Como nasce a ética?
TEM
Paixão na “Bem Público”
ESPIÃO NA REDE
Ricardo Kotscho
Eloi Zanetti
Hamilton Fonseca
Edson Campagnolo
Mario Milani
CAMPANHA desumana
Perguntar não OFENDE
TERAPIA para executivos
Mobilização pelo crescimento
DROGA liberada
19827202 0910 47
ISSN 1982-7202
Nº 47 - ANO 9 - R$ 9,90
Leonardo Boff
Publicações Hora Pública Editora “Bife Sujo”: a arte e a poesia dos curitibanos
Serviço: Coletânea Bife Sujo R$ 50,00 (em duas vezes com o frete incluso) ** Pagamento à vista 30% de desconto R$ 35,00 Formato: 26 x 26 cm 58 páginas Edição limitada
Mais informações ou aquisições: (041) 3332-7580 comercial@bempublico.com.br
Questão de Polícia Autor: Arthur Conceição JM Editora - Curitiba R$ 40,00
A Hora Publica Editora, responsável pela publicação da revista “Bem Público” há sete anos, está disponibilizando aos leitores o livro “Bife Sujo”, com crônicas, poesias, imagens e ilustrações produzidas por artistas do Paraná, numa autêntica valorização da cultura regional. Tradicional restaurante de Curitiba, por onde já passaram inúmeros artistas, o Bife Sujo possui um público diversificado e eclético. Foi pensando nessas pessoas que a HP Editora lançou a coletânea. Participam da obra M. Ilan, Rio Apa, Adelia Ribeiro, Ronald, Silvestre Duarte, Silvio Oricolli, Joaquim Simões Ribeiro, Sonia Bittencourt, Raymundo Rolim, Claudio Kambé, Carlos Molina, Gerson Maciel, Jairo Pereira, Hilton Barcelos, Mario Milani, Jorge Hardmoon, Joel Moreno, Katia Horn, Helio Leites, Li Travassos, Carlos Borges de Lima, Luiz Alceu, Bia de Luna, Marcos Terra, Marise Manoel Nilson Monteiro, Donizetti, Pilar, Analice, Thor, Jubal, Carlos Aguiar, Alberto Viana, José Antonio de Lima, Julian, Pablito, Ossoh, Norberto Silva, Marcos Fontinelli, Péricles Mello, Edu Hoffmann, Marcelo Oikawa, Jacques Brand, Claudir Maeus, Fernando Nascimento, Lauro Borges Gerson Cunha, Samuel Silva, Ademir Assunção, Claudia Gabardo, Marcos Carlson, Mazé Mendes,Luiz Bellenda, Willy Schuman e Eusébio Maestri.
47ª
EXPEDIENTE ISSN 1982-7202
19827202 0910 47
Bem Público é uma publicação da Hora Pública Editora setembro/outubro de 2013 Editor-Chefe: Mario Milani
Correspondentes: EUA: Kim Mastters Indonésia: Fabio Mesquita Alemanha: Werner Schumann Itália: Marcus Carboneri
Editor Executivo Marcos Scotti Colaboraram nesta edição: Casimiro Linarth Dasio Roberto de Oliveira Debora Fajardo Pontes Esmael Alves de Morais Francisco (Temaphoto) Heverson Bayer Irineu Colombo Jubal Dohms Joka Madruga Jeferson Brittes Lais de Melo Milani Lelington Lobo Franco Luiz Manfredini Manoel Moscalewski Nani Goes Naiara Milani Rafael Brittes Milani Serli Andrade
Projeto Gráfico e Paginação: Enter Comunicação Assessoria Jurídica: Marcus Reis, Murilo Távora e Advogados associadosmarcus@vrs.com.br; murilo.tavora@terra.com.br Departamento Administrativo bempublico@bempublico.com.br Departamento Comercial: comercial@bempublico.com.br Jeferson Brittes Departamento de Assinaturas assinaturas@bempublico.com.br Representação EnterPress Brasília - São Paulo - Salvador Florianópolis - Porto Alegre enter@enter.com.br Parceiros: Hora Pública Editora Enter Comunicação
Articulistas Domingos Pellegrini Eloi Zanetti Ivan Schmidt João Pedro Stedile Jota Oliveira Leonardo Boff Parreira Rodrigues Ricardo Kotscho Willy Schumann
Distribuição Ghignone Distribuidora Av. Iguaçu, 624 - Rebouças Curitiba - PR (41) 33237737 Matérias assinadas não significam necessariamente a opinião da revista.
REALIZAÇÃO
Hora Pública Editora Rua Amazonas, 75 - Água Verde - Telefone (41) 3332-7580 - Curitiba/Paraná CEP: 80610-030 - E-MAIL: bempublico@bempublico.com.br
4 - edição 47 - 2013
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ÍNDICE
6 Paixão
14
Tem espião na rede A violação de informações e grampos em celulares e internet praticados pela inteligência americana deixaram evidente o quão frágil é a privacidade do cidadão.
20 Como nasce a ética?
Nossa Capa
Os governos planejam políticas públicas pobres para os pobres e ricas para os ricos e poderosos, diz Leonardo Boff ao analisar a ética. Viviane Silva na festa Classic Sunday, no Taj Bar, em Curitiba.
E mais... 8 - Mário Milani: Droga liberada 10 - Gente do Bem 13 - Cartas 18 - Ricardo Kotscho: Campanha desumana 20 - Leonardo Boff: Como nasce a ética? 23 - Edson Campagnolo: Mobilização pelo crescimento 24 - Hamilton Fonseca: Terapia para executivo 26 - Edu Olavo: O alcance de uma associação 27 - Eloi Zanetti: O autor é o guardião da própria prisão 30 - Wanda Camargo: Redução das expectativas
Espionagem Foto: Banco de Imagens
28
Sociedade Willy Schumann 2013 - edição 47 - 5
PAIXÃO
Paixão Ademir Vigilato da Paixão
6 - edição 47 - 2013
2013 - edição 47 - 7
OPINIÃO
DROGA
liberada Por Mário Milani
“
O fumo mata mais do que as mortes causadas pela AIDS, pelo alcoolismo, pelas drogas ou mesmo pelos acidentes de trânsito
”
Mario Milani
8 - edição 47 - 2013
Doenças cardiovasculares, câncer de pulmão, da laringe, de boca, impotência sexual. Duzentas mil mortes por ano, oito anos a menos de vida. O fumo mata mais do que as mortes causadas pela AIDS, pelo alcoolismo, pelas drogas ou mesmo pelos acidentes de trânsito. Mata quem fuma e quem não fuma também. Além de inalar 4.720 substâncias tóxicas cada vez que traga, o cidadão fumante se “alimenta” de acetona, formol e naftalina. É cena de filme de horror ver o estrago que estas substâncias fazem no corpo. E são 80 as substâncias identificadas como causadoras de algum tipo de câncer presentes no cigarro. Em todo o mundo os fumantes somam 1,3 bilhão de cabeças “enuviadas”, que contribuem para aumentar o número de doentes que sofrem as conseqüências da fumaça alheia. 30 milhões destes fumantes estão no Brasil. Passivamente, o outro cidadão, o que não fuma, acaba inalando aquelas substâncias cancerígenas de maneira ainda pior, sem filtro. Aqui outra estatística alarmante: o fumo ocupa o quarto lugar entre os agentes responsáveis por mortes no mundo. Como se não bastassem tantos absurdos, suficientes para fazer qualquer um parar de fumar, pesquisadores relatam que uma criança de apenas 10 dias já pode apresentar resíduos de nicotina na
Peça da campanha internacional contra o fumo/divulgação
“
O grande antídoto contra o fumo está na educação, na conscientização do cidadão para um problema que não é só dele, mas de todos os que estão a sua volta
”
Mario Milani
Felizmente esta doença tem cura. O grande antídoto contra o fumo está na educação, na conscientização do cidadão para um problema que não é só dele, mas de todos os que estão a sua volta. É doença sim. E, como já disse José Rosemberg, médico e pesquisador, pioneiro no combate ao tabagismo no país, autor do primeiro livro científico publicado no Brasil sobre o cigarro e o único latino-americano a receber a medalha Tabaco e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), só um programa educacional voltado à população pode trazer mudanças significativas para a saúde pública.
Ascom
urina, caso seus pais fumem próximos a ela. E pior, o fumo pode causar alterações no DNA.
Em Curitiba, campanha alerta a população para as leis e os males do cigarro.
Pense nisso.
Mario Milani é jornalista.
2013 - edição 47 - 9
OPINIÃO
Agência Brasil
Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu
Frei Betto, teólogo.
Se trabalharmos pela integração das mulheres na política e na igualdade de gênero, vamos conseguir uma melhor democracia, mais desenvolvimento econômico, mais participação e mais coesão social, elementos necessários para o desenvolvimento de um país
Michelle Bachelet, diretoraexecutiva da ONU Mulheres.
Marco Aurélio, ministro do STF.
A Lei Maria da Penha retirou da clandestinidade as milhares de mulheres agredidas
8 - edição 47 - 2013
Os serviços patrocinados pelo Estado devem ser vistos como investimento em busca da eficiência e da efetividade
Luciana Rafagnin, deputada estadual pelo PT-PR.
ONU
Agência Brasil
Desde já precisamos estar alertas ao processo eleitoral. Façam uma pauta de compromissos dos candidatos e perguntem se eles se comprometem com os pontos da pauta. Vamos exigir compromissos por escrito
Agência Brasil
A história do Rio é a cada quatro anos uma estação nova. A população de Santa Cruz, de Guaratiba e Sepetiba, não pode esperar até 2060 para ter um transporte de alta capacidade
Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo.
Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio Janeiro.
São Paulo não é uma ilha política, tampouco uma cidade de muralhas. São Paulo precisa firmar parcerias vigorosas na esfera pública, com o governo federal e com o governo estadual, e na esfera privada, com o que existe de mais avançado em pensamento e tecnologia no mundo
Acho estranho e muito, muito grave que alguém diga com muita tranquilidade que houve caixa 2. Caixa 2 é crime, é uma agressão à sociedade brasileira
Cármen Lúcia, ministra do STF.
O turismo tem a capacidade de construir um Brasil maior, gerando emprego e renda, trazendo soluções ecologicamente viáveis e sustentáveis. O turismo não traz problemas, só vantagens
José Fortunatti (PDT), prefeito de Porto Alegre.
Não adianta ter um técnico que não faça mudanças. Quero ter alguém que tenha vontade política para fazer mudanças
Vinícius Lummertz, secretário-executivo do Conselho Nacional de Turismo. 2013 - edição 47 - 9
Agência Senado
OPINIÃO
Naquilo que é específico, típico do jornalista, o jornalista. Assim como o que é específico do médico é feito pelo médico
Wellington Dias (PT-PI), senador, ao comentar a
Agência Senado
Somos muito exigentes com a qualidade dos serviços que prestamos e o resultado disso é que o índice de satisfação de nossos clientes - numa escala de 0 a 10 está em 9,17. A satisfação com nossas consultorias é de 9,39 e com os treinamentos é de 9,40. Esses números mostram nosso comprometimento com os empresários de pequenos negócios
Agência Sebrae
A formação dos profissionais em jornalismo é tão importante quanto a formação de qualquer outro profissional
AE
Agência Brasil
aprovação no Senado da Pec
O governo brasileiro terá uma posição proativa no sentido de ampliar cada vez mais a taxa de crescimento no Brasil de forma sustentável, respeitando o equilíbrio macroeconômico com finanças públicas e uma estrutura fiscal sólidas
Dilma Rousseff, presidente do Brasil. 8 - edição 47 - 2013
Agência Brasil
Julio Cezar Agostini, diretor de Operações do Sebrae/PR.
Vanessa Grazziotin, senadora (PCdoB-AM).
CARTAS Incentivo aos orgânicos Cresce em todo o país o interesse popular pelos alimentos naturais, entre eles, os orgânicos. Consequentemente, o aumento no consumo impulsiona a produção. No mundo todo, o mercado de orgânicos movimenta cerca de US$ 40 bilhões por ano. No Brasil, somente U$ 150 milhões. No Brasil, somos grandes produtores orgânicos de açúcar, soja, café, óleos, amêndoas, mel e frutas. Não existem dados oficiais, mas estima-se que o país já tenha quase um milhão de hectares ocupados com a agricultura orgânica, 95% deles de pequenos e médios produtores, algo em torno de 50 mil agricultores. O Brasil é considerado pelos principais importadores de orgânicos – EUA, União Européia e Japão – como o país de maior potencial de produção orgânica para exportação: cerca de 60% da produção orgânica brasileira vai para fora do país. Outros 30% dos orgânicos são vendidos no mercado brasileiro e o restante segue para consumo próprio. Por conta destes dados, venho sugerir à “Bem Público” uma pauta de incentivo aos nosso bravos produtores orgânicos.
BIFE SUJO
Nicolas Valvert, engenheiro agrônomo, Santa Catarina.
Escola do Plástico O Senai, em parceria com o Simpep Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná - mantém, em São José dos Pinhais, a Escola do Plástico, que além de atender a demanda do setor, que sofre com a falta de mão de obra especializada, a escola será uma oportunidade aos jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho ou aos que buscam uma nova área de atuação. Aline Alves, com apenas 25 anos, conta que ficou surpresa com a oportunidade de especialização. “Nunca trabalhei em indústria antes e este curso é uma realização pessoal, porque acho que pode me ajudar a crescer na empresa”, afirma a jovem que promete continuar buscando o seu aprimoramento profissional nos cursos da escola. Para a presidente do SIMPEP, Denise Dybas Dias, a escola também vai contribuir com o crescimento do setor no Paraná. “O nosso estado já foi líder nacional com relação ao volume de produção de plástico, mas hoje ocupamos a 4ª posição. Com esta escola, estaremos dando um grande passo rumo à liderança novamente”. O setor de transformação do plástico conta com 950 empresas no Paraná e emprega 25 mil pessoas, sendo que metade das indústrias do estado estão concentradas em Curitiba e Região Metropolitana. O presidente da Fiep, Edson Luiz Campagnolo, destacou o plástico como um material transversal, que se faz necessário em quase todos os tipos de indústria. “Utilizamos o plástico em quase tudo, até mesmo no zíper ou no botão de nossas roupas, por isso, vamos continuar estudando e aprimorando modelos de cursos para atender todas as necessidades deste setor”. Fica a sugestão para matéria. Luciana Gavloski, Curitiba. 2013 - edição 47 - 13
SEGURANÇA
TEM
ESPIÃO rede
na
A violação de informações e grampos em celulares e internet praticados pela inteligência americana deixaram evidente o quão frágil é a privacidade do cidadão A desculpa é velha e vem desde o tempo da “Guerra Fria”. A justificativa para a espionagem americana é a luta contra o terrorismo e a prevenção de atentados. Mas a violação de informações e grampos em celulares e na internet praticados pela inteligência americana deixaram evidente o quão frágil são os sistemas de segurança que dizem proteger informações de Estado e a privacidade do cidadão, seja em e-mails trocados ou em dados fornecidos eletronicamente. O secretário de Estado, John Kerry disse que os EUA tentavam, "de forma aleatória", encontrar vias para determinar se existiam ameaças que exigiam respostas. "Em alguns casos, reconheço, tanto como o presidente, que algumas destas ações foram muito longe e vamos garantir que isto não aconteça no futuro", ressaltou ele. 14 - edição 47 - 2013
A questão toda veio a público quando Edward Snowden, ex-consultor da NSA, a agência de inteligência dos EUA, desertou, e revelou o esquema de espionagem americano. "Eu estou disposto a me
sacrificar porque eu não posso, em sã consciência, deixar que o governo dos Estados Unidos destrua a privacidade, a liberdade de Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo, tudo em no-
“
A articulação política diplomática com a ONU não será suficiente para sanar o problema de espionagem porque espionagem segue a ética de Estado. Espião até mata se for preciso defender seu país. Então ética de Estado é completamente [diferente] da ética do cidadão comum. E não há tratado que resolva isso. O interesse do Estado e o interesse econômico sempre vão prevalecer
”
me de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo", disse Edward, que teve que largar tudo para trás para revelar os segredos americanos. Há cinco meses. Adward Snowden,
Raphael Mandarino, diretor do Departamento de Segurança de Informação e Comunicação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.
ção americana – utilizando servidores de grandes empresas de serviços na internet. Entre os monitorados estavam personalidades da Europa e da América Latina, entre elas, a presidente Dilma Rousseff, do Brasil, e Angela Merker, chanceler alemã. Segundo as denúncias, a NSA tinha acesso aos servidores de nove empresas de internet, incluindo Facebook, Google, Microsoft e Yahoo, para monitorar comunicações online como parte de um programa de vigilância chamado Prism. O programa permite acesso a e-mails, chats, informações armazenadas, chamadas de voz, transferências de arquivos e dados de redes sociais de milhares de pessoas.
ex-tecnico da CIA, 29 anos, vazou documentos da agência de inteligência americana e revelou detalhes de programas de vigilância utilizados pelo país para espionar líderes mundiais e a própria popula-
Onde buscar proteção? Recentemente, em uma audiência pública realizada na Comissão de Infraestrutura da Câmara Federal brasileira para discutir a segurança na internet, ficou claro que só diplomacia não vai resolver o problema da espionagem, em qualquer nível. O primeiro passo do governo brasileiro, além da indignação e o protesto formal da Presidência da República, foi a iniciativa em implantar um sistema capaz de proteger mensagens e dados em 320 redes críticas, que envolvem, além da administração pública federal, os dados de estatais e bancos públicos, entre outros. No entanto, só isso não vai resolver. Segundo Raphael Mandarino, diretor 2013 - edição 47 - 15
SEGURANÇA
Contra a espionagem
Algumas ferramentas de código aberto criadas com o apoio da Electronic Frontier Foundation (EFF), entidade americana que defende a liberdade e privacidade dos usuários na internet, oferecem alguma privacidade na web. Veja quais: Tor O Tor, um aplicativo, ajuda a proteger a localização dos internautas. Depois de instalar o aplicativo no computador, o usuário pode acessar a internet por meio de "túneis virtuais" que não permitem que ninguém intercepte sua navegação ou determine onde ele está ou de onde publicou determinado conteúdo. O Tor não permite esconder, no entanto, a identidade do usuário na web. Pidgin Um cliente para mensagens instantâneas que suporta Google Talk, MSN, ICQ e outros serviços de chat pela internet, o Pidgin permite bater papo com os amigos com a certeza de que as conversas não estão sendo armazenadas pelas empresas. Ao instalar o cliente no computador, o internauta pode fazer login em várias contas de serviços de mensagens instantâneas ao mesmo tempo. O serviço, que não exibe anúncios e é gratuito, está disponível para computadores com sistema operacional Windows e Linux. HTTPS Everywhere Uma extensão gratuita que já está disponível para o navegador Firefox, da Fundação Mozilla, e para o Google Chrome, permite que o usuário acesse a versão segura de todos os sites na internet, ou seja, as que possuem a URL iniciada por https. Depois de instalada a extensão, quando o internauta digitar o endereço da URL no navegador, o aplicativo automaticamente reescreve a solicitação para que o navegador se conecte à versão segura do site. Isso previne que as informações enviadas entre o computador do internauta e o servidor onde o site está hospedado sejam interceptadas por terceiros. 16 - edição 47 - 2013
Sala de provedores do Google.
do Departamento de Segurança de Informação e Comunicação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, "Essa força-tarefa brasileira para dar mais segurança às informações internas é um primeiro passo. Mas hoje, imediatamente, o que vai resolver é a criptografia. Não conheço outro remédio para proteger os dados. E não adianta proteger apenas no computador. As redes também têm de estar criptografadas". Alem disso, para o diretor, falta no país um órgão que determine o que fazer em termos de cumprimento das normas de segurança, com poder de polícia. No entanto, Mandarino alerta que esta coordenação tem de ir além do governo e envolver também a sociedade civil. "As empresas também têm de se proteger. Tem de ser uma política nacional, seguida de um órgão que cobre a aplicação dessa política e dessas normas", disse o diretor. Gigantes em perigo As denúncias do ex-funcionário da
NSA sobre a espionagem americana colocaram em xeque a credibilidade das redes sociais, principalmente das gigantes Microsoft, Google, Facebook, Yahoo!, Apple e MSN. Usuários que se cuidem ao postarem comentários na internet. Sem saber, podem se tornar alvo de grampos e sondagens de sua vida particular. Pelas denúncias de Snowden, essas empresas seriam parcerias da NSA. A Microsoft teve um papel ativo ao ajudar a NSA no acesso ao serviço de batepapo Outlook.com e aos e-mails do Hotmail. Além disso, teria facilitado o trabalho espião no serviço de nuvem SkyDrive, que armazena arquivos de 250 milhões de usuários no mundo. O Skype, adquirido pela Microsoft em 2011, também foi alvo da agência de inteligência americana, segundo os documentos revelados. A NST teria obtido dados em vídeo e áudio de conversas de internautas. Segundo o jornal “The Guardian”, o material coletado é compartilhado rotineiramente com o FBI e a CIA.
Existência exposta A internet sabe mais da sua vida do que a sua mãe ou o seu companheiro ou companheira. A rede social que para o internauta se configura como gratuita, está gerando receita para alguma empresa e informações para toda sorte de artimanhas. Os dados disponibilizados pelo usuário no cadastro de uma rede social, por exemplo, permitem conclusões sobre o comportamento dessa pessoa. Quem ainda não recebeu um emarketing oferecendo o produto que casa com os seus sonhos? Aliás, a manipulação dos dados dos internautas permite a criação de campanhas publicitárias ainda mais direcionadas e individualistas. Segundo Demi Getschko, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, a evolução do armazenamento de dados ajudou na exposição das informações dos internautas. "Os seus dados, que antes estavam bem guardados em casa, com o uso da 'nuvem' ficaram espalhados pelo mundo. Ao mesmo tempo em que você consegue se livrar do conteúdo que gerou, fica mais vulnerável a bisbilhotagem".
Para os EUA, tudo pode “Só repassamos conteúdo quando recebemos ordem judicial”, teriam justificado as empresas. Nos EUA, a Lei de Assistência de Comunicações para o Policiamento permite ao governo obrigar os provedores de internet a permitir a instalação de ferramentas de vigilância. Um outro ato legislativo americano, o roving wiretaps, diz que não é necessário especificar nem a localização, nem os instrumentos de transmissão que foram interceptados. Basta apenas indicar o sujeito que está no centro da investigação para todos os meios de comunicação que se enquadrem. George W. Bush, depois do ataque terrorista de 11 de setembro de 2011, dei-
xou ainda mais explícito o direito das agências de inteligência americanas de invadir a privacidade alheia. O “Patriot Act” permitia a invasão de lares, espionagem, interrogatório e torturas quando houvesse suspeita de ato terrorista. Em 2007, veio o Ato de Proteção da América, renovado por Barack Obama em 2012, que torna legal vigiar alvos que representem uma ameaça externa. Com isso, todas as empresas de internet dos EUA, gigantes ou não, são obrigadas a deixar o governo instalar o programa que acessa dados dos usuários. Revelado o escândalo, não restou muito a essas corporações além de recorrer a notas oficiais com desmentidos na tentativa de manter a calma de seus clientes.
“
Na prática vejo tudo isso como um alerta. Mudem o seu comportamento na web. O que acontece hoje é um problema de percepção da sociedade. Não temos o hábito de ler os termos de uso dos serviços oferecidos pela web, como Facebook e Gmail. Ao concordarmos com eles, concordamos com os termos da lei americana. É preciso prestar atenção nisso, porque não são serviços filantrópicos
”
Renato Opice Blum, advogado, presidente do Conselho de Tecnologia da Informação da FecomercioSP.
2013 - edição 47 - 17
OPINIÃO
Campanha DESUMANA Por Ricardo Kotscho
“ Como podem ser Toda a polêmica criada sobre a vinda de médicos cubanos para suprir as carências de assistência à saúde das populações mais pobres do país - ainda temos municípios sem nenhum médico residente - serviu para revelar como podem ser desumanos e hipócritas os que colocam seus interesses pessoais, profissionais, partidários ou ideológicos acima das necessidades básicas de sobrevivência dos brasileiros que não têm acesso ao SUS, muito menos aos planos de saúde. É como se fossem dois países chamados Brasil: um, daqueles que têm todos os direitos garantidos e não abre mão dos seus privilégios assegurados pelo Estado desde Cabral ( o Pedro Álvares), dispondo de alguns dos melhores hospitais do mundo; outro, o dos que se virem por conta própria com benzedeiras, rezas e curandeiros. Para deixar bem claro: é desumana a campanha não contra a vinda dos médicos cubanos, que chegaram ao Brasil felizes da vida, mas contra os pacientes pobres brasileiros sem assistência. A ofensiva contra o Mais Médicos criado para trazer profissionais do 18 - edição 47 - 2013
desumanos e hipócritas os que colocam seus interesses pessoais, profissionais, partidários ou ideológicos acima das necessidades básicas de sobrevivência dos brasileiros
”
Ricardo Kotscho
exterior e instalá-los nas regiões onde os brasileiros se recusam a trabalhar, começou logo após o programa ser lançado pelo governo federal por medida provisória em julho, e ganhou mais força com a chegada dos primeiros profissionais cubanos. Boa parte da classe médica brasileira e suas entidades representativas, numa violenta demonstração de xenofobia e corporativismo, foram às ruas para fazer protestos com narizes de palhaço e ocuparam espaços generosos na mídia para declarar guerra ao governo, mas não apresentaram nenhuma proposta alternativa parar minorar o sofrimento de milhões de brasileiros abandonados à sua própria sorte nas regiões mais remotas do país e nas periferias das grandes cidades. Em seus argumentos hipócritas (não confundir com o juramento a Hipócrates), mostraram-se preocupados com a formação dos médicos estrangeiros e sua capacidade de atender com qualidade à população, como se o trabalho deles fosse uma maravilha de dedicação e competência em todos os hospitais e postos de saúde públicos.
Agência Brasil
Preocuparam-se até com os salários de R$ 10 mil pagos aos médicos cubanos, acertados num convênio do Ministério da Saúde com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), porque uma parte será repassada ao governo cubano, que os formou, ficando uma parcela de 25% a 40% para os profissionais. Chegaram a classificar esta medida, semelhante à estabelecida pela Opas com outros 58 países, como "trabalho escravo". "Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro. Trabalhamos porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil nem em nenhum lugar do mundo", rebateu o médico cubano Nélson Rodriguez, um dos primeiros 206 profissionais daquele país que desembarcaram sábado no Brasil. Além da Opas, o programa Mais
Médicos recebeu a aprovação da Organização Mundial de Saúde e, segundo as pesquisas mais recentes, é apoiado por 54% da população brasileira (contra 47% no final de junho). Entre quem apontou o PT como seu partido de preferência, este número sobe para 62%. Já entre os que preferem o PSDB, a maioria (49%) respondeu que é contra a importação de médicos, números que podem explicar o Fla-Flu nas redes sociais que é dominado por baixarias de todo tipo. De outro lado, sete entre nove cartas sobre a polêmica publicadas em um único dia no "Painel do Leitor" da Folha dão seu apoio à importação de médicos estrangeiros e fazem duras críticas aos médicos brasileiros. Melhor é deixar o povo falar o que pensa.
“
Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro. Trabalhamos porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil nem em nenhum lugar do mundo
”
Nélson Rodrigues, médico cubano.
Ricardo Kotscho é jornalista.
2013 - edição 47 - 19
OPINIÃO
Como nasce a
ética? Por Leonardo Boff
A base de toda construção ética, cujo campo é a prática, se baseia nesta pressuposição: a ética surge quando o outro emerge diante de nós. O outro pode ser a pessoa mesma que se volta sobre si mesma, analisa a consciência, capta os apelos que nela se manifestam (ódio, compaixão, solidariedade, vontade de dominação ou de cooperação, sentido de responsabilidade), se dá conta de seus atos e das consequências que deles se derivam. O outro pode ser aquele que está à sua frente, homem ou mulher, criança, trabalhador, empresário, portador de HIV, negro etc. O outro podem ser os outros como uma comunidade, uma classe social, a sociedade como um todo, ou, numa perspectiva mais glabal, a natureza, o planeta Terra como Gaia e, em último termo, Deus. Diante do outro ninguém pode ficar indiferente. Tem que tomar posição. Mesmo não tomando posição, silenci20 - edição 47 - 2013
ando e mostrando-se indiferente, já é uma posição. A ética surge a partir do modo como se estabelece a relação com estes diferentes tipos de outro. Pode fechar-se ou abrir-se ao outro, pode querer dominar o outro, pode entrar numa aliança com ele, pode negar o outro como alteridade, não respeitando-o mas incorporando-o, submetendo-o ou simplesmente destruindo-o. De todas as formas, o outro representa uma proposta que reclama uma resposta. Deste confronto entre proposta e resposta surge a responsabilidade. Ao assumir minha responsabilidade ou demitir-me dela, me faço um ser ético. Dou-me conta da consequência de meus atos. Eles podem ser bons ou ruins para o outro e para mim. O outro é determinante. Sem passar pelo outro (que posso ser eu mesmo), toda ética é anti-etica. Não sem razão todas as religiões e
Os governos administram desigualmente os bens públicos, privatizam, planejam políticas públicas e sociais pobres para os pobres e ricas para os ricos e poderosos seja indivíduos, empresas ou classes; atendem primeiramente a seus interesses, garantem seu tipo de consumo e são atentos às suas expectativas
O preceito etico-ecológico urgente hoje é este: Use e consuma o que precisas com responsabilidade para que as coisas possam continuar a existir, atendam nossas necessidades e as das gerações futuras, de todos os demais seres vivos, que tambem junto conosco têm direito de consumir e de viver
tradições éticas, do Ocidente e do Oriente, estabelecem como máxima fundadora do discurso ético: “não faça ao outro o que não queres que te façam a ti”. Ou positivamente: “faça ao outro o que que gostarias que te fizessem a ti”. É a regra áurea. E como o outro mais outro é o pobre e o excluido, o imperativo ético mínimo e urgente, prévio a qualquer outro, é esse, bem formulado por Enrique Dussel, argentino e filósofo da libertação: “Liberta o pobre e inclua o excluido”. Apliquemos isso à nossa sociedade. Ela não é uma sociedade qualquer. Precisa ser qualificada: é uma sociedade, predominantemente, estruturada no modo de produção capitalista, quer dizer, privilegia o capital sobre o trabalho, privatiza os meios de produção e define de forma desigual o acesso aos bens necessários à vida: primeiro quem detém os meios de produção, depois os demais, deixando até de fora quem não tem força social de pressão. São os excluidos, hoje perfazendo, as grandes maiorias da humanidade, cujas vidas não têm sustentabilidade, vivem abaixo do nivel de pobreza e, em consequência, morrem antes do tempo. Esse tipo de sociedade valoriza mais a competição que a cooperação e magnifica o indivíduo que constrói sozinho sua vida, seu benestar e seu destino e não a sociedade e a comunidade dentro das quais, concretamente, o indivíduo sempre se encontra. A sociedade neo-liberal levou até as ultimas consequências esta visão. Por isso, os governos administram desi-
gualmente os bens públicos, privatizam, planejam políticas públicas e sociais pobres para os pobres e ricas para os ricos e poderosos seja indivíduos, empresas ou classes; atendem primeiramente a seus interesses, garantem seu tipo de consumo e são atentos às suas expectativas. Não as incentivam a olhar para os lados onde estão os outros e assim fazer e refazer continuamente a solidariedade social. Tais governos não realizam a definição mínima de política que é a busca comum do bem comum e o cuidado das coisas do povo. Por isso são anti-éticos e fautores de atitudes coletivas em contradição com os apelos éticos. Porque não se orientam pelo outro que é o princípio fundador da ética básica. A sociedade mundial hoje globalizada nesse modelo anti-etico promove a globalização como homogeneização: um só pensamento, um só modo de produção (o capitalista), um só tipo de mercado, uma só tipo de religião, o cristianismo, um só tipo de música (rock), um só tipo de comida (fast food), um só tipo de excutivo, uma só tipo de educação, um só tipo de lingua, o inglês etc. Com a negação da alteridade ou o seu submetimento ou a sua destruição, a sociedade-mundo atual se coloca em contradição com ética. Essa atitude perversa tem como consequência a má qualidade de vida atual em todos os âmbitos sociais, culturais e ambientais. Essa atitude é tanto mais grave pelo fato de atingir o substrato fisicoquimico que possibilita a biosfera e o projeto planetário humano. Não se respeita a Terra como o grande outro e
como subjetividade, chamada Gaia. Reduz esse super-organismo vivo, a um baú inerte de recursos naturais, entregues ao bel prazer humano. Violenta a alteridade dos eco-sistemas, depredando seus recursos, ameaçando as espécies, envenenando os ares, poluindo os solos, contaminando as águas, como se esses representantes da comunidade terrenal não tivessem uma história mais ancestral que a nossa e nós não dependessemos deles para a nossa propria vida. O preceito etico-ecológico urgente hoje é este: “Aja de tal maneira que tuas ações não sejam destrutivas da Casa Comum, a Terra, e de tudo no que nela vive e coexiste conosco”. Ou: “Aja de tal maneira que tua ação seja benfazeja a todos os seres, especialmente aos vivos”. Ou :“Aja de tal maneira que permitas que todas as coisas possam continuar a ser, a se reproduzir e a continuar a evoluir conosco”. Ou então: “Use e consuma o que precisas com responsabilidade para que as coisas possam continuar a existir, atendam nossas necessidades e as das gerações futuras, de todos os demais seres vivos, que tambem junto conosco têm direito de consumir e de viver”. Precisamos consumir para viver. Mas devemos consumir com responsabilidade e com solidariedade para com os outros, respeitando as coisas em sua alteridade e entrando em comunhão com elas, pois são nossos companheiros e companheiras na imensa aventura terrenal e cósmica. 2013 - edição 47 - 21
Ou assumimos tal ética e sobre ela fundamos um novo pacto sociocósmico ou corremos o risco de ir ao encontro do pior, ou de fazermos uma travessia altamente destruidora da vida e da humanidade Como se depreende, não é essa a ética que predomina. A ética vigente é predatória, irresponsável, individualista, perversa para com os outros, tratados com dissimetria e injustiça nos processos produção, de distrubuição e de compensação. Ela é cruel e sem piedade para a grande maioria dos seres vivos humanos e não humanos. Por fim, ela ameaça o futuro da biosfera e do projeto humano. Para superarmos essa ética altamente destrutiva do futuro da humanidade e do planeta Terra devemos partir de outra ótica. Só uma nova ótica pode gerar uma nova ética. A nova ótica que está se difundindo um pouco por todas as partes arranca de outra compreensão da relidade, fundada no conjunto de saberes que perfazem as ciências da Terra. A tese de base desta ótica afirma que a lei suprema do universo é a da interdependência de todos com todos. Tudo está relacionado com tudo em todos os pontos e em todos momentos. Ninguem vive fora da relação. Mesmo a lei de Darwin do triunfo do mais forte se inscreve dentro dessa pan-relacionadade e solidariedade universal. Por causa das inter-retro-relações de todos com todos é que se garantiu a diversidade em todos os campos, particularmente, a biodiversidade e o fatao de todos podermos chegar ao ponto que atualmente chegamos. Sobrevivemos graças às bilhões de células que inter-agem entre si em nosso corpo e das bilhões de bacterias, mitocôndrias e outros corpos que vivem dentro das células, células que fomam organismos, corpos, sistemas, intercon22 - edição 47 - 2013
cectados com o meio natural e cósmico. Essa cooperação de todos com todos funda uma nova ótica que, por sua vez, origina uma nova ética de convivência, cooperação, sinergia, solidariedade e comunhão de todos com todos e com a Terra, com a natureza e com seus ecosistemas. A partir desta ética nos contemos, nos submetemos a restrições e valorizamos as renúncias em função dos outros e do todo. Ou assumimos tal ética e sobre ela fundamos um novo pacto sociocósmico ou corremos o risco de ir ao encontro do pior, ou de fazermos uma travessia altamente destruidora da vida e da humanidade, capaz de dizimar um número incontável de seres vivos. A partir dos sobreviventes deste eventual colapso, aprender-se-ão as amargas mas benfazejas lições para uma nova história. Com os valores fundados na cooperação e na solidariedade inaugurar-se-á um outro tipo de ser humano, com outro tipo de civilização e com outro tipo de destino planetário da humanidade. O ser humano, indivíduo social aprenderá a entender-se como sendo a própria Terra que chegou ao momento de sentir, pensar, amar, venerar e se responsabilizar pelo futuro comum dos humanos, de todos os demais seres e da própria Terra, pátria e mátria de todos. Uma nova história começará, seguramente mais cooperativa, humanitária, ética e espiritual.
Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é escritor
OPINIÃO
Mobilização pelo
crescimento “
Já tivemos uma prova de que a sociedade paranaense consegue se mobilizar em torno de temas importantes
Arquivo Fiep
” Independente de religião ou credo, é preciso reconhecer que a recente passagem do papa Francisco pelo Brasil deixou uma série de lições ao Brasil. Além de demonstrar uma humildade poucas vezes vista em quem ocupa uma posição tão importante de liderança, o papa conclamou toda a sociedade brasileira a dialogar, de modo construtivo, em busca do crescimento do país. “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade”, disse. A declaração do papa é outro sinal de que, mais do que nunca – como já escrevi – homens e mulheres de bem devem se mobilizar e participar efetivamente da tomada de decisões em prol do desenvolvimento coletivo. E, desta vez, conclamo toda a sociedade civil paranaense para que
Por Edson Campagnolo
inicie uma verdadeira Aliança pelo Paraná. Assim como no Brasil, o momento é propício para que também em nosso Estado nos mobilizemos para discutir seriamente questões fundamentais para que o Paraná possa crescer em proporção ao seu imenso potencial. Já tivemos uma prova de que a sociedade paranaense consegue se mobilizar em torno de temas importantes. Foi grande a pressão de diversos setores e cidadãos durante o processo de escolha do novo conselheiro do Tribunal de Contas. Infelizmente, não foram ouvidos os clamores que pediam que o eleito fosse alguém com comprovada capacidade técnica, sem ligações políticas. É preciso, agora, unir forças para que seja alterada a forma de escolha desses conselheiros, tornando o processo mais igualitário entre todos os candidatos. É fundamental manter viva essa mobilização e levá-la a outros temas.
Acima de tudo, essa mobilização deve ser permanente em busca da melhoria da gestão pública de nosso Estado. No próximo ano teremos eleições. Os partidos e as pessoas têm poucos meses para se organizarem para o pleito. É importante que, através do instrumento democrático da eleição, incentivemos os cidadãos de bem de nossa sociedade, as lideranças empresariais e principalmente os jovens para que participem ativamente da vida pública. “A fraternidade entre os homens e a colaboração para construir uma sociedade mais justa não constituem uma utopia, mas são o resultado de um esforço harmônico de todos em favor do bem comum”. Mais uma vez, as palavras do papa nos indicam o caminho. Edson Campagnolo é presidente do Sistema Fiep (artigo publicado em veículos de comunicação).
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MERCADO PROFISSIONAL
Terapia para
executivo Profissionais que ocupam altos cargos e executivos, devido à pressão que sofrem, podem desenvolver doenças psicossomáticas. Para eles, existe a Terapia de EMDR
Por Hamilton Fonseca
Hamilton Fonseca é headhunter. hamilton@hamiltonfonseca.com.br
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Alto nível de estresse, baixa autoestima, dificuldades de sono, adições, traços de depressão, doenças psicossomáticas e vários outros sintomas aparecem com frequência em parcela significativa dos executivos e profissionais em altos cargos. Além disso, há cargas extras de dificuldades geradas por lidar com greves, demissões em massa, pressões de órgãos do governo, coletivas de imprensa e tantos outros fatores no trabalho e em outras esferas da vida. Mesmo estando cientes da necessidade de buscar tratamento psicoterapêutico e aumentar a capacidade de lidar com tantos desafios, muitos executivos não o fazem para não encarar longos períodos de psicoterapia convencional. Contudo, no final dos anos 80 foi desenvolvida nos EUA uma nova abordagem de psicoterapia, que despertou o interesse das empresas ao saberem que a mesma pode abreviar os tratamentos e dispensar longas conversas, e ainda, que tem apresentado excelentes resultados. Conversamos com a Psicóloga Silvana Ricci Salomoni, psicoterapeuta supervisora da Terapia de EMDR, credenciada pelo EMDR Institute – EUA.
Bem Público - Como funciona a Terapia de EMDR? Onde é usada? Silvana Salomoni - O EMDR é uma psicoterapia baseada em evidências, reconhecida pelo Departmentof Health andHuman Services – EUA (2011). Não é fundamentada na fala, mas em processos psiconeurobiológicos. Atua permitindo a elaboração de conteúdo emocional perturbador a nível neuronal. Uma das formas naturais de reprocessamento de memórias perturbadoras ocorre durante o sono REM, porém nem sempre esse processo natural dá conta de reprocessar todas as experiências difíceis vividas pela pessoa, resultando em memórias traumáticas. Na psicoterapia de EMDR são usados protocolos específicos visando focalizar os diversos componentes da memória traumática e em seguida é feita a estimulação bilateral alternada, auxiliando o indivíduo a sair de atitudes típicas de luta, fuga ou congelamento, o que permite integrar a memória perturbadora. Ocorre nova visualização do problema e nesse processo mudam as crenças sobre si próprio, sempre para crenças mais favoráveis à vida e à saúde. Observamos crenças
“
quanto mais a pessoa pode resolver as questões que o mantem preso ao passado, mais consegue optar livremente no presente, de forma mais criativa
”
Silvana Ricci Salomoni
disfuncionais como “não tenho opção” ou “eu não tenho valor” mudarem para “eu posso escolher” ou “sou importante”. As crenças resultantes são sempre sistemicamente adequadas. A pessoa que começa uma sessão com a crença negativa “eu não tenho chance de ganhar a disputa”, por exemplo, nãoterminará a fase afirmando “vou ser o vencedor”, mas a crença resultante poderá ser “eu posso vencer” ou “eu posso dar o meu melhor”. Essa psicoterapia está cada vez sendo mais usada, e possui muita pesquisa e recomendações internacionais, tais como:Organização Mundial da Saúde: Recomendação para Tratamento de TEPT em Adultos e Crianças (2012);Departamento de Defesa Americana (2010); Sociedade Internacional de Estudos em Estresse Pós Traumático (2009); Associação Psiquiátrica Americana (2004); Organizações na França, Grã-Bretanha, Holanda e Israel, entre outras. BP - Como a terapia de EMDR pode ajudar nos programas de desenvolvimento gerencial
Silvana - A terapia de EMDR pode trabalhar profundamente o que está impedindo a mudança da pessoa. Para exemplificar, cito o caso de um executivo que estava estacionado na carreira, embora fosse bastante conceituado tecnicamente, mas não conseguia falar com assertividade nas reuniões, ficando muito perturbado por ter ideias e contribuições, mas calar-se sempre. Mesmo tendo participado de programas de treinamento na empresa, não havia conseguido superar essa dificuldade, até que reprocessou algumas memórias traumáticas de infância e adolescência.Essas memórias eram de sentir-se menosprezado na escola e em casa por sua condição física. Após as sessões de EMDR finalmente ele ficou livre para expressar-se e mudar suas atitudes. BP - Como a terapia pode contribuir para o bem estar dos gestores e diretores de uma empresa? Silvana - Reprocessando as memórias traumáticas a pessoa fica mais livre das amarras do passado e com maior acesso ao seu potencial criativo e de competência. Além do tratamento de temas difí-
ceis, a terapia de EMDR permite a instalação de recursos positivos e aprimoramento de desempenho. BP - Existem processos sucessórios nas empresas que seriam melhor solucionados se os sócios se permitissem a terapia? Silvana - Sim, quanto mais a pessoa pode resolver as questões que o mantem preso ao passado, mais consegue optar livremente no presente, de forma mais criativa, buscando o bem para si e os outros. Pode viver de forma menos reativa aos demais, relacionando-se com mais maturidade e com maior acesso ao seu potencial de recursos positivos.
Silvana Ricci Salomoni Psicóloga – CRP 08/1126 Mestre em Psicologia Clínica Psicoterapeuta familiar e de casais Terapeuta Supervisora de Facilitadora de EMDR Silvana@psicotraumaas.com.br Mais informações: www.emdrbrasil.com.brwww.psicotraumaas.com.br
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OPINIÃO
O
alcance de uma
associação “
Se desejamos um bairro com qualidade de vida, se desejamos uma sociedade saudável e sustentável, precisamos educar pessoas provendolhes repertórios mentais básicos para que entendam porque devem mudar suas atitudes
” Conceitualmente, toda associação de forças somadas devem gerar um resultado mais rápido. Esse é o mesmo objetivo de uma associação de bairro, que pode organizar ações e reunir uma comunidade em busca de melhorias na sua qualidade de vida. Pensando dessa forma, a comunidade do Bairro Água Verde, em Curitiba, fundou a ADECOAV – Associação de Desenvolvimento Comunitário do Bairro Água Verde, cujo foco é desenvolver projetos para melhorar a vida do bairro e exportar melhorias para o seu entorno, buscando emancipar essas qualidades para toda a Curitiba e RMC. A ADECOAV arrebanha uma comunidade ampla, não apenas moradores do bairro, mas todos que alí trabalham ou apenas visitam, face à grande procura pelo bairro que o faz o mais adensado da capital, com quase 11 mil habitantes por Km². É uma grande honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade, representar, discutir e propor projetos para uma comunidade composta por mais de 60 mil pessoas. Reunir pessoas em torno de idéias é tarefa árdua, mas se desejamos um bairro com qualidade de vida, se desejamos uma sociedade saudável e sus26 - edição 47 - 2013
tentável, precisamos educar pessoas provendo-lhes repertórios mentais básicos para que entendam porque devem mudar suas atitudes. Não adianta estabelecer leis e outorgá-las à população sem delinear seus fundamentos. Para arrebanhar entendimento, precisamos explicar, didaticamente, a função social que cada cidadão pode e/ou deve ocupar no meio em que vive. Temos muitos problemas de ordem socioambiental e estamos buscando fazer com que a nossa comunidade seja exemplo de cidadania e bom comportamento para Curitiba e que essa atitude contribua para melhorar nosso Estado e o nosso Brasil. Um dos projetos que estamos lançando em nosso bairro é denominado “Cão Verde”, para acabar com os dejetos caninos espalhados pelas calçadas e jardins. Esse projeto, já registrado, contempla Educação Ambiental para que as pessoas façam a coleta efetiva dos dejetos de seus cães em embalagem de papel ou jornal; contempla lixeiras exclusivas para destinação e coleta desses resíduos que serão destinados à compostagem e produção de adubo orgânico. Estamos propondo às pessoas que parem de embrulhar os deje-
Por Edu Olavo Junior
tos de seus cães em sacolas plásticas pois tudo isso vai parar no aterro sanitário. Essa é uma falta de repertório ambiental básico que precisa ser corrigida. Para alguns, pode parecer absurdo gastar tempo com um projeto de tal natureza, mas as pessoas não têm idéia de que esse “probleminha” é apenas a “ponta de um iceberg” que onera tanto o ambiente das cidades. Outro projeto que visamos introduzir chama-se “Luz Verde”, cujo foco é o estímulo à propagação de energias alternativas, como a fonte de energia fotovoltaica / solar. Temos imóveis públicos muito mal iluminados, como o Cemitério Água Verde, que ocupa uma grande área dentro do bairro e concentra grande violência no seu entorno. Julgamos que a iluminação pública precária é uma das raízes da violência e esse é um dos focos deste nosso projeto: iluminar a região sem conta de luz mensal, sem gerar mais custos para o poder público e, consequentemente, para a população.
Edu Olavo Junior é especialista em Sociedade, Espaço e Ambiente – UBM e presidente da ADECOAV.
O
autor é guardião da sua própria prisão Por Eloi Zanetti
Quando alguém encontra a sua maneira de ser, criar e expressar, fazendo algo que o diferencie e destaque dos demais, abre a porta da própria prisão – o autor fica prisioneiro do estilo. A partir desse momento, ele passa, perante si e aos outros, a ser responsável pela sua conquista. Encontrar o estilo pessoal é um achado feliz e, ao mesmo tempo, uma pesada carga para se carregar. O mundo gosta de admirar trabalhos autorais autênticos e a expectativa é de que o criador faça as coisas da mesma maneira sempre. Esta é a porta do calabouço do artista. Os exemplos mais visíveis estão na escrita, pintura, música, arquitetura e no futebol. Queremos que Chico Buarque cante sempre do mesmo jeito e que o Roberto Carlos seja um eterno romântico. E, nos bons tempos esperávamos pelas famosas paradinhas na hora do penalti do Pelé e delirávamos com os passes de calcanhar do dr. Sócrates. Hoje ansiamos pelas firulas do Neymar e as já não tão frequentes bicicletadas do Robinho. Quando o estilo de um criador vem suprir a necessidade da sociedade em determinado momento e contexto, ele, aos olhos dos outros, vira gênio e passa a ser reconhecido, aclamado e solicitado à exaustão. Se não souber administrar bem a sua criação poderá esgotar-se e sucumbir perante tantas cobranças e expectativas. Administrar sucesso não é para qualquer um, muitos morrem de overdose. Ao descobrir o seu estilo cabe ao artista ou profissional, aprimorá-lo ao longo da carreira. Alguns conseguem e
refinam a sua arte limpando e aparando arestas até que o conjunto da obra adquira um estado quase fluídico, sinal que chegou a maturidade. Artistas como Iberê Camargo mostram claramente essa trajetória. Outros, mais corajosos, se reinventam e apresentam novas propostas em cima daquilo que já estava bom. Picasso e Bob Dylan fizeram isso várias vezes em suas carreiras. O exemplo dos escritores de textos curtos que querem chegar ao haikai está presente nas obras de Dalton Trevisan e Juan Rulfo. Coco Chanel Por outro lado, há os que são firmes e não transigem com suas obras. Coco Chanel, cuja criatividade inovou o modo como enxergarmos e vivemos a arte do vestir, ficou eternamente presa ao seu belo e inconfundivel estilo. O pretinho básico sobrevive a várias gerações e ainda vai atravesar décadas. Estilos são construidos ao longo do tempo com muito trabalho e tropeços. Estão ligados à sorte, às circunstâncias e algumas vezes a um “anjo da guarda” que nos estimula a ousar na mudança. Muitas vezes o toque sutil da fala ou conselho de alguém faz com que o autor passe pelo seu ponto de mudança – kairós, para os gregos. É preciso estar atento a este momento, porque é a partir daí que a responsabilidade aumenta. A nova situação produzirá efeitos colaterais e exigirá a contrapartida do autor, e ele terá que reconhecer e trabalhar estes efeitos. A prisão para muitos pode ser perpétua.
“
Quando o estilo de um criador vem suprir a necessidade da sociedade em determinado momento e contexto, ele, aos olhos dos outros, vira gênio
”
Eloi Zanetti
Eloi Zanetti é especialista em marketing e escritor. 2013 - edição 47 - 27
Willy Schumann
SOCIEDADE
A História de Nós 2
Os atores Ernesto Piccolo e Alexandra Richter estiveram em Curitiba recentemente apresentando o espetáculo “A História de Nós 2” no Teatro Fernanda Montenegro. A curta temporada teve o apoio da Estância do Lago Spa & Wellness. Na foto, Ernesto Piccolo,Maria Fernanda Neves, coordenadora de Marketing da Estância do Lago, Alexandra Richter, o endocrinologista Fabiano Lago, e Ernesto Piccolo. * Alexandra Richter está no elenco da nova temporada de Malhação.
Bel Moura Leite e Kaline Castro 28 - edição 47 - 2013
TAJ
No click de Kauana Bechtloff, Elara Chemin e Giselle Bepler curtem a agitada noite curitibana no TAJ.
Paula Kasecker e Alessandra Gobetti
Versadas
Na foto de Patrícia Klemtz, as empresárias e proprietárias da Versadas Roberta Kronland e Luciane Ramm na comemoração de três anos de sua empresa Versadas.
Viviane Silva na festa Classic Sunday, que teve a apresentação do DJ Fabrício Peçanha no Taj Bar em Curitiba.
Fernanda Mateus com a dupla do projeto Vácuo Live, Eduardo Pizzatto e Geisa Garcia, que se apresentaram no badalado Classic Sunday no TAJ.
Crislaine Richter no TAJ
Giocondo Villanova Artigas Neto, sócio do TAJ e do Bar Santa Marta, com o guitarrista e saxofonista da banda Kid Abelha, George Israel.
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Redução das
Expectativas Por Wanda Camargo
Uma excelente iniciativa para melhorar a educação superior e aumentar a inserção brasileira no cenário mundial, o Ciência sem Fronteiras patina na questão da proficiência em língua estrangeira de muitos candidatos. O programa “prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior, com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação”. Ao constatar o problema, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), gestores do programa, adotaram duas medidas: uma perfeitamente razoável - criar cursos de inglês, presenciais e à distância, em convênio com universidades brasileiras e estrangeiras, para auxiliar os candidatos a atingir o nível mínimo de proficiência; outra, fantasiosa e voluntarista, de “flexibilizar” os critérios de avaliação deste item para obtenção das bolsas. Enquanto isso ocorre, o jornal Financial Times publica notícia de que a ministra do Interior da Inglaterra quer dificultar os vistos para brasileiros, por preocupações de sua pasta com o excesso de participação de nossos estudantes em programas ingleses, o que, aparentemente, embora não explícito, poderia ser devido ao risco de decréscimo de qualidade de seu próprio processo educativo. O genial Mané Garrincha definiu exemplarmente a questão. Ao ser 30 - edição 47 - 2013
“
O inglês básico que muitos brasileiros utilizam é suficiente para fazer compras, pedir informações, manter algumas conversas, mas está muito longe do necessário para atividades acadêmicas e profissionais
” orientado, detalhadamente, sobre o que deveria fazer para vencer determinado jogo importante, perguntou ao técnico: “e o senhor já combinou com os adversários?”. É a pergunta mais séria a ser feita sobre o rebaixamento de nível de exigências quanto ao conhecimento de idiomas. O inglês básico que muitos brasileiros utilizam é suficiente para fazer compras, pedir informações, manter algumas conversas, mas está muito longe do necessário para atividades acadêmicas e profissionais. Quem vai
combinar com os ingleses, chineses, americanos, franceses, que o “inglês social” de nossos estudantes de intercâmbio é inteligível, claro, preciso? E quem vai combinar com seus professores estrangeiros que as aulas devem ser ministradas em ritmo e nível adequados a iniciantes no idioma? Para não falar dos livros-texto, comunicação com os próprios colegas, além de um domínio razoável da cultura local, indispensável para uma estadia proveitosa. Pretender configurar tal decisão, de reduzir a exigência de fluência em outros idiomas, comose constituindo em ação de justiça com aqueles que não tiveram oportunidade de estudá-los desde cedo, é ofensivo: primeiro, aos muitos milhares de brasileiros que, às vezes com enorme esforço, superaram essa dificuldade; e, em seguida, à lógica mais básica, que recomenda a melhoria do padrão de ensino desde os primeiros anos escolares para todos, inclusive quanto à língua pátria e às estrangeiras. O avançonas áreas científicas, humanas, econômicas, artísticas, depende explicitamente de que pesquisadores e alunos entendam, e se façam entender perfeitamente, desde o início de suas atividades. Confiar que, uma vez no país estrangeiro, aprenderão “na escola das ruas”, é, no mínimo, um desrespeito total ao sistema educacional, ou seja, em lugar de melhorálo,simplesmente diminuirsuas expectativas.
Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.
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