JORNAL MARTIM-PESCADOR 187

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JANEIRO/FEVEREIRO DE 2024 • Número 187 • Ano XX • Tiragem 3.000 exemplares

20 ANOS

www. jornalmartimpescador.com.br

e d R a eis i l oF Helena Monteiro da Costa conta memórias de seu pai que sobreviveu às agruras da escravidão e morreu como homem livre aos 110 anos. Pág. 7

Silvano Ledo, o Passarinho (1958-2020), passa o legado da Folia de Reis da Prainha Branca a seu filho Rangel (direita). Pág. 8

Oscar Barreto é o novo diretor do Instituto de Pesca- Centro APTA de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Marinho. Pág. 6

O biólogo Antônio Olinto do Instituto de Pesca de Santos mostra o acervo de dados de oito décadas da pesca do Estado de SP guardados numa sala de 45m2 e pé direito de 4m. Pág. 6

Oficinas de Rodolfo Vidal revivem as violas caiçaras em Cananeia. Pág.6

O médico veterinário Augusto Pérez Montano fala sobre segurança alimentar. Pág. 2

Augusta França, Léo de Oliveira, Caio França e Beatriz França guiam a Caminhada Quilombos Históricos de Santos. Pág. 3


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Defesos

Bagre, rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizi) 1/01/24 a 31/03/24 Camarão branco (Litopenaeus schmitti )., sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri ), rosa (Farfantepenaeus brasiliensis e F. subtilis), santana ou vermelho (Pleoticus muelleri) e barba ruça (Artemesia longinaris) - 28/01/24 a 30/04/24 (Esta regra não se aplica ao camarão em área estuarina. É necessário comprovar que o produto é proveniente de estuários para poder comercializá-los.) Caranguejo-guaiamum (Cardisoma ganhumi) 1/10/23 a 31/03/24 Caranguejo-uçá (Ucides cordatus)01/10/23 a 30/11/23 (machos e fêmeas) -01 a 31/12/23(somente fêmeas) Garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus)- 1/11/23 a 28/02/24 Lagosta-vermelha (Panulirus argus)/ lagosta-verde(P.laevicauda)/lagostapintada (P. echinatus)- 1/11/23 a 30/04/24 Mexilhão (Perna perna)- 01/09/23 a 31/12/23 Ostra (todas espécies) 18/12/23 a 18/02/24 Pargo (Lutjanus purpureus)15/12 a 30/4 Sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis)- 1/10/23 a 28/02/24 Temporada de pesca Tainha (Mugil liza)- S/SE- 01/06 a 31/07 (cerco) ; 15/05 a 31/07 (emalhe costeiro de superfície e com anilhas) ; 01/05 a 31/07 (pesca desembarcada ou não motorizada) Áreas de exclusão A menos de 1 MN (emalhe motorizado)- S/SE - permanente A menos de 1,5 MN (arrasto) – SP- >10 AB- permanente Moratórias Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023 (Portaria Interministerial no 14) Mero (Epinephelus itajara) 06/10/2015 a 06/10/2023 (Portaria Interministerial no 13) Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)tempo indeterminado Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminado Raia manta (família Mobulidae) tempo indeterminado Marlim-azul ou agulhão-negro (Makaira nigricans)- tempo indeterminado Marlim-branco ou agulhão-branco (Tetrapturus albidus) – tempo indeterminado EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br

Governo Federal e entidades trabalham em iniciativas de segurança alimentar para os pescadores artesanais Representantes do setor também comemoraram a mudança no Bolsa Família que permite receber o benefício junto ao seguro-defeso recriou o programa de transferência de Os ministérios do Desenvolvimento renda em março de 2023. “Só tenho que e Assistência Social, Família e Combate agradecer. Primeiramente ao governo Lula à Fome (MDS) e da Pesca e Aquicultura pela medida do pescador poder receber acordaram três parcerias para garantir a Seguro Defeso e Bolsa Família, porque a proteção social, inclusão socioeconômica angústia dessas pessoas, a gente pode falar e segurança alimentar dos pescadores do porque sentia na pele, a gente via o sofripaís. Em reunião entre os titulares das mento de uma mãe, de um pai de família, pastas e representantes de federações que muitas vezes recebia o Seguro Defeso da categoria dia 24.01 também foram e ia voltar a receber o antigo Auxílio Brasil debatidos projetos relacionados ao compraticamente quando voltava a receber bate à fome e ao desenvolvimento das um novo Seguro Defeso”, comemorou comunidades ribeirinhas. Para assegurar Edivando Soares, presidente da CNPA. maior proteção social a essa população, O ministro André de Paula recordou dos foram discutidas ações de inserção de esforços empreendidos pelo Governo pescadores nos programa sociais pelas Wellington Dias, ministro do MDS, André de Paula Federal e a parceria com o MDS para que entidades representativas do setor, assim ministro da Pesca e Aquicultura, e Edivando o Congresso Nacional aprovasse o Bolsa como já ocorre com a Confederação da Soares, presidente da CNPA Família, inclusive, atendendo ao pedido Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Prestação Continuada (BPC) e outros”, detalhou dos pescadores quanto ao Seguro Defeso. As como exemplificou o ministro Wellington Dias. o titular do MDS. entidades presentes também discutiram formas de “A ideia é garantir que a gente tenha a rede Seguro Defeso SUAS integrada com o Ministério da Pesca e Desde este mês, os pescadores artesanais que colaborar com o combate à fome. Essa parceria Aquicultura e com as entidades, para que a gente recebem o Seguro Defeso não têm mais o valor é fundamental para ampliar o alcance das ações celebre um protocolo para garantir com a Confe- descontado no benefício recebido pelo Bolsa Fa- governamentais. deração Nacional dos Pescadores e Aquicultores mília. A modificação para beneficiar os produtores Fonte: Assessoria (CNPA) as condições de acompanhamento de que ficam impedidos de pescar durante o período de Comunicação - MDS benefícios, como o Bolsa Família, o Benefício de de reprodução dos peixes foi inserida na lei que

Como conservar sobras de alimentos por Augusto Pérez Montano - médico veterinário

Guardar sobras de alimentos do almoço na geladeira é um ato necessário para o reaproveitamento no jantar ou numa próxima refeição, além de que assim se evita o desperdício. Não é conveniente deixar comida que sobrou em temperatura ambiente porque representa risco à saúde, devido à proliferação de microrganismos como bactérias e fungos, causando infecções e intoxicações alimentares. A faixa de 5 graus a 60 graus Celsius é a que favorece a multiplicação. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, a temperatura de geladeira, menor que 5 graus

Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida

Celsius, é a ideal para guardar e manter as sobras de alimento. Além da preocupação com a temperatura e a fim de se evitar que o alimento seja contaminado por substâncias nocivas à saúde, deve-se guardá-lo em recipientes hermeticamente fechados para conservar melhor o sabor e o aroma. Os cuidados com as sobras de carnes: vermelha, de aves, de pescado e frutos do mar devem ser redobrados e em até duas horas devem ser guardadas em geladeira. Alimentos à base de ovos, como é o caso da maionese, só podem ficar fora da geladeira por apenas uma hora, porque este alimento se estiver contaminado com Salmonela,

ocorrerá multiplicação desses agentes bacterianos, propiciando coinfecção alimentar. A ANVISA recomenda em termos de saúde pública, que naqueles locais onde a temperatura ambiente é maior que 30 graus Celsius, não só as sobras como todos os alimentos não devem ficar expostos a esta temperatura por mais de uma hora, para que seja evitada a multiplicação dos microrganismos responsáveis por causar intoxicação alimentar, que caracteriza pelos seguintes sinais clínicos: febre, náusea, vômito, dor de cabeça, dor abdominal, diarreia, muitas vezes culminando com internação e óbito.

Dia 18/12 representantes de colônias e associações de pescadores artesanais compareceram à reunião na sede da Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura - SFPA-SP. O superintendente Audrey Rodrigues de Oliveira (sexto da esquerda para direita) recepcionou a todos e falou sobre planos para o setor.

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Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobureau.com.br Projeto gráfico: Isabela Carrari - icarrari@gmail.com - Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3307-2601 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia


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Caminhada Quilombos Históricos de Santos

Léo de Oliveira e Augusta França na praça onde se encontra o busto de Quintino de Lacerda

A Mochilando Afroculturas realizou o roteiro Caminhada Quilombos Históricos de Santos guiada entre os bairros da Vila Mathias e Centro, no dia 27 de janeiro, mostrando o protagonismo negro na construção da cidade que temos nos dias de hoje. A guia de turismo, pesquisadora e relações públicas Augusta França, criadora do Mochilando Afroculturas e idealizadora do roteiro, explica que a proposta foi fazer um resgate histórico, mostrando a contribuição da população negra para a construção da Santos atual. São fatos, personagens e locais que falam de parte de um passado que têm sofrido um apagamento histórico ao longo do tempo. As principais paradas falam sobre o Quilombo do Pai Felipe, o busto de Quintino de Lacerda, o local do Quilombo do Jabaquara, Teatro Guarany, Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e Casa da Frontaria Azulejada. A história remonta à chegada de africanos escravizados entre os séculos 16 e 19, fugidos do trabalho escravo de diversas partes do país para se abrigar em quilombos de Santos.

O Quilombo do Pai Felipe, um rei nagô vindo da região onde hoje se situam Nigéria, Benim, Togo e Gana, conservava suas tradições culturais e também promovia reuniões com abolicionistas. No local, situado na Vila Mathias, acontece há 60 anos, no dia 2 de dezembro, a Alvorada do Samba, com escolas de samba anunciando a chegada do carnaval. Outro ponto da Caminhada é a passagem pelo busto de Quintino de Lacerda, que exalta a figura do escravizado liberto que se tornou herói abolicionista, líder do Quilombo do Jabaquara e primeiro vereador negro do Brasil. Ele se localiza próximo à Santa Casa de Misericórdia de Santos, no cruzamento das avenidas Dr. Cláudio Luiz da Costa e Luiz La Scala Júnior. Também passa pelo local onde existiu o Quilombo do Jabaquara, no bairro de mesmo nome. Criado em 1882 foi o segundo maior quilombo do Brasil, vindo logo atrás de Palmares, explica Augusta. Ela acrescenta que no século 19, Santos chegou a abrigar cerca de 5 mil negros escravizados que fugiam do cativeiro, enquanto a população branca era estimada em 10 mil pessoas.

Remanescentes do Quilombo do Pai Felipe na Vila Matias em Santos.

Alguns destes participavam de uma rede abolicionista que abrangia a capital, interior e litoral de São Paulo, formada por brancos e negros. Outro ponto, o Teatro Guarany, inaugurado em 1882, foi um importante reduto do abolicionismo em Santos. “Ali os abolicionistas se reuniram para a realização de eventos, que incluíam a arrecadação de dinheiro para comprar carta de alforria para escravizados”, explica Augusta. Também faz parte do roteiro a Igreja Nossa Senhora do Rosário, antiga Igreja do Rosário dos Homens Pretos, construída em 1758 por homens negros. Antes da construção desta igreja, negros tinham somente autorização para manter um pequeno altar dentro da antiga Igreja Matriz. A Caminhada se encerra na Casa da Frontaria Azulejada, construída em 1865, que pertenceu ao Comendador português Manoel Ferreira Neto, um dos homens mais ricos do Império. Antes de morrer, o comendador determinou que todos seus 217 escravizados fossem libertos, ordem que nem a família nem seus sócios acataram. O fato

Museu do Mar completa 40 anos em 2024 Aberto ao público desde 30 de junho de 1984, o Museu do Mar expõe um dos principais acervos de biologia marinha do Brasil, com destaque para sua coleção de tubarões taxidermizados, que reúne cerca de 30% das espécies da costa brasileira, entre as quais, o tubarão-baleia (maior espécie de peixe do mundo), um exemplar jovem, com quase 6 metros de comprimento. Dentre outras atrações, destacam-se o Albatroz-viageiro (maior ave marinha do mundo), o Peixe-lua (maior peixe ósseo do mundo), a Tridacna gigas (concha gigante, maior molusco bivalve do mundo) e o Tubarão-anão

(a segunda menor espécie de tubarão do mundo). Entidade reconhecida no Brasil e no exterior, em quase quatro décadas de atividades, o Museu do Mar atingiu a marca de 1 milhão de visitantes, recebendo turistas brasileiros de todos os estados, bem como, estrangeiros de todos os continentes e diversas nacionalidades. Desde 1989, com a Expo-Museu do Mar, acervo itinerante cuja maior atração é o esqueleto de uma baleia-Minke-anã de 8,5 metros de comprimento, a instituição santista já realizou exposições em 6 estados brasileiros, percorrendo diversas

cidades e contribuindo para a divulgação das ciências do mar e a conscientização ambiental. Durante o ano de 2024, para marcar os seus 40 anos, o Museu do Mar contará com programação e eventos especiais, mobilizando público em geral, imprensa, instituições de ensino e entidades congêneres. Tais ações comemorativas ocorrerão em plena “Década do Oceano”, iniciativa da ONU, que tem por objetivo conscientizar a população global sobre a importância dos oceanos e mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.

chamou atenção de Luiz Gama, advogado e abolicionista, que lutou por nove anos para libertar os injustiçados. Ao final conseguiu, mas apenas 130 ainda estavam vivos para gozar de liberdade. Por seu notável trabalho, após mais de um século de sua morte, a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB reconhece Luiz Gama, oficialmente, em 2015, como advogado, embora não tenha cursado oficialmente a Faculdade de Direito, impedido por ser negro. Sua vida de luta pela causa negra inspirou o filme “Doutor Gama”, de Jeferson De (disponível na Globoplay). Para Augusta, a realização do roteiro sobre os quilombos, que completou 1 ano no mês de agosto de 2023, é uma forma de promover a história e o protagonismo da população negra na cidade de Santos. Para o dia 17 de fevereiro (sábado) já está programada a Caminhada Afroturismo na Zona Noroeste de Santos, com mais histórias para contar. O roteiro vai das 10 às 13 horas e tem o custo de R$50,00. Os interessados podem fazer suas reservas pelo Instagram em @mochilandoafroculturas .

São Vicente inaugura Centro de Especialidades Odontológicas Rio Branco (CEO) Unidade de saúde irá atender população da Área Continental Dia 22/01 São Vicente inaugurou o Centro de Especialidades Odontológicas Rio Branco (CEO), que fica na Avenida Ulisses Guimarães, 1431 – Rio Branco na Área Continental da cidade. O local conta com sala de recepção, sete consultórios, raio-x, depósito para materiais de limpeza (DML), abrigo de lixo séptico, centro de esterilização, copa, área técnica, sanitários, parte administrativa e estacionamento exclusivo para pacientes. As especialidades contempladas são cirurgia, periodontia, endodontia, prótese e RX. A Secretária de Saúde, Michelle Santos, enfatizou a importância dessa nova unidade: “É uma realização poder proporcionar essa unidade para a população da Área Continental, com um serviço de qualidade. Tenho que agradecer a todos que fizeram isso acontecer”. Fonte: SEICOM-São Vicente


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COLUNA

Reafirmando seu compromisso contínuo com o desenvolvimento e o bem-estar das comunidades em que atua, a DP World celebrou um marco significativo no último dia 29 de janeiro, com a inauguração da Policlínica Estuário, em Santos. A unidade de saúde representa um avanço considerável na oferta de serviços públicos para os munícipes, fortalecendo a infraestrutura médica da cidade. Com uma área construída de 800m², distribuídos em dois pavimentos, a Policlínica tem capacidade para atender até 16 mil pessoas. Estrategicamente localizada para servir aos bairros Estuário e parte do Macuco, a unidade desempenha um papel crucial ao complementar o fluxo das unidades de saúde vizinhas, como as policlínicas do Embaré, Aparecida e Ponta da Praia. A nova policlínica está equipada com dez consultórios no andar térreo e outros dois consultórios odontológicos, com recepção. Além da sala de vacinação, oferece atendimento clínico médico, dentista e cuidados integrais dentro da Estratégia de Saúde da Família, abrangendo diversos grupos de atenção e serviços de enfermagem.

Há, ainda, um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, nutricionista, assistente social, geriatra e profissional de Educação Física. O investimento de R$ 4 milhões na construção do edifício foi viabilizado através de uma parceria entre a Prefeitura de Santos e empresas do setor privado, sem depender de recursos municipais. As empresas DP World e Suzano Celulose investiram um total de R$ 2 milhões na aquisição de equipamentos, mobiliário e sistema de climatização, viabilizando a entrega da Policlínica para a população por meio de dois Termos de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras e/ou Compensatórias (Trimmcs), firmados com Prefeitura. É importante ressaltar que essa colaboração não apenas beneficiou a Policlínica Estuário, como também incluiu melhorias estruturais na Policlínica Ilha Diana (Área Continental), já em funcionamento. A medida é parte de uma compensação pelo aumento de movimentação de cargas nos dois terminais portuários no cais santista.

FOTO: ISABELA CARRARI/PMS

Com apoio das empresas DP World e Suzano, policlínica é inaugurada para moradores do Estuário e Macuco, em Santos

STATUS OBRAS DE AMPLIAÇÃO DO TERMINAL As obras de expansão do armazém de celulose na DP World seguem no ritmo planejado. A cobertura foi concluída e, nos próximos dias, serão feitos trabalhos de acabamento interno, como sinalização, sistemas de combate a incêndio, redes de drenagem e pintura. As demais

edificações que fazem parte do Complexo de Celulose estão com o cronograma em andamento, com previsão de término para o segundo semestre de 2024. Esta obra é licenciada pelo IBAMA – Licença de Instalação nº 1232/2018 1ª retificação.

OUVIDORIA DP WORLD SANTOS 0800 779-1000 ouvidoria.ssz@dpworld.com www.dpworld.com/santos

Festival do Caranguejo em Caruara O bairro santista de Caruara, na área continental da cidade esteve em festa dia 16/12/23. O evento aconteceu no Portinho, à beira do Canal de Bertioga. Além dos frutos do mar foram servidos doces artesanais, licor, sorvetes e também estiveram em exposição produtos de artesanato caiçara. A festa foi organizada pelo Turismo de Base Comunitária-TBC Caruara, com Sandra e Helena Assumpção, Josefa Silva, Gabriela Laura, Lygia Mesquita. O evento contou com apoio da apoio Sociedade de Melhoramentos de Caruara e da Prefeitura Regional da Área Continental, e dos colaboradores UACEP, Brutus Barbearia, Quintal do Bigua, D.drinks.

Equipe do TBC na organização


Natal na Vila

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Santina Barros se arruma para o grande dia.

Hora de distribuir pipoca,

É Natal na Vila!

refrigerante e

A equipe de ajudantes está a postos, afinal foram convidadas mais de 100 crianças.

brinquedos.

Papai Noel chegou!

Até os adultos querem tirar foto com Papai Noel!

Mamãe Noel garante, ano que vem tem mais!!!

Dia 22/12/23 a Vila dos Pescadores em Cubatão estava em festa! Preparativos para o Papai Noel chegar com brinquedos e alegria. Mais de cem crianças aguardavam ansiosas a chegada do Papai Noel. Santina Gonçalves Barros, coordenadora da Capatazia da Colônia de Pescadores Z-1, e muitas ajudantes ficaram atentas para mais uma vez alegrar a garotada nesta data tão especial. Há cerca de 20 anos que Santina prepara com carinho o evento que deixa sempre uma bonita lembrança para todos que participam.

Natal em Cachoeira

Sorteio de brindes, distribuição de sorvete e doces e visita do Papai Noel alegraram as crianças do bairro de Cachoeira em Guarujá dia 19/12. O evento foi realizado pela AMAC-

-Associação de Moradores e Amigos da Cachoeira da região do Rabo do Dragão. Ali, às margens do Canal de Bertioga, vivem os povos tradicionais caiçaras ribeirinhos de familiares

de pescadores. Segundo Sidnei Bibiano, membro da diretoria da AMAC, a festa foi realizada no restaurante Dalmo Bárbaro com o apoio de amigos, colaboradores e apoiadores.

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O biólogo Oscar Barreto é o novo diretor do Instituto de Pesca Trabalhando há 30 anos no Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Marinho (CAPDPM), Oscar Barreto assumiu a função de diretor em dezembro de 2023. Biólogo marinho, tem se dedicado à área de maricultura. Suas principais atividades se concentram na pesquisa de camarão em sistemas de recirculação de água, bioflocos e, prospectando, o sistema de aquicultura multitrófica integrada.

Novo Pronto-Socorro Central de São Vicente é inaugurado Munícipes poderão contar com atendimento de urgência e emergência a partir das 7h

O biólogo marinho Oscar Barreto

Atualmente participa do projeto de iscas vivas e aquaponia do pesquisador Eduardo Sanches, também funcionário da instituição. O Projeto Isca Viva trabalha com a produção de camarão-branco nativo, Litopenaeus schimitti. No momento estamos trabalhando com as Colônias de Pescadores Z-3 (em Vicente de Carvalho), Z-4 (em São Vicente) e Capatazia da Z-1 (na Vila dos Pescadores em Cubatão). Já foram feitas três apresentações, uma em cada

local, passando conceitos de conhecimentos técnicos como tanques e sistemas. O objetivo é aproximar do setor produtivo da pesca e aquicultura, pois “temos uma equipe boa e um extenso litoral para trabalhar”, acrescenta o pesquisador. Além da Unidade Laboratorial de Referência em Maricultura, constam do CAPDPM a Unidade Laboratorial de Referência em Estatística Pesqueira e Unidade laboratorial de Tecnologia do Pescado.

Ainda existem pescadores artesanais no Estado de São Paulo?

Essa pergunta tem resposta. Não é palpite, não é opinião. É mudar a realidade dos pescadores. Diante da proibição da pesca do resultado de um trabalho de monitoramento pesqueiro marinho que bagre-branco, pesquisadores fizeram um diagnóstico de sua pesca, é feito no litoral paulista desde 1944. A pesquisa é realizada pelo usando os dados estatísticos do Instituto de Pesca. O estudo, reaInstituto de Pesca (IP), uma instituição de ensino e pesquisa, vin- lizado pelos pesquisadores Jocemar Tomasino Mendonça, Letícia culada à Agência Paulista dos Agronegócios da Secretaria de Agri- Quito, Mayra Jankowsky, Samuel Balanin e Domingos Garrone cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (APTA/SAA/SP), concluiu que a continuidade da explotação de bagre -branco, G. com um longo histórico na execução do monitoramento pesqueiro barbus, em níveis sustentáveis era possível apenas para os estados marinho no litoral paulista. Seus levantamentos de dados pesqueiros de São Paulo e do Paraná, desde que adotadas medidas de manejo foram iniciados em 1944, ainda e realizadas melhorias no sistema como Instituto de Pesca Marítima de monitoramento da atividade no e, em 1945, publicou o primeiro Paraná. Assim foi possível reveranuário pesqueiro do Brasil. Esta ter a proibição desta pesca, desde ação esteve ligada a um acordo que feita de forma sustentável. O de cooperação entre os Estados mesmo aconteceu para a pesca do Unidos e o Brasil, motivado pela caranguejo-uçá que também mosnecessidade de manutenção da trou possível a captura em níveis segurança alimentar durante o pesustentáveis. ríodo da Segunda Guerra Mundial. Atualmente, o PMAP exeA explicação vem do biólogo cutado em São Paulo integra o Antonio Olinto Ávila da Silva, Projeto de Monitoramento da pós- graduado em Tecnologia de Atividade Pesqueira da Bacia de Pesca no Japão, mestre e doutor Santos (PMAP-BS), concebido em oceanografia biológica que para realizar de forma integrada e em dezembro completou 30 anos sistemática, o monitoramento das de trabalho no Instituto de Pesca. descargas pesqueiras e a caracteriO biólogo Antônio Olinto e equipe realizam o Ele é o responsável pelo monitorazação socioeconômica e estrutural monitoramento pesqueiro no litoral de São Paulo mento pesqueiro no litoral paulista da pesca nos municípios da área feito pelo IP. Silva buscou a inspiração no trabalho de seu pai, de influência das atuais atividades de exploração e produção nos Olinto da Silva, que era voltado à produção, não apenas restrito estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. ao mundo acadêmico. “Ele usava seu conhecimento para mudar Em São Paulo, estima-se que pesca marinha e estuarina gere pelo a realidade das pessoas”, explica. Como professor universitário menos nove mil empregos diretos no segmento produtivo, além de fez levantamento da pesca no Rio de Janeiro artesanal e industrial uma produção extrativa de cerca de 15 a 20 mil toneladas anuais 87/88, em parceria com três colegas de trabalho. Em São Paulo, o de pescado, e receitas, em valores de primeira comercialização, de monitoramento com suas informações sobre a pesca pode também pelo menos R$ 120 milhões por ano.

Mais uma etapa do “Programa Nova Saúde São Vicente” foi concluída. O novo Pronto-Socorro (PS) Central, que fica na Rua Primavera, 50, Bitarú – Linha Amarela, começou a funcionar dia 28/12 às 7h dia 29 de dezembro em um espaço novo, climatizado e acessível para todos os vicentinos. O prédio, que antes abrigava o Centro Médico Martim Afonso, foi totalmente reformado e adequado para receber os atendimentos de urgência e emergência da área central da Cidade, com entrada coberta para ambulâncias, elevador, área para cilindros de oxigênio e abrigo de lixo séptico. No térreo, o prédio conta com sala de emergência, serviço social, recepção (com chamada por senha digital), sala de espera, sala para gesso, curativos, raio-x, sala de controle, repouso, posto de enfermagem, isolamento, repouso da pediatria, sala de choque, morgue, rouparia e outros. Já no pavimento superior, o equipamento abrigará a central de material e esterilização, sala de espera, consultórios odontológicos, clínicos e pediátricos, salas para vacina, medicação pediátrica, inalação pediátrica, medicação, coleta de exames, eletrocardiograma, gerência de enfermagem, diretoria médica, refeitório, vestiários e demais serviços. Contará também com assistência farmacêutica e almoxarife 24h. Os casos de internação são encaminhados para o Hospital do Vicentino. Além desses pontos, outro destaque é a localidade da unidade, que fica bem próxima da estação Mascarenhas de Moraes do VLT, o que facilita o acesso para os munícipes. Fonte: Seicom-São Vicente

Viola caiçara revive em Cananeia A atividade foi ministrada pelo fandangueiro e arte educador Rodolfo Vidal. Em Cananeia, o “Projeto A Viola Caiçara Vive” ofereceu em janeiro oficina para construção artesanal de violas caiçaras exclusiva para mulheres fandangueiras de Cananeia. O objetivo é produzir instrumentos de alta performance unindo técnicas tradicionais às novas tecnologias. Esta atividade é realizada com recursos do edital Proac 41/2022, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do ESP e apoio do Departamento de Cultura da Prefeitura de Cananeia. O idealizador e realizador do projeto, Rodolfo Vidal, explica que desenvolve pesquisas multireferenciais e intercâmbios com mestres da viola de fandango. A oficina de construção da viola caiçara para mulheres aconteceu dia 27/01, com posterior apresentação e exposição das violas produzidas no Museu Municipal de Cananéia dia 2/2.


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Dona Helena, a memória que não vai se apagar Com muita independência e disposição, uma das últimas descendentes de um africano escravizado vive na rua Liberdade no bairro do Embaré em Santos

Dona Helena completa 99 anos em março

Seu Anísio José da Costa viveu até os 110 anos.

Aos 98 anos, dona Helena Monteiro da Costa é uma mulher muito ativa e com boa memória. Apesar da idade avançada, ainda se lembra de sua infância ao lado do pai Seu Anísio José da Costa, falecido aos 110 anos em 1940. Um homem de forte compleição, com 2 metros de altura, teve uma longa jornada de trabalhos forçados nos tempos de escravizado, antes de formar sua família. Vindo menino de Angola, contava para os filhos a vida ainda feliz que tivera na África, um tempo de liberdade preenchido com brincadeiras ao lado de crianças de sua idade. Depois de uma breve infância livre em seu país natal foi trazido ao Brasil e condenado à dura vida do trabalho escravo numa fazenda em Pindamonhangaba, seguindo depois para trabalho na capital. De lá fugiu para morar no Quilombo de Jabaquara em Santos, abrigo para muitos que conseguiam escapar dos grilhões da escravidão. Em tempos posteriores à Lei Áurea, Anísio pode iniciar seu trabalho no Porto, que exerceu até os 108 anos.

Dona Brasília (à direita), esposa de Seu Anísio, e seus filhos em 1940 Arquivo A Tribuna

Viúvo de um primeiro casamento, onde teve três filhos, aos 90 anos Seu Anísio se casou com a mãe de Helena, dona Brasília, na época com 25 anos. Com ela teve sete filhos, um deles, Benedicto, falecido aos 7 anos. Quando Seu Anísio morreu, dona Helena tinha 15 anos. Os outros irmãos eram Ignes, 16, Esmeralda, 13, José, 11, Acácio,8, Irineu, 5. Dona Helena mora até hoje na rua Liberdade, no Embaré, num terreno que seu pai recebeu por doação de uma senhora portuguesa, numa grande área que acabou injustamente diminuída devido a invasões. Hoje ali vivem 14 pessoas entre sobrinhos e sobrinhos-netos, mas dona Helena mora em sua casa separada, o que lhe garante total independência. Uma mulher ativa, gosta de estar sempre em movimento. “Bato perna, vou até a praia, e à Praça dos Palmares”, afirma. Participa de coral, aulas de alongamento e aos cultos da Igreja Evangélica Cristã do Brasil. Essa agitação não é de hoje, pois mais jovem trabalhou em

casa de família cozinhando e cuidando de duas crianças que hoje já estão na idade adulta. No terreno da casa onde mora, a família no passado criava cabras, porcos, galinhas e ainda plantavam arroz, feijão, milho, verduras, coentro, café. “Gostava muito de socar café no pilão”, lembra-se. “Não me casei porque sou muito independente”, conta dona Helena que hoje vive cercada pelos sobrinhos e sobrinhos-netos. A sobrinha Ana Nascimento de Paula, 35 anos, filha de Esmeralda, irmã já falecida, leva a tia ao médico e ao banco. Nas compras sua preferência cai no arroz, feijão, linguiça, peixe e o contrafilé que não pode faltar. “Como tudo que eu gosto”, confessa, mas segue à risca a prescrição de remédios para pressão e colesterol. Esbanjando vitalidade é um símbolo de coragem e resistência, sobrevivendo a muitos momentos difíceis em seu caminho. Por isso é sempre lembrada e reverenciada pela nova geração que a respeita por sua história de perseverança e fé na vida.

Conferência em Brasília aborda segurança alimentar Sidnei Biniano representou a pesca em Brasília.

Sidnei Bibiano, delegado na 6ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional em Brasília que ocorreu de 11 a 14 de dezembro de 2023, fala sobre sua participação no evento. “Representei a pesca no Estado de São Paulo e as demandas apresentadas estão dando bons frutos para nossa classe dos povos tradicionais caiçaras ribeirinhos de família de pescadores”, afirmou. Ele explica que abordou na Questão Segurança Alimentar Nutricional sugerindo como exemplo a inclusão do pescado no fornecimento na merenda escolar e ampliação do projeto agricultura familiar e o programa da piscicultura. Bibiano vem de família de pescadores há cinco gerações estabelecida no bairro de Cachoeira em Guarujá.


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JANEIRO/FEVEREIRO DE 2024

Folia de Reis revive na Prainha Branca

Passarinho (de barba) nas folias de outrora

Nasc (nascrestaurante. Chris Amorim visita o restaurante ento em Santos para com.br) do chef Danillo Nascim bem brasileiro or sab saborear pratos com

Pandeiro, zabumba, viola, rabeca, reco-reco e meia lua soaram fortes na Prainha Branca, em Guarujá. Afinal era a Folia de Reis que reinou nos dias 6 e 7 de janeiro por aquelas bandas. Com suas roupas festivas os moradores cantaram e dançaram, para festejar a Folia de Reis, uma festa popular e tradicional brasileira que celebra a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus. Demmi Rangel Neves Ledo, ou apenas Rangel, como é conhecido na comunidade, organizou os festejos. Com a sabedoria herdada de seu pai Silvano Neves Ledo, o Passarinho (19582020), pode resgatar a folia que se calou durante a pandemia. O festejo é de uma alegria genuína, como persistiu por mais de 30 anos nas mãos de Passarinho, músico, festeiro e poeta. “Saímos cantando pelas ruas da comunidade e paramos na porta para pedir entrada”,

explica Rangel. “As pessoas nos recebem e servem algo de comer”, explica. Antigamente os moradores também doavam dinheiro para que os músicos, que muitas vezes vinham de longe, pudessem pagar sua viagem. A cantiga da Folia, que convida os moradores a abrir a porta diz: “Senhores que estais dormindo, nesse sono tão profundo/Se levante e venha ver, as maravilhas do mundo”. Em 2024, cerca de 15 casas participaram na madrugada do dia 7, um sábado, até a entrada da madrugada. A família Ledo participa em peso dos festejos, que foram iniciados como o avô Maciel Hermógenes. Segundo Claudenice Oliveira Almeida Fravio, presidente da Associação de Moradores da Prainha Branca, nascida no local, o fluxo de turistas também foi grande, especialmente na missa de domingo na Igreja Imaculada Conceição,

padroeira da praia. Ela conta ainda que além da Folia de Reis, a Prainha comemora os festejos juninos, a Festa da Tainha (em julho), a Festa Primavera, e a Festa da Padroeira Imaculada Conceição dia 8/12. O acesso para a Prainha Branca fica em frente à balsa Guarujá-Bertioga. O caminho pode ser feito por Bertioga (por balsa), ou pelo Guarujá por estrada. Chegando ao Portal da Praia há uma trilha com caminhada de cerca de meia hora para chegar à Prainha. Participaram do evento: Porta Bandeira – Ivete/Rabeca – Wilson/Saxofone, Flauta transversal – Jaime/Zabumba-Demmi Ledo/ Viola caipira-Zé Marcio,Betto/ Violão - Felipe Ledo, Djalma/Cavaco - Nilton, Silvio Ledo/Pandeiro – Lucio/Reco reco – Grimaldo/ Triangulo - Renato/Vocal - Maria Paula Ledo, Sofia Ledo, Emília Ledo, Gil, Val, Dina Ledo.


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