Parque Linear do Cรณrrego do Ajudante Betina Araujo dos Santos
PLCA
Betina AraĂşjo dos Santos rgm 0941770 10Âş Semestre Arquitetura e Urbanismo
CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
PARQUE LINEAR DO CÓRREGO DO AJUDANTE - SALTO Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca Examinadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do Prof.º Me. Arq. Roberto José D’Alessandro.
JUNHO DE 2017 SALTO - SP
A partir do momento em que o rio se insere no cenário urbano passa também à condição de espaço praticado, usufruído e...
...quanto mais ele é apropriado pela população tanto mais é vigiado por ela e portanto preservado... ...Um espaço sem apropriação pública é destinado ao abandono e à degradação.
- GUIMARÃES, ELOM ALANO
Dedicatรณria
Dedico esse trabalho à minha avó Dirce Peres por ter resgatado uma memória familiar e ter contribuído para esse trabalho. Aos meus pais por colocarem meus estudos em primeiro lugar e ao meu namorado por todo apoio desde o início da faculdade até os últimos momentos.
Agradecimentos
Agradeço a Deus por ter me dado forças para enfrentar esse momento desgastante e por ter me dado uma luz quando não conseguia enxergar mais nada. Aos meus pais e minha família por me incentivarem nos estudos e compreenderem minha ausência. As minhas amigas que me ajudaram da melhor forma que puderam e sempre me motivando a continuar nessa jornada. Especialmente a Bruna S., Geovana e Maria Angélica por todo o apoio e por continuarem firmes ao meu lado. Bruna O. e Denise, por escutarem meus desabafos intermináveis. Ao Vítor por sempre acreditar em mim,ser o primeiro a me levantar e mais ainda por todos os sacrifícios feitos nesse ano. À Angélica, Letícia, Mayara e Najla por não desistirem de mim, mesmo quando ausente. Agradeço aos meus professores e especialmente aos professores de Urbanismo que zeram com que eu me apaixonasse por esse segmento do curso. Em especial ao professor Fernando por ser uma inspiração desde o início do curso e a professora Noemi que plantou essa semente. A coordenadora e professora Renata pela compreensão e ensino desde a época das atividades complementares. E por último, mas não menos importante, ao meu orientador Roberto por ser um paizão, compreender esse momento, me dar boas palavras quando precisei e por todos os ensinamentos dados em aulas e agora na orientação.
Resumo
O seguinte projeto tem como objetivo a recuperação do Córrego do Ajudante e sua zona ripária, situado no município de Salto. O local encontra-se atualmente degradado, com pontos críticos visíveis que fazem da área um espaço abandonado e desprovido de cuidados onde boa parte da população esquece sua existência, deixando sua enorme potencialidade de lado. A criação de um Parque Linear Urbano em parte de sua orla criará um extenso corredor verde provido de infraestrutura e áreas de lazer que proporcionarão sua inserção ao contexto participativo urbano e uma vez que dado uso as margens do Ajudante, a população usufruirá desse equipamento, fazendo com que a relação entre o córrego e a cidade se torne mais próxima.
Sumário
04 02
Contexto Histórico Rios e cidades e Urbano
01
Introdução
03
Parques Urbanos
06
ReferĂŞncias Projetuais Estudo de Caso
05
DiagnĂłstico
08
Bibliografia
07 Proposta
PLCA
Introdução 1.1 apresentação 1.2 objetivos 1.3 justificativa
01
PLCA Parque linear em um trecho do
teve sua história marcada pela influência de suas bacias hidrográficas, principalmente a do Rio Tietê, que desde
Córrego do Ajudante em Salto-SP
muito cedo foi usada como meio de transporte das monções, pesca e objeto de contemplação, porém, a
[ 1.3 OBJETIVOS ]
história não se limita aí. Com o advento da era industrial, os corpos d’água passam a ter outra função, e então, o desenho urbano começa a voltar-se para o lado contrário, deixando o rio ás suas costas Mesmo sendo um afluente do Tietê, o Córrego do Ajudante teve sua urbanização iniciada tardiamente em relação aos outros pontos da cidade, e, quando passou a ter suas áreas ocupadas, perdeu-se a conexão da população perante o córrego, visto que a poluição e a degradação começaram a se fazer cada vez mais presente.
"A cidade deu as costas para os rios. O rio é sua base, ninguém sabe, ninguém percebe, ninguém vê" (ENTRE RIOS, min. 17:45).
[ 1.2.1 OBJETIVO GERAL ]
Recuperar a orla e o Córrego do Ajudante com a implantação de um parque urbano linear englobando vazios urbanos e criando assim um sistema de áreas verdes na área central da cidade [ 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ]
Ampliar a oferta de lazer para a população da cidade e possíveis turistas; Aumentar áreas verdes úteis para a população;
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Assim como muitos outros territórios urbanos, Salto
[ 1.2 OBJETO ]
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[ 1. APRESENTAÇÃO ]
I
ntrodução Melhorar a qualidade de vida dos habitantes trazendo opções saudáveis de lazer ao ar livre; Criar conexões entre bairros para maior utilização; Incentivar a mobilidade urbana à ciclistas, pedestres e usuários de transporte coletivo.
Com a definição de uso para a área, será restabelecida a relação entre os moradores dos arredores com o corpo d’água e a natureza local, proporcionando a apropriação ordenada e equilibrada das margens, e a melhoria no contexto urbano geral, pois o parque interligará região nordeste a sudoeste, e abrangerá inúmeros bairros.
[ 1.3 JUSTIFICATIVA ] Carregando o título de Estancia Turística, Salto possui hoje, poucos espaços destinados ao lazer, contando com apenas três parques em seu roteiro, esses apresentam déficits em sua estrutura, uma vez que o suprimento das necessidades populacionais é pouco abordado, trata-se de parques de caráter histórico não possuindo chamarizes frequentes a comunidade, que frequentam o lugar esporadicamente.
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Motivada pela falta de espaços público, a proposta de recuperar o Córrego do Ajudante e da criação de um Parque Linear Urbano se faz necessário afim de sanar a escassez de áreas de convívio a céu aberto. Explorando as potencialidades da área, o parque criará um corredor verde com equipamentos públicos que incentivará a mobilidade urbana e priorizará o pedestre.
11 Pรกg.
PLCA
PLCA
Rios e cidades 2.1 bacias hidrográficas 2.2 rios e cidades 2.3 proteção ambiental
02
PLCA [ 2.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS ] Antes de introduzir a abordagem dos rios e sua relação com as cidades, cabe contextualizar sobre a importância de suas bacias. Cada região do país é especificamente constituída por características geofísicas peculiares, essa variedade de clima, solo, relevo e água modificam a paisagem (natural e urbana). Conforme aponta MELLO (2008, p.61), “A compreensão de que existe um referencial básico para a análise dos processos naturais e de ocupação humana – a bacia hidrográfica – é um marco fundamental para o planejamento e a gestão territorial. ” Portanto, as bacias, sendo elas micro ou não, funcionam para direcionar a água precipitada na terra para um canal principal, passando pela nascente até córregos e por fim desembocando em lagos ou oceanos. Quanto mais se tiver conhecimento sobre as bacias hidrográficas e se considerar sua preservação como um conjunto
No entanto, onde eram áreas de zonas ripárias1, passaram a virar avenidas, as construções e toda a impermeabilidade acarretada pela urbanização, sendo assim isso
Ripária: Vegetação presente em espaços próximos a corpos d’água.
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Fonte: http://carlosrabello.org/geografia/elementos-da-hidrografia/imagens/
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ecossistêmico, mais fácil será de conseguir equilibrar os biomas e preservar os recursos naturais.
Figura 01. Características geofísicas.
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ios e cidades [...] implica a diminuição da proporção da infiltração da água no solo. Isso repercute tanto na diminuição da recarga dos aqüíferos – que, como visto, se dá predominantemente nas partes mais altas da bacia – quanto no aumento do escoamento direto, sobrecarregando as redes naturais de drenagem. (MELLO, 2008, p.82)
As ocupações urbanas geram efeitos danosos nas bacias hidrográficas, pois quando a vegetação é tirada das margens dos corpos d’água, o solo fica exposto e o processo de assoreamento será muito mais rápido do que se estivesse com a sua vegetação característica. Além disso, um dos maiores problemas enfrentados pela gestão das bacias é ausência de uma política comum com objetivos iguais e que lutem pela recuperação dos recursos hídricos de forma semelhante, como um único sistema, pois
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A água [...] requer uma gestão efetiva – integrada, participativa e descentralizada – que garanta a manutenção dos ecossistemas naturais e ao mesmo tempo propiciem o desenvolvimento social e econômico dessas localidades gerenciadas. Para tanto, além do embasamento técnico, da participação e apoio de instituições e da sociedade civil, é necessário uma forte vontade política que atue também de forma integrada, para além dos limites administrativos municipais. (GUIMARÃES, 2011, p. 61)
[ 2.2 RIOS E CIDADES ] Os cursos d'água foram imprescindíveis para a formação de assentamentos urbanos, expressando a importância dessas fontes de alimento, navegação e posteriormente de energia. Foram eles os responsáveis por estruturar o traçado urbano e influenciar o modo de vida das cidades. Dessa forma os corpos d’água não só moldaram o desenho de muitas cidades ao longo dos anos quanto consolidaram um verdadeiro território de práticas sócioculturais e econômicas, representando para o imaginário social uma multiplicidade de significados. (GUIMARÃES, 2011, p. 65)
Eram nas margens dos rios que nasciam e se desenvolviam as cidades, pois além de comida e água, espaços para transações comerciais como os portos eram facilitados. Esse hábito já era comum com os índios e com o tempo e com aumento da urbanização se perpetuou (até certo momento). Palco para atividades de subsistência, passou também a servir como espaço para práticas sociais voltadas ao lazer, sendo presentes no cotidiano de populações ribeirinhas a qual utilizam os rios para banho, nado e encontros. As vias fluviais eram mais importantes que as terrestres, e os rios eram os portões das cidades servindo também como objeto de
PLCA proteção, uma vez que possíveis ataques poderiam vir através deles,
Devido ao crescimento populacional e as facilidades de
por isso, seria mais fácil dos moradores defenderem-se. Esse quadro começou a se modificar coma chegada da Revolução Industrial e com
locomoção, as cidades estavam aumentando e direcionando sua urbanização para longe dos rios. Contudo, era preciso conectar esses
as suas tecnologias.
novos bairros com o fornecimento de água dos corpos d’água e assim surgiu um elemento fundamental que seria capaz de modificar a função
A ferrovia, que além de colocar as vias terrestres em foco, dissipou o desenvolvimento industrial por onde passava, e como consequência, levou consigo grandes massas populacionais para as cidades, conforme aponta GUIMARÃES (2011, p. 71) e o documentário
dos rios: a água encanada. Vista como artigo da modernidade e higienização, apresentou rapidamente suas consequências, pois
ENTRE RIOS (2009) "[...] esses trilhos marcaram a entrada do Brasil na
quanto mais a cidade crescia e fornecia água, mais esgoto era gerado.
modernidade. A velocidade da máquina transformou a vida na cidade e alterou de forma marcante sua relação com os rios [...]" (min. 04:35).
A falta de saneamento básico e tratamento de dejetos acarretou na eliminação de esgoto nas várzeas2, concedendo assim, o status de insalubridade para os rios e córregos, que passaram a servir como canal de serviço sujo. Através de más decisões somadas com a urbanização desenfreada muitos rios foram canalizados ou passaram por aterramentos para servirem como novos loteamentos.
Figura 02. Avanço das ferrovias pelo estado de São Paulo.
Várzea: Terreno plano e extenso; terreno cultivável.
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Fonte: Documentário Entre Rios.
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ios e cidades mal aproveitamento dos recursos. Dessa forma, a urbanização voltou suas costas para os rios e [...] quando ficam de fundos para os lotes facilmente são deixados ao acaso, viram espaços degradados usados como depósitos de lixo, têm suas margens ocupadas até o limite e em outras situações são aterrados ou canalizados." (GUIMARÃES, 2011, p. 77).
Figura 03. Canalização do Rio Tamanduateí. Fonte: Documentário Entre Rios.
Paralelamente, os investimentos para aumento do transporte terrestre e a popularização dos automóveis acarretaram no surgimento de novos problemas, como a impermeabilização das várzeas para receber as rodovias, marginais e avenidas, além do aumento de industrias as margens dos rios.
Não se limitando aos problemas de desconexão com os rios, a sociedade sofre até hoje as consequências das altas taxas de impermeabilização, como assoreamento, enchentes, propagação de doenças, diminuição dos biomas locais, problemas infinitos que devem ser colocados em pauta quanto a necessidade de recuperar esses cursos.
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Assim como as ferrovias, as rodovias apropriaram-se das margens dos rios descaracterizando sua paisagem e contribuindo para o desequilíbrio ambiental através da construção de grandes corredores de circulação onde antes estavam as matas ciliares e de extensas áreas de solos impermeabilizados. (GUIMARÃES, 2011, p. 73)
Essa inversão do uso e desvalorização do rio que ocorreu em grande escala pelo país, transformou a relação que as pessoas tinham com a natureza, se distanciando dele devido as más escolhas e ao
Figura 04. Enchentes no Rio Tietê enfrentadas em São Paulo. Fonte: Documentário Entre Rios.
PLCA No decorrer dos anos 70/80 do século XX questões como a importância e a preservação dos recursos hídricos ganharam repercussão, conforme aponta GUIMARÃES, p.83, sendo assim [...]reivindicam-se cidades mais democráticas, espaços multifuncionais onde a apropriação reina sobre o domínio, espaços salutares e acolhedores que possibilitam o lazer, o convívio desinteressado, a promoção e o revigoramento da saúde física e mental.
[ 2.3 PROTEÇÃO AMBIENTAL ]
degradadas, a sociedade percebeu a importância de sua recuperação e utilização equilibrada. Essa preocupação se iniciou na década de 60 quando foram definidas as Áreas de Preservação Permanente (APP) através do Código Florestal Brasileiro. Há apenas um critério que estabelece o tamanho das faixas de proteção nas margens de corpos d’água, a largura de seu leito. Contudo, segundo MELLO (2008, p.90) esse tema é muito complexo e não deveria limitar-se apenas à uma metodologia. além
das
condicionantes
características essas que se modificam por toda a extensão territorial brasileira e que deveriam ser levadas em consideração pelo Código Florestal. Já em anos recentes, houve um desenvolvimento nas leis que abrangeram a preservação ambiental no Brasil, a Resolução nº 369 de 2006 do CONAMA3 trouxe “[..] possibilidades de intervenções nas áreas de preservação permanentes em perímetro urbano [...]” como aponta GUIMARÃES (2011, p.87). Assim as margens dos rios podem ter
Depois de ter permitido que as áreas fluviais fossem
Pois
podem estar inseridos, como áreas muito úmidas ou muito secas,
morfológicas
utilização pública perante análise técnica Sobre as possíveis intervenções nas APP’s para a implantação de áreas verdes de domínio público em área urbana, a Resolução 369 apresenta no art.8° uma série de requisitos e condições a serem relevadas. Dentre elas está a existência de projetos técnicos que priorizem a restauração ou manutenção das características do ecossistema local, contemplando medidas como a recuperação das áreas degradas da APP, recomposição da vegetação com espécies nativas, mínima impermeabilização das superfícies, contenção de encostas para erosão, proteção das margens dos corpos d’água, entre outros. (GUIMARÃES, 2011, p.87-88)
como
Conselho Nacional do Meio Ambiente
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profundidade, vazão e inclinação, há variedades de biomas em que
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ios e cidades
Essas áreas verdes desempenhariam funções variadas, como recreativas e ecológicas, que geram não só uma melhoria ambiental, mas como funcional e estética para o meio urbano. A resolução traz
Através de dispositivos legais, como a Resolução 369/2006, ocorre a legitimação da apropriação pública das margens de cursos d’água, pois
orientações do que pode ou não ser implantado em áreas de APP e
[...] seu embasamento legal permitiu uma abertura conceitual de maneira a englobar não somente as preocupações ambientais com a preservação dos recursos hídricos e da vegetação correspondente, mas dão um salto além lançando as bases para que esses cenários, outrora abandonados, possam incorporar e possibilitar a concretização de práticas sociais diversas. (GUIMARÃES, 2011, p.90)
se elas possuem baixo impacto ambiental, tendo como exemplo trilhas para ecoturismo, vias de acesso interno e pontes. No âmbito da tipologia de equipamentos públicos que trariam esses benefícios, pode-se destacar parques voltados para lazer, ciclovias, mirantes e toda a infraestrutura decorrente, como sanitários, mobiliário, equipamentos de esporte e cultura, entre outros.
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Figura 05. Proposta de Parque Linear para o Rio Tietê. Fonte: http://ciclovivo.com.br/noticia/sp-pode-ter-marginal-subterranea-e-parquelinear-no-rio-tiete/
À vista disso, compreende-se a importância dessa resolução tanto para as cidades quanto para a criação do parque no Córrego do Ajudante.
PLCA
Parques Urbanos 3.1 surgimentos dos parques pĂşblicos 3.2 contexto nacional 3.3 conceito de urbanidade
03
PLCA [ 3.1 SURGIMENTOS DOS PARQUES PÚBLICOS ] No século XIX, em território Norte Americano, decorrente do avanço da industrialização, as cidades gradativamente perderam a sua qualidade de vida, pois haviam muitas pessoas vivendo em uma mesma área, trabalhando em ritmo frenético com carga horária alta e infraestrutura precária.
1
Surgiu como uma reação à “baixa qualidade de vida nas cidades por causa da urbanização crescente, bem como aos processos de exploração da natureza” (FRANCO, 1997, p.82, apud BONZI, 2014 p.110)
Fonte: https://www.basf.com/de/company/about-us/history/
Esse movimento abrangeu diversos escritores da época que apontavam suas opiniões em livros, e paisagistas que colocavam em prática os conceitos. Um dos divulgadores foi Frederick Law Olmsted, arquiteto-paisagista que teve papel essencial para a popularização dos parques nos Estados Unidos. Law Olmsted foi inspirado por Andrew Downing, cujas pesquisas eram embasadas nas necessidades das pessoas se refugiarem da poluição da cidade em cemitérios, uma vez que estas áreas eram as que mais se aproximavam de um cenário de
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Em contraposição a esses acontecimentos, surgia o movimento conservacionista, que tinha como objetivo preservar os recursos naturais e recuperar paisagens antes exploradas, o Park Movement1. Segundo Henry David Thoureau, um dos precursores dessa ideia, “O homem é parte integrante da natureza, não está acima dela", ressaltando que a sociedade não pode colocar suas necessidades acima do meio ambiente.
Figura 01. A era industrial e a diminuição de espaços verdes.
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Em paralelo a isso, a natureza vinha sendo ainda mais explorada em função da agricultura e pecuária, acarretando na diminuição das áreas verdes. Já nas cidades, o intuito era elevar o desenvolvimento e não a qualidade de vida.
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arques Urbanos
parque, como é dito no artigo “A influência norte-americana nos sistemas de áreas verdes do urbanista Francisco Prestes Maia, Pode-se afirmar que a América desconhecia os parques públicos, e por mais estranho que possa parecer, o que mais se aproximava deste modelo eram os cemitérios. Downing declara que o interesse geral pelos cemitérios demonstrava que os parques públicos situados próximos aos centros urbanos teriam um êxito extraordinário. (LIMA, 2007, p.1-17)
executou o Central Parque3 em Nova Iorque, que rapidamente ganhou fama pela sua grande área, diversidade de atividades e por ser uma referência no desenho urbano da cidade.
Olmsted absorveu essas concepções e criou os chamados "pulmões da cidade"; incialmente em Boston; eram parques que teriam a função purificar o ar poluído das cidades e diminuir os problemas ambientais, melhorando assim a saúde das pessoas. Suas teorias estão fundamentadas na ideia de "Sistemas de Parques”2, [...] ficando muito evidente em sua postura de que a cidade deve ser estruturada pelos parques, isto é, parte-se do princípio de que o parque estrutura o desenho, define o traçado e indica os fluxos. Ele influenciou o desenho de várias cidades norteamericanas através da inserção de parques em sua estrutura urbana (LIMA, 2007, p.05).
Figura 02. O projeto do Central Park. Fonte: http://www.nsk.hr/new-york-public-library-digitalizirala-20-000-povijesnihkarata-slobodnih-za-koristenje/
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Sua proposta era criar um local familiar, que não houvesse distinção entre classes, foi o que aconteceu quando projetou e 2
Dentro do conceito paisagístico de Olmsted estavam as Parkways, isto é, avenidasparques responsáveis pela interligação dos parques, legitimando assim, os Sistemas de Áreas Verdes. (LIMA, 2007, p. 05)
3
Criado em 1858, a partir de um concurso lançado 5 anos antes juntamente com seu sócio Calvert Vaux. Disponivel em: http://www.centralparknyc.org/visit/park-history.html
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[...] a intervenção é frequentemente evocada como precursora de uma série de práticas e propostas contemporâneas como a conexão de parques e áreas verdes, a requalificação de cursos d’água, a criação de corredores verdes dentro do tecido urbano, a multifuncionalidade e a articulação entre soluções de saneamento, controle de enchentes, viário, recreação e conservação ambiental [...] (BONZI, 2014, p.107).
Essa popularização dos parques nos Estados Unidos foi essencial para que outros países percebessem que a criação de uma cultura que privilegiassem os parques era necessária para a questão urbanística e de embelezamento da cidade.
4
Parkway é uma tipologia paisagística criada por Olmsted e Vaux, em 1866, no projeto do Prospect Park, no Brooklyn, em Nova York. Originalmente designava uma via larga densamente arborizada, com tratamento cênico, conectada a um parque.
No Brasil, a descoberta da importância de áreas verdes, tanto para o tecido urbano quanto para a preservação dos espaços, deuse de maneira diferente quanto ao resto do mundo. O parque urbano no Brasil, "ao contrário do seu congênere europeu, não surge da urgência social de atender às necessidades das massas urbanas da metrópole do século XIX" (MACEDO; SAKATA, 2003, p.16). Quando a família real e seus nobres mudaram-se no início do século XIX, para a nova e mais rentável colônia, depararam-se com uma Europa aos avessos, com aglomerações singelas, infraestrutura não compatível com a demanda e tampouco modernidade. Foi necessário reestruturar o Brasil para atender a quantidade de pessoas vindas de uma Europa elitizada. Além da infraestrutura cabível de capital, o Rio de Janeiro por exemplo, foi uma das cidades que mais sofreram melhorias, uma delas foi a criação de áreas verdes para passeio da classe recém-chegada. Os primeiros e mais conhecidos até hoje, segundo Macedo e Sakata,
Posteriormente, a palavra incorporou outra qualidade: a segregação de determinados tipos de veículos (BONZI, 2014 p.112).
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interligação dos parques legitimando assim, os sistemas de áreas verdes" (LIMA, 2007, p.05). De acordo com Bonzi,
[ 3.2 CONTEXTO NACIONAL ]
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Com os governantes encomendando projetos de parques em todo o país, Olmested fez uma Parkway4, que teve como fundamento a conexão de parques novos e existentes, sendo responsáveis "pela
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arques Urbanos
foram o Jardim Botânico5 e o Passeio Público6, sendo o segundo reformado em 1862, enaltecendo o paisagismo criado.
para "grandes" cidades do país, como São Paulo, Belém e Recife. Até a década de 50 do século seguinte, os parques ficaram restritos a áreas centrais em bairros ricos, visando apenas o lazer da elite. Com o processo de urbanização das cidades a partir de 1950 e o desmatamento de grandes áreas verdes, foi-se percebendo a escassez de áreas de lazer para a população comum e essa urgência começou a ser preenchida com parques afastados do centro. Passados os anos pós-segunda guerra mundial, a estrutura morfológica dos parques se altera, começam a desaparecer a áurea pitoresca com elementos românticos e a considerar possibilidades maiores de lazer e cultura nesse espaço público, como o esporte. A vegetação nativa passou a ser mais valorizada, mantendo-se nos projetos de novos parques.
Figura 03. Passeio Público- Rio de Janeiro, 1910. Fonte: https://umpostalpordia.wordpress.com/tag/brasil/
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Segundo Macedo e Sakata, a reforma urbanística de Paris por Haussmann influenciou paisagistas Brasileiros a criarem ou reformarem praças e parques que continham caráter contemplativo se espalhou
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Jardim Botânico fundado por Dom João VI em 13 de junho 1808. Disponível em: http://jbrj.gov.br/jardim/historia
Partindo para o modelo urbano decorrente do modernismo, Brasília é criada7 e além de tornar-se exemplo de cidade, também se torna referência de cidade-parque devido a quantidade de parques públicos que foram implantados ao longo dos anos.
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Passeio Público criado em 1783, sendo idealizado pelo vice-rei Luís de Vasconcelos de Sousa e projeto de Valentim da Fonseca e Silva. 7 Inaugurada em 1960 a partir do Plano Piloto desenvolvido por Lúcio Costa.
PLCA Novas funções foram introduzidas no decorrer do século XX, como as esportivas, as de conservação de recursos naturais, típicas dos parques ditos ecológicos [...] O parque ecológico objetiva prioritariamente a conservação desse ou daquele recurso ambiental [...] possui áreas muito concentradas, voltadas para o lazer passivo - como jogos e recreação infantil -, ao lado de áreas voltadas para o lazer passivo – como caminhadas por trilhas bucólicas e esparsas. (MACEDO; SAKATA, 2003, p.13).
No cenário atual não se pode afirmar que os movimentos de parques atingiram todas as cidades do país, poré, bons exemplos são Curitiba e São Paulo que investem muito nesse tipo de espaço público:
Com essa influência nacional, os parques se multiplicaram pelo Brasil a partir da década de 60/70, “quando se inicia um processo de investimento público sistemático na criação de parques, não mais voltados exclusivamente para as elites”, conforme apontam Macedo e Sakata no capítulo “O Pós-Guerra e a consolidação do parque moderno”. Vale o registro de que na década de 80 a tipologia que mais se tornou popular foram os parques ecológicos, pois
Esse tipo de investimento varia de prefeitura para prefeitura que escolhe ou não colocar esse equipamento na prioridade de implantação. Em Salto por exemplo, como será abordado no capítulo seguinte, essa opção ocorreu em anos anteriores e atualmente a cidade não detêm de um grande equipamento para lazer diário. Já em
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Fonte: http://www.trekearth.com/gallery/South_America/Brazil/CenterWest/Distrito_Federal/Brasilia/photo1131099.htm
Barcellos aponta os parques lineares de Curitiba como o mais notável exemplo brasileiro de rede de parques públicos concebidos a partir de preocupações ambientais, visando à “conservação dos remanescentes florestais e dos fundos de vales, em seu papel no controle de enchentes, e outras áreas identificadas como ambientalmente sensíveis” (Barcellos, 2003, p. 7). Nos parques lineares que seguem os cursos d’água de Curitiba, predominam configurações de naturalização, o que não impede o incentivo de sua utilização pela população. (MELLO, 2008, p.179-180).
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Figura 04. Brasília- Cidade Parque
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arques Urbanos
Indaiatuba, cidade vizinha à Salto, percebe-se que a prefeitura notou a popularização do seu parque, podendo ver os efeitos inclusive no setor de turismo, fato que será melhor desenvolvido no capítulo de
Os parques lineares recuperam áreas degradas que perderam essa ligação com a água e que foram totalmente descaracterizadas, excluindo (temporariamente) a potencialidade que essa zona ripária
Estudos de Caso.
pode oferecer os benefícios sociais. Por isso,
[ 3.3 PARQUES LINEARES ] Assim como os parques ecológicos, os parques lineares se tornaram populares no final do século XX por serem uma ótima opção para a reconciliação entre os rios e a cidade e principalmente a recuperação do contato com a natureza. Os parques lineares diferenciam-se dos parques comuns devido seu atrelamento à cursos d’água, são áreas incumbidas de controlar enchentes, proteger recursos hídricos e ecossistemas locais. Por ser uma área verde contínua comum de zonas ripárias, faz com que ocorra fluxos gênicos8, impedindo que ocorra mutações ou infertilizações em certas espécies. Assegura também que áreas
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vegetadas se multipliquem, pois, o corpo d’água estruturador serve como corredor de sementes. 8
Quando uma população da mesma espécie animal migra de um local para outra e há troca de genes entre as populações, garantindo a perpetuação das espécies. Segundo MELLO, “As zonas ripárias –os ecossistemas próprios das margens de corpos d’água – são habitats primários da vida silvestre. Os nutrientes produzidos nessas áreas úmidas, sujeitas
[...] na medida do possível, e a partir de critérios bem estabelecidos, a vegetação desses meandros deve ser restaurada como forma de trazer a natureza para dentro dos centros urbanos e das regiões periféricas e como meio de propiciar ambientes acolhedores e salutares para todos." (GUIMARÃES, 2011, p.92).
Com a quantidade de vegetação ribeirinha recuperada, criase um microclima, diminuindo a umidade local e do entorno, fazendo com que as altas temperaturas dos centros urbanos sejam amenizadas nas regiões próximas aos parques, e, visto que eles geralmente possuem uma grande extensão, beneficia muitas pessoas. Essa vegetação também serve como drenagem urbana eficaz pois funciona de forma macro. São essas vantagens que fazem com que os parques sejam considerados não só para apelo estético, mas como infraestrutura urbana, conforme aponta Pellegrino apud Guimarães (p.93). Exatamente por ser uma área verde e de lazer de continuidade, deve-se analisar os setores de forma específica, pois as necessidades
a inundações periódicas, são o fundamento dos ciclos ecológicos, funcionando como elos primários em cadeias alimentares responsáveis pela manutenção, reprodução e movimento da fauna. (2008, p.76-77)
PLCA de cada bairro divergem entre si, assim como o sistema viário, esses itens são grandes agenciadores para definir o programa do projeto. A forma com que o projeto urbanístico e o projeto paisagístico são elaborados influi em como as pessoas o utilizarão, visto que há sentimentos e vontades diferentes entre os usuários. Se o manejo paisagístico for mais ou menos denso, a forma com que utilizarão esses espaços será diferente, pois o mesmo uso não pode ser igual para as duas opções.
Os parques lineares servem de instrumento para transformar uma comunidade, pois valorizam uma determinada área, atraindo atenção pública para melhorias. Além de ser sinônimo de qualidade de vida, visto que oferece programas de esporte e lazer, podem garantir a preservação daquele conjunto ambiental pois quando um espaço é usufruído, consequentemente passa a ser vigiado e preservado.
Fonte: http://www.alcacuz.com.br/blog/?p=8543
Enfim, pode-se afirmar que os parques fazer uma ligação entre a preservação ambiental e a oferta de lazer, uma vez que cada setor possui características diferentes devido a sua compreensão do entorno, o qual muda a cada região. Consegue ser um espaço democrático por apresentar uma grande extensão, atendendo diversos bairros de uma cidade, sendo assim há apropriação dos moradores que zelam por esse bem público.
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Em todo o caso é necessário entender que não bastam apenas medidas adequadas para revitalização dos espaços configuradas pelas margens e matas ciliares, que em algumas ocasiões podem nem ser mais viáveis, mas possibilitar, sobretudo, a recuperação da qualidade das águas evitando o despejo de poluentes e de esgotos não tratados. (GUIMARÃES, 2011, p.95)
Figura 05. Parque da Redenção, Porto Alegre
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Entretanto, não é suficiente obter uma requalificação urbana se os rios, tido como elementos mais importante do parque, não for recuperado.
P
arques Urbanos
[ 3.4 CONCEITO DE URBANIDADE ] Segundo Sandra Mello em sua tese “Na beira do rio tem uma cidade”, conforme for a configuração espacial das margens de cursos d’água (como localização, acessibilidade e dimensão por exemplo) e suas devidas funções, gera o sentimento de urbanidade, que seria “a promoção do encontro interpessoal e de interação entre as pessoas e o corpo d’água” (p.180). Quando esses corpos d’água ocupam um lugar central na cidade faz com que a urbanidade seja alcançada devido a facilidade dos acessos, tanto físico quanto visual. Quanto maior a integração com o meio urbano, mais facilmente as pessoas se relacionam.
Figura 06. Relação de pessoas e corpos d’água, Parque do Barigui, Curitiba. Fonte: http://www.alcacuz.com.br/blog/?p=8543
Mas a principal definição de urbanidade é dar uso para todos os espaços físicos das margens, independentemente de sua natureza, dessa maneira, esse espaço será apropriado conforme as opções que terá em relação as atividades a se realizar. Essas atividades podem ser voltadas para lazer, para contemplação ou até mesmo pelo sentimento
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de pertencimento devido a atração que esses cursos possuem. A urbanidade se expressa, pela apropriação positiva dos aspectos: funcionais (atividades de lazer contemplativo e ativo, mercados e cais de menor porte), sociológicos (encontro social, eventos culturais), topoceptivos (orientabilidade e identificabilidade),
PLCA estéticos (beleza cênica), bioclimáticos (conforto ambiental), simbólicos (rituais, valores simbólicos da água) e afetivos (relações harmônicas das pessoas com os corpos d’água). (MELLO, 2008, p. 180-181).
É importante também que esses usos possuam acessos eficientes para qualquer pessoa e que o acesso visual ao corpo d’água seja livre pois isso garante a urbanidade, visto que os corpos d’água são elementos estruturadores de grandes equipamentos como os parques
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públicos e principalmente os lineares.
PLCA
Contexto Histórico e Urbano 4.1 salto 4.2 os parques da cidade 4.3 salto e sua relação com os corpos d’água 4.4 o córrego do ajudante
04
PLCA [ 4.1 SALTO ] A cidade a receber o projeto do Parque Linear do Córrego do Ajudante é Salto, situada no interior do Estado de São Paulo, possui
Salto, segundo o IBGE, é uma cidade com a sua economia voltada principalmente para serviços (50,54%), sendo o setor industrial a segunda base econômica, com (25,58%). Devido aos seus atrativos turísticos, é desde 1999 uma das 70 estâncias do estado.
um dos maiores IDH’s da região (0,783)1, e faz parte da Região Metropolitana de Sorocaba.
16min), Indaiatuba (16,8km-21min) e Elias Fausto (25,9-28min). A rodovia que liga Salto-Itu é a SP-71, Rodovia da Convenção, recém reformada. Para Indaiatuba, os Saltenses seguem pela SP-075 (Rodovia Santos Dumont), a mesma que direciona para os distritos industriais de Salto e Indaiatuba e também para o aeroporto de Campinas. É pela Rodovia do Açúcar (SP-308) que se direciona para Elias Fausto e Piracicaba, já no sentido oposto faz ligação com Sorocaba. 1
IBGE: Ferramenta Cidades. Seção infográficos da cidade de Salto-SP. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=354520&search=saopaulo|salto
Figura 01 – Gráfico PIB Salto. Fonte: IBGE
Atualmente, possui aproximadamente 115 mil habitantes, grau de urbanização de 99,30% e 133,057 km² de unidade territorial. Em relação a infraestrutura, a cidade contém algumas áreas que ainda não receberam abastecimento de água e tratamento de esgoto sanitário (1,69% e 5,03% respectivamente).
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As rodovias que dão acesso às cidades vizinhas são: Itu (8,4km-
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Salto possui posição geográfica favorável, estando próxima a Campinas (cidade considerada metropolitana). Com isso, está bem localizada em relação a grandes cetros industriais e comerciais, além da proximidade com o Aeroporto de Viracopos.
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ontexto Histórico e Urbano
Figura 02 – Localização rodovias de Salto Fonte: Google Earth e editado da autora.
PLCA [ 4.2 OS PARQUES DA CIDADE ] Na cidade de Salto, há apenas três parques e todos eles possuem ligação com o Rio Tietê. Devido a sua proximidade ao rio (por motivos históricos), eles estão localizados em regiões periféricas da cidade e próximo de aglomerados industriais.
Desde quando a cidade ganhou o título de Estância Turística, o número de visitas aos seus monumentos vem aumentando, essas visitas não provêm apenas dos moradores, mas também de turistas de cidades vizinhas e inclusive da capital. Porém, devido algumas particularidades que serão abordadas abaixo, essas visitas não são frequentes, fazendo com o que a proposta de lazer não seja tão abrangente. [ 4.2.1 PARQUE DE LAVRAS ]
Durante o seu período de uso, a Usina de Lavras foi importante geradora de energia elétrica para a Cia. Ituana de Força e Luz e após quase dois anos, foi a vez de Salto usufruir seus benefícios em 1908 (LIVRO 300 ANOS)
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Figura 03 – Localização de Parques de Salto e ligação com o Rio Tietê. Fonte: Google Earth e editado pela autora.
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De 1956 a 1971, ficou a venda e depois de não ser comprada, a prefeitura tomou a iniciativa de adquirir todo o complexo. No ano de 1992 a Usina de Lavras e seu conjunto de vegetação e pedras de granito Salto torna-se um parque ao lado do monumento à padroeira, inaugurado em 1980.
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ontexto Histórico e Urbano pois a rampa existente não possui a inclinação necessário para tal percurso. Ao redor desse quarteirão exclusivo da padroeira, estão os acessos ao Parque de Lavras, este possui uma portaria com entrada de carros para poder utilizar a lanchonete, localizada próxima ao rio ou adentrar as trilhas que levam aos equipamentos. Estes também podem ser acessados ao lado da pequena guarita de pedra que está à frente da escadaria da padroeira. Figura 04 - Antiga Usina do Parque de Lavras. Fonte: Acervo da autora.
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Tanto o parque quanto o monumento à Nossa Senhora do
Todos os atrativos, como, o relógio solar, jardim das bromélias, mirante, entre outros, se interligam por meio dessas trilhas e não são de fácil acesso devido a declividade que essa mata possui, isso faz com
Monte Serrat, santa padroeira da cidade; estão inseridos no bairro Itaguaçu. Para se ter acesso a esse complexo, é preciso chegar pela Avenida Marechal Rondon que leva o tráfego do centro da cidade para os bairros Estação, Itaguaçu, Rondon e demais. Em um trecho particularmente residencial, a imagem da padroeira aparece no meio de um quarteirão, como se fosse uma praça a qual a atração principal é a monumentalidade.
que o acesso seja possibilitando apenas pelas escadarias feitas em paralelepípedo do granito Salto. Além de estar nos pisantes das escadarias o granito é visto em sua forma natural ao longo da mata.
Para se ter acesso a lanchonete e a rampa que leva o visitante até o topo da santa, é necessária a subida de escadarias, as quais não podem ser acessadas por portadores de necessidades especiais,
pelo caminho, o que deixa o percurso perigoso.
Quanto aos caminhos, a maioria dos pontos possuem uma vegetação bem cuidada, porém, em alguns outros ocorre o oposto, é possível ver uma vegetação característica de abandono e mais adentro das trilhas, rumo a Usina de Lavras há galhos e teias de aranha
PLCA segurança, visto que se ocorrer algum acidente nas trilhas será dificilmente sinalizado. Em relação a poluição do rio, segundo publicação do Jornal Taperá2, em época de seca é possível ver a imensa quantidade de lixo acumulada nas margens da barragem da antiga usina e no canal que antigamente era usado para liberar a água usada. Devido aos seus atrativos, o público do parque é voltado para adultos, pois com a quantidade de trilhas e caminhos a serem descobertos, não se torna o programa ideal para crianças. Figura 05 - Falta de acessibilidade em trecho de Trilha do Parque de Lavras. Fonte: Acervo próprio.
O mesmo ocorre com a sinalização, ora bem situada, ora não existente e algumas vezes confusa. As placas de informação estão desgastadas e com empecilhos para ler o conteúdo, além disso, é possível ver bancos degradados e lugares com pichações, indicando a falta de fiscalização e manutenção.
De acordo com Secretária de Educação Municipal de Salto (1998, p. 74), "O Parque Rocha Moutonné com área de 43.338 metros², é o primeiro parque ecológico e geo-histórico do continente". Esse título é dado pelo fato da rocha ser o segundo exemplar da pedra rósea Moutonnée, que remonta há milhares de anos no período glacial, estar implantada no atual parque de mesmo nome.
2
Edição do dia 30/04/2014. Acessado no Museu de Salto na área de pesquisa.
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Apenas na guarita há um responsável pela vigilância, mas nenhum monitor acompanha os visitantes ou um guarda para garantir a
[ 4.2.2 PARQUE ROCHA MOUTONNÉE ]
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ontexto Histórico e Urbano Está localizado a 2,9 km do Parque de Lavras, os quais podem ser percorridos pela Av. Mal. Rondon sentido centro da cidade e a partir da Av. Nove de Julho, se direcionar para a Rod. Rocha Moutonnée onde fica a única entrada do parque, visto que a seção traseira margeia o Rio Tietê. Em relação ao primeiro parque, este é proporcionalmente menor em relação aos seus atrativos. Além da atração principal, o
Figura 06 - Exemplar da Rocha Moutonnée inserida no parque de mesmo nome. Fonte: Acervo da autora.
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Foi em 1990, após longos anos de desconhecimento da importância da rocha e de longos trabalhos de cantaria, que se foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). Em fevereiro do ano seguinte, o parque foi inaugurado com entrada gratuita e se tornou o primeiro parque de caráter histórico-natural da cidade.
Figura 07 – Chamada do Jornal “O Estado de São Paulo”, matéria publicada em 24/01/1991. Fonte: Acervo Museu de Salto.
exemplar da rocha Moutonnée, há réplicas automatizadas de dinossauros. Devido esse "novo" entretenimento, o público predominante do parque são famílias com crianças. Diferente do primeiro, que as atrações estão no meio das trilhas, este possui grandes caminhos que direcionam de forma lógica o visitante. Há pequenas trilhas, porém essas são um divertimento secundário e não imposto. Talvez por possuir caminhos mais abertos ou pela administração, há um aspecto de que a jardinagem possui mais manutenção, essa também sendo observada no mobiliário, como bancos e Gazebo para piqueniques. A acessibilidade é relativa, pois possui rampa de acesso a lanchonete e auditório, porém logo após há uma escadaria íngreme ou depois da segunda opção, que seria uma rampa que contorna a rocha, não é mais possível continuar o percurso, pois a acessibilidade
PLCA acaba quando surge apenas escadas para finalizar o percurso mais
[ 4.2.3 PARQUE DO LAGO ]
próximo ao rio. O terceiro parque ecológico ser citado é o que possui maior extensão, com 214 mil metros quadrados, os quais 75 mil pertencem ao lago que dá o nome ao parque, foi aberto em 1992. Antes de sua inauguração, lhe foi dado um tratamento paisagístico e recuperação da mata ciliar. Diferente dos dois primeiros parques, o parque do Lago possui uma infraestrutura voltada para o lazer diário e não apenas de contemplação. Em seu programa, há quadra poliesportiva e de areia, pista de aeromodelismo, playground, academia ao ar livre, pistas de caminhada e ciclismo e também uma lanchonete. Figura 08 - Falta de acessibilidade em acesso a lanchonete do Parque Rocha Moutonné. Fonte: Acervo próprio.
Beirando a contradição, nota-se a falta de manutenção no que hoje é a atração mais procurada, os dinossauros. Estão com falhas
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Figura 09 - Quadras poliesportiva e de areia no Parque do Lago. Fonte: Acervo da autora.
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técnicas com suas placas de informação desgastadas. Mas em relação a investimento de equipe de apoio, havia monitor disponível e um guarda no estacionamento.
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ontexto Histórico e Urbano
Esses equipamentos possuem grande uso da população, porém não está sempre cheio devido a sua localização, muito afastada do centro e até dos bairros periféricos. Quase 6 km separam o último
pontes), não possui equipamentos que incentivem o uso diário, tendo apenas um caráter histórico industrial e geológico respectivamente.
parque destes bairros, estando ao lado da estação de tratamento de
lazer, porém o empecilho de visitá-lo é a localização desfavorável,
esgoto (administrado pela CONASA) e só pode ser acessado
muito periférico e de difícil acesso para pedestres e ciclistas, desmotivando a visita.
seguramente por automóveis pela rodovia SP-75.
Já o último parque citado, possui esses tais equipamentos de
Esses motivos justificam a implantação de um parque linear, o qual juntamente com a boa escolha do terreno em função dos acessos e pelo futuro programa de necessidades, impulsionará não só melhorias aos bairros pertencentes, mas também a qualidade do córrego e de sua mata ciliar, além de criar lazer disposto ao uso diário pelos moradores da cidade toda.
Figura 10 - Via de acesso sequente a SP-75 Fonte: Acervo da autora.
Em consequência ao valor histórico dos três parques existentes, não foi proposto a sua requalificação junto com um novo projeto. Mesmo que houvesse a proposta, haveria muitos danos a esses patrimônios para poder deixá-los acessíveis a todos, sem mencionar a má localização que continuaria sendo um empecilho. Cabe aos gestores continuar mantendo as características dos parques para conservar uma parte da história da cidade para as gerações futuras.
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[ 4.2.4 CONSIDERAÇÕES ]
Infelizmente os três parques citados ainda possuem déficit de visitação, pois no caso do Parque de Lavras e Rocha Moutonnée, além de possuírem uma localização desvantajosa, com limites (bairros e
PLCA [ 4.3 SALTO E SUA RELAÇÃO COM OS CORPOS D’ÁGUA ] Salto inicia sua história como um sítio escolhido pelos índios Guaianazes devido sua proximidade aos corpos d’água: Rio Tietê e Rio Jundiaí. Assim como outras aldeias do grupo Tupi-Guarani que utilizavam os rios como fonte de comida e transporte, a aldeia ParanáYtu (Salto Grande3) deu seu nome para essa cidade e para a vizinha, Itu. No final do século passado foram encontradas algumas igaçabas (urna funerária indígena) em outra região da cidade, como os atuais bairros São Judas e Jd. Elizabeth. De acordo com o painel da
Figura 11 - Uma das Igaçabas do Museu.
exposição permanente do Museu de Salto4 “[...] havia também aldeamento de índios em outros pontos como provam as várias igaçabas encontradas na região e até mesmo além do Córrego do Ajudante [...]”.
Fonte: Acervo próprio
Essa localização das aldeias de Salto foi motivo para atrair Bandeirantes, os quais caçavam indígenas para servir de mão de obra para as fazendas. Para esse movimento de bandeiras paulistas, diferente das monções5, o Rio Tietê (assim como outros rios) era usado
4
Adaptado do livro “Salto: História, Vida e Tradição de Ettore Liberalesso” (p.25)
5
Expedições fluviais compostas por Bandeirantes.
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Artigo “A presença indígena em Salto”. Disponível em: http://historiasalto.blogspot.com.br/2010/01/presenca-indigena-em-salto.html
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ontexto Histórico e Urbano
como uma referência de direção, como apontado por Elton Zanoni,
duzentos anos, a vila não progrediu muito, tendo em 1857 por volta
historiador de Salto em seu blog Histórias de Salto6.
de cem casas apenas, seis ou sete comércios e uma fábrica de velas7.
Muito se é referenciado o porto Araritaguaba (hoje Porto Feliz) como sendo local de partida das monções rumo o rio Paraná. Também há escritos que relatam diversas expedições tomando partida do porto Góes em Salto (ao lado da antiga Brasital), logo abaixo do salto da cachoeira. Paralelamente aos ocorridos acima, Por volta de 1690, o capitão Antônio Vieira Tavares [...] residia, com sua primeira mulher, Maria Leite (filha de Manoel Borba Gato e neta do “Caçador de Esmeraldas” Fernão Dias Paes a uma légua de distância da Vila de Itu, num sítio denominado “Cachoeira”. O nome dessa propriedade, adquirida por cartasescrituras de sesmarias, advinha do fato de estar junto à queda d’água conhecida como Itu-Guaçu. (LIBERALESSO, 2000, p.24).
Oito anos depois, com a implantação da capela de Nossa Senhora do Monte Serrat, fundou-se a vila de Salto de Itu. Por quase
6
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Artigo “Bandeirantes”. Disponível em: http://historiasalto.blogspot.com.br/2008/09/bandeirantes.html 7
Informações compiladas da página 118 de “Salto: História, Vida e Tradição” de Ettore Liberalesso e página 42 de “300 anos de Salto” da Secretária da Educação Municipal de Salto
Figura 12 - Mapa da urbanização de Salto em 1889. Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”8
8
Dissertação de Mestrado do arquiteto José Roberto Merlin, 1986- Universidade de São Paulo, Campus São Carlos.
PLCA Até 1885, Salto era dependente política-administrativamente de Itu, sendo um bairro distante do centro da cidade e com pouca infraestrutura (faltava escola, arruamento, manutenção e adição de pontes). Com a chegada da ferrovia e com avanço das industrias (principalmente de tecelagem) que se instalaram as margens do Tietê, a então freguesia produzia a sua economia e sua própria energia 9, a qual anteriormente era enviada em maior parte para Itu. Se auto sustentando e visando melhorias para a nova cidade, em 1889 criouse o decreto de desmembramento entre Salto e Itu. Apenas em 1917 a cidade de Salto perdeu o seu segundo nome (“Salto de Itu”).
Figura 13 - Industria de tecelagem as margens do rio Tietê.
Pela Usina hidrelétrica de Lavras e Usina de Porto Goés, implantadas em 1906 e 1928, respectivamente que utilizam da força das quedas do Tietê para geração de energia
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9
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Fonte: Acervo Museu de Salto.
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ontexto Histórico e Urbano coreto para apresentação de conjuntos musicais e posteriormente um mini zoológico. Já no Rio Jundiaí, por possuir águas calmas era usado pelo Clube de Regatas para práticas aquáticas, como remo e natação. Tanto os membros do clube quanto os moradores, usavam o trampolim e escorregador para brincar no rio (elementos ainda existentes na margem direita do último trecho do Jundiaí).
Figura 14 - Usina de Lavras em 1930
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Fonte: http://historiasalto.blogspot.com.br/2010/08/salto-ja-contava-com-duasusinas.html
O Rio Tietê que antes serviu como rota dos bandeirantes e como força motriz das fábricas, passaria a ofereciam lazer a população. O rio era atrativo para contemplação da queda da cachoeira e pesca (que até o século XX servia de subsistência à alguns moradores). Também foi criada a Ilha dos Amores, onde havia o
Figura 15 – Clube de regatas em 1940 Fonte: Acervo Museu de Salto.
PLCA
Figura 16 – Clube de regatas em 1940 Fonte: Acervo Museu de Salto.
Com os advindos do crescimento populacional não só na cidade, mas como na metrópole de São Paulo, Jundiaí e arredores, os rios ficaram poluídos e onde antes servia como ponto de atração dos moradores e turistas, passou a expulsar as pessoas e procurar outros
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Um dos fatos históricos que ocorreram em Salto e marcaram as consequências negativas da apropriação urbanística das margens do Tietê foram as enchentes, sendo as maiores ocorridas em 1929 e posteriormente em 1983, ambas tiveram efeitos notáveis, onde tiveram trechos da cidade invadidas pela água do rio.
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meios de lazer na cidade.
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ontexto Histórico e Urbano
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Figura 17 – Enchente ocorrida em 1929, que encobriu parte da Brasital. Fonte: Acervo Museu de Salto.
PLCA Atualmente, os bairros que circundam os cursos d’água da cidade não são mais privilegiados. Contêm industrias que em grande parte descarta produtos químicos em seu leito, contribuindo com a poluição. Também há áreas residências que ainda não possuem tratamento de esgoto, o que é o caso dos bairros Jd. Independência, Jd. Donalísio entre outros. Notícias encontradas no acervo do Museu de Salto mostram o descaso com esses rios, e desde a década de 1980 dão
Figura 19 – Matérias de 2014 mostra que soluções para despoluição ainda não foram colocadas em prática. Fonte: Acervo Museu de Salto.
conhecimento da necessidade de sua despoluição, porém, até hoje
Figura 18 – Matéria de 1984 mostra propostas de despoluição já debatidas naquela época. Fonte: Acervo Museu de Salto. 10
Matérias extraídas do Jornal O Trabalhador (19/05/84) Jornal Taperá (01/03/2014), respectivamente
Figura 20 – Matéria de 2012 mostra que o descarte ilegal de dejetos em rio ainda é comum. Fonte: Acervo Museu de Salto.
Não se pode negar que os rios ainda são atrativos, em especial o Tietê, este possui suas quedas d’água que encantam e atraem visitantes, mesmo que por um curto período de tempo, devido ao mal cheiro. Mesmo inseridos na mancha central da cidade, os mesmos rios que foram precursores do desenvolvimento econômico da cidade, hoje são esquecidos pela população.
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Jundiaí” de 1984 e “Rio Jundiaí: Desafios para despoluição total ainda são muito grandes” de 201410, 30 anos depois.
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em dia esse evento não ocorreu, como pode ser comprovado nas matérias “Debatidas propostas para a despoluição da bacia do
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ontexto Histórico e Urbano
[ 4.4 O CÓRREGO DO AJUDANTE ] Com aproximadamente 10 km de extensão, o Córrego do Ajudante possui nascente em Salto, mais propriamente no distrito industrial, percorrendo por zonas residenciais até desembocar no rio Tietê. Seu nome provém de sua localização, conforme
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é dito no seguinte trecho [...] esse córrego fica num pequeno vale, e no ponto em que está a estrada do Burú, ele é ladeado por terreno íngreme nas duas margens. No passado, quando chovia, os carroceiros que vinham do Burú tinham dificuldade em subir a ladeira depois de cruzar o córrego. Por isso, eles esperavam que chegasse mais algum colega e então pediam ajuda; tiravam todos os burros da carroça que vinham atrás e atrelavam na carroça da frente e
PLCA Figura 21 - Mapa da urbanização de Salto nos anos de 1889, 1909, 1920 e 1950, respectivamente.
assim, podiam vencer a subida em direção à cidade até encontrar terra firme. Depois, tiravam os burros dessa carroça e atrelava-nos naquela que ficara antes de cruzar o córrego. Na volta para o Burú usavam o mesmo expediente. Daí veio o nome “córrego do ajudante”. (CASTELLARI, Eduardo. Pesquisa de Salto. Edição 1. Salto. Editora Ottoni. 2001. p.45)
Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”.
Em relação aos outros corpos d’água da cidade, a urbanização do Córrego do Ajudante foi a mais tardia. Até 1950 essa
[ 4.4.1 URBANIZAÇÃO DO CÓRREGO]
área era ocupada por grandes chácaras unifamiliares e de atividades rurais, como plantações, criação de animais, conforme será posteriormente mostrado em depoimento de antiga moradora11 de uma das primeiras chácaras localizadas a margem do córrego. Onde hoje estão os bairros Maria José e Vila Flora, ao lado direito da atual rodoviária, era o Bairro do Ajudante12 (por volta de 1940), o qual haviam sítios muito grandes que futuramente dariam espaço para a nova urbanização da cidade. Conforme consta nos planos urbanísticos, a grande massa da população só chegou às margens do córrego em meados de 1960, numa região mais afastada do marco zero de Salto (a praça da Igreja),
Entrevista feita com Dirce Peres dos Santos.
12
Por meio de entrevista com ex-moradora do local e comprovação em um Registro de Estrangeiro feito em 1941 pela delegacia de Salto
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11
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visto que
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ontexto Histórico e Urbano A cidade de Salto não ia além de onde hoje estão as ruas centrais e o Ajudante era apenas uma parte do longo caminho para um lugar cujo nome estava associado à própria idéia de distância, de calmaria, de mundo caboclo e afastado do progresso: Buru, o velho Buru, cujo coração reside na encruzilhada de dois caminhos rurais e onde se olham de frente uma pequena escola, uma velha capela e um velho armazém. (SILVA13, 1989)
Figura 22 - Mapa da urbanização de Salto nos anos de 1965, quando a massa da população atingiu o Córrego do Ajudante.
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Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”.
13
Texto da matéria "Ah! Meu velho Buru..." de Valderez Antonio da Silva, originalmente publicada no Cidade Jornal e transcrito por Elton Frias Zanoni. Disponível em: http://historiasalto.blogspot.com.br/2009/07/ah-meu-velho-buru.html
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Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”.
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Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”.
Figura 24 - Mapa da urbanização de Salto nos anos de 1969, surgem bolsões.
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Figura 23 - Mapa da urbanização de Salto nos anos de 1967, mostra a ocupação total a margem do Tietê e novos bairros próximos ao Córrego.
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ontexto Histórico e Urbano
Do lado esquerdo e em direção ao atual centro da cidade (Vila Teixeira) havia a Chácara da família Vendramini, grande espaço de terra que segundo matérias do acervo do Museu de Salto, foi
Essa compra influenciou na implantação anos mais tarde da Escola Leonor e do novo prédio da APAE. Depois em 1988 a cidade recebeu a sua tão esperada rodoviária no fundo de vale a frente do
comprada pela prefeitura em 1973. Inicialmente não houve procura
Córrego do Ajudante.
devido ao tamanho e ao alto preço.
Figura 26 - Mapa da urbanização de Salto nos anos de 1986, a cidade cresce em todos os sentidos. Figura 25 - Mapa da urbanização de Salto nos anos de 1975, com novos bairros implantados, sendo assim, os vazios começam a ser preenchidos.
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Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”.
Fonte: Dissertação “Salto: Indústria, rio e espaço na visão de um arquiteto”.
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Figura 29 – Linha do tempo da urbanização a partir dos planos urbanísticos.
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Fonte: Feito pela autora.
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Aos poucos, essa região antes longínqua do núcleo principal da cidade, acabara se tornando espaço para novos loteamentos, em sua grande maioria para classe média-baixa. Com o crescimento populacional da cidade devido a imigração de outros estados a partir de 1970, nessa região e outras periféricas da cidade começaram a surgir favelas.
Em relação aos planos urbanísticos, hoje em dia existe uma visão diferente do que era vista antigamente. Em outras épocas não haviam a preocupação de valorizar o córrego e sim, de ocupa-lo, isso pode ser visto nos mapas apresentados acima, onde as construções eram feitas a margem do rio, sem possuir recuos de APP. Essas construções não são caracterizadas invasões, pois constavam no plano inicial, concluindo que a administração da época não tinha um pensamento urbanístico de “resguardar essa área”. Porém, a falta de um devido planejamento na hora de construir as casas na beira do córrego foi motivo para problemas decorrentes de enchentes, como é visto na foto de 1990, onde a água adentrou casas.
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58
Figura 30 Enchente do Córrego do Ajudante em 1990
Figura 27 – Chácara Vendramini. Fonte: Acervo Museu de Salto.
Fonte: Acervo Museu de Salto.
Fonte: Feito pela autora.
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Figura 31 – Corte esquemático dos bairros antigos (sem recuos de APP), e bairros novos (com recuos de APP)/ margem esquerda e direta do Córrego.
59
PLCA
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ontexto Histórico e Urbano A margem direita, que antigamente era propriedade do grupo
Eucatex, foi vendida e transformada em área de loteamento em meados de 2013, hoje é chamada de Novo Centro, possui condomínios fechados, como o Reserva Central Park e o Central Park,
[ 4.4.2 ENTREVISTA COM ANTIGA MORADORA] Antiga moradora de uma das chácaras que vazia fundo para o Córrego do Ajudante entre as décadas de 1940 e 1950, Dirce Peres dos Santos viveu parte de sua infância tendo o córrego como parte de seu quintal.
além de projeto para abrigar a nova Praça dos Três Poderes. Essa área, diferentemente das com ocupações mais antigas, obedecem às leis ambientais referentes à recuos obrigatórios em margens de rios, não sendo construídas a menos de 30 metros da faixa de APP. Devido ao grande espaçamento entre as datas de ocupação
Seus pais, Emilio Fortunato Canovas e Rosalina Pauli Canovas eram agricultores e donos de uma chácara de 6 alqueires, lá moraram durante anos, e tiravam daquelas terras o sustento da família. Atualmente, com 79 anos, Dirce relembra momentos marcantes de sua infância e a relação que havia entre os moradores e o córrego, dando ênfase para as belezas que o local possuía.
urbanística, fica notório a diferença de mata remanescente entre os bairros mais antigos e os mais atuais, visto que atualmente as leis ambientais
são
cumpridas
de
forma
mais
rigorosa.
Hoje,
aproximadamente 20 bairros compõem o entorno do Córrego do
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60
Ajudante.
Figura 32 – Certidão de Registro Estrangeiro. Fonte: Acervo Museu de Salto.
D. Dirce 79 anos
....O que eu mais gostava de fazer lá era ir ver os peixes,... Era um local muito bonito, quando chovia o rio se alastrava e ficava uma relva bonita, tudo verdinho.....
Qual é o seu nome e idade? Dirce Peres dos Santos, 79 anos Quantos anos tinha quando morou no local? Tinha 10 anos, sendo entre a década de 40 e 50. Onde ficava a chácara? Vila Progresso. Como era o entorno? Córrego do Ajudante, eucalipto, pomar, área de mata virgem com aproximadamente 1 alqueire, onde tinha muitos pés de frutas, como goiaba, araçá, guariroba, entre outras.
Sim, tinha muitos passarinhos que ficavam perto do córrego e nas árvores, a gente gostava muito de ver esses passarinhos porque eram lindos,..
A chácara ficava antes do córrego, depois dele, o que tinha? Depois do córrego, existiam chácaras onde moravam algumas famílias de alemães Como era o córrego naquela época? Era um rio, pois era grande, tinha entorno de 10 ou 12 metros de largura, era limpo e com água cristalina, tinham muitos peixes que serviam de alimento para as famílias, meu pai (Sr. Emilio Fortunato Canovas Peres) pescava peixes grandes e mariscava peixes menores. Fora a pesca, o rio servia para alguma outra coisa? Minha mãe (Sra. Rosalina Pauli Canovas) lavava roupa.
Tinha muitos animais silvestres perto do córrego? Sim, tinha muitos passarinhos que ficavam perto do córrego e nas árvores, a gente gostava muito de ver esses passarinhos porque eram lindos, e a gente também pegava esses passarinhos para comer, pois naquele tempo podia. Também tinha muito coelho do mato, muita cobra e algumas capivaras, e teve uma vez que vi uma onça jaguatirica em cima de uma árvore, de inicio achamos que era um gato. E na chácara, tinha muitos animais de uso próprio? Sim, tinha cavalo, um burro, cabra que era usada para tirar o leite, muita galinha, marreco, angola, entre outros. O que era plantado na chácara? Meu pai plantava tudo o que se possa imaginar, frutas, cereais, e todos eram levados para ser vendido na cidade. O arroz era plantado na beira do rio, pois o arroz nasce no brejo, tinham muitas plantas e era muito bonito. Qual era o caminho feito até a cidade? E como iam? O caminho percorrido era sentido a Vila Teixeira. Nós íamos de burrinho, ele se chamava “Coelho” e era bem mansinho, como eu era criança, ia montada nele, então, colocávamos as frutas nos picuás (cestos; balaios) e minha mãe puxava o burro e íamos para a cidade vender mexericas, laranjas e outras coisas na rua, ficávamos próximo a Igreja Matriz ou na rua Rui Barbosa.
Tinha muitos vizinhos no entorno? Tinha os Vendramini, o Parque Glória, tinha a chácara do meu avô (Sr. Amadeu Canovas Peres) e a chácara da D. Felizarda. Todas essas chácaras beiravam o córrego e faziam fundo para ele. Qual era o tamanho da chácara? E as chácaras vizinhas? A do meu pai tinha 6 alqueires, e as outras eram menores, tinham mais ou menos 4 alqueires. E naquela época as pessoas iam visitar o córrego ou só quem morava lá podia usar? Vinham pessoas da cidade para pescar? As vezes vinha gente de fora, eles invadiam a chácara do meu pai para poder pescar, pois era uma propriedade privada. Vinham muitos amigos em nossa casa. Como era a sua casa? Era de chão e tijolo, coberto apenas com telha. Tinha dois quartos, sala, varanda e cozinha, e na parte de fora da casa tinha um cômodo que era chamado de paiol. No paiol era guardado algodão, cebola e alho, e a noite sentávamos no paiol para trançar a cebola para vender na cidade no outro dia. As chácaras vizinhas eram do mesmo tamanho da sua casa? Sim, todas eram parecidas, a diferença é que na chácara onde eu morava tinha mais uma casa onde moravam os amigos do meu pai.
Tinha poço nas chácaras para pegar água? Sim, o poço ficava no local onde hoje existe a favelinha, era de lá que pegávamos a água para beber, tomar banho, cozinhar, era uma água bem limpinha, e a água do córrego não consumíamos. A Sra. lembra do curtume (onde eram curtidos os couros)? Lembro, ali trabalhava várias pessoas, as vezes passávamos por lá e os couros estavam no sol. Eles faziam uso do córrego com certeza, pois passava por ali (onde atualmente existe a rodoviária) e desembocava no Tietê. Como era a distancia entre a chácara e o centro da cidade? Tinham bairros vizinhos ou era apenas mato? Era apenas mato. Quando eu tinha 8 anos e meio, ia a pé para a escola Tancredo e lembro que não tinha nada até chegar na altura da avenida (atualmente Dom Pedro), a partir de lá, começava a ver algumas casas. Demorava 1 hora para chegar até a escola, eram 3km andados.
...Também tinha ipê, na época que floria ficava lindo, tinha de várias cores, azul claro, rosa, branco e amarelo...
Como aconteceu a venda da chácara? Para quem foi vendida? Vendemos para uma pessoa chamada Ademar, e foi vendida pois não estava mais dando lucro. O Ademar morou lá durante algum tempo, depois disso ele vendeu para outra pessoa, foi então que foi loteado. Hoje, o local se chama Jardim Maria José. Em qual época foi feito o loteamento? Todas as chácaras foram compradas? Acredito que foi depois de uns 3 anos depois que saímos. Apenas a minha foi loteada, e apenas depois as outras começaram a ser compradas. O que a Sra. mais gostava de fazer na parte onde tinha o córrego? O que eu mais gostava de fazer lá era ir ver os peixes, dava para ver eles na água, tinha muitos, os grandes e os pequenininhos. Era um local muito bonito, quando chovia o rio se alastrava e ficava uma relva bonita, tudo verdinho. Dava para ver se o rio era fundo? Dava para nadar ou era perigoso? Era fundo, meu pai e o cachorro dele nadavam, eu não nadava, meu pai não deixava chegar muito perto pois era perigoso.
A margem dele era alta ou dava para chegar perto do rio? Não era alta, era tudo plano, dava para chegar pertinho e colocar o pé na água.
O que a Sra. acha de ter um parque no local, limpar o córrego e criar um espaço para lazer? Eu acho bom, teria que limpar o rio, deixar tudo bem arrumadinho e limpinho, colocar uma pessoa para tomar conta para não deixar os vândalos acabar com tudo. Então a Sra. iria até o local? Eu iria, e ia matar minha saudade.
Atualmente, a margem não é mais plana, ela foi aterrada para fazer os loteamentos, hoje ficamos na margem e o córrego está lá embaixo. Sim, com o tempo a largura do rio foi estreitando, foram jogando coisas que não deviam, ocupando a margem e ele foi encolhendo com o tempo. Das plantas que tinham na margem do rio, qual a Sra. mais lembra? Hoje é possível ver muito eucalipto, naquela época já existia? Tinha eucalipto, meu pai plantou um alqueire e era muito lindo. Também tinha ipê, na época que floria ficava lindo, tinha de várias cores, azul claro, rosa, branco e amarelo, todos eles nasceram sozinhos, ninguém cortava nem mexia.
Córrego do Ajudante, eucalipto, pomar, área de mata virgem com aproximadamente 1 alqueire, onde tinha muitos pés de frutas, como goiaba, araçá, guariroba, entre outras.
PLCA [ 4.4.3 FAVELAS E POLUIÇÃO] Em uma publicação de julho de 1978 já havia indícios sobre algumas favelas aparecendo na cidade, no texto “Nossas Favelas”14 aponta a proximidade ao córrego do Ajudante a esquerda da rodoviária (favela do lageado ou do Vendramini), era a que estava em pauta perante a administração pública. Os números de moradores
Particularmente sobre outra favela, a Maria José (também conhecida como Favela do Três Marias) ao lado do córrego, se iniciou onde hoje é a Área de Lazer Jardim Maria José e chegou a ser a maior favela da cidade em 1997. Haviam cerca de 100 famílias morando em barracos nessa encosta e muitas chegaram no local por volta dos anos 80. O esgoto era a céu aberto e em época de chuva ocorria alagamentos nos barracos15.
na cidade não paravam de aumentar e especificamente nessa área mostra-se uma das origens e motivos: A maior parte das famílias que se fixaram naquele local seriam provenientes do Paraná, onde os efeitos da seca ainda se fazem sentir, fazendo com que os moradores do Estado vizinho procurem outras terras onde passam se radicar e lutas pela sobrevivência com maiores possibilidades de êxito.
Nessa mesma publicação nota-se que o córrego do Ajudante (muitas vezes chamado de lageado) já estava muito poluído, “[...] pois além da precariedade das moradias (se é que se pode chama-las assim), o córrego é altamente poluído e isso prejudica a saúde,
Figura 33 – Matéria Jornal Taperá- Maior favela de Salto não tem perspectiva de acabar- A favela em questão seria a Maria José. Fonte: Acervo Museu de Salto.
15
Matéria “Nossas Favelas” na edição de 15/07/1978 – nº 713 do Jornal Taperá
Matéria “Maior Favela de Salto não tem perspectiva de acabar” na edição de 02/07/1997 do Jornal Taperá. Foram feitas entrevistas com os moradores do local e
também constatado que muitas famílias haviam ganhado terrenos no Jardim Marília III porém o índice de desemprego era alto e no local haviam muitas pedras, encarecendo a construção
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14
65
notadamente das crianças, cujo número é expressivo.”
C
ontexto Histórico e Urbano
Figura 36 – Matéria Jornal Taperá- Pessoas vivem em condição precária. Fonte: Acervo Museu de Salto.
Figura 34 – Matéria Jornal TaperáEsgoto a céu aberto na favela Maria José.
Figura 35 – Matéria Jornal TaperáRisco de deslizamento dos barracos na favela Maria José.
Fonte: Acervo Museu de Salto.
Fonte: Acervo Museu de Salto.
Anos mais tarde a prefeitura começa a criar planos para erradicar favelas na proximidade do Ajudante, essa ideia foi concluída anos depois, após a prefeitura doar terrenos e criar condomínios de casas geminadas.
Figura 37 – Matéria Jornal de Quarta- Administração quer acabar com favelas da cidade.16
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66
Fonte: Acervo Museu de Salto. 16
Matéria “Administração quer acabar com favelas da cidade”, na edição de 21/05/1997 do Jornal de Quarta.
PLCA
Figura 38 – Matéria do Jornal O Trabalhador- Objetivo é erradicar as favelas.17 Fonte: Acervo Museu de Salto.
Figura 39 – Matéria Jornal de Quarta- Favelados serão beneficiados com moradias entregues amanhã.18 Fonte: Acervo Museu de Salto.
Figura 40 – Mapa da localização da favela do Jd. Marília
Matéria “O objetivo é erradicar as favelas”, na edição de 17/03/1973 do Jornal O Trabalhador.
18
Matéria “Favelados serão beneficiados com moradias entregues amanhã”, na edição de 02/06/1991 do Jornal Taperá.
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17
67
Fonte: Feito pela autora
PLCA
Diagnóstico 5.1 aréa de intervenção 5.2 justificativa da área 5.3 análise morfológica 5.4 legislação 5.5 reclamações e pesquisa
05
PLCA [ 5.1 ÁREA DE INTERVENÇÃO ] O objeto de estudo situa-se no trecho final do Córrego do Ajudante, antes dele desembocar no Rio Tietê e paralelamente com o Rio Jundiaí. Sua posição em relação a urbanização da cidade é central, pois o centro definido no Plano Diretor é ao redor da R. Nove de Julho (1,5km de distância). Localiza-se em uma área de crescimento a qual possui bairros já consolidados providos de infraestrutura de saneamento básico e bairros com edificações recentes como condomínios fechados, torres de apartamentos. A área faz ligação direta à sul com os bairros: Jd. Maria José, Jd. Santa Terezinha, Vila Flora, Jd. Santo Antônio, Independência, entre outros. E à Norte com o bairro Jd. Santo Inácio e Jd. Europa e também com bairro Novo Centro, que ainda está em fase de implantação possuindo um loteamento fechado (Central Parque) e outra em execução (Reserva Central Parque). Essa região a oeste da área está em crescimento pois
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está proposto ser o novo centro comercial e cívico da cidade.
D
iagnóstico
Foi executada uma análise morfológica, explorando as condicionantes físicas de toda a área que envolve o córrego do Ajudante para que fosse elaborado o programa de necessidades do parque linear. Essa área será dividida em trechos, uma vez que a área de estudo possui extensão linear de aproximadamente quatro quilômetros, as características dos bairros em relação ao córrego e ao futuro parque são completamente distintas.
[ 5.2 JUSTFICATIVA DA ÁREA ] O terreno escolhido está inserido em uma zona predominantemente residencial e em seu desenho urbano há rodovias, avenidas e ruas locais. Por abranger uma grande e significante área da cidade, a mobilidade varia desde automóveis até pedestres e em alguns pontos há caráter de centralidade ou periferia, democratizando o futuro uso. Essa posição garante que muitos bairros possam estar diretamente ou indiretamente ligados ao novo parque, suprindo assim o déficit de lazer dos mesmos e também da cidade, visto que terá uma extensão considerável e com fácil acesso por vários pontos. Além disso, será feita a recuperação de uma grande área verde que trará inúmeros benefícios, sendo um deles, o estabelecimento de conectividade com a natureza, com isso, transformando o local num pulmão para a cidade.
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Estando praticamente centralizado (não em relação à território, mas à ocupação urbana), o córrego do Ajudante está ao lado da rodoviária da cidade, sendo assim moradores de outros bairros afastados podem utilizar o transporte público para chegar no parque, os incentivando a usarem mais o transporte coletivo. Figura 3 – Localização terreno e bairros entorno Fonte: Google Earth modificado pela autora
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Figura 4 – Terreno Fonte: Acervo próprio
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PLCA
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iagnóstico
[ 5.3 ANÁLISE MORFOLÓGICA ] [ 5.3.1 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ]
A distribuição de usos é caracterizada predominantemente por um padrão, o residencial. Essa região é produto da urbanização “recente” da cidade, que possui algumas áreas ainda em crescimento. Há um misto de características que conforme a sua localidade é alterada. Dentro do padrão residencial, pode-se subdividir em dois: o unifamiliar de média-baixa e baixa renda e o unifamiliar de média e alta renda (loteamentos fechados). No geral, as residências variam entre um ou dois pavimentos e sua tipologia se altera em concordância com o
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bairro que pertence. Em relação ao uso comercial e de serviço, nos bairros a sul do terreno há comércios pontuais como padarias, mercados, lanchonetes, entre outros pontos comerciais particulares de bairros.
Figura 5 (Atrás) – Mapa de Uso e ocupação do Solo de Salto Fonte – Google Earth modificado pela autora
Google Earth modificado pela autora
PLCA Para o uso industrial, nota-se que as indústrias são de pequeno
até o centro da cidade. Quando penetra a centralidade, em um
porte e em sua maioria estão concentradas à Estrada do Lajeado, porém há algumas espraiadas pelas proximidades da Av. Nove de
sentido se torna a Av. Dom Pedro II e na outra a Rua Rio Branco (também Coletoras que direcionam para a Av. Nove de Julho, Arterial).
Julho.
Ela direciona o trânsito também para a rodovia SP-75 (Itu ou Indaiatuba).
e clínicas de saúde ocupam as áreas residenciais de alta densidade populacional com função de preencher a demanda.
Sendo uma paralela a leste da Vargas, a Estrada do Lajeado liga o bairro Santo Antônio a SP-75 (Via Arterial ligando municípios) e também a pequenas empresas/oficinas que margeiam, assim como
[ 5.4.2 SISTEMA VIÁRIO ]
empresas maiores como o Grupo Base a frente da rodovia.
locais. Devido a inserção em bairros residenciais, há vias que possuem o seu final no córrego e outras que são paralelas ao mesmo. Esse fato ocorre nos bairros ao sul do terreno, não tendo uma racionalização a ser seguida. Em relação a seção norte do terreno, há um misto dessa hierarquia viária. A Av. Sem Nome está em construção e ligará a Av. Getúlio Vargas a Estrada do Lajeado, sendo assim, uma Via Principal. As duas extremas são Vias Coletores pois fazem a conexão entre bairros. A Vargas, umas das mais importantes avenidas da cidade, leva o trânsito de bairros mais periféricos como São João, João Jabour e Burú
acesso ao loteamento fechado Central Parque, o qual possui ruas locais privadas, assim como o loteamento ao lado, Reserva Central Parque.
Figura 6 –Mapas Vias Fonte – Google Earth Modificado pela autora
75
As vias que ligam o córrego a malha urbana são, em sua maioria,
Ainda na região norte, no bairro Novo Centro, paralela a Av. Sem Nome está a Av. dos Três Poderes, denominada em 2014 para ser
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Os equipamentos institucionais tais como centros educacionais
Pรกg.
76
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iagnรณstico
PLCA [ 5.4.3 MOBILIDADE ]
de chuva. O mesmo ocorre com as calçadas, muitas vezes em mal
A mobilidade é diferente em cada área, tanto para pedestres
estado ou apenas com guia e terra batida.
quanto para automóveis. Há ruas asfaltadas, de paralelepípedo e
Em relação ao transporte público, não há uma linha própria
outras que ainda são de terra e que formam um lamaçal em época
para esses bairros, porém as duas linhas de circulares da empresa que atravessa essa região possuem intervalos pequenos entre as paradas e essas são bem distribuídas, porém não estão defronte ao terreno do objeto de estudo. A rodoviária municipal e o terminal rodoviário
Figura 9 – Infraestrutura das vias
Fonte – Nardelli
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Figura 10 – Intinerário Circular 2
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Fonte – Google Earth modificado pela autora
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iagnóstico
estão na Av. Getúlio Vargas, logo no início do terreno do objeto de estudo.
(Instituto Federal de São Paulo) localizado em frente a rodoviária e o Posto de Saúde do Bela Vista na rua Emílio Ribas. Ainda nas imediações iniciais do terreno, existe o Supermercado São Vicente, uma franquia da Lanchonete Burger King e do outro lado da Av. dos Três Poderes há um posto de gasolina e o McDonald’s. Já no bairro Celani está o Hospital da cidade. Também inserido nessa avenida coletora, o Hotel Salto Plaza agrega valor para a região juntamente com o Hotel Linda Pousada próximo também da rodoviária, no bairro Maria José. Muitos desses equipamentos são pontos de referência e alteram a paisagem urbana, sendo facilmente identificáveis como as torres residências do Jardim dos Taperás, margeando o córrego no bairro Santo Antônio.
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78
[ 5.4.4 INFRAESTRUTURA E PONTOS DE REFERÊNCIA ]
Os bairros pertencentes as áreas de estudo possuem boa quantidade de equipamentos de infraestrutura (como a rodoviária municipal no início do terreno a oeste e na Av. Getúlio Vargas), clínicas médicas e centros educacionais distribuídos aos bairros como o IFSP
Há poucas opções de lazer com um programa que atenda a todas, mas os que podem ser pontuados algumas praças (a mais notória é a da R. Luís Gentile, onde foi extinguida uma favela nos anos 80). Há em torno de três campinhos de futebol no decorrer desses bairros, todos próximos ao córrego.
PLCA [ 5.4.5 VAZIOS URBANOS ]
O projeto inicial não incluía os vazios urbanos que hoje constitui o programa. Durante a (re) análise da área foi constatado que haviam muitos terrenos sem construção e com metragens consideráveis. O que tornou esses terrenos ainda mais atrativas, foi a proximidade com centros de lazer existentes e escolas. A partir dessa análise, os vazios foram adicionados no projeto a fim de tornar o “Parque Lineardo Córrego do Ajudante” uma grande mancha verde na cidade, e muito mais que isso, que a área se torne presente no cotidiano dos moradores de bairros vizinhos, através da oferta de [ 5.4.7 RELAÇÃO CÓRREGO X BAIRROS ]
Fonte: Acervo próprio
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Figura 10 – McDonald’s e posto, IFSP, Hotel e Rodoviária
identidade de pertencimento a população, os quais já o usufruem de sua mata ciliar para lazer com bancos e até para campo de futebol, como foi apontado por Gorski, "Em certas regiões do Brasil, as populações ribeirinhas tiveram, e ainda têm seu cotidiano associado aos rios e córregos. Assim, a água é utilizada na habitação, na
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Em alguns bairros em que se abrange, o Córrego possui uma
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iagnóstico
ativação de engenhocas, como o monjolo ou roda d’água, e está presente em espaços de lazer, como o futebol de várzea." (GORSKI, 2012, p.138, grifo nosso) Infelizmente, a atual situação do Córrego não o classifica para ser utilizado como abastecimento de água, consequente da [...] degradação da qualidade da água e alterações nas condições hidrológicas do rio, afetando seu leito, capacidade de drenagem e fluxo. Este quadro tem implicado em aumento das inundações, em escassez do volume de água e deterioração de sua qualidade enquanto recurso hídrico para abastecimento urbano. (GORSKI, 2012, p.139, grifo nosso)
Os moradores dos bairros Jd. Europa, Jd. Santo Inácio e Jd. Santo Antônio apresentam vínculos com o córrego pois suas casas estão implantadas de frente para o mesmo, portanto os moradores apropriam as margens com bancos, hortas, fazem manutenção da vegetação, como se fosse o quintal de suas casas.
abandono de veículos e residências irregulares; as ruas terminam na APP do córrego, dessa forma elas estão de lado, fazendo com que o mesmo seja ignorado, não fazendo parte do cotidiano desses moradores. Já os loteamentos fechados a norte não dispõem de vínculo direto com a área do parque pois seus muros os isolam do restante do bairro. No decorrer da área, é apontado outros limites como a Av. Nove de Julho e edificações muito próximas ao córrego, diminuindo a mata ciliar. Alguns de seus bairros pertencentes não contêm saneamento de esgoto, depositando assim os dejetos direto no leito1. Essa atividade foi comprovada por um laudo técnico feito pela Secretária do Meio Ambiente de Salto em 2014, e a situação atual não é diferente. Nesse laudo é apontado os elementos químicos encontrados em cinco pontos, que provem do esgoto doméstico. Nota-se a concentração dos quatro primeiros pontos nos bairros com falta de saneamento
Em outros bairros, como o Jd. Independência e grande parte do Vila Flora, ocorre relações contrárias, com os moradores não (sub) utilizando o espaço devido a atributos físicos, como: vegetação muito
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80
densa, típica de mata ciliar e que em muitos trechos serve de local de 1
Informação retirada de entrevista com profissional responsável da Secretaria do Meio Ambiente de Salto
.
PLCA
Figura 12 – Mapa da Relação do córrego com os bairros conforme o uso das margens
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Fonte – Google Earth modificado pela autora
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iagnóstico
[ 5.4.8 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ] [ 5.4.9 TOPOGRAFIA ]
A topografia do terreno possui particularidades distintas, no entanto o que se assemelha em toda sua extensão é o córrego fundo de vale, que em grandes partes há declividade nas duas margens. Essas margens atreladas a variação da largura da APP (maiores do lado direito) não possui uma padronização na inclinação, há pontos com inclinação próxima de 9% e outras maiores de 15%, com desníveis
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aproximados de 15 metros em 140 metros de largura. Figura 11 – Margem direita em diferentes pontos. Maior declividade e declividade quase nula Fonte – Acervo próprio
PLCA estabelecimentos comerciais setorizados pontual ao longo dos bairros. Há um equívoco perante essa mancha devido estar próxima a áreas
assuntos, foram divididos em dois pontos, o primeiro sobre Uso e
comerciais consolidadas nos arredores da Av. 9 de Julho e suas perpendiculares, como a R. Rio Branco e Av. Dom Pedro II.
ocupação do solo (Lei Municipal 3444/2015 e Plano Diretor – Seção II) e o segundo sobre demais esferas que completam essa análise
[ 5.5.2 PLANO DIRETOR – USO E OCUPAÇÃO ]
do trabalho: APP, margens e entorno. Para melhor compreensão dos
(Plano Diretor – Seções VI, XI, XIV, XV, XVI, XVII. Todas do Capítulo I – Das diretrizes gerais da política urbana). Também visando a boa percepção do estudo apontado abaixo, foi feito painéis com os itens citados, em destaque. [ 5.5.1 LUOS ]
Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo de 2015, no Capítulo II que trata acerca do Zoneamento e mais especificamente na Seção I sobre o ordenamento dessas macrozonas, uma grande parcela dos bairros que incorporam o entorno da área escolhida é classificado como Zona de Predominância Comercial. No mapa que complementa a visualização desse ordenamento consegue observar que a mancha comercial abrange boa parte da área de intervenção e que segundo análises realizadas no local, percebe-se que essa zona é demasiadamente generalizada pois os bairros da região da
SEÇÃO II – DO PARCELAMENTO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Os itens I e III do Artigo 7 tratam da expansão urbana em relação aos recursos naturais, afirmando que deve-se limitar essa expansão (e aponto os locais para tal atividade) para proteger os mananciais e patrimônio ambiental. Nota-se que esses itens não foram seguidos em muitas edificações que avançam demais as margens do córrego do Ajudante, porém entende-se que a lei é de 2015 e pelo que se foi analisado, essas edificações são antigas a esta data. Dessa forma dificulta o cumprimento do item IV, pois a várzea de inundação está parcialmente ocupada. Nas áreas de interesse para implantação de parques, do item V está delimitado o córrego do Ajudante, mostrando o interesse público para que essa área seja valorizada e transformada em espaço público e de uso democrático pela população.
83
Serão abordadas as leis municipais que envolvem a temática
rodoviária a leste são predominantemente residenciais com
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[ 5.5 LEGISLAÇÃO ]
Pรกg.
84
D
iagnรณstico
PLCA
não ocorrem conforme o que está previsto em lei. SEÇÃO VI – DO MEIO AMBIENTE A seção do meio ambiente, dá página 7 à 9, traz diretrizes para a preservação do mesmo (Art.13.). Porém com estudo feito na área, observou que alguns itens não condizem com o que acontece na realidade.
vida dos moradores. O item I do artigo 18 fala sobre incentivar a prática do esporte e do lazer, objetivo que será alcançado com a implantação do parque linear, assim como o acesso integral à essas práticas prevista no item III. No item IV está pressuposto áreas para a construção de centros de esporte e lazer nos bairros da área de estudo, como Jardim Donalísio e Jardim Três Marias. SEÇÃO XIV – DO SISTEMA DE TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA
Começando pelo item IV, com a implantação do parque
Para o item I do artigo 21, se é direcionado uma das diretrizes
aumentará as áreas verdes públicas úteis para a população e conforme a proposta, também haverá a despoluição do córrego do Ajudante, de acordo como item VIII.
que retrata que a conexão rodoviária deve ser melhorada em relação ao transporte de longa distância, fato que pode ser executado com a implantação do parque para se incentivar o uso do transporte público.
Os itens IX e XI são contraditórios, visto que no IX é afirmado o repúdio pela poluição dos rios da cidade, porém por falta de planejamento público, algumas residências não possuem tratamento de
As linhas que circulam nos bairros são as complementares (circulares) conforme o artigo IV. No artigo V que aponta que deve ser aplicada políticas de planejamento integrado com transporte regional,
esgoto, sendo liberado no córrego mesmo assim. Já o subitem e) do item XI não é seguido em toda a extensão do córrego, com algumas edificações a beira de suas margens, como o muro do Jardim dos Taperás.
mostra que com a localização do parque em relação a rodoviária, essas políticas seriam facilitadas. Não se é abordado outros meios de transporte público como as bicicletas, não colocando artifícios de melhoria para esse meio.
SEÇÃO XI – DO ESPORTE E LAZER
85
Serão abordadas todas as seções que contem temáticas que influenciam no futuro projeto ou que justificam a implantação do mesmo. Essa abordagem servirá também para apontar que algumas situações
Essa seção aponta diretrizes que melhorarão a qualidade de
Pág.
[ 5.5.3 PLANO DIRETOR – DIRETRIZES GERAIS ]
Pรกg.
86
D
iagnรณstico
PLCA SEÇÃO XV – DO TRÂNSITO
resíduos nos corpos d’água que deveriam ser tratados pela empresa
O item II alerta para quando o projeto do parque for
responsável. Dessa forma, é dificultado cumprir o item VII que retrata a recuperação ambiental das áreas públicas degradadas ou
executado
setorizar
os
estacionamentos
para
não
haver
congestionamentos.
contaminadas. No caso do córrego do Ajudante, não se é possível recuperar a qualidade d’água se a infraestrutura de saneamento básico não estiver completa.
item I dessa seção, que trata da preservação da vegetação com a não ocupação das margens de todos os corpos d’água da cidade para não ocorrer impermeabilização demasiada da área. Essa impermeabilização pode ser evitada com um parque linear, como previsto no item II, dessa forma a vegetação nativa também passará por manutenção. SEÇÃO XVII – DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Os itens V e VI articulam sobre a redução e eliminação dos resíduos inadequados, em parte pela população, porém a própria gestão pública não cumpres esses itens visto que ainda é liberado
moradores em relação a industrias (principalmente) que descartam seus resíduos sem tratamento nos cursos d’água, contribuindo para que a qualidade dos mesmos piore cada vez mais. ANEXO 1 – Macrozoneamento – art.7º., I, II e V; art.9º., “caput”; art.32, §2º.; No 16º anexo da seção Anexo I, afirma-se que em um setor do Córrego do Ajudante está classificado como "Área de preservação contra enchentes", reservando assim uma faixa “non aedificandi” mínima de 30 metros ao lado direito do córrego, o que atualmente é a sua atual APP.
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Ao longo do córrego do Ajudante há problemas da ocupação urbana desordenada, que chega próximo ao leito, fato contrário do
Mesmo que ocorra a efetivação do item X, comprovado em publicações das mídias locais, há constante reclamação dos
Pág.
SEÇÃO XVI – DA DRENAGEM URBANA
Pรกg.
88
D
iagnรณstico
PLCA
Proposta 6.1 partido e conceito 6.2 problemática 6.3 diretrizes e ações 6.4 projeto
06
PLCA [ 6.1 PROBLEMÁTICA E DIRETRIZES ]
- Falta de mobilidade urbana; - Barreiras;
O grande problema visto na área é que a população (tanto a nova quanto a mais antiga) está em sua maioria, de costas para o
- Poluição do córrego; - Habitações na área do córrego.
córrego. Algumas problemáticas e potencialidades foram analisadas a fim de estabelecer diretrizes e ações a serem seguidas para a
Potencialidades
elaboração do projeto e finalmente criar um programa de necessidades adequado e que atenda todas as demandas.
- Boa localização em relação ao centro da cidade; - Corpo d'agua que pode ser valorizado;
Problemáticas
- Proximidade com a rodoviária; - Proximidade com vias expressas e intermunicipais;
- Falta de inclusão nas atividades de lazer;
- Topografia diversificada para variar os usos;
- Poucas opções para o idoso;
- Sentimento de pertencimento com a população.
- Má localização dos parques; - Falta de opções com conexão a natureza (apenas em
Diretrizes e Ações
condomínios); - Atividades de lazer repetitivas em diversas áreas;
responsáveis pelo descarte de dejetos no rio, direcionamento correto
- Pouca quantidade de área esportiva nas áreas de lazer;
do esgoto residencial, tratamento da água;
- Falta de infraestrutura em centros sociais;
93
- Recuperação do córrego: Penalização de empresas
Pág.
- Espaço pequeno para grandes festas na cidade;
P
roposta - Criação de uma infraestrutura verde: Anexar os vazios urbanos
ao projeto, projetar áreas verdes em todo o parque, revitalização, manutenção e preservação de área de APP. - Potencialização da Urbanidade: Eliminação de barreiras físicas e visuais, implementar conexões e caminhos eficientes, espaços contemplativos, espaços de lazer, conexão de vazios com o parque; - Incentivo a mobilidade: Corredor de ônibus, conectar as ciclovias existentes com as do parque.
[ 6.2 PARTIDO E CONCEITO ]
[ 6.3 TRECHOS ] TRECHO 1 Esse trecho terá como enfoque a inclusão, a escolha de partido para essa área se deu a partir da sua topografia, uma vez que possui terreno pouco acidentado, sendo possível a criação de rampas com desníveis quase nulos. Além disso, é o trecho com localização mais próxima à rodoviária, isso torna o acesso mais fácil, tanto para pessoas com necessidades especiais, quanto para usuários que necessitarão
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94
usar o transporte público. O trecho 1 contará com um parque infantil destinado as crianças portadoras de necessidades especiais (PNE), proposta essa
PLCA que Salto e municípios vizinhos não possuem. Academia de idoso, uma vez que não existe áreas exclusivas para idoso nas proximidades, além de cinema ao ar livre, lago de contenção e decks.
TRECHO 3 Trata-se de uma área com topografia mais acidentada, com grande quantidade de eucaliptos, com isso, foi tirado partido dessas características para a definição do programa, será um trecho
TRECHO 2
destinado a aventuras.
Nesse trecho, existe uma forte relação de proximidade entre os
Contará com playground com brinquedos radicais,
moradores e a área, a apropriação se dá através de plantio de flores
arvorismo com caminhos que percorrerão os eucaliptos, e se
e uma manutenção maior por parte dessas pessoas, por esse motivo,
encontrarão num mirante com vista para um lago de contenção e
será um setor voltado para a contemplação, lazer e tranquilidade.
bairros próximos. Esse mirante poderá ser visto da rodovia SP-75, isso
Possuirá passarelas com maiores e menores declividades, uma
poderá atrair mais turistas para o parque.
vez que esse trecho apresenta topografia diversificada. TRECHO 4
criando assim maior proximidade entre usuário e natureza. Nas áreas
Será destinada ao convívio e lazer, a escolha do “tema” se
onde a topografia é mais acentuada, haverá espaços para
deu a partir da subutilização que os moradores possuem com a área,
piquenique com árvores frutíferas.
uma vez que fazem dela uma “extensão de suas calçadas”, usando
de uma área mais estreita, com APP e várzea.
para sentarem em bancos dispostos embaixo das árvores do local. Além disso, atualmente existem campinhos de futebol localizadas nesse trecho, essa área será revitalizada, criando quadra de esportes e praça, uma vez que esses bairros não possuem áreas de convívio e lazer nos arredores.
95
Nesse setor não haverá muitas atividades, uma vez que se trata
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Lago de contenção que contará com decks sob a água,
P
roposta [ 6.4 VAZIOS URBANOS ]
TRECHO 5 Esse trecho possui terreno plano e atualmente não possui
O primeiro vazio urbano a ser anexado ao projeto trata-se
opções voltadas ao esporte, além disso, os bairros do entorno são
de um “vazio de conexão”, pois próximo a ele existe uma praça
compostos por maior quantidade de pessoas jovens por isso, contará
recém revitalizada (onde antigamente estava localizada a favela),
com um complexo de esportes, com diversos tipos de quadras e pista
que possui alguns equipamentos de lazer, como por exemplo
de skate.
academia de idosos, por isso, será uma área de conexão entre a praça e o parque.
TRECHO 6 Nessa área está localizado o CRAS- Centro de Referência de Assistência Social, com isso, será um setor destinado a cultura, uma vez que existe a necessidade de atender tanto a população em geral quanto principalmente, o CRAS e seus usuários. Esse trecho contará com equipamentos que dará apoio as atividades do CRAS como teatros de arena voltados para apresentações, playground maior e praças.
O segundo vazio será voltado para as crianças, pois tratase de uma área que dá fundo para diversos lotes, entre eles, para uma escola estadual de ensino fundamental, por isso, foram propostos equipamentos lúdicos para crianças, além disso, contará com área coberta para uso de pessoas de idade que atualmente usam esse terreno para encontros para jogos de cartas. Já o terceiro vazio, está localizado em frente ao Estádio Municipal Amadeo Mosca, essa área possui atualmente um pequeno
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96
campo de areia e uma praça estreita com alguns poucos mobiliários, por isso, esse vazio também será transformado em um vazio de conexão entre: parque-vazio-estádio.
PLCA
Referências projetuais Estudos de caso 7.1 Cheong Gye Cheon 7.2 Emerald Necklace 7.3 Parque Ecológico de Indaiatuba 7.4 Parque Ibirapuera
07
PLCA CHEONG GYE CHEON Tipologia: Parque Linear Projeto: Renaturalização do Rio Cheong Gye Cheon Autor: Kee Yeon Hwang Localização: Coréia do Sul - Seul Extensão: 8 Km Ano: 2003
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101
Gestão: Pública
R
referências Projetuais [ CONTEXTO HISTÓRICO ]
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102
Figura 1 – Antes e depois Fonte https://urbandesignmilitia.word press.com
PLCA Hoje, abrigando uma referência mundial de renaturalização de um rio há muito tempo escondido, Seul é a capital da Coréia do Sul uma das cidades mais populosas do mundo. Pouco menos de 20 anos, a área central da cidade enfretava crises de congestionamento de automóveis, inundações e alta criminalidade. Esse cenário foi alterado quando a gestão da cidade mudou em 2001 e o projeto principal tinha como objetivo recuperar o rio Cheong Gye Cheon para revitalizar não só a região, mas como a economia. Os problemas começaram quando em 1925, o poder público decidiu facilitar a condução de esgoto que era enviada para o rio através da sua canalização e dos seus afluentes já muito poluídos. Mesmo sendo ladeado por largas avenidas, anos depois decidiram criar um grande elevado com o intuito de modernizar a cidade, facilitando o percurso dos automóveis.
Figura 1 – Viaduto acima do córrego Fonte - http://bit.ly/2qEbrjr
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foi demolido, e então abriu-se e alargou-se as faixas centrais da avenida para dar o rio seu curso natural (renaturalização). Foram dois anos para executar o projeto nessa extensão e mais alguns anos para sua expansão de 2km.
103
Dentro de uma malha urbana extremamente populosa, poluída e com uma qualidade ambiental urbana muito baixa, o elevado de 6km
R
referências Projetuais Figura 3 - Projeto
Fonte: http://portalarquitetonico.com.br/uma-impressionante-renovacao-urbanaem-seul/
diminuir aproximadamente 3ºC em relação ao restante da cidade. A intervenção recuperou a história da região com elementos lúdicos, culturais, estéticos e acessíveis à todos.
[ HOJE ] Foram criadas diversas pontes que ligam as avenidas que ladeiam o rio. Há alguns exemplares que são reservados apenas para pedestres, e uma delas utilizada como praça. Mesmo as exclusivas para passagem de automóveis, possuem passarelas adjancentes para Figura 4 - Viaduto acima do rio Fonte: http://www.cityclock.org/removing-urban-highways/
Devido ao aumento e melhoria do transporte público (ônibus e estações de metrô) e de criação de novas rotas, a quantidade de automóveis foi reduzida. Apesar disso, o tráfego de transporte privado não aumentou, comprovando o Paradoxo Braess1.
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104
Com o parque linear foi possível humanizar essa área (a qual priorizava apenas os automóveis), trazendo de volta o contato das pessoas com o rio. As áreas verdes junto a água foram capazes de 1
Paradoxo Braess: "Removendo o espaço em uma área urbana e diminuindo a
capacidade extra dentro de um sistema de rede viária, pode-se diminuir o trânsito
pedestres. Todas foram projetadas para se difundir no meio em que estão inseridas. Assim como todos os parques lineares, o de Cheong Gye Cheon apresenta particularidades em cada trecho. É perceptível a mudança progressiva da paisagem, a qual se inicia - ou termina - com uma paisagem urbana (paisagismo bem elaborado, e pavimentos traçando o curso do rio) e finaliza com uma paisagem natural, com vegetação mais "selvagem", áreas verdes para manter o bioma local e reservatórios de pesca. de automóveis em geral". Extraído do artigo "Uma impressionante renovação urbana em Seul. Disponível em: http://bit.ly/2q3lyRT
Fonte – Google Earth modificado pela autora
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Figura 5 – Localização do parque, vias e pontes
105
PLCA
R
referências Projetuais
[ JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA ] Os elementos compartilhados em toda a extensão são as fontes, cachoeiras, espaços temáticos (Vestígios do Passado, Pântano dos Salgueiros, Áreas de descanso), iluminação noturna temática (atraindo visitantes e garantindo a segurança), divisão das atividades em níveis (controlando inundações) e exposições de artes ao ar livre ou abaixo das galerias das pontes. O parque possui atrativos para os pedestres tanto próximo ao rio (nível abaixo do leito carroçável) quanto nas calçadas no nível acima, as quais são protegidas com arbustos em toda a extensão do parque, fazendo com que dificulte a visão dos carros para quem visita
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106
o parque.
Essa recuperação conseguiu afirmar que é possível recuperar um rio poluído e transformar toda uma região, afetando milhares de pessoas. Além disso, há uma diversidade no programa de necessidades, as quais atendem não só jovens que queiram passear, caminhar, mas como também famílias inteiras para ter contato com a história do lugar, com a água e também com a cultura. No meio da urbanização criouse um lugar tranquilo e democrático e esse é uns dos objetivos do parque linear do Córrego do Ajudante.
Figura 6 – Vistas das pontes indicadas no mapa acima Fonte – Street View modificado pela autora. Figura 7 – Fonte – http://bit.ly/2qEqkCs.
PLCA
Figura 8,9 e 10 – Elementos ao longo da extensão Fonte – http://designtoimprovelife.dk/finalist2011-27/ http://youandmecapturedmoments.blogspot.com.br/2015/03/ travel-south-korea-day-8-cheonggyecheon.html
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107
http://www.ceritakorea.com/2016/02/20/cheonggyecheonstream-cheonggye-plaza-wisata-metropolitan-di-seoul/
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R
referências Projetuais
PLCA EMERALD NECKLACE
Tipologia: Sistema de parques Projeto: Emerald Necklace (Colar de Esmeraldas) Autor: Frederick Law Olmstesd Localização: Estados Unidos - Boston Área: 4,45 km² Ano: 1878
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Gestão: Privada
R
referências Projetuais [ CONTEXTO HISTÓRICO ]
Diferente de outros profissionais, que propunham apenas a criação de um parque linear, Olmsted apresentou a recuperação do Back Bay, o que provocaria hoje, o Colar de Esmeraldas.
Seguindo o movimento de Park Movement dos Estados Unidos,
"Para Mann, as contribuições de Olmsted transformaram a
no final do séc. XIX, Olmsted foi responsável por fazer uma conexão
cidade de Boston e seu entorno, bem como lhe conferiram uma nova imagem, imitada em várias cidades dos Estados Unidos." (MELLO, 2008, p.137-138)
entre os parques da cidade de Boston, através da criação de corredores verdes e parkways, implantando uma infraestrutura verde2 em todo o entorno da área. Esse projeto foi decorrente da necessidade da época, de resolver os problemas de saneamento, visto que a cidade (uma península entre o Rio Charles e o Oceano Atlântico) havia avançado rumo às águas e próximo havia uma área pantanosa, conhecida por Back Bay. Como a maré avançava no estuários de três rios, se criou uma barragem de contenção, transformando o local, se tornando insalubre, sujo e afastando a população. Parte do local foi aterrado, porém logo depois foi utilizado como ponto de despejo de dejetos a céu aberto,
Figura 11 - Avanço da urbanização e aterros Fonte - BONZI, Ramón Stock
Pág.
110
causando risco à saúde pública.
2
Segundo Herzog e Rosa, "A infraestrutura verde consiste em redes multifuncionais de fragmentos permeáveis e vegetados, preferencialmente arborizados (inclui ruas e propriedades públicas e privadas), interconectados que reestruturam o mosaico da paisagem." (HERZOG; ROSA, 2010, p.97). Conceito extraído do artigo Infraestrutura
Verde: Sustentabilidade e resiliência para a paisagem urbana" da Revista virtual LabVerde (USP). Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/view/61281
PLCA
Figura 12 – Antes e depois
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BONZI, Ramón Stock
111
Fonte –
R
referências Projetuais A extensão total do colar tem 10km, unindo parques antigos a
No total são oito parques conectados: Boston Common, Public Garden, Back Bay Fens, The Riverway, Olmsted Park, Jamaica Pond, Arnold Arboretum e Franklin Park. Os dois primeiros não fazem parte do
novos, regiões centrais à regiões periféricas. Conta com canais,
projeto do Colar de Esmeraldas, porém há parkways que os interligam
córregos tratados, wetlands, todos os artfifícios para que não ocorra enchentes. Essa paisagem projetada, reúne infraestrutura, saneamento e lazer para a população.
aos demais. Assim como outros grandes parques do país, há uma
[ HOJE ]
associação privada que zela por esse patrimônio, a Emerald Necklace Conservancy.
Figura 13 – Mapa do sistema Fonte – Conservação
Pág.
112
modificado pela autora
PLCA
Fonte: Emerald Necklace Conservancy
Fonte: Emerald Necklace Conservancy
Figura 17 - Back Bay
Figura 18 - Riverway
Fonte: Emerald Necklace Conservancy
Fonte: Emerald Necklace Conservancy
Figura 16 - Olmested Fonte: Emerald Necklace Conservancy
Figura 19 - Jamaica Fonte: Emerald Necklace
113
Figura 15 - Boston Common
Pรกg.
Figura 14 - Parkway
R
referências Projetuais O Colar de Esmeraldas é um exemplo de como é possível
requalificar uma área degrada com falta de saneamento, poluição e enchentes. O intuito do projeto não é apenas criar um parque linear com lazer e atividades, mas sim recuperar um trecho da cidade que devido ao mal planejamento se tornou um local obsoleto para muitos moradores. Para o uso do parque ser feito de forma agradável e com qualidade, é necessário criar meios não só técnicos como de gestão pública para extinguir a insalubridade.
Figura 20 - Arboretum
Pág.
114
Fonte: Emerald Necklace Conservancy
Figura 22 ao laod – Jamaica Ponc
Figura 22 - Franklin
Fonte – Emerald Necklace Conservancy
Fonte: Emerald Necklace Conservancy
BONZI, Ramón Stock
Pรกg.
115
PLCA
PLCA
PARQUE ECOLÓGICO Tipologia: Parque Linear Projeto: Parque Ecológico Autor: Ruy Ohtake Localização: Indaiatuba (SP) Extensão: 8 Km Ano: 1989
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117
Topografia: Acidentada
E
studos de caso
[ 8.1 CONTEXTO HISTÓRICO ] O Parque Ecológico de Indaiatuba foi projetado inicialmente por Ruy Ohtake no final da década de 80. O seu primeiro trecho começou a ser executado em 1992 com uma extensão de 1,3 km sentido Norte a Sul. Inicialmente, o escritório de Ohtake foi contratado pela Prefeitura Municipal de Indaiatuba para elaborar o Plano Diretor da cidade. Foi verificado que na divisão da zona urbana e rural (Fazenda Pau-Preto) havia o Córrego Barnabé totalmente degradado com a sua faixa verde abandonada. Na época, 70% do esgoto da cidade era liberado naquela área (conhecida por Fundo do Vale) e sem qualquer planejamento de saneamento, o cenário era de insalubridade com dejetos a céu aberto, um matagal com animais e insetos.
Pág.
118
Analisando a potencialidade do Córrego como agente estruturador da urbanização da cidade, Ohtake propôs a recuperação da área através da implantação do parque, que ligaria a "cidade velha" ao novo loteamento da Fazenda Engenho D'Água, o atual Morada do Sol, bairro da zona Sul de Indaiatuba.
Figura 1 – Construção do Parque Fonte: Tribuna de Indaiá
As obras de saneamento começaram em 1989 com a drenagem das áreas alagadiças, a despoluição parcial e o aumento das margens do córrego. Seguindo uma visão ambiental, o escritório não optou pela canalização do córrego e criação de avenidas acima do mesmo, ação muito comum em cidades como São Paulo. Margeando as novas áreas verdes do córrego - destinadas ao lazer - criou-se a Avenida Eng. Fábio R. Barnabé que posteriormente seria ampliada. Também no primeiro trecho, construiu lagos através de barragens, bosques e equipamentos de lazer.
PLCA
Figura 2 – Cascata do primeiro trecho por Ruy Ohtake Fonte: Acervo da autora
Figura 3 – Parque e edifício ao fundo
[ 8.2 ANÁLISE ]
119
Fonte: Acervo da autora
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Durante cinco anos, as obras estagnaram e somente na troca de gestão que foram retomadas, porém o projeto de Rut Ohtake não foi mais seguido. No entanto, a sua proposta de ligação das zonas persistiu até os dias de hoje e além disso, o parque atraiu a urbanização, aumentando cada vez mais o número de loteamentos contíguos a sua extensão por ser símbolo de qualidade vida, o que faz também que essa área atualmente seja extremamente valorizada no mercado imobiliário.
E
studos de caso O parque linear proporciona hoje em torno de 8 km de atividades diversas cortando 80% da cidade. Devido a sua extensão, há particularidades em cada trecho devido ao uso e ocupação do solo ao entorno. Ao Sul, por exemplo há mais residências do comércio, já ao Norte há mais comércios e as residências se tornam edifícios residenciais de alto padrão. O uso do próprio parque vai se modificando conforme os equipamentos propostos, como áreas de piqueniques, bosques ou áreas de extenso gramado. Durante a visita e pesquisa feita nos dispositivos online da prefeitura de Indaiatuba, não foi encontrado um mapa da delimitação dos trechos ou da data de suas implantações. Sendo assim, foi feito uma análise in loco de acordo com as placas que sinalizam o nome daquele setor e que geralmente são divididos por ruas ou avenidas. Dessa forma foi analisado também todos os equipamentos e uso de cada setor e como que a população os utiliza.
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120
Figura 4 – Início da diferença dos usos Fonte: Acervo da autora
Fonte: Google Earth alterado pela autora
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Figura 5 – Parque Ecológico na mancha urbana
121
PLCA
E
studos de caso
Figura 6 – Trechos Parque Ecológico Fonte: Google Earth alterado pela autora
PRIMEIRO TRECHO – RUY OHTAKE O primeiro a ser executado após o projeto de Ruy Ohtake,
compreende da confluência da Av. John Kennedy com a Av.
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122
Conceição (Boteco do Portuga) até o Colégio Objetivo (1,3 km). Da margem direita para o Córrego há um grande desnível que é distribuído em patamares, os quais basicamente são para caminhada. Na margem esquerda quase não há desnível e conta também com pista de caminhada e ciclofaixa ao lado das faixas dos automóveis.
Ao lado do estacionamento (logo no início) há quiosques, playgrounds, concha acústica e um bosque ao redor do lago. Em desníveis também, o lago forma cascatas projetadas que direcionam ao fim do trecho mais contemplativo. Devido a proximidade com a confluência das duas vias citadas acima, a margem esquerda possui caráter de uso comercial e serviço, já a direita de uso residencial de alto padrão. O fim do trecho se
PLCA conecta com a Rodoviária da cidade pela R. 24 de Maio, a 1,6 km de distância a pé. Figura 7 – Patamares Fonte: Acervo da autora
Figura 9 – Quiosque e academia
Fonte: Acervo da autora
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Figura 10 – Pista de caminhada
123
Fonte: Acervo da autora
E
studos de caso SEGUNDO TRECHO – PIQUENIQUE
Figura 10 – 1º Trecho
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124
Fonte: Google Earth alterado pela autora
- Chafariz
PLCA
Com pouco menos desnível do trecho anterior, o segundo trecho compreende da R. João Amstalden á Av. Fábio F. Bicudo. Possui áreas de bosque para piquenique e caminhada, é um dos trechos com mais concentração de famílias, animais de estimação e crianças. Próximo ao Relógio de Sol, há um plantio recente de árvores, algumas com flores coloridas, plantadas em malha ortogonal e nessa
Fonte: Google Earth alterado pela autora
Fonte: Acervo da autora
125
Figura 11 – Segundo trecho
Figura 12 – Bosque de piquenique
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parte, diferente da área de piquenique, a largura do córrego começa a aumentar. O estacionamento fica do outro lado da avenida, e a faixa de pedestre para travessia, um pouco distante, em frente da Praça Elis Regina.
E
studos de caso profissional, campo de futebol e pista de bicicross, na qual no dia da visita estava acontecendo um campeonato e os torcedores ocupavam parte da pista de cooper com barracas. Recém construído, o deck de madeira que avança a margem direita do lago para *apreciação da paisagem, pode-se visualizar os edifícios da margem esquerda no fundo da pista de bicicross. Devido aos maciços, a prática de piqueniques e até de churrasco ao ar livre é comum próximo ao deck. Em frente ao estacionamento no final do trecho, fica a sede da Prefeitura e uma estação da EcoBike, local que faz empréstimo de Figura 13 – Pista de caminhada Fonte: Acervo da autora
bicicletas de garrafas PET por um período de 4 horas para usuários cadastrados previamente.
Figura 14 – Plantio recente
Pág.
126
TERCEIRO TRECHO – ESPORTIVO
Seguindo a linha de arborização com maciços densos do outro trecho o trecho esportivo se inicia com essa paisagem e com o surgimento de equipamentos esportivos, como a pista de skate
Fonte: Acervo da autora
PLCA
Figura 15 – Pista de caminhada ao lado do deck
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127
Fonte: Acervo da autora
E
studos de caso Figura 16 – Terceiro trecho Fonte: Google Earth alterado pela autora
Figura 18, 19 e 20 – Equipamentos esportivos Fonte: Acervo da autora
Figura 17 – Inicio lago
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128
Fonte: Acervo da autora
espaço que resta de seus usos é utilizado geralmente como passagem de ciclistas e pedestres devido a falta de atrativos populares.
Pág.
QUARTO TRECHO – FIEC
Voltado para atividades específicas, como a pista de aeromodelismo e o velódromo, o quarto trecho é bem peculiar pois o
129
PLCA
E
studos de caso
Além dos esportes, a FIEC (Fundação Indaiatubana de Escola e Cultura) está instalada na margem direita do lago. Esse trecho começa na Alça Nilson Cardoso de Carvalho e finaliza na Rua Miguel Domingues.
Figura 22 e 23 –Velódromo e R. Miguel Domingues Fonte: Acervo da autora
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130
Figura 21 – FIEC e Velódromo Fonte: Acervo da autora
PLCA Figura 23 – Quarto trecho
Pág.
QUINTO TRECHO – PARQUE TEMÁTICO
131
Fonte: Google Earth alterado pela autora
E
studos de caso a opção também de alugar pedalinho para utilizar no lago. Esse trecho é o que tem um paisagismo mais elaborado entre os patamares.
Figura 24 – Visão do lago de pedalinho e parque aquático atrás Fonte: Acervo da autora
Pág.
132
Atualmente esse setor é um dos mais movimentados do parque, principalmente nas tardes de domingo pois recentemente foi implantado um parque temático nesse trecho, que nada mais é que um parquinho com equipamentos de animais e atrai muitas crianças. Ao lado fica o Teatro CIAEI, com grande infraestrutura para receber espetáculos diversos. Atrás, do outro lado da margem do lago está a obra do Parque da Criança, o futuro parque aquático que aumentará a oferta de lazer para esse público. Para atender a demanda, há duas lanchonetes (quiosques) entre o parque temático e as quadras esportivas (areia e de tênis). Tem
Figura 25 – Quiosques Fonte: Acervo da autora
PLCA
Figura 27 e 28 – Parque temático Fonte: Acervo da autora
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Fonte: Google Earth alterado pela autora
133
Figura 26 – Quinto trecho
E
studos de caso
SEXTO TRECHO – RAIA DE REMO
Diferentemente do trecho anterior e do próximo, esse setor não é muito movimentado pois assim como o trecho 4, possui atividade específico, no caso, um lago projetado para prática de remo. Além disso, há extensos gramados com uma parte do plantio recente, que ainda não faz sombra. A área que começa a ter mais concentração de pessoas é a que se limita ao parque temático: quadras, parquinho e o Barco (ponte de referência).
Pág.
134
Esse trecho é o último que possui equipamentos em bom estado e a manutenção em dia. Figura 29 – Sexto trecho Fonte: Google Earth alterado pela autora
PLCA Margeando essa área há condomínio de casas de médio padrão e comércios. O aspecto se modifica depois. Ainda nesse trecho há um cuidado maior com diferenciação de pisos, ciclovia e pista de cooper e há também trailers de alimentação.
Figura 30 – Raia de Remo
Fonte: Acervo da autora
135
Figura 31 e 32 – Pista de caminhada e ciclofaixa e equipamentos
Pág.
Fonte: Acervo da autora
E
studos de caso SÉTIMO TRECHO – PRAÇA DOS AMIGOS
Trecho que se inicia na R. Humberto Batisti e acaba na Av. Ário Barnabé (coletora da Av. Francisco de Paula Leite). Nota-se a predominância de lotes residenciais com comércios locais. Em um terreno na margem direita está implantado
o
edifício
da
Guarda Municipal e o segundo - e último - ponto da EcoBike..
Pág.
136
Figura 33 – Sétimo trecho Fonte: Google Earth alterado pela autora
PLCA Também na margem direita fica o estacionamento. E toda ela
Fonte: Acervo da autora
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Figura 34,35 e 36 – Inicio do trecho, estacionamento e Guarda Municipal
137
equipada com quadras de areia e parquinhos. Esse trecho e os próximos são os que mais possuem quadras esportivas.
E
studos de caso OITAVO TRECHO – PRAÇA DO LAGO E DO GURI
Continuando com a temática de praça, esse trecho do parque dá sequência ao lazer popular com quadras parquinhos
e e um grande
estacionamento.
Pág.
138
Figura 37 – Oitavo Trecho Fonte: Google Earth alterado pela autora
PLCA Após o lago, a largura do corpo d'água diminui drasticamente e a relação que as pessoas tem com a água é diferente pois nesse setor o desnível entre a margem e a água é maior do que nos outros trechos e não há nenhum mobiliário que crie essa relação. Essas duas praças (assim denominadas pela própria prefeitura) estão localizadas no bairro Morada do Sol (predominantemente residencial e de baixa renda), o qual estava no projeto de Ruy Ohtake para ser o ponto de chegada do parque. Quando se compara o primeiro trecho a esse percebe-se que quanto mais perto da Zona Norte, mais variada são as atividades e mais bem cuidado é o parque e já para o Sul, os equipamentos são praticamente os mesmos e diferente do restante, são mais utilizados
Pág.
139
pelos moradores locais. Em conversa com uma moradora, constatou-se que essa região é a menos segura do parque, porém os moradores o utilizam mesmo em período noturno.
E
studos de caso
Figura 38,39,40 – Equipamentos e córrego
Pág.
140
Fonte: Acervo da autora
PLCA
Pág.
141
NONO TRECHO – TOYOTA (EM CONSTRUÇÃO)
E
studos de caso PARQUE IBIRAPUERA Tipologia: Parque Projeto: Parque Ibirapuera
Autor:
Oscar Niemeyer, Ulhôa Cavalcanti, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Mello, Ícaro de Castro Mello e do paisagista Augusto Teixeira Mendesa
Localização: São Paulo (SP) Área: 1.5 Milhões m²
Ano: 1954
Topografia: Plana
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142
[ 8.3 CONTEXTO HISTÓRICO ] Situado em uma antiga várzea alagadiça, o Parque Ibirapuera é hoje um dos símbolos da cidade de São Paulo. A sua criação foi uma
em sua homenagem, foi implantado o Viveiro Manequinho de Lopes
com vários colaboradores no projeto, como Oscar Niemeyer para a
que tinha como objetivo “o fornecimento de mudas para arborização
Arquitetura de alguns equipamentos e Burle Marx para o paisagismo do
pública e ajardinamento da cidade de São Paulo, bem como evitar a
Viveiro Manequinho Lopes e Praça Burle Marx.
ação da invasão da área” (GARABINI, 2004, p.84).
Contudo, a sua idealização remete a década de 20, um tempo
Após a drenagem do espaço, surgiu o projeto de Reinaldo
após a inclusão da área (*nota: Até 1906 essa região pertenciam aos
Dierberger, em 1929. Ele propunha que áreas que propiciassem a
indígenas que ainda restavam em São Paulo. Foi por meio de uma lei
relação do homem com a natureza. Entretanto, em seu projeto, haviam
estadual que a área foi transferida para o município), quando o
atividades voltadas para a elite paulistana, sendo assim o parque não
prefeito José Pires idealizou que essa grande várzea na Zona Sul da
atenderia a população com menor poder aquisitivo. O projeto foi
cidade fosse transformada em um parque nos moldes das grandes
descartado por não atender a necessidade de um parque
capitais pelo mundo, como o Central Park em Nova York.
democrático.
O prefeito reservou 300 hectares de terra para o parque futuro,
Só depois de muitos anos após a reserva de terra e aquisição
no então chamado “Distrito Ibirapuera”. Porém essa ideia estava sendo
de outras ao redor, é que a gestão pública (municipal e estadual)
deixada de lado, devido as características da terra.
conseguiu implantar o parque. Dessa vez, em 1954, o projetou contou
Para começar a drenar os alagadiços, quase no final da mesma
com diversos colaboradores, o qual continha um programa permanente
década, um funcionário público – Manuel (Manequinho) Lopes –
e temporário, como a comemoração do quarto centenário da cidade
plantou centenas de Eucaliptos Australianos e diversas outras plantas
com muitas exposições (Internacional e Industrial, por exemplo).
que foram capazes de retirar a umidade excessiva do solo. Em 1939,
Pág.
comemoração aos 400 anos da cidade (*nota em 1954) e contou
143
PLCA
Pรกg.
144
E
studos de caso
PLCA Atualmente, o Parque Ibirapuera é um dos espaços verdes que
Como dito anteriormente, o Ibirapuera possui setores que se
mais oferecem – em um mesmo local - recursos de cultura, lazer e contato
mesclam entre si em cada um há características diferentes, como por
com a natureza. Diferente de um parque linear que contêm seu
exemplo a arborização dos setores que margeiam as Av. República do
programa distribuído em trechos, parque possui setores definidos pelos
Líbano e Av. Quarto Centenário é muito mais densa do que na Av.
usos, porém esses setores se entrelaçam, fazendo com que a utilização
Pedro Alvares Cabral, onde a vista dos automóveis e pessoas é plano
de um equipamento, proporciona contato com variados outros
de fundo de alguns atrativos.
programas, de forma involuntária.
Atualmente, o Ibirapuera é administrado pela Prefeitura e pelo Parque Ibirapuera Conservação, que é uma OSCIP (ONG criada a
[ 8.4 ANÁLISE ]
partir da iniciativa privada), cujo objetivo é zelar e proteger o parque através de parcerias e voluntariado. Segundo Thobias Furtado,
Ibirapuera possui muitos atrativos culturais que estão entre as áreas
“Aqui unimos a eficiência do privado com o interesse público.
verdes, se integrando na paisagem. Para chegar no parque de
Seguimos os passos do Central Park Conservancy de Nova Iorque,
transporte público é preciso utilizar o transporte coletivo rodoviário,
ícone de gestão de parques urbanos no mundo, que, após inúmeras
visto que a estação de metrô mais próxima está a 2 km de distância.
melhorias e atividades passou também a administrar o Central Park sob
É um parque público, porém há horários de abertura e
uma estrutura transparente e sem fins lucrativos em parceria com a
fechamento dos portões (5h e 24h). Mesmo estando inserido em uma
prefeitura. ” (*nota: retirado do site oficial do Parque Ibirapuera.
área nobre, o parque é utilizado por todas as classes e por muitos
Disponível em http://parqueibirapuera.org/ibiraconservacao/)
turistas.
145
cofundador e presidente do Conservação,
Pág.
Na confluência de três avenidas da Vila Mariana, o Parque
E
studos de caso Estando um nó viário, o parque possui 12 portões, dentre ele seis são para os bolsões do estacionamento (cinco
dão
acesso
aos
pavilhões culturais) e outros seis exclusivo para pedestres e ciclistas. Essa infraestrutura e o apontamento (e descrição) dos
equipamentos
serão
explicados conforme os setores
Pág.
146
e ilustrados por mapas.
PLCA Devido a quantidade de portões espalhados pelo parque e
Em relação aos caminhos desse setor - excluindo a marquise
por seus setores ocuparem grandes áreas, é difícil pontuá-los como mais
coberta – eles são mais largos que os demais, de asfalto e com largura
ou menos próximos de uma avenida, pois eles abrangem quase toda a
de rua. Em todo esse pavimento há uma faixa destinada para bicicletas.
extensão do parque, como por exemplo os equipamentos de cultura,
Entre alguns equipamentos há caminhos curtos de pedra portuguesa,
que estão a direta do parque, margando a Av. Pedro Álvares Cabral,
cimentado ou ladrilho de concreto.
porém há outros portões de fácil acesso para eles, como o portão 9A, o mais próximo do Planetário.
A marquise que conecta muitos equipamentos, a arborização está presente ao redor dessas edificações. As árvores de copas
O grande destaque desse setor é a Marquise que conecta
horizontais são mais espaçadas que as de copas verticais, pois as
aproximadamente oito equipamentos, sendo comumente utilizada por
primeiras possuem copas densas que mesmo espaçadas, obstruem a
ciclistas, skatistas e ponto de encontro. Tem extensão de 600 metros e
visão. Próximo a fonte multimídia há um fechamento de arbustos baixos,
conecta a Fundação Bienal, MAC, MAM, Oca, Auditório Ibirapuera ao
os quais não impedem a visão dos automóveis a direita na avenida.
Museu Afro Brasil, Arena de Eventos e Pavilhão das Culturas Brasileiras.
Pode-se dizer que o lago é o divisor das atividades, as quais
Em volta desses cinco primeiros, mais a leste do parque, estão
na direita possuem caráter cultural e na esquerda de lazer e
os bolsões de estacionamento desse setor e também os bicicletários.
contemplação. Basicamente há três pontes que ligam esses dois
Já os restaurantes, lanchonetes e sanitários estão espalhados por todo
fonte multimídia).
Pág.
Municipal de Astrofísica e o Pavilhão Japonês (próximos ao lago e da
147
o setor, inclusive no extremo oeste, onde ficam o Planetário, Escola
E
studos de caso grandes setores e uma
delas,
a
ponte metálica, é um dos pontos mais visitados do parque.
Pág.
148
PRIMEIRO SETOR – CULTURA
Pรกg.
149
PLCA
E
studos de caso A primeira ponte que divide o lago em dois, dá acesso a um
O paisagismo é bem notado nessa última parte de
bosque que margeia a Av. República do Líbano e que é muito usado
contemplação e os pisos podem variar entre asfalto, cimentado e
para caminhadas e ciclismo, visto que as copas das árvores propiciam
cerâmica vermelha antiga. Não diferente dos outros setores, os portões
um ambiente fresco para praticar exercícios. Do lado Norte da ponte
estão posicionados em pontos de interesse e há estacionamento para
está a seção do lago que possui a fonte multimídia, muito usada para
o Viveiro.
entreter os visitantes e em épocas como o Natal, por exemplo, há apresentação de músicas e hologramas. Na segunda seção do lago, a qual contêm a ponte metálica, é chamada de Lago das Garças e é onde ficam os animais aquáticos como cisnes, gansos e as próprias garças. Por essa ponte chega-se na Praça da Paz, uma área aberta com árvores de todos os continentes (simbolizando a paz entre eles). Adiante da Praça, está o complexo do Viveiro Manequinho Lopes, que contêm estufas para cultivo das mudas, o Herbário Municipal e a Praça Burle Marx, a qual faz parte da revitalização feita por Roberto Burle Marx em 1994. Nesse complexo, o sossego é muito
Pág.
150
maior que no lado leste do parque, então dentro da praça há práticas de meditação, yoga e leitura, os quais podem ser feitos na antiga Serraria e no Bosque da Leitura respectivamente.
PLCA
PĂĄg.
151
Separados pela mesma via que direciona a sede da TambĂŠm
E
studos de caso do lado esquerdo do curso d’água (que já não é mais o Lago das
leste do parque (setor cultural) a segurança é garantida pela boa
Garças e sim o Córrego do Sapateiro) está o setor de lazer, voltado
iluminação noturna e pelos guardas que fazem ronda.
para atividades físicas de qualquer faixa etária. Para ele, não há estacionamento direto, porém a Miniciclovia (a oeste) está próxima do estacionamento do Viveiro. Em cada extremidade possui um portão de acesso apenas para pedestres e ciclistas. administração do parque, as duas alas do lazer (Norte e Sul) estão bem capacitadas quanto a quantidade de equipamentos. Há sete quadras poliesportivas e uma grande pista de cooper na ala Sul. Já na ala Norte, um pouco mais voltada para o público infantil, contêm uma pista para miniciclovia e um parquinho que se divide em dois para atender crianças mais novas e mais velhas. O primeiro é cercado por toras de madeira e os brinquedos, também de madeiras são lúdicos. O segundo, ao lado do cercado a frente da Praça da Paz, possui muitos brinquedos e atividades espalhadas pelo gramada, tendo as árvores como proteção.
Pág.
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Assim como no restante do parque, cada ala do lazer possui sanitários e próximo da Praça da Paz (uns 300 metros) há uma lanchonete. Mesmo esse setor ser afastado do movimento da seção
Pรกg.
153
PLCA
PLCA
Bibliografia 8.1 referências bibliográficos 8.2 anexos
08
PLCA
CASTELLARI, Eduardo. Pesquisa de Salto. Edição 1. Salto. Editora Ottoni. 2001. CASTELLARI, Luiz. História de Salto. Salto: Ed. Taperá, 1971. IPPLAP. Piracicaba, o rio e a cidade: ações de reaproximação. Piracicaba: IPPLAP, 2011. LIBERALESSO, Ettore. Salto: sua história, sua gente. Campinas: Ed. Komedi, 2009. MACEDO, S. Soares; SAKATA, F. Gramacho. Parque urbanos no Brasil. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2003.
RIO JUNDIAÍ: DESAFIOS PARA DESPOLUIÇÃO TOTAL AINDA SÃO MUITO GRANDES. “Jornal Taperá”. Salto. 01 de março de 2014. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso. EUCATEX É MULTADA EM R$240 MIL POR POLUIR O RIO JUNDIAÍ. “Jornal Taperá”. Salto. 20 de setembro de 2014. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso. MAIOR FAVELA DE SALTO NÃO TEM PERSPECTIVA DE ACABAR. “Jornal de Quarta”. Salto. 02 de julho de 1997. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso.
JORNAIS:
ADMINISTRAÇÃO QUER ACABAR COM FAVELAS DA CIDADE. “Jornal Taperá”. Salto. 21 de maio de 1997. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso.
PARQUE ROCHA MOUTONÉÉ- Pedra atrai turistas em Salto. Jornal “O Estado de São Paulo”. São Paulo. 24 de janeiro de 1991. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso.
O OBJETIVO É ERRADICAR AS FAVELAS. Jornal “O Trabalhador”. Salto. 17 de março de 1973. Acervo Museu da Cidade de SaltoEttore Liberalesso.
PARQUE ROCHA MOUTONÉÉ- A era dos parques. “Jornal da USP. São Paulo. 14 de julho de 1991. Acervo Museu da Cidade de SaltoEttore Liberalesso.
FAVELADOR SERÃO BENEFICIADOS COM MODERADIAS MORADIAS ENTREGUES AMANHÂ. “Jornal Taperá”. 02 de junho de 1991. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso.
157
LIVROS:
DEBATIDAS PROPOSTAS PARA A DESPOLUIÇÃO DA BACIA DO RIO JUNDIAÍ. Jornal “O Trabalhador”. Salto. 19 de maio de 1984. Acervo Museu da Cidade de Salto- Ettore Liberalesso.
Pág.
[ 8.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ]
P
roposta LEIS E RESOLUÇÕES:
DISSERTAÇÕES, TESES, TRABALHOS DE CONCLUSÃO: GUIMARÃES, Elom Alano. Parques Lineares como agenciadores de paisagem: Realidades e possibilidades do Rio Tubarão no contexto urbano de Tubarão. Dissertação (Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, SC. 2011. 255 f. MELLO, Sandra S. de. Na Beira do Rio tem uma Cidade: urbanidade e valorização dos corpos d’água. Tese de Doutorado (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2008, 348 f. MERLIN, José R. Salto: Indústria, Rio e Espaço na visão de um arquiteto. Dissertação (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP campus São Carlos, São Carlos, 1986, 216 f.
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BONZI, Ramón Stock. Emerald Necklace–Infraestrutura Urbana projetada como paisagem. Revista LABVERDE, São Paulo, n.9, p.107-127, dez. 2014. LIMA, S. B. Stroppa de. A influência norte-americana nos sistemas de áreas verdes do urbanista Francisco Prestes Maia. Revista Paisagens em debate, São Paulo, n.5, p.1-17, dez. 2007.
RESOLUÇÃO CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006. Publicada no DOU no 61, de 29 de março de 2006, Seção 1, páginas 150 – 151. Disponível em: < http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=489 > Acesso em: 09 de setembro de 2018. LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2012/lei/l12651.htm> Acesso em: 01 de setembro de 2018. PREFEITURA MUNICIPAL DE SALTO- SP. Lei de Uso e Ocupação do Solo da Cidade de Salto- SP; Lei 3.444/2015. Salto, SP, 2015. Disponível em: <http://salto.sp.gov.br/download/secretaria_desenvolvimento_ur bano/downloads/lei_3444_uso_e_ocupacao_do_solo.pdf> Acesso em: 05 de agosto de 2018.
PLCA
Entrevista concedida à Betina dos Santos Araújo por antiga moradora de bairro próximo ao Córrego do Ajudante, Sra. Dirce Peres do Santos. Salto, SP, 2018. Entrevista concedida à Betina Araújo pelo engenheiro ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Município de Salto. Salto, SP, 2018. Entrevista concedida à Betina Araújo pela historiadora do Museu Ettore Liberalesso do Município de Salto. Salto, SP, 2018.
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ENTREVISTAS:
SITES:
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roposta
MARCELA. Messageries Maritimes: Passeio Público (Rio de Janeiro), anos 1910. Disponível em: <https://umpostalpordia.wordpress.com/tag/brasil/> Acesso em: 18 de agosto de 2018. OBJAVLJENO. New York Public Library digitalizirala 20 000 povijesnih karata slobodnih za korištenje. Disponível em: <http://www.nsk.hr/new-york-public-library-digitalizirala-20-000povijesnih-karata-slobodnih-za-koristenje/> Acesso em: 18 de agosto de 2018. PARK
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As
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Cheonggyecheon restaration Project. Disponível em: <https://designtoimprovelife.dk/finalist2011-27/> Acesso em: 28 de maio de 2018.
PLCA Uma impressionante renovação urbana em Seul. 24 de fevereiro de 2014. Disponivel em: <https://www.masterambiental.com.br/noticias/cidadessustentaveis/uma-impressionante-renovacao-urbana-em-seul/> Acesso em: 29 de maio de 2018. YOU+Me Captured Moments. 22 de março de 2015. Disponível em: < http://youandmecapturedmoments.blogspot.com/2015/03/travel -south-korea-day-8-cheonggyecheon.html> Acesso em: 29 de maio de 2018.
[ 8.2 ANEXOS ] Os anexos dessa monografia foram compilados virtualmente e
Pág.
Através desse link (https://goo.gl/vVkYdc) poderá ser visualizado todos os planos urbanísticos aqui mencionados; todas as fotos de jornais tiradas durante visitas ao Museu de Salto; as pesquisas feitas online e os vídeos que foi usado como base para transcrever a entrevista com a antiga moradora do Bairro do Ajudante.
161
estão salvos na nuvem para quem possuir o link. Separados por pastas, há todo o conteúdo na integra que foi reirado da monografia para a mesma não ficar extensa.
CEUNSP Grupo Cruzeiro do Sul Trabalho Final de Graduação Arquitetura e Urbanismo Salto/SP 2018