Apresentação Esta coletânea de contos fantásticos é o resultado de um trabalho dos alunos do 8°ano da Escola Santi do ano de 2020 nas aulas de língua portuguesa. Para que compreendam um pouco melhor a proposta é importante ressaltar que o conto fantástico é um gênero textual que se caracteriza principalmente pela presença de um elemento que provoca estranhamento em personagens e, principalmente, no leito. Esse elemento é causado por algum acontecimento que não pode ser explicado nem pelas leis da natureza, nem pelas leis da verossimilhança, ou seja, esse acontecimento desafia as leis da natureza ou do mundo real e as leis da ficção. Para desenvolver esses minicontos, lemos e analisamos diversos contos desse gênero e depois iniciamos o processo de escrita dos textos, tendo como inspiração o momento de isolamento social pelo qual passamos em virtude da pandemia do novo coronavírus. Aproveite a sua leitura! Alunos do 8°ano
A viagem da quarentena André Kanni Teodoro, um famoso advogado em sua cidade, com olhos e cabelos castanhos, e Gabriela, uma renomada médica de cabelos loiros e olhos verdes, formavam um belo casal e jantavam sob a lua em um dos restaurantes mais chiques de sua cidade, quando uma ideia brilhante surgiu: “por que não comemorar o terceiro aniversário de casamento em Paris?”. Então, poucos dias depois, os dois estavam embarcando em um longo voo com uma duração de pouco mais de dez horas. Após um voo tranquilo e confortável na luxuosa primeira classe do avião, o casal desembarcou e ao sair do aeroporto logo se encantou com as paisagens da belíssima capital francesa. A caminho do hotel cinco estrelas em que haviam reservado uma espaçosa suíte na cobertura, Teodoro e Gabriela faziam várias postagens nas redes sociais sobre sua viagem, contando sobre tudo que iriam fazer e as paisagens que foram e iriam ser visitadas. Quando passeavam pela cidade, apreciando tudo ao redor, os dois avistaram outro casal passando por uma situação difícil, a mulher estava passando muito mal, tossindo e desorientada, e logo em seguida ela desmaia nos braços de seu namorado. Apesar de médica, Gabriela não soube dizer o que a mulher tinha, então ligaram para uma ambulância. Ainda abalados com o ocorrido durante a manhã, o casal decidiu apreciar o pôr do sol em um café na Torre Eiffel. E foi lá que ficaram sabendo sobre um surto causado por um vírus desconhecido na China, e que estava rapidamente se espalhando por outros países. Algum tempo depois, viram na televisão do seu quarto de hotel que o vírus desconhecido estava sendo chamado de Novo Coronavírus, e que se transmitia pelo contato físico. A princípio, o casal não se preocupou muito, mas, ao saírem do hotel, seguiram as medidas instruídas para evitar contaminação. Depois de se preparar e tomar todo o cuidado necessário, os dois resolvem sair e andar pela cidade, mas notaram que algumas pessoas ao redor deles apresentavam os mesmos sintomas da mulher que haviam socorrido no dia anterior. Ao retornar ao
hotel e ligar a televisão, Teodoro vê no jornal que o governo francês anuncia que a França ficará de quarentena até esse vírus passar, ou pelo menos até que tenham pelo menos uma solução temporária para esse problema. Assim, o casal ficou preso na cidade francesa sem previsão de retorno para seu lar. E ainda sem saber a causa, a origem, todos meios de transmissão, ou se existe uma cura para o Novo Coronavírus, os cientistas continuam investigando e pesquisando incansavelmente. Após alguns dias, o casal passou a apresentar os sintomas indicados para o Novo Coronavírus, e então interfonaram para a recepção do hotel e o recepcionista logo chamou uma ambulância. Ao chegarem no hospital, foram rapidamente fazer o teste para COVID-19 (Novo Coronavírus), o teste resultou como positivo para os dois, e foram internados às pressas. Passaram-se alguns dias, porém somente Gabriela conseguiu apresentar alguma melhora, mesmo que mínima. Assim, após alguns difíceis dias, Gabriela conseguiu se recuperar, porém, infelizmente, Teodoro não teve a mesma sorte, e dois dias depois da recuperação de sua mulher, ele faleceu no hospital. Depois de algumas horas tentando se recuperar do acontecimento trágico, assim que se sentiu melhor Gabriela logo avisou a seus parentes e amigos sobre a morte de seu marido, e juntos decidiram que o melhor seria enterrá-lo no cemitério particular da família. No momento da cerimônia de despedida, ao olharem uma última vez para o falecido ente querido, Gabriela pode notar que o cabelo de Teodoro estava completamente descolorido, e sua pele estava muito ressecada, sem falar que tinha um pouco de sangue fresco em seu nariz. E ao contar para seus parentes sobre isso, ela revelou que o mais estranho era que algumas horas antes quando ela levou o caixão na funerária, Teodoro estava exatamente igual a antes de falecer.
O Espelho
Antonio Bresolin Tudo começou há alguns meses, quando uma pandemia assolou o mundo inteiro resultando em muitas mortes ou pessoas sendo afetadas mentalmente. Desse modo, a sociedade mudou drasticamente, pois nos dias atuais da pandemia as pessoas ficaram com medo de sair de suas casas, e por isso as cidades ficaram vazias desde quando tudo começou. Passados 5 meses, resolvi sair de casa pela primeira vez depois de todo esse tempo para vivenciar algo diferente. Pensei em me hospedar por uma noite em um hotel no meio da cidade. Quando eu cheguei ao hotel, fui recepcionado por um estranho e misterioso funcionário. Logo percebi que na lista de hóspedes, eu era a única pessoa hospedada lá. Posteriormente fui levado pelo funcionário até o meu quarto onde passaria apenas uma noite. Durante a noite, no quarto do hotel, ouvi batidas estranhas vindo de algum local e, como o ruído estava me perturbando, decidi investigar de onde ele vinha. No final, não havia encontrado nada durante minha dedicada investigação. De repente, ouvi uma voz fantasmagórica pedindo para que eu olhasse o velho espelho do quarto do hotel. Ao olhar para ele, surgiu uma pessoa refletida, pedindo ajuda. De início, fiquei muito assustado, já que nunca tinha visto algo semelhante. Então, a silhueta do espelho começou a implorar para que eu o ajudasse a sair daquela prisão e afirmou que eu deveria sair de lá o mais rápido possível. Sem entender nada e ainda um pouco amedrontado com tal situação, exigi explicações para a pessoa aprisionada, que se negava a explicar qualquer coisa e só repetia que eu deveria fazer o que ele pedia o quanto antes. Como estávamos falando alto, pois eu estava nervoso, o estranho funcionário da recepção veio até o meu quarto para saber se eu estava precisando de algo. Neguei e disse que nada precisava, e o funcionário se afastou. A essa altura a pessoa do espelho ficou mais aflita insistindo que eu o libertasse o quanto antes. De repente, ouvi grunhidos misteriosos vindos do corredor, e que pareciam estar se aproximando. Neste momento tive plena confiança de que deveria seguir o pedido da imagem do espelho, então peguei um objeto pesado que estava no criado mudo e arremessei contra o espelho, quebrando-o. Após isso, o homem, agradecido por tê-lo
libertado, insistiu para que nós fugíssemos do hotel o quanto antes. Então, rapidamente peguei minha mochila, que nem tinha aberto, e pulamos pela janela, já que o quarto era no térreo, e corremos para bem longe. Alguns quarteirões depois, olhei ao meu lado procurando pela pessoa do espelho e
misteriosamente não
encontrei ninguém. Sem entender nada daquela situação resolvi voltar para minha casa.
As três chaves Bruna Vedana Mais um dia normal. O alarme toca, o sol bate na janela, Ana levanta da cama, se troca e se olha no espelho. Uma garota com cabelos pretos e olhos verdes acaba de se trocar e descer para tomar café, e lá estão sua mãe, uma mulher de cabelos castanhos e olhos verdes. Ela estava fazendo panquecas e seu pai lendo o jornal. Onde sua mãe aprendeu a fazer panquecas? Ela não sabia cozinhar, mas Ana não ligou e sentou-se para comer. Ao sair para ir para a escola, algo aconteceu. Parecia que tinha parado no tempo, as pessoas estavam paralisadas, durou três segundos. Ana achou estranho, mas não sabia se era uma ilusão. Isso aconteceu mais três vezes, antes de chegar à escola. Depois que entrou na escola, as coisas voltaram ao normal até que uma das primeiras carteiras sumiu e todos continuaram a aula como se nada tivesse acontecido. Começou a achar que estava ficando louca. Após o almoço, Ana foi ao seu lugar favorito, a biblioteca, ao chegar sentou-se em uma mesa e viu um livro com a capa verde e detalhes em roxo, um livro que nunca tinha visto na biblioteca. Ao abrir o livro, todas as páginas estavam em branco, exceto uma que estava escrito “Uma porta, três chaves, até o nascer do sol, ache ou tudo acabará”. Ao ler Ana ficou com medo e decidiu procurar, já que não perderia nada. Ao procurar mais pela biblioteca, encontrou uma porta velha e enferrujada com três fechaduras, uma vermelha, uma azul e uma verde. Ela não tinha ideia do que teria atrás da porta, mas a deixava mais curiosa. Tinha que pensar por onde começar, então decidiu voltar para casa. Ao chegar em seu quarto, viu em cima da cômoda um pote de plástico que nunca tinha visto, então o abriu. Ao olhar achou que não tinha nada, mas decidiu abrir e inspecioná-lo. Percebeu um fundo falso e, depois de cortar o mesmo lugar com uma tesoura, achou uma chave vermelha que possuía os mesmos desenhos da capa do livro. Tinha que ser a primeira chave, então a guardou em seu bolso e decidiu ir procurar as outras. Ao sair de casa, tudo ao seu redor estava paralisado, e Ana percebeu que não era só uma ilusão, mas estava tudo realmente acontecendo. Pensou que, como a primeira chave estava em sua casa, as outras tinham que estar em lugares que teriam algum significado, podendo ser lugares que a faziam feliz
ou triste. Pensou em um lugar a que ia todo o dia depois da aula, a padaria perto de sua casa. Ao chegar lá, havia um monte de policiais cercando o lugar, um homem estava ameaçando matar todos em troca de dinheiro, o sol estava se pondo. Ana decidiu entrar pela porta dos fundos. A primeira coisa que avistou foi o lugar onde ficavam seus doces favoritos. Quando o homem armado foi para o segundo andar, ela foi até lá, procurou, e era onde a chave estava. Tinha certeza que o último lugar era o shopping, que ia com suas amigas todo final de semana. Ao chegar lá, estava quase noite, o lugar estava pegando fogo, que se espalhava rápido. A loja estava no segundo andar. Ana entrou e foi direto para o provador que sempre ia e, ao pegar a chave, saiu correndo, mas não a tempo. Fim de jogo.
Desastre da bola
Bruno Nascimento "Então pessoal, continuando o que eu estava dizendo, o Botafogo vai ter que tomar uma posição cautelosa em relação à saúde financeira do clube, estamos vivendo um momento muito difícil. Espero que compreendam, abraço a todos". Naquele dia, estava realizando uma videochamada com os dirigentes do Botafogo, e eu como presidente decidi que não iria realizar grandes investimentos no clube, já que o momento em que estávamos vivendo estava causando não só uma crise no Botafogo, mas em todos os clubes. "Bob, não!, Vai comer sua comida", esse é apenas o meu cachorro, obcecado por atenção. "Mas o quê?!, Eu não fiz isso aqui", inexplicavelmente, no dia seguinte acordei com a notícia de que eu havia anunciado a construção de um novo estádio para o Botafogo. Porém, eu não estava online no momento em que supostamente fiz o anúncio. Imediatamente, recebi ameaças de morte de torcedores, como "sabemos onde você mora, em menos de 2 dias, o senhor saberá o quanto a lâmina do meu machado é afiada". Quando fui ver, o saldo da conta do clube estava em -1 bi, e assim caiu a ficha. Recebi uma ligação do vice-presidente do Botafogo. "Você ficou louco!?, Só pode estar usando drogas. Em consenso com os outros conselheiros, decidimos que está demitido!", e a ligação foi encerrada. Senti uma espuma de raiva crescendo em mim. Comecei a procurar por provas de que não fosse possível eu ter realizado o anúncio, e algo chamou minha atenção. Acessei meu computador, e notei que, a última vez em que fiquei online, estava dormindo. Olhei para o lado, e lá estava ele, aquela desgraça de cachorro, sorrindo e feliz, aquele maldito sorriso. "Para de escrever, seu verme, é hora do almoço", disse Pedro, o guarda do meu andar, ele é meio esquentadinho mesmo... Hoje é o meu décimo terceiro dia na cadeia, não é tão ruim quanto eu imaginava. Não me arrependo do que fiz, mas ainda assim, sinto um pouco de saudade do Bob.
A Procura Pelo Xanadu
Enrico Silva O ano era 2020, todos estavam presos em suas casas devido ao novo vírus achado no mundo todo, porém ninguém mais aguentava esperar em suas casas. Eu, Geddy, um menino de 16 anos absurdamente louco e esperto, era um deles. Não via meus amigos nem familiares há muito tempo. Então, decidi chamar meus dois melhores amigos Alex, um amigo que conheço há muito tempo, e Neil, o mais concentrado e mais responsável, para solucionar um caso que muitos não sabiam se era verdade, o Famoso “Xanadu”. Tínhamos que percorrer grandes distâncias com muitos obstáculos, como cavernas congeladas e florestas altamente densas, para então chegar ao Rio Alph que era onde se encontrava o precioso “Xanadu”. O plano era seguir a trilha feita pelos antigos Maias em pelo menos três semanas, até chegar ao livro, ideia ou até uma pessoa, ninguém sabe ao certo. Passamos alguns dias planejando o plano inteiro e, então, chegou o grande dia. Saímos na madrugada, pois senão nossos pais iam nos flagrar. Levamos comida, água e outros materiais essenciais para nossa sobrevivência. Passou
uma semana e estávamos indo
muito
bem, quase nunca
reclamávamos, ou nos distraíamos, estava parecendo irreal. Após alguns dias de caminhada chegou uma hora em que a trilha foi desaparecendo e não sabíamos onde estávamos indo. Alex, o mais ansioso, não parava de pensar no pior e estava totalmente louco, mais que eu. Pensávamos que íamos morrer, pois não tínhamos comida para continuar. Encontramos animais totalmente insanos e paisagens que nunca ninguém chegou perto de conhecer. Certa hora, ouvimos alguns barulhos e achávamos que eram só animais comuns, porém o que não sabíamos é que quem estava fazendo-os era Kubla Khan, um homem extremamente velho e sábio. Kubla foi o único sobrevivente da viagem para o famoso “Xanadu”, porém nunca quis voltar, pois era surreal o que existia no local. Ele estava nos ajudando a encontrar o maior mistério do mundo até que Neil teve um ataque de pânico e não conseguimos sair do local por quatro dias. Mesmo assim, não foi o suficiente para nos derrubar. No final não acreditávamos, estava lá bem na nossa frente.
Mente em prisão
Eduardo Sesso Rocha Chaves Brandão Despertando depois de uma noite de sonhos perturbados Roger acorda em seu bunker, escuro, com as paredes cinzas, com uma pequena lâmpada no teto. A respiração dele está ofegante, suas cápsulas de remédios derrubadas no chão. Ele se levanta, ajeita seus óculos em sua face e diz ainda em sua cama: – Eu dormi bem essa noite, Célia, venha me trazer café! Após o seu pedido, uma mulher aparece em uma porta, que vem da cozinha do bunker, carregando uma xícara de café ela aparenta ser uma mulher de 60 anos usa uma roupa branca e se aproxima de Roger, entregando a xícara para ele. – Está aqui, senhor. – fala Célia. – Obrigado, Célia. – Roger pega a xícara de café e bebe um pouco. Após se recuperar de sua noite de sono, Roger se levanta vai até o banheiro, escuro e fedido, começa escovar seus dentes, mas se distrai ao ouvir um barulho de vidro quebrando então rapidamente corre para a sala principal e se depara com o Nino, uma criança que aparenta ter 5 anos de idade. Ele havia derrubado um vaso de plantas no chão, então Roger, surpreso com aquela cena, diz: – Nino! O que está fazendo aí?! Você sujou tudo aqui dentro! Diz Roger, nervoso. – Desculpa, vovô! Eu prometo limpar tudo! – Mas que diabos está acontecendo aqui?! Parem os dois! – diz Célia preocupada. Após receberem a bronca da Célia, Nino se entristece com a repreensão e, fica sentado em posição fetal no canto escuro do Bunker. Célia começa a varrer a terra que Nino derrubou, com o passar das horas, Roger está sentado em uma poltrona, sua visão começa a ficar escura. Roger diz: – O que está acontecendo? Então, ele começa a escutar uma voz distorcida de Nino e Célia, ambos gritam “Roger, nos ajude!". Então ele consegue ver uma imagem distorcida deles na sua frente. Logo após isso, ele acaba desmaiando.
Quando acorda, enxerga tudo de forma clara novamente, mas ele não está mais em um bunker e, sim em sua casa. Então fica se perguntando onde estariam Nino e Célia. Assim pensativo, ele fica olhando o céu pela janela de sua casa.
O passado nos condena Enzo Akio Matuyama Harry e seus amigos Jenni e Will estavam em um acampamento de férias Crystal Lake localizado no norte. Harry é uma pessoa muito medrosa, tem medo de tudo. Mas muitos de seus amigos não sabem o motivo desse espanto todo: quando tinha 5 anos seu padrasto matou sua mãe a facadas em sua própria casa, mas foi condenado a 50 anos de prisão. Desde então vem tendo alucinações com seu padrasto sobre seu passado. Um dia, em uma trilha, Harry não só viu como ouviu uma sombra. – O que foi isso? – disse Harry – Isso, o que? – Parece que vi uma sombra. – Deixa disso, seu medroso – disse Jenny. Todos pensaram naquela hora que não era nada, apenas uma coisa da cabeça de Harry. O que ele não sabia é que aquela sombra que Harry tinha visto era de seu terrível padrasto o assombrando. Todos seguiram em direção à barraca porque já estava ficando de noite. Logo após isso, a turma fez uma fogueira e em seguida todos foram dormir. Mas Harry não conseguia parar de pensar naquela sombra e, por isso, não dormiu direito. No dia seguinte, Harry estava muito indisposto para fazer as provas de acampamento, e então Jenny teve que substituir Harry. Mas Harry apesar de todos os acontecimentos não parava de pensar naquela sombra – mas, afinal, o que poderia ser? Na hora do almoço, Harry viu aquela sombra de novo, mas ela estava bem mais perto do que da última vez. Harry ficou aterrorizado e saiu correndo. Todos da turma ficaram sem saber o que aconteceu. Harry se escondeu em sua barraca tremendo e sem conseguir raciocinar direito. Depois de longas 2 horas dentro da barraca, Harry decide sair da barraca e falar com Will e Jenny: – Vocês viram? – Viram o que ? – Não me diga que você continua acreditando naquela porra naquela sombra? – Sim, mas dessa vez parecia a do meu padrasto. – Que padrasto Harry? – disse Jenny.
– Deixa pra lá. E então, Harry foi surpreendido pela sombra de seu padrasto, que o jogou na parede, o segurou pelo pescoço e lhe disse: – Se lembra de mim, Harry? – O que? Como você pode estar vivo? – Cale a boca seu canalha! – Agora fique quieto e me escute, o que eu tenho para te dizer, se mate agora e deixarei todos os seus amigos infelizes em paz. Harry então expulsa a sombra de sua cabeça e ela imediatamente desaparece. Mas Harry sabia o que tinha que fazer, então pegou uma faca e se esfaqueou 5 vezes, assim como sua mãe foi há 7 anos. Harry, no entanto, continuava feliz porque estava junto de sua mãe e a sombra do desgraçado finalmente sumiu para sempre.
O leão de vidro Fabrício Novis Okamoto Mais um dia dentro de casa, tudo se tornou muito chato. Não entendi, porque continuo em casa? Eu poderia ir para a escola, ver meus amigos. Será que estou de férias? Mas o que é esquisito é que meus pais não estão me permitindo falar com os meus amigos e nem ir no parque. Que tipo de férias são essas? Meu pai não está de férias comigo, na verdade está chegando mais tarde que o normal. A mamãe está de férias comigo, mas ela parece muito desconfortável, o que está acontecendo? Eu estava no meu quarto, pensando o que eu iria fazer. Mas uma ideia veio na minha cabeça. Irei explorar a minha casa. Então, saí do meu quarto e fui para a sala, para a cozinha e fui ver o quarto dos meus pais. Quando cheguei lá, notei que no armário do meu pai tinha uma estátua de vidro de um animal, eu achei isso muito interessante e me aproximei. Era estátua de vidro de um leão. Estava de saída quando ouvi. – Onde você está indo? Olhei para trás imediatamente e vi a estátua, mas ela parecia maior, então vi o leão falar – Olá – disse o leão. – Oi, quem é você ? Perguntei. – Meu nome é Goron, o deus da coragem. – Vejo que você está entediada. – Sim, essas férias estão muito esquisitas. – Interessante. O que você anda fazendo para se divertir? –Não muita coisa, a maioria das coisa que eu fazia para me divertir era brincar junto com os meus amigos. – Certo, então devo ensiná- la como se divertir sozinha. De repente, não estamos mais no apartamento. De repente percebi que mudamos de lugar. – Onde estamos? – No meu mundo. O lugar onde você irá aprender a se divertir. – Entendi. E como eu faço isso ?
– É fácil, é necessário utilizar a imaginação – ele olhou para uma árvore - Você está vendo aquela árvore? Transforme-a em um balão. – Okay. – Então, eu olhei para árvore e imaginei um balão, então a árvore magicamente se tornou um balão. – Isso é tão legal! - falei isso olhando para Goron. – O que mais você tem para me ensinar? – perguntei. – Infelizmente nada, a única coisa que você necessitava saber é utilizar a sua imaginação. Agora você não precisa mais de mim. – Como assim ? Você é meu amigo, eu preciso de você – eu disse. – Mostre para todos o que você aprendeu hoje. De repente, voltei ao apartamento – Vou fazer o que você me pediu, leão de vidro.
Festinha monstruosa Flora Almeida No dia 15 de abril de 2019, o jornal anunciou: “Com a chegada de monstros com mais de 2 metros de altura, extremamente tóxicos para o ser humano, é emitido um vírus extremamente letal ao ser humano, criando assim uma pandemia e uma orientação dos especialistas de uma quarentena.” Três meses depois, o vírus continuava contaminando. Muitas pessoas não respeitavam a quarentena, uma delas foi Laura, que decidiu fazer uma festinha na piscina de sua mansão. A pandemia criou a necessidade de leis, e as blitz iriam impedir as festinhas, porém todas estavam ocupadas. Então, no meio de sua festa alguém bate em sua porta e ela vai até lá. – Quem é você? – Sou eu, Loloraro, presidente do Brazuca. – Quem? – Laura continua sem saber. – Deixa… Tem que parar essa festinha, tá okay? – Não. – Tá okay então, tchau. – Tchau. Loloraro então vai embora. Laura continuou na sua festa. Uma semana depois, Laura começou a adoecer e testou positivo para o vírus. Como achava que nunca ia pegar, ficou revoltada, então decidiu ir atrás dos monstros. Pegou seu jatinho e foi até a Nasa, achando que os monstros iam estar em outro planeta, porém, quando chegou lá, deu de cara com fantasias de monstros e ameaçou ligar para as autoridades. – Não ligue, a gente pode explicar. – Então me explica que eu to sem tempo. – Você está doente? – To sim. – Você ficou em casa? – Eu vivi normal, dei festa, saí normal. – Então, você não respeitou as orientações dos especialistas. – E...?
– Essa é a nossa mensagem, ninguém respeita as nossas orientações. Fizemos isso para dar uma lição em vocês. Quando Laura chegou em casa, já tinham anunciado o esquema, e que era tudo falso. A partir daí começaram a respeitar as orientações de especialistas.
Bytes Gabriel Meneghelo Há 20 anos, todos estão trancados em suas casas por causa de um vírus que assolou o mundo, e ainda não foi eliminado. Desde seu surgimento, estávamos procurando soluções, até que a encontramos. Demoramos 4 anos para construir, mas ficou pronto: um sistema de robôs que são controlados pelas pessoas em suas próprias casas, através de sua mente. Parece sem graça, mas, ao controlá-los pelo mundo real, você é capaz de sentir e ver tudo, como se fosse você mesmo. Porém, você ainda pode sair de casa para fazer o que quiser, mas correrá o risco de contaminação. Hoje foi um marco na história dos Bytes. Uma pessoa, enquanto controlava seu Byte, foi morta, mas não em sua casa; o assassino atirou em seu robô, e ela morreu instantaneamente. O nome dela era Sophie. Foi o primeiro homicídio em 10 anos. Suspeitamos se foi uma pessoa normal que matou-a ou se foi um Byte descontrolado. Nesse momento, estou em uma reunião com meu chefe para conversar sobre o assunto. (...) – O que realmente aconteceu? – perguntou meu chefe; o criador dos Bytes – Achamos que um Byte aprendeu a se controlar, e agora está tomando as próprias decisões – respondi. – Isso é grave. Se as pessoas descobrirem que não estão seguras em seus Bytes, vão voltar a sair de casa. – Sim. Temos que resolver esse problema. Logo depois da reunião, saí da agência para retornar à minha casa. Vi muitos Bytes de outras pessoas, mas um deles me chamou a atenção. Ele estava andando com a aparência de fábrica (como um robô mesmo), e ninguém podia criar seu Byte com aquela aparência. De qualquer modo, apenas ignorei Quando voltei para casa, fui usar meu Byte. Alguém começou a interferir no sinal, mas não conseguia ver ninguém perto de mim. Comecei a passar mal. Eu vi o mesmo Byte da rua ao longe, mas estava armado. Antes que ele atirasse, saí do Byte subitamente, então, desmaiei. (...) – Os Bytes estão descontrolados - disse para meu chefe
– Não é possível… Só se alguém mudou o código - respondeu – Pois é… Acho que o Byte que controlava a produção se rebelou. Talvez eu tenha visto ele na rua. – Como assim? – Eu vi um Byte com aparência estranha na rua; ele que tentou me matar. – Bom, então temos que desligá-los. – Mas sem os nossos Bytes? – Sim. Logo em seguida, eu e meu chefe nos dirigimos para a sede (a fábrica) dos Bytes, para desligá-los. No mesmo momento em que entramos, avistamos o Byte que controlava a produção. Ele estava lá como se nos esperasse. Meu chefe começou a gritar, mas não lembro do que ele falava. Só me lembro que, poucos segundos depois, nós avançamos em direção a ele, e, em seguida, tudo apagou.
Nesse novo tempo que estamos vivendo...
Gabriela Rocha Della Rosa
Thiago, uma pessoa muito anti social, e que não gostava de abraços. Nesse ano de 2020, foi a coisa que ele mais desejava. Curioso como uma coisa pode mudar de uma hora para outra... Ele só pensava em acabar essa Pandemia do Corona-Vírus, para poder dar valor e abraçar todos seus familiares. Naquele mesmo dia, ele só pensava em pegar todas as pessoas da casa e pedir um abraço gigante. Um desses abraços que são tão fortes, que você se sente muito acolhido. Thiago, um escritor que não se preocupava com nada, começou a se preocupar com tudo, se preocupava com o infinito e com o aflito. E o escritor escreveu em seu novo livro "Eu quero mostrar a importância que o abraço tem, que o carinho não é invisível, eu que realmente não ligava para um abraço, agora vejo a importância de valorizar. Quando tudo isso acabar, eu vou propagar que teve um tempo em que vivemos isolados para que não fiquemos mais ilhados".
Trancada Gianna Flores Era uma manhã nublada e eu definitivamente tinha acordado com pé esquerdo. Assim que dei um passo para sair da minha cama, acabei acidentalmente tropeçando em uma cadeira e caindo com tudo no chão. Depois que me recuperei da minha leve atrapalhada, acabei batendo o meu mindinho na porta e, como se já não tivesse sido o suficiente, não achava as chaves para destrancar a minha casa e eu não podia ir trabalhar sem achá-las. Eu procurei em todos os lugares, virei minha casa de ponta cabeça e nada. Para piorar, um barulho infernal ficava tocando de 5 em 5 segundos e eu não sabia de onde ele vinha, minha chefe não atendia o telefone e eu não conseguia avisar que iria chegar atrasada. Tudo estava a maior confusão, até que eu tive a ideia de sair pela janela. Tentei empurrar a porcaria da trava de todos os jeitos, mas estava presa. Não tinha ninguém na rua, nem um carro, nem uma moto, nem nada, como se fosse uma cidade fantasma e aquilo era realmente estranho, já que eu moro em uma das ruas mais movimentadas da cidade. As outras casas também pareciam estar trancadas. Eu não entendia nada, o barulho continuava, eu estava completamente confusa e presa. Para tentar colocar meus pensamentos no lugar, sentei no sofá e liguei a TV. Na tela, uma frase dizia: “ATENÇÃO, DENTRO DE 5 MINUTOS VAMOS INICIAR A NOSSA PROVÁVEL ÚLTIMA TRANSMISSÃO AO VIVO DOS PRÓXIMOS MESES OU TALVEZ ANOS. NELA NÓS IREMOS PASSAR ALGUMAS MEDIDAS DE SEGURANÇA, PARA QUE TODOS FIQUEM A SALVO” “O quê? Do que eles estavam falando? O que estava acontecendo?” A minha cabeça estava realmente a milhão. O que poderia estar acontecendo? De repente, como se pudessem ouvir meus pensamentos, aquela mensagens sumiu da televisão, dando espaço para um repórter que logo disse: – Um vírus fatal e altamente contagioso está no ar. Por isso, todos nós vamos ter que permanecer em casa por tempo indeterminado. E, então, como um passe de mágica a tela ficou preta. “Mas o quê? Como assim? Vírus? Que porcaria é essa? E que barulho insuportável é esse que só vem ficando mais alto, mais próximo e mais nítido? Eu conhecia aquilo. De repente
reconheci aquele som. Era meu despertador. Aquilo era um sonho. Quer dizer, um pesadelo. Ufa. Assim que abri os olhos olhei para a janela. Eram 6 horas da manhã e o céu estava bem nublado. Quando coloquei meu pé para fora da cama, tropecei em uma cadeira, depois bati o mindinho e minhas chaves tinham sumido. Tudo de novo? Afobada logo liguei a TV: a mesma mensagem. Seria possível o meu pesadelo ter virado realidade?
Minha história sobre o número 20
Ian Almeida Em todo o tempo que morei nesta casa, juro por Deus que fechei mais portas do que abri. Tudo começou em um determinado dia, quando resolvi me mudar para uma casa que não era muito aconselhada pela vizinhança e que não entravam lá há mais de 20 anos. Era um dia chuvoso à noite quando fui me instalar, era uma casa grande, tinha uma pequena cozinha com 3 portas, um enorme corredor com 14 portas, dois banheiros e um quarto no final do corredor, somando na casa toda 20 portas. O que mais me incomodou quando cheguei, foi um cômodo de que não falei, ficava nessa última porta do corredor e tinha um desenho de 20 portas na parede e também tinha uma televisão velha escrita há 20 anos ... e aquilo que estava escrito significava que há 20 anos ninguém entrou naquela casa. Depois de visitar este quarto sinistro, fiquei incomodado com a quantidade de portas abertas, então fechei todas as 20 e fui dormir porque era tarde demais. No dia seguinte, acordei cedo e fui trabalhar em um escritório perto daquela casa. Depois de um longo tempo em um dia cansativo naquele escritório, voltei para casa às 20 horas. Logo quando cheguei na entrada, me deparei com as 20 portas abertas novamente e fiquei ainda mais assustado, então fechei todas e fui para a cama rapidamente. Fiquei com tanto medo que dormi muito e acordei apenas às 20 horas da noite, e só acordei porque ouvi um barulho sinistro no corredor, e adivinha que me deparei novamente com as 20 portas abertas. Por isso,
parei e fiquei
pensando e estudando sobre isso, até que cheguei à conclusão depois de vários dias que tudo estava fazendo sentido, eram 20 portas que se abriam às 20 horas da noite, e não entravam naquela casa há 20 anos, e por isso fiquei muito assustado e logo dei um grito, "essa é a maldição do número 20". Após 20 segundos ouvi um barulho muito estranho na sala sinistra em que eu estava, olhei para o lado e a porta me trancou na sala, essa era a palavra chave que fez a porta se fechar e me trancar lá. Depois disso a casa começou a se mexer e caí em um porão que nem sabia que tinha naquela casa. O mais assustador é que encontrei outras 19 pessoas e, portanto, fiquei sabendo que era a 20° pessoa a sumir dentro daquela casa. Depois disso, os
vizinhos nunca mais ouviram falar do meu nome e atĂŠ comentaram que viram as 20 portas se abrirem novamente.
Loop temporal
Isabella Chiang Não. O mundo ainda não estava curado, nem sequer protegido. Inúmeras pessoas morreram por conta do coronavírus que está sempre evoluindo e nós, seres humanos, ficando para trás. – Ariana! Você comeu alguma coisa hoje de manhã? – Já comi sim. Oh, mãezona, não precisa nem perguntar. – To cuidando de você, é diferente… Desde o início da quarentena, eu estou morando em um apartamento com minha melhor amiga que, aliás, já é quase minha mãe. Antes, eu já tinha um problema com bebidas alcoólicas, mas agora… – Joana, você não comprou nada? – Comprei, tá na geladeira. To com ansiedade, me dá duas também. Peguei um absinto e uma vodka de tamanho médio para mim e para ela, um rum e uma cerveja. No meu quarto fui assistindo a um filme que estava passando e acabei tomando tudo. Caminhei até a janela do apartamento e dei uma olhada na situação do mundo. De repente, tudo começou a girar. E ficou preto. A Joana me acordou meio zonza também. – Ariana você tá com uma sensação estranha? – Demais… Lembra o que aconteceu ontem? Por que eu não lembro de nada ela me respondeu. – Não também... E de novo tudo ficou preto. Mais uma vez, estava na cozinha. – Ariana! Você comeu alguma coisa hoje de manhã? – Já comi sim. Oh, mãezona, não precisa nem perguntar. – To cuidando de você, é diferente… Perguntei se ela tinha comprado alguma coisa boa, e acabei achando duas garrafas, uma de absinto e outra de vodka. Por incrível que pareça, Joana quis também, entreguei-a e fui para o meu quarto. Tomei tudo bem rápido, até estranhei. Caminhei até a janela do apartamento e dei uma olhada na situação do mundo. De repente, tudo começou a girar. E ficou preto.
Quando não enxergava mais nada, surgiram memórias, talvez de um outro dia? Quando acordei, estava lembrando de tudo que havia acontecido no dia anterior, e surpreendentemente, aconteceu de novo. Estava me lembrando de todas as ações, passos, falas… Inclusive aconteceu o mesmo diálogo, eu alertei Joana e consegui convencê-la de minha teoria. Percebemos que a hora não passava. Ficamos muito tempo nesse tipo de loop temporal (como apelidamos). Então eu resolvi ir dormir. Falei o mesmo para a Joana e nós duas quando estávamos a caminho do quarto, desmaiamos. Eu acordei e estava na minha cama com uma novela que nunca assisti, passando na TV.
O Efeito Mandela Isabella Martinelli Em 2020 houve uma pandemia global. Com isso, fomos obrigados a nos esconder em nossas casas e não podíamos sair, encontrar com pessoas, ou nem mesmo ir para a escola, por muitos meses. Isso estava me deixando muito chateada e de mal humor. Nada tinha graça e eu estava sempre cansada. Certo dia, estava nublado e frio, com um ar desanimador. Comecei a me lembrar de minha cachorrinha, Killa, que faleceu há poucos meses. Senti uma saudade que não cabia no meu peito, uma melancolia que nunca tinha sentido, nem mesmo no dia de sua morte. Compartilhei esses sentimentos com meu irmão, e ele também ficou sentimental. Desde que Killa partiu, nós estávamos muito mais próximos, creio que o luto aproxima as pessoas. Após alguns dias, comentamos com os nossos pais sobre a cachorra, e eles resolveram procurar fotos e vídeos com ela para ver se nos animaria. Porém, eles não conseguiram encontrar nada, nem mesmo uma foto, um lacinho, um potinho, nada. Foi então que eles tiveram a ideia de ligar por vídeo chamada para nossa tia e primos, para tentar encontrar mais memórias com ela. – Que cachorra? Vocês nunca tiveram uma cachorra! Isso é uma pegadinha? Porque não foi engraçado. – Disse minha tia Meu corpo gelou, eu não conseguia me mexer. Como assim nunca tivemos uma cachorra? Ela era uma das coisas que eu mais amava no mundo! Meu irmão e meus pais tiveram reações parecidas. – Vocês estão me assustando! Está parecendo o efeito mandela, em que um grupo de pessoas lembra de uma coisa, mas na verdade ela nunca existiu. Sério, parem com essa brincadeira de mal gosto! – Exclamou meu primo. Com isso, minha mãe desligou a chamada e todos ficamos paralisados, nos encarando. Como seria possível termos tantas memórias com nossa linda cachorrinha, a amarmos, sentirmos tanta saudade, mas não encontrar nenhum registro dela, e mais ninguém lembrar de sua existência?
De 1530 a 2020
Ingrid Cravo Um garoto negro estava trabalhando duro, e tudo que queria era se divertir igual às outras crianças, mas ele tinha de trabalhar para os nobres. Seus pais contaram para ele que, por conta da cor de sua pele, precisava. Então resolveu fugir. Chegou perto da onde estavam as outras crianças brincando e logo o pegaram. Ele correu, mas eles o pegaram. Levaram-no para uma sala e começaram a dar chicotadas até ele desmaiar, foi trágico. Quando acordou, estava tonto e estava em uma cidade grande. Nunca tinha visto nada parecido, mas estava praticamente vazia. Continuou a andar. Que lugar era aquele? Começou a procurar por alguém até que achou um homem. Ninguém falava sua língua. Andou mais e encontrou uma mulher com seu filho. Eles tinham a mesma cor de pele dele, mas não estavam trabalhando. – Porque está sem máscara? Cuidado com o Coronavírus! Você está perdido? Disse a moça. Ele não sabia o que era aquilo. – Em que ano estamos? Aonde eu estou? O que é isso? Respondeu. Logo descobriu que era 2020, mas estava em 1530, então tinha viajado para o futuro. Logo depois, chegou um grupo de pessoas. Que o levaram até uma casa, bem grande. Um lar de menores. Foi nesse lugar que cresceu e se estabeleceu na sociedade e formou minha família. Mas a época do coronavírus foi difícil, ficamos por muito tempo em isolamento. Nossa como era bom estudar, aprendi muitas coisas. Um dia, fui na livraria e falei com o atendente. Logo me disse que ia chamar a polícia. Pouco tempo depois, vi a polícia do lado de fora. Eles entraram e me algemaram. Na delegacia, me acusaram de tentativa de roubo e disseram que eu iria ser punido. Aprendeu com o tempo que isso se chamava preconceito. Eles o puniram até desmaiar. Quando ele acordou se deparou com seus pais. Ele tinha voltado. Contei tudo que já tinha passado, mas disseram que devia ser efeito do chicote. A partir daí foi mais positivo sabendo que tudo aquilo iria passar.
O Relógio
João Henrique Cunha Era madrugada de Domingo, dia 14/6, depois de um longo dia de estudos para fazer a primeira prova de história à distância. Por volta das 4 da manhã, deu aquela vontade de fazer xixi. Com muita preguiça e com os olhos quase fechados, eu fui no banheiro, que na verdade era só uma privada, um chuveiro e uma pia, bem pequeno e simples. Eu estava andando com a postura de um macaco, com as costas bem curvadas, trombei em algo, era a parede de um relógio antigo, muito mais antigo do que eu. Pouco depois um barulho se estrondou e ecoou pelo pequeno apartamento, mas como estava muito cansado voltei para cama e não dei muita bola. No dia seguinte, percebi algo estranho, não sabia o que era, mas era muito estranho. Quando acabei as provas, fui preparar o almoço. Quando já era noite, tomei um banho e dei uma revisada no conteúdo que cairia na prova de Matemática no dia seguinte e fui dormir. De repente, a minha cama deu um looping no quarto, você deve achar que eu estava sonhando, mas não estava, era muito real. No dia seguinte, eu fiz a prova, mas não era a prova de Matemática, não tinha números, nem álgebra e muito menos geometria, as perguntas eram as mesmas da prova de história que eu havia feito, as mesmas perguntas, as mesmas perguntas sobre a queda de Constantinopla. Depois da prova eu fui a cozinha para comer algumas bolachas, peguei o pote pensando em quantas eu comeria, decidi que seriam 6, a mesma quantidade do dia anterior, mas ao invés de estar faltando 12 bolachas, só faltava 6, isso era muito estranho. Depois do idiossincrático evento das bolachas, eu comecei a juntar as coisas e conclui que estava vivendo o mesmo dia, que era ontem, mas para os outros era hoje. Depois de um longo dia de estudos eu fui dormir, era madrugada, e a cama deu um looping de novo e novamente era muito real para ser um sonho. Acordei fiz a mesma prova de história sobre a queda de Constantinopla, comi o mesmo número de bolachas, fiz exatamente as mesmas coisas, estudei exatamente as mesmas coisas e quando me dei conta, já era noite, tomei banho e fui dormir. Se você pensa que a cama deu um looping, você está certíssimo. E continuou assim por 3 meses. Assisti os mesmos programas, estudei os mesmos conteúdos, até que parei para pensar, que não precisava mais estudar, pois eu já sabia de tudo, afinal estudei as mesmas coisas por 3 meses seguidos, fiz tantas vezes as provas de história que eu
já sabia quantas palavras eu escreveria. O fim disso era necessário, isso precisava parar. Fiquei pensando e escrevendo as ideias em post-its, meu quarto ficou uma imensidão amarela. Quando fui colocar post-its na parede do relógio, percebi que havia muito vidro quebrado no chão, não sabia porquê, aí eu lembrei que todas as noites havia um barulho de algo quebrando, tirei alguns post-its que estavam em cima e me deparei com o relógio. Pesquisei na internet como consertá-lo e, como não estava mais preocupado com as provas, pois já sabia de tudo, me dediquei ao conserto do relógio. Depois de muito tempo dedicado ao relógio, eu não consegui consertá-lo, até que um dia eu fui dormir e finalmente a cama não deu um looping, mas no dia seguinte a prova era a mesma, com as mesmas perguntas e com os mesmos números de bolachas faltando, mas não estava passando os mesmos programas. Caiu a noite e fui dormir, não teve looping, nem prova de história, agora era prova de matemática, felizmente eu sabia a matéria, os programas tinham mudado e as notícias não eram as mesmas. Fui dormir, mas dessa vez não era noite, eu tinha tirado um cochilo depois do almoço, quando acordei era 4 da tarde, mas não era 14 de junho, era 1 de julho.
Minha dor é sua dor
Giovanna Almeida Antes de começar eu quero que saibam que a minha decisão foi a certa, oras, o que eu podia fazer? Bom, eu sou a prefeita de Kinnptown, uma cidade bem pequena onde, claro, todo mundo se conhece. Há um caso que ninguém sabe; Karoline, uma cidadã normal, é despercebida entre cidadãos, quieta, não vai muito a lugares comuns como farmácia, floricultura… desde que ela veio a cidade só me causou problemas. Eu não sabia o que eu odiava nela, talvez o fato de quase toda semana estar no hospital, oras, o que havia com ela? Toda semana a ambulância passando pela minha casa enquanto resolvia problemas... Isso me perturbará por meses: a sirene em meus ouvidos quase como um alerta de que devia me preocupar com ela. Depois de um tempo, eu juntei 1+1=2, certo, e não, eu não sou louca. Bom, diante de todo mundo se conhecer, os boatos nunca param de circular e todo mundo sabe que tenho alguns, inimigos que não pagam seus impostos… Obviamente eu tinha de resolver isso com um vinho e, talvez, no final, quem sabe o que vai acontecer, não é mesmo? Mas claramente eu nunca matei ninguém… Bom, o ponto que eu queria chegar é que toda vez que eu dava boas lições em alguém, no exato momento estava ela em uma ambulância, como se quando eu machucasse alguma pessoa ela sentisse a mesmo dor em si mesma... Mas Karoline, querida, você estava nas minhas mãos.... Ninguém nunca desconfiou de nada. Aliás, foi um plano muito bem executado para colocá-la naquela solitária, no subsolo debaixo do piso no hospício, assim, todos achariam que ela estava louca. Assim eu continuei minha vida como fazia todo dia e ninguém a escutava, nem mesmo eu. No 33° dia, eu comecei a ouvir um zumbido misturado com seus gritos, isso me dera vontade de arrancar meus ouvidos. Foi aí que surgiu minha brilhante ideia, se mantê-la viva me faz querer arrancar meus tímpanos, por que a manteria viva? Eu estava decidida, mas não podia encostar minhas mãos nela, nem mesmo Arnald meu “comparsa” poderia escondê-la para sempre, afinal achariam minhas digitais; e foi um plano incrível e a execução melhor ainda sem querer me gabar… Oras, era só eu matar uma das pessoas cheias de dívidas comigo que ela também
morreria, e assim foi feito. O corpo do homem na cachoeira e Karoline, ah... eu cortei seus membros e transformei em ferro junto com outros metais, assim ela ainda estĂĄ comigo todos os dias aqui na solitĂĄria dos hospĂcio me impedindo de fugir pela janela com suas grades.
O recrutamento Letícia Spano Houve uma época na pandemia do coronavírus, na qual muitas pessoas se infectaram e morreram por causa de um vírus altamente contagioso, que era uma novidade para a ciência. Assim todos deveriam ficar em isolamento social em suas casas. Um dia, eu recebi um e-mail de um laboratório solicitando voluntários para a nova vacina contra o coronavírus, para testar se era eficaz. Já que eu me encaixava nas características procuradas, eu marquei um horário para tomar a vacina no mesmo dia. Quando cheguei no endereço indicado, tudo que eu podia ver era um longo túnel, pelo qual eu segui até chegar em uma sala principal onde sete pessoas também aguardavam para testar a vacina. Elas contaram que já esperavam a horas e todas as pessoas que entravam na outra sala para a vacinação não voltavam. Eu fiquei nervoso e o tempo demorou para passar, até que olhei para meu relógio e percebi que já era noite. Um momento depois me chamaram para entrar na sala. Logo um médico de cabelos brancos, muito pálido que trabalhava no recrutamento, entrou na sala disse : – Escreva seus dados pessoais e todas suas informações de saúde nesse documento e, ao final, assine. Depois de alguns minutos preenchi todas as informações e assinei o papel, meu pulso começou a doer e todos os papéis caíram no chão. Quando peguei vi que havia uma assinatura em vermelho com manchas parecidas com sangue. No caminho até a sala onde eu finalmente receberia a vacina, a dor no meu pulso se tornou insuportável e passou a refletir em todo o meu corpo. Já na sala onde a enfermeira me deu a vacina, comecei a sentir muita tontura e tudo ao meu redor escureceu. Quando acordei estava na minha casa e logo percebi uma grande cicatriz na minha barriga e na mão...
O Parque De Diversões Lívia Pinto Eu agora vou contar o que aconteceu comigo, e provavelmente vocês não vão acreditar. Em um dia de verão, estávamos eu e uma amiga chamada Carol indo para a minha casa, e no caminho ela diz: – Lívia, e se a gente for para um parque de diversões? – Bora… –eu respondi – mas não é caro? – Não, quero dizer um abandonado, tipo dos filmes. – Carol disse. – Então, onde nós vamos achar um parque de diversões abandonado em pleno SP? – A gente se vira. – Carol respondeu como se fosse fácil encontrar um parque de diversões abandonado, mas claramente ela não sabia o que estava fazendo. Peguei o meu celular e comecei a procurar na internet se existia algum por perto, até que encontrei um em São Paulo mesmo, o parque era meio longe, então pegamos um Uber e fomos. Quando chegamos, estava tudo meio escuro, com poeira em toda parte, e um barulho bem estranho, típico de "algo vai dar errado" e nem pegava sinal da internet. Quando comecei a ouvir um barulho, então falei: – CAROL! Para de fazer esse barulho. – Mas não sou eu! – respondeu ela. – Tá, então quem é? Quando olhamos para trás e eu só vi uma sombra enorme. Comecei a me assustar realmente, e saímos correndo, mas só depois percebi que a Carol não estava mais comigo. Comecei a gritar seu nome. Quando já se passavam 30 minutos, e estava chegando ao ponto de ligar para a polícia, mas quando me viro, acho ela parada com uma sorriso no rosto. Perguntei o que tinha acontecido, mas ela me respondeu como se nada tivesse acontecido, como se ela não estivesse lá, com um sorriso forçado no rosto fingindo que ela nem tinha sumido por mais de meia hora. Mas aí percebi que era besteira. Quando estávamos indo para casa com o Uber, pensei em ligar para polícia, mas não iam acreditar, pois não faria sentido. Então perguntei a ela se estava tudo bem, ela fica surpresa e responde inconformada que era claro que estava tudo bem.
No dia seguinte recebo a ligação de sua mãe dizendo que a Carol estava estranha, e eu falei que eu também achava. Alguns dias depois eu convido ela para ir na minha casa. Passamos a tarde conversando. Uma hora ela diz que sua mãe levou ela para um médico depois para fazer terapia, entre outra coisas. Umas semanas depois percebo que não existia mais nenhum sinal da mãe da Carol, ninguém sabe nada dela. Eu acho que a Carol a matou.
Você acredita em tudo que vê?
Lucas Amaral Uma pergunta que vem me perturbando a muito tempo. Mais precisamente desde que tive conhecimento de que o mundo era muito maior do que eu imaginava. Dando um pouco de contexto, aparentemente o mundo teve uma redução de 66% habitantes, portanto decidiram aglomerar o resto em uma única cidade, com o nome de Countdown City. Isso é tudo que foi divulgado pelo governo, que pela primeira vez têm pensado menos em si mesmo, começando a cuidar dos habitantes a ponto de resolverem com a problemática do desemprego. Claro, depois de tudo isso ter acontecido, vagas definitivamente não eram o que faltava. Diariamente algumas pessoas ainda têm sumido. Muitas pessoas teorizam que os desaparecidos foram mortos por monstros, e que eles lentamente estariam vindo terminar o serviço de extinguir a humanidade. Nunca passou pela cabeça deles que eles simplesmente foram mortos por soldados na tentativa de atravessar os limites da cidade, os quais o próprio governo de Countdown proibiu a passagem. Então por muito tempo simplesmente ignorei tudo e vivi minha vida. Me formei em Arqueologia e comecei a morar junto com meu amigo Jean, que se formou comigo na faculdade. Foi um pouco depois disso, quando estávamos fazendo nosso doutorado, quando começamos uma pesquisa relacionada a um símbolo, que me interessei pelo lado de lá. Começamos a nos planejar para sair da cidade. Não sabia o porque antes, mas tinha conhecimento preciso da rota mais segura e ágil, um local onde não seríamos encontrados. Nós estávamos perto da data de ida quando Jean desiste do plano. Segundo ele, não havia situação que isso desse certo, que ou nós morreríamos para os soldados ou que os tais monstros nos eliminaria. Chamei ele de louco, e acusei ele de roubar minha pesquisa e usá-la no doutorado dele, do modo que já estava. Ele negou, e disse que estava alterado. Não pude me conter, e saquei uma faca e corri até ele, e então um som. Um breu. E acordo ao redor de milhões de pessoas. Algumas eu conhecia. Conhecia? Quem? A única coisa que importa é o símbolo. O símbolo é a luz. É a vida.
Os clientes Lucas Bastos Estava eu debruçada no meu computador trabalhando no projeto de um casal de clientes, muito exóticos e esquisitos… Só sei que me pediram para fazer a casa deles semana passada e eu aceitei, pensando que seria algo simples, sério e normal. Porém, hoje mais cedo, eles me falaram como seria o projeto da casa, me disseram que queriam um casarão com um belo jardim com plantas diferentes que eles já haviam me mostrado. Depois de finalizar a vídeo chamada com os clientes, comecei a trabalhar no projeto da casa deles e acabei pegando no sono na mesa do escritório mesmo. No outro dia, acordei cansada e com dor nas costas. Era dia de fazer a compra do mês, então peguei o carro e saí da garagem. Quando fiz isso, me deparei com um exterior completamente diferente do da minha casa: havia um casarão imponente, e logo embaixo um belo jardim com umas plantas bastante peculiares, como as do projeto da casa dos meus clientes. Fiquei muito frustrada pensando que estava louca ou algo do tipo, então peguei o carro e fui ao mercado para distrair minha cabeça. Voltando, fui dormir e a casa por fora continuava no mesmo estado. No outro dia, acordei e comecei a fazer o projeto do interior da casa desses clientes pois eu não tinha opção, essa era a minha única forma de ganhar dinheiro. Enfim os clientes me disseram que gostariam de uma casa com vários elementos coloridos e móveis de cerâmica. Achei este planejamento horrível porque odeio cores, prefiro coisas sérias e simples. Depois de trabalhar por mais duas horas no planejamento, fui até uma loja de material de construção para comprar os materiais para esta reforma e construção da casa. Quando cheguei lá, o carro dos meus clientes estava parado na frente da porta de casa. Olhei pela janela e os vi descarregando malas no interior da casa, que não parecia mais a minha casa e sim o projeto de casa deles. Fiquei muito frustrada, entrei na casa, e os dois passaram por mim como se eu não estivesse ali… Não entendi e não entendo o que está acontecendo… Só sei que terei que deixar a casa em algum momento, mas parece que estou aprisionada a ela.
Vírus Mortal Luiz Sergio Marcomini Junior Tudo começou em um dia normal como todos os outros. Estava na escola conversando com meus amigos até que um deles disse “Vocês viram que tem um novo vírus?", e, em seguida, todos nós falamos que não, já que a notícia era recente. Ele também disse que, no dia do surto, mais de 60% da população dos Estados Unidos seria infectada. Alguns dias antes do dia do surto, os cientistas descobriram que esse vírus era quase letal: você começava a se transformar e quando se transformava, ficava louco. Nessa hora, a maioria das pessoas já estava em quarentena. Depois do dia do surto, as cidades dos Estados Unidos começaram a entrar em pânico, já que as pessoas estavam se transformando e ficando loucas e que esse vírus começou a se espalhar no mundo inteiro. Todos os comércios estavam fechados, a bolsa estorou, o dinheiro já não importava muito, já que o vírus começou a modificar as pessoas. Assim começou-se a perder muitas delas: as pessoas não estavam mortas, mas haviam se modificado, parecendo uns zumbis. Depois de um tempo, as pessoas que sobraram na terra (que já eram poucas), deviam ir para o Estados Unidos, onde era mais seguro. Chegando nos Estados Unidos, todas as pessoas precisaram aprender inglês para conseguir se comunicar. Depois de um tempo nos Estados Unidos a polícia já não comandava o lugar e sim facções. Algumas dessas facções tinham brigas. Em um certo dia, eu e um dos líderes da facção da qual faço parte fomos fazer uma ronda para ver se estava tudo certo, até que um grupo da facção rival nos pegou. Quando chegamos no esconderijo dos caras, eles começaram a espancar o líder e depois o mataram. Nessa hora, fiquei muito puto, já que era próximo dele. Desse dia eu jurei vingança. Na minha jornada para encontrar a líder da facção inimiga, enfrentei muitos inimigos, mas até que chegou a hora que mais queria: matar a líder. Quando estávamos na batalha final, eu estava quase morrendo afogado, quando eu estava vendo uma luz, a líder parou de me afogar e quando eu fui ver porque eu vi que o Lev (líder da minha facção) estava vivo. Eu fiquei tão emocionado na hora que não tive reação, apenas finalizei meu trabalho.
Um dia que se repete para sempre Luize Oliveira Era um dia normal até a hora que eu me levantei da cama e percebi que a cidade estava muito parada, praticamente sem movimento nas ruas e dos carros. Com um sol brilhando nas calçadas e pouco movimento, eu não sabia o que estava acontecendo. Eu tomei café da manhã, mandei mensagem para as minhas amigas, mas elas também não sabiam o que estava acontecendo. Eu me troquei e peguei o elevador para chegar até o meu carro. Quando eu cheguei na garagem só havia o meu carro. No caminho até o supermercado, havia poucos carros nas ruas e poucas pessoas caminhando. Cheguei no supermercado e tinha muitos carros no estacionamento, peguei o meu carrinho e comecei a fazer as compras. Enquanto eu passava pelos corredores as pessoas ficaram me olhando com uma cara estranha, muita delas estavam usando máscaras e luvas. Quando eu olhei para as pessoas eu acabei pensando que estavam usando focinheiras de cachorros, mas não sabia explicar muito bem o que eu tinha visto e nem o que estava sentindo. Eu continuei fazendo as minhas compras. Percebi que, no supermercado, havia umas marcações no chão para manter a distância das pessoas. Quando eu saí não estava conseguindo lembrar direito do que eu tinha visto. Cheguei em casa, liguei a televisão e vi que tinham muitas notícias urgentes, mas não explicavam muito bem o que estava acontecendo, só falavam para as pessoas ficarem em casa. No dia seguinte, eu me levantei achando que já estava tudo resolvido mas na verdade era só o início de muitos dias que iam se repetir para sempre.
Humanização do COVID19 Luiz Campos Durante a quarentena ocorreram casos de gravidez tanto em mulheres como em homens, e todos que estavam "grávidos", contraíram o vírus do COVID19. Em 2 de junho de 2020, ocorreu o primeiro parto de uma mulher chamada Helena. Os médicos disseram que a gravidez podia ter relação com o COVID19, quando os médicos retiram o bebê da barriga de sua mãe, perceberam que não era um bebê comum: ele era semelhante ao vírus COVID19 (era verde, tinham pontos ao redor de seu corpo…), Antes de entregá-lo a sua mãe, pediram para ela esperar alguns minutos, analisaram o bebê e detectaram o que havia de errado com ele. Os médicos nomearam a criatura de "octrons". Para concluir essa pergunta norteadora (Quem causou essa criança estranha foi sua mãe ou o novo vírus?) seria preciso executar mais partos para analisar se outros bebês nasceriam com o formato do vírus ou não. Depois de 2 semanas, ocorreram 3 partos, de 2 mulheres e pela primeira vez na história da humanidade o parto de um homem. Os médicos não falaram nada a respeito do último parto, os 3 pacientes executaram um exame de sangue e foi concluído que todos contraíram o vírus. Após fazerem os exames de sangue, foram para a sala de parto. Quando o parto foi executado os médicos concluíram que não foi a Helena que teve o parto estranho e sim o vírus que causou essa façanha, pois quando os homens executaram os 2 partos femininos, nasceram em ambos partos 2 octrons, e quando foram executar o parto masculino perceberam que também nasceu um bebê COVID19, porém velho. Depois de meses, com partos resultantes em octrons, todos os seres vivos e não vivos que haviam encostado nos bebês COVID19 se transformaram em um octron (foi uma transformação brusca, os seres humanos foram extintos da Terra). Todas as cidades viraram abrigos de octrons, que vivem no máximo um mês, mas até hoje ninguém soube o que aconteceu. Tudo recomeçou.
Em que ano estou? Lucca Fornaciari Paiva Em um dia cinzento de outono, o céu cheio de grandes nuvens, o clima gelado, o ambiente não era o mesmo, pois estava mais gelado e não conseguia me levantar. O ambiente frio me deixava sonolento, sentia dor, enjôo, cansaço e acho que tinha febre. Eu estava deitado em uma posição super desconfortável, minhas costas estavam doendo muito, quando decidi ir acordando de pouco a pouco. Então notei algo estranho, pois não estava em meu quarto e nem sequer em meu apartamento. Os lençóis eram diferentes, o travesseiro não era o mesmo pois parecia ter seu enchimento de pena , não me via no mesmo lugar. Quando as coisas começaram a ficar estranhas levantei, olhei ao redor e definitivamente não estava em meu apartamento, estava no que parecia ser uma casa, uma casa velha sem tecnologia nenhuma. Tudo ao meu redor era forrado a madeira, pensei que poderia ter sido sequestrado quando me deparei com fotos de pessoas que nunca havia visto. Neste quarto havia uma linda mesa de trabalho feita de madeira polida, um gigantesco armário feito do mesmo material, a cama onde estava deitado era maior que minha cama de casal, meu pijama não possuía estampas e era feito de algodão. Fui olhar o armário para ver o que poderia vestir para sair dali, todas as vestimentas ali eram feitas de algodão, elas pareciam velhas e eram sem graça pois não tinham cor. Me troquei e fui procurar a saída da casa quando uma mulher que parecia uma enfermeira me parou e falou que eu não poderia sair do quarto e chamou um médico para me acompanhar ao meu quarto. Esse médico tinha uma máscara preta estranha que parecia um pássaro. Me recusei a ir ao quarto até que alguém me explicasse o que estava acontecendo e por que eu estava ali. O médico me levou ao quarto e disse que eu tinha um vírus mortal que chamavam de “Peste Negra” e também perguntei o ano que estávamos e ele logo respondeu "em 1348”. Fui até o banheiro e me olhei no espelho, vi que meu corpo estava cheio de manchas pretas, entrei em desespero e desmaiei. Tive uma convulsão e senti como se estivesse morrido. Acordei em desespero, mas vi que estava em meu quarto e então fiquei mais tranquilo e voltei a dormir.
Depois de um pesadelo
Luisa Novis dos Santos Em 2020, houve uma das maiores pandemias do mundo. Com isso, todos os habitantes deste mundo tiveram que ficar em suas casas, ou seja, em isolamento social. Mas depois de longos 6 meses, todo esse pesadelo tinha acabado para uns, mas para outros tinha acabado de começar. Um dia, o dia mais esperado para os seres humanos, seria de ter sua liberdade novamente. Mas nem todos tiveram a mesma reação que eu, por exemplo. Eu sei que vocês vão me chamar de doida e vocês não estão errados, pois conto minha experiência de um local horrível e que ninguém iria querer estar: a prisão. Mas vamos voltar ao início, dia 28 de dezembro de 2020. Foi e sempre será o dia que tivemos nossa liberdade outra vez, porém, para mim, foi um dos piores dias da minha vida. Neste dia, percebi como nós estragamos tudo, sempre são os humanos que fazem os problemas acontecerem, neste dia percebi que tudo o que aconteceu foi culpa minha ou, melhor dizendo, dos humanos. Com isso, muitas pessoas irão dizer que eu enlouqueci, mas não, pois a única coisa que eu queria era que a pessoa que eu mais amo não tivesse morrido por minha culpa. A partir deste dia, tudo mudou. Eu comecei a ver e sentir coisas que antes eu não sentia, mas que não existia, era apenas uma voz que me perguntava: – Você quer sua realidade de volta? Mesmo eu sabendo a resposta, eu tinha medo de nada voltar a ser como era antes, mas resolvi arriscar. Então, em um dia, respondi à voz que sim. Assim, todo o dia ela me falava o que era para eu fazer, porém um dia ela me falou assim: – Você deve chamar a pessoa que você mais ama e pedir para ela passar 3 semanas com você, pois está muito carente. Portanto, fiz o que ela mandou, e chamei minha mãe. Ela veio, porém me perguntou: – Por que você me chamou? – É só carência, também estou me sentindo muito triste, pois tenho que ficar sozinha na minha casa e queria matar a saudade de ter de ficar 6 meses longe de você. – Eu também, mas você gostava de ficar um tempo longe de mim. O que mudou?
– Mudou que eu fiquei muito tempo sozinha, então queria passar um tempo com minha mãe. Depois de uma longa conversa com ela, eu escutei a voz me dizendo o que fazer novamente. Ela me disse para eu distrair minha amada mãe, até amanhã, pois esses seriam os últimos dias de vida dela. Por isso, no dia seguinte, antes do anoitecer, aquela voz me falou que ela tinha mandado uma pistola para minha casa e era para eu matar minha mãe ou eu seria morta e nunca descobriria quem é a voz na minha cabeça. Com isso, no mesmo dia, pela manhã chegou o pacote e na manhã do dia seguinte eu tinha tido uma briga com minha mãe. Neste mesmo instante, eu peguei a arma e matei ela a 5 tiros. Depois do que eu fiz, eu fugi com a arma na mão e me escondi em um local para que ninguém me encontrasse. Muito menos a voz que me fez fazer isto. Mas depois de passar muito tempo sozinha, a voz voltou e falou: – Você deve ir até a polícia e se entregar. – Se eu não fizer isso. O que você irá fazer? – Eu irei matá-la. Então, neste mesmo dia, eu voltei até a cidade, mas não me entreguei, pois não precisei. Quando eu cheguei a polícia já estava me esperando, com tudo, e agora eu estou no local mais odiado por muitas pessoas.
Dever ou Morrer
Manoela Falsoni Era tarde quando Bil chegou ao hotel. Cansado então ele decidiu desfazer as malas e tomar um banho. Logo depois foi dar uma volta no hotel, para conhecer a área. Passando pelo hotel, ele chegou no cassino. Bil então se empolgou para jogar, pensando que seria apenas uma jogada. Sem saber que ele iria perder tudo, continuou jogando, e jogando, até que ele se deu conta de que não tinha mais dinheiro. Desesperado, Bil surtou, até que um cara se senta ao seu lado e pergunta se ele quer mais uma ficha. Bil aceita. Depois de mais de 30 fichas gastas de Toby, ele então explica para Bil que ele está devendo mais de milhões para ele. Bil desesperado sobe para o quarto e decide dormir. Dia seguinte, Bil se levanta para tomar café e encontra Toby no restaurante. Toby se direciona à mesa de Bil e então bem discretamente aponta uma arma para ele e pede para que ele se dirija ao quarto 305. Sem opção, Bil se direciona ao quarto 305. Chegando em seu destino, percebe que Toby não era um cara normal, e que ele era um homem muito poderoso. Então, um dos capangas do Toby empurra Bil contra o chão e explica que ele era o chefe de uma facção e que ele precisava daquele dinheiro. Bil entra em desespero. Assim, ele decide fugir. Quando ele estava no meio de sua fuga, percebe que dois carros estão se aproximando. Desesperado, então, ele sai do carro e corre; corre como se não houvesse amanhã. Depois de duas horas, Bil acorda em um lugar estranho, amarrado a uma cadeira, e começa a escutar vozes do chefe. Quando ele começa a se debater, dois capangas o erguem e colocam pendurado de cabeça para baixo, e foi nesse momento que Bil viu um cara chegando com uma enorme faca de carnificina. Se debatendo, ele não consegue muito, até que Toby senta ao seu lado e explica para Bil: – Bom, Bil… Você não deu nosso dinheiro, nós iremos recuperar o que perdemos com você, mas utilizando sua carne e pele... Bil tenta explicar que fará o máximo para conseguir, mas já é tarde demais. Ele sente seu sangue escorrendo e logo depois, dorme para sempre.
Toby então começa seu processo, fabricando botas com a pele de Bil e vendendo sua carne e seus órgãos. Toby consegue recuperar seu dinheiro.
Pandemia Manuela Silva Meu nome é Malú. As pessoas sempre acham que é Maria Luíza, mas é só Malú mesmo, não entendo porquê as pessoas têm tanta dificuldade de entender isso. Eu tenho 14 anos, e estou prestes a te contar algo muito estranho que aconteceu comigo. No sábado, dia 13 de março, eu fui dormir muito cedo, depois de uma hora eu perdi o sono e fui até a sala, onde a minha mãe estava vendo jornal. Já era bem tarde na noite, eu sentei do lado dela no nosso sofá cinza claro e durante o pronunciamento do jornalista eles haviam comunicado que tinha um novo vírus que estava contaminando pessoas do mundo todo, ele se chamava coronavírus, e o primeiro caso já tinha sido confirmado no Brasil na cidade onde eu moro, São Paulo. Depois disso, eu voltei a dormir. Na manhã dia seguinte, no domingo, dia 14 de março, a minha escola cancelou as aulas de segunda até sexta, e as pessoas não saíram mais de casa a partir desses dias. A Organização Mundial da Saúde declarou uma Pandemia Global, e todos os tipos de comércio fecharam. Depois disso tudo, quando eu fui tomar café, minha mãe não estava em casa então eu tomei café com o meu pai. Uma hora depois, eu escuto as chaves virarem na porta: é a minha mãe. Ela voltou com várias sacolas enormes, cheias de papel higiênico, álcool gel e álcool setenta, sem mencionar outra sacola que tinha várias caixas de máscaras descartáveis, como aquelas que os médicos usam. Ela estava muito ofegante, como se tivesse corrido uma maratona; meu pai logo largou o pão no prato e foi ajudá-la carregar as compras. Eu apenas notei algo estranho, minha mãe sempre usa o mesmo tênis para ir ao mercado mas, dessa vez, ele estava encostado no canto direito da porta. Dessa vez ela usava uma sapatilha vermelha, eu estranhei, mas não questionei. Logo ela me disse: – Filha... Ela fez uma pausa para respirar, e colocar as sacolas no chão. – Você viu que a sua escola mandou um email, cancelando as aulas… Parece que vai ser pelo computador agora… Bem, na verdade a escola ainda vai precisar de uma semana para planejar como vai funcionar essas aulas de casa, então você terá uma semana de folga.
Eu não fiquei muito surpresa, pois meu pai já havia me contado. Todas as manhãs, antes de qualquer coisa, ele olha o email dele, mesmo nos finais de semana. – Eu vi, mãe, o papai me mostrou o email, nunca imaginei que algo do tipo aconteceria, tipo uma pandemia?! Que loucura… Nesse momento, eu me lembro de ter parado por alguns segundos e olhado fixamente para a parede branca da cozinha, e depois para minha mãe me chamando enquanto passava a mão na frente do meu rosto. – Filha? – Ah… desculpe, me distraí um pouco… Respondi ainda distraída. Então, minha mãe foi para a dispensa guardar as coisas junto com o meu pai. Eu peguei meu celular e vi que todos os meus amigos haviam me mandado mensagem falando sobre o que estava acontecendo. A maioria deles estava feliz que as aulas haviam sido canceladas, até eu estava! Imagina uma semana sem ir para escola! Esse é o sonho de qualquer estudante, porém ninguém contava que tudo isso duraria muito mais do que uma semana... Na verdade, estamos em isolamento por mais ou menos três meses, e durante esse tempo as coisas foram ficando cada vez mais estranhas. A minha mãe começou a ficar muito estressada com tudo isso. Apesar dela ser uma pessoa tranquila, ela começou a fazer cursos de enfermagem online, e começou a ler diversos livros e notícias sobre como prevenir um vírus, e ela é advogada, mas parece que tava inventando de virar enfermeira… Já comprou até um kit de enfermagem pela internet! A minha mãe jamais faria isso, ela não é tão neurótica quanto está agora. Já o meu pai chorava todos os dias, e começou a rezar todas as noites, o que eu achei estranho, pois ele é uma pessoa que não costuma demonstrar muitos sentimentos. Enfim, os dois estavam agindo de uma forma estranha. Até mesmo quando eu perguntava alguma coisa a eles, a resposta era algo extremamente diferente. Eu notei uma drástica diferença também nos meus vizinhos. Eles começaram a ir para a janela e ficar conversando uns com os outros, porque normalmente eu escuto gritos da janela – mas é sempre briga... As pessoas se tornaram mais comunicativas, e eu sempre reparei como cada pessoa vivia no seu mundinho antes, até algo grande acontecer, e o mais óbvio a se fazer era começar a se relacionar com as outras pessoas. Mas acho que o pior é que o Brasil atingiu uma quantidade de casos muito grande! Nem parece real… E o nosso presidente demitiu o ministro da
saúde, ou seja, nós não temos ninguém para supervisionar os casos no Brasil, e isso tudo me soa muito estranho, assim como os discursos sem sentido do presidente. Ele vem falando coisas absurdas! Parece que tem algo de errado com ele, e com todas as pessoas. Bem, outro dia, eu havia terminado as minhas lições, e eu ainda estava tendo as minhas aulas a distância. Já era tarde, então eu tomei um banho, coloquei um pijama e fui dormir. Eu nem jantei, pois eu não estava com fome. Antes de adormecer, a minha mãe gritou da sala: – Filha, meu amor, não esqueça de tomar seu remédio de ansiedade, está bem? Boa noite, seu pai está rezando, ele já vai te dar boa noite. Nesse mesmo momento, eu fiquei confusa e comecei a me perguntar que remédio era este. Quando eu olhei para o criado mudo, ao lado da minha cama, havia um copo de água meio vazio e uma pequena caixinha de remédios para ansiedade. A imagem me soava familiar, então achei melhor tomar. Antes que meu pai chegasse no quarto, eu logo adormeci. No dia seguinte me lembro da minha mãe ter me acordado às pressas me chacoalhando ao mesmo tempo que dizia: – Coloca já seu uniforme, você vai se atrasar para aula, e a perua já está quase aí! Eu tive pouco tempo para assimilar tudo, já que tinha acabado de acordar. Esfregando a mão no olho, eu perguntei: – Mas e o vírus, mãe? E eu vou sem máscara mesmo? Minha mãe, abrindo o meu armário para pegar meu uniforme, parou e me olhou com uma cara confusa. Ela tentava entender o que eu estava dizendo mas ela não conseguia decifrar, então disse: - Que vírus e que máscara? Nossa filha do que… Ah só se troca logo, vamos! Você vai se atrasar. Eu levantei da cama ainda tonta e no meu criado mudo vi um copo de água meio cheio, e o meu remédio para ansiedade, porém a pílula que eu havia tomado ontem ainda estava dentro da caixinha, como se não tivesse sido aberta.
Uma surpresa de outro mundo
Pedro Balboni Era um dia comum, como todos os outros, sem nenhuma empolgação, nenhuma felicidade, mas era necessário para minha sobrevivência. Pelos últimos anos eu tenho trabalhado em um escritório para me sustentar depois de me mudar da casa dos meus pais. Trabalhar lá pode ser desafiador às vezes, afinal você é forçado a ficar na frente de um monte de arquivos por horas, enquanto ouve barulhos agonizantes de teclado, e tem um homem baixinho e barbudo dando ordens para você. Não é como se eu tivesse escolha, se eu não trabalhar aqui eu não vou ter como pagar o aluguel, é que eu queria um pouco mais de respeito no meu espaço de trabalho, sabe? Enfim, eu estava saindo do meu escritório quando vi algo enorme cobrindo o céu. Não havia luz alguma nem presença daquela bola gigantesca de sempre.Me assustei no começo, então fui perguntar para meu amigo Charlie, que era astrônomo, e poderia me passar algumas informações confidenciais. – Charlie, o que é aquilo no céu? – O quê? Tem alguma coisa – disse Charlie abrindo as cortinas – Ah...aquilo….então né...eu não faço ideia. – Como assim, não faz ideia? Você deveria entender do assunto. – O problema é que ninguém está entendendo nada!!! Nenhum dos meus amigos conseguiram entender isso. O máximo que eu consegui entender é que alguns pedaços dessa “coisa” estão caindo ao redor do mundo. – Pera, isso tá cobrindo o mundo inteiro?! -É… eu achava que você já sabia. Enquanto essa conversa estava acontecendo, começamos a ouvir uma voz vinda da sala. Eram os repórteres. Eles estavam falando sobre algum tipo de ameaça internacional, e como todos nós deveríamos ficar em nossas casas. A economia ia cair aos pedaços, a energia solar seria inexistente e sem o calor solar não haveria esperança… esse era o fim. Bem, era isso que todos pensavam, mas eu tinha outras coisas em mente. Sinceramente eu não me importava se o mundo acabasse, eu não estava feliz com o meu trabalho e nem com a minha vida. Esse apocalipse foi só uma solução rápida para os meus problemas, eu não teria problema em morrer em um desastre natural, ou um eclipse mais lento, eu só não gostaria de ser assassinado ou algo do tipo, então, eu não vou me preocupar com isso.. – Carlos, olha essa mensagem aqui!!! – O que foi, Charlie? – Eu acabei de receber um email de um amigo meu que estava coletando amostras dos pedaços que caíram e ele percebeu que era um material que ele nunca tinha visto, agora mesmo ele está pesquisando sobre isso – O quê?
– Um material escuro, que se parece muito com ferro mas mais resistente. talvez seja apenas uma variação do ferro então não se preocupe. Como eu já havia dito, a situação só piorou, locais que normalmente tinham temperaturas muito altas começaram a ficar frios rapidamente, pessoas em locais públicos começaram a entrar em pânico e o caos começou a tomar a cidade. Essas são as últimas coisas que eu me lembro. Eu saí da casa de Charlie, olhei para o céu, olhei para as pessoas em minha volta, e percebi que aquele era o fim, eu seria morto por algo completamente desconhecido, em uma situação inevitável.
O Irmão Esse conto foi inspirado no conto “O coração delator", de Edgar Allan Poe
Pedro Bastos Meu nome é Gabriel. Vou contar sobre o dia em que matei meu irmão Carlos, durante a pandemia. Não cobiçava nada que Carlos tinha. O que me incomodava era seu jeito horrível de tratar as pessoas, e também sua mania de se achar superior a tudo e todos. Morávamos juntos na mesma casa, porque eu não tinha dinheiro, por isso morava com ele por mais que eu o odiasse. Mesmo assim, eu quase não o via, porque ele era um empresário muito ocupado. Eu vivia bem sem ele. Porém,quando a pandemia começou, fomos obrigados a ficar juntos e isso me deixou furioso. Nas primeiras semanas, tudo estava normal. Eu simplesmente o ignorei com todas as minhas forças. Porém chegou um momento no qual não era mais possível ignorá-lo. Então, tive a idéia mais louca em toda a minha vida. Eu iria matá-lo! Por dias, planejei os detalhes do assassinato que eu iria cometer. Desde como eu o mataria, até onde esconderia as provas e o corpo. Depois de muito planejamento, decidi que a hora havia chegado, e, durante a noite, peguei uma corda, no jardim, e então enforquei-o enquanto dormia. Ele se debatia ferozmente, mas não conseguia gritar devido à falta de ar. Ele havia morrido. Decidi ter certeza de que ninguém encontraria o corpo. Decidi esconder tudo na parede do sotão. Quebrei a parede e então coloquei lá dentro o corpo e as provas do crime. Passei várias semanas absolutamente calmo. Até que, em uma noite, ouvi batidas na porta. Descobri que eram dois policiais que perguntavam sobre meu irmão. Disse que ele havia saído e não havia voltado. Mesmo assim, os policiais entraram em casa. Então mostrei a casa para os policiais. Quando chegamos no sótão, comecei a ficar inquieto. Comecei a ouvir uma batida na parede que aumentava cada vez mais. Comentei que a parede do sótão era bem resistente e que nada podia derruba-lá. Os policiais suspeitaram e começaram a me perguntar, enquanto aquela batida aumentava cada vez mais, e com uma rapidez assustadora. Durante o interrogatório eu desabei e comecei a chorar. Confessei o crime que eu havia cometido. Revelei todos os detalhes, e onde as provas e o corpo estavam escondidos. E esse foi o dia em que fui preso.
Paciente Zero Pedro Thamer É verdade! Nervoso e confuso, muito, nervoso e confuso eu estive e estou. Provavelmente você vai dizer que estou louco. Esses acontecimentos todos embaralharam meus sentidos, porém não os destruíram. Pude escutar todos os barulhos e enxergar com meus próprios olhos que havia acontecido, então como posso estar louco? Preste atenção, que lhe contarei esta história. Há quatro meses, quando tudo isso começou, ainda tínhamos uma vida normal. Acordávamos, íamos para a escola, voltávamos, e fazíamos as obrigações, até que vimos no jornal que a quarentena havia sido decretada. Foi aí que as coisas começaram a mudar... No começo até que não estava nada mal, ficar em casa para mim estava até melhor. Não precisávamos ir para a escola, levantávamos mais tarde e eu podia jogar por mais tempo. Para a minha irmã, também mudou para melhor no começo, apesar de eu ter que aguentá-la por mais tempo e vice-versa, conseguimos tirar algo de bom disso. Já para minha mãe e meu pai, não posso dizer o mesmo... Por motivos óbvios. Enfim, passado algum tempo, sempre que me levantava, algo me incomodava na sala. Um jogo de xadrez. Toda vez que me levantava e passava por lá, algumas peças haviam mudado de lugar, porém ninguém nunca mexe ali. Nem dei bola, pois escutei minha mãe gritando da cozinha e corri até lá. Quando cheguei lá, estavam todos reunidos ao redor da mesa. Eu apenas cheguei e não disse nada, apenas olhei o título da reportagem: *VÍRUS SE MODIFICA E SINTOMAS SE AGRAVAM* Primeiro achei que era uma brincadeira, mas depois de ver a cara deles, fiquei realmente preocupado. Após uma longa conversa, passei pela sala e vi a peça do xadrez fora do lugar e quando fui tocar nela, escutei batidas na porta e fui ver quem era. – Abre logo! – gritou a moça. Peguei uma faca e não a abri. Quando olhei pela janela, vi um grande comboio vindo e só me lembro deles disparando em tudo que se mexia. Me deitei no chão e
fingi de morto, a partir daí não me lembro de mais nada. Agora eu estou sozinho e não sei mais o quê fazer.
Cura Maria Fernanda Borba A história que contarei a seguir é a minha história. Todos estamos acostumados a sair sempre, ir trabalhar ou ir para a escola, passear, ir a lojas. Porém, faz meses que já estamos em casa, e não podemos fazer nada. Devemos ficar em casa e assim ajudaremos a salvar o mundo. Tudo virou de ponta cabeça em poucas semanas, em muito pouco tempo. De pouco a pouco, cada país foi sofrendo com isso. Todos estão destinados a ficar em casa. Porém, existem várias dificuldades que impossibilitam as pessoas de ficarem em casa. Imagine que coisas como essas ainda acontecem. A contaminação é rápida. Muitas pessoas estão morrendo, e estamos perdendo a esperança de uma melhora imediata. Tinha que ficar em casa, no meu apartamento pequeno e bem bagunçado. Algumas semanas atrás, divulgaram a possibilidade de uma cura. O governo disse que começariam a testar nas pessoas para ver se funcionava, e como estamos em uma situação de emergência, todos quiseram testar. Eu fui uma delas, estava muito contente em ouvir que poderíamos ser curados porque não aguentava mais ficar em casa e precisávamos que achassem pelo menos algo que nos previna agora. O governo não explicou bem o que estava acontecendo, muito menos o que era que iriam testar em nós, mas fui mesmo assim. No começo, tudo estava bem, ninguém tinha ficado doente, e todos que testaram a “cura”, estavam com a saúde normal. Tudo estava bem até que algumas pessoas começaram a ficar muito doentes. Pouco tempo depois, fomos todos internados. A situação foi de mal a pior, e assim o risco de pegarmos a doença aumentou ainda mais. Diversas pessoas faleceram nos últimos dias. Hoje, os médicos vieram no meu quarto no hospital. Infelizmente, eles disseram que minhas chances de vida são baixas e que posso morrer em breve.
O mistério do vizinho da casa azul Maria Thamer A maioria das pessoas sempre costumam reclamar de seus vizinhos. Com o Bertinho era a mesma coisa. O seu vizinho Carlos, o velho rabugento e mal humorado, tinha o costume de bisbilhotar frequentemente as dancinhas que Bertinho gravava com a intenção de retomar sua carreira de dançarino. A maioria de seus conflitos era pela música alta que Bertinho sempre colocava. Em um dia chuvoso como de costume, Carlos pegou seu banquinho velho descascado pela ação natural do tempo para conseguir ver o que o dançarino profissional fazia do outro lado do muro. A resposta na maioria das vezes era dançando, mas aquele dia foi diferente: Bertinho não tinha saído de casa, estava trancado lá por horas e não havia um sinal de música alta. O vizinho achou estranho porque Bertinho era o mais animado, com o astral dele conseguia animar a todos. Sendo assim Carlos se viu na obrigação de bater na porta de seu vizinho e ver o que estava acontecendo. Decidido chegou até a porta do sujeito: "Olá, sou o Carlos, seu vizinho da casa azul!" disse dando batidas na porta. Alguns segundos depois, Claudinho o mordomo preguiçoso e fofoqueiro chegou, abriu a porta e disse rudemente: "O que você quer? Bertinho não está mais ouvindo música alta há um bom tempo." Carlos não perdeu a chance de retrucar. "Só queria conversar, percebi que Bertinho não está mais dançando no quintal, queria saber se ele está bem, nem precisei reclamar do barulho, o que é raro!". Claudinho abriu a porta e o velho fez questão de aconchegar-se em uma cadeira. Não demorou para Bertinho perguntar o motivo de sua visita, que logo ficou claro quando Carlos disse: "Reparei que não estava mais gravando suas danças no quintal, você está bem?". Bertinho respondeu que não e, como muitos sabem, ele amava pregar peças nas pessoas, principalmente se for em seu vizinho. Decidido ele falou que iria pegar uma água para Carlos e saiu para cozinha disparadamente em direção a cozinha em busca de sal para colocar na água. Quando voltou, conseguiu perceber um certo nervosismo incomum por parte de seu vizinho que começou a suar frio e ficar pálido. Bertinho decidiu levar o velho até o sofá e deita-lo. Os pensamentos do jovem vieram à tona: "Será que nesse mundo melancólico em que vivemos esse senhor tenha se esquecido que muito de nós não saímos de casa para não sofrermos pelas árduas
lembranças do passado e de um certo modo pela grosseria das pessoas?" O velho está claramente tendo alucinações e falando coisas sem sentido, pensou novamente o jovem. "Você não deveria ter saído de casa", disse Bertinho. O velho continuou sem reação até que os pensamentos de Bertinho foram interrompidos quando Carlos começou a gritar de medo. "Ajudem minha querida filha Laura". Sua filha havia sido morta, levando Bertinho a concluir que esse mundo melancólico e grosseiro levava pessoas até as suas profundas dores do passado e até então Carlos foi afetado. O jovem decidiu que precisava lembrá-lo de que o que ocorreu com sua filha tem que permanecer no passado e que ele precisava aceitar isso para seguir em frente. "Claudinho, vá até a casa do Senhor Carlos e pegue aquele albúm de fotos que ele nos mostrou semana passada!". Claudinho, que já estava bisbilhotando tudo de longe, não perdeu tempo. "Aqui está!" Bertinho começou a mostrar bons momentos de Carlos junto a sua filha e não demorou muito tempo até que o vizinho caísse em lágrimas e estivesse acordado se lembrando de tudo."Muito obrigado! Se você não tivesse me ajudado provavelmente morreria de tristeza por meio dos meus delírios!" disse o velho. Bertinho abriu um enorme sorriso já que havia ajudado a curar seu amigo das dores do passado e que haviam se tornado amigos para a eternidade.
O eco dos mortos Marcel Saito Olá, meu nome é Madalena. Sou uma mulher de 25 anos. Tenho um apartamento, onde moro sozinha e trabalho como secretária de um necrotério. Minha história de solidão e isolamento ajudou a formar o que sou hoje. Gosto das noites escuras, prefiro mulheres aos homens e não gosto muito de conversar. Meu trabalho era sempre o mesmo: Eu digitava as fichas dos mortos, causa do óbito, nome e dados pessoais. Enquanto isso, o médico legista, Dr. Mário, fazia o seu trabalho na sala ao lado. Certa vez, o Doutor precisou se ausentar do trabalho, pois estava estudando casos envolvendo muitas mortes de mulheres envenenadas com cianeto. Por isso, eu precisei ficar no lugar dele por algumas horas, ou seja, receber os corpos, checar os documentos e armazenar os mortos na geladeira. Nas últimas duas horas, nada aconteceu. Porém, de repente, uma ambulância chegou desenfreadamente. Nervosa, fui encontrar o funcionário que trouxe o corpo: um saco preto, fechado com um zíper. Depois de checar a papelada, fiquei a sós com o morto. Estava na hora de abrir o saco e conferir se a foto do documento correspondia ao corpo. Então eu abri. E me deparei com uma mulher. Parecia familiar, mas não reconheci. Sua pele era brilhante e avermelhada. Seus cabelos eram loiros e seus olhos eram verdes. Eu a achei estranhamente encantadora. Depois de terminar o meu trabalho, voltei para casa, mas não conseguia parar de pensar naquela mulher. Após o meu jantar, fui tomar banho e dormir. Porém, ao me deitar, escutei a voz de uma mulher: – Madalena. Madalena. Madalena. – Quem está aí? - Perguntei. – Sou eu. A mulher do necrotério. – Como é que eu estou escutando você? – Isso não importa agora, Madalena. Eu queria te pedir um favor… – (...) – Eu quero justiça. – Como assim?
– Eu morri injustamente, Madalena. Eu era muito jovem. Tinha muito tempo de vida. – Você foi assassinada? – Sim, eu quero que você mate o assassino. Por favor, Madalena. Eu preciso disso… – Onde é que eu vou encontrá-lo? – Vou passar o endereço de onde eu fui morta. É na rua Pamplona, edifício Paraíso. É o apartamento 81, andar 8. Não sei porquê, mas o meu vizinho me convidou para ir na casa dele, e eu fui morta lá. – Tudo bem. Vou fazer o possível para te vingar. – Obrigada, Madalena. – Espere um pouco… Eu moro aqui. Eu sou do 81. – Exatamente Madalena. Você é a culpada, você é a assassina! Essa frase fica na minha cabeça até hoje, nessa prisão.
Meu Aniversário!!!
Ricardo Leonelli Essa quarentena está me tirando do sério!!! Todo dia é a mesma coisa, acordo, vou para a aula online, tenho um pouco de tempo livre, almoço, tenho mais tempo livre, eu janto, e por fim durmo. Eu acho que não é só comigo, ninguém pode sair de casa, só se for para fazer supermercado, pelo menos meu aniversário está chegando. Hoje é o grande dia, acordei 7 da manhã de um sábado, sem aulas e o dia inteiro só para mim. Olho para a janela, um homem passa em uma bicicleta vermelha, e vejo homens trabalhando para consertar a calçada. Quando cheguei na sala lá estavam meus pais preparando o café da manhã mais reforçado que já tinha visto e vi meu gato atacando o urso de pelúcia. – Parabéns, filhão!!! – disse meu pai. – Parabéns, filho!!! – disse minha mãe. Como qualquer filho educado, eu respondi: – Obrigado!!! Depois disso, começou um dos melhores dias da minha vida. Nós comemos um ótimo café da manhã, após isso 10 da manhã recebi um texto super elaborado de 20 páginas da minha tia me dando parabéns, então eu fingi que li e agradeci pelas suas palavras. Decidi começar o meu dia com a parte mais chata, agradecer todas as pessoas que me deram parabéns. Depois do almoço, que foi a minha comida preferida, comida japonesa, passei desde a 1 até as 6 jogando com meus amigos. Até que chegou meu liversário (Live + Aniversário), um pôr do sol muito bonito, uma mistura de laranja, azul e rosa. Meus pais encomendaram um bolo de doce de leite e chocolate. Acabou o aniversário, ganhei vários presentes e chegou a hora de dormir. Acordei tranquilo, ainda era domingo não precisava me preocupar com as aulas, mas lembrei que só tem aniversário uma vez por ano então estava meio chateado. Acordei 7 da manhã, me troquei e fui para sala jogar video game, como sempre fazia nos finais de semana. Fui para sala e dei de cara com meus pais. – Parabéns filhão!!! - disse meu pai. – Parabéns filho!!! - disse minha mãe. Eu respondi surpreso: – Mas meu aniversário não foi ontem? – Não, filho, é hoje! - disse meu pai. Fiquei pensativo até o almoço, pensei que tinha vivido um sonho que era um dejavu. O dia inteiro se passou, teve meu aniversário, ganhei os meus presentes, e eu estava muito confuso com tudo que tinha se passado, e o meu dejavu. Fui dormir mais tarde que o normal, pois estava em ligação com meus amigos. Quando acordei fui para sala jogar meu jogo favorito, FIFA, quando cheguei na sala estava de queixo caído, meus pai estavam para me dar parabéns, fui depressa para meu quarto para processar todas as informações. Era tanta informação para processar que me deu até cansaço, e fui dormir um pouco. Decidi ficar o dia inteiro no meu quarto, fiquei
jogando minha bolinha de brinquedo na parede, joguei jogos no celular e fiquei sem comer e beber nada o dia inteiro, fui dormir pois esse dia estava um tédio. Acordei as 7 da manhã, olhei para janela vi um homem em uma bicicleta vermelha e havia homens consertando a calçada. Acho que vivi o mesmo dia por quase um ano, todos os dias tentava resolver esse mistério, mas a resposta não estava além da imaginação de alguém, na verdade a resposta era óbvia. Era apenas eu não dormir.
Sangue sobrenatural Talles Alves Araujo Lima Nessa quarentena, fiquei na casa do meu primo, comemos, nos divertimos… Mas tivemos que ir ao mercado e nos deparamos com todas as pessoas com uma coisa na cara, e somente nós estávamos sem essa coisa na cara, e as pessoas ficaram olhando feio para nós, como se estivéssemos fazendo algo errado. Quando estávamos comprando as coisas, cada um em um corredor para ser mais rápido, um estranho me falou: – Você quer morrer? Eu respondi assustado: – Claro que não, por que? Ele respondeu: – Porque vocês não estão usando máscara. Ele me explicou a gravidade do vírus, e eu entendi. Quando encontrei meu amigo, percebi que ele estava espirrando e tossindo, e decidimos ir pra casa. Os dias se passaram, e ele só estava piorando. Então decidimos ir ao hospital para ver o que ele tinha, ele estava com todos o sintomas do vírus, e o teste confirmou. Ele ficou no hospital por vários dias sendo tratado. A situação dele só estava piorando. Um dia, eu decidi ir visitá-lo, e os médicos me falaram: – Infelizmente, seu primo não aguentou e faleceu. Eu fiquei muito triste, e avisei a nossa família. Depois de 3 dias, decidimos marcar o enterro. No momento em que colocaram o corpo no caixão, ele ressuscita e fica sem entender porque todas aquelas pessoas estavam lá e fala: Por quê vocês iam me enterrar? Todos nós ficamos abismados,e eu fui abraçá-lo. Com isso decidimos levá-lo ao hospital, para obter uma explicação sobre o que ocorreu. Os médicos não obtiveram nenhuma explicação sobre o ocorrido.
As Marcas
Victor Fromont Um vírus, vindo da China, se espalhou pelo mundo causando danos devastadores. Ocorreram muitas mortes, mas o pior de tudo foi a quarentena. Esse confinamento nos impediu de ir ao parque, bar, ou até em uma festa junina. Eu, Chaves, tinha que ver meus parentes por uma telinha, e assim fiquei ainda mais solitário. Parecia até que o tempo não passava a semana era igual. A rua era vazia e raramente ouvia-se o barulho dos carros. As notícias dos jornais eram sempre as mesmas e os dias demoravam mais para acabar. Quando eu ouvia alguém na rua, corria para a janela, assim pelo menos, ouvia ruído externo. – Por que você está com uma focinheira na cara? – dizia um homem desconhecido. – Para me proteger do vírus!– respondeu. – Não precisava exagerar, esse vírus não fará mal a ninguém! – disse. Fiquei muito angustiado com a conversa. Eu realmente estava preocupado em me contaminar, mas por outro lado, precisava sair desse prédio velho, para ao menos ver a rua. Então eu fui, com todas as minhas proteções. Dei uma volta no quarteirão e infelizmente cruzei com um antigo amigo. Não queria encontrá-lo, pois estava devendo um pouco de dinheiro, numa aposta que fizemos no bar, há três meses. – Ei! Chaves, você está me devendo muito dinheiro! Não finja que não me escutou, não consigo te suportar, chato do jeito que é! Eu me desloquei do local rapidamente, mas não queria pagá-lo, pois estava mal financeiramente. No caminho da “fuga”, achei uma farmácia que estava fazendo testes rápidos, para ver quem havia se contaminado. Fiz o teste e o resultado foi positivo! Eu já tinha uma péssima saúde, estava sem amigos, meu quadro de depressão só havia aumentado e o pior foi que eu estava contaminado. Então, para finalizar esse dia terrível, fui dormir. Ao acordar, constatei que não havia sequer uma pessoa na rua, não escutava absolutamente nada, nem o som dos pássaros, nem o ruído do vento. Assustado, dei um grande grito na varanda: – ALGUÉM ESTÁ AÍ??? Não tive resposta,nem sinal de incômodo. Decidi sair na rua novamente. Andei quilômetros, mas não vi ninguém. A própria natureza estava paralisada. Nada se movia. Cheguei até a invadir uma casa vazia. – Ei, alguém está por perto??[ Alguém responde?] Depois fiz pior, entrei em várias casas; todas vazias, por isso quis quebrar todos os objetos que haviam nelas, mas nem conseguia escutar o barulho dos objetos se despedaçando. Estava cada vez mais depressivo, nunca estive tão sozinho no mundo, e ficava gritando comigo mesmo. –AHHH!!!!!!! Alguém me explica por que tudo isso está acontecendo!?!? Quando finalmente escutei uma voz! – Eu sei o que está acontecendo. – Quem disse isso?
– Chaves, eu dominei o mundo. – Você quem? E como sabe meu nome? – Eu me chamo coronavírus, e eu estou dentro de você – E o resto do mundo onde está? – Não interessa. – Então, eu estou sozinho com você pro resto da minha vida? – Sozinho não, eu trouxe um antigo amigo para te fazer companhia. O vírus estava aumentando de tamanho a cada vez que falava algo. Meu antigo colega, aquele que estava me pedindo dinheiro, chegou, mas ele estava com uma voz mais grossa, e estava mais alto que o normal, ele estava me dando uma bronca. – Chaves!!!! Eu quero que você aprenda que, quando fazemos uma aposta, nós cumprimos o que dizemos, e você perdeu essa aposta, então você deve dar o que prometeu. – Tá bom, mas estou muito mal, em uma condição financeira difícil e agora preciso de mais dinheiro, pois eu estou doente. – Não interessa, aposta é aposta, a culpa é sua de não ter imaginado essa situação. Logo depois eu corri para longe, eu preferia estar totalmente isolado do que estar com ele e o vírus. Ao correr, milhares de vírus apareceram e me cercaram. A Partir daquele momento, eu só queria combater aquela situação, e para isso eu deveria usar minha criatividade. Os vírus me cercavam, eram enormes, mas eu simplesmente fugia dando socos e chutes para que abrissem caminho. Eu gritava: – Saiam daqui! Saiam daqui! Fora! Invadi uma loja de brinquedos abandonada, peguei várias arminhas de água, nelas eu colocava álcool gel e água e sabão. Com elas, eu disparava gotas daquele líquido nos vírus. Muitos morreram, outros ficaram enfraquecidos, mas obviamente não consegui deter todos. Meu plano estava funcionando, mas logo minhas “munições”, estavam se esgotando. Quando os vírus iam me atacar, esfregava meu sabão em barra neles. Foi uma luta incansável de várias horas, quando os vírus haviam sumido do meu campo de visão, percebi que estavam dentro de mim,por isso eu tossia sem parar : - Cof, cof! Logo não demorou para eu ter febre e ficar com falta de ar. Percebi que meu fim estava próximo. De longe, vi um grupo de pessoas andando de máscara, algumas de focinheiras, o movimento da rua já havia minimamente voltado. Ouvi a mesma conversa, que tinha visto no outro dia, do homem com a focinheira. Os dois estavam voltando a brigar. Mas não estava satisfeito com o mundo do jeito que estava. Não conseguia saber se as pessoas estavam felizes, ou tristes, pois as máscaras cobriam seus rostos. Os últimos dias foram uma confusão total, mas eu não me importei com isso e fui para o hospital, pois estava contaminado pelo coronavírus. – Olá, moça, existe um leito para tratar coronavírus? – Como assim coronavírus? O que que é isso? – Como assim você não sabe? – Para falar a verdade, eu nem sei o que é coronavírus.
– Tudo bem, mas eu estou com falta de ar, alguém pode me atender? – Sim, logo será atendido. Os médicos salvaram minha vida, não sei na verdade se eram médicos, nem sabiam falar com qual doença estava, fui atendido de maneira muito estranha. Quando saí do hospital, eu só queria falar com meu antigo amigo, para comemorar” a volta da normalidade”. Conversei com ele, e falei: – Você se lembra do coronavírus? – Como assim, de onde tirou essa palavra? – Impossível, não lembrar da pandemia que atingiu o mundo? Não lembra da quarentena? – Nunca sequer ouvi essas palavras. Ei, você não é o Chaves? – Sou sim, inclusive já estou com o dinheiro da aposta. – Que aposta? – Não vai me dizer que não lembra. Você já me deu tantas broncas… – Enfim, você deve ter tido um sonho maluco, para falar essas coisas. – Impossível, eu atirei sabão nos vírus, encostei neles, chutei-os e soquei-os. Eu vi tudo com meus próprios olhos, tudo era extremamente real, não é possível ser um sonho. – Enfim…, agora de alguma maneira está de volta à normalidade. – Mais ou menos, eu não sei mais o que é normalidade, uma coisa tão maluca foi ocorrer comigo, uma pessoa tão comum! – Tá bom, deu para entender, mas que marca é essa no seu braço? – É o coronavírus!!!!!!! – Na parede do meu prédio também tem as mesmas marcas!!!! – Bom, vou sair de perto de você, está muito paranoico!! Desde então , nunca consegui tirar aquelas marcas. Tentei até fugir do meu prédio velho em São Paulo, mas as marcas sempre me perseguiram, e me deixaram maluco. Sendo assim, nunca mais voltei a ter minha vida normal e tranquila de antes. Na realidade minha vida ficou uma completa incerteza.