Dezembro 2013
Art IT
Eduardo Kobra Grafiteiro paulistano granha reconhecimento internacional e transforma “pintura de parede” em ARTE.
Lucian Freud
Andre Arruda
“Lucian Freud is considered one of Europe’s greatest modern artists”.
Entrevista com o fotografo carioca.
Edição 01
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Sumário
10 Kobra
Grafiteiro paulistano granha
reconhecimento internacional e transforma “pintura de parede” em ARTE.
Entrevista Andre Arruda......................... 05
George Kornis .................................20
O fotógrafo carioca Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo.
As especificações do mercado de artes visuais no Brasil do século XXI.
Cid Costa Neto
Isaura Botelho
Lucian Freud..................................................07
Arte , cultura e seus demônios..........25
Considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits with peculiar focus on the texture of their flesh.
Ana Angélica Albano
Donald Kuspit
Conhecer para atuar.........................15 A importância de estudos e pesquisas na formulação de políticas públicas para a cultura.
Ana Letícia Fialho e Ilana Seltzer Goldstein
Uma análise contemporânea sobre as manifestações culturais e suas representações.
Cinema para quem precisa...............40 O cinema como via de inclusão social nas comunidades do Rio de Janeiro pós UPPs
Francisco Alambert
O Direito ao Teatro..........................45 Teatro de direito e direito ao teatro. Dois lados de uma mesma moeda?
Sérgio de Carvalho
Quando o todo era mais do que a soma das pates.................................30
Música, dança e artes visuais............50
Álbuns, singles e os rumos da música gravada contemporânea
Aspectos do trabalho artístico em discussão em tempos de lei do patrocínio
Marcia Tosta Dias e João da Silva
Liliana Rolfsen Petrilli Segnini
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Lucian Freud
PERFIL | LUCIAN FREUD |
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PERFIL | FREUD |
Lucian Freud is considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits and nudes in drab rooms, with peculiar focus on the texture of their flesh. Freud was the grandson of Sigmund Freud. He moved to Britain from Germany with his family in 1933 to escape persecution as a Jew. He spent most of his working life in London’s Paddington, saying that its sleaziness appealed to him.
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PERFIL | FREUD |
Freud’s early works, like Girl With A White Dog, were very controlled and formal. Over time his style changed and his later painting were mainly nudes, using coarse, layered dabs of paint to create skin texture. The figures in Freud’s paintings often look distant and depressed. However he had a close relationship with his subjects and claimed his pictures are “to do with hope and memory and sensuality”. One of his best known paintings, Benefits Supervisor Sleeping, was reportedly bought by Russian billionaire Roman Abramovich for $33m at auction. This was a record at the time for a living British artist. Freud provoked public outcry with a portrait of Her Majesty Queen Elizabeth II. Many people said the painting made her look old and unhappy. The Queen refused to comment.
WHO IS LUCIEN Freud was born in Berlin in December 1922, and came to England with his family in 1933. He studied briefly at the Central School of Art in London and, to more effect, at Cedric Morris’s East Anglian School of Painting and Drawing in Dedham. Following this, he served as a merchant seaman in an Atlantic convoy in 1941. His first solo exhibition, in 1944 at the Lefevre Gallery, featured the now celebrated The Painter’s Room 1944. In the summer of 1946, he went to Paris before going on to Greece for several months. Since then he has lived and worked in London. Freud’s subjects are often the people in his life; friends, family, fellow painters, lovers, children. As he has said ‘The subject matter is autobiographical, it’s all to do with hope and memory and sensuality and involvement really’. Paintings in the exhibition will range from Girl with Roses 1948 to Garden, Notting Hill Gate 1997, and highlights include the marvellous series of portraits of his mother, portraits of fellow painters John Minton, Michael Andrews and Frank Auerbach, and other major works including Large Interior W11 (after Watteau) 1981-3. Sharp pictures of his youth will contrast with the works of his maturity, paintings filled with life and liveliness, each in its way a celebration. ‘I paint people’, Freud has said, ‘not because of what they are like, not exactly in spite of what they are like, but how they happen to be’. >>
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PERFIL | FREUD |
LUCIEN BIOGRAPHY British painter and draughtsman. Freud spent most of his career in Paddington, London, an inner-city area whose seediness is reflected in Freud’s often sombre and moody interiors and cityscapes. In the 1940s he was principally interested in drawing, especially the face. He experimented with Surrealism. He was also loosely associated with Neo-Romanticism. He established his own artistic identity, however, in meticulously executed realist works, imbued with a pervasive mood of alienation. Two important paintings of 1951 established the themes and preoccupations that dominated the rest of Freud’s career: Interior in Paddington (Liverpool,Walker A.G.) and Girl with a White Dog (London, Tate). Both paintings demonstrate an eagerness to establish a highly charged situation, in which the artist is free to explore formal and optical problems rather
than expressive or interpretative ones. By the late 1950s brushmarks became spatial as he began to describe the face and body in terms of shape and structure, and often in female nudes the brushstrokes help to suggest shape. Throughout his career Freud’s palette remained distinctly muted. A close relationship with sitters was often important for Freud. His mother sat for an extensive series in the early 1970s after she was widowed, and his daughters Bella and Esther modelled nude, together and individually. Although the human form dominated his output, Freud also executed cityscapes, viewed from his studio window, and obsessively detailed nature studies. The 1980s and early 1990s were marked by increasingly ambitious compositions in terms of both scale and complexity.
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CAPA | KOBRA|
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CAPA | KOBRA |
ED Grafiteiro paulistano granha reconhecimento internacional e transforma “pintura de parede em ARTE.
Quem observa as ruas de São Paulo já deve ter visto um dos 50 enormes murais de Eduardo Kobra. As cores se destacam entre o cinza da cidade e seus trabalhos buscam transformar a paisagem urbana através da arte. Kobra realiza exposições dentro e fora do Brasil, além de pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. Seu trabalho está em mais de 10 países diferentes. Nova York, Londres, Moscou e Atenas são algumas das cidades que receberam suas pinturas realistas que mais parecem fotografias. Entre as cenas e personalidades retratadas vemos Oscar Niemeyer, Einstein, o famoso marinheiro norte-americano beijando uma jovem mulher (V-J Day in Times Square), a bailarina inspirada na russa Maya Plisetskaya. Incrível ver a sua precisão em traço, luz e sombra! O artista diz: “Sinceramente, o que me motiva são as ruas. Amo pintar as cidades, penso nas ruas como uma galeria de arte a céu aberto onde os muros são as telas.Isso significa muito na minha vida.” Ainda bem Eduardo, nós agradecemos e adoramos! - See more at: http://followthecolours.com.br/2013/10/os-murais-super-coloridos-de-eduardo-kobra.html#sthash. fW2QGCD0.yTo61Zu1.dpuf
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CAPA | KOBRA |
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CAPA | KOBRA |
BIOGRAFIA O paulistano Eduardo Kobra, 33 anos, começou seus primeiros trabalhos em 87, junto com a segunda geração do grafite, sob a influência do hip hop. Inquieto e curioso, logo aprimorou seus traços, desenvolvendo sua forma de expressão. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo transformismo grafiteiro. Procuro, no projeto Muro das Memórias - mostrar imagens históricas com uma leitura contemporânea, afirma. Embora nunca tenha tido contato pessoal, um de seus principais mestres atuais é o norte-americano Eric Grohe, artista plástico que faz da sua arte um meio de transformação. São murais que confundem os olhos de quem observa, reduzindo a nada a diferença entre escultura e pintura. Os trabalhos de Kobra, muito executados antes mesmo do contato com a arte de Grohe, trazem características semelhantes. Além do projeto - Muro das Memórias - e de vários outros grafites feitos em espaços da Cidade, Kobra já trabalhou para empresas como Playcenter, Beto Carrero World, Coca-Cola, Nestlé, Chevrolet, Ford, Roche, Johnnie Walker, Iodice e Carmim; e para as agências The Marketing Store, Diageo, Agnelo Pacheco, além de ter trabalhado com o arquiteto Sig Bergamin para a Lê Lis Blanc. Em alguns trabalhos conta com a parceria do arquiteto, urbanista e especialista em arte pública Márcio Rodrigues Luiz. Fundou em 95, o Studio Kobra, onde comanda uma equipe especializada em pintura de painéis artísticos. Eduardo Kobra tem sido muito procurado para decorar artisticamente interiores de bares e restaurantes. Seus trabalhos podem ser vistos em seis estabelecimentos da cidade, como o sofisticado Trindade (onde, a convite do arquiteto Toninho Noronha, em 2007, mostrou, sob uma lona de caminhão de 96m2 uma cena do bairro Lisboeta, em Portugal. Em maio, foi convidado para pintar um mural de 10X4m no Bleecker, que traz uma cena do metrô de Nova York. Em julho de 2008, pintou no restaurante JK (5mX9m) uma cena do Centro de São Paulo, no início do século (Largo do Tesouro, 1910). Em agosto, terminou no empório Santamaría, na avenida Cidade Jardim, dois belos trabalhos: um no teto da área de presentes e o outro no restaurante japonês do local. Em 2008, fez sua 1º Exposição em Galeria, onde placas outdoors e outros materiais retirados pela Prefeitura de São Paulo ressurgiram como suporte para obras de artes. Em 2009, participou da Casa Cor - São Paulo, e em Julho fez uma exposição na Galeria Proarte, sucesso de critica e publico, em Dezembro participou da delegação brasileira no Salon National Des Beaux-Arts realizado no Museu Du Louvre, em Paris.
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ENTREVISTA | ANDRE ARRUDA |
ANDRE ARRUDA por Cid Costa Neto
Carioca, formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo Audiovisual, o fotógrafo Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo. Atualmente trabalha na área publicitária e editorial, mas sem deixar de lado o trabalho autoral, onde tem liberdade de expressar sua criatividade em ensaios como o Fortia Femina e no livro 100 coisas que cem pessoas não vivem sem. Suas fontes de inspiração são as mais váriadas.
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ENTREVISTA | ANDRE ARRUDA |
Como foi o seu primeiro contato com a fotografia e como foi a decisão de se profissionalizar? AA. Meu pai tinha uma TLR BeautyFlex, imitação japonesa da Rolley, e fiz algumas fotos com ela quando criança. Cheguei inclusive a tentar fazer uma estória em quadrinhos com avioes da II guerra, modelos de montar Revell, que é claro, não ficaram técnicamente boas. Me lembro até hoje da imensa sensação de dificuldade daquela tarefa. Um dia a câmera pifou e não tinha conserto. Como a família não tinha recursos, ficouse sem equipamento mesmo. Depois, somente na faculdade tive contato com fotografia, numa aula de fotojornalismo. Nos foi mostrada uma série de fotos de HCB e aquela imagética foi como se eu tivesse aprendido uma língua nova instantaneamente. No curso de jornalismo comecei a me interar da fotografia e pouco tempo depois resolvi ser fotógrafo. Mal sabia da fria em que estava me metendo.
Depois de dias tentando, consigo uma hora para conversar com o editor. Chego lá, quem me atende é um coordenador, que abre a pasta, folheia as fotos com o desdém de um delegado de polícia, e ainda vira pro lado, falando com outra pessoa: “O teu vascão ontem, hein?” Joga a pasta na mesa e diz secamente: “Serve não”. Volto pra casa com a pasta “pesando uns 100 kg” e com uma decepção
que viu o portfolio “inútil” e me admitiu. Depois de um ano tentando entrar lá, consegui. Ainda tive a sorte de estar no fim da era de ouro do fotojornalismo, que no JB era capitaneado pelos editores Rogério Reis e Flavio Rodrigues, um período intenso e de muita cobrança, de salários baixos mas de muita criatividade, onde a editoria de fotografia era composta por um time de feras. Impossível não ter
“O “100” nasceu da idéia de fazer um livro de retratos.”
Como surgiu a oportunidade no meio editorial?
knock down. Uns dois anos depois, já na lida do jornalismo, encontrei o sujeito do “serve não” numa cobertura qualquer e o pessoal foi almoçar e ele não tinha grana: acabei pagando o almoço dele. O ensaio que não serviu ganhou um prêmio na Funarte, outro da UFF e foi publicado em quatro páginas na Revista de Domingo, do JB, o principal encarte do Rio naquele tempo.
AA. Antes tive um experiência amarguíssima. Fui em um determinado jornal levando meu humilde portifolio, basicamente um ensaio sobre Copacabana.
Mas voltando: Um amigo trabalhava no extinto Jornal do Brasil e disse que tinha vaga lá. Marquei uma hora com o editor, o caladíssimo Rogério Reis,
saudade daquela época, onde nem se sonhava com a internet. Fiquei lá de 92 a 98 e em outro jornal de 98 a 2000, mas nunca me senti o repórter per se, sempre gostei de features, de fotografia mais “pensada”.
Qual a importância de um trabalho autoral para quem trabalha apenas comercialmente? AA. É fundamental, absolutamente. Eu creio – na maioria dos casos - o trabalho comercial deve financiar o trabalho autoral, pois este irá nortear a carreira do
fotógrafo. O fotógrafo deve estar atento para não se tornar mais uma peça dentro do mercado.
Como é a concepção do trabalho autoral e como funciona o seu processo de criação? AA. No momento tenho dois trabalhos de minha inteira concepção, “Fortia Femina” e um livro chamado “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”. O “Fortia” é um ensaio sobre mulheres adeptas da musculação, em preto e branco, de viés livre de publicação ou lucro. São imagens que não residem num limbo preferencial: ou se ama ou se odeia. Até agora não vendi uma única cópia para coleção. O “100” nasceu da idéia de fazer um livro de retratos, mas não queria um tomo que fosse um compilação de fotos de gente, isso o medium visual está repleto e sinceramente acho repetitivo e um tanto tedioso. Como toquei baixo muitos anos, tive bandas e escrevi muitas letras, creio que títulos/temas são tão importantes quanto a obra. Nome é destino. Comecei a brincar com a idéia de número, de rima, de ritmo, de pessoas e que o conceito de uma pergunta instigaria o leitor. Depois de muita elocubração, veio o título, cujo paradoxal conceito é “arqueologia
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ENTREVISTA | ANDRE ARRUDA |
instantânea”, conhecer um pouco as pessoas pelos seus objetos. E desde agosto de 2005 venho fazendo o “100”, um desafio logístico muito pesado. E bancado integralmente por mim. “Fortia Femina” nasceu antes, em 2003, 2004. Zapeando, paro em uma transmissão de um campeonato Mr. Olimpia, creio, e vi mulheres na
sobre a anatomia do corpo humano; descobri que me influenciaram bom tempo depois de estar fazendo o Fortia Femina. O “100” também é em fundo branco, retrato e objeto, mas em conjunto com outra inspiração agregada, que são os catálogos de produtos, tão comuns em jornais. Como vivemos em uma época
português brasileiro. Toquei baixo por uns oito anos e até hoje tenho o instrumento, embora quase não toque. A música desempenha um papel fundamental na minha vida, tanto ou mais quanto o cinema; meus mais antigos amigos vêm da música. Não vejo, por exemplo, chance de ter uma namorada que tenha um gosto musical muito
com isto. Hoje a estética da mulher muscular é um fator presente na sociedade, uma tendência desde os anos 80, quando explodiram as academias de ginástica e as “aulas de jazz”, que misturavam dança com exercício físico pesado. Fausto Fawcett, um excelente pensador pop, até cita na letra de “Facada Leite Moça” a frase “coxas de quem faz
“Não apenas nas citadas, mas pintura e escultura me são vitais. Todo o tipo de manifestação me atrai.” competição. Até então não sabia que uma mulher poderia ter um corpo com aquelas proporções e me encantou como o relevo e o volume dos corpos “respondiam” à luz, e como a feminilidade poderia chegar a um extremo tão intenso. Então comecei a pensar numa série de fotos de nu, sem grandes compromissos, mas que fosse distinta do que havia visto até então. Um ensaio, um trabalho, deve ser adequado às condições de quem o elabora. Adotei o fundo branco para o “Fortia” pela facilidade do suporte (papel branco, pano branco, parede branca existe em qualquer lugar) e pela leveza que o branco fornece ao conteúdo, que talvez seja uma herança do meu tempo de garoto, quando pensava em ser desenhista, cartunista. Sou fanático pelas ilustrações a bico de pena e gravuras de Da Vinci, Vesalius e Henry Gray
“catalogal”, onde somos reduzidos perfis e frases definidoras, o “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem” é um comentário – pretenso – sobre este nosso tempo. Zeitgeist.
Você busca inspiração em outras mídias, como quadrinhos, música e cinema. Porque considera isso tão importante? AA Não apenas nas citadas, mas pintura e escultura me são vitais. Todo o tipo de manifestação me atrai. Na literatura ‘O Estrangeiro’, de Camus, teve um profundo impacto quando li. Outro fantástico observador é William Gibson, autor do termo cyberspace em “Neuromancer” e de “Reconhecimento de padrões” um livro importante para qualquer pessoa que trabalhe com imagens; que aliás tem uma tradução eficiente em
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diferente do meu. Música é alma. Ouço de Slayer à Cole Porter, passando por bossa nova, industrial, alguns eletrônicos, rock, heavy metal e muita black music dos 50, 60 e 70. Refuto qualquer discurso que relativise a cultura e a educação e que enalteça o mero empirismo de processos na formação. Aproveito da máxima socrática: “quanto mais sei, mais sei que nada sei.” Quando vou editar um trabalho meu, sempre procuro se há algo bom. Inicialmente, acho tudo medíocre, apressado e raso. Sempre pode ser melhor...
jazz”, no fim dos 80. Cabe ao autor suscitar e abrir questões. E isso não vem de graça, sempre se paga um preço.
Existe um projeto para publicar o Fortia Femina? AA. O livro em tese está pronto, como fotos já tratadas e prontas para edição, mas falta uma editora com coragem para abraçar o projeto.
Durante o Nu Photo Conference você realizou um ensaio ao vivo para uma platéia de 300 pessoas. Como foi essa Além das questões experiência? Já tinha feito gráficas, o ensaio Fortia algo parecido? Femina lida com um tabu AA. Com uma platéia da estética feminina. tão grande foi a primeira vez. Gostei muito da Como foi a recepção experiência, embora desse trabalho? tenha achado, com o AA. Amor ou Repulsa. Já me disseram que Fortia Femina está à frente do tempo dele. Não sei e não procuro me preocupar
benefício da distância, que a apresentação foi um tanto exagerada em alguns aspectos. Foi um desafio redobrado
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porque aconteceu diferente do planejado. A minha proposta inicial seria verdadeira sessão do Fortia Femina mas a modelo, uma atleta, desistiu. Então propus que fossem duas modelos e parti do zero. Gostei muito de uma imagem resultante daquela sessão.
Durante a sua palestra você citou a importância de usar o fotômetro de mão. Com o digital, muitos fotógrafos da nova geração dispensam o seu uso. Porque você acha que isso acontece? AA. O fotômetro é um símbolo. Quis ressaltar a importância da técnica, da pesquisa e do estudo constante. Não existe fotografia “fácil” e quem está começando não deve crer em soluções simplórias, como se a fotografia fosse uma série de “macetes” que resolvem qualquer situação. Todos os fotógrafos de cinema, cuja fotografia é exponencialmente mais complexa que a still, usam fotômetro, mesmo os fotógrafos com 30, 40 anos de experiência. É saber interpretar, usar a luz e não ser refém dela. Não creio que o fotografo deva se ater a fórmulas e resoluções fixas; quanto mais conhecimento, melhor; é quase pueril falar isso, mas há quem acredite que a fotografia é simples, quase intuitiva e o Photoshop resolverá tudo depois. O que
interessa mesmo é a luz (saber iluminar) e a direção. A câmera, desde que seja manual, minimamente boa e gere arquivos RAW, resolve a maioria dos casos. A grande diferença entre uma câmera Pro e a amadora é que a Pro tem resistência e robustez. Tenho uma objetiva 70200 2.8 que deve ter uns 10 anos e funciona muito bem, apesar de algumas “cicatrizes”, arranhões na lente e marcas de uso.
Quais fotógrafos cujo trabalho você admira e qual a relevância deles na sua produção? AA. Vários me influenciaram e influenciam. Seria injusto nomear alguns, então fico com o meu trio sagrado, Cartier-Bresson, Avedon e Helmut Newton. E Sebastião Salgado, claro, por ser o maior fotógrafo vivo e por sua visão e sobretudo planejamento. Até o momento acredito que nenhum fotógrafo tem ou terá uma obra como a dele. É mais complicado ou mais fácil fotografar celebridades? AA. Eu fotografo famosos como se fossem anônimos e anônimos como celebridades. Em geral a fotografia, para a maioria das “celebridades”, é uma atividade aborrecida e que elas querem se livrar o mais rápido possível. Mulheres respondem muito bem a locação, com homens creio que uma
certa tensão desenvolve melhor. A mulher tem que ser seduzida o tempo inteiro.
Quem você gostaria de fotografar e ainda não teve oportunidade? AA. Scarlett Johansson, atriz; Yelena Isinbayeva, atleta e Angela Gossow, cantora da banda de heavy metal Arch Enemy. Aqui, Roberto Carlos, o cantor.
está difícil como negócio rentável. Somente quem tiver talento, senso de oportunidade e principalmente um manifesto sincero de idéias perante o mundo poderá ter sucesso. E procure fazer vídeo também. O futuro caminha inexorável para a imagem em movimento.
O que você diz para quem quer seguir a carreira de fotógrafo ou está começando? AA. Persista. Mais do que nunca fotografia
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