pesqueiras e Infraestruturas de Desembarque - “Embarque Nessa”. O MPA receberá as contribuições até 30 de março. O projeto tem o objetivo de estimular a sustentabilidade da atividade pesqueira mediante o estabelecimento de diretrizes higiênico-sanitárias mínimas, visando
manter a qualidade do pescado destinado ao beneficiamento para fins de consumo humano. As sugestões, tecnicamente fundamentadas, deverão ser encaminhadas à Coordenação Geral de Sanidade Pesqueira, no formulário específico, sob o título “Consulta Pública” no endereço eletrônico: sanidade@ mpa.gov.br, ou via postal, para o endereço: Ministério da Pesca e Aquicultura - Coordenação Geral de Sanidade Pesqueira, Setor Bancário Sul, Quadra 2, Bloco J, Edifício Carlton Tower, 7º andar, CEP 70070-120 - Brasília - DF.
Cursos de piloto de ROV O NUTECMAR - Núcleo de Tecnologia Marinha e Ambiental realiza curso avançado de piloto de ROV (Remotely Operated Vehicle) de 24 a 27 de fevereiro. O curso aborda o uso dessa tecnologia no crescente mercado offshore de exploração de óleo e gás, além de outras aplicações da robótica subaquática em diversas frentes de trabalho, como apoio a mergulhadores, inspeções de cascos e hélices de navios, inspeções de obras de engenharia subaquáticas (pontes, cais, molhes, reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto etc.), inspeções de usinas hidrelétricas e nucleares, aquicultura e fazendas marinhas,
resgate subaquático, policiamento marítimo e segurança portuária e aplicações em pesquisas científicas. Os cursos de capacitação em robótica subaquática do NUTECMAR foram desenvolvidos sob aprovação e chancela do Instituto Shirshov de Oceanologia, Academia Russa de Ciências. Abrangem parte teórica e treinamentos práticos em simulador e equipamentos reais. Mais informações em: NUTECMAR - Núcleo de Tecnologia Marinha e Ambiental- Av. General San Martin, 148 Ponta da Praia-Santos - SP – Brasil. Tel.:(13) 3345-6766.Cel.: (TIM) (13) 98162-6491/(13) 98194-7520. www.nutecmar.com.br
que ocorra perda de água e a rancificação do produto, porque evita o contato direto com o ar. Para preservar o pescado da oxidação, da queima pela temperatura baixa, o produto recém- congelado é submetido ao glaciamento, que forma uma capa fina de gelo. Isto é conseguido graças à imersão do pescado por um minuto em água fria, que após esse procedimento é levado de volta ao freezer.O armazenamento também é fator preponderante na qualidade do pescado congelado e a temperatura de 18 graus Celsius negativos deve ser respeitada, O congelador não pode em hipótese alguma ser desligado para que não ocorra oscilação de temperatura.O pescado congelado deve ser descongelado na parte menos fria da geladeira, no microondas ou ser preparado para consumo, ainda congelado. Uma vez o produto descongelado não se pode voltar a congelar.
Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo
Prefeitos aderem à programa de desenvolvimento sustentável Vinte e cinco mil famílias que vivem em áreas de riscos geotécnicos ou socioambientais serão atendidas pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Litoral Paulista (PDSLP). O programa envolve 16 municípios do litoral norte, sul e Baixada Santista. O projeto é uma extensão do Programa Serra do Mar, que prevê um investimento de R$1,2 bilhão do Governo de São Paulo. Das 25 mil famílias, 16 mil receberão novas unidades habitacionais e nove mil terão seus bairros
urbanizados. O projeto também vai congelar e monitorar 112 áreas, com o objetivo de evitar novas invasões e proteger florestas de mata atlântica. Prevê, ainda, a recuperação de 250 hectares de florestas. Prefeitos dos municípios envolvidos assinaram o termo de adesão ao PDSLD dia 12 de fevereiro na sede da Secretaria do Estado da Habitação, na capital paulista.Estiveram presentes à solenidade os secretários estaduais do Meio Ambiente, Bruno Covas, da
Habitação, Silvio Torres, e da Casa Militar, Marco Aurélio Pinto, e o coordenador do programa Fernando Chucre. “É um trabalho conjunto que prevê ações integradas para garantir a remoção dessas famílias de áreas de risco, além de recuperar e proteger unidades de conservação. O envolvimento dos municípios é fundamental para o trabalho socioambiental do projeto, ajudando na avaliação das famílias, na fiscalização e no monitoramento”, explicou o secretário Bruno Covas.
Veja no site: www.jornalmartimpescador.com.br no arquivo sobre legislação o texto da recém publicada Instrução Normativa 3/2014 do Ministério da Pesca e Aquicultura, que trata da obrigatoriedade de porte de Autorização para Pesca e Certificado de Licença de Embarcação.
Defesos
Bagre, Rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizii)-01/01/14 a 31/03/14 Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10/13 a 31/03/14 Lagosta vermelha (Panulirus argus)- Lagosta verde (P. laevicauda)-01/12/13 a 31/05/14 Ostra- 18/12/2013 a 18/02/2014 Pargo (Lutjanus purpureus)-15/12/13 a 30/04/14 Sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis)- (traineiras)- 01/11/13 a 15/02/14 (desova) - 15/06/14 a 31/07/14 (recrutamento) Piracema na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (IN 25 do Ibama) de 1/11/2013 a 28/02/2014 Proteção à reprodução natural dos peixes, nas áreas de abrangência das bacias hidrográficas do Sudeste (IN 195) de 1/11/13 a 28/02/14
Moratórias
Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015 Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015
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Pouca água, muito juízo! Numa crise de escassez de água considerada a pior em 20 anos, mais de 140 cidades brasileiras, 18 no Estado de São Paulo, adotam o racionamento, que irá afetar 6 milhões de pessoas. As causas da escassez de água estão na falta de chuva, calor intenso que aumenta o consumo, agravados pela falta de controle de vazamentos e ligações clandestinas. No Nordeste a situação é grave, diante da seca que enfrentam, considerada a maior em 50 anos. O que fazer? Segundo a Organização das Nações Unidas, cada pessoa necessita de cerca de 110 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene. No Brasil está quantia pode chegar a mais de 150 litros por pessoa. Alguns hábitos, como lavagens de calçada com mangueira que em 15 minutos gastam 297 litros de água, devem ser controlados. Vejamos como a água pode ser gasta racionalmente: Tomar banho de chuveiro 15 minutos (registro meio aberto) – 135 litros 5 minutos (fechando o registro para se ensaboar) – 45 litros Escovar os dentes 5 minutos torneira não muito aberta – 12,5 litros Molhar a escova e enxaguar os dentes com um copo de água- 0,5 litro Lavar louça Torneira meio aberta em 15 minutos -117 litros Retirar os restos dos pratos com uma esponja e fechar a torneira enquanto ensaboa, abrindo para enxaguar- pode chegar a 20 litros Lavar roupa A lavadora de roupas com capacidade de 5 quilos gasta 135 litros. O ideal é usá-la somente com a capacidade total. Fonte: www.site.sabesp.com.br
Conhecendo a cultura indígena Uma visita à aldeia indígena Tabaçu, em Itanhaém, litoral sul de São Paulo, é uma boa oportunidade para conhecer a cultura do povo guarani. A Caiçara Expedições oferece o passeio que vai acontecer dia 23 de fevereiro. Mais informações: Tel: (13)3466.6905/ (13)98142.0151 contato@caicaraexpedicoes. com/www.caicaraexpedicoes.com.
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Canjica salgada? A cearense Maria de Fatima Sousa ensina a fazer o mungunzá com carne seca A canjica amarela, que pode render um bom prato de doce, é também a estrela da cozinha cearense numa versão salgada. Quem dá a receita, pouco conhecida no sul do país, é Maria de Fátima Sousa. Nascida em 1974 em Tauá, no Ceará, a cerca de 300 quilômetros da capital, pegou o gosto pela cozinha ainda menina. Aos 16 anos veio para São Paulo, e em 2001 se mudou para Ilhabela, no litoral paulista. Há cerca de 20 anos começou a se dedicar ao trabalho de cozinheira em casas de família e restaurantes. “Trabalhei para uma senhora chamada carinhosamente de mãe Lurdes, ela me incentivou muito”, conta Fátima. Hoje faz pratos variados, mas guarda na lembrança os mais típicos de sua terra natal: o baião de dois e o mungunzá com carne seca. O baião de dois é arroz preparado com feijão de corda, carne seca, defumada e queijo coalho. O mungunzá na versão salgada fica semelhante à feijoada, usando a canjica amarela e o feijão de corda. “A maioria dos pratos da minha terra eu incentivo minhas filhas a comer”, conta Fátima. Por exemplo, a tapioca, o mungunzá doce e salgado, entre outros. As filhas, Vitória, 19, Samanta, 16 e Sofia, 8, também apreciam os pratos. Explica que gosta de cozinhar porque ocupa a mente. “Quando cozinho não penso em outras coisas”, acrescenta Fátima. Aí vai a receita passo a passo. A palavra mungunzá, munguzá ou mugunzá vem de mukunza, que significa “milho cozido” na língua da família banta de Angola. A canjica amarela pode ser encontrada em supermercados e o feijão de corda em casas do nordeste, como o Nordestão, na Av. Nossa Senhora de Fátima, 727, Chico Paula, Santos-SP. Tel: (13) 3299.8789.
MUNGUNZÁ DO CEARÁ
Ingredientes: 250 g de canjica amarela 150 g de feijão (fava ou feijão de corda) 200 g de carne seca dessalgada em pedaços 200 g de músculos sem gordura em pedaços 300 g de partes de porco dessalgada (rabo, focinho, orelha) 2 linguiças calabresas em rodelas 1 paio em rodelas 100 g de toicinho ou bacon em cubos 3 folhas de louro 2 cebolas picadas 4 dentes de alho picados 4 tomates sem pele e sem semente picados
pimenta-do-reino e sal a gosto coentro e salsinha a gosto
Preparo: As carnes salgadas ficam de molho na água no dia anterior dentro da geladeira para dessalgar. Deixar a canjica de molho por uma hora. Escorrer e lavar bem. Lavar a fava ou feijão e juntar os dois com as carnes e as folhas de louro. Levar ao fogo em panela de pressão por cerca de 30 minutos. Retirar do fogo. Se o milho ainda estiver duro, deixar mais cerca de 20 minutos. Fritar o toicinho ou bacon, juntar o alho e a cebola, e por último o tomate. Jogar no mungunzá já cozido. Colocar sal e pimenta-do-reino, depois o coentro e a salsinha.
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Artesanais paulistas e fluminenses enfrentam mesmos problemas
“O pescador artesanal sabe pescar de tudo em redede-emalhe, linha, rede de cerco, espinhel, rede de arrasto, tarrafa, e ainda catar de caranguejo, marisco e ostra”, explica Ideraldo Rodrigues, diretor da Colônia de Pescadores Z-4 em Cabo Frio-RJ. A versatilidade desses profissionais está apoiada numa abundância de pescado que, no entanto, vem diminuindo a cada ano. “Tem escassez de peixe, cada vez diminui mais, depois que inventaram esse tal de sonar”, acredita o diretor referindo-se à facilidade que a tecnologia trouxe para a detecção e captura de cardumes. “Pescaria na costa está fraca, quem ganha dinheiro é a indústria da anchova, xarelete, e outros, que pesca com barco grande”, diz. Muitos artesanais
usam barcos de 4 metros, bateiras, e saem para pescar também a pé com puçá, rede de arrasto, tarrafa. As condições do tempo também podem dificultar o trabalho do pescador. “Em janeiro o vento estava tão forte só caiu depois do dia 18”, conta. “Pescador pequeno não conseguia sair para pescar”, lamenta. Edson Teixeira Rodrigues, o Arara, filho de pescador e que na juventude praticou a pesca artesanal vê com preocupação a situação da classe hoje. “O pescador precisa de ajuda”, afirma. Em Cabo Frio, o número de artesanais está por volta de 1.200, embora apenas cerca de 400 contribuam com a Colônia. A entidade é equiparada a um sindicato de classe da categoria. As colônias além de representar e defender os
“O pescador artesanal precisa de ajuda”, diz Arara
direitos e interesses dos pescadores artesanais relativos ao setor da pesca podem: requerer ou renovar a licença de pescador profissional (RGP), a licença e registro de barcos, assim como requerer benefícios sociais. No entanto, para poder exercer a profissão de forma legal e também para ter direito a esses benefícios, como aposentadoria rural, seguro-defeso, auxílio natalidade, entre outros, o pescador tem que ter sua carteira de pescador (RGP) atualizada. Para Ideraldo esse é um dos principais problemas que o pescador artesanal enfrenta hoje. O processo de requisição que a Colônia faz para o Ministério da Pesca e Aquicultura-MPA está muito demorado. No Estado de São Paulo há 12 colônias no litoral e 10 em águas interiores. Muitas enfrentam o mesmo problema. As carteiras novas, semelhantes a um cartão de crédito, estão com a entrega atrasada. As antigas, que ainda estão válidas, demoram para ser atualizadas. Em São Paulo há duas pessoas encarregadas da emissão de carteiras no escritório da superintendência do Ministério da Pesca e Aquicultura-MPA na capital, e mais quatro pessoas no escritório regional do MPA no Terminal Pesqueiro
Público em Santos para atender nada menos que cerca de 40 mil pescadores artesanais do Estado. A necessidade é urgente de mais pessoas trabalhando no setor. Segundo Juliana Esteves, coordenadora da Superintendência do MPA em São Paulo, já foi solicitado ao Ministério do Planejamento que os concursados sejam nomeados para preencher esta lacuna, mas ainda não houve resposta. “O setor está sobrecarregado”, reconhece Juliana. Cursos de capacitação e formação, como o de Aquaviário, que fornece a CIR (Carteira de Inscrição e Registro) emitida pela Capitania dos Portos são também uma demanda dos pescadores artesanais tanto do Rio de Janeiro como de São Paulo. “Temos cerca de 60 pessoas esperando para fazer o curso de Aquaviários na categoria POP (pescador profissional)”, diz Ideraldo. Ele acredita que o curso deveria ser ministrado pelo menos três vezes ao ano para suprir as necessidades do setor. Com todas as dificuldades atuais alguns pescadores profissionais não se animam a ensinar os filhos a pescar, mas muitos ainda mantêm a tradição. Para Tsuneo Okida, presidente da Federação dos Pescadores do
Ideraldo se queixa da demora na entrega das carteiras de pescador
Estado de São Paulo, a pesca artesanal não tende a acabar, pois mesmo que não seja a atividade principal do profis-
Filhos da ressurgência
sional é uma forma segura de complementação de renda ou uma maneira de trazer mais comida à mesa.
Pescadores da região de Cabo Frio usufruem de fenômeno que traz piscosidade a suas águas Quem ficar alguns minutos parado à beira do canal de Itajuru, em Cabo Frio-RJ, vai ficar impressionado com o número de embarcações de pesca artesanal e industrial que por ali navegam. Calcula-se que cerca de 1.200 pescadores artesanais praticam a atividade em Cabo Frio. As águas do mar da região são abençoadas pelo fenômeno da ressurgência, causada por uma corrente de águas frias ricas em nutrientes que afloram nas camadas mais iluminadas do mar. Ali, algas microscópi-
cas, que são o início da cadeia alimentar marinha, se multiplicam e fertilizam as águas. Por conta da ressurgência, a região é conhecida por sua piscosidade. No entanto, hoje vários fatores que vão desde sobrepesca até poluição ameaçam esse paraíso dos peixes. A lagoa de Araruama, conhecida pela abundância de peixes e crustáceos teve o primeiro defeso decretado pela Instrução Normativa Interministerial no 2 de 16/05/2013, a fim de proteger esses organismos nas
épocas de reprodução e crescimento e garantir a pesca para o futuro. A medida abrange os municípios do entorno, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Iguaba Grande e Araruama. Os pescadores artesanais cadastrados receberam o seguro-defeso no valor de um salário mínimo durante os três meses de parada (agosto, setembro, outubro) em 2013. A Instrução Normativa Interministerial nº 2 do Ministério da Pesca e Aquicultura e Ministério do Meio Ambiente proibiu
a pesca de peixes e crustáceos com qualquer método ou arte anualmente de 1 de agosto a 31 de outubro na lagoa de Araruama. A instrução ainda proíbe de 1 de março a 30 de julho a pesca com redes de espera e cerco entre locais como o Canal do Boqueirão em São Pedro da Aldeia e Praia Sudoeste em Cabo Frio, da Pedra Lisa e o prédio da Ponta da Costa (veja detalhes em www.jornalmartimpescador. com.br/legislação/Instrução Normativa 2).