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Luzia, a filha do Rei
Luzia Silva de Assis, nascida em 1941 na praia do Perequê em Ilhabela, tem sua vida entrelaçada à maior manifestação cultural da cidade: a Congada. Seu pai, já falecido, Manuel Ciríaco da Silva, filho de Eva Esperança da Silva, foi o primeiro a representar o papel de Rei do Congo, peça central da festividade. Por isso era também conhecido como Rei Neco. A Congada hoje é encenada no terceiro final de semana de maio, e começou a ser realizada na ilha no período colonial através de Roldão Antônio de Jesus. Esse era tio-avô de Eva Esperança da Silva, mãe de Manuel Ciríaco, também chamado de Neco de Eva. “A avó Eva teve 26 filhos”, lembra-se Luzia. Mulher ativa, além de parteira e benzedeira, Eva trabalhava na casa de farinha onde era feito o produto, a partir da mandioca plantada na roça. Descendentes de Eva, como sua filha Izanil, deram continuidade à participação da família na festa cuidando da Ucharia, nome derivado da despensa real, que providencia a alimentação durante a festa
Luzia lembra-se de assistir a festa ainda menina, embora tenha se mudado de Ilhabela para Santos aos 12 anos. Na época não havia ônibus. O transporte de passageiros e mercadoria Ilhabela-Santos era feito nos barcos da Companhia Santense. A embarcação partia às 4h da manhã e chegava em Santos às 7h da noite. Anos mais tarde, Luiza voltou a Ilhabela. Em 1965 casou-se com João Moura e fixou-se na ilha. “Tive sete filhos, os últimos eram gêmeos”. Seus nomes, Ana, João Carlos, Paulo Cesar, Adriana e Aguinaldo, Cristina e Cristiano, e a prole segue com nove netos e três bisnetos. Hoje voltou à Baixada Santista e mora com a filha Adriana num apartamento em São Vicente.
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O pai de Luzia era o rei do Congo na festa, e no mar o rei da pesca. Seu dia a dia consistia em pescar, limpar o peixe e muitas vezes salgar e secar no varal. Pai e avô plantavam na roça mandioca, cana, café e feijão. O caldo da garapa servia para coar o café caiçara. Manoel também era construtor de rede e canoa, e artefatos de madeira, como o pilão que usavam para socar o café. E ainda sabia erguer uma casa de taipa como ninguém. Tudo isto está vivo na lembrança de Luzia, seu pai como rei da Congada, a casa de farinha, o beiju quentinho, os pratos feitos com peixe. A receita do peixe azul-marinho é a preferida de Luzia, mas confessa que os jovens não apreciam essas comidas tradicionais. Assim nessa roda da vida, alguns hábitos das comunidades à beira-mar podem ir esmaecendo, mas a Congada continua.
Congada em Ilhabela
A encenação, teatralizada com falas e danças e cantos, é realizada nas ruas da Vila. Representa uma desavença entre os fidalgos do Rei do Congo, considerados cristãos (vestidos de azul) e os mouros, o exército de Luanda tidos como pagãos (vestidos de vermelho e rosa). Na festa, que é celebrada de norte a sul do país, também é feita a louvação a São Benedito.
Serviço:
O livro “Peixes-de-bico do Atlântico” resume 49 anos de pesquisa sobre seis espécies: marlim-azul, marlim-branco, marlim-polegar, sailfish, swordfish, spearfish. Os autores da pesquisa são o pesquisador científico Alberto Amorim (Instituto de Pesca/SAAESP) e o biólogo
Eduardo Pimenta (Universidade Veiga de Almeida-UVA), e a redação de texto feita pela jornalista Christina Amorim. O livro está à venda por R$ 100,00+frete via whatsapp: (13) 99708.1779.
O Veleiro The Maiden Factor, tripulado apenas por mulheres, atracou no Porto de Santos no mês de maio. A embarcação viaja o mundo apoiando projetos com foco na educação e no empoderamento de meninas
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O Veleiro oceânico The Maiden Factor visitou o Brasil pela primeira vez entre os dias 2 e 10 de maio, onde ficou atracado no Iate Clube de Santos. A tripulação é composta por 11 mulheres de nacionalidades diferentes e chegou ao país após aproximadamente 21 dias e 3400 milhas náuticas percorridas, saindo da Cidade do Cabo, na África do Sul. O veleiro Maiden viaja o mundo promovendo a educação de meninas que tem pouco ou nenhum acesso a recursos básicos, além da proteção dos oceanos. Sua vinda a Santos simboliza a sinergia com as causas do projeto, já que a cidade litorânea foi pioneira ao transformar cultura oceânica em política pública em 2021.
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A vela oceânica possui 58 pés (cerca de 18 metros de comprimento) e cinco metros de boca. O mastro da embarcação é um dos pontos que mais chama a atenção, com cerca de 25 metros de altura.
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A primeira equipe do Maiden Factor foi formada em 1989, sob a liderança da ex-velejadora britânica, Tracy Edwards MBE. Na atual expedição, a tripulação zarpou de Dubai, atravessou o Canal de Suez e o Mediterrâneo, cruzou o Atlântico e chegou em Miami, em abril de 2021. O Maiden navegou ainda pela costa leste dos Estados Unidos com várias escalas, incluindo Nova York, Saint John, no Canadá, e Newport, antes de partirem para escalas nos Açores, em Portugal, Dakar, no Senegal, e Cidade do Cabo.
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O projeto é patrocinado pelo Grupo DP World, que opera um complexo portuário multipropósito no Porto de Santos. O veleiro, inclusive, atraca prioritariamente nos portos onde a companhia possui operações. A empresa impulsiona o projeto a levantar fundos e apoiar comunidades em todo o mundo, permitindo que meninas tenham acesso à educação de qualidade. Os projetos apoiados têm como objetivo capacitar e apoiar garotas para que possam atingir seu potencial e criar um
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