JORNAL MARTIM-PESCADOR 150

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www. jornalmartimpescador.com.br NOVEMBRO/DEZEMBRO 2017 • Número 150 • Ano XIV • Tiragem 3.000 exemplares

O jornal Martim-Pescador, inspirado nas ações do Projeto Petrechos de Pesca, lança a Campanha “Menos plásticos, mais peixes”. Para os consumidores, o conselho é praticar sempre a política dos 3 Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Nadando contra a maré do lixo

Sugestões de receitas para um Natal bem brasileiro. Págs 6 e 7

Luiz Casarini, pesquisador do Instituto de Pesca, fala sobre o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar. Pág.11

Lançamento do livro infantil “O Batizado de Cotó”de Regina Alonso com ilustrações de Christina Amorim. Dia 17/12 às 18h no Rolidei Ong Tam Tam-TeatroMunicipal de Santos-terceiro piso-Av. Senador Pinheiro Machado, 48-Santos

Protocolo não é mais válido para artesanal pescar, segundo Portaria 2.078 SEI de 18/10/2017. Pág. 2

Conselheiros e colaboradores comemoram o nono ano de criação da APA Marinha Litoral Centro com visita no Barco-Escola de Bertioga. Pág. 5

Pescadores artesanais se reúnem com pesquisadores e representante do Ministério Público no Museu de Pesca de Santos para discutir compensações sobre o incêndio da Ultracargo. Pág. 3


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Audiência em Guarujá discute situação das carteiras de pescador Viviane Fernandes, diretora de Pesca Guarujá

Luciano Sant´anna e Ana Paula Rodrigues (Z-3)

Eduardo Nocetti-Codesp, prefeito Walter Suman, Henrique Almeida -Seap (em pé), Gilberto Benzi, Tenente Lauro e Luciano Sant´anna

A pedido de dirigentes da Colônia de Pescadores Z-3 de Vicente de Carvalho foi realizada a audiência pública da Pesca em Guarujá dia 19 de outubro. O objetivo foi discutir problemas que afligem a categoria, entre eles a suspensão da emissão da carteira inicial de pescador desde 2014. Com o protocolo de requisição do documento o profissional não tem direito a pescar e também não pode usufruir de benefícios sociais como seguro-defeso, aposentadoria, entre outros. A audiência foi requisitada pelo presidente da Z-3 Fábio Nascimento e o tesoureiro Luciano Sant´anna através de um manifesto entregue em agosto em Brasília na Secretaria Nacional da Pesca e Aquicultura com o apoio de Gilberto Benzi, secretário de Desenvolvimento Econômico e Portuário de Guarujá (Sedep). Como resposta foi marcada a audiência que contou com a participação de autoridades, inclusive o prefeito EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br

de Guarujá, Walter Suman, o secretario Gilberto Benzi, e representantes da pesca, entre eles, Luciano Sant´anna e Ana Paula Rodrigues (Z-3), Maria Aparecida Nobre (Z-4 de São Vicente), Santina Barros (capatazia da Z-1 na Vila dos Pescadores-Cubatão), Marli Vicente (Instituto Sociocultural e Ambiental de Cubatão), Valton Bezerra (Conceiçãozinha-Guarujá), Izaura Bilro (Alpesc-Guarujá), Lilia Vasquez da Silva e Carlos Alberto da Silva (Capatazia Z-1 em Monte Cabrão e Caruara). Foi discutido o problema da não emissão da carteira inicial de pescador-RGP. O profissional recebe apenas o protocolo, que dava validade para pescar através da portaria 1.275 de 26/7/2017. Porém esta portaria foi suspensa em outubro. Hoje, além de não receber os benefícios, o pescador também não tem direito de pescar portando apenas o protocolo. Questionado na audiÓrgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida

ência sobre o problema da não emissão das carteiras iniciais, Henrique Gonçalves de Almeida, representando o secretário da Pesca Dayvdson Franklin, explicou que aguardava medida provisória para que a Secretaria de Pesca voltasse ao status de Secretaria Especial da Pesca-Seap, que teve de 2003 a 2009. A esperada mudança veio duas semanas após a audiência com a Lei 13.502 de 1/11/2017, transformando o órgão em Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura-SEAP, vinculada à Presidência da República. Além da falta de pessoal e infraestrutura para realizar um recadastramento, Almeida afirmou que as emissões de carteiras iniciais foram suspensas para evitar fraudes e explica que as existentes devem ser revistas antes que sejam abertos novos registros. Maria Aparecida Nobre, da Colônia Z-4, afirmou que um dos grandes problemas de as carteiras não serem emitidas Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP CEP: 11030-350 Fone: (013) 3261-2992

desde 2014, entre outros, é que sem Registro Geral de Pesca-RGP não é possível requisitar auxílio-doença. Izaura Bilro da Alpesc se queixou do mesmo problema que acontece com seus associados. Ricardo Itano, secretário adjunto da Habitação falou sobre a restrição de pesca feita pela portaria 445 que trata da fauna ameaçada de extinção. Afirmou que seriam necessários mais estudos para estabelecer quais as espécies da fauna marinha ameaçadas. Pediu que fosse estudada uma suspensão da lei para que mais pesquisas fossem feitas. “De nada vai adiantar ter a carteira de pesca se não puderem pescar”, concluiu. Oliveira explicou que o Ministério do Meio Ambiente editou esta Portaria sem a participação do então Ministério da Pesca e Aquicultura. Mas, acrescentou que ainda assim a Secretaria da Pesca está trabalhando nesta portaria.

Viviane Fernandes, Diretora de Pesca e Economia Solidária, afirmou que a Prefeitura também está empenhada em realizar um cadastramento dos pescadores da cidade. “Pescadores poderão procurar suas associações para atualizar seus cadastros e as associações virão a Prefeitura”, complementou. O prefeito quer olhar para essa população tradicional caiçara que precisa ter atendimento pessoal. Viviane finalizou dizendo que o banco de dados que a Prefeitura vai criar poderá ajudar a Seap na revisão do cadastramento de pescadores em andamento. A presidente da Colônia de Pescadores Z-4 de São Vicente, Maria Aparecida Nobre, também se ofereceu para auxiliar no cadastramento que a SEAP pretende fazer. Sugeriu a realização de um mutirão em São Vicente, com o apoio de sua colônia, para que o cadastramento seja realizado o mais breve possível e assim

regularizar a situação das carteiras e a vida dos pescadores. Outras colônias, como a Z-3 de Vicente de Carvalho, e associações também se dispõem a auxiliar quando a SEAP se predispuser a fazer o cadastramento e permitir assim que os pescadores tenham seus direitos garantidos. SEAP volta, mas protocolo não é mais aceito para pescar

A Secretaria de Aquicultura e Pesca volta a se chamar Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura-SEAP e fica vinculada à Presidência da República, através da Lei 13.502 de 1/11/2017. A portaria SAP 1.275 de 26/7/2017 que dava direito de o pescador artesanal pescar sem a carteira (RGP), mas com o protocolo de requisição do documento foi suspensa pela Portaria 2.078 SEI de 18/10/2017.

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos Fotos e ilustração: e ilustração: Christina Christina Amorim; Amorim; Diagramação: Diagramação: cassiobueno.com.br; cassiobueno.com.br; Projeto Projeto gráfico: gráfico: Isabela Isabela Carrari Carrari - belacarrari@hotmail.com - icarrari@gmail.com Impressão: Impressão:Diário Diáriodo do Litoral: Litoral Fone.: Fone.:(013) (013)3226-2051 3226-2051 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia


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Reparações do incêndio da Ultracargo estão em discussão Pescadores se reúnem com pesquisadores para construir um mapa da moratória da pesca Pescadores das comunidades afetadas pelo incêndio da Ultracargo realizaram reunião dia 24 de novembro no auditório do Museu de Pesca de Santos para estabelecer áreas e períodos de proibição de pesca no estuário. A proposta de moratória de pesca é parte das possíveis compensações do dano ambiental coletivo sofrido pelos pescadores. Após sua finalização deverá ser apresentada durante as negociações com a Ultracargo. A proibição de pesca deve se estender numa área que vai da Ponta da Moela até o Forte de Itaipu, incluindo todo o estuário até o canal de Bertioga. A parada visa auxiliar a recuperação do ambiente marinho afetado pelo incêndio da Ultracargo. Caso a empresa concorde com a proposta, os pescadores que aderirem à determinação de não pescar nos locais estabelecidos receberão um salário mínimo paulista mensal durante um ano. Estão envolvidos na ação pescadores de 15 comu-

nidades: Ilha Diana, Caruara, Monte Cabrão (Santos), Sítio Cachoeira, Santa Cruz dos Navegantes, Praia do Góes, Rio do Meio, Guaiuba, Astúrias, Itapema e Conceiçãozinha (Guarujá), Canto do Forte (Praia Grande), Rua Japão (São Vicente), Vila dos Pescadores (Cubatão) e Bertioga. Além de representantes das comunidades estiveram presentes o assessor do Ministério Público de SP, Roberto Pereira Borges, pesquisadores do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura do ESP, o professor Matheus Rotundo da UniSanta e Fabrício Gandini da Ong Maramar. Roberto Pereira Borges abriu o encontro falando sobre os prejuízos que o incêndio trouxe aos pescadores e sobre a moratória. “O conhecimento técnico e científico ajuda a buscar soluções, mas não resolve sozinho”, explicou ressaltando a importância de agregar o conhecimento dos pescadores na construção da moratória. “É fundamental

Roberto Pereira Borges, assessor do Ministério Público, fala com pescadores

que haja a participação de vocês, pescadores, junto aos pesquisadores e ao Ministério Público”, concluiu. O pesquisador Marcelo Souza, do Instituto de Pesca, apresentou sua tese de doutorado sobre a pesca no estuário mostrando as principais espécies capturadas, locais e pescadores envolvidos na atividade. Após as explanações foi feita uma dinâmica de grupo com os pescadores presentes coordenada pelo pesquisador do

Instituto de Pesca Alberto Amorim e o oceanógrafo Fabrício Gandini da Ong Maramar, que resultou na construção de gráficos mostrando qual a principal atividade de pesca de cada comunidade. O professor Amorim distribuiu questionários com perguntas sobre as pescarias das comunidades acompanhadas do mapa do estuário para assinalar as possíveis áreas e períodos de moratória. O trabalho visa estabelecer os

locais e datas em que poderá ser proibida a pesca durante a vigência da moratória. A previsão é de duração de um ano, com rodízios de locais e datas de proibição. Os pescadores pediram mais tempo para responder os questionários e o professor Amorim concordou em contatar as lideranças e discutir o assunto nas comunidades. Ao final do encontro foram distribuídos questionários para cada comunidade elencar quais as

estruturas necessárias para o melhor desenvolvimento da pesca nos bairros. Melhoria de infraestrutura como píer, fábrica de gelo, entre outros serão solicitados como compensações do incêndio. Após o término da confecção dos mapas da moratória e devolução dos questionários sobre as melhorias nos bairros os promotores irão se reunir com a Ultracargo para prosseguir as negociações com a empresa.

Histórico

Promotores Flavia Gonçalves, Daury e procurador Antonio Daloia presidiram a reunião de 1911

Reunião dia 19 de outubro no Gaema

Incêndio ocorrido de 2 a 10 de abril de 2015 em seis tanques de combustível da Ultracargo no bairro de Alemoa em Santos causou a morte de cerca de 8 toneladas de peixes. Os pescadores da área de influência do acidente foram afetados num primeiro momento pela proibição da pesca, seguido pela falta do peixe, e depois pela desconfiança do consumidor em comprar o pescado das áreas atingidas. As negociações para estabelecer compensação do dano ambiental coletivo tiveram início logo após a ocorrência do incêndio, promovidas pelo Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), Núcleo Baixada Santista do Ministério Público do Estado de São Paulo em Santos. De acordo com a promotora Flávia Maria Gonçalves do GAEMA, foram feitas cerca de 15 reuniões com a Ultracargo para a realização de um acordo, além de reuniões com os pescado-

res. Participaram também das negociações o promotor Daury de Paula Júnior do Ministério Público Estadual e o procurador da República Antonio José Molina Daloia do Ministério Público Federal. No início foi elaborada uma lista de 453 pescadores com o auxílio do professor Alberto Amorim do Instituto de Pesca de Santos, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Nesta primeira listagem foram cadastrados pescadores que atuavam em área próxima ao terminal, a Vila dos Pescadores em Cubatão, e os bairros de Monte Cabrão e Ilha Diana, na área continental de Santos. Com o avanço do inquérito, verificou-se que o incêndio havia afetado uma área mais ampla, prejudicando um número maior de comunidades ampliando-se essa listagem com Vicente de Carvalhoe São Vicente, totalizando 1.136 pescadores. Em seguida foi escolhido um novo sistema, o

de autodeclaração, para abranger o maior número possível de pescadores sendo incluídos os bairros de Sítio Cachoeira, Santa Cruz dos Navegantes, Praia do Góes, Rio do Meio, Guaiuba, Astúrias, Itapema e Conceiçãozinha (Guarujá), Canto do Forte (Praia Grande), Rua Japão (São Vicente), Vila dos Pescadores (Cubatão). Durante reunião dia 19 de outubro no GAEMA, representantes dos pescadores expuseram as principais necessidades para melhorar a infraestrutura de pesca nas comunidades que devem ser incluídas na compensação a ser negociada com a Ultracargo. Os itens mais citados foram reforma no píer de desembarque de pesca, câmara frigorífica, fábrica de gelo, bomba de combustível, infraestrutura para guarda de petrechos de pesca. Um questionário foi produzido pelo Gaema para ser levado às comunidades para definir as demandas de cada grupo.


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Pescadores participam de Fórum Social O encontro de comunidades caiçaras, parte integrante do Fórum Social da Baixada Santista (FSBS), aconteceu dia 17 de novembro no campus da Unifesp da Vila Mathias, em Santos. Ingrid Oberg, do Ibama e Ingrid Cabral, do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura do ESP abriram o encontro, ressaltando a importância dos debates que ajudarão a construir uma Carta da Pesca que integrará o documento final do Fórum Social. Vários movimentos dentro das comunidades tiveram oportunidade de estreitar sua comunicação durante o evento. Estiveram presentes pescadores de Bertioga, Cubatão, Peruíbe, São Vicente, Itanhaém, Sítios Conceiçãozinha e Cachoeira (ambos em Guarujá). O encontro teve início com a apresentação Programa de Monitoramento de Atividade Pesqueira Marinha e Estuarina do Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do ESP/Fundepag pelo pesquisador Rafael Namora. Fabricio Gandini da Ong Maramar falou sobre Cartografia de Pesca. A seguir, a partir do tema pesca sustentável foi realizado um debate em grupos, e um bate-papo sobre pescarias de boas experiências. Os principais problemas enfrentados pelos pescadores incluíram a suspensão de novas licenças para pescadores artesanais, competição com a pesca industrial, problemas fundiários, falta de estrutura para desembarque, manutenção e comercialização do pescado, leis ambientais que restringem a pesca e os locais de pesca, acidentes ambientais que prejudicam o meio ambiente e os organismos aquáticos. Luciana Mello gestora municipal de Segurança Alimentar e do Banco de Alimentos da Secretaria Municipal de Educação de Itanhaém falou sobre a inclusão do pescado na rede municipal da cidade. A iniciativa surgiu a partir de um convênio entre a Prefeitura, o Instituto de Pesca (IP), Secretaria de Abastecimento Agricultura e Abastecimento do Estado e Universidade Católica de Santos (UniSantos). O pescador Alex Crepaldi de Itanhaém, um dos colaboradores do projeto, também falou dos resultados positivos da ação. Para finalizar o encontro foi apresentado um documentário sobre a Vila dos Pescadores produzido por Danilo Tavares, com o apoio de Vinicius Salgado e Catarina Bertholini. O cantor e compositor Vicente Lapa e seu filho Ygor, da comunidade da rua Japão, em São Vicente, embalaram o evento ao som de músicas com temas sobre pescadores e meio ambiente. O Café Solidário Sonhos e Sabores, criado por moradoras da comunidade de pescadores de Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá, serviu o coffee break, mostrando como um empreendimento solidário pode ser bem sucedido com garra e talento (sonhosesabores@hotmail.com). A jornalista Christina Amorim, editora do jornal Martim-Pescador, expôs fotografias sobre a culinária caiçara extraídas de seu livro Café com Peixe. O Grupo de Cultura Popular Zabelê da Vila dos Pescadores se apresentou ao final do encontro, dançando o maracatu. O grupo e participantes do evento seguiram tocando e dançando até o campus da Unifesp da Carvalho Mendonça, onde aconteceu a abertura do FSBS com debates de especialistas sobre a conjuntura nacional e palestra do Frei Beto.

A gestora Luciana Melo e o pescador Alex Crepaldi de Itanhaem

Danilo Tavares apresentou documentário sobre a Vila dos Pescadores

Ingrid Oberg e Ingrid Cabral abriram o evento

A Vila dos Pescadores em Cubatão marcou presença

Antonio Prado da Colônia de Peruíbe

João do Espírito Santo, presidente da Colônia de Bertioga

Grupo de Cultura Popular Zabelê

Fabrício Gandini da Ong Maramar

Ingrid Cabral (segunda à direita) e alunas da Unifesp

Newton Rafael (CMP), Vicente e Ygor Lapa, Sidnei Bibiano (CMP)e professor Amorim do Instituto de Pesca

Eliana Diniz, presidente da Colônia de Peruíbe

O Café Sonhos e Sabores, da comunidade de Santa Cruz dos Navegantes adoçou a reunião


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A Área de Proteção Marinha Litoral Centro-APAMLC foi criada dia 8 de outubro de 2008 pelo Decreto Estadual n° 53.526. É administrada pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Sua finalidade de proteger, ordenar, garantir e disciplinar o uso racional dos recursos ambientais da região, inclusive suas águas, viabilizado pelo ordenamento das atividades turísticas, de pesquisa e de pesca, de modo a promover o desenvolvimento sustentável. A APA Marinha do Litoral Centro abrange os municípios de Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.

Aniversário da APA a bordo do barco-escola

Defesos

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Sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) (atuneiros) 15/06 a 31/07 (recrutamento)

Bagre-rosado (Genidens genidens/ Genidens barbus/Cathorops agassizi) 01/01 a 31/03 Caranguejo-guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10 a 31/3 Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) proibição de pesca no Decreto SMA 60.133 de 07/02/2014- Exceções ao Decreto na resolução SMA 02/2015 (conheça as leis na íntegra em www. jornalmarttimpescador.com.br legislação) Defeso anual do caranguejo-uçá- 1/10 a 30/11 (machos e fêmeas) 1/12 a 31/12 (somente fêmeas) Lagosta-vermelha (Panulirus argus) Lagosta verde (P. laevicauda) 1/12 a 31/05 Mexilhão (Perna perna) 01/09 a 31/12 Ostra- 18/12 a 18/02 Sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) (traineiras) 15/06 a 31/07 (recrutamento) e 1/11 a 15/02 (desova)

Moratórias

Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023 (Portaria Interministerial no 14) Mero (Epinephelus itajara) 06/10/15 a 06/10/23 (Portaria Interministerial no 13) Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)tempo indeterminado Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminado Raia manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado Marlim-azul ou agulhão-negro (Makaira nigricans)- tempo indeterminado Marlim-branco ou agulhão-branco (Tetrapturus albidus) – tempo indeterminado Saiba mais sobre a legislação de pesca em: www.jornalmartimpescador.com.br (legislação)

TELEFONES ÚTEIS Corpo de Bombeiros .......... 193 SAMU(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ........... 192 Disque Denúncia ............... 181

A gestora da Apa, Maria Lanza (centro) ao lado de Marisa Goulart e colaboradores

O nono aniversário da APAMLC foi comemorado com uma visita monitorada do Barco Escola de Bertioga pelo manguezal do rio Itapanhau a bordo do Barco-Escola Arca do Saber dia 20 de outubro. Participaram cerca de 40 conselheiros e colaboradores que puderam conhecer o projeto de educação ambiental barco-escola da Prefeitura do Município de Bertioga, que atende alunos da rede pública e particular de ensino, além de grupos fechados. O objetivo do programa é promover o conhecimento dos ecossistemas locais como estratégia de sua conservação. Mylene Lyra, coordenadora de Educação Ambiental da prefeitura de Bertioga, criou o projeto em 2013, contando com o apoio da Fundo Estadual de Recursos Hídricos-Fehidro em seu primeiro ano. Mylene explica que a atual gestora da APAMLC, a engenheira florestal Maria de Carvalho Tereza Lanza, auxiliou na adaptação do projeto para os moldes exigidos pelo Fehidro. Na visita monitorada em comemoração ao aniversário da APA, os participantes puderam conhecer o projeto. Durante a viagem pelo Canal de Bertioga, os monitores abordaram temas ligados ao meio ambiente, ao ecossistema manguezal e também sobre a história da região. Afinal, o Forte

São João, o primeiro do Brasil, é avistado bem no início do passeio. As duas horas de trajeto passaram muito rápido, pois as informações foram passadas de forma bem dinâmica e didática. O momento de comemoração foi também um tempo de conhecer um projeto inovador que é um bom exemplo a ser seguido na área de educação ambiental.

COMUNICADO

APAs Marinhas do Estado de São Paulo

ESPÉCIES AMEAÇADAS LIBERADAS PARA PESCA

As espécies abaixo tem captura, desembarque e comercialização permitidos até 15/06/2018 Portaria MMA nº 217/2017

Garoupa - Verdadeira (Epinephelus marginatus)

Garoupa São -Tomé (Epinephelus morio)

Budião ou Budião-Cinza (Sparisoma axillare)

Budião (Sparisoma frondosum)

Peixe Batata (Lopholatilus villarii)

Budião-Azul (Scarus trispinosus)

https://globoplay.globo.com/v/4860256/ O agendamento de visitas pode ser feito em: email: barcoescolabertioga@gmail.com / (13) 3319 8084 ou (13) 3317 4599.

Cação Noturno (Carcharhinus signatus)

Budião ou Budião-Banana (Scarus zelindae)

Bagre-Branco (Genidens barbus)

Badejo-Amarelo (Mycteroperca interstitialis)

Badejo-Quadrado ou Sirigado (Mycteroperca bonaci)

Pargo (Lutjanus purpureus)

Caranha (Lutjanus cyanopterus)

Raia-Viola (Zapteryx brevirostris)

Raia-Elétrica (Torpedo puelcha)

Raia-Prego (Dasyatis colarensis)

Guaiamum (Cardisoma guanhumi)

A permissão para captura, desembarque e comercialização dessas espécies vai até

30/04/2018

Portaria MMA nº 161/2017

ESPÉCIES AMEAÇADAS QUE CONTINUAM PROIBIDAS Tubarão-Lixa (Ginglymostoma cirratum)

Para mais informações sobre o Projeto Barco Escola "Arca do Saber", acesse: http://www.bertioga.sp.gov.br/especiais/ projeto-pedagogico-barco-escola-arca-do-saber/

Cherne Verdadeiro (Hyporthodus niveatus)

Tubarão dos Recifes (Carcharhinus perezi)

Tubarão-Raposa (Alopias vulpinus)

Mylene Lyra, coordenadora de Educação Ambiental

Polícia Civil ........................ 197 Polícia Militar ..................... 190 Sabesp .............................. 195 CPFL ...........................0800-0102570

IN MMA n°5/2004

Tubarão-Raposa (Alopias superciliosus) INI MPA/MMA N° 5/2011

Tubarão Galha-Branca (Carcharhinus longimanus) INI MPA/MMA Nº 01/2013

TODAS as Raias da Família Mobulidae, conhecidas como Mantas ou Jamantas Tubarão-Baleia (Rhincodon typus) IN MMA n°5/2004

Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte (12) 3832-1397/(12) 3832-4725 apamarinhaln@fflorestal.sp.gov.br Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro (13) 3567-1495/3567-1506 apamarinhalc@fflorestal.sp.gov.br Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Sul (13) 3851-1108/(13) 3851-1163 apamarinhals@fflorestal.sp.gov.br

IN MPA/MMA Nº 02/2013

Marlim-Azul (Kajikia albida)

IN SEAP/PR n° 12/2005

Os períodos de defeso continuam vigentes

As demais espécies da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA nº 445/2014) continuam proibidas.


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Coluna Empraport conclui primeira edição do Programa de Educação Global com alunos da UME Monte Cabrão

Natal Brasileiro

Buscamos no Nordeste e na alimentação dos povos indígenas a inspiração para uma ceia de Natal bem brasileira. A moqueca de Sergipe e a cocada da Bahia são nossas fontes de sabor. Na capital Aracaju, com o nome derivado do termo tupi arákaîu (cajueiro das araras) aprendemos a usar o leite de coco natural para o preparo do peixe. A cidade preserva muito o verde e as boas tradições alimentares, muitas herdadas dos indígenas como o uso da mandioca e seus derivados. Na Bahia, escolhemos as cocadas da praia de Mangue Seco, feitas de forma lindamente simples. Os tempos de colheita do arroz e da castanha-do-Pará dos Kayapó trazem uma mistura perfeita na mesa: o arroz com castanha.

Sandra e o sabor indígena

A Embraport concluiu no mês de novembro, a primeira edição do Programa Global de Educação, que teve como objetivo levar conhecimento sobre logística portuária para crianças e jovens entre 13 e 15 anos, estudantes da Unidade Municipal de Ensino de Monte Cabrão, na área continental de Santos. O módulo final do programa, que envolveu entrega de certificados aos jovens participantes, foi realizado na sede da Embraport, na Ilha Barnabé, e os alunos puderam visitar o terminal e conhecer toda a infraestrutura portuária, os equipamentos utilizados na operação, além de fazerem um passeio

de barco pelo canal do Porto de Santos. O projeto é uma iniciativa da DP World que visa expandir a qualidade na educação de mais de 34 mil jovens em 30 países onde a empresa atua. Os oito módulos, realizados entre os meses de abril a novembro, abordaram temas como localização, infraestrutura portuária, matemática marítima, tipos de contêineres, segurança nas operações, sustentabilidade, processos aduaneiros e mercado de trabalho. Cada módulo foi ministrado por um voluntário da empresa que visitou a escola para falar sobre o tema e compartilhar um pouco de sua trajetória profissional, possibilitando

com isso, o contato dos alunos com grandes profissionais da área. Paulo Gabriel Setten, coordenador de Comunicação e Sustentabilidade destaca o sucesso do programa neste primeiro ano. Ele aponta que o compartilhamento de conhecimento dos voluntários com os alunos foi muito positivo. “Levar educação para as comunidades da região é uma das missões da nossa empresa, e nós trabalhamos constantemente com o objetivo de cumprimos o nosso papel. Esperamos que no futuro nós possamos colher os frutos do projeto e tenhamos alguns destes alunos do programa em nosso quadro de funcionários”, finaliza.

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Após conviver nove anos com os índios Kayapó na aldeia Gorotire, no Pará, a estilista Sandra Machado guardou na memória o sabor especial do arroz feito com castanhas-do Pará. “As colheitas do arroz e da castanha coincidiam, assim o sabor era muito fresco, uma delícia”, rememora. Na receita original, os Kayapó ralavam a castanha e misturavam ao arroz batido no pilão, cozinhando na água. De uma maneira menos artesanal, mas ainda deliciosa, Sandra faz o arroz branco tradicional, refogado nos temperos, cozido na castanha batida com água no liquidificador. Experimente! Arroz kaypó Ingredientes: 2 xícaras (chá) de arroz/1 xícara (chá) de castanha-do-Pará para o cozimento/1/2 xícara (chá) de castanha-do-Pará cortadas em pedaços para enfeitar/4 xícaras (chá) de água/cebola e alho picados/óleo de soja Preparo: Bater no liquidificador 1 xícara(chá) de castanha com 4 xícaras (chá) de água. Bater bem rápido, cerca de 1 minuto para não desmanchar muito a castanha. Refogar o arroz na cebola e alho picados. Acrescentar as castanhas batidas na água. Deixar cozinhar. Ao final enfeitar com as castanhas cortadas.

A estilista Sandra Machado estudou a alimentação dos Kaypó


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Procissão de São Francisco Moradores de Corumbau, no extremo sul da Bahia, saem em procissão marítima reverenciando o padroeiro São Francisco de Assis no dia 4 de outubro. O santo saiu da igreja localizada na Vila de Corumbau em barcos de pescadores, numa festa que terminou à noite em baile dançante com bandas regionais e locais como Yclavs.alves banda de axé, forró e outros ritmos.

Thayna vende cocadas em Mangue Seco

Thayna das cocadas

Atravessando os limites entre Sergipe e Bahia chegamos à praia de Mangue Seco, Bahia, local que serviu de paisagem para a novela Tieta (1989), baseada em romance homônimo de Jorge Amado. Ali buscamos a inspiração para as cocadas mais tradicionais do nordeste. Encontramos Thayna que vende as cocadas feitas pela mãe, desfilando pela praia num perfeito equilíbrio da bacia de doces sobre a cabeça. Feitas num formato redondo e com pedaços de coco cortado em quadradinhos, também chamadas de mudinhas, são exemplo de que as coisas boas residem na simplicidade.

Cerveja Cauim, da Colorado, vai trazer o sabor brasileiro, pois é fermentada com cereais e mandioca

Cocadas de Mangue Seco Ingredientes: 150g de coco fresco ralado/250g de coco fresco cortado em quadradinhos/2 xícaras (chá) de água/ 2 xícaras (chá) de açúcar/margarina para untar a forma Preparo: Jogar 1 xícara (chá) de água numa panela e acrescentar 250g de açúcar. Misturar bem, depois deixar formar uma calda sem mexer. Quando estiver em ponto de fio (quando colocar a colher e a calda escorrer formando um fio), acrescentar o coco ralado e o coco cortado na calda. Mexer bastante e depois acrescentar mais uma xícara (chá) de água e uma xícara (chá) de açúcar e mexer até dar ponto que comece a soltar da panela. Passar margarina numa forma e colocar a massa das cocadas com uma colher, fazendo uma a uma. Deixar esfriar até endurecer.

Na Ponta de Corumbau, Bahia, pescadores comemoram dia de São Francisco

A moqueca natural de Sergipe

Deise Patrícia da Conceição, 37 anos, é nascida em Aracaju, Sergipe. Em sua profissão de guia de turismo aprendeu a valorizar as coisas boas de sua terra. Entre elas a culinária sergipana, que mostra muita influência indígena no uso de raízes, principalmente a mandioca e seus produtos. Seu prato favorito é a moqueca sergipana. “É mais natural.”, afirma, pois usa o leite de coco extraído de forma manual, sem usar o produto industrializado. Ingredientes: 1 kg de postas de peixe (robalo, cação, pescada amarela, vermelho- cioba)/sal/coentro/colorau/dois a três tomates/1 cebola e 1 dente de alho picados/1/2 pimentão verde, ½ pimentão amarelo, ½ pimentão vermelho picados/suco de um limão Thaiti/coentro e cebolinha picada/1 colherinha (café) de cominho/2 colheres (sopa) de azeite de dendê/1 coco seco ralado Preparo: Preparar o leite de coco natural com 1 coco ralado imerso em 300 ml de água. Reservar. Espremer o coco numa peneira para extrair o leite. Reservar. Temperar o peixe com sal, limão e cominho. Reservar. Refogar cebola e alho. Colocar tomate e pimentão. Acrescentar o peixe. Quando o líquido estiver fervendo acrescentar o leite de coco e o dendê e deixar por mais 20 minutos. O bagaço do coco pode ser aproveitado para fazer cocada. Cocada de bagaço Ingredientes: bagaço de 1 coco/1 caixa de leite condensado/dois cravos da Índia Preparo: Misturar tudo e levar ao fogo baixo. Mexer até a massa começar a se desgrudar da panela. Colocar numa travessa de pirex e deixar esfriar. Cortar em quadradinhos.

Deise Patrícia da Conceição

São Francisco saiu de sua igreja na Ponta de Corumbau e ... Seguiu em procissão marítima acompanhando a orla da praia

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Coluna

O Porto na Comunidade

“Posso crescer e ter um objetivo. A empresa me dá oportunidades e eu vou abraçando” João Diego, Morador da Ilha Diana, fala sobre sua trajetória no Porto de Santos e de suas conquistas profissionais João Diego Silva de Moraes, morador da Ilha Diana, tem uma longa história com o Porto de Santos. Em 2007, quando tinha pouco mais de 18 anos, começou a trabalhar nos processos iniciais da obra do terminal Embraport, e hoje, mais de 10 anos depois, faz parte do time da empresa atuando como Vistoriador de Carga I. Em seu primeiro acesso à Embraport, João exercia a função de auxiliar dos biólogos na obra de construção do terminal. Ele explica que seu trabalho consistia no cercamento e desmatamento da área, onde ele colhia mudas das plantas locais para realizar o replantio em um local específico, em conformidade com os processos do IBAMA. Após dois anos, o grupo responsável por estes processos se dividiu em dois: o do Meio Ambiente, que continuou realizando trabalhos como monitoramento de fauna, floral e manguezais junto com os biólogos, e o grupo de terraplanagem, que era encarregado de preparar o terreno para que a construção do terminal começasse – João passou a fazer parte do segundo grupo. Neste período, ele foi Auxiliar de Serviços Gerais por um tempo, e logo em

seguida passou a atuar como Apontador, função que é responsável por enviar os caminhões da pedreira para o canteiro de obras e recebê-los no local. João permaneceu neste trabalho durante um tempo, até que se desligou das atividades. João conta que em setembro de 2013 teve uma oportunidade de retornar à Embraport, desta vez, em um novo ofício. “Entrei como Auxiliar de Armazém e continuei trabalhando no setor por pouco mais de três anos”, relembra. Em março deste ano, por meio de um recrutamento interno, João se tornou Vistoriador de Carga I, e agora atua na área do Gate. “Meu foco é no costado, e eu estou no caminho certo. Na escala nós começamos como Vistoriador de Carga I, depois passamos para Vistoriador II e então podemos concorrer a uma vaga de Vistoriador III. Para chegar a Conferente, que é o que eu pretendo, nós precisamos passar por essas três funções”, explica João, ao falar sobre seus objetivos de crescimento profissional. Ele, que tem cursos nas áreas de Vistoriador e Conferente, busca se aperfeiçoar e conhecer cada vez mais o trabalho

que realiza para que possa alcançar suas metas. “Aqui posso crescer e ter um objetivo. A empresa me dá oportunidades e eu vou abraçando”, conta. Orgulhoso de trajetória que percorreu na empresa, João fala sobre o significado

de seu trabalho. “O trabalho na Embraport é muito importante pra mim. Foi aqui que eu comecei, tive oportunidade de retornar, aprender coisas novas e crescer como profissional e pessoa. Para mim é sensacional estar aqui”, finaliza.


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Coluna

Você conhece o Porto? Conheça os tipos de contêineres utilizados para o transporte de cargas Você sabia que existem diferentes tipos de contêineres, projetados para carregar os mais variados materiais? Algumas cargas são perecíveis ou perigosas, e outras, grandes demais. Por isso, para cada tipo de produto, existe um container específico. O container Dry é o mais comum, e por sua versatilidade é utilizado para o transporte de cargas em geral. Já o Flat Rack é o oposto, e figura entre os modelos mais diferentes por ser completamente aberto, contanto apenas com o piso e as cabeceiras nas extremidades. O Open Side pode ser considerado um meio termo entre os dois. Com três paredes, este tipo de container tem uma das laterais abertas, possibilitando o transporte de animais e cargas largas. Para o transporte de cargas líquidas ou gasosas, e geralmente perigosas, o Iso Tanque é o container ideal. Já o Open Top tem uma abertura superior, e é utilizado no transporte de grandes cargas, como máquinas e peças de automóveis. O último tipo é o Reefer, que contém um equipamento próprio de geração de frio para transportar cargas como carnes e outros produtos de origem animal, que precisam ser mantidos em temperaturas amenas.

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O mito do congelamento rápido O congelamento rápido é definido como um método de conservação dos alimentos e que os mantêm durantes meses sem alteração de suas características sensoriais e nutritivas. Quando o pescado fresco é congelado e armazenado em frigorífico de forma adequada, não deve ocorrer alteração, de tal forma que, uma vez descongelado corretamente a mesma qualidade anterior do pescado resfriado em gelo deve estar presente. Em hipótese alguma o congelamento tem a finalidade de melhorar a qualidade. A prática de congelamento tem mais de um século, mas foi a partir da década de 50 que o pescado congelado começou a surgir como um sério competidor do pescado fresco. Anteriormente esse método de conservação ficou desacreditado por trazer mais prejuízo que benefício ao consumidor. O problema estava na qualidade do pescado que era inferior à de hoje e os métodos de congelamento e armazenamento não eram satisfatórios, quando comparados às técnicas modernas. Pode-se dizer que este fato criou um verdadeiro estigma e hoje, muitas pessoas ainda desacreditam do poder do congelamento. Passado este período novas técnicas de congelamento e conservação foram colocadas em práticas e muita importância passou a ser dada a qualidade inicial do produto a ser congelado, o que fez que esse produto na Europa surgisse como uma opção ao pescado fresco. No Brasil ainda é encontrada certa resistência do consumidor na aquisição de pescado congelado o que se deve talvez, ao processo que necessite ainda aperfeiçoamento e fiscalização mais efetiva para a entrega de um verdadeiro pescado congelado. O consumidor moderno tem variado profundamente o modo de adquirir alimentos e a indústria de olho na exigência deste público, tem elaborado produtos, principalmente naqueles que são perecíveis, que exija um mínimo de esforço na compra, manejo e preparo. Neste aspecto o pescado congelado tem uma vantagem clara sobre o pescado fresco. Outras vantagens estão relacionadas com a facilidade e conveniência do transporte, exposição bem atraente nos pontos de venda ao consumidor e fundamentalmente quanto à higiene que não é possível ter com o pescado fresco. O pescado congelado regula o mercado e atende a demanda, pois enquanto o pescado fresco tem que ser consumido de imediato o congelado pode ser distribuído ao longo do ano,

sem que falte produtos nas gôndolas facilitando a compra e o preparo, além da estabilização de preços e possibilita a presença constante das espécies mesmo em períodos, que por um ou outro motivo não possam ser comercializadas na forma fresca. Dessa forma ficou provado que para o sucesso do congelamento a qualidade da matéria prima é importante, bem como a eficácia nas técnicas de congelamento e armazenamento.

Augusto Pérez Montano Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

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Conselho Gestor discute manifesto sobre projeto de termelétrica em Peruíbe O Projeto Verde Atlântico Energias (termelétrica de Peruíbe) foi um dos principais assuntos abordados na 51ª reunião do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro dia 28 de novembro. A conselheira Silvia Sartor (Poli-USP) expos um resumo do parecer técnico do Conselho Gestor sobre o projeto da termelétrica a gás natural que inclui terminal offshore (marítimo), porto e usina em terra. A localização é um dos principais problemas apontados. Citou

que segundo o Decreto Estadual 58.996/2013 do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro a Z3-M não permite este tipo de empreendimento no local. Alguns outros problemas foram apontados, entre eles, o lançamento de efluente térmico com variação de +8,11ºC do meio natural que poderá afetar a solubilidade do oxigênio na água. Haverá também supressão de 27 hectares (270 mil m2) de Mata Atlântica para a instalação da usina e 1,65 hectares (16.500

m2) de manguezais nos Rio Preto e Rio Branco para passagem de linhas de transmissão. Considerou que o empreendimento também irá causar novas áreas de exclusão de pesca e interferir no potencial turístico descaracterizando a imagem de paraíso ecológico de Peruíbe. Após a leitura do parecer técnico do Conselho Gestor, foi realizada votação e o documento foi aprovado. A conclusão final foi que “considerando o exposto, o Conselho

Gestor se posiciona contrariamente à instalação do empreendimento”. Outros assuntos discutidos na reunião incluíram o Plano de Metas para 2018, renovação do Conselho Gestor, Plano de Manejo, entre outros. Há previsão de uma nova reunião em janeiro, com data a ser confirmada. A proxima reunião da APAMLC acontece dia 12 de dezembro as 14h na sede localizada na Av. dos Tupiniquins 1009, Japui, São Vicente.

Conselho de Pesca se reúne em Bertioga

Conselho de Pesca se reune uma vez por mes em Bertioga

O Conselho Municipal de Desenvolvimento de Pesca (CDM-Pesca) se reuniu dia 21 de novembro em Bertioga. Sob a coordenação do presidente Thomas Schmidt foram discutidos vários problemas que afetam a cidade. Um dos principais problemas é o tráfego de embarcações em alta velocidade nos rios

O presidente do Conselho Thomas Schmidt (direita) com Sérgio dos Santos e João do Espírito Santo

Itapanhau e Jaguareguava. Além de acidentes com abalroamento de lanchas, as fortes marolas soltam as raízes e acabam arrancando o mangue das beiradas dos rios. O uso de redes de pesca fechando a Barra do Canal de Bertioga por pescadores não profissionais também foi discutida. Na ocasião o biólogo Alexandre

Rodrigues, orientado de doutorado do professor Alberto Amorim do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura, em parceria com a Unesp de Botucatu, expôs seu trabalho científico com raias em Bertioga. Desde 2015 o biólogo faz monitoramento pesqueiro participativo e conta com o apoio do pescador artesanal Wesley Alexandr

O pescador Wesley Shkola e o biólogo Alexandre Rodrigues em parceria na pesquisa

Shkola. “É um exemplo de união do conhecimento tradicional com o acadêmico”, afirma Alexandre. Ele acompanha as pescarias de arrastão de Wesley, fazendo observações para seus estudos. O biólogo apresentou seu projeto em que colocará marcas em raias-ticonha, e afirmou que gostaria de contar com a colaboração dos

pescadores da cidade para reportar animais que forem recapturados, podendo assim fazer uma avaliação de sua distribuição e se possível de sua estrutura populacional. O presidente da Colônia de Pescadores Z-23, João do Espírito Santo, se ofereceu para identificar pescadores que possam ser parceiros na pesquisa.

Projeto Albatroz participa de seminário de combate ao lixo no mar Entre os dias 6 e 8 de novembro, o gerente técnico do Projeto Albatroz, Dimas Gianuca, fará parte dos painéis de discussão do 1° Seminário Nacional sobre o Combate ao Lixo no Mar. O evento será realizado no Rio de Janeiro, pela parceria entre Ministério do Meio Ambiente, a ONU Meio Ambiente e o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). O seminário será transmitido ao vivo na página oficial da ONU Meio Ambiente no

facebook, a partir das 19h, neste link (link para o endereço https://www.facebook.com/ ONUMeioAmbiente/). Estarão presentes representantes do governo, da academia, setor privado e sociedade civil em discussões que apresentarão estudos e experiências relacionadas ao lixo no mar, seus impactos, possíveis soluções e desafios de pesquisa, educação e mobilização. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa

Petrobras Socioambiental, o Projeto Albatroz conserva a vida dos albatrozes e petréis, bem como o habitat onde passam a maior parte da vida - o mar. Este ano, durante a Conferência dos Oceanos, em Nova York, o Brasil firmou o compromisso voluntário de formular o 1º Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, previsto para ser lançado em junho do ano que vem. A realização deste seminário foi o primeiro passo para a criação do plano. Para

Gianuca, participar deste evento como representante do Projeto Albatroz significa defender a conservação dos oceanos e contribuir para a diminuição do número de mortes de animais marinhos em geral. “Eles morrem ao ingerirem plásticos ou serem presos ou enredados. Além disso, o plástico também se quebra em partículas muito pequenas que contaminam o ecossistema marinho como um todo”, explica Gianuca.


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“Estamos caminhando para ter até 2050 a mesma quantidade de plástico que de peixes nos oceanos.” Erik Solheim diretor executivo de ONU-Meio Ambiente, Campanha Mares Limpos

Nadando contra a maré do lixo Projeto “Petrechos de Pesca Perdidos no Mar” luta para reverter os danos causados por esses equipamentos abandonados no ambiente marinho As estatísticas dizem que 640 mil toneladas de petrechos de pesca são abandonadas nos mares a cada ano. O ditado “caiu na rede é peixe” funciona de maneira cruel quando peixes, tartarugas, aves e outros animais marinhos se enroscam nas redes perdidas, abandonadas ou descartadas e acabam morrendo. O processo é conhecido como pesca fantasma, já que o petrecho não está mais em uso pelo pescador. Por isso pesquisadores fazem projetos para recolher redes, boias, espinheis (longas linhas com anzóis), e outros objetos descartados da pesca que continuam interferindo na vida marinha. “Um metro quadrado de pano de rede na água já é um desastre”, afirma, Luiz Miguel Casarini, pesquisador do Instituto de Pesca de Santos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. “Já encontrei uma rede inteira na praia do Embaré em Santos, trazida pela maré”, acrescenta. O alerta foi dado pelas operadoras de mergulho que recolhiam esse material no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos-PEMLS e apontavam para o perigo. “Em 2009 começamos a fazer campanhas para retirar esse lixo do mar no Parque Estadual Marinho e da Laje de Santos e do Parque Estadual Xixová Japui”, explica. Na primeira saída na Laje de Santos pegamos 350 quilos de material. O trabalho era feito com o apoio dos gestores dos parques José Edmilson de Araujo Mello Junior (PEMLS) e Marcos Campolim (APAMLC), mergulhadores, bombeiros e pesquisadores. “A partir dessa primeira campanha de limpeza começamos a lacrar as redes e levar para um ecoponto Parque Estadual

Xixova-Japui”, explica. Nascia aí o projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, com o objetivo de mapear e detectar petrechos de pesca abandonados nos oceanos para evitar a pesca fantasma. Logo as campanhas se estenderam para a ESEC Tupiniquins, ESEC Tupinambás, Rebio Marinha do Arvoredo em Santa Catarina. “Nas primeiras campanhas a gente organizava tudo”, lembra. “Desde 2013 as unidades de conservação organizam e chamam a gente”, completa. “Hoje a pesquisa é mais abrangente, já que não basta remover do mar”, conclui Casarini. Segundo o pesquisador o ideal seria estimular boas práticas na pesca, para que as redes sejam descartadas em locais apropriados. A segunda medida seria implantar a logística reversa, que determina que a indústria que produziu o material seja

responsável por seu destino final. Para isso seria necessário rastrear a origem do produto, que requer tecnologia e sofisticação que o Brasil ainda não tem. No entanto a reciclagem é uma realidade palpável. Nessa segunda fase do projeto, o pesquisador formou parcerias com a Escola SENAI Mario Amato e indústrias de reciclagem para processar de forma experimental algumas redes de náilon encontradas. “O Brasil ainda não tem indústria que transforme o náilon reciclado em náilon com a mesma qualidade, sem perder algumas propriedades”, lamenta Casarini. Aqui as redes de pesca transformadas em filamentos e depois em pellets (náilon em pequenas pelotas) podem ser transformar em novos objetos como utensílios de cozinha, garfos e tigelas. O Senai consegue fazer telhas sustentáveis. “Prolongar

O pesquisador Luiz Casarini exibe monofilamento de poliamida reprocessado a partir de redes de pesca fantasma

o ciclo de vida do material sintético criando produtos sustentáveis é dar ressignificação ao que antes era lixo”, explica o pesquisador falando desse tipo de material que causou grande impacto na natureza. O custo será maior por ser um produto diferenciado que custou caro para ser removido e reprocessado. Enquanto o Brasil estuda como reciclar o náilon, surfistas no Chile já conseguem produzir skates e óculos. No mundo da moda surgiu o Econyl, um tecido reciclado pela empresa italiana Leandro Nogueira

Redes são recicladas em forma experimental por indústrias

Tartaruga presa em rede de pesca fantasma credito Leandro Nogueira

Aquafil a partir de redes descartadas, produzindo novas peças de banho e peças esportivas por companhias americanas como Adidas e Speedo que aderiram à moda. Como redes de náilon podem durar cerca de 600 anos na água o ganho é enorme para a natureza. Para Casarini o sucesso destes empreendimentos prova que lixo tem valor e pode ser aproveitado. Prolongar o ciclo de vida do material sintético criando produtos sustentáveis é o futuro. E o resultado a longo prazo será “Menos plástico, mais peixes!” Espera-se também que a implementação da Lei 12.305 2/8/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, efetive a responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes com a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Saiba mais sobre o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar em bluelinesystem. blogspot.com.br

Ilustração Christina Amorim


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O traço ancestral de Sandra

A estilista e designer Sandra Machado fala do grafismo indígena em sua arte

Como a designer encontrou inspiração no grafismo indígena para suas criações Quando Sandra Machado se mudou de Anápolis, em Goiás, para o interior do Pará nos anos 80 assumiu o cargo de diretora de colégio na cidade Senador José Porfírio, às margens do rio Xingu. Ali nasceu o desejo de trabalhar com índios, materializado com um Curso de Etnologia. “Meu primeiro contato com eles foi na Casa do Índio da Funai”, lembra-se. Daí nasceu o Projeto Kayapó apoiado pela WWF (organização de conservação global), Museu Paranaense Emilio Goeldi e Instituto de Etnobiologia da Amazonia. O projeto de etnobiologia estudava como os índios utilizavam a natureza. Foram nove anos vivendo ao lado de uma aldeia Gorotire, um braço dos Kayapó. Sandra pesquisou agricultura, medicina, grafismo, caça e alimentação até 1994. Em 1992 os resultados da pesquisa foram publicados em quatro cadernos pela Editora Universitária da Universidade Federal do Pará. As gravuras foram feitas por outra participante do projeto, Christiane Heringhaus, alemã residente na Suiça, que ilustrou os livros sob sua orientação. “Primeiro ela desenhava e eu fazia batique”, diz, referindo-se a arte de tingir tecidos em que a parte que não será tingida é coberta com cera removível. “Comecei fazendo roupas

Grafismo indígena Sandra Machado

para mim, vestidos e echarpes de seda”, comenta. “Seda importada e nacional eu achava em Belém, e as tintas importadas os amigos gringos me traziam”, explica. Aos poucos Sandra despertou seu talento como estilista, figurinista e designer têxtil. A delicadeza e a paciência para executar os desenhos e o batique vieram de suas raízes. “Sou de família tradicional goiana”, fala com o bom humor de quem quebrou os antigos tabus para horizontes bem mais amplos. “Imagine, as meninas antigamente ganhavam um baú para o enxoval onde iam guardando lençóis, toalhas, toalhinhas para bordar”, conta Sandra mostrando que os ensinamentos de adolescência foram úteis para uma arte nada convencional. “Queria muito transportar a pintura corporal indígena para os tecidos”, confessa. Os índios buscavam na natureza a inspiração para seus grafismos, observando peles de onças, sapos, penas de pássaros, flores de milho, cipós entrelaçados. Seu traço também é valorizado em outras áreas, como a edição de livros. Sandra ilustrou a edição francesa de Cobra Norato, de Raul Bopp, lançada em 2005 pela Éditions MeMo. A obra, poema épico brasileiro baseado numa lenda amazônica, segue a linha do “primitivismo” brasileiro da

Sandra exibe uma de suas criações

década de 30, encarnando a cobra lendária da Amazônia. Há dez anos Sandra mora em Santos onde desenvolve seus trabalhos como designer de moda e têxtil especializada em grafismo indígena. Seus clientes são pessoas geralmente ligadas à cultura e à arte, que gostam de exclusividade. Hoje Sandra produz coleções e peças

sob encomenda. Sua última coleção foi apresentada na Amazonia Fashion Week, em Belém, em 2015. Além de seu produção no Brasil, acaba de produzir uma coleção de echarpes que foram enviados à França, país que aprecia muito esse tipo de arte. Quem quiser conhecer mais do estilo de Sandra, pode visitar a página da estilista no facebook.


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